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Numero do processo: 10735.002956/2005-28
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2001
ITR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL
Não obstante a previsão legal da obrigatoriedade do ADA, para efeito de redução do valor a pagar do ITR, a partir do exercício de 2001, inexigível é a sua prévia comprovação e, consequentemente, não há de se exigir a protocolização tempestiva do ADA para fins da redução do valor do ITR.
No presente caso, o contribuinte tomou ciência do Termo de Intimação Fiscal em 21/06/2005, referente ao ITR do exercício de 2001 e que o ADA foi protocolado junto ao IBAMA em 18/02/2004 (fls. 70).
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-002.276
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos
Nome do relator: ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001 ITR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL Não obstante a previsão legal da obrigatoriedade do ADA, para efeito de redução do valor a pagar do ITR, a partir do exercício de 2001, inexigível é a sua prévia comprovação e, consequentemente, não há de se exigir a protocolização tempestiva do ADA para fins da redução do valor do ITR. No presente caso, o contribuinte tomou ciência do Termo de Intimação Fiscal em 21/06/2005, referente ao ITR do exercício de 2001 e que o ADA foi protocolado junto ao IBAMA em 18/02/2004 (fls. 70). Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire Relator EDITADO EM: 14/08/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Alexandre Naoki Nishioka, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório O contribuinte, inconformado com o decidido no Acórdão nº 280100.458, proferido pela 1ª Turma Especial da 2ª Seção em 11/05/2010, interpôs, dentro do prazo regimental, recurso especial de divergência à Câmara Superior de Recursos Fiscais. A decisão recorrida, por voto de qualidade, negou provimento ao recurso. Segue abaixo sua ementa: “AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. AREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. COMUNICAÇÃO AO ORGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE. A partir do exercício de 2001, para fins de redução no cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, por expressa previsão legal, em se tratando de Áreas de preservação permanente e utilização limitada, indispensável que se comprove que houve a comunicação, tempestivamente, ao órgão de fiscalização ambiental, por meio de documento hábil. Recurso negado.” Em seu recurso, a recorrente ressalta que não há dúvida quanto à existência da área de preservação permanente e da efetiva apresentação do ADA junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), cingindose a questão em saber se a apresentação tempestiva de tal documento é elemento essencial e indispensável para a exclusão daquela área da base de cálculo do ITR. Nesse ponto, entende que o acórdão recorrido diverge dos paradigmas que apresenta, cujas ementas serão reproduzidas a seguir: “AREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO A MARGEM DA MATRÍCULA. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL A Area de reserva legal, para Fl. 2DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10735.002956/200528 Acórdão n.º 920202.276 CSRFT2 Fl. 2 3 fins de exclusão do ITR, deve estar averbada à margem da inscrição da matricula do imóvel no cartório de registro de imóveis competente, A época do respectivo fato gerador, nos termos da legislação de regência. AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. No exercício de 2001, a exclusão da Area declarada de preservação permanente da Area tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, estava condicionada ao reconhecimento pelo IBAMA ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental (ADA), por força da Lei n° 10.165/2000 que, no entanto, não estabelecia prazo para o seu protocolo. Suficientes para o reconhecimento da Area declarada, a existência de Laudo Técnico demonstrando a sua existência e o protocolo do ADA qualquer tempo. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE” (AC 30335.540) “(...) ITR/2002. AREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA (RESERVA LEGAL). Em virtude do disposto no art. 170 da Lei no 6.938/81, na redação do art. 1º da Lei no 10.165/2000, a partir do exercício de 2001 passou a ser obrigatória a apresentação do ADA como condição para o gozo da redução do ITR, no caso de Area de utilização limitada (reserva legal). Estando a Area de reserva legal devidamente averbada na margem da matricula do imóvel, bem como verificada a protocolizaçao do ADA junto ao IBAMA, embora a destempo, sem que tenha havido qualquer contestação pelo órgão ambiental, ha que se considerar valida a Area declarada pelo contribuinte para os efeitos pretendidos. (...)” (AC 30134.084) Explica que a divergência diz respeito à existência ou não do prazo de seis meses para a apresentação do ADA perante o IBAMA, contado a partir da data da entrega da declaração do ITR. Argumenta que a exigência em comento está prevista somente em atos regulamentares destituídos de suporte legal, de maneira que a apresentação do ADA no prazo de 6 (seis) meses da entrega da DITR não pode ser impingida ao contribuinte. Observa que o ADA é ato de natureza puramente declaratória, certificante da situação preexistente descrita no texto legal, não advindo da sua expedição efeito constitutivo algum a que o interessado já não fizesse jus. Apresenta nova divergência, explicando que, com o advento do §7º do artigo 10 da Lei n° 9.393/96, tornouse evidente a desnecessidade de apresentação do ADA para fins de dedução da área de preservação permanente da base de cálculo do IRT. Segue abaixo a ementa do paradigma descrito: “ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL PARA AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Não existe mais a exigência de prazo para apresentação do requerimento para emissão do Ato Declarat6rio Ambiental, uma vez que, a área de preservação permanente não está mais sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, conforme disposto no art. 30 da MP 2.166/2001 que alterou o art. 10 da Lei n° 9.393/96, cuja aplicação a fato pretérito à sua edição encontra respaldo no art. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 106, inciso II, alínea "c" do Código Tributário Nacional. E isenta do ITR a Area de preservação permanente comprovada, através de Laudo Técnico. RECURSO PROVIDO POR UNANIMIDADE” (AC 30130.356) Ao final, requer o conhecimento e provimento de seu recurso especial. Nos termos do Despacho n.º 2100274/2011, foi dado seguimento ao pedido em análise. A Fazenda Nacional ofereceu, tempestivamente, contrarazões. Afirma que acórdão recorrido encontrase em consonância com a Súmula n° 41 do CARF, assim redigida: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000”. Explica que, como no presente caso o fato gerador ocorreu no ano de 2001, extraise do enunciado sumular que a inexistência do ADA é fundamento suficiente para a manutenção do lançamento do ITR, que incluiu em sua base de cálculo a área correspondente à soma das áreas de preservação permanente e de reserva legal, constantes na DIAT entregue pelo contribuinte. Entende que o acórdão recorrido, embora não tenha constado expressamente o enunciado sumular, encontra se na linha da jurisprudência pacificada na forma da Súmula n° 41, o que atrai a incidência do art. 67, §2°, verbis: “Art. 67. Compete a CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der á lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) 2° Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARP, ou que, na apreciação de matéria preliminar, decida pela anulação da decisão de primeira instancia.” Ademais, julga que não há que se falar em divergência entre os acórdãos confrontados no presente caso, uma vez que os paradigmas não emitiram qualquer juízo de valor sobre a norma utilizada como fundamento pelo acórdão recorrido, razão pela qual considera impossível identificar divergência entre os entendimentos. Alega que como os paradigmas julgaram fatos não enquadrados no regime jurídico traçado por lei superveniente, a qual alcançou o acórdão recorrido, não se identifica a divergência de teses. Por esse motivo entende que não se pode conhecer do mérito do recurso interposto pela contribuinte. Em seguida diz que, da análise das alegações apresentadas pela contribuinte, cuja finalidade é ver reconhecida a isenção sobre as áreas apontadas como sendo de interesse ecológico, confirmase o não cumprimento, de forma tempestiva, da exigência da protocolização do Ato Declaratório Ambiental ADA, emitido pelo IBAMA ou órgão Fl. 4DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10735.002956/200528 Acórdão n.º 920202.276 CSRFT2 Fl. 3 5 conveniado, tanto para a área de preservação permanente como para a área de interesse ecológico. Sustenta que, para efeito da exclusão das áreas de interesse ecológico da incidência do ITR, é necessário que o contribuinte comprove o reconhecimento formal especifica e individualmente da área como tal, protocolizando o ADA no IBAMA ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração. Esclarece que a legislação aplicável ao caso é aquela em vigência à época de ocorrência do fato gerador, nada acrescentando à lide o fato de a IN SRF nº 67/1997 ter sido revogada pela IN SRF nº 73/2000. Considera equivocado o entendimento no sentido de que não existe mais a exigência de prazo para apresentação do requerimento para emissão do ADA, em virtude do disposto no § 7º do art. 10 da Lei n.º 9.393/1996, incluído pelo art. 3º da Medida Provisória nº 2.16667, de 24/08/2001. Entende não ser juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da declaração do contribuinte de que sua propriedade está inserida em área de preservação permanente ou de utilização limitada, não possa a autoridade pública exigir a comprovação do alegado através da documentação competente. Explica que o que se busca no presente feito é a comprovação do cumprimento, tempestivo, de uma obrigação prevista na legislação, referente à área de que se trata, para fins de exclusão da tributação. Conclui que é incensurável o acórdão recorrido, pois o contribuinte não logrou comprovar a efetiva existência das áreas de preservação permanente e de reserva legal glosadas pela fiscalização. Ao final, requer o não conhecimento do recurso especial ou que lhe seja negado provimento. Eis o breve relatório. Voto Conselheiro Elias Sampaio Freire, Relator Não merece prosperar a alegação no sentido de que a decisão recorrida aplicou a Súmula CARF nº 41, in verbis: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” A referida súmula referese especificamente aos fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. Inaplicável a interpretação a contrário sensu, para aplicála ao presente caso, cujo fato gerador ocorreu em 2001. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Sobre a afirmação da Fazenda Nacional de que não seria possível identificar divergências entre os paradigmas e o acórdão recorrido, destaco que o d. Procurador não deixa claro a qual das divergências se refere. Quanto à primeira divergência, verifico que, em situações semelhantes, os paradigmas e a decisão recorrida adotaram conclusões distintas. De fato, o acórdão atacado entende que o ADA deve ser apresentado dentro do prazo de seis meses, ao passo que os paradigmas vinculam a validade de tal documento à sua protocolização junto ao IBAMA, sem fixar prazo para tal ato. Quanto à segunda divergência, novamente verifico que o paradigma adotado diverge do acórdão recorrido. Isso porque enquanto o paradigma entendeu que a área de preservação permanente não está mais sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, para fins de sua exclusão da tributação do ITR, o aresto atacado considerou imprescindível a apresentação do ADA para tal fim. Desse modo, considero correto o despacho que deu seguimento ao recurso especial no que diz respeito às duas divergências suscitadas pelo contribuinte. Destarte, conheço do recurso especial interposto pelo contribuinte. No caso em apreço, conforme apontado no acórdão recorrido (fls. 118), o ADA deixou de ser considerado em virtude de sua averbação intempestiva: “No caso ora analisado, o Recorrente além de trazer Laudos Técnicos que comprovam as informações prestadas em DITR, ainda apresentou, mesmo que intempestivamente, o seu ADA (fl.70). 0 referido ADA foi aceito pelo IBAMA e não sofreu qualquer questionamento, motivo pelo qual há de se entender que se compatibilizou com as informações prestadas em DITR.” A apresentação do Ato Declaratório Ambiental — ADA se tomou obrigatória, a partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, por força da Lei n° 10.165, de 28/12/2000, que incluiu o art. 17 0, § 1°, A. Lei n° 6.938/1981, in verbis:: "Art. 17O Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental — ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei n° 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a titulo da Taxa de Vistoria. § 1° A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (.)." Por seu turno, em 24 de agosto de 2001, foi editada a MP 2.16667, que inseriu o § 7º ao art. 10, da Lei n°9.393/96: "Art. 10. (...) Fl. 6DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10735.002956/200528 Acórdão n.º 920202.276 CSRFT2 Fl. 4 7 §7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa As áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1 2, deste artigo, não está sujeita a. previa comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis." Destarte, não obstante a previsão legal da obrigatoriedade do ADA, para efeito de redução do valor a pagar do ITR, a partir do exercício de 2001, inexigível é a sua prévia comprovação e, consequentemente, não há de se exigir a protocolização tempestiva do ADA para fins da redução do valor do ITR. Neste sentido são os precedentes desta 2ª Turma da CSRF: “ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. TEMPESTIVIDADE. INEXIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO HODIERNA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Inexistindo na Lei n° 10.165/2000, que alterou o artigo 17O da Lei n° 6.938/81, exigência à observância de qualquer prazo para requerimento do ADA, não se pode cogitar em impor como condição à isenção sob análise a data de sua requisição/apresentação, sobretudo quando se constata que fora requerido anteriormente ao início da ação fiscal.” (Acórdão nº 920202.018, Relator: Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, de 22 de março de 2012) Salientese que, no presente caso, o contribuinte tomou ciência do Termo de Intimação Fiscal em 21/06/2005, referente ao ITR do exercício de 2001 e que o ADA foi protocolado junto ao IBAMA em 18/02/2004 (fls. 70). Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso especial do contribuinte. (Assinado digitalmente) Elias Sampaio Freire Fl. 7DF CARF MF Impresso em 13/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/09/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 21/08/2012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 10950.900886/2008-73
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004 COMPENSAÇÃO DE SALDO NEGATIVO DE CSLL. A compensação somente será homologada caso haja saldo suficiente para a sua efetiva satisfação e homologação da compensação. Na falta de comprovação de saldo ou insuficiência do mesmo, a compensação não poderá ser homologada. Existência parcialmente comprovada.
Numero da decisão: 1803-001.325
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso para reconhecer direito creditório adicional no valor de R$ 4.116,96, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: MEIGAN SACK RODRIGUES
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A compensação somente será homologada caso haja saldo suficiente para a sua efetiva satisfação e homologação da compensação. Na falta de comprovação de saldo ou insuficiência do mesmo, a compensação não poderá ser homologada. Existência parcialmente comprovada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso para reconhecer direito creditório adicional no valor de R$ 4.116,96, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) SELENE FERREIRA DE MORAES Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/07/201 2 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.900886/200873 Acórdão n.º 1803001.325 S1TE03 Fl. 112 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta e Meigan Sack Rodrigues. Ausente o conselheiro Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório Por meio das Declarações de Compensação – Dcomps, a empresa recorrente compensou crédito próprio de saldo negativo de CSLL, apurado no exercício 2004, com débitos também próprios. Contudo, a Secretaria da Receita Federal do Brasil não homologou as compensações, objetos das Dcomps em tela, sob o argumento de que as parcelas que compunham o crédito, informadas na Dcomp principal, não foram confirmadas. Devidamente cientificada a empresa recorrente apresenta manifestação de inconformidade em que argumenta que errou ao informar o período a que se referia o crédito, sendo que esse foi apurado no encerramento do anocalendário de 2003. Em ato contínuo relata que recebeu intimação indicando irregularidade no preenchimento da Dcomp, sendo que, ao perceber as devidas retificações, transmitiu a Dcomp n° 25364.54977.190307.1.3.036274 em duplicidade, razão pela qual pede seu cancelamento. Por fim, sustenta a recorrente que os valores informados foram corretamente apurados e compensados dentro do que estabelece a legislação tributária, pelo que pugna pelo cancelamento do débito reclamado. A autoridade de primeira instância aborda o tema referindo que a compensação entre créditos e débitos próprios, perante a Fazenda Pública, foi prevista como forma de extinção do crédito tributário por meio dos arts. 156 e 170 do CTN. Posteriormente, o art. 74 da Lei n a 9.430/96, o qual sofreu diversas alterações, estipulou as regras que deveriam ser seguidas na compensação entre débitos e créditos próprios perante a Receita Federal do Brasil. Desse modo, temse que a compensação consiste na apresentação de declaração que informe à Receita Federal o procedimento de extinção do crédito tributário efetuado pelo contribuinte, elencando créditos e débitos utilizados. Vale dizer que a compensação reputase efetivada na data da apresentação da Dcomp, permanecendo o crédito tributário extinto sob condição resolutória de sua ulterior homologação pelo período de 5 (cinco) anos, prazo no qual pode a Receita não homologar o procedimento. Findo esse interregno temporal, considerase a compensação homologada tacitamente, ficando o crédito tributário definitivamente extinto. Aduz a autoridade que a empresa recorrente informou, por meio da Dcomp antes referenciada, a utilização de crédito em seu nome relativo a saldo negativo de CSLL apurado no encerramento do anocalendário de 2003, referente ao exercício 2004 e que apesar de afirmar em sua manifestação de inconformidade ter havido erro na informação do período de apuração do crédito, tanto na Dcomp original quanto na retificadora, o julgador esclarece que não houve qualquer equívoco nesse aspecto, visto que o valor informado coincide exatamente com o valor registrado na DIPJ Exercício 2004 transmitida a RFB. Salienta que Fl. 114DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/07/201 2 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.900886/200873 Acórdão n.º 1803001.325 S1TE03 Fl. 113 3 deve ficar esclarecido que o anocalendário de 2003 corresponde ao exercício 2004, motivo pelo qual não ocorreu qualquer erro no preenchimento das Dcomps tratadas neste processo. De outro ponto, o julgador a quo observa que a alegação da recorrente de que a Dcomp transmitida em 19 de março de 2007 deve, na verdade, retificar aquela apresentada em 28 de setembro de 2006, em lugar de ser considerada como outra Dcomp integrante da família. Isso porque a Dcomp apresentada em 19 de março de 2007, a qual o interessado afirma que deveria ter sido apresentada como retificadora, traz como débito compensado o mesmo que tinha sido objeto da Dcomp n° 10323.51600.280906.1.7.030510, qual seja, a CSLL vencida em 29 de outubro de 2004. Assim, tanto DIPJ quanto DCTF, ambas originais ativas, declaram como débito de CSLL referente ao 3° trimestre de 2004 o valor de R$16.566,00, o qual teria sido extinto por meio do pagamento de Darf no valor de R$12.449,05 e pela compensação de R$4.116,96. A consulta aos sistemas informatizados da RFB confirma que, na data de vencimento do débito, o valor declarado como pago foi efetivamente recolhido aos cofres públicos. Dessa maneira, sobraria uma única compensação para o valor de R$4.116,96, o que já havia sido feito em 19 de março de 2007, razão pela qual fica confirmado que a Dcomp apresentada por último, a de n° 25364.54977.190307.1.3.036274, deve mesmo ser considerada nula, visto que, uma vez extinto o tributo apontado, compensou débito inexistente. Já no mérito e relativamente à compensação, a autoridade julgadora entende que devese lembrar que a apuração de saldo negativo de CSLL pode ocorrer na hipótese do contribuinte ser optante pelo lucro real. Para sua formação, no caso de optantes pelo lucro real anual, situação da recorrente em questão, o valor dessa contribuição calculado para todo o ano calendário sofre diversas deduções, entre elas a dos pagamentos/compensações por estimativa realizados no curso desse período, resultando em saldo negativo ou em saldo a pagar. Nesse caminho, o julgador refere que a DIPJ apresentada pela empresa recorrente para o exercício em apreço informou a apuração de CSLL como segue: CSLL total........................................................................................ 28.059,41 () CSLL mensal para por estimativa...............................................39.085,49 CSLL a pagar...................................................................................(11.026,08) Assim, por meio da Dcomp que demonstrou a formação do crédito verificase que todos os valores de estimativa que compunham o saldo negativo de CSLL foram informados como pagos. Por outro lado, a consulta de fl. 44 revela que grande parte dessas estimativas foi compensada, na qual se depreende não ter havido erro no procedimento adotado pela Receita Federal na elaboração do Despacho Decisório, já que, em virtude da informação prestada na Dcomp, foram pesquisados apenas pagamentos realizados por meio de Darf. O julgador faz um breve relato sobre as compensações não declaradas e as passíveis de não homologação. E, procura deixar claro que caso alguma das Dcomps que abriga compensação de estimativas consideradas como extintas não for homologadas pela Fl. 115DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/07/201 2 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.900886/200873 Acórdão n.º 1803001.325 S1TE03 Fl. 114 4 Administração Tributária, será o valor da estimativa cobrada no próprio processo aberto para aquela compensação, em nada influenciando no saldo negativo aqui quantificado. Assim, ciente desse entendimento, no intuito de averiguar a real existência do saldo negativo utilizado pela recorrente nas Dcomps em julgamento, foi efetuada a busca por estimativas compensadas relativas ao anocalendário de 2003, pelo que se chegou ao resultado registrado à fl. 44. Nessa tabela se verifica que o montante dessas estimativas somou R$28.298,33, valor que deve ser considerado na formação do saldo de CSLL do período. Prossegue aduzindo que entre esses débitos verificouse que há valores compensados com crédito decorrente de ação judicial. Ainda que essa origem de crédito pudesse criar dúvida quanto a possibilidade de ser a compensação considerada não declarada e, assim, não integrar a formação do saldo negativo apurado no período, devese frisar que todos esses débitos foram objeto de pagamento, conforme se pode verificar pela consulta de fl. 42, a qual relaciona os pagamentos de estimativas de CSLL realizados para o ano de 2003. Há que se observar que esses pagamentos estão vinculados aos débitos compensados, os quais foram tratados pelo processo 10930.002553/200220 (fls. 47 a 51). Portanto, nenhuma dúvida resta quanto à extinção a que foram sujeitos esses débitos compensados, razão pela qual devem, sem dúvida alguma, integrar a apuração de saldo negativo de CSLL para o anocalendário de 2003. Já no que se refere às demais estimativas relacionadas à fl. 44, não restou qualquer dúvida quanto à sua possibilidade de inclusão na formação do saldo negativo aqui em análise, visto que, uma vez que tiveram como origem de crédito saldo negativo de CSLL, relativo ao exercício 2003, suas compensações não eram passíveis de serem consideradas não declaradas. Ainda, salienta o julgador que na pesquisa, quanto a efetiva existência de estimativas de CSLL pagas, verificouse haver registro nos sistemas informatizados da RFB de apenas mais um pagamento, além daqueles já aqui citados, o qual foi realizado no valor de R$5.677,86 (fl. 42). Contudo, esclarece que a diferença ente o valor apurado pela recorrente e o aqui confirmado (R$11.026,07 R$5.916,78 = R$5.109,29) decorre de 3 (três) estimativas informadas na DIPJ, as quais, entretanto, nas pesquisas realizadas neste julgamento, não foram identificadas como pagas, da mesma forma que não há Dcomps ativas para esses débitos (fls. 52/53). Desse modo, o julgador de primeira instância entende que confirmado parcialmente o crédito informado pelo contribuinte em sua Dcomp, foram efetuados os cálculos de compensação de acordo com os critérios estabelecidos pela legislação tributária, já excluído o débito no seu Voto considerado inexistente (fls. 59 a 61), Nesses, verificouse não ter sido o crédito reconhecido suficiente para extinguir totalmente os débitos a ele vinculados, remanescendo um saldo devedor, parcela que deve ter sua não homologação mantida. A empresa recorrente foi devidamente cientificada da decisão para a qual apresentou recurso de forma tempestiva alegando, em apertada síntese, que parte dos valores alegados pela autoridade julgadora de primeira instância como não pagos ou compensados já se encontravam quitados e junta os Darfs comprovando o devido pagamento. Junta demonstrativo dos valores compensados e efetivamente pagos, como meio de defesa e requer o cancelamento dos débitos fiscais. É o relatório. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/07/201 2 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.900886/200873 Acórdão n.º 1803001.325 S1TE03 Fl. 115 5 Voto Conselheira Meigan Sack Rodrigues. O Recurso Voluntário preenche as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Tratase o presente feito de compensação realizada pela empresa recorrente com crédito próprio de saldo negativo de CSLL, apurado no exercício de 2004, com débitos também próprios. A Secretaria da Receita Federal do Brasil não homologou a totalidade das compensações realizadas porquanto ter verificado que o crédito reconhecido não ser suficiente para extinguir totalmente os débitos a ele vinculados, remanescendo um saldo devedor. Ao analisar o feito, depois das considerações da manifestação de inconformidade apresentada pela recorrente, a instância que precedeu a esta, entendeu que os valores que não poderiam ser homologados, haja vista não restar saldo suficiente para a devida compensação foram: Desse modo, verificase que segundo o entendimento da autoridade julgadora de primeira instância, depois de analisado os valores creditícios e dos débitos da empresa recorrente, restou não comprovado pelo contribuinte o pagamento dos valores acima referidos. O litígio subsumiuse a estes valores não comprovados e portanto não homologados. Ocorre que a empresa, em seara de recurso voluntário, aduz que os valores referidos como não pagos, estavam efetivamente quitados e junta, na peça de defesa, os Darfs que comprovam o recolhimento dos valores referentes ao pagamento do tributo CSLL, do período de apuração de 3/2004, vencimento 29/10/2004, no valor de R$ 4.116,96, cujo recolhimento se deu com os acréscimos legais, nas seguintes datas: De outro lado, saliento que no tocante ao valor do tributo CSLL referente ao período de apuração2/2004, com vencimento em 30/07/2004, no valor de R$ 497,10, não restou comprovado o seu recolhimento, nos autos desse processo administrativo e tão pouco foi Fl. 117DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/07/201 2 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES Processo nº 10950.900886/200873 Acórdão n.º 1803001.325 S1TE03 Fl. 116 6 juntado prova de sua quitação. Desse modo, resta o valor em aberto, não tendo sido comprovado, pela empresa recorrente, o devido pagamento, o que de regra prossegue a cobrança do mesmo pela não homologação da compensação pleiteada. Diante do exposto voto no sentido de Dar Parcial Provimento ao recurso para reconhecer direito creditório adicional no valor de R$ 4.116,96. É o voto. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora Fl. 118DF CARF MF Impresso em 09/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/07/2012 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 03/07/201 2 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES
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Numero do processo: 36940.000803/2004-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 17/02/2004
Ementa: RETIFICAÇÃO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE APÓS EXPEDIÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO.
De acordo com o disposto na Instrução Normativa RFB n. 900, a retificação somente poderia ser realizada até a expedição do Despacho Decisório.
Numero da decisão: 2302-001.909
Decisão: ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda
Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade foi negado provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado.
Nome do relator: MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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ementa_s : Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 17/02/2004 Ementa: RETIFICAÇÃO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE APÓS EXPEDIÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. De acordo com o disposto na Instrução Normativa RFB n. 900, a retificação somente poderia ser realizada até a expedição do Despacho Decisório.
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Recorrente QUALITAS LTDA Recorrida DRJ BELO HORIZONTE MG Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 17/02/2004 Ementa: RETIFICAÇÃO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE APÓS EXPEDIÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. De acordo com o disposto na Instrução Normativa RFB n. 900, a retificação somente poderia ser realizada até a expedição do Despacho Decisório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade foi negado provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o julgado. Marco André Ramos Vieira Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente), Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Eduardo Gonzales Silverio e Manoel Coelho Arruda Júnior. Fl. 899DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Relatório Trata o presente de pedido de restituição para as competências outubro e novembro de 2002 e maio de 2003, fls. 01 a 03. Foram solicitados documentos à recorrente, fl. 523, todavia, a solicitação não foi atendida, o que gerou o arquivamento dos autos. A fiscalização analisou os documentos juntados aos autos e indeferiu o pleito do contribuinte, fls. 820 a 822, sob o argumento de que os documentos foram apresentados de forma deficiente. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, fls. 825 a 826. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento proferiu a decisão de fls. 883 a 884, indeferindo o pleito. Não concordando com a decisão do órgão fazendário, foi interposto recurso, fls. 886 a . Alegou em síntese que: 1. Não podia ser considerada intempestiva a retificação do pedido de restituição; 2. Devia ser reformada a decisão de primeira instância. Não foram apresentadas contrarrazões. É o relato suficiente. Fl. 900DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36940.000803/200423 Acórdão n.º 230201.909 S2C3T2 Fl. 900 3 Voto Conselheiro Marco André Ramos Vieira, Relator O recurso foi interposto tempestivamente, fl. 897. Pressuposto superado, passo ao exame das questões preliminares ao mérito. Precluiu o direito de a recorrente retificar o pedido de restituição na forma da Instrução Normativa RFB n. 900 de 2008. A retificação somente poderia ser realizada até a expedição do Despacho Decisório, nestas palavras: CAPÍTULO XI DA RETIFICAÇÃO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO, DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO, DE PEDIDO DE REEMBOLSO E DE DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Art. 76... Parágrafo único. A retificação do pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e da Declaração de Compensação apresentados em formulário em meio papel, nas hipóteses em que admitida, deverá ser requerida pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB de formulário retificador, o qual será juntado ao processo administrativo de restituição, de ressarcimento, de reembolso ou de compensação para posterior exame pela autoridade competente da RFB. Art. 77. O pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e a Declaração de Compensação somente poderão ser retificados pelo sujeito passivo caso se encontrem pendentes de decisão administrativa à data do envio do documento retificador e, observado o disposto nos arts. 78 e 79 no que se refere à Declaração de Compensação.(g.n) Art. 95. Considerase pendente de decisão administrativa, para fins do disposto nos arts. 77, 82 e 86, a Declaração de Compensação, o pedido de restituição ou o pedido de ressarcimento em relação ao qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do despacho decisório proferido pelo titular da DRF, Derat, Deinfi IRFClasse Especial ou ALF competente para decidir sobre a compensação, a restituição ou o ressarcimento. O contribuinte foi intimado do Despacho Decisório n° 2.656, em 1/12/2010 0 fl. 823, contudo, a apresentação da retificação do Requerimento de Restituição da Retenção, bem como, dos demais documentos ocorreu somente em 3/1/2011. Desse modo, foi correta a decisão de primeira instância. CONCLUSÃO: Fl. 901DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto pelo conhecimento do recurso voluntário e pela negativa de provimento a ele. É o voto. Marco André Ramos Vieira Fl. 902DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 23/07/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10183.901082/2006-68
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. INTIMAÇÃO POR EDITAL. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE OS MEIOS PARA INTIMAÇÃO PESSOAL E POR CORREIO RESULTARAM IMPROFÍCUOS.
Não havendo nos autos prova de que os meios regulares de intimação da parte foram frustrados, há de se anular decisão que julgou intempestiva impugnação de decisão cuja intimação se deu por edital.
Numero da decisão: 1801-001.297
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao Recurso Voluntário e determinar o retorno dos autos à Turma Julgadora de Primeira Instância para a análise do mérito, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carmen Ferreira Saraiva, João Carlos de Figueiredo Neto, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira e Ana de Barros Fernandes.
Nome do relator: LUIZ GUILHERME DE MEDEIROS FERREIRA
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INTIMAÇÃO POR EDITAL. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE OS MEIOS PARA INTIMAÇÃO PESSOAL E POR CORREIO RESULTARAM IMPROFÍCUOS. Não havendo nos autos prova de que os meios regulares de intimação da parte foram frustrados, há de se anular decisão que julgou intempestiva impugnação de decisão cuja intimação se deu por edital. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao Recurso Voluntário e determinar o retorno dos autos à Turma Julgadora de Primeira Instância para a análise do mérito, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Presidente. (assinado digitalmente) Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira Relator. Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carmen Ferreira Saraiva, João Carlos de Figueiredo Neto, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira e Ana de Barros Fernandes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 90 10 82 /2 00 6- 68 Fl. 462DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por LUIZ GUILHERME DE MEDEIROS FERREIRA, Assinado digitalment e em 15/04/2013 por LUIZ GUILHERME DE MEDEIROS FERREIRA, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10183.901082/200668 Acórdão n.º 1801001.297 S1TE01 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de PERDCOMP eletrônico, pelo qual pretende a interessada a compensação de débito de estimativa de CSLL do 2º trimestre de 2003, no valor histórico de R$ 4.171,87, com direito creditório oriundo de saldo negativo de CSLL, apurada durante os exercícios de 2001, 2002 e 2003. Pelo Despacho Decisório Eletrônico de fl. 31, a compensação pleiteada não foi homologada, ao fundamento de que o DARF, origem do crédito, não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. Na manifestação de inconformidade apresentada (fl. 01 a 15) a interessada alegou: Que incorreu em erro de fato ao fazer constar como origem do crédito “Pagamento Indevido ou a Maior” ao invés de fazer constar “Saldo Negativo de CSLL”; Que de fato possui crédito decorrente de “Saldo Negativo de CSLL”, conforme procura demonstrar com as DCTS e DIPJ´s dos exercícios de 2001, 2002 e 2003; Que apresentou PERDCOMP retificadora por meio de formulário, na qual fez constar a origiem do crédito como “Saldo Negativo de CSLL”; Ao final requereu o provimento da impugnação e alternativamente a declaração de suspensao do prazo prescricional; Apreciando o litígio a DRJ não conheceu da impugnação julgandoa intempestiva com base com base no artigo 15 do Decreto 72351972, porquanto protocolada no dia 29122008, tendo a intimação por edital sido efetivada em 23052008. Inconformada a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, alegando, preliminarmente, a nulidade da decisão de primeira instancia, por considerar também nula a intimação por edital do indeferimento da sua PERDCOMP. No mérito requereu, alternativamente, a homologação de sua compensação. . Voto Conselheiro Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira O recurso é tempestivo e dele tomo conhecimento. Quanto a preliminar de nulidade da decisão de primeira instancia e da citação por edital do indeferimento do pedido de compensação, tem razão a recorrente. Com efeito, é bastante claro o parágrafo 1º do artigo 23 do decreto 7023572, ao prescrever que a intimação por edital só pode ocorrer após frustrados os outros meios de intimação, a saber: Fl. 463DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por LUIZ GUILHERME DE MEDEIROS FERREIRA, Assinado digitalment e em 15/04/2013 por LUIZ GUILHERME DE MEDEIROS FERREIRA, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10183.901082/200668 Acórdão n.º 1801001.297 S1TE01 Fl. 4 3 Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicilio tributário eleito pelo sujeito passivo; Ill por meio eletrônico, com prova de recebimento mediante: a) envio ao domicilio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo § 1 Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (...) Dessa forma, não havendo nos autos qualquer menção à tentativa de intimação por outros meios, há de ser reconhecida como nula a decisão que julgou intempestiva a impugnação de decisão cuja intimação se deu por edital. Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer a nulidade da decisão recorrida de primeira instancia, determinandose a realização de novo julgamento. (assinado digitalmente) Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira Fl. 464DF CARF MF Impresso em 18/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por LUIZ GUILHERME DE MEDEIROS FERREIRA, Assinado digitalment e em 15/04/2013 por LUIZ GUILHERME DE MEDEIROS FERREIRA, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 13819.002875/2002-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Sat Jul 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Ano-calendário: 1997
DCTF .- ERRO DE PREENCHIMENTO. PROVA CONTÁBIL. PAGAMENTO EFETUADO NO PRAZO LEGAL - Na parte em que restar comprovado que o fato gerador ocorreu em outro período de apuração, aliado ao pagamento pontual da obrigação tributária, amplamente demonstrado com provas robustas, é de se cancelar a autuação decorrente da auditoria eletrônica da aludida declaração. MULTA ISOLADA - Com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 15/06/2007, ao artigo 44 da Lei nº. 9.430, de 1996, deixou de existir a exigência da multa de ofício isolada de setenta e cinco por cento por recolhimento de tributos em atraso sem o acréscimo da multa de mora. Portanto, as multas aplicadas com base nas regras anteriores devem ser adaptadas às novas determinações, conforme preceitua o art. 106, inciso II, alínea "a", do Código Tributário Nacional.
Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 2202-001.889
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo, relativo ao período de apuração 05-09/97, o valor de R$ 9.561,77, bem como excluir da exigência a multa isolada lançada, nos termos do voto do Relator.
Matéria: DCTF_IRF - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (IRF)
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1997 DCTF . ERRO DE PREENCHIMENTO. PROVA CONTÁBIL. PAGAMENTO EFETUADO NO PRAZO LEGAL Na parte em que restar comprovado que o fato gerador ocorreu em outro período de apuração, aliado ao pagamento pontual da obrigação tributária, amplamente demonstrado com provas robustas, é de se cancelar a autuação decorrente da auditoria eletrônica da aludida declaração. MULTA ISOLADA Com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 15/06/2007, ao artigo 44 da Lei nº. 9.430, de 1996, deixou de existir a exigência da multa de ofício isolada de setenta e cinco por cento por recolhimento de tributos em atraso sem o acréscimo da multa de mora. Portanto, as multas aplicadas com base nas regras anteriores devem ser adaptadas às novas determinações, conforme preceitua o art. 106, inciso II, alínea "a", do Código Tributário Nacional. Recurso provido em parte. Acordam os membros do Colegiado, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo, relativo ao período de apuração 0509/97, o valor de R$ 9.561,77, bem como excluir da exigência a multa isolada lançada, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Fl. 670DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 671DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13819.002875/200243 Acórdão n.º 220201.889 S2C2T2 Fl. 2 3 . Relatório Em desfavor da contribuinte, SOGELI FILTRATION DO BRASIL LTDA., foi lavrado o auto de infração decorrente do processamento da DCTF do anocalendário 1997, lavrado em 10/05/2002 e cientificado em 10/06/2002 (AR fl. 156), exigindo crédito tributário no valor total de R$ 657.470,04, correspondente a: (i) imposto e acréscimos legais; (ii) juros pagos a menor ou não pagos e (iii) multa isolada, conforme demonstrativos anexos ao auto de infração. Em revisão de oficio, a DRF de origem excluiu parte do crédito relativo à falta de recolhimento do imposto, nos termos do despacho de fls. 166. Não concordando com a exigência, restante, a autuada apresentou, a impugnação de fls. 01/06, aduzindo em sua defesa as razões de fato e de direito, abaixo sintetizadas. deveria ter sido intimada a esclarecer as divergências apuradas antes da autuação, a teor do que dispõe a IN na 94, de 1997, sob pena de se ver comprometida a própria validade do auto de infração. quanto ao mérito, passa a contraporse, pontualmente, acerca das divergências apontadas na autuação, esclarecendo com relação aos débitos não afastados na Revisão de Ofício, o que segue: Débito na 4451716 Cód. Rec. 0473 Valor R$ 7.043,02 PA 05 09/97 "o que ocorreu foi meramente um erro datilográflco, que redundou numa informação incorreta na DCTF, o DARF compreendeu também o valor de multa (R$ 159,02) " Débito na 4451757 Cód. Rec. 8045 Valor 9.993,93 PA 05 09/97 A suplicante está anexando cinco xerocópias de DARFs......... nos valores, respectivamente, de R$ 1.327,77, R$ 2.245,26, R$ 1.422,20, R$ 2.196,31 e R$ 2.370,23, cuja somatória ascende a R$ 9.561,77, todos relativos a pagamentos em processos judiciais, no vencimento correto. Por não haver localizado o DARF concernente à diferença de R$ 432,16, a suplicante recolheu agora essa importância, com os acréscimos legais, ..... não havendo, pois, qualquer valor a ser reclamado pela Receita. " Débito n 4691812 Cód. Rec. 0561 Valor R$ 30.238,80 PA 05 11/97 " O que aconteceu foi que dois recolhimentos, com o mesmo vencimento e com o mesmo código de Receita (0561) foram englobados numa só informação, ..... nos importes de R$ 28.086,32 e R$ 2.152,48 ... " Débito na 4691842 Cód. Rec. 8045 Valor R$ 19.770,94 PA 05 12/97 " ... a) em primeiro lugar, e semelhantemente àquilo que aconteceu com relação a itens anteriores, foram agregados numa só informação sete recolhimentos com vencimentos diversos conforme se depreende das xerocópias do DARFs nos Fl. 672DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 importes, respectivamente, de R$ 2.280,92, R$ 1.348,86, R$ 2.231,20, R$ 2.407,88, R$ 1.444,79, R$ 2.280,92 e R$ 343,64. A somatória desses DARFs alcança R$ 12.338,21, havendo pois, uma diferença de R$ 7.432,73 para alcançar o valor do alegado débito de R$ 19.770,94. b) essa diferença decorreu do fato de, ao ser elaborada a informação à DCTF, terem sido somados em duplicidade, por óbvio equívoco, quatro dos mencionados DARFs, a saber: 9.1.2.5 No que toca à parcela do lançamento juros e multa isolada decorrente dos pagamentos efetuados após o vencimento, diz que efetuou os respectivos recolhimentos, não remanescendo qualquer exigibilidade fiscal. A corroborar sua afirmativa anexa os DARF de fls. 133/136. Em 17 de novembro de 2006, os membros da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas/SP proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, considerou procedente em parte o lançamento, nos termos da ementa a seguir: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 1997 DCTF. REVISÃO INTERNA. PAGAMENTOS NÃO LOCALIZADOS. A parcela da exigência para a qual há indícios de erro no preenchimento do DARF e/ou da DCTF, resta fragilizada, impondose seu cancelamento. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em relação aos débitos mantidos, em face do princípio da retroatividade benigna, consagrado no Código Tributário Nacional, é cabível a exoneração da multa de lançamento de ofício, para débitos já declarados em DCTF. MULTA ISOLADA. JUROS ISOLADOS. Pagamentos efetuados após a ciência da autuação não são hábeis a afastar a exigência, cabendo apenas seu aproveitamento quando da execução do acórdão, se disponíveis. Lançamento Procedente em Parte De acordo com a apreciação da autoridade julgadora de primeira instância, o lançamento deve: a) Manter do principal lançado, as parcelas de R$ 9.561,77, PA 0509/97, cód. rec. 8045; R$ 0,08, PA 0511/97, cód. rec. 0561 e R$ 9.713,65, PA 0512/97, cód. rec. 8045; b) Excluir a multa proporcional sobre as referidas parcelas ora mantidas, e c) Manter a multa de ofício e os juros lançados isoladamente. Observando os pagamentos dos Darfs de fls 133 e 136. Cientificada em 06/07/2007, a contribuinte, se mostrando irresignada, apresentou, em 06/08/2007, o Recurso Voluntário, de fls. 266/276, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas anteriormente, indicando que existindo dúvidas o julgamento seja transformado em diligência para que os autos sejam enviados à DRF, para que seja reconhecido que os débitos mantidos após a revisão de ofício são indevidos. Em 14/05/2010, por maioria de votos, decidiuse converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Redatora Designada. Vencido o Conselheiro Antônio Lopo Fl. 673DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13819.002875/200243 Acórdão n.º 220201.889 S2C2T2 Fl. 3 5 Martinez (Relator). Designado para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorg. Por todo o exposto, voto no sentido de CONVERTER o julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora: a) em relação ao PA 0509/97, confirme o efetivo pagamento dos DARF anexados às fls. 277 a 279 volume II e verifique se os mesmos não foram alocados a débitos de outro período (ou código) ou restituídos à contribuinte; b) em relação ao PA 0512/97, verifique na contabilidade da empresa o valor total dos débitos lançados para o código 8045, averiguando se houve de fato o alegado erro no preenchimento da DCTF; c) elabore um relatório conclusivo em relação aos itens "a" e "b", anexando os documentos que entender necessários; j d) ao final, antes da devolução dos autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, a recorrente deve ser cientificada do relatório elaborado pela fiscalização para que se manifeste,' se assim o desejar, no prazo de 30 dias. As fls. 375 e 376, o autoridade fiscal conclui que : Para auditar a questão da letra "a" do verso da fls.313, o Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário SECAT, desta Delegacia, anexou os relatórios do sistema da Receita Federal do Brasil, as fls.316 a 317 e concluiu na fls.318 que os pagamentos citados em relação ao PA 0509/97, fls.277 a 279, estão disponíveis. Por fim, concluímos que em relação à letra "b" do verso da fls.313, por falta de documentação e com a contabilidade irregular agravou a situação, por isso, não temos condições de comprovar se houve erro ou não no preenchimento da DCTF. Em despacho de fls 668, a Conselheira MARIA LÚCIA MONIZ DE ARAGÃO CALOMINO ASTORGA indica os autos foram distribuídos por equívoco a esta Conselheira, razão pela qual foi retirado de pauta para ser encaminhado ao relator original. É o relatório. Fl. 674DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso é tempestivo e preenche os pressupostos de admissibilidade. Dele conheço e passo a sua análise. A contribuinte sempre argumentou que teria ocorrido um erro de preenchimento da DCTF, fato esse realizado sem dolo. Não é novidade os erros no preenchimentos das declarações nas DCTF no período em análise, que tem determinado muita vezes revisões de ofício pela própria autoridade fiscal. Inicialmente, importa delimitar o litígio submetido a apreciação deste Colegiado. Conforme já se verificou, que a decisão de primeira instância julgou procedente em parte o lançamento, mantendo: a) três parcelas remanescentes do principal lançado, nos valores de R$9.561,77 (código 8045), R$0,08 (código 0561) e R$9.713,65 (código 8045), referentes aos períodos de apuração 0509/97, 0511/97 e 0512/97, respectivamente, excluindo a multa de ofício sobre eles incidente; b) a multa de ofício e os juros de mora lançados isoladamente, nos montantes de R$13.927,50 e R$98,12, conforme Anexo VI do Auto de Infração (Demonstrativo de Multa e/ou Juros a Pagar fl. 151 volume I). Na peça recursal, a contribuinte contesta os débitos de R$9.561,77 (PA 05 09/97) e R$9.713,65 (PA 0512/97), bem como a multa de ofício lançada isoladamente. Em relação ao primeiro débito (PA 0509/97), cujo valor original era de R$9.993,93 (código 8045), o julgador a quo esclarece que (fls. 251 a 253 volume II): • na DCTF apresentada pela contribuinte (fl. 229 Volume II), o débito foi declarado para o PA 0509/97, indicando crédito (pagamento) no mesmo valor, com os seguintes dados: PA 30/09/97, código de receita 8045 e vencimento: 08/10/97; • há indícios de erro no preenchimento, uma vez que no calendário da DCTF não consta a semana indicada como PA 05 09/97 e o crédito vinculado àquele débito aponta período de apuração (30/09/97) e vencimento (08/10/97) correspondentes a 0110/97; j • entretanto, não foi localizado pagamento no valor de R$9.993,93; • os DARF apresentados às fls. 71 e 77 a 80 volume I já haviam sido utilizados para quitar outro débito de mesmo código, do PA 0508/97, e, portanto, apenas o DARF de fl. 81 volume I, no valor principal de R$ 432,16, foi considerado para fins de dedução do débito analisado, remanescendo em aberto o valor de R$9.561,77, conforme indicado à fl. 259 volume II. Em sede de recurso, a contribuinte trouxe cópia autenticada de seis novos DARF (fls. 277 a 279 volume II), a exceção do DARF de fl. 81 volume I já apresentado na impugnação, visando comprovar o pagamento do débito em discussão, no valor original de R$9.993,93. Fl. 675DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13819.002875/200243 Acórdão n.º 220201.889 S2C2T2 Fl. 4 7 No que se refere ao segundo débito questionado (PA 0512/97), no valor original de R$19.770,94, a decisão de primeira instância afirma que (fls. 254 e 255 volume • o crédito a ele vinculado na DCTF (fl. 231 volume II), era de mesmo valor, porém a revisão de ofício reconheceu apenas parte desse valor (R$10.057,29), resultando um saldo remanescente em aberto de R$9.713,65; • os pagamentos alegados pela defesa em sua impugnação já haviam sido acatados pela unidade de origem, exceto o valor de R$2.280,92 que teria sido indicado repetidamente, uma vez que as cópia dos DARF anexadas às fls. 126 e 1 3 1 volume I referemse ao mesmo documento; • a alegação da contribuinte de que a diferença mantida correspondente a soma em duplicidade de 5 dos 7 DARF apresentados, por si só, não basta comprovar o erro de preenchimento, devendo a interessada juntar outros elementos, como, por exemplo, sua escrituração. Em seu recurso, a contribuinte apresenta cópia de DARF, no valor de R$2.280,92 (fl. 280 volume II), objetivando sanar o equívoco apontado em sua impugnação, assim como cópia dos Termos de Abertura e de Encerramento, e das páginas 9, 10 e 25 do seu Livro Diário, em que estão assinalados os lançamentos dos pagamentos dos DARF mencionados em sua defesa e que, segundo ela, totalizam R$12.338,21. Por fim, em relação à multa isolada, a recorrente pugna pela seu cancelamento, alegando que a informação contida em DCTF tem status de confissão de dívida e, portanto, no caso de recolhimento em atraso devese exigir a multa de mora e não a multa de ofício isolada, conforme precedentes que transcreve. Em síntese, para se contrapor aos argumentos da decisão recorrida, a contribuinte trouxe novos elementos de provas, em especial, cinco DARF distintos do anteriormente apresentados (fls. 277 a 279 volume II) e a cópia de parte do Livro Diário, anexada às fls. 281 a 289 volume II, em que se encontram registrados os pagamentos referentes ao segundo débito questionado. Nesse contexto, para que se possa formar um juízo acerca da matéria em discussão, em relação ao PA 0509/97, é necessária a confirmação do efetivo pagamento do novos DARF anexados fls. 277 a 279 volume II e de que os mesmos não foram alocados outros débitos e/ou restituídos. Da mesma forma, para o débito remanescente referente ao PA 0512/97, na basta a apresentação da Livro Diário na parte em que esteja consignado o lançamento d pagamento dos DARF, mas deve ser demonstrado que naquele período o débito era inferior a informado na DCTF. Importa ressaltar que a cópia do DARF juntado em sede de recurso à fl. 280 volume II corresponde ao mesmo documento anexado anteriormente às fl. 126 e 131 volume I, já considerado pela fiscalização. Desse modo se decidiu converter o processo em diligência para verificar: a) em relação ao PA 0509/97, confirme o efetivo pagamento dos DARF anexados às fls. 277 a 279 volume II e verifique se os mesmos não foram alocados a débitos de outro período (ou código) ou restituídos à contribuinte; b) em relação ao PA 0512/97, verifique na contabilidade da empresa o valor total dos débitos lançados para o código 8045, Fl. 676DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 averiguando se houve de fato o alegado erro no preenchimento da DCTF; O resultado da diligência foi expresso nos seguintes termos: Para auditar a questão da letra "a" do verso da fls.313, o Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário SECAT, desta Delegacia, anexou os relatórios do sistema da Receita Federal do Brasil, as fls.316 a 317 e concluiu na fls.318 que os pagamentos citados em relação ao PA 0509/97, fls.277 a 279, estão disponíveis. Por fim, concluímos que em relação à letra "b" do verso da fls.313, por falta de documentação e com a contabilidade irregular agravou a situação, por isso, não temos condições de comprovar se houve erro ou não no preenchimento da DCTF. No caso concreto, da conclusão da diligência, bem da cuidadosa revisão dos argumentos de fato presentes nas razões adicionais apresentadas pelo recorrente, firmase a convicção que houve em parte um erro de fato no preenchimento da DCTF, sem qualquer prejuízo ao erário público federal. Está comprovada a inexistência dos débitos de R$9.561,77 (PA 05 09/97). No que toca ao PA 0512/97, a precariedade da contabilidade não permite dar provimento ao recurso, tal como observado no relatório da diligência fiscal. No que toca a multa isolada, apreciando a fundamentação legal, verificase que o enquadramento legal é o artigo 44 da Lei nº. 9.430/1996: multa isolada sem pagamento de multa de mora. Ocorre que essa hipótese legal deixou de existir, primeiramente com a Medida Provisória nº. 303/2006, posteriormente com a edição da Medida Provisória nº. 351/2007, e, hoje, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 15/06/2007, que deu nova redação ao artigo 44 da Lei nº. 9.430/1996, devendo, portanto, ser aplicada a lei mais benigna, que não dispõe sobre esse tipo de infração. É nesse sentido a jurisprudência desse Conselho, como se verifica no Acórdão nº. 10422.209, da sessão de julgamentos de 25/01/2007, da lavra do Conselheiro Nelson Mallmann, cuja ementa é a seguinte: “NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI EXTINÇÃO DE PENALIDADE MULTA DE OFÍCIO ISOLADA POR FALTA DA MULTA DE MORA Com a edição da Medida Provisória n. 351, de 2007, cujo artigo 14 deu nova redação ao artigo 44 da Lei n. 9.430, de 1996, deixou de existir a exigência da multa de ofício isolada de setenta e cinco por cento por recolhimento de tributos em atraso sem o acréscimo da multa de mora. Portanto, as multas aplicadas com base nas regras anteriores devem ser adaptadas às novas determinações, conforme preceitua o art. 106, inciso II, alínea "a", do Código Tributário Nacional. Recurso provido.” Deste modo no que toca a multa isolada, e de se afastar a mesma como efeito da retroatividade benigna da Lei. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13819.002875/200243 Acórdão n.º 220201.889 S2C2T2 Fl. 5 9 Ante ao exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo, relativo ao período de apuração 0509/97, o valor de R$ 9.561,77, bem como excluir da exigência a multa isolada lançada. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 678DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 10940.002544/2004-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto de Renda Pessoa Física
Exercício: 1999
IRPF. TRIBUTAÇÃO DE IRPJ. LANÇAMENTO DECORRENTE. EXCEDENTE DE DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS.
O lançamento de IRPJ, sob a ótica contábil, é evento do passado que origina obrigação presente (Norma e Procedimento de Contabilidade nº 22 - NPC - 22), não sendo cabível a desconsideração da parcela do lucro distribuído a título de dividendos, na proporção do lançamento do IRPJ, para fins de lançamento decorrente de IRPF, mormente porque, à época da distribuição, o lucro distribuído estava devidamente escriturado.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-002.054
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira, Pedro Paulo Pereira Barbosa e Otacílio Dantas Cartaxo.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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TRIBUTAÇÃO DE IRPJ. LANÇAMENTO DECORRENTE. EXCEDENTE DE DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS. O lançamento de IRPJ, sob a ótica contábil, é evento do passado que origina obrigação presente (Norma e Procedimento de Contabilidade nº 22 NPC 22), não sendo cabível a desconsideração da parcela do lucro distribuído a título de dividendos, na proporção do lançamento do IRPJ, para fins de lançamento decorrente de IRPF, mormente porque, à época da distribuição, o lucro distribuído estava devidamente escriturado. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira, Pedro Paulo Pereira Barbosa e Otacílio Dantas Cartaxo. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator EDITADO EM: 23/03/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Pedro Paulo Pereira Barbosa (suplente convocado), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em 25 de abril de 2007, a então Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes proferiu acórdão n° 10616.357 [fls. 266/278] que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário: IRPF RENDIMENTOS TRIBUTAÇÃO NA FONTE ANTECIPAÇÃO RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Em se tratando de imposto em que a incidência na fonte se dá por antecipação daquele a ser apurado na declaração, inexiste responsabilidade tributária concentrada, exclusivamente, na pessoa da fonte pagadora, devendo o beneficiário, em qualquer hipótese, oferecer os rendimentos à tributação no ajuste anual. IRPF DECADÊNCIA O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, na medida em que os rendimentos forem percebidos, cabendo ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o que caracteriza a modalidade de lançamento por homologação cujo fato gerador, por complexo, completase em 31 de dezembro de cada anocalendário. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS AOS SÓCIOS A parcela dos lucros ou dividendos distribuídos aos sócios no valor excedente ao montante dos lucros apurados e registrados em Demonstrativo Contábil, é passível de incidência do IRRF nos termos da legislação aplicada a espécie. Preliminar rejeitada. Recurso negado. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº10940002544/200481 Acórdão n.º 920202.054 CSRFT2 Fl. 2 3 Inconformado com o r. acórdão supracitado, Contribuinte protocolizou Recurso Especial [fls. 286/290], com fulcro no art. 7°, II, do Regimento Interno à época. A r. PGFN argumenta, que ao proferir o acórdão supracitado, a Sexta Câmara divergiu da decisão prolatada pela então Sétima Câmara (Acórdão n. 10708.849): IRPF PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. Nos casos de lançamento por homologação, sujeitandose o rendimento ao regime de tributação na declaração de ajuste anual, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário pela Fazenda Pública, expira após cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 150, § 40 do CTN, e este ocorre em 31 de dezembro. IRPF — TRIBUTAÇÃO DE IRPJ — SUBSCRIÇÃO COM ÁGIO E SUBSEQUENTE CISÃO ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA — DISSIMULAÇÃO — LANÇAMENTO • DECORRENTE — IMPROCEDÊNCIA — O lançamento de IRPJ, calcado na acusação de que operações societárias estruturadas pela pessoa jurídica teriam sido dissimuladas, com vistas a ocultar ganho de capital na alienação de participação societária, sob a ótica contábil, é evento do passado que origina obrigação presente (Norma e Procedimento'de Contabilidade n° 22 — NPC —22).. Portanto, não é cabível a desconsideração da parcela do lucro distribuído a título de dividendos, na proporção do lançamento do IRPJ, para fins de lançamento decorrente de IRPF, mormente porque, em verdade, faltaria capacidade contributiva. Por tudo exposto, requer o Contribuinte que seja dado provimento ao seu recurso, para que, reformado o acórdão recorrido, seja afasta a tributação aplicada (não incidência). A então Presidente da Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes em análise de admissibilidade, proferiu Despacho de n° DDC106145431_232 [fls.316 – 318], dando seguimento ao recurso da Fazenda Nacional por entender preenchidos os pressupostos de admissibilidade. Ciente do acórdão e do Recurso Especial, a i. Procuradoria da Fazenda Nacional protocolizou, tempestivamente, contrarazões [fls. 321 – 327] que pugna pela manutenção do acórdão ora recorrido. É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 4 Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pela ilustre Presidente da então Sexta Câmara do Primeiro Conselho a divergência suscitada, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. Tratase de lançamento de imposto de renda da pessoa física sobre excesso de lucros distribuídos a sócios ou acionistas de pessoas jurídicas tributada pelo lucro real, lavrado em decorrência do lançamento do IRPJ e da CSLL na empresa Sopaco – Sociedade Paraná Comercial e Importadora Ltda. Assim, consta no relatório do acórdão recorrido: Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal às fls. 176177, tratase de distribuição de lucros ao sócio, feita em junho de 1999, pela empresa SOPACO — Sociedade Paraná Comercial e Importadora Ltda, referente à venda de sua participação societária na Companhia de Fósforos Irati, sem que o ganho de capital na operação tenha sido tributado, ensejando a lavratura de auto de infração naquela empresa, para a cobrança do IRPJ e CSLL devidos (processo n° 10940.000510/2000452), o que implicou na redução do saldo de lucros acumulados disponíveis para a distribuição, sem ocorrência de tributação. Conforme Demonstrativo da Distribuição de Lucros em Excesso —SOPACO (fi. 172), dos lucros distribuídos ao interessado, no período de 1999, no total de R$ 56.402,02, estariam isentos de tributação, após a dedução do IRPJ e da CSLL exigidos em procedimento de oficio apenas R$ 36.998,37, o que ocasionou uma distribuição em excesso de R$ 19.403,65, considerado como rendimento tributável na pessoa física do sócio. Em 25 de abril de 2007, a então Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes proferiu acórdão n° 10616.357 [fls. 266/278] que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário: IRPF RENDIMENTOS TRIBUTAÇÃO NA FONTE ANTECIPAÇÃO RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Em se tratando de imposto em que a incidência na fonte se dá por antecipação daquele a ser apurado na declaração, inexiste responsabilidade tributária concentrada, exclusivamente, na pessoa da fonte pagadora, devendo o beneficiário, em qualquer hipótese, oferecer os rendimentos à tributação no ajuste anual. IRPF DECADÊNCIA O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, na medida em que os rendimentos forem percebidos, cabendo ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o que caracteriza a modalidade de lançamento por homologação cujo fato gerador, por complexo, completase em 31 de dezembro de cada anocalendário. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº10940002544/200481 Acórdão n.º 920202.054 CSRFT2 Fl. 3 5 DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS AOS SÓCIOS A parcela dos lucros ou dividendos distribuídos aos sócios no valor excedente ao montante dos lucros apurados e registrados em Demonstrativo Contábil, é passível de incidência do IRRF nos termos da legislação aplicada a espécie. Preliminar rejeitada. Recurso negado. Consoante se infere dos elementos que instruem o processo – mormente o decisum recorrido e o Especial interposto, concluise que o Acórdão guerreado não merece reforma, por espelhar a melhor interpretação a propósito do tema, encontrando guarida na farta e mansa jurisprudência administrativa, como passaremos a demonstrar. Com efeito, a Colenda 1a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais recentemente (11/03/2010) se manifestou a propósito da matéria, em processo idêntico ao presente, oferecendo guarida ao pleito do contribuinte, conforme se extrai da ementa e excerto do voto da ilustre Conselheira KaremJureidini Dias, acolhido de forma unânime, exarado nos autos dos processos nºs 10940.002543/200437 e 10940.002542/200492, Recursos nºs 145.433 e 146.157, respectivamente, contemplando, inclusive, a mesma empresa distribuidora dos lucros, o qual peço vênia para transcrever e adotar como razões de decidir, in verbis: “IRPF. TRIBUTAÇÃO DE IRPJ. LANÇAMENTO DECORRENTE. EXCEDENTE DE DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS. O lançamento de IRPJ, sob a ótica contábil, é evento do passado que origina obrigação presente (Norma e Procedimento de Contabilidade nº 22 NPC 22), não sendo cabível a desconsideração da parcela do lucro distribuído a título de dividendos, na proporção do lançamento do IRPJ, para fins de lançamento decorrente de IRPF, mormente porque, à época da distribuição, o lucro distribuído estava devidamente escriturado. Recurso Especial do Procurador Negado. [...] O lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física é decorrente da cobrança de IRPJ e CSLL (processo nº 10940.000510/200452) de empresa da qual a Recorrida é sócia e que implicou na redução do saldo de lucros disponíveis para a distribuição, gerando, assim excesso de distribuição. O acórdão recorrido entendeu que, por ser, sob a ótica contábil, evento passado que origina obrigação presente, não é cabível a desconsideração da parcela do lucro distribuído a título de dividendos para fins de lançamento de IRPF. Entendo que não merece reparos o acórdão recorrido. Isto porque, como bem aponta o acórdão, não é possível a modificação, sob a ótica contábil, do lucro ou dividendo anteriormente apurado: Fl. 5DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 6 “Ora, não obstante os lançamentos de IRPJ e CSLL lavrados contra a pessoa jurídica que fez a distribuição dos lucros ou dividendos, tenham sido mantidos pelo Colegiado, penso que o lançamento de IRPF não pode prevalecer. Com efeito, segundo a Norma de Procedimento de Contabilidade nº 22 – NPC 22, do Instituto Brasileiro de Auditores Independentes – IBRACON, aprovada pela Deliberação CVM nº 489/2005, os lançamentos de IRPJ e de CSLL, segundo a ótica contábil, é um ‘evento passado que origina obrigação presente’ (item 12 da NPC 22). Ou seja, não obstante a obrigação tributária refirase a evento do passado, sob a ótica contábil é provisão que deve afetar a demonstração financeira que estiver em curso, não sendo admissível, pois, por esse fato, a retificação do lucro anteriormente apurado. Então, se sob a ótica contábil o lucro auferido no passado não deve ser afetado, seguese daí que o lucro ou o dividendo anteriormente apurado não pode, em face de lançamento de tributos, ser modificado e, consequentemente, não tem cabimento o presente lançamento de IRRF”. Ademais, tal entendimento vai ao encontro do disposto no § 7º do artigo 5º da Instrução Normativa nº 15, de 06 de fevereiro de 2001, que assim dispõe: Artigo 5º(...) § 7º A parcela dos rendimentos correspondentes a dividendos e lucros apurados a partir de 1º de janeiro de 1996 e distribuídos a sócio ou acionista ou a titular de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração e aos lucros acumulados ou reservas de lucros de períodosbase anteriores, é tributada nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com base na tabela progressiva de que trata o art. 24 desta Instrução Normativa. Vejase que a norma utilizada como base legal para a suposta infração, determina que é tributada somente a parcela dos rendimento correspondente a dividendos e lucros distribuídos que “exceder ao valor apurado com base na escrituração”. Ou seja, à época da distribuição, não havia qualquer excedente, uma vez que os rendimentos foram distribuídos com base no valor escriturado dos lucros. Não havia, portanto, na época da distribuição, qualquer motivo para que se diminuísse o lucro e, portanto, não se distribuísse dividendos. Importa observar que o presente caso o fato que implica em registro contábil é o próprio lançamento e que será registrado no exercício em que efetuado. A rigor, adotar a posição do Fl. 6DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº10940002544/200481 Acórdão n.º 920202.054 CSRFT2 Fl. 4 7 autuante implicaria em que qualquer lançamento, quando referente a período anterior, mereceria a reabertura das demonstrações financeiras, o que sequer se pode registrar, tendo em vista todos os seus destinatários e os reflexos que as mesmas acarretam no universo jurídico das empresas, não apenas na seara tributária, mas, também, cível, comercial, societária, dentre outras. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. [...]” (Acórdão n°s 910100.541 e 910100.542, Sessão da 1a Turma da CSRF de março de 2010 – unânime) Na esteira desse entendimento, impõese a reforma do Acórdão recorrido, de maneira a restabelecer a ordem legal no sentido da decretação da insubsistência do presente lançamento fiscal. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em dissonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE DAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL. É o voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 7DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 29/05/2 012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 09/04/2012 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10675.909335/2009-52
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Data do fato gerador: 31/12/2003
PIS. COISA JULGADA. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 3º DA LEI 9.718/98. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. COMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. INCIDÊNCIA.
A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras. As receitas oriundas da atividade operacional (receitas financeiras) compõem o faturamento das instituições financeiras nos termos do art. 2º e do caput do art. 3º da Lei 9.718/98 e há incidência da contribuição PIS sobre este tipo de receita, pois estas receitas são decorrentes do exercício de suas atividades empresariais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-001.105
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl (Relator), Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Designado o Conselheiro Flávio de
Castro Pontes para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Gustavo Lanna Murici, OAB/MG 87.168.
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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COISA JULGADA. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 3º DA LEI 9.718/98. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. COMPOSIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. INCIDÊNCIA. A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras. As receitas oriundas da atividade operacional (receitas financeiras) compõem o faturamento das instituições financeiras nos termos do art. 2º e do caput do art. 3º da Lei 9.718/98 e há incidência da contribuição PIS sobre este tipo de receita, pois estas receitas são decorrentes do exercício de suas atividades empresariais. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl (Relator), Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Designado o Conselheiro Flávio de Castro Pontes para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Gustavo Lanna Murici, OAB/MG 87.168. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente e Redator Designado. (assinado digitalmente) SIDNEY EDUARDO STAHL Relator. EDITADO EM: 07/07/2012 Fl. 152DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 2 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Sidney Eduardo Stahl, José Luiz Bordignon, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Sérgio Celani e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Fl. 153DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em face da nãohomologação parcial de compensação realizada com créditos de PIS decorrentes da decisão judicial transitada em julgado nos autos do Mandado de Segurança nº 2000.38.03.0007782, de autoria da Recorrente, que objetivou a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98 (ampliação da base de cálculo do tributo). O despacho decisório exarado pela Delegacia da Receita Federal em Uberlândia – MG que vedou parcialmente o direito ao crédito de PIS da Recorrente, baseouse em manifestação da Equipe de Ações Judiciais – EQAJ daquela DRF, exarada em processo fiscal de acompanhamento do Mandado de Segurança acima aludido (Informação Fiscal n°. 0098/2010/DRF/UBE/EGAJ PAJ 10675.000306/0097), que ao analisar o alcance da decisão judicial em questão, acabou por entender que o Recorrente se utilizou de base de cálculo menor do que a devida, pois considerou que as receitas que deverão compor a base de cálculo do PIS das instituições financeiras tais como a Recorrente serão todas aquelas relativas às atividades típicas realizadas por este gênero empresarial, quais sejam, as oriundas das “operações bancárias” em geral, o que culminou na apresentação de Manifestação de Inconformidade pelo Contribuinte. A Manifestação de Inconformidade restou indeferida através do Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora MG, que corroborou o entendimento esposado pela DRF de origem, conforme ementa abaixo transcrita, in verbis: “PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A base de cálculo do PIS/Pasep para as instituições financeiras e assemelhadas é o faturamento, entendido como a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” A fundamentação apontada pelo acórdão da DRF que sustentou a decisão pode ser extraída dos seguintes trechos: Ao pretender ser tributada apenas em relação aos serviços prestados no seu sentido estrito, intenta a manifestante excluir da incidência da contribuição as receitas provenientes daquelas que constituem justamente as atividades principais do seu objeto, ou seja, as receitas obtidas no exercício das suas atividades empresariais, que são as mais expressivas em termos de riquezas geradas. (…) Ora, as chamadas operações bancárias (“spreads”, prêmios, deságios, juros oriundos da intermediação ou aplicação de Fl. 154DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 4 4 recursos financeiros próprios ou de terceiros, empréstimos, financiamentos, colocação e negociação de títulos e valores mobiliários, aplicações e investimentos, capitalização, arrendamento mercantil, etc.), se constituem na essência do exercício das atividades empresariais das instituições financeiras. Já os chamados serviços bancários (tarifas de manutenção de conta, de abertura de crédito, de custódia, de administração, etc...), são atividades secundárias e acessórias, executadas unicamente para que a instituição possa desempenhar adequadamente a sua atividade principal. Portanto, correta a autoridade administrativa ao incluir no faturamento da manifestante as receitas relativas a empréstimos, financiamentos, etc…, que são oriundas do exercício das atividades empresariais, como definido na decisão exarada no Recurso Extraordinário 401.3487Minas Gerais. Inconformada, a Contribuinte interpõe o presente Recurso Voluntário, através do qual sustenta possuir direito ao crédito de PIS inicialmente indeferido, porquanto está devidamente amparada por decisão transitada em julgado nos autos do Mandado de Segurança n° 2000.38.03.0007782, o qual, por sua vez, está em consonância com a decisão do Órgão Plenário do Supremo Tribunal Federal que extirpou do ordenamento jurídico o artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, ao consignar que a base de cálculo do PIS está atrelada ao conceito estrito de receita bruta de venda de mercadorias e da prestação de serviços. Em suma, alega a Recorrente em suas razões recursais que a receita de prestação de serviços que configura o “faturamento” das instituições financeiras engloba todos os tipos de taxas, tarifas e comissões cobradas pelas instituições para prestar serviços bancários. Por sua vez, a movimentação financeira decorrente de operações bancárias, e não de serviços bancários, está fora do conceito de “faturamento” determinado pelo Supremo Tribunal Federal. À final, requer seja dado provimento ao recurso. É o Relatório. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 5 5 Voto Vencido Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, O recurso é tempestivo e reúne os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele se conhece. A lide consiste em se determinar qual a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep, a partir da decisão transitada em julgado no Mandado de Segurança n° 2000.38.03.0007782, da lavra do Ministro Cezar Peluso, no Recurso Extraordinário 401.348 7, de autoria da Recorrente, a seguir transcrita: DECISÃO: 1. Tratase de recurso extraordinário interposto contra acórdão que declarou a constitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, relativo ao alargamento da base de cálculo do PIS. 2.Consistente o recurso. A tese do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim a noção de faturamento pressuposta na redação original do artigo 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf. RE nº 346.084PR, Rel. orig. Minº ILMAR GALVÃO; RE nº 357.950RS, RE nº 358.273RS e RE nº 390.840MG, Rel. Minº MARCO AURÉLIO, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF nº 408, p. 1). 3.Diante do exposto, e com fundamento no artigo 557, § 1ºA, do CPC, conheço do recurso e doulhe provimento, para, concedendo a ordem, excluir, da base de incidência do PIS, receita estranha ao faturamento do recorrente, entendido esse nos termos já suso enunciados. Custas ex lege. Publiquese. Int.. Brasília, 28 de novembro de 2005. Ministro CEZAR PELUSO Relator O ponto fulcral, do presente processo, portanto, é determinar, conforme apontado no relatório e na decisão supra se, sobre os montantes recebidos pelas instituições financeiras a título de remuneração decorrente do pagamento de operações de empréstimos bancários, “spreads”, prêmios, deságios, juros oriundos da intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, financiamentos, colocação e negociação de títulos Fl. 156DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 6 6 e valores mobiliários, aplicações e investimentos, capitalização, arrendamento mercantil, etc. – as chamadas intermediações financeiras – incide ou não a contribuição para o PIS/Pasep. Isso decorre do entendimento esposado de que o significado de faturamento ao qual está obrigada a Recorrente é o de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Além desse entendimento, apontou o Ministro Relator, ainda, que seu entendimento se substancia no que foi decidido nos Recursos Extraordinários nº 346.084PR, nº 357.950RS, RE nº 358.273RS e RE nº 390.840MG. Lembremonos que o regime legal aplicável às instituições financeiras com relação ao PIS é o da Lei 9.718/1998 por expressa disposição do inciso I, do artigo 8º da Lei nº 10.637/20021. A norma assim define a base de incidência da contribuição: Artigo 2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei.(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) Artigo 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica.(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) §1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) O confronto da norma e da decisão do Min. Cezar Peluso supra citada serviram para a decisão da DRF de Juiz de Fora, ora atacada. Assim expressou a decisão da DRJ: Como se vê na decisão acima, o Ministro Cezar Peluso definiu que a base de cálculo da contribuição é o faturamento, assim entendido como sendo a receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação dc serviços de qualquer natureza. Logo à frente, o Exmo. Senhor Ministro esclarece que o faturamento é a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. 1 Art. 8º Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 6º: I – as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998 (parágrafos introduzidos pela Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001), e Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983;... Fl. 157DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 7 7 Portanto, é necessário delimitar qual a composição do faturamento das instituições financeiras, ou para melhor se adequar à decisão transitada em julgado, qual é a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais desse tipo de empresa. As instituições financeiras têm tratamento jurídico diferenciado em relação às empresas que exercem outras atividades. Seu objeto social é distinto e, por consequência, o conceito de faturamento em relação a elas deve ser examinado de forma diferenciada. No Recurso Extraordinário n° 346.0846PR, citado na Decisão em questão, o mesmo Ministro Cezar Peluso manifestou, em seu voto que o faturamento deve ser entendido resultado econômico das operações empresariais típicas, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado”. E continuou o julgador “a quo”: Então, quais seriam as receitas operacionais típicas das instituições financeiras e assemelhadas? São elas, evidentemente, as decorrentes da intermediação de operações a da prestação de serviços de natureza financeira: empréstimos, financiamentos, colocação e negociação de títulos e valores mobiliários, aplicações e investimentos, capitalização, arrendamento mercantil, etc... Configurase, assim, uma situação sui generis devido às especificidades e particularidades desta atividade econômica, totalmente diferente da atuação das pessoas jurídicas eminentemente comerciais ou das demais prestadoras de serviços. (...) Diferentemente do que afirma a manifestante, o faturamento das instituições financeiras vai muito além do que a simples receita proveniente da cobrança de tarifas (de manutenção de conta, de abertura de crédito, de custódia, de administração, etc...), abrangendo um outro universo de receitas típicas e características da atividade financeira. Ao pretender ser tributada apenas em relação aos serviços prestados no seu sentido estrito, intenta a manifestante excluir da incidência da contribuição as receitas provenientes daquelas que constituem justamente as atividades principais do seu objeto, ou seja, as receitas obtidas no exercício das suas atividades empresariais , que são as mais expressivas em termos de riquezas geradas. Apesar do entendimento aparentemente conclusivo apresentado na decisão da DRJ, tenho que o exame da matéria merece maior cuidado especialmente para dar ampla segurança à relação fisco/contribuinte, quanto ao sentido dado pelo Ministro Peluso ao faturamento que abrange “as receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 8 8 O PIS (Programa de Integração Social) teve sua concepção na Constituição de 1967, que, em seu artigo 158, V, previa: “Artigo 158. A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem à melhoria, de sua condição social: (...) V – integração do trabalhador na vida e no desenvolvimento da empresa, com participação nos lucros e, excepcionalmente, na gestão, nos casos e condições que forem estabelecidos.” A Emenda Constitucional nº 1/69 repetiu a previsão em seu artigo 165, V, com redação quase homônima. Com esse fundamento, foi editada a Lei Complementar nº 7/70, que instituiu o Programa de Integração Social, “destinado a promover a integração do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas”. Para alcançar esse objetivo, a Lei Complementar nº 7/70 instituiu um Fundo de Participação, a ser constituído por depósitos efetuados pelas empresas – conceituadas como pessoas jurídicas nos termos da legislação do Imposto de Renda – na Caixa Econômica Federal. Até então, a Constituição Federal não previa uma basedecálculo determinada para o PIS, limitandose a falar de “participação nos lucros” da empresa. A Lei Complementar nº 7/70 determinou que a basedecálculo seria o faturamento, mas não o definiu. Diante disso, o Banco Central editou a Resolução nº 174/71, que considerou faturamento, corretamente e conforme o sentido laico, a receita operacional das empresas. A legislação do PIS sofreu alterações nos anos seguintes, por meio das Leis Complementares nºs 17/73 – que instituiu um adicional de 0,125% à alíquota incidente sobre o faturamento em 1975 e 0,25% para os anos subsequentes – 19/73 – que determinou a aplicação unificada dos recursos do PIS e do Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, instituído pela Lei Complementar nº 8/70) – e 26/75 – que criou o Fundo Unificado PIS/Pasep. De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o PIS/PASEP tinha, até a edição da Emenda Constitucional nº 8/77, natureza tributária. Com a EC nº 8/77, contudo, perdeu essa natureza, pois a Emenda incluiu um novo inciso no artigo 43 da Carta de 1969 – que tratava das atribuições do Poder Legislativo –, separando a contribuição social ao PIS/PASEP dos tributos. Em 1988, o Decretolei nº 2.445, com algumas mudanças instituídas pelo Decretolei nº 2.449, alterou a alíquota e a base de cálculo do PIS/PASEP, que passaria a ser calculado à base de “sessenta e cinco centésimos por centro da receita operacional bruta”, conceituada, naquele instrumento como “o somatório das receitas que dão origem ao lucro operacional, na forma da legislação do imposto de renda”, admitidas algumas exclusões e deduções estabelecidas no próprio decretolei. Os dois decretoslei geraram grande polêmica e terminaram por ser repelidos pelo Supremo Tribunal Federal, sob o argumento de inconstitucionalidade perante a Carta de 1969, pois, embora esta outorgasse ao Presidente da República competência expressa para Fl. 159DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 9 9 baixar decretoslei referentes às finanças públicas, inclusive matéria tributária, entendiase que o PIS/PASEP não tinha mais natureza tributária, ou mesmo de finanças públicas, não podendo ser objeto de decretolei. A questão da alteração da definição basedecálculo foi meramente tangenciada por alguns ministros, não constituindo a razão da inconstitucionalidade dos dois decretoslei. Analisando essa questão, o MinistroRelator Carlos Velloso apenas lembrou que a Constituição então vigente não havia especificado a basedecálculo do PIS e que, consoante a Resolução Bacen nº 174/71, o “faturamento” da LC 7/70 era, na realidade, a receita operacional, ou seja, quando se usava o termo receita operacional, esse estava sendo usado como sinônimo de faturamento, de modo que “nada teria sido alterado, portanto”. A nova Constituição Federal entrou em vigor logo em seguida, recepcionando o PIS/PASEP expressamente em seu artigo 239. A Constituição de 1988, além disso, arrolou, em seu artigo 195, as bases de cálculo que poderiam ser utilizadas para financiamento da seguridade social, como segue: “Artigo 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; II dos trabalhadores; III sobre a receita de concursos de prognósticos.” Em 30 de outubro de 1998 foi publicada a Medida Provisória nº 1.724, posteriormente convertida na Lei nº 9.718/1998 estando as instituições Financeiras obrigadas a tributar o PIS (e a COFINS) sob a sua égide. A discussão que se travou circundou os conceitos de receita bruta e faturamento. O conceito de faturamento já havia sido examinado pelo Pleno do STF no Recurso Extraordinário nº 150.7551, gerando acirrado debate entre, de um lado, os Ministros Carlos Velloso e Marco Aurélio – que sustentavam a inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei 7.738/89, argumentando que “faturamento” e “receita bruta” são termos distintos – e, de outro, o Ministro Sepúlveda Pertence – que alegava que, em uma interpretação conforme a Constituição, os dois termos poderiam ser considerados equivalentes. Segundo o Ministro Sepúlveda Pertence, “a substancial distinção pretendida entre receita bruta e faturamento – cuja procedência teórica não questiono –, não encontra respaldo atual no quadro do direito positivo pertinente à espécie, ao menos, em termos tão inequívocos que induzisse, sem alternativa, à inconstitucionalidade da lei”. Mesmo porque, arguia o Ministro, “antes da Constituição, precisamente para a determinação de base de cálculo do Finsocial, o DecretoLei 2.397, 21.12.87, já restringira, para esse efeito, o conceito de receita bruta a parâmetros mais limitados que o de receita Fl. 160DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 10 10 líquida de vendas e serviços, do Decreto Lei 1.589/77, de modo, na verdade, a fazer artificioso, desde então, distinguilo da noção corrente de faturamento”. Diante disso, o Ministro Carlos Velloso retrucou, afirmando que “a autorização (da CF/88) é para que a incidência seja sobre faturamento e não sobre receita bruta – é o inciso I do artigo 195. Mas S. Exa. Parece que equiparou receita bruta a faturamento, o que também não me parece adequado fazer”. Ao seu auxílio, veio o Ministro Marco Aurélio, afirmando que “não posso atribuir ao legislador a inserção de expressões, a inserção de vocábulos em preceitos de lei sem o sentido vernacular, e, aqui, mais do que o sentido vernacular, temos o sentido técnico. (...) Senhor Presidente, não posso dizer que receita bruta consubstancia sinônimo de faturamento”. O Ministro Sepúlveda Pertence então reconheceu que “há um consenso: faturamento é menos que receita bruta”, mas reiterou que a lei tributária chamou “receita bruta o que é faturamento. E aí, ela se ajusta à Constituição”. Em outras palavras, que faturamento e receita bruta são diferentes, mas a legislação infraconstitucional restringiu tanto o conceito de receita bruta que terminou por equiparálo ao conceito de faturamento, não infringindo, portanto, a Constituição. A divergência persistiu, mas a maioria dos Ministros terminou optando pela posição do Ministro Sepúlveda Pertence. Assim, o acórdão foi tomado por maioria de votos, no sentido de “dar provimento ao recurso para declarar a constitucionalidade do artigo 28 da Lei nº 7.738/89, considerada a expressão “receita bruta” como correspondente a “faturamento”. Mas, o que havia naquele momento era o entendimento que se restringiu de tal forma a receita bruta que, apesar de ser nominada desse modo, tratavase, na verdade, de faturamento. É como se houvesse a determinação de incidir um tributo sobre carros de passeio e se fizesse incidilo sobre automóveis, tendo um, por sinônimo de outro. Assim dispunha o artigo: “Artigo 28. Observado o disposto no artigo 195, § 6º, da Constituição, as empresas públicas ou privadas, que realizam exclusivamente venda de serviços, calcularão a contribuição para o FINSOCIAL à alíquota de meio por cento sobre a receita bruta.” O que entendeu o Supremo é que o termo “receita bruta” constante no artigo significava faturamento, nada mais, nunca disse, portanto, que receita bruta e faturamento são a mesma coisa. Esse é o primeiro cuidado que devemos tomar. Assim, tendo o STF acatado a equiparação entre “faturamento” e “receita bruta” para os fins do artigo 28 da Lei nº 7.738/89, pretendeuse estender esse entendimento errôneo ao PIS/PASEP, por meio da edição da Lei nº 9.718/98, que alterou a base de cálculo do PIS/PASEP no seguinte sentido: “Art 2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão Fl. 161DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 11 11 calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Tentando evitar que a polêmica entre os conceitos de “receita bruta” e “faturamento” fosse reavivada – num ato de confissão de incapacidade de planejamento – o Congresso Nacional resolveu dar maior respaldo constitucional à Lei nº 9.718/98 e fêlo por meio da Emenda Constitucional nº 20/98, que alterou o artigo 195 da Carta Maior, incluindo a “receita” expressamente entre as possíveis bases de cálculo para as contribuições sociais, como segue: Artigo 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Assim, a partir da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, a Constituição Federal passou a autorizar a União a tributar a (totalidade da) receita dos contribuintes, ou seja, modificada a Constituição, não mais se discute que, a partir de 16/12/1998, o legislador federal passou a ter competência para editar uma nova lei instituindo contribuições sociais com base de cálculo composta por qualquer receita da pessoa jurídica. Após a EC 20/98, a base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS não mais estão limitadas ao faturamento das empresas. Porém, considerando que a Lei nº 9.718/98 foi publicada antes da promulgação da Emenda Constitucional nº 20/98, que modificou a redação do artigo 195 da Constituição Federal para outorgar competência à União Federal para instituição de contribuição social sobre receita, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional aquele § 1º do artigo 3º da referida Lei nº 9.718/98, valendo transcrever o seguinte excerto da ementa do acórdão proferido no RE nº 390.485: Fl. 162DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 12 12 “CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – PIS – RECEITA BRUTA – NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada.” (grifo nosso). Com base nesta decisão, os diversos processos pendentes de julgamento perante o Supremo Tribunal Federal passaram a ser julgados monocraticamente por seus Ministros, com fundamento no artigo 557, § 1ºA do CPC. Ocorre, porém, que nos processos de sua Relatoria, o ilustre Ministro Cezar Peluso tem proferido decisões do seguinte teor: “2. Consistente, em parte, o recurso. Uma das teses do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim a noção de faturamento pressuposta na redação original do artigo 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf. RE nº 346.084PR, Rel. orig. Minº ILMAR GALVÃO; RE nº 357.950RS, RE nº 358.273RS e RE nº 390.840MG, Rel. Minº MARCO AURÉLIO, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF nº 408, p. 1). 3. Diante do exposto, e com fundamento no artigo 557, § 1ºA, do CPC, conheço do recurso e doulhe parcial provimento, para, concedendo, em parte, a ordem, excluir, da base de incidência do PIS e da COFINS, receita estranha ao faturamento das recorrentes, entendido esse nos termos já suso enunciados. Custas em proporção.” (grifos nossos). Do mesmo modo seguiu a decisão que baliza o presente processo, ante citada. A decisão tomou por referência o julgamento do RE nº 390.840MG com idêntico teor dos demais citados e tem por núcleo a noção de faturamento conforme a redação original do artigo 195, I, b, da Constituição Federal. No acórdão, o Supremo Tribunal Federal concluiu pela declaração de inconstitucionalidade do § 1o do artigo 3o da Lei nº 9.718/1998: “Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade Fl. 163DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 13 13 por ela exercida e a classificação contábil adotada pelas receitas”, cujo caput prescreve: “O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica”. Em questão estava a constitucionalidade da correspondência estabelecida pela Lei entre faturamento e receita bruta, nos termos em que essa fora definida.” A análise daquele RE foi baseada exclusivamente na violação do princípio da supremacia da Constituição, conforme o voto do Ministro Cezar Peluso, as duas razões teriam ocorrido para a inconstitucionalidade. A uma: de ordem material, pelo conteúdo do § 1o do artigo 3o da Lei nº 9.718/98, que ampliava o conceito de receita bruta para “toda e qualquer receita”. O sentido dado ao conceito afrontaria a noção de faturamento pressuposta no artigo 195, I, b da Constituição Federal. A duas: de ordem formal, pois, pelo artigo 195, § 4º, sendo o legislador competente para “criar outras fontes” de custeio da seguridade social, não agiu em conformidade com o artigo 154, I da Constituição Federal2. Quanto à inconstitucionalidade formal, diz o Ministro Peluso, em seu voto vista, que, na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º, não houve usurpação de competência (incompetência orgânica), mas violação do disposto no artigo 154, I, c/c o disposto no artigo 195, § 4o (incompetência procedimental). Afinal, se, de um lado, à época, o artigo 195, I, da CF não previa a receita como fonte, o legislador ordinário, se quisesse prevê la, poderia terse valido do § 4º do artigo 195, mas desde que c/c o artigo 154, I, cujo preceito, porém, descumpriu. Quanto à inconstitucionalidade material, teria havido desconformidade entre a definição adotada na Lei para receita bruta, cujo sentido violava a significação adotada pela jurisprudência do STF como equivalente a de faturamento. Porém, ao final, o voto conferiu, mediante interpretação conforme a Constituição, ao termo receita bruta, (constante do caput do artigo 3º e nele equiparado a faturamento), o sentido de receita bruta de venda de mercadorias e prestação de serviços, de acordo com jurisprudência anterior do STF. A questão nuclear da inconstitucionalidade está, pois, localizada no sentido atribuído pelo legislador ao conceito de receita bruta, ao qual a expressão constitucional faturamento fora equiparada. Em seu voto, o Ministro Cezar Peluso examinou o sentido de receita bruta, primeiro, para distinguilo do de faturamento, e, assim, declarar inconstitucional o referido § 1º do artigo 3º e, ao depois, para equiparar um ao outro conforme o sentido atribuído a faturamento na jurisprudência anterior do STF, a fim de manter o caput do artigo 3º mediante interpretação conforme a Constituição. Ao fazêlo, no entanto, o Ministro Peluso estabeleceu a referida equiparação nos seguintes termos: “Quanto ao caput do artigo 3º, julgoo constitucional para lhe dar interpretação conforme a Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE nº 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de ‘receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços’, adotado pela legislação anterior, e que, a 2 Art. 154. A União poderá instituir: I mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam nãocumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; Fl. 164DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 14 14 meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais” (grifei). O posicionamento mencionado parece conduzir ao entendimento de que receita bruta e faturamento não se confundem. Nem receita bruta, em termos de faturamento, se reduz a receita, pois nem toda receita é operacional. Mas, se, sob receita operacional, para efeito de significado estrito de receita bruta, entendese receita bruta de vendas e serviços, que significa: ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais típicas. O problema suscita um prévio exame de questões referentes à determinação de um conceito. Primeiro, é preciso entender a congruência entre o sentido de receita bruta e de faturamento em termos de venda de mercadoria e de prestação de serviços, de modo a permitir a equivalência: “ou seja, a soma das receitas oriundas do exercício de atividades empresariais típicas”. “Mas o acórdão rechaçou também o argumento que aceitava uma espécie de “constitucionalidade superveniente”, por força da EC nº 20/98, que alterara o artigo 195, I da Constituição Federal. Aqui aparece também um problema de determinação do conceito. Afinal, essa nova formulação constitucional (a receita e o faturamento) conduz à necessária distinção que se há de fazer, para o futuro, entre faturamento e receita. Essa atual distinção constitucional há de ser compatível com o sentido que foi atribuído pelo acórdão para conferir, mediante interpretação conforme, constitucionalidade à expressão receita bruta constante do caput do artigo 3º da Lei nº 9.718/98.” Daí a seguinte questão: se, na formulação vigente (pós EC nº 20/98), a Constituição admite duas fontes distintas, a receita ou o faturamento, qual a diferença entre receita bruta, equiparada a faturamento pelo voto do Ministro Peluso, e a receita, conforme a nova expressão constitucional? Becker3 explica que “não existe um legislador tributário distinto e contraponível a um legislador cível ou comercial. Os vários ramos do direito não constituem compartimentos estanques, mas são partes de um único sistema jurídico, de modo que qualquer regra jurídica exprimirá sempre uma única regra (conceito ou categoria ou instituto jurídico) válida para a totalidade daquele único sistema jurídico. Essa interessante fenomenologia jurídica recebeu a denominação de cânone hermenêutico da totalidade do sistema jurídico. Com toda razão, o Professor da Universidade de Roma, Emilio Betti, especialista em hermenêutica, roga atenção para o deplorável fato de grande parte dos juristas ainda não terem demonstrado o mínimo indício de conhecer e compreender esse fundamental cânone hermenêutico da totalidade do sistema jurídico. Da fenomenologia jurídica acima indicada decorre o seguinte: uma definição, qualquer que seja a lei que a tenha enunciado, deve valer para todo o direito; salvo se o legislador expressamente limitou, estendeu ou alterou aquela definição ou excluiu sua aplicação num determinado setor do direito; mas para que tal alteração ou limitação ou exclusão aconteça é indispensável a existência de regra jurídica que tenha disciplinado tal limitação, extensão, alteração ou exclusão. Portanto, quando o legislador tributário fala de 3 Teoria Geral do Direito Tributário, p. 122/123, com itálicos do original. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 15 15 venda, de mútuo, de empreitada, de locação, de sociedade, de comunhão, e incorporação, de comerciante, de empréstimo, etc., devese aceitar que tais expressões têm dentro do direito tributário o mesmo significado que possuem no outro ramo do direito, onde, originariamente, entraram no mundo jurídico. Lá, por ocasião de sua entrada no mundo jurídico, é que houve uma deformação ou transfiguração de uma realidade préjurídica (exemplo: conceito de Economia Política; instituto da Ciência das Finanças públicas). Recomenda Luigi Vittorio Berliri o abandono, de uma vez para sempre, do arbitrário expediente de atribuir ao legislador tributário (como se fosse um outro legislador e, ainda por cúmulo, ignorante de direito) uma linguagem sua própria que atribuiria a palavra ou expressão que tem um bem preciso e conhecido significado jurídico, um esquisito significado novo de Direito Tributário. O “marido” de direito tributário – com razão adverte Luigi Vittorio Berliri – não pode ser outro que o marido do direito civil e canônico, isto é, aquele que é unido à mulher pelo vínculo do matrimônio. O “grau de oficial” ao qual se refere o artigo 7º da lei do imposto de renda, não pode ser outro que aquele decorrente dos regulamentos militares. Exatamente como a “maltose”, o “tártaro” e o “cróton” aos quais as normas tributárias fazem referência (a propósito do imposto de fabricação sobre glicose e sobre os óleos de sementes), não podem ser senão a maltose, o tártaro e o cróton da merceologia. Tanto não é possível pensar em um marido (“de direito tributário”), em uma enfiteuse, em uma servidão, em uma hipoteca (“de direito tributário”), em um oficial, em um domínio útil, em um débito quirografário (“de direito tributário”), quanto impossível seria pensar em uma maltose, um tártaro e um cróton (“de direito tributário”). As definições provocadas por Becker correspondem, conforme exemplifica, às significações diuturnas e técnicas do termo, dentro do sentido que lhe dá a norma. Entretanto, o genial doutrinador peca por entender que o legislador toma as normas realizando uma deformação ou transfiguração de seu sentido. Certamente não. Têm, na norma jurídica formalizada, o mesmo sentido que têm em cada um dos seus usos normais. Se o legislador viesse a criar um imposto incidente sobre o uso de cadeiras, apenas exemplificando para fins didáticos, “cadeira” seria tomada no sentido comum do termo, peça do mobiliário e nenhum outro sentido senão o comum. Quando a lei fala em comprar, vender, emprestar ou alugar não é necessário fazer qualquer outra definição senão a praticada ordinariamente, salvo se o termo por si só seja técnico. Essa prática, de se entender que todos os termos têm um significado jurídico ao serem empregados na norma, é uma prepotência da ciência, clara e compreensível, oriunda mais de uma necessidade de precisão científica do que da realidade, mas não é uma provável verdade da norma. Decerto o legislador oriundo de diversas formações não se preocupa em entender os termos técnicos empregados na norma antes de propôla. Se, por ex., o legislador tivesse que determinar o uso obrigatório de uma calça por uma categoria profissional em épocas diferentes seguramente se referiria ao termo de época, determinaria o uso de calça jeans ou blue jeans em um momento histórico, calça de brim azul em outro ou, como era conhecida antigamente, calça rancheira. Por isso, fizemos o pressuposto ligado à linguagem e ao tempo. Por outro lado, um termo técnico como enfiteuse, elisão ou evicção seria tomado no seu sentido técnico porque nenhum outro sentido poderia ser usado senão esse, mas atentemos que, em caso de existir um termo de significado corrente e um significado técnico, o termo pode ser tomado em qualquer significado – digamos que seja “transfusão”, referindose à Fl. 166DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 16 16 necessidade de que se usem equipamentos descartáveis para a coleta de sangue e transfusão do mesmo, por ex., mas é importante lembrar que ninguém precisa de um conhecimento técnico para saber o que significa “transfusão”. Assim, a linguagem do legislador é meramente comum, não técnica, não havendo, portanto, qualquer necessidade de se definir o termo “tributo” na lei porque o termo já é conhecido pela linguagem comum, ou seja, todos sabemos a que se refere quando a lei fala em tributo ou, em outro giro, qual é a acepção tomada pelo legislador no uso do termo. Entretanto, no caso do conceito dado ao elemento receita para fins de incidência do PIS (e da COFINS) a questão não é tão simples. Receita é um termo plurívoco mesmo na linguagem comum. Tem diversos significados e alcances. Pode referirse à culinária aonde corresponde a indicação minuciosa sobre a quantidade dos ingredientes e a maneira de preparar um prato salgado ou doce; pode se referir à farmácia aonde compreende uma fórmula para preparação de um medicamento; à medicina, que corresponde à própria prescrição; ou, àquilo que nos interessa, ao conceito contábil. A questão da definição de faturamento em termos de receita bruta gira, pois, em torno do sentido conotativo (qualificação do conceito: atributos que lhe são próprios) e do seu sentido denotativo (delimitação do conceito: extensão de objetos abrangidos). Sob esses dois aspectos é que se deve entender o sentido conferido à significação da expressão receita bruta como equivalente a faturamento. Sobre isso, voltarei ao que foi decidido no Recurso Extraordinário nº 150.7551 aonde ficou claro que receita e faturamento são distintos e que faturamento é menos que receita bruta. Portanto, tomoos como distintos. Pela nova dicção do artigo 195, por força da referida Emenda, passou a Constituição Federal a determinar como fonte das contribuições o faturamento ou a receita. A expressão “incidentes sobre a receita ou o faturamento” aponta, agora, para diferentes hipóteses de incidência ou fatos geradores distintos. Assim, ainda que, ad argumentandum, se admitisse que a intenção do constituinte derivado pudesse ter sido “espletiva”, objetivamente, a nova redação constitucional não equiparou os conceitos. Apenas estendeu a possibilidade da base de cálculo, antes restrita ao faturamento, também para a receita. Nesse sentido, observese, inicialmente, que, no caso em tela, pela nova redação, o “ou” tem função disjuntiva e não conjuntiva, como se observa pelo uso dos demonstrativos (“a receita ou o faturamento”). Destarte, o novo dispositivo, trazido pela Emenda Constitucional, ao contrário do que se possa pensar, reforça a tese de que, na Constituição Federal, mormente para efeitos fiscais, faturamento e receita são conceitos distintos, ainda que ou um ou outro possam configurar base de cálculo de contribuição social. Faturar, conforme diapasão do próprio Supremo é a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços de qualquer natureza. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 17 17 O conceito de faturamento advém além do conceito contábil, da Lei nº 5.474/68, segundo a qual a fatura tem a função de documentar a efetivação de vendas mercantis ou de prestações de serviços. Nesse sentido, o termo “faturamento” referese tanto ao ato de expedição do documento que representa a venda da mercadorias ou a prestação de serviços, como à própria receita proveniente dessas operações. Fora dessas duas atividades, não há que se falar em faturamento. Conforme ante examinado, o uso da expressão faturamento, antes da EC nº 20/98, tem seu sentido conotativo determinado por venda: “vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços, de qualquer natureza”. Nesses termos, alcança o sentido estrito de receita bruta. Ou seja, receita bruta, desde que tomada em sentido estrito, pode ser equiparada à expressão constitucional faturamento. Já com a introdução da expressão “receita”, porém, o seu conceito deve ser devidamente separado do de faturamento. A receita há de se entender esta como as quantidades de valor financeiro, originários de outro patrimônio, cuja propriedade é adquirida pela sociedade empresária ao exercer as atividades que constituem as fontes do resultado, conforme o tipo de atividade por ela exercida. Nesse sentido, a receita, constante da nova redação do art. 195, I, à diferença de o faturamento, passa a constituir um conceito “alargado”, qualquer valor auferido, que abrange a classe genérica da receita como base de cálculo. Como classe genérica, receita passa a referirse às atividades da sociedade que constituem as fontes do resultado, conforme o tipo de atividade por ela exercida. Nessa classe genérica está o conceito lato de receita bruta, que, então sim, incorpora outras modalidades de ingresso financeiro: royalties, aluguéis, rendimento de aplicações financeiras, indenizações etc. Mas não as incorpora no conceito estrito de receita bruta. E nisso se distingue de faturamento, enquanto vendas faturadas e não faturadas, isto é, todas as vendas. Pareceme, diante disso, que o entendimento da questão exige uma consideração mais detalhada do termo receita bruta, mormente quando referida a receita operacional, para adequála ao faturamento no sentido constitucional. Com efeito, o tratamento do termo faturamento como “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza” generalizouse com o advento da LC nº 70/91, que assim o definiu em seu artigo 2º. Porém, como disse o Min. Carlos Britto (em seu voto no RE nº 346.084–6 PR): “Tudo estaria pacificado não fosse o advento da Lei Ordinária nº 9.718, de 1998 (...), que equiparou os termos ‘faturamento’ e ‘receita bruta’, não exclusivamente operacional”. Receita operacional, segundo o Ministro Carlos Britto, remete ao mencionado Decretolei nº 2.297/1987, artigo 22, § 1º, alínea “a”: “a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços, de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda”. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 18 18 E completa: “receita operacional é a receita bruta de tais vendas ou negócios, mas não incorpora outras modalidades de ingresso financeiro: royalties, aluguéis, rendimento de aplicações financeiras, indenizações etc.”. Nesse passo, é inevitável o recurso ao sentido técnico dos temos. A expressão receita está diretamente vinculada ao resultado da empresa. A formação do resultado decorre dos processos de mutação patrimonial das diversas categorias que compõem os elementos do custo e da receita4. Receita definese, segundo o autor, como a “quantidade de valor financeiro, originários de outro patrimônio, cuja propriedade é adquirida pela sociedade empresária ao exercer as atividades que constituem as fontes do resultado” 5. Mais especificadamente esclarece Bulhões Pedreira que receita “é o valor financeiro cuja propriedade é adquirida por efeito do funcionamento da sociedade empresária. As quantidades de valor financeiro que entram no patrimônio da sociedade em razão do seu financiamento e capitalização não são receitas; na transferência de capital de terceiros a sociedade adquire apenas o poder de usar o capital; na de capital próprio adquire a propriedade de capital destinado a aumentar seu capital estabelecido” 6. Nesses termos, receita e resultado não se confundem: o segundo é mais extenso (conceito denotativo) que o primeiro. Ou seja, por força dessa distinção será possível dizer que receita tem a ver com valores cuja propriedade, sendo adquirida por força do funcionamento da empresa (atividade típica, receita operacional), excluiria a receita não operacional. Já a receita bruta designa a contraprestação da venda de bens e serviços, enquanto valor financeiro cuja disponibilidade a empresa adquire com a venda de bens ou a prestação de serviços. Nesse sentido, distinguese da receita líquida, que é aquele valor, “diminuído de deduções e abatimentos e dos tributos cujo fato gerador seja a venda dos bens ou o fornecimento dos serviços” 7. Só a receita bruta nesse sentido estrito é que equivale a faturamento. Já o conceito de receita, como a nova fonte instituída pela EC nº 20/98, é que significaria quantidade de valor financeiro, originário de outro patrimônio, cuja propriedade é adquirida pela sociedade empresária ao exercer as atividades que constituem as fontes do resultado: todas as receitas operacionais. Afinal, da receita operacional se excluem os valores que constituem a receita não operacional, os que entram no patrimônio da sociedade por força de financiamento e capitalização, o capital de terceiros do qual a empresa tem apenas o uso. Desse esclarecimento técnico decorre, então, que receita bruta e receita operacional não se identificam inteiramente. 4 cf. Bulhões Pedreira: Finanças e demonstrações financeiras da companhia – conceitos fundamentais, Rio de Janeiro, Forense, 1989, passim. 5 pág. 455, grifei. 6 pág. 456, grifei. 7 Bulhões Pedreira, p. 457. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 19 19 O próprio Ministro Peluso ao se referir às diversas espécies de receita no seu votovista no RE 390.840MG8 apontou que distinguemse, pelo menos, quatro modalidade de receita: i) Receita bruta das vendas e serviços; ii) receita líquida das vendas e serviços; iii) receitas gerais e administrativas (operacionais); iv) receitas não operacionais. A norma do artigo 187 da Lei nº 6.404/76 (referida pelo Ministro Peluso, no RE 390.840MG), ao disciplinar a “Demonstração do Resultado do Exercício” mostra, em sede legal, a diferença. Mais precisamente, no artigo 22, § 1º, do Decretolei nº 2.397/87, determina se a incidência do FINSOCIAL sobre: alínea “a”: “a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda;”. Seguese, alínea “b”, “as rendas e receitas operacionais das instituições financeiras e entidades a elas equiparadas”; alínea “c”, “as receitas operacionais e patrimoniais das sociedades seguradoras e entidades a elas equiparadas”. Assim, se a receita, constante da nova redação do art. 195, I, passa a constituir um conceito “alargado” correspondendo a qualquer valor auferido abrangendo a classe genérica da receita como base de cálculo e referindo às atividades da sociedade que constituem as fontes do resultado que incorporam outras modalidades de ingresso financeiro: royalties, aluguéis, rendimento de aplicações financeiras, indenizações etc., conforme o tipo de atividade por ela exercida, mas, à diferença de o faturamento, nisso dele se distingue, enquanto vendas faturadas e não faturadas, isto é, todas as vendas, é correta interpretação do Ministro Carlos Britto, quando restringe a expressão receita operacional àquela obtida mediante a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços, de qualquer natureza. Afinal, de outro modo ficaria obscura a distinção entre a receita ou o faturamento conforme a nova dicção constitucional, bem como o reconhecimento de que a nova redação não é expletiva. Como obscuro ficaria também o argumento, segundo o qual a inconstitucionalidade declarada do § 1o do artigo 3o da Lei nº 9.718/98 também decorreria de uma questão de ordem formal, posto que, pelo artigo 195, § 4º, sendo o legislador competente para “criar outras fontes” de custeio da seguridade social (receita), não teria agido em conformidade com o art. 154, I da Constituição Federal. Por óbvio, não há como se supor que em uma mesma operação a contrapartida do tomador do empréstimo fosse “despesa financeira”, sendo para o concessor “receita operacional” e não “receita financeira”, transmudandose a natureza da relação. Por todo o exposto, há de se concluir, em suma, que receitas oriundas da atividade típica da pessoa jurídica – receitas operacionais – não podem ser consideradas 8 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=261694 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 20 20 faturamento para efeito de incidência da contribuição para o PIS (e COFINS) sob a égide da Lei nº 9.718/98 (afastado por inconstitucional o § 1º do seu art. 3º). Esta resposta não se altera em função da empresa envolvida ser uma empresa comercial, uma prestadora de serviços, uma “holding” ou uma instituição financeira. Não é o fato de determinada receita resultar da exploração do objeto social da pessoa jurídica que, determina estarmos diante de faturamento. Receita é gênero do qual faturamento é espécie. Restaria examinar em que sentido se toma o conceito de serviço na definição de receita bruta como a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços e serviços de qualquer natureza. Serviço, em sentido vulgar, é qualquer esforço humano que tenha por objetivo propiciar a outrem um proveito, uma utilidade, um benefício, uma vantagem, até um obséquio ou favor. Em termos econômicos, tratase de fornecimento de trabalho, de locação de bens móveis, de cessão de direitos, ou seja, atividades que constituem bens incorpóreos na circulação de mercadorias. Para efeitos constitucionais e tributários (CF, art. 150, I), o termo passa pelo uso jurídico, consistindo em atividade de fazer com vistas a um resultado útil a terceiro9. Não dispensa, assim, a ideia de trabalho e, nesses termos, de um facere destinado a outrem. Por consequência, não há serviço na atividade útil em favor do próprio prestador. Na linguagem jurídica em geral, anota Maria Helena Diniz, serviço quer dizer o “exercício de qualquer atividade intelectual ou material com finalidade lucrativa ou produtiva.” 10 Com sua costumeira precisão, registra De Plácido e Silva11: SERVIÇO. Do latim servitium (condição de escravo), exprime, gramaticalmente, o estado de que é servo, encontrandose no dever de servir; ou de trabalhar para o amo. Extensivamente, porém, e expressão designa hoje o próprio trabalho a ser executado, ou que se executou, definindo a obra, o exercício do ofício, o expediente, o mister, a tarefa, a ocupação ou a função. Por essa forma, constitui serviço não somente o desempenho de atividade ou de trabalho intelectual, como a execução de trabalho ou de obra material. Aires Fernandino Barreto, em excelente monografia sobre o ISS, parte da idéia do trabalho, como um fazer, um conceito mais amplo, e doutrina com inteira propriedade: É lícito afirmar, pois, que serviço é uma espécie de trabalho. É o esforço humano que se volta para outra pessoa; é fazer desenvolvido para outrem. O serviço é, assim, um tipo de trabalho que alguém desempenha para terceiro. Não é esforço desenvolvido em favor do próprio prestador, mas de terceiros. Conceitualmente parece que são rigorosamente procedentes 9 cf. Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, Rio de Janeiro, 1964, tomo XVIII, p. 9 10 Maria Helena Diniz, Dicionário Jurídico, Saraiva, São Paulo, 1998, pág. 311 11 De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, Forense, Rio de Janeiro, 1987, vol. IV, pág. 215. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 21 21 essas observações. O conceito de serviço supõem uma relação com outra pessoa, a quem se serve. Efetivamente, se é possível dizerse que se fez um trabalho “para si mesmo”, não o é afirmarse que se prestou serviço “a si próprio”. Em outras palavras, pode haver trabalho, sem que haja relação jurídica, mas só haverá serviço no bojo de uma relação jurídica. (Aires Fernandino Barreto, ISS na Constituição e na Lei, Dialética, São Paulo, 2003, pág. 29) Como se vê, há claramente em todas as definições de serviço a idéia de atividade destinada a atender diretamente necessidades humanas. No serviço há sempre uma atividade que consiste em servir a outrem, em atender necessidades de outrem. É o próprio agir, a própria atividade ou esforço humano, que serve, que atende a necessidade de outrem. É certo que a expressão de qualquer natureza pode ser vista como indicativa de ampliação do alcance da referida norma. Mas é certo também que o ser de qualquer natureza o serviço não nos autoriza a entender como tal uma atividade que serviço não seja. Como se sabe o STF julgou inconstitucional a inclusão de “locação de bens móveis” na lista de serviços anexa ao DL nº 406/68 (RE nº 116.121). A decisão se substanciou na distinção entre præstare ou facere e dare. Nessa mesma linha podese entender que instituições financeiras também prestem serviços, como o serviço de cobrança de duplicatas, o serviço de emissão de talões de cheque e outros do mesmo gênero. Mas isso não faz das atividades financeiras um serviço. Na verdade, independentemente da questão referente à definição constitucional de serviço, o problema relativo às contribuições para o PIS ou para COFINS, seja qual for o sentido atribuído a serviço de qualquer natureza, está antes na definição de faturamento. Ou seja, é o conceito constitucional de faturamento que autoriza a inclusão nele do conceito de receita bruta em sentido estrito, e não o contrário. É no tratamento dado à receita da venda de serviços como receita bruta em sentido estrito e, por força disso, equiparável a faturamento em seu sentido constitucional que está a questão. Ou em outro giro: não se trata de saber se o conceito de serviço financeiro integra a expressão serviços de qualquer natureza, conforme a definição legal de receita bruta, mas se faz parte da definição constitucional de faturamento. Recorro de novo ao Ministro Pertence, ao esclarecer que, quando a lei ordinária chama de receita bruta (em sentido estrito) o que é faturamento, é aí que ela se ajusta à Constituição. Nesses termos, ainda conforme o mesmo Ministro, “a partir da explícita vinculação genética da contribuição social de que cuida o artigo 28 da Lei 7.738/89 ao FINSOCIAL, é na legislação desta, e não alhures, que se há de buscar a definição específica da respectiva base de cálculo, na qual receita bruta e faturamento se identificam”. E nessa legislação (DecretoLei nº 2.397/87, art. 22, § 1º), como já exposto, está disposto que receita bruta é das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços de qualquer natureza (alínea a), dela distinguindose as rendas e receitas operacionais das instituições financeiras e entidades a elas equiparadas (alínea b), bem como as receitas operacionais e patrimoniais das sociedades seguradoras e entidades a elas equiparadas (alínea c). Fl. 172DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 22 22 Vale dizer, ainda que se entenda que o conceito constitucional de serviço possa admitir como tal os serviços efetivamente prestados pelas instituições financeiras, as demais receitas operacionais das instituições financeiras (receitas financeiras e outras) estão excluídas do conceito de receita bruta em sentido estrito para efeito de sua subsunção ao conceito constitucional de faturamento. Não há, pois, como subsumilas à expressão: serviços de qualquer natureza. Muito bem, além de todo exame supra realizado, é preciso examinar, no contexto a nós apresentado a quê corresponde a expressão receitas oriundas do exercício das atividades empresariais, usada na decisão do Recurso Extraordinário 401.3487, evitandose a superficialidade com a qual o tema foi abordado no acórdão combatido. Tomo, somente para fins didáticos, a liberdade de repetir a decisão do Ministro Peluso no Recurso Extraordinário em foco, grifando alguns pontos para destacar: DECISÃO: 1. Tratase de recurso extraordinário interposto contra acórdão que declarou a constitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, relativo ao alargamento da base de cálculo do PIS. 2.Consistente o recurso. A tese do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim a noção de faturamento pressuposta na redação original do artigo 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf. RE nº 346.084PR, Rel. orig. Minº ILMAR GALVÃO; RE nº 357.950RS, RE nº 358.273RS e RE nº 390.840MG, Rel. Minº MARCO AURÉLIO, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF nº 408, p. 1). 3.Diante do exposto, e com fundamento no artigo 557, § 1ºA, do CPC, conheço do recurso e doulhe provimento, para, concedendo a ordem, excluir, da base de incidência do PIS, receita estranha ao faturamento do recorrente, entendido esse nos termos já suso enunciados. Custas ex lege. Publiquese. Int.. Brasília, 28 de novembro de 2005. Ministro CEZAR PELUSO Relator Obviamente, não estamos diante de um voto claro suficiente, mas estamos diante elementos suficientes para que se possa esclarecêlo. No voto do Ministro Peluso, falase, pois, de receita bruta de venda de mercadoria e da prestação de serviço, isto é, do sentido estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza; falase, assim, de soma das Fl. 173DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 23 23 receitas; em alusão ao artigo 187 da Lei nº 6.604/197612, de receita como gênero abrangente de todos os valores que, recebidos da pessoa jurídica, se lhe incorporam à esfera patrimonial; por fim, dentro do gênero, das receitas operacionais; donde, receita bruta como produto do exercício de atividades empresariais típicas. Não me parece que o Ministro Peluso quis rever o conceito de faturamento, até então consagrado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido, o conceito de “ faturamento” não mais seria a “receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços de qualquer natureza” mas “qualquer outra receita, desde que oriunda das atividades empresariais”. Primeiramente porque não foi objetivo do STF, ao declarar a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, redefinir o conceito constitucional de faturamento, mas sim o de rechaçar a definição legal de receita bruta estabelecida pelo § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, por ser esta inadequada àquela expressão constitucional. Depois porque, a mais simples interpretação sistemática do voto em foco, nos leva a entender que o que se pretende é tributar o faturamento cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza. Veja que o voto em exame utilizase da fórmula sintática “ou seja”, se utiliza de uma paráfrase que faz o desenvolvimento de um texto sem alteração do seu sentido original, nesse rumo, não pode desempenhar outro papel na frase, senão de conector para convencer o interlocutor acerca de sua validade preliminar13 – o faturamento pressuposto na redação original do artigo 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais – equivalendo (1) faturamento, (2) receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza e (3) receita das atividades empresariais. A decisão faz equiparação do conceito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, através da locução “ou seja” ao termo soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Não substitui um pelo outro, como se fez fazer crer. 12 Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) VII o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007) 13 FUCHS, C. La paraphrase. Paris: Presses universitaires de France, 1982, pág. 55. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 24 24 Repete, ainda, o voto a expressão faturamento – excluir, da base de incidência do PIS, receita estranha ao faturamento do recorrente – e quando fala em receita estranha ao faturamento não se refere a nenhuma outra, senão a receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, reforçando a idéia da definição constitucional de faturamento, senão o voto se limitaria a apontar a receita, mas ao se referirse a faturamento informa que toma a “receita” no sentido de faturamento, conforme até aqui expus. Por último, o voto do Ministro Peluso cita expressamente os Recursos Extraordinários nº 346.084PR, nº 357.950RS, nº 358.273RS e nº 390.840MG, informando que a decisão se deu conforme o seu teor, da maneira que se pode ver por meio da abreviatura “cf”. Conforme já visto anteriormente esses Recursos firmaram o entendimento que era inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação contábil adotada, devendose tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. Assim, referendou o Ministro o entendimento do próprio STF de que o faturamento se cinge à receita decorrente da venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços, independentemente de sua posição pessoal, mesmo porque, julgando nos termos do artigo 557 do Código de Processo Civil não poderia têlo feito, se em sentido distinto da jurisprudência dominante do STF. Considerando isso, quer pela óptica constitucional, quer pela óptica doutrinária ou ainda, pela interpretação primária do próprio voto, tenho que não há como se tomar as intermediações financeiras sujeitas à incidência da contribuição Desse modo, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl – Relator Fl. 175DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 25 25 Voto Vencedor Conselheiro Flávio de Castro Pontes Redator designado Ainda que respeitáveis as razões do ilustre relator, discordase de seu entendimento. Consignese, de imediato, que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é o fórum adequado para se discutir a violação de coisa julgada. Ora, se a recorrente tivesse absoluta certeza dos efeitos da coisa julgada material, deveria pleitear ao órgão jurisdicional, que possui os meios necessários de tornar eficaz uma decisão judicial, o seu cumprimento. Assim sendo, não há contrariedade à coisa julgada, visto que a decisão transitada em julgado não definiu a composição da base de cálculo da contribuição PIS para as instituições financeiras. Incontestavelmente o cerne do litígio consiste em interpretar a coisa julgada na referida atividade jurisdicional. Pertinente é a colocação de Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart sobre a coisa julgada in Manual do processo de conhecimento. 5 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 630: (...) a coisa julgada material corresponde à imutabilidade da declaração judicial sobre o direito da parte que requer alguma prestação jurisdicional. Portanto, para que possa ocorrer coisa julgada material, é necessário que a sentença seja capaz de declarar a existência ou não de um direito.(grifouse) Como bem relatado, o Excelso Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão monocrática do Relator, Ministro Cezar Peluso, recurso extraordinário 401.348, processo originário 2000.38.03.0007782/MG, decidiu não incluir na base de cálculo do PIS, receita estranha ao faturamento do recorrente, in verbis: 1. Tratase de recurso extraordinário interposto contra acórdão que declarou a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, relativo ao alargamento da base de cálculo do PIS. 2. Consistente o recurso. A tese do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf. RE nº 346.084PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO; RE nº 357.950RS, RE nº 358.273RS e RE nº 390.840MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF nº 408, p. 1). 3. Diante do exposto, e com fundamento no art. 557, § 1ºA, do CPC, conheço do recurso e doulhe provimento, para, concedendo a ordem, Fl. 176DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 26 26 excluir, da base de incidência do PIS, receita estranha ao faturamento do recorrente, entendido esse nos termos já suso enunciados.(grifouse) Outrossim, sabese que o STF no julgamento do recurso extraordinário 346.084PR declarou inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. Neste julgamento, o Ministro César Peluso esclareceu o seu ponto de vista a respeito do conceito de faturamento: “Quando me referi ao conceito construído sobretudo no RE 150.755, sob a expressão “receita bruta de venda de mercadorias e prestação de serviço”, quis significar que tal conceito está ligado a ideia de produto do exercício de atividades empresariais típicas, ou seja, que nessa expressão se inclui todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. A propósito, o art. 2º e o caput do art. 3º da Lei 9.718/98 mantiveramse incólumes pela decisão do STF: Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei Art. 3º "O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas". (grifouse) Necessário é lembrar que a decisão judicial declarou inconstitucional o parágrafo 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, garantindose o direito da recorrente de apurar a contribuição PIS com base no faturamento, assim entendido a receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviço de qualquer natureza, isto é, a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Destarte, resta definir o que seja a soma das receitas oriundas das atividades empresariais. Tenhase presente que o conflito de interesses referese a um ramo peculiar da atividade econômica, o do sistema financeiro. O conceito de instituição financeira está definido no art. 17 da Lei 4.595/1964: Art. 17. Consideramse instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.(grifouse) Fl. 177DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 27 27 Configurase que as atividades de uma instituição financeira estão relacionadas com a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros, a exemplo de operações de créditos e aplicação em títulos e valores mobiliários. Percebese que as instituições financeiras transferem recursos para os diversos agentes econômicos. Como exemplo típico de uma receita de operação financeira, citase o spread, em regra, a diferença que as instituições financeiras pagam na captação de recursos e o que elas cobram dos clientes. É certo que a natureza dessa receita é operacional e está vinculada à atividade econômica da instituição financeira. A partir destes conceitos, podese inferir que as instituições financeiras têm como atividade principal a intermediação de recursos financeiros. Neste contexto, as receitas oriundas das operações bancárias (receitas operacionais) compõem o faturamento porque estão relacionadas ao exercício do objeto social dessas instituições, nos termos do art. 2º e do caput do art. 3º da Lei 9.718/98. Como bem assentado pelo Ministro Cezar Peluso, a inclusão ou não de eventuais receitas financeiras no conceito de receita bruta tem como variável a atividade empresarial. Assim, as receitas operacionais das instituições financeiras amoldamse ao conceito de faturamento estabelecido no art. 2º e no caput do art. 3º da Lei 9.718/98, de sorte que as aludidas operações caracterizam uma peculiar prestação de serviços de qualquer natureza. Nesta esteira, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, também adotou o entendimento de que as receitas decorrentes das atividades financeiras integram a base de cálculo das contribuições PIS e Cofins como prestação de serviços. Por oportuno, colacionase alguns trechos do citado Parecer, inclusive a conclusão: “(...) 55. Assim, as operações bancárias consistem em prestação de serviços. Efetivamente, é possível considerar o conjunto da atividade exercida por um banco comercial, para fins tributários (definição da base de cálculo da COFINS) como prestação de serviços. (...) 60. (...) O resultado da atividade de intermediação financeira, apesar de não sujeita à ação de faturar, constituindo ato de comércio e decorrendo da própria atividade negocial da empresa, integra o seu faturamento para os efeitos fiscais de concretizar o fato gerador da COFINS/PIS. 61. O relevante para a norma é a identidade entre a receita bruta operacional e a atividade mercantil desenvolvida nos termos do objeto social da pessoa jurídica. A declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do §1º do art. 3º da Lei 9.718, de 1998, não alterou, nesse particular, o critério definidor da base de incidência da COFINS/PIS como o resultado econômico da atividade empresarial vinculada aos seus objetivos sociais. Ao revés, apenas firmou o entendimento de que Fl. 178DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 28 28 não é qualquer receita que pode ser considerada faturamento para fins de incidência da COFINS/PIS (v.g. Receitas de Capital de locadora de veículos), mas apenas aquelas vinculadas à atividade mercantil típica da empresa, como é o caso das operações bancárias das instituições financeiras.(...) 66. Em face dos argumentos acima expendidos, concluise que: (...) d) o §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, que ampliou o conceito de receita bruta para abarcar as receitas não operacionais foi considerado inconstitucional pelo STF nos RREE n. 346.084, 357.950, 358.273, 390.840;(...) h) serviços para as instituições financeiras abarcam as receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira); (...) 66. Têmse, então, que a natureza das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros pode ser classificada como serviços para fins tributários, estando sujeita à incidência das contribuições em causa, na forma dos arts. 2º, 3º, caput e nos §§5º e 6º do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao “plus” contido no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, considerado inconstitucional por meio do Recurso Extraordinário 357.9509/RS e dos demais recursos que foram julgados na mesma assentada.” (grifouse) Convém ressaltar que nas demonstrações de resultado dessas instituições, as questionadas receitas são classificadas como receitas operacionais da atividade financeira, por conseguinte de prestação de serviços nos termos da tese acima esposada. E, mais, cabe acrescentar que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região também está consolidando esse entendimento, conforme recentes decisões judiciais, a exemplo do acórdão abaixo: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CONCEITO DE FATURAMENTO. LEI N. 9.718/1998, ART. 3º, § 1º. INCONSTITUCIONALIDADE. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. RECEITA BRUTA DECORRENTE DO EXERCÍCIO DO OBJETO SOCIAL. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO OCORRÊNCIA. 1. (...)2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei n. 9.718/1998, por ocasião do julgamento dos Recursos Extraordinários n. 357.950/RS, n. 390.840/MG, n. 358.273/RS e n. 346.084/PR. 3. No caso concreto, a questão vai além da simples declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º, da Lei n. 9.718/1998. Tratase, também, de definir o alcance do termo "faturamento", base sobre a qual incide o tributo. 4. Quando do julgamento dos Recursos Extraordinários mencionados, a Suprema Corte reconheceu a sinonímia existente entre os termos faturamento e receita bruta, para fins de incidência da COFINS . Entretanto, a realidade alcançada pelos termos citados não se limita simplesmente às operações de venda de mercadorias e de Fl. 179DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 29 29 prestação de serviços, notadamente nos dias atuais, em que as atividades empresariais assumem formas as mais diversas, de modo que, mediante uma interpretação teleológica, o termo faturamento, assim como a receita bruta, abrange a totalidade das receitas decorrentes do exercício do objeto social. 5. Os impetrantes são instituições financeiras, que obtém receitas mediante as atividades de "coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros" (art. 17, da Lei n. 4.595/1964). Neste caso, compõem o seu faturamento todas as receitas decorrentes do exercício das atividades às quais se dedicam, não se limitando às operações de venda de mercadoria e de prestação de serviços. 6. Deve ser reconhecida a inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º, da Lei n. 9.718/1998, para que a impetrante possa apurar a COFINS tendo por base de cálculo o faturamento, correspondente à receita bruta decorrente do exercício do objeto social ao qual se dedica. (...)(grifouse) (Processo: 001092848.2005.4.03.6100, eDJF3 Judicial 1 DATA:04/05/2012) Com efeito, o voto vencedor do Desembargador Federal Márcio Moraes entendeu de forma explícita que compõe o faturamento das instituições financeiras todas as receitas decorrentes do exercício das atividades às quais se dedicam, conforme excerto abaixo: É certo que, quando do julgamento dos Recursos Extraordinários n. 357.950/RS, 390.840/MG, 358.273/RS e 346.084/PR, a Suprema Corte reconheceu a sinonímia existente entre os termos faturamento e receita bruta, para fins de incidência da COFINS. Entretanto, a realidade alcançada pelos termos citados não se limita simplesmente às operações de venda de mercadorias e de prestação de serviços, notadamente nos dias atuais, em que as atividades empresariais assumem formas as mais diversas, de modo que, mediante uma interpretação teleológica, o termo faturamento, assim como a receita bruta, abrange a totalidade das receitas decorrentes do exercício do objeto social. (...) Nesse caso, compõem o seu faturamento todas as receitas decorrentes do exercício das atividades às quais se dedicam, não se limitando às operações de venda de mercadoria e de prestação de serviços.(grifouse) Não é outro o entendimento dos Tribunal Regional Federal 2ª Região, segundo se depreende do acórdão assim ementado: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. PIS E COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. COMPENSAÇÃO. I O § 1º do art. 3º da lei nº 9718/98, que Fl. 180DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10675.909335/200952 Acórdão n.º 380101.105 S3TE01 Fl. 30 30 alterou a base de cálculo da COFINS e do PIS, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. II As instituições financeiras devem recolher o PIS e a Cofins incidentes sobre seu faturamento, este entendido como a receita bruta oriunda do desenvolvimento de suas atividades empresariais. Apenas a eventual incidência dessas contribuições sobre receitas nãooperacionais é que será indevida, ensejando a compensação dos valores que eventualmente tenham sido recolhidos a esse título. III – Embargos de declaração parcialmente providos. (Processo: 2005.51.01.0117643 , E DJF2R Data:04/04/2011) (grifouse) Assinalese, também, que este entendimento está em consonância com os princípios constitucionais da capacidade contributiva, que se aplica as diversas espécies tributárias, e universalidade do custeio da seguridade social. É indubitável a capacidade econômica das instituições financeiras, portanto devem suportar a incidência da contribuição PIS sobre suas receitas operacionais. De outro giro, o financiamento da seguridade social por toda a sociedade, esteado no princípio da solidariedade, não autoriza a exclusão das aludidas receitas da tributação em referência. De modo que em face das razões acima, as receitas operacionais de instituições financeiras são para fins tributários consideradas como prestação de serviços e estão sujeitas a incidência da contribuição PIS. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, não reconhecendo o direito creditório pleiteado, e, por conseguinte, não homologando a compensação. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Redator designado Fl. 181DF CARF MF Impresso em 08/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 10/07/2 012 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10880.005155/94-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Outros Tributos ou Contribuições
Exercício: 1991, 1992
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DESCRITA NO AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO AFASTADA.
SÚMULA Nº 17 DO CARF.
JUROS MORATÓRIO – TAXA SELIC – SÚMULA
Recurso conhecido e parcialmente provido.
Numero da decisão: 3102-001.226
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade, DAR provimento parcial provimento ao recurso voluntário para afastar exclusivamente a multa de oficio de 75%.
Nome do relator: ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
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Recorrida Fazenda Nacional Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Exercício: 1991, 1992 Ementa: SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DESCRITA NO AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO AFASTADA. SÚMULA Nº 17 DO CARF. JUROS MORATÓRIO – TAXA SELIC – SÚMULA Recurso conhecido e parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por (assinado digitalmente) LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Presidente. (assinado digitalmente) ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO Relator. EDITADO EM: 14/02/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro (presidente da turma), Nanci Gama (vicepresidente), Ricardo Paulo Rosa, Mara Cristina Sifuentes e Álvaro Almeida Filho. Fl. 599DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO 2 Relatório O recurso voluntário visa a reforma do acórdão nº 1619.959 da 9ª Turma da DRJ/SPOI, que entendeu pela procedência em parte do lançamento. Observando o relato da decisão recorrida é possível constatar que: Cuida o presente processo da lavratura de Auto de Infração (fls. 128, 129, 136, 137, 144 e 145), contra o sujeito passivo em epígrafe, cuja ciência deuse em 21/1/94 (fls. 128, 136 e 144), sendo constituído crédito tributário, compreendendo contribuição (R$504.131,11), multa de oficio (R$331.270,43) e juros de mora tal como indicado às fls. 332, relativamente à contribuição para o Programa de Integração Social (FINSOCIAL), de período de apuração de março de 1991 a março de 1992, e cujo enquadramento legal consta discriminado no referido Auto de Infração. 2. Consta que foi lavrado às fls. 2 e verso o Termo de Intimação dirigido a Playcenter Com. e Empreendimentos Ltda., CNPJ n.° 27.672.112/000145, cuja ciência se deu em 18/10/93, para que fosse apresentado à autoridade fiscal, dentre outros, o que segue, ipsis verbis: [...] I. Firma Play Shopping Comercial Ltda. ( Incorporada em 02.01.93) [...] g) Cópia das ações impetradas junto a Justiça Federal relativamente a cobrança de contribuições federais ( PIS FINSOCIALCOFINS e CONTRI. SOCIAL S/LUCROS) — com os respectivos comprovantes de depósito judicial ou fiança bancária; 2. Firma Playcenter Empreend. e Comércio Ltda. —CGC n° 62.807995/000154 ( Incorporada em 30.06.92. [...] g) Cópia das ações impetradas junto a Justiça Federal contra a cobrança das contribuições federais (PIS,FINSOCIAL,COFINS E CONT. SOCIAL S/LUCROS) com os respectivos comprovantes de depósito judicial ou cartas de fiança bancária. 3. Playland Com. Empreend. Ltda. transf Em Playcenter Com. e Empreen. Ltda. em 30.06.92 — CGC n°27.672.112/000145 g) Cópia das ações impetradas junto Justiça Federal contra a cobrança das contribuições federais ( PIS,FINSOCIAL,COFINS E CONT. SOCIAL S/ LUCROS), com os I respectivos comprovantes de depósito judicial ou cartas de fiança bancária. 2.1. Assim, foram apresentados os documentos constantes às fls. 3 a 125 deste processo. Fl. 600DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10880.005155/9417 Acórdão n.º 3102001.226 S3C1T2 Fl. 575 3 2.2. Dentre os documentos apresentados, verificouse o seguinte: 2.2.1 Consta As fls. 5, quanto ao processo judicial de n.° 91.00177822 (ação cautelar inominada), que, em 14/9/92, foi julgada [...] parcialmente PROCEDENTE a medida liminar requerida, com eficácia provisória durante toda a pendência do processo principal, mas exclusivamente em relação aos depósitos efetuados nestes autos. (Consta às fls. 6 documento que se refere ao depósito no valor de Cr$2.090,816,82 que seria relativo ao mês de março de 1991 e ao FINSOCIAL.) 2.2.2. Consta, quanto ao processo judicial de n.° 91.644544, que, em 11/6/91 (fls. 7), foi exarada a seguinte decisão (fls. 9): [...] apreciei quanto ao mérito o FINSOCIAL, concluindo pela constitucionalidade da exação, tendo que não se apresenta o "fumus boni iuris". Igualmente, não se apresenta, pelo menos no momento, o "periculum in mora" na espécie, motivo pelo que determino o processamento do feito SEM LIMINAR, considerandose, ademais, que a fiança bancária é insusceptível de suspender a exigibilidade do crédito tributário. 2.2.3. De acordo com o que consta às fls. 6 (repitase), 11 e 12, verificouse que há cópias das seguintes guias de depósitos efetivados à ordem da Justiça, vinculadas ao processo de n.° 91.00644544: i) de março de 1991, no valor de Cr$2.090.815,82; ii) de março de 1991, no valor de Cr$6.182.713,79; iii) de abril de 1991, no valor de Cr$7.208.811,56; iv) de abril de 1991, no valor de Cr$5.151.942,39; v) de maio de 1991, no valor de Cr$7.496.343,06; vi) de maio de 1991, no valor de Cr$7.692.430,26. 2.2.3.1. Consta às fls. 373 a 382 informações extraídas dos sistemas informatizados da RFB relativamente aos depósitos judiciais efetuados. 2.2.4. Consta às fls. 23, relativamente ao processo judicial n.° 91.06656188, que foi proferida, em 15/7/91, a seguinte decisão: Mediante a garantia oferecida, suspendo a exigibilidade do crédito fiscal, citandose na forma requerida. 2.2.4.1. Consta às fls. 24 que foi solicitada a juntada ao processo judicial n.° 91.06656188 das cartas de fiança de n.° FI0018/91 (no valor de Cr$9.790.000,00) e n.° FI 0019/91 (no valor de Cr$6.740.000,00), referentes ao fato gerador do FINSOCIAL de junho de 1991. As referidas cartas de fianças foram emitidas em 19/7/91, possuindo prazo de um ano (fls. 25 e 26). Consta às fls. 27 a 34 documentos encaminhados à Justiça Federal, informando a prorrogação das cartas de fiança de n.° FI Fl. 601DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO 4 0018/91 e n.° FI0019/91, tendo como 3/11/93 a data última para o prazo da fiança das garantias oferecidas (fls. 30 e 34). 2.2.4.2. Consta às fls. 35 que, em 8/10/91, foi solicitada a juntada ao processo judicial n.° 91.06656188 das cartas de fiança de n.° FI0028/91, no valor de Cr$20.500.000,00 (fls. 36) e de n.° FI0027/91, no valor de Cr$36.600.000,00 (fls. 42), referentes a FINSOCIAL de julho e agosto de 1991. Consta às fls. 37 a 41 e 43 a 47 documentos encaminhados à Justiça Federal, informando a prorrogação das cartas de fiança de n.° FI0027/91 e n.° FI0028/91, tendo como 3/11/93 a data última para o prazo da fiança das garantias oferecidas (fls. 41 e 47). 2.2.4.3. Consta às fls. 48 que, em 17/10/91, foi solicitada a juntada ao processo judicial n.° 91.06656188 das cartas de fiança de n.° FI0030/91, no valor de Cr$12.745.000,00 (fls. 49) e de n.° FI0031/91, no valor de Cr$10.805.000,00 (fls. 55), referentes a FINSOCIAL de setembro de 1991. Consta às fls. 50 a 54 e 56 a 60 documentos encaminhados à Justiça Federal, informando a prorrogação das cartas de fiança de n.° FI 0030/91 e n.° FI0031/91, tendo como 3/11/93 a data última para o prazo da fiança das garantias oferecidas (fls. 54 e 60). 2.2.4.4. Consta às fls. 61 que, em 22/11/91, foi solicitada ajuntada ao processo judicial n.° 91.06656188 das cartas de fiança de n.° FI0036/91, no valor de Cr$11.000.000,00 (fls. 62) e de n.° FI0037/91, no valor de Cr$12.100.000,00 (fls. 68), referentes a FINSOCIAL de outubro de 1991. Consta às fls. 63 a 67 e 69 a 73 documentos encaminhados à Justiça Federal, informando a prorrogação das cartas de fiança de n.° FI 0036/91 e n.° FI0037/91, tendo como 3/11/93 a data última para o prazo da fiança das garantias oferecidas (fls. 67 e 73). 2.2.4.5. Consta às fls. 74 que, em 16/12/91, foi solicitada a juntada ao processo judicial n.° 91.06656188 das cartas de fiança de n.° FI0040/91, no valor de Cr$21.300.000,00 (fls. 75) e de n.° FI0041/91, no valor de Cr$15.600.000,00 (fls. 82), referentes a FINSOCIAL de novembro de 1991. Consta às fls. 76 a 81 e 83 a 88 documentos encaminhados à Justiça Federal, informando a prorrogação das cartas de fiança de n.° FI 0040/91 e n.° FI0041/91, tendo como 3/11/93 a data última para o prazo da fiança para as garantias oferecidas (fls. 81 e 88). Ademais, essa data foi prorrogada até 3/1/94, consoante disposto às fls. 112 e 113. 2.2.4.6. Consta às fls. 89 que, em 10/1/92, foi solicitada a juntada ao processo judicial n.° 91.06656188 das cartas de fiança de n.° FI0002/92, no valor de Cr$11.300.000,00 (fls. 90) e de n.° FI0003/92, no valor de Cr$23.400.000,00 (fls. 97), referentes a FINSOCIAL de dezembro de 1991. Consta às fls. 91 a 96 e 98 a 103 documentos encaminhados à Justiça Federal, informando a prorrogação das cartas de fiança de n.° FI 0002/92 e n.° FI0003/92, tendo como 3/11/93 a data última para o prazo da fiança para as garantias oferecidas (fls. 96 e 103). Tal data foi prorrogada até 3/1/94, consoante disposto às fls. 114 e 115. Fl. 602DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10880.005155/9417 Acórdão n.º 3102001.226 S3C1T2 Fl. 576 5 2.2.4.7. Consta às fls. 104 carta de fiança de n.° 1692746/001, em 25/2/92, no valor de Cr$24.860.000,00, [...] em garantia a liminar concedida pela 10ª Vara Federal de SP, que visa a não contribuição do FINSOCIAL referente ao mês de Janeiro/92, com vencimento em 20/02/92, conforme Medida Cautelar nr. 91.06656188 [negrejouse]. Consta, ainda, que o prazo dessa fiança vencia em 25/5/92. 2.2.4.8. Consta As fls. 105 carta de fiança de n.° 1692075/001, em 25/2/92, no valor de Cr$32.940.000,00, [...] em garantia a liminar concedida pela 10* Vara Federal de SP, que visa a não contribuição do F1NSOCIAL referente ao mes de Janeiro/92, com vencimento em 20/02/92, conforme Medida Cautelar nr. 91.06656188 [negrejouse]. Consta, ainda, que o prazo dessa fiança vencia em 25/5/92. 2.2.4.9. Consta às fls. 106 a 111 carta fiança de n.° 1694319/001, de 23/3/92, no valor de Cr$106.339.759,34, [...] em garantia da substituição de depósito judicial, referente a contribuição ao Finsocial, relativo ao mês de fevereiro/92 [negrejouse] (tal qual consta às fls. 265), cuja data última para o prazo dessa fiança vencia em 19/9/93 (fls. 109). 2.2.4.10. Consta às fls. 110 e 111 carta fiança de n.° 1694297/001, de 23/3/92, no valor de Cr$51.060.564,07, cuja data última para o prazo dessa fiança vencia em 21/3/93 (fls. 111). 2.2.4.11. Consta às fls. 116 carta fiança de n.° 1696420/001, em 5/5/92, no valor de Cr$10.630.000,00, [...] em garantia do depósito judicial, referente a contribuição ao Finsocial, referente ao mês de Março/92 [negrejouse]. Consta, ainda, que a data última para o prazo dessa fiança vencia em 29/9/93 (fls. 120). 2.2.4.12. Consta As fls. 121 carta fiança de n.° 1696431/001, em 5/5/92, no valor de Cr$41.530.000,00, [...] em garantia do depósito judicial, referente a contribuição ao Finsocial, referente ao mês de Março/92 [negrejouse]. Consta, ainda, que a data última para o prazo dessa fiança vencia em 29/9/93 (fls. 125). 3. Relativamente à descrição dos fatos que resultou na lavratura do referido Auto de Infração, consta, em Termo de Verificação às fls. 130, o que segue: [...] [temse que] a fiscalizada, através da Ação Medida Cautelar perpetrada junto a Justiça Federal em São Paulo (Processo(s) nº(s)9100644544 e 9106656188 obteve liminar da 6ª Vara da J.F. em SP, mediante depósito em dinheiro ou fiança bancária, para deixar de recolher as contribuições devidas a Finsocial, instituída pelo D.L. 1940/82. Assim, a partir do mês jan/92 a mar/92 passou a depositar as contribuições em questão ou a garantir com fianças bancárias, conforme comprovantes anexos. [negrejouse] Fl. 603DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO 6 Tendo em vista que o contribuinte não declarou na DCTF de 1991 os valores em questão e em 1992 não houve a obrigatoriedade da entrega da DCTF e que pelo despacho exarado pelo Exmo. Sr. Juiz da 6ª Vara da J.F. em SP, no(s) processo(s) acima citado(s), não ficou impedida a constituição dos respectivos créditos tributários, procederemos ao lançamento "ex officio" dos mesmos, com finalidade exclusiva de garantir os citados créditos quanto a sua eventual decadência, pelo decurso de prazo. Ressaltese que, os créditos tributários requeridos não serão exigidos pela Fazenda Nacional, até o julgamento final do litígio pela Justiça Federal. 3.1. Quanto ao Termo de Verificação As fls. 138, eis o que se transcreve a seguir: [...] [a fiscalizada] a partir do mês março de 91 passou a depositar as contribuições em questão ou a garantir com fianças bancárias, conforme comprovantes anexos. [negrejou se] 3.2. Finalmente, quanto ao Termo de Verificação às fls. 146, eis o que se traslada abaixo: [...] [a fiscalizada] a partir do mês mar/91 a Dez/91, passou a depositar as contribuições em questão ou a garantir com fianças bancárias, conforme comprovantes anexos. [negrejouse] 3.3. Os demonstrativos da apuração do FINSOCIAL, multas e juros de mora encontramse às fls. 126, 127, 132, 133, 134, 140, 141 e 142. 4. Irresignado com o lançamento, em 22/2/94, o interessado apresentou impugnação às fls. 149 a 153, acompanhada dos documentos às fls. 154 a 291, aduzindo, em sua defesa que [...] o crédito em discussão encontrase garantido judicialmente da seguinte forma, é dizer, consoante consta em tabela às fls. 150, bem como o que segue, ipsis verbis: Tratase [...] de Auto de Infração lavrado contra a suplicante sob o fundamento de que a mesma teria deixado de recolher a Contribuição ao Finsocial, relativa ao período de apuração de 03/91 e 03/92 (com relação à incorporada "PlayLand Comércio e Indústria Ltda." e anteriormente denominada "Playcenter Empreendimentos e Comércio Ltda.') [fls. 149] [...]No entanto, o trabalho fiscal não pode prosperar por padecer de vicio de nulidade que o atinge em face de o crédito em questão estar sob discussão judicial, e os valores exigidos terem sido garantidos judicialmente, seja mediante depósitos judiciais, seja mediante a prestação de Cartas de Fiança [...]. [fls. 149] [...] [...] tendo sido arguida a possibilidade de lavratura do Auto de Infração apenas para se prevenir a eventual decadência do direito de fazêlo, reconhecendose no entanto estar suspensa a exigibilidade do lançamento, não pode a Fazenda pretender aplicar multa de 100% e juros de mora, conferindo ao contribuinte que vai a Juízo questionar a legitimidade da exação em tela o mesmo tratamento que seria deferido a um outro que Fl. 604DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10880.005155/9417 Acórdão n.º 3102001.226 S3C1T2 Fl. 577 7 houvesse se quedado inerte, usufruindo da disponibilidade do capital. [fls. 150] 0 argumento constante do auto, no sentido de que seria necessária a lavratura de Auto de Infração para assegurar a cobrança do crédito de modo a evitar a ocorrência de decadência ou prescrição[...] improcede totalmente, pois é pacifico, quanto a esta última, a aplicação do principio da actio nata, de modo que, durante o período de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não flui o respectivo prazo. [fls. 151] [...] quanto à decadência, esta também não ocorrerá desde que se verifique a notificação do respectivo montante [...]. [fls. 151] [...] jamais se poderia admitir a imputação à suplicante, ainda que para evitar suposto risco de decadência ou prescrição, de multa punitiva, uma vez que em momento algum teve a mesma conduta que pudesse dar ensejo a qualquer tipo de punição [...]. [fls. 151] [...] [...] demonstrada a nulidade da autuação, por estar suspensa a exigibilidade do crédito tributário em questão, bem como o total descabimento da imputação à requerente de multa punitiva, pede e espera a suplicante seja reconhecida a sua insubsistência [...]. [fls.153] 5. Consta as fls. 293 que foi sobrestado [...] o julgamento da impugnação interposta, de vez que a matéria versada neste processo é a mesma que se encontra "sub judice" . E que o processo retornaria à [...] DRJ somente se do exame do cômputo do crédito tributário ou de qualquer outra razão jurídica resultar pendência contestada na impugnação administrativa, de sorte a restar preservado o direito de defesa. 5.1. 0 presente processo foi encaminhado a esta Delegacia em 18/9/2008 (fls. 329). 5.2. Consta as fls. 337 e 338 que é sucessora a empresa CDMA PARTICIPAÇÕES S.A., CNPJ n.° 00.643.535/000180. Analisada a impugnação ao auto de infração, decidiu a 9ª Turma da DRJ/SPOI, pela procedência parcial do lançamento reduzindo a multa de ofício sem discutir o mérito da lançamento, conforme demonstra ementa abaixo: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Exercício: 1991, 1992 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Desde que cumpridos os requisitos dispostos no art. 10 do Decreto n.° 70.235/72, ademais, não havendo ocorrência Fl. 605DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO 8 do previsto no art. 59 do mesmo diploma legal, não há que se falar em cancelamento ou anulação de auto de infração. CARTA DE FIANÇA BANCARIA. EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. A carta de fiança bancária não tem o condão de, isoladamente, suspender a exigibilidade do crédito tributário, sendo cabível, no caso de lançamento de oficio, a imposição de multa e juros de mora (ex vi os art. 141 e 151 do CTN). DEPÓSITO NO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Suspende a exigibilidade do crédito tributário o depósito de seu montante integral nos termos do inciso II do art. 151 do CTN. AÇÃO JUDICIAL. O ajuizamento de ação judicial pelo contribuinte, prévia ou posteriormente ao lançamento, inibe o pronunciamento da autoridade administrativa julgadora sobre o mérito do crédito tributário em litígio, vez que a matéria está submetida à tutela autônoma e superior do Poder Judiciário. Lançamento Procedente em Parte A multa de ofício foi reduzida e não cancelada, já que, de acordo com a decisão recorrida algumas das cartas de fianças quando do lançamento estavam vencidas e que os depósitos relativos aos meses de 03/91 e 04/91 não foram realizados em seu montante integral. Inconformada com a decisão acima a contribuinte apresentou recurso voluntário alegando que: 1) A decisão recorrida deve ser reformada na parte que manteve a exigência da multa de ofício, pois de acordo com o termo de verificação fiscal o crédito tributário estava com a exigibilidade suspensa; 2) Como o termo de verificação fiscal constou expressamente que o crédito estava com a exigibilidade suspensa e que o lançamento foi realizado apenas para prevenir a decadência , assim a multa de ofício deveria ser cancelada e não reduzida de 100% para 75%; 3) Não cabe a autoridade julgadora alterar o lançamento original e manter a multa de ofício, sob o argumento de que na data a lavratura do auto de infração não existiam causas suspensivas, já que o próprio termo verificação fiscal expressava a suspensão da exigibilidade; 4) Restaria apenas a autoridade julgadora definir quanto o possibilidade de cobrar multa de ofício quando o lançamento é realizado apenas para prevenir a decadência; Fl. 606DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10880.005155/9417 Acórdão n.º 3102001.226 S3C1T2 Fl. 578 9 5) Apesar do erro da decisão recorrida ao apreciar a suspensão da exigibilidade, há também equívoco ao afastar a suspensão sob o argumento de que as cartas de fianças estavam vencidas, pois as mesmas apenas são a garantia do juízo, enquanto a exigibilidade estava suspensa em atenção a decisão judicial; 6) Caso não seja cancelada a multa de ofício em sua integralidade, deve ser observado que em relação ao período de 03/91 e 04/91 o montante depositado em juízo, para fins de incidência da multa e juros apenas sobre a parte não depositada; 7) No tocante ao período de 03/91 a 05/91 o crédito tributário está extinto em atenção ao trânsito em julgado das ações que declararam ser devido o FINSOCIAL à alíquota de 0,5 e não de 2,0% exigido no auto de infração; 8) O crédito tributário deve ser extinto em atenção ao trânsito em julgado das ações e a conversão dos depósitos em renda; 9) Não é devido o juros de mora calculados com base na taxa SELIC. Requer o provimento do recurso para ser cancelada a multa de ofício relativa a todo o período objeto da autuação e reconhecida a extinção do crédito relativo ao período de 03/91 a 05/91. É o relatório. Voto Conselheiro Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho Conheço do presente recurso por ser tempestivo e tratar de matéria de competência da terceira seção. Com demonstrado o auto de infração(fls. 128) foi lavrado para fins de prevenir a decadência relativa as contribuições devidas a título de FINSOCIAL, sendo acrescida dos juros de mora e multa de ofício, ao observar ao autoridade autuante que a recorrente propôs medida judicial perante a 6ª Vara da Justiça Federal de São Paulo discutindo a exigência instituída pelo decreto lei nº 1.940/82. Inicialmente vale destacar que a decisão recorrida não entra no mérito da cobrança do FINSOCIAL e suas majorações de alíquotas, afastando sua análise em atenção as ações judicial propostas, posicionandose apenas sobre a multa de ofício aplicada. O mesmo ocorreu com o recurso em análise, o qual se restringe principalmente em identificar se é devida o não a multa lançada. O julgador singular, para justificar a cobrança da multa afasta a suspensão da exigibilidade do crédito sob o argumento de que as cartas de fianças estavam vencidas e que o Fl. 607DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO 10 depósito de dois períodos não tinham sido realizados em seu montante integral, entretanto reduz a multa de 100%(cem por cento) para 75%(setenta e cinco por cento), com fundamento no art. 44 da lei nº 9.430/96 alterado pela lei nº 11.488/2007, que assim disciplina: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; A recorrente foi cientifica do lançamento em 21/01/1994, e na descrição do auto de infração a autoridade autuante afirmou que: Tendo em vista que o contribuinte não declarou na DCTF de 1991 os valores em questão e em 1992 não houve a obrigatoriedade da entrega da DCTF e que pelo despacho exarado pelo Exmo. Sr. Juiz da 64 Vara da J.F. em SP, no(s) processo(s) acima citado(s), não ficou impedida a constituição dos respectivos créditos tributários, procederemos ao lançamento "ex officio" dos mesmos, com finalidade exclusiva de garantir os citados créditos quanto a sua eventual decadência, pelo decurso de prazo. (grifo nosso) Ressaltese que, os créditos tributários requeridos não serão exigidos pela Fazenda Nacional, ate o julgamento final do litígio pela Justiça Federal. ... Esclarecimentos a) Lançamento "ExOfficio": o presente lançamento está com a exigibilidade suspensa enquanto pendente de medida judicial suspensiva ou enquanto o depósito de montante integral de credito tributário permanecer à disposição da autoridade fiscal ( CTN art. 151, in cisos II e IV). Este lançamento objetiva evitar a ocorrência da decadência de credito tributário.(grifo nosso) Percebese que em atenção ao descrito no próprio auto de infração, não há que se discutir quanto a retidão ou não dos fatos descritos quando do lançamento, pois o próprio autuante afirma que a exigibilidade do crédito estava suspensa e o objeto do lançamento era apenas prevenir a decadência. Assim, se houvesse qualquer dúvida no tocante as tais afirmações caberia revisão do ofício do lançamento nos termos do art. 149 do CTN. Ora, quando do lançamento realizados para prevenir a decadência, nas hipóteses da exigibilidade suspensa este Conselho através da súmula nº 17 entende que não é devida a multa de ofício, nos seguintes termos: Súmula CARF n° 17: Não cabe a exigência de multa de ofício nos lançamentos efetuados para prevenir a decadência, quando a exigibilidade estiver suspensa na forma dos incisos IV ou V do art. 151 do CTN e a suspensão do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. Fl. 608DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10880.005155/9417 Acórdão n.º 3102001.226 S3C1T2 Fl. 579 11 Ressaltese que nos termos do art. 151, inciso IV do CTN a suspensão da exigibilidade decorre da decisão liminar, que no caso dos autos foi deferida, assim não há que se discutir quanto a hipótese de suspensão prevista no inciso II do mesmo artigo, sendo totalmente impertinente a análise dos vencimentos das fianças bancárias. Já em relação ao a extinção do crédito tributário em razão do trânsito em julgado das ações e da conversão dos depósitos em rendas, esta análise caberá à unidade de jurisdição do domicílio, pois não é matéria a ser analisado no presente momento, restrito apenas a impugnação ao auto de infração. Quanto ao questionamento sobre a legalidade dos juros de mora calculados com base na taxa SELIC, resta afirmar que de acordo com a súmula nº 041 do CARF a partir de 1º de abril de 1995 a mesma é aplicada quando da inadimplência dos débitos tributários administrados pela Receita Federal. Em atenção aos argumentos acima, conheço do recurso voluntário para dar parcial provimento e afasta a multa de ofício imposta no lançamento. Sala de sessões 06 de outubro de 2011. (assinado digitalmente) Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho Relator 1 Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Fl. 609DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente e m 14/02/2012 por ALVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA F, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por LUIS MARC ELO GUERRA DE CASTRO
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Numero do processo: 10980.000156/2008-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE.
INOCORRÊNCIA.
Não se comprovando a ocorrência dos pressupostos de nulidade previstos na lei que regula o processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade do lançamento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECISÃO ADMINISTRATIVA DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
São nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa do sujeito passivo. Não configura preterição do direito de defesa a decisão que, tal como ocorreu na hipótese, rejeita pedido de diligência por julgá-lo descabido.
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Podem ser deduzidos como despesas médicas os valores pagos pelo
contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Para fazer prova das despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela legislação do imposto sobre a renda de pessoa física. Todas as
deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços prestados ou dos correspondentes pagamentos.
Na hipótese, o contribuinte comprovou o efetivo pagamento das despesas declaradas.
Numero da decisão: 2101-001.663
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de nulidade do lançamento e da decisão a quo e, no mérito, dar provimento ao recurso.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não se comprovando a ocorrência dos pressupostos de nulidade previstos na lei que regula o processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade do lançamento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECISÃO ADMINISTRATIVA DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. São nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa do sujeito passivo. Não configura preterição do direito de defesa a decisão que, tal como ocorreu na hipótese, rejeita pedido de diligência por julgálo descabido. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO. Podem ser deduzidos como despesas médicas os valores pagos pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Para fazer prova das despesas médicas pleiteadas como dedução na declaração de ajuste anual, os documentos apresentados devem atender aos requisitos exigidos pela legislação do imposto sobre a renda de pessoa física. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos serviços prestados ou dos correspondentes pagamentos. Na hipótese, o contribuinte comprovou o efetivo pagamento das despesas declaradas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de nulidade do lançamento e da decisão a quo e, no mérito, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ________________________________________________ LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. (assinado digitalmente) ________________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Gonçalo Bonet Allage, José Raimundo Tosta Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento contra o contribuinte em epígrafe, na qual foi feita glosa de deduções com despesas médicas no montante de R$ 18.444,36. Segundo relato da Fiscalização (fls. 21), o contribuinte, intimado, não comprovou, o efetivo desembolso das despesas médicas declaradas. Foi ainda glosada a dedução da despesa com Associação Médica, por não constituir despesa médica. Em 8.1.2008, o contribuinte impugnou parcialmente o lançamento (fls. 1 a 16), admitindo equívoco na dedução da despesa com Associação Médica e alegando, em preliminar, a nulidade do lançamento, a uma porque a fiscalização sequer diligenciou junto aos profissionais para averiguar suas declarações; a duas por não discriminar a origem dos valores analisados, tampouco quais parcelas destacadas na DIRPF foram objeto de questionamento. E, sem a discriminação dos beneficiários e valores correspondentes, tornouse impossível conhecer os parâmetros do fato infracional consignado no termo, acarretando cerceamento ao seu direito de defesa. No mérito, afirma a legitimidade das despesas psicológicas, odontológicas e fisioterápicas declaradas e sua comprovação mediante os recibos de pagamento dos tratamentos a que se submeteu, nos quais verificamse a qualificação do profissional, seu CPF e demais dados previstos na lei,. Acrescenta que o valor de R$ 1.298,36 referese a recolhimentos para plano de saúde particular (Unimed). Em que pese tenha apresentado extratos bancários, esclarece que todos os pagamentos foram efetuados “em espécie” proveniente de saques bancários, descontos e dinheiro em seu poder, e que não é obrigação do contribuinte apresentar outras provas. Informa endereço e telefone de Regina E. G Lopes, psicóloga, Vânia Massuquetto, fisioterapeuta e Luciana de Fátima Ramos, dentista. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10980.000156/200813 Acórdão n.º 210101.663 S2C1T1 Fl. 102 3 A 4.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba julgou a impugnação procedente em parte, por meio do Acórdão n.º 0629.616, de 14 de dezembro de 2010, mediante a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2006 NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. GLOSA DE DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO PARCIAL. Comprovado o direito a parte das despesas deduzidas na declaração de ajuste anual, cabe ajustar o lançamento aos parâmetros correspondentes. DEDUÇÕES. ÔNUS DA PROVA. Havendo dúvidas quanto à regularidade das deduções, cabe ao contribuinte o ônus da prova. DESPESAS MÉDICAS. EFETIVO DESEMBOLSO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual está condicionada à comprovação hábil e idônea dos gastos efetuados, podendo ser exigida a demonstração do efetivo desembolso, que não se considera suprida pela apresentação de extratos bancários que indicariam saques que não coincidem em data e valor com os recibos apresentados. DEDUÇÕES. COMPROVANTES. ÔNUS DA PROVA. INTIMAÇÃO DE TERCEIROS. DESCABIMENTO. Compete ao contribuinte comprovar as deduções da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física que pretendeu efetuar, descabendo à Administração Tributária intimar ou consultar terceiros com o fim de substituir a parte interessada no seu dever probante. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A DRJ acolheu a dedução feita com Unimed, no valor de R$ 1.298,36 e com Clínica de Assistência Médica e Odontológica S/C, no montante de R$ 50,00. Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. 80 a 92, no qual reitera as razões de impugnação, repisando que as despesas estão comprovadas por meio dos documentos anexados. Pede, ao final, seja declarada a nulidade do “auto de infração” e da decisão administrativa de primeira instância, por cerceamento ao seu direito de defesa. Requer, Fl. 103DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 4 outrossim, seja declarada a invalidade do “auto de infração”, tendo em vista a ilegalidade dos parâmetros do julgado e a comprovação das despesas. Às fls. 93 pede a juntada de novos documentos. É o Relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais previstos no Decreto n° 70.235, de 1972. Dele conheço. 1. Da preliminar de nulidade O contribuinte sustenta que o lançamento é nulo porque não identificou as despesas médicas nas quais se fundamentou. Alega que a sua declaração de ajuste alude a 10 pagamentos e beneficiários, cujo valor total supera R$ 40.000,00, sendo que apenas R$ 18.444,36 foram objeto de glosa. Assim sendo, sem a discriminação dos beneficiários e valores correspondentes, é impossível conhecer os parâmetros do fato infracional consignado no termo. Propugna ainda pela nulidade da decisão recorrida, que, não obstante reconhecer a inexistência de descrição dos fatos que fundamentam o lançamento, concluiu não ter havido prejuízo à defesa. Sobre o assunto, cabe, primeiramente, apontar as hipóteses de nulidade dos atos e termos processuais, de acordo com o que prevê o Decreto n.º 70.235, de 1972, que regula o processo administrativo fiscal: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. No âmbito dos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é autoridade competente para promover a ação fiscal o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, nos termos da Lei n.º 11.457, de 2007: Art. 6o São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativofiscal, bem como em processos de consulta, Fl. 104DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10980.000156/200813 Acórdão n.º 210101.663 S2C1T1 Fl. 103 5 restituição ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios fiscais; c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal; e) proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à interpretação da legislação tributária; f) supervisionar as demais atividades de orientação ao contribuinte; II em caráter geral, exercer as demais atividades inerentes à competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (g.n.) O lançamento constante deste processo foi decorrente de revisão de declaração, que gerou uma Notificação de Lançamento, anexada aos autos às fls. 20, 21 frente e verso e 22. Os requisitos de validade da Notificação de Lançamento são aqueles previstos no artigo 11 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que a seguir transcrevese: Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. A Notificação de Lançamento constante dos autos deste processo, lavrada por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (agente competente), preenche todos os requisitos de validade exigidos pela lei que regula o processo administrativo fiscal. O contribuinte está identificado; os fatos enquadrados como infração estão perfeitamente caracterizados e acompanhados da disposição legal infringida, de modo a permitir a ampla defesa do contribuinte; o valor do crédito tributário está especificado, assim como o prazo para recolhimento do valor calculado ou para a impugnação do lançamento. Do exame das peças de defesa e dos documentos acostados aos autos, constatase que, apesar da alegação de que o lançamento não identificou as despesas médicas nas quais se fundamentou, o contribuinte demonstrou ter conhecimento completo e detalhado Fl. 105DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 6 da matéria objeto da Notificação de Lançamento constante deste processo e exerceu plenamente seu direito de defesa por meio da impugnação e do recurso voluntário. Sobre a alegação de nulidade da decisão administrativa de primeira instância, cabe ressaltar, primeiramente, que o artigo 31 do Decreto n.º 70.235, de 1972 (com a redação dada pela Lei n.º 8.748, de 1993), que regula o processo administrativo fiscal, exige os seguintes requisitos, todos eles cumpridos pela decisão a quo: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. Outra razão trazida pelo contribuinte para defender a nulidade da decisão administrativa de primeira instância é a negativa de realização de diligência consistente na intimação dos emitentes dos recibos para ratificação dos pagamentos. Sobre a realização de diligências e perícias, o Decreto n.º 7.574, de 2011, que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União sobre matérias administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, assim prevê: Art. 35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto n.º 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei n.º 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1.º). [...] (g.n.) Art. 36. A impugnação mencionará as diligências ou perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impugnação (Decreto n.º 70.235, de 1972, art. 16, inciso IV, com a redação dada pela Lei n.º 8.748, de 1993, art. 1.º). [...] Do texto do ato regulamentar, acima transcrito, inferese, em primeiro lugar, que a realização de diligências ou perícias é prerrogativa da autoridade julgadora, que poderá determinálas se forem necessárias para a apreciação da matéria em litígio. As diligências e perícias são determinadas pelo julgador para o fim de dirimir questões que entender necessárias à formação de sua convicção, e não para obter provas que cabia ao contribuinte produzir. Além do mais, o pedido de diligência ou perícia, feito na Impugnação, deve ser fundamentado, devendo o requerente formular os quesitos referentes ao exame desejado, acompanhado, no caso de perícia, do nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito, tal como prevê o artigo 36 do Decreto n.º 7.574, de 2011, acima transcrito. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10980.000156/200813 Acórdão n.º 210101.663 S2C1T1 Fl. 104 7 Observase, assim, que, por ser uma faculdade do julgador, a negativa em determinar as diligências e perícias solicitadas não constitui qualquer nulidade, não caracteriza preterição ao direito de defesa do contribuinte. Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou reiteradamente sobre o tema, a exemplo dos julgados cujas ementas e seguir transcrevemse: DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INDEFERIMENTO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. INCABÍVEL. O indeferimento do pedido de diligência ou de perícia não configura cerceamento do direito de defesa do sujeito passivo, sendo incabível a decretação da nulidade da decisão recorrida. (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 3ª Seção de Julgamento. 4ª Câmara. 2ª Turma Ordinária. Acórdão nº 3402 01.043, de 28.2.2011). PERÍCIA. INDEFERIMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O indeferimento de perícia por desnecessária não caracteriza nulidade em função de cerceamento do direito de defesa, quando todos os elementos que embasaram a formalização da exigência estão perfeitamente identificados nos autos. (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 1ª Seção de Julgamento. 1ª Câmara. 2ª Turma Ordinária. Acórdão nº 1102 00.457, de 29.6.2011). Do exame dos autos, constatase que a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba foi exarada de acordo com a legislação que rege o processo administrativo fiscal. Ademais, o voto condutor da citada decisão enfrentou os argumentos da impugnação, fundamentando suas conclusões. Não vislumbro, portanto, o alegado cerceamento ao direito de defesa do sujeito passivo. Ante essas considerações, afasto a preliminar de nulidade do lançamento e da decisão administrativa de primeira instância. 2. Do mérito O lançamento constante deste processo originouse de procedimento de revisão de declaração, previsto no artigo 835 do Decreto n.° 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto sobre a Renda. Tal dispositivo prevê, in verbis: Art. 835. As declarações de rendimentos estarão sujeitas a revisão das repartições lançadoras, que exigirão os comprovantes necessários (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 74). § 1° A revisão poderá ser feita em caráter preliminar, mediante a conferência sumária do respectivo cálculo correspondente à Fl. 107DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 8 declaração de rendimentos, ou em caráter definitivo, com observância das disposições dos parágrafos seguintes. § 2° A revisão será feita com elementos de que dispuser a repartição, esclarecimentos verbais ou escritos solicitados aos contribuintes, ou por outros meios facultados neste Decreto (DecretoLei n°5.844, de 1943, art. 74, § 1°). § 3° Os pedidos de esclarecimentos deverão ser respondidos, dentro do prazo de vinte dias, contados da data em que tiverem sido recebidos (Lei n° 3.470, de 1958, art. 19). § 4° O contribuinte que deixar de atender ao pedido de esclarecimentos ficará sujeito ao lançamento de oficio de que trata o art. 841 (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 74, §3°, e Lei n° 5.172, de 1966, art. 149, inciso III). Os dispositivos acima transcritos autorizam a autoridade fiscalizadora a exigir esclarecimentos sobre o conteúdo da declaração de ajuste do contribuinte. Além disso, mais especificamente, o artigo 73 do Decreto n.º 3.000, de 1999, que tem por matriz legal o artigo 11 do DecretoLei n.º 5.844, de 1943, autorizaa a exigir comprovação ou justificação de todas as deduções pleiteadas pelo contribuinte em sua declaração de ajuste, nos seguintes termos: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). [...]. Sobre a forma como devem ser comprovadas as deduções utilizadas, na declaração de imposto sobre a renda de pessoa física de ajuste, com despesas médicas, vejamos o que diz o artigo 8.º da Lei n.º 9.250, de 1995: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] § 2º O disposto na alínea a do inciso II: [...] II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; Fl. 108DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10980.000156/200813 Acórdão n.º 210101.663 S2C1T1 Fl. 105 9 III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; [...]. Como visto, o artigo 835 do Decreto n.° 3.000, de 1999, cuja matriz legal é o artigo 74 do DecretoLei n.° 5.844, de 1943, autoriza a autoridade fiscal a exigir a comprovação das despesas deduzidas, e o artigo 8.° da Lei n.° 9.250, de 1995, limita a dedução de despesas médicas aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes, sendo que os pagamentos devem ser especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu. O artigo 8.º da Lei n.º 9.250, de 1995, estipula requisitos mínimos necessários para a comprovação das despesas médicas. Não estabelece que essas exigências sejam as únicas possíveis de serem feitas pela autoridade administrativa no exercício da sua função fiscalizadora. A autoridade administrativa pode exigir outras provas a fim de certificar se da pertinência das deduções feitas, a teor do disposto nos artigos 73 e 835 do Decreto n.º 3.000, de 1999, já transcritos. A fim de justificar as deduções a título de despesas médicas lançadas na declaração de ajuste, glosadas pela fiscalização e mantidas na decisão administrativa de primeira instância foram anexados aos autos recibos emitidos por Vânia Massuqueto (R$ 2.300,00, fls. 24 a 26), Regina Elizabeth Galvão Lopes (R$ 4.060,00, fls. 27 a 31) e Luciana de Fátima Ramos (R$ 10.640,00, fls. 32 a 37). Foram também acostados, ainda em sede de impugnação, (i) resultado de exame denominado “tomografia computadorizada da coluna lombar”, com data de 3.5.2004 (ano anterior ao anocalendário), no qual não consta assinatura identificável do médico responsável (fls. 38); e (ii) extratos bancários (fls. 39 a 56). Os recibos anexados aos autos, isoladamente, não cumprem sequer os requisitos mínimos exigidos pela Lei n.º 9.250, de 1995. Para suprir tal deficiência, o contribuinte informou, em sua peça impugnatória, os endereços dos profissionais. Juntamente com o recurso voluntário, o contribuinte anexou documentos emitidos em 6.4.2011 por Unimed, denominados, respectivamente “Retorno da solicitação de procedimento e internamento para intercâmbio”, sem assinatura ou autenticação (fls. 95) e “Guia de serviço profissional serviço auxiliar de diagnóstico e terapia – SP/SADT” (fls. 96 e 97), com descrição parcialmente ilegível (lêse, com clareza, somente “RPG”), no qual consta a informação “procedimento negado pela Unimed origem”. Os extratos bancários anexados às fls. 39 a 56 demonstram que o contribuinte fez, no anocalendário, inúmeros saques que, no cômputo geral, são suficientes para suportar a despesa declarada, apesar de só alguns deles terem datas compatíveis com os montantes discriminados nos recibos médicos. Observase, todavia, que, na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, integrante da Notificação de Lançamento (fls. 21) consta que a glosa das despesas médicas foi feita por falta de comprovação do efetivo desembolso, conforme intimação. A intimação não Fl. 109DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 10 foi juntada aos autos e a notificação de lançamento não informa se, na citada intimação, foram exigidos quaisquer outros documentos comprobatórios da efetiva realização dos serviços, tais como exames, fichas clínicas, declarações ou relatórios médicos nos quais fosse atestada especificamente a doença e o tratamento, além da comprovação do efetivo desembolso. Sendo assim, do exame dos autos, temse que a única exigência feita pela fiscalização foi a comprovação do desembolso e o contribuinte, que alegou ter pago as despesas médicas declaradas “em espécie”, apresentou extratos bancários nos quais constam saques que, se não são totalmente coincidentes nas datas, são, no cômputo geral, em valor suficiente para suportar as despesas declaradas. Por esses motivos, sou por restabelecer as deduções. Conclusão Ante todo o exposto, voto por afastar a preliminar de nulidade do lançamento e da decisão a quo e, no mérito, dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 110DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 21/ 05/2012 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 31/05/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000295/2008-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Mar 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuição Previdenciária
Salário-Educação sobre participação nos lucros Período de apuração: 01/01/1998 a 30/08/2003 RECURSO VOLUNTÁRIO. NÃO CONHECIMENTO. A recorrente requereu a desistência do recurso interposto, eis que ingressou no parcelamento previsto pela Lei nº 11.941/09. RECURSO DE OFÍCIO.
VEDAÇÃO DO REFORMATIO IN PEJUS Vedado em sede de recurso de ofício aplicar prazo decadencial que piore a situação da Fazenda Nacional.
Numero da decisão: 2301-002.637
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto do Relator; b) em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do Relator.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: ADRIANO GONZALES SILVERIO
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NÃO CONHECIMENTO. A recorrente requereu a desistência do recurso interposto, eis que ingressou no parcelamento previsto pela Lei nº 11.941/09. RECURSO DE OFÍCIO. VEDAÇÃO DO REFORMATIO IN PEJUS Vedado em sede de recurso de ofício aplicar prazo decadencial que piore a situação da Fazenda Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto do Relator; b) em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do Relator. Marcelo Oliveira Presidente. Adriano Gonzales Silvério Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (presidente da turma), Damião Cordeiro de Moraes (vicepresidente), Leonardo Henrique Pires Lopes, Mauro José Silva, Bernadete de Oliveira Barros e Adriano Gonzales Silvério. Fl. 333DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 24/05 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO 2 Relatório Tratase de Auto de Infração nº 37.108.2595, o qual exige o valor total originário de R$ 11.644.029,94, referente à parcela devida pelo sujeito passivo, segurados empregados, financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho e as destinadas aos terceiros (SESI, SENAI, SEBRAE, SALÁRIO EDUCAÇÃO e INCRA). De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 39 a 44, a lavratura do aludido Auto de Infração se deve em decorrência da Fiscalização ter apurado a informação de que o fato gerador das contribuições previdenciárias foi o pagamento aos empregados de “Participação nos lucros ou resultados da empresa – PLRE”, sem que tenham sido atendidos os requisitos legais. O sujeito passivo apresentou tempestivamente sua impugnação alegando a ocorrência da decadência sobre o direito da Fiscalização constituir o crédito tributário em tela. Além disso, sustenta ainda o seu direito constitucional de poder excluir do conceito de remuneração os valores pagos aos seus empregados a título de participação nos lucros, desembolsados em decorrência de acordo previamente estabelecido, motivo pelo qual não deveria essa parcela integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias em questão. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo julgou parcialmente procedente a impugnação, apenas para reconhecer, com base na edição da Súmula nº 8 do E. STF, a decadência para as competências entre 01/1998 e 09/2001, declarando extintos os créditos tributários constituídos nesse período, recorrendo de ofício ao presente E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. O contribuinte, por seu turno, interpôs recurso pleiteando a aplicação da decadência de acordo com a Súmula 08 do STF e, posteriormente requereu sua desistência em virtude de ingresso no parcelamento previsto na Lei nº 11.941/09, noticiado às fl. 245 a 300. É o relatório. Voto Conselheiro Adriano Gonzales Silvério Recurso Voluntário Como se depreende da narrativa dos fatos verificase que a ora Recorrente protocolou nos autos do presente processo administrativo o “Pedido de Desistência Recurso Administrativo” (fl. 245 a 300), por meio do qual manifestou expressamente o seu interesse de desistir do seu direito de interposição do Recurso Voluntário na presente demanda administrativa, renunciando, assim, quaisquer alegações de direito sobre as quais se Fl. 334DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 24/05 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO Processo nº 19515.000295/200816 Acórdão n.º 2301002.637 S2C3T1 Fl. 302 3 fundamentam o referido recurso, como requisito para ingresso no parcelamento previsto pela Lei 11.941/09. Diante do exposto não conheço do recurso voluntário. Recurso de Ofício A razão pela qual foi interposto o recurso de ofício decorre do acolhimento da decadência quinquenal, conforme prescreve a Súmula 08 do STF. Na r. decisão recorrida, a autoridade julgadora entendeu por aplicar o prazo previsto no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, declarando decaídas as competências verificadas entre 01/1998 e 09/2001. Entendo que no caso concreto deva ser considerada a totalidade da folha de salários do sujeito passivo, a fim de se verificar a decadência, o que ensejaria a aplicação do artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional, haja vista que o Fisco apenas verificou, no meu entender, que houve recolhimento parcial de tributo, já que lançou apenas valores pagos a título de PLR, considerando, portanto, que houve pagamento das contribuições em relação aos salários e remunerações aos segurados a serviço. Ocorre que, aplicar o artigo 150, § 4º do CTN agravaria a situação do Fisco, pois outras competências seriam alvo da decadência, o que é vedado nessa fase recursal dado o princípio do reformatio in pejus. Ora, se o recorrente devolve a matéria a esse E. Conselho (tantum devolutum, quantum appellatum) objetivando reformar a decisão recorrida para melhor sob o seu ponto de vista, é vedado ao órgão julgador, ao apreciar esse recurso, aplicar solução que piore a sua situação. Assim, em homenagem ao princípio da proibição da reformatio in pejus, nego provimento ao recurso de ofício. Ante o exposto, VOTO no sentido de NÃO CONHECER o recurso voluntário, e quanto o recurso de ofício, NEGOLHE PROVIMENTO, mantendose a decisão a quo tal como proferida. Adriano Gonzales Silvério Relator Fl. 335DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO, Assinado digitalmente em 24/05 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/05/2012 por ADRIANO GONZALES SILVERIO
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