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Numero do processo: 19515.002216/2010-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/1996 a 31/12/1998
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.226
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1996 a 31/12/1998 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1576; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.002216/201018 Recurso nº 1 De Ofício Acórdão nº 2201004.226 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de março de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CONTAXMOBITEL S.A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/1996 a 31/12/1998 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 22 16 /2 01 0- 18 Fl. 134DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 135DF CARF MF Processo nº 19515.002216/201018 Acórdão n.º 2201004.226 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 136DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 19515.002216/201018 Acórdão n.º 2201004.226 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 138DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 139DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.903703/2008-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2003
DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO
A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório.
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião.
Numero da decisão: 2201-004.420
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que votaram pela conversão do julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2003 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que votaram pela conversão do julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1473; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 95 1 94 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.903703/200886 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201004.420 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 04 de abril de 2018 Matéria PER/DCOMP. ERRO EM DCTF Recorrente BANCO BANERJ S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2003 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que votaram pela conversão do julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 37 03 /2 00 8- 86 Fl. 108DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 69/74, interposto contra decisão da DRJ em São Paulo/SP, de fls. 58/62, que não deu provimento à Manifestação de Inconformidade do contribuinte, não homologando a compensação pleiteada haja vista a ausência de comprovação da existência do crédito. Tratase do PER/DCOMP nº 37773.81391.181104.1.3.046340, fls. 27/33, no qual o contribuinte buscava compensar suposto crédito no valor original de R$ 45.796,86, oriundo do pagamento indevido ou a maior de IRRF, código 0561, com o débito de CPMF, da 2º semana de novembro de 2004, no valor de R$ 60.726,64. Conforme Despacho Decisório de fl. 26, a compensação pleiteada não foi homologada pois "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos (...), mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados em PER/DCOMP". Da Manifestação de Inconformidade Em razão da clareza didática do resumo elaborado pela DRJ no Rio de Janeiro/RJ das razões apresentadas em manifestação de inconformidade, adotase, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório: " 4. Irresignado, o contribuinte apresentou em 18/06/2008 a Manifestação de Inconformidade de fls. 10 a 14, informando, em suma, o seguinte: • Que recebeu o despacho decisório consignando a não homologação da compensação. • Que a não homologação eletrônica impede o contribuinte de exercer o seu direito constitucional de ampla defesa, pois falta ao despacho decisório a demonstração das razões que levaram a não homologação da compensação. • Que no caso em tela o fisco não trouxe aos autos nenhum elemento que, por si, desse suporte ao que alegou como fato motivador da não homologação da declaração de compensação, exceto a descrição dos valores apurados. • Que o ato administrativo deve ser sempre motivado. • Que a falta de demonstração de que os valores foram utilizados em outros pagamentos, por exemplo, acarreta a total impossibilidade de o contribuinte exercer sua prerrogativa constitucional de ampla defesa, sendo o despacho decisório em tela nulo de pleno direito. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 15374.903703/200886 Acórdão n.º 2201004.420 S2C2T1 Fl. 96 3 • Que o peticionante, por erro, declarou na DCTF do 1º trim./03 3ª semana de janeiro/03, o valor de R$ 45.796,86, como DARF vinculado ao débito do período, sendo que este valor corresponde a pagamento efetuado a maior. • Que no PER/DCOMP o valor do débito compensado corresponderia a este crédito devidamente atualizado. Podendo o alegado ser comprovado pelo PER/DCOMP, pelas DCTF’s (1º trim/03 e 4º trim/04) e pelo DARF anexados ao processo. • Que o valor do débito da DCTF (fls. 34 a 40), contém um erro que deve ser observado, especificamente, o campo “pagamento com DARF”, pois o valor de R$ 45.796,86 (fls. 38) foi totalmente recolhido indevidamente. Anexa também a DCTF onde consta o débito declarado no PER/DCOMP corretamente vinculado à compensação. 4.1 Ao final o manifestante solicita que sejam alteradas de ofício as informações das DCTF, de acordo com os dados informados e ainda que seja acolhida a presente manifestação de inconformidade a fim de que seja julgado improcedente o despacho decisório, reconhecendose o direito de compensação.” Da Decisão da DRJ A DRJ em São Paulo julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo o despacho decisório que não homologou a compensação pleiteada, na decisão assim emendada (fls. 58/62): “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 21/01/2003 COMPENSAÇÃO. RETENÇÃO INDEVIDA OU A MAIOR. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Em suas razões, a autoridade julgadora afastou a preliminar de nulidade arguida pelo contribuinte, afirmando não haver violação ao princípio constitucional da ampla defesa, considerando que no Despacho Decisório de fl. 26 informa, com clareza, as razões pela qual não reconhece o direito creditório invocado. Também nas palavras da autoridade julgadora, o DARF foi vinculado ao débito nos termos da própria declaração apresentada pelo contribuinte (fls. 34/48). Fl. 110DF CARF MF 4 Quanto ao mérito, afirma que o contribuinte não provou as alegações de erro de preenchimento da DCTF, notadamente não apresentando prova documental capaz de provar, cabalmente, a existência do direito creditório. A DRJ entendeu que os documentos apresentados (PER/DCOMP, DARF e quadro demonstrativo) não servem para demonstrar erro o erro de fato que culminou no pagamento indevido ou a maior. Do Recurso Voluntário O RECORRENTE, cientificado do Acórdão da DRJ em 17/05/2012, conforme faz prova o AR de fl. 66, apresentou o recurso voluntário de fls. 69/74 em 18/06/2012. Em suas razões, praticamente reiterou as alegações de mérito apresentadas em sede de manifestação de inconformidade, além de defender que o processo administrativo se rege pelo princípio da verdade material e que os documentos apresentados, quando interpretados sob a ótica de tal princípio, são suficientes para comprovar a existência do direito creditório. Ademais, juntou ao processo documentação que acredita ser relevante para comprovar a existência do pagamento indevido ou a maior de IRRF, quais sejam, documentos relativos ao processo judicial nº 26456/97, que tramitou na 10º Vara do Trabalho de Curitiba/PR, bem como o DARF vinculado àquele processo (fls. 90/91). Sobre esse tema, afirmou que, o crédito em questão se refere ao recolhimento do IRRF relativo as verbas trabalhistas pagas pelo RECORRENTE ao Sr. Kazuo Inamassu (autor da Reclamação Trabalhista nº 26456/97). Alega ter efetuado o recolhimento do referido imposto indevidamente no valor de R$ 45.796,86, pois teria cometido erro na apuração do tributo (apurou o tributo sobre uma base de cálculo de R$ 168.072,51 enquanto o correto seria de R$ 134.641,19). Neste sentido, afirma que efetuou o recolhimento do IRRF em 21/01/2003 no valor de R$ 45.796,86 (fl. 91), contudo o recolhimento deveria ter sido feito em montante inferior, uma vez que a Guia de Retirada de fl. 90 aponta que o valor líquido sacado pelo ex funcionário em 31/08/2004 foi de R$ 103.653,62 (o que corresponderia a uma base tributável de R$ 134.641,19). Assim, afirmou que, para corrigir seu erro, efetuou novo recolhimento do IRRF no valor correto de R$ 36.603,24 em 22/09/2004 (fl. 92). Portanto, entendeu ter demonstrado o recolhimento em duplicidade do tributo e, consequentemente, o seu direito ao crédito pleiteado, o qual não foi contemplado somente por erro no preenchimento da DCTF. Alegou que tal erro não poderia ser utilizado como fundamento para o não reconhecimento do crédito. Este recurso de voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 111DF CARF MF Processo nº 15374.903703/200886 Acórdão n.º 2201004.420 S2C2T1 Fl. 97 5 Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Da Alegação de Prevalência do Princípio da Verdade Material Conforme demonstrado pelo Despacho Decisório de fl. 26, o pedido de compensação não foi homologado por não restar crédito disponível para compensação, devido ao DARF ter sido utilizado integralmente para quitar débito do RECORRENTE relativo ao código 0561 (IRRF rendimento do trabalho assalariado) cujo período de apuração foi 18/01/2003. Sustenta o RECORRENTE que, em verdade, houve equívoco cometido na elaboração das DCTF originais apresentadas, haja vista que o mesmo débito foi declarado em dois DARFs distintos. Aduz ser equivocada a conclusão do Julgador de 1ª Instância sobre a impossibilidade da DRJ e do CARF reconhecerem direito a crédito sem suporte documental produzido previamente pelo contribuinte, pois no processo administrativo vigora o princípio da verdade material. Um dos princípios norteadores do processo administrativo é o cumprimento a estrita legalidade, desta forma, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais promove a verificação da legalidade dos atos administrativos produzidos no curso do procedimento fiscal e do julgamento em primeira instância, cotejando os fatos identificados e os efetivamente ocorridos com a legislação tributária correspondente. No caso dos tributos federais, a compensação tributária ocorre nos termos do art. 74 da Lei 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. No presente caso, a Autoridade Administrativa emitiu o Despacho Decisório de fl. 16 informando que o crédito que se almeja compensar já estava consignado em outro débito, confessado pelo contribuinte em DCTF. Fl. 112DF CARF MF 6 Neste sentido, assim, dispõe o DecretoLei nº 2.124/1984: Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. Ora, não pode a autoridade administrativa proceder com a homologação quando existe, de fato, vinculação do crédito a valores confessados pelo contribuinte como devidos, por meio de instrumento hábil e suficiente a sua exigência. Sobre o tema, adoto como razões de decidir as palavras do Ilustríssimo Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, proferida no acórdão nº 2201004.311: A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. (...) Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Portanto, não basta alegar a ocorrência de erro material, é necessário prova lo. Quanto ao ônus da prova, o Código de Processo Civil dispõe o seguinte: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 15374.903703/200886 Acórdão n.º 2201004.420 S2C2T1 Fl. 98 7 Apesar do procedimento de constituição do crédito tributário não ser regido pelo CPC, a adoção dos critérios principiológicos criados por tal norma em aplicação analógica ao presente caso oferece diretrizes de suma importância para resolução da demanda. Assim, uma vez em curso o procedimento de análise de compensação de crédito, é do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. Apenas em sede de Recurso Voluntário o contribuinte traz um mínimo de provas para fundamentar sua alegação de ocorrência de erro de fato, qual seja, a cópia de alguns trechos do processo judicial 26456/97, que tramitou na 10ª Vara do Trabalho de Curitiba, processo este que originou o débito de IRRF objeto da presente celeuma. Contudo, não deveria o contribuinte comprovar o suposto recolhimento em duplicidade, pois é evidente que houve o recolhimento, tanto que o despacho decisório atesta a utilização do pagamento reputado como a maior pelo contribuinte para quitar débito confessado pelo RECORRENTE. Em verdade, deveria o contribuinte comprovar que cometeu equívoco na sua DCTF; ou seja, que os débitos confessados nessa declaração estavam equivocados. Assim, deveria ter comprovado o erro na DCTF através de balanços contábeis e demais documentos aptos a comprovar o valor correto devido a título IRRF para o período em questão, ou então auditoria realizada por perito independente. Neste sentido se verifica no Acórdão nº 3201001.713 da 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. É bem verdade que, em razão do princípio da autotutela, pode a Administração Tributária reconhecer de ofício a ocorrência de erro que justifique a alteração de ato administrativo que tenha constituído crédito tributário em desacordo com a legislação aplicável, ou tenha denegado ao contribuinte pleito que faz jus. Todavia, não existe nos autos evidências suficientes para se proceder com a correção de ofício, considerando que, o crédito tributário objeto de pedido compensação foi integralmente utilizado para quitar dívida confessada pelo contribuinte. Não há, também, nos presentes autos elementos que justifiquem eventual conversão em diligência, ante ausência quase que integral de conteúdo probatório do direito do contribuinte. Fl. 114DF CARF MF 8 Por fim, não há nada nos autos que indique eventual ofensa aos ao princípio da Verdade Material. Todo o procedimento fáticoprobatório e jurídico presente nos autos foi levado em consideração nesta decisão, uma vez não comprovada a ocorrência de erro de fato; a cobrança de um débito indevidamente compensado é medida que se impõe como consequência da não homologação da compensação, devendo sobre estes incidir os acréscimos legais previstos para os casos de pagamento a destempo. Conclusão Pelas razões acima, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 115DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.005581/2006-04
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2002 a 30/06/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE.
Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI - TIPI.
Numero da decisão: 9303-006.515
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(Assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: Relator
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PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE. Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI TIPI. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (Assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 55 81 /2 00 6- 04 Fl. 474DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 3 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 310100871, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para: · Afastar o impedimento ao uso do benefício em face da saída de produtos NT; · Desconsiderar a vedação de se incluir na base de cálculo do crédito presumido as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de pessoas físicas ou de cooperativas; e · Determinar o retorno dos autos ao órgão julgador de primeira instância para apreciar as demais questões de mérito. O Colegiado, assim, consignou a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 IPI RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO PIS/PASEP E COFINS. CONCEITO DE RECEITA DE EXPORTAÇÃO. A norma jurídica instituidora do benefício fiscal atribui ao Ministro de Estado da Fazenda a competência para definir “receita de exportação” e para o período pleiteado a receita deve corresponder a venda para o exterior de produtos industrializados, conforme fato gerador do IPI, não sendo confundidos com produtos “NT” que se encontram apenas fora do campo abrangido pela tributação do imposto. “IPI – CRÉDITO PRESUMIDO – RESSARCIMENTO – AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS – A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, e material de Fl. 475DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 4 3 embalagem referidos no art. 1º da Lei nº 9.363, de 13.12.96, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art. 2º da Lei nº 9.363/96). A lei citada referese a “valor total” e não prevê qualquer exclusão. As Instruções Normativas nºs 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei nº 9.363, de 13.12.96, ao estabelecerem que o crédito presumido de IPI será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e às Contribuições ao PIS/PASEP (IN nº 23/97), bem como que as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de cooperativas não geram direito ao crédito presumido (IN nº 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante Lei ou Medida Provisória, visto que as Instruções Normativas são normas complementares das leis (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto da norma que complementam.” Irresignada, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, alegando contradição entre o texto do acórdão e o dispositivo do julgado, justificando que, enquanto o voto condutor faz referência a produtos qualificados ou como NT ou com alíquota zero, o acórdão restringese a dar provimento apenas aos produtos qualificados como NT. Apreciados os Embargos de Declaração pelo Colegiado, foram providos parcialmente para rerratificar o acórdão embargado, sem efeitos infringentes, para: · Incluir na receita bruta de exportação os produtos exportados pela Recorrente, ainda que classificados como NT na TIPI; · Afastar a glosa dos créditos referentes à aquisição de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem de pessoa físicas e cooperativas; e · Determinar o retorno dos autos do processo ao órgão julgador de primeira instância para análise das demais questões de mérito. Insatisfeita, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, trazendo, entre outros, que: Fl. 476DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 5 4 · De fato, os acórdãos, recorrido e paradigma, contemplam hipóteses de ressarcimento de crédito presumido de IPI de que trata a Lei 9.363/1996, o que demonstra a completa similitude fática entre as decisões confrontadas. · A questão diz respeito sobre a possibilidade de se reconhecer o direito à fruição do incentivo fiscal instituído pela Lei 9.363/96, denominado crédito presumido de IPI como ressarcimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, a pessoas jurídicas que elaboram produtos cuja notação na TIPI é NT (não tributado); · Lei 9.363/96, ao criar o mecanismo do crédito presumido para reduzir o impacto econômico da incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS no valor agregado dos produtos exportados, o fez na seara do Imposto sobre Produtos Industrializados, de tal sorte que apenas os estabelecimentos industriais, contribuintes do IPI na forma da legislação pertinente, podem usufruir o incentivo fiscal, · art. 13 da Lei 9.493/97, acresceu ao campo de incidência do IPI os produtos isentos e os tributados à alíquota zero; contudo, manteve a exclusão daqueles que correspondem à notação NT (não tributado); · Considerando que no presente caso ocorreu exportação de produtos com notação NT e, em conformidade com o exposto acima, não são considerados industrializados e, portanto, fora de incidência do IPI, conclui se que a Recorrido não faz jus ao crédito presumido de IPI estabelecido pela Lei 9.363/96. Em Despacho às fls. 444 a 446, foi dado seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. É o relatório. Fl. 477DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama, Relatora. Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que devo conhecêlo – o que concordo com a manifestação exposta em Despacho de Admissibilidade às fls. 444 a 446. Eis que do cotejo da decisão recorrida com a indicada como paradigma, foi comprovado dissenso jurisprudencial, conforme reza o art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015 com alterações posteriores. No acórdão recorrido, vêse que foi reconhecido o direito ao crédito presumido do IPI em situação que envolvia a exportação de produto com notação NT na TIPI (não tributado). Enquanto no acórdão indicado como paradigma, o colegiado decidiu que o benefício fiscal em tela não alcança os produtos exportados que possuam a notação NT na TIPI, por não estarem dentro do campo de incidência do imposto. Ventiladas breves considerações, passo a discorrer sobre a questão postas em recurso, qual seja, se o sujeito passivo tem ou não direito ao crédito previsto na Lei 9.363/96; ou seja, se haveria ou não a possibilidade de se reconhecer o direito à fruição do incentivo fiscal instituído pela Lei 9.363/96, crédito presumido de IPI, como ressarcimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, às pessoas jurídicas que elaboram produtos cuja notação na TIPI é NT (não tributado). No que tange ao crédito presumido de IPI, entendo que o sujeito passivo, em razão da exportação e industrialização, possui o direito ao crédito fiscal, nos termos da Lei 9.363/96. Fl. 478DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 7 6 Dessa forma, importante analisar se a caracterização da pessoa jurídica requerente como estabelecimento industrial, à luz da legislação do IPI, poderia influir no direito ao incentivo fiscal. Para tanto, trago o art. 1º da Lei 9.363/96: “Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. ” Somente com a leitura desse dispositivo, é possível, a princípio, entender que a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, não circunscrevendo seu alcance aos produtos industrializados. Não obstante, vêse que a Lei trouxe que, para a fruição do crédito presumido do IPI a dependência de as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem sejam utilizadas no processo produtivo. Nesse ínterim, vêse que a Lei 9.363/96, ao criar o mecanismo do crédito presumido para reduzir o impacto econômico da incidência das contribuições para o PIS e a COFINS considerou o processo de produtivo ou seja, a industrialização desses materiais, para fins de se produzir determinado produto a ser exportado. Fl. 479DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 8 7 Vêse que o crédito presumido do IPI tem o escopo de ressarcir o contribuinte, do montante pago a título de PIS e COFINS, em todas as operações em que este adquiriu insumos, com o intuito de empregálos na produção de mercadorias exportadas. O dispositivo em referência, trouxe efetivamente um benefício às empresas que vendem para o mercado externo. E, ademais, notase que não condiciona tal fruição para produtos tributados pelo IPI. Ou seja, o crédito trazido pela Lei não delimita o alcance do benefício aos contribuintes do IPI. Em vista do exposto, nego provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado. Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, discordo de seu entendimento quanto ao direito de o contribuinte aproveitar crédito presumido do IPI sobre insumos utilizados na produção de produtos notados como NT (não tributados) na TIPI Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados. No presente caso, tratase de insumos, a própria castanha de caju in natura adquiridos de pessoas físicas e cooperativas, que após tratamento e embalagem são destinadas à exportação. Tratase de matéria antiga no âmbito do contencioso administrativo e a controvérsia resumese em saber se há a possibilidade de aproveitamento de crédito presumido Fl. 480DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 9 8 de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, na produção e exportação de produtos classificados na Tabela do IPI com notação "NT" (não tributados). Preliminarmente é importante ressaltar que entendo que o crédito presumido de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, é um benefício fiscal concedido aos produtores/exportadores de produtos nacionais, e, nessa circunstância impõese a interpretação literal dos dispositivos legais nos termos do art. 111 do CTN. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Na verdade a concessão de isenção, anistia, incentivos e benefícios fiscais decorrem de normas que têm caráter de exceção. Fogem às regras do que seria o tratamento normal. Transcrevo abaixo trecho da doutrina do Professor Eduardo Sabbag: (...) Retomando a análise do art. 111 do CTN, o que se nota é que tal dispositivo disciplina hipóteses de “exceção”, devendo sua interpretação ser literal[44]. Na verdade, consagra um postulado que emana efeitos em qualquer ramo jurídico, isto é, “o que é regra se presume; o que é exceção deve estar expresso em lei”. Com efeito, a regra não é o descumprimento de obrigações acessórias, nem a isenção concedida e, por fim, nem a exclusão ou suspensão do crédito tributário, mas, respectivamente, o cumprimento de obrigações, o pagamento do tributo e a extinção do crédito, mediante pagamento ou outra modalidade extintiva. Assim, o direito excepcional[45] deve ser interpretado literalmente, razão pela qual se impõe o artigo ora em estudo. Aliás, em absoluta consonância com o art. 111 está a regra do parágrafo único do art. 175, pela qual “a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente”. (...) (Trecho extraído da internet no seguinte endereço: https://eduardosabbag.jusbrasil.com.br/artigos/121933898/inter pretacaoeintegracaodalegislacaotributaria) Fl. 481DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 10 9 Analisemos então o que consta da Lei nº 9.363/96 que instituiu o benefício do crédito presumido: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (...) Art. 3º .... Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem. Nesse momento é importante destacar que a lei determinou o benefício para a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. Se quisesse abarcar todos os exportadores, não necessitaria de incluir a palavra produtora. Seria inócuo. E ao incluir a palavra produtora, determinou no parágrafo único do art. 3º que deve ser utilizada a legislação do IPI para a busca da definição do que se entende por produção. Sendo assim, a legislação do IPI não considera estabelecimento industrial, ou produtor, para fins do tributo, aqueles que produzem produtos que estão fora do seu campo de incidência. Veja como o Regulamento do IPI disciplina a matéria. Transcrevese abaixo artigos do RIPI/2002 que era o vigente à época dos fatos, mas nada mudou a respeito deste assunto no atual regulamento: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e DecretoLei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado) (Lei nº 10.451,de 10 de maio de 2002, art. 6º). Fl. 482DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 11 10 (...) Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º). Do conjunto dessa leitura, concluise que os produtos "NT" (NÃO TRIBUTADOS) estão fora do conceito de produtos industrializados estabelecidos pela legislação do IPI. Assim, quem os produz, não são considerados estabelecimentos industriais para fins dessa legislação. Assim vem decidindo este colegiado. Para um melhor entendimento transcrevo abaixo trecho de um voto do exConselheiro Henrique Pinheiro Torres proferido no Acórdão nº 20216.066: (...) A meu sentir, a posição mais consentânea com a norma legal é aquela pela exclusão dos valores correspondentes às exportações dos produtos não tributados (NT) pelo IPI, já que, nos termos do caput do art. 1º da Lei n° 9.363/1996, instituidora desse incentivo fiscal, o crédito é destinado, tãosomente, às empresas que satisfaçam, cumulativamente, dentre outras, a duas condições: a) ser produtora; b) ser exportadora. Isso porque os estabelecimentos processadores de produtos NT não são, para efeitos da legislação fiscal, considerados como produtor. Isso ocorre porque, as empresas que fazem produtos não sujeitos ao IPI, de acordo com a legislação fiscal, em relação a eles, não são consideradas como estabelecimentos produtores, pois, a teor do art. 3º da Lei nº 4.502/1964, considera se estabelecimento produtor todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto. Ora, como é de todos sabido, os produtos constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI com a notação NT (Não Tributados) estão fora do campo de incidência desse tributo federal. Por conseguinte, não estão sujeitos ao imposto. Ora, se nas operações relativas aos produtos não tributados a empresa não é considerada como produtora, não satisfaz, por conseguinte, a uma das condições a que está subordinado o beneficio em apreço, o de ser produtora. Por outro lado, não se pode perder de vista o escopo desse favor fiscal que é o de alavancar a exportação de produtos elaborados, e não a de produtos primários ou semielaborados. Para isso, o legislador concedeu o incentivo apenas aos produtores, aos industriais exportadores. Tanto é verdade, que, afora os produtoresexportadores, nenhum outro tipo de empresa foi agraciada com tal beneficio, nem mesmo as trading companies, reforçandose assim, o entendimento de que o favor fiscal em foco destinase, apenas, aos fabricantes de produtos tributados a serem exportados. Cabe ainda destacar que assim como ocorre com o crédito presumido, vários outros incentivos à exportação foram concedidos apenas a produtos tributados pelo IPI (ainda que sujeitos à aliquota zero ou isentos). Como exemplo podese citar o extinto créditoprêmio de IPI conferido ao industrial exportador, e o direito à Fl. 483DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 12 11 manutenção e utilização do crédito referente a insumos empregados na fabricação de produtos exportados. Neste caso, a regra geral é que o beneficio alcança apenas a exportação de produtos tributados (sujeitos ao imposto); se se referir a NT, só haverá direito a crédito no caso de produtos relacionados pelo Ministro da Fazenda, como previsto no parágrafo único do art. 92 do RIPI/1982. Outro ponto a corroborar o posicionamento aqui defendido é a mudança trazida pela Medida Provisória nº 1.50816, consistente na inclusão de diversos produtos no campo de incidência do IPI, a exemplo dos frangos abatidos, cortados e embalados, que passaram de NT para alíquota zero. Essa mudança na tributação veio justamente para atender aos anseios dos exportadores, que puderam, então, usufruir do crédito presumido de IPI nas exportações desses produtos. Diante de todas essas razões, é de se reconhecer que os produtos exportados pela reclamante, por não estarem incluídos no campo de incidência do IPI, já que constam da tabela como NT (não tributado), não geram crédito presumido de IPI. (...) Por sua vez, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se pronunciou sobre a possibilidade de apropriação de crédito presumido de IPI na exportação de produtos não tributados, conforme o seguinte precedente: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ERRO MATERIAL. SANEAMENTO. EFEITOS INFRINGENTES. POSSIBILIDADE. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS. INCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O decisum agravado deixou de conhecer do recurso especial na parte em que alegada a impossibilidade de inclusão, na base de cálculo do crédito presumido do IPI, dos valores relativos a exportação de produtos não tributados, ao fundamento de que o apelo raro padecia de deficiência de fundamentação recursal. 2. Compulsandose novamente o caderno processual, é de se afastar a incidência ao caso da Súmula 284/STF, devendo, pois, ser analisado o mérito do apelo raro nesse particular. 3. O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentido de que não há ilegalidade na limitação imposta pelas Instruções Normativas da SRF nº 313/2003 e nº 419/2004 do cômputo dos valores referentes à exportação de produtos não tributados na base de cálculo do crédito presumido do IPI, tendo em vista que a própria Lei nº 9.363/96 admitiu a possibilidade de ampliação ou restrição do conceito de "receitas de exportação" por norma de hierarquia inferior. 4. Embargos de declaração acolhidos com efeitos infringentes para dar parcial provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, a fim de reconhecer a impossibilidade de se computarem os valores referentes a exportação de produtos não tributados na base de cálculo do crédito presumido do IPI. Fl. 484DF CARF MF Processo nº 10380.005581/200604 Acórdão n.º 9303006.515 CSRFT3 Fl. 13 12 (EDcl no AgRg no REsp 1241900/RS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2014, DJe 11/12/2014) (grifei) Cumpre lembrar também recente decisão desta CSRF no Acórdão nº 9303 003.462, de 23/02/2016, relatoria do Presidente da 3ª Seção de Julgamento, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que ficou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/1999 IPI. CRÉDITOS. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). A exportação de produtos NT não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI, Lei nº 9.363/96, por não estarem os produtos dentro do campo de incidência do imposto. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Diante de tudo exposto, voto por dar provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 485DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.914246/2009-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2010
INTEMPESTIVIDADE. CIÊNCIA DO SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA DE COMPROVANTE DE INTIMAÇÃO. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NECESSIDADE DE NOVO JULGAMENTO.
Não havendo nos autos o comprovante da ciência do sujeito passivo por via postal, mas mero relatório dos Correios de que a correspondência contendo o Despacho Decisório foi entregue, não há como se aferir que a ciência se deu na data nele constante, eis que se trata de documento apócrifo, não comprovando a intimação do sujeito passivo.
De acordo com o diploma legal que rege o Processo Administrativo Fiscal, na ausência de prova do recebimento, considera-se a intimação efetuada quinze dias após a sua expedição. Em face da não observância da regra processual pela decisão a quo, houve um erro no exame de admissibilidade da manifestação de inconformidade, a qual não poderia ser considerada intempestiva, devendo o acórdão recorrido ser anulado, com o retorno à primeira instância, para o proferimento de nova decisão, desta feita com o enfretamento do mérito das razões da Manifestação de Inconformidade.
Numero da decisão: 2201-004.445
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 2010 INTEMPESTIVIDADE. CIÊNCIA DO SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA DE COMPROVANTE DE INTIMAÇÃO. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NECESSIDADE DE NOVO JULGAMENTO. Não havendo nos autos o comprovante da ciência do sujeito passivo por via postal, mas mero relatório dos Correios de que a correspondência contendo o Despacho Decisório foi entregue, não há como se aferir que a ciência se deu na data nele constante, eis que se trata de documento apócrifo, não comprovando a intimação do sujeito passivo. De acordo com o diploma legal que rege o Processo Administrativo Fiscal, na ausência de prova do recebimento, considera-se a intimação efetuada quinze dias após a sua expedição. Em face da não observância da regra processual pela decisão a quo, houve um erro no exame de admissibilidade da manifestação de inconformidade, a qual não poderia ser considerada intempestiva, devendo o acórdão recorrido ser anulado, com o retorno à primeira instância, para o proferimento de nova decisão, desta feita com o enfretamento do mérito das razões da Manifestação de Inconformidade.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2010 INTEMPESTIVIDADE. CIÊNCIA DO SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA DE COMPROVANTE DE INTIMAÇÃO. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NECESSIDADE DE NOVO JULGAMENTO. Não havendo nos autos o comprovante da ciência do sujeito passivo por via postal, mas mero relatório dos Correios de que a correspondência contendo o Despacho Decisório foi entregue, não há como se aferir que a ciência se deu na data nele constante, eis que se trata de documento apócrifo, não comprovando a intimação do sujeito passivo. De acordo com o diploma legal que rege o Processo Administrativo Fiscal, na ausência de prova do recebimento, considerase a intimação efetuada quinze dias após a sua expedição. Em face da não observância da regra processual pela decisão a quo, houve um erro no exame de admissibilidade da manifestação de inconformidade, a qual não poderia ser considerada intempestiva, devendo o acórdão recorrido ser anulado, com o retorno à primeira instância, para o proferimento de nova decisão, desta feita com o enfretamento do mérito das razões da Manifestação de Inconformidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 42 46 /2 00 9- 64 Fl. 230DF CARF MF Processo nº 16327.914246/200964 Acórdão n.º 2201004.445 S2C2T1 Fl. 231 2 (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1633.457 8a Turma da DRJ/SP1, o qual julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada em face da não homologação da DCOMP nº 29160.68622.230709.1.3.049179, protocolizada em 19/11/2009. A manifestação de inconformidade (fls. 01 a 04), em face do Despacho Decisório eletrônico n° (de Rastreamento) 848708617 (fl. 12), de 07/10/2009, no qual a autoridade não homologou, por inexistência de direito creditório, a compensação declarada na DCOMP. Na Fundamentação da decisão, a autoridade informa que, consoante os sistemas de controle da RFB, o valor recolhido em DARF, em 15/07/2009, de R$ 2.297.467,09, código de receita 8053, relativo ao período de apuração de 10/07/2009, declarado na DCOMP como indevido ou a maior, teria sido integralmente utilizado na quitação de débito do interessado (mesmo tributo, valor e período de apuração mencionados), não restando, assim, crédito disponível para compensação. Em conseqüência, apurou valor devedor consolidado para pagamento até 30/10/2009, referente ao débito indevidamente compensado mediante a referida DCOMP, de R$ 1.081.104,12, de principal, R$ 25.730,27, de juros, e de R$ 216.220,82, de multa. Cientificado da decisão, em 19/10/2009 (fl. 26), o interessado apresentou manifestação de inconformidade, em 19/11/2009 (fl. 01), oferecendo, em síntese, as seguintes informações e razões: i) o direito creditório invocado na DCOMP, de R$ 1.150.885,60, correspondente ao valor atualizado de R$ 1.081.104,12, seria líquido e certo porque resultante do recolhimento de R$ 2.297.467,09, em DARF, relativo a IRRF Aplicações Financeiras de Renda Fixa Pessoa Física, código de receita 8053, referente ao período de apuração de 10/07/2008, efetuado em montante maior do que o valor correto, de R$ 1.216.362,97 (R$ 1.081.104,12 = R$ 2.297.467,09 R$ 1.216.362,97); ii) teria declarado, equivocadamente, o débito na DCTF que teria sido retificada em 03/11/2009 (fl. 13) para conter o valor correto (fl. 16); iii) considerando seu direito à compensação assegurado pelo artigo 74 da Lei n° 9.430/96 e pelos artigos 165 e 170 do CTN, requer seja revisto o Despacho Decisório, homologandose a compensação declarada. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 16327.914246/200964 Acórdão n.º 2201004.445 S2C2T1 Fl. 232 3 Foi prolatado o Acórdão nº 1633.457 8a Turma da DRJ/SP1 (fls. 144/149), que julgou pelo não conhecimento da manifestação de inconformidade, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 15/07/2009 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. TEMPESTIVIDADE NÃO PROVADA. MÉRITO NÃO CONHECIDO. A contestação da data constante de comprovante emitido pelos Correios, de ciência da Decisão, mostrase inócua quando o contribuinte não logra trazer aos autos prova documental de outra data, alegada, que tornaria tempestiva a interposição da peça irresignatória. Eventual petição apresentada fora do prazo, mas suscitando questão de tempestividade, caracteriza impugnação e instaura a fase litigiosa do procedimento, comportando julgamento apenas dessa matéria preliminar, não do mérito. Manifestação de Inconformidade Não Conhecida. Sem Crédito em Litígio. Em face dessa decisão, cuja ciência se deu em 12/09/2011 (fl.151) e o recurso voluntário foi protocolado tempestivamente em 06/10/2011 (fls. 152/165), tendo apresentado as razões recursais, a seguir sintetizadas: 1) A tempestividade do recurso voluntário; 2) Que o presente recurso seja recebido com efeito suspensivo, nos termos do artigos 33, do Decreto 70.235/72. Ainda sobre o efeito suspensivo, alegou o art. 151, III, do CTN que prevê que as reclamações e recursos suspendem a exigibilidade do crédito tributário; 3) Que, ao contrário do alegado pela DRJ, há sim prova nos autos de que a intimação se deu no dia 20/10/2009. A ausência de AR contraria o disposto no artigo 23, II, do Decreto 70.235/72. O sistema de rastreamento dos correios não é prova da ocorrência da regular intimação. Por fim, requer seja provido o recurso voluntário para que os autos voltem à Delegacia da Receita Federal para julgamento do mérito da manifestação e inconformidade e, caso seja necessário, que seja intimada novamente para apresentar eventuais documentos, nos termos do artigo 16, §4º, alíneas "a" e "b", do Decreto 70.235/72. É relatório. Voto Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 232DF CARF MF Processo nº 16327.914246/200964 Acórdão n.º 2201004.445 S2C2T1 Fl. 233 4 Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Mérito O julgamento da presente lide se restringe à análise da tempestividade da Manifestação de Inconformidade. No entendimento da DRJ, o protocolo foi intempestivo, uma vez que se deu em 19/11/2009, um dia após findo o prazo legal de 30 (trinta) dias. De acordo com o entendimento da autoridade julgadora de primeira instância, a prova da intimação do sujeito passivo é um relatório dos Correios atestando que a entrega de deu no dia 19/10/2009. Não há nos autos comprovante do recebimento da intimação (Aviso de Recebimento AR). Para o caso que se cuida, o Decreto nº 70.235/1972 estabelece que ausente o comprovante de recebimento da intimação deverá ser considerada realizada 15 (quinze) dias após a sua expedição. Vejamos: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: I no endereço da administração tributária na internet; II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. § 2° Considerase feita a intimação: II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Grifouse). Fl. 233DF CARF MF Processo nº 16327.914246/200964 Acórdão n.º 2201004.445 S2C2T1 Fl. 234 5 Ocorre que, também não há nos autos a cópia da intimação para se aferir a data de sua expedição. Todavia, essa ausência pode ser suprida por uma dedução lógica. Se o Despacho Decisório foi emitido em 07/10/2009, a expedição da intimação só poderá ter se dado em data igual ou posterior à sua emissão. Considerando a data da expedição como sendo 07/10/2009, temse que o 15º dia posterior a esta data é 22/10/2009, dia em que efetivamente deve ser considerada realizada a intimação, nos termos das disposições normativas do Decreto nº 70.235/1972 supra transcritas. Com base nessas considerações, temse que a decisão de primeira instância padece de vício, eis que proferida em desacordo com o que estabelece o Decreto nº 70.23/1972, culminando em inegável preterição ao direito de defesa do contribuinte. Destarte, deve ser anulado o acórdão recorrido, com retorno dos autos à DRJ de origem para o proferimento de nova decisão, desta feita, com o enfretamento do mérito. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar lhe provimento. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Fl. 234DF CARF MF
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Numero do processo: 10480.917593/2011-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2002 a 31/07/2002
DIREITO CREDITÓRIO. PAGAMENTO INDEVIDO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO.
Conforme reconstrução lógica e expressa de dispositivos da Constituição Federal, do Código Tributário Nacional e da legislação pertinente ao Processo Administrativo Fiscal, assim como do previsto no art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, o contribuinte deve comprovar o direito creditório e o pagamento indevido em casos de pedido de restituição.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.603
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2002 a 31/07/2002 DIREITO CREDITÓRIO. PAGAMENTO INDEVIDO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO. Conforme reconstrução lógica e expressa de dispositivos da Constituição Federal, do Código Tributário Nacional e da legislação pertinente ao Processo Administrativo Fiscal, assim como do previsto no art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, o contribuinte deve comprovar o direito creditório e o pagamento indevido em casos de pedido de restituição. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório DELTA VEÍCULOS LTDA. apresentou Pedido de Restituição (PER) de alegado pagamento indevido da contribuição (PIS/Cofins). A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico indeferindo o pedido, em razão do fato de que os pagamentos informados pelo declarante já haviam sido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 91 75 93 /2 01 1- 12 Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10480.917593/201112 Acórdão n.º 3201003.603 S3C2T1 Fl. 3 2 integralmente utilizados para quitação de débitos de sua titularidade, não restando crédito disponível. Em Manifestação de Inconformidade, o Requerente solicitou a reunião para julgamento conjunto dos processos administrativos conexos, arguindo o seguinte: a) o pagamento indevido decorrera da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718, de 1998, declarada em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), de observância obrigatória por parte dos órgãos da Administração Tributária por força do art. 26 A, § 6º, do Decreto nº 70.235/1972 e do art. 59 do Decreto nº 7.574, de 2011, bem como do art. 62, § 1º, I, do Regimento Interno do CARF (RICARF); b) contrariamente ao disposto no art. 65 da Instrução Normativa SRF nº 900, de 2008, não fora intimado a esclarecer a higidez de seu crédito e que, tivesse isto ocorrido, o pedido de restituição teria sido deferido, na medida em que teria logrado comprovar o direito ao reconhecimento do indébito; c) nos termos do art. 142 do CTN, é dever da Fiscalização aprofundar o exame da situação concreta, de modo que o lançamento e também as demais glosas fiscais se baseiem na correta subsunção dos fatos à lei, não tendo a Fiscalização sequer tomado conhecimento das razões que justificavam o pedido de restituição; d) o art. 62A, caput, do RICARF vincula o Colegiado a adotar as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF sob o regime previsto no art. 543B do CPC, tal como ocorrera, na situação aqui tratada, no RE nº 585.235, pois “um dispositivo de lei declarado inconstitucional é uma norma absolutamente nula, impossibilitada de produzir efeitos jurídicos válidos, em razão de seu desacordo com o texto constitucional, a quem deve irrestrita obediência”, sendo ilógico "que a administração fazendária continuasse a reconhecer a validade de um texto de lei já declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal”, entendimento esse escorado em diversos precedentes administrativos da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF); e) na base de cálculo da contribuição, “somente deveriam ter sido incluídos pela requerente os valores correspondentes ao seu faturamento, ou seja, os ingressos que correspondem às suas receitas das vendas de mercadorias e da prestação de serviços”. Junto à Manifestação de Inconformidade, o contribuinte anexou, além de documentos de representação processual, (i) planilha com as rubricas sobre as quais apurou o suposto crédito a ser restituído e (ii) cópia de folhas de Balancete correspondente ao período de apuração aqui tratado. Nos termos do Acórdão nº 11040.502, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a Delegacia de Julgamento (DRJ) decidido que o reconhecimento do direito à restituição exige a comprovação da realização de pagamento de tributo indevido ou a maior, cujo ônus recai sobre o sujeito passivo. Decidiu também a DRJ que, ressalvadas as hipóteses das alíneas “a” a “c” do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, as provas comprobatórias do direito creditório devem ser apresentadas por ocasião da interposição da manifestação de inconformidade, precluindo o direito de posterior juntada. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10480.917593/201112 Acórdão n.º 3201003.603 S3C2T1 Fl. 4 3 Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, reiterou seu pedido, repisando os mesmos argumentos de defesa, e juntou aos autos cópias de documentos que, segundo ele, comprovariam o direito creditório pleiteado. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão 3201003.578, de 21/03/2018, proferido no julgamento do processo 10480.900123/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201003.578): Conforme o Direito Tributário, a legislação, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, o tempestivo Recurso Voluntário deve ser conhecido. Em que pese a brilhante construção de argumentos a favor do contribuinte, não há nos autos nenhuma prova inequívoca do direito creditório, que permita caracterizar as receitas como hipóteses de exclusão da base de cálculo do Pis, mesmo dentro do conceito de faturamento determinado pelo STF. Desse modo, votase para que a decisão de primeira instância seja mantida sob o fundamento da ausência de comprovação do direito creditório por parte do contribuinte, nos mesmos moldes do seguinte trecho: "44. Antes de adentrar no exame da possibilidade, ou não, desta primeira instância administrativa afastar a disposição contida no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, consigno que, para evidenciar o seu direito à restituição, a contribuinte se limitou a apresentar planilha em que lista diversas rubricas que entende escapariam do conceito de receita de vendas de mercadorias e/ou de prestação de serviços e, além disto, cópia de Balancete Mensal em que constam registros de diversas receitas, mas não comprovou que, efetivamente, incluiu, na base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep recolhida de acordo com o valor confessado em DCTF, as receitas por ele indicadas na Manifestação de Inconformidade. 45. Para fazer jus à repetição do indébito, a recorrente, além de ter comprovado que auferiu as outras receitas por ela apontada no recurso, deveria ter apresentado demonstrativo, acompanhado dos correspondentes Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10480.917593/201112 Acórdão n.º 3201003.603 S3C2T1 Fl. 5 4 documentos contábeis fiscais/contábeis comprobatórios de sua exatidão, da apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep, devida à alíquota de 0,65%, sobre as receitas de venda de mercadorias e/ou prestação de serviços, o que aqui é indispensável, pois, diante da atividade exercida pela recorrente, é evidente que ela também comercializa produtos (tais como veículos) cujas receitas sofre a incidência desta contribuição à alíquota zero, pois o produto, a depender do período de apuração, foi submetido em etapa anterior à tributação por substituição tributária ou de forma concentrada5." Conforme reconstrução lógica e expressa de dispositivos da Constituição Federal, do Código Tributário Nacional e da legislação pertinente ao processo administrativo fiscal, assim como do previsto no Art. 16 do Decreto 70.235/72, o contribuinte deve comprovar o direito creditório e o pagamento indevido em casos de pedido de restituição. Diante do exposto, votase para NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Voto proferido. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 135DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11610.007680/2003-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002
COMPENSAÇÃO. VALORES EM UFIR. REGRA DE ATUALIZAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. PERÍODO ENTRE JAN/1992 E DEZ/1995. APURAÇÃO. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO APLICÁVELA compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR da data do efetivo pagamento (UFIR diária) até 01/01/1996 (conversão em reais - UFIR 0,8287), nos termos do art.66 da Lei nº8.383/91.
COMPENSAÇÃO ESCRITURAL. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. DÉBITO DA MESMA ESPÉCIE. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 21/1997. IMPOSSIBILIDADE.Na vigência da Instrução Normativa SRF 21/1997, a autocompensão escritural dos créditos decorrentes de pagamento indevido, ou a maior que o devido, com débitos de tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional da própria pessoa jurídica era permitida mediante o registro na escrituração contábil e declaração na DCTF. O não cumprimento de qualquer desses requisitos impossibilita o acatamento da compensação. No caso, a interessada não comprovou o registro na escrituração contábil dos supostos valores compensados, o que impede o reconhecimento do procedimento compensatório.
COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVAS COM CRÉDITOS DE PERÍODOS ANTERIORES. PROCEDÊNCIA.
Possível a apuração de créditos baseada em valores de estimativas quitadas com créditos de exercícios anteriores desde que os valores estejam devidamente registrados na escrituração fiscal e informados em DCTF.
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. RETENÇÕES NA FONTE DE IRPJ. VALORES CONFIRMADOS EM DIRF.
Na apuração dos saldos negativos de IRPJ e CSLL os valores retidos na fonte comprovadamente retidos e constates em DIRF constante nos registros da Receita Federal devem ser utilizados na composição do saldo negativo, desde que os valores da receita financeira auferida tenham sido oferecidos à tributação.
Numero da decisão: 1401-002.577
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso para reconhecer os créditos de R$5.243.038,96, relativo ao Saldo Negativo de IRPJ/2000, de R$12.662.545,52, relativo ao Saldo Negativo de IRPJ/2002 e R$2.903.116,92, relativo ao Saldo Negativo de CSLL/2002, que deverão ser utilizados nas compensações controladas através do presente processo.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2000, 2001, 2002 COMPENSAÇÃO. VALORES EM UFIR. REGRA DE ATUALIZAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. PERÍODO ENTRE JAN/1992 E DEZ/1995. APURAÇÃO. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO APLICÁVELA compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR da data do efetivo pagamento (UFIR diária) até 01/01/1996 (conversão em reais - UFIR 0,8287), nos termos do art.66 da Lei nº8.383/91. COMPENSAÇÃO ESCRITURAL. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. DÉBITO DA MESMA ESPÉCIE. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 21/1997. IMPOSSIBILIDADE.Na vigência da Instrução Normativa SRF 21/1997, a autocompensão escritural dos créditos decorrentes de pagamento indevido, ou a maior que o devido, com débitos de tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional da própria pessoa jurídica era permitida mediante o registro na escrituração contábil e declaração na DCTF. O não cumprimento de qualquer desses requisitos impossibilita o acatamento da compensação. No caso, a interessada não comprovou o registro na escrituração contábil dos supostos valores compensados, o que impede o reconhecimento do procedimento compensatório. COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVAS COM CRÉDITOS DE PERÍODOS ANTERIORES. PROCEDÊNCIA. Possível a apuração de créditos baseada em valores de estimativas quitadas com créditos de exercícios anteriores desde que os valores estejam devidamente registrados na escrituração fiscal e informados em DCTF. COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. RETENÇÕES NA FONTE DE IRPJ. VALORES CONFIRMADOS EM DIRF. Na apuração dos saldos negativos de IRPJ e CSLL os valores retidos na fonte comprovadamente retidos e constates em DIRF constante nos registros da Receita Federal devem ser utilizados na composição do saldo negativo, desde que os valores da receita financeira auferida tenham sido oferecidos à tributação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso para reconhecer os créditos de R$5.243.038,96, relativo ao Saldo Negativo de IRPJ/2000, de R$12.662.545,52, relativo ao Saldo Negativo de IRPJ/2002 e R$2.903.116,92, relativo ao Saldo Negativo de CSLL/2002, que deverão ser utilizados nas compensações controladas através do presente processo. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000, 2001, 2002 COMPENSAÇÃO. VALORES EM UFIR. REGRA DE ATUALIZAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. PERÍODO ENTRE JAN/1992 E DEZ/1995. APURAÇÃO. ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO APLICÁVELA compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR da data do efetivo pagamento (UFIR diária) até 01/01/1996 (conversão em reais UFIR 0,8287), nos termos do art.66 da Lei nº8.383/91. COMPENSAÇÃO ESCRITURAL. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. DÉBITO DA MESMA ESPÉCIE. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 21/1997. IMPOSSIBILIDADE.Na vigência da Instrução Normativa SRF 21/1997, a autocompensão escritural dos créditos decorrentes de pagamento indevido, ou a maior que o devido, com débitos de tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional da própria pessoa jurídica era permitida mediante o registro na escrituração contábil e declaração na DCTF. O não cumprimento de qualquer desses requisitos impossibilita o acatamento da compensação. No caso, a interessada não comprovou o registro na escrituração contábil dos supostos valores compensados, o que impede o reconhecimento do procedimento compensatório. COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVAS COM CRÉDITOS DE PERÍODOS ANTERIORES. PROCEDÊNCIA. Possível a apuração de créditos baseada em valores de estimativas quitadas com créditos de exercícios anteriores desde que os valores estejam devidamente registrados na escrituração fiscal e informados em DCTF. COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. RETENÇÕES NA FONTE DE IRPJ. VALORES CONFIRMADOS EM DIRF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 76 80 /2 00 3- 81 Fl. 1343DF CARF MF 2 Na apuração dos saldos negativos de IRPJ e CSLL os valores retidos na fonte comprovadamente retidos e constates em DIRF constante nos registros da Receita Federal devem ser utilizados na composição do saldo negativo, desde que os valores da receita financeira auferida tenham sido oferecidos à tributação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso para reconhecer os créditos de R$5.243.038,96, relativo ao Saldo Negativo de IRPJ/2000, de R$12.662.545,52, relativo ao Saldo Negativo de IRPJ/2002 e R$2.903.116,92, relativo ao Saldo Negativo de CSLL/2002, que deverão ser utilizados nas compensações controladas através do presente processo. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Relatório Iniciemos com a transcrição de trechos do relatório da Decisão que converteu o julgamento em diligência a fim de se analisar diversos pontos apresentados pela recorrente. Tratase de recurso voluntário contra decisão que indeferiu a manifestação de inconformidade relativa à discussão sobre a declaração de compensação de débitos do IRPJ c de CSLL dos períodos de apuração de janeiro a março de 2003, com saldo negativo de IRPJ e de CSLL dos anos de 2000 a 2002, no valor total de R$ 15.197.219,61 (doe. de fls. 1 c 2). A autoridade administrativa incluiu na apreciação a compensação do IRPJ do período de apuração de abril de 2003, em razão da apresentação de PER/DCOMP, de R$ 2.031.527,75. Segundo a autoridade administrativa, as compensações do saldo negativo de CSLL tiveram origem no anocalendário de 1994, com a formalização do processo fiscal 13805.006564/9412; quanto ao IRPJ, entende que o saldo negativo teve origem no ano calendário de 1999. A partir dessas informações e considerando também os extratos de DIRF foram verificadas, nas DIRPJ/DIPJ, a partir desses anoscalendário, as compensações efetuadas Fl. 1344DF CARF MF Processo nº 11610.007680/200381 Acórdão n.º 1401002.577 S1C4T1 Fl. 1.343 3 pela contribuinte, tendo sido constatado compensações indevidas em relação à CSLL e ao IRPJ. Assim, do Pedido de Compensação, com a inclusão originada da respectiva PER/DCOMP foram reconhecidos saldo negativo de CSLL de R$ 2.903.116,92, e saldo negativo de RS 8.621.118,81, relativo ao IRPJ, totalizando o montante de R$ 11.524.235,73, com termo inicial em 31.12.2002, e foi homologada a compensação até os limites dos valores apurados. Transcrevo trecho do voto condutor da decisão de primeira instância que aborda os principais aspectos da manifestação de inconformidade: Por sua vez, a Recorrente pugna pela incorreção dos cálculos efetuados, não tendo havido compensação indevida, estando inclusive sendo devidamente contestada a decisão prolatada nos autos de processo fiscal n" 13805.006564/9412. Devese observar as correções monetárias e a fluência dos juros, da taxa Selic e dos demais acréscimos aos créditos detidos pela Requerente. Calculou, que em relação ao IRPJ, o saldo negativo não teve origem no anocalendário 1999, mas no de 1995; em relação ao anocalendário 1999 considerando saldo negativo que possui referente ao IRRF, o saldo remanescente, atualizado conforme legislação, somou o montante de RS 3.035.495,59. A Turma Julgadora, quanto aos cálculos efetuados relativos ao direito creditório da CSLL, considerou como incontroverso que sua origem ocorreu no anocalendário de 1994. A partir disso e com base no decidido no PA 13805.006564/9412, que reconheceu direito creditório da recorrente no montante de 15.986,37 UFIR, referente ao saldo negativo de CSLL apurado no encerramento do anocalendário de 1993, após compensação com débitos da própria CSLL relativos aos meses de abril e maio de 1994, efetuou cálculo minucioso da apuração da CSLL para os anoscalendário de 1994 a 2002 (itens 13.1 a 13.9 da decisão tis. 889/905). Concluiu que para a CSLL restou saldo a pagar em relação aos anos calendário de 2000 e 2001, além de CSLL negativa no valor de RS 2.903.116,92, em 31.12.2002. Quanto aos cálculos relativos ao IRPJ, enfatizou a Turma Julgadora que a autoridade administrativa afirma que este teve origem no anocalenclário de 1999 e a recorrente alega que sua origem ocorreu no anocalendário de 1995. Para solucionar o litígio, efetuou cálculos a partir do anocalendário de 1995 até o anocalendário de 2002 (itens 14.1 a 14.8 da decisão fls. 905/922). Concluiu pela existência de crédito tributário a recolher no importe de RS 1.583.069,34, em relação ao anocalendário de 2001, e de saldo negativo de IRPJ no montante de RS 6.676.338,41, referente ao anocalendário de 2002, tendo em vista que o saldo negativo referente ao anocalendário de 1999 (RS 8.527.859,58) teria sido objeto de utilização integral no processo administrativo de n° 10.880.016451/0073 (em que o próprio contribuinte solicitou sua utilização). Ou seja, para a CSLL, o direito creditório reconhecido é igual ao reconhecido pela autoridade administrativa. Para o IRPJ, a autoridade administrativa reconheceu o crédito de RS 8.621.118,81, enquanto que a Turma Julgadora reconheceu o saldo negativo de RS 6.676.338.41. Fl. 1345DF CARF MF 4 Destacou no voto, que ficaria a critério da autoridade administrativa rever o reconhecimento do direito creditório em razão dos cálculos apresentados no voto, assim como, cm conseqüência, das homologações correspondentes. Ressalta que embora o despacho decisório tenha considerado, no cálculo do direito creditório, o valor da CSLL, a Declaração de Compensação de fls. 1 e 2 referencia apenas, como direito creditório, o IRPJ. Observou que, como há várias DCOMP apresentadas pela contribuinte, que: (i) cm relação à CSLL, foram totalmente utilizados os saldos negativos do período que vai do anocalendário de 1993 a 2001, (ii) em relação ao IRPJ, foram totalmente utilizados os saldos negativos do período que vai do anocalendário de 1995 a 2001, (iii) que os créditos apurados no anocalendário de 2002 (CSLL e IRPJ) foram reconhecidos e utilizados nos presente processo. A contribuinte tomou ciência do acórdão em 06.02.2007 e em 08.03.2007 apresentou recurso voluntário. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Argumenta a recorrente que na prolação do acórdão da Turma Julgadora, foram desconsideradas informações imprescindíveis para apuração do crédito total e que as planilhas apresentadas possuem inúmeros erros graves que reduzem o crédito pleiteado. Procura demonstrar a evolução dos créditos de IRPJ e CSLL de 1994 a 2002 e que no ano de 2002 teria finalizado com saldo principal de IRPJ a compensar de RS 12.800.789,91 e de CSLL de RS 2.993.263,63, sem considerar as atualizações pela Selic, ou seja, ao final de 2002, entende que possuía como principal, crédito acumulado de IRPJ e CSLL de RS 15.794.053,54. Aduz que as distorções entre os saldos considerados pela decisão c a recorrente iniciam em 1994 e acarretaram conseqüências desde então. Menciona que todos os saldos foram recalculados mensalmene por meio dos anexos de I a XIII, efetuandose comparativo entre o apurado pela decisão e o apurado pela recorrente. Acrescenta que não merece prosperar a afirmação do subitem 4.3.3 da decisão, de que as compensações realizadas em 1998 foram realizadas indevidamente, e de que teria sido deixado de recolher a contribuição de RS 313.972,15; que após as compensações realizadas em 1998, havia saldo principal de CSLL a compensar apurados pela recorrente de RS 1.202.041,16. Também acrescenta que não merece prosperar a afirmação do subitem 4.3.5 de que no anocalendário de 2000 foram realizadas compensações indevidas de IRPJ e CSLL, pois conforme demonstraria, ao final de 2000, após as antecipações, havia saldo principal a compensar de RS 665.556,23 a título de CSLL, e ao final de 2000, após as antecipações, havia saldo de IRPJ a compensar de R$ 6.857.014,40. Destaca que com relação ao anocalendário de 1999, em 31.12.99, havia saldo de CSLL a compensar de R$ 1.202.041,16, e de IRPJ, havia saldo a compensar de RS 5.679.154,10. Assim, requer a reforma da decisão que afirma que no anocalendário de 2000 foram realizadas compensações indevidas de IRPJ e CSLL. Fl. 1346DF CARF MF Processo nº 11610.007680/200381 Acórdão n.º 1401002.577 S1C4T1 Fl. 1.344 5 Aduz que as afirmações presentes nos subitens 4.3.6 e 4.3.7 da decisão da Turma Julgadora não merecem prosperar pelos motivos que descreve, em específico, análise da letra "H" apuração da CSLL de 2001 e "P" apuração do IRPJ de 2001. A partir daí faz minuciosa comparação entre os cálculos da Turma Julgadora c os que entende que são corretos, para a CSLL dos anoscalendário de 1994 a 2002 e para o IRPJ dos anoscalendário de 1995 a 2002, que corresponde às fls. 948/973 e planilhas contidas nos anexos de fls. 999 a 1023. Requer a conversão do julgamento em diligência para submeter à fiscalização os argumentos, planilhas e demais documentos apresentados, a fim de que se manifeste sobre eles, e ao final, que seja reconhecida a integralidade dos direitos creditórios apresentados e que sejam homologadas as compensações de que trata a Declaração de Compensação e PER/DCOMP apresentados. Da análise dos requerimentos do recorrente a Turma Julgadora determinou a conversão do julgamento em diligência nos seguintes termos: A recorrente faz minuciosa comparação entre os cálculos da Turma Julgadora e os que entende que são corretos, para a CSLL dos anoscalendário de 1994 a 2002 e para o IRPJ dos anoscalendário de 1995 a 2002, que corresponde às fls. 948/973 e planilhas contidas nos anexos de fls. 999 a 1023. Tendo em vista que a contribuinte afirma que a Turma Julgadora incorreu em vários erros e os aponta no recurso, e levando em conta a grande quantidade de informações e de cálculos relativos aos anoscalendário de 1994 a 2002, entendo que o julgamento deve ser convertido em diligência para que a autoridade fiscal se manifeste quanto às informações e cálculos consubstanciados no recurso, promovendo as diligências que entender necessárias, e que providencie relatório conclusivo, que deverá ser cientificado à interessada, podendo a mesma se manifestar se entender necessário. Da realização da diligência o fiscal responsável pelo procedimento apresentou informação fiscal com as seguintes considerações: 158. Por todo o exposto, restou concluído que: a. Relativamente ao CSLL, a recorrente encontrase em situação de devedora nos anoscalendários de 2000 e 2001, nos valores históricos respectivos de R$ 21.945,00 e R$ 597.629,45, e possui saldo negativo no anocalendário de 2002, no valor histórico de R$ 2.903.116,92, todos demonstrados na tabela a seguir; b. Relativamente ao IRPJ, a recorrente encontrase em situação de devedora de IRRF no anocalendário de 2002, no valor histórico de R$ 142.214,78, e possui saldo negativo também no anocalendário de 2002, no valor histórico de R$ 12.662.545,52, todos demonstrados na tabela a seguir: Fl. 1347DF CARF MF 6 159. Destacase mais uma vez observação constante de fls. 921, parte integrante do acórdão proferido pela 4ª Turma da DRJ/SPOI, item 16.1, in verbis, “Ressaltese que, embora o Despacho Decisório tenha considerado, no cálculo do direito creditório, o valor da CSLL, a Declaração de Compensação (fls. 01 e 02) referencia apenas, como direito creditório, o IRPJ”. É o relatório. Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Relator 1) Da análise dos créditos de IRPJ e CSLL neste processo Nesse ponto verificamos a seguinte leitura realizada pela anterior turma julgadora em relação à possibilidade de reconhecimento dos créditos de IRPJ e CSLL no mesmo processo. Conforme fls. 03 dos autos, o pedido de compensação da recorrente, que trat ava de saldo negativo de IRPJ dos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002, foi encaminhado em 15/03/2003. Da mesma maneira, também os processos que tratam dos PER/DCOMP incluídos pela DERATSP no despacho decisório foram todos formalizados no decorrer do ano de 2003, conforme tabela de fl. 560. Ocorre que não há como determinar, com precisão, a data em que foram encaminhadas, vez que nos autos não se encontram cópias de todas as declarações de compensação. O que se pode concluir é que todas as compensações foram encaminhadas sob a vigência da re dação do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, dada pelo art. 49 da Lei nº 10.637, de 2002 (que pas sou a produzir efeitos em 1º de outubro de 2002), e da IN SRF nº 210, de 2002. Por outro lado, não há como definir se foram encaminhadas antes ou depois de 14/05/2003, data de publicaçã o no DOU da IN SRF nº 320 que implementou o PER/DCOMP. Por sua vez, a DERAT entendeu, no despacho decisório, que o saldo negativ o de IRPJ e CSLL do mesmo anocalendário seriam o mesmo crédito (fls. 559/560): DAS VERIFICAÇÕES Passamos a realizar as verificações necessárias ao andamento do solicitado, primeiramente, extraindo os extratos de DCTF do primeiro e segu ndo trimestre do ano de 2.003, apensandoos às fls.535/546, donde, foi Fl. 1348DF CARF MF Processo nº 11610.007680/200381 Acórdão n.º 1401002.577 S1C4T1 Fl. 1.345 7 possível constatar, através da elaboração do quadro, a seguir elaborado que, a requerente, prosseguiu na compensação compensando valor do IRPJ relativamente ao mês de abril/2003, conforme demonstramos, circunstâncias que nos levaram a extrair também as respectivas PER/DCOMP, as quais foram efetivadas à luz das disposições da IN SRF n.°: 360/2003, apensandoas nas fls. 547/556, modificando as informações da fl.01, para demonstrar os valores que foram incluídos ao controle do presente processo, de todas .às co mpensações sucessivas à ele, que tiveram como objeto o mesmo tipo de crédito, o saldo negativo do 1RPJ/CSLL, decorrentes das apurações anuais, conforme também demonstramos abaixo (...) (...) Por todo o exposto e por mais que dos autos constam, PROPONHO à V.Sa. o DEFERIMENTO PARCIAL do PEDIDO DE COMPENSAÇÃO, aqui formul ado, pelo contribuinte:CAMARGO CORRÊA CIMENTOS S/A, no valor de R $2.903.116,92 ( dois milhões, novecentos e três mil, cento e dezesseis reais e noventa e dois centavos), relativos ao saldo negativo da CSLL, e R$8.621.11 8,81 (oito milhões, seiscentos e vinte e um mil, cento e dezoito reais e oitenta e um centavos), relativos ao saldo negativo do IRPJ, totalizando assim o montante de R$11.524.235,73 (onze milhões, quinhentos e vinte é quatro mil, duzentos e trinta e cinco reais é setenta e três centavos) (...) O procedimento adotado pela DERATSP não foi o mais adequado. Nos caso s em que, nas declarações de compensação por meio de formulários em papel (disponibilizado s na IN SRF nº 210, de 2002, sob a égide da redação do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996 dada pelo art. 49 da Lei nº 10.637, de 2002), fossem pleiteados créditos diferentes, cada qual deveri a ser tratado em um processo de compensação específico. Entretanto, não se pode deixar de considerar que na declaração de compensação encaminhad a por meio de formulário em papel, não havia qualquer restrição quanto à identificação de apenas um crédito para reconhecimento do direito creditório. A título de exem plo, o formulário relacionava para o contribuinte, no preenchimento do crédito utilizado, dent re as opções, a seguinte: “( ) SALDO NEGATIVO DE IRPJ E CSLL” (sítio de Receita Federal, http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/ins/2002/in2102002.htm). Também, não havia q ualquer restrição quanto ao aspecto temporal, ou seja, poderia o contribuinte incluir créditos de diferentes períodos de apuração sem nenhuma restrição. Tanto que o recorrente relacionou como direito creditório, na declaração de compensação de fls. 3/4, saldo negativo de IRPJ do s anoscalendário de 2000, 2001 e 2002. Apesar de o procedimento da DERATSP não ter sido o mais adequado, entendo que não cabe nenhuma espécie de saneamento do processo, no sentido de separar a análise do saldo negativ o de IRPJ em autos diferentes da apreciação do crédito de base negativa de CSLL.Promover, n esse momento processual, após decisões já proferidas pela DERATSP, DRJ/São Paulo I, além de resolução da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento do CARF que converteu o julgamento em diligência, uma segregação dos Fl. 1349DF CARF MF 8 presentes autos, no sentido de formalizar um processo para cada crédito, resultaria em uma co nfusão que poderia inviabilizar o reconhecimento dos direitos creditórios em análise, além de i ncorrer contra o princípio da economicidade processual. Da leitura do trecho acima e concordando com a análise de que o procedimento adotado pela delegacia de Julgamento em realizar a análise dos créditos de IRPJ e CSLL neste mesmo processo, quando o requerimento do contribuinte de compensação de créditos apenas de IRPJ, não foi o mais adequado, há de se considerar que assim seguiu o processo, recursos do contribuinte e análise das diligências. Por tal razão e em virtude de a adoção de saneamento neste processo, em seu atual estágio, provocaria muito mais problemas do que soluções, voto por admitir a análise dos créditos de IRPJ e CSLL neste mesmo processo em razão dos Princípios da Eficiência e da Economia Processual. 1) A revisão das autocompensações realizadas desde o ano de 1994, na forma da Lei nº 8.383/91 e suas influências na apuração dos créditos deste processo. Passaremos a descrever, resumidamente, na medida do possível, a análise da revisão das compensações e nosso entendimento sobre o apresentado no resultado da diligência. CSLL – AnoCalendário 1994 Correta a apuração da diligência. O ajuste do valor apurado deveuse à inclusão no SN de 1994, do valor do SN originado em 1993 e não acrescentado pelo contribuinte em sua DIPJ. Procedimento não causa alteração dos créditos. CSLL – AnoCalendário 1995 Novamente na diligência os créditos de 1994 foram utilizados para abater a CSLL a pagar de 1995. O contribuinte alegou que teria feito autocompensações do crédito de 1994 com os débitos por estimativa de 1995 e assim teria apurado saldo negativo em 1995. Não foi comprovado a realização de autocompensação nem nas DCTF nem em pedidos de compensação. Correto o procedimento da diligência ante a falta de comprovação da autocompensação. Mantido saldo restante do ano de 1994 em 1.170.492,32 UFIR. Neste ponto devemos destacar que na sistemática da Lei nº 8.383/91, as compensações entre tributos da mesma espécie, como ocorre no presente caso, poderia ser realizada pelo próprio contribuinte em sua escrita fiscal.Ocorre, no entanto, que para fins de controle por parte do fisco, os valores compensados deveriam ser informados nas DCTFs da empresa em campo próprio. Eis que não foi verificado, nas DCTFs da empresa, nenhuma informação da compensação das estimativas com créditos do mesmo tributo de períodos anteriores. Assim, corroboramse as informações da fiscalização. Fl. 1350DF CARF MF Processo nº 11610.007680/200381 Acórdão n.º 1401002.577 S1C4T1 Fl. 1.346 9 CSLL – AnoCalendário 1996 Não houve divergências do recorrente em relação a este ano. Feitos os ajustes e as compensações do crédito de 1994 com as estimativas devidas resultaram os seguintes créditos de SN CSLL: AC 1994 – R$ 25.441,76 AC 1996 – R$ 1.005.242,99 CSLL – AnoCalendário 1997 Não houve divergências. Reconhecido um crédito de SN CSLL AC 1997 – R$ 20,00 CSLL – AnoCalendário 1998 Não houve divergências apontadas pelo contribuinte. Novamente neste ano os créditos de anos anteriores foram utilizados na compensação das estimativas devidas no ano. Após a revisão destas compensações e recálculo dos valores compensados e saldos com os índices corretos, restaram os seguintes créditos em favor do contribuinte. Assim, mantémse os valores dos créditos apurados pela fiscalização em sua diligência. AC 1996 – R$ 827.991,02 AC 1997 – R$ 20,00 AC 1998 – R$ 260.557,52 Não houve compensações. mantémse os saldos anteriores. CSLL – AnoCalendário 1999 Permaneceram os mesmos saldos acima. Não houve compensações nem divergências. CSLL – AnoCalendário 2000 Fl. 1351DF CARF MF 10 Com relação a este ano a divergência ocorreu pela alegação do contribuinte de que parte das estimativas teria sido compensada em processo e outra parte teria sido compensada com créditos de IRPJ. Em relação às compensações com créditos da mesma CSLL em processo ou em autocompensação na DCTF foram aceitos os valores, por estarem demonstrados nas DCTFs. Com relação à compensação com créditos de IRPJ, para tal fim, na forma da Lei nº 9.430/96 vigente à época, a compensação entre tributos de diferentes espécies foi permitida, desde que o contribuinte apresentasse pedido de compensação junto à Receita Federal, compensação esta regulamentada pela Instrução Normativa SRF nº 21/97. Por estes dispositivos era necessário a formalização de processo administrativo para possibilitar tal cobrança. Verificouse nas DCTF não existirem informações de compensação de débitos de CSLL com créditos de IRPJ e, também, não existir processo de compensação destes créditos. Assim, neste ponto não foram aceitas as alegações do recorrente. Os cálculos das compensações por estimativa foram refeitos conforme abaixo: Com base nos recálculos deixou de existir SN de CSLL e restou saldo a pagar de CSLL no ano de 2000 conforme abaixo, tendo sido consumidos todos os créditos anteriormente existentes. Fl. 1352DF CARF MF Processo nº 11610.007680/200381 Acórdão n.º 1401002.577 S1C4T1 Fl. 1.347 11 CSLL – Ano Calendário 2001 As divergências neste caso decorreram de alegadas compensações de estimativas com créditos de exercícios anteriores. Da não consideração de valores compensados por estimativa em 2001 que foram considerados como 2000. A diligência confirmou os valores pagos, as estimativas compensadas em outros processos e desconsiderou a compensação que se referia a saldos de exercício anterior, haja vista a inexistência deste saldo conforme acima. Ou seja, na verdade a diferença de créditos neste período decorre da utilização, no ano anterior dos créditos existentes que foram utilizados na compensação das estimativas no anocalendário 2000, esgotando todos estes créditos. Refeitos os cálculos foi apurado saldo de CSLL a pagar, conforme abaixo. Não existem saldos de exercícios anteriores. CSLL AnoCalendário 2002 Finalmente, em relação ao ano de 2002 os valores do SN apurados pela DRJ foram aceitos pelo recorrente. Assim a diligência entendeu pela manutenção do crédito de SN de CSLL do ano de 2002 no montante de R$ 2.903.116,92. IRPJ – AnoCalendário 1995 Os valores de retenção na fonte apurados pela DRJ foram aceitos pelo recorrente. A divergência decorreu, neste ano, em relação às compensações de estimativas devidas com créditos de exercícios anteriores. A diligência concluiu, acertadamente, que a UFIR de conversão dos créditos de anosanteriores para compensação dos débitos do ano de 1995 deveria ser a UFIR de 01/01/96, na forma do art. 66, da lei nº 8.383/91, e, depois acrescida da SELIC e não a UFIR do primeiro semestre de 1996, conforme realizado pelo contribuinte. A atualização dos créditos do anocalendário de 1995 deveria ser feita pela multiplicação do valor do crédito apurado em UFIR pelo valor da UFIR de 01/01/1996, que era 0,8287. A partir daí o valor apurado deveria ser atualizado pela taxa SELIC.Assim, correto o procedimento da fiscalização na apuração destes créditos. Foram então refeitos os cálculos das compensações das estimativas de 1995 com créditos de exercícios anteriores, resultando nos seguintes valores. Fl. 1353DF CARF MF 12 Restaram os seguintes saldos de créditos a serem utilizados SN IRPJ AC 1994 – R$ 135.228,40 SN IRPJ AC 1995 – R$ 2.375,019,36 IRPJ – AnoCalendário 1996 A única divergência neste ano deveuse às compensações de anos anteriores em face dos equívocos de atualização por parte do recorrente. Assim foram refeitos os cálculos de apuração do ano de 1996 a partir dos saldos de créditos de anos anteriores, resultando nos seguintes valores de créditos mantidos. SN IRPJ AC 1995 – R$ 1.402.495,80 SN IRPJ AC 1996 – R$ 2.089.836,44 IRPJ – AnoCalendário 1997 Não houve divergências. Reconhecido um crédito de SN IRPJ AC 1997 – R$ 2.619.281,70 IRPJ – AnoCalendário 1998 Neste ano as divergências decorrem das compensações de créditos de anos anteriores. Assim a diligência apenas refez os cálculos das compensações das estimativas utilizando os saldos já reconhecidos, reduzindo apenas o saldo antes existente do ano de 1995. Seguem os valores dos saldos mantidos AC 1995 – R$ 218.596,88 AC 1996 – R$ 2.089.838,44 AC 1997 – R$ 2.619.281,70 AC 1998 – R$ 687.224,93 IRPJ – AnoCalendário 1999 Fl. 1354DF CARF MF Processo nº 11610.007680/200381 Acórdão n.º 1401002.577 S1C4T1 Fl. 1.348 13 O saldo negativo apurado neste ano foi integralmente utilizado na compensação de outros débitos no processo nº 10880.016451/0073. Assim, a Diligência apenas refez a apuração das compensações das estimativas com créditos de anos anteriores a fim de atualizar estes valores. Resultaram os seguintes créditos. AC 1996 – R$ 2.032.959,11 AC 1997 – R$ 2.619.281,70 AC 1998 – R$ 687.224,93 IRPJ – AnoCalendário 2000 As divergências decorrem de compensações de créditos de exercícios anteriores que o contribuinte considerou maiores e foram revisados pela DRJ e Diligência e dos quais entendemos corretas as correções. Decorrem de alegações de retificação das DCTF para informação de valores compensados por estimativa, retificações estas realizadas a destempo, após a análise dos créditos e por isso desconsideradas. As compensações com créditos de outros processos foram aceitas e admitidas. Também foram deduzidos dos saldos de créditos as compensações realizadas, dos créditos existentes com débitos de IRRF devidos pela empresa. Foram apurados os saldos de créditos após estas compensações. Finalmente a última divergência decorreu dos valores do IRRF não informado pelo contribuinte em sua DIPJ. Nas DIRF da empresa se apresentam os seguintes valores de retenção: A fiscalização, no entanto, apenas considerou o valor de retenção de R$ 1.633.501,56, conforme abaixo: Fl. 1355DF CARF MF 14 125. Relativamente ao IRRF mencionado no item 117, foi consultada a DIRF 2000 (fl. 1104) constando a recorrente como beneficiária, onde foi verificado que havia R$ 3.327.765,20 retidos, com quatro códigos de receita. Dentre estes, apenas o 3426, referente à aplicação financeira de renda fixa, teve seu rendimento oferecido à tributação (fl. 1112), no valor total de R$ 1.633.501,56. Os demais valores não foram considerados, de acordo com artigo 231 do Decreto 3000/99 e artigo 2º, § 4º, da Lei 9.430/96. Ocorre que não comungo do entendimento formulado pelo fiscal diligenciante. Com exceção dos códigos de receita 5273 – Operações de SWAP e 5706 – Juros Sobre o Capital Próprio, os demais rendimentos referemse a aplicações de renda fixa e serviços prestados de pessoa jurídica. Consultando a DIPJ da empresa verificamos que o valores dos rendimentos de renda fixa montaram em R$ 29.469.177,04, ou seja, em valores muito superiores aos rendimentos constantes na DIRF. Desta forma, entendo que devem ser considerados como antecipação de IRRF os valores dos seguintes rendimentos: Código 1708 – R$ 15,00 Código 3426 – R$ 1.633.501,56 Código 6800 R$ 1.623.762,16 Assim, o total do IRRF a ser considerado no ano de 2000 é de R$ 3.257.278,72. Desta forma o crédito a ser considerado para o ano de 2000 será: Saldo apurado em diligência (R$ 3.619.261,80) + IRRF adicional (R$ 1.623.762,16 + R$ 15,00) totalizando R$ 5.243.038,96. Os demais créditos remanescentes após as compensações das estimativas e do IRRF devido são os seguintes: SN IRPJ 1997 – R$ 844.200,46 SN IRPJ 1998 – R$ 687.224,93 SN IRPJ 2000 Apurado em diligência – R$ 3.619.261,80 SN IRPJ 2000 adicional considerado por este relator – R$ 1.623.777,16) IRPJ – Ano Calendário 2001 As divergências neste caso decorreram de alegadas compensações de estimativas com créditos de exercícios anteriores. Da não consideração de valores compensados por estimativa em 2001 que foram considerados como 2000. A diligência confirmou os valores pagos, as estimativas compensadas em outros processos e desconsiderou Fl. 1356DF CARF MF Processo nº 11610.007680/200381 Acórdão n.º 1401002.577 S1C4T1 Fl. 1.349 15 a compensação que se referia a saldos de exercício anterior, haja vista as diferenças dos saldos anteriores compensados. Pela leitura dos documentos e extratos da DIRF não foram verificados os valores de retenção adicionais pretendidos pela empresa. Refeitos os cálculos foi apurado SN de IRPJ conforma abaixo. Sendo assim permanecem os seguintes saldos em favor do contribuinte: SN IRPJ 1998 – R$ 360.938,14 SN IRPJ 2000 Apurado em diligência – R$ 3.619.261,80 SN IRPJ 2000 adicional considerado por este relator – R$ 1.623.777,16) SN IRPJ 2001 – R$ 1.943.190,03 IRPJ AnoCalendário 2002 Em relação ao ano de 2002 a primeira divergência decorre dos valores das retenções na fonte que o contribuinte considerou em montante superior ao informado nas DIRF. Não havendo a comprovação dos valores que excederam aos valores da DIRF devem ser mantidos os apurados pela diligência. Em relação às compensações das estimativas foram compensados os créditos já reconhecidos pela diligência com débitos por estimativa do ano 2001 sendo esgotados os créditos anteriores. Em relação ao IRRF, parte dele foi utilizado na dedução da estimativa de março, assim somente o saldo foi considerado na ficha 12. Procedimento que considero correto. Foi indicado, também, que parte dos créditos de 2002 foi utilizado na compensação de débitos por estimativa já do ano de 2002. Assim, estas compensações foram abatidas do crédito reconhecido em favor do contribuinte. Desta forma foi apurado o seguinte saldo negativo de IRPJ do AC 2002. Fl. 1357DF CARF MF 16 Assim, concluindose a análise da diligência e com as revisões consideradas neste voto, concluise que existem os seguintes créditos a serem considerados para a compensação dos débitos vinculados aos mesmos: SN IRPJ 2000 adicional considerado por este relator – R$ 1.623.777,16 SN IRPJ 2000 Apurado em diligência – R$ 3.619.261,80 SN IRPJ AC 2002 – R$ 12.662.545,52 SN CSLL AC 2002 – R$ 2.903.116,92 CONCLUSÃO Diante de todo o exposto e concordando em parte com os valores dos créditos apurados pela diligência da fiscalização voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário a fim de reconhecer os seguintes valores de crédito a serem utilizados na compensação deste processo. Ressaltese que os valores de saldos a pagar de IRPJ e CSLL apurados na diligência não poderão ser compensados neste processo se não estiverem confessados em DCTF ou em declarações de compensação, posto que não cabe a realização de lançamento de tributos por meio de simples diligência. Estes tem de ser lançados e/ou previamente confessados pelo contribuinte. O que não ocorreu no presente processo. SN IRPJ 2000 apurado pela fiscalização mais adicional considerado por este relator = R$ 3.619.261,80 + 1.623.777,16 = R$ 5.243.038,96 SN IRPJ AC 2002 – R$ 12.662.545,52 SN CSLL AC 2002 – R$ 2.903.116,92 (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 1358DF CARF MF Processo nº 11610.007680/200381 Acórdão n.º 1401002.577 S1C4T1 Fl. 1.350 17 Fl. 1359DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.901199/2009-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2010
MERA ALEGAÇÃO DE ERRO MATERIAL. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ERRO.
A alegação de que houve erro material no preenchimento da DCTF, mesmo que posteriormente retificada, e que determinado débito de IRRF teria sido pago a maior, não é suficiente para assegurar que tenha sido, de fato, maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, de modo a justificar a existência de direito creditório. É imprescindível a apresentação de prova cabal e inconteste do alegado erro material.
Numero da decisão: 2201-004.441
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2010 MERA ALEGAÇÃO DE ERRO MATERIAL. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A alegação de que houve erro material no preenchimento da DCTF, mesmo que posteriormente retificada, e que determinado débito de IRRF teria sido pago a maior, não é suficiente para assegurar que tenha sido, de fato, maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, de modo a justificar a existência de direito creditório. É imprescindível a apresentação de prova cabal e inconteste do alegado erro material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 11 99 /2 00 9- 99 Fl. 148DF CARF MF Processo nº 16327.901199/200999 Acórdão n.º 2201004.441 S2C2T1 Fl. 149 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1632.307 8a Turma da DRJ/SP1, o qual julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada em face da não homologação da DCOMP nº 39450.04544.130706.1.3.044180, protocolizada em 25/02/2009. A manifestação de inconformidade (fls. 01 a 03), em face do Despacho Decisório eletrônico n° (de Rastreamento) 821097085 (fl. 04), de 18/02/2009, no qual a autoridade não homologou, por inexistência de direito creditório, a compensação declarada na DCOMP. Na Fundamentação da decisão, a autoridade informa que, consoante os sistemas de controle da RFB, o valor recolhido em DARF, em 05/07/2006, de R$ 3.948.666,58, código de receita 5706, relativo ao período de apuração de 30/06/2006, declarado na DCOMP como indevido ou a maior, teria sido integralmente utilizado na quitação de débito do interessado (mesmo tributo, valor e período de apuração mencionados), não restando, assim, crédito disponível para compensação. Em conseqüência, apurou valor devedor consolidado para pagamento até 27/02/2009, referente ao débito indevidamente compensado mediante a referida DCOMP, de R$ 374.839,59, de principal, R$ 114.476,91, de juros, e de R$ 74.967,91, de multa. Cientificado da decisão, em 25/02/2009 (fl.26), o interessado apresentou manifestação de inconformidade, em 25/02/2009 (fl. 01), oferecendo, em síntese, as seguintes informações e razões: i) o direito creditório invocado, de R$ 374.839,59, seria líquido e certo porque decorreria do pagamento a maior de “IRRF – Juros sobre o Capital Próprio”, código 5706, de R$ 3.948.666,58, efetuado em 05/07/2006, referente ao período de apuração do 3º decênio de 06/2006, (fl. 05), em lugar do valor correto, de R$ 3.573.826,99 (R$ 374.839,59 = R$ 3.948.666,58 R$ 3.573.826,99); ii) declarado, equivocadamente, o débito de R$ R$ 30.753,61 na DCTF de 11/2005 (fl. 49), esta teria sido retificada em 19/10/2010 (fl. 52) para conter o valor correto (fl. 55); iii) considerando seu direito à compensação assegurado pelo artigo 74 da Lei n° 9.430/96 e pelos artigos 165 e 170 do CTN, requer seja revisto o Despacho Decisório, homologandose a compensação declarada, e também seja anulada a multa aplicada no importe de R$ 2.029,37. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 16327.901199/200999 Acórdão n.º 2201004.441 S2C2T1 Fl. 150 3 Foi prolatado o Acórdão nº 1632.307 8a Turma da DRJ/SP1 (fls. 62/67), que julgou manifestação de inconformidade improcedente, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 05/07/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CRÉDITO DE PAGAMENTO ALEGADAMENTE A MAIOR. ERRO DE PREENCHIMENTO DA DCTF. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO POR FALTA DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A mera alegação de que determinado débito de IRRF teria sido pago a maior, como também declarado a maior em DCTF, mesmo posteriormente retificada, não é suficiente para assegurar que tenha sido, de fato, maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, de modo a justificar a existência de direito creditório. É imprescindível a apresentação de documentos, registros e demonstrativos que evidenciem, de forma cabal, a efetiva ocorrência de erro na apuração que ensejou o pagamento e o preenchimento da DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Em face dessa decisão, cuja ciência se deu em 14/07/2011 (fl.70) e o recurso voluntário foi protocolado tempestivamente em 15/08/2011 (fls. 71/83), tendo apresentado as razões recursais, a seguir sintetizadas: 1) A tempestividade do recurso voluntário; 2) Que o presente recurso seja recebido com efeito suspensivo. O art. 151, III, do CTN prevê que as reclamações e recursos suspendem a exigibilidade do crédito tributário; 3) No caso concreto, o recorrente efetuou recolhimentos a maior de IRRF e, posteriormente, apresentou a declaração por meio da DCTF. 4) Ocorre que, nos referidos atos ocorreu erro material, o que resultou em recolhimento indevido, surgindo o direito da recorrente à restituição do valor recolhido a maior. 5) A não homologação do crédito compensado inaugura uma nova fase procedimental, representada pelo lançamento do crédito não homologado, consistindo em ato privativo da autoridade administrativa, com base no art. 142 do CTN, cabendo à autoridade administrativa apurar que o valor recolhido foi indevido. 6) Aduz que a postura adotada pela autoridade administrativa viola os princípios da publicidade, motivação e vinculação. Deve, também, prevalecer o princípio da verdade material, por ser dever do ente tributante demonstrar de maneira inequívoca a ocorrência do fato gerador. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 16327.901199/200999 Acórdão n.º 2201004.441 S2C2T1 Fl. 151 4 7) Os fundamentos apresentados demonstram a improcedência do lançamento decorrente da não homologação da compensação tributária, especialmente porque o ora recorrente apresentou manifestação de inconformidade e demonstrou a ocorrência de recolhimento indevido, que inclusive constou em DCTF retificadora. Por fim, requer seja provido o recurso voluntário para que seja anulado o acórdão recorrido. É relatório. Voto Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Considerações iniciais Suspensão da exigibilidade do crédito tributário Requer o recorrente que o voluntário seja recebido com efeito suspensivo, para sustar quaisquer atos de cobrança. O tema não comporta maiores digressões, uma vez que não há interesse processual nesse aspecto do apelo, sendo certo que não há atos de cobrança em andamento e a suspensão da exigibilidade do crédito é decorrente do protocolo de reclamações e recursos, nos termos do art, 151, III, do CTN, dispositivo legal mencionado no próprio recurso voluntário. Destarte, não há controvérsia a ser dirimida quanto a este aspecto. No mérito Sustenta o recorrente que houve erro material no preenchimento da DCTF, a qual foi posteriormente retificada, fato que o fez recolher valor maior do que o devido. Com base no crédito que entendeu fazer jus, apresentou a DCOMP em referência objetivando quitar outros débitos tributários. Em face da não homologação de sua Declaração de Compensação, entende que se inaugura uma nova fase, que seria o lançamento do crédito tributário do valor não homologado, cabendo à autoridade administrativa observar os ditames traçados pelo art. 142 do CTN. Verificase, pois, que o recorrente, além de não demonstrar em que consistiu o erro material alegado, ainda tenta alterar a distribuição do ônus probatório, transferindo ao Fisco a obrigação que lhe cabia de demonstrar cabalmente que o valor não homologado Fl. 151DF CARF MF Processo nº 16327.901199/200999 Acórdão n.º 2201004.441 S2C2T1 Fl. 152 5 efetivamente decorreu de um erro, e de teria crédito passível de ser compensado através de DCOMP. Vejamos o que preceitua a Lei 13.105/2015 (Código de Processo Civil): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Essa Turma julgadora já teve a oportunidade de se debruçar acerca do tema em caso análogo ao dos autos, em sessão realizada no dia 07/03/2018, no julgamento do processo nº 10880.920504/200980, da lavra do nobre Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, a quem peço vênia para transcrever excertos do seu voto proferido naquela ocasião, utilizandoos como minha razão de decidir, pelo brilhantismo e capacidade de elucidação da matéria submetida a julgamento: “(...) Como é de elementar sabença, no exercício de seu mister, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais promove a verificação da legalidade dos atos administrativos produzidos no curso do procedimento fiscal e do julgamento em primeira instância, cotejando os fatos identificados e os efetivamente ocorridos com a legislação tributária correspondente. No caso ora sob análise, temos que o contribuinte, utilizando de indébito tributário decorrente de pagamento a maior ou indevido, extinguiu débitos de sua responsabilidade, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 5° O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Dentro do lapso temporal legal, a Autoridade Administrativa emitiu o Despacho Decisório, por identificar que o pagamento que lastreava o crédito utilizado na compensação estaria Fl. 152DF CARF MF Processo nº 16327.901199/200999 Acórdão n.º 2201004.441 S2C2T1 Fl. 153 6 integralmente comprometido com a liquidação de débito confessado pelo contribuinte em DCTF. Por sua vez, o recorrente reconhece que houve erro nas informações prestadas na DCTF ativa na data análise da DCOMP, tendo apresentado a impugnação alegando que estaria levantando internamente toda a documentação probante do seu direito creditório e providenciando a retificação da DCTF. A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. Assim, não merece prosperar a alegação da defesa sobre a suposta incapacidade dos sistemas da RFB em cruzar informações. Ora, o sistema foi preciso em suas verificações e as alegações recursais sobre o erro no preenchimento da DCTF apenas corroboram a excelência do trabalho efetuado pelos sistemas da RFB. Afinal, nem mesmo o contribuinte havia apurado a efetiva existência do seu direito creditório quando da apresentação da DCOMP ou da impugnação. Menos procedente ainda é a argumentação recursal de que o contribuinte deveria ter sido instado a apresentar explicações à Fazenda Nacional. Se assim fosse, em particular nestes casos mais simples, do que teria adiantado a construção de um sistema eletrônico para tratamento de demandas dessa natureza, já que um simples cotejo de informações declaradas daria lugar a um lento e manual procedimento fiscal? Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Veja o que preceitua a Lei 13.105/2015 (Código de Processo Civil): Art. 373. O ônus da prova incumbe: Fl. 153DF CARF MF Processo nº 16327.901199/200999 Acórdão n.º 2201004.441 S2C2T1 Fl. 154 7 I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Assim, caso a retificação tivesse ocorrido antes do procedimento de homologação, decerto que caberia ao Fisco buscar elementos que apontassem eventual impropriedade na alteração para menor do débito anteriormente declarado. Contudo, efetuada a retificação em momento posterior àquele em que o Fisco exerce com precisão o seu direito, passa ser do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. Ocorre que o contribuinte limitase a contestar a Decisão recorrida afirmando a ocorrência de mero erro de informação e que estaria providenciando o levantamento do seu crédito e a retificação da DCTF. Ora, não merece prosperar tais conclusões. Não foi trazida aos autos nenhuma documentação que tenha sido produzida em tal levantamento e que pudesse lastrear a alegação de erro. Por outro lado, a DCTF retificadora, ainda que não haja impedimento para que seja apresentada após a não homologação de uma compensação, por si só não se constituiu em elemento capaz de confirmar a correção dos dados nela inseridos. As manifestações doutrinárias e os precedentes administrativos colacionados no recurso não vinculam a presente análise, sendo certo que tantas outras decisões em sentido oposto poderiam ser citadas, com se verifica no Acórdão n° 3201001.713 da 2a Câmara/1a Turma Ordinária: DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Notase que, mesmo sabendo da necessidade de apresentação de elementos probatórios, do mesmo modo agiu o recorrente ao apresentar seu recurso voluntário, lastreando o suposto direito ao crédito unicamente no erro que teria levado à retificação da DCTF levada a termo após o Despacho Decisório de não homologação, quando já decorridos quase 5 anos do fato gerador que pretende ver alterado. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 16327.901199/200999 Acórdão n.º 2201004.441 S2C2T1 Fl. 155 8 É inegável que, comprovada a ocorrência de erro que justifique a alteração de ato administrativo que tenha constituído crédito tributário em razão de infração à legislação tributária, ou mesmo negado direito pleiteado pelo contribuinte, pode a Administração, diante do seu dever de auto tutela, reconhecer efeitos de ofício. Contudo, não há nos autos nenhuma evidência da ocorrência de tal erro, que se mostra presente apenas nas alegações do recorrente. Assim, não tendo sido apresentado pelo recorrente elementos que justificassem a conversão do julgamento em diligência ou que comprovassem os supostos erros de fato que levaram à retificação da DCTF em momento posterior à Decisão administrativa, correta a decisão recorrida ao negar a conversão do julgamento em diligência e ao entender improcedente a manifestação de inconformidade (...)”. Por derradeiro, temos que não merece prosperar o inconformismo recursal ao alegar ofensa aos Princípios da Publicidade, da Motivação, da Vinculação e da Verdade Material. Todo o procedimento fiscal, inaugurado com a apresentação da DCOMP e o Despacho Decisório, bem como o processo administrativo fiscal, iniciado com o protocoloco da manifestação de inconformidade, até o julgamento do presente recurso voluntário estão estritamente balizados pela legislação que rege a matéria, não havendo que se falar em violação a qualquer norma ou princípio normativo. O recurso voluntário, podemos concluir, trouxe alegações genéricas e evasivas desacompanhadas do indispensável e necessário arrimo probatório. Assim o fez em relação ao ponto nodal da controvérsia, que seria o alegado erro material no preenchimento da DCTF, em que não se teceu nenhuma consideração relacionada às circunstâncias em que se deu esse erro, nem muito menos foi colacionado documentação comprobatória do alegado. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Fl. 155DF CARF MF
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Numero do processo: 15987.000231/2009-81
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
RECURSO ESPECIAL. DISSENSO JURISPRUDENCIAL. DEMONSTRAÇÃO. REQUISITO. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INADMISSIBILIDADE.
A demonstração do dissenso jurisprudencial é condição sine qua non para admissão do recurso especial. Para tanto, essencial que as decisões comparadas tenham identidade entre si. Se não há similitude fática entre o acórdão recorrido e os acórdãos paradigma, impossível reconhecer divergência na interpretação da legislação tributária.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE APURAÇÃO. PRODUTO ADQUIRIDO DE COOPERATIVA. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES. VEDAÇÃO DE CRÉDITO. INAPLICABILIDADE.
A pessoa jurídica que adquire produtos de cooperativas tem direito a apropriar-se do crédito correspondente, desde que observadas as demais condições e requisitos legais.
As reduções da base de cálculo sobre a qual incidem as Contribuições devidas pelas cooperativas não atrai a vedação de apropriação de créditos prevista para os casos em que são adquiridos produtos não sujeitos ao pagamento dessas Contribuições. Parecer Cosit nº 65/2014.
Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-006.695
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer em parte do Recurso Especial. Não foi conhecida a matéria identificada como "direito de crédito integral do tributo quando comprovada a efetiva realização da operação que lhe deu causa", vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Érika Costa Camargos Autran, que conheceram do recurso integralmente. No mérito, na parte conhecida, por unanimidade de votos, acordam em dar-lhe provimento parcial, para reconhecer o direito de crédito nas aquisições realizadas às cooperativas, mas somente para os produtos por elas vendidos sem a suspensão da incidência das Contribuições.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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DIREITO DE CRÉDITO. AQUISIÇÕES DE COOPERATIVAS. Recorrente OUTSPAN BRASIL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 RECURSO ESPECIAL. DISSENSO JURISPRUDENCIAL. DEMONSTRAÇÃO. REQUISITO. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INADMISSIBILIDADE. A demonstração do dissenso jurisprudencial é condição sine qua non para admissão do recurso especial. Para tanto, essencial que as decisões comparadas tenham identidade entre si. Se não há similitude fática entre o acórdão recorrido e os acórdãos paradigma, impossível reconhecer divergência na interpretação da legislação tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE APURAÇÃO. PRODUTO ADQUIRIDO DE COOPERATIVA. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES. VEDAÇÃO DE CRÉDITO. INAPLICABILIDADE. A pessoa jurídica que adquire produtos de cooperativas tem direito a apropriarse do crédito correspondente, desde que observadas as demais condições e requisitos legais. As reduções da base de cálculo sobre a qual incidem as Contribuições devidas pelas cooperativas não atrai a vedação de apropriação de créditos prevista para os casos em que são adquiridos produtos não sujeitos ao pagamento dessas Contribuições. Parecer Cosit nº 65/2014. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 7. 00 02 31 /2 00 9- 81 Fl. 1657DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer em parte do Recurso Especial. Não foi conhecida a matéria identificada como "direito de crédito integral do tributo quando comprovada a efetiva realização da operação que lhe deu causa", vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Érika Costa Camargos Autran, que conheceram do recurso integralmente. No mérito, na parte conhecida, por unanimidade de votos, acordam em darlhe provimento parcial, para reconhecer o direito de crédito nas aquisições realizadas às cooperativas, mas somente para os produtos por elas vendidos sem a suspensão da incidência das Contribuições. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte contra decisão tomada no Acórdão nº 3403002.979, de 27 de maio de 2014, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. NOTAS FISCAIS SEM CAUSA. GLOSA. Aquisições de mercadorias amparadas por notas fiscais emitidas por “noteiros”, pessoas jurídicas inexistentes de fato, precipuamente constituídas para esse fim, não dão direito a crédito. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. COMPRAS NÃO ONERADAS. VEDAÇÃO LEGAL. A aquisição de bens ou serviços não onerados pela contribuição não dá direito a crédito. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO. INCIDÊNCIA DE JUROS. VEDAÇÃO LEGAL. O aproveitamento de créditos não enseja atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores por expressa vedação legal Fl. 1658DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 4 3 Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido A divergência suscitada no recurso especial referese (i) à nulidade da decisão recorrida pelo não suprimento de omissão apontada em sede de embargos declaratórios, (ii) ao direito de crédito integral do tributo quando comprovada a efetiva realização da operação que lhe deu causa; (iii) ao direito de crédito nas aquisições realizadas junto a cooperativas, mesmo quando elas utilizam as reduções a que tem direito a posteriori e (iv) ao reconhecimento de inexistência de suspensão da incidência das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins na atividade de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café. O recurso especial foi admitido em parte, conforme despacho de admissibilidade do Presidente da Quarta Câmara da Terceira Seção do CARF. Contrarrazões da Fazenda Nacional foram apresentadas requerendo que não se admita o recurso e, no mérito, que lhe seja negado provimento. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.692, de 15/05/2018, proferido no julgamento do processo 10845.720753/200901, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.692): "Conhecimento do Recurso Especial O recurso especial do contribuinte foi admitido apenas em relação (i) ao direito de crédito integral do tributo quando comprovada a efetiva realização da operação que lhe deu causa; (ii) ao direito de crédito nas aquisições realizadas junto a cooperativas, mesmo quando elas utilizam as reduções a que tem direito a posteriori e (iii) ao reconhecimento de inexistência de suspensão da incidência das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins na atividade de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café. A Fazenda Nacional, em sede de contrarrazões, esforçase em demonstrar que a recorrente não logrou êxito em comprovar a divergência jurisprudencial em relação ao direito de crédito integral do tributo quando comprovada a efetiva realização da operação que lhe deu causa. Colho do recurso especial o excerto que bem retrata a linha de raciocínio defendida pela recorrente. Fl. 1659DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 5 4 Efetuandose o devido cotejo analítico temse que, enquanto o v. acórdão recorrido entende que deve ser mantida a glosa independentemente da comprovação da efetiva realização e pagamento da operação, o primeiro acórdão paradigma, em sentido oposto, assevera que a inidoneidade do fornecedor não afasta o direito de crédito do adquirente se demonstrado a ocorrência das operações e pagamento das transações. Em momento anterior, a recorrente contesta o entendimento defendido pelo i. Relator do acórdão recorrido. Nesse sentido, nos parece incorreto o voto do Ilustre Relator, dado que ignora a jurisprudência do tribunais, inclusive administrativo, e segue no sentido de que independe (sic) a boafé do adquirente (p. i do acórdão): "A propósito da prolatada boa fé da recorrente, digase liminar e definitivamente que, em face da objetividade das infrações tributárias, é desnecessário perquirir a intenção do agente". É curioso observar que a transcrição acima suprime boa parte do conteúdo do parágrafo da qual foi extraída. A parte suprimida deixa claro em seu preâmbulo, que é justamente o fragmento reproduzido no recurso, não é mais do que um comentário obter dictum, pois o fundamento da decisão é outro, em sentido contrário. Observese a íntegra do parágrafo. A propósito da propalada boa fé da recorrente, digase liminar e definitivamente que, em face da objetividade das infrações tributárias, é desnecessário perquirir a intenção do agente. Dito de outra forma, a despeito do amplo conjunto probatório formado nos autos do processo 15983.720078/201247, reproduzido, em parte, na decisão recorrida, que evidencia que Outspan, não só sabia, como participava ativamente do esquema fraudulento2, é irrelevante para o deslinde do presente litígio saber se a recorrente estava envolvida ou não no esquema revelado pelas sobreditas operações. Para tanto, basta que se ateste, no curso deste processo administrativo, que as notas fiscais que ampararam a tomada de crédito são idôneas para esse fim ou não. (grifos meus) E outras considerações presentes no voto condutor da decisão recorrida. A propósito, esta Turma Recursal já analisou a simulação perpetrada por JC Bins Cafeeira Colatina Ltda., MC da Silva Brasil Blend, Do Grão, L&L, Café Brasile, Giubert Café, Reicafé, WG de Azevedo, Ypiranga, entre outras pessoas jurídicas, por ocasião do recurso voluntário interposto nos autos do processo 10783.724858/201118. Na oportunidade, o Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, no voto condutor do Acórdão nº 3403002.635, de 24 de novembro de 2013, entendeu restar escancarado que ao menos duas dessas pessoa jurídicas (JC Bins e MC da Silva) eram laranjas , cuja própria constituição seria simulada. Quanto às demais, embora não houvesse indício de vício de vontade na sua constituição, a simulação residiria apenas nos próprios contratos de compra e venda que celebravam. As empresas prestavamse ao serviço de troca de notas: recebiam a nota fiscal de produtor, e emitiam nota fiscal de venda à recorrente. O Conselheiro Marcos ainda sublinha que essas empresas... “...nada compravam, nada vendiam, não tinham estrutura pessoal, operacional e física nenhuma para operar no Fl. 1660DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 6 5 “comércio atacadista de café”; não tinham estoque, armazéns, funcionários. Nada.” (...) A propósito desse argumento, retomo aqui as pertinentes observações do Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, quando analisouo em caso que envolvia os mesmos fornecedores: “Há um abismo de diferença entre a situação destes autos e a do precedente jurisprudencial mencionado. O que disse o STJ é que o contribuinte não pode ser prejudicado pela eventual e desconhecida inidoneidade de terceiro com quem contrata de boafé. A leitura do julgado revela que o tribunal condiciona o aproveitamento do crédito à demonstração de que a compra e venda efetivamente se realizou, justamente para alhear de seus comandos a hipótese de simulação. Aqui, as aquisições junto às empresas JC Bins e MC Silva não se amoldam à hipótese julgada já porque não se trata de negócio com terceiros, como se viu. E as demais aquisições tampouco, agora porque não houve entre as partes compra e venda efetiva. O REsp nº 1.148.444, enfim, consolida entendimento diametralmente contrário ao que favoreceria a recorrente. Há alguma dúvida de que o Colegiado recorrido, pelo menos na pessoa daqueles que não foram vencidos, entendeu que a recorrente estava envolvida nas operações fraudulentas de venda de notas fiscais e, por conseguinte, não se lhe aplicava a presunção de boafé consolidada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e resguardada pela própria legislação tributária? No comentário transcrito no recurso, o então Relator do processo apenas registrou que, se a situação fosse outra, tomaria decisão idêntica. Mas a situação que o Colegiado enxergou e sobre a qual decidiu, por óbvio, não era outra e sim aquela narrada nos autos. Sua comparação com os fatos noticiados no paradigma demonstra absoluta ausência de identidade fática, se não vejamos. Excerto obtido do acórdão paradigma nº 3802002.382. Ao indeferir o pedido de ressarcimento assentado nessa fundamentação, a decisão recorrida não demanda qualquer reparo, porque, segundo ensina Paulo de Barros Carvalho, não há incompatibilidade entre o princípio constitucional da não cumulatividade e a exigência, para fins de aproveitamento do crédito, de documento hábil e de prova da efetiva ocorrência das operações documentadas: É, portanto, requisito para o aproveitamento do crédito que esteja ele vertido em documento hábil para certificar a ocorrência do fato que dá ensejo à apuração do crédito. [...] Cabe destacar, nesta exigência [3], a necessidade dos documentos atenderem ao que dispõe a legislação, no tocante à sua confecção, tipo, série e demais peculiaridades. Aquilo que se impõe, no caso, é Fl. 1661DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 7 6 o dever de o contribuinte conferir os documentos que acompanham os bens adquiridos, buscando identificar se atendem ou não ao que estabelecem os dispositivos legais que tratam da matéria. Nada mais. O derradeiro requisito, também percebido na já mencionada legislação, diz respeito à efetiva ocorrência das operações documentadas, o que já foi previamente lembrado letras acima. Ou, por outras palavras, o que estiver registrado – em documento fiscal – deve refletir a efetiva realização do negócio jurídico, com ingresso, real ou simbólico, da mercadoria no estabelecimento adquirente e o respectivo pagamento. Tais providências, quando tomadas em conjunto, evidenciam a boa fé do contribuinte, eximindo de eventuais responsabilidades caso seja posteriormente verificada a prática de ilícitos por terceiros [4] (grifos acrescidos) De fato, não há uma só palavra em todo o acórdão paradigma que faça menção à participação da autuada no esquema de compra de notas fiscais. Assim, uma vez que tenha comprovado o efetivo pagamento e recebimento das mercadorias, o Colegiado eximiua da responsabilidade pelas irregularidades praticadas por terceiros. Com efeito, como já disse, esse excludente de responsabilidade está previsto na própria legislação tributária. Lei 9.430/96 Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. As circunstâncias fáticas do paradigma não coincidem com as que são identificadas nos autos. Aqui, considerouse que a empresa fazia parte e atuava no esquema ilícito de compra e venda de notas fiscais que simulavam operações realizadas por pessoas jurídicas, lá, entendeuse que a empresa tinha agido de boafé. Assim, nessa parte o recurso especial do contribuinte não deve ser conhecido. Isto posto, uma vez que os demais requisitos de admissibilidade foram observados, passo ao exame de mérito dos assuntos remanescentes. Fl. 1662DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 8 7 Mérito 1 Direito de crédito nas aquisições realizadas junto a cooperativas A decisão de segunda instância negou o direito de crédito à recorrente para os produtos adquiridos junto às cooperativas tendo em vista essas mercadorias não estarem sujeitas ao pagamento das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins por parte do vendedor, por força da redução da base de cálculo prevista em lei. Observemse os fundamentos do voto (e folha 1.133 e 1.134). A afirmação recursal de que o café é um bem sujeito à incidência do PIS é uma impropriedade. As contribuições sociais não incidem sobre o valor dos bens, mas sobre o faturamento, entendido como tal o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica. A contrario sensu, não incidem sobre receita não auferida. É o caso do produto das vendas de café adquirido aos cooperados, que é a eles repassado e, consequentemente, excluído da base de cálculo da contribuição apurada pela cooperativa. Ora, nessas condições, o preço de venda do café não foi onerado pela exação, razão pela qual não enseja direito a crédito da contribuição. Tomar crédito sem ter pagado a contribuição, em franco enriquecimento ilícito, as evidências do processo demonstram, muito agradaria ao recorrente, mas é repudiado por todo o ordenamento jurídico pátrio. Há, contudo, Solução de Consulta editada pela Secretaria da Receita Federal tratando do tema. Para maior clareza, transcrevo excerto dela extraídos. Solução de Consulta Cosit nº 65/2014 A dúvida principal da consulente é saber se a aquisição de produtos junto a cooperativas impede o aproveitamento de créditos no regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. (...) As receitas das coopertativas, regra geral, estão sujeitas ao pagamento das contribuições. As exclusões da base de cálculo às quais as cooperativas têm direito não se confundem com não incidência, isenção, suspensão ou redução de alíquota a 0 (zero) nas suas vendas, o que impediria o aproveitamento de crédito por parte dos compradores de seus produtos. As sociedades cooperativas, além da incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre o faturamento, também apuram a Contribuição para o PIS/Pasep com base na folha de salários relativamente às operações referidas na MP nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, art. 15, I a V. (...) Sabendose que, regra geral, não há impedimento ao aproveitamento de créditos nas aquisições de produtos junto a cooperativas, não há mais questão de interpretação da legislação tributária a ser resolvida. Basta aplicar literalmente a legislação referente à situação descrita na consulta, sendo vedada a apuração de créditos em relação às aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições. Até o anocalendário de 2011, enquanto vigiam para o café os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925, de 2004, os exportadores de café não podiam descontar créditos em relação às aquisições do produto com as suspensões previstas nos incisos I e III do art. 9º. Também não havia direito à apuração de créditos nas aquisições do produto com o fim Fl. 1663DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 9 8 específico de exportação, nos termos do art. 6º, § 4º, e 15, III, da Lei nº 10.833, de 2003, combinado com o art. 39, § 2º, da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Por outro lado, havia direito ao creditamento nas aquisições de café já submetido ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, tendo em vista que sobre a receita de venda do café submetido a esta operação não se aplicava a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (art. 9º, § 1º, II, da Lei nº 10.925, de 2004). A partir do anocalendário 2012 não há mais direito ao desconto de créditos do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10833, de 2003, em relação às aquisições de café, tendo em vista a suspensão prevista no art. 4º da Lei nº 12.599, de 2012, e, a partir de 10 de julho de 2013, a redução de alíquota a 0 (zero) prevista no art. 1º, inciso XXI, da Lei nº 10.925, de 2004 (dispositivo incluído pela Lei nº 12.839, de 9 de julho de 2013). Ressalvese as hipóteses de crédito presumido previstas nos arts. 5º e 6º da Lei nº 12.599, de 2012. Ou seja, na situação específica, a empresa tem o direito de apurar créditos nas compras realizadas às cooperativas, desde que a saída do produto da cooperativa não tenha ocorrido com suspensão do pagamento das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins. Quanto a isso, percebese da leitura do acórdão recorrido que foram identificadas diferentes tipos de operações. No curso do procedimento fiscal, verificouse que, entre os fornecedores da Outspan, figuravam diversas sociedades cooperativas de produtores rurais. Intimadas a respeito da natureza de suas operações e dos procedimentos adotados na apuração das contribuições, especificamente com relação às operações que deram origem aos créditos pleiteados pelo recorrente, inclusive a esclarecer se exerceram cumulativamente as atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial6, apurouse que (fls. 19927 e seguintes do processo administrativo apensado nº 15983.720078/201247) algumas cooperativas revenderam produtos adquiridos de cooperados e valeramse da faculdade de excluir da base de cálculo os valores a eles repassados, ao amparo do inc. I do art. 15 da MP nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Outras informaram que venderam toda a sua produção com “suspensão do PIS e COFINS”. Nestes dois casos,não se admitiu o creditamento. Um terceiro grupo de cooperativas informou que pequena parte pequena de suas vendas provinha de mercadorias adquiridas a não cooperados, mas que, nada obstante, excluíam da base de cálculo os repasses efetuados a seus cooperados, caso em que a Fiscalização admitiu a tomada de crédito segundo um rateio de receitas, apurado a partir da análise do DACON respectivo, consolidação no demonstrativo “Análise das Cooperativas” com o percentual dos valores aproveitáveis de diversas cooperativas fornecedoras da Outspan (fls. 20015/20016 do processo administrativo apensado nº 15983.720078/201247). Com base em todo o exposto, deve ser admitido o direito à apropriação de créditos nas aquisições de cooperativas de produtos que não deram saída com suspensão do pagamento das Contribuições. Fl. 1664DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 10 9 2 Inexistência de suspensão da incidência das Contribuições Essa matéria foi tangenciada no tópico anterior uma vez que a Fiscalização Federal, como se viu dos excertos transcritos acima, tratou em conjunto as vendas com suspensão e as vendas com redução da base de cálculo. Cuidase, agora, especificamente das vendas com suspensão. As alegações da recorrente são no sentido de que não houve vendas com suspensão do pagamento das Contribuições, como a seguir se lê. Como o destaque da suspensão consiste em erro das fornecedoras ante a atividade agroindustrial evidenciado nas notas, há que se fazer o crédito integral, e eventualmente fiscalizar tais fornecedores. Diferentemente do que se possa imaginar, o café cru, ou o café verde, que são largamente adquiridos pela Recorrente e objeto destas indigitadas notas fiscais, não é o mesmo que café in natura. O café cru em grão, ou verde, certamente foram submetidos à atividade agroindustrial, por passar por padronização, beneficiamento, mistura etc. Ele não é o café moído ou torrado, mas está longe de ser um café in natura, que a Recorrente não adquiriu e que jamais teria a suspensão informada por alguns fornecedores. A sistemática de tributação do café é deveras complexa. À época, o § 6º do art. 8º da Lei 10.925/04 identificava operações com determinados produtos que, nos termos do § 1º1 do art. 9º, não poderiam sair com suspensão da incidência das Contribuições. § 6o Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial Por seu turno, o inciso I, do § 1º do art. 8º do mesmo diploma legal especificava operações com determinados produtos que davam direito ao crédito presumido por serem vendidos com suspensão das Contribuições. cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM. Não é de estranhar que o vendedor que exercesse cumulativamente algumas das atividades acima entendesse que se enquadrava na hipótese do inciso I do § 1º do art. 8º e, assim, vendesse seus produtos com suspensão. 1 § 1o O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do art. 8o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 1665DF CARF MF Processo nº 15987.000231/200981 Acórdão n.º 9303006.695 CSRFT3 Fl. 11 10 De toda sorte, cabia à Recorrente requerer a correção das informações contidas nas notas fiscais de compra dos produtos que adquirira, ex vi art. 62 da Lei 4.502/64. Das Obrigações dos Adquirentes e Depositários Art . 62. Os fabricantes, comerciantes e depositários que receberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprêgo ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se êles se acham devidamente rotulados ou marcados ou, ainda, selados se estiverem sujeitos ao sêlo de contrôle, bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se êstes satisfazem a tôdas as prescrições legais e regulamentares. (grifos acrescidos) § 1º Verificada qualquer falta, os interessados, a fim de se eximirem de responsabilidade, darão conhecimento à repartição competente, dentro de oito dias do recebimento do produto, ou antes do início do consumo ou da venda, se êste se der em prazo menor, avisando, ainda, na mesma ocasião o fato ao remetente da mercadoria. § 2º Se a falta consistir na inexistência da documentação comprobatória da procedência do produto, relativamente à identificação do remetente (nome e enderêço), o destinatário não poderá recebêlo, sob pena de ficar responsável pelo impôsto e sanções cabíveis. Nestes termos, com fundamento em tudo o que foi exposto até o presente momento, voto pelo não conhecimento do recurso especial do contribuinte em relação à matéria identificada como "direito de crédito integral do tributo quando comprovada a efetiva realização da operação que lhe deu causa" e, no mérito, por dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer o direito de crédito nas aquisições realizadas às cooperativas, mas somente para os produtos por elas vendidos sem a suspensão da incidência das Contribuições." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido em parte e, no mérito, o colegiado deulhe parcial provimento, para reconhecer o direito de crédito nas aquisições realizadas às cooperativas, mas somente para os produtos por elas vendidos sem a suspensão da incidência das Contribuições. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 1666DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13607.720130/2014-99
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2012
SIMPLES NACIONAL. ATIVIDADE VEDADA INCLUÍDA NO OBJETO SOCIAL. EXCLUSÃO AUTOMÁTICA. CABIMENTO
A empresa será excluída automaticamente do Simples Nacional caso haja a inclusão de atividade econômica, cujo CNAE conste dentre aqueles relacionados no Anexo VI da Resolução CGSN nº 94/2011, como impeditivo de permanência no regime simplificado, ainda que se trate de atividade secundária ou não a tenha exercida.
CNAE INCORRETO. ALEGAÇÃO DE ERRO DE FATO. ÔNUS DA PROVA.
Somente pode ser cancelado o ato de exclusão do Simples Nacional, baseado em código CNAE indicado em alteração cadastral praticada pela interessada, caso a manifestante apresente provas documentais entendidas como suficientes para que se conclua pelo não exercício da atividade vedada, constante da alteração contratual apresentada pela litigante.
Numero da decisão: 1001-000.434
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2012 SIMPLES NACIONAL. ATIVIDADE VEDADA INCLUÍDA NO OBJETO SOCIAL. EXCLUSÃO AUTOMÁTICA. CABIMENTO A empresa será excluída automaticamente do Simples Nacional caso haja a inclusão de atividade econômica, cujo CNAE conste dentre aqueles relacionados no Anexo VI da Resolução CGSN nº 94/2011, como impeditivo de permanência no regime simplificado, ainda que se trate de atividade secundária ou não a tenha exercida. CNAE INCORRETO. ALEGAÇÃO DE ERRO DE FATO. ÔNUS DA PROVA. Somente pode ser cancelado o ato de exclusão do Simples Nacional, baseado em código CNAE indicado em alteração cadastral praticada pela interessada, caso a manifestante apresente provas documentais entendidas como suficientes para que se conclua pelo não exercício da atividade vedada, constante da alteração contratual apresentada pela litigante.
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ATIVIDADE VEDADA INCLUÍDA NO OBJETO SOCIAL. EXCLUSÃO AUTOMÁTICA. CABIMENTO A empresa será excluída automaticamente do Simples Nacional caso haja a inclusão de atividade econômica, cujo CNAE conste dentre aqueles relacionados no Anexo VI da Resolução CGSN nº 94/2011, como impeditivo de permanência no regime simplificado, ainda que se trate de atividade secundária ou não a tenha exercida. CNAE INCORRETO. ALEGAÇÃO DE ERRO DE FATO. ÔNUS DA PROVA. Somente pode ser cancelado o ato de exclusão do Simples Nacional, baseado em código CNAE indicado em alteração cadastral praticada pela interessada, caso a manifestante apresente provas documentais entendidas como suficientes para que se conclua pelo não exercício da atividade vedada, constante da alteração contratual apresentada pela litigante. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 7. 72 01 30 /2 01 4- 99 Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13607.720130/201499 Acórdão n.º 1001000.434 S1C0T1 Fl. 65 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de solicitação de reenquadramento no Simples Nacional, na forma de pedido de reconsideração da exclusão por comunicação obrigatória, interposto pela recorrente em face de decisão proferida pela 5ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Fortaleza (CE), mediante o Acórdão nº 0833.286, de 26/03/2015 (efls. 35/40), objetivando a reforma do referido julgado. Por bem descrever o ocorrido, valhome de parte do relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância, a seguir transcrito:(grifos não constam do original) Tratase de manifestação de inconformidade, fls. 17/21, manejada pela pessoa jurídica interessada com o objetivo de desconstituir sua exclusão do regime tributário simplificado estabelecido pela Lei Complementar nº 123, de 2006, o Simples Nacional, em razão de evento ocorrido em 27/09/2012, com efeitos a partir de 01/10/2012, fl. 10. A exclusão foi motivada por alteração cadastral promovida pela empresa, com a inclusão da CNAE código 6810202 – Aluguel de imóveis próprios, com infringência ao disposto pelo inc. XV do art. 17 da Lei Complementar nº 123, de 2006. Não satisfeita com o que foi deliberado, em 28/02/2014 a interessada apresentou petição, fl. 02, em que assegurou já haver providenciado a regularização das atividades informadas em seu CNPJ, “de forma a adequar a verdadeira atividade explorada com a atividade cadastrada”. A questão foi submetida à apreciação de representante da Unidade Local, que indeferiu a pretensão da requerente sob o argumento da inexistência de previsão legal para sua inclusão retroativa no Simples Nacional, fls. 12/15. Notificada da decisão administrativa, a empresa voltou a manifestarse, alegando que ao selecionar o CNAE de sua atividade principal, que é a locação de máquinas e equipamentos pare escritório, que tem o CNAE 7733100, por equívoco acabou por selecionar o CNAE 6810202 – Aluguel de imóveis próprios. Segundo assegurado, a atividade de locação de imóveis próprios não era e nunca foi a atividade pela manifestante exercida, tendo laborado em evidente erro de fato que não pode preponderar, em detrimento da verdadeira realidade dos fatos. Percebido o erro cometido, afirmou ter requerido a satisfação da falha, medida que foi prontamente acatada pela RFB, restando, então, que este órgão promova sua inclusão retroativa ao Simples Nacional. Em suas próprias palavras: Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13607.720130/201499 Acórdão n.º 1001000.434 S1C0T1 Fl. 66 3 i. a empresa, por erro material, incluiu a atividade de locação de bens imóveis próprios, quando deveria ter sido incluída a atividade de locação de bens móveis, quais seja [sic], máquinas e equipamentos para escritório; ii. diante do equívoco cometido, protocolizou o pedido de inclusão retroativa do Simples Nacional; iii. tal fato pode ser comprovado pela análise do contrato social e alterações, que nunca fizeram menção à atividade de locação de bens imóveis próprios. Como elementos de prova, apresentou cópia de seu CNPJ, emitida em 05/05/2014, e de sua alteração cadastral de número 05 (cinco), fls. 23/26. A DRJ considerou improcedente a manifestação de inconformidade, cujo acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Data do fato gerador: 01/10/2012 CNAE INCORRETO. ALEGAÇÃO DE ERRO DE FATO. ÔNUS DA PROVA. Somente pode ser cancelado o ato de exclusão do Simples Nacional, baseado em código CNAE indicado em alteração cadastral praticada pela interessada, caso a manifestante apresente provas documentais entendidas como suficientes para que se conclua pelo não exercício da atividade vedada, constante da alteração contratual apresentada pela litigante. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio. Ciente pessoalmente da decisão de primeira instância em 29/04/2015, conforme Aviso de Recebimento à efl. 43, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 29/05/2015 (efls. 45/62), conforme carimbo no envelope de postagem à efl. 61, mediante o qual repete todos os argumentos apresentados em sede de primeira instância. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso foi apresentado tempestivamente, mas a questão a ser analisada, primeiramente, é se pode dele conhecer. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13607.720130/201499 Acórdão n.º 1001000.434 S1C0T1 Fl. 67 4 O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. No entanto, tendo em vista que a recorrente não apresentou novas razões de defesa perante a segunda instância, com base no §3º do art. 57 do RICARF e nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999, por concordar com todos os seus termos e conclusões, adoto as razões exaradas pela decisão da DRJ, transcritas a seguir: O cerne da discussão diz respeito ao que deve preponderar, se a informação prestada pelo contribuinte, quando de sua alteração cadastral, ou a realidade por ele alegada, no sentido de nunca haver exercido a atividade equivocadamente informada por ocasião da referida modificação que efetivou em seu cadastro. A princípio, a legislação invocada pela autoridade fiscal mostrase plenamente compatível com a medida adotada pelo contribuinte, senão vejamos: LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 2006 Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte darseá na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o anocalendário. [...] Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das empresas de pequeno porte, darseá: [...] II obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; ou [...] § 1o A exclusão deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal: [...] II na hipótese do inciso II do caput deste artigo, até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que ocorrida a situação de vedação; [...] § 3º A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal do Brasil, equivalerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóteses: [...] II inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Simples Nacional; [...] RESOLUÇÃO COMITÊ GESTOR DO SIMPLES NACIONAL Nº 94, DE 2011 Art. 8º Serão utilizados os códigos de atividades econômicas previstos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) informados pelos contribuintes no CNPJ, para verificar se a ME ou EPP atende aos requisitos pertinentes. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput ) Fl. 67DF CARF MF Processo nº 13607.720130/201499 Acórdão n.º 1001000.434 S1C0T1 Fl. 68 5 § 1º O Anexo VI relaciona os códigos da CNAE impeditivos ao Simples Nacional. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) [sublinhei] À luz das normas apresentadas, a alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal do Brasil, equivalerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional, na hipótese de inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Simples Nacional, sendo utilizados os códigos de atividades econômicas previstos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) informados pelos contribuintes no CNPJ, para verificar se a ME ou EPP atende aos requisitos pertinentes, sendo de se ressaltar, ainda, que o Anexo VI da Resolução CGSN nº 94, de 2006, relaciona os códigos da CNAE impeditivos na sistemática do Simples Nacional. Assim, ao acessar o Cadastro Sincronizado, com o propósito de efetuar a alteração cadastral, indicando o novo CNAE, o contribuinte é informado de que está inserindo uma atividade impeditiva e que caso confirme a alteração será excluído do Simples Nacional. A despeito disso, a requerente concluiu o procedimento, incorrendo, segundo apregoado, em erro de fato, dado que nunca exerceu a atividade de locação de imóveis próprios, trazendo como elemento de prova, quanto ao não exercício da atividade de locação de imóveis, cópia de alteração contratual datada de 16/03/2010, cuja Cláusula Quarta estabelece o seguinte: O objetivo social da sociedade é a prestação de serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; locação de bens móveis em geral; locação de baias para hospedagem de eqüinos; serviços de captação de clientes e fornecedores; serviços de digitação e elaboração de relatórios diversos de processamento de dados; e o comércio varejista de miudezas em geral. Ora, quem exerce a atividade de locação de baias para a hospedagem de equinos geralmente é detentor de um empreendimento chamado de haras que, a partir do que se observa na alteração contratual apresentada, poderia muito bem ter sido utilizado na atividade na alteração contratual consignada, tratandose, portanto, da locação de um bem imóvel, que diz respeito a uma atividade não admitida para os optantes pelo Simples Nacional. (omissis) No caso vertente, de modo a elidir qualquer dúvida quanto ao não exercício da atividade de locação de baias para a hospedagem de equinos, o que representa uma locação de bem imóvel, atividade vedada, repisese, teria o contribuinte de ter apresentado mais elementos de prova a seu favor, visto que a cópia da alteração contratual, em verdade, conspirou no sentido contrário ao que era desejado pela requerente. Com efeito, se na alteração contratual apresentada consta dentre os objetos sociais da empresa a atividade de locação de bem imóvel, dado que um haras evidentemente não pode ser considerado um bem móvel, caberia à litigante instruir os autos com cópias das notas fiscais emitidas no período, de seu plano de contas, dos balancetes de verificação, dos livros Diário, Razão e Caixa, por exemplo. É verdade que a manutenção de escrituração comercial e fiscal não é exigível aos optantes pelo Simples Nacional, o que não impede a empresa de se utilizar da Fl. 68DF CARF MF Processo nº 13607.720130/201499 Acórdão n.º 1001000.434 S1C0T1 Fl. 69 6 contabilidade como instrumento gerencial e até mesmo para atender exigências do órgão de controle da classe dos contadores. Quanto ao ônus da prova, vejamos a legislação pertinente: DECRETO Nº 70.235, DE 1972 PAF Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; [...]LEI Nº 9.784, DE 1998 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. LEI Nº 5.869, DE 1973 CPF Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Nesse compasso, inexistente no processo a demonstração de que a contestante não exerce a atividade constante da alteração contratual apresentada (locação de baias para a hospedagem de equinos, o que corresponde à locação de um bem imóvel), fundamento para a sua exclusão do Simples Nacional, encaminho meu voto para o indeferimento do pleito da interessada. Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário mantendose in totum a decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 69DF CARF MF
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Numero do processo: 13053.000314/2007-13
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
CRÉDITO. FRETE NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA.
Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep e da Cofins sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo.
Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na operação de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo frete na operação de venda, e não frete de venda quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições.
PIS/PASEP E COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. PRODUTOS ACABADOS. DESPESAS DE MOVIMENTAÇÃO PORTUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
O contribuinte paga de maneira global para execução de diversas despesas de movimentação portuária aí incluída a despesa de armazenagem do produto acabado. Como não há a individualização das despesas de armazenagem das demais despesas, não há possibilidade de seu creditamento. Nem são insumos da atividade fabril e nem compreendem como despesas de armazenagem propriamente dita.
Numero da decisão: 9303-006.728
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para admitir as despesas com frete de produtos acabados, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negaram provimento, vencidas também, as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que deram provimento integral.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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CRÉDITO. FRETE. TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS. Recorrente MITA LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CRÉDITO. FRETE NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep e da Cofins sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na “operação” de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo “frete na operação de venda”, e não “frete de venda” quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições. PIS/PASEP E COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. PRODUTOS ACABADOS. DESPESAS DE MOVIMENTAÇÃO PORTUÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O contribuinte paga de maneira global para execução de diversas despesas de movimentação portuária aí incluída a despesa de armazenagem do produto acabado. Como não há a individualização das despesas de armazenagem das demais despesas, não há possibilidade de seu creditamento. Nem são insumos da atividade fabril e nem compreendem como despesas de armazenagem propriamente dita. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 05 3. 00 03 14 /2 00 7- 13 Fl. 1058DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para admitir as despesas com frete de produtos acabados, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe negaram provimento, vencidas também, as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que deram provimento integral. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pelo contribuinte contra o Acórdão nº 3801005.282, de 18/03/2015, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM BENS E SERVIÇOS. INSUMO. DIREITO A CRÉDITO. Gastos com bens e serviços não efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação ou produção de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da Cofins não cumulativa. PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM FRETES. DIREITO A CRÉDITO. OPERAÇÃO DE VENDA. Os fretes nas operações de venda somente dão direito a crédito da contribuição se contratados para a entrega de mercadorias vendidas diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pelo vendedor. PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM ARMAZENAGEM.. DIREITO A CRÉDITO. Os gastos com armazenagem somente dão direito a crédito da contribuição se identificados e comprovados. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO NÃO COMPROVADO DOCUMENTALMENTE. ÔNUS DA PROVA. Fl. 1059DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 4 3 É do contribuinte o ônus de comprovar documentalmente o direito de crédito pleiteado. Recurso Voluntário Negado. O presente processo trata de pedido de ressarcimento de contribuição não cumulativa vinculada à receita de exportação, cujo pedido foi deferido parcialmente pela Unidade de Origem. Pelo que consta dos autos, a empresa produz "cavaco de madeira" e exporta praticamente 100% de sua produção. O objeto do recurso especial é referente à possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nãocumulativas sobre as despesas citadas como fretes e armazenagem. O recurso especial foi admitido mediante despacho de admissibilidade do então Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento. Contrarrazões foram apresentadas pela Fazenda Nacional, solicitando o improvimento do recurso especial. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.718, de 15/05/2018, proferido no julgamento do processo 13053.000053/200731, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade e quanto ao mérito (Acórdão 9303006.718): Da admissibilidade "O recurso especial do contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos formais e materiais para o seu conhecimento." Do mérito (...)1 "Em que pese a excelente tese do Ilustre Relator. Com a devida vênia, divirjo dele na questão relativa ao frete na transferência de produtos acabados. 1 Deixouse de transcrever o voto vencido por não se aplicar à solução do litígio deste processo, uma vez que o entendimento nele expresso resultou vencido. Contudo, sua íntegra consta do acórdão do processo paradigma (9303006.718). Fl. 1060DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 5 4 Em homenagem ao princípio da Colegiabilidade, a matéria referente ao direito de crédito de PIS e COFINS em operações de frete na transferência de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, foi julgado por esta E. Câmara Superior pela sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do artigo 47 do RICARF, sessão de 17 de maio de 2017, acórdão nº 9303005.132, de Relatoria do Ilustre Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, cujo voto acompanhei, de forma que peço vênia para transcrevêlo, o qual utilizo como fundamento para minhas razões de decidir por se tratar de matéria idêntica, que passa a fazer parte integrante do presente voto: "O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.116, de 17/05/2017, proferido no julgamento do processo 11686.000082/200811, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303005.116): "Eis que, pela leitura do acórdão recorrido e do indicado como paradigma, é de se constatar a divergência jurisprudencial, pois, no acórdão recorrido, entendeuse que não há previsão legal para crédito de PIS e Cofins não cumulativos sobre valores de fretes de produtos acabados realizados entre os estabelecimentos da mesma empresa, somente tendo direito de crédito o frete contratado para entrega de mercadorias aos clientes, na venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Enquanto, no acórdão indicado como paradigma, concluiuse que as despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e, ou produtos acabados entre estabelecimentos, pagas e/ou creditadas às pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou de notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos de PIS e Cofins, passiveis de dedução da contribuição devida e/ou de ressarcimento/compensação. Quanto às Contrarrazões apresentadas, não se devem ignorálas, pois foram apresentadas tempestivamente pela Fazenda Nacional. Ventiladas tais considerações, importante, a priori, discorrer sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito de PIS e de Cofins trazida pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03, bem como para a aplicação do art. 3º, inciso IX, das referidas Leis (“IX – armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”). Em relação ao conceito de insumo, para fins de fruição do crédito de PIS e da COFINS não cumulativos, não é demais enfatizar que se trata de matéria controvérsia. Eis que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Fl. 1061DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 6 5 Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, notase que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo o que, em respeito a segurança jurídica das jurisprudências emitidas pelo Conselho e pelo Tribunal Superior, é de se atestar a observância do princípio da essencialidade para a adoção do conceito de insumo, afastando o entendimento restritivo dado pela autoridade fazendária na IN SRF 247/02. Não obstante a esses pontos, ressurgindome à questão posta, passo a discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: Fl. 1062DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 7 6 “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse,portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. É de se lembrar ainda que o IPI é um imposto que onera efetivamente o consumo, diferentemente do PIS e da Cofins que são contribuições que incidem sobre a receita, nos termos da legislação vigente. E nessa senda, haja vista que o IPI onera efetivamente o consumo, a não cumulatividade relacionase ao conceito de insumo como sendo o de bens que são consumidos ou desgastados durante a fabricação de produtos. Enquanto a sistemática não cumulativa das contribuições ao PIS e a Cofins está diretamente relacionada às receitas auferidas com a venda desses produtos. Sendo assim, resta claro que a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, constatase que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admitese também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio do ilustre Prof. Marco Aurélio Greco traz, para tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da Fl. 1063DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 8 7 autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Isso, ao dispor: ∙ O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) [...]” ∙ art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus):“Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima,o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Fl. 1064DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 9 8 [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. A Receita Federal do Brasil extrapolou sua competência administrativa ao “legislar” limitando o direito creditório a ser apurado pelo sujeito passivo. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Nesse ínterim, cabe trazer que a observância do critério de se aplicar o conceito de “despesa necessária” para a definição de insumo, tal como preceituado no art. 299 do RIR/99 não seria a mais condizente, pois direciona a sistemática da não cumulatividade das referidas contribuições à sistemática de dedutibilidade aplicada para o imposto incidente sobre o lucro. O que, entendo que não há como se conferir que os custos ou despesas destinadas à aferição e lucro possam ser considerados como insumos necessários para o aferimento da receita. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: ∙ Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; Fl. 1065DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 10 9 Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/ Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de não cumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. ” Fl. 1066DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 11 10 Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos. ” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins não cumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Dessa forma, para fins de se elucidar a atividade do sujeito passivo, importante recordar que é pessoa jurídica de direito privado, dos ramos de indústria, comércio, importação e exportação de alimentos, em especial, o arroz. Os fretes de produtos acabados em discussão, para sua atividade de comercialização, são essenciais para a sua atividade de “comercialização”, eis que: Sua atividade impõe a transferência de seus produtos para Centros de Distribuição de sua propriedade; caso contrário, tornarseia inviável a venda de seus produtos para compradores das Regiões Sudeste, Centro Oeste e Nordeste do país; Os grandes consumidores dos produtos industrializados e comercializados pelo sujeito passivo, possuem uma logística que não mais comporta grandes estoques, devido à extensa diversidade de produtos necessários para abastecer suas unidades, bem como devido ao custo que lhes geraria a manutenção de locais com o fito exclusivo de estocagem, visto a alta rotatividade dos produtos em seus estabelecimentos; O que, impõese para fins de comercialização e sobrevivência da empresa, os Centros de Distribuição; O sujeito passivo, que possui sede em Porto Alegre, se viu obrigada a manter Centros de Distribuição em pontos estratégicos do país, considerando a localidade dos maiores demandantes de seus produtos. Considerando, então, a atividade do sujeito passivo, devese considerar os fretes como essenciais e, aplicandose o critério da essencialidade, é de se dar provimento ao recurso interposto pelo sujeito passivo. Não obstante à essa fundamentação e ignorandoa, cabe trazer que, tendo em vista que: Fl. 1067DF CARF MF Processo nº 13053.000314/200713 Acórdão n.º 9303006.728 CSRFT3 Fl. 12 11 A maioria dos fretes são destinados ao Centro de Distribuição da empresa, para que se torne viável a remessa dos produtos e são realizados com a demora usual de 15 dias até a chegada do produto, para conseguir atender a sua demanda de pedidos, o sujeito passivo, devido à demora no trânsito das mercadorias, já transacionou as mercadorias, sendo que ao chegarem as mercadorias ao destino muitas já se encontram vendidas; A mercadoria já é vendida em trânsito, para quando chegar ao Centro de Distribuição já sair para a pronta entrega ao adquirente, descaracterizando, assim, um frete para mero estoque com venda posterior. É de se entender que, em verdade, se trata de frete para a venda, passível de constituição de crédito das contribuições, nos termos do art. 3º, inciso IX, das Lei 10.833/03 e Lei 10.637/02 – pois a inteligência desse dispositivo considera o frete na “operação” de venda. A venda de per si para ser efetuada envolve vários eventos. Por isso, que a norma traz o termo “operação” de venda, e não frete de venda. Inclui, portanto, nesse dispositivo os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda, dentre as quais o frete ora em discussão. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, dandolhe provimento. "Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial do contribuinte e, no mérito, doulhe provimento. Rodrigo da Costa Pôssas". Com essas considerações, dou provimento parcial ao Recurso Especial do Contribuinte, para acatar a possibilidade de creditamento em relação ao frete na transferência de produtos acabados." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento parcial, para admitir o creditamento em relação às despesas com o frete na transferência de produtos acabados. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 1068DF CARF MF
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