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Numero do processo: 10120.902755/2011-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL.
No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE.
A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.337
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques dOliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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TOMADA DE CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. Recorrente COTRIL MOTORS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime nãocumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 27 55 /2 01 1- 07 Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10120.902755/201107 Acórdão n.º 3301003.337 S3C3T1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER, formulado através do programa PER/Dcomp, por intermédio do qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS NãoCumulativa – Mercado Interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado. A origem do direito creditório alegado seria o saldo credor acumulado em razão da aquisição de produtos monofásicos (veículos novos). A Recorrente tem como atividade comercial a compra e venda, no atacado e varejo, de veículos novos e peças em geral, relacionadas na Lei nº 10.485/02. A Lei nº 10.485/02, no art. 3º, § 2º, I e II, prescreve que os produtos nela relacionados têm as alíquotas de PIS e COFINS reduzidas a 0% relativamente à receita bruta auferida por comerciantes atacadistas e varejistas. A Recorrente alega que com a edição das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 compõem a sua receita bruta para efeito de apuração de PIS e COFINS sob o regime da nãocumulatividade e que a manutenção dos créditos decorrentes da aquisição desses produtos tem como fundamento legal o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 e o pedido de ressarcimento em espécie tem como fundamento legal o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Assim, com esse entendimento, os créditos de COFINS nãocumulativa, objeto do ressarcimento deste processo fiscal pela Recorrente, têm origem exclusiva na aplicação direta das alíquotas previstas nas leis 10.637/02 (PIS) e 10.833/03 (COFINS), que introduziram a nova sistemática do regime da nãocumulatividade para ambas as Contribuições, sobre o valor de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), pois a alíquota da Contribuição nas saídas subsequentes desses produtos foi reduzida a 0%. Então, a controvérsia nestes autos é o direito ao creditamento, no regime não cumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), ou seja, crédito com origem nas aquisições de produtos com incidência monofásica. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06050.376. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que há vedação legal e normativa para o aproveitamento do crédito das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, nas vendas submetidas à incidência monofásica. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10120.902755/201107 Acórdão n.º 3301003.337 S3C3T1 Fl. 4 3 Tanto na manifestação de inconformidade, quanto em seu recurso voluntário, a Recorrente tece longo arrazoado para justificar o seu direito ao creditamento, para tanto interpreta a legislação federal e o princípio constitucional da nãocumulatividade. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.248, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.902719/201135, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.248): O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Não há direito ao creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), conforme se justifica a seguir. Os art. 1o e 3o da Lei n° 10.485/2002 prescrevem: Art. 1o.As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10120.902755/201107 Acórdão n.º 3301003.337 S3C3T1 Fl. 5 4 § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Assim, para os veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI e dos produtos relacionados nos Anexos I e II, a cobrança da COFINS terá incidência monofásica, com alíquotas diferenciadas para as pessoas jurídicas fabricantes e importadoras. O regime monofásico concentra a cobrança do tributo em uma etapa da cadeia produtiva, desonerando a etapa seguinte. E ainda, a referida lei reduziu a zero as alíquotas da COFINS incidentes sobre as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas ou varejistas com a venda desses mesmos produtos. O regime monofásico impõe que o fabricante ou importador dos produtos (monofásicos) recolham o PIS/COFINS em uma alíquota diferenciada e majorada, bem como a fixação de alíquota zero de PIS/COFINS sobre a receita auferida com a venda dos mesmos pelos demais participantes da cadeia produtiva (distribuidores, atacadistas e varejistas). Então, não se cogita do sistema de compensação entre créditos e débitos. Deste modo, a Lei nº 10.485/02 fixou a tributação devida ao PIS e à COFINS no início da cadeia produtiva, fabricantes e/ou importadores de veículos automotores e autopeças, estabelecendo alíquota mais elevada nesta etapa de comercialização, desonerando a fase em que se integram as concessionárias, mediante atribuição de alíquota zero, nos termos dos seus artigos 2º, § 2º, II; 3º, § 2º, I e II; e 5º, parágrafo único, esses dispositivos não foram revogadas pela Lei nº 10.833/03. A incidência monofásica das contribuições discutidas incorre na inviabilidade lógica e econômica do reconhecimento de crédito recuperável pelos comerciantes varejistas e atacadistas, pois inexistente cadeia tributária após a venda destinada ao consumidor final, razão pela qual o art. 17 da Lei nº 11.033/04, afigurase incompatível com este caso. Ademais, não há crédito em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485/2002 adquiridos para revenda, por vedação expressa dos art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art.1º, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10120.902755/201107 Acórdão n.º 3301003.337 S3C3T1 Fl. 6 5 § 1º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) III no art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) IV no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Logo, pela redação dos dispositivos supracitados, é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002, adquiridos para revenda. Alega a Recorrente que teria direito ao creditamento com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Esse dispositivo não se aplica ao caso em comento, pelas seguintes razões: 1 Referese a “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” nas operações de vendas com isenção, alíquota zero ou nãoincidência da COFINS, ou seja, tratase de créditos legalmente autorizados da COFINS (neste caso o crédito está proibido); 2 É regra geral que coexiste com vedação ao creditamento por norma específica e 3 Não revoga expressa ou tacitamente o inciso I, alínea “b”, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Por fim, quanto a argumentos de inconstitucionalidade da vedação ao creditamento, por afronta ao princípio da nãocumulatividade, saliento que sobre esta matéria o CARF não pode se pronunciar, de acordo com a Súmula nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10120.902755/201107 Acórdão n.º 3301003.337 S3C3T1 Fl. 7 6 na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos) aplicase tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 119DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.000654/2004-44
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 31 00:00:00 UTC 2010
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES
Ano calendário: 2001
Ementa: NORMAS PROCESSUAIS. INTEMPESTIVIDADE, Por
intempestivo, não se conhece do recurso voluntário protocolizado após o prazo dos trinta dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância, nos termos do artigo ,33 do Decreto n" 70,235/72
Numero da decisão: 1802-000.637
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente justificadamente o conselheiro João Francisco Bianco.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Ano calendário: 2001 Ementa: NORMAS PROCESSUAIS. INTEMPESTIVIDADE, Por intempestivo, não se conhece do recurso voluntário protocolizado após o prazo dos trinta dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância, nos termos do artigo ,33 do Decreto n" 70,235/72 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente justificadamente o conselheiro João Francisco Bianco, EDITADO EM: Relatório Por economia processual e bem resumir a lide adoto o Relatório (fi..73) da decisão recorrida que a seguir transcrevo: Trata o presente de manifestação de inconformidade com indeferimento de pedido de inclusão retroativa no Simples, a partir de abril de 2001. Fundamentou-se a decisão da DRF de origem no ,fato de que a empresa possui pendências junto à Fazenda Pública. Em síntese, na sua manifestação a interessada alega que já regularizou as pendências citadas em janeiro de 2007 e que já deu baixa de suas atividade na Prefeitura Municipal de Garça/SP desde 31/12/2005 A pessoa jurídica foi cientificada da decisão proferida no Acórdão n" 14- 16797, de 27 de agosto de 2007, conforme o Aviso de Recebimento (AR), f1,76, cru 04/10/2007 e, interpôs recurso voluntário ao Conselho de Contribuintes (f1,77), em 06/11/2007, Diz a Recorrente que tomando ciência e não se conformando com a decisão, da qual foi cientificado em 16 de Outubro de 2007, vem, no prazo legal, apresentar seu recurso. A recorrente alega que foi aberta em 19 de abril de 2001, como ramo de atividade a ser exercida: "PROVEDOR DE ACESSO A INTERNET SOMENTE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, SEM FORNECIMENTO DE MATERIAIS", e que, por falta de orientações devidas, na época, em abril de 2002, não foi feita a opção de enquadramento no sistema SIMPLES. Assim, os Impostos foram sendo recolhidos normalmente, com alíquota de 8,10%, até dezembro de 2003, como optante pelo simples, pois se julgou sendo uma empresa de pequeno porte. No ano de 2004, as atividades da empresa que já eram mínimas, pois foram sendo drasticamente reduzidas, mês a mês, porque entraram em vigor os acessos gratuitos por vários grandes provedores de acesso à Internet/ocasionando a evasão dos clientes de pequenos provedores pagos, até que, em abril de 2005 , foi cancelado o contrato com o último cliente, reduzindo a zero o funcionamento e atividades da referida empresa FAEF PROVIDER_ No ano de 2005, em 31 de dezembro de 2005, a FAEF PROVIDER deu baixa de suas atividades na Prefeitura Municipal de Garça onde estava registrada e possuía o devido alvará de funcionamento.. • , A partir destes acontecimentos a FAEF PROVIDER passou a tentar encerrar suas atividades e se dirigiu à Receita Federal para obter orientações e verificar as pendências fiscais que houvesse, descobrindo que havia na Receita Federal um pedido de enquadramento retroativo para a opção do simples, já que a empresa não havia optado em sua abertura por nenhum regime de enquadramento, contudo caracterizando-se corno simples e recolhendo os tributos como tal. (zt Em 19 de janeiro de 2007 recebeu a decisão da Secretaria da Receita Federal, indeferindo o solicitado enquadramento, baseado nos débitos existentes no imposto simples un o à PFN(de 2004) e aliado ao fato de que o CNAE-fiscal informado pelo contribuinte 2 Processo n" 13830 000654/2004-44 Acórdão ri" 1802-00..637 S 1-T EU F4 83 indica atividade cuja opção pela sistemática do simples é vedada - entretanto tal dado não foi informado pelo contribuinte. Assim, solicita revisão da classificação, "visto que a FAEF PROVIDER, em tempo algum, nunca foi suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação - CNAE n" 62,09-1-00. CNAE este que está totalmente inadequado para as atividades que a referida empresa desenvolveu". Quanto aos débitos que estavam pendentes, afirma que assim -que a empresa tomou conhecimento da sua existência, foram liquidados... com Juros e multas Sendo assim insiste pelo enquadramento no Sistema Simples da FAEF PROVIDER , desde a sua abertura, "Isso se faz necessário, pois o maior intuito é proceder ao encerramento da mesma". Finalmente requer a inclusão da empresa no Sistema Simples, para permitir que esta empresa termine definitivamente suas mal sucedidas atividades de única e exclusivamente prover acesso à Internet. É o relatório. 3 Voto Conselheira Relatora, Ester Marques Lins De Sousa De início cumpre registrar que o recorrente apesar de afirmar a tempestividade da peça recursal dizendo haver tornando ciência da decisão recorrida em 16 de Outubro de 2007, nada comprova. Conforme relatado acima, a recorrente foi cientificada da decisão proferida mediante o Acórdão n" 14-16.797, de 27 de agosto de 2007, da 1" Turma da DRJ/Ribeirão Preto/SP (fis,72/74) conforme o Aviso de Recebimento (AR), f1.76, em 04/10/2007(quinta feira), e, interpôs Recurso ao Conselho de Contribuintes, (fi.77), somente em 06111/2007 (terça feira), portanto, após o prazo dos trinta dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância, que findou no dia 05/11/2007 (segunda feira), nos termos do art.33 do Decreto n" 70235/72. Diante do exposto,e não havendo prova contrária ao Aviso de Recebimento (AR), fi.76, concluo que o presente recurso, é intempestivo, não preenche as condições de admissibilidade, nos termos do art.33 do Decreto n" 70.235/72, razão pela qual voto por não conhecê-lo. ster arqués Lins cte ()Usa- 4
score : 1.0
Numero do processo: 10469.723511/2011-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.851
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado.
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente NATAL VEÍCULOS LIMITADA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 72 35 11 /2 01 1- 11 Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10469.723511/201111 Acórdão n.º 3302003.851 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.634. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10469.723511/201111 Acórdão n.º 3302003.851 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10469.723511/201111 Acórdão n.º 3302003.851 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10469.723511/201111 Acórdão n.º 3302003.851 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10469.723511/201111 Acórdão n.º 3302003.851 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 135DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.001081/2010-73
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri May 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
Numero da decisão: 9101-002.861
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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LIMITE LEGAL. Recorrente ULTRAGAZ PARTICIPAÇÕES S/A, INCORPORADA PELA COMPANHIA BRASILEIRA DE PETRÓLEO IPIRANGA, INCORPORADA PELA IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S/A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 10 81 /2 01 0- 73 Fl. 846DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Contra o Sujeito Passivo acima identificado foram lavrados: I O Auto de Infração às fls. 279285, com a exigência do crédito tributário no valor de R$5.757.851,49, a título de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), juros de mora e multa de ofício proporcional apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2007. Consta na Descrição dos Fatos: 001 GLOSA DE PREJUÍZOS COMPENSADOS INDEVIDAMENTE INOBSERVÂNCIA DO LIMITE DE 30% Compensação indevida de prejuízo(s) fiscal(is) apurada, tendo em vista a inobservância do limite de compensação de 30% do lucro liquido, ajustado pelas adições e exclusões previstas e autorizadas pela legislação do Imposto de Renda. [...] Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 247, art. 250, inciso III do art. 251 e parágrafo único do art. 510 do Regulamento do Imposto de Renda constante no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR, de 1999). Consta no Termo de Verificação Fiscal, fls. 276278: 1. Da ação fiscal junto o a empresa incorporadora: A ação fiscal de revisão da DIPJ ND n°. 1468044, da empresa SPGAS Distribuidora de Gás Ltda., CNPJ n°. 65.828.550/000139, extinta por incorporação em 15/10/2007, está sendo concluída junto à empresa Ultragaz Participações S/A e se restringe aos fatos constatados junto à primeira. Fl. 847DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 4 3 A responsabilidade da sucessora pelos tributos devidos pela empresa extinta por incorporação, tem por base as disposições do art. 207, inciso III, do RIR/99, aprovado pelo Decreto n°. 3.000/99, art. 132, da Lei 5.172/66 (Código Tributário) e art. 1.116, da Lei 10.406/2002 (Código Civil). 2. Da compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL de exercícios anteriores pela empresa: Na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), referente ao exercício financeiro 2007, período base de 01/01/2007 a 15/10/2007 e entregue em 30/11/2007, com apuração pelo lucro real anual, foi efetuada a compensação de prejuízos conforme demonstrado abaixo: Item DIPJ Anocalendário de 2007 R$ 09A/42 Lucro Real após compensação de Prej. Próprio Per. de Apuração 16.633.846,22 09A/43 Compensação de Prejuízos Fiscais de exercícios anteriores 16.633.846,22 09A/47 Lucro Real 0,00 De igual forma foi efetuada a compensação de bases de cálculo negativas de Contribuições Sociais: Item DIPJ Anocalendário de 2007 R$ 17/36 Base de Cale. antes da comp. de BC neg. de anos anteriores 16.633.846,22 17/37 Compensação de BC negativas de exercícios anteriores 16.633.846,22 17/54 CSLL a pagar 0,00 3. Da irregularidade apurada: 3.1. Compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativa da CSLL, em percentual superior ao limite legal de 30% do lucro líquido ajustado. Como demonstrado no item 2, acima, a empresa compensou saldos de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de exercícios anteriores em montante igual a 100% do lucro líquido ajustado, contrariando, dessa forma, as disposições do art. 510 do RIR/99; art. 42, parágrafo único e 58, da Lei n°. 8.981/95, com a redação pelos artigos 15 e 16, da Lei 9.065/95, que determinam a compensação de no máximo 30%. Intimada através do Termo n°. 02 Verificação Intimação e Fiscal quanto a compensação pleiteada, a empresa, em documento datado de 04/01/2010, informou que nos casos extinção do contribuinte por incorporação, a trava para efeito de compensação de prejuízos e BC negativas de CSLL não prevalece. Arguiu com o entendimento emanado do acórdão do 1º Conselho de Contribuintes, que decidiu o recurso n°. 126.597 e pareceres dos juristas, Dr. Igor Mauler Santiago e Yves Gandra Martins (cópias incluídas). Entretanto, considerada a inexistência de ato na legislação tributária que ampare a compensação integral dos prejuízos e/ou BC negativas de Fl. 848DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 5 4 CSLL por empresas extintas por incorporação, essa fiscalização, norteada pelo princípio da legalidade e com base nas disposições do art. 926 do RIR/99, está efetuando o lançamento do imposto de renda devido sobre o lucro real ajustado, com obediência da trava de 30% prevista nos atos anteriormente citados. Em decorrência de serem os mesmos elementos de provas indispensáveis à comprovação dos fatos ilícitos tributários foi constituído o seguinte crédito tributário pelo lançamento formalizado neste processo: II O Auto de Infração às fls. 285290, com a exigência do crédito tributário no valor de R$2.087.166,77, a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), juros de mora e multa de ofício proporcional apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2007. Consta na Descrição dos Fatos: 001 CSLL BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE PERÍODOS ANTERIORES COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CALCULO NEGATIVA DE PERÍODOS ANTERIORES Compensação indevida de base de cálculo negativa da CSLL, tendo em vista a inobservância da trava de 30% do lucro liquido ajustado [...] Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, art. 58 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 16 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995 e art. 37 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Cientificado, o Sujeito Passivo apresentou a impugnação, fls. 197226. Está registrado no Acórdão da 7ª TURMA/DRJ/SPOI/SP nº 1637.821, de 18.04.2012, fls. 461471: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 INCORPORAÇÃO. Na compensação de prejuízo fiscal deve ser obedecido o limite de 30% do lucro líquido ajustado, mesmo nos casos de extinção da sociedade empresária por incorporação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 CSLL. BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. COMPENSAÇÃO. LIMITE. INCORPORAÇÃO. Na compensação de base de cálculo negativa da CSLL deve ser obedecido o limite de 30% do lucro líquido ajustado, mesmo nos casos de extinção da sociedade empresária por incorporação. Fl. 849DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 6 5 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Acordam os membros da 7ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Notificado, o Sujeito Passivo apresentou o recurso voluntário, fls. 568582. Está registrado no Acórdão nº 1402001.683, de 07.05.2014, efls. 620660: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 INCORPORAÇÃO DE EMPRESA. AUSÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO CADASTRAL. EMPRESA NÃO BAIXADA JUNTO AO CNPJ. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA. VÍCIO CAUSADO PELO RECORRENTE. LANÇAMENTO VÁLIDO. Enquanto a contribuinte não proceder à baixa do CNPJ da empresa extinta por incorporação é válido o lançamento realizado em nome da empresa já extinta, mormente quando o vício tiver origem em atos omissivos e comissivos praticados pelo próprio contribuinte. Não caracterizado o prejuízo ao exercício da ampla defesa, o erro na identificação do sujeito passivo não é suficiente para anular a exigência. INCORPORAÇÃO. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EXCEPCIONANDO A REGRA GERAL. A compensação de prejuízos fiscais não é elemento inerente ao cálculo da base de cálculo do imposto de renda, constituindose, ao contrário, como benesse tributária, a qual deve ser gozada, pelo contribuinte, nos estritos limites da lei. À míngua de qualquer previsão legal, não há como se afastar a aplicação da trava de 30% na compensação de prejuízos fiscais da empresa a ser incorporada. MULTA DE OFÍCIO. SUCEDIDA E SUCESSORA PERTENCENTES AO MESMO GRUPO ECONÔMICO OU SOB CONTROLE COMUM. Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico (Súmula CARF nº 47). [...] Acordam os membros do colegiado, Por voto de qualidade, rejeitar a argüição de erro de identificação do sujeito passivo; e no mérito, negar provimento ao recurso. Em face dos embargos de declaração opostos pelo Sujeito Passivo, foi proferido o Acórdão nº 1402001.867, de 25.11.2014, efls. 746753: Fl. 850DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 7 6 ASSUNTO: NORMAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO PARA SANAR OMISSÃO PRESENTE. Constatada a existência de contradição ou dúvida quanto aos fundamentos do voto condutor do aresto, acolhemse os embargos para fins sanar e esclarecer a decisão. INEXIGIBILIDADE DE MULTA E JUROS. NORMAS COMPLEMENTARES. PRÁTICA REITERADA DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. DECISÕES DO CARF SEM EFICÁCIA NORMATIVA. IMPOSSIBILIDADE. As decisões do CARF não caracterizam prática reiterada da administração tributária, nos termos tratados no inciso III do art. 100 do CTN, uma vez que, no inciso II do mesmo dispositivo legal resta evidente que somente as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa a que a lei atribua eficácia normativa podem ser considerados normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos. [...] Acordam os membros do colegiado, por acolher os embargos de declaração para, no mérito, por maioria de votos, rejeitálo e ratificar a decisão para negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. O Sujeito Passivo foi cientificado da referida decisão 25.02.2015, efls. 825826, termo inicial da contagem do prazo de quinze dias estabelecido no art. 68 do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Em 11.03.2015, efls. 823824, tempestivamente, foi interposto o recurso especial, efls. 764777 1. Suscita que: INAPLICABILIDADE DA TRAVA DE 30% À HIPÓTESE DE INCORPORAÇÃO 9. Remanesce divergência quanto à aplicabilidade ou não do limite de 30% do lucro líquido ajustado na compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL, nos casos de encerramento das atividades da empresa por incorporação, a despeito do acórdão nº 9101 00.401, proferido em 02/10/2009, por essa Câmara Superior de Recurso Fiscais. A conclusão alcançada no Acórdão nº 910100.401 quanto à aplicabilidade da trava de 30% na hipótese de encerramento das atividades da empresa não reflete o posicionamento majoritário desse E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Tratase de decisão isolada, proferida por essa Câmara Superior de Recursos Fiscais em situação excepcional, com composição muito distinta da titular (Presidente, VicePresidente e dois Conselheiros substitutos), sendo certo que, mesmo após o referido julgado, continuam sendo proferidas outras em sentido contrário. Diante disso, não se pode reputar superada a tese da contribuinte, especialmente porque inexiste Súmula ou dispositivo regimental que determine a adoção do posicionamento adotado naquela oportunidade [...]. 1 Fundamentação Legal: Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 e Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Fl. 851DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 8 7 10. Com efeito, esse E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem reafirmado a impossibilidade de aplicação do limite de 30% à hipótese de extinção da empresa por incorporação, a exemplo dos julgados anexos (ref. acórdãos 1103001.057 e 110300.617 docs. 03 e 04), eleitos como paradigma, proferidos pela 1ª Câmara, 3ª Turma Ordinária, da 1ª Seção do CARF, em 07/05/2014 e 31/01/2012, respectivamente. Ambos foram objeto de recursos especiais interpostos perante essa CSRF, que aguardam julgamento (doc. 05). 11. A divergência entre o acórdão recorrido e esses precedentes é flagrante. O acórdão recorrido concluiu que a trava de 30% aplicarseia à hipótese de incorporação, partindo de uma interpretação isolada da norma que trata da compensação de prejuízos fiscais (Lei 9.065/95), a saber: "A limitação de compensação de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL de períodos anteriores é prevista em lei, não havendo qualquer previsão no sentido de sua limitação em caso de extinção da pessoa jurídica" (fl. 657). Ao passo que, no acórdão 1103001.057 (ref. doc. 03), versando situação fática idêntica à presente (incorporação), entenderam os conselheiros, fundados em interpretação integrada do ordenamento jurídico, que a trava de 30% é inaplicável na incorporação: [...] A divergência, como se vê, é flagrante: enquanto o acórdão recorrido, partindo de uma interpretação isolada da norma, entendeu que seria impossível afastar a limitação de 30% à hipótese de incorporação, ao argumento de que a lei não teria previsto exceção à trava; o acórdão paradigma, pautado em interpretação integrada do ordenamento, concluiu que é legítima a compensação integral dos prejuízos nos casos de incorporação. 12. Outra divergência que se extrai dos julgados referese à premissa adotada pelo acórdão recorrido, de que a compensação de prejuízos seria um "benefício fiscal", sujeito a interpretação literal da lei, e que "quando o legislador ordinário quis, ele expressamente afastou a trava de 30% ... art. 95 da Lei 8.981/95 8. Assim, nem mesmo o Poder Judiciário poderia chegar tão longe a ponto de criar, por jurisprudência, uma nova exceção à regra da trava de 30%, sob pena de estar legislando positivamente (fl. 659)." Já o acórdão 1103001.057 (ref. doc. 03) perfilhou entendimento diametralmente oposto: de que a compensação de prejuízo fiscal não constitui "benefício fiscal" e de que a previsão do art. 95 da Lei 8.981/95 não guarda semelhança com o que ocorre na incorporação, a saber: [...] 13. Verificase também franca divergência entre o acórdão recorrido e o acórdão 110300.617 (ref. doc. 04). O citado paradigma concluiu inaplicável a trava de 30% à hipótese de incorporação, considerando "o ordenamento legal da apuração do IRPJ como um todo", especialmente a disposição contida no art. 33 do Decreto Lei 2.341/87 (art. 514 do RIR/99). [...] Contrariamente àquele julgado, o acórdão recorrido concluiu que a trava seria aplicável na incorporação, partindo de uma leitura isolada da Fl. 852DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 9 8 norma que trata da compensação de prejuízos fiscais, entendendo, ainda, que a vedação expressa no art. 33 do Decreto Lei 2.341/87 se "estenderia" à hipótese de compensação dos prejuízos fiscais na incorporação, como se extrai do trecho reproduzido a seguir: [...] 14. Sem razão o acórdão recorrido. Como esclarecem os paradigmas invocados pela recorrente (ref. acórdãos 1103001.057 e 110300.617 docs. 03 e 04), a análise detida e contextualizada dos dispositivos legais que disciplinam a trava e dos motivos que levaram à sua instituição, revela a sua manifesta inaplicabilidade em caso de extinção da empresa. Até 1987, a empresa incorporadora conservava o direito de compensar os prejuízos fiscais das incorporadas. Com o advento do Decretolei 2.341/87, passou a ser vedada a compensação, pela incorporadora, dos prejuízos fiscais apurados pela sociedade incorporada. Esse é o regime aplicado até os dias atuais. Em 1995, por sua vez, com a supressão dos limites temporais para compensação de prejuízos existentes, a Lei 9.065/95 instituiu um limite quantitativo à compensação de prejuízos fiscais, de 30% do lucro líquido apurado no exercício. Essa norma foi editada com o notório objetivo de garantir um fluxo permanente de receitas para o Fisco, sem retirar, no entanto, o direito à compensação do contribuinte que, dependendo do montante do lucro líquido apurado, muitas vezes poderia ser exercido de forma integral. Nesse sentido, o parágrafo único do art. 42 da Lei 8.981/95 estabelece que "a parcela dos prejuízos fiscais apurados em 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subsequente." Considerando, pois, que (i) a instituição do limite quantitativo "não visou impedir a total compensação dos prejuízos, mas apenas limitála em cada período, com transferência do saldo para períodos posteriores"; e que (ii), na incorporação de empresas, "o saldo de prejuízo fiscal até então não compensado não pode ser transferido para a incorporadora, por expressa disposição legal proibitiva", é de rigor que, na extinção da empresa por incorporação, a compensação de prejuízos fiscais não sofra qualquer restrição. [...] Ou seja, no caso de incorporação, "a exclusão decorre da combinação da norma limitadora, que não excluiu a compensação integral, mas apenas a limitou em cada períodobase, com a norma proibitiva da transferência da compensação para as pessoas jurídicas sucessoras. Realmente, se a lei não impede a compensação integral, pois apenas a posterga, mas se ela não permite que a compensação venha a ser feita futuramente pela sucessora, o impasse se resolve através da permissão de compensação integral pela sucedida, em situação que não está abrangida pela hipótese de incidência da norma de limitação. [...] 15. E nem se diga, conforme pretendido pelo acórdão recorrido, que "a compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL tem natureza de benefício fiscal e pode, como instrumento de política tributária, ser revisto pelo legislador, sem implicar, sequer, em direito adquirido". Fl. 853DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 10 9 No ponto, também verificase divergência entre o acórdão recorrido e o paradigma (acórdão 1103001.057 ref. doc. 03), do qual se extrai o seguinte: [...] Como aponta o citado paradigma, a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas não constitui simples benesse fiscal, mas direito dos contribuintes, na medida em que a sua restrição implica tributar parcela do patrimônio que não consubstancia renda e tampouco lucro, em franca contrariedade à regra matriz constitucional de incidência dos referidos tributos! 16. Além dos citados paradigmas, confirase o seguinte julgado também posterior a 2009 convergindo no entendimento da inaplicabilidade da trava de 30% na incorporação, a saber: [...] 17. De rigor, pois, a análise do presente recurso especial por essa Câmara Superior ante o flagrante dissídio dos julgados, a fim de que, analisada a questão em todos os seus aspectos, prevaleça a orientação dos acórdãos paradigmas, acolhendose o pleito da contribuinte. PEDIDO 18. Por todo o exposto, ante a manifesta divergência na interpretação das normas tributárias que regem a questão, requerse aos insignes julgadores o acolhimento do recurso, para a reforma do acórdão recorrido, a fim de que, tal qual nos paradigmas citados, seja integralmente cancelada a exigência fiscal, eis que o limite de 30% para compensação de prejuízos fiscais e bases negativas não poderia ser aplicado à hipótese versada nos autos, de extinção da empresa por incorporação. Houve seguimento ao recurso especial do Sujeito Passivo (Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial de 14.08.2015, efls. 831837), uma vez que as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados revelamse discordantes, restando plenamente configurada a divergência jurisprudencial em relação a "Compensação de Prejuízos Fiscais e de Base de Cálculo Negativas da CSLL sem Observância do Limite de 30% do Lucro Líquido Ajustado no Caso de Extinção da Pessoa Jurídica por Incorporação" a partir do exame dos seguintes paradigmas: Acórdão nº1103001.057, de 07.05.2014 e Acórdão nº110300.617, de 31.01.2012. Notificada em 10.11.2015, efl. 838, a PGFN apresentou em 18.11.2015, efl. 839, as suas contrarrazões, efls. 838844. Argui que: II. DAS RAZÕES PARA MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO O artigo 33 do Decretolei n. 2.341/87 determina: “Art. 33. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida. Parágrafo único. No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido.” O art. 514 do RIR/99 também reflete este impedimento, vejamos: [...] Fl. 854DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 11 10 A norma é clara e expressa, no sentido da vedação legal de compensação de prejuízos da sucedida pela empresa incorporadora e isto tem sua razão de ser: inibir incorporações que manifestamente têm como único sentido realizar evasão fiscal. Portanto, esta é a primeira premissa a ser observada: a pessoa jurídica sucessora não poderá compensar os prejuízos fiscais da sucedida. A segunda premissa foi a introdução pela Lei 9.065/95, alterando as disposições da Lei 8.981/95, da limitação quantitativa da compensação dos prejuízos fiscais ao patamar de 30% do lucro líquido ajustado. Desta feita o limite que antes era apenas temporal passou a ser quantitativo, com o intuito de, preservando o interesse público e a necessidade de custeio da Sociedade pelo Estado, evitar que se verificasse a ausência total de recolhimento de tributos. Vejamos os dispositivos introduzidos pela Lei 9.065/95, arts. 15 e 16 tanto para o IRPJ quanto para a CSLL: [...] Assim, diante da legislação reguladora do tema em questão temos as seguintes regras para a compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculos negativas: 1) o não aproveitamento pela sucessora dos prejuízos fiscais da sucedida em caso de incorporação; 2) o limite de 30% do lucro líquido ajustado para as compensações introduzido pela Lei 9.065/95 sem exceções quanto às incorporações. A lei 9.065/95 ao instituir o limite quantitativo para a compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas, não fez qualquer exceção quanto às incorporações, estando tal redação até então vigente, motivo pelo qual deve ser observada em sua integralidade. Não pode o intérprete conferir à lei uma interpretação aquém da realidade para criar hipótese de exceção à regra prevista, sob o pretexto de que tal regra, nos casos de incorporação, não poderia ser aplicada em razão da impossibilidade de aproveitamento posterior destes prejuízos pela empresa extinta. O argumento de que a aplicação da trava de 30% nestes casos ocasionaria o enriquecimento ilícito do Erário por estar impossibilitando a utilização de todo o prejuízo verificado pela empresa que não mais exercerá suas atividades não confere. Isto porque a compensação de prejuízos não pode ser considerada como direito subjetivo das empresas, mas sim como um benefício fiscal tendo em vista precipuamente o caráter extrafiscal da lei. A empresa está sujeita às regras de mercado e, sendo assim, pode auferir tanto lucro como prejuízo, sendo este último um risco inerente daqueles que escolhem trilhar por este caminho. O que a legislação pretendeu com a permissão de compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas não foi criar um direito subjetivo para o contribuinte, mas sim permitir que, em casos de apuração de prejuízos, a empresa não fosse obrigada a arcar com todo o déficit sozinho, até mesmo para fomentar as relações comerciais e impedir Fl. 855DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 12 11 eventuais prejuízos irrecuperáveis que levassem ao encerramento de suas atividades. Desta forma, a observância da limitação da trava dos 30% não limita um direito subjetivo da empresa, mas tão somente regula a forma como a compensação permitida pela legislação será exercida. Ora, se a lei não fez qualquer exceção a esta regra para o caso em exame não se pode permitir que no silêncio da lei se crie hipótese de exceção sem qualquer respaldo. A decisão de uma empresa incorporar outra ao seu patrimônio leva em conta questões internas e de planejamento, mas a obrigatoriedade de observar as regras que disciplinam tal transação e cumprilas faz parte do negócio e devem ser avaliadas quando efetivação do negócio jurídico. Assim, estando plenamente em vigor a limitação dos 30% para a compensação bem como por não existir nenhuma regra que a excepcione para os casos de incorporação, não se pode deferir a pretensão da recorrente, uma vez que exclui a aplicação de determinado dispositivo legal plenamente em vigor e de observância cogente sem qualquer fundamento. Como já apontado, a lei não traz qualquer exceção à regra de compensação de 30%, sendo temerário fazêlo o julgador, pois ao agir assim, está limitando a plenitude da norma e entendendoa parcialmente inconstitucional, embora sem redução do texto. [...] Sobre o tema forçoso colacionar ainda entendimento exposto por este Conselho: [...] Acórdão nº 9101001.337 – 1ª Turma Sessão de 26 de abril de 2012 [...] INCORPORAÇÃO LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS APLICÁVEL. Os prejuízos fiscais não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda, constituindose, ao contrário, como benesse tributária, a qual deve ser gozada, pelo contribuinte, nos estritos limites da lei. À míngua de qualquer previsão legal, não há como se afastar a aplicação da trava de 30% na compensação de prejuízos fiscais da empresa a ser incorporada. [...] Acórdão nº 910100.401 — 1ª Turma Sessão de 02 de outubro de 2009 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS IRPJ, DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. O prejuízo fiscal apurado poderá ser compensado com o lucro real, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. [...] COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS A regra legal que estabeleceu o limite de 30% do lucro líquido ajustado para compensação de prejuízos não contém exceção para as empresas que sejam objeto de incorporação. [...] Fl. 856DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 13 12 Ainda acerca da questão vale transcrever trecho do acórdão de nº 10193.438 que com maestria elucida a questão. “A compensação de prejuízos fiscais passou a ser permitida no Brasil com a Lei no 154, de 1947, que previa a compensação com os lucros tributáveis apurados dentro dos três exercícios subseqüentes. Com o Decretolei 1.493/76 o período para compensação foi ampliado para quatro anos, mas a base de compensação passou a ser o lucro contábil diminuído de custos, despesas operacionais e encargos não dedutíveis, O Decretolei 1.598/77 manteve o prazo de quatro exercícios, e o prejuízo a ser compensado passou a ser o prejuízo fiscal. A Lei 8.383/91 permitiu que o prejuízo fiscal apurado em um mês do ano calendário de 1992 fosse compensado com o lucro real de períodosbase subseqüentes, sem qualquer limitação temporal. Para prejuízos apurados a partir de 01/01/93, o prazo para compensação passou a ser de até quatro anos calendário, de acordo com o art. 12 da Lei 8.541/92. Até então, a limitação para compensação de prejuízos era temporal. A Lei 8.981/95 revogou a previsão para compensação em vigor e instituiu a limitação quantitativa: o valor máximo a ser reduzido é de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões . A partir da Lei 9.065/95 os prejuízos fiscais verificados a partir do encerramento do anocalendário de 1995 podem ser compensados, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31/12/94, observado o limite máximo de 30% do lucro líquido ajustado em cada período, independentemente do prazo para compensação. Além das limitações relacionadas a prazo ou valor, o Decretolei 2.341/87 vedou à pessoa jurídica compensar seus próprios prejuízos se entre a data da apuração e da compensação houver ocorrido modificação de seu controle acionário e do ramo de atividade, bem como vedou a compensação, por pessoa jurídica sucessora, de prejuízos da sucedida. Em momento algum a lei estabeleceu exceções à regra de limitação para os casos ou de extinção, ou de sucessão por incorporação, fusão ou cisão. Ou seja, a lei não admitiu como direito subjetivo da empresa compensar seus prejuízos, de forma que, sobrevindo extinção ou sucessão, deixarseia de aplicar a limitação prevista na lei, de forma a permitir a compensação. Estando em pleno vigor a disposição legal que limita a compensação a 30% do valor do lucro líquido ajustado bem como a que impede a compensação dos prejuízos da sucessora pela sucedida, deve ser mantida a exigência quanto a esse item.” Diante destas considerações, mostrase acertado o entendimento do acórdão recorrido que manteve a trava dos 30% para compensação mesmo nos casos de incorporação, tanto de prejuízos fiscais no caso do IRPJ quanto de bases de cálculo negativas de CSLL. III – DO PEDIDO Em face do exposto, requer a União (Fazenda Nacional) que seja negado provimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte. É o Relatório. Fl. 857DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 14 13 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, Relator Verificase que o Acórdão nº 1103001.057, de 07.05.2014, foi reformado pelo Acórdão nº 9101002.451, de 22.09.2016. Ocorre que, na data da interposição do recurso especial do Sujeito Passivo, o Acórdão nº 1103001.057, de 07.05.2014, ainda não tinha sido reformado na matéria que lhe aproveita e por isso deve ser mantido como paradigma (§ 15 do art. 67 do Anexo II do RICARF). Também nº Acórdão nº110300.617, de 31.01.2012, foi reformado pelo Acórdão nº 9101002.453, de 22.09.2016. Entretanto, na data da interposição do recurso especial do Sujeito Passivo, o Acórdão nº110300.617, de 31.01.2012, ainda não tinha sido reformado na matéria que lhe aproveita e por isso deve ser mantido como paradigma (§ 15 do art. 67 do Anexo II do RICARF). Por conseguinte, não cabem reparos ao seguimento da admissibilidade do recurso especial do Sujeito Passivo e assim voto por CONHECER o recurso especial interposto pelo Sujeito Passivo. Passo à análise do mérito que se restringe a matéria relativa à compensação de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativas da CSLL sem observância do limite de 30% do lucro líquido ajustado no caso de extinção da pessoa jurídica por incorporação. Mérito Compensação de Prejuízos Fiscais e de Base de Cálculo Negativas da CSLL sem Observância do Limite de 30% do Lucro Líquido Ajustado no Caso de Extinção da Pessoa Jurídica por Incorporação O Sujeito Passivo procura demonstrar, em síntese, que a limitação a 30% da compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL não se aplica nas hipóteses de descontinuidade da pessoa jurídica extinta por incorporação. A Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, disciplinou a questão da seguinte forma a partir de 01.01.1995: Art. 42. A partir de 1º de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subseqüentes. [...] Art. 58. Para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido por compensação da base de cálculo negativa, apurada em períodosbase anteriores em, no máximo, trinta por cento. O Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do RE 344.994/PR declarou a constitucionalidade do art. 42 e do art. 58 da Lei n.º 8.981, de 1995: Fl. 858DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 15 14 EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITAÇÕES. ARTIGOS 42 E 58 DA LEI N. 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E "B", E 5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido 2. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. [...] Vale transcrever excertos do VotoVista da Ministra Ellen Gracie: Como sabido, em matéria de Imposto de Renda, a lei aplicável é aquela vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Entendo com a devida vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8.981/95 mera expectativa de direito donde o nãocabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Ora, o Regulamento do Imposto de Renda – RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8.981/95, que limitou tais compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não tem ‘crédito’ oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito líquido e certo à ‘socialização’dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. É apenas por benesse da política fiscal – atenta a valores mais amplos como a estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos – que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. É a lei vigorante par ao exercício que definirá se o benefício será calculado sobre 10, 20 ou 30% ou mesmo sobre a totalidade do lucro líquido. Pacificando este entendimento, ainda o Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do RE 545.308/SP declarou novamente a constitucionalidade do art. 42 e do art. 58 da Lei n.º 8.981, de 1995: EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO: LIMITAÇÕES À DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. ARTIGO 58 DA LEI 8.981/1995: CONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 5º, INC. II E XXXVI, 37, 148, 150, INC. III, ALÍNEA "B", 153, INC. III, E 195, INC. I E § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTE: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 344.944. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Conforme entendimento do Fl. 859DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 16 15 Supremo Tribunal Federal firmado no julgamento do Recurso Extraordinário 344.944, Relator o Ministro Eros Grau, no qual se declarou a constitucionalidade do artigo 42 da Lei 8.981/1995, "o direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido". 2. Do mesmo modo, é constitucional o artigo 58 da Lei 8.981/1995, que limita as deduções de prejuízos fiscais na formação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. 3. Recurso extraordinário não provido. Assim o STF fixou que o direito a compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL tem natureza jurídica de benefício fiscal em favor do contribuinte. Desse modo pode ser revista pelo ente tributante e não se caracteriza direito adquirido, ou seja, direito subjetivo definitivamente incorporado ao patrimônio jurídico do titular (art. 6º do DecretoLei nº 4.657, de 04 de setembro de 1942 e art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988). Por seu turno, a Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, manteve o benefício fiscal nos mesmos moldes da Lei nº 8.981, de 1995 e assim dispõe a partir de 01.01.1996: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do ano calendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. [...] Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei nº 8.981, de 1995. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. Ademais, nesse mesmo sentido está registrado no enunciado da Súmula CARF nº 3: Para determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social Sobre o Lucro, a partir do ano calendário de 1995, o lucro líquido ajustado pode ser reduzido em, no máximo, trinta por cento, tanto em razão da compensação de prejuízo, como em razão da compensação da base de cálculo negativa. Fl. 860DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 17 16 Por conseguinte, restou cristalino o entendimento de que a Lei nº 8.981, de 1995 e por inferência também a Lei nº 9.065, de 1995, que tratam da limitação legal de 30% para compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL são constitucionais, mesmo porque não foi declarada a inconstitucionalidade de nenhuma delas pelo Supremo Tribunal Federal (art. 102 da Constituição Federal). Aliás, como se trata de benefício fiscal pode ser revisto a qualquer tempo pelo ente público competente para a instituição do tributo e se restringe às condições fixadas em lei (caput do art. 37 da Constituição Federal). Verificase, por conseguinte, que a mencionada compensação não pode ser considerada como direito adquirido, senão nos limites da legislação que rege a matéria. Nos julgamentos pelo STF do RE 344.994/PR e do RE 545.308/SP, apesar de não ter examinada a questão do limite legal de 30% para compensação de prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa de CSLL em caso de extinção de pessoa jurídica, restou cristalino que a lei aplicável em relação a essa compensação é aquela vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Aliás assim se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça no REsp 1107.518/SC: "A homenagem ao princípio da legalidade tributária exige expressa disposição na lei da conduta a ser praticada pelo ente tributante e pelo contribuinte." Sobre o conceito legal de renda, temse que para fins de IRPJ em seu aspecto material da hipótese de incidência deve ser entendido como o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos (art. 43 do Código Tributário Nacional CTN). Fica a cargo de lei ordinária federal fixar os demais aspectos da hipótese de incidência, inclusive o temporal, uma vez que a competência para instituir o IRPJ e a CSLL é da União (inciso III do art. 153 e alínea c do inciso I do art. 195, todos da Constituição Federal). A limitação de 30% para compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL não pode ser traduzida em instituição de novo tributo, o que somente poderia ser efetivado nos estritos termos das determinações constantes na Constituição Federal. Tratase tão somente de instrumento de política tributária. Este benefício fiscal, constituído dentro de parâmetros legais, tem natureza jurídica de dedução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL em relação a períodos futuros (art. 6º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988). Nada mais é que a utilização delimitada de prejuízos fiscais acumulados ou bases de cálculo negativas de CSLL acumuladas de períodos anteriores. O conceito de renda não foi adulterado, tampouco extravasada a competência tributária da União acarretando tributação do patrimônio. Em relação ao conceito de lucro, cabe explicitar que tem caráter eminentemente legal (art. 6º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988), o que pode não corresponder às perspectivas societárias e econômicas, conforme entendimento do STF esposado no RE 344.994/PR. Reiterese que a limitação de 30% para compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL não tem o condão de criar "artificialmente um lucro nas pessoas jurídicas deficitárias, para tributarlhes o patrimônio", como bem elucidado acima pelo Voto Vista da Ministra Ellen Gracie. Podese concluir que a continuidade da pessoa jurídica não implica um direito adquirido à compensação de prejuízo fiscal e de base negativa de CSLL afastada do limite legal de 30%, o que não desnatura a materialidade da hipótese de incidência do IRPJ e da CSLL, nem o conceito para fins tributários de renda ou de lucro em determinado período de apuração, no sentido preciso de confirmar a independência entre os exercícios. Fl. 861DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 18 17 Ainda, o art. 32 e art. 33 do DecretoLei nº 2.341, de 29 de junho de 1987, vedaram à pessoa jurídica compensar seus próprios prejuízos se entre a data da apuração e da compensação houver ocorrido modificação de seu controle acionário e do ramo de atividade, bem como vedou a compensação, pela pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão, de prejuízos da sucedida e não estabeleceu exceções a esta regra. A interpretação sistemática da Lei n° 8.981, de 1995, da Lei nº 9.065, de 1995 e do DecretoLei nº 2.341, de 1987, leva a conclusão de que a limitação a 30% da compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL aplicase nas hipóteses de descontinuidade da pessoa jurídica por incorporação, já que inexiste neste contexto norma implícita. Reiterese que não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da pessoa jurídica. Já restou bem esclarecido que o presente litígio abrange questões sobre o direito à compensação de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa de CSLL em anos futuros, especificamente no que toca às nuances desse direito diante do quadro de continuidade ou não das atividades da pessoa jurídica. Não deixo de reconhecer que a matéria em pauta ainda é objeto de controvérsias no CARF, mas, como já apontado resumidamente acima, eu me filio à interpretação que já há algum tempo vem prevalecendo na Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), no sentido de que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por incorporação, ou por qualquer outro evento. Entre as razões de decidir, adoto o brilhante voto do Conselheiro Marcelo Cuba Netto no Acórdão nº 1201000.888, de 09/10/2013, que fez um perspicaz estudo do tema: "Feitas essas considerações iniciais, passemos a examinar os fundamentos da tese proposta pela interessada. Afirma a recorrente que o significado de uma norma jurídica não é aquele que advém diretamente da literalidade do texto normativo, devendo, ao contrário, ser extraído mediante o emprego dos métodos de interpretação aceitos tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência, em especial o histórico, o sistemático e o teleológico. Nesse sentido, explica que a nova sistemática de compensação de prejuízos fiscais introduzida pela Lei nº 9.065/95 há que ser compreendida mediante comparação com o sistema vigente até então. Diz que, na sistemática anterior (Lei nº 8.541/92), era possível a compensação integral de prejuízos, porém com limitação temporal de quatro períodosbase. Alega que a nova sistemática extinguiu o limite temporal, mas manteve o direito à compensação integral, observado o limite de 30% em cada períodobase futuro. Conclui, assim, que no período em que ocorrer incorporação, fusão ou cisão, ainda que parcial, da pessoa jurídica, não sendo mais possível a compensação dos prejuízos em períodosbase futuros, a única solução jurídica possível, consentânea com o preceito contido na Lei nº 9.065/95 de Fl. 862DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 19 18 que o sujeito passivo não perde o direito à compensação, é que o limite de 30% não se aplica. Pois bem, relativamente a essa argumentação é preciso, inicialmente, concordar com a recorrente quando afirma que o significado da norma jurídica deve ser compreendido mediante o emprego dos métodos de hermenêutica jurídica. No entanto, a interpretação histórica empreendida pela recorrente parte de uma premissa equivocada, qual seja, a de que tanto na sistemática de compensação vigente antes do advento da Lei nº 9.065/95, quanto na atual, o sujeito passivo tem direito à compensação integral de prejuízos fiscais. Vejamos. Na sistemática anterior o sujeito passivo tinha o direito à compensação de prejuízos, desde que observado o limite temporal de quatro anos. Exemplifiquemos com duas situações distintas: a) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 200,00, R$ 300,00, R$ 400,00 e R$ 400,00; b) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 100,00, R$ 200,00, R$ 200,00 e R$ 300,00; Na hipótese descrita na situação “a” o sujeito passivo poderá compensar integralmente o prejuízo. Já na hipótese descrita na situação “b” o sujeito passivo não poderá, e, ainda que se diga que isso se deva à imposição do limite temporal, o fato iniludível é que restará uma parcela que não mais será passível de compensação. Em outras palavras, na situação “b” não haverá compensação integral do prejuízo apurado no ano “X”. Portanto, resta claro que a previsão, por lei, de um limite temporal é incompatível com a premissa afirmada pela recorrente de existência de um direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. O que existia na sistemática anterior era algo distinto, qual seja, um direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais, a depender do caso concreto, como ilustrado nas situações “a” e “b” retro. E dizer que a compensação poderá ser realizada até integralmente é algo distinto de dizer que poderá ser realizada integralmente. É que ao estabelecer que a compensação poderá ser realizada até integralmente a lei, desde logo, admite que poderá haver hipóteses em que a compensação não se dará integralmente, conforme visto na situação “b”. Seguindo a trilha da interpretação histórica proposta pela interessada, é de se dizer que a nova sistemática introduzida pela Lei nº 9.065/95, na linha da sistemática anterior, manteve o direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Afastado o limite temporal de quatro anos, e introduzido o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%, o direito à compensação (até integral) passou a poder ser exercido ao longo da existência da pessoa jurídica. Fl. 863DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 20 19 A própria exposição de motivos à Medida Provisória nº 998/95, posteriormente convertida na Lei nº 9.065/95, e apontada pela interessada para sustentar a sua tese, expressamente prevê que o sujeito passivo poderá compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Confira sua redação: "Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Mediada Provisória n. 812/94 (Lei n. 8981/95). Ocorre hoje vacatio legis em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo." (Grifamos) Assim, a compensação poderá se dar até integralmente, seja em um mesmo ano, seja em diversos anos ao longo da existência da pessoa jurídica, desde que observado, em cada um desses anos, o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%. Se no ano da extinção da pessoa jurídica, ou da sua cisão parcial, o valor dos prejuízos acumulados for superior a 30% do lucro líquido ajustado, ainda assim o limite deverá ser observado. É que tal como na situação “b” referente à sistemática antiga, também na sistemática atual poderá haver casos, como o retratado nos presentes autos, em que o sujeito passivo não poderá compensar integralmente seus prejuízos acumulados, haja vista a imposição do limite de 30%. E não há nada de ilegal nisso, pois a lei não garante o direito à compensação integral. Na sequência de sua peça recursal a interessada enfatiza o emprego da interpretação sistemática. Argumenta que, ao contrário do que disse a fiscalização, o caso dos autos não é de lacuna no ordenamento jurídico (inexistência de norma), e sim de uma norma jurídica existente, porém implícita. Diz, primeiramente, que o exame conjunto do aludido art. 15 da Lei nº 9.065/95 com o abaixo transcrito art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 conduziria à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo seria a inaplicabilidade do limite de 30% quando da extinção da pessoa jurídica ou de sua cisão parcial. Art. 33. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida. Parágrafo único. No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido. Também aqui não me parece estar correta a interpretação proposta pela defesa. Vejamos. O art. 15 da Lei nº 9.065/95 veda a compensação de prejuízos em montante que reduza em mais do que 30% o lucro líquido ajustado do período. Não há menção, nesta norma, aos eventos de extinção da pessoa jurídica ou sua cisão parcial. Fl. 864DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 21 20 Por sua vez, o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 veda que a sucessora compense prejuízos da sucedida, e, em caso de cisão parcial, limita a compensação, pela própria pessoa jurídica, ao valor de seu prejuízo proporcional à parcela do patrimônio não objeto da cisão. A incidência isolada de cada uma dessas duas normas à hipótese de extinção de pessoa jurídica que possua prejuízos fiscais acumulados em montante superior a 30% do lucro líquido ajustado conduzirá às seguintes conclusões: a) art. 15 da Lei nº 9.065/95 impossibilidade de compensação, pela pessoa jurídica extinta, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado por força do limite de 30%; b) art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 impossibilidade de compensação, pela sucessora, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado pela sucedida. Já a interpretação conjunta dessas duas normas sobre a mesma situação hipotética acima descrita conduziria, de acordo com a recorrente, à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo afastaria a aplicação do limite de 30% à pessoa jurídica extinta. Ocorre que o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado na hipótese aventada. Dito de outro modo, se as premissas (o art. 15 da Lei nº 9.065/95 e o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) do silogismo lógicodedutivo proposto pela recorrente não conduzem necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado no caso de extinção da pessoa jurídica, então a recorrente deve reconhecer que não logrou êxito em demonstrar a existência da aludida norma implícita. (...) Prossegue a recorrente em sua defesa afirmando, com fundamento nas lições de Karl Larenz, que a já citada norma implícita também pode ser deduzida a partir do silêncio eloquente da lei. No Capítulo V.2 de sua famosa obra (Metodologia da Ciência do Direito, 3a. ed., pg. 524 e ss.), o prestigiado filósofo do direito citado pela recorrente discorre sobre o conceito e espécies de lacunas. Nesse sentido, explica que nem todo silêncio da lei deve ser tido como uma lacuna, conforme trecho a seguir transcrito: "Poderia pensarse que existe uma lacuna só quando e sempre que a lei (...) não contenha regra alguma para uma determinada configuração no caso, quando, portanto, “se mantém em silêncio”. Mas existe também um “silêncio eloquente” da lei." Assim é que, pelas lições de Larenz, nem todo silêncio da lei deve ser compreendido como uma lacuna a ser preenchida pelo aplicador do direito. Casos há em que, embora o legislador haja silenciado sobre determinado assunto, não significa que haja ali uma lacuna, daí porque não pode o aplicador pretender regulála por meio de analogia, princípios gerais do Fl. 865DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 22 21 direito ou qualquer outro método de integração do direito. É o que o autor chama de silêncio eloquente. Pois bem, a idéia de lacuna corresponde à antítese da idéia de existência de norma, seja explicita seja implícita. Em outras palavras, se há norma regulando o caso, ainda que implícita, então não haverá ali uma lacuna. Inversamente, se há lacuna, não há norma regulando o caso, ainda que implícita. A questão do silêncio eloquente da lei, segundo leciona Larenz, está afeto ao campo das lacunas, e não ao campo da existência de normas, sejam estas explícitas ou implícitas. Portanto, ao procurar conectar o problema das normas implícitas à questão do silêncio eloquente da lei a recorrente mistura alhos e bugalhos. Na sequência, a interessada faz uso do princípio da eventualidade alegando que, se for entendido haver lacuna, e não norma implícita, deve ela ser preenchida segundo o espírito da lei. Argumenta que, como o espírito do art. 15 da Lei nº 9.065/95 não foi vedar a compensação integral, qualquer integração só poderá ser produzida no sentido de assegurar a compensação sem a observância do limite de 30%, nas situações em que em virtude de outra norma (art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) a limitação nessas situações frustraria qualquer possibilidade de compensação futura do excedente. Novamente a recorrente traz à baila a questão da compensação integral do prejuízo. Sua argumentação, agora, é que há uma lacuna na Lei nº 9.065/95, a qual deixou de excepcionar o limite de 30% previsto no art. 15 às hipóteses de extinção ou cisão parcial da pessoa jurídica. No entanto, conforme Larenz, nem todo silêncio da lei pode ser tido como uma lacuna. Nesse sentido, o simples fato de a Lei nº 9.065/95 não excepcionar a incidência de seu art. 15 a casos como o dos presentes autos, não nos autoriza concluir que exista uma lacuna naquela lei. Mas, então, quando é que poderseá dizer que existe uma lacuna na lei? A resposta pode ser encontrada também em Larenz (sobre o assunto vide, também, Aleksander Peczenik, in On Law and Reason, pg. 24 e ss.). Haverá uma lacuna na lei quando, com base nos valores albergados pelo sistema jurídico, for possível afirmar que a norma deveria existir. E se o legislador não produziu uma norma que, em razão dos valores presentes no ordenamento jurídico, deveria existir, então o próprio direito autoriza ao aplicador promover a integração da lacuna, por meio de analogia, princípios gerais do direito, equidade, etc. Já vimos anteriormente que não existe norma jurídica, sequer implícita, estabelecendo o direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. Investiguemos agora se essa propalada compensação integral, apesar de não ser um direito formalmente estabelecido, constituise em um valor resguardado pelo ordenamento jurídico. Se a resposta for positiva, então, conforme afirmado pela recorrente, há que se reconhecer a existência de uma lacuna na Lei nº 9.065/95 ao não excepcionar a incidência de seu art. 15 aos casos de extinção ou cisão parcial. Fl. 866DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 23 22 A defesa não aponta qual a norma ou conjunto de normas do ordenamento que albergaria esse suposto valor. Certamente não está ele contido no art. 33 do Decretolei nº 2.341/87, pois, como dito outrora, o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado nas hipóteses de extinção ou cisão parcial. Talvez a única norma do ordenamento jurídico em que seria possível vislumbrar a existência do afirmado valor (compensação integral de prejuízos) é a contida no art. 153, III, da Constituição da República, o qual estabelece competir à União instituir imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Ocorre que o próprio STF, ao examinar por diversas vezes a questão, já afirmou e reafirmou que a limitação de 30% à compensação de prejuízos não ofende o conceito constitucional de renda, daí porque é de se concluir não ser possível dele se inferir a existência do alegado valor concernente à compensação integral de prejuízos." Entendo completamente aplicáveis à discussão desenvolvida nos presentes autos as considerações expostas no voto reproduzido. A tese no sentido de que existiria, no ordenamento atinente ao IRPJ, norma implícita que determina a possibilidade de afastamento da trava de 30% no ano de encerramento das atividades da pessoa jurídica, é devidamente refutada. Demonstrase que a interpretação conjunta dos arts. 15 da Lei nº 9.065/1995 e do art. 33 do DecretoLei nº 2.341/1987 (reproduzido no art. 514 do RIR/1999) não conduz necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado. Assim, improcede a defesa da existência de uma aventada norma implícita. O voto ainda aborda a questão do pretenso direito adquirido das pessoas jurídicas à compensação integral dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas de CSLL acumulados ao longo dos exercícios anteriores. A este respeito, concluise que inexiste tal direito adquirido no sistema atualmente adotado para as compensações (limitação quantitativa em cada exercício, sem limite temporal), assim como não existia na regra anterior (limitação temporal de quatro anos para a compensação, sem limite quantitativo para cada exercício). O Acórdão CSRF nº 910100.401, de 02/10/2009 também discute se existe ou não direito adquirido dos contribuintes à compensação de resultados negativos anteriores. Tal decisão representou uma mudança de posicionamento da CSRF a respeito do tema, motivada, entre outras razões, por decisões do próprio Poder Judiciário: "Voto Conselheira IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO (...) Os Tribunais Superiores já definiram que na compensação de prejuízos não se trata de direito adquirido, mas sim de uma expectativa de direito, como demonstram decisões do Superior Tribunal de Justiça, como exemplo o Fl. 867DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 24 23 Recurso Especial nº. 307.389 RS, que ao enfrentar semelhante questão pronunciase da forma seguinte: (...) Também o STF se pronunciou acerca do tema, em 25/03/2009, no RE 344.9940 do Paraná, cujo Relator inicial, o Ministro Marco Aurélio restou vencido. Redige o voto vencedor o Ministro Eros Grau, acórdão assim ementado: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS LIMITAÇÕES ARTIGOS 42 E 58 DA LEI Nº 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E 'B", E 5°, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de beneficio fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Neste recurso pretendia o autor que a trava não incidisse sobre os saldos de prejuízos ocorridos até dezembro de 1994, sob argumento de que se estava diante de um direito adquirido à compensação de todo prejuízo e a nova lei não poderia restringir tal direito. Aliás, quanto à interpretação teleológica pretendida no paradigma trazido à colação, no que toca aos prejuízos fiscais, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em sua composição Plenária, que a compensação de prejuízos fiscais tem natureza de beneficio fiscal e pode, como instrumento de política tributária, ser revisto pelo legislador sem implicar, sequer, no direito adquirido. Destaque é de ser dado ao voto da Ministra Ellen Gracie, que bem traduz a lógica do que aqui defendemos e neutraliza os argumentos da Recorrente nos seguintes termos: (...) 5. (...) Entendo, com vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8981/95 mera expectativa de direito donde o não cabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Ora, o Regulamento do Imposto de Renda RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8981/95, que limitou tais Fl. 868DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 25 24 compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não têm "crédito" oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito liquido e certo à "socialização" dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. E apenas por benesse da política fiscal atenta a valores mais amplos como o da estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. É a lei vigorante para o exercício fiscal que definirá se o beneficio será calculado sobre 10, 20 ou 30%, ou mesmo sobre a totalidade do lucro líquido. Mas, até que encerrado o exercício fiscal, ao longo do qual se forma e se conforma o fato gerador do Imposto de Renda, o contribuinte tem mera expectativa de direito quanto à manutenção dos patamares fixados pela legislação que regia os exercícios anteriores. Não se cuida, como parece claro, de qualquer alteração de base de cálculo do tributo, para que se invoque a exigibilidade de lei complementar. Menos ainda, de empréstimo compulsório. Não há, por isso, quebra dos princípios da irretroatividade (CR, art. 150, III, a e b ) ou do direito adquirido (CF, art 5°, XXXVI). (...) 8. Por tais razões, peço licença para seguir a linha da divergência inaugurada pelo Ministro Eros Grau. Em sendo a compensação de prejuízos fiscais espécie de incentivo fiscal outorgado por lei e não um patrimônio do contribuinte a ser socializado, não se pode ampliar o sentido da lei nem ampliar o seu significado, eis que as normas que cuidam de benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma restritiva nos termos do artigo 111 do Código Tributário Nacional. (...) Dessa forma, em homenagem ao comando legal do art. 111 do CTN, que impõe restrição de interpretação das normas que concedem benefícios fiscais, como é o caso, descabe o elastério interpretativo pretendido pela Recorrente." Em que pese o RE nº 344.9940 efetivamente não tratar de hipótese idêntica à discutida nos presentes autos (ou no processo em que foi prolatado o Acórdão CSRF nº 9101 00.401), a mencionada decisão judicial joga luz sobre aspectos extremamente úteis à discussão acerca da aplicabilidade da trava de 30% na compensação realizada por empresas prestes a serem incorporadas. De início, estabelecese que a possibilidade de compensação de resultados negativos passados é um benefício fiscal, concedido pelo Estado, mediante lei perfeitamente constitucional, como instrumento de política tributária e econômica. Assim sendo, leis que Fl. 869DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 26 25 limitem a possibilidade de compensação (até totalmente) são igualmente constitucionais. Por fim, entendeu a Suprema Corte que a compensação de eventuais prejuízos fiscais já acumulados revestese da condição de mera expectativa de direito, inexistindo direito adquirido à sua utilização tributária posterior. Trazendose tais conclusões para a discussão travada nos presentes autos, podese construir o entendimento de que não é correta a premissa de que existe um direito sagrado à compensação integral dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL já registrados. Somente tomandose por intocável tal premissa é que se pode defender que a única solução possível para a situação em que uma pessoa jurídica terá suas atividades encerradas, por conta de sua incorporação, é pela dispensa da limitação da compensação a 30% do resultado positivo apurado. Após a prolação do Acórdão nº 910100.401, a CSRF proferiu uma série de outras decisões em que prevaleceu a tese de que a trava de 30% na compensação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, prevista nos arts. 42 e 58 da Lei nº 8.981/1995 e arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995, é obrigatória mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica. Uma destas decisões é o Acórdão CSRF nº 9101001.337, de 26/04/2012, que faz uma pertinente observação acerca da evolução da legislação que trata da compensação de prejuízos fiscais, ao mesmo tempo em que aborda os aspectos materiais e temporais para a incidência do IRPJ. Com isso, visouse a afastar o argumento de que a negativa da compensação integral de prejuízos fiscais representaria tributação de outra grandeza que não a renda: "Voto Vencedor Conselheiro Alberto Pinto S. Jr.. Com a devida vênia do ilustre Relator, ouso discordar do seu tão elaborado voto, por enxergar, nele, um caráter muito mais propositivo do que analítico do Direito posto. Sustenta o ilustre relator que: “o direito à compensação existe sempre, até porque, se negado, estarseá a tributar um não acréscimo patrimonial, uma não renda, mas sim o patrimônio do contribuinte que já suportou tal tributação”. Ora, se isso fosse realmente verdade, a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 154/47 teria ofendido o conceito de renda e chegaríamos à absurda conclusão de que, até essa data, tributouse, no Brasil, outra base que não a renda. Da mesma forma, mesmo após a autorização da compensação de prejuízos fiscais (Lei 154/47), também não se estaria tributando a renda, pois sempre foi imposto um limite temporal para que se compensasse o prejuízo fiscal, de tal sorte que, em não havendo lucros suficientes em tal período, caducava o direito a compensar o saldo de prejuízo fiscal remanescente. Pelo entendimento esposado pelo ilustre Relator, a perda definitiva do saldo de prejuízos fiscais, nesses casos, também contaminaria os lucros reais posteriores, já que não mais estariam a refletir “renda”. Não é razoável imaginar que toda a legislação do Fl. 870DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 27 26 IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 9.065/95 (ou do art. 42 da Lei 8.981/95) tenha ofendido o conceito de renda, nem também é possível sustentar que a Lei 9065/95 tenha instituído um novo conceito de renda. Notese que o art. 43 do CTN trata do aspecto material do imposto de renda, seja de pessoa jurídica ou física, e não há que se dizer que a legislação do IRPF ofende o conceito de renda ali previsto, pelo fato, por exemplo, de não permitir que a pessoa física que tenha mais despesas médicas do que rendimento em um ano leve o seu descréscimo patrimonial para ser compensado no ano seguinte. Na verdade, o CTN não tratou do aspecto temporal do IRPJ, deixando para o legislador ordinário fazêlo. Ora, se o legislador ordinário define como período de apuração um ano ou três meses, é nesse período que deve ser verificado o acréscimo patrimonial e não ao longo da vida da empresa como quer o Relator. Sobre isso, vale trazer à colação trecho colhido do voto do Min. Garcia Vieira no Recurso Especial nº 188.855GO, in verbis: “Há que compreenderse que o art. 42 da Lei 8.981/1995 e o art. 15 da Lei 9.065/1995 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspecto temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensal. Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes. Se houve renda (lucro), tributase. Se não, nada se opera no plano da obrigação tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer "crédito" contra a Fazenda Nacional. Os prejuízos remanescentes de outros períodos, que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período em apuração, constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa em anos anteriores..” Data máxima venia, confundese o Relator quando cita o art. 189 da Lei 6.404/76, para sustentar que “o lucro societário somente é verificado após a compensação dos prejuízos dos exercícios anteriores”. Primeiramente, por força do disposto nos arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77, o lucro real parte do lucro líquido do exercício, ou seja, antes de qualquer destinação, inclusive daquela prevista no art. 189 em tela (absorver prejuízos acumulados). Em segundo, os arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77 já demonstram, à saciedade, que o acréscimo patrimonial que se busca tributar é de determinado período lucro líquido do exercício. Sustenta também o Relator que “a compensação de prejuízos fiscais não deve ser entendida como um beneficio fiscal” e traz jurisprudência do STJ nesse sentido. Todavia, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é em sentido contrário, ou seja, que “somente por benesse da política fiscal que se estabelecem mecanismos como o ora analisado, por meio dos quais se autoriza o abatimento de prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados”, conforme dicção da Min. Ellen Gracie ao julgar o RE 344994. Evidencia ainda o caráter de mera liberalidade do legislador ordinário, quando se verifica que, para o IRPF, decidiuse que apenas os resultados Fl. 871DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 28 27 da atividade rural podem ser compensados com prejuízos de períodos anteriores. Ou seja, o benefício de poder compensar prejuízos fiscais foi concedido apenas a uma parte do universo de contribuinte de IRPF. Duas verdades óbvias se deduz de tal entendimento: primeiro, renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei; segundo, a compensação de prejuízo poderia ser totalmente desautorizada pelo legislador ordinário, pois não haveria ofensa ao conceito de renda (art. 43 do CTN). (...) Vale ainda ressaltar que, quando o legislador ordinário quis, ele expressamente afastou a trava de 30%. Refirome ao art. 95 da Lei 8.981/95. Assim, nem mesmo o Poder Judiciário poderia chegar tão longe a ponto de criar, por jurisprudência, uma nova exceção à regra da trava de 30%, sob pena de se estar legislando positivamente." O voto vencedor redigido pelo Conselheiro Alberto Pinto S. Jr. faz um interessante apanhado das normas concernentes ao imposto de renda, tanto de pessoas jurídicas quanto de físicas, que não permitem(iam) o aproveitamento tributário de resultados negativos anteriores e nem por isso desnaturaram o conceito constitucional de renda. Para corroborar sua tese, traz trecho de julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que declara expressamente que tais resultados negativos anteriores não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda. Seu aproveitamento tributário seria, isso sim, benesse tributária instituída pelo Estado para "minorar a má atuação da empresa em anos anteriores". Após diferenciar o tratamento dado ao tema pelas Ciências Contábeis daquele que interessa à seara tributária ("renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei"), o Redator faz observação relevante para o deslinde da controvérsia aqui examinada: existem exceções, legalmente previstas, à submissão da compensação ao limite de 30% do resultado positivo do período de apuração. E, entre elas, não está a pretendida pelo contribuinte. Em outras palavras: quando o legislador quis estabelecer exceções à regra geral, o fez expressamente. A controvérsia também é abordada no voto vencedor do Acórdão CSRF nº 9101001.760, de 16/10/2013, que trata com profundidade de vários aspectos relevantes para a discussão proposta: "Voto Vencedor Mérito Marcos Aurélio Pereira Valadão Redator Designado (...) Sopesando os argumentos da Fazenda e do Contribuinte, a I. Relatora inicialmente traça um histórico da legislação que rege a matéria da compensação de prejuízos. Peço vênia para reproduzir entre aspas trechos do voto da I. Relatora, porque desta forma se torna mais clara a contraposição de argumentos. A I. Relatora parte da constatação de que "nunca subsistiram limitações temporais e quantitativas concomitantemente" e conclui que isto se deve à razão de ser a compensação de prejuízos um direito do contribuinte, "inerente aos princípios que regem a apuração do IRPJ/CSLL e à lógica contábil que determina os efeitos intertemporais dos Fl. 872DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 29 28 atos das pessoas jurídicas, a qual atribui os critérios de apuração do lucro líquido, ponto de partida para a apuração do IRPJ e da CSLL". Primeiramente, embora nunca tenham subsistido limitações temporais e quantitativas concomitantemente, até 1945, no Direito brasileiro, não existia possibilidade de compensação de prejuízos, ou seja, a limitação era total, assim os prejuízos de um período de apuração não eram transportados para o período seguinte, que eram considerados estanques. Ora, isto era muito pior para o contribuinte, pois não havia limites porque simplesmente não era possível compensar o prejuízo, e a norma não foi considerada inconstitucional. No que diz respeito ao segundo argumento, embora a lógica contábil seja usada para o cálculo da base tributável do IRPJ e da CSLL, a base de cálculo do imposto está sob o império da lei que pode, inclusive, ser diferente, ou mesmo contrária à lógica contábil, que é lastreada em princípios geralmente aceitos, resoluções e pronunciamentos de instituições de Direito Privado, etc... Ocorre que em matéria de direito público, sempre prevalece a lei. Assim, em que pesem argumentos que possam ser procedentes dentro da lógica contábil na qual todo prejuízo deve ser confrontado com os resultados dos períodos seguintes (e imediatamente), esta não é a lógica legal. Na verdade, a lógica da lei tem a ver com dois aspectos essenciais ao caso, a periodização e o fato gerador do imposto de renda. A periodização é importante pois há que se confrontar situações em tempos diferentes para que se identifique se a empresa tem ou não prejuízo, se a empresa tem ou não lucro. Esta lógica contábil existe para se informar ao dono do "equity" acionista ou sócio, como está evoluindo seu patrimônio, o que só tem lógica se forem confrontados períodos distintos. E daí se faz a escolha temporal, que pode ser cinquenta anos, dez anos, um ano, seis meses, três meses, um mês, etc, aquilo que a lógica contábil entender conveniente em termos de mercado, pois como foi dito informar ao dono do capital a situação do seu patrimônio é a função da contabilidade. No caso brasileiro, este prazo está na própria lei comercial (art. 175 da Lei. 6.404/1977, prevê o exercício social de um ano, e em seu Par. Único permite períodos distintos). Daí que em função da continuidade, ou princípio da continuidade, os prejuízos têm que ser levados em conta, pois o acionista ou sócio não olha o seu investimento por períodos equivalentes ao exercício social, mas por todo o período do investimento que planejou, embora tenha que “tomar o pulso” de tempos em tempos (e.g., balanços mensais, semestrais ou anuais, com os prejuízos passando para o período seguinte). Assim, um acionista que tem em perspectiva ações de uma empresa por um determinado período, olha o quanto o investimento vale no início e no final do período; assim, vinculado a uma lógica contábil, todos os ganhos e todas as perdas do período devem ser computados continuamente, é o princípio da continuidade operando, o que lhe dá o resultado final ao longo do período. Vejase que a função da contabilidade, ou pelo menos uma das funções principais, é informar ao dono do capital a situação do seu investimento. Na verdade, está se assumindo o princípio da continuidade e seus efeitos nos lucros, mais no seu sentido econômico, porque no seu sentido contábil mais exato o princípio da continuidade não trata disto, mas sim na forma com que os ativos são avaliados, a depender da continuidade da empresa. Diz a resolução CFC 750/1993 (com redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10), quando trata dos princípios da contabilidade: “Art. 5º O Princípio Fl. 873DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 30 29 da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.” Ou seja, este princípio diz respeito à precificação dos componentes do patrimônio, nada indicando que decorre dele a imposição principiológica do aproveitamento de prejuízos de um período em relação a outro. Mas, ad argumentandum tantum e seguindo a lógica econômica da compensação de prejuízos como decorrência da continuação da empresa, que se presume indefinidamente, os prejuízos e lucros se compensariam contínua e indefinidamente. Mas esta não é a lógica da legislação tributária. Para efeitos tributários, a periodização tem como função firmar o aspecto temporal para efeito de se verificar se entre o momento inicial e momento final houve variação patrimonial positiva (atualmente a lei prevê este lapso em três meses, e opcionalmente de um ano, para o lucro real). Vejase que o fato de a legislação tributária permitir que se transponha o prejuízo de um período para o período seguinte é uma decisão de política tributária. Digase de passagem, uma política correta, mas que obedece aos princípios legais e não aos princípios contábeis. Assim, o aproveitamento de prejuízos é uma decisão de política tributária (em linha com a política econômica), mas não entendo que seja um benefício fiscal, pois não se enquadra neste conceito, mesmo porque é geral. Neste aspecto específico concordo com a posição da I. Relatora. Benefício fiscal ocorre quando a lei tributária concede o aproveitamento integral (sem a trava dos 30%) para algumas atividades, isto porque difere da regra geral da sujeição à limitação dos 30 %. Ou seja, o aproveitamento de prejuízos não pode ser considerado um benefício fiscal, mas tão somente nas situações que se dirijam a atividades específicas em que se permite um tratamento mais benéfico, com o aproveitamento integral (enquanto os outros contribuintes têm a “trava”). Posto de outra forma, decorre de decisão em sede política tributária e econômica que a legislação tributária permita a dedução de prejuízos, mas isto por uma lógica econômica de formação de capital, e não simplesmente por uma lógica contábil. A lógica econômica é que a dedução de prejuízo na verdade implica em um alongamento do período de apuração, permitindo que a empresa se recupere de períodos sem lucro (como é típico do início das atividades, em face de perspectivas futuras). Em suma, a dedutibilidade do prejuízo, embora impacte a base de cálculo do imposto de renda, é matéria legal, não se contrapondo a princípios constitucionais que informam a matéria tributária, como entende a I. Relatora. A lei pode tanto impedir totalmente o aproveitamento do prejuízo, como, de fato, fazia por volta de 68 anos atrás para pessoas jurídicas em geral e assim o faz até hoje, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido ou pelo Simples. Por outro lado, a lei pode permitir o aproveitamento integral, como faz para algumas atividades, como pode impor limites temporais (como fazia até pouco tempo) ou quantitativos (como o faz atualmente), sem que possa ser considerada violadora de qualquer princípio ou regra constitucional. (...) (...) Outro argumento expedido pela I. Relatora, muito semelhante ao primeiro, diz respeito à obediência da norma tributária aos princípios e normas contábeis, no que se refere à apuração da base do IRPJ e da CSLL. Ocorre Fl. 874DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 31 30 que, neste caso, o tratamento dado pela legislação tributária diverge da norma comercial, mas é consentâneo com a própria Lei n. 6.404/1977, a lei comercial e contábil, que prevê em seu art. 177, §7º (redação atual dada pela Lei nº 11.941/ 2009) que tratamento tributário diferente pode ser dado pela legislação tributária, conforme seu art.177, in verbis: (...) Ou seja, a própria lei que dispõe sobre o tratamento tributário da apuração contábil ressalva que a aplicação das normas tributárias com critérios diferentes deve ser observada. Assim, não há contradição entre norma tributária e norma contábil, mesmo porque o tratamento dado à apuração do lucro real direciona justamente à apuração do lucro com base na legislação comercial sucedido pelos ajustes previstos da norma tributária (adições e exclusões), conforme preconiza o art. 6º do Decretolei nº 1.598/1977, e também o art. 17 da Lei nº 11.941/2009 (Lei que tratou das novas normas contábeis) e tributação, introduzindo o denominado regime tributário de transição RTT). Ou seja, a vedação de aproveitamento de prejuízos persiste mesmo no caso de encerramento da empresa, à míngua de previsão legal tributária. Não se pode impor normas e princípios contábeis para alterar a legislação tributária, criando uma situação excepcional onde a norma tributária não prevê exceção. (...) Outra linha argumentativa da I. Relatora se fia na história legislativa do dispositivo que implementou a trava dos 30% (MP n. 998/1995). Todos os argumentos normogenéticos são pertinentes e admissíveis, e é justamente o que se debate aqui, mas a lei não criou exceções. O que a exposição de motivos (EM) noticia é justamente que o aproveitamento não é limitado no tempo, mas não cogita e nem especifica o que ocorreria caso a empresa encerrasse as atividades, assim como não o faz a lei. Tratase de interpretação da exposição de motivos, pois ela, a EM, literalmente não diz que não há trava no enceramento das atividades. Por outro lado, a história legislativa de determinado dispositivo não permite um embargo interpretativo com efeitos legislativos infringentes, mas tão somente teleológicos. (...) Nesta linha de argumentos, durante os debates da sessão foi também foi suscitada a tese de que o prejuízo teria a mesma natureza de patrimônio, isto seria um "ativo". Disto decorreria que haveria tributação sobre o patrimônio (prejuízo), se não fosse permitida sua dedutibilidade. Ocorre que prejuízo (perda), no meu entender não é ativo. A legislação tributária, norma de sopreposição, consentânea com a economia e as bases econômicas da atividade empresarial, concede o aproveitamento dos prejuízos dentro da lógica da continuidade empresarial, mas daí a entender que prejuízo acumulado pode representar patrimônio, é o mesmo que dizer que tanto faz lucro ou prejuízo, o que contrasta com a própria lógica econômica. A empresa distribui lucro ou ativa lucro, não distribui prejuízo, nem ativa prejuízo. Ninguém persegue o prejuízo, a atividade empresarial persegue o lucro. Norma que permite transmutar perda em lucro com base na rationale de que a perda tem valor patrimonial é uma contradição em si mesma. Contudo, é verdade que dada a perspectiva (expectativa) de que o prejuízo fiscal em um dado exercício diminua o tributo devido em um exercicio Fl. 875DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 32 31 posterior, no futuro, há a possibilidade se ativar esta expectativa de direito, a título de ativo fiscal diferido (conforme, e.g., Resolução CFC n. 1189/09). Tratase de perspectiva de impacto patrimonial positivo, como é qualquer redução de custo, ainda que tributário. Assim, o prejuízo fiscal, que difere do prejuízo contábil (podendo haver caso de lucro contábil com prejuízo fiscal, o que não é infrequente) pode ser considerado uma espécie de expectativa de direito com perspectivas de consequências patrimoniais positivas. Contudo, é um argumento puramente contábil e se aplica, na perspectiva puramente contábil. Ou seja, isto tudo é uma questão contábil e que, neste aspecto, nada tem a ver com a limitação legal de aproveitamento de prejuízo fiscal, que só comporta exceções legais. O fato dos prejuízos fiscais acumulados constarem da parte B do Lalur e de reduzirem tributo a pagar no futuro, não lhes dá o condão de patrimônio. (...) Quanto ao argumento relacionado à jurisprudência judicial, o único ponto relevante é que entendo que a decisão do STF de que a trava é constitucional impacta o presente processo ainda que indiretamente. Uma coisa o STF reconhece de pronto, qual seja: o tema é matéria de lei e esta lei não é inconstitucional. Embora o STF não tenha discutido a questão da trava na extinção da empresa especificamente, a decisão é um indicativo claro de que a vedação total no encerramento da empresa é também matéria de lei infensa à questionamento constitucional. De outro lado, se não for assim entendido estaríamos a discutir a inconstitucionalidade de lei, o que regimentalmente não podemos fazer, ou então, haveria uma omissão legal, o que não há. O que corrobora a conclusão de que para se aceitar o afastamento da trava na hipótese em debate teria que haver previsão expressa da lei tributária, o que também não há. (...) Assim, o entendimento que adoto é também consentâneo com a direção que está seguindo a jurisprudência contemporânea do CARF, embora reconheça que haja divergências, as quais respeito, embora divirja. Desta forma, entendo não deve ser admitida exceção não prevista em lei tributária, quando a lei tributária fixa limites para o aproveitamento de prejuízos, devendo ser negada o aproveitamento integral dos prejuízos no enceramento das atividades da empresa, que está limitado a 30%, na forma da legislação tributária." O I. Redator expõe brilhantemente, com notável grau de detalhamento, as razões que prevaleceram naquele julgamento a respeito de vários aspectos relevantes para o debate acerca do afastamento da trava de 30% no caso de empresa extinta: inexistência de direito adquirido à compensação de prejuízos fiscais já registrados; independência da lei tributária em relação às normas contábeis; constitucionalidade das restrições legais à possibilidade de compensação pelos contribuintes. Além disso, aborda também outro tipo de argumentação a meu ver inadequada, que procura defender o entendimento de que a aplicação da trava de 30% à compensação promovida por pessoa jurídica prestes a ser incorporada resultaria no abandono forçado de um ativo seu, de origem tributária, assegurado em lei. Fl. 876DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 33 32 Com muita propriedade, o voto transcrito há pouco admite que tal tese pode ser dotada de algum sentido se analisada sob o ponto de vista puramente contábil. Mas não se pode admitir a tentativa de se atribuir ao prejuízo fiscal acumulado a natureza de patrimônio. Tal configuração afrontaria a própria lógica econômica das empresas, uma vez que, de certa forma, estarseia pretendendo transmutar a perda em lucro. Considero que os argumentos que fundamentaram a decisão recorrida foram corroborados pelas decisões administrativas acima referidas, cujas razões de decidir transcritas adoto como minhas. Acrescento ainda, a título de ilustração, que esta CSRF, em seus julgamentos mais recentes, tem se mantido fiel ao entendimento aqui adotado, pela impossibilidade de dispensa do limite legal, para a compensação, de 30% do lucro real (ou da base de cálculo positiva de CSLL), mesmo no encerramento das atividades da pessoa jurídica. Neste sentido os Acórdãos nº 9101002.153, nº 9101002.191, nº 9101002.192, nº 9101002.207, nº 9101 002.208, nº 9101002.209, nº 9101002.210, nº 9101002.211 e nº 9101002.225. A meu ver, o principal aspecto da polêmica em pauta reside no equivocado entendimento de que necessariamente deve haver uma completa comunicação entre os períodos de apuração do IRPJ e da CSLL. É precisamente esse entendimento que dá azo à idéia de que todo o prejuízo ao longo da história da empresa deve ser confrontado com todo o lucro auferido ao longo do tempo. Entretanto, a tributação do IRPJ e da CSLL não se dá dessa forma. Com efeito, o que se tributa é a renda/lucro (acréscimo patrimonial) auferida em um determinado período de apuração, e não a renda/lucro resultante de toda a existência da empresa. No julgamento do já referido RE nº 344994, o STF, apesar de não ter examinado a questão do limite de 30% para compensação de prejuízo fiscal em caso de extinção de empresa, deixou bem claro que a lei aplicável em relação à compensação de prejuízo fiscal é a lei vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Tal pronunciamento veio no sentido preciso de afirmar a independência entre os exercícios, o que também ficou bem evidenciado pelas situações apontadas nas decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais transcritas neste voto (em especial, a evolução histórica do instituto e o paralelo com a tributação da renda das pessoas físicas). Nesse mesmo passo, vale ainda observar que não há doutrinadores defendendo a possibilidade de compensação de prejuízos futuros com lucros anteriores, dando margem a repetição de indébitos. Caso isso fosse possível, pagamentos realizados no passado poderiam vir a ser considerados indevidos em razão de prejuízos futuros. Contudo, tal hipótese é prontamente repelida pelo senso comum da prática tributária, e a ilustração permite visualizar claramente que os exercícios devem mesmo ser independentes. De todo o exposto, podese concluir que a continuidade da empresa não implica em um direito adquirido à compensação de prejuízo fiscal e de base negativa de CSLL, independentemente do aspecto temporal para a incidência do imposto/contribuição; que o Fl. 877DF CARF MF Processo nº 19515.001081/201073 Acórdão n.º 9101002.861 CSRFT1 Fl. 34 33 referido limite de 30% não desnatura a materialidade do imposto/contribuição (renda/lucro em determinado período de apuração); e que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por cisão/incorporação, ou por qualquer outro evento. Temse que no anocalendário de 2007 (15.10.2007), a SPGAS Distribuidora de Gás Ltda., CNPJ n°. 65.828.550/000139, foi extinta por incorporação pela sucessora Ultragaz Participações S/A., responsável pelos tributos devidos por sucedida extinta por incorporação. A SPGAS Distribuidora de Gás Ltda., em razão de sua extinção, compensou o lucro ajustado apurado ao longo de 2007 com os prejuízos fiscais e as bases de cálculo negativas da CSLL de períodos anteriores, sem a limitação de 30% prevista na legislação tributária. Verificase que a circunstância de a pessoa jurídica SPGAS Distribuidora de Gás Ltda. ter sido incorporada, com a extinção de sua personalidade jurídica, não permite a compensação sem limitação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL dos anos anteriores. Restou bastante evidenciado que deve prevalecer a regra geral impositiva para todos os efeitos legais, qual seja, que a limitação a 30% da compensação dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL impõese inclusive no caso de extinção da pessoa jurídica. Nesse passo, devem ser mantidas as autuações fiscais a título de IRPJ e CSLL. Conclusão Desse modo, voto no sentido de: CONHECER o recurso especial interposto pelo Sujeito Passivo; NEGAR provimento ao recurso especial do Sujeito Passivo no que se refere à compensação de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativas da CSLL sem observância do limite de 30% do lucro líquido ajustado no caso de extinção da pessoa jurídica por incorporação, mantendose os lançamentos tributários relativos ao IRPJ e à CSLL. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 878DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10540.721272/2014-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
IRPJ. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVAS MENSAIS. LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE BIS IN IDEM. SÚMULA CARF Nº 105. INAPLICABILIDADE
A lei prevê expressamente aplicação da penalidade isolada no caso do descumprimento da obrigação de recolher o tributo estimado mensalmente, situação que se configura exatamente após o encerramento do exercício. Tal penalidade não se confunde com a multa de ofício aplicada sobre o saldo de imposto apurado ao final do exercício. As duas penalidades decorrem de fatos diversos que ocorrem em momentos distintos e a existência de um deles não pressupõe necessariamente a existência do outro. Inaplicável a Súmula CARF Nº 105 aos fatos geradores ocorridos após o ano-calendário 2007, por terem outro fundamento legal.
IRPJ. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DIPJ. EXONERAÇÃO PARCIAL.
Estando comprovado o erro de fato no preenchimento da DIPJ, correta a decisão recorrida que reduziu o saldo de IRPJ a pagar exigido no lançamento.
Numero da decisão: 1302-002.107
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, e, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 IRPJ. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVAS MENSAIS. LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE BIS IN IDEM. SÚMULA CARF Nº 105. INAPLICABILIDADE A lei prevê expressamente aplicação da penalidade isolada no caso do descumprimento da obrigação de recolher o tributo estimado mensalmente, situação que se configura exatamente após o encerramento do exercício. Tal penalidade não se confunde com a multa de ofício aplicada sobre o saldo de imposto apurado ao final do exercício. As duas penalidades decorrem de fatos diversos que ocorrem em momentos distintos e a existência de um deles não pressupõe necessariamente a existência do outro. Inaplicável a Súmula CARF Nº 105 aos fatos geradores ocorridos após o ano-calendário 2007, por terem outro fundamento legal. IRPJ. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DIPJ. EXONERAÇÃO PARCIAL. Estando comprovado o erro de fato no preenchimento da DIPJ, correta a decisão recorrida que reduziu o saldo de IRPJ a pagar exigido no lançamento.
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Multa Isolada de Estimativas. Recorrentes BRATIL EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S. A. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 IRPJ. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVAS MENSAIS. LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE BIS IN IDEM. SÚMULA CARF Nº 105. INAPLICABILIDADE A lei prevê expressamente aplicação da penalidade isolada no caso do descumprimento da obrigação de recolher o tributo estimado mensalmente, situação que se configura exatamente após o encerramento do exercício. Tal penalidade não se confunde com a multa de ofício aplicada sobre o saldo de imposto apurado ao final do exercício. As duas penalidades decorrem de fatos diversos que ocorrem em momentos distintos e a existência de um deles não pressupõe necessariamente a existência do outro. Inaplicável a Súmula CARF Nº 105 aos fatos geradores ocorridos após o anocalendário 2007, por terem outro fundamento legal. IRPJ. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DIPJ. EXONERAÇÃO PARCIAL. Estando comprovado o erro de fato no preenchimento da DIPJ, correta a decisão recorrida que reduziu o saldo de IRPJ a pagar exigido no lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, e, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 72 12 72 /2 01 4- 05 Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10540.721272/201405 Acórdão n.º 1302002.107 S1C3T2 Fl. 224 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10540.721272/201405 Acórdão n.º 1302002.107 S1C3T2 Fl. 225 3 Relatório Tratase de recurso de ofício e voluntário interpostos em face do Acórdão nº 0669.277, proferido em 11 de setembro de 2015 pela 2ª Turma da DRJ/BSB, mediante o qual aquele colegiado acordou por unanimidade de votos em dar provimento parcial à impugnação apresentada pelo sujeito passivo, para reduzir o valor do Imposto de Renda apurado na primeira infração de R$ 8.314.276,78 para R$ 2.975.310,30 e manter integralmente a multa isolada referente à segunda infração, conforme consubstanciado na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 ERRO MATERIAL. O erro material, devidamente comprovado, deve ser acatado. Erro de preenchimento da DIPJ não tem o condão de criar imposto. A verdade material deve prevalecer. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. A falta de recolhimento das estimativas mensais acarreta a aplicação de multa isolada de 50% sobre o valor que deveria ter sido recolhido mensalmente. Nos autos de infração foram apontadas as seguintes infrações: 0001 IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO 0002 MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA A decisão recorrida cancelou parcialmente a exigência relacionada à infração insuficiência de recolhimento por entender que ficou comprovado o erro de fato no preenchimento da DIPJ pela interessada, do qual decorreu a divergência com o valor de IRPJ lançado, não informado na DCTF. Houve por bem o colegiado em manter a exigência de multa isolada. O presidente do colegiado a quo recorreu de ofício da decisão. Cientificada do acórdão recorrido em 01/03/2016, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 22/03/2016, no qual se insurge apenas contra a exigência da multa isolada, sustentando, em síntese: a) que a exigência de multa isolada é totalmente descabida, pois após o encerramento do anocalendário não há que se falar em supostas diferenças do imposto devido por estimativa a ensejar a aplicação de tal multa, uma vez que o imposto apurado ao final é definitivo,conforme a jurisprudência d9o CARF (que cita); Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10540.721272/201405 Acórdão n.º 1302002.107 S1C3T2 Fl. 226 4 b) que é indevida a aplicação de multa isolada pelo não pagamento das estimativas mensais cumulada com a multa pelo não pagamento do tributo, pois implica em penalizar o contribuinte duas vezes por deixar de recolher o tributo devido; d) que a imputação de uma penalidade exclui a outra, devendo prevalecer apenas aquela aplicada sobre o imposto apurado ao final do exercício; e) que o assunto encontrase pacificado no âmbito do CARF, nos termos da Súmula 105. Ao final, após reiterar os argumentos relacionados a ocorrência de erro de fato no preenchimento da DIPJ, que ensejou o lançamento indicado na infração 001 do auto de infração, já reconhecido pelo acórdão recorrido, requer o provimento do recurso voluntário a fim de que seja excluída a exigência da multa isolada e o improvimento do recurso de ofício. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10540.721272/201405 Acórdão n.º 1302002.107 S1C3T2 Fl. 227 5 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Tratase de apreciar os recursos voluntário e de ofício interpostos em face do Acórdão 0369.227, proferido em 11/09/2015 pela DRJ/BSB. Recurso Voluntário No recurso voluntário a recorrente se insurge contra a exigência da multa isolada. Alega que esta não pode ser exigida em concomitância com a multa de ofício aplicada sobre o imposto devido ao final do exercício. Sustenta que a matéria encontrase pacificada por meio da Súmula CARF nº 105. Não assiste razão à recorrente. Inexiste qualquer conflito legal para aplicação da multa de ofício pela falta de recolhimento do tributo em conjunto com a multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas. Desde logo afasto a aplicação da súmula CARF nº 1051, porquanto o lançamento da multa isolada foi fundamentado no Art. 44, inciso II, alínea b, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488/2007 (fls. 5). Com efeito, o alcance da referida súmula é limitado às exigências formalizadas anteriormente às alterações legislativas introduzidas pela Lei nº 11/488/2007. O enquadramento legal citado expressamente no texto da súmula (art.44, § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996) deixou de existir a partir de 22/01/2007. Na mesma data, foi publicada no DOU (edição extra) e entrou em vigor a Medida Provisória nº 351/2007, posteriormente convertida na Lei nº 11.488/20072. Foram 1 Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. 2 Lei nº 11488/2007: Art. 14. O art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação, transformandose as alíneas a, b e c do § 2o nos incisos I, II e III: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10540.721272/201405 Acórdão n.º 1302002.107 S1C3T2 Fl. 228 6 alterados o percentual aplicável (de 75% para 50%) e também a base de incidência da multa (antes, a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, após, o valor do pagamento mensal que deixar de ser efetuado). Assim, com relação aos fatos geradores ocorridos a partir de janeiro de 2007, os Conselheiros podem votar de acordo com seu livre convencimento sobre a matéria. Com efeito, a lei prevê expressamente aplicação da penalidade isolada no caso do descumprimento da obrigação de recolher o tributo estimado mensalmente, mesmo se apurado prejuízo ao final do exercício. Entendeu o legislador que tal infração (falta de recolhimento da estimativa) não deve ser ignorada. Com vistas à proteção da arrecadação tributária e prestigiando os contribuintes que em situação equivalente efetuaram os recolhimentos devidos por antecipação, houve por bem o legislador estabelecer uma penalidade para aquela infração, que não se confunde de modo algum com a multa de ofício eventualmente devida pelo não recolhimento do saldo de tributo apurado no final do exercício. Assim, se, além das estimativas mensais que deixaram de ser recolhidas, a fiscalização constata que também o saldo de imposto anual devido em face da apuração do resultado do exercício não foi declarado/recolhido, ou o foi à menor, impõese a cobrança das diferenças de tributos devidas acrescidas da respectiva multa de ofício (75%), aplicada sobre o saldo de tributo devido. Ora, é princípio basilar de hermenêutica que "a lei não contém palavras inúteis". Ao estabelecer que é devida a multa isolada ainda que a pessoa jurídica tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da contribuição social, o legislador deixou muito claro que a penalidade isolada não se confunde e não pode se fundir com a multa de ofício eventualmente devida pelo saldo de tributo devido no ano. Interpretação nesse sentido implica em negar validade ao citado dispositivo. A imposição da multa isolada visa prestigiar o contribuinte que cumpre com suas obrigações e observa um dos princípios essenciais da atividade econômica, previsto na Constituição Federal de 1988: o princípio da livre concorrência (vide Art. 170, inc IV, Art. 146A e Art. 173, § 4°). I (revogado); II (revogado); III (revogado); IV (revogado); V (revogado pela Lei no 9.716, de 26 de novembro de 1998). § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. ................................................. ” (NR) Fl. 228DF CARF MF Processo nº 10540.721272/201405 Acórdão n.º 1302002.107 S1C3T2 Fl. 229 7 Ao impor ao infrator a penalidade isolada a lei visa desestimular comportamentos que levem a condições desiguais, pois enquanto os contribuintes que honram com suas obrigações sacrificam parte de seus fluxos de caixa para contribuir com a coisa pública, muitas vezes tendo que recorrer ao pagamento de juros a terceiros, o infrator (que deixa de recolher o tributo estimado) preserva o seu "Caixa" e se coloca em situação vantajosa economicamente perante os seus concorrentes. É cediço os efeitos que a sonegação tem sobre o equilíbrio concorrencial. Portanto, ao se desonerar da multa isolada o contribuinte que deixa de efetuar o recolhimento por estimativa ferirseia, além da legalidade, o princípio da isonomia. Rejeito, também, o argumento, que tem sido reiteradamente utilizado pelos que defendem a impossibilidade de coexistência das duas penalidades, quanto a possibilidade de estarmos diante da ocorrência de um "bis in idem": aplicação da multa isolada e da multa de ofício sobre um mesmo fato. Não vejo como se possa defender a existência de um mesmo fato a ensejar a aplicação das penalidades. A lei é cristalina ao estabelecer cada uma das hipóteses em que as penalidades são aplicáveis, sendo certo que as infrações ocorrem em momentos absolutamente distintos, embora possam ser detectadas num mesmo momento pela fiscalização. Enquanto a infração pelo não recolhimento dos tributos devidos com base na estimativa mensal ocorre durante o anocalendário de sua apuração, a infração pelo não recolhimento do tributo anual devido só pode ocorrer depois de encerrado o período de apuração respectivo. São fatos diversos que ocorrem em momentos distintos e a existência de um deles não pressupõe necessariamente a existência do outro. O percentual da multa isolada que antes coincidia com o mesmo percentual da multa de ofício também era comumente utilizado para justificar o alegado "bis in idem!". Porém, também não existe mais essa coincidência, em face de sua redução para 50% pela Lei n° 11.488/2007, e que passou a ser aplicada aos casos pretéritos (inclusive neste) em face da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, alínea "c" do CTN. Os prazos para cumprimento das obrigações em questão também são distintos em cada caso. Por fim, a definição da infração, da base de cálculo e do percentual da multa aplicável é matéria exclusiva de lei, nos termos do art. 97, inc.V do CTN, não cabendo ao intérprete questionar se a penalidade aplicada em tal e qual caso é adequada ou se é excessiva, a não ser que adentre a seara da sua constitucionalidade, o que é vedado no âmbito deste colegiado. Se a lei não prevê a possibilidade de aplicação de uma penalidade em detrimento da outra não cabe ao intérprete afastála ou modular sua aplicação. Por tais fundamentos, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10540.721272/201405 Acórdão n.º 1302002.107 S1C3T2 Fl. 230 8 Recurso de Ofício Em face da exoneração parcial do crédito pelo acórdão recorrido foi interposto recurso de ofício pelo colegiado a quo. O recurso de ofício deve ser conhecido, pois o valor exonerado extrapola o limite fixado pelo Ministro da Fazenda, por meio da Portaria MF. nº 63, de 09/02;2017 (créditos de tributos e encargos de multa superior a R$ 2.500.000,00). A decisão recorrida cancelou parcialmente a exigência relacionada à infração insuficiência de recolhimento por entender que ficou comprovado o erro de fato no preenchimento da DIPJ pela interessada, do qual decorreu a divergência com o valor de IRPJ devido, não declarado em DCTF, nestes termos: A impugnante alega erro material, pois, “entre outros”, não teria deduzido os juros sobre capital próprio (JCP), no valor de R$ 15.700.147,78. Em análise da DIPJ anexada pela fiscalização, observase que na ficha 7 A (demonstração do resultado), linha 48 a contribuinte registra de R$ 15.700.147,78 como JCP. Por outro lado, na Ficha 9 A (demonstração do lucro Real) linha 18 a contribuinte adiciona os mesmos valores de R$ 15.700.147,78, sob título de JCP recebido. Na realidade, parece que houve um duplo erro, pois, a contribuinte registrou como adição e como recebido um JCP pago. No caso, uma operação anula a outra. Dando, assim, o efeito de não registrar a despesa de JCP. Na planilha de cálculo realizada pela impugnante Ficha 9 A, ela demonstra não ter adicionado o referido JCP as suas adições. Para corroborar com o entendimento, voltando a DIPJ em questão, observase que a ficha 11 (cálculo do Imposto de Renda mensal por estimativa), realizado com base no balanço ou balancete de suspensão, especificamente, a contribuinte apura o valor a pagar de Imposto de Renda de dezembro, que coincide com o seu balanço patrimonial, e este imposto perfaz R$ 2.975.310,30. Este é exatamente o valor informado/recalculado na impugnação. Na realidade, há uma contradição entre os balanço registrado na DIPJ e o resultado apurado na mesma. Dessa forma, de acordo com o balanço (ficha 11) extraído da própria DIPJ apurase de Imposto de Renda o valor de R$ 2.975.310,30, como quer a impugnante. Por conseguinte o valor lançado na primeira infração fica reduzido de R$ 8.314.276, 78 para R$ 2.975.310,30, pois, conforme relatado, a DCTF registra zero de imposto. Analisando os documentos trazidos aos autos (Balancetes, Balanço, DIPJ e DCTF), verificase que de fato a interessada adicionou, equivocadamente, ao Lucro Real o valor que havia registrado como despesas de Juros sobre o Capital Próprio (R$ 15.700.147,78 cfe. Livro Razão, fls. 113). Assim, partindose do resultado líquido contábil apurado conforme Balanço/Balancete (fls. 110/112), no valor de 15.963.949,93, e procedendose às adições devidas, conforme indicado pela recorrente, apurase o Lucro Real de R$ 16.433.660,26 e um Imposto de Renda Anual Devido de R$ 4.084.415,07 que, descontado o IRRF de R$ Fl. 230DF CARF MF Processo nº 10540.721272/201405 Acórdão n.º 1302002.107 S1C3T2 Fl. 231 9 1.109.104,77, resulta no saldo de IR a pagar de R$ 2.975.310,30. Os valores estão demonstrados na tabela abaixo: Lucro Líquido 15.963.949,93 Adições 469.710,33 Lucro Real 16.433.660,26 IR 15% 2.465.049,04 IR Adicional 10% 1.619.366,03 IR Devido 4.084.415,07 () IRRF 1.109.104,77 IR a Pagar 2.975.310,30 Ante ao exposto, estando comprovado o erro de fato no preenchimento da DIPJ, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. Conclusão Por todo o que foi exposto, voto no sentido de negar provimento aos recurso voluntário e de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator Fl. 231DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.904995/2012-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO.
Verifica-se no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada.
Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.551
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO. Verifica-se no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada. Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DIREITO DE CREDITO. Recorrente O. G. SISTEMAS DE EXAUSTÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO. Verificase no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada. Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 49 95 /2 01 2- 13 Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10865.904995/201213 Acórdão n.º 3301003.551 S3C3T1 Fl. 3 2 descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, conforme relatado na decisão recorrida, alegando que após análise efetuada junto a seus arquivos verificou que pediu restituição para o período em discussão e solicitou futura compensação, na qual a empresa se beneficia de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, daí a origem do crédito. Por não ter feito a retificação da DCTF, houve o indeferimento. Solicita que seja feita a retificação na DCTF, uma vez que não há tempo hábil nem permitido para devida retificação, pois assim se fará um ato de justiça. Requerendo, ainda, a reavaliação do Despacho Decisório. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 02049.456. O fundamento adotado, em síntese, foi a necessidade de comprovação pelo contribuinte do direito creditório pretendido. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, através do qual alega, resumidamente: (i) que o crédito pleiteado decorre do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%); (ii) que o indébito em questão estaria comprovado por meio da documentação acostada em seu recurso voluntário (faz pedido alternativo de diligência, caso se entenda necessário); (iii) que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. Requer, então, que o recurso seja provido, a fim de reformar a r. decisão de primeira instância, culminando com o reconhecimento do direito creditório e a consequente homologação das compensações vinculadas. Posteriormente, o contribuinte protocolizou nova petição aos autos, através da qual requereu a juntada de notas fiscais, no intuito de comprovar o seu direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.443, de 27 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10865.905013/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.443): "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10865.904995/201213 Acórdão n.º 3301003.551 S3C3T1 Fl. 4 3 Conforme relatado acima, a compensação apresentada pelo contribuinte fora indeferida por ausência de comprovação do crédito pleiteado. Os fundamentos do voto proferido pela DRJ consta da transcrição a seguir: No processo de restituição, de ressarcimento ou de compensação, é o contribuinte quem toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, mediante a apresentação do PerDcomp. No Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria, por isso utilizase a existente no CPC. Por essa razão, cabe ao contribuinte provar a existência do crédito pretendido. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Esse entendimento aplicase também à restituição. Se o Darf indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. Assim, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. Feitas estas considerações, passemos ao exame da manifestação de inconformidade. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS 5 ANOS DO FATO GERADOR A DCTF retificada após a ciência do despacho decisório não constitui prova nem tem nenhuma força de convencimento e só pode ser considerada como argumento de impugnação, não produzindo efeitos quando reduz débitos que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização (Instrução Normativa RFB 1.110/2010, art. 9º, § 2o, I, c). A declaração apresentada presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art. 131 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Entretanto, essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração entregue. Limitase a informar que se beneficia de tributação monofásica de “alguns produtos” que comercializa, mas não informa quais são os produtos. Além disso, não apresenta nenhum documento fiscal ou contábil que confirme seus argumentos. Ademais, o prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário é o mesmo para que o contribuinte proceda Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10865.904995/201213 Acórdão n.º 3301003.551 S3C3T1 Fl. 5 4 à retificação da respectiva declaração apresentada. Esse entendimento foi adotado pelo Parecer Cosit nº 48, de 7 de julho de 1999, que trata da declaração de rendimentos, mas que se aplica por analogia à presente situação: “Dos comandos legais citados, temos que extinguese no prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da declaração de rendimentos ou da data em que se tornar definitiva a decisão que anulou, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário. Assim, da mesma forma que a Fazenda Pública submetese a um prazo final para rever de ofício seu lançamento ou para constituir o crédito tributário, o contribuinte deve igualmente dispor de um termo para que sejam corrigidos eventuais erros cometidos quando da elaboração de sua declaração de rendimentos.” (grifouse) O Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF) também já se pronunciou nesse sentido: “DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS DCTF RETIFICAÇÃO PRELIMINAR DE DECADÊNCIA Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de o contribuinte proceder à retificação das DCTF trimestrais extinguese após 5 (cinco) anos contados da data da ocorrência dos correspondentes fatos geradores, como analogamente ao Fisco seria vedado o direito de proceder à sua revisão. IRPJ e CSLL COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO A compensação de tributos em face de seu alegado pagamento a maior condicionase à demonstração efetiva da ocorrência do pagamento em excesso, mediante documentação hábil (1º CC; 8ª Câmara; processo 13707.001451/0087; Acórdão nº 10808913; data da sessão: 23/06/2006). (grifouse) Diante disso, verificase que já decaíra o direito de o contribuinte proceder à retificação da DCTF. APURAÇÃO DO TRIBUTO A apuração do PIS e da Cofins é consolidada no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). O valor apurado no demonstrativo apresentado antes da ciência do Despacho Decisório, não evidencia a existência de pagamento indevido ou a maior. As verificações efetuadas nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e nos autos desse processo confirmam os fatos relatados e podem ser assim consolidadas: (...). Em face do exposto, voto por julgar IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar as compensações em litígio. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10865.904995/201213 Acórdão n.º 3301003.551 S3C3T1 Fl. 6 5 Concordo com os termos da decisão recorrida, a qual entendo não merecer reparos. Como é cediço, é do contribuinte o ônus da prova do seu direito creditório. Tanto que este, em seu recurso voluntário, reconhece a ausência de comprovação do seu direito creditório nas fases anteriores do presente processo. Pleiteia, contudo, que a documentação apresentada quando do Recurso Voluntário seja levada em consideração por este Conselho, seja para fins de reconhecimento do crédito pleiteado, seja para fins de, ao menos, determinar diligência para fins de confirmação do direito requerido. Alega, para tanto, que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. É importante que se esclareça, em princípio, que esta turma julgadora tem, em determinadas situações, admitido a análise de documentos anexados pelo contribuinte a destempo, desde que aptas a comprovar o direito alegado, em atenção ao princípio da verdade material. Entendo, contudo, que não deve ser esta a conduta a ser adotada neste caso concreto. Isso porque, consoante bem assinalou a decisão recorrida, o contribuinte apresentou DCOMP indicando um suposto crédito oriundo de DARF já integralmente utilizado para fins de quitação de outro débito do contribuinte. Logo, não havia como se admitir a compensação apresentada, por ausência de direito creditório. Em sua manifestação de inconformidade, o contribuinte limitouse a alegar que o seu direito creditório decorreria do recolhimento indevido realizado em razão de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, e que o indeferimento teria se dado em razão da ausência de retificação da DCTF, uma vez que não havia tempo hábil para proceder à devida retificação. Neste ponto, entendeu corretamente a decisão recorrida no sentido de que não se deve admitir DCTF retificadora fora do prazo legal de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Verificase no caso concreto aqui analisado que o período que o contribuinte pretende retificar reportase ao 2º semestre de 2005, ao passo que a primeira manifestação de que haveria informação incorreta na referida DCTF outrora apresentada reportase a setembro de 2012, quando o contribuinte apresentou a sua manifestação de inconformidade, já comunicando a impossibilidade de apresentação da DCTF retificadora. Sendo assim, não havia mais tempo hábil para se admitir a retificação da DCTF pretendida pelo contribuinte, ou mesmo para se reanalisar as informações ali transmitidas pelo próprio contribuinte. Nesse sentido, inclusive, trazse à colação decisões deste Conselho, proferidas à unanimidade de votos: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/09/2003 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. INTEMPESTIVIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA. Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10865.904995/201213 Acórdão n.º 3301003.551 S3C3T1 Fl. 7 6 É ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo de 5 anos contados do fato gerador ou da entrega da declaração para fins de comprovação de pagamento indevido passível de compensação. O prazo para constituição do crédito tributário deve ser o mesmo para o Fisco e para o contribuinte. Também ineficaz a DCTF retificadora se desacompanhada de documentação comprobatória hábil e idônea que comprove a existência e a disponibilidade do crédito reclamado. (Acórdão n. 3802001.464). *** Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/05/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus de sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem que faça prova de sua liquidez e certeza. DCTF. RETIFICAÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. Por aplicação do parágrafo único do art 149 do CTN, as novas informações trazidas em DCTF retificadora somente produzem efeito se a retificação ocorrer dentro do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário negado. (Acórdão n. 3202000.862). É importante que se tenha em mente que o direito não socorre aos que dormem. Nesse contexto, da mesma forma que a Fazenda possui prazos para fiscalizar o contribuinte, este possui prazos para retificar as suas declarações, no intuito de constituir direito creditório que entende fazer jus. A observância de tais prazos legais, inclusive, precisam ser observadas em benefício da sociedade como um todo, em prol da segurança jurídica. É importante que se esclareça que não se está aqui dispondo que a verdade material não deve prevalecer sobre a verdade formal. Contudo, a aplicação do princípio da verdade material possui limites que precisam ser observados, a exemplo dos prazos decadencial e prescricional, os quais devem ser observados sem distinção, às vezes a favor, às vezes contra o contribuinte/Fisco. E, uma vez encerrado o prazo legal para retificação da DCTF, resta forçoso reconhecer que a documentação apresentada pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário não o socorre em seu pleito. Ainda que tivesse o contribuinte direito ao crédito pleiteado em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não poderia o contribuinte pleitear tal crédito ad eternum. Existe um marco temporal que precisa ser observado e a apresentação de documentos comprobatórios quando já decorrido tal prazo não deve ser considerada. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10865.904995/201213 Acórdão n.º 3301003.551 S3C3T1 Fl. 8 7 É a mesma situação que ocorre quando um crédito tributário resta fulminado pela decadência. Ainda que a Receita Federal tenha provas cabais de que determinado montante é devido, não pode exigilo após o decurso do prazo quinquenal previsto na legislação. Diante das razões acima expostas, entendo que deverá ser negado provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo a decisão recorrida em sua integralidade, por seus próprios fundamentos." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não se admitindo a DCTF retificadora e a documentação comprobatória apresentados a destempo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 157DF CARF MF
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Numero do processo: 10469.723556/2011-95
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.862
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado.
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente ESPACIAL AUTO PEÇAS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 72 35 56 /2 01 1- 95 Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10469.723556/201195 Acórdão n.º 3302003.862 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.429. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10469.723556/201195 Acórdão n.º 3302003.862 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 187DF CARF MF Processo nº 10469.723556/201195 Acórdão n.º 3302003.862 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 188DF CARF MF Processo nº 10469.723556/201195 Acórdão n.º 3302003.862 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10469.723556/201195 Acórdão n.º 3302003.862 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 190DF CARF MF
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Numero do processo: 10855.723400/2014-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2012 a 30/06/2014
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. MULTA ISOLADA AGRAVADA.
Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada agravada.
O fato de o contribuinte ter sido autuado, anteriormente, pela realização de compensação, antes do trânsito em julgado de decisão judicial, evidencia que havia conhecimento sobre a impossibilidade de compensação, naquele momento, diante do óbice estabelecido pelo art. 170-A do CTN.
MULTA APLICADA. CONFISCO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 2201-003.597
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 22/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. MULTA ISOLADA AGRAVADA. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada agravada. O fato de o contribuinte ter sido autuado, anteriormente, pela realização de compensação, antes do trânsito em julgado de decisão judicial, evidencia que havia conhecimento sobre a impossibilidade de compensação, naquele momento, diante do óbice estabelecido pelo art. 170A do CTN. MULTA APLICADA. CONFISCO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 34 00 /2 01 4- 01 Fl. 1924DF CARF MF 2 EDITADO EM: 22/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Tratase do Auto de Infração identificado pelo DEBCAD nº 51.064.0877, lavrado em nome do Município de Alumínio para a constituição de crédito tributário relativo à multa isolada de 150%, prevista no § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, no valor de R$ 10.014.036,34 (dez milhões, quatorze mil, trinta e seis reais e trinta e quatro centavos). De acordo com o relatório fiscal, no processo nº 10855.723412/201428 foram analisadas as compensações de contribuições previdenciárias realizadas pelo Município de Alumínio e declaradas na GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social no período de 02/2012 a 06/2014. As compensações se deram sob a alegação de que houve recolhimento de contribuições previdenciárias sobre parcelas que, no entender do município, não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias, como o adicional de 1/3 de férias, horasextras, adicional noturno, periculosidade, insalubridade, adicional por tempo de serviço, gratificação aniversário e gratificação da Lei nº 1.436, de 2010. Conforme demonstrado no processo nº 10855.723412/201428, as compensações foram consideradas indevidas, uma vez que o contribuinte não comprovou terem havido recolhimentos indevidos de contribuição previdenciária, bem como não comprovou possuir decisão judicial reconhecendo a existência dos créditos dos quais se julga possuidor. O município foi auditado em 06/03/2012, ocasião em que foi lavrado Auto de Infração controlado pelo processo nº 10855.720770/201217, sob o mesmo fundamento. Tratase, portanto, de reincidência. Desta forma, concluiu a fiscalização que a conduta do município não pode ser considerada como um mero erro de preenchimento ou imputada ao desconhecimento. O município sabia que a sua atitude contrariava as normas vigentes e apresentou GFIP com informações sabidamente falsas, o que justificou a aplicação da penalidade de 150% sobre os valores indevidamente Fl. 1925DF CARF MF Processo nº 10855.723400/201401 Acórdão n.º 2201003.597 S2C2T1 Fl. 3 3 compensados, nos termos da planilha constante do Relatório Fiscal. Por fim, o Relatório Fiscal informa que, em razão da ocorrência de fatos que, em tese, caracterizam crime contra a ordem tributária, foi lavrada a Representação Fiscal para Fins Penais – RFFP. O impugnante foi cientificado do Auto de Infração em 09/10/2014 e apresentou impugnação postada em 29/10/2014. A impugnação apresentada foi dividida em sete partes. Na primeira parte, juntada às fls. 137 a 279, o impugnante alega, em síntese, o seguinte: O Município é pessoa jurídica de direito público sujeita ao pagamento das contribuições previdenciárias previstas no art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, as quais incidem sobre a remuneração. Pela tipicidade fechada, o fisco não pode estender a interpretação sobre a materialidade do fato gerador, a fim de abranger fatos além dos previstos na norma de incidência. De acordo com o inciso I do mencionado art. 22, a expressão “remuneração” nada mais é do que o próprio salário do trabalhador, juntamente com as parcelas que o integram, de modo que as parcelas de natureza indenizatórias recebidas pelo trabalhador, assim como os encargos sociais, não integram a base de cálculo das contribuições. Do mesmo modo, não incidem contribuições sobre os ganhos eventuais. Neste sentido, afirma que o STF e o STJ firmaram entendimento acerca da não incidência de contribuições sobre “férias gozadas, adicional de férias, horasextras, adicional noturno, insalubridade, saláriomaternidade, terço constitucional de férias e férias indenizadas, adicional de periculosidade, salário família, aviso prévio, salárioeducação, auxíliodoença, auxílio creche, vale transporte, abono assiduidade, gratificações eventuais e abono único”. Em seguida, apresenta diversas decisões das duas cortes acerca da não incidência de contribuições sobre as mencionadas parcelas. Argumenta que a Receita Federal do Brasil encontrase vinculada às decisões exaradas pelos tribunais superiores na sistemática dos art. 543B e 543C do Código de Processo Civil – CPC. Neste sentido, aduz que os recursos eventualmente interpostos pela União contra decisões judiciais que consideraram o terço de férias e as demais parcelas que não sejam incorporadas aos proventos para fins de cálculo da aposentadoria não terão qualquer eficácia prática, pois tem evidente intuito procrastinatório. Como as ações sobre a incidência de contribuição sobre o terço de férias estão transitadas em julgado, o mesmo ocorrerá com as demais parcelas que detêm a mesma natureza jurídica e que não se incorporem aos proventos de aposentadoria do servidor, pois a fundamentação jurídica é a mesma. Por esta razão, entende que o Auto de Infração nº 51.064.0877 deve ser desconstituído, anulado e cancelado. Fl. 1926DF CARF MF 4 Na segunda parte da sua impugnação, juntada às fls. 280 a 326, o impugnante prossegue, afirmando que o município realizou recolhimentos indevidos (contribuições incidentes sobre o terço constitucional de férias, horasextras e demais verbas de natureza compensatória/indenizatória) e que a legislação previdenciária atualmente vigente permite a compensação destes recolhimentos indevidos. A negativa pura e simples de restituição de tributo pago indevidamente, ou aquela feita sob construções jurídicas abusivas, constituem medida confiscatória. No direito tributário, a regra é a possibilidade de compensação pelo sujeito passivo sem que seja exigida a anuência prévia da autoridade administrativa. A previsão da Constituição e do CTN neste sentido foi atendida pelo art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991, que autorizou os contribuintes a compensarem os valores pagos a maior com os valores apurados em período subsequente, desde que pertencentes à mesma espécie tributária. No que toca às contribuições previdenciárias, a matéria encontrase disciplinada no art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991. Cita diversas decisões judiciais e de órgãos administrativos que reconhecem o direito à compensação independente de prévia autorização administrativa. As compensações foram realizadas pelo município com base na autorização contida no art. 40 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008. Não há ali a exigência de que o município somente realize a compensação após o trânsito em julgado, a teor do art. 170A do CTN. Isso porque, o art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991, não limita o direito à compensação, de modo que a Instrução Normativa não poderia fazêlo, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da igualdade. Exigir que as compensações somente fossem realizadas mediante decisão judicial transitada em julgado e após a homologação do crédito pela RFB contraria e afronta literalmente a jurisprudência do STF e STJ. A ação judicial movida pelo município não contempla, entre os seus pedidos, a autorização para compensação, posto que esta já se encontra prevista no art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991. O município requer apenas a declaração de inexistência da relação jurídica tributária, a suspensão da exigibilidade das exações e a abstenção de punições por parte da RFB. Assim, uma vez suspensa a exigibilidade, resta claro o direito de se compensar dos valores pagos. Colaciona decisões do STJ no sentido da não aplicação da restrição contida no art. 170A do CTN, quando o direito requerido encontrase reconhecido na jurisprudência dominante dos tribunais superiores. Por esta razão, entende que deve ser reconhecido o direito à compensação dos valores anteriormente recolhidos, incidentes sobre férias, 1/3 de férias, variáveis de férias, horas extras, abono noturno, abono periculosidade, abono insalubridade, abono tempo de serviço e abono gratificação, uma vez que se trata de parcelas de natureza indenizatória/compensatória, conclusão esta que se encontra respaldada pela jurisprudência pacífica do STF e do STJ. Fl. 1927DF CARF MF Processo nº 10855.723400/201401 Acórdão n.º 2201003.597 S2C2T1 Fl. 4 5 Na terceira parte da sua impugnação, fls. 327 a 604, o município apresenta planilhas para demonstrar o cálculo dos valores indevidamente recolhidos. Na quarta parte da impugnação, fls. 605 a 847, o impugnante argui a inaplicabilidade da multa isolada de 150%, nos seguintes termos: O § 10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, exige a comprovação da falsidade da declaração. O dolo é elemento fundamental para a caracterização da falsidade. Ele não pode ser presumido e caberia à autoridade administrativa demonstrar a sua ocorrência. Não será falsa a declaração prestada pelo sujeito passivo onde ele considera não tributável uma parcela que o fisco entende como tributável, desde que se identifiquem corretamente tais valores quanto aos seus elementos fáticos. Ser tributável ou não tributável é uma questão que diz respeito ao significado jurídico tributário do fato remuneração, e a divergência em torno deste significado não configura falsidade. Menciona diversas decisões exaradas por Delegacias de Julgamento da RFB nas quais não se considera falsidade o exercício do direito de compensação em relação a verbas cuja incidência de contribuição sobre elas esteja sendo discutida no âmbito do judiciário. No caso, as compensações foram efetuadas tendo como paradigma a jurisprudência pacificada pelo judiciário, não se tratando de interpretação jurídica do próprio contribuinte. Todas as ações judiciais interpostas pelos municípios e autarquias estão transitando em julgado nos tribunais. Para a aplicação da multa de 150%, o fisco deveria comprovar a fraude, a sonegação ou o conluio, nos termos dos art. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Não há que se falar em sonegação, pois os fatos geradores não são objeto de discussão, mas apenas as declarações relativas à compensação. Também impossível a tipificação da fraude, pois não houve modificação ou alteração das características essenciais do tributo devido, bem como não redução do montante do tributo devido. Para a caracterização destas condutas, seria necessário que o fisco tivesse comprovado artifícios utilizados pelo contribuinte que tivessem o condão de ludibriar, enganar ou esconder, situações opostas à declaração em GFIP, na qual o contribuinte se apresenta ao fisco declarando e confessando a natureza e a quantidade do seu crédito. Não há artifício, engodo ou enganação no ato em que a pretensão do contribuinte é submetida à homologação da autoridade pública. Não consta no Auto de Infração nenhuma comprovação de documento falso que possa corroborar a afirmação de que houve evidente intuito de fraude. Se o poder judiciário pacificou o entendimento de que não incide contribuição sobre as parcelas de natureza indenizatória/compensatória, não cabe à RFB Fl. 1928DF CARF MF 6 interpretar a lei de modo diferente. Se há fundamento jurídico para a pretensão do impugnante, onde estaria a falsidade? O contribuinte agiu de boafé, pois entende que não incide contribuição sobre as referidas parcelas. Esta não é uma tese própria, mas sim um entendimento consagrado pelos tribunais superiores. Transcreve decisões do CARF nas quais houve a aplicação deste entendimento. Pelas razões acima, entende que deve ser anulada a multa isolada de 150% aplicada no Auto de Infração sob julgamento. Na quinta parte da sua impugnação, fls. 848 a 854, o contribuinte requer o cancelamento e o arquivamento da Representação Fiscal para Fins Penais, uma vez que, inexistindo indícios de fraude, não há que se falar em ilícito penal. Na sexta parte da impugnação, fls. 855 a 967, o contribuinte apresenta os documentos relativos aos Mandados de Segurança nº 000562025.2010.4.03.6100 e 000319928.2011.4.03.6110, nos quais o impugnante discute em juízo a incidência de contribuições sobre as horas extras, terço constitucional de férias e demais verbas de natureza indenizatória/compensatória que não integram o salário de contribuição do segurado. Na sétima parte da impugnação, fls. 968 a 1.593, o impugnante colaciona aos autos textos da legislação previdenciária e de decisões judiciais a respeito do tema. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2012 a 30/06/2014 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. MULTA ISOLADA AGRAVADA. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada agravada. Não é razoável entender que a impugnante ignorava o fato de que os valores dos quais se julgava credor estavam sendo discutidos em ações judiciais ainda em trâmite, cujas decisões ainda não haviam transitado em julgado. Do mesmo modo, não é razoável entender que a impugnante desconhecia o fato de que norma expressa do CTN (art. 170A) expressamente vedava a compensação de tributos discutidos judicialmente antes do trânsito em julgado da decisão. Além disso, os créditos utilizados na compensação não foram somente aqueles decorrentes do recolhimento de contribuições sobre as parcelas que as sentenças reconheceram como não integrantes da remuneração. Foram também consideradas como crédito as contribuições incidentes sobre as parcelas cuja não incidência foi pleiteada pela empresa, mas não reconhecida pela decisão de primeira instância. Tudo isto denota que o impugnante sabia ser o crédito por ele utilizado Fl. 1929DF CARF MF Processo nº 10855.723400/201401 Acórdão n.º 2201003.597 S2C2T1 Fl. 5 7 imprestável para a compensação, nos termos dos art. 170 e 170A do CTN. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 26A do Decreto nº 70.235, de 1972, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Por esta razão, as alegações de inconstitucionalidade da multa isolada não são apreciadas nesta decisão. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustentou, em síntese, que: a) os créditos utilizados para a compensação são legítimos e provenientes de recolhimentos efetuados e recolhidos nas datas exigidas pela legislação, conforme informações constantes das GFIPs; b) os lançamentos das compensações efetuadas constantes das GFIPs informadas são fidedignos, não constituindo falsidade de declarações que induzam a fraude, sonegação e conluio com a tipificação do artigo 71, 72 e 73 da Lei 4.50264; c) a conduta dolosa apontada pela fiscalização não restou demonstrada de plano, não ensejando a aplicação da multa isolada de 150%; d) o CARF e as Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento tem se posicionado no sentido de anular os autos de infração referentes à multa isolada de 150% aplicada sem a efetiva comprovação da fraude, sonegação e conluio, tipificada pelos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, quando o contribuinte informar corretamente as compensações em GFIP; e) o STF, através do RE n.º 593.068 reconheceu a repercussão geral da matéria suscitada, sob fundamento de que a cobrança da multa isolada de 150% detém a natureza de confisco contribuindo para o enriquecimento ilícito da união; f) as compensações podem ser efetuadas administrativamente sem a anuência do judiciário ou da RFB, a teor do art. 66 da Lei 8383/91 art. 89 da Lei 8212/91 e art. 56 a 59 da Instrução Normativa RFB n.º 1300/12; g) de acordo com as decisões judiciais elencadas no recurso, comprovase que as compensações podem ser efetuadas administrativamente, sem a necessidade da aplicação do art. 170A do CTN, sem ter que aguardar o trânsito em julgado, no Fl. 1930DF CARF MF 8 caso da impetração de mandado de segurança ou quando inexistir ação judicial, a este não se aplica. h) nos Mandados de Segurança, não consta qualquer menção no pedido pleiteando o direito à compensação na esfera administrativa, pois a própria legislação já lhe outorga esse direito (art. 66 da Lei 8383/91; art. 89 da Lei 8212/91; arts. 247 a 253 do decreto 3.048/99 e art. 72 da IN RFB n.º 971/09); i) as verbas cujos os créditos foram utilizados para a compensação não incidem a contribuição previdenciária, conforme entendimento pacificado pelo STF, inclusive com Repercussão Geral RE n.º 593.068 e STJ com incidente de uniformização jurisprudencial. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme consta do Relatório Fiscal, fl. 96, no processo n° 10855.723412/201428 foram analisadas as compensações de contribuições previdenciárias efetuadas em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP pelo contribuinte em epígrafe. O órgão público efetuou compensações, no período de 02/2012 a 06/2014, alegando que esses valores se referiam a diferenças recolhidas a maior no período de 04/2010 a 01/2012 sobre remunerações pagas a seus empregados a título de 1/3 de férias, horasextras, adicional noturno, periculosidade, insalubridade, adicional por tempo de serviço, gratificação aniversário e gratificação da Lei 1.436/2010. No seu entendimento, estas não poderiam sofrer incidência de contribuição previdenciária por não integrarem a sua base de cálculo. Conforme demonstrado naquele processo, as alegações do contribuinte são improcedentes, pois o recorrente não comprovou a existência de pagamento ou recolhimento indevido de contribuições previdenciárias, bem como não comprovou possuir crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado. No que se refere à aplicação da multa isolada no patamar de 150%, que é o objeto dos presentes autos, a fiscalização entendeu pela existência de declaração falsa, considerando que o Município foi auditado, em 06/03/2012, e, conseqüentemente, autuado, por meio do processo n.º 10855.720770/201217, pelo mesmo motivo, de forma que não se vislumbra erro no preenchimento das informações lançadas em GFIP, ou desconhecimento, pois o Município estava plenamente ciente de que sua atitude estava incorreta, agindo contra as normas vigentes. Consoante depreendese dos autos, a discussão na via judicial acerca da incidência das contribuições previdenciárias demonstra a existência de dúvida razoável sobre a exigência ou não das contribuições sobre as rubricas em questão. Contudo, o fato de o Fl. 1931DF CARF MF Processo nº 10855.723400/201401 Acórdão n.º 2201003.597 S2C2T1 Fl. 6 9 contribuinte ter sido autuado, anteriormente, pela realização de compensação, antes do trânsito em julgado de decisão judicial, evidencia que havia conhecimento sobre a impossibilidade de compensação, naquele momento, diante do óbice estabelecido pelo art. 170A do CTN. Quanto à alegação a respeito do caráter confiscatório da multa aplicada, impõese a aplicação do disposto no Enunciado de Súmula CARF n.º 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Nesse contexto, voto em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar lhe provimento. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 1932DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003854/2007-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Anocalendário: 2001, 2002, 2003
DECADÊNCIA. PRAZO. TERMO INICIAL. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO.
No lançamento por homologação, com falta de pagamento ou na ocorrência de dolo, fraude, simulação, o prazo decadencial para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário obedece ao art. 173, I, do CTN, iniciando-se o prazo no primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. TERCEIROS ESTRANHOS A AUTUAÇÃO.
Com a lavratura do auto de infração instaura-se o litígio entre o fisco e o contribuinte. O direito de defesa socorre o acusado, não alcança terceiros, ainda que seja a sociedade de titularidade do autuado.
DEPOSITO BANCÁRIOS. ÔNUS DA PROVA.
Na relação jurídica tributária o ônus da prova cabe inicialmente ao fisco na demonstração da ocorrência do fato tributável. Ao sujeito passivo compete, comprovar o direito alegado e assim elidir a imputação que lhe é imposta.
Constatada existência de movimentação financeira nas contas bancárias do autuado, não declarado à fiscalização, cabe ele comprovar a origem dos depósitos.
Numero da decisão: 2202-001.486
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pela Recorrente e, no
mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindo ao percentual de 75%.
Nome do relator: Odmir Fernandes
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PRAZO. TERMO INICIAL. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. No lançamento por homologação, com falta de pagamento ou na ocorrência de dolo, fraude, simulação, o prazo decadencial para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário obedece ao art. 173, I, do CTN, iniciandose o prazo no primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. TERCEIROS ESTRANHOS A AUTUAÇÃO. Com a lavratura do auto de infração instaurase o litígio entre o fisco e o contribuinte. O direito de defesa socorre o acusado, não alcança terceiros, ainda que seja a sociedade de titularidade do autuado. DEPOSITO BANCARIOS. ÔNUS DA PROVA. Na relação jurídica tributária o ônus da prova cabe inicialmente ao fisco na demonstração da ocorrência do fato tributável. Ao sujeito passivo compete, comprovar o direito alegado e assim elidir a imputação que lhe é imposta. Constatada existência de movimentação financeira nas contas bancárias do autuado, não declarado à fiscalização, cabe ele comprovar a origem dos depósitos. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pela Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Nelson Mallmann Presidente. Odmir Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Relatório Tratase de Recurso Voluntario da decisão 7ª Turma de Julgamento da DRJ de São Paulo, que manteve parte da autuação sobre omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada. Adoto o relatório da decisão recorrida: “Em ação levada a efeito na contribuinte acima qualificada, apurouse o crédito tributário na importância correspondente a R$ 509.034,66 relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física — OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA (anoscalendário 2001, 2002 e 2003), sendo R$ 160.865,62 referentes ao imposto, R$ 241.298,42 referentes à multa proporcional e R$ 106.870,62 referentes aos juros, cujo crédito encontrase consubstanciado no Auto de Infração de fls. (463 a 467). 2. As infrações apuradas, que resultaram na constituição do crédito tributário referido, encontramse relatadas no Termo de Verificação do Auto de Infração (fls. 446 a 458) e nos dá conta, segundo relato, de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimentos, mantidas em Instituições Financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações, do qual destacamse os seguintes aspectos: 2.1. a fiscalizada apresentou nos anoscalendário em referência, tempestivamente e em separado do companheiro, o Sr. Eduardo Lopes Lourenço, CPF n° 509.363.01872, Declaração de Ajuste Anual Simplificada, em cuja Declaração de Bens pôde ser constatada a informação de bens mantidos em condomínio, pelo casal. 2.2. foi instaurado, concomitantemente, procedimento contra o companheiro Eduardo Lopes Lourenço nos mesmos anos Fl. 2DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 19515.003854/200751 Acórdão n.º 220201.486 S2C2T2 Fl. 2 3 calendário de 2001 a 2003, tendo informado este igualmente, nas Declarações de Ajuste Anual apresentadas, bens adquiridos em condomínio com a fiscalizada, a variação patrimonial dos conviventes foi apurada no procedimento levado efeito no companheiro e em nome deste, computandose os recursos/origens e dispêndios da fiscalizada, cuja apuração, respaldada por documentação comprobatória, hábil e idônea, constituiu o objeto central da presente ação fiscal; 2.3. depois de intimada a contribuinte, relativamente ao efetivo recebimento dos montantes de R$ 366.660,00 e R$ 323.000,00 da empresa Toque de Classe Decorações Ltda., nos anos calendário de 2001 e 2002, respectivamente, e de R$ 280.250,00 da empresa Toque de Classe Serviços de Cobrança Ltda., ano calendário 2003, ela informou que tais valores tratamse de pagamentos referentes à distribuição de lucros dos períodos de 1999 a 2003; 2.4. em sendo assim, foi desenvolvido trabalhos fiscais nas pessoas jurídicas referidas, tendo concluído a fiscalização, conforme Termo de Conclusão Fiscal, que ocorreu simulação nas operações realizadas pela pessoa física, valendose das pessoas jurídicas. Concluiu a fiscalização que pôde ser constatada nos atos praticados pela pessoa jurídica de forma constante e continuada ao longo de todo o período sob exame. A conclusão a que se chegou é que, a constituição formal da empresa foi um artifício utilizado por seus sócios e pessoas ligadas, para ocultar recursos não comprováveis e transferilos, de um lado, revestindoos da aparência legalmente admitida de distribuição de lucros, e bem assim, para a realização de gastos incompatíveis com os rendimentos declarados, e de outro, a familiares, graciosamente; 2.5. por decorrência de todos os fatos apurados, a fiscalização considerou indevida a apropriação pela fiscalizada, nos anos calendário de 2001, 2002 e 2003, de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis a título de lucros distribuídos pela pessoa jurídica da qual figurou como sócia (mesmo porque a própria formação do lucro não foi comprovada), como também, imputalhe a responsabilidade por toda a movimentação financeira constatada na conta corrente titulada pela empresa (n° 00825 0/Ag. 2980 do Banco Itaú), sendo os valores nela lançados, após exame individualizado, levados ao demonstrativo da análise da variação patrimonial do casal, elaborado em nome do companheiro Eduardo Lopes Lourenço; 2.6. constituiuse, então, crédito tributário em razão de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, mediante aplicação da multa qualificada de 150%m, de conformidade como disposto no artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/1996, configurando, a matéria tributável, em tese, crime contra a ordem tributária, segundo dispõe o artigo 2°, inciso I, da Lei n° 8.137/90. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES 4 3. O Auto de Infração foi lavrado em 10/12/2007, tomando o interessado ciência em 13/12/2007, por via postal, AR de fl. 495.” Auto de Infração a fls. 463 a 467. Relatório de fiscalização fls. 446 s segts. Relatório de fiscalização das sociedades 470 e segts.. Notificação do lançamento em 13/12/2007 fl. 495 Decisão recorrida a fls. 613 e segtes. Nas razões recurso a fls 651 e sgtes. onde sustenta: a) Decadência do crédito tributário exigido no período de maio de 2001 a dezembro de 2003, por força do art. 150, § 4° ou do período de 2001, pelo art. 173, I, ambos do CTN; b) Regularidade das operações da sociedade Toque de Classe Decorações Ltda., não sendo possível imputar responsabilidade à Recorrente. Não houve a utilização de interposta pessoa (laranja) pelos sócios ou terceiros dessa sociedade para ocultar recursos sem origem comprovada, como consta do relatório de fiscalização de fls. 4/20 e desqualificar o lançamento por via reflexa à Recorrente; c) Exigência sobre meras presunções infundadas na apuração dos resultados com irregularidade da sociedade Toque de Classe; d) Cerceamento do direito de defesa de a sociedade Toque de Classe se defender; e) Inexistência de conduta dolosa do Eduardo Lopes Lourenço; f) Erros na apuração da base de cálculo pela falta de exclusão de vários depósitos: f.1) mês de junho de 2003: Transferência (doc), no valor de R$ 14.000,00 (4/Junho), relativo a devolução de empréstimo de seu filho e cheque depósito no valor de R$ 5.000,00 (25/Junho), devolvido; f.2) mês de julho/2003, foi considerado omissão de rendimentos R$5.000,00, valor este de cheque que não foi compensado; f.3) mês de setembro de 2003, idem o valor de R$ 6.500,00 f.4) os depósitos de R$ 31.000,00; R$15.000,00; R$ 15.000,00 e R$ 30.540,00 correspondem a prestação de serviços para Servaz S.A Saneamento Construção e Dragagem. Reconhece existência de pequena diferença decorrente de ajustes na prestação dos serviços; f.5) depósito de R$ 9.460,00 corresponde a prestação de serviços Para.Kildáre Dufne. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 19515.003854/200751 Acórdão n.º 220201.486 S2C2T2 Fl. 3 5 f. 6) depósitos de R$ 2.830,00, R$ l.000,00 e R$ 3.006,00 Prestação de serviços para Sidnei Paiola Transportes ME f.7) deposito de R$6.000,000 e R$1.750,00 correspondente a prestação de serviços a Radioactive. g) necessidade do aproveitamento do imposto pago pela pessoa jurídica com redução da exigência. Faz demonstrativo e confessa parte da autuação; h) indevido computo do depósito em dinheiro de R$ 10.400,00 como rendimentos omitido em maio de 2001; i) necessidade de abater 100% dos valores oferecidos a tributação pela Recorrente na apuração de eventual omissão de rendimentos; j) inexigibilidade da multa de 150% por inexistência de dolo, fraude ou simulação. k) o montante supostamente omitido no mês de junho de 2002 está errado, pois foram considerados como rendimentos omitidos depósitos relativos a (a) um cheque devolvido de R$ 2.940,00 e (b) duas vezes um mesmo lançamento de R$ 2.940,00, o que é um verdadeiro engano; l) a fiscalização considerou um depósito em dinheiro, no momento de R$ 10.400,00, e realizado pela própria Impugnante, como rendimento omitido do fisco, o que é inadmissível, já que se trata de ingresso de dinheiro próprio, e não de rendimento; m) não houve comprovação de dolo, fraude ou simulação que justifique a aplicação da multa de 150%, tendo em vista que prestou, tempestivamente, esclarecimentos à Receita Federal do Brasil; Voto Conselheiro Odmir Fernandes, relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e deves ser conhecido. Tratase da exigência do imposto sobre omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada. Não há alegação de quebra do sigilo bancário, dai o conhecimento do recurso. Sustenta a Recorrente duas preliminares: decadência e cerceamento de defesa. Ofensa ao cerceamento de defesa pela falta de oportunidade para a sociedade Toque de Classe Serviços de Cobrança Ltda se defender. Preliminar de ofensa ao direito de defesa. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES 6 Pede a Recorrente que a ofensa ocorreu porque a sociedade não pode se defender. Não há menor sentido nessa alegação de ofensa a esse direito de defesa. È princípio básico do direito processual a existência de interesse e legitimidade para contestar, impugnar e recorrer. Existe ilegitimidade por buscar a Recorrente a defesa de pessoa diversa, estranha a acusação, que não é parte nestes autos, não foi autuada e não esta sendo acusada de nada nestes autos. Falta de interesse por não ser ela, a sociedade a pessoa acusada, não foi e não é ela objeto da ação fiscal. Ninguém pode pleitear direito próprio em nome alheio, no caso a sociedade, mesmo que esse alguém seja titular da sociedade. As pessoas são distintas e não se confundem. O processo tutela o direito subjetivo de cada titular, seja pessoa física ou jurídica. A sociedade é abstrata, não pensa, não age, e é representada pelos seus dirigentes na forma definida nos seus atos constitutivos. Mas esse poder de representação não transforma o titular no direito de pleitear em nome próprio o direito da sociedade. Afasto essa prejudicial pela total impertinência. Decadência Tocante a decadência, cuidase da exigência do imposto de renda da pessoa física, decorrente de omissão de rendimentos, de lançamento por homologação, em que sujeito passivo possui o dever de antecipar o pagamento do tributo, sem o prévio exame da autoridade administrativa, de fato gerador complexivo e sujeito a ajuste anual, que se perfaz no dia 31 de dezembro de cada ano, conforme Súmula n° 38, deste Conselho. Súmula 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano calendário. Não se cuida de tributação mensal e exclusiva na fonte, com fato gerador instantâneo, como pensa a Recorrente, mas de fato gerador anual. No lançamento por homologação, havendo prova do pagamento e ausência de dolo, fraude ou simulação, o termo inicial da decadência é dia 1° do ano seguinte ao fato gerador, na forma do art. 150, Par. 4° do CTN. Contudo, não há prova do pagamento. Com isso a regra do prazo o decadência obedece ao art. 173, I, do CTN, com inicio do prazo no 1° dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, na posição fixada pelo C. STJ em recurso repetitivo, de observância obrigatória por este Conselho a ter do art. 62A do seu Regimento Interno. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 19515.003854/200751 Acórdão n.º 220201.486 S2C2T2 Fl. 4 7 Nesse sentido, o C. STJ, no julgamento do Recurso Especial nº. 973.733 – SC, submetido ao rito do recuso repetitivo, estabeleceu que a contagem do prazo decadencial dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose Documento: 6162167 EMENTA / ACÓRDÃO Site certificado DJe: 18/09/2009 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Fl. 7DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES 8 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Em julgados posteriores sobre o tema da contagem do prazo decadencial, o C. STJ aplicou a mesma decisão acima transcrita, conforme se constata no julgado do AgRg no Recuros Especial nº. 1.203.986 – MG:: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. MATÉRIA DECIDIDA NO RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA N° 973.733/SC. ARTIGO 543C, DO CPC. PRESCRIÇÃO DO DIREITO DE COBRANÇA JUDICIAL PELO FISCO. PRAZO QÜINQÜENAL. TRIBUTO SUJEITO À LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA. 1. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados:I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." 2. A decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, quais sejam: (i) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado; (ii) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento de ofício ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado; (iii) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida; (iv) regra da Fl. 8DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 19515.003854/200751 Acórdão n.º 220201.486 S2C2T2 Fl. 5 9 decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida preparatória; e (v) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior (In: Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad, págs. 163/210). Documento: 12878841 EMENTA / ACÓRDÃO Site certificado DJe: 24/11/2010 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça 3. A Primeira Seção, quando do julgamento do REsp 973.733/SC, sujeito ao regime dos recursos repetitivos, reafirmou o entendimento de que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em FALTA O JULGAMENTO AGUARDAR) 4. À luz da novel metodologia legal, publicado o acórdão do julgamento do recurso especial, submetido ao regime previsto no artigo 534C, do CPC, os demais recursos já distribuídos, fundados em idêntica controvérsia, deverão ser julgados pelo relator, nos termos do artigo 557, CPC (artigo 5º, I, da Res. STJ 8/2008). 5. In casu: (a) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (b) a obrigação ex lege de pagamento antecipado de contribuição social foi omitida pelo contribuinte concernente ao fato gerador compreendido a partir de 1995, consoante consignado pelo Tribunal a quo; (c) o prazo do fisco para lançar iniciou a partir de 01.01.1996 com término em 01.01.2001; (d) a constituição do crédito tributário pertinente ocorreu em 15.07.2004, data da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito que formalizou os créditos tributários em questão, sendo a execução ajuizada tão somente em 21.03.2005. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Agravo regimental desprovido. Nos Embargos de Declaração no Recurso Especial nº. 674.497 – PR, do C. STJ houve o acolhimento em parte do embargo para modificar o entendimento sobre os fatos Fl. 9DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES 10 geradores ocorridos em dezembro, cuja exação só poderia ser exigida a partir de janeiro do ano seguinte: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. O Ministro Mauro Campbell Marques, relator do processo, assim se manifestou em seu voto: Sobre o tema, a Primeira Seção desta Corte, utilizandose da sistemática prevista no art. 543C do CPC, introduzido no ordenamento jurídico pátrio por meio da Lei dos Recursos Repetitivos, ao julgar o REsp 973.733/SC, Rel Min. Luiz Fux (j. 12.8.2009), reiterou o entendimento no sentido de que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação não declarado e inadimplido, como o caso dos autos, o Fisco dispõe de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para a constituição do crédito tributário, nos termos do art. 173, I, do CTN. Somente nos casos em que o pagamento foi feito antecipadamente, o prazo será de cinco anos a contar do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN) (...) Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. Desta forma, para lançamentos em que não houve pagamento antecipado, é de se observar que os julgados do C. STJ firmaram posição no sentido de que, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado corresponde ao primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do CTN.. Fl. 10DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 19515.003854/200751 Acórdão n.º 220201.486 S2C2T2 Fl. 6 11 Assim, termo inicial da decadência em 01.01.2003, 01.01.2004 e 01.01.2005, nas exigências sob exame de 2001, 2002 e 2003. Com isso, a fiscalização tinha até o dia 31.12.2007, 21.12.2008 e 31.12.2009 para constituir o crédito tributário pelo lançamento. A notificação do lançamento ocorreu em 13.12.2007, por via portal, mediante AR (fls. 495). Logo, não se operou a extinção do direito de a Fazenda constituir o crédito tributário pelo lançamento (autuação). Mérito. No mérito, a autuada esta sendo acusada da omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada. Como vimos, não há alegação de quebra do sigilo bancário e os extratos das contas bancarias vieram para os autos, sem qualquer quebra do sigilo. Para justificar a origem dos depósitos bancários, a autuada sustenta que as sociedades Toque de Classe Decorações Ltda. e Toque de Classe Serviços de Cobranças Ltda., de que é titular, com seu companheiro Eduardo Lopes Lourenço, Auditor da Receita Federal, possuía lucros que foram distribuídos. Para a Recorrente autuada esses lucros justificam os depósitos bancários constatado pela fiscalização. Não há qualquer prova deste fato sustentado pela autuada. Insiste em dizer que não houve irregularidade das operações e dos resultados obtidos pela sociedade de que é titular. Se houve ou não regularidade das operações das sociedades pouco importa aqui. A autuada pessoa física – esta sendo acusada da omissão de rendimentos comprovados por depósitos bancários em sua conta. Assim, deve comprovar a existência dos lucros distribuídos ou justificar a origem dos depósitos, mas nada fez para a comprovação exigida. Também não cabe examinar aqui da conduta dolosa ou não de Eduardo Lopes Lourenço, companheiro da Recorrente. Ele não é e ano esta sendo acusado nesta autuação. É certo que há diversas informações nos autos sobre sua conduta na qualidade de auditor fiscal da Receita Federal, sugerindo indícios de corrupção, mas isto não é objeto destes autos. Importa ao desate destes autos, repetimos, a justificativa da origem dos depósitos bancários. Nada mais. A multa qualificada, segundo a decisão recorrida, levou em consideração a constituição das sociedades para, por intermédio delas, ocultar ou sonegar os rendimentos tributáveis na pessoa física da autuada. Este é o motivo da qualificadora da multa Fl. 11DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES 12 Não vemos nesse fato apontado pela fiscalização e pela decisão recorrida, razão ou motivo para permitir a qualificação da penalidade. O fato de existir possível dolo ou fraude na escrituração contábil ou na distribuição de resultados pelas sociedades não pode ser objeto de penalização da pessoa física, mesmo que essa pessoa possua poder de mando na sociedade e ela seja a autuada. A sociedade é abstrata, não pensa e age pelas mãos de seus dirigentes, mas as pessoas são distintas com a separação patrimonial de bens. Ainda que o dirigente se confunda com a pessoa autuada, não se pode extrai ilação do dolo e da simulação pela sociedade, sem decisão judicial que reconheça o abuso da sociedade ou da confusão patrimonial de bens, na forma do art. 50 do C.C. Se houve dolo ou fraude na sociedade, ela deveria ser fiscalizada e autuada. Se não foi, não cabe a autuada esse questionamento Ademias, a omissão de rendimentos, caracterizados depósitos bancários, objeto da autuação, não permite extrair maior conclusão da possível existência de dolo, fraude ou simulação, sem elementos firmes e consistentes da ilicitude da conduta. Os demais argumentos desenvolvidos pela Recorrente sobre a dedução de valores, que não teriam sido considerados na autuação, é matéria de prova que não veio para os autos para elidir a autuação. Prova que poderia envolver as sociedades de titularidade da autuada, mas nada foi comprovado no sentido de justificar os depósitos bancários. Anotese que essa prova seria a pericial para demonstrar o desacerto da atuação. Autuação que, até a prova em contrário, possui a presunção de legitimidade e veracidade dos fatos que são imputados ao autuado. Observese que são diversos valores questionados e o julgador não é perito contábil para aferir as contas, confrontar a apontar o defeito da autuação. Esta tarefa é da prova técnica a cargo quem alega. A Recorrente pode até ter alguma razão nas suas alegações, mas não basta argumentar, precisa apontar com precisão o desacerto da autuação e da decisão recorrida. Sem isso é impossível conhecer reconhecer o possível defeito da autuação. Ante o exposto, conheço e dou parcial provimento ao recurso para desqualificar a multa, reduzindoa ao percentual de 75%. Odmir Fernandes Relator Fl. 12DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 19515.003854/200751 Acórdão n.º 220201.486 S2C2T2 Fl. 7 13 Fl. 13DF CARF MF Impresso em 23/03/2012 por HIULY RIBEIRO TIMBO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 20/03/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 19/03/2012 por ODMIR FERNANDES
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Numero do processo: 10166.005057/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
PENSÃO ALIMENTÍCIA. NORMAS DO DIREITO DE FAMÍLIA. ALCANCE.
As normas do direito de família não condicionam a fixação de alimentos à separação judicial dos cônjuges. Com o trânsito em julgado da sentença homologatória do acordo de separação de fato com prestação de alimentos não compete aos órgãos fazendários reexaminarem o direito dos alimentandos.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2301-005.038
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para dar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.
Andrea Brose Adolfo - Presidente-Substituta
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e FERNANDA MELO LEAL.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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NORMAS DO DIREITO DE FAMÍLIA. ALCANCE. As normas do direito de família não condicionam a fixação de alimentos à separação judicial dos cônjuges. Com o trânsito em julgado da sentença homologatória do acordo de separação de fato com prestação de alimentos não compete aos órgãos fazendários reexaminarem o direito dos alimentandos. Recurso Voluntário Provido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 50 57 /2 00 9- 11 Fl. 295DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para darlhe provimento, nos termos do voto do relator. Andrea Brose Adolfo PresidenteSubstituta Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e FERNANDA MELO LEAL. Fl. 296DF CARF MF Processo nº 10166.005057/200911 Acórdão n.º 2301005.038 S2C3T1 Fl. 296 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação à exigência decorrente de lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), anocalendário 2005, em razão da glosa de dedução de pensão alimentícia e despesas médicas e com educação do alimentando. As despesas médicas e previdência privada do próprio recorrente foram excluídas do lançamento. Seguem transcrições da decisão recorrida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. Somente são dedutíveis na Declaração do Imposto de Renda os pagamentos efetuados e comprovados, a título de pensão alimentícia, quando em cumprimento dos termos de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, sem caráter de liberalidade e com a efetiva comprovação da transferência de recursos aos alimentandos. DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS E COM INSTRUÇÃO. BENEFICIÁRIOS DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. REQUISITOS LEGAIS. A dedução de despesas médicas e com instrução efetuadas com os filhos menores beneficiários de pensão alimentícia judicial está subordinada à comprovação da obrigatoriedade do pagamento na forma de determinação judicial e à comprovação dos pagamentos com documentação hábil e idônea, bem como não tenham sido efetuadas com mero caráter de liberalidade para os beneficiários do Acordo de Alimentos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Acórdão Acordam os membros da 3ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, julgar PROCEDENTE EM PARTE a impugnação, ratificando os termos da Revisão de Ofício efetuada, a qual apurou saldo de imposto a pagar de R$31.136,45, nos termos do Relatório e Voto que passam a integrar o presente julgado. ... O lançamento acima foi decorrente das seguintes infrações: Fl. 297DF CARF MF 4 Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial. Glosa de valores pleiteados indevidamente, a título de pensão alimentícia judicial, no valor de R$113.458,41. Enquadramento legal e detalhamento da infração nos autos (fls. 0813 e 108114). Dedução Indevida de Despesas Médicas. Glosa de R$13.646,68, deduzido indevidamente a título de despesas médicas. Enquadramento legal e detalhamento da infração nos autos (fls. 0813 e 108114). Dedução Indevida de Despesas com Instrução. Glosa de R$3.986,55, deduzido indevidamente. Enquadramento legal e detalhamento da infração nos autos (fls. 0813 e 108114). Dedução Indevida de Previdência Privada. Glosa de R$3.685,80, deduzido indevidamente a título de contribuição à Previdência Privada e Fapi. Enquadramento legal e detalhamento da infração nos autos (fls. 0813 e 108114). ... O impugnante atendeu à Intimação e apresentou parte da documentação solicitada (fls. 6895), não apresentando os Comprovantes das Despesas Médicas com o Plano de Saúde Assefaz discriminadas por beneficiário, sob o argumento de que o site somente oferecia as declarações referentes aos anos calendário 20062011, de modo que não teria mais como obter a declaração dos valores discriminados (fls. 6970). ... A Revisão de Ofício efetuada considerou comprovados os gastos com Previdência Privada e Fapi (R$3.685,80) e, parcialmente, com saúde (R$2.718,55). Este último referente à Assefaz do Impugnante (fls. 108114). ... In casu, o ponto fulcral da sustentação do Impugnante é que os Acordos Homologados Judicialmente apresentados são hábeis, idôneos e suficientes para a dedução declarada, devendo a autoridade administrativa tão somente acatálos, pois decorrem de decisão judicial. Aduz que as situações particulares para as suas homologações são exclusivamente da alçada do Poder Judiciário; a questão da dissolução da sociedade conjugal não tem qualquer relação com a obrigação de prestar alimentos; não é admissível a aplicação de mero entendimento administrativo (Solução de Consulta Interna Cosit nº 03/2012), o qual não tem o condão de modificar o conteúdo legal. ... Uma leitura atenta da motivação conduzirá o Impugnante ao pilar que escora a presente autuação: os Acordos Homologados Judicialmente poderão eventualmente produzir efeitos em esferas diversas, salvo na tributária. Para sustentar essa tese, a Auditoria Fiscal entendeu que os elementos probatórios, colhidos durante o procedimento fiscal, espelham realidade Fl. 298DF CARF MF Processo nº 10166.005057/200911 Acórdão n.º 2301005.038 S2C3T1 Fl. 297 5 fática não prevista na legislação tributária que autoriza a dedução: valores “pagos” por liberalidade. Não se olvida que ao Poder Judiciário cabe apreciar, exclusivamente, as situações que lhe são dadas a conhecer, relativamente à obrigação de prestar alimentos. É ele quem afere, em última instância, o binômio necessidade x possibilidade, não a Receita Federal do Brasil, e é quem leva em consideração nessa avaliação as estipulações acordadas eventualmente entre as partes. Não há dificuldade também em perceber que a legislação tributária regente, colacionada acima, pressupõe que a produção de efeitos fiscais, em relação à prestação alimentar, não decorre do mero decreto judicial e ulterior apresentação dessa documentação à Autoridade Fiscal. A Homologação para fins da dedução da base de cálculo do IRPF deve espelhar tanto uma situação de necessidade daquele que não possui bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, a própria mantença e sua dignidade (entendida no seu mais amplo sentido), quanto o recebimento pelos alimentandos, por força de lei ou acordo de vontades, de valor em dinheiro (art. 1.695 do Código Civil Brasileiro c/c art. 4º da Lei nº 9.250, de 1995, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 11.727/2008). ... Não há qualquer afronta ao Poder Judiciário, como quer fazer crer o Impugnante, já que a homologação judicial não é pressuposto para a dedução. Homologado, por exemplo, determinado Acordo de Alimentos, mas não transferidos os valores estipulados aos alimentandos, não há possibilidade de dedução (art. 78 do Decreto nº 3.000/1999). ... A Solução de Consulta Interna nº 03/2012, mencionada pela Auditora Fiscal, tão somente explicita o entendimento da Receita Federal do Brasil acerca do dispositivo regente da matéria. Para o Órgão, a não dissolução da sociedade conjugal, conjugada com a coabitação (que pode ser sim provada), é elemento hábil de cognição da não existência de rompimento do vínculo marital e das responsabilidades que dele decorrem. Tais condições particulares demonstram a ausência de interesse em agir, uma vez que a postulação de alimentos que estão sendo providos, normal e regularmente, careceria de fundamento, apontando de forma patente para caso de mera liberalidade ou mesmo de interesse em benefício fiscal. ... Na peça de defesa, faz questão de não esclarecer a questão da coabitação, que sabe ser de importância substancial para se chegar à natureza do Acordo de Alimentos que firmou com os alimentandos (esposa e filho). Ora diz coabitar, ora diz não coabitar. Fl. 299DF CARF MF 6 ... Da simples consulta às informações que o casal encaminhava à Receita Federal do Brasil, impugnante e esposa, bem como na própria peça de defesa, constatase a não dissolução da sociedade conjugal, a coabitação patente e gerência em conjunto de valores e bens: • ambos indicaram em suas Declarações de Imposto de Renda da Pessoa Física – DIRPF, até o exercício 2011 o mesmo domicílio fiscal, o qual é exatamente igual ao endereço da residência do casal em condomínio da cidade de Brasília/DF. Atentese que isso não ocorre apenas no anocalendário 2005, mas em todas as DIRPF do casal até o exercício 2011; • o casal informa o mesmo número de conta corrente, conjunta portanto, em exercícios anteriores ao 2006 (o de 2004, por exemplo) e também em posteriores, para receberem e sacarem as restituições que apuraram em suas declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física; • à exceção do exercício 2012, em todas as DIRPF, não somente na do exercício 2006, um e outro, Impugnante e esposa, declaram os respectivos nomes do cônjuge. Observouse ainda que a alimentanda promoveu retificação para excluir tal informação de sua DIRPF em outro exercício (2008), quando o impugnante já havia sido cientificado de procedimento fiscal em curso; • as notas fiscais de pagamento de despesas diversas, ora pagas pelo impugnante, ora pagas pela esposa/alimentanda, indicam não somente o mesmo endereço residencial do casal, mas também o pagamento de despesas com instrução efetuadas pela mãe (fls. 2134); • conforme consignado no Termo Circunstanciado, no ano calendário 2005, a alimentanda (esposa) possuía 04 fontes pagadoras; • a esposa/alimentanda não declarava os valores recebidos a título de pensão alimentícia; • os bens do casal constam de uma DIRPF apenas, a do impugnante. ... Cabe aqui abrir um parêntese. Não há termos inúteis na Lei. Ao determinar que o sujeito passivo que pleiteia a dedução de pensão alimentícia judicial deve apresentar a comprovação da obrigação à Autoridade Fiscal, notase que não se está pedindo a Homologação Judicial, entendida como a simples determinação para a fonte pagadora efetuar o desconto, mas, com clareza meridiana, o ACORDO Homologado Judicialmente ou a DECISÃO. Em relação à pensão alimentícia paga à genitora do recorrente, a decisão recorrida adota os seguintes fundamentos: Fl. 300DF CARF MF Processo nº 10166.005057/200911 Acórdão n.º 2301005.038 S2C3T1 Fl. 298 7 A Auditoria Fiscal, igualmente, não aceita a dedução dos valores repassados, descrevendo, no Termo Circunstanciado os elementos probatórios colhidos durante o procedimento fiscal que indicaram o porquê da glosa. Além destes, outros foram observados por este Órgão de Julgamento nas bases de dados da Receita Federal do Brasil: • até o ano de 2004, a genitora e alimentanda, Srª Marinete Moreira de Melo Soares já recebia pensão do exesposo, pai do impugnante, Sr. Humberto de Souza Ferro; • a genitora/alimentanda, até o exercício 2006, sequer declarava os valores recebidos de pensão alimentícia; • mesmo sem declarar os valores da pensão, no exercício 2006, acresceu ao seu patrimônio mais R$35.500,00, com a aquisição de veículo zero km; • a genitora declara o recebimento de rendimentos outros de pessoa jurídica com vínculo empregatício; • no exercício 2006, declara possuir imóveis quitados e dois automóveis. O impugnante narra história que a genitora vendeu, em 2007, o imóvel que residia para pagar dívidas, aduzindo que tomou empréstimo para adquirir o automóvel, reduzindo o seu patrimônio pela metade, fatos que constam das DIRPF da declarante. Cabe esclarecer, primeiro, que o exercício de que se trata a Notificação de Lançamento é o 2006, anocalendário 2005, sendo a história narrada inócua para demonstrar o acréscimo patrimonial do exercício em questão. Mesmo sem declarar os valores recebidos de pensão do filho, teve acréscimo patrimonial no anocalendário 2005, o que não é explicado pelo empréstimo declarado em sua DIRPF, após consulta às bases de dados da Receita Federal do Brasil, em valor bastante inferior. ... Impede destacar que esta alimentanda, também não declarava os valores da pensão, pagas pelo impugnante, que seriam para sua manutenção condigna até o exercício 2006. Somente em 2011 promoveu retificações de DIRPF de outros exercícios, quando o filho já tinha ciência do Termo de Intimação Fiscal. Tal situação vem novamente a ratificar a liberalidade detectada, pois seria incongruente o impugnante ter sua base de cálculo reduzida em 60% (dois Acordos de Alimentos) e, de outro lado, ter tributado o valor supostamente repassado para suprir as necessidades dos alimentandos, alguns que até mesmo residiam consigo sob as suas expensas (esposa e filhos). Quanto às despesas médicas e com instrução dos alimentandos, os fundamentos adotados foram: Fl. 301DF CARF MF 8 No caso em concreto, ficou assentada acima a inépcia das pensões alimentícias homologadas judicialmente produzirem o efeito pretendido pelo Impugnante de dedução da base de cálculo do Imposto de Renda na DIRPF. Assim, não é aplicável o disposto no § 5º do art. 80 do Decreto nº 3.000/1999 (Lei nº 9.250/1995, art. 8º, § 3º), pois relacionado a gastos com alimentandos, e não com dependentes. Por outro lado, uma vez restou também constatada a manutenção do vínculo conjugal, haveria que reconhecer o amparo legal para a dedução, na DIRPF do declarante, dos gastos com saúde e de instrução dos dependentes legais. Contudo, cabe prelecionar, o contribuinte, titular de plano de saúde, não pode deduzir os valores referentes ao cônjuge e aos filhos quando estes declararem em separado, pois somente são dedutíveis na DIRPF os valores pagos a planos de saúde de pessoas físicas consideradas dependentes perante a legislação tributária e incluídas na declaração do responsável em que forem consideradas suas dependentes. No caso de apresentação de declaração em separado, admitir seia a dedução de despesas com instrução, plano de saúde e médicas do declarante e de dependentes incluídos na DIRPF, cujo ônus financeiro tivesse sido suportado por um terceiro, se este fosse integrante da entidade familiar. Não é o caso do Impugnante, pois o cônjuge, filho(s) e mãe não foram incluídos como seus dependentes e, principalmente, todos declararam em separado. Este fato, consequentemente, retiroulhe a possibilidade de incluir não só as deduções de despesas médicas e com instrução declaradas, mas também eventualmente outras relacionadas a dependentes e não incluídas originalmente nas suas DIRPF, independentemente de solicitadas à autoridade lançadora, no curso do procedimento fiscal, ou mesmo na fase litigiosa. Assim, não há como acatar a solicitação de consideração da importância paga à Orthos, a título de saúde, cujo beneficiário foi seu filho Felipe Pessoa Ferro, que declarou em separado. Em relação ao plano Assefaz pago para a sua genitora Sra. Marinete de Melo Ferro, com rendimentos próprios e declarante em separado, o Impugnante igualmente não poderia dele deduzirse, vez que sua dependente legal não era, bem como os Acordos não tinham repercussão fiscal. Assim, em face das considerações acima e à exceção dos gastos com a saúde do próprio impugnante (R$2.718,55+R$105,00), bem como os da Previdência Privada (R$3.685,80), que já haviam sido restabelecidos pela Auditoria Fiscal na Revisão de Ofício efetuada (fls. 108114), ficam mantidas integralmente as infrações apuradas restantes. Segue transcrição da Solução de Consulta Interna Cosit nº 3, de 08 de fevereiro de 2012: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Fl. 302DF CARF MF Processo nº 10166.005057/200911 Acórdão n.º 2301005.038 S2C3T1 Fl. 299 9 Para efeitos da aplicação da dedução da base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), de que tratam os arts. 4º, inciso II, e 8º, inciso II, alínea “f”, ambos da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008, e considerandose o disciplinamento contido na Instrução Normativa SRF nº 15, de 6 de fevereiro de 2001:I as importâncias pagas relativas ao suprimento de alimentos, em face do Direito de Família, serão aquelas em dinheiro e somente a título de prestação de alimentos provisionais ou a título de pensão alimentícia.II tratandose de sociedade conjugal, a dedução somente se aplica, quando o provimento de alimentos for decorrente da dissolução daquela sociedade;III não alcança o provimento de alimentos decorrente de sentença arbitral, de que trata a Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, por ausência de condição expressa na norma tributária.Dispositivos Legais: Constituição Federal de 1988; Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil; Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, arts. 4º, inciso II, e 8º, inciso II, alínea “f”; Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, arts 1º e 31; Instrução Normativa SRF nº 15, de 6 de fevereiro de 2001, art. 15, inciso I, art. 21, inciso IV, e art. 49. (Protocolo Gedoc nº 11.941/2010) Após ciência da decisão, o contribuinte interpôs recurso voluntário reiterando as alegações iniciais: Seu endereço está atualizado desde a DIRPF 2007. Nunca foi intimado pela Receita Federal do Brasil. Como foi instado a se manifestar apenas agora, apresenta cópia de todos os comprovantes. Informou que não tinha mais como obter o relatório da despesa discriminada por beneficiário, haja vista decorridos mais de 07 anos do fato gerador. Não é verdadeira a informação de que declarou não possuir tal informação. A Auditora Fiscal simplesmente ignorou o pleito para que fosse considerada na revisão da DIRPF um recibo de R$1.720,00, referente ao tratamento ortodôntico de Felipe Pessoa Ferro. A Solução de Consulta Interna Cosit nº 03/2012, não tem o condão de modificar o conteúdo legal, tampouco inovar nas condições, criando distinções que o legislador simplesmente não previu. Se para a pensão dos filhos declinouse um fundamento que não tem qualquer amparo legal, inexistência da sociedade conjugal, a fim de negarlhe os efeitos legais e jurídicos pertinentes, para a da mãe nem isso ocorreu, visto não ter sido declinado fundamento algum. Em 2005, a alimentanda, aposentada como professora primária, auferiu rendimentos tributáveis brutos no valor de R$29.372,82. O imóvel que residia foi vendido em 2007 para pagar dívidas, fato que consta da DIRPF 2008. O automóvel citado pela Fl. 303DF CARF MF 10 Auditora foi adquirido a custa de empréstimo tomado junto ao Banco Real (informação que consta da DIRPF). O valor dos alimentos está relacionado à condição social da pessoa, não sendo próprio falarse em um valor certo, fixando ainda que serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Completamente impróprio e sem fundamento o raciocínio construído pela Auditora de que a alimentanda utiliza o valor recebido do filho para incrementar seu patrimônio. Só mensalidade do plano de saúde da alimentanda, paga pelo requerente, consome mais da metade do valor atual do limite de isenção do IRPF. As deduções apresentadas em sua DIRPF são simples decorrências dos ditames normativos contidos nas decisões judiciais homologatórias dos acordos de alimentos. À época dos Acordos, não coabitava com sua esposa e filhos e nem com sua mãe, por força da necessidade de mudanças de seu domicílio para assumir cargo público em Brasília/DF. Tal fato encontrase demonstrado nas petições iniciais dos acordos de alimentos. Ressalta que sua esposa optou por permanecer no Rio de Janeiro com os filhos, o que propiciou instabilidade conjugal e a separação de fato do casal pelo período de dois anos. Passado esse período, esposa e filhos vieram residir em Brasília/DF, subsistiram, contudo, as instabilidades conjugais, alternando o casal períodos de coabitação e separação de fato. A mãe continuou no Rio de Janeiro. Objetivando assegurar aos filhos e à mãe um valor adequado à subsistência, formularam perante o Juízo de Família requerimento para homologação dos acordos. A existência de obrigações alimentícias homologadas judicialmente ensejam a aplicação da regra estampada no art. 8º, II, f, da Lei 9.250/1995, bem como do art. 78 do RIR/99. Além disso, ao se considerar adequada a tese de liberalidade, sobrevém nefasta conseqüência aos interesses do próprio Fisco, pois se torna automaticamente indevido todo o imposto mensalmente recolhido pelos beneficiários mediante carnêleão, o qual terá de ser a eles restituído com as devidas correções. A dedução de despesas médicas e de educação em nada se relaciona com a dedução autorizada pela legislação de pensão alimentícia. Cumpre asseverar a absoluta inaplicabilidade ao caso em apreço do disposto no § único do art. 116 do CTN, denominada norma antielisão. A adoção dos acordos de alimentos homologados judicialmente para fins de dedução e apuração da base de cálculo do IR Fl. 304DF CARF MF Processo nº 10166.005057/200911 Acórdão n.º 2301005.038 S2C3T1 Fl. 300 11 encontrase reconhecida pacificamente pelas reiteradas decisões administrativas, ensejando a consolidação de uma prática continuamente observada pelas autoridades fiscais. Assim, não se viabiliza a alteração da interpretação administrativa para impor ônus tributário ao requerente, sob pena de violação ao princípio da proteção da confiança. Com fulcro nos argumentos tecidos até o presente momento, tornase desarrazoada a aplicação da multa. Configurase uma sanção descabida ante a boafé do requerente e, especialmente, sua conduta de auxiliar a Administração Tributária na consecução dos interesses fazendários. E acrescenta que: a) o acórdão recorrido inova os fundamentos de fato e direito levantados pela fiscalização; b) incompetência da fiscalização para reexaminar o mérito da decisão judicial que homologou o acordo para provimento de alimentos; c) violação do artigo 5º, inciso X da Constituição Federal; d) embora estivesse separado de fato antes do anocalendário, a jurisprudência judicial e administrativa é pacífica em não exigir o rompimento do vínculo conjugal para fins de alimentos; e) todos os valores pagos foram a título de pensão alimentícia reconhecida por decisão judicial e não por liberalidade; f) as despesas médicas e com instrução foram comprovadas e têm origem em decisão judicial, improcedente negar o direito a dedução como conseqüência da glosa de pensão alimentícia; e g) improcedência da multa de ofício. É o relatório. Fl. 305DF CARF MF 12 Voto Conselheira Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Conheço do recurso por atender os pressupostos de admissibilidade. Preliminares Em relação a alegação de que não tomara ciência dos fatos, com a revisão de ofício onde foram examinados todos os documentos apresentados pelo recorrente, entendo que essa questão mostrouse superada. Pensão alimentícia A situação trazida pela fiscalização seria de que o recorrente estaria utilizando o pagamento de pensão alimentícia com a finalidade de reduzir o pagamento de IRPF. No caso, através de processos judiciais distintos, o recorrente paga pensão alimentícia para sua genitora, pessoa idosa, e também para seus dois filhos menores de idade. A fiscalização desconsiderou a sentença judicial homologatória dos acordos entre as partes e glosou as deduções declaradas no ajuste anual a título de pensão alimentícia. Como decorrência, ao deixarem de ser considerados dependentes, também foram glosadas as despesas com educação e saúde pagas em benefício de seus filhos menores. Contudo, a fiscalização e a decisão recorrida reconhecem que os valores foram efetivamente pagos aos alimentandos e que todos tinham respaldo em sentença judicial homologatória. A fiscalização adotou os seguintes fundamentos principais, fls 109 e s.: Em relação à pensão alimentícia paga aos filhos menores de idade: a) que não houve propriamente a dissolução da sociedade conjugal; b) a excônjuge possuía rendas próprias suficientes para sua manutenção; c) de acordo com o cadastro junto a SRFB, os cônjuges preencheram suas declarações com o mesmo endereço, logo viviam em coabitação; e d) como a família vive sob o mesmo teto, sem dissolução do casamento, com utilização de parte dos alimentos para acréscimo patrimonial, contatase que se trata de família comum, a qual deve ser tributada como qualquer família comum. Em relação à genitora do recorrente: a) teve acréscimo patrimonial de um automóvel zero kilômetros e benfeitorias em dois imóveis, valor de R$ 35.555,00; b) recebia até 2004 pensão alimentícia do cônjuge, não oferecidos à tributação, e rendimentos de pessoa jurídica; c) caso houvesse quebra do sigilo bancário, poderia ser identificado que os valores possivelmente não ficavam com a alimentando; Fl. 306DF CARF MF Processo nº 10166.005057/200911 Acórdão n.º 2301005.038 S2C3T1 Fl. 301 13 d) na verdade, tratase de uma liberalidade, uma ajuda financeira que muitos filhos oferecem aos pais quando já idosos. Antes do exame da situação concreta e dos fundamentos adotados tanto pela fiscalização quanto pela decisão recorrida, é oportuno discorrer sobre a legislação aplicável à pensão alimentícia. A legislação do imposto de renda, em especial o Regulamento do Imposto de Renda (Dec. nº 3.000/99, Artigos 77 e 78) e a Lei nº 9.250/95, Art. 4º, inciso II, determina que o direito às deduções realizadas diretamente na base de cálculo deste imposto está condicionado a requisitos e limitações expressamente previstos e nas formas previstas. Assim, a mencionada legislação permite a dedução de pensão alimentícia judicial da base de cálculo do IRPF, conforme abaixo: Art.78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). De acordo com o artigo supramencionado, o direito à dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família está condicionado à comprovação de dois requisitos: 1) existência de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou escritura pública que obrigue o recorrente a prover alimentos; e 2) ocorrência do efetivo pagamento. A pensão alimentícia é um instituto jurídico do direito privado no qual necessariamente participa a autoridade judicial, seja em processo litigioso ou por sentença homologatória de acordo entre os interessados. As ajudas financeiras em geral originadas da solidariedade entre as pessoas, ainda que entre parentes e amigos, em pese o elevado e louvável grau de altruísmo, não se caracterizam como pensão alimentícia quando lhes faltam a intervenção judicial. Somente nesses casos se pode falar em liberalidade, o que não é o caso aqui sob exame. Melhor dizendo, não existe pensão alimentícia por liberalidade. Ou é pensão alimentícia ou é liberalidade. Valores pagos nos limites da sentença judicial proferida na ação própria de alimentos nunca será uma liberalidade. Da mesma forma que qualquer ajuda financeira que não seja em ação de alimentos nunca será uma pensão alimentícia. A prestação de alimentos é disciplina em nosso Código Civil: Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. ... Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual. Uma vez que reconhecidos como pensão alimentícia pela autoridade judiciária, os valores comprovadamente pagos ao alimentando estão sujeitos à dedução legal, sendo vedada a alteração da definição para fins de se atribuir competência tributária, conforme dispõe o artigo 110 do CTN: Fl. 307DF CARF MF 14 Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Como se vê, a lei impõe a prestação de alimentos como um dever jurídico nas relações de parentesco em todos os graus de ascendência e descendência, seja em linha reta ou colateral. Ressaltase que no presente caso a excônjuge do recorrente não é e nunca foi beneficiária da pensão, mas os filhos em comum do casal. O entendimento na Solução de Consulta Interna Cosit nº 3, de 08/02/2012 ao adotar como requisito a dissolução da sociedade conjugal deve ser aplicada para os casos em que o alimentando seja o excônjuge e não os filhos em comum do casal, como é a situação sob exame: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Para efeitos da aplicação da dedução da base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), de que tratam os arts. 4º, inciso II, e 8º, inciso II, alínea “f”, ambos da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008, e considerandose o disciplinamento contido na Instrução Normativa SRF nº 15, de 6 de fevereiro de 2001: I as importâncias pagas relativas ao suprimento de alimentos, em face do Direito de Família, serão aquelas em dinheiro e somente a título de prestação de alimentos provisionais ou a título de pensão alimentícia. II tratandose de sociedade conjugal, a dedução somente se aplica, quando o provimento de alimentos for decorrente da dissolução daquela sociedade; Quanto a esse entendimento, é oportuno dizer que para fins de prestação de alimentos aos filhos, não há distinção entre os nascidos ou não na constância do casamento. E o casal tem a mais ampla liberdade de decidir a forma de convívio na sociedade conjugal. Mesmo a coabitação, que é um elemento do casamento tradicional, não se apresenta como determinante da sociedade conjugal. E mesmo que fosse aplicada a Consulta Interna Cosit nº 3, de 08/02/2012, no caso, verifico nos documentos juntados aos autos que, de fato, o recorrente é servidor público do TCDF, fls. 45. Alega assim que mesmo após a dissolução da sociedade conjugal, sua excônjuge com freqüência se deslocava para Brasília. A apresentação de DAA com o mesmo endereço do casal não comprova a preservação da sociedade conjugal como apontado pela decisão recorrida. Portanto, quanto a uma suposta coabitação do casal, a fiscalização não comprovou tal fato. Decididamente, a separação judicial não é um requisito para o dever jurídico de prestar alimentos aos descendentes: Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se processe em segredo de justiça. Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10166.005057/200911 Acórdão n.º 2301005.038 S2C3T1 Fl. 302 15 No caso, ambas as pensões decorrem de sentenças judiciais homologatórias dos acordos entre as partes. Esses processos tramitaram regularmente, com a participação da autoridade judicial e do Ministério Público como custos legis, fls. 73 e s, o que atesta a legalidade do procedimento. As regras procedimentais do processo judicial de prestação de alimentos não trouxeram a Fazenda Nacional para a relação processual na condição de terceiro interessado e nem lhe atribui competência ou direito de modificar o alcance da sentença de mérito transitada em julgado. E, reiterando, as disposições relativas à pensão alimentícia estabelecidas nos artigos 1.694 a 1.710 do Código Civil não condicionam a fixação de alimentos à dissolução da sociedade conjugal. Os alimentos são fixados pelo juiz, com base na análise da necessidade fática de quem pede e na capacidade do alimentante em suportála. A decisão judicial transitada em julgado somente pode ser revista nos casos previstos para ação rescisória: Lei nº 13.105, de 16/03/2015 Código de Processo Civil Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV ofender a coisa julgada; V violar manifestamente norma jurídica; VI for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. Assim, afora as hipóteses acima, as decisões judiciais transitadas em julgado deverão ser acatadas pela Administração Pública como um todo, em respeito à soberania da ação judicial, que deve ser cumprida pela administração nos seus exatos termos. A sentença judicial transitada em julgado não pode ser tratada como as convenções particulares previstas no artigo 123 do CTN: Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para Fl. 309DF CARF MF 16 modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Com relação à situação econômica e financeira da genitora do recorrente e sua excônjuge que não justificaria a prestação de alimentos tratase do mérito da sentença judicial, também insuscetível de revisão pela autoridade administrativa. A dissolução conjugal tem dinâmica própria, singular e se compõe de eventos sucessivos imprevisíveis, tudo de acordo com a vida íntima do casal e suas pretensões futuras. É arbitrário se exigir, para fins de tratamento tributário, um padrão tradicional de imediata "separação de corpos", uma ruptura do vínculo e distanciamento entre as partes. Para o Direito de Família, o mais importante é que esse processo seja o menos prejudicial possível aos filhos do casal, para tanto, diante da instabilidade da relação, de imediato surge o dever recíproco de prover alimentos. Essa apreciação é confiada soberanamente à autoridade judiciária. Nesse sentido: Acórdão 2801001.783, sessão de 23/08/2011; Acórdão 280102.587, sessão de 12/07/2012 e Acórdão 2201003.538, Sessão de 16/03/2017. A mesma competência é exercida nas relações entre ascendentes e descendentes. Embora careça de competência a esse relator examinar o mérito da sentença, é oportuno mencionar que, de acordo com a informação nos autos de que alterou seu nome, a genitora do recorrente também era separada e alimentando de seu excônjuge até 2004, encargo esse que veio a ser assumido pelo recorrente em 2005, fls. 196: ... até o ano de 2004, a genitora e alimentanda, Srª Marinete Moreira de Melo Soares já recebia pensão do exesposo, pai do impugnante, Sr. Humberto de Souza Ferro; E embora a fiscalização tenha adotado fundamentos no sentido de um planejamento tributário com finalidade evasiva, ou seja, as deduções de pensão alimentícia teriam causado prejuízo ao erário, no conjunto alimentante e alimentandos não há nenhuma quantificação desse prejuízo. Nesse cálculo, devese considerar que os alimentandos são obrigados ao pagamento de IRPF através de carnêleão, posteriormente trazidos ao ajuste anual. E inclusive a fiscalização alega que a excônjuge e também a genitora do recorrente possuíam outras fontes de renda. Assim, quando os valores recebidos de pensão alimentícia foram levados a ajuste anual é possível que não tenha havido qualquer vantagem para o recorrente. Assim, entendo que assiste razão ao recorrente e deve ser mantida a dedução de pensão alimentícia. Despesas Médicas Para a dedução das despesas médicas na declaração do imposto de renda da pessoa física devem ser atendidos alguns requisitos objetivos e subjetivos: a) prestação de serviço na área da saúde, realizada por médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como no caso de fornecimento de produtos de exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, conforme artigo 8o, inciso II alínea “a” da Lei nº 9.520, de 26/12/1995; e b) o custo do serviço ou produto destinado ao contribuinte e seus dependentes deve ter sido suportado pelo contribuinte, conforme artigo 8º, §2o, inciso II da Lei nº 9.520, de 26/12/1995. Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10166.005057/200911 Acórdão n.º 2301005.038 S2C3T1 Fl. 303 17 Também devem ser observadas algumas formalidades para que ao conteúdo do documento se possa conferir legitimidade. Assim, a lei exigiu, em regra, a indicação do nome, endereço, CPF ou CNPJ: Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995: Art. 8º, § 2º O disposto na alínea a do inciso II: III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Ressaltase que o ônus da prova das despesas médicas deduzidas em sua Declaração de Ajuste Anual é do contribuinte: Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §3º). No caso sob exame, a fiscalização efetuou a glosa da dedução das despesas médicas informadas pelo recorrente em sua declaração de ajuste anual. Não há discussão sobre o cumprimento dos requisitos aqui sintetizados. O fundamento decorre da consideração de que os beneficiários da assistência médica e com educação não eram dependentes do recorrente pelo fato de que a pensão alimentícia deveria ser desconsiderada. Uma vez que no exame da pensão alimentícia se entendeu pela procedência do recurso voluntário, também assiste razão ao recorrente quanto às referidas deduções. Ressaltase que a apresentação de declaração de ajuste anual separadamente não afasta o direito do recorrente em efetuar as deduções que lhe assistem, reconhecidas por sentenças judiciais, desde que não deduzidas pelos próprios alimentandos, o que não é o caso. Até porque o alimentando cujo valor de pensão alimentícia supera o limite de isenção está obrigado à declaração de ajuste anual. Assim, entendo que o recorrente tem direito à dedução da despesa médica a que se refere o comprovante juntado no recurso voluntário. Multa de ofício Por fim, a multa aplicada foi com fundamento no artigo 44, inciso I da Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Fl. 311DF CARF MF 18 ... § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Uma vez que afastadas as glosas de deduções também é excluída a multa de ofício. Conclusão Em razão do exposto, voto pelo provimento ao recurso voluntário. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 312DF CARF MF
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