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Numero do processo: 13982.000701/2005-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 31 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
GASTOS COM ENERGIA ELÉTRICA. CRÉDITO.
Permitese
o crédito nãocumulativo
em relação aos valores da energia
elétrica consumida nos estabelecimentos da empresa e não o valor total
constante da fatura da concessionária, onde são cobrados outros serviços.
CRÉDITOS. ENCARGOS DE AMORTIZAÇÃO. IMÓVEL PRÓPRIO.
Até 31/01/2004 não havia autorização legal para apropriação de créditos
sobre encargos de amortização decorrentes de benfeitorias realizadas em
imóveis próprios.
AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. COMPROVAÇÃO.
À mingua de prova da aquisição de veículo escriturado no Ativo Imobilizado
da pessoa jurídica, não há como reconhecer o crédito de PIS relativo à
despesa de depreciação do bem.
CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS 'IN NATURA’ ADQUIRIDOS DE
PESSOAS FÍSICAS.
A pessoa jurídica que adquire de pessoa física e revende produtos "in natura",
mesmo tendo realizado operação de limpeza, secagem, padronização e
armazenagem (cerealista), não faz jus ao crédito presumido do PIS, uma vez
que não se enquadra na condição de pessoa jurídica produtora de mercadoria
de origem animal ou vegetal (agroindústria).
VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E
ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL.
Inexistindo apropriação direta, a determinação do crédito pelo rateio
proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno,
aplicase
aos custos, despesas e encargos, que sejam comuns a ambas as
receitas. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. VEDAÇÃO.
Disposição expressa de lei veda a atualização monetária ou incidência de
juros, pela taxa selic ou outro índice qualquer, sobre os valores objeto de
ressarcimento em espécie de PIS não cumulativo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-001.181
Decisão: Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros
Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto que davam
provimento parcial para autorizar o rateio de todas as despesas com direito a crédito.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
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CRÉDITO. Permitese o crédito nãocumulativo em relação aos valores da energia elétrica consumida nos estabelecimentos da empresa e não o valor total constante da fatura da concessionária, onde são cobrados outros serviços. CRÉDITOS. ENCARGOS DE AMORTIZAÇÃO. IMÓVEL PRÓPRIO. Até 31/01/2004 não havia autorização legal para apropriação de créditos sobre encargos de amortização decorrentes de benfeitorias realizadas em imóveis próprios. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. COMPROVAÇÃO. À mingua de prova da aquisição de veículo escriturado no Ativo Imobilizado da pessoa jurídica, não há como reconhecer o crédito de PIS relativo à despesa de depreciação do bem. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS 'IN NATURA’ ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. A pessoa jurídica que adquire de pessoa física e revende produtos "in natura", mesmo tendo realizado operação de limpeza, secagem, padronização e armazenagem (cerealista), não faz jus ao crédito presumido do PIS, uma vez que não se enquadra na condição de pessoa jurídica produtora de mercadoria de origem animal ou vegetal (agroindústria). VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. Inexistindo apropriação direta, a determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplicase aos custos, despesas e encargos, que sejam comuns a ambas as receitas. Fl. 370DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA 2 RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. VEDAÇÃO. Disposição expressa de lei veda a atualização monetária ou incidência de juros, pela taxa selic ou outro índice qualquer, sobre os valores objeto de ressarcimento em espécie de PIS não cumulativo. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto que davam provimento parcial para autorizar o rateio de todas as despesas com direito a crédito. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 06/09/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Alan Fialho Gandra, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório No dia 31/10/2005 a empresa AGRÍCOLA COLFERAI LTDA, já qualificada nos autos, ingressou com pedido de ressarcimento de créditos de PIS nãocumulativo, previsto no § 1o do art. 5o da Lei no 10.637/2002, relativo ao 1o trimestre de 2003. A autoridade administrativa competente indeferiu o pedido da interessada porque a mesma incluiu em seu pedido créditos das seguintes operações, tidos por indevidos: 1 aquisição de produtos farmacêuticos para revenda (tributação concentrada); 2 taxa de iluminação pública e outras despesas incluídas na nota fiscal de energia elétrica; 3 encargos de amortização de bens imóveis próprios e encargos de depreciação de veículos cuja propriedade não fora comprovada; 4 crédito presumido de aquisições de produtos agrícolas junto a pessoas físicas que a recorrente, cerealista que é, fez limpeza, padronização, secagem e armazenagem. Não há previsão legal para este tipo de crédito no período de apuração do pedido; Fl. 371DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 13982.000701/200505 Acórdão n.º 330201.181 S3C3T2 Fl. 371 3 5 inclusão no rateio de créditos (exportação e mercado interno) das contas “Custo Bens para Revenda” e “Devolução de Vendas Sujeitas à Incidência Não Cumulativa”, todas operações no mercado interno. Inconformada com esta decisão, a empresa ingressou com a manifestação de inconformidade, cujo resumo das alegações consta do relatório da decisão recorrida, que leio em sessão. A autoridade julgadora de primeira instância indeferiu a solicitação da interessada, nos termos do Acórdão nº 0628.421, de 29/09/2010, cuja ementa abaixo se transcreve. NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM ENERGIA ELÉTRICA. Permitese o crédito nãocumulativo em relação aos valores da energia elétrica consumida nos estabelecimentos da empresa e não o valor total constante da fatura da concessionária, onde são cobrados outros serviços. CRÉDITOS. ENCARGOS DE AMORTIZAÇÃO/ DEPRECIAÇÃO. IMÓVEL PRÓPRIO. Somente a partir de 1º de fevereiro de 2004 foi autorizada a apropriação de créditos sobre encargos de amortização decorrentes de benfeitorias realizadas em imóveis próprios. AQUISIÇÕES DE VEÍCULOS. GASTOS COM OBRAS. COMPROVAÇÃO. O aproveitamento de créditos no sistema de nãocumulatividade da contribuição para o PIS/Pasep, calculados sobre as aquisições de bens e serviços utilizados como insumo, fica condicionada à comprovação dos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados ã pessoa jurídica domiciliada no pais. CRÉDITO PRESUMIDO. PRODUTOS 'IN NATURA’ ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. A pessoa jurídica que adquire produtos "in natura" de pessoas físicas residentes no País, realizando operação de limpeza, secagem, padronização e armazenagem para futura comercialização (cerealista), não faz jus ao crédito presumido (Lei nº 10.637, de 2002, § 10 do art. 3º), uma vez que não se enquadra na condição de pessoa jurídica produtora de mercadoria de origem animal ou vegetal (agroindústria). VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. Inexistindo apropriação direta, a determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplicase aos custos, despesas e encargos, que sejam comuns a ambas as receitas. Fl. 372DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA 4 RESSARCIMENTO. JUROS EQUIVALENTES A TAXA SELIC. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. É incabível a incidência de juros compensatórios com base na taxa SELIC sobre valores recebidos a titulo de ressarcimento de créditos apurados no sistema de nãocumulatividade do PIS/Pasep, por expressa vedação legal. Ciente desta decisão em 25/10/2010, a interessada ingressou, no dia 18/11/2010, com o recurso voluntário de fls. 325/355, no qual repisa os argumentos da manifestação de inconformidade de que: 1 com relação ao rateio das despesas vinculadas a receitas no mercado interno e a receitas de exportação a decisão recorrida fez uma interpretação pessoal e isolada posto que não existe nenhuma norma que estabeleça que a vinculação dos créditos aos tipos de receita deve ser realizada diretamente quando for possível identificar a vinculação exclusiva dos créditos a cada tipo de receita. A opção pela forma de rateio é do contribuinte. 2 a totalidade da fatura de energia elétrica tratase de despesas com energia elétrica e sobre ela incide PIS e Cofins; 3 os veículos FIAT Strada e Volvo foram adquiridos com amparo em documentação fiscal, contabilizados e utilizados em atividades da recorrente. Portanto, tem direito ao crédito relativo à despesa de depreciação dos mesmos; 4 a autoridade equivocouse quanto ao direito ao crédito nas despesas de depreciação incidentes sobre os bens “Constr Base 02 Silos Cap 3000 Ton” e “Benfeitorias em Imóveis de Terceiros” porque os incisos VI e VII do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 autoriza o referido crédito; 5 os §§ 5º e 10º do art. 3º da Lei nº 10.637/02, antes da sua revogação pela Lei nº 10.925/2004, autorizava a escrituração de crédito presumido nas aquisições de produtos in natura diretamente de pessoas físicas; 6 a recorrente atende aos dois requisitos do § 10, acima citado, já que produz mercadorias de origem vegetal ali referidas e efetua o processo de produção/industrialização na modalidade de beneficiamento; 7 discorre sobre a intenção do legislador na concessão do crédito presumido; 8 reclama a correção monetária do valor solicitado por está a cinco anos aguardando um posicionamento da administração e se não for corrigido o seu crédito ficará caracterizado enriquecimento sem causa por parte da Fazenda Pública. Discorre sobre a natureza do ressarcimento para concluir que é uma espécie de restituição e, portanto, sujeita à incidência dos juros Selic. Na forma regimental, o processo foi a mim distribuído. É o Relatório. Voto Fl. 373DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 13982.000701/200505 Acórdão n.º 330201.181 S3C3T2 Fl. 372 5 Conselheiro Walber José da Silva, relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais dispositivo legais de regência. Dele conheço. Como relatado, a empresa recorrente está pleiteando o ressarcimento de créditos de PIS Exportação, apurado no regime da Lei nº 10.637/02, relativo ao 1º trimestre de 2003. Efetuado a diligência fiscal para comprovar a legitimidade do crédito pleiteado, a autoridade diligente efetuou glosas de créditos sobre as seguintes despesas: 1 aquisição de produtos farmacêuticos para revenda (tributação concentrada); 2 taxa de iluminação pública e outras despesas incluídas na nota fiscal de energia elétrica; 3 encargos de amortização de bens imóveis próprios e encargos de depreciação de veículos cuja propriedade não fora comprovada; 4 crédito presumido de aquisições de produtos agrícolas junto a pessoas físicas que a recorrente, cerealista que é, fez limpeza, padronização, secagem e armazenagem. Não há previsão legal para este tipo de crédito no período de apuração do pedido; 5 inclusão no rateio de créditos (exportação e mercado interno) das contas “Custo Bens para Revenda” e “Devolução de Vendas Sujeitas à Incidência Não Cumulativa”, todas operações no mercado interno. A empresa recorrente reconhece a procedência da glosa a que se refere o item 1 (um) acima e contesta as demais, pelas razões relacionadas no relatório. A decisão de primeiro grau indeferiu o pleito da recorrente e manteve as glosas efetuadas pela autoridade administrativa, nos termos dos fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido, que entendo procedente e ratifico. Passemos ao exame do mérito das razões do recurso voluntário. Com relação ao rateio das despesas vinculadas a receitas no mercado interno e a receitas de exportação a recorrente entende que a autoridade administrativa fez uma interpretação pessoal e isolada porque não existe nenhuma norma que estabeleça que a vinculação dos créditos aos tipos de receita deve ser realizada diretamente quando for possível identificar a vinculação exclusiva dos créditos a cada tipo de receita e, no seu entender, a legislação autoriza o rateio integral de todas as despesas, citando como fundamento legal o art. 3º, § 8º, da Lei nº 10.637/02, que abaixo se transcreve. Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] Fl. 374DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA 6 § 8o Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II – rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Não se questiona que é a empresa que escolhe o método de rateio: (i) apropriação direta ou (ii) rateio proporcional. No caso a empresa recorrente fez a opção pelo rateio proporcional. Conforme está claramente dito no inciso II, acima reproduzido, o rateio proporcional aplica “aos custos, despesas e encargos comuns” e não a todas as despesas. Portanto, ao contrário do alegado, é a recorrente que fez uma interpretação pessoal e isolada e as disposições legais acima reproduzidas autorizam o rateio exclusivamente das despesas comuns aos tipos de receita auferida. A vista do exposto, não há reparos a fazer na decisão recorrida. Também não merece acolhida a pretensão da recorrente de creditarse do valor total da fatura emitida pelo fornecedor de energia elétrica. A lei autoriza o crédito relativo às despesas de energia elétrica consumida no estabelecimento da recorrente1 e não em relação ao valor total da fatura (ou nota fiscal) emitida pela empresa fornecedora de energia elétrica, que pode conter venda de outros serviços ou receita de terceiros. Aqui também não há reparos a fazer na decisão recorrida. A recorrente alega que os veículos FIAT Strada e Volvo foram adquiridos com amparo em documentação fiscal e contabilizados regularmente. Sua alegação, no entanto, continua desacompanhada das notas fiscais de aquisição desses veículos. Estas notas fiscais foram, inclusive, solicitadas no curso da diligência. À mingua de prova da regular escrituração dos referidos bens no Ativo Imobilizado da recorrente, não há como acolher seus argumentos para reconhecer o crédito relativo às despesas de depreciação. Ainda sobre este tópico, a recorrente alega que a autoridade administrativa equivocouse quanto ao direito ao crédito nas despesas de depreciação incidentes sobre os bens “Constr Base 02 Silos Cap 3000 Ton” e “Benfeitorias em Imóveis de Terceiros” porque os incisos VI e VII do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 (abaixo transcritos) autorizam o referido crédito. 1 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. Fl. 375DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 13982.000701/200505 Acórdão n.º 330201.181 S3C3T2 Fl. 373 7 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005). VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; A recorrente trata as despesas glosadas como se fossem despesas de depreciação e, conforme se pode constatar no relatório da diligência, tratase de despesas com benfeitorias em imóveis próprios. Para este tipo de despesa não existia, à época do período de apuração objeto deste pedido, previsão legal para aproveitamento do crédito, conforme bem disse a decisão recorrida. Alega a recorrente que §§ 5º e 10º do art. 3º da Lei nº 10.637/02, antes da sua revogação pela Lei nº 10.925/2004, autorizava a escrituração de crédito presumido nas aquisições de produtos in natura feitas diretamente de pessoas físicas. O Julgador relator do voto condutor do acórdão recorrido relaciona toda legislação pertinente à matéria e por ela fica claro que a pessoa jurídica cerealista (aquela que adquire cereais e os revende, efetuando, eventualmente, a secagem, a limpeza e a classificação dos mesmos), a que se refere a legislação do PIS e da Cofins, não tem direito ao crédito presumido nas aquisições de pessoas físicas, nem antes e nem depois da edição da Lei nº 10.925/04, sendo certo que nas vendas realizadas por ela cerealistas, a partir de fevereiro de 2004, às pessoas jurídicas citadas no art. 8º da Lei nº 10.925/04, há a suspensão das contribuições para o PIS e Cofins (§ 4º do art. 8º da Lei nº 10.925/04) nestas operações. O § 10 do art. 3º da Lei nº 10.327/02 se refere a pessoas jurídicas “produtoras” de mercadorias de origem vegetal e a recorrente não produz mercadoria alguma de origem vegetal: ela simplesmente adquire as mercadorias de produtores rurais e as revende a terceiros. O fato de secar, limpar e padronizar os grãos que adquire não a torna uma produtora rural de grãos (café, milho, soja, etc.) e muito menos uma produtora de “mercadoria de origem animal ou vegetal” destinada a consumo humano ou animal, a que se refere o dispositivo legal acima citado. Ela compra e revende grãos, uma atividade tipicamente comercial. Quanto à correção monetária no ressarcimento pleiteado, há expressa vedação legal que o administrador tributário, aí incluído a autoridade julgadora, dela não pode se afastar. Portanto, sem respaldo legal a pretensão da recorrente. No mais, com fulcro no art. 50, § 1o, da Lei no 9.784/19992, adoto e ratifico os fundamentos do acórdão de primeira instância. 2 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [. . .] § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 376DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA 8 Por tais razões, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Fl. 377DF CARF MF Emitido em 09/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 06/09/2011 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 13826.000209/2003-62
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 10 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Nov 10 00:00:00 UTC 2011
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/11/1993 a 30/09/1995
PRESCRIÇÃO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. TRIBUTO SUJEITO A
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restou decidido pelo STF com caráter de repercussão geral no RE nº 566.621.
PIS. EXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO NO PERÍODO DE
OUTUBRO DE 1995 A OUTUBRO DE 1998.
O Superior Tribunal de Justiça, em sede de reafirmação de jurisprudência em
recursos repetitivos, no Recurso Especial nº 1.136.210 PR,
já se manifestou
sobre a exigibilidade da Contribuição para o PIS para o período de outubro de
1995 a outubro de 1998. o que, nos termos do art. 62do
Regimento do
CARF, deve este conselho administrativo aplicar tal entendimento.
PIS. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. SÚMULA 15 DO
CARF.
Até fevereiro de 1996, a base de cálculo do PIS, nos termos do parágrafo
único do art. 6º da LC nº 7/70, corresponde ao faturamento do sexto mês
anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária até a data
do respectivo vencimento (Primeira Seção do STJ, Resp nº 144.708RS
e
Súmula 15 do CARF).
Numero da decisão: 3403-001.309
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao indébito pelos pagamentos
indevidos efetuados a partir de 22/11/1993 nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA
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REPETIÇÃO DO INDÉBITO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Tratandose de tributo sujeito à sistemática do lançamento por homologação e tendo o contribuinte formulado o pedido administrativo antes de 09 de junho de 2005, aplicase o prazo prescricional de dez anos, nos termos do que restou decidido pelo STF com caráter de repercussão geral no RE nº 566.621. PIS. EXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO NO PERÍODO DE OUTUBRO DE 1995 A OUTUBRO DE 1998. O Superior Tribunal de Justiça, em sede de reafirmação de jurisprudência em recursos repetitivos, no Recurso Especial nº 1.136.210 PR, já se manifestou sobre a exigibilidade da Contribuição para o PIS para o período de outubro de 1995 a outubro de 1998. o que, nos termos do art. 62 do Regimento do CARF, deve este conselho administrativo aplicar tal entendimento. PIS. BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. SÚMULA 15 DO CARF. Até fevereiro de 1996, a base de cálculo do PIS, nos termos do parágrafo único do art. 6º da LC nº 7/70, corresponde ao faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador, sem correção monetária até a data do respectivo vencimento (Primeira Seção do STJ, Resp nº 144.708RS e Súmula 15 do CARF). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao indébito pelos pagamentos indevidos efetuados a partir de 22/11/1993 nos termos do voto da Relatora. Fl. 170DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA 2 Antonio Carlos Atulim – Presidente Liduína Maria Alves Macambira Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos, Atulim, Liduína Maria Alves Macambira, Domingos de Sá Filho, Robson José Bayerl, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório Adoto e transcrevo para compor esse julgado o relatório da decisão recorrida, fls. 125: Trata o presente processo de pedido de restituição de créditos da contribuição ao Programa de Integração Social (PIS) que teriam sido recolhidos indevidamente no período entre 01/11/1993 e 30/09/1995, no valor de R$ 25.572,35. O pedido foi baseado na declaração de inconstitucionalidade dos DecretosLei nºs 2.445 e 2.449, de 1988. Dando prosseguimento ao processo, a DRF/MaríliaSP emitiu Despacho Decisório de fls. 93 a 96, indeferindo o pedido de restituição pelo fato de os pagamentos efetuados até 12/06/1998 terem sido atingidos pela decadência, porquanto o pedido foi protocolizado em 12/06/2003. Cientificada do despacho e inconformada com o indeferimento de seu pedido, a interessada apresentou a impugnação às fls. 99/117, requerendo a esta DRJ a reforma da decisão proferida pela DRF, para que seja autorizada a restituição do PIS. Alegou, em resumo, que após a declaração de inconstitucionalidade do art. 18 da Lei no 9.715, de 1998, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na Adin no 1417–0, em 02/08/1999, criouse um período de vacância da lei entre outubro de 1995 e fevereiro de 1999, até a entrada em vigor da Lei nº 9.715, de 1998. Tal fato teria ocorrido porque a MP nº 1.212, de 1995, não respeitou o prazo nonagesimal de cobrança (90 dias) e o art. 18 da Lei no 9.715, de 1998, cometeu o mesmo erro. Com a declaração de inconstitucionalidade do seu art. 18, essa lei somente teve vigência a partir de março de 1999, não havendo, portanto, fato gerador naquele período, assim os valores pagos seriam indevidos. Por outro lado, a cobrança com base na Lei n.º 7, de 1970, também seria incabível, pois não poderia haver dois diplomas legais normatizando o mesmo assunto no mesmo período e pelo fato de que não poderia haver a repristinação daquela lei complementar após a declaração de inconstitucionalidade do art. Fl. 171DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA Processo nº 13826.000209/200362 Acórdão n.º 3403001.309 S3C4T3 Fl. 171 3 18 da Lei no 9.715, de 1998, por ser instituto vedado no Direito brasileiro. Quanto ao prazo para se postular a restituição, argumenta que, nos tributos lançados por homologação, como é o presente caso, a extinção do crédito estaria sujeita a uma condição resolutória, qual seja, a homologação, tácita, após cinco anos, ou expressa, por parte do Fisco; assim, o prazo para se pleitear restituição/compensação é de cinco anos, contados da homologação do pagamento, que é quando ocorreria a extinção do crédito; como neste caso não houve homologação expressa, na prática o prazo para se exercer o direito à restituição/compensação do indébito seria de dez anos. Discorre ainda sobre o direito à compensação à luz da legislação de regência, bem assim dos seus fundamentos constitucionais, quais sejam, cidadania, justiça, isonomia, propriedade e moralidade. A 4ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto, mediante Acórdão nº 1433.253, de 07 de abril de 2011, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, sob os fundamentos conforme ementa a seguir transcrita: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/11/1993 a 30/09/1995 COMPENSAÇÃO. PIS. INDEFERIMENTO. DECADÊNCIA. O direito de pleitear a restituição/compensação extinguese com o decurso do prazo de cinco anos contados da data de extinção do crédito tributário, assim entendido o pagamento antecipado, nos casos de lançamento por homologação. Cientificada da decisão em 16/05/2011, fls. 131, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, fls. 136/153, com alegações sob os mesmos fundamentos apresentados na manifestação de inconformidade. Para concluir, espera e requer: Por todos os argumentos detalhadamente analisados e fundamentados na legislação e na jurisprudência, quer administrativa como no judiciário, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de ser reconhecido seu direito à restituição do PIS. É o relatório. Voto Conselheira Liduína Maria Alves Macambira, Relatora O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Versa o litígio, conforme os autos, sobre o indeferimento de pedido de restituição de recolhimentos da Contribuição para o Programa de Integração Social, entre o Fl. 172DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA 4 período de 01/11/1993 a 30/09/1995, considerados indevidos pela recorrente, com base na declaração de inconstitucionalidade dos Decretosleis nº 2.445 e 2.449, de 1988. A autoridade julgadora a quo, mantendo a decisão proferida pela unidade de origem, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, sob os fundamentos de que o direito a pleitear a restituição extingue com decurso do prazo de cinco anos contados, para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, da data da extinção do crédito tributário. Importa frisar que a decisão da autoridade julgadora de primeira instância, limitouse a apreciação da preliminar de medito de decadência, não apreciando as questões se faria jus ou não a recorrente ao direito à restituição pleiteada por serem indevidos os recolhimentos efetuados a título de Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS no período de 11/93 a 09/95. Limitouse, portanto à análise do prazo legal para se postular a restituição de indébitos. A autoridade julgadora a quo por ter sido o pedido de restituição protocolizado em 12/06/2003, considerou que somente seriam tempestivos os recolhimentos realizados após 12/06/1998. Como o pagamento mais recente datava de 13/10/1995, todos os pagamentos foram atingidos pela decadência, sob os fundamentos a seguir: Como o art. 106 do CTN prevê a aplicação retroativa de lei meramente interpretativa tal lei aplicase ao presente caso. Uma vez caracterizada a data da extinção do crédito tributário no lançamento por homologação como a data do pagamento, seguese a regra sobre o prazo para o pedido de restituição insculpida no CTN: Art. 165 – O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade de pagamento, ressalvado o disposto no § 4° do art. 162, nos seguintes casos: I – cobrança ou pagamento espontâneo do tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; (...) Art. 168 – O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I – nas hipóteses dos incisos I e II do art. 165, da data da extinção do crédito tributário; (grifei) (...) No presente caso, o pedido da interessada foi protocolizado em 12/06/2003 (fl. 1), assim somente seriam tempestivos os pagamentos ocorridos após 12/06/1998. Como o pagamento mais recente data de 13/10/1995 (fl. 56), todos os pagamentos foram atingidos pela decadência. Da leitura dos fundamentos do voto condutor, posição que também era a dotada por membros desse colegiado, tendo a protocolização do pedido ocorrido em 12/06/2003, apenas os valores referentes aos pagamentos realizados após 12/06/1998 seriam Fl. 173DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA Processo nº 13826.000209/200362 Acórdão n.º 3403001.309 S3C4T3 Fl. 172 5 passíveis de restituição. No caso dos autos, todos os pagamentos estariam fulminados pela decadência. Recentemente, a matéria sobre o prazo para a repetição do indébito, tratada no recurso representativo da controvérsia, submetido ao regime de repercussão geral RE 556. 621 foi submetida a julgamento pelo plenário do Superior Tribunal Federal, tendo como relatora a ministra Ellen Gracie. Pondo fim a discussão sobre a matéria, os Ministros desse Egrégio Tribunal acordaram, por maioria de votos, sob a presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso, em negar provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto da relatora. Eis parte do voto da relatora, Ministra Ellen Gracie, acompanhado pela maioria de seus pares que reconheceu a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118, de 2005 por violação do princípio da segurança jurídica, nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito e expressa na Constituição Federal nos arts. 1º e 5º, inciso XXXV, e considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 anos apenas às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, no caso 9 de julho de 2005: (...) 8. Mas, não estamos diante de lei interpretativa, devendose considerar a LC 118/05 como lei nova que é, submetendoa a todos os condicionamentos a que está sujeita. (...) Reconheço, pois, a inconstitucionalidade da aplicação retroativa da redução de prazo que alcance prazos já interrompidos, bem como da aplicação, imediatamente após a publicação da lei, às novas ações ajuizadas, sem assegurar aos contribuintes nenhum prazo para que, deduzindo suas pretensões em Juízo, pudessem evitar o perecimento do seu direito, considerando violado pelo art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, o princípio da segurança jurídica nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, que repousam implícita e expressamente nos art. 1º e 5º, inciso XXXV, da Constituição. 9. Diante da inconstitucionalidade reconhecida, cabe, ainda, verificar a partir de quando e com que efeito o novo prazo pode ser validamente aplicado. (...) Tenho que o art. 4º da LC 118/05, na parte em que estabeleceu vacatio legis alargada de 120 dias, cumpriu tal função, concedendo prazo suficiente para que os contribuintes não apenas tomassem conhecimento do novo prazo, como para que pudessem agir, ajuizando as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Notese que foi significativa a avalanche de ações ajuizadas perante a primeira instância em tal prazo, até 8 de junho de 2005, sinal, aliás, de que tal prazo cumpriu sua finalidade, não havendo fundamento constitucional para proteger o contribuinte da sua própria inércia, cabendo dar aplicação ao velho brocardo latino: “Dormientibus non sucurrit jus”. Fl. 174DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA 6 Assim, vencida a vacatio legis de 120 dias, é válida a aplicação do prazo de cinco anos às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a esta data. (...) Assim decidiu a Corte Superior no julgamento de mérito do RE 566.621, tema submetido ao regime de repercussão geral, realizado em 04 de agosto 2011, de acordo com a ementa que se transcreve a seguir: Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACATIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, Fl. 175DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA Processo nº 13826.000209/200362 Acórdão n.º 3403001.309 S3C4T3 Fl. 173 7 mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Diante dessa decisão do STF, publicada no Dje nº 195 em 11/10/2011, e do disposto no art. 62A do RICARF, os membros desse colegiado estão vinculados à interpretação fixada pela Suprema Corte no sentido de que o prazo prescricional de cinco anos, contados da data do pagamento indevido, aplicase somente a pleitos formalizados a partir de 09 de junho de 2005. No caso em exame, a data de protocolização do pedido de restituição, referente aos recolhimentos efetuados a titulo de Contribuição para o PIS no período 01/11/1993 a 30/09/1995, tidos por indevidos pela recorrente, ocorreu em 12/06/2003. Analisando a questão prejudicial de decadência, esta se encontra superada pelo julgamento de mérito do RE 566.621, porquanto a pretensão da recorrente foi ajuizada antes de 09 de junho de 2005, aplicandose, pois o prazo de dez anos anteriormente vigente no Tribunal a quo. Portanto, não há que se falar em decadência de o direito de repetição do indébito tributário pretendido pela recorrente, por ser inferior a 10 anos o prazo dos recolhimentos pleiteados, uma vez que o prazo do primeiro recolhimento efetuado, que ora pretende a recorrente sua restituição, ocorreu em 22/11/1993. Vencida a prejudicial de decadência, deve ser apreciada a matéria central que é o direito à restituição pretendida pela recorrente sob o fundamento de inexistir fato gerador para o período pleiteado, sendo, portanto indevidos os recolhimentos efetuados a título de Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS. Vêse que tema central é saber se os recolhimentos efetuados pela recorrente a título de Contribuição para o PIS, durante o período pleiteado são indevidos por ausência de norma de incidência. Em respeito ao princípio do duplo grau de jurisdição ao qual se submete o Processo Administrativo Fiscal, superada a questão prejudicial de decadência que fundamentava o julgamento de primeira instância, caberia a devolução dos autos deste processo para apreciação das demais razões de mérito pelo órgão julgador a quo. Fl. 176DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA 8 Ocorre que o Superior Tribunal de Justiça, em sessão no dia 09 de dezembro de 2009 firmou posicionamento sobre essa matéria no Recurso Especial nº 1.136.210 – PR, representativo da controvérsia, segundo regime previsto no art. 543C do Código de Processo Civil que até 28 de fevereiro de 1996 (início da vigência das alterações introduzidas pela Medida Provisória 1.212, de 28 de novembro de 1995), a cobrança das contribuições destinadas ao PIS era regida pelo disposto na Lei Complementar 7/70. A partir de março de 1996 e até a publicação da Lei 9.715, de 25 de novembro de 1998, a contribuição destinada ao PIS restou disciplinada pela Medida Provisória 1.212/95 e suas reedições, inexistindo, portanto, solução de continuidade da exigibilidade da exação em tela. Transcrevo ementa do Recurso Especial nº 1.136.210 PR, tendo como relator Ministro Luiz Fux, in verbis: RECURSO ESPECIAL Nº 1.136.210 PR (2009/00741776) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : GAIGUER E TUDINO LTDA E OUTROS ADVOGADO : NESTOR FRESCHI FERREIRA E OUTRO(S) RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. PIS. EXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO NO PERÍODO DE OUTUBRO DE 1995 A OUTUBRO DE 1998. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DOS DECRETOSLEIS 2.445/88 e 2.449/88 (RE 148.754). RESTAURAÇÃO DOS EFEITOS DA LEI COMPLEMENTAR 7/70. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 18, DA LEI 9.715/98 (ADI 1.417). PRAZO NONAGESIMAL DA LEI 9.715/98 CONTADO DA VEICULAÇÃO DA PRIMEIRA EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA 1.212/95. 1. A contribuição social destinada ao PIS permaneceu exigível no período compreendido entre outubro de 1995 a fevereiro de 1996, por força da Lei Complementar 7/70, e entre março de 1996 a outubro de 1998, por força da Medida Provisória 1.212/95 e suas reedições. 2. A contribuição destinada ao Programa de Integração Social PIS disciplinada pela Lei Complementar 7/70, foi recepcionada pelo artigo 239, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (RE 169.091, Rel. Ministro Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 07.06.1995, DJ 04.08.1995). 3. O reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da inconstitucionalidade formal dos DecretosLeis 2.445/88 e 2.449/88 (RE 148.754, Rel. Ministro Carlos Velloso, Rel. p/ Acórdão Ministro Francisco Rezek, Tribunal Pleno, julgado em 24.06.1993, DJ 04.03.1994) teve o condão de restaurar a sistemática de cobrança do PIS disciplinada na Lei Complementar 7/70, no período de outubro de 1995 a fevereiro de 1996 (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: AI 713.171 AgR, Rel. Ministra Cármen Lúcia, Primeira Turma, julgado em 09.06.2009, DJe148 DIVULG 06082009 PUBLIC 07082009 Fl. 177DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA Processo nº 13826.000209/200362 Acórdão n.º 3403001.309 S3C4T3 Fl. 174 9 EMENT VOL0236819 PP04055; RE 479.135 AgR, Rel. Ministro Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado em 26.06.2007, DJe082 DIVULG 16.08.2007 PUBLIC 17.08.2007 DJ 17.08.2007; AI 488.865 ED, Rel. Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 07.02.2006, DJ 03.03.2006; AI 200.749 AgR, Rel. Ministro Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado em 18.05.2004, DJ 25.06.2004; RE 256.589 AgR, Rel. Ministro Maurício Corrêa, Segunda Turma, julgado em 08.08.2000, DJ 16.02.2001; e RE 181.165 EDED, Rel. Ministro Maurício Corrêa, Segunda Turma, julgado em 02.04.1996, DJ 19.12.1996. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça: AgRg no REsp 531.884/SC, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 25.11.2003, DJ 22.03.2004; Resp 625.605/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 08.06.2004, DJ 23.08.2004; REsp 264.493/PR, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, Segunda Turma, julgado em 06.12.2005, DJ 13.02.2006; AgRg no Ag 890.184/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 20.09.2007, DJ 19.10.2007; e REsp 881.536/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 28.10.2008, DJe 21.11.2008). 4. É que a norma declarada inconstitucional é nula ab origine , não se revelando apta à produção de qualquer efeito, inclusive o de revogação da norma anterior, que volta a viger plenamente, não se caracterizando hipótese de repristinação vedada no § 3º, do artigo 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil. 5. Outrossim, é pacífica a jurisprudência da Excelsa Corte, anterior à Emenda Constitucional 32/2001, no sentido de que as medidas provisórias não apreciadas pelo Congresso Nacional, não perdiam a eficácia, quando reeditadas dentro do prazo de validade de 30 (trinta) dias, contandose a anterioridade nonagesimal, prevista no artigo 195, § 6º, da CRFB/88, da edição da primeira medida provisória (ADI 1417, Rel. Ministro Octávio Gallotti, Tribunal Pleno, julgado em 02.08.1999, DJ 23.03.2001). 6. Destarte, até 28 de fevereiro de 1996 (início da vigência das alterações introduzidas pela Medida Provisória 1.212, de 28 de novembro de 1995), a cobrança das contribuições destinadas ao PIS era regida pelo disposto na Lei Complementar 7/70. A partir de março de 1996 e até a publicação da Lei 9.715, de 25 de novembro de 1998, a contribuição destinada ao PIS restou disciplinada pela Medida Provisória 1.212/95 e suas reedições, inexistindo, portanto, solução de continuidade da exigibilidade da exação em tela. (Grifei) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Em cumprimento ao disposto no art. 62A1 do Regimento do CARF, os conselheiros desse colegiado no julgamento dos recursos deverão reproduzir as decisões 1 Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Fl. 178DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA 10 definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. Nessa linha, tendo o STJ já se manifestado em sede de reafirmação de jurisprudência em recursos repetitivos sobre a exigibilidade da Contribuição para o PIS, nos termos do art. 62 do Regimento do CARF, deve este conselho administrativo aplicar tal entendimento. Dessa forma, o crédito da recorrente a ser apurado referese à diferença entre os valores efetivamente recolhidos e os que seriam devidos pela aplicação da Lei Complementar nº 7/70, no período entre novembro de 1993 e setembro de 1995, tomando como base de cálculo o valor nominal do faturamento do sexto mês anterior, nos termos da Súmula CARF nº 15. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao indébito pelos pagamentos indevidos ou a maior efetuados a título de Contribuição para o PIS a partir de 22 de novembro de 1993. Observo que o provimento foi parcial porque a apuração do indébito, o encontro de contas e a homologação das declarações de compensação até o limite do crédito apurado estão a cargo da autoridade administrativa da circunscrição fiscal do domicílio do contribuinte. O valor do indébito deve ser corrigido monetariamente até a data em que houve sua restituição ou o seu aproveitamento na compensação, sendo que em relação ao período até 31/12/1995 deve ser aplicada a tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/Cosit/Cosar nº 08, de 27/06/97. A partir de 01/01/96, passam a incidir exclusivamente os juros equivalentes à taxa Selic, acumulada mensalmente, até o mês anterior em que ocorrer a restituição ou a compensação, acrescida de 1% relativamente ao mês da ocorrência da restituição ou compensação, por força do disposto no art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95. É como voto. Liduína Maria Alves Macambira Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Alterações introduzidas pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010) Fl. 179DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA Processo nº 13826.000209/200362 Acórdão n.º 3403001.309 S3C4T3 Fl. 175 11 Fl. 180DF CARF MF Emitido em 05/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 5/12/2011 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/11/2011 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA
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Numero do processo: 13931.000005/2008-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2005
IRPF. DESPESAS MÉDICAS. GLOSA.
As despesas médicas são dedutíveis da base de cálculo do imposto sobre a renda, desde que comprovadas e justificadas.
Hipótese em que a prova produzida pela Recorrente não é suficiente para comprová-las.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2101-001.278
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. As despesas médicas são dedutíveis da base de cálculo do imposto sobre a renda, desde que comprovadas e justificadas. Hipótese em que a prova produzida pela Recorrente não é suficiente para comproválas. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 52DF CARF MF Emitido em 31/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/10/2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/10/ 2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 31/10/2011 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTO Processo nº 13931.000005/200839 Acórdão n.º 210101.278 S2C1T1 Fl. 152 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), José Raimundo Tosta Santos, Celia Maria de Souza Murphy e Gonçalo Bonet Allage. Ausente justificadamente o Conselheiro Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 35/36) interposto em 06 de dezembro de 2010 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) (fls. 28/30), do qual a Recorrente teve ciência em 04 de novembro de 2010 (fl. 34), que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte o lançamento fls. 03/07, lavrado em 06 de agosto de 2007, em decorrência de deduções indevidas de despesas médicas e de previdência privada e FAPI, verificadas no anocalendário de 2004. O acórdão recorrido teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Ano Calendário: 2004 FAPI. REESTABELECIMENTO DEDUÇÃO. Comprovadas as contribuições feitas ao FAPI mantido junto ao Banco do Brasil, devem ser reestabelecidas as deduções pleiteadas. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual restringese aos pagamentos feitos pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes, e está condicionada à comprovação hábil e idônea dos gastos efetuados. Os comprovantes devem especificar nome e CPF do profissional e os nomes do responsável pelos pagamentos e do paciente. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte” (fl. 28). No caso, a impugnação foi julgada parcialmente procedente apenas para afastar (i) a glosa referente à contribuição de previdência privada e (ii) a glosa referente a um plano de saúde cooperativo (Unimed Guarapuava). Não se conformando, a Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 35/36), alegando, em síntese, que teria recebido tratamento psiquiátrico por exigência de sua profissão e que os recibos apresentados seriam aptos a comprovar os pagamentos realizados. Não apresentou qualquer justificativa para o pagamento de um segundo plano de saúde para a Unimed Guarapuava. Fl. 53DF CARF MF Emitido em 31/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/10/2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/10/ 2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 31/10/2011 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTO Processo nº 13931.000005/200839 Acórdão n.º 210101.278 S2C1T1 Fl. 153 3 É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. A presente controvérsia é relativa à glosa de despesas médicas ou odontológicas, girando em torno da necessidade ou não da comprovação da efetiva prestação de serviços, bem como do respectivo pagamento, no caso, efetuado em dinheiro, conforme afirma a Recorrente. Em relação à glosa dessas despesas, a norma aplicável ao caso (Lei n. 9.250/95) determina o seguinte: “Art. 8º. A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I – de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II – das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; ... §2º. O disposto na alínea ‘a’ do inciso II: I – aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II – restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou Cadastro Geral de Contribuintes – CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” Já o Decreto 3.000/99, ao regulamentar o imposto de renda, introduziu o seguinte comando normativo: Fl. 54DF CARF MF Emitido em 31/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/10/2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/10/ 2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 31/10/2011 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTO Processo nº 13931.000005/200839 Acórdão n.º 210101.278 S2C1T1 Fl. 154 4 “Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n.º 5.844, de 1.943, art. 11, § 3º). § 1º. Se foram pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei n.º 5.844, de 1943, art. 11, § 4º).” Cabe mencionar ainda que deve a autoridade fiscalizadora fazer a prova necessária para infirmar o recibo de despesas dedutíveis acostado aos autos pela fiscalizada, comprovando a não prestação do serviço ou o não pagamento. Não se pode, simplesmente, glosar as despesas médicas ou odontológicas pelo fato de a fiscalizada não comprovar documentalmente o pagamento, já que o contribuinte, em relação a este ponto, não está obrigado a liquidar as obrigações representativas dos serviços por títulos de créditos, podendo fazer a liquidação em espécie. Salvo em casos excepcionais, quando a autoria do recibo for atribuída a profissional que tenha contra si súmula administrativa de documentação tributariamente ineficaz, devidamente homologada e com cópia nos autos para que o contribuinte possa exercer seu direito de defesa ou, quando efetivamente existirem nos autos elementos que possam afastar a presunção de veracidade de recibo, não se pode recusar recibos que preenchem os requisitos legais e que vêm acompanhados de declarações dos profissionais confirmando a prestação dos serviços, o respectivo recebimento, o beneficiário do tratamento e os dados completos do prestador. Nesse sentido a determinação contida no art. 845, § 1°, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3.000/99, in verbis: "§ 1° Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores com elemento seguro de prova ou indicio veemente de falsidade ou inexatidão” (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 79, §12)." Como se extrai do relatório, verificase que o auto de infração foi lavrado em virtude de dedução indevida de despesas médicas, constantes de recibos emitidos no ano calendário de 2004 pelo Sr. Edival Perrini e ainda pela Unimed Guarapuava, totalizando o valor de R$ 18.273,12. Sustenta a Recorrente que teria recebido atendimento médico do Sr. Edvaldo Perrini, médico psiquiatra, em razão de sua profissão. A Recorrente é também médica psiquiatra e, segundo ela, no exercício da profissão, acumulase forte carga emocional, o que exigiria tratamento com outro psiquiatra. Primeiramente, como bem observado pelo acórdão recorrido, é imperioso notar que os recibos emitidos pelo Sr. Edival Perrini não fazem qualquer menção ao tratamento realizado, deixando de indicar, inclusive, quem seria o paciente que teria recebido referido atendimento. Não houve, em nenhum momento, qualquer comprovação de que houve, de fato, atendimento médico à contribuinte ou a qualquer dependente. Isto porque, conforme exposto no acórdão recorrido, “os documentos juntados aos autos descrevem, singelamente, ´referente a serviços profissionais prestados´. Portanto, não informam que espécie de serviço, na verdade, teria sido prestado. E só porque o seu emitente se intitula médico psiquiatra é que se presume que esse serviço seria de atendimento médico nessa área. Contudo, no presente Fl. 55DF CARF MF Emitido em 31/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/10/2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/10/ 2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 31/10/2011 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTO Processo nº 13931.000005/200839 Acórdão n.º 210101.278 S2C1T1 Fl. 155 5 caso, a presunção não é admissível, porquanto é necessária a prova material completa ” (fl. 29v). Ou seja, a simples apresentação de recibos, sem qualquer justificativa, é insuficiente, principalmente no presente caso, em que os requisitos previstos na legislação não foram observados. É imperioso destacar que o onus probandi é do contribuinte, haja vista que, em se tratando de lançamento por homologação, caso do imposto de renda, cabe ao Fisco justamente homologar os cálculos efetuados por aquele e, caso haja discordância, deve o contribuinte fornecer toda a documentação hábil e idônea para comprovar as deduções efetuadas. Considerando que o princípio da verdade material norteia o processo administrativo fiscal, o contribuinte poderia, até mesmo em sede de recurso voluntário, produzir provas de tal maneira a desconstituir a pretensão fiscal. Mesmo tendo havido ampla oportunidade ao longo deste processo de fazêlo, nenhum documento novo foi acostado ao presente recurso, motivo pelo qual não há razões aptas a modificar a decisão recorrida no que se refere aos serviços médicos supostamente prestados. Com relação ao plano de saúde da Unimed Guarapuava, foram juntadas duas declarações, sem que fosse, no entanto, apresentada qualquer justificativa para a contratação de dois planos de saúde distintos pela mesma pessoa. Ora, como bem ressaltado pelo v. acórdão recorrido, “a ausência de justificativa adequada para a existência de duas declarações conduz a mais de uma hipótese ou suposição: ou uma ou outra das declarações não é verdadeira ou alguma delas se refere a plano de saúde mantido pela impugnante para pessoa que não é sua dependente, já que nenhum dependente foi arrolado em sua declaração de ajuste anual” (fls. 30). Mais uma vez, a Recorrente deixou de apresentar documentos que pudessem comprovar o fundamento de sua pretensão. Assim, deve ser mantido o afastamento da glosa apenas com relação a uma das declarações da Unimed, tal como decidido pela DRJ, subsistindo as demais. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 56DF CARF MF Emitido em 31/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/10/2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/10/ 2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 31/10/2011 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTO Processo nº 13931.000005/200839 Acórdão n.º 210101.278 S2C1T1 Fl. 156 6 Fl. 57DF CARF MF Emitido em 31/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/10/2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 23/10/ 2011 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 31/10/2011 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTO
score : 1.0
Numero do processo: 19740.720128/2008-13
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário:2004, 2005
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DIFERENÇA ENTRE VALORES DECLARADOS EM DIPJ
E DCTF. Devem ser objeto de lançamento de ofício os valores de IRPJ e de CSLL apurados pela empresa em DIPJ e corretamente escriturados, mas não declarados em DCTF.
ESTIMATIVAS MENSAIS. FALTA DE DECLARAÇÃO EM DCTF/PAGAMENTO
Nos casos de lançamento de ofício, deve ser aplicada a multa de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor da estimativa mensal de IRPJ e de CSLL que deixou de ser declarada (DCTF)/paga, nos termos do que dispõe a Lei n º 9.430, de 1996, art. 44, II “b”
Numero da decisão: 1801-000.805
Decisão: Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: MARIA DE LOURDES RAMIREZ
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário:2004, 2005 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DIFERENÇA ENTRE VALORES DECLARADOS EM DIPJ E DCTF. Devem ser objeto de lançamento de ofício os valores de IRPJ e de CSLL apurados pela empresa em DIPJ e corretamente escriturados, mas não declarados em DCTF. ESTIMATIVAS MENSAIS. FALTA DE DECLARAÇÃO EM DCTF/PAGAMENTO Nos casos de lançamento de ofício, deve ser aplicada a multa de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor da estimativa mensal de IRPJ e de CSLL que deixou de ser declarada (DCTF)/paga, nos termos do que dispõe a Lei n º 9.430, de 1996, art. 44, II “b”
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DIFERENÇA ENTRE VALORES DECLARADOS EM DIPJ E DCTF. Devem ser objeto de lançamento de ofício os valores de IRPJ e de CSLL apurados pela empresa em DIPJ e corretamente escriturados, mas não declarados em DCTF. ESTIMATIVAS MENSAIS. FALTA DE DECLARAÇÃO EM DCTF/PAGAMENTO Nos casos de lançamento de ofício, deve ser aplicada a multa de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor da estimativa mensal de IRPJ e de CSLL que deixou de ser declarada (DCTF)/paga, nos termos do que dispõe a Lei n º 9.430, de 1996, art. 44, II “b” Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente (assinado digitalmente) Fl. 489DF CARF MF Emitido em 01/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/11/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Magda Azario Kanaan Polanczyk, Maria de Lourdes Ramirez, Edgar Silva Vidal, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira e Ana de Barros Fernandes. Relatório Trata o presente processo de autos de infração à legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, que exigem da empresa acima qualificada o crédito tributário no montante total de R$ 840.217,69, aí incluídos o principal, a multa de ofício e os juros de mora calculados até a data da lavratura, tendo em conta a constatação de falta de declaração em DCTF e de recolhimento do IRPJ e da CSLL apurados no confronto das DIPJ dos anoscalendário 2004 e 2005 e os livros contábeis e fiscais apresentados à auditoria, conforme relato às fls.... Também foram exigidas as multas isoladas de 50% pela insuficiência de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL em todos os meses do anocalendário 2004 e nos meses de janeiro a junho de 2005 Cientificada das exigências apresentou a contribuinte impugnações (fls. 328/331 – IRPJ e 359/362 – CSLL) nas quais alega em síntese que: 1) é uma empresa de factoring sujeita à tributação pelo lucro real; 2) a base de cálculo é a receita bruta que representa a diferença entre a quantia expressa no título de crédito adquirido e o valor pago; 3) não se pode admitir que a tributação incida sobre a importância financeira que foi movimentada pelo interessado no período fiscalizado; 4) a autuação é descabida, pois feita com fundamentos que não representam a realidade dos fatos, culminando com a total discrepância entre os valores apresentados no auto de infração e aqueles que remontam à realidade fática. A 2a. Turma da DRJ no Rio de Janeiro/RJI proferiu o Acórdão 1224.945 e julgou os lançamentos procedentes. No voto restou afastada a alegação de que a tributação incidiu sobre a movimentação financeira, consignandose que foram exigidos o IRPJ e a CSLL apurados pela própria pessoa jurídica, mas que deixaram de ser declarados, em parte, em DCTF. Notificada da decisão, em 01/10/2009 a interessada apresentou, em 28/10/2009, Recurso Voluntário. Nas razões de defesa discorre, inicialmente, sob as peculiaridades da atividade de “factoring”, para afirmar que a tributação pelo lucro real de suas atividades deve incidir sobre a receita bruta, representada pela diferença entre a quantia expressa no título de crédito adquirido e o valor pago, e não sobre a movimentação financeira do período fiscalizado, pugnando ao final pelo cancelamento das exigências. Fl. 490DF CARF MF Emitido em 01/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/11/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19740.720128/200813 Acórdão n.º 180100.805 S1TE01 Fl. 1.112 3 É o relatório. Voto Conselheiro Maria de Lourdes Ramirez, Relatora. O recurso é tempestivo. Dele tomo conhecimento. A recorrente insiste no argumento de que exigência fiscal tomou por base toda a sua movimentação financeira do período auditado, quando deveria incidir apenas sobre a receita bruta de sua atividade, assim considerada diferença entre a quantia expressa no título de crédito por ela adquirido e o valor pago. Reiterese, contudo, que a exigência fiscal não foi efetuada nesses moldes. A auditoria fiscal efetuou o cotejo entre os dados declarados pela recorrente nas DIPJ e nas DCTF e os recolhimentos efetuados, apurando divergências referentes ao IRPJ e a CSLL a pagar nos anoscalendário 2004 e 2005. Intimada a justificar as diferenças a interessada apresentou os livros Diário e, após examinálos, a fiscalização concluiu que os valores declarados na DIPJ estavam corretos. Após uma segunda intimação, a empresa ratificou que os valores declarados na DIPJ correspondiam aos valores corretos resultantes dos registros contábeis. A fiscalização constatou que os valores declarados nas Fichas 12 A e 17 (imposto de renda mensal pago por estimativa e contribuição social mensal paga por estimativa, respectivamente) da DIPJ, às fls. 220/225 e 230/235, correspondiam aos valores declarados nas fichas 11 e 16 da DIPJ (fls. 216/224 e 226/234), mas não correspondiam aos valores declarados em DCTF (268/279), razão pela qual procedeu ao presente lançamento de ofício para exigir da recorrente o valor correto dos tributos devidos por ela declarados em DIPJ mas não declarados em DCTF. Também foram apuradas divergências entre as estimativas de IRPJ e de CSLL declaradas nas DIPJ e DCTF, referente aos meses de janeiro a dezembro de 2004 e janeiro a junho de 2005. Intimado a justificar as diferenças, o interessado alegou que os valores declarados na DIPJ correspondiam aos valores corretos resultantes dos registros contábeis, razão pela qual foi exigida a multa isolada de 50% sobre a diferença dos valores não declarados em DCTF. O lançamento é simples. Exige, apenas, os valores de IRPJ e de CSLL que a recorrente apurou em DIPJ mas não declarou em DCTF, assim como a multa isolada sobre os valores de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL que deixaram de ser declarados em DCTF e/ou pagos. Por todo o exposto voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 491DF CARF MF Emitido em 01/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/11/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Fl. 492DF CARF MF Emitido em 01/12/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/11/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/11/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 01/12/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 10384.003566/2003-31
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Tue May 10 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 1999
RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTO INTRÍNSECO. DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO.
Para conhecimento do Recurso Especial interposto sob o fundamento de existência de divergência jurisprudencial, deverá o interessado demonstrar fazer constar do recurso interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais.
Recurso especial não conhecido.
Numero da decisão: 9202-001.560
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso por não restar configurada a divergência jurisprudencial.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1999 RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTO INTRÍNSECO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. Para conhecimento do Recurso Especial interposto sob o fundamento de existência de divergência jurisprudencial, deverá o interessado demonstrar fazer constar do recurso interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. Recurso especial não conhecido.
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PRESSUPOSTO INTRÍNSECO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. Para conhecimento do Recurso Especial interposto sob o fundamento de existência de divergência jurisprudencial, deverá o interessado demonstrar fazer constar do recurso interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso por não restar configurada a divergência jurisprudencial. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 27/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/09/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/09/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/09/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 2 (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres Presidente Substituto (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator EDITADO EM: 23/09/2011 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (PresidenteSubstituto), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Giovanni Christian Nunes Campos (Conselheiro convocado), Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Marcelo Oliveira. Relatório Em 12 de Setembro de 2007, a então Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes proferiu acórdão n° 30238.974 [fls.6165], que, por unanimidade de votos, anulou o auto de infração por equívoco na identificação. Restou o entendimento na Segunda Câmara, que o auto de infração quando já se sabe que se trata de pessoa falecida, deve ser dirigido ao inventariante. Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 1999 Ementa: CONTRIBUINTE FALECIDO E PROCESSO DE INVENTÁRIO ENCERRADO. É nulo o auto de infração lavrado contra contribuinte falecido, quando o fiscal autuante tinha conhecimento do falecimento e de que o respectivo processo de inventário já havia se encerrado antes da lavratura. PROCESSO ANULADO. Inconformada com a decisão proferida, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial [fls.70 – 74], com fulcro no art. 7°, II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais à época. A r. PGFN apresenta como paradigma de divergência, o acórdão de n° 10615.703, da então Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes. "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL INTIMAÇÃO Para a sua validade, é primordial que o ato de intimação seja capaz de dar total conhecimento ao sujeito passivo do resultado do Fl. 2DF CARF MF Emitido em 27/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/09/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/09/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/09/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10384.003566/200331 Acórdão n.º 920201.560 CSRFT2 Fl. 2 3 procedimento fiscal, sendo eficaz no seu objetivo da mais larga defesa do sujeito passivo. A identificação concreta do prejuízo causado à defesa do sujeito passivo seria por si só, suficiente para a invalidação da intimação, o que não ocorre na espécie, vez que exsurgem dos autos evidências que demarcam não ter ocorrido qualquer dano ao recorrente. NOTIFICAÇAO EM NOME DO "DE CUJUS" SEM A IDENTIFICAÇÃO DE ESPÓLIO Os atos processuais têm caráter instrumental, e, se a finalidade da lei for alcançada, embora mediante forma imperfeita, há de se ter a forma ou o ato como válidos. Se a notificação for feita em nome do "de cujus", sem o acréscimo da palavra "espólio" após o nome próprio do falecido, mas o representante legal impugnar o lançamento em nome do espólio e todos os demais atos forem praticados em nome ou contra o espólio, a finalidade da lei foi alcançada, mesmo que a forma adotada no lançamento não tenha sido perfeita (Precedente da CSRF). IRPF ESPÓLIO MULTA DE OFÍCIO Não responde o sucessor pela multa de natureza fiscal que deva ser aplicada em razão de infração cometida pelo "de cujus". Inteligência do artigo 133 do CTN. (Precedentes da CSRF). Recurso parcialmente provido.." Requer a Fazenda Nacional, o provimento do presente recurso, para que o acórdão recorrido seja anulado, a fim de que o mérito da demanda seja analisado pelos julgadores da Segunda Câmara. Segundo a Procuradoria, mesmo o auto de infração tendo sido lavrado contra pessoa falecida, e não contra o inventariante, a demanda não deveria ser anulada por ter a esposa do falecido impugnado, tempestivamente, o auto de infração, juntando aos autos os documentos que julgou cabíveis para a instrução do feito. Em 24 de março de 2008, o então Presidente da Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes em análise de admissibilidade, proferiu Despacho de n°3020.037 [fls.84 – 86] dando seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, por entender preenchidos os pressupostos de admissibilidade. Devidamente intimado do acórdão e do Recurso Especial [fl. 88], o Contribuinte protocolizou, tempestivamente, contrarazões que pugna pela manutenção da decisão ora recorrida [fls.198 – 210]. É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 27/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/09/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/09/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/09/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 4 Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, Relator Sendo tempestivo o Especial interposto, passo ao exame dos demais pressupostos (intrínsecos). Passo a examinar os requisitos de admissibilidade que na época estavam previstos no artigo 7º, inciso II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, vigente à época, aprovado pela Portaria MF n. 147/2007, a seguir transcrito: Art. 7º Compete à Câmara Superior de Recursos Fiscais, por suas Turmas, julgar recurso especial interposto contra: I – (...) II – Decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. Para melhor entendimento quanto ao objeto do Especial, peço licença aos ilustres Conselheiros para transcrever excerto do despacho proferido pela Presidente da então 2ª Câmara, do 3º Conselhos de Contribuintes (fls. 85/86): (...) A Procuradora requer a anulação da decisão recorrida para que o mérito da demanda seja analisado pelos julgadores da Segunda Câmara, sob a alegação de interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara dos Conselhos. Segundo ela, na matéria versada existe divergência jurisprudencial e, para comprovála apresenta, como paradigma, o Acórdão 106 15.703, da Sexta Câmara do Primeiro Conselho, relatado pela Conselheira Ana Neyle Olímpio Holanda, em sessão de 26/07/2006, que transcrevo a ementa: "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL INTIMAÇÃO Para a sua validade, é primordial que o ato de intimação seja capaz de dar total conhecimento ao sujeito passivo do resultado do procedimento fiscal, sendo eficaz no seu objetivo da mais larga defesa do sujeito passivo. A identificação concreta do prejuízo causado à defesa do sujeito passivo seria, por si só, suficiente para a invalidação da intimação, o que não ocorre na espécie, vez que exsurgem dos autos evidências que demarcam não ter ocorrido qualquer dano ao recorrente. NOTIFICAÇÃO EM NOME DO "DE CUJUS" SEM A IDENTIFICAÇÃO DE ESPÓLIO Os atos processuais têm caráter instrumental, e, se a finalidade da lei for alcançada, embora mediante forma imperfeita, há de se ter a forma ou o ato como válidos. Se a notificação for feita em nome do "de cujus", sem o acréscimo da palavra • "espólio" após o nome próprio do falecido, mas o representante legal impugnar o lançamento em nome do espólio e todos os demais atos forem praticados em nome ou contra o espólio, a finalidade da lei foi alcançada, mesmo que a forma adotada no lançamento não tenha sido perfeita (Precedente da CSRF). Fl. 4DF CARF MF Emitido em 27/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/09/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/09/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/09/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10384.003566/200331 Acórdão n.º 920201.560 CSRFT2 Fl. 3 5 IRPF ESPÓLIO MULTA DE OFÍCIO Não responde o sucessor pela multa de natureza fiscal que deva ser aplicada em razão de infração cometida pelo "de cujus". Inteligência do artigo 133 do CTN. (Precedentes da CSRF). Recurso parcialmente provido.." Acórdão recorrido e paradigma tratam a questão da anulação do auto de infração lavrado contra pessoa falecida, e não contra o inventariante. Atentese que o acórdão recorrido anulou o auto de infração pelo fato de ter sido lavrado contra pessoa falecida, tendo sido considerado forma incorreta, quando o correto seria lavrar o auto contra o espólio ou os respectivos herdeiros do imóvel em questão. O acórdão paradigma entendeu que o auto de infração lavrado após a abertura da sucessão em nome do de cujus, mas recebido pelo cônjuge que, em nome do espólio, impugnou o lançamento e apresentou recurso, alcançou a sua finalidade, pois o ato deve ser aproveitado, mesmo que contenha vício, desde que atingido o seu fim, sem que traga prejuízos ao sujeito passivo ou terceiros. [...] Diante do exposto, DOU SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Não obstante esse fato, é sabido que para a caracterização do dissídio jurisprudencial, nos termos dos artigos 541, parágrafo único, do Código de Processo Civil e 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ e consolidado pelo RICSRF, fazse necessária a demonstração da similitude de panorama de fato e da divergência na interpretação do direito entre os acórdãos confrontados. Da análise dos dois julgados (recorrido e paradigma) verificase que não há similitude fática a suposta divergência na interpretação do direito entre os acórdãos, conforme se evidencia de excerto do julgado: [...] O recorrente é falecido, conforme formal de partilha de fls. 23/25, datado de 10 de outubro de 2003, e certidão de óbito de fls. 26, e está sendo "representado" por sua viúva. A intimação do mesmo ocorreu por edital, afixado em 28 de novembro de 2003. Tendo se encerrado o processo de inventário antes da referida intimação, o espólio do contribuinte somente poderia ser intimado na pessoa de seu inventariante ou de seus herdeiros, o que não ocorreu. Entendo que o início do procedimento fiscal está maculado com nulidade, por • • dois motivos, primeiro por errônea identificação do contribuinte, já que após o seu falecimento e mais ainda com o encerramento do respectivo inventário, o ora "recorrente" não mais é o contribuinte do tributo e, portanto, não poderia ter sido intimado para apresentar documentos ou constar do auto de infração; Fl. 5DF CARF MF Emitido em 27/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/09/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/09/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/09/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 6 segundo, porque, mesmo que assim não fosse, a exigência fiscal se tornou impossível, pois o auto de infração foi lavrado contra uma ente sem personalidade jurídica. Observese que o fiscal autuante poderia ter optado pela forma legal correta, lavrando o auto contra seu espólio ou contra os respectivos herdeiros do imóvel em questão, mas lavrou contra o falecido proprietário, tendo conhecimento de que o respectivo inventário já havia se encerrado. Isto simplesmente não é possível. A personalidade da pessoa natural surge com o nascimento com vida e cessa com o falecimento, surge, neste momento, uma outra personalidade jurídica que é o espólio, universalidade de bens e direitos do falecido que responde por suas antigas obrigações. Encerrado o processo de inventario, extinguese o espólio e as obrigações se transmitem aos • sucessores na proporção de seus legados. No presente caso, esta era a hipótese. Para melhor ilustrar, peço licença para colacionar jurisprudência dos Tribunais pátrios que ratificam essa afirmação: PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. SUCESSÃO HEREDITÁRIA DE SÓCIOGERENTE. CERTIDÃO NEGATIVA E EXCLUSÃO DOS HERDEIROS DO PÓLO PASSIVO DE EXECUÇÃO FISCAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 1. Segundo o disposto no art. 131, incs. II e III c/c. art. 134, IV, do Código Tributário Nacional, o sucessor hereditário deverá responder pelos tributos devidos pelo de cujus até a abertura da sucessão e não pagos até a data da partilha, observandose o limite do quinhão. 2. A inscrição em dívida ativa e a conseqüente execução fiscal contra o sucessor hereditário do devedor não configura procedimento teratológico e não autoriza, por si só, a concessão da segurança. 3. Não se mostra possível discutirse a legitimidade passiva de sóciogerente para a execução fiscal em ação mandamental aforada por seus herdeiros, pois o procedimento do mandado de segurança não permite qualquer dilação probatória para que se investigue se o sócio atuou ou não com excesso de poderes, com infração ao contrato e ao estatuto, ou se ocorreu a dissolução irregular da sociedade. 4. Questão de alta indagação, como a responsabilidade de herdeiros do sóciogerente por tributos devidos pela sociedade, não pode ser discutida nas estreitas vias do writ, procedimento em que a Fazenda Pública não é sequer citada para apresentar a defesa do título executivo, restando, assim, manifesta a inadequação da via eleita. 5. Agravo regimental improvido. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 27/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/09/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/09/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/09/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 10384.003566/200331 Acórdão n.º 920201.560 CSRFT2 Fl. 4 7 (AgRg no Ag 553612/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/04/2004, DJ 16/08/2004, p. 204) TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA APÓS A REALIZAÇÃO DA PARTILHA – EMBARGOS À EXECUÇÃO RESPONSABILIDADE PELA DÍVIDA FISCAL – SUCESSORES "CAUSA MORTIS" – A VIÚVA MEEIRA RESPONDE PELA METADE DO DÉBITO FISCAL ATÉ O LIMITE DE SUA MEAÇÃO RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. A execução fiscal foi proposta após a realização da partilha. 2. A dívida deve ser cobrada da viúva meeira, como responsável legal e não como sucessora, na proporção de sua meação. Os herdeiros restantes deverão responder pelo valor correspondente ao quinhão recebido. Aplicação da regra insculpida no art. 131, II, do Código Tributário Nacional. 3. Recurso especial não conhecido. Decisão unânime. (REsp 212554/RN, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/10/2001, DJ 04/02/2002, p. 321) Dispositivo Portanto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Júnior Fl. 7DF CARF MF Emitido em 27/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/09/2011 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 26/09/2 011 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 26/09/2011 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S
score : 1.0
Numero do processo: 10325.000806/2005-10
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Feb 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercícios: 2002 a 2005
Ementa: MULTA ISOLADA — FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA — O artigo 44 da Lei n° 9.430/96 preceitua que a multa de
oficio deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde com o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. O tributo devido pelo contribuinte surge quando é o lucro apurado em 31 de dezembro de cada ano. Improcede a aplicação de penalidade pelo não-recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura,
após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao imposto apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício.
Numero da decisão: 9101-000.879
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Viviane Vidal Wagner (relatora) e Leonardo de Andrade Couto. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Valmir Sandri.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: VIVIANE VIDAL WAGNER
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Estimativas não recolhidas. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado GUSA NORDESTE S/A Assunto: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - 1RPJ Exercícios: 2002 a 2005 Ementa: MULTA ISOLADA — FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA — 0 artigo 44 da Lei n° 9.430196 preceitua que a multa de oficio deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde corn o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. 0 tributo devido pelo contribuinte surge quando é o lucro apurado em 31 de dezembro de cada ano. Improcede a aplicação de penalidade pelo não-recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura, após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao imposto apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Viviane Vidal Wagner (relatora) e Leonardo de Andrade Couto. Designado para redigir o voto vencedor o conselhei , I, almir Sandri. Aill\. Cai i Marcos Cândido. - Pres ente Viviane Vidal agner - Relatora 25 MAI 2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio MaTCOS Candid°, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho, Leonardo de Andrade Couto, Karen Jureidini Dias, Claudemir Rodrigues Malaquias, Antônio Carlos Guidoni Filho, Viviane Vidal Wagner, Valmir Sandri e Susy Gomes Hoffmann. Processo n° 10325.000806/2005-10 CSRF-T1 Ac6rdao n. ° 9101-00879 R_ 2 Relatório Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão n° 103-22993, prolatado pela antiga Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, o qual, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: DIFERENÇA ENTRE 0 VALOR ESCRITURADO E 0 DECLARADO/PAGO - Mantém-se a exigência decorrente das diferenças verificadas entre os valores da CSLL escriturados e os declarados/pagos quando a autuada não logra provar a extinção do crédito tributário lançado, antes de iniciado o procedimento de oficio. COMPENSAÇÃO - Não pode infirmar o lançamento efetuado a Declaração de Compensação apresentada após iniciado o procedimento de oficio. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO — Os créditos tributários decorrentes de ação fiscal somente podem ser compensados através de regular processo administrativo, falecendo competência aos órgãos de julgamento efetuar de oficio tal compensação. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA — Incabível sua exigência concomitantemente com a multa de lançamento de oficio ern decorrência da nzesma infração. Recurso provido parcialmente A Fazenda Nacional, inconformada com a decisão que afastou a multa isolada por falta de recolhimento das estimativas, interpôs recurso especial de divergência com fulcro no art. 7°, inciso II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais — RICSRF, aprovado pela Portaria MF n° 147, de 25.06.07. Apresenta paradigma da Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, consubstanciado no acórdão no 108-08962, em que, diante de fatos idênticos, restou decidido que ambas as multas podem ser exigidas simultaneamente, sem qualquer ofensa ao Código Tributário Nacional. No mérito, alega que a multa isolada e a multa de oficio não decorrem da mesma infração e não incidem sobre a mesma base de cálculo, não podendo ser dispensada por mero juizo de equidade, em desacordo com a regra do art. 97, inciso VI, do CTN. Acrescenta que a partir da Lei n° 9.430/96, o contribuinte somente estará dispensado de recolher os tributos devidos, apurados pela sistemática da estimativa, quando levantar balancetes de suspensão ou redução e transcrevê-los no Livro Diário, o que não ocorreu no caso em litígio. O recurso especial interposto pelo contribuinte não foi admitido pelo presidente da Camara a quo. Em reexame de admissibilidade pelo agravo apresentado, o então presidente substituto da CSRF negou definitivamente seguimento ao recurso especial do contribuinte. Foram distribuídos os autos para julgamento do recurso especial da Fazenda Nacional. E o relatório. Processo n° 10325.000806/2005-10 CSRF-T1 Acórdão n." 9101-00879 FL 3 Voto Vencido Conselheira Viviane Vidal Wagner, relatora 0 recurso especial é tempestivo e contém todos os pressupostos de admissibilidade para ser apreciado. Discute-se a possibilidade de incidência de multa isolada concomitantemente com a multa de oficio de 75% 0 fundamento legal da multa isolada encontra-se no art. 44 da Lei n° 9.430, de 27.12.1996, que, traz em sua redação original, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, sera() aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição.1.1 IV - isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro liquido, na forma do art. 20, que deixar de fazê-lo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano- calendário correspondente; Mantendo a posição já expressada anteriormente no âmbito desta Câmara Superior, entendo que a alegada concomitância em relação aos lançamentos de multa isolada e multa de oficio referentes ao mesmo período, respeitadas as posições favoráveis, não merece ser reconhecida. A legislação é expressa. A opção pela sistemática das estimativas mensais é concedida ao contribuinte como uma faculdade pela Lei n. 9.430/96, em seu art. 2°, conforme abaixo: Art. 2°A pessoa jurídica sujeita a tributação corn base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos 1° e 2° do art_ 29 e nos arts. 30 a 32, 34.e 35 da Lei n° 8.981, de 20 dejaneiro de 1995 com as alterações da Lei n°9.065, de 20 de junho de 1995. § I° O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da aliquota de quinze por cento. § 2" A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ficará sujeita incidência de adicional de imposto de renda à aliquota de de:: por cento. § 3° A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverei apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§ 1° e 2° do artigo anterior. § 4° Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I - dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no 4° do art. 3 0 da Lei n°9.249, de 26 de dezembro de 1995 . II - dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III - do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV - do imposto de renda pago na forma deste artigo. (destaquei) 0 art. 6°, §l°, da mesma lei, descreve a sistemática de apuração do imposto devido apurado na forma das estimativas mensais, esclarecendo que o imposto pago a maior em um período pode ser utilizado para compensar o imposto a ser pago a partir do mês de abril subsequente ou restituído, após a entrega da declaração, conforme transcrito: Art. 6° 0 imposto devido, apurado na forma do art. 2°, deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir. § 100 saldo do imposto apurado em 31 de dezembro será: I -pago em quota única, até o último dia útil do mês de março do ano subseqüente, se positivo, observado o disposto no § 2 0; - compensado com o imposto a ser pago a partir do ma de abril do ano subseqüente, se negativo, assegurada a alternativa de requerer, após a entrega da declaração de rendimentos, a restituição do montante pago a maior. § 2° 0 saldo do imposto a pagar de que trata o inciso Ido parágrafo anterior será acrescido de juros calculados a taxa a que se refere o § 3 0 do art. 50, a partir de 10 de fevereiro até o ultimo dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no in& do pagamento. § 3° 0 prazo a que se refere o inciso I do § 1° não se aplica ao imposto relativo ao mês de dezembro, que deverá ser pogo até o ultimo dia útil do mês de janeiro do ano subseqüente. (g. n.) Processo n° 10325.00080612005-10 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101 -00879 Fl. 4 Nos casos de ausência de recolhimento das estimativas mensais, a partir de 01.01.1997, a lei prevê a incidência de multa isolada à aliquota de 50% sobre o valor apurado no mês, com a redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007, nos seguintes termos: - Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes — de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal:1-.4 b) na forma do art. 20 desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. A sistemática de recolhimento por estimativas, de caráter facultativo, não tem o condão de equiparar os recolhimentos com uma antecipação do tributo, já que o fato gerador do imposto e da contribuição social apurado anualmente, de natureza complexiva, apenas irá se configurar em 31 de dezembro do ano-calendário em referência. 0 legislador instituiu a opção como uma alternativa à regra de apuração trimestral, mas estipulou que esta traria consequências, na medida em que a falta de recolhimento representaria um ato ilícito, caracterizado pelo descumprimento de um dever. A regra é clara: o descumprimento do dever de antecipação deve ser sancionado na forma da lei, independentemente do valor do imposto ou contribuição calculada ao final do exercício, ou mesmo da existência de prejuízo fiscal ou base de calculo negativa. Fica ressalvada, apenas, a hipótese de apresentação de balancetes de suspensão ou redução que demonstrem que o valor pago já seria maior do que o devido. Distingue-se a multa isolada, esta devida nos casos em que for detectada a falta de recolhimento do tributo estimado a cada mês, da multa de oficio incidente sobre o montante do tributo calculado após o encerramento do período de apuração. Sao distintos tributo e multa pela sua própria natureza jurídica. Enquanto um decorre de ato licito — fato gerador —, o outro decorre da realização de um ato ilícito, comissivo ou omissivo, como é o caso em análise. Entendo que não há que se confundir a base de cálculo da multa isolada e a base de cálculo de eventual multa de oficio, já que, em caso de opção pela sistemática das estimativas, o tributo não é apurado trimestralmente ou anualmente, sendo sua base de cálculo a estimativa mensal calculada a partir da receita bruta. A multa de oficio, por sua vez, incide sobre o imposto ou contribuição devidos ao final do período de apuração. A falta de recolhimento gera uma infração especifica. Pretender equiparar as bases de cálculo da multa isolada e da multa de oficio não parece conforme ao sentido da lei. Reforçando essa distinção, tem-se a nova redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007, ao art. 44 da Lei n° 9.430/96, que alterou o percentual da multa isolada de 75% para 50%. 7 Ademais, para acolher a tese da recorrente, seria necessário afastar regra legal expressa, o que não estaria incluido na função de julgamento na esfera administrativa, pela impossibilidade de manifestação sobre eventual inconstitucionalidade da legislacao tributária, consoante a regra prevista no art. 26-A do Decreto n° 70.235,de 6.03.1972, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.941, de 27.05.2009, e reproduzida no art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do Carf aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22.06.2009. - Nesse sentido ainda dispõe a Súmula CARF13.0 2: "0 CARE nc"To é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional para restabelecer o lançamento da multa isolada sobre as estimativas não recolhidas. Viviane Vidal Wagner 8 Processo n" 10325.000806/2005-10 CSRF-T1 • Acórdão n.° 9101-00879 Fl. 5 Voto Vencedor Conselheiro Valmir Sandri — Relator Designado Com a devida vênia do bem fundamentado voto proferido pela Ilustre Relatora, ouso dela discordar tão somente em relação da possibilidade de incidência de multa isolada após o encerramento do exercício quando apurado prejuízo fiscal ou sobre a diferença entre o imposto devido e o que deixou de ser recolhido antecipadamente. Isto porque, entendo que depois de encerrado o ano-calendário objeto da penalidade — Multa Isolada -, havendo ou não base tributável em 31.12 não há como subsistir tal exigência, pois interpreto no sentido de que os dispositivos legais previstos nos incisos III e IV, § 1°., art. 44 da Lei 9.430/96, em sua versão original, tern como objetivo obrigar o sujeito passivo da obrigação tributária ao recolhimento mensal de antecipações de um provável imposto de renda e contribuição social que poderá ser devido ao final do ano-calendário. Ou seja, é inerente ao dever de antecipar a existência da obrigação cujo cumprimento se antecipa, e sendo assim, a penalidade só poderá ser exigida durante o ano- calendário em curso, tendo em vista que, com a apuração do tributo (IRPJ e CSLL) efetivamente devido ao final do ano-calendário (31.12), desaparece a base imponivel daquela penalidade (antecipações), pela ausência da necessária ofensa a um bem juridicamente tutelado que a justifique. Portanto, com o encerramento do ano-calendário objeto das antecipações, surge, a partir dai, uma nova base imponivel, ou seja, a base que irá suportar o tributo efetivamente devido ao final do ano-calendário, surgindo assim à hipótese da aplicação tão- somente do inciso I, § 1 °. do referido artigo, caso o tributo não seja pago no seu vencimento e apurado ex-officio, mas jamais a aplicação concomitante da penalidade prevista nos incisos III e IV, do § 1 0 do mesmo diploma legal, até porque a dupla penalidade afronta o disposto no artigo 97, V, c/c o artigo 113 do CTN, que estabelece apenas duas hipóteses de obrigação de dar, sendo a primeira ligada diretamente à prestação de pagar tributo e seus acessórios, e a segunda relativamente à obrigação acessória decorrente da legislação tributária e tern por objeto as prestações, positivas ou negativas pecuniária por descumprimento de obrigação acessória. No presente caso, conforme se depreende dos autos, o auto de infração foi lavrado após o encerramento do ano-calendário que foi objeto do lançamento, portanto, quando já apurada a base de cálculo do IRPJ e da CSLL efetivamente devido no período. Logo, embora a contribuinte não tenha antecipado ou tenha antecipado a menor o tributo nos anos-calendário em questão, o fato é que a exigência da referida penalidade somente foi consubstanciada após o ano-calendário em questão, portanto, quando já conhecida a respectiva base de cálculo e o imposto efetivamente devido, porquanto, impossível no meu entendimento, coexistir num determinado momento (ocasião do lançamento), duas 9 bases de cálculo para uma mesma exação, ou seja, uma corn base nas estimativas mensais e outra ao final do ano-calendário. Nesse passo é a jurisprudência predominante deste E. Conselho e mesmo dessa E. Turma, conforme se depreende da ementa do Recurso n.105-141.498 — Sessão de 14 de abril de 2008-, tendo como Relator o Ilustre Conselheiro Marcos Vinicius Neder de Lima, e por ser o seu voto por demais elucidativo, peço vênia para transcrevê-lo na sua integalidade, eis que tratou das hipóteses em que a mesma — Multa Isolada— no deve subsistir, vejamos: O art. 44 da Lei no 9.430/96 que autoriza a aplicação da multa isolada tem o seguinte teor: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I- de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; §1° As multas de que trata este artigo serão exigidas: I - juntamente coin o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; (..); IV - isoladamente, no capu de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro liquido, na forma do art. 2°, que deixar de fazê-lo, ainda que tenha apurado base de calculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano-calendário correspondente. Art. 2' (Lei n°9.430/96) — A pessoa jurídica sujeita a tributação corn base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimado, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1° c 2" do art. 29 e nos arts 30 a 32, 34 e 35 da Lei n°8.981, de 20 de janeiro de 1995, coin as alterações da Lei no 9.065, de 20 de junho de 1995. As remissões relevantes são as seguintes: Art. 35 (Lei n° 8.981/95) — A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado excede o valor do imposto, calculado com base no lucro real do período em curso. (.) §2° - Estão dispensadas do pagamento de que tratam os arts. 28 e 29 as pessoas jurídicas que, através de balanço ou balancetes mensais, demonstrem a existência de base de cálculo negativas fiscais apurados a partir do més de janeiro do ano-calendário. 1 0 Processo n° 10325.000806/2005-10 CSRF-TI AcOrd5o n.' 9101-00879 Fl. 6 Após a edição desse dispositivo legal, inúmeros debates instalaram-se no âmbito desse Conselho de Contribuintes, sobretudo acerca da aplicação cumulativa das sanções neles previstas. Na verdade, a leitura isolada dos enunciados do artigo 44 da Lei no 9.430 tem levado a] guns dos meus pares a sustentar a aplicação da multa isolada em todos os casos em que não houver recolhimento da estimativa. Sustentam que a sanção foi concebida justamente para assegurar efetividade ao regime da estimativa e preservar o interesse público. Ressalto, inicialmente, que a divergência não se situa na necessidade de dar efetividade ao regime de estimativa, porquanto o interprete deve atribuir à lei o sentido que lhe permita a realização de suas finalidades. Mas, a pretexto de concretizá-lo, não se pode menosprezar o sentido mínimo do texto legal. Por força da segurança jurídica, a interpretação de normas que imponham penalidades deve ser atenta ao que dispõe os textos normativos e esses oferecem limites h. construção de sentidos. Na verdade, Kelsen já dizia que toda norma legal deriva de uma vontade pré- jurídica (um querer), mas a dificuldade do interprete repousa na identificação de o que se reputará como sendo essa vontade. No dizer de Marçal Justen Filho, não ha qualquer caráter predeterminado apto a qualificar o interesse como público. Sustenta que "o processo de democratização conduz h necessidade de verificar, em cada oportunidade, como se configura o interesse público, Sempre e em todos os casos, tal se di por meio da intangibilidade dos valores relacionados aos direitos fundamentais". 1 Nessa trilha de raciocínio, iniciaremos pelo exame das formulações literais, isolando os enunciados prescritivos e sua estrutura lógica, para depois alcançar as significações normativas e, como produto final, a regra jurídica. Norma não são textos nem o conjunto deles, mas os sentidos construidos a partir da interpretação sistemática dos textos 2. Nesse sentido, o artigo 44 da Lei n° 9.430196 prescreve, de forma sintética, o seguinte: HIPÓTESE Dado que houve falta de pagamento ou recolhimento, recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória Dado que pessoa jurídica esta sujeita ao pagamento do IR de forma estimada, ainda que tenha apurado base de cálculo negativa no ano correspondente. CONSEQUÊNCIA Pagar multa de 75% ou 150%3 calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição (art. 44, caput, inciso I e II) ; Pagar multa isolada de 75% calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição (caput, art. 44, § 1 0 , IV); Dado que a pessoa jurídica prova, por meio Dispensar recolhimento por estimativa (art. 44. de balanço ou balancetes mensais, que o MARÇAL, Justen Filho. Curso de Direito Administrativo. Sao Paulo: Saraiva, 2005, p.43/44. 22 Ricardo Guastini citado por Humberto Avila em Teoria dos Princípios, São Paulo: Malheiros, 2005, p.22. 3 A hipótese de majoração da multa de oficio para 150% está prevista no inciso II do art_ 44 da Lei n° 9.430/96 caso identificado verdadeiro intuito de fraude. 11 valor acumulado excede o valor do imposto §1°, IV c/c art. 35, §2°, da Lei 8981/95). calculado com base no lucro real do período. Essas proposições extraídas do texto legal devem guardar coerência interna, por isso a construção lógica da regra jurídica não pode levar ao cumprimento de um enunciado prescritivo e ao necessário descumprimento de outro do mesmo dispositivo legal. 0 interprete deve buscar o sentido do conjunto que afaste contradições, afinal, dentre a moldura de significações possíveis de um texto de direito positivo a escolha do intérprete de ser feita em consonância com todo ordenamento jurídico. Nesse sentido, vale lembrar que o rigor é maior em se tratando de normas sancionatórias, não se devendo estender a punição além das hipóteses figuradas no texto. Alan da obediência genérica ao principio da legalidade, devem também atender a exigência' de objetividade, identificando com clareza e precisão, os elementos definidores da conduta delituosa. Para que seja tida como infração, a ocorrência da vida real, descrita no suposto da norma individual e concreta expedida pelo órgão competente, tem de satisfazer a todos os critérios identificadores tipificados na hipótese da norma geral e abstrata. A insegurança, sobretudo no campo de aplicação de penalidades, é absolutamente incompatível com a essência dos princípios que estruturam os sistemas jurídicos no contexto dos regimes democráticos. Reportando-me a doutrina de Paulo de Barros Carvalho, a base de cálculo da rega sancionatória, a semelhança da regra de incidência tributária, apresenta três funções: (i) compor a especifica determinação da multa; (ii) medir a dimensão econômica do ato delituoso, e (iii) confirmar, infirmar ou afirmar o critério material da infração. A primeira função permite apurar o montante da sanção. Na segunda, o valor adotado como base de cálculo busca aferir o quanto o sujeito ativo foi prejudicado (função reparadora) e para garantir eficácia à norma (função desestimuladora da conduta ilícita). Por fim, a última função da base de cálculo atende a exigência de proporcionalidade entre o delito e a sanção. Se a conduta visa coibir falta de pagamento de tributo, a base de cálculo apropriada é o montante não pago. Se, por outro lado, a conduta ilícita refere-se ao descumprimento de um dever instrumental não relacionado a falta de recolhimento de tributo, não seria razoável adotar essa grandeza como base de cálculo. Nessa mesma linha, a adoção de bases de cálculo e percentuais idênticos em duas regras sancionadoras faz pressupor a identidade ou, pelo menos, a proximidade da materialidade dessas condutas ilícitas. Ou seja, sanções que têm a mesma base de cálculo devem, em principio, corresponder a idêntica conduta ilícita. Essas conclusões aplicadas à legislação tributária evidenciam o desarranjo na adequação das regras sancionadoras atualmente vigentes no imposto sobre a renda, em que ofensas a bens jurídicos de distintos graus de importância para o Direito são atribuidas penas equivalentes, sem que se atente ao principio da proporcionalidade punitiva. A punição prevista no artigo 44 da Lei n° 0.430/96 pelo não-recolhimento do tributo (75% do imposto devido) é equivalente a punição prevista no mesmo artigo pelo descumprimento do dever de antecipar o mesmo tributo (75% do valor da estimativa). Em certos casos, a penalidade isolada chega a ser superior a multa de oficio aplicada pelo não recolhimento do tributo no fim do ano. Quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinada conduta, é importante identificar o bein jurídico tutelado pelo Direito. Nesse sentido, para a solução do conflito normativo, deve-se investigar se uma das sanções previstas para punir determinada conduta pode absorver a outra, desde que o fato tipificado constitui 12 Processo n° 10325.000806/2005-10 CSRF-TI Acórdão n.° 9101-00879 FL 7 passagem obrigatória de lesão, menor, de um bem de mesma naturezo para a prática da infração maior. No caso sob exame, o não recolhimento da estimativa mensal pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano„ A primeira conduta 6, portanto, meio de execução da segunda. Com efeito, o bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano-calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Assim, a interpretação do conflito de normas deve prestigiar a relevância do bem jurídico e não exclusivamente a grandeza da pena cominada, pois o ilícito de passagem não deve ser penali7ado de forma mais gravosa que o ilícito principal. E o que os pen alistas denominam "principio da consunção". Segundo as lições de Miguel Reale Junior: "pelo criterio da consunção, se ao desenrolar da ação se vem a violar uma pluralidade de normas passando-se de uma violação menos grave para outra mais grave, que e o que sucede no crime progressivo, prevalece "A norma relativa ao crime em estágio mais grave..." E prossegue "no crime progressivo, portanto, o crime mais grave engloba o menos grave, que não é senão um memento a ser ultrapassado, uma passagem obrigatória para se alcançar uma realização mais grave". 4 Fixadas essas premissas, passo ao exame dos enunciad s acima transcritos. Primeiro, o exame do texto evidencia que o artigo 44 da Lei irf 9.430/96 determina que a multa . seja calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo. Por inferência lógica, tem que se entender que os incisos I e II também se referem A falta de pagamento de tributo. Importante firmar que o valor pago a titulo de estimativa não tem a natureza de tributo, eis que, juridicamente, o fato gerador do tributo só sera tido por ocorrido ao final do período anual (31/12). 0 valor do lucro — base de cálculo do tributo - só sea, apurado por ocasião do balanço no encerramento do exercício, momento em que são compensados os valores pagos antecipadamente em cada mês sob bases estimadas e realizadas outras deduções desautorizadas no cálculo estimado. Tributo, na acepção que lhe é dada no direito positivo (art. 3' do Código Tributário Nacional) pressupõe a existência de obrigação jurídica tributária que não se confunde com valor calculado de forma estimada e provisória sobre ingressos da pessoa jurídica. Marco Aurelio Greco, na mesma direção, sustenta que "mensalmente, o que se dá é apenas o pagamento por imposto determinado sobre base de cálculo estimada (art. 2°, mpg), mas a materialidade tributada é o lucro real apurado em 31 de dezembro de cada ano (art. 3° do art. 2°). Portanto, imposto e contribuição verdadeiramente devidos, são apenas aqueles apurados ao final do ano. 0 recolhimento mensal não resulta de outro fato gerador distinto do relativo ao período de apuração Instituições de Direito Penal, Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 2002, págs. 276 0277 anual; ao contra' rio, corresponde a mera antecipação provisório de um recolhimento, em contemplação de um fato gerador e uma base de cálculo positiva que se estima venha ou possa vir a ocorrer no final do período. Tanto é provisória e em contemplação de evento futuro que se reputa em formação — e que dele não pôde se distanciar — que, mesmo durante o período de apuração, o contribuinte pode suspender o recolhimento se o valor acumulado pago exceder o valor calculado com base no lucro real do período em curso (art. 35 da Lei n° 8.891/95). "5 Tanto é assim, que o art. 15 da Instrução Normativa SRF n° 93/97, ao interpretar o art. 2° da Lei n° 9.430/96, que trata do regime da estimativa, prescreve a impossibilidade de as autoridades fiscais exigir de oficio a estimativa não paga no vencimento, a saber: "Art.15. 0 lançamento de oficio, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estiniativa, restringir-se- á à multa de oficio sobre os valores não recolhidos." A lógica do pagamento de estimativas 6, portanto, de antecipar, para os meses do ano-calendário respectivo, o recolhimento do tributo que, de outra forma, seria só devido ao final do exercício (em 31.12). Sob o sistema de estimativa mensal, permite-se a redução dos pagamentos mensais caso o resultado tributável seja reduzido ou aumentado ao longo do ano- calendário, desde que evidenciado por balancetes de suspensão (art. 29 da Lei no 8.981/94). Assim, via de regra, o tributo — sob a forma estimada - não será devido antecipadamente em caso de inexistência de lucro tributável. Tal inferência se alinha coerentemente com o princípio de bases correntes, pois se a empresa nada deve ao longo do ano, nada deverá ao seu final. Se houvesse algum recolhimento prévio que não tem correspondência com o tributo devido ao final do período, tal fato implicaria apenas em restituição ou compensação tributária. Por outro lado, no encerramento do exercício, caso constatada a insuficiência de pagamento do tributo apurado pelo lucro real as empresas terão de complementar a estimativa que fora recolhida ao longo do mesmo período. Assim, o tributo correspondente e a estimativa a ser paga no curso do ano devem guardar estreita correlação, de modo que a provisão para o pagamento do tributo há de coincidir com valor pago de estimativa ao final do exercício. Eventuais diferenças, a maior ou a menor, na confrontação de valores geram pagamento ou devolução de tributo, respectivamente. Assim, por força da própria base de cálculo eleita pelo legislador — totalidade ou diferença de tributo — só há falar em multa isolada quando evidenciada a existência de tributo devido. Defendem alguns que a conclusão acima contradiz o § 1 0, inciso IV, do mesmo dispositivo legal, que estabelece a aplicação de multa isolada na hipótese de a pessoa jurídica estar sujeita ao pagamento de tributo ou contribuição e deixar de faze-lo, ainda que tenha prejuízo ou apurado base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no ano-calendário correspondente. Ou seja, por esse enunciado, permaneceria obrigatório o recolhimento por estimativa mesmo se houvesse prejuízo ou base de calculo negativa. Essa contradição é apenas aparente. 5 Marco Aurelio Geco. Multa Agravada em Duplicidade. sac) Paulo: Revista Dialética de Direito Tributário n° 76, p. 159 14 Processo n° 10325.000806/2005-10 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-00879 FL 8 O parágrafo 2° do art. 39 da Lei n.° 8.383/91 autoriza a interrupção ou diminuição dos pagamentos por antecipação quando o contribuinte demonstra, mediante balanços ou balancetes mensais, que o valor já pagoda estimativa acumulada excede o valor do tributo calculado com base no lucro ajustado do período em curso. Os balanços ou balancetes mensais são, então, os meios de prova exigidos pelo Direito, para que se demonstre a inexistência de tributo devido. Na verdade, para emprestar praticidade ao regime de estimativa, inverteu-se o Onus da prova, atribuindo ao contribuinte o dever de demonstrar que não apurou lucro no curso do ano e que não está sujeito ao recolhimento antecipado. Via de regra, o Onus de provar que o contribuinte está sujeito ao regime de estimativa, para fins de aplicação da multa, caberia ao agente fiscal. Assim, caso a pessoa jurídica não promova o correspondente recolhimento da estimativa nos meses próprios do respectivo ano-calendário e não apresente os balancetes de suspensão no curso do período - ainda que tenha experimentado prejuízo ou base de cálculo negativa - ficará sujeita A. multa isolada de que trata o art. 44 da Lei n° 9.430/96. A lei estabelece uma presunção de que o valor calculado de forma presumida (estimada) coincide com o tributo que será devido ao final do período, partindo da constatação de que a estimativa não foi recolhida e de omissão do sujeito passivo em apresentar os balanços ou balancetes. Esse não é caso, contudo, da empresa que, após o termino do ano-calendário correspondente, apresenta o balanço final do período ao invés de balancetes ou balanços de suspensão. Nesse caso, a exigência da norma sancionadora para que se comprove a inexistência de tributo é atendida. Vale dizer, após o encerramento do período, o balanço final (de dezembro) é que balizará a pertinência do exigido sob a forma de estimativa, pois esse acumula todos os meses do próprio ano-calendário. Nesse momento, ocorre juridicamente o fato gerador do tributo e pode-se conhecer o valor devido pelo contribuinte. Se não há tributo devido, tampouco há base de cálculo para se apurar o valor da penalidade. Não há porque se obrigar o contribuinte a antecipar o que não é devido e forçá-lo a pedir restituição posteriormente. Dai concluir que o balanço final é prova suficiente para afastar a multa isolada por falta de recolhimento da estimativa. Resta examinar, então, qual seria a hipótese em que, na presença de prejuízo fiscal, se deveria aplicar a multa isolada. Nesse caso, a interpretação sistemática dos dois enunciados prescritivos dispostos no mesmo artigo aqui comentados (caput e § 1 0, inciso IV, do art. 44) conduz ao entendimento de que o procedimento fiscal e a aplicação da penalidade devem obrigatoriamente ocorrer no curso do ano-calendário, pois a conduta objetivada pela norma (dever de antecipar o tributo) é descumprida e, nesse momento, o efetivo resultado do exercício não está evidenciado mediante balancetes. Assim, em virtude da inobservância da pessoa jurídica dos dispositivos legais reitores, o agente fiscal não tem como aferir a situação fiscal corrente do contribuinte. 0 legislador concede a fiscalização, durante o transcorrer do período -base, o poder de presumir que o valor apurado de forma estimada a partir da receita da empresa coincide com o tributo devido, desde que demonstrada A omissão do dever probatório atribuído pela lei ao contribuinte. Essa presunção legal da existência de tributo não poderia ser desfeita após a aplicação da multa de lançamento de oficio pela posterior apresentação de balanço na fase de defesa administrativa, pois tornaria o arbitramento do tributo sob base estimada condicional. 15 Chegamos, portanto, a poucas, mas importantes conclusões: I. as penalidades, além da obediência genérica ao princípio da legalidade, devem também atender a exigência de objetividade, identificando C0171 - clareza e-precisão, os elementos definidores da conduta delituosa. 2. a adoção de bases de cálculo e percentuais idênticos em duas normas sancionadoras faz pressupor a identidade do critério material dessas normas; 3. tributo, na acepção que lhe é dada no direito positivo (art. 3' do Código Tributário Nacional) pressupõe a existência de obriga cão jurídica tributária que não se confunde com valor calculado de forma estimada e provisória sobre ingressos; 4. a base de cálculo predita no artigo 44 da Lei n°9.430/96 refere-se a multa pela falta de pagamento de tributo; 5. o tributo devido ao final do exercício e a estimativa a ser paga no curso do ano devem guardar estreita correlação, de modo que a provisão para o pagamento do tributo há de coincidir coin valor pago de estimativa ao final do exercício; 6. não será devida estimativa caso inexista tributo devido no encerramento do exercício; 7. os balanços ou balancetes mensais são os meios de prova exigidos pelo Direito, para que o contribuinte demonstre a inexistência de tributo devido e a dispensa do recolhimento da estimativa. 8. após o final do exercício, o balanço de encerramento e o tributo apurado devem ser considerados para fins de cálculo da multa isolada; 9. antes do final do exercício, o fisco pode considerar para fins de aplicação de multa isolada o valor estimado calculado a partir da receita da empresa, desde que a inexistência de tributo não esteja comprovada por balanços ou balancetes mensais. 10. não se pode aplicar a multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas e exigir a multa de oficio pela falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício No caso presente, em relação aos anos de 2001 e 2002, o relatório indica que a empresa foi autuada para exigir principal e multa de oficio em relação à Contribuição não recolhida ao final do exercício e, concomitantemente, foi aplicada multa isolada sobre a mesma base estimada não recolhida no curso do exercício. Como exposto, essa dupla aplicação, por força do principio da consunção, não pode subsistir. Se aplicada multa de oficio pela falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e constatado que também esse mesmo valor deixou de ser antecipado ao longo do ano sob a forma de estimativa, não sera exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de oficio.Cobra-se apenas a multa de oficio por falta de recolhimento de tributo. 16 Processo n° 10325.000806/2005-JO CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-00879 Fl. 9 Essa mesma conduta ocorre, por exemplo, quando o contribuinte atrasa o pagamento do tributo não declarado e é posteriormente fiscalizado. Embora haja previsão de multa de mora pelo atraso de pagamento (20%), essa penalidade é absorvida pela aplicação da multa de oficio de 75%. E pacifico na própria Administração Tributária, que não é possível exigir concomitantemente as duas penalidades — de mora e de oficio — na mesma autuação por falta de recolhimento do tributo. Na dessimetria da pena mais gravosa, já está considerado o fato de o contribuinte estar em mora no pagamento. Nesse sentido, cabe ressaltar que a Medida Provisória 351, de 22 de janeiro de 2007, convertida na Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007, veio a disciplinar posteriormente a aplicação de multas nos casos de lançamento de oficio pela Administração Pública Federal. Esse dispositivo legal veio a reconhecer a correção da jurisprudência desta Câmara, estabelecendo a penalidade isolada não deve mais incidir sobre "sobre a totalidade ou diferença de tributo", mas apenas sobre "valor do pagamento mensal" a titulo de recolhimento de estimativa. Além disso, para compatibilizar as penalidades ao efetivo dano que a conduta ilícita proporciona, ajustou o percentual da multa por falta de recolhimento de estimativas para 50%, passível de redução a 25% no caso de o contribuinte, notificado, efetuar o pagamento do debito no prazo legal de impugnação (Lei no 8.218/91, art. 6'). Assim, a penalidade isolada aplicada em procedimento de oficio em função da não antecipação no curso do exercício se aproxima da multa de mora cobrada nos casos de atraso de pagamento de tributo (20%). Providencia que se fazia necessária para tornar a punição proporcional ao dano causado pelo descumprimento do dever de antecipar o tributo." Portanto, em consonância com a jurisprudência dessa E. Turma, entendo que merece qualquer reforma o r. acórdão recorrido, razão porque, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. E como voto. 17
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Numero do processo: 37317.000600/2007-07
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
Inexistindo a comprovação de ocorrência de dolo, fraude ou simulação por parte do contribuinte, o termo inicial será: (a) o Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) o Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º).
No caso dos autos, verifica-se que o lançamento refere-se a exclusivamente a contribuições incidentes sobre o salário utilidade representado pelo fornecimento de veículos blindados e veículos convencionais para funcionários da alta administração.
Para fins de averiguação da antecipação de pagamento, as contribuições previdenciárias a cargo da empresa incidentes
sobre a remuneração dos segurados empregados do Regime Geral da Previdência Social RGPS devem ser apreciadas como um todo. Segregando-se, entretanto, a contribuição a cargo do próprio segurado e as contribuições para terceiros.
Os documentos constantes nos autos, especificamente no Relatório Fiscal (fls. 106/113), possibilitam concluir que houve antecipação de pagamento de contribuições previdenciárias por parte do sujeito passivo no período em discussão.
Assim, na data em que o sujeito passivo foi cientificado do lançamento, em 05/07/2006, as contribuições com fatos geradores ocorridos até a competência 06/2001 encontravam-se fulminados pela decadência.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.923
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Nome do relator: ELIAS SAMPAIO FREIRE
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. Inexistindo a comprovação de ocorrência de dolo, fraude ou simulação por parte do contribuinte, o termo inicial será: (a) o Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) o Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). No caso dos autos, verificase que o lançamento referese a exclusivamente a contribuições incidentes sobre o salário utilidade representado pelo fornecimento de veículos blindados e veículos convencionais para funcionários da alta administração. Para fins de averiguação da antecipação de pagamento, as contribuições previdenciárias a cargo da empresa incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados do Regime Geral da Previdência Social RGPS devem ser apreciadas como um todo. 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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire – Relator EDITADO EM: 24/01/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti (Conselheira Convocada), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (Conselheiro Convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão nº 206 01.591, proferido pela antiga 6ª Câmara do 2º CC em 06/11/2008 (fls. 589/611), interpôs, dentro do prazo regimental, recurso especial de contrariedade à Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 615/630). A decisão recorrida, por unanimidade de votos, acolheu a preliminar de decadência; por maioria de votos, declarou a decadência das contribuições apuradas até a competência 06/2001; por voto de qualidade, rejeitou a preliminar de nulidade argüida de ofício pelo Conselheiro Rogério de Lellis Pinto; por unanimidade de votos, rejeitou a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, negou provimento ao recurso. Segue abaixo sua ementa: “PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO SALÁRIO INDIRETO FORNECIMENTO DE VEÍCULO PELO TRABALHO DESCUMPRIMENTO DA LEI PERÍODO ATINGINDO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL SÚMULA VINCULANTE STF O automóvel fornecido pelo empregador, só não será considerado salário de contribuição, quando fornecido nos exatos termos do art. 28, "r" da lei, ou seja: "r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; Entendo que a verba Fl. 836DF CARF MF Impresso em 07/02/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/01/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 37317.000600/200707 Acórdão n.º 920201.923 CSRFT2 Fl. 773 3 previdência complementar possui natureza salarial, ainda mais pelo fato de não ter havido extensão do beneficio a todos os empregados da empresa. No presente caso, a análise mais relevante é a questão da extensão do beneficio aos segurados da recorrente; exigência legal que não foi cumprida no pagamento da verba." O ganho foi direcionado ao segurado empregado da recorrente, quando a empresa forneceu os automóveis aos empregados que ocupavam determinadas funções. Estando, portanto, no campo de incidência do conceito de remuneração e não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, no período objeto do presente lançamento, conforme já analisado, deve persistir o lançamento. Tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE's nos 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante n° 08, disciplinando a matéria. Termo inicial: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4°). No caso, tratase de tributo sujeito a lançamento por homologação e como não houve a demonstração por parte da fiscalização que não houve a antecipação de pagamento, para a aplicação da regra contida no artigo 173, há que se manter a regra geral e aplicarse ao caso a regra do art. 150, § 4 0, do CTN, ou seja, contase o prazo decadencial a partir do fato gerador. Recurso Voluntário Provido em Parte.” A recorrente afirma que a conclusão estampada no aresto em foco, quanto à decadência, está a merecer reforma. Isso porque, ao declarar a decadência do direito ao lançamento da totalidade do período que menciona, o acórdão recorrido o fez com apoio na aplicação do disposto no art. 150, § 4.°, do CTN, violando o disposto no artigo 173, I, do mesmo diploma legal, o qual deve ser aplicado nos casos em que, embora o tributo esteja sujeito à sistemática do lançamento por homologação, não haja qualquer antecipação de pagamento por parte do contribuinte. Ademais, entende que a aludida decisão também afronta as provas constantes dos autos, já que, em todo o conjunto probatório objeto do presente procedimento, não consta qualquer documento que comprove antecipação de pagamento parcial do tributo objeto do lançamento em questão. Observa que a ausência de pagamento antecipado do tributo devido é matéria cuja discussão encontrase preclusa, por não ter sido objeto de impugnação do contribuinte, nos termos do artigo 17 do Decreto n° 70.235/72. Argumenta que a presunção deve ser no sentido da inexistência de pagamento parcial, e não de sua existência, já que esta sim deveria ter sido devidamente comprovada pela contribuinte, ainda mais quando os discriminativos que acompanham a NFLD não trazem qualquer indicação de crédito. Cita jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que, ao interpretar a combinação entre os dispositivos do art. 150, §4° e 173, I, do CTN, entende que, não se Fl. 837DF CARF MF Impresso em 07/02/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/01/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 verificando recolhimento de exação e montante a homologar, o prazo decadencial para o lançamento dos tributos sujeitos a lançamento por homologação segue a disciplina normativa do art. 173 do CTN. Ao final, requer o provimento do recurso. Nos termos do Despacho n.º 2400241/2009 (fls. 631/633), foi dado seguimento ao pedido em análise. O contribuinte apresentou, tempestivamente, contrarazões às fls. 640/660. Inicialmente afirma que, no presente caso concreto, não houve a pretensa afronta à Lei ou à prova produzida nos autos, o que importará, inevitavelmente, no não conhecimento do Recurso Especial interposto. Pondera que a própria acusação fiscal, que baliza toda a discussão aqui travada, é clara e inequívoca ao afirmar justamente o contrário do que é aduzido no Recurso Especial interposto. Observa que, nos termos da NFLD em questão, peça esta que delimita a controvérsia dos autos, contrariamente ao alegado no Recurso Especial, efetivamente houve a antecipação do pagamento da contribuição previdenciária, sendo que a presente discussão cingese à específica rubrica de fornecimento de veículos aos empregados da diretoria da empresa, rubrica esta que, no entender da D. Fiscalização, deveria compor a base de cálculo da contribuição previdenciária. Afirma que não houve afronta à prova dos autos, uma vez que o acórdão proferido está completamente em harmonia com as premissas fixadas na NFLD, no sentido de que tendo havido pagamento antecipado da contribuição, é aplicável a regra do art. 150, §4°, do CTNe não a do artigo 173, I, CTN. Assim, conclui que o recurso especial interposto não merece ser conhecido. No mérito, afirma que parte da presente autuação representa um ato administrativo natimorto, pois a Fiscalização exigiu da recorrida crédito tributário já extinto pela decadência. Pondera que, ainda que se admitisse a ausência de pagamento da contribuição, o que definitivamente não é o caso dos autos, isso não seria o suficiente para afastar a essência do lançamento desta contribuição e a contagem do prazo decadencial nos termos do art. 150, §4º do CTN, porque o objeto da homologação não é o pagamento, mas sim a atividade material desenvolvida pelo contribuinte para aferir o “quantum” devido em face da situação concreta e da ocorrência da hipótese de incidência tributária. Entende que não é coerente a homologação referirse apenas ao pagamento do eventual valor devido pelo contribuinte, e que admitir essa interpretação adotada pela Fazenda Nacional seria, inclusive, equiparar a ausência de pagamento com as hipóteses de dolo, fraude e simulação. Ressalta que não há nos autos a pretensa ausência de pagamento do tributo, uma vez que a própria NFLD em questão, peça inicial que baliza o objeto dos autos, contrariamente ao alegado no Recurso Especial, atesta a ocorrência da antecipação do pagamento da contribuição previdenciária, sendo que a presente discussão é restrita à Fl. 838DF CARF MF Impresso em 07/02/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/01/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 37317.000600/200707 Acórdão n.º 920201.923 CSRFT2 Fl. 774 5 específica rubrica de fornecimento de veículos, a qual, no entender da D. Fiscalização, deveria compor a base de cálculo da contribuição previdenciária. Considera que o artigo 173, inciso I do Código Tributário Nacional rege exclusivamente as hipóteses de tributos sujeitos a lançamento de oficio ou com base em declaração, pelo que a contribuição previdenciária, tributo sujeito ao lançamento por homologação, submetese ao prazo decadencial estabelecido no art. 150, parágrafo 4° do Código Tributário Nacional, com exceção apenas aos casos de comprovada ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Frisa que em nenhum instante a recorrida agiu com intuitos dolosos, fraudulentos ou faltou com a verdade. Sustenta que o provimento do recurso especial interposto pela PGFN está inexoravelmente jungido à revisão de fatos e provas constantes dos autos, o que é inadmissível nesta instância recursal. Ao final, requer seja negado provimento ao recurso especial. Eis o breve relatório. Voto Conselheiro Elias Sampaio Freire, Relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. No que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação temos o Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do Fl. 839DF CARF MF Impresso em 07/02/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/01/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no em 22.12.2010), passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser Fl. 840DF CARF MF Impresso em 07/02/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/01/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 37317.000600/200707 Acórdão n.º 920201.923 CSRFT2 Fl. 775 7 reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II). Em suma, inexistindo a comprovação de ocorrência de dolo, fraude ou simulação por parte do contribuinte, o termo inicial será: (a) o Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) o Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4º). No caso dos autos, verificase que o lançamento referese a exclusivamente a contribuições incidentes sobre o salário utilidade representado pelo fornecimento de veículos blindados e veículos convencionais para funcionários da alta administração. Para fins de averiguação da antecipação de pagamento, as contribuições previdenciárias a cargo da empresa incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados do Regime Geral da Previdência Social RGPS devem ser apreciadas como um todo. Segregandose, entretanto, a contribuição a cargo do próprio segurado e as contribuições para terceiros. Os documentos constantes nos autos, especificamente no Relatório Fiscal (fls. 106/113), possibilitam concluir que houve antecipação de pagamento de contribuições previdenciárias por parte do sujeito passivo no período em discussão. Confira excertos do Relatório Fiscal: “3.2 — O valor do crédito previdenciário é de R$ 3.686.169,94 (três milhões seiscentos e oitenta e seis mil cento e sessenta e nove reais e noventa e quatro centavos), consolidado em 05/07/2006, abrangendo o período de 04/1996 a 04/2005, e tem por base o_ salário _utilidade representado pelo fornecimento de veículos blindados e veículos convencionais para funcionários da alta administração, rubrica sobre a qual o sujeito passivo não considerou para fins de incidência de contribuições previdenciárias. (...) (...) 4.1 — A empresa notificada apresentou para o período de 01/1999 a 04/2005 as GFIP — Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com informações inexatas, pois deixou de declarar, em época própria, os valores referentes ao salário utilidade pago sob a forma de fornecimento de veículos, ou seja, apresentou GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Foi lavrado o Auto de Infração pertinente ao fato.” Assim, na data em que o sujeito passivo foi cientificado do lançamento, em 05/07/2006, as contribuições com fatos geradores ocorridos até a competência 06/2001 encontravamse fulminados pela decadência. Fl. 841DF CARF MF Impresso em 07/02/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/01/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 8 Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire Fl. 842DF CARF MF Impresso em 07/02/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/01/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/01/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 03/02/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 10805.003034/2008-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2006
DESPESAS MÉDICAS. RECIBOS.
Recibos emitidos por profissionais da área de saúde são documentos hábeis para comprovar dedução de despesas médicas, salvo quando comprovada nos autos a existência de indícios veementes de que os serviços a que se referem os recibos não foram de fato executados e quando intimado o contribuinte deixa de carrear aos autos a prova do pagamento e da efetividade dos serviços.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2102-001.491
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso.
Nome do relator: NUBIA MATOS MOURA
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RECIBOS. Recibos emitidos por profissionais da área de saúde são documentos hábeis para comprovar dedução de despesas médicas, salvo quando comprovada nos autos a existência de indícios veementes de que os serviços a que se referem os recibos não foram de fato executados e quando intimado o contribuinte deixa de carrear aos autos a prova do pagamento e da efetividade dos serviços. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos – Presidente Assinado digitalmente Núbia Matos Moura – Relatora EDITADO EM: 08/09/2011 Fl. 74DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10805.003034/200818 Acórdão n.º 210201.491 S2C1T2 Fl. 66 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. Relatório Contra MORGANA ARAUJO BOTELHO foi lavrada Notificação de Lançamento, fls. 09/10, para formalização de exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativa ao anocalendário 2005, exercício 2006, no valor total de R$ 1.769,80, incluindo multa de ofício e juros de mora, estes últimos calculados até 29/08/2008. A infração apurada pela autoridade fiscal foi dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 7.832,00, cuja descrição dos fatos abaixo se transcreve: Os comprovantes apresentados pelo contribuinte da SANTE CLINICA MEDICA S/C LTDA referemse a procedimentos estéticos, não previsto pela legislação para tal dedução. Portanto esses valores foram glosados em sua DIRPF/2006. Inconformada com a exigência, a contribuinte apresentou impugnação, fls. 01/05, e a autoridade julgadora de primeira instância julgou procedente o lançamento, conforme Acórdão DRJ/SPOII nº 1736.181, de 12/11/2009, fls. 32/35. Cientificada da decisão de primeira instância, por via postal, em 03/12/2009, Aviso de Recebimento (AR), fls. 38, a contribuinte apresentou, em 18/12/2009, recurso voluntário, fls. 39/43, no qual traz as alegações a seguir resumidas: O lançamento fundamentou a glosa das despesas médicas sob a alegação de tratarse de procedimentos estéticos, os quais não seriam dedutíveis. Entretanto, a decisão recorrida manteve o lançamento argüindo que não restou comprovado o efetivo pagamento ou a efetiva prestação de serviços. Houve, portanto, desrespeitado ao principio da ampla defesa, uma vez que em momento algum foi solicitado à recorrente que apresentasse documentos suplementares ao recibo da Santé, quer seja a efetiva comprovação dos pagamentos ou a comprovação da prestação dos serviços. A decisão recorrida serviu à função de autuar e não de julgar. Se esta comprovação suplementar fosse solicitada, seria prontamente atendida e só não é apresentada perante este Conselho por não haver tempo hábil para tal. A recorrente solicitou ao Banco do qual era correntista na ocasião (Banco Nossa Caixa) todos os extratos do anobase objeto do presente processo, entretanto devido ao tempo já decorrido e a aquisição do banco pelo Banco Brasil, o tempo necessário para entrega dos extratos não foi suficiente para apresentálos neste momento. Os pagamentos de despesas médicas devem ser comprovados com o nome, endereço e número de inscrição no CPF/MF ou no CNPJ/MF de quem Fl. 75DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10805.003034/200818 Acórdão n.º 210201.491 S2C1T2 Fl. 67 3 os recebeu, podendo, na falta de documentação (ou seja, de recibo ou nota fiscal), ser feita a indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Ora, se o recibo atende aos primeiros requisitos, como é o caso do recibo da Santé, não há o que se falar em comprovação de pagamento. A comprovação do pagamento é uma alternativa à ausência dos demais. É o Relatório. Voto Conselheira Núbia Matos Moura O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. No recurso, a contribuinte afirma que a decisão recorrida incorreu em cerceamento do direito de defesa, visto que para a manutenção do lançamento alterou a fundamentação legal da infração de dedução indevida de despesas médicas. A Notificação de Lançamento imputou à contribuinte a infração de dedução indevida de despesas médicas sob a fundamentação de que as despesas eram provenientes de procedimentos estéticos, cuja dedução não estaria amparada pela legislação de regência. Já a decisão recorrida esclareceu que a lei não veda a dedução de despesas médicas com cirurgia plástica, no entanto, manteve o lançamento sob o argumento de que a contribuinte deveria ter comprovado o efetivo pagamento e a efetiva prestação dos serviços. Ora, durante o procedimento fiscal, a contribuinte foi intimada a apresentar tãosomente os comprovantes das despesas médicas, conforme Termo de Intimação Fiscal, fls. 23, e, em atendimento ao solicitado, apresentou os recibos, fls. 07, os quais foram glosados sob a alegação de que se tratavam de procedimentos estéticos. Veja que em nenhum momento a contribuinte foi intimada a fazer a comprovação da efetiva prestação do serviço e do efetivo pagamento. A glosa se deu tão somente em razão de tratarse de procedimentos estéticos. Logo, assiste razão à contribuinte quando afirma que a decisão recorrida alterou a fundamentação da infração, para manter o lançamento. Deste modo, considerando que se encontram afastadas as motivações que levaram a autoridade fiscal a glosar as despesas médicas, dada a inexistência de óbices na legislação tributária para a dedução de despesas médicas relativas a procedimentos estéticos, devese cancelar a infração de dedução indevida de despesas médicas. Ante o exposto, voto por DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura Relatora Fl. 76DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10805.003034/200818 Acórdão n.º 210201.491 S2C1T2 Fl. 68 4 Fl. 77DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/09/2011 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 08/09/2011 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
Numero do processo: 10805.000579/2002-79
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 08 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Exercício: 1999, 2000, 2001
PRAZOS. IMPOSSIBILIDADE DE INTERRUPÇÃO OU SUSPENSÃO.
Os prazos no processo administrativo fiscal são continuos, não havendo previsão legal para hipóteses de interrupção e suspensão destes.
PRAZOS. EXIGIDO EXPEDIENTE NORMAL PARA CONFIGURAÇÃO DO DIES A QUO E DO DIES AD QUEM.
O parágrafo único do art. 5° do Decreto 70.235/72 estabelece que é necessário que haja expediente normal no órgão no qual o ato sera praticado para que um prazo tenha inicio ou se encerre. Expediente normal deve ser entendido como horário de funcionamento, não se confundindo com o funcionamento nounal do órgão em termos de número de servidores que se apresentam para o trabalho, portanto perfeitamente possível a existência de
expediente normal em períodos nos quais haja greve de servidores.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.333
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar
provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Matéria: IRF- que ñ versem s/ exigência de cred. trib. (ex.:restit.)
Nome do relator: Manoel Coelho Arruda Junior
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 1999, 2000, 2001 PRAZOS. IMPOSSIBILIDADE DE INTERRUPÇÃO OU SUSPENSÃO. Os prazos no processo administrativo fiscal são continuos, não havendo previsão legal para hipóteses de interrupção e suspensão destes. PRAZOS. EXIGIDO EXPEDIENTE NORMAL PARA CONFIGURAÇÃO DO DIES A QUO E DO DIES AD QUEM. O parágrafo único do art. 5° do Decreto 70.235/72 estabelece que é necessário que haja expediente normal no órgão no qual o ato sera praticado para que um prazo tenha inicio ou se encerre. Expediente normal deve ser entendido como horário de funcionamento, não se confundindo com o funcionamento nounal do órgão em termos de número de servidores que se apresentam para o trabalho, portanto perfeitamente possível a existência de expediente normal em períodos nos quais haja greve de servidores. Recurso especial negado.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 1999, 2000, 2001 PRAZOS. IMPOSSIBILIDADE DE INTERRUPÇÃO OU SUSPENSÃO. Os prazos no processo administrativo fiscal são continuos, não havendo previsão legal para hipóteses de interrupção e suspensão destes. PRAZOS. EXIGIDO EXPEDIENTE NORMAL PARA CONFIGURAÇÃO DO DIES A QUO E DO DIES AD QUEM. O parágrafo único do art. 5° do Decreto 70.235/72 estabelece que é necessário que haja expediente normal no órgão no qual o ato sera praticado para que um prazo tenha inicio ou se encerre. Expediente normal deve ser entendido como horário de funcionamento, não se confundindo com o funcionamento nounal do órgão em termos de número de servidores que se apresentam para o trabalho, portanto perfeitamente possível a existência de expediente normal em períodos nos quais haja greve de servidores. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. 41s /7) r/L_udis Caio Marcos Candido — P I tWidente-Substituto ho u ior — R ator 0 iciparam, do presente julgamento, os Conselheiros Caio Marcos Candido (Presidente-Substituto), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Giovanni Christian Nunes Campos (suplente convocado), Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em 01.03.2002, o Contribuinte protocolizou pedido de restituiçdo de Imposto de Renda Retido na Fonte sobre remessas ao exterior a titulo de transferência de tecnologia (Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial), relativo aos anos-base de 1999 a 2001, recolhidos entre 29.01.1999 a 30.06.2001. Tal pedido, foi julgado, parcialmente procedente, pela DRF—BA, com fulcro nas seguintes argumentações: - que, preliminarmente, cabe esclarecer que o favor tributário aqui em discussão foi consentido com base na Lei no. 8.661, de 02 de junho de 1993, regulamentada pelo Decreto n°. 949, de 05 de outubro de 1993, que contemplava diversos incentivos fiscaispara a capacita cão tecnológica da indástria por meio de PDT' (Programa de desenvolvimento Tecnológico Industrial); - que dentre tais incentivos, a Lei conferia, em seu art. 40, inciso V, ao titular do Programa o crédito de 50% do Imposto retido na fonte (IRRF) sobre s valores pagos, remetidos ou creditados a beneficiários domiciliados no exterior, a titulo de "royalties", previstos em contratos de transferência de tecnologia averbados nos termos do Código de propriedade Industrial; - que os procedimentos para a restituição, por sua vez, foram regulamentados pela Portada do Ministro da Fazenda n°. 267, de 26 de novembro de 1996, tendo o contribuinte anexado ao processo, além da Portaria MCT n°. 207, de 19 de junho de 1997, atestando que a empresa está habilitada ao beneficio, todos os demais documentos previstos na Portaria MF acima citada, para a efetivação da restituição; - que, contudo, a Lei n°. 9.532, de 10 de dezembro de 1997, em seu art. 2°, inciso I, reduziu os incentivos fiscais concedidos pela Lei n°. 8.661, de 02 de junho de 1993; EDITADO EM. 2 Processo n° 10805.000579/2002-79 Acórdão n.° 9202-01.333 CSRF-T2 Fl. 2 - que a análise da documentação presente no presente processo, mostrou que o contribuinte atende aos requisitos de admissibilidade da restituição pleiteada, consoante determinações constantes da Portaria MF n°. 267, de 26 de novembro de 1996; - que, contudo, o valor passível de restituição é menor que aquele pleiteado pela interessada, uma vez que a mesma baseou seu pedido no valor correspondente a 505 do total no período compreendido entre 29/01/99 a 30/06/01; - que, conforme determinado pela supracitada Lei n°. 9.532, de 10 de dezembro de 1997, o percentual do crédito do IRRF no presente caso foi reduzido para 30%. Assim, sobre o valor total do imposto retido na fonte R$ 5.668.680,09, o contribuinte faz jus não a restituição do valor pleiteado, R$ 2.834.290,05, e sim de R$ 1 .700. 574,02 . Inconformado, o Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 164-170) que solicitou a revisão da decisão da DRF-BA, para declarar procedente o pedido de restituição. Em 11 de novembro de 2005, a DRF em Feira de Santana emitiu o comunicado de fls. 180 que declarou a intempestividade da apresentação, uma vez que o Contribuinte foi cientificado da decisão acima mencionada, em 10 de outubro de 2005 [fls.163] e teria apresentado impugnação no dia 11 de novembro 2005 [fls.164], alem do prazo previsto no art. 15 do Decreto n°70.235/72, qual seja, de 30 (trinta) dias. Em 28 de novembro de 2005, o Contribuinte apresentou razões aditivas (fls. 181/200), alegando, em síntese, o seguinte: - que, preliminarmente, em ambas as manifestações de inconformidade, sustentou que a sua intimação teria ocorrido no dia 11 de outubro p.p. Tal fato ocorreu devido a intimação ter ocorrido de forma irregular, conforme descoberto posteriormente pelo Recorrente; - que como é de conhecimento de toda a categoria dos Auditores Fiscais, no dia 09 de novembro de 2005, data final do prazo para apresentação das manifestações de inconformidade pela contagem do chefe da SAORT toda a categoria doa auditores fiscais encontravam-se em greve (aderida, inclusive, pelos servidores de Feira de Santana); - que se encontrando os servidores públicos em greve, é evidente que todos os prazos para apresenta cão de recursos estavam suspensos, aguardando o retomo normal das atividades da repartição; - que, de outra parte, assim que o recorrente recebeu a carta de cobrança acima mencionada, foi verificar o que havia acontecido internamente e descobriu que, na verdade, uma terceira pessoa, contratado de pessoa jurídica terceirizada responsável pela portada do recorrente, havia recebido a intimação dos despachos decisórios; - que, corn efeito, resta também evidente que a sua intimação foi feita irregularmente (e, portanto, passível de nulidade), pois deveria ter sido feita na pessoa do representante legal da empresa. Assim, em sendo nula a intimação, é claro que esta não pode produzir efeitos. Em 13 de abril de 2006 a Terceira Turma de Julgamento da DRJ em Salvador baixa o processo em diligencia para que o órgão de origem para que a repartição informe se nos dias 10/10/2005, 11/10/2005 e 09/11/2005 o expediente foi normal ou se teve algum evento decorrente do citado movimento grevista, que impedisse que a requerente tivesse vista do processo ou entregasse a manifestação de inconformidade. Em 20 de julho de 2006 a DRF de Feira de Santana - BA manifesta-se no sentido de informar que nos dias 10/10/2005, 11/10/2005 e 09/11/2005, durante o movimento grevista dos AFRF, não houve qualquer evento que impedisse que as empresas pudessem ter vista de processos ou entregassem manifestação de inconformidade, haja vista que o próprio chefe daquela Seção até então não havia aderido A. greve, tendo trabalhado normalmente. Após resumir os fatos constantes do pedido de restituição e as razões de inconformidade apresentadas pelo requerente, a Terceira Turma de Julgamento da DRJ em Salvador - BA, resolveu por considera intempestiva a manifestação de inconformidade, e não conhecer das razões de mérito nela apresentados, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: - que tratando preliminarmente da temp estividade na apresentação da manifestação de inconformidade, observa-se que a ciência do despacho decisório que denegou o despacho decisório ocorreu em 10 de outubro de 2005 (segunda-feira), conforme aviso de recebimento as fls. 163. Já a manifestação de inconformidade foi apresentada em 11 de novembro de 2005 (sexta-feira), conforme carimbo de recebimento, as fls. 164. Desta forma, verifica-se que a manifestação de inconformidade foi apresentada trinta e dois dias após a ciência do despacho decisório, portanto, fora do prazo previsto no art. 15 do Decreto n°. 70.235, de 1972; - que, por seu turno, na manifestação de inconformidade foi suscitada preliminar de tempestividade, instaurando a fase litigiosa do procedimento, nos termos do Ato Declaratório Normativo COSIT n°. 15, de 12 de julho de 1996; - que o recorrente alegou que, ern 09/11/2005, toda a categoria dos Auditores Fiscais Federais encontrava-se em greve, portanto, os prazos para apresentação de recursos estariam suspensos. Entretanto, tal alegação não justifica o atraso na entrega da manifestação de inconformidade, primeiro porepe o Ato Declaratório Normativo COSIT no. 19, de 26 de maio de 1997, prevê a remessa de impugnação via postal, e segundo porque o movimento grevista não impossibilitou a empresa de ter vista do processo ou entregar a manifestag5o de inconformidade, conforme o exposto no relatório de diligência fiscal, asfls. 216; - que, da mesma forma, não procede a alegação de que o ato não poderia produzir efeitos em razão da intimação do despacho decisório ter sido realizado indevidamente a uma terceira pessoa, contratada pela pessoa jurídica terceirizada responsável Processo n0 10805.000579/2002-79 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01333 Fl. 3 pela portaria do recorrente, pois a intimação foi encaminhada por via postal com prova de recebimento para o domicilio tributário eleito pelo contribuinte, conforme previsto do art. 23, inciso II, do PAF. Irresigriado, o ora recorrente, protocolizou recurso voluntário ao Primeiro Conselho de Contribuintes que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso [fls.242 —259]: PAF - NOTIFICAÇÃO POR VIA POSTAL - VALIDADE - valida a ciência da notificação por via postal realizada no domicilio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário (Súmula 1° CC n°. 9). IMPUGNAÇÃO - PRAZO - INTEMPESTIVIDADE - Não se verificando qualquer vicio na intimação acerca do despacho parcialmente denegatório de restituição, ratifica-se a perempção de Manifestação de Inconformidade apresentada após o prazo previsto no sç 9°, do art. 74, da Lei no. 9.430, de 1996. Recurso negado. Entendeu o colegiado, naquela oportunidade, ser válida a ciência da notificação via postal realizada no domicilio fiscal eleito pelo contribuinte mesmo que o recebedor da correspondência não seja o representante legal do destinatário (Súmula 1° CC n° 09). Superada a primeira alegação do contribuinte, a Quarta Camara entendeu, com os devidos esclarecimentos da DRF, que não houve qualquer evento que impedisse que as empresas pudessem ter vista de processos ou entregassem manifestações de inconformidade, haja vista que o próprio chefe da SAORT não havia aderido a grave — evento alegado pelo contribuinte para o atraso na protocolização da impugnação. Inconfoiniado com a decisão supracitada, o Contribuinte, com fulcro no então art. 70, II, da Câmara Superior, protocolizou recurso especial [fls.264-279] alegando que a solução adotada pela Câmara a quo diverge "diametralmente da interpretação da por outras Câmaras do E. Primeiro Conselho de Contribuintes". Colaciona aos autos a recorrente, como paradigma, para comprovar a interpretação divergente, o acórdão 102-49.036 proferido pela então Segunda Camara, em relação a própria recorrente, tendo a mesma base atica, uma vez que ambas as manifestações de inconformidade foram apresentadas no mesmo dia pela recorrente. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Exercício: 1999, 2000, 2001 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE - PRAZO - PRORROGAÇÃO - É de 30 (trinta) dias o prazo para apresentação de manifestação de inconformidade. Nos termos do parágrafo único do artigo 50 do Decreto • 70.235/72, "os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato." Se o órgão da Receita Federal já estava em greve quando a intimação ;-cccbida e assim permaneceu até a data protocolo da manifestação de inconformidade, o prazo para sua apresentação nem sequer se iniciou. Recurso provido. Segundo o contribuinte, "como se pode perceber, em caso análogo, a Segunda Câmara determinou o reconhecimento da tempestividade da manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal, tendo em vista a situação de greve que se encontravam toda a classe dos Auditores Fiscais Federais, nos termos do parágrafo único do art. 5°, do Decreto n° 70.235/72. "Art. 5 0 Os prazos serão continuos, excluindo-se na sua contagem o dia do inicio e incluindo-se o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato." Assim sendo e por entender que, "a simples existência de greve dos Auditores da Secretaria da Receita Federal é condição objetiva que resulta em anormalidade no expediente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, requer a recorrente seja o presente recurso especial admitido, devendo ser reformado in totum o v. acórdão, para que seja reconhecida a tempestividade da manifestação de inconformidade apresentada, determinando- se, por conseguinte, o retorno dos autos A. Delegacia da Receita Federal, para que julgue o mérito da defesa administrativa". Em análise de admissibilidade, o i. Presidente da Segunda Seção da Camara Superior proferiu Despacho n° 9202-00.167 [fls. 317-318], que deu seguimento ao Recurso Especial. Instada a se manifestar, a r. Procuradoria da Fazenda Nacional protocolizou Contra-Razões [fls.320-325] que pugna pela manutenção da decisão ora recorrida. o relatório. 6 Processo n° 10805.000579/2002-79 Acórdão n.° 9202-01.333 CSRF-T2 Fl. 4 Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, Relator 0 Recurso é tempestivo, tendo sido demonstrada a divergência entre decisões no âmbito deste Conselho, pressupostos de admissibilidade previstos no Regimento Interno, razão pela qual conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. A Recorrente colaciona aos autos a recorrente, como paradigma, para comprovar a interpretação divergente, o acórdão 102-49.036 proferido pela então Segunda Câmara, em relação a própria recorrente, tendo a mesma base fática, uma vez que ambas as manifestações de inconformidade foram apresentadas no mesmo dia pela recorrente: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Exercício: 1999, 2000, 2001 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE - PRAZO - PRORROGAÇÃO - t de 30 (trinta) dias o prazo para apresentação de manifestação de inconformidade. Nos termos do parágrafo único do artigo 50 do Decreto • 70.235/72, "os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato." Se o órgão da Receita Federal :pi estava em greve quando a intimação foi recebida e assim permaneceu até a data do protocolo da manifestação de inconformidade, o prazo para sua apresentação nem sequer se iniciou. Recurso provido. Não obstante os argumentos colacionados no v. acórdão, curvo-me ao entendimento proferido por esta Turma da CSRF, prolatado em 09 de março de 2010 — voto de relatoria do Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes -, cujo objeto foi o Especial da Fazenda Nacional interposto em face do acórdão paradigma acima ementado (ressalte-se, que apresentava situação fática idêntica e referente o mesmo contribuinte), verbis: (.) Para o deslinde do mérito do recurso especial, temos que buscar a interpretação dos dispositivos do Decreto 70.235/72 que tratam dos prazos no processo administrativo fiscal. Reproduzimos o art 5 0 do referido Decreto: "Art. 5 0 Os prazos serão continuos, excluindo-se na sua contagem o dia do inicio e incluindo-se o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato." Como podemos observar, o capta do artigo 5° prescreve que os prazos são "continuos", o que equivale dizer que não há espaço para qualquer hipótese de interrupção ou suspensão dos prazos na âmbito do PAF. Quanto ao dies a quo — dia de inicio da contagem - e ao dies ad quern — de vencimento d;,»s prazos — , oi...-»arág,rafo único do art. 5° estabelece que ambos exigem que haja expediente nolinal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Para a interpretação de tal dispositivo partimos do significado de expediente, segundo o dicionário Michaelis, como o 'Período cotidiano de trabalho em repartição pública ou escritório". Se o expediente ou o período cotidiano de trabalho não foi alterado no local onde seria praticado o ato - apesar de ser inconteste a existência naqueles dias de movimento paredista parcial de servidores do órgão que pode ter acarretado menor número de servidores disponíveis – temos configurado o requisito legal para o inicio e o fim da contagem dos prazos. 0 texto legal não fala em funcionamento notmal da repartição e sim em expediente normal, em horário de trabalho normal, ou seja, em possibilidade de acesso a repartição no horário nomialmente praticado por esta. É exatamente o caso dos autos, pois em fls. 115 há prova de que o horário de atendimento da seção encarregada do processo foi normal. Não estamos afirmando que toda a Secretaria da Receita Federal estava naqueles dias funcionando normalmente, pois isso seria impossível diante da existência de movimento grevista. Mas as provas dos autos comprovam que o órgão no qual o recurso poderia ser apresentado funcionava em horário normal, em outras palavras, mantinha expediente normal – a reparti cão estava aberta para protocolizagdo da peça recursal. Ao concluitmos que é o expediente notmal e não o funcionamento normal que é requisito legal para haja o dies a quo ou o dies ad quem dos prazos processuais no PAF, afastamo-nos da respeitável manifestação anterior da turma recorrida que equiparou o expediente nottnal com o funcionamento nottnal da repartição, conforme podemos constatar a seguir: "Acórdão CSRF/03-04.195 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL — PRAZOS —INICIO E VENCIMENTO — EXPEDIENTE NA REPARTIÇÃO. - A paralisação, total ou parcial, por motivo de greve ou qualquer outro, do órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato, ainda que funcione regulamente o seu protocolo, ou outro setor com recebimento normal de petições, configura ANORMALIDADE no expediente desse órgão. Assim acontecendo, não se dá o vencimento de prazo enquanto o expediente não tomar 6 sua normalidade por completo. Inteligência do art. 5°, § único, do Decreto n°. 70.235/72," Nesse Acórdão, o Ilustre Conselheiro Relator manifestou-se pela equiparação de expediente normal com funcionamento normal do órgão, conforme pode ser constatado no trecho a seguir: "Ora, se ocorreu a greve na referida repartição, parece não restar qualquer dúvida quanto à inexistência de EXPEDIENTE NORMAL na referida repartição. Ainda que o órgão de recebimento de petições, recursos, etc., estivesse funcionando ininterruptamente, durante o período de paralisa cão; ou que a 8 Processo n° 10805.000579/2002-79 CSRF-T2 Acórdão n.° 9202-01.333 Fl. 5 maioria dos setores da repartição estivessem funcionado, evidentemente que, havendo alguma paralisação, por menor que fosse, estaria configurada a ANORMALIDADE no funcionamento do expediente da repartição." Divergimos do ilustre Conselheiro ao entendermos que expediente normal diz respeito ao horário de funcionamento do órgão e não à quantidade de servidores disponíveis para o trabalho. Portanto é perfeitamente possível, como ocorreu no caso em análise, que o expediente normal seja mantido mesmo em período que haja greve de servidores. Ressaltamos que adotar tal interpretação não resulta em • qualquer óbice para o amplo direito à defesa do contribuinte, pois, além de permanecer com acesso à repartição em horário normal, o contribuinte, em situações similares, ainda desfruta da possibilidade de enviar os recursos e documentos por via postal. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto, para que seja mantido incólume o acórdão recorrido.
score : 1.0
Numero do processo: 10920.001432/2007-94
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano Calendário: 2007
AÇÃO JUDICIAL CONCOMITANTE: Importa renúncia às instâncias
administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
Numero da decisão: 1803-001.124
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de
Julgamento, por unanimidade NÃO CONHECER o recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Sergio Luiz Bezerra Presta
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ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano Calendário: 2007 AÇÃO JUDICIAL CONCOMITANTE: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
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ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade NÃO CONHECER o recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sergio Luiz Bezerra Presta Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Meigan Sack Rodrigues, Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 25/05/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 25/0 5/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 10/05/2012 por SERGIO LUIZ BEZERRA PR ESTA 2 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto parte do relato do contido no Acórdão nº 0624.861, exarado pela 1ª Turma de Julgamento da DRJ em Curitiba PR: “Este processo trata do auto de infração eletrônico nº 1005971, relativo a IRPJ/2003, (fls. 0515), originado em auditoria interna nas DCTF discriminadas no campo 3 (fls. 07), por meio do qual se exige da autuada multa moratória paga a menor, no impo e de 8.751,79, em decorrência dos recolhimentos discriminados no demonstrativo de fls. 0911, sem adição da correspondente multa moratória. Os enquadramentos legais do lançamento se encontram discriminado no campo próprio do auto de infração, às fls. 08. Cientificada do lançamento, a contribuinte apresentou, em 20/04/2007, a impugnação de fls. 0104, que foi considerada tempestiva pelo despacho de fls. 30, "tendo em vista que o AR foi extraviado, conforme tela juntada às fls. 28". Em sua peça de defesa, a impugnante alega apenas que recolheu o débito sem adição da multa moratória, beneficiandose do instituto da denúncia espontânea descrita no art. 138 do CTN, e que não é cabível a exigência da multa. A Seção de Controle e Acompanhamento Tributário — SACAT — da DRF/Joinville/SC juntou aos autos (fls. 3134) a Informação Fiscal SACAT n° 69/200, relatando que esta contribuinte impetrou, em 20/01/2005, o Mandado de Segurança no 2005.72.01.0002010, pleiteando a desconstituição das multas de mora exigidas em virtude do pagamento extemporâneo dos seguintes tributos: IRRF, IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e IPI, em decorrência do benefício da denúncia espontânea (art. 138, do CTN), tendo em consideração fato de que os pagamentos respectivos, embora realizados após a data de vencimento, teriam sido efetivados antes do início de qualquer procedimento administrativo tendente a apurar o atraso do recolhimento. Em relato minucioso, historia os incidentes processuais para, cabendo enfatizar que a decisão de primeira instância, que havia concedido a segurança pleiteada, foi reformada pelo TRF da 4a Região, e que contra este julgado fora interposto recurso especial cujo seguimento foi negado pela vicepresidência do TRF da 4 a Região, e que contra essa negativa de seguimento foi ajuizado agravo de instrumento, que ainda aguarda julgamento no Superior Tribunal de Justiça. Justifica a elaboração da Informação Fiscal nos seguintes termos: "Por fim, tendo em vista que os argumentos de defesa constantes das impugnações e dos recursos voluntários formulados na via administrativa pelo contribuinte podem guardar similutude com a matéria em discussão nos autos do Mandado de Segurança n° 2005.72.01.0002010 (denúncia espontânea, art. 138 do CTN), vislumbrase a necessidade de que o teor desta Informação Fiscal seja levado ao conhecimento dos doutos órgãos julgadores, DRJ/Curitiba e CARF, para fins de, se for o caso, subsidiar os respectivos julgamentos." Foi juntada cópia da petição inicial do Mandado de Segurança (fls. 3649). (...)”. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 25/05/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 25/0 5/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 10/05/2012 por SERGIO LUIZ BEZERRA PR ESTA Processo nº 10920.001432/200794 Acórdão n.º 1803001.124 S1TE03 Fl. 74 3 A 1ª Turma de Julgamento da DRJ em CuritibaPR, na sessão de 10/12/2009, ao analisar a peça impugnatória apresentada, proferiu o Acórdão nº 0624.861 entendendo “por unanimidade de votos, não conhecer dia impugnação e declarar a definitividade da exigência.”, sob argumentos assim ementados: “ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007 PROCESSOS JUDICIAL E ADMINISTRATIVO CONCOMITANTES. A propositura pelo contribuinte de ação judicial contra a Fazenda Pública, por qualquer modalidade processual, implica renúncia à discussão da mesma matéria na instância administrativa, determinando o não conhecimento de eventual impugnação apresentada. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido” Cientificado da decisão em 04/01/2010, interpôs CARIBOR TECNOLOGIA DA BORRACHA LTDA, qualificada nos autos em epígrafe, inconformada com a decisão contida no Acórdão nº 0624.861, o contribuinte, em 28/01/2010, Recurso Voluntário a este Conselho. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Observando o que determina os arts. 5º e 33 ambos do Decreto nº. 70.235/1972 conheço a tempestividade do recurso voluntário apresentado, preenchendo os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele, portanto tomo conhecimento. Antes de qualquer coisa, entendo ser necessário transcrever parte dos argumentos apresentados pela Recorrente no Recurso Voluntário, constante das fls. 62 dos autos, “verbis”: “(...) A Recorrente teve negado conhecimento à sua impugnação interposta contra o auto de infração, sob a alegação de que a propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo, importa na renuncia às instâncias administrativas. Eméritos Julgadores, a Recorrente impetrou com o Mandando de Segurança, que visa discutir o presente auto de infração em 20 de janeiro de 2005. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 25/05/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 25/0 5/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 10/05/2012 por SERGIO LUIZ BEZERRA PR ESTA 4 Somente em março de 2007, a Recorrente foi notificada do presente Auto de Infração, para recolher o valor exigido. Quando a Recorrente propôs o Mandado de Segurança, autuado sob o n° 2005.72.01.0002010, inexistia qualquer procedimento administrativo. Desse modo, a Recorrente não pode ser prejudicada pela demora da Receita Federal em notificar a mesma.(...)”. Diante da notícia acima, vejo que no caso em tela houve a ocorrência da renúncia à instância administrativa, quando a Recorrente ingressou, nos idos do ano de 2005, com o Mandado de Segurança, processo n° 2005.72.01.0002010. Diante dessa realidade não resta dúvida que temos no presente caso a situação de concomitância entre as esferas administrativa e judicial. E, este tema já se encontra sumulado no âmbito desta Corte Administrativa: “Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. Assim, em decorrência do protocolo do Mandado de Segurança, processo n° 2005.72.01.0002010, fica configurada a ocorrência de renúncia à instância administrativa. Assim, voto no sentido de não conhecer o recurso voluntário, em decorrência da existência de processo judicial. Sérgio Luiz Bezerra Presta Relator (assinado digitalmente) Fl. 76DF CARF MF Impresso em 25/05/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2012 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 25/0 5/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 10/05/2012 por SERGIO LUIZ BEZERRA PR ESTA
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