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Numero do processo: 10680.721754/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2008
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento.
Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2008
ÁREA DE RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - ADA TEMPESTIVO. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL.
Incabível a manutenção da glosa de Área de Reserva Legal consoante Ato Declaratório Ambiental - ADA tempestivo e averbação da área na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador.
ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE.
Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 2301-004.873
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar e, no mérito, dar provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 225,2ha, e considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2008 ÁREA DE RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA TEMPESTIVO. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. Incabível a manutenção da glosa de Área de Reserva Legal consoante Ato Declaratório Ambiental ADA tempestivo e averbação da área na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador. ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 17 54 /2 01 2- 91 Fl. 236DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar e, no mérito, dar provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 225,2ha, e considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente). Relatório Tratase de notificação de lançamento nº 06101/00052/2012 resultante de lançamento suplementar do ITR/2008, incidente sobre o imóvel rural denominado “CAPÃO DA SERRA DO TAMANDUÁ E OUTROS” (NIRF 2.947.1524), com área total declarada de 415,7ha, localizado no município de Nova Lima/MG, tendo a autoridade fiscal glosado integralmente a área de reserva legal informada 225,2 ha, além de desconsiderar o VTN declarado de R$ 802.051,58, arbitrando o valor da terra nua VTN para 2008 em R$23.766,82/ha, perfazendo um total de R$ 9.879.867,07, conforme demonstrativo de efl. 07. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação alegando, em síntese que: a) nulidade da autuação, por ilegitimidade da apuração da terra nua promovida com base no SIPT da RFB, sistema esse discricionário e inacessível à contribuinte, em evidente afronta aos princípios da estrita legalidade, do contraditório e da ampla defesa; b) os valores apontados no lançamento superam o VTN efetivo do imóvel, conforme laudo de avaliação apresentado, realizado por profissionais especializados, no qual chegouse à conclusão de que o valor do imóvel para exercício 2008 era de R$ 1.697.710,49, e, conforme jurisprudência do CARF que transcreveu, o valor constante de laudo técnico deve prevalecer sobre o apurado com base no SIPT; c) a área de reserva legal está legalmente isenta, apenas pela declaração da contribuinte, sendo desnecessária a apresentação do ADA, por afronta aos princípios da verdade material e da legalidade, além de estar devidamente averbada nas matrículas n.º 14.743, 4.128, 4.159, 4.160, 4.161 e 8.964, totalizando 225,17 ha., sendo certo que as provas apresentadas afastam qualquer dúvida quanto à materialidade da área de reserva legal declarada; d) requer seja julgada procedente sua impugnação e declarada a total insubsistência da autuação fiscal. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10680.721754/201291 Acórdão n.º 2301004.873 S2C3T1 Fl. 237 3 Em 14/10/2013, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande DRJ/CGE, por unanimidade de votos, julgou a impugnação improcedente, mantendo a glosa da área de reserva legal declarada e o arbitramento do VTN, nos termos do Acórdão nº 0433.807 (efls. 174/185): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2008 NIRF 2.947.1524 Capão da Serra do Tamanduá e outros. NULIDADE. Ausentes as hipóteses do art. 59 do Decreto n.º 70.235/72 e cumpridos os requisitos do art. 11 desse Decreto, não prospera a alegação de nulidade do lançamento. ÁREAS ISENTAS. TRIBUTAÇÃO. Para exclusão da tributação sobre áreas de preservação permanente, de reserva legal e outras é necessária a comprovação da existência efetiva dessas áreas no imóvel rural e do cumprimento de exigência legal de entrega do ADA ao Ibama, no prazo fixado na legislação tributária. Somente configura reserva legal a área devidamente averbada como tal à margem da matrícula do imóvel, à época do respectivo fato gerador. VALOR DA TERRA NUA. A base de cálculo do imposto será o valor da terra nua apurado pela fiscalização, com base no SIPT, se não existir comprovação que justifique sua alteração. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 193/209) repisando as alegações da impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora Verificada a tempestividade do Recurso Voluntário, dele conheço e passo a sua análise. Fl. 238DF CARF MF 4 Preliminar de Nulidade O recorrente pleiteia a nulidade da autuação fiscal por cerceamento de defesa sob o argumento de desconhecimento dos critérios utilizados pelo Fisco para arbitrar o valor da terra nua. Entendo que não assiste razão ao recorrente, uma vez que a autuação preenche todos os requisitos do Decreto nº 70.235/72 e, embora o recorrente não tivesse conhecimento dos valores considerados para a definição do arbitramento pelo SIPT Sistema de Preços de Terra, lhe foi dado o direito de apresentar laudo técnico que confirmasse os valores declarados em sua DITR. O cerceamento do direito de defesa decorre da impossibilidade de se defender, o que não se verificou no presente caso. Nestes termos, afastase a alegação de nulidade por cerceamento ao direito de defesa. Glosa da Área de Reserva Legal Com relação à glosa da área de Reserva Legal declarada (225,2ha) alega o recorrente que a declaração dessas áreas na DITR para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, goza de presunção relativa, com fundamento no § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: ... II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; ... § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10680.721754/201291 Acórdão n.º 2301004.873 S2C3T1 Fl. 238 5 Com relação a este argumento, cumpre salientar que referido parágrafo visava, essencialmente, permitir que a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA fosse realizado em momento posterior ao da entrega da DITR, sem que com isso, o contribuinte fosse prejudicado em eventual isenção a que fizesse jus, com relação às áreas de reserva legal e de preservação permanente. Por sua vez, a necessidade de apresentação do ADA para fins de isenção do ITR encontra respaldo no art. 17O da Lei nº 6.938, de 1981, conforme a seguir. Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural –ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (...) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Da análise dos documentos acostados aos autos, verificase que o recorrente apresentou ADA referente ao exercício de 2008, protocolado no IBAMA em 21/09/2008 (e fl.40), no qual constam todas as áreas declaradas em DITR. Ao mesmo tempo, o recorrente apresentou as matrículas dos Imóveis nº 14.743, nº 15.902, nº 4.158, nº 4.159, nº 4.160, nº 4.161 e nº 8.964 (efls. 17/30), nas quais podese verificar averbações de áreas de reserva legal no total de 225,18ha, efetuadas em 27/10/1999. Sobre a questão a DRJ/CGE assim manifestouse: Para o reconhecimento da área de reserva legal, além da apresentação do ADA tempestivo, é necessário comprovar sua averbação junto ao Cartório de Registro de Imóveis, obrigação prevista no § 8º do art. 16 do Código Florestal, com redação do art. 1º da Medida Provisória nº 2.166/2001. ... A interessada instruiu sua impugnação com cópia de várias matrículas imobiliárias que seriam relativas ao imóvel ora tratado e que comprovam averbação de área de reserva legal no total de 225,1 ha. (...) ... Na DITR/2008 processada constou que o imóvel possui área total de 415,7 ha. Tendo em vista a divergência entre a área total do imóvel declarada na DITR e a área apurada pela soma das áreas das matrículas descritas acima não é possível afirmar que essas matrículas referemse efetivamente ao imóvel ora tributado, bem como não é possível indicar com precisão a área de reserva legal existente no imóvel declarado na DITR. Fl. 240DF CARF MF 6 É importante destacar que no ADA do Exercício 2008 foi declarada a mesma área total do imóvel informada na DITR/2008, enquanto no ADA do Exercício 2007 foi declarada área total de apenas 349,7 ha. ... Nessa situação, é imprescindível a apresentação de um Laudo Técnico com identificação da localização da área de reserva legal existente no imóvel, como solicitado no Termo de Intimação Fiscal. Ocorre que no Laudo Técnico de fls. 33 a 38, elaborado por engenheiro agrimensor, com a finalidade de informar as “áreas protegidas do imóvel Capão da Serra do Tamanduá e Outros” constou que existe no imóvel área de preservação permanente de 14,7 ha. e área de interesse ecológico de 175,8 ha., no total de 190,5 ha. de áreas protegidas, não tendo sido informada a existência de área de reserva legal. Com isso, verificase que a contribuinte não apresentou comprovação efetiva da existência de área de reserva legal no imóvel ora tratado e que, mesmo que se considere que as matrículas apresentadas se referem ao imóvel em questão, resta apresentar comprovação efetiva da dimensão da área de reserva legal remanescente. No lançamento de ofício foi mantida a isenção do ITR sobre as áreas de preservação permanente de 14,7 ha. e de interesse ecológico de 175,8 ha. declaradas na DITR/2008 processada. Concordo com as alegações da DRJ/CGE de que a área total das matrículas não coincide com a área total declarada na DITR, entretanto discordo das conclusões de que "não é possível indicar com precisão a área de reserva legal existente no imóvel declarado na DITR" e " não apresentou comprovação efetiva da existência de área de reserva legal no imóvel ora tratado e que, mesmo que se considere que as matrículas apresentadas se referem ao imóvel em questão, resta apresentar comprovação efetiva da dimensão da área de reserva legal remanescente". Entendo que, apesar da divergência, o recorrente logrou êxito em comprovar o atendimento às exigências legais para fins de fruição da isenção sobre a área de reserva legal declarada, quais sejam, entrega de ADA tempestivo e averbação da área isenta no Registro de Imóveis. Pelo exposto, entendo que deve ser restabelecida a área de Reserva Legal declarada de 225,2ha. Valor da Terra Nua. Sobre a desconsideração do VTN declarado pelo recorrente, a autoridade lançadora alega, mesmo "após regularmente intimado, o sujeito passivo não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT, o valor da terra nua declarado". (efl.5). A DRJ/CGE, apesar de reconhecer a existência do laudo técnico elaborado por engenheiro agrônomo, acompanhado de ART/CREA e que fornece diversas informaçãoes sobre o imóvel, sustenta que "o laudo técnico apresentado não é suficiente para afastar a Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10680.721754/201291 Acórdão n.º 2301004.873 S2C3T1 Fl. 239 7 tributação com base no VTN apurado pela fiscalização a partir de valor constante no SIPT, com amparo no art. 14 da Lei n.º 9.393/1996" (efl. 184). Por sua vez, o recorrente alega que o Laudo de Avaliação apresentado não padece de nenhum vício que justifique sua rejeição sumária. O arbitramento do VTN com base no SIPT, nos casos de falta de apresentação de DITR ou de subavaliação do valor declarado, requer que o sistema esteja alimentado com informações sobre aptidão agrícola, como expressamente previsto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996 c/c o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993: Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. §1º. As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, §1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 Art. 12. Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I localização do imóvel; II aptidão agrícola; (capacidade potencial da terra) [...] § 3º O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, respondendo o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou fraude na identificação das informações. Assim, entendo que assiste razão ao recorrente neste quesito, isto porque o VTN por hectare de R$ 20.739,10 utilizado para o cálculo do imposto, extraído do SIPT, referese à média do VTN das DITRs processadas no Exercício em questão para o município de Nova Lima /MG, conforme informado no Termo de Intimação Fiscal de efls. 09/10, e não leva em consideração a aptidão agrícola do imóvel, razão pela qual o arbitramento deve ser Fl. 242DF CARF MF 8 desconsiderado por desatender o disposto no art. 14, § 1º da Lei nº 9.396, de 1996, c/c art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993. Nesse mesmo sentido decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, nos termos do Acórdão nº 9202003.749, em sessão de 29/01/2016, verbis: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Assim, deve prevalecer o VTN total de R$ 1.697.710,49, constante de Laudo de Avaliação apresentado pelo recorrente. Conclusão Pelo exposto, voto em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar e, no mérito, dar provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 225,2ha, e considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. É como voto. Andrea Brose Adolfo Relatora Fl. 243DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721041/2011-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS REMUNERAÇÃO DIRETORES NÃO EMPREGADOS. PARTICIPAÇÕES ESTATUTÁRIAS. INAPLICABILIDADE DA LEI 10.101/2000 E DA LEI 6.404/76. DESCUMPRIMENTO DO ART. 28, § 9º DA LEI 8.212/91.
A verba paga a diretores estatutários, não empregados, a título de participação nos lucros tem natureza jurídica diversa daquela paga a empregados, somente estando esta última alcançada pelo benefício fiscal.
Numero da decisão: 9202-004.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Acordam ainda, por voto de qualidade, não haver necessidade de retorno dos autos à turma a quo, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que suscitaram seu retorno. Apresentará declaração de voto a conselheira Ana Paula Fernandes.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente em exercício), PATRÍCIA DA SILVA, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, GERSON MACEDO GUERRA e MARIA HELENA COTTA CARDOZO.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado YASUDA MARÍTIMA SAÚDE SEGUROS S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS REMUNERAÇÃO DIRETORES NÃO EMPREGADOS. PARTICIPAÇÕES ESTATUTÁRIAS. INAPLICABILIDADE DA LEI 10.101/2000 E DA LEI 6.404/76. DESCUMPRIMENTO DO ART. 28, § 9º DA LEI 8.212/91. A verba paga a diretores estatutários, não empregados, a título de participação nos lucros tem natureza jurídica diversa daquela paga a empregados, somente estando esta última alcançada pelo benefício fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Acordam ainda, por voto de qualidade, não haver necessidade de retorno dos autos à turma a quo, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que suscitaram seu retorno. Apresentará declaração de voto a conselheira Ana Paula Fernandes. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 10 41 /2 01 1- 51 Fl. 2115DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 3 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente em exercício), PATRÍCIA DA SILVA, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, GERSON MACEDO GUERRA e MARIA HELENA COTTA CARDOZO. Relatório Trata o presente processo de exigências da (i) contribuição previdenciária, parte patronal, inclusive sobre a remuneração de autônomos e outras pessoas físicas e relativa ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT); (ii) contribuição para o Incra e para o Salário Educação, e (iii) multa por descumprimento de obrigação acessória (Gfip), constituídas, respectivamente, pelos autos de infração nºs 37.318.1078 (efls. 3 a 15), 37.318.1086 (efls. 16 a 21) e 37. 318.1060 (efl. 22), relativas a PLR, participação estatutária e pagamentos efetuados a contribuintes individuais nos períodos de apuração de 01/2007 a 12/2009. Impugnada a exigência (efls. 1461 a 1503), foi exarado o Acórdão nº 16 41.118 pela 14ª Turma da DRJ/SP1 (efls. 1757 a 1777) que julgou a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário exigido. O contribuinte apresentou recurso voluntário (efls. 1781 a 1826) no qual alegou, que (i) não incide contribuição previdenciária sobre as verbas pagas, por seguradora de saúde, aos profissionais da área de saúde por ela credenciados, já que têm natureza indenizatória típica da atividade de seguros; (ii) o acordo de PLR aos empregados atendeu aos requisitos da Lei nº 10.101/2000, porquanto apresenta critérios claros e objetivos e foi discutido com os trabalhadores e com o sindicato antes do pagamento das verbas ; (iii) os pagamentos realizados aos administradores são eventuais e, portanto, não se enquadram no conceito de salário de contribuição, além de estar regulado pela Lei nº 6.404/76 e não pela Lei nº 10.101/2000; (iv) não houve descumprimento de obrigação acessória, já que as parcelas lançadas são indevidas. A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara proferiu o Acórdão nº 2403002.387 (e fls. 1990 a 2004) no qual, por maioria de votos, deu provimento ao recurso. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, recurso especial de divergência (efls. 2006 a 2021), no qual apresenta discrepância de entendimento sobre a incidência de contribuição previdenciária a administradores não empregados. O sujeito passivo apresentou, tempestivamente, contrarrazões ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional (efls. 2037 a 2068) em que sustenta, preliminarmente, a impossibilidade de conhecimento do recurso porque (i) a matéria não teria sido prequestionada; (ii) a recorrente pretende rediscutir matéria fáticoprobatória, inviável na via do recurso especial, e (iii) a recorrente não cotejou, analiticamente, os acórdãos confrontados e, portanto, não se pode constatar a existência de similitude fática entre as situações que encerram. No mérito, argui que (i) a Lei nº 10.101/2000, ao regular o pagamento de PLR a trabalhadores, não a restringiu apenas a empregados, e (ii) no caso, as parcelas pagas Fl. 2116DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 4 3 aos administradores não empregados eram eventuais e reguladas pela Lei nº 6.404/76 e, segundo jurisprudência do Carf, estariam fora do campo de incidência da contribuição previdenciária. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator CONHECIMENTO A despeito da alegação do contribuinte, em contrarrazões, esclareço que a exigência de prequestionamento para interposição do apelo não se aplica à Fazenda Nacional, pois ela apenas tomou ciência da controvérsia, e passou a fazer parte da lide, após ser notificada do resultado do julgamento do recurso voluntário. Sendo este o primeiro momento em que a Fazenda Nacional se manifesta nos autos, dela não pode ser exigido prequestionamento. Não é por outra razão que o § 5º do art. 67 do Regimento Interno do Carf (Ricarf) condiciona ao prequestionamento apenas o recurso especial do contribuinte. Em despacho fundamentado (efls. 2024 a 2028), o presidente da câmara que proferiu o despacho recorrido admitiu o recurso especial por entender presentes os pressupostos do art. 67 do Ricarf. Alinhome à conclusão do despacho por vislumbrar similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas e, ainda, por constatar a presença de divergência de entendimentos entre os acórdãos opostos na matéria, pois o acórdão recorrido admite a não incidência de PLR paga a administradores não empregados e os acórdãos paradigmas, não. Quanto ao cotejamento, verifico comparação material das teses contrárias no corpo do recurso da Fazenda Nacional, inclusive conforme transcrito no exame de admissibilidade. Portanto, voto pelo conhecimento do recurso da Fazenda Nacional. MÉRITO Passo, pois, a analisar o mérito da questão suscitada: a incidência de contribuição previdenciária sobre PLR paga a administradores não empregados. De uma forma genérica o saláriodecontribuição consiste em qualquer valor pago a empregado ou trabalhador avulso, destinado a retribuir o trabalho, conforme depreende se da leitura do caput do art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste Fl. 2117DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 5 4 salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Para interpretação desse dispositivo em face de participações pagas a administradores, cumpre referir que não concordo com o argumento, já esposado por alguns julgados deste conselho, de que o pagamento a diretores estatutários não seria um pagamento realizado pela companhia, mas pelos acionistas, na forma de uma suposta repartição dos lucros, por reduzir seus dividendos, concluindo assim que a verba sequer seria caracterizada como saláriodecontribuição. Entendo que este seja um raciocínio meramente financeiro e que não espelha as verdadeiras relações jurídicas que ensejam o pagamento dessa verba. Ora, qualquer valor pago a terceiros reduz o lucro da companhia e, consequentemente, os dividendos devidos aos acionistas. Por outro lado, inferir que os acionistas estariam realizando esse pagamento diretamente seria desconsiderar a existência da personalidade jurídica da companhia e o fato de que os diretores efetivamente prestam à companhia o serviço de sua representação perante terceiros. Para comprovação da diferença entre a natureza jurídica da participação paga aos administradores e a dos dividendos basta cotejar os dispositivos da Lei n° 6.404, de 1976, que tratam e classificam esses dois institutos: (a) A participação dos administradores no resultado está prevista no art. 187 da Lei das S/A e reduz o lucro da companhia. Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas ... V o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; VII o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. (b) os dividendos estão previstos no art. 201 como uma destinação do lucro líquido do próprio exercício ou do lucro líquido de exercícios anteriores, se mantidos em reservas. Art. 201. A companhia somente pode pagar dividendos à conta de lucro líquido do exercício, de lucros acumulados e de reserva de lucros; e à conta de reserva de capital, no caso das ações preferenciais de que trata o § 5º do artigo 17. Fl. 2118DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 6 5 Portanto, concluímos que a participação dos administradores no resultado é valor pago pela companhia pelo trabalho do administrador e, assim, por sua natureza, se subsume ao conceito geral de saláriodecontribuição. Considerando que as participações pagas a administradores subsumemse ao conceito geral de saláriodecontribuição, resta necessária a análise de suas características, para verificação de sua eventual classificação entre as exceções ao conceito de saláriode contribuição, previstas no § 9º do art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991. Para isso, partimos do dispositivo antes citado: Art. 28. entendese por saláriodecontribuição ... § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: ... j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Pois bem, a participação nos lucros ou resultados da empresa somente não integra o salário de contribuição quando paga ou creditada de acordo com lei específica. De plano, podemos afastar a Lei n° 6.404, de 1976, como lei específica prevendo esse pagamento, porque ela trata da organização da companhia e sua relação em geral com terceiros e, portanto, não se destinou a regular a exceção de que trata a alínea "j" do § 9º da Lei n° 8.212, de 1991. Aliás, nesse sentido, o próprio STF já decidiu, no RE 39284/RJ. Assim, resta perquirir se essa participação estaria albergada pela Lei n° 10.101, de 2000, esta sim específica, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa. Entendo que a resposta para essa questão esteja na redação do art. 2º da Lei n° 10.101, de 2000, que define a participação nos lucros ou resultados como sendo aquela objeto de negociação entre a empresa e seus empregados. Ora, administradores não são empregados. Com base nas premissas acima, concluímos que a participação de diretores não empregados no lucro das companhias não se enquadra nas hipóteses previstas em lei específica. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso da Fazenda Nacional, para, no mérito darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Fl. 2119DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 7 6 Declaração de Voto Conselheira Ana Paula Fernandes. PAGAMENTO DE LUCROS E RESULTADOS A ADMINISTRADORES. NÃOEMPREGADOS. Para esposar as considerações jurídicas que julgo corretas e pertinentes ao caso, me utilizo das argumentações proferidas pelo professor Fábio Zambitte Ibrahim1 em palestras de âmbito nacional recentemente publicadas em artigos jurídicos e Livros de sua autoria. I. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL – INCIDÊNCIA REGULAMENTADA POR LEI ABRANGE UNICAMENTE RENDIMENTOS ADVINDOS DO TRABALHO. O legislador ordinário foi muito zeloso ao instituir o a base legal de custeio previdenciário, o fazendo de modo expresso na Constituição Federal, em seu art. 195, I, “a”. Contudo, para melhor esclarecer detalhes de sua aplicabilidade tratou de disciplinar a aplicação do referido artigo, por meio da edição da Lei nº 8212/91, conhecida como Lei de Custeio da Previdência Social. Observando tanto o artigo 195 da CF/88, como a referida Lei de Custeio, depreendemos que a tributação previdenciária está claramente limitada a rendimentos do trabalho. A doutrina é maciça neste sentido, como podemos observar as pontuações de ZAMBITTE IBRAHIM: “Tanto histórica como normativamente, a contribuição previdenciária é delimitada a rendimentos do trabalho, tendo em vista o objetivo das prestações previdenciárias em substituir rendimentos habituais do trabalhador, os quais, por regra, são derivados da atividade laboral. Ou seja, a legislação vigente, de forma muito clara, delimita a incidência previdenciária, em 1 Professor de Direito Financeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ Professor e Coordenador de Direito Previdenciário da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) Professor de Direito Tributário do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais – IBMEC/RJ Doutor em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Mestre em Direito Previdenciário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) ExAuditor Fiscal de Receita Federal do Brasil (1998/2012) ExPresidente da 10ª Junta de Recursos da Previdência Social (2005/2012) Professor e Coordenador de Contribuições Especiais da Especialização em Direito Tributário da Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito Rio) Diretor de Relações Institucionais da Sociedade Brasileira de Direito Tributário (SBDT) Fl. 2120DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 8 7 qualquer hipótese, a rendimentos do trabalho.” (ZAMBITTE IBRAHIM, Fábio). Partindo da premissa que a contribuição previdenciária é devida tão somente sobre as parcelas recebidas a título de remuneração pelo trabalho, são incabíveis as alegações da Fazenda Nacional de que as parcelas advindas de Participação nos Lucros e Resultados – PLR, dos administradores estatutários devam sofrer tal incidência. Isso por que a PLR tem relação intrínseca com remuneração do capital – lucro. Essa distinção é fundamental para que possa compreender o motivo da não incidência de contribuição previdenciária patronal sobre a Participação nos Lucros e Resultados – PLR, recebida pelo Administrador Estatutário. Para melhor compreendermos, é preciso levar em conta que a participação referida – PLR, tem uma relação intrínseca com o resultado auferido, ela depende exclusivamente do êxito, enquanto que a remuneração advinda do trabalho independe do risco para ser adimplida, basta a contraprestação do trabalho. Professor Zambitte Ibrahim bem esclarece esta dicotomia entre as referidas verbas: “É também intuitivo, mesmo para o público leigo, que um conceito não se confunde com o outro. É natural e facilmente perceptível que o trabalho, de modo algum, possui liame imediato com o lucro. Não são incomuns as situações de empresários que, mesmo após longa dedicação ao seu mister, não alcançam qualquer proveito econômico e, não raramente, ainda observam relevante perda patrimonial. Já para trabalhadores, com ou sem vínculo empregatício, o rendimento do trabalho é assegurado pela lei, pois não cabe a eles o risco da atividade econômica, o qual, por natural, é assumido pelo empresário. Seus rendimentos traduzem mera contraprestação pela atividade profissional desempenhada”. O próprio ordenamento jurídico tratou de fazer esta distinção, quando elencou no Código Tributário Nacional, por meio do art. 43, os tipos de Rendimentos, que ensejam a aplicação do Imposto de Renda: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção” (grifei) Fl. 2121DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 9 8 Da leitura do artigo da lei, extraise que a renda tributável, para fins do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, é aquela decorrente do produto do capital e/ou trabalho. Contudo resta evidente que a lei tratou de classificar a renda como: produto do capital, produto do trabalho ou da combinação de ambos, ou seja, cada uma possui um conceito próprio. No caso em tela se estivéssemos discutindo a incidência de imposto de renda, não haveria qualquer dúvida que este seria aplicável sobre ambas. Ou seja, “se há incremento patrimonial – e este é o aspecto nuclear do imposto sobre a renda – proveniente de lucros da atividade econômica pelo empresário ou, cumulativamente, das retribuições pecuniárias pelos seus serviços, há, em qualquer hipótese, renda tributável.” (ZAMBITTE IBRAHIM, Fábio). Isso por que a base de incidência do Imposto de renda engloba proventos de ambas as naturezas: trabalho e capital. Contudo, o mesmo não ocorre para fins previdenciários, pois a CF/88 mesmo após a EC nº 20/98, optou por tributar, somente os rendimentos do trabalho. Assim, “ao contrário do imposto sobre a renda, a incidência previdenciária é circunscrita aos rendimentos do trabalho, unicamente. A disposição é categórica e cristalina. Ainda que permita a inclusão de trabalhadores sem vínculo empregatício, somente valores derivados do trabalho podem sofrer a respectiva tributação. Como não poderia ser diferente, caminha no mesmo sentido a regulamentação infraconstitucional da matéria, em estrita observância do mandamento constitucional”. (ZAMBITTE IBRAHIM, Fábio). Ainda, rejeitando colocações feitas pelo colegiado, importante ressaltar que a PLR não se confunde com o prólabore do administrador estatutário, esta sim de caráter contraprestacional, habitual e periódica e tem por objetivo remunerar a prestação de serviços de gestão da companhia. Nesse sentido bem explica ALBERTO XAVIER2 “o pro labore deve guardar estrita equivalência jurídicoeconômica entre o serviço prestado e sua contraprestação.” Observese que, tanto o pro labore quanto a PLR estão previstos na Lei 6.404/76, contudo estes institutos não se confundem, enquanto o pro labore está previsto no art. 152 da referida Lei, a PLR está prevista no parágrafo 1º deste mesmo artigo 152, como norma exceptiva daquela. II. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL – LIMITAÇÕES LEGAIS DE INCIDÊNCIA A EC nº 20/98, ampliou as possibilidades de incidência da cota patronal previdenciária, o que foi disciplinado posteriormente pela Lei nº 9.876/99, que deu nova redação ao art. 22, I da Lei nº 8.212/91, responsável pela previsão da cota patronal previdenciária: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos 2 XAVIER, Alberto. Administradores de Sociedades. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1979, p.3738. Fl. 2122DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 10 9 segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (grifei). Observese que legislador ordinário ao disciplinar as inovações trazidas pela Emenda Constitucional citada, alargou a incidência da cota patronal previdenciária, mas desta vez, com a competência tributária prévia devidamente estabelecida. No entanto, como se percebe do preceito reproduzido, a incidência é, ainda, restrita aos rendimentos do trabalho. Para melhor compreender esta alteração – ampliação da base de incidência da cota patronal é necessário mencionar que a alteração produzida pela nova lei foi unicamente no sentido de incluir outros segurados além da categoria dos empregados. Não por incluir valores outros além dos rendimentos do trabalho, mas, unicamente, pela inserção de remunerações pagas ou devidas a outros segurados, além de empregados. Mantendo, portanto, a mesma regra quanto ao tipo de rendimentos, qual seja, que este seja advindo do trabalho. Ainda citando Professor ZAMBITTE IBRAHIM: “Este sempre foi o real objetivo da alteração constitucional, aqui devidamente conquistado. Novamente, não há qualquer previsão na Lei nº 8.212/91 que albergue a incidência de contribuições previdenciárias sobre os lucros e resultados de diretores nãoempregados. Não é de imposto de renda que se trata, mas sim de contribuição previdenciária. Neste ponto, merece referência a Lei nº 8.212⁄ 91, no art. 28, III, a qual prevê, como saláriodecontribuição de contribuintes individuais, a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria. O pagamento de lucros e resultados, como visto, não reflete remuneração, pois não se trata de rendimento do trabalho. Aqui, não há inclusão de tais valores na base previdenciária, seja do segurado ou da empresa. Como reconhece o próprio Regulamento da Previdência Social RPS, no art. 201, § 5º, somente na hipótese de ausência de discriminação entre a remuneração do capital e do trabalho, na precisa dicção do RPS, é que haverá a potencial incidência sobre o total pago ou creditado ao contribuinte individual, haja vista a comprovada fraude.” Diante da citação feita pelo doutrinador, mister se faz a leitura do dispositivo legal apontado, art. 201, § 5º do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, em sintonia com a Constituição e a Lei nº 8.212/91, que expressamente reconhece a dualidade entre rendimentos do capital e trabalho, especialmente quando voltados a segurados contribuintes individuais: Fl. 2123DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 11 10 Art. 201. A contribuição a cargo da empresa, destinada à seguridade social, é de: (...) § 5º No caso de sociedade civil de prestação de serviços profissionais relativos ao exercício de profissões legalmente regulamentadas, a contribuição da empresa referente aos segurados a que se referem as alíneas "g" a "i" do inciso V do art. 9º, observado o disposto no art. 225 e legislação específica, será de vinte por cento sobre: I a remuneração paga ou creditada aos sócios em decorrência de seu trabalho, de acordo com a escrituração contábil da empresa; ou II os valores totais pagos ou creditados aos sócios, ainda que a título de antecipação de lucro da pessoa jurídica, quando não houver discriminação entre a remuneração decorrente do trabalho e a proveniente do capital social ou tratarse de adiantamento de resultado ainda não apurado por meio de demonstração de resultado do exercício. (grifei) Ad argumentandum tantum, uma vez que vem sendo levantado pela Fazenda Nacional, reputo incabível arguir que o tratamento dado a sócios administradores de sociedades prestadoras de serviço não possam, como exposto no art. 201, § 5º do RPS, aplicarse a administradores nãoempregados de sociedades anônimas. Esta distinção não existe na legislação previdenciária. Com a reclassificação dos segurados da Previdência Social advinda da Lei nº 9.876/99, que criou o segurado contribuinte individual, mediante a unificação das categorias autônomo, equiparado a autônomo e empresário, houve uma rígida adequação de tais segurados ao mesmo regramento. A ideia geral é no sentido de que contribuintes individuais somente terão a respectiva incidência previdenciária sobre os valores que visarem retribuir o trabalho, e nunca o capital. O que deixa nítida a não incidência da Contribuição Previdenciária patronal sobre a PLR paga no caso concreto dos autos. III – INAPLICABILIDADE DA LEI 10.101/2000 – CASO DE APLICAÇÃO DA LEI ESPECIAL – LEI 6.404/76. Nesse sentido, para a hipótese de pagamento de PLR a trabalhadores sem vínculo de emprego, como é o caso discutido nos autos, o regramento a ser aplicado será aquele que regula seu pagamento, ou seja, o parágrafo 1º do artigo 152, da Lei 6.404/76. Tal regramento se enquadra, perfeitamente, no conceito de “lei específica” apta a regular o pagamento de PLR a administradores, estando tal rubrica desvinculada da remuneração e excluída do conceito legal de salário de contribuição, não se relaciona com rendimentos advindos do trabalho. Também importa notar o art. 152 da Lei nº 6.404/76, ao estabelecer que eventual distribuição de valores derivados do trabalho ou capital é atribuição da Assembléia Geral, nas regras internamente estabelecidas. A inaplicabilidade da Lei nº 10.101/00 ao caso, tendo em vista também a existência regramento mais específico, não implica a admissão, na base previdenciária, de valores completamente desvinculados do rendimento do trabalho. Fl. 2124DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 12 11 Importante fazer esta ressalva, o fato da Lei 10.101/00 não contemplar diretores não empregados, não afasta de modo algum a aplicação do disposto na lei 6.404/76. Entender diferente denota uma interpretação tendenciosa da norma legal e frustra os objetivos do legislador ordinário que ao criar a PLR pensava especificamente em possibilitar as empresas que se tornassem mais competitivas no mercado, por meio de incentivos previstos em Lei. É nítido que os rendimentos pagos a administradores não empregados, nos termos da Lei nº 6.404/76, diferentemente dos valores pagos a empregados, não possuem correlação necessária com o trabalho, não possuindo, portanto a mesma natureza contraprestacional que o salário. Isso explica a necessidade de normatização própria da PLR, para empregados, qualificando e delimitando os valores desprovidos de natureza salarial, dentro de um quadro normativo detalhado. Para administradores, como a regra é diversa, a necessidade de legislação especifica perde o sentido, uma vez que a previsão na Lei das SA já era suficiente. Por fim, cumpre citar excerto do artigo recentemente publicado pelo professor Fábio Zambitte no Portal Jurídico Migalhas: "Não obstante o cenário negativo nas jurisprudências judicial e administrativa, tenho convicção que a cobrança da cota patronal previdenciária sobre os valores pagos a diretores não empregados não encontra suporte tanto na Constituição como na legislação vigente, externando incongruências irreconciliáveis com a própria regulamentação administrativa da matéria. O tema ainda sofre com as compreensões equivocadas sobre base tributável previdenciária, não raramente tentando igualar as dinâmicas impositivas do imposto de renda e da cota patronal previdenciária. Tal premissa, além de contrária a todos os preceitos normativos vigentes, ainda ignora o papel do sistema protetivo como substituidor de rendimentos habituais, responsáveis pela manutenção do segurado e sua família. A tentativa de alargamento forçado da base previdenciária, mais do que uma preocupação abstrata com a correta aplicação das regras legais e constitucionais de competência tributária, traduz uma arbitrariedade fiscal com foco exclusivo no aumento de receitas para um sistema atuarialmente desequilibrado. Sem embargo, insisto que, como reconhece a própria regulamentação administrativa, se um contribuinte individual, sócio administrador de sociedade limitada, pode receber valores derivados do capital – lucro – sem a consequente tributação e independente da submissão aos ditames da Lei nº 10.101/00, o mesmo valerá para qualquer contribuinte individual, o que inclui diretores não empregados de sociedades anônimas". Por todo o exposto, dou provimento ao recurso do contribuinte para fins de reformar o acórdão recorrido, devendo ser cancelados os autos de infração, pois não há juridicamente como se falar em contribuição previdenciária dos valores pagos pela recorrente a título de PLR aos diretores estatutários, por total falta de previsão legal. É como voto. Fl. 2125DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES Processo nº 16327.721041/201151 Acórdão n.º 9202004.306 CSRFT2 Fl. 13 12 (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 2126DF CARF MF Impresso em 24/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 23/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por ANA PAULA F ERNANDES
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Numero do processo: 10140.904483/2009-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 31 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1201-000.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que os presentes autos sejam encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Campo Grande/MS para: elaborar relatório circunstanciado, com o Demonstrativo do encontro de Contas após a Decisão da DRJ proferida no Acórdão 04-28.694 de 22/05/2012, de modo a evidenciar qual o montante do crédito tributário extinto pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito (principal e acréscimos moratórios), nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José Carlos de Assis Guimarães, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los e José Roberto Adelino da Silva. Ausente justificadamente, o conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que os presentes autos sejam encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Campo Grande/MS para: elaborar relatório circunstanciado, com o Demonstrativo do encontro de Contas após a Decisão da DRJ proferida no Acórdão 04 28.694 de 22/05/2012, de modo a evidenciar qual o montante do crédito tributário extinto pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito (principal e acréscimos moratórios), nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José Carlos de Assis Guimarães, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los e José Roberto Adelino da Silva. Ausente justificadamente, o conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar. Relatório. Por considerar pertinente adoto o Relatório da decisão recorrida (fls.87/90) que transcrevo a seguir: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 40 .9 04 48 3/ 20 09 -1 9 Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10140.904483/200919 Resolução nº 1201000.228 S1C2T1 Fl. 3 2 Tratase de Declaração de Compensação – DCOMP nº 41768.58478.261107.1.3.042110 (fls. 02/08), com base em suposto crédito de Simples oriundo de pagamento indevido ou a maior. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório eletrônico nº 848562687 de não homologação da compensação, fundamentando (fls. 09): Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão do PER/DCOMP: 34.843,06. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Cientificada do citado despacho, a interessada apresentou sua manifestação de inconformidade em 19/11/2009 (fls. 17/23), alegando, em síntese, que: a) a DCOMP referese à compensação de débitos de IRPJ (períodos de apuração 4º trimestre de 2005 e 2º trimestres de 2006) e CSLL (períodos de apuração 1º e 2º trimestres de 2007); b) devese observar que havia sido excluída do Simples pelo Ato Executivo Declaratório nº 22, tendo sido reintegrada ao Simples Nacional a partir de 01 de julho de 2007; c) inferese, portanto, que esteve sujeita, no anocalendário 2007, a dois regimes tributários distintos: apuração pelo Lucro Presumido no primeiro semestre e ao Simples Nacional no segundo; d) consciente a situação, apresentou as obrigações acessórias do primeiro semestre/2007 confessando os débitos pelo Lucro Presumido (DCTF); e) no entanto, ao preencher a declaração da pessoa jurídica referente ao primeiro semestre de 2007, equivocadamente veio a fazêlo no formulário do Simples; f) devese verificar que ao transmitir a Declaração da Pessoa Jurídica –Simples em 25/05/2008, já havia transmitido a DCTF do 1º trimestre/2007, em 29/11/2007 e, como se sabe, a obrigatoriedade de entrega da DCTF vinculase ao regime tributário do Lucro Presumido, e não ao Simples; g) o não acolhimento a DCOMP deveuse a citado erro material no preenchimento da declaração do 1º semestre/2007 e, em 09/11/2009, transmitiu a declaração pelo Lucro Presumido, sanando a irregularidade; Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10140.904483/200919 Resolução nº 1201000.228 S1C2T1 Fl. 4 3 h) com a transmissão da declaração pelo Lucro Presumido, abriramse os créditos alusivos aos recolhimentos já efetuados pelo regime tributário do Simples, bastando fazerse a alocação dos valores; i) requer o efeito suspensivo ao contencioso administrativo, face à natureza jurídica de recurso da presente manifestação de inconformidade. Esta DRJ juntou extratos de consulta a sistemas da RFB (fls. 85/86). A decisão de primeira instância julgou procedente a manifestação de inconformidade, mediante o Acórdão nº 0428.694, de 22 de maio de 2012, da 2ª Turma da DRJ/Campo Grande/MS, assim ementado: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. SALDO DISPONÍVEL DE DIREITO CREDITÓRIO.HOMOLOGAÇÃO. Constatada a existência de saldo de direito creditório reconhecido, homologase a compensação até o seu limite. A empresa foi cientificada da mencionada decisão proferida, em 25/05/2012, conforme o Aviso de Recebimento(AR), fl.95, e, protocolizou recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, em 25/06/2012 (fls.96/126). Na peça recursal a Recorrente argúi que, embora a decisão de primeira instância tenha acolhido a Manifestação de Inconformidade para declarar e existência de crédito tributário decorrente de pagamentos anteriormente efetuados sob o regime do SIMPLES, bem como sua compensação, nos termos do PERDCOMP referenciado, até o limite do saldo no valor de R$ 34.843,06, a autoridade administrativa juntou guias de DARF's para pagamento, em número de 2 (duas), totalizando R$ 9.178,05 (nove mil, cento e setenta e oito reais e cinco centavos), com vencimento em 31 de maio de 2012. A Recorrente, preliminarmente, insurgese contra a mencionada cobrança, argüindo cerceamento ao direito de defesa porque, não tendo o contribuinte recebido a memória do cálculo final apresentado no DARF pela Autoridade Administrativa, não há como definir a liquidez, certeza e exigibilidade do suposto crédito tributário. Assim, requer seja chamado o feito à ordem, determinandose o retorno dos autos à origem para que seja efetuado novo julgamento, para que não se venha alegar supressão de instância. No mérito, aduz que: Entrementes, como nas compensações PER/DCOMP não foram lançados os valores das multas pelo fato de a Recorrente entender indevidas, por presunção a diferença de valor pleiteada pela Autoridade Fiscal teria sido disso decorrente. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10140.904483/200919 Resolução nº 1201000.228 S1C2T1 Fl. 5 4 Assim sendo, nessa linha se fixarão as razões de recurso. Entende a Recorrente que na lide em apreço não deve ser aplicada a multa por atraso na entrega da Declaração, nem^tampouco eventual multa sobre o imposto devido, exatamente porque NÃO HOUVE NENHUM COMPORTAMENTO DESIDIOSO DA SUA PARTE, conforme restou provado pela entrega tempestiva da Declaração do primeiro semestre/2007, e ao depois, pelo que denomina de retificação de erro material antes de qualquer procedimento administrativo fiscal, do que se depreende, sem maior esforço, que agiu contra o seu próprio querer ao entregar a primeira Declaração com base no "SIMPLES", sendo certo que a vontade real era a entrega da Declaração com base no Lucro Presumido, guardando consonância com os débitos confessados em DCTF. ... Na presente lide constatase o acerto da DIPJ posteriormente à entrega da DCTF, afigurandose a mesma situação fática. À evidência, farseia grande injustiça manter o crédito tributário supracitado, pois, evidente a ocorrência de erro material por parte do Contribuinte quando da eleição do formulário de entrega da Declaração pelo "SIMPLES" quando já havia confessado o débito pelo Lucro Presumido em DCTF, dando ensejo à análise de mérito. ... Diante do exposto, requer seja acolhida a preliminar de mérito, determinando a devolução dos autos à origem para que seja prolatado novo julgamento, suprindose a ausência de cálculos que possam demonstrar a origem de eventuais créditos tributários bem como sua certeza, liquidez e exigibilidade, intimandose o contribuinte da nova decisão. Caso superada a preliminar de mérito, que seja, no mérito, acolhido o presente recurso para determinar a extinção do crédito tributário, em face dos precedentes deste Tribunal Administrativo quanto a inexistência de multa quanto ao cumprimento de obrigações acessórias, uma vez que as obrigações principais foram cumpridas tempestivamente. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Ester Marques Lins de Sousa O recurso voluntário é tempestivo. Dele conheço. O litígio do presente processo configurouse com a Manifestação de Inconformidade, interposta em face do Despacho Decisório eletrônico 848562687 (fl.08), expedido em 07/10/2009, que, diante da inexistência do crédito analisado no valor de R$ Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10140.904483/200919 Resolução nº 1201000.228 S1C2T1 Fl. 6 5 34.843,06 NÃO HOMOLOGOU as compensações declaradas no PER/DCOMP nº 41768.58478.261107.1.3.042110 (fls. 02/08); A decisão de primeira instância julgou procedente a Manifestação de Inconformidade, mediante o Acórdão nº 0428.694, de 22 de maio de 2012, da 2ª Turma da DRJ/Campo Grande/MS. Na peça recursal a Recorrente argúi que, embora a decisão de primeira instância tenha acolhido a Manifestação de Inconformidade para declarar e existência de crédito tributário decorrente de pagamentos anteriormente efetuados sob o regime do SIMPLES, bem como sua compensação, nos termos do PERDCOMP referenciado, até o limite do saldo no valor de R$ 34.843,06, a autoridade administrativa juntou guias de DARF's para pagamento, em número de 2 (duas), totalizando 9.178,05 (nove mil, cento e setenta e oito reais e cinco centavos), com vencimento em 31 de maio de 2012. A Recorrente, preliminarmente, alega cerceamento ao direito de defesa porque não tendo o contribuinte recebido a memória do cálculo final apresentado no DARF pela Autoridade Administrativa, não há como definir a liquidez, certeza e exigibilidade do suposto crédito tributário. Com efeito, a INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº1300, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2012, estabelece procedimentos a serem adotados, na hipótese de saldo remanescente de débito, vejamos: ... Art. 67. Homologada a compensação declarada, expressa ou tacitamente, ou consentida a compensação de ofício, a unidade da RFB adotará os seguintes procedimentos: I debitará o valor bruto da restituição, acrescido de juros, se cabíveis, ou do ressarcimento, à conta do tributo respectivo; II creditará o montante utilizado para a quitação dos débitos à conta do respectivo tributo e dos respectivos acréscimos e encargos legais, quando devidos; III registrará a compensação nos sistemas de informação da RFB que contenham informações relativas a pagamentos e compensações; IV certificará, se for o caso: a) no pedido de restituição ou de ressarcimento, qual o valor utilizado na quitação de débitos e, se for o caso, o saldo a ser restituído ou ressarcido; b) no processo de cobrança, qual o montante do crédito tributário extinto pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito; e V expedirá aviso de cobrança, na hipótese de saldo remanescente de débito, ou ordem bancária, na hipótese de remanescer saldo a restituir ou a ressarcir depois de efetuada a compensação de ofício. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10140.904483/200919 Resolução nº 1201000.228 S1C2T1 Fl. 7 6 Nessa ordem de idéia, fazse necessária a juntada do Demonstrativo do encontro de Contas após a Decisão da DRJ proferida no Acórdão 0428.694 de 22/05/2012, de modo a evidenciar qual o montante do crédito tributário extinto pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito (principal e acréscimos moratórios). Diante do exposto, voto no sentido de que os presentes autos sejam encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Campo Grande/MS para: elaborar relatório circunstanciado, com o Demonstrativo do encontro de Contas após a Decisão da DRJ proferida no Acórdão 0428.694 de 22/05/2012, de modo a evidenciar qual o montante do crédito tributário extinto pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito (principal e acréscimos moratórios), do que deve ser dada ciência ao Contribuinte para sua manifestação, se do seu interesse, no prazo de 30 (trinta dias). Apresentada a manifestação ou transcorrido o prazo, devem os autos retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10469.905875/2009-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO.
É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.276
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO. É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório A empresa em epígrafe enviou PER/DCOM, com base em crédito oriundo de suposto "pagamento indevido ou a maior". Foi exarado despacho decisório eletrônico que não homologou a compensação sob o fundamento de que só foram encontrados pagamentos, "mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 90 58 75 /2 00 9- 01 Fl. 2732DF CARF MF Processo nº 10469.905875/200901 Acórdão n.º 3402003.276 S3C4T2 Fl. 3 2 O contribuinte manifestou sua inconformidade contra esse despacho, alegando que havia calculado as contribuições PIS/COFINS sobre seu faturamento total, quando, na verdade, a grande maioria de suas vendas são de frutas e verduras, as quais têm sua alíquota reduzida a 0% quando destinadas ao mercado interno, conforme art. 28 da Lei 10.865/2004. Contudo, alega que recalculou os impostos mas não retificou a DCTF, pelo que a RFB não teria encontrado a existência de crédito. Informa que para corrigir a situação foi feita retificação na DCTF relativa ao período. A DRJ/Recife julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Contra essa decisão a empresa manejou recurso voluntário, no qual repisa o disposto em sua manifestação de inconformidade, juntando notas fiscais. A 2ª Turma Especial desta 3ª Seção, por meio da Resolução 3802000.045, converteu o julgamento em diligência nos seguintes termos: Assim, diante dos elementos constantes dos autos, voto para a conversão do presente julgamento em diligência a fim de que a unidade preparadora, frente à documentação anexa ao processo e demais documentos e esclarecimentos que julgar necessários indagar à suplicante, se manifeste sobre a COFINS efetivamente devida no período de que trata o pleito. Considerando que o presente é um dos 31 processos em nome da interessada que trata de aduzido direito creditório pelo pagamento indevido da COFINS nos anosbase de 2005 e de 2006, poderão ser elaborados, para fins de atendimento à presente diligência, relatório e, sendo o caso, planilha demonstrativa única, em que sejam discriminadas as bases de cálculo mensais, a COFINS efetivamente devida e a COFINS paga em cada um dos períodos correspondentes. Em seu Relatório de Diligência Fiscal, a DRF/Natal reconheceu o direito creditório do contribuinte, em montante suficiente para homologar a compensação declarada, assim concluindo: (...)Assim sendo, esta unidade preparadora oferece ao CARF parecer pugnando pelo provimento do Recurso Voluntário apresentado nos processos em epígrafe relacionados. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.260, de 27 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10469.903727/200943, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.260): Fl. 2733DF CARF MF Processo nº 10469.905875/200901 Acórdão n.º 3402003.276 S3C4T2 Fl. 4 3 "Emerge do relatado que a própria RFB entende que o contribuinte tem direito ao crédito utilizado na compensação declarada. Assim, diante do resultado da diligência fiscal, é de ser reconhecido o crédito utilizado na compensação declarada, cujo montante é suficiente para sua homologação. Diante do exposto, dou provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório utilizado na compensação declarada. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 2734DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10825.720077/2010-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004
EMBARGOS. OMISSÃO E OBSCURIDADE. EFEITOS INFRINGENTES.
Deve ser acolhido o Embargo que aponta omissão e obscuridade, e que leva à necessidade de apreciar preliminar e matéria de mérito que implica em revisão da decisão recorrida.
IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE SALDO RESIDUAL NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO PRETENDENDO APROVEITAR SALDO RESIDUAL CREDOR NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE.
Não pode ser deferida e ou homologada, por conflitar com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, o pedido de ressarcimento e declarações de compensação para aproveitar saldo credor residual quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconhecera a existência desse saldo credor. O inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente.
Recurso Voluntário não provido.
Direito creditório não reconhecido.
Numero da decisão: 3401-003.214
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, com efeitos infringentes, para, no mérito, negar o sobrestamento do julgamento e negar provimento ao recurso voluntário, em razão da inexistência de saldos credores de períodos anteriores.
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, Fenelon Moscoso de Almeida e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: Relator Eloy Eros da Silva Nogueira
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2004 EMBARGOS. OMISSÃO E OBSCURIDADE. EFEITOS INFRINGENTES. Deve ser acolhido o Embargo que aponta omissão e obscuridade, e que leva à necessidade de apreciar preliminar e matéria de mérito que implica em revisão da decisão recorrida. IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE SALDO RESIDUAL NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO PRETENDENDO APROVEITAR SALDO RESIDUAL CREDOR NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. Não pode ser deferida e ou homologada, por conflitar com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, o pedido de ressarcimento e declarações de compensação para aproveitar saldo credor residual quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconhecera a existência desse saldo credor. O inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente. Recurso Voluntário não provido. Direito creditório não reconhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, com efeitos infringentes, para, no mérito, negar o sobrestamento do julgamento e negar provimento ao recurso voluntário, em razão da inexistência de saldos credores de períodos anteriores. Robson José Bayerl - Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, Fenelon Moscoso de Almeida e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2297; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10825.720077/201030 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3401003.214 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de agosto de 2016 Matéria PIS Embargante CONSELHEIRO Interessado COSAN S/A INDUSTRIA E COMÉRCIO E FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 EMBARGOS. OMISSÃO E OBSCURIDADE. EFEITOS INFRINGENTES. Deve ser acolhido o Embargo que aponta omissão e obscuridade, e que leva à necessidade de apreciar preliminar e matéria de mérito que implica em revisão da decisão recorrida. IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE SALDO RESIDUAL NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO PRETENDENDO APROVEITAR SALDO RESIDUAL CREDOR NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. Não pode ser deferida e ou homologada, por conflitar com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, o pedido de ressarcimento e declarações de compensação para aproveitar saldo credor residual quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconhecera a existência desse saldo credor. O inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente. Recurso Voluntário não provido. Direito creditório não reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, com efeitos infringentes, para, no mérito, negar o sobrestamento do julgamento e negar provimento ao recurso voluntário, em razão da inexistência de saldos credores de períodos anteriores. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 5. 72 00 77 /2 01 0- 30Fl. 189DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 2 Robson José Bayerl Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Rodolfo Tsuboi, Fenelon Moscoso de Almeida e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente de Embargos ingressados nos termos do artigo 65 do RICARF em vigor, face o Acórdão n. 3401003.060 proferido por esta turma na sessão de 26 de fevereiro de 2016, cuja Ementa ficou assim redigida: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INDEFERIDO. IMPOSSIBILIDADE. Não são passíveis de compensação os créditos objeto de compensação ou restituição indeferidos anteriormente pela autoridade competente, independentemente da existência ou não de decisão definitiva na esfera administrativa. CONTRIBUIÇÃO: PIS PASEP Período de apuração 01/07/2004 a 30/09/2004. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo, entendese que produção de bens não se restringe ao conceito de fabricação ou de industrialização; e que insumos utilizados na fabricação ou na produção de bens destinados a venda não se restringe apenas às matérias primas, aos produtos intermediários, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, mas alcança os fatores necessários para o processo de produção ou de prestação de serviços e obtenção da receita tributável, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Os serviços diretamente utilizados no processo de produção dos bens dão direito ao creditamento do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo incidente em suas aquisições. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INTERPRETAÇÃO COMPREENSIVA. DESPESAS COM ALUGUEL DE PROPRIEDADE RURAL. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10825.720077/201030 Acórdão n.º 3401003.214 S3C4T1 Fl. 3 3 O arrendamento de um prédio, assim considerado uma construção (coisa acessória), não se dá de forma independente e autônoma, mas pressupõe o arrendamento de uma construção (coisa acessória) mais o bem imóvel sobre o qual a mesma foi erigida (coisa principal). Logo, se é lícito ao contribuinte descontar créditos com relação ao arrendamento de um todo que compreende o acessório mais o principal, acredito que não existem razões para se vedar o desconto de créditos quando se tratar de arrendamento de um bem imóvel sem acessão coisa principal, que é parte do todo. Por isso, não há como deixar de reconhecer o direito à apuração de créditos do PIS não cumulativo e da COFINS não cumulativo em relação as despesas de aluguel de propriedade rural. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. Em relação as despesas de exportação, apenas as despesas de frete do produto destinado à venda, ou de armazenagem, geram direito ao crédito do Cofins ou do Pis não cumulativo. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. DESPESAS DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. VEDAÇÃO LEGAL. O direito de utilizar o crédito do PIS não cumulativo e da Cofins não cumulativa não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim especifico de exportação, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. APROVEITAMENTO. COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. Apenas os créditos do PIS não cumulativo e da Cofins não cumulativa apurados, respectivamente, na forma do art. 3º da Lei n. 10637/2992 e do art. 3º da Lei n.º 10.833/2003 podem ser objetos de aproveitamento para fins de compensação ou ressarcimento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Regra geral, considerase definitiva, na esfera administrativa, a exigência relativa matéria que não tenha sido expressamente contestada no recurso. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas no recurso devem vir acompanhadas das provas correspondentes. O recurso alega que houve omissão e/ou obscuridade com relação ás seguintes matérias: (a) glosa dos gastos com combustíveis usados no transporte; (b) pedido de suspensão do julgamento; (c) direito ao ressarcimento pelo suposto saldo credor residual dos processos originários 13888.001842/200343 e 13888.001848/200311. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 4 É o relatório. Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. Este processo cuida de pedido de ressarcimento da contribuição social e das Declarações de Compensação a ele vinculadas, por meio dos quais a contribuinte requer, primeiramente, reconhecimento de créditos da contribuição social em comento, do regime não cumulativo (PIS ou COFINS mercado externo nos termos do art. 3o da Lei n. 10.627/2002 e Lei n° 10.833/2003). A contribuinte alega possuir créditos no período de apuração, referentes a custos, despesas e encargos vinculados às receitas decorrentes das operações de exportação de mercadorias para o exterior. A auditoria fiscal propôs glosas, confirmadas pela autoridade administrativa no Despacho Decisório, que, somadas, reduziram o pretendido e solicitado pelo contribuinte DISPONÍVEL para as compensações. E concluíram não existir saldo disponível para o ressarcimento tratado neste processo. Após apreciar a manifestação de inconformidade, os Julgadores de 1º piso não acolheram as alegações da contribuinte e mantiveram as glosas fiscais. Este colegiado apreciou o recurso voluntário e, na sessão de 26 de janeiro de 2016, decidiu darlhe parcial provimento. Senhores Conselheiros, proponho que analisemos separadamente cada uma das matérias questionadas nos Embargos, e dessa maneira verifiquemos a existência da omissão ou da obscuridade aventada e, se admitida, passemos à apreciação do mérito. Creio que nesse andar, conjugando a decisão de admissão do recurso com a decisão de mérito da matéria, ganharemos em eficiência e objetividade. 1ª Matéria: direito ao ressarcimento pelo suposto saldo credor residual dos processos originários 13888.001842/200343 e 13888.001848/200311. O Acórdão recorrido deixou de por em relevo que este processo tinha uma relação de dependência direta com dois outros processos, que lhe são anteriores, e dos quais ele pretenderia aproveitar eventual saldo credor residual. O relatório do voto condutor trazia as seguintes explicações: Relatório: Este processo se refere a Pedido de Ressarcimento (PER n.º 40468.55179.140808.1.1.081905) de créditos da contribuição para o PIS PASEP do período de todo o 3º trimestre de 2003, no valor de R$ 93.733,83. Este valor é o resultado do saldo do crédito apurado no período R$ 482.809,76 deduzido do valor utilizado no pagamento do PIS do próprio período (R$ 0,00) e deduzido Fl. 192DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10825.720077/201030 Acórdão n.º 3401003.214 S3C4T1 Fl. 4 5 do valor já utilizado em declarações de compensações via PER/DCOMP (R$ 389.733,83 fls. 02). O quadro a seguir procura demonstrar como o contribuinte justifica o cálculo do valor pleiteado: Quadro: crédito exportação x parcela deduzida x parcelas compensadas = saldo para ressarcir julho de 2003 agosto de 2003 setembro de 2003 total Crédito de PIS exportação 231.127,92 188.124,12 63.557,72 482.809,76 Parcela usada para deduzir a PIS 0,00 0,00 0,00 0,00 Parcela usada para compensar via PERDCOMP 231.127,92 157.948,01 0,00 389.075,93 Saldo de crédito para ser ressarcido 0,00 30.176,11 63.557,72 93.733,83 O valor de direito creditório no montante de R$ 482.809,76 foi requerido através do processo administrativo n. 13888.001842/200343, referente ao período do 3º trimestre de 2003. A ele foram vinculados vários pedidos de compensação para aproveitar esses créditos, conforme indicados no quadro a seguir: Quadro: Processos administrativos com pedidos de reconhecimento de créditos e valores de compensação cujos pedidos PERDCOMP foram respectivamente vinculados: julho 2003 agosto 2003 setembro 2003 total 13888.001991/200311 91.016,00 91.016,00 13888.001850/200390 65.443,18 65.443,18 13888.001849/200365 890,50 890,50 13888.001848/200311 15.478,06 15.478,06 13888.001842/200343 58.300,13 58.300,13 13888.000278/200422 69.401,61 69.401,61 13888.001992/200357 88.163,87 88.163,87 13888.001991/200311 382,53 382,53 TOTAL 231.127,87 157.948,01 0,00 389.075,88 A autoridade fiscal realizou diligência para verificar o pleito de reconhecimento de direito creditório dessa contribuição no 3º trimestre de 2003 nos processos administrativos em que originalmente foram apresentados esses pedidos e propôs glosas que significaram redução no valor do crédito, tal como resumido no quadro a seguir. julho 2003 agosto 2003 setembro 2003 total crédito solicitado 231.127,92 188.124,12 63.557,72 482.809,76 crédito glosado 57.686,29 36.398,75 34.206,90 128.291,94 créditos utilizados 0,00 0,00 0,00 0,00 Fl. 193DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 6 para deduzir créditos aceitos pela fiscalização e disponíveis 173.441,63 151.725,37 29.350,82 354.517,82 Foram as seguintes as razões das glosas propostas pela autoridade fiscal em sua diligência ao analisar a apuração de créditos de PIS exportação para o 3º trimestre de 2003, em síntese: (....) A autoridade administração de jurisdição, após apreciar os documentos que instruíam este processo e as informações prestadas pela autoridade fiscal com relação à pretensão da contribuinte de direito creditório de PIS exportação para o 3º trimestre de 2003, decidiu NESTE PROCESSO indeferir o pedido de ressarcimento, nos seguintes termos: Despacho Decisório DRF BAURU SAORT n.º 1.397/2010 (fls. 1720) Ementa: A utilização total do direito creditório reconhecido em declarações de compensação anteriores, impossibilita a homologação da compensação declarada. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA (...) Em pesquisas junto aos sistemas da RFB foi constatado que esse direito creditório está sendo tratado no processo n° 13888.001842/200343, onde o contribuinte informa ter direito a R$ 482.809,76. A DRF/Piracicaba, conforme Termo de Informação Fiscal contido no processo n° 13888.001842/200343, reconhece a título de PIS/PASEP Não cumulativo Exportação do 4o Trimestre/2004 os seguintes valores: • Outubro/2004 173.441,63 ■ Novembro/2004 151.725,37 ■ Dezembro/2004 29.350,82 Assim, dos R$ 482.809,76 pleiteados, foi reconhecido um valor total de R$ 354.517,82 (trezentos e cinqüenta e quatro mil, quinhentos e dezessete reais e oitenta e dois centavos), que foi insuficiente para a quitação das compensações controladas nos processos n° 13888.001848/200311 e 13888.001842/200343. Esses processos, atualmente apensados, encontramse atualmente junto à DRJ/Ribeirão Preto em julgamento. (....) Assim sendo, considerando que a Declaração de Compensação tratada no presente processo indica a título de crédito para com a Fazenda nacional o mesmo direito creditório tratado no processo n° 13888.001842/200343, que foi objeto do Despacho Decisório que não homologou totalmente as compensações declaradas por insuficiência de direIto creditório, concluise que a presente declaração de compensação não é passível de homologação. Conclusão e Ordem de Intimação Pelas razões de fato e de direito acima expendidas, com fulcro nas sortarias MF n° 125, de 04 de março de 2009 e Portaria DRF/Bau n° 080, de 25 de junho de 2007 com alterações posteriores e por força do disposto no artigo 74, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada no documento de n° 40468.55179.140808.1.1.081905. Após apreciar os argumentos da contribuinte, a respeitável 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto decidiu pela improcedência da Fl. 194DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10825.720077/201030 Acórdão n.º 3401003.214 S3C4T1 Fl. 5 7 Manifestação de Inconformidade e por não reconhecer o direito creditório. Os julgadores a quo informaram que a contribuinte, em sua contestação, limitouse a reclamar das glosas do crédito; mas que neste processo não há glosas. E que a compensação não foi homologada neste processo por que o crédito foi indeferido naquele outro processo. Decidiram então não conhecer das alegações que discutiram as glosas, por estarem sendo as glosas tratadas no outro processo. No mérito, concluíram pela procedência da decisão de não homologação da compensação, pois a pretensão da contribuinte colide com o inciso XIV do § 3º do artigo 34 da IN RFB n. 900, de 2009. O Acórdão n.º 1436.757, proferido em 24/02/2012, ficou assim ementado: Acórdão 1436.757 4a Turma da DRJ/RPO Sessão de 24 de fevereiro de 2012 Processo 15892.000077/201030 ' Interessado COSAN S/A INDUSTRIA E COMERCIO CNPJ/CPF 50.746.577/000115 ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano calendário: 2004. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INDEFERIDO. IMPOSSIBILIDADE. Não são passíveis de compensação os créditos objeto de compensação ou restituição indeferidos anteriormente pela autoridade competente, independentemente da existência ou não de decisão definitiva na esfera administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Na sessão deste Colegiado de 2ª instância em que se apreciou este processo, foram analisadas as razões arguidas no recurso voluntário para discutir as glosas fiscais, que haviam reduzido o saldo pretendido pela contribuinte em sua petição originária. Ocorre que, nessa ocasião, deixou o Colegiado de apreciar as considerações do Conselheiro relator sobre a relação de dependência deste processo com aqueles a partir dos quais se demonstraria o saldo credor, e, ainda, o direito da contribuinte a esse ressarcimento. O Conselheiro relator teria exposto, na oportunidade, in verbis: VOTO Com relação às alegações da recorrente quanto ás glosas fiscais: A contribuinte compôs a sua manifestação de inconformidade exclusivamente com argumentos que confrontam as glosas feitas pelas autoridades fiscal e administrativas na apuração dos créditos de COFINS Exportação. Os julgadores de 1º piso não apreciaram esses argumentos. No recurso voluntário, a contribuinte retoma esses argumentos para tratar o mérito do contraditório. Sinto que os argumentos postos pela contribuinte a respeito das glosas feitas na apuração do crédito devem ser considerados por este colegiado de 2ª instância. Portanto, a esse respeito dedico os próximos parágrafos. Preliminarmente esclareço que, em meu entendimento, este processo administrativo pretende obter ressarcimento de saldo resultante de aproveitamento de suposto direito creditório com compensações discutidas em outros processos administrativos. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 8 A autoridade administrativa de jurisdição e os julgadores de 1º piso concluíram que, daqueles processos, não restou saldo para que, neste processo, pudesse o contribuinte obter ressarcimento. Pareceme claro que, à primeira vista, haveria uma relação de dependência deste para com o resultado daqueles processos. As glosas aqui questionadas pela contribuinte se referem à determinação do crédito de PIS Exportação nos meses de julho, agosto e setembro de 2004. Esses tópicos e questões também estão sendo discutidos nos processos administrativos 13888.001842/200343 e 13888.001848/2003121. Como esses 2 processos têm precedência sobre este processo, que pretende aproveitar suposto saldo residual daqueles, entendo que as glosas devem ser decididas naqueles, e não, de direito, neste processo. As decisões proferidas neste processo a respeito da manutenção ou não das glosas não tem o condão de se sobrepor às tomadas naqueles. Nas próximas linhas, apreciaremos as alegações da recorrente, mas, sublinho, apenas aqueles processos, e não este, podem decidir sobre os créditos pleiteados pela contribuinte a partir da análise das glosas. A este apenas resta a competência para decidir o pedido de ressarcimento de eventual saldo daqueles créditos de COFINS Exportação. Com relação ao direito de peticionar a compensação e o direito de peticionar o ressarcimento Este processo tem como objeto o ressarcimento de PIS que aproveita o saldo credor resultante do direito creditório discutido em outros processos administrativos. A contribuinte pediu o ressarcimento do PIS através do formulário PER em 14/08/2008, conforme podemos ver às fls.01 deste processo. A contribuinte juntou, em 15/06/2009, pedido de compensação (fls. 7/8) por PER/DCOMP para usar este saldo credor integralmente para quitar débito de PIS Faturamento do Período de apuração (PA) de julho de 2008. O valor do crédito para ressarcimento seria de R$ 93.733,83. Esse valor seria aproveitamento do saldo residual do direito creditório supostamente existente a partir do processo administrativo 13888.001842/200343. Ocorre que nesse processo a autoridade administrativa havia decidido a não existência de saldo residual em 06/08/2008 (Despacho Decisório n. 0891/2008, às fls. 174179 desse processo 13888.001842/200343). Ou seja, a contribuinte requereu o ressarcimento para aproveitar saldo credor quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconheceu a existência desse saldo credor. Esta situação conflita com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996. Esse dispositivo legal impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente. E este é o caso do pedido de compensação feito pela recorrente neste processo (fls. 7/8), conforme podemos constatar pelas datas acima apontadas. Portanto, pareceme correta a decisão de 1º piso que considerou impossível a compensação pleiteada pela contribuinte e indeferiu a manifestação de inconformidade. Proponho que não seja dado provimento ao recurso voluntário quanto ao direito da contribuinte de pedir compensação no caso analisado neste processo. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10825.720077/201030 Acórdão n.º 3401003.214 S3C4T1 Fl. 6 9 Além disso, a contribuinte propôs o pedido de ressarcimento do PIS para aproveitar saldo residual credor quando no processo originário a autoridade administrativa já decidira pela não existência desse saldo credor. De fato, o processo administrativo 13888.001842/200343 aguarda encaminhamento para este Egrégio Conselho para que se possa apreciar o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a decisão proferida pela 1ª instância. Ele decidirá a existência do direito creditório do PIS no 3º trimestre de 2003. Faço sublinhar que esse processo está instruído com pedidos de restituição e ressarcimento dos valores concernentes a créditos de PIS desse período de apuração, acompanhados de pedidos de compensação. Ou seja, ele trata de pedidos de ressarcimento e de pedidos de compensação. A meu vcr, esse processo 13888.001842/200343 tem preferência na análise e decisão do reconhecimento da existência de eventual saldo credor residual de PIS e, em caso positivo, de autorizar sua destinação na forma de ressarcimento ou de aproveitamento em compensações. Para este processo, hoje em julgamento, entendo que sua finalidade e utilidade, tendo em vista os interesses do requerente, residiam na antecipação do aproveitamento do suposto saldo credor para quitar débitos através de compensações. Tendo essa hipótese a de obter benefício por via de compensações sido proibida por prescrição legal, conforme visto anteriormente neste acórdão, infiro que este processo administrativo perde seu objeto, já que aquele outro processo tem preferência em decidir o ressarcimento que estaria sendo decidido neste processo. Por isso, proponho que não seja dado provimento ao recurso voluntário quanto ao pedido de ressarcimento. Ademais, entendo que o pedido de ressarcimento, conforme protocolado pela contribuinte neste caso, recebe a vedação posta no § 3º do artigo 28 da IN RFB n. 900, de 2008, pois ele se baseia em saldo credor que está sob apreciação em outro processo para determinar crédito de PIS e cuja decisão pode alterar o valor a ser ressarcido. IN RFB n. 900, de 2008: Art. 28. O pedido de ressarcimento a que se refere o art. 27 será efetuado pela pessoa jurídica vendedora mediante a utilização do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante petição/declaração em meio papel acompanhada de documentação comprobatória do direito creditório. § 1º ..... § 2º Cada pedido de ressarcimento deverá: I referirse a um único trimestrecalendário; e II ser efetuado pelo saldo credor remanescente no trimestrecalendário, líquido das utilizações por desconto ou compensação. § 3º É vedado o ressarcimento a estabelecimento pertencente a pessoa jurídica com processo judicial ou com processo administrativo fiscal de determinação e exigência de crédito do PIS/ Pasep e da Cofins cuja decisão definitiva, judicial ou administrativa, possa alterar o valor a ser ressarcido. Portanto, proponho a este colegiado não dar provimento ao recurso voluntário. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 10 A apreciação das razões das glosas fiscais foi necessária, tendo em vista as alegações brandidas pela contribuinte em seu recurso voluntário. Mas essa apreciação pelo Colegiado não resolve a questão objeto desta matéria omitida. E a sua submissão ao Colegiado pode alterar o resultado daquele julgamento, resultado que me parece necessário, como explicado acima. Como se vê, esta é matéria relevante que compunha o contraditório, cuja omissão não pode ser aceita. Por essas razões, proponho que os Embargos sejam acolhidos para sanear a omissão e, caso seja apreciada pelo Colegiado, possa a decisão obter efeitos infringentes, ao negar provimento ao recurso voluntário. A meu ver, o acórdão prolatado traz omissão que deve ser sanada, para que fique expressamente julgada a matéria e dele conste o entendimento do relator. Por essas razões, proponho seja admitido, conhecido e apreciado este Embargo, e no mérito seja negado provimento ao recurso voluntário. 2ª Matéria: pedido de suspensão do julgamento: O Acórdão deixou de registrar a decisão do Colegiado a respeito do pedido de suspensão do julgamento. Consta do voto do relator: Preliminares A recorrente pede a suspensão do julgamento deste processo até a conclusão definitiva do processo 13888.001842/200343, ou a apensação deste àquele. Argumenta que este processo depende daquele, pois pretende ressarcimento do saldo de crédito resultante daquele. Pelas razões de mérito que foram expostas acima, entendo que a dependência é superada, não se justificando a suspensão do julgamento para aguardar o resultado daqueles. A recorrente, em suas preliminares do recurso voluntário, aponta que o acórdão recorrido não tomou conhecimento e não apreciou suas alegações a respeito da improcedência das glosas que reduziram o direito creditório solicitado. A contribuinte expõe seu entendimento contrário e que essas alegações que contestam as glosas devem ser conhecidas e analisadas tanto neste como naquele processo administrativo (13888.001842/200343). Com relação a este ponto, entendo que a decisão dos julgadores a quo não merece reparos, e que ela não implicou em prejuízo ao direito da contribuinte exercer seu direito de defesa e de contraditório. De fato, o mérito do direito creditório e das glosas que incidiram sobre esta pretensão não estão sendo discutidos neste processo, mas tão somente no processo 13888.001842/200343. Portanto, proponho que razão não assiste à recorrente nesse particular. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10825.720077/201030 Acórdão n.º 3401003.214 S3C4T1 Fl. 7 11 Proponho seja acolhido o Embargos nesta matéria, para que seja submetido ao Colegiado o pedido do contribuinte e que passe a constar do acórdão recorrido a decisão a esse respeito, qual seja que seja negado o pedido da contribuinte. 3ª Matéria: glosa dos gastos com combustíveis usados no transporte. A autoridade fiscal firmou seu entendimento de que insumo, utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda, compreende “a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam, incluídos no ativo imobilizado (IN 404/04, art. 8o, § 4o c/c § 9o)”. Além desse entendimento, adotado como critério para a glosa, a autoridade fiscal glosou também as despesas relacionados a centros de custos que não estavam diretamente vinculados á produção e fabricação dos produtos vendidos. Nesse conjunto, estavam os gastos com combustíveis usados no transporte. A contribuinte trouxe ao contraditório as razões por que defende a legalidade e correção dos créditos apurados a partir desses gastos. Em resumo: sobre as despesas com combustíveis que os combustíveis foram adquiridos para o transporte do produto para exportação e que são indispensáveis à atividade agroindustrial. Argumenta que não há como se negar que a atividade agroindustrial integrada demanda grandes espaços, e, por isso mesmo, uma movimentação muito grande de máquinas e veículos, seja na colheita e nos transporte de matériaprima dos fundos agrícolas para a indústria, seja no transporte de máquinas, equipamentos e, sobretudo, adubos e produtos químicos aos diversos fundos agrícolas onde são aplicados. Sem mencionar o transporte da mão de obra que é indispensável em todo o processo de plantio, tratos culturais, colheita e industrialização. Em decorrência da necessidade de constante vigilância das lavouras, em todo o seu estágio, são necessárias diligências diárias aos diversos fundos agrícolas por agrimensores, agrônomos e demais empregados qualificados para a finalidade de tratar da cultura. E que todo esse transporte se faz em sua grande parte por meio de veículos próprios e de terceiros movidos à gasolina ou álcool ou, na hipótese de ônibus, óleo diesel. Sem combustível, portanto, não há como se conceber o plantio, os tratos culturais, a colheita, o transporte e, por fim, a industrialização da canadeaçúcar. ... resta patente que os combustíveis se consubstanciam em verdadeiro insumo de produção intrinsecamente ligados ao processo agroindustrial e, conseqüentemente, à atividade da Recorrente. Fl. 199DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 12 Os julgadores de 1ºpiso, sobre combustíveis utilizados no transporte, decidiram que a legislação equiparou os combustíveis aos demais bens considerados como insumos, desde que aqueles também sejam utilizados diretamente no processo produtivo, de fabricação do açúcar e do álcool destinado à venda. Portanto, em seu entendimento, não haveria que se falar em creditamento na aquisição de combustíveis utilizados no transporte da produção para a exportação ou mesmo da mãodeobra utilizada no processo agrícola, como pleiteou expressamente a recorrente. A aquisição de combustíveis geraria direito a crédito apenas quando utilizado como insumo na fabricação dos bens destinados à venda. No caso, não aceitaram as alegações da contribuinte. Essa matéria foi contraditada novamente pela contribuinte, vindo para julgamento da 2ª instância. No voto do Conselheiro relator constaram as seguintes considerações e decisões a respeito dessa matéria: Sobre as despesas e custos relacionados às oficinas (a) Depreendo, portanto, que as despesas com combustíveis, lubrificantes, consumo de água, materiais de manutenção e materiais elétricos nas oficinas de serviços de limpeza operativa, de serviços auxiliares, de serviços elétricos, de caldeiraria e de serviços mecânicos e automotivos para as máquinas, equipamentos e veículos utilizados no processo produtivo da canadeaçúcar, ou seja, sua semeadura, colheita e transporte até a usina onde será fabricado o açúcar, atendem ao critério para caracterização como insumos. (b) CONTUDO, as despesas relacionadas aos centros de custos: "Diretoria Industrial/Administração planejamento", "Manutenção Conservação Civil" e "brigada de incêndio", "Central de ar condicionado", "Serviços Auxiliares", Funcionários afastados industrial, incentivo vale transporte industrial , não têm demonstradas pela recorrente a sua característica de insumo e a sua vinculação com o processo de produção propriamente dito e com os produtos vendidos. Por falta de comprovação e previsão legal, entendo que as glosas devem ser mantidas. Proponho dar PARCIAL provimento ao recurso neste item. (GRIFOS ACRESCIDOS) Sobre as despesas relacionadas diretamente ao preparo da cana de açúcar para se tornar insumo na produção do álcool e do açúcar Com a mesma razão anteriormente exposta, entendo que atendem aos critério para caracterização como insumo as despesas e custos com combustíveis, consumo de água e materiais elétricos para emprego nas atividades: balança de cana; destilaria de álcool; ensacamento de açúcar; fabricação de açúcar; fermentação; geração de energia (turbo gerador); geração de vapor (caldeiras); laboratório teor de sacarose; lavagens de cana/ residuais; mecanização industrial; preparo e moagem; recepção e armazenagem; transporte industrial; tratamento do caldo; captação de água; rede de restilo; refinaria granulado. Proponho dar provimento ao recurso neste item. (GRIFOS ACRESCIDOS) Fl. 200DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA Processo nº 10825.720077/201030 Acórdão n.º 3401003.214 S3C4T1 Fl. 8 13 Como se vê, o voto tratou da matéria, propondo provimento ao recurso quanto a este ítem. Contudo, no desdobrar da sessão, faltou a apreciação dos Conselheiros sobre a seguinte parte do voto do relator, com considerações e proposição diretamente vinculadas a essa matéria. Vejamos: Glosa das despesas de transporte pagos a PJ e dos gastos relacionados a transportes a autoridade fiscal e os julgadores a quo decidiram que essas despesas não podem ser consideradas insumo e não podem gerar credito na apuração da contribuição em questão. Consultei os documentos que instruem este processo, as planilhas demonstrando a apuração das receitas, as despesas e os centros de custos e, nelas, vejo dois tipos de categorias de serviços de transporte: 1º) as que se referem a transporte de empregados e de mão de obra no contexto do cultivo e colheita da cana de açúcar, transporte aéreo para aplicação de produtos na área cultivada, transporte de resíduos, transportes nas atividades de colheita e na fase de tratamento da cana e dos subprodutos da cana, antes da obtenção do produto final (açúcar ou alcool); 2º) as que se referem a transporte de produtos acabados e os serviços de transporte que não se relacionam diretamente com as atividades de cultivo, colheita e tratamento da cana de açúcar e de seus subprodutos, antes da obtenção do produto final açúcar ou alcool. Nesse ponto, entendo que razão assiste à recorrente quando se trata da primeira categoria acima, de gastos e custos agrícolas, pois elas se referem a serviços e insumos necessários ao processo de produção da cana e seus derivados, e também transporte de pessoal no âmbito das colheitas, e, a meu ver, guardam relação direta com a produção de cana de açúcar. Mas entendo que razão não lhe assiste quanto ao segundo grupo de despesas acima indicado, pois não guardam relação direta com o processo de produção da cana, de seus derivados, e também com a fabricação de açúcar e alcool. Entendo que a glosa deve ser mantida para essa segunda categoria, pois não se trata de insumo necessário tendo em vista as especificidades do processo da colheita de cana de açúcar, nem se enquadram na previsão para obtenção de créditos a partir de despesas de transporte. Proponho dar PARCIAL provimento ao recurso neste aspecto. A meu ver, o texto do Acórdão recorrido traz obscuridade que deve ser sanada, para que fique expresso e julgado o entendimento do relator de que os gastos com combustíveis usados no transporte podem gerar crédito nos termos que constam do voto, o que justificaria dar parcial provimento ao recurso voluntário neste item. Por essas razões, proponho Fl. 201DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA 14 seja admitido, conhecido e apreciado este Embargo, e no mérito passe a constar do Acórdão recorrido o entendimento do relator que seria favorável ao provimento do recurso neste item. CONCLUSÃO FINAL Seja acolhido o Embargo para não dar provimento ao recurso voluntário, tendo em vista inexistir saldo residual credor obtido a partir dos processos listados na 1ª matéria tratada acima antecedentes deste processo. Que essa decisão altere o que consta como dispositivo conclusivo do Acórdão recorrido, com efeitos infringentes, cuja Ementa passa ser totalmente substituída pela seguinte: IMPOSSIBILIDADE DE RESSARCIMENTO DE SALDO RESIDUAL NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO PRETENDENDO APROVEITAR SALDO RESIDUAL CREDOR NÃO RECONHECIDO EM PER ANTECEDENTE. Não pode ser deferida e ou homologada, por conflitar com o que dispõe o inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, o pedido de ressarcimento e declarações de compensação para aproveitar saldo credor residual quando já existia decisão administrativa indeferindo o pedido originário e que, no mérito, não reconhecera a existência desse saldo credor. O inciso IV do § 3º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, impõe que não pode ser objeto de compensação via PER/DCOMP valor informado em Declaração de Compensação a título de crédito contra a Fazenda Nacional que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente. Recurso Voluntário não provido. Direito creditório não reconhecido. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 202DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 12/ 09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10711.008638/2010-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 25/11/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-003.413
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 25/11/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo, no que for relevante, o relatório da decisão de piso proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 00 86 38 /2 01 0- 14 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.008638/201014 Acórdão n.º 3302003.413 S3C3T2 Fl. 3 2 O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação Antes de adentrar na descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a autoridade lançadora fez longa explanação acerca do comércio marítimo internacional, na qual esclarece quem são os intervenientes nessa atividade, a documentação utilizada, as informações a serem prestadas e seus respectivos prazos e a sistemática de utilização delas. Foram apresentados tópicos específicos sobre a obrigatoriedade de prestar informação pelo transportador e sobre a importância, para o controle aduaneiro, de os dados exigidos serem prestados correta e tempestivamente. A fiscalização expôs detalhadamente quais as informações que devem ser prestadas e os respectivos prazos estabelecidos na legislação regente. Em seguida apresentou dispositivo legal que trata da denúncia espontânea esclarecendo que, depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior, esse instituto não é mais aplicável para infrações imputadas ao transportador, por força de expressa disposição do Regulamento Aduaneiro (art. 683, § 3°). Foi também comentado sobre os danos causados ao controle aduaneiro pelo descumprimento das normas referentes à prestação de informações pelos intervenientes no transporte internacional de cargas. Na sequência, a fiscalização discorreu sobre o tipo de infração verificada, inclusive no tocante a sua penalização. Depois, passou a demonstrar a irregularidade apurada que, de acordo com o relatado no tópico Dos Fatos, consistiu na prestação de informação intempestiva referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali identificado. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no parágrafo único, inciso II, do art. 50 da Instrução Normativa RFB n° 800, de 27/12/2007. Assim, a fiscalização considerou caracterizada a infração tipificada no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, e aplicou a multa ali prescrita, que entende ser cabível para cada CE incluído ou retificado após o prazo para prestar informações. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação e, apresentou impugnação na qual aduz os seguintes argumentos. Inobservância do art. 50 da IN RFB 800/2007. Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional. Duplicidade de multa para o mesmo navio/viagem. O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma Fl. 104DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.008638/201014 Acórdão n.º 3302003.413 S3C3T2 Fl. 4 3 embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento. A Turma Julgadora "a quo", por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo integralmente o crédito constituído. Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, reproduzindo os mesmos argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.395, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10711.006561/201030, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.395): 1. Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 2. Preliminar 2.1 Duplicidade: Cobrança de múltiplas multas decorrente do mesmo fato gerador Em síntese apartada, alega a Recorrente que" O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados em seu recurso voluntário, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/20081." 1 Trecho destacada no voto: Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque de uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumpri a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.008638/201014 Acórdão n.º 3302003.413 S3C3T2 Fl. 5 4 Em relação ao primeiro ponto suscitado pela Recorrente, na parte em que ela afirma ser impossível existir mais de uma penalidade para o mesmo fato, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu da seguinte forma: "No caso sob análise não houve uma infração. Examinandose as ocorrências citadas pela fiscalização, verificase que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos. Sendo assim, não se pode afirmar sequer que as infrações são idênticas, uma vez que são diferente seus objetos materiais." Já em relação ao segundo ponto (aplicação da solução de consulta interna Cosit nº 8/2008), a fiscalização justificou seu afastamento com base nos seguintes argumentos. "Todavia, esse entendimento não é aplicável ao caso sob exame. As informações cujos atrasos na prestação deram ensejo ao lançamento são referentes a importação de mercadorias, enquanto a citada decisão soluciona consulta relativa à exportação. Cada um desses tipos de operações envolve peculiaridades próprias, especialmente no tocante ao controle administrativo, as quais se refletem na legislação regente e não podem ser desprezadas. O caso ora apreciado diz respeito à importação de cargas consolidadas, as quais são acobertadas por documentação própria, cujos dados devem ser informados de forma individualizada para a geração dos correspondentes conhecimentos eletrônicos (CE). Esses registros devem representar fielmente as correspondentes mercadorias, a fim de possibilitar à Aduana definir previamente o tratamento a ser adotado a cada caso, de forma a racionalizar procedimentos e agilizar o despacho aduaneiro. Nesses casos, não é viável estender a conclusão trazida na citada SCI, conforme se passa a demonstrar. Pois bem. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, fato é que não houve comprovação da existência de duplicidade de cobrança por parte da fiscalização, tampouco argumentos capazes de infirmar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou " que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos". Sequer um demonstrativo analítico, com os registros relativos as operações tratadas em cada processo apontado no recurso foram produzidas pela Recorrente, em total desrespeito ao artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou inexplicavelmente de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte, restando, assim, prejudicado a análise dos demais argumentos por ela suscitado. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.008638/201014 Acórdão n.º 3302003.413 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Mérito 3.1. Ilegalidade do Auto de Infração O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que "Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional". Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, que assim disciplina: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Fl. 107DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.008638/201014 Acórdão n.º 3302003.413 S3C3T2 Fl. 7 6 § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007, assim dispõem: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § 1o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2º As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.008638/201014 Acórdão n.º 3302003.413 S3C3T2 Fl. 8 7 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4º O prazo previsto no inciso I do caput reduzse a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 5º Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 6º Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1º de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.008638/201014 Acórdão n.º 3302003.413 S3C3T2 Fl. 9 8 Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destacase que o artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2º, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, arguindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar distorce conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3º, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." 2 Art. 2o Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: § 1o Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: IV o transportador classificase em: e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; Fl. 110DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.008638/201014 Acórdão n.º 3302003.413 S3C3T2 Fl. 10 9 Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito. Por todo exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeitase a preliminar de nulidade e, no mérito, negase provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Fl. 111DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 19515.003116/2005-41
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Período de apuração: 31/05/2000 a 30/06/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não há que se falar em divergência jurisprudencial, quando são postos em confronto acórdãos que tratam de incidências tributárias diversas, cada qual regulada por lei específica.
Recurso Especial do Procurador não conhecido
Numero da decisão: 9202-004.299
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional.
Por unanimidade de votos, foi rejeitada a preliminar de possível impedimento suscitada pelo conselheiro Gerson Macedo Guerra por ter atuado no escritório do patrono da recorrida no período de 2006 a 2009.
Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Caio César Morato, OAB-SP 311386, escritório Braga e Moreno Consultores e Advogados.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO- Relatora.
EDITADO EM: 16/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Gerson Macedo Guerra e Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não há que se falar em divergência jurisprudencial, quando são postos em confronto acórdãos que tratam de incidências tributárias diversas, cada qual regulada por lei específica. Recurso Especial do Procurador não conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Por unanimidade de votos, foi rejeitada a preliminar de possível impedimento suscitada pelo conselheiro Gerson Macedo Guerra por ter atuado no escritório do patrono da recorrida no período de 2006 a 2009. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Caio César Morato, OAB SP 311386, escritório Braga e Moreno Consultores e Advogados. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente em exercício. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 31 16 /2 00 5- 41 Fl. 240DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 2 EDITADO EM: 16/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Gerson Macedo Guerra e Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Tratase de exigência de Imposto de Renda na Fonte, multa de ofício e juros de mora, relativamente ao período de 31/05/2000 a 30/06/2004 (fls. 57 a 599), tendo em vista que a Contribuinte deixou de efetuar os recolhimentos, bem como de declarar em DCTFs, os valores devidos a título de IRRF sobre encargos financeiros cobrados/creditados, decorrentes de contratos de mútuo, registrados na contabilidade da empresa. A fundamentação legal da autuação foi assim registrada na autuação: artigos 1º a 5°, da Lei n° 9.779, de 1999; artigo 6°, da MP n° 1.855, de 1999 e Instrução Normativa SRF n°123, de 1999. No julgamento em Primeira Instância, o lançamento foi considerado improcedente, conforme a seguinte ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 CRÉDITO CONTABIL. IRRF. NÃO INCIDÉNCIA. S6 cabe a tributação a titulo de IRRF se houver a efetiva entrega de recursos, com a aquisição, pelo beneficiário, da respectiva disponibilidade econômica ou jurídica (fato gerador do imposto de renda). Não basta, para caracterizar a ocorrência do fato gerador do IRRF, a simples contabilização, ou seja, o crédito contábil. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado" O resultado do julgamento foi assim registrado: "Vistos, relatados e discutidos os autos do presente processo ACORDAM os membros da 5a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar PROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO, nos termos do voto do relator." A decisão da DRJ ensejou Recurso de Ofício, julgado em 10/03/2015, oportunidade em que foi prolatado o Acórdão nº 2102003.278, assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Período de apuração: 31/05/2000 a 30/06/2004 Fl. 241DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 19515.003116/200541 Acórdão n.º 9202004.299 CSRFT2 Fl. 241 3 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. CRÉDITO CONTÁBIL. JUROS. O simples crédito contábil de obrigação contratual (pagamento de juros, antes da data do seu vencimento, não implica em disponibilidade econômica ou jurídica para o credor, logo, não há fato gerador a autorizar a incidência do IRF. Recurso de Ofício Negado" A decisão foi assim resumida: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Fez sustentação oral o patrono da contribuinte, advogado Pedro Miguel Abreu de Oliveira, OAB/SP 24273. O processo foi encaminhado à PGFN em 24/04/2015 (Despacho de Encaminhamento de fls. 196). De acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a intimação presumida da Fazenda Nacional ocorreu 30 dias após a referida data, em 14/05/2015. Nessa mesma data, foi interposto o Recurso Especial de fls. 197 a 202 (Despacho de Encaminhamento de fls. 203), com fundamento no art. 67, do Anexo II, RICARF, visando rediscutir a valoração jurídica do crédito meramente contábil. Como paradigma, foi indicado o Acórdão nº 10610.809, de 13/05/1999. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 30/06/2015 (fls. 204 a 206). No apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: pelo regime de competência, o registro da receita e da despesa não ocorre no momento do pagamento, mas no momento do ganho da receita (cita doutrina de José Luiz Bulhões Pedreira); assim, o rendimento contábil pode ser considerado como fato gerador para o imposto de renda retido na fonte; como é notório, a aquisição do direito de receber e dispor do valor também representa fato gerador do imposto de renda, de acordo com o próprio art. 43 do CTN, transcrito abaixo: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. (Grifos não constantes do original).” no presente litígio, tratase de incidência de imposto de renda na fonte sobre quantias devidas a título de encargos financeiros (juros) decorrentes de contrato de mútuo; Fl. 242DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 4 o imposto de renda incide quando houver disponibilidade econômica ou jurídica de renda, o que significa que o imposto deve incidir tanto na hipótese de pagamento, de entrega efetiva dos recursos ao beneficiário, quanto na hipótese em que a renda é disponibilizada a esse mesmo beneficiário, o que ocorre quando a importância é creditada pela fonte; no caso do paradigma considerouse que o fato de os juros terem sido registrados como despesa, ainda que não tivessem sido remetidos, estaria caracterizado, com base no regime de competência, que a receita correspondente foi adquirida, ainda que virtualmente, pelo credor, e esta é exatamente a hipótese dos autos; o registro da receita e a sua remessa são fatos diversos, e o art. 43 do Código Tributário Nacional não limita a incidência de imposto de renda apenas sobre valores pagos, entregues (até fisicamente) ao beneficiário, mas, também, quando a receita é disponibilizada. portanto, temse que de acordo com o regime de competência, bem como a hipótese de incidência do imposto de renda previsto no art. 43 do CTN, o registro contábil pela fonte pagadora é premissa lógica a autorizar a conclusão de que a receita correspondente foi disponibilizada ao beneficiário; caracterizada a ocorrência do fato do gerador do IRRF no momento de seu creditamento na contabilidade da fonte pagadora, acertado está o lançamento que deve ser mantido. Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e provimento do recurso, reformandose o acórdão recorrido e restabelecendose o crédito tributário. Cientificado do acórdão, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 03/09/2015 (fls. 231), o Contribuinte ofereceu, em 17/09/2015, as Contrarrazões de fls. 214 a 228, contendo os seguintes argumentos, em síntese: o recurso fazendário não merece ser conhecido, uma vez que o acórdão paradigma não se presta a mostrar a alegada divergência com o acórdão recorrido em primeiro lugar, é importante destacar que a Recorrente não se ateve ao que dispõe o § 6º, do art. 67, do RICARF, vez que não ficou demonstrada analiticamente a divergência de entendimento entre o acórdão recorrido e a decisão paradigma, que, por sua vez, trata de matéria diversa da debatida nesses autos; isso porque, a exigência contida na presente autuação foi afastada pela Turma a quo, pelo fato de que o simples crédito contábil dos juros e encargos decorrentes de contratos de mútuos não é fato gerador do IRF; já a matéria tratada no acórdão tido como paradigma pela Recorrente diz respeito aos rendimentos recebidos por pessoa jurídica domiciliada no exterior, e o regramento para tributação desse tipo de operação é totalmente distinto da situação tratada nos autos; notase, portanto, que além de inexistir cotejo analítico entre a decisão recorrida e o acórdão tido como paradigma, é evidente que o entendimento ali consignado não tem relação com a matéria tratada nos autos; Fl. 243DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 19515.003116/200541 Acórdão n.º 9202004.299 CSRFT2 Fl. 242 5 mesmo que se entenda que a decisão paradigma tem relação com a matéria tratada nos autos, o que se admite apenas a título de argumentação, é importante destacar que o referido entendimento encontrase superado por essa CSRF; de acordo com § 10, do art. 67 do RICARF, não servirá como paradigma o acórdão cuja tese já tenha sido superado pela CSRF; é exatamente o caso dos autos, pois a CSRF já pacificou o entendimento no sentido de que o simples crédito contábil dos juros e encargos decorrentes de contratos de mútuos não é fato gerador para o IRRF: "Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Data do fato gerador: 30/11/2001, 31/12/2001 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. REMESSAS PARA O EXTERIOR. IMPOSTO CALCULADO TENDO COMO DATA DO FATO GERADOR A DATA DOS CRÉDITOS CONTÁBEIS. IMPOSSIBILIDADE. (...) Não há fato gerador do imposto incidente na fonte quando as importâncias são contabilmente creditados ao beneficiário do rendimento em data anterior ao vencimento da obrigação, consoante os prazos ajustados em contrato. O simples crédito contábil, antes da data aprazada para seu pagamento, não extingue a obrigação nem antecipa a sua exigibilidade pelo credor. O fato gerador do imposto de renda na fonte, pelo crédito dos rendimentos, relacionase, necessariamente, com a aquisição da respectiva disponibilidade econômica ou jurídica. Por si só, o fato de a fonte pagadora lançar contabilmente o acréscimo do valor de sua obrigação na respectiva conta de passivo não torna devido o imposto de renda na fonte, por não importar na aquisição de qualquer disponibilidade econômica ou jurídica de renda pelo beneficiário. No caso dos autos, os rendimentos só passaram a ser devidos quando do vencimento previsto no contrato. Ora, por dedução lógica, o simples registro contábil, nos períodos questionados, não tem, por si só, o condão de modificar o prazo de vencimento da obrigação contratual. Recurso especial negado." (Acórdão nº 9202003.120 TURMA / CSRF / CARF/MF/DF, Data da Sessão: 26/03/2014) frisese que o acórdão que serviu de paradigma foi proferido em 1999, sendo certo que, desde então, o entendimento pacífico da CSRF é contrário ao sustentado pela Recorrente; dessa forma, o Recurso Especial não deve ser admitido, porque (i) a Recorrente não demonstrou de forma analítica a divergência de entendimento entre a decisão recorrida e o acórdão paradigma (ü), a matéria tratada no paradigma não tem relação com a debatida nos autos; (iii) e mesmo que se admita que o acórdão paradigma se presta a comprovar a divergência de entendimento, é fato que a tese ali sustentada foi superada pela CSRF; ademais, a CSRF não é instância apropriada para reexaminar as provas constantes nos autos, e sim para dirimir conflitos de teses; Fl. 244DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 6 no entanto, o recurso apresentado tem justamente esse escopo, já que para a exigência do IRRF essa Turma deverá verificar se houve, de fato, a disponibilidade jurídica (o que, frisese, não houve) dos rendimentos (juros e encargos decorrente de contrato de mútuo), sendo que isso somente será possível após a reanálise das provas constantes nos autos: "RECURSO ESPECIAL PRESSUPOSTO DEDIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL INEXISTÊNCIA Não se conhece do apelo que não demonstra a existência de decisão paradigmática em face da vergastada, especialmente quando esta repousa no exame da prova. A Câmara Superior de Recursos Fiscais tem por intuito dirimir conflitos de teses e não é instância apropriada para reexame da prova. Recurso especial não conhecido. Por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso." (ACÓRDÃO CSRF/0105.292, 21/09/2005) frisese que as instâncias a quo já fizeram essa análise e concluíram que a Contribuinte não cobrou e/ou creditou financeiramente os juros, ou seja, não houve a disponibilidade jurídica de tais rendimentos, sendo certo que também nesse aspecto o recurso especial não deve ser admitido, pois, implica em reexame de matéria probatória; diversamente do alegado pela Recorrente e exposto no paradigma juntado, inexiste fato gerador do IRRF a ensejar sua exigência, pois não ocorreu o efetivo pagamento ou o crédito financeiro dos juros e encargos pela mutuaria à mutuante, ou seja, a Contribuinte não cobrou e/ou creditou financeiramente os juros das operações de mútuos que realizou com suas coligadas, fato este que foi reconhecido pela r. decisão de 1ª instância administrativa, e tem sido o recente entendimento desse E. CARF, como demonstrado acima. assim, de acordo com o entendimento atual do CARF, não basta, para a ocorrência do fato gerador do IRRF, o mero crédito contábil em conta de juros e encargos sobre empréstimo, como fez entender a Recorrente, tendo em vista que o mesmo (crédito contábil): i) não extingue a obrigação da pessoa jurídica para com seu sócio: e (ii) não confere ao sócio disponibilidade econômica dos juros; ao revés, é só o efetivo pagamento ou o crédito financeiro dos juros e encargos ao sócio que faz nascer a obrigação de pagar o IRRF; nesse sentido é o acórdão abaixo transcrito, a título exemplificativo, que trata de caso análogo ao dos presentes autos: "Concluise do exposto que, mesmo tendo a pessoa jurídica, em obediência ao regime de competência, registrado em sua contabilidade os valores a que se obrigou a pagar, como despesa incorrida, só haverá retenção do imposto de renda na fonte quando ocorrer o cumprimento da obrigação, o efetivo pagamento. A apropriação das receitas e despesas segue critérios próprios (regime de competência), inaplicáveis à tributação do imposto de renda na fonte. No caso em tela, resta demonstrada (fls. 25 a 46) apenas a ocorrência de créditos contábeis (os quais, repitase. não caracterizam fato gerador do IRRF), nas contas contábeis 2.02.02.07.002 EMPRESAS CONTROLADORAS CONTA EMPRÉSTIMO; 2.02.06.01.006 ZDZ Empreendimentos; 2.02.06.01.005 Ripasa Internacional Ltda.; 2.02.06.01.004 Rilisa Trading; 2.02.06.01.003 Limeira S.A.; 2.02.06.01.002 Cia Santista de Papel e Celulose; e Fl. 245DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 19515.003116/200541 Acórdão n.º 9202004.299 CSRFT2 Fl. 243 7 2.02.09.02.014 ENCARGOS S/IRRF S/OPERAÇÕES DE MÚTUO (3.371) (...) "JUROS PAGÁVEIS SEMESTRALMENTE Não há fato gerador do imposto incidente na fonte quando os juros são contabilmente creditados ao beneficiário do rendimento em data anterior ao vencimento da obrigação, consoante os prazos ajustados em contrato de empréstimo, que se mantenha inalterado. O simples crédito contábil, antes da data aprazada para seu pagamento, não extingue a obrigação nem antecipa a sua exigibilidade pelo credor. O fato gerador do imposto na fonte, pelo crédito dos rendimentos, relacionase, necessariamente, com a aquisição da respectiva disponibilidade econômica ou jurídica." (Acórdão nº 1037.602/86 proferido pela 1ª Câmara) (gn.) e, como já demonstrado, a Contribuinte não cobrou e/ou creditou financeiramente os juros das operações de mútuo que realizou com suas coligadas; por mais esse motivo, a decisão de primeira instância deve ser mantida; no mérito, alega a Recorrente que o registro da receita e da despesa não ocorre no momento do pagamento, mas no momento do ganho da receita, defendendo que o mero registro pode ser considerado como fato gerador para o IRRF; alega, ainda, que o registro da receita e a sua remessa são fatos diversos, portanto ainda que os juros (provenientes dos contratos de mútuo registrados como despesa) não tenham sido pagos, estaria caracterizada a aquisição de receita, pois o fato gerador do IRRF ocorreria com o creditamento na contabilidade da fonte pagadora. com base nesses argumentos a Recorrente defende o lançamento, nos moldes dos artigos 1º ao 5º, da Lei n9 9.799/99, 6º, da Medida Provisória nº 1.855/99 e artigo 17, inciso II, da IN/SRF nº 123/99; ocorre que, diferentemente do sustentado pela Recorrente, o art. 77, II, da Lei nº 8.981/95, determinava expressamente a não incidência do IRRF sobre os rendimentos decorrentes das operações de mútuos realizadas entre pessoas jurídicas nãofinanceiras controladoras, controladas, coligadas ou interligadas; além do artigo 77, inciso II, da referida Lei nº 8.981/95, estabelecer uma exceção à regra geral de incidência do IRRF, esse entendimento foi compartilhado pela Cosit, que ao analisar o citado artigo 77, expediu o Parecer Normativo nº 2, no sentido de que o IRRF, de fato, não incide sobre os rendimentos decorrentes das operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas nãofinanceiras controladoras, controladas, coligadas ou interligadas; no entanto, sobreveio a Lei nº 9.779/99, art. 5º, que alterou algumas regras atinentes à tributação dos rendimentos auferidos em operações ou aplicações financeiras, que, na sequência, foi complementada pelo art. 6º, da MP n.° 1.855/99, no que se refere à incidência do IRRF sobre os rendimentos auferidos por qualquer beneficiário nas aplicações em fundos de investimento; Fl. 246DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 8 baseada nestas normas, foi editada a IN SRF nº 123/99, que trouxe prescrições similares ao determinar que seriam também tributados, como de aplicações financeiras de renda fixa, os rendimentos auferidos pela entrega de recursos a pessoa jurídica, sob qualquer forma e a qualquer título, independentemente de ser ou não, a fonte pagadora, instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil; ocorre que não houve a revogação do artigo 77, inciso II, da Lei nº 8.981/95, pelo artigo 52, da Lei nº 9.779/99, ou pelo artigo 63, da MP nº 1.855/99; na verdade, o artigo 52 da Lei nº 9.779/99 alterou somente as regras atinentes à tributação dos rendimentos auferidos em operações ou aplicações financeiras, ampliando a incidência do IRRF às operações de cobertura (hedge) e de swap, portanto, nada versou sobre as operações de mútuo; também o artigo 62, da MP nº 1.855/99 nada dispôs sobre operações de mútuo entre coligadas, suas disposições normativas giravam em torno da incidência do IRRF sobre os rendimentos auferidos por qualquer beneficiário nas aplicações em fundos de investimentos, nada mais; logo, não é lícito à Administração Tributária impor à Contribuinte a obrigação de recolher o IRRF em operações de mútuo entre coligadas, bem como declarálo em DCTF, com base no artigo 5º da Lei nº 9.779/99, no artigo 62 da Medida Provisória nº 1.850/99 ou mesmo na IN/SRF nº 123/99, pois ainda vigia a isenção contida no artigo 77, inciso II, da Lei 8.981/95; aliás, o benefício (isenção) contido no artigo 77, inciso II, da Lei 8.981/95, foi revogado, apenas e tão somente, quando da edição do artigo 94, inciso III, da Lei 10.833/03; nesse sentido, inclusive, é a jurisprudência deste CARF: "IRRF OPERAÇÕES DE MÚTUO REALIZADAS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS CONTROLADORAS, CONTROLADAS, COLIGADAS OU INTERLIGADAS FATO GERADOR AUSÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE RETENÇÃO NA FONTE REGIME DA LEI N° 8 981/95 REVOGAÇÃO PELA LEI N°. 10.833/2003 Nos termos do art. 144 do CTN, a obrigação tributária de pagar o imposto é definida pela lei aplicável à época da ocorrência do fato gerador. A ausência da obrigatoriedade de retenção do imposto de renda na fonte incidente nas operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas controladoras, controladas, coligadas ou interligadas, fixada pelo art. 77, II, da Lei n°. 8.981/95, somente deixou de existir com a vigência do art. 94. Ill, da Lei n° 10.833/2003, que revogou tal benefício. Incabível a exigência do imposto de renda na fonte sobre os rendimentos dessa espécie nos anos calendários de 1999 e 2000." (Acórdão n° 330100.023 3' Câmara / I' Turma Ordinária, Data da Sessão: 04/03/2009) (g.n.) como não bastasse, levada a discussão ao judiciário, recentemente o STJ firmou entendimento no mesmo sentido; Fl. 247DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 19515.003116/200541 Acórdão n.º 9202004.299 CSRFT2 Fl. 244 9 resta pacífico, portanto, o entendimento de que o art. 77, II, da Lei n] 8.981/95 não foi revogado pelo art. 5º, da Lei 9.779/99, mas tão somente, e de forma expressa, pelo art. 94, III da Lei nº 10.833/03. como não bastasse, no presente caso, a revogação da isenção contida no artigo 77, inciso II, da Lei 8.981/95, pelo artigo 94, inciso III, da Lei 10.833/03, deve observar o princípio da anterioridade nonagesimal, contido na alínea "c", do inciso III, do artigo 150, da CF; desta forma, computandose o prazo de noventa dias da publicação da Lei 10.833/03 (30/12/03), concluise que a revogação implementada só passou a gerar efeitos a partir de 30/03/04; sendo assim, entendase que existe o fato gerador do IRRF, o que se admite apenas a título de argumentação, é fato que até 30/03/04 o imposto não pode ser exigido, pelos motivos acima explicitados. Ao final, a Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional, por descumprimento aos requisitos de admissibilidade (cotejo analítico, divergência jurisprudencial e reexame de matéria de prova), ou caso assim não se entenda, que lhe seja negado provimento. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir acerca do cumprimento dos demais pressupostos de admissibilidade. Tratase de exigência de Imposto de Renda na Fonte, multa de ofício e juros de mora, relativamente ao período de 31/05/2000 a 30/06/2004 (fls. 57 a 599), tendo em vista que a Contribuinte deixou de efetuar os recolhimentos, bem como de declarar em DCTFs, os valores devidos a título de IRRF sobre encargos financeiros cobrados/creditados, decorrentes de contratos de mútuo, registrados na contabilidade da empresa. A Primeira Instância, por unanimidade de votos, considerou improcedente o lançamento, o que ocasionou a interposição de Recurso de Ofício, ao qual foi negado provimento, por meio de acórdão também unânime. A Fazenda Nacional, por sua vez, intenta rediscutir a valoração jurídica do crédito meramente contábil e pede o restabelecimento da autuação, indicando como paradigma o Acórdão nº 10610.809, de 13/05/1999. Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte pede o não conhecimento do apelo, alegando, em síntese, que os acórdãos recorrido e paradigma não tratam da mesma espécie de incidência tributária. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 10 Com efeito, no caso do acórdão recorrido, tratase da tributação de benefícios decorrentes de operações de mútuo entre empresas, e o que se discute é o momento da ocorrência do fato gerador, se por ocasião do crédito contábil dos encargos, ou se no momento do respectivo pagamento ao credor. Nesse passo, a discussão gira em torno do art. 65, da Lei nº 8.981, de 1995: "Art. 65. O rendimento produzido por aplicação financeira de renda fixa, auferido por qualquer beneficiário, inclusive pessoa jurídica isenta, a partir de 1º de janeiro de 1995, sujeitase à incidência do Imposto de Renda na fonte à alíquota de dez por cento. (...) § 4º O disposto neste artigo aplicase também: (...) c) aos rendimentos auferidos pela entrega de recursos a pessoa jurídica, sob qualquer forma e a qualquer título, independentemente de ser ou não a fonte pagadora instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil. § 7º O imposto de que trata este artigo será retido: (...) b) por ocasião do pagamento dos rendimentos, ou da alienação do título ou da aplicação, nos demais casos." (grifei) Quanto ao paradigma Acórdão nº 10610.809, de 13/05/1999 este trata do momento da ocorrência do fato gerador, no caso de remessas para o exterior, matéria disciplinada à época dos fatos geradores (1990 a 1993) pelo Regulamento do Imposto de Renda de 1980, artigos 554, 555, 575 e 576. Confirase o voto condutor do paradigma: "Dessa forma e levandose em conta a legislação que disciplina a matéria, consolidada no Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 85.450/80, nos seguintes dispositivos: 'Art. 554 Estão sujeitos ao imposto na fonte, de acordo com o disposto neste Título, os rendimentos e os ganhos de capital provenientes de fontes situadas no País, quando percebidos: I pelas pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior (Decreto lei n° 5.844/43, art. 97, a); 'Art. 555 Estão sujeitos ao desconto do imposto na fonte: I à alíquota de 25% (vinte e cinco por cento), os rendimentos percebidos pelas pessoas físicas ou jurídicas a que se refere o artigo anterior, inclusive os auferidos em operações de curto prazo e os ganhos de capital relativos a investimentos em moeda estrangeira, excetuados os de que tratam os incisos II e III (Lei nº 3.470/58, art. 77, e Decretolei n° 1.401/74, art 4º);' 'Art. 575 A retenção do imposto é obrigatória: (...) IV na data do pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa: Fl. 249DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 19515.003116/200541 Acórdão n.º 9202004.299 CSRFT2 Fl. 245 11 (...) c) dos rendimentos de residentes ou domiciliados no exterior, de que tratam os artigos 555, 557, 558 e 560, ressalvados os casos da alínea 'f' deste inciso e dos incisos VIII e IX, alínea 'a' deste artigo.' 'Art. 576 A fonte pagadora fica obrigada ao recolhimento do imposto, ainda que não o tenha retido (Decretolei n° 5.844/43, art. 103)." (grifei) No caso do Imposto de Renda, cada situação fática configura uma incidência específica e, consequentemente, atrai a aplicação de uma norma jurídica. No caso do acórdão recorrido, repitase que se trata encargos decorrentes de mútuo entre empresas, regulamentado pela Lei nº 8.981, de 1995. Já no caso do paradigma, discutese remessa de encargos a domiciliado no exterior, conforme as regras compiladas no RIR/1980. No Recurso Especial, a Fazenda Nacional assim caracteriza a suposta divergência jurisprudencial: "Verificase que a 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes e o Colegiado a quo deram interpretação diversa aos dispositivos legais que regulam a incidência do imposto na fonte sobre os valores devidos a título de encargos financeiros. A divergência entre o paradigma e o acórdão recorrido está na valoração jurídica do crédito meramente contábil, ou seja, se seria ele capaz de configurar fato gerador de imposto de renda retido na fonte. Entendeu a Sexta Câmara que o crédito contábil do recurso configura o fato gerador, ao passo que o Colegiado a quo assentou que o simples crédito contábil do recurso não é fato gerador de imposto de renda retido na fonte. Fica configurada, portanto, a divergência jurisprudencial quanto ao momento da ocorrência do fato gerador de IRRF sobre juros pagos." Entretanto, tal conclusão somente estaria correta se os julgados em confronto tratassem da mesma incidência tributária, regulada pela mesma legislação. Com efeito, não há que se falar em "dar interpretação divergente à lei tributária", quando estão envolvidas leis diversas, tratando de incidências diferentes, cada qual com suas especificidades. Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 250DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 12 Fl. 251DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 13748.720165/2013-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
MÉDICAS. CLÍNICAS GERIÁTRICAS.
Despesas de internação em estabelecimento geriátrico somente são dedutíveis a título de hospitalização se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica.
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.596
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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CLÍNICAS GERIÁTRICAS. Despesas de internação em estabelecimento geriátrico somente são dedutíveis a título de hospitalização se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 8. 72 01 65 /2 01 3- 32 Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 135 2 Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 13748.720165/201332, em face do acórdão nº 0431.694, julgado pela 4ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE), no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os relatou: Trata o presente processo de Notificação de Lançamento (folhas 37 a 41) lavrada pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil EMIL JACQUES SPPEZAPRIA CARDOSO referente ao IRPF exercício 2011, em razão de trabalho de malha em que foram apuradas infrações de dedução indevida de despesas médicas de R$ 59.023,00. A autoridade fundamentou a infração apurada em razão de não ter sido comprovada a natureza dos serviços prestados pela Casa São Luiz e em razão de nas faturas apresentadas constarem nomes de sacados diferentes (fl.39). [...] O sujeito passivo foi cientificado por via postal (fl.42) em 11/01/2013. Na impugnação protocolada em 14/02/2013 (fls.02 a 11), o sujeito passivo,por intermédio de sua curadora, alega, em apertada síntese, que: ∙ Uma das faturas emitidas pelo prestador de serviços médicos informa o nome de Maria Rega e outra informa o nome de Maria Augusta como sacados, não havendo que se falar em dúvida se os serviços teriam sido prestados a terceiras pessoas, pois o seu nome completo é Maria Augusta Rega Teixeira da Silva. ∙ Encontrase internado na Casa São Luiz, em permanente tratamento de quadro psicótico crônico de feitio paranóide; ∙ A Casa São Luiz é uma antiga instituição que mantém assistência médica permanente, enfermagem, fisioterapia, terapias ocupacionais, exames clínicos, assegurando, assim, todo o suporte terapêutico requerido por pessoas Fl. 135DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 136 3 que não possuem mais condições de se manterem de forma segura e independente; Os documentos trazidos aos autos, que foram fornecidos por profissionais da área médica e de enfermagem da referida instituição, refletem a abrangência e natureza do tratamento médico que lhe fora ministrado; ∙ Não há norma legal que autorize a desconsideração de despesas com tratamento médico de um contribuinte, em razão de a instituição que ministra o tratamento não estar qualificada como hospital; ∙ A Casa São Luiz funciona há mais de cento e vinte anos, financiada fundamentalmente por filantropia, com todas as licenças requeridas, como um asilo para idosos que mantém um excelente tratamento dos seus internos, segundo as necessidades específicas de cada qual; ∙ A norma do art. 8º da Lei nº 9.250, de 1995, deve ser interpretada e aplicada de forma integrada com o inciso III do art. 1º e o art. 5º da Constituição da República, visando à proteção da dignidade humana e do direito fundamental individual à inviolabilidade da vida; ∙ Não há dúvida de que os gastos com a Casa São Luiz são despesas que preenchem as condições de dedutibilidade garantida por lei. Assim, solicita o cancelamento da Notificação de Lançamento. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário às fls. 119/123, onde são reiterados, em parte, os argumentos já lançados na impugnação, apresentando, em anexo ao recurso, documentos às fls. 42/64, no intuito de comprovar seu direito. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Conforme relatado, a contribuinte foi autuada por não ter comprovado que a clínica geriátrica em que reside é qualificada como hospital, pois, conforme a autoridade lançadora, seria necessário cumprir tal condição para ser possível a dedutibilidade desta despesa como despesa médica. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 137 4 No tocante ao pagamento da alegada despesa médica, oportuno transcrever o art. 8º da Lei nº 9.250, de 1995: “Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no ano calendário será a diferença entre as somas: I – de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II – das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (grifouse) Nesse mesmo sentido, o previsto no Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) aponta que: Art.80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). ... §4º As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. (grifouse) Diante disso, a DRJ de origem confirmou o lançamento, entendendo que a Casa São Luiz (CNPJ 33.638.883/000119) não se encontra nessa situação. Em pesquisa pública feita junto ao sítio da Receita Federal do Brasil, verificase que a pessoa jurídica está registrada na Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) sob o código 9430800 (fl.77), que engloba atividades de associações de defesa de direitos sociais. A jurisprudência deste Conselho encontrase firmada entendendo que somente podem ser deduzidas as despesas com clínicas geriátricas se a mesma for qualificada como hospital, conforme ementa abaixo: Fl. 137DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 138 5 IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003 Ementa: DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. São dedutíveis apenas as despesas médicas relativas ao contribuinte e seus dependentes, . DESPESAS MÉDICAS EM ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO. NECESSIDADE DE PROVA DE SUA EQUIPARAÇÃO OU QUALIFICAÇÃO DE HOSPITAL As despesas de internação em casa geriátrica somente são dedutíveis a título de hospitalização se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. A classe de atividade descrita no CNPJ da pessoa jurídica aos quais os pagamentos foram feitos é incompatível com tal qualificação. (Acórdão 2802001.102, julgado em 25 de outubro de 2011, Conselheiro Relator: Carlos André Ribas de Mello) Igualmente neste sentido foram também os acórdãos nº 2802002.325 (julgado na sessão de 15 de maio de 2013, de relatoria da Conselheira Dayse Fernandes Leite) e 2102002.300 (julgado na sessão de 19 de setembro de 2012, de relatoria da Conselheira Relatora Núbia Matos Moura). Em todos os acórdãos referidos os julgamentos foram. por unanimidade, em negar provimento ao recurso do contribuinte. Também foi esta a compreensão da 2a. Turma do Tribunal Regional Federal da 4a. Região, conforme ementa do julgado abaixo: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DESPESAS MÉDICAS. INTERNAÇÃO EM RESIDENCIAL GERIÁTRICO. 1. Nos termos do art. 7 do Decreto nº 3.000/99 as despesas médicas podem ser deduzidas do imposto de renda desde que devidamente comprovadas. 2. As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. (TRF4, AC 5035579 63.2010.404.7100, SEGUNDA TURMA, Relator OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, juntado aos autos em 24/10/2013) Portanto, não há razões para afastar a glosa consubstanciada na notificação de lançamento, devendo a mesma ser mantida. Quanto a alegação da recorrente de que o Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) seria inconstitucional no que toca a limitação imposta de que somente casas geriátricas qualificadas como hospitais poderiam gerar a dedução do imposto de renda, deixo de analisálo pois este Conselho não possui competência para ser pronunciar a respeito, nos termos da Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Ante o exposto, por negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 138DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 139 6 (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Fl. 139DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10467.903387/2011-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
IPI. RESSARCIMENTO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS.
À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente as obrigações tributárias principais e acessórias.
IPI. RESSARCIMENTO. TITULARIDADE DO PEDIDO.
Havendo, ao final de cada trimestre-calendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento, o estabelecimento que poderá requerer o ressarcimento é o titular desses créditos.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3301-003.130
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(Assinado com certificado digital)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 IPI. RESSARCIMENTO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente as obrigações tributárias principais e acessórias. IPI. RESSARCIMENTO. TITULARIDADE DO PEDIDO. Havendo, ao final de cada trimestre-calendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento, o estabelecimento que poderá requerer o ressarcimento é o titular desses créditos. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro.
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Ressarcimento. Recorrente BENTONISA BENTONITA DO NORDESTE S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 IPI. RESSARCIMENTO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente as obrigações tributárias principais e acessórias. IPI. RESSARCIMENTO. TITULARIDADE DO PEDIDO. Havendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento, o estabelecimento que poderá requerer o ressarcimento é o titular desses créditos. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator. Participaram do julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 7. 90 33 87 /2 01 1- 95 Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10467.903387/201195 Acórdão n.º 3301003.130 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da DRJ de Belém que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da empresa, não reconhecendo o direito ao ressarcimento de créditos do IPI, solicitado com amparo no artigo 11 da Lei 9.779/99. A razão que levou ao indeferimento do pleito foi a constatação de que os créditos cujo ressarcimento foi solicitado pelo contribuinte são referentes a aquisições da filial da empresa, localizada em outra jurisdição fiscal (DRF/Campina Grande), embora o PER tenha indicado como estabelecimento detentor do crédito a matriz, que, na verdade, não é contribuinte do IPI. A 3ª Turma da DRJ/BEL manteve o indeferimento na sua integralidade, por intermédio do Acórdão 01028.003, decisão que traz a seguinte ementa, transcrita na parte de interesse: RESSARCIMENTO. Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Em seu recurso voluntário, a Recorrente alega que: · Houve equívoco no PER/DCOMP quanto à indicação do CNPJ da matriz; · Não se pode negar que a Recorrente é sociedade una, sujeito de direitos e obrigações, detentora dos créditos solicitados, mesmo tendo sido legalmente adquiridos via filial, créditos estes de entradas de matériaprima e insumos destinados à industrialização; · Excluído o fato de que no PER/DCOMPs ocorreu a troca de CNPJ da filial pela matriz, isso é erro material perfeitamente corrigível administrativamente, por ser de fácil verificação e não depender de dilação probatória; · Não há que prosperar a negativa de existência dos créditos solicitados, considerando que tem direito a usufruílos, o que não pode ser elidido em função de simples erro material; · O erro material poderia ser resolvido com mero despacho orientativo sobre o procedimento correto a ser adotado; · A competência para reconhecimento dos créditos declarados na PER/DCOMP é da DRF/Campina Grande, que é de jurisdição do estabelecimento titular dos créditos (filial), por isso não é válido o indeferimento pela DRF/João Pessoa do pedido da Recorrente (jurisdição da matriz); · Não era da DRF/João Pessoa a competência para analisar a matéria, pois as notas fiscais são referentes a aquisições de insumos destinados à industrialização de betonita pela filial; Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10467.903387/201195 Acórdão n.º 3301003.130 S3C3T1 Fl. 4 3 · O que se pretende é fazer a retificação da declaração de compensação gerada no PER/DCOMP, por via eletrônica ou por meio de papel, apenas corrigindo o CNPJ, excluindo o da matriz e inserindo o da filial. Ao final, requer seja dado provimento integral ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório solicitado em ressarcimento. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.106, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10467.903839/200914, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.106): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. No PER/DCOMP 07361.38390.280205.1.1.010195 referente ao 4° trimestre de 2004, foi indicado como estabelecimento titular do crédito a ser ressarcido, o da matriz da Recorrente, todavia os créditos solicitados foram gerados pela filial (o contribuinte do imposto). Com razão a Recorrente ao alegar que se trata de mero erro formal, pois é incontroverso que a matriz não é estabelecimento industrial. O IPI é regido pelo princípio da autonomia dos estabelecimentos, o que implica na impossibilidade da apuração de créditos e débitos por um deles ser aproveitado por outro estabelecimento, ainda que matriz. Cumpri colacionar a legislação vigente à época: Decreto nº 4544/2002 (RIPI/2002) Art. 24 – São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte: (...) Parágrafo único – Considerase contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial ou comerciante, em relação a cada fato gerador que decorra de ato que praticar (Lei nº 5.172, de 1966, art. 51, parágrafo único). (...) Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10467.903387/201195 Acórdão n.º 3301003.130 S3C3T1 Fl. 5 4 Autonomia dos Estabelecimentos Art. 313 – Cada estabelecimento, seja matriz, sucursal, filial, agência, depósito ou qualquer outro, manterá o seu próprio documentário, vedada, sob qualquer pretexto, a sua centralização, ainda que no estabelecimento matriz (Lei nº 4.502, de 1964, art. 57). (...) Art. 518 – Na interpretação e aplicação deste Regulamento, são adotados os seguintes conceitos e definições: I – as expressões ‘firma’ e ‘empresa’, quando empregadas em sentido geral, compreendem as firmas em nome individual, e todos os tipos de sociedade, quer sob razão social, quer sob designação ou denominação particular (Lei nº 4.502, de 1964, art. 115); II – as expressões ‘fábrica’ e ‘fabricante’ são equivalentes a estabelecimento industrial, como definido no art. 8º; III – a expressão ‘estabelecimento’, em sua delimitação, diz respeito ao prédio em que são exercidas atividades geradoras de obrigações, nele compreendidos, unicamente, as dependências internas, galpões e áreas contínuas muradas, cercadas ou por outra forma isoladas, em que sejam, normalmente, executadas operações industriais, comerciais ou de outra natureza; IV – são considerados autônomos, para efeito de cumprimento da obrigação tributária, os estabelecimentos, ainda que pertencentes a uma mesma pessoa física ou jurídica; V – a referência feita, de modo geral, a estabelecimento comercial atacadista não alcança os estabelecimentos comerciais equiparados a industrial; A Instrução Normativa SRF nº 210, de 2002, nos art. 14 e 32, prescrevia que: Art. 14. Os créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), escriturados na forma da legislação específica, poderão ser utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração, remanescerem da dedução de que trata o caput poderão ser mantidos na escrita fiscal do estabelecimento, para posterior dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de apuração, ou serem transferidos a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso se refiram a: (...) § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, mediante utilização do ‘Pedido de Ressarcimento de Créditos do IPI’, bem assim utilizálos na forma prevista no art. 21 desta Instrução Normativa. Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10467.903387/201195 Acórdão n.º 3301003.130 S3C3T1 Fl. 6 5 (...) Art. 32. A decisão sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da DRF, Derat ou IRF Classe Especial que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. Por sua vez, a Instrução Normativa SRF nº 460, de 2004, nos art. 16 e 43, prescrevia que: Art. 16. Os créditos do IPI, escriturados na forma da legislação específica, serão utilizados pelo estabelecimento que os escriturou na dedução, em sua escrita fiscal, dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados. § 1º Os créditos do IPI que, ao final de um período de apuração, remanescerem da dedução de que trata o caput poderão ser mantidos na escrita fiscal do estabelecimento, para posterior dedução de débitos do IPI relativos a períodos subseqüentes de apuração, ou serem transferidos a outro estabelecimento da pessoa jurídica, somente para dedução de débitos do IPI, caso se refiram a: (...) § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à SRF o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, bem como utilizálos na compensação de débitos próprios relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF. (...) Art. 43. O reconhecimento do direito ao ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da DRF ou da Derat que, à data do reconhecimento, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. Dessa forma, para efeito da legislação do IPI, os estabelecimentos de uma mesma empresa são considerados autônomos, devendo cada um cumprir as obrigações tributárias previstas no RIPI, independentemente do fato de ser matriz ou filial. Cada estabelecimento emitirá suas próprias notas fiscais e escriturará os seus livros fiscais, que devem ser conservados no próprio estabelecimento. Todavia, restou demonstrado nos autos que o titular dos créditos era a filial. Assim, deve o pleito da Recorrente ser analisado pela DRF da filial, ou seja, a DRF/Campina Grande. No PER/DCOMPs ocorreu a troca de CNPJ da filial pela matriz, isso é erro passível de correção administrativa, já que é de fácil verificação e não depende de dilação probatória. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10467.903387/201195 Acórdão n.º 3301003.130 S3C3T1 Fl. 7 6 Por conseguinte, não há que prosperar a negativa de análise dos créditos solicitados, cuja verificação é obrigatória pela DRF/Campina Grande. De fato, a competência para reconhecimento dos créditos declarados na PER/DCOMP é da DRF/Campina Grande, que é de jurisdição do estabelecimento titular dos créditos (filial), motivo pelo qual este processo deve ser remetido à essa unidade para análise do direito creditório da Recorrente. Para tanto, deve ser feita a retificação da declaração de compensação gerada no PER/DCOMP, para corrigir o CNPJ, excluindo o da matriz e inserindo o da filial. E, a posterior análise do pedido de ressarcimento, sendo imperiosa a manifestação a respeito da existência ou inexistência do direito aos créditos pleiteados. Do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para envio à DRF/Campina Grande para que seja retificado o PER/DCOMP 07361.38390.280205.1.1.010195, com a alteração do CNPJ da matriz pelo da filial e analisado o pedido de ressarcimento." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o PER/DCOMP foi preenchido com o CNPJ da matriz, sendo que os créditos do IPI foram apurados pela filial de Boa Vista/PB (CNPJ 09.185.877/000250), que é o estabelecimento industrial. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para envio à DRF/Campina Grande para que seja retificado o PER/DCOMP objeto deste processo, com a alteração do CNPJ da matriz pelo da filial e verificada a legitimidade dos créditos solicitados em ressarcimento. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 183DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.004892/2002-55
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/1992 a 30/06/2001
DECADÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE. STF. SÚMULA VINCULANTE Nº 08.
De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do Supremo Tribunal Federal, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência, o prazo de 5 (cinco) anos nos termos do que dispõe o § 4º do art. 150 ou art. 173 e incisos do Código Tributário Nacional.
LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO E/OU DECLARAÇÃO. PRAZO DE CINCO ANOS CONTADOS A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR.
Configurado o lançamento por homologação e havendo a realização de pagamentos pela Contribuinte, o prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício rege-se pela regra do art. 150, §4º do CTN, operando-se em cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 9303-004.362
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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INCONSTITUCIONALIDADE. STF. SÚMULA VINCULANTE Nº 08. De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do Supremo Tribunal Federal, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência, o prazo de 5 (cinco) anos nos termos do que dispõe o § 4º do art. 150 ou art. 173 e incisos do Código Tributário Nacional. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO E/OU DECLARAÇÃO. PRAZO DE CINCO ANOS CONTADOS A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Configurado o lançamento por homologação e havendo a realização de pagamentos pela Contribuinte, o prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício regese pela regra do art. 150, §4º do CTN, operandose em cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 48 92 /2 00 2- 55 Fl. 1114DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto por Sociedade Cooperativa de Serviços Médicos e Hospitalares de Curitiba Ltda. UNIMED CURITIBA (fls. 1.030 a 1.044) com fulcro nos artigos 7º e 15, ambos do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n° 147/2007, então vigente, buscando a reforma do Acórdão nº 20312.279 (fls. 997 a 1.006), proferido pela Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, em 18/07/2007, no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, tendo sido ratificado pelo Despacho (1.022 a 1.024) de negativa de seguimento dos embargos de declaração interpostos pela Contribuinte, in verbis: ACÓRDÃO Nº 20312.279 COFINS. BASE DE CALCULO. DEDUÇÕES PRÓPRIAS DAS OPERADORES DE PLANOS DE SAÚDE. LEI Nº 9.718/98, ART. 3°, § 9°. Aplicamse às cooperativas de trabalho que operam com planos de saúde o disposto no § 90 do art. 3° da Lei nº 9.718/98, introduzido pelo art. 2° da MP nº 2.15835/2001, que permite deduzir da base de cálculo do PIS/Faturamento e da Cofins, a partir de dezembro de 2001, as co responsabilidades cedidas, a parcela das contraprestações pecuniárias destinada constituição de provisões técnicas e o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a titulo de transferência de responsabilidades. Todavia, em tais deduções não se incluem custos e despesas relativos aos eventos com os próprios associados, mas com associados de outras operadoras. Recurso negado. [...] ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes: I) por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de decadência; e II) no mérito, em negar provimento ao recurso, nos seguintes termos: a) por unanimidade de votos, para os períodos até outubro de 1999; e Fl. 1115DF CARF MF Processo nº 10980.004892/200255 Acórdão n.º 9303004.362 CSRFT3 Fl. 1.115 3 b) por maioria de votos, para os períodos a partir de novembro de 1999. Vencidos os Conselheiros Eric Moraes de Castro e Silva (Relator) e Luciano Pontes de Maya Gomes que davam provimento ao recurso. Designado o Conselheiro Emanuel para redigir o voto vencedor em relação aos períodos a partir de novembro de 1999. Fez sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Luciano Giacomet. (grifouse) Na data de 22/04/2002, a Contribuinte foi cientificada da lavratura do Auto de Infração (fls. 153 a 179), e respectivo Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 180 a 186), para exigência de Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) referente aos períodos de apuração de abril de 1992 a junho de 2001. O lançamento decorre de falta de recolhimento da COFINS nos citados períodos, tendo como fundamento os artigos 1º e 2º da Lei Complementar nº 70/1991; artigos 2º, 3º e 8º da Lei nº 9.718/98, com as alterações da Medida Provisória n° 1.807/99 e reedições, com as alterações da Medida Provisória no 1.858/99 e reedições; e artigos 79 e 111, da Lei n°5.764/71. Após cientificada da autuação, a Contribuinte insurgiuse por meio de Impugnação (fls. 188 a 222), julgada improcedente pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR, nos termos do Acórdão nº 1.431, de 26/06/2002 (fls. 501 a 534), o qual foi objeto de recurso voluntário (fls. 545 a 595), por sua vez julgado procedente para anular a decisão da DRJ, conforme Acórdão nº 20214.975, de 12/08/2003 (fls. 828 a 844), assim ementado: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL — DECISÃO DE PRIMEIRA INSTANCIA — NULIDADE 1) A autoridade julgadora em primeira instancia deve referirse expressamente a todas as razões de defesa suscitadas pela impugnante contra todas as exigências. 2) O ato administrativo ilegal não produz qualquer efeito válido entre as partes, pela evidente razão de que não se pode adquirir direitos contra a lei. A nulidade reconhecida, seja pela Administração, seja pelo Judiciário, operase ex tunc, isto é retroage as suas origens e alcança todos os seus efeitos passados, presentes e futuros em relação as partes, só se admitindo exceção para com os terceiros de boafé, sujeitos as suas conseqüências reflexas. Processo que se anula a partir da decisão de primeira instância, inclusive. (grifos no original) Retornados os autos à DRJ Curitiba/PR, sobreveio a realização de novo julgamento e a prolação do Acórdão nº 5.564, de 26/02/2004 (fls. 846 a 886) que manteve o lançamento tributário pelos fundamentos sintetizados na seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Fl. 1116DF CARF MF 4 Período de apuração: 01/04/1992 a 31/12/1994, 01/01/1996 a 30/06/2001 Ementa: ANULAÇÃO PELO CONSELHO DE CONTRIBUINTES. REALIZAÇÃO DE NOVO JULGAMENTO. Tendo o Conselho de Contribuintes anulado o anterior acórdão de primeira instância, é de se proceder a novo julgamento. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/1992 a 31/12/1994, 01/01/1996 a 31/03/1997 Ementa: DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito relativo à Cofins decai em dez anos. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/1992 a 31/12/1994, 01/01/1996 a 30/06/2001 Ementa: SOCIEDADES COOPERATIVAS. ATIVIDADE EMPRESARIAL. INCIDÊNCIA. A sociedade que, a despeito de formalmente constituirse como cooperativa de trabalho médico, também desempenha atividades empresariais, sujeitase à incidência da contribuição da mesma forma que as demais sociedades, ressalvados os benefícios legais inerentes aos atos cooperativos porventura realizados. ATOS COOPERATIVOS. CONTABILIZAÇÃO EM SEPARADO. RATEIO PROPORCIONAL. ADMISSIBILIDADE. Caso a contribuinte não promova a contabilização em separado de suas operações de forma a possibilitar a identificação e quantificação de parcelas relativas a atos cooperativos alcançados por benefícios fiscais, sujeitase à incidência da contribuição calculada sobre a totalidade de seu faturamento, sendo admitido, em caráter excepcional, desde que com base em assentamentos contábeis consistentes, a apuração de receita de atos cooperativos proporcionalmente aos custos de mesma natureza. INTERMEDIAÇÃO DE SERVIÇOS DE TERCEIROS. ATO NÃO COOPERATIVO. A intermediação de serviços de terceiros, como hospitais, clinicas e laboratórios, não configura ato cooperativo em sociedade cooperativa de serviços médicos, que tem por finalidade o desempenho profissional e pessoal de seus associados. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. São aplicáveis juros de mora equivalentes à taxa Selic por expressa previsão legal. Lançamento Procedente Inconformada, a Contribuinte interpôs novo recurso voluntário (fls. 893 a 955), aduzindo, em preliminar, a decadência do crédito tributário em cobrança. No mérito, pleiteou a Fl. 1117DF CARF MF Processo nº 10980.004892/200255 Acórdão n.º 9303004.362 CSRFT3 Fl. 1.116 5 extinção da cobrança com base nos argumentos assim descritos no relatório do acórdão recorrido, in verbis: [...] No mérito, sustenta que, por ser cooperativa, constituída sem fins lucrativos, não aufere renda ou receita, pois a receita seria do cooperado, dai não se submeter à exigência da Cofins, cuja cobrança infringiria os princípios da capacidade contributiva, configurando verdadeiro tributo com efeito confiscatório. Aduz, ainda, que os fatos geradores tributados pelo Auto de Infração originário se enquadrariam na hipótese de "ato cooperado". Tais atos seriam a venda dos contratos de plano de saúde e a contratação em nome de terceiros da prestação de serviços hospitalares, ambulatoriais, que seriam meios para se atingir a finalidade cooperada. Além das irresignações gerais acima postas, vem a Recorrente especificamente atacar a tributação pela Cofins dos "serviços de intermediação", assim configurados aqueles em que a cooperativa recebe do tomador do serviço o titular do plano de saúde e repassa aos terceiros prestadores dos serviços, no caso hospitais, laboratórios, clinicas, etc. Na sua ótica, tais intermediações não configurariam receita, mas meros ingressos financeiros, por não serem incorporados ao patrimônio do intermediador, no caso a Cooperativa. Assim, caso a Cofins fosse exigida de cooperativas, a sua base de cálculo não poderia ser o total dos ingressos relativos aos serviços prestados por terceiros, mas sim a diferença entre tais ingressos e os valores repassados aos terceiros prestadores dos serviços (hospitais, clinicas, laboratórios, etc.). Também argúi que no Auto de Infração a Cofins foi cobrada não com base em receita, mas sim em despesa, já que "a realização dos serviços hospitalares, clínicos, laboratoriais, etc. não gera nenhuma receita para a cooperativa, na medida em que não é cobrado do usuário nenhum valor adicional. Ao contrário, tais serviços configuram despesas em sua contabilidade, as quais são cobertas pelas sobras (que não configuram lucro) ou rateadas entre os cooperados". (fl. 767). Há, ainda, singela defesa no sentido que o § 9°, art. 3°, da Lei n° 9.718/99, acrescentado pela MP n° 2.158/2001, determina que a tributação das operadoras de plano de saúde se dê apenas pelo resultado positivo e não pela totalidade da receita. Em sucessivo sustenta que os "serviços de anestesiologia", os serviços prestados a "federação estadual do Paraná sobre atos não cooperados" e o "resgate médico aéreo" são indiscutivelmente atos cooperados, diferentemente do entendimento erigido pelo Auto de Infração. Encerra seu recurso com a assertiva de que a Selic não pode ser utilizada como taxa de juros de mora. [...] Fl. 1118DF CARF MF 6 A Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes proferiu julgamento do recurso voluntário, consignado no Acórdão nº 20312.279 (fls. 997 a 1.006), ora recorrido, para o efeito de rejeitar a preliminar de decadência do lançamento, por entender como aplicável o prazo decadencial de 10 (dez) anos, conforme art. 45 da Lei nº 8.212/91 e, no mérito, negar lhe provimento. Interpostos embargos de declaração pela Contribuinte (fls. 1.017 a 1.019), alegando omissão no julgado, os mesmos foram rejeitados por meio do despacho de 07/07/2008 (fls. 1.022 a 1.024). No ensejo, o Sujeito Passivo interpôs o presente recurso especial de divergência (fls. 1.030 a 1.044), alegando, em síntese: (a) a necessidade de aplicação do prazo decadencial de 5 (cinco) anos, nos termos do art. 150, §4º do CTN, e a ocorrência da decadência dos créditos tributários cujos fatos geradores ocorreram até março de 1997; (b) a obrigatoriedade de observância pela Administração Pública da Súmula Vinculante nº 08 do Supremo Tribunal Federal; (c) ser indevida a inclusão na base de cálculo da COFINS da totalidade das receitas decorrentes de atos não cooperativos, devendo ser tributado tão somente o resultado positivo, nos termos do art. 111 da Lei nº 5.764/71. Para embasar seu pleito, indicou como paradigmas os acórdãos nºs CSRF/0105475, CSRF/0105.204, CSRF/0105.610, CSRF/0105.553, CSRF/0105.516, 10806008 e 20305185. O recurso especial foi admitido tão somente quanto à matéria da decadência do direito de constituir crédito tributário relativo à COFINS, por meio da Informação nº 087, acolhida pelo despacho de 07/05/2009 (fl. 1.078 a 1.080). Em sede de reexame de admissibilidade, motivado pela interposição de agravo pela Contribuinte (fls. 1.090 a 1.095), foi confirmado o prosseguimento parcial da insurgência nos termos consignados no Despacho nº 9303044 (fls. 1.105 a 1.107). A Fazenda Nacional não apresentou contrarrazões. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial da Contribuinte preenche os requisitos de admissibilidade dos artigos 7º e 15, ambos do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n° 147/2007, então vigente, razão pela qual deve ter prosseguimento na parte em que admitido. A presente autuação abarcou o período de abril de 1992 a junho de 2001, período sobre o qual recai a discussão acerca da decadência do direito de o Fisco proceder ao lançamento de COFINS, única matéria a ter seguimento na admissibilidade do apelo especial. Fl. 1119DF CARF MF Processo nº 10980.004892/200255 Acórdão n.º 9303004.362 CSRFT3 Fl. 1.117 7 A divergência a ser apreciada referese à correta aplicação do prazo decadencial, se do art. 45 da Lei 8.212/91 (dez anos) ou do §4º, do art. 150 do Código Tributário Nacional (cinco anos). Em razão da declaração de inconstitucionalidade do art. 45 da Lei 8.212/91 pelo Supremo Tribunal Federal, ao julgar os recursos extraordinários nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante STF nº 08, indubitável estarse diante de hipótese de aplicação do prazo decadencial de 5 (cinco) anos do Código Tributário Nacional: Súmula Vinculante STF nº 08 São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.5g69/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário. Esclareçase que, após a edição da Súmula Vinculante nº 08, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias cingese à aplicação dos artigos 150, §4º ou 173, inciso I, ambos do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 62A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos, restando superada a tese da irrelevância de ter ocorrido ou não pagamento, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO.DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN.IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005) Fl. 1120DF CARF MF 8 [...] Para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como no caso da COFINS, na inteligência do acórdão do STJ cuja ementa transcreveuse acima: (i) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I do CTN) em caso de dolo, fraude ou simulação; quando não houver pagamento antecipado ou inexistir declaração prévia do débito; ou (ii) a partir do fato gerador (art. 150, §4º do CTN) nas hipóteses de pagamento parcial ou integral do débito ou existência de declaração prévia do mesmo. Feitas estas considerações, passese ao exame do artigo de lei aplicável ao caso destes autos. O litígio decorre de lançamento de ofício para constituição do crédito tributário referente à contribuição de COFINS dos períodos de apuração de abril de 1992 a junho de 2001. Da análise do auto de infração (fls. 04 a 07), depreendese ter a Fiscalização realizado o lançamento dos valores de COFINS devidos nos períodos de apuração de abril de 1992 a junho de 2001, a partir dos Livros Contábeis da Contribuinte, bem como ter juntado demonstrativos de pagamentos, ainda que parciais, das contribuições efetuadas pela Contribuinte, às fls. 117 a 121. Em consonância com o entendimento do STJ consignado no recurso especial nº. 973.733, as circunstâncias acima descritas levam à conclusão de que havendo o pagamento de valores entendidos como devidos a título de COFINS, a contagem do prazo decadencial deve se dar na forma do art. 150, §4º, do CTN, observandose o prazo de 05 (cinco) anos contados a partir da ocorrência do fato gerador. Portanto, tendo ocorrido a ciência do auto de infração em 22/04/2002, encontramse extintos pela decadência os créditos tributários de COFINS dos períodos de apuração anteriores a março de 1997, inclusive, que são objeto do auto de infração, nos termos do art. 150, §4º, do CTN. Diante do exposto, dáse provimento ao recurso especial da Contribuinte na parte conhecida relativa à decadência, declarandose extintos os créditos tributários cujos fatos geradores ocorreram até março de 1997, inclusive. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 1121DF CARF MF
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