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Numero do processo: 10783.906589/2012-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.891
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONVERTER o julgamento em diligência, á Unidade de Origem, para que elabore relatório onde se demonstre o critério de rateio adotado para os créditos a serem descontados.
assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Presidente.
assinado digitalmente
Ari Vendramini - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini (Relator)
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
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Por bem descrever os fatos, adoto os dizeres do Relatório do Acórdão nº 09 49334, exarado pela 2ª Turma da DRJ/JUIZ DE FORA : O interessado transmitiu os Pedidos de Ressarcimento (PER) e/ou Declarações de Compensação (Dcomp) relacionados no Despacho Decisório, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 83 .9 06 58 9/ 20 12 -9 7 Fl. 1718DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.718 2 visando a compensação dos débitos nelas declarados, com crédito oriundo de PIS/Pasep nãocumulativo referente ao 4º trimestre de 2008; A DRFVitória/ES emitiu Despacho Decisório, no qual reconhece parcialmente o direito creditório e homologa as compensações pleiteadas até o limite do crédito reconhecido; A empresa apresenta manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese que : a) em preliminar: a.1) da imprecisão da apuração fiscal; a.2) da legitima desconsideração de negócios jurídicos. Da ausência de previsão legal para os procedimentos adotados pela fiscalização; b) do mérito: b.1) dos fundamentos jurídicos de validade e correção dos créditos de PIS e Cofins não cumulativos auferidos pela impugnante; b.2) da insubsistência das provas apresentadas pela fiscalização; b.3) da ausência de comprovação por parte da fiscalização, acerca da participação conjunta da impugnante com as empresas laranjas citadas nos itens II.4 e II.5, do Parecer Fiscal; b.4) a contabilidade (aquisições devidamente registradas) como meio de prova em favor da impugnante – a essência sobre a forma; b.5) da patente contradição do fisco frente a atuação pretérita e atual; b.6) das diligências efetuadas sob a denominação “Operação tempo decolheita”. Da ausência de nexo de casualidade para com as operações realizadas pela recorrente; b.7) da impossibilidade de extensão em face da impugnante dos efeitos dos atos praticados no âmbito da denominada “Operação Broca”; b.8) do entendimento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento sobre a possibilidade do creditamento integral do PIS e da Cofins nas aquisições de cooperativas; b.9) sem dúvida, um dado curioso; b.10) da precariedade do trabalho fiscal – prova produzida pela impugnante; b.11) do restabelecimento integral dos créditos informados pela impugnante; É o breve relatório. 4. Assim restou ementada a decisão da DRJ/JUIZ DE FORA, materializada no retrocitado Acórdão : Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Incabível anular decisão sem que haja fatos ofensivos ao direito de ampla defesa, ao contraditório ou às normas que definem competência. PIS/PASEP COFINS.NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ILEGITIMIDADE. PESSOA JURÍDICA IRREGULAR. A realização de transações com pessoas jurídicas irregulares, com fortes indícios de terem sido inseridas na cadeia produtiva com único propósito de gerar crédito na sistemática da não cumulatividade, compromete a liquidez e certeza do pretenso crédito, o que autoriza a sua glosa, sendo insuficiente para afastála, nesse caso, a prova do pagamento do preço e do recebimento dos bens adquiridos. Fl. 1719DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.719 3 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 5. Irresignada com tal decisão, a empresa interpôs Recurso Voluntário, tempestivamente, onde, em suas razões de defesa, repisa os argumentos expendidos na impugnação como segue : 01 – FATO RELEVANTE a) aquisições de fornecedores b) aquisições de cooperativas 02 – PRELIMINARES a) da nulidade absoluta do procedimento fiscal, face ao inequívoco cerceamento ao direito de defesa da recorrente b) da descaracterização dos negócios jurídicos – situação tributária de todas as pessoas envolvidas 03 – DO MÉRITO a) da insubsistência das provas apresentadas pela fiscalização b) da contabilidade (aquisições devidamente registradas) como meio de prova em favor da recorrente – a essência sobre a forma c) da patente contradição do Fisco frente á atuação pretérita e atual d) das diligências realizadas sob a denominação “ Operação Tempo de Colheita”. Da ausência de nexo de causalidade para com as operações realizadas pela recorrente e) da impossibilidade de extensão em face da recorrente dos efeitos dos atos praticados no âmbito da denominada “Operação Broca” f) do entendimento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento sobre a possibilidade do creditamento integral do PIS e da COFINS nas aquisições de cooperativas g) sem dúvida, um dado curioso h) da precariedade do trabalho fiscal – prova produzida pela recorrente i) do restabelecimento integral dos créditos informados pela recorrente 04 – CONCLUSÃO se contornadas a s questões anteriores, o que se cogita apenas como argumento, entende a Recorrente que deve ser dado provimento integral ao presente recurso, visto que de todo corretos os seus procedimentos, em especial, pelos seguintes motivos : Fl. 1720DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.720 4 É o relatório. Voto Conselheiro Ari Vendramini Relator 6. Peço vênia para reproduzir alguns excertos do voto do julgador da DRJ, constante do processo administrativo nº 15586.720765/201326, ao qual este se encontra apenso, que bem sintetizou as complexas operações envolvidas na autuação Os autos de infração foram lavrados tendo em vista que a empresa apurou créditos indevidos para as contribuições em Fl. 1721DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.721 5 comento e usou parte desses créditos como dedução do valor a pagar no mês respectivo. A autoridade administrativa glosou parte dos citados créditos e indeferiu o pedido de ressarcimento respectivo e/ou não homologou as compensações correspondentes. Assim, as contribuições devidas foram declaradas a menor na DCTF relativa ao mês de apuração tendo em vista as deduções efetuadas com os créditos glosados. Essas diferenças foram lançadas nos autos de infração ora em análise. Registrase que os PER/Dcomps que deram origem às citadas glosas, constam dos processos abaixo;. PROCESSO CONTRIBUIÇÃO PERÍODO 10783.906589/201297 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2008 10783.906590/201211 COFINS NÃO CUMULATIVA 1º TRIMESTRE/2009 10783.906593/201255 COFINS NÃO CUMULATIVA 2º TRIMESTRE/2009 10783.906594/201208 COFINS NÃO CUMULATIVA 3º TRIMESTRE/2009 10783.906597/201233 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2009 10783.906599/201222 COFINS NÃO CUMULATIVA 1º TRIMESTRE/2010 10783.906601/201263 COFINS NÃO CUMULATIVA 2º TRIMESTRE/2010 10783.906603/201252 COFINS NÃO CUMULATIVA 3º TRIMESTRE/2010 10783.906605/201241 COFINS NÃO CUMULATIVA 4º TRIMESTRE/2010 10783.906588/201242 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2008 10783.906591/201266 PIS NÃO CUMULATIVO 1º TRIMESTRE/2009 10783.906592/201219 PIS NÃO CUMULATIVO 2º TRIMESTRE/2009 10783.906595/201244 PIS NÃO CUMULATIVO 3º TRIMESTRE/2009 10783.906596/201299 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2009 10783.906598/201288 PIS NÃO CUMULATIVO 1º TRIMESTRE/2010 10783.906600/201219 PIS NÃO CUMULATIVO 2º TRIMESTRE/2010 10783.906602/201216 PIS NÃO CUMULATIVO 3º TRIMESTRE/2010 10783.906604/201205 PIS NÃO CUMULATIVO 4º TRIMESTRE/2010 As manifestações de inconformidade apresentadas pela empresa em face dos processos acima, foram julgadas nesta mesma sessão de julgamento tendo sido prolatados acórdãos que as consideraram improcedentes, conforme voto deste mesmo relator (fls. 1.611 dos autos digitais) ............................................................................................................... Desde a implantação do regime de apuração nãocumulativa doPIS/Pasep e da Cofins, temos notícias de que grandes empresas do ramo cafeeiro vêm realizando operações irregulares com o objetivo de apurar e acumular créditos das citadas contribuições que poderão ser ressarcidos e/ou usados em compensação se o produto for exportado. A estratégia adotada passa pela criação de empresas intermediárias,caracterizadas como agroindústrias. O café adquirido por essas empresas tem origem em produtores rurais (pessoas físicas) ou em cerealistas que ao vender seus produtos conferem ao adquirente o direito de descontar créditos presumidos com percentual de 3,238% do valor das aquisições, ou seja, 35% do crédito ordinário (normal). Posteriormente, empresas exportadoras e/ou grandes atacadistas adquirem o café dessas empresas intermediárias, apurando créditos no Fl. 1722DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.722 6 montante de 9,25% (1,65% + 7,6%) de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativa. Até este momento, pelo menos aparentemente, não existe nenhuma ilegalidade. O grande problema está no fato de que essas “empresas intermediárias”, criadas com a conivência de grandes exportadoras e/ou grandes atacadistas, são, em regra, constituídas por interpostas pessoas, e não pagam os tributos devidos (muitas delas sequer apresentam as declarações a que estão sujeitas). Significa dizer: são empresas de fachada ou empresas laranjas. Em geral, essas empresas de fachada apresentam algumas características em comum. A saber: não possuem estrutura física condizente com as atividades que dizem exercer, visto que o mínimo que se espera de uma empresa atacadista de café é a existência de áreas de armazenagem além de estrutura que a capacite movimentar grandes volumes de café; os endereços que fornecem como sendo o de sua sede, quando existem, não passam de simples “portas de garagem” e não raro os vizinhos nunca ouviram falar de tal empresa; seus sócios, quando encontrados, não possuem capacidade econômica financeira para serem proprietários de empresa deste porte. Muitas vezes não possuem sequer qualificação profissional e/ou intelectual para tal;incompatibilidade entre volume financeiro movimentado e total de tributos recolhidos, acompanhado de situação de omissão contumaz. Quando apresentam as declarações exigidas pela legislação muitas delas declaram não estar em atividade ou apresentam todos os quadros zerados. Resumindo, são empresas criadas unicamente com o objetivo de gerar créditos indevidos sem pagar os tributos correspondentes. A aplicação do regime de apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep e Cofins no setor agropecuário é complexa. A maior parte das operações com o café é multifásica. A primeira fase ocorre quando um produtor (pessoa física) vende seus produtos a uma pessoa jurídica (comercial atacadista, comercial varejista, agroindustrial ou cooperativa). Se a pessoa jurídica adquirente dos produtos estiver submetida ao regime de apuração nãocumulativa, deveria ter direito de apurar e deduzir os créditos do PIS/Pasep e da Cofins, que corresponderão, via de regra, às mesmas contribuições pagas na fase anterior. Ocorre que o produtor rural (pessoa física) não é contribuinte, e sendo assim não havia pagamento de contribuições que permitisse apurar crédito a ser descontado na fase posterior. Portanto, as compras de produtos e mercadorias de pessoas físicas não geravam o direito de creditamento. A aplicação do regime da forma acima relatada provocava uma distorção no mercado agropecuário. As pessoas jurídicas desse setor, que estivessem inseridas no regime de apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, rejeitavam a aquisição de produtos e mercadorias diretamente dos produtores pessoas físicas, porque estas aquisições provocavam um aumento do custo tributário de suas operações. Para tentar corrigir essas distorções, o art. 25 da Lei nº 10.684/2003, inseriu os § 10 e 11 no art. 3º da Lei nº 10.637/2002, instituindo crédito presumido para o setor agropecuário. Ao criar este tipo de crédito, o legislador buscou equilibrar,ou pelo menos reduzir, as pressões mercadológicas produzidas pelo novo regime de apuração. Esse Fl. 1723DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.723 7 crédito presumido foi aperfeiçoado quando da publicação da Lei nº 10.833/2003, cujo § 5º do art. 3º possibilitava a apuração destes créditos também em relação à Cofins. Por fim, a Lei nº 10.925/2004 revogou os dispositivos acima mencionados, e em seus arts. 8º e 9º disciplinou a matéria, verbis: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: (Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013) I – (...) II – (...) III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007) § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: Fl. 1724DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.724 8 I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. § 5o (...) § 6o Para os efeitos do caput deste artigo, considerase produção, em relação aos produtos classificados no código 09.01 da NCM, o exercício cumulativo das atividades de padronizar, beneficiar, preparar e misturar tipos de café para definição de aroma e sabor (blend) ou separar por densidade dos grãos, com redução dos tipos determinados pela classificação oficial. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). § 7o O disposto no § 6o deste artigo aplicase também às cooperativas que exerçam as atividades nele previstas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004). § 8o (...) Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1o do art. 8o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1o O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do art. 8o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) O citado art. 9º suspendeu a incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos relacionados no art. 8º, quando efetuada por:cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM pessoas jurídicas que exerçam cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; ou pessoas jurídicas que desenvolvam atividades agropecuárias e cooperativas de produção agropecuária, nas vendas de insumos para produção das mercadorias mencionadas no caput do art. 8º. Fl. 1725DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.725 9 Em conseqüência, a possibilidade de apuração e desconto dos créditos presumidos foi expandida para as aquisições efetuadas com a suspensão de incidência estabelecida pelo art. 9º.Vale ressaltar o fato de que o crédito presumido, além de ser em valor inferior ao chamado crédito ordinário, não pode ser objeto de ressarcimento e nem de compensação, sendo especificamente destinado à dedução com débitos tributários da mesma espécie contributiva apurados em fases posteriores. Este entendimento foi formalizado por meio do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 15/2005, cujos arts 1º e 2º não permitem a compensação ou ressarcimento. Uma vez que o crédito presumido, além de ser em valor menor que o normal, não pode ser ressarcido e nem compensado, a exportação dos produtos adquiridos com esse tipo de crédito deixa de oferecer a possibilidade de ressarcimento ou compensação que ocorre em relação aos créditos normais, e, assim, ao final, os grandes prejudicados são o pequeno produtor rural e a pessoa jurídica que vende produtos com suspensão de incidência. Assim sendo, as grandes empresas exportadoras passaram à prática de adquirir produtos e mercadorias de empresas “intermediárias” (que na sua grande maioria, como já se disse, são empresas de fachada) porque essas são (em tese) contribuintes da do PIS/Pasep e da Cofins em relação às receitas de vendas desses produtos e mercadorias. E as contribuições que deveriam ser pagas por essas “intermediárias”, na fase anterior, geram o crédito ordinário de 9,25% ao invés do crédito presumido de 3,238% sobre o valor das aquisições. Os pequenos produtores, para não ficar fora do mercado, são compelidos a vender para estas “intermediárias”, cuja única finalidade é produzir créditos apurados com base no percentual de 9,25%, os quais serão ressarcidos nas exportações. No ramo do café, onde as exportações atingem um grande percentual da produção, este fato produz montantes realmente muito elevados de créditos que podem ser ressarcidos e/ou compensados. Os expedientes até aqui descritos trazem para as empresas que deles se valem duas vantagens cumulativas: além da majoração indevida do crédito gerado, permitem a burla da restrição à compensação e ao ressarcimento imposta aos créditos presumidos. Outra estratégia usada consiste no fato de se adquirir o café de cooperativas e cerealistas como se fossem para revenda. Assim, nos termos da legislação de regência, as vendas devem ser efetuadas sem a suspensão das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins prevista no art. 9º acima, ou seja, o vendedor fica obrigado ao pagamento dessas contribuições. No entanto, a empresa vendedora (muitas vezes uma cooperativa), mesmo informando na nota fiscal que efetuou a venda “sem suspensão”, ao preencher o Dacon respectivo considera a venda como se fosse “com suspensão”, ou seja, como se fosse para industrialização e não para revenda, não pagando a contribuição devida. Quando questionada por uma autoridade fiscal ela simplesmente responde que errou ao emitir a nota fiscal. A questão é que esse fato se repete em praticamente todas as notas fiscais emitidas para um determinado grupo de empresas, todas elas grandes exportadoras, o que induz a se acreditar na existência de acordo escuso entre vendedores e compradores no sentido de se produzir ilegalmente créditos a serem ressarcidos, o que gera enorme prejuízo aos cofres públicos. Fl. 1726DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.726 10 Tais conclusões ultrapassam a condição de meras conjecturas na medida que as irregularidades apuradas demonstram no caso concreto semelhante modus operandi ao constatado em esquema de vantagens tributárias ilegais entre empresas comerciantes, exportadoras e torrefadoras de café do Espírito Santo (ES) e em Minas Gerais (MG). Esquema desvendado por operações deflagradas pela Receita Federal, Ministério Público Federal e Polícia Federal (Tempo de Colheita e Broca), amplamente divulgado na mídia conforme excerto abaixo, extraído da Revista Cafeicultura, reportagem de 02/06/2010 (http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=3284 3): Na manhã desta terçafeira (1º), foi deflagrada uma operação, no Espírito Santo, baseada em investigações que sobre um esquema de obtenção de vantagens tributárias ilícitas por parte de empresas especializadas na exportação e na torrefação de café. A fraude teria resultado em um prejuízo aos cofres públicos de R$ 280 milhões. Documentos, computadores e armas foram apreendidos. As investigações apontam 39 empresas exportadoras, ao menos 23 atacadistas laranjas envolvidas no esquema. Na operação conjunta da Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão em 74 locais. Já foram 25 prisões na operação até o momento, dos 32 mandados expedidos Sete pessoas ainda não foram encontradas. Buscas foram realizadas em 74 endereços entre empresas e residências dos investigados, nos municípios de Colatina, Domingos Martins, Linhares, São Gabriel da Palha, Viana, Vila Velha Vitória e também em Manhuaçu (MG). Cerca de 20 homens foram ao Palácio do Café, na Enseada do Suá, em Vitória, de onde a operação foi desdobrada para outros dois prédios, o Arábica e o Conilon, também na Enseada. No Palácio do Café oito salas foram vistoriadas. Por volta das 9h agentes saíram com dois malotes contendo documentos apreendidos. A operação, denominada \"Broca\", conta com 337 homens da Polícia Fedral, com apoio de agentes de outros estados, além de 107 fiscais da Receita Federal Esquema. As firmas de exportação e torrefação envolvidas no esquema utilizavam empresas laranjas como intermediárias fictícias na compra do café dos produtores. As empresas beneficiárias da fraude eram as verdadeiras compradoras da mercadoria, mas formalmente quem aparecia nessas operações eram as empresas laranjas, que na verdade tinham como única finalidade a venda de notas fiscais, o que garantia a obtenção ilícita de créditos tributários. As empresas exportadoras conseguiam, por meio de criação de empresas laranjas, créditos de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Essas empresas de exportação e torrefação usavam esses créditos para quitar seus próprios débitos tributários ou até mesmo para pedir ressarcimento junto ao Fisco. As empresas fictícias, no entanto, não recolhiam esses impostos, até porque não tinham lastro econômico para isso, uma vez que eram laranjas, criadas somente para \"guiar\" com suas notas fiscais o café para os verdadeiros compradores e gerar os créditos tributários. O creditamento para exportadores e torrefadores, portanto, era indevido, Fl. 1727DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.727 11 já que eram ressarcidos de valores que jamais entraram nos cofres públicos. As empresas, apesar de registradas como atacadistas, não tinham armazéns e funcionavam em pequenas salas. Para o Ministério Público Federal (MPF), está claro que as empresas exportadoras não só tinham conhecimento da fraude, mas também ditavam suas regras. Ao todo existem 300 empresas no Espírito Santo registradas no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) como atacadistas de café. Segundo a delegada da Receita Federal, Laura Gadelha, grande parte delas foi criada para o esquema de fraudes. Algumas, inclusive, com vida útil em torno de um ano. ................. Crimes seriam praticados desde 2003 As investigações, realizadas em conjunto pela Delegacia da Receita Federal em Vitória, pelo MPF e pela PF, começaram em outubro de 2007 com a deflagração da Operação Tempo de Colheita, quando auditores fiscais da Receita fiscalizavam o setor de comércio de café, inicialmente em empresas localizadas nas regiões Noroeste e Norte do estado. A prática criminosa, ainda segundo o MPF, vem ocorrendo desde 2003. Há indícios consistentes da existência dos crimes de formação de quadrilha, crime contra a ordem tributária, falsidade ideológica e estelionato. Mais recentemente, foi desencadeada a operação denominada de “Robusta”, que culminou na prisão de sete empresários, tendo em vista que “as investigações do MPES e da Receita Estadual apontam que empresas utilizavam notas fiscais irregulares e simulavam a compra de café de outras 25 empresas de fachadas, localizadas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro”. (notícia extraída do Portal G1/RJ de 09/04/2013). Ao constatar o tamanho da evasão de divisas em funçãonesse tipo de esquema fraudulento, e, segundo noticiado pela imprensa nacional, a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), e visando acabar com essas operações de geração de créditos irregulares foi editada a Medida Provisória nº 545/2011,convertida na Lei 12.599/2012 que introduz nova sistemática de apuração de créditos do PIS/Pasep e da Cofins nos casos de exportação de café. Reportagem sobre a citada MP nº 545/2011 publicada no jornal Valor Econômico, edição de 10/02/2012, de autoria de Carine Ferreira, relata que “segundo os defensores do novo regime, como a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a tributação anterior gerava fraudes, irregularidades e favoreciam algumas poucas empresas”. Quando autuadas pela Receita Federal do Brasil ou quando o pedido de ressarcimento dos créditos apropriados indevidamente é indeferido, via de regra, as beneficiárias apresentam defesa nas quais alegam basicamente as mesmas razões: são compradoras de boa fé; não tinham conhecimento que as vendedoras eram “laranjas” e não podiam apurar esse fato; e a operação mercantil foi realizada. Ora, mesmo tendo em mente a presunção de boa fé das adquirentes, causa profunda estranheza o fato de, ao comprar café de fornecedores estabelecidos em cidades não muito grandes, essas empresas não saibam que aquelas das quais compram grande parte do café que exportam são empresas de fachada. Afinal, Fl. 1728DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.728 12 considerando o volume das operações efetuadas, para se concretizar a compra seus dirigentes precisariam ir até a sede da vendedora quando e onde certamente constatariam a precariedade ou inexistência de suas instalações. Da mesma forma teriam que se relacionar com os funcionários dessas “laranjas” e se cientificariam de que na verdade não existem. Também, é de se supor, iriam querer ter contato com os sócios das intermediárias e poderiam certamente ver que, quando encontrados, são pessoas sem as mínimas qualificações necessárias para atuar na direção de uma empresa. ................................................................................................................... ......................... Pelo contrário; no presente caso, a autoridade fiscal demonstra, por meio do PARECER FISCAL GAB903/ DRF/VIT/ES nº 007/2013 anexo, que a manifestante adquiriu o café que exporta de empresas que se enquadram perfeitamente na descrição das empresas de fachadas acima. ................................................................................................................. No entanto, como a autoridade fiscal explica no citado PARECER FISCAL GAB903/ DRF/VIT/ES nº 007/2013, “entre os documentos que fundamentam o presente Parecer estão aqueles carreados ao longo da investigação TEMPO DE COLHEITA .– como declarações prestadas a termo por produtores rurais/maquinistas, corretores, sócios e pessoas ligadas às empresas de fachada. 7. Tanto nas preliminares da sua impugnação, como nas suas razões recursais a recorrente alega que " a autoridade fazendária não trouxe aos autos os elementos necessários para demonstrar como foram apurados os ‘rateios’ dos valores por ela discriminados nas Tabelas constantes do referido Parecer, os quais foram utilizados pela mesma como base para a aplicação dos percentuais das glosas sobre as aquisições efetuadas pela Impugnante, falha esta que a prejudica em seu regular e legítimo direito de defesa, inclusive impossibilitando a de infirmar com precisão os supostos débitos indicados pela fiscalização 8. Verificando o Parecer Fiscal GAB903/DRF/VIT/ES nª 007/2013, (fls. 1.095 a 1.344 dos autos digitais do processo 15586.72765/201326), encontramos ás fls.1.331 o item II.6.4 RECOMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO A DESCONTAR APÓS GLOSAS EFETUADAS PELA FISCALIZAÇÃO, E ÁS FLS. 1.333 encontramos a LETRA (G) RATEIO DO CRÉDITO PASSÍVEL RESSARCIMENTO, onde os Auditores Fiscais esclarecem ; " o rateio dos créditos a descontar da linha (F) foi efetuado com base na proporção da receita de vendas de bens e serviços : receita mercado interno (tributada) e receita de exportação" 9. Ás fls. 1.077 do processo 15586.72765/201326 encontrase o Demonstrativo PIS NÃOCUMULATIVO DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DOS CRÉDITOS A DESCONTAR , com os quadros F e G respectivamente F) TOTAL DE CRÉDITOS APURADO NO MÊS SUJEITO AO RATEIO VALOR AJUSTADO PELA FISCALIZAÇÃO Rateio apenas Crédito Integral e (G) Rateio do crédito a descontar com base na proporção da Receita Bruta auferida Receita de Vendas de Mercadorias no Mercado interno (tributada) , Receita de Vendas de Mercadorias p/ o Mercado Externo (Exceto Compra Fim Específio Exportação) Créditos vinculados às operações no Mercado interno , Créditos vinculados às operações no Mercado Externo . Fl. 1729DF CARF MF Processo nº 10783.906589/201297 Resolução nº 3301000.891 S3C3T1 Fl. 1.729 13 10. Entendemos assistir razão á recorrente quando afirma não estar claro o critério utilizado pela fiscalização para o rateio dos créditos a serem descontados, pois que examinando os quadros citados não se vislumbra o critério adotado de forma clara detalhadamente demonstrada, o que pode ser interpretado pela recorrente como um cerceamento de defesa, pois esta alega que teria dificuldade em entender tal rateio. 11. Diante destas considerações, proponho que os autos sejam encaminhados á DRF/VITÓRIA/ES para que, em diligência fiscal : a) seja elaborado relatório onde se demonstre o critério de rateio adotado para os créditos a serem descontados, especificando os detalhes de como foram encontrados os valores do demonstrativo Demonstrativo PIS NÃOCUMULATIVO DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DOS CRÉDITOS A DESCONTAR , com os quadros F e G respectivamente F) TOTAL DE CRÉDITOS APURADO NO MÊS SUJEITO AO RATEIO VALOR AJUSTADO PELA FISCALIZAÇÃO Rateio apenas Crédito Integral e (G) Rateio do crédito a descontar com base na proporção da Receita Bruta auferida Receita de Vendas de Mercadorias no Mercado interno (tributada) , Receita de Vendas de Mercadorias p/ o Mercado Externo (Exceto Compra Fim Específio Exportação) Créditos vinculados às operações no Mercado interno , Créditos vinculados às operações no Mercado Externo . b) seja dada ciência deste relatório á recorrente, facultandolhe manifestação em até 30 dias da data da ciência 12. Após, sejam os autos retornados a este CARF para julgamento dos recursos voluntários apresentados neste e nos processos em apenso. 13. É como voto. Assinado digitalmente Ari Vendramini Relator Fl. 1730DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.900076/2013-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 31/12/2008
FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF.
Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/12/2008
COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.419
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 31/12/2008 FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/12/2008 COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 31/12/2008 FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/12/2008 COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 90 00 76 /2 01 3- 30 Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10580.900076/201330 Acórdão n.º 3301005.419 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologar a compensação declarada (DCOMP), em razão do fato de que o pagamento informado como origem do crédito já havia sido utilizado para quitação de outros débitos da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte afirmou que o direito creditório decorria do alargamento da base de cálculo da Contribuição (PIS/Cofins) introduzido pelo art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/1998, julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o então Manifestante, no recolhimento da contribuição devida no período, foram incluídos indevidamente em sua base de cálculo valores alheios ao faturamento, relativos a receitas financeiras e de aluguéis, atividades essas que não compõem sua atividade de venda de mercadoria ou de prestação de serviços. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 02069.142, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando a falta de comprovação do direito creditório compensado, cujo ônus recai sobre o interessado, a quem cabe a demonstração da liquidez e certeza do crédito. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e repisou os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade, acrescentando, em breve síntese, o que segue: a) a discussão sobre a existência de direito de créditos da contribuição incidente sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento está superada; b) o dever do órgão julgador de instruir o processo, solicitando documentos, caso assim entenda como necessário para tomar sua decisão, nos termos dos artigos 29 e 36 da Lei nº 9.784/1999, bem como no art. 27 e 29 do Decreto 70.235/1972; c) foi apresentado documentação para provar a liquidez e certeza de seu crédito. É o relatório. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10580.900076/201330 Acórdão n.º 3301005.419 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.417, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 10580.900074/201341, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.417): O recurso voluntário foi interposto no prazo e reúne os pressupostos legais de interposição, portanto, merece conhecimento. Feita a síntese acima, passase a analisar as questões levantadas, especialmente sobre i) a decisão de indeferimento fundamentada no valor informado em DCTF com a correspondente quitação do montante declarado, não havendo crédito a compensar; ii) a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543B do STF; iii) a análise do crédito decorrente de receitas financeiras a partir das provas juntadas aos autos. I) Do indeferimento do pedido de restituição diante da inexistência de retificação da DCTF Neste ponto, é relevante a análise da decisão que indeferiu o pedido de restituição, sob a fundamentação de que foi efetuada uma declaração por DCTF e a DARF discriminada no PER/DCOMP foi inteiramente utilizada para quitar o débito do contribuinte, não restando crédito para a restituição, verbis: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. O significado que se extrai deste despacho decisório é que a Recorrente apresentou o PER/DCOMP, mas não realizou a retificação da DCTF do período correspondente, qual seja, 1º trimestre de 2009. Desta feita, a DARF do período vinculada à COFINS foi utilizada para cobrir integralmente um débito declarado, não havendo excesso resultante do pagamento indevido. Ressaltese, no entanto, que a retificação da DCTF, por si só, não se presta para solidificar a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte, sendo indispensável a apresentação de prova, tais como demonstrativos contábeis e fiscais, para aferição do crédito. Neste sentido, já se pronunciou a Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. CARF, no julgamento do processo 10909.900175/200812, manifestando o entendimento no acórdão nº 9303005.520 (sessão de 15/08/2017), no sentido de que, mesmo no caso de uma a retificação posterior ao Despacho Decisório, não haveria impedimentos para o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10580.900076/201330 Acórdão n.º 3301005.419 S3C3T1 Fl. 5 4 comparecendo nos autos com qualquer prova documental hábil a demonstrar o erro que cometera no preenchimento da DCTF (escrita contábil e fiscal): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/2004 a 29/02/2004 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado. Esta colenda 1ª TO da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF tem manifestado entendimento no mesmo sentido, segundo a qual, em razão da verdade material, a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte pode ser demonstrado por outros elementos de prova, independentemente da retificação da DCTF, conforme é possível constatar pelo recente acórdão relatado pela ilustre conselheira Semíramis de Oliveira Duro: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2012 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/Dcomp sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. (...) Recurso Voluntário provido. (Número do Processo 11060.900738/201311. Relatora SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO. Data da Sessão 17/04/2018. Nº Acórdão 3301 004.545) Desta feita, o que é necessário verificar é a existência de comprovação pela Recorrente, nos autos, trazendo elementos de prova capaz de trazer liquidez e certeza de seu crédito. II) Da declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543B do STF Quanto ao ponto sobre a incidência da contribuição sobre receitas financeiras, auferidas por entidade que não desenvolva atividade financeira, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou, inclusive em sede de repercussão geral, acerca da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei 9.718/1998, por pretender alargar o conceito de faturamento, estabelecendo as receitas totais da pessoa jurídica como base de cálculo das contribuição para o PIS e COFINS. Tratase do RE nº 585.235 e desde 2010 a PGFN já se manifestou formalmente, por meio da Portaria PGFN 294/2010, no sentido de dispensar os procuradores da fazenda nacional a contestar ou recorrer nesta matéria: Item 1, Anexo I, Portaria PGFN nª 294/2010 Resumo: É inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, promovido pelo art. 3º, §1º da Lei n. 9.718/98, eis que tais exações devem incidir, apenas, sobre as receitas decorrentes da venda de mercadorias e da prestação de serviços (conceito restritivo de receita bruta), e não sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica (conceito ampliativo de receita bruta). (...) DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: o PIS/COFINS deve incidir somente sobre as receitas operacionais das empresas, escapando da incidencia do PIS/COFINS as receitas não operacionais. Consideramse receitas operacionais as oriundas dos serviços financeiros prestados pelas instituições financeiras (serviços remunerados por tarifas e atividades de intermediação financeira). Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10580.900076/201330 Acórdão n.º 3301005.419 S3C3T1 Fl. 6 5 Nestes termos, é de rigor a aplicação do art. 62, § 1º, I e II, "b" e "c" do anexo II do RICARF, no sentido de que os membros das turmas de julgamento do CARF estão autorizados afastar a aplicação lei sob fundamento de inconstitucionalidade nos casos em que este entendimento já foi manifestado por decisão definitiva em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal ou decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal em sede de julgamento realizado em repercussão geral nos termos dos arts. 543B do CPC/1973, ou mesmo no caso de existência de Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. Resta, portanto, consolidado o entendimento acerca da não incidência de PIS e COFINS sobre receitas financeiras, quando não constituírem receita operacional da empresa, no contexto da aplicação da Lei 9.718/1998. Este entendimento, porém, nem é controvertido nos autos, pois admitido pela própria r. decisão guerreada. O fundamento para o não reconhecimento do crédito é a ausência de provas aptas a demonstrar sua liquidez e certeza. Desta feita, caso comprovada a inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da COFINS no período em referência, demonstrandose a liquidez e certeza do crédito declarado pelo contribuinte, será de rigor reconhecer o direito à restituição pleiteado pelo contribuinte. É o que se passa a analisar. III) Da liquidez e certeza do crédito Neste ponto, a Recorrente argumentou que no período de apuração em foco (1º Trim./2009), considerando a original vigência da Lei nº 9.718/1998, apurou a contribuição com a inclusão de receitas financeiras à base de cálculo. No entanto, em que pese a Recorrente ressaltar em seu Recurso Voluntário que a autoridade julgadora pode, de ofício, requerer a instrução do processo e que estas informações já são de conhecimento do Fisco, pois todas já declaradas por obrigações acessórias, por se estar diante de um pedido de compensação, o ônus da prova da legitimidade do crédito é de quem requer. Em seu recurso voluntário, a Recorrente trouxe aos autos a DIPJ do período, com informações sobre receita bruta. No entanto, não é possível identificar receitas financeiras e receitas de aluguel tal qual alegado pela Recorrente. Seria necessário a apresentação de outras provas, como demonstrativos contábeis, razão, ou mesmo contratos de aluguel, planilhas, enfim. A DIPJ não possui força probatória isoladamente, desacompanhada de outros documentos oficiais, como registros contábeis e outros documentos fiscais, como o DACON. A afirmação de que o Fisco já detém todas as informações, por todas as obrigações acessórias já cumpridas, bastando baixar em diligência para verificar a informação também não é pertinente, portanto. Nos casos de pedido de restituição e de compensação, como dito, o ônus da prova da existência do crédito é do contribuinte, não tendo a Recorrente se desincumbido de tal tarefa. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO. A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10580.900076/201330 Acórdão n.º 3301005.419 S3C3T1 Fl. 7 6 instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. (Número do Processo 10880.674831/200954. Relatora LARISSA NUNES GIRARD. Data da Sessão 13/06/2018. Nº Acórdão 3002000.234) (grifos não constam do original) A Recorrente não trouxe aos autos, nas duas oportunidades em que neles compareceu manifestação de inconformidade e recurso voluntário, qualquer prova documental hábil capaz de sustentar a veracidade e existência de seu direito de crédito (escrita contábil e fiscal). Não constam dos autos balancetes e demonstrações contábeis, nem mesmo DACON do contribuinte para evidenciar o quantum de receitas financeiras levadas à tributação da COFINS. Desta feita, diante da ausência de comprovação da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese negar provimento ao presente recurso voluntário Isto posto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, negar provimento. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Cofins, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Contribuição para o PIS, importando registrar, também, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 87DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14033.000072/2005-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 29/04/1993
DÉBITOS CONFESSADOS EM DCOMP. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. IRRF. INEXISTÊNCIA. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
A inexistência de direito creditório, com fulcro em pagamento indevido ou a maior de IRRF, a lastrear compensação de débito confessado em PER/DCOMP implica a não homologação.
Numero da decisão: 2402-006.771
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício), Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Júnior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. IRRF. INEXISTÊNCIA. NÃO HOMOLOGAÇÃO. A inexistência de direito creditório, com fulcro em pagamento indevido ou a maior de IRRF, a lastrear compensação de débito confessado em PER/DCOMP implica a não homologação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira (Presidente em Exercício), Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira (Suplente Convocado), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Júnior e Renata Toratti Cassini. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (efls. 86/89) em face do Acórdão n. 07 34.700 3ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 03 3. 00 00 72 /2 00 5- 05 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 98 2 (SC) DRJ/FNS (efls. 70/81), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade de efls. 53/57. O sujeito passivo tomou ciência do teor do Despacho Decisório/DRF/BSB/Diort de 03/04/2013 (efls. 40/43) na data de 24/05/2013 (efls. 44/46) e apresentou manifestação de inconformidade (efls. 53/57) em 25/06/2013, julgada improcedente pela DRF/FNS, nos termos do Acórdão n. 0734.700 (efls. 70/81), conforme entendimento sumarizado na ementa abaixo reproduzida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 29/04/1993 COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO. Não poderão ser objeto de compensação créditos tributários já compensados pelo contribuinte em outro PER/DCOMP homologado parcialmente mediante decisão administrativa da RFB em data anterior ao pedido de cancelamento. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada do teor do Acórdão n. 0734.700 (efls. 70/81) em 09/06/2014 (efls. 83/85), a impugnante, agora Recorrente, apresentou, na data de 07/07/2014, Recurso Voluntário (efls. 86/89) reclamando, em linhas gerais, por reconhecimento de direito creditório; validade e eficácia da compensação efetivada; e extinção do respectivo crédito tributário. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. O Recurso Voluntário (efls. 86/89) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto, dele CONHEÇO. O cerne da presente lide concentrase na validade e eficácia da compensação efetuada no âmbito do Per/Dcomp n. 07351.17552.120908.1.3.045108 (efls. 31/34) com fulcro no crédito tributário reconhecido no PAF n. 13631.000012/9369. A instância de piso, ao apreciar a matéria em sede de impugnação, resume a lide de forma precisa, razão pela qual a transcrevo no essencial: Conforme o Despacho Decisório, o direito creditório não foi reconhecido pela autoridade administrativa, pois o pagamento informado como crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte em outros PER/DCOMP, transmitidos no ano de 2004 e homologados parcialmente mediante Despacho Decisório DRF/BSA/Diort, de 16/06/2005, do qual não houve Fl. 98DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 99 3 manifestação de inconformidade. Em face da homologação parcial dos referidos PER/DCOMP em 2005, não restou crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP nº 07351.17552.120908.1.3.045108, ora em análise. Em sua defesa, a interessada alega que as citadas Dcomp transmitidas em 2004 e homologadas parcialmente em 2005 haviam sido canceladas pelo fato de o sistema da Caixa não ter deduzido dos DARF o valor compensado. Consta às fls. 23 proposta de homologação parcial, em 24/05/2005, das Declarações de Compensações transmitidas por meio dos PER/DCOMP 24784.94557.050504.1.3.042694, 34998.17489.140504.1.3.04.2491, 35504.35935.190504.1.3.045064 e 19017.923.010904.1.3.044518. Nos termos da proposta, houve homologação parcial dos referidos PER/DCOMP mediante Despacho Decisório DRF/BSA/Diort, de 16/06/2005, com ciência da contribuinte em 08/07/2005, do qual não houve manifestação de inconformidade. Nos referidos documentos não são mencionadas Dcomp retificadoras ou canceladoras daquelas Declarações de Compensações. Com efeito, verificamos junto aos sistemas da RFB Dcomp canceladoras, conforme telas a seguir. [...] Como se vê, em 13/05/2004 foi enviado o PER/DCOMP nº 13892.12280.130504.1.8.042061 para cancelar o PER/DCOMP nº 24784.94557.05504.1.3.042694 (enviado em 05/05/2004). Consta do histórico do referido PER/DCOMP cancelador que em 28/11/2005 ele estava “EM ANÁLISE MANUAL”, e, em 15/02/2012, a informação “PEDIDO DE CANCELAMENTO INDEFERIDO”. Entretanto, o referido PER/DCOMP cancelador não foi mencionado no Despacho Decisório que analisou o PER/DCOMP original. [...] Como se vê, em 19/05/2004 foi enviado o PER/DCOMP nº 05939.81606.190504.1.8.045552 para cancelar o PER/DCOMP nº 34998.17489.140504.1.3.042491 (enviado em 14/05/2004). Consta do histórico do referido PER/DCOMP cancelador que em 28/11/2005 ele estava “EM ANÁLISE MANUAL”, e, em 15/02/2012, a informação “PEDIDO DE CANCELAMENTO INDEFERIDO”. Entretanto, o referido PER/DCOMP cancelador não foi mencionado no Despacho Decisório que analisou o PER/DCOMP original. [...] Como se vê, em 21/05/2004, foi enviado o PER/DCOMP nº23437.13737.210504.1.8.042831 para cancelar o PER/DCOMP nº 35504.35935.190504.1.3.045064 (enviado em 19/05/2004). Consta do histórico do referido PER/DCOMP cancelador que em 28/11/2005 ele estava “EM ANÁLISE MANUAL”, e, em 15/02/2012, a informação “PEDIDO DE CANCELAMENTO INDEFERIDO”. Entretanto, o referido PER/DCOMP cancelador não foi mencionado no Despacho Decisório que analisou o PER/DCOMP original. [...] Como se vê, em 13/10/2005, foi enviado o PER/DCOMP nº 06465.60475.131005.1.8.043487 para cancelar o PER/DCOMP nº Fl. 99DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 100 4 19017.92364.010904.1.3.044518 (enviado em 01/09/2004). Consta do histórico do referido PER/COMP cancelador que em 13/05/2006 estava “AGUARDANDO TRATAMENTO MANUAL”, em 15/02/2012 estava “EM ANÁLISE MANUAL”, e, em 15/02/2012, consta a informação “PEDIDO DE CANCELAMENTO INDEFERIDO”. Entretanto, o referido PER/DCOMP cancelador foi transmitido somente em 13/10/2005, após o Despacho Decisório emitido em 16/06/2005, com ciência da contribuinte em 08/07/2005, que homologou parcialmente o PER/DCOMP originariamente transmitido e que não foi objeto de manifestação de inconformidade. Observese que o sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição ou compensação com débitos próprios, nos casos de pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido, conforme art. 165, 168 e 170 do Código Tributário Nacional, e art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Nesse contexto, a Instrução Normativa SRF nº 460, de 18/10/2004, vigente à época da transmissão dos referidos PER/DCOMP, estabeleceu: [...] Observese que o art. 93 da IN RFB nº 1.300, de 20/11/2012, vigente atualmente, também dispõe que a desistência da compensação poderá ser requerida somente se ela se encontrar pendente de decisão administrativa, verbis: [...] Conforme exposto, a contribuinte transmitiu quatro PER/DCOMP para compensar o referido valor de IRRF. Em face de problemas nos sistemas da interessada, foram enviados PER/DCOMP canceladores que não foram contemplados no Despacho Decisório, emitido em 16/06/2005, que homologou parcialmente os PER/DCOMP originariamente enviados. Entretanto, o PER/DCOMP nº 19017.92364.010904.1.3.044518 foi enviado em 01/09/2004 e o respectivo PER/DCOMP cancelador nº 06465.60475.131005.1.8.043487 foi transmitido somente em 13/10/2005, data em que já havia sido homologado parcialmente o PER/DCOMP original mediante Despacho Decisório DRF/BSB/Diort de 16/06/2005, com ciência da interessada em 08/07/2005. Assim, nos termos da legislação retrocitada, o PER/DCOMP cancelador nº 06465.60475.131005.1.8.043487 não poderia ser admitido, pois o PER/DCOMP original já havia sido objeto de Despacho Decisório com ciência da interessada, portanto não se encontrava pendente de decisão administrativa na data da apresentação do pedido de cancelamento. Tendo em vista haver disposição legal expressa quanto ao indeferimento do PER/DCOMP cancelador enviado após a ciência do Despacho Decisório que homologou parcialmente o PER/DCOMP original nº 19017.92364.010904.1.3.044518, deixarseá de analisar os motivos pelos quais não foram contemplados no Despacho Decisório emitido em 2005 os outros três PER/DCOMP canceladores transmitidos em 2004, pois tais fatos não iriam alterar o resultado desta Decisão. Portanto, em razão de o crédito reconhecido no processo administrativo nº 13631.000012/9369 ter sido utilizado em outra Dcomp (nº 19017.92364.010904.1.3.044518) que não havia sido cancelada antes da emissão do respectivo Despacho Decisório, datado de 16/06/2005, não restou saldo de crédito a ser utilizado na Dcomp 07351.17552.1290908.1.3.045108, ora em análise. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 101 5 [...](grifos originais) Em face da decisão de piso, a Recorrente apresentou à segunda instância os seguintes argumentos: Fl. 101DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 102 6 [...] Fl. 102DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 103 7 [...] Muito bem. Compulsando os autos, verificase que o crédito tributário que lastreia a compensação consignada no Per/Dcomp n. 07351.17552.120908.1.3.045108 (efls. 31/34) no valor de R$ 135.025,66 atualizado até 12/09/2008 tem natureza de pagamento indevido ou a maior reconhecido no âmbito do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369: O débito que o Per/Dcomp n. 07351.17552.120908.1.3.045108 (efls. 31/34) visa compensar é de imposto sobre a renda retido na fonte (IRRF) Código de Receita 8053 P.A 1°. Dec./Setembro/2008 no valor total de R$ 135.025,66: Fl. 103DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 104 8 Nos termos do Despacho Decisório/DRF/BSA/Diort 16/06/2005 (efls. 24/26), as compensações consignadas nos Per/Dcomp n. 19017.92364.010904.1.3.044518 (e fls. 04/07); n. 24784.94557.050504.1.3.042694 (efls. 08/11); n. 34998.17489.140504.1.3.04 2491 (efls. 12/15); e n. 35504.35935.190504.1.3.045064 (efls. 16/19) foram homologadas parcialmente até o limite do crédito tributário reconhecido no âmbito do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369, correspondente a Cr$ 707.010.467,00 no padrão monetário da época do pagamento indevido (DARF de efl. 12 daquele processo) e equivalente ao valor de R$ 82.267,51, em janeiro/2004 (efl. 72 do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369), no padrão monetário vigente no país desde 01/07/1994. De se observar que, não obstante ter sido cientificado do teor do Despacho Decisório/DRF/BSA/Diort 16/06/2005 (efls. 24/26) em 08/07/2005 (efls. 27/28), a Recorrente contra ele não se insurgiu, conferindo caráter de definitividade àquela decisão. A despeito do teor do despacho de efl. 30 (exarado originalmente no processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369), que informa da impossibilidade de execução da compensação homologada parcialmente pelo Despacho Decisório/DRF/BSA/Diort 16/06/2005 (efls. 24/26), em virtude de alocação do pagamento objeto do pedido de restituição ao débito n. 513319244001 (efl. 29), verificase às efls. 80/81 do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369 que o pagamento efetuado no valor de Cr$ 707.010.467,00 foi desalocado e encontrase disponível para que se proceda à compensação. Desta forma, com fulcro no art. 21 e ss. da Instrução Normativa SRF n. 210, de 30/09/2002 (DOU de 01/10/2002), então vigente, procedeuse à homologação parcial dos débitos confessados nos Per/Dcomp n. 19017.92364.010904.1.3.044518 (efls. 04/07); n. 24784.94557.050504.1.3.042694 (efls. 08/11); n. 34998.17489.140504.1.3.042491 (efls. 12/15); e n. 35504.35935.190504.1.3.045064 (efls. 16/19) na forma preconizada no Despacho Decisório/DRF/BSA/Diort 16/06/2005 (efls. 24/26), vez que o direito creditório reconhecido no âmbito do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369 não foi suficiente para compensar os débitos confessados nos respectivos Per/Dcomp em sua totalidade. Cabe repisar que a retrocitada decisão consolidouse definitivamente em virtude de o Recorrente não contra ela se irresignado, em que pese ter sido formalmente cientificado do seu teor. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 105 9 É relevante destacar que a compensação é forma extintiva do crédito tributário, forte no art. 156, II, c/c art. 170 do CTN e art. 74 da Lei n. 9.430/1996. Assim, no caso concreto, a homologação parcial em apreço extinguiu os respectivos débitos no limite do direito creditório reconhecido. Posteriormente, em 12/09/2008, a Recorrente, já sob a égide da Instrução Normativa SRF n. 600, de 28/12/2005, apresentou o Per/Dcomp n. 07351.17552.120908.1.3.045108 (efls. 31/34), buscando compensar débito de IRRF, informando, todavia, o direito creditório reconhecido no processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369, já exaurido pela utilização nas compensações autorizadas pelo Despacho Decisório/DRF/BSA/Diort 16/06/2005 (efls. 24/26). Em virtude da insuficiência de crédito, a compensação abrigada no Per/Dcomp n. 07351.17552.120908.1.3.045108 (efls. 31/34) não foi homologada, nos termos exatos do Despacho Decisório/DRF/BSB/Diort, de 20/03/2013 (efls. 40/43). Conforme acima relatado, a decisão de piso informa que a Recorrente transmitiu os Per/Dcomp n. 06465.60475.131005.1.8.043487; n. 13892.12280.130504.1.8.04 2061; n. 05939.81606.190504.1.8.045552; e n. 23437.13737.210504.1.8.042831, com o fito de cancelar os Per/Dcomp n. 19017.92364.010904.1.3.044518 (efls. 04/07); n. 24784.94557.050504.1.3.042694 (efls. 08/11); n. 34998.17489.140504.1.3.042491 (efls. 12/15); e n. 35504.35935.190504.1.3.045064 (efls. 16/19), respectivamente, que todavia, já se encontravam em tratamento manual (análise da autoridade fiscal), que resultou no Despacho Decisório/DRF/BSA/Diort 16/06/2005 (efls. 24/26). Desta forma, aqueles Per/Dcomp não promoveram o cancelamento almejado, uma vez que os respectivos pedidos de cancelamento foram indeferidos. A decisão recorrida destaca que o Per/Dcomp n. 06465.60475.131005.1.8.04 3487, com pedido de cancelamento do Per/Dcomp n. 19017.92364.010904.1.3.044518 (efls. 04/07), foi transmitido em 13/10/2005, quando já havia sido homologada parcialmente a compensação abrigada neste último Per/Dcomp (original) mediante o Despacho Decisório/DRF/BSA/Diort 16/06/2005 (efls. 24/26), aperfeiçoado com a ciência da Recorrente em 08/07/2005. Desta forma, conclui a decisão a quo: Assim, nos termos da legislação retrocitada, o PER/DCOMP cancelador nº 06465.60475.131005.1.8.043487 não poderia ser admitido, pois o PER/DCOMP original já havia sido objeto de Despacho Decisório com ciência da interessada, portanto não se encontrava pendente de decisão administrativa na data da apresentação do pedido de cancelamento. Tendo em vista haver disposição legal expressa quanto ao indeferimento do PER/DCOMP cancelador enviado após a ciência do Despacho Decisório que homologou parcialmente o PER/DCOMP original nº 19017.92364.010904.1.3.044518, deixarseá de analisar os motivos pelos quais não foram contemplados no Despacho Decisório emitido em 2005 os outros três PER/DCOMP canceladores transmitidos em 2004, pois tais fatos não iriam alterar o resultado desta Decisão. Portanto, em razão de o crédito reconhecido no processo administrativo nº 13631.000012/9369 ter sido utilizado em outra Dcomp (nº 19017.92364.010904.1.3.044518) que não havia sido cancelada antes da emissão Fl. 105DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 106 10 do respectivo Despacho Decisório, datado de 16/06/2005, não restou saldo de crédito a ser utilizado na Dcomp 07351.17552.1290908.1.3.045108, ora em análise. Um detalhe que chama atenção é o fato de a Recorrente utilizar nos Per/Dcomp n. 19017.92364.010904.1.3.044518 (efls. 04/07); n. 24784.94557.050504.1.3.04 2694 (efls. 08/11); n. 34998.17489.140504.1.3.042491 (efls. 12/15); e n. 35504.35935.190504.1.3.045064 (efls. 16/19) exatamente o mesmo valor do crédito original (R$ 82.267,51) corrigido pela Selic acumulada no período, sem qualquer dedução dos débitos compensados nos Per/Dcomp anteriores, como se do crédito original não devessem ser abatidos as compensações já efetuadas, ou seja, o valor do crédito original permanecia sempre intacto, quando deveria a compensação seguinte considerar o saldo remanescente daquele utilizado na anterior. Assim, o crédito informado no Per/Dcomp n. 19017.92364.010904.1.3.044518, apresentada em 01/09/2004, por exemplo, foi no mesmo valor daquele informado no Per/Dcomp n. 24784.94557.050504.1.3.042694, apresentado em 05/05/2004, quatro meses antes. A mesma sistemática foi utilizada, inclusive, no Per/Dcomp n. 07351.17552.120908.1.3.045108 (efls. 31/34). Destarte, em face das informações consignadas nas telas do Sistema de Controle de Créditos e Compensação (SCC) Consulta Per/Dcomp (efls. 35/36); na Listagem de Débitos/Saldos Remanescentes (efls. 37/38); no Demonstrativo Analítico de Compensação (efl. 39); e nas telas do SCC, reproduzidas na decisão recorrida, concluise que: i) os Per/Dcomp n. 19017.92364.010904.1.3.044518 (efls. 04/07); n. 24784.94557.050504.1.3.042694 (efls. 08/11); n. 34998.17489.140504.1.3.042491 (efls. 12/15); e n. 35504.35935.190504.1.3.045064 (efls. 16/19) não foram cancelados pelos Per/Dcomp n. 06465.60475.131005.1.8.043487; n. 13892.12280.130504.1.8.042061; n. 05939.81606.190504.1.8.045552; e n. 23437.13737.210504.1.8.042831, respectivamente, tendo em vista que os pedidos de cancelamento consignados nestes últimos foram indeferidos pelo SCC em análise automática: Fl. 106DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 107 11 Fl. 107DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 108 12 ii) o direito creditório reconhecido no âmbito do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369 extinguiu integralmente o débito de IRRF Código de Receita 6800 vencido em 05/05/2004 valor original de R$ 82.267,51 confessado no Per/Dcomp n. 24784.94557.050504.1.3.042694 (efls. 08/11); iii) o saldo remanescente direito creditório reconhecido no âmbito do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369, após a compensação acima informada, extinguiu parcialmente o débito de IRRF Código de Receita 6800 vencido em 14/05/2004 valor original de R$ 82.267,51 confessado no Per/Dcomp n. 34998.17489.140504.1.3.04 2491 (efls. 12/15), restando saldo de débito na ordem de R$ 80.757,54 e saldo de crédito R$ 0,00; iv) o direito creditório reconhecido no âmbito do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369 exauriuse na compensação dos débitos confessados no Per/Dcomp n. 34998.17489.140504.1.3.042491 (efls. 12/15); v) para os Per/Dcomp transmitidos a partir de 19/05/2004, inclusive que compreende os Per/Dcomp n. 35504.35935.190504.1.3.045064 (efls. 16/19); n. 19017.92364.010904.1.3.044518 (efls. 04/07); e n. 07351.17552.120908.1.3.045108 (efls. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 14033.000072/200505 Acórdão n.º 2402006.771 S2C4T2 Fl. 109 13 31/34) já não havia crédito disponível para lastrear compensação dos débitos neles confessados. Nessa perspectiva, resta evidenciada a inexistência de direito creditório a lastrear a compensação do débito informado no Per/Dcomp n. 07351.17552.120908.1.3.04 5108 (efls. 31/34), vez que a totalidade do crédito tributário reconhecido no âmbito do processo administrativo fiscal n. 13631.000012/9369 foi integralmente utilizada nas compensações efetuadas até a data de 14/05/2004, inclusive. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (e fls. 86/89) e NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 109DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.000034/2002-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 1997
IRPF. RESGATE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA EM DECORRÊNCIA DE ADESÃO A PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO.
Sujeitam-se à incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual as importâncias correspondentes ao resgate de contribuições a planos de previdência privada, ainda que o resgate aconteça em decorrência de adesão a programa de demissão voluntária.
Numero da decisão: 9202-007.140
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Cecília Lustosa da Cruz (relatora), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
(assinado digitalmente)
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1997 IRPF. RESGATE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA EM DECORRÊNCIA DE ADESÃO A PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. Sujeitam-se à incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual as importâncias correspondentes ao resgate de contribuições a planos de previdência privada, ainda que o resgate aconteça em decorrência de adesão a programa de demissão voluntária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Cecília Lustosa da Cruz (relatora), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora. (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa - Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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RESGATE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA EM DECORRÊNCIA DE ADESÃO A PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. Sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual as importâncias correspondentes ao resgate de contribuições a planos de previdência privada, ainda que o resgate aconteça em decorrência de adesão a programa de demissão voluntária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Cecília Lustosa da Cruz (relatora), Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. (assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Redator Designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 00 00 34 /2 00 2- 01 Fl. 151DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional contra o Acórdão n.º 19600.114 proferido pelo Primeiro Conselho de Contribuintes da Sexta Turma Especial, em 3 de fevereiro de 2009, no qual restou consignada a seguinte ementa, fls. 87: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1997 IRPF. PDV. INDENIZAÇÃO PAGA POR ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. A indenização de incentivo à demissão voluntária representada por benefício disponibilizado junto à entidade de previdência privada fechada cuja patrocinadora é a empresa empregadora e que teve como origem numerário fornecido por esta, se equipara, para fins tributários, àquela paga diretamente ao interessado. Recurso voluntário provido. O Recurso Especial referido anteriormente, fls. 95 a 101, foi admitido, por meio do Despacho de fls. 103 a 104, para rediscutir a decisão recorrida no que se refere à incidência do imposto de renda sobre o valor do resgate das contribuições à previdência privada efetivado por ocasião da rescisão do contrato de trabalho em decorrência da adesão ao programa de demissão voluntária. Aduz a Fazenda, em síntese, que: a) o ato declaratório n.º 07, editado em 1999, delineou a isenção reconhecida pela IN SRF n.º 165, editada em 1998, quanto às verbas recebidas como incentivo à adesão a Plano de Demissão voluntária; b) a isenção referida deve ser interpretada literalmente, de modo que, o acórdão recorrido incorreu em violação ao art. 111 do CTN, na medida em que interpretou extensivamente a legislação de isenção tributária; c) o STJ se posicionou recentemente no sentido da natureza remuneratória do resgate de valores da previdência privada pelo contribuinte que aderiu a Plano de Demissão Voluntária; d) deve ser conhecido e provido o recurso. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 15374.000034/200201 Acórdão n.º 9202007.140 CSRFT2 Fl. 3 3 Intimado, o Contribuinte apresentou contrarrazões, fls. 108 a 111, sustentando, em síntese, a manutenção da decisão recorrida, considerando a sua adequação ao caso dos autos. É. o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e presentes os requisitos de admissibilidade. Conforme narrado, a divergência suscitada pela Procuradoria da Fazenda trata da incidência do imposto de renda sobre o valor do resgate das contribuições à previdência privada efetivado por ocasião da rescisão do contrato de trabalho em decorrência da adesão ao programa de demissão voluntária. A lide foi inicialmente instaurada em razão de pedido de restituição do IRRF pelo Contribuinte sobre os rendimentos recebidos da Fundação Previdenciária IBM, de acordo com o informe anual, fls. 07, aos quais foi pleiteado tratamento tributário aplicável aos valores recebidos à guisa do Plano de Demissão Voluntária. Acerca da matéria, o Acórdão recorrido assim se pronunciou: É comprovado nos autos que o contribuinte aderiu ao Programa de Demissão Voluntária implementado pela IBM. De outra banda, conforme se pode extrair do Termo de Quitação de fls. 08, estáse tratando, na espécie, "de resgate de saldo inicial do plano de aposentadoria de contribuição definida, que está sendo pago em decorrência da rescisão do contrato...contrato de trabalho..." Ou seja, compulsandose os autos, em especial em face do documento de fls. 10, podese afirmar que, no caso concreto, foi oferecido ao contribuinte, por ocasião de seu desligamento da IBM do Brasil, a oportunidade de resgatar a totalidade de valores aportados exclusivamente por sua exempregadora junto à fundação previdenciária supramencionada. E o cotejo dos elementos supra, assim como o exame dos demais documentos acostados, permitem firmar minha convicção de que o pagamento em tela não se referiu à aposentadoria antecipada, nem tampouco tratou de resgate de contribuições anteriormente efetuadas pelo interessado, mas correspondeu tão só, dentro do quadro de vantagens oferecidas aos funcionários que aderissem ao programa demissional em comento, a benefício auferido de entidade criada, mantida e orientada pela exempregadora do requerente. Fl. 153DF CARF MF 4 No meu entender, a decisão recorrida, ao analisar os documentos constantes dos autos, caracterizou corretamente a verba oriunda do resgate da totalidade de valores aportados exclusivamente por sua exempregadora junto à fundação previdenciária, quando da adesão ao Programa de Demissão Voluntária (PDV), pois os valores recebidos integram as vantagens oferecidas aos funcionários que aderissem ao programa demissional, consubstanciandose em indenização. Nesse contexto, mostrase aplicável ao caso o disposto no REsp 1112745/SP, julgado na sistemática dos recursos repetitivos, que assim consignou sobre o tema: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO PAGA POR LIBERALIDADE DO EMPREGADOR. NATUREZA REMUNERATÓRIA. INCIDÊNCIA. INDENIZAÇÃO PAGA NO CONTEXTO DE PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA PDV. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA 215/STJ. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. 1. Nas rescisões de contratos de trabalho são dadas diversas denominações às mais variadas verbas. Nessas situações, é imperioso verificar qual a natureza jurídica de determinada verba a fim de, aplicando a jurisprudência desta Corte, classificála como sujeita ao imposto de renda ou não. 2. As verbas pagas por liberalidade na rescisão do contrato de trabalho são aquelas que, nos casos em que ocorre a demissão com ou sem justa causa, são pagas sem decorrerem de imposição de nenhuma fonte normativa prévia ao ato de dispensa (incluindose aí Programas de Demissão Voluntária PDV e Acordos Coletivos), dependendo apenas da vontade do empregador e excedendo as indenizações legalmente instituídas. Sobre tais verbas a jurisprudência é pacífica no sentido da incidência do imposto de renda já que não possuem natureza indenizatória. Precedentes: EAg Embargos de Divergência em Agravo 586.583/RJ, Rel. Ministro José Delgado, DJ 12.06.2006; EREsp 769.118 / SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, DJ de 15.10.2007, p. 221; REsp n.º 706.817/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 28/11/2005; EAg 586.583/RJ, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Seção, v.u., julgado em 24.5.2006, DJ 12.6.2006 p. 421; EREsp 775.701/SP, Relator Ministro Castro Meira, Relator p/ Acórdão Ministro Luiz Fux, Data do Julgamento 26/4/2006, Data da Publicação/Fonte DJ 1.8.2006 p. 364; EREsp 515.148/RS, Relator Ministro Luiz Fux, Data do Julgamento 8/2/2006, Data da Publicação/Fonte DJ 20.2.2006 p. 190 RET vol. 48 p. 28; AgRg nos EREsp. Nº 860.888 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 26.11.2008, entre outros. 3. "Os Programas de Demissão Voluntária PDV consubstanciam uma oferta pública para a realização de um negócio jurídico, qual seja a resilição ou distrato do contrato de trabalho no caso das relações regidas pela CLT, ou a exoneração, no caso dos servidores estatutários. O núcleo das condutas jurídicas relevantes aponta para a existência de um acordo de vontades para por fim à relação empregatícia, razão Fl. 154DF CARF MF Processo nº 15374.000034/200201 Acórdão n.º 9202007.140 CSRFT2 Fl. 4 5 pela qual inexiste margem para o exercício de liberalidades por parte do empregador. [...] Inexiste liberalidade em acordo de vontades no qual uma das partes renuncia ao cargo e a outra a indeniza [...]" (REsp Nº 940.759 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.3.2009). "A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda". Enunciado n. 215 da Súmula do STJ. 4. Situação em que a verba denominada "gratificação não eventual" foi paga por liberalidade do empregador e a chamada "compensação espontânea" foi paga em contexto de PDV. 5. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Tendo em vista a premissa de que os valores recebidos pelo Contribuinte se perfazem na quantia indenizatória que motivou a adesão ao programa, fazse imperiosa a aplicação do mencionado repetitivo, com base no art. 62, § 1º, inciso, II, alínea "b", do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Assim, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz. Voto Vencedor Pedro Paulo Pereira Barbosa – Redator designado Divergi da i. Relatora quanto ao seu entendimento de que os valores recebidos como resgate de previdência privada integra o rol das verbas indenizatórias recebidas no contexto de Programa de Demissão Voluntária. Sabese que a não incidência dos valores recebidos como incentivo a adesão a Programas de Demissão Voluntária decorre de construção doutrinária e jurisprudencial de que tais verbas teriam natureza indenizatória. Excluise, excluise, portanto, dessa categoria todas os valores recebidos pelo empregado, ainda que em razão da demissão voluntária, que não seja paga como liberalidade do empregador, como benefício adicional oferecido com o objetivo de atrair o empregado para a oferta da demissão voluntária. Foi exatamente isso que se decidiu no REsp 1112745/SP, reproduzido pela Relatora em seu voto. A questão é: os valores correspondentes ao resgate de previdência privada, no caso, configura benefício adicional, liberalidade do empregador? Penso que não. Embora a possibilidade de resgate da oprevidência privada estivesse no rol dos benefícios a que o empregado poderia usufruir, não se trata de liberalidade Fl. 155DF CARF MF 6 do empregador, simplesmente porque tais recursos já integravam o rol dos direitos do empregado, sendo irrelevante o fato de o pagamento das quotas terem sido feitas pela empresa ou pelo empregado. Tratase em qualquer caso de resgate de contribuições, e estas são tributadas, nos termos do art. 33 da Lei nº 9.250, de 1995. Confirase: Art. 33. Sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual os benefícios recebidos de entidade de previdência privada, bem como as importâncias correspondentes ao resgate de contribuições. Tratase, portanto, ao contrário do que entendeu a Relatora, de rendimentos tributáveis. Ante o exposto, conheço do Recurso Especial da Procuradoria e, no mérito, doulhe provimento. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 156DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.903111/2009-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/01/2002
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.382
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/01/2002 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/01/2002 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 31 11 /2 00 9- 20 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 13888.903111/200920 Acórdão n.º 3301005.382 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologação da compensação declarada, sob o fundamento de que o pagamento da contribuição (PIS/Cofins), informado como origem do crédito, já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do seu direito creditório, bem como a homologação da compensação, alegando que auferira receitas não sujeitas à incidência da contribuição (PIS/Cofins), dada a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1º, da Lei n° 9.718/1998, que fixou um novo conceito de faturamento, ampliando aleatoriamente a base de cálculo das contribuições para alcançar "a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas". De acordo com o então Manifestante, referido dispositivo violou flagrantemente os arts. 146 e 154 da Constituição Federal, além do art. 110 do Código Tributário Nacional (CTN), alterando o alcance a definição de institutos, conceitos e formas do direito privado, segundo o qual faturamento é uma espécie de receita, qualificada como ingresso patrimonial decorrente de operações mercantis de venda de mercadorias e serviços e nada mais. Concluiu que o Supremo Tribunal Federal (STF), por seu Pleno, reconhecera a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, ao julgar os REs 346.084/PR, 357.9501/RS e 390.840/MG, por entender que a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins por lei ordinária violou a redação original do art. 195, I, da Constituição Federal, ainda vigente ao ser editada a mencionada norma legal. Dessa forma, pleiteou o reconhecimento da legalidade da compensação declarada, com a exclusão da base de cálculo de todas as receitas agrupadas sob a rubrica "outras receitas". A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 1430.385, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo a decisão da repartição de origem. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, repisando os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 13888.903111/200920 Acórdão n.º 3301005.382 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.379, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 13888.903098/200917, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.379): O Recurso Voluntário interposto em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 1430.375 é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/11/2002 CONSTITUCIONATIDAI)E. DECISÃO DO SUPREMO—TRIBUNAL FEDERAL. A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada em Recurso Extraordinário, não possui efeito erga omnes. PIS. BASE DE CALCULO. A partir de fevereiro de 1999, a base de cálculo do PIS passou a ser a totalidade das receitas auferidas pela empresa subtraida de algumas exclusões previstas em lei. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Aduz o Contribuinte em seu recurso que efetuou pagamento a maior da contribuição ao PIS e compensou com os valores devidos à contribuição. A Fl. 108DF CARF MF Processo nº 13888.903111/200920 Acórdão n.º 3301005.382 S3C3T1 Fl. 5 4 Administração Fiscal não homologou o pedido de compensação por entender que não há crédito a favor do Contribuinte, visto que o pagamento informado pelo Contribuinte como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos, não restando, assim, crédito disponível para compensação com os débitos relacionados no PER/DCOMP, sendo que o DARF foi alocado para o débito declarado em DCTF apresentado pelo Contribuinte. Assim esclarece os fatos o Contribuinte em seu recurso (fls. 80 e seguintes): A Fiscalização incluiu na base de cálculo da PIS o valor de "outras receitas", o que levou a empresa recorrente a recolher valor de contribuição superior ao realmente devido. Segundo apurouse, a recorrente recolheu a importância de R$ 217,35 indevidamente, a titulo de PIS. Este valor tem como correspondente base de cálculo o importe de R$ 33.438,73 qual não deveria integrar a base de calculo de referida contribuição, haja vista que corresponde a "outras receitas" apuradas naquele período. Sendo credora dessa importância, que atualizada gerou um crédito de R$ 330,40, a recorrente utilizouse desse valor para compensálo com o PIS devido no mês de novembro de 2005, conforme procedimento “PER/DCOMP” anexado aos autos do processo administrativo. A Secretaria da Receita Federal não homologou a compensação, conforme despacho decisório proferido em 25 de Margo de 2009. 0 Fisco não aceitou a existência de crédito da recorrente, consolidando o valor do débito, correspondente aos valores considerados indevidamente compensados. (...) A cobrança, no entanto, não pode prosperar, devendo ser cancelada, uma vez que a importância relativa a "outras receitas" não pode ser incluída na base de cálculo para apuração dos tributos PIS e COFINS, devendo, assim, exonerar a recorrente do pagamento dos débitos do período em referência. Percebese que a questão central é que o Fisco entendeu que “outras receitas” integram a base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS, enquanto que o Contribuinte discorda visto a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1°, da Lei n° 9.718/1998 e assim se pronuncia às fls. 84 e seguintes: (...) A base de cálculo ao PIS não abrange as "outras receitas", assim consideradas aquelas que não sejam provenientes da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. A contribuição relativa ao PIS incide sobre o faturamento da empresa e teve sua cobrança instituída pela Lei Complementar n° 70/71, encontrando suporte no artigo 195, da Constituição Federal de 1988. O faturamento constituise elemento primordial na construção da base de cálculo da COFINS e do PIS, a qual foi definida pela Carta Magna, não podendo, obviamente, ser alterada por simples lei ordinária. (...) A Lei n° 9.718/98, no entanto, ampliou aleatoriamente a base de cálculo do PIS e da COFINS, passando a considerar faturamento a "totalidade das Fl. 109DF CARF MF Processo nº 13888.903111/200920 Acórdão n.º 3301005.382 S3C3T1 Fl. 6 5 receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas", conforme se depreende do seu artigo 3°, parágrafo primeiro. Tal dispositivo legal, ao ampliar o conceito de faturamento, violou o principio da supremacia da Constituição Federal. (...) Considerando que o Supremo Tribunal Federal já considerou inconstitucional o artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei no 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento, há que se reconhecer a legalidade da compensação pretendida pela recorrente, uma vez que devem ser excluídas da base de cálculo todas as receitas que estão sob o conceito de "outras receitas". Com esses argumentos o Contribuinte requer a anulação do Despacho Decisório proferido em 4 de agosto de 2010 que não homologou o pedido de compensação. Na decisão ora recorrida assim se pronunciou o relator (fls. 73): (...) Realmente, no dia 9 de novembro de 2005, o STF, em sessão plenária em quatro recursos individuais, julgou inconstitucional o § 10 do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, que definiu como base de incidência das contribuições ao PIS e A Cofins a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. 0 STF entendeu que referida norma, quando de sua edição, era incompatível com o texto constitucional então vigente, que previa a incidência das contribuições sociais apenas sobre o faturamento das pessoas jurídicas e não sobre a totalidade das suas receitas. Contudo, como tais decisões do STF não foram proferidas em Ação Direta de Inconstitucionalidade — ADIN, beneficiam, apenas e tão somente, as partes envolvidas nos recursos mencionados. (...) Neste aspecto entendo não assistir razão a administração fiscal, visto que em face a inconstitucionalidade do art. 3o § 1º, da Lei 9.718/98, deve se excluir da base de cálculo da contribuição as “outras receitas”. Ocorre que o Contribuinte não demonstrou na Manifestação de Inconformidade, bem como, no Recurso Voluntário, o que integra a rubrica “outras receitas”, pois cabe a quem alega o direito creditório demonstrar a sua liquidez e certeza. Cito trecho da decisão ora recorrida como razões para decidir (fls 74 e seguintes): Sob outro prisma, compete acentuar que após a ciência do despacho decisório transferese ao contribuinte o ônus probante objetivando sustentar suas alegações, incluindo eventuais retificações de valores informados em DCTF. Diante disto, é importante ressaltar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática em todos os seus limites, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Fl. 110DF CARF MF Processo nº 13888.903111/200920 Acórdão n.º 3301005.382 S3C3T1 Fl. 7 6 A par disso, impende observar que, nos termos do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil, ao autor incumbe o ônus da prova dos fatos constitutivos do seu direito. Logo, as declarações de compensação devem estar, necessariamente, instruídas com as devidas provas do indébito tributário no qual se fundamentam, sob pena de pronto indeferimento. No caso em tela, a prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido, pois há situações em que somente a contribuinte detém em seu poder os registros de prova necessários para a elucidação da verdade dos fatos. Com efeito, os registros contábeis e demais documentos fiscais, acerca da base de cálculo do PIS, são elementos indispensáveis para que se comprove a certeza e a liquidez do direito creditório aqui pleiteado. No presente caso, a recorrente, em sua peça impugnatória, não apresentou qualquer documentação fiscal demonstrando as receitas constituídas de valores classificados como "outras receitas" que, em sua tese apresentada na manifestação de inconformidade, não estariam sujeitas à incidência de PIS e Cofins. Consoante noção cediça, a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: "Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º )". Por tais razões, a contribuinte, quando apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, provar um crédito tributário a seu favor para extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação, ainda mais quando tal débito estava declarado em DCTF. Esse, por sinal, tem sido o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, como atesta de forma ilustrativa a ementa do seguinte acórdão: "DCTF — ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO — AUSÊNCIA DE PROVA Os dados informados em DCTF reputamse verdadeiros, até prova em contrário. Inadmissível a simples alegação de erro no seu preenchimento, desacompanhada de comprovação cabal do lapso." (Acórdão 10420.645, de 18/5/2005) Nesse sentido, na declaração de compensação apresentada o indébito não contém os atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Com essas razões, ausência de comprovação do direito ao crédito, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 13888.903111/200920 Acórdão n.º 3301005.382 S3C3T1 Fl. 8 7 Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins, importando registrar, também, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19985.722181/2017-77
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, clínicas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei.
Há de ser afastada a glosa, quando o contribuinte apresenta, no processo, documentação suficiente para sua aceitação.
Numero da decisão: 2001-000.679
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE RICARDO MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, clínicas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Há de ser afastada a glosa, quando o contribuinte apresenta, no processo, documentação suficiente para sua aceitação.
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score : 1.0
Numero do processo: 16327.721172/2013-09
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
DEPÓSITO JUDICIAL DE MONTANTE INTEGRAL. CONSTITUIÇÃO DE OFÍCIO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
O entendimento pacificado no STJ em julgamento de recurso afetado como representativo de controvérsia é o de que o depósito do montante integral do crédito tributário suspende sua exigibilidade e veda a prática de atos de cobrança por parte da Administração Tributária, mas não impede ou invalida o lançamento de ofício desses valores, desde que feito com suspensão de exigibilidade e sem a incidência de multa de ofício. Inteligência da Súmula CARF nº 48.
Numero da decisão: 9101-003.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luis Flávio Neto, Gerson Macedo Guerra e Demetrius Nichele Macei, que não conheceram do recurso e que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em determinar o retorno do autos à Unidade de Origem. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto os conselheiros Cristiane Silva Costa e Rafael Vidal de Araújo. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Flávio Franco Correa não votou quanto ao conhecimento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Nelso Kichel (suplente convocado) na reunião anterior.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Viviane Vidal Wagner - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rafael Vidal de Araújo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Guerra de Macedo, Demetrius Nichele Macei e Nelso Kichel (suplente convocado).
Nome do relator: VIVIANE VIDAL WAGNER
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012 DEPÓSITO JUDICIAL DE MONTANTE INTEGRAL. CONSTITUIÇÃO DE OFÍCIO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O entendimento pacificado no STJ em julgamento de recurso afetado como representativo de controvérsia é o de que o depósito do montante integral do crédito tributário suspende sua exigibilidade e veda a prática de atos de cobrança por parte da Administração Tributária, mas não impede ou invalida o lançamento de ofício desses valores, desde que feito com suspensão de exigibilidade e sem a incidência de multa de ofício. Inteligência da Súmula CARF nº 48.
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DÉBITOS DECLARADOS EM DCTF Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MERRIL LYNCH S/A CORRETORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 DEPÓSITO JUDICIAL DE MONTANTE INTEGRAL. CONSTITUIÇÃO DE OFÍCIO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O entendimento pacificado no STJ em julgamento de recurso afetado como representativo de controvérsia é o de que o depósito do montante integral do crédito tributário suspende sua exigibilidade e veda a prática de atos de cobrança por parte da Administração Tributária, mas não impede ou invalida o lançamento de ofício desses valores, desde que feito com suspensão de exigibilidade e sem a incidência de multa de ofício. Inteligência da Súmula CARF nº 48. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luis Flávio Neto, Gerson Macedo Guerra e Demetrius Nichele Macei, que não conheceram do recurso e que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em determinar o retorno do autos à Unidade de Origem. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto os conselheiros Cristiane Silva Costa e Rafael Vidal de Araújo. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Flávio Franco Correa não votou quanto ao conhecimento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Nelso Kichel (suplente convocado) na reunião anterior. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo – Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 11 72 /2 01 3- 09 Fl. 581DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 582 2 (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rafael Vidal de Araújo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Viviane Vidal Wagner, Gerson Guerra de Macedo, Demetrius Nichele Macei e Nelso Kichel (suplente convocado). Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado por meio do Recurso Especial de fls 508/517, contra o Acórdão nº 1302.002.108 (fls. 497/506) que, por unanimidade de votos, negou provimento ao Recurso de Ofício apresentado pela 2ª Turma da DRJ em Salvador/BA DRJ/SDR, que dera provimento à impugnação apresentada pela contribuinte contra o lançamento que constituiu crédito tributário de IRPJ relativo aos anoscalendário 2009, 2010, 2011 e 2012, formalizado com exigibilidade suspensa e sem inclusão de juros de mora, em razão da existência de medida judicial amparada por depósitos judiciais do montante integral questionado. Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DESNECESSIDADE DE LANÇAMENTO PELO FISCO. De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário, promove a sua constituição, sendo descabido o ato formal de lançamento pela autoridade administrativa quanto aos valores depositados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. Contra essa decisão apresentou, a PFN, Recurso Especial (fls 508/517), no qual aponta divergência jurisprudencial em relação aos seguintes temas: 1) Depósito do montante integral: se opõe ao entendimento manifestado no acórdão recorrido no sentido de que o depósito judicial do montante integral equivale à confissão de dívida irretratável do sujeito passivo e representa constituição de crédito tributário a favor do Fisco. À título de paradigma indicou o Acórdão nº 9202004.303, que tem a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte – IRRF Fl. 582DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 583 3 Exercício: 2011 AUTO DE INFRAÇÃO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL. COMPATIBILIDADE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração (Súmula CARF nº 48), tampouco é nulo o lançamento que tem por objeto crédito tributário depositado judicialmente. DECISÃO JUDICIAL. EFEITO REPETITIVO. INOCORRÊNCIA. No julgamento proferido no âmbito do Recurso Especial nº 1.140.956SP, não foi apreciada a possibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, em face de crédito tributário objeto de depósito judicial integral. Argumentou, em síntese, que ao contrário do decidido pela Câmara a quo, a Segunda Turma da CSRF considerou que o fato de ser desnecessária a autuação não significa proibição de efetuar a lavratura. Esta, uma vez realizada, deve ser mantida. 2) Apresentação de DCTF: contra a tese apregoada no acórdão recorrido que considerou que a declaração em DCTF de tributo devido, ainda que tenha sido informada a suspensão da sua exigibilidade, possibilita a imediata cobrança por meio de inscrição em dívida ativa da União, independente de qualquer outro procedimento, de forma que resta incabível a formalização de auto de infração para a exigência do mesmo crédito tributário. Apresentou como paradigma o Acórdão nº 130100.978, que recebeu a ementa a seguir: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/12/2007 DCTF. LANÇAMENTO DE OFÍCIO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. POSSIBILIDADE. Diante da circunstância de que, à época da ocorrência dos fatos, os valores declarados em DCTF que constituíam confissão de dívida passíveis de cobrança administrativa e judicial eram os que representavam saldos a pagar, o lançamento de ofício revelouse procedimento necessário à constituição dos créditos tributários, sob pena de, em um momento posterior, a ausência de título representativo da exigibilidade inviabilizar a própria cobrança das exações devidas. De qualquer forma, uma vez confirmada em âmbito judicial a exigibilidade do tributo e da contribuição, o órgão administrativo responsável pela execução da decisão deverá adotar medidas que impeçam a cobrança em duplicidade dos montantes julgados devidos. Assinalou, em resumo, que no paradigma indicado decidiuse que as normas aplicáveis estabeleciam expressamente que apenas o saldo a pagar constante da DCTF é passível de inscrição em Dívida Ativa da União, não alcançando os demais valores informados, de modo que é pertinente o lançamento do montante do crédito com exigibilidade suspensa objeto de declaração em DCTF. Fl. 583DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 584 4 No mérito, em relação ao tema, acrescentou ser temerário o cancelamento do lançamento efetuado corretamente pela autoridade fiscal, sob a justificativa de que teria havido confissão da dívida pelo contribuinte na DCTF, mormente quando se verifica que nas informações contidas nos autos observase que o saldo a pagar é igual a zero. Seria, assim, inelutável o prejuízo em potencial que o Fisco pode sofrer sem a garantia do lançamento sobre o crédito tributário apurado, de forma que a limitação ao ato administrativo referente ao lançamento deve ser sempre feita com reservas, de forma restritiva, eis que o lançamento deve ser analisado como um ato administrativo vinculado e obrigatório. Ao final requer seja o recurso conhecido e provido, para o fim de reestabelecer o lançamento. Pelo Despacho de fls. 520/523, o Presidente da Terceira Câmara da Primeira Seção do CARF deu seguimento ao Recurso Especial. Em contrarrazões, a interessada, como razão preliminar requer, inicialmente, o não conhecimento do apelo especial em relação ao tema relacionado à apresentação da DCTF alegando que o assunto não teria sido causa de decidir no acórdão atacado, tendo sido abordado no voto apenas a título de acréscimo, enquanto que no paradigma representou verdadeiro obter dictum. Ainda em alegações preliminares, aduz ser necessária a negativa de seguimento ao REsp da PFN quanto ao tema "depósito do montante integral", porque o paradigma indicado violaria o inciso II, do § 12, do art. 67, do RICARF, já que haveria decisão definitiva do STJ, proferida na forma do art. 543C, do antigo CPC Recurso Especial nº 1.140.956/SP proferida em sentido oposto àquele deduzido no paradigma. Defende, também como terceira preliminar, que o REsp da PFN não seja conhecido em face da ausência da demonstração do cotejo analítico entre o voto proferido no acórdão recorrido e nos paradigmas indicados, o que violaria o § 8º, do art. 67, do RICARF. No mérito, registra ser pacífico o entendimento de que é descabida a realização do lançamento para prevenir a decadência na hipótese em que o contribuinte efetua depósito integral do crédito exigido antes da formalização do lançamento, como manifestado em pacífica jurisprudência do STJ, inclusive em recursos representativos de controvérsia, assim como em julgados do CARF, os quais colaciona. Afirma que a persistência do lançamento, ainda que diante da existência de depósitos judiciais integrais, caracterizaria exigência em duplicidade, o que seria inadmissível. Nessa direção aponta uma vez mais o acórdão proferido no Recurso Especial nº 1.140.956/SP. Quanto à declaração em DCTF, diz ser sabido que, uma vez declarado o débito em DCTF antes da lavratura do Auto de Infração estaria definitivamente constituído o crédito tributário, nos termos do art. 5º, § 1º do DecretoLei nº 2.124/84, assunto também objeto da Súmula 436 do STJ e de jurisprudência do CARF. Assinala que com a formação do crédito tributário em debate por meio da declaração em DCTF, afigurarseia incabível o lançamento formalizado nos autos. Pugna, ao final, pelo não conhecimento do REsp da PFN e a manutenção do acórdão recorrido. Fl. 584DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 585 5 Como pedido subsidiário requer, no caso de que seja dado provimento ao Recurso, retornem os autos à DRJ/SDR para que se manifeste sobre as matérias não apreciadas em razão do cancelamento da autuação no mérito e da Súmula CARF nº 5. É o relatório. Voto Conselheira Viviane Vidal Wagner Relatora A Fazenda Nacional apresentou recurso especial, o qual foi previamente admitido pelo despacho de fls. 520/523. Contudo, a recorrida apresenta, em contrarrazões, alegações no sentido de que não deve ser conhecido o apelo especial, pelo que passo a apreciar a sua admissibilidade. Primeiramente, a recorrida pede que o recurso especial da PFN seja não conhecido em relação ao tema "Apresentação da DCTF", por entender que o colegiado a quo não teria proferido decisão sobre o assunto, enquanto que no paradigma isso teria sido causa de decidir. Todavia, enganase a recorrida. O relator do acórdão recorrido foi claro ao dizer que já estaria convencido do cancelamento da exigências em razão da existência dos depósitos judiciais mas, em acréscimo, como uma outra razão de decidir, manifestouse no sentido de que a entrega da DCTF com a declaração dos valores devidos também equivaleria à constituição do crédito tributário e seria mais um motivo a justificar o cancelamento da exigência. A irresignação, portanto, não merece acolhida. Prosseguindo na análise, a recorrida pede que o recurso especial fazendário também seja não conhecido por violar as disposições do RICARF, que determina que não serve como paradigma acórdão que contrarie decisões proferidas pelo STF e STJ, em recursos representativos de controvérsia. Afirma que o paradigma indicado pela PFN para o tema "Depósito do Montante Integral" não teria observado o que decidiu o STJ no Recurso Especial nº 1.140.956/SP, afetado como representativo de controvérsia. Na verdade esta arguição está relacionada ao mérito do presente julgamento, eis que totalmente dependente da ratio decidende a respeito do que exatamente foi decidido pelo STJ no Recurso Especial nº 1.140.956/SP a respeito da questão. A arguição, portanto, será apreciada no mérito. A recorrida pede, ainda, o não conhecimento do apelo especial porque a PFN não teria feito o necessário cotejo entre trechos do acórdão recorrido e trechos dos paradigmas indicados para o fim de demonstrar a divergência. Contudo, esta é uma alegação meramente protelatória, uma vez que a PFN indicou, de forma específica, em que pontos o acórdão recorrido divergiria dos paradigmas indicados, como se constata da leitura de sua peça recursal. Fl. 585DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 586 6 Assim, considero improcedentes as alegações preliminares de não conhecimento do recurso especial e passo a examinar o mérito. Mérito Como visto, tratase de lançamento de IRPJ relativo aos anoscalendário 2009, 2010, 2011 e 2012, formalizado com suspensão de exigibilidade e sem a imposição da multa de ofício, porque a interessada discute, no âmbito do Poder Judiciário, a dedução da CSLL da base de cálculo do IRPJ. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 16/18), a interessada declarou os valores de IRPJ com exigibilidade suspensa em DCTF, mas como se fossem estimativas de IRPJ cód. 2319 deixando de informar os referidos valores como ajuste anual nas respectivas DIPJ. A autoridade fiscal, diante desses fatos, viuse obrigada a efetuar o lançamento correspondente à diferença do ajuste anual de IRPJ dos referidos anoscalendário, ainda que esses valores tenham sido depositados judicialmente, de forma integral, com vistas a evitar discussões a respeito do lapso decadencial. Com efeito, os valores de IRPJ foram lançados no auto de infração com suspensão de exigibilidade e sem a imposição da multa de ofício, apenas para resguardar o Fisco dos efeitos do prazo decadencial, eis que se encontram integralmente depositados em juízo no seio do Mandado de Segurança nº 2001.61.000293677. A interessada se opôs à exigência alegando que os depósitos judiciais do montante integral questionado na ação judicial, bem como a declaração dos valores em DCTF, conforme prescreve o art. 5º, § 1º, do Decretolei nº 2.124/84, equivalem à constituição do crédito tributário e, assim, o lançamento formalizado pelo Fisco seria nulo. A 2ª Turma de Julgamento da DRJ em Salvador/BA concluiu que o presente lançamento não poderia prosperar, justamente por entender que o depósito judicial do montante integral feito no âmbito de um Mandado de Segurança equivaleria à constituição do crédito tributário e, assim, cancelou a exigência. Em vista da interposição de Recurso de Ofício, dada a exoneração do crédito tributário, a 2ª Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção do CARF trilhou a mesma direção da turma julgadora de 1ª instância, concluindo que os depósitos judiciais dos montantes integrais se prestaram à constituir o crédito tributário. E acrescentou que o mesmo fora feito pela entrega das respectivas DCTFs que declararam os mesmos valores como devidos. Assim, a exoneração foi mantida. Diante do Recurso Especial apresentado pela PFN, cabe, agora, a esta 1ª Turma da CSRF reapreciar a questão sob todos os seus aspectos. Isso implica analisar: (i) se, na existência de depósitos judiciais de montantes integrais o lançamento é imprescindível, ou dispensável; (ii) se dispensável, ainda que formalizado, se deve ser cancelado ou mantido. Como bem ressaltou a turma julgadora de 1ª instância, administrativamente há entendimentos divergentes a respeito de equivalerem, os depósitos judiciais de montantes integrais de valores discutidos judicialmente, à constituição do crédito tributário, de modo que o lançamento de ofício para exigência dos mesmos valores seria indevido. Fl. 586DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 587 7 Há divergências, até mesmo, na compreensão da matéria diante da jurisprudência no âmbito do STJ. Há aqueles que entendem que o tema, naquela corte, já se encontra pacificado no sentido de que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário, previstas no art. 151, do CTN, dentre as quais se encontra o depósito judicial do montante integral, impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, incluído aí a lavratura do auto de infração, e que esta tese já teria sido afetada como representativa de controvérsia no julgamento do Resp n° 1.140.956/SP, de forma que essa conclusão deve ser reproduzida pelos conselheiro do CARF, nos termos do art. 62, do RICARF. Mas há outros que julgam que o tema submetido aos efeitos de repetitivo não abarca situações como as do presente caso, já que naquela oportunidade julgamento do Recurso Especial nº 1.1140.956/SP não foi apreciada a possibilidade de formalização de lançamento sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, em face de crédito tributário objeto de depósito judicial integral, como ocorreu nestes autos. Comecemos, então, por delimitar se a questão em análise teria sido decidida pelo STJ em recurso afetado como representativo de controvérsia e, nessas condições, deve ser reproduzida pelos conselheiros deste colegiado. Em voto proferido no Acórdão nº 1101001.135, de 21/07/2014, a ilustre ex Conselheira Edeli Pereira Bessa, avaliando questão idêntica à dos presentes autos, concluiu, em excelente explanação, que o STJ não havia apreciado, no bojo do repetitivo Resp n° 1.140.956/SP situação em que os valores depositados judicialmente haviam sido constituídos por meio de lançamento de ofício, sem suspensão de exigibilidade e sem a imposição de multa de ofício, tratando aquele julgado, como seus precedentes, de casos em fase de execução de dívida ativa em que os depósitos judiciais foram feitos em valores insuficientes. Assim, em seu voto, a exConselheira, imediatamente após transcrever o acórdão do STJ proferido no julgamento do Resp n° 1.140.956/SP , assinalou: Porém, observase que a discussão, naqueles autos, tinha em conta execução fiscal promovida em face de sujeito passivo que promovera depósito judicial classificado como insuficiente pela Municipalidade e, assim, inábil a suspender a exigibilidade do crédito tributário. Aqui, o lançamento foi formalizado sem aplicação de penalidade e com o reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, inexistindo qualquer questionamento acerca da suficiência do depósito judicial. Por sua vez, o voto condutor do julgado antes mencionado principia observando que: Entrementes, dentre os multifários recursos especiais relacionados à questão da impossibilidade de ajuizamento de executivo fiscal, ante a existência de ação antiexacional conjugada ao depósito do crédito tributário, grande parte refere se à discussão acerca da integralidade do depósito efetuado ou da existência do mesmo, razão pela qual impõese o julgamento da controvérsia pelo rito previsto no art. 543C, do CPC, cujo escopo precípuo é a uniformização da jurisprudência e a celeridade processual. (destaques do original) Sob esta ótica, o Superior Tribunal de Justiça manifestouse acerca da implementação da suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão de depósito judicial, asseverando que sua implementação, quando integral, impede Fl. 587DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 588 8 “atos de cobrança”, dentre os quais inseriu a “lavratura do auto de infração e aplicação de multa”, sem apreciar a possibilidade de lançamento sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade. É nesse contexto específico que exsurge o impedimento à lavratura do auto de infração em face de depósito judicial integral do tributo. No mais, o Superior Tribunal de Justiça teve em conta apenas a extinção do crédito tributário em razão da conversão do depósito em renda da Fazenda Pública, bem como a suficiência do depósito judicial no caso concreto em análise, determinando a extinção da execução fiscal em curso. Concluise, do exposto, que o Superior Tribunal de Justiça não decidiu, no rito do art. 543C, acerca da impossibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, de tributo depositado judicialmente. É verdade que o mencionado acórdão foi reformado por esta 1ª Turma da CSRF, por voto de maioria de seus componentes, através do acórdão nº 9101003061, de 13/09/2017. Mas isto não impede que esta Conselheira exerça seu livre convencimento a respeito da questão, fiandose nas razões de decidir daquele julgado reformado. Em assim sendo, julgo não só oportunas as observações da exConselheira Edeli Bessa deduzidas no voto acima reproduzido, como encontro eco de suas arguições nos julgamentos precedentes do STJ que deram origem ao Resp n° 1.140.956/SP. É o que se vislumbra, por exemplo, do teor dos seguintes julgados precedentes: RECURSO ESPECIAL Nº 885.246 ES (2006/01590614): REMESSA NECESSÁRIA APELAÇÃO VOLUNTÁRIA AÇÃO ANULATÓRIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO DEPÓSITO DO VALOR INTEGRAL DO DÉBITO FISCAL, EM DINHEIRO SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ART. 151, INCISO II, DO CTN SÚMULA 112 DO STJ AJUIZAMENTO DE AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL INUTILIDADE SUPOSTA OFENSA AO ART. 16, DA LEI 6.830/80 NÃO OCORRÊNCIA APRECIAÇÃO DE QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA RECURSO IMPROVIDO REMESSA PREJUDICADA. 1. Nos termos da súmula 112 do STJ, e do inciso II, do artigo 151, do Código Tributário Nacional, o depósito do valor correspondente à integralidade do débito fiscal cobrado, em dinheiro, suspende a exigibilidade do crédito tributário. 2. A propositura da ação anulatória de lançamento fiscal, com o depósito do valor integral do crédito cobrado, em dinheiro, impede a Fazenda Pública de promover a execução fiscal, por ausência de exigibilidade do título na qual esta se funda. Ademais, não há utilidade do processo executivo, posto que o crédito tributário será extinto, seja pela sentença que acolha a pretensão anulatória, seja pela conversão do depósito efetuado em renda para o ente tributante. 3. Não há de se falar em ofensa ao artigo 16 da Lei n.º 6.830/80, pois se tratando de condição da ação executiva, questão de ordem pública antecedente, o julgador pode conhecêla de ofício (*) destaques acrescidos Fl. 588DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 589 9 RECURSO ESPECIAL Nº 1.074.506 SP (2008/01537880) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA. DEPÓSITO INTEGRAL DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 151, II, DO CTN). EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA APÓS O DEPÓSITO. POSSIBILIDADE. 1. O depósito do montante integral do débito, nos termos do artigo 151, inciso II, do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário e impede o ajuizamento da execução fiscal por parte da Fazenda Pública. Precedentes: REsp 193.402/RS, 2ª Turma, Min. Franciulli Netto, DJ de 31.03.2003; REsp 677.212/PE. 1ª T., Min. Teori Albino Zavascki DJ de 17.10.2005; REsp 156885/SP, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ 16.11.2004; REsp 181758/SP, 1ª Turma, Min. Milton Luiz Pereira, DJ de 06.05.2002; REsp 62767/PE, 2ª Turma, Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ de 28.04.1997. 2. A improcedência da ação anulatória, precedida do depósito do montante integral, acarreta acarreta a conversão do depósito em renda à Fazenda Pública, extinguindo o crédito tributário, consoante o comando do art. 156, VI, do CTN nos termos dos ensinamentos da abalizada doutrina, verbis: "Depois da constituição definitiva do crédito, o depósito, quer tenha sido prévio ou posterior, te o mérito de impedir a propositura da ação de cobrança, vale dizer, da execução fiscal, porquanto fica suspensa a exigibilidade do crédito. (...) Ao promover a ação anulatória de lançamento, ou a declaratória de inexistência de relação tributária, ou mesmo o mandado de segurança, o autor fará a prova do depósito e pedirá ao Juiz que mande cientificar a Fazenda Pública, para os fins do art. 151, II, do Código Tributário Nacional. Se pretender a suspensão da exigibilidade antes da propositura da ação, poderá fazer o depósito e, em seguida, juntando o respectivo comprovante, pedir ao Juiz que manda notificar a Fazenda Pública. Terá então o prazo de 30 dias para promover a ação. Julgada a ação procedente, o depósito deve ser devolvido ao contribuinte, e se improcedente, convertido em renda da Fazenda Pública, desde que a sentença de mérito tenha transitado em julgado" (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27ª ed., p. 205/206). 3. No caso dos autos incontroverso o depósito do montante integral o Tribunal de origem consignou que foi a "ação anulatória de débito fiscal proposta anteriormente à execução fiscal ajuizada"(fl. 116). Assim, merece reforma a decisão recorrida, porquanto de acordo com os precedentes citados, deve ser declarada a extinção da execução fiscal. Precedente: REsp 1040603/MG, Rel. Min. Mautro Campbell, DJ. 23/06/2009 REsp 807685/RJ, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJ 08/05/2006. 4. Recurso especial a que se dá provimento. (*) destaques acrescidos Notase desses e de todos os demais precedentes que basearam o julgamento do Resp n° 1.140.956/SP, que aquela Corte Superior concluiu que os depósitos judiciais em Fl. 589DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 590 10 montantes integrais tem o condão de impedir o ajuizamento da ação de execução fiscal apresentada posteriormente à feitura dos referidos depósitos judiciais ação de cobrança. Daí porque compartilho do entendimento no sentido de que o recurso repetitivo do STJ Resp n° 1.140.956/SP não apreciou situação como a dos presentes autos, em que se discute se os depósitos judiciais integrais impedem a lavratura de auto de infração com suspensão de exigibilidade e sem a imposição de multa de ofício. Ademais, é pertinente ressaltar que o entendimento pacificado no STJ pelo Resp n° 1.140.956/SP, é o de que o depósito do montante integral do crédito tributário suspende sua exigibilidade e veda a prática de atos de cobrança por parte da Administração Tributária. Isto fica bem claro do seguinte trecho do voto nele proferido pelo Exmo Ministro Luiz Fux: [...] Deveras, ao realizarse, no plano fático, a hipótese de incidência contida no antecedente da regra matriz de incidência tributária, vale dizer, a ocorrência do fato gerador, a autoridade fiscal ou o próprio contribuinte procedem ao lançamento, que constitui o crédito tributário, que possibilita a incidência de uma outra norma geral e abstrata, qual seja, a regra matriz de exigibilidade. Nesse segmento, no que tange à matéria atinente à exigibilidade do crédito tributário, verificase a existência de duas normas gerais e abstratas: a regra matriz da exigibilidade e a regra matriz de suspensão da exigibilidade norma de estrutura prevista no art. 151 do CTN. A regra matriz de exigibilidade do crédito tributário, portanto, em seu critério temporal, decorre, simultânea e obrigatoriamente, da constituição do crédito tributário por ato norma do particular (art. 150 do CTN) ou da autoridade fiscal (art. 142, do CTN) e do decurso do lapso temporal para seu vencimento. A regra matriz de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, por sua vez, ocorrida alguma das hipóteses previstas no art. 151 do CTN, inibe o critério temporal da regra matriz de exigibilidade, prevalecendo até que descaracterizada a causa que lhe deu azo. Isso significa dizer que as causas suspensivas da exigibilidade aparecem como critérios negativos das hipóteses normativas das regras gerais e abstratas de exigibilidade, que, por isso, não podem ser aplicadas. Por isso que o depósito do montante integral do débito, nos termos do artigo 151, inciso II, do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário e impede o ajuizamento da execução fiscal por parte da Fazenda Pública. Nesse sentido, os seguintes precedentes: [...] Fl. 590DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 591 11 É que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os quais têm início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração. [...] (*) grifos do original Não se vê, do referido repetitivo, qualquer afirmação feita pelo relator na direção de que os depósitos judiciais de montante integral impeçam a constituição de ofício do crédito tributário. Muito pelo contrário. O que fica bem claro do voto é que os depósitos judiciais integrais impedem a exigibilidade do crédito tributário, o que se dá através da ação de cobrança ou da execução fiscal. Com esta explanação, temse por analisada e afastada a alegação preliminar feita pela interessada em sede de contrarrazões, de não conhecimento do REsp da PFN em razão de que o paradigma indicado para o tema "Depósito do Montante Integral", não teria observado o que decidiu o STJ no Recurso Especial nº 1.140.956/SP, afetado como representativo de controvérsia. Por essa razão é que não tem aplicação, neste caso, o art. 62, do RICARF. Por tudo o quanto foi dito até aqui é que a autoridade fiscal, tomando conhecimento da ocorrência do fato gerador, fica obrigada a efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional, ainda que a exigibilidade do crédito tributário assim constituído fique com sua exigibilidade suspensa, caso seja verificada alguma das hipóteses previstas no art. 151, do Código Tributário Nacional, dentre as quais se encontra o depósito do montante integral. Não há discricionariedade na atividade do lançamento. Entendo que em casos como o presente, em que não há sequer unanimidade na compreensão da jurisprudência do STJ sobre o tema, é absolutamente compulsória a constituição de ofício do crédito tributário a que se referem os depósitos judiciais de montantes integrais, com a devida suspensão da sua exigibilidade e sem a imposição da multa de ofício, até, inclusive, para proteger a Fazenda Pública dos efeitos do lapso decadencial. Assim se extrai a inteligência da Súmula CARF nº 48, que prevê: Súmula CARF nº 48. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração. Quanto aos valores declarados em DCTF, penso que o art. 5º, do DecretoLei nº 2.124 de 13/06/1984, e o § 1º, do art. 8º, da IN SRF nº 1.110, de 2010, mencionados pela Recorrente, deixam claro que os valores declarados em DCTF, tanto aqueles declarados como vinculações pagamento, pagamento, parcelamento, compensação, suspensão de exigibilidade quanto os saldos podem ser objeto de cobrança administrativa e, se não pagos, inscritos em Dívida Ativa da União, sem que seja necessário o lançamento de ofício desses montantes, para que sejam exigíveis. Nesse sentido: DecretoLei nº 2.124 de 13/06/1984 Fl. 591DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 592 12 Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. § 2º Não pago no prazo estabelecido pela legislação o crédito, corrigido monetariamente e acrescido da multa de vinte por cento e dos juros de mora devidos, poderá ser imediatamente inscrito em dívida ativa, para efeito de cobrança executiva, observado o disposto no § 2º do artigo 7º do Decretolei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983. [...] IN SRF nº 1.110, de 2010 Art. 8º Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem assim os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Cabe referir que a redação do § 1º sofreu algumas alterações com a edição da IN SRF nº 1.130, de 2011 e IN SRF nº 1.258, de 2012: § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão objeto de cobrança administrativa com os acréscimos moratórios devidos e, caso não liquidados, enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Contudo, temse no presente caso que a interessada não declarou em DCTF os valores de IRPJ apurados no ajuste anual dos anoscalendário 2009 a 2012. Como se verifica dos documentos anexados pela própria recorrida (fls.221/416), nas respectivas DCTFs dos meses de dezembro dos anos de 2009, 2010, 2011 e 2012, a interessada declarou valores de estimativas (cód 2319). De fato, esses montantes são coincidentes com aqueles apurados como ajuste anual, mas o crédito tributário que foi constituído pelas referidas DCTF não foi o IRPJ devido no ajuste anual. Há, portanto, equívoco na regramatriz de incidência erigida pela contribuinte, razão pela qual o lançamento de ofício de tais valores, nesta circunstância, é medida que se impõe. Conclusão Fl. 592DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 593 13 Em face do exposto, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento para manter o lançamento consubstanciado nos presentes autos, observando que enquanto existirem os depósitos judiciais não poderão ser implementados atos de cobrança do crédito tributário constituído, nos termos do entendimento pacificado pelo STJ, e, por fim, determinando retorno à DRJ de origem para julgamento das demais questões. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Declaração de Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araújo Faço essa declaração de voto, apenas para fazer um esclarecimento em relação às discussões que surgiram na sessão. Registrouse que o paradigma adotou como razão de decidir a previsão da IN SRF 695/2006, e destaca também que essa IN não se aplica ao caso dos autos (porque foi expressamente revogada pelas INs posteriores). Desse modo, sustentou que o recurso não poderia ser conhecido em relação ao tema "DCTF". Realmente, a IN SRF 695/2006 foi revogada pela IN RFB 786/2007, que, por sua vez, foi revogada pela IN RFB 903/2008, que, por sua vez, foi revogada pela IN RFB 974/2009. Assim, a IN SRF 695/2006 não poderia mesmo ser aplicada em relação aos fatos em questão neste processo, ocorridos em 2009, 2010, 2011 e 2012. Entretanto, é importante perceber que as posteriores INs acima referidas trouxeram exatamente a mesma norma que constava da IN SRF 695/2006, relativamente ao "tratamento dos dados informados na DCTF", e que serviu de embasamento para o paradigma, senão vejamos: Instrução Normativa SRF nº695, de14 de dezembro de 2006 Art. 11. Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem assim os valores Fl. 593DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 594 14 das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007 Art. 10. Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008 Art. 10. Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 Art. 8º Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, Fl. 594DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 595 15 parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão objeto de cobrança administrativa e, caso não sejam regularizados, enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Vêse que a "norma" que serviu de embasamento para o paradigma era exatamente a mesma nas várias INs que se sucederam, e o fato de ela apenas passar a constar de um outro veículo normativo em nada afeta a caracterização da divergência jurisprudencial. A norma que disciplinava o "tratamento dos dados informados na DCTF" era exatamente a mesma tanto em relação ao paradigma quanto em relação ao recorrido, e é isso que possibilita a caracterização da divergência jurisprudencial. A simples mudança do veículo normativo realmente não trouxe nenhum prejuízo à caracterização da divergência em questão. Por essas razões, voto no sentido de conhecer do recurso quanto ao tema da DCTF. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Declaração de voto Conselheira Cristiane Silva Costa Com a devida vênia às robustas razões da D. Relatora, entendo pelo não conhecimento do recurso e, ainda, por negarlhe provimento, razão pela qual apresento a presente declaração de voto. Conhecimento Conforme razões expostas em sessão de julgamento, voto por não conhecer o recurso especial quanto à possibilidade de lançamento após a declaração por DCTF. Com efeito, o acórdão recorrido tratou de DCTFs apresentadas entre 2009 a 2012, como se verifica do relatório do acórdão recorrido (1302002.108): O lançamento referese a exigência de IRPJ devido nos anos calendário 2009 a 2012, informados nas DCTF com exigibilidade suspensa em face de depósito judicial, tendo em Fl. 595DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 596 16 vista ação judicial em que o contribuinte discute judicialmente a dedução da CSLL da base de cálculo do IRPJ. (grifamos) Em contrapartida, o paradigma (130100978) tratou de fatos em 2007, como se observa do relatório do acórdão: Em decorrência de ação fiscal, o sujeito passivo, acima identificado, foi autuado, em 08/09/2011 (fls. 238 e 245), e intimado a recolher o crédito tributário constituído relativo a Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e juros de mora, referentes a fatos geradores ocorridos em 31/12/2007. O fato é relevante pois a razão de decidir do voto vencedor no paradigma é a previsão da IN SRF 695/2006, como se observa do voto do exConselheiro Wilson Fernandes Guimarães: Em que pese os valiosos argumentos expendidos pelo Ilustre Conselheiro Relator, o Colegiado, pelo voto de qualidade, decidiu acolher os argumentos esposados no voto condutor da decisão exarada em primeiro grau para manter os lançamentos tributários. Os fundamentos consignados na decisão recorrida que serviram de suporte para o Colegiado de segunda instância decidir no mesmo sentido foram, em apertada síntese, os seguintes: i) regra geral, a DCTF, constituindose como confissão de dívida, é instrumento hábil para a cobrança administrativa e judicial dos débitos nela declarados; ii) à época da ocorrência dos fatos, porém, a norma complementar que disciplinava o encaminhamento dos débitos para fins de cobrança judicial (Instrução Normativa SRF nº 695, de 2006), estabeleceu que os valores declarados em DCTF que eram passíveis de inscrição em Dívida Ativa da União seriam os representativos de SALDOS A PAGAR; iii) no presente caso, os montantes submetidos a lançamento de ofício não representam SALDOS A PAGAR declarados em DCTF; iv) ausente, pois, a possibilidade de cobrança por meio da DCTF, o lançamento tornase necessário ao exercício da capacidade tributária ativa, seja pela via administrativa, seja pela via judicial; v) no presente caso, em que a exigibilidade do tributo e da contribuição encontrase suspensa em razão de depósito, o lançamento teve por finalidade prevenir a decadência; vi) obedecida a legislação de regência na efetivação dos depósitos, uma vez encerrado o litígio em âmbito judicial, se a Fl. 596DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 597 17 decisão for favorável à contribuinte, ela poderá levantar os valores depositados acrescidos de juros calculados com base na taxa selic; se a decisão lhe for desfavorável, os valores depositados serão transformados em pagamentos A mencionada IN SRF 695/2006 tratava da inscrição em dívida ativa de saldo a pagar do imposto, verbis: Art. 11. Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem assim os valores das diferenças apuradas em, sobre procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Ocorre que tal disposição foi revogada expressamente pela IN RFB 786, de 19/11/2007: Art. 16. A partir de 1º de janeiro de 2008, ficam formalmente revogadas, sem interrupção de sua força normativa, a Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, e a Instrução Normativa SRF nº 730, de 22 de março de 2007 Esta última foi revogada pela IN RFB 903, de 30/12/2008, que seria aplicável ao caso dos autos (parte das competências analisadas): Art. 16. Fica revogada, a partir de 1º de janeiro de 2009, a Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007 Finalmente, esta última foi revogada pela IN RFB 974, de 27 de novembro de 2009, que também poderia ser aplicada a parte das exigências dos presentes autos: Art. 12. Fica revogada, a partir de 1º de janeiro de 2010, a Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008. Como a IN SRF 695/2006 não se aplica ao caso dos autos (pois expressamente revogada pelas Instruções Normativas posteriores), não conheço do recurso especial da Procuradoria, pois não há divergência na interpretação da lei tributária entre acórdão recorrido e paradigma. Mérito Também com a devida vênia à D. Relatora, entendo que o caso é de negativa de provimento ao recurso especial da Procuradoria. Adoto as razões do acórdão recorrido, verbis: Fl. 597DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 598 18 Entendo que o tributo informado na DCTF, ainda que com exigibilidade suspensa em face do montante integral do crédito tributário, constitui confissão de dívida e pode ser exigido pelo Fisco, independente de qualquer outro procedimento. Irrelevante, ao meu ver, o fato do contribuinte ter indicado na DCTF o código de recolhimento de estimativas mensais. (...) Assim, tendo o contribuinte declarado os débitos com exigibilidade suspensa em sua DCTF, independentemente de ter comprovadamente depositado em juízo os valores devidos, já seria motivo suficiente para considerar constituído o crédito tributário exigido no auto de infração lavrado. Assim, por mais esta razão não pode subsistir o lançamento efetuado É importante lembrar que o efeito de confissão de dívida atribuído à DCTF, desde o DecretoLei nº 2.124/1984, não tem qualquer ressalva no tocante à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Assim, a possibilidade de inscrição em dívida ativa e cobrança existe quanto a todo o crédito tributário que seja confessado em DCTF. Acrescento que as próprias Instruções Normativas da Receita operacionalizam tal possibilidade de cobrança, mesmo no caso de débitos informados com suspensão da exigibilidade. Nesse sentido, prescreve a IN RFB 903, de 30/12/2008 determina a cobrança administrativa (carta simples) e inscrição em dívida ativa: Art. 10. Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Esta Instrução Normativa foi revogada IN 974, de 27/11/2009, que passou a prever, em sentido similar: Art. 8º Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão objeto de cobrança administrativa e, caso não sejam regularizados, enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. § 2º Os avisos de cobrança referentes à cobrança administrativa de que trata o § 1º deverão ser consultados por meio da Caixa Postal eletrônica da pessoa jurídica, disponível no Centro Fl. 598DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 599 19 Virtual de Atendimento ao Contribuinte (eCAC), no endereço eletrônico www. receita.fazenda.gov.br. § 3º No caso de órgãos públicos da administração direta dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a inscrição em DAU será efetuada em nome do respectivo ente da Federação a que pertençam. A possibilidade de cobrança direta, portanto, atesta a dispensabilidade de lançamento tributário, bastando à Receita Federal – quando não mais suspensa a exigibilidade do crédito tributário emitir carta cobrança e, se não pago o débito, inscrição em dívida ativa. Lembro que a Procuradoria da Fazenda Nacional emitiu Parecer 88/2014 autorizando a cobrança de estimativas mensais em casos específicos, fato que confirma a dispensabilidade de lançamento como o destes autos. Relevante ainda destacar que o E. Superior Tribunal de Justiça decidiu, sob a sistemática de recursos especiais repetitivos, pela dispensabilidade de atos de cobrança, dentre os quais a lavratura do auto de infração, verbis: 3. O processo de cobrança do crédito tributário encarta as seguintes etapas, visando ao efetivo recebimento do referido crédito: a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de infração e aplicação de multa: exigibilidadeautuação ; b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidadeinscrição; c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidadeexecução. 4. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. (...) 10. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (Recurso Especial nº 1140956, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux). É bem verdade que a ementa do acórdão do STJ menciona a impossibilidade de atos de cobrança “atos de cobrança, os quais tem início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração” (item 2 desta ementa), mas o trecho seguinte – acima reproduzido – deixa clara a impossibilidade de lavratura de infração. Assim, o acórdão repetitivo do STJ confirma a improcedência do recurso especial da Procuradoria no caso destes autos. Nesse sentido, irretocável o acórdão recorrido, conforme voto condutor: Desta feita, se o depósito judicial representa confissão de dívida de modo irretratável por parte do sujeito passivo, resta Fl. 599DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 9101003.742 CSRFT1 Fl. 600 20 devidamente constituído o crédito em favor do Fisco, caso vitorioso na demanda judicial proposta pelo sujeito passivo, sendo incabível a formalização de auto de infração para a exigência do mesmo crédito tributário. Penso que tais razões são suficientes para o cancelamento da exigência, na esteira do entendimento trazido pelo acórdão recorrido. Não obstante, se isto não bastasse, entendo que o lançamento não poderia subsistir por outra razão apontada pela contribuinte em sua impugnação, mas não acolhida pelo colegiado a quo. Entendo que o tributo informado na DCTF, ainda que com exigibilidade suspensa em face do montante integral do crédito tributário, constitui confissão de dívida e pode ser exigido pelo Fisco, independente de qualquer outro procedimento. Irrelevante, ao meu ver, o fato do contribuinte ter indicado na DCTF o código de recolhimento de estimativas mensais. (...) Assim, tendo o contribuinte declarado os débitos com exigibilidade suspensa em sua DCTF, independentemente de ter comprovadamente depositado em juízo os valores devidos, já seria motivo suficiente para considerar constituído o crédito tributário exigido no auto de infração lavrado. Assim, por mais esta razão não pode subsistir o lançamento efetuado. Diante disso, nego provimento ao recurso especial da Procuradoria. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 600DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.900132/2008-72
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/02/2003 a 28/02/2003
DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE.
É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou o erro em que se funde. Não havendo tal demonstração, por meio de prova hábil, capaz de demonstrar liquidez e certeza sobre suas informações, o alegado crédito é tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a acusação de insuficiência de saldo, cujo crédito consta declarado nos sistemas informatizados da RFB para fins de quitar, integral ou parcialmente, o débito informado em Perd/Comp.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR.
O fato do Fisco não atender aos infundados reclamos da parte não se pode caracterizar como cerceamento ao direito de defesa. Inexistência de documento contábil capaz de embasar o direito alegado. O ônus de provar o fato constitutivo documental do direito é de quem alega.
Numero da decisão: 3001-000.443
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de cerceamento ao direito de defesa e negar provimento ao Recurso.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Martins Leite Cavalcante - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: FRANCISCO MARTINS LEITE CAVALCANTE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/02/2003 a 28/02/2003 DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou o erro em que se funde. Não havendo tal demonstração, por meio de prova hábil, capaz de demonstrar liquidez e certeza sobre suas informações, o alegado crédito é tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a acusação de insuficiência de saldo, cujo crédito consta declarado nos sistemas informatizados da RFB para fins de quitar, integral ou parcialmente, o débito informado em Perd/Comp. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR. O fato do Fisco não atender aos infundados reclamos da parte não se pode caracterizar como cerceamento ao direito de defesa. Inexistência de documento contábil capaz de embasar o direito alegado. O ônus de provar o fato constitutivo documental do direito é de quem alega.
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ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou o erro em que se funde. Não havendo tal demonstração, por meio de prova hábil, capaz de demonstrar liquidez e certeza sobre suas informações, o alegado crédito é tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a acusação de insuficiência de saldo, cujo crédito consta declarado nos sistemas informatizados da RFB para fins de quitar, integral ou parcialmente, o débito informado em Perd/Comp. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR. O fato do Fisco não atender aos infundados reclamos da parte não se pode caracterizar como cerceamento ao direito de defesa. Inexistência de documento contábil capaz de embasar o direito alegado. O ônus de provar o fato constitutivo documental do direito é de quem alega. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de cerceamento ao direito de defesa e negar provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 01 32 /2 00 8- 72 Fl. 75DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório Por retratar sinteticamente os fatos e documentos constantes do processo, reproduzo a seguir o relatório da r. decisão recorrida (fls. 35), quanto segue. Trata o presente processo fiscal de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório emitido eletronicamente pela DRFB/Porto Alegre relativo à Declaração de Compensação número 35309.09146.211103.1.3.043101, enviada em 21/11/2003, no qual não foi homologado o encontro de contas por ausência/insuficiência de créditos de Cofins oponíveis contra a Fazenda Pública. A interessada por sua vez, contesta o Parecer alegando que a não identificação do crédito deveuse à verificação da identidade do valor declarado em DCTF e o valor recolhido. Por isso, a DRF não teria alcançado a quantificação do valor indevido objeto do pedido de compensação. Segundo a interessada, restou devidamente declarado na DIPJ o valor da obrigação tributária de COFINS. A contribuinte alega não somente ter protocolado os pedidos de compensação com créditos provenientes de COFINS, como também teria identificado na DIPJ que a origem do crédito seria decorrente de divergência de valores apurados, restando a divergência identificada na DIPJ. Menciona ainda que a DRF não teria verificado nem a documentação do contribuinte, nem a DIPJ, motivo pelo qual teria chegado à conclusão da não existência da realidade do crédito objeto do pedido de compensação. Informou estar promovendo na retificação da DCTF (entregue em 31/03/2008) a fim de que seja nela também evidenciado o crédito a que alega ter direito. Por estas razoes, avalia a interessada ser descabida a não homologação da compensação, no montante da diferença entre o declarado na DCTF, o declarado na DIPJ, e o recolhimento efetuado. O voto condutor do v. acórdão recorrido (fls. 35/36), está fundamentado no entendimento que "a empresa interessada entregou declaração de compensação onde manifestou intenção de extinguir débitos tributários mediante oposição de indébitos que julga ser detentor" (fls. 35), e prossegue, verbis. Ocorre, no entanto, que a contribuinte apenas alega na impugnação que teriam ocorrido tais indébitos, não trazendo ao processo nenhuma comprovação da efetividade do recolhimento e das bases de cálculo sobre as quais teriam sido realizados. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 11080.900132/200872 Acórdão n.º 3001000.443 S3C0T1 Fl. 3 3 E prossegue o v. acórdão recorrido, fundamentandose nos arts. 170 do CTN, 15 e 16, incisos I, II e III, do Decreto 70.235/1972, que transcreve, e acrescenta verbis (fls. 35/36): Em sede de exame de declaração de compensação, no qual a ação cabe à interessada, à esta cabem todos os esclarecimentos e as comprovações de seu pleito. O art. 170 do CTN fixa pressuposto nuclear a ser atendido pelo contribuinte a fim de que possa ser efetivada a restituição pela Fazenda Nacional: que seus créditos estejam revestidos de liquidez e certeza. As alegações constantes da impugnação devem ser comprovadas documentalmente, nos termos dos artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, cabendo à interessada apresentar as provas necessárias para confirmar sua defesa. Na manifestação de inconformidade entregue, a empresa interessada sequer se deu ao trabalho de apontar qualquer processo judicial ou administrativo que suportasse o direito creditório oponível ao Fisco (de Cofins, no caso). Não é possível fazer nenhuma confrontação de dados se o contribuinte não traz nenhum dado fidedigno apto a provar o direito alegado, nem cabe ao Fisco procurar supostas provas a favor do contribuinte, pois é ônus exclusivo deste, provar o que alega, nos termos do art.333, do Código de Processo Civil. Em conclusão, sustenta o v. acórdão guerreado: Assim, a liquidez do direito há de ser comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, através das guias de pagamento, da comprovação das bases de cálculo sobre as quais ocorreram os fatos geradores e, se for o caso, do provimento judicial autorizativo da compensação pleiteada. Também é assente na doutrina que direito líquido e certo é aquele cujos aspectos de fato possam comprovarse documentalmente. No presente, no entanto, a interessada não trouxe qualquer elemento contábil para comprovar a base de cálculo de qualquer dos períodos, sendo insuficiente a cópia da retificação da DCTF, ato que, de per si, nada comprova quanto à ocorrência do indébito (até mesmo porque foi entregue meramente como suporte à manifestação de inconformidade), muito menos a DIPJ, declaração que, por sinal, sequer constitui confissão de dívida para fins de Pis e Cofins. Ante o exposto, diante da inexistência de créditos compensáveis bem como de qualquer documentação que suporte a alegação da interessada, voto no sentido de não homologar as compensações pleiteadas na declaração de compensação em exame, devendo ser dada continuidade na cobrança dos valores indevidamente extintos, com os acréscimos legais próprios. Regularmente intimada (fls. 38), com AR recebido em 11 de setembro de 2008 (fls. 40), ingressou o contribuinte com Recurso Voluntário em 10.10.2008 (fls. 42/49), Fl. 77DF CARF MF 4 em que reiterou suas razões anteriores, suscitou preliminar de nulidade da decisão por cerceamento ao seu direito de defesa, e aduziu outras razões de mérito. Em seu apelo, o recorrente sustenta que "a DCOMP que dá origem ao processo administrativo ora em julgamento pretende utilizar crédito oriundo de recolhimento a maior que o devido a título de COFINS referente ao mês de fevereiro de 2003", e prossegue (fls. 43), verbis. Informou o contribuinte que por erro na apuração da base de cálculo, quantificou e realizou pagamento em 15.03.2003 do valor de R$ 34.148,96 a título de COFINS relativo à competência de fev/2003, quando o valor corretamente apurado representou o montante de R$ 23.618,50, gerando um pagamento a maior no montante de R$ 10.530,46 que, acrescido de juros, alcançou o montante de R$ 11.991,03, que pretendeu compensar com os R$ 9.509,90 de COFINS referentes à competência de jun/2003, então atualizados pelo mesmo valor de recolhimento a maior, ou seja, R$ 11.991,03. Sustentou o recorrente que o erro foi detectado pela empresa que entregou a DIPJ retificadora em tempo correto, além do que "o erro praticado pelo contribuinte na apuração é corrigível pelo contribuinte, e pela autoridade", e acrescentou: "E não tem razão a autoridade julgadora quando afirma que o acerto da DCTF somente se deu para atender ao processo. A atividade jurisdicional administrativa é uma atividade de auto controle na aplicação da lei e não uma atividade de auto tutela na realização do interesse da administração". E prossegue o recorrente (fls. 44), verbis. A criação de obrigação acessória, mediante ato normativo infralegal, é compatível com o art. 113, § 2º, do CTN", daí ser relevante o cumprimento da obrigação acessória, e ser correta a pretensão do contribuinte de ver as informações que prestou virem consideradas pela autoridade, verbis (fls. 44). Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 2°. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. A autoridade competente tem a prerrogativa para o ato privativo' de verificar a subsunção do fato levantado às normas (motivo e dispositivo legal infringido), operando a interpretação e a aplicação da lei, no exercício do auto controle sobre a existência ou inexistência do fato gerador da obrigação tributária. Prossegue sustentando que "os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa que competir a revisão daquele", na forma insculpida no art. 147 do CTN, combinado com o art. 32 do Decreto Federal 70.235/1971, a saber (fls. 44). Art. 32. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 11080.900132/200872 Acórdão n.º 3001000.443 S3C0T1 Fl. 4 5 Na sequência, relata o recorrente que as divergências entre os valores declarados em DCTF e os consignados em documentos contábeis e na DIPJ, devem ser apurados com base nesses lançamentos e informações prestadas pelo contribuinte, mas esclarece (fls. 44) : O cotejo entre a DIPJ, a DCOMP, a DCTF retificada, a peça de manifestação de inconformidade e a decisão recorrida levará à conclusão de que o julgamento não esgotou, posto que omitidos os exames específicos,o confronto da matéria deduzida em defesa". Após transcrever ensinamentos ministrados pelo saudoso Hely Lopes Meireles (fls. 45), suscita preliminar de nulidade da r. decisão recorrida, fundamentandose também em ementas de acórdãos do E. 1º Conselho de Contribuintes, merecendo transcrição de um deles, a saber. IRPJ Cerceamento do direito de defesa. Havendo o julgador singular deixado de funndamentar suas conclusões, deforma clara e analítica, há que ser proferida nova decisão singular, no resguardo do princípio constitucional da amplitude do direito de defesa. É direito do contribuinte ter assegurada a completa prestação da tutela administrativajurisidi ional que lhe possibilite exercer a plenitude do contraditório. (In “Direito Administrativo Brasileiro", RT, 1 ed. atualizada pela Constituição de 1988, p. 587. Vide Ac. 11° 10312.284 da 3ª Câmara). Nos aspectos de mérito, reitera todos os seus argumentos objeto da Manifestação de Inconformidade, faz alusão ao magistério de Celso Antonio Bandeira de Mello, segundo os quais “uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciálos, 0 ato só será válido se estes realmente ocorreram e _o justificavam” (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 360), nao sendo lícito à Administração posteriormente alterar esses motivos" (fls. 47). Em equivalente sentido prossegue o recurso voluntário em comento temse o seguinte precedente administrativo a favorecer a tese do recorrente (fls. 47) : LANÇAMENTO COMPULSÓRIO Ausência de requisitos essenciais a sua validade Conseqüência. Não pode o lançamento tributário de oficio ser fundado apenas em hipótese. Destarte, o fato dado como infringente da legislação há que estar definitivamente configurado, de forma clara e concreta, para que possa servir de .suporte à ação fiscal; se assim não for, o crédito tributário compulsoriamente lançado padecerá da ausência de liquidez e certeza, ficando, “ípso facto" comprometida a sua exigibilidade. (Acórdão n° 470/82 CRF). E conclui o recorrente em suas razões recursais (fls. 47/48) : Na DIPJ do exercício 2003, devidamente entregue pelo Recorrente, o contribuinte informou a correta apuração do COFINS relativo à competência fevereiro/2003, informando o Fl. 79DF CARF MF 6 valor de R$ 23.618,50 como contribuição devida.Tendo sido apresentada DCTF informando COFINS devida no montante de R$ 34.148,96 o contribuinte retificou a DCTF para apontar o valor correto de R$ 23.618,50 como contribuição devida. Eis que o contribuinte não apenas protocolou os PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO com créditos provenientes de COFINS, como também identificou na DIPJ que a origem do crédito decorreu de divergência de valores apurados, restando a divergência devidamente identificada na DIPJ. Considerando as informações prestadas pelo contribuinte, tanto na DIPJ quanto na DCTF retificada, e à vista do comprovado pagamento realizado a maior, cabe reconhecer o pagamento a maior realizado, e o direito à compensação, tal como espelhado na PERDCOMP, no valor de R$ 11.991,03 quitando os débitos de COFINS também identificados na PERDCOMP. Então `a decisão materialmente viciada, eis que adotada com fundamento no erro de fato, que gerou a contradição com a verdade do processo, espelhada nos documentos nele encartados. _ Assim, cabe reformar a decisão recorrida, para homologar as compensações que utilizam do montante pago a maior, no limite desse crédito reconhecido. A fixação de condições não normativas, mas meramente interpretativas, como no caso utilizadas pela Autoridade Julgadora, nunca poderia ser limitadora de direitos materiais. Data vênia, a decisão recorrida indica estar a Administração a agir de forma a dificultar o exercício de direito outorgado por Lei, o que não lhe é permitido. Pelo princípio da moralidade administrativa, não bastará ao administrador estrito cumprimento da estrita legalidade, devendo ele, no exercício de sua função pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a moralidade constitui, a partir da Constituição de 1988, pressuposto de validade de todo ato da administração pública. Dessa sorte, não é cabível o indeferimento da compensação, quando existem as informações prestadas pelo contribuinte, a identificar as diferenças a maior havidas entre os valores devidos, e aqueles pagos e declarados em DCTF e DIPJ. Constatada a existência de pagamento a maior, por recolhimento da COFINS em face dos valores apurados e constantes da escrituração da empresa, e tendo a ora requerente apresentado as razões no sentido do acerto da DIPJ e a existência de erro material na DCTF é cabível a restituição, e então a compensação, merecendo vir provido o recurso para a homologação da compensação, no montante da diferença entre o declarado na DCTF, o declarado na DIPJ, e o recolhimento efetuado. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 11080.900132/200872 Acórdão n.º 3001000.443 S3C0T1 Fl. 5 7 Se a DIPJ apresenta diferenças/divergências de COFINS restando saldo a restituir, cabe homologar a compensação de débitos pleiteada, com saldos que se revelaram existentes. Portanto, direito a ser reconhecido é a diferença de COFINS informada na DIPJ, a ser então considerada quando da compensação. Deve ser reformada a não homologação da compensação, diante da diferença verificada entre os valores da Cofins demonstrados nas Declarações DIPJ e os valores declara s em DCTF (retificada) e apurados conforme escrituração nos livros contábeis, porquanto os elementos de fato e de direito apresentados pelo contribuinte são suficientes para confirmar os valores. No pedido final, reitera a preliminar de nulidade da decisão recorrida por cerceamento ao direito de defesa; e na hipótese de se adentrar ao mérito, que seja dado provimento ao apelo para, confirmando o direito perseguido, concluir então esse Conselho por homologar as compensações tal como identificadas no PERDCOMP objeto da lide (fls. 49). Juntou diversas fichas de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP pelo regime não cumulativo nºs 26A (fls. 50/61) e nºs 21 (fls. 62/73), e os autos foram remetidos ao 1º Conselho de Contribuintes em 21.10.2008 (fls. 74). É o relatório. Voto Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator O recorrente foi intimado da decisão recorrida em 11.09.2008 (fls. 38/40) e ingressou com Recurso Voluntário em 10.10.2008 (fls. 42/49), juntou atos constitutivos aos autos e encontrase representado por advogado regularmente constituindo. Presentes os pressupostos legais, e sendo o apelo tempestivo, tomo conhecimento do recurso. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão n° 3001000.441, de 14 de agosto de 2018, proferido no julgamento do processo 11080.900036/200824, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Nos termos regimentais, transcrevese aqui os argumentos que fundamentaram mencionado Acórdão em que se negou provimento ao recurso voluntário. Trata o processo em análise de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório emitido eletronicamente pela DRFB/Porto Alegre relativo à Declaração de Compensação número 35309.09146.211103.13.043101, enviada em 21/11/2003, no qual não foi homologado o encontro de contas por ausência/insuficiência de créditos de Cofins oponíveis contra a Fazenda Pública. Fl. 81DF CARF MF 8 Em defesa de seu alegado direito, sustenta a recorrente, em resumo, que restou devidamente declarado na DIPJ o valor da obrigação tributária de COFINS; que protocolou os seus pedidos de compensação com créditos provenientes de COFINS, como também teria identificado na DIPJ que a origem do crédito seria decorrente de divergência de valores apurados, restando a divergência identificada na DIPJ. Menciona ainda que a DRF não teria verificado nem a documentação do contribuinte, nem a DIPJ, motivo pelo qual teria chegado à conclusão da não existência da realidade do crédito objeto do pedido de compensação; e, por estas razões, avalia a interessada ser descabida a não homologação da compensação, no montante da diferença entre o declarado na DCTF, o declarado na DIPJ, e o recolhimento efetuado. Em seu recurso, o contribuinte reitera sua tese de que tem direito à restituição perseguida, e assim sintetiza seus argumentos (fls. 47/48), verbis. Na DIPJ do exercício 2003 devidamente entregue pelo Recorrente, o contribuinte informou a correta apuração do COFINS relativo à competência mai/2003, informando valor de R$ 23.123,40 como contribuição devida. Tendo sido apresentada DCTF informando COFINS devida no montante de R$ 33.415,30 o contribuinte retificou a DCTF para apontar o valor correto de R$ 23.123,40 como contribuição devida. Eis que o contribuinte não apenas protocolou os PEDIDOS DE COMPENSAÇAO com créditos provenientes de COFINS, como também identificou na DIPJ que a origem do crédito decorreu de divergência de valores apurados, restando a divergência devidamente identificada na DIPJ. Considerando as infonnações prestadas pelo contribuinte, tanto na DIPJ quanto na DCTF retificada, e à vista o comprovado pagamento realizado a maior, cabe reconhecer o pagamento a maior rea ado, e o direito à compensação, tal como espelhado na PERDCOMP, no valor de R$ 11.132,75 quitando o débito de COFINS também identificado no PERDCOMP. Então a decisão materialmente viciada, eis que adotada com fundamento no erro de fato, que gerou a contradição com a verdade do processo, espelhada nos documentos nele encartados. Assim, cabe reformar a decisão recorrida, para homologar as compensações que utilizam do montante pago a maior, no limite desse crédito reconhecido. A fixação de condições não nominativas, mas meramente interpretativas, como no caso utilizadas pela Autoridade Julgadora, nunca poderia ser limitadora de direitos materiais. Sustentou mais o contribuinterecorrente que o erro foi detectado pela empresa que entregou a DIPJ retificadora em tempo correto, além do que "o erro praticado pelo contribuinte na apuração é corrigível pelo contribuinte, e pela autoridade", e Fl. 82DF CARF MF Processo nº 11080.900132/200872 Acórdão n.º 3001000.443 S3C0T1 Fl. 6 9 acrescentou: "E não tem razão a autoridade julgadora quando afirma que o acerto da DCTF somente se deu para atender ao processo. A atividade jurisdicional administrativa é uma atividade de auto controle na aplicação da lei e não uma atividade de auto tutela na realização do interesse da administração". O voto condutor do v. acórdão recorrido a seu turno (fls. 35/36), está fundamentado no entendimento que "a empresa interessada entregou declaração de compensação onde manifestou intenção de extinguir débitos tributários mediante oposição de indébitos que julga ser detentor" (fls. 35), e prossegue, verbis. Ocorre, no entanto, que a contribuinte apenas alega na impugnação que teriam ocorrido tais indébitos, não trazendo ao processo nenhuma comprovação da efetividade do recolhimento e das bases de cálculo sobre as quais teriam sido realizados. A seu turno, sustenta o v. acórdão recorrido, invocando o disposto nos arts. 15 e 16, incisos I, II e III, do Decreto 70.235/1972, 170 do CTN, e 333 do CPC (fls. 35/36):, verbis. Em sede de exame de declaração de compensação, no qual a ação cabe à interessada, à esta cabem todos os esclarecimentos e as comprovações de seu pleito. O art. 170 do CTN fixa pressuposto nuclear a ser atendido pelo contribuinte a fim de que possa ser efetivada a restituição pela Fazenda Nacional: que seus créditos estejam revestidos de liquidez e certeza. As alegações constantes da impugnação devem ser comprovadas documentalmente, nos termos dos artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, cabendo à interessada apresentar as provas necessárias para confirmar sua defesa. ............................................(omissis)............................................. Na manifestação de inconformidade entregue, a empresa interessada sequer se deu ao trabalho de apontar qualquer processo judicial ou administrativo que suportasse o direito creditório oponível ao Fisco (de Cofins, no caso). Não é possível fazer nenhuma confrontação de dados se o contribuinte não traz nenhum dado fidedigno apto a provar o direito alegado, nem cabe ao Fisco procurar supostas provas a favor do contribuinte, pois é ônus exclusivo deste, provar o que alega, nos termos do art.333, do Código de Processo Civil. Assim, a liquidez do direito há de ser comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, através das guias de pagamento, da comprovação das bases de cálculo sobre as quais ocorreram os fatos geradores e, se for o caso, do provimento judicial autorizativo da compensação pleiteada. Também é assente na doutrina que direito líquido e certo é aquele cujos aspectos de fato possam comprovarse documentalmente. No presente, no entanto, a interessada não trouxe qualquer elemento contábil para comprovar a base de cálculo de qualquer dos períodos, sendo insuficiente a cópia da retificação da DCTF, ato que, de per si, nada comprova quanto à ocorrência do indébito (até mesmo porque foi entregue meramente como suporte à manifestação de inconformidade), Fl. 83DF CARF MF 10 muito menos a DIPJ, declaração que, por sinal, sequer constitui confissão de dívida para fins de Pis e Cofins. Ante o exposto, diante da inexistência de créditos compensáveis bem como de qualquer documentação que suporte a alegação da interessada, voto no sentido de não homologar as compensações pleiteadas na declaração de compensação em exame, devendo ser dada continuidade na cobrança dos valores indevidamente extintos, com os acréscimos legais próprios. Desta forma, temse como incontroverso que o recorrente não logrou comprovar a liquidez e a certeza de suas afirmações. Logo, não se desincumbiu o sujeito passivo de fazer prova cabal do fato constitutivo do seu direito ao crédito alegado e, com fundamento no artigo 170 do CTN, devese ratificar a conclusão contida no despacho decisório que não homologou as compensações declaradas, e confirmar a decisão constante do v. acórdão guerreado. Verificase, por isto mesmo, que o recorrente não logrou produzir provas que sustentassem suas alegações, cujo ônus lhe competia, tanto no processo administrativo fiscal como no processo civil, no sentido de que o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, a teor do previsto nos arts. 36 da Lei 9.784 de 29.01.1099, e 373I do NCPC, verbis. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; e, II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Em sede de preliminar, alega o recorrente que teve cerceado o seu amplo direito de defesa a reclamar a declaração de nulidade da decisão recorrida, "determinandose a realização de novo julgamento no qual sejam enfrentadas os documentos apresentados à Receita Federal, confrontados com os fundamentos de pedir, o que de pronto se requer", ao simplório argumento de que o v. acórdão recorrido "não enfocou e não despendeu exame sobre os documentos disponíveis pela Receita Federal (obrigações acessórias cumpridas pelo contribuinte) em consonância com as razões específicas de pedir constantes da manifestação de inconformidade, incorrendo em omissiva análise do fato perpetrada pela decisão recorrida, o que sobremaneira prejudica o direito do contribuinte" (fls. 46). Em assim sendo, entendo inteiramente sem razão a pretensão do recorrente relativamente à preliminar em questão, seja porque, embora solicitado, não cuidou de exibir os fatos comprobatórios e constitutivos do seu alegado direito; seja porque não trouxe ao processo qualquer documento contábil para comprovar a base de cálculo de qualquer dos períodos, sendo insuficiente a cópia da retificação da DCTF, ato que, de per si, nada comprova quanto à ocorrência do indébito; seja porque sua Declaração de Compensação nº 40166.93497.211103.1.3.043967 foi formalizada em 21.11.2003, e a DCTF retificadora somente emitida mais de 4 (quatro) anos depois, em 31.03.2008 (fls. 35). Fl. 84DF CARF MF Processo nº 11080.900132/200872 Acórdão n.º 3001000.443 S3C0T1 Fl. 7 11 Desta forma, não há falar em cerceamento ao direito de defesa. Diante do exposto, e em virtude da não demonstração da existência do direito creditório pleiteado, combinado com o não atendimento à solicitação da fiscalização para a exibição de documentação contábil necessária e suficiente para comprovar a liquidez e certeza do seu direito, ratificase a decisão recorrida que indeferiu a pretensão do contribuinte objeto de sua manifestação de inconformidade e reiterada no recurso voluntário, para manter integralmente o r. acórdão recorrido. Por todo o exposto, conheço do apelo porque tempestivo e revestido das demais formalidades legais, rejeito a preliminar de cerceamento ao direito de defesa e, no mérito, NEGO PROVIMENTO ao Recurso. Diante da decisão paradigma proferida nos autos do processo número 11080.900036/200824, em que figura a mesma Recorrente, KEPLER WEBER S/A, conforme Acórdão nº 3001000.441, de 14.08.2018, aplicável ao presente processo em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, CONHEÇO do recurso voluntário do Contribuinte e NEGO PROVIMENTO ao apelo do Recorrente. (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator. Fl. 85DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.907987/2009-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
PER/DCOMP. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. SALDO NEGATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. .
A estimativa recolhida,. afastado eventual pagamento a maior ou indevido, forma o saldo negativo do contribuinte, devendo respeitar a sua metodologia própria para o pleito do direito creditório correspondente via PER/DCOMP.
PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO.
A retificação da PER/DCOMP deve respeitar as normas previstas para sua ocorrência, não cabendo ao CARF este feito por mero pedido em peça recursal.
Numero da decisão: 1402-003.241
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10120.904646/2009-00, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 PER/DCOMP. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. SALDO NEGATIVO. DIREITO CREDITÓRIO. . A estimativa recolhida,. afastado eventual pagamento a maior ou indevido, forma o saldo negativo do contribuinte, devendo respeitar a sua metodologia própria para o pleito do direito creditório correspondente via PER/DCOMP. PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO. A retificação da PER/DCOMP deve respeitar as normas previstas para sua ocorrência, não cabendo ao CARF este feito por mero pedido em peça recursal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10120.904646/200900, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 79 87 /2 00 9- 29 Fl. 91DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Sergio Abelson (Suplente Convocado) , Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10120.907987/200929 Acórdão n.º 1402003.241 S1C4T2 Fl. 3 3 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília DF, em primeira instância administrativa, que julgou IMPROCEDENTE, a manifestação de inconformidade do contribuinte em epígrafe, agora recorrente. Do Despacho Decisório: Trata o presente processo da Declaração de Compensação, na qual a recorrente alega possuir crédito contra a Fazenda Pública, decorrente de pagamento a maior ou indevido, buscando extinguir por compensação de débito próprio, conforme detalhamento que consta no Despacho Decisório acostado aos autos. Transmitida, a DCOMP recebeu da DRF de origem o Despacho Decisório de ‘não homologação’ da compensação", cujas razões de negação se fundam na utilização integral do pagamento discriminado para a quitação de outro débito. Portanto, não haveria crédito disponível para a compensação em análise. Da Manifestação de Inconformidade: Inconformada com o despacho decisório, a recorrente interpôs a manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que efetuou recolhimentos a maior conforme apurado na DIPJ 2006, sob o regime de tributação com base em balancete de suspensão ou redução do imposto. Pediu revisão do despacho decisório. Da decisão da DRJ: A DRJ, em seu julgamento, considerou improcedente a manifestação de inconformidade, e não reconheceu o direito creditório pleiteado, e consequente não homologação da compensação da PER/DCOMP objeto do presente processo. Na decisão ora recorrida, entendeuse , que sob a égide dos artigos 2°, 6°, e 28 a 30 da Lei n° 9.430/1996; artigo 6°, parágrafo único, da Lei n° 7.689/1988; e artigos 221 a 232 do Decreto n° 3.000/99, os valores pagos a título de estimativa de IRPJ e CSLL não poderiam ser considerados crédito em favor do contribuinte, sob a qualificação de "pagamento indevido ou a maior". Sob o regime de apuração de IRPJ e CSLL em referência, o contribuinte ficaria obrigado a antecipar ao Fisco, mensalmente, parte desse tributo, calculado com base em sua receita bruta, e aplicação de um percentual pré definido com vistas ao cálculo do lucro real, com a faculdade de suspender ou reduzir o pagamento do tributo devido, desde que Fl. 93DF CARF MF 4 demonstrado por balancetes mensais, que o valor acumulado já pago até o mês anterior exceda o valor do tributo calculado com base no lucro real auferido até aquele mês. Dessa maneira, o fato gerador do IRPJ e da CSLL abrangeria todas as situações ocorridas durante o ano calendário, e o tributo devido seria apurado no encerramento do respectivo período. Do Recurso Voluntário: Irresignada com o a decisão, apresentou recurso voluntário em que expõe que as origem dos créditos compensados por meio do PER/DCOMP advém dos recolhimentos de IRPJ e da CSLL referentes ao anocalendário 2005, recolhidos a maior, conforme sua DIPJ. Na PER/DCOMP, onde deveria ser assinalado créditos de saldo negativo de IRPJ ou CSLL, fora preenchido pagamento indevido ou a maior. Contudo, entende demonstrado que houve saldo negativo de IRPJ ou CSLL, e tal circunstância seria mero erro formal. Ademais, requer autorização para retificar do PER/DCOMP, ou, ainda, sejam compensados os referidos débitos nesta com os créditos em foco. É o relatório. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10120.907987/200929 Acórdão n.º 1402003.241 S1C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.327, de 14/06/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10120.904646/2009 00, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.327): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, podese dele conhecer. Antes de adentrar no mérito, cabe informar que o julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, sendo o paradigma. Síntese dos fatos Primeiramente, fica bem claro nos autos, conforme anexo I da manifestação de inconformidade (demonstrativo do crédito utilizado no PER/DCOMP), que o direito creditório que está sendo pleiteado pela recorrente, e com seu conhecimento, é saldo negativo de IRPJ ou base de cálculo negativa de CSLL. A recorrente ao preencher a PER/DCOMP, informou que houve um pagamento indevido ou a maior de estimativa para justificar o direito creditório pelo qual objetivava extinguir o débito, conforme consta no pedido de compensação. Contudo, foi denegado pela autoridade fiscal conforme Despacho Decisório, pois o crédito pleiteado estava alocado, quitando o débito correspondente da antecipação do IRPJ (ou da CSLL). Fl. 95DF CARF MF 6 Sua manifestação de inconformidade vai ao encontro do informado acima, entendendo, contudo, que seria cabível a compensação, independente da designação dada. A decisão da DRJ considerou improcedente sua manifestação de inconformidade, pois, em linhas gerais, tal forma de compensar o saldo negativo do IRPJ (ou CSLL) não seria a correta, de acordo com as normas aplicáveis. Em sede recursal, reitera, o seu entendimento que tem o direito, reforçando nas suas alegações que é realmente um saldo negativo de IRPJ (ou CSLL), e que tal posicionamento de não homologação seria equivocado, pois teria ocorrido mero erro formal quando preencheu a sua PER/DCOMP. Adicionalmente, requer autorização para retificação do PER/DCOMP e mantidas as compensações pleiteadas. Do mérito O presente caso envolve uma questão recorrente neste CARF, que seria de qual a natureza jurídica do recolhimento das estimativas de IRPJ e CSLL, em que a recorrente entende que o recolhido antecipadamente a maior foi indevido, querendo que seja tratado como uma repetição de indébito. Conforme entendimento consolidado deste CARF e através de matéria já sumulada1, para ser caracterizada uma estimativa recolhida como indébito, é necessário que tenha ocorrido realmente um pagamento indevido ou maior, o que exigiria demonstração de erro na apuração. Ou seja, se fosse o caso, o valor pago de estimativas foi superior ao devido, com base na receita bruta, ou em balanço de suspensão/redução, e a repetição do indébito poderia ser até, inclusive, no curso do ano calendário da período que se refere o pagamento indevido. Compulsando os autos, em nenhum momento é mencionado, e muito menos demonstrado, pela recorrente que foi um pagamento indevido ou a maior de estimativa. Pelo contrário, reitera e reforça que o caso é de pagamentos de estimativas recolhidos devidamente e, que no final do ano apurou excesso de recolhimentos, além do necessário, o que se configura saldo negativo (tanto de IRPJ quanto de CSLL). Aqui, cabe destacar a importância da distinção material entre o direito creditório se basear em pagamento indevido de estimativa ou saldo negativo. Aquele, sendo um indébito, geraria o direito a atualização monetária a partir do mês seguinte da sua ocorrência. Este, só haveria sua apuração do encerramento do exercício, e sua atualização monetária no mês seguinte. No caso da recorrente, ao ser optante do lucro real anual no ano calendário de 2005, e há valores recolhidos em vários meses ao longo de ano, poderia haver alguma repercussão financeira, em seu favor (e por consequência em prejuízo ao erário) se seguisse 1 Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10120.907987/200929 Acórdão n.º 1402003.241 S1C4T2 Fl. 5 7 com a visão de eventuais estimativas recolhidas a maior seriam indébitos, e não saldo negativo. Não se quer aqui negar o direito da recorrente de tratar como indébito eventual estimativa recolhida a maior ou erroneamente, devidos a erro na sua apuração da base de cálculo, pois nestes casos tratável como repetição de indébito. Contudo, não resta alegado, e por consequência, nem comprovado em nenhum momento que houve um erro no pagamento da estimativa da sua parte, e como já dito anteriormente, muito pelo contrário, há sua afirmação que foram pagamentos de estimativas corretas que geraram o saldo negativo de IRPJ ou CSLL. Portanto, muito mais que um problema formal no preenchimento da PER/DCOMP, de qualificação como pagamento indevido ou saldo negativo, conforme alegado na sua peça recursal, estáse diante de um problema atinente à própria metodologia de apuração do IRPJ/CSLL, e suas consequências advindas, de acordo com a opção eleita pela recorrente. A recorrente estava bem ciente disso, pois trouxe planilhas (anexas à manifestação de inconformidade) que procuram demonstra a apuração do saldo negativo, o que denota que tinha compreensão da sistemática de apuração eleita. Nestas circunstâncias, corretas as negativas, tanto no despacho decisório quanto no acórdão a quo, do pleito da recorrente, pois se valeu erradamente do seu direito. Reforçase materialmente o posicionamento até agora deste voto, considerando vários processos de idêntico teor, envolvendo a recorrente e o mesmo anocalendário, e mesmas alegações, já julgados por este CARF em 2014 (exemplificando: processo 10120.904643/200968 acórdão 1302001.416). O mais importante destes processos para a presente lide é que anteriormente ao seu acórdão, fora convertido em diligência em 2012, para confirmação da existência ou não do crédito pleiteado, o qual o resultado da diligência foi concluindo pela inexistência do direito creditório, nos termos da PER/DCOMP, e a recorrente silenciou quando intimada. Desta sorte, não houve provimento ao recurso voluntário deste processo e dos demais julgados conjuntamente. Ademais, não cabe a este colegiado proceder a autorização para retificação da PER/DCOMP, como aduz e requer na sua peça recursal, algo a ser procedido pela recorrente, conforme disposto nas normais legais aplicáveis. Salientase que dadas as características próprias extintivas do crédito tributário, há restrições nas normas legais aplicáveis para retificação do pedido mediante a modificação do direito creditório aduzido na declaração de compensação, posto que tal procedimento desnaturaria o próprio objeto do processo e toda a discussão já ocorrida. Fl. 97DF CARF MF 8 Por isso limitamse as circunstâncias para retificação da PER/DCOMP, e independente das causas materiais que poderia ensejar tal situação, somente poderá ser retificada caso ainda se encontre pendente de decisão administrativa ou não houve intimação para apresentação de documentos comprobatórios, em eventual análise prévia ao despacho decisório. Agregase a isso o fato que no contencioso administrativo há limitações para tanto também. O art. 74 da Lei nº 9.430/1996, com a redação atual, previu que apenas a não homologação de compensação seria objeto de apreciação no contencioso administrativo2. E nos termos do parágrafo 1º do art. 7º do Anexo II da Portaria nº 343/2015 (Regimento Interno do CARF), a competência para julgamento de recurso envolve o crédito alegado3. Ou seja, não é caso de apreciação da retificação de PER/DCOMP, muito menos de autorizála. E entendo que ao caso não se aplica as inexatidões materiais para suscitar uma revisão de ofício, eventualmente aplicáveis conforme disposto no art. 32 do DecretoLei nº 70.235/19724. Pelo todo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. 2 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (...) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. § 8o Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9o. § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. 3 Art. 7º Incluise na competência das Seções o recurso voluntário interposto contra decisão de 1ª (primeira) instância, em processo administrativo de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. (Redação dada pela Portaria MF nº 153, de 2018) § 1º A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção. 4 Art. 32. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10120.907987/200929 Acórdão n.º 1402003.241 S1C4T2 Fl. 6 9 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, conforme voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 99DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.002921/2001-87
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Oct 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1996, 1997, 1998
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE RECURSOS AO FINAL DO ANO-CALENDÁRIO. TRANSPOSIÇÃO PARA O ANO-CALENDÁRIO SEGUINTE.
Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um ano-calendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens apresentada antes do início do procedimento fiscal e/ou com existência comprovada pelo contribuinte.
Numero da decisão: 9202-007.259
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento.
Assinado digitalmente
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente.
Assinado digitalmente
Pedro Paulo Pereira Barbosa- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1996, 1997, 1998 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE RECURSOS AO FINAL DO ANO-CALENDÁRIO. TRANSPOSIÇÃO PARA O ANO-CALENDÁRIO SEGUINTE. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um ano-calendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens apresentada antes do início do procedimento fiscal e/ou com existência comprovada pelo contribuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1355; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10830.002921/200187 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202007.259 – 2ª Turma Sessão de 22 de outubro de 2018 Matéria IRPF APD Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado HELIO DE OLIVEIRA SANTOS ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1996, 1997, 1998 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE RECURSOS AO FINAL DO ANOCALENDÁRIO. TRANSPOSIÇÃO PARA O ANOCALENDÁRIO SEGUINTE. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um ano calendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens apresentada antes do início do procedimento fiscal e/ou com existência comprovada pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 29 21 /2 00 1- 87 Fl. 707DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Cuidase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 2402005.006, proferido na sessão de 16 de fevereiro de 2016, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1996, 1997, 1999 NULIDADE. INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE PERÍCIA E DE DILIGÊNCIA. Estando devidamente fundamentado pela instância de primeiro grau a rejeição dos pedido de diligência e de perícia, procedimentos que não se prestam à produção de provas cujo ônus de apresentar é do contribuinte, não há nulidade a ser declarada. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. DISPÊNDIOS COM O IMÓVEL. Para a incorporação de gastos com benfeitorias e melhoramentos ao custo de aquisição, com vistas à apuração de ganho de capital, é necessário restar comprovado que tais dispêndios refiramse ao imóvel objeto de alienação. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DO MÊS DE DEZEMBRO. APROVEITAMENTO COMO ORIGEM NO MÊS DE JANEIRO SUBSEQUENTE. POSSIBILIDADE. Em sede de verificação de acréscimo patrimonial a descoberto, sendo apurada pela fiscalização sobra de recursos no fluxo de caixa de um determinado mês, deve ser esse saldo transportado como origem para o mês subsequente, ainda que se refira ao mês de dezembro. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. SÚMULA CARF Nº 2. Aplicase a Súmula CARF nº 2 quando o questionamento da multa de ofício se atém à matéria de índole constitucional. Recurso Voluntário Provido em Parte. A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do Fl. 708DF CARF MF Processo nº 10830.002921/200187 Acórdão n.º 9202007.259 CSRFT2 Fl. 3 3 lançamento a infração do acréscimo patrimonial a descoberto, mantendose o restante da exigência. O recurso visa rediscutir a seguinte matéria: aproveitamento, na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, do saldo positivo do exercício anterior. Em exame preliminar de admissibilidade, a Presidente da Quarta Câmara, da Segunda Seção de julgamento deu seguimento ao apelo da Fazenda Nacional. Em suas razões recursais, a Fazenda Nacional aduz, em síntese, que o acréscimo patrimonial a descoberto é fato gerador do Imposto de Renda, nos termos do inciso II do art. 43, do CTN; que provado pelo Fisco a aquisição de bens e/ou a aplicação de recursos, cabe ao contribuinte a prova da origem dos recursos utilizados; que a tributação do acréscimo patrimonial a descoberto está especificada no Decreto nº 3000, de 1999; que a jurisprudência administrativa é mansa e pacífica no sentido da necessidade de provas concretas e inequívocas com o fim de elidir a tributação erigida por acréscimo patrimonial a descoberto. Cientificado do Acórdão Recorrido, do Recurso Especial do Procurador e do Despacho que lhe deu seguimento em 15/07/2016 (AR, efls. 652), o contribuinte apresentou as Contrarrazões de efls. 673 a 688 em que aduz, em síntese, que o recurso não demonstrou a legislação interpretada de forma divergente e nem demonstrou analiticamente a divergência alegada; que, quanto ao mérito, o Recorrido não infringiu nenhuma disposição da legislação tributária; que o acórdão recorrido concluiu pela inexistência de acréscimo patrimonial a descoberto nos anos de 1996 e 1997; que a jurisprudência do CARF é consistente em reconhecer que, como no caso em testilha, não há acrécimo patrimonial a descoberto. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Não procedem as objeções feita pela contribuinte nas Contrarrazões. A divergência foi exaustivamente demonstrada com a transcrição, com destaques, de fragmentos do acórdão recorrido e paradigmas em que são defendidas as posições opostas. Da mesma forma, a legislação em relação à qual há divergência de interpretação foi explicitada no recurso. Quanto ao mérito, como visto, a matéria diz respeito à possibilidade de aproveitamento, em janeiro do exercício seguinte, do saldo positivo apurado no fluxo patrimonial do mês de dezembro do ano anterior. Assiste razão à Fazenda Nacional. De fato, há uma diferença fundamental entre o aproveitamento dos saldos apurados ao final de cada mês como origem das aplicações Fl. 709DF CARF MF 4 feitas no mês seguinte e o saldo apurado no final do mês de dezembro. É que no primeiro caso estáse dentro do espectro temporal do mesmo fato gerador, o que não ocorre no segundo caso. Como se sabe, o fato gerador do Imposto de Renda consolidase em 31 de dezembro de cada ano, mas contempla os rendimentos auferidos ao longo de todo o período. Também é certo que o Contribuinte tem o dever de declarar as disponibilidades (bens, recursos, etc) que possui ao final de cada ano. A renda auferida pelos contribuintes quando não convertidas em patrimônio só pode ter tido uma destinação: o consumo. Não há uma terceira alternativa. Portanto, se o contribuinte não declarou, conforme estava obrigado a fazer, a disponibilidade de recursos, é lícito presumir que os valores correspondentes foram consumidos. O que não é razoável é atribuir ao sujeito passivo uma disponibilidade de recursos que ele mesmo não reconheceu ter quando do preenchimento de sua declaração de rendimentos. Todavia, se o contribuinte comprovar que, apesar de não ter declarado, efetivamente dispunha de tais ativos, aí sim, justificase o seu aproveitamento. De outro modo, não. Mas isso não se deu neste caso. Ante o exposto, conheço do recurso e, no mérito, doulhe provimento. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator Fl. 710DF CARF MF
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