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Numero do processo: 13851.904389/2011-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 31 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.541
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1574; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 152 1 151 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13851.904389/201156 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.541 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 28 de novembro de 2018 Assunto LEI N.º 9.718/98. ICMS BASE DE CÁLCULO PIS/COFINS. Recorrente CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Tratase de Pedido de Restituição de crédito de contribuição indeferido por despacho decisório eletrônico, vez que o valor do DARF teria sido utilizado integralmente para quitar débitos próprios. Inconformada, a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pelo Acórdão da DRJ nº 14045326. Intimada desta decisão a empresa apresentou o Recurso Voluntário ora em apreço, tempestivamente, alegando, em síntese: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 51 .9 04 38 9/ 20 11 -5 6 Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13851.904389/201156 Resolução nº 3402001.541 S3C4T2 Fl. 153 2 (i) a ausência de retificação da DCTF não prejudica a validade do crédito do contribuinte, respaldado na indevida extensão do conceito de receita bruta da Lei n.º 9.718/98 e na não incidência do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS; (ii) que as provas anexadas na Manifestação de Inconformidade seriam suficientes para respaldar o crédito pleiteado, sendo descabida a afirmação da r. decisão recorrida no sentido de que a produção de provas estaria preclusa. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho para julgamento. É o relatório. Resolução Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido n Resolução 3402001.537, de 28 de novembro de 2018, proferido no julgamento do processo 13851.902716/201216, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402001.537): "O Recurso Voluntário é tempestivo e merece ser conhecido. Contudo, o processo não se encontra suficientemente instruído para julgamento, razão pela qual proponho sua conversão em diligência nos termos a seguir. Em sua defesa, a Recorrente indica que os créditos seriam referentes à extensão inconstitucional da base de cálculo da COFINS Cumulativa pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/98 e a não inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS, especificamente quanto ao período de apuração de 04/2003. Observese a Recorrente acostou aos autos memória de cálculo do crédito, identificando as contas contábeis nas quais respalda o seu crédito. Contudo, esses documentos não foram apreciados pela r. decisão recorrida sob o argumento de que teriam apenas valor indicativo: "Em relação aos elementos de prova, somente se constituem em excertos de livros contábeis ou fiscais se demonstrada a observância das formalidades (termos e abertura e encerramento, e, no caso de Livro Diário, autenticação), previstas no art. 5º, § 2º, do Decreto Lei nº 486, de 1969, e no art. 6º do Decreto nº 64.567, de 1969, a seguir transcritos: (...) Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13851.904389/201156 Resolução nº 3402001.541 S3C4T2 Fl. 154 3 No caso dos documentos juntados aos autos pela interessada, constatase que não cumprem tais formalidades. Em suma, os documentos apresentados, embora relevantes, possuem valor apenas indicativo, e mostramse insuficientes à adequada instrução probatória dos autos, nos dos artigos acima transcritos. Além disso, a interessada não fez juntar aos autos registros contábeis e respectivos documentos fiscais capazes de demonstrar a origem e forma de aproveitamento do suposto crédito, e evidenciar recolhimento indevido ou a maior resultante do confronto entre pagamentos alocados e/ou compensações realizadas naquele PA, e o débito apurado, resultante da aplicação da alíquota da contribuição sobre a base de cálculo efetivamente apurada na contabilidade, nos termos do artigo 9º, § 1º, do DecretoLei nº 1.598, de 1977, acima transcrito." (efl. 111) Assim, os documentos apresentados pelo contribuinte para respaldar seu crédito não foram analisados pela fiscalização. Visando sanar a questão meramente formal apontada pela r. decisão, o contribuinte acostou aos autos, no Recurso Voluntário, os termos de abertura e encerramento do livro razão. Cumpre mencionar que o presente processo envolve duas teses distintas. Primeiro, quanto à extensão do conceito de receita da Lei n.º 9.718/98. Neste ponto, devidamente indicou a r. decisão recorrida, com base nos julgamento do Supremo Tribunal Federal, que "externe de dúvida que, na base de cálculo da contribuição para o PIS e a COFINS, somente deveriam ter sido considerados pela requerente os valores correspondentes ao seu faturamento, isto é, os ingressos que correspondem às suas receitas das vendas de mercadorias e da prestação de serviços." Além disso, discutese ainda a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. E é do conhecimento deste colegiado que o Supremo Tribunal Federal julgou esta tese no Recurso Extraordinário n.º 574.706, em sede de repercussão geral, no sentido de que "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins": "EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Inviável a apuração do ICMS tomandose cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adotase o sistema de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês, considerandose o total de créditos decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise contábil ou escritural do ICMS. 2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade Fl. 88DF CARF MF Processo nº 13851.904389/201156 Resolução nº 3402001.541 S3C4T2 Fl. 155 4 aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da Constituição da República, cumprindose o princípio da não cumulatividade a cada operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS." (RE 574706, Relatora Ministra Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, Acórdão eletrônico DJe223 Divulgado 29/09/2017 publicado 02/10/2017 grifei) Uma vez que o contribuinte trouxe documentos que sugerem a existência do crédito, segregando na memória de cálculo os valores relacionados às duas teses, entendo pela necessidade da conversão do processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem elabore relatório fiscal avaliando a validade da memória de cálculo do crédito apresentada pelo contribuinte, identificando: (i) se as parcelas relacionadas como "OUTRAS RECEITAS" não se enquadram no conceito de faturamento aceito pelo Supremo Tribunal Federal (receita da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos); e (ii) a sistemática adotada para o cálculo do ICMS excluído da base de cálculo da COFINS à luz do entendimento firmado no julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706/PR, pelo Supremo Tribunal Federal. Diante dessas considerações, à luz do art. 29 do Decreto n.º 70.235/721, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem (Delegacia da Receita Federal do Brasil em Araraquara/SP): (i) intime a Recorrente a apresentar cópia dos documentos fiscais e contábeis entendidos como necessários para que a fiscalização possa confirmar a composição da base de cálculo da COFINS Cumulativa do período (notas fiscais emitidas, as escritas contábil e fiscal e outros documentos que considerar pertinentes); (ii) elaborar relatório fiscal considerando os documentos e informações apresentados: (ii.1) com a discriminação dos montantes totais tributados e, em separado, os valores de outras receitas tributadas com base no 1 "Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13851.904389/201156 Resolução nº 3402001.541 S3C4T2 Fl. 156 5 alargamento promovido pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, com fulcro no conceito de faturamento aceito pelo Supremo Tribunal Federal (receita da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos), de modo a se apurar os valores devidos, com e sem o alargamento, e confrontálos com o recolhido; (ii.2) identificar qual a sistemática adotada pelo contribuinte para excluir o ICMS da base de cálculo da COFINS, avaliando o valor de crédito do tributo passível de ser reconhecido ao contribuinte caso se adote o entendimento majoritário firmado no julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706/PR, pelo Supremo Tribunal Federal. Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o presente processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem (Delegacia da Receita Federal do Brasil em Araraquara/SP): (i) intime a Recorrente a apresentar cópia dos documentos fiscais e contábeis entendidos como necessários para que a fiscalização possa confirmar a composição da base de cálculo do PIS Cumulativa do período (notas fiscais emitidas, as escritas contábil e fiscal e outros documentos que considerar pertinentes); (ii) elaborar relatório fiscal considerando os documentos e informações apresentados: (ii.1) com a discriminação dos montantes totais tributados e, em separado, os valores de outras receitas tributadas com base no alargamento promovido pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, com fulcro no conceito de faturamento aceito pelo Supremo Tribunal Federal (receita da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambos), de modo a se apurar os valores devidos, com e sem o alargamento, e confrontálos com o recolhido; (ii.2) identificar qual a sistemática adotada pelo contribuinte para excluir o ICMS da base de cálculo do PIS, avaliando o valor de crédito do tributo passível de ser reconhecido ao contribuinte caso se adote o entendimento majoritário firmado no julgamento Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13851.904389/201156 Resolução nº 3402001.541 S3C4T2 Fl. 157 6 do Recurso Extraordinário nº 574.706/PR, pelo Supremo Tribunal Federal. Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar a Recorrente do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 91DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.006329/2010-99
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2011
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRAZO LEGAL. RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de recurso apresentado fora do prazo legalmente estipulado, sem justificativa válida. Recurso Não Conhecido.
Numero da decisão: 1001-000.860
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2011 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRAZO LEGAL. RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de recurso apresentado fora do prazo legalmente estipulado, sem justificativa válida. Recurso Não Conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
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PRAZO LEGAL. RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência o prazo para apresentação de Recurso Voluntário. Não podendo se conhecer de recurso apresentado fora do prazo legalmente estipulado, sem justificativa válida. Recurso Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 63 29 /2 01 0- 99 Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10283.006329/201099 Acórdão n.º 1001000.860 S1C0T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente) Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 40 a 84) interposto contra o Acórdão nº 0122.258, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA (fls. 17 a 22), que, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2011 SIMPLES NACIONAL. DÉBITO. REGULARIZAÇÃO. Se os débitos motivadores da exclusão do contribuinte da sistemática do Simples Nacional não foram pagos e nem se encontram com sua exgibilidade suspensa, devese manter a exclusão. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: " Tratase de manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte acima identificada contra o Ato Declaratório Executivo DRF/MNS nº 416473 de 01/09/2010, às fls. 03, com produção de efeitos a partir de 01/01/2011, nos termos do art. 31, IV da Lei Complementar nº 123/2006. Comunicada do referido ADE em 23/09/2010, conforme Aviso de Recebimento, às fls. 15, a contribuinte apresentou manifestação de Inconformidade em 15/10/2010, às fls. 01, alegando, em síntese: que fez solicitação para ingresso no Simples Nacional em julho de 2007, porém o pedido foi vedado pelo fato da empresa possuir débitos junto à Fazenda Municipal, conforme inciso V do art. 17 da Lei nº 123/2006. desde então, a empresa passou a recolher seus impostos na forma de tributação presumido, porém em meados do ano 2008 foi constatado que a empresa foi incluída no Simples Nacional com data retroativa à 01/07/2007. entrou com pedido de restituição dos valores pagos indevidos, já que a legislação não permitia fazer uma declaração de compensação com os débitos oriundos do simples nacional e o pedido está sendo analisado e posteriormente compensado tais valores em cobrança." Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10283.006329/201099 Acórdão n.º 1001000.860 S1C0T1 Fl. 4 3 O Contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância na data de 19/05/2016, conforme declarou no AR de fls. 37. Somente em data de 21/06/2016 (conforme carimbo de protocolo) protocolou o presente Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues Conforme se abstrai do relatório, a ora Recorrente apresentou o presente Recurso Voluntário 01 dia após o termo final do prazo de 30 dias legalmente estabelecido pelo art. 33 do Decreto 70.235/72. Desta forma, não tendo a Recorrente apresentado qualquer argumento que justifique este atraso, não resta outra possibilidade que não reconhecimento da intempestividade do recurso. Diante disto, VOTO pelo NÃO CONHECIMENTO do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 90DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.722020/2017-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2012
USUFRUTO. LUCROS/DIVIDENDOS. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. TRIBUTAÇÃO. INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. DEDUTIBILIDADE DOS VALORES PAGOS
No caso dos rendimentos pagos ou creditados a título de lucros/dividendos e de juros sobre capital próprio, o legislador tributário deixou de atribuir ao instituto do usufruto efeitos tributários específicos, o que implica remeter o intérprete aos efeitos típicos decorrentes do direito privado. São, portanto, dedutíveis os valores pagos a usufrutuários de ações a título de Juros sobre Capital Próprio (JCP)
Numero da decisão: 1402-003.581
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Marco Rogério Borges, Evandro Correa Dias e Paulo Mateus Ciccone, que negavam provimento. A Conselheira Edeli Pereira Bessa manifestou interesse em apresentar declaração de voto.
(Assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Junia Roberta Gouveia Sampaio- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mateus Ciccone (Presidente)
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2012 USUFRUTO. LUCROS/DIVIDENDOS. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. TRIBUTAÇÃO. INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. DEDUTIBILIDADE DOS VALORES PAGOS No caso dos rendimentos pagos ou creditados a título de lucros/dividendos e de juros sobre capital próprio, o legislador tributário deixou de atribuir ao instituto do usufruto efeitos tributários específicos, o que implica remeter o intérprete aos efeitos típicos decorrentes do direito privado. São, portanto, dedutíveis os valores pagos a usufrutuários de ações a título de Juros sobre Capital Próprio (JCP) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Marco Rogério Borges, Evandro Correa Dias e Paulo Mateus Ciccone, que negavam provimento. A Conselheira Edeli Pereira Bessa manifestou interesse em apresentar declaração de voto. (Assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente. (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 20 20 /2 01 7- 08 Fl. 1165DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.166 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogerio Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Paulo Mateus Ciccone (Presidente) Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado em face do ora Recorrente, BANCO BTG PACTUAL S.A., no qual a fiscalização alega que, no ano calendário de 2012, o contribuinte, ao apurar o lucro real, não poderia deduzir os valores pagos a Fundos de Investimento em Participação (FIP) à título de Juros sobre Capital Próprio (JCP), uma vez que estes fundos não seriam os titulares das participações societárias sobre as quais foram pagos os JCP, mas apenas usufrutuários, sendo o nuproprietário o BTG PACTUAL HOLDING. . Dessa forma, foi reputada indedutível, pela autoridade autuante, a despesa a título de JCP para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, por se tratar de pagamento feito a usufrutuários, o que iria de encontro ao disposto no art. 9º da Lei 9.249/1995, conforme se verifica pelo trecho abaixo transcrito: Um ponto nevrálgico é saber a quem devem ser pagos ou creditados os juros sobre o capital próprio a fim de que a fonte pagadora possa aproveitarse do benefício consistente em deduzir tais valores das bases impositivas do IRPJ e da CSLL. A resposta está na própria Lei 9.249/1995, que outorga a vantagem: o destinatário do pagamento deve ser o “titular, sócios ou acionistas” (art. 9º). No caso dos autos, o pagamento deve ser feito aos acionistas, pois o contribuinte, devedor dos juros, é uma sociedade por ações. Não obstante, conforme desenvolvido no item III, acima, parte dos valores foi paga a usufrutuários. Ainda assim a fonte pagadora poderia aproveitar se da dedutibilidade fiscal? Prosseguindo, a partir dos julgados ora colacionados, percebe se que se consolida no Carf a posição segundo a qual o usufrutuário tem legitimidade para figurar como beneficiário dos juros sobre o capital próprio, descabendo, por conseguinte, acusar o nuproprietário de omissão de receita ou desconsiderar a tributação exclusiva do usufrutuário pessoa natural. Não obstante, o pagamento ou crédito dos juros sobre o capital próprio à pessoa diferente daquela que detém a participação acionária direta na investida, na condição de proprietário pleno ou mesmo de possuidor da nuapropriedade dos ativos, afasta o benefício da dedução fiscal, garantido na cabeça do art. 9º da Lei 9.249/1995. Vejase que há uma enorme distância entre a possibilidade de a empresa investida aproveitarse da benesse Fl. 1166DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.167 3 fiscal e o acatamento das escolhas privadas por meio do usufruto, pois, conquanto esteja no âmbito da sacrossanta esfera privada a possibilidade de cessão de direitos econômicos sobre os frutos de ações, – e por isso mesmo não se possa acoimar de invalidade a transferência dos juros sobre o capital próprio em favor do usufrutuário –, é incabível à fonte pagadora aproveitarse da dedutibilidade fiscal dos juros pagos a não titulares. (grifos no original) Cientificado, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 950/977, na qual alegou, resumidamente, o seguinte: a) que cumpriu todos os requisitos em lei para a distribuição dos JCP e que a autoridade autuante não questionou se os valores pagos seriam ou não JCP. Que não obteve qualquer vantagem indevida pelo fato de ter distribuído os JCPs aos FIPs e não originalmente à BTG Holding; b) observados os limites quantitativos e temporais estabelecidos na legislação, deve ser mantida a possibilidade de dedução, pois o pagamento a usufrutuários não teria o condão de modificar a natureza do JCP e, consequentemente, a dedutibilidade seria exatamente a mesma caso os pagamentos tivessem sido efetuados à BTG Holding. c) que os presentes autos discutem uma suposta compensação indevida que já está sendo discutida no Processo Administrativo nº 16682721.723/201719. d) a multa de 75% aplicada sobre a infração não seria razoável, pois a Impugnante cumpriu todos os requisitos legais, devendo, portanto, ser reduzida para um valor “mais justo e adequado à sua conduta”. e) que os juros de mora não podem incidir sobre a multa, conforme o prescrito no Auto de Infração. Em 21 de junho de 2018, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ), negou provimento ao recurso em decisão cuja ementa é a seguinte: (fls. 984) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 INDEDUTIBILIDADE DE VALORES PAGOS A USUFRUTUÁRIOS DE AÇÕES A TÍTULO DE JCP. São indedutíveis os valores pagos a usufrutuários de ações a título de Juros sobre Capital Próprio (JCP). Inteligência do art. 111 do CTN. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2012 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Fl. 1167DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.168 4 O crédito tributário não pago integralmente no vencimento é acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo determinante. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício também se submete à incidência dos juros, em caso de inadimplência. MULTA DE OFÍCIO. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. A multa correspondente ao lançamento de ofício está prevista em lei, não podendo a autoridade administrativa deixar de aplicála nos percentuais legalmente estabelecidos quando os fatos se subsomem à hipótese prevista. Alegações de não observância aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade dizem respeito à constitucionalidade de lei vigente e não podem ser apreciadas na esfera administrativa. Questão não conhecida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2012 INTIMAÇÃO PARA RETIFICAR REGISTROS NO LALUR E NO LACS. INCONFORMIDADE. Carece interesse processual à Impugnante para questionar mera reiteração de intimação, feita no termo circunstanciado, para corrigir seus livros fiscais em razão de autuação feita em outro processo. Questão não conhecida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2012 CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicamse à CSLL as mesmas disposições do IRPJ, no caso de lançamento reflexo. Intimado (fls. 995), o contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 999/1034 no qual reitera as alegações já suscitadas. Em particular, alega que a decisão da DRJ se baseou em fundamento estranho a discussão dos autos, qual seja, o aproveitamento de um suposto benefício fiscal por parte dos FIP´s (usufrutuários das ações) que sequer são partes no presente processo administrativo. É o relatório. Fl. 1168DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.169 5 Voto Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço. 1) DELIMITAÇÃO DA LIDE A discussão sobre a incidência de imposto de renda e usufruto de ações é matéria já conhecida neste conselho, inclusive já decidida por esta turma no julgamento do Acórdão 1402002.445. Nessas diversas decisões, as autuações estavam focadas nos possíveis beneficiários e, portanto, a discussão centravase em lançamentos efetuados aos nú proprietários à título de omissão de receitas quando o JCP tivesse sido pago aos usufrutuários. Como visto pelo relatório, a situação discutida nesses autos é diversa, pois o lançamento foi efetuado na empresa que efetuou o pagamento do JCP por entender a fiscalização que estes só estariam caracterizados se tivessem sido efetuados aos sócios ou acionistas. Essa delimitação é importante, porque a decisão recorrida, utilizou como argumento central para negar provimento à impugnação apresentada pelo contribuinte o fato de que os FIP´s gozam de regime especial de tributação e, sendo assim, poderiam postergar o recolhimento do tributo, conforme se verifica pelo trecho abaixo transcrito: Na verdade, houve, sim, vantagem que, de outra forma, não seria possível. Quando a Impugnante deduziu de seu resultado os valores em questão pagos a título de JCP, era esperado que estes fossem tributados imediatamente na mesma proporção no beneficiário legal (BTG Holding). Tal tributação, contudo, não ocorreu, em virtude de os novos beneficiários eleitos por convenção de usufruto – os FIPs – gozarem de um regime de tributação especial, onde há diferimento para o momento do resgate e menor alíquota efetiva. A tributação dos FIPs pode ser observada nos seguintes dispositivos da IN RFB 1022 de 05 de abril de 2010: Art. 25. Os rendimentos auferidos no resgate de cotas de Fundo de Investimento em Participações (FIP), Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento em Participações (FIF FIP) e Fundo de Investimento em Empresas Emergentes (FIEE), inclusive quando decorrentes da liquidação do fundo, ficam sujeitos ao imposto sobre a renda na fonte à alíquota de 15% (quinze por cento) incidente sobre a diferença positiva entre o valor de resgate e o custo de aquisição das cotas. Fl. 1169DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.170 6 § 1º Os ganhos auferidos na alienação de cotas de fundos de investimento de que trata o caput serão tributados à alíquota de 15% (quinze por cento): I como ganho líquido, quando auferidos: a) por pessoa física em operações realizadas em bolsa; b) por pessoa jurídica em operações realizadas dentro ou fora de bolsa; II de acordo com as regras aplicáveis aos ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, quando auferidos por pessoa física em operações realizadas fora de bolsa. Por meio da figura do usufruto, portanto, a Impugnante acabou por ampliar as hipóteses fáticas de redução com diferimento da tributação tomando globalmente o pagador e o beneficiário do JCP (neste caso, os fundos FIPs, seus parceiros). Quanto a isto, o CTN é claro em relação a impossibilidade, pois o art. 111 prescreve que benefícios fiscais se interpretam literalmente ou, ainda, restritivamente, conforme a sua melhor exegese. Como bem observou o Recorrente, tal fundamento encontrase dissociado da questio iuris discutida nesses autos, pois, como já dito, em momento algum foi questionada a tributação nos beneficiário e sim a possibilidade de dedução das despesas pagas à título de JCP quando essas forem realizadas aos usufrutuários. Dessa forma, para correta solução da lide, entendo imprescindível responder as seguintes questões: a) a realização de pagamento de JCP aos usufrutários descaracteriza a sua natureza jurídica ? b) o pagamento foi feito em obediência às regras do artigo 9º da Lei nº 9.249/95? São essas as questões que analisaremos a seguir 2.1) DA POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DE JCP AOS USUFRUTUÁRIOS DE AÇÕES O Juros sobre o Capital Próprio "JCP’ foi instituído através do Art. 9º da Lei 9249/95, nos seguintes termos: "Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. § 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. Fl. 1170DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.171 7 § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. § 3º O imposto retido na fonte será considerado: I antecipação do devido na declaração de rendimentos, no caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real; II tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o disposto no § 4º; (...). § 6º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o imposto de que trata o § 2º poderá ainda ser compensado com o retido por ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração de capital próprio, a seu titular, sócios ou acionistas. § 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 766) os valores pagos a título de Juros sobre o Capital Próprio JCP foram desconsiderados pela fiscalização porque "o pagamento ou crédito dos juros sobre o capital próprio à pessoa diferente daquela que detém a participação acionária direta na investida, na condição de proprietário pleno ou mesmo de possuidor da nua propriedade dos ativos, afasta o benefício da dedução fiscal, garantido na cabeça do art. 9º da Lei 9.249/1995" Desse forma, a questão essencial a ser respondida é: o pagamento do JCP aos usufrutuários teria o condão de desnaturar a natureza jurídica da despesa? Antes analisar a questão propriamente dita, é importante estabelecer distinção entre a discussão dos autos e a relativa ao pagamento desproporcional de JCP. Isso porque, no julgamento do Acórdão 2202004.588, do qual fui relatora, concluí que o pagamento desproporcional descaracterizava o JCP. Naquela ocasião, reconheci que, embora parte da doutrina admitisse a identidade da natureza jurídica do JCP e dos dividendos, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial nº 1.200.492RS, publicado em 22/02/2016 e submetido à sistemática do artigo 543C do CPC/73, concluiu que os institutos possuem naturezas distintas. Sendo assim, concluí que a referida decisão seria necessariamente aplicável à discussão sobre a distribuição desproporcional do JCP, uma vez que ela tinha como premissa a identidade de natureza jurídica rejeitada pelo STJ no referido julgamento. Conforme previsto no artigo 1007 do Código Civil, a regra é que as distribuição dos lucros seja efetuada na proporção das respectivas quotas, admitindo, todavia, que se faça estipulação em sentido diverso. Vejamos: Fl. 1171DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.172 8 “Art. 1007. Salvo estipulação em contrario, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da media do valor das quotas”(destacamos). Ou seja, a permissão concedida pelo Código Civil tinha como pressuposto a distribuição de lucros de forma distinta da proporção das respectivas quotas. No entanto, a legislação tributária estabeleceu regimes tributários distintos para os dois institutos. Essas distinções foram destacadas no seguinte trecho do voto do Ministro Mauro Campbell: LUCROS OU DIVIDENDOS: JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO: Em relação ao beneficiário: não estão sujeitos ao imposto de renda na fonte pagadora nem integram a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário (art. 10, da Lei n. 9.249∕95). Em relação ao beneficiário: estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte na data do pagamento do crédito ao beneficiário (art. 9º, §2º, da Lei n. 9.249∕95). Em relação à pessoa jurídica que paga: não são dedutíveis do lucro real (base de cálculo do imposto de renda). Em relação à pessoa jurídica que paga: quando pagos são dedutíveis do lucro real (art. 9º, caput, da Lei n. 9.249∕95). Obedecem necessariamente ao disposto no art. 202, da Lei n. 6.404∕76 (dividendo obrigatório). Podem, facultativamente, integrar o valor dos dividendos para efeito de a sociedade obedecer à regra do dividendo obrigatório (art. 202, da Lei n. 6.404∕76).' Têm limite máximo fixado apenas no estatuto social ou, no silêncio deste, o limite dos lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a 197 da Lei n. 6.404∕76. Têm como limite máximo a variação da TJLP (art. 9º, caput, da Lei n. 9.249∕95). Estão condicionados apenas à existência de lucros (arts. 198 e 202, da Lei n. 6.404∕76). Estão condicionados à existência de lucros no dobro do valor dos juros a serem pagos ou creditados (art. 9º, §1º, da Lei n. 9.249∕95). Tal decisão, no entanto, não influencia a discussão travada nesses autos. Isso porque, ao contrário do que ocorre em relação ao pagamento dos dividendos, o legislador não atribuiu ao usufruto efeitos tributários específicos devendo, portanto, serem observados os efeitos típicos decorrentes do direito privado. Nesse sentido, esclarecedor o voto vencedor do Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, no Acórdão nº 1402002.445: A matéria em litígio diz respeito à interpretação da legislação tributária atinente ao pagamento de JCP diretamente ao usufrutuário em decorrência de rendimentos produzidos pelas participações societárias que foram objeto de usufruto. Cumprese então analisar o conteúdo das normas jurídicas que se extrai do art. 9º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Visto sob esse prisma, há de se levar em consideração que o conceito a ser aplicado ao usufruto deve ser extraído a partir do conjunto normativo do direito privado, uma vez que tal instituto é inteiramente regulado pelo Código Civil. Fl. 1172DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.173 9 É importante ressaltar que, se por um lado, é lícito ao legislador conferir efeitos tributários próprios a tal instituto, tal liberdade não é dada ao intérprete. Contudo, no âmbito tributário, o legislador não atribuiu ao instituto do usufruto efeitos tributários específicos. Nesse contexto, mesmo para fins tributários devemse interpretar as operações envolvendo usufruto de acordo com os efeitos típicos decorrentes do direito privado, e, tratandose de usufruto de ações, necessário se faz lançar mão das normas de direito societário. De acordo com o art. 1.228 do Código Civil, o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavêla do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Já os artigos 1.390 a 1.394 do Código Civil tratam do usufruto, o qual, em apertada síntese, pode ser tratado como uma cisão das faculdades inerentes ao direito de propriedade, hipótese em que o direito real de obtenção dos frutos e das utilidades é conferido a outrem. Enquanto o usufrutuário passa a deter a posse direta da coisa (com direito real de uso e gozo do bem), inclusive mediante exploração econômica do bem (direito a rendimentos e acessórios), o nuproprietário permanece com a faculdade de dispor do bem. Para que não pairem dúvidas a respeito da possibilidade de usufruto em caso de ações, a Lei nº 6.404, 15 de dezembro de 1976 Lei das S/A dispõe em diversos artigos sobre tal instituto, a saber: Outros Direitos e Ônus Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que gravarem a ação deverão ser averbados: [...] Voto das Ações Gravadas com Usufruto Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usufruto, se não for regulado no ato de constituição do gravame, somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o proprietário e o usufrutuário. [...] Direito de Preferência Art. 171. Na proporção do número de ações que possuírem, os acionistas terão preferência para a subscrição do aumento de capital. § 5º No usufruto e no fideicomisso, o direito de preferência, quando não exercido pelo acionista até 10 (dez) dias antes do Fl. 1173DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.174 10 vencimento do prazo, poderá sêlo pelo usufrutuário ou fideicomissário. [...] Pagamento de Dividendos Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do dividendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação. [...] Vêse que em total sintonia com o Código Civil, o art. 205 da Lei das S/A é claro ao determinar que os dividendos serão pagos ao usufrutuário da ação. Embora eu não tenha dúvidas de que JCP e dividendos não se confundem, também não o tenho de que o JCP deve ser atribuído ao usufrutuário, e não ao nuproprietário. Partindose do disposto no § 7º desse dispositivo legal, se prevalecer o raciocínio do ilustre Conselheiro Relator de que os JCP devem ser pagos aos acionistas (nuproprietário) e não aos usufrutuários, como seria possível a aplicação do § 7º do art. 9º da Lei nº 9.249/95 que possibilita à pessoa jurídica imputar aos dividendos obrigatórios (art. 202 da Lei das S/A) o valor pago a título de JCP, se esses mesmos dividendos devem ser pagos aos usufrutuários? Se o art. 205 da Lei das S/A determina que o pagamento dos dividendos seja feito ao proprietário da ação (acionista) ou ao usufrutuário da ação e o § 7º do art. 9º da Lei nº 9.249/95 possibilita que os JCP sejam pagos sejam imputados aos dividendos obrigatórios, o que ocorreria se determinada sociedade anônima resolvesse distribuir somente dividendos obrigatórios aos usufrutuários, imputando a esses os valores de JCP? Ora, se o legislador tributário quisesse impossibilitar que o JCP fosse pago ao usufrutuário não teria editado o § 7º do art. 9º da Lei nº 9.249/95, citando, inclusive, o art. 202 da Lei das S/A, inserto no capítulo destinado aos dividendos. A interpretação dada pelo Fisco impossibilitaria que determinada pessoa jurídica pudesse imputar os JCP a dividendos obrigatórios a serem pagos a usufrutuários de suas ações, rasgando o disposto no § 7º do art. 9º da Lei nº 9.249/95. Tal interpretação, portanto, não se mostra adequada. (grifamos) Assim como decidido no voto acima transcrito, entendo que o legislador não impôs limitações ao recebimento pelo usufrutuário de valores a título de juros sobre capital próprio, que, em razão da instituição do usufruto, a ele pertencem. Restritiva, portanto, a interpretação de que a expressão "acionista", tal como inserida no caput do art. 9º da Lei nº 9.249, de 1995, diga respeito somente ao beneficiário que detém a participação acionária direta Fl. 1174DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.175 11 na pessoa jurídica, na condição de proprietário pleno ou mesmo de possuidor da nua propriedade dos ativos, com exclusão dos usufrutuários dos direitos econômicos. A própria fiscalização reconhece que o CARF consolidou o posicionamento quanto a legitimidade do pagamento do JCP aos usufrutários, conforme infere pelo trecho do Termo de Verificação Fiscal abaixo transcrito (fls. 766): Prosseguindo, a partir dos julgados ora colacionados, percebe se que se consolida no Carf a posição segundo a qual o usufrutuário tem legitimidade para figurar como beneficiário dos juros sobre o capital próprio, descabendo, por conseguinte, acusar o nuproprietário de omissão de receita ou desconsiderar a tributação exclusiva do usufrutuário pessoa natural.(grifamos) No entanto, contraditoriamente, concluiu que o pagamento do Juros sobre Capital Próprio só seria dedutível se efetuado ao sócio ou acionista. Ora, como bem questiona a Recorrente, se para tributação dos beneficiários a fiscalização reconhece que o usufrutuário deve ser tratado como acionista para os fins do artigo 9º da Lei 9.249/95, qual a razão de não se considerar que o usufrutuário é também o acionista, quando analisada a dedutibilidade dos mesmos pagamentos? Não é possível cindir a natureza jurídica do JCP para reconhecêla quando se trata dos beneficiários e negar a dedutibilidade da despesas em relação ao pagamento realizado aos usufrutuários. O reconhecimento do usufrutuário como legítimo acionista para fins de pagamento de JCP tem que surtir efeitos em ambos os níveis. Ademais, como bem observa a Recorrente, o pagamento de JCP para o usufrutuário, na perspectiva da empresa pagadora, é irrelevante sob ponto de vista econômico financeiro, e não há qualquer ganho fiscal com a mudança do benefíciário. Tratase da mesma despesa, que cumpriu com as mesmas limitações quantitativas estabelecidas pela legislação em vigor, não podendo, portanto, ser submetida a um tratamento fiscal diferenciado. 2.2) CUMPRIMENTO ÀS REGRAS DO ARTIGO 9º DA LEI Nº 9.249/95 De acordo com artigo 9º da Lei nº 9.249/95 a dedutibilidade de valores pagos de JCP deve estar condicionada à presença dos seguintes elementos: a) deliberação válida autorizando o pagamento dos valores de JCP; b) efetivo pagamento do valor de JCP, ou seu creditamento em subconta de passível exigível e de forma individualizada; c) observância dos limites quantitativos estabelecidos para o pagamento de JCP. Conforme se observa pela sequência de fatos descritos pelo relatório fiscal às fls. 756/760 em momento algum foi apontado o descumprimento dos requisitos acima mencionados. É possível constatar pelo trecho abaixo transcrito que a única razão que motivou a desconsideração da dedutibilidade das despesas foi o fato de que os valores teriam sido pagos aos usufrutuários das ações: Fl. 1175DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.176 12 A sequência de passos permite sumular o seguinte: as ações do BANCO, inicialmente de propriedade de investidores e sócios do GRUPO BTG, posteriormente integralizadas nos FIP BPAC1 e BPAC2, migraram para HLD, sendo que, com relação aos juros sobre o capital próprio pagos pelo BANCO, estes, conforme instrumento particular firmado, seriam repassados aos FIP BPAC1 e BPAC2, que por sua vez repassariam ao FICFIP BPAC3, que sofreriam tributação apenas na realização dos quotistas. Em momento algum a fiscalização questiona se os valores pagos constituíam ou não JCP, ou se os usufrutuários eram ou não os beneficiários reais do JCP. Da mesma forma, não se questiona qualquer dos requisitos quantitativos ou temporais para dedutibilidade dos valores distribuídos. Concluise, portanto, que os procedimentos empregados pelo Recorrente para distribuição de JCP seguiram todos os requisitos previstos em lei. 2.3) DA INTIMAÇÃO PARA CORRIGIR OS REGISTROS NO LALUR E NO LACS Alega o Recorrente que o questionamento quanto à indevida compensação de prejuízos fiscais é matéria estranha ao presente processo, uma vez que já foi abordada no Processo Administrativo nº 16682721.723/201719, no qual houve o lançamento dos valores questionados tendo sido, inclusive, intimado a retificar os registros de prejuízos fiscais e da base negativa de CSLL, suprimindoos do LALUR e LACS. A decisão recorrida entendeu deixou de conhecer das alegações da recorrente por falta de interesse processual, conforme se constata pelo trecho abaixo transcrito: Examinando o TVF e os Autos de Infração, constatei que a infração de compensação indevida de prejuízo fiscal e bases negativas – relacionada à mencionada intimação impugnada – foi, na verdade, autuada em separado, devendo, portanto, ser discutida nos autos do processo de Auto de Infração nº 16682 721.723/201719, o qual foi devidamente impugnado. O fato de haver mera reiteração no TVF da intimação para retificar os registros do LALUR e do LACS, em razão de glosa na compensação de prejuízos fiscais, não torna esta questão passível de ser conhecida neste processo, por faltar interesse processual. Assim, entendo que esta questão não deve ser conhecida. Apesar de reconhecer que a questão da retificação dos livros do Recorrente não seria passível de conhecimento do presente processo, acaba por concluir pela improcedência da impugnação apresentada. Nesse caso, entendo que a conclusão deveria ser pela procedência da impugnação ao invés do seu não conhecimento. Isso porque, conforme se verifica às fls.771 do Relatório fiscal, a Recorrente, foi intimada "a retificar os registros de prejuízos fiscais e da base negativa de CSLL, suprimindoos do Lalur e do LACS". Ora, se, como reconheceu a própria DRJ, Fl. 1176DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.177 13 tal exigência já constava de outro processo administrativo a impugnação, nesse ponto, deve ser considerada procedente. 3) CONCLUSÃO Em face de todo o exposto, dou provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Declaração de Voto Conselheira Edeli Pereira Bessa A acusação fiscal em tela, que tem por objeto a exigência de adições relativas a juros sobre o capital próprio considerados indedutíveis no anocalendário 2012, está pautada nas seguintes premissas: · a legislação de regência somente admite a dedução de juros sobre capital próprio quando creditados a titular, sócios ou acionistas, mas no presente caso os beneficiários (FIP BPAC1 e BPAC2) são apenas usufrutuários dos direitos econômicos das ações do BANCO BTG PACTUAL S/A, de titularidade de BTG PACTUAL HOLDING S/A (CNPJ 10.923.227/000162), que, no caso, figura na posição de nu proprietário; · a dedução de juros sobre capital próprio foi permitida para aumentar o autofinanciamento das empresas, gerando aumento em sua liquidez, sem endividamento, mediante a formação de capitais próprios, de seus acionistas, sócios e investidores, em detrimento do uso de empréstimos; · o capital sujeitase a remuneração mista, por dividendos (participação no resultado positivo da atividade empresarial) e por juros sobre o capital próprio, que se presta como retribuição dos encargos implícitos do custo de oportunidade, custo equivalente ao quanto lhes renderia se o capital investido no negócio fosse aplicado no mercado financeiro, representando benefício fiscal que tem por objetivo incrementar a aplicação de recursos em atividade produtivas, condicionado ao seu creditamento a pessoas específicas e a limites estipulados em lei; · a possibilidade de gravar ações com usufruto é admitida na legislação, mas a Lei das S/A somente cogita de pagamento de dividendos ao Fl. 1177DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.178 14 usufrutuário e não foi alterada depois da criação dos juros sobre capital próprio. Considerando, porém, que a Lei nº 9.249/95 permite que o valor pago a título de juros sobre o capital próprio seja imputado ao valor dos dividendos obrigatórios, admitese que o legislador não proscreveu o pagamento de juros sobre o capital próprio ao usufrutário, de onde se cogita a não imputabilidade de omissão de receita ao nuproprietário (Acórdão nº 1402002.445) e a manutenção da natureza jurídica do pagamento, de modo que o usufrutuário seja tributado exclusivamente na fonte, à alíquota de 15% (Acórdão nº 2401004.568), mas não a dedução por parte da fonte pagadora que faz o pagamento a não titulares; · os juros sobre o capital próprio remuneram o capital investido, e assim devem corresponder à aplicação da taxa sobre a sua respectiva parcela do capital, do contrário, haveria remuneração também pelo capital aplicado por terceiros, sendo inadmissível seu pagamento a pessoa que não suportou o ônus do empreendimento; · os juros sobre o capital próprio não constituem despesas incorridas ao natural pela fonte pagadora, mas encargo ficto, cujo objetivo é, por meio de um incentivo fiscal, promover a captação de recursos das empresas diretamente de investidores no seu empreendimento, em vez de contrair empréstimos com terceiros. Como também se trata de um benefício fiscal, só fazem jus a ele os contribuintes que cumprirem rigorosamente as disposições legais, motivo pelo qual o pagamento ou crédito a usufrutuário dos direitos econômicos não credenciam a fonte pagadora ao tratamento fiscal favorecido. A autoridade lançadora também descreve as operações contemporâneas à instituição do usufruto e conclui: A sequência de passos permite sumular o seguinte: as ações do BANCO, inicialmente de propriedade de investidores e sócios do GRUPO BTG, posteriormente integralizadas nos FIP BPAC1 e BPAC2, migraram para HLD, sendo que, com relação aos juros sobre o capital próprio pagos pelo BANCO, estes, conforme instrumento particular firmado, seriam repassados aos FIP BPAC1 e BPAC2, que por sua vez repassariam ao FICFIP BPAC3, que sofreriam tributação apenas na realização dos quotistas. Na apuração dos valores devidos consignou, ainda, que o BANCO BTG PACTUAL S/A não reteve Imposto de Renda na fonte (IRRF) sobre os pagamentos efetuados aos FIP BPAC1 e BPAC2, fiandose na isenção prevista na então IN RFB 1.022/2010. A autoridade julgadora de 1ª instância refutou a alegação da impugnante de que não teria obtido qualquer vantagem indevida observando que a esperada tributação dos juros sobre capital próprio pela BTG Holding, na mesma proporção da dedução promovida pela autuada, não se verificou em razão do regime de tributação especial dos FIPs, ampliandose as hipóteses fáticas de redução com diferimento da tributação, em desrespeito à interpretação restritiva de benefícios fiscais estipulada no art. 111 do CTN. Acrescentou, ainda, que: Ademais, o benefício do JCP não tem exatamente por objetivo contemplar situações como a da Impugnante ou dos FIPs. Entre os reais objetivos, podese citar (i) incentivar a distribuição de lucros, na forma de JCP, a pessoas físicas (redução da alíquota de 34% na jurídica para 15% de retenção definitiva na fonte na distribuição) e (ii) estimular investidores estrangeiros a aportarem recursos no País Fl. 1178DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.179 15 na forma de capital e não de dívida, melhorando o perfil do balanço de pagamentos. Isto porque os JCPs recebidos por investidores estrangeiros tendem a ser tratados como dividendos isentos em seus respectivos países, em razão de acordo de não bitributação com o Brasil1. Esta Conselheira já manifestou seu entendimento contrário à glosa de juros sobre capital próprio pagos a usufrutuários, conforme ementa do Acórdão nº 1101001.100: JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. BENEFICIÁRIOS. USUFRUTO DE AÇÕES. Correta a decisão que reverte a glosa considerando que o usufruto, é instituto de direito civil que constitui direito real que tem por efeito dividir as faculdades inerentes ao direito de propriedade (usar, gozar e dispor da coisa) entre o proprietário do bem (denominado nuproprietário) e o usufrutuário, a quem são atribuídos os direitos de posse, uso, administração e percepção dos frutos; a possibilidade da instituição de usufruto sobre ações decorre das expressa disposição da Lei nº 6.404, de 1976, cujo artigo 205 determina que a pessoa inscrita como usufrutuária tem direito ao recebimento dos dividendos. Do voto condutor de referido julgado extraise: Prosseguindo, a autoridade julgadora assim se manifestou acerca dos juros que teriam sido creditados em atenção a Instrumento Particular de Usufruto de Ações: 130. Também cabe razão à impugnante em relação aos juros sobre o capital próprio contabilizados na conta nº 3.5.2.02.0007Juros s/Capital Social (fls. 764 e 768), relativos a pagamentos de juros efetuados aos sócios pessoas físicas da Magius Participações com amparo no Instrumento Particular de Usufruto das ações da impugnante (fls. 16831688). 131. Referido Instrumento Particular de Usufruto foi firmado, em 10/06/2005, entre a Magius Participações Ltda. (PARTICIPAÇÕES) e seus sócios Adilton Boff Cardoso, Adalberto Boff Cardoso, Aldo Boff Cardoso, Marlene de Souza Cardoso, Tânia Mara de Souza Cardoso e Márcia de Souza Cardoso (USUFRUTUÁRIOS) com as seguintes condições: “DO OBJETO DO INSTRUMENTO Cláusula 1ª. A PARTICIPAÇÕES cede, neste ato, aos USUFRUTUÁRIOS de forma onerosa, o usufruto da totalidade das AÇÕES de que é titular, juntamente e proporcionalmente, cede o direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos decorrentes das mesmas. (...) DO DIREITO DE VOTO NAS ASSEMBLEIAS GERAIS Cláusula 3ª. As partes acordam que o direito de voto nas assembleias gerais da MAGIUS será exercido, exclusivamente, pela PARTICIPAÇÕES. DO DIREITO AOS FRUTOS Cláusula 4ª. Caberá aos USUFRUTUÁRIOS o recebimento dos dividendos distribuídos conforme determinado em balanço levantado e/ou juros sobre o capital próprio, calculados nos termos da lei. DA VIGÊNCIA 1 Como exemplo a este respeito, podese citar o caso da ArcelorMitttar na Espanha. Fonte: Tribunal Supremo. STS 1108/2016. Disponível em <http://www.poderjudicial.es/search/documento/TS/7628793/Impuesto/20160329>. Acesso em 08 jun 2018. Fl. 1179DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.180 16 Cláusula 5ª. O prazo de vigência deste Instrumento é de 15 (quinze) anos, iniciandose em 10/06/2005 e terminando em 09/06/2020, sendo que sua eventual renovação, prorrogação ou alteração de condições, tanto por parte da PARTICIPAÇÕES, como dos USUFRUTUÁRIOS, dependerá de termo ativo expresso assinado pelas partes, bem como averbação no Livro de Registro de Ações Normativas da MAGIUS. (...)” (Grifouse) 132. O usufruto, é instituto de direito civil que constitui direito real que tem por efeito dividir as faculdades inerentes ao direito de propriedade (usar, gozar e dispor da coisa) entre o proprietário do bem (denominado nuproprietário) e o usufrutuário, a quem são atribuídos os direitos de posse, uso, administração e percepção dos frutos (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil –, arts. 1225, inciso IV, 1.228 e 1.390 a 1.411). A constituição do usufruto conduz à alteração do beneficiário do rendimento produzido pela coisa, que deixa de ser do proprietário e passa a ser do usufrutuário. 133. A possibilidade de instituição do usufruto sobre ações encontrase prevista nos seguintes dispositivos da Lei nº 6.404, de 1976, in verbis: “Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que gravarem a ação deverão ser averbados: I se nominativa, no livro de ‘Registro de Ações Nominativas’; II se escritural, nos livros da instituição financeira, que os anotará no extrato da conta de depósito fornecida ao acionista. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) Parágrafo único. Mediante averbação nos termos deste artigo, a promessa de venda da ação e o direito de preferência à sua aquisição são oponíveis a terceiros. (...) Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades legais: I o livro de Registro de Ações Nominativas, para inscrição, anotação ou averbação: (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) a)do nome do acionista e do número das suas ações; b)das entradas ou prestações de capital realizado; das conversões de ações, de uma em outra espécie ou classe; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de sua aquisição pela companhia; das mutações operadas pela alienação ou transferência de ações; do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou obste sua negociação. (...) Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usufruto, se não for regulado no ato de constituição do gravame, somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o proprietário e o usufrutuário. (...) Art. 169. O aumento mediante capitalização de lucros ou de reservas importará alteração do valor nominal das ações ou distribuições das ações novas, correspondentes ao aumento, entre acionistas, na proporção do número de ações que possuírem. § 1º. Na companhia com ações sem valor nominal, a capitalização de lucros ou de reservas poderá ser efetivada sem modificação do número de ações. Fl. 1180DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.181 17 § 2º. Às ações distribuídas de acordo com este artigo se estenderão, salvo cláusula em contrário dos instrumentos que os tenham constituído, o usufruto, o fideicomisso, a inalienabilidade e a incomunicabilidade que porventura gravarem as ações de que elas forem derivadas. § 3º. As ações que não puderem ser atribuídas por inteiro a cada acionista serão vendidas em bolsa, dividindose o produto da venda, proporcionalmente, pelos titulares das frações; antes da venda, a companhia fixará prazo não inferior a 30 (trinta) dias, durante o qual os acionistas poderão transferir as frações de ação. (...) Art. 171. Na proporção do número de ações que possuírem, os acionistas terão preferência para a subscrição do aumento de capital. §§ 1º a 4º. (...) § 5º. No usufruto e no fideicomisso, o direito de preferência, quando não exercido pelo acionista até 10 (dez) dias antes do vencimento do prazo, poderá sêlo pelo usufrutuário ou fideicomissário. §§ 6º a 8º. (...) (...) Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do dividendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação. §§ 1º a 3º. (...) (...)” (Grifouse) 134. Portanto, a possibilidade da instituição de usufruto sobre ações decorre das expressa disposição da Lei nº 6.404, de 1976, cujo artigo 205 determina que a pessoa inscrita como usufrutuária tem direito ao recebimento dos dividendos. Notese que não poderia a legislação societária fazer referência aos juros sobre o capital próprio em face de tratase de dedução na apuração do resultado tributável a ser disciplinada apenas pela legislação tributária. 135. Apesar de constituir despesa financeira, a correlação entre os juros sobre o capital próprio e os dividendos fica clara quando § 7º do artigo 9º da Lei nº 9.249, de 1995, dispõe que o valor daqueles pode ser imputado ao valor dos dividendos obrigatórios de que trata o artigo 202 da Lei nº 6.404, de 1976 (metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido das importâncias destinadas à constituição da reserva legal e à formação da reserva de contingência). 136. Assim, não cabe qualquer interpretação restritiva das disposições do artigo 9º da Lei nº 9.249, de 1995, para sustentar que apenas o acionista – e não o usufrutuário – poderia ser o beneficiário dos juros a título de remuneração do capital próprio, porquanto no usufruto a propriedade da ação permanece com o nuproprietário, mas o gozo dos seus frutos – juros e dividendos – é atribuído ao usufrutuário. 137. Dessa forma, entendo que deve ser admitida a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio pagos/creditados ao amparo do Instrumento Particular de Usufruto firmado em 10/06/2005. Destaquese que a autoridade lançadora, em informação fiscal prestada em razão da diligência requerida pela autoridade julgadora de 1a instância, observou que o instrumento de usufruto, apesar de ter vigência até 09/06/2020, não fora registrado quando de sua constituição, dele constando apenas autenticação em 19/12/2012. Ainda, citou o art. 123 do CTN e o art. 1.144 do Código Civil, e observou que a empresa Magius Participações é que teria direito a juros sobre o capital próprio, de conformidade com sua participação 99,98%, para tanto estando obrigada a registrar tal valor como receita própria e apurar o lucro, fazendo a sua destinação devida. Fl. 1181DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.182 18 A autoridade julgadora, porém, validamente demonstrou que o usufruto atribui, dentre outros, o direito de percepção dos frutos ao usufrutuário, assim afastando a exigência de registro e redistribuição dos juros por Magius Participações Ltda, aventada pela Fiscalização. Evidenciou, ainda, que o usufruto sobre ações é constituído mediante averbação em livros da sociedade (art. 40 da Lei nº 6.404/76), sendo certo que o art. 1.144 do Código Civil, invocado pela Fiscalização, cogita da averbação do usufruto no Registro Público de Empresas Mercantis apenas quando ele recai sobre o estabelecimento, o que não é o caso. Assim, não subsistiu motivo para a redução dos percentuais adotados para distribuição de juros sobre o capital próprio aos percentuais indicados pela contribuinte. Para além disso, desde sua primeira manifestação em favor da glosa de juros sobre o capital próprio pertinentes a períodos anteriores, apresentada no voto condutor do Acórdão nº 1101000.904, esta Conselheira classifica os juros sobre capital próprio como mera remuneração de capital, facultada às pessoas jurídicas para reduzir as vantagens da subcapitalização, mediante captação de recursos por meio de empréstimos onerosos: A caracterização do registro de juros sobre o capital próprio como faculdade ou opção é aspecto que envolve, também, a definição de sua natureza. Luís Eduardo Schoueri, em seu artigo Juros sobre Capital Próprio: Natureza Jurídica e Forma de Apuração diante da "Nova Contabilidade" (in Controvérsias JurídicoContábeis (Aproximações e Distanciamentos), 3o volume, Editora Dialética, São Paulo: 2012, p. 169/193), aborda a criação desta dedução em contexto que facilita a compreensão de sua natureza: Os juros sobre o capital próprio devem ser inseridos em contexto mais amplo, tendo em vista que acompanharam a isenção de dividendos. Sob tal perspectiva, parece possível ver nos juros sobre capital próprio uma criativa solução do legislador brasileiro para enfrentar a prática da subcapitalização, ou thin capitalization. Tal prática, que se mostrou corrente em países nos quais a distribuição de dividendos é tributada, consiste em os sócios de determinada sociedade, em vez de aportarem seus investimentos no capital social da referida sociedade, mantêlos como empréstimos. Revelase vantajosa na medida em que as despesas da sociedade com o pagamento dos juros decorrentes de tais empréstimos são dedutíveis, ao passo que os dividendos distribuídos não. Assim, em situações em que tanto os juros quanto os dividendos pagos aos sócios são tributados, é mais vantajoso para os sócios capitalizar suas empresas por meios de empréstimos do que por aportes no capital social, uma vez que o pagamento de juros, diferentemente dos dividendos, é despesa dedutível da sociedade. Para evitar a prática da thin capitalization, países como os Estados Unidos da América estabeleceram alguns limites para a capitalização por meio de empréstimos dos sócios. Com efeito, a legislação desses países estabeleceram diversos métodos para se constatar se a subcapitalização estaria ocorrendo, a exemplo do limite máximo de empréstimos em relação ao valor do capital subscrito e integralizado; uma vez constatada a ocorrência da prática, autorizado ficaria o Fisco a tributar os juros excessivos como dividendos. No Brasil, com o advento da Lei n° 9.249/1995 (produzindo efeitos para o exercício de 1996), os dividendos pagos pelas sociedades brasileiras aos seus sócios ou acionistas, pessoas físicas ou jurídicas, residentes ou não no País, Fl. 1182DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.183 19 passaram a ser rendimentos não tributáveis. Conforme reconhecido pela própria Exposição de Motivos do Ministério da Fazenda que acompanhou, à época, o Projeto de Lei n° 913/1995, tratouse de medida de integração entre o imposto de renda da pessoa física e o imposto de renda da pessoa jurídica, com vistas a evitar a incidência do primeiro sobre recursos já tributados pelo ultimo5. O tema da integração da tributação das pessoas físicas e das pessoas jurídicas, ocupou, nas últimas décadas, estudos e debates nos Estados Unidos e na União Européia6. E dizer, pretendeuse eliminar, com tal expediente, a dupla tributação econômica. Conferirse isenção aos dividendos recebidos pelos acionistas ou sócios é método tradicional para evitarse a dupla incidência econômica do imposto, cuja adoção já foi considerada pelo Departamento do Tesouro norte americano em estudo sobre os diversos "protótipos" de integração7. Daí encontrarse nos juros sobre capital próprio expediente criativo para se evitar a thin capitalization. Em face da isenção dos dividendos recebidos então estabelecida, e que passou a diferenciar o modelo brasileiro daquilo que se encontrava, via de regra, no direito comparado, a solução adotada seguiu caminho inverso à experiência internacional. Enquanto alhures se conferia aos juros a indedutibilidade própria de dividendos, o Brasil inovava, permitindo que se deduzissem os juros sobre o capital próprio, equiparandoos, portanto, ao tratamento tributário de juros propriamente ditos. Os "juros sobre o capital próprio" têm a finalidade de permitir ao sócio ou acionista perceber um rendimento equivalente ao que receberia se buscasse outra aplicação financeira de longo prazo. Assim, consoante a disciplina do artigo 9o da Lei n° 9.249/1995, a sociedade paga uma remuneração a seus acionistas e reconhece o valor como uma despesa dedutível, abatendoa de seu lucro tributável8. Ao mesmo tempo, tais valores encontramse sujeitos à retenção na fonte, no momento do pagamento ao acionista, à alíquota de 15%. Desincentivase, pois, a capitalização das sociedades por meio de empréstimos, ou subcapitalização, já que ela não é necessária para se conseguir a dedutibilidade dos pagamentos aos sócios. A este respeito, assinalou a Exposição de Motivos que acompanhou o Projeto de Lei do qual derivou a Lei n° 9.249/1995: "A permissão da dedução de juros pagos ao acionista, até o limite proposto, em especial, deverá provocar um incremento das aplicações produtivas nas empresas brasileiras, capacitandoas a elevar o nível de investimentos, sem endividamento, com evidentes vantagens no que se refere à geração de empregos e ao crescimento sustentado da economia." [...] (negrejouse) Na seqüência, descrevendo o debate existente na doutrina acerca da natureza jurídica dos juros sobre o capital próprio, referido autor conclui que a divergência existente resulta da tentativa de enquadrar os juros sobre o capital próprio nas categorias de Direito Civil, e assume razoável tomálos como vero conceito de Direito Tributário, sem qualquer amparo em categorias do Direito Privado. Daí que: Afastandose qualquer aproximação com categorias de Direito Privado, há que se reconhecer que, na perspectiva do Direito Tributário, corresponde a figura do artigo 9o da Lei n° 9.249/1995 a uma remuneração do capital. O conceito tributário de juros sobre o capital próprio parte, assim, da noção econômica de custo de oportunidade, entendida enquanto renúncia, pelo agente econômico, dos benefícios derivados de determinado investimento em função Fl. 1183DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.184 20 do potencial de lucro superior vislumbrado em aplicação distinta. Em tal contexto, o lucro do negócio, sob uma perspectiva econômica, somente poderia ser apurado se desconsiderado o lucro sobre o capital. [...] A natureza de remuneração do capital emprestada ao instituto constante do artigo 9o da Lei n° 9.249/1995 permite que se concretizem as exigências do princípio da igualdade e da capacidade contributiva. [...] É neste ponto que se revela, a partir de uma perspectiva essencialmente tributária, a relevância dos juros sobre o capital próprio. Tal instituto, ao permitir que as empresas que se valem de recursos de seus próprios sócios ou acionistas tomem a dedutibilidade dos valores pagos enquanto remuneração pelo referido capital, restabelece a igualdade destes em relação a contribuintes que, com igual capacidade econômica, façam uso de capital emprestado por terceiros. [...] Em síntese, por meio dos juros sobre capital próprio, assegurase igual tratamento tributário à atividade empresarial, afastandose a diferenciação por conta da origem de seu capital (próprio ou de terceiros). Do ponto de vista do investidor, também, se concretiza a igualdade, naquilo que se equiparam ambas as situações. Se é verdadeira a premissa de que do lucro obtido na atividade empresarial, uma parte corresponde à remuneração do capital e outra, à atividade produtiva, então não há razão para a remuneração do capital proveniente de aplicações financeiras ter tratamento diferente daquele mesmo capital investido na empresa. Daí a tributação exclusiva na fonte. [...] Tais considerações, intimamente relacionadas com o conceito econômico de custo de oportunidade, tornam razoável, do ponto de vista econômico e tributário, a consideração dos pagamentos dos juros sobre o capital próprio enquanto remuneração do capital, que é dedutível. E dizer, do ponto de vista tributário, a situação apresentase tal qual como se o sócio tivesse "emprestado'' dinheiro à sociedade e recebesse juros desta, recebendo tal circunstância, em razão do princípio da igualdade, igual tratamento ao que é dado às empresas que se valem de financiamento de terceiros. (negrejouse) Sob esta ótica, não é possível classificar como incentivo fiscal a permissão de pagamento e dedutibilidade dos juros sobre capital próprio. Como bem observado no voto vencido do Acórdão nº 1402002.445, tratase, no caso, de compensação do capital investido por alguém, pessoa física ou jurídica, em uma empresa, operando em favor do autofinanciamento das empresas, gerando aumento em sua liquidez, sem endividamento, mediante a formação de capitais próprios, de seus acionistas ou sócios, em detrimento do uso dos empréstimos. Mas isto para equiparar os efeitos tributários das duas formas de financiamento, evitando que eles influenciassem a escolha da forma de capitalização, e permitindo a dedução de despesas em ambos os casos pela investida, assim como tributação semelhante dos rendimentos pela investidora. De outro lado, apesar de previsto em norma tributária específica, os juros sobre capital próprio não deixam de ser rendimentos de ações, atribuíveis, por certo, aos titulares deste direito, do que decorre, por aplicação inafastável da legislação civil, os efeitos Fl. 1184DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.185 21 típicos da instituição de usufruto, se a lei tributária nada dispor em contrário, como bem exposto pela Conselheira Relatora. Sob premissas semelhantes, embora analisando a distribuição de lucros a usufrutuário, a Receita Federal do Brasil já manifestou o entendimento, na Solução de Consulta COSIT nº 38, de 2018, de que os frutos recebidos mantêm sua natureza, quer sejam devidos ao proprietário, quer ao usufrutário. Vejase: 06. A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, prevê: Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que gravarem a ação deverão ser averbados: I se nominativa, no livro de "Registro de Ações Nominativas"; II se escritural, nos livros da instituição financeira, que os anotará no extrato da conta de depósito fornecida ao acionista. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) Parágrafo único. Mediante averbação nos termos deste artigo, a promessa de venda da ação e o direito de preferência à sua aquisição são oponíveis a terceiros. Voto das Ações Gravadas com Usufruto Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usufruto, se não for regulado no ato de constituição do gravame, somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o proprietário e o usufrutuário. 07. Por sua vez, a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil –regula em seus arts. 1.390 a 1.411 o usufruto, modalidade de direito real que tem por efeito dividir as faculdades inerentes ao domínio (usar, gozar e dispor da coisa) entre o proprietário do bem, que passa a ser denominado nuproprietário, e o usufrutuário, a quem são atribuídos os direitos de posse, uso, administração e percepção dos frutos. 08. A classificação desse instituto como de direito real tem importantes reflexos na avaliação da questão proposta, isso porque as relações jurídicas dessa índole implicam uma situação de domínio do titular sobre a coisa, que as diferenciam das relações meramente obrigacionais. 09. Para melhor compreensão da amplitude desse direito, vale a leitura dos seguintes esclarecimentos prestados por Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: Propriedade – jus in re propria. É o único direito real originário, de manifestação obrigatória em nosso sistema jurídico. Nas palavras de LUIZ EDSON FACHIN, “a história do direito é, em boa medida, a história da garantia da propriedade”. A propriedade é a manifestação primária e fundamental dos direitos reais, detendo um caráter complexo em que os atributos de uso, gozo, disposição e reivindicação reúnem se. Em contrapartida, os direitos reais em coisa alheia somente se manifestam quando do desdobramento eventual das faculdades contidas no domínio. Direitos na coisa alheia ou direitos limitados – jus in re aliena. São manifestações facultativas derivadas dos direitos reais, pois resultam na decomposição dos diversos poderes jurídicos contidos na esfera dominial. Assim, sua existência jamais será exclusiva, eis que na sua vigência convivem com o direito de propriedade, mesmo estando ele fragmentado. Exemplificando: no usufruto, o nuproprietário vêse despido dos poderes de uso e gozo da coisa, porém mantém a faculdade de disposição, a Fl. 1185DF CARF MF Processo nº 16682.722020/201708 Acórdão n.º 1402003.581 S1C4T2 Fl. 1.186 22 despeito dos atributos dominiais concedidos ao usufrutuário. (Curso de Direito Civil: Direitos Reais, 8ª ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2012, p. 50) 10. Ainda segundo esses autores, o direito real contém uma face externa, consistente na relação de seu titular com a coletividade: direito de abstenção universal; e uma face interna: Este lado interno é justamente o domínio, o poder de soberania exercitado sobre a coisa, que habilita o titular a praticar a atividade material de agir e desfrutar do objeto. (Op. cit., p. 51) 11. A partir dessas definições, é possível concluir que a constituição de usufruto conduz à alteração do beneficiário do rendimento produzido pela coisa, que deixa de ser o proprietário. Contudo, isso não é suficiente para alterar a natureza jurídica do rendimento recebido. 12. Com efeito, na propriedade plena, o proprietário é o titular de todos os atributos inerentes ao domínio, ao passo que, no usufruto, essa titularidade é dividida com o usufrutuário. Apesar disso, não há diferença de substância entre a titularidade de um e de outro em relação a cada uma dessas faculdades. Ou seja, os frutos recebidos mantêm sua natureza, quer sejam devidos ao proprietário, quer ao usufrutuário. Assim, se não há diferença de substância entre a titularidade de um e de outro em relação a cada uma dessas faculdades, não é possível negar dedutibilidade aos juros sobre capital próprio apenas porque pagos ao usufrutuário. Na medida em que a autoridade fiscal não apontou qualquer vício na instituição do usufruto, nem infirmou o aporte de capital que atribuiu à "BTG Holding" a condição de acionista da autuada, a descaracterização do usufrutuário como titular das ações e os apontamentos acerca dos eventuais descompassos quanto à forma de tributação da fonte pagadora e dos beneficiários, não são suficientes para sustentar a glosa promovida, mormente tendo em conta que a Instrução Normativa RFB nº 1022/2010, assim como a Instrução Normativa RFB nº 1.585/2015, que a sucedeu, implicitamente admitem o pagamento de juros sobre capital próprio a Fundos de Investimentos, ao estipular as condições para isenção do imposto de renda. Estas as razões, portanto, para acompanhar a Conselheira Relatora no provimento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Conselheira Fl. 1186DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.900308/2015-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULA CARF 63. LAUDO PERICIAL. PROCEDÊNCIA EM PARTE.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia grave deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Inexistindo prova de que tais valores decorrem de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, não é possível ao contribuinte o gozo da isenção fiscal.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2202-004.747
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para considerar abrangidos pela isenção por moléstia grave os rendimentos recebidos pela contribuinte da Caixa Previdência Funcionários Banco do Brasil no ano-calendário 2011.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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SÚMULA CARF 63. LAUDO PERICIAL. PROCEDÊNCIA EM PARTE. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia grave deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Inexistindo prova de que tais valores decorrem de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, não é possível ao contribuinte o gozo da isenção fiscal. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para considerar abrangidos pela isenção por moléstia grave os rendimentos recebidos pela contribuinte da Caixa Previdência Funcionários Banco do Brasil no anocalendário 2011. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 90 03 08 /2 01 5- 60 Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10640.900308/201560 Acórdão n.º 2202004.747 S2C2T2 Fl. 90 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10640.900308/201560, em face do acórdão nº 0737.769, julgado pela 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (DRJ/FNS) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: “Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório 09/03/2015, fl. 02, emitido pela Delegacia da Receita Federal em Juiz de Fora/ MG, que indeferiu pedido de restituição efetuado pelo contribuinte por meio do PER/DECOMP nº 18.951.57004.111114.2.2.048603, que solicitava o valor de R$ 12.142,29. A autoridade examinadora do pedido informa, fl. 02, que o contribuinte não possui créditos tendo em vista que o pagamento discriminado no PER/DECOMP foi integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando créditos para restituição. Em sua manifestação de inconformidade, fl. 03, o contribuinte, em síntese, alega que o recolhimento em DARF referese ao período de apuração de 31/12/2011, tendo sido o pagamento efetuado em 03/05/2013. Cita que de acordo com o laudo médico Pericial, que teria sido entregue na Secretaria da Receita Federal do Brasil em Juiz de Fora / MG, foi diagnosticada a doença de Parkinson, desde 2008. Aduz que no ano calendário de 2011, estaria abrangida pela isenção..” A DRJ de origem entendeu pela improcedência da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte por entender o colegiado de que não estaria constatada a existência de créditos disponíveis para a contribuinte, haja vista que o recolhimento realizado foi utilizado para quitar o imposto apurado no ano calendário 2011. Ainda, relativo a isenção por portar moléstia grave, entenderam que não haveria comprovação nos autos de tal situação. Com a chegada dos autos a este Conselho, foi proferida por esta Colenda Turma julgadora a Resolução n° 2202000.730, no seguinte sentido: “No presente caso, há laudo pericial que indica que a contribuinte é portadora de doença de Parkinson, com início em dezembro de 2008. No entanto, não há como saber se os proventos a serem isentados são ou não provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão. Aliás, inexiste nos autos a Declaração de Ajuste Anual da contribuinte referente ao exercício 2012 (anocalendário 2011), documento que seria indispensável para o julgamento da lide. Assim, entendo por necessário converter em diligência para que a autoridade preparadora junte aos autos a Declaração de Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10640.900308/201560 Acórdão n.º 2202004.747 S2C2T2 Fl. 91 3 Ajuste Anual da contribuinte referente ao exercício 2012 (ano calendário 2011), devendo, também intimar a contribuinte para comprovar a natureza dos rendimentos declarados no respectivo anocalendário, ou seja, se estes são ou não provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, devendo apresentar prova do que alegar.” A diligência foi realizada, tendo a unidade preparadora promovido a juntada aos autos da Declaração de Ajuste Anual da contribuinte referente ao exercício 2012 (ano calendário 2011), o qual se encontra às fls. 61/65 deste processo. A contribuinte, após intimada para comprovar a natureza dos rendimentos declarados no respectivo anocalendário, silenciou. Registrase que após ser intimada a contribuinte foi realizado pedido de cópia do processo (fls. 49/60). É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. A alegação da restituição requerida foi indeferida porque a autoridade entendeu que o pedido considerou que o DARF mencionado já teria sido utilizado para quitação de débitos anteriores do contribuinte. Compulsando os autos verificase o DARF que deu azo ao pedido em questão é referente ao ano calendário de 2011, sendo que no período a Recorrente apresentou em sua declaração de ajuste imposto a pagar, tendo sido o recolhimento informado no PER/DCOMP, apropriado para quitar este débito no código 0211. A recorrente sustenta que possui direito a restituição por ser portadora de moléstia grave, qual seja, doença de Parkinson, a qual foi diagnosticada por laudo médico pericial, de fls. 32 dos autos, datado de 26/08/2014, todavia consta nele que a data do diagnóstico é dezembro/2008. Assim, por tais razões, teria ela direito a isenção por ser portadora de doença de Parkinson, espécie de moléstia grave tipificada pela Lei nº 7.713/1988, em seu artigo 6º, inciso XIV, com a redação dada pela Lei nº 11.052/2004, que segue abaixo transcrita: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...]XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10640.900308/201560 Acórdão n.º 2202004.747 S2C2T2 Fl. 92 4 especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma. (grifouse) Acerca do tema, o Decreto nº 3.000/99 (RIR), em seu artigo 39, inciso XXXIII, bem como os §§ 4º e 5o do mesmo artigo, assim dispõem: Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: [...]XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, §2º); [...]§ 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e §1º). (grifouse). De acordo com o texto legal, depreendese que há dois requisitos cumulativos indispensáveis à concessão da isenção. O primeiro, reportase à natureza dos valores recebidos, que devem ser proventos de aposentadoria, ou reforma, ou pensão, e o segundo relacionase com a existência da moléstia tipificada no texto legal, atestada por laudo de serviço médico oficial. Neste sentido, a súmula CARF nº 63: Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Importa destacar que o § 5º, inciso III, do art. 39 do Decreto nº 3.000/99 estabelece a data de início que a referida isenção aplicase aos rendimentos sujeitos a isenção: § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I – do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II – do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III – da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10640.900308/201560 Acórdão n.º 2202004.747 S2C2T2 Fl. 93 5 (grifouse) No presente caso, há laudo pericial que indica que a contribuinte é portadora de doença de Parkinson, com início em dezembro de 2008. No entanto, por não haver como saber se os proventos a serem isentados são ou não provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, foi determinada Resolução por este Colenda Turma julgadora, nos seguintes termos: “(...) não há como saber se os proventos a serem isentados são ou não provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão. Aliás, inexiste nos autos a Declaração de Ajuste Anual da contribuinte referente ao exercício 2012 (anocalendário 2011), documento que seria indispensável para o julgamento da lide. Assim, entendo por necessário converter em diligência para que a autoridade preparadora junte aos autos a Declaração de Ajuste Anual da contribuinte referente ao exercício 2012 (ano calendário 2011), devendo, também intimar a contribuinte para comprovar a natureza dos rendimentos declarados no respectivo anocalendário, ou seja, se estes são ou não provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, devendo apresentar prova do que alegar.” A diligência foi realizada, tendo a unidade preparadora promovido a juntada aos autos da Declaração de Ajuste Anual da contribuinte referente ao exercício 2012 (ano calendário 2011), documento que seria indispensável para o julgamento da lide, o qual se encontra às fls. 61/65 deste processo. A contribuinte, após intimada a comprovada para comprovar a natureza dos rendimentos declarados no respectivo anocalendário, silenciou. Registrase, contudo, que após ser intimada, foi realizado pedido de cópia do processo (fls. 49/60). Pois bem. De análise dos rendimentos informados como tributáveis pela contribuinte, haveriam duas fontes pagadoras: · Caixa Previdência Funcionários Banco do Brasil; · Universidade Federal de Juiz de Fora. Quanto aos rendimentos da Caixa Previdência Funcionários Banco do Brasil, embora a contribuinte não tenha esclarecido se estes se tratam de rendimentos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, verificase que de outra espécie não poderiam ser, conforme descrição da atividade econômica da empresa junto ao comprovante de inscrição (imagem abaixo), conforme consulta realizada na data de 10/09/2018: Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10640.900308/201560 Acórdão n.º 2202004.747 S2C2T2 Fl. 94 6 Deste modo, embora não se conheça especificamente a natureza do rendimento, não há como considerar que estes não são aqueles referidos no o Decreto nº 3.000/99 (RIR), em seu artigo 39, inciso XXXIII. Deste modo, entendo que deve ser provido em parte o recurso da contribuinte para o fim de considerar abrangidos pela isenção por moléstia grave os rendimentos recebidos pela contribuinte da Caixa Previdência Funcionários Banco do Brasil no anocalendário 2011 (exercício 2012). Por sua vez, o mesmo raciocínio não se aplica aos rendimentos recebidos pela contribuinte da Universidade Federal de Juiz de Fora. Assim, em relação a estes, não tendo provado a contribuinte o que alega, bem como diante de ter silenciado após ter sido intimada para tal em Resolução CARF, entendo que deve ser negado o recurso em relação a este tocante. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para considerar abrangidos pela isenção por moléstia grave os rendimentos recebidos pela contribuinte da Caixa Previdência Funcionários Banco do Brasil no anocalendário 2011. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 94DF CARF MF
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Numero do processo: 13855.001512/2010-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
O Contribuinte que tem negado pedido administrativo de restituição de tributos, posteriormente ajuíza ação judicial com o objetivo e ver assegurado este direito, mas que em seguida tem este direito reconhecido por norma jurídica, ao desistir da referida ação judicial com o objetivo de extinguir a concomitância, não pode ter a petição pela qual informa a desistência da ação judicial interpretada como novo pedido de ressarcimento, mormente em detrimento de prazo decadencial.
Numero da decisão: 3302-006.054
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em segunda votação, em afastar a decadência declarada e devolver os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que negava provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior votaram pelas conclusões, entendendo pela anulação da decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus. Designado o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho para redigir o voto vencedor. Em primeira votação, o Conselheiro Raphael Madeira Abad negava provimento ao recurso voluntário, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede afastavam a decadência declarada e devolviam os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida e os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior anulavam a decisão recorrida anulavam a decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Raphael Madeira Abad - Relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Redator designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araujo, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jose Renato Pereira de Deus, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: RAPHAEL MADEIRA ABAD
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Recorrente MINERVA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O Contribuinte que tem negado pedido administrativo de restituição de tributos, posteriormente ajuíza ação judicial com o objetivo e ver assegurado este direito, mas que em seguida tem este direito reconhecido por norma jurídica, ao desistir da referida ação judicial com o objetivo de extinguir a concomitância, não pode ter a petição pela qual informa a desistência da ação judicial interpretada como novo pedido de ressarcimento, mormente em detrimento de prazo decadencial. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em segunda votação, em afastar a decadência declarada e devolver os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida, vencido o Conselheiro Raphael Madeira Abad que negava provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior votaram pelas conclusões, entendendo pela anulação da decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus. Designado o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho para redigir o voto vencedor. Em primeira votação, o Conselheiro Raphael Madeira Abad negava provimento ao recurso voluntário, os Conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud e Paulo Guilherme Deroulede afastavam a decadência declarada e devolviam os autos à primeira instância para pronunciamento de mérito quanto às demais matérias, relativamente ao período considerado decaído na decisão recorrida e os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Junior anulavam a decisão recorrida anulavam a decisão de primeira instância por vedação ao reformatio in pejus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 00 15 12 /2 01 0- 64 Fl. 439DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Raphael Madeira Abad Relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Redator designado. Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araujo, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jose Renato Pereira de Deus, Corintho Oliveira Machado, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad. Relatório Tratase de Processo Administrativo por meio do qual a Recorrente objetiva direito a créditos decorrentes da aquisição de matéria prima de pessoas físicas no mercado interno. Isto porque em 2004 a Lei 10.925 estabeleceu Crédito Presumido da agroindústria, a ser deduzido dos valores de PIS e COFINS devidas em cada período de apuração, nos seguintes termos: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos (...) destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (destaques nossos) (...) Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. A Recorrente, valendose da legislação, requereu o ressarcimento do crédito no bojo do Processo originário 13852000860/200668. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 4 3 Em 21.01.2006 a Recorrente impetrou Mandado de Segurança (Processo n. 2006.61.13.0002504) por meio do qual discute a forma de aproveitamento dos créditos de PIS e COFINS pleiteando, inclusive, o seu recebimento em pecúnia. "Por todo o exposto, requerse a concessão de medida liminar suspendendo, de logo, a eficácia do injurídico Ato Declaratório Interpretativo SRF n.° 15, de 22 de dezembro de 2005 (doe. n.° 6), bem como das teratológicas decisões administrativas exaradas, em 13 de dezembro de 2005, pelo Delegado da Receita Federal em Franca (does. n.o S 4 e 4 A), de forma a garantir, à impetrante, o regular e imediato aproveitamento e/ou ressarcimento, em pecúnia, dos créditos de PIS/Pasep e COFINS (provenientes da aquisição de bens que entraram no processo produtivo de mercadorias que exportou para o exterior), conforme determinado nas Leis no s 10.637/2002 (art. 5º , § 2º), 10.833/2003 (art. 6º , § 2º) e 10.925/2004 (art. 8º)." (destaques nossos) Posteriormente, a Lei 12.058/2009 estabeleceu UM NOVO DIREITO, UMA NOVA FORMA de utilização de Crédito de PIS / COFINS. "Art. 36. O saldo de créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, relativo aos bens classificados nos códigos 01.02, 02.01, 02.02, 02.06.10.00, 02.06.20, 02.06.21, 02.06.29 da NCM, existentes na data de publicação desta Lei, poderá: I ser compensado com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria; II ser ressarcido em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 1º O pedido de ressarcimento ou de compensação dos créditos presumidos de que trata o caput deste artigo somente poderá ser efetuado: I relativamente aos créditos apurados nos anoscalendário de 2004 a 2007, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao de publicação desta Lei; II relativamente aos créditos apurados no anocalendário de 2008 e no período compreendido entre janeiro de 2009 e o mês de publicação desta Lei, a partir de 1º de janeiro de 2010. § 2º O disposto neste artigo aplicase aos créditos presumidos que tenham sido apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003." (grifos nossos) Fl. 441DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 5 4 Sinteticamente, a Lei 12.058/2009 criou novo direito, qual seja o de ressarcimento, em dinheiro, dos créditos, estabelecendo ainda que este direito surgiu a partir de 01.11.2009 para os saldos dos créditos presumidos nos períodos dos anos calendário 2004 a 2007 e a partir de 01.01.2010 para os anos seguintes. Ressalvou ainda que tais créditos devem ter sido apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação. A partir deste novo marco normativo, o contribuinte efetuou, ainda nos autos do mencionado processo originário novo pedido de ressarcimento em relação ao crédito presumido do já mencionado período, inclusive quanto à correção pela SELIC desde a data do primeiro pedido. Para a análise deste novo direito o processo originário foi desmembrado no processo ora sob análise, no bojo do qual passou a ser discutida a aplicação do artigo 36 da Lei 12.058/2009. A determinação da formalização deste novo processo ocorreu conforme ato administrativo de fls. 03. Contudo a DRF de Franca (17.05.2010 efls 182187) não conheceu do pedido administrativo por força da sua CONCOMITÂNCIA com o Mandado de Segurança n. 2006.61.13.0002504. Ementa: PIS. RESSARCIMENTO. CREDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. ART. 36 DA LEI 10.058/2009. EXISTÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL QUE INTERFERE NO VALOR A SER RESSARCIDO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de pedido administrativo de ressarcimento de PIS quando o contribuinte possui ação judicial que possa interferir no valor a ser ressarcido, conforme o teor e a inteligência do § 3o do art. 28 da IN RFB 900/2008 e do ADN Cosit 03/96." Posteriormente (10.08.2011) a Recorrente desistiu do Mandado de Segurança sob o argumento de que ele haveria perdido o objeto em razão da edição da lei 12.058/2009, editada dois anos antes e que teria garantido o seu direito ao crédito e, diante deste fato novo, em agosto de 2011 peticionou à DRF Franca, em peça denominada "Desistência de Ação Judicial" por meio da qual informou o fim da apontada concomitância e reiterou o pedido de utilização dos créditos (efls. 191 193). Analisando o presente processo, já desmembrado, a DRF de Franca salientou que o pedido de ressarcimento realizado em 04.11.2009 ainda nos autos do processo original, do qual este foi desmembrado, não pode ser conhecido em razão da concomitância com ação judicial. Contudo, também entendeu que a partir do momento que a Contribuinte desistiu da ação judicial, a ela passou a ser possível formular novo pedido, o que a DRJ de Franca entendeu haver sido formulado em agosto de 2011 por meio da já mencionada petição que informou a desistência do Processo Judicial. Seguindo este raciocínio, a DRJ de Franca, em 11.01.2012, não reconheceu o direito creditório da Recorrente bem como glosou parte do direito creditório deferido no Fl. 442DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 6 5 processo originário. ao ressarcimento em valor inferior ao que foi por ele pleiteado (efls. 224 231 ). Irresignada com a decisão, a Recorrente apresentou MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE por meio da qual fundamenta e requer o crédito (08.05.2102, efls. 234 e seguintes). Em 08.01.2014 foi apresentado pedido de reconsideração (fls. 271) Contudo, a DRJ do Rio de Janeiro, ao julgar a MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE em 22.05.2014, fls. 281 e seguintes, entendeu que a análise do crédito referente a julho de 2006 se encontrava preclusa em razão de não haver sido apresentado recurso em face da decisão que não conheceu do pedido de ressarcimento por força de concomitância. A DRJ admitiu que como o reconhecimento da concomitância não foi objeto de recurso, a discussão foi encerrada em âmbito administrativo. Entendeu ainda que o requerimento de desistência da ação judicial ocorrido em 09.08.2011 acompanhado de novo requerimento de utilização do crédito, realizado em agosto de 2011 (efls. 220) é um PEDIDO NOVO. Valendose de tal raciocínio, a DRJ entendeu que o citado PEDIDO NOVO, por ter sido realizado em relação a créditos surgidos no terceiro trimestre de 2006, teria sido parcialmente afetado pela preclusão cinco anos após o início do direito ao crédito, tendo sido lavrada a seguinte ementa: COFINS NÃO CUMULATIVA CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO PRAZO DECADENCIAL O prazo decadencial para aproveitamento de crédito presumido da COFINS não cumulativa para fins de ressarcimento/compensação é de cinco anos, a contar da data do ato ou fato que originou o direito creditório. COFINS NÃO CUMULATIVA CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO PEDIDOS DIVERSOS Para cada pedido de ressarcimento específico formulado pelo contribuinte, fundamentado em legislação e/ou fatos diversos, deve ser proferida decisão específica pela autoridade originalmente competente para apreciar o pedido, passível de contestação por meio dos recursos previstos nas normas administrativas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 AGROINDÚSTRIA AQUISIÇÕES DE INSUMOS CRÉDITO PRESUMIDO APURAÇÃO As pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal, destinadas à alimentação humana ou animal, podem descontar como créditos as aquisições de insumos, considerados os Fl. 443DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 7 6 percentuais de acordo com a natureza dos produtos por ela vendidos. COFINS RESSARCIMENTO DE CRÉDITO ATUALIZAÇÃO NÃO INCIDÊNCIA Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos da COFINS. AGROINDÚSTRIA CRÉDITO PRESUMIDO COMPENSAÇÃO ANTERIOR A 01/11/2009 IMPOSSIBILIDADE MATÉRIA JÁ APRECIADA Não é de se conhecer da manifestação de inconformidade Contudo, em relação a agosto e setembro de 2006 a decisão lhe assegurou o direito de crédito. A Decisão da DRJ também negou o pedido de atualização do valor a ser ressarcido pela SELIC por falta de previsão legal. Irresignada, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 307) por meio do qual sustenta, em síntese, que não restou operada a decadência, eis que o desmembramento do processo administrativo original foi realizado de ofício. Defende que a Ação Judicial cuja existência motivou o indeferimento do pedido de reconhecimento do crédito na verdade não questionava o direito ao ressarcimento com base na Lei n. 12.058/2009, nem influenciaria no montante a ser ressarcido, razão pela qual não haveria óbice para a análise administrativa do pleito naquele momento. Entende que na decisão proferida pela DRF houve enfrentamento da questão do direito ao ressarcimento, reforçando a sua tese de que o direito não estaria decaído. No mérito, sustenta o seu direito de que o calculo do créditopresumido de PIS/PASEP das agroindústrias seja calculado em razão dos produtos produzidos e das mercadorias vendidas e não dos insumos adquiridos, no caso dos frigoríficos a alíquota deve ser de 60% daquela prevista no artigo 2º da Lei n. 10.637/2002, ou seja 1,65% x 60% = 0,99. Finalmente, defende que ao seu crédito deve ser aplicada a Taxa Selic, uma vez que a Administração criou óbice ilegítimo ao reconhecimento do crédito. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro RelatorMadeira Abad Relator. O presente Recurso Voluntário é tempestivo e revestese dos demais requisitos legais, razão pela qual dele conheço. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 8 7 Em janeiro de 2006 a contribuinte impetrou o Mandado de Segurança n. 2006.61.13.0002504 por meio do qual questionou a forma de aproveitamento dos créditos de PIS e COFINS em discussão no bojo do já mencionado processo originário. Em 04.11.2009 a Recorrente formulou o pedido de ressarcimento de créditos presumidos da agroindústria, com fulcro na Lei 12.058/2009, pedido este que acarretou o desmembramento do processo ordinário no presente processo. Em razão da existência de processo judicial versando sobre a mesma matéria, em 17.05.2010 a DRF de Franca não conheceu o pedido administrativo de ressarcimento de COFINS formulado ainda nos autos do já mencionado processo originário com fulcro na Lei 12058/2009, declarando a CONCOMITÂNCIA entre o pedido administrativo e o processo judicial (efls 182). Ementa: PIS. RESSARCIMENTO. CREDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. ART. 36 DA LEI 10.058/2009. EXISTÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL QUE INTERFERE NO VALOR A SER RESSARCIDO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de pedido administrativo de ressarcimento de PIS quando o contribuinte possui ação judicial que possa interferir no valor a ser ressarcido, conforme o teor e a inteligência do § 3o do art. 28 da IN RFB 900/2008 e do ADN Cosit 03/96." Contudo, a Recorrente NÃO RECORREU desta decisão que NÃO CONHECEU A PETIÇÃO de pedido de ressarcimento e declarou a concomitância, LIMITANDOSE a providenciar a extinção do processo judicial (10.08.2011), informar tal fato à DRF e requerer novamente o crédito (23.08.2011), pressupondo, talvez, que tal medida fosse suficiente para extinguir a concomitância. "De forma a afastar esse impedimento, esta Contribuinte achou por bem desistir de referido litígio judicial, tendo assim feito conforme é possível observar do documento anexo de petição protocolada junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em 10 de agosto de 2011." Ocorre que não foi assim que entendeu a DRF. Diante da inexistência de recurso e da adoção de medida diversa, a DRF admitiu que a contribuinte havia aberto mão do direito de recorrer e formulado outro pedido, tendo enfatizando esta linha de raciocínio no despacho decisório. Outro elemento relevante com relação ao contribuinte é a existência de ação judicial questionando a possibilidade do ressarcimento dos créditos presumidos da agroindústria com base na lei 10.925/2004. Após ter o seu pedido de ressarcimento e compensação de créditos presumidos da agroindústria previstos nos artigos 8 e 15 da Lei 10.925/2004 indeferido, o contribuinte impetrou mandado de segurança procurando rever os despachos em questão bem como afastar de uma maneira geral o ADI SRF 15/2005 para atingir os demais períodos. Fl. 445DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 9 8 A ação mandamental recebeu o número 2006.61.13.0002504 (folhas 172 a 195) e em primeira instância a segurança foi denegada (folhas 196 a 204). Oportuno indicar que o contribuinte também tentara anteriormente ação declaratória com pedido de antecipação de tutela, que recebeu o n° 2005.61.02.0130763, com objeto muito similar. O contribuinte solicitou a desistência desta ação após ter a tutela antecipada negada Desta forma, não havia outra possibilidade senão não conhecer da petição de ressarcimento, por existência de ação judicial em andamento que pode interferir no valor a ser ressarcido, em paralelo com o disposto no A DN Cosit 03/96. Ocorre que houve desistência do pleito judicial, desaparecendo o óbice anteriormente relatado, o que viabilizou a apresentação de novo pedido de ressarcimento constate às fls. 217 a 219. Conhecendo o pedido formulado em agosto de 2011 como um novo pedido, desta vez sem o óbice da concomitância, a DRF o deferiu parcialmente. Irresignada, a Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade em 08.05.2012 (efls. 234 e seguintes), no bojo da qual requereu o direito ao crédito no percentual de 60%, requerendo, por fim, a homologação dos pedidos de compensações. Contudo, ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a DRJ Rio de Janeiro entendeu que em razão da Contribuinte não haver recorrido da decisão que não conheceu do seu requerimento por concomitância, o pedido formulado em agosto de 2011, após a desistência da ação judicial, tratavase de um pedido novo. Assim, posteriormente à edição da Lei nº 12.058/2009, em 04/11/2009 (...) o contribuinte apresentou um segundo requerimento, (...) considerando a alteração legislativa que lhe permitia, agora, tal faculdade. Tal requerimento foi tomado, corretamente, como novo pedido pela unidade local, sendo objeto da decisão (...) que não conheceu do pedido, em razão da existência de ação judicial com o mesmo objeto. Esta decisão não foi objeto de manifestação de inconformidade pelo requerente, caracterizandose, portanto, como definitiva no âmbito administrativo, uma vez que o requerimento foi analisado pela autoridade competente, e que a correspondente decisão não foi contestada pelo sujeito passivo, por meio dos recursos previstos na legislação. (...) a empresa apresentou um terceiro requerimento (...) no qual novamente solicita o ressarcimento (...) informando que havia desistido do pleito judicial, não permanecendo, portanto, o óbice que havia fundamentado a negativa anterior da Administração. Em resposta, foi proferido pela unidade local o despacho decisório (...) reconhecendo parcialmente o crédito pleiteado. Contra tal decisão o contribuinte interpôs a manifestação de inconformidade (...) objeto do presente julgamento. (...) Fl. 446DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 10 9 Assim, como já dito, vêse que a presente análise se restringe ao pedido de ressarcimento formulado pelo contribuinte (...) devidamente contestado pela empresa por meio da manifestação de inconformidade submetida a este Colegiado. Partindo do paradigma de que o pedido em exame foi formulado em agosto de 2011, a DRJ entendeu que tal direito estaria alcançado pela decadência. No presente caso, tendo sido o pedido de ressarcimento em análise formulado em 28/08/2011, somente poderia ser reconhecido o crédito apurado até ago/2006. Em decorrência, encontramse alcançados pela decadência os períodos objeto do presente pedido, outubro, novembro e dezembro de 2004. Finalmente, após a análise, assim restou lavrada a ementa do Acórdão 12 65.726. PIS NÃO CUMULATIVO CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO PRAZO DECADENCIAL O prazo decadencial para aproveitamento de crédito presumido do PIS não cumulativo para fins de ressarcimento/compensação é de cinco anos, a contar da data do ato ou fato que originou o direito creditório. PIS NÃO CUMULATIVO CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO PEDIDOS DIVERSOS. Para cada pedido de ressarcimento específico formulado pelo contribuinte, fundamentado em legislação e/ou fatos diversos, deve ser proferida decisão específica pela autoridade originalmente competente para apreciar o pedido, passível de contestação por meio dos recursos previstos nas normas administrativas. Agora, no presente Recurso Voluntário a Recorrente sustenta a tese de que não havia concomitância entre o Mandado de Segurança e os créditos. Alega que o direito ao ressarcimento foi realizado com base na Lei n. 12.058/2009 e a causa de pedir do Mandado de Segurança era fundamentado na Lei 10.925/2004. Sustenta ainda que a própria decisão judicial fez menção à inocorrência de similitude de matérias. Efetivamente, ao tomar ciência da decisão que declarou a concomitância entre as medidas judiciais e a Recorrente não manejou qualquer recurso com o objetivo de reformála, onde poderia formular todos estes argumentos. Em seu Recurso Voluntário a Recorrente afirma que a DRF havia admitido a sua petição de desistência da ação judicial como uma superação de óbice e dado continuidade à análise do processo formulado em 2009. Fl. 447DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 11 10 Contudo, a DRF, ao deferir parcialmente o direito de compensação ressaltou expressamente que recebeu a petição de desistência do Mandado de Segurança em agosto de 2011 como um novo pedido de utilização do crédito, agora sem o óbice da concomitância, decisão esta que não foi objeto de qualquer recurso. "Ocorre que houve desistência do pleito judicial, desaparecendo o óbice anteriormente relatado, o que viabilizou a apresentação de novo pedido de ressarcimento (...)/' Efetivamente, neste grau recursal não é possível analisar se a matéria do Mandado de Segurança era ou não concomitante com a matéria discutida no Processo Administrativo, se influenciaria a decisão, ou se tratavam de assuntos distintos e independentes, uma vez que a decisão que declarou a concomitância não foi questionada. Assim, o Recurso Voluntário sob análise circunscrevese à seguinte discussão: Se o pedido formulado após a desistência do Mandado de Segurança, era um "pedido novo" como admite a DRJ, ou se era uma "continuação" do pedido que foi realizado em 04.11.2009, agora sem o impedimento da Concomitância. No caso concreto, admito que assiste razão à DRJ ao entender que a decisão que declarou a concomitância tornouse definitiva por ausência de manifestação de inconformidade que atacasse o mérito do que foi decidido, no caso a dita concomitância entre o que foi requerido em esfera administrativa e em esfera judicial. A concomitância entre o processo administrativo e ação judicial é fator que impede a continuidade da tramitação do requerimento administrativo, entendimento esposado na Sumula CARF n. 01, que por força da Portaria MF n. 277/2018, possui efeito vinculante em todos os órgão da Receita Federal do Brasil. Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Por esta razão a DRF entendeu que após a formulação do pedido de desistência da ação judicial a contribuinte estaria livre para reformular o pedido perante a Administração Pública, e que agora não era mais concomitante. Este raciocínio foi seguido pela DRJ quando do julgamento da Manifestação de Inconformidade. Contudo, pela leitura do Parecer Cosit n. 07, de 22 de agosto de 2014 é possível extrair o entendimento de que nem mesmo a desistência da Ação Judicial seria suficiente para encerrar a concomitância, verbis. É irrelevante que o processo judicial tenha sido extinto sem resolução de mérito, na forma do art. 267 do CPC, pois a renúncia às instâncias administrativas, em decorrência da opção pela via judicial, é insuscetível de retratação. A definitividade da renúncia às instâncias administrativas Fl. 448DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 12 11 independe de o recurso administrativo ter sido interposto antes ou após o ajuizamento da ação. Segundo este entendimento, perfeitamente válido, nem mesmo após o pedido de desistência da ação judicial poderia ser formulado o mesmo requerimento na instância administrativa. Ocorre que o pedido formulado após a desistência do Mandado de Segurança não se confunde com o que foi nele requerido, eis que impetrado quando ainda não havia lei expressa que autorizasse o exercício do direito pleiteado no writ. Contudo, não há como esquivarse do fato de que não houve recurso da decisão que declarou a concomitância, razão pela qual tornouse imutável na instância administrativa. Por este motivo admitese que assiste razão à DRF quando reconheceu a petição de agosto de 2011 como um novo pedido, eis que o anterior foi negado e não recorrido. Da mesma forma entendese que assiste razão à DRJ quando, ao cotejar as datas nas quais foram formulados os requerimentos, declarou a decadência de parte do direito pleiteado. Assim, por estes motivos, voto no sentido de conhecer do Recurso Administrativo mas negarlhe provimento por entender correta a decisão que reconheceu a decadência dos créditos objeto do presente recurso.. (assinado digitalmente) Relator Madeira Abad Fl. 449DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 13 12 Voto Vencedor Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator designado. A maioria do Colegiado afastou a decadência de o sujeito passivo requerer o ressarcimento de crédito presumido apurado na forma do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, relativo aos bens classificados nos códigos 01.02, 2.01, 02.02, 02.06.10.00, 02.06.20, 02.06.21 e 02.06.29 da NCM. Não se discutiu o cânone legal que regia o prazo decadencial dos créditos pleiteados. A questão se restringiu na definição do instrumento legal que caracterizou o pedido de ressarcimento do crédito presumido. Para o relator original, o documento apresentado em 23/11/2011 seria um novo pedido de ressarcimento. Partindo dessa premissa, os créditos pleiteados estariam fulminados pela decadência, conforme demonstrado no voto vencido. Acontece que o Colegiado entendeu de forma diferente. Para a Turma Julgadora a petição protocolada em 23/08/2011 não passou de mera informação sobre os créditos pleiteados na petição protocolada em 04/11/2009. Sendo este o pedido de ressarcimento que deve ser usado para contagem do prazo decadencial. A questão é meramente fática, de forma que seu deslinde terá obrigatoriamente que passar pelos documentos que a lastreiam. O sujeito passivo apresentou pedido de ressarcimento de créditos das contribuições vinculados à receita de exportação relativo ao 1º trimestre de 2006. Seu pedido fora parcialmente deferido, uma vez que montante do crédito pleiteado não era ressarcível, pois teria sido apurado nos moldes dos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004. Em 04/11/2009, o sujeito passivo atravessa petição solicitando o ressarcimento do valor correspondente a parte que foram indeferido sob o fundamento da edição da Lei nº 12.058/2009, que estabeleceu novas regras para o setor frigorífico, trazendo a possibilidade de compensação ou ressarcimento a tais créditos. Segue trecho da petição: "A Requerente ingressou com Pedido de Ressarcimento de créditos de Contribuição a COFINS, vinculados à receita de exportação, (...) Todavia, a fiscalização houve por bem reconhecer apenas parte dos créditos pleiteados pela Requerente (...) não passível de Ressarcimento nas formas dos artigo 8º e 15 da Lei 10.925/2004. Com a edição da lei 12.058 de 13 de outubro de 2009 a qual estabelece novas regras para o setor frigorífico, sendo que no artigo 36 trata que o crédito presumido apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925 de 23 de julho de 2004 advindo de Fl. 450DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 14 13 pessoa física e não deduzido nas saídas do mercado interno como determinava o Ato Declaratório n. 15 de 10 de dezembro de 2005, poderá ser compensados ou ressarcidos. (...) Referido valor (...) não foi ressarcido ou autorizado a compensação com débitos da própria Receita Federal, conforme INFORMAÇÃO FISCAL, datada de 30 de abril de 2009 nas folha de n. 124. Portanto, solicitamos o seu ressarcimento ou autorização para compensação com débitos administrado pela Receita Federal. DO PEDIDO Diante do exposto, solicitamos o seu ressarcimento ou autorização para compensação com débitos administrado pela Receita Federal do valor referente ao credito da Agroindústria no valor de R$ 2.907.136,91".(...) Em 23/08/2011, o contribuinte apresenta requerimento informando a desistência de ação judicial que poderia impedir o ressarcimento pleiteado na petição apresentada no dia 04/11/2009, que abaixo reproduzo: "Requerente ingressou em 04/11/2009 com Pedido de Ressarcimento dos saldos de créditos de Contribuição para a COFINS, vinculados à receita de exportação, (...) Em 05/05/2010 a fiscalização desta Delegacia fez por bem separar os créditos apurados no referido (...) haja vista a entrada e vigor da Lei 12.058/2009. Referida Lei autorizou o ressarcimento dos saldos de créditos apurados ainda na forma da Lei n° 10.925/2004, conforme pode ser observado do caput do artigo 36 e incisos ss., que dispõe: (...) Ocorre que o despacho decisório (...) reconheceu a previsão legal de ressarcimento/compensação dos citados créditos, porém, indeferido seu pagamento imediato sob os fundamento da existência de ação judicial (...) envolvendo referidos créditos. De forma a afastar esse impedimento, esta Contribuinte achou por bem desistir de referido litígio judicial, tendo assim feito conforme é possível observar do documento anexo de petição protocolada junto ao Tribunal Regional Federal da 3° Região, em 10 de agosto de 2.011. (...) Do Pedido. Diante do exposto e por acreditar na inexistência de qualquer impedimento legal, REQUER seja deferido o ressarcimento e/ou Fl. 451DF CARF MF Processo nº 13855.001512/201064 Acórdão n.º 3302006.054 S3C3T2 Fl. 15 14 compensação os saldos apurados na forma da Lei n° 10.925/2004 e autorizado pela Lei 12.058/2009 (...)". Pela análise das petições, na minha visão, resta evidente que o documento protocolado em 23/08/2011 tem natureza meramente informativa, pois visou informar a desistência de um possível impedimento uma ação judicial ao pedido de ressarcimento apresentado em 04/11/2009. Definido o documento apresentado em 04/11/2009 como o pedido de ressarcimento, e tendo em vista que o crédito pleiteado se refere aos períodos de apuração compreendidos entre 01/07/2006 e 30/09/2006 entendo que não houve a decadência de o sujeito passivo solicitar seu direito, nos termos do art. 1º do Decreto nº 20.910/32. Conforme já mencionado no recurso voluntário, a Delegacia de Julgamento não enfrentou as outras questões suscitadas na manifestação de inconformidade em virtude da prejudicial de decadência. Diante deste fato, é importante ressaltar que este Colegiado cingise a enfrentar a matéria controversa. Em conseqüência, as demais questões relativas ao processo, aqui não examinadas, devem ser objeto de análise pela DRJ a fim de ser prolatada nova decisão observandose este julgado. Ademais não se pode perder de perspectiva que a apreciação completa do caso por este Colegiado, neste momento, provocaria a supressão de instância administrativa e, por aí, abalaria o amplo direito de defesa do contribuinte que tem a prerrogativa de exercêlo em todas as instâncias cabíveis, sem qualquer indevida supressão. Como o amplo direito de defesa deve ser obviamente preservado, devem ser preservadas todas as instâncias previstas. Por todos os fundamentos expostos, VOTO no sentido dar provimento parcial ao recurso voluntário para reformar o acórdão vergastado no sentido de afastar a decadência do direito ao ressarcimento dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, e determinar que a DRJ examine as demais questões pertinentes ao caso, não integrantes da matéria controversa decidida no presente julgamento. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 452DF CARF MF
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Numero do processo: 13984.000444/2001-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/1995 a 29/02/1996
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. EFEITO.
A declaração de inconstitucionalidade "in abstracto", considerado o efeito repristinatório que lhe é inerente, importa em restauração das normas estatais revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato.
Numero da decisão: 3201-004.354
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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RESTITUIÇÃO Recorrente SUPERMERCADOS MYATÃ LTDA.. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1995 a 29/02/1996 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. EFEITO. A declaração de inconstitucionalidade "in abstracto", considerado o efeito repristinatório que lhe é inerente, importa em restauração das normas estatais revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido de restituição de PIS, com origem no período de 01/10/1995 a 29/02/1996. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 00 04 44 /2 00 1- 50 Fl. 322DF CARF MF 2 Por bem retratar os fatos constatados nos autos, passamos a transcrever o Relatório da decisão de primeira instância administrativa: Trata o presente processo de pedido de restituição, apresentado em 13/08/2001, de valores que teriam sido indevidamente recolhidos com base na Medida Provisória n.o 1.212/1995, a título de Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, nos períodos de apuração de outubro de 1995 a fevereiro de 1996. Como dos autos se infere, o referido pedido já havia indeferido em decisões administrativas anteriores (despacho decisório da DRF/Lages/SC e acórdãos da DRJ/Florianópolis/SC e do então Conselho de Contribuintes), por conta do transcurso do prazo decadencial previsto para a repetição do indébito (cinco anos contados da data dos recolhimentos pretensamente indevidos). Ocorre, porém, que posteriormente a contribuinte obteve decisão judicial, já transitada em julgado (Ação Ordinária n.o 2008.72.06.0003527), por meio da qual lhe foi reconhecido, especificamente em relação ao presente processo administrativo, que "o prazo de cinco anos previsto no art. 168, I, do CTN, tem início na data de homologação tácita do lançamento e não na data do pagamento do tributo considerado indevido pela autora" (folhas 187 a 189). Tal decisão definitiva foi comunicada pela Procuradoria da Fazenda Nacional à DRF/Lages/SC em 26/03/2015 (Ofício à folha 185) e, em razão disso, a DRF/Lages/SC lavrou novo despacho decisório, considerando o novo marco temporal estabelecido pelo Poder Judiciário para o pleito repetitório. Nesse novo despacho decisório, a DRF/Lages/SC declara tempestivo o pedido repetitório (em face do critério temporal adotado pelo Poder Judiciário), mas volta a se manifestar pelo indeferimento do pedido de restituição formulado pela contribuinte, fazendoo por via da alegação de que, apesar de ser mesmo indevida a exigência da Contribuição para o PIS com base na Medida Provisória n.º 1.212/1995 no período de outubro de 1995 a fevereiro de 1996 (em face da reconhecida inconstitucionalidade associada ao desrespeito ao princípio da anterioridade nonagesimal), a exação remanesceria exigível com base na Lei Complementar 07/1970, como expressamente posto no parágrafo único do artigo 1.º da Instrução Normativa SRF n.o 06, de 19/01/2000. Assim, como a contribuinte pleiteia a restituição integral do que recolheu, em face de entender não ser exigível qualquer valor em face do afastamento da MP n.o 1.212/1995 no período em questão (já que isso representaria uma indevida repristinação da LC n.º 07/1970), o pedido restou não acatado. Importa ressaltar que a DRF/Lages/SC, ao prolatar esse novo despacho decisório, o fez confrontando expressamente as bases de cálculo do PIS declaradas pela própria contribuinte com o valor devido com base na LC n.º 07/1970, tendo concluído, a partir dessa análise, que os recolhimentos efetuados pela contribuinte não se caracterizariam como indevidos. Fl. 323DF CARF MF Processo nº 13984.000444/200150 Acórdão n.º 3201004.354 S3C2T1 Fl. 323 3 Cientificada do novo despacho decisório, contra ele se insurgiu a contribuinte, alegando que efetuou os recolhimentos objeto do pedido repetitório com base na MP n.o 1.212/1995 e que, por conta do afastamento da aplicação dessa MP no período de outubro de 1995 a fevereiro de 1996, qualquer recolhimento se mostraria indevido. À evidência, ao não contestar especificamente a confrontação entre as bases de cálculo e valores recolhidos efetuada pela DRF/Lages/SC, parece que a contribuinte reitera o argumento, já posto em contestações referentes ao primeiro despacho decisório, de que com o afastamento da MP n.º 1.212/1995 no período de outubro de 1995 a fevereiro de 1996, não caberia a exigência com base na LC n.o 07/1970, dado que isso representaria repristinação não aceita em nossa ordem jurídica. (g.n.) É o relatório. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis julgou improcedente a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/FNS n.º 0739.941, de 21/06/2017 (fls. 292 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1995 a 29/02/1996 INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 15 DA MP N.o 1.212/1995. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL NO PERÍODO DE 01/10/1995 A 29/02/1996 Em face da declaração de inconstitucionalidade do artigo 15 da MP nº 1.212/1995, aos fatos geradores relativos à Contribuição para o PIS ocorridos no período compreendido entre 1º de outubro de 1995 e 29 de fevereiro de 1996 aplicase o disposto na Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e nº 8, de 3 de dezembro de 1970. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 301 e ss., por meio do qual aduz: Efetuou recolhimentos título de PIS no indicado período, qual seja, novembro de 1995 a fevereiro de 1996, e o fez com base no disposto na MP nº 1.212/95. A citada MP trata do recolhimento das contribuições para o PIS/PASEP, determinando sujeito passivo, sujeito ativo, base de cálculo, alíquotas, fatos geradores, forma de recolhimento, entre outras disposições. O seu art. 15 dispunha que a mesma entraria em vigor na data de sua publicação, no caso em 28 de novembro de 1995, e aplicarseia a fatos geradores ocorridos a partir de 11 de outubro de 1995. Assim, feriu o princípio constitucional da anterioridade nonagesimal, insculpido no artigo 195, §6º, da Constituição Federal (cita decisão do STF); Fl. 324DF CARF MF 4 A Secretaria da Receita Federal já reconheceu a inexistência de relação jurídico tributária no período em comento, de 17 de outubro de 1995 a 28 de fevereiro de 1996, por meio da Instrução Normativa SRF nº 06/2000. Assim, se a própria Receita Federal reconhece que não podem ser constituídos créditos tributários com base nas alterações introduzidas pela Medida Provisória nº 1.212/95, por óbvio que os valores pagos com base no referido dispositivo legal devem ser restituídos à Recorrente; A decisão recorrida está fundamentada no entendimento de que a declaração de inconstitucionalidade da MP nº 1.212/1995 acarretaria a recomposição da ordem jurídica de forma que no período em questão deveria ser observado o disposto na Lei Complementar nº 07/1970. Esse entendimento está equivocado. Tem direito à restituição dos recolhimentos a maior nos períodos apontados em razão de dispositivo da MP nº 1.212/95 declarado inconstitucional. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente apresentou pedido de restituição de PIS, com origem no período de 01/10/1995 a 29/02/1996, que restou indeferido ao fundamento de que, com a declaração de inconstitucionalidade do art. 15 da MP nº 1.212/1995, aplicarseia, para o período reclamado, o disposto na Lei Complementar nº 07/1970, entendimento com o qual, como se viu do Relatório, discorda. Interposta manifestação de inconformidade, a DRJ julgoua improcedente, daí a interposição do recurso voluntário. Como se verá, a matéria não comporta maiores digressões. Com efeito, a declaração de lei acarreta a restauração da norma que, em face da edição daquela, deixara de ser aplicada. O entendimento é pacífico, como comprova a seguinte ementa de decisão do Supremo Tribunal Federal: FISCALIZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM TESE E EFEITO REPRISTINATÓRIO. A declaração de inconstitucionalidade "in abstracto", considerado o efeito repristinatório que lhe é inerente (RTJ 120/64 RTJ 194/504505 ADI 2.867/ES, v.g.), importa em restauração das normas estatais revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato. É que a lei declarada inconstitucional, por incidir em absoluta desvalia jurídica (RTJ 146/461462), não pode gerar quaisquer efeitos no plano do direito, nem mesmo o de provocar a própria revogação dos diplomas normativos a ela anteriores. Lei inconstitucional, porque inválida (RTJ 102/671), sequer possui eficácia derrogatória. A decisão do Supremo Tribunal Federal que declara, em sede de fiscalização abstrata, a inconstitucionalidade de determinado diploma normativo tem o condão de provocar a repristinação dos atos estatais anteriores que foram revogados pela lei proclamada inconstitucional. Fl. 325DF CARF MF Processo nº 13984.000444/200150 Acórdão n.º 3201004.354 S3C2T1 Fl. 324 5 Doutrina. Precedentes (ADI 2.215MC/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO, "Informativo/STF" nº 224). Portanto, o pedido de restituição deveria ser analisado à luz da LC nº 07/1970. E foi o que fez a fiscalização, ao concluir, após o confronto das bases de cálculo do PIS declaradas com o valor devido com fundamento na LC n.º 07/1970, que nenhuma repetição seria devida, fato, aliás, não contestado pela Recorrente. Por derradeiro, cabe registrar que o que a RFB reconheceu foi a impossibilidade de constituir créditos tributários com base nas alterações introduzidas por meio da MP nº 1.212/95, mas não a sua constituição com fundamento na LC n.º 07/1970. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 326DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13433.000649/2010-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001
CRÉDITO PRESUMIDO NA EXPORTAÇÃO. PRODUTO NÃO TRIBUTÁVEL (N/T). PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
De acordo com a Súmula CARF nº 124, a produção e a exportação de produtos classificados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) como "não-tributados" não geram direito ao crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996.
Numero da decisão: 3201-004.359
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinatura digital)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente).
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 CRÉDITO PRESUMIDO NA EXPORTAÇÃO. PRODUTO NÃO TRIBUTÁVEL (N/T). PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com a Súmula CARF nº 124, a produção e a exportação de produtos classificados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) como "não-tributados" não geram direito ao crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996.
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CRÉDITO PRESUMIDO. EXPORTAÇÃO DE PRODUTO N/T. Recorrente A FERREIRA INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 CRÉDITO PRESUMIDO NA EXPORTAÇÃO. PRODUTO NÃO TRIBUTÁVEL (N/T). PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com a Súmula CARF nº 124, a produção e a exportação de produtos classificados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) como "não tributados" não geram direito ao crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 43 3. 00 06 49 /2 01 0- 62 Fl. 126DF CARF MF Processo nº 13433.000649/201062 Acórdão n.º 3201004.359 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em face de decisão proferida pela DRJ/ Ribeirão Preto, que manteve o Despacho Decisório da DRF/Mossoró/RN e, consequentemente, não reconheceu o direito ao crédito presumido do IPI pleiteado. Como é de costume desta Turma de julgamento, transcrevese o relatório do Acórdão de primeira instância, para apreciação: "Trata o presente de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório que não reconheceu o pedido de ressarcimento do crédito presumido, apurado pelo contribuinte no período em epígrafe, e, conseqüentemente, não homologou a compensação dos débitos declarados. Tempestivamente o interessado manifestou sua inconformidade alegando, em síntese, que, preliminarmente, com base no § 4º do artigo 150 do CTN, os créditos já estariam homologados e que, com base no art. 24 da Lei nº 11.457/2007, teria ocorrido a preclusão, portanto, a PERDCOMP estaria homologada. No mérito, argúi, segundo sua interpretação da legislação, doutrina e julgados que cita, ser absolutamente impróprio excluir do crédito presumido um produto como o seu, que é industrializado, inclusive com tecnologia de ponta, por ser classificado na TIPI como NT (não tributado), sendo que a referida Tabela seria imprestável para qualificar um produto como industrializado, na medida que insere no campo de incidência do imposto, ainda que com alíquota zero(0), lagostas vivas Ainda acrescenta que, a partir da EC 33/2001, que tornou absoluta a imunidade, quanto ao PIS/COFINS, dos produtos exportados, há de ser desonerado pelo crédito presumido todas as etapas anteriores à exportação. Encerrou citando julgado do STJ e afirmando que o CARF “começa a renderse também quanto à correção monetária dos créditos escriturais quando o obstáculo ao creditamento é colocado pelo Fisco, matéria já sumulada pelo STJ”." O Acórdão nº 14042.350, da DRJ/Ribeirão Preto, possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTO NT. Operação que resulta em produto nãotributável, não é considerada operação industrial, não fazendo jus ao crédito presumido de IPI. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Em seguida, os autos foram distribuídos e pautados nos moldes do regimento interno deste Conselho. Fl. 127DF CARF MF Processo nº 13433.000649/201062 Acórdão n.º 3201004.359 S3C2T1 Fl. 4 3 Relatório proferido. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.356, de 24/10/2018, proferido no julgamento do processo 13433.720230/201021, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.356): "Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais conforme Regimento Interno deste Conselho e presentes os requisitos de admissibilidade, o tempestivo Recurso Voluntário deve ser conhecido. Pessoalmente entendo que é possível o creditamento nas operações do contribuinte, contudo, a matéria possui a recente Súmula n.º 124, que deve ser aplicada ao presente litígio administrativo fiscal, por ser obrigatória, em acordo com o regimento interno deste Conselho: "Súmula CARF nº 124 A produção e a exportação de produtos classificados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI) como "não tributados" não geram direito ao crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363, de 1996." Não reconhecido o crédito, resta prejudicado o argumento do contribuinte a respeito da aplicação da taxa Selic. Diante do exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado NEGOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 128DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.004519/2008-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. CONTAGEM DO PRAZO. DECISÃO DO STF COM REPERCUSSÃO GERAL.
Para os pedidos formulados depois de 9 de junho de 2005, o prazo decadencial de cinco anos é contado da data do pagamento antecipado ou da retenção na fonte (STF, RE nº 566.621, com repercussão geral).
Numero da decisão: 2402-006.729
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. CONTAGEM DO PRAZO. DECISÃO DO STF COM REPERCUSSÃO GERAL. Para os pedidos formulados depois de 9 de junho de 2005, o prazo decadencial de cinco anos é contado da data do pagamento antecipado ou da retenção na fonte (STF, RE nº 566.621, com repercussão geral).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1363; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 84 1 83 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.004519/200887 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402006.729 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 06 de novembro de 2018 Matéria IRPF. MOLÉSTIA GRAVE. DECADÊNCIA Recorrente HAROLDO NELSON ANDRADE SERRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. CONTAGEM DO PRAZO. DECISÃO DO STF COM REPERCUSSÃO GERAL. Para os pedidos formulados depois de 9 de junho de 2005, o prazo decadencial de cinco anos é contado da data do pagamento antecipado ou da retenção na fonte (STF, RE nº 566.621, com repercussão geral). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente em Exercício (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, José Ricardo Moreira, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 00 45 19 /2 00 8- 87 Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10280.004519/200887 Acórdão n.º 2402006.729 S2C4T2 Fl. 85 2 Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de acórdão da DRJ, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, na qual o sujeito passivo pediu que fosse reconhecido o seu direito à isenção, em face da existência de moléstia grave. Segue abaixo a ementa da decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 Ementa: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA O prazo para o contribuinte pleitear restituição de tributo pago a maior ou indevidamente é de cinco anos a partir do pagamento, data da extinção do crédito tributário. O direito de o contribuinte pleitear a restituição de imposto retido na fonte finda com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador, ou seja, 31 de dezembro do respectivo anocalendário. O sujeito passivo foi intimado da decisão em 21/05/2010 e interpôs seu recurso voluntário em 01/06/2010, no qual afirmou fazer jus ao benefício de restituição do imposto de renda pessoa física. Sem contrarrazões ou manifestação da Procuradoria. É o relatório. Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da decadência Cuidase de pedido de restituição referente ao IRPF, anocalendário 2002, sob o argumento de que o sujeito passivo teria moléstia grave. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10280.004519/200887 Acórdão n.º 2402006.729 S2C4T2 Fl. 86 3 A solicitação fora indeferida pela unidade de origem, ao argumento de que teria transcorrido o prazo de cinco anos para que o contribuinte pleiteasse a restituição. O acórdão de manifestação também entendeu ter havido a decadência. Pois bem. O art. 168, inc. I, do CTN, preleciona que o direito de pleitear a restituição de tributo indevidamente pago é de cinco anos, a contar da data da extinção do crédito tributário. Vejase: Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;(Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005) No que se refere aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o art. 3° da LC nº 118/2005 conferiu efeito interpretativo àquele dispositivo, estabelecendo que a extinção do crédito tributário ocorre com o pagamento antecipado. O art. 4° da mesma LC prescreveu a aplicação retroativa do citado preceito com base no art. 106, inc. I, do CTN. Veja se: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; Tal matéria foi objeto de declaração de inconstitucionalidade pelo STF, em julgamento com repercussão geral. Reconheceuse a inconstitucionalidade da segunda parte do artigo 4º da LC nº 118, pois, embora com alegado caráter interpretativo, ele inovou no mundo jurídico, devendo ser tido como lei nova. Consagrouse a tese de que o prazo de 5 anos, contado da data do pagamento, teria aplicação somente nas ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias da lei, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Para as ações ajuizadas anteriormente, mantevese o entendimento consolidado no STJ, que vinha reiteradamente reconhecendo a aplicabilidade da tese dos cinco mais cinco. Vejase: DIREITO TRIBUTÁRIO LEI INTERPRETATIVA APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10280.004519/200887 Acórdão n.º 2402006.729 S2C4T2 Fl. 87 4 NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. [...] Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (STF RE nº 566621/RS, Relator(a): Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 04082011, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe195 DIVULG 10102011 PUBLIC 11102011). Como sabido, este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF com repercussão geral, conforme determina o art. 62A do seu Regimento Interno: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Neste caso, o requerimento administrativo foi apresentado em 04/09/2008, de tal forma que realmente havia ultrapassado o prazo para a restituição das parcelas pagas ou retidas em 2002, inclusive do imposto incidente sobre o 13º salário. É importante observar que, de acordo com o art. 66 da Lei 9784/99, e o art. 132, § 3º, do Código Civil, os prazos fixados em meses ou anos contamse de data a data, expirandose no dia de igual número ao de início. Vejase: Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindose da contagem o dia do começo e incluindose o do vencimento. § 1o Considerase prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal. § 2o Os prazos expressos em dias contamse de modo contínuo. § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contamse de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, temse como termo o último dia do mês. Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computamse os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. § 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerarseá prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10280.004519/200887 Acórdão n.º 2402006.729 S2C4T2 Fl. 88 5 § 2o Meado considerase, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. § 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. § 4o Os prazos fixados por hora contarseão de minuto a minuto. Logo, o recurso voluntário deve ser desprovido. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 88DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.726244/2011-29
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
AUXÍLIO - ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM PECÚNIA.
Integram o salário-de-contribuição os pagamentos efetuados em pecúnia a título de auxílio-alimentação (assim também considerados os pagamentos via cartões ou tickets).
GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
As empresas integrantes de grupo econômico respondem solidariamente pelo cumprimento das obrigações tributárias para com a Seguridade Social.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. (Súmula CARF nº 119).
Numero da decisão: 9202-007.434
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, apenas quanto ao auxílio-alimentação e a retroatividade benigna e, no mérito, na parte conhecida, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial, para aplicar a retroatividade benigna em conformidade com a Súmula CARF nº 119.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM PECÚNIA. Integram o saláriodecontribuição os pagamentos efetuados em pecúnia a título de auxílioalimentação (assim também considerados os pagamentos via cartões ou tickets). GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As empresas integrantes de grupo econômico respondem solidariamente pelo cumprimento das obrigações tributárias para com a Seguridade Social. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. (Súmula CARF nº 119). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 62 44 /2 01 1- 29 Fl. 4453DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, apenas quanto ao auxílioalimentação e a retroatividade benigna e, no mérito, na parte conhecida, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial, para aplicar a retroatividade benigna em conformidade com a Súmula CARF nº 119. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 10680.726244/201129 37.339.4012 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 10680.726245/201173 37.339.4020 (Terceiros) Obrig. Principal Acórdão de Recurso Especial nº 9202 007.287 10680.726246/201118 37.339.4039 (AI 68) Obrig. Acessória Dívida Ativa No presente processo, encontrase em julgamento o Debcad 37.339.4012, referente às Contribuições Previdenciárias, parte patronal e a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho RAT, incidentes nos valores pagos a segurados empregados a título de auxílioeducação, alimentação sem inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT e Participação nos Lucros (em desacordo com a lei), não declarados em GFIP, no período de 01/2007 a 12/2008, conforme Relatório Fiscal de fls. 1.309 a 1.323. Em 23/01/2013, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG proferiu o Acórdão nº 0242.211 (fls. 3.785 a .3796), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 4454DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.453 3 Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. EMPREGADOS. A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com a lei específica, integra o salário de contribuição. AUXÍLIOEDUCAÇÃO. O valor relativo a plano educacional, apenas não integra o salário de contribuição, quando visa à educação básica e cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa e se disponível à totalidade dos empregados e dirigentes. ALIMENTAÇÃO IN NATURA. Não há incidência de contribuição social sobre o pagamento de alimentação in natura. MULTA. As contribuições sociais pagas com atraso ficam sujeitas a multa de caráter irrelevável. SOLIDARIEDADE. GRUPO ECONÔMICO. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes de lei. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros da 8ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente em parte a impugnação, mantendo em parte o crédito constituído por meio do Auto de Infração – DEBCAD 37.339.4012, devendo ser excluído o levantamento AL, conforme relatório e voto que integram este Acórdão. (...) Recorrese de ofício ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de acordo com o Decreto 70.235/72, artigo 34, inciso I, pois o valor exonerado é superior ao previsto no artigo 1º da Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008." A motivação do Recurso de Ofício foi a exoneração do valor correspondente ao AuxílioAlimentação, nos seguintes termos: Fl. 4455DF CARF MF 4 "Assim, uma vez que o fato gerador de que trata o lançamento é relativo a contribuições que incidiriam sobre alimentação in natura fornecida pelo impugnante e tendo em vista que conforme atos normativos citados tais contribuições não são mais exigíveis, deve ser excluído do presente processo o levantamento AL – Alimentação sem PAT." Contra a decisão de Primeira Instância foram interpostos Recursos de Ofício e Voluntário, julgados em sessão plenária de 14/05/2014, prolatandose o Acórdão nº 2302 003.181 (fls. 3.911 a 4.005), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 ALIMENTAÇÃO. PARCELA FORNECIDA NA FORMA DE TICKET, VALE ALIMENTAÇÃO OU EM PECÚNIA. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Os valores despendidos pelo empregador em dinheiro ou na forma de ticket/vale alimentação fornecidos ao trabalhador integram o conceito de remuneração, na forma de benefícios, compondo assim o Salário de Contribuição dos segurados favorecidos para os específicos fins de incidência de contribuições previdenciárias, eis que não encampadas expressamente nas hipóteses de não incidência tributária elencadas numerus clausus no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. DESCUMPRIMENTO DOS PRECEITOS LEGAIS. O texto constitucional condiciona a desvinculação da parcela paga a título de PLR da remuneração aos termos da lei. O plano de PLR que não atende aos requisitos da Lei n° 10.101/2000 não goza da isenção previdenciária. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PACTUAÇÃO PRÉVIA. A Lei n° 10.101/00 exige que haja negociação entre empresa e trabalhadores, da qual deverão resultar regras claras e objetiva e os índices, as metas, os resultados e os prazos devem ser estabelecidos previamente, sendo que o instrumento será arquivado na entidade sindical. A negociação e o estabelecimento das regras dela resultantes (índices, metas, resultados e prazos) somente têm sentido se concluídos previamente ao fim do período a que se referem os lucros ou resultados. Em que pese a vagueza do texto normativo, tal imprecisão não pode significar a impossibilidade de atuação do intérprete na complementação da norma, sob pena de se reconhecer que lacunas inviabilizam a decisão do caso concreto e que todas os textos incompletos ou ambíguos serão, potencialmente, ineficazes. Também não se trata de relativizar o princípio da legalidade, mas de identificar onde e quando o Direito atribui ao aplicador a tarefa de definir os critérios diante do caso concreto, como, no caso, a definição da anterioridade da negociação, da Fl. 4456DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.454 5 pactuação e do arquivamento do instrumento na entidade sindical. A negociação, a pactuação e o arquivamento do instrumento na entidade sindical devem ocorrer antes da conclusão das metas e/ou resultados estabelecidos e em data distante do término do período a que se referem os lucros ou resultados, sob pena de se inviabilizar o próprio sentido de incentivo à produtividade. A análise do caso concreto deve levar em consideração fatores como o tipo de meta ou resultado estabelecido, a comprovação da anterioridade das negociações, o ajuste de PLR, em anos anteriores, com características semelhantes (o que por si só gera expectativa no trabalhador, de sorte a já incentivar a produtividade e, portanto, não desnaturar o pagamento), dentre outras peculiaridades que mereçam ser sopesadas. AUXÍLIOEDUCAÇÃO A verba paga a título de educação em desacordo com a legislação, em desconformidade com o disposto no art. 28, §9º, letra”t” da Lei n.º 8;212/91, possui natureza remuneratória. Tal ganho ingressou na expectativa dos segurados empregados em decorrência do contrato de trabalho e da prestação de serviços à Recorrente, sendo portanto uma verba paga pelo trabalho e não para o trabalho. SOLIDARIEDADE. GRUPO ECONÔMICO. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes de lei. A solidariedade tal como disposta na lei, não deve ser aplicada discricionariamente. Para tanto, deve o auditor demonstrar os interesses em comum das empresas (exemplificativamente: confusão patrimonial ou concentração administrativa) ou a situação de fato que implique a responsabilização solidária. O dever de motivar é inerente a própria atividade administrativa. O art. 50, inciso I da Lei nº 9.784/99 determina que os atos administrativos devem ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos quando neguem, limitem ou afetem direito ou interesses. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE PELO DESCUMPRIMENTO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. As multas decorrentes do descumprimento de obrigação tributária principal foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual deu nova redação ao art. 35 e fez acrescentar o art. 35A à Lei nº 8.212/91. Na hipótese de lançamento de ofício, por representar a novel legislação encartada no art. 35A da Lei nº 8.212/91, inserida pela MP nº 449/2008, um tratamento mais gravoso ao sujeito passivo, inexistindo, antes do ajuizamento da respectiva execução fiscal, hipótese de a legislação superveniente impor multa mais branda que aquela então revogada, sempre incidirá Fl. 4457DF CARF MF 6 ao caso o princípio tempus regit actum, devendo ser aplicada em cada competência a legislação pertinente à multa por descumprimento de obrigação principal vigente à data de ocorrência do fato gerador não adimplido, observado o limite máximo de 75%, salvo nos casos de sonegação, fraude ou conluio. Recurso de Ofício Provido. Recurso Voluntário Provido em Parte." A decisão foi assim resumida: "Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso de Ofício para manter o lançamento quanto à rubrica alimentação fornecida em tíckets, sem a inscrição no PAT, vencida a Conselheira Relatora e os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral e Leonardo Henrique Pires Lopes por entenderem que a verba não integra o salário de contribuição. O Conselheiro Arlindo da Costa e Silva fará o voto divergente vencedor. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a incidência da contribuição previdenciária sobre a rubrica AuxílioEducação, vencidos os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral e Leonardo Henrique Pires Lopes por entenderem que a verba não integra o salário de contribuição. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, quanto à verba Participação nos Lucros e Resultados, vencida a Conselheira Relatora e o Conselheiro Leo Meirelles do Amaral por entenderem que a verba não integra o salário de contribuição. O Conselheiro André Luiz Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor. O Conselheiro Arlindo da Costa e Silva apresentará Declaração de Voto. Por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário devendo a multa aplicada ser calculada considerando as disposições do art. 35, II, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449/2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive. Vencida na votação a Conselheira Relatora e os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que a multa aplicada deve ser limitada ao percentual de 20% em decorrência das disposições introduzidas pela MP nº 449/2008 (art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação da MP nº 449/2008 c/c art. 61 da Lei nº 9.430/96). O Conselheiro Arlindo da Costa e Silva fará o voto divergente vencedor. Por maioria de votos em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário quanto à responsabilidade solidária, por não restar demonstrado nos autos a existência de grupo econômico. Vencido na votação o Conselheiro Arlindo da Costa e Silva." O processo foi encaminhado à PGFN em 25/08/2014 (Despacho de Encaminhamento de fls. 4.006) e, em 24/09/2014 (Despacho de Encaminhamento de fls. 4.009), a Fazenda Nacional opôs os Embargos de Declaração de fls. 4.007/4.008, rejeitados conforme Despacho nº 2302051, de 19/03/2015 (fls. 4.011 a 4.015). Fl. 4458DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.455 7 Foi o processo novamente encaminhado à PGFN em 19/03/2015 (Despacho de Encaminhamento de fls. 4.016) e, em 23/03/2015, foi interposto o Recurso Especial de fls. 4.017 a 4.030 (Despacho de Encaminhamento de fls. 4.031), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir as seguintes matérias: responsabilidade solidária nos casos em que existe grupo econômico; e aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2300 281/2015, de 10/04/2015 (fls. 4.033 a 4.042). Relativamente à primeira matéria, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: se a própria contribuinte reconhece a existência de grupo econômico, não há razão legal para a exclusão da responsabilidade, vez que o art. 30, inciso IX, da Lei nº 8.212, de 1991, determina a solidariedade nesse caso; a contribuinte reconhece em trecho do recurso voluntário a existência de grupo econômico; assim, não há que se falar de falta de motivação no lançamento, já que a lei expressa e objetivamente determina a solidariedade nos casos onde existe grupo econômico, fato incontroverso nos autos; registrese que o afastamento do citado art. 30 corresponde a verdadeira declaração indireta de inconstitucionalidade, o que é vedado ao CARF. No que tange à segunda matéria aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009 a Fazenda Nacional pede que se verifique, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; ou b) multa aplicada de ofício, nos termos do art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. Cientificado do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 29/04/2015 (AR Aviso de Recebimento de fls. 4.084/4.085), o Contribuinte, em 01/05/2015, opôs os Embargos de Declaração de fls. 4.048 a 4.062, rejeitados conforme despacho de 27/06/2017 (fls. 4.095 a 4.099), e, em 14/05/2015, ofereceu as Contrarrazões de fls. 4.069 a 4.083, contendo os seguintes argumentos: Fl. 4459DF CARF MF 8 Da inexistência de divergência quanto à questão da multa de mora o acórdão recorrido enfrentou a questão da aplicação retroativa da matéria penal prevista na Lei n° 11.941, de 2009, de forma bem diversa da que foi analisada nos acórdãos paradigmas, motivo pelo qual a identidade necessária para comprovar a divergência não está presente, o que impede o conhecimento do Recurso Especial no que diz respeito à multa de mora; nos acórdãos paradigmas, a ideia central é no sentido de que se deve cotejar a soma por inadimplemento da obrigação principal (art. 35 da Lei n° 8.212, de 1991) e da multa por descumprimento da obrigação acessória (§ 5o do art. 32 da Lei n° 8.212, de 1991) com a atual multa de ofício (art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991), prevalecendo a que seja mais favorável ao contribuinte; o acórdão recorrido não trata, em nenhum momento, desse critério "conjugado" de aplicação da lei penal tributária; o voto vencedor apenas busca refutar os argumentos da relatora, para dizer que não se aplica ao caso a multa de 20%, prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996; como o acórdão recorrido não enfrentou o debate que foi travado nos acórdãos paradigmas, não há identidade necessária para legitimar o conhecimento do Recurso Especial; podese verificar que não houve divergência de interpretação, uma vez que os acórdãos paradigmas não analisaram as mesmas questões discutidas no acórdão recorrido, motivo pelo qual o recurso especial não deve ser conhecido. Da inexistência de responsabilidade solidária para o Fisco, se duas ou mais empresas fazem parte de um grupo econômico, automaticamente elas são responsáveis solidárias; essa interpretação dada pelo Fisco ao art. 30, IX, da Lei nº 8.212, de 1991, é bastante literal e singela, pois desconsidera completamente o sistema normativo previsto no CTN, que trata de responsabilidade tributária; mesmo que haja uma holding e outra empresa que exerça atividade conexa à contribuinte, para validar a atribuição de responsabilidade no presente caso é necessário verificar se as empresas indicadas como responsáveis solidárias participaram e realizaram conjuntamente o fato gerador do tributo, sendo essa a orientação consolidada pelo Superior Tribunal de Justiça; o Fisco não indicou qualquer motivo ou prova no sentido de demonstrar que as empresas Cemig Geração e Transmissão e Companhia Energética de Minas Gerais tinham real participação na realização do fato gerador dos tributos; o lançamento de ofício abrangeu parcelas pagas exclusivamente aos empregados da Cemig Distribuição, sem qualquer ligação ou interesse das demais solidárias; a jurisprudência do CARF, em vários precedentes, afasta a tese defendida pela Fazenda Nacional no Recurso Especial. Da multa aplicada Fl. 4460DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.456 9 não é possível comparar penalidades aplicáveis a ilícitos distintos, afinal a multa pelo descumprimento de obrigação principal não se iguala nem é equiparada à multa por descumprimento de obrigação acessória; assim, não há motivos para se somar o valor das penalidades aplicadas, mas simplesmente comparar o valor da multa de mora (inadimplemento) conforme a legislação vigente em 2007 até novembro de 2008 e a nova multa estipulada pela Lei nº 11.941, de 2009; merece destaque o Acórdão n° 2401003.881, no qual se entendeu por bem aplicar o artigo 106, II, "c", do CTN e impor o cálculo da multa com base no artigo 61, da Lei nº 9.430, de 1996, para comparála com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35, da Lei nº 8.212, de 1991 (presente no crédito lançado neste processo) para determinação e prevalência da multa de mora mais benéfica, aplicandose o percentual de 20%. Ao final, o Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, no tocante à multa de mora e, caso assim não se entenda, que lhe seja negado provimento. Intimado da rejeição de seus Embargos em 02/08/2017 (AR Aviso de Recebimento de fls. 4.104/4.105), o Contribuinte interpôs, em 17/08/2017 (Termo de Solicitação de Juntada de fls. 4.110), o Recurso Especial de fls. 4.113 a 4.169, com fundamento no art. 68 e seguintes, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, suscitando diversas matérias. Ao Recurso Especial do Contribuinte foi dado seguimento parcial, apenas em relação às matérias a seguir especificadas, conforme Despacho de Admissibilidade de 03/10/2017 (fls. 4.363 a 4.380): auxílioalimentação; auxílioeducação; e aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009 Cientificado do Despacho de Admissibilidade em 14/11/2017 (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem de fls. 4.391), o Contribuinte apresentou, em 20/11/2017 (Termo de Solicitação de Juntada de fls. 4.394), o Requerimento de Agravo de fls. 4.396 a 4.403, rejeitado conforme despacho de 27/04/2018 (fls. 4.407 a 4.421). Em seu apelo, quanto às matérias que obtiveram seguimento, o Contribuinte apresenta as seguintes alegações: Do auxílioalimentação no caso, as recorrentes foram autuadas em razão de não estarem inscritas no PAT e por não fornecerem o auxílioalimentação in natura, mas por meio de cartão ou tickets de refeição; Fl. 4461DF CARF MF 10 conforme destacado nos acórdãos paradigmas, não há que se falar em incidência de contribuição previdenciária quando o pagamento do auxílioalimentação se dá por meio de tickets alimentação; os valores recebidos em ticketalimentação (eletrônico/cartão ou vale) são destinados para o trabalho e não pelo trabalho; é meio de favorecer e auxiliar o empregado no exercício de suas atividades, não possui componente remuneratório e parte é descontada dos empregados; ao contrário do que consta do voto vencedor (até porque amparado em precedente antigo, de 2003), o STJ, a partir do entendimento proferido pelo STF a respeito do valetransporte, entende que o auxílioalimentação pago em ticket ou cartão não deve sofrer a tributação em discussão; além disso, tratase de benefício previsto em Convenção Coletiva (acordos de 2006/2007 e 2007/2008), nas quais a CEMIG concede tíqueterefeição e tíquetelanche a seus empregados; o Tribunal Superior do Trabalho, em decisões proferidas no ano de 2010, também reconheceu que acordo coletivo pode retirar a natureza salarial do auxílioalimentação (RR13774007.2003.5.13.0002); em outro precedente, a 6ª Turma do TST afirmou que a parcela do auxílio alimentação perderá o caráter salarial se for instrumental à prestação do serviço, ou se for obrigação derivada de Contrato Coletivo de Trabalho ou Acordo Coletivo de Trabalho, cuja regra instituidora elimine sua natureza remuneratória (RR13020007.2005.02.0443, rel. Min. Maurício Godinho, j. 27.10.2010). Do auxílioeducação de acordo com o voto vencedor, a verba paga a título de educação em desacordo com o disposto no art. 28 § 9º, letra “t”, da Lei nº 8.212, de 1991, possui natureza remuneratória; conforme destacado nos acórdãos paradigmas, o auxílioeducação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado; cumpre observar a ausência da natureza salarial de referida verba paga aos empregados da empresa, visto que se trata de um incentivo, investimento feito pela Cemig Distribuição S/A em seus funcionários, não havendo habitualidade e obrigatoriedade no pagamento de tal beneficio; destarte, conforme destacado no próprio relatório fiscal, a Ajuda de Custo Para Formação – Auxílio Educação foi instituída por meio da cláusula décima sétima dos Acordos Coletivos de Trabalho, ou seja, tratase de um acordo firmado entre as partes, no qual a Contribuinte incentiva seus funcionários, por meio de uma ajuda de custo vinculada ao cumprimento de requisitos também acordados, a estudarem; não se trata de um pagamento ou contraprestação de um serviço prestado, mas sim de um incentivo; Fl. 4462DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.457 11 por fim, cumpre ainda salientar a alteração legislativa havida em 2011, quando a Lei nº 12.513, de 2011, alterou a redação do art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212, de 1991, extinguindo os requisitos observados como fundamento para a autuação, ou seja, suprimiuse a previsão de que a bolsa de estudos deveria ser estendida a todos os funcionários da empresa. Da multa aplicada assiste razão ao disposto nos acórdãos paradigmas, uma vez que não há motivos para se somar o valor das penalidades aplicadas, mas simplesmente comparar o valor da multa de mora (inadimplemento), conforme a legislação vigente em 2007 até novembro de 2008 e a nova multa de mora, estipulada pela MP 449/2008; nessa linha, comparandose os valores descritos no anexo VIII, comprova se que, ao não ser feita a soma das penalidades, a multa de mora calculada conforme a legislação anterior (24%) é bem mais benéfica que a atual (75%); não há motivos para se aplicar a multa de 75%, porque, com a edição da Lei nº 11.941, de 2009, os incisos e alíneas do art. 35, da Lei nº 8.212, de 1991, que previam as multas de mora foram revogados e o caput do referido artigo 35 foi alterado para prever que a penalidade pela mora seria a prevista no artigo 61, da Lei nº 9.430, de 1996 (limitada a 20%). Ao final, o Contribuinte pede o conhecimento e provimento do Recurso Especial, anulandose o lançamento fiscal. O processo foi encaminhado à PGFN em 18/06/2018 (Despacho de Encaminhamento de fls. 4.435) e, em 20/06/2018 (Despacho de Encaminhamento de fls. 4.447), foram oferecidas as Contrarrazões de fls. 4.436 a 4.446, contendo os seguintes argumentos: Da inadmissibilidade do Recurso Especial inicialmente, convém registrar que o item 6 do Recurso Especial (Auxílio Alimentação) não deve ser conhecido, pois não preencheu o requisito previsto no art. 67, §1º do novo RICARF, de 15/02/2016; pela análise do recurso interposto em 17/08/2017, não se verifica a indicação dos dispositivos legais que foram interpretados de modo divergente pelo acórdão recorrido, motivo pelo qual requer o não conhecimento desse item. Do auxílioalimentação de fato, conforme disposto na alínea “c”, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212, de 1991, o legislador ordinário expressamente excluiu, do saláriodecontribuição, a parcela in natura recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321; portanto, para a não incidência da Contribuição Previdenciária, é imprescindível que o pagamento seja feito in natura, o que não abrange ticket ou ressarcimento de custos; Fl. 4463DF CARF MF 12 o Programa de Alimentação do Trabalhador não admite o fornecimento do auxílioalimentação em pecúnia, consoante se depreende do art. 4º, do Decreto nº 5, de 1991, que regulamenta o programa; a isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, e dessa forma, interpretase literalmente a legislação que disponha sobre esse benefício fiscal, conforme prevê o CTN. em seu artigo 111, I; caso o legislador tivesse desejado excluir da incidência de Contribuições Previdenciárias a parcela paga em pecúnia referente ao auxílioalimentação teria feito menção expressa na legislação previdenciária, mas, ao contrário, fez menção expressa de que apenas a parcela paga in natura não integra o saláriodecontribuição; o art. 458 da CLT referese ao salário para efeitos trabalhistas, para incidência de contribuições previdenciárias há o conceito de saláriodecontribuição, com definição própria, parcelas integrantes e não integrantes e estas estão elencadas exaustivamente no art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212, de 1991; a prova mais robusta de que a verba para efeito previdenciário não coincide com a verba para incidência de direitos trabalhistas, é fornecida pela própria Constituição Federal, no art. 195, § 11, que dispõe que os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei; desse modo, pela singela leitura do texto constitucional é possível afirmar que para efeitos previdenciários foi alargado o conceito de salário. Do auxílioeducação a Fazenda Nacional adota como razões, nesse item, a fundamentação apresentada pelo acórdão recorrido. Da retroatividade da multa o artigo 35, da Lei nº 8.212, de 1991, na nova redação conferida pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, não pode ser entendido de forma isolada do contexto legislativo no qual está inserido, sobretudo de forma totalmente dissociada das alterações introduzidas pela MP nº 449 à legislação previdenciária; nesse contexto, impende considerar que a Lei nº 11.941, de 2009 (fruto da conversão da MP nº 449, de 2008), ao mesmo tempo em que alterou a redação do artigo 35, introduziu na Lei de Organização da Previdência Social o artigo 35A, a fim de instituir uma nova sistemática de constituição dos créditos tributários previdenciários e respectivos acréscimos legais de forma similar à sistemática aplicável para os demais tributos federais; a redação do art. 35A é clara: efetuado o lançamento de ofício das Contribuições Previdenciárias indicadas no artigo 35, da Lei nº 8.212, de 1991, deverá ser aplicada a multa de ofício prevista no artigo 44, da Lei nº 9.430, de 1996; por outro lado, como sói ocorrer com os demais tributos federais, a incidência da multa de mora ocorrerá naqueles casos expressos no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, ou seja, nas hipóteses em que o contribuinte incorreu na mora e efetuou o recolhimento em atraso, de forma espontânea, independente do lançamento de ofício, efetuado com esteio no art. 149, do CTN; Fl. 4464DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.458 13 a tese defendida pela Contribuinte, no sentido de que há retroatividade benigna em razão do advento da MP nº 449, de 2008 (convertida na Lei nº 11.941, de 2009) que conferiu nova redação ao art. 35, da Lei nº 8.212, de 1991, portanto, não merece prevalecer, pois a forma de cálculo ali defendida somente pode ser utilizada no caso em que o contribuinte incorreu na mora e efetuou o recolhimento em atraso espontaneamente; na espécie, não houve recolhimento espontâneo do tributo devido, houve isto sim lançamento de ofício, logo, inarredável a aplicação das disposições específicas da legislação previdenciária. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja negado conhecimento quanto ao auxílioalimentação e negado provimento às demais matérias do Recurso Especial do Contribuinte. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Em julgamento Recursos Especiais interpostos pela Fazenda Nacional e pela Contribuinte. Tratase do Debcad 37.339.4012, referente às Contribuições Previdenciárias, parte patronal e a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho RAT, incidentes nos valores pagos a segurados empregados a título de auxílio educação, auxílioalimentação sem inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT e Participação nos Lucros, no período de 01/2007 a 12/2008, conforme Relatório Fiscal de fls. 1.309 a 1.323. O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional visa rediscutir as seguintes matérias: responsabilidade solidária nos casos em que existe grupo econômico; e aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. O Recurso Especial da Contribuinte, por sua vez, na parte em que teve seguimento, visa rediscutir: tributação do auxílioalimentação; tributação do auxílioeducação; e aplicação da retroatividade benigna. O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Fl. 4465DF CARF MF 14 Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte pede o não conhecimento do apelo, no tocante à aplicação da retroatividade benigna, alegando que não houve divergência, uma vez que os acórdãos paradigmas não analisaram as mesmas questões discutidas no acórdão recorrido. Esclareçase que tanto o acórdão recorrido como os paradigmas tratam de aplicação das multas previdenciárias, relativas a obrigação principal e acessória, sendo irrelevante se as exigências são apresentadas no mesmo processo ou em processos distintos. E a legislação que cada um deles aplica é exatamente a divergência arguida: enquanto no recorrido a retroatividade benigna seria aplicada mediante a adoção do art. 35, da Lei nº 8.212, de 1991, observado o limite máximo de 75%, nos paradigmas dita retroatividade passaria pela comparação entre o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, com a multa aplicada de ofício, nos termos do art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e passo a analisarlhe o mérito. Quanto à primeira matéria responsabilidade solidária nos casos em que existe grupo econômico conforme se depreende da legislação tributária, existe expressa previsão legal no âmbito previdenciário para que, em existindo grupo econômico, deverseá atribuir a todas as empresas do grupo a responsabilidade pelas obrigações principais e acessórias. Registrese a Contribuinte não questiona a existência do grupo econômico, alegando tão somente que isso não seria suficiente para a imputação da solidariedade. O artigo 30, inciso IX, da Lei nº 8.212, de 1991, não deixa dúvida quanto à matéria, ensejando a possibilidade de indicação de várias empresas pelo montante do débito: “ Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (...) IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei;” No mesmo sentido, reportase a legislação trabalhista em seu § 2º, do art. 2º da CLT, ao tratar da matéria: “Art. 2º Considerase empregador a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. (...) § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente Fl. 4466DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.459 15 responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.” Acrescentese os artigos 121, 124 e 128 do Código Tributário Nacional, que assim prescrevem: "Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Assim, havendo expressa previsão legal, incabível a alegação apresentada pela Contribuinte, no sentido de que o Fisco não teria demonstrado que as empresas Cemig Geração e Transmissão e Companhia Energética de Minas Gerais tinham real participação na realização do fato gerador das Contribuições. Destarte, havendo expressa previsão legal que ampare a solidariedade descrita no lançamento, forçoso concluir pelo provimento do recurso, nesta parte. Quanto à segunda matéria retroatividade benigna, conforme o quadro demonstrativo constante do relatório, no mesmo procedimento fiscal foi exigida a presente multa por descumprimento de obrigação principal, bem como multa por descumprimento de obrigação acessória por falta de declaração em GFIP, portanto a retroatividade benigna deve ser aplicada em conformidade com a Portaria Conjunta RFB/PGFN nº 14, de 2009, e a Súmula CARF nº 119: "Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores Fl. 4467DF CARF MF 16 anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996." Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, também nesta parte, determinando que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Súmula CARF nº 119. Quanto ao Recurso Especial do Contribuinte, este é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Em sede de Contrarrazões, a Fazenda Nacional pede o não conhecimento do apelo, no tocante à matéria auxílioalimentação, alegando que não houve a indicação dos dispositivos legais que foram interpretados de modo divergente pelo acórdão recorrido. Em face de tal alegação, esclareçase que a legislação que está sendo interpretada de forma diversa não tem de estar necessariamente expressa no apelo, desde que nele se demonstre, sem sombra de dúvida, qual o arcabouço jurídiconormativo que está sendo tratado, evitandose a indicação de decisões divergentes em face de legislação estranha à lide objeto do recurso. Destarte, se no Recurso Especial, a despeito de não estar expressa a legislação objeto da divergência jurisprudencial, essa informação é facilmente deduzida da própria demonstração dos pontos de divergência indicados nos paradigmas, considerase atendido o comando do art. 67, §1º, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Com efeito, quanto à matéria do auxílioalimentação, verificase pelos paradigmas indicados que a legislação objeto da divergência é o art. 28, § 9º, alínea "c", da Lei nº 8.212, de 1991, razão pela qual o recurso deve ser conhecido nesta parte. Entretanto, quanto à matéria auxílioeducação, verificase que a situação fática do acórdão recorrido não se assemelha à dos paradigmas, de sorte que a divergência jurisprudencial não restou demonstrada, conforme será demonstrado. No caso do acórdão recorrido, o fundamento do Auto de Infração para a tributação da verba paga a título de auxílioalimentação, mantida no acórdão recorrido, cinge se ao descumprimento da regra constante na alínea “t”, do § 9º, do art. 28, da Lei 8.212, de 1991, no que concerne à exigência de que o benefício seja extensível a todos os empregados. Confirase os respectivos trechos do acórdão recorrido: "De acordo com o relatório fiscal a Recorrente conferia a alguns empregados o direito de receber auxílio educação. Conforme cláusula 17ª do ACT 2007/2008 e cláusula 26ª do ACT 2008/2009, foi acordada a concessão, por parte do empregador, de ajuda de custo para formação dos empregados matriculados em cursos técnicos e de graduação. Por tais instrumentos ficou estabelecido que o auxílio educação só seria concedido aos empregados que recebessem saláriobase máximo de R$ 3.990,00 (três mil novecentos e noventa reais) – ACT 2007/2008 e R$ 4.279,67 (quatro mil duzentos e setenta e nove reais e sessenta e sete centavos) – ACT 2008/2009. Fl. 4468DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.460 17 Diante da limitação à participação global dos funcionários, tornandoo inacessível a todos os empregados e dirigentes da empresa, concluiu o auditor que os valores referentes às despesas realizadas pela empresa sob o título de Auxílio Educação, por não estarem em conformidade com os requisitos estabelecidos no art. 28, § 9º, alínea “t” da Lei nº 8.212/91 c/c art. 214, §9º, item XIX, do RPS, seriam considerados como base de cálculo de contribuições previdenciárias: (...) A legislação ordinária impõe como requisito para a caracterização da verba educacional o fato do benefício ser estendido a todos os funcionários. No entanto, os acordos coletivos de trabalho aqui analisados dispõem que a verba auxiliar seria concedida apenas para alguns funcionários que recebessem determinado valor. Como se vê, o limite exposto pela empresa contraria a norma incentiva de modo a configurar como verba salarial o recebimento da respectiva "ajuda de custo". Notese que como norma incentiva a sua interpretação deve ser literal. Assim estabelece o art. 111, inciso I do Código Tributário Nacional: (...) A verba paga a título de educação em desacordo com a legislação (art. 28, §9º, letra”t” da Lei n.º 8;212/91) possui natureza remuneratória. Tal ganho ingressou na expectativa dos segurados empregados em decorrência do contrato de trabalho e da prestação de serviços à Recorrente. (...) Desse modo, estando no campo de incidência do conceito de remuneração e não estando adequada à dispensa legal, as parcelas pagas a título de auxílio educação para alguns funcionários deve integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias." ( grifei) Nesse contexto, o paradigma apto a demonstrar a alegada divergência seria representado por julgado em que, diante de situação fática similar auxílioeducação pago apenas a uma parcela dos empregados ainda assim se considerasse que referida verba não integraria o saláriodecontribuição. Entretanto, como paradigmas a Contribuinte indica os Acórdãos nºs 2301 003.541 e 2803003.688, que em momento algum tratam do descumprimento de tal requisito específico da cobertura do auxílioeducação. Confirase: Paradigma Acórdão nº 2301003.541 Ementa AUXÍLIO EDUCAÇÃO AOS FUNCIONÁRIOS Fl. 4469DF CARF MF 18 Não podem ser considerados como salário in natura os valores pagos pela empresa diretamente à instituição de ensino, com a finalidade de prestar auxílio escolar a seus empregados, porquanto não retribuem o trabalho efetivo. Desse modo, em relação a tal verba não deve incidir contribuição previdenciária, pois não integra a remuneração. Voto Diz a Fiscalização que há contribuição social, conforme art. 22, incisos I e II, da lei n° 8.212/91, incidentes sobre os valores das bolsas de estudos dado pela Recorrente a seus funcionários, filhos, cônjuges, para cursos de graduação oferecidos pela UCSal. Segundo ela os pressupostos básicos para a não incidência de contribuição previdenciária da alínea "t" do §9º do art. 28 da Lei 8.212/91 são necessariamente os seguintes: a) que o plano educacional vise à educação básica ou o curso de capacitação e qualificação profissional se vincule às atividades desenvolvidas pela empresa; e b) todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao plano educacional básico ou ao curso de capacitação e qualificação vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa. Conclui que a educação superior não está protegida da incidência da contribuição previdenciária, pois, caso o legislador quisesse excluir do conceito de saláriode contribuição o valor destinado ao pagamento do custeio da educação superior de empregados, utilizaria a expressão EDUCAÇÃO ESCOLAR, a qual engloba a educação básica e a educação superior. Todavia, como muito já tenho me manifestado nesta Turma, penso que a bolsa de estudo não incide contribuição social, pois, não se trata de salário e por isto mesmo não tem caráter remuneratório. Tratase de incentivo de cunho social. Paradigma Acórdão nº 2803003.688 Voto No concernente à concessão de bolsa de ensino aos empregados (reembolso faculdade), sem razão a autoridade administrativa (lançadora e julgadora de primeira instância). In casu, entendo que o contribuinte está com a razão, como se pode verificar da jurisprudência pacífica do STJ: Processo AgRg no AREsp 182495 / RJ AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2012/01083566 Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 26/02/2013 Data da Publicação/Fonte DJe 07/03/2013 Ementa PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIOEDUCAÇÃO. BOLSA DE ESTUDO. VERBA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE Fl. 4470DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.461 19 BASE DE CÁLCULO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O STJ tem pacífica jurisprudência no sentido de que o auxílio educação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado. É verba utilizada para o trabalho, e não pelo trabalho. 2. In casu, a bolsa de estudos é paga pela empresa para fins de cursos de idiomas e pósgraduação. 3. Agravo Regimental não provido. De acordo com o item 5.2.1 do Relatório Fiscal (fls. 127) foi detectada a ocorrência de pagamentos sob o título de Reembolso Faculdade no período de janeiro a dezembro que, segundo a autuada tratavase de bolsa de estudos extensiva a todos os colaboradores para cursos técnicos, de 3º grau e pósgraduação. Constatouse pelos documentos apresentados (fls. 166/180), que tais reembolsos diziam respeito a cursos de graduação e MBA. Vêse, portanto, conforme precedente do STJ tratarse de verba utilizada para o trabalho e não pelo trabalho, situação que afasta a hipótese de incidência perseguida pela autoridade administrativa incumbida da constituição do crédito tributário." (grifei) Destarte, compulsando o inteiro dos paradigmas, constatase que as situações neles tratadas em nada se assemelham à do recorrido. O cerne da discussão, nesses paradigmas, foi o fato de integrar ou não o conceito legal de saláriodecontribuição, o auxílioeducação concedido aos empregados para o custeio de cursos de nível superior, eis que dita hipótese não se enquadraria em nenhuma hipótese de renúncia de receita disposta taxativamente no art. 28, § 9° da Lei n° 8.212, de 1991. No acórdão recorrido, entretanto, o que se discutiu foi a questão do auxílioeducação pago apenas a uma parcela dos empregados. Com efeito, não se pode afirmar que os Colegiados paradigmáticos, que entenderam que o custeio de curso superior atenderia à legislação de regência, adotariam a mesma conclusão em face do fato de a verba em questão não ser paga à totalidade dos empregados. Assim, ausente a similitude fática entre o julgado guerreado e os paradigmas, não restou demonstrado o alegado dissídio interpretativo, razão pela qual não conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, quanto à matéria auxílioeducação. Diante do exposto, conheço parcialmente do Recurso Especial interposto pela Contribuinte, somente em relação ao auxílioalimentação e à retroatividade benigna. No mérito, quanto ao auxílioalimentação, o art. 28, § 9º, da Lei n ° 8.212, de 1991, assim estabelece: "Art. 28 (...) Fl. 4471DF CARF MF 20 § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (...) c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; " Ademais, o Decreto nº 05, de 1991, que regulamentou a Lei nº 6.321, de 1976, assim define o fornecimento de alimentação: "Art. 4° Para a execução dos programas de alimentação do trabalhador a pessoa jurídica beneficiária pode manter serviço próprio de refeições, distribuir alimentos e firmar convênio com entidades fornecedoras de alimentação coletiva, sociedades civis e sociedades cooperativas. (Redação dada pelo Decreto nº 2.101, de 1996)" No presente caso, conforme consta do Relatório Fiscal da Infração (fls. 1.309 a 1.323) e de acordo com a própria argumentação do Contribuinte, o auxílioalimentação era fornecido em pecúnia, por meio de ticket refeição, e a empresa não comprovou sua inscrição em PAT Programa de Alimentação do Trabalhador. Assim, constatase que o auxílioalimentação ora tratado não satisfaz a nenhuma das modalidades legais que autorizariam sua exclusão do saláriodecontribuição, razão pela qual nego provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. Quanto à segunda matéria retroatividade benigna conforme já assentado no presente voto, devem ser aplicadas a Portaria Conjunta RFB/PGFN nº 14, de 2009, e a Súmula CARF nº 119, razão pela qual nego provimento ao Recurso Especial da Contribuinte, também nesta parte. Em síntese, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento para restabelecer a responsabilidade solidária do grupo econômico e determinar que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Súmula CARF nº 119. Quanto ao Recurso Especial interposto pela Contribuinte, dele conheço parcialmente, somente em relação ao auxílioalimentação e à retroatividade benigna, e, no mérito, na parte conhecida, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 4472DF CARF MF Processo nº 10680.726244/201129 Acórdão n.º 9202007.434 CSRFT2 Fl. 4.462 21 Fl. 4473DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.003542/2008-80
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 06/03/2008
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. VÍCIO MATERIAL.
A inexistência de correlação clara e congruente entre o fato narrado e o fundamento jurídico da autuação representa lacuna intransponível de motivação do auto de infração, levando ao necessário reconhecimento da sua nulidade, por vício material.
Numero da decisão: 3002-000.456
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo do argumento de excesso de exação, em acatar a preliminar suscitada e, na parte conhecida, em dar provimento ao Recurso Voluntário para decretar a nulidade do auto de infração combatido, por vício material.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Alan Tavora Nem, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora) e Carlos Alberto da Silva Esteves.
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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VÍCIO MATERIAL. A inexistência de correlação clara e congruente entre o fato narrado e o fundamento jurídico da autuação representa lacuna intransponível de motivação do auto de infração, levando ao necessário reconhecimento da sua nulidade, por vício material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo do argumento de excesso de exação, em acatar a preliminar suscitada e, na parte conhecida, em dar provimento ao Recurso Voluntário para decretar a nulidade do auto de infração combatido, por vício material. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Alan Tavora Nem, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora) e Carlos Alberto da Silva Esteves. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 35 42 /2 00 8- 80 Fl. 259DF CARF MF Processo nº 11128.003542/200880 Acórdão n.º 3002000.456 S3C0T2 Fl. 259,5 2 Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão da DRJ, às fls. 239/240 dos autos: Trata o presente processo de auto de infração pelo não comparecimento do representante do consolidador de carga (NVOCC) à Vistoria Aduaneira, após intimação da Alfândega do Porto de Santos. Nesses termos foi aplicada a multa prevista no art. 107, IV, alínea “c” do Decretolei nº 37/66 com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/03, no valor de R$ 5.000,00. Intimada do Auto de Infração em 21/05/2008 (fl. 182), a interessada apresentou impugnação e documentos em 19/06/2009, juntados às folhas 193 e seguintes, alegando em síntese: 1. Alega preliminarmente a falta de justa causa da autuação. Cita o art. 5°, II da CF. Alega que a impugnante não violou os dispositivos legais que fundamentam o auto de infração. 2. Alega que o representante da empresa esteve de fato presente no local da Vistoria Aduaneira. Alega que tal fato não foi considerado por desentendimentos e picuinhas pessoais do Auditor Fiscal. 3. Alega que o pequeno atraso do representante da empresa não configura a infração tipificada. Reafirma que a autuação ocorreu por dissabores pessoais. Cita doutrina sobre o auto de infração. 4. Alega que seria necessária a instauração de processo administrativo para apurar as atitudes suspeitas do fiscal. 5. Cita doutrina sobre o lançamento tributário. Cita o art. 112 do CTN. 6. Alega que ocorreu excesso de exação. Cita doutrina sobre o tema. 7. Afirma que tem o direito de levar a discussão à apreciação do Poder Judiciário. 8. Requer, por fim, que sejam acolhidas as alegações da impugnante e que seja julgado improcedente o presente auto de infração. Requer ainda a instauração de processo administrativo próprio para apreciar a conduta ilícita do fiscal. Juntou, com a impugnação, atos constitutivos da empresa e procuração (fls. 204/210). Ao analisar o caso, a DRJ entendeu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, conforme decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 06/03/2008 VISTORIA ADUANEIRA. INTIMAÇÃO. NÃO COMPARECIMENTO. EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. O não comparecimento à Vistoria Aduaneira, após regular intimação, deixando de prestar esclarecimentos, configura hipótese de embaraço à Fl. 260DF CARF MF Processo nº 11128.003542/200880 Acórdão n.º 3002000.456 S3C0T2 Fl. 260 3 fiscalização nos termos do art. 107, IV, alínea “c” do Decretolei nº 37/66 com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/03. FÉ PÚBLICA, ÔNUS DA PROVA. É um dos aspectos da fé pública a presunção de veracidade dos fatos declarados pela autoridade administrativa, cabendo ao impugnante o ônus de provar o contrário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seus fundamentos, o acórdão (fls. 238/244) afastou a alegação de inexistência de justa causa afirmando que ela se encontra, justamente, na ausência injustificada do representante do consolidador de carga ao procedimento de vistoria. Entendeu que tal fato causou embaraço à ação fiscal. Desconsiderou a afirmação do contribuinte de que compareceu à vistoria, por contradizer a narrativa da fiscalização, que possui presunção de veracidade. Tal presunção poderia ter sido afastada por provas, mas o contribuinte não apresentou qualquer elemento probatório. A decisão afastou a aplicação do artigo 112 do CTN, por considerar não haver dúvidas sobre o caso. Não vislumbrou elementos para acolher o argumento de excesso de exação, considerando correto o enquadramento legal da conduta. O contribuinte foi intimado acerca desta decisão em 19/05/2015 (vide AR à fl. 251 dos autos) e, insatisfeito com o seu teor, interpôs Recurso Voluntário em 18/06/2015 (vide termo de juntada de arquivo não paginável à fl. 254 e o correspondente arquivo, bem como termo de análise de solicitação de juntada à fl. 255 e extrato do processo à fl. 256). Consta dos autos, ainda, à fl. 257, despacho de encaminhamento em que restou atestada a tempestividade do recurso voluntário interposto. Em seu recurso, o contribuinte arguiu a mesma preliminar de nulidade do auto de infração por inexistência de causa para o lançamento e de conduta a ensejar a exação fiscal. No mérito, alegou que o presente auto de infração apresenta uma série de atos obscuros, confusos, tumultuados e desordenados, ferindo o direito de defesa insculpido no artigo 5º, LV, e levando a um enriquecimento indevido da Receita Federal. Repetiu as alegações de que compareceu ao ato de vistoria e de que a autuação foi fruto de desentendimentos pessoais do auditor fiscal responsável. Também repetiu que há excesso de exação, e que deve ser aplicado o artigo 112 do CTN ao caso. Pediu, ao fim, a reforma do acórdão e o cancelamento do débito fiscal. Apresentou, com o recurso, os documentos de representação da empresa, documentos relativos ao procedimento fiscal, e ata de presença da vistoria em comento. Os autos, então, vieramse conclusos para fins de análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. Voto Fl. 261DF CARF MF Processo nº 11128.003542/200880 Acórdão n.º 3002000.456 S3C0T2 Fl. 260,5 4 Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora: O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. 1. Da nulidade do auto de infração combatido Preliminarmente, insistiu o contribuinte no argumento de nulidade do auto de infração, sob o fundamento de inexistência de causa para o lançamento e de conduta a ensejar a exação fiscal. Em resumo, alega que não teria cometido qualquer ilicitude que pudesse dar azo à presente autuação. Entendo que assiste razão ao contribuinte em seus fundamentos. É o que será devidamente analisado em sucessivo. O auto de infração lavrado restou assim fundamentado: 001 EMBARAÇO OU IMPEDIMENTO A AÇA0 DA FISCALIZAÇÃO, INCLUSIVE NÃO ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO No ato de vistoria aduaneira, realizada a 06/03/2008„no terminal TRANSBRASA, o representante do consolidador de carga (NVOCC), União Cargo Ltda., apesar de cientificado por escrito em termo de 04/03/2008, e convocado por via telefonica, inicialmente recusouse a comparecer, pois segundo o representante nomeado, não o deixaram tirar cópia reprográfico do Aviso de Vistoria, numa atitude esdrúxula, pois a cópia é apenas uma referencia que fornecemos ao participe, e não uma vinculado obrigatório. Este deve agendar e comparecer na data aprazada. Ao chegar, quase ao final da vistoria, utilizou de expediente escuso para assinar como presente totalmente ao rito de vistoria, o que levoume a expedir outro Termo de Comparecimento e através deste Auto, expressar minha condenação à atitude do representante do NVOCC. Em razão dos fatos acima descritos, foi aplicada a multa prevista no art. 102, IV, alínea "c" do Decretolei nº 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/03, que assim dispõe: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...). IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) c) a quem, por qualquer meio ou forma, omissiva ou comissiva, embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, inclusive no caso de nãoapresentação de resposta, no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal; Fl. 262DF CARF MF Processo nº 11128.003542/200880 Acórdão n.º 3002000.456 S3C0T2 Fl. 261 5 Da análise dos autos, é possível extrair uma conclusão que se apresenta incontroversa: o representante da empresa compareceu, embora com atraso, à vistoria agendada para o dia 06/03/2008. Tanto a fiscalização quanto o contribuinte concordam neste ponto. O que há de se verificar, então, é se os fatos descritos pela fiscalização na passagem acima transcrita levam à conclusão de que o contribuinte teria, com tal ato, embaraçado, dificultado ou impedido ação de fiscalização aduaneira, para fins de aplicação do disposto no art. 102, IV, alínea "c" do Decretolei nº 37/1966. Entendo que não. Consoante se extrai do documento de fl. 124, a impugnante foi intimada em 04/03/2008 a comparecer ao procedimento de vistoria aduaneira, o qual seria realizado em 06/03/2008, às 9h e 30min. Nesta data, o representante do contribuinte compareceu ao local indicado, embora tendo se apresentado com atraso (este fato é incontroverso nos autos). O fato do representante da empresa ter se apresentado por atraso, por si só, não leva à conclusão de que teria havido embaraço à fiscalização, para fins de aplicação do referido dispositivo legal. Acontece que a fiscalização não trouxe na fundamentação do auto de infração lavrado qualquer elemento apto a ensejar a aplicação deste dispositivo legal. Além da informação sobre o comparecimento com atraso, apontou a fiscalização que o contribuinte teria, em contato telefônico mantido, recusadose a comparecer. Ora, ainda que o tenha feito, isso tampouco representaria embaraço à fiscalização. Até porque, como é cediço, a convocação por via telefônica não é o meio oficial/legal de intimação sobre os atos realizados no curso da fiscalização aduaneira. Nesse contexto, caso esta recusa informal tenha efetivamente ocorrido, bastaria ao auditor intimar por escrito o representante da empresa para comparecer, como fez por meio da intimação datada de 04/03/2008. Por fim, indicou a fiscalização que o representante teria se utilizado de expediente escuso para fins de assinar como presente totalmente ao rito de vistoria, o que a teria levado a expedir outro Termo de Comparecimento e, através deste Auto, expressado a sua condenação à atitude do representante do NVOCC. Deste relato, extraise apenas que foi necessária a expedição de novo termo de comparecimento para fins de esclarecer que o representante da empresa não esteve presente durante todo o rito da vistoria, visto que chegou com atraso. Novamente, não há qualquer indicação de que este atraso tenha resultado em embaraço à ação de fiscalização aduaneira. Nesse contexto, entendo que a descrição fática constante do auto de infração não leva à aplicação do dispositivo legal tido como infringido pela fiscalização. Há, portanto, no meu entender, uma grave falha na motivação do auto de infração que o torna nulo de pleno direito. E, como é cediço, a motivação é requisito essencial à validade de ato administrativo. Sobre o assunto, trazse à colação ensinamento do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro sobre a necessidade de motivação do ato administrativo: "Assim, quando se fala em motivação do ato administrativo, o que se tem é uma garantia do administrado e, em contrapartida, Fl. 263DF CARF MF Processo nº 11128.003542/200880 Acórdão n.º 3002000.456 S3C0T2 Fl. 261,5 6 um dever do agente público, dever esse que consiste em (i) delimitar a circunstância fática para o qual o ato administrativo se dirige; (ii) identificar, com precisão, os fundamentos jurídicos que fundamentam o ato administrativo, e, ainda (iii) concatenar, de forma explícita, clara e congruente a relação entre o fato e o fundamento jurídico que subsidia o ato administrativo. Neste mesmo diapasão são as lições do professor Celso Antônio Bandeira de Mello: Dito princípio implica para a Administração o dever de justificar seus atos, apontandolhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada, nos casos em que este último aclaramento seja necessário para aferirse a consonância da conduta administrativa com a lei que lhe serviu de arrimo. Dar este tratamento à motivação do ato administrativo, em última análise, significa promover uma identificação das ações da Administração Pública sob o prisma de que o Direito Pública precisa ser, antes de tudo, o Direito nãoautoritário, dialógico e, concomitantemente, promotor da concretização (mais homogênea possível) do núcleo essencial dos direitos fundamentais, acima e além de interpretativismos estritos". No caso concreto aqui analisado, face à inexistência de correlação clara e congruente entre o fato narrado e o fundamento jurídico da autuação, deverá ser decretada a nulidade do auto de infração combatido, por vício material, cancelandose, por consequência, a exigência fiscal por meio dele realizada. 2. Do mérito Uma vez acatada a preliminar de nulidade alegada pelo contribuinte, tornase, por consequência, prejudicada a análise do mérito da presente contenda. 3. Do excesso de exação Por fim, defende o contribuinte que teria havido excesso de exação, nos moldes do que preconiza o art. 316, parágrafo 1º, do Código Penal. É certo, contudo, que este Conselho não possui competência para apreciar este argumento levantado pelo contribuinte, face à sua natureza penal. Por essa razão, deixo de conhecer deste argumento apresentado pelo contribuinte. 4. Da conclusão Voto, portanto, no sentido de conhecer em parte dos fundamentos constantes do Recurso Voluntário interposto, não conhecendo do argumento de exação, e, quanto à parte conhecida, voto no sentido de, acatando a preliminar suscitada, dar provimento ao Recurso Voluntário para fins decretar a nulidade do auto de infração combatido, por vício material. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 264DF CARF MF Processo nº 11128.003542/200880 Acórdão n.º 3002000.456 S3C0T2 Fl. 262 7 Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 265DF CARF MF
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