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Numero do processo: 13884.002979/2003-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Aug 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 1998
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. REGRA.
Nos termos do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional, existindo pagamento suscetível de ser homologado, o prazo decadencial deve ser contado a partir da ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 3201-001.916
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES - Relator.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Redator designado para formalizar o acórdão.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JOEL MIYAZAKI (Presidente), CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, WINDERLEY MORAIS PEREIRA, LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES e DANIEL MARIZ GUDINO.
Nome do relator: LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 1998 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. REGRA. Nos termos do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional, existindo pagamento suscetível de ser homologado, o prazo decadencial deve ser contado a partir da ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. JOEL MIYAZAKI Presidente. LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Relator. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Redator designado para formalizar o acórdão. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JOEL MIYAZAKI (Presidente), CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, WINDERLEY MORAIS PEREIRA, LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES e DANIEL MARIZ GUDINO. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 00 29 79 /2 00 3- 55 Fl. 272DF CARF MF Impresso em 12/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/08/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13884.002979/200355 Acórdão n.º 3201001.916 S3C2T1 Fl. 273 2 Em cumprimento ao despacho de designação emitido pelo Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF, eu, Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, transcrevo voto depositado e não formalizado, realizado pela 1ª Turma da 2ª Câmara da Terceira Seção do CARF dado que o Relator, Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes, não mais compõe o Colegiado. Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: Contra a empresa qualificada em epígrafe foi lavrado auto de infração de fls. 22/32 em virtude da apuração de falta de recolhimento do IPI de períodos entre janeiro e dezembro de 1998, exigindoselhe o crédito tributário no valor total de R$ 351.542,82. O enquadramento legal encontrase à fl. 25 e 28. Cientificada, a interessada apresentou a impugnação de fls. 1/2, na qual alegou ter efetuado a compensação dos valores devidos conforme processos relacionados na DCTF, cujas cópias dos pedidos de ressarcimento e compensação apresentou anexas à impugnação. Em análise da DRF em São José dos Campos, apurouse que apenas um dos pedidos de compensação apresentados pela contribuinte possuía indicação de recepção pela SRF – o qual não se refere a período de apuração constante do auto de infração – e nenhum deles estava cadastrado no sistema PROFISC, que controla os processos com débitos. Intimada a prestar esclarecimentos (fl. 56), a interessada respondeu, à fl.62, que os pedidos de compensação foram entregues anexos aos pedidos de ressarcimento objeto dos respectivos processos, apresentando cópias de “todas” as suas peças. Pelo despacho de fls. 179, a DRF encaminhou o presente para julgamento, informando que os processos de ressarcimento encontramse arquivados, tendo sido negado provimento aos recursos voluntários referentes a todos eles (fls. 174/178). Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto acatou parcialmente o lançamento, conforme Decisão DRJ/POR nº 20.192, de 22/08/2008: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI ANOCALENDÁRIO: 1998 FALTA DE RECOLHIMENTO. A falta ou insuficiência de recolhimento do IPI, apurada em procedimento fiscal, enseja o lançamento de ofício com os acréscimos legais. Fl. 273DF CARF MF Impresso em 12/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/08/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13884.002979/200355 Acórdão n.º 3201001.916 S3C2T1 Fl. 274 3 MULTA DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. EXONERAÇÃO. Exonerase a multa de ofício imposta sobre diferença apurada em débito declarado na DCTF, tendo em vista a retroatividade benigna do art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, com a redação do art. 18 da Lei nº 11.488, de 2007. Lançamento Procedente em Parte. Em face da decisão, é interposto Recurso Voluntário. Iniciado o julgamento, foi convertido em diligencia, para verificação da existência de pagamento parcial. É o relatório. Voto Como podemos observar do processo, contra a recorrente foi lavrado auto de infração de fls. 22/32 em virtude da apuração de falta de recolhimento do IPI de períodos entre janeiro e dezembro de 1998, no valor total de R$ 351.542,82. Do lançamento realizado, parte foi afastada na decisão recorrida e parte reconhecida pela empresa. Restando apenas a discussão quanto aos lançamentos de maio de 1998. Como a notificação do lançamento se deu apenas em junho de 2003, resta decaída esta parcela restante. Isso porque, quando o contribuinte efetua parcialmente o recolhimento, como é o caso, o prazo decadencial é de cinco anos, forte no art. 150 do CTN. Esta Corte já se manifestou sobre o tema no Acórdão CSRF/0101.994: O lançamento por homologação pressupõe o pagamento do crédito tributário apurado pelo contribuinte, prévio de qualquer exame da autoridade lançadora. Segundo preceitua o art. 150 do Código Tributário Nacional, o direito de homologar o pagamento decai em cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, exceto nos casos de fraude, dolo ou simulação, situações previstas no § 4º do referido artigo 150. O que se homologa é o pagamento efetuado pelo contribuinte, consoante dessumese do referido dispositivo legal. O que não foi pago não se homologa, porque nada há a ser homologado. Esta posição, inclusive, é de muito suportada pelo STJ, e ainda se mantém, como vemos em decisão de 06/2013 nos autos do AgRg no AREsp 252942/PE, posição, inclusive, submetida ao procedimento de recurso repetitivo: Fl. 274DF CARF MF Impresso em 12/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/08/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13884.002979/200355 Acórdão n.º 3201001.916 S3C2T1 Fl. 275 4 TRIBUTÁRIO. IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RENDIMENTOS. SÚMULA 7/STJ. DISPOSITIVOS LEGAIS IMPERTINENTES. SÚMULA 284/STF. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I, DO CPC. (...) 6. De acordo com a jurisprudência consolidada do STJ, a decadência do direito de constituir o crédito tributário é regida pelo art. 173, I, do CTN, quando se trata de tributo sujeito a lançamento por homologação e o contribuinte não realiza o respectivo pagamento parcial antecipado (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 18.9.2009, submetido ao art. 543C do CPC). 7. In casu, ocorrido o fato gerador em 31 de dezembro de 1994, o lançamento somente poderia ter sido realizado no decorrer do ano de 1995, de modo que o termo inicial da decadência é 1° de janeiro de 1996. Como o prazo decadencial de cinco anos se encerraria em 31 de dezembro de 2000, e a constituição do crédito tributário deuse em junho de 2000 (fl. 593), não há falar em decadência do direito de lançar o tributo. 8. Agravos Regimentais não providos. A dúvida quanto ao pagamento parcial foi elidida em diligência: Conforme o relatório de folhas 240/241, para o 2° decêndio de maio de 1998 (decêndio em questão), o contribuinte declarou em DCTF um total de R$ 146.821,61 de IPI e efetuou um pagamento no valor de R$ 21.453,80, em 29/05/1998. Assim, deve ser acolhida a preliminar de decadência levantada. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso interposto, prejudicados os demais argumentos. Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes Relator Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Redator designado para a formalização do acórdão Fl. 275DF CARF MF Impresso em 12/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 04/08/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 11/08/2015 por JOEL MIYAZAKI
score : 1.0
Numero do processo: 11020.901602/2008-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/05/1999 a 31/05/1999
Pedido de Compensação. Ônus da Prova.
O pressuposto básico para a formulação de pedido de compensação é a demonstração da liquidez e certeza dos créditos pleiteados. Assim sendo, não há como homologar declaração de compensação fundada exclusivamente na alegação de equívoco da fixação da base de cálculo do tributo supostamente recolhido em montante superior ao devido, sem que seja apresentada sequer a metodologia empregada para se apurar o suposto indébito.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3102-00.938
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Matéria: Cofins- proc. que não versem s/exigências de cred.tributario
Nome do relator: Luis Marcelo Guerra de Castro
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Ônus da Prova. O pressuposto básico para a formulação de pedido de compensação é a demonstração da liquidez e certeza dos créditos pleiteados. Assim sendo, não há como homologar declaração de compensação fundada exclusivamente na alegação de equívoco da fixação da base de cálculo do tributo supostamente recolhido em montante superior ao devido, sem que seja apresentada sequer a metodologia empregada para se apurar o suposto indébito. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Ricardo Paulo Rosa, Beatriz Veríssimo de Sena, Luciano Pontes de Maya Gomes, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro. Relatório Fl. 1DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 2 Por bem descrever a matéria litigiosa, adoto relatório que embasou o acórdão recorrido, que passo a transcrever: Trata o presente processo fiscal de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório emitido eletronicamente pela DRF Caxias do Sul o qual não homologou compensação declarada pela interessada ante a ausência/insuficiência de créditos de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins oponíveis contra a Fazenda Pública. A interessada contesta o Parecer alegando, em sede de preliminar, sua nulidade. No mérito, alega a existência de indébitos resultantes da exclusão do ICMS da base de cálculo do Pis e da Cofins. Ponderando as razões aduzidas pela recorrente, juntamente com o consignado no voto condutor, decidiu o órgão de piso pelo indeferimento do pedido de compensação, conforme se observa na ementa abaixo transcrita: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/05/1999 a 31/05/1999 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Direitos creditórios pleiteados via Declaração de Compensação Nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, essencial a comprovação da liquidez e certeza dos créditos para a efetivação do encontro de contas, comprovação esta que é ônus do contribuinte, sendo incabível a transferência da responsabilidade ao Fisco. Manifestação de Inconformidade Improcedente Após tomar ciência da decisão de 1ª instância, comparece a contribuinte mais uma vez ao processo para, em sede de recurso voluntário, preliminarmente, pleitear a nulidade da decisão de decisão de primeira instância. Aduz, para tanto, desrespeito “aos mais basilares princípios administrativos e constitucionais que norteiam os Atos Administrativos”, na medida em que julgara inexistente um crédito pelo fato do mesmo não ser comprovado. Segundo expõe, diferentemente da premissa assumida naquele julgado, não seria ônus do contribuinte comprovar o direito creditório alegado. Ademais, em face do princípio da verdade material, o procedimento correto seria intimar o contribuinte a prestar informações sobre a origem do crédito e seu “fundamento de validade. Sustenta a inaplicabilidade do art. 333 do Código de Processo Civil ao processo administrativo em face desse mesmo princípio, cita doutrina que respaldaria tal convicção. A fim de comprovar a necessidade de fundamentação, cita o art. 37 da Constituição Federal de 1988 e doutrina acerca do tema. Por outro lado, que tal vício de fundamentação, aliado à ausência de diligência fiscal no intuito de investigar a origem do crédito, implicariam violação aos princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal, em face da Fl. 2DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.901602/200820 Acórdão n.º 310200.938 S3C1T2 Fl. 105 3 impossibilidade de avaliar as razões da não homologação à luz da Teoria dos Motivos Determinantes. Expõe tal teoria e traz ao processo doutrina acerca da mesma, No mérito, essencialmente, reitera as alegações manejadas por ocasião da instauração da fase litigiosa. Pleiteia, finalmente, que, em caso de dúvida acerca da origem do crédito, a conversão do julgamento em diligência a fim de que seja procedida essa aferição e alerta que, caso seja proferida nova decisão que não reconheça o direito creditório em face da ausência da apresentação de provas pelo contribuinte, estarseia igualmente incorrendo em ofensa aos princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal. Em síntese, é o Relatório. Voto Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, Relator Tomo conhecimento do presente recurso, que foi tempestivamente apresentado e trata de matéria afeta à competência desta Terceira Seção. 1 Preliminarmente Em primeiro lugar, cabe enfrentar a preliminar de nulidade do julgado de piso, em face da alegada carência de fundamentação. Sem dúvida, o art. 31 do Decreto nº 70.235, de 1972, elenca a fundamentação dentre os elementos que deverão estar contidos na decisão. Confirase: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. Ocorre que, após a análise do julgado, com o devido respeito, não vislumbro tal ausência, na medida em que restou exposta a convicção no sentido de que, em face da não apresentação de elementos que, na convicção dos julgadores, caberia ao recorrente produzir, não era possível apurar o direito creditório pleiteado por meio de PER/Dcomp. Nesse ponto, considero o comando do art. 29 do mesmo Decreto 70.235 suficientemente claro: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Evidentemente, sempre será possível à instância ad quem rediscutir essa “convicção”, mas tal discussão, com a devida vênia, deverá ser travada quando da análise do mérito. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 4 Pelo mesmo motivo, não vejo como acolher a alegação de cerceamento do direito de defesa. Se a autoridade a quo deixou claro quais foram os seus fundamentos foi dada a oportunidade para o Contribuinte contrapôlos, permitindose, inclusive a juntada de provas após a fase de impugnação. Aliás, relembrese, essa é uma das hipóteses em que o legislador permite a juntada de provas após a fase de impugnação. Confirase a redação do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235:: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (,,,) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Ainda em sede de preliminar, não vejo como deferir o pedido de diligência a fim de apurar o alegado direito creditório. A meu ver, embora a peça recursal tenha sido enfática quanto à necessidade de complementar a instrução do processo, não se logrou êxito em demonstrar a imprescindibilidade da providência, condições expressamente previstas no art. 18 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, que estabelece: “Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine.” Peço licença para transcrever a interpretação de James Marins1 acerca do conteúdo do dispositivo acima transcrito: “... cumprirá à autoridade julgadora de primeira instância apreciar os requerimentos de produção de provas, apreciar sua pertinência e determinar a realização daquelas que seja em virtude de terem sido requeridas ou por deliberação ex officio da autoridade de primeira instância sejam necessárias para que a instrução se complete. O juízo de pertinência probatória será feito principalmente com base nos critérios de imprescindibilidade e praticabilidade.” (os grifos não constam do original) Nesse contexto, apesar da inquestionável moderação com que as regras relativas à formalidade dos atos processuais devem ser aplicadas, a adoção da medida de complementação da instrução só se justifica se tomada em caráter subsidiário à obrigação das partes de instruir o processo. Ademais, o pedido de perícia sequer elenca os quesitos que busca ver esclarecidos, exigência expressamente consignada no artigo 16, IV do Decreto nº 70.2352 e tal falha, como é cediço, atrai a aplicação do § 1º do mesmo artigo 163. 1 Direito Processual Tributário. São Paulo. 2005, Dialética, 4ª Edição, p. 279. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 11020.901602/200820 Acórdão n.º 310200.938 S3C1T2 Fl. 106 5 2 Mérito No mérito, penso que igualmente razão não assiste ao Sujeito Passivo, pois, efetivamente, não foi trazido ao processo qualquer elemento que demonstrasse sequer a metodologia de cálculo empregada para obtenção dos valores que entende indevidos, nem muito menos a retificação das declarações que respaldaram o pagamento da Cofins consoante base de cálculo que o contribuinte alega errônea. Ora, a apuração do crédito é, como é cediço, o pressuposto principal para que se opera a compensação. Vejase redação do caput do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, na versão que vigia no momento em que os pedidos foram apresentados (original não destacado): Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Se não foi sequer apresentado como se deu a apuração desse crédito, não vejo como reconhecêlo. Acerca do tema, deixo registrada a minha opinião no sentido de que, de acordo com a legislação de regência, mais especificamente o art. 16, III do Decreto nº 70.2354, de 1972, caberia ao sujeito passivo carrear ao processo os elementos respaldassem suas alegações. 2 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) 3 § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) 4 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 5DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 6 3 Conclusão Com essas considerações, afasto as preliminares de nulidade, indefiro o pedido de perícia e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 2 de março de 2011 Luis Marcelo Guerra de Castro Fl. 6DF CARF MF Emitido em 04/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Assinado digitalmente em 03/08/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
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Numero do processo: 10680.723280/2010-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 13 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3401-000.878
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria, em converter o julgamento do recurso em diligência nos termos desta Resolução. Vencido o Conselheiro Júlio Ramos.
Julio Cesar Alves Ramos - Presidente
Bernardo Leite de Queiroz Lima - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Julio Cesar Alves Ramos (Presidente), Robson Jose Bayerl, Angela Sartori, Jean Cleuter Simoes Mendonca, Eloy Eros Da Silva Nogueira e Bernardo Leite De Queiroz Lima.
Nome do relator: BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA
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Acordam os membros do colegiado, por maioria, em converter o julgamento do recurso em diligência nos termos desta Resolução. Vencido o Conselheiro Júlio Ramos. Julio Cesar Alves Ramos Presidente Bernardo Leite de Queiroz Lima Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Julio Cesar Alves Ramos (Presidente), Robson Jose Bayerl, Angela Sartori, Jean Cleuter Simoes Mendonca, Eloy Eros Da Silva Nogueira e Bernardo Leite De Queiroz Lima. RELATÓRIO Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMPs referentes a créditos PIS Não cumulativo – Exportação (Mercado Externo) do terceiro trimestre de 2004, conforme detalhamento constante do despacho de fls. Vale frisar que, inicialmente, o objeto do presente processo estava no Processo Administrativo nº 10680.723279/201025, que abrangia créditos de Cofins Não cumulativa – Exportação (Mercado Externo), Cofins Não cumulativa – Mercado Interno, PIS Não cumulativo – Exportação (Mercado Externo), PIS Não cumulativo – Mercado Interno, do período de 01/04/2004 a 31/12/2005. O objeto do referido processo foi desmembrado em diversos outros PAs com base no tributo, matéria e período de apuração, permanecendo no presente somente os créditos de PIS Não cumulativo – Exportação (Mercado Externo) do terceiro trimestre de 2004. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .7 23 28 0/ 20 10 -5 0 Fl. 500DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.723280/201050 Resolução nº 3401000.878 S3C4T1 Fl. 501 2 Conforme Relatório Fiscal de fls. 09/24, o procedimento de auditoria fiscal realizado junto à Recorrente culminou na reconstituição dos DACON apresentados à RFB, constatando divergência entre os valores apurados pela contribuinte e pela fiscalização, quanto aos seguintes itens: 1) CRÉDITOS BÁSICOS RELACIONADOS A AQUISIÇÕES NO MERCADO INTERNO 1.1) BENS PARA REVENDA A fiscalizada comprou e aproveitou como base de cálculo de créditos, produtos para revenda tributados com alíquota zero, nos termos do art. 1º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004 (adubos ou fertilizantes classificados no Capitulo 31, exceto os produtos de uso veterinário, da TIPI; defensivos agropecuários classificados na posição 38.08 da TIPI e suas matériasprimas; sementes e mudas destinadas à semeadura e plantio, em conformidade com o disposto na Lei nº 10.711/2003, e produtos de natureza biológica utilizados em sua produção). No caso de câmaras de ar de borracha e pneus novos, o parágrafo único do art. 5º da Lei nº 10.485/2002 reduziu a zero a alíquota das contribuições para o PIS/Pasep e da Cofins, relativamente à receita bruta da venda desses produtos, auferida por comerciantes atacadistas e varejistas. Segundo a fiscalização, o § 2° do art. 3° da Lei 10.833/2003 (com a redação dada pela Lei n° 10.865/2004), veda o creditamento na aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. Destarte, foram glosados todos os créditos originados de produtos tributados à alíquota zero, destinados à revenda, conforme demonstrado na Tabela 2 “Relação de Produtos para Revenda que Possuem Alíquota Zero para PIS e COFINS”, constante dos autos. 1.2) BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS Segundo Relatório Fiscal, todos os valores dos insumos apresentados foram aceitos pela fiscalização, ao serem confirmados, por amostragem, nos arquivos de notas fiscais, na contabilidade e no Razão Auxiliar. Os rateios efetuados pela empresa foram também aceitos, após procedimentos de amostragem. Houve, porém, divergências quanto à possibilidade de aproveitamento de créditos, relativamente a alguns insumos. As razões pelas quais a fiscalização não considerou alguns insumos como base de cálculo para efeito de créditos, seguem expostas: 1.2.1) INSUMOS DIVERSOS A fiscalizada comprou e aproveitou como base de cálculo de créditos, produtos tributados à alíquota zero pelo PIS e pela Cofins, por força do disposto no art. 1º da Lei nº 10.925/2004, com efeitos a partir de 01/01/2005. Portanto, foram glosados os créditos relacionados a esses custos de aquisição, a partir de 01/01/2005. 1.2.2) LEITE IN NATURA O leite in natura é recebido principalmente dos associados da CCPRMG, mas é também comprado de pessoas físicas e jurídicas não associadas, com o fim de compor estoque. Fl. 501DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.723280/201050 Resolução nº 3401000.878 S3C4T1 Fl. 502 3 Foi verificado que a contribuinte incluiu na base de cálculo dos créditos básicos o valor do leite adquirido de seus associados, quando deveria, nos termos do art. 26 da IN SRF nº 635/2006, apurar crédito presumido sobre esses valores. A cooperativa de produção agropecuária não possui direito ao crédito básico de PIS e COFINS nas operações com associados, por ter o direito de excluir da base de cálculo dessas contribuições os valores repassados a esses últimos, decorrentes da comercialização de produto por eles entregues à cooperativa, como determina o inciso I e § 1° do art. 15 da MP n°2.15835/2001. Logo, se não há cobrança de PIS e de Cofins sobre os valores repassados aos cooperados, o leite adquirido destes não dará direito ao crédito básico e seu valor deve ser excluído da base de cálculo desse tipo de crédito. Por outro lado, o leite in natura adquirido de cooperados dá direito ao crédito presumido, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Isso altera o valor dos créditos pretendidos pela empresa já que o crédito básico é calculado com 100% das alíquotas das contribuições e, no caso, o crédito presumido é calculado com 80% (para os meses 05 a 07 de 2004) ou 60% destas alíquotas (após 08/2004). 1.2.3) FRETE NA COMPRA DE LEITE IN NATURA Da análise dos lançamentos contábeis de 2004 e 2005, restou constatado que os serviços de frete primeiro e segundo percursos, na compra de leite in natura, é descontado dos fornecedores deste insumo. A autoridade fiscal fundamentou sua conclusão com base nos lançamentos contábeis da Recorrente. Assim, conclui a fiscalização que, se o ônus desse serviço foi suportado pelos fornecedores de leite e não pela CCPRMG, os créditos relacionados ao frete na compra de leite in natura devem ser glosados. 2) CRÉDITOS PRESUMIDOS RELACIONADOS A AQUISIÇÕES NO MERCADO INTERNO O crédito presumido sobre aquisições de produtos agropecuários de pessoas físicas e jurídicas foi instituído pelo art. 8° da Lei 10.925/2004. O cálculo do crédito presumido sobre o estoque de abertura foi considerado consistente pela fiscalização. 2.1) BONIFICAÇÃO FIDELIDADE Tratase de uma bonificação paga aos associados, uma única vez, ao final dos exercícios financeiros de 2004 e 2005. No entender da fiscalização, a bonificação fidelidade assemelhase a uma distribuição de sobras entre os associados. Os valores referentes a essa bonificação foram contabilizados na conta “FORNECEDORES COOP ASSOCIADOS” e foram glosados da base de cálculo do crédito presumido. 3) AQUISIÇÕES NO MERCADO EXTERNO DE INSUMOS E BENS IMOBILIZADOS A empresa importou diversos insumos e bens, que foram utilizados na produção de produtos comercializados no mercado interno ou exportados. No caso de créditos de importação vinculados a receitas de exportação, o crédito somente é admitido a partir do advento do art. 17 da Lei n° 11.033/2004, ou seja, a partir de 09/08/2004, observadas as normas e prazos de aproveitamento da Lei no 11.116/2005. A fiscalização aceitou todos os valores declarados como importações de insumos e apresentados pela empresa, como mostra a Tabela 11 — “Apuração de Créditos de Importação”. Por outro lado, em relação à base de cálculo do crédito de PIS e COFINS nas importações de bens para compor o ativo imobilizado, houve divergência entre os valores apurados pela empresa e os apurados pela fiscalização. Fl. 502DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.723280/201050 Resolução nº 3401000.878 S3C4T1 Fl. 503 4 Em planilha apresentada à fiscalização (intitulada “Importação Imobilizado”), a empresa apura os créditos de PIS e COFINS no campo denominado “Base de Cálculo Martinelli”, calculado pela divisão da soma dos valores de “Pis Pago Importação” e “Cofins Pago Importação” pela soma das alíquotas destas contribuições (0,0165 + 0,076 =0,0925). Segundo a autoridade fiscal, essa forma de apuração é incorreta porque considera como base de cálculo dos créditos de PIS e COFINS a própria base de cálculo das contribuições; quando o cálculo correto deveria ser com observância do que dispõe os §§ 40 e 70 do art. 15 da Lei n° 10.865/2004. A Tabela 12 – “Relação de Bens Importados e Base de Cálculo dos Créditos” mostra a relação dos bens e os valores ajustados pela fiscalização para a base de cálculo dos créditos na importação. Foram retirados da relação apresentada pela fiscalizada produtos classificados como embalagens, os quais foram incluídos na relação de insumos importados. Portanto, foram glosadas as diferenças de valores apresentadas na base de cálculo dos créditos na importação de bens que comporão o Ativo Imobilizado. A já mencionada Tabela 11 — “Apuração de Créditos de Importação” demonstra os valores apurados pela empresa e os valores apurados pela fiscalização. A DRF/Belo Horizonte, por intermédio do Despacho Decisório nº 2.286 – DRF/BHE, com fundamento Relatório Fiscal, reconheceu parcialmente o direito creditório referente ao PIS Não Cumulativo – Exportação (Mercado Externo), do terceiro trimestre de 2004 e, via de consequência, homologou parcialmente a compensação declarada. A ora Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, a qual foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG), em acórdão cuja ementa se transcreve: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. PIS NÃOCUMULATIVO EXPORTAÇÃO. Somente são passíveis de ressarcimento/compensação os créditos comprovadamente existentes, devendo estes gozar de liquidez e certeza na data da apresentação/transmissão do Perdcomp. APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. ÔNUS DA PROVA. Na relação processual relativa à verificação dos créditos da não cumulatividade pretendidos pelo contribuinte a título de ressarcimento ou compensação, cabe a este a demonstração da obediência aos parâmetros legais de apuração relativos à comprovação da existência e à natureza dos dispêndios. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada, a Recorrente interpôs o competente Recurso Voluntário, alegando, em síntese: a) Possibilidade de creditamento integral das aquisições de leite in natura de associados; Fl. 503DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.723280/201050 Resolução nº 3401000.878 S3C4T1 Fl. 504 5 b) Equívoco no cálculo da glosa dos créditos sobre as aquisições de leite de associados, pois o valor de aquisição de não associados seria maior do que o considerado pela fiscalização; c) Direito à integralidade do creditamento dos valores incorridos na contratação de serviços de frete sobre a aquisição de leite in natura dos associados; e d) Equívoco no Cálculo da Glosa referente aos Créditos de Frete. É o relatório. VOTO Conselheiro Bernardo Leite de Queiroz Lima O Recurso Voluntário é tempestivo e, por isso, dele conheço. Primeiramente, insta ressaltar que o acórdão da DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo a glosa no que tange aos créditos da aquisição de leite de associados, por entender que a Recorrente não logrou demonstrar com documentos acostados à manifestação de inconformidade, que a aquisição de leite de nãoassociados era superiores ao de associados: Caso não acatada a tese quanto à possibilidade de creditamento integral nas aquisições de leite in natura de seus associados, a Reclamante solicita a revisão do valor glosado, sob o argumento de que a fiscalização teria analisado somente as aquisições feitas pelos seus estabelecimentos industriais, deixando de computar as aquisições feitas pelos seus postos de coleta. (...) Compulsando a documentação acostada à manifestação de inconformidade não se encontra comprovação do alegado e essa lacuna probatória compromete o acatamento da reclamação da manifestante. No caso específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento de créditos, cabe ao contribuinte, em sua defesa, provar o teor das alegações que contrapõe aos argumentos postos pela autoridade fiscal para não acatar, ou acatar apenas parcialmente o crédito alegado. Não basta apenas alegar sem provar; não basta, simplesmente vir aos autos afirmando que entende possuir o direito ao crédito; o contribuinte deve ser capaz de comprovar cabalmente o direito ao crédito que alega, demonstrando sua conformidade com os dispositivos legais de regência. No caso em tela, o contribuinte nada traz que implique a demonstração do erro de avaliação da autoridade fiscal, pelo contrário, apenas faz juntar aos autos cópias do Relatório Fiscal e das Planilhas elaboradas pela fiscalização, as quais demonstram e corroboram as conclusões da autoridade fiscal pelo indeferimento parcial do crédito pretendido, razão pela qual não se afasta a glosa imposta. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.723280/201050 Resolução nº 3401000.878 S3C4T1 Fl. 505 6 Da mesma forma, em relação aos créditos de frete na compra de leite in natura, por entender que não foi demonstrado que a ora Recorrente arcou com o ônus financeiros do transporte destes insumos. Ademais, o acórdão vergastado não aceitou o pedido de reanálise dos créditos de frete por entender que a Recorrente apenas levantou tal argumento em sua manifestação de conformidade, sem trazer documentos que suportem tal alegação: Subsidiariamente, caso acatado o entendimento da fiscalização – de que o desconto do custo do frete aos associados impede o creditamento pela CCPR – a Manifestante requer seja restabelecido o crédito relativo ao frete que não foi repassado aos associados, pois alega que, no período, o valor do repasse foi inferior a 20% do valor da contratação do serviço de frete. (...) Quanto ao pedido subsidiário, oportuno destacar que a Interessada limitase a alegar sem, no entanto, minimamente laborar no sentido de comprovar suas alegações. Acostadas à manifestação de inconformidade constam apenas cópias de documentos, dentre os quais, o relatório e planilhas elaboradas pela fiscalização, as quais corroboram as conclusões da autoridade fiscal. Nada a há que comprove o sustentado pela Manifestante. Em sede de recurso voluntário, a Recorrente informou que os documentos necessários para a verificação dos créditos da aquisição de leite de nãoassociados e de frete já haviam sido acostados ao presente processo administrativo quando da fiscalização. Requer, portanto, a conversão em diligência para que seja refeita a apuração de tais créditos. De fato, como se verifica no Relatório Fiscal, a Recorrente apresentou documentos contábeis e notas fiscais necessários para a apuração dos créditos. Contudo, segundo alega a Recorrente, ao contrário do que verificado no Relatório Fiscal, o montante da aquisição de leite de nãoassociados foi superior ao da aquisição de associados. Isto se deu porque a autoridade fiscal, ao apurar os créditos, considerou apenas as aquisições dos estabelecimentos industriais, desconsiderando os postos de coleta. Por sua vez, ao fundamentar a glosa dos créditos de frete, a autoridade fiscal somente embasouse nos lançamentos contábeis, sem, contudo, mencionar a análise das notas fiscais apresentadas e demais documentos, o que leva a crer que a autoridade fiscal apurou o crédito somente com base nos lançamentos contábeis do livro razão. Diante do exposto acima, proponho a conversão em diligência para que sejam apurados os créditos da aquisição de insumos de associados e nãoassociados, considerando não apenas os estabelecimentos industriais da Recorrente, mas também seus postos de coleta, e os créditos de frete na compra de leite in natura, devendo tais levantamentos serem realizados com base nos documentos contábeis, notas fiscais e demais documentos apresentados pela Recorrente no decurso da fiscalização. Devem ser avaliados os seguintes quesitos: a) Aquisição de leite de nãoassociados: 1) Apurar a totalidade de leite adquirido pela Recorrente durante o terceiro trimestre de 2004. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por JULIO CESAR A LVES RAMOS Processo nº 10680.723280/201050 Resolução nº 3401000.878 S3C4T1 Fl. 506 7 2) Verificar as aquisições de associados e as de nãoassociados para cálculo dos créditos de PIS. b) Frete na compra de leite in natura: 1) Verificar nas notas fiscais se o valor do frete está por conta do destinatário. 2) Confrontandose os valores das notas fiscais e livro razão, apurar se houve o reembolso do frete pelos fornecedores à Recorrente. 3) Calcular o crédito de PIS sobre o frete na compra de leite in natura pago pela Recorrente, descontandose os valores reembolsados pelos fornecedores. 4) Alocar o montante do crédito do PIS correspondente ao terceiro trimestre de 2004 e vinculado à exportação. Fl. 506DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 05/05/2015 por BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA, Assinado digitalmente em 08/05/2015 por JULIO CESAR A LVES RAMOS
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Numero do processo: 11968.000912/2008-35
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue May 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 16/10/2008
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA
A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração.
MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO.
A multa por prestação de informações fora do prazo encontra-se prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal.
MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo deve-se considerar o conteúdo da obrigação acessória violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.848
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A denúncia espontânea não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de deveres instrumentais caracterizados pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010. A aplicação deste dispositivo devese considerar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Nestas a aplicação da denúncia espontânea implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 09 12 /2 00 8- 35 Fl. 115DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 3 2 Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente). Fl. 116DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Tratase de o presente processo de Auto de Infração lavrado face ao descumprimento da obrigação acessória de prestar informação sobre veículo ou carga transportada ou sobre operações que executar, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, de acordo com o que dispõe o art. 107, inciso IV, alínea “e”, do Decreto lei37, de 1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833, de 2003. Regularmente cientificada, a interessada apresentou a impugnação na qual alega, em breve síntese, que não é parte legitima para figurar no pólo passivo, tendo em vista que atuou na qualidade de mera agência de navegação marítima da empresa transportadora e que não responde por eventuais tributos e/ou obrigações acessórias devidos por esta. Afirma que o agente marítimo age em nome do Armador e com este não se confunde, razão pela qual não pode ser pessoalmente responsabilizada pela autuação em tela, até porque a própria Lei (art. 107, IV "e" do Decreto Lei 37/66) assim não prevê. Alega ausência de tipicidade, porque não deixou de prestar informação no prazo previsto em Regulamento. Apenas retificou posteriormente a sua informação, o que é uma hipótese diferenciada da penalidade estipulada e não se encontra tipificada na alínea 'e' do inciso IV, do art. 107 do Decreto Lei 37/66, com a redação dada pela Lei 10.833/03. Aduz que a autuação carece de elemento essencial de validade, pois, conforme o art. 113, § 2º do CTN, não há um fim específico e próprio que justificasse a penalidade, ou seja, o eventual descumprimento de prestar informações no prazo estipulado não gera qualquer prejuízo ao Fisco. Afirma que o lançamento fere o princípio da Reserva Legal, porque fundamentado em dispositivo constante em Instrução Normativa. Argui que não existe amparo legal para aplicação de penalidade para a ação de alteração/correção de dados no Sistema Sicarga. Alega que o procedimento fiscalizatório somente foi iniciado após ter formalizado a denúncia espontânea, o que a exime de qualquer penalidade, conforme o disposto no parágrafo 2 do art. 102, do Decreto Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, cuja redação foi alterada pela Medida Provisória n 497, de 27 de julho de 2010, bem como o art. 138, caput, do Código Tributário Nacional. Requer seja anulado ou cancelado o auto de infração. A DRJ no Recife (PE) decidiu pela improcedência da impugnação, mantendo o crédito. Colaciono a ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 16/10/2008 RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES TRIBUTÁRIAS. INTENÇÃO DO AGENTE. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações à legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/10/2008 Fl. 117DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 5 4 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÃO ACERCA DA CARGA TRANSPORTADA Aplicase a multa prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei n 37, de 18 de novembro de 1966, com a redação pela Lei n 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para cada deferimento, automático ou não, de retificação do manifesto eletrônico, conhecimento eletrônico ou item de carga. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com improcedência de sua impugnação, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, expondo que: Por ser uma agência de navegação da transportadora não poderia ser considerado representante do transportador para fins de responsabilidade tributária não lhe correndo os efeitos do Decreto Lei 37/66; Alega que a sua declaração extemporânea teria os mesmos efeitos que a denúncia espontânea e esta seria aplicável às obrigações acessórias; Entende que a Instrução Normativa nº 800/07, infringe o princípio da reserva legal, conforme art. 97, V do CTN; Entende que sua conduta, retificação, seria atípica com relação à sanção prevista no art. 107 do Decreto Lei nº 37/66; Alega que a multa regulamentar, enquanto obrigação acessória, carece de validade essencial, por não estar demonstrado o interesse da arrecadação ou fiscalização de tributos, não sendo assim justificada aplicação da mesma; Entende que não deixou de apresentar informações dentro do prazo referido pela IN nº800/07, mas promoveu a retificação destas. É o sucinto relatório. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço, portanto. Ilegitimidade Passiva Muito embora compartilhe do entendimento que as agências marítimas não possam ser sujeitas da multa prevista pelo art. 107, IV, alínea “e” do DecretoLei nº 37/66, devendo ser estas serem impostas somente ao transportador, tenho que no presente caso tal argumentação não se aplica. A recorrente é empresa transportadora, conforme demonstra o seu CNPJ e objeto social, que assim determina a Cláusula Segunda que: A sociedade tem por objeto a navegação marítima de longo curso marítima (...) o exercício das atividades de agente de transporte multimodal, assessoria ao transporte marítimo e terrestre de cargas em todo o território nacional (...) Face a isto, afasto o argumento da Recorrente de que, por ser a empresa uma agência marítima, e não uma transportadora, não está configurada sua responsabilidade quanto à prática da infração objeto dos autos. Diversos são os julgados deste Conselho onde foi compreendido que a obrigação do transportador, de prestar as informações à RFB, encontrase estabelecida no art. 37 do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833, de 2003, in verbis: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. Ultrapassados tais argumentos, entendo que a penalidade não deve ser aplicada no presente caso por motivos diversos. Denúncia Espontânea Inicio a análise do argumento da denúncia espontânea, pois uma vez julgado o seu provimento, todas as demais matérias se tornarão prejudicadas. Fl. 119DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 7 6 O Recorrente alega que as informações foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora,ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentado após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Ocorre que, muito embora típica e perfeitamente subsumido o fato à norma, no caso em tela se está diante de uma excludente da punibilidade, haja vista a Recorrente estar amparada pela hipótese legal da chamada denúncia espontânea. Esse instituto jurídico tem lugar quando o contribuinte informa à administração as infrações por ele praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. A vantagem dessa confissão prévia e espontânea para o contribuinte está na consequência legal que o instituto lhe garante. No presente caso temse que o pedido de retificação prestado pela recorrente foi anterior lavratura do Auto de Infração, bem como de qualquer outra intimação da RFB. Deste modo, aplicase ao presente caso o instituto da denúncia espontânea. O Código Tributário Nacional disciplina no art. 138 a exclusão da responsabilidade quando a denúncia espontânea for acompanhada do pagamento do tributo e dos juros de mora, restringindo tal hipótese quando caracterizado o início do procedimento administrativo ou qualquer medida de fiscalização, nos termos do parágrafo único. Destacase também que até a edição da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a caracterização da denúncia espontânea não contemplava as obrigações acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com o fato gerador do tributo. Porém, com a vigência da norma acima, foi modificado o § 2º, do art. 102 do DecretoLei nº 37/66, incluindo as penalidades administrativas dentre aquelas possíveis de aplicação da denúncia espontânea, in verbis: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. Fl. 120DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 8 7 § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) No presente caso, temos, portanto que a retificação foi apresentada antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do § 2º do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66. Ainda, cabe observar que, sendo o fato gerador anterior a Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, necessário aplicar in casu a retroatividade benigna da alteração legislativa processada pela referida Medida Provisória, conforme determina o artigo 106 do CTN. Logo, aplicável à referida legislação ao presente caso. Acrescentase ainda que este Egrégio Conselho tem compartilhado deste entendimento, consoante se verifica pelos arestos abaixo: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO AS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A alteração do art. 102 do DecretoLei nº 37/66 promovida pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que incluiu as penalidades de natureza administrativa, dentre aquelas alcançadas pela denúncia espontânea é aplicada aos casos ainda pendentes de julgamento, em razão da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. (Acórdão 3102001.663, 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, sessão de 25/10/2012, Relator Conselheiro Álvaro Arthur L. de Almeida Filho) Cabe analisar a restrição imposta pelo art. 683, §3º do Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Este determina que: Art. 683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento dos tributos dos acréscimos legais, excluirá a imposição da correspondente penalidade (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 102, caput, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 1o; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 138, caput). (…) Fl. 121DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 9 8 §3o Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. O texto original do Decreto nº 6.759/2009 previa em seu §3oque a espontaneidade era afastada depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior e por conseqüência igualmente afastada seria a denúncia espontânea. Notese que esta redação deve ser lida em consonância com o disposto na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010 que passou a ter a seguinte redação: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (grifouse) Notese que o Decreto nº 6.759/2009 deve ser lido em conformidade com a Lei nº 12.350/2010. Tratase de norma superior e posterior. Assim, tanto pelo critério da hierarquia, quanto pelo critério cronológico deve prevalecer a norma posterior. Da leitura da lei posterior se nota que não há a restrição prevista no §3o, do art. 683 do Decreto nº 6.759/2009, de tal modo que onde não houve restrição legal não poderá a norma regulamentadora restringir, sob pena de ofensa ao princípio da estrita legalidade. Diante da aplicação do instituto da denúncia espontânea, entendo pelo provimento do recurso e passo a analisar as demais matérias, não obstante prejudicadas, para fins de privilégio do devido processo legal. Reserva Legal A infração em tese cometida pela recorrente se encontra caracterizada pela apresentação de declaração de informações sobre o veículo e carga transportada fora do prazo estabelecido, por força do art. 107 do DecretoLei 37/66, com redação dada pela Lei nº 10.833/03, c/c art. 44 da Instrução Normativa 28/94, com redação dada pela Instrução Normativa 510/05 e art. 22 da Instrução Normativa 800/07. No que tange a tipificação da conduta do recorrente, a sua descrição consta igualmente e inicialmente tipificada no art. 107 do DecretoLei 31/66, que estabelece a aplicação de multa para quem deixar de prestar a declaração sobre veículo e carga transportada, bem como quem de forma omissiva ou comissiva embaraçar ação de fiscalização. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 10 9 Ademais, as instruções normativas tem como finalidade de preencher lacunas que por vezes se encontram dentro dos procedimentos fiscais, no caso específico de normas que estabelecem prazo para a apresentação ou recolhimento de obrigações acessórias, não estão sujeitas a reserva legal do art. 97 do CTN, por não compreenderem o rol de matérias lá estabelecido, cabendo, portanto, o estabelecimento dos prazos por norma de hierarquia inferior, como as Portarias e Instruções Normativas, conforme tem se posicionado o CARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕESACESSÓRIAS Datadofatogerador:31/12/1998 OBRIGAÇÃO ACESSORIA. PRAZO. INSERÇÃO SISCOMEX DE DECLARAÇÃO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS. O prazo de inserção das informações do embarque de mercadoria no SISCOMEX é de sete dias, contados do dia do efetivo embarque. Não se aplica a norma processual do artigo 210 do Código Tributário Nacional, neste caso prevalece o prazo fixado em Portarias e Instruções Normativas em razão de que não contemplam aspectos da hipótese de incidência, estão fora da reserva legal prevista no artigo 97 do CTN. Constado inserção além do prazo fixado, impõe negar provimento ao recurso. RecursoNegado. Ressalto que o entendimento seria pela carência de razão do contribuinte caso não estivesse prejudicada a análise desta matéria. Obrigação Acessória Carece de razão a alegação da recorrente quanto à carência de elemento essencial na autuação por descumprimento de obrigação acessória. Isto porque as obrigações acessórias não possuem uma relação de dependência de uma obrigação principal. Como o próprio artigo citado pela recorrente são prestações positivas ou negativas, fazer ou não fazer algo em benefício do interesse arrecadatório ou fiscalizatório. No caso dos autos, a declaração que gerou a autuação da recorrente era uma obrigação acessória, positiva e com finalidade fiscalizatória, pois se caracteriza em um dever de declarar o bem carregado e cujas informações contidas auxiliam o fisco a verificar a adequada descrição de bem importado pelo importador, se houve emissão de notas fiscais, se a importadora estaria correta em sua escrituração fiscal. Logo, a responsabilidade de declarar a mercadoria transportada pela empresa, conforme art. 107 do Decreto lei 37/66, é uma obrigação acessória de declaração ao fisco e cujo descumprimento implica na aplicação de multa por embaraço à fiscalização. Nestes termos, não sendo prestada a obrigação de declaração de mercadorias dentro do prazo legal, houve prejuízo na fiscalização aduaneira, devida, portanto, a multa pelo descumprimento. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 11 10 Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Tipificação A recorrente alega que não incorreu no tipo específico de descumprimento de declaração de mercadoria, conforme art.37 e 107, IV, “e” do DecretoLei 37/66, posto que não deixou de prestar informações sobre o veículo ou sobre a carga transportada entendendo que retificação, conduta que afirma ter praticado seria diferente de deixar de informar. Entendo que não assiste razão a recorrente, tendo em vista que no auto de infração é possível verificar que o recorrente apresentou Conhecimento de Embarque, promovendo a alteração de NCM fora dos prazos de atracação do navio e conforme art.37 do Decretolei 37/66 “o transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecido, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado”. O entendimento deste Conselho, inclusive para esta empresa em autuação pretérita foi o seguinte: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/04/2006 a 15/01/2009 MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. AGENTE MARÍTIMO E TRANSPORTADOR. LEGITIMIDADE PASSIVA A legislação prevê que o agente marítimo, assim como o transportador internacional, respondem solidariamente por quaisquer infrações que tenham concorrido para a prática, solidariamente, sendo, pois, o agente parte legítima a figurar no polo passivo de auto de infração. MULTA REGULAMENTAR. DIREITO ADUANEIRO. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. A multa por prestação de informações fora do prazo encontrase prevista na alínea "e", do inciso IV, do artigo 107 do Decreto Lei n 37/1966 prescindindo, para a sua aplicação, de que haja prejuízo ao Erário, sobretudo por se tratar de obrigação acessória em que as informações devem ser prestadas na forma e prazo estabelecidos pela Receita Federal. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES FORA DO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não há que se falar em denúncia espontânea de obrigação acessória se a norma em comento tem como finalidade a prestação de informações na forma e, sobretudo, no prazo fixado pela legislação, prazo esse que não seria observado se se considerar que a prestação de informações fora do prazo configuraria denúncia espontânea. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 12 11 Recurso Voluntário Negado. Nesta senda, uma vez não cumprindo o prazo de apresentação das declarações o transportador já incorre no fato gerador da multa regulamentar, resta devidamente enquadrada a conduta da recorrente à infração referida, não havendo qualquer traço de atipicidade. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Art. 50 da Instrução Normativa 800/2007 Entendo que não assiste razão ao recorrente. Conforme a redação do artigo 50 da IN 800/07, informa que os prazos de antecipação de informação previstos no art. 22º da mesma instrução somente serão obrigatórios a partir de 1 de janeiro de 2009. Vejamos: Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009. Parágrafoúnico. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País.(grifonosso) Este dispositivo, ao mesmo tempo em que prevê que os prazos mínimos para a prestação de informações à RFB previstos no artigo 22 da IN RFB nº 800/2007 somente são obrigatórios a partir de 1ºde janeiro de 2009, dispõe que o transportador tem a obrigação de prestar informações sobre as cargas transportadas antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Resta claro, portanto, que já a partir do momento em que se inicia a produção de efeitos da IN RFB nº 800/2007, qual seja 31 de março de 2008, as informações sobre as cargas transportadas devem ser prestadas pelas transportadoras antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País, conforme art. 52 da Instrução Normativa, prazo também descumprido pelo contribuinte. Em adição, havendo prazo que estabeleça o início da vigência das antecipações, nos caso dos fatos geradores que antecedem a vigência da Instrução Normativa 800/07, o contribuinte deveria ter cumprido o prazo de sete dias descritos art. 37 da Instrução Normativa SRF n° 28, de 1994, com a redação dada pela IN SRF n° 510, de 2005, para a apresentação da declaração, no que ultrapassou demasiado. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Penalidade Aplicada Por Viagem Fl. 125DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 13 12 A recorrente se insurge contra a aplicação da multa regulamentar contra cada uma das declarações de forma extemporânea, tendo em vista que o entendimento da Receita Federal sobre o assunto em Consulta Interna teria determinado que o transportador fosse multado uma única vez pela prestação de informações fora do prazo, referindo a COSIT SCI nº 8 de 14 de fevereiro de 2008. Não obstante os auditores fiscais tenham interpretado, em sua maioria, a legislação como que a multa deveria ser aplicada por cada declaração fora do prazo, o dispositivo legal deixa brecha para tanto interpretar que a penalidade deve ser aplicada por viagem quanto por declaração, visto que o dispositivo aborda apenas o aspecto quantitativo da multa, a tipificação da conduta, no caso, deixar de apresentar informações nos prazo estabelecidos à Receita Federal e identificação do infrator, qual seja a empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de transporte internacional expresso ou agente de carga. Neste sentido, entendo que se deve interpretar a norma de forma mais favorável ao contribuinte quando esta determina penalidade ao tipo de conduta, conforme resta estabelecido no art. 112, do Código Tributário Nacional – CTN, segundo o qual “a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto”: à capitulação legal do fato; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade ou punibilidade; e à natureza da penalidade, aplicação, ou à sua gradação. Sobre o tema em comento, temse decidido nas sessões deste Conselho a interpretação da norma em favor do infrator. Vejamos: Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2006 ILEGIMITIDADE PASSIVA. MULTA. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. EXPORTAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. É legitimo para figurar no polo passivo da autuação, o transportador que registou os dados de embarque fora do prazo estabelecido no art. 37, §2º, da Instrução Normativa SRF nº 28/94. Inteligência dos arts. 107, inciso IV, alínea “e” e 37 do DecretoLei nº 37/66 c/c arts. 37, §2º, 44 e 46 da Instrução Normativa SRF nº 28/94. REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE MARÍTIMO EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR.Ocorrendo dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; e à natureza da penalidade aplicação, ou à sua gradação, deve ser aplicada a interpretação mais favorável ao acusado (art. 112, CTN).A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação no Siscomex é aplicada por viagem do veículo transportador e não por carga (Declaração para Despacho de Exportação). DUPLICIDADE DA COBRANÇA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada documentalmente o alegado bis in idem, improcedente a alegação de duplicidade da cobrança e a consequente identidade de objetos entre dois processos administrativos fiscais. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138, CTN. MULTA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. Não alegado Fl. 126DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 14 13 em momento oportuno, o argumento está precluso, pelo que não merece ser conhecido, ex vi dos arts. 16, inciso III e 17, do Decreto nº 70.235/72. (Recurso Voluntário nº 11968.001039/200717, Relator Bruno Mauricio Macedo Curi, da 2ª Câmara da 3ª Sessão de Julgamento do Carf, Publicada em 11/09/2013) Nestes termos, entendo que a penalidade do art. 107, IV, alínea “e” do Decreto Lei nº 37/66, deve ser aplicada por viagem e não por declaração de carga, devendo as penalidades aplicadas por declaração excluídas para que fiquem apenas a multa aplicada por viagem apurada no auto de infração. Ressalto que este seria o entendimento caso não estivesse prejudicada a análise. Em face do exposto, encaminho o voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator Fl. 127DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 15 14 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antonio Borges, Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar em relação à aplicação do instituto da denúncia espontânea. Da aplicação do instituto da denúncia espontânea No entendimento do STJ, conforme comprovam diversos julgados, a entrega extemporânea de qualquer tipo de obrigação acessória (DCTF, por exemplo) configura infração formal, não podendo ser considerada como infração de natureza tributária apta a atrair o instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN. A prestação de informações no Siscomex, como é o caso, é uma obrigação acessória e, aplicandose essa linha de raciocínio, deveria se observar a aplicação da Súmula CARF n° 49, que adota a mesma interpretação: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. No entanto, essa discussão foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art.102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Apesar de alguns julgados recentes do CARF estarem admitindo a caracterização da denúncia espontânea com fundamento da nova redação do dispositivo, entendo que na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou não fazer extemporâneo do sujeito passivo. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 16 15 Esse entendimento, do qual eu compartilho, foi evidenciado em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3a S/1a C/2a TO. S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2°, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser Fl. 129DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 17 16 citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Assim, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo, no caso a prestação de informação no Siscomex na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, implicaria no esvaziamento do dever instrumental, comprometendo o controle aduaneiro efetuado pela autoridade administrativa no exercício do seu Poder de Polícia. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de obrigações acessórias caracterizadas pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11968.000912/200835 Acórdão n.º 3801004.848 S3TE01 Fl. 18 17 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 131DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 20/05/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 21/05/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10950.720136/2013-87
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jun 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2006 a 30/09/2010
PREVIDENCIÁRIO. STF. REPERCUSSÃO GERAL CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART 25DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE.
Uma vez constatada a existência de repercussão geral, o STF analisa o mérito da questão e a decisão proveniente dessa análise será aplicada posteriormente pelas instâncias inferiores, em casos idênticos
Numero da decisão: 2403-002.807
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI - Presidente.
IVACIR JÚLIO DE SOUZA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari , Ivacir Julio de Souza, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro Marcelo Magalhães Peixoto, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elva e Daniele Souto Rodrigues.
Nome do relator: IVACIR JULIO DE SOUZA
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STF. REPERCUSSÃO GERAL CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART 25DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. Uma vez constatada a existência de repercussão geral, o STF analisa o mérito da questão e a decisão proveniente dessa análise será aplicada posteriormente pelas instâncias inferiores, em casos idênticos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente. IVACIR JÚLIO DE SOUZA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari , Ivacir Julio de Souza, Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro Marcelo Magalhães Peixoto, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elva e Daniele Souto Rodrigues. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 72 01 36 /2 01 3- 87 Fl. 2869DF CARF MF Impresso em 25/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/06/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 Relatório Li o Relatório a quo, compulsei com os autos e , com grifos de minha autoria, abaixo, o transcrevo na íntegra: " Tratase de lançamento de contribuições previdenciárias incidentes na aquisição de produção rural de produtores rurais pessoas físicas devidas ao autuado por subrogação, conforme art. 30, IV da Lei nº 8.212/1991. Os seguintes Debcads integram o lançamento: Debcad n° 51.019.2491 relativo à parte Patronal com valor consolidado de R$ 2.328.114,79 (dois milhões, trezentos e vinte e oito mil, cento e quatorze reais e setenta e nove centavos) referente às competências 03/2009 a 09/2010. Debcad n° 51.019.2521 dos Terceiros Outras Entidades e Fundos com valor consolidado de R$ 219.584,55 (duzentos e dezenove mil, quinhentos e oitenta e quatro reais e cinquenta e cinco centavos) referente às competências 03/2009 a 09/2010. A Cooperval foi intimada pela fiscalização a explicar a redução em mais de 60% da contribuição referente aos valores decorrentes de subrogação, ou seja, valores descontados das notas fiscais de aquisição da produção rural de produtores rurais pessoas físicas. Em resposta à intimação, a cooperativa informou que a diferença ocorreu devido à forma de pagamento aos cooperados. Até o ano de 2008 o cooperado recebia o preço de "Esteira" (o cooperado arcava com os custos de corte carregamento e transporte CCT e, portanto, o preço pago por tonelada era maior). A partir de 2009, o valor pago foi o preço de "Campo" (a Cooperval passou a arcar os custos de CCT). Porém, a fiscalização constatou que a empresa não reduziu o preço pago por tonelada igualmente para todos os seus fornecedores de cana de açúcar, pois para parte deles a empresa continuou a pagar um preço compatível com os constantes na tabela Consecana. Quando questionada a respeito, a empresa esclareceu que estes fornecedores (os quais não tiveram redução no valor recebido por tonelada de campo) não eram cooperados e sim parceiros da empresa, os proprietários das terras. A fiscalização concluiu, assim, que os cooperados recebem muito menos pela tonelada de canadeaçúcar do que os que são apenas parceiros da empresa, sendo que ambos têm os custos de CCT pagos pela Cooperval. Diante dessa constatação, a fiscalização levantou a diferença, para cada nota fiscal de aquisição de canadeaçúcar dos seus cooperados emitidas nos anos de 2009 e 2010, entre o valor pago por tonelada nela contido e o valor médio anual pago pela Cooperval por tonelada de canadeaçúcar ("Preço de Campo"), informado pela própria empresa (o preço médio se aproxima do preço pago aos parceiros). Tal diferença serviu como base de cálculo das contribuições devidas. A autuada apresentou impugnação, alegando que: Fl. 2870DF CARF MF Impresso em 25/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/06/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10950.720136/201387 Acórdão n.º 2403002.807 S2C4T3 Fl. 3 3 O Supremo Tribunal Federal, em caso semelhante declarou a inconstitucionalidade da contribuição e dos dispositivos expressamente mencionados, quais sejam o art. 2º, inciso I e II, e 30, inciso IV, da Lei 8.212/91, com redação atualizada até a Lei n° 9.528/97, bem como, o art. 1° da Lei 8.540/92, que deu nova redação a estas Leis; O Auditor laborou em equívocos, por mais de uma razão, confundindo o Cooperado produtor rural, com parceiro agrícola. A diferença entre o Cooperado produtor rural e o parceiro agrícola, é que o total da produção pertence ao cooperado, enquanto na parceria, apenas um percentual da produção pertence ao parceiro; Não atentou o Auditor, que o Cooperado produtor rural, diferentemente do parceiro agrícola, é fornecedor de canadeaçúcar, é de sua responsabilidade o plantio, custeio (tratos culturais), corte, colheita e transporte; Para melhor entendimento, ainda no que tange a diferença de preços entre o parceiro agrícola e o produtor rural Cooperado, basta verificar que ao parceiro agrícola, receberá ele, 10% ou 15% do total da produção, enquanto ao produtor rural cooperado caberá a ele, 100% do que produzir; O preço da cana em pé, adquiridas do produtor rural Cooperado, tem seu preço deduzido das despesas necessárias e imprescindíveis, corte, carregamento e transporte, dando a falsa impressão que se trata de subfaturamento, como imaginou o Auditor; O que ocorreu foi mudança no modo de aquisição da cana, passando a Cooperval a adquirir a cana em pé, no campo, assumindo assim, ela, adquirente, os custos de corte, carregamento e transporte, conforme acima explicitado; Todos os custos das máquinas, colheitadeiras, tratores, motocanas, caminhões, cortadores de cana, ônibus para transporte de pessoal, assistência social, etc. são recursos cujos custos foram pagos pela Cooperval; O valor efetivamente recebido pelo Cooperado não foi reduzido. Ao contrario, apesar da elevação dos custos (principalmente o reajuste anual do salário mínimo acima de 10%/ano), o valor efetivo recebido por tonelada de cana teve acréscimos reais quando a Cooperativa assumiu os custos dos serviços de CCT; No preço Consecana campo não estão incluídos os custos de corte da cana/corte manual ou colheita com máquina (onde a declividade do terreno permite) e do carregamento da cana nos caminhões; Requer a efetivação de diligencia, para que sejam constatados os registros contábeis da aquisição das canas, os preços praticados, os efetivos valores pagos e respectivos custos quanto ao corte, carregamento e transporte, para fins de aquilatar o valor efetivamente recebido pelos produtores. " DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A 9ª Turma da Delegacia da Receito Federal de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) DRJ/ POR, em 23 de setembro de 2013, exarou Acórdão de n ° 1445.156, fls.2.827, negando provimento ao contribuinte. Fl. 2871DF CARF MF Impresso em 25/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/06/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 DO RECURSO DE OFÍCIO Na oportunidade a Instância a quo recorreu de ofício , nos termos do art. 34, inciso I, do Decreto n° 70.235/72 e art. 1° da Portaria MF n° 03/2008, em razão de o crédito tributário exonerado exceder a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Irresignada a Recorrente interpôs Recurso Voluntário às. fls. 2837 a 2864 onde reitera as alegações que fizera em sede de impugnação. É o Relatório. Fl. 2872DF CARF MF Impresso em 25/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/06/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10950.720136/201387 Acórdão n.º 2403002.807 S2C4T3 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Ivacir Júlio de Souza Conselheiro Ivacir Júlio de Souza DA TEMPESTIVIDADE Na forma do despacho de fls. 2.866, o recurso é tempestivo. Aduz que reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DO RECURSO DE OFÍCIO. Em face das razões expostas pela Instância a quo ,NEGO PROVIMENTO ao Recurso de Ofício. DO RECURSO VOLUNTÁRIO DA PRELIMINAR DE INCONSTITUCIONALIDADE Na forma da fundamentação legal às fls. 2.728 , a autuação constituiu os créditos assentados no art. 25 da Lie n 8.212/91 que, entretanto, em razão do RE 596177/RS do Supremo Tribunal Federal STF, não podem prosperar, verbis: "214 CONTRIBUICAO DA PESSOA FISICA EQUIPARADA A TRABALHADOR AUTONOMO (SOBRE A PRODUCAO RURAL) 214.10 Competências : 03/2009 a 12/2009, 01/2010 a 02/2010, 04/2010 a 09/2010 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 25, (com as alteracoes posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.2001), (com as alteracoes da Lei n. 9.528, de 10.12.97) e paragrafos 3. e 4. (com as alteracoes da Lei n. 8.540, de 22.12.92, e posteriores da Lei n.10.256, de 09.07.2001); Regulamento da Previdencia Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99, art. 9., I e V, ¨a¨, art. 200, I, paragrafos 1.(revogado, posteriormente pelo Decreto 4.032, de 26.1.01), 4., 5., 7. e art. 216, III e IV e paragrafo 5., com as alteracoes dadas pelo Decreto n. 3.265, de 29.11.99. A PARTIR DE 06.2008 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 25 (com as alteracoes posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.01), I (com as alteracoes da Lei n. 9.528, de 10.12.97) paragrafos 3 (com as alteracoes da Lei n. 8.540, de 22.12.92 e posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.01), 10 e 11 (com as alteracoes da Lei n. 11.718, de 20.06.08, art. 30, incisos X e XII (acrescentado pela Lei n. 11.718, de 20.06.08); Regulamento da Previdencia Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99, art. 9., VII, art. 200, paragrafos 4., 5., 7, III, e 9 (acrescentado pelo Decreto Fl. 2873DF CARF MF Impresso em 25/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/06/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 n. 6.722, de 30.12.08). e art. 216, IV . 306 CONTRIBUICAO (PESSOA FISICA EQUIPARADA AO AUTONOMO) PARA FINANCIAMENTO DOS BENEFICIOS EM RAZAO DA INCAPACIDADE LABORATIVA, NA COMERCIALIZACAO DO PRODUTO 306.07 Competências : 03/2009 a 12/2009, 01/2010 a 02/2010, 04/2010 a 09/2010 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 25 (com a redacao posterior dada pela Lei n. 10.256, de 10.07.01, II (com a redacao dada pela Lei n. 9.528, de 10.12.97), e paragrafos 3. e 4. (acrescentados pela Lei n. 8.540, de 22.12.92); Regulamento da Previdencia Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.1999, art. 9., V, ¨a¨, art. 200, II, paragrafos 1. (revogado, posteriormente, pelo Decreto 4.032, de 26.11.01), 4., 5. e 7. e art. 216, III, IV e paragrafo 5..A PARTIR DE 06.2008 Lei n. 8.212, de 24.07.91, art. 25 (com as alteracoes posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.01), II (com as alteracoes da Lei n. 9.528, de 10.12.97) paragrafos 3 (com as alteracoes da Lei n. 8.540, de 22.12.92 e posteriores da Lei n. 10.256, de 09.07.01), 10 e 11 (com as alteracoes da Lei n. 11.718, de 20.06.08, art. 30, incisos X e XII (acrescentado pela Lei n. 11.718, de 20.06.08); Regulamento da Previdencia Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99, art. 9., II, art. 200, paragrafos 4., 5., e 7, III, e 9 (acrescentado pelo Decreto n. 6.722, de 30.12.08). e art. 216, IV." RE 566.177 /RS " Processo: RE 596177 RS Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 01/08/2011 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação: REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO Parte(s): MIN. RICARDO LEWANDOWSKI ADOLFO ANGELO MARZARI JUNIOR EDUARDO KÜMMEL E OUTRO(A/S) UNIÃO PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL 1.1.1 Ementa CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. Fl. 2874DF CARF MF Impresso em 25/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/06/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 10950.720136/201387 Acórdão n.º 2403002.807 S2C4T3 Fl. 5 7 I – Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II – Necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social. III – RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art.1° da Lei 8.540/1992, aplicandose aos casos semelhantes o disposto no art. 543B do CPC. " ( grifos de minha autoria) DA REPERCUSSÃO GERAL Uma vez constatada a existência de repercussão geral, o STF analisa o mérito da questão e a decisão proveniente dessa análise será aplicada posteriormente pelas instâncias inferiores, em casos idênticos. Diante do encimado, por economia processual , não há que trazer à lume novos argumentos para se discutir o mérito CONCLUSÃO Em razão do RE 596177/ RS que o STF, com efeito de repercussão geral, julgou inconstitucional as incidências sobre a comercialização da produção. prevista no art 25 da lei 8.212/1991 que motivaram a autuação em apreço, EM PRELIMINAR , RESOLVO, DAR PROVIMENTO recurso. É como voto. Ivaccir Júlio de Souza Relator Fl. 2875DF CARF MF Impresso em 25/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/06/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 13795.000017/2008-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 17 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 2101-000.142
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar a apreciação do presente Recurso Voluntário, até que ocorra decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE n.º 614.406, nos termos do disposto no artigo 62A, §§1º e 2º, do RICARF.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar a apreciação do presente Recurso Voluntário, até que ocorra decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE n.º 614.406, nos termos do disposto no artigo 62A, §§1º e 2º, do RICARF. (assinado digitalmente) ___________________________________________ LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. (assinado digitalmente) ___________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Francisco Marconi de Oliveira, Eivanice Canário da Silva, Alexandre Naoki Nishioka, Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa. Relatório O recurso voluntário em exame pretende a reforma do Acórdão n.º 1331.565, de 29 de setembro de 2010, da 2.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro II (RJ), o qual decidiu pela procedência do lançamento. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/ 09/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/09/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13795.000017/200875 Resolução n.º 2101000.142 S2C1T1 Fl. 106 2 A Fiscalização apurou omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente, de pessoa jurídica, em virtude de resultado favorável em ação trabalhista. Foi apresentada impugnação, na qual o interessado alegou que, na ação trabalhista, a Reclamada foi condenada a pagar as verbas por ele pedidas na inicial, calculadas, ao final daquele processo, pelo Contador da Vara do Trabalho. Alegou tratarse de Programa Especial de Desligamentos e explicitou que, nos seus cálculos, o Contador considerou não tributável o percentual de 88,31% das verbas por ele recebidas. Ante a decisão desfavorável proferida pela 2.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) no Rio de Janeiro II (RJ), o contribuinte interpôs recurso voluntário, no qual reiterou os argumentos anteriormente suscitados. É o relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy, Relatora. O recurso atende os requisitos de admissibilidade. A Notificação de Lançamento constante do presente processo diz respeito a omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, de pessoa jurídica, em virtude de resultado favorável em ação trabalhista. A Fiscalização apurou omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente da ordem de R$ 83.009,47. O contribuinte não se conformou e impugnou o lançamento, alegando que, na ação trabalhista movida junto ao Juízo da 65ª Vara do Trabalho do TRT do Rio de Janeiro, sua irresignação versava, basicamente, sobre diferença de parcelas do FGTS. Informou que, naquela ação, incluídos os acréscimos legais, recebeu R$ 130.887,47, mas, desse total, seria tributável somente o equivalente a 11,69%, eis que o restante se constituiria de verbas não tributáveis pelo imposto sobre a renda. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) no Rio de Janeiro II (RJ), contudo, não acolheu seus argumentos, e julgou a impugnação improcedente. No recurso voluntário, o interessado repisou seus argumentos.. Compulsando os autos, verificase que a Fiscalização, ao proceder, em 2007, ao cálculo do tributo devido (fls. 12verso), tributando os rendimentos recebidos acumuladamente, cumpriu a norma do artigo 12 da Lei n.º 7.713, de 1988, nos termos do artigo 3.° da Lei n.° 8.134, de 1990. Ocorre que, em 2009, o tema dos rendimentos recebidos acumuladamente foi objeto do Parecer PGFN n.º 287, de 2009, posteriormente ratificado pelo Ato Declaratório n.º 1, de 2009. Fl. 199DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/ 09/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/09/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13795.000017/200875 Resolução n.º 2101000.142 S2C1T1 Fl. 107 3 Diferentemente do que determina a norma do artigo 12 da Lei n.º 7.713, de 1988, a orientação do referido Parecer PGFN é no sentido de que “no cálculo do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global”. Tendo em vista que tal orientação, em última instância, derroga a regra do art. 12 da Lei n.º 7.713, de 1988, foi levada à apreciação, em caráter difuso, por parte do Supremo Tribunal Federal, o qual reconheceu a repercussão geral do tema e determinou o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC, em decisão assim ementada, in verbis: “TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgR QO RG, Relatora: Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03/03/2011). Ante o reconhecimento da repercussão geral, pelo Supremo Tribunal Federal, e a determinação do sobrestamento dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC, verificase que as questões concernentes ao artigo 12 da Lei n.º 7.713, de 1988, utilizada para o cálculo do tributo devido neste processo, tal como determina o artigo 3.° da Lei n.° 8.134, de 1990, não podem ser apreciadas por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais até que ocorra o julgamento final do Recurso Extraordinário pelo Supremo Tribunal Federal. É que o Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), editado pela Portaria MF n.º 256, de 2009, determina o sobrestamento ex officio dos recursos nas hipóteses em que reconhecida a repercussão geral do tema e determinado o Fl. 200DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/ 09/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/09/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13795.000017/200875 Resolução n.º 2101000.142 S2C1T1 Fl. 108 4 sobrestamento dos julgamentos sobre a matéria pelo Supremo Tribunal Federal, a teor do seu artigo 62A, §§1º e 2º, que estão a seguir transcritos, ipsis litteris: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Por esses motivos, entendemos por bem sobrestar a apreciação do presente recurso voluntário, até que ocorra decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE n.º 614.406, nos termos do disposto no artigo 62A, §§1º e 2º, do RICARF. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 201DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 24/ 09/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 25/09/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10920.003220/2004-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Contribuição para o PIS/PASEP
Período de apuração/fato gerador: 01/10/2001 a 31/12/2003
CONCOMITÂNCIA AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
A propositura, pelo contribuinte, de qualquer ação judicial com o mesmo objeto importa em renúncia à instância administrativa. Isso porque, uma vez transitada em julgado, a decisão judicial deve ser cumprida pelo Poder Executivo, sobrepondo-se àquilo que será ou que já tenha sido decidido em sede administrativa, por força do princípio da intangibilidade da coisa julgada. Súmula CARF nº 1.
Recurso voluntário não conhecido.
Crédito tributário mantido.
Numero da decisão: 3102-00.922
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, em face de concomitância.
Matéria: Pasep- ação fiscal (todas)
Nome do relator: Beatriz Veríssimo de Sena
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ementa_s : Contribuição para o PIS/PASEP Período de apuração/fato gerador: 01/10/2001 a 31/12/2003 CONCOMITÂNCIA AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL A propositura, pelo contribuinte, de qualquer ação judicial com o mesmo objeto importa em renúncia à instância administrativa. Isso porque, uma vez transitada em julgado, a decisão judicial deve ser cumprida pelo Poder Executivo, sobrepondo-se àquilo que será ou que já tenha sido decidido em sede administrativa, por força do princípio da intangibilidade da coisa julgada. Súmula CARF nº 1. Recurso voluntário não conhecido. Crédito tributário mantido.
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Isso porque, uma vez transitada em julgado, a decisão judicial deve ser cumprida pelo Poder Executivo, sobrepondose àquilo que será ou que já tenha sido decidido em sede administrativa, por força do princípio da intangibilidade da coisa julgada. Súmula CARF nº 1. Recurso voluntário não conhecido. Crédito tributário mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 619DF CARF MF Emitido em 07/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 04/05/2011 por BEATRIZ VERISS IMO DE SENA Processo nº 10920.003220/200407 Acórdão n.º 310200.922 S3‐C1T2 Fl. 2 2 ACORDAM os membros da 1ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, em face de concomitância. LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Presidente BEATRIZ VERÍSSIMO DE SENA Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes Maya Gomes e Nanci Gama. Relatório O presente processo cuida de lançamento lavrado contra ente federativo municipal, referente a créditos de Contribuição para o Programa de Formação do Servidor Público – PASEP. Por bem resumir a controvérsia, tratando do direito e dos fatos que envolvem a lide, adoto parte do relatório do r. acórdão proferido pela DRJ de origem (fls. 298/299): A autuação, lavrada em 18/11/2004, e cientificada em 24/11/2004 (fl. 284), ocorreu devido à falta de recolhimento de contribuição para o Pasep relativa aos períodos de apuração de outubro/2001 a dezembro/2003, conforme termo de verificação fiscal de fls. 278/282, demonstrativo de apuração de fls. 287/289, demonstrativo de multa e juros de mora de fls. 290/292 e descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 285/286, sendo que nesse último encontrase o enquadramento legal do lançamento. A interessada, em 23/12/2004, apresentou a impugnação de fls. 294/295, cujo conteúdo a seguir se transcreve: MUNICÍPIO DE CORUPÁ, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNP.I/MF sob n." 83.102.467/00170, estabelecida na Avenida Getúlio Vargas, n." 443, em CorupáSC, por seu Chefe do Poder Executivo, no Mandado de Procedimento Fiscal supra mencionado, vem, respeitosamente, à presença de Vossas Fl. 620DF CARF MF Emitido em 07/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 04/05/2011 por BEATRIZ VERISS IMO DE SENA Processo nº 10920.003220/200407 Acórdão n.º 310200.922 S3‐C1T2 Fl. 3 3 Excelências, IMPUGNAR os cálculos constantes no demonstrativo de apuração mensal PASEP, ,formulados por agente fiscal da DRF Joinville, pelas razões que seguem: I O impugnante não concorda com os cálculos apresentados relativos ao pagamento do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor PúblicoPA SEP. no período de 10/2001 a 12/2003, que não vinha sendo quitado em razão de liminar concedida pela Justiça Federal de FlorianópolisSC, eis que, os valores informados pelo Secretário de Administração e Finanças do impugnante, no que se refere ao repasse de receita de Fundo de Participação dos Municípios FPM da receita orçamentária, divergem em seu quantum. 2 Para exemplificar, o entendimento expendido, citamos o mês de outubro de 2001, onde os valores informados pelo Secretário Municipal anteriormente citado, quanto a base de cálculo, atinge a importância de [...] e o demonstrativo de apuração mensal do PASEP apresentado pelo agente fiscal, atinge a importância de [...] 3 Considerando ainda, que os recursos municipais são públicos, e provenientes da arrecadação de toda a comunidade, há de se ter certeza com referência ao quantum efetivamente devido. 4 Por oportuno, convém relatar que, o impugnante reconhece e aceita a decisão judicial que obrigou o recolhimento do referido tributo, considerandoo constitucional; no entanto, necessário o estabelecimento do valor correto, além da previsão orçamentária para que se efetue referido pagamento, providência esta já contida no orçamento do ano de 2005. Pelo exposto, impugnando os cálculos de apresentados pelo agente fiscal, no que se refere ao valor do tributo devido, requer a reapreciação dos cálculos apresentados, a fim de que se proceda a retificação de direito, ou esclareça as razões pelas quais mantém os valores ora apresentados. À fl. 296, despacho da Secoj/DRJ/Florianópolis encaminhando o processo a esta DRJ/CTA para julgamento, tendo em vista a alteração de competência, conforme Anexo V da Portaria SRF n." 10.238, de 2007. A DRJ julgou improcedente o pedido, conforme a ementa a seguir (fl. 297): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2003 PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO AO PASEP. Fl. 621DF CARF MF Emitido em 07/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 04/05/2011 por BEATRIZ VERISS IMO DE SENA Processo nº 10920.003220/200407 Acórdão n.º 310200.922 S3‐C1T2 Fl. 4 4 Segundo dispõe a legislação de regência, a base de cálculo da contribuição devida ao PASEP pelas pessoas jurídicas de direito público é o valor mensal das receitas correntes arrecadadas das transferências correntes e de capital recebidas, deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Lançamento Procedente Em face do acórdão proferido pela DRJ, o Contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual, em síntese, reitera as razões já expostas na impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Beatriz Veríssimo de Sena, Relatora Observo que a discussão dos autos esgotase no processo judicial n° 2001.72.00.0079855/SC. Com efeito, a obrigatoriedade de recolhimento do PASEP pelo Município já foi declarada na referida ação judicial. Restaria passível de discussão nos presentes autos, apenas, o quantum do PASEP a ser recolhido. Contudo, em sua defesa o Município de Corupá não logra apontar qual seria o valor correto que, em seu entendimento, deveria ser recolhido a título de PASEP. De fato, a argumentação da Recorrente resumese à referencia da ação judicial em curso (fls. 294295): 1 O impugnante não concorda com os cálculos apresentados relativos ao não pagamento do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor PúblicoPASEP, no período de 10/2001 a 12/2003, que não vinha sendo quitado em razão de liminar concedida pela Justiça Federal de FlorianópolisSC, eis que, os valores informados pelo Secretário de Administração e Finanças do impugnante, no que se refere ao repasse de receita de Fundo de Participação dos Municípios FPM e da receita orçamentária, divergem em seu quantum. 2 Para exemplificar, o entendimento expendido, citamos o mês de outubro de 2001, onde os valores informados pelo Secretário Municipal anteriormente citado, quanto a base de cálculo, atingem a importância de R$ 334.963,56, e o demonstrativo de Fl. 622DF CARF MF Emitido em 07/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 04/05/2011 por BEATRIZ VERISS IMO DE SENA Processo nº 10920.003220/200407 Acórdão n.º 310200.922 S3‐C1T2 Fl. 5 5 apuração mensal do PASEP apresentado pelo agente fiscal, atinge a importância de R$ 379.318,73. 3 — Considerando ainda, que os recursos municipais são públicos, e provenientes da arrecadação de toda a comunidade, há de se ter certeza com referência ao quantum efetivamente devido. 4— Por oportuno, convém relatar que, o impugnante reconhece e aceita a decisão judicial que obrigou o recolhimento do referido tributo, considerandoo constitucional; no entanto, é necessário o estabelecimento do valor correto, além da previsão orçamentária para que se efetue o referido pagamento, providência esta já contida no orçamento do ano de 2005. Pelo exposto, impugnando os cálculos de apresentados pelo agente fiscal, no que se refere ao valor do tributo devido, requer a reapreciação dos cálculos apresentados, a fim de que se proceda a retificação de direito, ou esclareça as razões pelas quais mantém os valores ora apresentados. Não se faz possível, contudo, lançarse mão de discussão já travada em âmbito judicial neste momento. Nos termos do Ato Declaratório COSIT nº 3, de 14/02/1996, a propositura de qualquer ação judicial pelo contribuinte, importa em renúncia à instância administrativa. Assim não poderia deixar de ser, porquanto, uma vez transitada em julgado, a decisão judicial deve ser cumprida pela autoridade fiscal, sobrepondose àquilo que será ou que já tenha sido decidido em sede administrativa, por força do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal (princípio da intangibilidade da coisa julgada). No mesmo sentido encontrase a Súmula CARF n° 1º, que dispõe que “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. Conclusão Pelo exposto, não conheço do recurso voluntário. Sala das Sessões, em 1º de março de 2011. Fl. 623DF CARF MF Emitido em 07/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 04/05/2011 por BEATRIZ VERISS IMO DE SENA Processo nº 10920.003220/200407 Acórdão n.º 310200.922 S3‐C1T2 Fl. 6 6 Relatora Beatriz Veríssimo de Sena Fl. 624DF CARF MF Emitido em 07/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/05/2011 por BEATRIZ VERISSIMO DE SENA Assinado digitalmente em 09/06/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, 04/05/2011 por BEATRIZ VERISS IMO DE SENA
score : 1.0
Numero do processo: 11128.002196/2005-70
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 28 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 27/07/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito do pedido de restituição é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Em especial, se há diligência concluindo pela inexistência do direito creditório, o esforço do contribuinte deve ser muito maior em confrontar a conclusão da autoridade tributária sobre a documentação analisada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-003.033
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator) e Francisco Jose Barroso Rios.
O Conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Efetuou sustentação oral pela Recorrente o Dr. Eduardo Borges, OAB/SP nº 153.881.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/07/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito do pedido de restituição é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Em especial, se há diligência concluindo pela inexistência do direito creditório, o esforço do contribuinte deve ser muito maior em confrontar a conclusão da autoridade tributária sobre a documentação analisada. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 21 96 /2 00 5- 70 Fl. 2575DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D’amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator) e Francisco Jose Barroso Rios. O Conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Efetuou sustentação oral pela Recorrente o Dr. Eduardo Borges, OAB/SP nº 153.881. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 2.095), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. O contribuinte DOW AGROSCIENCES INDUSTRIAL LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 1755.557, proferido em primeira instância pela 1ª Turma da DRJ de São Paulo II, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pela Recorrente em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da peça impugnatória, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: "(...) Trata o presente processo de pedido de restituição de PIS e COFINS, vinculados a importação de mercadorias de que trata a Declaração de Importação nº 04/07308126, registrada em 27/07/2004. As mercadorias importadas na ocasião foram beneficiadas pelo art. 1º da Lei nº 10.925, publicada no DOU de 26/07/2004 e regulamentada pelo Decreto nº 5.195, de 26 de agosto de 2004, que reduziu a zero a alíquotas do PIS e COFINS incidentes na importação das mesmas. Embora publicado em data posterior ao registro da DI, no art. 2º do Decreto em evidência deixou claro que o mesmo entrou em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir do dia 26 de julho de 2004 (data da publicação da lei já referida). Tendo a Declaração de Importação sido registrada em 27/07/2004, entendeu o interessado fazer jus à restituição dos tributos que efetivamente recolhera , conforme telas do SINAL08 de fls. 58/64. Em 31/03/2005 o interessado solicitou restituição dos valores recolhidos indevidamente , conforme Pedido de Restituição (fls. 1) e Pedido de Cancelamento de Declaração de Importação e Reconhecimento de Direito Creditório (fls. 2/3), bem como requerimento de fls. 4, explicando em detalhes o ocorrido. Fl. 2576DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 11128.002196/200570 Acórdão n.º 3802003.033 S3TE02 Fl. 2.576 3 Em 12/06/2006, com base no PCI GRET/Seort 005/500.897, foi aceita a retificação da DI, alterando para ZERO a alíquota do PIS e COFINS, gerando diferença entre os tributos inicialmente pagos e os de fato devidos (fls. 195/197). A seguir, passouse à análise do pedido de restituição dos tributos pagos indevidamente, tendo em vista o determinado no art. 15 da Lei nº 10.865/2004, que assim preceitua: “Art. 15 – As pessoas jurídicas sujeitas à apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nos termos dos arts. 2º e 3º das Leis nºs. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, poderão descontar crédito, para fins de determinação dessas contribuições, em relação às importações sujeitas ao pagamento das contribuições de que trata o art. 1º desta Lei, nas seguintes hipóteses: (...) “ (grifos acrescentados) Objetivando verificar se a empresa já se beneficiara (ou não) do desconto de que trata o dispositivo legal acima referido, foi expedido do Termo de Intimação Fiscal nº 055/2010 (fls. 201), solicitando documentos para instrução do feito. Como a empresa deixou de apresentar parte da documentação solicitada (último Balanço Patrimonial e último Balancete de Verificação Analítico), para comprovar que os créditos pleiteados permanecem contabilizados em conta do Ativo, discriminando em documento à parte a composição do saldo da conta, caso estivessem totalizados com outros, foi proferido, em 08/06/10 (fls. 219/221) DESPACHO DECISÓRIO DE INDEFERIMENTO do pleito. Ciente da\ decisão que lhe foi adversa, e inconformado com a mesma, o interessado apresentou , tempestivamente, MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE de fls. 225/227, à qual junta os dois documentos que deram base ao indeferimento de seu pedido, e alega estar comprovado , pelos mesmos, que os valores dos créditos cuja restituição pleiteia permanecem contabilizados na conta do Ativo nº 234085, e que não houve o desconto a que se refere o art. 15 da Lei nº 10.865/2004. No estado em que se encontrava o presente processo, prejudicado estava o seu julgamento, tendo em vista que o pleito de restituição fora indeferido por força da não apresentação de dois documentos necessários à confirmação de que os créditos cujo reconhecimento o interessado ora pleiteava permaneciam contabilizados em conta de Ativo da empresa, e que tais documentos foram juntados na Manifestação de Inconformidade. Em seu arrazoado de defesa, o interessado alegava que os dois documentos referidos comprovavam não ter ocorrido o aproveitamento dos créditos em discussão. Diante dessa alegação, foi o julgamento convertido em diligência (art. 29 da Lei nº 9.748/99 e art. 18 do Decreto nº Fl. 2577DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 70.235/72), para fins do retorno dos autos à repartição de origem (ALF/RECEITA FEDERAL DO PORTO DE SANTOS – SP), para que a autoridade competente esclarecesse se, à vista das referidas peças contábeis, seria possível o acolhimento da argumentação do autuado em sua Manifestação de Inconformidade (ou seja, se pelo exame dos dois documentos poderseia afirmar se ocorreu ou não o desconto previsto no art. 15 da Lei 10.865/2004). Realizada a diligência acima referida, foi seu resultado consignado na informação de fls. 287 , abaixo transcrita: "Em cumprimento à decisão contida na Resolução n° 17 972 Ia Turma da DRJ/SPOII às fls. 267/270, procedi ao exame dos documentos contábeis apresentados pelo interessado em sua Manifestação de Inconformidade: Balancete de Verificação e Balanço Patrimonial, ambos levantados em 31.12.2009, conforme fls. 244 a 256 e 258, respectivamente, e o demonstrativo de fls. 260. Os valores objeto de pedido de restituição neste processo foram contabilizados primeiramente na conta n° 157011 Impostos em Litígio, e depois transferidos para a conta n° 234085 Impostos a Recuperar, em 31.12.2005, cujo saldo à época, somado com outros valores contabilizados nesta conta totalizava a importância de R$ 115.045.510,27, conforme j á explicitado nos itens 4, 5 e 6 do despacho decisório de fls. 219/221. À medida que a conta foi recebendo lançamentos a débito e a crédito o saldo foi aumentando ou diminuindo, e, em 31.12.2009, este era de R$ 36.326.497,60, conforme os documentos contábeis supramencionados. A decomposição do saldo da conta na forma apresentada no documento de fls.260, não comprova de forma clara e objetiva que os valores pleiteados encontramse nele inseridos. A decomposição deveria ser efetuada de forma a trazer a lume a lista contendo a data, histórico e valores de todos os lançamentos "em aberto" que formam o saldo da conta, isto é, demonstrar a sua origem. Nesse sentido é que foi solicitado ao interessado "discriminar" em documento à parte, com a devida chancela do responsável técnico pela contabilidade da empresa, o saldo da conta na hipótese de este englobar outros valores, conforme Termo de Intimação Fiscal n° 055/10, às fls. 201. Portanto, à vista dos documentos apresentados não é possível afirmar, de forma inequívoca, que não ocorreu o desconto de que trata o art. 15 da Lei n° 10.865/2004. Ciente do resultado da diligência, acima referido, o interessado apresentou adendo à sua Manifestação de Inconformidade, onde alega que o prazo de dez dias que lhe foi concedido foi insuficiente, para o desdobramento das contas e adaptação dos demonstrativos anexados às exigências da fiscalização, mas comprometendose a levar a termo tais providências, caso para tal tenha para isso prazo mais dilatado. Fl. 2578DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 11128.002196/200570 Acórdão n.º 3802003.033 S3TE02 Fl. 2.577 5 É o relatório. Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 27/07/2004 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE TRIBUTOS / CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE RECOLHIMENTO A MAIOR PELA NÃO UTILIZAÇÃO DE BENEFÍCIO CABÍVEL À ÉPOCA DA IMPORTAÇÃO. PREJUDICADO O RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO PELA FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO INSTRUTÓRIA SOLICITADA Conforme art. 165 da Lei nº 5..172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), cabe restituição de tributos recolhidos indevidamente ou a maior que o devido. Não caracterizado o recolhimento como indevido ou a maior que o devido, não cabe a restituição do mesmo ao sujeito passivo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/07/2004 IMPUGNAÇÃO. PROTESTO PELA JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. INADMISSIBILIDADE. As regras do Processo Administrativo Fiscal estabelecem que a impugnação deverá ser instruída com os documentos em que se fundamentar, mencionando, ainda, os argumentos pertinentes e as provas que o reclamante julgar relevantes. Assim, não se configurando nenhuma das hipóteses do § 4° do art. 16 do Decreto 70.235/72, é inadmissível pedido pela juntada posterior de documentos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Cientificada acerca da decisão exarada pela 1ª Turma da DRJ de São Paulo II, a Recorrente interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade e apresenta ainda documentos livro razão analítico relativo ao período considerado. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 2.095), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando Fl. 2579DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. O caso envolve eminentemente matéria de prova. Como bem frisado pela Recorrente em suas razões de recurso, o direito material à restituição é incontroverso, e decorre da própria aceitação da retificação da DI, com efeitos retroativos, para 26 de julho de 2004 (data da ocorrência do fato gerador do imposto de importação). No entanto, a preocupação esposada pela autoridade administrativa, desde a manifestação de inconformidade, perpassando pela diligência realizada e pela decisão recorrida, é o fato de que, havendo sido autorizada a retificação da DI para redução da alíquota a zero após a ocorrência da importação, há o risco de a materialidade do crédito – não do direito em tese – já haver sido utilizado, como desconto, na apuração regular do sujeito passivo. Noutras palavras, tornase imprescindível verificar se o contribuinte pleiteia duplo benefício (a uma, pelo aproveitamento como desconto na apuração de PIS e COFINS, e a duas, pela restituição ‘surgida’ com a diminuição retroativa da carga tributária). Todo o propósito do procedimento de restituição que ora se examina é conferir se houve, ou não, o aproveitamento das aquisições, então tributadas, na apuração do PIS e da COFINS do sujeito passivo. A conclusão a que chegou a autoridade administrativa, em sede de diligência, foi a seguinte (fl. 290): "(...) Em cumprimento à decisão contida na Resolução n° 17 972 1ªa Turma da DRJ/SPOII às fls. 267/270, procedi ao exame dos documentos contábeis apresentados pelo interessado em sua Manifestação de Inconformidade: Balancete de Verificação e Balanço Patrimonial, ambos levantados em 31.12.2009, conforme fls. 244 a 256 e 258, respectivamente, e o demonstrativo de fls. 260. Os valores objeto de pedido de restituição neste processo foram contabilizados primeiramente na conta n° 157011 Impostos em Litígio, e depois transferidos para a conta n° 234085 Impostos a Recuperar, em 31.12.2005, cujo saldo à época, somado com outros valores contabilizados nesta conta totalizava a importância de R$ 115.045.510,27, conforme j á explicitado nos itens 4, 5 e 6 do despacho decisório de fls. 219/221. À medida que a conta foi recebendo lançamentos a débito e a crédito o saldo foi aumentando ou diminuindo, e, em 31.12.2009, este era de R$ 36.326.497,60, conforme os documentos contábeis supramencionados. Fl. 2580DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 11128.002196/200570 Acórdão n.º 3802003.033 S3TE02 Fl. 2.578 7 A decomposição do saldo da conta na forma apresentada no documento de fls. 260, não comprova de forma clara e objetiva que os valores pleiteados encontramse nele inseridos. A decomposição deveria ser efetuada de forma a trazer a lume a lista contendo a data, histórico e valores de todos os lançamentos "em aberto" que formam o saldo da conta, isto é, demonstrar a sua origem. Nesse sentido é que foi solicitado ao interessado "discriminar" em documento à parte, com a devida chancela do responsável técnico pela contabilidade da empresa, o saldo da conta na hipótese de este englobar outros valores, conforme Termo de Intimação Fiscal n° 055/10, às fls. 201. Portanto, à vista dos documentos apresentados não é possível afirmar, de forma inequívoca, que não ocorreu o desconto de que trata o art. 15 da Lei n° 10.865/2004. A Recorrente, ao invés de apresentar suas razões para confrontar essa afirmação contundente da autoridade administrativa, limitouse a pedir prazo complementar para apresentar mais documentação. A rigor, bastaria explicar, com base nos mesmos documentos analisados pela autoridade administrativa (apontada como simplista em sede recursal) por que os valores não se encontravam registrados na conta Impostos a Recuperar – consideração levantada pelo expert que fragiliza enormemente o pedido de restituição. Em sede recursal, o contribuinte traz diversos argumentos explicativos quanto à migração de saldos entre suas contas contábeis, e junta seu livro razão analítico para tentar dar mais subsídios de comprovação do seu direito creditório. Entendo, porém, que o livro razão analítico nem seria necessário, desde que houvesse uma explicação razoável para a ausência de registro do direito pleiteado na conta de ativo como impostos a recuperar, à época da realização da diligência. Vale destacar que é possível, em tese, que o contribuinte, a posteriori, realize reclassificação contábil de valor equivalente ao saldo da época. Ainda que matematicamente o resultado seja o mesmo, em termos fiscais esse procedimento não me parece razoável. Até para evitar mais essa dúvida acerca do seu direito creditório, era imprescindível que a Recorrente confrontasse o resultado da diligência de modo inescapável mostrando que, à época do pedido de restituição, não houve aproveitamento do montante pleiteado. E nessa tarefa ela não me parece ter logrado êxito. Vejase. A Recorrente aduz o seguinte: 13. Ademais, trimestralmente é realizada uma reclassificação contábil onde os saldos da conta 157011 são transferidos para a conta 234085. Ora, se trimestralmente há reclassificação contábil da conta 157011 para a conta 234085 (Impostos a Recuperar), e considerando que o pedido de restituição foi feito somente em 2005, pareceme claro que o saldo já deveria estar recomposto quando do pleito inicial. Fl. 2581DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 A própria Recorrente, no entanto, indica que somente em dezembro de 2005 houve transferência de um determinado montante para a conta de impostos a recuperar. No entanto, se esse saldo é decorrente daqueles fatos geradores que motivam o pedido de restituição, tal já não resta imune a dúvidas. De fato, é importante destacar que a Recorrente afirma em sede recursal que No entanto, se a Recorrente, ao invés de simplesmente juntar seu livro razão analítico buscando uma segunda diligência no processo, tivesse tido a cautela de apresentar a composição das contas contábeis a que se refere no excerto colacionado acima, possivelmente haveria um confronto que suscitasse dúvida ao julgador. Cabe destacar que, às vésperas da sessão de julgamento, a Recorrente apresentou laudo de auditoria externa que tem como função confirmar a existência do indébito, além de detalhar como se deu a movimentação das contas contábeis (juntado aos autos às fls. 2.305 e seguintes). Todavia, o laudo apenas explicita que as diversas movimentações de contas contábeis ocorreram inclusive (e principalmente) após a negativa do pedido inicial, de modo retroativo; além disso, aponta que houve equivocadamente, e por mais de uma vez, o registro de valores em conta de passivo, ao invés de conta de ativo. Trago à baila o seguinte excerto do laudo, que assim sintetiza a questão após já indicar três movimentações de saldos entre contas: 7.5 Das Reclassificações posteriores A partir de julho de 2006 a Dow promoveu sucessivas reclassificações do crédito pleiteado (indébito), entre as contas de ativo n° 157011 (Impostos em Litígio), 234085 (Impostos a Recuperar) e 235204 (Dep. Judiciais s/ Tributos), sendo que o montante de R$3.035.510,21 passou a compor o saldo da referida conta15 (Doc. 13). Em setembro de 2006, o saldo da conta 157011, no montante de R$15.078.592,84, onde estão incluídos os créditos de PIS/COFINSImportação objetos do presente trabalho, foi reclassificado para conta de ativo n° 234085 (Impostos a Recuperar), passando a compor o saldo da mencionada conta (R$41.248.352,52). Posteriormente, em outubro de 2006, o montante de R$15.078.592,84, devidamente destacado na conta n° 234085 (Impostos a Recuperar), foi novamente reclassificado para conta de ativo 157011 (Impostos em Litígio), permanecendo nessa Fl. 2582DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 11128.002196/200570 Acórdão n.º 3802003.033 S3TE02 Fl. 2.579 9 conta até dezembro de 2006. No referido mês, houve nova reclassificação desses valores, passando novamente a integrar o saldo da conta n° 234085 (Impostos a Recuperar). Ato continuo, em janeiro de 2007 houve nova reclassificação desses valores, passando a serem controlados novamente na conta 157001 (Impostos em Litígio), permanecendo na mencionada conta até março de 2007 e integrando o seu saldo 16 . Nesse mês, houve nova reclassificação contábil, sendo os valores novamente transferidos para conta n° 234085 (Impostos a Recuperar). Em abril de 2007 foi realizada nova reclassificação dos citados valores, que foram novamente remanejadas para conta 157011 (Impostos em Litigio). O laudo prossegue, após apresentar tabela de cronologia iniciada em dezembro de 2005, com as primeiras movimentações entre saldos de contas: (...) Em janeiro de 2012, o saldo da conta n" 157011 (Impostos R$ 17.975.255,00, no qual estão contidos os créditos ora tratados, por alguns dias, para a conta n° 235200 (Saldo Negativo de CSLL) conta de origem (Impostos em Litígio) logo no inicio de fevereiro. Em março de 2012, o saldo da conta n° 157011 (Impostos em Litígio) foi transferido para a Conta n° 235204 (Dep. Judiciais s/ Tributos). Neste cenário, desde abril de 2012, a Dow tem movimentado os créditos fiscais que possui entre as contas n° 157011 (Impostos em Litígio) e n° 235204 (Dep. Judiciais s/ Tributos). (...) Por fim, analisamos relatório fornecido pela Companhia contendo a composição da conta 235204 (Dep. Judiciais s/ Tributos), comprovando a manutenção dos créditos de PIS e de COF1NS nos registros contábeis da Dow (Doc. 16). Podese, depreender, pela movimentação das contas, que os créditos de PIS e de COFINS ora tratados estão contabilizados na conta de ativo n° 235204 (Dep. Judiciais s/ Tributos), não tendo sido escriturada qualquer compensação pela Dow em oportunidades diversas das aqui analisadas, conforme os registros contábeis analisados. Pelo exposto nos itens acima, tendo em vista que os saldos mensais, bem como o final são superiores ao valor do crédito pleiteado, inferese que este (crédito) está contido no saldo final e não foi utilizado pela Dow. Ora, com a devida vênia ao zeloso trabalho desenvolvido no laudo acostado aos autos pela Recorrente, ele apenas retrata a via tortuosa dos créditos pleiteados. Há diversos equívocos indicados e sucessivas movimentações de saldos entre contas, com a conclusão de Fl. 2583DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 10 que, na existência de saldo a maior, isso é significado que o valor pleiteado (a menor) está contido ali, sugerindo a procedência do pedido. Não me parece que todos os problemas relativos à demonstração da materialidade dos créditos, já exaustivamente debatidos nos autos, tenham sido resolvidos pelo Laudo Técnico. Sem embargo, entendo que eventual equívoco na contabilização do saldo, ou ainda na movimentação em si, não seriam razão suficiente – consideradas de modo isolado – para negar o pedido do contribuinte. Todavia, a situação sob exame é excepcional, pois há uma série de movimentações entre contas contábeis, feitas para rubricas equivocadas, sem que houvesse um único momento de segurança quanto à adequação do valor e da conta correta. Isso dificulta deveras a análise da materialidade do crédito. Até porque em último caso o que se tem é, de um lado, uma análise feita à documentação apresentada pelo sujeito passivo, indicando que o crédito pleiteado já foi aproveitado doutra maneira; e, de outro, alegações e um apanhado de documentos fiscais que, de per si, não trazem qualquer dado pulsante que ponha em xeque a conclusão da autoridade administrativa. Assim, entendo que cabe refutar o pleito da Recorrente, por ausência de demonstração da materialidade do crédito. Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para NEGARLHE provimento, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 2584DF CARF MF Impresso em 28/08/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/08/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 24/08/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 10855.900727/2008-57
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed May 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 28/02/2003
COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO (DDE). PROVAS. DACON. CONFIRMAÇÃO DA APURAÇÃO.
Confirmada em diligência fiscal a correção da apuração da contribuição tal como informada em DIPJ e conforme escriturado em Livro Diário, chegando-se a valor devido menor do que aquele que foi efetivamente recolhido, resta comprovado o indébito, devendo-se reconhecer o direito à restituição ou utilização de tal valor como crédito em DCOMP.
Recurso provido.
Numero da decisão: 3403-003.641
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinatura digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinatura digital)
Ivan Allegretti - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: IVAN ALLEGRETTI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 28/02/2003 COMPENSAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO (DDE). PROVAS. DACON. CONFIRMAÇÃO DA APURAÇÃO. Confirmada em diligência fiscal a correção da apuração da contribuição tal como informada em DIPJ e conforme escriturado em Livro Diário, chegando-se a valor devido menor do que aquele que foi efetivamente recolhido, resta comprovado o indébito, devendo-se reconhecer o direito à restituição ou utilização de tal valor como crédito em DCOMP. Recurso provido.
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DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO (DDE). PROVAS. DACON. CONFIRMAÇÃO DA APURAÇÃO. Confirmada em diligência fiscal a correção da apuração da contribuição tal como informada em DIPJ e conforme escriturado em Livro Diário, chegando se a valor devido menor do que aquele que foi efetivamente recolhido, resta comprovado o indébito, devendose reconhecer o direito à restituição ou utilização de tal valor como crédito em DCOMP. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinatura digital) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinatura digital) Ivan Allegretti Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 07 27 /2 00 8- 57 Fl. 113DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2015 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/04/2015 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Tratase de Declaração de Compensação na qual o contribuinte apresenta como crédito valor de recolhimento a maior de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) em relação ao fato gerador ocorrido em 28/02/2003, com data de arrecadação em 14/03/2003. Foi negada homologação à compensação por meio de Despacho Decisório Eletrônico – DDE (fl. 5), pelo fundamento de que “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. O contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 8/9) explicando que de fato havia informado como débito o mesmo valor do DARF, de maneira que não se evidenciava a diferença de valor recolhido a maior, mas que depois do recebimento de receber o DDE cuidou de promover a retificação da DCTF, juntando copia da DCTF retificadora. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto/SP (DRJ), por meio do Acórdão nº 1433.068, de 28 de março de 2011 (fls. 35/38), negou provimento à manifestação de inconformidade, resumindo seu entendimento na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 28/02/2003 DCTF. RETIFICAÇÃO. NÃO CUMPRIMENTO DE DETERMINAÇÃO NORMATIVA. A retificação da DCTF é normatizada por Instrução Normativa que determina, também, a apresentação de DIPJ e/ou DACON retificadora(s). Não comprovado o cumprimento da determinação implica na não aceitação da DCTF retificadora. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 30/31) alegando que não retificou a DIPJ porque a declaração original já indicava os valores corretos da base de cálculo e do tributo devido, e que não está obrigado à apresentação do Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais (Dacon) por ser contribuinte sujeito ao lucro presumido. Apresenta cópia da DIPJ, da Listagem do Plano de Contas de sua contabilidade e do trecho do Livro Diário que corresponde ao mês de ocorrência do fato gerador. Este Conselho, por meio da Resolução nº 3401000.377, de 26 de janeiro de 2012 (fls. 91/95), concluiu pela conversão do julgamento em diligência para que a Delegacia de origem confirmasse a composição da base de cálculo e do tributo efetivamente devido, tendo em conta os documentos apresentados. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Sorocaba/SP (DRF) apresentou o resultado da diligência por meio de Informação Fiscal (fls. 105/106), cuja conclusão é a seguinte: Fl. 114DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2015 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/04/2015 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10855.900727/200857 Acórdão n.º 3403003.641 S3C4T3 Fl. 114 3 Consta nos Sistemas da RFB a confirmac ão do pagamento objeto de análise no valor de R$ 600,60 (fl 104). Verificamos que não houve retificac ão da DIPJ relativa ao anocalendário 2003 (fl 97) e consta na ficha 26A a apurac ão de Cofins relativa a fev/2003 no valor de R$ 312,60 (fl 99). A Base de Cálculo da Cofins declarada na referida ficha da DIPJ está em conformidade com a escriturac ão juntada pelo contribuinte (fl 50). Sendo assim, fica confirmado que o contribuinte faz jus ao cred́ito de R$ 288,00 oriundo do pagamento a maior efetuado em 14/03/2003 e que a DCOMP há de ser homologada no limite do crédito reconhecido. O contribuinte foi intimado do resultado da diligência, deixando de se manifestar a respeito. É o relatório. Voto Conselheiro Ivan Allegretti, Relator O recurso voluntário foi protocolado em 29/06/2011 (fl. 30), dentro do prazo de 30 dias contados da notificação do acórdão da DRJ, que aconteceu no dia 01/06/2011 (fl. 27). Por ser tempestivo e conter fundamentos de reforma contra o entendimento do acórdão da DRJ, tomo conhecimento do recurso. O resultado da diligência fiscal determinada por este Conselho, e promovida pela Delegacia de origem, demonstrou que a contabilidade confirma os dados declarados no DACON, certificando a correção da apuração da contribuição nele apresentada e, assim, concluindo pela existência de recolhimento indevido, cujo valor corresponde exatamente àquele indicado pelo contribuinte como crédito na DCOMP. Confirmada a existência do indébito pela diligência fiscal, apenas cumpre a este Conselho ratificar tais constatações e conclusão. Voto pelo provimento do recurso para reconhecer o direito de indébito e homologar a compensação conforme os valores apurados na diligência fiscal. (assinado digitalmente) Ivan Allegretti Fl. 115DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2015 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/04/2015 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 Fl. 116DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2015 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 28/04/2015 por IVAN ALLEGRETTI, Assinado digitalmente em 29/04/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10882.002869/2004-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Jul 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001
PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O procedimento de fiscalização tem caráter eminentemente inquisitorial, não sendo exigido contraditório nem ampla defesa, muito menos necessidade de fiscalização de terceiras empresas. In casu, a autoridade autuante exerceu sua única obrigação, que era intimar a contribuinte para que indicasse a origem dos recursos depositados, garantindo-lhe prazo e oportunidade para fazê-lo adequadamente.
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. VÍCIO DE TIPIFICAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não há vício na tipificação do auto de infração quando a infração está devidamente caracterizada e se coaduna com os fatos descritos no Termo de Verificação Fiscal.
AUTUAÇÃO. NULIDADE. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. INOCORRÊNCIA. Não há nulidade da autuação quando a autoridade fiscal descreve os fatos que, entende, justificam a qualificação da multa, bem como indica os artigos, apenas por não individualizar em qual dos tipos (art. 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/64) estaria caracterizado o fato.
ACÓRDÃO. NULIDADE. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não há nulidade por preterição de defesa quando a autoridade julgadora fundamenta seu entendimento em outras decisões, mormente quando os transcreve, explicando a sua razão de adotá-los.
ACÓRDÃO. NULIDADE. OMISSÃO. MULTA QUALIFICADA. INOCORRÊNCIA. Não é omisso o acórdão que mantém a multa qualificada, sem individualizar em qual dos artigos da Lei nº 4.502/64 (se art. 71, 72 ou 73) estaria configurada a ação da contribuinte, mormente quando julga o mérito, afastando os pedidos da empresa.
ACÓRDÃO. OMISSÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não se observa, nos autos, omissão que configure preterição de defesa. Não se exige a reconstituição da contabilidade da contribuinte, para a manutenção do lançamento pelo lucro real. Conforme o art. 60 do Decreto nº 70.235/72, eventuais omissões que não gerem nulidade devem ser corrigidas quando possível.
ACÓRDÃO. CONTRADIÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não se observa, no acórdão recorrido, contradições que causem preterição de defesa. O simples fato de que o julgador de primeiro grau utilizou-se de acórdãos diversos não é suficiente para que reste incompreensível a decisão. Nos termos do art. 60 do Decreto nº 70.235/72, eventuais falhas que não gerem nulidade devem ser corrigidas quando possível.
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ
DECADÊNCIA. PIS/COFINS. OCORRÊNCIA. Tendo identificado simulação, necessário contar o prazo decadencial pelo art. 173, I, do CTN. Destarte, não houve decadência.
DECADÊNCIA. MULTA ISOLADA. INOCORRÊNCIA. A cobrança de multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa de CSL submete-se ao prazo decadencial do art. 173, I, do CTN. Súmula CARF nº 104. Também, o início da contagem é no primeiro dia do exercício seguinte, o que, tratando-se de tributo anual, ocorre anualmente.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO COM ORIGEM NÃO IDENTIFICADA. OCORRÊNCIA. Conforme o art. 42 da Lei nº 9.430/96, cabe à contribuinte comprovar a origem dos depósitos não identificados em suas contas bancárias, gerando presunção de omissão de receitas quando não o faz. In casu, em que pese os argumentos e explicações oferecidos pela Contribuinte, os documentos apresentados não são suficientes para comprovar a origem dos depósitos, o seu motivo nem, tampouco, que não se tratavam de receita.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO COM ORIGEM NÃO IDENTIFICADA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOA. NÃO COMPROVAÇÃO. A Contribuinte não conseguiu comprovar a origem dos depósitos realizados em seu favor, perante instituições bancárias, muito menos que se tratavam de recursos de terceiros. Inaplicável, no §5º do art. 42, Lei nº 9.430/96.
ARBITRAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL. OCORRÊNCIA. Quando for impossível a apuração do lucro real, seja porque a escrituração está desacompanhada de documentação comprobatória, seja porque os documentos apresentados estão eivados de falso ideológico ou ainda porque o montante da receita omitida não é condizente com os custos e despesas considerados, então configura-se a hipótese do art. 530, II, b do RIR/99, sendo devido o arbitramento do lucro.
Numero da decisão: 1102-001.322
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso para reconhecer o erro na forma de apuração do IRPJ e da CSLL, e, nesta conformidade, cancelar os autos de infração de IRPJ e CSLL; julgar prejudicada a análise do recurso de ofício; e manter os autos de infração de PIS e de COFINS, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente.
(assinado digitalmente)
João Carlos de Figueiredo Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Opperman Thomé.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO
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IRPJ. CSL. PIS. COFINS. Recorrentes HARD SELL ARQUITETURA PROMOCIONAL IND. COM. LTDA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1999, 2000, 2001 PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O procedimento de fiscalização tem caráter eminentemente inquisitorial, não sendo exigido contraditório nem ampla defesa, muito menos necessidade de fiscalização de terceiras empresas. In casu, a autoridade autuante exerceu sua única obrigação, que era intimar a contribuinte para que indicasse a origem dos recursos depositados, garantindolhe prazo e oportunidade para fazêlo adequadamente. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. VÍCIO DE TIPIFICAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não há vício na tipificação do auto de infração quando a infração está devidamente caracterizada e se coaduna com os fatos descritos no Termo de Verificação Fiscal. AUTUAÇÃO. NULIDADE. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. INOCORRÊNCIA. Não há nulidade da autuação quando a autoridade fiscal descreve os fatos que, entende, justificam a qualificação da multa, bem como indica os artigos, apenas por não individualizar em qual dos tipos (art. 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/64) estaria caracterizado o fato. ACÓRDÃO. NULIDADE. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não há nulidade por preterição de defesa quando a autoridade julgadora fundamenta seu entendimento em outras decisões, mormente quando os transcreve, explicando a sua razão de adotálos. ACÓRDÃO. NULIDADE. OMISSÃO. MULTA QUALIFICADA. INOCORRÊNCIA. Não é omisso o acórdão que mantém a multa qualificada, sem individualizar em qual dos artigos da Lei nº 4.502/64 (se art. 71, 72 ou 73) estaria configurada a ação da contribuinte, mormente quando julga o mérito, afastando os pedidos da empresa. ACÓRDÃO. OMISSÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não se observa, nos autos, omissão que configure preterição de defesa. Não se exige a reconstituição da contabilidade da contribuinte, para a manutenção do lançamento pelo lucro real. Conforme o art. 60 do Decreto nº 70.235/72, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 28 69 /2 00 4- 04 Fl. 2466DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.365 2 eventuais omissões que não gerem nulidade devem ser corrigidas quando possível. ACÓRDÃO. CONTRADIÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não se observa, no acórdão recorrido, contradições que causem preterição de defesa. O simples fato de que o julgador de primeiro grau utilizouse de acórdãos diversos não é suficiente para que reste incompreensível a decisão. Nos termos do art. 60 do Decreto nº 70.235/72, eventuais falhas que não gerem nulidade devem ser corrigidas quando possível. Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ DECADÊNCIA. PIS/COFINS. OCORRÊNCIA. Tendo identificado simulação, necessário contar o prazo decadencial pelo art. 173, I, do CTN. Destarte, não houve decadência. DECADÊNCIA. MULTA ISOLADA. INOCORRÊNCIA. A cobrança de multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa de CSL submetese ao prazo decadencial do art. 173, I, do CTN. Súmula CARF nº 104. Também, o início da contagem é no primeiro dia do exercício seguinte, o que, tratandose de tributo anual, ocorre anualmente. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO COM ORIGEM NÃO IDENTIFICADA. OCORRÊNCIA. Conforme o art. 42 da Lei nº 9.430/96, cabe à contribuinte comprovar a origem dos depósitos não identificados em suas contas bancárias, gerando presunção de omissão de receitas quando não o faz. In casu, em que pese os argumentos e explicações oferecidos pela Contribuinte, os documentos apresentados não são suficientes para comprovar a origem dos depósitos, o seu motivo nem, tampouco, que não se tratavam de receita. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO COM ORIGEM NÃO IDENTIFICADA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOA. NÃO COMPROVAÇÃO. A Contribuinte não conseguiu comprovar a origem dos depósitos realizados em seu favor, perante instituições bancárias, muito menos que se tratavam de recursos de terceiros. Inaplicável, no §5º do art. 42, Lei nº 9.430/96. ARBITRAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL. OCORRÊNCIA. Quando for impossível a apuração do lucro real, seja porque a escrituração está desacompanhada de documentação comprobatória, seja porque os documentos apresentados estão eivados de falso ideológico ou ainda porque o montante da receita omitida não é condizente com os custos e despesas considerados, então configurase a hipótese do art. 530, II, ‘b’ do RIR/99, sendo devido o arbitramento do lucro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso para reconhecer o erro na forma de apuração do IRPJ e da CSLL, e, nesta conformidade, cancelar os autos de infração de IRPJ e CSLL; julgar prejudicada a análise do recurso de ofício; e manter os autos de infração de PIS e de COFINS, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Fl. 2467DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.366 3 (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé Presidente. (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Jackson Mitsui, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Opperman Thomé. Relatório Inicialmente, as indicações de folhas inseridas neste relatório e no subsequente voto dizem respeito à numeração digital do sistema eProcesso. Esclareço que este feito decorre da mesma fiscalização e dos mesmos fatos que geraram outros três processos: Processo Administrativo nº Fatos Fls. 10882.002869/200473 Multa Isolada decorrente do não pagamento de estimativas da CSL 1.313 10882.002869/200404 Lançamento de IRPJ e tributos reflexos por omissão de receitas 1.313 10882.002865/200418 Representação Fiscal para Fins Penais 1.329 10882.002984/200471 Requisição de Propositura de Medida Cautelar Fiscal 1.329 Em apertada síntese, a Autoridade Fiscal observou que a Contribuinte tinha depósitos em suas contas em valor muito superior aqueles declarados como receita. Durante a fiscalização, a Contribuinte afirmou que tais depósitos decorreriam da intermediação de operações de compra e venda de títulos públicos, apresentando diversos contratos como prova. A autoridade fiscal, por sua vez, entendeu que os contratos de compra e venda dos títulos eram ideologicamente falsos e, portanto, não comprovariam os aludidos depósitos. Assim, lavrou Autos de Infração referentes ao IRPJ, à CSL, ao PIS e à COFINS, com base em omissão de receita, qualificando as multas de ofício e, ainda, multa isolada por falta de recolhimento do IRPJEstimativas. A Contribuinte impugnou todos os lançamentos. A DRJ manteve parcialmente o lançamento, reduzindo apenas a multa isolada da porcentagem de 150% para 50%, posto que lei posterior (Lei nº11.488/2007), mais benéfica, retroage. Em face desse acórdão, foi formalizado Recurso de Ofício e a Empresa interpôs Recurso Voluntário, visando o cancelamento integral dos AIIM. Fl. 2468DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.367 4 Tendo contextualizado a lide, partese para o relatório pormenorizado dos autos. Em suma, o processo administrativo sob análise decorreu do Mandado de Procedimento Fiscal – Fiscalização (MPFF) nº 08.1.13.002004001168 (fl. 2), datado de 12/05/2004, do qual a Contribuinte foi cientificada em 24/05/2004 (fl. 5), com o objetivo de fiscalizar o período de 01/1999 a 12/2001. A Autoridade Fiscal, em 20/05/2004, no Termo de Início de Fiscalização (fl. 4), intimou a Contribuinte a apresentar os seguintes documentos: · A. Livro Diário, Razão e LALUR dos períodos de 01/1999 a 12/2001, assinados pelo representante legal; · B. Conforme informações prestadas pelas instituições financeiras o contribuinte apresentou a movimentação financeira constante da tabela abaixo, da qual deverá apresentar: · b.1. Extratos de todas as contas bancárias, contendo o detalhamento da movimentação; · b.2. Documentação comprobatória da origem dos valores depositados nas contas bancárias; Período Banco CNPJ do Banco Valor da Movimentação R$ Banco Real S/A 17.156.5141000133 R$ 177.316.463,09 1999 Banco BCN S/A 60.898.723/000181 R$ 513.450,00 Banco Real S/A 17.156.514/000133 R$ 22.842.176,29 2000 Banco ABN AMRO Real S.A. 33.066.408/000115 R$ 193.300.513,41 2001 Banco ABN AMRO Real S.A. 33.066.408/000115 R$ 28.167.243,16 · C. Livros de Registro de Prestação de Serviços, Registro de IPI, Registro de ICMS, Registro de Entradas, Registro de Saídas e Livro de Registro de Ocorrências abrangendo os períodos de 01/1999 a 12/2001. · D. Apresentar cópias autenticadas do Contrato Social da empresa, bem como de todas as alterações contratuais efetuadas até a data da ciência do presente Termo. – fl. 04. Em 04/08/2004, a Fiscalização, por meio do Termo 2004.00116/02 (fls. 8/9), reintimou a Contribuinte para apresentar os documentos anteriormente requeridos, bem como outros que entendeu necessários. Em cumprimento a tais intimações, em 21/09/2004, a Contribuinte explicou que realizava operações de compra e venda de títulos, quase todos adquiridos da empresa Bombril e vendidos para a Duagro. Sua receita, entretanto, seria apenas as comissões decorrentes de tais operações. Afirmou ainda que as operações foram adequadamente registradas em sua contabilidade, bem como nas demais empresas, e que todos os tributos foram recolhidos (fl. 12). Para comprovar sua alegação, a Contribuinte apresentou “Fluxo de Operações Logística/Hardsell” (fls. 13/45), apontando as suas operações em conjunto com a de Fl. 2469DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.368 5 outra empresa, a “Logística Operações Promocionais e Eventos Ltda.” – que também estava sendo fiscalizada pela autoridade fiscal, conforme informado no Termo de Verificação Fiscal (fl. 1.314); diversos contratos (fls. 46/504); extratos bancários (fls. 508/644); entre outros documentos. Em 29/09/2004, a Fiscalização, por meio do Termo 2004.00116/03 (fls. 506/507), relacionou os documentos que foram juntados pela Contribuinte e a reintimou para apresentar os documentos faltantes do Termo 2004.00116/02. Em 22/10/2004, a Contribuinte, cumprindo com aludida intimação, informou basicamente que “A documentação comprobatória da origem dos valores depositados nas contas bancárias, são os contratos de compra e venda de títulos, os quais já se encontram em poder de V.Sas.” – fl. 645. Em 22/10/2004, a Fiscalização, por meio do Termo 2004.00116/04 (fls. 646/650), reintimou a Contribuinte a apresentar a documentação comprobatória da origem dos depósitos, haja vista que os contratos de compra e venda de títulos seriam insuficientes para tal comprovação e apresentavam características de negócio simulado, pois (i) não existia qualquer coincidência de datas e valores entre os extratos e os contratos; (ii) os depósitos bancários relacionados nos anexos 01 e 02 não foram contabilizados nos livros Diário e Razão (fls. 653/750); (iii) existência de CPF’s inválidos; (iv) os CNPJ’s seriam diversos das empresas adquirentes; (v) falta de identificação do objeto negociado; e (vi) os contratos de compra e venda de títulos "Argentine Global Bond" transacionados pela empresa LOGISTICA, informavam uma data de emissão inverídica. A despeito de não constar nos autos nenhum aviso de recebimento dessa intimação, a Autoridade Fiscalizadora, no Termo de Verificação Fiscal, deixou consignado que: “Até a data da lavratura do presente Termo o contribuinte não apresentou resposta às solicitações contidas no Termo 2004.00116/04. O representante do contribuinte, o Sr. Evaldo Egas de Freitas, foi contatado várias vezes por telefone entre os dias 16/1112004 e 06/1212004, com vistas a agendar a possível entrega dos documentos solicitados, e posteriormente, para a ciência do presente Termo. Todavia, todas as tentativas de agendamento junto ao referido representante foram infrutíferas, conduzindo à conclusão de que o contribuinte optou por não mais atender pessoalmente aos pleitos desta fiscalização. Por fim, esta fiscalização considerou encerrada a fase de coleta de elementos probatórios, tendo concluído pela existência de infrações à legislação do IRPJ, bem como seus reflexos nas contribuições CSSL, PIS e COFINS” – fl. 1.315. Registrase que, ainda no Termo de Verificação Fiscal, a Autoridade Lançadora afirmou ter comparecido no endereço registrado da Contribuinte; verificou que a empresa não operava ali. Em verdade, no endereço existia apenas um serviço de recebimento de correspondência de diversas empresas (fl. 1.313). Fl. 2470DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.369 6 Superado isso, em 08/12/2004, no mesmo Termo de Verificação Fiscal (fls. 1.313/1.326), a Autoridade Fiscal descreveu o procedimento de fiscalização adotado, bem como fundamentou as infrações apontadas, que podem ser assim sintetizadas: “Através do Termo de Início de Fiscalização o contribuinte foi intimado a apresentar os extratos bancários e a documentação comprobatória da origem dos valores depositados em suas contas bancárias, com o propósito de obter justificativa para a expressiva movimentação financeira informada à SRF pelas instituições financeiras, relativamente aos períodos de 1999, 2000 e 2001, aparentemente incompatível com o capital e com as disponibilidades financeiras declaradas da empresa.” – fl. 1.313. (...) “Em atendimento o contribuinte apresentou a carta anexada à folha 11, com data de 21/09/2004, e informou que a empresa realizou operações de compra e venda de títulos, recebendo comissões em decorrência dessas transações. O contribuinte apresentou a planilha intitulada "Fluxo de Operações Logistica/HardSell", anexada às folhas 12 a 44, e cópias simples dos contratos de compra e venda dos títulos.” – fl. 1.314. (...) “Analisando a documentação considerei que os elementos apresentados pelo contribuinte eram insuficientes para comprovar a origem dos valores depositados em suas contas bancárias, bem como apresentavam características de tratarse de negócio simulado.” – fl. 1.315. (...) Não é possível comprovar a origem dos valores depositados nas contas bancárias do contribuinte, pois “os contratos não identificam corretamente os títulos negociados e tampouco os supostos compradores e vendedores, evidenciando sua falta de credibilidade.” – fl. 1.318. “Além disso, apesar do contribuinte ter afirmado que apenas fazia a intermediação dos títulos, o texto dos contratos conduz à conclusão de que ele negociava em nome próprio e não em nome de terceiros.” – fl. 1.317. Ademais, “Analisando os dados contidos na planilha e observando o texto dos contratos correspondentes, chegamos à conclusão de que as empresas LOGISTICA e HARD SELL compravam BE BONDS, porém, estranhamente, pelo texto dos contratos, somente vendiam US Treasury Bills.” – fl. 1.318. Por fim, “Analisando a planilha "Fluxo de Operações Logística/Hardsell", anexada às folhas 12 a 44, observamos que no período de 31/03/99 a 30104/99 a empresa LOGÍSTICA efetuou 37 operações de compra e venda de títulos denominados de "Argentine Global Bond", supostamente emitidos pela Argentina em 02/03/1998, conforme consta dos contratos de compra e venda de títulos apresentados pela empresa.” – fl. 1.319, contudo, “a Argentina não emitiu títulos na data de 02 de março de 1998, conforme Fl. 2471DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.370 7 consta do documento anexado folha 792, resultante da consulta realizada pela SRF junto ao Ministério da Economia Secretaria da Fazenda da Argentina” – fl. 1.319. (...) Quanto à simulação, destacou que “os contratos foram redigidos após a entrada dos recursos, moldandose ao valor líquido depositado, porém, indicam uma data anterior, com o evidente propósito de simular que os depósitos destinaramse a quitar a suposta venda de títulos” – fl. 1.321; e, mais adiante, que “verificase que a grande quantidade de cheques estornados e sem qualquer controle contábil é mais uma evidência da simulação contida nos contratos de compra e venda de títulos, uma vez que tal ocorrência seria inaceitável na prática comercial relativa a esse tipo de transação” – fl. 1.322. Por fim, aduziu que “a maioria dos remetentes pessoas físicas informaram CPFs inválidos, evidenciando a intenção de não deixar rastros de sua identificação” – fl. 1.322. (...) Como consequência, concluiu que “A falta de comprovação da origem dos depósitos bancários relacionados nos Anexos 01 e 02 do Termo 2004.00116/04, caracterizam omissão de receita, nos termos do artigo 42 da Lei 9.430/96” – fl. 1.323 e, como consequência, constituiu débitos de IRPJ, CSL, PIS e COFINS. (...) Também como reflexo da omissão de receitas, lançou multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas de IRPJ e CSL, “resultantes da adição, à base de cálculo, dos valores da omissão de receita apurada na Tabela 1” fl. 1.324. (...) Sobre os aludidos débitos, aplicou ainda a multa prevista no artigo 44, II, da Lei nº 9.430/96, pois “As evidências relatadas enquadramse na definição legal de simulação, uma vez que os contratos celebram transações cuja existência não ficou provada, contém declarações e cláusulas não verdadeiras e são pósdatados.” – fl. 1.325, bem como “Fica, portanto, evidenciada a tentativa de fraude, caracterizada pela apresentação de documentos contendo declarações e cláusulas falsas à fiscalização.” – fl. 1.325. (...) Considerando que “as estimativas dos períodos 09, 10 e 11/99, de valores R$1.196,49, R$6.474,31 e R$7.117,88, não foram recolhidas, declaradas em DCTF ou incluídas no programa REFIS” – fl. 1.325, “Procedemos, portanto, à glosa do valor R$14.788,68, soma das estimativas dos períodos 09, 10 e 11/99” – fl. 1.325. Fl. 2472DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.371 8 Pois bem, em 08/12/2004 – pouco mais de seis meses depois do início da fiscalização – foram lavrados Autos de Infração (fls. 1.277/1.312), para cobrança de IRPJ, CSL, PIS e COFINS, bem como multa isolada de IRPJ, relativamente ao período de junho de 1999 e janeiro de 2001, cujos valores se encontram devidamente especificados na tabela abaixo: Autos de Infração fls. 1.277/1.312 Principal Multa Proporcional Multa Isolada Total IRPJ R$ 183.344.303,94 R$ 275.005.364,39 R$ 275.026.556,96 R$ 733.376.225,29 CSL R$ 77.833.531,74 R$ 116.750.297,59 R$ 194.583.829,33 PIS R$ 4.767.346,67 R$ 7.151.019,98 R$ 11.918.366,65 COFINS R$ 22.003.138,70 R$ 33.004.708,00 R$ 55.007.846,70 Total R$ 287.948.321,05 R$ 431.911.389,96 R$ 275.026.556,96 R$ 994.886.267,97 O Auto de Infração referente ao IRPJ descreveu assim as infrações: “001 – OMISSÃO DE RECEITAS Omissão de Receitas caracterizada pela falta de comprovação da origem dos valores creditados nas contas bancárias, conforme detalhamento contido no Termo de Verificação Fiscal 2004.00116/05, anexado ao presente Auto de Infração. [Destrincha os valores por mês] ENQUADRAMENTO LEGAL: Art. 24 da Lei nº 9.249/95; Arts. 249, inciso II; 251 e parágrafo único; 277, 278, 279, 280, 283, 287 e 288, do RIR/99. 002 – DEDUÇÕES INDEVIDAS DE RETENÇÃO / ANTECIPAÇÕES DE IMPOSTO NÃO COMPROVADAS. DEDUÇÕES INDEVIDAS NA DIPJ00/99 – ESTIMATIVAS NÃO RECOLHIDAS. “O contribuinte informou na Linha 16 da Ficha 13A, da DIPJ 2000/1999, o valor de R$ 23.322,16, a título de Imposto de Renda Mensal pago por Estimativa, correspondente à soma das estimativas apuradas nos períodos 09, 10, 11 e 12/1999, nas Fichas 12, referentes ao cálculo do Imposto pago por Estimativa. O valor da estimativa do período 12/99, no valor de R$ 8.533,48, foi incluída pelo contribuinte dentro do programa REFIS. Todavia, as estimativas dos períodos 09, 10 e 11/99, de valores R$ 1.169,49, R$ 6.474,31 e R$ 7.117,88, não foram recolhidas, declaradas em DCTF ou incluídas no programa REFIS. Procedemos, portanto, à glosa do valor de R$ 14.788,68, soma das estimativas dos períodos 09, 10 e 11/99 Fl. 2473DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.372 9 [Destrincha o valor por mês] ENQUADRAMENTO LEGAL: Art. 231 do RIR/99. 003 – MULTAS ISOLADAS IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA – RECEITAS OMITIDAS “Falta de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, incidente sobre a base de cálculo estimada, recalculada com a adição das receitas omitidas, conforme detalhamento contido no Termo de Verificação Fiscal 2004.00116/05, anexo ao presente Auto de Infração.” [Destrincha o valor por mês] ENQUADRAMENTO LEGAL: Arts. 222, 843, e 957, parágrafo único, inciso IV, do RIR/99.” – fls. 1.278/1.280. Quanto aos Autos de Infração referentes ao PIS (fls. 1290/1.291), à COFINS (fls. 1.297/1.298), e à CSL (fls. 1.304/1.305), resumemse à infração 001: OMISSÃO DE RECEITAS. À folha 1.329 o Sr. Auditor Fiscal da Receita Federal informou que formalizou o processo nº 10882.002984/200471, referente a Requisição de Propositura de Medida Cautelar Fiscal, bem como o processo nº 10882.002865/200418, relativo a Representação para Fins Penais. Intimada dos Autos de Infração e do Termo de Verificação Fiscal em 10/12/2004 (fl. 1.328), a Contribuinte apresentou em 10/01/2005 (fl. 1.349) Impugnação (fls. 1.349/1.436 e docs. fls. 1.437/1.634), na qual alegou, em síntese, o seguinte: · BREVE HISTÓRICO: Que começou a negociar títulos da dívida pública após passar por dificuldades financeiras. Quem vendia os títulos era a Bombril S/A e quem os comprava eram as empresas DUAGRO, SIPASA e KIDRON. Em determinado momento, tendo em vista o grande volume das operações, a Contribuinte ficou em dúvida quanto à sua continuidade; contudo, com o conhecimento de parecer emitido por escritório de advocacia de reconhecimento nacional que reconhecia a legalidade da operação (anexo, fl. 1.569/1.572), optou por continuála. No entanto, desde que fora autuada, suspendeu todas as operações. · IMPOSSIBILIDADE DE AUTUAÇÃO COM BASE EM OMISSÃO DE RECEITAS POR NÃO IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM: Buscou explicar o significado de omissão de receitas – falta de emissão de notas fiscais, depósitos bancários sem origem comprovada, etc. –, afirmando que esta não se caracterizaria no caso concreto, haja vista que a contribuinte apresentou provas de que todas as entradas e saídas foram contabilizadas, bem como juntou os cheques dos responsáveis pela compra dos títulos. Inclusive, como Fl. 2474DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.373 10 prova da contabilização das movimentações, apresentou declaração do responsável pelas empresas compradoras dos títulos (fls. 1.573/1.576). · As premissas adotadas pela Fiscalização quanto a não comprovação das receitas “cheques depositados serem de terceiros, ou ainda, pelo fato destes depósitos não serem, isoladamente considerados, coincidentes em valores com os contratos de venda” – fl. 1.360 deveriam ser afastadas, já que (i) o próprio representante legal das empresas adquirentes dos títulos declarou que os comprou e os pagou com cheques de terceiros e (ii) o fato de os cheques serem de terceiros não impediu a comprovação de sua origem. · b) Reafirmou a contabilização dos recursos auferidos e dos dispêndios incorridos nas operações, apresentando amostragem da identidade dos valores. Com relação às pequenas divergências entres os valores contabilizados e constantes dos extratos bancários e aqueles contidos nos contratos, explicou que sua ocorrência era consequência da variação cambial entre o momento da assinatura dos contratos e a data do recebimento dos valores. · c) A Fiscalização se baseou tãosomente na suposta invalidade dos contratos; contudo, ainda que os contratos fossem inválidos (simulados), seria indiferente para que se demonstrasse a origem dos recursos. · d) Não haveria adequação dos fatos à hipótese normativa do art. 42 da Lei nº 9.430/96, pois “apenas seria possível a aplicação desta norma caso a Impugnante não tivesse comprovado a origem dos depósitos, ou ainda, caso a fiscalização tivesse demonstrado com provas efetivas que os depósitos não se originaram das empresas indicadas pela Impugnante, fatos estes que não aconteceram” – fl. 1.369, logo houve vício na tipificação. · e) Não sendo o caso de aplicação do art. 42 da Lei nº 9.430/96 e insistindo a autoridade na simulação dos contratos, deveria ter sido aplicado o artigo 61 da Lei nº 8.981/95, pois a autoridade não comprovou que “os recursos não tinham origem, mas sim que a causa para o seu auferimento, ou ainda, para a sua destinação para terceiros não seria aquela justificada pela Impugnante.” – fl. 1.370. Sugere ainda, subsidiariamente, a aplicação do art. 530, II, do RIR/99, que trata do arbitramento. · f) Destacou que “No caso em tela, para que os presentes autos de Infração pudessem subsistir, seria necessário que a fiscalização comprovasse, efetivamente, a ocorrência de omissão; comprovasse, com base nos valores e informações registrados nos contratos firmados pela Impugnante, que eles não foram devidamente registrados em sua contabilidade, e que os recursos não vieram das empresas adquirentes dos títulos, e, ai sim, cruzando estas informações com os depósitos bancários realizados, se poderia demonstrar, se fosse o caso, a omissão de receitas.” – fl. 1.373. A autoridade fiscalizadora apenas presumiu a omissão de receitas. · NECESSIDADE DE TRIBUTAR O DONO DOS RECURSOS: Explicou que os recursos depositados em suas contas não seriam de sua titularidade, mas de terceiros, razão pela qual não poderiam sofrer tributação, nos termos do §5º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Fl. 2475DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.374 11 · IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA DE VALORES REFLEXOS: Reafirmou, quanto à CSL, ao PIS, à COFINS e à multa isolada, todos os argumentos apresentados em relação ao IRPJ. · INEXISTÊNCIA DE SIMULAÇÃO: Após apresentar a definição de simulação, concluiu que esta não ocorreu no caso concreto, vez que a operação pactuada não aparentou direito diverso daquele que foi realmente contratado, não existiu declaração ou cláusula não verdadeira, bem como o negócio não foi realizado com o objetivo de prejudicar terceiros, muito menos o fisco. Rebateu alguns dos indícios apontados pela autoridade fiscal para entender pela simulação: · i) a falta de identificação de alguns dados nos títulos decorreu da inexperiência da empresa neste ramo de atividade e da confiança nas demais empresas; ii) que o cálculo da comissão era feito para cada operação, em decorrência de diversos elementos, por isso não apresentava cálculo único; iii) que a parte vendedora e as partes compradoras não estavam no mesmo contrato, posto que, se estivessem, dispensariam a intermediação da Contribuinte; iv) que não houve nada de ilícito ou incomum em primeiro vender, para depois adquirir os títulos; v) que os contratos não seriam pós datados; vi) que os títulos “Argentine Global Bonds” não foram negociados pela Contribuinte (HardSell), mas, sim, pela empresa Logística. Insistiu: · a) na legitimidade e legalidade das contratações realizadas; b) da ocorrência e comprovação das operações financeiras; c) que a contabilidade fez prova em favor da impugnante; e d) que nada foi omitido. · INEXISTÊNCIA DE FRAUDE, SONEGAÇÃO, OU CONLUIO COMPROVADOS, TENDENTES A RETARDAR OU IMPEDIR O SURGIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (AINDA QUE HOUVESSE SIMULAÇÃO) – IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DA MULTA AGRAVADA: Para a aplicação da multa prevista no art. 44, II, da Lei nº 9.430/96, a Fiscalização deveria ter demonstrado a existência de dolo, vez que este não pode ser presumido, e deveria ter enquadrado a aplicação da multa em alguma das hipóteses dos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Ato contínuo, a Contribuinte demonstrou que no presente caso não se justificaria a cominação da mencionada multa, pois não houve Fraude, Conluio ou Sonegação, nesta ordem. · DA ILEGALIDADE DA EXIGÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO CUMULADA COM A MULTA ISOLADA E DA EXIGÊNCIA DA MULTA ISOLADA APÓS O TÉRMINO DO PERÍODOBASE DE APURAÇÃO DO IRPJ: Apontou que não era possível a cobrança de multa isolada após o encerramento do anocalendário, bem como afirmou tratarse de dupla sanção a incidência de duas multas sobre uma mesma infração. · DECADÊNCIA QUANTO A PARTE DO VALOR EXIGIDO DA MULTA ISOLADA: Com base no art. 150, §4º, do CTN, houve a decadência da multa isolada referente aos meses de junho a novembro de 1999. Ainda que se aceitasse a existência de dolo e aplicasse o prazo decadencial previsto no Fl. 2476DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.375 12 art. 173, I, também do CTN, teriam decaído os meses de junho a outubro de 1999. · VÍCIO NO CÁLCULO DA APURAÇÃO DO IRPJ E DA CSL – INSUBSISTÊNCIA DA AUTUAÇÃO FISCAL: Alegou que na apuração do valor a ser tributado, a fiscalização não teria considerado os valores já recolhidos aos cofres públicos pela Contribuinte a título de IRPJ e CSL. Aduziu que deveria ser deduzido do valor apurado como devido de CSL o montante correspondente a 1/3 da COFINS recolhida no período, conforme art. 8º, § 1º, da Lei nº 9.718/99. Por fim, salientou que o PIS e a COFINS deveriam ser deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSL, segundo art. 41 da Lei nº 8.981/95. · DECADÊNCIA QUANTO À COBRANÇA DE PARTE DO PIS E DA COFINS: Conforme o art. 150, § 4º, bem com art. 156, V e VII, ambos do CTN, já decaiu o direito de constituir o crédito tributário referente ao PIS e à COFINS dos meses de junho a novembro de 1999. Afastou a aplicabilidade do prazo decadencial previsto na Lei nº 8.212/91, posto que não se trata de lei complementar, o que é exigido nos moldes do artigo 146, III, “b”, da Constituição Federal. · VÍCIO NO CÁLCULO DO PIS E DA COFINS EXIGIDOS: A Fiscalização não considerou os valores já recolhidos. · VÍCIO NO CÁLCULO DA MULTA ISOLADA: A autoridade fiscal deveria ter apurado as estimativas não com base no balancete de suspensão e/ou redução, mas, sim, na aplicação do percentual de presunção incidente sobre as receitas consideradas omitidas mensalmente. Se assim não fosse, então deveriam ter sido considerados os valores despendidos na aquisição dos títulos como despesas. · PROVA OBTIDA POR MEIO ILÍCITO – NULIDADE DA AUTUAÇÃO – VIOLAÇÃO AO ARTIGO 11, §2º DA LEI Nº 9.311/96 – DA IRRETROATIVIDADE DA LEI Nº 10.174/2001 E DA LC Nº 105/01: Explicou que a autoridade fiscalizadora já dispunha, quando da expedição do Termo de Início de Fiscalização, de informações referentes aos montantes movimentados, em decorrência de comunicações efetuadas diretamente à Secretaria da Receita Federal pelas Instituições Financeiras. Contudo, à época dos fatos, era vigente a Lei nº 9.311/96, que impedia expressamente a utilização de informações obtidas junto as instituições financeiras, em relação à CPMF, para a constituição de crédito tributário. As Leis posteriores, em seu entender, não poderiam justificar o procedimento adotado pela Fiscalização, em virtude dos princípios constitucionais da irretroatividade e da anterioridade. · ILEGALIDADE DA UTILIZAÇÃO DA TAXA SELIC COMO JUROS DE MORA: Sendo a SELIC taxa de juros remuneratórios, a Contribuinte apontou a inconstitucionalidade e ilegalidade de sua aplicação como juros moratórios. · QUESITOS PARA A ELABORAÇÃO DE PERÍCIA: Com base no art. 16, IV, do Decreto 70.235/72, requereu a realização de perícia, indicando seu perito, bem como apontando os quesitos que desejava fossem respondidos. Fl. 2477DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.376 13 Em 04/03/2005 (fl. 1.645), a 1ª Turma da DRJ/CPS prolatou o acórdão nº 8.878 (fls. 1.645/1.701), por meio do qual, por unanimidade, julgou procedente em parte o lançamento, concluindo à fl. 1.697 que: 1. Procede em parte a autuação de IRPJ. Exclusão (tributo e multa de oficio) no total de R$ 281.755.820,76; 2. Procede em parte a autuação de CSL. Exclusão (tributo e multa de oficio) no total de R$ 171.042.504,21; 3. Procede a autuação da Contribuição ao PIS e da COFINS; e 4. Improcede a autuação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas de IRPJ. Exclusão de R$ 116.753.953,51. A redução do IRPJ e da CSL e a exclusão da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas de IRPJ se deveu à conversão do método de apuração do Lucro Real para o Lucro Arbitrado, o que se extrai do seguinte excerto: “Muito bem, confirmada a hipótese de omissão de receita ao amparo do art. 42 da Lei n° 9.430/96, certo que o contribuinte intenta apoiar a sua escrita contábilfiscal em documentação ideologicamente falsa, bem como à vista a relação existente entre o total de receita havido por omitido e o total de receita tributável declarada pelo contribuinte, não há outra linha sendo concordar com a ponderação deste sobre o cabimento, na espécie, da apuração do IRPJ com base no lucro arbitrado e pelo coeficiente de 32%, também sugerido pelo ora autuado (idêntica solução seguirseá para a CSLL). Pelos Quadros demonstrativos que secundam este voto, vêse que, considerados os períodos autuados, a receita declarada pelo contribuinte em suas DIPJ' s representa, em média, 0,3070% da receita identificada como omitida pela fiscalização. Isto somado ao fato do falso ideológico — que desqualifica a contabilidade, tornandoa imprestável para a apuração do lucro real — outro não pode ser o caminho que não o do arbitramento. Consequência imediata: não subsiste qualquer autuação à conta da falta de recolhimento de estimativas, visto que tal sistemática viceja sob o pálio da apuração do IRPJ/CSLL com base no lucro real (Lei n° 9.430/96, art. 2°) e, ainda e mais importante, segundo opção do próprio contribuinte. Ora, se acaba de ser rechaçada a tributação pelo lucro real em benefício do lucro arbitrado e, neste, não existe opção semelhante para o recolhimento de estimativas, a autuação pela sua falta é improcedente.” fls. 1.677/1.678. Ademais, a 1ª Turma da DRJ/CPS determinou que “À conta das exclusões operadas (R$ 727.824.881,92) em montante superior a R$ 500.000,00, é de rigor a REMESSA DE OFÍCIO ao E. Primeiro Conselho de Contribuintes” – fl. 1.697. Em 23/03/2005, foi proferido o seguinte despacho: “proponho o retorno do processo à DRJ/CPS/SECOJ para saneamento, uma vez que não consta, na referida folha, Despacho para esta DRF, podendo configurar extravio de folhas no presente processo.” – fl. 1.709, o que foi cumprido em 30/03/2005 (fl. 1.709). Fl. 2478DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.377 14 Após ser devidamente intimada em 10/05/2005, a Contribuinte, em 08/06/2005, interpôs Recurso Voluntário (fls. 1.723/1.830 e docs. fls. 1.831/1.964), requerendo o cancelamento dos Autos de Infração, pois: “(i) o Sr. Agente Fiscal desconsiderou, indevidamente, como prova hábil a justificar a motivação dos ingressos de recursos na conta bancária da Recorrente, a validade dos contratos de compra e venda de títulos por ela firmados; e (ii) conforme já reconhecido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, o Sr. Agente Autuante cometeu grave erro na capitulação e enquadramento legal da suposta infração, o que jamais poderia ser corrigido pela Delegacia de Julgamento, seja pela incompetência daquele órgão para efetuar um novo lançamento tributário, ou, ainda que fosse competente, pela impossibilidade da alteração do critério jurídico no lançamento (artigo 146 do Código Tributário Nacional), ou ainda pela inobservância, no novo lançamento, das regras jurídicas para arbitramento dos lucros;” – fl. 1.830. Em 22.07.2005, a Contribuinte protocolou petição (fls. 1.982/1.983), juntando a escritura do imóvel oferecido para fins de arrolamento (fls. 1.984/1.992), bem como petição (fls. 1.993/2.001), juntando o parecer do Dr. Luís Eduardo Schoueri (fls. 2.002/2.066). Em 22.05.2006, o processo foi encaminhado para o Primeiro Conselho de Contribuintes (fl. 2.073), com a juntada do despacho de fls. 2.070/2.072, exarado no processo de Arrolamento de Bens e Direitos n° 10882.001607/200503, que amparou o seguimento do presente Recurso, conforme disposto no art. 2° da IN SRF n° 264/02. Em 28/02/2007 (fl. 2.095), a 7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, no acórdão nº 10708891 (fls. 2.095/2.115), declarou, por unanimidade, a nulidade da decisão originária da DRJ. Assim ementou: “PAT – NULIDADE – AUTORIDADE JULGADORA – COMPETÊNCIA – As Turmas das Delegacias da Receita Federal de Julgamento não tem competência para alterar a sistemática de tributação adotada pela fiscalização na lavratura do Auto de Infração. São nulos os atos praticados por autoridade incompetente. Somente pode integrar validamente o processo administrativo fiscal as decisões firmadas por autoridades administrativas apoiadas por definida atribuição regimental ou expressa delegação de competência, sendo nulos todos os procedimentos e peças processuais a partir daquela (inclusive) prolatada sem o necessário amparo de competência (1º Conselho de Contribuintes / 5ª. Câmara / ACÓRDÃO 105 14.477 em 16.06.2004. Publicado no DOU em: 19.10.2004). IRPJ/CSLL – OMISSÃO DE RECEITAS PRESUMIDA A PARTIR DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS CUJA ORIGEM A FISCALIZAÇÃO REIJEITA – Quando os elementos dos autos não permitem, ainda, ao julgador firmar sua convicção, a nulidade não pode ser ultrapassada.” – fl. 2.095. O voto ficou assim fundamentado: Fl. 2479DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.378 15 “A alteração procedida pela Turma Julgadora de primeiro grau, alterando a sistemática de tributação para lucro arbitrado trimestral, além de ato exarado por autoridade incompetente é genuína inovação do lançamento, sem que fosse observado o §3º art. 18 do Decreto nº 70.235/72 que rege o Processo Administrativo Tributário” – fl. 2.113. (...) “Entendendo os julgadores de primeiro grau que o lançamento era deficiente, no caso, segundo o Relator do Acórdão recorrido, adotouse o lucro real quando deveria ser providenciado o arbitramento do lucro, o conteúdo da decisão deve ser meramente declaratório a fim de propiciar ao servidor dotado de competência para lançar e/ou agravar, fazêlo em boa e devida forma, obedecidos os prazos decadenciais.” – fls. 2.113/2.114. Como consequência, a 7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes determinou a devolução dos autos à DRJ, para que procedesse à análise da lide e prolatasse nova decisão “em boa e devida forma” (fl. 2.115). Retornados os autos, a 2ª Turma da DRJ/CPS, por unanimidade, julgou procedente em parte o lançamento, na sessão de 30 de agosto de 2007, no acórdão nº 0519.079 (fls. 2.125/2.196), o qual ficou assim ementado (fls. 2.125/2.127): “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 1999, 2000, 2001 OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. DOCUMENTOS QUE SUPORTAM A ESCRITURAÇÃO. FALSO IDEOLÓGICO. PERÍCIA TÉNICA. MULTA QUALIFICADA. (...). A Lei nº 9.430/96, art. 42, é norma que veicula presunção legal relativa à custa de único fato auxiliar: não comprovação da origem de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira. É dizer, a incidência do comando normativo não demanda mais delongas para além da prova do indigitado fato auxiliar. Presente esse, temse certo o fato probando, isto é, a omissão de receita. Cumpriria ao contribuinte ou atacar o fato auxiliar ou o próprio fato probando. A contabilidade é, prima facie, serviente à demonstração da origem de recursos assim depositados em contacorrente e, por isso, é prova a benefício do contribuinte, mas isto desde que – a exigência é legal (RIR/99, art. 923) – amparada aquela contabilidade em documentação hígida. Se o contribuinte, a pretexto de mostrar a excogitada documentação que embasaria sua escrituração contábil o faz a partir de contratos increpados do vício de falso ideológico (que, digase, não suporta perícia técnica), não subsiste a força probante dos livros contábeis e permanece forte a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/96, sem descurar da aplicação da multa de ofício qualificada. (...). PIS. COFINS. DECADÊNCIA. O prazo de decadência, no que importa ao PIS e à Cofins, respeita a regra do art. 45 da Lei nº 8.212/91. BENEFÍCIO FISCAL. Fl. 2480DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.379 16 AUTUAÇÃO. O gozo de qualquer benefício fiscal – particularmente aquele versado no art. 8º, §1º, da Lei nº 9.718/98 – pressupõe ausência de falta, senão, paradoxalmente, do mesmo ato que impõe sanção também derivaria uma benesse fiscal. PIS E COFINS. DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. Se as exigências da Contribuição ao PIS e da Cofins, pela força da própria impugnação, estão com suas exigibilidades suspensas, não cabe a sua dedução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. RMF. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Se o próprio contribuinte fornece os extratos bancários, não há que se falar em quebra de sigilo bancário. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA FORMAL. AMPLIAÇÃO DOS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. INAPLICABILIDADE. Se a norma jurídicotributária em apreço for de natureza formal/adjetiva, importa dizer, prestável à conformação do ato de lançamento, não há que se falar em princípio da irretroatividade. PROCESSO ADMINISTRATIVO DE CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO. É a atividade onde se examina a conformidade dos atos praticados pelos agentes do fisco frente à legislação de regência em vigor (isto é, com força vinculante), sem perscrutar da legalidade ou constitucionalidade dos fundamentos daqueles atos (validade da norma jurídica). IRPJ E TRIBUTAÇÃO REFLEXA: CSLL, COFINS e PIS. Em se tratando de exigências reflexas de tributos e contribuições que têm por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do imposto de renda, a decisão de mérito prolatada no processo principal constitui prejulgado na decisão dos processos decorrentes. Sistemática de Apuração No que tange à sistemática de tributação do IRPJ e da CSLL, deve se curvar esta Turma de Julgamento ao entendimento já prolatado pela 2ª instância de julgamento, acerca da validade da sistemática de tributação com base no Lucro Real. Tratase de processo conexo de interesse de empresa ligada à autuada, decorrente de ação fiscal promovida simultaneamente com a presente, na qual foi apurada a prática do mesmo modus operandi e, consequentemente, da mesma infração, qual seja: a utilização de contratos de compra e venda de títulos falsos do tesouro americano e argentino, para comprovação de injustificada movimentação financeira. Decadência. Multa Isolada. Estimativa. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativa não se sujeita a lançamento por homologação, não sendo possível a necessária antecipação da apuração e do pagamento correspondentes, impondose a aplicação da regra de contagem do prazo decadencial do lançamento de ofício. Multa de Ofício e Multa Isolada. Duplicidade de Exigências. Configurada a existência de ilícitos distintos e inconfundíveis, não se pode caracterizar a identidade das multas aplicadas. Fl. 2481DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.380 17 Multa Isolada. Estimativa. Sistemática de Apuração. Quando a contribuinte opta pela sistemática de determinação da base de cálculo da estimativa devida mensalmente com base em Balanços ou Balancetes de Suspensão ou Redução, não cabe a alteração da sistemática no lançamento de ofício da multa isolada. Multa Isolada. Estimativa. Retroatividade Benigna. Em face do princípio da retroatividade benigna da legislação tributária penal mais benéfica, cumpre reduzir a multa isolada aplicada para 50%, conforme a nova redação do art. 44, II, “b” da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Lançamento Procedente em Parte 430ª Sessão da 2ª Turma de Julgamento da DRJ Campinas Em 30 de agosto de 2007 Vistos, relatados e discutidos os autos do processo em epígrafe, ACORDAM os membros da 2ª Turma de Julgamento da DRJ Campinas, por unanimidade de votos, em JULGAR PROCEDENTE EM PARTE o lançamento de IRPJ, para reduzir ex vi legis o percentual da multa de ofício isolada, por falta de recolhimento das estimativas para 50% (cinquenta por cento), e PROCEDENTES os lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.” As razões de decidir podem ser assim resumidas: 1. DOS ESCLARECIMENTOS SOBRE A NULIDADE DECRETADA E A POSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DO VOTO ANTES PROFERIDO Primeiro, ressaltou que o acórdão foi prolatado em decorrência da declaração de nulidade do acórdão anteriormente elaborado pela DRJ, por conta da alteração do sistema de tributação adotado no lançamento, ato exarado por ato incompetente e com genuína inovação do lançamento. Na sequência, concluiu que, como o restante daquele voto não foi declarado nulo, estava autorizado a utilizálo como fundamentação para seu próprio voto, especialmente no tocante à imputação de omissão de receita. 2. DA TRANSCRIÇÃO DO VOTO ANTES PROFERIDO 2.1. DA OMISSÃO DE RECEITAS Entendeu que a questão principal da lide estava na determinação da força probante da escrita contábilfiscal da Contribuinte. No caso, a Fiscalização desqualificou as provas juntadas pela Contribuinte para embasar a sua escrita contábilfiscal, por falsidade ideológica, já que: Fl. 2482DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.381 18 · Não foram indicados quais bancos teriam agido como intermediários nas operações, nem o número, a data de emissão, o prazo e as condições de resgate dos títulos; · Existia divergência entre os valores dos depósitos e os valores constantes nos contratos; · Os depósitos estariam vinculados a CPF’s inválidos; · Os depósitos conteriam CNPJ’s válidos, porém não coincidentes com os CNPJ’s das empresas que a Contribuinte alegava serem adquirentes; · Houve falta de identificação dos títulos negociados nos contratos; · Inexistência de emissão pelo Governo da Argentina dos títulos nomeados “Argentine Global Bond” e com data consignada em 02/03/1998, objeto dos contratos firmados pela Logística Operações Promocionais e Eventos Ltda.; · A Contribuinte comprou R$ 355.428.421,06 de títulos “BE Bonds” e alegou têlos vendido, porém só juntou contratos que demonstravam a venda de títulos “US Treasury Bills”. A empresa LOGÍSTICA não poderia ter vendido os títulos “BE Bonds”, pois não foi juntado nenhum contrato que comprovasse isso; e · Existência de indícios de que os contratos seriam pósdatados – posto que realizados para constarem os cheques devolvidos –, logo simulados; Destarte, como a Contribuinte não cumpriu com seu ônus estabelecido no art. 923 do RIR/99, mas a Fiscalização cumpriu com o seu, constante no art. 924 do RIR/99, ressaltando que a declaração do proprietário das empresas adquirentes em sentido contrário não seria suficiente para afastar todas as deficiências das provas juntadas, concluiu que a Contribuinte não comprovou a origem dos depósitos em contacorrente de sua titularidade, devendo incidir a regra do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. 2.2. DA MULTA DE 150% Explicou que a aplicação do percentual de 150% decorre exatamente da falsidade ideológica, vez que esta demonstrou a existência do dolo in casu. Além disso, acentuou que “o fato de o contribuinte não demonstrar de forma extreme de dúvidas a origem dos recursos depositados em contacorrente de sua titularidade implica na assunção da presunção guardada na Lei n° 9.430/96, art. 42 e, daí, a conseqüente omissão de receita e insatisfação da obrigação tributária incidente (IRPJ, CSLL, Contribuição ao PIS e Cofins) — eis o prejuízo.” – fl. 2.157. Por fim, sustentou que não era necessário a fiscalização indicar no lançamento em qual situação (sonegação, fraude ou conluio) o contribuinte se enquadraria, pois ele se defende dos fatos e, não, da fundamentação jurídica. 2.3. DO ENQUADRAMENTO NO ART. 674 DO RIR/99 Fl. 2483DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.382 19 Quanto à alegação de que haveria enquadramento no art. 674 do RIR/99, a DRJ entendeu que seria uma situação possível, mas não excludente do enquadramento posto pela Autoridade Lançadora. 2.4. DA DECADÊNCIA DO PIS E DA COFINS Quanto à alegada decadência do PIS e da COFINS, apontou que não teria razão a contribuinte, com base no art. 45 da Lei nº 8.212/91. 2.5. DA DEDUÇÃO DE 1/3 DA COFINS EFETIVAMENTE PAGA SOBRE A CSL PAGA DE OFÍCIO Sobre o pedido de abatimento da CSL de 1/3 da COFINS, com base no art. 8º, §1º, da Lei nº 9.718/99, entendeu não ter razão a Contribuinte. Primeiro, porque dita norma perdurou até 31/12/99, conforme determinação firmada a partir da MP n° 1.85810/99, art. 35, inciso III, e consolidada na MP n° 2.15835/01, art. 93, inciso III; segundo porque se tratava de benefício fiscal, o qual não poderia ser cumulado com a aplicação de sanção por infração; e terceiro, porque exigia que a COFINS tivesse sido paga, para que pudesse ser deduzida. 2.6. DA DEDUÇÃO DO PIS E DA COFINS SOBRE A BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSL Em observância ao artigo 41, § 1º, da Lei nº 8.981/95, entendeu não serem dedutíveis o PIS e a COFINS da base de cálculo do IRPJ e da CSL, posto estarem com sua exigibilidade suspensa, nos termos do artigo 151, III, do CTN. 2.7. QUEBBRA DE SIGILO BANCÁRIO Defendeu não ter razão a Contribuinte quanto à necessidade de Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF), para a quebra de sigilo bancário, já que a própria Contribuinte foi quem forneceu os extratos bancários. 2.8. DA PERÍCIA Considerando que as provas foram desqualificadas por falsidade ideológica, não caberia a realização de perícia técnica. 2.9. DAS PRESUNÇÕES Afirmou que “A presente autuação pautouse em presunção legal relativa. Em particular, no que disposto na Lei n° 9.430/96, art. 42. Ali é eleito, tãosomente, um único fato auxiliar que merece e demanda prova direta, é saber: não comprovação, mediante documentação hábil e idônea, da origem de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira. É só. A partir daí, o comando legal vincula como certo o fato probando, isto é, a omissão de receita. Evidente, porque se cuida de presunção legal relativa, tem o contribuinte, como meio de defesa, tudo fazer para desconstituir ou o fato auxiliar ou o fato probando. Não fez nem um, nem outro.” – 2.166. 2.10. O ALCANCE DA LEI Nº 10.174/01 E DA LC Nº 105/01 Acentuou que a “alteração introduzida na parte final do § 3° do art. 11 da Lei n° 9.311, de 1996, por força da Lei n° 10.174, de 2001, deve ter aplicação imediata, de modo Fl. 2484DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.383 20 que a Secretaria da Receita Federal está autorizada a utilizar as informações obtidas no âmbito da fiscalização da CPMF, já disponíveis ou obtidas após o advento da nova Lei, para, após o início da vigência da Lei n° 10.174, de 2001, instaurar procedimento administrativo com o objetivo de verificar a ocorrência do fato gerador de obrigação tributária relativa a tributo distinto da CPMF e de realizar o lançamento respectivo, ainda que se trate de obrigação cujo fato gerador tenha ocorrido antes da vigência da Lei n° 10.174, de 2001;” fl. 2.176. Isso porque, “não se trata, no caso, de aplicação retroativa da Lei n° 10.174, de 2001, mas da sua aplicação imediata, com espeque no princípio tempus regit actum, no art. 6° da Lei de Introdução ao Código Civil, e no § 1° do art. 144 do Código Tributário Nacional, pois não ocorre, no caso, ofensa potencial a ato jurídico perfeito, a direito adquirido ou a coisa julgada, devendose, apenas nesta última hipótese, realizar o exame caso a caso;” – fls. 2.176/2.177 Ademais, destacou que “a aplicação no tempo dos dispositivos da Lei Complementar n° 105, de 2001, ou não oferece conflitos de direito intertemporal, ou, se admitido o conflito, há de ser regulada mediante a regra da aplicação imediata, adotandose a mesma solução proposta para a Lei n° 10.174, de 2001, por se tratar de disciplina jurídica de aspectos processuais da atividade de lançamento.” – fl. 2177 2.11. TAXA SELIC Sobre legalidade ou mesmo a constitucionalidade da aplicação da taxa Selic, entendeu que esta matéria estava fora da competência do Juízo Administrativo. 2.12. ESTIMATIVAS NÃO INCLUÍDAS NO REFIS Destacou que “a autuação referente à exigência de estimativas não incluídas no REFIS não foi impugnada” – fl. 2.182. 3. DA SISTEMÁTICA DE TRIBUTAÇÃO DO IRPJ E DA CSL Utilizou a fundamentação do acórdão nº 10196.160, de 24/05/2007, da 1ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, proferido em processo conexo de empresa ligada à autuada (Logística Operações Promocionais e Eventos Ltda.). Aludido acórdão defendeu que o lançamento estava correto ao submeter as receitas omitidas à sistemática de tributação do lucro real, pois “a desclassificação da escrita, para fins de arbitramento do lucro pelo Imposto de Renda, somente pode ocorrer na impossibilidade de apuração da receita omitida ou do lucro real da empresa, ou que esta seja considerada imprestável em decorrência de elevado grau de irregularidades. No caso dos autos, o fisco apurou exatamente a matéria tributável, diante dos levantamentos por ele feitos, sem mencionar a existência de quaisquer vícios ou irregularidades, tendo lavrado o auto de infração de acordo com o que estabelecem as normais legais, sem a necessidade de desclassificar a escrita” – fl. 2.190. 4. DA EXCLUSÃO DOS VALORES JÁ OFERECIDOS À TRIBUTAÇÃO Afastou a alegação da Contribuinte de que deveriam ter sido excluídos os valores já oferecidos à tributação, posto que ela não demonstrou qualquer vinculação entre os depósitos bancários com os valores escriturados como “receita de intermediação de negócios” e oferecidos à tributação. Fl. 2485DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.384 21 5. DA DECADÊNCIA DA MULTA ISOLADA Entendeu que “Também não se acata a invocada decadência dos lançamentos de multa isolada, haja vista se tratar de lançamento de oficio que se submete às regras de contagem previstas no art. 173, I, do CTN, e tendo em conta a apuração de dolo na utilização de documentação inidônea para a comprovação da injustificada movimentação financeira nas contas correntes da contribuinte. Desta forma, mesmo em relação às multas isoladas aplicadas às estimativas não recolhidas nos meses de junho a novembro de 1999, o lançamento poderia ter sido efetuado no próprio anocalendário de 1999, e o primeiro dia do exercício seguinte seria 01/01/2000. Conseqüentemente, o termo final da contagem do prazo decadencial seria 31/12/2004, estando regularmente formalizado o lançamento cientificado ao contribuinte em 10/12/2004 (AR de fls. 1329)” – fl. 2.192. 6. DA CUMULAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO COM A ISOLADA Destacou que a aplicação da multa isolada e da multa de ofício não acarretaria a duplicidade de exigências sobre os mesmos fatos, posto que elas têm hipóteses de incidência distintas. 7. ERRO NA APURAÇÃO DA MULTA ISOLADA Também não haveria erro de apuração da base de cálculo da multa isolada, vez que “a contribuinte teria optado pela sistemática de determinação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL devidos, mensalmente, por estimativa, com base em Balanços ou Balancetes de Suspensão ou Redução, pelo que se configura incabível a incidência da regra de determinação das estimativas devidas com base na Receita Bruta.” – fl. 2.194. 8. CONSIDERAÇÃO DOS CUSTOS OU DESPESAS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL Entendeu que caberia à Contribuinte comprovar os custos ou despesas dedutíveis no lucro real – mesmo aqueles não escriturados. Além disso, salientou que os contratos de compra de títulos apresentados seriam inidôneos e, portanto, não seriam provas adequadas para justificar tal dedução. 9. DA RETROATIVIDADE BENIGNA Entendeu pela retroatividade da legislação tributária penal mais benéfica, reduzindo a multa isolada de 150% para 50%, conforme nova redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, dada pela Lei nº 11.488/07. Enfim, concluiu: “Por todo o exposto, JULGAR PROCEDENTE EM PARTE o lançamento de IRPJ, para reduzir ex vi lege a multa isolada por falta de recolhimento das estimativas para 50% (cinquenta por cento), e PROCEDENTES os lançamentos de CSLL, PIS e Cofins.” – fl. 2.195. Registrase, ainda, que o acórdão nº 0519.079 formalizou Recurso de Ofício (fl. 2.128), conforme determina o artigo 34, inciso I, do Decreto n° 70.235/72, com a redação Fl. 2486DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.385 22 dada pelo artigo 67 da Lei n° 9.532/97, cumulado com o artigo 2° da Portaria do Ministro da Fazenda n° 375/01. Em 17/10/2007, foi proposto o retorno do presente processo à DRJ/CPS/SECOJ, “Tendo em vista a divergência encontrada no valor exonerado na multa isolada do período de apuração de jan/2000, segundo quadro demonstrativo de fl. 2157, verso, e o constante no extrato Profisc de fl. 2165” – fl. 2206, o que foi cumprido em 26/10/2007 (fls. 2.207/2.216). A Contribuinte tomou ciência da decisão no dia 19/11/2007 (fl. 2.221) e, nesse caminho, protocolou Recurso Voluntário (fl. 2.187/2.270 e docs. fls. 2.271/2.357) em 19/12/2007 (fl. 2.186). Seus pedidos foram: “Ante o exposto, requerse seja conhecido e dado provimento ao presente Recurso, para que a decisão a quo seja parcialmente reformada com o consequente cancelamento dos autos de infração, por ser medida conforme o Direito.” – fl. 2.270. As razões apresentadas no Recurso Voluntário para fundamentar estes pedidos foram as seguintes: · DAS PRELIMINARES · DA FALTA DE MOTIVAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA “Resta claro, portanto, que a decisão ora recorrida padece de nulidade, porquanto a Turma Julgadora simplesmente transcreveu as razões de decidir de duas decisões absolutamente contraditórias sem posicionarse, contudo, sobre o tema (hipótese de lucro arbitrado em razão da imprestabilidade da contabilidade ou hipótese de omissão de receitas, apurada com base no lucro real, em razão da regularidade da contabilidade), o que seria indispensável para o exercício do direito da ampla defesa e do contraditório.” – fl. 2.204. · DA NULIDADE DOS LANÇAMENTOS EFETUADOS COM BASE NO SUPOSTO RECONHECIMENTO DE CONTABILIDADE IMPRESTÁVEL A falta de motivação trouxe sérias consequências para o julgamento. Se a turma julgadora entendeu pela imprestabilidade da contabilidade, então deveria ter arbitrado o lucro e, como consequência, o lançamento deveria ser cancelado, vez que não poderia ter sido inovado o critério jurídico adotado pela Fiscalização. Já, se entendeu pela regularidade da contabilidade, então deveria o lançamento ser cancelado, visto que a contabilidade seria prova suficiente da origem dos recursos. · DA ALEGADA FALSIDADE IDEOLÓGICA / DA VIOLAÇÃO DA PORTARIA Nº 197/03 “Mesmo que a Turma Julgadora tivesse reconhecido a nulidade das autuações fiscais originárias do presente processo administrativo em razão da insubsistência da escrita contábil e necessidade de arbitramento, seria necessária a instauração de processo administrativo prévio, com a devida homologação pelo Delegado da Receita Federal para reconhecer a falsidade ideológica dos contratos celebrados pela Recorrente” – fl. 2.206, conforme determina a Portaria MF nº 197/93. Fl. 2487DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.386 23 · DA DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO CONSTITUIR PARTE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DE PIS E DA COFINS Considerando que o STJ já decidiu, no REsp nº 616.348, Rel. Min. Teori Zavascki, pela inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91 e “Analisandose o presente caso, em que (i) os tributos exigidos – PIS e COFINS – estão sujeito ao lançamento por homologação; (ii) parte dos fatos jurídicos tributários (fatos geradores) ocorreu no período compreendido entre junho e novembro de 1999; e (iii) os autos de infração foram lavrados em dezembro de 2004; concluise que quando da lavratura dos autos de infração já havia transcorrido o prazo decadencial de cinco anos, nos termos do artigo 150, §4º do CTN, para o Fisco constituir os créditos tributários relativos aos fatos jurídicos ocorridos no período acima indicado.” – fl. 2.210. · ESCLARECIMENTOS INICIAIS Apresentou fluxograma da operação, afirmando que essa foi realizada com o objetivo de evitar a incidência do IO/Câmbio. · DO DIREITO · DA LEGITIMIDADE DOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA COMO MEIO HÁBIL PARA PROVAR A MOTIVAÇAO DAS RECEITAS E OS RESPECTIVOS LANÇAMENTOS CONTÁBEIS Rebateu cada um dos oitos indícios dos quais partiu a Fiscalização para considerar que os contratos seriam inválidos, quais sejam: 1. A falta de indicação dos nomes dos bancos intermediários, da numeração dos títulos, das datas de emissão, dos prazos e das condições de resgate não comprometeu a validade dos contratos, pois (i) o negócio jurídico é válido, desde que seja firmado por agentes capazes, tenha objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei; (ii) as operações existiram, já que houve trânsito financeiro e foram registradas na contabilidade da Contribuinte e na dos adquirentes. 2. A divergência entre os valores depositados e aqueles expressos no contrato se deveu à variação cambial; não houve divergência em junho de 1999; a divergência era irrelevante em face do montante do negócio; e eventual divergência não era causa de nulidade, porque não tinha como objetivo prejudicar quaisquer terceiros; 3. A existência de depósitos vinculados a CPF inválidos decorreu do fato de que as compras eram quitadas pelas empresas adquirentes com cheques de terceiros; que independentemente da origem, os depósitos foram feitos; que não poderia haver irregularidade com os CPF’s, haja vista que as transferências foram aceitas pela entidade financeira; que eventual irregularidade ensejaria apenas a responsabilidade civil de terceiros e, não, a invalidação dos contratos; e que o total relatado pela autoridade fiscal de cinquenta e uma ocorrências era irrelevante; 4. A existência de depósitos provenientes de CNPJ válidos, mas diversos das empresas que adquiriram os títulos decorreu do fato de que o pagamento das compras era feito pela cessão de créditos de terceiros, sendo válida a cessão de crédito, representado em cheque, mediante endosso; Fl. 2488DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.387 24 5. A impossibilidade de se determinar o objeto negociado nos contratos não comprometeu a validade das operações, pelas mesmas razões levantadas no ponto ‘a’ acima, pelo que se aplica a mesma resposta; 6. A inexistência de emissão dos títulos ‘Argentine Global Bond’ na data de 02/03/21998, por parte do Governo da Argentina, não se aplicaria ao presente caso, pois tais títulos foram vendidos e comprados por outra empresa, a Logística, e, não, a Contribuinte. De qualquer sorte, afirmou que os títulos foram vendidos pela Bombril S.A.; logo, se inexistirem, a responsabilidade seria desta empresa e, não, da Recorrente; 7. A existência de contratos de compra de títulos ‘BE Bonds’, mas a inexistência de sua venda, se tratou de erro da fiscalização, posto que não apenas comprou, como também vendeu tais títulos, conforme provas juntadas aos autos; e 8. A assinatura de alguns contratos com data retroativa decorreu de que, sempre que um cheque de terceiro era devolvido, a Recorrente refazia os contratos de compra e venda, fazendo constar a data do contrato primitivo, para considerar tais devoluções, já que, apesar de aceitar como forma de pagamento cheques de terceiros, não assumia o risco da existência dos cheques sem fundo; e não haveria que se falar em simulação, pois não houve ato contrário a lei, nem intenção de prejudicar terceiros. · IMPOSSIBILIDADE DE AUTUAÇÃO COM BASE NA OMISSÃO DE RECEITAS POR NÃO IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM Alegou que não houve omissão de receitas, o que se comprovou pelo seguinte: 1. A Declaração do Sr. Laodse Denis de Abreu Duarte, proprietário das empresas que adquiriram os títulos, atestou que os valores das operações foram todos contabilizados e registrados nos livros das empresas e que os valores foram pagos com cheques de terceiros; 2. Os ingressos auferidos pela venda dos títulos e os dispêndios incorridos para a compra dos mesmos foram contabilizados nos livros Razão e Diário; 3. O Sr. Auditor Fiscal tentou demonstrar que os atos praticados não foram motivados pelos contratos apresentados, o que demonstraria a ocorrência de simulação, mas não conseguiu, com esta tentativa, demonstrar a falta de origem dos recursos, pois a comprovação da origem não tem nada a ver com a validade dos contratos, já que, ainda que os contratos não fossem formalmente perfeitos, essa circunstância afetaria apenas a garantia negocial entre vendedor e comprador, mas em nada afetaria a manifestação de vontade neles expressa para fins tributários; 4. A Fiscalização deveria ter realizado uma diligência nas empresas indicadas como sendo as adquirentes dos títulos vendidos e verificado nas suas demonstrações contábeis se a operação realmente ocorreu. Ao não adotar tal procedimento, lançou com base em mera presunção, incorrendo em nulidade; 5. A Autoridade Lançadora errou na tipificação da infração, haja vista que a Contribuinte comprovou a origem dos depósitos, de modo que a autuação não poderia ter sido enquadrada no art. 42 da Lei nº 9.430/96; Fl. 2489DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.388 25 6. As autuações lavradas são típicas hipóteses de autuações com base em mera presunção da Fiscalização; e 7. A impossibilidade de tributação com base em presunção. A fiscalização não comprovou convincentemente a ocorrência do fato gerador, utilizandose apenas de supostos indícios que nada diriam respeito com a omissão de receitas. · NECESSIDADE DE TRIBUTAR O DONO DOS RECURSOS Como os recursos depositados na conta da Contribuinte não eram de sua propriedade, a tributação deveria incidir sobre as empresas que adquiriram os títulos, pois foram elas que primeiramente integraram os recursos provenientes destes cheques nos seus patrimônios, nos termos do §5º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. · DA INEXISTÊNCIA DE SIMULAÇÃO OU DE FALSIDADE IDEOLÓGICA A fiscalização partiu da premissa de que os contratos de compra e venda seriam, supostamente, simulados, para concluir pela omissão de receitas. No entanto, os contratos não seriam simulados, pois, “além de a operação pactuada não aparentar direito diverso daquele que foi realmente contratado, não conter declaração ou cláusula não verdadeira, ela também não foi realizada com o intuito de prejudicar terceiros, muito menos o Fisco” (fl. 2.243). Ademais, não se poderia falar em simulação, pois não houve infração à lei, já que “todos os fatos foram devidamente contabilizados, que a operação é absolutamente licita, existindo parecer de renomado escritório de advocacia assim dizendo e que o representante legal das empresas que adquiriram os títulos expressamente declarou para a Policia que os pagamentos com os cheques de terceiros foram por tais empresas efetivamente realizados” – fl. 2.244. Por fim, salientou que os contratos não destrinchavam ou descreviam os títulos negociados, na medida em que a Contribuinte não possuía conhecimento sobre a atividade de compra e venda de títulos, bem como em razão da confiança depositada nas empresas compradoras e vendedoras. · INEXISTÊNCIA DE FRAUDE, SONEGAÇÃO, OU CONLUIO, TENDENTES A RETARDAR OU IMPEDIR O SURGIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (AINDA QUE HOUVESSE SIMULAÇÃO) – IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DA MULTA AGRAVADA Argumentou a Recorrente que, ainda que houvesse a simulação ou o falso ideológico nas operações, isso não seria suficiente para a aplicação da multa de 150%. Isso porque, para isso, seria necessário demonstrar o intuito de dolo, conforme artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Por fim, destacou que o presente caso não se enquadrava em nenhuma das hipóteses de (a) fraude; (b) conluio; e (c) sonegação. · DA INEXISTÊNCIA DE MOTIVAÇÃO NA DECISÃO RECORRIDA PARA A MANUTENÇÃO DA MULTA ISOLADA / DA ‘FRAUDE CIVIL TRIBUTÁRIA’ OU ‘GENÉRICA’ Afirmou que a Fiscalização e DRJ não apontaram em qual dos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64 se enquadrava a conduta praticada pela Contribuinte, a justificar a aplicação da multa de 150%. Assim, pela falta de motivação, em desacordo com o art. 50, V, da Lei nº 9.784/99, deveria ser cancelada a multa. Fl. 2490DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.389 26 · VÍCIOS NOS CÁLCULOS DE APURAÇÃO DO IRPJ E DA CSL · i) VÍCIO NO CÁLCULO DE APURAÇÃO DA CSL (COMPENSAÇÃO DE 1/3 DA COFINS COM A CSL PAGA DE OFÍCIO) Salientou que era direito da pessoa jurídica compensar um terço da COFINS efetivamente paga com a CSL devida, conforme art. 8º, §1º, da Lei nº 9.718/98. Assim, a autoridade lançadora deveria ter subtraído do valor apurado como devido, além dos valores já recolhidos a título de CSL, o montante correspondente ao 1/3 da COFINS recolhida no período. Inclusive argumentou que, tendo a DRJ utilizado o acórdão proferido no processo nº 10882.002868/200451, para fundamentar a tributação pelo lucro real, deveria ter adotado também o seu entendimento no sentido de que deve ser excluído 1/3 da COFINS recolhida no período sobre a CSL apurada. · ii) VÍCIO NO CÁLCULO DE APURAÇÃO DO IRPJ E DA CSL (DEDUTIBILIDADE DOS VALORES DE PIS E COFINS LANÇADAS DE OFÍCIO) Argumentou que os valores de PIS e de COFINS seriam dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSL. Ademais, à época da lavratura dos autos de infração, os créditos não estavam suspensos, logo inadequada a aplicação do art. 41, §1º, da Lei nº 8.981/95. Novamente, asseverou que, tendo a DRJ utilizado o acórdão proferido no processo nº 10882.002868/200451, para fundamentar a tributação pelo lucro real, deveria ter adotado também o seu entendimento no sentido de que devem ser deduzidas as contribuições (PIS e COFINS) da base de cálculo do IPRJ e da CSL. · iii) VÍCIO NO CÁLCULO DO PIS E DA COFINS EXIGIDOS A Fiscalização não considerou, na apuração do PIS e da COFINS, os valores que já haviam sido recolhidos pela Recorrente. Assim, fez incidir tais tributos duas vezes sobre os mesmos valores. · DA IMPOSSIBILIDADE DA COBRANÇA DA MULTA ISOLADA EM RAZÃO DA FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ POR ESTIMATIVA · a) DA INAPLICABILIDADE DA MULTA ISOLADA EM RAZÃO DO ENCERRAMENTO DO ANOBASE QUANDO DA LAVRATURA DOS AUTOS DE INFRAÇÃO Incabível a exigência de multa isolada pela suposta falta de recolhimento do IRPJ por estimativa, posto que o lançamento ocorreu em 31/12/2004, ou seja, após o encerramento dos anos calendários de 1999, 2000 e 2001, sendo que, nesse caso, só era cabível a multa de ofício. Registrou, ademais, que este argumento, a despeito de ter sido alegado em sede de impugnação, não foi apreciado pela DRJ. · b) DA DUPLICIDADE DE COBRANÇA – IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DA MULTA ISOLADA COM A MULTA DE OFÍCIO Subsidiariamente, alegou ser indevido cumular a multa isolada com qualquer outra multa, calculada sobre a mesma base de cálculo, pois isto implicaria a duplicidade de sanções sobre o mesmo fato. · c) DA DECADÊNCIA QUANTO AO LANÇAMENTO DA MULTA ISOLADA Argumentou que o Fisco já havia decaído de seu direito de lançar a multa isolada referente aos meses de junho a novembro de 1999, conforme art. 150, §4º, do CTN. Ainda que se aplicasse o art. 173, I, do Fl. 2491DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.390 27 mesmo diploma, entendeu que teria se operado a decadência até o mês de outubro de 1999, pois o exercício seguinte, neste caso, seria o mês seguinte, já que os fatos geradores da multa isolada são mensais. · VÍCIO NO CÁLCULO DA MULTA ISOLADA · i) DA IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO BALANCETE DE SUSPENSÃO E/OU REDUÇÃO PARA O CÁLCULO DO IRPJ DEVIDO POR ESTIMATIVA Explicou que o cálculo dos valores por estimativa deveria ter sido feito com base em percentual de presunção incidente sobre as receitas consideradas omitidas e, não, com base no balancete de suspensão e/ou redução do tributo. Isso porque, além da Fiscalização não ter demonstrado, mediante a utilização de balanços ou balancetes mensais que o valor pago a título de IRPJ no ano, com base na receita bruta, era superior àquele devido com base no lucro real, o que ensejaria a hipótese de utilização da sistemática prevista no artigo 35 da Lei no 8.981/95, é nítido que seria impossível a aplicação do mencionado artigo 35, uma vez que o recolhimento com base na receita bruta, adotandose o critério apresentado pelo fiscal de não deduzir como despesas os valores pagos a terceiros pela Contribuinte para a aquisição de títulos, sempre seria inferior ao cálculo com base no balancete de suspensão e/ou redução. Ademais, deveria ter sido adotado o procedimento menos gravoso para o cálculo da penalidade (art. 112 do CTN). · ii) DA NECESSIDADE DE CONSIDERAR OS VALORES PAGOS PARA A AQUISIÇÃO DOS TÍTULOS VENDIDOS COMO DESPESAS Salientou que seria necessário deduzir os valores gastos na aquisição dos títulos como despesas. Assim, para o cálculo do IRPJ devido por estimativa, com base nos balanços de suspensão e/ou redução do tributo, deveria ter sido considerada apenas a diferença positiva entre os ingressos de recursos e as saídas no mês. · DA INAPLICABILIDADE DA TAXA SELIC COMO JUROS DE MORA: “Portanto, considerandose a natureza remuneratória da taxa SELIC, a inconstitucionalidade de sua aplicação, bem como sua ilegalidade, não há que se admitir a utilização da mesma, no presente caso, com a natureza de juros de mora.” – fl. 2.270. Observase, antes de findar o relatório, haver erro na numeração das páginas dos autos, já que há, por exemplo, superposição de folheamento das fls. 2.184 a 2.222. Explico: o acórdão da DRJ se estende até a fl. 2.196; as fls. 2.197 a 2.221 tratam do extrato do processo, da intimação e do AR; à fl. 2.222 está o termo de encerramento do volume nº 11. Acontece que o volume nº 12, ao invés de se iniciar à fl. 2.223, iniciase à fl. 2.184 com a capa, seguido do Termo de Abertura de Volume (fl. 2.185), de Despacho de Encaminhamento (fl. 2.186) e do Recurso Voluntário, que se inicia à fl. 2.187 e vai até a fl. 2.270. Também há superposição de folheamento da fl. 201, da fl. 401, das fls. 601/633, da fl. 801, da fl. 1.001 e da fl. 1.566. Por fim, estariam supostamente faltando as fls. 1.200, 1718 a 1720 e 1968 dos autos, o que, todavia, não se verifica in casu, já que se trata de mero erro de numeração, haja vista que, respectivamente, (i) a fl. 1199 se refere ao termo de encerramento do volume nº 06, a fl. 1201 se refere à capa e a fl. 1202 remete ao termo de abertura do volume nº 07; (ii) a fl. 1717 se refere ao termo de encerramento do volume nº 08, a fl. 1721 se refere à capa e a fl. Fl. 2492DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.391 28 1722 remete ao termo de abertura do volume nº 10; e (iii) a fl. 1967 se refere ao termo de encerramento do volume nº 10, a fl. 1969 se refere à capa e a fl. 1970 remete ao termo de abertura do volume nº 11. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto Relator. I. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os pressupostos e requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário, determinados pelo Decreto 70.235/1972 e pelo Regimento Interno do CARF, fazemse presentes, senão vejamos. Nos termos do 2º, incisos I, II, IV e VI, do Anexo II ao Regimento Interno do CARF, é da competência desta 1ª Seção julgar recursos de ofício e voluntário que versem sobre aplicação da legislação de Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro (CSL), de demais tributos quando provenientes de procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos e de penalidade decorrente da exigência de IRPJ, respectivamente. No que tange à legitimidade, a petição está assinada por advogados com poderes para a prática deste ato (fl. 2.270), conforme se comprova pela procuração outorgada pelo diretor da pessoa jurídica (fls. 2.276/2.277), o qual, por sua vez, recebeu poderes do estatuto da entidade (fls. 2.278/2.284). Quanto à tempestividade do recurso voluntário, a decisão proferida pela 2ª Turma da DRJ/CPS em 30/08/2007 (fl. 2.125) chegou ao conhecimento da Contribuinte em 19/11/2007, uma segundafeira (fl. 2.221), e o recurso foi interposto em 19/12/2007, uma quartafeira (fl. 2.186), ou seja, no último dia do prazo de trinta dias previsto no art. 33, do Decreto n° 70.235/70. Observase que a Contribuinte alega inconstitucionalidade da aplicação da Taxa Selic como taxa de juros. Entretanto, em conformidade com a Súmula CARF nº 02, esse tribunal não é competente para se pronunciar sobre a constitucionalidade de legislação tributária. Portanto, não conhecemos do recurso voluntário em relação a este argumento. No que toca ao Recurso de Ofício, em que pese a sua correção, à época do acórdão nº 0519.079, proferido em 30/08/2007, não deve ser conhecido. Essa conclusão decorre da recente alteração no art. 27 da Lei nº 10.522/2002, feita pela Lei nº 12.788/2013. Conforme a nova redação: Art. 27. Não cabe recurso de ofício das decisões prolatadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, em processos relativos a tributos administrados por esse órgão: (Redação dada pela Lei nº 12.788, de 2013) Fl. 2493DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.392 29 (...) V nos casos de redução de penalidade por retroatividade benigna; (Incluído pela Lei nº 12.788, de 2013); Assim, considerando tratarse de norma procedimental, deve ser aplicada aos processos ainda não julgados. Prejudicado restou o Recurso de Ofício. Nesse caminho, recebo apenas o recurso voluntário e este apenas parcialmente, não sendo considerados os questionamentos de inconstitucionalidade. II. DOS PONTOS CONTROVERTIDOS Ultrapassado o juízo de admissibilidade, os pontos controvertidos são: PRELIMINARES 1. Qual o marco inicial da contagem da decadência de PIS/COFINS – art. 150, §4º, ou art. 173, I, ambos do CTN? 2. O Fisco decaiu do direito de constituir a multa isolada? 3. Há nulidade no procedimento de fiscalização pela falta de diligência perante as empresas contratantes? 4. Há nulidade no lançamento por erro de tipificação? 5. Há nulidade no lançamento por falta de motivação da multa isolada? 6. Há nulidade do acórdão recorrido por omissão ou contradição? DO MÉRITO 1. Houve omissão de receitas? 2. É caso de arbitramento? 3. Sendo mantido o auto de infração, as bases de cálculo estão adequadas? 4. É possível compensar 1/3 da COFINS? 5. O PIS/COFINS lançado é dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSL? 6. Na apuração do PIS/COFINS devem ser considerados os valores já recolhidos? 7. Adequada a aplicação da multa qualificada? 8. 10.1. O Fisco decaiu do direito de constituir as contribuições ao PIS/COFINS? 9. Adequada a aplicação da multa isolada? 10. Correta a utilização da taxa Selic como juros? Fl. 2494DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.393 30 PRELIMINARES III. DECADÊNCIA – PIS/COFINS Em que pese o julgamento de decadência seja questão preliminar, no presente caso é necessário postergar tal análise até que seja definida a existência ou não de dolo. Somente após tal definição será possível identificar qual o marco inicial da contagem, se o art. 150, §4º ou o art. 173, I, ambos do CTN. i) DECADÊNCIA – MULTA ISOLADA PELO NÃO RECOLHIMENTO DE IRPJESTIMATIVA Considerando que o lançamento ocorreu sobres os anoscalendário de 1999 a 2001, porém o Auto de Infração foi lavrado apenas em dezembro/2004, a Contribuinte entende que houve decadência do lançamento de multa isolada pelo não recolhimento de IRPJ Estimativas referente aos meses anteriores a novembro/1999, inclusive. Alegao com base no art. 150, §4º do CTN. Ainda que se considere a contagem do prazo pelo art. 173, I do mesmo Diploma, argumenta, a decadência teria se operado, pelo menos até o mês de outubro de 1999. Equivocase a Contribuinte em ambos os argumentos. Primeiro, porque a contagem deve correr pelo art. 173, I, do CTN. Segundo, porque o exercício seguinte, a que se refere a norma, é o anocalendário seguinte, e não o próximo mês. Vejamos. Efetivamente, o art. 150, §4º, do CTN estabelece a regra geral da contagem do prazo decadencial da Fazenda Pública analisar o lançamento realizado pela Contribuinte. Acontece que, pela própria redação do caput e do parágrafo primeiro, compreendese que sua aplicação pressupõe o pagamento antecipado pela Contribuintelançadora. In casu, a Multa Isolada, nos termos do art. 44, II, ‘b’, da Lei nº 9.430/96, exige exatamente o oposto, i.e., que a Contribuinte tenha se abstido de realizar o pagamento. Destarte, aplicase o art. 173, I, que expressamente afirma: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Assim, independentemente da ocorrência ou não de dolo, fraude ou sonegação, o prazo aplicável é aquele do art. 173, I, quando, no lançamento por homologação, não há pagamento antecipado. Inclusive, o STJ já tem decisão fixada sobre a matéria, submetida ao regime do art. 543C do CPC. No RE nº 973.733/SC, de 12/08/2009, rel. Min. Luiz Fux, na qual se entendeu que: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTIUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INCIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, §4º, e 173, do CTN. IMPOSIBLIDADE. Fl. 2495DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.394 31 O CARF, inclusive, já tem decisões reconhecendo a obrigatoriedade de aplicação do entendimento do e.STJ por este órgão: “DECADÊNCIA – TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO – TERMO INICIAL. Conforme decisão do STJ em Acórdão submetido ao regime do art. 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008, em não havendo pagamento do tributo, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial iniciase no primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido iniciado, exvi do disposto no inciso I, art. 173, do CTN, consoante entendimento pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543C do Código de Processo Civil, nos autos do RE nº 973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62A do RICARF.” (acórdão CARF nº 1101001.209, de 21/10/2014) Por fim, apontase a existência de Súmula CARF nº 104, aprovada em 08/12/2014, ainda não publicada, que terá a seguinte redação: Lançamento de multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa de IRPJ ou de CSLL submetese ao prazo decadencial previsto no artigo 173, inciso I, do CTN. Notese que a aplicação do art. 150, §4º para as exigências a título de PIS/COFINS não impedem a aplicação do art. 173 para o IRPJ/CSL. Neste sentido, vasta jurisprudência do CARF, como o acórdão CSRF nº 9101001.624, de 17/04/2013, assim ementado: “AUTO DE INFRAÇÃO IRPJ/CSLL/PIS/COFINS. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. EXISTÊNCIA APURAÇÃO E/OU PAGAMENTOS ANTECIPADOS. Verificando que antes da lavratura do auto de infração o contribuinte efetuou apuração e pagamento do PIS/COFINS, relativos aos períodos autuados, cumpre reconhecer a decadência contada da ocorrência do fato gerador. Por sua vez, quanto ao IRPJ/CSLL, tendo havido apuração do Lucro Real, que foi compensado com prejuízo de períodos anteriores, a contagem também deve ser feita na forma do art. 173 do CTN.” Não restando dúvidas quanto à forma de contar o prazo, necessário esclarecer o marco inicial da contagem. Em que pese a lógica desenvolvida pela Contribuinte, equivocase na compreensão das normas. A Lei nº 9.430/96 estabelece que o Lucro Real pode ser apurado trimestral (art. 1º) ou anualmente (art. 2º). No caso do lucro real anual, a pessoa jurídica deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano (art. 2º, §3º), sendo esta a data do fato gerador do respectivo tributo. As exceções são nos casos de incorporação, fusão, cisão ou extinção da pessoa jurídica; nestas hipóteses, deve ser apurado o lucro real no momento do evento. Fl. 2496DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.395 32 Destarte, criouse um sistema de pagamento antecipado de estimativas. Em outras palavras, a Contribuinte deve estimar o valor do lucro real com base na sua receita bruta mensal, recolhendo antecipadamente aos cofres públicos os tributos sobre ela incidentes. A despeito dessa antecipação, no final de cada exercício (31 de dezembro), a empresa deve apurar o lucro real verdadeiro, recolhendo a diferença ou creditandose do que pagou a mais. Consequentemente, o simples fato de a estimativa ser mensal não significa que há um “exercício mensal”, nem uma “contribuição mensal” para o IRPJ e para a CSL. Pelo contrário, o exercício continua sendo anual, e o fato gerador em 31 de dezembro. A própria contribuinte reconhece esta data como o final do período de apuração, tanto que afirma: “São estes os chamados recolhimentos por estimativa. Contudo, mesmo nesta sistemática, ao final do anobase (31 de dezembro) o contribuinte deve elaborar sua declaração de ajuste, com a finalidade de verificar se o montante que foi pago ao longo do ano excede ou fica aquém do que realmente é devido. Assim, somente ao final do anobase é que o contribuinte verifica o quantum definitivo de IRPJ a pagar, confrontandose os valores devidos com os valores pagos por estimativa, pelo que, independentemente do sistema de apuração (base anual/bases correntes), o fato jurídico tributário do IRPJ permaneceu sendo ANUAL, pois somente em 31 de dezembro é que se tem a base de cálculo definitiva para a apuração dessas exações.” – fl. 2259. Pois bem, este tribunal já se pronunciou sobre a matéria diversas vezes, ad exemplum no acórdão 1301001.309, de 05/11/2013, assim ementado: “LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Tratandose de apuração do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro com base no lucro real anual, o fato gerador das referidas exações se aperfeiçoa em 31 de dezembro do respectivo ano.” Inclusive, esta mesma turma já tem acórdão publicado consolidando ambos os posicionamentos: de que o prazo é contado pelo art. 173, I, do CTN e que o exercício é anual e não mensal. Vejamos o acórdão CARF nº 1102001.044, de 13/03/2014: “DECADÊNCIA. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas é constituída mediante lançamento de ofício, e por isso obedece à regra de decadência do art. 173, inciso I, do CTN, que inicia a contagem do prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.” No corpo do voto, esclareceu: “O que existe é a decadência do direito de lançar o crédito tributário. No caso de multa isolada, sujeitas ao lançamento de ofício, o prazo decadencial é o do art. 173, inciso I, do CTN, que Fl. 2497DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.396 33 inicia a contagem do prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Para o ano de 2007, o prazo se iniciou em 1º/1/2008 e se encerrou em 31/12/2012.” O prazo decadencial para o lançamento de ofício, inclusive da multa isolada, referente ao ano de 1999 começou a correr em 1º/01/2000, finalizando em 31/12/2004. Não há que se falar, portanto, em decadência de cobrança das estimativas ou de suas multas referentes ao IRPJ nem à CSL no caso concreto. IV. DO PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO A Contribuinte alega que a autoridade fiscalizadora falhou ao não realizar diligências perante as demais empresas envolvidas nas operações de compra e venda dos títulos. Segundo explica, se tivesse realizado fiscalização das demais empresas, constataria que os recursos efetivamente vieram delas. Ainda que a fiscalização tenha se abstido de realizar atos ou diligências que estavam ao seu alcance, não se observa nulidade do procedimento. O art. 59, do Decreto nº 70.235/72, determina que só há nulidade quando há incompetência da autoridade ou preterição de defesa. In casu, o art. 42 da Lei nº 9.430/96 exige que a Contribuinte seja intimada para comprovar a origem dos recursos depositados, e ela efetivamente o foi. De qualquer sorte, o procedimento de fiscalização tem caráter eminentemente inquisitorial, conforme o CARF reiteradamente já vem decidindo. Ad exemplum¸ vide acórdão nº 1102001.003, da sessão de 05/12/2013, no qual esta mesma turma definiu que: “NULIDADE. LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. (...) Além disso, este CARF já firmou o entendimento de que o procedimento administrativo de fiscalização é orientado pelo princípio inquisitorial, não se exigindo o contraditório na fase investigatória, que passa a ser obrigatório após a impugnação, com a instauração da lide. Nesse sentido foi publicada a Súmula CARF nº 46: ‘O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário’.” Ora, quem pode o mais, pode o menos. Tendo satisfeito a exigência legal de intimar a contribuinte, não se pode exigir nenhuma outra conduta da autoridade fiscal quando esta entende dispor de elementos suficientes para o lançamento. V. DA TIPIFICAÇÃO DO LANÇAMENTO A Contribuinte alega que “os autos de infração lavrados padecem de vício de mérito, pois foram fundamentados em dispositivo legal não aplicável ao caso, sendo nulos de pleno direito” (fl. 2237). Isso porque, segundo entende, a comprovação de origem é a demonstração da fonte pagadora, o que defende ter feito ainda durante a fiscalização. Não tem razão a contribuinte. Fl. 2498DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.397 34 Novamente observando o art. 59 do Decreto nº 70.235/72, só há nulidade quando o ato é realizado por autoridade incompetente ou quando há preterição de defesa. Logo, também o erro de tipificação só pode gerar nulidade quando é impossível identificar a infração tipificada pela autoridade lançadora gerando, assim, cerceamento do direito de defesa da autuada. No caso, a conduta infracional foi claramente descrita no Termo de Verificação Fiscal, bem como se coaduna com o enquadramento legal apresentado nos Autos de Infração. Vejase o que afirma o TVF: “Diante dos elementos expostos concluímos que os contratos de compra e venda de títulos apresentados pelo contribuinte não são instrumentos hábeis para comprovar a origem dos valores depositados em suas [contas] bancárias. A falta de comprovação da origem dos depósitos bancários relacionados os Anexos 01 e 02 do Termo 2004.00116/04, caracterizam omissão de receita, nos termos do artigo 42 da Lei 9430/96” – fl. 1323. Em outras palavras, a conduta infracional realizada pela contribuinte foi a omissão de receitas; omissão esta identificada através da presunção legal autorizada pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96. Por sua vez, os autos de infração tipificam a mesma conduta (omissão de receita) na infração 001 dos autos de infração (fl. 1278/1279; 1290/1291; 1297/1298; e 1304/1305). Consequentemente, não se identifica esse vício, não gerando nulidade do lançamento. VI. DA FALTA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO EM RELAÇÃO À MULTA QUALIFICADA1 Em seu Recurso Voluntário, a Contribuinte explica que a qualificação exige a comprovação de evidente intuito de fraude, como definido nos arts. 71, 72, e 73 da Lei nº 4.502/64, através de provas inequívocas. Entretanto, conforme alega, “Esta demonstração da intenção dolosa (...) não foi efetiva pela Fiscalização” – fl. 2248. Devemos discordar da alegação levantada pela contribuinte: a autoridade autuante deixou claro que a qualificação da multa devese a tipificação de fraude pela utilização de contratos simulados. Vejamos: “Os fatos relatados no presente termo caracterizam a existência de simulação nos contratos relativos a compra e venda de títulos, nos termos definidos pelo Parágrafo 1º do artigo 167 da Lei 10.406/2002 (Código Civil) (...) 1 Na sua peça, o tópico 6 identifica como “multa isolada” (fl. 2252). Contudo, percebese claramente que trata da multa qualificada. Fl. 2499DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.398 35 Fica, portanto, evidenciada a tentativa de fraude, caracterizada pela apresentação de documentos contendo declarações e cláusulas falsas à fiscalização.” – fl. 1327. Resta clara a motivação da multa qualificada, bem como qual dos artigos restou tipificado. Não há, portanto, nulidade no lançamento. VII. DO ACÓRDÃO RECORRIDO A Contribuinte alega haver diversas omissões e contradições no acórdão recorrido. Desde já, deixamos consignado que, tanto num quanto no outro caso, caberia Embargos de Declaração. De qualquer sorte, só é possível declarar a nulidade da decisão, nos termos do art. 59 do Decreto 70.235/72, quando for proferida por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Nos demais casos, configurase a hipótese do art. 60 da mesma norma, segundo o qual não geram nulidade e devem ser sanadas para que não gerem prejuízo ao sujeito passivo. Estabelecidas estas premissas, cabe analisar os argumentos levantados. VII.1. DA FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO A Contribuinte alega, inicialmente, que a DRJ não fundamenta a manutenção dos créditos exigidos, limitandose a transcrever trechos de duas decisões: i) acórdão nº 8.878, que foi anulado pelo acórdão nº 10708891 da 7ª Cânara do 1º CC; e ii) acórdão nº 10196.160, da 1ª Câmara do 1º CC, decorrente do processo administrativo nº 10882.002869/200451, que tem como sujeito passivo outra empresa, qual seja, a LOGÍSTICA OPERAÇÕES PROMOCIONAIS E EVENTOS LTDA. Frisa a recorrente que quarenta, das quarenta e quatro páginas que compõem o acórdão combatido, são transcrições. Enfim, conclui que a decisão combatida não tem motivação e consequentemente cerceia o direito de defesa da Contribuinte. Cita como fundamentação legal para a exigência de motivação: o art. 93, X da CF/88; art. 31 do Decreto 70.235/72; art. 2º e 50 da Lei nº 9.784/99. Efetivamente, analisando o acórdão nº 0519.079, de 30/08/2007, percebese que este se constitui de setenta e duas laudas (fls. 2125/2196); destas, o voto ocupa quarenta e seis laudas (fls. 2151/2196). Apenas às fls. 2151, 2182, 2192/2196 há redação original, sendo todo o restante composto por transcrição dos acórdãos nº 8.878, proferido pela 1ª Turma da DRJ/CPS em 04/03/2005 (fls. 2151/2182) e nº 10196.160, proferido pela 1ª Câmara do 1º CC em 24/05/2007 (fls. 2182/2192). Entretanto, duas considerações devem ser feitas: primeiro, a DRJ explica por que se aproveita dos votos: “Nos termos do voto do Ilmo. Relator Conselheiro Luiz Martins Valero, a nulidade da decisão decorre da alteração, efetuada pelo órgão julgador, da sistemática de tributação adotada no lançamento, de lucro real anual para lucro arbitrado trimestral, ato exarado por autoridade incompetente e com genuína inovação do lançamento. Fl. 2500DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.399 36 Consequentemente, no que tange à parte do contraditório não afetada pela declaração de nulidade, que diz respeito à imputação de omissão de receitas, com base nos depósitos bancários, comprovados mediante documentação inidônea, cumpre adotar as razões de decidir já brilhantemente expostas pelo Ilmo. Relator do acórdão anulado” – fl. 2151. E, “No que tange à sistemática de tributação do IRPJ e da CSLL, deve se curvar esta Turma de Julgamento ao entendimento já prolatado pela 2ª instância de julgamento, em processo conexo de interesse de empresa ligada à autuada (Logística Operações Promocionais e Eventos Ltda.), decorrente de ação fiscal promovida simultaneamente com a presente, na qual foi apurada a prática do mesmo modus operandi e, consequentemente, da mesma infração (...). Adotamse, assim, as razões de decidir da 1ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, no Acórdão nº 10196.160 de 24/05/2007” – fl. 2182. Muito bem justificada a sua razão de aproveitálas. Primeiro, com relação ao acórdão anulado, este foi anulado tão somente em decorrência do dispositivo. A 7ª Câmara do 1º CC, entendeu que o acórdão era nulo pois “agravou” o lançamento quando converteu de ofício do lucro real para o arbitrado, fundamentando que “agravar a exigência original não significa somente alterar para mais o valor lançado originalmente” (fl. 2113). Explicou que, tendo entendido que o lançamento adotou “lucro real quando deveria ser providenciado o arbitramento do lucro, o conteúdo da decisão deve ser meramente declaratório a fim de propiciar ao servido dotado de competência para lançar e/ou agravar” – fl. 2113/2114. Não tendo o 1º CC se pronunciado sobre o restante do acórdão, concordando ou discordando da fundamentação, esta parcela não é, em si, nula; apenas é nula aquela parte que proferida ultrapassando a competência da autoridade. Ora, se a nova turma julgadora da DRJ concordava com as razões de decidir do primeiro acórdão, e estando impedida apenas de determinar o mesmo dispositivo (conversão de lucro real em arbitrado), não há necessidade de escrever novas palavras para dizer as mesmas coisas. Com relação ao acórdão nº 10196.160, nada mais natural a sua transcrição; o antigo Conselho de Contribuintes – atual CARF – cria jurisprudência quando decide. Portanto, é positiva a aceitação e utilização dessa jurisprudência pela primeira instância, gerando assim economia processual. Se observava identidade de situação fática entre os processos – mormente porque decorrentes da mesma fiscalização e observada a mesma infração – ideal que aplicasse a mesma solução que já tinha sido aceita em segunda instância. Segunda consideração é que, ao transcrever as palavras dos dois acórdãos, afirmando concordar com elas, fez suas as palavras postas no papel. Portanto, não há que se falar em nulidade por falta de motivação. Resta saber, entretanto, se a motivação apresentada é adequada ao caso concreto e isso é questão de mérito. Fl. 2501DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.400 37 VII.2. DA MOTIVAÇÃO EM RELAÇÃO À MULTA QUALIFICADA2 A Contribuinte alega que o acórdão recorrido também é omisso em relação à multa qualificada ao não apresentar justificativa para a sua aplicação, posto que não identificou em qual dos artigos (se o art. 71, 72 ou 73) da Lei nº 4.502/64 a conduta praticada se configuraria. Em que pese não tenha individualizado, o acórdão da DRJ se pronunciou sobre a questão, motivando a manutenção da multa qualificada com base na atuação da contribuinte, que entende fraudulenta. Assim, conclui que “não tem lugar a alegação de que a fiscalização deveria destacar, precisamente, ou o art. 71 (sonegação), ou o art. 72 (fraude civil tributária strictu sensu), ou ainda o art. 73 (conluio), todos da Lei nº 4.502/64” (fl. 2160). No mais, concordamos com a DRJ: a Contribuinte deve se defender das alegações; o enquadramento legal, em que pese seja importante, serve de complemento à acusação fática. Portanto, ainda que a decisão não tenha sido tão direta ou expressa quanto gostaria a Contribuinte, não há que se falar em omissão de fundamentação para a qualificação da multa no acórdão recorrido. VII.3. DA OMISSÃO EM RELAÇÃO À CONTABILIDADE A Contribuinte alega, em seu Recurso Voluntário que “em momento algum, a decisão ora recorrida, para manter a tributação pelo lucro real, demonstrou que a contabilidade da Recorrente não continha vícios, erros ou quaisquer deficiências” (fl. 2201). Equivocase a Contribuinte. A DRJ expressamente se manifesta sobre o tema, ao transcrever a seguinte passagem: “... a autoridade autuante não faz qualquer menção a respeito de vícios, erros ou deficiências porventura existentes na escrituração mercantil da contribuinte. (...) decorrendo daí, que a contabilidade da recorrente se encontrava em perfeito estado, isto é, confeccionada de acordo com as normas comerciais e fiscais que regem a matéria.” – fl. 2187. Ademais, em que pese tenha transcrito o trecho de outro acórdão, o mesmo pode ser dito deste processo: não há, no TVF, menção expressa a vício, defeitos ou erros da contabilidade em si, mas tão somente análise dos valores omitidos e das suas provas. Ressaltamos que a DRJ não é a contadora da empresa, não tendo que comprovar cada operação. Pelo contrário, deve apenas analisar as provas juntadas pelas partes – autoridade lançadora e Contribuinte – e alcançar uma decisão para os pontos controvertidos. No caso, chegou a uma conclusão plausível: se não há menção a vícios na contabilidade, não há porque desconfigurar o lançamento. Não há, portanto, preterição de defesa e nem nulidade da decisão por esse ponto. 2 Na sua peça, o tópico 6 identifica como “multa isolada” (fl. 2252). Contudo, percebese claramente que trata da multa qualificada. Fl. 2502DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.401 38 A análise da adequação da decisão não é questão preliminar e sim de mérito. VII.4. DOS FUNDAMENTOS CONTRADITÓRIOS A Contribuinte argumenta que, como consequência das transcrições de dois acórdãos diferentes – a DRJ chegou a conclusões contraditórias e excludentes: i) a conclusão de que os documentos são ideologicamente falsos, razão pela qual a contabilidade não pode fazer prova a favor da contribuinte – copiada do acórdão anulado nº 8.878 –, de um lado; e ii) a conclusão de que a escrituração estava em perfeito estado, sem menção a vícios, erros ou deficiências, razão pela qual o lançamento baseiase tão somente no art. 42 da Lei nº 9.430/96, omissão de receita – copiada do acórdão nº 10196160 –, de outro. Resume assim a questão: “não poderia a Turma Julgadora ter, a princípio, deixado de aceitar a contabilidade da Recorrente como origem/justificativa para os depósitos por considerála imprestável (valendose da decisão anulada – Ac. 8.878) e, ao mesmo tempo, mencionar que a tributação deveria ser com base no lucro real, uma vez que a contabilidade é hábil e idônea (valendose da análise contábil feita em outro caso para outro contribuinte, com outra escrita fiscal – Ac. 10196.160).” – fl. 2204. Assim, apontando a contrariedade dos argumentos e fundamentos, a Contribuinte afirma que: ou a DRJ deveria entender que a contabilidade é válida e, consequentemente, aceitar os contratos como meios de prova da origem; ou, entendendo que a contabilidade não era confiável, deveria ter arbitrado o lucro. Em que pese a argumentação levantada pela Contribuinte, ainda que haja contrariedade, in casu, não é suficiente para gerar nulidade do acórdão recorrido. Mais uma vez analisando o art. 59 do Decreto 70.235/72, há nulidade quando: i) atos e termos são lavrados por pessoas incompetentes; ii) os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Observando o art. 60 da mesma legislação, percebese que as “irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo.” Ora, as supostas incongruências apontadas pelo contribuinte não se coadunam com as hipóteses do art. 59: não há alegação de incompetência e, com relação à preterição do direito de defesa, não se configura posto que o acórdão analisou a impugnação apresentada, julgando todos os pedidos. Diferente é a hipótese em que a autoridade julgadora de primeiro grau tenha aplicado mal o direito; dáse, nesse caso, “incorreção ... diferente das referidas no artigo anterior”. Então, cabe à Contribuinte recorrer, apresentando Embargos de Declaração para sanar as contradições ou, como efetivamente fez, Recurso Voluntário, para que a decisão seja confirmada ou corrigida em segundo grau. Fl. 2503DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.402 39 Enfim, analisar se há ou não erro no acórdão não é questão preliminar e sim de mérito. Por essa razão, concluímos não haver nulidade quanto a este ponto. MÉRITO 1. DA OMISSÃO DE RECEITAS Superadas as questões preliminares, analisamos o cerne do processo: a imputação da infração da omissão de receitas em decorrência de depósitos realizados, em favor da contribuinte, perante instituições financeiras cuja origem não restou comprovada. Durante o procedimento de fiscalização, a autoridade lançadora verificou a ocorrência de depósitos não declarados e não justificados em contas mantidas pela Contribuinte em instituições financeiras, resumindo assim a questão: “A falta de comprovação da origem dos depósitos bancários relacionados nos Anexos 01 e 02 do Termo 2004.00116/04, caracterizam omissão de receita, nos termos do artigo 42 da Lei 9430/96” – fl. 1323. Registrase que o legislador criou, através da supracitada norma (art. 42 da Lei nº 9.430/96) uma presunção legal em favor do fisco. Esta norma afirma, expressamente que: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. (...) § 5 Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. Indubitável, pela redação da lei, que o ônus da prova recai sobre a Contribuinte. À fazenda pública cabe a identificação dos depósitos e a intimação da contribuinte para que comprove a sua origem, bem como que não são receitas, que já foram tributados ou que são recursos de terceiros. Fl. 2504DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.403 40 Durante a fiscalização, utilizandose da permissão legal de confrontar as informações disponíveis em decorrência da CPMF com os dados dos demais tributos, a autoridade fazendária intimou a contribuinte a apresentar suas movimentações bancárias. Esse procedimento foi questionado na impugnação e definido como legal pela DRJ. A própria Contribuinte não recorreu da decisão e, de qualquer sorte, este e. CARF já tem súmula firmada permitindoo (Súmula CARF nº 35)3. Ato contínuo, a Contribuinte foi intimada a comproválos, o que não conseguiu fazer, na opinião da autoridade fiscalizadora. Portanto, em tese, adequado o lançamento com base em presunção legalmente estabelecida Impugnada a infração, a DRJ, no voto, resumiu que “o contribuinte, até o momento, não comprovou a origem dos depósitos em contacorrente de sua titularidade” – fl. 2159. Mais, a despeito dos contratos, afirma que, “De tudo quanto exposto nos parágrafos anteriores, identificados com as letras de “a” até “h”, bem se vê que a documentação apresentada pelo contribuinte e tendente, assim ele esperava, a sustentar sua escrituração contábil, forte no art. 923 do RIR/99, não é serviente para tal desiderato, porque viciada, em tese (sempre o é), pelo falso ideológico. Certo, também, que a fiscalização deu curso ao encargo que lhe cabia, nos termos do art. 924 do RIR/99.” – fl. 2158. Insatisfeita com o acórdão, a Contribuinte apresenta Recurso Voluntário afirmando que: “não há que se falar em omissão de receitas, notadamente porque todos os ingressos nas contas bancárias da Recorrente foram devidamente contabilizados e estavam respaldados em documentação hábil, diferentemente do que se manifestou a DRJ. (...) E mais, a Recorrente demonstrou que a origem dos recursos advinha das empresas DUAGRO, SIPASA e KIDRON, que pagavam os títulos por elas adquiridos, mediante a entrega de cheques de terceiros.” – fl. 2225. Passa, em seguida, a argumentar em função das diversas provas juntadas e demonstrar que são suficientes para comprovar a origem dos recursos. O mérito em discussão, portanto, é a comprovação ou não, pela Contribuinte, da origem dos valores depositados em sua contacorrente, passando pela análise da origem desses recursos, bem como se se tratam ou não de receita e, ainda, se são ou não recursos de terceiros. 1.1. DA ORIGEM DOS RECURSOS 3 Súmula CARF nº 35: O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. Fl. 2505DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.404 41 A Contribuinte defende que não houve omissão de receitas. Para tanto, primeiro argumenta que todos os valores foram devidamente contabilizados, que nenhuma operação foi escondida do Fisco. Em seguida, alega que, na verdade, atuava como intermediária em operações de compra e venda de títulos estrangeiros. Assim, os valores depositados em suas contas bancárias não representavam efetivas entradas de dividas [“os recursos (...) não são de sua propriedade” – fl. 2242]; pelo contrário, eram dinheiro de terceiro, o qual deveria ser utilizado para adquirir tais títulos. Descreve a operação da seguinte forma: Outras empresas (DUAGRO, SIPASA e KIDRON) depositavam cheques em sua conta – cheques de terceiro, comenta (fl. 2225) – e com este valor ela, a Contribuinte, adquiria de uma terceira empresa os títulos, repassandoos em seguida para as empresas que haviam depositado os recursos. Destarte, defende que os contratos apresentados são provas hábeis dessa atuação como intermediária. Enfim, defende que “não auferiu qualquer espécie de renda passível de ser tributada pelo IRPJ e pela CSLL, como equivocadamente entendeu o Sr. Agente Fiscal.” – fl. 2212, nas operações realizadas. De qualquer sorte, apresentou documentação que, no seu entender, demonstra que os valores depositados não são efetivamente receita: contratos de compra e de venda de títulos (fls. 46/504); escrituração contábilfiscal (fls. 781/1.274); pareceres jurídicos (fls. 1569/1572 e 2002/2066); demonstrativo de registros contábeis e de origem (fls. 1577/1585). Pois bem. O art. 42 da Lei nº 9.430/96 cria uma presunção legal. Conforme esta, será considerada omissão de receita os depósitos realizados em instituições financeiras em favor do contribuinte cuja origem este, após ser devidamente intimado, não consiga comprovar. É necessário lembrar ainda o que afirma o §2º desta norma, já transcrita acima: não basta a Contribuinte comprovar a origem dos valores; é necessário demonstrar que tais recursos já foram tributados, quando receita. Por outro lado, conseguirá escusarse da tributação caso demonstre que, a despeito de não ter sido declarado, não constituem receita ou que são propriedades de outras pessoas. A Contribuinte optou pela segunda linha de defesa: tentou juntar provas de que se configurava como mera intermediária nas operações de compra e venda de títulos públicos de outros países e que, consequentemente, os valores depositados não foram receita, e sim disponibilização de recursos para que pudesse realizar a aquisição dos títulos. Acontece que a autoridade lançadora identificou vícios que impedem a aceitação dessa tese: primeiro, porque não provou a origem dos recursos (os contratos não seriam hábeis para tanto); segundo, diversos depósitos têm problemas quanto à identificação do depositante (seja porque realizados por pessoas diferentes daquelas constantes nos contratos, seja porque o CPF/CNPJ é inválido, ou ainda porque tal número de identificação, existente, não está atrelado ao nome declarado no depósito); terceiro, não provou que os valores creditados não constituíram receita (os contratos apresentados estariam eivados de vícios). Enfim, não restando comprovada a origem dos recursos e, mesmo que o fosse, a natureza diversa de receitas, correto o entendimento da autoridade fiscal. Para demonstrar isso, analisamos a seguir os contratos apresentados. Fl. 2506DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.405 42 1.2. DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS Ainda durante a fiscalização, quando intimada para comprovar a origem dos recursos depositados em suas contas bancárias (em 04/08/2004 – fl. 9), a contribuinte afirmou, em resposta de 21/09/2004, que atuava como intermediária em operações de compra e venda de títulos internacionais (fl. 12), apresentando fluxo de operações das empresas HardSell e Logística (fls. 13/45) e os contratos de compra e venda (fls. 46/504). Apresentou, também, documentação contábilfiscal (Livros Diário, Balanços Patrimoniais, DREs, DIPJs – fls. 781/1.274), bem como extratos e outras informações bancárias (fls. 508/644). De qualquer sorte, explicou na resposta de fl. 12 que os títulos eram comprados em sua quase totalidade da empresa Bombril e que os revendia para a empresa Duagro. A Contribuinte foi reintimada em 29/09/2004 (fls. 506/507), no qual o AFRB esclareceu: “O contribuinte deixou de atender aos itens ‘b)’, ‘g)’, ‘h)’, ‘i)’, ‘j)’, ‘k)’’ e ‘l)’ do Termo de Intimação 2004.00116/02, adiante transcritos, ficando novamente intimado a apresentar os elementos lá solicitados no prazo de 20 dias a partir da ciência do presente termo. b) Documentação comprobatória da origem dos valores depositados nas contas bancárias (créditos), nos períodos de 01/1999 a 12/2001. Observar que devem ser apresentados os documentos relativos a todos os depósitos constantes dos extratos bancários, coincidentes em datas e valores, tais como cópias de cheques, cópias de DOC, notas fiscais de serviços, contratos e demais documentos que se prestem a comprovar a motivação e origem individualizada dos depósitos. g) Apresentar demonstrativos detalhando a formação e o cálculo da totalidade dos valores dos lançamentos contábeis (...). Ao demonstrativo devem ser anexados os documentos contábeis e fiscais relativos aos serviços de intermediação, tais como notas fiscais, recibos etc., de modo a comprovar que o serviço foi efetivamente prestado, calculado e pago. (...) j) Analisando os extratos bancários disponíveis, verificamos que os depósitos efetuados nas contas bancárias da empresa não coincidem em datas e valores com as operações indicadas nos contratos de compra e venda dos títulos apresentados. Portanto, o contribuinte deverá apresentar documentos e demonstrativos detalhando a exata correspondência entre os valores constantes dos contratos de compra e venda de títulos, com os débitos e créditos lançados nos extratos bancários dos períodos de 1999 a 2001.” – fl. 506/507 (grifos no original). Por sua vez, a Contribuinte treplicou, em 22/10/2004 (fl. 645), afirmando que: “Com relação ao item B do Termo: Fl. 2507DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.406 43 A documentação comprobatória da origem dos valores depósitados (sic) nas contas bancárias são os contratos de compra e venda de títulos, os quais já se encontram em poder de VSas. A Compradora dos títulos, no caso a empresa denominada DuAgro realizava tais depósitos em pagamento dos contratos. Informamos que já apresentamos todos os extratos bancários. (...) Com relação do item J do Termo: Com relação a esse item já foi apresentado o fluxo completo das operações.” – fl. 645. Em outras palavras, os documentos que entende suficientes para comprovar a origem dos depósitos são, em essência, os contratos de fls. 45/504, o que se confirma tanto em sua impugnação e no recurso voluntário. Naquela, afirma que “os documentos comprobatórios foram apresentados à fiscalização” (fl. 1363) e invoca ainda o Termo de Declaração perante Distrito Policial do Sr. Laodse Denis de Abreu – fl. 1.573/1.576. Nesta (recurso voluntário), tenta demonstrar a validade dos contratos como prova das operações. 1.2.1. DA PROVA DA ORIGEM: Os contratos são suficientes para comprovar a origem? Não isoladamente. No máximo, dissociados de quaisquer outras provas, demonstrariam motivação. Inclusive, a própria contribuinte reconhece isso na impugnação quando afirma que: “É importante que se diga que a comprovação da origem não tem nada a ver com a validade dos contratos. Com efeito, quando muito, a validade dos contratos seria interessante para comprovar o motivo da operação, mas não a sua origem.” – fl. 1364. A origem, como bem esclareceu a autoridade fiscalizadora, poderia ser comprovada pela apresentação dos cheques, DOCs, segunda via dos comprovantes de transferência etc. No caso, a própria autoridade autuante, no TVF, afirma (fl. 1322) que analisou por amostragem os extratos bancários e que identificou diversos CPFs e CNPJs, destrinchados no Anexo 03 do Termo 2004.00116/04 (fls. 751/755), o que não se coaduna com a afirmação da própria contribuinte de que vendia apenas para três empresas. A Contribuinte não contesta essa informação, meramente buscando explicála, afirma que: “os adquirentes dos títulos, na grande maioria das vezes, quitava a obrigação mediante a transferência de cheques de terceiros, cedendo o direito aos créditos à Recorrente.” – fl. 2218 Por outro lado, busca diminuir a importância desse fato, alegando que a fiscalização identificou apenas 51 ocorrências em todo o período, e que isso não seria suficiente para tornar inverídicos os contratos. Fl. 2508DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.407 44 É verdade: estas ocorrências não comprovam que os contratos são inverídicos. Também é verdade que são poucos, no universo sob análise. Mas, são provas maiores do que aquelas trazidas pela Contribuinte. Ressaltamos que a maior parte dos depósitos, nos extratos apresentados, não tem indicação de quem é o responsável pelo cheque ou DOC. E, dos que têm, esta relatoria investigou diversos por amostragem e não viu nenhuma referência às empresas indicadas pela Contribuinte mas sim a diversas outras empresas. Enfim, o fato de os cheques e DOCs que tem indicação de origem serem provenientes de outras pessoas físicas/jurídicas, que não aquelas indicadas pela Contribuinte, pode não ser prova cabal da origem dos valores, mas certamente que não fazem prova em favor da recorrente. Se houvesse indicação expressa nos contratos de venda apresentados que o pagamento seria realizado através de créditos perante terceiros, ou apresentação de recibos indicando tal fato, seria este um indício a favor da contribuinte. Contudo, não há. Em verdade, os contratos não fazem nenhuma referência à forma como serão pagos os títulos. Com relação ao restante dos depósitos, tampouco há prova de que vieram das empresas DUAGRO, SIPASA ou KIDRON (que constam como compradoras nos contratos). Não há nenhum recibo, nota fiscal, cheque ou DOC vinculando qualquer dos depósitos a estas empresas. O único indício que consegue juntar é a declaração do Sr. Laodse Denis de Abreu Duarte (fls. 1573/1576). Segundo alega, o representando legal das supracitadas empresas afirma que “os comprou [os títulos] e por eles pagou com cheques de terceiros” (fl. 2228). Primeiro, ressalvamos, como já fez o julgador de primeiro grau, o quanto estabelecem o art. 227 do Código Civil de 2002 e os arts. 401 e 402 do CPC. Estas normas limitam a prova de negócio jurídico com base exclusivamente em provas testemunhais a aos casos em que o valor envolvido não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no país. Logo, essa prova, exclusivamente, não é suficiente. Feita a ressalva, revisamos a declaração juntada, na qual lemos que: “Que não há uma movimentação financeira saindo da conta da Empresa Duagro e ‘entrando’ na conta da Empresa Hardsell; Que o que ocorre é que apenas um último comprador do final da operação que paga todas as operações antecedentes, sendo desta forma que o que coube à Empresa Duagro é apenas uma pequena diferença entre o preço pago para a Hardsell e para a empresa que vende; (...) que o valor que foi depositado de R$ 1.046.424,54 poderia estar contido neste montante pago a Hardsell, mas não que foram pagos diretamente pela Empresa Duagro e sim por Ordem de alguma Corretora internacional” – fls. 1574/1575. Na prática, o Sr. Laodse jamais afirmou que pagou à ora Recorrente com cheques de terceiros. Pelo contrário, explica que os valores foram pagos por ordem de uma corretora internacional, não identificada na declaração. Logo, tanto podem os depósitos identificados ser estes aos quais o responsável pelas empresas se refere, como podem ser outros. Fl. 2509DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.408 45 Portanto, como tipificou a autoridade lançadora no TVF, a Contribuinte não comprovou a origem dos depósitos em seu benefício. Destarte, por isso apenas, adequada a configuração da presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96, e devida a tributação dos valores depositados como omissão de receita (art. 24 da Lei nº 9.249/95). 1.2.2. DAS ALEGAÇÕES DA CONTRIBUINTE A Contribuinte alega, a partir da fl. 2225, ser inadequada a autuação por omissão de receita com base na falta de identificação da origem Ressaltamos que a autoridade autuante entendeu que os contratos não têm o condão de comprovar a origem dos depósitos. A alegação de que os instrumentos são simulados não serve de fundamentação para a omissão mas, tão somente, para a qualificação da multa. Portanto, a título de hipótese, tomamos os contratos como verdadeiros a fim de verificar que as alegações da contribuinte são válidas. a) Primeiro, equivocase a Contribuinte quando argumenta que a autoridade fiscalizadora não comprovou que os depósitos não foram motivados pelos contratos. Este labor probatório não era da fiscalização e sim dela mesma, nos termos já assentados do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Portanto, independentemente da validade ou não dos contratos, não restou comprovado o vínculo entre estes e os depósitos, como assentado acima. b) A despeito de a contribuinte não ter provado que os depósitos foram realizados pelas empresas indicadas nos contratos (DUAGRO, SIPASA e KIDRON) e em decorrência deste, continuamos a análise dos argumentos levantados no Recurso Voluntário, demonstrando porque não servem para afastar a presunção de omissão de receitas. Alega a Contribuinte, em suma, que realizava intermediação em operações de compra e venda de títulos, comprando de uma empresa e revendendoos para outras empresas. Alega, ainda, que todos os valores foram devidamente contabilizados. Acontece que a autoridade fiscal, revisando a escrituração contábil, identificou que: “Além disso, os depósitos bancários relacionados nos Anexos 01 e 02 não foram contabilizados nos livros Diário e Razão. Através dos itens ‘d)’ e ‘e)’ do Termo 2004.00116/02, o contribuinte foi intimado a apresentar eventuais livros auxiliares do diário, nos quais pudesse estar lançada a movimentação bancária, todavia, nada apresentou.” – fl. 647. Ressaltamos que o lançamento de ofício decorre da omissão de receitas, fundamentado na falta de comprovação de depósitos e não na falta de contabilização de operações; ainda assim, é importante frisar a falha da contribuinte para afastarlhe o argumento de que sua contabilidade espelhava todas as operações. c) Voltando ao argumento da contribuinte, de que realizava operação de intermediação, a primeira observação é que Empresa Hardsell aparece nos contratos como compradora e vendedora dos títulos. Não há nenhuma referência nos documentos a uma suposta intermediação ou contratação em nome de terceiros. Portanto, tomando os termos do instrumento como verdadeiros – como deseja a contribuinte –, é necessário concluir que não há intermediação e, sim, operação de comercialização de títulos. Concluirseia, nessa situação Fl. 2510DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.409 46 hipotética, que a receita da empresa não era apenas a “comissão” (diferença entre os valores de compra e de venda), mas sim todo o valor recebido a título de pagamento pela venda dos títulos. Dando continuidade a essa hipótese, a Contribuinte levanta a questão de que, então, seria necessário deduzir os custos de aquisição daqueles títulos. Acontece que, da mesma forma como lhe cabia comprovar a origem dos recursos e não o fez, também era ônus dela comprovar os custos – demonstrando o nexo indubitável entre o dispêndio e a sua necessidade para que a receita fosse auferida. Tampouco há, nos autos, comprovação de que os títulos vendidos são os mesmos comprados haja vista que, como ressaltou a autoridade lançadora, não há identificação dos títulos, seja por sua numeração seja por demonstrar a instituição financeira custodiante. Pior: também não há prova de que os valores pagos pela Contribuinte foram em benefício da empresa BOMBRIL, que aparece como vendedora nos contratos apresentados. Não há recibos, notas fiscais, comprovantes de depósito em contas beneficiando aquela empresa, nada. Portanto, não seria possível deduzir os valores pagos como custos. Portanto, não apenas não há prova nem indício de que seria hipótese de receita de venda dos títulos como, ainda que houvesse, não seria menor a tributação da Contribuinte. i) Com relação à argumentação de que não houve a diligência necessária para o lançamento, já restou suficientemente exposto que tal labor probatório era ônus da Contribuinte e não da autoridade fiscal, razão pela qual não nos alongamos agora. ii) A alegação de erro na tipificação já foi analisada anteriormente, em preliminar. No mérito, já restou suficientemente demonstrado que a Contribuinte não comprovou a origem dos depósitos feitos em suas contas bancárias, razão pela qual adequado o lançamento com base nos arts. 42 da Lei nº 9.430/96 e 24 da Lei nº 9.249/95, indicados no TVF e no Auto de Infração, respectivamente. iii) Alega novamente a noção de presunção, já tratado acima. iv) Mais uma vez trata da presunção. 1.3. DA INTERPOSTA PESSOA A Contribuinte apresenta ainda outro argumento para afastar o auto de infração: de que seria o caso do §5º do art. 42, da Lei nº 9.430/96. Conforme esta norma, quando restar comprovado que os valores depositados pertencem a terceira pessoa, que não o titular da conta, então deve ser cobrado dele a tributação. Destarte, a recorrente compreendeu bem a norma. Entretanto, não é possível dar provimento a seu pedido posto que não há provas nos autos de que os recursos depositados pertencem a terceiros. Muito menos aos adquirentes dos títulos, como argumenta, posto que já deixamos claro que os contratos não são suficientes para demonstrar a origem dos valores depositados. Não sendo aceitos os contratos apresentados, não há provas nos autos que corroborem a tese da contribuinte. Portanto, necessário aplicar a súmula CARF nº 32: Fl. 2511DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.410 47 “A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros.” Ora, se não há provas, nem mesmo indícios, que os valores depositados pertencem a terceiros ou que terceiros utilizavam as contas da contribuinte, não há porque aplicar o §5º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Em suma, o art. 42 da Lei nº 9.430/96 cria uma inversão do ônus probatório em favor do fisco, transferindo para a Contribuinte o encargo de comprovar a origem dos depósitos realizados em suas contas bancárias. Para que seja válida a presunção legal, a autoridade fiscalizadora deve identificar depósitos ou creditamentos feitos em favor da Contribuinte, bem como intimála, garantindolhe oportunidade para que indique a origem dos recursos. No caso ora analisado, perfeitamente aplicável a norma da presunção legal, posto que o Sr. AFRF assim procedeu. Por sua vez, a Contribuinte deveria provar a origem dos recursos, demonstrando que não eram receita sua ou que já haviam sido tributados. A despeito de ter apresentado documentação, a Recorrente não logrou desincumbirse de seu ônus probatório; ainda que se desconsidere os indícios de fraude apontados pela autoridade lançadora, os contratos juntados não são hábeis para comprovar que os recursos eram de terceiros ou que não deveriam ser adicionados à receita da Contribuinte, porque: a Contribuinte aparece como compradora/vendedora – logo não prova seu posto de intermediária; não há identificação do objeto transacionado – logo impossível associar os instrumentos aos lançamentos contábeis e às operações supostamente realizadas; e não esclarecem a origem dos depósitos – recursos creditados por pessoas diversas daquelas constantes nos instrumentos e com valores não coincidentes. Ressaltamos que os demais argumentos – referentes à comercialização de títulos inexistentes (Argentine Global Bonds), à existência de CPF inválido e CNPJ de pessoas jurídicas diferentes daquelas declaradas, que os contratos de venda e os de compra indicam títulos diversos entre si e que os instrumentos são pósdatados – não versam diretamente sobre a habilidade dos documentos como provas dos depósitos e, sim, sobre a idoneidade dos contratos, i.e., sobre a acusação de fraude. Portanto, adequado o lançamento feito com base no art. 42 da Lei nº 9.430/96. 2. DO ARBITRAMENTO Diante do estrondoso valor lançado, a Contribuinte defende, subsidiariamente, que a apuração pelo lucro real é inadequada; entende que o lançamento deveria ter sido realizado pelo lucro arbitrado. Sua argumentação, em síntese, foi que: “De fato, se partir da premissa de que a Turma Julgadora concluiu que a contabilidade da Recorrente era imprestável em razão da inidoneidade dos documentos que suportaram a escrituração fiscal, já que não os aceitou para justificar a origem dos depósitos, tal como reconheceu a 1ª Turma da DRJ/Campinas na decisão anulada, o lucro deveria ter sido arbitrado. Fl. 2512DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.411 48 (...) Por outro lado, se partir da premissa que a contabilidade é válida, de forma a fundamentar a tributação pelo lucro real, deveria a Turma Julgadora ter considerado a escrita contábil como justificativa válida para a origem dos depósitos efetuados em conta da Recorrente.” – fl. 2205. A DRJ, inicialmente, concordou com este argumento, tanto assim que converteu de ofício o lançamento. Tal acórdão (nº 8.878, de 04/03/2005) foi anulado pela 7ª Câmara do 1º CC, tão somente porque a DRJ extrapolou sua competência. O novo acórdão da DRJ, ora recorrido, apresentou conclusão diferente, fundamentando a manutenção do Lucro Real sob o argumento de que não há menção, no TVF, a vícios, deficiências ou erros que sejam capazes de macular a escrituração. Também, que o arbitramento do lucro é medida excepcional que só deve ser utilizada quando for impossível a apuração do lucro real. Enfim, devemos discordar do acórdão nº 0519.079, de 30/08/2007: observa se claramente hipótese de arbitramento do lucro. As razões são diversas. Primeiro, a autoridade lançadora identifica diversos depósitos realizados nas contas da contribuinte, os quais não consegue identificar na contabilidade apresentada. É o que se deduz do Termo de Intimação nº 2004.00116/04, de 22/10/2004 (fls. 646/650), no qual afirma que “os depósitos bancários relacionados nos Anexos 01 e 02 não foram contabilizados nos livros Diário e Razão” (fl. 647). Considerando que estes anexos apresentam mais de uma centena de operações, totalizando milhões de reais, impossível aceitar que a contabilidade estivesse adequada, quando não os registra. Segundo, ainda que todos os valores depositados nas contas estivessem contabilizados, este lançamento foi realizado exatamente porque a Contribuinte não os conseguiu comprovar. Ora, a legislação contábilfiscal é clara: a contabilidade só é confiável quando embasada em documentação hábil e idônea. Lançamentos desacompanhados dessa comprovação devem ser tidos como inapropriados. Terceiro, a desproporção entre a receita omitida e a declarada é prova, por si só, que não é possível confiar na contabilidade da recorrente. Ora, aceitar que a empresa possa omitir mais de 99% de sua receita e ainda assim declarar válida a contabilidade é inaceitável. Quarto, como suficientemente descrito pela autoridade autuante, e admitido pela própria recorrente, observase que a documentação apresentada pela Contribuinte com o fito de comprovar a origem da receita é simulada, ao menos por ter sido pósdatada (nos termos do art. 167, §1º, III do CC/02). Por fim, ainda que seja dever da contribuinte comprovar a ocorrência de custos e despesas, é impensável que a contribuinte possa auferir tamanhas receitas tendo como custo apenas os valores declarados em seu próprio lançamento. Consequentemente, manter o lançamento como realizado importa em aceitar que os tributos incidam sobre o patrimônio da contribuinte, o que também é inaceitável. Ao meu ver, o caso em análise configurase na hipótese estabelecida pelo art. 530, II, ‘b’ do RIR/99, o qual transcrevemos abaixo: Fl. 2513DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME Processo nº 10882.002869/200404 Acórdão n.º 1102001.322 S1C1T2 Fl. 2.412 49 Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): (...) II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária;ou b) determinar o lucro real; Em outros termos: o fato de que a documentação apresentada (contratos) tem sérios indícios de fraude e que a contabilidade é deficiente (por não demonstrar todas as operações realizadas e nem ter documentação comprobatória) configuram o inciso II, bem como tornam a escrituração imprestável para determinar o lucro real. Como reforço, notase que o lucro real complementar lançado foi de R$367.671.761,28, apenas em 1999. Já, se fosse apurado pelo lucro arbitrado, estaríamos diante de um lucro total de R$ 141.501.714,66 Tendo em vista que era caso de lançamento conforme o lucro arbitrado, devem os autos ser cancelados, posto que houve erro material. 3. CONCLUSÃO Diante de tudo quanto exposto, voto no sentido de, não conhecer do Recurso de Ofício, afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário quanto ao erro na forma de apuração do IRPJ e da CSL, posto ser inadequada a tributação pelo lucro real diante do volume de receita omitida, determinando que sejam cancelados os referidos autos de infração. Ressalto que esse vício não atinge o PIS e a COFINS, posto que incidem sobre a receita, e não sobre o lucro, seja real ou seja arbitrado, mantendose a multa qualificada. É como voto. (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Fl. 2514DF CARF MF Impresso em 07/07/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2015 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 06/07/2015 por JOAO OTAVIO O PPERMANN THOME
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