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Numero do processo: 13602.720288/2016-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2013
MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULA CARF 63.COMPROVAÇÃO. LAUDO PERICIAL.
Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.PROCEDÊNCIA. PROVAS APRESENTADAS.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Tendo o contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito, deve ser afastada a autuação por rendimentos indevidamente considerados como isentos por moléstia grave.
Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda.
Para a concessão da isenção aos proventos de aposentadoria recebidos por portadores de neoplasia maligna,comprovada por laudo pericial oficial, é desnecessário comprovar a contemporaneidade dos sinais ou sintomas de moléstia, fazendo jus à isenção.
Numero da decisão: 2301-005.639
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencidos os conselheiros João Maurício Vital e Reginaldo Paixão Emos.
João Bellini Júnior Presidente.
(assinado digitalmente)
Juliana Marteli Fais Feriato Relatora.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Mauricio Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado para completar a representação fazendária), Alexandre Evaristo Pinto, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada para substituir o conselheiro Antônio Sávio Nastureles, ausente justificadamente), Juliana Marteli Fais Feriato e João Bellini Junior (Presidente). Ausente justificadamente o conselheiro Antonio Sávio Nastureles e o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa.
Nome do relator: JULIANA MARTELI FAIS FERIATO
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SÚMULA CARF 63.COMPROVAÇÃO. LAUDO PERICIAL. Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.PROCEDÊNCIA. PROVAS APRESENTADAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Tendo o contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito, deve ser afastada a autuação por rendimentos indevidamente considerados como isentos por moléstia grave. Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Para a concessão da isenção aos proventos de aposentadoria recebidos por portadores de neoplasia maligna,comprovada por laudo pericial oficial, é desnecessário comprovar a contemporaneidade dos sinais ou sintomas de moléstia, fazendo jus à isenção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 2. 72 02 88 /2 01 6- 71 Fl. 109DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencidos os conselheiros João Maurício Vital e Reginaldo Paixão Emos. João Bellini Júnior Presidente. (assinado digitalmente) Juliana Marteli Fais Feriato Relatora. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Mauricio Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado para completar a representação fazendária), Alexandre Evaristo Pinto, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada para substituir o conselheiro Antônio Sávio Nastureles, ausente justificadamente), Juliana Marteli Fais Feriato e João Bellini Junior (Presidente). Ausente justificadamente o conselheiro Antonio Sávio Nastureles e o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fl. 83/85) interposto em face da decisão de Impugnação da Declaração Retificadora de Imposto de Renda da Contribuinte, que indeferiu sua homologação, a qual pretendia a restituição de valor pago de Imposto de Renda Retido na Fonte, referente ao Ano Calendário de 2013, Exercício 2014, no valor de R$51.005,13 (cinquenta e um mil e cinco reais e treze centavos)isenção pleiteada à Autoridade Fiscal, pois é aposentada e portadora de moléstia grave (neoplasia maligna de mama CID C 50 firmado em 15/01/2001). Ao analisar a Declaração Retificadora, a Autoridade Fiscal propôs NFLD n. 2014/618945648850519 (fl. 5/7) em 18/01/2016, com base legal no art. 14 a 17 e 23 do Dec. 70.235/72 com as alterações trazidas pelas Leis 8.748/93 e 9532/97, cujo termo fora negar a restituição e, ao mesmo tempo, aplicar sanção pela Omissão de Rendimentos, condenando a Contribuinte a pagar um Saldo de Imposto de Renda (Imposto Suplementar) não declarado e apurado pela Autoridade, além disto, aplicação da Multa de Ofício. Justificase o ato fiscal de denegar a isenção/restituição pleiteada com base no relatório da perícia médica realizada em 03/06/2015 pela Junta Médica do Tribunal de Justiça de MG, em que afirma que a contribuinte aposentada teve neoplasia maligna de mama (CID C 50) em 15/01/2001, quando foi submetida a tratamento radioterápico e quimioterápico, sendo que na perícia de avaliação para concessão da isenção de imposto de renda, realizada em 17/10/2007, foi negado o benefício, uma vez que não haviam sinais da doença, decorridos 05 anos após o tratamento, não preenchendo critério de portadora de neoplasia maligna. Fl. 110DF CARF MF Processo nº 13602.720288/201671 Acórdão n.º 2301005.639 S2C3T1 Fl. 110 3 A Autoridade Fiscal considerou que, ao apresentar a Declaração Retificadora de Imposto de Renda em 23/12/2015 referente ao AnoCalendário de 2013, Exercício de 2014, na qual requeria a restituição da quantia paga de imposto retido na fonte naquele ano (R$51.005,13) a Contribuinte omitiu rendimentos recebidos, razão pela qual lhe foi imposta IRPF Suplementar (Sujeito à Multa de Ofício) no valor de R$2.607,08 (dois mil e seiscentos e sete reais e oito centavos), Multa de Ofício correspondente à 75% no valor de R$1.955,31 (hum mil e novecentos e cinquenta e cinco reais e trinta e um centavos) e Juros de Mora no valor de R$539,92 (quinhentos e trinta e nove reais e noventa e dois), totalizando o lançamento do crédito tributário no valor de R$5.102,31 (cinco mil cento e dois reais e trinta e um centavos). Alega a Contribuinte, na sua Impugnação, que sua isenção foi concedida judicialmente, em 2015, pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sua fonte pagadora, sendo que a retirada do imposto retido na fonte referente ao Ano Calendário de 2015, ano da própria decisão, seria realizado pelo próprio Tribunal, na sua folha de pagamento, sendo que, dos anos anteriores, deveria a contribuinte realizar requerimento de restituição diretamente com a autoridade fiscal, razão pela qual a Contribuinte apresentou as Declarações Retificadoras em dezembro de 2015. Nas fls. 71 e ss., houve decisão pela autoridade fiscal na DRJ 11 54.078pronunciada pela 5ª Turma da DRJ/REC em 29/09/2016, cuja Ementa: Autos: 13602.720288/201671 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2013 ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA, REFORMA OU PENSÃO. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. Somente são isentos do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, assim como suas complementações, percebidos por portador de moléstia grave definida em lei, desde que comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Na fundamentação da decisão, ressaltase: “(...)Tratase de lide restrita à omissão de rendimentos tributáveis no valor R$248.643,13, recebidos do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Em sua impugnação,a interessada alega que os rendimentos foram alvo de isenção concedida judicialmente. (...) Fl. 111DF CARF MF 4 De antemão, verificase que não consta dos autos prova de isenção concedida judicialmente, como alega a contribuinte. Por outro lado, não há documento comprovando que os rendimentos em tela (anocalendário de 2013) são oriundos de aposentadoria e, adicionalmente, o único laudo médico oficial (fl. 9) juntado ao processo atesta, ao contrário das pretensões da defesa, que o caso não preenche os critérios para caracterização da moléstia grave em questão, qual seja, neoplasia maligna. Logo, não há como reconhecer a isenção pleiteada.” Nas Fls. 83 e ss. a Contribuinte apresenta Recurso Voluntário, alegando, em síntese: que é aposentada, juntando comprovação desse seu estado de aposentadoria (holerite de 2007 que determina que a Contribuinte é aposentada); que é Portadora de Neoplasia Maligna – juntando laudo emitido por peritos do TJMG e documentações que comprovam o deferimento da isenção de IRRF conferido pelo TJMG, em 01/07/2015, com base no parecer 003/2014, o qual determina ser pacífico o entendimento do STJ que o aposentado, mesmo que não apresente no momento do Requerimento quaisquer resquícios da doença, ele nunca deixará de portar a Neoplasia Maligna, sendo desnecessária a contemporaneidade dos sintomas; e, por fim, caso não seja reconhecida a restituição, afirma ser impossível aplicar qualquer multa ou juros, visto que o Imposto em questão foi retido na fonte, não havendo mora alguma na apresentação da Declaração, muito menos omissão. Na Fl. 86, verificase o holerite TJMG que demonstra a condição de aposentado da Contribuinte. Na Fl. 88, verificase o Parecer 03/2014 do TJMG. Na Fl. 93, verificase a Autorização para isenção do IRRF a partir do exercício de 2015, sendo que a restituição dos anteriores, determina o Tribunal que deverão ser requeridos diretamente perante a Receita Federal. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Juliana Marteli Fais Feriato Admissibilidade Verificase nas fls. 79 que a contribuinte foi intimada em 11/10/2016, sendo que apresentou o Recurso Voluntário em 07/11/2016, ou seja, dentro do prazo de 30 dias, o que torna seu Recurso tempestivo e admissível. Mérito Tratase de Recurso Voluntário do indeferimento da impugnação apresentada à NFLD 2014/618945648850519, que teve origem na Declaração Retificadora apresentada pela Contribuinte, a qual requeria restituição do valor pago de Imposto de Renda do Ano Calendário 2013, Exercício 2014, entendendo, a Autoridade Fiscal que, além de a Contribuinte não contemplar os requisitos da Lei para a concessão da restituição, ao apresentar a Declaração Retificadora, houve a omissão do recebimento de rendimentos, razão pela qual importa a Fl. 112DF CARF MF Processo nº 13602.720288/201671 Acórdão n.º 2301005.639 S2C3T1 Fl. 111 5 condenação da mesma ao pagamento de IRPF Suplementar, Multa de Ofício e Juros de Mora, lançandose o crédito no valor de R$5.102,31 (cinco mil cento e dois reais e trinta e um centavos). Portanto, para decidir sobre o presente Recurso Voluntário, a presente decisão deverá solucionar os seguintes questionamentos: 1º) A Contribuinte preenche os requisitos legais para a concessão da isenção/restituição do IRPF? 2º) Tratandose de moléstia grave do tipo Neoplasia Maligna, há cura ou a condição de doente do Contribuinte é Ad Aeternum, como considerou o TJMG ao conferir a isenção a partir de 2015 à Contribuinte? 3º) Tendo apresentado Declaração Retificadora, na qual pleiteia a restituição, entretanto, havendo o recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa Física durante o AnoCalendário de 2013, que era retido na fonte, houve a ocorrência do Fato Gerador para a imposição do crédito lançado na NFLD em discussão (IRPF Suplementar, Multa de Ofício e Juros de Mora, lançando o crédito no valor de R$5.102,31)? Conforme Legislação (Lei nº 7.713/88, art. 6º, XIV), as pessoas portadoras de doenças graves são isentas do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) desde que se enquadrem cumulativamente nas seguintes situações: Os rendimentos sejam relativos a aposentadoria, pensão ou reforma E Possuam alguma das doenças estipulada na legislação. Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; A exigência da apresentação do Laudo Pericial advém do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, no art. 39, XXXIII e §4º que assim determina: Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto Fl. 113DF CARF MF 6 XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Embora determine a necessidade de apresentação de Laudo Pericial com prazo de validade, fixado para os casos de moléstias passíveis de controle, não há qualquer indicação na legislação sobre quais tipos de moléstias são de fato passíveis de controle. Necessário indagar se a Neoplasia Maligna seria passível de curta? Existe cura para o câncer? Ou a pessoa que não mais apresente os sintomas da doença quando da realização do Laudo pode ser considerada curada? Tratase de uma interpretação subjetiva a qual nós, julgadores da esfera administrativa, não podemos conceder, sendo esta uma tarefa do Judiciário. Devemos aplicar a lei e sua interpretação oriunda do Judiciário, apenas em questões pacíficas, em que não há dúvidas do alcance da interpretação da lei. Entretanto, pela moralidade que tenho em minha convicção não posso deixar de analisar o caso e a Jurisprudência, no intuito de tornar esse Conselho mais eficiente nos casos em que há pacificação no entendimento, até mesmo para aliviar a dor daquela pessoa que esteja passando por momento delicado em sua doença. Nestes termos, voltome ao Judiciário, para verificar se há um entendimento pacífico, principalmente dos Tribunais Superiores, STJ e STF sobre suas interpretações de moléstias passíveis de controle, a aplicação da legislação e se a doença da Contribuinte – Neoplasia Maligna (Câncer) tem realmente cura. Encontro inúmeros julgamentos do STJ que demonstram ser pacífico o entendimento sobre a desnecessidade da contemporaneidade dos sintomas para a concessão da isenção e, conseqüentemente, restituição: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – IMPOSTO DE RENDA – ART. 6º, XIV, DA LEI 7.713/1988 – NEOPLASIA MALIGNA – DEMONSTRAÇÃO DA CONTEMPORANEIDADE DOSSINTOMAS – DESNECESSIDADE – RESERVA REMUNERADA – ISENÇÃO – OFENSA AO ART. 111 DO CTN NÃOCARACTERIZADA – INCIDÊNCIADA SÚMULA 83/STJ. 1. Descabe o acolhimento de violação do art. 535 do CPC, se as questões apontadas como omissas pela instância ordinária não são capazes de Fl. 114DF CARF MF Processo nº 13602.720288/201671 Acórdão n.º 2301005.639 S2C3T1 Fl. 112 7 modificar o entendimento do acórdão recorrido à luz da jurisprudência do STJ. 2. Reconhecida a neoplasia maligna, não se exige a demonstração da contemporaneidade dos sintomas, nem a indicação de validade do laudo pericial, ou a comprovação de recidiva da enfermidade, para que o contribuinte faça jus à isenção de Imposto de Renda prevista no art. 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/88. Precedentes do STJ. 3. A reserva remunerada equivale à condição de inatividade, situação contemplada no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88, de maneira que são considerados isentos os proventos percebidos pelo militar nesta condição. Precedente da Primeira Turma. 4. É firme o entendimento do STJ, no sentido de que a busca do real significado, sentido e alcance de benefício fiscal não caracteriza ofensa ao art. 111 do CTN. 5. Incidência da Súmula 83/STJ no tocante à divergência jurisprudencial. 6. Recurso especial conhecido parcialmente e não provido. (REsp 1.125.064/DF,2ª Turma, Rel. Ministra Eliana Calmon, DJe de 14.4.2010). TRIBUTÁRIO – AÇÃO MANDAMENTAL – IMPOSTO DE RENDAINCIDENTE SOBRE PROVENTOS DE APOSENTADORIA – NEOPLASIA MALIGNA – LEI N. 7.713/88 – DECRETO N. 3.000/99 – NÃOINCIDÊNCIA – PROVA VÁLIDA E PRÉCONSTITUÍDA – EXISTÊNCIA CONTEMPORANEIDADE DOS SINTOMAS – DESNECESSIDADE – MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO – PRECEDENTES. 1. Cingese a controvérsia na prescindibilidade ou não da contemporaneidade dos sintomas de neoplasia maligna, para que servidor o público aposentado, submetido à cirurgia para retirada da lesão cancerígena, continue fazendo jus ao benefício isencional do imposto de renda, previsto no artigo 6º, inciso XIV, da Lei n.7.713/88. 2. Quanto à alegada contrariedade ao disposto no artigo 267, inciso VI, do CPC, por ausência de prova préconstituída, não prospera a pretensão; porquanto, o Tribunal de origem, como soberano das circunstâncias fáticas e probatórias da causa, confirmou a decisão recorrida e entendeu estar presente documento hábil para comprovar a moléstia do impetrante. Pensar de modo diverso demandaria o reexame de todo o contexto fáticoprobatório dos autos, o que é defeso a esta Corte em vista do óbice da Súmula 7/STJ. 3. O mesmo argumento utilizado pela Corte de origem tem a virtude de afastar a alegação de violação dos artigos 30, caput e § 1º da Lei n. 9.250/95 e 39, § 4º, do Regulamento do Imposto de Renda, a saber: o Decreto n. 3.000/99, feita pelo recorrente. 4. Ainda que se alegue que a lesão foi retirada e que o paciente não apresenta sinais de persistência ou recidiva a doença, o entendimento dominante nesta Corte é no sentido de que a isenção do imposto de renda, em favor dos inativos portadores de moléstia grave, tem como objetivo diminuir o Fl. 115DF CARF MF 8 sacrifício do aposentado, aliviando os encargos financeiros relativos ao acompanhamento médico e medicações ministradas. Precedente: REsp 734.541/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2.2.2006, DJ 20.2.2006. 5. O art. 111 do CTN, que prescreve a interpretação literal da norma, não pode levar o aplicador do direito à absurda conclusão de que esteja ele impedido, no seu mister de apreciar e aplicar as normas de direito, de valerse de uma equilibrada ponderação dos elementos lógicosistemático, histórico e finalístico ou teleológico, os quais integram a moderna metodologia de interpretação das normas jurídicas. (REsp 192.531/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17.2.2005, DJ 16.5.2005.) Recurso especial improvido. (REsp 967.693/DF, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ de 18.9.2007). TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. NEOPLASIAMALIGNA. LEI N.º 7.713/88. DECRETO N.º 3.000/99. PROVA DACONTEMPORANEIDADE DOS SINTOMAS. DESNECESSIDADE. 1. Controvérsia que gravita em torno da prescindibilidade ou não da contemporaneidade dos sintomas de neoplasia maligna para que servidora pública aposentada, que sofreu extirpação da mama esquerda em decorrência da referida doença, continue fazendo jus ao benefício isencional do imposto de renda previsto no artigo 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/88. 2. Os proventos da inatividade de servidora pública, portadora de neoplasia maligna, não sofrem a incidência do imposto de renda, ainda que a doença tenha sido adquirida após a aposentadoria, a teor do disposto no artigo 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/88. No mesmo sentido, determina o artigo 39, inciso XXXIII, do Decreto n.º 3.000/99, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, ao tratar dos rendimentos isentos ou não tributáveis das pessoas físicas. (Precedentes do STJ em casos análogos: REsp 673741/PB, Relator Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, DJ de 09.05.2005; REsp 677603/PB, desta relatoria, Primeira Turma, DJ de 25.04.2005; RESP 184595/CE, Relator Ministro Francisco Peçanha Martins, DJ de 19.06.2000; REsp 141509/RS, Relator Ministro Milton Luiz Pereira, Primeira Turma, DJ de 17.12.1999; e REsp 94512/PR, Relator Ministro Peçanha Martins, Segunda Turma, DJ de 31.05.1999). 3. Acórdão calcado na tese de que a Lei 7.713/88, com a redação dada pela Lei8.541/92, isenta do imposto de renda os proventos de aposentadoria ou reforma percebidos pelos portadores de neoplasia maligna, desde que a enfermidade seja contemporânea à isenção, corroborando esse entendimento a exigência de prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle, consubstanciada no § 1º, do artigo 30, da Lei 9250/95. 4. Deveras, "a regra insculpida no art. 111 do CTN, na medida em que a interpretação literal se mostra insuficiente para revelar o verdadeiro significado das normas tributárias, não pode levar o aplicador do direito à absurda conclusão de que esteja ele impedido, no seu mister de interpretar e aplicar as normas de direito, de se valer de uma equilibrada ponderação dos elementos lógicosistemático, histórico e finalístico ou teleológico que integram a moderna metodologia de interpretação das normas jurídicas" Fl. 116DF CARF MF Processo nº 13602.720288/201671 Acórdão n.º 2301005.639 S2C3T1 Fl. 113 9 (RESP n.º 411704/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 07.04.2003). 5. O Sistema Jurídico hodierno vive a denominada fase do póspositivismo ou Estado Principiológico na lição de Norberto Bobbio, de sorte que, na aplicação do direito ao caso concreto, é mister ao magistrado inferir a ratio essendi do princípio maior informativo do segmento jurídico sub judice. 6. Consectariamente, a aplicação principiológica do direito implica em partir se do princípio jurídico genérico ao específico e deste para a legislação infraconstitucional, o que revela, in casu, que a solução adotada pelo Tribunal a quo destoa do preceito constitucional da defesa da Dignidade da Pessoa Humana. 7. Deveras, a isenção do imposto de renda, em favor dos inativos portadores de moléstia grave, tem como objetivo diminuir o sacrifício do aposentado, aliviando os encargos financeiros relativos ao tratamento médico. 8. Restabelecimento da sentença de primeiro grau, segundo a qual "a questão acerca de a autora ser ou não portadora de doença que isenta de imposto de renda é eminentemente técnica. O perito afirma, sem possibilidade de qualquer dúvida, que a autora é portadora da doença. Assim, para a improcedência seria preciso que o réu trouxesse elementos técnicos capazes de afastar o laudo, e, no entanto, em primeiro lugar diversamente do que fez o assistente da autora (fl.316) nada trouxe a confirmar a sua afirmação de que 'são considerados, pelos critérios médicos atuais ... como livres da doença quando atingem 10 (dez) anos do diagnóstico, sem evidenciar qualquer sinal de progressão da mesma', e em segundo lugar o afirmado por sua assistente técnica não se sustenta já que o que afirma é nada menos do que o seguinte: 'existem chances de cura, após o período preconizado de acompanhamento e tratamento, caso não surjam recidivas e metástases' (sic), isto é, o paciente pode ser considerado curado, desde que a doença não volte..." (fls. 366/367). 9. Acórdão recorrido que, em algumas passagens do votocondutor, reconheceu que: 1) "a cura, em doenças com alto grau de retorno, nunca é total; organismos que apresentam características favoráveis ao desenvolvimento da doença podem sempre contraíla de novo, mas será eventualmente um novo câncer, não aquele câncer anterior"; 2) "a questão não é definir se a autora está definitivamente curada"; 3) "o que se pode dizer é que, no momento, em face, de seu histórico pessoal, não apresenta ela sintomas da doença em outras palavras, não é portadora da doença, não está doente" ; e 4) "a autora não é, no momento e felizmente, portadora de câncer nem sofre da moléstia. Não faz jus, em que pese o sentido humano de seu pedido e o sofrimento físico e psicológico por que vem passando nesses longos anos, à isenção pretendida". 10. Outrossim, consoante jurisprudência da Corte, "a revaloração da prova delineada no próprio decisório recorrido, suficiente para a solução do caso, é, ao contrário do reexame, permitida no recurso especial" (REsp 723147/RS, Relator Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJ de 24.10.2005; AgRg no REsp757012/RJ, desta relatoria, Primeira Turma, DJ de 24.10.2005; REsp Fl. 117DF CARF MF 10 683702/RS, Relator Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJ de 02.05.2005). 11. Recurso especial provido. (REsp 734.541/SP, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 20.2.2006). Sobre o tema, observase as Súmulas deste R. Conselho Administrativo: Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Verificase que, conforme entendimento Sumular deste Conselho, não há qualquer indicação sobre a necessidade de o Laudo Pericial conter prazo de validade, ou se necessária a contemporaneidade dos sintomas da doença para a concessão da isenção. Para a concessão da isenção, a Contribuinte somente necessita comprovar que aufere aposentadoria e que tem o diagnóstico da doença. Em consulta principiológica do processo administrativo/tributário que pauta a presente lide, destacamse três Princípios dos quais utilizo para julgar o presente Recurso: o da Legalidade, o da Verdade Material e o Do Não Confisco. A atividade fiscalizadora da Administração Tributária nunca poderá violar os direitos e garantias individuais do contribuinte, desta feita, é garantido ao particular o direito ao devido processo legal e todas as demais garantias constitucionais. O presente processo administrativo tem por finalidade garantir soluções para conflitos entre Administração e Administrados, praticando a revisão da legalidade de seus atos, no sentido de discutir uma possível ilegalidade no ato administrativo e de minimizar os efeitos de possíveis equívocos que, por ventura, os agentes da administração possam ter cometido, durante a execução das atividades de sua competência, sem que para isso, tenha que recorrer ao judiciário, evitandose a morosidade em voga na atualidade. A Constituição Federal de 1988 determina que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Sobre a legalidade, leciona Hely Lopes Meirelles: “a legalidade, como princípio de administração, significa que o administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e exporse à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso” Fl. 118DF CARF MF Processo nº 13602.720288/201671 Acórdão n.º 2301005.639 S2C3T1 Fl. 114 11 O princípio da legalidade traz consigo a segurança jurídica, de que nenhum Ato da Administração pode ser praticado sem lei prévia vigente que o estabeleça, abrangendo a concessão e a revogação de isenções e a restituição de tributos pagos indevidamente. Tratase de um Princípio Constitucional. O princípio da verdade material decorre do princípio da legalidade e do princípio da igualdade. Tratase da busca do convencimento da verdade que mais se aproxima da realidade dos fatos. Portanto, devem ser considerados no julgamento todos os fatos e provas, novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos e de demais provas que existam no processo. Sobre o princípio da verdade material, Celso Antônio Bandeira De Mello afirma: Consiste em que a administração, ao invés de ficar adstrita ao que as partes demonstrem no procedimento, deve buscar aquilo que é realmente verdade, com prescindência do que os interessados hajam alegado e provado, como bem o diz Hector Jorge Escola. Nada importa, pois, que a parte aceite como verdadeiro algo que não o é ou que negue a veracidade do que é, pois no procedimento administrativo, independentemente do que haja sido aportado aos autos pela parte ou pelas partes, a administração deve sempre buscar a verdade substancial. Por fim, observase a Vedação ao Confisco, expressado no ato de a Autoridade Fiscal, ao não conceder a isenção e não restituir os valores pleiteados pela Contribuinte, o qual ela faz jus, praticase o confisco da propriedade da mesma. Portanto, em consonância com os Princípios Constitucionais do Sistema Tributário Nacional, observase: 1º) Com relação ao primeiro requisito exigido, observase que a Contribuinte comprovou nos autos (fls.Fl. 85) com a juntada do holerite do TJMG que ela é aposentada desde 2007, portanto, preenchido o primeiro requisito. 2º) Com relação à comprovação da moléstia grave com Laudo Pericial, observase que também há cumprimento ao requisito, visto que o Laudo juntado nas fls. 9, elaborado por Médico Perito do TJMG, ou seja, oficial, afirma que a Contribuinte tem o diagnóstico de Neoplasia Maligna de Mama (CID C50), confirmado em 15/01/2001. Neste quesito, observase o entendimento pacífico do STJ, sobre a desnecessidade de haver a contemporaneidade dos sintomas de neoplasia maligna, visto que “Ainda que se alegue que a lesão foi retirada e que o paciente não apresenta sinais de persistência ou recidiva a doença, o entendimento dominante nesta Corte (STJ) é no sentido de que a isenção do imposto de renda, em favor dos inativos portadores de moléstia grave, tem como objetivo diminuir o sacrifício do aposentado, aliviando os encargos financeiros relativos ao acompanhamento médico e medicações ministradas. Precedente: REsp 734.541/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2.2.2006, DJ 20.2.2006. ” Inclusive este é o entendimento exarado, inclusive, pela PGFN em seu Ato Declaratório 5/2016: Fl. 119DF CARF MF 12 “nas ações judiciais fundadas no entendimento de que a isenção do Imposto de Renda sobre os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, percebidos por portadores de moléstias graves, nos termos do art. 6º, incisos XIV e XXI, da Lei nº 7.713, de 1988, não exige a demonstração da contemporaneidade dos sintomas, nem a indicação de validade do laudo pericial ou a comprovação da recidiva da enfermidade”. Portanto, considerando que a Contribuinte preencheu os requisitos Aposentadoria e Ser Portadora de Moléstia Grave, comprovada com Laudo Pericial Oficial, ela faz jus ao deferimento da isenção conferida pela legislação tributária. Ante ao todo exposto, voto por conhecer e dar provimento, no sentido de reconhecer que a Contribuinte preenche os requisitos para a isenção do Imposto de Renda, visto que é aposentada e tem moléstia grave – Neoplasia Maligna confirmada por Laudo Pericial Oficial e Cancelar o Crédito Lançado na NFLD 2014/618945648850519. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR TOTAL PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Juliana Marteli Fais Feriato – Relatora. Fl. 120DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10111.720127/2016-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 21/09/2011 a 23/11/2011
Ementa:
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. APLICAÇÃO DE MULTA EQUIVALENTE.
Aplica-se a multa prevista no artigo 23 do Decreto-Lei n.º 1.455/76, com a redação dada pelo artigo 59 da lei nº 10.637/2002, quando em operações de comércio exterior o real encomendante de mercadorias importadas utiliza os serviços de interposta pessoa jurídica com o objetivo de ocultar-se dos controles aduaneiros e tributários..
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3302-006.103
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Dérouléde (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 21/09/2011 a 23/11/2011 Ementa: INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. APLICAÇÃO DE MULTA EQUIVALENTE. Aplica-se a multa prevista no artigo 23 do Decreto-Lei n.º 1.455/76, com a redação dada pelo artigo 59 da lei nº 10.637/2002, quando em operações de comércio exterior o real encomendante de mercadorias importadas utiliza os serviços de interposta pessoa jurídica com o objetivo de ocultar-se dos controles aduaneiros e tributários.. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido.
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DANO AO ERÁRIO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. APLICAÇÃO DE MULTA EQUIVALENTE. Aplicase a multa prevista no artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/76, com a redação dada pelo artigo 59 da lei nº 10.637/2002, quando em operações de comércio exterior o real encomendante de mercadorias importadas utiliza os serviços de interposta pessoa jurídica com o objetivo de ocultarse dos controles aduaneiros e tributários.. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Dérouléde (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 11 1. 72 01 27 /2 01 6- 11 Fl. 494DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 495 2 Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, transcrevo a acusação fiscal contida no relatório da decisão recorrida: "Trata o presente processo de auto de infração às fls. 96/102, acompanhado do Relatório Fiscal às fls. 103/187, lavrado para exigência da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias estrangeiras não localizadas e importadas mediante ocultação do sujeito passivo, nos termos do art. 23, caput, V, §§ 1o e 3o do DecretoLei n° 1.455/76, com a redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637/02 e pela Lei n° 12.350/2010, regulamentada pelo art. 689, XXII, do Decreto nº 6.759/09, de 05/02/2009, no valor de R$ 128.710,38 (cento e vinte e oito mil, setecentos e dez reais e trinta e oito centavos). Mediante a abertura de fiscalização pela Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Fiscalização de Comércio Exterior – Delex apurouse a participação da interessada, Z GUOCUN PRESENTES ME, como real adquirente oculta de mercadorias importadas nas Declarações de Importações (DI) nº 11/17864385, 11/19451789 e 11/22242869 (respectivos desembaraços em 21/09/2011, 14/10/2011 e 24/11/2011), de forma irregular por terceiros, a empresa PB PORTO BRASIL INDÚSTRIA COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, CNPJ 05.433.530/000147. Através de procedimento especial de fiscalização, amparado pela IN SRF nº 228/02 para punir quem ocultava o sujeito passivo nas operações de comércio exterior, submeteuse a PORTO BRASIL à multa por cessão de nome, prevista no artigo 33 da lei nº 11.488/2007, no processo administrativo fiscal nº 10111.721548/201316, tendo sido citada a empresa autuada no presente processo como uma das participantes na figura de real adquirente das mercadorias importadas pela PORTO BRASIL. Em novo procedimento de fiscalização a presente interessada foi intimada (Intimação Safia nº 44/2015) a apresentar diversos documentos: contrato social e alterações, relação dos responsáveis com vínculos pelas transações indicadas, registros contábeis, plano de contas, livro de entrada e saída de mercadorias, extratos de movimentação de contas bancárias, localização exata das mercadorias listadas. A interessada não entregou os documentos solicitados, e nem sequer promoveu contato telefônico, quanto menos enviou correspondência que explicasse os motivos pelo qual cumpriria ou não sua obrigação. Sendo assim, prosseguiuse a análise dos fatos disponíveis colhidos sem sua colaboração, constatandose nos sistemas da Receita Federal do Brasil que a interessada nunca possuiu habilitação para importar. Fl. 495DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 496 3 Averiguouse as informações das DI nº 11/17864385, 11/19451789 e 11/22242869 com bolsas femininas, tendo coincidido a quantidade de bolsas importadas em cada DI com a quantidade de produtos vendidos à Z GUOCUN, para cada item registrado nas NFe de saída. Sendo incomum que uma empresa importe 67.731 bolsas, que foram integralmente destinadas, em período que variou de um dia a quatro dias, à empresa Z GUOCUN por notas fiscais de saída da PORTO BRASIL, sem que esta constasse como encomendante. Em uma comparação entre os valores aduaneiros acrescentados de tributos incidentes na importação com os valores proporcionais de cada nota fiscal reduzido dos tributos incidentes na venda da mercadoria, verificouse que o valor agregado médio entre as operações de importação e posterior venda das mercadorias para a Z GUOCUN foi de menos 6,18% (prejuízo bruto) sobre o valor importado. Tal cálculo não houve projeções de despesas de logística e de funcionamento da PORTO BRASIL (custo de fretes, armazenagens, pessoal, outros tributos, despesas de água, luz e telefone, aluguel, etc). Em outra análise mas ampla sobre diversas DI para outros clientes finais, a fiscalização demonstrou os valores do dispêndio total (valor constante da Nota Fiscal de Entrada), o valor constante na Nota Fiscal de Saída e a Agregação Bruta entre ambos, e o tempo decorrido entre a emissão das respectivas Notas Fiscais. Constatou que até o mês de agosto/2011 a agregação bruta média foi de apenas 5%. Após isso, a empresa passa a praticar uma agregação padrão que gira em torno de 23%. Ao analisar o conjunto dos anos 2011 e 2012 (até janeiro/2012), a Agregação Bruta Total praticada é de apenas 18%, insuficiente para arcar com os custos operacionais e gerar lucro. Na impossibilidade de se analisar a contabilidade da Z GUOCUN foi fiscalizada a escrituração da PORTO BRASIL, inicialmente constatando que não apresentava movimentação no subgrupo “Bancos”, sendo a conta “Caixa Geral” a responsável pela movimentação do “Disponível”. No dia 02/07/2011, a conta Caixa da contabilidade da PORTO BRASIL apresentou saldo credor, indicando omissão de registro de receita nos termos do Decreto nº 3.000, artigo 281, inciso I. Quando a fiscalização identifica saldo credor de Caixa, ela apura os fatos como omissão de receita (Caixa 2), pois a empresa trabalhou com recursos não contabilizados. Assim, a partir do dia 02/07/2011, a PORTO BRASIL não possuía em sua contabilidade recursos necessários para pagar seus fornecedores estrangeiros. De forma mais grave, a PORTO BRASIL omitiu os recursos usados para pagar seus fornecedores estrangeiros, bem como blindou a origem destes recursos. A DI nº 11/17864385 foi desembaraçada pela PORTO BRASIL em 21/09/2011 sem registros contábeis de qualquer referência a esta importação. Não houve registros do desembaraço, do Fl. 496DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 497 4 pagamento de tributos ou das despesas de importação na contabilidade. Tendo sido emitido a Nota Fiscal nº 582 em 27/09/2011, havendo um lapso temporal injustificado entre o dia do desembaraço e o dia do registro da NF de entrada de seis dias (quatro destes úteis). Na mesma data da entrada das mercadorias, a PORTO BRASIL revendeuas para a Z GUOCUN, conforme nota fiscal saída nº 585, em sua integralidade. O valor da NF de entrada foi de R$ 87 mil reais e o valor de revenda foi de R$ 107 mil, mas se descontados os tributos, esse valor cai para R$ 77 mil, valor inferior ao da NF de entrada. Na DI n°11/19451789 ocorreram as mesmas falhas de registro contábeis. A entrada das mercadorias desta importação se deu com a emissão da Nota Fiscal – NF 630, do dia 14/10/2011, mesmo dia do seu desembaraço. Desse modo, a mercadoria saiu do local de desembaraço (Porto de Itaguaí – RJ) e chegou no armazém da empresa (Porto Murtinho – MS) no mesmo dia. Conclui que é pouco provável que a mercadoria tenha demorado tão pouco tempo para percorrer tamanha distância. No dia 17/10/2011, a PORTO BRASIL revendeuas para a Z GUOCUN, conforme nota fiscal 636, em sua integralidade. Como o desembaraço ocorreu no dia 14/10/2011, o lapso temporal entre o desembaraço e a saída da mercadoria foi de apenas 3 dias (apenas 1 dia útil). Considerando as distâncias deduz que os bens não foram ao Mato Grosso do Sul, mas sim direto para o armazém da cliente Z GUOCUN. O valor de revenda foi de R$ 82 mil, mas se descontados os tributos, esse valor cai para R$ 59 mil, valor bem inferior ao da NF de entrada de R$ 66 mil reais. Na DI nº 11/22242869 a PORTO BRASIL registrou a NF de entrada n° 695 no dia 25/11/2011, tendo o desembaraço ocorrido um dia antes . O valor da NF de entrada foi de R$ 66 mil, e a de saída, n° 700, emitida um dia após, foi de R$ 82 mil, porém descontados os tributos, esse valor cai para R$ 56 mil, valor inferior ao da NF de entrada. Nas duas últimas DI nº 11/19451789 e 11/22242869 as mercadorias importadas saíram do local de desembaraço, neste caso o Porto de Itaguaí RJ e, no dia seguinte, saíram do armazém da PORTO BRASIL em Porto Murtinho MS com destino à Z GUOCUN, em São Paulo SP. Ficando evidente que as mercadorias compradas não se deslocaram para os armazéns da PORTO BRASIL em Porto Murtinho, pois não houve tempo hábil para isso. Novamente a empresa PORTO BRASIL encaminhou esses produtos diretamente para o real adquirente, neste caso a empresa fiscalizada. Destaca que não existia recursos em Caixa para pagar os fornecedores da PORTO BRASIL, tendo registrado saldo credor nesta conta. Fl. 497DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 498 5 Também buscou omitir no lançamento contábil o cliente para quem vendia as mercadorias, e não vinculou as notas fiscais com a DI analisada, dificultando a identificação das operações e ocultando o verdadeiro encomendante não declarado, a Z GUOCUN. Dessa forma, a empresa PORTO BRASIL também passou a figurar no polo passivo da infração, por solidariedade tributária da obrigação principal, bem como os sóciosadministradores das empresas envolvidas (Sr. FÁBIO MARTINS AS SILVA – sócio administrador, CPF nº 096.503.99780, e Sr. JOSE DOMINGOS KASSAR NETO, CPF nº 216.447.27803, ambos sócios administradores da PORTO BRASIL e Sr. ZHUANG GUOCUN, CPF 055.055.16700, empresário responsável da empresa Z GUOCUN – PRESENTES ME), nos termos dos artigos 124, 134 e 135, do Código Tributário Nacional, Lei nº 5.172/1966, e ainda do artigo 95 do DecretoLei nº 37/1966. Para definir sobre a aplicação do perdimento das mercadorias ou punição com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadorias, a fiscalização intimou a interessada em quatro oportunidades diversas a informar a exata localização das mercadorias a ela transferidas, que estariam sujeitas à aplicação da pena de perdimento, a Z GUOCUN não apresentou qualquer resposta, sendo autuada por falta de resposta à intimação em processo administrativo fiscal diverso, e estabelecida a aplicação da multa substitutiva da pena de perdimento na forma do § 3º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76. Também fora lavrado representação fiscal para fins penais a ser encaminhada ao Ministério Público Federal." Para a PORTO BRASIL, a fiscalização fez o seguinte resumo da autuação: "Durante o processo, apuramos que: • A PORTO BRASIL não registra suas importações; • A PORTO BRASIL não registra o pagamento de tributos incidentes sobre o comércio exterior; • A PORTO BRASIL comercializa suas mercadorias com prejuízo ou com baixo valor agregado, incompatível com a atividade a que se propõe; • O saldo contábil da conta Caixa da PORTO BRASIL tornouse credor a partir de julho de 2011, evidência clara de que a empresa omite suas receitas. • As mercadorias importadas foram enviadas do local de desembaraço diretamente para o armazém da cliente, a Z GUOCUN. Fl. 498DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 499 6 • A PORTO BRASIL registra suas vendas sem identificar o cliente para quem vende suas mercadorias, em tentativa clara de não identificálo em seus registros contábeis; • A PORTO BRASIL não registra nenhum de seus clientes, com objetivo de ocultálos nas importações e blindálos das fiscalizações aduaneiras e tributárias. • Um dos motivos para a PORTO BRASIL ocultar a Z GUOCUN na importação é porque a Z GUOCUN nunca obteve habilitação e estava, portanto, impedida de importar mercadorias. 116. Por tudo que foi relatado, ficou comprovado que a empresa PORTO BRASIL ocultou o real adquirente das mercadorias importadas, registradas como sua própria importação quando na verdade elas pertenciam à empresa Z GUOCUN. Dessa forma, as mercadorias importadas pela PORTO BRASIL e transferidas à Z GUOCUN estão sujeitas à aplicação da pena de perdimento, ou, no presente caso, de sua substituição em multa, na forma do Art. 23, inciso V, § 1º e 3º, do DecretoLei nº 1.455/1976." Os sujeitos passivos da autuação foram: Z GUOCUN PRESENTES ME, ZHUANG GUONCUN (responsável pela Z GUOCUN), PORTO BRASIL INDÚSTRIA COMÉRCIO IMPORTAÇÃO EEXPORTAÇÃO EPP, JOSÉ DOMINGOS KASSAR NETO (sócio administrador da PORTO BRASIL), FÁBIO MARTINS DA SILVA (sócio administrador da PORTO BRASIL), tendo sido cientificados todos, porém, apenas o sujeito passivo FÁBIO MARTINS DA SILVA apresentou impugnação. Em impugnação, o recorrente FÁBIO MARTINS DA SILVA alegou, em síntese, que: 1. A fiscalização não comprovou se os recursos empregados na importação eram da compradora Z GUOCUN, e que a PORTO BRASILnão poderia ser responsabilizada pelo descaso da compradora em não fornecer a documentação requerida em intimação, sendo que realizou diversos empréstimos bancários; 2. Que a totalidade da venda dos produtos da DI foram realizados para um mesmo comprador, pois fora feita durante o processo de importação e que considerando os meios de comunicação não foi difícil vender para um mesmo cliente, pois eram produtos de fácil comercialização; a venda ao cliente pode ter sido feita mediante catálogos, home page etc. 3. Que os preços negociados foram atrativos porque necessitava quitar empréstimos contraídos junto a instituições bancárias; 4. Que a fiscalização deveria ter checado in loco se a compradora contratou os préstimos da importadora no sentido de adquirir, importar e nacionalizar a mercadoria, pois há uma diferença entre importar para alguém e determinada empresa adquirir todos os seus produtos importados porque seus preços e condições são bons para comercializar no mercado nacional; 5. Que deveria ficar provado que a empresa compradora possuía estrutura montada junto aos fornecedores; Fl. 499DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 500 7 6. Que vendeu antecipadamente à Z GUOCUN antes da nacionalização, porque estava sendo cobrada pelos empréstimos bancários e que remeteu diretamente para a adquirente, economizando transporte, em situação idêntica a produtos que saem da linha de montagem diretamente para o comprador. 7. Que o estouro de caixa era apenas aparente, em razão de cobranças indevidas de instituição bancária, que originaram ações judiciais cíveis; 8. A fiscalização não confirmou in loco se as mercadorias foram vendidas ou não ou se a Z GUOCUN era a real adquirente ou simples compradora; 9. Subsidiariamente, que seria cabível apenas a multa de 10% prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. Ao final, protestou por todos os meios de prova e requereu a insubsistência da autuação ou, subsidiariamente, apenas a aplicação da multa de 10%. A Sétima Turma da DRJ em Florianópolis proferiu o Acórdão nº 0739.430, julgando improcedente a impugnação, nos termos da ementa que abaixo transcrevo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 21/09/2011 a 23/11/2011 CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. Aplicase a multa prevista no artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/76, com a redação dada pelo artigo 59 da lei nº 10.637/2002, quando em operações de comércio exterior o real encomendante de mercadorias importadas utiliza os serviços de interposta pessoa jurídica com o objetivo de ocultarse dos controles aduaneiros e tributários. SUJEIÇÃO PASSIVA. SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA. Admitese que o importador seja punido, solidariamente ao adquirente, com na multa do artigo 23 do DecretoLei n.º 1.455/76, nos termos dos artigos 99 e 100 do DecretoLei nº 37/66. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, o recorrente interpôs recurso voluntário, reprisando as alegações efetuadas em sua impugnação. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Fl. 500DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 501 8 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Inicialmente, cabe salientar que em relação aos demais sujeitos passivos foi declarada a revelia, nos termos do artigo 211 do Decreto nº 70.235/1972. O recorrente (sócio administrador da Porto Brasil) refuta toda a acusação quanto à ocorrência da existência de importação por conta e ordem ou encomenda e, subsidiariamente, pugna pela aplicação da multa por cessão de nome prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, como típica para a acusação efetuada pela fiscalização. Antes de adentrarmos na análise do conjunto probatório, destacase que a legislação prevê três modalidades de importação: importação direta, importação por "conta e ordem" e importação por encomenda. Na importação direta, o destinatário da mercadoria é o próprio importador que a utilizará para consumo próprio ou para revenda, possuindo a característica de não haver um destinatário prédeterminado. É normatizada pela IN SRF nº 680/2006. O excerto abaixo extraído do artigo publicado na obra “Tributação Aduaneira à luz da jurisprudência do CARF” 2 esclarece: “I.1. Importação por conta própria A importação por conta própria é a tradicional modalidade de importação. É aquela modalidade de importação em que o importador adquire a mercadoria do exportador no exterior, fecha o câmbio em nome próprio, com recursos próprios, paga os tributos e a utiliza ou a venda no mercado interno para diversos compradores” Quanto às outras duas modalidades, o site da Receita Federal esclarece seus contornos3: Importação por conta e ordem: A importação por conta e ordem de terceiro é um serviço prestado por uma empresa a importadora , a qual promove, em seu nome, o Despacho Aduaneiro de Importação de mercadorias adquiridas por outra empresa a adquirente em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a 1 Art. 21. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora declarará a revelia, permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobrança amigável. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) 2 Tributação Aduaneira: à luz da jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais/Ana Clarissa M. dos Santos Araújo...[et al.]; coordenação Marcelo Magalhães Peixoto,Ângela Sartori, Luiz Roberto Domingo. 1º ed. São Paulo; MP Editora, 2013. Artigo: "Dano ao Erário pela Ocultação Mediante Fraude a Interposição Fraudulenta de Terceiros nas Operações de Comércio Exetrior", página 53. 3 http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despachodeimportacao/topicos1/importacao porcontaeordemeimportacaoporencomenda1/importacaoporcontaeordem/oqueeaimportacaopor contaeordem Fl. 501DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 502 9 transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/2002 e art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/2002). Assim, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o importador de fato é a adquirente, a mandante da importação, aquela que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional; embora, nesse caso, o faça por via de interposta pessoa a importadora por conta e ordem , que é uma mera mandatária da adquirente. Dessa forma, mesmo que a importadora por conta e ordem efetue os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, antecipados ou não, não se caracteriza uma operação por sua conta própria, mas, sim, entre o exportador estrangeiro e a empresa adquirente, pois dela se originam os recursos financeiros. Importação por encomenda: A importação por encomenda é aquela em que uma empresa adquire mercadorias no exterior com recursos próprios e promove o seu despacho aduaneiro de importação, a fim de revendêlas, posteriormente, a uma empresa encomendante previamente determinada, em razão de contrato entre a importadora e a encomendante, cujo objeto deve compreender, pelo menos, o prazo ou as operações pactuadas (art. 2º, § 1º, II, da IN SRF nº 634/2006). Assim, como na importação por encomenda o importador adquire a mercadoria junto ao exportador no exterior, providencia sua nacionalização e a revende ao encomendante, tal operação tem, para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais de uma importação própria. Em última análise, em que pese à obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante predeterminado, é aquele e não este que pactua a compra internacional e deve dispor de capacidade econômica para o pagamento da importação, pela via cambial. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir, no mercado interno, as mercadorias revendidas pelo importador contratado. Para a análise do conjunto probatório relativo a ocorrência da prática de interposição fraudulenta, reproduzo parte do voto proferido pelo colegiado a quo, cujas argumentos adoto como razões de decidir, nos termos do §1º do artigo 50 da Lei nº 9.784/1999: "Quanto ao mérito a multa aplicada referese ao comando previsto no art. 23, caput, V, §§ 1o a 3o do DecretoLei n° 1.455/76, in verbis: Fl. 502DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 503 10 Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(grifei) (...) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (grifo acrescido) A conduta que busca ser evitada no tipo infracional transcrito acima é a ocultação de quem promove a operação de comércio exterior, seja no polo de compra ou venda das mercadorias a transitarem pelas fronteiras nacionais. A maneira como se prova a ocultação pode ter diversas variantes, utilizandose de meios diretos e indiretos para se chegar a atitude de ocultação. No presente caso de importação das mercadorias, buscase saber quem foi o responsável pela operação no comércio internacional. A pessoa que demanda a importação e que não fora declarada na forma da IN SRF nº 225/02 para a modalidade de Importação por “conta e ordem” e da IN SRF nº 634/2006 para a modalidade de Importação por “encomenda”. Por óbvio, quando se pode constatar que tenha sido o importador o real adquirente, não há de se cogitar a prática de ocultação. Porém, se o outro destinatário do bem importado for conhecido no momento do registro da Declaração de Importação, deve ser necessariamente informado aos órgãos responsáveis pelos controles aduaneiros, caso contrário assume o risco da imputação da infração ora apreciada. Vêse que a maneira como a infração é formulada, a constatação da ocultação pode se dar de modo indireto. A fiscalização pode demonstrar a interposição fraudulenta mesmo que não tenha como colher as provas juntamente da pessoa ocultada, haja visto Fl. 503DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 504 11 a própria dificuldade de se trazer às investigações aquele que se oculta. Sendo assim, a legislação tributária prevê no segundo parágrafo da multa aplicada que se deve presumir a ocultação por ter havido interposta pessoa fraudulentamente. Para tanto, voltasse para as condições financeiras do importador, e se não pode comprovar a origem dos recursos ou sua disponibilidade incorrerá na infração. O aperfeiçoamento da transação de importação, que se dá com a prova da transferência de tais recurso financeiros, também deve ter ocorrido, pois que não basta existir condições financeiras para se manifestar a vontade de importar, é imprescindível sua efetivação transferindo os recursos ao exportador. No presente caso, a falta de comprovação de transferência de recursos ficou demonstrada pela fiscalização, o que caracterizou a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas. A PORTO BRASIL não conseguiu comprovar em sua contabilidade a disponibilidade de recursos e nem sua transferência para os pagamentos da compra da mercadoria no exterior, nem seus custos inerentes. Buscou também tornar obscura a destinação da mercadoria trazida do exterior para empresa compradora subsequente, deixando de prestar os registros contábeis que estabelecem o vínculo da compra no exterior com a venda no mercado interno da mesma mercadoria. Contudo, mesmo assim, foi possível identificar o adquirente da mercadoria através das notas fiscais de saída da empresa importadora – PORTO BRASIL, o que levou a fiscalização a identificar o possuidor da mercadoria que estaria sujeita à pena de perdimento, nos termos do art. 23, caput, e § 1º, do Decreto Lei n° 1.455/76. Posto os esclarecimentos iniciais, afasto as alegação do impugnante no sentido de que é necessário colher provas junto ao adquirente final (a empresa Z GUOCUN) sobre sua capacidade econômica, origem de recursos, contrato de compra das mercadorias estrangeiras, ou estrutura montada junto ao exportador. Ainda mais que fica claro no relatório fiscal que tais elementos de prova não puderam ser colhidos pelas negativas às intimações emitidas para a empresa Z GUOCUN – ME. Diferentemente do Direito Penal, que o acusado pode se valer em benefício próprio do direito de permanecer em silêncio, no Direito Tributário existem hipóteses de aplicação de penalidades tributária, bem como de crime contra ordem tributária pela simples falta de atendimento de exigência da autoridade fiscal no prazo, exarada no parágrafo único do artigo primeiro da Lei nº 8.137, de 1990. Fl. 504DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 505 12 É nesse sentido que o Código Tributário Nacional dispõe no seu artigo 195 que para efeitos da legislação tributária não existe aplicação de qualquer disposição legal que busque limitar a obrigação dos contribuintes de exibir os documentos exigidos pela fiscalização a fim de examinálos, in verbis: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. (sublinhei) E por isso, a fiscalização adequadamente informou que apurou a penalidade prevista nas hipóteses do inciso IV, artigo 107, do DecretoLei nº 37/66, por falta de resposta à intimação, em processo administrativo fiscal distinto. Por tanto, tal recusa a responder as intimações que buscaram mais detalhes do envolvimento da adquirente final das mercadorias não favorece à empresa perquirida, nem ao importador, e muito menos ao sócioadministrador da importadora, mas sim reforça a hipótese de buscar ocultarse do controle fiscal sob o manto de proteção da empresa que se declarou ao fisco no momento da importação. Notese que por outro lado, a fiscalização encontrou indícios que agregam na comprovação da prática de ocultação do real adquirente quando analisou os valores nas notas fiscais de entrada e saídas excluindo os tributos pagos, demonstrando que o custo de importar fora superior que a venda final da mercadoria nacionalizada. Definiuse assim a falta de finalidade comercial na geração lucro para tal operação, sugerindo a ausência de interesse econômico da atuação do importador. Na mesma direção foi a constatação de que todos os produtos importados pelas DI nº 11/17864385, 11/19451789 e 11/22242869 foram revendidos para um único destinatário, a empresa Z GUOCUN. Também evidencia que o prazo exíguo de um dia útil para entrega das mercadorias importadas ao cliente comprador, que pelas distâncias entre o porto de importação (Porto de Itaguaí – RJ), o local do armazém da importadora (Porto Murtinho – MS) e o endereço do destinatário final da compra (São Paulo –SP), as mercadorias foram diretamente encaminhadas à empresa Z GUOCUN do Porto de Itaguaí. Diante de tais fatos, as meras alegações da PORTO BRASIL de que estava atendendo clientes em potencial para determinado produto ou que estava entregando as mercadorias conforme o exportador as liberava, sem que necessitasse transitar em seu estoque, economizando com isso logística e frete, não são bastante para afastar as provas colhidas, ainda mais quando fica Fl. 505DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 506 13 notório a presença de subterfúgios na contabilidade da importadora que obscurecem o registro das transações comerciais efetivadas com o adquirente final. Até mesmo a possível necessidade financeira de quitar dívidas judiciais trazidas ao processo, no sentido de se realizar as vendas sem lucro das mercadorias e com propósito de gerar caixa e sanar dívidas antigas da empresa importadora, somente seria passível de servir de justificativa com alguma coerência, caso se a empresa tivesse escriturado corretamente seus empréstimos e pagamentos, sem se valer da estratégia de omissão de registro de receita, através de saldo credor no Caixa, como de fato ficou demonstrado." Verificase, pois, que os elementos convergem para a caracterização da interposição fraudulenta por ocultação do encomendante das mercadorias, a saber: 1. A quantidade de bolsas importadas, em 3 DIs, foi de 67.731, todas revendidas à Z GUOCUN em espaço de um dia útil e duas DIs e quatro dias úteis em uma DI, evidenciando a existência de encomenda; 2. A receita líquida obtida com a revenda à Z GUOCUN é inferior aos custos de importação da mercadoria mais tributos incidentes na importação, revelando um prejuízo bruto nas DIs de 7,21%, 5,50% e 5,53%; 3. Não há registros contábeis de qualquer referência às importações. Não há registros do desembaraço, do pagamento de tributos ou das despesas de importação; 4. A Porto Brasil não possuía conta contábil de bancos com movimentação financeiras, passando todos os recursos pela conta Caixa e esta conta possuía saldo credor à época das importações, configurando omissão de receita nos termos do artigo 2814 do Decreto nº 3.000/1999 (RIR/99); 5. Não havia registros contábeis identificando o cliente Z GUOCUN (assim como nenhum de seus clientes, conforme informado no Termo de Verificação Fiscal); 6. A Z GUOCUN não possuía habilitação para importar mercadorias. Ressaltase, ainda, que a necessidade de se manter a escrituração contábil e os documentos relativos às operações de importação e exportação está expressamente prevista no artigo 18 do Decreto nº 6.759/2009, assim como, de forma genérica, no artigo 251 do Decreto 3.000/1999 (RIR/99) e no artigo 509 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI/2010): Art. 18. O importador, o exportador ou o adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem têm a obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, e de apresentá 4 Art. 281. Caracterizase como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, § 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 40): I a indicação na escrituração de saldo credor de caixa Fl. 506DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 507 14 los à fiscalização aduaneira quando exigidos (Lei nº 10.833, de 2003, art. 70, caput): § 1º Os documentos de que trata o caput compreendem os documentos de instrução das declarações aduaneiras, a correspondência comercial, incluídos os documentos de negociação e cotação de preços, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais, bem como outros que a Secretaria da Receita Federal do Brasil venha a exigir em ato normativo (Lei no 10.833, de 2003, art. 70, § 1º).(Grifo não original) Assim, a convergência dos elementos acima permite inferir pela existência de um encomendante prévio à importação, bem como a falta de comprovação da existência de recursos disponíveis para o suporte das operações de importação, evidenciada pela falta de registros contábeis e saldo credor de caixa. A recorrente, por sua vez, alegou que não poderia ser responsabilizada pela descaso da Z GUOCUN em não atender as intimações fiscais e que teria realizado empréstimos bancários. Porém, os elementos levantados pela fiscalização independeram das respostas da Z GUOCUN e, por si só, convergem para a caracterização da interposição fraudulenta, como o saldo credor de caixa (cuja existência corresponde à omissão de receita) o que torna irrelevante a existência de empréstimos, posto que já considerados, se contabilizados, na conta Caixa. Já as alegações de facilidade de comercialização, de preços atrativos para quitar empréstimos bancários, que estouro de caixa era aparente se afiguram meras alegações, já que não foram juntadas provas de tais, exceto consultas processuais de execuções cíveis de títulos extrajudiciais, que nada comprovam em relação às alegações deduzidas. Também não procede a alegação de que a fiscalização não confirmou in loco se as mercadorias foram vendidas, pois houve intimação à Z GUOCUN para apresentar a localização das mercadorias adquiridas, sendo que nada fora respondido. Quanto á alegação que vendera á Z GUOCUN antes da nacionalização para quitar empréstimos, mais uma vez veio desacompanhada de qualquer prova, além de ser irrelevante para a caracterização da encomenda, o que, aliás, ao contrário, reforça sua existência. Por fim, concernente à alegação de impossibilidade de aplicação da multa equivalente à pena de perdimento ao importador, em razão da superveniência do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, o Decreto nº 6.759/2009 assim dispõe: Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1º, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): [...] XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, Fl. 507DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 508 15 comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida ( HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03om a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). § 1º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 1972 (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, § 3º, com a redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010, art. 41). (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) [...] Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). § 1o A multa de que trata o caput não poderá ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). § 2o Entendese por valor da operação aquele utilizado como base de cálculo do imposto de importação ou do imposto de exportação, de acordo com a legislação específica, para a operação em que tenha ocorrido o acobertamento. § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas. § 3o A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. Observase que o §3º do artigo 727 do decreto prevê a hipótese de cumulação entre as duas multas. A respeito da matéria, peço vênia para transcrever voto do ilustre Conselheiro Ricardo Rosa, proferido no Acórdão nº 3102002.195: "A multa de dez por cento do valor da operação, aplicável à pessoa jurídica que cede o nome não revogou a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias aplicada nos casos de infração por interposição fraudulenta. A Orientação Coana/Cofia/Difia s/n, datada de 11 de julho de 2007, que trata da aplicação de multa na cessão de nome a Fl. 508DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 509 16 terceiro, em operações de comércio exterior, chega à seguinte conclusão. Em resumo, concluise que se aplicam as seguintes disposições legais, às hipóteses abaixo enumeradas: Interposição fraudulenta presumida pela não comprovação da origem dos recursos: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Proposição de inaptidão da inscrição do CNPJ da pessoa jurídica (art. 81, § 1º, da Lei nº 9.430/96, e art. 41, caput e parágrafo único, da IN RFB nº 748/2007); Interposição fraudulenta comprovada, seja pela identificação da origem do recurso de terceiro, seja pela constatação da ocultação por outros meios de prova: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Multa de 10% do valor da operação acobertada, aplicada sobre o importador, conforme dispõe o art. 33 da Lei nº 11.488/2007. De fato, não tenho qualquer dúvida de que jamais a intenção do legislador foi no sentido cominar penalidade mais branda nos casos de interposição fraudulenta de pessoas. Basta observar que em nenhum momento se disse que a multa decorrente da conversão da pena de perdimento, especificamente nos casos de interposição fraudulenta, deixaria de ser equivalente ao valor aduaneiro e passaria a ser de dez por cento do valor da operação. Seria de se perguntar por que razão o legislador teria destacado uma das ocorrências tipificadas como dano ao Erário, que sujeitam a mercadoria à pena de perdimento, para, em circunstâncias nas quais a mercadoria não pudesse ser apreendida, o perdimento fosse convertido não em valor compensatório, mas em inexpressivos dez por cento deste. Creio que, fosse essa a idéia, a primeira medida deveria ter sido no sentido de determinar a exclusão da infração do rol de situações compreendidas no conceito de dano ao Erário, já que a este deve ser necessariamente associado penalidade gravíssima de perdimento das mercadorias, ou, alternativamente, de multa no valor desta. Além do mais, as disposições legais a respeito são claras ao indicar, como consequência da aplicação da multa de dez por cento, a exclusão da hipótese de declaração de inaptidão, a teor do parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 11.488/07. Dito dispositivo esclarece que, à hipótese prevista no caput (aplicação da multa de dez por cento pela cessão do nome) não se aplica o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (declaração de inaptidão). Fl. 509DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 510 17 Também não creio que se esteja negligenciando o princípio que protege o apenado da aplicação de mais de uma penalidade à mesma conduta. Primeiro, devemos lembrar que é grande a quantidade de situações para as quais há previsão legal de aplicação de mais do que uma penalidade em vista de uma mesma ocorrência, bastando que as infrações decorrentes sejam de natureza distinta. Vejase o caso do erro de classificação. Ele sujeita o infrator à multa de um por cento do valor da operação, multa de setenta e cinco por cento da diferença de tributos e, muitas vezes, multa de trinta por cento do valor das mercadorias. E nem se fale dos casos de subfaturamento na importação. Segundo, é preciso compreender que, desde o começo, todas as disposições legais foram sendo concebidas à luz da interpretação jurídica dada às ocorrências identificadas no mundo real, a partir do que forjaramse instrumentos capazes de alcançar todas as pessoas envolvidas. Um dos pontos de partida deste empreendimento foi a interpretação de lavra da Procuradoria da Fazenda Nacional – Parecer PGFN CAT 1.316/01, por meio da qual ficou assentado que o contribuinte do imposto é sempre a pessoa cujo nome consta no conhecimento de carga, independentemente de quem estiver efetivamente interessado na aquisição das mercadorias ou fizer as negociações prévias. Como consequência, as autuações obrigatoriamente passaram a indicar como contribuinte do Imposto a pessoa informada nas declarações de importação como sendo o importador das mercadorias, restando incluir o adquirente no mercado interno como solidário na operação. Por isso, ao aplicar a multa compensatória nos casos de mercadorias sujeitas à pena de perdimento, forçosamente identificase como contribuinte a pessoa que registrou a declaração de importação, embora pretendase apenar o verdadeiro proprietário destas mercadorias, que figura como responsável solidário. Finalmente, cumpre destacar que o assunto está hoje claramente regulamentado no Regulamento Aduaneiro em vigor – Decreto 6.759/09. Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei no 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas Fl. 510DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 511 18 De fato, a multa por cessão de nome foi introduzida pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. Antes desta, a pessoa jurídica que cedia o nome para acobertar o real beneficiário era sujeita a duas penalidades: I. A pena de perdimento da mercadoria, com fulcro no §1º, ou multa equivalente prevista no §3º, do artigo 23 do Decretolei nº 1.455/1976, e; II. A proposição de inaptidão do CNPJ, com base no artigo 41, inciso III da IN SRF 568/2005. Assim, esta instrução dispunha que seria declarada inapta a inscrição de CNPJ de entidade que fosse considerada inexistente de fato (artigo 34, inciso III), sendo que o artigo 41, inciso II5, considerava inexistente de fato a 6pessoa jurídica que "tenha cedido seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais beneficiários;". Destacase, ainda, que o parágrafo único do artigo 34 dispunha que a declaração de inaptidão não se aplicava à pessoa jurídica domiciliada no exterior, que porventura, incidisse em alguma hipótese de obrigatoriedade de inscrição em CNPJ. 5 CNPJ de entidade: I omissa contumaz: a que, embora obrigada, tenha deixado de apresentar, por cinco ou mais exercícios consecutivos, DIPJ, Declaração de Inatividade ou Declaração Simplificada das Pessoas Jurídicas Simples, e, intimada, não tenha regularizado sua situação no prazo de sessenta dias, contado da data da publicação da intimação; II omissa e não localizada: a que, embora obrigada, tenha deixado de apresentar as declarações referidas no inciso I, em um ou mais exercícios e, cumulativamente, não tenha sido localizada no endereço informado à RFB; III inexistente de fato; IV que não efetue a comprovação da origem, da disponibilidade e da efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior, na forma prevista em lei. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à pessoa jurídica domiciliada no exterio � Art. 41. Será considerada inexistente de fato 6 a pessoa jurídica que: I não disponha de patrimônio e capacidade operacional necessários à realização de seu objeto; II não for localizada no endereço informado à RFB, bem assim não forem localizados os integrantes de seu QSA, o responsável perante o CNPJ e seu preposto; III tenha cedido seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais beneficiários; IV se encontre com as atividades paralisadas, salvo quando enquadrada nas situações a que se referem os incisos I, II e V do caput do art. 33. � Art. 34. Será declarada inapta a inscrição no Fl. 511DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 512 19 Com a edição da Lei nº 11.488/2007, em 15/06/2007, e seu artigo 33, esta conduta deixou de implicar a declaração de inaptidão, passando a incidir a multa de 10% sobre o valor da operação acobertada, conforme expresso em seu parágrafo único: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_0396. O artigo 81 da Lei nº 9.430/1996 tratou de diversas hipóteses de declaração de inaptidão, dentre elas, a da pessoa jurídica que não comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior (§1º do artigo 81). Treze dias após a edição da Lei nº 11.488/2007, houve a publicação da IN RFB nº 748/2007, revogando a IN RFB 568/2005, cujo artigo 41 suprimiu o inciso relativo à hipótese de cessão de nome com vistas ao acobertamento dos reais beneficiários em operações no exterior, como causa da consideração de inexistência de fato. Assim, concluise que a penalidade prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 veio substituir a declaração de inaptidão pelo simples ato de ceder o nome, de forma razoável, pois a presunção de que este ato era hipótese de se considerar a pessoa jurídica inexistente, não era compatível com a situação fática de, eventualmente, uma PJ existente de fato pudesse cometer tal ato. A declaração de inaptidão parecia desproporcional, inviabilizando o funcionamento de empresas, de fato existentes, que tivessem cometido tal ato. Este entendimento resta reforçado com o Parecer que encaminhou o projeto de lei de Conversão da MP nº 351/2007 na Lei nº 11.488/2007, no qual fezse a seguinte observação ao artigo 35, que, na conversão, resultou no artigo 33: “Já no art. 35, juntamente com a modificação da redação do art. 81 da Lei no 9.430, de 1996, contida no art. 15 do PLV, sugerimos a adequação dos critérios legais para se declarar a inaptidão de inscrição das pessoas jurídicas e da multa aplicável no caso de cessão de nome da empresa para realização de operações de comércio exterior de terceiros.” Assim, o ato de ceder o nome para acobertar o real beneficiário implica duas infrações, cujos bens jurídicos tutelados são distintos, ou seja, o próprio erário e o controle aduaneiro como um todo e a integridade do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, pois enquanto o artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 objetiva resguardar a higidez do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, coibindo seu uso indevido, em substituição da declaração de inaptidão, o inciso V do artigo 23 do Decretolei nº 1.455/1976 visa proteger o erário da União e o próprio controle aduaneiro. Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10111.720127/201611 Acórdão n.º 3302006.103 S3C3T2 Fl. 513 20 Este entendimento vem sendo pacificado neste conselho, refutando o entendimento de que o artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 derrogara o inciso V do artigo 23 do Decretolei nº 1.455/1976, em relação à penalidade a que está sujeito o importador. Afastase, portanto, a alegação da recorrente. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 513DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.006084/2007-50
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Ano-calendário: 2001
EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA. DESCUMPRIMENTO DO PRAZO. REIMPORTAÇÃO.
A entrada de mercadoria no território nacional de mercadoria nacionalizada, nos termos definido em lei, exportada temporariamente, quando descumprido o prazo de concessão do regime, constitui fato gerador dos impostos incidentes na importação, bem como a aplicação de multa administrativa por importação desamparada de guia de importação ou documento equivalente.
Recurso especial do contribuinte negado.
Numero da decisão: 9303-007.542
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente
(Assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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DESCUMPRIMENTO DO PRAZO. REIMPORTAÇÃO. A entrada de mercadoria no território nacional de mercadoria nacionalizada, nos termos definido em lei, exportada temporariamente, quando descumprido o prazo de concessão do regime, constitui fato gerador dos impostos incidentes na importação, bem como a aplicação de multa administrativa por importação desamparada de guia de importação ou documento equivalente. Recurso especial do contribuinte negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 60 84 /2 00 7- 50 Fl. 450DF CARF MF Processo nº 11128.006084/200750 Acórdão n.º 9303007.542 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial do contribuinte (fls. 371/385), admitido pelo despacho de fls. 436/439, o qual se insurge contra o Acórdão 3402003.130 (fls. 354/358), de 19/07/2016, assim ementado: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Anocalendário: 2001 NÃO RECEPÇÃO DE LEI. NOVA CONSTITUIÇÃO. VINCULAÇÃO DO CARF À OBSERVÂNCIA DOS DECRETOS. A teor do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, descabe ao CARF fazer o juízo de recepção da lei em face da CF/88, uma vez que o dispositivo legal tido pela defesa como não recepcionado, foi contemplado pelos Regulamentos Aduaneiros editados sob a égide da CF/88. EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA. DESCUMPRIMENTO DO PRAZO. REIMPORTAÇÃO. FATO GERADOR DO IMPOSTO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. A entrada de mercadoria no território nacional de mercadoria nacionalizada, exportada temporariamente, quando descumprido o prazo de concessão do regime, constitui fato gerador do imposto de importação. Recurso Voluntário Negado. Em suma, articula o recorrente "a impossibilidade de mercadoria nacional sofrer incidência do imposto de importação uma vez que sua equiparação ao produto estrangeiro, por ficção jurídica, ofende o art. 153, I, da CF", vez tratarse de exportação temporária de produto nacional. Alega que esse fato acarreta a nulidade de lançamento. Entende que as questões a serem dirimidas dizem respeito ao alcance da declaração de inconstitucionalidade do art. 93 do DL 37/66, alcançando ou não o art. 1º e se a recepção desta norma distinguese da declaração de inconstitucionalidade para efeito do art. 62 do RICARF. E arremata: Ora, o Regulamento Aduaneiro que fundamenta o Auto de Infração, no caso em julgamento, é o Decreto 91.030/85 e, portanto, anterior à Carta de 1988, de forma que o argumento utilizado pelo acórdão recorrido, para não reconhecer a não recepção do art. 84 do RA e do art. 1º, § 1º, do DL 37/66, não corresponde à realidade fática. Em outras palavras, o fundamento do acórdão recorrido, para não aplicar a não recepção dos dispositivos legais que amparam a autuação, agride aos fatos e à Constituição, razão pela qual deve ser reformado. Fl. 451DF CARF MF Processo nº 11128.006084/200750 Acórdão n.º 9303007.542 CSRFT3 Fl. 4 3 Em contrarrazões (fls. 441/448), pugna a Fazenda Nacional pelo improvimento do especial. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire Relator Conheço do recurso nos termos em que foi processado. Trata o presente processo de reimportação intempestiva de exportação temporária. A fiscalização apurou que o recorrente promoveu a saída de um veículo em regime de exportação temporária através do processo n° 11128.002260/0018, tendo havido o descumprimento do prazo de retorno do bem ( o prazo expirou em 15/05/2001 e o bem retornou em 29/06/2001, por meio da DSI 01/06466482). Em face do retorno intempestivo dos bens, a fiscalização lançou os tributos exigentes na importação e a multa por falta de licenciamento através do processo 11128.006071/200195. Sobreveio a anulação do lançamento, por vício formal, tendo em vista que o mesmo foi tipificado no art. 93 do Decretolei nº 37/66, declarado inconstitucional pelo STF e suspenso por Resolução do Senado Federal em 1988. Ato contínuo, a fiscalização promoveu então novo lançamento tributário, consubstanciado no auto de infração inserto nestes autos, tipificando os mesmos fatos no art. 1º, §1º do Decretolei nº 37/66 com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472/88. Foram lançados neste segundo auto de infração, objeto destes autos, os créditos relativos ao II, IPI, juros de mora e multas de ofício além da multa por falta de licenciamento. Primeiramente, afasto a preliminar de nulidade, pois o vício do anterior lançamento foi corrigido e, desta forma, não houve qualquer afronta ao art. 59 do Decreto 70.235/72. Também não há que se falar em aplicação do Regulamento Aduaneiro, pois o enquadramento do novo lançamento reportouse à norma legal que veio a sanar o vício reconhecido pelo STF. Vejase o novo enquadramento do lançamento: Fl. 452DF CARF MF Processo nº 11128.006084/200750 Acórdão n.º 9303007.542 CSRFT3 Fl. 5 4 Como as importações que deram origem ao lançamento datam de 2001, a lei vigente é a supra transcrita, de 01/09/1998. Vêse, igualmente, que a norma embasadora do lançamento não foi o art. 93 do DL 37/66, que veio a ser declarado inconstitucional pelo STF, mas sim o art. 1º do DL 37/66, com a redação dada pelo art. 1º do DL 2.472/88, anterior, portanto, ao registro das DI objeto do lançamento. Incontroverso, in casu, que a mercadoria retornou ao país após o prazo fixado no regime de exportação temporária. O prazo de retorno do bem expiraria em 15/05/2001, porém a própria recorrente admitiu que promoveu o retorno do bem apenas em 29/06/2001. No que concerne à inconstitucionalidade arguida, é preciso esclarecer que o objeto da Resolução do Senado nº 436, de 05/12/2007, foi art. 93 do DecretoLei nº 37/66 e não o art. 1º, § 1º do DL nº 37/66, com a redação que lhe foi dada pelo DL nº 2.472/88. Sendo assim, a inconstitucionalidade daquele dispositivo não macula as autuações objeto deste processo, pois elas estão lastreadas no art. 1º, § 1º do DecretoLei nº 37/66, com a redação que lhe foi dada pelo DecretoLei nº 2.472/88, que continua válido, vigente e eficaz. O fato de o art. 1º, § 1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo DecretoLei nº 2.472/88 ter sido regulamentado pelos decretos editados na vigência da Constituição Federal de 1988, significa que o Poder Executivo considerou que aquele dispositivo legal foi recepcionado pela nova ordem constitucional. Portanto, entendo prejudicada a discussão acerca da distinção declaração de inconstitucionalidade versus não recepção. Em remate, sem reparos aos lançamento encartados nestes autos. DISPOSITIVO Fl. 453DF CARF MF Processo nº 11128.006084/200750 Acórdão n.º 9303007.542 CSRFT3 Fl. 6 5 Ante o exposto, conheço do recurso especial de divergência do contribuinte e negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 454DF CARF MF Processo nº 11128.006084/200750 Acórdão n.º 9303007.542 CSRFT3 Fl. 7 6 Fl. 455DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.916916/2008-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2001
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DCOMP. AFASTAMENTO DO ÓBICE DO ART. 10 DA IN SRF Nº 460/04 E REITERADO PELA IN SRF Nº 600/05. SÚMULA CARF Nº 84.
Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa mensal caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação, desde que comprovado o erro de fato e desde que não utilizado no ajuste anual.
Não comprovado o erro de fato, mas existindo eventualmente pagamento a maior de estimativa mensal em relação ao valor do débito apurado no encerramento do respectivo ano-calendário, cabível a devolução do saldo negativo no ajuste anual.
Numero da decisão: 1401-002.913
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Angelo Abrantes Nunes, Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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DCOMP. AFASTAMENTO DO ÓBICE DO ART. 10 DA IN SRF Nº 460/04 E REITERADO PELA IN SRF Nº 600/05. SÚMULA CARF Nº 84. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa mensal caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação, desde que comprovado o erro de fato e desde que não utilizado no ajuste anual. Não comprovado o erro de fato, mas existindo eventualmente pagamento a maior de estimativa mensal em relação ao valor do débito apurado no encerramento do respectivo anocalendário, cabível a devolução do saldo negativo no ajuste anual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Angelo Abrantes Nunes, Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano e Letícia Domingues Costa Braga. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 69 16 /2 00 8- 34 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10880.916916/200834 Acórdão n.º 1401002.913 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Cuidam os autos de reconhecimento de direito creditório da recorrente que não foi homologado pela DRJ tendo em vista que o pagamento indicado como crédito compensado tinha sido integralmente utilizado pela quitação de débito da contribuinte confessado em DCTF e que não restaria crédito disponível para compensação. Por outro lado, o pagamento indevido a título de estimativa deveriam ter sido deduzidas da contribuição devida para compor eventual saldo negativo de contribuição social, esse sim passível de restituição ou compensação com débitos da contribuinte. Inconformada com a decisão de primeira instância, interpôs o contribuinte recurso voluntário, alegando as mesmas razões de sua manifestação de inconformidade e, ainda, que a legislação utilizada para vedar o aproveitamento do crédito pretendido pelo contribuinte, qual seja, o art. 10 da IN 600/2005 é posterior à compensação realizada. Portanto, não poderia ter tal legislação maculado a compensação pleiteada, tendo em vista que ela é posterior ao fato. Este é o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.905, de 20/09/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10880.904190/2008 97, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.905): "O recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, assim dele tomo conhecimento. A Recorrente rebelase contra a decisão recorrida que denegou o direito creditório pleiteado e não homologou a DCOMP objeto dos autos. Inexistindo preliminar a ser enfrentada, passo diretamente à análise do mérito. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10880.916916/200834 Acórdão n.º 1401002.913 S1C4T1 Fl. 4 3 Direito de repetição do indébito tributário (crédito). Compensação tributária de débitos próprios, vencidos ou vincendos: O sujeito passivo tem direito à restituição total ou parcial do tributo, no caso de pagamento indevido ou a maior (CTN, art. 165). O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão (Lei 9.430/96, art. 74). Ônus probatório: No processo de compensação tributária, a Contribuinte é autora do pedido de aproveitamento de crédito contra a Fazenda Nacional para encontro de contas informado na declaração de compensação informada. À luz do artigo 373, I, do CPC (Lei nº 13.105, de 2015), de aplicação subsidiária no processo administrativo tributário federal (processo de compensação tributária), compete ao autor do pedido de crédito o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito de crédito alegado, mediante apresentação de elementos de prova hábeis e idôneos da existência do crédito contra a Fazenda Nacional, utilizado para encontro de conta com débitos próprios vencidos ou vincendos objeto da DCOMP, para que seja aferida a liquidez e certeza, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional. O momento da apresentação das provas, sua produção, está previsto nos arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72. A decisão da DRJ apenas apresentou um erro de fato e a formação do direito creditório, bem como sua liquidez e certeza para encontro de contas com débitos confessados na DCOMP objeto dos autos, pois se limitaram a denegar o direito creditório com base no óbice do art. 10 da IN SRF 460/04, reiterado pela IN SRF nº 460/05. Ocorre que o óbice do art. 10 da Instrução Normativa SRF n° 460/04, reiterado na IN SRFnº 600/05, ficou superado a partir da edição da IN SRF 900/2008 que suprimiu a vedação da repetição imediata, aproveitamento ou utilização em compensação tributária de pagamento a maior ou indevido de estimativas mensais do IRPJ ou da CSLL antes de findo o período de apuração, ou depois, desde que reste comprovado, de forma cabal, o erro de fato na apuração da base de cálculo ou pagamento totalmente desvinculado da base de cálculo que deu origem ao crédito pleiteado. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10880.916916/200834 Acórdão n.º 1401002.913 S1C4T1 Fl. 5 4 No mesmo sentido, a Súmula CARF nº 84, cujo verbete transcrevo, in verbis: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Portanto, afastado o óbice, ou seja, é possível a devolução de pagamento indevido de estimativa mensal desde que comprovado o alegado erro de fato e desde que não utilizado ou computado o respectivo valor no saldo negativo do imposto (ajuste anual). Por todo exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, reformando a decisão da DRJ e reconhecer o direito creditório pleiteado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11971.000721/2009-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
NORMAIS GERAIS. PAF. INTERPOSIÇÃO APÓS O PRAZO LEGAL. NÃO CONHECIMENTO. INTEMPESTIVIDADE.
A tempestividade é pressuposto intransponível para o conhecimento do recurso. É intempestivo o recurso voluntário interposto após o decurso de trinta dias da ciência da decisão. Não se conhece das razões de mérito contidas na peça recursal intempestiva.
Numero da decisão: 2402-006.833
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio da Silva, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 NORMAIS GERAIS. PAF. INTERPOSIÇÃO APÓS O PRAZO LEGAL. NÃO CONHECIMENTO. INTEMPESTIVIDADE. A tempestividade é pressuposto intransponível para o conhecimento do recurso. É intempestivo o recurso voluntário interposto após o decurso de trinta dias da ciência da decisão. Não se conhece das razões de mérito contidas na peça recursal intempestiva.
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PAF. INTERPOSIÇÃO APÓS O PRAZO LEGAL. NÃO CONHECIMENTO. INTEMPESTIVIDADE. A tempestividade é pressuposto intransponível para o conhecimento do recurso. É intempestivo o recurso voluntário interposto após o decurso de trinta dias da ciência da decisão. Não se conhece das razões de mérito contidas na peça recursal intempestiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio da Silva, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 97 1. 00 07 21 /2 00 9- 03 Fl. 436DF CARF MF Processo nº 11971.000721/200903 Acórdão n.º 2402006.833 S2C4T2 Fl. 437 2 Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que considerou procedente em parte a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo sujeito passivo, contra decisão proferida pela DRF/RECIFE que, neste processo, deferiu parcialmente o Pedido de Restituição do contribuinte em 02.08.2011. Por bem relatar o caso, valhome do relatório do acórdão de piso, a diante colacionado: (...) Como já dito, A DRJ julgou procedente em parte a Manifestação de Inconformidade no que toca ao discutido nestes autos (fls. 402/406), com a seguinte ementa: Fl. 437DF CARF MF Processo nº 11971.000721/200903 Acórdão n.º 2402006.833 S2C4T2 Fl. 438 3 O contribuinte apresentou Recurso Voluntário em face do referido acórdão, por meio do qual aduziu, em resumo, a impossibilidade de aplicação retroativa da aferição indireta nos moldes previsto na IN 971/2009, na medida em que os fatos geradores seriam todos anteriores à sua vigência. (fls. 417/420). É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator De início, cumpre destacar, que em pese o dispositivo do acórdão recorrido mencionar o provimento da Manifestação de Inconformidade como "parcial" em função do reconhecimento igualmente parcial do crédito da monta de R$ 613,95, referido valor já havia sido reconhecido pela autoridade fiscal quando da análise dos Pedidos de Restituição que tiveram suas análises agrupadas. Vejamos: A decisão de fls. 386 reconheceu o direito creditório do contribuinte e deferiu parcialmente o pedido de restituição na monta de R$ 1.829,93, que, em verdade, é o somatório do apurado nos processos 11971.001367/200845 (R$ 843,43), 11971.000577/200816 (R$ 372,55) e nestes autos (R$ 613,95). Nessa linha, a rigor, a conclusão do julgamento de piso não reconheceu direito crédito além daquele já anteriormente reconhecido, não justificando, pois, o decreto de provimento parcial exarado. Quanto à admissibilidade do Recurso Voluntário, a recorrente tomou ciência do acórdão de piso em 17.04.2017, consoante se denota de fls. 412 e apresentou, intempestivamente, seu Recurso Voluntário em 29.05.2017 (fls. 416), o que é corroborado pelo despacho de fls. 421, a diante reproduzido: Nesse sentido, considerando que prazo para sua apresentação esgotouse em 17.05.2017, a teor do artigo 33 do Dec 70.235/72, imperioso o seu não conhecimento na forma do artigo 35 daquele decreto. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 11971.000721/200903 Acórdão n.º 2402006.833 S2C4T2 Fl. 439 4 Ante o exposto, não preenchidos os pressupostos de admissibilidade, VOTO no sentido de NÃO CONHECER do recurso dada a sua intempestividade. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 439DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13748.720686/2012-17
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE.
Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
Numero da decisão: 2001-000.779
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros José Ricardo Moreira (relator) e Fernanda Melo Leal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Redator Designado.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE RICARDO MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas.
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RECIBOS GLOSADOS SEM QUE TENHAM SIDO APONTADOS INDÍCIOS DE SUA INIDONEIDADE. Os recibos de despesas médicas não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, mas a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve ser acompanhada de indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, os recibos comprovam despesas médicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros José Ricardo Moreira (relator) e Fernanda Melo Leal, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Redator Designado. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 8. 72 06 86 /2 01 2- 17 Fl. 59DF CARF MF 2 Tratase de Notificação de Lançamento, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), por meio da qual se exige crédito tributário do exercício de 2010, anocalendário de 2009, em que foram glosadas deduções de despesas médicas no valor de R$ 21.140,00. O contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente, mediante Acórdão da DRJ Brasília de f. 42/46. Cientificado, a interessada apresentou recurso voluntário de f. 51/53. Em síntese, alega que atendeu ao que foi solicitado pela autoridade fiscal, apresentando os respectivos recibos relativos às despesas médicas. Aduz que os recibos, por si só, fazem prova dos pagamentos realizados a este título. Argumenta que não está obrigado a apresentar seus exames médicos e laboratoriais. Sustenta ainda que não é razoável exigir a apresentação de extratos ou outros meios de prova dos pagamentos, seja porque a pessoa física não é obrigada a ter escrita fiscal, seja porque a reunião destes documentos é difícil para o contribuinte.. Pugna pela procedência do recurso e pelo cancelamento do crédito tributário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Ricardo Moreira Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. O lançamento cingese à glosa de despesas médicas. O interessado, no recurso, insurgese contra estas glosas, pelas razões que enumera. Dispõe o art. o art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Consta da fundamentação do lançamento, bem como da decisão de primeira instância, que é necessária a apresentação de documentação do efetivo pagamento para comprovação das despesas médicas. Desta forma, verificase que o recibo, ao contrário do que defende a recorrente, não faz prova absoluta da real ocorrência do pagamento. A autoridade fiscal, se entender necessário, pode solicitar outros elementos de convicção da efetiva realização da despesa que se pretende deduzir. Não poderia ser de outra forma. Entender o contrário seria tolher a ação da fiscalização, que ficaria impossibilitada de exercer sua atividade investigativa, na busca de Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13748.720686/201217 Acórdão n.º 2001000.779 S2C0T1 Fl. 3 3 verificar a veracidade das declarações prestadas. Há que ser frisado que aqui não se trata de mera prerrogativa, mas de um dever da autoridade fiscal, haja vista tratarse de dedução da base de cálculo e, portanto, de redução do tributo. Com efeito, as solicitações de documentos devem atender à razoabilidade, devendo ser evitados os pedidos de provas impossíveis ou de difícil produção. Analisando a Notificação de Lançamento, verificamos que foram glosadas despesas médicas de valores significativos, que justifica a solicitação de informações adicionais. A Descrição dos Fatos e Enquadramento legal do Lançamento encontrase devidamente fundamentado, com todas as razões que levaram a efetivação da glosa. Não foram apresentadas provas do efetivo pagamento das despesas, não houve suficiente descrição do tratamento ou dos exames realizados. Aqui deve prevalecer o princípio do benefício da prova, já que o interesse em provar é do contribuinte, a quem a prova aproveita. Não há que se falar em quebra de sigilo ou de invasão à privacidade do cidadão. Não há quebra de sigilo perante o fisco, cuja atividade primordial é justamente investigar a veracidade dessas despesas que resultam em redução de tributo. Ademais, ao intimar o contribuinte para apresentar documentos adicionais que comprovam a efetividade das despesas (provas essas que beneficiam o contribuinte), a autoridade fiscal não está interessada na intimidade da pessoa, mas está cumprindo o dever legal de investigar a veracidade das declarações prestadas. Tratase de imposto lançado por homologação e o quantum devido pode ser alterado pela autoridade lançadora, no exercício de suas atribuições legais. Da mesma forma, não se mostra desarrazoado o pedido de apresentação de extratos bancários. Pode ocorrer de o contribuinte haver pago as despesas em cheques ou mediante saques da conta corrente, o que seria facilmente comprovado pela existência de saques de valores compatíveis em datas aproximadas das da efetivação das despesas. O contribuinte poderia requerer à instituição financeira os referidos extratos (em alguns casos, obtémse extratos pela internet, em poucos instantes), sendo que essa providência não lhe seria de difícil execução. Se tivesse atendido a este simples pedido, provavelmente não seriam glosadas parte ou a totalidade das despesas. O contribuinte, entretanto, por diversas vezes, mediante negativas genéricas, se opôs a trazer os elementos de prova que lhe seriam benéficos. Não apresentou à autoridade lançadora, não juntou à impugnação e não se aproveita da oportunidade agora trazida pelo recurso voluntário. Desta forma, adoto a motivação do voto exposto na decisão de primeira instância, que indeferiu a dedução das despesas glosadas. CONCLUSÃO: Diante de todo o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, negarlhe provimento, mantendo o crédito tributário lançado. Fl. 61DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Voto Vencedor Discordo do Relator em relação às despesas médicas. Os recibos não tem valor absoluto para comprovação de despesas médicas, podendo ser solicitados outros elementos de prova, tanto do serviço como do pagamento. Mesmo que não sejam apresentados outros elementos de comprovação, a recusa a sua aceitação, pela autoridade fiscal, deve estar fundamentada. Como se trata do documento normal de comprovação, para que seja glosado devem ser apontados indícios consistentes que indiquem sua inidoneidade. Na ausência de indicações desabonadoras, na falta de fundamentação na recusa, os recibos comprovam despesas médicas. No caso, não foram solicitados outros elementos de prova de maneira objetiva, e o fundamento para lançar limitase a que recibos não comprovam pagamento de despesas médicas. O lançamento pode até ocorrer sem pedido de esclarecimentos ou de prévia intimação ao contribuinte, como consta inclusive em súmula do CARF: Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. No entanto, a recusa a documentos usuais não pode prescindir de justificativa, inclusive porque deduções elevadas podem estar completamente dentro da lei e do direito do contribuinte. Não deixo de fazer aqui uma fundamentação do entendimento expresso acima, pois a falta de fundamentação é a matéria em discussão. Muitas vezes a autoridade fiscal baseia a recusa a deduções no art.73 do Decreto nº 3.000, de 1999, que assim dispôs: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Tal artigo indica que determinados documentos não fazem prova absoluta, podendo ser solicitados elementos adicionais de comprovação. No entanto, isso não significa que o juízo, o fundamento da autoridade, dos fatos e do direito, não necessite ser apresentado. E tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como se pode ver no art 2º Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. A rigidez dos termos do art. 73 e § 1º está mais para o período em que foi concebido do que para os dias atuais. Além disso, Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13748.720686/201217 Acórdão n.º 2001000.779 S2C0T1 Fl. 4 5 mesmo na vigência do referido DecretoLei a austeridade do instrumento não era plena, visto que o art. 79, § 1º, do mesmo diploma legal lhe impunha limitações, no seguinte dizer: “Art. 79. Farseá o lançamento exofficio: § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de prova, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão.”. Assim, na ausência de fundamentação plausível para a recusa de documentos usuais de comprovação é indevida a glosa de despesas médicas. Diante do exposto, voto por dar provimento integral ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Redator Designado. Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.900082/2013-91
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
PER/DCOMP. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA.
O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 1003-000.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 PER/DCOMP. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 PER/DCOMP. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 12266.49467.240608.1.2.033007 em 24.06.2008, efls. 419439, utilizandose do saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor original de R$38.067,45 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real do 4º trimestre do anocalendário de 2007, para compensação dos débitos ali confessados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 00 82 /2 01 3- 91 Fl. 478DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 479 2 Em conformidade com o Despacho Decisório Eletrônico, efls. 412418 e 411, cientificado a Recorrente em 19.02.2013, efl. 440, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo deferimento parcial do pedido: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação da contribuição social devida e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP PARC. CREDITO [...] RETENÇÕES FONTE [...] SOMA PARC. CRED. PER/DCOMP [...] 58.462,84 [...] 58.462,84 CONFIRMADAS [...] 43.410,16 [...] 43.410,16 [...] Enquadramento Legal: Art. 168 da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). Inciso II do Parágrafo 1º do art. 6° e art. 28 da Lei 9.430, de 1996. Art. 4º da IN SRF 900, de 2008. Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 36 da Instrução Normativa RFB n° 900, de 2008. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade. Está registrado na ementa do Acórdão da 3ª Turma/DRJ/REC/PE nº 1145.192, de 27.02.2014, efls. 444452: COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. É reconhecido o direito creditório até o limite das retenções comprovadas. Carece de certeza e liquidez a parcela do crédito pleiteado utilizada para compor o saldo negativo da CSLL que não teve sua retenção na fonte comprovada. RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. A contribuição retida na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensada se o contribuinte possuir comprovante hábil da retenção em seu nome. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte [...] Acordam os membros da 3ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a manifestação de inconformidade, para reconhecer, adicionalmente ao despacho, o direito creditório no montante de R$ 2,92 (dois reais e noventa e dois centavos). Notificada em 04.06.2014, efl. 455, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 02.07.2014, efls. 456475, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Fl. 479DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 480 3 Relativamente aos fatos expõe que: DA DECADÊNCIA Se extrai dos documentos já anexados, que se está diante de pedidos de compensação formulados no quarto trimestre de 2007, decididos e cientificados ao recorrente em 19 de fevereiro de 2013, ou seja, fora do prazo quinquenal previsto na Lei 9.430/96, [...] Há, portanto, decadência a atingir o pretenso crédito tributário em debate. DO MÉRITO A controvérsia cingese em torno dos comprovantes de retenção na fonte e demais documentos anexados na manifestação de inconformidade (Comprovantes de rendimentos, Notas fiscais e Livro Razão). A fundamentação invocada pelo Fisco para as glosas consistiu na não confirmação da retenção na fonte de várias das parcelas de composição do crédito informadas pela recorrente nas PER/DCOMP. O Fisco, no Acórdão que julgou a manifestação de inconformidade, opõese à possibilidade de comprovação das retenções na fonte por meio de documentação outra, que não DIRFs de recolhimento, manifestandose nestes termos: [...] Em diversas demandas que espelham situação idêntica a presente, ou seja, pedido de compensação de CSLL e admissibilidade dos registros contábeis do prestador de serviços/recorrente, como meio de prova das retenções, têmse dado acolhimento à pretensão na via judicial. [...] Portanto, a exigência de que a empresa recorrente prove a retenção exclusivamente por meio de um documento, cuja produção cabe ao terceiro é no mínimo teratológica, contrária aos princípios mais elementares, norteadores da nossa Carta Maior. Evidente assim, tratarse de previsão não sistemática, porque proíbe a compensação do imposto/contribuição, legalmente hábil a compensar. Insofismável que o critério utilizado pelo Fisco revelase, não só, ato de intransigência, de medida extrema, como também, implica tratamento muito mais rigoroso para as empresas cumpridoras de suas obrigações ficais e tributárias, como a ora recorrente, prejudicadas por uma gama imensa de outras empresas que, por inúmeras razões, não logram uma administração fiscal bem sucedida e regular perante o Fisco. [...] Portanto, pelo retro asseverado, deve o Fisco, ante aos atuais posicionamentos jurisprudenciais, bem como pelo já declinado na manifestação de inconformidade, não limitar à utilização de outros documentos ou provas que não o Comprovante Anual de Rendimentos Pagos ou Creditados e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte. E, com o devido acolhimento dos demais documentos (Notas fiscais e Livro Razão, etc), fazendose uma análise percuciente, bem como, com o cotejamento destes com a tabela elaborada, trazidos na manifestação de inconformidade, Vossas Excelências verão que o saldo de R$15.049,76 (R$15.052,68 R$2,92), deverá também ser reconhecido como direito creditório. Fl. 480DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 481 4 Por fim, resta destacar que há diferenças a maior não são consideradas pelo Fisco, conforme tabela por este elaborada à folha 07 do Acórdão 1145192. [...] Assim, extraise que a recorrente foi descontada na fonte no valor de R$194,62 e, agora, somente foi confirmado o valor de R$183,21, informado na PERD/COMP. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Concernente ao pedido expõe que: Ante ao todo exposto, a recorrente requer dignese Preclaro Julgador em julgar procedente o Recurso Voluntário para reconhecer a decadência e, se este não for o entendimento, que seja reconhecido o direito creditório postulado, comprovado através de outros documentos que não exclusivamente o Comprovante Anual de Rendimentos Pagos ou Creditados e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento. A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. O Per/DComp e revestido das formalidades legais com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprilo ou impugnálo no prazo legal. A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Assim, estes atos contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes foram observadas. Ademais os atos administrativos estão motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos decidam recursos administrativos. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício, que foi regularmente analisado pela autoridade de primeira instância. Ademais, a decisão administrativa não precisa enfrentar todos os argumentos trazidos na peça recursal sobre a mesma matéria, principalmente quando os fundamentos expressamente adotados são suficientes para afastar a pretensão da Recorrente e arrimar juridicamente o posicionamento adotado. Fl. 481DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 482 5 Sobre a matéria, cabe indicar o entendimento emanado em algumas oportunidade pelo Supremo Tribunal Federal1: Não há falar em negativa de prestação jurisdicional quando, como ocorre na espécie vertente, "a parte teve acesso aos recursos cabíveis na espécie e a jurisdição foi prestada (...) mediante decisão suficientemente motivada, não obstante contrária à pretensão do recorrente" (AI 650.375 AgR, rel. min. Sepúlveda Pertence, DJ de 1082007), e "o órgão judicante não é obrigado a se manifestar sobre todas as teses apresentadas pela defesa, bastando que aponte fundamentadamente as razões de seu convencimento" (AI 690.504 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, DJE de 2352008).[AI 747.611 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 13102009,1ª T, DJE de 13112009.] =AI 811.144 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 2822012, 1ª T, DJE de 1532012 = AI 791.149 ED, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 1782010, 1ª T, DJE de 2492010 (grifos do original) As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos nos autos do processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos. As garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes foram observadas2. O de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e estando a decisão motivada de forma explícita, clara e congruente, não há que se falar em nulidade dos atos em litígio. A proposição afirmada na peça recursal, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente diz que tem direito ao reconhecimento da decadência do direito de lançar. A objeção de decadência por ser matéria de ordem pública pode ser conhecida a requerimento da parte ou de ofício e a qualquer tempo e em qualquer instância de julgamento. Este instituto pode ser definido como a perda do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário pelo lançamento, tendo em vista decurso do lapso temporal de cinco anos previsto em lei. Em se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação, no caso em que o sujeito passivo efetue o pagamento antecipado sem a necessidade do exame prévio por parte da Administração Pública, o prazo decadencial começa a fluir da ocorrência do fato gerador. Por seu turno, comprovada a conduta dolosa qualificada pela sonegação, pela fraude ou pela simulação, bem como se verificada a inexistência do pagamento antecipado, o prazo de cinco anos se inicia a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial representativo da controvérsia nº 973.733/SC3, cujo trânsito em julgado ocorreu em 29.10.2009 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF4. 1 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. A constituição e o supremo do art. 93. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp#visualizar>. Acesso em: 30 mai. 2018. 2 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, art 6º da Lei nº 10.593, de 06 de dezembro de 2001, art. 50 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 e art. 10 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 3 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 973733/SC. Ministro Relator: Luiz Fux, Primeira Seção, Brasília, DF, 12 de agosto de 2009. Dsponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/relatoriovoto resp973733stjrecurso.pdf> .Acesso em: 26 nov. 2018. 4 Fundamentação Legal: § 4° do art. 150 e inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional. Fl. 482DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 483 6 No presente caso, tratase de exame de Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) (art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996) e não de constituição de crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível (art. 142 do Código Tributário Nacional). Por conseguinte, no contexto do trâmite do contencioso administrativo, ou seja, na fase litigiosa do procedimento, instaurada pela regular apresentação da manifestação de inconformidade, não tem aplicação as determinações do §4º do art. 150 e inciso I do art. 170 do Código Tributário Nacional (art. 14 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972). A instauração na fase litigiosa no procedimento implementase plenamente as garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório com a citação válida para o aperfeiçoamento da relação processual e com a observância de todos os requisitos legais que conferem existência, validade e eficácia ao ato administrativo. A partir da notificação, de acordo com as formalidades legais, o crédito tributário já existe não podendo se cogitar do transcurso da decadência. A contestação aduzida na peça recursal, por isso, não pode ser ratificada. A Recorrente suscita que o direito creditório deve ser reconhecido. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 5. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais6. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de 5 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 6 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 483DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 484 7 discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal7. A pessoa jurídica pode deduzir do tributo devido o valor dos incentivos fiscais previstos na legislação de regência, do tributo pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real, bem como a CSLL determinada sobre a base de cálculo estimada no caso utilização do regime com base no lucro real anual, para efeito de determinação do saldo de CSLL a pagar ou a ser compensado no encerramento do ano calendário, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza8. Apenas nas situações comprovadas de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculos existentes no Per/DComp podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento da Requerente. O erro de fato é aquele que se situa no conhecimento e compreensão das características da situação fática tais como inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos. A Administração Tributária tem o poder/dever de revisar de ofício o procedimento quando se comprove erro de fato quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. A este poder/dever corresponde o direito de a Recorrente retificar e ver retificada de ofício a informação fornecida com erro de fato, desde que devidamente comprovado (art. 32 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e incisos I e III do art. 145 e inciso IV do art. 149 do Código Tributário Nacional). Em relação à dedução do valor de tributo retido na fonte, a legislação prevê que no regime de tributação com base no lucro real a pessoa jurídica pode deduzir do valor apurado no encerramento do período, o valor retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo correspondente9. Para tanto, as pessoas jurídicas são obrigadas a prestar aos órgãos da RFB, no prazo legal, informações sobre os rendimentos que pagaram ou creditaram no anocalendário anterior, por si ou como representantes de terceiros, com indicação da natureza das respectivas importâncias, do nome, endereço e número de inscrição no CNPJ, das pessoas que o receberam, bem como o imposto de renda retido da fonte, mediante a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF). Também as pessoas jurídicas que efetuarem pagamentos com retenção do imposto na fonte devem fornecer à pessoa jurídica beneficiária, até o dia 31 de janeiro, documento comprobatório, em duas vias, com indicação da natureza e do montante do pagamento, das deduções e do imposto retido no anocalendário anterior, que no caso é o 7 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. 8 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. 9 Fundamentação legal: Lei 10.833 de 29 de dezembro de 2003. Fl. 484DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 485 8 Informe de Rendimentos. Assim, o valor retido na fonte somente pode ser compensado se a pessoa jurídica possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora para fins de apuração do saldo negativo de CSLL no encerramento do período10. A legislação expressamente permite a dedução dos valores de retenção conjunta da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mãodeobra, pela prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, e pela remuneração de serviços profissionais referentes ao código de arrecadação nº 5952 a título de remuneração de serviços profissionais prestados por pessoa jurídica (art. 30, art. 31, art. 32, art. 35 e art. 36 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, Instrução Normativa SRF nº 459, de 18 de outubro de 2004). O valor da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, código ser determinado mediante a aplicação, sobre o montante a ser pago, do percentual de 4,65% (quatro inteiros e sessenta e cinco centésimos por cento), correspondente à soma das seguintes alíquotas: a) 1% (um por cento), a título de CSLL; b) 3% (três por cento), a título de Cofins; e c) 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento), a título de PIS/Pasep. Os valores retidos devem ser considerados como antecipação do que for devido pelo sujeito passivo que sofreu a retenção, em relação às respectivas contribuições. Os valores retidos podem ser deduzidos, pelo sujeito passivo, das contribuições devidas de mesma espécie, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção. Ademais, na apuração da CSLL, a pessoa jurídica poderá deduzir da CSLL devida o valor retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do tributo (Súmula CARF nº 80). Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. Sobre a alegação de que os débitos foram alcançados pela homologação tácita, temse que a Recorrente formalizou o Per/DComp nº 12266.49467.240608.1.2.033007 em 24.06.2008, efls. 419439 e foi cientificada do Despacho Decisório Eletrônico, efl. 411, em 19.02.2013, efl. 440, com as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo deferimento parcial do pedido. Logo não se verifica o interregno no cinco anos entre a apresentação do Per/DComp e a notificação do Despacho Decisório. O código 5952 está regulamentado pela Instrução Normativa SRF nº 459, de 17 de outubro de 2004, e versa sobre os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas de direito privado a outras pessoas jurídicas de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mãodeobra, pela prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de 10 Fundamentação Legal: art. 86 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 11 do DecretoLei nº 1.968, de 23 de novembro de 1982 e art. 10 do DecretoLei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983. Fl. 485DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 486 9 crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços profissionais, estão sujeitos à retenção na fonte da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep (art. 30 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003). Neste caso, o regime de tributação previsto é no sentido de que os valores retidos serão considerados como antecipação do que for devido pela pessoa jurídica que sofreu a retenção, em relação às respectivas contribuições em separado, bem como podem ser deduzidos das contribuições devidas de mesma espécie, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção (art. 7º da Instrução Normativa SRF nº 459, de 17 de outubro de 2004). Assim, o Per/DComp previsto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, deve ter como direito creditório a identificação discriminada de cada contribuição (CSLL, Cofins e Contribuição para o PIS/Pasep), no caso em que a antecipação superar o valor devido. Na Análise das Parcelas de Crédito Contribuição Social Retida na Fonte, e fls. 412418, estão discriminadas as parcelas confirmadas, confirmadas parcialmente e não confirmadas em conformidade com as informações constantes nos registros internos da RFB apresentadas pelas fontes pagadoras. A Recorrente procura demonstrar a tese de defesa apresentando planilha de lançamentos contábeis, Notas Fiscais e os Informes de Rendimentos efls. 24410. Estes documentos foram correta e devidamente considerados pela autoridade julgadora de primeira instância, que na apreciação dessas provas formou livremente sua convicção, conforme o regime de tributação previsto (art. 7º da Instrução Normativa SRF nº 459, de 17 de outubro de 2004 e art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972). Assim, as alegadas diferenças apontadas pela Recorrente na peça recursal não foram demonstradas de modo que os fundamentos de fato e direito constantes no Acórdão da 3ª Turma/DRJ/REC/PE nº 1145.192, de 27.02.2014, efls. 444452, são acolhidos de plano nessa segunda instância de julgamento (art. 50 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999): Nos termos do art. 170 do CTN, para que o sujeito passivo postule a restituição/compensação de tributos é necessário que seu direito seja líquido e certo. Assim é que, em se tratando de restituição ou compensação, é dever da Administração investigar a certeza e liquidez do crédito suplicado, independentemente de estar ele consignado em declaração apresentada pelo contribuinte. Assim, compete ao interessado na restituição/compensação, como se apresenta o presente pleito, fazer prova da efetiva apuração de saldo negativo do tributo, mediante comprovação de todas as parcelas que lhe deram origem, além de evidenciar sua efetiva disponibilidade para a aspirada utilização. No caso concreto, conforme se relatou, o saldo negativo da CSLL informado no PER/DCOMP, no valor de R$ 38.067,45, idêntico à DIPJ, foi formado em sua totalidade por retenções na fonte desse tributo, no código 5952, num montante de R$ 58.462,84, tendo sido confirmado, no procedimento eletrônico de investigação dos atributos do crédito, apenas, um total de R$ 43.410,16, razão pela qual não se reconheceu, relativamente à parcela de R$ 15.052,68, a certeza e liquidez necessárias à pretendida compensação. Nesse procedimento eletrônico de reconhecimento do direito creditório e a consequente homologação (total ou parcial) ou não de uma compensação, a Receita Federal, através de uma seqüência contínua de operações, cruza dados dos diversos sistemas da RFB, informações prestadas através das diversas declarações do contribuinte ou de terceiros (DCOMP, DIPJ, DCTF, DIRF etc.), além das próprias retenções (Sistemas Sinal 04, 1RPE e SIEF Pagamentos), procedimento cuja participação da postulante é primordial, materializandose através da correção dos Fl. 486DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 487 10 valores informados no PER/DCOMP e nos diversos sistemas envolvidos, além do atendimento às intimações, quando necessárias, no intuito de comprovar o pretendido direito. De acordo com a manifestante, a desconsideração da parcela acima não pode prosperar por se tratar de CSLL retida na fonte pelas tomadoras do serviço, consoante comprovação nos autos através de Cartas de Rendimentos Pagos e/ou creditados (Comprovante de Rendimentos), Notas Fiscais e Livro Razão, cabendo a si utilizar os referidos créditos, pois já laborou, sofreu retenções e cumpriu com todos os seus deveres. Quanto à prova das retenções, há de observar legislação própria, [...]. Vêse, portanto, que a compensação do imposto/contribuição na fonte está condicionada à existência do respectivo comprovante de retenção, cujo modelo é aprovado mediante ato normativo baixado pela Administração Tributária. Logo, os demais documentos anexados pela defesa (Notas Fiscais e Livro Razão) não constituem comprovantes de retenção do imposto na fonte, nos termos da legislação de regência. Ademais, no que concerne à legislação dos elementos envolvidos na presente análise: Comprovantes de retenção, DIRF e DIPJ, de acordo com a Instrução Normativa SRF nº 127, de 30 de outubro de 1998, que instituiu a Declaração Integrada de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ e estabeleceu normas para a sua apresentação, A partir do anocalendário de 1999, todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, deverão apresentar a DIPJ, centralizada pela matriz. (Art. 2º), entendimento este seguido pela IN RFB nº 1.028, de 30 de abril de 20107, que revogou a primeira. Nesse mesmo diapasão, dispõe a legislação sobre a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF, desde sua criação (IN SRF nº 3, de 2 de janeiro de 2001): [...] Quanto ao comprovante de retenção, a Instrução Normativa SRF n.º 119, de 28 de dezembro de 2000, ao aprovar o modelo de Comprovante Anual de Rendimentos Pagos ou Creditados e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte, relativo a rendimentos pagos ou creditados por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas, sujeitas à retenção na fonte, assim determinou: [...] Dessa forma, verificase que, no comprovante de retenção, deve constar, entre elementos, as informações relativas ao nome empresarial e ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do estabelecimento matriz, tanto da fonte pagadora quanto da que prestou o serviço. Logo, informações dos comprovantes de rendimento relativas às filiais das empresas envolvidas serão consideradas como concernentes às matrizes. De acordo com a planilha de cálculo elaborada pelo próprio contribuinte foram observadas, em alguns situações a seguir transcritas, retenções de CSLL na fonte de determinadas fontes pagadoras, informadas no PER/DCOMP, não consideradas no procedimento de análise do crédito, que resultou no despacho decisório em litígio, quando comparadas aos comprovantes de rendimentos anexados: CNPJ EMPRESA VALOR NO PER/DCOMP VALOR CONFIRMADO CARTA DE RENDIMENTO DIFERENÇA A SER CONSIDERADA Fl. 487DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 488 11 01.176.077/000260 Vbr Logística Ltda 183,21 180,34 194,62 2,87 01.204.099/000106 Fundação Ibere Camargo 540,87 487,08 487,09 0,01 87.951.448/000683 Transcontinental Logística 274,74 274,71 274,72 0,01 88.301.668/000110 Suvesa Super Veic. Ind 476,86 442,26 442,27 0,01 92.323.963/000144 Condomínio Edif. Sun Hill 198,87 195,98 195,99 0,01 92.695.691/000103 Kley Hertz S/A 468,60 468,59 468,60 0,01 TOTAL 2,92 Quanto à não apresentação de documentos comprovadores destaco, em função do Princípio da Verdade Material, regulador do Processo Administrativo Fiscal (Decreto nº 70.235/72), além dos próprios comandos ali existentes, dos quais destaco o art. 16, que a manifestação de inconformidade deverá vir acompanhada com os elementos de prova que possuir, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. [...] O dispositivo acima, é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. Esta formulação foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída tanto ao autor do procedimento, a autoridade fiscal, quanto ao contribuinte que contesta. Prevalecendo, sempre, no processo administrativotributário, a máxima ônus probandi incumbit ei qui dicit. Portanto, aquele que argúi direito em seu favor deverá demonstrar e provar esse direito, seja ele o sujeito ativo ou o sujeito passivo da relação jurídicotributária. Esclarecese, por fim, quanto à alegada prescrição dos débitos, que não é da competência dos órgãos da RFB ligados ao julgamento (DRJ e CARF) qualquer referência ao débito relativamente a sua cobrança – fase posterior ao julgamento. É da competência dos órgãos ligados ao julgamento apenas investigar os atributos do direito creditório (certeza e liquidez). Quanto à exigibilidade do débito cuja compensação não foi homologada, ela permanecerá suspensa no curso da discussão administrativa, à vista do que prescreve o § 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, incluído pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Logo, carecendo de certeza e liquidez a maior parcela do crédito pleiteado utilizada para compor o saldo negativo da CSLL cuja retenção na fonte não ficou comprovada, não há como postular a sua restituição, em função do que dispõe o art. 170 do CTN. Ante o exposto, voto no sentido de julgar procedente em parte a manifestação de inconformidade, para reconhecer, adicionalmente ao despacho, o direito creditório no montante de R$ 2,92 (dois reais e noventa e dois centavos). No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso, nos termos do art. 100 do Código Tributário Nacional. Fl. 488DF CARF MF Processo nº 11080.900082/201391 Acórdão n.º 1003000.295 S1C0T3 Fl. 489 12 Atinente aos princípios constitucionais, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade11. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de julho de 2015). Em assim sucedendo, voto em rejeitar a preliminar suscitada no recurso e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 11 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF e Súmula CARF nº 2. Fl. 489DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.005971/2005-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2000
INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MERA TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS.
Créditos bancários no exterior suportados por recursos já declarados ao Fisco, e acontecidos no curso de mera transferência de recursos entre instituições financeiras, não são suporte para a imputação de omissão de rendimentos.
Numero da decisão: 2202-004.841
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andrea de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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Recorrente ALEXIS JOSEPH STEVERLYNCK FONTEYNE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2000 INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MERA TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS. Créditos bancários no exterior suportados por recursos já declarados ao Fisco, e acontecidos no curso de mera transferência de recursos entre instituições financeiras, não são suporte para a imputação de omissão de rendimentos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andrea de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II (SP) DRJ/SPOII, que julgou procedente lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativo ao exercício 2001 (fls. 08/39), face à apuração de omissão de rendimentos recebidos de fonte no exterior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 59 71 /2 00 5- 40 Fl. 241DF CARF MF 2 Reproduzse, na sequência, os termos da autuação e da respectiva impugnação, bem sintetizados pela decisão de piso (fls. 175/179): A ação fiscal, que resultou na emissão do presente Auto de Infração, teve inicio com a demanda requisitória da Justiça Federal — Seção Judiciária do Paraná, resultante da conclusão dos Processos n° 2003.70000303334 e n° 2004.70000082670. O seu objetivo foi a análise das informações obtidas pela Justiça Federal junto as autoridades do Governo dos Estados Unidos da América relativas ao Banco Lespan S/A, as quais foram transferidas para a Receita Federal do Brasil a fim de instruir atividade especifica desta instituição. Transcrevese do Termo de Verificação Fiscal: (11.10) "2.1. Em 16/12/2003 o Juiz da Suprema Corte, Honorable Jonh Casaldo, expediu o documento denominado "Order To Disclose", visando liberar à CPMI do Banestado e ao Ministério da Justiça provas e documentos havidos em investigações e procedimentos do Grande Júri, conhecido como "Internacional Money Laundering By Jonh Doe";" O Auditor Fiscal autuante relata em síntese, sem prejuízo da leitura integral do documento, que: (fl.11) "3. Da análise das informações repassadas pela Justiça Federal, constatou se que no anocalendário de 2000 o fiscalizado efetuou transações financeiras no exterior, através da instituição bancária BANCO LESPAN S/A. 6. Na documentação apresentada, o contribuinte justifica as transações executadas alegando que possuía fundos disponíveis em moeda estrangeira. Verbis: 2. No caso a Declaração de Ajuste Simplificada (doc. 1) referente ao exercício de 2001, ano base 2000, fez constar, nos itens 18 e 20 do campo reservado à declaração de bens e direito, a existência de fundos no exterior, 7. Entretanto, pela análise perfunctória da Declaração de Ajuste Anual, exercício 2001, ano calendário 2000, apresentada pelo contribuinte em 17/04/2001, à Secretaria da Receita Federal, observase que estas contas não sofreram variação no ano calendário supracitado. (grifei) (.) 14. Percebese que os valores declarados mantiveramse inalterados em 31 de Dezembro dos anos calendários 1999 e 2000. Isto demonstra que no ano calendário 2000 estes dois itens de patrimônio não sofreram variação, não podendo, desta feita, ser origem de alguma transação porventura realizada pelo fiscalizado no ano calendário de 2000; 15. Da análise dos documentos e das informações prestadas pelo fiscalizado, concluise que não foi comprovada a origem dos recursos que possibilitaram as referidas transações financeiras, quer seja pelo envio dos numerários do Brasil ao exterior; ou de recursos no próprio exterior; 16. (.) Os documentos, em conjunto com a Declaração de Ajuste Anual, exercício 2001, ano calendário 2000, não comprovam a origem da disponibilidade de recursos nas datas em que houve as transações financeiras. (..)" Da Impugnação. O Contribuinte apresentou defesa às fls. 65 e seguintes. Sem prejuízo da leitura integral da mesma, alega em síntese, que: Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10830.005971/200540 Acórdão n.º 2202004.841 S2C2T2 Fl. 242 3 1 desconhecia o fato de que a instituição financeira belga, banco Fortis, que detém em custódia parcela de seu patrimônio havido por herança relacionavase com o Banco Lespan S/A. 2que teria recebido os valores movimentados em 14/08/2000 e 08/11/2000 apenas no anocalendário de 2001 e; portanto, a variação patrimonial no patrimônio custodiado na instituição belga só foi demonstrada na DIRPF EX2002 (item 26 de f1.82 e item 11 de f1.81). 3estaria demonstrada a ligação entre o banco debitado ("Debity Party") FORTIS BANK e o banco creditado ("Credited Party") LESPAN S/A; 4os US70,000.00 localizados no Banco Lespan S/A não são independentes dos valores que existiam no Banco Fortis da Bélgica e; portanto, por se tratarem de herança, não estão sujeitos a tributação do IR. 5transcreve jurisprudência do Conselho de Contribuintes e pede pela improcedência do Auto de Infração. (grifos do original) A exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 173/183), ensejando a interposição de recurso voluntário em 29/04/2009 (fls. 223 e ss), no qual foram renovados os termos da impugnação, e juntados documentos adicionais. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O lançamento foi efetuado com amparo nos artigos 1º, 2°, 30 e §§, e 8° da Lei nº 7.713/88, artigos 1° a 4° da Lei n° 8.134/90 e artigos 55, inciso VII, 806, 845 e 995 do Decreto n° 3.000/99 (RIR/99), c/c o art. 10 da Lei n° 9.887/99, por ter a fiscalização considerado que o contribuinte omitiu rendimentos recebidos de fonte no exterior, com base nas seguintes transações feitas no Banco Lespan S.A. nas quais aquele consta como remetente (fl. 123): Data Valor da Movimentação em US Dólar 14/08/2000 USD 20.000,00 08/11/2000 USD 50.000,00 Não há controvérsia acerca de que o contribuinte, de origem belga, possuía recursos disponíveis em moeda estrangeira, havendo ele informado nas DIRPFs dos anos calendário 1999 e 2000, ter, ao final desses anos, depósito em contacorrente no exterior no valor de 316.276,00 Francos Belgas (R$ 11.591,00), mais o equivalente a R$ 357.252,00 em ações e obrigações em Francos Belgas. Fl. 243DF CARF MF 4 Porém o Fisco entendeu que tais montantes não justificam as movimentações em destaque, posto que não houve variação no estoque desses ativos no decorrer do ano calendário 2000, consoante indicado na respectiva declaração de ajuste. De sua parte, o recorrente alega que buscou transferir parte dos recursos detidos no exterior para complementar gastos com a construção de imóvel. Nessa toada, afirma que os recursos estavam no banco belga Fortis Bank, o qual não tem filial no Brasil, e que solicitou que eles fossem transferidos a nosso país. Acrescenta não conhecer o citado banco Lespan, e que acredita tenha ele sido utilizado no trâmite de transferência dos valores. Quanto ao fato de não haver sido dado baixa desses bens na DIRPF do ano calendário 2001, diz que os montantes ainda não haviam ingressado no Brasil, motivo pelo qual esperou tal acontecimento, declarando então o auferimento desses valores na declaração do anocalendário 2002 somente. Pois bem, com a devida vênia do decidido na instância de piso, tenho a versão dos fatos tal como trazida pelo recorrente como sendo bastante plausível. Mais: não se trata de mera verossimilhança, mas de narrativa suportada de modo suficientemente satisfatório pelas provas juntadas aos autos. Temse na espécie que o contribuinte possuía recursos no estrangeiro, conforme declarado à RFB (fl. 67), e, posteriormente, ao Banco Central do Brasil (fl. 53), ainda que aí, em data posterior à analisada. Além disso, o próprio documento que fundamenta o lançamento indica que os valores remetidos ao Banco Lespan eram provenientes do banco belga Fortis Bank (fl. 123), o qual, ao que consta, não possuía filial brasileira. Ao final, e em conformidade com sua exposição, com o ingresso dos recursos no Brasil no anocalendário 2001, reduziu correspondentemente, na DIRPF do exercício 2002, os valores atribuídos aos bens detidos no exterior (fl. 63), e acrescentou o item 11 referente à casa em construção, a qual teria sido financiada com os multicitados valores. Não bastasse essa série de elementos probatórios, o contribuinte juntou, em sede de recurso voluntário, "aviso de ordem de pagamento recebida do exterior" do Banco Itaú datada de 25/05/2001, no valor de USD 50.000,00 (fl. 233) o que confere de modo exato com o montante debitado da conta do Fortis Bank e creditado na conta do Lespan Bank em 11/08/2000, associado à suposta omissão de rendimentos. Esse crédito do exterior no Itaú é indicado como tendo sido remetido pelo Generale Bank, instituição ligada ao Fortis Bank (fl. 235). Ainda que não tenha o recorrente logrado apresentar documento similar para o crédito de USD 20.000,00, e o remetente não tenha sido o Lespan Bank, o que assoma dos fatos, tomados em seu conjunto, e face às várias provas carreadas, é que os depósitos apontados como evidência de omissão de rendimentos foram realizados no contexto de transferência de recursos do Fortis Bank, na Bélgica, para disponibilização em território nacional ao contribuinte, mediante uma série de movimentações bancárias encadeadas. Registrese que a demora na chegada ao Brasil dos recursos saídos do banco belga não é razão por si só suficiente para dar azo à imputação fiscal, sendo de certo modo bastante razoável a linha argumentativa vertida pelo recorrente, no sentido de que estava a Fl. 244DF CARF MF Processo nº 10830.005971/200540 Acórdão n.º 2202004.841 S2C2T2 Fl. 243 5 esperar o efetivo ingresso dos recursos no Brasil para fazer as devidas alterações na declaração de ajuste do ano em que ocorresse tal evento, sendo na realidade dessa forma que assim procedeu. Em outras palavras, não restando claro que os valores que transitaram nas contas em apreço estão associados a recursos outros que não os devidamente declarados pelo contribuinte às autoridades nacionais, não há falar em omissão de rendimentos. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 245DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13855.003323/2010-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
O Contribuinte que tem negado pedido administrativo de restituição de tributos, posteriormente ajuíza ação judicial com o objetivo e ver assegurado este direito, mas que em seguida tem este direito reconhecido por norma jurídica, ao desistir da referida ação judicial com o objetivo de extinguir a concomitância, não pode ter a petição pela qual informa a desistência da ação judicial interpretada como novo pedido de ressarcimento, mormente em detrimento de prazo decadencial.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em segunda votação, em afastar a decadência declarada e devolver os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que negava provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior votaram pelas conclusões, entendendo pela anulação da decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus. Designado o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho para redigir o voto vencedor. Em primeira votação, o Conselheiro Raphael Madeira Abad negava provimento ao recurso voluntário, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede afastavam a decadência declarada e devolviam os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida e os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior anulavam a decisão recorrida anulavam a decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus.
Numero da decisão: 3302-006.059
Decisão: (assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Raphael Madeira Abad - Relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Redator designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araujo, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jose Renato Pereira de Deus, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O Contribuinte que tem negado pedido administrativo de restituição de tributos, posteriormente ajuíza ação judicial com o objetivo e ver assegurado este direito, mas que em seguida tem este direito reconhecido por norma jurídica, ao desistir da referida ação judicial com o objetivo de extinguir a concomitância, não pode ter a petição pela qual informa a desistência da ação judicial interpretada como novo pedido de ressarcimento, mormente em detrimento de prazo decadencial. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em segunda votação, em afastar a decadência declarada e devolver os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que negava provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior votaram pelas conclusões, entendendo pela anulação da decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus. Designado o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho para redigir o voto vencedor. Em primeira votação, o Conselheiro Raphael Madeira Abad negava provimento ao recurso voluntário, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede afastavam a decadência declarada e devolviam os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida e os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior anulavam a decisão recorrida anulavam a decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus.
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decisao_txt : (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad - Relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Redator designado. Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araujo, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jose Renato Pereira de Deus, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
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Recorrente MINERVA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O Contribuinte que tem negado pedido administrativo de restituição de tributos, posteriormente ajuíza ação judicial com o objetivo e ver assegurado este direito, mas que em seguida tem este direito reconhecido por norma jurídica, ao desistir da referida ação judicial com o objetivo de extinguir a concomitância, não pode ter a petição pela qual informa a desistência da ação judicial interpretada como novo pedido de ressarcimento, mormente em detrimento de prazo decadencial. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em segunda votação, em afastar a decadência declarada e devolver os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que negava provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior votaram pelas conclusões, entendendo pela anulação da decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus. Designado o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho para redigir o voto vencedor. Em primeira votação, o Conselheiro Raphael Madeira Abad negava provimento ao recurso voluntário, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede afastavam a decadência declarada e devolviam os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida e os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior anulavam a decisão recorrida anulavam a decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 00 33 23 /2 01 0- 26 Fl. 296DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Redator designado. Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araujo, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jose Renato Pereira de Deus, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad. Relatório Tratase de Processo Administrativo por meio do qual a Recorrente objetiva direito a créditos de PIS relativo ao QUARTO TRIMESTRE DE 2004, decorrente da aquisição de matéria prima de pessoas físicas no mercado interno. Isto porque em 2004 a Lei 10.925 estabeleceu Crédito Presumido da agroindústria, a ser deduzido dos valores de PIS e COFINS devidas em cada período de apuração, nos seguintes termos: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos (...) destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (destaques nossos) (...) Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. A Recorrente, valendose da legislação, requereu o ressarcimento do crédito no bojo do Processo originário 13852.000485/200575. Fl. 297DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 4 3 Em 21.01.2006 a Recorrente impetrou Mandado de Segurança (Processo n. 2006.61.13.0002504) por meio do qual discute a forma de aproveitamento dos créditos de PIS e COFINS pleiteando, inclusive, o seu recebimento em pecúnia. "Por todo o exposto, requerse a concessão de medida liminar suspendendo, de logo, a eficácia do injurídico Ato Declaratório Interpretativo SRF n.° 15, de 22 de dezembro de 2005 (doe. n.° 6), bem como das teratológicas decisões administrativas exaradas, em 13 de dezembro de 2005, pelo Delegado da Receita Federal em Franca (does. n.o S 4 e 4 A), de forma a garantir, à impetrante, o regular e imediato aproveitamento e/ou ressarcimento, em pecúnia, dos créditos de PIS/Pasep e COFINS (provenientes da aquisição de bens que entraram no processo produtivo de mercadorias que exportou para o exterior), conforme determinado nas Leis no s 10.637/2002 (art. 5º , § 2º), 10.833/2003 (art. 6º , § 2º) e 10.925/2004 (art. 8º)." (destaques nossos) Posteriormente, a Lei 12.058/2009 estabeleceu UM NOVO DIREITO, UMA NOVA FORMA de utilização de Crédito de PIS / COFINS. "Art. 36. O saldo de créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, relativo aos bens classificados nos códigos 01.02, 02.01, 02.02, 02.06.10.00, 02.06.20, 02.06.21, 02.06.29 da NCM, existentes na data de publicação desta Lei, poderá: I ser compensado com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria; II ser ressarcido em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 1º O pedido de ressarcimento ou de compensação dos créditos presumidos de que trata o caput deste artigo somente poderá ser efetuado: I relativamente aos créditos apurados nos anoscalendário de 2004 a 2007, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao de publicação desta Lei; II relativamente aos créditos apurados no anocalendário de 2008 e no período compreendido entre janeiro de 2009 e o mês de publicação desta Lei, a partir de 1º de janeiro de 2010. § 2º O disposto neste artigo aplicase aos créditos presumidos que tenham sido apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003." (grifos nossos) Fl. 298DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 5 4 Sinteticamente, a Lei 12.058/2009 criou novo direito, qual seja o de ressarcimento, em dinheiro, dos créditos, estabelecendo ainda que este direito surgiu a partir de 01.11.2009 para os saldos dos créditos presumidos nos períodos dos anos calendário 2004 a 2007 e a partir de 01.01.2010 para os anos seguintes. Ressalvou ainda que tais créditos devem ter sido apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação. A partir deste novo marco normativo, o contribuinte efetuou, em 04.11.2009, ainda nos autos do processo originário n. 13852.000485/200575 novo pedido de ressarcimento em relação ao crédito presumido do já mencionado período, inclusive quanto à correção pela SELIC desde a data do primeiro pedido. Para a análise deste novo direito o processo 13852.000485/200575 foi desmembrado no processo ora sob análise, no bojo do qual passou a ser discutida a aplicação do artigo 36 da Lei 12.058/2009. A determinação da formalização deste novo processo ocorreu em 23.09.2010 (fls. 02) Contudo a DRF de Franca (24.09.2010 efls 91 a 96) não conheceu do pedido administrativo por força da sua CONCOMITÂNCIA com o Mandado de Segurança n. 2006.61.13.0002504. "Assunto: Pedido de ressarcimento de PIS Crédito Presumido Agroindústria Art. 36 da Lei 12.058/2009. Período de Apuração: 2 o trimestre de 2005 Ementa: PIS. RESSARCIMENTO. CREDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. ART. 36 DA LEI 10.058/2009. EXISTÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL QUE INTERFERE NO VALOR A SER RESSARCIDO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de pedido administrativo de ressarcimento de Cofins quando o contribuinte possui ação judicial que possa interferir no valor a ser ressarcido, conforme o teor e a inteligência do § 3o do art. 28 da IN RFB 900/2008 e do ADN Cosit 03/96." Posteriormente (10.08.2011) a Recorrente desistiu do Mandado de Segurança sob o argumento de que ele haveria perdido o objeto em razão da edição da lei 12.058/2009, editada dois anos antes e que teria garantido o seu direito ao crédito e, diante deste fato novo, em 23.08.2011 peticionou à DRF Franca, em peça denominada "Desistência de Ação Judicial" por meio da qual informou o fim da apontada concomitância e reiterou o pedido de utilização dos créditos (efls. 104). Analisando o presente processo, já desmembrado, a DRF de Franca salientou que o pedido de ressarcimento realizado em 04.11.2009 ainda nos autos do processo original, do qual este foi desmembrado, não pode ser conhecido em razão da concomitância com ação judicial. Contudo, também entendeu que a partir do momento que a Contribuinte desistiu da ação judicial, a ela passou a ser possível formular novo pedido, o que a DRJ de Franca Fl. 299DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 6 5 entendeu haver sido formulado em 23.08.2011 por meio da já mencionada petição que informou a desistência do Processo Judicial. Seguindo este raciocínio, a DRJ de Franca, em 11.01.2012, reconheceu o direito da Recorrente ao ressarcimento em valor inferior ao que foi por ele pleiteado (efls. 117 a 124). Irresignada com o percentual que lhe foi deferido, a Recorrente apresentou MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE por meio da qual fundamenta e requer o crédito (08.05.2102, efls. 128 e seguintes). Em 08.01.2014 foi apresentado pedido de reconsideração (fls. 163) Contudo, a DRJ do Rio de Janeiro, ao examinar a MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE em 19.03.2014, fls. 173 e seguintes, entendeu que a análise do crédito se encontrava preclusa em razão de não haver sido apresentado recurso em face da decisão que não conheceu do pedido de ressarcimento por força de concomitância. A DRJ admitiu que como o reconhecimento da concomitância não foi objeto de recurso, a discussão foi encerrada em âmbito administrativo. Entendeu ainda que o requerimento de desistência da ação judicial ocorrido em 09.08.2011 acompanhado de novo requerimento de utilização do crédito, realizado em 23.08.2011 (efls. 104) é um PEDIDO NOVO. Valendose de tal raciocínio, a DRJ entendeu que o citado PEDIDO NOVO, por ter sido realizado em relação a créditos surgidos em 2004, teria sido afetado pela preclusão cinco anos após o início do direito ao crédito, tendo sido lavrada a seguinte ementa: PIS NÃO CUMULATIVA CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO PRAZO DECADENCIAL O prazo decadencial para aproveitamento de crédito presumido da Cofins não cumulativa para fins de ressarcimento/compensação é de cinco anos, a contar da data do ato ou fato que originou o direito creditório. PIS NÃO CUMULATIVA CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO PEDIDO JÁ JULGADO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO Não cabe nova apreciação de pedido de ressarcimento já definitivamente julgado nas instâncias administrativas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Irresignada, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 191) por meio do qual sustenta, em síntese, que não restou operada a decadência, eis que o desmembramento do processo administrativo original foi realizado de ofício. Defende que a Ação Judicial cuja existência motivou o indeferimento do pedido de reconhecimento do crédito na verdade não questionava o direito ao ressarcimento Fl. 300DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 7 6 com base na Lei n. 12.058/2009, nem influenciaria no montante a ser ressarcido, razão pela qual não haveria óbice para a análise administrativa do pleito naquele momento. Entende que na decisão proferida pela DRF houve enfrentamento da questão do direito ao ressarcimento, reforçando a sua tese de que o direito não estaria decaído. No mérito, sustenta o seu direito de que o calculo do créditopresumido de PIS/PASEP das agroindústrias seja calculado em razão dos produtos produzidos e das mercadorias vendidas e não dos insumos adquiridos, no caso dos frigoríficos a alíquota deve ser de 60% daquela prevista no artigo 2º da Lei n. 10.637/2002, ou seja 1,65% x 60% = 0,99. Finalmente, defende que ao seu crédito deve ser aplicada a Taxa Selic, uma vez que a Administração criou óbice ilegítimo ao reconhecimento do crédito. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Raphael Madeira Abad Relator. O presente Recurso Voluntário é tempestivo e revestese dos demais requisitos legais, razão pela qual dele conheço. PRELIMINAR Em janeiro de 2006 a contribuinte impetrou o Mandado de Segurança n. 2006.61.13.0002504 por meio do qual questionou a forma de aproveitamento dos créditos de PIS e COFINS em discussão no bojo do processo originário 13852.000485/200575. Em 04.11.2009 a Recorrente formulou o pedido de ressarcimento de créditos presumidos da agroindústria, com fulcro na Lei 12.058/2009, pedido este que acarretou o desmembramento do processo ordinário 13852.000485/200575 no presente processo. Em razão da existência de processo judicial versando sobre a mesma matéria, em 24.09.2010 a DRF de Franca não conheceu o pedido administrativo de ressarcimento de COFINS formulado ainda nos autos do já mencionado processo originário com fulcro na Lei 12058/2009, declarando a CONCOMITÂNCIA entre o pedido administrativo e o processo judicial (efls 91 a 96). Ementa: PIS. RESSARCIMENTO. CREDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. ART. 36 DA LEI 10.058/2009. EXISTÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL QUE INTERFERE NO VALOR A SER RESSARCIDO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de pedido administrativo de ressarcimento de PIS quando o contribuinte possui ação judicial que possa interferir no valor a ser ressarcido, conforme o teor e a inteligência do § 3o do art. 28 da IN RFB 900/2008 e do ADN Cosit 03/96." Fl. 301DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 8 7 Contudo, a Recorrente NÃO RECORREU desta decisão que NÃO CONHECEU A PETIÇÃO de pedido de ressarcimento e declarou a concomitância, LIMITANDOSE a providenciar a extinção do processo judicial (10.08.2011, efls. 117), informar tal fato à DRF e requerer novamente o crédito (23.08.2011, efls. 114116), pressupondo, talvez, que tal medida fosse suficiente para extinguir a concomitância. "De forma a afastar esse impedimento, esta Contribuinte achou por bem desistir de referido litígio judicial, tendo assim feito conforme é possível observar do documento anexo de petição protocolada junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em 10 de agosto de 2011." Ocorre que não foi assim que entendeu a DRF. Diante da inexistência de recurso e da adoção de medida diversa, a DRF admitiu que a contribuinte havia aberto mão do direito de recorrer e formulado outro pedido, tendo enfatizando esta linha de raciocínio no despacho decisório. Outro elemento relevante com relação ao contribuinte é a existência de ação judicial questionando a possibilidade do ressarcimento dos créditos presumidos da agroindústria com base na lei 10.925/2004. Após ter o seu pedido de ressarcimento e compensação de créditos presumidos da agroindústria previstos nos artigos 8 e 15 da Lei 10.925/2004 indeferido, o contribuinte impetrou mandado de segurança procurando rever os despachos em questão bem como afastar de uma maneira geral o ADI SRF 15/2005 para atingir os demais períodos. A ação mandamental recebeu o número 2006.61.13.0002504 (folhas 172 a 195) e em primeira instância a segurança foi denegada (folhas 196 a 204). Oportuno indicar que o contribuinte também tentara anteriormente ação declaratória com pedido de antecipação de tutela, que recebeu o n° 2005.61.02.0130763, com objeto muito similar. O contribuinte solicitou a desistência desta ação após ter a tutela antecipada negada Desta forma, não havia outra possibilidade senão não conhecer da petição de ressarcimento, por existência de ação judicial em andamento que pode interferir no valor a ser ressarcido, em paralelo com o disposto no A DN Cosit 03/96. Ocorre que houve desistência do pleito judicial, desaparecendo o óbice anteriormente relatado, o que viabilizou a apresentação de novo pedido de ressarcimento constate às fls. 217 a 219. Conhecendo o pedido formulado em 23.08.2011 como um novo pedido, desta vez sem o óbice da concomitância, a DRF o deferiu parcialmente. Irresignada, a Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade em 08.05.2012 (efls. 128 e seguintes), no bojo da qual requereu o direito ao crédito de 60% como lhe foi deferido, requerendo, por fim, a homologação dos pedidos de compensações. Fl. 302DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 9 8 Contudo, ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a DRJ Rio de Janeiro entendeu que em razão da Contribuinte não haver recorrido da decisão que não conheceu do seu requerimento por concomitância, o pedido formulado em 23.08.2011, após a desistência da ação judicial, tratavase de um pedido novo. Assim, posteriormente à edição da Lei nº 12.058/2009, em 04/11/2009 (fls. 11 a 13), o contribuinte apresentou um segundo requerimento, pleiteando o ressarcimento do valor de R$ 1.088.939,06, considerando a alteração legislativa que lhe permitia, agora, tal faculdade. Tal requerimento foi tomado, corretamente, como novo pedido pela unidade local, sendo objeto da decisão de fls. 91 a 96, emitida em 24/09/2010, que não conheceu do pedido, em razão da existência de ação judicial com o mesmo objeto. Esta decisão não foi objeto de manifestação de inconformidade pelo requerente, caracterizandose, portanto, como definitiva no âmbito administrativo, uma vez que o requerimento foi analisado pela autoridade competente, e que a correspondente decisão não foi contestada pelo sujeito passivo, por meio dos recursos previstos na legislação. Em 28/08/2011 a empresa apresentou um terceiro requerimento (fls. 102 a 104), no qual novamente solicita o ressarcimento do valor de R$ 1.088.939,06, informando que havia desistido do pleito judicial, não permanecendo, portanto, o óbice que havia fundamentado a negativa anterior da Administração. Em resposta, foi proferido pela unidade local o despacho decisório de fl. 126 em 09/04/2012, reconhecendo parcialmente o crédito pleiteado. Contra tal decisão o contribuinte interpôs a manifestação de inconformidade de fls. 128 a 146, objeto do presente julgamento. (...) Assim, como já dito, vêse que a presente análise se restringe ao pedido de ressarcimento formulado pelo contribuinte em 28/08/2011, devidamente contestado pela empresa por meio da manifestação de inconformidade submetida a este Colegiado.(e fls. 184185) Partindo do paradigma de que o pedido em exame foi formulado em 28.08.2011, a DRJ entendeu que tal direito estaria alcançado pela decadência. No presente caso, tendo sido o pedido de ressarcimento em análise formulado em 28/08/2011, somente poderia ser reconhecido o crédito apurado até ago/2006. Em decorrência, encontramse alcançados pela decadência os períodos objeto do presente pedido, outubro, novembro e dezembro de 2004. Finalmente, após a análise, assim restou lavrada a ementa do Acórdão 12 64.020. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 10 9 PIS NÃO CUMULATIVO CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO PRAZO DECADENCIAL O prazo decadencial para aproveitamento de crédito presumido do PIS não cumulativo para fins de ressarcimento/compensação é de cinco anos, a contar da data do ato ou fato que originou o direito creditório. PIS NÃO CUMULATIVO CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO PEDIDO JÁ JULGADO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO Não cabe nova apreciação de pedido de ressarcimento já definitivamente julgado nas instâncias administrativas. Agora, no presente Recurso Voluntário a Recorrente sustenta a tese de que não havia concomitância entre o Mandado de Segurança e os créditos. Alega que o direito ao ressarcimento foi realizado com base na Lei n. 12.058/2009 e a causa de pedir do Mandado de Segurança era fundamentado na Lei 10.925/2004. Sustenta ainda que a própria decisão judicial fez menção à inocorrência de similitude de matérias. Efetivamente, ao tomar ciência da decisão que declarou a concomitância entre as medidas judiciais e a Recorrente não manejou qualquer recurso com o objetivo de reformála, onde poderia formular todos estes argumentos. Em seu Recurso Voluntário a Recorrente afirma que a DRF havia admitido a sua petição de desistência da ação judicial como uma superação de óbice e dado continuidade à análise do processo formulado em 2009. Contudo, a DRF, ao deferir parcilamente o direito de compensação ressaltou expressamente que recebeu a petição de desistência do Mandado de Segurança em agosto de 2011 como um novo pedido de utilização do crédito, agora sem o óbice da concomitância, decisão esta que não foi objeto de qualquer recurso. "Ocorre que houve desistência do pleito judicial, desaparecendo o óbice anteriormente relatado, o que viabilizou a apresentação de novo pedido de ressarcimento (...)/' Efetivamente, neste grau recursal não é possível analisar se a matéria do Mandado de Segurança era ou não concomitante com a matéria discutida no Processo Administrativo, se influenciaria a decisão, ou se tratavam de assuntos distintos e independentes, uma vez que a decisão que declarou a concomitância não foi questionada. Assim, o Recurso Voluntário sob análise circunscrevese à seguinte discussão: Se o pedido formulado após a desistência do Mandado de Segurança, era um "pedido novo" como admite a DRJ, ou se era uma "continuação" do pedido que foi realizado em 04.11.2009, agora sem o impedimento da Concomitância. No caso concreto, admito que assiste razão à DRJ ao entender que a decisão que declarou a concomitância tornouse definitiva por ausência de manifestação de Fl. 304DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 11 10 inconformidade que atacasse o mérito do que foi decidido, no caso a dita concomitância entre o que foi requerido em esfera administrativa e em esfera judicial. A concomitância entre o processo administrativo e ação judicial é fator que impede a continuidade da tramitação do requerimento administrativo, entendimento esposado na Sumula CARF n. 01, que por força da Portaria MF n. 277/2018, possui efeito vinculante em todos os órgão da Receita Federal do Brasil. Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Por esta razão a DRF entendeu que após a formulação do pedido de desistência da ação judicial a contribuinte estaria livre para reformular o pedido perante a Administração Pública, e que agora não era mais concomitante. Este raciocínio foi seguido pela DRJ quando do julgamento da Manifestação de Inconformidade. Contudo, pela leitura do Parecer Cosit n. 07, de 22 de agosto de 2014 é possível extrair o entendimento de que nem mesmo a desistência da Ação Judicial seria suficiente para encerrar a concomitância, verbis. É irrelevante que o processo judicial tenha sido extinto sem resolução de mérito, na forma do art. 267 do CPC, pois a renúncia às instâncias administrativas, em decorrência da opção pela via judicial, é insuscetível de retratação. A definitividade da renúncia às instâncias administrativas independe de o recurso administrativo ter sido interposto antes ou após o ajuizamento da ação. Segundo este entendimento, perfeitamente válido, nem mesmo após o pedido de desistência da ação judicial poderia ser formulado o mesmo requerimento na instância administrativa. Ocorre que o pedido formulado após a desistência do Mandado de Segurança não se confunde com o que foi nele requerido, eis que impetrado quando ainda não havia lei expressa que autorizasse o exercício do direito pleiteado no writ. Contudo, não há como esquivarse do fato de que não houve recurso da decisão que declarou a concomitância, razão pela qual tornouse imutável na instância administrativa. Por este motivo admitese que assiste razão à DRF quando reconheceu a petição de 28.08.2011 como um novo pedido, eis que o anterior foi negado e não recorrido. Da mesma forma entendese que assiste razão à DRJ quando, ao cotejar as datas nas quais foram formulados os requerimentos, declarou a decadência do direito pleiteado. Assim, por estes motivos, voto no sentido de conhecer do Recurso Administrativo mas negarlhe provimento por entender correta a decisão que reconheceu a decadência dos créditos objeto do presente recurso. Fl. 305DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 12 11 Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Fl. 306DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 13 12 Voto Vencedor Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator designado. A maioria do Colegiado afastou a decadência de o sujeito passivo requerer o ressarcimento de crédito presumido apurado na forma do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, relativo aos bens classificados nos códigos 01.02, 2.01, 02.02, 02.06.10.00, 02.06.20, 02.06.21 e 02.06.29 da NCM. Não se discutiu o cânone legal que regia o prazo decadencial dos créditos pleiteados. A questão se restringiu na definição do instrumento legal que caracterizou o pedido de ressarcimento do crédito presumido. Para o relator original, o documento apresentado em 23/11/2011 seria um novo pedido de ressarcimento. Partindo dessa premissa, os créditos pleiteados estariam fulminados pela decadência, conforme demonstrado no voto vencido. Acontece que o Colegiado entendeu de forma diferente. Para a Turma Julgadora a petição protocolada em 23/08/2011 não passou de mera informação sobre os créditos pleiteados na petição protocolada em 04/11/2009. Sendo este o pedido de ressarcimento que deve ser usado para contagem do prazo decadencial. A questão é meramente fática, de forma que seu deslinde terá obrigatoriamente que passar pelos documentos que a lastreiam. O sujeito passivo apresentou pedido de ressarcimento de créditos das contribuições vinculados à receita de exportação relativo ao 1º trimestre de 2006. Seu pedido fora parcialmente deferido, uma vez que montante do crédito pleiteado não era ressarcível, pois teria sido apurado nos moldes dos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004. Em 04/11/2009, o sujeito passivo atravessa petição solicitando o ressarcimento do valor correspondente a parte que foram indeferido sob o fundamento da edição da Lei nº 12.058/2009, que estabeleceu novas regras para o setor frigorífico, trazendo a possibilidade de compensação ou ressarcimento a tais créditos. Segue trecho da petição: "A Requerente ingressou com Pedido de Ressarcimento de créditos de Contribuição a COFINS, vinculados à receita de exportação, (...) Todavia, a fiscalização houve por bem reconhecer apenas parte dos créditos pleiteados pela Requerente (...) não passível de Ressarcimento nas formas dos artigo 8º e 15 da Lei 10.925/2004. Com a edição da lei 12.058 de 13 de outubro de 2009 a qual estabelece novas regras para o setor frigorífico, sendo que no artigo 36 trata que o crédito presumido apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925 de 23 de julho de 2004 advindo de pessoa física e não deduzido nas saídas do mercado interno Fl. 307DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 14 13 como determinava o Ato Declaratório n. 15 de 10 de dezembro de 2005, poderá ser compensados ou ressarcidos. (...) Referido valor (...) não foi ressarcido ou autorizado a compensação com débitos da própria Receita Federal, conforme INFORMAÇÃO FISCAL, datada de 30 de abril de 2009 nas folha de n. 124. Portanto, solicitamos o seu ressarcimento ou autorização para compensação com débitos administrado pela Receita Federal. DO PEDIDO Diante do exposto, solicitamos o seu ressarcimento ou autorização para compensação com débitos administrado pela Receita Federal do valor referente ao credito da Agroindústria no valor de R$ 2.907.136,91".(...) Em 23/08/2011, o contribuinte apresenta requerimento informando a desistência de ação judicial que poderia impedir o ressarcimento pleiteado na petição apresentada no dia 04/11/2009, que abaixo reproduzo: "Requerente ingressou em 04/11/2009 com Pedido de Ressarcimento dos saldos de créditos de Contribuição para a COFINS, vinculados à receita de exportação, (...) Em 05/05/2010 a fiscalização desta Delegacia fez por bem separar os créditos apurados no referido (...) haja vista a entrada e vigor da Lei 12.058/2009. Referida Lei autorizou o ressarcimento dos saldos de créditos apurados ainda na forma da Lei n° 10.925/2004, conforme pode ser observado do caput do artigo 36 e incisos ss., que dispõe: (...) Ocorre que o despacho decisório (...) reconheceu a previsão legal de ressarcimento/compensação dos citados créditos, porém, indeferido seu pagamento imediato sob os fundamento da existência de ação judicial (...) envolvendo referidos créditos. De forma a afastar esse impedimento, esta Contribuinte achou por bem desistir de referido litígio judicial, tendo assim feito conforme é possível observar do documento anexo de petição protocolada junto ao Tribunal Regional Federal da 3° Região, em 10 de agosto de 2.011. (...) Do Pedido. Diante do exposto e por acreditar na inexistência de qualquer impedimento legal, REQUER seja deferido o ressarcimento e/ou compensação os saldos apurados na forma da Lei n° 10.925/2004 e autorizado pela Lei 12.058/2009 (...)". Fl. 308DF CARF MF Processo nº 13855.003323/201026 Acórdão n.º 3302006.059 S3C3T2 Fl. 15 14 Pela análise das petições, na minha visão, resta evidente que o documento protocolado em 23/08/2011 tem natureza meramente informativa, pois visou informar a desistência de um possível impedimento uma ação judicial ao pedido de ressarcimento apresentado em 04/11/2009. Definido o documento apresentado em 04/11/2009 como o pedido de ressarcimento, e tendo em vista que o crédito pleiteado se refere aos períodos de apuração compreendidos entre 01/04/2005 e 30/06/2005, entendo que não houve a decadência de o sujeito passivo solicitar seu direito, nos termos do art. 1º do Decreto nº 20.910/32. Conforme já mencionado no recurso voluntário, a Delegacia de Julgamento não enfrentou as outras questões suscitadas na manifestação de inconformidade em virtude da prejudicial de decadência. Diante deste fato, é importante ressaltar que este Colegiado cingise a enfrentar a matéria controversa. Em consequência, as demais questões relativas ao processo, aqui não examinadas, devem ser objeto de análise pela DRJ a fim de ser prolatada nova decisão observandose este julgado. Ademais não se pode perder de perspectiva que a apreciação completa do caso por este Colegiado, neste momento, provocaria a supressão de instância administrativa e, por aí, abalaria o amplo direito de defesa do contribuinte que tem a prerrogativa de exercêlo em todas as instâncias cabíveis, sem qualquer indevida supressão. Como o amplo direito de defesa deve ser obviamente preservado, devem ser preservadas todas as instâncias previstas. Por todos os fundamentos expostos, VOTO no sentido dar provimento parcial ao recurso voluntário para reformar o acórdão vergastado no sentido de afastar a decadência do direito ao ressarcimento dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, e determinar que a DRJ examine as demais questões pertinentes ao caso, não integrantes da matéria controversa decidida no presente julgamento. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 309DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.900890/2009-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.661
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 13851.900891/2009-73, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Flávio Machado Vilhena Dias, Gustavo Guimarães da Fonseca, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Maria Lúcia Miceli, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 13851.900891/200973, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Flávio Machado Vilhena Dias, Gustavo Guimarães da Fonseca, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Maria Lúcia Miceli, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 51 .9 00 89 0/ 20 09 -2 9 Fl. 70DF CARF MF Processo nº 13851.900890/200929 Resolução nº 1302000.661 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório A Empresa apresentou PER/DCOMP pretendendo compensar débitos de sua responsabilidade com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de pagamento de estimativa mensal. Em Despacho Decisório Eletrônico, não foi reconhecido qualquer direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, nãohomologada a compensação declarada no presente processo, ao fundamento de que não foi confirmada a existência do crédito informado "por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao .final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período", forte no artigo 10 da IN 600/2005. Inconformada, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, acompanhada dos documentos, na qual alega, em síntese, que: a) o despacho decisório não homologou a PER/Dcomp sob alegação da improcedência do crédito por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real; b) houve equivoco quanto à interpretação do artigo 10 da IN n° 600/2005; c) o despacho decisório sustenta que a impugnante violou o artigo 10 da IN n° 600/2005; d) a impugnante, por sua vez, informa que não apurou saldo negativo de CSLL no anocalendário correspondente, nem utilizou o valor do indébito na apuração do referido saldo negativo; e) discorre sobre o direito à compensação. salientando que a compensação, objeto dos autos, foi efetuada mediante pedido eletrônico (PER/Dcomp) e elaborada atendendo todos parâmetros estabelecidos pela legislação; f) o artigo 10 da IN n° 600/2005 viola o principio da legalidade tributária, não podendo a contribuinte ser prejudicada por norma que não tem força de lei, mas sim caráter acessório a ela; g) vedar a compensação dos créditos relativos a pagamento indevido ou a maior de IRPJ/CSLL no decorrer do anocalendário afeta nitidamente o direito do contribuinte na utilização de seu direito; h) se a lei que disciplina referido procedimento não restringe a compensação não há que se falar em improcedência do crédito; i) cita ementas de decisões administrativas; j) Instrução Normativa é ato administrativo realizado nos limites do Poder Regulamentar conferido á Administração Pública; k) o artigo 10 da IN n° 600/2005 não vincula o particular sendo incapaz de gerarlhe obrigação; 1) o valor do crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de CSLL é legitimo e de pleno direito da impugnante, estando de pleno acordo com as diretrizes trazidas pela lei. Ao final, requer a homologação da compensação pretendida, declarando extinto o crédito tributário. A 5ª Turma da DRJ de Ribeirão Preto, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, decisão assim ementada: ASSUNTO: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Fl. 71DF CARF MF Processo nº 13851.900890/200929 Resolução nº 1302000.661 S1C3T2 Fl. 4 3 CSLL. ANTECIPAÇÕES DO TRIBUTO DEVIDO NO FINAL DO ANOCALENDÁRIO. COMPENSAÇÃO. Os recolhimentos mensais de CSLL, quer calculados sobre a receita bruta auferida nesses períodos, quer a partir de balanços ou balancetes de suspensão ou redução, as denominadas estimativas, não caracterizam pagamentos do tributo a ser apurado com o balanço patrimonial levantado no final do anocalendário, mas sim meras antecipações. A feição de pagamento, modalidade extintiva da obrigação tributária, só se exterioriza em 31 de dezembro, pois ai ocorrente o fato gerador do imposto de renda da pessoa jurídica optante pelo regime de tributação anual. Do confronto entre o montante antecipado ao longo do anocalendário e o quantum do imposto apurado em 31 de dezembro poderá resultar saldo de contribuição a pagar ou saldo negativo de CSLL, este último, pagamento a maior que o devido, é passível de restituição ou compensação, sobre o qual serão acrescidos de juros à taxa Selic contados a partir de 1° de janeiro subseqüente. COMPENSAÇÃO TRIBUTARIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto A Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Não satisfeita a Empresa apresentou Recurso Voluntário reprisando os argumentos do recurso anterior. Vieram os autos por sorteio. É o relatório. Fl. 72DF CARF MF Processo nº 13851.900890/200929 Resolução nº 1302000.661 S1C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1302000.660, de 18/10/2018, proferida no julgamento do Processo nº 13851.900891/200973, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1302000.660): "O recurso é tempestivo. A representação é regular. Conheço do recurso. Estamos tratando de proibição de compensação de pagamento a maior ou indevido de estimativa mensal, cuja previsão estava no artigo 10 da Instrução Normativa nº 600, de 2005. Temos a incidência direta da súmula CARF nº 84, cujo teor transcrevo: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Sendo de aplicação forçada pelos Conselheiros deste Conselho, por força do artigo 45 § 6º do Anexo II do RICARF, a proibição constante da referida IN não oferece óbice à compensação pleiteada. Todavia, ante a situação criada, em que o direito creditório não sofreu nenhuma análise, sendo sumariamente negado o direito por força de previsão normativa, e pelo fato desta Turma não ter condições de proceder a esta análise, entendo que o julgamento deve ser convertido em diligência para: a) que seja procedida a análise do direito creditório, com o afastamento da proibição constante do artigo 10 da IN nº 600/2005; b) seja dada ciência da decisão ao Recorrente, para manifestação; c) passado o prazo de 30 dias, com ou sem a manifestação do interessado, retornem os autos para julgamento. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 73DF CARF MF
score : 1.0
