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Numero do processo: 15586.720072/2016-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2011 a 31/08/2014
PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO QUE CONSTITUA O FATO GERADOR. COMPROVAÇÃO
Há necessidade de comprovação do interesse jurídico comum na situação que constitua o fato gerador para que se aplique as disposições constantes do artigo 124, I, do CTN. Tal comprovação se consubstancia na demonstração, pelo Fisco, de que o solidário praticou atos que se subsumiram ao critério material da regra matriz de incidência do tributo que se analisa.
DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. PRÓ-LABORE.
As importâncias pagas aos sócios registradas como distribuição de lucros mas que configurem retribuição do trabalho prestado devem ser consideradas pagamentos a título de pró-labore, incidindo sobre elas a contribuição previdenciária social.
MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE.
A aplicação da multa de ofício decorre do cumprimento da norma legal.
Apurada a infração, é devido o lançamento da multa de ofício.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2201-004.489
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Dr. José Alfredo Duarte Filho, que deu provimento. Quanto à imputação de responsabilidade solidária, restaram vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso (Relator), José Alfredo Duarte Filho e Douglas Kakazu Kushiyama, que afastavam à responsabilidade do recorrente. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO QUE CONSTITUA O FATO GERADOR. COMPROVAÇÃO Há necessidade de comprovação do interesse jurídico comum na situação que constitua o fato gerador para que se aplique as disposições constantes do artigo 124, I, do CTN. Tal comprovação se consubstancia na demonstração, pelo Fisco, de que o solidário praticou atos que se subsumiram ao critério material da regra matriz de incidência do tributo que se analisa. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. PRÓLABORE. As importâncias pagas aos sócios registradas como distribuição de lucros mas que configurem retribuição do trabalho prestado devem ser consideradas pagamentos a título de prólabore, incidindo sobre elas a contribuição previdenciária social. MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. A aplicação da multa de ofício decorre do cumprimento da norma legal. Apurada a infração, é devido o lançamento da multa de ofício. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencido o Dr. José Alfredo Duarte Filho, que deu provimento. Quanto à imputação de responsabilidade solidária, restaram vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso (Relator), José Alfredo Duarte Filho e Douglas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 00 72 /2 01 6- 86 Fl. 836DF CARF MF Processo nº 15586.720072/201686 Acórdão n.º 2201004.489 S2C2T1 Fl. 3 2 Kakazu Kushiyama, que afastavam à responsabilidade do recorrente. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente), Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na Sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018, proferido no âmbito do processo n° 15586.720081/201677, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à impugnação formalizada pelo sujeito passivo solidário mantendo integralmente os termos do lançamento fiscal em que se exige crédito tributário, referente à contribuição da empresa prevista no artigo 22, inciso III, da Lei nº 8.212/1991, incidente sobre a remuneração paga sob a forma de lucros distribuídos no período de 03/2011 a 08/2014, além de multa de ofício de 75%, nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/1991. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário da empresa Clinic Center S/S LTDA, CNPJ 10.826.184/000105, administrada por Valdecir Arrivabeni, CPF 493.191.83791, até a sua extinção, em 02/02/2015. Em 30/06/2015, data posterior à baixa da empresa, formalizouse procedimento fiscal através do qual se constatou que os pagamentos efetuados sob a forma de distribuição de lucros ao sócioadministrador e aos demais sócios configuravam, na realidade, remunerações vinculadas à prestação de serviços, mais especificamente, aos plantões trabalhados pelos sócios, todos médicos. Ainda segundo o relatório, no caso de lançamentos futuros efetuados após a extinção da personalidade jurídica da empresa, a responsabilidade deve ser atribuída aos administradores dos períodos dos respectivos fatos geradores (arts. 4º, 5º e 9º da Lei Complementar nº 123/2006), bem como àqueles com interesse comum nas situações que constituíram o fato gerador da obrigação principal (art. 124, inc. I da Lei nº 5.172/1966). A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo solidário, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual mantevese a responsabilidade do sujeito passivo solidário com base no interesse comum na situação Fl. 837DF CARF MF Processo nº 15586.720072/201686 Acórdão n.º 2201004.489 S2C2T1 Fl. 4 3 que constituiu o fato gerador, conforme previsto no caput, § 4º e §5º da Lei Complementar nº 123/2006 e no inc. I do art. 124 do Código Tributário Nacional (lei nº 5.172/1966). Considerando esses fatos, foi apresentado recurso voluntário para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para este Conselheiro. É o que havia para ser relatado.” É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo n° 15586.720081/201677, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, nos termos regimentais, o inteiro teor dos votos vencido e vencedor proferidos, respectivamente, pelos Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Henrique de Oliveira, dignos Relator e Redator designado da decisão paradigma suso citada, reprisese, Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018. Acórdão nº 2201004.484 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Voto Vencido "Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator O recurso voluntário preenche os requisitos para sua admissibilidade e portanto o conheço. Conforme consta do relatório fiscal houve a constituição do crédito tributário após encerramento da empresa Clinic Center S/S LTDA, CNPJ 10.826.184/000105, e que foi administrada por Valdecir Arrivabeni, CPF 493.191.83791, até a sua extinção, em 02/02/2015. Houve a lavratura de termo de sujeição passiva solidária em face do recorrente com base nos termos do artigo 9ºcaput, § 4º e §5º da Lei Complementar nº123/2006 e no inc. I do art. 124 do Código Tributário Nacional (lei nº 5.172/1966): Lei Complementar nº 123/2006 Art. 9º O registro dos atos constitutivos, de suas alterações e extinções (baixas), referentes a empresários e pessoas jurídicas em qualquer órgão dos 3 (três) âmbitos de governo ocorrerá independentemente da regularidade de obrigações tributárias, previdenciárias ou trabalhistas, principais ou acessórias, do empresário, da sociedade, dos sócios, dos administradores ou de Fl. 838DF CARF MF Processo nº 15586.720072/201686 Acórdão n.º 2201004.489 S2C2T1 Fl. 5 4 empresas de que participem, sem prejuízo das responsabilidades do empresário, dos titulares, dos sócios ou dos administradores por tais obrigações, apuradas antes ou após o ato de extinção. (...) § 4º A baixa do empresário ou da pessoa jurídica não impede que, posteriormente, sejam lançados ou cobrados tributos, contribuições e respectivas penalidades, decorrentes da falta do cumprimento de obrigações ou da prática comprovada e apurada em processo administrativo ou judicial de outras irregularidades praticadas pelos empresários, pelas pessoas jurídicas ou por seus titulares, sócios ou administradores. § 5º A solicitação de baixa do empresário ou da pessoa jurídica importa responsabilidade solidária dos empresários, dos titulares, dos sócios e dos administradores no período da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Código Tributário Nacional Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Ocorre que, a solidariedade definida pelo art. 9º §§ 4º e 5º da referida Lei 123/2006 são aplicadas tão somente às empresas que estão sob o regime do Simples Nacional e, na espécie, não houve a comprovação por parte da fiscalização de que a empresa que foi baixada estivesse no referido regime especial de tributação. Inclusive a aferição da responsabilidade pelos termos do art. 124, I do CTN não restou comprovada pela fiscalização, sendo apenas indicado como fundamento da solidariedade o fato que o registro do distrato acarreta a extinção da personalidade jurídica da sociedade e a responsabilidade tributária caberá aos sócios. Impende ressaltar, que nos casos de sujeição passiva solidária, cabe ao Fisco promover a prova e relatar os fatos de interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal que vincule o sujeito passivo solidário, não sendo possível o interesse meramente econômico e financeiro no resultado ou no proveito da situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, mas pelo interesse jurídico, que diz respeito à realização comum ou conjunta da situação que constitua o fato gerador. Pelo exposto, conheço e dou provimento ao recurso para afastar a responsabilidade solidária do recorrente no lançamento. Caso vencido na preliminar acima, no mérito, entendo que o recurso não merece prosperar. Com efeito pelo Relatório Fiscal, ficou comprovado pela autoridade lançadora que os pagamentos intitulados como distribuição de lucros eram, na realidade, remuneração decorrente de serviços prestados, quando demonstrou que vários médicos recebiam, mensalmente, valores a título de distribuição de lucros quando nem sequer figuravam no contrato social como sócios e não possuíam qualquer vínculo empregatício com a autuada, além de que as escalas de plantões indicadas, provam a sua relação direta entre as escalas e a distribuição Fl. 839DF CARF MF Processo nº 15586.720072/201686 Acórdão n.º 2201004.489 S2C2T1 Fl. 6 5 de lucros com base em valor/hora para remuneração desses plantões, recebendo os médicos adiantamentos de lucros exclusivamente em decorrência de sua atividade laboral nos plantões, longe portanto, de ser distribuição a título de lucros. Quanto à multa de ofício resta mantida, pois as razões recursais se debruçam apenas em relação ao princípio do não confisco, aplicandose nesse caso os termos da Súmula CARF nº 02: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Pelo exposto, nego provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator" Voto Vencedor "Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, Redator designado. Em que pesem os argumentos e a logicidade jurídica do eminente Relator, ouso, com a devida vênia, dele discordar somente quanto à responsabilidade solidária imputada. Explico. Segundo a Autoridade Fiscal, o Recorrente é responsável solidário posto que tem interesse comum no fato gerador, como se pode inferir do seguinte excerto do Relatório Fiscal: (...)" Em que pese haver a menção a Lei Complementar nº 123/06, fica patente ao longo do relatório da imputação pelo Fisco, da responsabilidade solidária que tal argumento é complementar à verificação do interesse comum no fato gerador, fato este comprovado ao longo do relato feito pela Autoridade Lançadora. Recordemos outros pontos do mencionado relatório: Linhas adiante nova explicitação: Fl. 840DF CARF MF Processo nº 15586.720072/201686 Acórdão n.º 2201004.489 S2C2T1 Fl. 7 6 Ora, patente a motivação fiscal ao imputar, segundo as normas explicitadas pelo CTN, a responsabilidade solidária pelo crédito tributário constituído: Há nítido interesse comum no fato gerador da obrigação tributária por parte do coobrigado. Explico. Como dito pelo ínclito Relator, o auto de infração em discussão foi lavrado em razão da incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de 'distribuição de lucros', que, na visão do Fisco, são verdadeira remuneração pelo trabalho prestado, uma vez que decorrem de serviços médicos realizados em plantões, pelo Recorrente. A relação laboral apresenta nítido caráter bilateral, ou seja, a prestação de serviços pessoal é prestada por alguém em benefício de outrem. Ao recordarmos que a Constituição Federal, por meio do artigo 195, outorga competência para que o legislador institua um tributo incidente sobre a remuneração paga à pessoa física, pelo trabalho prestado, qualquer que seja o vínculo existente entre o tomador e trabalhador, e que tal tributo, contribuição social nos dizeres da Carta da República, deve ser suportado pelo empregador e também pelo trabalhador, tornase inequívoco o interesse comum, entre o tomador e a pessoa prestadora de serviços no fato gerador trabalho remunerado. Por amor à clareza, reitero: há interesse comum quanto às contribuições sociais previdenciárias, entre trabalhador e tomador de serviços, por expressa disposição constitucional, quanto ao fato gerador trabalho remunerado. Não é outra a posição da doutrina. Paulo de Barros Carvalho, no clássico Curso de Direito Tributário (Ed. Saraiva, 14ª ed., pag. 311), discorrendo sobre o tema, esclarece que o interesse comum no fato gerador: "Vale, sim, para situações em que não haja bilateralidade no seio do fato tributário, como por exemplo, na incidência de IPTU em que duas ou mais pessoas sejam proprietárias do mesmo imóvel" Fl. 841DF CARF MF Processo nº 15586.720072/201686 Acórdão n.º 2201004.489 S2C2T1 Fl. 8 7 Logo, forçoso reconhecer a procedência da responsabilidade solidária imputada. Tal constatação, nos leva, por via de consequência, afastar peremptoriamente as demais alegações recursais sobre o tema. Quanto a esse aspecto, invoco o contido no art. 489 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 2015), no seguinte dispositivo: "Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (...) IV não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (grifouse)" Neste caso, tendo sido adotado como premissa que a imputação da responsabilidade solidária se deu com base no artigo 124, I, do CTN, e tendo ocorrido a demonstração, pela Autoridade Lançadora, do interesse comum no fato gerador, os demais argumentos apresentados pela recorrente não seriam "capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador". Ademais, o julgador não é obrigado a fundamentar o voto em todos os pontos pretendidos pela Recorrente, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, conforme precedentes do STF (Embargos Declaração no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário 733.596MA). “[...] EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CONTRATAÇÃO PRECÁRIA DURANTE PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. PRETERIÇÃO CARACTERIZADA. EXPECTATIVA DE DIREITO CONVOLADA EM DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PRECEDENTE. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO. 1. A omissão, contradição ou obscuridade, quando inocorrentes, tornam inviável a revisão em sede de embargos de declaração, em face dos estreitos limites do art. 535 do CPC. 2. O magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. (g.n.) Fl. 842DF CARF MF Processo nº 15586.720072/201686 Acórdão n.º 2201004.489 S2C2T1 Fl. 9 8 3. A revisão do julgado, com manifesto caráter infringente, revela se inadmissível, em sede de embargos. (Precedentes: AI n.799.509 AgRED, Relator o Ministro Marco Aurélio, 1ª Turma, DJe de 8/9/2011; e RE n. 591.260AgRED, Relator o Ministro Celso de Mello, 2ª Turma, DJe de 9/9/2011). (...) 5. Embargos de declaração DESPROVIDOS. [...]” (Informativo 743/2014. EMB. DECL. NO AG. REG. NO RE N. 733.596MA. RELATOR: MIN. LUIZ FUX). Nesse mesmo caminho, a doutrina distingue entre enfretamento suficiente e enfretamento completo na análise das questões delineadas em peça de defesa. O julgador será, em regra, obrigado a enfrentar os pedidos, as causas de pedir e os fundamentos de defesa, mas não há obrigatoriedade de enfrentar todas as alegações feitas pelas partes a respeito de sua pretensão. Assim, em que pese o julgador deva enfrentar e decidir a questão colocada à sua apreciação, basta para tanto que contenha a decisão fundamentos suficientes para justificar a conclusão estabelecida na decisão proferida (Araken de Assis, Manual dos recursos, nota 66.2.1.3, p. 591. 2 ed. São Paulo, RT, 2008)." CONCLUSÃO Diante do exposto e com base nos fundamentos apresentados, voto por negar provimento ao recurso quanto à exclusão da responsabilidade solidária imputada. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira, Redator designado" Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 843DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.900548/2008-44
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 19/02/2004
INEXISTÊNCIA DE LITÍGIO. CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
Não se toma conhecimento de recurso voluntário em que a própria recorrente não contesta a inexistência do crédito, que motivou a não homologação da compensação declarada.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 3302-006.073
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente)
.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 19/02/2004 INEXISTÊNCIA DE LITÍGIO. CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. Não se toma conhecimento de recurso voluntário em que a própria recorrente não contesta a inexistência do crédito, que motivou a não homologação da compensação declarada. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente) . AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 05 48 /2 00 8- 44 Fl. 53DF CARF MF Processo nº 13819.900548/200844 Acórdão n.º 3302006.073 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologar a compensação declarada (DCOMP), em razão do fato de que o pagamento informado como origem do crédito já se encontrava utilizado para quitação de outros débitos da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte não havia sustentado a existência do crédito declarado na DCOMP não homologada, tendo apenas informado que "temendo que a Receita Federal não processasse o citado PER/DCOMP, a mesma por sua liberalidade quitou este débito com multa e juros, (...) portanto não há o que se falar em valores devidos, ou seja, a empresa não é devedora de débito algum, pois foi devidamente quitado, conforme cópia em anexo" (sic). Ao fim, pediu o contribuinte, em manifestação de inconformidade, que fosse feita revisão de ofício, contemplando o cancelamento da DCOMP em comento e, por via de conseqüência, cancelada a cobrança decorrente da não homologação. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 05035.476, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando a ausência de prova do direito creditório pleiteado. Ressaltou a DRJ que o contencioso administrativo não se prestava ao pedido formulado pelo contribuinte, havendo rito específico para pedido de cancelamento, e que a autoridade encarregada da cobrança haveria de cuidar para que, comprovada a coincidência entre os débitos exigidos por meio da DCOMP e os relacionados com o pagamento alegado, não houvesse cobrança duplicada do débito tributário. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, ratificando os argumentos da Manifestação de Inconformidade e alegando não ter se utilizado do crédito apontado na DCOMP, vez que promovera o pagamento integral do débito cuja compensação se pleiteava, o que materializaria erro de fato e não ausência de pagamento. Destacou o recorrente que o pagamento integral do débito ocorrera antes mesmo da ciência da não homologação da compensação declarada, não podendo ser compelido ao pagamento em duplicidade do citado débito. Sustentou, ainda, que o pagamento é causa de extinção do crédito tributário e que, muito embora a DCOMP constitua confissão de dívida, tal preceito não pode ferir o art. 149, II e IV do CTN, no sentido de que fosse promovida a revisão de ofício. Por fim, pediu que, em caso de não se entender pelo cancelamento da DCOMP, fosse a repartição de origem oficiada para que não houvesse cobrança duplicada do débito tributário. É o relatório. Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13819.900548/200844 Acórdão n.º 3302006.073 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3302006.068, de 24/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 13819.900462/200811, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3302006.068): O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os pressupostos e requisitos de admissibilidade, portanto, passo a apreciálo. Do Contencioso Administrativo. A compensação enquanto modalidade de extinção do crédito tributário, prevista no art. 156, II, do CTN, operase mediante a existência de crédito líquido e certo oponível à fazenda pública, sem o que não há como efetivar o encontro de contas pretendido pelo contribuinte. Assim, têmse que o direito à compensação existe na medida exata da certeza e liquidez do crédito declarado. Não restando comprovadas a certeza e liquidez do crédito do contribuinte, não há como operacionalizar a compensação. Atualmente, a compensação pode ser declarada pelo próprio sujeito passivo, em meio eletrônico, mediante preenchimento e transmissão de Declaração de Compensação DCOMP, na qual se indicará, em detalhes, o crédito existente e o débito a ser compensado, sujeitandose a ulterior homologação por verificação fiscal. A verificação fiscal das compensações declaradas pelos contribuintes se opera em dois momentos distintos, a saber: 1) Verificação Eletrônica: Consiste no cruzamento de informações fiscais do contribuinte, disponíveis na base de dados dos sistemas utilizados pela Receita Federal do Brasil, objetivando verificar a consistência e coerência da compensação declarada. Detectada, nesta fase de verificação, qualquer inconsistência ou divergência entre valores e informações do contribuinte, não homologase a compensação realizada, oportunizando ao interessado o contraditório e ampla defesa em processo administrativo fiscal específico. 2) Verificação Documental: Uma vez instaurada a fase litigiosa do processo administrativo fiscal, pela apresentação de Manifestação de Inconformidade à não homologação decorrente da verificação eletrônica, tem início a nova etapa de análise do direito creditório, que passa a se operar mediante verificação de documentos hábeis e idôneos que Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13819.900548/200844 Acórdão n.º 3302006.073 S3C3T2 Fl. 5 4 comprovem a existência do crédito utilizado pelo contribuinte. Neste segundo momento de verificação, devem ser observadas todas as regras e princípios aplicáveis ao processo administrativo fiscal. Em outras palavras, na etapa de verificação eletrônica antes de instaurado o contencioso administrativo são consideradas somente as informações e dados constantes dos sistemas utilizados pela Receita Federal do Brasil. Contudo, uma vez constatada a inconsistência/divergência das informações existentes nos sistemas informatizados, não homologase a compensação declarada e iniciase a etapa de verificação documental, nos autos de processo administrativo fiscal, onde incumbe ao contribuinte comprovar a existência de certeza e liquidez do crédito que pretende utilizar. No caso em estudo, o contribuinte informou, em sua primeira oportunidade de manifestação nestes autos, ter efetuado, por meio de DARF, o pagamento integral do débito que pretendia compensar, bem como pediu, de modo suficientemente claro, a revisão de ofício para fins de cancelamento da DCOMP. Assim, no que cinge ao suposto crédito declarado na DCOMP em comento, o próprio contribuinte reconheceu sua inexistência, ainda em sede de manifestação de inconformidade, fazendo com que sequer tenha se instaurado controvérsia administrativa sobre tal matéria, não havendo que se falar em reconhecimento ou não de direito creditório, pois não há crédito em litígio. A DRJ conheceu da Manifestação de Inconformidade e ratificou a decisão da DRF, não reconhecendo o direito creditório, sob o fundamento de que o contencioso administrativo não se presta ao pedido formulado pela contribuinte, havendo rito específico para o pedido de cancelamento. No recurso voluntário, o contribuinte ratificou todos os argumentos produzidos por ocasião da manifestação de inconformidade, renovando o pedido de revisão de ofício para o cancelamento da DCOMP e, por conseguinte, da cobrança decorrente de sua não homologação, sob pena de pagamento em duplicidade. Repisese que desde sua primeira manifestação neste PAF, a empresa reconheceu a inexistência do direito creditório antes alegado e pugnou pela revisão de ofício, com o cancelamento da DCOMP e extinção da cobrança decorrente de sua não homologação. Segundo previsão legal do § 9º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, com alterações introduzidas pela Lei nº 10.833/2003, é facultado ao sujeito passivo se insurgir, por meio de Manifestação de Inconformidade, contra a não homologação da declaração de compensação. Nesse sentido, temse que a competência dos órgãos de julgamento administrativo, no que diz respeito às declarações de compensação, está adstrita ao reconhecimento ou não do direito creditório, que terá por consectário a homologação, ou não, da compensação declarada. Ocorre que o caso em estudo não versa sobre a não homologação da DCOMP, vez que o próprio contribuinte reconheceu a inexistência de direito creditório, tendo pleiteado a revisão de ofício para que fosse realizado o Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13819.900548/200844 Acórdão n.º 3302006.073 S3C3T2 Fl. 6 5 cancelamento da DCOMP, o que escapa à competência dos julgadores administrativos. Não estando a retificação ou o cancelamento de declarações, entregues pelo sujeito passivo, inseridos na esfera de competências do julgador administrativo, não se pode decidir sobre tal matéria. Tampouco faz sentido decidir sobre matéria não impugnada pelo contribuinte em suas peças, como é o caso do reconhecimento do direito creditório e conseqüente homologação da DCOMP em comento, sobre o que, conforme já visto, sequer se instaurou litígio. Noutras palavras, não tendo o contribuinte pugnado pelo reconhecimento do direito creditório não homologado pelo Despacho Decisório, não há e nunca houve litígio administrativo quanto a não homologação, esvaziando a competência dos órgãos de julgamento administrativo, vez que também não podem estes decidir sobre os pedidos formulados nas peças produzidas pelo contribuinte nestes autos. Observese, entretanto, que há indícios de que o débito antes pretendido compensar foi pago por meio de DARF pelo contribuinte antes da emissão do despacho decisório, devendo a unidade responsável avaliar se o referido pagamento é passível de alocação ao débito oriundo da DCOMP em comento. Diante de todo o exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 57DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.000436/2007-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Exercício: 2001, 2002, 2003
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA.
A apresentação de DSPJ após o prazo fixado na legislação tributária enseja a aplicação de multa por atraso no cumprimento da obrigação acessória.
Numero da decisão: 1202-000.868
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Orlando José Gonçalves Bueno
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2001, 2002, 2003 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA. A apresentação de DSPJ após o prazo fixado na legislação tributária enseja a aplicação de multa por atraso no cumprimento da obrigação acessória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente. (documento assinado digitalmente) Orlando José Gonçalves Bueno Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Losso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Marcus Vinicius Barros Ottoni e Orlando Jose Gonçalves Bueno Relatório Fl. 31DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUENO, Assinado digitalmente em 15 /10/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUEN O Processo nº 10980.000436/200741 Acórdão n.º 1202000.868 S1C2T2 Fl. 2 2 Trata de processo decorrente da lavratura dos Autos de Infração de fls. 5, 6 e 7, com exigência de crédito tributário no valor de R$200,00 cada, referentes à multa pelo atraso na entrega da Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica — DSPJ relativa aos exercícios de 2001, 2002 e 2003. Inconformado com a exigência fiscal, o recorrente apresentou peça impugnatória, alegando, em síntese, que: A empresa encontrase desativada há anos e é um contrasenso exigir declaração de algo que não existe; Gostaria que o auditor o informasse de um meio legal de auferir esses rendimentos; As notificações 646960218 e 646960221 são anteriores à Lei n' 10.426, de 2002; A omissão não foi fraudulenta, o que encontra amparo no art. 106 do Código Tributário Nacional; As cobranças não têm amparo legal, motivo pelo qual devem ser arquivadas. Considerando os fatos ocorridos e tudo o mais que dos autos consta, a 2ª Turma da DRJ de Curitiba, proferiu decisão assim ementada: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2001, 2002, 2003 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA. A apresentação de DSPJ após o prazo fixado na legislação tributária enseja a aplicação de multa por atraso no cumprimento da obrigação acessória. OBRIGATORIEDADE DE CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. ATIVIDADE VINCULADA. Caracterizada a infração à legislação, deve a autoridade tributária, em função do caráter vinculado de sua atividade, proceder ao lançamento correspondente, sob pena de responsabilidade funcional. EXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL ANTERIOR. RETROATIVIDADE. Sendo a lei nova mais benéfica ao contribuinte, em obediência ao princípio da retroatividade benigna, deve ser aplicada a ato ou fato pretérito. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. DESNECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DE FRAUDE. Fl. 32DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUENO, Assinado digitalmente em 15 /10/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUEN O Processo nº 10980.000436/200741 Acórdão n.º 1202000.868 S1C2T2 Fl. 3 3 A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O Relator deste processo na DRJ assim se pronunciou: “A impugnação apresentada reúne os requisitos de admissibilidade e, portanto, dela tomase conhecimento. Previsão Legal De acordo com o art. 16 da Lei nº. 9.779, de 19 de janeiro de 1999, "compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável". Fazendo uso dessa previsão legal, o Secretário da Receita Federal definiu, por meio das Instruções Normativas SRF nº. 21, de 22 de fevereiro de 2001, 145, de 18 de março de 2002, e 308, de 14 de março de 2003, a obrigatoriedade de entrega de Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica — DSPJ pelas empresas inativas nos anoscalendário 2000, 2001 e 2002. Também nesses atos foi previsto o prazo para entrega dessas declarações, sendo que todos tiveram seu termo final fixado para o último dia útil do mês de maio do exercício a que se referiam tais declarações. Com efeito, a entrega da DSPJ Exercício 2007 ocorreu em 25 de outubro de 2007, portanto, fora do prazo regulamentar. Por sua vez, a multa por atraso na entrega de declarações encontrase prevista no art. 7º da Lei nº. 10.426, de 2002, o qual assim determina: (...) Obrigatoriedade de Lançamento Cabe aqui esclarecer que a autoridade fiscal, tanto a lançadora quanto a julgadora, não pode se furtar ao cumprimento das determinações da legislação tributária, uma vez que sua atividade é plenamente vinculada. Em caso de descumprimento, o art. 142, parágrafo único, da Lei nº. 5.172, de 1966 — CTN prevê pena de responsabilidade funcional. Assim, a multa foi aplicada conforme determina a legislação tributária, não podendo a autoridade administrativa, em face do caráter de sua atividade, deixar de cumprila. A legislação não dá margem a incertezas ou dúvidas. Se a DSPJ foi apresentada depois do prazo regulamentar, independentemente de qualquer circunstância, o contribuinte está sujeito à multa e tal penalidade deve ser constituída. Previsão Legal desde 1995 Fl. 33DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUENO, Assinado digitalmente em 15 /10/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUEN O Processo nº 10980.000436/200741 Acórdão n.º 1202000.868 S1C2T2 Fl. 4 4 Em virtude da alegação de que a Lei nº. 10.426, de 2002, seria anterior a alguns dos Autos de Infração aqui tratados, cabem aqui alguns comentários. Anteriormente, a multa por atraso na entrega de declaração de rendimentos encontravase prevista no art. 88 da Lei nº. 8.981, de 20 de janeiro de 1995, o qual previa valor mínimo de 500 (quinhentas) Ufir, sem direito à redução. Com a entrada em vigor da Lei nº. 10.426, de 2002, o valor mínimo dessa multa foi reduzido para R$ 200,00, além de ter sido aberta a possibilidade de concessão de algumas reduções previstas na legislação tributária. Assim, atendendo ao comando do art. 106, inciso II, alínea "c", da Lei nº 5.172, de 1966 — CTN, o qual determina que a lei mais benéfica se aplica a ato ou fato pretérito, a multa aqui tratada foi lançada pelo valor mínimo previsto na Lei agora em vigor, uma vez que mais benéfico ao contribuinte. Vale também esclarecer que a alteração promovida pela Lei nº. 11.051, de 2004, em nada alterou a aplicação da multa pelo atraso na entrega de DSPJ, situação aqui tratada. Desnecessidade de caracterização de fraude Por fim, alega o contribuinte que a omissão não teria sido fraudulenta, o que encontra guarida no art. 106 do CTN. Primeiramente, cabe esclarecer que o citado artigo do CTN referese exclusivamente à retroatividade da lei, em nada se confundindo com a situação aqui tratada. Seria tal dispositivo aplicável ao presente processo apenas se houvesse lei atualmente em vigor que deixasse de tratar o atraso na entrega de declarações como infração à legislação tributária, o que não é o caso. Ademais, o art. 136 desse mesmo CTN é taxativo ao determinar que a intenção do agente em nada influencia a caracterização da infração à legislação tributária, in verbis: .(...) À vista do exposto, demonstrada a galidade dos atos aqui tratados, VOTO pela procedência do lançamento. Carlson René Feijó da Silva” O recorrente tomou ciência da decisão no dia 22.02.2010, e, em razão de seu inconformismo, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho no dia 09.03.2010. Traz em seu Recurso as alegações a seguir apontadas. Afirma o recorrente que as declarações dos anoscalendários de 2001, 2002, 2003 foram apresentadas no mesmo dia em que foi apresentada a sua declaração de pessoa física. Afirma, também, que a empresa estava inativa, concluindo que a pretensão de cobrança da multa neste processo tratase de uma inconstitucionalidade. Fl. 34DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUENO, Assinado digitalmente em 15 /10/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUEN O Processo nº 10980.000436/200741 Acórdão n.º 1202000.868 S1C2T2 Fl. 5 5 Segue afirmando que as notificações são anteriores à Lei nº. 10.426, de 2002, afirmando que a notificação não encontra amparo legal. Cita as Portarias do Ministério da Fazenda Nºs. 41 e 256, ambas de 2009, para afirmar que, em obediência ao princípio da retroatividade, devem ser aplicadas uma vez que mais benéficas a ele. Tudo o mais o que consta do Recurso Voluntário em muito se assemelha ao que já fora apresentado pelo recorrente em sua Impugnação. Ao final pugna pelo recebimento e conhecimento do Recurso apresentado para que seja o débito fiscal cancelado. É o Relatório. Voto Conselheiro Relator Orlando José Gonçalves Bueno O Recurso preenche todos os requisitos de admissibilidade e por esta razão dele conheço. DA PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO Para que seja enfrentada a alegação do recorrente de que ocorrera a prescrição, necessário nos remetermos ao Auto de Infração lavrado, folha 5 dos presentes autos. Isto porque consoante informação prestada pela Autoridade Fiscal o recorrente entregou a sua declaração em 25.05.2006. Ora, foi justamente a entrega da referida declaração que configurou o atraso do recorrente no cumprimento de suas obrigações tributárias, sendo certo que não se poderá falar em prescrição, tampouco decadência. Ninguém pode se escusar de responsabilidade própria por sua ação específica. Assim não se sustenta a alegação preliminar, pelo que se vota por sua rejeição. Oportuno, desde logo, por ser diploma legal de fundamental importância para a correta compreensão do caso em análise, citar a existência das Instruções Normativas SRF nº. 21, de 22 de fevereiro de 2001; 145, de 18 de março de 2002 e 308, de 14 de março de 2003, Fl. 35DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUENO, Assinado digitalmente em 15 /10/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUEN O Processo nº 10980.000436/200741 Acórdão n.º 1202000.868 S1C2T2 Fl. 6 6 cujo teor consagra a obrigatoriedade de entrega de Declaração Simplificada de Pessoa Jurídica – DSPJ pelas empresas inativas nos anoscalendários 200, 2001 e 2003. Importante, ainda, destacar o fato de que as referidas Instruções Normativas trazem em seu bojo a previsão do prazo dentro do qual deverá ser feita a entrega da DSPJ de cada anocalendário, sendo que, para todos, o prazo fatal foi fixado como sendo o último dia útil do mês de maio do exercício a que se refere cada declaração. Este é, como já se disse, fato de fundamental importância para a correta compreensão do caso ora em análise. Isto porque, consoante já demonstrado no transcorrer deste processo, o recorrente deixou de apresentar a DSPJ referente aos exercícios aqui autuados no prazo estipulado pelas Instruções Normativas anteriormente referidas. Diante do alegado outra conclusão não resta, senão a de que o recorrente deixou de cumprir com as obrigações tributárias acessórias que lhe eram devidas, configurandose sua conduta, portanto, em flagrante atraso no cumprimento das obrigações as quais estava subordinado. Assim e, após caracterizada a desobediência do recorrente aquilo que lhe foi determinado, é preciso que se aponte as consequências para esta conduta. E neste sentido, indispensável a transcrição do constante do artigo 7º da Lei 10.426 de 2002, cujo teor a seguir se aponta. Art. 7º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, "nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de nãoapresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei n° 11.051, de 2004). (...) § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa Pica, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº. 9.317, de 1996; Como se verifica pelo teor no texto normativo retro reproduzido, no caso ora em análise, ao se proceder a subsunção do fato à norma, outra não poderá ser a conclusão deste conselho, senão a de que o recorrente deve responde pela multa estipulada em lei e exigida nestes autos. Fl. 36DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUENO, Assinado digitalmente em 15 /10/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUEN O Processo nº 10980.000436/200741 Acórdão n.º 1202000.868 S1C2T2 Fl. 7 7 Como já o fizera o julgador da DRJ, não será inoportuno acrescentar o fato de que a atividade da autoridade fiscal, tanto a lançadora quanto a julgadora, está irremediavelmente vinculada à lei, de sorte que os agentes que exercem esta função não poderão deixar de atender ao disposto na lei, aplicandoa e fazendo seja ela cumprida e respeitada. É preciso que se reitere ainda, que tudo o que fora afirmado até o momento neste voto serve também para afastar a alegação do recorrente de que a aplicação da multa não seria devida visto não ter ele praticado nenhuma fraude. Isso porque, pelo constante do texto normativo há pouco reproduzido verificase que a lei não vincula a aplicação da multa aqui aplicada à ocorrência de fraude de qualquer natureza. A texto normativo apontado, isto sim, vincula a aplicação da multa aplicada ao recorrente ao só atraso no cumprimento da obrigação tributária acessória, qual seja a entrega da DSPJ. Não há subsidio legal nos presentes autos capazes de justificar o acolhimento das pretensões do recorrente, razão pela qual e diante de todos os fundamentos expostos, por tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de negar provimento ao recurso de voluntário. Orlando José Gonçalves Bueno Fl. 37DF CARF MF Impresso em 16/10/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUENO, Assinado digitalmente em 15 /10/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 12/10/2012 por ORLANDO JOSE GONCALVES BUEN O
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Numero do processo: 19515.000597/2006-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
Ementa:
DECADÊNCIA - IRPJ E CSLL APURADOS PELO LUCRO REAL TRIMESTRAL - ART. 150, § 4º - INOCORRÊNCIA
Uma vez apurado trimestralmente, o fato gerador do IRPJ e da CSLL se concretiza no último dia de cada trimestre, iniciando aí a contagem do prazo decadencial. Observado o prazo de 5 anos previsto pelo art. 150, § 4º, do CTN para a cientificação do contribuinte quanto ao ato de lançamento, não se observa a decadência.
DECADÊNCIA - IRRF - LANÇAMENTO DE OFÍCIO - ART. 173, I
O lançamento do Imposto de Renda Retido na fonte com espeque nos preceitos do art. 61 da Lei 8.981/95, aplica-se, para a contagem do prazo decadencial, a regra encartada no art 173, I, do CTN, isto é, a partir do primeiro dia útil do exercício subsequente em que poderia ocorrer o lançamento.
PROCESSUAL - NULIDADES - HIPÓTESES DO ART. 59 DO DECRETO 70.235 - INOCORRÊNCIA
Não verificadas quaisquer das hipóteses descritas no art. 59, incisos I e II, do Decreto 70.235, não há como se acolher pedidos de nulidade sustentados em mero descontentamento do contribuinte com o resultado da autuação.
PROCESSUAL - PERÍCIA - FALTA DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 16, IV, DO DECRETO 70.235 - DESNECESSIDADE
Não se acolhe pedido de perícia que não atenda aos requisitos do art. 16, IV, do Decreto 70.235, com a apresentação dos necessários quesitos, nem tampouco quando esta se destine à comprovar fatos que constam dos autos ou, outrossim, que não dependem de uma expertise que não seja própria à atividade dos Auditores Fiscais.
PROCESSUAL - GLOSAS DE DESPESAS - DILIGÊNCIA - OITIVA DE AUDITOR INDEPENDENTE - DESNECESSIDADE
A única prova admitida para se demonstrar a incorrência efetiva da empresa em despesas glosadas é a prova documental, hábil e idônea. A opinião de auditores independentes que, eventualmente, atestem a regularidade de livros e documentos contábeis em nada contribui para o cumprimento do mister descrito nos arts. 299 e 923 do RIR.
IRRF - LANÇAMENTO COM ESPEQUE NOS PRECEITOS DO ART. 61 DA LEI 8.981 - PAGAMENTO INOCORRENTE - MERA CONSEQUÊNCIA DA GLOSA DE DESPESAS - CANCELAMENTO
A exigência do IRFonte por pagamento sem causa ou destinatário identificado se mantém se, e somente se, houver a demonstração do desembolso efetivo de recursos (mediante transferência bancária, v.g.), o que não se presume pela simples não comprovação da necessidade/efetividade de eventual despesa porventura glosada.
Numero da decisão: 1302-003.154
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade e de decadência suscitadas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à exigência de IRPJ e CSLL, e, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso quanto à exigência de IRRF, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Maria Lucia Miceli e, votando pelas conclusões do relator, os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho e Luiz Tadeu Matosinho Machado
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Guimarães da Fonseca - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA
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Observado o prazo de 5 anos previsto pelo art. 150, § 4º, do CTN para a cientificação do contribuinte quanto ao ato de lançamento, não se observa a decadência. DECADÊNCIA IRRF LANÇAMENTO DE OFÍCIO ART. 173, I O lançamento do Imposto de Renda Retido na fonte com espeque nos preceitos do art. 61 da Lei 8.981/95, aplicase, para a contagem do prazo decadencial, a regra encartada no art 173, I, do CTN, isto é, a partir do primeiro dia útil do exercício subsequente em que poderia ocorrer o lançamento. PROCESSUAL NULIDADES HIPÓTESES DO ART. 59 DO DECRETO 70.235 INOCORRÊNCIA Não verificadas quaisquer das hipóteses descritas no art. 59, incisos I e II, do Decreto 70.235, não há como se acolher pedidos de nulidade sustentados em mero descontentamento do contribuinte com o resultado da autuação. PROCESSUAL PERÍCIA FALTA DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 16, IV, DO DECRETO 70.235 DESNECESSIDADE Não se acolhe pedido de perícia que não atenda aos requisitos do art. 16, IV, do Decreto 70.235, com a apresentação dos necessários quesitos, nem tampouco quando esta se destine à comprovar fatos que constam dos autos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 05 97 /2 00 6- 14 Fl. 1115DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.116 2 ou, outrossim, que não dependem de uma expertise que não seja própria à atividade dos Auditores Fiscais. PROCESSUAL GLOSAS DE DESPESAS DILIGÊNCIA OITIVA DE AUDITOR INDEPENDENTE DESNECESSIDADE A única prova admitida para se demonstrar a incorrência efetiva da empresa em despesas glosadas é a prova documental, hábil e idônea. A opinião de auditores independentes que, eventualmente, atestem a regularidade de livros e documentos contábeis em nada contribui para o cumprimento do mister descrito nos arts. 299 e 923 do RIR. IRRF LANÇAMENTO COM ESPEQUE NOS PRECEITOS DO ART. 61 DA LEI 8.981 PAGAMENTO INOCORRENTE MERA CONSEQUÊNCIA DA GLOSA DE DESPESAS CANCELAMENTO A exigência do IRFonte por pagamento sem causa ou destinatário identificado se mantém se, e somente se, houver a demonstração do desembolso efetivo de recursos (mediante transferência bancária, v.g.), o que não se presume pela simples não comprovação da necessidade/efetividade de eventual despesa porventura glosada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares de nulidade e de decadência suscitadas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à exigência de IRPJ e CSLL, e, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso quanto à exigência de IRRF, vencidos os conselheiros Paulo Henrique Silva Figueiredo e Maria Lucia Miceli e, votando pelas conclusões do relator, os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho e Luiz Tadeu Matosinho Machado Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Relatório Cuida o feito de auto de infração lavrado em desfavor do recorrente a fim de se lhe exigir créditos tributários afeitos ao IRPJ e, reflexamente, a CSLL e o IRFonte (com espeque nos preceitos do art. 61 da Lei 8.981/95). Fl. 1116DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.117 3 Nos termos do TVF juntado à efls. 503/509, no anocalendário de 2001, procedeuse à verificação da escrita contábil e fiscal da empresa autuada e foram identificadas deduções da base de cálculo do IRPJ e, por conseguinte, da CSLL, de despesas pretensamente operacionais, divididas em dois grupos: comissões pagas em decorrência de contratos de franquia firmados pela recorrente (na condição de franqueadora) e despesas apropriadas em decorrência da tomada de serviços de assistência técnica e congêneres. A D. Auditoria verificou, por meio de um segundo TVF (efls 539/542), ainda, exclusões (ajustes) realizados no lucro liquido da Companhia, por meio do LALUR, também relacionadas às já mencionadas despesas com comissões incorridas no curso dos preditos contratos de franquia. Após intimar o contribuinte para comprovar as citadas despesas (tanto as deduzidas no cômputo do Lucro Líquido, como aquelas lançadas a título de ajustes deste mesmo lucro líquido), a Fiscalização, constatando a comprovação apenas parcial dos lançamentos contábeis, promoveu a glosa dos valores descritos nos anexos aos dois TVFs, exigindose, neste passo, sobre estes, o IRPJ e a CSLL, apurados, conforme opção do contribuinte (DIPJ/02 AC01, juntada à efls 33 e ss) segundo o Lucro Real trimestral. Como consequência das preditas glosas, promoveu, também, o lançamento do IRFonte com base, tal qual já afirmado, no art. 61 da Lei 8.981/95 (ausência de identificação de benefíciário/causa de pagamentos realizados pela empresa). O recorrente, uma vez cientificado do referido auto de infração, opôs sua impugnação administrativa sustentando, em apertada síntese: a) preliminarmente: a.1) a decadência do crédito tributário, com espeque nos preceitos do art. 150, § 4º, do CTN, devido nos meses de janeiro a março de 2001; a.2) a nulidade do auto de infração seja em decorrência de alegadas contradições havidas entre as constatações apostas no TVF, seja por pretenso erro na indicação dos dispositivos legais justificadores da autuação, seja, ainda, em decorrência de um suscitado cerceamento de defesa por desrespeito aos preceitos do Parecer Normativo CST 347/70 b) antes de adentrar no mérito, requereu, ainda, a produção de prova pericial e a oitiva de auditores independentes que teriam analisado e validado a sua escrita contábil; c) no mérito: c.1) após discorrer sobre a norma jurídicotributária do IRPJ, afirmou ter o lançamento incidido sobre parcelas estranhas à materialidade da exação, não vinculadas ao seu patrimônio (estarseia tributando pagamentos realizados por ele e não, portanto, a renda propriamente). Consequentemente alegou a violação, pela exigência fiscal, aos princípios da segurança jurídica, da tipicidade cerrada e da capacidade contributiva; c.2) que os documentos adicionais trazidos por ocasião da impugnação comprovariam todas as despesas, e sua necessidade, incorridas no exercício fiscalizado; Fl. 1117DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.118 4 c.3) especificamente quanto ao IRFonte, que o lançamento seria improcedente já que, a par da comprovação das despesas, a causa e os benefíciários teriam sido identificados, mormente a partir dos contratos apresentados e aceitos pela Fiscalização, questionando, mais, a exigência, sobre esta parcela, da Multa da Ofício (75%), considerando haver, na espécie, dupla penalização; c.4) ao fim reprisa o questionamento quanto a multa de ofício, estendendoo, contudo, também aos lançamentos do IRPJ e da CSLL (não teria incorrido em qualquer omissão punível), bem como a aplicação de Juros SELIC para a atualização das obrigações aqui tratadas. A DRJ de São Paulo, analisando os argumentos e documentos adicionais trazidos com a impugnação, houve por bem julgála parcialmente procedente, considerando comprovadas algumas das despesas para as quais, durante o período investigatório, não haviam sido trazidos os necessários documentos hábeis e idôneos, mantendo a autuação quanto aos demais pontos. O valor total exonerado alçou a monta de R$ 568.219,78 (calculado a partir da planilhas trazidas no acórdão recorrido à efls. 980/98). O contribuinte foi intimado do resultado deste julgamento em 06/08/2009, por meio de termo de solicitação de vista constante de efls. 1.049, tendo interposto o seu recurso voluntário em 02/09/2009 (efls. 1.053) em que reprisa os argumentos tratados na impugnação, à exceção do questionamento afeito aos Juros SELIC, (que não foram objeto de novo questionamento). Este é o relatório. Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Relator O recurso é tempestivo e preenche todos os requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele, tomo conhecimento. I Das preliminares. I.1 Decadência Como destacado no relatório acima, a empresa, no período fiscalizado, era optante pelo Lucro real trimestral. O fato gerador das exações, IRPJ e CSLL, vejam bem, renovase a cada trimestre. Assim, mesmo sem me aprofundar sobre qual preceito regeria a decadência no caso concreto (se o art .150, § 4º ou se o art. 173, I, do CTN ), o fato é que contandose o prazo decadencial a partir da data da ocorrência do fato gerador (31 de março de 2001), temse que o seu decurso se daria em 31 de março de 2006. O recorrente foi intimado via postal em 30/03/2006 (AR de efls. 616)... ainda que por um dia, apenas, o contribuinte foi, em especial quanto ao período alegadamente Fl. 1118DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.119 5 extinto por decadência (primeiro trimestre de 2001), tempestivamente cientificado do conteúdo do lançamento tributário, inocorrendo, pois, a citada decadência. Já quanto a exigência do IRfonte, no caso concreto, calcada nos preceitos do art. 61 da Lei 8.981/95, a regra de lançamento aplicável é a do art. 149 do CTN. Isto porque o pressuposto do lançamento, aqui, é falta de recolhimento de tributo devido em decorrência da constatação de pagamentos sem causa ou sem beneficiário devidamente identificados (sem se fazer, aqui, um juízo de valor sobre a correção da exigência em si). Isto é, o IRFonte, apurado com base no art. 61 da Lei 8.981, não se sujeita à regra de lançamento por homologação prevista no art. 150, § 4º; tratase, insistase, de lançamento de ofício, cuja decadência deve observar os ditames do art. 173, I, do CTN, entendimento este, inclusive, confirmado por meio da noviça Sumula 114 deste CARF. A luz do que já foi dito em relação ao IR e a CSLL, observase, também relação ao fonte, a inocorrência da decadência. Afasto, pois, esta preliminar. I.2 Das alegadas nulidades. I.2.1 Das pretensas contradições encontradiças no TVF. Sem me debruçar extensamente sobre esta alegação em especial, o recorrente sustenta haver um descompasso entre determinadas conclusões constantes do TVF e as suas premissas de fato, notadamente, quando a fiscalização considera os contratos de franquia como suficientes para demonstrar a causa dos pagamentos, sustentado, apenas, não ter comprovado o seu efetivo dispêndio, e, ao final, efetua o lançamento do IRfonte justamente por falta de identificação da causa e benefíciários dos aludidos pagamentos Semelhante contradição, acaso existente, contudo, não revela prejuizos à defesa, única hipótese em que nos seria autorizado declarar a nulidade do auto de infração (art. 59, II, do Decreto 70.235). Tratase, objetivamente, de uma questão para ser dirimida em momento oportuno e que, se acolhida, importaria no cancelamento da exigência e não na nulidade do lançamento. A mesma conclusão se chega quanto a assertiva respeitante ao fato de ter, a D. Auditoria, apontado a falta de exibição de documentos hábeis e idôneos à comprovação das despesas (tanto as glosadas para o computo do lucro real, como aquelas descritas no LALUR, a título de ajustes do lucro líquido); se tais documentos foram trazidos, nem mesmo contradição haveria... mais um vez estaríamos apenas diante de hipótese de cancelamento do auto de infração por improcedência do lançamento e não, propriamente, por sua nulidade. Afasto, pois, neste particular, a preliminar em testilha. 1.2.2 Pretensa falta de clareza quanto ao apontamento dos fundamentos de direito para a imposição fiscal. Esta preliminar foi exaustiva e satisfatoriamente analisada pela DRJ e, por concordar com seus argumentos e conclusões, valhome dos preceitos do art. 57, § 3º, do RICARF e os adoto como razões de decidir: Fl. 1119DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.120 6 A alegação da Impugnante de que o enquadramento legal apregoado pela fiscalização — os artigos 249, inciso I; 250, inciso I; 251 e parágrafo único; 299; 300 e 304 do RIR/99 — não guardariam liame com a infração que lhe estaria sendo imputada pela autoridade fiscal, causandolhe prejuízo no exercício de sua defesa, é improcedente. Deve ser observado que a Autoridade Fiscal, em relação às exigências do imposto de renda, atribuiu à contribuinte o cometimento de três infrações: Infração Enquadramento Legal Fls. do auto de infração 001 CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS GLOSA D DESPESAS Arts. 249, inciso I; 250, inciso I; 251 e parágrafo único; 299, 300 e 304 do RIR/99 576 002 EXCLUSÕES/COMPENSAÇÕES NÃO AUTORIZADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL EXCLUSÕES INDEVIDAS Arts. 249, inciso I, 250, inciso I, 251 e parágrafo único; 299, 300 e 304 do RIR/99 577 003 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SOBRE PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS PAGAMENTOS SEM CAUSA Art. 674 e §1 1º, 675 do RIR/99 597 a 601 Diferentemente do que alegou a Impugnante, os artigos 249, inciso I; 250, inciso I 251 e parágrafo único; 299; 300 e 304 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n° 3000/1999) fundamentaram a Autoridade Fiscal a glosar despesas e exclusões indevidamente efetuadas pela contribuinte na apuração do lucro real, assim se encontrando redigidos os aludidos dispositivos: "Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração (DecretoLei n°1.598, de 1977, art. 6°, 2°): I os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real; "Art. 250. Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 6°, §): 1 os valores cuja dedução seja autorizada por este Decreto e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração; (...)" "Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei n°1.598, de 1977, art. 7°). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem corno os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no Fl. 1120DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.121 7 exterior (Lei n°2.354, de 29 de novembro de 1954,art. 2°, e Lei n°9.249, de 1995, art. 25)." "Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n°4.506, de 1964, art. 47). § 1º' São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n°4.506, de 1964, art. 47, § 1°). § 2° As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n°4.506, de 1964, art. 47, § 20). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem." "Art. 300. Aplicamse aos custos e despesas operacionais as disposições sobre dedutibilidade de rendimentos pagos a terceiros (Lei n°4.506, de 1964, art. 45, 3Ç 2°)." "Art. 304. Não são dedutíveis as importâncias declaradas corno pagas ou creditadas a título de comissões, bonificações, gratificações ou semelhantes, quando não for indicada a operação ou a causa que deu origem ao rendimento e quando o comprovante do pagamento não individualizar o beneficiário do rendimento (Lei n°3.470, de 1958, art. 2°)." As normas em comento disciplinam a dedutibilidade de gastos para fins de apuração do lucro real, segundo os princípios da necessidade, usualidade, efetividade e normalidade. Portanto, a autuante apontou corretamente esses dispositivos legais, na medida em que parte da autuação decorre de glosa de despesas, cujos requisitos de dedutibilidade não estavam presentes. Já a infração que levou ao lançamento do Imposto de Renda na Fonte, caracterizada por pagamentos não comprovados, foi fundamentada nos termos dos artigos 674 e § 1° e 675 do RIR/99: "Art. 674. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado elas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais (Lei n°8.981, de 1995, art. 61). § 1° A incidência prevista neste artigo aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa (Lei n°8.981, de 1995, art. 61, § 15). (...) "Art. 675. A falta de identificação do beneficiário das despesas e vantagens a que se refere o art. 622 e a sua não incorporação ao salário dos beneficiários, implicará a tributação exclusiva na fonte dos respectivos valores, à ai [quota de trinta e cinco por cento (Lei n°8.383, de 1991, art. 74, § 2°, e Lei n°8.981, de 1995, art. 61, § 1°)." Fl. 1121DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.122 8 Verificase, assim, que os enquadramentos legais apontados pela Auditora Fiscal guardam relação com cada uma das infrações imputadas ao sujeito passivo que, por sua vez, estão caracterizadas, em tese, pelos fatos descritos nos Termos de Verificação Fiscal. Reprisese o que foi dito anteriormente: a nulidade do ato administrativo tributário somente ocorre, ou ocorreria, caso foi identificado qualquer tipo de mácula à garantia da ampla defesa do recorrente; tratasse, o caso, de declinação de preceitos normativos que não guardassem relação de pertinência com os fatos (motivo fático) descritos no auto de infração, verificarseia, consentaneamente, obstáculo grave ao exercício lato, absoluto e efetivo à defesa do contribuinte. Como muito bem pontuado pela DRJ, não há contradição entre os motivos legais e os fundamentos de fato adotados pela Autoridade Fiscal para proceder à lavratura do auto infração; não por outra razão, o contribuinte pode exercer, sem quaisquer obstáculos, a sua defesa, tendo compreendido, sem dificuldades, o objeto da autuação (pas de nullité sains grief). Afasto, portanto, também esta preliminar. I.2.3 Pretenso cerceamento de defesa por descumprimento ao entendimento firmado no Parecer Normativo CST de nº 347/70 Permitamme, aqui, reproduzir o trecho do parecer aventado pelo recorrente como base para a alegação em análise (trecho extraído do próprio recurso voluntário): "A forma de escriturar suas operações é de livre escolha do contribuinte, dentro dos princípios técnicos ditados pela Contabilidade e a repartição fiscal só a impugnará, se a mesma omitir detalhes indispensáveis à determinação do verdadeiro lucro tributável." Permissa venia, mas as disposição do PN/CST acima transcritas não tem, para com o objeto deste feito, nenhuma relação de pertinência lógica. A fiscalização, em momento algum, critica a contabilidade do contribuinte... limitase, tão só, a apontar a inexistência de provas documentais que dariam azo e validade aos registros contábeis na forma preconizada pelo art. 923 do RIR. Outrossim, é genérica, pouco fundamentada e irreal a alegação de que os documentos trazidos pelo contribuinte, em especial, os contratos de franquia, as ordens de pagamento e outros teriam sido desconsiderados pela D. Auditoria Fiscal, dado que foi, justamente com base neles que considerou comprovadas partes das despesas escrituradas pelo recorrente em seus livros fiscais e contábeis. A exigência ora polemizada centrouse, tão só, nos registros para os quais não foram produzidas provas. E, nada obstante, semelhante questionamento afeta diretamente o mérito, não impondo o reconhecimento de qualquer nulidade da autuação. Deixo de acolher, destarte, esta preliminar. I.2.4 Dos pedidos de perícia e oitiva de empresa de auditoria independente. Fl. 1122DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.123 9 De plano, observase que o recorrente não atendeu aos ditames do art. 16, IV, do Decreto 70.235 ao requerer a produção de prova pericial sem, contudo, apresentar os necessários quesitos. Demais a mais, a prova pericial pretendida, como bem apontado pelo acórdão recorrido, se destinaria para, tão só, demonstrar a concreta incorrência do contribuinte nas despesas glosadas. Semelhante mister, todavia, não demanda conhecimento técnico que não seja próprio à atividade dos Auditores Fiscais, pelo que não se vê qualquer pertinência quanto a sua realização. No que tange ao pedido de oitiva de terceiros (Auditoria Independente), vale dizer que a única prova admitida para se demonstrar a incorrência efetiva da empresa em despesas glosadas é a prova documental, hábil e idônea. A opinião de auditores independentes que, eventualmente, atestem a regularidade de livros e documentos contábeis em nada contribui para o cumprimento do mister descrito nos arts. 299 e 923 do RIR. Há que se afastar, pois, também esta preliminar. II Mérito. II.1 Das glosas de despesas e dos ajustes ao lucro líquido Aqui, vejam bem, o recorrente, reprisando ipsis literis as suas razões de impugnação, traz um longo arrazoado sobre a teoria da norma jurídica tributária, especificamente sobre a hipótese de incidência apreendida em relação ao Imposto de Renda, afirmando, ao final, que os fatos descritos não guardariam qualquer tipo de pertinência lógica para com o aspecto material da exação, apontado, por ele, como sendo o patrimônio. Primeiramente, insta lembrar que e o fato signopresuntivo tomado por relevante pela norma de incidência do IRPJ não é o patrimônio, mas, isto sim, o lucro, definido, aí sim, pelo art. 43, como o incremento patrimonial... e para a verificação in concreto do lucro, e o contribuinte se esquece, há que se considerar os elementos conformadores do aspecto quantitativo da norma jurídica que, conquanto estar inserido no comando, e não na hipótese, ainda deve manter, para com esta (e todos os seus aspectos) uma relação de pertinência lógica. A despesas dedutíveis são, pois, parte integrante da aferição da base de cálculo do IR e da CSLL; são, como já dito, elementos conformadores do aspecto quantitativo. A verificação, pois, de sua incorrência efetiva, nos exatos termos do art. 142 do CTN, mantém sim relação direta com o fato signopresuntivo de riqueza perquerido pela norma de incidência. Ou seja, o único argumento jurídico deduzido pelo recorrente, tanto em suas razões de impugnação, como em seu apelo, não tem qualquer tipo de respaldo técnico... o problema é que o contribuinte nada mais diz... mas nada mais prova... Em nenhuma passagem de seu longo recurso, a empresa se dedica a se contrapor às constatações fáticas realizadas, tanto pela Auditoria Fiscal, como pela DRJ que, a despeito da generalidade dos argumentos de defesa, ainda assim acolheu parte dos documentos trazidos na impugnação para reconhecer comprovadas algumas das despesas originariamente glosadas. A teor do já, por vezes, citado art. 923, apenas os documentos hábeis e idôneos são suficientes para demonstrar a lisura da escrita contábil e assim lhe emprestar força Fl. 1123DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.124 10 probandi. Aqui, peço especial atenção as seguintes conclusões constantes do acórdão recorrido: Não restam dúvidas, portanto, que a AuditoraFiscal analisou a documentação apresentada pela fiscalizada, tendo sido elaborados demonstrativos em que são identificados os documentos aceitos como hábeis a justificar os lançamentos contábeis postos sob exame, recaindo a glosa somente sobre os valores daqueles para os quais não foram apresentados os documentos que lhes dariam respaldo e que foram discriminados nos demonstrativos "DESPESAS DE FRANQUIAS — Conta 35011001000000 — Não Comprovadas" (fls. 505/512); "Conta 4.1.02.2 — Serviços prestados PJ — históricos diversos — VALORES NÃO COMPROVADOS" (fl. 513/516); "Conta 4.1.02.2 — Serviços prestados PJ — Histórico — Apropriação folha de pagamento — Valores Não comprovados" (fl. 517/520); "Conta 4.1.03.1.001 e 4.1.03.2.001 — Despesas com imóveis — Aluguéis — Valores não comprova 4" (fl. 521) e "Conta 4.1.03.3.001 — Despesas com imóveis — Aluguéis — Valores não comprovados" (fl. 522/523) que restaram glosados; e, "VALORES EXCLUÍDOS DO LALUR — REFERENTES a Conta 2109200100000 — FRANQUIAS — não comprovados" (fls. 538/544). Insistase, mais uma vez... em momento algum o contribuinte se opõe de forma objetiva às constatações retratadas no trecho acima reproduzido, deixando, igualmente, de contestar as apurações feitas pelo acórdão recorrido, relativas aos documentos adicionais trazidos por ocasião da impugnação (até porque, repitase, se limitou a reproduzir no recurso voluntário, os mesmíssimos, e genéricos, argumentos trazidos na peça de defesa). A vista disso, e a míngua de argumentos específicos quanto as constatações fáticas apostas no auto de infração e, também, no acórdão recorrido, não vejo como acolher a pretensão recursal. II.2 IRFonte. Já pude me manifestar em casos análogos no passado e aqui, venia concessa, não posso concordar com as razões da autuação. Notem, no caso, que a Fiscalização justificou este lançamento exclusivamente a partir das seguintes conclusões: Pagamento a beneficiário não identificado/sem causa comprovada— os pagamentos dos valores que deixaram de ser comprovados com quaisquer documentos hábeis, conforme listamos no demonstrativo " IRRF — Pagamento a beneficiário não identificado/sem causa comprovada ", caracterizam pagamento a beneficiário não identificado e sem causa comprovada (...). Este argumento (único, digase) se repete em todos os itens da autuação. Agora, vejam o que dispõe o art. 61 da Lei 8.981/95: Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais Fl. 1124DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.125 11 § 1º A incidência prevista no caput aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2º, do art. 74 da Lei nº 8.383, de 1991.. Este preceito, não tenho dúvidas, não encerra uma presunção legal como aquela contemplada pelo art. 42 da Lei 9.430, nem comporta a inversão (em menor grau) do ônus da prova em relação às despesas deduzidas (inversão apreendida a partir das disposições do art. 927 do RIR); a identificação e, principalmente, a comprovação de seu núcleo típico é mister do qual a Fiscalização não pode se desincumbir. Assim, vejam bem, não basta, para ensejar a aplicação dos preceitos do art. 61, supra, e observar as suas (graves) consequências, a mera constatação de falta de comprovação de despesas. É essencial, até para atender ao requisito da motivação do ato administrativo e ao primado da verdade material, que a autoridade lançadora aponte objetivamente os elementos que a levaram a concluir pela existência de pagamentos realizados sem causa ou a destinatários não identificados, impondose, inclusive, quando possível, a circularização de informações perante fornecedores e prestadores de serviços. Pelo que se extrai da justificação apresentada anteriormente, extraída dos TVfs, não houve qualquer preocupação da Fiscalização em efetivamente apurar a situação de fato contida na hipótese de incidência da norma prescrita pelo art. 61 supra; a sua aplicação se deu por presunção, dedução pseudológica, decorrente da constatação da falta de comprovação de despesas. Vale destacar, inclusive, e mormente em relação aos grupos de infrações descritos no TVF como "DESPESAS DE FRANQUIAS — Conta 35011001000000 — Não Comprovadas" (fls. 505/512) e "VALORES EXCLUÍDOS DO LALUR — REFERENTES a Conta 2109200100000 — FRANQUIAS — não comprovados" (fls. 538/544), que a Autoridade Administrativa reconhece, explicitamente, a causa e o beneficiário: Em 26/10/2005, apresentou a composição analítica da conta 3.5.01.1.001, vinculados a DIPJ e os contratos de Franquias junto à Microsiga — Rio e outros franqueados, deixando de apresentar quaisquer outros documentos comprobatórios, relativos a despesas de franquias. Dos contratos disponibilizados, contatamos que as despesas de franquias, referemse a comissões por comercialização de sistemas aplicativos próprios e de terceiros, de sistemas operacionais• de terceiros e manutenção de evolução tecnológica dos sistemas comercializados, que são fornecidos e faturados diretamente pela Microsiga, sendo pago aos franqueados, mediante Nota Fiscal, uma comissão, conforme percentuais estipulados no contrato, condicionado ao recebimento dos clientes da Microsiga (efls. 503). Ora, o destinatário dos pagamentos e a respectiva causa estão suficientemente demonstrados nos contratos trazidos pelo recorrente (efls. 317 e ss), estando mais que claro que o fundamento para a exigência do IRRF foi, tão só, a não comprovação, por meio de notas fiscais, recibos relatórios dos respectivos dispêndios. Fl. 1125DF CARF MF Processo nº 19515.000597/200614 Acórdão n.º 1302003.154 S1C3T2 Fl. 1.126 12 Agora, a par do meu entendimento pessoal sobre a impossibilidade de se lançar, aqui, concomitantemente, o IRPJ por glosa de despesas e o IRRF (se se opera a glosa, é porque o pagamento não existiu este "pagamento" teria que ser comprovado, quando menos, por extratos bancários já que, como disse, não se está diante de hipótese de presunção legal), o fato é que no caso em análise a própria justificação apresentada nos TVFs me parece absolutamente insuficiente para impor as consequências preconizadas pelo art. 61 citado linhas acima. Há, pois, aqui, inegável vício de fundamentação ou, quando menos, insuficiência de provas para se assumir a ocorrência dos aludidos "pagamentos sem causa ou a beneficiário não identificado). Concordo, pois, neste ponto com o recorrente e entendo que o lançamento, quanto ao IRfonte, deva ser cancelado. III Conclusões. A luz do exposto, voto por afastar as preliminares suscitadas e, no mérito, por dar parcial provimento ao recurso voluntário a fim de cancelar a exigência concernente ao IRFonte apurado na forma do art. 61 da Lei 8.981/95. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 1126DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.727676/2012-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
RETENÇÃO. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. APROVEITAMENTO NO
LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
É requisito para o aproveitamento do crédito dos valores retidos, além da comprovação do destaque da retenção de 11% na nota fiscal ou da comprovação do recolhimento desse valor, também que a retenção esteja declarada em GFIP na competência da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços.
MULTA MAIS BENÉFICA.
É devida a comparação entre a multa de ofício de 75%, instituída pelo art. 35-A da Lei 8.212/91, incluído pela MP 449/08, convertida na Lei 11.941/2009 e as multas do art. 35 da Lei 8.212/91 e 32 § 5º da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.528/97, prevalecendo a mais favorável ao contribuinte. Aplicação do art. 106 inc. II c do Código Tributário Nacional.
JUROS DE MORA. LEGALIDADE.
A contribuição previdenciária não recolhida sujeita-se à incidência de juros, calculado
Numero da decisão: 2401-005.819
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntario.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente convocada) e Miriam Denise Xavier (Presidente).
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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CESSÃO DE MÃODEOBRA. APROVEITAMENTO NO LANÇAMENTO DE OFÍCIO. É requisito para o aproveitamento do crédito dos valores retidos, além da comprovação do destaque da retenção de 11% na nota fiscal ou da comprovação do recolhimento desse valor, também que a retenção esteja declarada em GFIP na competência da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços. MULTA MAIS BENÉFICA. É devida a comparação entre a multa de ofício de 75%, instituída pelo art. 35 A da Lei 8.212/91, incluído pela MP 449/08, convertida na Lei 11.941/2009 e as multas do art. 35 da Lei 8.212/91 e 32 § 5º da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.528/97, prevalecendo a mais favorável ao contribuinte. Aplicação do art. 106 inc. II “c” do Código Tributário Nacional. JUROS DE MORA. LEGALIDADE. A contribuição previdenciária não recolhida sujeitase à incidência de juros, calculado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntario. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 76 76 /2 01 2- 60 Fl. 891DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente convocada) e Miriam Denise Xavier (Presidente). Relatório Contra o contribuinte acima qualificado foram lavrados os seguintes Autos de Infrações a seguir: Obrigação Principal: DEBACD 37.344.6136 – Contribuição da Empresa – Patronal/SAT (fls. 2/11) Contribuições da empresa, destinadas à Seguridade Social, de que trata o incisos II do artigo 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados aos empregados. Valor do Crédito Apurado R$ 456.058,21 (quatrocentos e cinquenta e seis mil e cinquenta e oito reais e vinte e um centavos), já incluídos aí os juros e as multas de mora e de ofício incidentes sobre o débito originário. DEBACD 37.344.6144 – Contribuição dos Segurados (fls. 12/21) Contribuições dos segurados empregados, arrecadadas pela empresa, sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas àqueles. Valor do crédito apurado R$ 122.912,93 (cento e vinte e dois mil, novecentos e doze reais e noventa e três centavos), já incluídos aí os juros e as multas de mora e de ofício incidentes sobre o débito originário. DEBACD 37.344.6152 – Outras Entidades Terceiros (fls. 22/32) Contribuições devidas pela empresa sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados, destinadas às Outras Entidades e Fundos: FNDE, SENAC, SESC, INCRA E SEBRAE. Fl. 892DF CARF MF Processo nº 11080.727676/201260 Acórdão n.º 2401005.819 S2C4T1 Fl. 3 3 Valor do crédito apurado R$ 119.287,45 (cento e dezenove mil, duzentos e oitenta e sete reais e quarenta e cinco centavos), já incluídos aí os juros e as multas de mora e de ofício incidentes sobre o débito originário. Consta do Relatório Fiscal (fls. 36/42), que a empresa autuada tem como atividade principal – ATIVIDADE DE CONTABILIDADE E AUDITORIA – e está enquadrada no código 74128 do CNAE – Código Nacional de Atividade Econômica nº 6920601 do CNAE Fiscal e no Código 5150 do FPAS – Fundo de Previdência e Assistência Social. Destaca a Fiscalização, que o contribuinte foi excluído do Simples Nacional em 12/06/2012, com efeitos a partir de 01/01/2009 conforme Ato Declaratório Executivo DRF/POA nº 002 de 12 de junho de 2012. O fato gerador das obrigações previdenciárias e sociais, tem por origem o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados. O Fato Gerador do lançamento da contribuição descontada dos segurados empregados provem da diferença entre a remuneração informada nas folhas de pagamento e nas GFIP, deduzidos os valores eventualmente recolhidos e as deduções legais (salário família e salário maternidade). As bases de cálculo da contribuição previdenciária e para outras entidades e fundos foram apuradas com base nas remunerações contidas nas GFIPs enviadas pelo contribuinte (status 1 = “exportada”) e nas folhas de pagamento apresentadas. Os valores deste lançamento fiscal destinamse à Previdência Social e a Outras Entidades e Fundos e referemse ao descumprimento de obrigação principal. Os valores referentes à obrigação principal foram lançados nos seguintes códigos de levantamento: LEVANTAMENTO Código Descrição Período GFIP (*) FE FOLHA PAGAMENTO EMPRESA 02/08 à 11/08 Não declarado em GFIP FS1 FOLHA PAGAMENTO EMPRESA 01/08 à 01/08 Não declarado em GFIP FS2 FOLHA PAGAMENTO EMPRESA 12/08 à 13/08 Não declarado em GFIP FS FOLHA PAGAMENTO SEGURADOS 02/08 à 11/08 Não declarado em GFIP FS1 FOLHA PAGAMENTO SEGURADOS 01/08 à 01/08 Não declarado em GFIP FS2 FOLHA PAGAMENTO SEGURADOS 12/08 à 13/08 Não declarado em GFIP Fl. 893DF CARF MF 4 O sujeito passivo efetuou a retenção e deixou de recolher e de declarar em GFIP, antes do início da ação fiscal, o total das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados. Portanto fica o contribuinte cientificado que tais fatos configuram, em tese, ilícitos penais, que serão objeto de comunicação ao Ministério Público Federal para eventual propositura de ação penal, em relatório à parte. Na auditoria fiscal além deste processo foram lavrados os seguintes Auto de Infração que compõem o processo comprot nº 11080727.676/201260: Documentos Nº do documento Descrição AIOP PATRONAL 51.017.6887 Contribuições da Empresa (Patronal e Sat) AIOP SEGURADOS 51.017.6895 Contribuições dos Segurados Empregados AIOP TERCEIROS 51.017.6909 Contribuições para Outras Entidades e Fundos AIOA CFL 38 51.017.6879 Não apresentação das NFS e Contratos PS AIOA CFL 78 51.017.6860 Envio de GFIP com Erros de Campos Devidamente cientificado do lançamento em 26/06/2012 (fls. 02; 12 e 22), o Interessado apresentou impugnação tempestiva em 26/07/2012 para cada Auto de Infração, da seguinte forma: Autos de Infração 37.344.6136 – (fls. 484/487); Autos de Infração 37.344.6144 – (fls. 604/607); e Autos de Infração 37.344.6136 – (fls. 724/727). Em suma, as peças contêm as mesmas argumentações de defesa, onde a Impugnante requer, o acolhimento de suas razões julgandoas procedentes para anular os autos de infração ou, que seja apurado o crédito tributário, caso existir, levandose em consideração as guias pagas que não teriam sido computadas nos autos de infração, a exclusão do Simples Nacional a partir de 11/2008 e que seja revisto o percentual de multa e juros aplicado, por não retratar a legislação aplicável à época, mediante as seguintes alegações: A fiscalização apurou o crédito tributário que entendia devido, de acordo com o confronto realizado entre as folhas de pagamentos e as GFIPs declaratórias e abateu destes valores apenas algumas GPS recolhidas, não fazendo abatimento de todas as guias recolhidas pela Impugnante. Estas guias encontramse reconhecidas pelo sistema de arrecadação da Secretaria da Receita Federal e os parcelamentos devidamente efetuados junto ao sistema de arrecadação. Houve no procedimento fiscal a exclusão do Simples, de forma equivocada, retroativa a 01/07/2007, e que é objeto de manifestação de inconformidade. A exclusão da impugnante no Simples deveria ter sido feito retroativa à 11/2008. Fl. 894DF CARF MF Processo nº 11080.727676/201260 Acórdão n.º 2401005.819 S2C4T1 Fl. 4 5 Assim, o crédito tributário foi apurado durante todo o período como se a empresa não fosse optante pelo Simples Nacional, quando na realidade, deverá ser apurado desta forma somente a partir de 11/2008. Ainda, pela forma de apuração do crédito tributário, a fiscalização no período que corresponde o presente auto de infração, qual seja, janeiro a dezembro de 2008, deixou de considerar o pagamento correspondente a R$ 211.166,17 (duzentos e onze mil, cento e sessenta e seis reais e dezessete centavos) constante das guias e relatórios que ora anexamos, bem como não descontou os valores pagos a título de parcelamento. Cita o artigo 156 do Código Tributário Nacional que trata d exclusão do crédito tributário. Sendo assim, não há motivo plausível, para que a fiscalização não tenha considerado os pagamentos efetuados no período, pagamentos estes que constam de seus próprios registros. Desta forma deverá o fisco, promover nova apuração do crédito tributário, considerando todos os valores recolhidos no período conforme documentos anexados, pois que legítimos e ensejadores da extinção do crédito conforme já exposto anteriormente. Após esta nova apuração do crédito, então sim caso, houver algum valor ainda devido, este deverá ser recalculado para após ser aplicada a multa e juros se houver e ainda ser reaberto o prazo para impugnação do crédito constituído. Especificamente no que tange ao Auto de Infração nº 37.344.6144 (fls. 604/607), destacase: Feita a devida apropriação dos valores recolhidos, este crédito tributário será extinto, uma vez que o crédito tributário líquido apurado é de R$ 70.045,00, e as guias pagadas que não foram consideradas atingem o montante de R$ 211.166,17, além dos valores pagos a título de parcelamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto lavrou Decisão Administrativa contextualizada no Acórdão nº 1445.363 da 17ª Turma da DRJ/RPO, às fls. 849/869, julgando improcedente as impugnações apresentadas, mantendo o lançamento fiscal. Recorde se: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PREVIDENCIÁRIO. EXCLUSÃO DA EMPRESA DO SIMPLES. DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. A possibilidade de discussão administrativa do Ato Declaratório Executivo (ADE) de exclusão do Simples não impede o lançamento de ofício dos créditos tributários devidos em face da exclusão. RETENÇÃO. CESSÃO DE MÃODEOBRA. APROVEITAMENTO NO LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Fl. 895DF CARF MF 6 É requisito para o aproveitamento do crédito dos valores retidos, além da comprovação do destaque da retenção de 11% na nota fiscal ou da comprovação do recolhimento desse valor, também que a retenção esteja declarada em GFIP na competência da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços. PRODUÇÃO DE PROVAS. PRAZO. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito do sujeito passivo fazêlo em outro momento processual quando não comprovada nenhuma das hipóteses de exceção previstas na legislação. JUROS DE MORA. LEGALIDADE. A contribuição previdenciária não recolhida sujeitase à incidência de juros e multa, calculados nos termos da legislação de regência. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. POSSIBILIDADE. A lei aplicase a fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática, comparandose a legislação atual e a vigente à época dos fatos geradores. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Do resultado do julgamento acima transcrito, a empresa Recorrente foi intimada em 25/11/2013 (fl. 873). Inconformada com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 20/12/2013 (fls. 876/882), argumentando o que segue, inclusive repisando argumentos já lançados em impugnação: Ocorre que o crédito tributário contempla as contribuições devidas relativas aos segurados, a cota patronal, acidentes do trabalho e aos terceiros. Para apuração do valor devido foi aplicado ao valor total da folha de pagamento a tabela de incidência das respectivas contribuições para a parcela dos segurados e o percentual de 20%, 1% e 5,8% relativos a cota patronal, acidentes do trabalho e terceiros. Assim, qualquer GFIP entregue anteriormente, foi anulada, pois foi constituído novo crédito tributário com base na aplicação das alíquotas respectivas sobre o total da folha de pagamento. Destes créditos foram descontados os valores pagos nos códigos 2100 e 2119, conforme está fundamentado no acórdão. Do crédito tributário não foram descontados os valores pagos a título de parcelamento, os valores recolhidos no código 2631 e 2640 (retenções), bem como nem todas as GPS dos códigos 2100 e 2119. O montante maior corresponde aos parcelamentos e retenções. Em relação as retenções o julgado traz a conclusão de que é requisito para aproveitamento do crédito dos valores retidos, além da comprovação do destaque da retenção de 11% na nota fiscal ou da comprovação do recolhimento deste valor, também que a retenção Fl. 896DF CARF MF Processo nº 11080.727676/201260 Acórdão n.º 2401005.819 S2C4T1 Fl. 5 7 esteja declarada em GFIP na competência da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, pelo estabelecimento responsável pela cessão de mãodeobra. No que diz respeito aos parcelamentos, informa que eventual parcelamento existente, seria decorrente de constituição de créditos, por autolançamento, mediante confissão de dívida, que ocorre quando o contribuinte apresenta a GFIP e não efetua o pagamento integral do valor confessado, o que não é o caso, assim não possível a dedução no presente. Os valores que foram eventualmente declarados em GFIP para o período, não foram excluídos do lançamento, ou seja, foi apurado crédito tributário baseado no total da folha de pagamento, sem a exclusão do que havia sido declarado, assim, impossível a Recorrente declarar novamente as GFIPs do período, para reconhecer as retenções, pois se o fizesse o crédito tributário dobraria. É incontroverso que existe um valor expressivo recolhido a título de retenção e através de parcelamentos, que se encontra nos cofres públicos. Se não for possível o desconto destes valores no crédito tributário, haverá um enriquecimento ilícito por parte da Administração. Os valores pagos, seja a qualquer título, uma vez reconhecidos pela Receita Federal do Brasil devem ser utilizados para extinguir o crédito tributário, sob pena de em não o fazendo ferirmos o preconizado no art 156 do CTN, que dispõe sobre as modalidades de extinção do crédito tributário, que transcrevemos a seguir: [...] O recolhimento feito na forma de retenção é idêntico a um pagamento, pois efetuado em guia própria com o CNPJ do contribuinte que irá se apropriar da retenção, a única diferença para o pagamento normal é que os valores são satisfeitos pelo tomador do serviço, porém em nome da empresa contratada. Assim, não há óbice a utilização dos valores que se encontram recolhidos aos cofres públicos, já reconhecidos, ou seja, incontroversos, para extinção do crédito tributário existente. Sendo assim, não há motivo plausível, para que a fiscalização não tenha considerado os pagamentos efetuados no período, seja em guias de retenção ou através de parcelamento, pagamentos estes que constam de seus próprios registros. Dessa forma, deverá o fisco promover nova apuração do crédito tributário, considerando todos os valores recolhidos no período conforme documentos que já se encontram anexados ao processo, pois que legítimos e ensejadores da extinção do crédito tributário. Após esta nova apuração do crédito tributário, então sim, caso ainda houver algum valor devido, este deverá ser recalculado para após ser aplicado a multa e juros se houver e ainda ser reaberto o prazo para impugnação do crédito tributário constituído. Além das considerações acima, deverá a Recorrida rever o percentual de multa e juros aplicado, pois não está de acordo com a legislação aplicada à época. Fl. 897DF CARF MF 8 Ao final requer: (A) Que seja recebido o presente Recurso Voluntário, com os documentos que o instruem, utilizando para análise do mérito todos os documentos que já se encontram no processo administrativo; (B) No mérito seja julgado procedente o presente Recurso Voluntário, para anular o auto de infração que é objeto deste Recurso; (C) Que seja apurado o crédito tributário, caso existir, levando em consideração as guias pagas sejam elas oriundas de retenção ou não e os parcelamentos efetuados e não computados nos autos de infração e a exclusão do Simples Nacional a partir de 11/2008; (D) Que seja revisto o percentual da multa e juros aplicado, eis que não retrata a legislação aplicável à época. É o relatório. Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. A Recorrente foi cientificada da r. decisão em debate no dia 25/11/2013 (fl. 873), e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 20/12/2013, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DO MÉRITO. Inicialmente, destaco que estes autos encontramse apensados ao Processo nº 11080.728028/201221 (fl. 890). A Recorrente sustenta que no presente lançamento fiscal, na apuração do crédito tributário, houve o abatimento de apenas algumas GPS recolhidas, não fazendo abatimento de todas as guias recolhidas e desta forma deveria o Fisco promover nova apuração do crédito, considerando todos os valores recolhidos no período conforme documentos anexados. Argumenta que do crédito tributário não foram descontados os valores pagos a título de parcelamento, os valores recolhidos no código 2631 e 2640 (retenções), bem como nem todas as GPS dos códigos 2100 e 2119. Aduz que é incontroverso que existe um valor expressivo recolhido a título de retenção e através de parcelamentos, que se encontram nos cofres públicos, e caso não seja Fl. 898DF CARF MF Processo nº 11080.727676/201260 Acórdão n.º 2401005.819 S2C4T1 Fl. 6 9 possível o desconto desses valores no crédito tributário, haverá um enriquecimento ilícito por parte da Administração. Narra que os valores pagos a qualquer título, uma vez reconhecidos pela Receita Federal do Brasil devem ser utilizados para extinguir o crédito tributário, sob pena de violação ao artigo 156 do CTN. Em que pese o esforço da Recorrente, entendo que a respeitável decisão de primeira instância administrativa não merece reparos. Isso porque, ao contrário do que sustenta a Recorrente, parte dos valores recolhidos/retidos ou compensados foram apropriados/aproveitados para liquidação dos valores declarados em GFIP, de forma que para aproveitamento de importâncias, no presente, condicionase inicialmente aquela apropriação e em seguida, o restante, se houver, para o presente lançamento de ofício. No que se refere aos recolhimentos códigos 2100 e 2119, efetuados diretamente pelo contribuinte, verificase que os mesmos foram integralmente apropriados, conforme se depreende do quadro demonstrativo de fl. 857, em referência à competência 03/2008. A propósito, verificase do Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados – RADA (fl. 06) a apropriação do valor de R$ 6.377,41 (seis mil trezentos e setenta e sete reais e quarenta e um centavos) – parte da empresa e R$ 273,11 (duzentos e setenta e três reais e onze centavos) – Empresa – relativo a Terceiros, realizados na referida competência. Além disso, conforme bem pontuado pela instância julgadora a quo, tal situação se verifica em todas as demais competências constantes dos autos em questão. Dessa forma, não merece nenhum reparo quanto ao procedimento adotado pela autoridade fiscal. Do Código de pagamento 2909 – Reclamatória Trabalhista. Quanto ao código acima, vale afirmar que o mesmo é específico para recolhimentos decorrentes de Reclamatória trabalhista, cujas bases de cálculo, via de regra, não constam das folhas de pagamentos e de outros elementos considerados por ocasião da respectiva apuração, à época dos fatos geradores. Logo, caberia à Recorrente além de apresentar todos os elementos necessários à identificar cada situação específica, para que, se fosse o caso, após cumpridas todas as exigências legais, comprovar a correta declaração em GFIP, nos termos dos itens 8.5.3 e seguintes, do Manual da GFIP/SEFIP, aprovado pela IN MPS/SRP Nº 11, de 25/04/2006 e alterações, para demonstrar/comprovar que tais recolhimentos pudessem ser apropriados, no presente. Ocorre que a Recorrente não apresentou tais elementos, por completo, e principalmente não comprova a declaração na GFIP, das reclamatórias trabalhistas, portanto, não pode ser acolhida a sua pretensão. Do Código de pagamento 2631 e 2640 – Contribuição Retida sobre NF/Fatura da Prestação. Fl. 899DF CARF MF 10 Os códigos de pagamentos 2631 e 2640 se referem a recolhimentos realizados a título de contribuição retida sobre Nota Fiscal/Fatura da empresa prestadora de serviço. Sobre o tema, o artigo 31 da Lei nº 8.212/91 estabelece o que segue: Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). § 1º O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, por ocasião do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos seus segurados. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Na impossibilidade de haver compensação integral na forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de restituição. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Por sua vez, o artigo 219 do Decreto nº 3.048/1999 prescreve o seguinte: Art. 219. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida em nome da empresa contratada, observado o disposto no § 5º do art. 216. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003) [...] § 4º O valor retido de que trata este artigo deverá ser destacado na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, sendo compensado pelo respectivo estabelecimento da empresa contratada quando do recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social devidas sobre a folha de pagamento dos segurados. § 5º O contratado deverá elaborar folha de pagamento e Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social distintas para cada estabelecimento ou obra de construção civil da empresa contratante do serviço. [...] § 9º Na impossibilidade de haver compensação integral na própria competência, o saldo remanescente poderá ser compensado nas competências subseqüentes, inclusive na relativa à gratificação Fl. 900DF CARF MF Processo nº 11080.727676/201260 Acórdão n.º 2401005.819 S2C4T1 Fl. 7 11 natalina, ou ser objeto de restituição, não sujeitas ao disposto no § 3º do art. 247. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003) § 10. Para fins de recolhimento e de compensação da importância retida, será considerada como competência aquela a que corresponder à data da emissão da nota fiscal, fatura ou recibo. Já a Instrução Normativa SRP Nº 3, de 14 e julho de 2005, revogada pela Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, determinava que: Art. 60. A empresa e o equiparado, sem prejuízo do cumprimento de outras obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária, estão obrigados a: [...] III elaborar folha de pagamento mensal da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, de forma coletiva por estabelecimento, por obra de construção civil e por tomador de serviços, com a correspondente totalização e resumo geral, nela constando: [...] VIII informar mensalmente, em GFIP emitida por estabelecimento da empresa, com informações distintas por tomador de serviço e por obra de construção civil, os seus dados cadastrais, os fatos geradores das contribuições sociais e outras informações de interesse da SRP e do INSS, na forma estabelecida no Manual da GFIP; Art. 140. A empresa contratante de serviços prestados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho temporário, a partir da competência fevereiro de 1999, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços e recolher à Previdência Social a importância retida, em documento de arrecadação identificado com a denominação social e o CNPJ da empresa contratada, observado o disposto no art. 93 e no art. 172. Parágrafo único. Os valores pagos a título de adiantamento deverão integrar a base de cálculo da retenção por ocasião do faturamento dos serviços prestados. Art. 141. O valor retido deve ser compensado pela empresa contratada com as contribuições devidas à Previdência Social, na forma prevista no Capítulo II, do Título III. Art. 156. A importância retida deverá ser recolhida pela empresa contratante até o dia dez do mês seguinte ao da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, prorrogandose este Fl. 901DF CARF MF 12 prazo para o primeiro dia útil subseqüente quando não houver expediente bancário neste dia, informando, no campo identificador do documento de arrecadação, o CNPJ do estabelecimento da empresa contratada e, no campo nome ou denominação social, a denominação social desta, seguida da denominação social da empresa contratante. Art. 161. A empresa contratada deverá elaborar: I folhas de pagamento distintas e o respectivo resumo geral, para cada estabelecimento ou obra de construção civil da empresa contratante, relacionando todos os segurados alocados na prestação de serviços, na forma prevista no inciso III do art. 60; II GFIP com as informações relativas aos tomadores de serviços, para cada estabelecimento da empresa contratante ou cada obra de construção civil, utilizando o código de recolhimento próprio da atividade, conforme normas previstas no Manual da GFIP; III demonstrativo mensal por contratante e por contrato, assinado pelo seu representante legal, contendo: a) a denominação social e o CNPJ da contratante ou a matrícula CEI da obra de construção civil; b) o número e a data de emissão da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços; [...] Art. 193. Caso haja pagamento de valores indevidos à Previdência Social, de atualização monetária, de multa ou de juros de mora, é facultado ao sujeito passivo optar pela compensação ou pela formalização do pedido de restituição na forma da Seção II deste Capítulo, observadas, quanto à compensação, as seguintes condições: [...] § 1º O crédito decorrente de pagamento ou de recolhimento indevido poderá ser utilizado entre os estabelecimentos da empresa, exceto obras de construção civil, para compensação com contribuições sociais previdenciárias devidas, desde que a compensação seja declarada em GFIP. Art. 194. A compensação, observada a prescrição estabelecida no art. 218, não deverá ser superior a trinta por cento do valor das contribuições devidas à Previdência Social, em cada competência, independentemente da data do recolhimento, e de acordo com as seguintes disposições: [...] IV o valor a ser efetivamente recolhido após a compensação deverá ser lançado no campo "valor do INSS" do documento de arrecadação. Fl. 902DF CARF MF Processo nº 11080.727676/201260 Acórdão n.º 2401005.819 S2C4T1 Fl. 8 13 § 1º O saldo remanescente em favor do sujeito passivo poderá ser compensado nas competências subseqüentes, devendo ser obedecidas as mesmas condições estabelecidas neste artigo e no art. 193. § 2º O valor total a ser compensado deverá ser informado na GFIP, na competência de sua efetivação, conforme previsto no Manual da GFIP. Por sua vez, o Manual da GFIP orienta que o estabelecimento prestador de serviços deve informar o valor correspondente ao montante das retenções sofridas durante o mês no campo “Retenção Lei nº 9.711/98” da GFIP da competência de emissão da Nota Fiscal/Fatura de Prestação de Serviços e o valor a compensar: 3.1 – VALOR DE RETENÇÃO (Lei n° 9.711/98) A empresa cedente de mãodeobra ou prestadora de serviços (contratada) deve informar o valor correspondente ao montante das retenções (Lei n° 9.711/98) sofridas durante o mês, em relação a cada tomador/obra (contratante), incluindo o acréscimo de 4, 3 ou 2% correspondente aos serviços prestados em condições que permitam a concessão de aposentadoria especial (art. 6° da Lei n° 10.666, de 08/05/2003). A informação deve ser prestada relativamente ao estabelecimento ou à obra da empresa que sofreu a retenção. 2.16 COMPENSAÇÃO Informar o valor corrigido a compensar, efetivamente abatido em documento de arrecadação da Previdência – GPS, na correspondente competência da GFIP/SEFIP gerada, na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido à Previdência, bem como eventuais valores decorrentes da retenção sobre nota fiscal/fatura (Lei n° 9.711/98) não compensados na competência em que ocorreu a retenção e valores de saláriofamília e saláriomaternidade não deduzidos em época própria, obedecido ao disposto na Instrução Normativa que dispõe sobre normas gerais de tributação previdenciária e de arrecadação das contribuições sociais administradas pela RFB. Informar também o período (competência inicial e competência final) em que foi efetuado o pagamento ou recolhimento indevido, em que ocorreu a retenção sobre nota fiscal/fatura não compensada em época própria ou em que não foram deduzidos o saláriofamília ou salário maternidade. Por fim, a Instrução Normativa RFB nº 1300, 20 de novembro de 2012, posteriormente revogada pela Instrução Normativa RFB Nº 1717, de 17 de julho de 2017, que estabelece normas de restituição e compensação de quantias recolhidas a título de tributo administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, determinava quanto ao Fl. 903DF CARF MF 14 aproveitamento de valores referentes à retenção de contribuições previdenciárias na cessão de mãodeobra e na empreitada: Art. 60. A empresa prestadora de serviços que sofreu retenção no ato da quitação da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, poderá compensar o valor retido quando do recolhimento das contribuições previdenciárias, inclusive as devidas em decorrência do décimo terceiro salário, desde que a retenção esteja: I declarada em GFIP na competência da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, pelo estabelecimento responsável pela cessão de mão de obra ou pela execução da empreitada total; e II destacada na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços ou que a contratante tenha efetuado o recolhimento desse valor. § 1º A compensação da retenção poderá ser efetuada somente com as contribuições previdenciárias, não podendo absorver contribuições destinadas a outras entidades ou fundos, as quais deverão ser recolhidas integralmente pelo sujeito passivo. § 2º Para fins de compensação da importância retida, será considerada como competência da retenção o mês da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços. § 3º O saldo remanescente em favor do sujeito passivo poderá ser compensado nas competências subsequentes, devendo ser declarada em GFIP na competência de sua efetivação, ou objeto de restituição, na forma dos arts. 17 a 19. § 3º O saldo remanescente em favor do sujeito passivo poderá ser compensado nas competências subsequentes, observado o disposto nos §§ 7º e 8º do art. 56, ou poderá ser objeto de restituição, na forma dos arts. 17 a 19. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1529, de 18 de dezembro de 2014) § 4º Se, depois da compensação efetuada pelo estabelecimento que sofreu a retenção, restar saldo, o valor deste poderá ser compensado por qualquer outro estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, inclusive nos casos de obra de construção civil mediante empreitada total, na mesma competência ou em competências subsequentes. Pela leitura dos dispositivos acima indicados, verificase que é requisito para o aproveitamento do crédito dos valores retidos, além da comprovação do destaque da retenção de 11% na nota fiscal ou da comprovação do recolhimento desse valor, também que a retenção esteja declarada em GFIP na competência da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, pelo estabelecimento responsável pela cessão de mãodeobra. No presente caso, os autos dão conta que a Recorrente deixou de apresentar parte dos documentos acima mencionados, tanto que a não apresentação das Notas Fiscais e Contratos de prestação de Serviços, assim como o envio de GFIPs com Erros de Campos, Fl. 904DF CARF MF Processo nº 11080.727676/201260 Acórdão n.º 2401005.819 S2C4T1 Fl. 9 15 motivou a sua autuação por descumprimento de obrigação acessória, através dos Autos de Infração nºs 51.017.6879 e 51.017.6860, constantes do Processo nº 11080727.674/201271. Por sua vez, verificase nos autos que a autoridade fiscal apropriou os documentos apresentados, conforme consta no Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados RADA, fls.06/09, nos termos das normas que tratam a matéria, não cabendo, portanto, nenhum reparo no procedimento adotado. Além disso, conforme consta da decisão colegiada de primeira instância administrativa, e não devidamente rebatido em sede de Recurso Voluntário, o contribuinte limitase a informar genericamente que os valores constantes do parcelamento realizado deveriam ser abatidos, sem contudo apresentar qualquer elemento que permitisse identificar tal parcelamento, assim como não apresenta qualquer demonstrativo apontando os valores e a origem nele declarado, ou seja, não apresenta qualquer prova a respeito. Do juros e da multa aplicada. A Recorrente insiste que seja revisto o percentual de multa e juros aplicado, por não retratar a legislação aplicável à época. Todavia, sem razão. Com o advento da Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27/05/2009, as regras para aplicação de multa decorrente do não recolhimento de contribuições previdenciárias e também pela ausência de entrega de GFIP, ou entrega em atraso ou com omissão/incorreção, foram modificadas em razão das alterações promovidas na Lei nº 8.212/91. A partir da publicação da referida Medida Provisória ficaram revogados os §§ 1º e 3º a 8º do artigo 32 da Lei nº 8.212/91, o artigo 35 recebeu nova redação, e foram incluídos os artigos 32A e 35A. Assim, atualmente, a Lei nº 8.212/91 dispõe: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo Fl. 905DF CARF MF 16 final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). [...] § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). [...] Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E a Lei nº 9.430/96 determina: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) [...] Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. Fl. 906DF CARF MF Processo nº 11080.727676/201260 Acórdão n.º 2401005.819 S2C4T1 Fl. 10 17 § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Temse, ainda, o disposto no inciso II, alínea “c”, do artigo 106 do Código Tributário Nacional: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Acrescentase que, com o intuito de regular a aplicação das inovações trazidas pela citada Lei nº 11.941/09, mormente quanto ao entendimento e comparação para fins da mencionada retroação benéfica, foi editada a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/09, que determina, em seu art. 3º: Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Tendo em vista o disposto no inciso II, do artigo 106 do CTN, a multa de ofício de 75% é aplicável, ainda, às competências anteriores a 12/2008, se resultar em aplicação de penalidade mais benéfica em comparação com as multas (de mora, pelo descumprimento da obrigação principal, mais, multa punitiva, pelo descumprimento da obrigação acessória) então vigentes. Fl. 907DF CARF MF 18 Ressaltese que, a partir da Medida Provisória nº 449, a multa de 75% substituiu as multas aplicadas anteriormente, quais sejam: a de mora, pelo descumprimento da obrigação principal (24%), e a multa punitiva pelo descumprimento das obrigações acessórias relacionadas a GFIP. Desse modo, havendo lançamento de ofício de contribuições não declaradas, devese comparar as multas por competência, visto que a GFIP é documento declaratório de fatos geradores/contribuições entregue mensalmente. Compulsando os autos (fl. 40), verificase que a Autoridade Fiscal, em estrito cumprimento no seu dever funcional que lhe é imposto, aplicou o percentual de multa e juros, nos termos da legislação de regência, aplicandose, inclusive, a mais benéfica para o contribuinte, no caso da competência 01/2008. Vale lembrar que, não recolhendo no momento oportuno, deve o contribuinte arcar com o ônus de seu inadimplemento. Se não houvesse tal exigência, haveria violação ao princípio da isonomia, pois o contribuinte que não recolhera no prazo fixado teria tratamento similar àquele que cumprira em dia com as suas obrigações fiscais. Por sua vez, a multa foi aplicada nos termos da Lei nº 8.212/91, artigo 35A (combinado com o art.44, inciso I da Lei n° 9.430, de 27/12/96), ambos com redação da MP. 449 de 04/12/2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27/05/2009, devendo ser mantida integralmente. Logo, mantenho inalterada a decisão recorrida. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 908DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13811.002055/2001-41
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. ADMISSÃO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 993.164/MG), proferida na sistemática do art 543-C do antigo CPC (Recursos Repetitivos), no sentido da inclusão na base de cálculo do Crédito Presumido de IPI na exportação (Lei nº 9.363/96) das aquisições de não contribuintes PIS/Cofins, como as pessoas físicas e cooperativas, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF).
INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC.
É devida a correção monetária pela taxa Selic sobre o crédito presumido de IPI objeto de pedido de ressarcimento/restituição, consoante Resp nº 1.035.847/RS, de aplicação obrigatória por este Conselho, pois submetido à sistemática dos recursos repetitivos pelo STJ.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. OPOSIÇÃO ILEGÍTIMA DO FISCO. TERMO INICIAL. 360 DIAS.
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça - STJ, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, sob o rito do art. 543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que o aproveitamento de créditos escriturais, em regra, não dá ensejo à correção monetária, exceto quanto obstaculizado injustamente o creditamento pela Fazenda.
É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" (Súmula 411/STJ). Em tais casos, a correção monetária, pela taxa SELIC, deve ser contada a partir do fim do prazo de que dispõe a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias (art.24 da Lei nº11.457/07), nos termos do REsp 1.138.206/RS, submetido ao rito do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
Numero da decisão: 9303-007.418
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para reconhecer o direito à inclusão na base de cálculo do crédito presumido de IPI dos valores relativos às aquisições de insumos de pessoas físicas, bem como determinar a incidência da taxa SELIC sobre referido montante a partir do prazo de 360 (trezentos e sessenta dias) do protocolo do pedido de ressarcimento, vencidas as Conselheiras Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. ADMISSÃO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 993.164/MG), proferida na sistemática do art 543-C do antigo CPC (Recursos Repetitivos), no sentido da inclusão na base de cálculo do Crédito Presumido de IPI na exportação (Lei nº 9.363/96) das aquisições de não contribuintes PIS/Cofins, como as pessoas físicas e cooperativas, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF). INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. É devida a correção monetária pela taxa Selic sobre o crédito presumido de IPI objeto de pedido de ressarcimento/restituição, consoante Resp nº 1.035.847/RS, de aplicação obrigatória por este Conselho, pois submetido à sistemática dos recursos repetitivos pelo STJ. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. OPOSIÇÃO ILEGÍTIMA DO FISCO. TERMO INICIAL. 360 DIAS. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça - STJ, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, sob o rito do art. 543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que o aproveitamento de créditos escriturais, em regra, não dá ensejo à correção monetária, exceto quanto obstaculizado injustamente o creditamento pela Fazenda. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" (Súmula 411/STJ). Em tais casos, a correção monetária, pela taxa SELIC, deve ser contada a partir do fim do prazo de que dispõe a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias (art.24 da Lei nº11.457/07), nos termos do REsp 1.138.206/RS, submetido ao rito do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para reconhecer o direito à inclusão na base de cálculo do crédito presumido de IPI dos valores relativos às aquisições de insumos de pessoas físicas, bem como determinar a incidência da taxa SELIC sobre referido montante a partir do prazo de 360 (trezentos e sessenta dias) do protocolo do pedido de ressarcimento, vencidas as Conselheiras Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
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CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. SELIC. Recorrente GRANOL INDÚSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. ADMISSÃO, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STJ (REsp nº 993.164/MG), proferida na sistemática do art 543C do antigo CPC (Recursos Repetitivos), no sentido da inclusão na base de cálculo do Crédito Presumido de IPI na exportação (Lei nº 9.363/96) das aquisições de não contribuintes PIS/Cofins, como as pessoas físicas e cooperativas, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental (art. 62, § 2º, do RICARF). INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. É devida a correção monetária pela taxa Selic sobre o crédito presumido de IPI objeto de pedido de ressarcimento/restituição, consoante Resp nº 1.035.847/RS, de aplicação obrigatória por este Conselho, pois submetido à sistemática dos recursos repetitivos pelo STJ. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. OPOSIÇÃO ILEGÍTIMA DO FISCO. TERMO INICIAL. 360 DIAS. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça STJ, no julgamento do REsp 1.035.847/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, firmou entendimento no sentido de que o aproveitamento de créditos escriturais, em regra, não dá ensejo à correção monetária, exceto quanto obstaculizado injustamente o creditamento pela Fazenda. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" (Súmula AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 20 55 /2 00 1- 41 Fl. 715DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 3 2 411/STJ). Em tais casos, a correção monetária, pela taxa SELIC, deve ser contada a partir do fim do prazo de que dispõe a administração para apreciar o pedido do contribuinte, que é de 360 dias (art.24 da Lei nº11.457/07), nos termos do REsp 1.138.206/RS, submetido ao rito do art. 543C do CPC e da Resolução 8/STJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para reconhecer o direito à inclusão na base de cálculo do crédito presumido de IPI dos valores relativos às aquisições de insumos de pessoas físicas, bem como determinar a incidência da taxa SELIC sobre referido montante a partir do prazo de 360 (trezentos e sessenta dias) do protocolo do pedido de ressarcimento, vencidas as Conselheiras Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte com fulcro no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 210100.063. Na parte de interesse ao presente julgamento o colegiado a quo não reconheceu o direito à inclusão, na base de cálculo do crédito presumido do IPI, das aquisições de insumos efetuadas perante pessoas físicas, nem o direito à incidência da taxa Selic sobre os valores pleiteados em ressarcimento. O recurso especial foi admitido, consoante despacho do presidente da Câmara competente, com relação às seguintes insurgências da Contribuinte: a interpretação de que as aquisições de insumos de pessoas físicas não compõem a base de cálculo do crédito presumido de IPI da Lei n.º 9.363/96; e a interpretação de que não incide correção monetária ou juros Selic sobre valores recebidos a título de ressarcimento de créditos de IPI decorrentes de incentivos fiscais. A Fazenda Nacional, devidamente intimada, apresentou contrarrazões ao recurso especial da Contribuinte. É o Relatório. Fl. 716DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303007.411, de 19/09/2018, proferido no julgamento do processo 13886.001231/200234, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 9303007.411): "Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte atende aos requisitos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 (anteriormente Portaria MF n.º 256/2009), devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito No mérito, a controvérsia posta no recurso especial da Contribuinte cingese às seguintes matérias: (i) requer a inclusão de insumos adquiridos de pessoas físicas na base de cálculo do crédito presumido de IPI; e (ii) postula a aplicação da taxa Selic aos pedidos de ressarcimento. 1. Da inclusão de insumos adquiridos de pessoas físicas e cooperativas na base de cálculo do crédito presumido de IPI A possibilidade de inclusão das aquisições de não contribuintes do PIS e da COFINS, como pessoas físicas e cooperativas, no cálculo do crédito presumido de IPI, foi reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp n.º 993.164/MG, pela sistemática dos recursos repetitivos. O acórdão recebeu a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. Fl. 717DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 5 4 2. A Lei 9.363/96 instituiu crédito presumido de IPI para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior." 3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que "o Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador". 4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, expediu a Portaria 38/97, dispondo sobre o cálculo e a utilização do crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 e autorizando o Secretário da Receita Federal a expedir normas complementares necessárias à implementação da aludida portaria (artigo 12). 5. Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: "Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matéria prima, produto intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS." 6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciarseão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991). 8. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não Fl. 718DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 6 5 sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtorexportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição"; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI , posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais"; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). 10. A Súmula Vinculante 10/STF cristalizou o entendimento de que: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte." 11. Entrementes, é certo que a exigência de observância à cláusula de reserva de plenário não abrange os atos normativos secundários do Poder Público, uma vez não estabelecido confronto direto com a Constituição, razão pela qual inaplicável a Súmula Vinculante 10/STF à espécie. 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). 14. Outrossim, a apontada ofensa ao artigo 535, do CPC, não restou configurada, uma vez que o acórdão recorrido pronunciouse de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Salientese, ademais, que o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, como de fato ocorreu na hipótese dos autos. 15. Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic. 16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 993.164/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/12/2010, DJe 17/12/2010) Fl. 719DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 7 6 Por força do art. 62, §2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF n.º 343/2015, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça para o caso dos autos deve ser reproduzido por este Conselho, sendo reconhecido o direito ao crédito presumido de IPI com relação às aquisições de não contribuintes do PIS e da COFINS pessoas físicas e cooperativas. 2. Incidência da taxa Selic sobre o ressarcimento de crédito presumido de IPI No acórdão recorrido, entendeuse pela impossibilidade de incidência da taxa Selic sobre o crédito presumido de IPI a ser ressarcido. Com relação à atualização do ressarcimento de crédito presumido de IPI, instituído pela Lei nº 9.363/96, pela taxa Selic, o Superior Tribunal de Justiça posicionouse no sentido de ser cabível a correção monetária, por meio do julgamento do recurso especial nº 1035847/RS, pela sistemática dos recursos repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil de 1973 (correspondente ao art. 1.036 do Novo Código de Processo Civil), que recebeu a seguinte ementa: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel.Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1035847/RS, Rel. Ministro oLUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009) (grifouse) Fl. 720DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 8 7 O caso julgado em sede de recursos repetitivos pelo Superior Tribunal de Justiça aplicase ao presente processo administrativo, uma vez que também tratou de pedido de ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI da Lei nº 9.363/96, decorrente de impedimento interposto por atos normativos infralegais para aproveitamento do benefício. Portanto, deverá haver a incidência da correção monetária pela taxa Selic sobre o montante a ser ressarcido, conforme entendimento já consolidado neste Colegiado. No caso dos autos, houve a oposição estatal ilegítima a obstar o aproveitamento do crédito presumido de IPI: o direito creditório da Contribuinte foi indeferido, nos termos do despacho decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Limeira/SP (fls. 87 a 88), direito de crédito indeferido também nas demais decisões da DRJ (fls. 108 a 117) e do CARF, consoante acórdão de recurso voluntário (fls. 138 a 150). Portanto, dúvidas não há quanto à possibilidade de incidência da correção monetária sobre o valor a ser ressarcido, no caso tão somente quanto às aquisições de pessoas físicas, deferida no presente recurso especial. Nesse sentido, é o entendimento já consolidado desta 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, como se vê no Acórdão n.º 9303007.012, de relatoria do Ilustre Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas." (...)1 "Em que pese os argumentos do voto da Ilustre Conselheira Relatora, discordo diametralmente de seu entendimento. O Recurso foi apresentado tempestivamente e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deles tomo conhecimento, passo a decidir. A matéria divergente posta a julgamento nesta E.Câmara Superior, diz respeito a incidência ou não da taxa SELIC, sobre o cálculo de crédito presumido de IPI a ressarcir, bem como o termo inicial de incidência. Com efeito, na forma reiterada da jurisprudência oriunda do STJ, é cabível a inclusão na base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei nº 9.363/96, das aquisições efetuadas junto a pessoas físicas e cooperativas bem como a aplicação da taxa Selic acumulada, a título de “atualização monetária” do valor requerido, quando o seu deferimento decorre de ilegítima resistência por parte da Administração tributária (RESP 993.164). Embora, o STJ tenha definido aplicação da Taxa Selic acumulada a título de “atualização monetária” do valor requerido, quando o seu deferimento decorre de ilegítima resistência por parte da Administração, entendo que os processos ao crivo de julgamento desta E. Câmara Superior, a turma deve analisar detidamente se houve ou não "oposição estatal" ou "ilegítima resistência por parte da Administração Pública". Nos processos de minha relatoria, adoto o entendimento expresso do STJ de que o aproveitamento de créditos escriturais, em regra, não dá ensejo à correção monetária, exceto quanto obstaculizado injustamente pelo fisco, caracterizada a mora administrativa (REsp 1.035.847/RS, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, e Súmula 411/STJ). E ainda, também justificada a imposição de correção monetária, pela taxa SELIC, a contar do fim do prazo que 1 Deixouse de transcrever, do voto da relatora do processo paradigma, a parte que tratou do termo inicial para a incidência da taxa Selic, por ser entendimento que restou vencido na votação, não se aplicando, portanto, à solução do litígio do presente processo. Contudo, a íntegra do voto encontrase no acórdão do processo paradigma (9303007.411). Fl. 721DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 9 8 a administração tinha para apreciar o pedido, que é de 360 dias, independentemente da época do requerimento (art. 24 da Lei 11.457/07), conforme decidiu a Corte Superior ao apreciar o REsp. 1.138.206/RS, submetido ao rito do art. 543C do CPC e da Resolução 8/STJ. Neste mesmo diapasão, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça STJ, sedimentou o entendimento de que, nos termos do artigo 24 da lei nº11.457/07, a Administração Pública deve obedecer ao prazo de 360 dias para decidir sobre os pedidos de ressarcimento, independentemente da época do requerimento (REsp 1.138.206/RS, submetido ao rito do art. 543C do CPC/73). Assim, o marco inicial da correção monetária, levando em consideração os termos da Lei nº 11.457/2007, é o fim do prazo que a Administração tinha para apreciar o pedido, que é de 360 dias. Confiramse recentes julgados: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. IPI. CREDITAMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA 411/STJ. TERMO INICIAL: 360 DIAS APÓS PROTOCOLADO O PEDIDO DE RESSARCIMENTO. VERBA HONORÁRIA FIXADA EM R$ 5.000,00. VALOR NÃO CONSIDERADO IRRISÓRIO PELO STJ, CONSIDERANDO O VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA (R$ 200.000,00) E O DECAIMENTO PARCIAL DAS AUTORAS. AGRAVO INTERNO DAS CONTRIBUINTES A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Encontrase pacificado o entendimento da 1a. Seção desta Corte de que eventual possibilidade de aproveitamento dos créditos escriturais não dá ensejo à correção monetária, exceto se tal creditamento for injustamente obstado pela Fazenda, considerandose a mora na apreciação do requerimento administrativo de ressarcimento feita pelo Contribuinte como um óbice injustificado. Aplicase a essa hipótese o enunciado 411 da Súmula do STJ, segundo o qual é devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. A propósito, 1a. Seção do STJ consolidou esse entendimento por ocasião do julgamento do REsp. 1.035.847/RS, relatado pelo ilustre Ministro LUIZ FUX e julgado sob o regime do art. 543C do CPC/1973. 2. O marco inicial da correção monetária só pode ser o término do prazo conferido à Administração Tributária para o exame dos requerimentos de ressarcimento, qual seja, 360 dias após o protocolo dos pedidos. Precedentes: AgInt no REsp. 1.581.330/SC, Rel. Min. GURGEL DE FARIA, DJe 21.8.2017; AgRg no AgRg no REsp. 1548446/RS, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 10.12.2015; AgRg no AgRg no REsp. 1.255.025/SC, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 8.9.2015. [...] 6. Agravo Interno das Contribuintes a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1348672/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 5/12/2017) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS ESCRITURAIS. APROVEITAMENTO. RESISTÊNCIA INJUSTIFICADA DO FISCO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO A QUO. 1. A jurisprudência do STJ firmou o posicionamento de que éincabível a correção monetária de créditos escriturais como regra, exceto na hipótese de ocorrer "vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente Fl. 722DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 10 9 ingresso no Judiciário", situação em que "postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco" (REsp 1035847/RS RECURSO ESPECIAL 2008/00448972, Relator Ministro LUIZ FUX, Primeira Seção, Data de Julgamento 24/06/2009, DJe 03/08/2009, julgado pela sistemática dos recursos repetitivos). 2. Concedido à Administração Pública o prazo máximo de 360 dias, a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte, para que seja proferida decisão administrativa (art. 24 da Lei n. 11.457/2007), a interpretação literal e teleológica de tal dispositivo legal conduz à conclusão de que somente após o término desse prazo é que deve incidir a correção monetária pela taxa Selic. 3. Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1637361/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 28/9/2017, DJe 13/11/2017) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. CRÉDITO ESCRITURAL. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO A QUO. LEI 11.457/2007. DISSÍDIO INTERNO NÃO DEMONSTRADO. ACÓRDÃO EM SINTONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DAS TURMAS DE DIREITO PÚBLICO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 168/STJ. 1. Agravo regimental contra decisão que indeferiu liminarmente embargos de divergência que versam sobre o termo inicial da correção monetária de créditos tributários objeto de pedido de ressarcimento. 2. Não há similitude entre os acórdãos confrontados, tendo em vista que o acórdão embargado, para decidir a questão relativa ao termo a quo da correção monetária, ponderou o prazo estipulado pela Lei 11.451/07 para a Administração analisar o pedido de ressarcimento, sendo que essa lei nem sequer foi sopesada no julgamento do aresto apontado como paradigma. 3. Ademais, o entendimento adotado pelo acórdão embargado, de que após a vigência do art. 24 da Lei 11.457/2007 a correção monetária de ressarcimento de créditos de ocorre após o prazo de 360 dias para análise do pedido administrativo, encontrase em conformidade com a jurisprudência das Turmas de Direito Público. Precedentes: AgRg no REsp 1.465.567/PR, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 24/3/2015; REsp 1.240.714/PR, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 10/9/2013; AgRg no REsp 1.353.195/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 5/3/2013; AgRg no REsp 1.232.257/SC, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 21/2/2013; AgRg nos EDcl no REsp 1.222.573/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 7/12/2011. Incide, pois, a Súmula 168/STJ. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg nos EREsp 1490081/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/6/2015, DJe 1º/7/2015. Os Tribunais vem decidido da mesma forma, ou seja, no que diz respeito a incidência da taxa SELIC e o seu termo inicial, as decisões ultrapassadas vinham no sentido de que, havendo pedido administrativo de restituição e/ou compensação dos créditos tributários, formulado pela Contribuinte, a eventual "resistência ilegítima" da Fazenda Pública, Fl. 723DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 11 10 configurada pela demora em analisar o pedido, ensejaria a sua constituição em mora, sendo devida a correção monetária dos respectivos créditos a partir da data de protocolo do pedido. Ocorre, contudo, que recentemente o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de Embargos de Divergência, uniformizou entendimento no sentido de que a correção monetária deve incidir apenas após o encerramento do prazo legal (360 dias contados da data do protocolo administrativo) concedido à autoridade fiscal para analisar os pedidos administrativos de ressarcimento, senão vejamos: TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. PEDIDO ADMINISTRATIVO. TAXA SELIC. TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Caracterizada a mora do Fisco ao analisar o pedido administrativo de reconhecimento de crédito escritural ou presumido (quando extrapolado o prazo de análise do pedido), deve incidir correção monetária, pela taxa SELIC. 2. O termo inicial da correção monetária de ressarcimento de crédito de PIS/COFINS não cumulativo ocorre somente após escoado o prazo de 360 dias para a análise do pedido administrativo pelo Fisco, consoante entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento dos Embargos de Divergência no Recurso Especial n.º 1.461.607/SC. (TRF4 AC: 50001491820184047117 RS 500014918.2018.4.04.7117, Relator: ROGER RAUPP RIOS, Data de Julgamento: 10/10/2018, PRIMEIRA TURMA) Não é diferente o entendimento desta E. Câmara Superior. Vejamos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. OPOSIÇÃO ILEGÍTIMA DO FISCO. TERMO INICIAL. 360 DIAS. Não existe previsão legal para a incidência da Taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento de IPI. O reconhecimento da atualização monetária só é possível em face de decisões do STJ na sistemática dos Recursos Repetitivos, quando existentes atos administrativos que indeferiram parcial ou totalmente os pedidos, e o entendimento neles consubstanciados foi revertido nas instâncias administrativas de julgamento, sendo assim considerados oposição ilegítima ao seu aproveitamento. Configurada esta situação, a Taxa SELIC incide sobre a parcela revertida no contencioso a favor do contribuinte, mas somente a partir de 360 (trezentos e sessenta) dias contados do protocolo do pedido, pois, antes deste prazo, não existe permissivo, nem mesmo jurisprudencial, com efeito vinculante, para a sua incidência. (3ª Turma da CSRF Acórdão nº 9303007.011, Relator: Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, data de julgamento: 14 de junho de 2018). Como visto, o Poder Judiciário sedimentou o entendimento de que, nos termos do artigo 24 da lei nº11.457/07, a Administração Pública deve obedecer ao prazo de 360 dias para decidir sobre os pedidos de ressarcimento, independentemente da época do requerimento (REsp 1.138.206/RS, submetido ao rito do art. 543C do CPC/73). Assim, o marco inicial da correção monetária, levando em consideração os termos da Lei nº 11.457/2007, é o fim do prazo que a Administração tinha para apreciar o pedido, que é de 360 dias. Fl. 724DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 12 11 Sem embargo, as conclusões da Ilustre Relatora vencida, não se coaduna com os princípios da eficiência e celeridade processual, concluise que sua leitura não atingiu os objetivos de aplicação do artigo 24 da Lei n° 11.457/2007 aos processos administrativos fiscais, inclusive aos requerimentos efetuados antes de sua vigência, que de modo vinculante estabeleceu um prazo razoável para duração do processo administrativo, ou seja, para que a autoridade administrativa de origem desse uma solução aos pedidos de restituição, ressarcimento e afins seria de 360 dias. Ora, se a administração tem o prazo de 360 dias para solucionar os processos administrativos de ressarcimento, há previsão legal para incidência da correção monetária sobre referidos pedidos, a conclusão inequívoca transmitida por esses julgados é que não há possibilidade de incidência da correção monetária neste interregno, uma vez que este seria o prazo razoável determinado pela lei. Diametralmente oposto no voto vencido, in caso como se observa nas razões de decidir da Relatora Vencida, é visível o prejuízo suportado pela Contribuinte, em razão da postergação de um prazo razoável para solução de lide, não há justificativa para o que não se pode justificar, a incidência de correção monetária pela Taxa Selic desde o protocolo do pedido, colide com os princípios da celeridade e eficiência. Por oportuno, esclareço que o processo administrativo fiscal esta adstrito as regras positivadas do sistema, neste sentido, invoco o magistério do Professor Luiz Orlando Junior Zanon (pg.104,105106) o qual em sua tese de Doutorado, Teoria Complexa do Direito2, esclarece a correta inserção das normas no plano sistêmico. In verbis: "O Positivismo Jurídico pressupõe que o Direito é formado exclusivamente (ou ao menos preponderantemente) por Regras Jurídicas, como sinônimo de Normas Jurídicas positivadas, devidamente fixadas pelos parlamentares (no sistema codificado) ou estabelecidas em precedentes judiciais anteriores (no modelo judiciário ou consuetudinário)3 No primeiro cenário (civil law, statutory law ou code based legal system), a Regra Jurídica é o resultado da interpretação de um texto elaborado pelo legislador, no sentido de reconstruir sua intenção ao prolatar o dispositivo normativo, como se fosse um procedimento de adivinhação de qual teria sido a solução dada pelo órgão legiferante, acaso diante do caso concreto. E, no segundo (common law ou judge made law), a Regra Jurídica pode ser extraída não só da legislação, mas também do texto de um precedente anterior, num esforço de verificar qual seria a solução que teria sido dada pelo Poder Legislativo para reger o novo caso, nos pontos relevantes em que é precisamente similar ao julgamento anterior. Em ambas hipóteses, a interpretação e a aplicação do Direito são consideradas, pela generalidade dos juspositivistas [...] (com a notável ressalva de Kelsen), como meramente reprodutoras de sentidos já previamente fixados por Regras Jurídicas anteriores, que já guardam a resposta para solução do novo problema emergido no tecido social”. (pg.104,105106). [...]. 2 ZANON JUNIOR, Orlando Luiz. Teoria Complexa do Direito. Florianópolis: Cejur, 2013. 3 DIMOULIS, Dimitri. Positivismo jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo jurídicopolítico. São Paulo: Método, 2006. p. 68: “Isso indica que ser positivista no âmbito jurídico significa escolher como exclusivo objeto de estudo o direito que é posto por uma autoridade e, em virtude disso, possui validade (direito positivo)”; e, p. 131: “Partindo dessa delimitação negativa, o PJ stricto sensu afirma a absoluta identidade entre o conceito de direito e o direito efetivamente posto pelas autoridades competentes, isto é, pelas autoridades que, em razão de uma constelação de poder, possuem a capacidade de impor o direito”. E FERRAJOLI, Luigi. Principia iuris: teoría del derecho y de la democracia. V 1. Madrid: Trotta, 2011. p. 395457. Especialmente, p. 396: “Las normas son reglas que pertenecen al derecho positivo em cuanto son efectos jurídicos puestos o causados por actos (T8.11, T8.12). Obviamente, em tanto que reglas, las normas son significados de preceptos (T8.13), a los que vienen asociadas em cada caso mediante interpretación jurídica”. Fl. 725DF CARF MF Processo nº 13811.002055/200141 Acórdão n.º 9303007.418 CSRFT3 Fl. 13 12 Dispositivo Ex positis, em razão da resistência ilegítima configurada, dou provimento parcial ao Recurso, para reconhecer o direito à inclusão na base de cálculo do crédito presumido de IPI dos valores relativos às aquisições de insumos de pessoas físicas, bem como determinar a incidência da taxa SELIC sobre referido montante a partir do prazo de 360 (trezentos e sessenta dias) do protocolo do pedido de ressarcimento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do Contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento parcial, para reconhecer o direito à inclusão, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, dos valores relativos às aquisições de insumos de pessoas físicas, bem como determinar a incidência da taxa SELIC sobre referido montante a partir do prazo de 360 (trezentos e sessenta dias) do protocolo do pedido de ressarcimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 726DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.900241/2006-23
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
PER/DCOMP. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA.
O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 1003-000.282
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 PER/DCOMP. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. O procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 32133.10949.161003.1.3.040156, em 16.10.2003, fls. 0105, utilizandose do pagamento a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), código 2484, no valor original de R$23.070,79 arrecadado em 30.09.2003 referente ao período de apuração de 31.08.2003 e apurado pelo regime do real anual, para compensação dos débitos ali confessados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 02 41 /2 00 6- 23 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 13830.900241/200623 Acórdão n.º 1003000.282 S1C0T3 Fl. 100 2 Em conformidade com o Despacho Decisório Eletrônico, fl. 06, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido: Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão Informado no PER/DCOMP: 2.673,81 A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos Informados no PER/DCOMP. [...] Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. [...] Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade. Está registrado na ementa do Acórdão da 6ª Turma/DRJ/RPO/SP nº 1438.421, de 21.08.2012, efls. 6770: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. A não homologação de parcela do débito por compensação impede o reconhecimento do direito a eventual pagamento a maior em DARF em decorrência de sua indisponibilidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Notificada em 18.12.2012, efl. 74, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 17.01.2013, efls. 80976, esclarecendo que: Preliminarmente, há de aclamar a tempestividade da manifestação, uma que a intimação foi recebida em 18/12/2012 tendo como prazo final em 17/01/2013, portando, o mérito deve ser apreciado tempestivamente O contribuinte em sua manifestação de inconformidade alega que foi pago a maior um Darf referente a Contribuição Social estimativa do mês de Agosto/2003 no valor de R$ 23.070,79, sendo que o saldo do valor a pagar da contribuição devida era de R$ 20.396,98, portando tem direito a diferença no valor original de R$ 2.673,81. Em sua DCTF o valor devido da Contribuição Social é de R$ 93.953,29 e, vinculados, o pagamento com DARF no valor de R$ 20.396,98, parte do DARF em que foi recolhido o valor de R$ 23.070,79, R$ 9.351,92 por compensação no PerDcomp n° 20859.24852.131003.1.3.016921, R$ 60.908,52 por compensação no PerDcomp n° 36467.92272.230903.1.7.018505 e saldo a pagar R$ 0,00. Porém o sistema da receita federal utilizou integralmente o recolhimento total no valor de R$ 23.070,79, tendo vista que o valor de R$ 60.908,52 da PerDcomp n° 20859.24852.131003.1.3.016921, não ser reconhecido. Nas folhas 69 do acórdão fundamenta: "Entretanto, do débito confessado de R$ 93.953,29, a parcela de R$60.908,52, de que trata a PerDcomp n° 36467.92272.230903.1.7.018505, encontrase pendente de satisfação pela interessada, em situação de "cobrança final", pela inexistência do Fl. 107DF CARF MF Processo nº 13830.900241/200623 Acórdão n.º 1003000.282 S1C0T3 Fl. 101 3 crédito indicado à compensação, conforme consta nos autos do Processo n° 13830.000.266/200544. Telas dos sistemas de controle da compensação e do débito ora anexadas." A referida informação não procede, tendo em vista que o 13830.000.266/200544, teve seu acórdão em 19/09/2012, onde o contribuinte foi notificado em 18/12/2012, sendo que está sendo cobrado o valor de R$ 60.908,52, porém ainda não está finalizado tendo em vista a possibilidade contribuinte interpor recurso voluntário, bem como o valor cobrado na referida intimação não está deduzido o valor abatido utilizado como pagamento, ou seja, a diferença. [...] Diante, desta situação, verificase não há como a receita utilizar o valor total do DARF pago a maior tendo em vista, se caso o contribuinte não tenha êxito no processo 13830.000.266/200544, o valor a ser cobrado da empresa é o valor informado na DCTF R$ 60.908,52, e não o valor deduzido do recolhimento a maior, ficando assim com a sobra ora pleiteada. Concernente ao pedido expõe que: À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento. A Recorrente suscita que houve erro na DCTF que deve ser retificada de ofício. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o Fl. 108DF CARF MF Processo nº 13830.900241/200623 Acórdão n.º 1003000.282 S1C0T3 Fl. 102 4 procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 1. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais2. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. O erro de fato é aquele que se situa no conhecimento e compreensão das características da situação fática tais como inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos. A Administração Tributária tem o poder/dever de revisar de ofício o procedimento quando se comprove erro de fato quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. A este poder/dever corresponde o direito de a Recorrente retificar e ver retificada de ofício a informação fornecida com erro de fato, desde que devidamente comprovado (art. 32 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e incisos I e III do art. 145 e inciso IV do art. 149 do Código Tributário Nacional). Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal3. Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. Em conformidade com as informações prestadas pela Recorrente, consta na Declaração de Créditos e Débitos Tributários (DCTF) a informação do débito de CSLL, código 2484, do período de apuração de agosto e integrante do 3º trimestre do anocalendário de 2003, fls. 3336: 1 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 2 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 3 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 13830.900241/200623 Acórdão n.º 1003000.282 S1C0T3 Fl. 103 5 Débito Apurado .......................................................................R$93.953,29 () Pagamento *.......................................................................(R$20.396,98) () Outras Compensações e Deduções **................................(R$73.556,31) = Saldo a Pagar ........................................................................R$0,00 *Período de Apuração 31.08.2003 Valor Principal 23.070,79 Valor Pago do Débito 20.396,98 **Tipo de Crédito: Ressarcimento do IPI Valor Compensado do Débito 9.351,92 Formalização do Pedido: DCOMP Processo/DCOMP : 20859248521310031301692 Tipo de Crédito: Ressarcimento do IPI Valor Compensado do Débito 60.908,52 Formalização do Pedido: DCOMP Processo/DCOMP : 36467922722309031701850 Tipo de Crédito: Outras Valor Compensado do Débito 3.295,87 Formalização do Pedido: Administrativo Processo/DCOMP: 13831000069200353 Assim, a Recorrente entende que tem o direito creditório no valor de R$2.673,81 (R$23.070,79 R$20.396,98) a título de pagamento a maior de CSLL, código 2484, do período de apuração de agosto de 2003, conforme consta no Per/DComp nº 32133.10949.161003.1.3.040156, fls. 0105. Em conformidade com os sistemas internos da RFB e com o Despacho Decisório Eletrônico, fl. 06, o valor de R$23.070,79 está totalmente alocado no débito de CSLL, código 2484, do período de apuração de agosto de 2003. Revelouse que o valor de R$60.908,52 indicado também para extinção do referido débito de CSLL está registrado como compensação não homologada no processo nº 13830.000.266/200544, efls. 5666 e 99105. Por essa razão, o referido débito encontrase pendente de extinção total e por essa razão o valor de R$23.070,79 deve continuar integralmente ali alocado. Consta no Acórdão da 6ª Turma/DRJ/RPO/SP nº 1438.421, de 21.08.2012, efls. 6770, cujos fundamentos de fato e direito são acolhidos de plano nessa segunda instância de julgamento (art. 50 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999): De início, cabe ressaltar que o despacho decisório de fl. 07 dos autos informa que o direito creditório objeto da PER/Dcomp de fls. 02/06 inexiste, em razão do pagamento já ter sido integralmente utilizado para quitação de outro débito da contribuinte. A contribuinte, por sua vez, alega que efetuou pagamento a maior por DARF no valor de R$ 23.070,79, para fazer face a um débito no valor de R$ 20.396,98, do qual resultaria o direito creditório no valor de R$ 2.673,81, referente ao mês de agosto de 2003, objeto do Per/Dcomp analisado. Constituiu prova do fato mediante cópias de comprovante de arrecadação (fl. 29), no qual consta o recolhimento por Darf, do valor de R$ 23.070,79, da DCTF do 3º Trim 2003, na qual declarou o débito apurado, código 2484, período de apuração Agosto, valor total de R$ 93.953,29, com créditos vinculados no valor de R$ 73.556,31 de “outras compensações” e R$ 20.396,98 por “pagamento” (fl. 30), e a DIPJ2004, ficha 16, com o demonstrativo de cálculo da CSLL no mês de agosto (fl. 34). Fl. 110DF CARF MF Processo nº 13830.900241/200623 Acórdão n.º 1003000.282 S1C0T3 Fl. 104 6 A autoridade preparadora informa em Despacho (fl. 51) que foram tomadas as providências para a correção da informação na base de pagamentos do Órgão, nos termos: “Verificamos que o recolhimento foi vinculado, em sua totalidade, ao débito de agosto/2003. Entretanto, de forma diferente daquela indicada em DCTF, pois, além do valor de R$ 20.396,98, utilizado na amortização do débito a titulo de pagamento, houve vinculação incorreta do saldo de R$ 2.673,81 na cesta “Outras Compensações”, uma vez que o contribuinte havia indicado outros Dcomp/Processos para extinção daqueles valores (fl. 35), os quais restaram confirmados as fls. 36 a 39. Desse modo, procedemos a desvinculação do pagamento daquela cesta, remanescendo, ao final, o saldo de R$ 2.673,81, valor idêntico ao pleiteado pelo sujeito passivo na Dcomp em questão (fls. 40 a 42). Nesses termos, encaminho o presente processo à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto para julgamento e demais providências cabíveis.” Posta assim a questão, passase à análise dos autos. Verificação junto ao Sistema de Controle de DCTF demonstra que, para o terceiro trimestre de 2003, período de apuração agosto/2003, código de receita 2484.1, a interessada confessou mediante declaração DCTF a existência de débito, no valor de R$93.953,29 e, vinculados, o pagamento com DARF no valor de R$ 20.396,98, parte do DARF em que foi recolhido o valor de R$ 23.070,79, R$ 9.351,92 por compensação no PerDcomp nº 20859.24852.131003.1.3.016921, R$ 60.908,52 por compensação no PerDcomp nº 36467.92272.230903.1.7.018505 e saldo a pagar R$ 0,00, tudo conforme consta em DCTF ativa para o período, telas ora anexadas. Entretanto, do débito confessado de R$ 93.953,29, a parcela de R$60.908,52, de que trata a PerDcomp nº 36467.92272.230903.1.7.018505, encontrase pendente de satisfação pela interessada, em situação de “cobrança final”, pela inexistência do crédito indicado à compensação, conforme consta nos autos do Processo nº 13830.000.266/200544. Telas dos sistemas de controle da compensação e do débito ora anexadas. Ora, a falta de confirmação da liquidação do débito, nos termos da Declaração pela interessada, embora desmembrado (a liquidação do débito) em varias parcelas– compensação, pagamento –, para efeito do reconhecimento de pagamento a maior, o débito declarado é determinado e unitário em sua integralidade. Neste sentido, assim dispõe o CTN, art. 141: [...] A falta de liquidação de qualquer parcela do débito afeta sua integridade, encontrandose, portanto, em situação de inadimplência, diante do que a eventual disponibilidade de parcela que foi objeto de pagamento em DARF não pode ser reconhecida. Assim, correto o entendimento da autoridade fiscal emanada no Despacho Decisório de fl. 07, suficiente para a não homologação da compensação declarada no PerDcomp nº 32133.10949.161003.1.3.040156 (fls. 02/06). Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Fl. 111DF CARF MF Processo nº 13830.900241/200623 Acórdão n.º 1003000.282 S1C0T3 Fl. 105 7 Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de julho de 2015). Em assim sucedendo, voto em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.901405/2006-32
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003
INEXATIDÃO MATERIAL. LAPSO MANIFESTO. OCORRÊNCIA.
As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão poderão ser corrigidas de ofício ou a requerimento do sujeito passivo.
Numero da decisão: 3002-000.448
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 INEXATIDÃO MATERIAL. LAPSO MANIFESTO. OCORRÊNCIA. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão poderão ser corrigidas de ofício ou a requerimento do sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem. Relatório Tratam os autos de Pedido de Ressarcimento de IPI no valor de R$ 8.800,27, referente ao 2º trimestre/2003, cumulado com Declaração de Compensação de débitos de IRPJ em valor inferior, de R$ 8.125,45 (fls. 3 a 47). Por meio de Despacho Decisório à fl. 48, a Delegacia da Receita Federal em Joinville não reconheceu o direito a crédito por haver constatado utilização integral do saldo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 14 05 /2 00 6- 32 Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10920.901405/200632 Acórdão n.º 3002000.448 S3C0T2 Fl. 220 2 credor passível de ressarcimento na escrita fiscal em períodos subsequentes ao trimestre solicitado e, por consequência, não homologou a compensação. A recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade na qual alegou que ao fechar o 3º decêndio de junho/2003 possuía saldo credor de IPI no valor de R$ 103.259,69, dos quais utilizou parte para a compensação de débitos de IRPJ nestes autos no valor de RS 8.871,69, o que não foi reconhecido porque preencheu o PER/Dcomp com erro, informando o valor compensado indevidamente na linha Outros Débitos, quando deveria ter sido informado como Ressarcimento de Créditos, o que se confirma pela consulta à DIPJ/2004, anexada aos autos (fls. 49 a 138). A Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 14 37.966 (fls. 147 a 150), por meio do qual decidiu pela procedência da Manifestação de Inconformidade, tendo em vista a comprovação das alegações do contribuinte quanto ao fato de ter informado como débitos de IPI valores que de fato deveriam ter sido informados como estornos a título de ressarcimento de IPI, utilizados em compensações. Foi então reconhecido o valor integral de R$ 8.871,69 como crédito passível de ressarcimento, entretanto, em razão de o contribuinte haver solicitado compensação de apenas R$ 8.125,45, o direito creditório limitou se a esse montante, utilizado na compensação declarada. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 PER/DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO. Constatado erro no preenchimento do PER/DCOMP e restando comprovada a existência do crédito, reconhecese o direito creditório pleiteado. Manifestação de Inconformidade Procedente Direito Creditório Reconhecido O contribuinte tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 14.08.2012, conforme AR constante à fl. 152, e protocolizou o Recurso Voluntário em 13.09.2012, conforme carimbo aposto à primeira página da peça recursal à fl. 154. Em seu Recurso Voluntário (fls. 154 e 155), a recorrente defende a legitimidade do crédito total no valor de R$ 8.871,69 e requer o cancelamento do débito fiscal de R$ 674,82 constante em outra declaração de compensação, nos seguintes termos: Diante dos fatos expostos, entendemos não haver motivos que justifiquem desconsiderar o valor de R$ 674,82 constante da PER/Dcomp nº 24955.32675.141003.1.3.018048, uma vez que e a mesma é complementar à PER/COMP 07414.82512.180903.1 3.1.3.012280, motivo pelo qual pedimos reconsideração quanto ao pleito inicial da compensação. Instruiu o seu Recurso com o Despacho Decisório, PER/Dcomp, Acórdão da DRJ e ato de representação da empresa (fls. 156 a 216). Fl. 220DF CARF MF Processo nº 10920.901405/200632 Acórdão n.º 3002000.448 S3C0T2 Fl. 221 3 É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard Relatora O recurso voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. A recorrente protesta contra a decisão da DRJ de homologar apenas uma das compensações vinculadas ao pedido de ressarcimento, negando a homologação em relação à segunda compensação vinculada ao mesmo crédito. Entendo que cabe razão ao recorrente quanto a seu protesto, mas não quanto à interpretação dada à decisão de primeira instância. Em verdade, a DRJ não negou a homologação da segunda compensação, ela apenas não se manifestou. Da análise de todo o processo, concluo que há algum erro ou lacuna em sua organização. Vários elementos demonstram que este processo deveria tratar de dois PER/Dcomp: o Pedido de Ressarcimento nº 07414.82512.180903.1.3.012280, no valor de R$ R$ 8.800,27, que foi transmitido em setembro/2003 e está cumulado com uma compensação de R$ 8.125,45, e a Declaração de Compensação nº 24955.32675.141003.1.3.018048, de outubro/2003, exclusivamente para homologação da compensação de débitos de PIS/Cofins no valor de R$ 674,82 e na qual consta como origem do crédito o PER citado, de final 2280 (fls. 157 a 163), juntada pela recorrente apenas na fase de recurso voluntário. Tal convicção decorre do fato de termos um Despacho Decisório que não homologa as compensações contidas nos dois PER/Dcomp (fl. 48), um Demonstrativo do Crédito Reconhecido para cada PER/Dcomp que cita as duas compensações (fl. 144) e a Intimação emitida pela DRF/Joinville para que a interessada pague os débitos constantes na Dcomp de final 8048, com fundamento na decisão proferida no presente processo (fl. 209). A informação constante na Intimação mostra que a Dcomp8048 não está sendo tratada em processo apartado e que a decisão deveria ter sido tomada no presente processo. Todavia, a Dcomp8048 não foi juntada aos autos e, sem sombra de dúvida, a DRJ decidiu exclusivamente sobre o direito creditório e a compensação contidos no PER/Dcomp2280. A ver os seguintes excertos extraídos do Acórdão: Tratase de Manifestação de Inconformidade apresentada por Malharia Princesa S/A, CNPJ 84.685.056/000117, em contrariedade à não homologação da compensação declarada no PER/DCOMP nº 07414.82512.180903.1.3.012280. Referido PER/DCOMP foi transmitido em 18/09/2003 para declarar compensação de débito de IRPJ, utilizando crédito de ressarcimento de IPI, relativamente ao saldo credor apurado no 2º trimestre de 2003. O montante do crédito declarado, de R$ 8.125,45 (oito mil, cento e vinte e cinco reais, quarenta e cinco centavos), foi integralmente não reconhecido. (...) Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10920.901405/200632 Acórdão n.º 3002000.448 S3C0T2 Fl. 222 4 Conseqüentemente, o crédito passível de ressarcimento no 2º trimestre de 2003 é de R$ 8.871,69. Entretanto, em razão do pleito na DCOMP ser de R$8.125,45 (oito mil, cento e vinte e cinco reais, quarenta e cinco centavos), o direito creditório deve limitarse a esse montante, a ser utilizado na compensação declarada. (grifado) O fato é que a DRJ não tratou da compensação contida na Dcomp8048 por não haver se apercebido da vinculação entre essa Dcomp e o PER original. Entretanto, ela analisou o direito ao ressarcimento de IPI e concluiu por seu deferimento integral, o que entendo ser suficiente para a resolução do caso. Se o direito creditório foi reconhecido integralmente pela primeira instância, então a Dcomp8048 deve ser homologada até o limite do crédito ainda disponível no PER2280. Por uma questão de economia processual, entendo que não há necessidade de retorno dos autos para complementação do julgamento, podendo ser decidido definitivamente nesta instância, haja vista a existência de elementos suficientes para a decisão. Do pedido de ressarcimento de R$ 8.800,27, requerido por meio do PER/Dcomp nº 07414.82512.180903.1.3.012280, a DRJ reconheceu o direito creditório em sua integralidade e, desse montante, homologou a compensação de R$ 8.125,45 – tratase da parte incontroversa do litígio que se ratifica neste julgamento. Em relação ao restante do crédito passível de ressarcimento no valor R$ 674,82, resta apenas a este Colegiado dizer que a recorrente tem o direito de utilizálo na compensação da Dcomp nº 24955.32675.141003.1.3.018048. Pelos motivos expostos, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito da recorrente de utilizar o crédito de R$ 674,82 para compensação na Dcomp nº 24955.32675.141003.1.3.018048. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Fl. 222DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.730417/2016-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
Não ocorre a nulidade do auto de infração quando forem observadas as disposições do artigo 142 do Código Tributário Nacional e os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal.
DESCONTOS CONCEDIDOS POR INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NA LIQUIDAÇÃO DE CRÉDITOS. DESPESA OPERACIONAL.
Os descontos ou abatimentos concedidos pelas instituições financeiras para fins de liquidação de créditos mantidos com clientes, ainda que já vencidos ou vincendos, são despesas operacionais e, portanto, dedutíveis.
CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE.
Por se tratar de exigência reflexa, realizada com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada quanto ao lançamento de IRPJ aplica-se à CSLL.
Numero da decisão: 1201-002.649
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Acordam, ainda, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator, vencida a conselheira Ester Marques Lins de Sousa, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Carmem Ferreira Saraiva (suplente convocada em substituição ao conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães), Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Não ocorre a nulidade do auto de infração quando forem observadas as disposições do artigo 142 do Código Tributário Nacional e os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. DESCONTOS CONCEDIDOS POR INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NA LIQUIDAÇÃO DE CRÉDITOS. DESPESA OPERACIONAL. Os descontos ou abatimentos concedidos pelas instituições financeiras para fins de liquidação de créditos mantidos com clientes, ainda que já vencidos ou vincendos, são despesas operacionais e, portanto, dedutíveis. CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. Por se tratar de exigência reflexa, realizada com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada quanto ao lançamento de IRPJ aplicase à CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Acordam, ainda, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator, vencida a conselheira Ester Marques Lins de Sousa, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 73 04 17 /2 01 6- 74 Fl. 1531DF CARF MF 2 Luis Henrique Marotti Toselli Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Carmem Ferreira Saraiva (suplente convocada em substituição ao conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães), Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Jose Carlos de Assis Guimarães. Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de Autos de Infração (fls. 2/15) que exigem IRPJ e CSLL, referentes ao AC 2011, acrescidos de juros, multa de ofício de 75% e de multa isolada de 50% sobre as estimativas mensais apuradas. De acordo com o Relatório de Auditoria Fiscal (fls. 17/24) que motivou os lançamentos: 1.1 DOS FATOS IDENTIFICADOS 8 Na análise do demonstrativo analítico da Ficha 05 da DIPJ do ano calendário de 2011, apresentado pela empresa, em 22/03/2016, identificamos a existência de lançamentos efetuados na conta "8.1.9.52.108 0000 Operações de Crédito'', à título de "outras despesas operacionais', totalizando nesse anocalendário o montante de R$ 108.437.326,14. [...] 15 Em 08/12/2016, intimamos a empresa a esclarecer a finalidade e funcionamento das contas acima relacionadas e informar o total dos valores lançados nas mesmas à título de outras despesas operacionais, nas DIPJ dos anoscalendários de 2011, 2012, 2013, destacando a parcela dedutível e a não dedutível, em cada anocalendário.1 16 Em resposta apresentada em 13/12/2016 (CRT UAF 399/2016), a empresa informou que "nas contas contábeis acima descritas são registradas as despesas relativas aos abatimentos concedidos em operações de cartão de crédito, com o intuito de viabilizar a solvência de clientes inadimplentes" Informou ainda que "os registros contábeis dessas despesas são segregados por contas contábeis internas, de acordo com o sistema e modalidade do desconto', conforme abaixo: Conta Função 8320.167.000.0003 F5/DESCONTO S/COMPINDEDUTIVEL 8339.500.000.0004 OPERAÇOES DE CRÉDITO 8374.350.023.0000 COMPOSIÇÃO PF PRE 8375.005.000.0009 DESCONTO ACORDO Abatimentos em renegociações de crédito vencido, processadas no "Sistema F5", sistema que controla empréstimos e financiamentos. 8375.036.000.0004 F5/DESCONTO S/COMPDEDUTIVEL Abatimentos em operações em atraso, Vide Termo de Intimação Fiscal 03, cientificado à empresa em 08/12/2016, nos anexos DOCUMENTO 10. Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 10480.730417/201674 Acórdão n.º 1201002.649 S1C2T1 Fl. 3 3 processadas no "Sistema CL", sistema que controla operações com mais de 60 dias em atraso. 8374.045.000.0005 DESC. NA RENEGOC. COMP 1/1 F5 8376.013.000.0002 DESC. NA RENEGOC. COMP 1/1 F5 Abatimentos em renegociações de créditos vencidos, denominadas "Credcomp". 8409.350.023.0009 COMPOSIÇÃO PF PRE Abatimentos em operações de cartão de crédito vencidas, processadas no "Sistema Cartões", sistema que controla as operações realizadas no cartão de crédito. 17 Ainda, segundo a empresa, a conta contábil interna "8320.167.000.0003 F5/DESCONTO S/COMP INDEDUTIVEL" foi considerada não dedutível no ano calendário de 2011. As demais foram consideradas pela fiscalizada dedutíveis na apuração do IRPJ e da CSLL. A empresa apresentou ainda um exemplo de operação de renegociação de cartão de crédito, concluindo que tal desconto concedido caracterizase como uma "despesa operacional necessária ao negócio da Hipercard" 18 O demonstrativo analítico da Ficha 05B, do anocalendário de 2011, apresentado pelo contribuinte, aponta o montante de R$ 810.251,50, à título de parcela não dedutível do valor total de R$ 108.437.326,14, lançado na conta COSIF "8.1.9.52.108 0000 Operações de Crédito"2 19 No entanto, é cediço que as despesas de descontos em operações de renegociações de créditos vencidos são disciplinadas pelos artigos 9º ao 20º da Lei 9.430/96, não estando abrangido pelo artigo 299 do RIR/99, sendo, portanto, indedutíveis na apuração do lucro Real e da CSLL, por falta de atendimento aos requisitos legais. É o que trataremos adiante. 1.2 DA NATUREZA DAS DESPESAS DE DESCONTOS CONCEDIDOS EM OPERAÇÕES DE RENEGOCIAÇÃO DE CRÉDITOS 20. A conceituação de despesas operacionais foi introduzida pelo art. 47 e §§ da Lei n° 4.506/1964, e está inserta no art. 299 do regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/99) que assim estabelece: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias a atividade da empresa e a manutenção da respectiva fonte produtora; § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa; Vide demonstrativo Analítico da Ficha 05B da DIPJ, nos anexos DOCUMENTO 3. Fl. 1533DF CARF MF 4 § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa; 21. A norma acima citada é caracterizada como uma norma geral que admite a dedutibilidade do dispêndio, quando atendidos os requisitos de efetividade, necessidade e normalidade nas transações do contribuinte. 22. Todavia, a aplicação desta norma só tem lugar quando não houver norma especial regendo a matéria. É a prevalência da norma especial sobre a geral, princípio legal oriundo do direito romano que se expressa pela máxima lex specialis derrogat Lex generalis. 23. No caso sob análise, de perdas na realização de créditos, possui seu regramento em norma de disciplinamento especial, através do disposto na Lei n° 9.430/1996, art. 9° e parágrafos, art. 10º e parágrafos, art. 11 e parágrafos e art. 12 e parágrafo único. 24. Na dicção do caput do art. 9°, a expressão perdas no recebimento de créditos há de ser entendida como sendo o resultado negativo apurado ao final de um conjunto de atos empreendidos para o recebimento do crédito frente ao devedor, tais como, renúncias de qualquer espécie descontos, perdões, abatimentos e outros insuficiência de bens arrendados em garantia, insolvência do devedor e outros negativos do mesmo gênero. Entretanto nem toda perda é dedutível; somente aquelas que preencherem os requisitos desta lei o são; ou seja, a tipificação é cerrada. 25. A norma introduziu a figura da "desistência" como gênero a envolver toda e qualquer situação que implique renúncia total do crédito. É a desistência de levar a cabo o processo judicial de cobrança, antes de decorrido o prazo de cinco anos de vencimento do crédito, a implicar presunção legal de ato anormal de gestão (por principio de ordem geral, o fisco não compactua com o ato anormal de gestão). Esta é uma decorrência da regra contida no § 1° do art. 10. Deste preceito legal extraise ainda como consequência que a desistência, no sentido da lei, implica desfazimento dos efeitos produzidos ao tempo do registro da perda presumida (§ 2° do art. 10). 26. É, pois, possível afirmar que o legislador criou o instituto da PERDA NA REALIZAÇÃO DE CRÉDITOS como norma tributária a regrar todas as situações fáticas que impliquem resultado negativo no processo de cobrança de créditos, qualquer que seja a denominação do pacto contratual levado a efeito entre credor e devedor, tais como acordo de quitação, desconto concedido e outros. 27. Com efeito, o ato de perdão, parcial ou total, da dívida pelo credor não foi contemplado na Lei como hipótese ensejadora de dedução, seja nos termos do artigo 9º da Lei 9.430/96, seja no regime das deduções de despesas operacionais. [...] Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 10480.730417/201674 Acórdão n.º 1201002.649 S1C2T1 Fl. 4 5 30. Do exposto, por falta de observância dos requisitos impostos pelos artigos 9° ao 12° e parágrafos, da Lei 9.430/96, os valores relativos às despesas de descontos de renegociações de créditos, contabilizado pela fiscalizado no anocalendário de 2011, devem ser considerados indedutíveis na apuração do IRPJ e da CSLL, adicionados ao Lucro Real e à base de cálculo da CSLL desses períodos de apuração. 1.3 DA TRIBUTAÇÃO DOS FATOS [...] 31. No ano calendário de 2011, a fiscalizada deixou de adicionar, na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, as DESPESAS INDEDUTÍVEIS de descontos concedidos em operações de renegociações de créditos, no valor total de R$ 108.437.326,14. 32. Logo, essas despesas serão adicionadas e cobradas de ofício por esta fiscalização, através da lavratura de autos de infração específicos do IRPJ e da CSLL, cujos valores estão discriminados nos Demonstrativos de Apuração do IRPJ e da CSLL. [...] A contribuinte apresentou impugnação (fls. 1.288/1.309). Alega, em síntese, que: (i) as regras da Lei no 9.430/96 dizem respeito apenas às perdas provisórias incorridas pelos contribuintes, ou seja, créditos para os quais não foi dada quitação ao devedor, e não às definitivas, que efetivamente se classificam como despesas operacionais dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, tal como se verifica no caso ora em análise; (ii) ao contrário do quanto alegado pela fiscalização, ausente está a antinomia entre normas jurídicas que pudesse ensejar a aplicação do critério da especialidade; (iii) despesas relacionadas a descontos concedidos em negociação ou renegociação de suas operações não se encontram ao abrigo do artigo 9o e 12 da Lei n 9.430/96, tal como pretende fazer valer a fiscalização, sendo certo que sua dedutibilidade está fundamentada no artigo 299 do RIR/99; (iv) uma vez acordada a concessão do desconto, o titular do crédito deixa de ter direito de receber a totalidade do montante a que tinha direito antes da renegociação. Com isso, o prejuízo relacionado ao desconto é imediato e definitivo, razão pela qual são inaplicáveis as disposições dos arts. 9o e 10 da Lei no 9.430/96, utilizados, de forma equivocada, como fundamento legal das autuações; (v) a autoridade sequer apontou quais requisitos em si teriam sido descumpridos, ensejando o reconhecimento da nulidade do auto de infração ora impugnado pela ocorrência de vício material; Fl. 1535DF CARF MF 6 (vi) não é legítima a cobrança de multa isolada em concomitância com a multa de ofício; (vii) ainda que aplicável, a multa isolada teria sido calculada de forma equivocada, tendo em vista que a fiscalização deixou de considerar os valores de estimativas já recolhidos e informados em DIPJ e DCTF, conforme quadro indicado às fls. 1.306; e (viii) resta indevida a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício. Em Sessão de 02 de agosto de 2017, a 2a Turma da DRJ/SDR julgou a impugnação parcialmente procedente, por meio de decisão (fls. 1.389/1.399) que restou assim ementada: PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. CONCESSÃO DE DESCONTOS. INDEDUTIBILIDADE. A concessão de descontos no recebimento de créditos, antes de completados os cinco anos do vencimento destas, configura ato anormal de gestão, por não se adotar ou dar prosseguimento nas medidas necessárias ao seu recebimento, devendo as perdas correspondentes ser acrescidas ao lucro líquido na apuração do lucro real. CSLL. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Tratandose de tributação reflexa de irregularidade verificada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada a relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento à CSLL. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO MENSAL DEVIDO POR ESTIMATIVA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto mensal devido por estimativa, por pessoa jurídica que optou pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa de ofício isolada de 50%. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO INCIDENTE SOBRE O TRIBUTO APURADO COM BASE NO LUCRO REAL ANUAL. COMPATIBILIDADE. Tratandose de infrações distintas, é perfeitamente possível a exigência concomitante da multa de ofício isolada sobre estimativa obrigatória, não recolhida ou recolhida a menor, com a multa de ofício incidente sobre o tributo apurado, ao final do ano calendário, com base no lucro real anual. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício sofre a incidência dos juros de mora. Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 10480.730417/201674 Acórdão n.º 1201002.649 S1C2T1 Fl. 5 7 A parcela exonerada pela DRJ que foi objeto de recurso de ofício diz respeito à parte da multa isolada exigida, uma vez que foi constatado que a autoridade fiscal autuante não observou determinados pagamentos feitos a esse título. Cientificado da decisão de piso em 05/09/17 (fls. 1.409), o contribuinte, em 04/10/17 (fls. 1.411), interpôs recurso voluntário (fls. 1.413/1.429). Reitera os argumentos de defesa e sustenta que a decisão da DRJ é nula. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli, Relator. Recurso de Ofício A DRJ recorreu de ofício em razão da exoneração parcial da multa isolada, levada a cabo sob o seguinte fundamento: Fl. 1537DF CARF MF 8 Como se percebe, a redução parcial em questão é fruto da inobservância pela autoridade fiscal das estimativas mensais que já tinham sido pagas pelo contribuinte. Esse abatimento realmente deveria ter sido feito no momento da constituição da exigência, não havendo nenhum reparo ao racional da decisão de piso. Recurso Voluntário O recurso voluntário é tempestivo e atende os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço e passo a apreciálo. Nulidade O contribuinte invoca argumentos de nulidade por falta de motivação e ausência de fundamentação legal adequada. Razão, porém, não lhe assiste. Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal, o Decreto nº 70.235/72 indica os casos de nulidade nos artigos 10º e 59, in verbis: Artigo 10 O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula”. Artigo 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Não verifico, nesse caso concreto, violação a nenhum desses dispositivos. Fl. 1538DF CARF MF Processo nº 10480.730417/201674 Acórdão n.º 1201002.649 S1C2T1 Fl. 6 9 Os Autos de Infração foram emitidos com observância de seus requisitos formais e essenciais, na linha do que prescreve o artigo 142 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito. “Artigo 142 Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional”. Tal como determinado nesse dispositivo legal, os lançamentos têm como motivação o relatório de fls. 17/24 e os correspondentes Autos de Infração, além dos documentos e esclarecimentos colhidos durante o trabalho fiscal. Nesse particular, merece atenção o item 25 do relatório fiscal, também invocado pela DRJ contra a nulidade argüida, in verbis: Preliminarmente, o impugnante suscitou a nulidade do lançamento fiscal, sob a alegação de que a autoridade fiscal inferiu que não teriam sido observadas as regras previstas na Lei nº 9.430, de 1996, sem apontar quais foram os requisitos descumpridos. Mas isto não procede. Apesar de a autoridade fiscal ter feito um arrazoado completo acerca das perdas no recebimento de créditos, a glosa se restringiu aos descontos concedidos pelo impugnante no recebimento dos créditos vencidos, o que caracterizaria desistência de levar a cabo o processo judicial de cobrança, antes de decorrido o prazo de cinco anos de vencimento do crédito, o que implicaria presunção legal de ato anormal de gestão. Esta seria uma decorrência da regra contida no § 1° do art. 10 da Lei nº 9.430, de 1996, portanto, está aí o requisito apontado como descumprido. Ainda que a contribuinte não concorde com o enquadramento legal, o fato é que existe sim motivação clara e congruente acerca da descrição dos fatos, da infração imputada e respectiva base legal que geraram as autuações de IRPJ e CSLL. Diante da constatação, pela fiscalização, de que a contribuinte não teria cumprido as regras de dedutibilidade de PDD, que no seu entender seriam aplicáveis aos descontos concedidos nas renegociações de créditos, glosou os montantes deduzidos na forma de despesa operacional. Fl. 1539DF CARF MF 10 Ato contínuo, foi dada ciência dos Autos de Infração decorrentes do procedimento fiscal em questão, para que, em prol do contraditório e ampla defesa, a interessada pudesse exercer seu direito ao contraditório e ampla defesa, o que de fato ocorreu em face da apresentação de defesa e de recurso voluntário, os quais demonstram que a parte bem compreendeu tanto a matéria de fato quanto a matéria de direito envolvidas na presente lide. Não se vislumbra, assim, nenhum prejuízo ao contribuinte, razão pela qual afasto a caracterização de cerceamento de defesa ou nulidade dos Autos e da decisão recorrida. Mérito A controvérsia gira em torno do enquadramento da despesa a título de desconto na renegociação de créditos, concedido pela Recorrente instituição financeira aos seus clientes inadimplentes. Segundo a fiscalização (e a DRJ), o desconto configuraria uma perda passível de enquadramento nas regras de dedutibilidade de PDD, previstas nos artigos 9 a 12, da Lei n. 9.430/96, ao passo que a contribuinte advoga no sentido da operacionalidade do dispêndio, afinal o desconto geraria uma perda efetiva, e não presumida, cuja dedução faz parte do negócio e seria legítima. Pois bem. Restou demonstrado que os descontos são concedidos como uma forma de recuperar parte do crédito concedido pela Recorrente no desempenho de seu objeto social, sem que sejam iniciados os processos ordinários de cobrança (administrativa ou judicial), fato este que a meu ver compromete o enquadramento nas regras apontadas pela fiscalização com base nos normativos aplicáveis à baixa a título de PDD. Também entendo incorreto o enquadramento da autuação no § 1º, do artigo 10 daquela lei3, como apontado nos Autos de Infração. Esse dispositivo, cumpre reiterar, tem como pressuposto um inadimplemento em potencial, ou melhor, uma perda presumida, e não uma perda real assumida como meio de resolver a pendência financeira do devedor, liquidando o título. Com efeito, a dedutibilidade de perdas nos termos dos artigos 9O a 12 da Lei nO 9.430/96 tem como pressuposto o fato do credor continuar cobrando, seja pela via administrativa seja pela via judicial, o valor devido, ainda que não obtenha êxito nesta empreitada. A concessão de desconto, por outro lado, constitui medida diferente, que não poderia ter sido enquadrada nas hipóteses dos artigos mencionados, haja vista que, após as partes acordarem o montante do desconto, não mais existiria a possibilidade de prosseguimento de executar o crédito. 3 Art. 10. Os registros contábeis das perdas admitidas nesta Lei serão efetuados a débito de conta de resultado e a crédito: [...] § 1º Ocorrendo a desistência da cobrança pela via judicial, antes de decorridos cinco anos do vencimento do crédito, a perda eventualmente registrada deverá ser estornada ou adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao período de apuração em que se der a desistência. Fl. 1540DF CARF MF Processo nº 10480.730417/201674 Acórdão n.º 1201002.649 S1C2T1 Fl. 7 11 Nesse sentido já se manifestou o CARF em várias oportunidades. Veja, por exemplo, as ementas de dois julgados a seguir transcritas. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DISPOSIÇÕES DA LEI N9 9.430, DE 1996. NATUREZA. As disposições dos arts. 99 a 12 da Lei n9 9.430, de 1996, cuidam do que se poderia denominar PERDAS PRESUMIDAS, ou seja, encerram presunções legais de perdas efetivas a partir das hipóteses ali elencadas. Assim, na circunstância em que o contribuinte por meio de acordo com o devedor, lhe concede desconto com o intuito de solucionar a pendência financeira, fica caracterizada, em relação à parte não alcançada pelo citado acordo, perda efetiva, dedutível nos termos do art. 299 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/99). (Acórdão n9 1301002.011, 1a Sessão de Julgamento / 3a Câmara / 1a Turma Ordinária, Sessão de 04.05.2016) PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DESPESAS OPERACIONAIS ABATIMENTOS CONCEDIDOS NA LIQUIDAÇÃO DE CRÉDITOS DEDUTIBILIDADE. Não tratando, a situação fática, de perdas provisórias, isto é, a créditos para os quais não foi dada quitação ao devedor, mas que já estejam vencidos há um ou dois anos, conforme previsto no art. 9o da Lei 9.430/96, não há que se falar em esgotamento das possibilidades e meios de cobrança. O abatimento concedido ao devedor na liquidação de operações de crédito classificase como despesas operacionais e são dedutíveis do lucro operacional. (Acórdão n9 1402000.394, 1a Seção de Julgamento / 4a Câmara / 2a Turma Ordinária, Sessão de 27.01.2011) Nesse último julgado, de relatoria do Conselheiro Antonio José Praga de Souza, merece atenção as seguintes considerações constantes do voto condutor, que foi seguido por unanimidade: Essa mesma matéria foi objeto de tributação dos anos calendários anteriores em outros processos administrativos, a exemplo do Processo n° 16327.001263/200514, que foi julgado na 1a. Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes em 8/11/2007, Acórdão n° 10196.433, julgamento do qual participei enquanto presidente daquele colegiado à época. A ementa do aludido acórdão, cujo inteiro teor foi juntado por cópia às fls. 298 e seguintes dos autos, é precisa: PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DESPESAS OPERACIONAIS ABATIMENTOS CONCEDIDOS NA LIQUIDAÇÃO DE CRÉDITOS DEDUTIBILIDADE Não Fl. 1541DF CARF MF 12 tratando, a situação fática, de perdas provisórias, isto é, a créditos para os quais não foi dada quitação ao devedor, mas que já estejam vencidos há um ou dois anos, conforme previsto no art. 9o da Lei 9.430/96, não há que se falar em esgotamento das possibilidades e meios de cobrança. Os abatimentos concedidos ao devedor na liquidação de operações de crédito classificamse como despesas operacionais e são dedutíveis do lucro operacional. [...] Sobre a dedutibilidade dos descontos concedidos, assim me manifestei no voto condutor do Acórdão 10195.469, de 26 de abril de 2006, do interesse do mesmo contribuinte: "O julgador de primeira instância analisouos e considerou que alguns deles representam descontos que, pela sua magnitude, caracterizamse como liberalidade, e os demais não apresentam elementos necessários para se verificar o atendimento aos requisitos previstos na legislação de regência. Assim, manteve a glosa ao fundamento de que, para serem dedutíveis, as perdas não poderiam caracterizar liberalidade, e deveriam atender as condições previstas na Lei 8.981/95 e na Lei 9.430/96. Quanto à questão da liberalidade, peço vênia para discordar do ilustre Relator. É notório que, para as instituições financeiras, em negociações com os clientes para possibilitar o recebimento dos créditos, a concessão de descontos, mesmo expressivos, não representa liberalidade, caracterizandose como despesa necessária, usual e normal. O segundo fundamento da decisão para manter a glosa também não prospera. Antes da vigência da Lei 9.430/96 a sistemática consistia em constituir uma provisão baseada em estimativas levando em consideração o estoque de créditos, e deduzir o respectivo valor. Ou seja, a dedução era feita antes que ocorresse qualquer perda. Sobrevindo a perda, o lançamento não era em conta de resultado, uma vez que para tanto fora constituída provisão, e apenas quando esgotada a provisão a diferença era levada a resultado. Essa sistemática mudou com a Lei 9.430/96, que vedou a constituição da provisão, e as perdas (definitivas ou provisórias) passaram a ser contabilizadas diretamente como conta de resultado. As disposições dos §§ 8° e 9° do artigo 43 da Lei 8.981/95 e do art. 9° da Lei 9.430/96 dizem respeito a perdas provisórias, isto é, a créditos para os quais não foi dada quitação ao devedor, mas que já estejam vencidos há um ou dois anos, ou para os quais tenham sido esgotados os meios legais de cobrança. Não se compreendem, aí, os créditos já liquidados (perdas definitivas). De fato, o § 7° do artigo 43 da Lei 8.981/95 determina que os prejuízos realizados no recebimento de créditos serão obrigatoriamente debitados à provisão e o eventual excesso verificado será debitado a despesas operacionais. Portanto, não há qualquer condição para a dedução das perdas definitivas. Apenas, eram elas debitadas à provisão antecipadamente Fl. 1542DF CARF MF Processo nº 10480.730417/201674 Acórdão n.º 1201002.649 S1C2T1 Fl. 8 13 constituída para suportálas, sendo debitadas a despesas em caso de a provisão ser insuficiente para suportálas. O parágrafo 8° do art. 43 permitia o débito de perdas provisórias, isto é, de créditos vencidos há um ou dois anos (conforme o valor), mas para os quais o credor não deu quitação ao devedor. Da mesma forma, o § 1° do art. 9° da Lei 9.430/96 trata das condições para dedução de perdas não definitivas, mas que em certas circunstâncias relacionadas com a existência de garantia e o tempo decorrido desde o vencimento, já podem ser consideradas perdas." Naquele voto fiz referência a julgado da Sétima Câmara deste Conselho Acórdão 1076.506, de 17 de dezembro de 2001, em que o colegiado, analisando a mesma questão (sob a égide da Lei 8.981/95), entendeu, por unanimidade, que os abatimentos concedidos ao devedor na liquidação de operações de crédito classificamse como despesas operacionais e são dedutíveis do lucro operacional. No voto condutor daquele acórdão, o ilustre Relator, Dr. Paulo Roberto Cortez, tece as seguintes considerações: "A autoridade fiscal procedeu a glosa parcial das despesas registradas sob o título de perdas com operações de crédito, por considerar que as deduções não dizem respeito com o disposto na legislação pertinente (art. 43 da Lei n° 8.981/95), tendo consignado que os valores registrados tratamse de atos de mera liberalidade da Recorrente em decorrência de não se valer de todos os meios legais para o recebimento integral junto aos respectivos devedores. Por seu turno, o julgador de primeira instância decidiu pela manutenção do presente item sob os seguintes fundamentos: "Provisão não se confunde com despesa. A primeira, que se registra em uma conta redutora de ativo, visa a fazer frente a futuros contratempos, resguardando a empresa, enquanto que a despesa é o lançamento, em conta de resultado, da contrapartida necessária à formação da provisão. (.....) Ressaltese novamente que a despesa é a contrapartida da formação da provisão, porém, somente será dedutível a parcela que se utilizou para levar o saldo da provisão existente no início do período ao limite máximo determinado pela lei fiscal. Além desse montante, toda a despesa lançada em contrapartida à constituição da provisão será indedutível.(.....) Nos termos do § 7° do art. 43 da Lei n° 8.981/95, os prejuízos realizados no recebimento de créditos serão obrigatoriamente debitados à provisão para créditos de liquidação duvidosa e o eventual excesso verificado será debitado a despesas operacionais. Por outro lado, o débito dos prejuízos a que se refere esse parágrafo somente poderá ser efetuado quando atendidas as condições estabelecidas nos §§ 8°, 9° e 10°. Fl. 1543DF CARF MF 14 Notese que a condição para a dedutibilidade dos prejuízos debitados em prazos inferiores, conforme o caso, aos estabelecidos no parágrafo 8°, é o esgotamento dos recursos de cobrança." Tenho, entretanto, que não se configura, no caso, a hipótese de incidência da norma, ou seja, não se trata de aplicação da provisão para créditos de liquidação duvidosa, pois, nesse caso, existe uma dúvida quanto ao posterior recebimento dos créditos, sendo que a lei civil possibilita ao credor a cobrança total dos seus haveres e, a lei fiscal exige que se esgote todos os meios de cobrança para possibilitar a dedutibilidade das perdas. Porém, temos na presente situação fática, um acerto efetuado entre a Recorrente (credor) e clientes (devedores), no qual o primeiro, com o intuito de liquidação definitiva de contratos de empréstimos, reduziu uma parcela do montante dos seus créditos junto a determinados clientes, tornando definitiva a perda ocorrida, impossibilitando, assim, a cobrança futura da parcela perdoada. Devese ressaltar ainda que, no valor total dos créditos registrados pela Recorrente, além da importância originária do empréstimo, encontravase incluída a parcela de atualização monetária e de juros, a qual, depreendese que foi reconhecida como receita pela Recorrente. Dessa forma, o desconto concedido pela pessoa jurídica transformase em um ajuste entre as contas de receitas reconhecidas pelo regime de competência, decorrente dos empréstimos concedidos aos clientes, e a parcela reduzida do crédito recebido, a qual foi registrada como despesa. Ou seja, para a liquidação dos contratos, foi concedido uma redução no saldo devedor, extinguindo definitivamente a dívida, evitando assim, a demora no recebimento e o litígio para a execução. Não consta dos autos que o contribuinte tenha procedido de forma diversa, ou seja, que não tenha reconhecido suas receitas pelo regime de competência, aí sim, haveria uma irregularidade fiscal passível de lançamento de ofício. Podese concluir, sem sombra de dúvidas, que as provisões autorizadas pela legislação, referemse a possíveis perdas estimadas, futuras, ou seja, ainda não incorridas, mas que poderão ocorrer, conforme estabelecido no artigo 43 da Lei n° 8.981/95, com as restrições ali previstas. No caso em tela, constatamos a ocorrência de perdas efetivas, concretas e definitivamente incorridas, podendo comparar, a grosso modo, com a perda ocorrida no setor produtivo de uma indústria ou a quebra verificada com mercadorias perecíveis em uma empresa comercial. Entendo que a perda glosada não se trata de mera liberalidade pois, como se depreende dos autos, houve a prática negocial lícita no sentido de evitar maiores prejuízos, tendo as perdas ocorridas em razão do acerto final para o recebimento dos haveres. É claro que o lançamento de ofício seria cabível caso se apurasse alguma irregularidade nos atos negociais, como, por exemplo, a falta de registro dos recebimentos ou dos juros Fl. 1544DF CARF MF Processo nº 10480.730417/201674 Acórdão n.º 1201002.649 S1C2T1 Fl. 9 15 incorridos, mas este não é o caso em questão. O que foi questionado pelo Fisco situase na dedutibilidade ou não dos descontos concedidos aos clientes para o acerto final dos empréstimos concedidos o que, como visto acima, deve ser considerado como despesa operacional dedutível da base tributável." Tendo em conta não constar dos autos acusação no sentido de que as despesas contabilizadas não se caracterizavam como definitivas, mas ao contrário, a própria autoridade fiscal, no Termo de Constatação, faz referência a perdas efetivas no recebimento de créditos (...) apropriadas como despesas operacionais tão logo se tornassem definitivas, dou provimento ao recurso. [...] Como bem apontou a Recorrente, em julgado mais recente também prevaleceu esse entendimento, conforme atesta a seguinte ementa: Caminhando nessa mesa trilha, entendo que os descontos concedidos pelas instituições financeiras caso da Recorrente para fins de liquidação de créditos, ainda que já vencidos ou vincendos, são despesas operacionais e, portanto, dedutíveis. Conclusão Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao RECURSO DE OFÍCIO e DOU PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 1545DF CARF MF 16 Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 1546DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.900036/2008-24
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003
DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE.
É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou o erro em que se funde. Não havendo tal demonstração, por meio de prova hábil, capaz de demonstrar liquidez e certeza sobre suas informações, o alegado crédito é tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a acusação de insuficiência de saldo, cujo crédito consta declarado nos sistemas informatizados da RFB para fins de quitar, integral ou parcialmente, o débito informado em Perd/Comp.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR.
O fato do Fisco não atender aos infundados reclamos da parte não se pode caracterizar como cerceamento ao direito de defesa. Inexistência de documento contábil capaz de embasar o direito alegado. O ônus de provar o fato constitutivo do direito é de quem alega.
Numero da decisão: 3001-000.441
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de cerceamento do direito de defesa e, no mérito, em negar provimento ao Recurso.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri- Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco Martins Leite Cavalcante Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: FRANCISCO MARTINS LEITE CAVALCANTE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003 DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou o erro em que se funde. Não havendo tal demonstração, por meio de prova hábil, capaz de demonstrar liquidez e certeza sobre suas informações, o alegado crédito é tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a acusação de insuficiência de saldo, cujo crédito consta declarado nos sistemas informatizados da RFB para fins de quitar, integral ou parcialmente, o débito informado em Perd/Comp. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR. O fato do Fisco não atender aos infundados reclamos da parte não se pode caracterizar como cerceamento ao direito de defesa. Inexistência de documento contábil capaz de embasar o direito alegado. O ônus de provar o fato constitutivo do direito é de quem alega.
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ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. É indispensável que o contribuinte demonstre os fatos que alega ou o erro em que se funde. Não havendo tal demonstração, por meio de prova hábil, capaz de demonstrar liquidez e certeza sobre suas informações, o alegado crédito é tido por ilíquido e incerto, não tendo o condão de infirmar a acusação de insuficiência de saldo, cujo crédito consta declarado nos sistemas informatizados da RFB para fins de quitar, integral ou parcialmente, o débito informado em Perd/Comp. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR. O fato do Fisco não atender aos infundados reclamos da parte não se pode caracterizar como cerceamento ao direito de defesa. Inexistência de documento contábil capaz de embasar o direito alegado. O ônus de provar o fato constitutivo do direito é de quem alega. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de cerceamento do direito de defesa e, no mérito, em negar provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 00 36 /2 00 8- 24 Fl. 73DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório Por retratar sinteticamente os fatos e documentos constantes do processo, reproduzo a seguir o relatório da r. decisão recorrida (fls. 34), quanto segue. Trata o presente processo fiscal de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório emitido eletronicamente pela DRFB/Porto Alegre relativo à Declaração de Compensação número 24283.88206.211103.1.3.044057, enviada em 21/11/2003, no qual não foi homologado o encontro de contas por ausência/insuficiência de créditos de Cofins oponíveis contra a Fazenda Pública. A interessada por sua vez, contesta o Parecer alegando que a não identificação do crédito deveuse à verificação da identidade do valor declarado em DCTF e o valor recolhido. Por isso, a DRF não teria alcançado a quantificação do valor indevido objeto do pedido de compensação. Segundo a interessada, restou devidamente declarado na DIPJ o valor da obrigação tributária de COFINS. A contribuinte alega não somente ter protocolado os pedidos de compensação com créditos provenientes de COFINS, como também teria identificado na DIPJ que a origem do crédito seria decorrente de divergência de valores apurados, restando a divergência identificada na DIPJ. Menciona ainda que a DRF não teria verificado nem a documentação do contribuinte, nem a DIPJ, motivo pelo qual teria chegado à conclusão da não existência da realidade do crédito objeto do pedido de compensação. Informou estar promovendo na retificação da DCTF (entregue em 31/03/2008) a fim de que seja nela também evidenciado o crédito a que alega ter direito. Por estas razoes, avalia a interessada ser descabida a não homologação da compensação, no montante da diferença entre o declarado na DCTF, o declarado na DIPJ, e o recolhimento efetuado. O voto condutor do v. acórdão recorrido (fls. 34/35), está fundamentado no entendimento que "a empresa interessada entregou declaração de compensação onde manifestou intenção de extinguir débitos tributários mediante oposição de indébitos que julga ser detentor" (fls. 34), e prossegue: E prossegue o v. acórdão recorrido, fundamentandose nos arts. 170 do CTN, 15 e 16, incisos I, II e III, do Decreto 70.235/1972, que transcreve, e acrescenta (fls. 34/35), verbis Fl. 74DF CARF MF Processo nº 11080.900036/200824 Acórdão n.º 3001000.441 S3C0T1 Fl. 3 3 Em sede de exame de declaração de compensação, no qual a ação cabe à interessada, à esta cabem todos os esclarecimentos e as comprovações de seu pleito. O art. 170 do CTN fixa pressuposto nuclear a ser atendido pelo contribuinte a fim de que possa ser efetivada a restituição pela Fazenda Nacional: que seus créditos estejam revestidos de liquidez e certeza. As alegações constantes da impugnação devem ser comprovadas documentalmente, nos termos dos artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, cabendo à interessada apresentar as provas necessárias para confirmar sua defesa. Na manifestação de inconformidade entregue, a empresa interessada sequer se deu ao trabalho de apontar qualquer processo judicial ou administrativo que suportasse o direito creditório oponível ao Fisco (de Cofins, no caso). Não é possível fazer nenhuma confrontação de dados se o contribuinte não traz nenhum dado fidedigno apto a provar o direito alegado, nem cabe ao Fisco procurar supostas provas a favor do contribuinte, pois é ônus exclusivo deste, provar o que alega, nos termos do art.333, do Código de Processo Civil. Em conclusão do julgamento da impugnação, sustenta o v. acórdão guerreado (fls. 45), verbis. Assim, a liquidez do direito há de ser comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, através das guias de pagamento, da comprovação das bases de cálculo sobre as quais ocorreram os fatos geradores e, se for o caso, do provimento judicial autorizativo da compensação pleiteada. Também é assente na doutrina que direito líquido e certo é aquele cujos aspectos de fato possam comprovarse documentalmente. No presente, no entanto, a interessada não trouxe qualquer elemento contábil para comprovar a base de cálculo de qualquer dos períodos, sendo insuficiente a cópia da retificação da DCTF, ato que, de per si, nada comprova quanto à ocorrência do indébito (até mesmo porque foi entregue meramente com suporte à manifestação de inconformidade), muito menos a DIPJ, declaração que, por sinal, sequer constitui confissão de dívida para fins de Pis e Cofins. Ante o exposto, diante da inexistência de créditos compensáveis bem como de qualquer documentação que suporte a alegação da interessada, voto no sentido de não homologar as compensações pleiteadas na declaração de compensação em exame, devendo ser dada continuidade na cobrança dos valores indevidamente extintos, com os acréscimos legais próprios. Regularmente intimada, com AR recebido em 11 de setembro de 2008 (fls. 36/38), ingressou o contribuinte com Recurso Voluntário em 10.10.2008 (fls. 40/47), em que reiterou suas razões anteriores, suscitou preliminar de nulidade da decisão por cerceamento ao seu direito de defesa, e aduziu outras razões de mérito. Fl. 75DF CARF MF 4 Em seu apelo, o recorrente sustenta que "a DCOMP que dá origem ao processo administrativo ora em julgamento pretende utilizar crédito oriundo de recolhimento a maior que o devido a título de COFINS referente ao mês de janeiro do ano calendário 2003", e prossegue (fls. 41), verbis. Informou o contribuinte que por erro na apuração da base de cálculo, quantificou e realizou pagamento em 15.02.2003 do valor de R$ 44.252,61 a título de COFINS relativo à competência de jan/2003, quando o valor corretamente apurado representou o montante de R$ 33.218,47. Este erro na apuração foi identificado pelo contribuinte e é o motivo pelo qual pretendeu compensar o excesso de pagamento no valor original de R$ 11.034,14 que acrescido de juros alcançou o montante de R$ 12.760,98 com débito fiscal de COFINS da competênccia de jun/2003, no montante principal de R$ 10.120,54 que acrescido de juros e multa calculados até a data da PERDCOMP alcançavam o montante total de R$ 12.760,98. A DIPJ entregue já informou e apresentou o valor correto da base de cálculo e da COFINS a pagar e correto valor devido, tal como apontado neste processo administrativo. E a entrega da DIPJ se deu no tempo correto. Sustentou o recorrente que o erro foi detectado pela empresa que entregou a DIPJ retificadora em tempo correto, além do que "o erro praticado pelo contribuinte na apuração é corrigível pelo contribuinte, e pela autoridade", e acrescentou: "E não tem razão a autoridade julgadora quando afirma que o acerto da DCTF somente se deu para atender ao processo. A atividade jurisdicional administrativa é uma atividade de auto controle na aplicação da lei e não uma atividade de auto tutela na realização do interesse da administração". E prossegue o recorrente (fls. 41/42), verbis. A criação de obrigação acessória, mediante ato normativo infralegal, é compatível com o art. 113, § 2º, do CTN, daí ser relevante o cumprimento da obrigação acessória, e ser correta a pretensão do contribuinte de ver as informações que prestou virem consideradas pela autoridade, verbis (fls. 42). Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 2°. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. A autoridade competente tem a prerrogativa para o ato privativo de verificar a subsunção do fato levantado às normas (motivo e dispositivo legal infringido), operando a interpretação e a aplicação da lei, no exercício do auto controle sobre a existência ou inexistência do fato gerador da obrigação tributária. Prossegue sustentando que "os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa que competir a revisão daquele", na forma insculpida no art. 147 do CTN, combinado com o art. 32 do Decreto Federal 70.235/1971, a saber (fls. 42). Fl. 76DF CARF MF Processo nº 11080.900036/200824 Acórdão n.º 3001000.441 S3C0T1 Fl. 4 5 Art. 32. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo. Na sequência, relata o recorrente que as divergências entre os valores declarados em DCTF e os consignados em documentos contábeis e na DIPJ, devem ser apurados com base nesses lançamentos e informações prestadas pelo contribuinte, mas esclarece (fls. 42) : O cotejo entre a DIPJ, a DCOMP, a DCTF retificada, a peça de manifestação de inconformidade e a decisão recorrida levará à conclusão de que o julgamento não esgotou, posto que omitidos os exames específicos, o confronto da matéria deduzida em defesa. Após transcrever ensinamentos ministrados pelo saudoso Hely Lopes Meireles (fls. 56), suscita preliminar de nulidade da r. decisão recorrida, fundamentandose também em ementas de acórdãos do E. 1º Conselho de Contribuintes, merecendo transcrição de um deles, a saber (fls. 43). IRPJ Cerceamento do direito de defesa. Havendo o julgador singular deixado de fundamentar suas conclusões, deforma clara e analítica, há que ser proferida nova decisão singular, no resguardo do princípio constitucional da amplitude do direito de defesa. E prossegue o recorrente (fls. 43). É direito do contribuinte ter assegurada a completa prestação da tutela administrativajurisdicional que lhe possibilite exercer a plenitude do contraditório. Nos aspectos de mérito, reitera todos os seus argumentos objeto da Manifestação de Inconformidade, faz alusão ao magistério de Celso Antonio Bandeira de Mello, segundo os quais “uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciálos, 0 ato só será válido se estes realmente ocorreram e _o justificavam” (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 360), nao sendo lícito à Administração posteriormente alterar esses motivos" (fls. 45). Em equivalente sentido prossegue o recurso voluntário em comento temse o seguinte precedente administrativo a favorecer a tese do recorrente (fls. 45) : LANÇAMENTO COMPULSÓRIO Ausência de requisitos essenciais a sua validade Conseqüência. Não pode o lançamento tributário de oficio ser fundado apenas em hipótese. Destarte, o fato dado como infringente da legislação há que estar definitivamente configurado, de forma clara e concreta, para que possa servir de .suporte à ação fiscal; se assim não for, o crédito tributário compulsoriamente lançado padecerá da ausência de liquidez e certeza, ficando, “ípso facto" comprometida a sua exigibilidade. (Acórdão n° 470/82CRF). E arremata o recorrente em suas razões recursais (fls. 45/46) : Fl. 77DF CARF MF 6 Na DIPJ do exercício 2003, devidamente entregue pelo Recorrente, o contribuinte informou a correta apuração do COFINS relativo à competência jan/2003, informando o valor de R$ 33.218,47 como contribuição devida. Tendo sido apresentada DCTF informando COFINS devida no montante de R$ 44.252,61 o contribuinte retificou a DCTF para apontar o valor correto de R$ 33.218,47 como contribuição devida. Eis que o contribuinte não apenas protocolou os PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO com créditos provenientes de COFINS, como também identificou na DIPJ que a origem do crédito decorreu de divergência de valores apurados, restando a divergência devidamente identificada na DIPJ. Considerando as informações prestadas pelo contribuinte, tanto na DIPJ quanto na DCTF retificada, e à vista do comprovado pagamento realizado a maior, cabe reconhecer o pagamento a maior realizado, e o direito à compensação, tal como espelhado na PERDCOMP, no valor de R$ 12.760,98 quitando os débitos de COFINS (duas competências) também identificados na PERDCOMP . Então a decisão materialmente viciada, eis que adotada com fundamento no erro de fato, que gerou a contradição com a verdade do processo, espelhada nos documentos nele encartados. _ Assim, cabe reformar a decisão recorrida, para homologar as compensações que utilizam do montante pago a maior, no limite desse crédito reconhecido. A fixação de condições não normativas, mas meramente interpretativas, como no caso utilizadas pela Autoridade Julgadora, nunca poderia ser limitadora de direitos materiais. Data vênia, a decisão recorrida indica estar a Administração a agir de forma a dificultar o exercício de direito outorgado por Lei, o que não lhe é permitido. Pelo princípio da moralidade administrativa, não bastará ao administrador estrito cumprimento da estrita legalidade,devendo ele, no exercício de sua função pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a moralidade constitui, a partir da Constituição de 1988, pressuposto de validade de todo ato da administração pública. Dessa sorte, não é cabível o indeferimento da compensação, quando existem as informações prestadas pelo contribuinte, a identificar as diferenças a maior havidas entre os valores devidos, e aqueles pagos e declarados em DCTF e DIPJ. Constatada a existência de pagamento a maior, por recolhimento da COFINS em face dos valores apurados e constantes da escrituração da empresa, e tendo a ora requerente apresentado as razões no sentido do acerto da DIPJ e a existência de erro material na DCTF é cabível a restituição, e então a compensação, merecendo vir provido o recurso para a homologação da compensação, no montante da diferença entre o Fl. 78DF CARF MF Processo nº 11080.900036/200824 Acórdão n.º 3001000.441 S3C0T1 Fl. 5 7 declarado na DCTF, o declarado na DIPJ, e o recolhimento efetuado. Se a DIPJ apresenta diferenças/divergências de COFINS restando saldo a restituir, cabe homologar a compensação de débitos pleiteada, com saldos que se revelaram existentes. Portanto, direito a ser reconhecido é a diferença de COFINS informada na DIPJ, a ser então considerada quando da compensação. Deve ser reformada a não homologação da compensação, diante da diferença verificada entre os valores da Cofins demonstrados nas Declarações DIPJ e os valores declarados em DCTF (retificada) e apurados conforme escrituração nos livros contábeis, porquanto os elementos de fato e de direito apresentados pelo contribuinte são suficientes para confirmar os valores. No pedido final, reitera a preliminar de nulidade da decisão recorrida por cerceamento ao direito de defesa; e na hipótese de se adentrar ao mérito, que seja dado provimento ao apelo para, confirmando o direito perseguido, concluir então esse Conselho por homologar as compensações tal como identificadas no PERDCOMP objeto da lide (fls. 47). Juntou diversas fichas de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP pelo regime não cumulativo nº 26A (fls. 48/59) e nº 21 (fls. 60/71), e os autos foram remetidos ao 1º Conselho de Contribuintes em 21.10.2008 (fls. 72). É o relatório. Voto Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator O recorrente foi intimado da decisão recorrida em 11.09.2008 (fls. 36/38) e ingressou com Recurso Voluntário em 10.10.2008 (fls. 40/47), juntou atos constitutivos aos autos e encontrase representado por advogado regularmente constituindo. Presentes os pressupostos legais, e sendo o apelo tempestivo, tomo conhecimento do recurso. Trata o processo em análise de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório emitido eletronicamente pela DRFB/Porto Alegre relativo à Declaração de Compensação número 24283.88206.211103.1.3.044057, enviada em 21/11/2003, no qual não foi homologado o encontro de contas por ausência/insuficiência de créditos de Cofins oponíveis contra a Fazenda Pública. Em defesa de seu alegado direito, sustenta a recorrente, em resumo, que restou devidamente declarado na DIPJ o valor da obrigação tributária de COFINS; que protocolou os seus pedidos de compensação com créditos provenientes de COFINS, como também teria identificado na DIPJ que a origem do crédito seria decorrente de divergência de valores apurados, restando a divergência identificada na DIPJ. Menciona ainda que a DRF não teria verificado nem a documentação do contribuinte, nem a DIPJ, motivo pelo qual teria chegado à conclusão da não existência da realidade do crédito objeto do pedido de Fl. 79DF CARF MF 8 compensação; e, por estas razões, avalia a interessada ser descabida a não homologação da compensação, no montante da diferença entre o declarado na DCTF e na DIPJ, e o recolhimento efetuado. Em seu recurso, o contribuinte reitera sua tese de que tem direito à restituição perseguida, e assim sintetiza seus argumentos (fls. 45), verbis. Na DIPJ do exercício 2003 devidamente entregue pelo Recorrente, o contribuinte infonnou a correta apuração do COFINS relativo à competência janeiro/2003, informando o valor de R$ 33.218,47 como contribuição devida. Tendo sido apresentada DCTF informando COFINS devida no montante de R$ 44.252,61 o contribuinte retificou a DCTF para apontar o valor correto de R$ 33.218,47 como contribuição devida. Eis que o contribuinte não apenas protocolou os PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO com créditos provenientes d`e_COFINS, como também identificou na DIPJ que a origem docrédito decorreu de divergência de valores apurados, restando a divergência devidamente identificada na DIPJ. Considerando as informaçoõs prestadas pelo contribuinte, tanto na DIPJ quanto na DCTF retificada, e à vis o comprovado pagamento realizado a maior, cabe reconhecer o pagamento a maior r ado, e o direito à compensação, tal como espelhado na PERDCOMP, no valor de 12.760,98 quitando o débitos de COFINS também identificados na PERDCOMP. Então a decisão materialmente viciada, eis que adotada com fundamento no erro de fato, que gerou a contradição com a verdade do processo, espelhada nos documentos nele encartados. Assim, cabe reformar a decisão recorrida, para homologar as compensações que utilizam do montante pago a maior, no limite desse crédito reconhecido. A fixação de condições não normativas, mas meramente interpretativas, como no caso utilizadas pela Autoridade Julgadora, nunca poderia ser limitadora de direitos materiais. Data vênia, a decisão recorrida indica estar a Administração a agir de forma a dificultar o exercício de direito outorgado por Lei, o que não lhe é permitido. “Pelo princípio da moralidade administrativa, não bastará ao administrador estrito cumprimento da estrita legalidade, devendo ele, no exercício de sua função pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a moralidade constitui, a partir da Constituição de 1988, pressuposto de validade de todo ato da administração pública.” Dessa sorte, não é cabível o indeferimento da compensação, quando existem as informações prestadas pelo contribuinte, a identificar as diferenças a maior havidas entre os valores devidos, e aqueles pagos e declarados em DCTF e DIPJ. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 11080.900036/200824 Acórdão n.º 3001000.441 S3C0T1 Fl. 6 9 Constatada a existência de pagamento a maior, por recolhimento da COFINS em face dos valores apurados e constantes da escrituração da empresa, e tendo a ora requerente apresentado as razões no sentido do acerto da DIPJ e a existência de erro material na DCTF é cabível a restituição, e então a compensação, merecendo vir provido o recurso para a homologação da compensação, no montante da diferença entre o declarado na DCTF, 0 declarado na DIPJ, e o recolhimento efetuado. Se a DIPJ apresenta diferenças/divergências de COFINS restando saldo a restituir, cabe homologar a compensação de débitos pleiteada, com saldos que se revelaram existentes. Portanto, direito a ser reconhecido é a diferença de COFINS informada na DIPJ, a ser então considerada quando da compensação. Deve ser reformada a não homologação da compensação, diante da diferença verificada entre os~valo.res da Cofins demonstrados nas Declarações DIPJ e os valores declarados em DCTF (retificada) e apurados conforme escrituração nos livros contábeis, porquanto elementos de fato e de direito apresentados pelo contribuinte são suficientes para confirmar os valores. O voto condutor do v. acórdão recorrido a seu turno (fls. 34/35), está fundamentado no entendimento que "a empresa interessada entregou declaração de compensação onde manifestou intenção de extinguir débitos tributários mediante oposição de indébitos que julga ser detentor" (fls. 34), uma vez que a contribuinte se limita a alegar, em sua impugnação, que teriam ocorrido os alegados indébitos, não trazendo ao processo nenhuma comprovação da efetividade do recolhimento e das bases de cálculo sobre as quais teriam sido eles realizados. Sustenta mais o v. acórdão recorrido, invocando o disposto nos arts. 15 e 16, incisos I, II e III, do Decreto 70.235/1972, 170 do CTN, e 333 do CPC (atual art. 373 do NCPC), verbis (fls. 34/35): Em sede de exame de declaração de compensação, no qual a ação cabe à interessada, à esta cabem todos os esclarecimentos e as comprovações de seu pleito. O art. 170 do CTN fixa pressuposto nuclear a ser atendido pelo contribuinte a fim de que possa ser efetivada a restituição pela Fazenda Nacional: que seus créditos estejam revestidos de liquidez e certeza. As alegações constantes da impugnação devem ser comprovadas documentalmente, nos termos dos artigos 15 e 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, cabendo à interessada apresentar as provas necessárias para confirmar sua defesa. ...(omissis)... Na manifestação de inconformidade entregue, a empresa interessada sequer se deu ao trabalho de apontar qualquer processo judicial ou administrativo que suportasse o direito creditório oponível ao Fisco (de Cofins, no caso). Não é possível fazer nenhuma confrontação de dados se o contribuinte não traz nenhum dado fidedigno apto a provar o direito alegado, nem cabe ao Fisco procurar supostas provas a Fl. 81DF CARF MF 10 favor do contribuinte, pois é ônus exclusivo deste, provar o que alega, nos termos do art.333, do Código de Processo Civil. Assim, a liquidez do direito há de ser comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, através das guias de pagamento, da comprovação das bases de cálculo sobre as quais ocorreram os fatos geradores e, se for o caso, do provimento judicial autorizativo da compensação pleiteada. Também é assente na doutrina que direito líquido e certo é aquele cujos aspectos de fato possam comprovarse documentalmente. No presente, no entanto, a interessada não trouxe qualquer elemento contábil para comprovar a base de cálculo de qualquer dos períodos, sendo insuficiente a cópia da retificação da DCTF, ato que, de per si, nada comprova quanto à ocorrência do indébito (até mesmo porque foi entregue meramente como suporte à manifestação de inconformidade), muito menos a DIPJ, declaração que, por sinal, sequer constitui confissão de dívida para fins de Pis e Cofins. Ante o exposto, diante da inexistência de créditos compensáveis bem como de qualquer documentação que suporte a alegação da interessada, voto no sentido de não homologar as compensações pleiteadas na declaração de compensação em exame, devendo ser dada continuidade na cobrança dos valores indevidamente extintos, com os acréscimos legais próprios. Desta forma, temse como incontroverso que o recorrente não logrou comprovar a liquidez e a certeza de suas afirmações, de forma documentada. E, por isto mesmo, não se desincumbiu o sujeito passivo de fazer prova cabal do fato constitutivo do seu direito ao crédito alegado e, com fundamento no artigo 170 do CTN, devese ratificar a conclusão contida no despacho decisório que não homologou as compensações declaradas, e confirmar a decisão constante do v. acórdão guerreado. Verificase, por isto mesmo, que o recorrente não logrou produzir provas que sustentassem suas alegações, cujo ônus lhe competia, tanto no processo administrativo fiscal como no processo civil, no sentido de que o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, a teor do previsto nos arts. 36 da Lei 9.784 de 29.01.1099, e 373I do NCPC, verbis. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; e, II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Em sede de preliminar, alega o recorrente que teve cerceado o seu amplo direito de defesa a reclamar a declaração de nulidade da decisão recorrida, "determinandose a realização de novo julgamento no qual sejam enfrentadas os documentos apresentados à Receita Federal, confrontados com os fundamentos de pedir, o que de pronto se requer", ao fundamento de que o v. acórdão recorrido "não enfocou e não despendeu exame sobre os documentos disponíveis pela Receita Federal (obrigações acessórias cumpridas pelo contribuinte) em consonância com as razões específicas de pedir constantes da manifestação de Fl. 82DF CARF MF Processo nº 11080.900036/200824 Acórdão n.º 3001000.441 S3C0T1 Fl. 7 11 inconformidade, incorrendo em omissiva análise do fato perpetrada pela decisão recorrida, o que sobremaneira prejudica o direito do contribuinte" (fls. 44). Nada obstante os argumentos do contribuinte, entendo inteiramente sem razão a pretensão do recorrente relativamente à preliminar em questão, seja porque, embora solicitado, não cuidou de exibir os documentos comprobatórios e constitutivos do seu alegado direito; seja porque, como gizado pela decisão recorrida, o contribuinte não trouxe ao processo documentos contábeis para comprovar a base de cálculo de qualquer dos períodos, sendo insuficiente a cópia da retificação da DCTF, ato que, de per si, nada comprova quanto à ocorrência do indébito (até mesmo porque foi entregue meramente como suporte à manifestação de inconformidade, nas palavras da decisão recorrida), muito menos a DIPJ, declaração que, por sinal, sequer constitui confissão de dívida para fins de Pis e Cofins, como ressaltado pelo v. acórdão recorrido; seja também porque a sua Declaração de Compensação nº 24283.88206.211103.1.3.044057 foi formalizada em 21.11.2003, e a DCTF retificadora somente veio a ser emitida mais de 4 (quatro) anos depois, em 31.03.2008 (fls. 41). Desta forma, não há falar em cerceamento ao direito de defesa. Assim sendo, e em virtude da não demonstração da existência do direito creditório pleiteado, combinado com o não atendimento à solicitação da fiscalização para a exibição de documentação contábil necessária e suficiente para comprovar a liquidez e certeza do seu direito, ratificase a decisão recorrida que indeferiu a pretensão do contribuinte objeto de sua manifestação de inconformidade e reiterada no recurso voluntário, para manter integralmente o r. acórdão recorrido, por seus próprios e jurídicos fundamentos. Por todo o exposto, conheço do apelo da parte porque tempestivo e revestido das demais formalidades legais, rejeito a preliminar de cerceamento ao direito de defesa e, no mérito, nego provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator Fl. 83DF CARF MF
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