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Numero do processo: 13807.014860/2001-86
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/1997 a 31/05/1997
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS
É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Não tendo o colegiado recorrido analisado a matéria de que se pretende recorrer, não se pode admitir, por falta de prequestionamento, recurso que a pretenda discutir.
Numero da decisão: 9303-004.910
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
Júlio César Alves Ramos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício)
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/1997 a 31/05/1997 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Não tendo o colegiado recorrido analisado a matéria de que se pretende recorrer, não se pode admitir, por falta de prequestionamento, recurso que a pretenda discutir.
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REQUISITOS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado NOSSA SENHORA DE FÁTIMA PARTICIPAÇÕES ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1997 a 31/05/1997 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Não tendo o colegiado recorrido analisado a matéria de que se pretende recorrer, não se pode admitir, por falta de prequestionamento, recurso que a pretenda discutir. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. Júlio César Alves Ramos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 7. 01 48 60 /2 00 1- 86 Fl. 206DF CARF MF 2 Relatório A Fazenda Nacional recorre de decisão assim ementada: DCTF. REVISÃO INTERNA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ACUSAÇÃO FISCAL DESTITUÍDA DE SUPORTE FÁTICO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. O lançamento cuja motivação é a inexistência de comprovação de processo judicial informado na DCTF como suporte da compensação procedida, deve ser cancelado quando o sujeito comprovar a existência do processo judicial. NULIDADE DE LANÇAMENTO POR AUSÊNCIA DE CORRETA E VERDADEIRA DESCRIÇÃO DOS FATOS. LIMITAÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NATUREZA DE VÍCIO MATERIAL. A decretação da nulidade do Auto de Infração por inexistência de motivação, baseada na falta de uma correta e verdadeira "descrição dos fatos” (inc. III, do art. 10, do Decreto nº 70.235/72), tidos pelo ato administrativo de lançamento como infracionais, limitando o exercício do direito de defesa do contribuinte, revestese da natureza jurídica de vício material Embora o relator da decisão recorrida tenha afirmado " tratarse de Auto de Infração lavrado, na data de 12/11/2001, em face de o contribuinte ter declarado em DCTF compensação de créditos reconhecidos por decisão judicial, porém, não comprovando a existência de processo judicial", não é isso o que se lê nas DCTF juntadas nos autos. A ela não foram opostos embargos. Com efeito, registram as DCTF (fls. 15 a 19 dos autos) que os débitos dos meses objeto do lançamento estariam com exigibilidade suspensa por força de decisão no processo judicial nº 94347260. Em sua impugnação, ela provara a existência do processo e que nele fora mesmo proferida decisão ainda provisória autorizando a compensação de indébitos do Finsocial com débitos da COFINS. Por isso, estaria correta a informação aposta na declaração entregue. Isso não foi contestado pela DRF nem pela DRJ Ainda assim, a DRJ consderou válido o lançamento "para prevenir a decadência" dele retirando a multa de ofício, e nada aduzindo sobre qual seria a "declaração inexata" prestada. O recurso especial da Fazenda Nacional está lastreado em acórdão (nº 20312.427 de que consta: “A nobre relatora não vê configurada a concomitância por considerar que, nesta seara administrativa, em face do enquadramento legal e da situação fática descrita no auto de infração, discutese tão somente a existência ou não do processo judicial, no qual a recorrente seja parte e lhe garanta (ou não) o direito de proceder a compensação vinculada em DCTF, cuja origem é o indébito do PIS pago indevidamente. Para ela, a exigência tributária, no que fundada na inexistência do processo Fl. 207DF CARF MF Processo nº 13807.014860/200186 Acórdão n.º 9303004.910 CSRFT3 Fl. 3 3 judicial informado como origem dos créditos vinculados aos débitos declarados nas DCTF, deve ser cancelada porque demonstrado o contrário: existe sim, a ação judicial referida Entendo diferente porque o pressuposto fático do lançamento é, no fundo, a inexistência dos créditos alegados com base na ação judicial informada na DCTF, e não simplesmente a inexistência do processo judicial referido. Embora admitindo que a descrição constante do auto de infração é lacônica e podia ser aperfeiçoada, ressalto que não houve qualquer prejuízo à defesa do contribuinte, que desde o primeiro momento demonstrou compreender por inteiro a autuação. Tanto assim que na impugnação o contribuinte já informa que os créditos têm origem em pagamentos a maior do próprio PIS, e que o seu direito foi reconhecido judicialmente nos autos do processo nº 96.0017913. Em suma, o paradigma afirma que, havendo mesmo débitos a serem exigidos, ainda que essa exigibilidade se confirme apenas após a impugnação apresentada, e decorra de motivo diverso, é válido o lançamento. É também mencionado o acórdão 20403.201, no qual se disse: A constituição de crédito tributário devido e não recolhido via notificação eletrônica está devidamente prevista em lei e atendida todas as formalidades previstas na norma jurídica relativas à notificação eletrônica, ela é plenamente valida para constituir o crédito tributário. A procedência ou não da acusação fiscal não é motivo de nulidade do lançamento, ainda mais quando garantido à contribuinte o pleno exercício de sua defesa através do devido processo legal. Os valores declarados em DCTF como compensados devem ser objeto de lançamento de ofício com os acréscimos legais previstos em lei caso a compensação não seja confirmada e não tenha sido objeto de processo próprio. Em tempestivas contrarrazões, traz a recorrida até mesmo a prova do trânsito em julgado da decisão que permitira a compensação, para demonstrar que nada há a ser exigido. É o Relatório. Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Como procurei demonstrar, entendo que o recurso sequer poderia ter sido admitido. É que ele se baseia, como todos os "proc jud não comprovad", na ocorrência de alguma inexatidão na DCTF entregue de que decorra a exigibilidade de algum valor que nela tenha constado como suspenso ou extinto. E nisso também se baseava o ilustre ex Fl. 208DF CARF MF 4 conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis para fundamentar o voto paradigma: após a impugnação, embora comprovado o processo judicial, ainda subsiste débito a ser exigido. Isso fica claro na passagem já transcrita no relatório (e que o fora pela própria Fazenda Nacional em seu recurso). Flagrantemente díspares, pois, as situações do recorrido e do paradigma: no recorrido nada havia, à época do lançamento, a ser exigido, ou ao menos nada foi demonstrado até o julgamento pela DRJ. E, aceitandose o que está posto em contrarrazões, nada há mesmo hoje. O paradigma trazido pela Fazenda prestase, a meu ver, àqueles casospadrão, em que, por causa diversa, persista algum valor a ser exigido do declarante, o que não se poderia fazer pela própria declaração entregue. Nesses termos, aqui, somente se poderia discutir a necessidade de lançamento de ofício para "prevenir a decadência" de débito declarado em DCTF regularmente (isto é, declarado com exigibilidade suspensa e apontando o processo judicial correto), matéria sobre a qual não há uma só linha nem na decisão recorrida, nem no paradigma, nem mesmo no recurso apresentado. Com essas considerações, voto por não conhecer do recurso apresentado. É como voto. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 209DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.907218/2012-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 28/02/2009
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.252
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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BASE DE CÁLCULO. ICMS. Recorrente INDÚSTRIA DE MÁQUINAS MIRUNA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 28/02/2009 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Déroulède, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Tratase de pedido de PER/DCOMP para restituição de créditos de PIS, cujo pedido foi indeferido, via despacho decisório. Inconformada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese: que o ICMS destacado nas vendas não pode ser considerado como AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 72 18 /2 01 2- 12 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10882.907218/201212 Acórdão n.º 3302004.252 S3C3T2 Fl. 3 2 faturamento ou como receita bruta, não devendo, por isso, ser incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS; que a inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições em tela desrespeita o preceito do artigo 110 do CTN; que o STF, por meio do RE 240.785/MG, manifestou o entendimento de excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. Sobreveio, então, julgamento da DRJ/Belo Horizonte, que indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 02050.855. A contribuinte, então, apresentou recurso voluntário repisando os argumentos da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.158, de 23 de maio de 2017, proferido no julgamento do processo 10283.902818/201235, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.158): "1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, a ciência do acórdão ocorreu em 28 de agosto de 2014, fls. 50, e o recurso foi protocolado em 29 de setembro de 2014, fls. 52. Tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Do mérito 2.1. Do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.144.469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10882.907218/201212 Acórdão n.º 3302004.252 S3C3T2 Fl. 4 3 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMS ST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10882.907218/201212 Acórdão n.º 3302004.252 S3C3T2 Fl. 5 4 ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10882.907218/201212 Acórdão n.º 3302004.252 S3C3T2 Fl. 6 5 RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10882.907218/201212 Acórdão n.º 3302004.252 S3C3T2 Fl. 7 6 (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente; no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706 RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento encontramse, desde já, fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. 3. Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso voluntário, mas, no mérito, nego provimento." Da mesma forma que no caso do paradigma, no presente processo o recurso voluntário também foi apresentado tempestivamente. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10882.907218/201212 Acórdão n.º 3302004.252 S3C3T2 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 52DF CARF MF
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Numero do processo: 16707.002133/2005-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Cofins e Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2003 a 31/10/2003
Ementa: PIS NÃO CUMULATIVO. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS. GLOSAS. São devidas as glosas de créditos de Cofins/PIS não cumulativos, quando a interessada deixar de observar as normas que reguem a matéria.
PROVAS DAS ALEGAÇÕES.
São incabíveis alegações genéricas. Os argumentos aduzidos deverão ser acompanhados de demonstrativos e provas suficientes que os confirmem.
INSUMO. ALCANCE DO TERMO.
O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
PIS NÃO CUMULATIVOS. TAXA SELIC. INAPLICABILIDADE.
No caso das contribuições não cumulativas é inaplicável a atualização monetária ou incidência de juros sobre os valores decorrentes de aproveitamento de crédito, por expressa vedação legal.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3301-000.960
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira
Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito da contribuinte ao creditamento da contribuição não cumulativa, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros José Adão Vitorino de Morais e Rodrigo da Costa Pôssas quanto ao item III) cloro, material de limpeza e higienização de instalações e medicamentos, por não reconhecer o direito ao crédito. Os conselheiros Fábio Luiz Nogueira e Maria Teresa Martínez López votaram pelas conclusões.
Nome do relator: Mauricio Taveira e Silva
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ementa_s : Cofins e Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2003 a 31/10/2003 Ementa: PIS NÃO CUMULATIVO. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS. GLOSAS. São devidas as glosas de créditos de Cofins/PIS não cumulativos, quando a interessada deixar de observar as normas que reguem a matéria. PROVAS DAS ALEGAÇÕES. São incabíveis alegações genéricas. Os argumentos aduzidos deverão ser acompanhados de demonstrativos e provas suficientes que os confirmem. INSUMO. ALCANCE DO TERMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. PIS NÃO CUMULATIVOS. TAXA SELIC. INAPLICABILIDADE. No caso das contribuições não cumulativas é inaplicável a atualização monetária ou incidência de juros sobre os valores decorrentes de aproveitamento de crédito, por expressa vedação legal. Recurso Voluntário Provido em Parte
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Cofins e Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2003 a 31/10/2003 Ementa: PIS NÃO CUMULATIVO. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS. GLOSAS. São devidas as glosas de créditos de Cofins/PIS não cumulativos, quando a interessada deixar de observar as normas que reguem a matéria. PROVAS DAS ALEGAÇÕES. São incabíveis alegações genéricas. Os argumentos aduzidos deverão ser acompanhados de demonstrativos e provas suficientes que os confirmem. INSUMO. ALCANCE DO TERMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. PIS NÃO CUMULATIVOS. TAXA SELIC. INAPLICABILIDADE. No caso das contribuições não cumulativas é inaplicável a atualização monetária ou incidência de juros sobre os valores decorrentes de aproveitamento de crédito, por expressa vedação legal. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 171 2 ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito da contribuinte ao creditamento da contribuição não cumulativa, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros José Adão Vitorino de Morais e Rodrigo da Costa Pôssas quanto ao item III) cloro, material de limpeza e higienização de instalações e medicamentos, por não reconhecer o direito ao crédito. Os conselheiros Fábio Luiz Nogueira e Maria Teresa Martínez López votaram pelas conclusões. (ASSINADO DIGITALMENTE) RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) MAURICIO TAVEIRA E SILVA Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Fábio Luiz Nogueira e Maria Teresa Martínez López. Relatório POTIGUAR ALIMENTOS DO MAR LTDA., devidamente qualificada nos autos, recorre a este Colegiado, através do recurso de fls. 162/168, contra o acórdão nº 11 29.363, de 30/03/2010, prolatado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife PE, fls. 143/157, relativo à Pedido de Ressarcimento de crédito de PIS não cumulativo, referente ao 3º trimestre de 2003, protocolizado em 08/07/2005, conforme relatado pela instância a quo, nos seguintes termos: Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de Créditos da contribuição para o PIS/PASEP (Contribuição para o Programa de Integração Social), períodos de apuração de julho a setembro de 2003, decorrentes de operações no mercado externo (§ 1º do art. 5º da Lei nº 10.637, de 2002), no valor total de R$ 63.668,30, apresentados pela contribuinte em formulário em papel (fl. 01), conforme o art. 76 da Instrução Normativa SRF nº 600, de 2004. 2.O Delegado da Receita Federal do Brasil de Natal (RN) no Despacho Decisório (fl. 112) deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento pleiteado: “Na forma do Parecer retro, que aprovo, DEFIRO PARCIALMENTE os pedidos de ressarcimento objeto dos processos citados abaixo, de forma a reconhecer o direito creditório nos valores discriminados na tabela a seguir”. 3.O indigitado Despacho Decisório tem respaldo no Parecer de fls. 85111 da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Natal/RN, que cuidou da análise de 08 (oito) Pedidos de Ressarcimento apresentados pela requerente, vinculados ao crédito das Fl. 2DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 172 3 contribuições PIS e Cofins (não cumulativa – exportação). Por economia processual, os documentos utilizados pela unidade de origem (resposta/esclarecimentos à intimações e notas fiscais) estão acostados apenas a um dos processos (16707.002131/200527). 4.A Seção de Análise e Orientação Tributária (SAORT) da DRF/Natal, encarregada da apreciação dos pedidos de ressarcimento, encaminhou os autos para a Seção de Fiscalização (SAFIS) para a realização de diligência, visando apurar a correção dos valores dos quais a empresa visa ser ressarcida, tendo sido elaborado, como resultado, o Relatório Fiscal de fls. 6382, que constatou, em síntese, que: 4.1. a aferição do direito ao crédito reclamado pela empresa foi iniciada com a análise preliminar sobre a composição de sua receita no intento de distinguir as receitas decorrentes do mercado interno, das que são resultados das vendas para o exterior, visando apurar a base de cálculo para as contribuições mencionadas e seu valor devido antes das compensações, com base nas disposições normativas e na escrituração da empresa; 4.2. observou a autoridade diligenciante que a empresa fiscalizada informou, mediante DACON (Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais) relativo aos 4 trimestres de 2003 e 2004, ter auferido receita decorrente, quase que exclusivamente, da exportação de seus produtos para o exterior; 4.3. verificou que a empresa fiscalizada não apurou as contribuições devidas sobre as receitas decorrentes do beneficiamento de produtos para terceiros, conforme notas fiscais (fls. 153159 e 175192 do processo nº 16707.002131/200527), pois a empresa beneficiou, em 2003 e 2004, camarões para as empresas Potiporã Aquacultura Ltda, CNPJ nº 04.899.037/000154 (fls. 153159 do processo nº 16707.002131/200527) e Aquática Maricultura do Brasil Ltda, CNPJ 00.668.697/000172 (fls. 175192 do processo nº 16707.002131/200527), as quais não são empresas comerciais exportadoras, uma vez que não atendem a pelo menos um dos requisitos previstos no DecretoLei nº 1.248, de 1972; 4.4. ainda no que se refere às operações de beneficiamento, aduz que as notas fiscais citadas não contêm informação alguma de que as mercadorias se destinam à exportação, não havendo indicação de que tenham sido encaminhadas com fim específico de exportação; 4.5. a fiscalização aponta que as receitas auferidas pelo beneficiamento de camarão, nos termos das notas fiscais apresentadas, são sujeitas à incidência das contribuições, já que se enquadram nas condições determinadas pelos artigos 5º da Lei nº 10.637, de 2002 e 6º da Lei nº 10.833, de 2003; 4.6. observou que, do total das receitas auferidas, a empresa excluiu da incidência das contribuições Cofins e PIS aquelas declaradas como receita de exportação e receita de serviços, Fl. 3DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 173 4 oferecendo à tributação somente aquelas decorrentes de operação no mercado interno, porém parte da exclusão informada pela empresa é indevida, já que as receitas resultantes de beneficiamento de produto no mercado interno são, conforme demonstrado, sujeitas à incidência da contribuição. 4.7. a autoridade diligenciante elaborou demonstrativo (Tabela 2 às fls. 6768), para discriminar o valor da receita total, a exclusão efetuada pela empresa, a glosa das exclusões pelos fundamentos indicados e a base de cálculo das contribuições resultantes de procedimento fiscal, demonstrando que os valores apurados nos termos antecedentes implicam valores das contribuições PIS/PASEP e da Cofins superiores aos declarados pela fiscalizada, nas respectivas DACON ou DCTF, conforme demonstrativo (Tabela 3, às fls. 6869); 4.8. relativamente à apuração e ao desconto dos créditos, aduz que a empresa intimada atua no segmento de criação, beneficiamento e comercialização de camarão, tendo apresentado os demonstrativos de fls. 83140 do processo nº 16707.002131/200527, que contêm a discriminação das entradas de bens e insumos que resultaram nas bases de cálculo, ficando evidente que a parcela mais expressiva dos ingressos que serviram à composição das bases de cálculo informadas pela empresa são decorrentes de aquisição de camarão, aquisição de póslarvas e de ração, além do material de embalagem; 4.9. ressalta a autoridade diligenciante que, nos demonstrativos citados (fls. 83140 do processo nº 16707.002131/200527), na coluna “Fornecedor”, os registros indicam operações de remessa de camarão entre unidades da própria empresa fiscalizada ("Potiguar própria"), normalmente da unidade onde os alimentos são criados para a unidade em que são beneficiados, considerando que tais operações não se referem à aquisição de bem, produto ou insumo, mas tãosomente de remessa entre estabelecimentos da mesma empresa, não gerando qualquer direito a crédito de contribuições, já que esse tipo de operação não se enquadra no art. 3º, I e II das Leis de regência da apuração não – cumulativa das contribuições em comento; 4.10. em relação à aquisição de camarão fresco de pessoas físicas, consignou que a MP nº 107 de 10/02/2003, convertida na Lei nº 10.684, de 2003, incluindo os parágrafos 10 e 11 no artigo 3º da norma instituidora do PIS nãocumulativo, criou o chamado crédito presumido do PIS pela aquisição de bens de pessoa física e para a Cofins, nos termos do art. 3º, §§ 5º e 6º da Lei nº 10.833, de 2003, e que este benefício fiscal perdurou até agosto de 2004, quando então o crédito presumido em tela apurado pelas empresas não pode mais ser objeto de ressarcimento ou compensação com tributos diversos, prestandose somente a descontar o débito respectivo da própria contribuição e elaborou demonstrativo indicando os valores Fl. 4DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 174 5 apurados de crédito presumido entre os anos de 2003 a 2004 (Tabela 5 à fl. 73); 4.11. verificou que a diligenciada informou em seus livros contábeis operações de aquisição (compra) de camarão fornecidos pela empresa Tecnarão Tecnologia de Camarão Ltda, CNPJ nº 32.860.256/000165, em 2003 e 2004, e que nas notas fiscais de saídas (fls. 193300 do processo nº 16707.002131/200527) apresentadas pela empresa Tecnarão Tecnologia de Camarão Ltda, em decorrência de Termo de Diligência (fls. 147149 do processo nº 16707.002131/200527), o camarão saía da empresa fornecedora acompanhado por nota fiscal de remessa para exportação, o que traz como consequência a não sujeição aos efeitos tributários das contribuições do PIS/PASEP e da Cofins para estas operações; 4.12. apontou que, como a empresa fornecedora Tecnarão Tecnologia de Camarão Ltda não apurou as contribuições relativas às saídas escrituradas como “remessas para exportação”, não há, por conseguinte, crédito a ser contabilizado pela empresa diligenciada que simplesmente recebeu a remessa de camarões; 4.13. registrou que a empresa diligenciada pleiteou créditos relativos à aquisição de produtos que considera intermediários em seu processo de industrialização. Intimada a informar a aplicação, utilização, destinação ou emprego dos referidos produtos intermediários (fls. 141142 do processo nº 16707.002131/200527), tendo a empresa apresentado o documento contendo as informações solicitadas (fls. 160161 do processo nº 16707.002131/200527); 4.14. citou a legislação de regência acerca do conceito, para fins tributários, de insumo (bens que sofram alterações, desgaste, dano, ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado), relacionando os itens1 que não são aptos para gerarem créditos de PIS/PASEP e Cofins por não atenderem aos requisitos normativos; 4.15. apontou o mesmo raciocínio relativamente aos produtos intermediários, destacando que as embalagens de apresentação dão direito ao crédito das contribuições, ao passo que as embalagens de transporte2 foram desconsideradas e excluídas da base de cálculo utilizada para fins de apuração do crédito das contribuições PIS/PASEP e Cofins da empresa;4.16. discorre sobre o aproveitamento dos créditos e elabora demonstrativos para apurar, mês a mês, o valor do PIS/PASEP e da Cofins devidos, crédito básico e crédito presumido e o resultado do 1 Amônia, bandeja para ração, calcário, cloro, comedouro para ração, corda, fertilizante, gás comprimido, gás freon, hipoclorito, monoblocos, oxigênio, placa isopor, rede malha, silicato, tarrafa e uréia. 2 Bandejas plásticas, blocos de isopor, calha de isopor, caixas de papelão da Ind. Klabin S/A e Rigesa do Nordeste S/A, utilizadas para acondicionar outras cixas, embalagem térmica, etiquetas, fita adesiva, fita para arquear, fita plástica, fivela plástica, lacre, sacos plásticos, tela de malha e telas. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 175 6 ressarcimento, frisando que a partir de agosto de 2004, não há mais previsão legal3 para o ressarcimento de crédito presumido apurado, prestando somente para descontar o débito respectivo da própria contribuição. 5.Corroborando tais entendimentos, o Parecer (fls. 84110) que respaldou o Despacho Decisório em evidência, discorre sobre todos os elementos já abordados, elaborando tabelas, cujos valores foram extraídos das declarações que a própria contribuinte apresentou, bem como dos extratos fornecidos por sistemas de dados da Receita Federal, assinalando que, da planilha apresentada pela empresa, fazse mister expurgar compras que teriam gerado o direito ao crédito das contribuições, expostas a seguir: 5.1. o primeiro caso diz respeito às aquisições cujo fornecedor é a própria empresa Potiguar Alimentos do Mar Ltda; 5.2. o segundo caso diz respeito às aquisições de camarão da empresa Tecnarão Tecnologia de Camarão Ltda, CNPJ nº 32.860.256/000165; 5.3. o terceiro caso se refere a aquisições de produtos que a Potiguar considerou como intermediários na produção de seus produtos.; 5.4. o quarto caso diz respeito aos materiais de embalagem que, da mesma forma, para gerar direito ao crédito, devem sofrer alterações em função da ação direta sobre o produto; 5.5. o quinto caso é sobre o crédito presumido da aquisição de camarão fresco de pessoas físicas. 6.Ao final, efetuados e demonstrados os cálculos, no presente processo a autoridade fiscal, ratificada pelo parecer em tela, aferiu o valor de R$ 47.563,97, reconhecendo parcialmente o Ressarcimento de Créditos da contribuição para o PIS/PASEP. 7.Cientificada de tal decisão em 07/08/2005, a contribuinte, por intermédio de seu procurador, instrumento procuratório anexo (fl. 128), apresentou em 05/09/2005 Manifestação de Inconformidade de fls. 121127, contestando a parte do despacho decisório citado que lhe foi desfavorável, sob os seguintes argumentos: 7.1. que o referido Despacho entendeu que apenas os insumos efetivamente utilizados no processo produtivo compõem o produto final (produção e fabricação) e que fazem jus ao incentivo ora pleiteado, desclassificou a etapa da produção do camarão em cativeiro, glosando todos os insumos utilizados neste processo, inclusive o produto dele resultante, o camarão despescado; 3 Revogação dos §§ 10 e 11 da Lei nº 10.637, de 2002, e §§ 5º e 6º da Lei nº 10.833, de 2003, pelo art. 16 da Lei nº 10.925, de 2004. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 176 7 7.2. argumenta que o despacho decisório em comento exclui do cômputo do incentivo fiscal a própria mercadoria exportada, o camarão produzido em cativeiro, pois nenhum dos insumos e bens utilizados no processo produtivo foi admitido como base de cálculo do crédito ora pleiteado; 7.3. aduz que tal proceder não merece homologação porque inegavelmente o camarão exportado é fruto de um processo de industrialização, pois se trata de uma mercadoria produzida na forma e nas condições exigidas pelo mercado alienígena e jamais seria encontrada e extraída do local de captura e despesca sem a ação humana; 7.4. reivindica o direito ao ressarcimento do PIS e Cofins incidentes sobre todos os bens utilizados neste processo de criação, engorda, captura e despesca; 7.5. na forma da respeitável decisão, aponta que o que restou como produto de exportação foi apenas “a embalagem de apresentação”, como se não houvesse incidência de tributos durante as fases mencionadas, inclusive deixando de ser considerada a embalagem “de transporte”, para produto “in natura”, cujas condições especiais são exigidas; 7.6. asseverar que a decisão recorrida merece urgente reforma, pois o benefício fiscal em questão é voltado à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. Os insumos utilizados pelo produtor exportador de camarão, nas diversas etapas, são onerados pela incidência das contribuições PIS e Cofins, fato que justifica o ressarcimento; 7.7. afirma que a larva e o póslarva transformamse na mercadoria exportada, por força do processo produtivo desenvolvido pela recorrente. Não se podendo dizer, como pretende o fisco, que tais produtos não integram o produto final (camarão exportado), pois, mais que qualquer outro insumo, resta evidente esta integração. Não se podendo negar a existência de um processo produtivo, onde a ração integra este processo para fins de alcançar o objetivo final; 7.8. alega indevida apuração de débito com apuração de crédito e que o Despacho Decisório em tela não se constitui Notificação de Lançamento ou Auto de Infração, razão pela qual a informação fiscal não possui força vinculante e obrigacional, por isso não é justo que ocorra a exigibilidade do tributo; 7.9. aponta a inexistência do competente Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), capaz de permitir e justificar o lançamento de ofício e igualmente inexiste débito confessado em DCTF; 7.10. espera pelo provimento integral do presente recurso para confirmar em favor da recorrente o direito a integralidade do ressarcimento do crédito fiscal à exportação, incluindo no cálculo do referido recurso todos os insumos utilizados no processo produtivo, inclusive embalagem para Fl. 7DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 177 8 acondicionamento especial de transporte e manutenção das características “in natura” do camarão exportado, bem como todo o crédito reduzido em razão da indevida dedução com débito de PIS/Cofins não confessados e não lançados de ofício, fazendo incidir sobre o montante a taxa Selic, além do reconhecimento da admissibilidade e da homologação de todas as Dcomps, retificadoras ou não. 8.A unidade de origem encaminhou a Comunicação de nº 07/2009, fl. 113, para noticiar à requerente a constatação de débitos administrados pela RFB em aberto e/ou inscritos em Dívida da União e, com fundamento nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, e informar que do valor do crédito reconhecido serão compensados de ofício os débitos citados. 9. À fl. 117 consta a resposta da empresa requerente, dirigida ao Delegado da Receita Federal em Natal (RN), manifestando sua discordância quanto à compensação de ofício. A DRJ indeferiu a solicitação cujo acórdão restou assim ementado: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/07/2003 a 30/09/2003 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMO. Somente podem ser considerados insumos, para fim de se creditar da contribuição PIS, os bens ou os serviços intrinsecamente vinculados à produção de bens, isto é, quando aplicados ou consumidos diretamente nesta, não podendo ser interpretados como todo e qualquer bem ou serviço que gere despesas, mas tãosomente os que efetivamente se relacionem com a atividade fim da empresa. Sua natureza será assim de um componente (fator) essencial na consecução do objeto, sendo nele diretamente empregado. INSUMOS. CONCEITO. Entendese como insumos a matéria prima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado, utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda. CRÉDITOS. RESSARCIMENTO. A pessoa jurídica somente poderá pleitear o ressarcimento dos créditos do PIS/PASEP, quando não puder deduzilo do valor da contribuição a recolher ou não puder compensálo com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 8DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 178 9 Tempestivamente, em 24/06/2010, a contribuinte protocolizou recurso voluntário de fls. 162/168, apresentando os seguintes argumentos de defesa: a) foram glosados, indevidamente, os créditos relativos aos insumos da atividade primária do cultivo de camarão, por não se caracterizar como industrialização. Desse modo foram desconsiderados a larva, pós larva, rações e alimentos diversos para o camarão, tais como: camaronina, farelo, artemia, cal, calcário, fertilizantes, adubos químicos etc; b) foram desconsiderados, ainda, insumos que não se enquadrariam como matéria prima, produto intermediário e material de embalagem, tais como: I) gases comprimidos utilizados nas máquinas e equipamentos industriais, ou seja, oxigênio, acetileno, argônio, amônia etc.; II) telas e cercas de proteção, tarrafas, redes arames, cordas, lonas e tecidos, ferro, madeira, vigas e tábuas, etc.; III) cloro, material de limpeza e higienização de instalações, medicamentos; IV) combustíveis, óleo diesel e lubrificantes; V) caixas de isopor para transporte de pescado, utilizadas para levar o camarão dos tanques onde são criados pelos produtores até a sede da empresa para processamento e embalagem; c) há que ser levado em consideração o aspecto econômico na determinação de insumo, devendo abranger todos os fatores utilizados no processo de produção. Somente de modo subsidiário deve ser considerada a legislação do IPI; d) por meio do procedimento de industrialização, a larva e a póslarva, além da ração e de outros insumos transformamse na mercadoria exportada, o camarão, dentro das características exigidas pelo mercado internacional. Destarte, não há como descaracterizar tais elementos da condição de insumos; e) pela carência de notificação e auto de infração, o crédito tributário que indevidamente foi deduzido do montante do incentivo fiscal da recorrente deve ser considerado nulo, restabelecendo desta feita a integralidade do benefício fiscal; f) os créditos incentivados devem ser corrigidos pela taxa Selic, sobretudo se resistidos pelo fisco. No presente processo, a repetição do indébito decorre de ressarcimento das contribuições suportadas nas operações anteriores à exportação, de forma direta e indireta. Por fim, registra seu pedido nos seguintes termos: V DO PEDIDO 34. Isto posto, espera pelo provimento integral do presente recurso para: a) reconhecer o direito ao ressarcimento do crédito fiscal à exportação de que trata o §2º, do art. 5º, da Lei nº 10.637/02 e §2º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, incluindo no cálculo do referido benefício todos os insumos utilizados no processo de criação e no processamento do camarão exportado (item “03”), desconstituindo, assim, todas as glosas e deduções indevidamente efetivadas, fazendo incidir a SELIC) b) declarar a nulidade do crédito tributário exigido e liquidados/compensado com os créditos incentivados de que trata o § 2º, do art. 5º, da Lei nº 10.637/02 e § 2º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, sem auto de infração ou notificação de lançamento, como exige o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, restabelecendo, desta feita, o total do crédito incentivado indevidamente suprimido pela dedução dos malsinados "débitos". É o Relatório. Fl. 9DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 179 10 Voto Conselheiro MAURICIO TAVEIRA E SILVA, Relator O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual, dele se conhece. A contribuinte rechaça as glosas efetuadas em seu pedido de ressarcimento de PIS, no montante de R$63.668,30 (fl. 01), pela DRF de origem que reconheceu parcialmente o direito creditório de R$47.563,97, referente ao 3º trimestre de 2003. Nesse passo, a interessada se insurge contra: I) glosas de créditos relativos aos insumos da atividade primária do cultivo de camarão; II) desconsideração de insumos que não se enquadrariam como matéria prima, produto intermediário e material de embalagem; III) ausência de lançamento relacionado ao crédito deduzido do débito apurado; IV) correção dos créditos pela taxa Selic. Conforme relatado, o Despacho Decisório de fls. 84/111 teve supedâneo no Relatório Fiscal de fls. 63/82, que trata dos oito Pedidos de Ressarcimento apresentados pela requerente em 08/07/2005. Assim, por economia processual, a DRF juntou os documentos que respaldam o referido Relatório, apenas ao processo nº 16707.002131/200527. Feitas essas considerações, passase à análise das alegações apresentadas. Dentre os argumentos apresentados pela contribuinte há a alegação de que, pela carência de notificação de lançamento ou auto de infração, o crédito tributário, que foi indevidamente deduzido do montante do incentivo fiscal da recorrente, deve ser considerado nulo, restabelecendo desta feita a integralidade do benefício fiscal. Não assiste razão à recorrente, conforme se demonstrará. De se registrar que o presente processo trata de ressarcimento de contribuição não cumulativa o que não se confunde com auto de infração. As glosas decorreram da verificação, pela fiscalização, da existência e regularidade dos créditos apontados pela interessada. Nesse passo, o fisco analisa a pertinência dos procedimentos levados a efeito e, acaso verifique receita não oferecida à tributação, procede à dedução dos créditos existentes. Contudo, acaso o débito fosse superior ao crédito, nesta hipótese o agente fiscal efetuaria o lançamento da diferença, acrescido de multa de ofício. Portanto, no presente caso, tendo em vista que a interessada possuía créditos em montante superior à contribuição devida, corretamente procedeu o fisco ao glosar os créditos decorrentes do PIS/Cofins não cumulativos, vez que, em tese, não teriam sido observadas as normas que regem a matéria. Ressaltese que tal procedimento encontrase devidamente respaldado nos arts. 66 da Lei nº 10637/02 e art. 92, da Lei nº 10.833/03 que autorizaram à Receita Federal a editar as normas necessárias à aplicação do disposto nestas leis. Assim, fora editada a IN SRF nº 600/05 que em seu art. 24 dispõe que a autoridade competente para decidir sobre o Fl. 10DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 180 11 ressarcimento de créditos das contribuições não cumulativas deve verificar a exatidão das informações prestadas. Por fim, consoante o art. 5º, § 1º, I, c/c § 2º da Lei nº 10.637/02 e art. 6º, § 1º, I, c/c § 2º da Lei nº 10.833/03, o ressarcimento somente ocorrerá na impossibilidade de o crédito ser deduzido de contribuição a recolher. Logo, não há reparos a fazer ao procedimento levado a efeito pelo fisco, bem assim, em relação à decisão recorrida, quanto a esta matéria. A interessada, que atua no segmento de criação, beneficiamento e comercialização de camarão, aduz que foram glosados, indevidamente, os créditos relativos aos insumos da atividade primária do cultivo de camarão, por não se caracterizar como industrialização. Assim, foram desconsiderados a larva, póslarva, rações e alimentos diversos para o camarão, tais como: camaronina, farelo, artemia, cal, calcário, fertilizantes, adubos químicos etc. Cumpre destacar que a decisão recorrida, por vezes menciona que a recorrente não apresentou nenhum elemento de prova que pudesse infirmar determinados itens da constatação fiscal em exame, limitandose a aduzir alegações genéricas. Nessa toada, em relação à larva, póslarva, ração e insumos utilizados na alimentação do camarão (artêmia salina e farelo de trigo), a decisão recorrida registra a inexistência de valores glosados relacionados aos itens consumidos como ração pelo camarão, vez que a fiscalização entendeu que estes itens integram o processo de produção ou perdem suas características em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. De fato, compulsandose os autos, verificase que às fls. 141/142, (processo nº 16707.002131/200527), a contribuinte foi intimada a informar a aplicação, utilização, destinação ou emprego, no processo produtivo da empresa, dos itens: amônia, artêmia salina, bloco isopor, caixa isopor, calcário, calha de isopor, camarão fresco, cloro, corda, cx. papelão p/camarão, emb. térmica, etiquetas, farelo de trigo, fita adesiva, fita p/ arquear, fita plástica, fivela plástica, gás comprimido, hipoclorito, lacre, metabissulfito, oxigênio, póslarvas, ração, rede malha, sacos plásticos, silicato, tela malha, telas e ureia. À fl. 160 (processo nº 16707.002131/200527), temse a resposta da contribuinte na qual se observa que a fiscalização deixou de glosar os seguintes insumos: artêmia salina, camarão fresco, etiquetas, farelo de trigo, metabissulfito, póslarvas e ração. Ademais, além de não haver evidência nos autos de glosas referentes aos insumos precitados, de outra banda a contribuinte, novamente, apenas alega ter havido tais glosas, sem, contudo, explicitar com precisão, quais valores teriam sido desconsiderados, trazendo aos autos planilhas e documentos de modo a respaldar suas alegações. De se ressaltar que não há autorização na norma para que a interessada faça alegações imprecisas e genéricas. Quanto aos demais insumos, por não sofrerem desgaste, dano ou perdas de propriedades físicas ou químicas em função da ação diretamente exercida sobre o produto camarão, foram objeto de glosa. Contra essas glosas, a contribuinte se insurge alegando deva ser levado em consideração o aspecto econômico na determinação de insumo, devendo Fl. 11DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 181 12 abranger todos os fatores utilizados no processo de produção. Somente de modo subsidiário deve ser considerada a legislação do IPI. O tema em questão enseja as maiores polêmicas acerca do PIS e Cofins não cumulativos em decorrência do termo “insumo” utilizado pelo legislador, sem a devida definição de sua amplitude, ou seja, se o insumo a ser considerado deva ser somente o “direto” ou se o termo deve abarcar, também, os insumos “indiretos”. Nesse contexto, tornase necessária uma maior reflexão sobre o tema. Os arts 3º, inciso II das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, dispõem sobre a possibilidade de a pessoa jurídica descontar créditos relacionados a bens e serviços, utilizados como “insumo” na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Visando normatizar o termo “insumo” a Receita Federal editou as Instruções Normativas, IN SRF nº 247/02, art. 66, § 5º, no caso do PIS e IN SRF nº 404/04, art. 8º, § 4º para a Cofins. Nelas, o fisco limitou a abrangência do termo “insumos” utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, à matériaprima, ao produto intermediário, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Em se tratando de serviços, os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços. Necessário, ainda, que os bens não estejam incluídos no ativo imobilizado, bem assim, os serviços sejam prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, sendo aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto ou prestação do serviço. De modo a esclarecer o alcance de tais normas em relação a casos concretos, foram editadas diversas Soluções de Consultas, por vezes conflitantes, as quais acabaram por ensejar a elaboração de inúmeras Soluções de Divergência. Na sequência dos acontecimentos, decorridos alguns anos desde a edição das leis criadoras do PIS e da Cofins na sistemática não cumulativa, percebese ser cada vez mais intenso o coro a rejeitar a não cumulatividade dessas contribuições de modo tão restritivo, nos moldes do IPI. Nesse sentido, na doutrina preconizada por Fábio Pallaretti Calcini4, a não cumulatividade vinculada ao produto (IPI) ou mercadoria (ICMS) não se presta a fundamentar a não cumulatividade do PIS e da Cofins, cujo pressuposto é a receita, ensejando, assim, uma maior amplitude para a obtenção dos créditos. A falta de pertinência se evidencia em se tratando de prestador de serviços. As restrições legalmente impostas cingemse ao art. 3º, § 2º, incisos I e II, das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, que tratam de vedação de crédito decorrente de mão de obra paga a pessoa física e aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Releva observar, em conformidade com o art. 3º, § 3º, incisos I e II, dos mesmos diplomas legais, a necessidade de que, tanto os bens e serviços adquiridos, como também os custos e despesas incorridos, pagos ou creditados, tenham como destino pessoa jurídica domiciliada no País. Desse modo, proclama o referido autor; vez que as restrições, com caráter de excepcionalidade, estão expressamente consignadas em lei, os demais dispositivos normativos não poderiam ser elaborados de forma restritiva. 4 PIS e Cofins. Algumas Ponderações acerca da não Cumulatividade. Revista Dialética de Direito Tributário nº 176 maio2010, São Paulo, Dialética, p. 4164 Fl. 12DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 182 13 Conforme assevera Natanael Martins5, “levando em consideração o fato de que no caso das contribuições para o PIS e para a Cofins pelo regime não cumulativo a materialidade é a receita e não somente a atividade fabril, mercantil ou de serviços, constata que há a eleição de ‘outras hipóteses creditórias desvinculadas da atividade desenvolvida pelo contribuinte como é o caso das despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e contraprestações de operações de arrendamento mercantil’48, razão pela qual constata que, diante deste contexto, a noção de insumo ‘erigido pela nova sistemática do PIS e da Cofins não guarda simetria com aquele delineado pelas legislações do IPI e do ICMS, visto não estar limitado apenas a operações realizadas com mercadorias ou produtos industrializados, sendo, inclusive, aplicado aos prestadores de serviços’49.” Nessa linha registra Pallaretti Calcini6 que as limitações à utilização do crédito são exaustivamente descritas nas duas leis, não comportando acréscimos. Assim, sustenta que a expressão insumo deve estar vinculada aos dispêndios relizados pelo contribuinte que, de forma direta ou indireta, contribuam para o pleno exercício de sua atividade econômica (indústria, comércio ou serviços) visando à obtenção de receita. Logo, os parâmetros trazidos pela Receita Federal seriam claramente restritivos, não se coaduando com o disposto nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03. No âmbito do CARF as decisões têm caminhado no sentido de se flexibilizar o entendimento acerca do que deva ser considerado como insumo. Nesse contexto, relevantes as considerações do Conselheiro Henrique Pinheiro Torres no voto condutor, na CSRF, do acórdão nº 930301.035 de 23/08/2010, processo nº 11065.101271/200647, conforme se observa de sua transcrição: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de Pis/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições . Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Julio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/2003 61, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: 5 Apud Fábio Pallaretti Calcini. Op. Cit., p. 55 6 Op. Cit., p. 5660 Fl. 13DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 183 14 Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de Pis/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do Pis/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrario, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...] As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no pais, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de Pis/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional.. Fl. 14DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 184 15 Mais recentemente fora prolatado o acórdão nº 320200.226, em 08/12/2010, processo nº 11020.001952/200622, de relatoria do Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Júnior que, após fazer diversas referências e citações doutrinárias, além de colacionar decisões administrativas, todas no sentido de que o conceito de “insumo” deve ser entendido em sentido menos restritivo do que o preconizado pelas normas editadas pelo Fisco Federal, arremata: É de se concluir, portanto, que o termo "insumo" utilizado para o cálculo do PIS e COFINS não cumulativos deve necessariamente compreender os custos e despesas operacionais da pessoa jurídica, na forma definida nos artigos 290 e 299 do RIR/99, e não se limitar apenas ao conceito trazido pelas Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04 (embasadas exclusivamente na (inaplicável) legislação de lPl). No caso dos autos foram glosados pretendidos créditos relativos a valores de despesas que a Recorrente houve por bem classificar como insumos (materiais utilizados para manutenção de máquinas e equipamentos), em virtude da essencialidade dos mesmos para a fabricação dos produtos destinados à venda. Ora, constatase que sem a utilização dos mencionados materiais não haveria a possibilidade de a Recorrente destinar seus produtos à venda, haja vista a inviabilidade de utilização das máquinas. Frisese que o material utilizado para manutenção sofre, inclusive, desgaste com o tempo. Em virtude doa argumentos expostos, em que pese o respeito pela I. decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS), ao não admitir a apuração de créditos sobre os bens adquiridos pela Recorrente, entendo que tal glosa não deve prosperar, uma vez que os equipamentos adquiridos caracterizamse como despesas necessárias ao desenvolvimento de suas atividades, sendo certo o direito ao crédito sobre tais valores para desconto das contribuições para o PIS e COFINS. Em relação ao tema, o referido acórdão restou assim ementado: [...] REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulativìdade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço. Feitas estas colocações, passo a expressar meu posicionamento acerca da matéria. Fl. 15DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 185 16 Conforme dito anteriormente, o cerne da questão reside no significado e abrangência do termo “insumo” consignado nos arts 3º, inciso II das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, cuja semelhante redação assim dispõem: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (destaquei) Em que pese a judiciosa motivação apresentada pelo conselheiro relator em seu brilhante voto condutor do aresto precitado, ouso discordar de sua conclusão assinalada na ementa, como segue: “O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulativìdade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ...” Travase aqui, a mesma discussão do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, ou seja, se o insumo deve ser compreendido em seu sentido lato, abrangendo, portanto, toda e qualquer matériaprima e produto intermediário, cuja utilização na cadeia produtiva seja necessária à consecução do produto final, ou não. O art. 290 do RIR/99 mencionado no acórdão referencia o método de custeio por absorção o qual apropria todos os custos de produção dos bens, sejam diretos ou indiretos, variáveis ou fixos. Assim, o custo de produção dos bens ou serviços deverá compreender o custo de aquisição das matériasprimas e secundárias, o custo de mão de obra direta e indireta e os gastos gerais de fabricação, inclusive os custos fixos tais como os encargos de depreciação dos bens utilizados na produção. Já o art. 299, também do RIR/99, trata das despesas operacionais dedutíveis na determinação do lucro real como sendo as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora de receitas. Suas matrizes legais são: DecretoLei nº 1.598/77, art. 13, §§ 1º e 2º (art. 290 do RIR/99), que assim dispõe: Art 13 O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. § 1º O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente: Fl. 16DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 186 17 a) o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo; b) o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; c) os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; d) os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; e) os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. § 2º A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda de 5% do custo total dos produtos vendidos no exercício social anterior, poderá ser registrada diretamente como custo. Por outro lado, o art. 299 do RIR/99 tem como matriz legal o art. 47, §§ 1º e 2º, da Lei nº 4.506/64, com o seguinte teor: Art. 47. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e a manutenção da respectiva fonte produtora. § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa Tendo em vista a extensa redação levada a efeito no caso do Imposto de Renda, não posso compreender que o simples termo “insumo” utilizado na norma tenha a mesma amplitude do citado imposto. Acaso o legislador pretendesse tal alcance do referido termo teria aberto mão deste vocábulo, “insumo”, assentando que os créditos seriam calculados em relação a “todo e qualquer custo ou despesa necessários à atividade da empresa ou à obtenção de receita”. Dispondo desse modo o legislador, sequer, precisaria fazer constar “inclusive combustíveis e lubrificantes”. Creio que o termo “insumo” foi precisamente colocado para expressar um significado mais abrangente do que MP, PI e ME, utilizados pelo IPI, porém, não com o mesmo alcance do IRPJ que possibilita a dedutibilidade dos custos e das despesas necessárias à atividade da empresa. Precisar onde se situar nesta escala é o cerne da questão. De se registrar que o próprio fisco vem flexibilizando seu conceito de insumo. Como exemplo temse que, em relação ao citado acórdão, o qual tratou de créditos de aquisições de materiais para manutenção de máquinas e equipamentos, a própria administração tributária já havia se manifestado favoravelmente à utilização de tais créditos, por meio da Solução de Divergência nº 35/08. Nela a Cosit registra a desnecessidade de contato direto com os bens que estão sendo fabricados, conforme segue: Fl. 17DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 187 18 17. Isso posto, chegase ao entendimento, de que todas as partes e peças de reposições utilizadas em máquinas e equipamentos diretamente responsáveis pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, aqui descritos ou exemplificados, que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida em todo o processo de produção ou de fabricação, independentemente, de entrarem ou não contato direto com os bens que estão sendo fabricados destinados à venda, ou seja, basta que referidas partes e peças sejam incorporadas às máquinas e equipamentos que estejam atuando no processo de fabricação ou produção dos referidos bens, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, desde que não estejam escriturados no ativo imobilizado. (grifei) Em conclusão a Solução registra: 18.Diante do exposto, solucionase a presente divergência dandose provimento ao recurso interposto, orientando à recorrente que as despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição, que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, utilizadas em máquinas e equipamentos que efetivamente respondam diretamente por todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de dezembro de 2002, e a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, respectivamente, desde que às partes e peças de reposição não estejam obrigadas a serem incluídas no ativo imobilizado, nos termos da legislação vigente. Destarte, entendo que o termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. Feitos todos esses comentários, passemos à análise dos insumos, objeto do presente caso. Conforme relatado, foram desconsiderados os créditos decorrentes de insumos que não se enquadrariam como matéria prima, produto intermediário e material de embalagem, tais como: I) gases comprimidos utilizados nas máquinas e equipamentos industriais, ou seja, oxigênio, acetileno, argônio, amônia etc.; II) telas e cercas de proteção, tarrafas, redes arames, cordas, lonas e tecidos, ferro, madeira, vigas e tábuas, etc.; III) cloro, material de limpeza e higienização de instalações, medicamentos; IV) combustíveis, óleo diesel e lubrificantes; V) caixas de isopor para transporte de pescado, utilizadas para levar o camarão dos tanques onde são criados pelos produtores até a sede da empresa para processamento e embalagem. Às fls. 160/161 do processo nº 16707.002131/200527, em resposta à intimação de fls. 141/142, a contribuinte informa o modo de utilização dos itens precitados. Fl. 18DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 188 19 Nessa toada, assim como a mencionada Solução de Divergência decidiu no sentido de que geram direito a créditos as partes e peças de reposições, utilizadas em máquinas e equipamentos diretamente responsáveis pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, que são, em verdade, insumos para as máquinas, com mais razão os insumos acima devem ser considerados no cálculo dos créditos das contribuições, vez que caracterizamse como elementos diretamente responsáveis pela produção dos produtos destinados à venda. Por fim, a interessada alega que os créditos incentivados devem ser corrigidos pela taxa Selic, sobretudo se resistidos pelo fisco. Menciona que no presente processo, a repetição do indébito decorre de ressarcimento das contribuições suportadas nas operações anteriores à exportação, de forma direta e indireta. Ainda que pudesse gerar alguma controvérsia a alegação aduzida pela recorrente, há que se registrar que, no caso das contribuições não cumulativas existe expressa vedação legal à atualização monetária ou incidência de juros sobre os valores decorrentes de aproveitamento de crédito, consoante os arts. 13 e 15 da Lei 10.833/03, que assim dispõem: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (grifei) Portanto, inadmissível a correção de créditos pela taxa Selic. Isto posto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito da contribuinte ao creditamento do PIS decorrente de: I) gases comprimidos utilizados nas máquinas e equipamentos industriais, ou seja, oxigênio, acetileno, argônio e amônia; II) telas e cercas de proteção, tarrafas, redes arames, cordas, lonas e tecidos, ferro, madeira, vigas e tábuas; III) cloro, material de limpeza e higienização de instalações, medicamentos; IV) combustíveis, óleo diesel e lubrificantes; V) caixas de isopor para transporte de pescado, utilizadas para levar o camarão dos tanques onde são criados pelos produtores até a sede da empresa para processamento e embalagem. No mais, mantenho a decisão recorrida. É como voto. (ASSINADO DIGITALMENTE) MAURICIO TAVEIRA E SILVA Fl. 19DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 16707.002133/200516 Acórdão n.º 3301000.960 S3C3T1 Fl. 189 20 Fl. 20DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA Assinado digitalmente em 17/06/2011 por MAURICIO TAVEIRA E SILVA, 08/07/2011 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS
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Numero do processo: 16692.720746/2014-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1301-000.423
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1366; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 360 1 359 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16692.720746/201436 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1301000.423 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 18 de maio de 2017 Assunto Conversão em Diligência Recorrente MOSAIC FERTILIZANTES DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado contra o acórdão 0266.557, proferido pela 4ª Turma da DRJ/BHE, na sessão de 09 de setembro de 2015, que, ao apreciar a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo contribuinte, entendeu, por maioria de votos, julgála improcedente, não reconhecendo o direito creditório. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 92 .7 20 74 6/ 20 14 -3 6 Fl. 360DF CARF MF Processo nº 16692.720746/201436 Resolução nº 1301000.423 S1C3T1 Fl. 361 2 Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório proferido por ocasião do julgamento de primeira instância, a seguir transcrito: A interessada pleiteou, por meio dos PER/DCOMP relacionados a seguir, a compensação de débitos próprios no valor total de R$ 445.487,63, com crédito de saldo negativo de CSLL do período de 1º de janeiro de 2010 a 31 de março de 2010, no montante de R$ 842.558,67. Pleiteou também a restituição do saldo negativo remanescente após as compensações. DESPACHO DECISÓRIO Tal PER/DCOMP foi examinado pela DRF de origem, que lavrou o Despacho Decisório de fls. 176 a 183, onde se fizeram as seguintes ponderações: [...] 3 Da apuração do direito creditório 14. Avaliando a apuração do suposto saldo negativo de CSLL do período de 01/01/2010 a 31/03/2010, no montante de R$ 842.558,67, declarado na ficha 17 da DIPJ 2010 à fl. 25, verificase que: . O contribuinte não apurou CSLL devido, antes de descontar as deduções, por ter tido uma base de cálculo negativa no montante de R$ 8.177.551,21, conforme ficha 17 da DIPJ 2010 à fl. 24; . A tabela a seguir resume a apuração da CSLL estimativa declarada na DIPJ 2010, a qual optou pelo uso de balancete de suspensão ou redução: . A estimativa de janeiro/2010 foi confessada em DCTF no montante de R$ 642.453,96, sendo compensada no Per/Dcomp 19967.86836.240210.1.3.119507 (fls. 154/155). Este Per/Dcomp utiliza um direito creditório de COFINS não cumulativa – mercado interno do 2º trimestre de 2009. Atualmente, esta compensação encontrase em análise, o que retira a certeza e liquidez da estimativa, impedindo sua consideração no cálculo do saldo negativo de CSLL do exercício. Fl. 361DF CARF MF Processo nº 16692.720746/201436 Resolução nº 1301000.423 S1C3T1 Fl. 362 3 . A estimativa de fevereiro/2010 foi confessada em DCTF no montante de R$ 198.514,95, sendo compensada através do Per/Dcomp 34069.20220.230310.1.3.03 9190 (fls. 154/155). Este Per/Dcomp foi analisado no processo administrativo 10880.949856/201301. O direito creditório relativo ao saldo negativo de CSLL do ano calendário 2008, no valor de R$ 18.448.677,81, foi parcialmente reconhecido (R$ 15.503.935,60), conforme despacho decisório à fl. 164. A glosa realizada foi o suficiente para não homologar a compensação da estimativa ora emvanálise (fls. 164/173). O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 10/12/2013, mas esta encontrase em análise. Portanto, não há certeza e liquidez para considerar esta estimativa na apuração do direito creditório analisado neste despacho. . Foi utilizada na apuração do CSLL do exercício retenção na fonte no montante de R$ 1.589,76, conforme declarado na ficha 17 da DIPJ 2010 (fl. 25). De acordo com consulta ao sistema DW/DIRF (fls. 174/175), foi informado em DIRF, através das declarações das fontes pagadoras, o valor total de R$ 1.589,76 a título de CSLL Fonte. O quadro abaixo resume a CSLL Fonte por código e retenção e a receita oferecida à tributação. A CSLL Fonte retida por órgãos públicos foi apurada de acordo com a determinação do art. 64 da Lei nº 9.430/1996 e respectiva Instrução Normativa. Como a receita relativa a fonte de CSLL retida foi devidamente oferecida à tributação, o contribuinte tem direito a se creditar do montante de R$ 1.589,76. 15. Considerando que o saldo negativo de CSLL do período de 01/01/2010 a 31/03/2010, após ajuste descrito neste despacho, no montante de R$ 1.589,76 [...]; 16. PROPONHO o RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO contra a Fazenda Nacional a Mosaic Fertilizantes do Brasil Ltda, CNPJ 61.156.501/000156, na importância de: R$ 1.589,76 [...], referente a saldo credor de CSLL apurado em 31/03/2010, sendo que sobre tal valor incide o acréscimo de juros da taxa referencial SELIC, nos termos dos artigos 83 e 84 da IN/SRF nº 1300/12. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Ciente em 5 de abril de 2014 (fl. 218), a interessada apresentou, em 6 de maio de 2014, a manifestação de inconformidade de fls. 221 a 230, alegando o que a seguir se resume. [...] as declarações de compensação objetivam a extinção do crédito tributário referente às estimativas relativas ao anocalendário de 2010 com créditos COFINS Mercado Interno 2 Trimestre de 2009, bem como de Saldo Negativo de CSLL de 2008 Fl. 362DF CARF MF Processo nº 16692.720746/201436 Resolução nº 1301000.423 S1C3T1 Fl. 363 4 (processo 10880.949856/201301), cuja liquidez e certeza está sendo colocada em prova pela Receita Federal do Brasil. Importante ressaltar que a DCOMP 19967.86836.240210.1.3.119507 (Doc. 04), origem 38031.81387.161009.1.1.114303 (Doc. 05) cujo crédito referese à COFINS MI 2 Trimestre de 2009, sequer foi analisado. Está em processo de fiscalização pela Receita Federal do Brasil, desde 15 de maio de 2012, com prorrogações constantes, sendo a última até 27 de junho de 2014 (Doc. 06) Com relação à DCOMP 34069.20220.230310.1.3.039190 (Doc. 07), origem 04727.13999.200209.1.2.032864 (Doc. 08), está consubstanciado no processo administrativo 10880.949856/201301 (Doc. 09), cuja Manifestação de Inconformidade (Doc. 10) encontrase pendente de julgamento. Assim, temos que a não homologação das compensações que correspondem à quitação das estimativas pagas, formadores do Saldo Negativo de CSLL de 2010, gera dupla cobrança dos débitos que se pretendeu compensar, pois, já estão sendo cobrados nos referidos processos administrativos, já que a DCOMP constitui confissão irretratável de dívida. Caso as decisões do processo supra indicados ou ainda a fiscalização sobre o crédito de COFINS homologuem as compensações das estimativas de CSLL consolidará os créditos ora discutidos. Por outro lado, caso as decisões sejam desfavoráveis ao contribuinte, ou seja, não homologuem total ou parcialmente as antecipações, será efetuada a cobrança da própria CSLL antecipada, formadora do saldo negativo apurado ao final do ano calendário de 2010!!!! Ou seja, independentemente do resultado do processo indicado ou da fiscalização em andamento, a Requerente fará jus ao aproveitamento desses valores pagos por estimativas mensais de CSLL, formador se deu saldo negativo. Desta forma, é evidente que a cobrança decorrente das DCOMPS homologadas parcialmente ou não homologadas configura cobrança em duplicidade, vez que decorrem de crédito que será confirmado nos autos dos processos administrativos supra indicados. Em 5 de agosto de 2015, a interessada obteve, no curso do processo nº 0014907 66.2015.403.6100, liminar em mandado de segurança, determinando o julgamento em trinta dias, contados de 14 de agosto de 2015, da presente manifestação de inconformidade. Naquela oportunidade, a r.turma julgadora entendeu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade apresentada, conforme sintetizado pela seguinte Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2009 DIREITO CREDITÓRIO COMPENSAÇÃO Só é cabível o reconhecimento deste direito quando ele se reveste dos predicados de liquidez e certeza, cabendo ao sujeito passivo a apresentação de provas neste sentido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 363DF CARF MF Processo nº 16692.720746/201436 Resolução nº 1301000.423 S1C3T1 Fl. 364 5 Ciente do acórdão recorrido, e com ele inconformado, a recorrente apresentou, tempestivamente, recurso voluntário, através de representante regularmente constituído, com documentos que supostamente validam seu direito creditório, pugnando por seu provimento, onde apresenta argumentos que serão a seguir analisados. É o relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos regimentais. Porém, do exame dos autos, considero que o processo não reúne condições de julgamento, pelos motivos que passo a expor. DA ANÁLISE DO RECURSO VOLUNTÁRIO Consoante relatado, por meio de cinco PER/DCOMP, o contribuinte informou a existência de crédito correspondente a Saldo Negativo de CSLL do primeiro trimestre de 2010 (1/01/2010 a 31/03/2010), no montante de R$ 842.558,67; com intuito de aproveitálo mediante compensação de débitos próprios no valor de R$ 445.487,63. Pleiteou também restituição do saldo negativo remanescentes após as compensações. Do montante pleiteado, a autoridade prolatora do Despacho Decisório de fls. 176 a 183 reconheceu CSLLFonte no valor de R$ 1.589,76, e, deixou de reconhecer o restante sob o entendimento de que as parcelas restantes que compõem o direito creditório pleiteado não se revestem da certeza e liquidez, pois elas resultam de estimativas quitadas mediante compensações, que se encontram pendente de análise definitiva. As referidas estimativas são janeiro de 2010 e fevereiro de 2010. Irresignada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ, que perfilhou do mesmo entendimento proferido pela autoridade anterior, consignando que naquele momento processual inexistia o direito creditório pretendido pelo contribuinte. Assim, antes de analisar os argumentos mencionados em sede recursal, impende apreciar eventual prejudicialidade relativamente ao Processo Administrativo Fiscal nº 12585.000404/201039, que discute o direito creditório responsável pela compensação da estimativa de janeiro de 2010, e ao Processo Administrativo Fiscal nº 10880.949856/201301, que discute o direito creditório responsável pela compensação da estimativa de fevereiro de 2010, pois em ambos inexiste decisão definitiva na esfera administrativa. O processo nº 12585.000404/201039 não se encontra no CARF; o processo nº10880.949856/201301 se encontra no CARF, e foi distribuído em 06/10/2006 ao I. Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, para análise e inclusão em pauta de julgamento. Não resta dúvida que as duas parcelas do direito creditório pendentes de reconhecimento relacionamse com as decisões administrativas que serão tomadas nos referidos processos administrativos. Isso porque, ao computar o saldo negativo de CSLL que Fl. 364DF CARF MF Processo nº 16692.720746/201436 Resolução nº 1301000.423 S1C3T1 Fl. 365 6 deu suporte ao direito creditório ora invocado, a interessada valeuse das estimativas dos meses de janeiro e fevereiro de 2010, cujos débitos foram compensados com outros créditos apurados, em períodos anteriores, cuja liquidez e certeza estão sendo apurados nos referidos processos numerados 10880.949856/201301 e 12585.000404/201039. Assim, há nítida a correlação entre aqueles e o presente processo, pois o direito creditório pleiteado neste processo depende do que for decidido naqueles processos. Por certo que, no mérito, a decisão que se há de proferir aqui depende fundamentalmente do que vier a ser decidido lá, vez que os créditos lá tratados são responsáveis pela formação do direito creditório discutido nestes autos, impondose considerar o resultado do julgamento daquele processo ao caso em análise. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência, para que: 1. Os autos deste processo sejam encaminhados à Unidade Preparadora, para que lá aguardem a decisão definitiva na instância administrativa dos processos nºs 10880.949856/201301 e 12585.000404/201039. 2. A Unidade Preparadora faça acostar aos presentes autos cópia da decisão definitiva na instância administrativa dos processos nºs 10880.949856/201301 e 12585.000404/201039. 3. A Unidade Preparadora se manifeste, conclusivamente, se os créditos discutidos nos processos nºs 10880.949856/201301 e 12585.000404/201039 estão disponíveis (após os referidos julgamentos definitivos), e se são suficientes para quitar a estimativa de janeiro e fevereiro de 2010. Concluída a diligência, a recorrente deverá ser cientificada do resultado da diligência, abrindose prazo de 30 dias para que, querendo, manifestese sobre seu conteúdo (art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/2011). Na seqüência, o processo deverá retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento, sendo distribuído a este Conselheiro independentemente de sorteio. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 365DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13558.901144/2009-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 29/12/2005
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO.
Considera-se preclusa a matéria não impugnada e não discutida na primeira instância administrativa.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO.
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material.
VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.672
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 29/12/2005 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Considera-se preclusa a matéria não impugnada e não discutida na primeira instância administrativa. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1705; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13558.901144/200977 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201002.672 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de março de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO PAGAMENTO INDEVIDO Recorrente PORTO SEGURO VEICULOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 29/12/2005 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Considerase preclusa a matéria não impugnada e não discutida na primeira instância administrativa. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 55 8. 90 11 44 /2 00 9- 77 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13558.901144/200977 Acórdão n.º 3201002.672 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório PORTO SEGURO VEICULOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição social (PIS ou Cofins). A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade, a contribuinte alegou, em síntese, que parte do pagamento declarado era indevido. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 1522.442. A DRJ fundamentou sua decisão no fato de que o recolhimento alegado como origem do crédito encontravase integralmente alocado para a quitação de débito confessado, não se tendo por caracterizado o alegado pagamento indevido ou a maior, dada a inexistência de comprovação de erro no preenchimento da DCTF. Em seu recurso voluntário a Recorrente alega, em resumo, que a legislação não se encontra autorizada a alterar conceitos adotados na Constituição Federal, não sendo possível, por conseguinte, a ampliação da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e Cofins), uma vez que, no período de apuração sob comento, a base de cálculo se restringia ao faturamento, ou seja, ao resultado das vendas de mercadorias e da prestação de serviços, dada a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições promovido pela Lei 9.718/1998. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.640, de 30/03/2017, proferido no julgamento do processo 13558.901073/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.640): O Recurso Voluntário é tempestivo, e não verificando outros óbices, tomo conhecimento dele. A recorrente alega que a parcela do Darf que considera indevida seria referente à ampliação da base de cálculo da Cofins, promovida pela Lei 9.718/98. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13558.901144/200977 Acórdão n.º 3201002.672 S3C2T1 Fl. 4 3 Dois obstáculos impedem o provimento solicitado. O primeiro é que toda a argumentação quanto à base de cálculo da Cofins não foi feita na Manifestação de Inconformidade, e por isso, tal matéria encontrase atingida por preclusão, conforme art. 17 do PAF – Decreto 70.235/721, combinado com art. 74, §§ 9º, 10 e 11 da Lei 9.430/962. O segundo obstáculo é que o crédito pretendido não foi demonstrado e provado. Com efeito, o débito de Cofins, no valor integral do Darf, foi confessado em DCTF. A DCTF é o instrumento formal para confissão de débito, no lançamento por homologação (Decretolei 2.124/84), de modo que o crédito tributário representado pelo valor integral do Darf foi formalmente constituído. Estando o crédito tributário formalmente constituído, para que se pudesse retificálo seria necessária prova de sua inexatidão. Seria preciso demonstrar, documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova. Ora, o ônus da prova cabe ao interessado (art. 36 da Lei 9.784/993, art. 373,I do CPC4). Sem tais elementos, se mostra impossível desconstituir o que formalmente foi constituído. Também considero inaplicável o pedido de diligência. Com efeito, a recorrente já teve duas oportunidades para demonstrar seu direito material: 1 – após a ciência do Despacho Decisório, e 2 – após a ciência do Acórdão de manifestação de inconformidade. Permitir agora uma terceira oportunidade malfere o art. 16, § 4º do PAF Decreto 70.235/72: §4º – A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; 1 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. 2 § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. 3 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 4 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13558.901144/200977 Acórdão n.º 3201002.672 S3C2T1 Fl. 5 4 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Não se verificando nenhuma dessas exceções, não pode agora o processo ser submetido a nova fase probatória, nas quais se mostrariam necessárias verificações fiscais, batimentos, etc, que não tiveram lugar no tempo próprio. Desse modo, e ainda por homenagem aos princípios da preclusão probatória, do ônus probatório, da impulsão oficial do processo e da celeridade, não vislumbro espaço para determinação de diligência. Assim, o crédito solicitado não pode ser deferido, em vista dos dois fundamentos expostos, cada um per se suficiente para o desprovimento. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 59DF CARF MF
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Numero do processo: 10630.720385/2008-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003, 2004
DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 150, § 4ª, DO CTN.
Comprovando-se a prática de ato intencional com intuito de fraude ou sonegação é afastada, por expressa disposição da Lei Complementar, a contagem do prazo decadencial nos termos dispostos no § 4º do artigo 150 do Códex Tributário.
SOLICITAÇÃO DE PERÍCIA CONTÁBIL. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não há cerceamento do direito de defesa no indeferimento do pedido de perícia contábil quando fundamentado pela autoridade julgadora.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELA RFB. POSSIBILIDADE. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/01. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INTELIGÊNCIA.
O Pleno do STF reconheceu a constitucionalidade das disposições da Lei Complementar nº 105/01 e a aplicação retroativa das disposições da Lei nº 10.174/01, quando do julgamento do RE 601314/SP, com repercussão geral reconhecida, em conjunto com as ADI's 2859, 2390, 2386 e 2397.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE PROVAS. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA.
A presunção constante do artigo 42 da Lei nº 9.430/96 exige que o sujeito passivo comprove, por documentação hábil e idônea, a origem dos depósitos de sua titularidade, sob pena da caracterização desses como omissão de receita ou de rendimentos.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA QUALIFICADA. CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO.
Tendo o Fisco comprovado a prática dolosa, pelo sujeito passivo, de fraude, sonegação ou conluio, é cabível a aplicação da multa de ofício com a qualificadora prevista na Lei nº 9.430/96.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. CABIMENTO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 2201-003.631
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 22/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: Relator Carlos Henrique de Oliveira
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CONTAGEM DO PRAZO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 150, § 4ª, DO CTN. Comprovandose a prática de ato intencional com intuito de fraude ou sonegação é afastada, por expressa disposição da Lei Complementar, a contagem do prazo decadencial nos termos dispostos no § 4º do artigo 150 do Códex Tributário. SOLICITAÇÃO DE PERÍCIA CONTÁBIL. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há cerceamento do direito de defesa no indeferimento do pedido de perícia contábil quando fundamentado pela autoridade julgadora. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELA RFB. POSSIBILIDADE. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/01. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INTELIGÊNCIA. O Pleno do STF reconheceu a constitucionalidade das disposições da Lei Complementar nº 105/01 e a aplicação retroativa das disposições da Lei nº 10.174/01, quando do julgamento do RE 601314/SP, com repercussão geral reconhecida, em conjunto com as ADI's 2859, 2390, 2386 e 2397. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE PROVAS. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. A presunção constante do artigo 42 da Lei nº 9.430/96 exige que o sujeito passivo comprove, por documentação hábil e idônea, a origem dos depósitos de sua titularidade, sob pena da caracterização desses como omissão de receita ou de rendimentos. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA QUALIFICADA. CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 63 0. 72 03 85 /2 00 8- 28 Fl. 749DF CARF MF 2 Tendo o Fisco comprovado a prática dolosa, pelo sujeito passivo, de fraude, sonegação ou conluio, é cabível a aplicação da multa de ofício com a qualificadora prevista na Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente e Relator. EDITADO EM: 22/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão da 6ª Turma da DRJ de Juiz de Fora que julgou improcedente a impugnação ao lançamento tributário lavrado em desfavor do Recorrente, relativamente ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física devido no anoscalendário de 2003 e 2004, incidente sobre omissão de rendimentos consubstanciada em depósitos bancários de origem não comprovada. Utilizome, por sua precisão e clareza, de relatório constante de Resolução prolatada pela 2ª Turma desta 2ª Câmara, em 12 de março de 2012 (fls. 729), que determinou o sobrestamento do presente processo em face da pendência de decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade da quebra do sigilo bancário pela Autoridade Tributária: "Em nome do contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 02/10, com ciência do sujeito passivo em 12/12/2008 (AR às fls. 31), relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, exercícios 2004 e 2005, anoscalendário 2003 e 2004. Motivou o lançamento de oficio (relatório às fls. 11/30) a constatação de omissão de rendimentos, caracterizada por Fl. 750DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 750 3 depósitos bancários com origem não comprovada por documentação hábil e idônea, após ter sido o contribuinte regularmente intimado a apresentála, conforme previsto no art. 42 da Lei n° 9.430/96. Relataram as autoridades lançadoras que a fiscalização teve origem na verificação da incompatibilidade entre a movimentação bancária e o patrimônio do contribuinte com as rendas por ele declaradas nos anos auditados. Acrescentaram os Auditores Fiscais que o autuado é ligado a empresas do ramo de câmbio, vendas de passagens e remessas internacionais de dinheiro, todas com intensa movimentação financeira injustificada em seu nome e citadas na Comissão Parlamentar de Inquérito — CPI da máfia das ambulâncias. O início do procedimento fiscal deuse em 22/02/2008, com a ciência de termo próprio, onde o contribuinte foi intimado a apresentar a demonstração de todos os seus rendimentos, além de seus extratos bancários do período de 2003 e 2004. O contribuinte atendeu parcialmente o requerido no Termo de Início e nas reintimações datadas de 30/05/2008 e 13/10/2008, deixando de apresentar grande parte dos extratos e de evidenciar a origem dos recursos que transitaram em suas contas bancárias, limitandose a autorizar a fiscalização a requerer diretamente aos bancos seus extratos e a informar não ter encontrado documentos comprobatórios das origens dos recursos. Acrescentou o fiscalizado, no atendimento às intimações, que o montante excedente dos recursos depositados em suas contas bancárias referiuse a remessas de dinheiro feitas por meio da agência de turismo UNO HEMITTANCE, localizada em Miami, Estados Unidos que, em convênio verbal consigo, depositava valores em suas contas para que cumprisse ordens de pagamento no Brasil, não possuindo, porém, comprovação do alegado. De posse dos extratos bancários e dos documentos recebidos das instituições financeiras Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco, Cooperativa de Crédito do Vale do Mucuri e AC Credi — Cooperativa de Econ. e Créd. Mútuo Com. Mat. Construção de Governador Valadares, solicitados por meio de Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira — RMF (fls. 102/119), a Fiscalização consolidou os valores creditados mensalmente nas contas bancárias sem comprovação de sua origem, ressalvando que foram excluídos os valores que não configuravam rendimentos, tendo sido assim apurada omissão de receita de R$ 16.441.654,22 em 2003 e de R$ 594.930,22 em 2004, o que gerou imposto de R$ 4.516.378,01 e de R$ 158.528,91, respectivamente, conforme planilha de fls.20. Concluiu a autoridade lançadora pela qualificação da multa de ofício em 150%, conforme previsto no § 1° do art. 44 da lei n° 9.430/96, por ter o contribuinte, por meio de omissão de receita, sonegado o imposto devido, estando assim enquadrado no art. Fl. 751DF CARF MF 4 71 da Lei n° 4.502/64, apresentando como justificativa para tal enquadramento o fato de que a prática de remessas internacionais para terceiros, à margem da rede bancária, é crime contra o sistema financeiro nacional. Para provar tais remessas, as autoridades lançadoras anexaram cópias de depoimentos de funcionários do Sr. Genuíno às fls. 21/28, onde também se constata o uso de interpostas pessoas, funcionários subalternos, para encobrir os negócios do auditado. Além disso, relataram os Auditores Fiscais que tramita na 4' Vara Federal de Belo Horizonte o processo 2004.38.000229905, tendo como objeto crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores, envolvendo o auditado e as operações de suas empresas, conforme oficio de 22/02/2008 do Ministério Público Federal (fls. 394/398). Segundo os Auditores, tais fatos também configuram, em tese, crime contra a ordem tributária, previsto no inciso II do art. 10 da Lei n° 8.137/90, tendo como conseqüência a formalização de processo de Representação Fiscal para Fins Penais RFFP, de n° 13629.004393/200851. O sujeito passivo apresentou a impugnação de fls. 480/561. A 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Juiz de Fora – DRJ/JFA, negou provimento a impugnação, nos termos do acórdão 0923.078, de 26 de março de 2009. Devidamente cientificado dessa decisão, o Recorrente apresenta tempestivamente recurso voluntário." Do apelo interposto pelo Recorrente, constam os seguintes argumentos (fls. 366): · decadência dos créditos relativos ao anocalendário de 2003; · nulidade do julgamento de primeira instância em face da negativa da perícia requerida, o que viola o princípio da ampla defesa; · nulidade do auto de infração em face da impossibilidade de autuação sem comprovação; · nulidade do lançamento por violação do sigilo bancário do contribuinte, assegurado constitucionalmente; · improcedência do lançamento em face da ampliação, pela autoridade fiscal, dos poderes a ela concedidos pelo MPF; · no mérito, alega inabilidade empresarial, o que afasta o dolo presumido pela autoridade lançadora; · duplicidade de lançamentos, posto que a maioria dos valores dos depósitos bancários tem origem em distribuição de lucro das empresas do contribuinte; Fl. 752DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 751 5 · da impossibilidade da aplicação da multa qualificada em razão da ausência de comprovação de dolo; · do não cabimento do agravamento da multa; · inaplicabilidade da taxa Selic como juros de mora; O processo foi para mim distribuído, por meio de sorteio eletrônico, em razão do Conselheiro Relator originário não mais integrar o Colegiado. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Relator Carlos Henrique de Oliveira Presentes os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário, passo a apreciálo na ordem de suas alegações. Ressalto que a constitucionalidade da quebra do sigilo bancário do contribuinte, razão da decisão pela suspensão do julgamento do processo, também será apreciada na ordem em que consta do apelo. DA DECADÊNCIA São alegações do Recorrente (fls 366): "Conforme se vê do Auto de Infração e do Acórdão ora atacado, os fatos geradores dos tributos lançados em dezembro de 2008 datam do período de 08/2003 à 01/2005. Nessa perspectiva, verificase que todos os tributos lançados referentes ao ano de 2003; não são passíveis de exigência diante da cristalina decadência do direito do Fisco de cobrálas. Deveras, nos termos do artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional, em se tratando de tributo cujo lançamento tem natureza homologatória, ao Fisco é deferido o prazo de cinco anos, contados a partir da ocorrência do fato gerador, para cobrar valores não pagos ou quitados a menor, o que não restou observado in casu. Vejase: "Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quantos aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a • referida • autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, ' expressamente a homologa. (..) Fl. 753DF CARF MF 6 § 4°. Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador;expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação". Nos termos do artigo supramencionado, o cômputo do prazo decadencial se dá a partir da ocorrência do fato gerador, culminando com o transcurso ininterrupto do prazo de cinco anos, uma vez que a decadência não se suspende ou interrompe, ou, através da constituição do crédito fiscal, pela expedição do lançamento tributário. Resta solar, desse modo, que a constituição dos créditos relativos aoano de 2003 foi EXTEMPORÂNEA; haja vista que já havia ocorrido a homologação tácita dos pagamentos efetuados pelo Contribuinte, ora Recorrente." (destaques constam do voluntário) A recorrente pleiteia a decadência dos créditos tributários constituídos relativos ao anocalendário 2003, por força da aplicação da contagem do prazo decadencial com base no artigo 150, § 4º, do CTN, em razão dos pagamentos efetuados pela Recorrente. Segundo o entendimento consolidado pelo STJ, consubstanciado no recurso repetitivo REsp nº 973.333/SC, julgado 12/08/09, pela 1ª Seção com relatoria do Min. Luiz Fux, a contagem do prazo decadencial para constituição do crédito tributário nos lançamentos de ofício segue, como regra geral, o estabelecido no artigo 173, inciso I, do Códex Tributário. Excepcionase a regra geral quando houver pagamento antecipado do tributo objeto do lançamento tributário, mesmo que parcial. Ressaltese a ausência necessária da ocorrência de fraude, dolo ou simulação por parte do sujeito passivo, para a aplicação da regra excepcional. Sobre o ponto em discussão, assim se pronunciou a decisão de piso (fls. 359): "O que ocorreu foi a qualificação da multa de ofício em 150%, para a qual o impugnante argumentou pela ausência de dolo na espécie, uma vez que sua conduta teria se dado por absoluto desconhecimento e que o dolo não se presume, cabendo ao Fisco o ônus de comprovar a sonegação, fraude ou conluio. Com efeito, é possível que uma pessoa "por desorganização, falta de conhecimento técnico e inabilidade empresarial" trate como único todos os seus negócios e empresas, realizando transferências bancárias entre elas, conforme alegado pelo impugnante. Entretanto, na ausência de prova robusta em contrário, é inconcebível a falta de controle sobre operações que geraram créditos em torno de dezessete milhões de reais em suas contas bancárias, em um intervalo de vinte meses, mormente nesse caso, em que vários depoimentos (trechos transcritos no Relatório Fiscal) dão conta de que o Sr. Genuíno e sua esposa tinham esse controle. Labora ainda contra o contribuinte o fato de a fiscalização ter também apontado vultosa omissão de receitas / rendimentos em relação às empresas Brasil Dois Turismos Ltda, Império Representações Fl. 754DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 752 7 Turísticas Ltda. e RN Agro Representações Ltda, das quais o autuado é sócio. O conceito de dolo, para os fins de tipificação dos delitos em apreço, encontrase no inc. I, do art. 18 do Código Penal, ou seja, crime doloso é aquele em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo. A lei penal brasileira adotou, para a conceituação do dolo, a teoria da vontade. Isso significa que o agente do crime deve conhecer os atos que realiza e a sua significação, além de estar disposto a produzir o resultado deles decorrente. Em outras palavras, podese dizer que os elementos componentes do dolo, de acordo com a teoria da vontade são: vontade de agir ou de se omitir; consciência da conduta (ação ou omissão) e do seu resultado; consciência de que esta ação ou omissão vai levar ao resultado (nexo causal). A demonstração da consciência do agente de que a conduta levaria ao resultado ilícito não requer o conhecimento da definição dos tipos penais da lei. Se fosse assim, somente poucos especialistas em direito penal poderiam ser acusados da prática de crime doloso. Portanto, ter conhecimento da ilicitude ou da antijuridicidade de um fato significa saber que tal fato implica uma ação ou omissão oposta ao dever éticojurídico, passível de recriminação social. Basta o convívio em sociedade para adquirirse a noção do que é permitido ou proibido, do que é nocivo ou não ao interesse individual ou coletivo. Ora, o uso de contas bancárias para movimentar vultosas quantias, cujas provas trazidas aos autos demonstram a conexão com atividades supostamente ilegais, a exemplo da utilização de interpostas pessoas para as negociações, conforme os já citados depoimentos, subsume ao conceito de sonegação contido no art. 71 da Lei n.° 4.502/64 e implica a qualificação da multa de ofício de que trata o art. 44, § 1°, da Lei n.° 9.430/96. A título de exemplo, observese a jurisprudência administrativa abaixo: (...). Não assiste razão ao apelante. Vislumbro correta a decisão de piso. Há provas nos autos que corroboram a imputação fiscal da prática das condutas que caracterizam a fraude e a sonegação dolosas. Tais condutas foram explicitas na decisão recorrida e contam com minha total aquiescência em razão da já mencionada comprovação nos autos, produzida pela autoridade fiscal. Nego provimento ao recurso na parte da ocorrência da decadência dos créditos lançados referentes aos fatos geradores ocorridos em 2003. ANULAÇÃO DO JULGADO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA POR FALTA PROVA PERICIAL Fl. 755DF CARF MF 8 A Recorrente, desde sua impugnação ao lançamento, pugna pela necessidade de produção de prova pericial. Consta de seu recurso voluntário, os seguintes argumentos sobre o tema (fls. 368): Ao contrário do que afirmou a douta turma de primeira instância administrativa, há sim, nos presentes Auto, a latente necessidade de perícia contábil, haja vista a especificidade do caso apresentado A míngua da Recorrente não ter apresentado prova nova, como quis citar como absurdo e impossível a comprovar fato já constante dos autos, há sim documentos suficientes nos presentes, a possibilitar acurada e necessária perícia técnica contábil. No rol dos documentos carreados nos volumosos autos do processo, há grande parte d• e livros caixa, recibo de pagamentos e principalmente, extratos bancários, que ao contrário do que autuou o ilustre fiscal, não dizem respeito a receitas omitidas do fisco. Há, como já se citou acima, transferências entre contas de empresas para empresas do mesmo dono, Sr. Genuíno, nas quais, por desconhecimento, o mesmo utilizava as contas para pagamentos de outra empresas, depósitos que não foram efetivados, por se tratar de depósitos em cheque e tantas outras incongruências, que não são facilmente vistas por profissionais leigos na área. Não há como admitirse, por razões de direito, nele configurado o Estado Democrático de Direito, com o conseqüente contraditório e ampla defesa, inclusive no âmbito administrativo, que a primeira turma julgadora, tenha se baseado, quando da decisão, nos argumentos do fiscal, que ditou no Auto de Infração, ter desconsiderado resgates de aplicações, empréstimos, depósitos de cheques devolvidos, pois alegação absolutamente unilateral, sem prova concreta da mesma nos autos. Ora, conforme tabela repisada acima, evidenciouse que há sim, nos autos, transferências de valores internos de banco para banco, refutandose por• completo o mero argumento lançado pelo fiscal que autuou a Recorrente de que havia excluído todas essa parcelas. Ocorre que os próprios documentos juntados dão conta do alegado, não carecendo de prova nova, mas de mera análise técnica especializada." Ao longo de mais de 12 páginas a Recorrente junta doutrina e jurisprudência no sentido de seu pleito, apresentando ainda quesitos a ser respondidos pela perícia e indicando o profissional para a realização da mesma. A decisão recorrida assim analisou o pedido (fls 357): O impugnante pediu a realização de perícia contábil para comprovar suas alegações, conforme quesitos e perito definidos na impugnação. Ocorre que a existência desse instrumento processual tem por escopo a elucidação de dúvidas de ordem técnica que exijam a manifestação de profissional capacitado a Fl. 756DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 753 9 esclarecêlas. No caso em pauta, não existe qualquer incerteza desse naipe, pois a autuação se deu, basicamente, com fundamento na análise de extratos bancários do fiscalizado, tendo o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil competência legal para tal, conforme dispõe a legislação de regência, especialmente a Lei n.° 10.593/2002, art. 6°, c a LC n.° 105/2001, também em seu art. 6°. Ademais, o impugnante teve tempo mais do que razoável para fornecer provas ou pelo menos indícios de suas alegações, de modo a provocar a realização de perícia, ou mesmo diligência. Isto porque já em 22/02/2008, pelo Termo de Início de Ação Fiscal, o contribuinte foi intimado a apresentar justificativas, mediante documentação hábil e idônea, para a origem dos depósitos realizados em suas contas. Outras intimações mais específicas se seguiram, mas nem na impugnação, protocolada em 09/01/2009, ou seja, quase um ano após o início do procedimento fiscal, o contribuinte aduziu seus elementos de prova, os quais poderiam ter sido comodamente trazidos aos autos. Por todo o exposto, a realização de perícia ou diligência mostra se prescindível para a solução da lide, devendo ser indeferida com fundamento nos arts. 18 e 29 do Decreto n.° 70.235/72. Observese que no presente caso esse indeferimento, além de laborar em favor do princípio constitucional da razoável duração do processo, não implica cerceamento de defesa, uma vez que motivado de acordo com normas legais e elementos constantes dos autos. Em contraposição à jurisprudência colacionada na impugnação, trazse pronunciamento do Supremo Tribunal Federal: (...)" O processo administrativo fiscal segue o rito determinado pelo Decreto Lei nº 70.235/72, recepcionado pela Carta da República, e por isso considerado a lei de regência do denominado PAF. Assim, mister perquirir suas determinações sobre o pedido do Recorrente: "Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine: § 1º Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício, sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito da União, a ela proceder e intimará o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados § 2º Os prazos para realização de diligência ou perícia poderão ser prorrogados, a juízo da autoridade Fl. 757DF CARF MF 10 § 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendose, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. (...) Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." (destaques não constam do texto legal) Vejo atendido os comandos do Decreto nº 70.235/72 sobre a requisição de perícia e não observo cerceamento do direito de defesa nem vício na decisão recorrida, pois atendidos os ditames legais sobre a questão. Concordo com os argumentos da decisão de piso sobre o indeferimento do pedido de perícia formulado, uma vez que não há tecnicismo exagerado no tema em apreço. No máximo, meros cálculos aritméticos são necessários para a o deslinde da questão. Não obstante, verifico que alguns dos quesitos formulados são jurídicos, e não é um técnico contábil, como o perito indicado, o profissional mais habilitado para a interpretação da norma jurídica. Entendo que as provas acostadas aos autos, e mais aquelas que o Recorrente poderia ter anexado, caso as possuísse ou quisesse apresentálas, são suficientes para a formação do convencimento do Colegiado. Em face da desnecessidade de produção de prova pericial, e da garantia do direito de defesa que se observa nos autos, nego provimento ao Voluntário nesta parte. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE AUTUAÇÃO SEM PROVA CONCRETA DEFINITIVA Se insurge a Recorrente contra o lançamento com base em indícios ou presunções, que, segundo ela, embasaram o crédito constituído pelo auto de infração aqui combatido. Alega (fls 382): "O lançamento fiscal baseado em juízo de probabilidade e presunção, conforme fora utilizado, não constitui prova concreta/ definitiva e como tal não fornece ao julgador a certeza necessária para alicerçar, o crédito tributário pretendido pelo fisco. Não há, pois, nesta matéria, disponibilidade ou autonomia da vontade. A obrigação é ex lege e de Direito Público, absolutamente inderrogável. Fl. 758DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 754 11 A jurisprudência pátria, tanto no âmbito administrativo do Conselho de Contribuintes, quanto na esfera judicial, representada pelos tribunais superiores e demais tribunais de todo o país, corroboram a nulidade de Auto de Infração com base em prova de natureza tão duvidosa. O indicio de prova deve ser constatado por meio de prova hábil a comprovar todo o alegado e não de induzir o julgador da possibilidade da infração. (...) No caso em tela, não há nenhuma prova concreta das alegadas e autuadas infrações, mas tão somente os famigerados indícios. Para espancar qualquer dúvida a respeito, colacionase a melhor jurisprudência do assunto: (...)" Voltemos ao auto de infração, como cediço, ato constitutivo do lançamento tributário e como espécie de ato administrativo, deve ser fundamentado e motivado, além de no caso do lançamento tributário conter a comprovação da ocorrência do fato gerador ensejador da obrigação tributária e decorrente direito de crédito do Fisco. Constato às folhas 12: "1. O contribuinte entregou sua declaração de rendimentos pessoa física relativa ao ano calendário de 2003 em 29/04/2004 sob no. 06/11.895.293. Em 04/05/2004 entregou declaração retificadora que levou o no. 06/35.826.247. Em 01/06/2004 transmitiu nova declaração retificadora que levou o no. 06/35.229.248. Quanto à declaração relativa ao ano calendário 2004 transmitiua em 27/04/2005 sob no. 06/17.394.266 — cópias compõem o processo; 2. Os arquivos eletrônicos da RFB apontavam que em 2003 o contribuinte movimentara na rede bancária em seu nome o expressivo montante de R$ 17.656.197,30. Sua declaração de Imposto de Renda/2003, última retificadora, aprésentava o montante de rendimentos anuais tributáveis de R$ 145.730,27, rendimentos isentos da atividade rural de R$ 103.299,88, rendimentos sujeitos à tributação exclusiva de R$ 8.342,31, R$ 133.000,00 de alienação de patrimônio e rendimentos brutos do cônjuge de R$ 21.650,44, totalizando R$ 412.022,90, pouco mais de 2% de sua movimentação financeira; 3. Em 2004 a movimentação financeira foi de R$ 967.477,02. A declaração de Imposto de Renda apontou rendimentos tributáveis de R$ 190.347,67, rendimentos isentos da atividade rural de R$ 91.144,98, rendimentos brutos do cônjuge de R$ 31.577,60 e alienação de patrimônio de R$ 69.500,00, totalizando R$ 382.570,25; 4. Verificase que o valor do patrimônio do auditado em 01/01/2003 era de R$ 496.779,92 saltando para R$ 1.231.738,63 Fl. 759DF CARF MF 12 em 31/12/2004, crescimento muito incompatível com as rendas declaradas, desconsiderando seus custos; 5. O auditado é ligado a empresas do ramo de câmbio, vendas de passagens e remessas internacionais de dinheiro, todas com intensa movimentação financeira injustificada em seu nome e citadas na chamada CPI da máfia das ambulâncias, sendo objeto de auditoria nesta mesma operação. As empresas são Império Representações Turísticas Ltda, CNPJ 05.054.511/000100, mantida em nome de sócios interpostas pessoas ("laranjas"), funcionários do Sr. Genuíno; RN Agro Representações Ltda, CNPJ 05.680.603/000103 e Brasil Dois Turismo Ltda, CNPJ 01.999.148/000144. Todas essas empresas tinham à frente o Sr. Genuíno da Rocha Netto e, apesar da intensa movimentação financeira em seus nomes, não apresentavam receitas compatíveis, exceto pequenos montantes de vendas de passagens aéreas; 6. A auditoria teve início em 22/02/2008, com a ciência do Termo de Início de Ação Fiscal ao sujeito passivo, via postal com ARAviso de Recebimento, enviado ao seu endereço residencial à Rua Barão do Rio Branco, 127, apartamento 201, centro desta cidade. Visava a auditoria os anos calendário 2003 e 2004; (...) 10. Sobre a falta de comprovação de origens, dizia a Reintimação: "O contribuinte omitiuse inteiramente sobre as comprovações solicitadas. A situação encontrada pela fiscalização foi a seguinte: Ano de 2003: Movimentação financeira da pessoa física, excluindo dependentes: R$ 17.656.197,30 ORIGENS DE RECURSOS APURADAS EM DECLARAÇÃO IRPF: Rendimentos tributáveis declarados pela pessoa física R$ 145.730,27 Rendimentos isentos da atividade rural R$ 103.299,88 Rendimentos brutos do cônjuge R$ 21.650,44 Venda de patrimônio R$ 133.000,00 TOTAL DE ORIGENS DETECTADAS NA DECLARAÇÃO IRPF R$ 403.680,59 Ano de 2004: Movimentação financeira da pessoa física, excluindo dependentes: R$ 967.477,02 ORIGENS DE RECURSOS APURADAS EM DECLARAÇÃO IRPF: Rendimentos tributáveis declarados pela pessoa física R$ 190.347,67 Rendimentos isentos da atividade rural R$ 91.144,98 Rendimentos brutos do cônjuge R$ 31.577,60 Venda de patrimônio R$ 69.500,00 TOTAL DE ORIGENS DETECTADAS NA DECLARAÇÃO IRPF R$ 382.570,25 Assim sendo, a movimentação financeira do contribuinte apresentase em total desconformidade com as origens de recursos declaradas (principalmente em 2003), daí a intimação para informar/comprovar as origens dos recursos depositados em suas contas correntes e não declarados. Fica assim intimado a comprovar outras origens além das citadas acima e esclarecer, por escrito, a redução drástica de sua Fl. 760DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 755 13 movimentação financeira de mais de R$ 17 milhões em 2003 para pouco mais de R$ 900 mil em 2004. É de se informar que a movimentação financeira apresentada acima referese apenas à base de cálculo da CPMF, mas os valores a serem efetivamente comprovadas são os depósitos e créditos existentes nas contas do contribuinte, excluindose daí os resgates de aplicações financeiras, empréstimos bancários, cheques devolvidos, enfim, os créditos que, pelas suas características, não possam configurar um rendimento." 11. As declarações de Imposto de Renda do contribuinte apresentavam várias dividas supostamente contraídas junto a pessoas físicas. Sobre isso dizia a Reintimação: (...) 12. Aos 23/06/2008 o contribuinte compareceu à esta SAFIS para pedir prorrogação de prazo até 11 de julho para providenciar os documentos exigidos. No ato o contribuinte informou de sua dificuldade de conseguir os extratos da rede bancária, autorizando a fiscalização a requerer diretamente. Diz o termo: (...) 13. Desse modo, através das RMFs 0610300.2008.000110 (B.Brasil); 0610300.2008.00012 8 (CEF); 0610300.2008.000136 (ITAU); 0610300.2008.000144 (BRADESCO) 0610300.2008.000152 (COOP CRED VALE DO MUCURI) e 0610300.2008.000160 (AC CREDI) foram requisitados aos bancos os extratos bancários e alguns outros elementos de abertura das contas; 14. De posse da documentação bancária, elaboramos planilhas com os depósitos e créditos sobre os quais exigíamos comprovação das origens e lavramos o Termo de Intimação Fiscal no. 03, onde fixamos o prazo de 20 (vinte) dias para atendimento ,com ciência pessoal em 13/10/2008. As planilhas abrangiam os anos de 2003 e 2004, e dos créditos/depósitos já foram excluídos os que, pelas suas características, não pudessem configurar um rendimento, como transferências entre agências, empréstimos bancários, depósitos de cheques devolvidos, etc. Dizia a intimação: (...)" Novamente não assiste razão ao Recorrente. Não há um lançamento tributário fundado em presunções e indícios. Há sim, uma constatação pelo Fisco de uma variação patrimonial significativa. Devidamente intimado a comprovar tal acréscimo patrimonial, o sujeito passivo não se desincumbiu de tal ônus, e mais, inerte quando intimado a comprovar sua movimentação bancária, motivou que a Administração Tributária na busca pela realização de Fl. 761DF CARF MF 14 seu mister constitucional, intimasse os bancos para que fornecessem os extratos bancários que não foram disponibilizados pelo Contribuinte. Novamente intimado a comprovar a origem dos recursos que transitaram por suas contas bancárias, o contribuinte não pode, ou não quis, fazêlo. Por isso, assim procedeu a Fiscalização (fls 19): 19. Como já dito, houve prorrogações para comprovação das origens dos depósitos/créditos até o dia 27/11/2008. No entanto, o contribuinte preferiu omitirse a responder. Até a presente data, nenhuma planilha, documento ou elemento qualquer foi nos oferecido para esclarecer a origem dos depósitos, não restando à fiscalização outra alternativa senão considerar como renda omitida os depósitos e créditos não comprovados, nos termos do artigo 42 da Lei 9430/96: "Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1 0 O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 20 Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa tísica, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Alterado pela Lei n° 9.481, de 13.8.97) § 4 0 Tratandose de pessoa tísica, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira." 20. Quando intimado, o contribuinte respondeu que as origens dos depósitos eram as constantes de sua declaração de rendimentos e outras decorrentes de operações de remessas internacionais do exterior, através da empresa UNO HMITTANCE, dos Estados Unidos da América. Declarou o Sr. Genuíno da Rocha Netto em 23/06/2008, que Fl. 762DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 756 15 "sobre as origens dos recursos depositados/creditados em contas bancárias em seu nome, ratifica a informação verbal anterior dada à essa fiscalização de que são as constantes de suas declarações de Imposto de Renda, e, o montante excedente, em remessas de dinheiro feitas através da agência de turismo existente em Miami/Estados Unidos da América chamada UNO HEMITTANCE que, em convênio verbal com o declarante, depositavam dinheiro em sua conta para que este cumprisse ordens de pagamento aqui no Brasil, segundo a determinação da agência no exterior. Não possui documentação do alegado, declarando que recebia o percentual de 0,5% (meio por cento) dos valores depositados e pagos a pessoas residentes na região em nome da UNO. Declara ainda que não sabe o endereço da UNO em MiamL Que o contato foi feito através de representantes da UNO em São Paulo/SP, que conhece apenas por Flávio e Cláudio, em telefonemas para sua agência de Turismo em lpatinga — a Brasil Dois Turismo Ltda. Essas pessoas vieram pessoalmente à sua agência em lpatinga/MG, mas o declarante afirma que nunca foi à UNO em São Paulo e em nenhum outro lugar para contatos comerciais, não sabendo precisar o endereço deles. Quando seu contador soube dessa movimentação financeira nas contas de suas empresas e em nome da pessoa física do declarante, aconselhouo a encerrar essas operações, o que foi feito." Não há como tributarse o percentual alegado de 0,5% por não estar minimamente comprovado. Pela análise dos extratos bancários tornase impossível vincular os valores depositados pela agência UNO HEMITTANCE e o conseqüente repasse ao beneficiário como afirmado pelo contribuinte. Apesar de não comprovadas pelo contribuinte as origens dos depósitos de forma individualizada, os valores constantes de suas declarações de Imposto de Renda, oferecidos à tributação, isentos/não tributáveis ou alienação de patrimônio que signifiquem origens de recursos para depósitos, serão neste lançamento deduzidos dos montantes dos créditos/depósitos." Não há vícios no procedimento fiscal. As determinações legais atinentes restaram cumpridas em sua totalidade. Assim como mencionado no relatório fiscal, observo a omissão do contribuinte quanto à comprovação do alegado. A decisão de piso, desfavorável ao impugnante, se funda na ausência de provas, tornando perfeitamente aplicável a presunção constante da Lei nº 9.430/96, quanto à consideração de renda dos depósitos bancários de origem não comprovadas. Segunda constatação da inércia do contribuinte quanto à comprovação dos seus argumentos. Apresentouse recurso voluntário. Nada foi acrescido que comprovasse as alegações constantes do recurso, da impugnação e das respostas às intimações da Fiscalização. Mister aplicarse a presunção do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Sobre o tema, importante recordarmos as lições de Florence Haret, que em obra decorrente da brilhante tese de doutorado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, explicitou (Teoria e Prática das Presunções no Direito Tributário, Ed. Noeses, pag.622): "Ademais, cabe lembrar, a presunção relativa, assim chamada pela doutrina tradicional, é o lugar por excelência em que se Fl. 763DF CARF MF 16 deve aplicar o contraditório. Nela, a parte interessada, deve movimentar o processo, requerendo e apresentando provas da ocorrência ou inocorrência do fato presumido em tempo útil. Não se opondo de forma conveniente ao prosseguimento do feito, a relatividade da presunção se torna verdade jurídica do fato, produzindo a partir daí efeitos de direito. O não pronunciamento da parte a favor ou em contrário à presunção equivale a renúncia do direito ao contraditório "in concreto", o que, em termos de efeito prático, significa a preclusão em rediscutir sobre a verdade instituída pelo enunciado presuntivo" Ora, a lição da jovem doutrinadora cabe à perfeição ao caso concreto. A inércia do sujeito passivo em se livrar do ônus probatório, tornou verdade jurídica do fato produzindo a partir daí, efeitos de direito, ou seja, o efeito previsto na norma presuntiva, o artigo 42 da Lei nº 9.430/96: "Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações." (destaquei) Rejeito a preliminar de nulidade arguída, posto que o lançamento tributário decorre de fato gerador comprovado. DA VIOLAÇÃO AO SIGILO BANCÁRIO. PROCEDIMENTOS INCONSTITUCIONAIS. VÍCIOS INSANÁVEIS. CANCELAMENTO DA AUTUAÇÃO FISCAL. Como relatado, a argumentação do Recorrente sobre a inconstitucionalidade da quebra do sigilo bancário do sujeito passivo pela Administração Tributária ensejou a suspensão do julgamento do presente processo administrativo, em face do julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema. Porém, em recentíssimo julgamento, ocorrido em 24 de fevereiro passado, examinando as Ações Declaratórias de Inconstitucionalidade, ADI's 2859, 2390, 2386 e 2397, além do Recurso Extraordinário (RE) 601314 SP, este sob o rito da repercussão geral, o Pleno do STF decidiu pela constitucionalidade das disposições da Lei Complementar nº 105/01. Consulta ao sitio do Supremo Tribunal Federal ( ), contém a decisão final proferida no curso da ADI 2390, representativa do entendimento da Corte Suprema: Decisão Final Após o relatório e as sustentações orais, pelo requerente Partido Social Liberal PSL, do Dr. Wladimir Reale, e, pela Advocacia Geral da União, da Dra. Grace Maria Fernandes Mendonça, SecretáriaGeral de Contencioso, o julgamento foi suspenso. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Fl. 764DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 757 17 Plenário, 17.02.2016. Após o voto do Ministro Dias Toffoli (Relator), que conhecia da ação e a julgava improcedente, no que foi acompanhado pelos Ministros Edson Fachin, Teori Zavascki, Rosa Weber e Cármen Lúcia; o voto do Ministro Roberto Barroso, que acompanhava em parte o Relator, conferindo interpretação conforme ao art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, para estabelecer que a obtenção de informações nele prevista depende de processo administrativo devidamente regulamentado por cada ente da federação, em que se assegure, tal como se dá com a União, por força da Lei nº 9.784/99 e do Decreto nº 3.724/2001, no mínimo as seguintes garantias: a) notificação do contribuinte quanto à instauração do processo e a todos os demais atos; b) sujeição do pedido de acesso a um superior hierárquico do requerente; c) existência de sistemas eletrônicos de segurança que sejam certificados e com registro de acesso, d) estabelecimento de mecanismos efetivos de apuração e correção de desvios; e o voto do Ministro Marco Aurélio, que dava interpretação conforme aos dispositivos impugnados de modo a afastar a possibilidade de acesso direto aos dados bancários pelos órgãos públicos, o julgamento foi suspenso. Impedido o Ministro Gilmar Mendes. Ausente, justificadamente, o Ministro Luiz Fux. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 18.02.2016. O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou improcedente o pedido formulado na ação direta, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Reajustou o voto o Ministro Roberto Barroso para acompanhar integralmente o Relator. Impedido o Ministro Gilmar Mendes. Ausente, justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 24.02.2016." (destaques não são originais) Mister realçar que o RE 601.314/SP, expressamente, versa sobre a possibilidade de aplicação dos dispositivos constantes da Lei Complementar para fato pretéritos a sua edição, além da da quebra de sigilo bancário pelo Fisco, mesmo tema da ADI 2390. São os termos da decisão proferida no mencionado recurso extraordinário submetido a sistemática da repercussão geral: "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 225 da repercussão geral, conheceu do recurso e a este negou provimento, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Por maioria, o Tribunal fixou, quanto ao item “a” do tema em questão, a seguinte tese: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”; e, quanto ao item “b”, a tese: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da Fl. 765DF CARF MF 18 irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Ausente, justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 24.02.2016." (negritamos e sublinhamos) Ora, a clareza da decisão tomada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, no curso de ação declaratório de inconstitucionalidade, e no âmbito de um recurso extraordinário com repercussão geral, extingue de maneira definitiva qualquer dúvida sobre a lisura e legalidade do procedimento fiscal relativo a requisição às instituições financeiras dos dados referente a movimentação financeira dos contribuintes, quando tomados nos termos da Lei 10.174/01 e do Decreto nº 3724/01, com suas alterações posteriores. Nesse sentido, mister verificar no caso em apreço, o cumprimento das disposições constantes do Decreto nº 3724/01, especialmente quanto à exigência da existência de procedimento fiscalizatório prévio a requisição dos dados bancários e da indispensabilidade de tal solicitação. Observo o cumprimento de tais requisitos. Vejo, acostados às folhas 91, o Termo de Início de Ação Fiscal, datado de 21/02/2008, cuja ciência ocorreu em 22 de fevereiro (AR de folhas 93). Verifico também, como acima transcrito, várias intimações (fls 91 e seguintes) contendo a requisição dos dados bancários do Contribuinte. Constato ainda a necessária reintimação (fls. 101) com o mesmo conteúdo, o que justifica a solicitação da movimentação financeira às instituições bancárias. Por todo o exposto, não há a nulidade arguída, tampouco, como decidido pelo Supremo, qualquer vício de constitucionalidade no procedimento fiscal. DOS PODERES CONFERIDOS PELO MPF — IMPROCEDENCIA DE LANÇAMENTOS — CSLL, COFINS, PIS E INSS. Segundo o Recorrente, a Autoridade Lançadora excedeu os poderes que lhe foram concedidos pelo Mandado de Procedimento Fiscal. Ao assim proceder, o Fisco deixou de cumprir a lei, posto que não incluiu no MPF todos os tributos a serem fiscalizados, ofendendo, ainda o princípio da legalidade tributária e o da não surpresa, posto que o único tributo que constava do MPF era o Imposto sobre a Renda. As alegações da Recorrente não merecem prosperar. Vejamos. O mandado de procedimento fiscal foi instituído pelo Decreto nº 3.724 de 2001, e visa: "Regulamenta o art. 6o da Lei Complementar nº105, de 10 de janeiro de 2001, relativamente à requisição, acesso e uso, pela Secretaria da Receita Federal, de informações referentes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas equiparadas." No bojo de suas disposições encontramos: " Art. 2º Os procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal Fl. 766DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 758 19 do Brasil serão executados, em nome desta, pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e somente terão início por força de ordem específica denominada Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) §4o O Secretário da Receita Federal do Brasil estabelecerá os modelos e as informações constantes do MPF, os prazos para sua execução, as autoridades fiscais competentes para sua expedição, bem como demais hipóteses de dispensa ou situações em que seja necessário o início do procedimento antes da expedição do MPF, nos casos em que haja risco aos interesses da Fazenda Nacional. §5oA Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio de servidor ocupante do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, somente poderá examinar informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. §6oA Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio de seus administradores, garantirá o pleno e inviolável exercício das atribuições do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela execução do procedimento fiscal. (...)" (destacamos) Claro resta, da leitura atenta dos trechos destacados, que o Mandado de Procedimento Fiscal tem por finalidade a simples instauração do procedimento de fiscalização, visando a otimização dos recursos humanos disponíveis no âmbito da Receita Federal do Brasil, em especial, dos servidores competentes para o desenvolvimento dos procedimentos fiscais, os Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil. Nesse sentido, exceto nos casos textualmente elencados, os procedimentos fiscais devem ser precedidos de MPF e nesse sentido, por expressa disposição do artigo 2º do Decreto nº 3.724/01, são imprescindíveis. Porém, como textualmente expresso no parágrafo 6º do artigo 2 mencionado, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, deve garantir as prerrogativas dos Auditores Fiscais uma vez que o pleno e inviolável exercício dessas prerrogativas decorrem de lei, lei tributária que visa garantir o interesse público na obtenção dos recursos derivados necessários para o custeio do Estado Brasileiro. Nesse sentido, mister realçar que tais prerrogativas, são poderes/deveres do Fisco, em razão de expressa disposição do artigo 142 do CTN, que determina ser a atividade do lançamento vinculada e obrigatória, não cabendo portanto, limitações ao exercício do dever de lançamento do Auditor Fiscal quando por ele verificado o crédito tributário. Claro que findo o processo inquisitório da fiscalização, haverá por meio do devido processo administrativo tributário, em que se garante o contraditório e a ampla defesa o necessário controle de legalidade dos atos praticados pelo Auditor Fiscal. Fl. 767DF CARF MF 20 Assim, verifico como aliás reconhece o próprio recorrente a existência prévia do MPF devidamente instaurado, sendo o procedimento fiscal todo amparado pela ordem prévia emanada da autoridade competente, nos termos do Decreto nº 3.724/01. Em acréscimo, mister ressaltar que como bem apontado na decisão de piso, houve também o cumprimento da Portaria RFB nº 11.371/07, que normatizou o desenvolvimento dos procedimentos fiscais no âmbito da Receita Federal. Portanto, ao se considerar que a ciência do MPF darseá pela internet, eventual ausência de ciência em termo de prorrogação de MPF , ou ausência de especificidades do procedimento fiscal no termo de mandado não são vícios, vez que não constam das normas instituidoras do mandado de procedimento, quanto mais ensejadores da nulidade arguída. Não obstante o exposto, mister recordar que as nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal (PAF), são as determinadas no artigo 59 do Decreto nº 70.235, ou seja, os atos emandos das autoridade incompetentes e os praticados com preterição do direito de defesa. Nenhum dos vícios ensejadores da nulidade foram observados no curso do procedimento fiscal ou do processo administrativo, pois os mandados questionados foram expedidos por servidor competente. Do exposto, forçoso reconhecer que a preliminar de nulidade deve ser rejeitada também nesta parte. DA INABILIDADE EMPRESARIAL — AUSÊNCIA DE DOLO Passando ao mérito, o Recorrente alega (fls. 408): "Como já fora colocado, é comum e rotineiro vermos pessoas físicas, que por falta de uma escolaridade superior específica, ou de qualquer curso que os guie e ensine a como gerir uma empresa, abrem seus próprios negócios a mercê de suas próprias idéias de gestão. • Conforme melhor se demonstrará a seguir, este é o caso do Empresário, Sr.Genuíno da • Rocha Netto, ora Recorrente. • O Sr. Genuíno, ora Recorrente, por desorganização, falta de conhecimento técnico, e inabilidade empresarial . realizava os negócios jurídicos de suas empresas em nome de empresa diversa daquela que 'deveria ser a real participante do negócio, por ter naquele tipo de negócio seu objeto social. Ocorre que, é natural que uma pessoa que desconheça princípios como o da Ocorre que, é natural que uma pessoa que desconheça princípios como o da ......_ 7 entidade da pessoa jurídica e da escrituração una, venha gerir seus negócios, tratando todos, como seus e fazendo negócios, em nome próprio, por ser gestor e dono de todas. . Assim é que o senhor Genuíno confundira até mesmo a fiscalização, pois ao tratar como único, todos os seus negócios e empresas, realizou entre elas, transferências bancárias, depósitos de valores de propriedade diversa da empresa favorecida, além de comprar produtos, vendêlos, prestar serviços, mediar negócios em nome de uma de suas empresas, Fl. 768DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 759 21 mesmo com a proibição, pois pensava poder fazêlo, por ser dono de todas elas. O raciocínio, apesar de equivocado, é de mais fácil compreensão para um profissional da área e para os doutos julgadores, que para um cidadão civil leigo. Nesse diapasão, é importante diferenciar o dolo da inabilidade empresarial. Uma pessoa que detém todos os conhecimentos técnicos a respeito do seu negócio/empresa, conhecedor da ciência da gestão de empreendimentos, não pode ser confundido com um mero cidadão, que viu na oportunidade de abrir seu próprio negócio, uma chance de aumentar sua renda mensal e, assim, ajudar sua própria família. Ao praticar atos que não sabia serem proibidos, por fugir ao objeto social de determinada empresa ou mesmo por ter a visão de ser único dono de todas elas, terminando por realizar qualquer ato de qualquer delas em nome de outra ou mesmo em nome próprio (pessoa física), não queria o empresário Sr. Genuíno burlar a lei ou praticar qualquer tipo de ilícito, mas tão somente manter viável seus próprios negócios e aproveitarse das oportunidades empresariais que surgiam e que ele deveria de pronto poder participar do próprio ou não, mas sem saber que tal prática lhe era vedada, pois era único dono de todas. Assim, o empresário, Recorrente, dono , e gestor de vários negócios, analisava apenas a viabilidade de realização dos negócios que lhe eram propostos, 'fechando—os de pronto para não perder a oportunidade, assinando em nome próprio ou de qualquer de suas empresas, por desconhecer que deveria realizar determinados negócios em nome de uma ou de outra. Além disso, ao se tributar toda a renda que passa por sua conta pessoal, desconsiderou o ilustre fiscal, que boa parte dessas verbas eram distribuição de lucros de suas empresas e sendo assim, já haviam sido tributadas em nome da pessoa jurídica que lhe fomentara o fundo. Não é justo que haja a bitributação, por completa desconsideração ao princípio do "non bis in idem", sacramentado em nosso ordenamento jurídico pátrio, que não permite ao fisco, simplesmente tributar verbas que já 'haviam sido devidamente tributadas na pessoa jurídica, perseguindo novamente, agora na pessoa física do contribuinte, verba para alimentar a fome fiscal. È injusta, além de ilegal a 'tributação . de tais verbas, devendo se mais uma vez ser respeitado o princípio da verdade material, devendo procederse perícia técnica contábil, para averiguação da correta distribuição de lucros da empresa ao sócio, ora Recorrente, sob pena de cometerse estrita ilegalidade e arbitrariedade contra contribuinte, pessoa física que não deve' suportar o ônus de um processo sem provas suficientes que lhe Fl. 769DF CARF MF 22 possa atribuir 'in totum' todas as suas receitas como sendo tributáveis, sendo arbitradas verbas que já haviam sido tributadas. (destaquei) Analisando a questão, assim se pronunciou o Relator do voto condutor da decisão recorrida (fls 359): "Com efeito, é possível que uma pessoa "por desorganização, falta de conhecimento técnico e inabilidade empresarial" trate como único todos os seus negócios e empresas, realizando transferências bancárias entre elas, conforme alegado pelo impugnante. Entretanto, na ausência de prova robusta em contrário, é inconcebível a falta de controle sobre operações que geraram créditos em torno de dezessete milhões de reais em suas contas bancárias, em um intervalo de vinte meses, mormente nesse caso, em que vários depoimentos (trechos transcritos no Relatório Fiscal) dão conta de que o Sr. Genuíno e sua esposa tinham esse controle. Labora ainda contra o contribuinte o fato de a fiscalização ter também apontado vultosa omissão de receitas / rendimentos em relação às empresas Brasil Dois Turismos Ltda, Império Representações Turísticas Ltda. e RN Agro Representações Ltda, das quais o autuado é sócio." Forçoso compactuar com a decisão de primeiro grau. Em que pese o esforço argumentativo do Recorrente, não se pode com ele concordar. Não é crível, embora seja possível, que mediante todo arcabouço probatório constante do Auto de infração que uma pessoa com o tino comercial do Recorrente, dono de patrimônio considerável e com múltiplas atividades "por desorganização, falta de conhecimento técnico, e inabilidade empresarial" . realize "negócios jurídicos de suas empresas em nome de empresa diversa daquela que 'deveria ser a real participante do negócio, por ter naquele tipo de negócio seu objeto social". Ninguém é tão ingênuo ou tal mal assessorado. Ainda mais no mundo dos negócios, ainda mais na era da informação. Quanto a alegada bitributação não há nos autos nenhuma prova da alegação, nenhuma demonstração inequívoca que o tributo que aqui se considerou devido pela operação tenha sido recolhido. Quanto à necessidade de perícia, reafirmase as considerações feitas acima. Por fim, quanto a menção passageira feita no apelo que a representação fiscal para fins penais deva ser extinta em razão da ausência da comprovação do dolo, em que pese a a opinião pessoal deste julgador sobre a questão, recordo que a Súmula CARF nº 28, de caráter vinculante, é categórica em afirmar que: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais." Recurso voluntário negado nesta parte. Fl. 770DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 760 23 EXISTÊNCIA DE LANÇAMENTOS IDÊNTICOS. NECESSIDADE DE EXCLUSÃO DE PARCELAS CONSIDERADAS NO CÔMPUTO FISCAL. O apelante se insurge contra a existência de lançamentos idênticos. Assevera que existem parcelas que não podem ser consideradas como depósitos de origem não comprovadas por serem relativas a parcelas de distribuição de lucros de empresas das quais o Recorrente é sócio. Reforça a necessidade de perícia para comprovação das alegações constantes de folhas 411. Anexa tabela (fls 412), que demonstra a duplicidade alegada. Tais alegações constavam da impugnação ao lançamento. Idêntica tabela é encontrada às folhas 663 do processo digitalizado. Apreciando tais considerações, o julgador de piso decidiu (fls. 357): "O impugnante argumentou que muitos dos valores creditados foram equivocadamente lançados duas ou mais vezes, seja por estorno, seja por transferência entre contas de mesmo titular. Compulsando os autos, verificase que o Termo de Intimação Fiscal 03 (fls. 306/357) demonstra que a fiscalização cuidou de minudenciar os créditos a serem considerados na autuação e aqueles que seriam desprezados em razão de não se amoldarem à presunção legal do art. 42 da Lei n.° 9.430/96, como "resgates de aplicações financeiras, empréstimos bancários, transferência entre agência, depósitos de cheques devolvidos, enfim, os créditos que, pelas suas características, não possam configurar um rendimento, e que foram detectados nos históricos dos extratos bancários." De outro lado, mais uma vez, os argumentos do contribuinte carecem de comprovação, a qual, em conformidade com o disposto no art. 42 da Lei n.° 9.430/96, deve se dar "mediante documentação hábil e idônea". Observese que a planilha aduzida na impugnação não se presta a comprovar a duplicidade de lançamento, pois não especifica e não comprova as operações que deram origem às alegadas transferências de numerário entre contas bancárias movimentadas pelo Sr. Genuíno. A mesma situação ocorre em relação ao argumento de que parte dos valores creditados em suas contas bancárias se referiram a distribuição de lucros de suas empresas, já tendo assim sofrido tributação. O impugnante limitouse a apresentar alegações dissociadas de provas, que poderiam ser obtidas em sua contabilidade, por exemplo, apesar de o Decreto n.°70.235/72 estabelecer que a impugnação deve mencionar "os pontos de discordância e as razões e provas que possuir" (art. 16, IV) e ser "instruída com os documentos em que se fundamentar" (art. 15). A apresentação de provas documentais posteriores é vedada pelo § 4° do art. 16 do Decreto n.° 70.235/72, a menos que fiquem configuradas as hipóteses ali descritas. Fl. 771DF CARF MF 24 Não bastasse isso, os depoimentos de testemunhas, juntados pela fiscalização, sintetizados no Relatório Fiscal, dão conta de que as empresas do Sr. Genuíno operavam na área de turismo, aproveitandose dessa situação para efetuar transferências internacionais de ordens de pagamentos e operações de câmbio. Embora ilegais, em virtude da ausência de autorização do órgão competente Banco Central do Brasil , é cediço que essas duas últimas atividades são comumente exercidas por empresas de turismo daquela região do Estado de Minas Gerais." Acertada a decisão recorrida. Não encontro nos autos a comprovação das alegações do apelante, tampouco qualquer indicação que, mesmo que indiciariamente, as demonstrasse. Como bem apontado na decisão de primeiro grau, houve expressa intimação dos procedimentos que seriam adotados pelo Fisco na considerações dos valores depositados e oportunizada a comprovação de depósitos que não deveriam integrar a base de cálculo da renda omitida pelo contribuinte. Por falta de comprovação das alegações, nego provimento ao recurso também nessa parte. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE DOLO. Vejamos os argumentos recursais sobre a aplicação da multa de ofício qualificada (fls. 413). Na remota hipótese ,de ser mantido o débito guerreado, cumpre mencionar que deverá, ao menos, ser reduzida a multa de ofício para a penalidade rázoável e legal para o caso, vale dizer, 75% (setenta e cinco por cento) sobre o valor da contribuição lançada. Vejamos. Depreendese do Termo de Verificação Fiscal que in casu a multa de ofício foi aplicada em dobro, haja vista que o contribuinte não apresentou a DSPJ com os valores concernentes aos supostos rendimentos omitidos, o que _ configuraria conduta dolosa. Esse entendimento, equivocado, foi repetido pelo julgado da 6a Turma. • Ocorre que se restou equivocada a opção do auditorfiscal pela duplicação da multa, porque o dolo não é presumível, sendo ônus fiscal a comprovação de sua ocorrência. Verificase, assim, que deverá ser reduzida a multa aplicada para 75% (setenta e cinco por cento) nos termos da legislação vigente. Ora, sabese que em caso de lançamento de oficio será aplicada a multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos caos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; essa é a expressa redação do artigo 44, I da Lei 9.430/96 (com redação dada pela Lei 11.488/07). Fl. 772DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 761 25 Destacase que apenas no caso de comprovada sonegação, fraude ou • conluio é que deverá ocorrer a qualificação da multa. Nesse sentido, dispõe o §1° do mencionado artigo c/c artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, in • verbis: (...)" (destaques constam do voluntário) Acertada a conclusão do Recorrente. O cabimento da qualificadora da multa exige a conduta dolosa no sentido da sonegação, fraude ou conluio, conduta essa que deve ser comprovada pela Fiscalização. Necessário, portanto, perquirir os conceitos mencionados para, posteriormente, verificarmos se consta do autos a comprovação de tais condutas. O dolo, leciona Luiz Regis Prado (Curso de Direito Penal Brasileiro, 6ª ed. Ed. Revista dos Tribunais, p. 113), se observa quando "(...) age dolosamente o agente que conhece e quer a realização dos elementos da situação fática ou objetiva, sejam descritivos, sejam normativos, que integram o tipo legal do delito." (negritamos) Transportando para a seara tributária, podemos dizer que age dolosamente o contribuinte que conhecendo a incidência tributária, sabendo que determinada conduta enseja o fato gerador, dela procura se afastar, não com vista a não praticar o fato ensejador da incidência, mas sim, buscando de alguma forma, se escusar ao cumprimento da obrigação tributária. Nesse sentido a dicção da Lei nº 4.502/64, que conceitua fraude como sendo toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador ou a reduzir as suas características essenciais de modo a reduzir o montante do tributo devido. Já a sonegação, nos dizeres legais, é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador ou das condições pessoais do contribuinte ou do crédito tributário. Claro resta que a intenção do agente, do contribuinte é determinante para caracterização da fraude e da sonegação nos termos da Lei nº 4.502/64. E mais, deve ser provada pela Fisco. Mas como a Autoridade Fiscal pode verificar a intenção do contribuinte, se a verificação do cumprimento das obrigações tributárias é realizada, praticamente sempre, tempos após o surgimento dessas obrigações? Luís Eduardo Schoueri (Direito Tributário, 3ªed., Saraiva, pág. 790), ensina que sonegação, nos dizeres da Lei 4.502, pressupõe: "falsidade: nesses casos, o que se pune não é o não pagamento, mas a declaração falsa, a omissão de informação ou declaração, (...) Fl. 773DF CARF MF 26 No tocante à fraude, a lição de Vasco Branco Guimarães, reproduzida por Paulsen (Direito Tributário Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 15ª ed., Livraria do Advogado Editora, p. 1117), nos auxilia: "A fraude fiscal pode ser definida como a conduta ilegítima tipificada que visa a obtenção indevida de vantagem mediante: não liquidação, entrega ou pagamento de prestação tributária; aquisição de benefício fiscal indevido; aquisição de qualquer outra vantagem patrimonial à custa de receitas tributárias" Ora, patente no relatório fiscal que as condutas do Recorrente visavam impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador ou reduzir suas condições essenciais com vista a obtenção de vantagem por meio da postergação ou não pagamento do tributo devido. Há comprovação do uso de interpostas pessoas, declarações de outras tantas sobre tais práticas, utilização de diversa pessoas jurídicas de sua titularidade das quais não constava do contrato social, etc... Sem número de situações foram comprovadas pelo Fisco quanto às condutas, as mais diversas, como as acima mencionadas e outras tantas, contribuíram para o convencimento deste julgador da ocorrência das condições legais ensejadoras da qualificação da multa de ofício. Rechaço também, todas as alegações constantes do apelo (fls. 421 a 431) sobre a excessividade da multa qualificada em fase do percentual de 150% aplicável. Tal majoração decorre de lei, e sendo praticada a conduta reprovada pelo legislador, deve, o sujeito passivo suportar o agravamento da exação no percentual legalmente previsto, não cabendo a este julgador administrativo valorar o comando legal. Acertada a imputação. Correta a decisão de piso. Recurso voluntário negado. DA APLICAÇÃO DA SELIC COMO JUROS DE MORA Se opõe o Apelante contra a incidência da taxa Selic como índice de correção do crédito tributário inadimplido. Argumenta (fls. 433): Por derradeiro, como se não bastassem os argumentos . acima expostos, a 6a Turma Julgadora, em sede de primeira instância, admitiu a taxa SELIC como juros de mora o que, conforme restará comprovado, não se pode admitir. Vejamos. O artigo 3°, I, da Lei n°8.218, de 29 de agosto de 1991, que preceitua sobre impostos e contribuições federais, fazia incidir sobre os débitos exigíveis de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional, bem como para o Instituto Nacional do Seguro Social, juros de mora equivalentes à Taxa Referencial Diária TRD acumulada, calculados desde o dia em que o débito deveria ter sido pago, até o dia anterior ao do seu efetivo pagamento. Fl. 774DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 762 27 Nesta mesma esteira de entendimento, o artigo 13 da Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995, dispõe acerca da utilização da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, para o cálculo dos juros de mora devidos quando não pagos os tributos e contribuições ,sociais arrecadados pela Receita Federal nos prazos previstos na legislação tributária. Por sua vez, as normas criadoras das referidas taxas de juros, quais sejam, Lei n° 8.177/91, instituidora da TR, e Circular BACEN n° 466[79, que aprovou o Regulamento do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, posteriormente revogada pelas Circulares BACEN n° 1.594/90, 2.311/93 e 2.671/96, que alteraram o mencionado Regulamento, ao definirem as respectivas taxas de referência, foram claras no sentido de conferirem às mesmas a natureza remuneratória, caracterizandoas corno autênticos meios de remuneração do ,capital. As taxas de referência atuam coma pagamento pelo uso do dinheiro e são calculadas em função da variação do custo do mesmo, que sofre a influência das flutuações da economia de mercado. Apenas para se ter uma noção do que seja a taxa SELIC, ressaltese que a mesma é calculada diariamente pelo Banco Central, e é resultada das negociações dos títulos públicos e da variação dos seus valores de mercado, que são publicados também diariamente. Inicialmente o SELIC, enquanto sistema, foi criado para a custódia dos títulos públicos federais e a sua liquidação. Entretanto, em função das facilidades que a tecnologia oferece, atualmente os títulos municipais e estaduais também podem ser negociados, tudo sob a supervisão e direcionamento do Banco Central, que é quem mais negocia. Vêse, pois, onde reside o ponto crucial da questão que se pretende abordar. Não obstante taxas referenciais como a TR, a TRD e a SELIC serem materializadas, via lei ordinária; como juros moratórios que devem incidir sobre débitos tributários, as mesmas não possuem tal natureza, por traduzirem, como já preceituado, fenômeno monetário de pagamento pelo uso do dinheiro, com caráter estritamente remuneratório. Deste modo,, não poderia o Fisco reclamar o pagamento de juros de mora sobre tributos vencidos, calculado por taxas de juros de natureza remuneratória, sob pena de ofensa ao conceito jurídico e econômico de juros moratórios, e de ferir os mandamentos contidos no § 1° do artigo .161 do Código Tributário Nacional e no § 30 do artigo 192 da Constituição Federal." (destaquei) Tratase de tema pacificado no âmbito deste Colegiado. Tanto assim o é que a Súmula CARF nº 4 expressamente determina: "A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais." Fl. 775DF CARF MF 28 Ao se recordar que os débitos tributários são integrados não só pelos créditos tributários em si como também pelas multas devidas nos termos do artigo 161 do CTN, patente a incidência da taxa SELIC sobre a multa de ofício. Corroborando tal entendimento, a Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira no voto condutor do Acórdão 9202002003.765, de 16/02/16, explicitou: "Ao contrário do que entende o recorrente, a aplicação de juros sobre multa de ofício é devida, na medida em que a penalidade compõe o crédito apurado. De acordo com o art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN é autorizada a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício. Fazendo parte do crédito juntamente com o tributo, devem ser aplicados à multa os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. Nesse sentido, já se manifestou esta Câmara, em outras oportunidades, como no processo 10.768.010559/200119, Acordão 920201.806 de 24 de outubro de 2011, cuja ementa transcrevo a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Ano calendário:1997 JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE O art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo. Recurso especial negado. É legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região. Recurso Especial Negado. A matéria sob exame pode ser dividida em duas questões, que se completam. A primeira, diz respeito à própria possibilidade genérica da incidência de juros sobre a multa, e centrase na interpretação do artigo 161 do CTN; a segunda questão envolve a discussão sobre a existência ou não de previsão legal para a exigência de juros sobre a multa, cobrados com base na taxa Selic. Sobre a incidência de juros de mora o citado art. 161 do CTN prevê o seguinte: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Fl. 776DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 763 29 § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” Inicialmente entendo que o art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo. Ou seja, tanto a multa como o tributo compõem o crédito tributário, devendolhes ser aplicado os mesmos procedimentos e os mesmos critérios de cobrança, devendo, portanto, sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Ademais, não haveria porque o valor da multa permanecer congelado no tempo. Por seu turno o § 1.º do art. 161 do CTN, ao prever os juros moratórios incidentes sobre os créditos não satisfeitos no vencimento, estipula taxa de 1% ao mês, não dispondo a lei de modo diverso. Abriu, dessa forma, possibilidade ao legislador ordinário tratar da matéria, o que introduz a segunda questão: a da existência ou não de lei prevendo a incidência de juros sobre a multa de oficio com base na taxa Selic. O artigo 43 da Lei nº 9.430/96 traz previsão expressa da incidência de juros sobre a multa. Confirase in verbis: "Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento." Esse entendimento se coaduna com a Súmula nº 45 do extinto Tribunal Federal de Recursos, que já previa a correção monetária da multa: "As multas fiscais, sejam moratórias ou punitivas, estão sujeitas à correção monetária." Considerando a natureza híbrida da taxa SELIC, representando tanto taxa de juros reais quanto de correção monetária, justifica se a sua aplicação sobre a multa. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região: Fl. 777DF CARF MF 30 “TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. REPETIÇÃO. JUROS SOBRE A MULTA. POSSIBILIDADE. ART. 113, § 3º, CTN. LEI Nº 9.430/96. PREVISÃO LEGAL. 1. Por força do artigo 113, § 3º, do CTN, tanto à multa quanto ao tributo são aplicáveis os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. E não poderia ser diferente, porquanto ambos compõe o crédito tributário e devem sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Não haveria porque o valor relativo à multa permanecer congelado no tempo. 2. O artigo 43 da Lei nº 9.430/96 traz previsão expressa da incidência de juros sobre a multa, que pode, inclusive, ser lançada isoladamente. 3. Segundo o Enunciado nº 45 da Súmula do extinto TFR "As multas fiscais, sejam moratórias ou punitivas, estão sujeitas à correção monetária." 4. Considerando a natureza híbrida da taxa SELIC, representando tanto taxa de juros reais quanto de correção monetária, justificase a sua aplicação sobre a multa.” (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2005.72.01.0000311/ SC, Relator: Desembargador Federal Dirceu de Almeida Soares) “TRIBUTÁRIO. ART. 43 DA LEI 9.430/96. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a exigência fiscal consistente na incidência de juros moratórios sobre multa de ofício aplicada ao contribuinte. Inteligência do artigo 43 da Lei 9.430/96 c/c art. 113, § 3, do CTN 2. Improvida a apelação.” (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2004.70.00.0263869/ PR, Relator: Juiz Federal Décio José da Silva). Destarte, entendo que é legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Conforme descrito acima, os juros de mora sobre a multa são devidos em função do § 3º do art. 113 do CTN, pois tanto a multa quanto o tributo compõe o crédito tributário. Esse entendimento encontra precedentes da 2ª Turma da CSRF: Acórdão nº 920201.806 e Acórdão nº 920201.991. Destacase ainda que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a legalidade dos juros de mora sobre a multa de oficio (AgRg no REsp 1.1335.688/PR; REsp 1.129.990PR; REsp 834.681MG)." Pelo exposto, nego provimento ao voluntário também nesta parte. CONCLUSÃO Fl. 778DF CARF MF Processo nº 10630.720385/200828 Acórdão n.º 2201003.631 S2C2T1 Fl. 764 31 Diante dos fatos e fundamentos apresentados, voto por conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negarlhe provimento. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Relator Fl. 779DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.728951/2013-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 16/10/2008
MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE.
A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 16/10/2008
MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração.
2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração.
AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE.
O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 16/10/2008
INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.039
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 16/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 16/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 16/10/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 16/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 72 89 51 /2 01 3- 50 Fl. 138DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 3 2 O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 16/10/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nos termos do relatado no acórdão recorrido, de acordo com a descrição dos fatos constante no Auto de Infração, a autuada concluiu a destempo a desconsolidação das cargas relativas ao conhecimento eletrônico (CE) genérico ali identificado (MasterHouse Bill of LadingMHBL), em razão de ter informado com atraso o CE agregado (House Bill of LadingHBL) especificado. Para demonstrar a irregularidade apurada, a autoridade lançadora também apresentou dados referentes à embarcação, viagem, escala, data da atracação, manifesto eletrônico relativos à carga cujo atraso na informação deu ensejo ao lançamento. Na sequência a fiscalização discorreu sobre o Siscomex Carga e sua norma regente, a IN RFB nº 800/2007, destacando a abrangência do termo transportador nela utilizado, e os prazos estabelecidos para prestar as informações exigidas (arts. 22 e 50 da referida IN, e art. 64 do ADE Corep nº 3/2008). Fl. 139DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 4 3 Em seguida, falou da responsabilidade legal do transportador e da penalidade aplicável em caso de descumprimento da obrigação em foco (arts. 37 e 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966), enfatizando a natureza objetiva dessa responsabilidade, que independe da intenção do agente ou responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 94 do DL 37/1966). A autoridade lançadora prosseguiu seu relato explanando acerca da motivação da obrigação imposta, destacando sua importância na definição prévia de procedimentos a serem aplicados, objetivando proporcionar maior segurança e racionalidade ao controle aduaneiro de cargas. Foi descrita a nova sistemática de controle implementada a partir de 2002, quando a fiscalização aduaneira passou a ter foco mais abrangente, de forma a alcançar não apenas os importadores e exportadores, mas todos os intervenientes envolvidos nas operações de comércio exterior. Dando seguimento, a fiscalização comentou sobre a interpretação da norma que prescreve a multa imposta. Foi considerado que, com base no art. 112 do CTN, deve ser considerada a conclusão veiculada na Solução de Consulta Interna Cosit nº 8/2008, relativamente à quantidade de multas a serem aplicadas. No tópico seguinte, intitulado “DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE IMPOSTA”, foi feita detalhada abordagem a respeito da denúncia espontânea e chegada à conclusão que, apesar de sua aplicabilidade ter sido estendida às penalidades de natureza administrativa (Lei nº 12.350/2010), não foram atendidos os requisitos próprios desse instituto. Para reforçar seu entendimento, a autoridade lançadora recorreu à doutrina e também à jurisprudência administrativa e judicial. Na sequência a fiscalização falou sobre a materialidade da infração, que considerou devidamente caracterizada, e sobre os intervenientes aduaneiros designados pela legislação, tendo em vista o disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 10.833/2003 e nos arts. 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007. Concluiu que, com base na documentação juntada aos autos, era a autuada, na condição de consignatária do citado CE genérico, a responsável por prestar as informações relativas aos correspondentes CEs agregados incluídos com atraso. A penalidade foi formalizada no Auto de Infração em debate. Cientificado da exação, o sujeito passivo, apresentou impugnação alegando, em síntese: a) Ilegitimidade passiva. O prazo estabelecido pela IN RFB n° 800/2007 não se aplica à impugnante, que na condição de agente de carga, não se confunde com a atividade do transportador, que é o sujeito das obrigações instituídas pela referida Norma. A classificação da impugnante como tal distorce conceito de direito privado, o que é expressamente vedado pelo art. 110 do CTN. b) Denúncia espontânea. Conforme se depreende dos autos, ainda que a destempo, as informações foram prestadas pela própria impugnante, antes do início de fiscalização. Assim não é cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, consoante dispõe o art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. Fl. 140DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 5 4 c) Inaplicabilidade de multa no período de contingência do Siscomex Carga. As operações objeto da autuação ocorreram no chamado “período de contingência”, em que o cumprimento dos prazos da IN RFB nº 800/2007 não era exigido, já que o Siscarga não estava integralmente disponível para utilização pelos agentes e desconsolidadores. Dessa forma, evidenciado que a impugnante não poderia agir de outra forma, a aplicação de multa no presente caso afronta, além do princípio da inexigibilidade de conduta diversa, o da razoabilidade, que impõe à Administração Pública o dever de agir com bom senso, prudência e moderação, levando em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. Ao final a impugnante pedia o cancelamento do lançamento. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, os integrantes do Colegiado de primeiro grau rejeitaram a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, julgaram a impugnação improcedente e mantiveram integralmente a exigência fiscal, nos termos do Acórdão 0833.482. Após ciência ao acórdão de primeira instância, a autuada protocolou recurso voluntário em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória. Em aditamento, alegou que o acórdão recorrido não dera aos fatos em análise a correta interpretação, aplicando equivocadamente a legislação vigente; e que os argumentos expostos na impugnação foram refutados por simples negativa, sem que se levantassem razões jurídicas hábeis a infirmálos. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.022, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 11128.730402/201345, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.022): O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O litígio cingese aos seguintes pontos: a) ilegitimidade passiva da recorrente; b) impossibilidade de aplicação da multa durante o período de contingência do Siscomex Carga; e c) excludente de responsabilidade por denúncia espontânea da infração. Previamente a análise controvérsia, cabe destacar que a aplicação da penalidade em apreço foi motivada pela prática da infração tipificada, genericamente, na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833/2003, a seguir transcrito: Fl. 141DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; (...) E em relação à prestação de “informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute” no Siscomex Carga, para conferir efetividade a referida norma penal em branco, foi editada a Instrução Normativa RFB 800/2007, que estabeleceu a forma e o prazo para a prestação das referidas informações. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal que integra o presente Auto de Infração (fls. 01/05), a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos ao conhecimento eletrônico (HBL) CE 150805190343826, vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL) CE 150805184751721, conforme explicitado no trecho que segue transcrito: O Agente de Carga CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA, CNPJ 03.229.138/000406, concluiu a desconsolidação relativa ao Conhecimento Eletrônico Sub Master (MHBL) CE 150805184751721 a destempo às 09h52min do dia 09/10/2008, segundo o prazo previamente estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, para o seu conhecimento eletrônico agregado (HBL) CE 150805190343826. A carga objeto da desconsolidação em comento foi trazida ao Porto de Santos acondicionada nos Containers NYKU7940080, NYKU7104578 e NYKU7149079, pelo Navio M/V CAPE CHARLES, em sua viagem 101W, no dia 07/10/2008, com atracação registrada às 18h26min. Os documentos eletrônicos de transporte que ampararam a chegada da embarcação para a carga são Escala 08000222050, Manifesto Eletrônico 1508501842589, Conhecimento Eletrônico Master MBL 150805183878000, Conhecimento Eletrônico SubMaster MHBL 150805184751721 e Conhecimento Eletrônico Agregado HBL 150805190343826. Especificamente, no que tange à prestação de informação sobre a conclusão da operação de desconsolidação, os prazos permanentes e temporários foram estabelecidos, respectivamente, no art. 22, “d”, III, e art. 50, parágrafo único, da Instrução Normativa RFB 800/2007, que seguem transcritos. Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: Fl. 142DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 7 6 [...] III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. [...] Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. (grifos não originais) No caso, como as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreu antes de 1º de abril de 2009, a recorrente estava obrigada a cumprir o prazo estabelecido no norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 destacado. Os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, as informações foram prestadas somente às 09h52min do dia 9/10/2008 (data/hora da inclusão no Siscomex Carga do conhecimento eletrônico agregado HBL 150805190343826), portanto, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ocorrida no dia 07/10/2008, às 18h26min. Logo, fica claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Além disso, não resta qualquer dúvida que a conduta praticada pela recorrente subsumese perfeitamente à hipótese da infração descrita nos referidos preceitos legal e normativo. Aliás, em relação à materialidade da mencionada infração inexiste controvérsia nos autos. Apresentadas essas breves considerações, passase a analisar as razões de defesa suscitadas pela recorrente. Da ilegitimidade passiva A recorrente alegou que, na condição de agente de carga, no período compreendido entre a data da vigência da Instrução Normativa RFB 800/2007 até 1º de abril de 2009, ela não estava obrigada a respeitar o prazo estabelecido no art. 22 da citada IN, nem o prazo estabelecido no inciso II do parágrafo único do art. 50 do citado ato, sob o argumento de que este último preceito normativo aplicavase apenas ao transportador. A alegação da recorrente não procede, porque, embora o disposto no parágrafo único do art. 50 da referida IN tenha se referido apenas ao Fl. 143DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 8 7 transportador, não se pode olvidar que, para fins de cumprimento de obrigação acessória perante o Siscomex Carga, o termo transportador compreende o agente de carga e demais pessoas jurídicas que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga, discriminadas no inciso IV do § 1º do art. 2º da Instrução Normativa RFB 800/2007, a seguir transcrito: Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: [...] V transportador, a pessoa jurídica que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga; [...] § 1º Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: [...] IV o transportador classificase em: a) empresa de navegação operadora, quando se tratar do armador da embarcação; b) empresa de navegação parceira, quando o transportador não for o operador da embarcação; c) consolidador, tratandose de transportador não enquadrado nas alíneas "a" e "b", responsável pela consolidação da carga na origem; (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 2 de junho de 2014) d) desconsolidador, no caso de transportador não enquadrado nas alíneas “a” e “b”, responsável pela desconsolidação da carga no destino; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; [...] Além disso, há expressa menção na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, que o agente de carga responde pela referida penalidade, se prestar informação sobre a carga fora do prazo estabelecido. No caso em tela, é fato incontroverso que, em relação às operações de desconsolidação que executou, a recorrente atuou como representante do transportador estrangeiro, no País. Logo, dada essa condição, era dela a responsabilidade de proceder o registro tempestivo, no Siscomex Carga, dos dados sobre as operações que executou em nome da empresa de navegação representada. Dessa forma, tratandose de infração à legislação aduaneira e tendo em vista que a recorrente concorreu para a prática da questionada infração, induvidosamente, ela deve responder pela correspondente Fl. 144DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 9 8 penalidade aplicada, conforme dispõe o inciso I do art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir transcrito: Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]. Assim, na condição de agente e, portanto, mandatário do transportador estrangeiro, a recorrente estava obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex Carga sobre a carga transportada pelo seu representado. Em decorrência dessa atribuição e por ter cumprido a destempo a dita obrigação, a autuada foi quem cometeu a infração capitulada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833, de 2003, por conseguinte, deve responder pela infração em apreço. Por fim, cabe ainda ressaltar que, os termos do caput do art. 94 do Decreto lei 37/1966, no âmbito da legislação aduaneira, constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que “importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decretolei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completá los”. Com base nessas consideração, resta demonstrado que a recorrente deve ser mantida polo passivo da autuação, porque há expressa previsão legal que nesse sentido. Da inaplicabilidade da multa na fase de contingência do Siscomex Carga. Em relação a esse ponto, a recorrente alegou que não havia que se falar em aplicação ou descumprimento dos prazos estabelecidos pela “IN RFB 800/2007, vez que ao operador não restava qualquer alternativa para a imputação das informações no sistema”. Segundo a recorrente, a exigência do cumprimento de uma obrigação sem que lhe fosse oferecidos os meios indispensáveis para tanto feriria o princípio da razoabilidade e o instituto da inexigibilidade de conduta diversa. Este Relator está de pleno acordo com a recorrente de que imputar infração ao usuário do Sistema por descumprimento de obrigação que ele não cumpriu ou não poderia cumprir por falhas operacionais ou ausência de meios necessários, revelase, nitidamente, irrazoável e desproporcional, conforme alegado. Porém, como se trata de alegação que envolve situação de natureza fática, a recorrente tinha o dever de comprovála, o que não ocorreu no caso em tela. E na distribuição do ônus prova, prevista o art. 373, II, da Lei 13.105/2015, que instituiu o vigente Código de Processo Civil (CPC), que corresponde ao art. 333, II, do CPC anterior, por ser fato relevante para isentar a recorrente da exigência, não era suficiente a simples alegação de que não havia meios para prestar informações sobre a carga. Dada a alegada impossibilidade, cabia a recorrente o dever prová la, o que não ocorreu. Neste sentido, prevendo a possibilidade de falhas de funcionamento, na fase inicial de implantação do sistema, foram fixados os procedimentos a serem adotados pelos usuários, nos termos dos arts. 1º, 2º e 4º, III da IN RFB 835/2008, a seguir transcritos: Fl. 145DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 10 9 Art. 1º Na impossibilidade de acesso ao Siscomex Carga, por mais de duas horas consecutivas, em virtude de problemas de ordem técnica do sistema, ou na ocorrência de fatores operacionais que prejudiquem o fluxo de comércio exterior, as operações relativas ao controle de embarcações e cargas em portos alfandegados, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, observarão os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. Art. 2º Compete ao chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no âmbito de sua jurisdição, reconhecer a impossibilidade de acesso ao sistema, por razões de ordem técnica, e autorizar a adoção dos procedimentos de contingência. Parágrafo único. A data e a hora da restauração do acesso ao sistema deverá ser registrada nos documentos de autorização, para fins de auditoria e controle. Art. 4º Na hipótese do art. 2º, restaurado o acesso ao sistema: [...] III relativamente à informação dos manifestos, conhecimento eletrônico (CE) e itens, o transportador deverá informar todos os manifestos, CE e itens no sistema, relacionálos e solicitar à RFB a baixa dos bloqueios decorrentes da informação após o prazo estabelecido. [...] (grifos não originais) Assim, como a recorrente não trouxe aos autos nenhum elemento de prova, em que demonstrado a impossibilidade de acesso ao Sistema, conforme procedimentos disciplinados nos referidos preceitos normativos, a alegação suscitada não tem qualquer relevância. A recorrente alegou ainda que era descabida a exigência de prova da indisponibilidade do Sistema, porque a própria edição da IN RFB 835/2008 já constituía prova de que o Sistema não funcionava adequadamente. Essa alegação também não procede, porque não é verdade que a referida IN reconheceu a impossibilidade de funcionamento do Sistema, mas, na possibilidade dessa situação vir a ocorrer e, caso ocorresse, o usuário deveria adotar os procedimentos nela estabelecidos com vistas a resguardálo da imposição de qualquer sanção. Da denúncia espontânea da infração. A recorrente alegou a denúncia espontânea da infração cometida, para excluir a multa que lhe fora aplicada, sob o argumento de que as informações foram prestadas antes de qualquer ato da fiscalização, portanto, em conformidade com o previsto no art. 102, § 2º, do Decretolei 37/1966, com redação dada pela Lei 12.350/2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá Fl. 146DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 11 10 a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...] § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A alegação da recorrente não procede, porque a denúncia da infração, no caso em tela, não restou configurada, haja vista que, embora realizada antes do “início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” (CTN, art. 138, parágrafo único), no caso em tela, as informações foram prestadas após a “entrada do veículo procedente do exterior”, o que afasta a aplicação da referida excludente de responsabilidade, segundo preceitua o art. 683, § 3º, do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009), que tem o mesmo teor do art. 612, § 3º, do Decreto 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro (RA/2002) anterior, vigente à época dos fatos, in verbis: Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso [...] § 3º Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (grifos não originais) Porém, ainda que tal restrição não se aplicasse à infração em apreço, o que se admite apenas para argumentar, melhor sorte não teria a recorrente, porque a infração em apreço, inequivocamente, não é passível de denúncia espontânea, pela razões aduzidas no voto da lavra deste Conselheiro que serviu de fundamento da decisão consignada no Acórdão nº 3102002.187, de 26 março de 2014, cujos excertos relevantes, que aqui adotase como fundamento de decidir, seguem transcritos: Da denúncia espontânea da infração. Alegou a recorrente que, no caso em tela, era incabível a aplicação de qualquer penalidade, porque às informações sobre a carga transportada fora feita a tempo e antes de qualquer intimação ou de qualquer outra notificação porventura expedida pela fiscalização aduaneira, o que configurava denúncia espontânea da infração, nos termos do art. 138 do CTN e do art. 102 do Decretolei nº 37, de 1966. Não procede a alegação da recorrente, pois, no caso em comento, não se aplica o instituto da denúncia espontânea da infração previsto no art. 138 do CTN e tampouco o específico da infração a legislação aduaneira estabelecido no art. 102 do Decretolei n° 37, de 1966, com as novas redações dadas pelo Decretolei nº 2.472, de 01 de setembro de 1988 e pela Lei nº 12.350, de 20 dezembro de 2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a Fl. 147DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 12 11 imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) (grifos não originais) O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que Fl. 148DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 13 12 têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citado a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 14 13 [...].1 (destaques do original) No mesmo sentido, o entendimento manifestado pela 3ª Turma da CSRF, por meio do Acórdão nº 9303003.552, cujo enunciado da ementa segue reproduzido: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/06/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. 2 No âmbito dos Tribunais Regionais Federais (TRF), o entendimento tem sido o mesmo. A título de exemplo, citase trechos do enunciado da ementa e do voto condutor do do TRF da 4ª Região, proferido no julgamento da Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC, que seguem parcialmente transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIAESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966.2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas.3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...] Voto. 1 BRASIL. CARF, 3ª Seção, 1ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, Ac. 3102002.187, de 26/03/2014, rel. José Fernandes do Nascimento. 2 BRASIL. CARF, CSRF, 3ª Turma, Ac. 9303003.552, de26/04/2016, rel. Rodrigo da Costa Pôssas. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 15 14 [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...]3. Também com base no mesmo entendimento, a questão tem sido decidida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme confirma, a título de exemplo, o recente acórdão proferido no julgamento do REsp 1613696/SC, cujo enunciado da ementa segue transcrito: O art. 107 do Decretolei 37, de 1966, por sua vez, estabelece a penalidade de multa, no caso de descumprimento da obrigação acima mencionada. Oportuno anotar, ainda, que a declaração do embarque das mercadorias é obrigação acessória e sua apresentação intempestiva caracteriza infração formal, cuja penalidade não é passível de ser afastada pela denúncia espontânea.”. 4 Com base nessas considerações, afastase a alegada excludente de responsabilidade por denúncia espontânea, suscitada pela recorrente. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido." Ressaltese que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo: a) a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos a conhecimento eletrônico (HBL), vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL), Conhecimentos Eletrônicos cujos números constam da descrição dos fatos do Auto de Infração deste; b) as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreram antes de 1º de abril de 2009, o que sujeita a recorrente a cumprir o prazo estabelecido na norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 da Instrução Normativa RFB 800/2007; 3 BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013. 4 BRASIL. STJ. REsp 1613696/SC. Rel. Min. Herman Benjamim. Decisão Monocrática de 2/9/2016. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 11128.728951/201350 Acórdão n.º 3302004.039 S3C3T2 Fl. 16 15 c) os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão da referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ficando claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Desta forma, os fundamentos adotados para manter exigência da penalidade no caso do paradigma, também justificam sua manutenção nos presentes autos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 152DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002567/2002-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1996
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CONTRADIÇÃO. INOCORRÊNCIA.
Devem ser rejeitados os embargos declaratórios na situação em que a alegada contradição não ocorreu, tendo sido a matéria discutida e decidida no acórdão embargado, sem qualquer vício. Assim, em razão da caracterização do dolo, ainda que seja em período posterior, no caso 1998, identificada a conduta dolosa na apuração prévia do tributo, a homologação expressa deixa de se submeter ao prazo previsto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN para ser dirigida pelo artigo 173. Não há que se falar em contradição, vez que a decisão que restabeleceu as exigências e aplicou o artigo 173 do CTN foi coerente com seus fundamentos, qual seja, intenção dolosa da interessada.
Numero da decisão: 1301-002.277
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos embargos.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1996 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CONTRADIÇÃO. INOCORRÊNCIA. Devem ser rejeitados os embargos declaratórios na situação em que a alegada contradição não ocorreu, tendo sido a matéria discutida e decidida no acórdão embargado, sem qualquer vício. Assim, em razão da caracterização do dolo, ainda que seja em período posterior, no caso 1998, identificada a conduta dolosa na apuração prévia do tributo, a homologação expressa deixa de se submeter ao prazo previsto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN para ser dirigida pelo artigo 173. Não há que se falar em contradição, vez que a decisão que restabeleceu as exigências e aplicou o artigo 173 do CTN foi coerente com seus fundamentos, qual seja, intenção dolosa da interessada.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos embargos. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
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CONTRADIÇÃO. INOCORRÊNCIA. Devem ser rejeitados os embargos declaratórios na situação em que a alegada contradição não ocorreu, tendo sido a matéria discutida e decidida no acórdão embargado, sem qualquer vício. Assim, em razão da caracterização do dolo, ainda que seja em período posterior, no caso 1998, identificada a conduta dolosa na apuração prévia do tributo, a homologação expressa deixa de se submeter ao prazo previsto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN para ser dirigida pelo artigo 173. Não há que se falar em contradição, vez que a decisão que restabeleceu as exigências e aplicou o artigo 173 do CTN foi coerente com seus fundamentos, qual seja, intenção dolosa da interessada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos embargos. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 25 67 /2 00 2- 18 Fl. 2393DF CARF MF Processo nº 18471.002567/200218 Acórdão n.º 1301002.277 S1C3T1 Fl. 2.394 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado para constituir créditos tributários de IRPJ, CSLL e IRRF, relativamente aos anos calendários de 1996 a 1998, formalizado a partir das seguintes imputações: (a) dedução indevida de despesas financeiras e de variações cambiais passivas não comprovadas (item 1 do auto, Termo de Constatação nº 01 TERMO 1); (b) dedução indevida de despesas relativas a serviços prestados por REAL CONSULTORIA S/C LTDA ("REAL CONSULTORIA"), no ano de 1998 (item 2 do auto, Termo de Constatação nº 02 TERMO 2); (c) dedução indevida de despesas relativas a serviços prestados por AC LOPES CONSULTORIA CONTÁBIL S/C LTDA ("AC LOPES"), nos anos de 1996, 1997 e 1998 (item 2 do auto, Termo de Constatação nº 03 TERMO 3); (d) dedução indevida de despesas relativas a serviços prestados por SSM ASSESSORIA, CONSULTORIA E REPRESENTAÇÕES LTDA ("SSM ASSESSORIA"), no ano de 1998 (item 2 do auto, Termo de Constatação nº 04 TERMO 4 ) Por entender nãolitigioso o crédito tributário decorrente das infrações descritas nos TERMOS 2 e 4 (alínea "b" e "d", acima), a embargante apenas impugnou as demais infrações, representadas acima pelas alíneas "a" e "c". Esta 1ª Turma Ordinária, através do acórdão nº 1301001.752, de 04.02.2015, deu parcial provimento aos recursos de ofício e voluntários para, entre outros itens, restabelecer a tributação do IRPJ e da CSL do ano de 1996, nos termos do votocondutor proferido pelo I. Relator, Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães: Alega a embargante ter incorrido o acórdão embargado em vício de contradição, quando entendeu restabelecer a tributação do IRPJ e da CSL do ano de 1996, na apreciação do recurso de ofício, por entender que este período não estaria atingido pela decadência. Às fls. 23912392, encontrase o Despacho de Admissibilidade de Embargos, mediante o qual o Sr. Presidente desta 1ª Turma Ordinária concordou com a proposta deste Conselheiro, no sentido de que os embargos fossem admitidos e submetidos à apreciação do Colegiado. É o relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator Fl. 2394DF CARF MF Processo nº 18471.002567/200218 Acórdão n.º 1301002.277 S1C3T1 Fl. 2.395 3 Os embargos são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade previstos no vigente Regimento Interno do CARF, razão pela qual os conheço e passo a analisálos. Sustenta a embargante que o aresto combatido padece de contradição, vez que ao analisar o recurso de ofício, restabeleceu as incidências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, relativo ao fato gerador ocorrido em 31 de dezembro de 1996, por entender que o referido período não teria sido atingido pela decadência nos termos das disposições do art. 173 do CTN, e por outro lado, reconheceu não haver elementos capazes de autorizar a qualificação da multa nos serviços prestados por AC LOPES (1996 a 1998). Segundo a embargante, o Relator, equivocadamente, acreditou que as glosas não impugnadas pela Embargante, referentes aos serviços prestados por REAL CONSULTORIA e SSM ASSESSORIA (somente no ano de 1998), também abrangeriam o ano de 1996, o que não é o fato. Em suas palavras, seu pleito ficou assim consignado: 3. DA CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO 3.1.1. O ACÓRDÃO EMBARGADO deu parcial provimento ao recurso de ofício para, entre outros itens, restabelecer a tributação do IRPJ e da CSL do ano de 1996, por entender que este período não estaria atingido pela decadência, sob a justificativa de que, apesar de a RECORRENTE não ter impugnado as glosas, a contagem do prazo decadencial não poderia ser regida pelo art. 150, §4º, do CTN, nos seguintes termos do voto do Relator, Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães: " A autoridade julgadora de primeira instância, relativamente ao Imposto de Renda e à Contribuição Social, entendendo não estarem reunidos nos autos elementos capazes de autorizar a qualificação da multa, concluiu pela ocorrência de caducidade do direito de se efetuar o lançamento para os fatos geradores ocorridos até 1996, por força do disposto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN. Acredito que tal decisão levou em conta o fato de a contribuinte não ter impugnado as glosas relacionadas aos supostos serviços prestados pelas empresas REAL CONSULTORIA S/C LTDA. e SSM ASSESSORIA, CONSULTORIA E REPRESENTAÇÕES LTDA, isto é, só protestou contra a glosa de despesas relativas à empresa AC LOPES CONSULTORIA CONTÁBIL LTDA. De fato, considerada apenas a glosa da despesa relacionada à empresa AC LOPES CONSULTORIA CONTÁBIL LTDA., descabe falar em qualificação de multa, eis que as autoridades autuantes não carrearam aos autos elementos que pudessem justificar a exasperação da sanção pecuniária. Entretanto, o fato de a Recorrente não apresentar razões de defesa em relação às outras infrações também apenadas com multa qualificada, não autoriza, a meu ver, o afastamento da conduta dolosa da contribuinte na apuração dos tributos e contribuições devidos." (Grifos da EMBARGANTE.) 3.2 Como se observa, há uma flagrante contradição no ACÓRDÃO RECORRIDO, pois, ao mesmo tempo em que se reconhece não haver elementos capazes de autorizar a qualificação da multa nos serviços prestados por AC LOPES (1996 a 1998), o Relator, equivocadamente, acreditou que as glosas não impugnadas pela EMBARGANTE, referentes aos serviços prestados por REAL Fl. 2395DF CARF MF Processo nº 18471.002567/200218 Acórdão n.º 1301002.277 S1C3T1 Fl. 2.396 4 CONSULTORIA E SSM ASSESSORIA (somente no ano de 1998), também abrangeriam o ano de 1996, o que não é o fato. Ocorre que, nos termos do voto do Relator, o fundamento adotado para aplicar a regra contida no artigo 173 do CTN ao invés do artigo 150, §4º do mesmo diploma legal, não levou em conta a manutenção da qualificação da multa relativamente à infração impugnada, e sim, da intenção dolosa. Confirase o trecho do votocondutor que trata desta questão: No caso vertente, os elementos reunidos pela Fiscalização deixam fora de dúvida que a contribuinte, ao promover a apuração do tributo devido, adotou, deliberadamente, conduta eivada de dolo, vez que reduziu a base de cálculo das exações por meio do cômputo de dispêndios suportados por notas fiscais inidôneas. Nesse diapasão, isto é, presente o dolo na atividade exercida pelo sujeito passivo, descabe falar, para fins de decadência, em aplicação do parágrafo 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional. Entendo que, relativamente ao Imposto de Renda e à CSLL, os fatos geradores ocorridos no anocalendário de 1996, diante das circunstâncias aqui explicitadas, poderiam ser objeto de lançamento até 31 de dezembro de 2002. Logo, considerando que os lançamentos aqui tratados foram efetivados em 13 de novembro de 2002, não há que se falar em caducidade. No presente caso, não me alinho ao entendimento de que a aplicação das disposições do art. 173 do CTN dependeria da manutenção da qualificação da multa relativamente à infração impugnada. A meu ver, a exceção prevista no parágrafo 4º do art. 150 do CTN é dirigida para a homologação da atividade exercida pelo sujeito passivo, de modo que, identificada a conduta dolosa na apuração prévia do tributo devido, a homologação expressa deixa de se submeter ao prazo ali previsto para ser regida pelo referido art. 173. Assim, apesar de concordar com a decisão de primeira instância no sentido de que não deve ser mantida a exasperação da multa em relação à infração contestada, entendo que, a partir da caracterização do dolo, não há mais que se falar em aplicação, para fins de decadência, do disposto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN, sendo irrelevante, a meu ver, o fato de a contribuinte não ter impugnado as infrações que acertadamente foram apenadas com multa de 150%. (G.N) De acordo com o entendimento do Colegiado, em razão da caracterização do dolo, ainda que seja em período posterior, no caso 1998, identificada a conduta dolosa na apuração prévia do tributo, a homologação expressa deixa de se submeter ao prazo previsto no parágrafo 4º do art. 150 do CTN para ser dirigida pelo artigo 173, ainda que se trate de atribuir efeitos retroativos aos fatos dolosos, para o ano de 1996. Não há que se analisar se a decisão aplicou ou não o melhor direito, pois na hipótese de não aplicálo, obviamente, o remédio processual adequado para reformar a referida decisão não será a via estreita de embargos. Sendo assim, considerando que a turma julgadora tratou especificamente do termo inicial da contagem dos prazos decadenciais para os lançamentos de ofício do IRPJ e Fl. 2396DF CARF MF Processo nº 18471.002567/200218 Acórdão n.º 1301002.277 S1C3T1 Fl. 2.397 5 CSLL, estabeleceu com clareza e precisão o termo inicial para contagem dos prazos decadenciais, entendo que não há qualquer contradição entre os fundamentos da decisão e sua conclusão. A decisão (restabelecer as exigências período não atingido pela decadência art. 173 do CTN) foi coerente com seus fundamentos (intenção dolosa da interessada). Assim, negase provimento Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar os embargos opostos pela interessada, ratificandose integralmente o quanto decidido pelo acórdão nº 1301001.752, de 04.02.2015. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 2397DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16349.000443/2010-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004
COMPENSAÇÃO. PIS/PASEP E COFINS. REAJUSTE CONTRATUAL. IGP-M. DESCARACTERIZAÇÃO DE PREÇO PREDETERMINADO. NÃO PERMANÊNCIA NO REGIME CUMULATIVO DE APURAÇÃO.
O contrato de fornecimento de energia elétrica fora firmado em 2000, antes portanto de 31/10/2003, enquadrando-se, em parte, nos termos da exceção de permanência no regime cumulativo prevista no art. 10, XI, "c)" da Lei n° 10.833/2003. Tal contrato prevê o reajuste do preço da energia pela variação do IGP-M. Em sendo índice geral de preços, medida abrangente do movimento de preços, não é função do custo de produção, tampouco variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados no fornecimento de energia. Pelo art. 3º da IN SRF nº 658/06, preço predeterminado é "aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato" e o "caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação [...] da primeira alteração de preços decorrente da aplicação" de cláusula contratual de reajuste ou de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Qualquer alteração nesse "valor fixado", seja a título de correção monetária, seja de revisão de preços, desfaz a predeterminação do preço, descaracterizando-a. A única exceção é a do art. 109 da Lei n° 11.196/2005, quando o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, que não é o caso do IGP-M.
Reajuste em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. REGRA DO § 3º do art. 3º da IN SRF nº 658/2006 tem alcance e amplitude determinado pelo art. 109 da Lei nº 11.196/05.
Não será qualquer reajuste de preços, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, que não descaracteriza o preço predeterminado; mas um reajuste de preços que também seja função do custo de produção ou ser variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados.
Nota Técnica da ANEEL. Não TEM valor normativo ou vinculante na esfera tributária.
Manifestação da ANEEL acerca da qual reajuste caracteriza ou não o preço predeterminado não tem qualquer valor normativo ou vinculante.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004
PIS/PASEP E COFINS. LANÇAMENTO. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. DECISÃO. MESMOS FUNDAMENTOS.
Aplicam-se ao lançamento do PIS/Pasep as mesmas razões de decidir aplicáveis à Cofins, quando ambos os lançamentos recaírem sobre idêntica situação fática.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, mantendo integralmente o crédito tributário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora) e Semíramis de Oliveira Duro. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho. O Conselheiro Valcir Gassen votou com as conclusões.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 COMPENSAÇÃO. PIS/PASEP E COFINS. REAJUSTE CONTRATUAL. IGP-M. DESCARACTERIZAÇÃO DE PREÇO PREDETERMINADO. NÃO PERMANÊNCIA NO REGIME CUMULATIVO DE APURAÇÃO. O contrato de fornecimento de energia elétrica fora firmado em 2000, antes portanto de 31/10/2003, enquadrando-se, em parte, nos termos da exceção de permanência no regime cumulativo prevista no art. 10, XI, "c)" da Lei n° 10.833/2003. Tal contrato prevê o reajuste do preço da energia pela variação do IGP-M. Em sendo índice geral de preços, medida abrangente do movimento de preços, não é função do custo de produção, tampouco variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados no fornecimento de energia. Pelo art. 3º da IN SRF nº 658/06, preço predeterminado é "aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato" e o "caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação [...] da primeira alteração de preços decorrente da aplicação" de cláusula contratual de reajuste ou de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Qualquer alteração nesse "valor fixado", seja a título de correção monetária, seja de revisão de preços, desfaz a predeterminação do preço, descaracterizando-a. A única exceção é a do art. 109 da Lei n° 11.196/2005, quando o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, que não é o caso do IGP-M. Reajuste em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. REGRA DO § 3º do art. 3º da IN SRF nº 658/2006 tem alcance e amplitude determinado pelo art. 109 da Lei nº 11.196/05. Não será qualquer reajuste de preços, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, que não descaracteriza o preço predeterminado; mas um reajuste de preços que também seja função do custo de produção ou ser variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Nota Técnica da ANEEL. Não TEM valor normativo ou vinculante na esfera tributária. Manifestação da ANEEL acerca da qual reajuste caracteriza ou não o preço predeterminado não tem qualquer valor normativo ou vinculante. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 PIS/PASEP E COFINS. LANÇAMENTO. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. DECISÃO. MESMOS FUNDAMENTOS. Aplicam-se ao lançamento do PIS/Pasep as mesmas razões de decidir aplicáveis à Cofins, quando ambos os lançamentos recaírem sobre idêntica situação fática. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, mantendo integralmente o crédito tributário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora) e Semíramis de Oliveira Duro. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho. O Conselheiro Valcir Gassen votou com as conclusões. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora. (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 27; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2403; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 354 1 353 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16349.000443/201080 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301003.644 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2017 Matéria COFINS E PIS/PASEP REGIME DE APURAÇÃO Recorrente CESP COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 COMPENSAÇÃO. PIS/PASEP E COFINS. REAJUSTE CONTRATUAL. IGPM. DESCARACTERIZAÇÃO DE PREÇO PREDETERMINADO. NÃO PERMANÊNCIA NO REGIME CUMULATIVO DE APURAÇÃO. O contrato de fornecimento de energia elétrica fora firmado em 2000, antes portanto de 31/10/2003, enquadrandose, em parte, nos termos da exceção de permanência no regime cumulativo prevista no art. 10, XI, "c)" da Lei n° 10.833/2003. Tal contrato prevê o reajuste do preço da energia pela variação do IGPM. Em sendo índice geral de preços, medida abrangente do movimento de preços, não é função do custo de produção, tampouco variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados no fornecimento de energia. Pelo art. 3º da IN SRF nº 658/06, preço predeterminado é "aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato" e o "caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação [...] da primeira alteração de preços decorrente da aplicação" de cláusula contratual de reajuste ou de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato. Qualquer alteração nesse "valor fixado", seja a título de correção monetária, seja de revisão de preços, desfaz a predeterminação do preço, descaracterizandoa. A única exceção é a do art. 109 da Lei n° 11.196/2005, quando o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, que não é o caso do IGPM. REAJUSTE EM PERCENTUAL NÃO SUPERIOR ÀQUELE CORRESPONDENTE AO ACRÉSCIMO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO OU À VARIAÇÃO DE ÍNDICE QUE REFLITA A VARIAÇÃO PONDERADA DOS CUSTOS DOS INSUMOS UTILIZADOS. REGRA DO § 3º DO ART. 3º DA IN SRF Nº 658/2006 TEM ALCANCE E AMPLITUDE DETERMINADO PELO ART. 109 DA LEI Nº 11.196/05. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 34 9. 00 04 43 /2 01 0- 80 Fl. 354DF CARF MF 2 Não será qualquer reajuste de preços, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, que não descaracteriza o preço predeterminado; mas um reajuste de preços que também seja função do custo de produção ou ser variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. NOTA TÉCNICA DA ANEEL. NÃO TEM VALOR NORMATIVO OU VINCULANTE NA ESFERA TRIBUTÁRIA. Manifestação da ANEEL acerca da qual reajuste caracteriza ou não o preço predeterminado não tem qualquer valor normativo ou vinculante. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 PIS/PASEP E COFINS. LANÇAMENTO. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. DECISÃO. MESMOS FUNDAMENTOS. Aplicamse ao lançamento do PIS/Pasep as mesmas razões de decidir aplicáveis à Cofins, quando ambos os lançamentos recaírem sobre idêntica situação fática. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, mantendo integralmente o crédito tributário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora) e Semíramis de Oliveira Duro. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho. O Conselheiro Valcir Gassen votou com as conclusões. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora. (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Fl. 355DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 355 3 Por bem relatar os fatos, adoto o relatório constante da decisão recorrida (fls. 237/248 dos autos), abaixo transcrito: Trata o presente processo do tratamento manual dos PER/DCOMP abaixo relacionados, transmitidos pelo contribuinte acima identificado nas datas especificadas, nos quais informa como origem do direito creditório pagamentos de Cofins e PIS nãocumulativos, efetuados em 30/11/2004. · 05655.41502.140606.1.3.041168 – 14/06/2006 (fls. 05 a 09) · 27570.55307.140606.1.3.042646 – 14/06/2006 (processo nº 16349.000444/201024, apenso) · 27727.23514.310806.1.3.049528 – 31/08/2006 (processo nº 16349.000444/201024, apenso) · 42824.06948.140606.1.3.040488 – 14/06/2006 (processo nº 16349.000445/201079, apenso) Às fls. 189 a 196 consta despacho decisório proferido pela Derat/São Paulo/SP em 20/04/2011, não reconhecendo o direito creditório pleiteado e não homologando as compensações pretendidas, considerando os seguintes fundamentos: · O contribuinte alega, em síntese, que os contratos de venda de energia elétrica por ele celebrados são anteriores a 31/10/2003, não se aplicando os efeitos da Lei nº 10.833/2003, que instituiu o regime de incidência não cumulativa para a Cofins, nos termos de seu art. 10XI, alínea “c”; · A empresa refez a apuração do PIS e da Cofins para estas receitas, a fim de enquadrálas na sistemática da não cumulatividade; · Intimado, apresentou os contratos que estariam sujeitos à não cumulatividade, por estarem supostamente enquadrados na hipótese do art. 109 da Lei nº 11.196/2005; · Considerando o disposto nos arts. 10XI, “b” e “c”, e 15 da Lei nº 10.833/2003, concluise que permanecem sujeitas à incidência cumulativa da Cofins e do PIS as receitas relativas a contratos, firmados anteriormente a 31/10/2003, com prazo superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, bem como a contratos de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, com qualquer prazo, desde que firmados antes de 31/10/2003 e contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, e a contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; · Tratase de regras de transição, que buscam o equilíbrio econômico dos contratos firmados antes da mudança na apuração das contribuições, devendo, portanto, ter aplicação restrita; · É imprescindível definir o exato alcance do termo “preço predeterminado” para a compreensão dos textos legais citados; · Tais esclarecimentos foram trazidos na IN/SRF nº 468/2004 e, posteriormente, pela IN/SRF nº 658/2006; Fl. 356DF CARF MF 4 · Assim, considerase contrato a preço predeterminado aquele cujo preço esteja fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato ou, alternativamente, aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução, nele subsistindo o caráter predeterminado somente até a implementação, após 31/10/2003, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não, ou de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993; · Caráter predeterminado que também não resiste na hipótese de pactuada, a qualquer título, a prorrogação do contrato, estando as receitas auferidas após vencido o prazo contratual vigente em 31/10/2003 sujeitas à incidência não cumulativa; · Nos contratos apresentados para o caso em análise identificamse cláusulas prevendo reajustes de preços com base em fatores como, por exemplo, ''variação do IGPM (FGV)”, "Índice Geral de Preços de Mercado IP" e "FIP —fator de variação do Índice Geral de Preços de Mercado"; · Os reajustes fixados em tais bases afrontam as previsões da IN/SRF n° 658/2006 (art.3°, §3°), que, com base no art. 109 da Lei 11.196/2005, dispõe que reajuste de preço, efetuado após 31/10/2003, não descaracteriza o caráter predeterminado de preços apenas se efetivado em função do custo de produção, ou em percentual não superior àquele correspondente à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § I o do art. 27 da Lei n° 9.069, de 29 de junho de 1995; · Resta nítido que correção de preços por variação do IPC, prevista pelo caput do art.27 da Lei n° 9.069, de 1995, e, assim, de índices gerais de preços que o tenham sucedido, é legalmente diferenciada de correção na forma do §1°, inciso II, forma esta expressamente selecionada pelo art. 109 da Lei n° 11.196/2005 como aquela da qual não decorreria descaracterização de preço predeterminado; · Portanto, reajustes de preços com qualquer base na variação do IGPM, dado claramente se tratar de índice médio de mercado que não reflete de forma específica a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pela consulente, tampouco expressa a variação específica dos custos de sua produção, descaracterizariam os preços praticados pela consulente como predeterminados; · Assim, concluise que, no presente caso, tratase de contratos com preço predeterminado, com preços fixados em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato e por unidade de produto ou por período de execução; · A efetivação da primeira prorrogação pactuada no contrato, com ou sem modificação de preço, igualmente determina que as receitas auferidas depois de vencido o prazo contratual vigente em 31/10/2003 devem ser sujeitas à incidência nãocumulativa das contribuições; · As receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31/10/2003, com prazo superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços permanecem sujeitas à incidência cumulativa do PIS e da Cofins até a implementação da primeira alteração de preços decorrente da aplicação de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não, ou de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei n° 8.666/93; · Reajuste de preço, efetuado após 31/10/2003, apenas se efetivado em função do custo de produção ou em percentual não superior àquele correspondente à Fl. 357DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 356 5 variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei n° 9.069/1995, não descaracteriza o caráter predeterminado do preço para fins de aplicação do art. 10, XI, da Lei 10.833/2003, conforme prescrição do art. 109 da Lei 11.196/2005, e do art. 3°, §3°, da IN/SRF n° 658/2006. Cientificado desta decisão em 23/05/2011 (fl. 199), o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade tempestivamente em 22/06/2011 (fls. 201 a 208), alegando, em resumo, que: · Os contratos de venda de energia da requerente eram, em sua grande maioria, no momento da edição da Lei nº 10.833/2003, anteriores a 31/10/2003, portanto não se lhes aplicando seus efeitos; · Tais contratos tinham cláusula de reajuste pelo IGPM para recomposição da inflação do período, o que, no entendimento da requerente até aquele momento, descaracterizaria a condição de preço predeterminado, sendo tributados a partir destes reajustes pelo regime não cumulativo; · Entretanto, foi publicada a Lei nº 11.196/2005 (art. 109); · Logo, os créditos pleiteados, da competência nov/2004, objeto dos PER/DCOMP em análise, são oriundos do recálculo decorrente da reformulação do entendimento inicial da requerente, com a base legal referenciada; · A autoridade fiscal, ao analisar tais pedidos, inovou na interpretação da norma; · Em nenhum momento a decisão contestada se insurgiu ao reconhecimento do enquadramento da recorrente na situação prevista pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.196/2005, sendo pacífica a jurisprudência tutelando o direito da recorrente, conforme decisão judicial citada; · Os argumentos da autoridade fiscal relativos ao índice de reajuste aplicado nos contratos em questão não se sustentam, pois configurase abuso da interpretação extensiva da norma em detrimento ao direito do contribuinte, o que o ordenamento não permite (arts. 111 e 112 do CTN); · Esquecendose de tais princípios, a autoridade fiscal exacerbou em sua análise, cabendo trazer à luz a Nota Técnica nº 224/2006 – SFF/ANEEL a respeito do assunto; · Diante do exposto, resta demonstrada a insubsistência e improcedência do indeferimento. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a Manifestação de Inconformidade, conforme decisão cuja ementa transcrevese a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 COFINS. PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. Fl. 358DF CARF MF 6 A partir de 01/02/04, para fins de apuração da COFINS, o preço predeterminado não é descaracterizado apenas quando o reajuste de preços se dá em percentual não superior ao correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 PIS. PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE CONTRATUAL. A partir de 01/02/04, para fins de apuração do PIS, o preço predeterminado não é descaracterizado apenas quando o reajuste de preços se dá em percentual não superior ao correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Naquela oportunidade, a julgadora fundamentou o seu entendimento, primordialmente, no parágrafo 3º do art. 3º da IN/SRF nº 658/2006, que ressalvaria a descaracterização do preço predeterminado apenas nos casos de utilização de índice de reajuste que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, ou, ainda, da própria variação dos custos de produção, situações em que, segundo o seu entendimento, não se enquadraria o IGPM, por ser um índice que apura a variação dos preços de uma forma geral. Mencionou, ainda, a Nota Técnica COSIT nº 01/2007 e a Solução de Consulta COSIT nº 13/2008. O contribuinte foi intimado da referida decisão em 04/11/2013 (vide AR de fl. 252 dos autos) e, insatisfeito com o seu teor, interpôs tempestivamente em 04/12/2013 Recurso Voluntário, por meio do qual alegou, resumidamente: · Nos termos do art. 10, inciso XI, alínea c e art. 15, inciso V, da Lei nº 10.833/2003, permaneceriam sujeitas à regras da cumulatividade o PIS e a COFINS incidentes sobre as receitas relativas a contratos firmados anteriormente à 31 de outubro de 2003 de construção por empreitada, ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data. · Que o reajuste do contrato pelo IGPM não equivale a preço variável, que oscila no decorrer do contrato em detrimento de fato superveniente e de acordo com o previsto nas cláusulas contratuais, mas somente se presta a conservar o valor real do preço, o que não descaracterizaria a sua condição de preço predeterminado indicado na Lei 10.833/2003. Fl. 359DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 357 7 · Que o art. 109 da Lei nº 11.196/2005, bem como a IN/SRF nº 658/2006 viriam dirimir qualquer dúvida sobre o assunto. · A própria ANEEL emitiu a Nota Técnica nº 224/2006, dispondo que a incidência de PIS e COFINS nos contratos licitados antes de 31/10/2003 permanecem no regime cumulativo por se caracterizarem como de preço predeterminado. · Que a Associação Brasileira de Produtores Independentes de Energia Elétrica APINE consultou a ANEEL sobre ajustes de preços previstos em cláusulas contratuais no setor elétrico, tendo obtido resposta de que o IGPM é o índice de reajuste aceito pelo Poder Concedente em todos os contratos de concessão de distribuição assinados com a União Federal por refletir mais adequadamente as variações de preços do setor elétrico. · Traz decisões do STJ e do TRF da 4ª Região, no sentido de que: o preço predeterminado não perderia a sua natureza simplesmente por conter cláusula de reajuste decorrente da correção monetária, inclusive quando adotado o IGPM; bem como de que a IN nº 468/2004 seria ilegal. · Pugna, então, o acolhimento do seu recurso, no intuito de que sejam homologadas as declarações de compensação objeto do presente feito. Os autos, então, vieramse conclusos para análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. É o relatório. Fl. 360DF CARF MF 8 Voto Vencido Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, o cerne da presente contenda é identificar se as receitas relativas a contratos firmados anteriormente à 31 de outubro de 2003, que tinham o IGPM como índice de reajuste, estão sujeitas ao regime cumulativo ou nãocumulativo. Em outras palavras, cingese na interpretação da aplicação do art. 10, XI, da Lei nº 10.833/03, em decorrência do superveniente art. 109 da Lei nº 11.196/05, sendo necessário decidir se o reajuste dos contratos apresentados pelo contribuinte (IGPM) leva à descaracterização dos mesmos como "preço predeterminado". Como é cediço, o regime nãocumulativo da COFINS foi instituído pela Lei nº 10.833/2003, a qual trouxe exceções em seu art. 10, inclusive as descritas no seu inciso XI, as quais mantiveramse sob o manto do regime cumulativo: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: (...). XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: a) com prazo superior a 1 (um) ano, de administradoras de planos de consórcios de bens móveis e imóveis, regularmente autorizadas a funcionar pelo Banco Central; b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; c) de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; Tais exceções, inclusive, foram estendidas ao PIS, por meio do inciso V do art. 15, também da Lei nº 10.833/2003, in verbis: Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1o e 2o do art. 10 desta Lei; Ou seja, com base na legislação acima transcrita, sujeitarseiam ao regime da cumulatividade as receitas relativas a contratos de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003. Ou seja, para se enquadrar nesta exceção, é imprescindível que o contrato, além de ter sido firmado anteriormente a 31 de outubro de 2013, possua preço predeterminado. Fl. 361DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 358 9 Para a solução da presente lide, então, imprescindível que se identifique o que deve ser considerado como preço predeterminado. Sobre o assunto, a IN/SRF nº 468/2004, já revogada, assim dispunha: Art. 2o Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Se estipulada no contrato cláusula de aplicação de reajuste, periódico ou não, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços verificada após a data mencionada no art. 1º. § 3º Se o contrato estiver sujeito a regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, o caráter predeterminado do preço subsiste até a eventual implementação da primeira alteração nela fundada após a data mencionada no art. 1º. Ato contínuo, foi publicada a Lei nº 11.196/2005, que admitiu expressamente exceções à descaracterização do preço predeterminado, ao assim dispor: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Ou seja, o reajuste de preços em função do custo da produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do parágrafo 1º do art. 27 da Lei nº 9.069/1995, não será considerado para fins de descaracterização do preço predeterminado. Ainda sobre o assunto, foi editada a IN nº 658/2006, que revogou a IN/SRF nº 468/2004, ao assim dispor: Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos Fl. 362DF CARF MF 10 utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. Art. 4º Na hipótese de pactuada, a qualquer título, a prorrogação do contrato, as receitas auferidas depois de vencido o prazo contratual vigente em 31 de outubro de 2003 sujeitarseão à incidência nãocumulativa das contribuições. A Lei nº 9.069/1995, mencionada acima, por seu turno, assim dispõe: Art. 27. A correção, em virtude de disposição legal ou estipulação de negócio jurídico, da expressão monetária de obrigação pecuniária contraída a partir de 1º de julho de 1994, inclusive, somente poderá darse pela variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor, Série r IPCr. § 1º O disposto neste artigo não se aplica: I às operações e contratos de que tratam o Decretolei nº 857, de 11 de setembro de 1969, e o art. 6º da Lei nº 8.880, de 27 de maio de 1994; II aos contratos pelos quais a empresa se obrigue a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, cujo preço poderá ser reajustado em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados; No caso ora analisado, é incontroverso que os contratos firmados pela Recorrente são anteriores a 31/10/2013 e que apresentam como índice de correção o IGPM. O que se encontra em discussão, portanto, é se a adoção do IGPM retiraria do preço descrito em seu contrato o caráter de predeterminado, nos moldes do que dispõe o inciso XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003 e as demais normas acima indicadas. Segundo a decisão recorrida, a resposta seria positiva, visto que o IGPM seria um "índice que apura os preços de uma forma geral, não se constituindo em índice específico de nenhuma categoria ou produto" (vide fl. 386 dos autos). Logo, segundo entendeu a julgadora, não estaria o IGPM enquadrado no disposto no parágrafo 3º do art. 3º da IN nº 658/2006 (art. 27, parágrafo 1º, inciso II da Lei nº 9.069/95), uma vez que não refletiria a "variação ponderada dos custos dos insumos utilizados" na produção do serviço prestado pela autuada. Discordo, contudo, da conclusão ali indicada. Consoante narrado acima, o inciso XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003 trazia como requisito para a permanência no regime cumulativo apenas que o contrato tivesse preço predeterminado, não trazendo nenhuma restrição relativa aos reajustes. O limitador em questão veio inicialmente através da IN/SRF nº 468/2004. Ocorre que não poderia a referida IN trazer restrição não disposta em lei, visto que assim procedendo findou por aumentar a alíquota tributária aplicada ao contribuinte, em total desrespeito ao princípio da Legalidade. Até porque, importante mencionar que, quando da edição da Lei nº 10.833/2003, encontravase em vigor a IN 21/79, que assim dispunha acerca do preço predeterminado: 3.1 Preço predeterminado é aquele fixado contratualmente, sujeito ou não a reajustamento, para execução global; no caso de construções, bens ou serviços divisíveis, o preço predeterminado é o fixado contratualmente para cada unidade. Fl. 363DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 359 11 Logo, inferese que, ao adotar o termo "preço predeterminado", pretendia a Lei nº 10.833/2003 seguir a previsão legal disposta na IN 21/79 supra transcrita, vigente à época. Eventual alteração dessa interpretação, portanto, somente poderia ser realizada por norma de mesma hierarquia ou superior. Destaquese, outrossim, que não se está aqui afastando a aplicação da IN/SRF nº 468/2004 por inconstitucionalidade, o que seria vedado pela súmula nº 02 deste Conselho. Estáse, em verdade, reconhecendo a sua total inaplicabilidade face ao disposto na Lei nº 10.833/2003, norma de hierarquia superior, cuja observância é obrigatório por este Conselho. Este, inclusive, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça sobre o assunto, consoante decisões consubstanciadas nas ementas dos RESP nº 1089998RJ e RESP nº 1169088, respectivamente: TRIBUTÁRIO. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. Cuidase de recurso especial interposto pelo contribuinte, questionando o poder regulamentar da Secretaria da Receita Federal, na edição da Instrução Normativa n. 468/04, que regulamentou o art. 10 da Lei n. 10.833/03. 2. O art. 10, inciso XI, da Lei n. 10.833/03 determina que os contratos de prestação de serviço firmados a preço determinado antes de 31.10.2003, e com prazo superior a 1 (um) ano, permanecem sujeitos ao regime tributário da cumulatividade para a incidência da COFINS. (Grifo meu.) 3. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa n. 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços " e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 4. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. 5. No mesmo sentido do voto que eu proferi, o Ministério Público Federal entendeu que houve ilegalidade na regulamentação da lei pela Secretaria da Receita Federal, pois "a simples aplicação da cláusula de reajuste prevista em contrato firmado anteriormente a 31.10.2003 não configura, por si só, causa de indeterminação de preço, uma vez que não muda a natureza do valor inicialmente fixado, mas tão somente repõe, com fim na preservação do equilíbrio econômicofinanceiro entre as partes, a desvalorização da moeda frente à inflação ." (Fls. 335, grifo meu.) *** PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. INTIMAÇÃO PESSOAL DA FAZENDA. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. NATUREZA PREVENTIVA. SÚMULA 7/STJ. ART. 10, XI, "B' DA LEI 10.833/03. CONCEITO DE PREÇO PREDETERMINADO. IN SRF 468/04. ILEGALIDADE. PRECEDENTE. ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. MULTA. AFASTAMENTO. SÚMULA 98/STJ. 1. O provimento do recurso especial por contrariedade ao art. 535, II, do CPC pressupõe seja demonstrado, fundamentadamente, entre outros, os seguintes motivos: (a) a questão supostamente omitida foi tratada na apelação, no agravo ou nas contrarrazões a estes recursos, ou, ainda, que se cuida de matéria de ordem pública a ser examinada de ofício, a qualquer tempo, pelas instâncias ordinárias; (b) houve interposição de aclaratórios para indicar à Corte local a necessidade de sanear Fl. 364DF CARF MF 12 a omissão; (c) a tese omitida é fundamental à conclusão do julgado e, se examinada, poderia levar à sua anulação ou reforma; e (d) não há outro fundamento autônomo, suficiente para manter o acórdão. Esses requisitos são cumulativos e devem ser abordados de maneira fundamentada na petição recursal, sob pena de não se conhecer da alegativa por deficiência de fundamentação, dada a generalidade dos argumentos apresentados. Incidência da Súmula 284/STF. 2. Não cabe recurso especial quanto à controvérsia em torno da intimação pessoal da Fazenda, sob pena de usurparse competência reservada ao Supremo, nos termos do art. 102 da CF/88, já que o aresto recorrido decidiu com base em fundamentos essencialmente constitucionais. 3. Inadmissível recurso especial que demanda dilação probatória incompatível, nos termos da Súmula 7/STJ. No caso, a Corte de origem afirmou, expressamente, tratarse de impetração preventiva, o que afasta o prazo decadencial de 120 dias para a impetração, premissa que não pode ser revista neste âmbito recursal. 4. O preço predeterminado em contrato, previsto no art. 10, XI, "b", da Lei 10.833/03, não perde sua natureza simplesmente por conter cláusula de reajuste decorrente da correção monetária. Ilegalidade da IN n.º 468/04. Precedente. 5. A multa fixada com base no art. 538, parágrafo único, do CPC, deve ser afastada quando notório o propósito de prequestionamento dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 98/STJ. 6. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte. De outro norte, em razão dos problemas ocasionados pela IN nº 468/2004, que trazia restrições de forma ilegal e sem qualquer ressalva, foi editada a Lei nº 11.196/2005 e a IN/SRF nº 658/2006, as quais trouxeram exceções à restrição atinente aos reajustes. Até porque, não fazia sentido a descaracterização do contrato como tendo preço predeterminado nos casos em que havia mero reajuste por índice de atualização monetária. Isso porque, a aplicação de um índice de correção não retira o caráter de preço predeterminado do contrato, mas apenas o confirma, visto que mantém o valor atualizado de acordo com a realidade do momento, contrapondose aos efeitos da inflação. De toda sorte, não há como se entender aplicáveis a Lei nº 11.196/2005 e a IN/SRF nº 658/2006 ao caso vertente, uma vez que ditas normas são posteriores ao período objeto dos presentes autos, que tratam do período de apuração de 01/11/2004 a 30/11/2004. Como se não bastasse, a interpretação que faço de ditas normas tampouco se coaduna com a conclusão obtida pela decisão recorrida, consoante será demonstrado a seguir. Nos termos do parágrafo 3º do art. 3º da IN/SRF nº 658/2006: "O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado". O inciso II do parágrafo 1º do art. 27 da Lei nº 9.069/1995, por sua vez, dispõe que o reajuste também poderá ser realizado, além da variação acumulada do IPCr disposta no caput, em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. O fundamento da Relatora da DRJ para negar o pedido de compensação do contribuinte foi de que o IGPM não poderia ser aceito por representar um índice que apura a variação dos preços de uma forma geral, não se constituindo em índice específico de nenhuma categoria ou produto. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 360 13 É importante mencionar, contudo, que a norma não limita a não descaracterização do preço predeterminado à adoção de um índice específico, bastando que o índice adotado nos contratos não seja superior às referências descritas no art. 27 da Lei nº 9.069/1995. Ademais, vale destacar que o II do parágrafo 1º do art. 27 da Lei nº 9.069/1995 admite, como alternativa ao IPCr (o dispositivo legal fala em poderá), os critérios de custo de produção ou variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Nesse contexto, entendo que, ao mencionar o referido dispositivo legal, pretendia o legislador admitir, da mesma forma, não apenas o IPCr (disposto no caput do art. 27), como também o disposto em seu inciso II, parágrafo 1º. De outro norte, é pertinente mencionar que o IPCr, índice expressamente previsto no caput do art. 27 da Lei nº 9.069/1995, e que também era geral, foi extinto, tendo sido substituído por outros índices, como o IGPM. Entendo, então, que o índice de atualização adotado em contrato, para que seja admitido para fins do disposto no inciso XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003 (preço predeterminado), não deverá corresponder necessariamente a um índice específico de alguma categoria ou produto. Até porque, na prática, seria inviável a existência de índices diversos para cada categoria ou produto, o que geraria uma infinidade de índices. O que se precisa perquirir, na verdade, é se o índice adotado pelo contribuinte no caso concreto representa percentual condizente com a sua atividade, para que seja admitido como mero reajuste em contraponto à inflação, mantendo, assim, a característica de preço predeterminado do contrato, não correspondendo a índice superior aos balizamentos constantes do art. 27 da Lei nº 9.096/1995 (IPCr, extinto e substituído por outros índices, e demais índices adotados em função do custo da produção ou da variação ponderada dos custos dos insumos utilizados). E, no caso concreto em análise, concluo que o IGPM atende tais requisitos. Até porque, como bem ressaltou o contribuinte em seu recurso, a ANEEL, em resposta à Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica APINE, informou que o IGPM é o índice de reajuste aceito pelo Poder Concedente em todos os contratos de concessão de distribuição assinados com a União Federal, por refletir mais adequadamente as variações de preços do setor elétrico. Tanto que a ANEEL indica em seu site que o reajuste para atualização monetária dos contratos deste setor deve considerar o IGPM. Nessa ótica, entendo que o IGPM, como bem esclareceu a ANEEL, reflete a variação de preços do setor elétrico, enquadrandose, portanto, nos requisitos dispostos tanto na Lei nº 11.196/2005 quanto na IN/SRF nº 658/2006, visto que é um dos índices gerais que veio substituir o extinto IPCr. Até porque, exigir um índice específico para cada produto representaria, na verdade, uma tentativa de negar aplicabilidade à própria exceção atinente aos reajustes, visto que é muito improvável que haja um índice de atualização aplicável a determinado produto específico. O que a norma buscou evitar é que fossem adotados índices que representassem aumentos superiores aos observados em determinada atividade, o que poderia representar uma verdadeira revisão do seu valor, ou seja, um ganho superior à mera Fl. 366DF CARF MF 14 recomposição do valor monetário da moeda. Não é, contudo, o que se vê na hipótese dos autos, em que fora adotado pelo contribuinte o índice oficial admitido pela União Federal, conforme orientação da ANEEL, justamente em razão da sua correlação com as variações de preços atinentes especificamente ao setor elétrico. Ou seja, a adoção do IGPM buscou apenas o manter o equilíbrio contratual, não representando uma revisão do preço inicialmente pactuado. Tanto é assim que a própria ANEEL emitiu a Nota Técnica nº 224/2006, que teve como objeto a avaliação da incidência das Contribuições ao PIS/PASEP e à COFINS sobre as receitas decorrentes de contratos assinados em data anterior a 31/10/2003, nos termos do art. 10, inciso XI, e art. 15 da Lei nº 10.833/2003, c/c art. 109 da Lei nº 11.196/2005, através da qual pronunciouse expressamente no sentido de que a incidência do PIS e da COFINS, nos contratos licitados antes de 31/10/2003, permanecem no regime cumulativo por se caracterizarem como de preço predeterminado. Em razão da sua relevância, trazse a seguir passagem da referida Nota Técnica: (...). Diante da nova conceituação de preço predeterminado, trazida pela IN SRF nº 486/2004 exclusivamente para fins de PIS/PASEP e COFINS, temse que a existência de cláusula de reajuste no contrato seria causa de indeterminação do preço a partir do momento em que aplicado o reajuste, passando então a receita decorrente a ser submetida ao regime novo da nãocumulatividade. É, portanto, evidente o conflito entre a regulamentação existente (IN SRF nº 21/79 e IN SRF nº 486/2004). Percebese que a Secretaria da Receita Federal, mediante ato de natureza jurídica meramente complementar, nos termos do art. 100, I, do CTN, estabeleceu restrições e limitação que não se encontram previstas na Lei nº 10.833/2003. Dessa forma, hialina a violação ao princípio da legalidade, segundo o qual a atividade administrativa está condicionada à observância da lei, pois na administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza, não devendo sua atividade violar a lei, regulamento ou outro ato normativo. (...). Neste ponto, cabe observar que o índice utilizado nos Contratos de Suprimento de Energia Elétrica (sejam eles Contratos Iniciais ou Contratos Bilaterais), bem nos Contratos de Concessão do Serviço Público de Transmissão é o IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado), apurado pela Fundação Getúlio Vargas FGV. O IGPM é índice que se enquadra no conceito apresentado pelo art. 27 da Lei nº 0.069/95. Dessa forma, com o novo comando legal introduzido pelo art. 109 da Lei nº 11.196/2005, a ocorrência de mero reajuste de preços, efetuados especificamente nas condições descritas na Lei nº 9.069, art. 27, parágrafo 1º, II, independentemente do índice utilizado, não descaracteriza a condição de preço predeterminado do contrato e, consequentemente, a sua manutenção no regime cumulativo, previsto na Lei nº 9.718/98. (...). Portanto, com a edição da Lei nº 11.196/2005, qualquer reajuste de preço previsto contratualmente, que tenha por objetivo assegurar o reajuste necessário para minimizar os efeitos do desgaste inflacionário ocorrido durante o ano, sem que haja alteração (revisão) do preço e das condições pactuadas quando da assinatura do contrato, mediante índices estipulados contratualmente, qualquer que seja ele, não descaracteriza o preço predeterminado, permanecendo a receita decorrente de tais contratos no regime da tributação cumulativa do PIS/PASEP e da COFINS. (...). Por todo o exposto, concluímos que: a) as receitas decorrentes dos Contratos Iniciais e Bilaterais, firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, enquadramse nas disposições do art. 10, inciso XI, letra "b", da Lei nº 10.833/2003, uma vez que são contratos assinados por prazo superior a 1 (um) ano, com preço predeterminado, cujo reajuste anual, Fl. 367DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 361 15 calculado com base em índices oficiais (IGPM), não descaracteriza o caráter de preço predeterminado, devendo, por conseguinte, tais receitas permanecerem sujeitas às normas da legislação do PIS/PASEP e da COFINS, vigentes anteriormente à edição da Lei nº 10.833/2003, ou seja, no regime cumulativo, previsto na Lei nº 9.718/1998. (...). Reforça o entendimento acima exposto o fato de que o contribuinte, no caso em análise, não poderia firmar contrato em valor predeterminado sem que fizesse constar cláusula de reajuste, nem poderia escolher outro índice que não o IGPM, ainda que correspondesse à variação relativa ao seu produto específico. Por força da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), a cláusula de reajuste do preço deverá constar necessariamente tanto do ato convocatório do processo de licitação quanto do instrumento contratual. E, no caso de contrato no setor de energia elétrica, o índice a ser adotado deveria ser o IGPM, conforme orientação da ANEEL. Até porque, é importante salientar que não poderia a Recorrente se distanciar de orientação da ANEEL sobre o tema, visto ser este o órgão regulador da sua atividade, inclusive quando considera que a determinação da tributação a ser adotada impacta diretamente o preço da tarifa adotada pela Recorrente, tema este que se sujeita ao controle direto da ANEEL. Nesse contexto, entendo que as receitas do Recorrente decorrentes dos contratos firmados antes de 30/10/2003, ainda que o preço seja reajustável pelo IGPM, deveriam ter sido tributadas pelo regime da cumulatividade. É válido destacar, inclusive, que a 3ª Seção de Julgamento do CARF já se manifestou neste mesmo sentido, consoante se extrai da ementa a seguir transcrita (Processo nº 10183.005952/200919 Acórdão nº 3302001.659 publicado em 22/11/2012): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2007 CONTRATOS ANTERIORES A 31 DE OUTUBRO DE 2003. FORNECIMENTO DE BENS E SERVIÇOS. OBRIGAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO. PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE. Somente a adoção de índice que represente reajuste acima ao dos custos de produção Lei nº. 11.196, de 2005, art. 109 implica a sujeição das receitas decorrentes de contrato de fornecimento de bens e serviços de trato sucessivo, ao regime nãocumulativo da contribuição. A não comprovação, pela fiscalização, de que o índice adotado pelas partes superou o valor referente aos custos de produção, torna aceitável o índice escolhido pelas partes. IGPM. CORREÇÃO MONETÁRIA. CONTRATO PREDETERMINADO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. O reajuste de preços efetuado nas condições descritas no artigo 27 da Lei n° 9.069/95 independentemente do índice utilizado não descaracteriza a condição de preço predeterminado do contrato e, consequentemente, a sua manutenção no regime cumulativo, previsto na Lei n° 9.718/98. Não consta na legislação impedimento à utilização do IGPM. Fl. 368DF CARF MF 16 CLÁUSULA DE REAJUSTE. CLÁUSULA DE REVISÃO. CONTRATO PREDETERMINADO. MANUTENÇÃO. A simples existência de cláusula de reajuste e revisão não é suficiente para que o contrato de prestação de serviços perca sua característica de contrato predeterminado, seria preciso comprovar que o valor referente ao aumento da carga tributária foi repassado ao preço do serviço contratado. Ademais, a existência das mencionadas cláusulas estão previstas na própria lei de licitações Lei nº 8.666/93, artigos 57, 58 e 65. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/2004 a 31/12/2007 CONTRATOS ANTERIORES A 31 DE OUTUBRO DE 2003. FORNECIMENTO DE BENS E SERVIÇOS. OBRIGAÇÕES DE TRATO SUCESSIVO. PREÇO PREDETERMINADO. REAJUSTE. Somente a adoção de índice que represente reajuste acima ao dos custos de produção Lei nº. 11.196, de 2005, art. 109 implica a sujeição das receitas decorrentes de contrato de fornecimento de bens e serviços de trato sucessivo, ao regime nãocumulativo da contribuição. A não comprovação, pela fiscalização, de que o índice adotado pelas partes superou o valor referente aos custos de produção, torna aceitável o índice escolhido pelas partes. IGPM. CORREÇÃO MONETÁRIA. CONTRATO PREDETERMINADO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. O reajuste de preços efetuado nas condições descritas no artigo 27 da Lei n° 9.069/95 independentemente do índice utilizado não descaracteriza a condição de preço predeterminado do contrato e, consequentemente, a sua manutenção no regime cumulativo, previsto na Lei n° 9.718/98. Não consta na legislação impedimento à utilização do IGPM. CLÁUSULA DE REAJUSTE. CLÁUSULA DE REVISÃO. CONTRATO PREDETERMINADO. MANUTENÇÃO. A simples existência de cláusula de reajuste e revisão não é suficiente para que o contrato de prestação de serviços perca sua característica de contrato predeterminado, seria preciso comprovar que o valor referente ao aumento carga tributária foi repassado ao preço do serviço contratado. Ademais, a existência das mencionadas cláusulas estão previstas na própria lei de licitações Lei nº 8.666/93, artigos 57, 58 e 65. Recurso Voluntário Provido. Por oportuno, é válido trazer à tona trecho do voto vencedor proferido pela Conselheira Fabíola Cassiano Keramidas: Conforme se depreende do voto do ilustre Conselheiro Relator2, em seu entender, o IGPM não pode ser aplicado porque não está previsto na legislação citada pela Lei nº 9.069/95, que é a legislação mencionada na Lei nº 11.196/05. Explico. O nobre julgador aceitou a interpretação do conceito de “prédeterminado” nos termos da Instrução Normativa nº 658/06 (que é o dispositivo utilizado para a desconsideração do procedimento da Recorrente) por força do disposto no artigo 109 da Lei nº 11.196/05, a saber: (...). Fl. 369DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 362 17 E este dispositivo legal citou, expressamente, o artigo 27 da Lei nº 9.069/95, verbis: (...). Assim, no entender do Relator, somente poderão ser considerados como contratos prédeterminados aqueles que forem corrigidos com base no custo de produção ou no IPCr, por expressa limitação legal. Ouso discordar do nobre colega. Para tanto acato a argumentação trazida aos autos por meio do Parecer da ANEEL (fls. 235/236 – Vol. II), que esclarece que o índice IPCr foi extinto e substituído por outros índices, inclusive o IGPM. Neste sentido, o citado artigo 27 da Lei nº 9.069/95 (lei instituidora do Plano Real) foi substituído pelo o artigo 8º, da Lei nº 10.192/01 (lei complementar do Plano Real), vejamos: “Lei nº 10.192/01 Art. 8o A partir de 1o de julho de 1995, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE deixará de calcular e divulgar o IPCr. § 1o Nas obrigações e contratos em que haja estipulação de reajuste pelo IPCr, este será substituído, a partir de 1o de julho de 1995, pelo índice previsto contratualmente para este fim. § 2o Na hipótese de não existir previsão de índice de preços substituto, e caso não haja acordo entre as partes, deverá ser utilizada média de índices de preços de abrangência nacional, na forma de regulamentação a ser baixada pelo Poder Executivo.” (destaquei) Ainda conforme este texto legal, o artigo 2º permite a correção monetária por índices de preços gerais OU que reflitam a variação de custos de produção: “Lei nº 10.192/01 Art. 2o É admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano. (...)” Com base nestas alterações legais, divirjo da interpretação apresentada pelo d. Conselheiro Relator por entender que o comando legal introduzido pelo art. 109 da Lei n° 11.196/2005 não possui o condão restritivo pretendido pela fiscalização, de excluir a aplicação do IGPM como índice de correção monetária. Ao revés, concluo que o reajuste de preços efetuado nas condições descritas no artigo 27 da Lei n° 9.069/95, independentemente do índice utilizado, não descaracteriza a condição de preço predeterminado do contrato e, conseqüentemente, a sua manutenção no regime cumulativo, previsto na Lei n° 9.718/98. Além da questão específica referente à legislação, mesmo que não houvesse tal possibilidade, registro que entendo que a correção monetária por si só não Fl. 370DF CARF MF 18 representa nova grandeza econômica3, mas apenas a manutenção do poder de moeda4. Neste diapasão, sequer haveria a necessidade de expressa previsão legal, posto que sua incidência claramente não tem o poder de descaracterizar os preços prédeterminados dos contratos, pretendendo apenas garantir o equilíbrio financeiro da relação jurídica estabelecida. Neste raciocínio, ainda que o IPCr não estivesse extinto, pareceme claro que o artigo 109 mencionado não define o conceito de “pré determinado” – por isso precisaria de uma Instrução Normativa, apenas determina um comando legislativo, esclarecendo que em determinadas hipóteses não poderia haver interpretação do conceito por parte da fiscalização. É pertinente destacar, inclusive, que esta decisão restou mantida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, a qual, à unanimidade de votos, negou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional (Acórdão nº 9303003.467 de 24/02/2016). A seguir, transcrevemse passagens do voto proferida pela Conselheira Tatiana Midori Migiyama, Relatora do referido processo, cujos fundamentos também adoto como razão de decidir: (...) Sendo assim, em melhor análise da IN SRF 468/04, ainda que tenha sido editada à época sem previsão legal de “reajuste de preços”, entendo que o que se está propondo com essa norma é desbordar confusão no ordenamento jurídico – vez que a natureza do evento de reajuste de preço é diferente do evento de revisão de preço. Eis que o reajuste contratual tem a finalidade de se “corrigir monetariamente” o preço já contratado/negociado para se manter o equilíbrio econômico financeiro do contrato – equalizando o preço já estipulado com o poder da moeda. Ou seja, o reajuste não tem o condão de alterar o preço já contratado/negociado, mas sim, de apenas, em virtude de perdas inflacionárias, adequálo à realidade econômica. Enquanto que a revisão do preço, com a definição pela continuidade de determinado serviço e em vista de circunstâncias extraordinárias, p.e. motivos concorrenciais, tem a finalidade de se estipular uma nova equação econômica para se firmar um novo preço junto ao contratado. O que, de fato, alteraria o preço do serviço. É de se trazer também que o reajuste usualmente ocorre anualmente e no final do exercício, pois deve considerar os impactos inflacionários do ano corrente, diferentemente da revisão de preço, que poderá ocorrer pelas circunstâncias extraordinárias que influenciam as partes e o mercado (p.e., oferta e demanda). Dessa forma, o reajuste, resultante da simples aplicação do índice de correção monetária não tem o poder de alterar o preço predeterminado. Tanto é assim, que não implica em obrigatoriedade de aditamento do contrato, bastando a previsão de cláusula de reajuste com a estipulação de um índice oficial para a atualização monetária do preço. O que passo, a desconsiderar aquela Instrução Normativa IN SRF 468/04 para o caso em apreço, em respeito à natureza dos eventos jurídicos – reajuste e revisão de preços – já que traz que o mero “reajuste” implicaria a alteração do preço antes firmado, confluindo da mudança da sistemática das contribuições. (...). Com a cláusula 11, temse claro que o reajuste ora aventado não teve como pretensão a alteração do preço prédeterminado do contrato, mas apenas a atualização desse preço já estipulado com a utilização do Índice Geral de Preços de Mercado – IGPM – oficial. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 363 19 A correção monetária de per si por sua natureza mantém o preço predefinido equalizandoo somente com o poder da moeda – o que, a meu sentir, nem precisaria de previsão legal para se fazer tal reajuste – necessário à manutenção de vários negócios jurídicos. Sendo assim, a cláusula de reajuste é admitida para assegurar às partes a manutenção do equilíbrio econômico e financeiro da avença. Cabe lembrar que a Lei 8.666/93 – que dispõe sobre as licitações e contratos firmados pela Administração Pública, estabelece a observância obrigatória de determinadas regras, das quais a cláusula de reajuste de preço deve constar não apenas do instrumento contratual, mas também do próprio ato convocatório do processo de licitação (Grifos meus): "Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, o dia e a hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: (...) XI – critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; (...) Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: (...) III o preço e as condições de pagamento, os critérios, database e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios da atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;" Com efeito, notase que o reajuste apenas representa o repasse da correção monetária durante a vigência do contrato, e não o estabelecimento de um novo contrato – por decorrência de um novo preço. Tanto é assim, que não tem o condão de provocar alteração contratual, conforme demonstrado no art. 65, § 8º do art. 65 da Lei de Licitações (Grifos meus): "Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: (...) § 8.º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento." Em vista do exposto, o mero reajuste de preço, em respeito ao poder da moeda, não altera o contrato já firmado, tampouco há que se falar em mudança do preço acordado. Ou seja, a mera atualização do preço, por decorrência da desvalorização da moeda, não poderia descaracterizar o contrato com preço predeterminado. (...) Fl. 372DF CARF MF 20 Seria tão danoso tal entendimento de que não se poderia utilizar o IGPM como índice para a atualização do preço no contrato ora firmado que a própria Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel traz em seu site que o reajuste para a atualização monetária dos contratos deve considerar o IGPM. Cabe elucidar que a Aneel foi instituída pela Lei 9.427/96, tendo por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal. E, dentre as suas atribuições, consta a gestão dos contratos de concessão ou de permissão de serviços públicos de energia elétrica, de concessão de uso de bem público, bem como atuar para se zelar pelo cumprimento da legislação de defesa da concorrência, monitorando e acompanhando as práticas de mercado dos agentes do setor de energia elétrica. Dessa feita, compete a Aneel zelar pelo cumprimento da legislação de defesa da concorrência, monitorando as práticas de mercado, além de gerir os contratos de concessão de energia elétrica – o que, para tanto, poderá regular o índice a ser utilizado para se atualizar tais contratos. O que efetivamente faz e fez no presente caso ao expor a possibilidade de se utilizar o IGPM como índice de atualização monetária do preço. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, para fins de, reconhecendo o direito do contribuinte à tributação pelo regime da cumulatividade quanto aos contratos firmados anteriormente à 30/10/2003, ainda que possuam cláusula de reajuste pelo IGPM, homologar a compensação pleiteada no limite do direito creditório. Destaquese, outrossim, que a conclusão obtida na presente demanda deverá ser estendida às PER/DCOMP´s objeto dos processos apensos, por se embasarem nos mesmos aspectos fáticos e de direito. É como voto. Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 373DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 364 21 Voto Vencedor Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Redator designado. O Senhor Presidente deste Colegiado nomeoume redator do voto vencedor no presente acórdão. A questão posta centrase em verificar se o reajuste do contrato pelo IGPM, praticado pela recorrente, descaracterizaria a sua condição de preço predeterminado, nos termos da legislação aplicável. Argumenta a recorrente que o reajuste do contrato pelo IGPM não equivaleria a preço variável, oscilante no decorrer do contrato em detrimento de fato superveniente, e de acordo com o previsto nas cláusulas contratuais; somente se prestando a conservar o valor real do preço; o que não descaracterizaria a sua condição de preço predeterminado. Para tanto, amparase no art. 109 da Lei nº 11.196/2005, bem como a IN/SRF nº 658/2006. Consta do site oficial da Fundação Getúlio Vargas, definição do IGP, como um índice geral de preços, englobando diferentes atividades econômicas: O IGP foi concebido no final dos anos de 1940 para ser uma medida abrangente do movimento de preços. Entendiase por abrangente um índice que englobasse não apenas diferentes atividades como também etapas distintas do processo produtivo. A Lei n° 10.833/2003 (conversão da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003), ao estabelecer o regime nãocumulativo para a Cofins, nas hipóteses lá previstas, com efeitos sobre o regime nãocumulativo da PIS/Pasep, capitula exceções, fazendo permanecer no regime cumulativo ambas as contribuições, no caso de contratos de fornecimento de bens, a preço predeterminado, firmados antes de 31/10/2003: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: [...] XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: [...] c) de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) II nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1o e 10 a 20 do art. 3o desta Lei; Em 2005, a Lei n° 11.196 estabeleceu forma de reajuste de preços que não descaracterizaria o contrato a preço predeterminado, para fins da manutenção no Fl. 374DF CARF MF 22 regime cumulativo: quando aquele se desse em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1o de novembro de 2003. E o faz, referindose à Lei n° 9.069/95, no dispositivo que excetua da aplicação do Índice de Preços ao Consumidor utilizado à época, o IPCr, justamente os contratos pelos quais a empresa se obrigue a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, cujo preço poderá ser reajustado em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados: Art. 27. A correção, em virtude de disposição legal ou estipulação de negócio jurídico, da expressão monetária de obrigação pecuniária contraída a partir de 1º de julho de 1994, inclusive, somente poderá darse pela variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor, Série r IPCr. [...] § 1º O disposto neste artigo não se aplica: [...] II aos contratos pelos quais a empresa se obrigue a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, cujo preço poderá ser reajustado em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados; Observese, que o IPCr foi extinto, nos termos do art. 8º, caput, tendo seu § 1º determinado sua substituição por "índice previsto contratualmente para este fim", no caso em pauta, o IGPM. Assim, a referência do art. 109 da Lei n° 11.196/2005 ao art. 27, § 1º, II, da Lei n° 9.069/95, é clara no sentido de distanciar o IGPM; enquanto substituto do IPCr; dos reajustes de preço que não descaracterizam o contrato a preço predeterminado; posto que não se aplica "aos contratos pelos quais a empresa se obrigue a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, cujo preço poderá ser reajustado em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados". O caso in concreto assim se enquadra à luz dos dispositivos legais expostos. a) Os contratos em questão foram firmados antes de 31/10/2003, enquadrandose, em parte, nos termos da exceção de permanência no regime cumulativo prevista no art. 10, XI, "c)" da Lei n° 10.833/2003. b) Tais contratos prevêm o reajuste do preço da energia pela variação do IGPM. Por óbvio, em sendo índice geral de preços; medida abrangente do movimento de preços, abrangente, no sentido de que, engloba diferentes atividades e também diferentes etapas do processo produtivo, no dizer da Fundação Getúlio Vargas; não é função do custo de produção, tampouco variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados no fornecimento de energia. Não se enquadra, portanto, o reajuste pelo IGPM, na não descaracterização de preço predeterminado, para fins da manutenção no regime cumulativo, prevista no art. 109 da Lei n° 11.196/2005. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 365 23 E assim tem recentemente decidido a 3a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: CONTRATOS ANTERIORES A 31 DE OUTUBRO DE 2003. CONTRATO PREDETERMINADO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. PARECER TÉCNICO. Em respeito ao art. 63, § 8º, do RICARF, é de se reproduzir o entendimento manifestado pela maioria dos membros desse Colegiado. O que, por conseguinte, cabe refletir que o reajuste de preços efetuado, com a utilização do IGPM como índice de correção monetária, descaracteriza a condição de preço predeterminado do contrato e, consequentemente, prejudica a sua manutenção ao regime cumulativo, previsto na Lei 9.718/98. [...] (CARF, 3º Turma, CSRF, Ac. 9303003.467, de 24/02/2016, rel. Conselheira Tatiana Midori Migiyama). REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REQUISITOS. O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como sendo de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins. (CARF, 3º Turma, CSRF, Ac. 9303003.372, de 11/12/2015, rel. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres). Em 2006, a então Secretaria da Receita Federal editou a Instrução Normativa (IN) SRF nº 658/2006, cujo art. 3º regulamenta o preço predeterminado para fins de apuração da PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico financeiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de Fl. 376DF CARF MF 24 produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. Assim, estatui o art. 3º que preço predeterminado é "aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato" e o "caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação [...] da primeira alteração de preços decorrente da aplicação" de cláusula contratual de reajuste ou de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato. Assim, qualquer alteração nesse "valor fixado", seja a título de correção monetária, seja para " conservar o valor real do preço ", como argumenta a recorrente, desfaz a predeterminação do preço, descaracterizandoa. A única exceção é a do art. 109 da Lei n° 11.196/2005, quando o reajuste de preços se dá em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, que não é o caso do IGPM; regra legal complementada pelo § 3º da IN, reproduzido acima, devendo este, claro, correspondência à lei, como será exposto em seção seguinte do presente voto. O característica de índice geral de preços, por si só, já retiraria o IGPM da exceção que não descaracterizaria o preço predeterminado. Não é demais reforçar tal conclusão com os argumentos expostos no voto condutor do acórdão 9303003.372 da Câmara Superior, cuja ementa foi reproduzida acima: O Fisco, com arrimo na Nota Técnica Cosit nº 1, de 16 de fevereiro de 2007, e no Parecer PGFN/CAT nº 1.610/2007, entendeu que o tipo de contratado de prestação de serviço de transmissão de energia elétrica, celebrado pela ora recorrida, não se enquadraria como contrato de preço predeterminado, pois as cláusulas de reajuste de preços, com base no IGPM, não refletiriam apenas a variação de custo de produção ou de insumos, condição necessária para a manutenção da incidência cumulativa do PIS e da Cofins sobre as receitas relativas a esse contrato. [...] Para que não paire qualquer dúvida de que o IGPM não reflete a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pelas distribuidoras de energia, basta analisar o grupo de produtos que compõem cada um dos índices integrantes do IGPM. Nesse índice, entram, além de outros componentes, os preços de legumes e frutas, bebidas e fumo, remédios, embalagens, aluguel, condomínio, empregada doméstica, transportes, educação, leitura e recreação, vestuário e despesas diversas (cartório, loteria, correio, mensalidade de Internet e cigarro, entre outros). Como dito anteriormente, o IGPM é composto de 3 índices, o IPAM, o IPC M e o INCCM. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPAM), que responde por 60% do IGPM, é sistematizado segundo a origem dos produtos agropecuários e industriais e segundo o estágio de processamento bens finais, bens intermediários e matériasprimas brutas. No total, são pesquisados 340 produtos, distribuídos em grupos. [...] De acordo com a metodologia de cálculo da FGV para esse índice, os produtos de origem agropecuários representam 28,9738% do IPAM e o de origem industrial os outros 71,0262%, sendo que os subitens relativos às máquinas, aparelhos e materiais elétricos correspondem a minguados 1,7674% do IPAM. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 366 25 Partindose da premissa que outros subitens da indústria possam ser utilizados como insumos do setor elétrico eliminando os do setor alimentício, fumo, bebidas, agropecuário, eletrodoméstico, celulose, etc., que não são aplicáveis ao setor de distribuição de energia elétrica vêse que a participação dos insumos do setor elétrico no IPAM é insignificante, muito insignificante. Já em relação ao IPCM, nenhum item está diretamente relacionado a insumos utilizados pelo setor de distribuição de energia elétrica, haja vista que os produtos que compões esse índice, é específico para o consumo das famílias. A seu turno, o INCC, por óbvio, não reflete os custos do insumo do setor elétrico, haja vista que é especifico para medir a variação do setor da construção civil. Ora, mergulhandose na metodologia de cálculo do IGPM e analisando os produtos que o integra, concluise, sem a menor dúvida, que esse índice nem de longe reflete de forma específica a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pela contribuinte, tampouco expressa a variação específica dos custos de sua produção. (grifos do original). O Parecer PGFN/CAT n° 1.463/2007, traz uma oportuna análisehistórica do tema: 3. Na redação original da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, convertida na Lei nº 10.833, de 2003, não havia esta disposição. Isto quer dizer que uma vez em vigor a nãocumulatividade, obrigatória para determinadas pessoas jurídicas, rapidamente foi detectado que a mudança criou um desequilíbrio nos contratos em que os preços foram acertados pela sistemática anterior. Assim sendo, no Projeto de Lei de Conversão foi apresentada emenda que criou a regra de transição que pode ser lida no texto vigente da lei. 4. Por este regime provisório, os contratos deveriam obedecer a quatro requisitos para que as suas receitas permanecem na cumulatividade: anterior a 31 de outubro de 2003, por prazo superior a um ano, construção por empreitada ou fornecimento de bens e serviços, e a preço predeterminado. Eram, portanto, exceção à regra da nãocumulatividade. Alguma ocorrência que prejudicasse o atendimento aos requisitos, obriga a tributação dos valores recebidos seguindo a nãocumulatividade. 5. A idéia central deste dispositivo é a nãosurpresa do contribuinte que calculou seu preço antes da vigência da M.P. nº 135, de 2003, utilizando para tanto a alíquota menor. Ademais, somente com o passar de certo tempo é que as empresas acumulariam os créditos a serem compensados com o valor devido pelos tributos e se efetivaria a nãocumulatividade. Passada a surpresa da alteração legislativa, e iniciado o processo de aquisição de créditos, o certo seria que todos os contratos passassem para a nãocumulatividade. 6. Entretanto, algumas empresas ao fazer o cálculo dos tributos devidos perceberam que teriam que pagar um valor maior no sistema da não cumulatividade do que no da cumulatividade. Dessa forma, começaram a buscar meios de prorrogar indefinidamente os seus contratos para que sobre aquelas receitas incidissem alíquotas menores. Como os três primeiros Fl. 378DF CARF MF 26 requisitos legais são bastante objetivos, passaram a tecer ilações sobre o mais impreciso dos conceitos: o de preço predeterminado. 7. Os contribuintes passaram a reajustar seus contratos, aplicando índices de inflação diretamente aos seus preços. Acreditavam que estava mantido o caráter de preço predeterminado e, em conseqüência, poderiam manter aquelas receitas na sistemática da cumulatividade. Dessa forma, por hipótese, um contrato com prazo de vinte anos poderia passar todo este período na cumulatividade, alterando periodicamente o seu preço com aplicação de qualquer índice de inflação. (Grifos do relator). O § 3º do art. 3º da IN SRF nº 658/2006 assim dispõem: Art. 3º [...] § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. Tal dispositivo de Instrução Normativa da então Secretaria da Receita Federal é ato administrativo que regulamenta lei, emanado do poder regulamentar do Executivo, previsto no art. 84, IV da Constituição Federal. E assim sendo não podem criar direitos ou obrigações, posto que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, nos termos do art. 5°, II, da Carta Magna. Seu alcance e amplitude é determinado pela lei que regulamenta. Assim, deve tal disposição regulamentar almodarse aos dispositivos legais a que se refere, no caso, o art. 10 da Lei n° 10.833/2003, o qual determina que permanecem sujeitas ao regime cumulativo as receitas relativas a contratos de fornecimento de bens a preço predeterminado e, mais especificamente, o art. 109 da Lei n° 11.196/2005, que estabelece que "o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Dessa forma, não será qualquer reajuste de preços, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, que não descaracteriza o preço predeterminado; mas um reajuste de preços que também seja função do custo de produção ou variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, em obediência ao art. 109 da Lei nº 11.196/05; o que não ocorre com o IGPM. Os fatos em pauta ocorreram em 2004, portanto, sob a vigência da IN/SRF nº 468/2006, esta revogada pela IN SRF nº 658/2006. A primeira IN em nada socorre a recorrente, sendolhe mais desfavorável que a segunda; tanto que esta trouxe julgados do STJ e do TRF da 4ª Região que deram pela sua ilegalidade. Alega a recorrente, citando a Nota Técnica n° 224/2006SFF/ANEEL. que "a incidência de PIS e COFINS nos contratos licitados antes de 31/10/2003 permanecem no regime cumulativo por se caracterizarem como de preço predeterminado" e que a mesma ANEEL entende que " o IGPM é o índice de reajuste aceito pelo Poder Concedente em todos os contratos de concessão de distribuição assinados com a União Federal por refletir mais adequadamente as variações de preços do setor elétrico". Fl. 379DF CARF MF Processo nº 16349.000443/201080 Acórdão n.º 3301003.644 S3C3T1 Fl. 367 27 Pois bem, a ANEEL é agência reguladora instituída pela Lei n° 9.427/2006, tendo por finalidade "regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal" (art. 2o da Lei). Não lhe foi atribuída qualquer competência normativa na esfera tributária. Suas notas técnicas também não podem ser incluídas no rol "legislação tributária" do art. 96 do CTN, na qual se encontram as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Assim, manifestação da ANEEL acerca da qual reajuste caracteriza ou não o preço predeterminado não tem qualquer valor normativo ou vinculante. Com base nessas considerações, votou o colegiado, por maioria, por negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Redator designado Fl. 380DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004733/2003-01
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1998
DESPESAS FINANCEIRAS. EMPRÉSTIMOS ONEROSOS CONTRAÍDOS REPASSADOS A TERCEIROS A TÍTULO GRATUITO. INDEDUTIBILIDADE.
Para que sejam dedutíveis da apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, as despesas devem se caracterizar como necessárias às atividades da empresa ou à manutenção da respectiva fonte produtora. Se não comprovada a necessidade do pagamento dos juros, devem ser glosados os valores correspondentes na apuração do lucro real.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 1998
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.
O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 9101-002.807
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de dedução do IR-Fonte, suscitada pelo patrono em sustentação oral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Luís Flávio Neto e José Eduardo Dornelas Souza. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
Julgamento iniciado na reunião de 04/2017 e concluído em 10/05/2017.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas Souza, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão e Daniele Souto Rodrigues Amadio.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de dedução do IR-Fonte, suscitada pelo patrono em sustentação oral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Luís Flávio Neto e José Eduardo Dornelas Souza. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Julgamento iniciado na reunião de 04/2017 e concluído em 10/05/2017. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas Souza, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão e Daniele Souto Rodrigues Amadio.
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(SUCEDIDA PELA NET SÃO PAULO LTDA.) Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998 DESPESAS FINANCEIRAS. EMPRÉSTIMOS ONEROSOS CONTRAÍDOS REPASSADOS A TERCEIROS A TÍTULO GRATUITO. INDEDUTIBILIDADE. Para que sejam dedutíveis da apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, as despesas devem se caracterizar como necessárias às atividades da empresa ou à manutenção da respectiva fonte produtora. Se não comprovada a necessidade do pagamento dos juros, devem ser glosados os valores correspondentes na apuração do lucro real. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1998 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de dedução do IRFonte, suscitada pelo patrono em sustentação oral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Luís Flávio Neto e José Eduardo Dornelas Souza. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Julgamento iniciado na reunião de 04/2017 e concluído em 10/05/2017. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 47 33 /2 00 3- 01 Fl. 1379DF CARF MF Processo nº 19515.004733/200301 Acórdão n.º 9101002.807 CSRFT1 Fl. 1.380 2 (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, José Eduardo Dornelas Souza, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão e Daniele Souto Rodrigues Amadio. Relatório CABODINÂMICA TV CABO SÃO PAULO S.A. (sucedida por NET SÃO PAULO LTDA.) recorre a este colegiado por meio do Recurso Especial de fls. 1.120 e ss do volume 5 digitalizado, contra o Acórdão nº 110100.261 (fls. 1.107 e ss do volume 5 digitalizado), proferido em 9/3/2010, pela 1ª Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo. Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: DESPESAS FINANCEIRAS COM JUROS DEDUÇÃO DO LUCRO REAL Para que uma despesa seja dedutível na apuração do lucro real, deve satisfazer às condições de necessidade, normalidade e usualidade, bem como haver a comprovação do efetivo pagamento. Se não comprovadas a efetividade e a necessidade do pagamento de juros, devem ser glosados os valores correspondentes na apuração do lucro real. JUROS SELIC A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Ausente, justificadamente, o conselheiro Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz. O presente processo trata acerca de autos de infração que exigem IRPJ e CSLL, pela glosa de despesas financeiras atinentes ao anocalendário 1998. De acordo com o relato da auditoria fiscal, fls. 387 e seguintes, a contribuinte efetuou pagamentos de juros a empresas sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, sem ter comprovado a operação que lhe deu causa. Constatouse que a pessoa jurídica obteve Fl. 1380DF CARF MF Processo nº 19515.004733/200301 Acórdão n.º 9101002.807 CSRFT1 Fl. 1.381 3 empréstimo, no ano de 1997, a título oneroso, ou seja, com pagamento de juros, de Preferential Holdings Ltd., empresa localizada nas Ilhas Virgens Britânicas, e, posteriormente, concedeu empréstimos a duas outras empresas, a Jonquil Ventures Ltd. e lnversora Lonisur Sociedad Anonima, sem pactuação de juros. Os direitos de créditos da contribuinte sobre os mútuos concedidos a estas duas últimas empresas foram, posteriormente, transferidos à Preferential Holdings Ltd, a título de pagamento de juros. A fiscalização entendeu que o contribuinte não comprovou a origem dos recursos na operação de empréstimo, em 1997, e, por conseguinte, a causa das transferência dos recursos ao exterior porque, em que pese os contratos apresentados comprovarem a efetividade da entrega dos recursos, a ausência de registro no BACEN, a falta de contabilização, a ausência de registro público e o pagamento de juros, por um lado, e a falta de estipulação de juros, nos outros contratos, tornaram a comprovação da despesa insubsistente. Impugnado o lançamento a DRJ em São Paulo julgouo procedente, por meio do acórdão de fls. 1006 e seguintes. O colegiado a quo, ao julgar o Recurso Voluntário, manteve o entendimento de que a contribuinte não comprovou a necessidade da contratação de empréstimo no exterior porque, na vigência de contrato de mútuo realizado com a Preferential, com a incidência mensal de juros sobre o montante mutuado, concedeu empréstimo, não oneroso, às empresas Jonquil Ventures Ltd. e Inversora Lonisur Sociedad, denotando a desnecessidade do empréstimo contraído com a Preferential. Em seu apelo especial, a contribuinte suscita divergência jurisprudencial em relação ao fato de, em não tendo sido desqualificada a operação de mútuo e havendo prova do ingresso dos recursos, há que ser considerada a necessidade das despesas com juros. Indicou como paradigmas o Acórdão nº 10512.690 e o Acórdão nº 10194.004, que têm as seguintes ementas: Acórdão nº 10512.690 RECURSO DE OFICIO IRPJ, IRF e CS: Improcede a glosa das despesas financeiras e variações monetárias passivas, pagas ou incorridas em razão de empréstimo contratado, sob a acusação de que as mesmas não eram necessárias à atividade da empresa, quando a fiscalização não descaracterizar o contrato de empréstimo e uma vez que os juros e a correção monetária são meramente acessórios do contrato, que permaneceu indene, pelas próprias provas coligidas ao procedimento. Acórdão nº 10194.004 IRPJ. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS. MÚTUOS CONTRATADOS. Quando comprovada a existência do empréstimo, mediante depósito do valor mutuado em contacorrente bancária da autuada, não subsiste a glosa de despesa de variação ou correção monetária, por falta de comprovação do efetivo ingresso de numerário, em mútuo contratado Fl. 1381DF CARF MF Processo nº 19515.004733/200301 Acórdão n.º 9101002.807 CSRFT1 Fl. 1.382 4 Em sucinto arrazoado, aduz a recorrente que uma vez que houve a efetiva comprovação do empréstimo, não subsiste a glosa das despesas financeiras pois, aplicandose o entendimento do acórdão recorrido ao seu caso, seria notória a presença dos requisitos da necessidade e efetividade da despesa, a que se refere o artigo 299, do Decreto n° 3000/99, para fins de sua dedução da apuração do lucro real. Pede, ao final, pela reforma do acórdão recorrido, declarandose a improcedência do lançamento e a conseqüente extinção do crédito tributário. Pelo despacho de exame de admissibilidade de efls. 1.359/1.365, foi dado seguimento ao recurso especial pela caracterização da divergência unicamente em relação ao segundo paradigma indicado (acórdão nº 10194.004). Cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (efls. 1.367/1.370). Aponta a correção do acórdão recorrido por entender que, no caso, restaram não comprovadas a efetividade e a necessidade do pagamento de juros à Preferential, sendo correta a glosa dos valores correspondentes na apuração do lucro real, pleiteando, ao final, pelo não provimento do recurso especial do contribuinte. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Relatora O Recurso Especial é tempestivo, já que a recorrente foi cientificada do Acórdão nº 110100.261, em 16/02/2011, como demonstra a cópia do AR à fl. 1.119 do volume 5 digitalizado e apresentou o Recurso Especial em 02/03/2011, conforme protocolo na peça de defesa. Não há reparos a fazer ao despacho de admissibilidade. Em assim sendo, conheço do Recurso Especial. 1 Mérito. No mérito, o cerne do litígio circunscrevese à glosa de despesas financeiras variações cambiais e juros pagos e/ou incidentes sobre empréstimos contraídos com pessoa jurídica domiciliada no exterior e consideradas desnecessárias pela auditoria fiscal, sem comprovação da origem/causa e parte delas não escrituradas. Ao seu turno, a recorrente defende a dedutibilidade das despesas financeiras, na apuração do lucro real, com base na comprovada efetividade das operações de mútuo, que lhe teriam dado causa. Para melhor contextualizar, reproduzo, abaixo, os fatos apurados pela auditoria fiscal e descritos no relatório do acórdão da DRJ em São Paulo/SPI fls. 1.006 e ss do Fl. 1382DF CARF MF Processo nº 19515.004733/200301 Acórdão n.º 9101002.807 CSRFT1 Fl. 1.383 5 volume 5 digitalizado, e que foram extraídos do Termo de Verificação Fiscal (fls. 387 e ss do volume 2 digitalizado): 2.1 que a contribuinte , no anocalendário de 1998, efetuou remessas de recursos financeiros a beneficiários no exterior a título de pagamentos por empréstimo, contudo, sem comprovação inequívoca da operação ou sua causa; 2.2 que a documentação apresentada em resposta às intimações, como, entre outros, cópias simples de contratos de empréstimo, cópias de cheques e seus registros nos livros comerciais, de extratos bancários e planilhas de cálculos, comprovaria apenas a efetivação das remessas e não a origem dos recursos, em face de vícios formais dos contratos e ausência de registro dos valores junto ao Bacen e respectivos contratos de câmbios. 2.3 que, ainda, a suposta operação de mútuo, contraída com a empresa Preferential, entre 11/3 e 07/11/97, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, foi objeto de triangulação, através de operações de mútuos, com outras duas empresas, a Lonisur, sediada no Uruguai, e Jonquil, sediada também nas Ilhas Britânicas, figurando a contribuinte como mutuante na relação com estas últimas empresas; 2.4 que nessas últimas operações de mútuo, não havia cláusula relativa a juros; 2.5 que houve cessão dos créditos da contribuinte junto às empresas Lonisur e Jonquil, para a Preferential, mutuante na operação original, de forma que nenhum mútuo foi saldado diretamente a esta última; 2.6 que não há registros contábeis no Livro Diário das operações de mútuo com as empresas Loninsur e Jonquil, bem como documentos relativos ao registro dos empréstimos no Bacen e contratos de câmbio; 2.7 que, com base nos fatos constatados, efetuou glosa de despesas financeiras, de janeiro a setembro de 1998, associadas a operação de empréstimos com pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, no total de R$ 8.794.934,85, por não comprovada a operação ou sua causa. Assim, o âmago da autuação está, especificamente, em saber se as despesas de juros e variações cambiais glosadas foram necessárias e estariam estreitamente relacionadas às atividades da autuada, sendo imprescindíveis para a manutenção de sua fonte produtora. O fundamento da autuação do IRPJ foi o art. 242 do RIR/94 (aprovado pelo Decreto nº 1.041, de 11/01/1994) que trazia uma das regras gerais para que as despesas sejam consideradas dedutíveis: Art. 242. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n.° 4.506/64, art. 4). § 1° São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n° 4.506/64, art. 47, § 1°). Fl. 1383DF CARF MF Processo nº 19515.004733/200301 Acórdão n.º 9101002.807 CSRFT1 Fl. 1.384 6 § 2° As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n° 4.506/64, art. 47, 2°). Além desse, mencionouse os artigos 243 e 247 do mesmo diploma legal: Art. 243. Aplicamse aos custos e despesas operacionais as disposições sobre dedutibilidade de rendimentos pagos a terceiros (Lei n° 4.506/64, art. 45, 2°). Art. 247. Não são dedutíveis as importâncias declaradas como pagas ou creditadas a título de comissões, bonificações, gratificações ou semelhantes, quando não for indicada a operação ou a causa que deu origem ao rendimento e quando o comprovante do pagamento não individualizar o beneficiário do rendimento (Lei n° 3.470/58, art. 2°). Assim, nos termos da legislação tributária, as despesas operacionais, para serem consideradas legítimas e passíveis de dedutibilidade na apuração do resultado tributável, devem guardar natural e íntima relação com a atividade da empresa e com a manutenção da respectiva fonte produtora. Diante disso, para fins de dedutibilidade da despesa na apuração do resultado tributável são exigidos os requisitos de necessidade e usualidade ou normalidade, observando que são necessárias as despesas essenciais para a consecução dos objetivos sociais, ainda que secundários, desde que vinculadas com as fontes produtoras de rendimentos; são normais as despesas ordinariamente realizadas nas atividades e operações destinadas à manutenção da fonte produtora; e são usuais aquelas realizadas de maneira freqüente ou habitual em determinado tipo de atividade ou operação. Por conseguinte, cabe ao contribuinte comprovar, mediante documentação hábil e idônea, que não apenas suportem os lançamentos contábeis decorrentes, mas que justifiquem e atestem a dedutibilidade das despesas necessárias, normais e usuais à atividade da empresa. Segundo a acusação fiscal, considerandose a desnecessidade de pagamento de juros sobre recursos tomados como empréstimo a título oneroso e repassados a terceiros, sem qualquer ônus, sequer cobrança de repasse dos próprios juros à verdadeira beneficiária, Preferential Holdings Ltd, foram glosados os juros dos recursos que os originaram, por não representarem, intrinsecamente, qualquer correlação com a manutenção da fonte produtora da recorrente. Relembrando, a pessoa jurídica, ora recorrente, obteve empréstimo, no ano de 1997, a título oneroso, ou seja, com pagamento de juros, de Preferential Holdings Ltd., empresa localizada nas Ilhas Virgens Britânicas e, incontinenti, concedeu empréstimos a duas outras empresas, a Jonquil Ventures Ltd. e lnversora Lonisur Sociedad Anonima, sem pactuação de juros. Os direitos de créditos da contribuinte sobre os mútuos concedidos a estas duas últimas empresas foram, posteriormente, transferidos à Preferential Holdings Ltd, a título de pagamento de juros. Além disso, operações de montantes vultosos não foram contabilizadas pela recorrente. Chama atenção o fato, ainda mais levandose em conta os valores envolvidos nas operações, de US$ 62.302.340,29 com a Lonisur, sediada no Uruguai, e de US$ 11.944.863,11 Fl. 1384DF CARF MF Processo nº 19515.004733/200301 Acórdão n.º 9101002.807 CSRFT1 Fl. 1.385 7 com a Jonquil, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. A juntarse a isso, a não observância de formalidades fiscais/contábeis de intrínseca relevância, temse ainda o fato de não constar registro público dos contratos. Tais irregularidades são tratadas pela recorrente de modo displicente. A justificativa apresentada para a falta de registro contábil das operações de mútuo com a Lonisur e a Jonquil foi a "imediata cessão dos créditos" à Preferential Holdings Ltd. Como se fosse dado ao contribuinte escolher quais operações "valem a pena" escriturar, ou não, dependendo da importância que o próprio contribuinte lhes credite. Nesse contexto vale lembrar o seguinte mandamento legal, sintetizado no art. 251 do RIR/99 (equivalente ao art. 197 do RIR/94, citado pela Fiscalização): Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 7º). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). (*) destaques acrescidos A ausência de registro público dos contratos de mútuo foi justificada pela falta de interesse, já que referido registro somente serve para dar conhecimento a terceiros. Ora, mas e o que dizer do interesse das próprias partes envolvidas? A presente situação envolve pelo menos 4 empresas: a contribuinte, sua mutuante e as outras empresas intermediárias, mutuárias da contribuinte e atuantes como repassadoras dos pagamentos à mutuante, os quais foram aproveitados pela impugnante como despesas financeiras redutoras da base de cálculo do imposto de renda. O que importa, em essência, é que esse endividamento suportado pela recorrente perante a Preferential Holdings Ltd., não teria ocorrido, ou ocorreria apenas em parte, se não tivessem sido feitas as transferências desses recursos obtidos para outras duas empresas. Ou seja, o custo da captação externa de recursos junto à Preferential Holdings Ltd., está diretamente relacionado ao fato da disponibilidade financeira da autuada ter sido entregue, sem incidência de qualquer encargo, à Lonisur e à Jonquil. Ou, visto por outro ângulo, se havia recursos disponíveis para disponibilização à Lonisur e à Jonquil, então não havia necessidade de obtenção junto à Preferential Holdings Ltd. Como se viu, a condição legal mais importante para a dedutibilidade das despesas é que as mesmas se caracterizem como necessárias às atividades da empresa ou à manutenção da respectiva fonte produtora. Observese que tal situação se enquadra em quase uma redundância lógica, ou seja, uma verdade necessária do próprio conceito de despesas necessárias. Ora, as despesas são necessárias à própria atividade do contribuinte. Se a despesa é para fazer face a outro contribuinte, um terceiro, portanto, aquela despesa logicamente não é dedutível do primeiro. Fl. 1385DF CARF MF Processo nº 19515.004733/200301 Acórdão n.º 9101002.807 CSRFT1 Fl. 1.386 8 Não sendo a recorrente instituição financeira, deveria trazer aos autos razões que justificassem a concessão de mútuos graciosos, em face daquele assumido no empréstimo que simultaneamente obteve, mas centrou sua defesa em alegar que, diante da efetividade dos empréstimos, então, efetivas seriam as despesas com juros. Porém, pelos motivos já alinhavados se verifica que, na verdade, o real negócio jurídico perpetrado pela Recorrente não passou mesmo de empréstimos graciosos visando unicamente economizar tributos. Na verdade, os empréstimos concedidos a título gratuito, à Lonisur e à Jonquil, foram atos de mera liberalidade e somente foram possibilitados pela a assunção de empréstimo oneroso, junto à Preferential Holdings Ltd. E como meras liberalidades, são ônus desnecessários os encargos suportados por quem os disponibilizou. Do voto do exConselheiro Alexandre da Fonte Filho, relator do acórdão recorrido, ainda destaco: Nenhum pagamento foi realizado diretamente pela contribuinte à Preferential. Os juros glosados referemse a pagamentos realizados diretamente pelas empresas Jonquil Ventures Ltd. E Inversora Lonisur Sociedad Anônima à Preferential, embora os contratos de mútuo pactuados entre a contribuinte e aquelas empresas não tenham sido contabilizados. A existência de contrato particular entre as partes, por si só, não comprova a efetividade da concessão de mútuo às empresas Jonquil Ventures Ltd. e Inversora Lonisur Sociedad Anonima e, por conseguinte, de que houve o repasse de valores por essas à Preferential, em decorrência da cessão de crédito realizada entre as partes (reduzindose o montante dos encargos decorrentes ao mútuo realizado entre a contribuinte e a Preferential). O relator acrescenta, em razão da exigência da CSLL, que sequer a efetividade da operação de pagamento dos juros restou comprovada: Isto porque os juros não foram pagos diretamente pela contribuinte à Preferential, mas por pagamentos realizados pelas empresas Jonquil Ventures Ltd. e Inversora Lonisur Sociedad Anonima à Preferential, em face da cessão de crédito que a contribuinte detinha perante aquelas empresas. Como dito, a concessão de empréstimos à Jonquil Ventures Ltd. e Inversora Lonisur Sociedad Anônima sequer foi registrada em sua escrituração contábil e fiscal. Por conseguinte, ao contrário do que aduz a recorrente em seu recurso especial, a decisão recorrida entendeu, não só pela não necessidade, como também pela não efetividade da operação. E aqui é importante esclarecer o que disse a Fiscalização a respeito da efetividade da operação: Examinados os documentos apresentados, especialmente aqueles relativos ao envio/remessa de valores monetários, à pessoas jurídicas domiciliadas no exterior e, a correspondente contabilização dos mesmos, constatamos não restar dúvidas Fl. 1386DF CARF MF Processo nº 19515.004733/200301 Acórdão n.º 9101002.807 CSRFT1 Fl. 1.387 9 quanto a sua efetivação. Contudo, a comprovação da operação que, alega o contribuinte (pagamento por empréstimo obtido anteriormente, junto a empresas domiciliadas no exterior), não mereceu prosperar, diante da falta de documentação fiscal hábil e idônea que comprove, inequivocamente, que os recursos financeiros, entregues ao contribuinte, tenham sua origem do exterior. Ou seja, a Fiscalização admitiu que houve remessa, mas que o contribuinte não trouxe documentação hábil e idônea que comprovasse que os recursos relativos aos empréstimos tinham origem no exterior. Portanto, não se trata de mera glosa de despesas que não tenha questionado os empréstimos. Diante disso, evidenciase a uma despesa, como bem disse a Fiscalização, associada a operações de empréstimos com pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, mas que não foram comprovadas com documentação hábil e idônea. E, quando não comprovada sua vinculação com a realização dos objetivos sociais da recorrente, evidenciase também a desnecessidade do pagamento dessas despesas. Por fim, no que diz respeito ao pleito da contribuinte, trazido em sede de sustentação oral, no sentido de se deduzir do IRPJ ora analisado, o IRF pago sobre as remessas, cumpre esclarecer que tal matéria não foi suscitada na impugnação, como também não foi suscitada no recurso voluntário, e sequer no seu recurso especial. Em face disso, rejeito tal pedido. Em face do exposto, manifestome por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 1387DF CARF MF
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