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Numero do processo: 10140.722387/2013-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL.
Embargado o acórdão pelo próprio relator, sendo demonstrada a existência de erro material na formalização da decisão, devem ser acolhidos os embargos e ser sanados os equívocos materiais na formalização do acórdão.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2401-004.550
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração, para, sanando a contradição apontada, modificar o dispositivo do acórdão embargado, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: Relator
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ERRO MATERIAL. Embargado o acórdão pelo próprio relator, sendo demonstrada a existência de erro material na formalização da decisão, devem ser acolhidos os embargos e ser sanados os equívocos materiais na formalização do acórdão. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 23 87 /2 01 3- 31 Fl. 112DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração, para, sanando a contradição apontada, modificar o dispositivo do acórdão embargado, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10140.722387/201331 Acórdão n.º 2401004.550 S2C4T1 Fl. 106 3 Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 102/104), opostos por este conselheiro relator, com fulcro no art. 65, § 1º, I do RICARF, contra o Acórdão nº. 2401 004.328 (fls 94/101), que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO PELO CONTRIBUINTE DA EFETIVIDADE DO PAGAMENTO E DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. Questionada pela autoridade fiscal a efetividade da prestação dos serviços médicos utilizados como dedução de despesas e não apresentadas provas pelo contribuinte que comprovem a efetividade do pagamento com relação aos serviços que lhe teriam sido prestados, devem ser mantidas as glosas realizadas pela autoridade fiscal. Recurso Voluntário Provido em Parte. Assim como a ementa do referido julgado ter reproduzido exatamente o que explanava o voto e a conclusão deste r. colegiado, a ata da sessão de julgamentos do dia 10 de maio de 2016, relativamente ao presente PAF, assim também fez constar: Relator(a): CARLOS ALEXANDRE TORTATO Processo: 10140.722388/201385 Recorrente: ARACY CARSTENS DA CUNHA e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 2401004.329 Decisão: por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, por maioria de votos, negarlhe provimento. Vencido na votação o Conselheiro Rayd Santana Ferreira Questionamento: RECURSO VOLUNTARIO No mesmo equivocado sentido, foi redigido o dispositivo do voto do mencionado acórdão, nos seguintes termos: Fl. 114DF CARF MF 4 CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário . É como voto. Todavia, na parte dispositiva do acórdão, este relator equivocadamente fez constar a seguinte redação: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, por maioria de votos, darlhe provimento parcial para restabelecer a dedução com despesa médica nos termos do voto do relator. Vencidos na votação as conselheiras Rosemary Figueiroa Augusto e Miriam Denise Xavier Lazarini. Votou pelas conclusões o Conselheiro Cleberson Alex Friess. Como se vê, a redação acima não guarda qualquer pertinência com o real resultado do julgamento proferido no presente processo. Assim, em virtude do dispositivo do acórdão embargado não condizer com a realidade do que fora decidido por esta r. turma, nos termos do voto deste relator, foram apresentados os presentes aclaratórios a fim de sanar a devida contradição do referido julgado. É o relatório. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10140.722387/201331 Acórdão n.º 2401004.550 S2C4T1 Fl. 107 5 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Pressupostos de Admissibilidade Os Embargos de Declaração opostos por este relator, inicialmente, atendem aos pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Embargos de Declaração a fl. 104. Assim, passamos a apreciálo para, em concordando com os termos do despacho proferido, passar a apreciar o mérito da questão. Da Análise dos Embargos Este relator aponta equívoco cometido na elaboração do dispositivo do acórdão embargado, o qual, como se extrai de todo o voto do referido decisum, não condiz com a realidade do que fora decidido por esta r. turma. Assim, resta evidente que, para melhor elucidação do acórdão embargado, devem ser admitidos os presentes embargos de declaração para fim de sanar o equívoco contido e, assim, aclarar a decisão desta r. turma julgadora mediante a correta vinculação do que fora decidido com o dispositivo do acórdão. Do Mérito dos Embargos Conforme se extrai do acórdão embargado, temos que a conclusão do julgado restou redigida da seguinte forma: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, por maioria de votos, darlhe provimento parcial para restabelecer a dedução com despesa médica nos termos do voto do relator. Vencidos na votação as conselheiras Rosemary Figueiroa Augusto e Miriam Denise Xavier Lazarini. Votou pelas conclusões o Conselheiro Cleberson Alex Friess. Eis a parte final do voto deste relator e a "CONCLUSÃO" do referido voto condutor do acórdão embargado: Nesse contexto, verificando os extratos do Banco do Brasil e sua correspondência com os valores recebidos, bem como a declaração prestada pela profissional, confirmando o serviço prestado, entendo não estarem efetivamente comprovadas as despesas. Quanto às despesas relativas à Dra. Regina Célia S. R Capusso, do mesmo modo, a contribuinte simplesmente anexou em sua defesa os extratos do Banco do Brasil e da UNIPRIME Campo Grande, onde constam cheques emitidos, que seriam relativos aos recibos mencionados (Fls. 83/85), bem como a declaração Fl. 116DF CARF MF 6 da psicóloga, emitente dos recibos, devidamente qualificada, informando que prestou os serviços profissionais e que percebeu, ao longo do ano de 2010, R$ 8.760,00. (Fl. 86) Assim, não vejo força probante dos documentos a fim de afastar a glosa realizada pela autoridade fiscal em relação às despesas médicas relativas a Dra. Maria Fernanda Marques Soares e Dra. Regina Célia S. R. Capusso. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário . É como voto. Assim, para melhor aclarar o acórdão embargado, pugno pelo ACOLHIMENTO dos embargos para, ratificando o Acórdão nº. 2401004.328, alterar a redação do dispositivo do mencionado acórdão para que o mesmo passe a assim constar: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, por maioria de votos, negarlhe provimento. Vencido na votação o conselheiro Rayd Santana Ferreira. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por ACOLHER os Embargos de Declaração opostos pelo relator, retificando o dispositivo do acórdão nº. 2401004.328, sanando a contradição apontada tão somente para constar da sua parte dispositiva o resultado correto do julgamento do recurso voluntário, conforme reproduzido acima. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 117DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13855.001161/2003-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracterizam omissão de rendimentos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 2201-003.467
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 01/03/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de rendimentos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora. EDITADO EM: 01/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam omissão de rendimentos, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 01/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 00 11 61 /2 00 3- 62 Fl. 209DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Contra o sujeito passivo acima identificado foi lavrado Auto de Infração do Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, fls.04/09, referente ao anocalendário de 1998, para formalização e cobrança do crédito tributário nele estipulado no valor total de R$ 74.283,83, incluído multa de oficio e juros de mora, estes calculados até 30/05/2003. 2. O autuante descreve a infração apurada da seguinte forma: 2.1. Omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. 2.1.1. Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida em instituição financeira, em relação a qual o contribuinte regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme discriminado no Auto de Infração, cujos fatos geradores, valores tributáveis e multa aplicada, constam discriminados As fls. 06/07. 2.2. Enquadramento legal: Art. 42 da Lei n° 9.430/96; Art. 4° da Lei n° 9.481/97; Art. 21 da Lei n° 9.532/97. Encontrandose o enquadramento legal da multa e dos juros de mora no demonstrativo de fls. 09. 2.3. Foi anexado pelo autuante ao processo objeto do Auto de Infração acima, planilha dos valores depositados (fls.10), declaração de ajuste anual (fls.11/16), termo de inicio de ação fiscal (fls.17/18), requerimento do contribuinte (fls.19/20), termo de continuação da ação fiscal (fls.21), termo de intimação n° 1 e planilhas anexas (fls.23/29), requerimento do contribuinte (fls.31), termo de intimação n° 2 e planilhas anexas (fls.32/38), cópias dos extratos bancários (fls.42/167), termo de encerramento e ciência ao contribuinte (fls.168/169), e despachos com consultas internas (fls.170/173). 3. Cientificado do referido Auto de Infração do qual tomou ciência em 13/06/2003 (AR fls.169), o contribuinte apresentou impugnação em 14/07/2003 (fls. 174/175), alegando, em síntese: 3.1. quanto aos depósitos bancários correspondentes aos meses de janeiro/98 a outubro/98, optou pela tributação e inclusão no parcelamento conforme Lei n° 10.684, de 30/05/2003, cujo crédito tributário é o seguinte: Imposto R$ 18.977,37 Multa reduzida R$ 4.269,91 Fl. 210DF CARF MF Processo nº 13855.001161/200362 Acórdão n.º 2201003.467 S2C2T1 Fl. 3 3 Juros R$ 14.231,12 Total, calculado em 14/07/2003 R$ 37.478,40 3.2. não concorda com a exigência correspondente aos fatos geradores dos meses de novembro e dezembro de 1998, nos valores de R$ 10.000,00 e R$ 32.913,61, respectivamente, cujo crédito tributário é o seguinte: Imposto R$ 11.081,24 Juros R$ 8.309,82 Multa 75 % R$ 8.310,93 Total em discussão nesta data R$ 27.701,99 3.3. alega o impugnante que tem como comprovar a origem dos depósitos efetuados nos meses de novembro de dezembro de 1998, nos valores de R$ 10.000,00 e 32.913,61. Posto que, no mês de outubro/98 seu pai o Sr. Amilton Rodrigues e seu irmão Ricardo Chaebub Rodrigues fizeram também empréstimos junto ao Banco do Brasil S.A, Agência de Ituverava/SP, nos valores de R$ 32.043,90, para cada um; 3.4. referidos valores foram cedidos ao impugnante e depositado em sua conta corrente bancária, vez que centraliza todos os pagamentos do custeio agrícola, para os três, estando sendo considerado indevidamente pela fiscalização como omissão de rendimentos, referidos valores; 3.5. para que não haja qualquer dúvida, foi solicitado ao estabelecimento bancário comprovação da origem desses depósitos, e que farão parte da defesa, nos termos do artigo 16, parágrafo 4°, do Decreto n° 70.235/72. 3.6. Finalmente, requer que seja julgado improcedente a exigência. 4. A respeito de seus argumentos de defesa o interessado não acostou à impugnação qualquer documento de prova. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento FortalezaCE julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 1998 Omissão de Rendimentos Depósitos Bancários Caracteriza omissão de rendimentos, não elidida pela defesa, a existência de valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, regularmente intimada, Fl. 211DF CARF MF 4 não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Lançamento Procedente Posteriormente, dentro do lapso temporal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte reiterou, em síntese, os argumentos dispostos em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme narrado, o presente lançamento tratase de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos de origem não comprovada. Sobre a parte litigiosa dos depósitos bancários, o contribuinte alega que se referem a empréstimos contraídos por seu pai, o Senhor Amilton Rodrigues, e seu irmão, Ricardo Chaebub Rodrigues, que fizeram também empréstimos junto ao Banco do Brasil S.A, Agência de Ituverava/SP, nos valores de R$ 32.043,90, para cada um, sendo que os referidos valores foram cedidos ao recorrente e depositados em sua conta bancária, em razão da centralização dos pagamentos do custeio agrícola, de modo que considera indevido o lançamento por omissão de rendimentos dos valores mencionados. Em sede de impugnação, o contribuinte asseverou que foi solicitado ao estabelecimento bancário a comprovação da origem desses depósitos, mas tais documentos não foram anexados aos autos, nem mesmo acompanharam o recurso voluntário. Ademais, arguiu o contribuinte, em ser recurso, que os documentos comprobatórios não foram juntados porque a agência bancária não os forneceu, mas não anexou documento que comprovasse a negativa da instituição financeira. Nesse contexto, não merece reforma a decisão recorrida, de modo que utilizo me das razões dispostas no acórdão da Delegacia, nos termos seguintes: 8.3. Dessarte, da análise dos autos chegase à conclusão de que ficou perfeitamente caracterizada a ocorrência de omissão de rendimentos através do cotejamento da movimentação financeira do contribuinte, nos extratos dos bancos analisados. 8.4. A presunção legal estabelecida pelo art. 42 da Lei n° 9430, de 1996, é presunção legal relativa, presunção juris tantum, que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao contribuinte a sua produção. Vejase o seu teor: "Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação Fl. 212DF CARF MF Processo nº 13855.001161/200362 Acórdão n.º 2201003.467 S2C2T1 Fl. 4 5 aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove. mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitidos será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submetese às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente a época em que auferidos ou recebidos. §3°. Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa fisica ou jurídica; II — no caso de pessoa fisica, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil Reais). (art. 42, 5Ç 3°, II, da Lei n.° 9.430/1996 c/c art. 4° da Lei n.° 9.481, de 13/08/1997)" (Grifouse) 8.5. Tal dispositivo estabeleceu uma presunção legal de omissão de receita/rendimentos que autoriza o lançamento do tributo correspondente sempre que o titular da conta bancária, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. A presunção em favor do fisco não se configura como mera suposição e transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos. 8.6. No caso em tela, a fiscalização, de posse dos registros dos valores movimentados na conta mantida em nome do contribuinte a intimou a apresentar documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, que justificasse a origem dos depósitos efetuados, o que não foi atendido pela fiscalizada, quer no curso da ação fiscal, quer na fase impugnatória, não logrando esta comprovar a origem de depósitos efetuados nas instituições financeiras; ou mesmo demonstrar que os depósitos ora tributados, na realidade, não lhe pertenciam, ou ainda que já se encontravam tributados. Assim, tendo em vista que o contribuinte apresentou argumentos desprovidos de documentos para a comprovação da origem dos depósitos efetuados, deve ser mantida a decisão de piso. Portanto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. Fl. 213DF CARF MF 6 Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 214DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.721580/2011-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: EXTENSÃO DOS EFEITOS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT.
A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da
Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional
RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT N. 2, DE 04/02/2016.
As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa.
Numero da decisão: 3302-003.624
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao Recurso Voluntário.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional RETIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES TEMPESTIVAMENTE APRESENTADAS. HARMONIZAÇÃO COM AS BALIZAS DA SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT N. 2, DE 04/02/2016. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Paulo Guilherme Dérouledè- Presidente (assinatura digital) Lenisa Prado - Relatora (assinatura digital) Fl. 176DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Dérouledè (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo, Hélcio Lafetá e Lenisa Prado. Relatório Trata-se de auto de infração lavrado contra a ora recorrente onde é formalizada a exigência de multa regulamentar, no valor de R$ 5.000,00. Os fatos que ensejaram a cominação da pena foi a desídia da contribuinte - agente de navegação, representando empresa operadora de embarcação em viagem internacional- prestou, fora do prazo estabelecido na legislação aduaneira, informação sobre a carga por ela transportada. Cientificada sobre o teor do auto de infração, a contribuinte apresentou suas razões de defesa em impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, em acórdão assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do Fato Gerador: 13/06/2011 A empresa de transporte internacional deixou de prestar informações sobre carga transportada. Por expressa disposição legal, quaisquer pessoas, físicas ou jurídicas, que, de qualquer forma, contribuam para a prática do ilícito devem responder solidariamente. A retificação ocorreu após intimação da fiscalização, o que inibe a denúncia espontânea. Em momento algum a exigência ora discutida viola os princípios da legalidade e hierarquia de normas, pois não está calcada em Ato Declaratório Executivo, mas sim em artigo de Lei. Para legitimar a sanção, basta a certificação do fato infracional, independente da existência de culpa, demonstração de boa-fé e ocorrência de efetivo dano ao Erário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada sobre a decisão proferida, a recorrente apresentou recurso voluntário, motivo pelo qual os autos ascenderam a este Conselho. Voto Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10280.721580/2011-98 Acórdão n.º 3302-003.624 S3-C3T2 Fl. 176 3 Conselheira Lenisa Rodrigues Prado Tendo em vista se tratar de recurso voluntário tempestivo 1 e que apresenta todos os requisitos formais para seu conhecimento, submeto-o a julgamento por este colegiado. A ação fiscal sob julgamento refere-se à prestação extemporânea de informações retificadoras referentes ao Conhecimento Eletrônico n. 021105089493067 (importação, em 13/06/2011) vinculado à escala n. 11000182350 cuja atracação ocorreu em 30/05/2011 e desatracação em 31/05/2011. A autoridade fiscal considerou que a retificação foi extemporânea porque não ocorreu dentro das 48 horas antes da chegada da embarcação, que é o limite estabelecido pela legislação pertinente 2 , mais especificamente os arts. 22, II, "d" e art. 45 da Instrução Normativa n. 800/2007. A recorrente define suas funções da seguinte maneira: "(...) é uma reconhecida empresa que exerce a atividade de agenciamento marítimo para diversos armadores estrangeiros que necessitam de representantes no país para auxiliá-los nas operações de carga e descarga; emissão de documentos; suporte técnico aos navios; abastecimento em geral; etc". E, por esse motivo, defende que o entendimento acolhido pelo colegiado que julgou improcedente a impugnação não merece prosperar, já que: "(...) não se confunde a figura do agente marítimo, que opera na modalidade 'NVOCC', na consolidação/desconsolidação documental, responsável pela unitização/desunitização de cargas, com a figura de transportador. (...) 13. Sendo a Recorrente mera mandatária do transportador no momento do registro das informações junto ao SISCOMEX, não é possível sua responsabilização por eventuais erros cometidos pelo transportador, tampouco a ele se equipara para fins de responsabilidade tributária para os efeitos do Decreto-Lei n. 37/66, o que demonstra que o entendimento mantido no acórdão ora recorrido resta equivocado". A recorrente destaca, ainda, que não há no auto de infração provas que a identifique como empresa transportadora ou responsável por prestar as informações ao Siscomex. 1 A contribuinte foi considerada intimada sobre o teor do acórdão recorrido em 28/12/2015, conforme certifica o Termo de Registro de Mensagem de Ato Oficial na Caixa Posta DTE à folha 97 dos autos eletrônicos. Por sua vez, o recurso voluntário foi protocolizado em 22/01/2016, conforme registrado no Termo de Análise de Solicitação de Juntada à folha 149 dos autos eletrônicos. 2 Art. 37 do DL 37/1966; Instrução Normativa RFB n. 800, de 27/12/2007, e; art. 673 do Decreto n. 6.759, de 05/02/2009. Fl. 178DF CARF MF 4 Defende que a hipótese dos autos amolda-se a denúncia espontânea prevista no art. 102 do DL 37/66 3 , com a redação conferida pela Lei n. 12.350/2010, já que as informações mencionadas na autuação foram prestadas muito antes da lavratura do auto de infração e do início de qualquer procedimento fiscal. Afirma que o procedimento fiscal só ocorreu porque a própria recorrente retificou as informações já consignadas. Em 22/04/2016 a recorrente acosta petição aos autos, informando a superveniência de fato relevante, que foi a edição da Solução de Consulta COSIT n. 02, de 04/02/2016, que foi assim resumida: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. CONTROLE ADUANEIRO DAS IMPORTAÇÕES. INFRAÇÃO. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIA. A multa estabelecida no art. 107, inciso IV, alíneas e e f do Decreto-Lei n. 37/1966, com a redação dada pela Lei n. 10.833/2003, é aplicável para cada informação não prestada ou prestada em desacordo com a forma ou prazo estabelecidos na Instrução Normativa RFB n.800, de 27/12/2007. As alterações ou retificações das informações já prestadas anteriormente pelos intervenientes não configuram prestação de informação fora do prazo, não sendo cabível, portanto, a aplicação da citada multa. Dispositivos legais: Decreto-Lei n.37, de 18 de novembro de 1966; Instrução Normativa RFB n. 800, de 27 de dezembro de 2007. Ressalta, ainda, que as Soluções de Consulta COSIT, por força do disposto no art. 9º da Instrução Normativa n. 1.396/2013, possuem efeito vinculante perante a Administração Tributária, razão pela qual o entendimento nelas consagrado deve ser observados pelas autoridades fiscais, e respaldo o sujeito passivo que o aplicar, independentemente de ser o consulente. Razão assiste a recorrente. Se depreende do precedente abaixo que a determinação consagrada pela COSIT vincula a todos no âmbito administrativo, inclusive os julgadores: Com efeito, a Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa da categoria econômica ou profissional. (Acórdão n. 3301-002.880, proferido em 15/03/2016 pela 1ª Turma da 3ª Seção de Julgamentos). 3 Art. 102 - A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 2º. A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10280.721580/2011-98 Acórdão n.º 3302-003.624 S3-C3T2 Fl. 177 5 Tendo em vista que a autuação fiscal ocorreu não pela extemporaneidade na apresentação de informações, mas sim pelo atraso na retificação das informações já prestadas, é de rigor a exoneração da multa imposta, em conformidade com o que dita a Solução de Consulta COSIT n. 2, de 4 de fevereiro de 2016. Assim, pelas razões já esclarecidas, dou provimento ao recurso voluntário apresentado por CMA CGM do Brasil Agência Marítima Ltda. Lenisa Rodrigues Prado - Relatora Fl. 180DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.722203/2013-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 01/06/2012 a 28/06/2013
AÇÃO DECLARATÓRIA. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial que tenha o mesmo objeto do processo administrativo. Não se aplica a Súmula CARF nº 1 se o objeto do processo administrativo for maior que o objeto em discussão da esfera judicial.
Recurso Voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3301-003.073
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 01/06/2012 a 28/06/2013 AÇÃO DECLARATÓRIA. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial que tenha o mesmo objeto do processo administrativo. Não se aplica a Súmula CARF nº 1 se o objeto do processo administrativo for maior que o objeto em discussão da esfera judicial. Recurso Voluntário provido em parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. Semíramis de Oliveira Duro - Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro.
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Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 01/06/2012 a 28/06/2013 AÇÃO DECLARATÓRIA. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial que tenha o mesmo objeto do processo administrativo. Não se aplica a Súmula CARF nº 1 se o objeto do processo administrativo for maior que o objeto em discussão da esfera judicial. Recurso Voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 72 22 03 /2 01 3- 11 Fl. 601DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 11 2 Tratase de auto de infração, lavrado em 09/08/2013, contra a Recorrente, para a exigência de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados na importação e PIS/COFINSimportação, todos por insuficiência de recolhimento, acrescidos de multa de ofício e juros de mora, no montante total de R$ 10.522.366,27. Entre 01/06/2012 e 28/06/2013, a empresa registrou 59 Declarações de Importação de mercadorias do código NCM/TEC 8115.90.20 (condicionador de ar tipo split system). A Resolução CAMEX n° 43, de 21/12/2006, aplicava a essas mercadorias a alíquota do Imposto de Importação de 14%. Em 20/09/2011 foi publicada a Resolução CAMEX n° 69, que entrou em vigor em 01/10/2011, e alterou a alíquota do Imposto de Importação incidente sobre esses produtos para 25%. Em 11/10/2011 a autuada ajuizou a Ação Ordinária nº 5014513 81.2011.404.7200/SC, para declaração judicial da invalidade da majoração trazida pela Resolução CAMEX nº 69/2011, por entender que não foram observados os critérios e limites fixados no art. 3º c/c art. 22 da Lei nº 3.244/57, bem como por entender que faltou motivação, interesse público e as respectivas audiências públicas com as empresas do setor. Na Ação Ordinária foi proferida, em 03/11/2011, decisão liminar que antecipou a tutela requerida, confirmada pela sentença prolatada em 07/02/2012, nos seguintes termos: Ante o exposto, julgo procedente o pedido da autora para o fim de se declarar a invalidade da majoração do Imposto de Importação, tendo em vista a inobservância dos critérios e limites fixados no artigo 3º c/c art. 22 da Lei nº 3.244/57 para tal aumento, bem como a falta de motivação, interesse público e respectivas audiências. Em 10/04/2013, o TRF da 4ª Região Fiscal julgou a Apelação da União, dando provimento, prejudicado o agravo retido, nos termos do relatório: Deste modo, as alegações da União para justificar a elevação da alíquota do II encontram respaldo na discricionariedade do ato administrativo, tanto quanto no caráter extrafiscal do imposto, cuja elevação da alíquota incidente sobre os produtos importados tem como fim último salvaguardar a economia nacional, sem que se verifique qualquer mácula na Resolução CAMEX nº 69 de 20.09.2011, publicada pelo Governo Federal para este fim. Em vista disso, como a Recorrente promoveu o despacho aduaneiro de 59 Declarações de Importação (efl. 40), referentes às mercadorias classificadas no código NCM/TEC 8115.90.20 com o recolhimento do imposto de importação à alíquota de 14%, foi Fl. 602DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 12 3 autuada por insuficiência de recolhimentos do II, IPIimportação e PIS/COFINSimportação, por entender a Fiscalização que a alíquota correta era 25%. Em impugnação, a empresa alegou, em apertada síntese: · Erro material do auto, pois a alíquota de 25% de imposto de importação sobre os aparelhos de ar condicionado tipo Split foi excluída pela Resolução CAMEX n° 62/2012, publicada em 23.08.2012, de forma que, a partir de 01.09.2012, voltou a vigorar a alíquota antiga, de 14%, praticada corretamente pela Recorrente. O auto aplicou a alíquota de 25% para todo o período autuado, até 28/06/2013. Por isso, os lançamentos foram feitos com base em Resolução não mais vigente, em total desrespeito ao dispositivo do artigo 144 do CTN, segundo o qual, "o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada". · A invalidade da majoração da alíquota do Imposto de Importação, tendo em vista a inobservância dos critérios e limites fixados no artigo 3º c/c art. 22 da Lei nº 3.244/57. · Quanto à autuação de PIS e COFINS importação, no dia 23.04.2013, transitou em julgado a Ação Declaratória de Inexigibilidade de Crédito Tributário n° 5010266 57.2011.404.7200/SC, que lhe assegurou o direito de calcular o PIS e a COFINS somente com base no valor aduaneiro das mercadorias, excluindo da base de cálculo o II, IPI, ICMS e o valor das próprias contribuições. O que foi confirmado pelo STF, no RE 559.937/RS, que reconheceu a inconstitucionalidade dos referidos acréscimos ao valor das contribuições. · Parte das DIs incluídas no lançamento foram registradas durante a vigência da medida liminar que havia sido concedida pelo juízo de primeiro grau e que foi cassada com o acórdão do TRF4, publicado em 23.04.2013. Portanto, até a referida data, por força da decisão judicial, não poderá ocorrer a incidência de multas de ofício, tendo em vista a disposição do art. 63 da Lei nº 9.430/96. A 23ª Turma da DRJ/SPO manteve a autuação na sua integralidade, acórdão nº 1661.779, com decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 01/06/2012 CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL Sentença prolatada em Mandado de Segurança. Não se conhece da impugnação no tocante à matéria objeto de ação judicial. Suspensão de exigibilidade do crédito tributário. A existência do crédito tributário ocorre via lançamento. O lançamento é o procedimento necessário para que a Fazenda Pública se veja a salvo do ônus da DECADÊNCIA. Parte das importações foram feitas sob o efeito de antecipação de tutela. Fl. 603DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 13 4 Não incidência da multa de ofício. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido em Parte A DRJ afirmou a concomitância entre o presente processo fiscal e a ação declaratória nº 501451381.2011.404.7200, conhecendo apenas a questão relacionada à aplicação da multa de ofício, por entender que esta é matéria correlata à concomitância. A DRJ exonerou parte da multa de ofício, nestes termos: Dos fatos analisados, depreendemse: 1. A exigibilidade do crédito tributário foi suspensa na forma do inciso V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, por antecipação de tutela em 03/11/2011; 2. A suspensão da exigibilidade do débito ocorreu ANTES do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo, no caso o registro da Declaração de Importação n. 12/10041318, em 01/06/2012; 3. A antecipação de tutela foi revogada em 23/04/2013. Portanto, existem dois cenários a serem considerados: a) A não incidência da multa de ofício para as Declarações de Importação registradas entre 01/06/2012 (DI 12/10041318) e 07/03/2013 (DI 13/04441034) – Declaração de Importação com registro imediatamente anterior à 23/04/2013. b) A incidência da multa de ofício para as Declarações de Importação registradas após 25/04/2013 (DI 13/07939848) – Declaração de Importação com registro imediatamente posterior à 23/04/2013. Lançamento Parcialmente Procedente. A decisão de piso exonerou o crédito tributário no valor de R$ 218.877.22 e manteve o montante de R$ 10.303.488,72. Em seu recurso voluntário, a Recorrente alega: · Inexistência de concomitância: a existência de ação declaratória anterior ao lançamento e que versa sobre matéria diversa do conteúdo impugnatório, ainda que parcial, não tem o condão de afastar o conhecimento da impugnação, principalmente quando a impugnação discute questões de fato dissonantes do conteúdo da demanda judicial, sendo necessário o seu conhecimento e julgamento, nos termos do par. 2º do art. 1º do Decreto nº 1.737/79, do artigo 38 da Lei nº 6.830/80 e do item 6.1 do Parecer Normativo nº 7 da RFB de 22/08/2014. Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 14 5 · Nulidade do auto por erro material (ausência de fundamento legal): o lançamento deu se com base em alíquota não mais vigente, tendo em vista que a Resolução CAMEX nº 62/2012 excluiu a majoração, reduzindo a alíquota do Imposto de Importação de 25% para 14%. · Ilegalidade da majoração da alíquota do imposto de importação: a majoração se deu de forma abusiva e ilegal, visto que acima dos parâmetros impostos pelo art. 3º da Lei nº 3.244/57 e pelo art. 1º do Decreto nº 2.162/84, bem como não cumpriu os requisitos do art. 22 da Lei nº 3.244/57. · Houve erro material no acórdão da DRJ (nãoincidência de multa de ofício diante de medida liminar): por força do art. 63 da Lei nº 9.430/96 e pelo fato de que até 23/04/2013 as importações da Recorrente estavam amparadas por medida liminar, todos os lançamentos referentes a fatos geradores anteriores a esta data devem ser exonerados de multa, já que lavrados com a única finalidade de prevenir a decadência. · Ao final, requer seja dado provimento integral ao recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. A Súmula CARF nº 1 prescreve que: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. A DRJ reconheceu a concomitância entre as instâncias administrativa e judicial, nos seguintes termos: O impugnante afirma às folhas 310/311 do processo digital: Em 20.09.2011 o Governo Federal publicou a Resolução CAMEX n. 69/2011, a qual determinou o aumento do Imposto de Importação sobre, entre outros produtos, os aparelhos de ar condicionado e suas partes, elevando as alíquotas de 14% para 25%. Ocorre que tal majoração ocorreu em patente desacordo com a legislação que regula o assunto, tendo em vista a ausência de motivação justificada por parte do Governo, da não realização de audiência pública com as empresas interessadas, bem como, Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 15 6 diante de uma elevação acima do teto permitido, motivos pelos quais a nova alíquota é ilegal e insustentável. Diante disto, a ora Impugnante ajuizou a Ação Ordinária n. 501451381.2011.404.7200/SC, com o intuito de ver declarada a ilegalidade da alteração da alíquota do Imposto de Importação sobre os aparelhos de ar condicionado. Em 03.11.2011 foi concedida a Antecipação da Tutela para que a ora Impugnante pudesse voltar a desembaraçar suas mercadorias importadas com a alíquota antiga (14%), decisão que veio a ser confirmada pela sentença procedente publicada em 07.02.2012, declarando a ilegalidade da majoração. A União apresentou Apelação da decisão, que restou acolhida pelo TRF4, dando provimento e cassando a liminar anteriormente concedida, conforme acórdão publicado em 23.04.2013. Pelo que é afirmado, a empresa KOMLOG ingressou com a Ação Ordinária n. 501451381.2011.404.7200/SC, com o intuito de ver declarada a ilegalidade da alteração da alíquota do Imposto de Importação sobre os aparelhos de ar condicionado. A presente ação fiscal tem por objeto a exigência de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados na importação e Contribuição PIS/COFINS, decorrente da insuficiência do recolhimento de imposto, em virtude da empresa KOMLOG IMPORTAÇÃO LTDA ter promovido o despacho aduaneiro de 59 Declarações de Importação, com a incidência da alíquota de 14%, quando estava obrigado ao recolhimento de alíquota de 25%, segundo a Resolução CAMEX n° 69/2011. A despeito da r. decisão da DRJ/SPO a discussão judicial não envolve exatamente o mesmo objeto do lançamento fiscal. Dessa forma, restam outras matérias que deveriam ter sido apreciadas pelo acórdão recorrido, como se demonstra a seguir. A concomitância pressupõe identidade de objeto nas discussões administrativa e judicial, nesse sentido o Parecer Normativo COSIT nº 7, de 22/08/2014, verbis: (...) 6.1. Vêse que é possível a apreciação do processo na esfera administrativa quando seu objeto seja diferente ou mais amplo que o da ação judicial, como, por exemplo, na concomitância de um processo judicial em que se discute a constitucionalidade da norma impositiva da exação e um processo administrativo fiscal cujo objeto seja alguma questão de fato, tal como a apuração do valor devido ou outra forma de verificação do controle de legalidade do lançamento do crédito tributário porventura existente. Da identidade de objetos dos processos administrativo e judicial 9. Poderseia questionar quanto à definição da expressão “mesmo objeto” a que se reportam o ADN Cosit nº 3, de 1996, a Fl. 606DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 16 7 Súmula nº 1 do CARF e a Portaria MF nº 341, de 2011. Aqui, fazse mister diferenciar o objeto da relação jurídica substancial ou primária do objeto da relação jurídica processual. Aquele consiste no bem da vida sobre o qual recaem os interesses em conflito, in casu, o patrimônio do contribuinte; este, por sua vez, diz respeito ao serviço que o Estado tem o dever de prestar, e nos procedimentos de que este se utiliza para tanto, resultando no proferimento de decisões administrativas ou judiciais em cada processo, guardando relação de instrumentalidade com a real demanda do autor (JUNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Constituição Federal Comentada. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 179). 9.1. Assim, só produz o efeito de impedir o curso normal do processo administrativo a existência de processo judicial para o julgamento de demanda idêntica, assim caracterizada aquela em que se verificam as mesmas partes, a mesma causa de pedir (fundamentos de fato – ou causa de pedir remota e de direito – ou causa de pedir próxima) e o mesmo pedido (postulação incidente sobre o bem da vida) a chamada teoria dos três eadem, conforme definida no art. 301, § 2º da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil – CPC), o qual ora se aplica por analogia. 9.2. Levase em consideração o objeto da relação jurídica substancial; se a discussão judicial se refere a questões instrumentais do processo administrativo, contra as quais se insurge o sujeito passivo da obrigação tributária, não há que se falar em desistência da instância administrativa nem em definitividade da decisão recorrida, quando nesta se discute alguma questão de direito material. Se, no entanto, a discussão administrativa gira em torno de alguma questão processual, como a tempestividade da impugnação, por exemplo, questão esta também levada à apreciação judicial, configurase a renúncia à esfera administrativa quanto a este ponto específico. 9.3. Seguindo esse raciocínio, encontrase entendimento na doutrina e na jurisprudência de que só se caracteriza a identidade de ações quando se verificam as mesmas partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir: 19. Identidade de ações: caracterização. As partes devem ser as mesmas, não importando a ordem delas nos pólos das ações em análise. A causa de pedir, próxima e remota [...], deve ser a mesma nas ações, para que se as tenha como idênticas. O pedido, imediato e mediato, deve ser o mesmo: bem da vida e tipo de sentença judicial. Somente quando os três elementos, com suas seis subdivisões, forem iguais é que as ações serão idênticas. (JUNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado. 11. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 595) Litispendência. Identidade de pedidos. A identidade de pedidos não caracteriza a litispendência. Somente se verifica a litispendência com a identidade de ações: as mesmas partes, o Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 17 8 mesmo pedido e a mesma causa de pedir. (TRF5ª, 1ª T., Ap 17299RN, rel. Juiz Ridalvo Costa, v.u., j. 10.12.1992, JSTJ 47/583) 9.4. Vale reproduzir o seguinte excerto do Parecer PGFN/Cocat nº 2/2013: 49. Dito disso, conferimos ao instituto da concomitância no PAF o mesmo tratamento da litispendência no processo civil, pois a verificação da ausência desses dois pressupostos negativos têm como finalidade precípua evitar o processamento de causas iguais quando houver: (i) identidade das partes, (ii) da causa de pedir e (iii) do pedido (art. 301, §§ 1º e 2º, do CPC; e Súmula nº 1/CARF). 50. Com efeito, na linha do que foi afirmado no item 26, tanto a concomitância quanto a litispendência constituem requisitos de validade objetivos extrínsecos da relação processual. São pressupostos negativos, ou seja, fatos que não podem ocorrer para que o procedimento se instaure validamente. Representam acontecimentos estranhos à relação jurídica processual (daí o adjetivo "extrínseco") que, uma vez existentes, impedem a formação válida do processo (procedimento). (grifos conforme original) 9.5. Feitos esses esclarecimentos, e à vista da terminologia utilizada nos normativos retromencionados, adotarseá, neste parecer, o entendimento de que a expressão “mesmo objeto” diz respeito àquilo sobre o qual recairá o mérito da decisão, quando sejam idênticas as demandas. Portanto, temse como critérios de aplicação da impossibilidade do prosseguimento do curso normal do processo administrativo, em vista da concomitância com processo judicial, tanto o pedido como a causa de pedir, e não somente o pedido. 9.6. Seguindo essa lógica, caso o processo administrativo fiscal contenha pedido mais abrangente que o do processo judicial, ele deve ter seguimento somente em relação à parte que não esteja sendo discutida judicialmente. Se, por exemplo, a ação judicial requer a anulação de um lançamento em relação a determinada multa, mas nada diz sobre a base de cálculo do tributo, e a impugnação administrativa tratar também da discussão sobre a base de cálculo, esta parte deverá ser objeto de julgamento administrativo. No caso concreto, há matérias que não estão encampadas pela demanda judicial, tanto sob a ótica do pedido quanto da causa de pedir, pois o objeto da ação judicial cingese à declaração de invalidade da majoração de alíquota do imposto de importação pela Resolução COMEX nº 69, ao passo que neste processo fiscal a Recorrente contesta: · A nulidade por erro material por ausência de fundamento legal; · As bases de cálculo do PIS e COFINS importação; · A extrafiscalidade do Imposto de Importação; Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 18 9 · A vigência do art. 22 da Lei n° 3.244/57 e das exigências para a majoração de alíquota; · A nãoincidência de multa diante de medida liminar, art. 63 da Lei n° 9.430/96. Confirase novamente os limites da ação judicial: Sentença: Ante o exposto, julgo procedente o pedido da autora para o fim de se declarar a invalidade da majoração do Imposto de Importação, tendo em vista a inobservância dos critérios e limites fixados no artigo 3º c/c art. 22 da Lei nº 3.244/57 para tal aumento, bem como a falta de motivação, interesse público e respectivas audiências. Apelação: Deste modo, as alegações da União para justificar a elevação da alíquota do II encontram respaldo na discricionariedade do ato administrativo, tanto quanto no caráter extrafiscal do imposto, cuja elevação da alíquota incidente sobre os produtos importados tem como fim último salvaguardar a economia nacional, sem que se verifique qualquer mácula na Resolução CAMEX nº 69 de 20.09.2011, publicada pelo Governo Federal para este fim. Assim, a ação judicial abrangeu apenas a discussão sobre a majoração da alíquota do Imposto de Importação de 14% para 25% pela Resolução CAMEX nº 69, os demais pleitos da Recorrente devem estar a salvo do reconhecimento da concomitância: 1 A alegação de ausência de fundamento legal para autuação de 26 DIs: sobre um conjunto de 59 Declarações de Importação, registradas no período de 01/06/2012 a 28/06/2013, todo o crédito tributário foi apurado com base na alíquota determinada pela Resolução CAMEX nº 69/2011. Entretanto, a Resolução CAMEX nº 62/2012, publicada em 23/08/2012 restabeleceu a alíquota de 14%, o que não foi observado pela fiscalização, de modo que quase metade das DIs em análise teriam sido emitidas já vigência da nova Resolução, e, portanto, sob a alíquota correta, inexistindo base legal para o referido lançamento. A partir de 01/09/2012 voltou a vigorar a alíquota antiga, inexistindo fundamentação legal para a autuação de 26 das DIs, visto que as mesmas encontravamse amparadas pela legislação vigente no momento do fato gerador. 2 A base de cálculo do PIS/COFINS importação: No RE 559.937, o STF reconheceu a inconstitucionalidade da expressão “acrescido do valor do ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições”, contida no inciso I do art. 7º da Lei nº 10.865/04. E o RE 559.607 reconheceu a repercussão geral da questão constitucional do RE 559.607, pacificando a questão. Alega a existência da Ação Declaratória de Inexigibilidade de Crédito Tributário nº 501026657.2011.404.7200/SC em seu nome (outra demanda judicial de sua titularidade, que não foi analisada neste processo fiscal), que transitou em julgado em Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10909.722203/201311 Acórdão n.º 3301003.073 S3C3T1 Fl. 19 10 23/04/2013, a qual declarou o direito de excluir da base de cálculo de PIS/COFINS Importação os tributos citados. 3 As multas de ofício aplicadas na vigência da suspensão do crédito tributário. Em suma, há matérias sobre as quais a DRJ deveria ter se manifestado e não o fez. Já quanto à alegação de erro material na aplicação da decisão do acórdão, assiste razão à Recorrente. A DRJ exonerou os valores relativos à multa para as DIs registradas no período de vigência da medida liminar, ou seja, até 23/04/2013, em atenção ao art. 63 da Lei nº 9.430/96. Contudo, a DRJ exonerou o valor de R$ 218.877,55 que corresponde ao valor relativo às DIs registradas quando não mais vigente a liminar (v. cálculos anexados ao acórdão nas efls. 510511). Os elementos indicam ter havido erro no cálculo. O valor correto seria o correspondente às multas do período de vigência da liminar, estando este valor exonerado sujeito ao recurso de ofício, nos termos 34 do Decreto nº 70.235/1972 e art. 1º da Portaria MF nº 03/2008. Do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que os autos retornem à DRJ para que esta se pronuncie sobre as demais matérias não afetadas pela concomitância entre as esferas judicial e administrativa. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 610DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11070.002358/2009-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
Ementa:
RATEIO PROPORCIONAL. CRÉDITO VINCULADOS AO MERCADO INTERNO. INCLUSÃO NO CÁLCULO.
Todos os créditos normais do contribuinte devem integrar a base de cálculo do rateio proporcional para fins de ressarcimento das exportações, independente de ser ou não o mesmo vinculado ao mercado externo.
CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. PREVISÃO LEGAL. PERÍODO DETERMINADO. CONDIÇÕES. INOBSERVÂNCIA.
A legislação que regulamentou o sistema não cumulativo das contribuições sociais previu o direito de apropriação de crédito presumido da atividade agroindustrial para o cerealista, que exerce a atividade de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal especificados, para o período entre fevereiro e julho do ano de 2004.
A concessão do crédito presumido à cerealista estava condicionada à venda dos produtos às empresas identificadas no §5º do artigo 3º da Lei 10.833/03, então vigente.
A partir de agosto de 2004, o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial nas condições especificadas no art. 8º da Lei nº 10.925/2004.
COOPERATIVA AGROPECUÁRIA. APROVEITAMENTO DE CRÉDITO NAS VENDAS COM TRIBUTAÇÃO SUSPENSA, ISENTAS OU NÃO TRIBUTADAS. IMPOSSIBILIDADE.
Não é permitido o aproveitamento de crédito, pelas cooperativas agropecuárias, em relação a vendas não tributadas, isentas ou com a tributação suspensa.
A norma contida no §4º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 dispõe especificamente acerca das pessoas enumeradas nos incisos de I a III do §1º do art. 8º da Lei n° 10.925/2004, enquanto o art. 17 da Lei nº 11.033/2004 traz uma regra geral. Como uma norma geral não revoga uma norma específica, a vedação do §4º do artigo 8º permanece em vigor.
CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. APROVEITAMENTO.O crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº10.925/2004 não se submete à tríplice forma de aproveitamento, só podendo ser utilizado para o abatimento das contribuições devidas por operações no mercado interno.
Recurso Voluntário parcialmente provido
Numero da decisão: 3402-003.982
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja recalculado o direito creditório da contribuinte com base no método do rateio proporcional adotado pela contribuinte para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, à receita tributada e à receita não tributada no mercado interno. Os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto deram provimento em maior extensão para reconhecer o direito ao crédito da atividade cerealista após a Lei nº 11.196/2005, às exclusões da base de cálculo e à correção pela taxa Selic. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente o Dr. Everdon Schlindwein, OAB/PR nº 80.356.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 Ementa: RATEIO PROPORCIONAL. CRÉDITO VINCULADOS AO MERCADO INTERNO. INCLUSÃO NO CÁLCULO. Todos os créditos normais do contribuinte devem integrar a base de cálculo do rateio proporcional para fins de ressarcimento das exportações, independente de ser ou não o mesmo vinculado ao mercado externo. CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. PREVISÃO LEGAL. PERÍODO DETERMINADO. CONDIÇÕES. INOBSERVÂNCIA. A legislação que regulamentou o sistema não cumulativo das contribuições sociais previu o direito de apropriação de crédito presumido da atividade agroindustrial para o cerealista, que exerce a atividade de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal especificados, para o período entre fevereiro e julho do ano de 2004. A concessão do crédito presumido à cerealista estava condicionada à venda dos produtos às empresas identificadas no §5º do artigo 3º da Lei 10.833/03, então vigente. A partir de agosto de 2004, o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial nas condições especificadas no art. 8º da Lei nº 10.925/2004. COOPERATIVA AGROPECUÁRIA. APROVEITAMENTO DE CRÉDITO NAS VENDAS COM TRIBUTAÇÃO SUSPENSA, ISENTAS OU NÃO TRIBUTADAS. IMPOSSIBILIDADE. Não é permitido o aproveitamento de crédito, pelas cooperativas agropecuárias, em relação a vendas não tributadas, isentas ou com a tributação suspensa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 00 23 58 /2 00 9- 14 Fl. 505DF CARF MF 2 A norma contida no §4º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 dispõe especificamente acerca das pessoas enumeradas nos incisos de I a III do §1º do art. 8º da Lei n° 10.925/2004, enquanto o art. 17 da Lei nº 11.033/2004 traz uma regra geral. Como uma norma geral não revoga uma norma específica, a vedação do §4º do artigo 8º permanece em vigor. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. APROVEITAMENTO.O crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº10.925/2004 não se submete à tríplice forma de aproveitamento, só podendo ser utilizado para o abatimento das contribuições devidas por operações no mercado interno. Recurso Voluntário parcialmente provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja recalculado o direito creditório da contribuinte com base no método do rateio proporcional adotado pela contribuinte para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, à receita tributada e à receita não tributada no mercado interno. Os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto deram provimento em maior extensão para reconhecer o direito ao crédito da atividade cerealista após a Lei nº 11.196/2005, às exclusões da base de cálculo e à correção pela taxa Selic. O Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto apresentou declaração de voto. Sustentou pela recorrente o Dr. Everdon Schlindwein, OAB/PR nº 80.356. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Porto Alegre, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versam os autos sobre análise de PER/DCOMP's para ressarcimento de valores credores de PIS/Pasep não cumulativo vinculados à receita do mercado interno não tributada (isenção, alíquota zero e não incidência), relativamente aos períodos do 1º ao 4º trimestres de 2008, apurados com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004. A autoridade administrativa emitiu Despacho Decisório, mediante o qual reconheceu parcialmente o direito creditório da contribuinte no valor global de R$9.668,21 e Fl. 506DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 506 3 indeferiu os pedidos de ressarcimento quanto à importância de R$ 2.319.103,30, glosada pela fiscalização. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese: o método de rateio para a apropriação dos créditos está legalmente previsto, enquanto a metodologia híbrida adotada agente fiscal neste processo foi realizada sem embasamento legal; não tendo resultado base de cálculo tributável, o crédito apurado não pode ser rateado com a receita do mercado interno tributada, devendo, portanto, ser mantido o rateio dos créditos de acordo com a proporcionalidade apurada pela cooperativa; o art. 9º da Lei nº 10.925/2004 possibilitou, a partir de 1º/08/2004, que as vendas de produtos relacionados no art. 8º daquela Lei fossem realizadas com suspensão do PIS e da Cofins. Posteriormente foram editadas as Leis nºs 11.033/2004 e 11.116/2005, onde ficou autorizado expressamente o ressarcimento/compensação dos créditos acumulados; a cooperativa tem direito ao crédito presumido, eis que: desempenha atividades agroindustriais na produção das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM; adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural, insumos utilizados no processo produtivo, em conformidade com o inciso II do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e art. 7º da IN SRF 660; bem como realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial; devem ser consideradas as exclusões da base de cálculo referente aos valores repassados aos associados, às vendas efetuadas a associados, à receita da industrialização da produção do associado e ao custo agregado ao produto agropecuário do associado; a autoridade fiscal violou o art. 2º da Lei nº 9.784/1999, não observando os princípios que devem nortear a administração pública; os créditos da cooperativa devem ser corrigidos pela Selic, nos termos do § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/1995 a partir do fato gerador, correspondendo, no presente caso, a partir de cada período de apuração, ou seja, a partir do momento que o crédito poderia ter sido aproveitado. Os argumentos da impugnante não foram acolhidos pela DRJ sob os seguintes fundamentos: As receitas auferidas pela pessoa jurídica, em decorrência de vendas realizadas com isenção, não alcançadas pela incidência, com alíquota zero ou de bens do ativo permanente, por não integrarem a receita bruta mensal sujeita à incidência não cumulativa, base de cálculo para a aplicação e recolhimento das respectivas alíquotas não cumulativas, também não integram o montante da receita bruta sujeita à incidência não cumulativa utilizado na definição do percentual para o método do rateio proporcional, porque, de fato, sobre referidas receitas não há incidência e recolhimento efetivo da contribuição. Essas receitas também não integram o montante da receita bruta total, auferidas em cada mês, para efeito de estabelecimento do percentual existente entre ambas as receitas, a ser aplicado na apuração de créditos relativos aos custos, despesas e encargos comuns. O aproveitamento do crédito presumido na apuração do valor da contribuição pela sistemática da não cumulatividade se restringe às pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal destinadas à alimentação humana ou animal. Portanto, não sendo possível ampliar a definição do termo produzir trazido pela legislação para a atividade de beneficiamento, ou Fl. 507DF CARF MF 4 seja, atividade de limpar, secar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos, entendese correto o posicionamento da Fiscalização para o período alcançado pela auditoria fiscal. Consoante as anotações feitas no Termo de Constatação Fiscal e planilhas anexas, foram procedidos ajustes que visaram restabelecer o correto valor dos créditos passíveis de ressarcimento por parte da cooperativa, estando de acordo com a legislação em vigor. Ademais, as exclusões foram admitidas proporcionalmente ao montante utilizado para formação da base de cálculo de cada espécie de receita (créditos vinculados a operações de mercado interno; mercado interno não tributadas isenção, alíquota zero e nãoincidência e exportação), donde correto entendimento do agente fiscal. Tratandose de ressarcimento de contribuição não cumulativa, o art. 13 da Lei nº 10.833, de 2003, expressamente determina que, nessa hipótese, não há que se falar em atualização monetária ou em incidência de juros sobre os respectivos valores. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão de primeira instância em 21/05/2013, por via postal, tendo apresentado o recurso voluntário em 18/06/2013, repisando os argumentos de primeira instância e acrescentando outros, sob os seguintes tópicos: 1) Do critério de rateio para apropriação dos créditos apurados proporcionais às receitas de exportações, receitas no mercado interno tributadas e não tributadas 2) Das vendas com suspensão do PIS e Cofins Ilegítima restrição ao aproveitamento de créditos 3) Crédito presumido Atividade agroindustrial Produção das mercadorias de origem vegetal classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM 4) Da apuração da base tributável do PIS e Cofins Exclusões permitidas às sociedades cooperativas 5) Previsão legal para incidência da Selic É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Consta que a contribuinte é uma sociedade cooperativa agropecuária, sujeita ao regime da não cumulatividade das contribuições para o PIS e Cofins, que atua no ramo de recebimento de produtos agrícolas dos associados e terceiros; de fornecimento de insumos agrícolas aos associados; de comercialização de produtos agropecuários e sementes; de fábrica de rações e de moinhos de milho e trigo; bem como no ramo de supermercados. 1) Do critério de rateio para apropriação dos créditos apurados proporcionais às receitas de exportações, receitas no mercado interno tributadas e não tributadas Fl. 508DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 507 5 No que diz respeito ao critério de apropriação dos créditos do mercado interno e das importações vinculados à receita de exportação, entendeu a fiscalização que: (...) Para a fiscalização os créditos apurados em relação à aquisição de bens para revenda ou utilizados como insumos, serviços utilizados como insumos, bem como em relação à importação de trigo utilizado como matériaprima na produção de farinha, não têm nenhuma vinculação com a receita de exportação, portanto, não cabe a mesma pleitear a restituição/ressarcimento de tais créditos, tendo em vista que a legislação prescreve que podem ser objeto de restituição ressarcimento os créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei n° 10.833/2003, conforme §3º do art. 6º do diploma legal em questão, o qual transcrevemos a seguir: (...) Para a fiscalização a alocação dos créditos do PIS e da COFINS pelo método da proporcionalidade, conforme inciso II do § 8º do art. 3º da Lei n° 10.833/2003, tem aplicação somente para as pessoas jurídicas que possuam receita sujeita a cumulatividade e a não cumulatividade, o que não é o caso da COTRISA, que tem a integralidade da receita sujeita a não cumulatividade do PIS e da COFINS. Ademais, verificamos ainda que o rateio proporcional dos créditos aplicase aos custos, despesas e encargos comuns, ou seja, somente podem ser rateados os créditos comuns. No caso de custos, despesas e encargos específicos o entendimento da fiscalização é que eles devem ser alocados diretamente aos setores a que pertencem. (...) De outra parte entende a recorrente que seria vedado pela legislação a utilização de dois métodos para segregar os custos, despesas e encargos que dão direito ao crédito, como efetuado pela fiscalização, utilizando o critério do rateio proporcional para os créditos comuns e o da apropriação direta para os demais créditos, ferindo o art. 15 da Lei nº 9.779/99 que determina a apuração das contribuições de forma centralizada no estabelecimento matriz. Essa questão já foi abordada no Acórdão nº 3202001.618 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 19 de março de 2015, de forma favorável ao entendimento da recorrente, conforme voto da Relatora Tatiana Midori Migiyama, abaixo transcrito: (...) Data venia, em relação ao método de cálculo, considerando que a base de cálculo das contribuições para o PIS e Cofins, é a receita bruta total, e que todos os custos despesas e encargos são comuns e necessários para o desempenho da atividade da contribuinte, estes custos despesas e encargos devem ser apropriados pelo método de rateio proporcional da receita bruta de exportação em relação da receita bruta total. O critério de rateio deve servir para a mesma proporcionalidade para todos os custos, despesas e encargos passíveis de realização de crédito Fl. 509DF CARF MF 6 e, que são necessários para o desempenho das atividades da contribuinte. Ora, o art. 6º, § 3º da Lei 10.833/2003, vigente à época dos fatos em dissídio, diz que a compensação dos créditos com débitos administrados pela RFB, pela exportadora de mercadorias, só se aplica aos créditos apurados em relação aos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º. O art. 3º, § 8º, da Lei 10.833/2003 dispõe: sobre critério do rateio: relação percentual entre receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total auferidas em cada mês. O art. 3º, § 9º, da mesma lei dispõe: critério escolhido tem de ser consistente em todo o anocalendário. É de hialina clareza o sentido da lei, qual seja, só se podem compensar créditos de custos, despesas e encargos vinculados a receita de exportação. E, para se saber quais são esses créditos vinculados a receita de exportação, a lei previu dois métodos. A única interpretação possível, lógica e condizente com o sentido da norma legal é a de que o critério de rateio é somente o método: a relação deve ser entre receita de exportação e receita bruta total, para aplicála sobre os custos e despesas, na definição dos créditos vinculados à exportação, i.e., para quantificar os créditos que podem ser usados para compensação. (...) Daí, a remissão aos §§ 8º e 9º do art. 3º feita pelo art. 6º, § 3º, todos da Lei 10.833/2003, diz respeito ao método de cálculo para definição de créditos vinculados a receitas de exportação. No caso do método de rateio, a apuração do crédito devese dar pela relação entre receita de exportação e receita bruta total, e aplicar essa relação sobre os custos e despesas, chegandose à determinação do crédito vinculado à exportação, que é compensável com débitos administrados pela RFB. O art. 20, § 2º, da IN SRF 404/2004 (não revogado) confirma essa inteligência, ao dizer que os créditos compensáveis são somente os apurados sobre custos e despesas vinculados à receita de exportação, observados "os métodos" de apropriação previstos no art. 21 (o art. 21, § 2º, II, da IN 404/04 repete a dicção do art. 3º, § 8º, II, da Lei 10.833/2003). O método é que é aplicável. A relação percentual deve ser entre receita de exportação e receita bruta total, e aplicála sobre os custos e despesas, para definição do valor do crédito compensável. (...) No mesmo sentido foi o entendimento constante no Acórdão nº 330201.339– 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, 10 de novembro de 2011, citado pela recorrente, conforme voto do Relator Walber José da Silva que segue abaixo: (...) Assim, a apuração do crédito vinculado à receita de exportação seria feita por um sistema híbrido: parte por apropriação direta e parte por rateio proporcional. Tal modo de apuração não encontra respaldo legal. São claras as disposições do § 8º do art. 3º da Lei nº 10.833/03 de que o crédito será determinado por apropriação direta ou por rateio proporcional. Não há opção de combinar os dois métodos para determinar o crédito vinculado à receita de exportação. Fl. 510DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 508 7 O entendimento da recorrente, que concordo, é que todas os custos, despesas e encargos, com direito a crédito normal, que concorreram para a formação da Receita Bruta Total, devem ser incluídos no rateio proporcional e, neste caso, o valor do crédito apurado é exatamente o crédito vinculado à receita de exportação, a que se refere o § 3º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, porque esta é a forma de se apurar o dito crédito vinculado à receita de exportação. Pelo método de rateio proporcional, uma vez determinado a participação relativa da receita de exportação na receita bruta total, não vejo como deixar de aplicar o percentual encontrado nos custos, despesas ou encargos tidos como exclusivamente vinculado às operações no mercado interno e no mercado externo, fazendo incidir somente sobre os custos, despesas e encargos que tenham alguma vinculação tanto com as operações no mercado interno como as operações no mercado externo. (...) Conforme esclarecido na própria decisão recorrida, a RFB, por meio do Ajuda do programa Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon Mensal Semestral 2.6), definiu que o método de rateio para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, de mercado interno não tributada e tributada seria idêntico ao estabelecido para as pessoas jurídicas que auferem receitas sujeitas às incidências não cumulativa e cumulativa das contribuições, nesses termos: Ficha 01 Dados Iniciais (...) Método de Determinação dos Créditos O programa possibilita o preenchimento do campo "Método de Determinação dos Créditos", conforme o regime de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins adotado. I) no caso do Regime NãoCumulativo: a) Vinculados à Receita Auferida Exclusivamente no Mercado Interno Deve selecionar este campo a pessoa jurídica que, no período abrangido pelo Demonstrativo, auferir apenas receitas sujeitas à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes exclusivamente de atividades no mercado interno. b) Vinculados à Receita Auferida no Mercado Interno e de Exportação Deve selecionar este campo a pessoa jurídica que, no período abrangido pelo Demonstrativo, auferir receitas sujeitas à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins e efetuar concomitantemente: I operações de vendas de produtos ou prestação de serviços no mercado interno; e II exportação de produtos para o exterior ou prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas, ou vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Neste caso, a pessoa jurídica deve indicar o método por ela escolhido, dentre os seguintes: Fl. 511DF CARF MF 8 b.1) Com Base na Proporção dos Custos Diretamente Apropriados – que consiste na determinação dos créditos através do método de apropriação direta previsto no inciso I do § 8º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou b.2) Com Base na Proporção da Receita Bruta Auferida – que consiste na determinação dos créditos através do método de rateio proporcional previsto no inciso II do § 8º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Atenção: 1) O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito deve ser: a) aplicado consistentemente por todo o anocalendário; b) adotado para todos os custos, despesas e encargos comuns; e c) adotado igualmente na apuração dos créditos relativos à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins nãocumulativa. 2) Deve também selecionar este campo a pessoa jurídica que auferir receitas nãotributadas no mercado interno que geram direito a crédito, concomitantemente, com receitas tributadas e/ou com exportação. (não grifado no original) (...) Assim, adotando os mesmos fundamentos dos Acórdãos acima referidos, bem como da orientação constante no Dacon acima transcrita, nos termos do art. 50, §1º da Lei nº 9.784/99, a decisão recorrida deve ser reformada nesta parte para que seja recalculado o direito creditório da recorrente com base unicamente no método do rateio proporcional adotado pela contribuinte para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação; à receita não tributada e à receita tributada no mercado interno. 2) Das vendas com suspensão do PIS e Cofins Ilegítima restrição ao aproveitamento de créditos Entende a recorrente que a cooperativa teria direito aos créditos nesse período, em conformidade com o art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, com fundamento no art. 17 da Lei nº 11.033/2004 e no art. 16 da Lei nº 11.116/2005, que assim dispõem: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação (...) Fl. 512DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 509 9 II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. (...) No entanto, a norma genérica, que permite a manutenção dos créditos nas vendas com suspensão, não derroga a norma específica que veda expressamente o crédito presumido para as pessoas especificadas, em consonância com o disposto no art. 2º, §2º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro: Art.2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (Vide Lei nº 3.991, de 1961) (Vide Lei nº 5.144, de 1966) § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Nesse sentido, já foi decidido no Acórdão nº 340101.255 – 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, sessão de 28 de fevereiro de 2011, em votação unânime: (...) Apesar da suposta divergência das normas, não há conflito, pois a primeira (§4o, do art. 8º, da Lei n° 10.925/2004), traz uma vedação específica para as pessoas listadas nos incisos de I a III, do § 1o, do art. 8º, da Lei n° 10.925/2004, onde estão incluídas as cooperativas de produção agropecuária. O art. 17, da Lei no 11.033/2004, traz uma regra geral, sem revogar a regra específica. Portanto, a vedação do §4º, também do artigo 8º permanece em vigor, de modo que não é permitido o aproveitamento de crédito, por essas cooperativas, em ralação a vendas com tributação suspensa, não tributadas ou isentas. (...) Assim, a decisão recorrida há de ser mantida nesta parte. 3) Crédito presumido Atividade agroindustrial Produção das mercadorias de origem vegetal classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM Entendeu a fiscalização autuante que: "A partir de agosto/2004 o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial, as quais apuram o crédito presumido em relação às aquisições de pessoas físicas e recebimentos de pessoas físicas (associados de cooperativas), bem como em relação às aquisições de pessoas jurídicas cuja operação foi realizada com suspensão do PIS e da Cofins. Com isso o crédito presumido apurado pela fiscalização se restringiu à atividade da agroindústria". A Lei nº 10.925/2004 trouxe alteração legislativa ao crédito presumido, permitindoo a partir de agosto de 2004 somente à agroindústria, no caput do art. 8º, para as aquisições de insumo (bens) de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, e no seu §1º, para as aquisições de cerealistas (inciso I) e outras pessoas jurídicas específicas (incisos II e III): Fl. 513DF CARF MF 10 Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos Capítulos 2 a 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 01.03, 01.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 09.01, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. [redação original] Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 545, de 2011) (Vide Lei nº 12.599, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013 (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013 (Vide Lei nº 12.839, de 2013) (Vide Lei nº 12.865, de 2013) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; [redação original] I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) Fl. 514DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 510 11 II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica e cooperativa que exerçam atividades agropecuárias. III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) A partir de então, não mais há a possibilidade de aproveitamento do crédito presumido pelo cerealista, como antes havia no §11 da Lei 10.833/2003, ou pelas pessoas jurídicas descritas nos incisos II e III do §1º do art. 8º da Lei nº 10.865/2004, bem como o crédito em relação às receitas de vendas com suspensão efetuadas a essas pessoas, em face da vedação expressa no §4º do referido art. 8°: § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. Alega a recorrente que teria direito a crédito presumido já que é produtora de mercadorias de origem vegetal, adquirindo bens diretamente de pessoas físicas residentes no país e efetuando o processo de produção/industrialização, sob a modalidade de beneficiamento. Ocorre, no entanto, que a fiscalização concedeu o crédito presumido para esse período nas atividades em que a contribuinte atuou efetivamente como agroindústria, somente excluindo as atividades de cerealista da empresa, na qual exerceu cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal especificados no inciso I do §1º do art. 8º da Lei nº 10.865/2004, conforme extrato abaixo do Termo de Constatação: (...)Com isso o crédito presumido apurado pela fiscalização se restringiu à atividade da agroindústria o crédito presumido apurado pela fiscalização se restringiu à atividade de agroindústria. O crédito presumido apurado pela fiscalização na COTRISA se refere ao valor das transferências internas de produtos agrícolas (soja, milho e trigo) para a industrialização na fábrica de ração e nos moinhos de milho e trigo. Das transferências realizadas para fábrica de ração excluímos a transferência de farelo de soja (produto industrializado), cujo crédito foi apurado quando da aquisição de pessoas jurídicas. As diferenças dos créditos presumidos residem no fato da contribuinte considerar as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos agrícolas in natura (soja, milho e trigo), como atividades de produção, apurando o correspondente crédito presumido com base no caput do art. 8º da Lei n° 10.925/2004, quando para a fiscalização as atividades realizadas pela contribuinte, para deixar os produtos agrícolas Fl. 515DF CARF MF 12 recebidos dos associados e adquiridos de terceiros (não associados) em condições de comercialização, estão descritas literalmente no inciso I do § 1º do art. 8º da Lei n° 10.925/2004 e não no caput do mencionado artigo como pretende a contribuinte. Com relação ao alegado processo de industrialização por "beneficiamento" dos grãos, entendo que ele não se caracteriza como industrialização, como bem esclarecido pelo Ilustre Conselheiro José Fernandes do Nascimento em voto vencedor no Acórdão nº 3302 003.301– 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 23 de agosto de 2016, abaixo transcrito: (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 Ementa: (...) ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. VOTO VENCEDOR (...) Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010) [também no RIPI/2002 vigente à época dos fatos deste processo], porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Mas, independentemente da abrangência do termo "pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias (...)", veiculado pelo caput do art. 8º da Lei nº 10.865/2004, é certo que dentre essas pessoas não se incluem aquelas especificadas no §1º desse dispositivo, expressamente ressalvadas da dedução do crédito presumido pelo §4º do art. 8° da Lei nº 10.865/2004. De forma que não assiste razão à recorrente no pleito do crédito presumido sobre as atividades especificadas no §1º do dispositivo. No que concerne à forma de utilização do crédito presumido da agroindústria, previstos nos art. 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004, por opção do legislador ordinário, o seu aproveitamento pode ser apenas para o abatimento da contribuição devida por operações no mercado interno, ainda que o crédito tenha sido auferido em operações de exportação. Nessa esteira, a Receita Federal do Brasil dispôs em normas complementares, mediante a Instrução Normativa SRF nº 660/2006 e o Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005 sobre a compensação ou ressarcimento dos créditos presumidos apurados a partir de Fl. 516DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 511 13 01/08/2004, nos termos do art. 8° da Lei n° 10.925/2004, ou seja, decorrentes de atividades agroindustriais, permitindo apenas deduzilos das contribuições devidas: IN SRF n° 660/2006 Do Crédito Presumido Do direito ao desconto de créditos presumidos Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: (...) Do cálculo do crédito presumido Art. 8º Até que sejam fixados os valores dos insumos de que trata o art. 7 º, o crédito presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins será apurado com base no seu custo de aquisição. (...) § 3º O valor dos créditos apurados de acordo com este artigo: I não constitui receita bruta da pessoa jurídica agroindustrial, servindo somente para dedução do valor devido de cada contribuição; e II não poderá ser objeto de compensação com outros tributos ou de pedido de ressarcimento. Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005 Art. 1º O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência nãocumulativa. Art. 2º O valor do crédito presumido referido no art. 1º não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, de que trata a Lei nº 10.637, de 2002, art. 5º, § 1º, inciso II, e § 2º, a Lei nº 10.833, de 2003, art. 6º,§ 1º, inciso II, e § 2º, e a Lei nº 11.116, de 2005, art. 16. [grifos da Relatora] Conforme já decidido na Apelação Cível Nº 2006.72.00.0078654/SC, do Tribunal Federal da 4ª Região, cuja ementa segue abaixo, "as próprias leis instituidoras dos créditos presumidos em questão previram como modo de aproveitamento destes créditos o desconto das contribuições do PIS e COFINS a pagar, limitando a sua utilização, assim, à esfera das próprias contribuições". O Superior Tribunal de Justiça também já manifestou seu entendimento, no REsp 1240714/PR (Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 10/09/2013), conforme ementa abaixo: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. PRODUTOR RURAL. CRÉDITOS PRESUMIDOS. RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 8º DA LEI 10.925/04. LEGALIDADE DA ADI/SRF 15/05 E DA IN SRF 660/06. PRECEDENTES DO STJ. MORA DO Fl. 517DF CARF MF 14 FISCO. INEXISTÊNCIA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. "A jurisprudência firmada por ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ é no sentido de que inexiste previsão legal para deferir restituição ou compensação (art. 170, do CTN) com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil do crédito presumido de PIS e da COFINS estabelecido na Lei 10.925/2004, considerandose, outrossim, que a ADI/SRF 15/2005 não inovou no plano normativo, mas apenas explicitou vedação já prevista no art. 8º, da lei antes referida" (AgRg no REsp 1.218.923/PR, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma, DJe 13/11/12). 2. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido ser legítima a atualização monetária de crédito escritural quando há demora no exame dos pedidos pela autoridade administrativa ou oposição decorrente de ato estatal, administrativo ou normativo, postergando o seu aproveitamento, o que não ocorre na hipótese, em que os atos normativos são legais. 3. "O Fisco deve ser considerado em mora (resistência ilegítima) somente a partir do término do prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias contado da data do protocolo dos pedidos de ressarcimento, aplicandose o art. 24 da Lei 11.457/2007, independentemente da data em que efetuados os pedidos" (AgRg no REsp 1.232.257/SC, Rel. Min.NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma, DJe 21/2/13). 4. Recurso especial conhecido e não provido. Nessa linha também foi decidido no Acórdão nº 340101.716– 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 15 de fevereiro de 2012, conforme trecho do Voto do Relator Odassi Guerzoni Filho abaixo: (...) Com a devida vênia, não partilho do mesmo entendimento da Recorrente, haja vista a clareza do dispositivo que passou a tratar do crédito presumido do PIS/Pasep e da Cofins, qual seja o artigo 8º da Lei nº 10.925 de 23 de julho de 2004, segundo o qual, “As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, [...], destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nº 10.637, de 30/12/2002, e 10.833, de 29/12/2003, adquiridos de pessoas físicas ou recebidos de cooperado pessoa física.” (grifei) Ora, a menção que referido dispositivo legal faz ao artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003 tem como único objetivo o de identificar os produtos adquiridos que podem gerar o direito ao crédito presumido e não o de estender a este o mesmo direito de aproveitamento [ressarcimento e compensação] que está contemplado, ressaltese, de forma taxativa, nas hipóteses constantes dos incisos do referido artigo 3o. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 512 15 Nem me valerei aqui das regras específicas trazidas pelas instruções normativas que regem os procedimentos de compensação e de ressarcimento, e tampouco discorrerei sobre o argumento de que o crédito presumido seria uma subvenção financeira, porquanto vislumbro na argumentação da Recorrente mero inconformismo com a forma com que o legislador tratou a matéria. Assim, consoante consta de forma clara no art. 8º da Lei nº 10.925 de 23 de julho de 2004, o crédito presumido somente pode ser deduzido da contribuição eventualmente devida, e não ser aproveitado via ressarcimento e/ou compensação. (...) Assim, no que concerne ao crédito presumido, nada há a reformar na decisão recorrida. 4) Da apuração da base tributável do PIS e Cofins Exclusões permitidas às sociedades cooperativas Alega a recorrente que teria direito às exclusões da base de cálculo tributável pleiteadas sem nenhuma condicionante, nos termos do art. 15 da Medida Provisória nº 2.158 35/2001 e art. 11 da IN SRF nº 635/2006, que assim dispõem: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: Ios valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; IIas receitas de venda de bens e mercadorias a associados; IIIas receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IVas receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; Vas receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. §1oPara os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. §2oRelativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: Ia contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; IIserão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. Art. 11. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, apurada pelas sociedades cooperativas de produção agropecuária, pode ser ajustada, além do disposto no art. 9º, pela: I exclusão do valor repassado ao associado, decorrente da comercialização, no mercado interno, de produtos por ele entregues à cooperativa; II exclusão das receitas de venda de bens e mercadorias ao associado; Fl. 519DF CARF MF 16 III exclusão das receitas decorrentes da prestação, ao associado, de serviços especializados aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV exclusão das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produto do associado; V dedução dos custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização; VI exclusão das receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos, na hipótese de apuração das contribuições no regime cumulativo; e VII dedução das sobras líquidas apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates), previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971. § 1º Para os fins do disposto no inciso I do caput: I na comercialização de produtos agropecuários realizados a prazo, assim como aqueles produtos ainda não adquiridos do associado, a cooperativa poderá excluir da receita bruta mensal o valor correspondente ao repasse a ser efetuado ao associado; e, II os adiantamentos efetuados aos associados, relativos à produção entregue, somente poderão ser excluídos quando da comercialização dos referidos produtos. § 2º Para os fins do disposto no inciso II do caput, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculadas diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa, e serão contabilizadas destacadamente pela cooperativa, sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie e quantidade dos bens ou mercadorias vendidos. § 3º As exclusões previstas nos incisos II a IV do caput: I ocorrerão no mês da emissão da nota fiscal correspondente a venda de bens e mercadorias e/ou prestação de serviços pela cooperativa; e II terão as operações que as originaram contabilizadas destacadamente, sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor, da espécie e quantidade dos bens, mercadorias ou serviços vendidos. § 4º O disposto no inciso VII do caput aplicase aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de novembro de 1999. § 5º As sobras líquidas, apuradas após a destinação para constituição dos fundos a que se refere o inciso VII do caput, somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a ele creditadas, distribuídas ou capitalizadas. § 6º A sociedade cooperativa de produção agropecuária, nos meses em que fizer uso de qualquer das exclusões ou deduções de que tratam os incisos I a VII do caput, deverá, também, efetuar o pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários, conforme disposto no art. 28. § 7º A entrega de produção à cooperativa, para fins de beneficiamento, armazenamento, industrialização ou comercialização, não configura receita do associado. § 8º Considerase custo agregado ao produto agropecuário, a que se refere o inciso V do caput, os dispêndios pagos ou incorridos com matériaprima, mãodeobra, encargos sociais, locação, manutenção, depreciação e demais bens aplicados na produção, beneficiamento ou acondicionamento e os decorrentes de operações de parcerias e integração entre a cooperativa e o associado, bem assim os de comercialização ou armazenamento do produto entregue pelo cooperado. Fl. 520DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 513 17 § 9º A dedução de que trata o inciso VII do caput poderá ser efetivada a partir do mês de sua formação, devendo o excesso ser aproveitado nos meses subseqüentes. A fiscalização considerou indevidas algumas parcelas das exclusões da base de cálculo tributável das contribuições pela cooperativa, nesses termos: (...) 10.1 Repasse aos Associados Analisando o art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, verificamos que tal dispositivo autorizou excluir da base de cálculo do PIS e da Cofins, os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização dos produtos por eles entregues à cooperativa. A interpretação que temos desse dispositivo é que nas operações em que foi excluída a integralidade da receita, por se tratar de venda sujeita a suspensão do PIS e da COFINS ou exportação, não há que se falar em excluir os valores repassados aos associados, proporcional a essas receitas, tendo em vista que a base de cálculo do PIS e da COFINS foi zerada pela exclusão da integralidade da receita. Considerando que na venda de produtos agrícolas com suspensão ou exportação a receita foi integralmente excluída da base de cálculo do PIS e da COFINS, os repasses aos associados, foram ajustados pela fiscalização, permitido a exclusão do repasse aos associados, proporcional, a receita de venda de produtos agrícolas, somada a receita de venda de bens de fabricação própria tributadas no mercado interno, pela soma da receita total da venda de produtos agrícolas com a venda de bens de fabricação própria. 10.2 Venda de Mercadorias aos Associados (...) Período: agosto/2004 a dezembro/2008 A partir do mês de agosto/2004 os insumos e sementes vendidos aos associados tiveram as alíquotas para o PIS e a COFINS reduzidas a zero, portanto, a receita foi excluída a título de venda de mercadorias alíquota zero, tendo anulado (zerado) as bases de cálculo da venda de mercadorias aos associados. (...) as bases de cálculo do PIS e da COFINS foram zeradas pela exclusão da receita sujeita a alíquota zero, não tendo como excluir outra vez, pois, irá afetar a base de cálculo da receita dos demais setores sujeitos a tributação. Com isto, estamos glosando o valor das mercadorias aos associados a partir do mês de agosto/2004, haja vista a contribuinte ter informado na resposta ao termo de intimação fiscal n° 0003, tratarse de venda de insumos e sementes que tiveram as alíquotas para o PIS e COFINS reduzidas a zero. 10.3 Receita de beneficiamento, armazenamento, industrialização de produção dos associados. (...) Em nenhum aspecto da legislação verificamos que a legislação autorizou a exclusão da receita de venda de produtos industrializados pela cooperativa, a título de receita de beneficiamento, armazenamento, industrialização de produção dos associados. Na resposta ao termo de intimação fiscal n° 0003, a contribuinte informa que os valores das receitas excluídas a título de beneficiamento, armazenamento, industrialização de produção dos associados é originária da comercialização de produtos industrializados pela cooperativa, por sua conta e risco, adquiridos dos associados. 10.4 Custos Agregados Fl. 521DF CARF MF 18 (...) os mesmos somente podem ser considerados se existe base de cálculo tributável pelo PIS e COFINS, no mesmo sentido do valor dos repasses aos associados. O valor do custo agregado foi ajustado de forma proporcional à receita de venda de produtos agrícolas tributados pelo PIS e COFINS. (...) Como se observa no trecho acima, no caso do Repasse aos Associados, Vendas de produtos aos associados e Custos agregados, essas exclusões da base de cálculo das contribuições, específicas das cooperativas, somente são permitidas se a cooperativa apresentar base de cálculo positiva após as exclusões da receita bruta. Conforme já tinha esclarecido a fiscalização à contribuinte no Termo de Intimação nº 001, "Caso a receita bruta da cooperativa tenha sofrido exclusões com base no que determina a legislação que trata das isenções do PIS e da Cofins nas operações de venda no mercado externo (exportação); venda com suspensão, alíquota zero e substituição tributária das mencionadas contribuições, não há que se falar nas exclusões específicas aplicadas às cooperativas (art. da MP 2.15835/2001 e art. 17 da Lei nº 10.684/2003), pois, se a base de cálculo foi zerada não há mais o que ser excluído". No caso, a contribuinte efetuou as exclusões da base de cálculo específicas para as cooperativas sem levar em consideração que já tinha excluído da receita bruta as receitas de exportações e as receitas de venda de produtos com suspensão, alíquota zero ou substituição tributária; ocorrendo a exclusão em duplicidade das mesmas receitas, tanto na receita bruta total como na base de cálculo das contribuições. Assim, entendo correto o procedimento adotado pela fiscalização. Quanto à exclusão da receita de beneficiamento, armazenamento, industrialização de produção dos associados, ela não foi permitida, pois conforme informado pela própria contribuinte, na verdade, tratavamse de receitas obtidas na comercialização de produtos industrializados pela cooperativa, o que não encontra amparo na legislação, nem no inciso IV (receitas de beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado) ou no inciso II (receitas de vendas aos associados) do art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, nem em outro dispositivo legal. De forma que não cabe reforma na decisão recorrida nesta parte, relativamente às exclusões das bases de cálculo das contribuições. 5) Previsão Legal para a incidência da Selic Por fim, alega a recorrente que os créditos da cooperativa devem ser corrigidos pela Selic, nos termos do § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/1995 a partir do fato gerador, correspondendo, no presente caso, a partir de cada período de apuração, ou seja, a partir do momento que o crédito poderia ter sido aproveitado. No entanto, a pretensão da recorrente encontra obstáculo expresso no art. 13 da Lei nº 10.833/2003, aplicável à Cofins e também ao PIS/Pasep, por força do art. 15 dessa Lei, que assim dispõem: Art. 13 . O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Fl. 522DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 514 19 (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. (...) Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) De outra parte, a previsão legal de atualização do valor pela taxa Selic, nos termos do art. 39, §4º da Lei 9.250/1995, ora transcrito, somente é aplicável para os casos de compensação e restituição, mas não para o ressarcimento: Art. 39. A compensação de que trata o art. 66 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 58 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importância correspondente a imposto, taxa, contribuição federal ou receitas patrimoniais de mesma espécie e destinação constitucional, apurado em períodos subseqüentes. (...) § 4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. (Vide Lei nº 9.532, de 1997) [negrito desta Relatora] Ademais, como bem esclareceu o Conselheiro Relator Bernardo Motta Moreira, em seu Voto no Acórdão nº 3301002.088, da 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, em sessão de 23/10/2013, parcialmente transcrito abaixo, o entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas, eis que, para essas, há a vedação expressa de atualização monetária na lei, o que não ocorre para o IPI. Assim, pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja recalculado o direito creditório da recorrente com base no método do rateio proporcional adotado pela contribuinte para a apropriação dos custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, à receita tributada e à receita não tributada no mercado interno. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 523DF CARF MF 20 Fl. 524DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 515 21 Declaração de Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Peço vênia para divergir da Ilustre Relatora acerca de dois pontos de seu voto. I) Crédito presumido Atividade agroindustrial Produção das mercadorias de origem vegetal classificadas nos capítulos 8 a 12 da NCM A partir de Agosto/2004, entendeu a fiscalização autuante que "A partir de agosto/2004 o crédito presumido ficou restrito às pessoas jurídicas que desenvolvam atividade agroindustrial, as quais apuram o crédito presumido em relação às aquisições de pessoas físicas e recebimentos de pessoas físicas (associados de cooperativas), bem como em relação às aquisições de pessoas jurídicas cuja operação foi realizada com suspensão do PIS e da Cofins. Com isso o crédito presumido apurado pela fiscalização se restringiu à atividade da agroindústria". A Lei nº 10.925/2004 trouxe alteração legislativa ao crédito presumido, permitindoo a partir de agosto de 2004 somente à agroindústria, no caput do art. 8º, para as aquisições de insumo (bens) de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, e no seu §1º, para as aquisições de cerealistas (inciso I) e outras pessoas jurídicas específicas (incisos II e III): Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; [redação original] I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 Fl. 525DF CARF MF 22 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) (...) A partir de então, segundo a fiscalização, não haveria mais a possibilidade de aproveitamento do crédito presumido pelo cerealista, como antes havia no §11 da Lei 10.833/2003, ou pelas pessoas jurídicas descritas nos incisos II e III do §1º do art. 8º da Lei nº 10.865/2004, bem como o crédito em relação às receitas de vendas com suspensão efetuadas a essas pessoas, em face da vedação expressa no §4º do referido art. 8°: § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. Ocorre, todavia, que um ponto específico não foi enfrentado pela fiscalização e que é normativamente relevante para a qualificação da Recorrente: a alteração do conceito de cerealista pela Lei nº 11.196/2005, cujo dispositivo do art. 63 entrou em vigor a partir de 22/12/2005. O dispositivo alterou o conceito de cerealista para excluir a atividade de secar como requisito cumulativo para esta qualificação jurídica, passando a ser necessário que a cooperativa exerça apenas as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar, cumulativamente. Desse modo, a empresa que realizar outras atividades além das quatro mencionadas no art. 63 da Lei nº 11.196/2005, se enquadraria não mais no conceito de cerealista, mas sim no de agroindústria, fazendo jus ao crédito pretendido pela Recorrente. Neste caso, a empresa realiza atividade de secagem, o que lhe garante, frente à Lei mencionada, a condição de empresa agroindustrial. Nesse sentido, menciono os acórdãos do TRF4 na Apelação nº 500780019.2013.404.7104/RS e Apelação nº 5005427 12.2013.404.7105/RS, neste último se afirmouse: As atividades desenvolvidas pela impetrante de limpeza, secagem, classificação e armazenagem de produtos in natura de origem vegetal enquadramse no conceito de empresa agroindustrial ao beneficiar os grãos que exporta, fazendo jus, por consequência, ao ressarcimento do crédito presumido, apurado na forma do artigo 8º da Lei 10.925/2004. Assim, a partir da data de 22/12/2005, a Recorrente passou a se enquadrar não mais na condição de cerealista, mas sim na de empresa agroindustrial, com fundamento no art. 63 da Lei nº 11.196/2005, fazendo jus, como reconhecido pela fiscalização, ao crédito presumido a partir desta data. Em razão disso, minha divergência em relação ao voto da Conselheira Relatora cingese apenas quanto ao reconhecimento do direito do Recorrente aos créditos após 22/12/2005. Fl. 526DF CARF MF Processo nº 11070.002358/200914 Acórdão n.º 3402003.982 S3C4T2 Fl. 516 23 II) Previsão Legal para a incidência da Selic Alega a recorrente que os créditos da cooperativa devem ser corrigidos pela Selic, nos termos do § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/1995 a partir do fato gerador, correspondendo, no presente caso, a partir de cada período de apuração, ou seja, a partir do momento que o crédito poderia ter sido aproveitado. Por sua vez, a Ilustre Relatora negou tal pretensão afirmando a existência de obstáculo expresso no art. 13 da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 13 . O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê lo nos meses subseqüentes. Data vênia, entendo que tal leitura dos dispositivos está equivocada. A restrição legal à atualização diz respeito ao período entre a apuração do crédito e o mês de seu aproveitamento, exclusivamente, não abrangendo o período posterior em que o ressarcimento fica obstado pela resistência ilegítima da fiscalização. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça se manifestou no EAg 1.220.942/SP, nos seguintes termos: “Desse modo, a lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza também a chamada “resistência ilegítima” exigida pela Súmula n. 411/STJ. Sendo assim, realinhei a minha opinião no sentido de reconhecer o direito à correção monetária dos créditos por ressarcimento desde o protocolo dos pedidos administrativos, devendo ser aplicados os índices que constam do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, inclusive a taxa Selic” De fato, não faria sentido o contribuinte ser penalizado em seu crédito em razão de discordância da fiscalização que, ao final do processo administrativo, se mostrou infundada. Sem a incidência da SELIC sobre este crédito, seu valor seria dilapidado ao longo do às vezes extenso período de duração do PAF. Portanto, parece que a interpretação mais consentânea com a sistemática de aproveitamento de créditos e com o respeito ao direito do contribuinte é aquela que estende a Fl. 527DF CARF MF 24 restrição do art. 13 da Lei nº 10.833/2003 apenas ao período entre a apuração do crédito e o pedido de ressarcimento. Uma vez solicitado o ressarcimento, o ônus econômico do tempo não pode recair sobre o contribuinte. Assim, voto pela incidência da SELIC sobre o valor do crédito a partir da data de apresentação do pedido de ressarcimento. (Assinatura Digital) Carlos Augusto Daniel Neto Conselheiro Fl. 528DF CARF MF
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Numero do processo: 11829.720045/2012-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 03 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-002.515
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito e por voto de qualidade manteve-se a solidariedade dos sujeitos passivos. Vencidos os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo (relatora) e Cássio Shappo. Designada para o voto vencedor referente a solidariedade a Conselheira Mércia Helena Trajano DAmorim.
(assinado digitalmente)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA -Presidente Substituto
(assinado digitalmente)
ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAÚJO- Relatora
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM - Relator
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 32; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1829; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 93 1 92 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11829.720045/201229 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201002.515 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de fevereiro de 2017 Matéria MULTAS ADUANEIRAS Recorrente MEP BRASIL COM.SERV MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS E PROCESSOS DE TRANSOFRMAÇÃO DO AÇO E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 10/07/2003 a 08/11/2004 MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA, NA IMPORTAÇÃO.OCULTAÇÃO DOS REAIS INTERVENIENTES NA OPERAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. ART.23, PARÁGRAFOS 2O E 3o DO DECRETOLEI 1455/77 Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE PASSIVA São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, razão pela manutenção no polo passivo, da empresa Encomex. A imputação da responsabilidade tributária aos sócios e administradora de fato, nos termos do art.135 do CTN, deve estar lastreado de elementos probatórios da ocorrência de dolo por parte dos supostos infratores. No caso concreto, a autoridade fiscal imputou a responsabilidade solidária aos sócios e administradora de fato por vislumbrar a prática de infração a legislação, fato que restou devidamente comprovado, razão pela qual os sócios e administradora de fato não devem ser afastados do polo passivo da autuação. Recurso voluntário a que se nega provimento. Recurso a que se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 82 9. 72 00 45 /2 01 2- 29 Fl. 1352DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito e por voto de qualidade mantevese a solidariedade dos sujeitos passivos. Vencidos os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo (relatora) e Cássio Shappo. Designada para o voto vencedor referente a solidariedade a Conselheira Mércia Helena Trajano DAmorim. (assinado digitalmente) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto (assinado digitalmente) ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAÚJO Relatora (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO D'AMORIM Relator Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Ausência justificada de Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente auto da aplicação da multa de 100% do valor aduaneiro, no valor de R$ 368.067,38, prevista no §3° do art. 23 do DecretoLei 1.455 de 7 de abril de 1976, incluído pela Lei 10.637 de 30 de dezembro de 2002, referente a DI 09/17196222, registrada em nome de ENCOMEX TRADING, por não ter sido localizadas ou por ter sido consumidas ou revendidas as mercadorias objeto desta importação, sujeitas a aplicação da pena de perdimento pela prática de interposição fraudulenta decorrente da ocultação do real adquirente das mercadorias importadas mediante simulação, neste caso a empresa MEP BRASIL COMERCIO E SERVIÇOS DE MAQUINAS EQUIPAMENTOS E PROCESSOS NA TRANSFORMAÇÃO DE AÇO LTDA,. São arrolados como responsáveis, as seguintes pessoas físicas e jurídicas: RICARDO HENRIQUE MARQUES DOS SANTOS, sócio da MEP BRASIL; Fl. 1353DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 94 3 ENCOMEX Trading Comercial Importação e Exportação Ltda, importador; ERIC MONEDA KAFER, sócio administrador da ENCOMEX; VERA LUCIA MONEDA KAFER, sócia cotista da ENCOMEX; SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATTO, mandatária da ENCOMEX; ACTION GLOBAL ASSESSORIA EM COMÉRCIO EXTERIOR E DESPACHOS ADUANEIROS, comissária de despachos ; LUCKY CHAVES BRAGA, sócio gerente da ACTION GLOBAL, e WAGNER PEREZ, sócio gerente da ACTION GLOBAL. Conclui a fiscalização em seu relatório as fls. 14, em razão de procedimento fiscal efetuado conforme preceitua a IN SRF nº 228, de 2002, destinado verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas: “No decorrer desta ação fiscal, gerenciada pelo Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPFF) n° 0817700.2010.000507, pesquisas nos sistemas da Receita Federal do Brasil (RFB) e diligências foram realizadas, e intimações foram expedidas ao importador e a outras pessoas. A análise das informações coletadas levou a Fiscalização a concluir que a MEP Brasil Comércio e Serviços de Máquinas Equipamentos e Processos na Transformação de Aço Ltda, doravante MEP BRASIL, ocultouse em operação de importação realizada em nome da ENCOMEX, que simulou importações por sua conta e ordem, o que ser provará neste Termo.” Informa as fls. 27 de seu relatório: “Um conjunto de informações e características observadas na ENCOMEX mostra que a empresa prestava serviço de importação e exportação a outras que, estando estas habilitadas no Siscomex ou não, esquivavamse também de obrigações tributárias principais e acessórias” As características apresentaDas pela fiscalização sobre a ENCOMEX são as seguintes, expostas a partir das fls. 28: Capital subscrito em 14/10/2004, de R$ 150.000,00, dos quais somente R$ 50.000,00 foram integralizados por seu sócio ERIC MONEDA KAFER., detentor de 99,00% das quotas, que o sócio ERIC não possuía capacidade financeira para justificar os recursos utilizados na integralização de capital, Nas operações da ENCOMEX, constatase que, não dispondo de local para armazenagem, ou dispondo apenas por uma parte Fl. 1354DF CARF MF 4 do tempo de sua existência, as mercadorias importadas eram, em regra, entregues aos clientes imediatamente ao desembaraço aduaneiro, ou seja, sem armazenamento em local próprio ou de terceiros.(fls. 32) A auditoria traz fotos e descreve as condições físicas das instalações da ENCOMEX e de suas filiais, as fls. 33 a 36, pelas quais pretende demonstrar a incapacidade operacional diante do volume de importações realizadas. As fls. 38/39 descrevemse as atividades de SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATTO, na ENCOMEX, as quais entendeu suficientes para justificar sua presença no pólo passivo desta atuação; As fls. 39, demonstra a declaração de inexistência de empregados efetuada pela ENCOMEX, em contradição com os fatos que foram constatados: “Embora a ENCOMEX tenha informado que não possuía empregados, documentos retidos por ocasião da diligência de 09/nov/2011 mostram o contrário. ROSÂNGELA DO AMARAL ALMEIDA, CPF 309.229.71803, exestagiária da empresa, foi contratada, tendo recebido salários da ENCOMEX, fato que confirmou em seu depoimento à Fiscalização.” A fiscalização decorrente na análise da logística da ENCOMEX conclui as fls. 41/42: “Quanto à armazenagem de mercadorias, a ENCOMEX foi questionada no item 8 do termo n° 01, no item 01vi do termo n° 5, e nos itens 23, 24 e 36 do termo n° 6. Resumidamente, a ENCOMEX informou que não possuía contrato com terceiros no estado de São Paulo para armazenar as mercadorias, mas utilizava o armazém da filial no Espírito Santo (n° 0003) e o armazém de sua filial em Campinas (n°0004). Considerando que a ENCOMEX opera no comércio exterior desde 2005, e que o contrato de armazenagem no Espírito Santo é datado de maio de 2009, e, ainda, que a filial em Campinas foi constituída em janeiro de 2011, é de se concluir que toneladas de mercadorias foram importadas sem que a empresa tivesse local para armazenagem. Até a assinatura do contrato de depósito em armazéns gerais (resposta ao termo n° 01), a ENCOMEX havia registrado 153 declarações de importação, num total de US$ 3.317.846,04 ou 674,7 toneladas de mercadorias.” Informa, as fls. 45/46, que a mãe de ERIC, VERA LÚCIA MONEDA KAFER é sua sócia com somente 1% de participação na ENCOMEX, sendo que já possuíram participação societária em uma casa lotérica de fevereiro de 2001 a novembro de 2003, cada uma com 50% das quotas; Conclui ainda a auditoria fiscal sobre a constituição da empresa, as fls. 43: Fl. 1355DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 95 5 “No ano de 2004, ERIC recebeu proventos de pessoa física e salário de outra empresa cuja atividade era de consultoria em gesta oempresarial, de acordo com a classificação nacional de atividade econômica (CNAE) Em outubro daquele ano (2004), constituiu a ENCOMEX TRADING COMERCIAL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. VERA LÚCIA MONEDA KAFER declarou que recebeu de pessoa física pouco mais de quatro mil reais no ano de 2006. Em 2007 e 2008, recebeu rendimentos da ENCOMEX.”. As fls. 50 a 54, a auditoria fiscal traz elementos probatórios que entende serem fundamentais para comprovar que a empresa MEP BRASIL, habilitada para operar no comércio exterior para operar com pequena monta, utilizouse da habilitação ordinária da a ENCOMEX: “A ENCOMEX, prestando serviços de importadora, registrou no Siscomex a DI n° 09/17196222, em 04.12.2009, para nacionalizar mercadorias fabricadas e exportadas pela MEP MACCHINE ELETTRONICHE PEIGATRICI SPA, a “MEP italiana”. Tais mercadorias somam US$ 213.979,49 CIF. Ao registrar a referida DI, informando que se tratava de uma operação de importação direta, a ENCOMEX burlou os controles aduaneiros estabelecidos na legislação vigente – IN SRF n° 225/2002, 634/2006 e 650/2006 –, prejudicando a análise de risco realizada pela Fiscalização aduaneira sobre os intervenientes atuantes no comércio exterior e ocultando o real responsável pela operação, aquele que justificava a vinda das mercadorias do exterior, o adquirente de fato, a empresa MEP BRASIL.” As fls. 54, a auditoria apresenta o modo como foi efetuado o pagamento das importações e conclui sobre os registros contábeis na ENCOMEX: “Em 04.12.2009 a empresa ENCOMEX recebe em sua conta corrente nº 58940 3, agência nº 323, no Banco Bradesco, via transferência on line, a quantia de R$ 245.000,00 originária da conta corrente da empresa MEP BRASIL e a contabiliza a crédito na conta analítica de nº 11765 – MEP Brasil Comercio Serviços Ltda pertencente a conta sintética “Empréstimos de Terceiros” do passivo, representando, de fato, um ADIANTAMENTO o que deveria ter sido contabilizado em conta do passivo “Adiantamento de clientes”. No próprio dia 04.12.2009 a empresa ENCOMEX transferiu de sua conta nº 589403 do banco Bradesco a quantia de R$ 218.394,31 à comissária de despacho aduaneiro ACTION GLOBAL Assessoria Comércio Exterior Aduaneiro, que realizou no mesmo dia o recolhimento dos tributos aduaneiros e da taxa Siscomex devidos quando do registro e desembaraço da DI nº 09/14196222, assim como arcou, a seu tempo, com tributo Fl. 1356DF CARF MF 6 estadual e demais despesas envolvidas como a armazenagem, a guia do SDA do despachante aduaneiro, o AFRMM, etc”. As fls. 57, conclui: “Assim, concluímos que os tributos devidos e recolhidos quando do registro da DI no Ssicomex no próprio dia 04.12.2009 e as demais despesas relacionadas ao processo de importação foram, de fato, arcadas pela empresa MEP BRASIL, tendo esta antecipado recursos à ENCOMEX para custear tributos e despesas de uma importação tida como própria da ENCOMEX, permanecendo a MEP BRASIL totalmente oculta em uma operação de importação de mercadorias que destinadas a ela própria.” Sobre a liquidação de câmbio, conclui as fls. 59: “Além disso, apesar de a ENCOMEX ter importado mercadorias da “MEP ITÁLIA” (M.E.P. MACCHINE ELETRONICHE PIEGATRICI SPA), não foi encontrado contrato de câmbio que evidencia o pagamento da ENCOMEX ao exportador. Ressalte se que as instituições financeiras com as quais a ENCOMEX opera foram intimadas, via Requisição de Movimentação Financeira (RMF), a apresentar os contratos de câmbio nos quais a ENCOMEX é parte.” Sobre a participação da ACTION GLOBAL, a auditoria informa: Quando da diligência realizada na data de 09/11/2011, foi retido documento que faz referência ao processo nº “IMC20259/09”, relacionado à DI nº 09/1719622 2 reproduzido abaixo. Tal documento, elaborado pela empresa comissária de despacho ACTION GLOBAL ASSESSORIA EM COMÉRCIO EXTERIOR E DESPACHOS ADUANEIROS LTDA EPP, CNPJ nº 05.020.327/000149, localizada a Rua José Paulino nº 416, 8 andar, sala 801, Centro, Campinas/SP, nos REVELA a participação, de fato, desta empresa na simulação da importação registrada pela ENCOMEX como se fosse por sua conta e ordem. (fls 61) Fica claro, pelo referido documento, que a empresa ACTION GLOBAL tinha conhecimento de que as mercadorias importadas ao amparo da DI nº 09/171196222 eram, na verdade, destinadas à empresa MEP BRASIL, tanto que faz referência ao “cliente” MEP e descreve: “COMISSÃO REFERENTE AO PROCESSO DE LIBERAÇÃO DE PARTES E PEÇAS PARA M.E.P BRASIL, SENDO 0,5% SOBRE O VALOR CIF R$” ....................... “Não é admissível que, possuidor da informação de quem, de fato, é o comprador das mercadorias estrangeiras, na condição de despachante aduaneiro e sócio da comissária de despacho, o Sr. Lucky Chave Braga registre DI no Siscomex de uma importação direta, quando na realidade tem conhecimento de que não é, resultando na ocultação do real comprador e Fl. 1357DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 96 7 permitindo, na prática, seja burlado o limite de operação da modalidade de pequena monta”. (fls. 65) Devidamente cientificados apresentaram impugnação: ERIC MONEDA KAFER, às fls. 827 a 836, nos seguintes termos: Em sede de preliminar pela existência de cerceamento de defesa por ter sido o auto emitido com “ausência de indicação precisa da suposta conduta fraudulenta” e pela emissão da representação fiscal para fins penais somente depois de o processo transitar em julgado na esfera administrativa. No mérito requer seja julgado totalmente improcedente e insubsistente sua autuação, promovendose a imediata exclusão da responsabilidade solidária do sóciogerente ERIC MONEDA KAFER, pelas razões jurídicas que expôs. Pede posterior cancelamento/retificação para exclusão do CPF deste como "sujeito passivo solidário". Alega que, mesmo que os autos fossem procedentes, cabível seria apenas a multa de 10% do art. 33 da Lei nº 11.488/2007. Protesta ainda pela juntada de documentos e provas que se fizerem necessárias ao deslinde do feito. VERA LÚCIA MONEDA KAFER, às fls. 843 a 862, nos seguintes termos: Em sede de preliminar pela existência de cerceamento de defesa por ter sido o auto emitido com “ausência de indicação precisa da suposta conduta fraudulenta”, pela emissão da representação fiscal para fins penais somente depois de o processo transitar em julgado na esfera administrativa e pela sua exclusão do pólo passivo em face na inaplicabilidade do art. 135 do CTN e comprovação da ausência da responsabilidade solidária. No mérito requer seja julgado totalmente improcedente e insubsistente sua autuação por ser apenas sócia quotista, sem poderes de administração e por não ter sido apresentado nos autos provas de sua participação nos atos que levaram a autuação da GRACIANO SONEGO. SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATO, às fls. 802 a 819, nos seguintes termos: Em sede de preliminar pela existência de cerceamento de defesa por ter sido o auto emitido com “ausência de indicação precisa da suposta conduta fraudulenta”, pela emissão da representação fiscal para fins penais somente depois de o processo transitar em julgado na esfera administrativa e pela sua exclusão do pólo passivo em face na inaplicabilidade do art. 135 do CTN e comprovação da ausência da responsabilidade solidária. No mérito requer seja julgado totalmente improcedente e insubsistente sua autuação, promovendose a imediata exclusão Fl. 1358DF CARF MF 8 da sua responsabilidade solidária, pelas razões jurídicas que expõe e posterior cancelamento/retificação para exclusão do CPF deste como "sujeito passivo solidário". Protesta ainda pela juntada de documentos e provas que se fizerem necessárias ao deslinde do feito. ACTION GLOBAL, às fls. 871 a 873, nos seguintes termos: A Impugnante é uma simples prestadora de serviços de despacho aduaneiro, o que não justificaria a sua inclusão como responsável pela penalidade aplicada contra as pessoas anteriormente citadas, como está ressalvado no aludido Termo Fiscal. Que a fundamentação de sua responsabilização ocorreu porque: “na visão do Fisco, a Impugnante teria conhecimento da operação ilícita pactuada pelas duas empresas citadas porque na sua nota fiscal de prestação de serviço (doc. fls. 62), embora dirigida a importadora ENCOMEX, há menção de que o cliente seria a segunda empresa.” Pede que os ilustres julgadores observem que a nota fiscal de fls. 62 foi emitida contra a ENCOMEX Trading Comércio Importação e Exportação Ltda., que é a importadora constante da respectiva declaração de importação. Entende que “De uma simples anotação de cunho administrativo não é possível concluir que a contratante seria a outra empresa, a despeito de a nota fiscal ter como contratante a importadora constante da declaração e dos documentos da importação, que são a única fonte de controle da prestadora dos serviços do despacho aduaneiro. “ LUCKY CHAVES BRAGA, às fls. 900 a 904, nos seguintes termos: Contesta a sua solidariedade aplicada em relação a ACTION GLOBAL, alegando ausência de provas, pois segundo sua tese, a auditoria fiscal o responsabilizou somente porque entendeu que ele deveria saber, como despachante aduaneiro que registrou a DI, que se tratava de uma operação por conta e ordem de terceiros e por isso não deveria ter registrado a DI em nome da ENCOMEX, ocultando a MEP BRASIL. WAGNER PEREZ, às fls. 915 a 904, nos seguintes termos: Contesta a sua solidariedade aplicada em relação a ACTION GLOBAL, alegando, segundo sua tese, que na condição de sócio da ACTION GLOBAL tenha tomado conhecimento da alegada simulação, envolvendo ENCOMEX e MEP BRSIL, se é que realmente esta existe. que sua empresa é prestadora de serviços, a ENCOMEX foi a contratante, a nota fiscal foi contra ela emitida, logo são infundadas as acusações de tinha conhecimento da simulação alegada pela auditoria fiscal e que o Termo Fiscal não foi preciso ao indicar em qual inciso do art. 95 este foi enquadrado, impossibilitando sua defesa. Fl. 1359DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 97 9 que a tentativa de seu enquadramento no art. 135 do CTN é absurda. RICARDO HENRIQUE MARQUES DOS SANTOS, as fls. 930 a 934, ns seguintes termos: Que não se enquadra em nenhuma das situações previstas no art. 95 do Decretolei nº 37/66 e no art. 135 do CTN e que o Termo Fiscal não foi preciso ao indicar em qual inciso do art. 95 este foi enquadrado, impossibilitando sua defesa. que a tentativa de seu enquadramento no art. 135 do CTN é absurda, pois não houve gestão contrária e a operação não resultou em vantagem ao seu sócio. MEP BRASIL, às fls. 943 a 957, nos seguintes termos: Protesta quanto a ausência de procedimento fiscal em relação a MEP BRASIL por ter o lançamento sido efetuado sem que fosse chamada a prestar informações sobre a operação em epígrafe, por a auditoria fiscal ter realizado apenas procedimentos de fiscalização na ENCOMEX, logo conclui que haveria nulidade porque o fisco não buscou apurar a conduta lícita, antes da sua autuação. Apresenta argumentos e documentos para contestar o núcleo das acusações que entende terem sido trazidos pelo fisco ( fls.947): Sobre o primeiro fato, afirma realmente“ ter efetuado um adiantamento em favor da ENCOMEX, no valor de R$ 245.000,00, cujo recurso teria sido utilizado para o pagamento dos tributos incidentes na importação (p. 46);”, porém entende que “a entrega dos recursos não tem o significado jurídico dado pelo Fisco, como será amplamente demonstrado no momento oportuno. Antecipandose, afirma a Impugnante que a referida verba corresponde ao sinal dado à empresa vendedora, que é Fl. 1360DF CARF MF 10 usual no mercado, em especial quando se trata da primeira negociação entre as partes. Aliás, apressase a Impugnante em anotar que é a única operação realizada corresponde à questionada importação”. Sobre o segundo fato: “No momento oportuno, como já observado, a ora Impugnante apresentará os documentos que atestam, de forma cabal, que o pagamento da segunda parte foi regularmente efetuado em favor da ENCOMEX, em plena conformidade com o negócio realizado”. Alega ser adquirente de boa fé e para isso apresenta seus argumentos. Alega que se a ENCOMEX possuía registro no Siscomex, referindose sobre a habilitação desta na Receita Federal, nos seguintes termos: “E há um ponto que realmente não encontra explicação plausível! Com efeito, os ilustres agentes fiscais afirmam que a ENCOMEX não podia realizar importação própria por falta de estrutura física e de capacidade financeira. Ora, tais condições são imprescindíveis para a concessão e manutenção da habilitação no Siscomex na modalidade ordinária, que foi deferida a referida empresa. Assim, de duas, uma. Será que tais aspectos não foram avaliados quando do deferimento da habilitação? Ou o que aparenta ser mais plausível, quando concedida a habilitação ela tinha essas condições e só posteriormente deixou de têlas. Qualquer que seja a resposta dada a essas indagações, nada disso pode ser oposto a ora Impugnante; ela não pode ser vítima da desídia oficial.” Apresenta argumentos os quais entende que somente levariam a conclusão de que a operação foi uma aquisição no mercado interno. ENCOMEX TRADING, às fls. 1.016 a 1.031, nos seguintes termos: Em sede de preliminar pela existência de cerceamento de defesa por ter sido o auto emitido com “ausência de indicação precisa da suposta conduta fraudulenta”. Alega que, mesmo que os autos fossem procedentes, cabível seria apenas a multa de 10% do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 já lançada em outro processo, não podendo lhe ser imputada a responsabilidade também pela multa de 100% do valor aduaneiro neste processo, inclusive na condição de solidário. Alega que a venda efetuada a MEP tratase de uma operação no mercado interno, regular e que cumpriu as formalidades legais e documentais, e que há vicio material no lançamento, passível de nulidade, por erro na capitulação legal. Alega que a auditoria fiscal deixou de analisar ou suprimiu documentos apresentados pela impugnante que poderiam Fl. 1361DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 98 11 demonstrar sua capacidade econômica, financeira e estrutural, citandoos. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 04/12/2009 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO DE TERCEIROS NA IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL. A interposição fraudulenta na importação caracteriza crime contra a ordem tributária, sujeitando os envolvidos a representação fiscal para fins penais além das penalidades previstas na legislação fiscal. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiros presumese legalmente por conta e ordem deste. RESPONSABILIDADE. RESPONSABILIDADE PELA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. As pessoas expressamente designadas por lei são responsáveis pelas infrações. Respondem conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a prática da infração ou dela se beneficie. RESPONSABILIDADE. RESPONSABILIDADE PELA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS ADMINISTRADORES E MANDATÁRIOS. Os diretores, gerentes ou mandatários de pessoas jurídicas de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou com infração à lei. AUTUAÇÃO. COMISSÁRIA DE DESPACHO ADUANEIRO E SEUS SÓCIOS GERENTES. RESPONSABILIDADE PELA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. INOCORRÊNCIA DA PARTICIPAÇÃO NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. Tendo a comissária de despacho agido somente por força de mandato regular e sem infringir a legislação aplicável, não procede o auto de infração que visa a exigir da sua pessoa e, por conseguinte, de seus sócios gerentes, na condição de responsáveis pessoais e/ou solidários pelo cumprimento da obrigação tributária decorrente da aplicação de penalidade em face de interposição fraudulenta mediante a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas. Fl. 1362DF CARF MF 12 Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora (Voto Vencido apenas na parte da responsabilidade tributária) Os presentes recursos preenchem as condições de admissibilidade, pelo que deles tomo conhecimento. Como se depreende, o presente processo tem como escopo uma operação de importação, realizada em 2009, que embora tenham sido declaradas à fiscalização como "por conta própria" , foi requalificada como "importações por conta e ordem de terceiros", tipificandose a hipótese de interposição fraudulenta, com fundamento no art.23, V, §§§1o, 2o e 3o, do Decretolei n. 1455/76, como se verifica do auto de infração. A legislação aduaneira brasileira conta, atualmente, com três modalidades de importação: a direta, por "conta e ordem" e "por encomenda". Na importação direta, também conhecida como por “conta própria” as mercadorias são adquiridas pelo importador, com recursos próprios, que pode revendêlas ou não no mercado interno. A “importação por conta e ordem” é modalidade de importação que existe ao lado da “importação por encomenda”, que implica a terceirização das operações de importação. Com efeito, conforme esclarecimento veiculado na página da Receita Federal na internet, muitas empresas necessitam realizar operações de importação as quais, como é notório, pressupõem conhecimentos profundos atinentes à legislação tributária e aos controles administrativos. Por essa razão, é vantajosa, estrategicamente, a terceirização dessa atividade a empresas especializadas em comércio exterior, como as tradings companies ou comercial exportadoras, para que as empresas possam envidar esforços no desenvolvimento do foco de seu objeto social. Contudo, para a preservação da segurança pública e garantia do crédito tributário, evitandose situações de interposição fraudulenta ou utilização de “laranjas” na importação, a legislação detalha, minuciosamente, a forma como devem se configurar essas operações, de maneira que a empresa que efetiva a operação de importação, ou seja, que realiza o negócio jurídico de fundo, de compra e venda internacional, seja perfeitamente identificada, além de estabelecer obrigação solidária pelo crédito tributário originado da operação. Assim, na importação por conta e ordem, uma empresa – a adquirente – interessada em uma determinada mercadoria, contrata uma prestadora de serviços – a Fl. 1363DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 99 13 importadora por conta e ordem – para que esta, utilizando os recursos originários da contratante, providencie, dentre outros, o despacho de importação da mercadoria em nome da empresa adquirente. A INSRF 225/2002, assim estabelece que: Art. 5º A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001 . Por outro lado, a INSRF 247/2002, no capítulo “Importação por Conta e Ordem de Terceiros”, nos arts. 86 a 88, discorrem sobre a estruturação jurídica e sobre obrigações acessórias. Diz o art. 86: Art. 86. O disposto no art. 12 aplicase, exclusivamente, às operações de importação que atendam, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I – contrato prévio entre a pessoa jurídica importadora e o adquirente por encomenda, caracterizando a operação por conta e ordem de terceiros; II – os registros fiscais e contábeis da pessoa jurídica importadora deverão evidenciar que se trata de mercadoria de propriedade de terceiros; e III – a nota fiscal de saída da mercadoria do estabelecimento importador deverá ser emitida pelo mesmo valor constante da nota fiscal de entrada, acrescido dos tributos incidentes na importação. § 1 º Para efeito do disposto neste artigo, o documento referido no inciso III do caput não caracteriza operação de compra e venda. § 2 º A importação e a saída, do estabelecimento importador, de mercadorias em desacordo com o disposto neste artigo caracteriza compra e venda, sujeita à incidência das contribuições com base no valor da operação. II – registrar na sua escrituração contábil, em conta específica, Depreendese dos dispositivos que disciplinam a operação, que na importação por conta e ordem, o importador vende ao adquirente das mercadoria apenas a prestação de serviços, sendo a transmissão da propriedade das mercadorias feita diretamente do exportador ao adquirente. Vislumbramse, portanto, duas relações jurídicas: uma de prestação de serviços e outra, de compra e venda internacional. Transcrevemos, por esclarecedoras, as informações sobre as operações por conta e ordem, da página da Receita Federal na internet (com nossos grifos): “[...] Fl. 1364DF CARF MF 14 importação por conta e ordem de terceiro é um serviço prestado por uma empresa – a importadora –, a qual promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadorias adquiridas por outra empresa – a adquirente –, em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/02 e art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/02). Assim, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o importador de fato é a adquirente, a mandante da importação, aquela que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional; embora, nesse caso, o faça por via de interposta pessoa – a importadora por conta e ordem –, que é uma mera mandatária da adquirente. Em última análise, é a adquirente que pactua a compra internacional e dispõe de capacidade econômica para o pagamento, pela via cambial, da importação. Entretanto, diferentemente do que ocorre na importação por encomenda, a operação cambial para pagamento de uma importação por conta e ordem pode ser realizada em nome da importadora ou da adquirente, conforme estabelece o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI – Título 1, Capítulo 12, Seção 2) do Banco Central do Brasil (Bacen). Dessa forma, mesmo que a importadora por conta e ordem efetue os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, antecipados ou não, não se caracteriza uma operação por sua conta própria, mas, sim, entre o exportador estrangeiro e a empresa adquirente, pois dela se originam os recursos financeiros. [...] Ainda que o importador recolha os tributos incidentes na importação ou venha a efetuar pagamentos ao fornecedor estrangeiro, com recursos financeiros fornecidos pelo adquirente (como adiantamento ou acerto de contas) para a operação contratada, a empresa contratante é a real adquirente das mercadorias importadas e não a empresa contratada, que é, nesse caso, uma mera prestadora de serviços. Embora seja a importadora que promova o despacho de importação em seu nome e efetue o recolhimento dos tributos incidentes sobre a importação de mercadorias (II, IPI, Cofins Importação, PIS/PasepImportação e CideCombustíveis), é a adquirente – a mandante da operação de importação – aquela que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional. Conseqüentemente, embora o importador seja o contribuinte dos tributos federais incidentes sobre as importações, o adquirente das mercadorias é responsável solidário pelo recolhimento desses tributos, seja porque ambos têm interesse comum na Fl. 1365DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 100 15 situação que constitui o fato gerador dos tributos, seja por previsão expressa de lei. (vide arts. 124, I e II da Lei nº 5.172, de 1966 CTN; arts. 103, I, e 105, III, do Decreto nº 4.543, de 2002; arts. 24, I, e 27, III, do Decreto nº 4.544, de 2002; arts. 5º, I, e 6º, I, da Lei nº 10.865, de 2004; e arts. 2º e 11 da Lei nº 10.336, de 2001). Adicionalmente, devese ressalvar que, mesmo que o importador e o adquirente não contabilizem corretamente a operação por conta e ordem efetivamente realizada, nem cumpram com todos os requisitos e condições estabelecidos na legislação que trata desse assunto, ainda assim, o real adquirente das mercadorias será o responsável solidário pelas obrigações fiscais geradas pela importação efetivada, por força da presunção legal expressa no artigo 27 da Lei 10.637, de 2002, em virtude de que dela são os recursos utilizados na operação. A inobservância desses requisitos e condições pode acarretar, ainda, desde o lançamento de ofício dos tributos e acréscimos legais eventualmente devidos até o perdimento das mercadorias importadas. Atualmente, os tributos federais incidentes sobre uma importação devem ser recolhidos por ocasião do registro da DI, não importando se esta é por conta própria ou por conta e ordem de terceiros. Entretanto, nesta última situação, o tratamento tributário dado ao importador e ao adquirente nas etapas subseqüentes à nacionalização das mercadorias difere daquele aplicável aos casos de importação por conta própria: Quanto à importadora: Embora devam ser contabilizadas tanto as entradas das mercadorias importadas como os recursos financeiros recebidos dos adquirentes – para fazer face às despesas com a importação ou, até mesmo, pagamentos efetuados aos fornecedores estrangeiros –, esses lançamentos não devem e não podem ser computados como bens, direitos ou receitas da importadora, pelo contrário, são bens e direitos dos terceiros adquirentes dessas mercadorias. Conseqüentemente, a receita bruta da importadora, para efeito de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, corresponde ao valor dos serviços por ela prestados, nos termos do artigo 12 do Decreto nº 4.524, de 2002 e dos arts. 12 e 86 a 88 da IN SRF nº 247/02. Por essa razão, não caracteriza operação de compra e venda a emissão de nota fiscal de saída das mercadorias importadas, do estabelecimento do importador para o do adquirente, nem o importador pode descontar eventuais créditos gerados pelo recolhimento dessas contribuições por ocasião da importação realizada, que poderão ser aproveitados, no entanto, pelo adquirente. É o que determina o artigo 18 da Lei nº 10.865/04. Finalmente, por força do artigo 70 da Lei nº 10.833, de 2003, a importadora deverá manter, em boa guarda e ordem, os Fl. 1366DF CARF MF 16 documentos relativos às transações que realizar, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que está submetida, e apresentálos à fiscalização aduaneira quando exigidos. Quanto à adquirente: No que se refere à Contribuição para o PIS/PasepImportação e à CofinsImportação, ainda que seja o importador o contribuinte de direito e que este venha a recolher os valores devidos, o pagamento termina por ser efetuado com recursos originários do próprio adquirente, logo, por este devem ser aproveitados os créditos por ventura utilizados na determinação dessas mesmas contribuições incidentes sobre o seu faturamento mensal. É o que estabelece o artigo 18 da Lei nº 10.865/04. Da mesma forma, à receita bruta do adquirente, decorrente da venda da mercadoria importada por sua ordem, aplicamse as mesmas normas de incidência dessas contribuições aplicáveis à receita decorrente da venda de mercadorias de sua importação própria. É o que determina o § 2º do artigo 12 do Decreto nº 4.524, de 2002. Com relação ao IPI, conforme estabelece o artigo 9º, IX, do Decreto nº 4.544/02 (RIPI), o adquirente é equiparado a estabelecimento industrial e, portanto, é contribuinte desse imposto. Conseqüentemente, o adquirente deverá, ainda, recolher o imposto incidente sobre a comercialização das mercadorias importadas e cumprir com as demais obrigações acessórias previstas na legislação desse tributo. Da mesma forma que ocorre com a Contribuição para o PIS/PasepImportação e a CofinsImportação, o adquirente poderá aproveitar, se houver, o crédito de IPI originário da operação de importação, que tenha sido informado na nota fiscal de saída emitida pelo importador, tendo o adquirente como destinatário, na forma estabelecida no artigo 87 da IN SRF nº 247/02. Ressaltese que, em razão da sua responsabilidade solidária, a empresa adquirente, por força do artigo 70 da Lei nº 10.833/03, deverá manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizar, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que está submetida, e apresentálos à fiscalização aduaneira quando exigidos.” Por outro lado, a importação por encomenda configurase quando uma empresa (encomendante predeterminada) contrata uma empresa importadora, para que esta, com seus próprios recursos, providencie a importação dessa mercadoria e a revenda posteriormente para a empresa encomendante, no mercado interno. Nessa categoria, ocorrerá, da mesma forma, duas relações jurídicas distintas, porém, ambas de compra e venda: uma internacional (importação) e, outra, no mercado interno, após a nacionalização das mercadorias. Determina a Lei nº 11.281, de 20 de fevereiro de 2006: Fl. 1367DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 101 17 Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1 o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. § 3º Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. (Incluído pela Lei nº 11.452, de 27 de fevereiro de 2007) A Instrução Normativa SRF nº 634, de 24 de março de 2006, por sua vez, determina: Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente. Na página da Receita Federal do Brasil na internet temse que (com grifos nossos): A importação por encomenda é aquela em que uma empresa adquire mercadorias no exterior com recursos próprios e promove o seu despacho Assim, como na importação por encomenda o importador adquire a mercadoria junto ao exportador no exterior, providencia sua nacionalização e a revende ao encomendante, tal operação tem, para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais de uma importação própria. Em última análise, em que pese a obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante Fl. 1368DF CARF MF 18 predeterminado, é aquele e não este que pactua a compra internacional e deve dispor de capacidade econômica para o pagamento da importação, pela via cambial. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir, no mercado interno, as mercadorias revendidas pelo importador contratado. Ressaltese ainda que, diferentemente da importação por conta e ordem, no caso da importação por encomenda, a operação cambial para pagamento da importação deve ser realizada exclusivamente em nome do importador, conforme determina o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI – Título 1, Capítulo 12, Seção 2) do Banco Central do Brasil (Bacen). Pela leitura conjunta das disposições que disciplinam a importação por conta e ordem e por encomenda, algumas conclusões já começam a se delinear. Enquanto as regras da importação por conta e ordem, em sua letra, prescrevem que há presunção de sua ocorrência, no caso de utilização de recursos financeiros de terceiros, a legislação da importação por encomenda, afirma, incondicionalmente, que esta se configura na hipótese de “importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior”. O recorte promovido ela legislação é coerente com a realidade jurídica subjacente à importação, pois esta nada mais é do que um contrato de compra e venda, com elemento de estraneidade, qual seja, o fato de uma das partes envolvidas, o exportador, residir em outra jurisdição fiscal. O núcleo conceitual do contrato de compra e venda estabelece relações jurídicas contrapostas, em que um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagarlhe certo preço em dinheiro, considerandose adimplido o contrato com a tradição da coisa, pelo vendedor, e o pagamento, pelo comprador. Cláusulas especiais podem ser adicionadas ao contrato, como a questão da assunção do risco, descontos, retrovenda e outras condições e nos contratos internacionais, as partes poderão pactuar sobre os incoterms incidentes. Portanto, em termos jurídicos, a entrega da coisa e o pagamento do preço, determinam, para efeitos mercantis, a transferência da propriedade, e o despacho de importação, com a consequente nacionalização, introduzindo a mercadoria na jurisdição brasileira. Concluise que a titularidade dos recursos financeiros é elemento fundamental para se determinar o importador, na acepção de comprador das mercadorias e detentor de sua propriedade, que é o sujeito considerado como “ocultado”, na legislação de interposição fraudulenta. Conforme se verificou, a interposição nas operações de importação, por si só, não é evento vedado pela legislação; ao contrário, a legislação, especialmente por questões de logística, erigiuse no sentido de disciplinar as formas legítimas de interposição no comércio exterior. Fl. 1369DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 102 19 A interposição associada ao predicado de “fraudulenta”, coibida pelo ordenamento jurídico, é aquela prescrita no Decretolei n. 1455/76: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) [...] § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) §2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3 As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A Lei n. 10.637/2002, por sua vez, estabelece que: art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. De acordo com o tipo legal da "interposição fraudulenta", ocultase o sujeito que adquiriu a mercadoria, figurando em seu lugar, outro sujeito, que se utiliza de recursos financeiros do primeiro, simulandose ser este parte contratante na compra e venda. Com esse artifício, é possível tornarem opacas ao Fisco e das autoridades públicas em geral, situações em que os recursos financeiros tenham origem em ilícitos e que não tenham sido oferecidos à tributação, operações com empresas vinculadas, a quebra da cadeia do IPI, dentre outras situações. O ordenamento jurídico brasileiro erigiu o tipo legal da interposição fraudulenta de forma que pode se configurar nos casos concretos a partir: i. da presunção do Fl. 1370DF CARF MF 20 §2º do art.23 do Decretolei n. 1455/76; ii. ou pela comprovação da existência de fraude ou simulação, em conformidade com o disposto no inciso V, do mesmo dispositivo. A interposição fraudulenta fundada na presunção é relativa, isto é, é ônus do contribuinte fazer prova em contrário, demonstrando a capacidade econômica para fazer frente às operações de importação. Por outro lado, nas hipóteses de interposição fraudulenta que não se assentam em tal presunção, deve a fiscalização comprovar a existência de fraude ou simulação, conforme determina o tipo legal e nos limites traçados pela legislação, para "fraude" e "simulação". Portanto, traçadas as linhas gerais das normas jurídicas que gravitam em torno do caso concreto, como última observação, deve se ter em conta que o tipo legal da "interposição fraudulenta" pressupõe a análise profunda do acervo probatório de cada situação descortinada. No caso em apreço, verificase que a ENCOMEX não logrou comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações analisadas, isto é, como pontuou a decisão recorrida, à capacidade econômica do importador relacionada às operações de importação consideradas fraudulentas. Em consonância com o Termo de Verificação Fiscal e Descrição dos Fatos foi comprovado pela fiscalização que a ENCOMEX recebeu adiantamentos da MEP passíveis de acobertar os valores envolvidos na operação autuada. Nesse contexto, intimada a apresentar a contabilidade, deixou de apresentar períodos, ou quando o fez, apresentavam irregularidades, deixou de apresentar emails ou prova da liquidação do câmbio da operação. Depreendese dos autos que não houve comprovação de disponibilidade de recursos para a realização da importação, aperfeiçoandose a hipótese do §2º do art.23 do Decretolei n. 1455/76, devendo ser negado provimento aos recursos voluntários da ENCOMEX e da MEP. SOBRE A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS SÓCIOS DA PESSOA JURÍDICA E DA SECRETÁRIA DA ENCOMEX (VOTO VENCIDO NESTA PARTE SOLIDÁRIOS) Sobre esse tópico, cumpre ressaltar que a decisão de primeira instância excluiu do polo passivo VERA LUCIA MONEDA KAFER, EVANDRO MORITZ, ACTION GLOBAL ASSESSORIA EM COMÉRCIO EXTERIOR E DESPACHOS ADUANEIROS e de seus sócios LUCKY CHAVES BRAGA e WAGNER PEREZ. Contudo, manteve a responsabilidade solidária para o sócio da ENCOMEX e sua secretária, além do sócio da MEP. Às fls. 60 e 61 do Termo de Verificação Fiscal e Descrição dos Fatos, sobre a responsabilidade solidária dos sócios das pessoas jurídicas envolvidas e da secretária da ENCOMEX apenas se afirma que: Além da solidariedade entre importador e adquirente, ou encomendante, da mercadoria, há a solidariedade dos sócios e demais pessoas que têm estreita ligação com a empresa. O CTN, em seu art. 135, dispõe que respondem, pelos créditos Fl. 1371DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 103 21 correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração de lei, diversas pessoas relacionadas à empresa: CTN Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Tal dispositivo legal implicou a inclusão das pessoas físicas a seguir (relacionadas em tabelas nas duas primeiras páginas deste documento), pelos motivos correspondentes: a. Eric Moneda Kafer: sócio da ENCOMEX. b. Vera Lúcia Moneda Kafer: sócia da ENCOMEX. c. Sheila Tatiana Tomaz Marazzatto: empregada de fato da ENCOMEX. Apesar de não ter sido registrada regularmente pela ENCOMEX, apesar de ERIC ter alegado que SHEILA seria sua secretária particular, encontraramse diversos documentos que indicam que SHEILA efetivamente trabalhava para a ENCOMEX, incluindo procuração para movimentar a conta bancária da empresa junto ao Banco do Brasil. d. Ricardo Henrique Marques dos Santos: sócio da MEP BRASIL; e. Lucky Chave Braga: despachante aduaneiro responsável pelo registro da Declaração de Importação nº 09/17196222, e sócio da empresa ACTION GLOBAL ASSESSORIA COMÉRCIO EXTERIOR Ltda; f. Wagner Perez: sócio da empresa ACTION GLOBAL ASSESSORIA COMÉRCIO EXTERIOR Ltda; A referência ao art.135, III do CTN tem fundamento para a responsabilidade pessoal, caso se verifiquem “atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei”, conforme expressamente estabelece o caput do art. 135 do CTN. E nesse sentido, já estabeleceu o STF, em regime de repercussão geral, qual o alcance do art.135, III do CTN, no RE 562276/PR, ora transcrito: DIREITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. ART 146, III, DA CF. ART. 135, III, DO CTN. SÓCIOS DE SOCIEDADE LIMITADA. ART. 13 DA LEI 8.620/93. Fl. 1372DF CARF MF 22 INCONSTITUCIONALIDADES FORMAL E MATERIAL. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DA DECISÃO PELOS DEMAIS TRIBUNAIS. [...] 2. O Código Tributário Nacional estabelece algumas regras matrizes de responsabilidade tributária, como a do art. 135, III, bem como diretrizes para que o legislador de cada ente político estabeleça outras regras específicas de responsabilidade tributária relativamente aos tributos da sua competência, conforme seu art. 128. 3. O preceito do art. 124, II, no sentido de que são solidariamente obrigadas “as pessoas expressamente designadas por lei”, não autoriza o legislador a criar novos casos de responsabilidade tributária sem a observância dos requisitos exigidos pelo art. 128 do CTN, tampouco a desconsiderar as regras matrizes de responsabilidade de terceiros estabelecidas em caráter geral pelos arts. 134 e 135 do mesmo diploma. A previsão legal de solidariedade entre devedores – de modo que o pagamento efetuado por um aproveite aos demais, que a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, também lhes tenha efeitos comuns e que a isenção ou remissão de crédito exonere a todos os obrigados quando não seja pessoal (art. 125 do CTN) – pressupõe que a própria condição de devedor tenha sido estabelecida validamente. 4. A responsabilidade tributária pressupõe duas normas autônomas: a regra matriz de incidência tributária e a regra matriz de responsabilidade tributária, cada uma com seu pressuposto de fato e seus sujeitos próprios. A referência ao responsável enquanto terceiro (dritter Persone, terzo ou tercero) evidencia que não participa da relação contributiva, mas de uma relação específica de responsabilidade tributária, inconfundível com aquela. O “terceiro” só pode ser chamado responsabilizado na hipótese de descumprimento de deveres próprios de colaboração para com a Administração Tributária, estabelecidos, ainda que a contrario sensu, na regra matriz de responsabilidade tributária, e desde que tenha contribuído para a situação de inadimplemento pelo contribuinte. 5. O art. 135, III, do CTN responsabiliza apenas aqueles que estejam na direção, gerência ou representação da pessoa jurídica e tãosomente quando pratiquem atos com excesso de poder ou infração à lei, contrato social ou estatutos. Desse modo, apenas o sócio com poderes de gestão ou representação da sociedade é que pode ser responsabilizado, o que resguarda a pessoalidade entre o ilícito (mal gestão ou representação) e a conseqüência de ter de responder pelo tributo devido pela sociedade. [...] 10. Aos recursos sobrestados, que aguardavam a análise da matéria por este STF, aplicase o art. 543B, § 3º, do CPC. Fl. 1373DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 104 23 De acordo com entendimento do STF em repercussão geral, portanto, para que se configure a responsabilidade de terceiro, pela obrigação tributária, devem ser observados os seguintes requisitos: descumprimento de deveres próprios de colaboração para com a Administração Tributária; contribuição para a situação de inadimplemento do contribuinte; o terceiro deve estar na direção, gerência ou representação da pessoa jurídica e tãosomente quando pratique atos com excesso de poder ou infração à lei, contrato social ou estatutos; deve haver a pessoalidade entre o ilícito (má gestão ou representação) e a consequência de ter de responder pelo tributo devido pela sociedade. No caso em apreço, não houve a comprovação das condições mencionadas, e a regra de responsabilização de crédito a terceiro, tal como na hipótese de lançamento de ofício, e art. 142 do CTN, estabelece que o ônus da prova é integralmente da fiscalização, E a fiscalização dispõe de todos os meios e prerrogativas para a investigação, a fiscalização para a exigência do crédito tributário, conforme prescrevem os arts. 195 e 196 e 200 do CTN, e mais do que prerrogativa, tratase de poderdever realizar todas as diligências e procedimentos para a comprovação do fato tributário, bem como de penalidade, na forma do art.142 do CTN. No caso concreto, é nítido que houve falha no procedimento de fiscalização para a comprovação dos fatos alegados, juntandose aos autos meros indícios, deixando de fazer a prova cabal, por diligências e procedimentos suplementares. Por conseguinte, é de se julgar nula a inclusão no polo passivo da autuação, dos sócios e da secretária das pessoas jurídicas envolvidas, por ofensa ao princípio da legalidade, da presunção de inocência, da ampla defesa e do devido processo legal, prescritos no art.5o, II e XXXVII, da Constituição Federal, art. 10, III e IV do Decreto 70.235/72, arts. 135, III, do CTN, além do princípio da motivação, expresso no art. 93, IX, com a redação da emenda 45/2004, que combinado com o art. 37, aplicase às decisões administrativas, bem como os art. 489 e 927, § 1º do novo CPC, aplicáveis ao processo administrativo por força do disposto no art.15 do mesmo diploma legal. Em face do exposto, voto pela improcedência do recurso voluntário e quanto ao responsáveis solidários remanescentes, pela sua exclusão do polo passivo. (assinado digitalmente) ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAÚJO Voto Vencedor Conselheira MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIMRedatora designada Da análise da responsabilidade tributária imputada Com essas considerações abaixo, divirjo da ilustre relatora e voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto, determinando a manutenção da responsabilidade tributária solidária de RICARDO HENRIQUE MARQUES DOS SANTOS, sócio da MEP BRASIL, da ENCOMEX TRADING COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, e seu sócio ERIC MONEDA KAFER e de SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATTO. Fl. 1374DF CARF MF 24 Para tanto, vejase abaixo, reprodução do texto da Descrição dos Fatos e Enquadramento legal da infração contida no Auto de Infração, lavrado pela fiscalização: Em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo sujeito passivo supracitado, foi constatado a ocultação da empresa MEP Brasil Comércio e Serviços de Máquinas Equipamentos e Processos na Transformação de Aço Ltda, inscrita no CNPJ n° 10.733.082/000137 na condição de real compradora das mercadorias importadas, mediante simulação, pela empresa ENCOMEX Trading Comércio Importação e Exportação Ltda, CNPJ n° 07.069.077/000167. RESPONDE SOLIDARIAMENTE a este auto de infração o Sr. RICARDO HENRIQUE MARQUES DOS SANTOS, CPF n° 105.373.32839, a empresa ENCOMEX TRADING COMERCIAL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA CNPJ n° 07.069.077/000167, o Sr. ERIC MONEDA KAFER, CPF n°292.322.99836, a Sra. VERA LÚCIA MONEDA KAFER, CPF n° 256.816.37808, a Sra.SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATTO, CPF n° 263.064.55841, a empresa comissária de despacho aduaneiro, ACTION GLOBAL ASSESSORIA EM COMÉRCIO EXTERIOR E DESPACHOS ADUANEIROS LTDA, CNPJ n°05.020.327/000149, o Sr. LUCKY CHAVES BRAGA, CPF n° 195.511.68810, o Sr. WAGNER PEREZ, CPF n° 036.617.12837. Toda a situação encontrase descrita e demonstrada no Termo de Verificação Fiscal e Descrição dos Fatos que é parte integrante e indissociável deste Auto de Infração. Em complemento ao Auto de Infração, todos os fatos verificados pela fiscalização, estão contido no “Termo de Constatação fiscal”, onde restou detalhado, conforme trechos destacados e abaixo reproduzidos: Identificação do contribuinte e demais solidário: NOME: MEP BRASIL Comércio e Serviços de Máquinas Equipamentos e Processos na Transformação de Aço Ltda ENDEREÇO: Bom Jesus da Cachoeira, 100, Parque Edu Chaves/Jaçana, São Paulo/SP, CEP 02236020 CNPJ: 10.733.082/000137 NOME: Ricardo Henrique Marques dos Santos ENDEREÇO: Rua Adelino Alves, nº 93, Bairro: Chácara Santo Antônio, São Paulo/SP, CEP: 04710120 CPF: 105.373.32839 Fl. 1375DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 105 25 NOME: ENCOMEX Trading Comércio Importação e Exportação Ltda ENDEREÇO: Av. José de Sousa Campos, n° 1815, cj 404, Cambuí, Campinas/SP, CEP 13025320 CNPJ: 07.069.077/000167 NOME: ERIC MONEDA KAFER ENDEREÇO: Av. Rotary, n° 155, apto 73, Jardim Paineiras, Campinas/SP, CEP 13.092509 CPF: 292.322.99836 NOME: VERA LUCIA MONEDA KAFER ENDEREÇO: Av. Flamengo, n° 779, apto 12, Jardim Panorama, Vinhedo/SP, CEP 13.280000 CPF: 256.816.37808 NOME: SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATTO ENDEREÇO: R. Mato Grosso, n° 242, Vila Junqueira, Vinhedo/SP, CEP CEP: 13.280000 CPF: 263.064.55841 NOME: ACTION GLOBAL ASSESSORIA EM COMÉRCIO EXTERIOR E DESPACHOS ADUANEIROS Ltda EPP ENDEREÇO: Rua José Paulino nº 416, 8 andar, sala 801, Centro, Campinas/SP, CEP: 13.013000 CNPJ: 05.020.327/000149 NOME: LUCKY CHAVES BRAGA ENDEREÇO: Rua: Leonilda Reimann Trotti, nº 124, Parque Via Norte, Campinas/SP, CEP: 13.065704 CPF: 195.511.68810 NOME: WAGNER PEREZ Fl. 1376DF CARF MF 26 ENDEREÇO: Rua: José Alves de Matos, nº 247, CASA, Bairro: Jardim Asturias, Piracicaba/SP – CEP: 13.426221 CPF: 036.617.12837 ......... Constatouse ocorrência de responsabilidade solidária, nos termos do art. 95 do DecretoLei 37/1966 e do art. 135 do CTN. ............... Art.95 – Respondem pela infração: I – conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...) V – conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) VI – conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006) No caso concreto, além da ENCOMEX TRADING COMERCIAL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA e da MEP BRASIL COMÉRCIO E SERVIÇOS DE MÁQUINAS EQUIPAMENTOS E PROCESSOS NA TRANSFORMAÇÃO DE AÇO LTDA responderem solidariamente, por força do inciso V do referido artigo, com redação dada pela Medida Provisória n° 2.158 de 24 de agosto de 2001 identificouse a ativa participação da empresa ACTION GLOBAL ASSESSORIA COMÉRCIO EXTERIOR LTDA extrapolando a função usualmente desempenhada por uma empresa comissária de despacho aduaneiro conforme relatado no item 7.3 Da efetiva participação da empresa ACTION GLOBAL ASSESSORIA COMÉRCIO EXTERIOR LTDA. Além da solidariedade entre importador e adquirente, ou encomendante, da mercadoria, há a solidariedade dos sócios e demais pessoas que têm estreita ligação com a empresa. O CTN, em seu art. 135, dispõe que respondem, pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração de lei, diversas pessoas relacionadas à empresa: CTN Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos Fl. 1377DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 106 27 correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Tal dispositivo legal implicou a inclusão das pessoas físicas a seguir (relacionadas em tabelas nas duas primeiras páginas deste documento), pelos motivos correspondentes: a. Eric Moneda Kafer: sócio da ENCOMEX. b. Vera Lúcia Moneda Kafer: sócia da ENCOMEX. c. Sheila Tatiana Tomaz Marazzatto: empregada de fato da ENCOMEX. Apesar de não ter sido registrada regularmente pela ENCOMEX, apesar de ERIC ter alegado que SHEILA seria sua secretária particular, encontraramse diversos documentos que indicam que SHEILA efetivamente trabalhava para a ENCOMEX, incluindo procuração para movimentar a conta bancária da empresa junto ao Banco do Brasil. d. Ricardo Henrique Marques dos Santos: sócio da MEP BRASIL; e. Lucky Chave Braga: despachante aduaneiro responsável pelo registro da Declaração de Importação nº 09/17196222, e sócio da empresa ACTION GLOBAL ASSESSORIA COMÉRCIO EXTERIOR Ltda; f. Wagner Perez: sócio da empresa ACTION GLOBAL ASSESSORIA COMÉRCIO EXTERIOR Ltda; Por sua vez, a decisão de piso, excluiu do polo passivo: Ante esses fundamentos, contudo, afastase a sócia VERA LÚCIA MONEDA KAFER do pólo passivo, pois na condição de sócia cotista minoritária, não restaram comprovados elementos que possam colocála na condição de responsável para a infração apurada nos autos. Em razão do voto relatado, julgo procedente em parte a impugnação, mantendose o crédito tributário exigido, excluindo VERA LÚCIA MONEDA KAFER do pólo passivo da autuação. Assim como o voto vencedor com divergência apenas de outros solidários, que também foram exluídos: Em face do raciocínio ora expendido, persuadome de que o lançamento não se sustém em face das pessoas das autuadas Fl. 1378DF CARF MF 28 Action Global Assessoria em Comércio Exterior e Despachos Aduaneiros, Lucky Chaves Braga e Wagner Perez, na condição de responsáveis solidários, razão pela qual os exonero da presente exação tributária, uma vez que não restou demonstrada a solidariedade tributária passiva aludida nos arts. 121, § único, inciso II; 124,inciso I; 128; e 135, incisos II e III, do CTN, ou a responsabilidade solidária prevista no art. 95,inciso I, do Decretolei nº 37, de 1966. Portanto, pelo visto, a decisão de primeira instância excluiu do polo passivo: VERA LUCIA MONEDA KAFER, ACTION GLOBAL ASSESSORIA EM COMÉRCIO EXTERIOR E DESPACHOS ADUANEIROS e de seus sócios LUCKY CHAVES BRAGA e WAGNER PEREZ. Segundo o CTN, em seu art. 135, que dispõe: São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Tal dispositivo legal implicou a inclusão das pessoas físicas (relacionadas acima e pelos motivos correspondentes). A intenção de cometer a infração é irrelevante para a aplicação da penalidade, como previsto no art. 94 do DL 37/1966: DecretoLei 37/1966 Art.94 – Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos (...). § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. [grifei] Especificamente em relação à responsabilidade por infrações, o artigo 95 do DecretoLei nº 37, de 1966, é inequívoco ao determinar que: Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...) Fl. 1379DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 107 29 IV a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006) Em sendo assim, é solidária a pessoa, física ou jurídica, que realiza, conjuntamente com outra ou outras pessoas, a situação que constitui o fato gerador, ou que, em comum com outras pessoas, esteja em relação econômica com o ato, fato ou negócio que dá origem à tributação, ou seja, todas as pessoas que tiram uma vantagem econômica do ato, fato ou negócio tributado. Da mesma forma, são solidários, pela lei específica, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra pela prática da infração, ou dela se beneficie e, ainda, quem promova o despacho da mercadoria, o adquirente e o encomendante de mercadoria de procedência estrangeira (art. 95 do DecretoLei nº 37, de 1966). A decisão de primeira instância ressalta que: ...... À luz desse viés interpretativo e com base no conjunto probatório dos autos, acostado pela fiscalização, constatase que o sócio ERIC, da ENCOMEX, além de sua participação majoritária, tem capacidade decisória sobre as operações da empresa, exercendo de fato a gerência ou administração desta. ............ O Sr. ERIC, sócio da ENCOMEX e o Sr. RICARDO, sócio da MEP BRASIL, mesmo diante da ilegalidade da operação, sendo administradores e detentores docpoder de assinar contratos ou autorizar operações de comércio exterior, não buscaram trazer provas de que tudo ocorreu dentro das regras que regem as obrigações acessórias relativas as operações por conta e ordem de terceiros e não podiam desconhecêlas, não somente porque administravam pessoa jurídica na área de comércio exterior, mas porque o nosso direito assim dispõe. ....... Devese ressaltar que o negócio realizado, visava ocultar o real adquirente na operação e ignoraram ERIC e RICARDO que este fato é considerado infração da lei, caracterizado pela prática de interposição fraudulenta. A auditoria fiscal identificou outra pessoa, a qual não consta do contrato social e nem dos registros formais de funcionários da Fl. 1380DF CARF MF 30 ENCOMEX, contudo envolvida na administração dos negócios desta, informando existência de procuração pública (fl. 439) por prazo indeterminado em que esta outorga poderes a SHEILA MARAZZATTO para que ela atue junto à instituições financeira em seu nome com poderes ilimitados. Por meio desta procuração, conforme se vê as fls. 439, a ENCOMEX dá “amplos e gerais poderes” a SHEILA, inclusive podendo esta substabelecêlos sem restrições, para atuar juntamente a qualquer instituição bancária ou financeira para, entre muitas coisas, aceitar e avalizar letras de câmbio, emitir, reconhecer, endossar e avalizar duplicatas, notas promissórias e “Warrants”. .......... É transparente, pelas provas acostadas aos autos, que SHEILA não era apenas secretária particular de ERIC, porém uma pessoa que possuía poderes relevantes na administração da empresa, não como uma simples funcionária, pois não foi sequer identificado vinculo formal que a colocasse apenas nessa posição, sendo questionável sua relação apenas empregatícia com a ENCOMEX. ....... Resta claro que SHEILA era uma administradora de fato da ENCOMEX, pois auditoria fiscal não identifica e nem SHEILA sequer apresenta algum contrato onde figure apenas como um regular preposto de ERIC, por meio do qual se saiba como é remunerada, quais os limites de suas responsabilidades laborais contratuais, constatandose sua relevante participação ativa nos negócios da ENCOMEX, pois possuía mandato significativo e movimentou valores na conta bancária da empresa, efetuou diversos pagamentos relativos a custos em operações de comércio exterior, a fornecedores, ou seja, possuía um forte relacionamento de confiança com a ENCOMEX em suas operações comerciais e financeiras Pelo visto, há provas cabais demonstrando a situação da responsabilidade tributária da empresa Encomex e as pessoas Srs Eric, Ricardo e Sheila. Nestes termos fica caracterizada a responsabilidade tributária, estabelecida pelos incisos III do artigo 135 da Lei n° 5.172/66 (Código Tributário Nacional),que assim dispõe: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: [...] II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Fl. 1381DF CARF MF Processo nº 11829.720045/201229 Acórdão n.º 3201002.515 S3C2T1 Fl. 108 31 Da análise dessas disposições, verificase, portanto, que os contornos específicos da responsabilidade tributária conferida nesses autos limitase, específica e exclusivamente, à aplicação das disposições do art. 135, incisos II e III do CTN, sendo certo, e completamente indubitável, que a aplicação daquelas disposições, no presente caso, decorrem da verificação de que, na qualidade de “administrador” da empresa autuada, o sr. RICARDO HENRIQUE MARQUES DOS SANTOS, o Sr. ERIC MONEDA KAFER, sócio da Encomex, tinha, portanto, inteiro e integral conhecimento das operações realizadas objeto destes autos, devendo, assim, responder pelas infrações apontadas, bem como SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATTO, esta última, há efetivamente provas que trabalhava para a ENCOMEX, incluindo procuração para movimentar a conta bancária da empresa junto ao Banco do Brasil. A par de todas as discussões, verificase que, indubitavelmente, um dos temas mais urdidos tem sido a verificação do campo possível de aplicação das disposições do mencionado do artigo 95 do DecretoLei nº 37, de 1966, art.135, incisos II e III do CTN, que, com o aqui já apontados, prevêem a possibilidade de responsabilização pessoal aos “diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica”. A grande questão sempre presente nos debates, de fato, é a configuração da hipótese específica que autoriza a sua aplicação, uma vez que, tratandose, como de fato o é, de norma de caráter excepcional (responsabilidade tributária de terceiros), a sua utilização somente se mostra possível quando presentes, então, todas as respectivas circunstâncias autorizativas expressamente previstas no dispositivo em análise. Em face dos longos debates práticos e doutrinários então desenvolvidos, é relevante destacar que, a jurisprudência nacional já a ela especificamente se debruçou, sendo importante destacar, a esse respeito, a existência de precedente específico do Superior Tribunal de Justiça–STJ, que, sob a sistemática própria dos chamados “Recursos Repetitivos” (Art. 543C do CPC), assim então já se pronunciou: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. SÓCIOGERENTE. ART. 135, III, DO CTN. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. ANÁLISE DO CONTEXTO FÁTICOPROBATÓRIO DA LIDE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO POR ESTE TRIBUNAL SUPERIOR. SÚMULA 7/STJ. RECURSO DESPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte firmouse no sentido de condicionar a responsabilidade pessoal do sóciogerente à comprovação da atuação dolosa ou culposa na administração dos negócios, em decorrência de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto, excepcionandose a hipótese de dissolução irregular da sociedade devedora. 2. A análise da atuação do sócio, para efeito de enquadramento nas hipóteses de redirecionamento previstas no art. 135 do CTN, ou, até mesmo, para constatar a ocorrência de encerramento irregular da sociedade, encontra óbice na Súmula 7 desta Corte: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial." 3. Recurso desprovido (grifo nosso). Fl. 1382DF CARF MF 32 (AgRg no REsp 596.134/SC, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/06/2006, DJ 10/08/2006, p. 193. g.n.). Pelo que aqui se verifica, o julgamento paradigma fundamental editado pelo STJ a respeito aos específicos contornos da aplicação das disposições do art.135, incisos II e III do CTN, e, no caso, a responsabilização tributária do sócio, é clarividente no sentido que não se mostra suficiente a simples demonstração ou identificação da ocorrência do inadimplemento do montante devido. É fundamental que, em cada caso, reste devida e especificamente comprovada a atuação com excesso de poder e/ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa, sem a qual, definitivamente, não se pode admitir a responsabilização do referido dirigentes. No presente caso, conforme comentado, as pessoas envolvidas são responsáveis operacionais da atividade da empresa, tendo, assim, completo conhecimento a respeito de todas as operações de importação realizadas. A par do esforço empreendido pelo Fisco, entendo que, no caso, restou devidamente comprovada a hipóteses mencionada no caput do mencionado Art. 135 do CTN, para que, então, fique evidenciado a viabilidade da aplicação da referida responsabilização. Ocorre que, como aqui temos demonstrado, na linha do entendimento pacifico da jurisprudência do STJ (inclusive, nos termos do Art. 543C do CPC, cuja aplicação se mostra obrigatória neste CARF a teor das disposições do Art. 62A do RICARF), para que se mostre possível a responsabilidade pessoal dos diretores, gerentes e representantes da pessoa jurídica, fazse necessária a específica análise de sua conduta e, no caso, a perfeita adequação às hipóteses legais apontadas, sendo certo, que essa responsabilização nunca pode decorrer da simples verificação da ocorrência do inadimplemento das parcelas devidas. No caso dos autos, verificase a devida configuração das hipóteses autorizativas da referida previsão legal da responsabilidade pessoal do dirigente da pessoa jurídica, contida nas disposições do art. 135, incisos II e III do CTN, sendo, portanto, completamente devida, assim, a sua imputação, nos termos e fundamentos devidamente apresentados, uma vez que foram reunidos nos autos elementos capazes de aferir, nos termos do art.135 do Código Tributário Nacional, que os integrantes dos quadros societários das empresas à época da ocorrência dos fatos agiram com infração de legislação (Srs Ricardo e Eric), bem como a empresa Encomex e a Sra SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATTO,. Por todo o exposto, divirjo da ilustre relatora e voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto, determinando a manutenção da responsabilidade tributária solidária de RICARDO HENRIQUE MARQUES DOS SANTOS, sócio da MEP BRASIL, da ENCOMEX TRADING COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, e seu sócio ERIC MONEDA KAFER e de SHEILA TATIANA TOMAZ MARAZZATTO. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIMConselheira Fl. 1383DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.934346/2009-23
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-004.530
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
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PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO. IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEEGT ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 93 43 46 /2 00 9- 23 Fl. 612DF CARF MF Processo nº 11080.934346/200923 Acórdão n.º 9303004.530 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803005.975, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a não homologação de compensação declarada (PER/DCOMP). A compensação está lastreada em crédito oriundo de pagamento de contribuição supostamente efetuado a maior, em razão de apuração efetuada na sistemática nãocumulativa. O colegiado a quo entendeu, em síntese, que a correção dos preços pelo IGP M não descaracteriza a natureza de preço predeterminado para os efeitos da tributação pelas contribuições cumulativas, incidentes sobre contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº10.833/2003. Com esse entendimento, ficou caracterizado o pagamento a maior em razão da apuração da contribuição na sistemática não cumulativa. Para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional aponta decisões que enfrentaram exatamente a mesma situação mesmo setor econômico, mesmo índice em discussão e concluíram de modo antagônico. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.467, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.909061/201179, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.467): O recurso cumpre os requisitos regimentais para que seja apreciado; dele conheço. Fl. 613DF CARF MF Processo nº 11080.934346/200923 Acórdão n.º 9303004.530 CSRFT3 Fl. 4 3 Começo com o registro de que concordo com quase todos os fundamentos da decisão recorrida, da lavra do douto e coerente ex membro desta casa, o dr. Belchior Melo de Souza. De fato, apenas discordo dele quando vislumbra diferença semântica relevante entre as locuções presentes na lei ("reajuste em função de ...") e no ato normativo que buscou regulamentar o assunto ("reajuste em percentual ... "). Para mim, nenhuma diferença há aí: reajuste "em função de" quer dizer exatamente "aplicando o percentual previsto no" índice. O que se tem de ver é se o índice cumpre os requisitos da lei, isto é, refletir "a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995". É que, como já reiteradamente transcrito, a norma que temos de aplicar autoriza a adoção de dois critérios alternativos e mutuamente excludentes para fixação do reajuste do preço: pode ele expressar a variação dos custos ou se basear em índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Por "variação dos custos", entendo eu, quer o ato legal se referir à variação efetivamente ocorrida e devidamente apurada pela empresa em sua escrita contábil. Já o índice que se empregue pode, em princípio, ser qualquer um objeto do acordo celebrado com o cliente, mas não pode superar a efetiva variação dos custos. A meu sentir, a norma sob análise decorre das especificidades do setor em discussão. Como é bem sabido, tratase de uma atividade essencialmente monopolizada, na qual prestador e tomador acordam condições que prevalecerão por períodos de tempo bastante longos. Nesses casos, inexistente um "mercado fixador", o preço é contratualmente definido, especificando o contrato também a forma de reajuste que o preserve dos efeitos inflacionários. Outra especificidade do setor diz com o elevado aporte de capital necessário a sua exploração, o que o fez, até há duas décadas, exclusivamente estatal. A privatização do setor, ocorrida nos idos dos anos 90 do século passado, exigia, por isso, que se garantisse (até onde possível) uma remuneração ao capital privado suficiente a estimular o seu ingresso. E na fixação desse percentual, obviamente, um fator essencial é a "margem de contribuição", no dizer dos contabilistas, ou o markup, na dos economistas: em ambos as acepções, a diferença entre o preço e o custo (unitário, na primeira; marginal, na segunda). E tal diferença, sabidamente, é influenciada pela tributação que incida sobre o setor. É por isso que o legislador, a meu ver acertadamente, previu que o reajuste do preço em percentual "compatível" com a variação efetiva dos custos, por si só, não afetaria a forma de tributação pelas contribuições PIS e COFINS que vigia quando os contratos foram assinados. A rigor, tal regra limitaria a correção dos preços à efetiva variação ocorrida nos custos, mas o legislador a ampliou ao deferir que fosse usado índice, desde que ele refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Fl. 614DF CARF MF Processo nº 11080.934346/200923 Acórdão n.º 9303004.530 CSRFT3 Fl. 5 4 É importante aqui considerar, como minudentemente feito no voto do dr. Belchior, a diferença entre reajuste, recomposição e repactuação. Citoo: Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho1 define o que vêm a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômico financeira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 19972. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Novamente, em nada posso divergir dessa conceituação, mas tampouco posso concordar com a conclusão que dela extrai meu celebrado colega: para mim, a possibilidade de o contrato estabelecer cláusula de alteração em consequência de mudança tributária que venha a afetar o preço, implementada posteriormente à assinatura do contrato, está exatamente a validar o meu entendimento. É que ela seria totalmente desnecessária (ao menos no tocante às contribuições em tela) se fosse possível mantêlo no regime cumulativo pela aplicação de qualquer índice contratual, pois, nesse caso, nunca haveria impacto tributário do reajuste. 1 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 2 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 615DF CARF MF Processo nº 11080.934346/200923 Acórdão n.º 9303004.530 CSRFT3 Fl. 6 5 Penso que, ao contrário, ela pode se dar (caso a correção pelo índice leve à tributação não cumulativa) o que atrai o procedimento de recomposição. Divirjo, portanto, dos que entendem (como parece ser a conclusão da decisão recorrida) que a autorização legal esteja a permitir que a empresa adote um determinado índice e não mais precise averiguar se ele é inferior ou superior à efetiva variação dos seus custos. É óbvio que se for inferior, não estará autorizada a deixar de aplicar o índice contratualmente previsto para reajuste. Aplicamse, nesse caso, as disposições contratuais relativas à recomposição e/ou repactuação, conforme didaticamente exposto pelo dr. Belchior em seu voto. O que isso não implica, porém, é que, em qualquer caso, mantém se o regime cumulativo, pois não é isso o que diz o ato legal. Necessário, pois, provar. Quando se trata de lançamento de ofício, essa prova, a meu sentir, há de ser exigida e desconstituída fundamentadamente pela fiscalização para que possa ser mantido o lançamento. Já nos casos, como o presente, em que é a própria empresa quem postula administrativamente a sistemática cumulativa, ela deve ser a primeira peça a instruir o seu pleito. No presente caso, do relatório da decisão recorrida e da leitura da íntegra do processo, não encontro qualquer prova, no entanto, ainda que a empresa tenha afirmado em seu recurso voluntário que: "(...) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção". Como já repetidamente afirmado, tal prova competia a ela, postulante, e não à fiscalização. Fora isso, a defesa da empresa lastreiase essencialmente no ato da ANEEL, que efetivamente afirma que o IGPM cumpre o requisito legal relativo à tributação aqui discutida. Isso não obstante, rejeito o argumento, pois a competência da ANEEL não alcança matéria tributária. Com efeito, entre as atribuições daquela agência reguladora, exaustivamente elencadas na própria lei que a criou3, nada há acerca da tributação incidente sobre o setor. Assim, as Notas Técnicas e as Resoluções daquela agência reguladora aplicamse às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. Sua competência, pois, restringese à seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos. Por óbvio, entre tais atribuições está dizer que possa ser contratualmente previsto o IGPM. O que não pode é dizer que isso implica tal ou qual consequência tributária. 3 Lei 9.427/96, arts. 3º e 4º Fl. 616DF CARF MF Processo nº 11080.934346/200923 Acórdão n.º 9303004.530 CSRFT3 Fl. 7 6 No presente caso, como já afirmado, embora postule a compensação, nada trouxe a empresa que comprovasse a adequação do índice aos ditames legais. Voto, pois, por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 617DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13894.000280/2002-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1997 a 30/06/1997, 01/11/1997 a 31/12/1997
QUITAÇÃO. PROVA. DARF.
O Documento de Arrecadação e Recolhimento Federal - DARF por si só não é suficiente a comprovar débito específico quando traz incluído somatório de diversos outros débitos, o que dificulta a Autoridade Fazendária imputar corretamente o pagamento aos períodos de apuração.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.499
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso.
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
Domingos de Sá Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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LTDAGRUPO ITAÚ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1997 a 30/06/1997, 01/11/1997 a 31/12/1997 QUITAÇÃO. PROVA. DARF. O Documento de Arrecadação e Recolhimento Federal DARF por si só não é suficiente a comprovar débito específico quando traz incluído somatório de diversos outros débitos, o que dificulta a Autoridade Fazendária imputar corretamente o pagamento aos períodos de apuração. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso. Ricardo Paulo Rosa Presidente. Domingos de Sá Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 4. 00 02 80 /2 00 2- 51 Fl. 210DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário decorrente do lançamento por meio de Auto de Infração lavrado em 02/11/2001, exigindo Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, relativo ao período de apuração de 01/01/1997 a 30/06/1997, 01/11/1997 a 31/12/1997. O lançamento foi efetivado por meio de Auto de Infração parametrizado, denominado de “Eletrônico”, ao fundamento de não localização dos pagamentos vinculados ao débito declarado de 01/11/1997 a 31/12/1997, bem como, a não comprovação de processo judicial concernente aos débitos de janeiro a junho de 1997. Devidamente intimada, a Fiscalizada, tempestivamente, apresentou sua Impugnação em oposição à exigência fiscal, requerendo a improcedência da mesma (fls. 03/06) ao fundamento de que o débito estava totalmente quitado, juntando cópia do DARF e planilhas de cálculos. Sustentou também que DCTF seria retificada visto que nela consta que os créditos discutidos estavam com a exigibilidade suspensa em função de uma consulta fiscal, processo nº 13.805.000.973/92, em verdade ao tempo da declaração os créditos estavam com a exigibilidade suspensa por força dos depósitos realizados nos autos da ação ordinária nº 96.00115877. Disse que recolheu a COFINS, valendo se do benefício fiscal previsto no art. 10 da Medida Provisória nº 1.8586, de 1999, com conseqüente desistência da ação judicial que discutia a não incidência dessa contribuição sobre as receitas imobiliárias. Proferido o r. Acórdão pela 4 ª Turma da DRJ/CPS, na sessão de 10 de janeiro de 2013 (fls. 98/106) , fora considerada parcialmente procedente a impugnação da Fiscalizada, transcrevo a Ementa. “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/1997 a 30/06/1997, 01/11/1997 a 31/12/1997 PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA COM PROCESSO ADMINISTRATIVO. LANÇAMENTO. A propositura de ação judicial antes da lavratura do auto de infração, com o mesmo objeto não obstaculiza a formalização do lançamento, mas impede a apreciação, pela autoridade administrativa a quem caberia o julgamento, das razões de mérito submetidas ao Poder Judiciário. DÉBITOS DECLARADOS. MULTA DE OFÍCIO. Em face do princípio da retroatividade benigna, exonera se a multa de ofício no lançamento decorrente de compensações não comprovadas, apuradas em declaração prestada pelo sujeito passivo, por se configurar hipótese diversa daquelas versadas no art. 18 da Medida Provisória nº135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003, com a nova redação dada pelas Leis nº 11.051/2004 e nº 11.196/2005. Fl. 211DF CARF MF Processo nº 13894.000280/200251 Acórdão n.º 3302003.499 S3C3T2 Fl. 6 3 PAGAMENTO LOCALIZADO. Verificada a existência, nos sistemas informatizados, do pagamento efetuado na data de vencimento para o débito lançado, cancelase a correspondente exigência. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” Sendo assim, extraise que o crédito tributário passou a ser na devido conforme tabela abaixo: Ciente do Acórdão, a interessada apresentou no prazo legal o Recurso Voluntário, às fls. 118/121, aduzindo em síntese, que não merece prosperar a cobrança de CONFINS dos meses de janeiro e julho de 1997, visto que foram declarados corretamente os respectivos valores, bem como fora feito seu devido recolhimento, com os benefícios concedidos pelo art. 10 da Medida Provisória nº 18.186/1999, requerendo a extinção do crédito tributário. É o que interessava relatar. Voto Conselheiro Domingos de Sá Filho, Relator. Cuidase de recursos tempestivo e atende os demais requisitos necessários, motivo pelo qual deve ser conhecido. A discussão se refere aos valores lançados de ofício relativos aos meses de janeiro a junho de 1997 declarados por meio de DCTF com exigência suspensa em decorrência de depósitos judiciais nos autos da Ação Ordinária de nº 13805000973/92, quando o correto a ser verificado fosse os autos da ação ordinária nº 96.00115877. Fl. 212DF CARF MF 4 Em razão do erro cometido pela Recorrente ao informar o número dos autos quando do preenchimento da DCTF levou a Administração Fazendária não lograr êxito em localizar o processo, mesmo existindo, daí concluir a inexistência. Constatase pelo feitio dos fatos que o equivoco do contribuinte ao informar o número do processado errado foi à causa da não localização do mesmo. Por essa razão a Administração Fiscal, mesmo tratando de método parametrizado, não teve êxito em reconhecer o crédito que se pretendia utilizar em extinção dos débitos declarados. Resta examinar alegação de que o pagamento do débito referente ao período de janeiro de 1997 a junho de 1997 deuse por meio de DARF com os benefícios fiscais trazidos no bojo do art. 10 da Medida Provisória nº 1.8586, de 1999. A título de prova a Recorrente fez acostar cópia do DARF no montante de R$ 439.996,15 (quatrocentos e trinta e nove mil, novecentos e noventa e seis reais e quinze centavos) e relatório sucinto do débito quitado pelo documento de arrecadação colecionado, destacando que o valor do período de 01.01.1997 a 30.06.1997 importava no dia do pagamento no montante de R$ 104.189,69 (cento e quatro mil, cento e oitenta e nove reais e sessenta e nove centavos). Mencionou também que essa informação constou da DIPJ de 1997. À fl. 46 encontra cópia do DARF no valor de R$ 439.996,35, pago em 30 de julho de 1999, e, à fl. 50 demonstrativo dos débitos de 1997. Também demonstrou por meio do documento de fl. 55 que os depósitos judiciais foram levantados por meio de alvará, decorrente da ação ordinária movida contra a União Federal. Os poucos documentos trazidos à colação deixa a desejar em muito em matéria de prova a demonstrar a quitação de débito perante a Fazenda Federal. Não se contesta o pagamento contido no DARF, no entanto, esse documento por si só não possui o condão de afirmar que parte do montante recolhido destinava a quitação do crédito tributário relativo ao período de apuração da contribuição destinada a COFINS de janeiro de 1997 a junho de 1997. O demonstrativo elaborado pela Interessada apontando os débitos do período supra mencionado como quitado se revela de pouca serventia para esse fim, assim como, cópia do Alvará de Levantamento de Depósitos Judiciais expedido nos autos do feito de nº 96.00115877. Em sendo assim, não se vislumbra no presente feito demonstração contundente de que o pagamento contido no DARF juntado, parte destinava a quitação do débito remanescentes do período em questão. O Julgador não pode tomar como certo os parcos demonstrativos trazidos como sendo prova cabal da existência da extinção do crédito tributário exigido pela Fazenda. Cabe ressalvar que a unidade origem deve imputar ao eventual pagamento por meio do DARF trazido como prova, extinguindo, se for o caso o débito declarado. Mas, penso que essa é obrigação de quem alega, deveria a Interessada ter instruído melhor a impugnação com a prova plena e indiscutível da quitação do débito. Com essas considerações, conheço do recurso e nego provimento. É como voto. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 13894.000280/200251 Acórdão n.º 3302003.499 S3C3T2 Fl. 7 5 Domingos de Sá Filho Fl. 214DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.005664/2009-30
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-005.021
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 56 64 /2 00 9- 30 Fl. 285DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 286DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 287DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 288DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 290DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 291DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 292DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 293DF CARF MF Processo nº 19515.005664/200930 Acórdão n.º 9202005.021 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 294DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720878/2013-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Feb 13 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011, 2012
PERÍODO DE COMPETÊNCIA. EXCLUSÃO. INEXATIDÃO
A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de ofício, se dela resultar a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido, ou a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração.
ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS.
Verificado, no caso concreto, que os débitos de estimativa não foram liquidados nem por pagamento nem por compensação, cabe a recomposição a apuração do imposto de renda anual, exigindo, por meio de auto de infração, a diferença não recolhida, nem declarada.
CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO.
Aplicam-se ao lançamento reflexo de CSLL, decorrente do IRPJ, as mesmas conclusões.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2011, 2012
COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA.
Considera-se não declarada a compensação, o pedido de ressarcimento ou restituição quando o sujeito passivo não utilizar o programa PER/DCOMP para declarar a compensação ou formular o pedido de ressarcimento ou restituição.
SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA.
Descabe a realização de diligência quando todos os elementos de prova que necessita o julgador para elucidar os fatos que ensejaram o lançamento se encontram nos autos.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2011, 2012
MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL
Os percentuais da multa de oficio e multa isolada sobre estimativa mensal não recolhida são os definidos em lei
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE.
Ao CARF não compete apreciar a conformidade de lei, validamente editada segundo o processo legislativo constitucionalmente previsto, com preceitos emanados da própria Constituição Federal ou mesmo de outras leis, a ponto de declarar-lhe a nulidade ou inaplicabilidade ao caso expressamente previsto, haja vista tratar-se de matéria reservada, por força de determinação constitucional, ao Poder Judiciário.
MULTA ISOLADA. INCIDÊNCIA.
A ocorrência de débito de estimativa mensal não extinta nem por pagamento nem por compensação, nem declarada, acarreta a multa isolada prevista no artigo 44, II, da Lei nº.9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007.
MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA.
Tratando-se de infrações distintas, é perfeitamente possível a exigência concomitante da multa de ofício isolada sobre estimativa obrigatória não recolhida ou recolhida a menor com a multa de ofício incidente sobre o tributo apurado, ao final do ano-calendário, com base no lucro real anual.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE.
A utilização da taxa Selic como juros moratórios decorre de expressa disposição legal.
SÚMULA CARF Nº 4: JUROS. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 1201-001.542
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer a exclusão da despesa em 2009, mantendo o IRPJ e a CSLL recalculados, assim como as multas isoladas em razão do recálculo das estimativas cujas compensações não foram objeto de PER/DComp. Vencidos o Relator, que dava provimento ao Recurso Voluntário e o Conselheiro José Carlos, que lhe dava parcial provimento, apenas para reconhecer a necessidade de recálculo das multas isoladas. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Eva Maria Los.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
(assinado digitalmente)
Eva Maria Los - Redatora
EDITADO EM: 03/02/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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EXCLUSÃO. INEXATIDÃO A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de ofício, se dela resultar a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido, ou a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. Verificado, no caso concreto, que os débitos de estimativa não foram liquidados nem por pagamento nem por compensação, cabe a recomposição a apuração do imposto de renda anual, exigindo, por meio de auto de infração, a diferença não recolhida, nem declarada. CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicamse ao lançamento reflexo de CSLL, decorrente do IRPJ, as mesmas conclusões. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2011, 2012 COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. Considerase não declarada a compensação, o pedido de ressarcimento ou restituição quando o sujeito passivo não utilizar o programa PER/DCOMP para declarar a compensação ou formular o pedido de ressarcimento ou restituição. SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 08 78 /2 01 3- 04 Fl. 1910DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 3 2 Descabe a realização de diligência quando todos os elementos de prova que necessita o julgador para elucidar os fatos que ensejaram o lançamento se encontram nos autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011, 2012 MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL Os percentuais da multa de oficio e multa isolada sobre estimativa mensal não recolhida são os definidos em lei MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. Ao CARF não compete apreciar a conformidade de lei, validamente editada segundo o processo legislativo constitucionalmente previsto, com preceitos emanados da própria Constituição Federal ou mesmo de outras leis, a ponto de declararlhe a nulidade ou inaplicabilidade ao caso expressamente previsto, haja vista tratarse de matéria reservada, por força de determinação constitucional, ao Poder Judiciário. MULTA ISOLADA. INCIDÊNCIA. A ocorrência de débito de estimativa mensal não extinta nem por pagamento nem por compensação, nem declarada, acarreta a multa isolada prevista no artigo 44, II, da Lei nº.9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. Tratandose de infrações distintas, é perfeitamente possível a exigência concomitante da multa de ofício isolada sobre estimativa obrigatória não recolhida ou recolhida a menor com a multa de ofício incidente sobre o tributo apurado, ao final do anocalendário, com base no lucro real anual. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. A utilização da taxa Selic como juros moratórios decorre de expressa disposição legal. SÚMULA CARF Nº 4: JUROS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer a exclusão da despesa em 2009, mantendo o IRPJ e a CSLL recalculados, assim como as multas isoladas em razão do recálculo das estimativas cujas compensações não foram objeto de PER/DComp. Vencidos o Relator, que dava provimento ao Recurso Voluntário e o Conselheiro José Carlos, que lhe dava parcial provimento, apenas para reconhecer a necessidade de recálculo das multas isoladas. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Eva Maria Los. Fl. 1911DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 4 3 (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. (assinado digitalmente) Eva Maria Los Redatora EDITADO EM: 03/02/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Luiz Paulo Jorge Gomes Relatório Trata o processo de autos de infração lavrados pela Delegacia Especial de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro, Demac/RJ, nos quais se exige o recolhimento do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, (IRPJ), Multa Isolada sobre estimativa do IRPJ não paga, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, (CSLL), e Multa Isolada sobre estimativa da CSLL não paga, respectivamente, nos valores de R$72.558.786,67, R$300.739.711,95, R$30.681.285,96 e R$88.770.191,34, acrescidos de multa de ofício de 75%, e juros de mora calculados até 08.2013. A descrição dos fatos nos autos de infração, aponta que houve IRPJ e CSLL recolhidos a menor e falta de recolhimento de IRPJ e CSLL com base em estimativa. No Termo de Constatação Fiscal consta: a Interessada foi intimada a apresentar documentação comprobatória referente a saldo de prejuízo fiscal no montante de R$355.885.388,97, constante de lançamento de 31/12/2009, informado na fl. 22 do Livro LALUR (n° de ordem 22) (Fl.85); em resposta, a Interessada afirmou que o referido saldo de prejuízo fiscal era oriundo de contrato assinado em 14/12/2000 com sua entidade fechada de previdência complementar, a Real Grandeza Fundação de Previdência e Assistência Social, pelo qual assumia dívida desta última (de forma a conter um Déficit Técnico) no montante de R$619.743.121,56, (Fls.06/13); ocorre que a Interessada só veio a contabilizar a despesa (da competência de 2000) com sua Fundação de Previdência e Assistência Social no anocalendário de 2009; para tanto, registrou diretamente no LALUR (do anocalendário de 2009), como prejuízo fiscal, o mesmo montante de R$619.743.121,56 (Fl.05); Fl. 1912DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 5 4 uma vez registrado erroneamente o valor no LALUR (na medida em que uma despesa do período de competência de 2000 foi registrada em 2009 diretamente como prejuízo fiscal), a Interessada compensou o montante nos anoscalendário de 2009, 2010 e 2011, conforme demonstrado às fls.1.319; se a contabilização da despesa tivesse sido feita em seu correto período de competência, qual seja, o anocalendário de 2000, e de acordo com a DIPJ 2001 apresentada pelo contribuinte, haveria apenas uma majoração, no período, do prejuízo fiscal apurado de R$99.196.119,45 para R$718.939.241,01, e uma majoração da base negativa da CSLL apurada de R$331.921.722,72 para R$951.664.844,28 (Ver DOC DIPJ 2001), já que as despesas não contabilizadas somaram R$ 619.743.121,56; não ocorreu, em 2000, em função da falta de contabilização destas despesas, pagamento a maior de IRPJ ou de CSLL; a utilização de despesas da competência do anocalendário de 2000, constituída na forma de prejuízo fiscal, no anocalendário de 2011, reduziu de forma indevida o lucro real e a base de cálculo da CSLL em 2011, no valor de R$157.762.456,02, devendo tal valor ser glosado a Interessada foi intimada a apresentar: demonstrações financeiras auditadas relativas ao exercício findo em 31/12/2011; balancetes mensais relativos aos meses de Out/2010 a Março/2012; demonstrativos analíticos da determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido referentes aos meses de Janeiro/2011 a Março/2012, acompanhados das memórias de cálculos e/ou documentos comprobatórios dos valores adicionados, excluídos ou compensados; relação de pagamentos efetuados a título de IRPJ/CSLL, bem como cópias dos respectivos comprovantes de recolhimento (DARF) e/ou comprovantes de depósitos judiciais, referente ao período de Janeiro/2011 a Março/2012; a Interessada foi intimada a identificar as origens dos créditos compensados na apuração das bases de cálculo do Imposto de Renda/Contribuição Social sobre o Lucro Líquido por estimativa mensal referentes aos anoscalendário de 2011 e 2012; a Interessada informou não ter utilizado PER/DCOMP nas mencionadas compensações, fato este confirmado nos sistemas da SRF; além disto, as planilhas de apuração do IR/CSLL apresentadas pela Interessada (fls.113/119; 125/132) não estavam compatíveis com as informações prestadas na DIPJ/2012 (fls.2/63); a Interessada utilizouse dos saldos negativos de IRPJ (R$44.703.592,21, valor corrigido) e de CSLL (R$ 18.657.600,80, valor corrigido) apurados ao final do ano calendário de 2010, (fls.13/16), mediante procedimento irregular de "compensação", para reduzir indevidamente os valores de IRPJ e CSLL mensais (apurados em balanço de suspensão/redução) do ano de 2011; este mesmo procedimento foi adotado para o primeiro trimestre de 2012, ou seja, compensou indevidamente saldos negativos de IRPJ e de CSLL referentes ao ano calendário anterior (fls.124/136); Fl. 1913DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 6 5 concluiu a Fiscalização que, o Lucro Real e a Base de Cálculo da CSLL do anocalendário 2011 e do primeiro trimestre de 2012 foram indevidamente reduzidos em razão da utilização de prejuízo fiscal inexistente (na medida em que foram declaradas, como se prejuízo fiscal fossem, despesas de outro período de competência) e de compensação indevida de saldo negativo de IR e da CSLL (em razão da não utilização de DCOMP), sendo cabível o lançamento de ofício decorrente do ajuste provocado pela adição dos montantes reduzidos, conforme demonstrado nas planilhas de fls.1.326/1.327; foram elaboradas planilhas com as bases mensais de estimativa de IRPJ e CSLL, expurgando os efeitos das compensações de saldo negativo de IRPJ/CSLL utilizadas pela Interessada para amortizar valores devidos de IRPJ e CSLL mensais sem as correspondentes declarações de compensação, bem como a utilização indevida de suposto saldo positivo de prejuízo fiscal e de base negativa da CSLL; as planilhas revelaram diferenças de pagamento do imposto por estimativa, que sujeitaram a Interessada ao lançamento de multa isolada de 50% sobre os valores devidos, conforme demonstrado às fls.1.328. O enquadramento legal consta nos respectivos autos de infração. Inconformada com o crédito tributário originado da ação fiscal, do qual tomou ciência em 29082013, a Interessada apresentou em 30/09/2013, impugnação, instruída por documentos, argüindo a Real Grandeza Fundação de Previdência e Assistência Social, (FRG), é uma entidade fechada de previdência complementar criada por FURNAS com a finalidade básica de complementar os proventos de aposentadoria a serem concedidos a seus empregados pela Previdência Social; o montante registrado em 2009 como prejuízo fiscal foi o referente ao seu valor nominal sem atualizações, qual seja, R$ 619.743.121,56, exatamente o mesmo da despesa assumida em 2000; a Fiscalização não apontou os dispositivos legais que a proibiriam de assim proceder; em 1999, segundo orientação emanada da Comissão de Valores Mobiliários CVM, FURNAS fez o lançamento contábil de dívidas contraídas até 1998 para com a Fundação administradora do fundo de pensão dos seus funcionários, diretamente à conta de lucros acumulados e, em contrapartida, registrou o montante de R$999.770 mil a título de provisão para cobertura da citada obrigação; no ano de 2000, foi assinado um primeiro contrato de confissão de dívidas, no montante de R$619.743 mil, tendo sido, em 2003, firmado um segundo contrato de confissão de dívidas, no montante de R$240.348 mil; dessa forma, FURNAS reverteu o lançamento de R$ 999.770 mil, baixando a provisão, registrando, por conseguinte, a obrigação resultante dos dois contratos assinados (R$860.091 mil); Fl. 1914DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 7 6 em decorrência, a importância de R$999.770 mil não foi deduzida da base tributável do IRPJ e da CSLL, naqueles momentos, por se tratar de baixa provisão, de modo que, tampouco os totais dos dois contratos celebrados (R$ 860.091 mil) foram deduzidos, à época, como despesa; cumpre distinguir o conteúdo de cada um dos dois instrumentos contratuais firmados entre FURNAS e a FRG, o primeiro em 2000 e o segundo, em 2003; o primeiro, denominado Termo de Confissão de Dívidas, tratavase do reconhecimento de débitos de FURNAS para com a FRG, advindos da ampliação de benefícios previdenciários aos associados desta última; com efeito, a obrigação de FURNAS de efetuar dotações para a cobertura das reservas matemáticas já estava formalmente prevista desde 1990; dessa forma, não ocorreu um fato extraordinário no ano de 1998 que significasse a assunção de uma nova obrigação, mas sim a negociação de uma dívida existente; em tal negociação ficou acordado que FURNAS passaria a contribuir com quotas extras para cobrir déficit referente ao tempo de serviço anterior à filiação à FRG, à incorporação ao salário da participação nos lucros e à retirada do teto de benefícios e limite de idade, sendo que parte do valor provisionado (R$487.613 mil) referiase ao déficit dos empregados aposentados até 31 de julho de 1998; por conseguinte, no que tange a essa primeira avença, o dever jurídico de FURNAS, no sentido de dar cobertura ao déficit financeiro da FRG originado dos benefícios assegurados, surgiu em 1990, sob o ângulo da obrigação geral assumida, tendo posteriormentese realizado paulatinamente, à medida em que iam sendo concedidas as aposentadorias de 1990 até julho de 1998; a supramencionada dívida foi dividida em 144 parcelas mensais e sucessivas, tendo vencido a primeira em 26 de janeiro de 2001; foi em decorrência dessa situação que se procedeu ao ajuste recomendado pela CVM, que determinou o lançamento contábil das dívidas contraídas até 1998 diretamente à conta de lucros acumulados, no encerramento do anocalendário de 1999, e a contrapartida constituída a título de provisão, no mesmo momento; no que toca ao segundo contrato, firmado em 2003, referese à cobertura da parcela da “Reserva a Amortizar” prevista no Plano de Benefícios Definidos, integrante do Programa Previdenciário da Fundação Real Grandeza; muito embora o estatuto e a regulamentação do Programa Previdenciário da FRG já contivessem cláusula atribuindo às patrocinadoras, aí incluída FURNAS, a obrigação primordial de recolher à Fundação contribuições e outros encargos de sua responsabilidade, o segundo contrato centrase no débito concernente à aludida “Reserva a Amortizar”, reportando se, também, à LC n° 109/2001, que baixou disciplina legal das entidades de previdência complementar, conforme os seus arts. 18 e 19 transcritos às fls.1.408; Fl. 1915DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 8 7 tendo em vista que a obrigação relativa à Reserva a Amortizar não havia sido contratada até aquela data (2003), as partes anuíram que fosse estipulado, no segundo instrumento, seu pagamento também em 144 parcelas mensais e sucessivas; resta claro que o objetivo dos dois instrumentos avençados foi o de compelir a Patrocinadora FURNAS, a honrar o seu compromisso perante à FRG, restabelecendose o equilíbrio financeiro dessa última, com o saneamento do déficit gerado pelo custeio de benefícios adicionais concedidos aos seus filiados e pela constituição de reserva técnica, nos temos da Lei de regência das entidades da Previdência Complementar; notase, desse modo, que as contribuições em apreço possuem natureza de contribuição à entidade de previdência privada; preenche os requisitos do art. 299 do RIR/99, uma vez que o pagamento das obrigações assumidas junto à FRG foram necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, bem como usuais ou normais, adequandose em espécie e valores ao tipo de transações, operações e ao ramo de atividades desempenhadas, e foram escrituradas e amparadas por documentação idônea; notese que inicialmente lançou a obrigação assumida com o Fundo de Pensão dos seus funcionários na forma de uma provisão, quando não se tinha condições de conferir certeza e liquidez à dívida; somente após a assinatura dos contratos, que imprimiram certeza e liquidez os referidos débitos é que eles adquiriram a qualidade de despesas, cuja dedutibilidade estava assegurada pelo art. 13, V da Lei n° 9.249/95; assim, não haveria impedimento para se computar a despesa operacional em período posterior uma vez que tal fato não configura postergação de pagamento de imposto nem redução indevida do lucro real, conforme dispõe o artigo 273 do RIR/99; pelo contrário, a postergação de despesa ou de exclusão não causa impacto negativo ao imposto, mas sim um efeito oposto, de recolhimento a maior no período de competência em que não foi originalmente aproveitada; o fato de a empresa não ter observado o regime de competência na apropriação de valores controlados na parte "B" do LALUR não basta para a não aceitação da exclusão, se não mostrados prejuízos reais para o fisco com a postergação; no presente caso, deve ser observado o parágrafo 1º., do art. 26 da Instrução Normativa SRF n° 51, de 1995; não existe, na legislação tributária, norma que estabeleça um limite temporal para tanto; a autoridade fiscal extrapolou suas atribuições funcionais, no momento em simplesmente negou a existência dos saldos negativos (créditos da empresa) de IRPJ e CSLL, no fechamento dos anoscalendário de 2006, 2007 e 2008; Fl. 1916DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 9 8 os créditos existem comprovadamente, estando regularmente escriturados e informados em balanços e nas DIPJs dos mencionados anoscalendários, tendo a Fiscalização pleno acesso a todos os documentos necessários à comprovação desses créditos; o art. 35 da Lei n.° 8.981/1995 garante a possibilidade de suspensão ou redução de tributos devidos por estimativas mensais, mediante levantamento de balanços ou balancetes do período em curso (de janeiro até o mês de apuração, do período em curso); controlou os seus recolhimentos mensais estimados de IRPJ e CSLL em 2011 e no primeiro trimestre de.2012, comparando o que deveria ser recolhido com base na receita bruta e o efetivamente devido a partir dos balancetes de suspensão ou redução, onde constam os saldos negativos desses tributos IRPJ e CSLL acumulados; atuou em conformidade com o art. 4° da IN RFB 900/2008; não pode uma falha quanto a uma simples obrigação acessória (apresentar uma "PER/DCOMP") dar direito ao Fisco de negar a existência dos créditos, comprovada documentalmente, para exigir diferenças de estimativas mensais quando, a rigor, possui de fato tais créditos; a autoridade fiscal deveria ter intimado a transmitir as "PER/DCOMPs" eventualmente necessárias, via meio eletrônico; renegar os créditos existentes constitui um ato incompatível com o Estado Democrático de Direito, não podendo ser tolerada tamanha prepotências atuação de um agente fazendário; a verdade material é que os direitos de crédito foram ignorados, permanecendo bem guardados nos cofres do tesouro nacional, enquanto isso, o auditorfiscal não se peja de cobrar novo ingresso de recursos ao erário, representado pelo lançamento de parcelas apuradas como "diferenças" de IRPJ e CSLL a recolher, e que decorrem da invalidação das compensações; houve violação ao artigo 2°, caput e inciso X, bem como artigo 4º., da Lei n° 9.784/99; a multa isolada versa sobre o desatendimento "de mera obrigação acessória apurada após o encerramento do anocalendário, sem repercussão na órbita do tributo; é incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de oficio pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço; a infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano; a primeira conduta é meio de execução da segunda, assim, a aplicação concomitante de multa de oficio e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal que, por sua vez, consubstanciase no recolhimento de tributo; Fl. 1917DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 10 9 não cabe o lançamento das multas uma vez que é indevido o lançamento dos tributos; a multa de 75% é confiscatória em violação ao artigo 150, inciso IV, da CF, conforme doutrina que transcreve; transcreve decisão liminar do STF na ADIN 551RJ e outras, que entende lhe beneficiar; não cabe a aplicação de juros de mora com base na SELIC, uma vez que tal taxa é de natureza remuneratória e não indenizatória, sendo inconstitucional a sua aplicação na legislação tributária em violação ao CTN; realização de diligências e produção de todos os meios de prova admitidos em direito; integra o grupo ELETROBRAS, cujo controle acionário pertence à própria União e cujos procedimentos contábeis e fiscais se pautam pelo rigoroso cumprimento das leis. Da decisão de 1. instância Em decisão de 21/03/14, através do acórdão n. 1264.172 , a 8° Turma da DRJ/RJI, manteve o lançamento conforme abaixo ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011, 2012 SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA. Descabe a realização de diligência, quando todos os elementos de prova que necessita o julgador para elucidar os fatos que ensejaram o lançamento já se encontram nos autos. REGIME DE COMPETÊNCIA. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. O lucro líquido do períodobase deverá ser apurado com observância das disposições da Lei nº 6.404/76. A despesa é considerada incorrida se surgiu a obrigação de pagar, e isto somente ocorre quando em face da relação jurídica que lhe deu causa, já se verificaram todos os pressupostos materiais que a tornaram incondicional, vale dizer, exigível independentemente de qualquer prestação por parte do respectivo credor. Artigo 251 e §1º do artigo 274 do RIR/99, com §1º do artigo 187 da Lei nº 6.404/76. DESPESAS. REGIME DE COMPETÊNCIA. A dedução de despesas e custos é uma faculdade do contribuinte. Contudo, se esta faculdade for exercida deve estar subordinada Fl. 1918DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 11 10 ao regime de competência, pois este é vinculante nos casos das empresas que utilizam a apuração do IRPJ pelo lucro real. ESCRITURAÇÃO. FORÇA PROBANTE. A escrituração contábil mantida com observância das disposições legais somente faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados se forem comprovados por documentos hábeis e idôneos, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. Os documentos hábeis segundo sua natureza são aqueles que já contêm uma prova direta acerca do fato alegado cuja existência ali se materializa. Tais documentos devem ter autenticidade, legitimidade e o seu conteúdo conduzir à convicção da efetiva ocorrência do fato, devendo, necessariamente, terem sido subscritos por terceiros que tenham participado das respectivas operações. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Após a Lei nº.10.637/2002, para que a administração tributária possa verificar se o sujeito passivo comprovou a certeza e a liquidez do crédito pleiteado, a compensação deverá ser feita via declaração própria. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para a efetivação da compensação, devendo restar comprovado pelo sujeito passivo, a existência de saldo credor. ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. Verificado, no caso concreto, que os débitos de estimativa não foram liquidados nem por pagamento nem por compensação, é lícito ao Fisco recompor a apuração do imposto de renda anual, exigindo, por meio de auto de infração, a diferença não recolhida. CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO. Decorrendo o lançamento da CSLL dos mesmos fatos constatados na autuação do IRPJ, e negado o provimento à impugnação da Interessada em relação ao IRPJ, negase, da mesma forma, o provimento em relação à CSLL, em virtude da relação de causa e efeito que os une. MULTA ISOLADA. INCIDÊNCIA. A ocorrência de débito de estimativa não liquidado nem por pagamento nem por compensação, faz com que incida a multa isolada prevista no artigo 44, da Lei nº.9.430, de 1996, com alterações posteriores. Fl. 1919DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 12 11 MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. Tratandose de infrações distintas, é perfeitamente possível a exigência concomitante da multa de ofício isolada sobre estimativa obrigatória não recolhida ou recolhida a menor com a multa de ofício incidente sobre o tributo apurado, ao final do anocalendário, com base no lucro real anual. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. O artigo 61, caput e § 3º, c/c art. 5º, § 3º, da Lei nº 9.430/1996, que estabelecem a aplicação de juros moratórios com base na taxa Selic para os débitos tributários não pagos até o vencimento, estão plenamente em vigor no ordenamento jurídico, devendo, portanto, ser aplicados. SÚMULA CARF Nº 4: JUROS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Do Recurso Voluntário Diante do acórdão desfavorável a Recorrente apresentou Recurso Voluntário por meio do qual vem ratificar os argumentos trazidos em Impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos legais, assim, merece ser conhecido. Mérito Do Prejuízo Fiscal de 2009 e do Princípio da Competência no Reconhecimento de Despesas Fl. 1920DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 13 12 O primeiro ponto que se coloca em discussão envolve o Prejuízo Fiscal apurado no ano de 2009. Isso porque, tal resultado fora causado pelo registro direto como Prejuízo Fiscal do ano de 2009 de despesa no montante de R$ 619.743.12156 relacionada à obrigação assumida pela Recorrente no longínquo ano de 2000. Conforme abordado no relatório, tal despesa se refere à contribuição assumida junto à Real Grandeza Fundação de Previdência e Assistência Social (FRG) que é entidade fechada de previdência complementar (EFPC) criada pela Recorrente para administrar previdência complementar oferecida aos seus funcionários. Informa a Recorrente que na época, já era responsável por dividas contraídas junto à FRG no montante de R$ 999,7 milhões e que tratava tal montante como mera provisão. Assim, no ano de 2000, assinou contrato (Termo de Confissão de Dívidas) em que assumiu dívidas no montante de R$ 619,7 milhões junto à FRG em substituição às obrigações anteriores o que a levou a reverter o valor da provisão no valor de R$ 999,7 mio. Contudo, não registrou a dívida assumida em 2000 no valor de R$ 619,7 mio naquele mesmo ano, vindo a fazer tal registro somente no ano de 2009 diretamente como Prejuízo Fiscal. Com relação à dedutibilidade da despesa, menciona a Recorrente o art. 13, inciso V da Lei n. 9.249/95 que assim dispõe: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: V das contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica; Pois bem, em vista do exposto nos autos, não tenho qualquer dúvida de que o valor de R$ 619,7 milhões assumido pela Recorrente junto à FRG tem natureza de despesa necessária, está comprovada e é usual dentro do contexto analisado, cumprindo com os requisitos do art. 299 do RIR, portanto, pode ser deduzida para fins de IRPJ/CSLL. Cabe ressaltar, o auditor fiscal não trouxe alegações quanto à veracidade, comprovação, necessidade ou usualidade da despesa, mas sim e tão somente, o momento em que tal despesa foi reconhecida, o que não foi feito no ano de 2000, momento em que a dívida fora assumida, mas sim no ano de 2009 e, diretamente, como Prejuízo Fiscal. Aqui se trata de discussão acerca do Princípio da Competência no reconhecimento de despesas e respectiva elasticidade e limites. Alega a Recorrente que o art. 273 do RIR permite o registro da despesa em competências posteriores desde que tal procedimento não traga prejuízo ao Fisco, vejamos o que diz tal dispositivo: Inobservância do Regime de Competência Fl. 1921DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 14 13 Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 5º): I a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. § 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no § 2º do art. 247 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 6º). § 2º O disposto no parágrafo anterior e no § 2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 7º, e DecretoLei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16). Pois bem, via de regra, as pessoa jurídicas devem observar o Regime de Competência para fins de reconhecimento de receitas e despesas. Tratase aqui de um Principio Contábil integralmente recepcionado pela legislação comercial (art. 177 da Lei das S.A) e tributária (artigos 247 e 274, § 1°do RIR/99). Em consequência, para os contribuintes optantes pelo regime do Lucro Real, deve ser registrado no Lalur, o lucro contábil apurado segundo o Regime de Competência a ser ajustado pelas adições, exclusões ou compensações previstas em lei, com a finalidade de se proceder à determinação do Lucro Real do períodobase. Neste ponto, é preciso destacar novamente que a Lei das S/A determina que os resultados da empresa devam ser apurados com observância do Regime de Competência, o que significa computar todas as receitas e despesas no período de sua realização, independentemente do efetivo recebimento das receitas ou do pagamento das despesas (regime de caixa). Cabe também destacar que o Regime de Competência prevê um necessário paralelismo entre as receitas auferidas e os custos e despesas incorridos para a geração de tais receitas. Assim, as despesas incorridas para a geração de receita decorrente produção de bens e prestação de serviços devem, primeiramente, ser ativadas, para apropriação no resultado, somente quando for efetivada a venda dos bens ou a prestação dos serviços correspondentes e for registrada a receita daí decorrente. Fl. 1922DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 15 14 Desta forma, contabilmente, as despesas são incorridas: i) quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiros; ii) pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo e iii) pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. Não há dúvidas, portanto, que a regra geral demanda a obediência ao Regime de Competência, contudo, como já mencionado acima, a própria legislação tributária (RIR/99) admite a dedução, em períodobase posterior, de determinada despesa que não tenha sido deduzida no períodobase correspondente, desde que tal dedução não resulte em indevida redução do imposto. Isso porque, a eventual inobservância do Regime Competência perpetrada por eventual contabilização de valores em períodosbase posteriores àqueles em que o fato ocorreu, poderá alterar, por conseqüência, o resultado fiscal, o que pode ser favoravel ou desfavorável ao Fisco. Cabe ressaltar aqui que o racional apresentado por este Relator nçao se aplica somente às despesas registradas na contabilidade e deduzidas para fins fiscais mas também à hipótese de exclusão direta de valor controlado na parte "B" do LALUR, vez que o efeito é exatamente o mesmo. Numa análise mais rasa, a postergação de uma despesa seria sempre favorável ao fisco, pois, teoricamente, com a postergação da despesa, há aumento da base tributável e conseqüentemente antecipação do pagamento do IRPJ/CSLL do ano. Contudo, nem sempre é assim, pois, haverá prejuízo para o Fisco, quando ocorrer postergação de despesa incorrida em período de apuração de prejuízo fiscal e posterior dedução em período que apurado Lucro Real, isso porque, agindo de tal forma, poderia o contribuinte fugir do limite de 30% para a compensação de prejuízo fiscal previsto no art. 510 do RIR/99. Existe, portanto, previsão para o eventual reconhecimento de despesas, em períodos posteriores àquele em que efetivamente incorrida, e respectiva dedução para fins de IRPJ/CSLL. O ponto central é avaliar se tal postergação trouxe algum prejuízo ao Fisco. A Receita Federal já se manifestou acerca desta matéria através da decisão n. 286/98 da Superintendência Regional da Receita Federal da 8° Região: “DECISÃO Nº 286 de 27 de Julho de 1998 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ EMENTA: PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS Poderão ser deduzidas as perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica desde que atendam as condições do art. 9º da Lei nº 9.430/96 e sejam contabilizadas conforme o artigo 10 desta Lei. O reconhecimento destas perdas poderá ser feito em período posterior ao que ocorrer, desde que não produza efeito fiscal diverso daquele que seria obtido se realizado na data prevista.” (BRASIL, 1998) Grifos nossos. Fl. 1923DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 16 15 A decisão acima menciona que o reconhecimento das perdas poderá ser efetuado em período posterior ao que ocorrer, desde que não produza efeito fiscal diverso daquele que seria obtido. Dessa forma, é imprescindível para a compreensão dessa decisão analisar significado do termo utilizado “desde que não produza efeito fiscal diverso”. (nossos grifos) No mesmo sentido, temos também o Parecer Normativo CST 57/79, cuja ementa abaixo se transcreve: "Após a vigência do D.L. 1598, de 26/12/77, a inobservância do regime de competência na escrituração de receita, custo, dedução ou reconhecimento de lucro, só tem relevância, para fins do imposto de renda, quando dela resulte prejuízo para o Fisco, traduzido em redução ou postergação de pagamento do imposto". Este Conselho já enfrentou esta matéria, conforme acórdão 1301001.629 do ilustre Conselheiro Paulo Jackson da Silva Lucas: DESPESAS. GLOSA. REGIME DE COMPETÊNCIA. As despesas comprovadas incorridas e não apropriadas ao resultado em períodos anteriores, podem ser deduzidas mesmo após o período de competência. Incumbiria ao Fisco demonstrar que o registro de despesas após o período de competência provocou postergação no pagamento de tributo ou a redução indevida do lucro real e, sendo o caso, efetuar o lançamento com observância das disposições do art. 273 do Regulamento. Não sendo essa a hipótese dos autos, é de se cancelar a exigência. Há jurisprudência deste Conselho também em relação à exclusões extemporâneas no LALUR, conforme acórdão 10706728 da 7°Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: "LALUR EXCLUSÕES EXTEMPORÂNEAS O fato de a empresa não ter observado o regime de competência na apropriação de valores controlados na parte "B" do LALUR não basta para a não aceitação da exclusão, se não mostrados prejuízos reais para o fisco com a postergação." A autoridade fiscal não trouxe aos autos qualquer evidência ou mesmo afirmação de que tais valores glosados não tenham sido incorridas ou comprovadas. Tampouco, demonstrou que tal postergação da despesa trouxe efeitos danosos ao Fisco. Pelo contrário, a Recorrente demonstrou que deduziu uma despesa (ou efetuou uma exclusão no Lalur) 09 anos após o período em que poderia têlo feito e utilizando do valor original sem qualquer correção ou juros. Em outras palavras: adiantou recursos ao Fisco para recuperálo apenas 09 depois e sem qualquer correção. Fl. 1924DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 17 16 O único fundamento para o lançamento foi a inobservância do regime de competência, o que levou à glosa do prejuízo fiscal utilizado. Desta sorte, entendo que esta parcela do débito deve ser cancelada, pois, não tendo sido demonstrado qualquer prejuízo ao Erário, o reconhecimento de despesa em períodos posteriores ao de sua ocorrência é permitida pela legislação tributária. Das Compensações efetuadas sem o envio de PerDComp A Recorrente utilizouse de saldos negativos de IRPJ e CSLL do ano de 2010 sem o competente envio da respectiva Declaração de Compensação Per/DComp, tendo reduzido com tal compensação ao recolhimentos mensais de IRPJ e CSLL no anobase de 2011. Diante disso, a fiscalização recalculou as estimativas mensais de IRPJ e CSLL do período com a exclusão dos efeitos das compensações efetuadas. Com isso, foi aplicada a multa isolada que somou o montante de R$ 389,5 mio. Cabe ressaltar, o recálculo efetuado pela Fiscalização consistiu, simplesmente, à desconsideração dos créditos utilizados pela Recorrente, o que levou á vultosas diferenças entre valores devidos e recolhidos. Não obstante o procedimento adotado pela Recorrente não ter sido correta, vez que a utilização do PerDComp para fins de compensação é obrigatória e não opcional, me parece que o efeito daí decorrente (multa de R$ 389,5 mio) é escandalosamente desproporcional à falha do contribuinte. Vejam, não está aqui em discussão a real existência dos créditos utilizados pela Recorrente, mas sim sua suposta ausência de liquidez e certeza baseada unicamente no fato de não ter sido informada através do instrumento hábil que é o PerDComp. A compensação tributária, lato sensu, nada mais é que um encontro de contas entre duas partes que são simultaneamente devedores e credoras uma da outra. Após tal encontro de contas, a eventual diferença devedora ou credora deverá ser liquidada por uma parte ou outra. A compensação de saldos negativos se encaixa exatamente neste cenário. A contribuinte pagou valores maiores que o devido em determinado período e, por isso, pretende compensar tais valores com débitos tributários que possua em períodos posteriores. O instrumento criado para a execução deste encontro de contas é o Per DComp. Este instrumento além de facilitar tal encontro de contas, cria um ambiente muito mais seguro e de melhor rastreabilidade e monitoramento por parte do Fisco e contribuinte. Contudo, a não utilização de tal instrumento, ainda que indevidamente, não pode levar a Fiscalização a simplesmente ignorar todo o conjunto de documentos que Fl. 1925DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 18 17 demonstram a existência dos créditos utilizados e aplicar uma multa calculada sobre base que parte do princípio de que tais créditos simplesmente não existem. A inobservância da forma adotada pelo Fisco (Per/DComp) não tem caráter absoluto capaz de suplantar a essência do direito do contribuinte que é o de recuperar aquilo que pagou a maior ou indevidamente ao Fisco. Assim, faltou ao agente fiscal a necessária aplicação dos Princípios da Razoabilidade, Proporcionalidade e Eficiência, que devem nortear todos os atos da Administração Pública. O ilustre Prof. Alexandre Moraes conceitua o Princípio da Eficiência da seguinte forma em sua obra Reforma Administrativa: Emenda Constitucional nº 19/98. (3. ed., São Paulo : Atlas, 1999, p. 30): "Assim, princípio da eficiência é o que impõe à administração pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, rimando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitarem se desperdícios e garantirse maior rentabilidade social." (nosso grifos) A conduta da fiscalização poderia ter sido mais diligente e eficaz na busca das informações necessárias para averiguação da existência dos créditos utilizados pela Recorrente antes de aplicar penalidade tão gravosa. Vejam, são mais de R$ 300 milhões! Prevaleceu na conduta da fiscalização o formalismo em lugar da eficiência. Ora, o sistema tributário brasileiro é um dos mais custosos e complexos do mundo e envolve centenas de normas de diferentes níveis e um mesmo número de obrigações acessórias, o que implica na dedicação de milhares de horas e recursos financeiros relevantes para a correta observância e cumprimento de todas a legislação. Não é necessário um grande esforço ou apurado conhecimento técnico para deduzir sobre a quantidade de obrigações fiscais que devem ser cumpridas por uma empresa do porte da ora Recorrente. O jurista Antonio José Calhau de Resende (O princípio da Razoabilidade dos Atos do Poder Público. Revista do Legislativo. Abril, 2009), define o Princípio da Razoabilidade da seguinte forma: “A razoabilidade é um conceito jurídico indeterminado, elástico e variável no tempo e no espaço. Consiste em agir com bom senso, prudência, moderação, tomar atitudes adequadas e coerentes, levandose em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a pratica do ato” Assim, uma vez que a documentação que demonstra a existência dos créditos utilizados pela Recorrente fora apresentada à Fiscalização e esta apenas as desconsiderou em razão do entendimento de que o descumprimento da formalidade (PerDComp) inabilita a Fl. 1926DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 19 18 utilização do crédito, sem a devida avaliação das informações ali constantes e, assim, sem rechaçar, entendo que o crédito tributário daí decorrente deva ser cancelado. Conclusão Diante do exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário para no mérito DARLHE Provimento. (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Voto Vencedor Redatora designada: Conselheira Eva Maria Los 1. O processo conexo de nº 16682.900656/201365. PER/Dcomp. 1. O presente processo guarda conexão com o de nº 16682.900656/201365, relativo a Declarações de Compensação PER/Dcomp que a Recorrente apresentou, que não foram homologadas no Despacho Decisório da DRF e tampouco no Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, e nas quais requer os seguintes créditos: i. Dcomp nº 20844.24272.310512.1.3.021161 requer crédito de Saldo Negativo de IRPJ de 31/12/2011, no valor de R$8.244.984,99, para quitar débito 2362 IRPJ estimativa mensal, de 04/2012, no valor de R$8.530.261,47 A estimativa mensal de 04/2012 não foi objeto do presente processo; ii. Dcomp nº 18007.00079.310512.1.3.029989 requer crédito de Saldo Negativo de IRPJ de 31/12/2011, no valor de R$30.906.010,89, para quitar débito 2362 IRPJ estimativa mensal, de 02/2012, no valor de R$31.490.134,50, objeto de multa isolada no processo que se julga; iii. Dcomp nº 23010.54352.310512.1.3.024013 requer crédito de Saldo Negativo de IRPJ de 31/12/2011, no valor de R$14.829.361,25, para quitar débito 2362 IRPJ estimativa mensal, de 01/2012, no valor de R$14.977.654,86, objeto de multa isolada no processo que se julga. b. Na mesma sessão em 25 de janeiro de 2017, o julgamento deste processo foi convertido em diligência. c. Consequentemente, o Acórdão, cujo voto vencedor segue, tem por base a situação em que os débitos das estimativas mensais declaradas nas PER/Dcomp do processo nº 16682.900656/201365, não haviam sido homologadas e os débitos não estavam extintos; o resultado da diligência não deverá afetar o resultado do julgamento do presente processo, porque: i. a Recorrente anexou comprovantes de recolhimento, alegando que desistiu das PER/Dcomp: 1. págs. 1.837/1.838, cópia de DARF e de confirmação do recolhimento de R$14.977.654,86 de 2362 IRPJ estimativa mensal de 01/2012, recolhido em 28/06/2013; Fl. 1927DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 20 19 2. págs. 1.839/1.840, cópia de DARF e de confirmação do recolhimento de R$5.368.719,91 de 2484 CSLL estimativa mensal de 01/2012, recolhido em 28/06/2013; 3. págs. 1.842/1.843, cópia de DARF e de confirmação do recolhimento de R$31.490.134,50 de 2362 IRPJ estimativa mensal de 02/2012, recolhido em 28/06/2013; 4. págs. 1.844/1.845, cópia de DARF e de confirmação do recolhimento de R$11.442.733,10 de 2484 CSLL estimativa mensal de 02/2012, recolhido em 28/06/2013. d. Verificase que as PER/Dcomp foram enviadas em 31/05/2012; o início da ação fiscal foi em 14/05/2012 (pág. 6), portanto as PER/Dcomp confessando os débitos das estimativas de 01 e 02/2012 foram não espontâneas; os pagamentos efetuados em 28/06/2013 também foram não espontâneos, porquanto a Recorrente se encontrava sob procedimento de fiscalização. 2. O presente processo de nº 16682.720878/201304 2. O Auto de Infração cientificado em 29/08/2013, exige: a. IRPJ ac 2011, R$75.558.786,67, acrescido de multa de ofício e juros de mora; b. CSLL ac 2011, R$30.681.285,96, acrescido de multa de ofício e juros de mora; c. Multas isoladas estimativas mensais não recolhidas de IRPJ, de 01 a 12/2011 e de 01 a 03/2012, R$300.739.711,95; d. Multas isoladas estimativas mensais não recolhidas de CSLL 05 a 12/2011 e 01 e 02/2012, R$88.770.191,34. 2.1. EXCLUSÃO DE COMPETÊNCIA DO ANOCALENDÁRIO 2000, EFETUADA NO ANOCALENDÁRIO 2009. 3. A Recorrente pleiteia: 1. dedução, em 2009, de despesa de 2000, pelo valor nominal, sem atualização, constituiu em postergação, porém de gastos, com efeito prófisco; não configurou postergação de pagamento de imposto, nem redução indevida do lucro real; 2. a mesma despesa, se deduzida em 2000, resultaria em prejuízos acumulados assim a compensação até 30% do lucro de 2011 deve ser aceita (tabela pág. 1.319). 4. No presente caso, a exclusão cuja competência foi o anocalendário 2000, somente foi efetuada pela Recorrente em 2009; sendo postergação de exclusão, não houve, nem poderia ocorrer postergação de pagamento de imposto; tampouco consta dos autos que a redução do Saldo Negativo apurado pela Recorrente em 2009 resultasse em redução indevida do IRPJ e da CSLL a pagar apurados na autuação, se obedecido o § 1º do inciso II, do art. 273 do Regulamento do Imposto de Renda RIR de 1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999): Inobservância do Regime de Competência Fl. 1928DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 21 20 Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 5º): I a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. § 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no § 2º do art. 247 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 6º). § 2º O disposto no parágrafo anterior e no § 2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 7º, e DecretoLei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16). (...) 1. Consequentemente, cancelase a glosa da exclusão e se apura conforme a tabela apuração CSLL a seguir => resulta CSLL a exigir de ofício R$16.482.664,92 (pág.1.326); vide planilha ao final do voto:. ANO CALENDÁRIO 2011 CSLL APURAÇÃO FISCALIZADA DIPJ 2012FICHA 17 APURAÇÃO FISCO Voto vencedor BASE DE CÁLCULO ANTES DA COMPEN SAÇÃO BASE (LINHA 66) 917.628.332,50 917.628.332,50 917.628.332,50 () BASE DE CALCULO NEGATIVA DA CSLL (LINHA 67) (*) (157.762.456,02) 0,00 (157.762.456,02) = BASE DE CÁLCULO CSLL (LINHA 69) 759.865.876,48 917.628.332,50 759.865.876,48 >CSLL DEVIDA (LINHA 72) 68.387.928,88 82.586.549,33 68.387.928,88 () DEDUÇÕES (LINHA 73 a 83) (**) 70.562.864,86 51.905.263,96 51.905.263,96 = CSLL A LANÇAR 2.174.935,98 30.681.285,96 16.482.664,92 2. Consequentemente, cancelase a glosa da exclusão e se apura conforme a tabela apuração IRPJ a seguir => apura se IRPJ a exigir de ofício R$33.118.172,70, (pág. 1.327); vide planilha ao final do voto: ANO CALENDÁRIO 2011 IRPJ APURAÇÃO FISCALIZADA DIPJ 2012 APURAÇÃO FISCO Voto Vencedor LUCRO REAL ANTES COMP. PREJUÍZO FISCAL (FICHA 09A 917.628.332,50 917.628.332,50 917.628.332,50 Fl. 1929DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 22 21 LINHA 83) () PREJUÍZO FISCAL (FICHA 09A LINHA 84) (*) (157.762.456,02) 0,00 (157.762.456,02) = LUCRO REAL (FICHA 09A LINHA 86) 759.865.876,48 917.628.332,50 759.865.876,48 IR DEVIDO (FICHA 12A LINHA 1 e 2) 189.942.469,12 229.383.083,12 189.942.469,12 () DEDUÇÕES (FICHA 12A LINHA 3 a 19) (**) 201.526.789,39 156.824.296,45 156.824.296,45 = IR DE RENDA A LANÇAR 11.584.320,27 72.558.786,67 33.118.172,70 2.2. ESTIMATIVAS MENSAIS COMPENSADAS, PORÉM SEM FORMALIZAÇÃO DA COMPENSAÇÃO VIA PER/DCOMP. 3. As estimativas mensais dos anos 2011 e 2012, com alegado SN IRPJ e CSLL períodos anteriores não podem ser aceitas a compensação deve ser declarada (via PER/Dcomp) para verificação da procedência do crédito requerido e homologação pelo fisco; (**) por isso, as deduções a serem usadas na apuração supra são as da coluna Apuração pelo Fisco, resultando nos valores a exigir apurados. 4. Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008: "Art. 39. A autoridade competente da RFB considerará não declarada a compensação nas hipóteses previstas no § 3º do art. 34. § 1º Também será considerada não declarada a compensação ou não formulado o pedido de restituição, de ressarcimento ou reembolso quando o sujeito passivo, em inobservância ao disposto nos §§ 2º a 5º do art. 98, não tenha utilizado o programa PER/DCOMP para declarar a compensação ou formular o pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso." § 1º Também será considerada não declarada a compensação quando o sujeito passivo, em inobservância ao disposto nos §§ 2º a 5º do art. 113, não tenha utilizado o programa PER/DCOMP para declarar a compensação.(Grifouse.) 5. A Instrução Normativa RFB nº 1300, de 20 de novembro de 2012, que a revogou, manteve a determinação: Art. 46. A autoridade competente da RFB considerará não declarada a compensação nas hipóteses previstas no § 3º do art. 41.(Grifouse.) 6. Quanto às estimativas mensais, a recomposição na Planilha, evidencia quais deveriam ser os valores a exigir, após a revisão e que resultaram em: 1. Multa isolada 50% est mensais CSLL não recolhida ano calendário 2011, R$37.102.237,91 2. Multa isolada 50% est mensais IRPJ não recolhido ano calendário 2011, R$23.056.622,08 Fl. 1930DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 23 22 3. Multa isolada 50% est mensais CSLL não recolhida ano calendário 2012, R$8.194.010,63 (*) 4. Multa isolada 50% est mensais IRPJ não recolhido ano calendário 2012, R$23.234.894,68 (**) (*) recolhimentos via DARF em 28/06/2013, PER/ Dcomp não espontânea, portanto, não elide a multa isolada; (**)recolhimentos via DARF em 28/06/2013, PER/Dcomp não espontânea, ´portanto, não elide a multa isolada. e. Citese: Súmula CARF nº 33: A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. 5. Planilhas que apoiaram as tabelas apresentadas, relativas ao anocalendário 2011: a. CSLL a exigir e multas isoladas sobre estimativas CSLL não recolhidas: DIPJ BC acumulada CSLL 9% CSLL meses ant CSLL retida CSLL a pagar jan/11 63.667.154,58 5.730.043,91 0,00 377.295,53 5.352.748,38 fev/11 127.470.913,94 11.472.382,25 5.730.043,91 328.159,44 5.414.178,90 mar/11 158.910.248,11 14.301.922,33 11.472.382,25 411.822,13 2.417.717,95 abr/11 237.056.228,25 21.335.060,54 14.301.922,33 360.790,08 6.672.348,13 mai/11 300.968.472,21 27.087.162,50 21.335.060,54 357.430,86 5.394.671,10 jun/11 305.822.701,15 27.524.043,10 27.087.162,50 365.405,32 71.475,28 jul/11 362.259.813,57 32.603.383,22 27.524.043,10 362.618,48 4.716.721,64 ago/11 453.324.055,35 40.799.164,98 32.603.383,22 442.866,98 7.752.914,78 set/11 634.891.506,29 57.140.235,57 40.799.164,98 403.512,43 15.937.558,15 out/11 759.652.084,58 68.368.687,61 57.140.235,57 411.567,87 10.816.884,18 nov/11 782.666.228,32 70.439.960,55 68.368.687,61 436.331,73 1.634.941,21 dez/11 759.865.876,48 68.387.928,88 70.439.960,55 0,00 2.052.031,67 BC CSLL CSLL retida Est mens pagas CSLL a pagar Anual 759.865.876,48 68.387.928,88 122.904,31 70.439.960,55 2.174.935,98 Auto de Infração AI CSLL ret mês CSLL paga jan/11 370.033,27 9.000.000,00 fev/11 339.064,60 9.000.000,00 mar/11 360.024,36 9.000.000,00 abr/11 378.500,00 9.000.000,00 mai/11 355.310,44 0,00 jun/11 343.300,22 0,00 jul/11 334.240,53 0,00 ago/11 352.569,19 0,00 set/11 370.993,12 0,00 out/11 388.504,89 9.889.617,69 nov/11 389.901,63 1.634.941,21 Fl. 1931DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 24 23 dez/11 398.262,81 0,00 4.380.705,06 47.524.558,90 Anual 51.905.263,96 DIPJ AI AI BC acumulada CSLL 9% CSLL meses ant CSLL retida CSLL a pagar CSLL paga jan/11 63.667.154,58 5.730.043,91 0,00 370.033,27 5.360.010,64 9.000.000,00 fev/11 127.470.913,94 11.472.382,25 5.730.043,91 339.064,60 5.403.273,74 9.000.000,00 mar/11 158.910.248,11 14.301.922,33 11.472.382,25 360.024,36 2.469.515,72 9.000.000,00 abr/11 237.056.228,25 21.335.060,54 14.301.922,33 378.500,00 6.654.638,21 9.000.000,00 mai/11 300.968.472,21 27.087.162,50 21.335.060,54 355.310,44 5.396.791,52 0,00 jun/11 305.822.701,15 27.524.043,10 27.087.162,50 343.300,22 93.580,38 0,00 jul/11 362.259.813,57 32.603.383,22 27.524.043,10 334.240,53 4.745.099,59 0,00 ago/11 453.324.055,35 40.799.164,98 32.603.383,22 352.569,19 7.843.212,57 0,00 set/11 634.891.506,29 57.140.235,57 40.799.164,98 370.993,12 15.970.077,46 0,00 out/11 759.652.084,58 68.368.687,61 57.140.235,57 388.504,89 10.839.947,16 9.889.617,69 nov/11 782.666.228,32 70.439.960,55 68.368.687,61 389.901,63 1.681.371,31 1.634.941,21 dez/11 759.865.876,48 68.387.928,88 70.439.960,55 398.262,81 2.450.294,48 0,00 BC CSLL CSLL retida Est mens pagas CSLL a pagar Anual 759.865.876,48 68.387.928,88 4.380.705,06 47.524.558,90 16.482.664,92 Voto vencedor CSLL a pagar Pag a maior Multa isolada jan/11 3.639.989,36 3.639.989,36 fev/11 3.596.726,26 7.236.715,62 mar/11 6.530.484,28 13.767.199,90 abr/11 2.345.361,79 16.112.561,69 mai/11 5.396.791,52 10.715.770,17 jun/11 93.580,38 10.622.189,79 jul/11 4.745.099,59 5.877.090,20 ago/11 7.843.212,57 1.966.122,37 983.061,18 set/11 15.970.077,46 17.936.199,83 8.968.099,92 out/11 950.329,47 18.886.529,30 9.443.264,65 nov/11 46.430,10 18.932.959,40 9.466.479,70 dez/11 2.450.294,48 16.482.664,92 8.241.332,46 Total 37.102.237,91 b. IRPJ a pagar e multas isoladas sobre estimativas de IRPJ não recolhidas: DIPJ Bc IR acum IR15% AIR 10% IRPJ IR dev meses ant Inc Fiscal IRRF IRPJ a pagar jan/11 63.667.154,58 9.550.073,19 6.364.715,46 15.914.788,65 0,00 817.317,12 15.097.471,53 fev/11 127.470.913,94 19.120.637,09 12.743.091,39 31.863.728,49 15.914.788,65 839.088,60 15.109.851,24 mar/11 158.910.248,11 23.836.537,22 15.885.024,81 39.721.562,03 31.863.728,49 794.771,18 7.063.062,36 abr/11 237.056.228,25 35.558.434,24 23.697.622,83 59.256.057,06 39.721.562,03 832.211,31 18.702.283,73 mai/11 300.968.472,21 45.145.270,83 30.086.847,22 75.232.118,05 59.256.057,06 978.158,24 14.997.902,75 jun/11 305.822.701,15 45.873.405,17 30.570.270,12 76.443.675,29 75.232.118,05 1.211.557,24 0,01 jul/11 362.259.813,37 54.338.972,01 36.211.981,34 90.550.953,34 76.443.675,29 225.000,00 1.236.615,10 12.645.662,96 Fl. 1932DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 25 24 ago/11 453.324.055,35 67.998.608,30 45.316.405,54 113.315.013,84 90.325.953,34 225.000,00 740.997,02 22.023.063,48 set/11 634.891.506,29 95.233.725,94 63.471.150,63 158.704.876,57 113.090.013,84 393.000,00 875.500,48 44.346.362,26 out/11 759.652.084,58 113.947.812,69 75.945.208,46 189.893.021,15 158.311.876,57 393.000,00 1.181.076,07 30.007.068,50 nov/11 782.666.228,32 117.399.934,25 78.244.622,83 195.644.557,08 189.500.021,15 393.000,00 1.108.873,29 4.642.662,65 dez/11 759.865.876,48 113.979.881,47 75.962.587,65 189.942.469,12 195.251.557,08 3.838.348,51 0,00 9.147.436,47 Lucro real IR15% AIR 10% IRPJ Inc Fiscal IRRF estim mensais IRPJ a pagar Anual 759.865.876,48 113.979.881,47 75.962.587,65 189.942.469,12 3.838.348,51 2.436.883,80 195.251.557,08 11.584.320,27 AI IRRF acum IRRF no mês IRPJ pago jan/11 875.200,24 875.200,24 18.000.000,00 fev/11 1.769.606,35 894.406,11 18.000.000,00 mar/11 2.502.667,31 733.060,96 18.000.000,00 abr/11 3.329.825,14 827.157,83 18.000.000,00 mai/11 4.314.451,35 984.626,21 0,00 jun/11 4.911.351,52 596.900,17 0,00 jul/11 5.471.488,12 560.136,60 0,00 ago/11 6.158.279,08 686.790,96 0,00 set/11 7.005.170,15 846.891,07 33.282.068,07 out/11 8.147.863,42 1.142.693,27 30.007.068,47 nov/11 9.206.513,73 1.058.650,31 4.642.662,65 dez/11 13.054.148,75 3.847.635,02 0,00 AI AI Bc IR acum IR15% AIR 10% IRPJ IR dev meses anteriores Inc Fiscal IRRF IRPJ a pagar IRPJ pago jan/11 63.667.154,58 9.550.073,19 6.364.715,46 15.914.788,65 0,00 875.200,24 15.039.588,41 18.000.000,00 fev/11 127.470.913,94 19.120.637,09 12.743.091,39 31.863.728,49 15.914.788,65 894.406,11 15.054.533,73 18.000.000,00 mar/11 158.910.248,11 23.836.537,22 15.885.024,81 39.721.562,03 31.863.728,49 733.060,96 7.124.772,58 18.000.000,00 abr/11 237.056.228,25 35.558.434,24 23.697.622,83 59.256.057,06 39.721.562,03 827.157,83 18.707.337,21 18.000.000,00 mai/11 300.968.472,21 45.145.270,83 30.086.847,22 75.232.118,05 59.256.057,06 984.626,21 14.991.434,78 0,00 jun/11 305.822.701,15 45.873.405,17 30.570.270,12 76.443.675,29 75.232.118,05 596.900,17 614.657,06 0,00 jul/11 362.259.813,37 54.338.972,01 36.211.981,34 90.550.953,34 76.443.675,29 225.000,00 560.136,60 13.322.141,46 0,00 ago/11 453.324.055,35 67.998.608,30 45.316.405,54 113.315.013,84 90.325.953,34 225.000,00 686.790,96 22.077.269,54 0,00 set/11 634.891.506,29 95.233.725,94 63.471.150,63 158.704.876,57 113.090.013,84 393.000,00 846.891,07 44.374.971,67 33.282.068,07 out/11 759.652.084,58 113.947.812,69 75.945.208,46 189.893.021,15 158.311.876,57 393.000,00 1.142.693,27 30.045.451,30 30.007.068,47 nov/11 782.666.228,32 117.399.934,25 78.244.622,83 195.644.557,08 189.500.021,15 393.000,00 1.058.650,31 4.692.885,63 4.642.662,65 dez/11 759.865.876,48 113.979.881,47 75.962.587,65 189.942.469,12 195.251.557,08 3.838.348,51 3.847.635,02 12.995.071,49 0,00 Bc IR acum IR15% AIR 10% IRPJ Inc Fiscal IRRF estim mensais IRPJ a pagar Anual 759.865.876,48 113.979.881,47 75.962.587,65 189.942.469,12 3.838.348,51 13.054.148,75 139.931.799,19 33.118.172,67 Voto vencedor IRPJ est men ñ rec pagto a maior acum Est a Recolher Multa isolada jan/11 2.960.411,60 2.960.411,60 fev/11 2.945.466,27 5.905.877,87 mar/11 10.875.227,42 16.781.105,28 abr/11 707.337,20 16.073.768,08 Fl. 1933DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 26 25 mai/11 14.991.434,78 1.082.333,30 jun/11 614.657,06 467.676,23 jul/11 13.322.141,46 12.854.465,22 12.854.465,22 6.427.232,61 ago/11 22.077.269,54 22.077.269,54 11.038.634,77 set/11 11.092.903,60 11.092.903,60 5.546.451,80 out/11 38.382,83 38.382,83 19.191,42 nov/11 50.222,98 50.222,98 25.111,49 dez/11 12.995.071,49 0,00 0,00 TOTAL 23.056.622,08 6. Planilhas que apoiaram as apurações de multa isolada do anocalendário 2012: IRPJ BC IR acum IR15% AIR 10% IRPJ IR dev meses anteriores Inc Fiscal IRRF IRPJ a pagar IRPJ a pagar jan/12 64.357.218,28 9.653.582,74 6.433.721,83 16.087.304,57 0,00 0,00 1.109.649,71 14.977.654,86 14.977.654,86 fev/12 196.277.673,68 29.441.651,05 19.625.767,37 49.067.418,42 16.087.304,57 0,00 1.487.979,35 31.492.134,50 31.492.134,50 mar/12 97.995.498,98 14.699.324,85 9.797.549,90 24.496.874,75 49.067.418,42 0,00 2.245.985,96 26.816.529,64 6.323.476,07 Voto Vencedor IRPJ Multa isolada 50% jan/12 7.488.827,43 fev/12 15.746.067,25 mar/12 0,00 Total 23.234.894,68 Voto Vencedor CSLL BC acumulada CSLL 9% CSLL meses ant CSLL retida CSLL a pagar multa 50% jan/12 64.357.218,28 5.792.149,65 0,00 423.430,74 5.368.718,91 2.684.359,45 fev/12 196.277.673,68 17.664.990,63 5.792.149,65 853.538,63 11.019.302,36 5.509.651,18 mar/12 97.995.498,98 8.819.594,91 17.664.990,63 1.278.469,84 10.123.865,56 0,00 Total 8.194.010,63 7. Resumo dos valores mantidos: a. IRPJ ac 2011, R$33.118.172,67, acrescido de multa de ofício e juros de mora; b. CSLL ac 2011, R$16.482.664,92, acrescido de multa de ofício e juros de mora; c. Multas isoladas estimativas mensais não recolhidas de IRPJ, de 07 a 11/2011, R$23.056.622,08; d. Multas isoladas estimativas mensais não recolhidas de CSLL 08 a 12/2011, R$37.102.237,91; e. Multas isoladas estimativas mensais não recolhidas de IRPJ, de 01 a 02/2012, R$23.234.894,68; f. Multas isoladas estimativas mensais não recolhidas de CSLL 01 e 02/2012, R$8.194.010,63. Fl. 1934DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 27 26 2.3. MULTAS ISOLADAS SOBRE ESTIMATIVAS MENSAIS NÃO RECOLHIDAS. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO SOBRE O VALOR DEVIDO NA APURAÇÃO ANUAL 8. Reclama que a multa isolada, por suposta falta de recolhimento das estimativas do período, não poderia ter sido lançada cumulativamente com a multa de ofício. 9. Sobre os impostos e contribuições devidos exigemse multa de ofício de 75% do art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação do art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007; e multa isolada do art. 44, II, “b” da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação do art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. 10. A redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 originalmente foi: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II isoladamente, quando o tributo ou a contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazê lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; V isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido. (Revogado pela Lei nº 9.716, de 1998) (Grifouse.) 11. Posteriormente, a multa isolada que era de 75%, conforme a redação do art. 44 que se transcreveu, foi reduzida a 50%, pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, que é a capitulação legal na presente autuação. Fl. 1935DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 28 27 12. Portanto, as multas aplicadas, obedecerem à legislação vigente. 13. As multas exigidas, juntamente com o tributo ou isoladamente, como definidas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, vinculamse a infrações de natureza distinta. De fato, a multa exigida isoladamente decorre da falta de recolhimento das estimativas mensais devidas ainda que se apure prejuízo fiscal ao fim do períodobase. Por sua vez a multa de ofício é exigida sobre o valor do IRPJ ou CSLL anual que deixou de ser recolhido. Tanto são independentes as penalidades que pode haver a imposição de uma sem que haja o nascimento da outra, por exemplo, quando a contribuinte deixa de recolher as estimativas mas tenha apurado prejuízo fiscal ao final do anocalendário, conforme a alínea “b” do inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. 14. Afirma a Recorrente que o entendimento exposto também tem chancela CARF. 15. Eis que, em 12/2014, foi editada: Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. 16. Posteriormente à edição da Súmula nº 105, foi proferido o seguinte Acórdão CARF, do qual se transcrevem ementa e parte do voto vencedor, que se aplica ao presente caso: "Data da Sessão: 03/03/2015 Nº Acórdão : 1301001.787 Data da publicação: 11/05/2015 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas, e, por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO no que diz respeito à tributação do ganho de capital. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto de Andrade Jenier (Relator) e Valmir Sandri. E, pelo voto de qualidade, mantida a multa isolada. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães relativo ao ganho de capital e à multa isolada. (Assinado digitalmente) ADRIANA GOMES REGO Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. (Assinado digitalmente) WILSON FERNANDES GUIMARÃES Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Paulo Jakson Da Silva Lucas, Edwal Casoni De Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: (...) MULTA ISOLADA. FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. No caso de aplicação Fl. 1936DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 29 28 de multa de ofício sobre os tributos e contribuições lançados de ofício e de multa isolada em virtude da falta ou insuficiência de recolhimento de antecipações obrigatórias (estimativas), não há que se falar em aplicação concomitante sobre a mesma base de incidência, visto que resta evidente que as penalidades, não obstante derivarem do mesmo preceptivo legal, decorrem de obrigações de naturezas distintas. Inexiste, também, fator temporal limitador da aplicação da multa isolada, eis que a lei prevê a sua exigência mesmo na situação em que as bases de cálculo das exações são negativas. CONFISCO E CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INCONSTITUCIONALIDADES. SÚMULA CARF N. 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (...) Voto Vencedor: “No que diz respeito à MULTA ISOLADA, merece registro, em primeiro lugar, o tato de inexistir na tei instituidora da sanção a condição explicitada pelo Ilustre Conselheiro Relator, isto é, a lei, ao descrever as situações motivadoras da aplicação da penalidade, iiac fez menção à circunstância de que, encerrado o período de apuração, a penalidade nao poderia ser aplicada. Destaco que a norma impositiva estabelece de forma expressa que, ainda que se tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa, a sanção *aa ária deve ser aplicada, bastando para tanto que o sujeito passivo tenha incorrido na sua hir.ese de incidência, qual seja, deixar de ter efetuado (ou ter efetuado com insuficiência) o recolhimento mensal incidente sobre a base de cálculo estimada. A conclusão, pois, dirigese no sentido de que o requisito condicionador da aplicação da penalidade indicado no pronunciamento do Ilustre Conselheiro Relator decorre de exercício de interpretação da norma sancionadora que, na visão do Colegiado, não pode ser recepcionado, sob pena de violação ao disposto no art. 97 do Código Tributário Nacional Filiouse também a Turma Julgadora ao entendimento de que inexiste duplicidade de incidência sobre um mesmo fato (concomitância), pois, na situação sob análise, estamos diante de duas infrações distintas, quais sejam: a) falta de recolhimento do imposto e da contribuição sobre o ganho de capital auferido; e b) falia de recolhimento das antecipações obrigatórias (estimativas). O entendimento é de que a norma legal aplicada, art. 44 da Lei n°. 9.430/96, revela obrigações distintas que, uma vez inobservadas, podem ensejar a aplicação da sanção. A primeira, consubstanciada no dever de recolher o imposto e a contribuição com base em estimativa a que se submetem as pessoas jurídicas que, por opção, apuram o resultado tributável anualmente. A segunda, decorrente da opção em questão, surge em consequência da eventual apuração de saldo positivo no resultado tributável anual. O tato de as infrações terem sido apuradas por meio de um mesmo procedimento revela, apenas, concomitância de verificação das irregularidades, não constituindo, contudo, causa capaz de fazer desaparecer a infração antes cometida. A variação do aspecto temporal da apuração reflete a evidência de que, no caso, estamos diante de duas infrações absolutamente distintas. Tomese, por exemplo, a situação em que, no curso do períodobase de incidência, apurouse receita omitida e, em razão disso, aplicouse a multa isolada em virtude da insuficiencia de recolhimento das estimativas devidas. Noutro momento, restou verificado que a mesma receita, antes omitida, também não foi considerada nas bases de cálculo do tributo e da contribuição devidos. Fica claro que, nessa circunstância, o tributo, assim como a contribuição, serão lançados com a multa de ofício correspondente, não havendo que se falar, nesse caso, em duplicidade de sanção sobre o mesmo fato. Fl. 1937DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 30 29 Cabe registrar que a multa isolada em questão teve por fundamento o art. 44, II, b, da Lei n° 9.430, de 1996, ou seja, com as alterações introduzidas pela Lei n° 11.488. de 2007. de modo que, aqui, não é aplicável a súmula CARF n° 105, recentemente publicada e que abaixo reproduzo: Súmula CARF Nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º. inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de oficio por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de oficio. (GRIFEI) Notese que o enunciado trata especificamente da multa isolada lançada com fundamento no art 44, § 1°, inciso IV, da Lei n° 9.430, de 1996, isto é, na redação original do dispositivo legal, antes, portanto, das alterações promovidas pela Lei n0 11.488, de 2007.” (Grifouse.) 17. Fica evidente, portanto, que a legislação da multa isolada da presente capitulação legal não é a que é objeto da Súmula CARF nº 105. 18. A presente autuação foi com base no art. 44, II, b, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, redação do art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, que reduziu o percentual de 75% para 50%, não se lhe aplicando, portanto a citada Súmula CARF nº 105. 19. Concluise que cabe manter a multa de ofício de 75% pela falta de declaração ou pagamento do imposto devido e a multa isolada de 50% pela falta de recolhimento das estimativas mensais, pelas quais optou na DIPJ apresentada. 2.4. MULTAS ISOLADAS DE 50%. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. PERCENTUAL CONFISCATÓRIO. 20. Acusa de confiscatórios os percentuais das multas de ofício aplicados. 21. Quanto à multa de ofício de 75%, O dispositivo que regula a multa de ofício aplicada, conforme indicado no auto de infração, foi o art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) 22. Portanto, está em consonância com a legislação de regência, sendo o percentual de 75% o legalmente previsto para o lançamento de ofício, não se podendo, em âmbito administrativo, reduzilo ou alterálo por critérios meramente subjetivos, contrários ao princípio da legalidade. 23. Considerações sobre a graduação da penalidade, no caso, não se encontram sob a discricionariedade da autoridade administrativa, uma vez definida objetivamente pela lei, não dando margem a conjecturas atinentes à ocorrência de efeito confiscatório ou de ofensa ao princípio da proporcionalidade. Nesse sentido, qualquer pedido ou alegação que ultrapasse a análise de conformidade do ato administrativo de lançamento com as normas legais vigentes, em franca ofensa à vinculação a que se encontra submetida a instância administrativa (art. 142, parágrafo único, do CTN), como a contraposição a princípios constitucionais, somente podem ser reconhecidos pela via competente, o Poder Judiciário. Fl. 1938DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 31 30 24. Desse modo, devese considerar correta a aplicação da multa de lançamento de ofício ao percentual de 75%, definido em lei, sobre o valor de impostos não recolhidos. 25. O mesmo raciocínio se aplica à multa isolada de 50%, cuja base legal já se citou neste voto. 26. E quanto às acusações de inconstitucionalidade e ilegalidade de legislação devese esclarecer que, sendo aos Conselheiros do CAREF, não compete apreciar a conformidade de lei, validamente editada segundo o processo legislativo constitucionalmente previsto, com preceitos emanados da própria Constituição Federal ou mesmo de outras leis, a ponto de declararlhe a nulidade ou inaplicabilidade ao caso expressamente previsto, haja vista tratarse de matéria reservada, por força de determinação constitucional, ao Poder Judiciário. 2.5. JUROS DE MORA SELIC. 27. A Recorrente reivindica que os juros de mora aplicados sobre as exigências fiscais sejam limitados a 12% ao ano e acusa a aplicação da taxa Selic como inconstitucional. 28. Quanto aos percentuais de juros com base na taxa Selic, o Código Tributário Nacional, em seu art. 161, § 1o, abaixo transcrito, permite, por autorização legal, exigência de juros de mora em valor superior a 1% ao mês: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1o. Se a lei não dispuser de modo diverso , os juros de mora são calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês. (Grifouse). 29. A lei dispôs de modo diverso, ao prever, no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, a seguinte disposição: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 1939DF CARF MF Processo nº 16682.720878/201304 Acórdão n.º 1201001.542 S1C2T1 Fl. 32 31 30. Assim, os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, sujeitamse, a partir de 1º de janeiro de 1997, a juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema de Liquidação e Custódia para títulos federais Selic, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% no mês de pagamento. Dessa forma, a taxa referencial Selic para títulos federais, por refletir o custo de rolagem da dívida interna pelo Tesouro Nacional, foi escolhida pelo legislador para o cálculo dos juros moratórios decorrentes da impontualidade do sujeito passivo no adimplemento da obrigação tributária, a partir de 01/01/1997. 31. Nestes termos, o lançamento seguiu estritamente o que determina a legislação em vigor, devendo a autoridade lançadora, por dever de ofício, agir na forma que dispõe a legislação tributária, sob pena de, em não assim procedendo, sofrer responsabilização funcional. 32. A validade da aplicação da taxa Selic é entendimento pacífico na jurisprudência do CARF, sendo objeto da Súmula nº 4: Súmula nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais; 2.5. DILIGÊNCIA. 33. O Decreto nº 70.235, de 1972, estabeleceu requisitos para pedido de diligência no art. 16, IV, um dos quais é a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, condição não preenchida no Recurso Voluntário apresentado, ou seja, não foi formalizado um pedido de diligência. 34. Além de que, não se vislumbra a necessidade de busca de novas informações, para a elaboração do presente voto. Conclusão. Voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário, reduzindo as exigências para R$33.118.172,67 de IRPJ e R$16.482.664,92 de CSLL, acrescidos de multa de ofício e juros de mora, e R$46.291.516,76 de multas isoladas por não recolhimento de estimativas de IRPJ e R$45.296.248,54 de multas isoladas por não recolhimento de estimativas mensais de CSLL. (documento assinado digitalmente) Redatora Conselheira Eva Maria Los Fl. 1940DF CARF MF
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