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Numero do processo: 13770.000198/2004-94
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
RECURSO DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO.
Quando os acórdãos paradigma e recorrido dão o mesmo entendimento jurídico para matéria fáticas similares, divergindo apenas no aspecto em que há diferenças fáticas entre eles, não se conhece do recurso especial de divergência.
NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CREDITAMENTO. INSUMOS.
Na sistemática de apuração não cumulativa da Cofins, a possibilidade de creditamento, na modalidade aquisição de insumos, deve ser apurada tendo em conta o produto destinado à venda ou o serviço prestado ao público externo pela pessoa jurídica.
Numero da decisão: 9303-006.611
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que conheceram do recurso. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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CONHECIMENTO. Quando os acórdãos paradigma e recorrido dão o mesmo entendimento jurídico para matéria fáticas similares, divergindo apenas no aspecto em que há diferenças fáticas entre eles, não se conhece do recurso especial de divergência. NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CREDITAMENTO. INSUMOS. Na sistemática de apuração não cumulativa da Cofins, a possibilidade de creditamento, na modalidade aquisição de insumos, deve ser apurada tendo em conta o produto destinado à venda ou o serviço prestado ao público externo pela pessoa jurídica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que conheceram do recurso. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 77 0. 00 01 98 /2 00 4- 94 Fl. 1147DF CARF MF 2 Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Relatório Trata o presente processo ressarcimento de créditos oriundos da incidência não cumulativa de Cofins, utilizados na declaração de compensação à efl. 03, na qual se pretendeu ressarcimento do montante de R$ 11.195.919,26, para quitação de débitos de IRPJ que atingiam a R$ 7.033.909,49 em 29/04/2004. O Despacho Decisório DRF/VIT/ES de 30/10/2008 (efl. 376) aprovou o Parecer SEORT/DRF/VIT/ES n° 2940/2008 e reconheceu apenas créditos no montante de R$ 9.311.765,83, com base no Parecer SEORT/DRF/VIT/ES Nº 2940/2008, de 24/10/2008, às e fls. 350 a 375, suficiente para a homologação da compensação originalmente pleiteada. Entre outros valores discutidos, de acordo com o item 2.2 do Parecer, houve glosa de créditos da não cumulatividade da contribuição para os seguintes itens: I "bens utilizados como insumos": (a) insumos importados, (b) combustíveis de veículos da empresa, (c) serviços aduaneiros e logísticos e (d) compras de associação não sujeita à contribuição sobre o faturamento. II "serviços utilizados como insumos": (a) manutenção de equipamentos, imóveis e escritórios, (b) formação profissional, consultoria e planejamento, (c) serviços com influência indireta nos bens produzidos. III "despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos": (a) veículos, (b) conserto de ferramentas, (c) agências de viagem e (d) aluguel de cilindros de gases. IV "encargos de depreciação do ativo imobilizado": (a) amortização de gastos préoperacionais e (b) depreciação de bens não diretamente envolvidos na produção. V "outros valores": (a) hospedagem e viagem de empregados, (b) serviços gráficos, (c) taxi, (d) assistência à saúde e funerais, (e) mensalidades de órgãos classistas e (f) formação profissional e eventos para empregados. Cientificada do despacho em 12/02/2009 (efl. 396), a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, às efls. 397 a 411, em 13/03/2009, para que fosse reconhecida a integralidade do crédito originalmente pleiteado. Já a 5ª Turma da DRJ/RJ2, no acórdão nº 13.26049, prolatado em 20/08/2009, às efls. 480 a 494, considerou, por unanimidade, improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório em litígio. Inconformada, a contribuinte, interpôs recurso voluntário, em 19/11/2009, às efls. 501 a 521, nele não contestando apenas as glosas relativas à variação cambial ativa. Ao analisar o recurso, a Conselheira relatora para o processo na 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara Fl. 1148DF CARF MF Processo nº 13770.000198/200494 Acórdão n.º 9303006.611 CSRFT3 Fl. 1.148 3 da Terceira Seção de Julgamento, entendeu necessário que fosse realizada diligência a fim de fosse efetuado detalhamento do processo produtivo da recorrente, no qual se apontasse a discriminadamente: qual a utilização dos insumos glosados na produção dos bens destinados à venda, se esses eram de aplicação direta ou indireta na produção e se possuíam natureza essencial, de forma que sua exclusão importasse na impossibilidade da produção. Por essas razões, em 25/07/2013, houve a elaboração da resolução de nº 3202000.126, às efls. 541 a 546, para a conversão em diligência. A diligência solicitada culminou no Relatório de Ação Fiscal às efls. 928 a 931, no qual a fiscalização aponta quais seriam os insumos considerados de aplicação direta e indireta, em consonância com o entendimento da empresa, e também apresenta lista dos serviços considerados não essenciais pela fiscalização. Tudo isso após apreciação de laudo de escola da USP, resumo da empresa quanto a sua cadeia produtiva, indicação por esta dos seus insumos de aplicação direta, indireta e essencialidade desses na produção, bem como visitação aos setores agrários e industriais da empresa. Ciente do relatório, a contribuinte quanto a ele se manifestou às efls. 940 a 947, onde ressalta que a fiscalização não discorda dela quanto aos insumos originalmente glosados, devendo reconhecer os créditos de Cofins referentes a esses itens. Contudo, relativamente aos serviços que foram desconsiderados pela fiscalização, o laudo apresentado levaria à conclusão de que estes representam custo de produção, sendo indispensáveis para produção. Por essas razões ratifica os termos do recurso voluntário apresentado com pleito da integralidade dos créditos originalmente requeridos. O recurso voluntário foi apreciado pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em 23/02/2016, resultando no acórdão nº 3402002.906, às efls. 951 a 957, que tem as seguintes ementas: MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Mantémse as glosas não expressamente impugnadas, conforme consignado no acórdão da DRJ. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. DILIGÊNCIA. A manifestação expressa de concordância parcial do contribuinte quanto às constatações da diligência põe fim à controvérsia instaurada na impugnação quanto ao direito ao crédito da contribuição sobre bens e serviços utilizados como insumos. REGIME NÃO CUMULATIVO. SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS. CUSTO DE PRODUÇÃO. Relativamente aos serviços utilizados como insumos, cuja glosa foi mantida pela fiscalização no relatório de diligência, reverte se aquelas cujos gastos sejam classificáveis como custo de produção. O acórdão teve o seguinte teor: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reverter todas as glosas sobre bens e serviços utilizados como insumos, exceto em Fl. 1149DF CARF MF 4 relação aos seguintes serviços listados na tabela da fiscalização às fls. 929/931: 1) Projeto para a instalação de bomba; 2) Serviço de Engenharia Elétrica pesquisa e desenvolvimento; 3) Serviço de instrumentação pesquisa e desenvolvimento; 4) Serviço de locação de andaimes; 5) Serviço de manutenção administração; 6) Serviço de planejamento; 7) Serviço de limpeza de dutos; 8) Serviços de batimento de porto; 9) transporte de andaimes. Vencido o Conselheiro Jorge Freire que deu provimento em menor extensão acompanhando a conclusão do relatório de diligência. Vencidos os conselheiros Thais de Laurentiis Galkowicz e Carlos Augusto Daniel Neto que deram provimento também quanto aos gastos com serviço de instrumentação. Evidenciase no acórdão que por não integrarem os custos de produção houve a manutenção das glosas dos seguintes serviços: 1) Projeto para a instalação de bomba; 2) Serviço de Engenharia Elétrica pesquisa e desenvolvimento; 3) Serviço de instrumentação pesquisa e desenvolvimento; 4) Serviço de locação de andaimes; 5) Serviço de manutenção administração; 6) Serviço de planejamento; 7) Serviço de limpeza de dutos; 8) Serviços de batimento de porto; 9) Transporte de andaimes. Recurso especial de divergência da Procuradoria Intimada do acórdão nº 34020002.906 em 03/03/2016 (efl. 963), a Procuradoria da Fazenda Nacional manejou recurso especial de divergência em 08/08/2014, às efls. 356 a 357, no tocante a duas matérias: (1) conceito de insumo para fins de creditamento das contribuições sociais não cumulativas e (2) impossibilidade de tomada de créditos das contribuições sociais sobre despesas com serviços da fase agrícola da produção de celulose. No recurso especial apresenta a lista de insumos de prestação de serviços de tabela do Relatório de Ação Fiscal elaborado quando da diligência, às efls. 929 a 931 e demonstra que apenas nove daqueles que não se encontram na produção industrial direta ou na fase agrícola (produção da madeira) tiveram a glosa dos créditos mantida. Isso porque o acórdão a quo utilizou critério de admitir créditos de insumos outros que integrassem o custo de produção e não apenas aqueles relativos à produção do bem a ser vendido. Para a primeira matéria, arrola os acórdãos paradigmas, de nº 20312.4.8 e nº 20400795, com tese divergente, que exige serem os insumos passíveis de geração de crédito apenas aqueles que sofram alterações em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, ou por ele diretamente sofrida; alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, tomando por base a legislação do IPI. Fl. 1150DF CARF MF Processo nº 13770.000198/200494 Acórdão n.º 9303006.611 CSRFT3 Fl. 1.149 5 Já no tocante aos insumos da fase agrícola, segunda matéria, o acórdão recorrido entendeu que a atividade do contribuinte deve ser vista como um todo único e indivisível, considerando a fase agrícola como parte do processo produtivo e os gastos incorridos na formação e manutenção de florestas caracterizarseiam como custo de produção, enquanto os acórdãos paradigmas nº 330101.470 e nº 310201.272, entenderam que o custeio agrícola, ou seja, os custos na produção da madeira, devem ser contabilizados no ativo permanente e, portanto, não geram créditos de Cofins. Por essas razões, a Procuradora requereu o conhecimento e o provimento do recurso para que esta Turma reforme a decisão recorrida indeferindose o pleito nas matéria tratadas. O recurso especial de divergência da Fazenda foi apreciado pelo Presidente da Terceira Seção de Julgamento do CARF, às efls. 990 a 996, nos termos dos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, datado de 11/03/2016, que entendeu por lhe dar seguimento, ao vislumbrar similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma e o recurso especial cumprir os demais requisitos regimentais. Contrarrazões da contribuinte A contribuinte foi cientificada do acórdão nº 3402002.906, do recurso especial de divergência da Fazenda Nacional e do despacho de admissibilidade de efls. 990 a 996, em 17/06/2016 (efl. 1002), e interpôs recurso especial de divergência em 04/07/2016, às efls. 1080 a 1092. Em suas contrarrazões, a contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, caso conhecido, que lhe seja negado provimento. Questiona a utilização do conceito de insumo do IPI para o caso da Cofins no litígio, entendimento já superado em outro julgamentos do CARF, devendo haver aqui um sentido próprio para insumo, extraído da materialidade desse tributo. Já em relação aos créditos associados aos insumos da fase agrícola da produção, afirma ser esta também parte do ciclo produtivo, desde a silvicultura, e todo o processo de leva ao consumo de combustíveis em veículos, máquinas, equipamentos próprios e de terceiros, peças, etc. são custos integrantes deste ciclo. Exemplifica com outro acórdão do CARF no mesmo sentido. RE da contribuinte Na mesma oportunidade, a contribuinte interpôs recurso especial de divergência, às efls. 1006 a 1017. Ela igualmente arrola os nove insumos cuja glosa fora mantida no acórdão a quo, entendendo serem eles essenciais à atividade da empresa e aponta acórdão paradigma de nº 3201002.094, no qual a relatora concluiu que os valores referentes a serviços prestados por pessoa jurídica para manter máquinas e equipamentos essenciais à produção de bens destinados à venda gerariam direito a crédito, desde que vinculados ao processo produtivo. O relator do acórdão recorrido, por sua vez, teria entendido que não basta que os insumos sejam essenciais, mas também deveriam ser classificáveis como custo de produção, restando aí a divergência. Fl. 1151DF CARF MF 6 No mérito, afirma que os itens cuja glosa foi mantida seriam essenciais e, como o conceito de insumo para o creditamento de PIS e Cofins tem critérios próprios, que não são iguais aos da legislação do IPI e nem daqueles aplicados pela legislação do IRPJ, a sua indispensabilidade no processo seria o fator definidor para esses insumos, independentemente de sua utilização direta ou indireta no produto final. Finaliza por requerer a admissão e o provimento do seu recurso especial de divergência para que se reforme parcialmente o acórdão recorrido, e se reconheça a integralidade dos créditos de Cofins pleiteados. No despacho de efls. 1135 a 1138, em 21/07/2016, o Presidente da Terceira Seção de Julgamento do CARF, reconheceu a divergência nos critérios jurídicos, com atendimento aos requisitos regimentais, e entendeu por dar seguimento ao recurso especial da contribuinte para que se rediscuta a matéria . Contrarrazões da Fazenda Cientificada do recurso especial de divergência da contribuinte em 29/07/2016 (efl. 1139), a Procuradoria da Fazenda Nacional manejou contrarrazões ao recurso em 10/08/2016, às efls. 1140 a 1145. Em sua argumentação, a Procuradora afirma que o conceito de insumo para a legislação do PIS e da Cofins para fins de creditamento extrapola aquele utilizado na legislação do IPI, mas não alcança aquele de despesa necessária para fins da legislação do IRPJ. Assevera também que a tese encampada pela recorrente não merece prevalecer, pois a essencialidade apenas não é critério para que se considere um bem como insumo, sendo imprescindível a determinação de uma relação de pertinência daquele bem com o processo produtivo da mercadoria a ser vendida pela contribuinte. À efl. 1144, se extrai: Nesse sentido, somente devem ser considerados insumos, para fins de creditamento, os bens utilizados no processo de produção da mercadoria destinada à venda e ao ato de prestação de um serviço dos quais decorram a receita tributada, ou seja, os custos relacionados com a atividade fim, diretamente ligados aos processos de prestação de serviços e de fabricação de bens a serem vendidos, dos quais decorrem o auferimento de uma receita é que podem ser considerados insumos. Por fim, a Procuradora requer que seja negado provimento ao recurso especial de divergência interposto pela contribuinte, mantendose a decisão recorrida nos quesitos que foram objeto da insurgência. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Os recursos especiais da Procuradoria da Fazenda Nacional e da contribuinte são tempestivos. Fl. 1152DF CARF MF Processo nº 13770.000198/200494 Acórdão n.º 9303006.611 CSRFT3 Fl. 1.150 7 Por uma questão de lógica, iniciarei a análise dos recursos pela ordem cronológica processual inversa das suas interposições. RE da contribuinte Do conhecimento Penso que não se deva conhecer do recurso especial de divergência da contribuinte. Entendo que os serviços que tiveram a glosa mantida assim o foram, apesar de o acórdão a quo considerálos essenciais, porque não seriam classificáveis como custo de produção. Observese a seguinte passagem do voto condutor (efl. 956): Este colegiado, diversamente do colegiado que determinou a diligência, vem adotando entendimento de que os gastos com bens e serviços aptos a gerarem o crédito das contribuições devem integrar o custo de produção do estabelecimento (art. 299 do RIR/99). Assim, não são todos os gastos essenciais para a produção que geram créditos das contribuições, mas apenas os essenciais que sejam classificáveis como custos de produção. Na planilha elaborada pela fiscalização verificase que existem vários serviços que se enquadram na categoria de gastos classificáveis como custo de produção, com exceção dos seguintes: 1) Projeto para a instalação de bomba; 2) Serviço de Engenharia Elétrica pesquisa e desenvolvimento; 3) Serviço de instrumentação pesquisa e desenvolvimento; 4) Serviço de locação de andaimes; 5) Serviço de manutenção administração; 6) Serviço de planejamento; 7) Serviço de limpeza de dutos; 8) Serviços de batimento de porto; 9) transporte de andaimes. (Negritei.) Logo, para o relator do recorrido, não bastaria a essencialidade do gasto com os serviços, deve também serem tais gastos considerados como um custo para produção em si. Já o acórdão paradigma centra a discussão mormente na questão da essencialidade, mas igualmente, não acata como insumo bens e serviços que não fossem aplicados diretamente na produção de bens, senão vejamos como foram tratadas as despesas com serviços de manutenção das máquinas e equipamentos (efl. 1021): Quanto aos serviços de manutenção realizados em máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo da empresa, reconhecese o crédito correlato, se aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Contudo, na notas fiscais apresentadas relativas à conta “SERVIÇOS DE TERCMANUTENÇÃO” (43100.004), verificou se que existem algumas despesas de manutenção que não se relacionam diretamente com o processo produtivo da empresa, e que, portanto, não geram créditos de PIS e COFINS, tais Fl. 1153DF CARF MF 8 como serviço de encadernação, desinsetização (cozinha), serviço auxiliar construção civil, sendo, portanto, objeto de glosa. (Negritei) Nesse sentido, entendo não haver divergência, pois ambos acórdãos acataram a essencialidade do serviço, mas não apenas isso, ambos exigiam que houvesse a possibilidade de o serviço ser considerado um custo de produção para receber o tratamento de insumo para fins de obtenção de crédito para a Cofins. Além disso, as situações fáticas dos serviços envolvidos no paradigma era distinta das postas no acórdão recorrido, pois o paradigma arrolado tratou das seguintes despesas (efls. 1020 a 1023): a) alugueis de máquinas e equipamentos; b) serviços de terceirização de mãodeobra; c) serviços de manutenção de máquinas e equipamentos; e d) serviços de conservação e limpeza. No caso dos aluguéis em a), o próprio acórdão afirma que aqueles referentes a empilhadeiras haviam sido reconhecidos e o que não fora aceito decorria de falta de demonstração de estarem as despesas atreladas ao processo produtivo; não há o que cotejar com o recorrido, pois nenhuma das nove despesas mantidas são dessas natureza. Em b), a locação de mãodeobra igualmente não seria para aplicação direta na produção, igualmente não se observa isso no acórdão contestado neste processo. Já os serviços de manutenção apontados em c) foi reconhecido que apenas parte das notas de manutenção se referiam ao processo produtivo e as despesas com esses não foram glosadas, mas as demais (desinsetização de cozinha, encadernação, serviço auxiliar de contrução civil) sim; esse entendimento não diverge daquele dado ao item 5) do recorrido, serviço de manutenção da área de administração, no acórdão a quo, aqui em testilha. Finalmente, quando o paradigma aborda os serviços de conservação e limpeza como insumo, em d), a situação fática, de terem tais serviços gerado despesas em produção por serem executados: nas canaletas do setor de fabricação, nas balanças, plataformas, correias transportadoras e britador para evitar paradas e desperdícios de matéria prima, com pessoal envolvido exclusivamente no processo produtivo e de qualidade, é totalmente distinta daquela do item 7), que gerou glosa no acórdão recorrido do presente processo. Nesse sentido, vejase o que afirma a relatora do acórdão paradigma à efl. 1073: A leitura dos referidos esclarecimentos demonstram que não se tratam os serviços de limpeza em referência, de meros serviços periféricos ou posteriores ao processo produtivo, mas o compõem e, ademais, prestamse à própria manutenção de equipamentos de produção, viabilização e otimização do processo produtivo, devendo, por conseguinte, serem reconhecidos os créditos correlatos. (Negritei.) Evidente que não se trata da mesma situação da glosa de despesas com serviços do item 7), na qual se trata de limpeza de dutos na área comercial. Uma vez mais, a Fl. 1154DF CARF MF Processo nº 13770.000198/200494 Acórdão n.º 9303006.611 CSRFT3 Fl. 1.151 9 aplicação do critério expresso no paradigma para o item 7) teria resultado convergente com o do acórdão recorrido; não haveria divergência como quer a recorrente. Logo, com a devida vênia do prolator do despacho de admissibilidade, considero inexistente a divergência do acórdão recorrido com o paradigma apresentado, pois os fatos (serviços cujas despesas foram glosadas) eram distintos daqueles do acórdão a quo, e quando tinham a mesma natureza, tiveram o mesmo tratamento dado a eles no acórdão recorrido. Pelas razões expostas, voto por não conhecer do recurso especial de divergência da contribuinte. RE da Fazenda Do conhecimento Entendo que o recurso especial da Fazenda cumpre os requisito legais para ambas as matérias abordadas: (1) conceito de insumo para fins de creditamento das contribuições sociais não cumulativas e (2) impossibilidade de tomada de créditos das contribuições sociais sobre despesas com serviços da fase agrícola da produção de celulose. O argumento de que o conceito de insumo com base na legislação do IPI estaria superado no CARF, esgrimido pela contribuinte em sede de contrarrazões, para que da primeira matéria não se conheça, não pode prosperar. Ocorre que não há decisão vinculante sobre essa matéria, seja pela edição de Súmula do próprio órgão administrativo, seja por decisões do STF, em repercussão geral, ou por decisões do STJ em casos de recursos repetitivos. Por isso, não há razão para não conhecimento do recurso especial da Fazenda nesse tópico, mas sim seu enfrentamento nas questões de mérito. No tocante ao reconhecimento de créditos para insumos da fase agrícola da produção, não há qualquer questionamento quanto ao conhecimento nas contrarrazões. Assim, há que se conhecer de ambas as matérias. Do mérito Retomo meu entendimento de não adotar o conceito de insumo conforme à legislação do IPI no caso das contribuições de PIS e Cofins, tampouco entendendo que qualquer insumo que possa ser tomado como custo pelo IRPJ atenda à legislação dessas contribuições quando da apreciação da não cumulatividade. Penso que as transcrições acima das bases contidas na Solução de Divergência COSIT nº 07 de 23/08/2016, já permitem esclarecer isso, mas ressaltase ainda, no mesmo documento: 46.Outro ponto que merece destaque é que se mostra equivocada a afirmação de que a adoção da interpretação restritiva acerca do conceito de insumo na legislação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins corresponderia à utilização da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 47.Conforme se demonstrou acima, a adoção do conceito restritivo de insumo na legislação das aludidas contribuições decorre das regras constantes desta mesma legislação e não da adaptação da legislação de qualquer outro tributo. Fl. 1155DF CARF MF 10 48.Sem embargo, o ponto comum entre a legislação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, acerca do conceito de insumo, e a legislação do IPI é a exigência, mutatis mutandis, de relação direta e imediata entre o bem ou serviço em relação ao qual se pretende apurar crédito e o produto ou serviço final disponibilizado ao público externo. (Negritei.) Por essas razões, afastase o entendimento da Fazenda de que deveria haver a simples aplicação do conceito de insumo do IPI na apreciação da matéria também para o PIS e Cofins. Ainda com base na Solução de Consulta COSIT nº 7/2016, estendese a discussão sobre a tomada de créditos das contribuições sociais sobre despesas com serviços da fase agrícola da produção de celulose. Aqui, mais uma vez me socorro do item 24 daquele documento: 24.No outro extremo das conclusões, verificase que não são considerados insumo, para fins de creditamento no regime da não cumulatividade das contribuições, bens e serviços que mantenham relação indireta ou mediata com a produção de bem destinado à venda ou com a prestação de serviço ao público externo, tais como bens e serviços utilizados na produção da matériaprima a ser consumida na industrialização de bem destinado à venda (insumo do insumo), utilizados em atividades intermediárias da pessoa jurídica, como administração, limpeza, vigilância, etc. (Sublinhas do original, negritei.) Mais adiante, no item 56, trata de situação análoga à presente, onde se observa: Do que exposto na consulta e no recurso apresentados, conclui se que a recorrente comercializa “pasta mecânica, celulose, papel, papelão e produtos conexos”. Ainda, concluise que ela exerce as atividades de florestamento e reflorestamento apenas acessoriamente, objetivando produzir matériaprima para elaboração de outros produtos destinados à venda (corroborando esse entendimento, citese, exemplificativamente, trecho do item ‘c’ apresentado na consulta inicial: “florestas que resultam na madeira (insumo) empregadas na fabricação dos bens ou produtos destinados à venda”). (Negritei.) Nesse sentido, para mim é claro que todos os serviços realizada na área denominada "Florestal", descritos na tabela às efls. 928 a 931, mantêm relação mediata com a produção do bem destinado à venda, sendo todas essas atividades, insumos do insumo madeira, que resultará no produto final pasta de celulose. Isso fica claro na coluna "DISCRIMINAÇÃO" da referida tabela: SERVIÇO ÁREA DISCRIMINAÇÃO Coleta e Análise de Aguas Superficiais Florestal Meio Ambiente Monitoramento Coleta e Transporte de Resíduos das Barcaças Florestal Coletagem e remoção dos resíduos das barcaças Fl. 1156DF CARF MF Processo nº 13770.000198/200494 Acórdão n.º 9303006.611 CSRFT3 Fl. 1.152 11 Construção e Manutenção de Cercas Florestal Construção de Cercas nas Florestas Construção de Pavilhão no Viveiro Florestal Viveiro de Mudas Inventário Florestal Florestal Monitoramento e Inventário Florestal Serviço de Limpeza do Pátio de Madeira Florestal Limpeza do pátio da madeira Serviço de Projeto de Monitoramento Ambiental Florestal Monitoramento Ambiental Serviço de Coleta de dados para o Inventário Florestal Florestal Inventário Florestal Serviço de Limpeza no Terminal de Barcaças Florestal Limpeza no Terminal de barcaças Serviço de Manutenção de Torres Florestal Manutenção de torres de vigilância florestal Serviço de Caracterização Ambiental Florestal Caracterização Ambiental Serviço de proteção florestal Florestal Vigilância Florestal Nenhum dos serviços discriminados para área Florestal têm relação direta com o produto final a ser comercializado, pasta de celulose, apenas com a madeira, sendo essa o seu insumo. Além disso, empreendimentos florestais destinados ao corte para industrialização devem ser classificadas no ativo imobilizado. Em relação à floresta plantada, as despesas, de qualquer natureza, incorridas para a constituição da floresta, devem ser contabilizadas no ativo imobilizado. Esse bem sofrerá exaustão à medida que suas árvores forem sendo derrubadas. Por essa ótica, sendo contabilizados no ativo imobilizado, igualmente não se podem classificar os gastos com esses serviços da áreas florestais como sendo insumos. Por outro lado, não acatar o conceito do IPI para fins de apreciação dos insumos não significa que a aplicação dos conceitos extraídos da Solução de Divergência COSIT nº 7/2016 resultassem no afastamento dessas glosas, em conformidade com a decisão recorrida. Assim, conhecendo integralmente o recurso especial de divergência da Fazenda, voto pelo seu desprovimento, para que sejam restabelecidas as glosas dos créditos relativos aos serviços da área Florestal da tabela de efls. 928 a 931. CONCLUSÃO Em face do exposto, voto por: a) conhecer do recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional para darlhe provimento parcial, visando restabelecer as glosas sobre as seguintes atividades da tabela posta às efls. 928 a 931: SERVIÇO ÁREA DISCRIMINAÇÃO Coleta e Análise de Aguas Superficiais Florestal Meio Ambiente Monitoramento Coleta e Transporte de Resíduos das Barcaças Florestal Coletagem e remoção dos resíduos das barcaças Construção e Manutenção de Cercas Florestal Construção de Cercas nas Florestas Construção de Pavilhão no Viveiro Florestal Viveiro de Mudas Inventário Florestal Florestal Monitoramento e Inventário Florestal Serviço de Limpeza do Pátio de Madeira Florestal Limpeza do pátio da madeira Serviço de Projeto de Monitoramento Ambiental Florestal Monitoramento Ambiental Serviço de Coleta de dados para o Inventário Florestal Florestal Inventário Florestal Serviço de Limpeza no Terminal de Barcaças Florestal Limpeza no Terminal de barcaças Fl. 1157DF CARF MF 12 Serviço de Manutenção de Torres Florestal Manutenção de torres de vigilância florestal Serviço de Caracterização Ambiental Florestal Caracterização Ambiental Serviço de proteção florestal Florestal Vigilância Florestal b) não conhecer do recurso especial de divergência da contribuinte. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Declaração de Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Depreendendose da análise dos autos desse processo, peço vênia ao ilustre Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santo, que já abrilhantava o Colegiado da 2ª Turma como presidente e, agora, nos dá a honra de prestigiarmos sua participação em nossa turma para expressar meu entendimento acerca da análise do conhecimento do Recurso Especial da Contribuinte. Especificamente ao Recurso Especial, importante recordar que o acórdão recorrido, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso para reverter todas as glosas sobre bens e serviços utilizados às fls. 929/931: · Projeto para a instalação de bomba; · Serviço de Engenharia Elétrica – pesquisa e desenvolvimento; · Serviço de instrumentação – pesquisa e desenvolvimento; · Serviço de locação de andaimes; · Serviço de manutenção – administração; · Serviços de planejamento; · Serviços de limpeza de dutos; · Serviços de batimento de porto; · Transporte de andaimes. O que, por conseguinte, insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial, requerendo a reforma da decisão por entender que tais serviços se enquadram perfeitamente ao conceito de insumos. Fl. 1158DF CARF MF Processo nº 13770.000198/200494 Acórdão n.º 9303006.611 CSRFT3 Fl. 1.153 13 Para tanto, traz como paradigma o acórdão 32010012.094, que esposa em sua ementa sobre o critério da essencialidade para fins de enquadramento ao conceito de insumo e ainda, que, quanto ao direito de créditos sobre serviços de manutenção de máquinas e equipamentos e despesas com aquisição de partes e peças – “Os valores referentes a serviços prestados por pessoa jurídica para manutenção das máquinas e equipamentos empregados na produção de bens destinados à venda, geram direito ao crédito, desde que se vinculem ao processo produtivo do contribuinte, sendo deste o ônus da prova de tal nexo”. Em síntese, o acórdão indicado como paradigma traz a conceituação do conceito de insumo na posição intermediária e a discussão acerca das glosas sobre prestação de serviços. A priori, para melhor elucidar a divergência entre os arestos, quanto ao conceito de insumos adotado pelo colegiado do acórdão recorrido, importante transcrever parte do voto do nobre ex conselheiro Antonio Carlos Atulim (Grifos meus): [...] Este colegiado, diversamente do colegiado que determinou a diligência, vem adotando entendimento de que os gastos com bens e serviços aptos a gerarem o crédito das contribuições devem integrar o custo de produção do estabelecimento (art.299/99). Assim, não são todos os gastos essenciais para a produção que geram créditos das contribuições, mas apenas os essenciais que sejam classificáveis como custos de produção.[...] Ora, ainda que o acórdão tenha utilizado o termo “essenciais”, em verdade, adota o termo “essenciais” como “necessários operacionalmente”, vez que expressamente cita o art. 299/RIR para relembrar o entendimento daquele colegiado. Ou seja, expressa que adotam o conceito amplo de PIS e Cofins – que resume que todas as despesas operacionais são “essenciais” e que, por conseguinte, geram o direito ao crédito das contribuições. Eis o art. 299 do RIR/99: Art.299.São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). §1ºSão necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §1º). §2ºAs despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §2º). [...] Diferentemente do acórdão indicado como paradigma que traz o termo “essencial” para adotar o critério intermediário (não adota o critério restritivo do IPI, da IN 247/02 e do RIR/99) – e que, agora, foi ratificado pelo STJ, em sede de repetitivo, vez que em fevereiro de 2018, definiu que o conceito de insumo, para fins de constituição de crédito de PIS e de Cofins, deve observar o critério da essencialidade e relevância – considerandose a Fl. 1159DF CARF MF 14 imprescindibilidade do item para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. Esclarecido, então, que há efetivamente divergência do critério utilizado para a conceituação de insumos, vez que no acórdão recorrido considerou o critério amplo do Imposto de Renda e no acórdão indicado como paradigma o critério intermediário. É de se recordar que, em 2016, no primeiro ano em que estreei nesse colegiado, considerava que, para se conhecer um Recurso Especial que ressurgia com a discussão acerca do direito de se constituir crédito de PIS e Cofins sobre determinados itens (bens, gastos, custos e serviços), entendia que a parte recorrida deveria indicar como paradigmas acórdãos que refutassem cada item tratado no acórdão paradigma. Tanto que, em junho de 2016, trazendo esse entendimento, o recurso interposto pela Fazenda Nacional não foi conhecido por maioria, sendo consignada a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 28/02/2000 a 31/08/2001, 31/10/2001 a 31/01/2003 e 31/03/2003 a 31/07/2003 FUNDAMENTO RELEVANTE DO ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO ATACADO. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO Não se conhece do recurso especial, quando as situações fáticas consideradas nos acórdãos indicados como paradigma não se prestam a demonstrar a divergência jurisprudencial. No presente caso, foi afastada a incidência da Cofins, sob a sistemática da cumulatividade, sobre as receitas de ressarcimento de seguros, variação cambial e variações monetárias auferidas pelo sujeito passivo, vez que se trata de indústria petroquímica; Enquanto, os acórdãos indicados como paradigmas, traz que as receitas decorrentes de royalties e taxas de franquia faziam parte da atividade fim de uma franquia internacional de comércio de alimentos por serem operacionais e o segundo, manifestou que a receita decorrente de locação de imóveis próprios está englobada no conceito de faturamento. O que não demonstra a divergência jurisprudencial. Não obstante, no mesmo ano, pelo princípio do Colegiado, me curvei ao entendimento da turma de se conhecer o recurso especial interposto pela parte, ainda que não tenha trazido discussões em relação a cada item discutido quando a parte traz apenas o confronto do conceito de insumos. Para tanto, cito o acórdão 9303003.514 – o que, peço licença para transcrever parte do meu voto: O Recurso Especial é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade integral do recurso interposto pela Fazenda Nacional, eis que, confrontando os conceitos de “insumo” empregados pelos arestos envolvidos é irrefragável a confirmação do dissídio jurisprudencial. [...] Sendo assim, considerando que, no presente caso, o sujeito passivo trouxe divergência em relação aos critérios de conceito de insumo, entendo que devo conhecer o Fl. 1160DF CARF MF Processo nº 13770.000198/200494 Acórdão n.º 9303006.611 CSRFT3 Fl. 1.154 15 recurso especial interposto pelo sujeito passivo, mantendo a coerência adotada anteriormente, em respeito ao entendimento da maioria do Colegiado à época. Nessa linha, proveitoso trazer que entendo que quando o STJ publicar seu acórdão ao REsp 1.221.170, formalizando, assim, de forma definitiva o conceito de insumos (posição intermediária), entendo que deverei, na forma do art. 67, § 12, do RICARF/2015, não conhecer do Recurso Especial que trata como paradigma acórdão que contrariar esse critério. O que, se mantivesse meu primeiro entendimento, pela divergência entre a interpretação adotada nos arestos aplicável sobre cada item, possivelmente após a formalização definitiva pelo STJ, dependendo do caso e fatos trazidos, deveria conhecer o recurso. Não obstante, entendo que devo manter a coerência observada até então. Em vista de todo o exposto, conheço o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 1161DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.001068/2007-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2003
SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADO
Caracterizam-se como omissão de receitas os valores creditados em conta bancária, mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 1401-002.312
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz de Augusto Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Letícia Domingues Costa Braga- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano (Vice-Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LETICIA DOMINGUES COSTA BRAGA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2003 SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADO Caracterizam-se como omissão de receitas os valores creditados em conta bancária, mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
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OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADO Caracterizamse como omissão de receitas os valores creditados em conta bancária, mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Luiz de Augusto Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Livia De Carli Germano (VicePresidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 10 68 /2 00 7- 91 Fl. 476DF CARF MF 2 Relatório Adoto como relatório, aquele da decisão de primeira instância, complementandoo a seguir: Foi autuada a recorrente por omissão de receitas no ano de 2003, tendo sido cobrados os seguintes valores: IRPJ R$5.174,68; CSL R$8.549,36; COFINS R$17.098,80, PIS R$5.174,68 e INSS R$35.173,99. Segundo consta do Termo de Constatação Fiscal (fls. 169/177), o procedimento iniciouse a partir de operação em que se apurou movimentação com cartões de crédito junto à sociedade empresária Lucinda Piedade S J Rio Preto ME, CNPJ 00.960.167/000102, em que houve cruzamento das informações prestadas pelas administradoras de cartões de crédito (Decred) com os registros constantes da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Juridica (DIPJ). Apurada discrepância entre a receita bruta declarada e a movimentação bancária, significativamente inferior, referida contribuinte alegou que sua movimentação bancária representava o movimento comercial de outras duas sociedades, dentre elas a autuada. Tais sociedades empresárias são: Lucinda Piedade S J Rio Preto ME, Hombre Confecções e Acessórios Ltda. ME e Cláudia Maria Bronzelli Estivaneli ME. Segundo assentado no relatório, a par das alegações da sociedade empresária Lucinda Piedade, a impugnante também apresentou movimentação financeira, conforme descrito no quadro de fl. 175. Considerando a movimentação bancária de titularidade da impugnante, o principio contábil da entidade e em face de que convenções particulares não podem ser opostas à Fazenda Pública para modificar a definição legal do sujeito passivo da obrigação acessória, iniciouse processo de fiscalização na impugnante. Nesse diapasão a contribuinte fora intimada a apresentar os livros fiscais que registravam a movimentação financeira, inclusive a bancária. Em resposta, alegou que “não possui os livros Diário, Razão e Caixa, contendo registros de sua movimentação bancária e financeira, vez que declara seu movimento pelo Lucro Presumido e, assim, de acordo com a legislação vigente está dispensada da escrituração dos documentos solicitados”. A afirmação de que apurava seu resultado pela sistemática do lucro presumido foi contestada no relatório fiscal haja vista que nos anoscalendário de 2002/2004 e 2006 as Declarações de Imposto de Renda apresentadas registram opção pelo regime do Simples. Ademais, independentemente da sistemática de apuração do resultado, a legislação prevê obrigações acessórias materializadas na elaboração de livros contábeis específicos. Após cotejar as informações prestadas pelas instituições bancárias, deduzindo as importâncias cuja origem considerou comprovada, além das exclusões legalmente permitidas, elaborou a autoridade fiscal relação que denominou “Demonstrativo de Valores Creditados Extratos Bancários”, sintetizada na planilha constante do relatório (fls. 74/81). Intimou a contribuinte a comprovar a origem de tais valores sob pena de ser lançada por omissão de receitas caso não atendesse. A base de cálculo dos tributos fora obtida pela somatória das importâncias relativas aos depósitos bancários cuja origem não fora comprovada, com dedução dos valores informados à RFB por meio de Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, obtendose a base de cálculo do tributo lançado, conforme descrito na planilha de fl. 175. Fl. 477DF CARF MF Processo nº 16004.001068/200791 Acórdão n.º 1401002.312 S1C4T1 Fl. 477 3 Consta do termo antes referido que a autoridade fiscal procedeu a representação com o objetivo de propor a exclusão da empresa da Sistemática do Simples para o anocalendário de 2004, em face de que no anocalendário anterior sua receita bruta extrapolou os limites permitidos para enquadrarse no Sistema, sem ter efetuado a comunicação a que se refere o art. 195, I, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), circunstância ensejadora da exclusão de oficio. lntimada, ingressou a contribuinte com a impugnação de fls. 213/236 com alegação de que os depósitos bancários registrados pela autoridade fiscal representam a movimentação financeira de três empresas interligadas. Argumentou que os depósitos bancários listados pela autoridade fiscal representam depósitos decorrentes de trocas de cheques e empréstimos tomados por uma das sociedades empresárias socorro das outras coligadas Lucinda Piedade e Cláudia Estivanelli. Eventuais necessidades de caixa de uma das empresas é suprida por empréstimos de qualquer das outras duas. Aduziu existirem vendas realizadas com recebimento de cheques pós datados, depositados nos meses subseqüentes. Desse modo, haveria apuração de base de cálculo e duplicidade, pois a receita já havia sido lançada na declaração apresentada ao Fisco. Arguiu que a base de cálculo do tributo lançado, obtida presuntivamente, é inferior ao total da receita declarada pela contribuinte, o que desautoriza a constituição do crédito pois os depósitos não superaram o faturamento. Acrescentou que a existência de depósitos bancários não representa omissão de receita e não autoriza apurarse base imponível presuntivamente. Escorouse no enunciado da Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR) que estatui ser ilegítimo o lançamento arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários. Ao final, propugnou pela improcedência do crédito tributário decorrente do lançamento em questão. A decisão de primeira instância negou provimento à Impugnação da contribuinte nos seguintes termos: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAs MICRO EMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2003 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OM1SSÃO DE RECEITA. ORIGEM. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Caracterizam omissão de receita, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, deixe de comprovar, mediante documentação hábil e idônea, origem dos recursos utilizados nessas operações. Impugnação improcedente. Fl. 478DF CARF MF 4 Crédito Tributário Mantido. Quando da interposição do Recurso, teceu a recorrente os seguintes argumentos: 01) Que a decisão do processo 16004.00099/200813 seria nula, pois proferida por pessoa incompetente, qual seja, o chefe da SACAT; 02).Que a movimentação financeira ocorrida em contas bancárias desta empresa engloba a somatória. das movimentações financeiras .de três empresas interligadas entre si, do mesmo 'grupo empresarial: a ) Lucinda Piedade SJ Rio PretoME (firma individual) b) Hombre Confecções e Acessórios Ltda (esta empresa) c) C1áudia Mara Bronzelli EstivaneliM (firma individual). 03) Que a presunção de receitas por parte do fisco não pode ser absoluta e que os depósitos não constituem por si só fatos geradores de renda. 04) Súmula 182 do extinto TFR; 05) Que devem ser respeitados os princípios do contraditório e ampla defesa no processo administrativo; 06) Que "o ilustre fiscal autuante promoveu o arbitramento dos valores ora lançados, a partir dos depósitos ocorridos nas contas bancarias da recorrente, no valor de R$.306.339,31, e que se reportavam à mera troca de cheques (“borboletas”) entre as empresas do mesmo grupo empresarial (LUCINDA PIEDADE SJ RPRETO ME, HOMRE CONFECÇOES E ACESSORIOS LTDA. ME É CLAUDIA MARA BRONZELLI ESTIVANELI M), que não representam faturamento, não, olvidandose, porém, que a recorrente não pode suportar o ônus do lançamento de tributos de interesse de outras pessoas jurídicas do mesmo grupo, sobretudo por aquelas pagaram o imposto das vendas realizadas. É o relatório. Voto Conselheiro Letícia Domingues Costa Braga Relatora Da Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos da legislação, dele devendose conhecer. Nulidade do ADE 28 Deixo de analisar esse argumento, tendo em vista que esse processo não trata de exclusão do simples e tãosomente da autuação do ano de 2003 em que se cobrou tributos da empresa por ter movimentação financeiras sem a devida comprovação da origem dos recursos. Fl. 479DF CARF MF Processo nº 16004.001068/200791 Acórdão n.º 1401002.312 S1C4T1 Fl. 478 5 Movimentação Financeira de empresas coligadas Presunção e Súmula 182 De fato, confome consta do relatório (fl. 173), toda a movimentação que se referia às empresas Cláudia Mara Bronzelli Estivanelli e Hombre Confecções e Acessórios Ltda., bem assim as exceções legalmente previstas, como estornos, resgates, financiamentos, foram deduzidas da base de cálculo que serviu à imposição tributária. O fato de se tratar de microempresa não isenta a contribuinte do cumprimento das obrigações que a legislação determina sejam atendidas. Há que se levar em conta que em face de a contribuinte enquadrarse na modalidade de tributação pelo Simples estava obrigada ao cumprimento das normas editadas pelas Instruções Normativas SRF (IN) n. 250, de 2002, e IN 355, de 2003, notadamente entrega de declaração simplificada e escrituração de Livro Caixa e de Registro de Inventário. Embora a citação abaixo refirase às regras da IN 355, de 2003, elas reproduziram o que constava da IN 250, de 2002: Declaração anual simplificada Art. 31. A microempresa e a empresa de pequeno porte, inscritas no Simples, apresentarão, anualmente, declaração simplificada que será entregue até o último dia útil do mês de maio do ano calendário subseqüente ao de ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições de que tratam os §§ 1° e 4 do art. 5°. § 1 “Nos casos de extinção, fusão, cisão ou incorporação, as declarações deverão ser entregues até o último dia útil do mês subseqüente ao do evento. § 2° A declaração simplificada poderá ser retificada independentemente de autorização prévia da autoridade administrativa e terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada. Escrituração e livros obrigatórios Art. 32. A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial para ƒins fiscais, desde que mantenham em boa ordem e guarda, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes: 1 livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária; 11 Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término de cada ano calendário; 111 todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração dos livros referidos nos incisos 1 e 11. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento, por parte da microempresa e empresa de Pequeno Fl. 480DF CARF MF 6 Porte das obrigações acessórias previstas na legislação Previdenciária e Trabalhista. Impõe consignar que toda a relação de valores que, segundo a contribuinte, referemse a depósitos de terceiras empresas, receita de vendas e financiamentos bancários obtidos não se presta a fazer prova em seu favor, haja vista que não se encontram alicerçados em documentação suficiente, ressalvandose que os depósitos relativos a empresas coligadas foram devidamente excluídos pela autoridade fiscal. É importante ressaltar que durante o procedimento fiscal em mais de uma vez foilhe dada oportunidade de contrapor o que havia sido apurado. Entretanto, as alegações que apresentou limitaramse a tecer argumentos, desacompanhado de suporte documental apto a afastar a tributação, daí implicando considerarse como receita omitida aqueles valores cuja origem não fora comprovada. Isso porque depósitos/créditos em conta corrente, sem a comprovação da origem fazem presumir a existência da omissão de receitas/rendimentos. Essa presunção é legal, conforme estabelecido pelo art. 4º da Lei n. 9.481/1997: Lei n. 9430/1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1° O valor das receitas ou dos rendimentos omitidos será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a RS 12.000, 00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (Art. 42, § 3°, II, da Lei n° 9.430/1996 c/c art: 4° da Lei n° 9.481, de 13/08/1997). A presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Fl. 481DF CARF MF Processo nº 16004.001068/200791 Acórdão n.º 1401002.312 S1C4T1 Fl. 479 7 Ao utilizar a presunção legalmente estabelecida, o agente fiscal fica dispensado de provar, no caso concreto, a omissão das receitas, admitindose prova em contrário, cuja produção cabe sempre ao contribuinte (presunção juris tantum). É função do fisco comprovar o crédito dos valores em contas de depósito ou de investimento, intimar o contribuinte a justificar a origem desses créditos e examinar a correspondente declaração de informações econômicosfiscias, com vistas à verificação da ocorrência de receitas de que trata o art. 42 da Lei n. 9.430/1996. Contudo, a comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações é obrigação do contribuinte. A contribuinte foi regularmente intimada a apresentar as justificativas quanto aos depósitos/créditos, devidamente individualizados, entretanto apenas repetiu as informações anteriormente prestadas. No que tange à Súmula n. 182 do extinto TFR, temse que ela foi editada antes da vigência da legislação atual, que permite a presunção de omissão de receitas, conforme acima explicitado, não sendo pois aplicável. Não tendo pois a contribuinte comprovado que os valores considerados como omissão de receitas tinham origens decorrente de mera movimentação bancária isentas ou não tributadas, nenhum reparo merecem os autos de infração. Quanto ao pedido de apensamento do processo deste processo ao outro em nome desta mesma empresa, de exclusão do simples (l6004000.099/200813), informolhe que conforme decisão de fls.390, esse processo foi apensado ao Auto de Infração dessa empresa do Ano Calendário de 2004. Conclusão Pelo acima exposto, voto por conhecer o recurso voluntário para, no mérito, negarlhe provimento, mantendo integralmente a decisão de origem sobre o caso. (assinado digitalmente) Letícia Domingues Costa Braga Fl. 482DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13749.720042/2013-91
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE.
São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo ano-calendário da obrigação tributária.
Numero da decisão: 2001-000.337
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo anocalendário da obrigação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Presidente em exercício (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 9. 72 00 42 /2 01 3- 91 Fl. 130DF CARF MF 2 Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi emitida Notificação de Lançamento, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício de 2009, anocalendário de 2008, por meio do qual foram glosadas despesas médicas no valor total de R$ 35.000,00 por falta de comprovação de pagamento, gerando, assim, saldo de imposto de renda pessoa física suplementar no valor de R$20.194,21, atualizado até dezembro de 2012. O interessado foi cientificado da notificação e apresentou impugnação tempestiva juntando recibos e declarações emitidas pelos profissionais para evidenciar a prestação do serviço. Alega, em síntese, que nenhuma irregularidade foi praticada. A DRJ Brasília, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que os comprovantes fornecidos e juntados ao processo pelo Contribuinte não seriam suficientes por completo para comprovar as despesas, devendo, por essa razão, ser mantida parcialmente a glosa das despesas médicas (no que se refere a despesa com a profissional Francisca Eugenia Diniz Pereira, no valor de R$ 15.000,00, entende a DRJ que não foi comprovada por falta de laudo, receituário, radiografias....). Em sede de Recurso Voluntário, alega o contribuinte que não é possível manterse a glosa de despesa com tratamento de despesas médicas pois as declarações e recibos comprovam a despesa. Apresenta, para tanto, provas ratificadoras, capazes elidir quaisquer dúvidas quanto as despesas médicas despendidas, por meio de receituários, radiografias, laudos e principalmente a declaração emitida pelo profissional, a qual segue em anexo ao RV, com todas as informações necessárias de acordo com a lei. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Mérito Glosa de despesas médicas Nos termos do artigo 8°, inciso II, alínea "a", da Lei 9.250/1995, com a redação vigente ao tempo dos fatos ora analisados, são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda pessoa física as despesas a título de despesas médicas, psicológicas e dentárias, quando os pagamentos são especificados e comprovados. Lei 9.250/1995: Fl. 131DF CARF MF Processo nº 13749.720042/201391 Acórdão n.º 2001000.337 S2C0T1 Fl. 3 3 Art. 8°. A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (...) § 2º O disposto na alínea ‘a’ do inciso II: (...) II restringese aos pagamentos feitos pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro de Pessoas Jurídicas de quem recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” A Recorrente apresentou os recibos dos pagamentos relativos ao serviços de fonaudiologia e ortodontia, além de declaração emitida pelo profissional contendo nome completo do prestador, com CPF/CNPJ do prestador, credenciamento profissional, valor pago pelo contribuinte, endereço completo do profissional, ratificando a veracidade das informações contidas nos recibos apresentados, os receituários, exames, radiografias, etc. A decisão de primeira instancia sustentou que a Recorrente não comprovou as despesas médicas, nos seguintes termos: “[...] Por outro lado, o artigo 73 e § 1º do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999, aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999, estabelece que, verbis: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Fl. 132DF CARF MF 4 Como se depreende da legislação transcrita acima, a dedução das despesas médicas na Declaração de Imposto de Renda está sujeita à comprovação a critério da Autoridade Lançadora. Verificase nos autos que a autoridade fiscal intimou a contribuinte (Termo de Intimação n. 15873/729/12) a comprovar a efetividade dos serviços prestados por meio dos seguintes documentos Laudos, Receituários, Radiografias, Exames, Descrição do Tratamento, etc. Fundamentado o lançamento na falta de comprovação da efetiva prestação dos serviços, para ter direito às respectivas deduções, não basta à contribuinte apresentar simples recibos, cabendo sim, quando questionado pela autoridade administrativa, comprovar, os serviços prestados. A contribuinte juntou aos autos Atestado emitido pela profissional Claudia Maria Lima Caldeira de Souza (fls. 61/63) que comprovam os serviços médicos prestados pela profissional, logo deve ser restabelecida a dedução de despesas médicas no valor de R$ 20.000,00. Já a declaração emitida pela profissional Francisca Eugênia Diniz Pereira (fls. 47) não detalha o tratamento realizado pela profissional, logo deve ser mantida a glosa. Ademais, tratamentos ortodôntico e endodôntico são acompanhados de radiografias, logo a contribuinte deve juntar aos autos tais documentos. Pelo exposto, conforme planilha abaixo, o lançamento é alterado para restabelecer dedução de despesas médicas no valor de R$ 20.000,00..... Ante o exposto, VOTO pela procedência em parte da impugnação, para restabelecer dedução de despesas médicas no valor de R$ 20.000,00, e, por conseguinte, apurar imposto a pagar suplementar no valor de R$ 4.125,00, a ser acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora, de acordo com a legislação regente. [...]” No caso concreto, demonstrase, ao longo do processo, que a autoridade fiscal simplesmente entende que os recibos, e as declarações emitidas pelo prestador dos serviços, assinada e datada pelos mesmos, não foram suficientes para comprovar as despesas. Neste diapasão, merece trazer à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, Fl. 133DF CARF MF Processo nº 13749.720042/201391 Acórdão n.º 2001000.337 S2C0T1 Fl. 4 5 oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Assim sendo, com fulcro nos festejados princípios supracitados, e baseando se na fundamentação do lançamento no sentido de que os documentos simplesmente não foram suficientes bem como intenção do contribuinte em evidenciar a existência das despesas declaradas, entendo que deve ser acatado o pedido do Contribuinte para reformar a decisão a quo e manter a dedução das despesas médicas em análise. CONCLUSÃO: Fl. 134DF CARF MF 6 Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para acatar a dedução das despesas médicas glosadas em comento. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 135DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.000238/2007-09
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS OU DOCUMENTAÇÃO HÁBIL. PROVAS DEVEM ESTAR DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO E DEVIDAMENTE JUNTADAS AO PROCESSO.
Notas fiscais ou recibos de despesas médicas têm força probante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A documentação probatória deve estar de acordo com o disposto na lei e devidamente juntada ao processo.
Necessária apresentação de comprovação que satisfaça a exigência da legislação tributária. A prova tem que ser apresentada, não basta alegação da ocorrência.
Numero da decisão: 2001-000.360
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Jose Alfredo Duarte Filho e Fernanda Melo Leal. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS OU DOCUMENTAÇÃO HÁBIL. PROVAS DEVEM ESTAR DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO E DEVIDAMENTE JUNTADAS AO PROCESSO. Notas fiscais ou recibos de despesas médicas têm força probante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A documentação probatória deve estar de acordo com o disposto na lei e devidamente juntada ao processo. Necessária apresentação de comprovação que satisfaça a exigência da legislação tributária. A prova tem que ser apresentada, não basta alegação da ocorrência.
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DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS OU DOCUMENTAÇÃO HÁBIL. PROVAS DEVEM ESTAR DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO E DEVIDAMENTE JUNTADAS AO PROCESSO. Notas fiscais ou recibos de despesas médicas têm força probante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A documentação probatória deve estar de acordo com o disposto na lei e devidamente juntada ao processo. Necessária apresentação de comprovação que satisfaça a exigência da legislação tributária. A prova tem que ser apresentada, não basta alegação da ocorrência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira – Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 02 38 /2 00 7- 09 Fl. 66DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Ricardo Moreira, Jose Alfredo Duarte Filho e Fernanda Melo Leal. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de Despesas Médicas. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 9.710,63, a título de imposto de renda pessoa física suplementar, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2002. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento da decisão da lavratura do lançamento, o fato de que a Recorrente deveria ter apresentado comprovação dos pagamentos de despesas médicas de acordo com a exigência da legislação tributária, para usufruir da dedução na declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda de pessoa física. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere a posição de que para utilizar o benefício da dedução das despesas médicas na declaração de ajuste do imposto sobre a renda é indispensável a apresentação de documentação que atenda o exigido na legislação tributária, como segue: (...) Em procedimento de revisão da Declaração de Ajuste Anual foi lavrado em 07/11/2006 o Auto de Infração de fl. 21/26, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, do anocalendário 2002, por intermédio do qual foi apurado o crédito tributário de R$ 22.774,33, sendo de Imposto Suplementar R$ 9.710,63, Multa de ofício de R$ 7.282,97 e juros de Mora apurado até 11/2006 o valor de R$ 5.780,73. Glosa integral indevida a título de Despesas Médicas. Motivo: o contribuinte foi regularmente intimado, mas não comprovou a dedução. Alega que não apresentou os documentos exigidos porque foram roubados, conforme descrito no Boletim de Ocorrência (que anexa em sua defesa). A impugnação ao lançamento não tem o condão de elidilo ou reduzi lo, porque não traz argumentos ou provas para tanto, pelos motivos expostos a seguir. Quanto às despesas médicas glosadas: A possibilidade de dedução com despesas médicas é prevista no artigo 8°, II, “a”, da Lei 9.250/95. Esta norma dispõe que podem ser Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10830.000238/200709 Acórdão n.º 2001000.360 S2C0T1 Fl. 67 3 deduzidas da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos efetuados a título a este título, conforme disposto abaixo: (...) Para comprovar a regularidade das despesas médicas declaradas na DIRPF 2003 o defendente afirma que apresentou testemunha atestando a regularidade da declaração e que os seus documentos relativos à DIRPF foram roubados. ` Os argumentos não são suficientes, pois desprovidos de embasamento legal que os sustente. Não obstante o roubo dos documentos a que foi submetido o contribuinte, poderia têlos recuperado junto aos emitentes, mediante 2ª via ou algo que os substituísse ou confirmasse, como declarações e comprovantes da realização dos serviços médicos. Preferiu a via da afirmação de regularidade das deduções com prova testemunhal. Quanto à oitiva de testemunhas, o processo administrativo fiscal, calcado no Decreto 70.235/ 1972, com alterações posteriores, de forma diversa do processo judicial, não comporta em seu rito a produção de prova testemunhal ou a oportunidade de o contribuinte, por meio de depoimento, provar alegações que fez na impugnação do lançamento. Os testemunhos que o contribuinte tenha em seu favor devem ser apresentados sob forma de declaração escrita já com a impugnação, motivo pelo qual indefiro o pedido. (...) Embora tenha afirmado que as deduções foram embasadas em documentos fiscais hábeis, não apresentou qualquer outro elemento de prova. (...) Desta forma, tendo a fiscalização constatado que o contribuinte descumpriu a obrigação tributária, infringir o dispositivo da legislação indicada, o presente crédito foi constituído com a estrita observância das formalidades legais e regulamentares, o que lhe confere características de procedência da autuação. ` Assim, conclui a decisão de piso pela improcedência da impugnação para manter a exigência de imposto suplementar no valor de R$ 9.710,63, referente à glosa do valor das despesas médicas. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: Fl. 68DF CARF MF 4 É o relatório. Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10830.000238/200709 Acórdão n.º 2001000.360 S2C0T1 Fl. 68 5 Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e por isso deve ser conhecido. O que se evidencia com facilidade de visualização é que o Recorrente utilizouse de abatimento do imposto sobre a renda e quando chamado pelo Fisco para apresentação da documentação correspondente à despesas médicas indicada na declaração de ajuste anual como incorrida no anocalendário de 2002, não as apresentou sob alegação de ter sido vítima de roubo da documentação no ano e mês de apresentação DAA, ou seja, abril de 2003. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): (...) II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (deduçãotributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples Fl. 70DF CARF MF 6 assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, assim, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Destarte, é de considerar plenamente admissível que os comprovantes revestidos das formalidades legais sustentam a condição de valor probante, até prova em contrário, de sua inidoneidade. Assim, é de se acolher como verdadeira a prova apresentada pelo contribuinte que satisfaça os requisitos previstos na legislação. Logo, seria legítima a dedução a título de despesas médicas do valor pago pelo contribuinte, por comprovação mediante apresentação de documento hábil, da nota fiscal de prestação de serviço ou recibo, este assinado por profissional habilitado e informações de identificação complementares, pois tais devem guardam ao mesmo tempo reconhecimento da prestação de serviços assim como também confirma o seu pagamento, desde que se refira a pessoa do Recorrente, referente à efetiva prestação de serviço, cuja comprovação é requerida legalmente com documento idôneo e em atendimento as especificações de exigências legais. A decisão prolatada no Acórdão da DRJ se fundamenta na afirmativa de que as despesas médicas para serem deduzidas do imposto devem ter sido incorridas com o próprio declarante ou de seus dependentes legalmente comprovados, nos termos da legislação tributária, com prova do efetivo desembolso das despesas pagas ou com elementos que sustentem a veracidade das informações de prestação dos serviços. No caso presente, o Recorrente não apresentou qualquer documento que viesse a comprovar direta ou indiretamente a utilização de serviços médicos, sob a alegação de que teria sido vítima de roubo justamente dos documentos que teriam fundamentado sua DAA referente ao ano calendário de 2002. Limitouse a apresentar cópia do Boletim de Ocorrência que registra sua comunicação do fato à autoridade policial (fls. 39 e 40). Consta do BO que o registro do comunicado aconteceu no dia 06/05/2003 e que o fato teria acontecido às 23 horas do dia 17/04/2003. No Relato da ocorrência está arrolado, como subtraído do Recorrente, duas unidades de CDs e a documentação referente ao imposto de renda anobase 2002, exercício fiscal 2003. É de se entender perfeitamente a ocorrência deste tipo de acontecimento vez que o Estado, como ente público incumbido constitucionalmente da manutenção da segurança pública, não tem apresentado condições de oferecimento deste direito ao cidadão. Contudo, isso não desobriga o Contribuinte do dever de prestar informações ao Fisco e, neste caso de utilização de benefício fiscal, de comprovação da despesa incorrida para efeitos fiscais. É entendível que os documentos originais tenham sido subtraídos do Recorrente, todavia, poderiam ter sido obtidas cópias de notas fiscais, 2ª via de recibos e/ou declarações de prestação de serviços dos profissionais, tão logo tenha acontecido o fato ou a posteriori e até mesmo por ocasião da intimação fiscal. Justificavase a busca por documentos substitutos pelo valor expressivo do gasto que correspondeu a R$ 35.311,38 com despesas médicas no ano de 2002, o que correspondeu a um valor de imposto de R$ 9.710,63. Valeria um esforço de vontade na obtenção de pelo menos alguns dos documentos perdidos, pela expressão dos valores e por estarem recentes na memória do Contribuinte e do profissional prestador dos serviços de saúde. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10830.000238/200709 Acórdão n.º 2001000.360 S2C0T1 Fl. 69 7 Assim que, no exame do processo não se verifica qualquer esforço de apresentação de documentação comprobatória da efetiva realização da despesa, de qualquer forma, que o Recorrente utilizou como dedutível na declaração de ajuste anual do imposto. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito NEGAR PROVIMENTO, mantendo os termos do acórdão vergastado com a mantença da exigência do crédito tributário referente a imposto suplementar. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 72DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13152.720273/2015-77
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2015
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF.
A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF) após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa correspondente.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 1002-000.195
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonam Rocha de Medeiros - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: LEONAM ROCHA DE MEDEIROS
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2015 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF. A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF) após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa correspondente. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido
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Recorrente SIMPREV FUNDO MUNICIPAL DE PREVIDENCIA SOCIAL DOS SERVIDORES DE N OLIMPIA MT Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2015 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF. A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF) após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa correspondente. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 15 2. 72 02 73 /2 01 5- 77 Fl. 51DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros. Relatório Cuidase, o caso versando, de Recurso Voluntário (efl. 41/42) ― autorizado nos termos do art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, interposto com efeito suspensivo e devolutivo ―, protocolado pela recorrente, indicada no preâmbulo, devidamente qualificada nos fólios processuais, relativo ao inconformismo com a decisão de primeira instância (efls. 33/35), proferida em sessão de 21/07/2017, consubstanciada no Acórdão n.º 1156.986, da 4.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife/PE (DRJ/REC), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação (efls. 02/05) mantendo válido os lançamentos efetivados pela fiscalização da administração fazendária decorrente da aplicação de multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) dos meses de Março e Abril do anocalendário 2015 (efl. 24/25), tendo sido assim ementada a decisão vergastada: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2015 ATRASO NA ENTREGA DA DCTF. O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, sujeitarseá a multa especificada na legislação. CERTIFICADO DIGITAL. É obrigação do sujeito passivo a manutenção de certificado digital válido ou procuração eletrônica que possibilite a entrega tempestiva de suas declarações/demonstrativos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido As notificações de lançamento em questão (efls. 24/25) foram lavradas, eletronicamente, em 17/07/2015, na DRF/Cuiabá, homologado por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil indicado nas notificações de lançamento, sumariando o seguinte contexto e enquadramento para aduzida infração à legislação tributária e respectivo demonstrativo do crédito tributário: 2 DADOS DA DECLARAÇÃO Mês: MAR Ano: 2015 Nº de meses em atraso: 03 Prazo Final Entrega: 25/05/2015 Data Entrega: 17/07/2015 Mês: ABR Ano: 2015 Nº de meses em atraso: 02 Prazo Final Entrega: 22/06/2015 Data Entrega: 17/07/2015 3 DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Multa por atraso na entrega da declaração Código 1345 Valor da Multa por atraso na entrega da declaração (= multa mínima): R$ 500,00 Valor da Multa por atraso na entrega da declaração (= multa mínima): R$ 500,00 Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13152.720273/201577 Acórdão n.º 1002000.195 S1C0T2 Fl. 52 3 4 DESCRIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL Descrição dos fatos Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) entregue fora do prazo fixado na legislação enseja a aplicação da multa de 2% (dois por cento) ao mês ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na declaração, ainda que tenham sido integralmente pagos, reduzida em 50% (cinqüenta por cento) em virtude da entrega espontânea da declaração, respeitado o percentual máximo de 20% (vinte por cento) e o valor mínimo de R$ 200,00 (duzentos reais) no caso de inatividade e de R$ 500,00 (quinhentos reais) nos demais casos. Enquadramento legal Art. 7º da Lei nº 10.426, de 24/04/2002, com redação dada pelo art. 19 da Lei nº 11.051, de 29/12/2004. A impugnação (efls. 02/05) instaurou a fase litigiosa do procedimento, tendo alegado, em suma, que, no dia 23/03/2015, realizou alteração da Natureza Jurídica do Fundo Municipal de Previdência Social, via site da Receita Federal do Brasil (RFB), cadastrando DBE (Documento Básico de Entrada). No dia 17/04/2015 protocolou na unidade da RFB o comprovante de transmissão da FCPJ (Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica). Dito isso, argumenta que apenas em 11/05/2015 a documentação foi recebida na RFB (Receita Federal do Brasil). Pondera que, em 18/05/2015, ou seja, 57 (cinquenta e sete) dias depois da solicitação a análise foi efetuada. Resumidamente, a impugnante relatou que, por erro de preenchimento da FCPJ, ocorrido em pelo menos duas oportunidades, só foi possível envio das DCTF de março, abril e maio no dia 17/07/2015. Defende que dito atraso decorreu da mora na análise do pedido de alteração da natureza jurídica do Fundo Municipal pela própria Receita. Ao final da impugnação, pediu o cancelamento do débito fiscal impugnado. Todavia, a tese de defesa não foi acolhida pela DRJ. No recurso voluntário (efls. 41/42), inconformado com a decisão a quo, aduziu no mérito, novamente, que o atraso na entrega das DCTF de março e abril do ano calendário foi consequência da inércia da própria RFB na análise do pedido de alteração da natureza jurídica do Fundo Municipal Previdenciário e reiterou, por isso, a necessidade de cancelamento do débito fiscal discutido. Os autos foram encaminhados para este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), sendo, posteriormente, distribuído para este relator. É o que importa relatar. Passo a devida fundamentação analisando o juízo de admissibilidade e de mérito para, posteriormente, finalizar em dispositivo. Voto Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, Relator O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade e Fl. 53DF CARF MF 4 inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Outrossim, atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal e apresentase tempestivo (efls. 38, 48, 41), tendo respeitado o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Demais disto, observo a plena competência deste Colegiado, na forma do art. 23B do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017. Portanto, dele conheço. Quanto ao mérito, entendo que não assiste razão a recorrente. É que o sujeito passivo confessa na impugnação que efetivamente atrasou a entrega das DCTF Mensais de março e abril do anocalendário 2015, justificando, todavia, o atraso em suposta inércia da unidade da RFB que apreciou o pedido de alteração da natureza jurídica do Fundo Municipal Previdenciário. Ocorre que, como o próprio contribuinte narrou na impugnação – fato também reiterado no recurso –, o pedido em questão foi indeferido em pelo menos duas oportunidades por falha no preenchimento da FCPJ. Tal informação foi detalhada, igualmente, no despacho de encaminhamento da impugnação (efl. 19): DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO Tratase de Impugnação protocolada nesta. Em virtude de possível solicitação de esclarecimento a esta ARF, esclareço que o contribuinte protocolou em 17/04/2015 o DBE MT 70.98.03.5601.875.815.000.187 solicitando alteração dos eventos 225 e 260. O pedido foi indeferido em 18/05/2015, pois estava preenchido com a data errada. Informo que a servidora responsável pelo atendimento estava de ferias e licença medica.Em seguida, foi protocolado o DBE MT 60.82.34.5801.875.815.000187, em 20/05/2015 e atendido em 29/05/2015, sendo indeferido novamente, em virtude do preenchimento incorreto da data do evento.Em 09/06/2015, o contribuinte protocolou o DBE: MT 27.91.83.68 01.875.815.000187, que foi atendido em 22/06/2015, oportunidade em que ocorreu o deferimento do pedido.Saliento, que durante todo esse período o contribuinte teve todos os esclarecimentos necessários. DATA DE EMISSÃO : 06/08/2015 Nesse sentido, não vejo como infirmar as razões de decidir adotadas pelo Juízo a quo, que, na decisão singular (efls. 41/42), destacou: “(...) conforme explica o Despacho de Encaminhamento (...) suas solicitações protocolizadas foram indeferidas por preenchimento incorreto destas solicitações”. E concluiu, “ao contrário do afirmado pela contribuinte, a alteração da natureza jurídica não foi efetivada a tempo de transmitir as DCTF no prazo estabelecido por culpa da própria contribuinte”. Sendo assim, não vejo reparos na decisão recorrida. Sendo assim, não houve culpa do ente fazendário na falta perpetrada pelo sujeito passivo. Demais disto, o art. 7.º da Lei n.º 10.426, de 24 de abril de 2002, com suas alterações posteriores, estabelece a obrigação de entrega da DCTF, sob pena de aplicação de multa, ao enunciar que: Art. 7.º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13152.720273/201577 Acórdão n.º 1002000.195 S1C0T2 Fl. 53 5 Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei n.º 11.051, de 2004) (...) § 1.º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração. (Redação dada pela Lei n.º 11.051, de 2004) Constróise, a partir do texto acima transcrito, a norma jurídica instituidora do dever instrumental de entregar declaração, a instituidora da regramatriz sancionadora da violação deste dever instrumental e a instituidora da regramatriz da lavratura da autuação. Estas, em conjunto, atuando sistemicamente, regulam, de modo objetivo e transpessoal, as condutas intersubjetivas, via modal deôntico Obrigatório, no sentido de que, uma vez descumprida a obrigação de dar/entregar, a qual estava obrigado a contribuinte, impõese a autoridade lançadora o dever de constituir a relação jurídica que impõe a obrigação de pagar a multa. Se havia o dever jurídico de adimplir a obrigação de entregar a DCTF, no prazo estabelecido, descumprido o comando normativo, surge para a administração tributária o direito subjetivo de exigir o adimplemento da multa, sendo, em verdade, o agente competente obrigado a proceder com o lançamento, sob pena de violar a norma enunciada no parágrafo único do art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN). A análise deve seguir o critério objetivo, não sendo necessário perquirir sobre a existência de eventuais prejuízos pela não entrega da declaração. A sanção queda se alheia à vontade do contribuinte ou ao eventual prejuízo derivado da inobservância das regras de cumprimento do dever instrumental. A responsabilidade no campo tributário independe da intenção do agente ou do responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, conforme estabelece expressamente o art. 136 do CTN. Destaco, outrossim, que a própria natureza da obrigação acessória representa um viés autônomo do tributo. Nessa trilha, quando se descumpre a indigitada obrigação, exsurge a possibilidade da constituição de um direito autônomo à cobrança, pois pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal, relativamente à penalidade pecuniária (art. 113, § 3°, do CTN). Isto porque, o art. 113 do CTN ao enunciar que “a obrigação tributária é principal ou acessória” estabeleceu que, para fins de cobrança, o direito de exigir o pagamento de tributo ou o direito de exigir o adimplemento em pecúnia do valor equivalente a multa imposta por descumprimento de dever instrumental devem ser tratados de igual maneira para todos os fins de exigibilidade. A importância do cumprimento do dever instrumental devese a necessidade de transportar para o mundo jurídico, via linguagem competente, elementos Fl. 55DF CARF MF 6 enriquecedores para que seja possível a instauração da pretensão tributária, principalmente facilitando o estabelecimento de “fatos jurídicos”, após o relato dos eventos em linguagem competente. Aliás, este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), analisando caso semelhante, já decidiu no mesmo sentido. Peço vênia para transcrever a ementa, verbo ad verbum: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2001 DCTF. ENTREGA EXTEMPORÂNEA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. MULTA PECUNIÁRIA. O retardamento da entrega de DCTF constitui mera infração formal. Não sendo a entrega serôdia infração de natureza tributária, e sim infração formal por descumprimento de obrigação acessória autônoma, não abarcada pelo instituto da denúncia espontânea, é legal a aplicação da multa pelo atraso de apresentação da DCTF. As denominadas obrigações acessórias autônomas são normas necessárias ao exercício da atividade administrativa fiscalizadora do tributo, sem apresentar qualquer laço com os efeitos do fato gerador do tributo. A multa aplicada decorre do exercício do poder de polícia de que dispõe a Administração Pública, pois o contribuinte desidioso compromete o desempenho do fisco na medida em que cria dificuldades na fase de homologação do tributo. (...) ÔNUS DA PROVA. Para elidir o fato constitutivo do direito do fisco, incumbe ao sujeito passivo o ônus probatório da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo. (CARF, Recurso Voluntário, Acórdão 1802001.539 2ª Turma Especial, Rel. Conselheiro Nelso Kichel, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 06/02/2013) Valhome aqui, de igual modo, dos precedentes desta Colenda 2.ª Turma Extraordinária, desta Primeira Seção de Julgamentos do CARF, que nos Acórdãos ns. 1002000.006, 1002000.009, 1002000.010, 1002000.012, 1002000.016, 1002000.075, 1002000.077, 1002000.078, 1002000.079, 1002000.080, 1002000.081, 1002000.083, 1002000.090, 1002000.091 e 1002000.104, dentre outros, seguiram a tese de que a entrega extemporânea da DCTF enseja a aplicação de multa. Por conseguinte, a recorrente não conseguiu se desincumbir do ônus probatório que lhe competia de demonstrar, na primeira oportunidade que lhe foi deferida, a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da administração tributária de lhe exigir a entrega da declaração, a tempo e modo, sob pena de sanção. Destarte, o controle de legalidade do ato administrativo de lançamento, ora exercido por força da devolutividade recursal, aponta, em nossa análise, a correta aplicação do direito, não havendo reparos a serem efetivados. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13152.720273/201577 Acórdão n.º 1002000.195 S1C0T2 Fl. 54 7 Demais disto, observo que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui precedente acerca da legalidade da exigibilidade da multa por descumprimento do dever instrumental de entregar declaração, vejase: TRIBUTÁRIO. MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUSÊNCIA DE ENTREGA DE DCTF. ARTIGO 11, §§ 1º e 3º, DO DECRETOLEI 1.968/82 (REDAÇÃO DADA PELO DECRETOLEI 2.065/83). 1. A multa pelo descumprimento do dever instrumental de entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF regese pelo disposto no § 3º, do artigo 11, do DecretoLei 1.968/82 (redação dada pelo DecretoLei 2.065/83), verbis: "Art. 11. A pessoa física ou jurídica é obrigada a informar à Secretaria da Receita Federal os rendimentos que, por si ou como representante de terceiros, pagar ou creditar no ano anterior, bem como o Imposto de Renda que tenha retido. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 1º A informação deve ser prestada nos prazos fixados e em formulário padronizado aprovado pela Secretaria da Receita Federal. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 2º Será aplicada multa de valor equivalente ao de uma OTRN para cada grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas, apuradas nos formulários entregues em cada período determinado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 3º Se o formulário padronizado (§ 1º) for apresentado após o período determinado, será aplicada multa de 10 ORTN, ao mêscalendário ou fração, independentemente da sanção prevista no parágrafo anterior. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983). § 4º Apresentado o formulário, ou a informação, fora de prazo, mas antes de qualquer procedimento ex officio, ou se, após a intimação, houver a apresentação dentro do prazo nesta fixado, as multas cabíveis serão reduzidas à metade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.065, de 1983)." 2. Deveras, o artigo 11, do DecretoLei 1.968/82, instituiu o dever instrumental do contribuinte (pessoa física ou jurídica) da entrega de informações, à Secretaria da Receita Federal, sobre os rendimentos pagos ou creditados no ano anterior e o imposto de renda porventura retido (caput). 3. As aludidas informações são prestadas por meio de formulário padronizado, sendo certo que a Instrução Normativa SRF nº 126/1998 instituiu a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF a ser apresentada pelas pessoas jurídicas. 4. O inadimplemento da obrigação de entrega da DCTF, no prazo estipulado, importa na aplicação de multa de 10 ORTN's (§ 3º, do artigo 11, do DL 1.968/82), independentemente da sanção prevista no § 2º (multa de 1 ORTN para cada grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas, apuradas em cada DCTF). Fl. 57DF CARF MF 8 5. Conseqüentemente, revelase escorreita a penalidade aplicada para cada declaração apresentada extemporaneamente. 6. Recurso especial desprovido. (REsp 1081395/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/06/2009, DJe 06/08/2009) Pela oportunidade, destaco que a Doutrina se posiciona no seguinte sentido acerca das infrações às normas instrumentais enunciadas na legislação, chegando a apontar a sua importância para a sistemática da administração tributária: Professor Paulo de Barros Carvalho1: O antecedente da regra sancionatória descreve fato ilícito qualificado pelo descumprimento de um dever estipulado no consequente da regramatriz de incidência. É a não prestação do objeto da relação jurídica. Essa conduta é tida como antijurídica, por transgredir o mandamento prescrito, e recebe um nome de ilícito ou infração tributária. Atrelada ao antecedente ou suposto da norma sancionadora está a relação deôntica, vinculando, abstratamente, o autor da conduta ilícita ao titular do direito violado. No caso das penalidades pecuniárias ou multas fiscais, o liame também é de natureza obrigacional, uma vez que tem substrato econômico, denominase relação jurídica sancionatória e o pagamento da quantia estabelecida é promovida a título de sanção. Professor Sacha Calmon Navarro2: Podemos, então, sem medo de errar, afirmar que a infração fiscal configurase pelo simples descumprimento dos deveres tributários de dar, fazer e não fazer, previstos na legislação. Esta a sua característica básica. (...) É preciso ver que a sanção, em Direito Tributário, cumpre relevante papel educativo. Noutras palavras, provoca na comunidade dos obrigados a necessidade de inteirarse dos deveres e direitos defluentes da lei fiscal, certo que o erro ou a ignorância possuem total desvalia como excludente de responsabilidade, ... Por fim, entendo que o dever instrumental é necessário ao controle das atividades da Administração Tributária Federal, sendo o direito aplicado de igual modo para todos. A multa nasce a partir de uma conduta contrária à legislação, conduta esta que pode ser evitada com uma boa governança, logo é possível ficar livre da sanção, caso siga o caminho regulamentar, dirigindo sua atuação conforme a disciplina normativa correta e atuando com o dever de ofício que lhe impõe a lei. Vale dizer, só eventualmente se é onerado pela multa e isto se deve as próprias escolhas, considerando que não há punição sem culpa, decorrente de um agir ou de uma omissão quando estava obrigado ao exercício de uma conduta e não a executou. Por isso, no caso em apreço, considerando os elementos dos autos, o controle de legalidade exercido não aponta quaisquer incorreções. Logo, os fundamentos levantados pelo recorrente não são capazes de infirmar as razões de decidir da DRJ, pelo que não merece reparos a decisão vergastada. 1 CARVALHO, Paulo de Barros Curso de Direito Tributário, São Paulo: Saraiva, 1999, p. 465 e 466. 2 COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias. 2ª ed. Rio de Janeiro, Forense. 2001, p.29. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13152.720273/201577 Acórdão n.º 1002000.195 S1C0T2 Fl. 55 9 Considerando o até aqui esposado e enfrentadas todas as questões necessárias para a decisão, entendo pela manutenção do julgamento da DRJ. Ante o exposto, de livre convicção, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, voto em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, em lhe negar provimento, mantendo íntegra a decisão recorrida. É como Voto. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator Fl. 59DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10240.721586/2015-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2010
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO. RESP 973.733/SC.
O prazo decadencial para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário sujeito à sistemática de homologação extingue-se a partir da contagem de 5 anos em relação aos fatos geradores das contribuições, em caso de recolhimento parcial do tributo.
VÍCIO DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. NÃO CONHECIMENTO. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC.
Constatado vício na representação processual, há que se provocar o saneamento do mesmo por parte do interessado. Não sendo saneado, o recurso não deve ser conhecido, nos termos do art. 76, §2º do Código de Processo Civil.
Numero da decisão: 3402-005.279
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso de Ofício para negar provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso de Ofício para negar provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo.
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E FAZENDA NACIONAL Recorrida COIMBRA IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. E FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2010 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO. RESP 973.733/SC. O prazo decadencial para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário sujeito à sistemática de homologação extinguese a partir da contagem de 5 anos em relação aos fatos geradores das contribuições, em caso de recolhimento parcial do tributo. VÍCIO DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. NÃO CONHECIMENTO. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC. Constatado vício na representação processual, há que se provocar o saneamento do mesmo por parte do interessado. Não sendo saneado, o recurso não deve ser conhecido, nos termos do art. 76, §2º do Código de Processo Civil. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso de Ofício para negar provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 0. 72 15 86 /2 01 5- 65 Fl. 4176DF CARF MF 2 Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo. Relatório Tratamse de Autos de Infração para a cobrança de PIS e Cofins, acompanhado de multa e juros, em razão de recolhimento insuficiente dos referidos tributos. Com base nas solicitações de esclarecimentos e de documentos comprobatórios foi elaborado o Relatório Fiscal das fls. 3.708/3.726. No levantamento das infrações cometidas a fiscalização levou em consideração a legislação do PIS e da Cofins não cumulativa, assim como as normas que tratam dos benefícios fiscais usufruídos por empresas que adquirem mercadorias para revenda por meio das Áreas de Livre Comércio, em especial a ALC de GuajaráMirim/RO. No Relatório Fiscal, aduziu a Fiscalização que a pessoa jurídica pode descontar das contribuições os créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda desde que os referidos bens tenham sido tributados na origem, citando o inciso II, § 2º, do art. 3º, das Leis nº 10.833/03 e 10.637/02. Dessa forma, as empresas que adquirem bens para revenda e as internam nas Áreas de Livre Comércio se beneficiam da alíquota zero para fins de PIS e de Cofins, de acordo com a Lei nº 10.996/04 (alteração dada pela Lei nº 11.945/09), onde se inclui GuajáraMirim/RO. Diante disto, constatou a fiscalização que ocorreu utilização indevida de créditos pela COIMBRA, visto que ela apurou entre esses créditos as operações alcançadas pela alíquota zero. A apuração das contribuições foi feita através dos valores informados pelo contribuinte, glosandose os créditos considerados indevidos para identificação dos novos valores devidos, e deduzindo os valores declarados em DCTF. Da mesma forma, sobre os créditos decorrentes de depreciação relativos a aquisições de imobilizados destinados a produção, valeuse também do inciso II, § 2º, art. 3º, das já referidas leis, visto decorrer de operações onde não ocorreu o recolhimento de PIS e de Cofins. Sobre as compras de caminhões para a filial de GuajaráMirim foram confrontadas as quantidades desses com o número de motoristas registrados, constatandose que tais caminhões estariam com o uso ocorrendo em locais diferentes da Área de Livre Comércio, o que infringiria a regra disposta no art. 22 da Lei nº 11.945/09. Cientificado, o Contribuinte apresentou tempestiva Impugnação, aduzindo o que se segue: I) decadência do período lançado entre janeiro e outubro de 2010, de acordo com o art. 150, §4º do CTN; II) afirma serem válidos os créditos decorrentes das aquisições com alíquota zero que equivaleria a isenção e fala das hipóteses em que não há direito de crédito, para em seguida afirmar que se a causa do não pagamento das contribuições de mercadorias Fl. 4177DF CARF MF Processo nº 10240.721586/201565 Acórdão n.º 3402005.279 S3C4T2 Fl. 3 3 adquiridas for a isenção e essas mesmas mercadorias tiverem revenda tributada, haverá daí direito a crédito; III) afirma que alguns créditos glosados devem ser restabelecidos, pois alguns desses desconsiderados pela fiscalização na rubrica “bens para revenda” seriam de aquisições feitas por estabelecimentos fora da Área de Livre Comércio, ou seja, não ocorreu a isenção do PIS e da Cofins. Junta em anexo a sua defesa as referidas notas fiscais de compras; IV) alega que se estaria cobrando os tributos em duplicidade, pois estaria se apurando o PIS e a Cofins sobre todo o faturamento sem qualquer dedução de créditos, e mais o PIS e a Cofins incidente sobre as aquisições. Cita, como exemplo, o PIS do mês de janeiro de 2010; V) afirma que parte dos bens adquiridos seriam sujeitos a alíquota zero em razão do regime monofásico, então não haveria que se cobrar as contribuições sobre as vendas desses produtos; VI) que foram desconsiderados créditos da nãocumulatividade de forma indevida relativamente à depreciação, energia elétrica, aluguéis, fretes de mercadorias vendidas, além de insumos. VII) Sobre a aquisição de caminhões pela filial de GuajaráMirim, aduz que não houve qualquer benefício fiscal nessa aquisição, sendo os veículos sujeitos à tributação norma de PIS/Cofins. A DRJ/POA entendeu por bem converter o julgamento em diligência para o esclarecimento de três pontos suscitados na Impugnação: a) Alguns dos créditos glosados da rubrica “bens para revenda” deveriam ser restabelecidos, pois seriam aquisições feitas de estabelecimentos fora da Área de Livre Comércio, ou seja, teria ocorrido a tributação do PIS e da Cofins em tais aquisições. Esses créditos alegados se referem às notas fiscais de compras juntados às fls. 3.822 a 3.890. b) Nas vendas que compõem a base de cálculo para apuração do PIS e da Cofins (planilhas das fls. 641 a 3.603) constariam vendas de produtos de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal (classificados nas posições 33.03 a 33.07 e nos códigos 3401.11.90, 3401.20.10 e 9603.21.00, da TIPI), os quais não poderiam integrar essa base de cálculo, pois se encontram sujeitos a alíquota zero. c) Sobre a aquisição de vários veículos através da filial de GuajaráMirim e a glosa devido ao uso em local diferente do que a Área de Livre Comércio, infringindo o art. 22 da Lei nº 11.945/09, alega o impugnante que em parte dessas aquisições não teria ocorrido qualquer benefício fiscal, ou seja, tendo ocorrido a tributação normal do PIS e da Cofins, anexando como justificativa de seu argumento as notas fiscais das fls. 3.943 a 4.501. A diligência foi realizada e suas conclusões foram versadas no TVF de fls. 4067/4073, apresentando as seguintes respostas: I) em relação ao primeiro item, a fiscalização demonstrou que foram segregadas as vendas apenas para a filial de GuajaráMirim, não havendo que se falar em eventuais créditos; II) em relação ao segundo item, constatouse que havia itens que não poderiam integrar a base de cálculo das contribuições, por estarem sujeitos a alíquota zero, razão pela qual apresentouse uma tabela retificando os valores (fl. 4070). Fl. 4178DF CARF MF 4 III) em relação ao terceiro item, a fiscalização entendeu que o fato de fornecedores contrariarem a legislação, tributando indevidamente produtos que deveriam ser remetidos sob alíquota zero, pode eventualmente em repetição de indébito favorável a tais fornecedores, mas não para utilização, dos caminhões, na distribuição de seus produtos em local diferente da Área de Livre Comércio, infringindo a regra do art. 22 da Lei 11.945/2009. Intimado, o Contribuinte apresentou sua manifestação sobre os itens da diligência: I) Quanto ao item “a” da diligência entende que são válidos os créditos decorrentes de aquisições com alíquota zero, novamente defendendo que os casos de alíquota zero se equivalem às isenções. II) Quanto ao item “b” da diligência defende que apesar de ter sido corrigida a retirada da base de cálculo de bens que possuem alíquota zero, teria continuado a ocorrer tributação em duplicidade ao se onerar as contribuições sobre todo o faturamento e também sobre as aquisições. III) Quanto ao item “c” da diligência argumenta que o ônus da prova caberia ao agente fiscal nos casos das aquisições de veículos. A DRJ/POA julgou a Impugnação parcialmente procedente, para reconhecer a decadência do período entre Janeiro e Outubro de 2010. Para os períodos de Novembro e Dezembro de 2010, adotou a base de cálculo ajustada na tabela decorrente da análise do item "b" da diligência fiscal (fl. 4070). Irresignado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário repisando as razões de sua Impugnação, ao passo que o processo também foi enviado ao CARF em razão de Recurso de Ofício sobre a parcela exonerada. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões apontando vício de representação processual no Recurso Voluntário e, no mérito repisa as razões da fiscalização em seu Recurso Voluntário, carreando precedentes do CARF sobre a matéria. O Contribuinte foi intimado para sanear o vício de representação através da Intimação SRF/PVO/SACAT nº 149/2017, entregue por via eletrônica no dia 25/04/2017 (Termo de registro de fl. 4153), e com ciência por decurso do prazo cientificada em 10/05/2017, sem que o contribuinte apresentasse qualquer manifestação. É o relatório. Voto Fl. 4179DF CARF MF Processo nº 10240.721586/201565 Acórdão n.º 3402005.279 S3C4T2 Fl. 4 5 Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Relator Primeiramente, há que se enfrentar a admissibilidade do Recurso Voluntário, especialmente em razão do vício de representação processual. Como aduzido pela Procuradoria, a DRF verificou que o Recurso Voluntário interposto não possui documento que estabelecesse o mandato do advogado subscritor da peça, razão pela qual a empresa foi intimada, através da Intimação SRF/PVO/SACAT nº 149/2017, que permaneceu na caixa eletrônica do Contribuinte até o transcurso do prazo de ciência ficta, ao final do qual não houve o saneamento solicitado. Em razão da lacuna existente no Decreto 70.235/72, há que se aplicar o Código de Processo Civil, por força do art. 15 dessa lei, que determina, em seu art. 76, que as irregularidades da representação da parte sejam sanadas de ofício, designandose prazo razoável para tanto: Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. No caso concreto, a RFB corretamente intimou o contribuinte para sanar o vício, dandolhe prazo razoável, e tendo transcorrido daí mais de dez meses, sem que se tenha juntado a procuração aos autos. Nesse caso, portanto, há que se observar o art. 76, §2º do CPC: art. 76 (...) § 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator: I não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; II determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido. Desse modo, há que se negar conhecimento ao Recurso Voluntário, em razão de vício não sanado de representação processual. Quanto ao Recurso de Ofício, o mesmo ultrapassa o valor de alçada, devendo ser conhecido pelo Colegiado. O mérito do Recurso de Ofício abrange: I) A decadência do direito de lançar para os meses de janeiro a outubro de 2010; e II) a base de cálculo ajustada com a exclusão de produtos sujeitos a alíquota zero. Quanto à decadência, a Impugnante aduziu que teria decaído o direito de lançar para os meses de janeiro a outubro de 2010, tendo em vista que a ciência dos Autos de Infração ocorreu em 03/11/2015 e de acordo com o disposto no § 4º, do art. 150, do CTN, e de jurisprudência do STJ. Afirma ter declarado e pago contribuições que entendia devidas de PIS e de Cofins nos períodos em questão. Fl. 4180DF CARF MF 6 A questão, basicamente, é verificar se houve recolhimento ao menos parcial das contribuições, o que atrairia a aplicação do art. 150, §4º do CTN, ou se não houve qualquer recolhimento, o que implicaria na aplicação do art. 173 do CTN, na esteira firmada pelo REsp 973.733/SC, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos. Nesse sentido, aderimos integralmente ao acórdão a quo, reproduzindo as suas razões, que tomamos como fundamento do nosso voto: Juntamos aos autos extratos das DCTFs em que o contribuinte declara ter realizado pagamentos de PIS e de Cofins para os períodos de apuração de 2010. Na sequência, em pesquisa no Sistema DARF, também telas de pesquisa foram juntadas aos autos, onde encontramos pagamentos feitos pelo contribuinte para todos os meses de apuração com plena identidade com as DCTFs entregues. Sendo assim tudo aponta para que o contribuinte se sujeitasse as regras do art. 150, do CTN, a qual assim dispõe: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Um fato, porém, poderia mudar essa situação, conforme esse mesmo artigo dispõe, ou seja, quando da ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No entanto, isso não ocorreu nesse processo, conforme se depura da própria formalização dos Autos de Infração pela fiscalização, pois, inclusive, a multa de ofício aplicada é de 75 %, não tendo ocorrido sua qualificação. Esclarecido esse ponto, observase que a ciência dos Autos de Infração ocorreram em 03/11/2015, sendo que os fatos objetos de análise do procedimento fiscalizatório incluem as competências de janeiro a dezembro de 2010. Dessa forma, entendese que o instituto da decadência ocorreu para os meses de janeiro a outubro de 2010. Porém, mantémse, nesse tópico, os lançamentos das competências de novembro e dezembro de 2010, não alcançadas pela decadência. Considerase nesse tópico procedente em parte a alegação do contribuinte, ou seja, decaídos os períodos de apuração de janeiro a outubro de 2010. Fl. 4181DF CARF MF Processo nº 10240.721586/201565 Acórdão n.º 3402005.279 S3C4T2 Fl. 5 7 É dizer, a própria fiscalização reconhece que houve pagamento parcial em todos os meses, razão pela qual deve ser aplicada a regra do art .150, §4º, com reconhecimento da decadência apontada. Quanto ao segundo item, relativamente à base de cálculo ajustada pela diligência, a fiscalização reconheceu que incluiu na base de cálculo produtos de perfumaria, toucador ou de higiene pessoal, classificados nas posições 33.03 a 33.07 da TIPI e, portanto, sujeitos a alíquota zero. Esse conclusão restou ratificada na planilha abaixo: Aderimos, pois, às conclusões da fiscalização nesse ponto, mantendo o ajuste na base de cálculo. Desse modo, negase provimento ao Recurso de Ofício. Conclusão Ante o exposto, voto pelo não conhecimento do Recurso Voluntário, por vício de representação, e conheço o Recurso de Ofício para lhe negar provimento. Fl. 4182DF CARF MF 8 É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 4183DF CARF MF
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Numero do processo: 13603.722749/2011-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Mar 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
Depósito Após o Início da Ação Fiscal. Suspensão de Exigibilidade. Multa de Ofício. Cabimento.
Cabe multa de ofício, mesmo no caso de depósito suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, se este ocorrer após a regular intimação do início do procedimento fiscal.
Crédito Tributário. Depósito do Montante Integral. Juros de Mora.
O depósito do montante integral do crédito tributário afasta a incidência de juros de mora.
Lançamento de Ofício. Imposto de Renda Retido na Fonte. Dedução.
Deve ser computado no lançamento, deduzindo o valor do crédito tributário, o imposto retido na fonte no período respectivo.
Base de Cálculo. Receitas. Duplicidade. Exclusão.
Deve ser excluída da base de cálculo do lançamento a receita, quando esta for computada em duplicidade.
Regime de Caixa. Requisitos Formais. Descumprimento. Desconsideração.
Deve ser desconsiderada a opção do contribuinte pelo regime de caixa, quando não forem cumpridos os requisitos formais necessários ao controle das receitas recebidas no período, passíveis de tributação.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
CSLL e IRPJ. Identidade de Matéria Fática. Mesma Decisão.
Quando o lançamento de IRPJ e o de CSLL recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
Numero da decisão: 1301-002.818
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (i) afastar, em relação aos débitos de IRPJ e de CSLL do período março de 2008, a parcela de juros de mora posterior a novembro de 2010; e (ii) excluir da base de cálculo do lançamento: (a) de IRPJ, os valores correspondente a 8% dos juros, e 8% de juros de mora sobre recebimento de duplicata; (b) de CSLL, os valores correspondente a 12% dos juros, e 12% de juros de mora sobre recebimento de duplicata, nos termos de tabela contida no voto do relator.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 Depósito Após o Início da Ação Fiscal. Suspensão de Exigibilidade. Multa de Ofício. Cabimento. Cabe multa de ofício, mesmo no caso de depósito suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, se este ocorrer após a regular intimação do início do procedimento fiscal. Crédito Tributário. Depósito do Montante Integral. Juros de Mora. O depósito do montante integral do crédito tributário afasta a incidência de juros de mora. Lançamento de Ofício. Imposto de Renda Retido na Fonte. Dedução. Deve ser computado no lançamento, deduzindo o valor do crédito tributário, o imposto retido na fonte no período respectivo. Base de Cálculo. Receitas. Duplicidade. Exclusão. Deve ser excluída da base de cálculo do lançamento a receita, quando esta for computada em duplicidade. Regime de Caixa. Requisitos Formais. Descumprimento. Desconsideração. Deve ser desconsiderada a opção do contribuinte pelo regime de caixa, quando não forem cumpridos os requisitos formais necessários ao controle das receitas recebidas no período, passíveis de tributação. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 CSLL e IRPJ. Identidade de Matéria Fática. Mesma Decisão. Quando o lançamento de IRPJ e o de CSLL recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
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SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Cabe multa de ofício, mesmo no caso de depósito suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, se este ocorrer após a regular intimação do início do procedimento fiscal. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. JUROS DE MORA. O depósito do montante integral do crédito tributário afasta a incidência de juros de mora. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. DEDUÇÃO. Deve ser computado no lançamento, deduzindo o valor do crédito tributário, o imposto retido na fonte no período respectivo. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS. DUPLICIDADE. EXCLUSÃO. Deve ser excluída da base de cálculo do lançamento a receita, quando esta for computada em duplicidade. REGIME DE CAIXA. REQUISITOS FORMAIS. DESCUMPRIMENTO. DESCONSIDERAÇÃO. Deve ser desconsiderada a opção do contribuinte pelo regime de caixa, quando não forem cumpridos os requisitos formais necessários ao controle das receitas recebidas no período, passíveis de tributação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2006, 2007, 2008 CSLL E IRPJ. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 27 49 /2 01 1- 25 Fl. 711DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 712 2 Quando o lançamento de IRPJ e o de CSLL recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (i) afastar, em relação aos débitos de IRPJ e de CSLL do período março de 2008, a parcela de juros de mora posterior a novembro de 2010; e (ii) excluir da base de cálculo do lançamento: (a) de IRPJ, os valores correspondente a 8% dos juros, e 8% de juros de mora sobre recebimento de duplicata; (b) de CSLL, os valores correspondente a 12% dos juros, e 12% de juros de mora sobre recebimento de duplicata, nos termos de tabela contida no voto do relator. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 712DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 713 3 Relatório Tratase de recurso interposto por QUALITEC ENGENHARIA DE QUALIDADE LIMITADA, pessoa jurídica já qualificada nos autos, contra o Acórdão nº 02 45.947 da 2ª Turma da DRJ Belo Horizonte, que deu provimento apenas parcial à impugnação apresentada, mantendo a maior parte do crédito tributário. A controvérsia foi descrita na Resolução nº 1103000.168 (fls. 619 a 627), da extinta 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, nos seguintes termos: Tratase de Recurso Voluntário de fls. 580/615 contra decisão da 2ª Turma da DRJ/Belo Horizonte (fls. 558/573), que apresentou a seguinte ementa: AÇÃO JUDICIAL. A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. No caso de ação judicial, somente não é cabível a multa de oficio quando o sujeito passivo tenha obtido medida liminar ou tutela antecipada, antes de iniciado qualquer procedimento fiscal. Mediante ordem da autoridade judicial, o valor do depósito, após o encerramento da lide ou do processo litigioso, será transformado em pagamento definitivo, proporcionalmente à exigência do correspondente tributo ou contribuição, inclusive seus acessórios, quando se tratar de sentença ou decisão favorável à Fazenda Nacional. DIVIDENDOS. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL. O mesmo procedimento adotado no lançamento principal estendese à CSLL. I. Dos fatos da Autuação Fiscal. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 337/350, como resultado da ação fiscal empreendida na contribuinte, optante pelo lucro presumido, foram tipificadas as seguintes infrações tributárias, referentes aos anoscalendário de 2006 (3o e 4o Trimestres), 2007 e 2008: 1) Identificação incorreta do coeficiente aplicado sobre a receita bruta para apuração da base de cálculo do lucro presumido. A contribuinte, por Fl. 713DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 714 4 entender que os serviços de construção civil, na modalidade de construção por empreitada, envolveram emprego de materiais, adotou o coeficiente de 8% para o IRPJ e 12% para a CSLL. conforme Ato Declaratório Normativo COSIT n° 06. de 1997 e arts. 88 e 89 da IN SRF n° 390, de 30 01/2004. Por sua vez, a autoridade autuante, ao analisar os documentos apresentados pela fiscalizada, entendeu que a contribuinte não comprovou a utilização de materiais incorporados às obras e serviços prestados, razão pela qual alterou o coeficiente aplicado sobre a receita bruta, tanto para o IRPJ quanto para a CSLL, para o percentual de 32%. 2) Receitas não Declaradas. Constatou a autoridade fiscal que os valores das contas contábeis "Receita de Aplicações Financeiras"', "Juros de Mora"'. "Dividendos" e "Juros" não foram informadas nas DIPJ relativas ao período analisado. Assim, nos termos do art. 512, caput e inciso II, do RIR 99, e do art. 29 da Lei n° 9.430, de 1996, as receitas foram adicionadas à base de cálculo do lucro presumido. Ainda, relata a autoridade autuante que, para os anoscalendário de 2006 e 2007, o regime utilizado pela contribuinte na apuração do lucro presumido foi o de competência, e para o anocalendário de 2008 foi o de caixa. Contudo, ao analisar os livros contábeis, constatou a Fiscalização que não foram seguidas as orientações da IN SRF n° 247, de 2002, que no art. 85, § 1o, dispõe que a empresa que adotar o regime de caixa deverá controlar os recebimentos de suas receitas em conta específica, na qual, para cada lançamento, deverá ser indicada a correspondente nota fiscal. Por isso, a autoridade autuante tomou, como referência, os lançamentos do livro Razão, e adotou como critério o regime de competência. Na apuração do IRPJ e CSLL devidos, apurados nos lançamentos de ofício, foram deduzidos os valores confessados em DCTF e retidos na fonte. Foram lavrados os Autos de Infração de IRPJ e CSLL de fls. 304/336, cuja ciência à contribuinte deuse em 01/08/2011. II. Da Fase Contenciosa. Em 31/08/2011, foram apresentadas as impugnações de fls. 353/389 (IRPJ) e 391/423 (CSLL), que foram apreciadas pela 2a Turma da DRJ/Belo Horizonte, em sessão realizada no dia 09/07/2013, que julgou a impugnação procedente em parte, no Acórdão n° 0245.947, de fls. 558/573, no sentido de: 1) tornar definitiva na esfera administrativa a matéria referente ao coeficiente de determinação da base de cálculo do lucro presumido, vez que foi objeto de ação judicial pela contribuinte; 2) excluir da base de cálculo a receita de dividendos; 3) manter as demais exigências. Dada ciência em 08/08/2013 ("AR" de fl. 579), foi interposto o recurso voluntário de fls. 580/615, em 05/09/2013, no qual a recorrente discorre sobre os seguintes pontos: em 21/10/2010, ajuizou Ação Declaratória em face à União Federal, nos autos do processo n° 7653854.2010.4.01.3800, e formalizou, precedentemente à lavratura do auto de infração, o depósito judicial do montante dos valores em litígio, nos termos do inciso II, art. 151 do CTN, consumandose a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários em discussão; Fl. 714DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 715 5 foram acrescidos os depósitos da multa de mora e dos juros de mora, conforme art. 61, §§ 1o, 2o e 3o da Lei n° 9.430, de 1996; apesar das providências da recorrente, a autoridade fiscal efetuou lançamento de ofício, imputando a multa de 75% e os juros de mora; a imputação de multa moratóriapunitiva justificase apenas na ocorrência de ilícito tributário, ou seja, de infração à disposição ou normatização tributária; o procedimento da Fiscalização também afronta o art. 63, da Lei n° 9.430, de 1996; assim resta caracterizada a inexigibilidade da multa de ofício imposta face à Recorrente, seja (a) pelo fato de que ausente na espécie o pressuposto basilar a autorizar referida pretensão, qual seja, o que se define como sendo mora ou ilícito tributário administrativo, consoante definição estabelecida no art. 134 e seguintes do CTN; e (b) por ser contrária ao entendimento dos tribunais pátrios, inclusive desse E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais no sentido de que "se os depósitos precedem ao auto de infração, a suspensão da exigibilidade deve ser considerada em relação a cada fato gerador em que o crédito tributário foi depositado integralmente. Conseqüentemente, sobre esta parte excluise a multa de oficio" (processo n° 16327.001865/200644); no que concerne aos juros de mora, há entendimento pacífico no CARF, no sentido da não incidência sobre os valores objeto de lançamento de oficio, caso os referidos valores tenham sido integralmente depositados pelo sujeito passivo, inclusive matéria sumulada no Tribunal; portanto, cabem ser afastados a multa de oficio de 75% e os juros de mora exigidos no lançamento fiscal; no que concerne às receitas de aplicações financeiras, não levou em consideração a autoridade autuante as retenções já realizadas pelas fontes pagadoras, como, por exemplo, no relatório "Sistema DIRF Fontes Pagadoras Informações apresentadas em DIRF do anocalendário", informação constante da página 9, afeita à retenção realizada pelo Banespa S.A., referente ao período de 13/02/2007 (código 6800); quanto aos "juros de mora duplicatas" e "juros", ocorreu erro da recorrente no preenchimento das DIPJ, ao incluir tais receitas no cômputo da receita bruta e submetêlas ao coeficiente de 8% para o IRPJ e 12% para a CSLL, sendo necessário, portanto, fazer nova apuração, no sentido de considerar as receitas no seu montante integral, e efetuar a dedução do montante já oferecido à tributação apurada aplicandose o coeficiente de determinação do lucro presumido; restou caracterizada a ilegalidade e a inadequação da conduta adotada pela autoridade tributária, ao resolver afastar, para o anocalendário de 2008, o regime de caixa adotado pela recorrente, com base em entendimento presuntivo, e adotar o regime de competência: necessidade de diligência, deferindose a produção de prova pericial contábil, para nova apuração dos valores relativos ao anocalendário de 2008. em razão da mudança do regime de caixa para o de competência, sob pena de incorrer em duplicidade de recolhimentos, isso porque os impostos referentes às receitas auferidas no anocalendário de 2008 já foram objetos de recolhimento nos anos Fl. 715DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 716 6 calendário subseqüentes, quando do seu efetivo recebimento, em razão da adoção do regime de caixa. (fls. 619 a 622) Pela referida Resolução nº 1103000.168, o julgamento foi convertido em diligência, a fim de que fossem adotadas as seguintes providências: 1º) averiguar a autenticidade dos depósitos judiciais de fls. 138/163 (numeração digital); 2º) efetuar a atualização do valor lançado de ofício para o F.G. 31/03/2008 do IRPJ e da CSLL, aplicandose os juros de mora até a data 30/11/2010; 3º) confirmar a retenção de imposto de renda na fonte, Código de Receita 6800, P.A. 13/02/2007, Fonte Pagadora Banespa (CNPJ 61.192.373/000104), conforme fl. 447 (numeração digital). (fl. 627) Em resposta à diligência, a Fiscalização produziu o relatório de fls. 633 a 650, no qual, em síntese, foram exaradas as seguintes conclusões: a) confirmaramse os depósitos judiciais de fls. 138 a 163; b) foram recalculados os juros de mora, considerando a data de 30/11/2010, para IRPJ e CSLL do período março de 2008, conforme demonstrado abaixo: TRIBUTO PRINCIPAL MULTA JUROS TOTAL IRPJ (2917) 199.586,59 74.844,97 52.850,52 327.282,08 CSLL(2973) 55.008,73 20.628,27 14.566,31 90.203,31 c) foi confirmada a referida retenção na fonte no mês de março de 2006, conforme extrato da Declaração de Imposto de Renda de Fonte (Dirf), portanto fora do período abrangido pelo lançamento. A recorrente, ante as conclusões da diligência, voltou a se manifestar. Reiterou o argumento de que, no caso concreto, não cabe a aplicação da multa de 75%. Disse, ademais, que os depósitos afastam a incidência de juros de mora, conforme assentado na Súmula CARF nº 5. Portanto, tais valores devem ser afastados. Porém, se o Colegiado entender que o depósito não corresponde à integralidade do crédito tributário, pede que sejam aplicados juros e multa apenas sobre as diferenças, ou seja, sobre a parte não coberta pelo depósito. Por fim, requereu que fosse recalculado o crédito tributário, depois de deduzidos os diversos valores retidos na fonte. Com a manifestação da recorrente, retornaram os autos ao CARF para prosseguir o julgamento. É o relatório. Fl. 716DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 717 7 Voto Conselheiro Roberto Silva Junior Relator Admissibilidade Quando da Resolução nº 1103000.168, procedeuse ao exame de admissibilidade, ocasião em que se entendeu estarem presentes os requisitos que autorizam o conhecimento do recurso. Lançamento O lançamento colheu duas infrações: erro na aplicação do coeficiente de cálculo do lucro presumido e omissão de receitas. A definição do coeficiente a ser adotado para apurar o lucro presumido depende de decisão da Justiça Federal, já que a recorrente ajuizou ação para discutir a matéria. Não obstante, foram suscitadas duas questões periféricas que afetam o lançamento: uma relacionada à multa; a outra, aos juros. No que concerne à omissão de receitas, foram alegadas as seguintes questões: a) falta de dedução do Imposto de Renda retido na fonte ocorrido no período; b) erro cometido pela recorrente ao incluir na receita bruta o montante dos juros no recebimento de duplicatas; e c) mudança feita pela Fiscalização no regime de reconhecimento de receitas, no ano base 2008, passando do regime de caixa para o de competência. Multa A recorrente, firmada no fato de ter feito o depósito judicial do crédito tributário antes do lançamento, insurgiuse contra a multa de 75%, afirmando que o correto seria acrescer ao valor do tributo apenas a multa de mora. Na Resolução nº 1103000.168, o então Relator manifestouse com propriedade sobre esse ponto. Assim o problema foi tratado: Sobre a multa proporcional de 75%, cabe observar o que predica o art. 63, da Lei n° 9.430, de 1996: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de oficio. (Redação dada pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001) § 1o O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de oficio a ele relativo. § 2o A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, Fl. 717DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 718 8 até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Como se pode observar, são duas as condições a serem atendidas para que o lançamento de ofício seja efetuado sem a multa proporcional de 75%: (1) a (suspensão da) exigibilidade do crédito ocorrer na forma dos incisos IV e V do art. 151 do CTN, e (2) a suspensão da exigibilidade ocorrer antes do início de qualquer procedimento de ofício. Portanto, verificase que o depósito do montante integral, previsto no inciso II do art. 151 do CTN, não autoriza, nos termos do art. 63 da Lei n° 9.430, de 1996, a constituição do crédito tributário sem a multa de ofício. (grifos do original) E, no caso em análise, constatase que nenhuma das hipóteses previstas nos incisos IV e V do art. 151 do CTN se concretizou (concessão de medida liminar em mandado de segurança ou concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial). Pelo contrário, consta às fls. 164/168 decisão da Justiça Federal no sentido de indeferir o pedido de tutela antecipada. E, ainda que restasse superada a primeira condição (o que não ocorreu no presente caso), vale observar que a interposição da ação judicial deuse em 21/10/2010, data posterior ao início de ação fiscal, que ocorreu em 27/07/2010 (data da ciência do Termo de Intimação Fiscal n° 01). Dessa maneira, cabe ser mantida a multa proporcional de 75% imputada pela Fiscalização. (fls. 623 e 624) O dispositivo legal invocado na Resolução é claro ao dizer que o não cabimento da multa de ofício cingese exclusivamente aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. No caso em exame, o depósito é anterior ao lançamento, mas posterior ao início do procedimento fiscal. Portanto, deve ser mantida a multa no percentual de 75%. Juros Na Resolução 1103000.168, o Colegiado se posicionou sobre a incidência de juros de mora da seguinte forma: No que concerne aos juros moratórios, vale observar a Súmula CARF n° 05: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Há que se observar, portanto, no caso concreto, se ocorreu o depósito do montante integral, resultado do somatório do principal, multa proporcional e juros de mora, para cada um dos fatos geradores dos lançamentos de ofício. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 02 (fls. 104/105), a contribuinte apresentou, dentre outros documentos, comprovante de depósitos (via TED Judicial) dos valores atinentes aos anoscalendário de 2006, 2007 e 2008, correspondentes aos créditos tributários constituídos nos lançamentos de ofício (fls. 138/163), e demonstrativo de fl. 464, no qual é detalhado o valor de cada depósito efetuado. No demonstrativo de fl. 464, consta, para o IRPJ e a CSLL, para cada fato gerador, o valor do principal, de multa de mora, dos juros de mora, e a somatória, que corresponde ao montante do depósito judicial efetuado. Fl. 718DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 719 9 Ocorre que ao efetuar o cálculo do depósito integral, a recorrente, em vez de levar em consideração a imputação da multa proporcional de 75%, aplicou na sua apuração para efetuar os depósitos judiciais da multa de mora, incidente até o limite de 20%. Como se pode observar, tratase de procedimento sem respaldo legal. Isso porque, como os depósitos foram efetuados após o início do procedimento fiscal (27/07/2010), a contribuinte perdeu a espontaneidade, conforme dicção do já transcrito art. 63, da Lei n° 9.430, de 1996. Após o início da ação fiscal, o crédito tributário a ser constituído por meio do lançamento de ofício vem acompanhado da multa proporcional, sendo, no caso em tela, de 75%, conforme art. 44, inciso I da Lei n° 9.430, de 1996. Nesse sentido, deveria a contribuinte levar em consideração a aplicação da multa proporcional de 75%, vez que só efetuou o depósito do crédito tributário objeto da fiscalização após o início da ação fiscal. De qualquer forma, há que se verificar, não obstante o fato de a recorrente ter realizado a apuração tomando como base a multa de mora no percentual de 20%, em vez da multa de ofício de 75%, se o valor total dos depósitos judiciais foram em montante igual ou superior aos apurados nos lançamentos de ofício. E, precisamente nessa comparação, poderia residir um problema. Os valores apurados pela contribuinte para os depósitos judiciais encontramse atualizados, para fins de incidência de juros de mora, até o dia 30/11/2010. Por outro lado, os créditos tributários lançados de oficio encontramse com juros de mora atualizados até 30/06/2011. Nesse sentido, para viabilizar um cotejo entre a apuração da fiscalização e da contribuinte, com o objetivo de averiguar se o montante dos depósitos judiciais seria em valor igual ou maior aos lançados de ofício (caso em que não caberia a incidência dos juros de mora a partir da data das transferências bancárias, conforme súmula do CARF), as apurações devem estar alinhadas, dentro de um mesmo parâmetro temporal. Assim, uma medida viável seria efetuar uma nova apuração dos valores lançados de ofício pela Fiscalização, atualizandose os juros de mora até a data 30/11/2010 (data utilizada pela contribuinte para apuração dos valores dos depósitos judiciais). Contudo, tal medida se mostra prescindível para todos os fatos geradores, com exceção aos relativos ao IRPJ e à CSLL de 31/03/2008. Isso porque, em todos os outros casos, ainda que os valores lançados de ofício não fossem atualizados com juros de mora, estariam em valor superior aos depósitos judiciais efetuados pela recorrente, como se pode observar nos quadros a seguir. (grifos do original) (...) Assim, com exceção do F.G. 31/03/2008 do IRPJ e CSLL, para todos os demais fatos geradores, não há que se falar em depósito de montante integral (somatório do principal, multa proporcional e juros de mora), vez que os valores depositados judicialmente foram inferiores aos apurados nos lançamentos de ofício. Cabe, portanto, a incidência dos juros moratórios. Fl. 719DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 720 10 Por outro lado, para o F.G. 31/03/2008 do IRPJ, o valor principal somado com a multa de ofício resultou no total de R$ 350.569,97, enquanto que o depósito judicial foi no montante de R$ 411.215,44. Para o F.G. 31/03/2008 da CSLL, o valor principal somado com a multa de ofício resultou no total de R$ 96.730,91, enquanto que o depósito judicial foi no montante de R$ 123.366,73. Nesse contexto, cabe verificar se, após a atualização dos valores dos lançamentos de ofício (F.G. 31/03/2008 IRPJ e CSLL) até 30/11/2010 (data dos depósitos judiciais), os depósitos da contribuinte persistirão em valor superior ou igual aos lançados pela autoridade autuante. Caso afirmativo, a incidência dos juros moratórios para esses fatos geradores (31/03/2008) deverá ser afastada. (fls. 624 a 626) O relatório de diligência informa que os montantes de juros de mora para os débitos de IRPJ e de CSLL do período março/2008 a novembro/2010 foram respectivamente de R$ 52.850,52 e 14.566,31; os quais somados aos valores de tributo e multa perfazem totais inferiores às quantias depositadas pela recorrente, conforme demonstrado no quadro abaixo: IRPJ CSLL TRIBUTO 200.325,70 55.274,81 MULTA 75% 150.244,27 41.456,10 JUROS 52.850,52 14.566,31 TOTAL 403.420,49 111.297,22 DEPÓSITO 411.215,44 123.366,73 Portanto, diante da constatação de que os depósitos (relativos ao período de março/2008) superaram os valores dos respectivos débitos, deve ser afastada a parcela dos juros de mora incidentes depois de novembro de 2010 para os referidos débitos (IRPJ e CSLL de março/2008). Retenções na fonte A recorrente afirmou que a Fiscalização, quando do lançamento, deixara de considerar as retenções de Imposto de Renda na fonte sobre receitas de aplicações financeiras. O acórdão da DRJ, diante dessa mesma alegação, entendeu que os valores retidos na fonte a título de Imposto de Renda se referiam a períodos não abrangidos pelo lançamento. O mesmo entendimento foi corroborado quando da Resolução nº 1103000.168, com a ressalva de determinado valor retido em 2006, que, por essa razão, veio a ser objeto de diligência. O Auditor Fiscal responsável pela diligência, entretanto, concluiu que, embora a retenção tenha efetivamente ocorrido em 2006, o trimestre a que ela se referia não estava abrangido no lançamento. A par desses fatos, cabe ressaltar que o lançamento, quando da apuração do valor devido, levou em conta retenções e valores pagos tanto a título de IRPJ, quanto de CSLL. Para constatálo basta verificar os autos de infração (fls. 305, 307, 308, 310, 311, 321, 324 e 326), nos quais se encontram, sob a rubrica "Val. Compensar", os valores que foram deduzidos do crédito tributário. O mesmo se pode constatar do Relatório de Auditoria Fiscal (fls. 337 a 350). No quadro intitulado PLANILHA 04 CÁLCULO DO IRPJ LANÇADO EM AUTO DE INFRAÇÃO (AI) (fl. 348), existe uma coluna a indicar as deduções, compreendendo a soma dos valores informados na DIPJ e dos valores retidos na fonte. Também para a CSLL existe quadro semelhante sob o título PLANILHA 05 CÁLCULO DA CSLL LANÇADA EM AUTO DE INFRAÇÃO (AI) (fl. 349). Fl. 720DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 721 11 A alegação de que algumas retenções de IRPJ ou de CSLL não foram consideradas no lançamento só poderia ser acolhida se ficasse demonstrado que os valores foram ignorados quando da elaboração da planilha, o que não foi feito pela recorrente, que se limitou a juntar extrato contendo valores retidos em diversos períodos, inclusive períodos não compreendidos no lançamento. Por essas razões, não se pode acolher a pretensão da recorrente. Receita de juros sobre recebimento de duplicatas e de juros Nesse ponto, a controvérsia gira em torno de definir se houve omissão de receitas, ou se houve apenas tratamento tributário incorreto das receitas de juros. A recorrente sustenta que os valores relativos a juros de mora sobre duplicatas e juros não foram omitidos, mas somados à receita bruta para fins de tributação. Por conseguinte, ao invés de toda a receita ter sido tributada, foi tributada apenas uma parcela desses valores, ou seja, 8% para o IRPJ e 12% para a CSLL. A recorrente, na fase de impugnação, apresentou uma planilha para demonstrar o que alegava. A DRJ, entretanto, não acolheu, nesse ponto, a impugnação, ao argumento de falta de prova. O pedido para excluir essa parcela do crédito tributário foi renovado no recurso, com base nos mesmos argumentos já alinhados na impugnação. Embora a questão envolva essencialmente matéria fática, portanto sujeita à prova, a Resolução nº 1103000.168 nada mencionou sobre esse ponto. A autoridade lançadora, por sua vez, deixou de instruir o processo com as cópias das DIPJs, inviabilizando a verificação das alegações da recorrente, pelo cotejo dos dados nelas inseridos com os lançamento no Livro Razão (fls. 284 a 302). A alegação da recorrente pode ser verdadeira. Os juros são uma verba acessória em relação à receita de venda ou de prestação de serviços. É possível que a recorrente tenha dado às duas verbas o mesmo tratamento tributário. A questão fática é duvidosa. Diante da dúvida, vem a indagação: o que se poderia exigir da recorrente para comprovar o fato alegado? Ela elaborou uma planilha (fls. 465 a 555) e apresentou livros diário e razão dos anos 2006, 2007 e 2008 (fl. 303). A Fiscalização, entretanto, não juntou aos autos as DIPJs. A Resolução nº 1103000.168, que determinou diligência sobre várias questões, nada falou sobre esse ponto. A dúvida persiste e, na dúvida, a teor do art. 112 do Código Tributário Nacional, a decisão deve ser favorável ao contribuinte. Portanto, devem ser excluídos das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL os valores correspondentes a 8% e a 12%, respectivamente, das receitas de juros de mora duplicatas e juros, conforme demonstrado no quadro abaixo. Fl. 721DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 722 12 ANO BASE 2006 VALOR A EXCLUIR PERÍODO JUROS DUPLICATAS JUROS IRPJ 8% CSLL 12% 3º TRIM 264,28 21,14 31,71 4º TRIM 245,93 19,67 29,51 ANO BASE 2007 VALOR A EXCLUIR PERÍODO JUROS DUPLICATAS JUROS IRPJ 8% CSLL 12% 1º TRIM 268,17 21,45 32,18 2º TRIM 5.124,39 409,95 614,93 3º TRIM 519,33 41,55 62,32 4º TRIM 68,86 5,51 8,26 ANO BASE 2008 VALOR A EXCLUIR PERÍODO JUROS DUPLICATAS JUROS IRPJ 8% CSLL 12% 1º TRIM 141,68 11,33 17,00 2º TRIM 1.212,82 97,03 145,54 3º TRIM 585,23 46,82 70,23 4º TRIM 741,59 59,33 88,99 Desconsideração do regime de caixa A questão aqui envolve o regime de reconhecimento das receitas, no ano base 2008, para fins de tributação do IRPJ e da CSLL. A recorrente adotou regime de caixa. A autoridade lançadora considerou que não foram cumpridos os requisitos necessários para identificar, dentre os valores recebidos no período, quais eram passíveis de tributação; sendo assim, afastou o regime de caixa e lançou crédito tributário, adotando a regra geral, ou seja, o regime de competência. A recorrente sustenta, inconformada, que as alegações do Fisco são insuficientes para afastar o regime de caixa, aduzindo que a simples análise dos livros contábeis bastaria para evidenciar que a recorrente procedera ao controle do recebimento de suas receitas em subcontas específicas. A DRJ já havia se manifestado sobre o problema, nos seguintes termos: Nesse período, a Fiscalização desconsiderou o regime de caixa adotado pelo contribuinte, salientando no TVF que: “Em 2008 temos a informação em DIPJ que o regime utilizado foi o de Caixa. Porém, não foi obedecida a Instrução Normativa SRF nº 247/2002, art. 85, § 1º (...) A análise dos livros entregues à Fiscalização não corrobora com a opção do contribuinte. Verificase que os recebimentos são registrados em contas genéricas (Bancos Conta Movimento) que registram, também, lançamentos bancários, logo, não existe conta específica que registre somente os recebimentos. Exemplificando, podemos verificar na pág. 115 do Livro Razão que a contrapartida referente ao recebimento da duplicata correspondente à nota fiscal 016980 foi unicamente a conta Bancos Conta Movimento Banco Bradesco S/A (conta n° 1.1.01.002.004). As demais contas Bancos Conta Movimento seguem o Fl. 722DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 723 13 mesmo padrão (1.1.01.002.003, 1.1.01.002.005, 1.1.01.002.006, 1.1.01.002.008 e 1.1.01.002.008). A conta CAIXA Escritório Central Qualitec registra todas as emissões de cheque e transferências de numerários (conta n° 1.1.01.001.001, págs. 01 a 95 do Livro Razão). As demais contas caixa registram pequenos desembolsos monetários (págs. 95 a 97). Pelo exposto, fica caracterizado que o critério adequado para a apuração dos impostos e contribuições devidos no anocalendário 2008, não é o regime de caixa, e sim, o de competência." A Instrução Normativa SRF n° 247, de 21 de novembro de 2002, citada pelo Fisco, expressamente impõe às pessoas jurídicas que optem pela apuração do imposto e da contribuição social pelo regime de caixa que: "Opção por Regime de Caixa Art 85. A pessoa jurídica, optante pelo regime de tributação do Imposto de Renda com base no lucro presumido, que tenha adotado o regime de caixa na forma do disposto no art. 14, deverá; I emitir documento fiscal idôneo, quando da entrega do bem ou direito ou da conclusão do serviço; e II indicar, no livro Caixa, em registro individualizado, o documento fiscal a que corresponder cada recebimento. § 1° Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica que mantiver escrituração contábil, na forma da legislação comercial, deverá controlar os recebimentos de suas receitas em conta específica, na qual, em cada lançamento, será indicado o documento fiscal a que corresponder o recebimento. (grifos do original) § 2° Os valores recebidos antecipadamente, por conta de venda de bens ou direitos ou da prestação de serviços, serão computados como receita do mês em que se der o faturamento, a entrega do bem ou do direito ou a conclusão dos serviços, o que primeiro ocorrer. § 3o Na hipótese deste artigo, os valores recebidos, a qualquer título, do adquirente do bem ou direito ou do contratante dos serviços serão considerados como recebimento do preço ou de parte deste, até o seu limite." (Grifos acrescentados) Em suma, deve existir controle individualizado no Livro Caixa do documento fiscal a que corresponder a cada recebimento ou, caso a empresa mantenha escrituração na forma comercial, o controle dos recebimentos deve ser feitos em contas específicas, cujo registro fiscal individualizado deve indicar o correspondente documento fiscal. A Impugnante discordou. Todavia, não provou nos autos que mantém os controles dos recebimentos de suas receitas, na forma em que determinada. Os demonstrativos apresentados na defesa não são aptos para tanto, nem tampouco cumprem tais requisitos. Portanto, não substituem os controles individualizados exigidos pelo transcrito dispositivo normativo. (fls. 570 a 572) A decisão do órgão de primeira instância não merece reparo. Fl. 723DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 724 14 As contas específicas e os registros individuais das receitas recebidas no ano base não podem ser considerados como exigências menores e sem importância para as empresas que optaram pelo regime de caixa. As formalidades são essenciais para viabilizar o controle dos valores a serem tributados. É noção elementar a de que nem todo dinheiro que entra no caixa é receita. O mesmo ocorre em relação aos lançamentos a débito da conta bancos. Além disso, pode acontecer, para as empresas que adotam o regime de caixa, que alguns valores recebidos no ano base, embora tendo natureza de receita, não devam ser tributados, pois já o foram em período anterior, no regime de competência. A par dessas situações, também pode ocorrer o recebimento de valores antecipadamente à entrega da mercadoria ou à prestação do serviço. Nessa hipótese, a tributação, mesmo no regime de caixa, se dá quando da entrega do bem ou da prestação do serviço. Em razão das possibilidades acima aventadas se impõe um controle mais rigoroso dos recebimentos, daí por que o controle em contas específicas se mostra indispensável. Sem controle específico, haveria confusão e indefinição. Os lançamentos de forma indiferenciada fariam com que algumas receitas deixassem de ser tributadas, e outras o fossem em duplicidade. No caso concreto, a Fiscalização apontou que o controle exigido pela legislação não fora observado pela recorrente. Não se trata de falta de adequação de plano de contas, mas de falta de controle específico. O Termo de Auditoria Fiscal é claro ao afirmar que: A análise dos livros entregues a fiscalização não corrobora com (sic) a opção do contribuinte. Verificase que os recebimentos são registrados em contas genéricas (Bancos Conta Movimento) que registram, também, lançamentos bancários, logo, não existe conta especifica que registre somente os recebimentos. (fl. 347) A recorrente poderia ter apresentado, com o recurso, algumas folhas do livros contábeis para mostrar que os recebimentos foram efetivamente registrados em contas específicas. Isso não foi feito. Portanto, deve ser mantido o lançamento nesse ponto. Quanto ao pedido para que sejam excluídas da base de cálculo receitas eventualmente tributadas em períodos posteriores, em face da mudança do regime de caixa para competência, cabe dizer que, se houve tributação em período subsequente (não há prova dessa alegação), isso não altera a situação fática descrita no lançamento, nem implica invalidade do ato administrativo. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, darlhe parcial provimento, para: a) afastar, em relação aos débitos de IRPJ e de CSLL do período março de 2008, a parcela de juros de mora posterior a novembro de 2010; e Fl. 724DF CARF MF Processo nº 13603.722749/201125 Acórdão n.º 1301002.818 S1C3T1 Fl. 725 15 b) excluir da receita de juros e de juros de mora sobre recebimento de duplicatas os valores correspondentes a 8% para IRPJ e a 12% para a CSLL. No mais, mantémse o lançamento. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 725DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.729324/2014-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2011
Ementa:
INICIO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. DCTF RETIFICADORA.
O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores. A apresentação de DCTF retificadora após o início de procedimento fiscal não tem o condão de restabelecer a espontaneidade, tampouco caracterizar a denúncia espontânea.
MULTA DE DE OFÍCIO. FRAUDE. QUALIFICAÇÃO
Em se tratando de lançamento de ofício, será aplicada multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Esse percentual será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964.
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.
Não cabe às autoridades que atuam no contencioso administrativo manifestar-se em relação às alegações e aos pedidos alternativos com base na ofensa aos princípios constitucionais e, especialmente, quanto à inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em vigor, pois tal competência é exclusiva dos órgãos do Poder Judiciário, conforme súmula Carf nº 2.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-004.544
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, Por unanimidade de votos, Negar Provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto e Relator), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen..
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. DCTF RETIFICADORA. O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores. A apresentação de DCTF retificadora após o início de procedimento fiscal não tem o condão de restabelecer a espontaneidade, tampouco caracterizar a denúncia espontânea. MULTA DE DE OFÍCIO. FRAUDE. QUALIFICAÇÃO Em se tratando de lançamento de ofício, será aplicada multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Esse percentual será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. Não cabe às autoridades que atuam no contencioso administrativo manifestar se em relação às alegações e aos pedidos alternativos com base na ofensa aos princípios constitucionais e, especialmente, quanto à inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em vigor, pois tal competência é exclusiva dos órgãos do Poder Judiciário, conforme súmula Carf nº 2. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 93 24 /2 01 4- 33 Fl. 5529DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.530 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, Por unanimidade de votos, Negar Provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto e Relator), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.. Fl. 5530DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.531 3 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado em 13/01/2015, fls. 3/7, no qual se formaliza a exigência de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), juros de mora e multa proporcional, qualificada para 150%, no valor total de R$ 3.915.080,64, referente ao ano de 2011. Segundo a fiscalização a Net Service apresentava diversas discrepâncias entre os valores inseridos nas DCTF com os informados nas demais declarações e demonstrativos entregues à Receita Federal no anocalendário de 2011 e com a sua Escrituração Contábil Digital ECD. Iniciouse procedimento fiscal com a lavratura do Termo de Início do Procedimento Fiscal – TIPF do qual o contribuinte tomou ciência em 24/04/2014, concluindo a fiscalização que a autuada apresentava pseudodeclarações, com vistas a zerar ou reduzir deus débitos. Assim descreveu o Auditor Fiscal em seu Termo de Verificação, fls. 10/20: 24 – (...) no anocalendário de 2011 a Net Service adotava o procedimento de transmitir DCTFs mensais informando débitos tributários de que era sujeito passivo. Como não ocorria a liquidação destes débitos declarados, os mesmos ficavam pendentes de pagamentos nos sistemas de cobrança da Secretaria da Receita Federal, impedindo inclusive a emissão de certidões negativas. Como forma de tornar regular sua situação perante o órgão fazendário, a fiscalizada retificava as declarações anteriormente entregues, reduzindo os valores dos tributos anteriormente declarados ou os zerando. Posteriormente, em 22/08/2014, tornou a retificar as DCTFs de abril a dezembro informando os débitos de que efetivamente era devedora (...) 25 – Instada a justificar tal atitude, a fiscalizada informou que percebendo inconsistências nas apurações dos tributos procedeu à retificação das declarações, mas que equivocadamente enviou os arquivos errados. A apuração da contribuição devida foi assim descrita, na essência: 19 – Através da planilha nº 1 denominada “Demonstrativo da COFINS Devida”, consolidamos as receitas auferidas pela fiscalizada no anocalendário de 2011. Tais valores foram retirados da sua Escrituração Contábil Digital – ECD (...) 20 – Calculada a COFINS devida sobre as receitas foi deduzido os créditos provenientes das aquisições de insumos (...) 21 – Foram deduzidos igualmente os valores retidos na fonte de COFINS (...) 22 – Igualmente foram abatidas das contribuições apuradas os valores recolhidos pelo contribuinte e comprovados pela relação apresentada e Fl. 5531DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.532 4 confirmados nos sistemas de cobrança da Receita Federal (ver planilha e telas do sistema no item “Resposta ao TRIF 1” e “Pagamentos” do processo). Para os meses de agosto, setembro, outubro e novembro foram considerados para reduzir o montante devido os valores de COFINS informados em DCTFs válidas. 23 – Feitas as deduções acima a contribuição remanescente está sendo constituída por meio do presente Auto de Infração. A fiscalização caracterizou a prática fraudulenta, qualificando a multa proporcional, em face de se tratar de um procedimento sistêmico e continuado, com vistas a eximir do pagamento dos tributos devidos. Os débitos de Cofins inseridos nas DCTF retificadoras apresentadas após o início do procedimento fiscal, 24/4/2014, foram rejeitados pela fiscalização, já que o direito de retificálos foi afastado com o início da ação fiscal. A não homologação das DCTFs retificadoras, na parte relativa ao Cofins, consta do processo nº 15504.720207/2015 95. Foi formalizado processo para representação fiscal para fins penais. Inconformada a autuada apresentou Impugnação, fls. 5464/5489, cujo teor pode ser assim resumido: I – Do parcelamento · Todos os débitos perante a Receita Federal, vencidos até dezembro de 2013, foram incluídos no parcelamento da IN RFB n° 1.491, de 2014, conforme o seu art. 1º. · Não há que se falar em lançamento de débitos tributários que foram constituídos pela declaração do contribuinte e, posteriormente, inseridos no parcelamento. II – Da multa · De forma equivocada, a fiscalização entende que, durante a realização de procedimento de fiscalização, não é possível apresentar declarações retificadoras. · Entretanto, para fins de parcelamento da IN RFB n° 1.491, de 2014, conforme o seu art. 1º, é possível realizar a retificação independentemente de qualquer procedimento fiscalizatório. Tratase de norma específica quanto ao parcelamento. · Uma vez que há expressa previsão da possibilidade de se retificar declarações para fins de inclusão no parcelamento, não há que se falar em aplicação de qualquer multa que não seja a moratória. · Pelo que se infere do termo de verificação fiscal, o fiscal confunde denúncia espontânea com lançamento por meio de declaração retificadora. · Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a declaração do sujeito passivo é suficiente para constituir o crédito tributário, independentemente de qualquer procedimento por parte do fisco. Neste sentido é a súmula nº 436 do STJ. Fl. 5532DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.533 5 · Pela IN RFB n° 1.491, de 2014, que é norma específica, não há qualquer vinculação entre o lançamento por declaração, inicial ou retificadora, e o início de um procedimento de fiscalização. Afinal, conforme dito, é o que basta para constituir o crédito. · Ademais, a IN RFB n° 1.491, de 2014, em seu art. 10, expressamente autorizou a declaração de débitos omissos para fins de inclusão no Refis (Lei nº 12.996, de 2014). Foi exatamente o que a impugnante fez. · Ou seja, para aderir ao programa de parcelamento de débitos, o contribuinte declarou débitos omissos para que estes pudessem ser parcelados, como lhe garante a referida lei e orienta a citada instrução normativa. · Não admitir a declaração dos débitos em razão do procedimento fiscal em aberto retira o direito do contribuinte de aderir ao parcelamento, gerando tratamento desigual entre os contribuintes com débitos omissos. · Portanto, equivocouse o fiscal ao confundir declaração retificadora com denúncia espontânea e entender que o início de um procedimento fiscalizatório é impedimento para o lançamento por meio de declaração retificadora. · Neste sentido, apresentase a posição do STJ (REsp 1.441.694/CE). Ao apreciar a Impugnação, a 3 Turma da DRJ/BHE expediu o Acórdão 0267.232, de 20 de janeiro de 2016, que, por unanimidade de votos, Julgou Improcedente a Impugnação, assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. O início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Em se tratando de lançamento de ofício, será aplicada multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Esse percentual será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado o contribuinte apresentou, fls. 5467/5476, Recurso voluntário para, além de reprisar os argumentos apresentados na impugnação em relação à denúncia espontânea, que entende cabível em face da DCTF retificadora apresentada, acrescentou seu inconformismo com a multa aplicada, nos seguintes termos, em síntese: Fl. 5533DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.534 6 · Alega que a fiscalização não apresenta provas suficientes para demonstrar a atuação contrária à Lei para caracterizar conduta de sonegação, fraude ou conluio, que ampare a punição qualificada. · Alega o efeito confiscatório da multa aplicada no patamar de 150%. · Por fim sustenta que a autuação fere princípios constitucionais . Na forma regimental, foime distribuído o presente feito para relatar e pautar. É o relatório, em sua essência. Fl. 5534DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.535 7 Voto Conselheiro José Henrique Mauri O Recurso Voluntário preenche os requisitos para sua admissibilidade, dele tomo conhecimento. Conforme relatado, tratase de exigência de Cofins, lançado de ofício, em face de insuficiência em seu recolhimento. Segundo a fiscalização a Recorrente valeuse de procedimento doloso para eximirse de pagamento de tributos devidos, i.é. apresentava DCTF informando o valor da contribuição devida em valores próximos de zero. Posteriormente (após iniciado o procedimento fiscal) apresentou DCTF Retificadoras, declarando os valores corretos. São duas as matérias a serem apreciadas em sede de Recurso Voluntário: (i) a denúncia espontânea em face de apresentação de DCTF retificadora após início de procedimento fiscal e (ii) a Multa Qualificada, sua caracterização e legalidade. 1.1 DCTF RETIFICADORA DENÚNCIA ESPONTÂNEA PARCELAMENTO Em sede de Recurso Voluntário, no tocante à validade da DCTF Retificadora apresentada após o início do procedimento fiscal, a Recorrente limitouse a replicar os argumentos da Impugnação, razão pela qual, considerando os bons fundamentos lançados no voto condutor do Acórdão recorrido, com os quais concordo, faço deles os meus fundamentos, transcrevendoos a seguir: A impugnante não contesta a apuração dos valores devidos a título de principal, mas apenas alega que “todos os débitos perante a Receita Federal, vencidos até dezembro de 2013 foram incluídos no parcelamento da IN n° 1.491 de 19 de agosto de 2014, conforme art. 1º”, concluindo que “não há que se falar em lançamento de débitos tributários que foram em um primeiro momento constituídos pela declaração do contribuinte e, posteriormente, inseridos no parcelamento”. Pois bem, consultandose os sistemas informatizados da RFB (vide imagem adiante), verificase que a impugnante de fato solicitou o parcelamento de débitos na modalidade “Parcelamento de Demais Débitos – RFB” de que trata a Lei nº 12.996, de 2014. Fl. 5535DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.536 8 Contudo, o pedido de parcelamento só foi formalizado em 25/08/2014, ou seja, é posterior ao início do procedimento fiscal, o qual, nos termos do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235, de 1972, exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores. A ciência do termo de início do procedimento fiscal, vale recordar, deuse em 24/04/2014. Tampouco se pode considerar espontânea, pelas mesmas razões acima expostas, a confissão de débitos relativos aos períodos e tributos fiscalizados efetuada mediante DCTFs retificadoras entregues após 24/04/2014. E tanto é assim que a IN RFB nº 1.110, de 2010, em seu art. 9º, §2º, II, ressalva de modo categórico que a retificação de DCTF não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. Não custa lembrar que a Portaria MF nº 341, de 2011, que disciplina a constituição e o funcionamento das Delegacias da Receita Federal de Julgamento – DRJ, em seu art. 7º, V, dispõe que o julgador deve observar o disposto no art. 116, III, da Lei nº 8.112, de 1990, bem assim o entendimento da RFB expresso em atos normativos. Por sua vez, o inciso III do art. 116 da Lei nº 8.112, de 1990, estabelece que entre os deveres do servidor está o de observar as normas legais e regulamentares. Quanto à jurisprudência judicial invocada na impugnação, cumpre tão somente esclarecer que, ao revés das normas legais e regulamentares, ela não tem efeito vinculante algum em relação a esta instância julgadora. Não há como deixar de reconhecer, no presente caso, a validade e legitimidade da constituição do crédito tributário pelo lançamento de ofício, pois, como já visto, não produziu nenhum efeito a confissão de parte dos débitos em questão mediante a retificação de DCTFs após o início do procedimento fiscal. E, em se tratando de lançamento de ofício, será aplicada multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Esse percentual será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. É o que dispõe expressamente o art.44, I e § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996. Tal norma foi aplicada à risca pela fiscalização, cabendo ressaltar que a impugnante não fez nenhuma objeção aos fundamentos em que se baseou o autuante para qualificar a multa de ofício. Logo, o cancelamento da penalidade imposta implicaria negar aplicação à legislação vigente, o que, conforme já exposto neste voto, é vedado a esta instância julgadora. Por fim, quanto à alegação de que “não admitir a declaração dos débitos em razão do procedimento fiscal em aberto retira o direito do contribuinte de aderir ao parcelamento”, valer conferir o teor das orientações abaixo reproduzidas (disponíveis no sítio da RFB na internet), que tratam justamente da possibilidade de parcelamento de débitos objeto de lançamento de ofício. Fl. 5536DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.537 9 Perguntas e Respostas por Subsecretaria de Arrecadação e Atendimento – publicado 22/05/2015 11h39, última modificação 22/05/2015 11h39 (...) 3. Débitos que podem ser incluídos 3.1. Estou em Procedimento Fiscal que não foi ainda encerrado, mas já tenho conhecimento do valor devido. Posso recolher os valores com o beneficio da reabertura da Lei nº 11.941/2009, instituída pela Lei nº 12.996/2014? R.: Sim. O Darf deve ser preenchido com o código de lançamento de ofício correspondente. No caso de parcelamento, o contribuinte deverá escolher a modalidade de parcelamento e efetuar o pagamento das prestações até o dia 25/08/2014, e na etapa de consolidação, desde que requerido até 25/08/2014, proceder da seguinte forma: a) se ocorrer o lançamento até o momento da consolidação, o respectivo débito deverá ser indicado, pelo sujeito passivo para inclusão na consolidação dos débitos a serem parcelados; ou (...) 3.15. No lançamento de ofício, qual data deve ser considerada: a do vencimento do débito ou do vencimento da multa de ofício? R.: Poderão ser incluídas no parcelamento as multas de ofício vinculadas a débitos de imposto ou contribuição vencidos até 31 de dezembro de 2013, cuja data de ciência do lançamento em procedimento de ofício seja menor ou igual à data em que o sujeito passivo prestar as informações necessárias à consolidação de que trata o art. 10 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 13, de 2014. Assim, nesse pormenor, adoto como meus os fundamentos constantes da decisão recorrida, suso transcritos, nos termos do art. 50, §1º, da Lei nº 9.784, de 29/01/1999, c/c da Portaria MF nº 343, de 2015 (Ricarf), art. 57, § 3º, com a redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017. Fl. 5537DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.538 10 1.2 CARACTERIZAÇÃO DE FRAUDE CONFISCO CONSTITUCIONALIDADE DE LEI Registrese que os questionamentos de que cuidam o presente tópico não foram prequestionados em sede de Impugnação, todavia tratandose de matéria de ordem pública, posto que a caracterização de Fraude por parte da fiscalização repercuti em crime contra a ordem tributária, com reflexo penal, deve ser acolhido o Recurso Voluntário, também nesse pormenor, por imune de preclusão, no caso concreto. 1.2.1 Da Caracterização de Fraude Agravamento da Multa. Alega a recorrente que a fiscalização não comnprovou a existência de fraude para a caracterização do art. 44, I e § º da Lei nº 9.430/1996, segundo sustenta, "não há que se falar em sonegação, omissão, fraude ou conluio por parte da recorrente, que a seu turno, inclusive, se dirigiu à repartição fazendária para comunicar o erro verificado nas primeiras declarações". O artigo 44 da Lei nº 9.430/93, com a nova redação dada pela Lei nº 1.488/07 determina o agravamento da multa sempre que ficar comprovado que as práticas adotadas pelo contribuinte incidem em fraude, sonegação e conluio. Senão vejamos: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. .................................. Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964 Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas Fl. 5538DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.539 11 características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Compulsando os autos, depreendese que os fatos conspiram contra a recorrente. vejamos excertos do Termo de Verificação Fiscal, fls. 16/18: IV – DO AGRAVAMENTO DA MULTA 24 – Conforme já citado anteriormente, constatamos que no ano calendário de 2011 a Net Serviçe adotava o procedimento de transmitir DCTFs mensais informando débitos tributários de que era sujeito passivo. Como não ocorria a liquidação destes débitos declarados, os mesmos ficavam pendentes de pagamentos nos sistemas de cobrança da Secretaria da Receita Federal, impedindo inclusive a emissão de certidões negativas. Como forma de tornar regular sua situação perante o órgão fazendário, a fiscalizada retificava as declarações anteriormente entregues, reduzindo os valores dos tributos anteriormente declarados ou os zerando. Posteriormente, em 22/08/2014, tornou a retificar as DCTFs de abril a dezembro informando os débitos de que efetivamente era devedora. Essas declarações estão retidas em malha já que o ordenamento legal não admite as retificações de declarações após o início dos procedimentos fiscais. 25 – Instada a justificar tal atitude, a fiscalizada informou que percebendo inconsistências nas apurações dos tributos procedeu à retificação das declarações, mas que equivocadamente enviou os arquivos errados. 26 – A justificativa apresentada não resiste a análise dos históricos das DCTFs retificadoras entregues. Como pode ser comprovado pelas telas do sistema DCTF, no anocalendário em comento houve a retificação de todas as DCTFs mensais originalmente entregues, com exceção às dos meses de maio, junho, julho e novembro que desde as primeiras declarações entregues já informavam débitos irrisórios totalizando R$ 10,04, R$ 13,52, R$ 10,25 e R$ 15,20, respectivamente, contra um montante total de R$ 189.979,41, R$ 240.323,15, R$ 242.915,73 e R$ 622.601,9, respectivamente, como tributos devidos, segundo retificadoras retidas em malhas. As DCTFs retificadoras que reduziram ou zeraram os tributos declarados foram entregues em datas distintas, como pode ser comprovado pelo quadro abaixo (ver telas do sistema no item “DCTFs” do processo): PERÍODO DA DCTF RETIFICADORA QUE REDUZIU/ZEROU TRIBUTOS DATA DO ENVIO DA DCTF RETIFICADORA PARA A SRFB Janeiro 2011 02/04/2012 Fevereiro 2011 02/04/2012 Fl. 5539DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.540 12 Março 2011 02/04/2012 Abril 2011 17/08/2011 Agosto 2011 29/03/2012 Setembro 2011 29/03/2012 Outubro 2011 29/03/2012 Dezembro 2011 29/03/2012 27 – Poderíamos até admitir como válida a explicação apresentada pela fiscalizada caso o equívoco se restringisse a uma DCTF específica, no entanto o que se verifica é a alteração sistemática e continuada das declarações para eximir o contribuinte do pagamento dos tributos devidos. 28 – Como forma de validar a argumentação do fiscalizado pesquisamos ainda o comportamento da empresa em relação às DCTFs de outros períodos de apuração não abrangidos pelos trabalhos de auditoria. Percebese que desde agosto de 2010 há um movimento de entrega de declarações retificadoras com a finalidade de reduzir/suprimir tributos, incluindo os débitos de Cofins. Tal sistemática persistiu até o final de 2011 (ver telas do sistema no item “DCTFs 2010” do processo). 29 – Nos anoscalendário de 2012 e 2013 a Net Serviçe utilizou o expediente de entregar as suas declarações com valores irrisórios de tributos. Percebese inclusive a retificação dessas declarações em 22/08/2014, portanto após o início dos procedimentos de auditoria fiscal iniciada na empresa. Abaixo se demonstra os valores totais dos créditos tributários administrados pela SRFB informados originalmente e aqueles inseridos nas DCTFs retificadoras entregues após o início da fiscalização (ver telas do sistema no item “DCTFs 2012 e 2013” do processo): Período de Referencia da DCTF Somatório dos Tributos DCTF Original em R$ Somatório dos Tributos DCTF Retificadora – R$ Janeiro 2012 0,01 185.678,14 Fevereiro 2012 0,08 289.911,91 Março 2012 0,08 273.175,65 Abril 2012 0,08 247.436,94 Maio 2012 0,08 142.366,11 Junho 2012 0,08 196.995,49 Julho 2012 0,07 177.425,08 Fl. 5540DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.541 13 Agosto 2012 0,08 136.266,04 Setembro 2012 0,07 179.469,63 Outubro 2012 0,05 153.424,69 Novembro 2012 0,02 253.864,00 Dezembro 2012 6,00 396.540,46 Janeiro 2013 5,00 161.513,98 Fevereiro 2013 6,00 186.158,99 Março 2013 6,00 208.054,58 Abril 2013 4,00 203.047,25 Maio 2013 4,00 214.510,46 Junho 2013 4,00 185.188,18 Julho 2013 5,00 214.199,38 Agosto 2013 4,00 154.972,74 Setembro 2013 4,00 167.150,46 Outubro 2013 4,00 146.305,70 Novembro 2013 4,00 193.335,73 Dezembro 2013 4,00 72.913,52 Total 60,70 4.739.905,11 Os fatos falam por si. O equívoco alegado pela Recorrente não prospera. O modus operandi foi sistêmico e continuado. as retificações das DCTF, com vistas à declaração dos débitos verdadeiros, somente foram implementadas após inicio do procedimento fiscal a que alude o presente processo. Restou evidente que as DCTF originais foram manejadas, intencional e estrategicamente, para fins de obtenção de uma pseudo regularidade fiscal. A recorrente, em sua peça recursal, não produziu elementos que fossem capazes de indicar outra realidade. Vêse que o Auditor Fiscal foi suficientemente didático na caracterização da fraude, demonstrando a efetiva atuação voluntária e intencional da recorrente para eximirse do pagamento da contribuição, incidindo, portanto na duplicação do percentual da Multa de Ofício, proporcional, nos termos do art. 44, I, § 1º, da Lei 9.430/96. Fl. 5541DF CARF MF Processo nº 15504.729324/201433 Acórdão n.º 3301004.544 S3C3T1 Fl. 5.542 14 1.2.2 Confisco Constitucionalidade de Lei Por fim, a recorrente sustenta que a autuação fere princípios constitucionais, especificamente quanto a multa de ofício, por ser confiscatória. Conforme Já pacificado em nossa jurisprudência, as alegações e os pedidos alternativos com base na ofensa aos princípios da capacidade contributiva, da legalidade, da razoabilidade e do não confisco, não podem ser analisadas no julgamento do processo administrativo fiscal. Nessa sede não se julgam argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade da legislação. Tratase, na verdade, de entendimento há tempo consagrado no âmbito dos tribunais administrativos, sumulada nesse conselho: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais o Regimento Interno do Carf, art. 62, veda ao conselheiro afastar a aplicação de Lei ou Decreto, conforme tenta impingir o recorrente. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. 2 Dispositivo Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. É como voto. José Henrique Mauri Relator Fl. 5542DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.720801/2016-34
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
IRPF. ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUEL.
O contribuinte aposentado e portador de moléstia grave reconhecida em laudo médico pericial de órgão oficial terá o benefício da isenção do imposto de renda sobre seus proventos de aposentadoria. Na forma do art. 30 da Lei nº 9.250/95, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle.
No mérito, a impugnante concorda com a omissão de rendimentos de aluguéis, no valor de R$11.082,45, tratando-se, portanto, de matéria não impugnada que,isoladamente, não resulta em exigência passível de cobrança.
Numero da decisão: 2002-000.107
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Fábia Marcilia Ferreira Campêlo.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campelo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS DA LEI Nº 7.713/88. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUEL. O contribuinte aposentado e portador de moléstia grave reconhecida em laudo médico pericial de órgão oficial terá o benefício da isenção do imposto de renda sobre seus proventos de aposentadoria. Na forma do art. 30 da Lei nº 9.250/95, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. No mérito, a impugnante concorda com a omissão de rendimentos de aluguéis, no valor de R$11.082,45, tratandose, portanto, de matéria não impugnada que,isoladamente, não resulta em exigência passível de cobrança. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Fábia Marcilia Ferreira Campêlo. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 08 01 /2 01 6- 34 Fl. 226DF CARF MF 2 Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campelo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 31 a 35), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu autuação por rendimentos indevidamente considerados por moléstia grave, além de omissão de rendimentos recebidos a título de aluguéis. Tal omissão gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 12.339,65, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, em 04/02/2016, às e fls. 02 a 87 dos autos. A impugnação foi apreciada na 4ª Turma da DRJ/CTA que, por unanimidade, em 19/04/2016, no acórdão 0654.471, às efls. 149 a 155, julgou à unanimidade, a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Recurso voluntário Ainda inconformada, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em 17/06/2016 às efls. 170 a 173 e outras tantas manifestações e documentos que estão anexados a partir da efls. 74. Em um primeiro momento, em sede de recurso voluntário, assume que realmente é devedora do IRPF posto que omitiu rendimentos de aluguel. Posteriormente, às e fls. 185 a contribuinte alega que não omitiu os rendimentos de aluguel e que a RFB está cobrando imposto indevido. Às efls. 179 consta laudo do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul constatando a moléstia grave da recorrente, datado do ano de 2003. Ainda, às efls. 204, após a apresentação do recurso voluntário, reitera a isenção dos rendimentos. É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Fl. 227DF CARF MF Processo nº 11080.720801/201634 Acórdão n.º 2002000.107 S2C0T2 Fl. 213 3 Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 08/06/2016, efls. 168, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 17/06/2016, efls. 170, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Conforme os autos, o lançamento tributário foi baseado por rendimentos indevidamente considerados por moléstia grave, além de omissão de rendimentos recebidos a título de aluguéis. Primeiramente, cabe destacar que já em sede de impugnação a contribuinte concorda com a omissão de rendimentos de aluguéis, conforme decisão da DRJ: No mérito, a impugnante concorda com a omissão de rendimentos de aluguéis, no valor de R$11.082,45, tratandose, portanto, de matéria não impugnada que,isoladamente, não resulta em exigência passível de cobrança. De acordo com o artigo 14 do Decreto nº 70.235/72 é a impugnação que instaura a fase litigiosa do procedimento: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Logo, neste ponto, não há sequer lide a ser analisada em sede de recurso voluntário, sendo mantida a decisão da DRJ e a manutenção do crédito tributário quanto a omissão de rendimentos recebidos a título de aluguéis. A contribuinte ainda informa os rendimentos auferidos de aposentadoria são isentos por ser portadora de moléstia grave, já que o documentos acostado às efls. 179 é hábil a comprovação da a moléstia grave. Da exegese da Lei nº 7.713/88 e do Regulamento de Imposto de Renda (RIR Decreto 3.000/99 artigo 39 abaixo transcrito) para o gozo da regra isentiva devem ser comprovados, cumulativamente (i) que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, pensão ou reforma, (ii) que o contribuinte seja portador de moléstia grave prevista em lei e (iii) que a moléstia grave esteja comprovada por laudo médico oficial. Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). Fl. 228DF CARF MF 4 § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicam se aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. (grifouse) A jurisprudência deste CARF segue a mesma linha: REQUISITO PARA A ISENÇÃO RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO E RECONHECIMENTO DA MOLÉSTIA GRAVE POR LAUDO MÉDICO OFICIAL LAUDO MÉDICO PARTICULAR CONTEMPORÂNEO A PARTE DO PERÍODO DA AUTUAÇÃO LAUDO MÉDICO OFICIAL QUE RECONHECE A MOLÉSTIA GRAVE PARA PERÍODOS POSTERIORES AOS DA AUTUAÇÃO IMPOSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DA ISENÇÃO O contribuinte aposentado e portador de moléstia grave reconhecida em laudo médico pericial de órgão oficial terá o benefício da isenção do imposto de renda sobre seus proventos de aposentadoria. Na forma do art. 30 da Lei nº 9.250/95, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. O laudo pericial oficial emitido em período posterior aos anoscalendário em debate, sem reconhecimento pretérito da doença grave, não cumpre as exigências da Lei. De outro banda, o laudo médico particular, mesmo que contemporâneo ao período da autuação, também não atende os requisitos legais. Acórdão nº 10616928 29/05/2008) IRPF – ISENÇÃO MOLÉSTIA GRAVE A Lei prescreve especificamente que prova de moléstia grave somente pode ser feita com laudo de órgão oficial. (Acórdão nº. : 10244.418 14/09/2000) A DRJ, às efls. 154 entendeu que os proventos auferidos são indubitavelmente oriundos de aposentadoria, como se vê: Não há dúvidas de que os rendimentos autuados tratamse de proventos de aposentadoria e pensão recebidos do IPERGS e do INSS, respectivamente. Logo, tal requisito legal resta superado. Contudo, quanto ao laudo médico oficial, tanto o auditor fiscal quanto a DRJ entenderam que o laudo médico apresentado não é hábil a Fl. 229DF CARF MF Processo nº 11080.720801/201634 Acórdão n.º 2002000.107 S2C0T2 Fl. 214 5 comprovar a moléstia, já que não relatou se a doença era passível de controle, além de contestar o prazo de validade do documento. Conforme decisão a quo: A contribuinte, conforme Termo de Intimação Fiscal às fls. 118/119, foi intimada a complementar os documentos apresentados, nos seguintes termos: 1) Apresentar Laudo médico pericial (atual) emitido por serviço médico oficial da União (INSS), dos Estados (IPERGS), que contenha, no mínimo: o órgão emissor, a qualificação do portador da moléstia, o diagnóstico da moléstia (descrição do CID10), elementos que o fundamentaram, a data a partir da qual o paciente deve ser considerado portador da moléstia, a informação de que a moléstia seja ou não passível de controle (se passível de controle o prazo de validade), o nome completo, a assinatura, o nº de inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM), o nº de registro no órgão público e a qualificação do profissional do serviço médico oficial responsável pela emissão do laudo pericial.” A autoridade autuante, consoante descrição dos fatos e enquadramento legal da Notificação de Lançamento à fl. 32, ponderou que a contribuinte apresentou Laudo de 03/07/2003, indicando a data de inicio da doença (DID) a partir de 14/05/2003. Foi intimada novamente para complementar a informação que faltava no Laudo, referente ao prazo de validade, e se a doença seria passível de controle ou não. Até mesmo pelo tempo que decorreu deste único laudo. Mas, completou com os mesmos documentos, só agora autenticados 08/06/2015). Observase que o cumprimento de todos os requisitos legais por parte de contribuinte muitas vezes não é simples. Isto pois, muitos médicos, por desídia ou desconhecimento, relutam a colocar todas as informações necessárias no laudo. Claro que a lei estabeleceu requisitos taxativos que devem ser superados para a concessão da isenção, por ser regra excepcional. Contudo, neste caso, resta provado que o contribuinte aufere rendimentos de aposentadoria, apresenta doença listada na legislação, bem como possui laudo oficial referendando o seu pedido. Às efls. 179, após decisão da DRJ, há laudo médico constatando o caráter permanente da moléstia que acomete a contribuinte. Por ser documento essencial para aferição do caso concreto e para busca da verdade material, devese valorar o documento apresentado, mesmo após a apresentação da impugnação. Nesta linha, jurisprudência deste CARF: PROCESSUAL. PROVA. PRECLUSÃO. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA VERDADE MATERIAL. A apresentação de prova documental, após o decurso do prazo de impugnação, pode ser admitida excepcionalmente, a fim de que a decisão não contrarie os princípios da legalidade e da verdade Fl. 230DF CARF MF 6 material, que prevalecem sobre o formalismo processual. Decisão: (Acórdão 30130777 14/10/2003) Por todo exposto, voto por conhecer do presente Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte e, no mérito, darlhe provimento, sendo concedido o benefício da isenção para os rendimentos auferidos a título de aposentadoria. Thiago Duca Amoni Relator Fl. 231DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.724481/2010-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2402-000.657
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência à Unidade de Origem, para que se verifique a existência de pedido de parcelamento total ou parcial dos créditos lançados e, em caso de pedido de parcelamento parcial, indique os créditos abrangidos nele.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Relatório
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência à Unidade de Origem, para que se verifique a existência de pedido de parcelamento total ou parcial dos créditos lançados e, em caso de pedido de parcelamento parcial, indique os créditos abrangidos nele. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .7 24 48 1/ 20 10 -7 4 Fl. 1562DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório A fiscalização lavrou os seguintes Autos de Infração (AIs) em face do sujeito passivo: (a) AI 37.272.0447 PAF 10680.724481/201074, para a constituição das contribuições devidas a outras entidades ou fundos, parte patronal, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados, relativas às despesas com alimentação, cartões de premiação, contratação de Diretor Administrativo Financeiro e aquelas atinentes às reclamatórias trabalhistas apuradas no curso da fiscalização; (b) AI 37.272.0439 PAF 10680.724478/201051, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à parte dos segurados empregados, incidentes sobre as remunerações a eles pagas, relativas às despesas com alimentação, cartões de premiação e com a contratação de Diretor Administrativo Financeiro. Ainda foram constituídas as contribuições dos segurados contribuintes individuais; (c) AI 37.272.0420 PAF 10680.724477/201014, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à parte da empresa, inclusive a alíquota GILRAT, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados, relativas às despesas com alimentação e cartões de premiação. Também foram constituídas as contribuições da mesma natureza incidentes sobre a contratação de Diretor Administrativo Financeiro, bem como aquelas resultantes do confronto entre as folhas de pagamento e as GFIPs. Por fim, também foram constituídas as contribuições patronais incidentes sobre a contratação de contribuintes individuais; (d) AI 37.272.0501 PAF 10680.724489/201031, para a constituição de multa devida pelo descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa apresentado as GFIPs com informações incorretas ou omissas, mais precisamente pela falta de declaração das remunerações atinentes às despesas com alimentação, cartões de premiação, contratação de Diretor Administrativo Financeiro, bem como a remuneração de contribuintes individuais; (e) AI 37.272.0544 PAF 10680.724493/201007, para a constituição das contribuições devidas a outras entidades ou fundos, parte patronal, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados, relativas às despesas com alimentação, cartões de premiação, contratação de Diretor Administrativo Financeiro, reclamatórias trabalhistas apuradas no curso da fiscalização e aquelas resultantes do confronto entra as folhas de pagamento e as GFIPs. Para fins ilustrativos, segue uma tabela das autuações: Fl. 1563DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 4 3 PAF AI Créditos Contribuições ou Multa Rubricas 10680.724477/201014 37.272.0420 Patronal + SAT/RAT Alimentação + Contr. Ind. + Cartões de Premiação + Diretor + Folha x GFIP 10680.724478/201051 37.272.0439 Segurados Alimentação + Contr. Ind. + Cartões de Premiação + Diretor 10680.724481/201074 37.272.0447 Outras entidades ou fundos patronal Alimentação + Cartões de Premiação + Diretor + Reclamatórias Trabalhistas 10680.724489/201031 37.272.0501 CFL 78 Informações incorretas ou omissas: Alimentação + Cartões de Premiação + Diretor + Contr. Ind. 10680.724493/201007 37.272.0544 Outras entidades ou fundos patronal Alimentação + Cartões de Premiação + Diretor + Reclamatórias Trabalhistas + Folha x GFIP Doravante, adotase parte do relatório do acórdão de impugnação: Consta no relatório fiscal [...] conforme segue: ALIMENTAÇÃO EM DESACORDO COM O PAT [...] CARTÃO PREMIAÇÃO A empresa remunerou seus empregados por meio de cartões eletrônicos oferecidos como prêmio no Programa de estímulo ao aumento de produtividade. Os cartões foram fornecidos pela Incentive House S. A, CNPJ 00.416.126/000303 [...] DIRETOR EMPREGADO Foi constatada a contratação de Fernando Luiz Gomes Filho NIT 12288536154 – admitido em 1/10/2003 e demitido em 1/05/2008, para ocupar o cargo de diretor administrativo financeiro. Tal constatação deuse por meio da análise do cadastro de pessoal da empresa, das folhas de pagamento apresentadas em meio digital, das informações constantes das GFIP referentes às competências 12/2003 e 05/2008, e das informações constantes dos atos constitutivos da empresa conforme segue: [...] As remunerações desse segurado foram apuradas, por aferição, com base nas remunerações recebidas ou creditadas para outro diretor representante legal da empresa, tendo em vista que o Sr. Fernando Luiz Gomes Filho foi incluído nas folhas de pagamento com salário zerado acompanhado da seguinte expressão "Folha Confidencial Diretoria" (que não foi apresentada à fiscalização). Especificamente, optouse, para fins de aferição, por utilizar como referência, as remunerações percebidas pelo diretor de logística que está menos sujeito as variações de produtividade. Fl. 1564DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 5 4 [...] DIFERENÇAS ENTRE OS VALORES DE REMUNERAÇÃO DISCRIMINADOS NAS FOLHAS DE PAGAMENTO E NA GFIP Foram encontradas diferenças entre a remuneração incluída nas folhas de pagamento e a remuneração incluída na GFIP. Esses fatos geradores foram identificados nos autos com o código de levantamento FG – Batimento de folha com GFIP (valores de diferenças entre folhas de pagamento e GFIP, de 01/2005 a 08/2005, 11/2005 e 13/2005). RECLAMATÓRIAS TRABALHISTAS Pela análise de informações prestadas pelo Ministério do Trabalho; dos dados declarados por meio de DIRF, bem como pela apreciação da contabilidade da empresa, verificouse a ocorrência de pagamentos referentes a reclamatórias trabalhistas em valores superiores àqueles considerados, pelo contribuinte, quando do recolhimento dos valores devidos a outras entidades e fundos nas guias de recolhimento específicas (código de pagamento 2909). [...] O sujeito passivo foi cientificado da autuação em 29/11/2010, conforme assinatura aposta à fl. 3 e apresentou impugnação em 29/12/2010 [...], na qual, essencialmente: DECADÊNCIA Diz que parte do crédito tributário cobrado referese ao ano de 2005, período abrangido pela decadência nos termos do artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional – CTN. Acrescenta que, como o auto de infração foi lavrado em 12/2010, os valores referentes às competências de 01/2005 a 11/2005 encontramse alcançados pela decadência. AUXILIO ALIMENTAÇÃO Diz que os auxílios de natureza alimentar fornecidos a seus empregados compreendem o gasto na manutenção de restaurante dentro de seu estabelecimento para servir refeições a empregados, gastos com o fornecimento de cestas básicas distribuídas e tickets refeição e alimentação. Afirma que, em relação à sua exclusão do PAT, conforme se verifica dos acordos coletivos de trabalho dos anos de 2005 a 2007, apenas o pagamento do ticket alimentação estava atrelado à assiduidade do empregado (inexistência de faltas injustificadas). Acrescenta que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ é pacífica no sentido de que o pagamento de auxílioalimentação in natura, como no caso, não integra a base de calculo da contribuição previdenciária, esteja ou não a empresa inscrita no PAT. Cita jurisprudência. Alega que não há como se cogitar a incidência de contribuição previdenciária sobre os valores gastos com a manutenção de restaurante interno, bem como gastos a titulo de cesta básica, Fl. 1565DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 6 5 alimentação, lanches e ticket refeição, haja vista o inegável caráter indenizatório de tais verbas, pagas para o trabalho e não pelo trabalho, devendo o lançamento fiscal ser julgado improcedente quanto a esses itens. Aduz que além de estar restrita ao ticket alimentação, a condição estipulada em acordo coletivo de trabalho jamais poderia ser assemelhada a um sistema de premiação, para descaracterizar o benefício dado. Diz que não havia metas a serem recompensadas com um prêmio, mas simplesmente, cumprida a carga horária contratada o empregado fazia jus ao benefício. Diz que condicionar o pagamento do ticket alimentação à assiduidade do empregado passa pela avaliação de que o benefício tem por objetivo alimentar o trabalhador que está efetivamente prestando serviço e não remunerálo pelo alcance de determinada meta de produtividade, de modo que se não comparece ao trabalho, não há que se falar em pagamento do valor necessário para se alimentar. Aduz que o fato de possuir um programa de prêmios para os empregados visando a uma maior produtividade, demonstra que o pagamento de ticket alimentação não é uma espécie de premiação ao empregado. Afirma que não há lei ou decreto que proíba essa condição (assiduidade) para a concessão do benefício, sendo que tal vedação foi estabelecida por meio de portaria. Disserta e cita jurisprudência sobre a não incidência de contribuições previdenciárias sobre vale transporte para subsidiar sua afirmação de que o Poder Executivo tenta, há muito tempo, implementar, sem amparo na lei, restrições às formas usualmente aceitas de pagamento de benefícios a empregados, buscando descaracterizar sua natureza indenizatória. Diz ainda que a Portaria nº 87, que o teria excluído do PAT é datada de 19/3/2009, tendo sido publicada no Diário Oficial da União – DOU de 23/3/2009, mas pretende produzir efeitos de forma retroativa, cancelando inscrições de 1995 a 2008. Conclui que tal circunstância revela ilegalidade. Aduz que os fundamentos para a cassação das inscrições não decorrem de atos que lhes houvessem sido posteriores, justificando sua revisão, mas de disposições já existentes nos seus sucessivos acordos coletivos que não a haviam impedido. Afirma que a exclusão do PAT não se tratou de mera inovação interpretativa das normas por parte da administração pública, mas de nova limitação à permanência das empresas no programa. Cita legislação e doutrina que trata de segurança jurídica. Conclui que deve ser julgado improcedente o lançamento no que se refere aos gastos com alimentação in natura ou, ao menos, devese restringir a cobrança da contribuição previdenciária aos valores gastos com a concessão de ticket alimentação a seus empregados. DIRETOR ADMINISTRATIVO FINANCEIRO Diz que a AFRFB abstevese de tecer qualquer consideração a respeito dos esclarecimentos que lhe foram prestados no desenvolvimento do procedimento fiscal, decidindo arbitrar um salário mensal do Diretor Fl. 1566DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 7 6 Fernando Luiz Gomes Filho com base nas remunerações pagas aos demais diretores. Alega que a autuação não tem qualquer amparo legal já que o referido diretor foi cedido à impugnante pela Recofarma Indústria do Amazonas Ltda. Diz que no documento denominado Secondment Service Agreement, a Recofarma comprometese a ceder um diretor à impugnante, o qual continuaria vinculado a ela, responsável pelo pagamento do seu salário. Apresenta o que seria a tradução livre de um trecho do documento como segue: [...] RECLAMATÓRIAS TRABALHISTAS Diz que o fiscal autuante não descreve no lançamento a quais reclamações trabalhistas ele se refere, impedindo sua ampla defesa. Aduz que consta apenas uma “planilha” com os valores consolidados que seriam devidos mês a mês sem uma individualização das reclamações trabalhistas, o que seria indispensável. Argumenta que, no curso da fiscalização, apresentou, em resposta ao termo de intimação, cópia de dezenas de processos judiciais. Assevera que a auditora não esclarece quais os documentos solicitados por meio dos termos de intimação que não lhe teriam sido entregues, afirmando apenas que eles não teriam sido atendidos em sua totalidade. Afirma que, pelo exame da planilha elaborada pela auditora fiscal não é possível identificar com relação a quais reclamações trabalhistas haveria débito pendente, até mesmo porque ela afirma que existiriam pagamentos a esse titulo que teriam sido abatidos. Conclui que se trata de cerceamento do direito de defesa, ainda mais considerando seu porte empresarial e a quantidade de empregados e reclamações trabalhistas que possui. Disserta sobre o devido processo legal e aponta ser impositivo que o autuante esclareça e forneça o nome dos reclamantes a que foram pagas as verbas sobre as quais incidiria a contribuição recolhida a menor, bem como o número dos processos judiciais correspondentes. [...] Em razão das alegações do impugnante, os autos do presente processo foram baixados em diligência para que a fiscalização prestasse esclarecimentos [...]. Em 23/12/2013 a fiscalização elaborou a informação fiscal de fls. [...] na qual, essencialmente: Esclarece que as despesas com alimentação dos empregados, inclusive despesas com restaurante, identificada nos autos com o código de levantamento AL foram fornecidas in natura. Conclui, após análise dos resumos de folhas de pagamentos juntados por ocasião da impugnação, que os salários de contribuição, rubrica código 8000, são divergentes dos declarados em GFIP. Elaborou Fl. 1567DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 8 7 quadros às fls. 1.491/1.493, sendo que, no primeiro recompõe essa diferença, por competência e por estabelecimento, e no segundo (item “c” do despacho) informa, por estabelecimento e competência, as retificações que devem ser efetuadas nos fatos geradores identificados nos autos com o código de levantamento FG. Informou que apreciou todos os documentos e informações relativas a reclamatórias trabalhistas juntadas aos autos pelo contribuinte por ocasião da impugnação, concluindo pela exclusão das bases de cálculo referentes a: parcelas de natureza indenizatória identificadas; valores excedentes aos identificados como principal nas guias de depósitos; valores de depósitos correspondentes a cálculos que incluem as contribuições de terceiros, cujas GPS foram recolhidas com a totalidade das contribuições no campo INSS. Elaborou demonstrativos nos quais apresenta as retificações que devem ser levadas a efeito relativas ao código de levantamento RT em razão dos documentos apresentados. [...] O contribuinte foi cientificado da diligência e de seu resultado, [...], e se manifestou [...], basicamente, conforme segue: Diz concordar parcialmente com a conclusão da diligência realizada. Afirma que a não incidência de contribuições previdenciárias, por força do conteúdo do Ato Declaratório PGFN nº 3, além se de aplicar à rubrica “AL – alimentação e lanches” também se estende aos valores lançados por meio do auto de infração com os códigos de levantamento “RE – restaurante” e “CB – cesta básica”, pois todas elas se referem à alimentação fornecida in natura. Reitera seus argumentos apresentados por ocasião da impugnação acerca de fornecimento de alimentação a empregados. Afirma que, quanto à divergência entre os valores registrados na folha de pagamento e aqueles declarados na GFIP, diz que a DRF reconheceu o equívoco e procedeu á revisão de seus cálculos, excluindo parcela substancial dos valores lançados. Argui, contudo, que em sua “planilha” a DRF deixou de considerar a linha “deduções previdenciárias” existente na folha de pagamento para formação da base de cálculo da contribuição. Apresenta quadro à fl. 1.496 contendo o que seriam os valores corretos de dedução e quadro à fl. 1.497 indicando as diferenças entre folha de pagamento e GFIP que existiriam. Com relação aos valores lançados e incidentes sobre reclamatória trabalhista pede que seja esclarecida de forma pormenorizada quais valores carecem de comprovação, associandoos aos números do processo judicial correspondente e indicando o reclamante, afim de que possa comprovar a integralidade dos pagamentos realizados sob pena de violação ao seu direito à ampla defesa. Reitera seus argumentos acerca da decadência [...]. Fl. 1568DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 9 8 A DRJ julgou a impugnação procedente em parte, conforme decisão assim ementada: CONTRIBUIÇÕES OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS. A empresa é obrigada a recolher as contribuições para Outras Entidades e Fundos a seu cargo. ALIMENTAÇÃO IN NATURA Nos lançamentos de contribuições previdenciárias incidentes sobre despesas com alimentação in natura fornecida aos segurados empregados aplicase o disposto no Ato Declaratório PGFN nº 3 de 20/12/2011. MULTA RETROATIVIDADE. MOMENTO DO CÁLCULO. A comparação para determinação da multa mais benéfica apenas pode ser realizada por ocasião do pagamento. CONEXÃO. Devem ser julgados em conjunto com o processo principal os processos vinculados por conexão. Houve a interposição de recurso de ofício. O sujeito passivo foi eletronicamente intimado da decisão em 10/06/2014 e interpôs recurso voluntário em 18/06/2014, no qual apenas reafirmou as teses atinentes à decadência e à contratação do diretor empregado. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 1569DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 10 9 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Da necessidade de diligência Conforme preceitua o § 2º do art. 78 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), o pedido de parcelamento importa a desistência do recurso, não havendo necessidade de pedido expresso de desistência: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. (destacouse) Como se vê, o RICARF preleciona que basta o pedido de parcelamento para que se tenha como consequência a desistência do recurso. Desta forma, é irrelevante, para fins de aferição da desistência, se o parcelamento está ou não ativo, importando, sim, analisar se houve pedido. Neste caso concreto, há uma informação expressa, à fl. 255 (PAF 15504.020542/200941), de que a empresa teria incluído a totalidade dos seus débitos no parcelamento: Todavia, a informação contida à fl. 254 (PAF 15504.020542/200941) é a de que a empresa não teria incluído a totalidade dos débitos da PGFN e da RFB no parcelamento. Ou seja, tais informações aparentemente se contradizem e é necessário verificar se houve a inclusão da totalidade dos débitos, e, se não tiver havido a inclusão da totalidade, se houve pedido de inclusão dos débitos controlados neste processo no parcelamento, ainda que o parcelamento tenha sido posteriormente rescindido. Lembrese: é irrelevante, para fins de aferição da desistência, se o parcelamento está ou não ativo, importando, sim, analisar se houve pedido. Realizada a diligência, o contribuinte deve ser intimado para, querendo, apresentar sua manifestação no prazo legal. Fl. 1570DF CARF MF Processo nº 10680.724481/201074 Resolução nº 2402000.657 S2C4T2 Fl. 11 10 2 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem verifique a existência de pedido de parcelamento total ou parcial dos créditos lançados e, em caso de pedido de parcelamento parcial, indique os créditos nele abrangidos. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 1571DF CARF MF
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