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Numero do processo: 13502.721207/2014-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
LUCRO DA EXPLORAÇÃO. SUDENE. SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO.
O instituto do Lucro da Exploração contém método de cálculo destinado ao isolamento e à extração do resultado de uma determinada atividade do contribuinte, expressa e especificamente sujeita a um benefício fiscal objetivo, não alcançando todas as receitas e despesas da pessoa jurídica.
Mesmo dentro do cenário contábil inaugurado pela Lei nº 11.638/2007 e dos ajustes promovidos pela Lei nº 11.941/2009, os valores percebidos a título de subvenção de investimento não devem compor o cálculo do Lucro da Exploração que trata o art. 19 do Decreto-Lei nº 1.598/77.
Ainda que seja dada pela empresa destinação diversa aos valores percebidos por subvenção de investimento, a determinação legal de sua adição na apuração do lucro real não é capaz de alterar sua natureza jurídica, transmutando-se para subvenção de custeio ou outro componente da receita operacional.
LUCRO DA EXPLORAÇÃO. SUDENE. VENDA DE SUCATA.
Se o benefício objetivo redutor do IRPJ e Adicionais não Restituíveis abarca a fabricação de determinado material ou composto, a sucata feita dessa substância está igualmente abrangida na benesse, devendo a receita percebida pela sua venda compor o Lucro da Exploração.
LUCRO DA EXPLORAÇÃO. SUDENE. RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS.
Não havendo no lançamento de ofício a investigação ou o aprofundamento sobre a origem do tributo efetivamente recuperado pelo contribuinte, compondo a acusação fiscal apenas a discordância sobre a classificação contábil de tal evento, não pode ser, ao longo do processo administrativo, questionado tal fato desconsiderado pela Fiscalização.
O ICMS é tributo que típica e notoriamente onera as operações mercantis das empresas, concorrendo diretamente para o cálculo do lucro operacional. A recuperação de tributos pagos e de despesas deduzidas visa à recomposição do efetivo resultado percebido, em face da redução anteriormente promovida.
O valor da recuperação do ICMS incidente sobre as operações objeto de benefício fiscal redutor do IRPJ e Adicionais não Restituíveis deve compor o Lucro da Operação.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2010
PENALIDADES. PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. MULTA DE OFÍCIO.
O conhecimento de alegações referentes a violação de princípios constitucionalmente prestigiados, como fundamento para o afastamento ou redução de multas, é vedado aos membros deste E. CARF, seja por força do art. 26-A do Decreto nº 70.235/72 ou da Súmula CARF nº 2.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2010
FALTA DE DECLARAÇÃO DE RECEITAS ESCRITURADAS. IMPROCEDÊNCIA.
Na receita informada na DIPJ não se incluem o IPI e o ICMS Substituição Tributária. Comprovado que a receita efetivamente tributável declarada não foi inferior à receita escriturada, deve ser cancelada a exigência.
Numero da decisão: 1402-002.605
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para exonerar o crédito tributário referente a inclusão das receitas com venda de sucatas e recuperação de créditos tributários no cálculo do Lucro da Exploração.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Caio Cesar Nader Quintella - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: CAIO CESAR NADER QUINTELLA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010 LUCRO DA EXPLORAÇÃO. SUDENE. SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO. O instituto do Lucro da Exploração contém método de cálculo destinado ao isolamento e à extração do resultado de uma determinada atividade do contribuinte, expressa e especificamente sujeita a um benefício fiscal objetivo, não alcançando todas as receitas e despesas da pessoa jurídica. Mesmo dentro do cenário contábil inaugurado pela Lei nº 11.638/2007 e dos ajustes promovidos pela Lei nº 11.941/2009, os valores percebidos a título de subvenção de investimento não devem compor o cálculo do Lucro da Exploração que trata o art. 19 do Decreto-Lei nº 1.598/77. Ainda que seja dada pela empresa destinação diversa aos valores percebidos por subvenção de investimento, a determinação legal de sua adição na apuração do lucro real não é capaz de alterar sua natureza jurídica, transmutando-se para subvenção de custeio ou outro componente da receita operacional. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. SUDENE. VENDA DE SUCATA. Se o benefício objetivo redutor do IRPJ e Adicionais não Restituíveis abarca a fabricação de determinado material ou composto, a sucata feita dessa substância está igualmente abrangida na benesse, devendo a receita percebida pela sua venda compor o Lucro da Exploração. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. SUDENE. RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. Não havendo no lançamento de ofício a investigação ou o aprofundamento sobre a origem do tributo efetivamente recuperado pelo contribuinte, compondo a acusação fiscal apenas a discordância sobre a classificação contábil de tal evento, não pode ser, ao longo do processo administrativo, questionado tal fato desconsiderado pela Fiscalização. O ICMS é tributo que típica e notoriamente onera as operações mercantis das empresas, concorrendo diretamente para o cálculo do lucro operacional. A recuperação de tributos pagos e de despesas deduzidas visa à recomposição do efetivo resultado percebido, em face da redução anteriormente promovida. O valor da recuperação do ICMS incidente sobre as operações objeto de benefício fiscal redutor do IRPJ e Adicionais não Restituíveis deve compor o Lucro da Operação. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2010 PENALIDADES. PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. MULTA DE OFÍCIO. O conhecimento de alegações referentes a violação de princípios constitucionalmente prestigiados, como fundamento para o afastamento ou redução de multas, é vedado aos membros deste E. CARF, seja por força do art. 26-A do Decreto nº 70.235/72 ou da Súmula CARF nº 2. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2010 FALTA DE DECLARAÇÃO DE RECEITAS ESCRITURADAS. IMPROCEDÊNCIA. Na receita informada na DIPJ não se incluem o IPI e o ICMS Substituição Tributária. Comprovado que a receita efetivamente tributável declarada não foi inferior à receita escriturada, deve ser cancelada a exigência.
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SUDENE. SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO. O instituto do Lucro da Exploração contém método de cálculo destinado ao isolamento e à extração do resultado de uma determinada atividade do contribuinte, expressa e especificamente sujeita a um benefício fiscal objetivo, não alcançando todas as receitas e despesas da pessoa jurídica. Mesmo dentro do cenário contábil inaugurado pela Lei nº 11.638/2007 e dos ajustes promovidos pela Lei nº 11.941/2009, os valores percebidos a título de subvenção de investimento não devem compor o cálculo do Lucro da Exploração que trata o art. 19 do DecretoLei nº 1.598/77. Ainda que seja dada pela empresa destinação diversa aos valores percebidos por subvenção de investimento, a determinação legal de sua adição na apuração do lucro real não é capaz de alterar sua natureza jurídica, transmutandose para subvenção de custeio ou outro componente da receita operacional. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. SUDENE. VENDA DE SUCATA. Se o benefício objetivo redutor do IRPJ e Adicionais não Restituíveis abarca a fabricação de determinado material ou composto, a sucata feita dessa substância está igualmente abrangida na benesse, devendo a receita percebida pela sua venda compor o Lucro da Exploração. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. SUDENE. RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. Não havendo no lançamento de ofício a investigação ou o aprofundamento sobre a origem do tributo efetivamente recuperado pelo contribuinte, compondo a acusação fiscal apenas a discordância sobre a classificação AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 72 12 07 /2 01 4- 16 Fl. 10307DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 273 2 contábil de tal evento, não pode ser, ao longo do processo administrativo, questionado tal fato desconsiderado pela Fiscalização. O ICMS é tributo que típica e notoriamente onera as operações mercantis das empresas, concorrendo diretamente para o cálculo do lucro operacional. A recuperação de tributos pagos e de despesas deduzidas visa à recomposição do efetivo resultado percebido, em face da redução anteriormente promovida. O valor da recuperação do ICMS incidente sobre as operações objeto de benefício fiscal redutor do IRPJ e Adicionais não Restituíveis deve compor o Lucro da Operação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010 PENALIDADES. PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. MULTA DE OFÍCIO. O conhecimento de alegações referentes a violação de princípios constitucionalmente prestigiados, como fundamento para o afastamento ou redução de multas, é vedado aos membros deste E. CARF, seja por força do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 ou da Súmula CARF nº 2. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 FALTA DE DECLARAÇÃO DE RECEITAS ESCRITURADAS. IMPROCEDÊNCIA. Na receita informada na DIPJ não se incluem o IPI e o ICMS Substituição Tributária. Comprovado que a receita efetivamente tributável declarada não foi inferior à receita escriturada, deve ser cancelada a exigência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para exonerar o crédito tributário referente a inclusão das receitas com venda de sucatas e recuperação de créditos tributários no cálculo do Lucro da Exploração. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Relator. Fl. 10308DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 274 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). Fl. 10309DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 275 4 Relatório Tratase de Recurso de Ofício e Recurso Voluntário (fls. 10147 a 10297) interpostos contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Recife/PE (fls. 10125 a 10134) que cancelou parcialmente as Autuações sofridas pelo Contribuinte (fls. 02 a 75), rejeitando parte dos termos da Impugnação apresentada (fls. 10097 a 10117). O processo versa sobre exações de IRPJ e CSLL, referentes ao ano calendário de 2010, acompanhadas de multa de ofício, lançadas em face da empresa NORDESTE INDUSTRIA COMERCIO LTDA, que, nos termos dos Laudos Constitutivos nº 58/2008 e nº 59/2008 emitidos pela extinta SUDENE (fls. 10049 a 10055), possui benefício redutor de 75% do Imposto de Renda e Adicionais não Restituíveis, calculados sobre Lucro da Exploração, referentes à fabricação de caixas d'água de polietileno e fibra de vidro com resina, assim como à fabricação de polietilenos. As acusações fiscais que sustentam as Autuações se resumem à constatação da superestimação do Lucro da Exploração e da suposta falta de declaração de receitas escrituradas (essa última, afastada pela DRJ integralmente). Melhor esclarecendo, em relação à superestimação do Lucro da Exploração, esta operouse através da não exclusão de seu cálculo, previsto art. 19 no DecretoLei nº 1.598/77, das receitas provenientes de subvenção de investimento, venda de sucata e recuperação de créditos tributários. Por sua vez, a suposta ausência de declaração de receitas escrituradas foi depreendida do confronto da DIPJ do contribuinte com seus Livros e documentos contábeis, sendo extraída a diferença lançada por simples cálculo. Intimado do lançamento de ofício, o Contribuinte ofertou Impugnação (fls. 10097 a 10117) alegando, em suma, que não houve a inclusão indevida de receitas no cálculo do Lucro da exploração, vez que todas aquelas entradas se caracterizariam como receitas operacionais (ou constitutivas do lucro operacional), não havendo previsão para sua exclusão daquele cálculo, não se enquadrando tais eventos como "outras receitas" mencionadas no art. 187, inciso IV, da Leis da S/A. Fl. 10310DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 276 5 Em relação à falta de declaração de receitas escrituradas, esclarece e demonstra a Recorrente que a diferença encontrada pela Fiscalização referese a valores de IPI e ao ICMS Substituição Tributária, que devem ser excluídos da Receita declarada na DIPJ de 2011 (como a própria Receita Federal do Brasil instrui os contribuintes). E quando do pedido, requer, no caso de manutenção das Autuações, a redução da multa de 75%, por ser a sua monta confiscatória. Ato contínuo, o processo foi encaminhado à 3ª Turma de Julgamento da DRJ/REC, que julgou apenas parcialmente procedente o lançamento, excluindo a parcela do crédito referente à falta de declaração de receitas, entendendo ser totalmente procedente a alegação do Contribuinte nesse tópico. Confirase a ementa daquele julgado a quo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 FALTA DE DECLARAÇÃO DE RECEITAS ESCRITURADAS. IMPROCEDÊNCIA. Na receita informada na DIPJ não se incluem o IPI e o ICMS Substituição. Comprovado que a receita declarada não foi inferior à receita escriturada, cancelase a exigência a esse título. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. RECEITAS DE ATIVIDADES NÃO INCENTIVADAS. Somente integrarão o lucro da exploração as receitas decorrentes da atividade incentivada do sujeito passivo, devendo ser excluídas as demais receitas não alcançadas por esse benefício. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 FALTA DE DECLARAÇÃO DE RECEITAS ESCRITURADAS. IMPROCEDÊNCIA. Na receita informada na DIPJ não se incluem o IPI e o ICMS Substituição. Comprovado que a receita declarada não foi inferior à receita escriturada, cancelase a exigência a esse título. Impugnação Procedente em Parte Fl. 10311DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 277 6 Crédito Tributário Mantido em Parte Diante de tal revés parcial, a ora Recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 10147 a 10297), trazendo novas alegações e documentos ao contencioso. Neste arrazoado, individualmente trata de cada receita considerada pela Fiscalização como superestimação do Lucro da Exploração. Em relação à subvenção de investimento, inovando, noticia que, não obstante tais valores recebidos tratarem legitimamente de tal modalidade financiamento público, teria a Companhia direcionadoos para a composição de lucros distribuídos aos seus sócios como dividendos. Assim, entende que diante desse desvio, forçosamente tais valores devem compor o lucro operacional, senda esta a causa de sua não exclusão do Lucro da Operação. Além disso, reitera que, de qualquer forma, as subvenções de investimento não se enquadrariam no conceito de "outras receitas" a serem excluídas do cálculo especial. No que tange à sucata vendida, alega ser esta residualmente oriunda da própria fabricação das caixas d'água de polietileno, o que atente à condição do benefício redutor do IRPJ, bem como seria o entendimento deste E. CARF que a venda de sucata proveniente da atividade industrial principal do contribuinte elemento compositor da receita bruta operacional. Ainda, em relação aos créditos tributários recuperados, seriam estes referentes a tributos anteriormente incidentes em vendas relacionadas à sua atividade principal (ICMS), incentivada, e expressamente o art. 44, inciso III da Lei nº 4.506/64 classifica tal evento como receita bruta operacional. Reitera no pedido a redução da multa de 75%, caso mantido o crédito exigido. Acosta aos autos nova documentação, trazendo a parte A do LALUR, Balancetes do período colhido e notas fiscais de venda de sucata. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 10312DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 278 7 Voto Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella Relator O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. O Recurso de Ofício foi expressamente interposto no v. Acórdão recorrido, atendendo aos requisitos da Portaria MF nº 63/2017. Recurso Voluntário Não havendo matéria preliminar, passo ao mérito. A Fiscalização fundamentou a suposta superestimação do Lucro da Exploração de maneira genérica, aplicando o mesmo entendimento a todos os valores questionados (subvenção de investimento, venda de sucata e recuperação de créditos de tributos), à luz das disposições do art. 19 do Decreto Lei nº 1.598/77 e do Decreto nº 64.214/69, afirmando que estes não são receitas da atividade incentivada e estariam claramente incluídos na classificação de outras receitas, devendo ser excluídos do cálculo para a obtenção da base do benefício. Também invoca a interpretação literal prevista no art. 111 do CTN e traz precedentes do E. CARF sobre tema, que arrimam a sua conclusão. O v. Acórdão endossa o mesmo posicionamento, valendose da mesma fundamentação jurídica geral para todos os valores questionados, acrescentando ao fundamento previsões do MAJUR do período, da IN nº 267/2002, do Parecer Normativo CST nº 13/1980 e a Solução de Consulta nº 26/2012 da 3ª Região Fiscal. Ao seu turno, em sede de Recurso Voluntário, a ora Recorrente modifica e incrementa os termos de sua defesa, individualmente argumentando sobre a licitude da Fl. 10313DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 279 8 manutenção de cada um dos valores no cálculo do Lucro da Exploração, trazendo novas informações, esclarecimentos e documentos. Assim, para uma resolução mais clara da demanda, adotase a mesma ordem argumentativa do Contribuinte. Em relação à subvenção de investimento, no Recurso Voluntário é feita longa e vasta explanação sobre as características do programa estadual de incentivo (DESENVOLVE Bahia) e demonstra, valendose de doutrina e jurisprudência administrativa, tratarse legitimamente dessa modalidade ao invés de subvenção de custeio ou operação. Desde já frisese que não foi questionado, seja no lançamento de ofício ou mesmo no v. Acórdão, a natureza da subvenção, sendo tratada sempre como de investimento, revelando ser tal fato incontroverso e, consequentemente, inócuas tais considerações e apontamentos. Adentrando o mérito, a Recorrente chega até a afirmar que subvenções de investimento, de acordo com o MAJUR 2011, apesar de não se enquadrarem na classificação de outras receitas (aqui, mantendo a argumentação da Impugnação) utilizada pela legislação especial sobre Lucro da Exploração, deveriam ser expurgadas de tal cálculo (nesse ponto, contradizse e cambia a sua linha de defesa): Então, a Recorrente traz nova informação, afirmando que a Sociedade autuada destinou os valores referentes ao DESENVOLVE à formação de lucros distribuídos Fl. 10314DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 280 9 como dividendos aos sócios, desvirtuando a finalidade do instituto (não há prova cabal de tal fato, frisese). E, posto tal premissa, a Recorrente afirma, expressa e textualmente, que, uma vez destinados os valores à remuneração dos titulares da Companhia, as rubricas referentes ao incentivo foram descaracterizadas do conceito de "investimento". E, uma vez desnaturadas, essas se revestiriam de receita operacional, assim, por força dos arts. 443 e 545 do RIR/99, passariam a compor o lucro operacional da empresa. E por tal motivo, incluindo a força normativa de tais dispositivos, não as excluiu do cálculo do Lucro da Exploração. Pois bem, o Lucro da Exploração pode ser definido como um método para o isolamento e a extração dos resultados de uma determinada atividade do contribuinte, especificamente sujeita à um benefício objetivo, não abrangendo todas as atividades da pessoa jurídica. Sua composição e cálculo estão previstas no art. 19 do Decreto Lei nº 1.598/77, reproduzido abaixo com a sua redação vigente no anocalendário de 2010: Art. 19. Considerase lucro da exploração o lucro líquido do períodobase, ajustado pela exclusão dos seguintes valores: I a parte das receitas financeiras que exceder das despesas financeiras, sendo que, no caso de operações prefixadas, considerase receita ou despesa financeira a parcela que exceder, no mesmo período, à correção monetária dos valores aplicados; II os rendimentos e prejuízos das participações societárias; e III – outras receitas ou outras despesas de que trata o inciso IV do caput do art. 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; (destacamos) Como acima se destacou, a remissão feita aos termos outras receitas ou outras despesas, contida no art. 187 da Lei das S/A, é o fruto de maior controvérsia: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: Fl. 10315DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 281 10 I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; VII o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. (destacamos) No caso, o benefício de redução de IRPJ e Adicionais de 75% que goza o Contribuinte se refere a: fabricação de caixas d'água de polietileno e fibra de vidro com resina, assim como fabricação de polietilenos (fls. 10049 a 10055). Analisando primeiramente a alegação da Recorrente de que as subvenções de investimento não compõem as outras receitas mencionadas no inciso III do art. 19 do Decreto Lei nº 1.598/77, cabe aqui uma breve digressão sobre a alteração de sua redação pela Lei nº 11.638/2007 e pela Lei nº 11.941/2009. Primeiramente, a alínea "d" do art. 1821 da Lei das S/A, que expressamente determinava o registro de subvenções para investimento na conta do Capital Social, como 1 Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures; Fl. 10316DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 282 11 Reserva de Capital, foi revogado pela Lei nº 11.638/2007. Observe que a alteração foi puramente de norma contábil e não tributária. E, posteriormente, dentro do contexto de transição e ajuste, que culminaram ulteriormente na implementação do IFRS no Brasil, a Lei nº 11.941/2009 (MP nº 449/2008) alterou tanto a redação do inciso IV da art. 1872 da Lei das S/A como a do inciso III do art. 19 do DecretoLei nº 1.598/77, substituindo os termos os resultados não operacionais por as outras receitas e as outras despesas. Aqui cabe demonstrar que a alteração feita no dispositivo que trata do Lucro da Exploração ocorreu por mera decorrência e espelhamento à alteração contábil promovida na Lei das S/A, vez que o art. 19 do DecretoLei nº 1.598/77 já repetia a redação do dispositivo alterado (passando, então, a fazer remissão e apontamento expresso a tal dispositivo, após a edição da Lei nº 11.941/2009). Ainda nesse cenário transitório, diante da inserção do art. 195A na Lei das S/A, pelo advento da Lei nº 11.638/20073 e também por força das disposições da Lei nº 11.941/2009, os valores referentes às subvenções de investimento passaram a transitar pelo resultado das empresas não obstante o próprio art. 184 da Lei nº 11.941/2009 prever a sua d) as doações e as subvenções para investimento. c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007) d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007) 2 Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; (Redação dada pela Lei nº 9.249, de 1995) ALTERADO IV o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008) 3 Art. 195A. A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta Lei). (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) 4 Art. 18. Para fins de aplicação do disposto nos arts. 15 a 17 desta Lei às subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e às doações, feitas pelo Poder Público, a que se refere o art. 38 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, a pessoa jurídica deverá: I – reconhecer o valor da doação ou subvenção em conta do resultado pelo regime de competência, inclusive com observância das determinações constantes das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, no uso da Fl. 10317DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 283 12 exclusão do LALUR e manutenção em conta de Reserva de Lucros (Reserva de Incentivos Fiscais), caso não haja destinação diversa do numerário. Frisese que, antes de tais alterações, não estaríamos diante da presente celeuma, pois os valores referentes a tal subvenção deviam, expressamente, ser registrados na conta do Capital Social (patrimonial) e, consequentemente, não havia determinação de sua adição ao resultado. Contudo, diante desse novo cenário, é certo que as mencionadas alterações trazidas pela Lei nº 11.941/2009 (instituindo o RTT) vieram para promover a neutralidade tributária diante das inovações contábeis, anteriormente inauguradas pela Lei nº 11.638/2007. Confirase trecho da exposição de motivos da MP nº 449/2008 (convertida na Lei nº 11.941/2009): 8. A Lei nº 11.638, de 2007, foi publicada no Diário Oficial da União de 28 de dezembro de 2007, e entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2008, sem a adequação concomitante da legislação tributária. Esta breve vacatio legis e a alta complexidade dos novos métodos e critérios contábeis instituídos pelo referido diploma legal muitos deles ainda não regulamentados têm competência conferida pelo § 3º do art. 177 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, no caso de companhias abertas e de outras que optem pela sua observância; II – excluir do Livro de Apuração do Lucro Real o valor decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, reconhecido no exercício, para fins de apuração do lucro real; III – manter em reserva de lucros a que se refere o art. 195A da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, a parcela decorrente de doações ou subvenções governamentais, apurada até o limite do lucro líquido do exercício; IV – adicionar no Livro de Apuração do Lucro Real, para fins de apuração do lucro real, o valor referido no inciso II do caput deste artigo, no momento em que ele tiver destinação diversa daquela referida no inciso III do caput e no § 3o deste artigo. § 1o As doações e subvenções de que trata o caput deste artigo serão tributadas caso seja dada destinação diversa da prevista neste artigo, inclusive nas hipóteses de: I – capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais para investimentos; II – restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, nos 5 (cinco) anos anteriores à data da doação ou da subvenção, com posterior capitalização do valor da doação ou da subvenção, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou de subvenções governamentais para investimentos; ou III – integração à base de cálculo dos dividendos obrigatórios. Fl. 10318DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 284 13 causado insegurança jurídica aos contribuintes. Assim, fazse mister a adoção do RTT, conforme definido nos arts. 15 a 22 desta Medida Provisória, para neutralizar os efeitos tributários e remover a insegurança jurídica. 9. O processo de harmonização das normas contábeis nacionais com os padrões internacionais de contabilidade objetivo maior da Lei nº 11.638, de 2007 deve prolongarse pelos próximos anos, razão pela qual, há necessidade de que o RTT não seja aplicável apenas no ano de 2008, mas também no ano de 2009, e, se necessário, nos anos subseqüentes, quando, então, ao se descortinar o novo padrão da contabilidade empresarial a ser adotado no País, possase regular definitivamente o modo e a intensidade de integração da legislação tributária com os novos métodos e critérios internacionais de contabilidade. Nesse contexto, o § 1º do art. 15 da proposição em tela prevê a aplicação do RTT até que seja editada lei regulando definitivamente os efeitos tributários das mudanças nos critérios contábeis, a qual pretendese que seja neutra, ou seja, que não afete a carga tributária. E especificamente sobre as subvenções de investimento: 11. O art. 38 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, isenta do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ as importâncias relativas a subvenções para investimento e doações recebidas do Poder Público, bem como o prêmio na emissão de debêntures, desde que tais valores sejam mantidos em reserva de capital. O Estado abre mão da tributação para capitalizar a empresa, razão pela qual tal valor deve ser mantido em reserva e não distribuído sob qualquer forma. Ocorre, porém, que o art. 195A, inserido pela Lei nº 11.638, de 2007, na Lei nº 6.404, de 1976, criou um obstáculo ao gozo da isenção, ao determinar que tais valores transitem pelo resultado da empresa e que possam compor a base de cálculo dos dividendos obrigatórios. Assim, para que tais isenções sejam mantidas sem perder a finalidade para a qual foram criadas a capitalização das empresas são propostos os arts. 18 e 19 do Projeto, os quais excluem tais valores da base tributável do imposto de renda, desde que mantidos em reservas de lucros, ainda que tenham transitado pelo resultado da empresa. Como se vê, o trânsito destes valores pelo resultado das empresas é consequência exclusiva da modificações de classificações contábeis, tendo que ser mecanicamente neutralizado, por expressamente (como se verifica da exposição de motivos colacionada) ser a sua tributação indesejada e alheia à dinâmica do sistema jurídico tributário. Fl. 10319DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 285 14 Assim, retornando aos aspectos concretos da demanda, para a Recorrente não estariam os valores da subvenção de investimento contidos no novo conceito de outras receitas e as outras despesas, não devendo ser excluídos do lucro líquido no cálculo do Lucro da Exploração. Como mencionado, o art. 19 do DecretoLei nº 1.598/77 expressamente remete ao mencionado dispositivo da Lei das S/A que trata da demonstração do resultado do exercício, o qual determina que lá conste o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas. Observe que, nessa simples redação, as outras receitas e despesas estão em contraposição ao termo lucro ou prejuízo operacional, no sentido de não lhe compor (da mesma forma como na redação anterior da norma mencionavase as receitas e despesas não operacionais). Apesar de após a edição da Lei nº 11.638/2011, contabilmente, todas receitas passarem a ser consideras operacionais em alinhamento do com os ditames internacionais, o art. 277 do RIR 995 defini o Lucro Operacional como o resultado das atividades, principais ou acessórias, que constituam objeto da pessoa jurídica. Constatase que, dentro de seu conceito jurídico, o lucro operacional é formado por elementos diretamente relacionados ao exercício das atividades empresariais, mercantis e transacionais, registradas e efetivadas como seu objeto. Na sua composição positiva ficam de fora as eventuais receitas que não sejam vinculadas ao desempenho mercantil de sua atividade. Desse modo, observando tal conceito legal tributário, mesmo transitando pelo resultado, sendo considerados pela contabilidade como receita, os recursos recebidos por companhia a título de subvenção de investimento, sem dúvidas, ficam à margem de tal classificação. O próprio termo subvenção, que se aproxima e remete aos conceitos de auxílio, subsídio e patrocínio, denota sua origem externa e desvinculada das atividades empresariais, capitalistas, da sociedade. No caso, as subvenções de investimento nada mais são do que uma transferência de capital do Poder Público para o ente privado. 5 Norma tributária originalmente veiculada pelo art. 11 do DecretoLei nº 1.598/77. Fl. 10320DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 286 15 Posto isso, para fins tributários, mesmo dentro das novas regras contábeis, não podem as subvenções de investimento serem confundidas com qualquer elemento formador do lucro operacional. Há de se lembrar que a nova legislação contábil e aquela de transição, de um ponto de vista objetivo, trocaram diretamente os termos resultados não operacionais do art. 19 do DecretoLei nº 1.598/77 por as outras despesas e as outras receitas para fins de coerência e adaptação terminológica. E, não obstante tal correspondência e tendo em vista que antes as subvenções de investimento não transitavam pelo resultado, em exercício hipotético, como se necessária e obrigatória fosse a sua classificação como receita previamente à nova classificação contábil, certamente tais valores se enquadrariam como receita nãooperacional, por sua origem desvinculada dos objetos, principais e mesmo acessórios, das empresas. Nesse sentido, confirase a lição de Paulo Viceconti e Silvério das Neves6 sobre esta alteração nas demonstrações financeiras, dentro do novo contexto contábil: 12.3.2.3 Antigas receitas e despesas não operacionais A partir da convergência para as Normas Internacionais de Contabilidade, todas as receitas e despesas da entidade são consideradas operacionais, de modo que esse item da demonstração de resultado antiga agora está classificado como outras receitas e despesas operacionais (destacamos). E, agora concretamente, dentro desse novo ambiente contábil, o próprio CPC 07 (aprovado em 03 de outubro de 2008) e seu diploma sucessor, CPC 07(R1) (aprovado em 05 de novembro de 2010) esclarecem, de modo claro, que as subvenções de investimento, na forma como tratadas pelo Contribuinte em sua contabilidade, são classificadas como outras receitas ou despesas: Apresentação da subvenção na demonstração do resultado 29. A subvenção é algumas vezes apresentada como crédito na demonstração do resultado, quer separadamente sob um título geral tal como "outras receitas", quer, alternativamente, como dedução da despesa relacionada. A subvenção, seja por 6 Contabilidade Básica. 17 Ed. rev. e atual. São Paulo : Saraiva, 2017. p. 397. Fl. 10321DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 287 16 acréscimo de rendimento proporcionado ao empreendimento, ou por meio de redução de tributos ou outras despesas, deve ser registrada na demonstração do resultado no grupo de contas de acordo com a sua natureza. (destacamos) Ainda que não veicule norma tributária ou contábil, mas guardando considerável valor para a análise da conduta do Contribuinte autuado, o próprio perguntas e respostas da DIPJ 2011 (referente ao anocalendário de 2010), classifica, já dentro no novo contexto contábil e de obrigatoriedade do RTT, as receitas referentes a subvenções de investimento como receitas não operacionais. Confirase: 002 De acordo com a legislação fiscal, todos os resultados não operacionais deverão ser computados na determinação do lucro real? Não. A legislação do imposto de renda prevê que, em bora considerados contabilmente, não deverão ser computados, para efeito da apuração do lucro real, os seguintes resultados não operacionais (deverão ser adicionados ou excluídos do lucro líquido, conforme o caso, quando tiverem sido contabilizados em conta de resultado): a) as contribuições de subscritores de valores mobiliários recebidas a título de ágio na emissão de ações por preço superior ao valor nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem valor nominal destinadas à formação de reservas de capital; o valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; o prêmio na emissão de debêntures; e o lucro ou prejuízo na venda de ações em tesouraria; b) as subvenções para investimentos, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e doações do Poder Público; c) o capital das apólices de seguros ou pecúlios em favor da pessoa jurídica, recebidos por morte de sócio; e d) o acréscimo ou a diminuição do valor de patrimônio líquido de investimento, decorrente de ganho ou perda de capital por variação na percentagem de participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada. (destacamos) Posto isso, é certa a inclusão dos valores referentes a subvenção de investimento no conceito de outras receitas e outras despesas empregado pelo art. 19 do DecretoLei nº 1.598/77, devendo ser excluídos do cálculo do Lucro da Exploração. Fl. 10322DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 288 17 Em acréscimo, o benefício concedido pela SUDENE ao Contribuinte é objetivo (referente a atividades empresariais produtivas determinadas) e não subjetivo (referente à pessoa jurídica). Ao seu turno, as subvenções de investimento são entregues às pessoas jurídicas visando à implantação e/ou expansão do empreendimento, como um todo, fato este que, combinado com o art. 111 do CTN, já invocado nesta lide, chancela e reforça a necessidade de exclusão de tais valores do Lucro da Exploração. Mesmo que especificamente tratando de valores referentes a aluguéis, mas versando sobre a mesma matéria em tela, alcançando a mesma conclusão interpretativa pelo fundamento imediatamente acima explanado, confirase o Acórdão nº 1201.000.995, de votação unânime da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara desta 1ª Seção, de relatoria do I. Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, publicado em 24/10/2010: Fl. 10323DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 289 18 Agora, esgotando o tema, em relação ao fato de a Recorrente, supostamente, ter dado destinação diversa aos valores da subvenção, utilizandoos para a composição da distribuição de lucros aos sócios, temos que isso não tem o condão de alterar a sua natureza jurídica. Fl. 10324DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 290 19 É certo que o art. 44 da Lei nº 4.506/647 determina que integrará a receita bruta operacional as subvenções correntes, para custeio ou operação, mas os institutos em questão não se confundem ou se transmutam finalisticamente. As subvenções de custeio e operação, diferentemente da de investimento, mesmo quando oferecidas pelo Poder Púbico, têm na sua origem concessiva uma desvinculação de sua aplicação para o desenvolvimento e a implementação do negócio da pessoa jurídica, simplesmente financiando a operação existente da empresa. Desse modo, a natureza jurídica da subvenção está condicionada e vinculada aos termos da sua concessão e aos objetivos almejados pelo Ente estatal, aperfeiçoandose previamente à aplicação do recurso pela pessoa jurídica beneficiada. Ainda que quando os recursos de uma subvenção de investimento têm destinação diversa seu valor deve ser ofertado à tributação pelo IRPJ e pela CSLL (assim como as subvenções de custeio), tal ocorrência fática e comando legal não são capazes de revestila de subvenção de custeio e nem de receita operacional. Observe que essa norma que determina a oferta da subvenção de investimento desvirtuada à tributação está contida no inciso IV do art. 18 da Lei nº 11.941/2009 (que compõe o RTT), determinando simplesmente a sua adição ao Livro de Apuração do Lucro Real para fins de apuração do lucro real, não apontando a sua natureza jurídica e nem mencionando a sua classificação como de receita operacional tratandoa como mera adição ao lucro líquido (que ocorre posteriormente à obtenção do resultado operacional). Como consta da exposição de motivos antes colacionada e comentada, a determinação de exclusão ou adição dos valores de subvenção de investimento para o cálculo do Lucro Real é fruto de mero ajuste legal para promover a neutralidade das alterações das normas contábeis introduzidas inicialmente pela Lei nº 11.638/2007, não se prestando para 7 Art. 44. Integram a receita bruta operacional: I O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria; II O resultado auferido nas operações de conta alheia; III As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões; IV As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. Fl. 10325DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 291 20 constituir ou desconstituir conceitos tributários e alterar a natureza jurídica de eventos verificados. Confirmando, o §7º do art. 177 da Lei nº 6.404/76, incluído pela Lei nº 11.638/2007 dispões que os lançamentos de ajuste efetuados exclusivamente para harmonização de normas contábeis, nos termos do §2º deste artigo, e as demonstrações e apurações com eles elaboradas não poderão ser base de incidência de impostos e contribuições nem de quaisquer outros efeitos tributários (destacamos). Assim, diante disso, fica, mais uma vez, clara a necessidade de exclusão dos valores de subvenção de investimento recebidos pelo Contribuinte do cálculo do Lucro da Exploração, independentemente da sua destinação, devendo ser mantido o lançamento de ofício em relação à exação correspondente. Superado tal ponto, no que tange aos valores provenientes de venda de sucata, notase que a Autoridade Fiscal não entrou no mérito da composição física ou da natureza dos artigos vendidos, tratandoos simplesmente como sucata, entendendo que tal atividade estaria fora do alcance do benefício concedido, por não estar incluído no objeto principal da Empresa. Por outro lado, a Recorrente trouxe excertos de contas do Livro Razão e cópias de Notas Fiscais, cujos valores lá expressos demonstram tratarse do preciso montante autuado em relação a tal receita8, então mantida no cálculo Lucro da Exploração (R$ 27.937,50). Ainda, tais documentos fiscais (fls. 10266 a 10268) indicam textualmente na descrição do produto Sucata de Polietileno (Caixa D'Agua), além das demais informações da operação onerosa de saída, o que denota, também, não tratarse de mero trânsito entre filiais do Contribuinte. Desse modo, independente da alegação de que existe entendimento jurídico, inclusive neste E. CARF, que a venda de sucata compõe a receita operacional bruta das empresas quando tal subproduto é decorrente da atividade principal da empresa, tais elementos de prova já bastam para a solução da questão. 8 Embora a Autoridade Fiscal não tenha discriminado individualmente os valores da subvenção de investimento, da venda de sucatas e da recuperação de créditos tributários, a partir do valor total da superestimação do Lucro da Exploração constante na Planilha de cálculo que instrui o TVF fls. 70 em confronto comparativo com os trechos do Livro Razão, das Notas Fiscais e dos Balancetes, pode se estabelecer com plena segurança os valores individualizados de Subvenção de Investimento: R$ 18.740.735,22; Venda de Sucata: R$ 27.937,50; Recuperação de Créditos de ICMS: R$ 18.657,52. Fl. 10326DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 292 21 Nesse sentido, consta dos autos às fls. 10055 um Laudo da SUDENE que concede um dos benefícios objetivos sobre o resultado da fabricação de polietilenos. Observe se que a Autoridade Concedente do benefício decidiu abarcar na atividade contemplada a produção de um composto, resultando em grande abrangência da redução ofertada. Ressaltese que não há qualquer irregularidade ou ilegalidade em tal opção do Concedente. Não havendo contestação do Fisco sobre a natureza, composição e a origem da sucata, estando presente prova satisfatória e precisa de que tal valor colhido no lançamento de ofício advém da comercialização de material feito de polietileno (independentemente de ser sucata ou não), tal receita deve compor o cálculo do Lucro da Exploração, na forma como procedeu a Recorrente. Posto isso, nesse ponto, as Autuações apresentamse improcedentes, devendo ser cancelada tal porção da exação. Ainda em relação ao julgamento do Recurso Voluntário, no que tange à recuperação de créditos tributários, a Fiscalização não procedeu a qualquer outra análise ou ponderação além de qualificar tal ressarcimento como outras despesas, não averiguando ou explicando sua origem. Ao seu turno, a Recorrente afirma se tratar de recuperação de créditos de ICMS, como registrado em seu Livro Razão, oriundos da tributação sobre suas operações mercantis incluídas no benefício, sendo a classificação contábiltributária de recuperação de tributos receita operacional (bruta), arrimando suas alegações em normas federais e precedente do E. STJ. É certo que, dedicandose a Recorrente exclusivamente à comercialização de caixas d'agua, tanques, tampas correspondentes, telhas e compostos de polietileno e fibra de vidro (vide Relação de Produtos Fabricados fls. 715) no mercado regional, o ICMS é típico tributo incidente sobre a sua atividade operacional. Não há exemplo mais didático. Ao encontro de tal assertiva, o já mencionado art. 44 da Lei nº 4.506/64, que dispõe sobre a constituição da receita bruta, arrola em seu inciso III as recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões. Fl. 10327DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 293 22 Além disso, sendo o ICMS um dispêndio diretamente incidente sobre a operação do contribuinte, especificamente reduzido da Receita Bruta para a obtenção do Lucro Líquido, quando efetivamente recuperado, a sua adição representa uma recomposição do resultado efetivamente percebido e não uma nova riqueza tributável, propriamente dita. Confirase a lição de Hiromi Higuchi9 sobre o tema: Na recuperação de tributo ou despesa paga, escriturados como dedutível, o valor recuperado deve compor o lucro real mas isso não significa que está pagando imposto sobre o valor recuperado porque está simplesmente anulando a despesa anterior. Posto isso, uma vez sendo elemento que compõe o cálculo do lucro líquido operacional, sua posterior adição deve também corroborar para obtenção desse mesmo resultado, como dispõe o dispositivo invocado (art. 44 da Lei nº 4.506/64 correspondente ao inciso II do art. 392 do RIR/99). Como no caso não houve qualquer aprofundamento da Fiscalização sobre a origem efetiva do crédito (no sentido de, eventualmente, ser referente a transações não beneficiadas), seu período ou às circunstâncias da sua recuperação, limitandose a rotulála de outras despesas, alheias à atividade operacional, entende este Conselheiro não ser adequado exigir prova sobre tema e aspectos não questionados no lançamento de ofício, sob pena de inovação de acusação e instituição indevida de ônus. Assim, uma vez ilidida a acusação jurídica das Autuações, havendo, além da argumentação da Recorrente, indícios e provas que apontam para a origem operacional dos tributos recuperados, não pode prevalecer tal exigência, devendo ser também cancelada. Por fim, no que tange ao mero pedido de redução da multa de ofício sob a alegação de sua monta possuir caráter confiscatório, tal matéria é alheia à competência deste E. CARF, nos termos do art. 26A do Decreto 70.235/72 e da Súmula CARF nº 2. Recurso de Ofício Como relatado e mencionado, o v. Acórdão recorrido cancelou integralmente a acusação de Falta de Declaração de Receitas Escrituradas, observando que a Autoridade 9 Imposto de Renda das Empresas. 41ª Ed. São Paulo : IR Publicações, 2016. p. 273. Fl. 10328DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 294 23 Fiscal não considerou a exclusão dos valores de IPI e ICMS Substituição Tributária quando da análise dos registros fiscalizados, sendo o valor total lançado precisamente correspondente a tais tributos. Uma vez já identificado o equívoco da Fiscalização pela Instância a quo, tratandose de matéria eminentemente de cálculo, adoto tudo aquilo decidido pela DRJ, nos termos do art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99, por concordância com seu teor, passando a reproduzilo na íntegra: Da Falta de Declaração de Receitas Escrituradas 6. Segundo a fiscalização, a autuada escriturou, em seus balancetes mensais, receita anual de venda de produção própria no valor de R$ 263.022.717,62, enquanto declarou na DIPJ o valor de R$ 255.888.902,17. A diferença, no valor de R$ 7.133.815,45, foi considerada receita não declarada. 7. Alega a impugnante que a divergência encontrada pela autoridade fiscal referese ao IPI e ao ICMS Substituição, haja vista que, conforme orienta o Majur, a receita a ser informada na DIPJ deve estar deduzida dos valores correspondentes àqueles tributos. 8. De fato, assim consigna o Majur/2011: (...) Linha 06A/03 Receita de Venda de Produtos de Fabricação Própria no Mercado Interno Indicar, nesta linha, o valor da receita auferida no mercado interno correspondente à venda de produtos de fabricação própria e as receitas auferidas na industrialização por encomenda ou por conta e ordem de terceiros. Atenção: A pessoa jurídica não deve incluir o valor correspondente ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado destacadamente do comprador ou contratante, uma vez que o vendedor é mero depositário e este imposto não integra o preço de venda da mercadoria. Não incluir, também, o valor correspondente ao ICMS cobrado na condição de substituto. (...) 9. Examinandose os balancetes de fls. 175/714, constatase a procedência das alegações da defesa. Com efeito, verificase que a fiscalização comparou a receita declarada em DIPJ com a escriturada na conta 4.1.1.01 – receita de venda de produção própria, sem levar em consideração os valores escriturados Fl. 10329DF CARF MF Processo nº 13502.721207/201416 Acórdão n.º 1402002.605 S1C4T2 Fl. 295 24 como dedução de vendas nas contas 4.2.1.01.00002 – IPI e 4.2.1.01.00003 – ICMS Substituição. 10. Excluindose os valores referentes ao IPI e ao ICMS Substituição, consoante instrui o Majur, resta comprovado que a receita declarada em DIPJ corresponde exatamente à receita escriturada, conforme demonstrativo a seguir: 11. Improcedente, portanto, o lançamento a este título. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para exonerar o crédito tributário referente à manutenção das receitas com venda de sucatas e recuperação de créditos tributários no cálculo do Lucro da Exploração, e negar provimento ao Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Caio Cesar Nader Quintella Fl. 10330DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912132/2012-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.845
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 21 32 /2 01 2- 17 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10830.912132/201217 Acórdão n.º 3301003.845 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.872, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912132/201217 Acórdão n.º 3301003.845 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912132/201217 Acórdão n.º 3301003.845 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912132/201217 Acórdão n.º 3301003.845 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912132/201217 Acórdão n.º 3301003.845 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912132/201217 Acórdão n.º 3301003.845 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912132/201217 Acórdão n.º 3301003.845 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912132/201217 Acórdão n.º 3301003.845 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.005747/2005-00
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Ano-calendário: 2000, 2001 DCTF. OMISSÃO DE VALORES DEVIDOS A omissão, em DCTF, de valores de CSLL apurados como devido na DIPJ não pode ser equiparada a erro de preenchimento para fins de aplicação do disposto no artigo 147 do CTN. PAES Somente poderiam ser incluídos espontaneamente ou de ofício no parcelamento especial Paes, regulado pela Lei n o. 10.684, de 2003, os débitos constituídos ou confessados de forma irretratável e irrevogável. Não se consideram constituídos nem confessados os débitos meramente informados em DIPJ. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano-calendário: 2000, 2001 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE. A penalidade instituída pelo artigo 44, I, da Lei no. 9.430, de 1996, nada mais é do que uma sanção pecuniária a um ato ilícito, configurado na falta de pagamento ou recolhimento de tributo devido, ou ainda a falta de declaração ou apresentação de declaração inexata. In casu, dado que não houve pagamento ou recolhimento do tributo devido, a exigência da multa de ofício encontra-se em perfeita consonância com a legislação em vigor.
Numero da decisão: 1801-000.708
Decisão: Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: CSL- glosa compens. bases negativas de períodos anteriores
Nome do relator: Maria de Lourdes Ramirez
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2000, 2001 DCTF. OMISSÃO DE VALORES DEVIDOS A omissão, em DCTF, de valores de CSLL apurados como devido na DIPJ não pode ser equiparada a erro de preenchimento para fins de aplicação do disposto no artigo 147 do CTN. PAES Somente poderiam ser incluídos espontaneamente ou de ofício no parcelamento especial Paes, regulado pela Lei no. 10.684, de 2003, os débitos constituídos ou confessados de forma irretratável e irrevogável. Não se consideram constituídos nem confessados os débitos meramente informados em DIPJ. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2000, 2001 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE. A penalidade instituída pelo artigo 44, I, da Lei no. 9.430, de 1996, nada mais é do que uma sanção pecuniária a um ato ilícito, configurado na falta de pagamento ou recolhimento de tributo devido, ou ainda a falta de declaração ou apresentação de declaração inexata. In casu, dado que não houve pagamento ou recolhimento do tributo devido, a exigência da multa de ofício encontrase em perfeita consonância com a legislação em vigor. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 228DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10283.005747/200500 Acórdão n.º 180100.708 S1TE01 Fl. 107 2 Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira, Edgar Silva Vidal e Ana de Barros Fernandes. Relatório Trata o presente processo de auto de infração à legislação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, lavrado em 12/12/2005 (AR à fl. 57) que exige da empresa acima qualificada o crédito tributário no montante total de R$ 181.474,72, aí incluídos o principal, a multa de ofício e os juros de mora calculados até a data da lavratura (fls. 41 a 53). Por bem descrever os fatos reproduzo o relatório da DRJ em Belém/PA, na integralidade (fls. 94/95): (transcrição) Tratase de lançamento de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), referente a fatos geradores ocorridos nos anos de 2000 e 2001, no valor consolidado de R$ 181.474,72, com imposição de multa de ofício de 75%. A autuação decorreu da compensação indevida de base de cálculo negativa e da insuficiência de recolhimentos de CSLL verificada a partir da diferença entre Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) e a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Em 12.12.2005, o sujeito passivo foi cientificado do lançamento (fl. 57) e, em 10.01.2006, apresentou impugnação de fls. 59 a 66, pela qual aduz, em síntese: a) que os débitos decorrentes da declaração a menor em DCTF, relativos ao 4o. trimestre/2000 e ao 2o. trimestre/2001 foram recolhidos sob código de receita indevido (2362), mas que devem ser considerados na apuração do saldo devedor; Fl. 229DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10283.005747/200500 Acórdão n.º 180100.708 S1TE01 Fl. 108 3 que o excesso de recolhimento verificado no 4o. trimestre/2000 (R$ 4.617,63) deve ser compensado com o débito apurado de ofício; b) que houve erro de preenchimento de DCTF e que não cabe o lançamento dos valores confessados na DIPJ; c) que fez a opção pelo parcelamento especial (Paes) instituído pela Lei no. 10.684, de 30.05.2003, e que considerou que todos os débitos não pagos com vencimento até 28.02.2003 estariam automaticamente incluídos na consolidação daquele parcelamento; logo, o lançamento de ofício não deve prosperar, pois as diferenças não incluídas no Paes decorrem da conduta da Receita Federal; d) que a multa de ofício é ilegal; e) que a utilização da taxa de juros Selic é ilegal e inconstitucional; f) que procedeu ao recolhimento dos débitos relativos à compensação indevida. Apreciando o litígio a 1a. Turma da DRJ em Belém/PA proferiu o Acórdão no. 018.980 e julgou procedente em parte a exigência (fls. 93/96) excluindo, dos valores tributados, aqueles recolhidos erroneamente pela impugnante sob códigos de estimativa mensal de CSLL quando o correto seria o código de CSLL trimestral – assim como o valor recolhido após o lançamento de ofício correspondente à parcela da CSLL apurada em decorrência da compensação indevida da base de cálculo negativa, conforme demonstrativos Sicalc elaborados e anexados às fls. 88 a 92. Os demais itens do lançamento foram mantidos. Notificada da decisão, em 01/11/2007, como atesta a cópia do AR à fl. 97, verso, apresentou a interessada, em 30/11/2007 o recurso voluntário de fls. 99/103. Em sua defesa alega, resumidamente, que as diferenças apontadas no Auto de Infração provenientes da não inclusão no Paes ou divergentes da DCTF não podem prosperar já que a inclusão ou não no referido programa competiria somente à Receita Federal, inclusive de ofício, como seria o presente caso. Protestou, ainda, contra a ilegalidade da aplicação da multa de ofício, pois os débitos já teriam sido espontaneamente confessados e por terem sido incluídos no Paes. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora O Recurso é tempestivo. Dele tomo conhecimento. O litígio circunscrevese às alegações atinentes ao pedido de retificação de ofício da DCTF para que sejam considerados os valores de débitos de CSLL apurados e informados na DIPJ e de inclusão dos débitos exigidos de ofício no Paes. Fl. 230DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10283.005747/200500 Acórdão n.º 180100.708 S1TE01 Fl. 109 4 O pedido de retificação de ofício de DCTF não procede. Os artigos do Código Tributário Nacional – CTN – invocados pela recorrente não podem ser aplicados no presente caso. O artigo 147 e seus parágrafos trata de retificação de declaração em caso de erro de preenchimento. O que se constata do exame dos autos, entretanto, deixa claro que a recorrente não cometeu mero erro no preenchimento da DCTF. O que houve foi a omissão de declaração em DCTF de débitos calculados e apurados pela empresa como devidos na DIPJ. Da mesma forma não pode ser aplicado in casu o artigo 149 pois não se trata de revisão de ofício de lançamento e sim de litígio regularmente instaurado. O pedido de inclusão dos débitos não confessados no Paes também não pode ser acatado. Com efeito, a Lei no. 10.684, de 2003, que dispôs sobre o parcelamento especial – Paes, é clara ao dispor, no artigo 1o. : Art. 1º Os débitos junto à Secretaria da Receita Federal ou à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, com vencimento até 28 de fevereiro de 2003, poderão ser parcelados em até cento e oitenta prestações mensais e sucessivas. § 1º O disposto neste artigo aplicase aos débitos constituídos ou não, inscritos ou não como Dívida Ativa, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada, ou que tenham sido objeto de parcelamento anterior, não integralmente quitado, ainda que cancelado por falta de pagamento. § 2º Os débitos ainda não constituídos deverão ser confessados, de forma irretratável e irrevogável. [...] Como bem ressaltou a autoridade julgadora da DRJ em Belém/PA, a DIPJ – Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica não é instrumento de constituição de débitos ou de confissão irretratável de dívida. Os valores nela consignados representam mera informação, razão pela qual os débitos nela apurados devem ser declarados em DCTF para a devida constituição de crédito tributário a favor do Fisco. A DCTF é instrumento de confissão de dívida. A DIPJ não é instrumento de confissão de dívida, tampouco se presta a constituir crédito tributário da Fazenda Nacional. Por tal razão os débitos meramente indicados em DIPJ não poderiam ser incluídos de ofício no Paes, sob pena de afronta ao comando legal do artigo 1o. da Lei no. 10.684, de 2003, acima reproduzido. Com relação à penalidade aplicada sobre os tributos exigidos nos presentes autos é de se esclarecer que a multa ao percentual de 75% corresponde à multa exigida nos casos de lançamento de ofício. A penalidade instituída pelo artigo 44, I, da Lei no, 9.430, de 1996, nada mais é do que uma sanção pecuniária a um ato ilícito, qual seja, a falta de pagamento ou recolhimento de tributo devido, ou ainda a falta de declaração ou a apresentação de declaração inexata. In casu, dado que não houve pagamento ou recolhimento de tributos devidos, por parte da contribuinte, a exigência da multa de ofício encontrase em perfeita consonância com a legislação em vigor. Fl. 231DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10283.005747/200500 Acórdão n.º 180100.708 S1TE01 Fl. 110 5 A propósito, em relação aos argumentos de ilegalidade e inconstitucionalidade de comandos normativos legitimamente inseridos no sistema jurídico, cumpre transcrever o posicionamento consentâneo deste órgão, como se verifica da seguinte súmula: Súmula CARF no. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Fl. 232DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/10/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/ 2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 13855.722233/2013-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010
EMBARGOS DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE ENTRE FUNDAMENTAÇÃO E O RECURSO. ERRO MATERIAL. ACOLHIDOS. CORREÇÃO. ESCLARECIMENTO.
Nos termos do artigo 65 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos para sanear o lapso manifesto quanto ao equivoco em sua fundamentação, restando aclarado a jurisprudência.
Numero da decisão: 2401-005.049
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios e acolhê-los, para sanar a obscuridade apontada no Acórdão embargado.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios e acolhê-los, para sanar a obscuridade apontada no Acórdão embargado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 EMBARGOS DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE ENTRE FUNDAMENTAÇÃO E O RECURSO. ERRO MATERIAL. ACOLHIDOS. CORREÇÃO. ESCLARECIMENTO. Nos termos do artigo 65 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos para sanear o lapso manifesto quanto ao equivoco em sua fundamentação, restando aclarado a jurisprudência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 72 22 33 /2 01 3- 81 Fl. 6227DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios e acolhêlos, para sanar a obscuridade apontada no Acórdão embargado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 6228DF CARF MF Processo nº 13855.722233/201381 Acórdão n.º 2401005.049 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório MINERVA S.A., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, a autuação lavrada em face da recorrente tem por objeto às contribuições sociais devidas a Previdência e ao SENAR, incidente sobre a comercialização da produção rural por produtores rurais pessoas físicas, devida por subrogação pela empresa adquirente, consumidora ou consigntária, em relação ao período de apuração de 01/01/2010 a 31/12/2010 Após regular processamento, interposto recurso voluntário à 2ª Seção de Julgamento do CARF, contra decisão de primeira instância, a egrégia 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, em 09/05/2017, achou por bem conhecer do Recurso da contribuinte e NEGARLHE PROVIMENTO, o fazendo sob a égide dos fundamentos consubstanciados no Acórdão nº 2401004.779, com sua ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. INSCRIÇÃO NO CNPJ. Nos termos da legislação de regência, a inscrição do produtor rural pessoa física no CNPJ decorre de exigência legal e não tem o condão de descaracterizar a sua condição de pessoa física. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PAGAMENTOS. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA.. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Não tendo a contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito ou argumentação, deve ser mantida a autuação pelos seus próprios fundamentos. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos moldes da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos dos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, Fl. 6229DF CARF MF 4 c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.Irresignada, a Contribuinte opôs Embargos de Declaração, à efls. 152/162, com fulcro no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pugnando pela sua reforma em virtude das contradições e omissões a seguir exposta. Irresignada, a Contribuinte opôs Embargos de Declaração, à efls. 6.130/6.144, com fulcro nos artigos 64 e 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pugnando pela sua reforma em virtude das obscuridades e omissões a seguir exposta. OBSCURIDADES a) Aduz a recorrente que a decisão embargada refuta argumento da ocorrência de cerceamento ao direito de defesa do sujeito passivo, embora este não tenha apresentado alegação neste sentido em seu recurso. b) Acerca da alegação de nulidade do lançamento em razão de alteração no seu critério jurídico por intermédio de diligência fiscal, a decisão confunde o que seja esclarecimento de fatos controvertidos com retificação do lançamento. c) Alega ainda haver a obscuridade no acórdão atacado consistente na afirmação de que as decisões exaradas pelo Judiciário não se aplicariam ao caso, quando a então recorrente mencionou apenas decisões administrativas. OMISSÕES d) Afirma que não houve o enfrentamento da alegação de que o fisco não teria analisado os documentos contábeis da embargante, mas apenas planilhas por ela elaboradas a título informativo. e) A decisão atacada omitiuse ao não se pronunciar sobre a argüição da impossibilidade de reabrir a ação fiscal para aperfeiçoar lançamento efetuado com equívocos. f) Outra omissão diz respeito à alegada inovação do critério jurídico do lançamento pela DRJ para fundamentar a exigência relativa à aquisição de produtos rurais de firmas individuais. g) Também deixouse de apreciar a aplicação dos arts. 142 e 146 do CTN ao caso concreto. h) Não ficou clara a decisão do CARF ao falar em demais alegações que não teriam o condão de alterar o lançamento, todavia, sem mencionar quais foram os argumentos que restaram afastados. Por fim, pugna pelo recebimento e acolhimento dos presentes Embargos de Declaração, para que a Turma recorrida se pronuncie a respeito das omissões e obscuridades suscitadas, modificando o resultado da decisão guerreada. Submetido à análise de admissibilidade, por parte da nobre Conselheira Presidente Miriam Denise Xavier, esta entendeu por bem acolher em parte o pleito da Fl. 6230DF CARF MF Processo nº 13855.722233/201381 Acórdão n.º 2401005.049 S2C4T1 Fl. 4 5 Contribuinte inscrito nos Embargos de Declaração, apenas o admitindo em relação ao "item c", conhecendo deste item (concernente à menção a efeitos de decisões judiciais, quando no recurso foram colacionados apenas precedentes administrativos), propondo inclusão em nova pauta de julgamento para sanear a obscuridade apontada, nos termos do Despacho de efls. 6.213/6.219. Retornando os presentes Embargos, a este Relator já com Despacho de acolhimento e determinação de inclusão em pauta, consoante encimado, assim o faço. É o relatório. Fl. 6231DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, por ser tempestivo e comprovada a obscuridade apontada pela contribuinte, acolho os Embargos de Declaração, pelas razões de fato e de direito a seguir esposadas. Como já devidamente lançado no Despacho que propôs o acolhimento dos presentes Embargos, constatase que, de fato, há uma obscuridade quando o Acórdão embargado tratou de afastar o entendimento constante em decisões tomadas na alçada do Poder Judiciário, todavia, o recurso não fez menção alguma a decisão judicial, colacionando apenas jurisprudência administrativa. Nesse sentido, procedem os Embargos de Declaração opostos pela Contribuinte, impondo seja acolhida sua pretensão para que aludida obscuridade seja devidamente saneada. Com efeito, por este acórdão devese prover a correção da inexatidão material devida a lapso manifesto de erro de escrita quanto a jurisprudência elencada no recurso e a constante do voto, questão objetiva sobre a qual não paira dúvida. Verificamos no acórdão efls. 6.119, a fundamentação do acórdão no sentido de afastar a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, vejamos: No que tange a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar, com relação às decisões exaradas pelo Judiciário, que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo a extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Percebese, então, que o Acórdão embargado se posicionou acerca da jurisprudência ventilada pela contribuinte, ou seja, jurisprudência administrativa, estando evidente o erro material na conclusão da referida decisão. Ocorre que houve um "descuido ortográfico", erro por parte do Relator na transcrição do seu voto, uma vez que tratou de afastar a jurisprudência colacionada pela recorrente, equivocandose quanto a denominação judicial, enquanto na realidade quis mencionar administrativa. Mais a mais, a jurisprudência administrativa colacionada ao recurso, não tem o condão de ensejar a reforma da decisão embargada, seja por já ter sido devidamente rechaçada por este Relator, seja por não ser cabível a aplicação dos seus efeitos ao presente caso. Dito isto, resta aclarado ter a Turma afastado a jurisprudência administrativa colacionada ao recurso. Fl. 6232DF CARF MF Processo nº 13855.722233/201381 Acórdão n.º 2401005.049 S2C4T1 Fl. 5 7 Por todo o exposto VOTO NO SENTIDO DE ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, exclusivamente para sanar a obscuridade apontada, aclarando os fundamentos do voto, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 6233DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.901549/2009-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1402-002.639
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 15 49 /2 00 9- 18 Fl. 57DF CARF MF Processo nº 11040.901549/200918 Acórdão n.º 1402002.639 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra despacho decisório da DRF que não reconheceu direito creditório de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), não homologando as compensações com base no valor pretendido. A interessada apresentou PER/Dcomp informando disponibilidade de crédito em seu favor, derivada do pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal de IRPJ, efetuado por Darf. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão da DRF e apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade. A contribuinte alega a existência de pagamento a maior do tributo. Sustenta que as divergências foram devidas a erro no preenchimento da DCTF: as informações de recolhimentos de IRPJ e CSLL não foram relacionadas no trimestre de sua competência e sim em outro trimestre. Acrescenta que a DIPJ também não relacionou, equivocadamente, os pagamentos por estimativa. Reconhece que haveria que se retificar a DCTF e DIPJ. A manifestação de inconformidade restou julgada improcedente, não lhe reconhecendo o direito creditório. Essencialmente, o contribuinte não teria apresentado provas do erro alegado e admitido pelo contribuinte, na forma dos arts. 15 e 16, § 4°, do Decreto 70.235/72, posto que o Darf foi utilizado inicialmente para quitar débito, em princípio devido até que se provasse o contrário , de estimativa. Inconformada com tal entendimento, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando, principalmente com base no Princípio da Verdade Material, que o equívoco do contribuinte não pode resultar na supressão de seu direito creditório, e que não há amparo legal para a negativa de seu pleito. Não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.628, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 1040.900104/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.628): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Por inexistir preliminares, passo a análise de mérito. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 11040.901549/200918 Acórdão n.º 1402002.639 S1C4T2 Fl. 4 3 MÉRITO Ainda que o contribuinte não tenha explicitado em seu Recurso, considerando que recolhe IRPJ e CSLL por estimativa mensal, concluise que apure tais tributos pelo lucro real anual. Nos termos do art. 10 da IN SRF nº 460/2004 e art. 10, da IN SRF nº 600/2005, “a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período.” Ou seja, durante a vigência de ambas as instruções normativas, não era permitido, mesmo por PER/DCOMP, utilizarse diretamente de créditos decorrentes de pagamento com DARF em valores indevidos ou maior do que o devido. Essa situação perdurou até o advento da IN RFB 900/2008, que revogou a IN SRF 600/2005 e não trouxe, em seu bojo, a vedação contida na instrução normativa revogada, de tal forma que, a partir de sua vigência, poderia o contribuinte optar em realizar, de imediato, a compensação de DARF pago a título de IRPJ ou CSLL por estimativa de forma indevida ou maior do que a devida e/ou, a seu critério, aguardar o ajuste na DIPJ, de tal forma que os valores recolhidos a maior compusessem o seu saldo negativo de IRPJ ou CSLL. As instruções normativas posteriores – IN RFB 1.300/2012 e alterações posteriores, que tratam da compensação, mantiveram a possibilidade inaugurada com o advento da IN RFB 900/2008. Para por fim a quaisquer dúvidas, foi expedida a Solução de Consulta Interna nº 19 COSIT, que pacificou o seguinte entendimento: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11040.901549/200918 Acórdão n.º 1402002.639 S1C4T2 Fl. 5 4 A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fixada a premissa que o contribuinte poderia apresentar PER/DCOMP em razão de pagamento indevido ou maior do que o devido de IRPJ ou CSLL por estimativa, passase a análise de certeza e liquidez dos créditos. A DRF responsável pela análise do PER/DCOMP e emissão do despacho decisório respectivo não questionou a existência do DARF e o seu recolhimento. Apontou, contudo, que o referido DARF teria sido integralmente utilizado para o pagamento da própria estimativa informada como devida e, desta forma, não haveria saldo para a compensação pleiteada pelo contribuinte ou, em alguns casos, reconheceu o pagamento a maior, homologando a compensação até o limite do crédito confirmado. O contribuinte reconhece, notadamente em sua impugnação, que cometeu erros nas informações prestadas em DCTF, embora não esclareça quais, bem como que não informou, nem em DCTF, nem em DIPJ, os recolhimentos das estimativas. Não é possível, à míngua de provas, especular qual seria o erro do contribuinte nas informações prestadas em DCTF. Contudo, a informação de que não teria informado, em DIPJ, os recolhimentos das estimativas, denota que é possível que mesmo no ajuste anual não tenha apurado os saldos negativos de IRPJ e CSLL que faria jus, os quais seriam, nos termos da legislação, passíveis de compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, exceto previdenciários. Mesmo com a decisão da DRJ em mãos, o que possibilitou a apresentação de recurso voluntário dirigido a este Conselho, o contribuinte não apresentou documentos que pudessem dar a este Julgador elementos para aferir se, de fato, ele possui créditos líquidos e certos passíveis de compensação que pudessem justificar uma mudança no teor da decisão recorrida. Não foi apresentado, por exemplo, uma memória de cálculo com a apuração mensal das estimativas devidas, correlacionadas com os DARF’s pagos e, ao final do período de apuração, o fechamento do valor devido a título de IRPJ e CSLL, em linha com a DIPJ apresentada, para que se pudesse aferir que as estimativas recolhidas durante o ano pudessem ser em valor maior do que os tributos devidos e, assim, verificar a existência de saldo negativo passível de compensação. Desta forma, como não foi possível aferir a liquidez e certeza dos créditos oferecidos à compensação, pressuposto para a homologação (art. 170, CTN), pela inexistência de documentos Fl. 60DF CARF MF Processo nº 11040.901549/200918 Acórdão n.º 1402002.639 S1C4T2 Fl. 6 5 que pudessem comprovar o quanto alegado pelo contribuinte, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeira instância e a não homologação das compensações declaradas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 61DF CARF MF
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Numero do processo: 10283.901511/2013-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009
Ementa:
ÁLCOOL ANIDRO. INSUMO PARA PRODUÇÃO DE GASOLINA TIOPO C. CREDITAMENTO. COFINS. POSSIBILIDADE.
Por se tratar de insumo para a produção de gasolina tipo C, é possível que o contribuinte se credite das operações com aquisição de álcool anidro, nos termos do que dispõe o art. 3o, inciso II da lei n. 10.833/04, com a redação que lhe fora dada pela lei n. lei 10.865/04.
COFINS. CRÉDITOS. NÃO-CUMULATIVIDADE E REGIME MONOFÁSICO. POSSIBILIDADE.
A incidência monofásica da COFINS não é impedimento para o creditamento do contribuinte. Não há uma dependência entre monofasia e creditamento, já que tais normativas apresentam funções jurídicas distintas. Precedentes do STJ (AgRg no REsp 1.051.634/CE).
CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. ÔNUS DA PROVA.
A certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte são condições essenciais ao seu reconhecimento, incumbindo-lhe o ônus da prova.
Recurso voluntário parcialmente provido. Direito creditório reconhecido em parte.
Numero da decisão: 3402-004.356
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente
Diego Diniz Ribeiro - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Pedro Sousa Bispo, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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INSUMO PARA PRODUÇÃO DE GASOLINA TIOPO C. CREDITAMENTO. COFINS. POSSIBILIDADE. Por se tratar de insumo para a produção de gasolina tipo C, é possível que o contribuinte se credite das operações com aquisição de álcool anidro, nos termos do que dispõe o art. 3o, inciso II da lei n. 10.833/04, com a redação que lhe fora dada pela lei n. lei 10.865/04. COFINS. CRÉDITOS. NÃOCUMULATIVIDADE E REGIME MONOFÁSICO. POSSIBILIDADE. A incidência monofásica da COFINS não é impedimento para o creditamento do contribuinte. Não há uma dependência entre monofasia e creditamento, já que tais normativas apresentam funções jurídicas distintas. Precedentes do STJ (AgRg no REsp 1.051.634/CE). CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. ÔNUS DA PROVA. A certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte são condições essenciais ao seu reconhecimento, incumbindolhe o ônus da prova. Recurso voluntário parcialmente provido. Direito creditório reconhecido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 15 11 /2 01 3- 06 Fl. 683DF CARF MF 2 Jorge Olmiro Lock Freire Presidente Diego Diniz Ribeiro Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Pedro Sousa Bispo, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar o caso em julgamento, emprego parte do relatório desenvolvido pela DRJ Fortaleza quando da veiculação do acórdão n. 0833.513 (fls. 583/599), o que passo a fazer nos seguintes termos: Tratase de manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório de fl. 489, emitido em 07/02/2014 pela Delegacia da Receita Federal em Manaus, que indeferiu o Pedido de Ressarcimento – PER nº 33723.17274.301009.1.1.115377 e não homologou as compensações correspondentes. Através do referido PER, o contribuinte pleiteou o ressarcimento de um crédito no valor de R$ 29.623.199,04, declarado a título de Cofins Não Cumulativa – Mercado Interno do – 3º Trimestre/2009. DAS RAZÕES DO INDEFERIMENTO DO CRÉDITO. O PER foi objeto de auditoria, levada a efeito pelo Serviço de Orientação de Análise Tributária – Seort da DRF Manaus, que culminou no Parecer de fls. 491 a 503, o qual concluiu no sentido de que o contribuinte não logrou comprovar o direito creditório. Em síntese, o Parecer Seort propugna que: · na condição de distribuidor de combustível, o contribuinte não faz jus ao desconto de crédito de Cofins na aquisição álcool anidro destinado à adição à gasolina A para obtenção da gasolina C, já que o produto não se caracteriza como insumo e há previsão legal expressa vedando esse tipo de crédito, valendo essa regra para as aquisições realizadas até 30/09/2008; · também não são passiveis de créditos de Cofins até 30/09/2008 os custos de frete e armazenamento vinculados à aquisição de álcool anidro destinado à adição à adição à gasolina A, seja por vedação legal expressa, seja porque o contribuinte não logrou comprovar tais custos; · nas aquisições a partir de 30/09/2008, o contribuinte não logrou demonstrar nem comprovar que a apuração dos créditos atendeu à sistemática prevista na Lei nº 11.727/2008 c/c o Decreto 6.573/2008; Fl. 684DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 676 3 · em se tratando de pedido de ressarcimento, o dever de comprovação da liquidez e certeza do crédito recai sobre o contribuinte, que no presente caso não logrou tal comprovação; · por tais razões, o crédito pleiteado pelo contribuinte foi integralmente indeferido. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. Ciente do Despacho Decisório em 17/03/2014 (fl. 511), o contribuinte apresentou em 16/04/2014 a Manifestação de Inconformidade de fls. 2 a 45. São as seguintes, em síntese, as alegações manifestante: DAS PRELIMINARES: · Impossibilidade de exigência da observância das alterações trazidas no ADE Cofis nº 15/01 pelo ADE Cofis nº 25/10, para direito creditório referente a fatos geradores de setembro de 2004 a setembro de 2008. · a autoridade fiscal indeferiu o crédito pelo fato de que, em relação aos créditos compreendidos entre o 3º trimestre de 2004 e o 3º trimestre de 2008, não foram observadas as exigências e alterações efetuadas no ADE Cofis nº 15/01 pelo ADE COFIS nº 25/01. (...). NO MÉRITO. Do direito ao crédito sobre a aquisição de álcool anidro – principio da não cumulatividade – posicionamento da RFB na matéria: · a requerente está sujeita ao recolhimento da Cofins na sistemática não cumulativa. Desta forma, na apuração do quantum devido devem ser descontados os créditos previstos em lei, de acordo com o art. 3º da Lei nº 10.833/2003; · toda aquisição de bens e serviços que se caracterize como custo de produção, sendo necessário à operacionalidade da empresa poderá ser enquadrado como insumo; · todos os insumos que foram objeto de glosa se enquadram no conceito de insumo definidos na legislação tributária; · há Soluções de Consulta Interna SCI emanadas da RFB no sentido de que na apuração da Cofins não cumulativa as distribuidoras podem descontar créditos na aquisição de álcool combustível para revenda (SCI nº Fl. 685DF CARF MF 4 201 de 25/05/2009; SCI nº 224 de 04/07/2009; SCI nº 126 de 13/04/2009 e SCI nº 85/2009); · os posicionamentos manifestados nas SCI acima identificadas, embora editados em períodos posteriores à edição da Lei nº 11.727/08, demonstram a materialidade do direito creditório pleiteado; · a alteração trazida pela Lei nº 11.727/08 não passou a prever que o álcool anidro passaria a ser considerado insumo para fins de aproveitamento de crédito da Cofins, mas, sim, estabeleceu uma nova fórmula de apropriação desses créditos (alíquotas ad rem) · diante do exposto é de se concluir que a aquisição de álcool anidro, desde a edição da Lei nº 10.833/2003, passou a gerar crédito quando da sua aquisição para adição à gasolina A, para obtenção da gasolina C; (...). Da ausência da análise acerca das planilhas correspondentes aos créditos decorrentes de despesas como frete a armazenagem: · as planilhas que continham o discriminativo da composição dos créditos decorrentes das despesas com frete e armazenagem, as quais serviram para comprovar efetivamente a higidez e idoneidade dos mesmos, restaram ignoradas em sede de fiscalização; · tal fato acarretou prejuízo à requerente, na medida em que seria impossível a comprovação da subsistência dos valores dos custos de fretes e armazenagens, sem a verificação das planilhas apresentadas; · desta forma, a requerente volta a anexar ao presente as vias impressas da planilha contendo a discriminação dos créditos de armazenagem e frete do período de janeiro de 2007 a setembro de 2009; (...). 2. Devidamente processada, a citada manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pelo acórdão n. 0833.513, conforme se observa da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2009 a 30/09/2009 NÃO CUMULATIVIDADE. EMPRESA DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS. DESCONTO DE CRÉDITO NA AQUISIÇÃO ÁLCOOL ANIDRO. As empresas distribuidoras de combustível, por expressa vedação legal, não fazem jus ao desconto de crédito de Cofins Fl. 686DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 677 5 nas aquisições de álcool anidro destinado à adição à gasolina “A” para obtenção da gasolina “C” realizadas até 30/09/2008. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. ÔNUS DA PROVA. A certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte são condições essenciais ao seu reconhecimento, incumbindolhe o ônus da prova. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 3. Um vez intimado acerca desta decisão, o contribuinte interpôs o recurso voluntário de fls. 602/642, oportunidade em que repisou os fundamentos colacionados em sede de manifestação de inconformidade. 4. Processado o recurso voluntário, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou suas contrarrazões de fls. 655/673. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 6. O recurso voluntário interposto é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. 7. Antes, todavia, de seguir adiante no presente voto, mister se faz delimitar o âmbito da discussão aqui travada, o que foi muito bem feito pelo acórdão recorrido, quando assim prescreveu: Da delimitação do crédito objeto de discussão na presente lide. No presente caso, importa inicialmente verificar a que períodos de apuração exatamente se referem os créditos declarados no PER em questão e suas origens Os créditos estão assim declarados no PER: Com relação aos períodos de apuração de julho/2009 e agosto/2009, nos valores de respectivamente R$ 24.638,38 e R$ 20.107,03, conforme pesquisa nos DACONs do contribuinte, verificase que se trata de créditos vinculados a receitas tributadas no mercado interno já descontados na apuração da Cofins a Pagar dos respectivos períodos de apuração. Logo não Fl. 687DF CARF MF 6 há que se falar em crédito passível de ressarcimento para os meses de julho/2009 e agosto/2009. Quanto ao crédito de setembro/2009, no valor de R$ 29.578.453,63, o próprio contribuinte reconhece que informou o valor de forma equivocada no PER. Segundo ele, o valor correto é na realidade R$ 15.353.551,39, sendo R$ 14.376.382,61 oriundos de aquisições de álcool anidro de setembro/2004 a setembro/2008 e R$ 977.168,78 referentes outros créditos gerados no próprio mês. Assim se expressa o contribuinte, em resposta à intimação da fiscalização, reportada no Parecer da autoridade fiscal nos itens 1.2.14 a 1.2.25. 10. Inicialmente, esclarece a Peticionária que o valor dos créditos informados no PER para setembro de 2009 estão equivocados. Onde se lê "R$ 29.578.453,63", deverseia ler "R$ 15.353.551,39", reduzindo o valor global do PER de R$ 29.623.199,04 para R$ 15.398.296,79, valor este ainda suficiente para abarcar as compensações já realizadas deixando saldo positivo em favor da Peticionária de R$ 284.476,72. 11. O valor de R$ 15.353.551,39 é composto de R$ 14.376.382,61 referente às aquisições de álcool anidro no período de 01/09/2004 a 30/09/2008 e R$ 977.168,78, relacionado a outros créditos gerados naquele mês. Do acima transcrito, concluise que a matéria em discussão nos presentes autos está delimitada aos seguintes créditos: a) R$ 14.376.382,61 referente à aquisição de álcool anidro de setembro de 2004 a setembro de 2008; b) R$ 977.168,78, correspondente a outros créditos, gerados no próprio mês de setembro de 2009. (...) (grifos constantes no original). 8. Em suma, os créditos aqui tratados dizem respeito às (i) operações de aquisição de álcool anidro para o período compreendido entre setembro de 2004 e setembro de 2008 e, ainda, (ii) a existência de outros créditos gerados no próprio mês de setembro de 2009. 9. Feito esse esclarecimento, é possível seguir adiante no presente voto para tratar dos créditos aqui vindicados, começando pelas operações com álcool anidro. Para tanto, mister se faz, nesse instante, fixar algumas premissas a respeito da nãocumulatividade do PIS e da COFINS e que serão essenciais para a resolução da presente demanda. I. Operações de aquisição de álcool anidro I.a Créditos de PIS e COFINS e a ideia de insumo 10. A respeito deste assunto já tive a oportunidade de me manifestar no âmbito acadêmico1, razão pela me valho de algumas considerações lá desenvolvidas no presente voto, o que faço nos seguintes termos: 1 RIBEIRO, Diego Diniz. "Créditos de PIS e COFINS: uma análise jusfilosófica. "in" "Revista Tributária e de Finanças Públicas". Thomson Reuters. vol. 116/2014. p. 137 150. Mai Jun/2014. Fl. 688DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 678 7 (...) o principal ponto de discussão a respeito dos créditos de PIS e COFINS gravita em torno do conteúdo semântico do signo “insumo”, i.e., do seu conceito para fins de aproveitamento de créditos para tais exações. Por sua vez, o principal motivo jurídico1 para essa discussão decorre do fato do legislador não ter delimitado o conceito de insumo para a hipótese aqui tratada. E, nesse tipo de situação, o operador do direito brasileiro, herdeiro de um modelo normativolegalista2, sentese órfão por não encontrar essa resposta na lei. Logo, os diferentes lados desse embate (fisco e contribuintes), procuram chegar a uma resposta por intermédio da convocação de métodos3 idênticos, os quais, por seu turno, são o retrato do já mencionado modelo normativolegalista. Assim, a discussão aqui travada perpassa (i) pela criação de um conceito (geral, abstrato e ahistórico) de insumo supostamente decorrente de (ii) uma interpretação sistemática da lei, calcada na figura da (iii) analogia4. Valendose desse racional, o fisco voltase ao sistema jurídico5 e identifica um tributo no âmbito federal também sujeito ao regime nãocumulativo, qual seja, o Imposto sobre Produtos industrializados (IPI). E, segundo dispõe conceitualmente a legislação desse imposto6, dá direito a crédito de IPI apenas aqueles insumos empregados ou consumidos ao longo de um determinado processo produtivo. Logo, por analogia, o conceito de insumo para PIS e COFINS também sujeitarseia a tal interpretação (tida como restritiva pelos contribuintes), razão pela qual daria direito a crédito de PIS e COFINS apenas aquele insumo aplicado ou diretamente consumido no processo produtivo de um determinado bem ou para a prestação de um serviço específico7. Por sua vez, o contribuinte também se vale do mesmo método acima indicado, i.e., também parte de uma análise sistemática do ordenamento jurídico8 para, ato contínuo, refutar os fundamentos invocados pelo fisco. Para tanto, aduz que o regime nãocumulativo do PIS e da COFINS é diferente do IPI, já que as bases de incidência dessas exações são distintas. Nessa linha, lembra que enquanto a base do PIS e da COFINS decorre do fato do contribuinte auferir receita bruta, no IPI ela é fruto da operação com produtos industrializados. Logo, faz sentido que no IPI a nãocumulatividade esteja intimamente ligada à ideia de utilização do insumo no processo produtivo, já que tal análise estaria em compasso com a base de incidência desse imposto. Entretanto, o mesmo não seria verdadeiro para o PIS e para a COFINS, já que a base dessas contribuições é receita bruta, sendo lógico considerar como insumo aqueles bens ou serviços que contribuem para a formação dessa base exacional. Fl. 689DF CARF MF 8 Assim, segundo a ótica dos contribuintes, o conceito de insumo para creditamento de PIS e COFINS deveria ser tratado de forma mais ampla, se aproximando, também por intermédio de analogia interpretativa, ao conceito de despesas dedutíveis utilizado para fins de apuração de Imposto sobre a Renda9 (o que, segundo o fisco, resultaria em uma interpretação extensiva do signo “insumo). Ao se analisar os dois posicionamentos antagônicos alhures sintetizados, é possível identificar importantes pontos em comum, mais precisamente a existência de (i) uma mesma mundividência jurídica e, consequentemente, (ii) uma unicidade quanto ao método empregado por esses diferentes posicionamentos interpretativos. Nesse sentido, as duas posições partem de um mesmo conceito de direito10, o que, por sua vez, redunda no emprego de um mesmo método jurídico11. Logo, os dois pontos de vista defendem um conceito de insumo definido legalmente, ainda que construído mediante uma interpretação analógicosistemática12. Tal fato, por seu turno, resulta na construção de um conceito abstrato13 e, por conseguinte, universal de insumo, o qual deve então ser aplicado (lógicosubsuntivamente) sempre que se estiver diante de uma hipótese de creditamento de PIS e COFINS. Nessa senda, por tratarse de um conceito idealizado, as particularidades de uma dada operação em concreto não apresentam maior importância para a resolução do caso decidendo. Em verdade, para a perspectiva metodológica aqui indicada, o adequado é que as circunstâncias fáticas de uma dada operação empresarial sejam deixadas de lado, sob pena de contaminarem o idealizado conceito de insumo. O conceito, ainda que por analogiainterpretativa, é conformado de forma exauriente pela lei (seja pela legislação do IPI, seja pela lei do IR), de modo a evitar que as particularidades do caso em concreto maculem o conceito legal eleito. Ocorre que, tratar a discussão do creditamento do PIS e da COFINS como um simples embate de interpretações legais é absolutamente equivocado, na medida em que parte de um defasado conceito de direito e, consequentemente, da apropriação de um inadequado método jurídico. (...). 11. Partindo desta análise crítica de como o debate é tratado entre fisco e contribuintes, proponho que a análise da nãocumulatividade no âmbito do PIS e da COFINS seja realizada com especial ênfase do caso em concreto. Assim, concluo no citado texto doutrinário: (...). Segundo professa o jusfilósofo português Castanheira Neves, o verdadeiro problema do direito é que “o mundo é um e os homens nele são muitos”14, motivo pelo qual a função do direito não é planificar previamente condutas, mas sim “resolver materialmente o necessário problema de convivência humana”15. Fl. 690DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 679 9 Percebese, portanto, que para essa mundividência jurídica o direito é visto como um “continuum” prático, ou seja, ele é constituído16 de forma históricoconcreta, mediante a realização do caso decidendo17. Logo, a “a experiência jurídica jurisdicional é de índole essencialmente prudencial, sendo construída culturalmente em concreto, no momento da realização do caso decidendo18. Para essa concepção jurídica, a tarefa prática atribuída ao órgão jurisdicional19 tem um importante papel para o direito20, na medida em além de realizálo em concreto, preenchendoo de conteúdo, apresenta também a consequente função de promover a abertura do ordenamento jurídico ao novo, sem que isso, todavia, mitigue a sua substancial autonomia. Assim, a tarefa jurisdicional é vista como a mediação entre o “consensus jurídicocomunitário das intenções axiológiconormativas da «consciência jurídica geral», com as suas expectativas jurídico sociais de validade e justiça”21. Diante dessas premissas, é possível constatar a importância do caso decidendo22 para o direito e para a sua permanente (re)construção conteudística. É, pois, sobre o caso em concreto que deve ser atribuído o acento tônico do direito, razão pela qual as particularidades do caso decidendo são fundamentais para a sua própria resolução. Partindo dessa concepção e, consequentemente, da metodologia daí extraída, é possível concluir que a adequada resolução dos casos concernentes ao creditamento de PIS e COFINS não está condicionada a uma definição conceitual e abstrata de insumo, na medida em que essa conceituação é insuficiente para contemplar toda a riqueza fática de uma operação empresarial e, consequentemente, para esgotar o conceito de insumo para aquela específica atividade. Assim, a definição de insumo para fins de creditamento de PIS e COFINS depende de uma análise do caso em concreto, em especial (i) da operação empresarial desenvolvida pelo contribuinte e (ii) da importância do pretenso insumo para o desenvolvimento dessa atividade empresarial. Percebese, portanto, que o “conceito” de insumo é definido pelo caso em concreto a partir das indagações problemáticas dele decorrentes, mas não por intermédio um conceito legal idealizado, abstrato e incapaz de entender e absorver as particularidades fáticas de uma específica operação empresarial em detrimento de outra. (...). 12. Tais conclusões não são diferentes daquelas alcançadas por este Tribunal administrativo para fins de resolução do problema aqui exposto. O CARF possui consagrada jurisprudência no sentido de que a ideia de insumo para fins de nãocumulatividade do PIS e da COFINS é uma solução intermediária àquela defendida por fisco e contribuintes, levando em consideração, em especial, a atividade empresarial perpetrada pelo contribuinte e as realidade do seu processo produtivo. Nesse sentido, inclusive, é a posição sedimentada da Câmara Fl. 691DF CARF MF 10 Superior deste Tribunal administrativo, já na sua nova composição, conforme se observa da seguinte ementa: Ementa Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. A indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carnes é insumo indispensável ao processo produtivo e, como tal, gera direito a crédito DO PIS/COFINS. (...). PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS As leis instituidoras da sistemática nãocumulativa das contribuições PIS e COFINS, ao exigirem apenas que os insumos sejam utilizados na produção ou fabricação de bens, não condicionam a tomada de créditos ao "consumo" no processo produtivo, entendido este como o desgaste em razão de contato físico com os bens em elaboração. Comprovado que o bem foi empregado no processo produtivo e não se inclui entre os bens do ativo permanente, válido o crédito sobre o valor de sua aquisição. (...). (CARF; Processo n. 10925.720046/201212; Acórdão n. 9303 003.477; Câmara Superior. j. em 25/02/2016) (grifos nosso). 13. Patente está, portanto, que para este Tribunal é cediço que a ideia de insumo leva em consideração a particular atividade empresarial desenvolvida pelo contribuinte e a importância do bem/serviço creditado no processo produtivo, premissa esta adotada no presente voto. (a) Da aquisição do álcool anidro na operação da recorrente 14. Tecidas as considerações alhures, convém agora analisar a operação empresarial desenvolvida pela recorrente, de modo a verificar em qual contexto fático está inserida a aquisição de álcool anidro a gerar o pedido de crédito pelo contribuinte. 15. Assim, ao se analisar o objeto social da Recorrente (fl. 66), é possível constatar que o contribuinte tem por escopo a importação, exportação, armazenagem e armazém geral, transporte, distribuição e comércio de produtos de petróleo, álcoois, Gás Natural Veicular (GNV), seus derivados e outros combustíveis líquidos e lubrificantes. Logo, é possível desde já afirmar que a aquisição de álcool anidro tem relação com tal atividade empresarial, i.e., de comercialização e distribuição de derivados de petróleos e afins. 16. Não obstante, é possível constatar que existem dois tipos de etanóis que interessam ao sobredito nicho empresarial, quais sejam: (i) o etanol hidratado e (ii) o etanol anidro. O primeiro deles é aquele vendido em postos de combustíveis com o escopo de Fl. 692DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 680 11 abastecer veículos movidos à etanol. Já o álcool anidro tem por escopo ser misturado com gasolina tipo A, de modo a resultar na chamada gasolina tipo C que, por sua vez, também é revendida nos postos de combustíveis aos consumidores finais. É o que estabelecia a Resolução n. 36, de 06 de dezembro de 2005, exarada pela Agência Nacional do Petróleo ANP, in verbis: O DIRETORGERAL da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS ANP, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista as disposições da Lei nº 9.478 de 6 de agosto de 1997 alterada pela Lei nº 11.097 de 13 de janeiro de 2005 e da Resolução de Diretoria nº 386, de 01 de dezembro de 2005, torna público o seguinte ato: Art. 1º Ficam estabelecidas, através da presente Resolução, as especificações do Álcool Etílico Anidro Combustível (AEAC) e do Álcool Etílico Hidratado Combustível (AEHC) comercializados pelos diversos agentes econômicos em todo o território nacional, consoante as disposições contidas no Regulamento Técnico ANP nº 7/2005, parte integrante desta Resolução. Art. 2º Para efeitos desta Resolução os álcoois etílicos combustíveis classificamse em: I Álcool Etílico Anidro Combustível (AEAC) produzido no País ou importado sob autorização, conforme especificação constante do Regulamento Técnico, destinado aos Distribuidores para mistura com gasolina A para formulação da gasolina C e, II Álcool Etílico Hidratado Combustível (AEHC) produzido no País ou importado sob autorização, conforme especificação constante do Regulamento Técnico, para utilização como combustível em motores de combustão interna de ignição por centelha. (...). 17. A diferença básica entre tais etanóis é a quantidade de água presente em cada um deles. O etanol hidratado possui em sua composição entre 95,1% e 96% de etanol e o restante de água, enquanto que o etanol anidro (também chamado de etanol puro ou etanol absoluto) possui no mínimo 99,6% de graduação alcoólica. 18. Percebese, pois, que a aquisição de álcool anidro pelo contribuinte é indispensável para que ele cumpra com seu objeto social, uma vez que, para que possa comercializar gasolina aos revendedores finais o recorrente deve obrigatoriamente misturar esse tipo de etanol a gasolina tipo A, de modo a resultar na gasolina tipo C. Tratase de exigência imposta pela Agência Nacional de Petróleo ANP, responsável por regular o setor de derivados de petróleo e afins, exigência essa, aliás, prescrita no art. 9o da lei n. 8.723/93, in verbis: Art. 9o É fixado em vinte e dois por cento o percentual obrigatório de adição de álcool etílico anidro combustível à gasolina em todo o território nacional. Fl. 693DF CARF MF 12 § 1o O Poder Executivo poderá elevar o referido percentual até o limite de 27,5% (vinte e sete inteiros e cinco décimos por cento), desde que constatada sua viabilidade técnica, ou reduzilo a 18% (dezoito por cento). § 2o Será admitida a variação de um ponto por cento, para mais ou para menos, na aferição dos percentuais de que trata este artigo. 19. Diante deste quadro, inclusive em razão de exigência legal, resta claro que a aquisição de álcool anidro é essencial para que a recorrente cumpra com seu objeto social (revenda de combustíveis, dentre os quais destacase a gasolina tipo C), o que, por conseguinte, é suficiente para caracterizar a aquisição de tal bem como insumo. Logo, resta afastado o primeiro fundamento veiculado pela decisão vergastada para afastar a pretensão creditícia do contribuinte. I.b Créditos de PIS e COFINS e álcool carburante 20. Como já mencionado alhures, outro fundamento invocado pela decisão combatida para negar parte dos créditos pleiteados pelo contribuinte é no sentido de que a operação de aquisição de etanol à época dos fatos em apreço estaria sujeita à incidência cumulativa do tributo, o que, por seu turno, impediria o citado creditamento. É o que se depreende do seguinte trecho da decisão atacada pelo recurso voluntário: (...). Esta restrição se justificava em razão de que a tributação das receitas auferidas com a venda de álcool para fins carburantes, mesmo com a introdução do regime não cumulativo, mantevese no regime cumulativo, conforme art. 10 da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: (...) VII as receitas decorrentes das operações: a) referidas no inciso IV do § 3o do art. 1o; Portanto, tendo permanecido as receitas de venda de álcool para fins carburante no regime cumulativo, não poderia, obviamente, o contribuinte apurar crédito na aquisição do referido produto, já que admitidos tais créditos somente nas aquisições vinculadas às receitas sujeitas ao regime não cumulativo. É o que determina o § 7º do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 7o Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência não cumulativa da COFINS, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. Fl. 694DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 681 13 21. Para a devida compreensão do caso é necessário, neste momento, fazer uma breve incursão na evolução legislativa para a temática em tela. 22. A lei 10.485/02 estabeleceu o regime monofásico de incidência para as contribuições do PIS e da COFINS. A monofasia nada mais é do que uma medida de praticabilidade tributária, na medida em que concentra em um único ator da cadeia econômica toda a carga tributária então incidente. Assim, os demais atores desta cadeia arcam com os efeitos econômicos dessa incidência monofásica, mas não com os efeitos jurídicos, já que as operações então realizadas sujeitamse à alíquota zero. 23. Com o advento do regime nãocumulativo para o PIS e para a COFINS, inclusive com a sua inserção no texto constitucional (art. 195, § 12 da CF), tais contribuições passaram a sujeitarse à regra da nãocumulatividade, cujo objetivo precípuo é evitar a incidência em cascata do tributo, impedindo, pois, que haja uma indevida relação entre maior ou menor carga tributária com uma maior ou menor quantidade de etapas no ciclo econômico. 24. Importante desde já registrar que não existe uma relação entre incidências monofásicas de tributos e nãocumulatividade, isso porque, como visto alhures, os objetivos que se visam alcançar com tais normas são distintos. Enquanto a monofasia visa a praticabilidade tributária, a nãocumulatividade tem por escopo abrandar os efeitos econômico tributários no ciclo produtivo. 25. Apesar, todavia, dessa independência entre monofasia e não cumulatividade, é comum se avistar uma indevida aproximação entre tais questões no plano legislativo. Talvez por isso, inclusive, o legislador previu no art. 10 da lei n. 10.833/03 que permaneceriam sujeitas ao regime cumulativo àquelas operações empresariais sujeitas a incidência monofásica da contribuição. Vejamos o que diz o citado dispositivo: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: (...). VII as receitas decorrentes das operações: a) referidas no inciso IV do §3o do art. 1o; (...). 26. O citado art. 1o, §3o, inciso IV da lei n. 10.833/03 assim prescrevia à época dos fatos: Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (...). § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: Fl. 695DF CARF MF 14 (...). IV de venda dos produtos de que tratam as Leis nos 9.990, de 21 de julho de 2000, 10.147, de 21 de dezembro de 2000, 10.485, de 3 de julho de 2002, e 10.560, de 13 de novembro de 2002, ou quaisquer outras submetidas à incidência monofásica da contribuição; (...). (g.n.). 27. Logo, empresas como a recorrente, sujeitas à incidência monofásica do tributo, estavam fora do regime nãocumulativo e, por conseguinte, impedidas de creditamento, exatamente como prescrito originalmente no art. 3o, I da lei n. 10.833/03: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...). I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o; (...). 28. Ocorre que, em agosto de 2004 a lei n. 10.865/04 alterou a redação do citado art. 1o da lei n. 10.833/03, o que se deu nos seguintes termos: Redação original: Art. 1o (...). (...). § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: (...). IV de venda dos produtos de que tratam as Leis nos 9.990, de 21 de julho de 2000, 10.147, de 21 de dezembro de 2000, 10.485, de 3 de julho de 2002, e 10.560, de 13 de novembro de 2002, ou quaisquer outras submetidas à incidência monofásica da contribuição; Redação após alteração pela lei 10.865/04: Art. 1o (...). (...). IV de venda de álcool para fins carburantes; (...). 29. Com a nova redação legislativa, deixou de existir a restrição ao creditamento nas operações sujeitas à incidência monofásica, existindo apenas tal limite para as operações de venda de álcool para fins carburantes. E, em princípio, essa restrição continuou a existir para as operações com álcool carburante pelo fato de tais operações permanecerem sujeitas ao regime monofásico e cumulativo do PIS e da COFINS. Fl. 696DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 682 15 30. Aliás, neste tópico em particular convém registrar que permaneceu no regime cumulativo a venda de álcool apenas para fins carburantes, ou seja, as operações empresariais daquele etanol adquirido e revendido em seu estado natural para tal fim. Ocorre que, como visto alhures, a ANP, na qualidade de Agência Reguladora do mercado de combustíveis e derivados de petróleo, estabelece que álcool passível de revenda em seu estado natural, i.e., para fins de abastecimento de veículos automotores (carburante) é o supra citado álcool hidratado. É, portanto, esta modalidade de operação com álcool que permaneceu sujeita ao regime cumulativo. 31. Por sua vez, o álcool anidro, cuja aquisição é objeto de discussão no presente caso, embora tenha um potencial efeito carburante, não pode ser revendido como tal para o varejo em razão de regulação da ANP. Isso porque, como visto alhures, esta espécie de etanol deve necessariamente passar por um processo prévio de transformação antes de ser revendida no varejo, qual seja, ser misturado com gasolina tipo A para então resultar na gasolina tipo C, esta sim utilizada no abastecimento de veículos automotores, ou seja, com fins carburantes em concreto. 32. Seguindo adiante na reconstrução histórica da evolução legislativa, é sabido que a mesma lei n. 10.865/04 acima citada também alterou o art. 3o, inciso II da lei n. 10.833/04 para admitir o creditamento na aquisição de bens empregados como insumos na produção destinada à venda, incluindo aí a aquisição de combustíveis. Vejamos como ficou a redação do citado dispositivo legal: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...). II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...). 33. Ademais, o fato do álcool carburante permanecer sujeito à monofasia não é impediente para o citado creditamento, haja vista a já explicitada separação entre o regime monofásico e a nãocumulatividade. Aliás, a respeito do tema, transcrevo preciso voto do Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira veiculado no âmbito do acórdão n. 3401002.893: (...). A Monofasia aqui referida, que alguns denominam incidência monofásica, outros de regime de tributação monofásica, vou preferir considerar como regime de recolhimento (de tributo). Labuto com a perspectiva que ele não pode ser embaralhado com o conceito de não cumulatividade (ou de cumulatividade, seu oposto). Fl. 697DF CARF MF 16 O regime de recolhimento monofásico é medida de governança fiscal que, na cadeia de produçãocomercialização de determinado produto, seleciona a operação de produção para identificar o responsável pelo recolhimento do tributo considerado representativo ou equivalente da tributação incidente ao longo de toda essa cadeia nas posteriores operações de comercialização. Assim, os contribuintes na seqüência dessa cadeia ficam desonerados do pagamento desse tributo. Esse regime de recolhimento trabalha sobre a unidade de registro "cadeia de produçãocomercialização". Ele tem seu termo quando o produto não será submetido a comercialização, como, por exemplo, quando ele é incorporado ao patrimônio, ou é consumido, ou é aproveitado na produção de outro produto. A não cumulatividade, por sua vez, haure seu sentido corrente do âmbito do IPI. Nessa perspectiva – para o IPI – ele é instituto basilar do direito tributário e prevê a compensação do que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. Ele mantém íntima relação com os princípios constitucionais que orientam tratar igualmente os iguais, ou seja, não beneficiar mais alguns do que os outros do mesmo ciclo produtivo (Princípios da Igualdade e da Capacidade Contributiva Objetiva) e orientam evitar a incidência do tributo sobre tributo, o inaceitável efeito confiscatório ou "cascata". Em linhas gerais, esperase que a não cumulatividade oriente e fundamente normas de tributação, no que for aplicável. As técnicas de creditamento podem estar entre elas. Elas são concebidas, na maior parte das vezes, para observar esse instituto. Mas há hipóteses na legislação em que as técnicas de creditamento não estão adstritas à não cumulatividade; elas atendem a outros princípios legais ou a outros interesses de governança tributáriofiscal (ex.: incentivos; benefícios). Entretanto, a meu ver, a não cumulatividade dedicada às contribuições PIS e COFINS tem outro sentido, regras e critérios diferentes daquela do IPI, e passo a expor esse meu entendimento preliminar. (...). A regra da não cumulatividade estatuída pelo inciso II, § 3º do artigo 153 da CF/1988 para o IPI não corresponde ao regime de não cumulatividade previsto pelo § 12 do artigo 195 da mesma CF. E mesmo as regras das Leis acima citadas, que se apresentam como sob o manto desse regime de não cumulatividade, não correspondem à lógica e regime previsto para o IPI. O regime de não cumulatividade do PIS e da COFINS é um regime próprio e distinto daquele reservado ao IPI. As Lei n. 10.637/2002 e Lei n. 10.833/2003 disciplinam o creditamento para por dedução ou abatimento, se determinar o valor devido dessas contribuições. O creditamento assim estabelecido pretende atender ao regime de não cumulatividade previsto na Constituição Federal e criado através das Leis aqui Fl. 698DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 683 17 citadas. E, até o momento, este é um ponto central em minha compreensão a respeito dessa matéria: 1. a materialidade do PIS e da COFINS está na receita tributável; 2. a materialidade da não cumulatividade está na relação de dependência da receita tributável para com a ocorrência do fator admitido pelas leis que disciplinam a matéria; 3. logo, o direito de creditamento está reservado para os fatores em que esteja demonstrado sejam eles necessários para a geração da receita tributável. Apesar de mal traçadas, essas breves considerações representam, a meu ver, a lógica da não cumulatividade do PIS e da COFINS expressa na leitura conjugada dos artigos dessas Leis. Não faz sentido que se possa gerar creditamento a partir da ocorrência de fatores que não tenham relação de causação ou de concorrência para com a geração da receita a ser tributada. Contradiz essa lógica ler os incisos e §§ do artigo 3º desconectados dos demais artigos da mesma Lei, principalmente os artigos 1º e 2º. (...). No caso aqui em discussão, sinto falta de consistência nos argumentos que decidem o direito creditório simplesmente com base na interpretação que ele é incompatível com o regime de recolhimento monofásico e com a não cumulatividade. Parece me mais razoável buscarmos o concurso do que positivamente define a lei. E a Lei não definiu que a gasolina C não seja um produto, ou que a empresa que a obtenha no processamento da gasolina A com o Álcool anidro não seja uma produtora, PARA OS TERMOS DA LEGISLAÇÃO DO PIS E DA COFINS. (...). A outra justificativa para o indeferimento seria "por força da vedação expressa encartada no art. 3°, I, "a", das Leis n° 10.637, de 30/12/2002 e 10.833, de 29/12/2003" e que o álcool anidro não é insumo. Ocorre que a vedação citada se refere à venda de álcool para fins carburantes. Mas essa proibição não pode se aplicar ao caso deste processo, pois o álcool anidro é insumo na produção da gasolina C, como vimos aqui, e esse insumo não é vendido na situação em que foi adquirido, mas já assimilado e transformado nesse novo produto: a gasolina C. Logo a justificativa para o indeferimento não tem correspondência com o que dita a Lei. Portanto, com relação ao álcool anidro, concluo e proponho a este Egrégio Colegiado: · que ele é insumo para a produção da gasolina C; · que ele não pode ser considerado como revenda quando se vende a gasolina C; Fl. 699DF CARF MF 18 · que, nessa situação, ele faz jus a apuração de crédito para o PIS e a COFINS, inclusive porque não há vedação na Lei nesse sentido para álcool anidro; · que seja dado provimento ao recurso voluntário neste aspecto. (...) (grifos constantes no original) 34. Aliás, exatamente neste sentido, assim decidiu recentemente o Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do AgRg no REsp n. 1.051.634/CE: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. TRIBUTAÇÃO PELO SISTEMA MONOFÁSICO. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL CONCEDIDO PELA LEI N. 11.033/04, QUE INSTITUIU O REGIME DO REPORTO. EXTENSÃO ÀS EMPRESAS NÃO VINCULADAS A ESSE REGIME. CABIMENTO. I O sistema monofásico constitui técnica de incidência única da tributação, com alíquota mais gravosa, desonerandose as demais fases da cadeia produtiva. Na monofasia, o contribuinte é único e o tributo recolhido, ainda que as operações subsequentes não se consumem, não será devolvido. II O benefício fiscal consistente em permitir a manutenção de créditos de PIS e COFINS, ainda que as vendas e revendas realizadas pela empresa não tenham sido oneradas pela incidência dessas contribuições no sistema monofásico, é extensível às pessoas jurídicas não vinculadas ao REPORTO, regime tributário diferenciado para incentivar a modernização e ampliação da estrutura portuária nacional, por expressa determinação legal (art. 17 da Lei n. 11.033/04). III O fato de os demais elos da cadeia produtiva estarem desobrigados do recolhimento, à exceção do produtor ou importador responsáveis pelo recolhimento do tributo a uma alíquota maior, não é óbice para que os contribuintes mantenham os créditos de todas as aquisições por eles efetuadas. IV Agravo Regimental provido. (STJ; AgRg no REsp 1051634/CE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 28/03/2017, DJe 27/04/2017) (grifos nosso). 35. No transcorrer do seu preciso voto a Ministra Regina Helena Costa aduz que: (...). A Lei n. 11.033, de 21 de dezembro de 2004, por sua vez, ao disciplinar, dentre outros temas, o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária – REPORTO, instituiu benefícios fiscais como a suspensão da contribuição ao PIS e da COFINS, convertendose em operação, Fl. 700DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 684 19 inclusive de importação, sujeita à alíquota zero após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do respectivo fato gerador, das vendas e importações realizadas aos beneficiários do REPORTO, consoante a dicção de seu art. 14, § 2º: (...). Por seu turno, o art. 17 desse diploma legal assegura a manutenção dos créditos existentes, nos seguintes termos: (...). Tal preceito, repitase, assegura a manutenção dos créditos existentes de contribuição ao PIS e da COFINS, ainda que a revenda não seja tributada. Desse modo, permitese àquele que efetivamente adquiriu créditos dentro da sistemática da não cumulatividade não seja obrigado a estornálos ao efetuar vendas submetidas à suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da contribuição ao PIS e da COFINS. Em outras palavras, a norma em destaque deixa claro a possibilidade de o contribuinte utilizar créditos da contribuição ao PIS e da COFINS no caso de venda efetuada no regime monofásico, pois garante a manutenção desses créditos pelo vendedor na hipótese de venda de produtos com incidência monofásica. Cumpre salientar que tal dispositivo não se aplica apenas às operações realizadas com beneficiários do regime do REPORTO, porquanto não traz expressa essa limitação, além de não vincular as vendas de que trata às efetuadas na forma do art. 14 da mesma lei. (...). 36. Dessa feita, não sendo a monofasia um impedimento para a incidência nãocumulativa do PIS e da COFINS e, ainda, tendo a legislação própria evoluído para admitir o creditamento na aquisição de combustíveis empregados como insumo, a questão quanto aos créditos vindicados pela recorrente passou a ser a existência ou não de enquadramento do álcool anidro por ela adquirido no conceito de insumo. A nosso ver, como desenvolvido nos itens "I.a" e "a" do presente voto, o álcool anidro é insumo para a recorrente, o que lhe dá, consequentemente, direito a crédito de PIS e COFINS. 37. Nem se alegue, como quer fazer crer a decisão recorrida, que esse direito ao creditamento nas aquisições de álcool carburante só teria advindo com a lei n. 11.727/08 que, em seu art. 7o deu nova redação ao art. 5o da lei 9.718/98, que passou a assim prescrever: Art. 5o Os valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando não for possível sua dedução dos valores a pagar das respectivas contribuições no mês de apuração, poderão ser restituídos ou compensados com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria. Fl. 701DF CARF MF 20 (...). § 13. O produtor, importador ou distribuidor de álcool, inclusive para fins carburantes, sujeito ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, pode descontar créditos relativos à aquisição do produto para revenda de outro produtor, importador ou distribuidor. § 14. Os créditos de que trata o § 13 deste artigo correspondem aos valores da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidos pelo vendedor em decorrência da operação. § 15. O disposto no § 14 deste artigo não se aplica às aquisições de álcool anidro para adição à gasolina, hipótese em que os valores dos créditos serão estabelecidos por ato do Poder Executivo. 38. Regulamentando o disposto no § 15. do art. 5o da lei 9.718/98, o Decreto n. 6.573/08 em sua redação original assim estabeleceu: Art. 3º No caso da aquisição de álcool anidro para adição à gasolina, os valores dos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS de que trata o § 15 do art. 5o da Lei no 9.718, de 1998, ficam estabelecidos, respectivamente, em: I R$ 3,21 (três reais e vinte e um centavos) e R$ 14,79 (quatorze reais e setenta e nove centavos) por metro cúbico de álcool, no caso de venda realizada por produtor ou importador; e II R$ 16,07 (dezesseis reais e sete centavos) e R$ 73,93 (setenta e três reais e noventa e três centavos) por metro cúbico de álcool, no caso de venda realizada por distribuidor. (...). 39. Da análise de tais dispositivos é possível concluir que, em verdade, o que houve foi uma mudança quanto ao método de apuração do creditamento já existente desde a alteração promovida pela lei n. 10.865/04 em relação ao art. 3o, inciso II da lei n. 10.833/04. Assim, o creditamento deixou de ser feito mediante uma apuração ad valorem e passou a ser realizado por meio de uma apuração ad rem. Em suma, os dispositivos supra transcritos não criaram juridicamente neste instante a possibilidade do creditamento aqui analisado, mas apenas alteraram o método da sua apuração. 40. Diante deste quadro, voto por reconhecer o direito ao creditamento pleiteado pela Recorrente em relação às operações de aquisição de álcool anidro. II. Os outros créditos pleiteados pelo contribuinte no valor de R$ 977.168,78 II.a O direito ao crédito e o ônus probatório 41. Não obstante, o contribuinte pleiteia ainda créditos referentes a setembro de 2009 e que dizem respeito, preponderantemente, à gastos com fretes e armazenagens. Aduz, subsidiariamente, que tal discussão deveria ficar sobrestada até que houvesse decisão definitiva no bojo do mandado de segurança autuado sob o n. 2009.32.00.0035063, no qual o contribuinte discute o direito de ver reconhecido o creditamento de fretes e armazenagens nas transferências realizadas entre suas bases primária e secundária. Fl. 702DF CARF MF Processo nº 10283.901511/201306 Acórdão n.º 3402004.356 S3C4T2 Fl. 685 21 42. Tenho para mim, todavia, que não é caso de sobrestamento, uma vez que a decisão a ser proferida nos autos n. 2009.32.00.0035063 em nada afetará a presente demanda, uma vez que, no caso decidendo, o que impede o pretenso creditamento do Recorrente não é uma questão jurídica, mas de fato, ou melhor, a ausência de prova por parte do contribuinte a atestar seu direito. 43. Nesse sentido, aliás, bem decidiu a decisão atacada: (...). Portanto, com os elementos disponíveis, não há como se assegurar de que o contribuinte tem efetivamente o direito a um crédito de Cofins de R$ 977.168,78, gerado no mês de setembro/2009, vinculado a operações não tributadas no mercado interno, muito menos, de que esse crédito se encontra respaldado em documentação hábil e idônea. Em se tratando de pedido de ressarcimento de crédito, é incontroverso o entendimento de que é do contribuinte o ônus de comprovar sua liquidez e certeza, condições essas essenciais ao reconhecimento do direito creditório, nos termos do art. 170 do CTN. 5 Por outro lado, de acordo com o art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/726, o momento para apresentação das provas é o da manifestação de inconformidade, precluindo o direito do contribuinte de fazêlo em outro momento processual, salvo nas situações de justa causa excepcionadas no referido dispositivo, em nenhuma das quais se insere o presente caso. Assim sendo, ante a insuficiência de provas carreadas aos autos pela manifestante, não há como reconhecer o direito creditório pretendido quanto aos alegados créditos gerados no próprio mês de setembro de 2009, que segundo a manifestante teria sido de R$ 977.168,78. 44. Em verdade, o contribuinte se limita a trazer cópias de umas planilhas por ele formuladas (fls. 99/131) no qual há a descrição dos custos que ele (contribuinte) pretende ver creditado. Não há, entretanto, qualquer articulação entre tais informações e seus documentos fiscais, o que de fato torna impossível a apuração de eventuais créditos em favor do contribuinte. 45. Diante deste quadro, ante a ausência de prova quanto à certeza e liquidez do suposto crédito aqui analisado, nego provimento ao recurso do contribuinte neste tópico em particular. Dispositivo 46. Ex positis, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário do contribuinte para reconhecer seu crédito em relação às operações de aquisição de álcool anidro. 47. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator. Fl. 703DF CARF MF 22 Fl. 704DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.008775/98-23
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano calendário: 1993
REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS.
Mantém-se o lançamento na medida em que o recurso voluntário não
apresenta argumentos condizentes com a autuação.
Numero da decisão: 1802-001.109
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator
Nome do relator: Gustavo Junqueira Carneiro Leão
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Mantémse o lançamento na medida em que o recurso voluntário não apresenta argumentos condizentes com a autuação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Marco Antonio Nunes Castilho, Marciel Eder Costa, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10880.008775/9823 Acórdão n.º 1802001.109 S1TE02 Fl. 37 2 Relatório Trata o presente processo de auto de infração (fl. 01 e 02), lavrado em 04/03/1998, decorrente de exigência de insuficiência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), multa e demais acréscimos. O auto teve origem na revisão da declaração de rendimentos relativa ao ano calendário de 1993 (DIRPJ/1994), com a seguinte capitulação legal: a) Prejuízo fiscal indevidamente compensado na demonstração do Lucro Real Regulamento para o Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 85.450 de 04/12/1980 (RIR/1980), arts. 154; 382 e 388, III; Lei nº 8.023/1990, art. 14; Lei nº 8.383/1991, art. 38 parágrafos 7º e 8° e Lei nº 8.541/1992, art. 12. b) Erro no cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real Lei nº 8.541/1992, art. 3, § 1º. c) Lucro liquido do períodobase menor que a soma de suas parcelas RIR/1980, arts. 155 e 156 e Lei nº 7.450/1985, art. 18. A empresa apresentou impugnação (fls. 07 a 24) em 16/04/1998, que resumidamente alegou: “I. Está sendo a Defendente autuada com fulcro em avocada irregularidade por força de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ). II. O auto de infração que originou a Execução foi lavrado porque, segundo o entendimento da Autoridade, a Defendente, sujeita ao recolhimento mensal pelo lucro real, optou pelo regime de estimativa, efetuando, entretanto, nos meses que menciona, recolhimentos inferiores aos reais. Em conseqüência, o auto de infração exigelhe o recolhimento da exação e de multa de 100%, além de juros e correção monetária.” Grifos do original. A DRJ de São Paulo (SP), em 13/11/2002, julgou por unanimidade o lançamento procedente, proferindo acórdão assim ementado: “Ementa: REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. Mantémse o lançamento na medida em que a impugnação não apresenta argumentos condizentes com a autuação.” Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 11/10/2004, a Contribuinte apresentou recurso voluntário de fls. 64 a 84, onde basicamente reitera as mesmas razões de sua impugnação. Em 02/02/2006 o Delegado da Receita Federal negou seguimento ao recurso voluntário do contribuinte, tendo em vista que o mesmo não havia efetuado o depósito de 30% do valor do crédito tributário questionado limitado ao total do ativo permanente, conforme Fl. 168DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10880.008775/9823 Acórdão n.º 1802001.109 S1TE02 Fl. 38 3 previsto na Lei nº 10.522/2002, art. 32, que alterou o Decreto nº 70.235/2002, art. 33, a seguir transcrita: “Art. 32. O art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que, por delegação do DecretoLei nº 822, de 5 de setembro de 1969, regula o processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários da União, passa a vigorar com a seguinte alteração: “Art. 33................................................... § 1º No caso de provimento a recurso de ofício, o prazo para interposição de recurso voluntário começará a fluir da ciência, pelo sujeito passivo, da decisão proferida no julgamento do recurso de ofício. § 2º Em qualquer caso, o recurso voluntário somente terá seguimento se o recorrente arrolar bens e direitos de valor equivalente a 30% (trinta por cento) da exigência fiscal definida na decisão, limitado o arrolamento, sem prejuízo do seguimento do recurso, ao total do ativo permanente se pessoa jurídica ou ao patrimônio se pessoa física. § 3º O arrolamento de que trata o § 2º será realizado preferencialmente sobre bens imóveis. § 4º O Poder Executivo editará as normas regulamentares necessárias à operacionalização do arrolamento previsto no § 2º.” (NR) Em conseqüência da decisão tomada, o Delegado da Receita Federal determinou que o contribuinte recolhesse o tributo no prazo de 30 (trinta) dias sob pena de inscrição em dívida ativa, conforme prescrito em lei, o que de fato ocorreu em 24/07/2006 sob o nº 80.2.06.07761693. Em decorrência dos atos praticados, em 24 de abril de 2006 a Recorrente impetrou Mandado de Segurança, distribuído para a 4ª Vara federal Cível da Seção Judiciária de São Paulo sob o nº 2006.61.00.0090510, para afastar a exigibilidade da exigência do depósito pleiteado. Primeiramente o pedido de liminar foi indeferido, contudo em 24/04/2007 a Reclamante obteve a seguinte decisão favorável ao seu pleito: “Ante o exposto e o mais que dos autos constam, julgo procedente o pedido e concedo a segurança para o fim de determinar à autoridade coatora o recebimento do recurso administrativo da impetrante sem a necessidade de prévio depósito recursal.” (grifos no original). Ante a decisão judicial favorável a Recorrente foi procedido o cancelamento da inscrição em dívida ativa e o encaminhamento do processo ao Conselho de Contribuintes. Este é o Relatório. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10880.008775/9823 Acórdão n.º 1802001.109 S1TE02 Fl. 39 4 Voto Conselheiro Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Conforme relatado a Contribuinte questiona o lançamento referente a insuficiência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), multa e demais acréscimos. Em que pese a extensa argumentação apresentada tanto na impugnação, quanto no recurso voluntário, percebemos que não guardam qualquer propósito com a autuação, na medida em que trata de assuntos não relacionados com as infrações constatadas pela fiscalização. Na descrição dos fatos (fl. 02), o contribuinte foi autuado por: a) Prejuízo fiscal indevidamente compensado na demonstração / apuração do lucro real; b) Erro no cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real e Lucro liquido do períodobase menor que a soma de suas parcelas. Apesar de toda a argumentação da Recorrente versar sobre sua opção de recolhimento do imposto de renda pelo regime de estimativa, verificase, por meio de sua Declaração de Rendimentos de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica DIRPJ (fls. 37 a 41), assinada pelo Sr. Manoel Marques Recacho (CPF nº 192.813.31853), recepcionada pela Receita Federal em 26/04/1994, que houve a manifestação no quadro 10 da opção pelo lucro real mensal em 1993. Também vale dizer que os argumentos dados nas peças são descabidos e demonstram grande confusão por parte da contribuinte, eis que mistura conceitos básicos relacionados ao lucro real x lucro presumido; receita bruta x lucro. A contribuinte também se defende contra a aplicação de multa de 100%, quando na realidade a multa aplicada foi de 75%, com base na Lei nº 9.430/1996, art. 44, I, c/c a Lei nº 5.172/1966, art. 106, II, “c”. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso, mantendo integralmente o lançamento efetuado pela autoridade administrativa, com a conseqüente cobrança do crédito tributário exigido. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Fl. 170DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10880.008775/9823 Acórdão n.º 1802001.109 S1TE02 Fl. 40 5 Fl. 171DF CARF MF Impresso em 16/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 14/03/2012 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEA, Assinado digitalmente em 15/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 15463.720006/2016-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
IRPF. BENS COMUNS
É regular o procedimento adotado pelo contribuinte que, na constância da sociedade conjugal, opta por tributar 100% dos rendimentos produzidos pelos bens comuns na declaração do cônjuge.
Numero da decisão: 2201-003.921
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 24/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2014 IRPF. BENS COMUNS É regular o procedimento adotado pelo contribuinte que, na constância da sociedade conjugal, opta por tributar 100% dos rendimentos produzidos pelos bens comuns na declaração do cônjuge.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 24/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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BENS COMUNS É regular o procedimento adotado pelo contribuinte que, na constância da sociedade conjugal, opta por tributar 100% dos rendimentos produzidos pelos bens comuns na declaração do cônjuge. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 24/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 46 3. 72 00 06 /2 01 6- 01 Fl. 98DF CARF MF 2 Trata o presente da Notificação de Lançamento do Imposto sobre a Renda da Pessoa ´Física, relativa ao exercício de 2014, fl. 05 a 10, pela qual a Autoridade Administrativa, em sede de Malha Fiscal, identificou infrações à legislação tributária e promoveu as seguintes alterações na Declaração de rendimentos do contribuinte em tela: a) omissão de rendimentos recebidos de pessoa física no valor de R$ 15.300,00, com origem em aluguel de imóveis, conforme informações prestadas em Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias DIMOB, prestadas pela Patrimob Administração Imobiliária LTDA; b) Glosa do Imposto de Renda Retido na Fonte no valor de R$ 1.852,32, relativos às retenções declaradas da Fundação Atlântico de Seguridade Social. Ciente do lançamento em 16 de dezembro de 2015, fl. 40, inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, a Impugnação de fl. 3. Nas razões apresentadas, limitouse a contestar a omissão apurada de R$ 15.300,00, alegando que tal valor teria sido declarado por sua esposa, Sra. Lecy de Azevedo Santos. Já em relação à glosa de IRRF, afirmou concordar com a infração. No julgamento de 1ª Instância, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS julgou improcedente a impugnação, fl. 45/48, basicamente por não ter restado comprovado a propriedade conjunta do bem e o casamento pelo regime de comunhão universal ou parcial. Ciente do Acórdão da DRJ em 28 de junho de 2016, fl. 56, ainda inconformado, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fl. 60/61, na qual reitera os mesmos argumentos já expressos na impugnação, apresentando novos documentos. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. O contribuinte alega inexistência da omissão de rendimentos apurada no procedimento fiscal em razão de ter utilizado a faculdade de incluir na declaração de sua esposa a totalidade dos valores recebidos de aluguel no curso do ano de 2013. As informações prestadas em DIMOB pela PATRIMOB ADMINISTRAÇÃO IMOBILIÁRIA LTDA evidenciam que o recorrente foi beneficiário de um rendimento bruto de R$ 17.000,00, com desconto de comissões na ordem de R$ 1.700,00, resultando em um rendimento líquido tributável de R$ 15.300,00. Para comprovar seus argumentos, junta documentos que comprovam a propriedade do imóvel (fl. 85 a 90), recibos de pagamento de aluguéis (fl. 11 a 17), Certidão de Casamento (fl. 84), bem assim DIRPF da esposa (fl. 24 a 29). O Decreto 3000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda), assim trata dos rendimentos produzidos pelo bens comuns na constância da sociedade conjugal: Fl. 99DF CARF MF Processo nº 15463.720006/201601 Acórdão n.º 2201003.921 S2C2T1 Fl. 99 3 Art. 6º Na constância da sociedade conjugal, cada cônjuge terá seus rendimentos tributados na proporção de: I cem por cento dos que lhes forem próprios; II cinqüenta por cento dos produzidos pelos bens comuns. Parágrafo único. Opcionalmente, os rendimentos produzidos pelos bens comuns poderão ser tributados, em sua totalidade, em nome de um dos cônjuges. Declaração em Separado Art. 7º Cada cônjuge deverá incluir, em sua declaração, a totalidade dos rendimentos próprios e a metade dos rendimentos produzidos pelos bens comuns. § 1º O imposto pago ou retido na fonte sobre os rendimentos produzidos pelos bens comuns deverá ser compensado na declaração, na proporção de cinqüenta por cento para cada um dos cônjuges, independentemente de qual deles tenha sofrido a retenção ou efetuado o recolhimento. Analisando as informações contidas nos autos, é possível identificar que o casamento se deu no ano de 1986, sob o regime de comunhão parcial de bens; que o imóvel locado foi adquirido na constância na sociedade conjugal (2000); que a Sra. Lucy de Azevedo Santos apresentou sua declaração de rendimentos, em separado, antes de iniciado o procedimento fiscal sobre o recorrente (17/04/2014); que a Sra. Lucy declarou rendimentos recebidos de Pessoa Física (fl. 24) e pagamento a Pessoa Jurídica (fl. 25) compatíveis com os valores informados pela PATRIMOB (fl. 17). Desta forma, embora não tenha sido apresentado o contrato de locação do imóvel em tela, penso que os elementos inseridos no presente processo permitem atestar a procedência dos argumentos recursais. Conclusão Tendo em vista tudo que conta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que constam do presente, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, doulhe provimento para considerar improcedente o lançamento em relação à omissão de rendimentos de R$ 15.300,00, mantendose inalterado o crédito decorrente da glosa de fonte que foi reconhecida pelo contribuinte como procedente e sobre a qual não se instaurou o litígio. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 100DF CARF MF 4 Fl. 101DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.904340/2009-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1402-002.656
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 43 40 /2 00 9- 06 Fl. 58DF CARF MF Processo nº 11040.904340/200906 Acórdão n.º 1402002.656 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra despacho decisório da DRF que não reconheceu direito creditório de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), não homologando as compensações com base no valor pretendido. A interessada apresentou PER/Dcomp informando disponibilidade de crédito em seu favor, derivada do pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal de IRPJ, efetuado por Darf. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão da DRF e apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade. A contribuinte alega a existência de pagamento a maior do tributo. Sustenta que as divergências foram devidas a erro no preenchimento da DCTF: as informações de recolhimentos de IRPJ e CSLL não foram relacionadas no trimestre de sua competência e sim em outro trimestre. Acrescenta que a DIPJ também não relacionou, equivocadamente, os pagamentos por estimativa. Reconhece que haveria que se retificar a DCTF e DIPJ. A manifestação de inconformidade restou julgada improcedente, não lhe reconhecendo o direito creditório. Essencialmente, o contribuinte não teria apresentado provas do erro alegado e admitido pelo contribuinte, na forma dos arts. 15 e 16, § 4°, do Decreto 70.235/72, posto que o Darf foi utilizado inicialmente para quitar débito, em princípio devido até que se provasse o contrário , de estimativa. Inconformada com tal entendimento, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando, principalmente com base no Princípio da Verdade Material, que o equívoco do contribuinte não pode resultar na supressão de seu direito creditório, e que não há amparo legal para a negativa de seu pleito. Não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.628, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 1040.900104/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.628): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Por inexistir preliminares, passo a análise de mérito. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11040.904340/200906 Acórdão n.º 1402002.656 S1C4T2 Fl. 4 3 MÉRITO Ainda que o contribuinte não tenha explicitado em seu Recurso, considerando que recolhe IRPJ e CSLL por estimativa mensal, concluise que apure tais tributos pelo lucro real anual. Nos termos do art. 10 da IN SRF nº 460/2004 e art. 10, da IN SRF nº 600/2005, “a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período.” Ou seja, durante a vigência de ambas as instruções normativas, não era permitido, mesmo por PER/DCOMP, utilizarse diretamente de créditos decorrentes de pagamento com DARF em valores indevidos ou maior do que o devido. Essa situação perdurou até o advento da IN RFB 900/2008, que revogou a IN SRF 600/2005 e não trouxe, em seu bojo, a vedação contida na instrução normativa revogada, de tal forma que, a partir de sua vigência, poderia o contribuinte optar em realizar, de imediato, a compensação de DARF pago a título de IRPJ ou CSLL por estimativa de forma indevida ou maior do que a devida e/ou, a seu critério, aguardar o ajuste na DIPJ, de tal forma que os valores recolhidos a maior compusessem o seu saldo negativo de IRPJ ou CSLL. As instruções normativas posteriores – IN RFB 1.300/2012 e alterações posteriores, que tratam da compensação, mantiveram a possibilidade inaugurada com o advento da IN RFB 900/2008. Para por fim a quaisquer dúvidas, foi expedida a Solução de Consulta Interna nº 19 COSIT, que pacificou o seguinte entendimento: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 11040.904340/200906 Acórdão n.º 1402002.656 S1C4T2 Fl. 5 4 A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fixada a premissa que o contribuinte poderia apresentar PER/DCOMP em razão de pagamento indevido ou maior do que o devido de IRPJ ou CSLL por estimativa, passase a análise de certeza e liquidez dos créditos. A DRF responsável pela análise do PER/DCOMP e emissão do despacho decisório respectivo não questionou a existência do DARF e o seu recolhimento. Apontou, contudo, que o referido DARF teria sido integralmente utilizado para o pagamento da própria estimativa informada como devida e, desta forma, não haveria saldo para a compensação pleiteada pelo contribuinte ou, em alguns casos, reconheceu o pagamento a maior, homologando a compensação até o limite do crédito confirmado. O contribuinte reconhece, notadamente em sua impugnação, que cometeu erros nas informações prestadas em DCTF, embora não esclareça quais, bem como que não informou, nem em DCTF, nem em DIPJ, os recolhimentos das estimativas. Não é possível, à míngua de provas, especular qual seria o erro do contribuinte nas informações prestadas em DCTF. Contudo, a informação de que não teria informado, em DIPJ, os recolhimentos das estimativas, denota que é possível que mesmo no ajuste anual não tenha apurado os saldos negativos de IRPJ e CSLL que faria jus, os quais seriam, nos termos da legislação, passíveis de compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, exceto previdenciários. Mesmo com a decisão da DRJ em mãos, o que possibilitou a apresentação de recurso voluntário dirigido a este Conselho, o contribuinte não apresentou documentos que pudessem dar a este Julgador elementos para aferir se, de fato, ele possui créditos líquidos e certos passíveis de compensação que pudessem justificar uma mudança no teor da decisão recorrida. Não foi apresentado, por exemplo, uma memória de cálculo com a apuração mensal das estimativas devidas, correlacionadas com os DARF’s pagos e, ao final do período de apuração, o fechamento do valor devido a título de IRPJ e CSLL, em linha com a DIPJ apresentada, para que se pudesse aferir que as estimativas recolhidas durante o ano pudessem ser em valor maior do que os tributos devidos e, assim, verificar a existência de saldo negativo passível de compensação. Desta forma, como não foi possível aferir a liquidez e certeza dos créditos oferecidos à compensação, pressuposto para a homologação (art. 170, CTN), pela inexistência de documentos Fl. 61DF CARF MF Processo nº 11040.904340/200906 Acórdão n.º 1402002.656 S1C4T2 Fl. 6 5 que pudessem comprovar o quanto alegado pelo contribuinte, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeira instância e a não homologação das compensações declaradas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 62DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.726884/2013-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Ano-calendário: 2009
CIDE. AFRETAMENTO. NATUREZA INDISSOCIÁVEL DO SERVIÇO. CONTRATAÇÃO ÚNICA. TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. DESNECESSIDADE.
A contratação de embarcação com especificações de construção, equipamento e operação para atender à consecução dos serviços técnicos especializados de levantamento sísmico consubstancia-se parte integrante e indissociável da atividade, que se constitui única, não permitindo segregar os valores pagos para os efeitos de incidência da CIDE ainda que discriminados no mesmo ou diferentes contratos.
A incidência da CIDE na contratação de serviços técnicos prestados por residentes ou domiciliados no exterior prescinde da ocorrência de transferência de tecnologia, de acordo com o §2º do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.022
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Tatiana Josefovicz Belisário e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Designado para o voto vencedor o Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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ementa_s : Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE Ano-calendário: 2009 CIDE. AFRETAMENTO. NATUREZA INDISSOCIÁVEL DO SERVIÇO. CONTRATAÇÃO ÚNICA. TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. DESNECESSIDADE. A contratação de embarcação com especificações de construção, equipamento e operação para atender à consecução dos serviços técnicos especializados de levantamento sísmico consubstancia-se parte integrante e indissociável da atividade, que se constitui única, não permitindo segregar os valores pagos para os efeitos de incidência da CIDE ainda que discriminados no mesmo ou diferentes contratos. A incidência da CIDE na contratação de serviços técnicos prestados por residentes ou domiciliados no exterior prescinde da ocorrência de transferência de tecnologia, de acordo com o §2º do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000. Recurso Voluntário Negado
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AFRETAMENTO. NATUREZA INDISSOCIÁVEL DO SERVIÇO. CONTRATAÇÃO ÚNICA. TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. DESNECESSIDADE. A contratação de embarcação com especificações de construção, equipamento e operação para atender à consecução dos serviços técnicos especializados de levantamento sísmico consubstanciase parte integrante e indissociável da atividade, que se constitui única, não permitindo segregar os valores pagos para os efeitos de incidência da CIDE ainda que discriminados no mesmo ou diferentes contratos. A incidência da CIDE na contratação de serviços técnicos prestados por residentes ou domiciliados no exterior prescinde da ocorrência de transferência de tecnologia, de acordo com o §2º do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Tatiana Josefovicz Belisário e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Designado para o voto vencedor o Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 68 84 /2 01 3- 89 Fl. 1438DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 3 2 Paulo Roberto Duarte Moreira Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri e Renato Vieira de Avila. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em primeira instância, o qual está consignado nos seguintes termos: "Trata o processo de auto de infração para cobrança da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE, relativo ao anocalendário de 2009, no valor de R$ 5.306.212,37, com multa de ofício de 75% e juros de mora, incidente sobre remessa de valores ao exterior. De acordo com o Termo de Constatação Fiscal, fls. 1.036/1.045, foi verificado que: a autuada celebrou 3 (três) contratos distintos com a empresa CGCVeritas Services S.A., sediada na França, sendo esta “Contratada” para a Prestação de Serviços Técnicos Especializados de Prospecção Sísmica Marítima, com delimitação de área para exploração e determinação de embarcação a ser utilizada. estes contratos estão vinculados a outros firmados com a Petrobrás, no qual a obrigação da autuada é de fornecer dados sísmicos 3D e 2D, na modalidade não exclusiva, relativos às mesmas áreas, e com utilização das mesmas plataformas. a autuada efetuou diversas remessas ao exterior para a empresa CGCVeritas Services S.A. relativas a afretamento, mas que se referiam aos contratos já mencionados. a autoridade fiscal concluiu que os citados contratos não tratam de afretamento, mas sim Contratos de Prestação de Serviços Técnicos Especializados de Levantamento de Dados Sísmicos, sem transferência de tecnologia. o afretamento das embarcações é necessária para a execução dos serviços contratados, mas as mesmas foram transferidas pelo fretador ao afretador aparelhadas, equipadas, tripuladas, e com todas as condições de navegabilidade e de uso para levantamentos dos dados sísmicos, ficando patente que o contrato é de prestação de serviços. os valores pagos foram contabilizados na conta “Locações Meios Explorações”, sem qualquer desmembramento de qual parcela seria do afretamento e qual seria da prestação do serviço, corroborando para a natureza jurídica do contrato ser de Prestação de Serviços. Fl. 1439DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 4 3 logo, o lançamento visa a constituição do crédito tributário da CIDE, com a aplicação da alíquota de 10% sobre os pagamentos, com base no artigo artigo 2º e parágrafos da Lei nº 10.168/2000, com alterações da Lei nº 10.332, de 2001, regulamentada pelo Decreto nº 4.195, de 2002. A ciência do lançamento foi pessoal, em 18/07/2013. A autuada apresentou sua impugnação em 19/08/2013, fls. 1.074/1.088, com as seguintes alegações: a impugnação é tempestiva. no regular desempenho de suas atividades, contratou a CGCVeritas Services S.A., empresa estabelecida na França, para afretamento de embarcações e prestação de serviços técnicos especializados de prospecção sísmica marítima, sendo certo que remeteu numerário ao exterior para pagamento. o objeto dos contratos celebrados com a CGC Veritas S.A. é complexo, sendo parte afretamento de embarcação e parte serviços técnicos especializados (know how da tripulação que opera a embarcação para verificação da coleta de dados sísmicos). reconhece que incide CIDE e IRRF sobre a cota financeira relativa aos serviços técnicos, e não na parcela referente ao afretamento da embarcação, sendo que o modelo do contrato permite a exata configuração do quantum é relativo a cada uma das atividades avençadas. afirma que recolheu os tributos devidos sobre as remessas ao exterior em razão da realização dos serviços técnicos. não recolheu os tributos relativos à remessas ao exterior remunerando afretamento por não serem devidos. consta nos contratos a cláusula quinta com a discriminação dos valores para o afretamento e para a prestação dos serviços, estes representando em torno de 20% do valor total. em todo contrato de afretamento de embarcação existe um elemento de serviços, por ser necessária a contratação da tripulação especializada na operação, mas fato este que não desconfigura a natureza de afretamento de embarcação, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça. tratase de contrato com custo altíssimo, pois as embarcações, atracadas em território estrangeiro, devem se deslocar para a localidade de pesquisa, existindo poucas embarcações com equipamentos capazes de realizar pesquisas em águas profundas. o objeto social da autuada não se confunde com o objeto dos contratos firmados com a CGCVeritas Services S.A., que são somente parte das atividades. Fl. 1440DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 5 4 em qualquer ramo da economia é necessária a contratação de terceiros, para prestação de serviços ou fornecimento de insumos, correspondendo a custo do negócio. o custo do afretamento prepondera ao custo da prestação de serviços. o auditor fiscal partiu de premissa equivocada de que não poderia firmar contratos de afretamento posto que fugiria do seu objeto social. nos termos do artigo 2º, §2º da Lei nº 10.168/200, com redação da Lei nº 10.332/2001, a CIDE é devida pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, o que não é o caso de contrato de afretamento. tratase de mero afretamento de embarcação, sem qualquer atuação técnica específica. mesmo a se considerar o afretamento como serviço técnico, tal suposta hipótese de incidência não configura típica finalidade interventiva, sendo alheias aos objetivos constitucionais. É o relatório." A decisão recorrida apresenta a seguinte ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Anocalendário: 2009 AFRETAMENTO DE EMBARCAÇÃO. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. NATUREZA JURÍDICA. INCIDÊNCIA DA CIDE. CABIMENTO. Para fins tributários, é necessário verificar qual a natureza dos pagamentos, tendo em vista a realidade fática. Dos fatos apontados nos autos, restou comprovado tratarse de contrato de prestação de serviços, no qual o afretamento da embarcação é o meio necessário para execução do objeto acordado. A existência de cláusula contratual com preços discriminados para o afretamento e o serviço não descaracteriza a natureza de prestação de serviços. CONTRATO DE AFRETAMENTO POR TEMPO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INCIDÊNCIA DA CIDE. CABIMENTO. No caso de afretamento por tempo, em que a plataforma é cedida armada e tripulada, o contrato de afretamento se torna complexo, conjugando a transferência do bem com a prestação de uma diversidade de serviços, sendo cabível a cobrança da CIDE sobre a remuneração à residente ou domiciliado no exterior. Fl. 1441DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 6 5 SERVIÇOS TÉCNICOS E DE ASSISTÊNCIA ADMINISTRATIVA e SEMELHANTES.INCIDÊNCIA DA CIDE. CABIMENTO. A partir de 1° de janeiro de 2002, a CIDE passou a ser devida pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes prestados por residentes ou domiciliados no exterior. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" O recurso voluntário foi interposto de forma hábil e tempestiva, contendo, em breve síntese, os seguintes argumentos: (i) o objeto dos contratos celebrados com CGGVeritas Services S/A é complexo, configurando em parte afretamento de embarcação e em parte serviços técnicos especializados (Knowhow da tripulação que opera a embarcação para a verificação da coleta de dados sísmicos); (ii) que os contratos firmados segregam o quantum relativo a cada uma das atividades (afretamento e prestação de serviços técnicos); (iii) que a parcela relativa ao afretamento de embarcação não constitui hipótese de incidência da CIDE, por não configurar serviço; (iv) que sobre a parcela de serviços a CIDE foi recolhida; (v) que a autoridade julgadora parece entender não ser possível que em um único contrato conste mais de um objeto; (vi) que não há incidência da CIDE em qualquer modalidade de afretamento, e não somente na modalidade de afretamento de "casco nu"; (vii) que o afretamento se caracteriza como uma mera colocação da embarcação à sua disposição; (viii) que na hipótese de se considerar o afretamento como uma prestação de serviço, não há qualquer transferência de tecnologia; Por sua vez, a Fazenda Nacional, em contrarrazões aduz que: (i) o objeto do contrato é a prestação de serviços técnicos especializados de prospecção sísmica marítima, sendo o fornecimento da unidade parte integrante e instrumental dos serviços pactuados; (ii) os dados sísmicos correspondem ao produto final para cada conjunto de contratos vinculados (Petrobrás – CGG do Brasil – CGG Services); (iii) o fornecimento da plataforma figura tãosomente na cláusula que lista as obrigações da contratada; (iv) a divisão das obrigações da contratada entre operações e embarcações não alterou o fato de que o objeto expressamente contratado era um só: os dados sísmicos, que Fl. 1442DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 7 6 a CGG do Brasil tinha que entregar à Petrobrás e que, para tanto, a CGG Services utilizou seu equipamento e mãodeobra; (v) o STJ assentou entendimento pela impossibilidade de se desmembrar contratos complexos, para efeitos fiscais, razão pela qual a contribuição deve incidir sobre o valor total remetido ao exterior; (vi) que para a incidência da CIDE a legislação não exige que os serviços técnicos envolvam transferência de tecnologia; (vii) a Lei 10.332/01 passou a determinar a incidência da CIDE também sobre os valores pagos a residentes no exterior a título de contraprestação por serviços técnicos, de assistência administrativa e semelhantes, sem que se faça necessária a transferência de tecnologia para que a contribuição seja devida; (viii) que as premissas adotadas pela recorrente representam um entendimento que não é mais compatível com a forma de análise e interpretação da lei estabelecida a partir do advento da Constituição Federal de 1988; (ix) O fornecimento da plataforma não se revelou uma contratação autônoma. Ao contrário, ela apenas ocorreu como meio e instrumento necessário para a empresa estrangeira do grupo realizar a atividade de levantamento de dados sísmicos, informações que a autuada tinha obrigação a fornecer à Petrobrás; (x) Cita precedente do CARF sobre a matéria, qual seja, acórdão n. 3403 002.702, de relatoria do Conselheiro Alexandre Kern, da 3ª Seção, 4ª Câmara, 3ª Turma. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Cingese o presente processo sobre exigência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE sobre o somatório dos desembolsos de remuneração dos contratos de afretamento e prestação de serviços. Como sabido, a CIDE é de competência exclusiva da União, conforme disposto no art. 149 da Constituição Federal, in verbis: "Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo." Tal contribuição, de caráter extrafiscal, respeita os princípios encartados no art. 170 da Carta Magna, conforme a seguir: Fl. 1443DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 8 7 "Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I soberania nacional; II propriedade privada; III função social da propriedade; IV livre concorrência; V defesa do consumidor; VI defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII redução das desigualdades regionais e sociais; VIII busca do pleno emprego; IX tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei." Sobre a CIDE, o escólio de Hugo de Brito Machado é elucidativo: "A finalidade da intervenção no domínio econômico caracteriza essa espécie de contribuição social como tributo de função nitidamente extrafiscal. Assim, um tributo cuja finalidade predominante seja a arrecadação de recursos financeiros jamais será uma contribuição social de intervenção no domínio econômico. A finalidade interventiva dessas contribuições, com o característica essencial dessa espécie tributária, deve manifestarse de duas formas, a saber: (a) na função da própria contribuição, que há de ser um instrumento da intervenção estatal no domínio econômico, e ainda, (b) na destinação dos recursos com a mesma arrecadados, que só podem ser aplicados no financia mento da intervenção que justificou sua instituição." (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 422.) Tecidas estas considerações prévias, passo a análise das matérias alegadas em sede recursal. O entendimento posto na decisão recorrida, com o devido respeito, merece reparos. Fl. 1444DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 9 8 A Lei 10.168/2000 em seu art. 2° assim dispõe: "Art. 2o Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. (...) § 2o A partir de 1o de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. § 3o A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2o deste artigo." Por sua vez, o art. 10 do Decreto 4.195/2002 dispõe que: "Art.10 A contribuição de que trata o art. 2o da Lei no 10.168, de 2000, incidirá sobre as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou remuneração, previstos nos respectivos contratos, que tenham por objeto: I fornecimento de tecnologia; II prestação de assistência técnica: a) serviços de assistência técnica; b) serviços técnicos especializados; III serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes; IV cessão e licença de uso de marcas; e V cessão e licença de exploração de patentes." A questão em debate envolve uma interpretação sistemática, que no escólio de Carlos Maximiliano está assim conceituada: "A verdade inteira resulta do contexto, e não de uma parte truncada, quiça defeituosa, mal redigida; examinese a norma na íntegra e, mais ainda: o Direito todo, referente ao assunto. Além de comparar o dispositivo com outros afins, que formam o Fl. 1445DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 10 9 mesmo instituto jurídico, e com os referentes a institutos análogos; força é, também, afinal por tudo em relação com os princípios gerais, o conjunto do sistema em vigor." (MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 20 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 106). Não há como se desvincular o texto do parágrafo segundo, do caput do art. 2° do texto legal antes reproduzido, pois se estaria dissociando da real intenção do legislador, qual seja, o cumprimento do contido no caput. Nesse contexto, os valores remetidos ao exterior atinentes ao afretamento não configuram hipótese de incidência relativa aos serviços técnicos e de assistência administrativas, porquanto não encerram nenhuma relação com o fato gerador previsto na norma, encartado no caput do art. 2°. A interpretação da norma não pode levar a um desvio como posto na autuação e mantido em primeira instância, pois o parágrafo segundo não pode subverter o texto da hipótese de incidência expressamente previsto no caput do já citado art. 2°. A recorrente contratou (i) afretamento de embarcação e (ii) serviços técnicos especializados (Knowhow da tripulação que opera a embarcação para a verificação da coleta de dados sísmicos), sendo que em relação a estes, recolheu a CIDE. O art. 2° da Lei 9432/1997 traz as definições de afretamento em suas três modalidades, assim: "Art. 2º Para os efeitos desta Lei, são estabelecidas as seguintes definições: I afretamento a casco nu: contrato em virtude do qual o afretador tem a posse, o uso e o controle da embarcação, por tempo determinado, incluindo o direito de designar o comandante e a tripulação; II afretamento por tempo: contrato em virtude do qual o afretador recebe a embarcação armada e tripulada, ou parte dela, para operála por tempo determinado; III afretamento por viagem: contrato em virtude do qual o fretador se obriga a colocar o todo ou parte de uma embarcação, com tripulação, à disposição do afretador para efetuar transporte em uma ou mais viagens;" Pelas suas próprias características, temse que o afretamento, em nenhuma de suas três modalidades, implica em transferência de tecnologia, o que impede a incidência tributária em questão. Sobre a impossibilidade de incidência da CIDE sobre serviços em que não haja transferência de tecnologia, Gabriel Lacerda Troianelli assim se posiciona: “é plenamente viável a interpretação conforme a Constituição do §2º, art. 2º da Lei 10.168/2000, válido e eficaz quanto à incidência da contribuição relativa a serviços técnicos e administrativo acessórios à transferência de tecnologia, mas Fl. 1446DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 11 10 inválido se aplicado a serviços técnicos e administrativos que não guardem relação com a transferência de tecnologia.” (TROIANELLI, Gabriel Lacerda. O âmbito de incidência da contribuição de intervenção no domínio econômico instituída pela Lei n. 10.168/2000. Revista dialética de Direito Tributário. Vol. 121. São Paulo: Dialética, 2005, p. 79) Marco Aurélio Greco, citando Hiromi Higuchi assim se posiciona sobre a matéria: "A maior dúvida decorre da falta de definição da legislação em relação à transferência de tecnologia nos contratos de prestação de assistência técnica e de assistência administrativa. A incidência da Cide sobre a remuneração desses serviços foi introduzida pela nova redação dada pelo §2º do art. 2º da Lei 10.168/2000 pelo art. 6º da Lei 10.332/2001. Pelo caput daquele artigo, a Cide só incide nos contratos que tiver transferência de tecnologia. Com isso, o §2º terá que seguir a orientação do caput. A Cide instituída com base no art. 149 da Constituição onde dispõe que compete exclusivamente à União instituir Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico como instrumento de sua atuação na área. Com isso, a Constituição só permite cobrar contribuição de intervenção na área que ocorrer domínio econômico." (GRECO, Marco Aurélio. Contribuição de intervenção no domínio econômico: Parâmetros de sua criação. São Paulo: Dialética, 2001, p. 88). Temse, ainda, voto proferido pela Conselheira Andréa Medrado Darzé no processo n° 10880.729484/201129 (Acórdão n° 3102002.020): "Assim, e como bem pontuou o próprio Marco Aurélio Greco, se o fim é estipulado pela Constituição, ultrapassar o limite corresponde a hipótese de inconstitucionalidade. Por outro lado, se o fim escolhido pela própria lei, o limite na escolha dos meios é resultante da racionalidade que deve informar a produção legislativa e ao princípio da razoabilidade que exclui a existência de leis razoáveis por irracionalidade, posto que violam o devido processo legal em sentido material. Dito isso, inferese que, se a própria lei instituidora do tributo estabeleceu que a CIDERoyalties visa a estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo, não resta dúvida de que a escolha de hipóteses de incidência que não atendem esta finalidade é uma questão de ilegalidade, não de inconstitucionalidade, sendo, por esta mesma razão, passível de análise por esta Corte Administrativa. Neste contexto, analisando o art. 2º da Lei n° 10.168/00, em sua redação original, concluise que só poderão integrar a base de cálculo da referida Contribuição os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, em razão das obrigações decorrentes dos seguintes fatos: (i) deter licença de uso de conhecimentos Fl. 1447DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 12 11 tecnológicos; (ii) adquirir conhecimentos tecnológicos; e (iii) ser signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia. Posteriormente, com a edição da Lei nº 10.332/01, foram introduzidas alterações no § 2º daquele dispositivo, passando a ser objeto de tributação também as remessas ao exterior decorrentes de (i) contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes; (ii) pagamentos, creditamentos, entregas, empregos ou remessas de royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. Todavia, considerandose os requisitos para a instituição de Contribuições Interventivas, bem como a finalidade da criação da CIDERoyalties expressamente disposta na lei, concluise que as remessas enumeradas no § 2º do art. 2º, mesmo com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.332/01, devem, necessariamente, envolver transferência de tecnologia para autorizar a cobrança do presente tributo. Com efeito, as alterações introduzidas pela Lei n° 10.332/01 no § 2°, do art. 2°, da Lei n° 10.168/00, apenas complementam as disposições do caput desse dispositivo, estabelecendo outras formas jurídicas de transferência ou aquisição de tecnologia. Não autorizam, ao contrário, a inclusão indiscriminada de qualquer remessa para o exterior na base de cálculo da referida contribuição, sem que haja a necessária transferência de tecnologia. Corrobora esse entendimento o disposto no art. 11 da Lei Complementar n° 95/98, o qual estabelece que: “os parágrafos e os incisos não podem ser considerados isoladamente, devendo ser analisados no contexto do artigo no qual se inserem”. Temse, então, que a CIDE somente pode incidir nos serviços que estejam diretamente relacionados à atividade de transferência de tecnologia, o que não se apresenta no caso ora tratado (afretamento de embarcação). A exigência tributária merece, também, ser cancelada pelo fato de o afretamento ser apenas meio para a consecução dos serviços técnicos especializados, os quais foram devidamente tributados. A própria decisão recorrida não deixa margem de dúvidas sobre tal aspecto ao consignar que: "Também é fato incontestável que, para execução do contrato de prestação dos serviços técnicos especializados de prospecção sísmica marítima, é necessária a utilização de embarcação específica para esta finalidade. Daí a existência da cláusula 3.2, comum aos contratos, especificando a embarcação e vinculando sua utilização à prestação dos serviços:" E prossegue: Fl. 1448DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 13 12 "Mesmo considerando que houve preço específico para o afretamento, tendo em vista a cláusula quinta, ainda assim, a embarcação não deixa de ser um meio para execução do contrato." Ratifica, ainda, tal entendimento, a Fazenda Nacional quando consigna em suas contrarrazões que (i) o objeto do contrato é a prestação de serviços técnicos especializados de prospecção sísmica marítima, sendo o fornecimento da unidade parte integrante e instrumental dos serviços pactuados; (ii) os dados sísmicos correspondem ao produto final para cada conjunto de contratos vinculados (Petrobrás – CGG do Brasil – CGG Services) e (iii) o fornecimento da plataforma não se revelou uma contratação autônoma. Ao contrário, ela apenas ocorreu como meio e instrumento necessário para a empresa estrangeira do grupo realizar a atividade de levantamento de dados sísmicos, informações que a autuada tinha a obrigação de fornecer à Petrobrás Neste contexto, como argumentado pela recorrente, temse que o afretamento não se constitui um serviço, mas sim atividade necessária para que o serviço técnico seja efetivamente prestado. Por ser uma atividade meio, reconhecida na decisão recorrida e pela Fazenda Nacional, resta configurado que o afretamento está insuscetível de servir como fato gerador tributário. O afretamento como atividademeio teve o seu custo incorporado ao preço da atividadefim (serviços técnicos especializados de aquisição, levantamento e processamento de dados sísmicos), mas devidamente segregado. Todas as etapas, atividades ou tarefas intermediárias destinadas ao adimplemento do objeto final do contrato, desde que não se transformem em outras atividadesfim independentes, são atividadesmeio e, portanto, não tributáveis. Aqui, entendo que cabe uma comparação com o que o Poder Judiciário tem entendido sobre a impossibilidade de se tributar atividademeio. A esse respeito (impossibilidade de se tributar atividademeio) assim se posiciona o Superior Tribunal de Justiça: "TRIBUTÁRIO. ISS. SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÃO. ATIVIDADEMEIO. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que, independente da cobrança pela prestação de serviço, "não incide ISS sobre serviços prestados que caracterizam atividademeio para atingir atividadesfim, no caso a exploração de telecomunicações" (REsp 883254/MG, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, julgado em 18.12.2007, DJ 28.2.2008 p. 74). Precedentes. Incidência da Súmula 83/STJ. 2. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o teor da Súmula 83/STJ aplicase, também, aos recursos especiais interpostos com fundamento na alínea "a" do permissivo constitucional. Fl. 1449DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 14 13 Agravo regimental improvido." (AgRg no AREsp 445.726/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe 24/02/2014) "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇOS CONEXOS (SUPLEMENTARES) AO DE COMUNICAÇÃO (TELEFONIA MÓVEL): TROCA DE TITULARIDADE DE APARELHO CELULAR; CONTA DETALHADA; TROCA DE APARELHO; TROCA DE NÚMERO; MUDANÇA DE ENDEREÇO DE COBRANÇA DE CONTA TELEFÔNICA; TROCA DE ÁREA DE REGISTRO; TROCA DE PLANO DE SERVIÇO; BLOQUEIO DDD E DDI; HABILITAÇÃO; RELIGAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA DO ICMS. 1. A incidência do ICMS, no que se refere à prestação dos serviços de comunicação, deve ser extraída da Constituição Federal e da LC 87/96, incidindo o tributo sobre os serviços de comunicação prestados de forma onerosa, através de qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza (art. 2º, III, da LC 87/96). 2. A prestação de serviços conexos ao de comunicação por meio da telefonia móvel (que são preparatórios, acessórios ou intermediários da comunicação) não se confunde com a prestação da atividade fim "processo de transmissão (emissão ou recepção) de informações de qualquer natureza", esta sim, passível de incidência pelo ICMS. Desse modo, a despeito de alguns deles serem essenciais à efetiva prestação do serviço de comunicação e admitirem a cobrança de tarifa pela prestadora do serviço (concessionária de serviço público), por assumirem o caráter de atividade meio, não constituem, efetivamente, serviços de comunicação, razão pela qual não é possível a incidência do ICMS. 3. Não merece reparo a decisão que admitiu o ingresso de terceiro no feito, pois o art. 543C, § 4º, do CPC autoriza que o Ministro Relator, considerando a relevância da matéria tratada em recurso especial representativo da controvérsia, admita a manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na questão jurídica central. 4. Agravo regimental de fls. 871/874 não provido. Recurso especial não provido. Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 543C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 Presidência/STJ." (REsp 1176753/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/11/2012, DJe 19/12/2012) De todas as argumentações postas no processo, podese concluir que o serviço contratado passível de incidência da CIDE é o serviço técnico especializado para o Fl. 1450DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 15 14 levantamento de dados sísmicos, sendo o afretamento, instrumento e meio para que tal objetivo seja alcançado. Como dito, a própria decisão recorrida e a Fazenda Nacional consideraram que o afretamento é um meio para execução do contrato e assim o sendo, não se caracteriza como serviço caracterizador da hipótese de incidência da CIDE. Importante frisar que a decisão combatida explicita, ainda, que se fossem contratos distintos não haveria a incidência da CIDE, in verbis: "De fato, com vistas a evitar a contaminação da atividade de locação da embarcação por outras atividades desenvolvidas para sua própria utilização, caberia a segregação contratual, transformando o contrato de afretamento por tempo em um contrato de afretamento a casco nu e um contrato de prestação de serviços, sendo o primeiro não tributável pela CIDE e o segundo sujeito à incidência da CIDE. No entanto, a segregação compete às partes contratantes (e não a fiscalização)." Aqui, perfilho o entendimento de que assiste razão à recorrente de que é possível a celebração de um contrato complexo, sem que isto o desnature, quando afirma: "27. Desde a sua peça de Impugnação a recorrente afirma que se trata de contrato complexo, em que estão presentes o afretamento e a prestação de serviços! Não é por outro motivo que há previsão expressa nos contratos discriminando o preço de cada uma das atividades. Ora, por que motivo uma empresa estrangeira teria preços discriminados não fosse a vontade das partes em haver dois objetos no contrato? 28. Além disso, o julgador parece entender que não é possível estabelecer em um só contrato mais de um objeto, sob pena de haver contaminação de um dos objetos contratuais pelo outro. Em outras palavras, entende o julgador que para cada objeto contratual teriam as partes que realizar um contrato separado, como se as partes não pudessem estabelecer livremente o que contratam! Veja que a legislação civil estabelece que "A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato." (art. 421 da Lei n° 10.406/2002) e entender o oposto somente traria burocracias desnecessárias aos negócios das empresas." Dos contratos pactuados pela recorrente, constatase que ocorreu divisão do seu valor global (cláusula quinta). A título ilustrativo, os contratos firmados, apresentam as seguintes especificações em relação ao preço e valor: Valor total de US$ 62.237.456,79, assim dividido: (i) US$ 49.789.952,07 (afretamento) (ii) US$ 12.447.504,72 (aquisição e processamento de dados sísmicos) Fl. 1451DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 16 15 Valor total de US$ 12.047.246,40, assim dividido: (i) US$ 9.637.792,60 (afretamento) (ii) US$ 2.409.453,80 (aquisição e processamento de dados sísmicos) Valor total de US$ 34.720.000,00, assim dividido: (i) US$ 28.768.000,00 (afretamento) (ii) US$ 5.952.000,00 (levantamento sísmico) Tal divisão demonstra de forma clara os valores referentes (i) aos serviços e (ii) ao afretamento (atividademeio), sendo que a CIDE somente pode incidir sobre os serviços, no caso, técnicos especializados de aquisição, levantamento e processamento de dados sísmicos. Assim adotandose a interpretação sistemática que o caso merece, não pode prosperar a interpretação dada pela Receita Federal e confirmada pela decisão de 1ª instância. Neste contexto, devese concluir por afastada a incidência da CIDE sobre o afretamento, pelas razões já explicitadas. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Voto Vencedor Conselheiro, Paulo Roberto Duarte Moreira Redator designado Coubeme a designação para redigir o voto vencedor que prevaleceu em relação ao bem fundamentado voto do relator, com o qual ouso divergir. O cerne da questão cingese à incidência da CIDE sobre o pagamento a título de afretamento de embarcação para a consecução dos serviços técnicos especializados de levantamento sísmico na plataforma continental brasileira com fins à viabilização da exploração das riquezas marítimas. Entende o nobre relator que os valores pagos comportam dois serviços dissociáveis: a atividadefim, o serviços técnicos especializados de aquisição, levantamento e processamento de dados sísmicos ao qual incide a CIDE; e outro, o afretamento da embarcação utilizada como o meio a possibIlitar a realização do serviço, não sujeito à incidência da CIDE. Fundamenta ainda, quanto ao afretamento, o não preenchimento de requisito à exação: a inexistência de transferência de tecnologia. A recorrente a CGG DO BRASIL firmou contrato com a Petrobrás para fornecer dados sísmicos obtidos em área de exploração marítima. Decorreu da obrigação assumida a celebração de outros contratos (três), com empresa estrangeira (ambas de um mesmo grupo empresarial) a CGG Veritas Services S.A., Fl. 1452DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 17 16 sediada na França para a realização dos serviços técnicos especializados de aquisição, levantamento e processamento dos dados sísmicos, que por imposição das cláusulas dos instrumentos empregara determinadas embarcações, individualizadas e nominadas em razão de suas características serem próprias à atividade. A seguir transcrevo as cláusulas contratuais que importam à lide, fazendose menção ao contrato de folhas 80 a 91, em que pese a existência de outros de mesma natureza: CLÁUSULA PRIMEIRA OBJETO O presente contrato tem por objeto a prestação, pela CONTRATADA, com seus próprios recursos de pessoal, materiais e equipamentos de serviços técnicos especializados de levantamento sísmico de reflexão tridimensional (3D) na Plataforma Continental Brasileira (...) (...) CLÁUSULA TERCEIRA OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA 3.1. Operações 3.1.1. Executar os levantamentos sísmicos de que trata o presente CONTRATO com a devida diligência e perecaução, obedecendo aos padrões usualmente utilizados por companhias de geofísica de reputação internacional 3.1.2. Responder por toda a execução técnica, supervisão, mão deobra direta e indireta, equipamentos, ferramentas e materiais necessário e suficiente à realização dos levantamentos, que não sejam de responsabilidade da CGG DO BRASIL 3.1.3. Processar os dados de navegação a bordo da embarcação, fornecendo todos os dados levantados em cada jornada. 3.1 A. Realizar os serviços objeto do presente CONTRATO em conformidade com os padrões de segurança concernentes à proteção do meio ambiente, de pessoal, materiais e equipamentos de sua propriedade ou de terceiros, observando rigorosamente as normas de segurança para trabalhos dessa natureza. 3.2. Embarcação 3.2.1 Empregar e operar na execução dos serviços ora contratados a embarcação CGG AMADEUS, para levantamentos tridimensionais (3D), perfeitamente adaptada para levantamentos geofísicos, e em boas condições de cascos e maquinarias com as características e bem como os equipamentos de geofísica e de navegação. 3.2.2. Utilizar os equipamentos mencionados no subitem 3.2.1, relacionados no ANEXO A, exclusivamente para os fins previstos neste CONTRATO, assim como mantêlos em perfeitas condições de funcionamento e operação. Fl. 1453DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 18 17 3.2.3. Fornecer e custear todo o material necessário aos registros geofísicos, para a embarcação e equipamentos utilizados pela CONTRATADA. 3.2.4. Fornecer e operar por sua conta um sistema completo e eficiente de comunicação entre a embarcações e as bases de terra. 3.2.5. Diligenciar de modo que a embarcação esteja à disposição dos serviços, em condições de operar 24 (vinte e quatro) horas por dia e 7 (sete) dias por semana. 3.2.6. Executar antes do início dos trabalhos e quando houver substituição de instrumentos, teste de pulso dos instrumentos de registros sísmicos com a finalidade de obter a resposta, ao impulso, dos mesmos, não cabendo à CONTRATADA qualquer cobrança relacionada a este teste. Importa no ponto transcrever esta mesma cláusula "3.2" dos contratos de folhas 92 a 103 e 104 a 113, que diferem entre si quanto à embarcação utilizada: 3.2.1. Empregar e operar ne execução dos serviços ora contratados a embarcação CGG LAURENTIAN, para levantamentos tridimensionais 3D, perfeitamente adaptada para levantamentos geofísicos, em boas condições de cascos e maquinarias com as características e bem como os equipamentos de geofísica e de navegação. (fl. 94) e 3.2.1. Empregar e operar na execução dos serviços ora contratados a embarcação CGG HARMATTAN, para levantamentos tridimensionais 3D, perfeitamente adaptada para levantamentos geofísicos, em boas condições de cascos e maquinarias com as características e bem como os equipamentos de geofísica e de navegação. (fl. 105) (...) CLÁUSULA QUINTA PREÇO E VALOR 5.1. O valor total estimado do presente CONTRATO é de US$ 62.237.456,79 ( Sessenta e dois milhões, duzentos e trinta e sete mil, quatrocentos e cinqüenta e seis dólares e setenta e nove centavos.) dólares americanos. 5.1.1. Afretamento (ANEXO B 6.681 Km2 ) US$ 49.789.952,07 ( Quarenta e nove milhões, setecentos e oitenta e nove mil, novecentos e cinquenta e dois dólares e sete centavos.) dólares americanos. 5.1.2. Serviços (ANEXO B 6.681 km2 Aquisição e processamento dos dados sísmicos ) US$ 12.447.504,72 ( Doze milhões, quatrocentos e quarenta e sete mil, quinhentos e quatro dólares e setenta e dois centavos.) dólares americanos. Fl. 1454DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 19 18 Algumas conclusões que se extraem da leitura das cláusulas: (i) O objeto do contrato (fls. 80/91) é de prestação de serviços técnicos especializados de prospecção sísmica marítima, sendo o fornecimento da embarcação parte integrante e instrumental dos serviços pactuados; (ii) A natureza do serviço exige equipamento especializado e destinado ao tipo de levantamento sísmico, no qual se inclui a embarcação (fl. 81); (iii) A cláusula terceira trata da indicação de embarcação específica que prestará o serviço. (fls. 81, 94 e 105); (iv) A embarcação não poderia ser escolhida ou "afretada" livremente pela contratada, CGG Veritas, pois ela própria se constitui um dos instrumentos contratados e corresponde a um bem de propriedade do grupo CGG. Inicialmente, aponto a necessidade de se aclarar o sentido que tem sido utilizado nos autos à expressão "meio" para designar a embarcação prestadora dos serviços contratados. Ao meu sentir, a expressão utilizado nos autos, em especial pela autoridade autuante e os julgadores de primeira instância, não foi empregada, e não significa, para se referir ao veículo que se presta a transportar os elementos que realizam a atividade de prospecção, vez que os locais de sua realização encontramse no mar e a natureza do serviço importa o deslocamento. Ordinariamente, a expressão "meio" tem o sentido de um veículo transportador de algum bem (ai incluído mercadoria), material e pessoas e nessa condição é completamente dissociado daquilo que transporta. Podese realizar múltiplas operações de transportes viagens ainda que exclusivamente no atendimento a determinadas exigências do tomador do serviço. Essa operação é denominado "frete", "serviço de frete" ou, mais especificamente quando em via marítima, "afretamento". Repisasse, não foi esse o conteúdo semântico utilizado pelas autoridades da receita Federal. Pois bem. Nos autos, até mesmo por imposição contratual (Contratos mencionados alhures), a CGG francesa foi compelida a empregar e operar na execução do serviços embarcações específicas, comprovadamente de propriedades do grupo a que pertencem a CGG Veritas Services e a CGG do Brasil, a saber: a CGG AMADEUS CGG LAURENTIAN e CGG HARMATTAN, conforme especificações técnicas da primeira embarcação indicada no Anexo A do respectivo contrato (fl. 88). Assim, não há se falar em "afretar" qualquer embarcação disponível, instalar equipamentos, e após o encerramento da prestação dos serviços, retirálos, e devolvêla ao armadorproprietário. Em verdade, as cláusulas contratuais são perfeitamente claras a apontar que a embarcação é elemento digase imprescindível, não como meio de locomoção dos equipamentos e operadores da prestação do serviço de prospecção sísmica, à vista da exigência de "empregar e operar na execução dos serviços ora contratados a embarcação CGG AMADEUS, para levantamentos tridimensionais 3D, perfeitamente adaptada para Fl. 1455DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 20 19 levantamentos geofísicos, em boas condições de cascos e maquinarias com as características e bem como os equipamentos de geofísica e de navegação". Assentado nesses fundamentos, entendo que o afretamento não está dissociado da atividade de prestação de serviço, como se constituísse uma atividademeio. Eis a razão para não se aplicar precedente e enunciado de Súmula do STJ, transcrita no voto vencido. Igualmente não se aplica aos autos o que restou decidido no REsp nº 1.054.144/RJ, colacionado pela recorrente em seu recurso (fls. 1.380/1.381), isto porque naqueles foram enfrentadas modalidades de afretamento em que se aplicariam a tributação pelo ISS, e neste voto, ao contrário, demonstrouse não se tratar de afretamento. A prestação do serviço é única; que por sua natureza exige a utilização da embarcação com todas as características de operação e instalações, não se tratando de mero meio de locomoção de equipamentos e pessoas. Entendo que sequer poderia caracterizar a embarcação como o objeto principal ou acessório da prestação pois não há como seccionála, é única. A recorrente reconhece que a embarcação não é mero meio para a realização do serviço técnico especializado, quando explicita (fl. 1.381): " pois há no mundo pouquíssimas embarcações com equipamentos capazes de realizar pesquisas no subsolo marítimo, principalmente quando se trata de águas profundas, onde se dá a exploração petrolífera" As cláusulas primeira o objeto do contrato e a terceira das obrigações da contratada demonstram uma harmonia no escopo contratual que indica tratarse de uma única atividade cujas disposições da cláusula quinta pretendem fazer crer a exigência de um "veículo" autônomo, indisponível às empresas do grupo CGG, a ser utilizado como transportador dos equipamentos e pessoas, pertencentes e relacionados ao Grupo, o que implicaria cindir as atividades e os valores contratados. Não há que segregar do valor do contrato para fins de incidência da CIDE o pretenso valor do afretamento eis que a embarcação não é simplesmente um meio de se prestar o serviço, pois se caracteriza como um equipamento completo que possibilita a realização do serviço, não havendo razão para se distinguir contrato de afretamento e de serviço técnico; ademais, as partes envolvidas no contrato e na realização das atividades são pertencentes ao grupo CGG. Assim, não há que dissociar o veículoinstrumento do objeto do contrato: a prestação de serviço técnico especializado de levantamento sísmico realizado pela CGG Veritas Services na embarcação cuja identificação contém ano nome CGG (AMADEUS, LAURENTIAN e HARMATTAN), operada com pessoas, instrumentos e materiais próprios. Não assiste razão à recorrente ao afirmar que se faz necessária a efetiva transferência de tecnologia para fins de incidência da contribuição. A Lei instituidora da CIDE traz a transferência de tecnologia em apenas duas das hipóteses de incidência: no pagamento, emprego, entrega, creditamento ou remessa pela aquisição de conhecimentos tecnológicos e pela celebração de contratos que impliquem transferência de tecnologia. Nas demais situações previstas na lei não se contemplam, Fl. 1456DF CARF MF Processo nº 12448.726884/201389 Acórdão n.º 3201003.022 S3C2T1 Fl. 21 20 necessariamente, a transferência de tecnologia como condição para o nascimento da obrigação tributária de recolher a CIDE. Conclusão A contratação de embarcação com especificações de construção, equipamento e operação para atender à consecução dos serviços técnicos especializados de levantamento sísmico consubstanciase parte integrante e indissociável da atividade, que se constitui única, não permitindo segregar os valores pagos para os efeitos de incidência da CIDE ainda que discriminados no mesmo ou diferentes contratos. A incidência da CIDE na contratação de serviços técnicos prestados por residentes ou domiciliados no exterior prescinde da ocorrência de transferência de tecnologia, de acordo com o §2º do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000. Diante do exposto, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 1457DF CARF MF
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