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Numero do processo: 10380.011861/2007-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1402-000.800
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter em diligência, votando pelas conclusões os Conselheiros Evandro Correa Dias e Edeli Pereira Bessa.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa.- Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Evandro Correa Dias, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Ailton Neves da Silva (suplente convocado), Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa. Ausente o conselheiro Paulo Mateus Ciccone substituído pelo conselheiro Ailton Neves da Silva.
Relatório
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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Recorrida FAZENDA PÚBLICA. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter em diligência, votando pelas conclusões os Conselheiros Evandro Correa Dias e Edeli Pereira Bessa. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa. Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Evandro Correa Dias, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Ailton Neves da Silva (suplente convocado), Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa. Ausente o conselheiro Paulo Mateus Ciccone substituído pelo conselheiro Ailton Neves da Silva. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .0 11 86 1/ 20 07 -2 4 Fl. 247DF CARF MF Processo nº 10380.011861/200724 Resolução nº 1402000.800 S1C4T2 Fl. 248 2 Relatório Tratase de julgamento de Recurso Voluntário face v. acórdão proferido pela DRJ que manteve integralmente o lançamento relativo a multa por atraso na entrega da DIPJ. No presente caso, a DIPJ deveria ter sido entregue até 30/06/2005, porém o sujeito passivo entregou o documento em 17/07/2006. Foi aplicada multa por atraso da entrega da DIPJ no importe de R$ 33.139,54. Para evitar repetições, colaciono o relatório do v. acórdão recorrido. Contra o sujeito passivo acima identificado foi lavrado auto de infração de multa, no valor de R$ 33.139,54, havida em decorrência de atraso na apresentação da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), na modalidade Lucro Real Trimestral, referente ao ano de 2004 (fl 4). 2. Cientificado da penalidade em 27.09.2007, o sujeito passivo apresentou impugnatória em 16.10.2007 (fls 1/3), requerendo a aplicação da multa mínima (R$ 500,00), já que apurou prejuízo fiscal ao final do ano de 2004, conforme declaração retificadora apresentada em 11.10.2007, agora na modalidade Lucro Real Anual (fls 12/83) e Balanço Patrimonial (fls 6/11). Em seguida a DRJ proferiu v. acórdão negando provimento a impugnação da Recorrente, registrando a seguinte ementa: Assunto: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2004 DIPJ. MULTA POR ATRASO. RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO. REDUÇÃO DO IMPOSTO. MUDANÇA DE REGIME. INADMISSIEILIDADE. O contribuinte, optante ou obrigado ao lucro real, que não proceder aos recolhimentos por estimativa ou não demonstrar, por balanços ou balancetes de suspensão ou redução, que O valor acumulado já pago excede ao valor do imposto, inclusive o adicional, calculado com base no lucro real do período em curso, está sujeito à apuração trimestral do tributo. Nesse contexto, é vedada a retificação da declaração para alterar o regime do lucro real trimestral para o lucro real anual. Impugnação Improcedente Fl. 248DF CARF MF Processo nº 10380.011861/200724 Resolução nº 1402000.800 S1C4T2 Fl. 249 3 Crédito Tributário Mantido Inconformada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário repisando os mesmos argumentos da impugnação, informando que o contador cometeu erro na DIPJ onde inseriu dados de outra empresa que não tem relação com a autuada, requerendo o cancelamento do Auto de Infração ou a redução da multa no patamar mínimo tendo em vista que na DIPJ retificada foi constatado prejuízo fiscal e por fim junta documentos (balancetes) para comprovar que fez o recolhimento das estimativas nos termos da modalidade de apuração do Lucro Real Anual. É o relatório. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 10380.011861/200724 Resolução nº 1402000.800 S1C4T2 Fl. 250 4 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O recurso é tempestivo e trate de matéria de competência desta Corte Administrativa, devendo assim ser admitido. No presente caso, a multa por atraso na entrega da DIPJ foi aplica mediante um percentual, fixado em função do período de meses em que a Recorrente atrasou para entregar sua declaração, sobre o total do imposto de renda declarado pela sujeito passivo. A Recorrente não contesta o atraso na apresentação da DIPJ, porém alega que ao retificar o documento entregue em atraso na modalidade de lucro real trimestral para lucro real anual, verificou que não tinha imposto a pagar, mas que na realidade havia acumulado prejuízo. Desta forma, entende a Recorrente que a base para aplicação da multa exigido por meio do Auto de Infração não está correta, requerendo assim o cancelamento do lançamento ou então a redução da penalidade para o percentual mínimo de R$ 500,00. Esta matéria já foi analisada em diversas oportunidades por este E. CARF/MF, onde a título exemplificativo, cito o v. acórdão 1301002.734, proferido pela C. 1ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara desta Primeira Seção, que julgou processo com matéria muito parecida com a dos autos. Vejamos a motivação do voto vencedor do r. decisum: O ponto em torno qual gira a controvérsia está no valor da multa por atraso na entrega da DIPJ do ano base 2006. A DRF aplicou a multa tomando por base o valor do IRPJ devido, apurado na declaração original. A recorrente sustenta que o parâmetro deve ser dado pelo valor constante da DIPJ retificadora. A multa por atraso na entrega de DIPJ, embora motivada por descumprimento de uma obrigação acessória, tem seu valor fixado com base no IRPJ devido no período. A gravidade da falta é medida tomando por parâmetro o débito de IRPJ. Existe proporcionalidade entre esses dois valores. A lei rechaça a imposição de multa muito branda àqueles que, tendo apurado elevado valor de débito, deixam de entregar a DIPJ ou entregamna com atraso. Pelo mesmo principio, a lei repudia a imposição multa gravosa àqueles que, embora descumprindo Fl. 250DF CARF MF Processo nº 10380.011861/200724 Resolução nº 1402000.800 S1C4T2 Fl. 251 5 obrigação acessória, apuraram débitos de pequena monta ou não apuraram débito nenhum. Seguindo essa lógica, se o contribuinte apresenta uma DIPJ indicando determinado débito de IRPJ e, posteriormente, se dá conta de que cometeu erro e apresenta uma nova declaração, com um débito menor, é correto que o valor da multa seja reduzido na proporção do novo débito, de modo a conservar a proporcionalidade pretendida pela lei. No caso em exame, a recorrente, após a entrega da DIPJ e a notificação da multa, constatou a existência de erro e o corrigiu, mediante declaração retificadora. O valor do débito de IRPJ, informado originalmente, foi reduzido a zero, pois a declaração retificadora apresentava prejuízo fiscal. Segundo o critério de proporcionalidade adotado pela lei, a multa por atraso na entrega da DIPJ deveria ser reduzida ao patamar mínimo, mas não sem que a autoridade fiscal realizasse uma verificação, ainda que sumária. Para esse fim, os autos foram devolvidos à unidade de origem, que, depois de proceder à verificação solicitada, apresentou as seguintes conclusões: a) A recorrente foi submetida a procedimento de fiscalização pela RFB, abrangendo os fatos ocorridos no ano base 2006, tendo por objeto o IRPJ e reflexos, em face da declaração retificadora objeto dos autos (DIPJ n° 1475933). b) No ano base 2006, a recorrente apurou prejuízo fiscal no valor de R$ 7.168.617,40, e as operações que deram origem a esse resultado achamse consignadas na escrituração contábil e fiscal, com suporte em documentos hábeis e idôneos. c) À luz do art. 7º da Lei 10.426/2002, com redação dada pelo art. 19 da Lei n° 11.051/2004, é cabível multa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), em face da entrega intempestiva da DIPJ. Tratase de multa mínima, estipulada no § 3º, inciso II, do art. 7º da Lei 10.426/2002. No caso em tela, é pertinente a multa mínima, pois verificase ausência de base de cálculo de multa, haja vista a ocorrência de prejuízo fiscal. Vejam D. Julgadores, no julgamento do processo acima indicado, verificouse que prevaleceu o entendimento/interpretação de que a lei que regulamenta a multa por atraso repudia a imposição de penalidade muito gravosa àqueles que embora descumprindo obrigação acessória, apuram débitos de pequena monta ou não apuram débito nenhum. Seguindo a lógica da interpretação dada a legislação da multa em discussão nos autos, os D. Julgadores decidiram acolher o pedido do sujeito passivo para aplicar o percentual mínimo da multa eis que na DIPJ retificadora foi constatado que existia prejuízo fiscal e não imposto a pagar. Destaco abaixo a parte que fundamentou tal entendimento do outro Colegiado que proferiu o v. acórdão acima indicado. Fl. 251DF CARF MF Processo nº 10380.011861/200724 Resolução nº 1402000.800 S1C4T2 Fl. 252 6 A multa por atraso na entrega de DIPJ, embora motivada por descumprimento de uma obrigação acessória, tem seu valor fixado com base no IRPJ devido no período. A gravidade da falta é medida tomando por parâmetro o débito de IRPJ. Existe proporcionalidade entre esses dois valores. A lei rechaça a imposição de multa muito branda àqueles que, tendo apurado elevado valor de débito, deixam de entregar a DIPJ ou entregamna com atraso. Pelo mesmo principio, a lei repudia a imposição multa gravosa àqueles que, embora descumprindo obrigação acessória, apuraram débitos de pequena monta ou não apuraram débito nenhum. Seguindo essa lógica, se o contribuinte apresenta uma DIPJ indicando determinado débito de IRPJ e, posteriormente, se dá conta de que cometeu erro e apresenta uma nova declaração, com um débito menor, é correto que o valor da multa seja reduzido na proporção do novo débito, de modo a conservar a proporcionalidade pretendida pela lei Desta forma, assim como o decidido no julgado colacionado, também entendo que a legislação concernente a multa visa penalizar de forma mais contundente aqueles que não apresentam a DIPJ ou que apresentam com atraso o documento contendo grande disparidade de IRPJ a pagar e não visa penalizar de forma gravosa aqueles que apresentam sua declaração contendo erros de preenchimento ou posteriormente a retificação apuram débitos de pequena monta ou não apuram nenhum débito. Transportando este entendimento para o caso em epígrafe, por mais que seja acolhido a alegação da Recorrente de que na DIPJ retificada foi apurado prejuízo fiscal e não imposto a pagar, falta ainda analisar se é possível aceitar a alteração de regime de tributação, eis que a primeira DIPJ foi entregue a Receita Federal na modalidade Lucro Real Trimestral e a DIPJ retificada foi entregue na modalidade Lucro Real Anual. A Recorrente apresenta em sede de Recurso Voluntário a DIPJ retificada (este documento já consta desde a autuação), balancetes mensais, Demonstrações de Resultados (mensal e acumulado), bem como o balanço geral acumulado de 31/12/2004. Ao analisar o que consta nos autos, verifico que existe uma grande discrepância entre a primeira DIPJ entregue atrasada e a segunda DIPJ retificada, o que leva a acreditar que a primeira DIPJ foi entregue com erros de preenchimento, tornadoa praticamente imprestável. Ou seja, a documentação acostada aos autos leva a crer que ocorreu erro material no preenchimento da primeira DIPJ apresentada, eis que foi preenchida totalmente erra, sem qualquer nexo com os outros documentos utilizados para apurar o imposto devido, demonstrando ser possivelmente verídica a alegação da Recorrente de que o contador se equivocou totalmente no preenchimento do documento. Sendo assim, seguindo a jurisprudência acima colacionada e de acordo com os documentos constantes nos autos, entendo que a autoridade fiscal deve analisar a Fl. 252DF CARF MF Processo nº 10380.011861/200724 Resolução nº 1402000.800 S1C4T2 Fl. 253 7 documentação acostada ao Recurso Voluntário e confirmar se realmente no ano de 2004 não existia imposto a pagar. Entendo que a verificação pela fiscalização da documentação acostados aos autos, relativa a apuração do Lucro Real Anual, para confirmar a existência ou não de imposto a pagar no período objeto da lide é de grande importância, eis que pode alterar a base a qual se aplicou a multa por atraso na entrega da DIPJ, objeto deste Auto de Infração. Pelo exposto e por tudo que consta nos autos, converto o julgamento em diligência para que a fiscalização analise os documentos acostados aos autos em sede de Recurso Voluntário e indique por meio de relatório fiscal se realmente no período objeto do Auto de Infração existia, ou não, imposto a pagar. Em seguida, retornem os autos para julgamento do Recuso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 253DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12898.000091/2008-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
MULTA. QUALIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A apuração de omissão de rendimentos, sem a demonstração de evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502, de 1.964, não autoriza a qualificação da multa de ofício.
Numero da decisão: 9202-007.652
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à multa qualificada e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
Assinado digitalmente
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício.
Assinado digitalmente
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. MULTA. QUALIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A apuração de omissão de rendimentos, sem a demonstração de evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502, de 1.964, não autoriza a qualificação da multa de ofício.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à multa qualificada e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. MULTA. QUALIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A apuração de omissão de rendimentos, sem a demonstração de evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502, de 1.964, não autoriza a qualificação da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à multa qualificada e, no mérito, na parte conhecida, em negarlhe provimento. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 8. 00 00 91 /2 00 8- 71 Fl. 749DF CARF MF 2 Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Cuidase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 220101.164, proferido na Sessão de 13 de maio de 2011, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. GANHOS DE CAPITAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO. A tributação das pessoas físicas fica sujeita ao ajuste na declaração anual, em 31 de dezembro do anocalendário, e independente de exame prévio da autoridade administrativa o lançamento é por homologação, o mesmo se aplica aos ganhos de capital. Havendo pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos contados do fato gerador (31 de dezembro de cada anocalendário questionado), que, nos casos de ganhos de capital, ocorre no mês da alienação do bem. Entretanto, na inexistência de pagamento antecipado, ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade competente e que não tenha causado preterição do direito de defesa, efetuado em consonância com o que preceitua o art. 142 do Código Tributário Nacional, especialmente se o sujeito passivo, em sua defesa, demonstra pleno conhecimento dos fatos que ensejaram a sua lavratura, exercendo, atentamente, o seu direito de defesa. PRELIMINAR DE NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Fl. 750DF CARF MF Processo nº 12898.000091/200871 Acórdão n.º 9202007.652 CSRFT2 Fl. 3 3 Somente à inexistência de exame de argumentos apresentados pelo contribuinte, em sua impugnação, cuja aceitação ou não implicaria no rumo da decisão a ser dada ao caso concreto é que acarreta cerceamento do direito de defesa do impugnante. RENDIMENTOS OMITIDOS. TRIBUTAÇÃO. Quando restar configurado que o contribuinte omitiu rendimentos recebidos a título de emolumentos em sua Declaração de Ajuste Anual, detectados em procedimentos de ofício, os valores apurados serão adicionados, para efeito de cálculo do imposto devido, à base de cálculo declarada. MEIOS DE PROVA. INFRAÇÃO FISCAL. A prova de infração fiscal pode realizarse por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador. SANÇÃO TRIBUTÁRIA MULTA QUALIFICADA JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A evidência da intenção dolosa exigida na lei para a qualificação da penalidade aplicada há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. A prestação de informações ao fisco divergente de dados levantados pela fiscalização, bem como a falta de inclusão, na Declaração de Ajuste Anual, de rendimentos, bens ou direitos, mesmo que de forma reiterada, por si só, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, já que ausente conduta material bastante para sua caracterização. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA CONCOMITÂNCIA. É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de ofício exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento de ofício exigida isoladamente. A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa isolada do carnêleão aplicada de forma concomitante com a multa de ofício, bem como desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Margareth Valentini, que provia parcialmente o recurso para tão somente desqualificar a multa de ofício. Fl. 751DF CARF MF 4 O recurso visa rediscutir as seguintes matérias: a) Incidência concomitante da multa por falta de recolhimento do carnêleão com a multa de ofício; b) Qualificação da multa de ofício. Em exame preliminar de admissibilidade, o presidente da Segunda Câmara, da SEgunda Seção do CARF deu seguimento ao apelo, nos termos do Despacho de efls. 662 a 669. Em suas razões recursais a Fazenda Nacional aduz, em síntese, quanto à matéria "a" incidência da multa isolada por falta de recolhimento do carnêleão em concomitância com a multa de ofício, que são duas infrações distintas, não havendo óbice à incidência das duas penalidades. Quanto à matéria"b" qualificação da multa de ofício, sustenta, em síntese, que a conduta do contribuinte caracterizou o evidente intuito de fraude, sendo devida a exasperação da penalidade. Cientificado do Acórdão Recorrido, do Recurso Especial da Procuradoria e do Despacho que lhe deu seguimento em 02/07/2013 (efls. 680, o contribuinte não apresentou Contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator O recurso é tempestivo. Quanto à admissibilidade do recurso, relativamente à matéria concomitância da multa isolada, examino detidamente a matéria. É que, do cotejo entre o acórdão recorrido e o paradigma não identifico similitude fática entre ambos. Com efeito, o acórdão paradigma não trata de multa isolada aplicada em concomitância da multa de ofício, mas da aplicabilidade da multa isolada, considerada a circunstância de que os rendimentos foram oferecidos à tributação. Diante da ausência de similitude fática entre os julgados não há como se aferir a existência do alegado dissídio jurisprudencial. Ante o exposto, conheço do recurso apenas parcialmente, quanto à multa qualificada. Sobre a matéria qualificação da multa de ofício, a questão diz respeito à caracterização, na espécie, das circunstâncias que justificam a qualificação da multa. o relatório assim descreve a conduta do contribuinte como justifica para a qualificação: Fato é que o contribuinte omitiu em sua Declaração de Ajuste Anual do Exercício 2004/AnoCalendário 2003, livre e conscientemente, de forma dolosa, o valor real do rendimento recebido de pessoa física durante o referido anocalendário. Fl. 752DF CARF MF Processo nº 12898.000091/200871 Acórdão n.º 9202007.652 CSRFT2 Fl. 4 5 Com a omissão de informações que deveriam constar em sua Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte logrou êxito em se eximir do pagamento de imposto de renda. A declaração de imposto de renda é documento exigido pela lei fiscal, como se verifica pela leitura do art. 12 da Lei n° 8.383, de 30/12/1991, o qual estabelece que as pessoas físicas deverão apresentar anualmente Declaração de Ajuste, na qual se determinará o saldo do imposto a pagar ou o valor a ser restituído. A sua apresentação contendo omissões de informações configura, por si só, a hipótese capitulada no inciso I, do artigo 1 0 da Lei n° 8.137/1990. [...] Assim, em razão da convicção firmada quanto à intenção fraudulenta do contribuinte em se eximir do imposto devido através de meios defesos em lei, qualificouse a multa em 150%, incidente sobre o imposto de renda decorrente do RENDIMENTO DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDO DE PESSOA FÍSICA, como previsto no art. 957, inciso II do RIR/99, Decreto 3.000/99, e no art. 44, inciso II da Lei n° 9.430/96. Como se vê, a autoridade lançadora não descreveu nenhuma conduta que configure evidente intuito de fraude, como determina o art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, ao se reportar aos artigos 71, 72 e 73, da Lei 4.502, de 1.964, que descreve as condutas caracterizadoras da sonegação. Confirase: Os artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502, de 1.964: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. O que a autoridade descreveu como conduta do sujeito passivo foi a própria omissão de rendimento, infração tributária punível com a multa regulamentar de 75%. Fl. 753DF CARF MF 6 Era indispensável, portanto, que a autuação tivesse demonstrado a prática de alguma das condutas tipificadas nos artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502, de 1,964. Sem isso não há previsão legal para a qualificação da multa de ofício. Não merecer, portanto, acolhida a pretensão da Fazenda Nacional neste caso. Ante o exposto, conheço parcialmente do recurso interposto pela Fazenda Nacional apenas em relação à matéria multa qualificada e, no mérito, negolhe provimento. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator Fl. 754DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.720834/2007-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA. POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR DOCUMENTO OFICIAL QUE ATENDA A MESMA FINALIDADE.
Para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, além de preencher os requisitos legais estabelecidos pelo Código Florestal, o contribuinte, obrigatoriamente, deveria protocolar o Ato Declaratório Ambiental - ADA junto ao IBAMA no prazo de seis meses após a entrega da DITR/2004.
Entretanto, essa obrigação pode ser substituída por outro documento que atenda à finalidade de informar ao órgão ambiental da existência da área. No caso, foi apresentado Laudo Técnico de Vistoria emitido pelo IBAMA
ITR. DECLARAR. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. PREENCHER REQUISITOS LEGAIS. EXCLUSÃO DA BASE DE CALCULO DO ITR.
Para efeito de exclusão da área de interesse ecológico na apuração da base de cálculo do ITR, além de preencher os requisitos legais estabelecidos pelo Código Florestal, a contribuinte, obrigatoriamente, deveria declarar tais áreas, sendo que o recurso voluntário não o instrumento adequado para pedir inclusão da área.
ITR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. NÃO APRESENTADO. LAUDO TÉCNICO. DOCUMENTOS INFORMATIVOS. NÃO SUBSTITUEM O ADA.
O laudo técnico bem como outros documentos informativos não suprem a falta da entrega tempestiva do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para excluir as áreas de preservação permanente e de interesse ecológico da incidência da tributação do ITR.
ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO ANTES DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. DISPENSA DO ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. SUMULA CARF Nº 122. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO.
A averbação da Área de Reserva Legal (ARL) na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador supre a eventual falta de apresentação do Ato declaratório Ambiental (ADA), para efeito de exclusão da área de reserva legal da base de cálculo do ITR.
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SECRETARIA ESTADUAL. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS. SIPT. APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE.
Cabe a manutenção do arbitramento realizado pela fiscalização com base no VTN registrado no Sistema de Preços de Terras - SIPT, com valores fornecidos pela Secretaria Estadual da Agricultura e delineados de acordo com a aptidão agrícola do imóvel.
JURISPRUDÊNCIAS. NÃO TRANSITADO EM JULGADO. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. NÃO VINCULAM . JULGAMENTO.
A doutrina, as decisões administrativas e a jurisprudência referentes a processos judiciais ainda não transitados em julgado não vinculam o julgamento na esfera administrativa.
ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA. ATO DO PODER PÚBLICO ESTADUAL. RECONHECIMENTO. GOVERNO FEDERAL
O estado de calamidade pública decretado por ato do poder público estadual deverá ser reconhecido por portaria do Ministro de Estado da Integração Regional.
APRESENTAR O ADA. OBRIGAÇÃO. LEGALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. NÃO DESOBRIGA.
Não cabe aplicar o princípio da verdade material para desobrigar a contribuinte de cumprir uma obrigação legal, qual seja a entrega do ADA.
PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. INÍCIO DO LITÍGIO. PRECLUSÃO TEMPORAL.
A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de a contribuinte fazê-la em outro momento processual.
Numero da decisão: 2202-005.030
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área de 735,60 ha declarada como área de utilização limitada (reserva legal) e a glosa da área de 794,6 ha declarada com área de preservação permanente. Vencido o conselheiro Marcelo de Sousa Sáteles, que deu provimento parcial em menor extensão.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson. - Presidente
(assinado digitalmente)
Rorildo Barbosa Correia - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RORILDO BARBOSA CORREIA
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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA. POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR DOCUMENTO OFICIAL QUE ATENDA A MESMA FINALIDADE. Para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, além de preencher os requisitos legais estabelecidos pelo Código Florestal, o contribuinte, obrigatoriamente, deveria protocolar o Ato Declaratório Ambiental ADA junto ao IBAMA no prazo de seis meses após a entrega da DITR/2004. Entretanto, essa obrigação pode ser substituída por outro documento que atenda à finalidade de informar ao órgão ambiental da existência da área. No caso, foi apresentado Laudo Técnico de Vistoria emitido pelo IBAMA ITR. DECLARAR. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. PREENCHER REQUISITOS LEGAIS. EXCLUSÃO DA BASE DE CALCULO DO ITR. Para efeito de exclusão da área de interesse ecológico na apuração da base de cálculo do ITR, além de preencher os requisitos legais estabelecidos pelo Código Florestal, a contribuinte, obrigatoriamente, deveria declarar tais áreas, sendo que o recurso voluntário não o instrumento adequado para pedir inclusão da área. ITR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. NÃO APRESENTADO. LAUDO TÉCNICO. DOCUMENTOS INFORMATIVOS. NÃO SUBSTITUEM O ADA. O laudo técnico bem como outros documentos informativos não suprem a falta da entrega tempestiva do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 08 34 /2 00 7- 61 Fl. 238DF CARF MF 2 excluir as áreas de preservação permanente e de interesse ecológico da incidência da tributação do ITR. ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO ANTES DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. DISPENSA DO ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. SUMULA CARF Nº 122. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A averbação da Área de Reserva Legal (ARL) na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador supre a eventual falta de apresentação do Ato declaratório Ambiental (ADA), para efeito de exclusão da área de reserva legal da base de cálculo do ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SECRETARIA ESTADUAL. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS. SIPT. APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE. Cabe a manutenção do arbitramento realizado pela fiscalização com base no VTN registrado no Sistema de Preços de Terras SIPT, com valores fornecidos pela Secretaria Estadual da Agricultura e delineados de acordo com a aptidão agrícola do imóvel. JURISPRUDÊNCIAS. NÃO TRANSITADO EM JULGADO. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. NÃO VINCULAM . JULGAMENTO. A doutrina, as decisões administrativas e a jurisprudência referentes a processos judiciais ainda não transitados em julgado não vinculam o julgamento na esfera administrativa. ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA. ATO DO PODER PÚBLICO ESTADUAL. RECONHECIMENTO. GOVERNO FEDERAL O estado de calamidade pública decretado por ato do poder público estadual deverá ser reconhecido por portaria do Ministro de Estado da Integração Regional. APRESENTAR O ADA. OBRIGAÇÃO. LEGALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. NÃO DESOBRIGA. Não cabe aplicar o princípio da verdade material para desobrigar a contribuinte de cumprir uma obrigação legal, qual seja a entrega do ADA. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. INÍCIO DO LITÍGIO. PRECLUSÃO TEMPORAL. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de a contribuinte fazêla em outro momento processual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área de 735,60 ha declarada como área de utilização limitada (reserva legal) e a glosa da área de 794,6 ha declarada com área de preservação permanente. Vencido o conselheiro Marcelo de Sousa Sáteles, que deu provimento parcial em menor extensão. (assinado digitalmente) Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10680.720834/200761 Acórdão n.º 2202005.030 S2C2T2 Fl. 239 3 Ronnie Soares Anderson. Presidente (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão nº 0328.456 proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF DRJ/BSA, a qual julgou procedente o lançamento e manteve o crédito tributário correspondente ao Imposto Territorial Rural ITR, exercício 2004, acrescido da multa e dos juros de mora, referente ao imóvel rural denominado Fazenda Bloco Serra Luís Soares, com área total de 3.276,0 ha., Cadastrado na RFB com o NIRF 0.633.9280, localizado no município de Caeté/MG (fls. 158/174 e 180/212). Do Lançamento Tributário No tocante ao lançamento tributário, o relatório que acompanha a decisão da DRJ/BSA (fl. 160) mencionou o seguinte: Contra a contribuinte interessada foi emitida, em 20.08.2007, a Notificação de Lançamento n” 06101/00029/2007 de fls. 01/06, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário no montante de RS 642.943,94, a título de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, do exercício de 2004, acrescido de multa de oficio (75,0%) e juros legais calculados até 31.08.2007, incidentes sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Bloco Serra Luis Soares”, cadastrado na RFB, sob o n° 0.633.9280, com área de 3.276,0 ha, localizado no Município de Caeté/MG. Regularmente intimada do lançamento, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 67/89) que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF (fls. 158/174). Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a DRJ/BSA apreciou o lançamento nos seguintes termos (fls. 174): "isso posto, e considerando tudo o mais que do processo consta, voto no sentido de rejeitar a preliminar argüida e, no mérito que seja julgado procedente o lançamento relativo ao exercício de 2004, consubstanciado na Notificação de Lançamento n° 06l0l/00029/2007 de fls. 01/06, mantendose a exigência." Conforme ementas a seguir transcritas (fls. 158/159): Fl. 240DF CARF MF 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE . TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 DA NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO Contendo a notificação de lançamento todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fiscal PAF e tendo sido o procedimento fiscal instaurado em conformidade com as normas e os princípios constitucionais vigentes, possibilitando a contribuinte exercer plenamente o seu direito de defesa, não há que se falar em qualquer irregularidade que macule o lançamento (Nulidade). CALAMIDADE PÚBLICA DO GRAU DE UTILIZAÇÃO DO IMÓVEL A decretação/homologação do Estado de Calamidade Pública pelo Poder Público Estadual deve ser reconhecida pelo Governo Federal. DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/ RESERVA LEGAL. As áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, para fins de exclusão do ITR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA/órgão conveniado, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente ADA. DA ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA / INTERESSE ECOLÓGICO Para exclusão dessas áreas de tributação, se faz necessário, além da comprovação da exigência relativa ao ADA, a existência de Ato de órgão competente federal ou estadual reconhecendo as áreas imprestáveis do imóvel como sendo de interesse ecológico. DO VALOR DA TERRA NUA Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, por falta de documentação hábil (Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, em consonância com as normas da ABNT NBR 14.6533), demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN em questão. Lançamento Procedente Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10680.720834/200761 Acórdão n.º 2202005.030 S2C2T2 Fl. 240 5 Do Recurso Voluntário A empresa Saint Gobain Canalzação Ltda, devidamente intimada da decisão da DRJ/BSA, em 13/04/2009, conforme Aviso de Recebimento AR (fl. 179), apresentou, em 08/05/2009, por via postal (fls. 235) recurso voluntário (fls. 180/212). Em sede de recurso voluntário, a recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ/BSA, apresentando, em síntese, as seguintes alegações: Do Protocolo do ADA No que diz respeito à exigência do ADA, a empresa alegou que os julgadores da DRJ/BSA ignoraram as provas apresentadas, porque o ADA não foi protocolizado a tempo (fl. 181), sendo que: A exigência da entrega tempestiva do ADA, como único documento o comprovar a existência do área de preservação natural, não encontro respaldo no princípio do verdade material, já que outros documentos, tais como a vistoria in loco do órgão conveniado, comprovando a veracidade dos dados opostos no ADA devem ser também aceitos. (fl. 191). O STJ Superior Tribunal de Justiça jaz reconheceu a desnecessidade do uso do ADA para exclusão de área, ainda mais quando comprovada de outros meios: (fl.191 ). Do Estado de Calamidade Pública A empresa alegou que no ano de 2003, o município de Caeté/MG sofreu pesadas chuvas e inundações, frustrando safras e impedindo a correta utilização do terreno, por este motivo houve a declaração de calamidade pública nos termos do Decreto Estadual nº 43.166 de 24/01/2003, conforme Resolução Federal nº 03 do Conselho Nacional de Defesa Civil CONDEC, sendo a intensidade do desastre de nível III (fls. 185), e também que: Ha ainda interpretação menos favorável ao contribuinte ao afirmar que “o Estado de Calamidade Pública decretado para determinado município, deve ser obrigatoriamente reconhecido pelo Governo Federal, através de Portaria do Ministério da Integração NacionaI.". Ora, o texto da Lei 9393/1996, como se verá adiante não faz qualquer referência ao que foi afirmado pelo delegado de julgamento.(fl. 183). Da Área de Interesse Ecológico No tocante as áreas de interesse ecológico, a recorrente alegou que tais áreas devem ser aceitas e que não foram relacionadas na DITR/2004, mas que existem desde 1993 (fls. 192/198): Fl. 242DF CARF MF 6 Assim, dentre os áreas de uso limitado (áreas de interesse ecológico) deve também ser alijado das áreas aproveitáveis, o extensão de 187,0 (cento e oitenta e sete) hectares, não utilizada por ser área de bioma (remanescente) do Mata Atlântica, protegido por lei, através de ato do poder publico federal, sendo, portanto, considerado para todos os efeitos do lei, inaproveitável, conforme determino o artigo 10, §l°, letra "b", do Lei 9393/96, in verbis: (fl. 195) Da Área de Preservação Permanente A recorrente afirmou que a área de preservação permanente da propriedade foi lançada como sendo de 900,00 hectares e a área de utilização limitada (reserva legal) de 735,6 hectares, alegou que considerou os aspectos legais descritos nas Leis nº 9.393/96 e nº 4.771/65 para considerar as áreas de preservação permanente como foram descritas no art. 11, incisos I e II, do Decreto nº 4.382/2002, e que não é a falta de entrega do ADA que vai tirar essa condição (fls.198/203). Sendo que: No caso em tela, esta área existe na propriedade antes mesmo do exercício de 2004, ou seja, desde o ano de l965, por definição da lei 4771/65. não cabendo qualquer ato complementar de declaração do Poder Público para que aquela área possa ser considera de preservação permanente, já que são assim consideradas, pelo sa efeito do artigo 2° da Lei 4.771/65, portanto, independe de apresentação do ADA. (fl. 201). A recorrente afirmou também que a área de 900,0 hectares, enquadrada como preservação permanente, deveria ser retirada das áreas tributáveis, porque são de utilização naturalmente limitada, permanecendo intactas para quaisquer atividades de agricultura. Inclusive assevera que o IBAMA realizou visita in loco na sua propriedade, constatou a referida área e emitiu uma certidão (fls. 100 e 231) na qual reconhece a existência de 901,0 hectares de área de preservação permanente (fls. 201/203). Desta forma, alem de ter declarado em sua DITR/2003 (2004), a existência desta área de 901,0 (novecentos) hectares de preservação permanente, a autuada providenciou ainda o ADA Ato Declaratório Ambiental (doc. fls.), e também, requereu ao IBAMA/MG que fosse a sua propriedade e atestasse a sua existência, tendo o Órgão emitido a anexa certidão comprovando a existência da área de 901,0 (novecentos e um hectares) de preservação permanente (doc. fls.). Acrescentou ainda que nem mesmo a Autoridade Julgadora de primeira instância duvidou da existência desta áreas, mas não as acatou porque o ADA não foi entregue tempestivamente (198/199). Frisase: nem mesmo o Delegado de Julgamento duvidou da efetiva existência destas áreas, mas não acatou as provas porque não foi protocolizado ADA a tempo. Vejamos a síntese de sua decisão: Da Área de Utilização Limitada (Reserva Legal) Fl. 243DF CARF MF Processo nº 10680.720834/200761 Acórdão n.º 2202005.030 S2C2T2 Fl. 241 7 A recorrente, em relação a reserva legal, asseverou ainda que "Da mesmo forma, improcedente a afirmação de que não existe área averbada de Reserva Legal, porque não foi o ADA entregue a tempo" (fl.203/205). Sendo que: A área total desta "reserva legal" é de 735,6 (setecentos e trinta cinco vírgula seis ) hectares, devidamente averbada em 23/05/1996, no Cartório de Registro de Imóveis, Matrícula 7885, registro 01, livro 2U , fls. 220, conforme comprovou o IBAMA, através do ADA de número 10731310048 63 (Anexo), vía certidão expedida atestando a sua existência (doc. fls.). (fl.203). Da Previsão Contida no Código Tributário Nacional A empresa continuou alegando que "não há dúvida, a Lei Civil e o Ambiental são anteriores a tributário (Lei 9393/96 ou 4.771/65), e especificaram sobre matéria florestal no âmbito federal, determinando, técnica e juridicamente, os elementos essenciais para a definição, não só da propriedade como dos seus acréscimos e reduções, inclusive para efeitos tributários, consoante o dispositivo no artigo 110 do CTN:" (fls. 205/206 ). Sendo que: A utilização do termo legal, notadamente para as “áreas de “preservação permanente“, “reserva legal" e “interesse ecológico", não seria simplesmente um favor fiscal do legislador aceitálas na declaração de produtor rural relativo a DITR/2004 como sendo de áreas inaproveitáveis. (fl. 205). Do Enfoque Doutrinário e Jurisprudencial A recorrente ainda alegou que "consoante o princípio do verdade material, deve a ação fiscal aterse predominantemente à constatação da real existência do todo. Jamais pode o fisco deixar de considerar a existência das áreas de utilização limitada da propriedade, conforme a lição doutrinaria da festejada Odete Medauar:" (fls. 206/211). Sendo que: Constatandose, efetivamente, a existência das áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, formalmente declarada, não deve, pois, a "forma" prevalecer sobre o tato real, sob pena da afronta ao Estado de Direita, o que torna, in casu, a decisão manifestamente ilegal. (fl.206) A recorrente, com o objetivo de corroborar os seus argumentos, ainda apresentou, ao longo do seu recurso, além da legislação correlata, doutrina, jurisprudências do TRF e do STJ bem como acórdãos de decisões administrativas proferidos por DRJ e pelo CARF. Do Valor da Terra Nua No tocante aos questionamentos contestando o arbitramento do valor da terra nua, a recorrente afirmou que (fl. 211): "não resta dúvida portanto, de que o valor utilizado pelo agente fiscal foi o do primeiro semestre do ano de 2004 (até o dia 30/06/2004), quando deveria ser o do último semestre de 2003, que data vênia refletia o valor do hectare no dia 01/01 /2004 (fato gerador)" e alegou o seguinte: Fl. 244DF CARF MF 8 Ora uma propriedade que possuiu a maior porte como de preservação permanente e uso limitado, não pode ter o mesmo valor da área de propriedade plano sem restrições de exploração, que é o que o fiscal quis dizer.(fl. 212). Outro mister diz respeito ao cerceamento de defesa, pois apesar de requerido, os valores do SIPT não foram encaminhadas junto auto de o infração, sendo portanto nulo o julgamento de l° instância neste aspecto. (fl. 212). Do Pedido Ao final, a Recorrente requer que (fl. 212): Protestando pelo juntada posterior e oportuno de outros documentos ou procedimentos que se tornem necessários o comprovação do direito da lmpugnante. Requer, por fim que, V. Exas. se dignem, reconhecendo com base nos prerrogativas legais e constitucionais supra enumerados sob vigência pleno, o procedência da presente lmpugnação, dando por legítimos e alterados os procedimentos efetuados nas informações prestados relativos ao Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, no exercício de 2004, para acatar a área de preservação permanente de 901,00 (novecentos e um) hectares; a área de reserva legal averbada em 1996 de 736,00 ( setecentos e trinta e seis ) hectares; a área de interesse ecológico (bioma da mata atlântica ) de 187,00 (cento e oitenta e sete) hectares, tudo comprovado por certidão do órgão conveniado, bem como, a ilegalidade do uso do SIPT posterior ao fato gerador, alem é cloro, do reconhecimento de existência de área de calamidade pública por porte do Poder Público (Governo do Estado de Minas Gerais) para todos os seus efeitos, por ser a melhor forma do reconhecimento do direito. É o relatório. Voto Conselheiro Rorildo Barbosa Correia Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. De acordo com os autos, a recorrente contestou o acórdão com a decisão da DRJ/BSA, apresentando as suas alegações no recurso voluntário apreciadas a seguir: Da Área de Preservação Permanente APP No tocante à exclusão das áreas de preservação ambiental da incidência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, cabe observar os requisitos estipulados para tal exoneração previstos na alínea 'a', no inciso II, no §1º, e no art. 10, da Lei nº 9.393/96, que até 18 de julho de 2013, apresentava a seguinte redação: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da Fl. 245DF CARF MF Processo nº 10680.720834/200761 Acórdão n.º 2202005.030 S2C2T2 Fl. 242 9 administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; Assim, ao analisar a composição da base de cálculo para apuração do ITR nos termos do art. 10 da Lei nº 9.393/96 é possível concluir que podem ser excluídas da tributação as áreas protegidas e de interesse de preservação ambiental, como APP e ARL, nos termos da referida lei. Todavia, para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, além de preencher os requisitos legais estabelecidos na Lei nº 4.771/65, o contribuinte deveria, obrigatoriamente, apresentar o ADA ao IBAMA dentro do prazo normativo, nos termos do parágrafo 1º, art. 17O, da Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981 (com redação dada pela Lei nº 10.165 de 27/12/2000). Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1ºA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA. (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (redação dada pela Lei nº 10.165 de 27/12/2000. Do mesmo modo, o Decreto nº 4.382 de 19 de setembro de 2002, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, no inciso I, do parágrafo 3º, art. 10, também tratou da obrigatoriedade de apresentar o ADA para efeito da exclusão da área tributável, as áreas correspondentes à de preservação permanente. Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas (Lei nº 9.393, de 1996, art. 10, § 1º, inciso II): I de preservação permanente (Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 Código Florestal, arts. 2º e 3º, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989, art. 1º); (...) Fl. 246DF CARF MF 10 § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 17O, § 5º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000); (grifo não faz parte do original). No que tange ao Ato Declaratório Ambiental, o qual deve ser preenchido e apresentado pelos declarantes de imóveis rurais obrigados ao ITR, podese afirmar que é um documento de cadastro, junto ao IBAMA, das áreas de interesse ambiental que integram o conjunto do imóvel rural e que possibilita ao Proprietário Rural reduzir o Imposto Territorial Rural – ITR, com a exclusão da área de Preservação Permanente APP da base tributária, efetivamente protegida e informada no Documento de Informação e Apuração DIAT/ ITR. Por outro lado, o questionamento da recorrente, afirmando que: "a exigência da entrega tempestiva do ADA, como único documento o comprovar a existência da área de preservação natural, não encontra respaldo no princípio do verdade material, já que outros documentos, tais como a vistoria in loco do órgão conveniado, comprovando a veracidade dos dados opostos no ADA devem ser também aceitos" (fl. 191), merece acolhida, pois, compulsando os autos, notase a que a contribuinte apresentou um Laudo Técnico de Vistoria (fls. 100 e 231) emitido pelo IBAMA, que após visita in loco, constatou a existência de uma área de 901,0 ha enquadrada como preservação permanente: II RELATÓRIO DA VISTORIA A vistoria do imóvel foi realizada com auxilio de uma planta topográfica e documentação da propriedade. Verificouse uma área de reflorestamento de 1350,00 ha, 901,00 ha de preservação permanente, 735,60 ha de reserva legal e 187,00 ha de floresta com característica de Mata Atlântica. A área de preservação permanente está assim considerada, desde 15 de setembro de 1965, data da edição da Lei 4.771/65, por estar devidamente tipificada no artigo 2°. desta Lei. Dessa forma, entendo que o Laudo Técnico de Vistoria (fls. 100 e 231) emitido pelo IBAMA, atestando que no imóvel existe uma área de 901,0 ha de preservação permanente, permite concluir que a empresa Saint Gobain Canalização Ltda faz jus à exclusão de tal APP da base de cálculo do ITR, pois, o referido Laudo é mais consistente do que o ADA, uma vez que não se trata de mera informação, mas de reconhecimento efetivo da existência da APP. Neste aspecto, para corroborar o fundamento para tal decisão de reconhecer a área de 901,0 ha como preservação permanente, nos termos do Laudo Técnico de Vistoria Fl. 247DF CARF MF Processo nº 10680.720834/200761 Acórdão n.º 2202005.030 S2C2T2 Fl. 243 11 emitido pelo IBAMA, cabe citar o acórdão nº 920201.933 proferido pela 2ª turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF, nos seguintes termos: No caso em tela, apesar de não possuir esse documento específico, o sujeito passivo possui declaração de órgão ambiental, emitida muito antes do fato gerador, que atesta que o imóvel está inteiramente inserido em área de preservação permanente. Assim, há que se concluir que o documento apresentado é mais consistente do que aquele exigido pela lei, pois não se trata de mera informação para que o órgão ambiental verifique que o imóvel possui área de preservação permanente, mas de reconhecimento do fato pelo órgão. Nesse sentido, entendo que a exigência legal foi atendida por documento diferente do nela previsto, mas que cumpre de forma mais completa a intenção do legislador. Acrescentando ainda a ementa do referido Acórdão, a seguir transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. OBRIGATORIEDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL APRESENTADO TEMPESTIVAMENTE. POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR DOCUMENTO OFICIAL QUE ATENDE À MESMA FINALIDADE. Para ser possível a dedução da área de preservação permanente da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido tempestivamente ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA). Entretanto, essa obrigação pode ser substituída por outro documento que atenda à finalidade de informar ao órgão ambiental da existência da área. No caso, foi apresentada declaração, expedida pelo Instituto Estadual de Florestas IEF antes do exercício fiscalizado, de que o imóvel estava totalmente abrangido em área de preservação permanente definida por decreto estadual, documento mais consistente do que aquele exigido pela lei, pois já traz o reconhecimento da área pelo órgão ambiental. Recurso Especial do Procurador Negado. Assim, entendo que a Recorrente faz jus à exclusão da base de cálculo do ITR da área de preservação permanente que foi reconhecida pelo Laudo Técnico de Vistoria (fls. 100 e 231) emitido pelo IBAMA e que, nestes termos, deve ser restabelecida a área de 794,6 ha declarada pela empresa como área de preservação permanente e que foi glosada pela Fiscalização (fl. 8). Fl. 248DF CARF MF 12 Da Área de Interesse Ecológico No que diz respeito à Área de Interesse Ecológico, notase que a decisão proferida pela Delegacia de Julgamento foi nos seguintes termos: Quanto à possível existência de áreas de interesse ecológico (187,0 ha), como requer a impugnante, é preciso ressaltar que, além de não ter sido cumprida a exigência relativa ao ADA, faz se necessário, para fins de excluir tais áreas da incidência do ITR, a apresentação de Ato de órgão competente federal ou estadual reconhecendo as mesmas como sendo de interesse ecológico exigência esta aplicada a partir do exercício de 1997 e prevista no art. 10, § 1°, inciso II, alínea “b”, da Lei n° 9.393/96, a seguir transcrito: Neste caso, mesmo havendo áreas passíveis de enquadramento como de interesse ecológico, notase que a recorrente além de não ter declarado tais áreas, não apresentou o ADA no prazo normativo bem como não apresentou o ato específico do órgão competente, federal ou estadual, declarando as áreas como de interesse ecológico. Todavia, caso a contribuinte comprovasse que possuía os requisitos para excluir da base tributável a área de interesse ecológico, entendo que o procedimento adequado deveria ser a retificação da declaração para sua inclusão, uma vez que a referida área não foi declarada, portanto não foi glosada pela fiscalização e assim, não se tornou objeto da lide. Além do mais, cabe observar que a Fiscalização somente glosou área de preservação permanente e área de reserva legal e que o recurso voluntário não é o instrumento adequado para requerer tal retificação com a inclusão da área de interesse ecológico. Ressaltando que não se pode retificar a declaração, após o início da ação fiscal, pois precluiu o direito à espontaneidade da contribuinte. Da Área de Utilização Limitada (Reserva Legal) No caso da Área de Reserva Legal, para efeito de sua caracterização com o objetivo de desoneração do ITR, cabe observar o contido nos § 4º e § 8º do art. 16 da Lei nº 4.771/65, código florestal, que determina, além da exigência do interesse ecológico, os seguintes requisitos; a) aprovação prévia do Poder Público quanto a localização da área limitada e ainda b) que essa área definida fosse devidamente averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel. Dito isso, passouse a analisar os autos, com o objetivo de verificar a existência de Área de Reserva Legal, nos termos estabelecidos pela Lei nº 4.771/65. Assim, com base nos documentos apresentados, cópia da certidão emitida pela Cartório de Registro de Imóveis (fls. 105, 113, 118, 124/125 e 130/131) bem como nos termos lavrados pelos órgãos ambientais IBDF e IEF/MG (fls. 108/109, 114/115, 120/121, 126/128 e 132/134), foi possível verificar que houve cinco averbações de área com interesse de preservação ambiental, a título de reserva legal declaradamente nos termos dos art. 16 e 44 da Lei nº 4.771/65, código florestal, conforme dados extraídos para a Tabela 1. Tabela 1: Averbações de área para reserva legal Identificação data averbação Área Ha Termo Fl. Autos Fund. legal AV47887 06/02/2001 404,85 IEF 105108/109 art. 16 e 44 AV27885 23/05/1996 67,16 IBDF 113114/115 art. 16 e 44 AV37880 06/02/2001 21,85 IEF 118120/121 art. 16 e 44 AV37906 06/02/2001 12,06 IEF 124/128 art. 16 e 44 Fl. 249DF CARF MF Processo nº 10680.720834/200761 Acórdão n.º 2202005.030 S2C2T2 Fl. 244 13 AV37884 06/02/2001 229,72 IEF 130/134 art. 16 e 44 Fonte: Certidão do Cartório do Registro de Imóveis e Termos (fls. 101/134) Da análise dos registros que constam das averbações da citada certidão (fls. 105, 113, 118, 124/125 e 130/131) realizada em conjunto com os termos (fls. 108/109, 114/115, 120/121, 126/128 e 132/134) emitidos tanto pelo IBDF quanto pelo IEF/MG, podese inferir que foi averbada com reserva legal uma área correspondente à 735 ha, resultante da soma das cinco áreas averbadas individualmente (404,85+67,16+21,85+12,06+229,72), como descrito está na Tabela 1. Dessa análise, denotase que foram preenchidos os requisitos definidos para caracterização de 735,64 ha como Área de Reserva Legal, nos termos dos §§4º e 8º do art. 16 da Lei nº 4.771/65, código florestal de 1965. Isto posto, notase que a contribuinte, nos anos de 1996 e 2001, antes do fato gerador do ITR/2003, já possuía uma área de 735,64 ha averbada no registro de imóveis a título de reserva legal, mas que a DRJ/BSA manteve o lançamento exclusivamente em função da falta de apresentação do ADA. Todavia, de acordo com a Súmula CARF nº 122, o cumprimento dos requisitos formais da referida averbação da reserva legal supre a necessidade de apresentação tempestiva do ADA. SUMULA CARF Nº 122. A averbação da Área de Reserva Legal (ARL) na matrícula do imóvel em data anterior ao fato gerador supre a eventual falta de apresentação do Ato declaratório Ambiental (ADA). Dessa forma, entendo que a contribuinte faz jus a exclusão da base de cálculo do ITR exercício de 2004, a área de 735.60 ha correspondente a reserva legal, tendo em vista que houve averbação no registro público de imóveis da respectiva área antes de ocorrência do fato gerador, conforme entendimento extraído da Súmula CARF nº 122. Neste sentido, deve ser cancelada a glosa da área de 735.60 ha declarada como área de utilização limitada (reserva legal). Do Estado de Calamidade Pública No tocante ao estado de calamidade pública, a controvérsia se instalou devido a contestação da recorrente que se insurgiu contra a decisão da DRJ/BSA, a qual decidiu que precisa de reconhecimento pelo governo federal para validar o estado de calamidade pública instituído por decreto estadual. Dessa forma, passouse buscar o deslinde da controvérsia que fora instalada, para verificar se o estado de calamidade pública precisava ser validado pelo governo federal. De acordo com o inciso I, do art. 18 da Instrução Normativa SRF nº 256 de 11 de dezembro de 2002, para efeito de considerar utilizada pela atividade rural, a área aproveitável do imóvel, a ocorrência de calamidade pública, além do reconhecimento pelo poder público local, precisava também do ser reconhecida pelo Governo Federal Art. 18. Observado o disposto nos arts. 23 a 29, considerase utilizada pela atividade rural a porção da área aproveitável do Fl. 250DF CARF MF 14 imóvel rural que, no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador do ITR: I esteja comprovadamente situada em área de ocorrência de calamidade pública decretada pelo Poder Público local e reconhecida pelo Governo federal, da qual tenha resultado frustração de safras ou destruição de pastagens; No mesmo sentido, observase Decreto nº 895 de 16 de agosto de 1993, redação vigente á época do fato gerador do ITR/2004, que dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec) defesa civil, estabeleceu no seu art. 12 que o estado de calamidade pública será reconhecido por portaria do Ministro de Estado da Integração Regional. Art. 12. O estado de calamidade pública e a situação de emergência, observados os critérios estabelecidos pelo Condec, serão reconhecidos por portaria do Ministro de Estado da Integração Regional, à vista de decreto do Governador do Distrito Federal ou do Prefeito Municipal, homologado este pelo Governador do Estado. Diante do exposto, verificase que não há como acatar o estado de calamidade pública, para efeito de aplicação do art. 10, § 6° da Lei 9.393/96, haja vista que não consta dos autos o reconhecimento pelo governo federal do referido estado de calamidade pública invocado pela recorrente. Dessa feita, permanece incólume a decisão da DRJ/BSA que assim proferiu (fl. 166): "Em relação ao estado de calamidade pública pleiteado, não cabe acatálo, uma vez que não consta dos autos que o Decreto n° 43.166/2003, às fls. 79/80, que decretou o estado de calamidade pública em referência, tenha sido reconhecido pelo Governo Federal." Da Previsão Contida no CTN A recorrente alegou que a lei civil e a lei ambiental foram publicadas antes da lei tributária do ITR (Lei nº 9.393/96), as quais dispõe técnica e juridicamente os elementos essenciais para definição da propriedade, seus acréscimos e reduções inclusive para efeitos tributários. Invocando o art. 110 do CTN para sustentar seus argumentos. Todavia, a recorrente apresentou suas alegações mas não apontou qual foi o instituto que a Lei nº 9.393/96 pudesse ter alterado ou contrariado nos termos do art. 110 do CTN, assim, tal questionamento, da forma como apresentado, demonstra tratarse de uma argumentação genérica. Contudo, observando a Lei nº 9.393 de 19 de dezembro de 1996 que "Dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, sobre pagamento da dívida representada por Títulos da Dívida Agrária e dá outras providências." não se verificou qualquer alteração da definição, do conteúdo e do alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, como previsto no referido art. 110 do CTN. Outro ponto questionado pela recorrente de que (fl. 205) "a utilização do termo legal, notadamente para as “áreas de “preservação permanente“, “reserva legal" e “interesse ecológico", não seria simplesmente um favor fiscal do legislador aceitálas na declaração de produtor rural relativo a DITR/2004 como sendo de áreas inaproveitáveis." não tem como prosperar, isto porque a isenção realmente é um favor concedido por lei, dispensando o contribuinte do pagamento do imposto. Fl. 251DF CARF MF Processo nº 10680.720834/200761 Acórdão n.º 2202005.030 S2C2T2 Fl. 245 15 No caso das áreas de “preservação permanente“, e “interesse ecológico", o Código Florestal, Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, tratou de estabelecer as definições para efeito de caracterização e proteção, enquanto que a Lei nº 9.393 de 19 de dezembro de 1996, art. 10, inciso II, estabeleceu que estas áreas estariam excluídas da base de incidência do ITR. No mesmo sentido, observase que o § 1º, art. 17O, da Lei nº 6.938/81 e inciso I, do parágrafo 3º, art. 10, do Decreto nº 4.382/2002, estabeleceu a obrigatoriedade da entrega do ADA, para efeito da desoneração do ITR. Isto posto, notase que o ente tributante, no caso a União, concedeu à isenção do ITR, paras as áreas de “preservação permanente“ e “interesse ecológico", contudo criou uma obrigação legal, entrega do ADA, para fazer jus a esta desoneração. Inclusive cabe ressaltar que a obrigatoriedade de entrega do referido ADA, além da repercussão tributária, permite a entidade responsável pela fiscalização ambiental verificar a existência ou não de tal área declarada. Dessa forma, a exoneração do pagamento do ITR, por exclusão da base de cálculo das áreas de “preservação permanente“ e “interesse ecológico", não desobriga o contribuinte de cumprir a obrigações instituídas por lei, neste caso a entrega do ADA, no prazo regulamentar e que possibilita a redução do ITR. Assim sendo, rejeito o argumento da pessoa jurídica Saint Gobain Canalização Ltda de que a Lei nº 9.393/96 pudesse ter alterado ou contrariado o disposto do art. 110 do CTN bem como a isenção não é um favor legal concedido. Do Enfoque Doutrinário, Jurisprudencial Quanto à alegação de que existe a necessidade de observância do Princípio da Verdade Material, afirmando que (fl. 206): "consoante o princípio da verdade material, deve a ação fiscal aterse predominantemente à constatação da real existência do todo. Jamais pode o fisco deixar de considerar a existência das áreas de utilização limitada da propriedade, (...)". entendo que tal alegação não merece prosperar, uma vez que, a recorrente pretendeu se eximir de uma obrigação legal, deixar de apresentar do ADA no prazo definido pela legislação, invocando o princípio da verdade material. Neste contexto, entendo que o princípio da verdade material confere ao julgador administrativo maior liberdade na apreciação das provas, podendo coletar provas ou determinar a produção de provas não produzidas pelas partes, se assim for necessário, mas não permite ao julgador, deixar de exigir um documento em que sua entrega seja obrigatória por lei. Isto porque, no presente caso, não se está discutindo os tipos de provas apresentadas nos autos e sim, o cumprimento da obrigação de entrega do ADA, para usufruir a redução do ITR, como previsto no § 1º, art. 17O, da Lei nº 6.938/81 e também no inciso I, do parágrafo 3º, art. 10, do Decreto nº 4.382, de 19 de setembro de 2002, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR. Isto posto, entendo que para se obter a exclusão das áreas de preservação permanente da incidência do ITR e usufruir tal isenção, a recorrente deveria cumprir o que determina as normas no que diz respeito a entrega do ADA, entretanto, os documentos acostados aos autos não tem o condão de substituir a entrega tempestiva do ADA, exatamente por falta de previsão legal. Além do mais, por se tratar de isenção tributária, a interpretação da norma que determina a obrigatoriedade do ADA deve ser realizada nos termos do artigo 111, II, do CTN, que não permite interpretação extensiva. Fl. 252DF CARF MF 16 No tocante ao argumento apresentado pela recorrente de que o servidor deveria aplicar a discricionariedade dentro dos critérios da razoabilidade, invocando ainda os princípios do ordenamento jurídico e da proporcionalidade, também não merece prosperar. No caso da discricionariedade, como definido está na própria peça recursal (fl. 207), que permite à autoridade administrativa "certa margem livre de apreciação da conveniência e oportunidade de soluções legalmente possíveis", bem como no caso da razoabilidade e da proporcionalidade, entendo que não há espaço para aplicálos no contexto da ação fiscal. Isto porque, quando a autoridade fiscal constatar que o contribuinte deixou de cumprir uma determinada obrigação, deverá fazer o lançamento correspondente, nos termos do art. 142 da Lei nº 5.172 de 25/10/1966 (CTN), porque a lei não lhe permite nenhuma margem de escolha bem como não lhe permite fazer juízo de valor sobre ilegalidade ou inconstitucionalidade da norma tributária. Assim, por conta do caráter vinculado da atividade fiscal, considerações sobre o cumprimento das obrigações acessórias, entrega do ADA, não se encontram sob a discricionariedade da autoridade administrativa ou julgadora, uma vez que a obrigação definida objetivamente pela lei, não dando margem a qualquer entendimento em sentido contrário. Aliás, aplicase o mesmo entendimento em relação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo que a norma legal que determina a entrega do ADA não permite a autoridade fiscal exigir diferente do qual foi estabelecido na referida norma, nem fazer diferenciação sobre a aplicação ou não da norma. Então, uma vez constatada o descumprimento da obrigação de entregar o ADA, deve ser feita a glosa das áreas excluídas indevidamente da tributação do ITR, não permitindo à autoridade fiscal fazer juízo de valor sobre tal exigência conforme está disciplinada na norma tributária. Além do mais, o lançamento tributário realizado pela Autoridade Fiscal é uma atividade administrativa, obrigatória e vinculada nos termos do artigo 142 da Lei nº 5.172 de 25/10/1966 (CTN). Em relação as decisões administrativas, cabe esclarecer que, de acordo com o art. 100, inciso II, do Código Tributário Nacional, tais decisões para se tornarem normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos, necessitam de lei que lhe atribua essa eficácia. No presente caso, as decisões administrativas trazidos aos autos não estão amparadas por lei para se tornar normas complementares, portanto, mesmo que reiteradas, as referidas decisões não têm efeito vinculante. Já em relação a jurisprudência apresentada pela empresa, cabe esclarecer que os efeitos das decisões judiciais, conforme art. 503 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), somente obrigam as partes envolvidas, uma vez que a sentença judicial tem força de lei nos limites das questões expressamente decididas. Além disso, cabe ao conselheiro do CARF o dever de observância obrigatória de decisões definitivas proferidas pelo STF e STJ, após o trânsito em julgado do recurso afetado para julgamento como representativo da controvérsia. Fl. 253DF CARF MF Processo nº 10680.720834/200761 Acórdão n.º 2202005.030 S2C2T2 Fl. 246 17 Isto posto, entendo que a doutrina, as decisões administrativas e a jurisprudência trazidos aos autos pela recorrente não vinculam este julgamento na esfera administrativa. Da Apuração do Valor da Terra Nua VTN As alegações da recorrente contestando o arbitramento feito pela fiscalização para apurar o valor da terra nua do imóvel não merecem prosperar. De acordo com a descrição dos fatos enquadramento legal da notificação de lançamento (fls. 02/07) e do extrato com informações sobre o SIPT com os valores por aptidão agrícola emitido pela RFB (fl. 12), os valores se referem ao exercício de 2004, portanto, passível de aplicação ao presente lançamento. Percebese que os valores médios informados no extrato SIPT têm como origem a Secretaria Estadual da Agricultura e estão delineados de acordo com a aptidão agrícola e definidos da seguinte forma, por hectare: a) pastagem pecuária R$ 4.000,00; b) cultura lavoura R$ 4.500,00; c) campos 3.000,00 e d) matas R$ 1.500,00. Percebese também o valor médio do VTN calculado com base na DITR para o exercício de 2004 de R$ 2.001,22. Com base nas informações que constam no extrato do SIPT (fl. 12), verifica se que a fiscalização arbitrou o valor da terra nua tendo como parâmetro o menor valor com aptidão agrícola informado pela Secretaria Estadual da Agricultura que foi de R$ 1.500,00 por hectare, referente a matas. Quanto a alegações de cerceamento de defesa, porque os valores do SIPT não foram encaminhados junto com o auto de infração, também não procedem, isto porque todas as informações referentes ao arbitramento do VNT, inclusive o valor atribuído, constam da descrição dos fatos enquadramento legal da Notificação de Lançamento (fls. 02/12) bem como, o extrato com os valores médios informados pela Secretaria Estadual da Agricultura constam dos autos a folha 12. Dessa forma, não há que se falar em cerceamento de defesa, porque a recorrente, além de receber a Notificação de Lançamento (fls. 94 e 138) ainda poderia consultar o presente processo que ficou a sua disposição na unidade de preparo. Apresentação posterior de provas Ao final, a recorrente protesta pelo juntada posterior de outros documentos ou procedimentos que se tornem necessários o comprovação do seu direito No que se refere ao requerimento pela produção posterior de provas, a título de documento novo, não prospera, uma vez que o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, dispõe que está precluso o direito de apresentar novas provas documentais. Art.16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento Fl. 254DF CARF MF 18 processual, a menos que: (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (acrescentado pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(acrescentado pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(acrescentado pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.532, de 10/12/97) § 6.º. Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Acrescido pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997) Estas são as razões para o indeferimento da produção de novas provas, com as ressalvas do § 4º do art. 16 supra transcrito. Decisão Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa da área de 735.60 ha declarada como área de utilização limitada (reserva legal) e a glosa da de 794,6 ha declarada com área de preservação permanente. (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia Fl. 255DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000845/2005-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1999, 2000,2001, 2002
DEPÓSITO BANCÁRIO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA. SUJEITO PASSIVO É O TITULAR DA CONTA BANCÁRIA.
Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário pois a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.
Nestes casos, o lançamento em razão da omissão de receita deve ser lavrado em desfavor do titular da conta bancária.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPOSTOS BANCÁRIOS. CONTA BANCÁRIA SOLIDÁRIA (CONJUNTA).
Conforme estabelece a Súmula CARF nº 29, todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA SUMULADA.
De acordo com o disposto na Súmula nº 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. MATÉRIA SUMULADA.
De acordo com o disposto na Súmula CARF nº 04, a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 2201-005.014
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, no mérito, por unanimidade de votos em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir do lançamento os valores efetuados na conta corrente nº 8700 da agência 0562 do Bradesco, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushyama, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Daniel Melo Mendes Bezerra (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1999, 2000,2001, 2002 DEPÓSITO BANCÁRIO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA. SUJEITO PASSIVO É O TITULAR DA CONTA BANCÁRIA. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário pois a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Nestes casos, o lançamento em razão da omissão de receita deve ser lavrado em desfavor do titular da conta bancária. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPOSTOS BANCÁRIOS. CONTA BANCÁRIA SOLIDÁRIA (CONJUNTA). Conforme estabelece a Súmula CARF nº 29, todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA SUMULADA. De acordo com o disposto na Súmula nº 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. MATÉRIA SUMULADA. De acordo com o disposto na Súmula CARF nº 04, a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM COMPROVADA. Recorrente SILVIA MARIA CALLAS SUCAR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1999, 2000,2001, 2002 DEPÓSITO BANCÁRIO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA. SUJEITO PASSIVO É O TITULAR DA CONTA BANCÁRIA. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário pois a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Nestes casos, o lançamento em razão da omissão de receita deve ser lavrado em desfavor do titular da conta bancária. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPOSTOS BANCÁRIOS. CONTA BANCÁRIA SOLIDÁRIA (CONJUNTA). Conforme estabelece a Súmula CARF nº 29, todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA SUMULADA. De acordo com o disposto na Súmula nº 02, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. MATÉRIA SUMULADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 08 45 /2 00 5- 46 Fl. 652DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 636 2 De acordo com o disposto na Súmula CARF nº 04, a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas, no mérito, por unanimidade de votos em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir do lançamento os valores efetuados na conta corrente nº 8700 da agência 0562 do Bradesco, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fofano, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushyama, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Daniel Melo Mendes Bezerra (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 529/557, interposto contra decisão da DRJ em São Paulo II/SP, de fls. 515/522, a qual julgou procedente em parte o lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física – IRPF de fls. 418/427, lavrado em 29/3/2005, relativo aos anoscalendário de 1999, 2000, 2001 e 2002, com ciência do RECORRENTE em 30/3/2005, conforme termo de fls. 430. O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, no valor de R$ 998.008,96, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e multa de ofício de 75%. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal – TVF acostado às fls. 395/417, durante a fiscalização a contribuinte não logrou em comprovar a origem dos depósitos recebidos em suas contas correntes mantidas no HSBC Bank Brasil S.A e HSBC Investiment Bank Brasil S.A (fls. 333/339), Unibanco S.A (fls. 181/332) e Bradesco S.A (fls. 68/180), cujos extratos foram obtidos mediante Requisição de Movimentação Financeira encaminhados às instituições financeiras ante a incompatibilidade da movimentação bancária da contribuinte (fls. 20/31, compiladas no “Resumo da Movimentação Bancária e CPMF” de fl. 379) e os rendimentos por ela declarados (fls. 32/38). Fl. 653DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 637 3 A RECORRENTE apenas apresentou requerimento para dilação de prazo e cópia de suas DIRPFs. Ante a ausência de comprovação ou qualquer manifestação por parte da contribuinte, a fiscalização separou os depósitos “superiores” (fl. 380) e “inferiores” (fls. 381/384) e consolidou os depósitos de “interesse” (fls. 385/389), com base nos quais foi efetuado o presente lançamento do imposto de renda. A tabela de consolidação dos depósitos é a seguinte (fl. 390): Da Impugnação A RECORRENTE apresentou sua Impugnação de fls. 442/444. Em síntese, defendeu a impossibilidade de apresentar as provas solicitadas pela fiscalização ante ao curto prazo que lhe foi dado, eis que não tem a obrigação legal de manter escrituração contábil. Também defendeu que seus rendimentos foram devidamente declarados pelo seu cônjuge, Victor Sucar, e que a maioria das transferências bancárias eram movimentações financeiras entre contas dele (fls. 447/476). Da Decisão da DRJ Quando do julgamento do caso, a DRJ em São Paulo II/SP julgou procedente em parte o lançamento, conforme ementa abaixo (fls. 515/522). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Anocalendário: 1999. 2000. 2001 e 2002 DEPÓSITO BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A presunção legal de omissão de autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Fl. 654DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 638 4 Tendo a contribuinte comprovado parcialmente a origem dos depósitos bancários tributados, os respectivos valores devem ser excluídos do lançamento, mantendose parte da omissão de rendimentos apurada pelo fisco. Lançamento Procedente em Parte. No mérito, a autoridade julgadora reconheceu a origem de diversos depósitos como proveniente de transferências de conta de sua titularidade, pois eram provenientes do seu cônjuge, Victor Sucar, conforme planilhas de fls. 518/519. Dos depósitos apontados pela RECORRENTE como provenientes de seu marido, a DRJ apenas não acatou como comprovada a origem de três créditos, pois, apesar de provenientes de Victor Sucar, seus destinos foram contas que não foram objeto do presente auto de infração, quais sejam: Por tal razão, excluiu do lançamento os seguintes valores: · Anocalendário 1999: R$ 293.000 00; · Anocalendário 2001: R$ 90.988 00; e · Anocalendário 2002: R$ 158.300,00. Assim, retificou o lançamento conforme tabelas às fls. 520/521 e demonstrativo de apuração às fls. 521/522 Do Recurso Voluntário A RECORRENTE, devidamente intimada da decisão da DRJ em 22/6/2009, conforme AR de fl. 527, apresentou o recurso voluntário de fls. 528/557 em 21/7/2009. Em suas razões, reiterou os argumentos da impugnação, além de alegar a decadência de parte do crédito tributário, a ilegalidade da taxa Selic e o caráter confiscatório da multa de ofício. Do Pedido de Conexão Em 19/05/2011, a RECORRENTE pleiteou a conexão do presente processo ao de nº 19515.002763/200455, instaurado em razão da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos de origem não comprovadas na conta bancária de seu cônjuge, Sr. Victor Sucar, pelo fato de ambos tratarem da mesma matéria, já que as partes possuem contas bancárias em Fl. 655DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 639 5 comum e declaração de IR feita em conjunto, o que atrairia a conexão nos termo do art. 47 do RICARF (fls. 609/610). Do Pedido de Sobrestamento Em 22/01/2013 a RECORRENTE atravessou nos autos a petição de fls. 611/620, oportunidade em que pleiteou o sobrestamento do presente processo, nos termos do art. 62A, §1º, do RICARF, em decorrência do tema a ser julgado pelo STF, nos autos do RE 601.314, envolvendo o fornecimento de informações financeiras ao Fisco sem autorização judicial e a possibilidade de aplicar as informações referentes à CPMF, com base na Lei nº 10.174/2001, de forma retroativa, temas, estes, com repercussão geral reconhecida. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. PRELIMINAR Sobrestamento Entendo como prejudicado o tema envolvendo o sobrestamento do feito, já que o RE 601314 foi julgado pelo STF (com decisão transitada em julgado em 11/10/2016), oportunidade em que restou fixada a seguinte tese em repercussão geral (tema 225): I O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal; II A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, § 1º, do CTN. Nesse sentido, não há necessidade de sobrestamento dos autos, eis que solucionada a controvérsia apontada pela RECORRENTE, restando esclarecido que o lançamento não se encontra eivado de vícios de inconstitucionalidade sobre a obtenção de informações bancárias com base na CPMF, obtidas diretamente junto às instituições financeiras Fl. 656DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 640 6 com base na Lei Complementar nº 105/2001, assim como a possibilidade de aplicação retroativa das informações obtidas mediante instrumento trazido com a Lei nº 10.174/2001. Da Conexão Também não merece acolhida o pedido de conexão com o processo nº 19515.002763/200455, instaurado em face do cônjuge da RECORRENTE, Sr. Victor Sucar. A RECORRENTE afirmou que ela e seu cônjuge “possuem contas bancárias em comum e Declaração de Imposto de Renda é feita em conjunto”, por esse motivo deveria haver a conexão dos processos com o julgamento em conjunto para evitar decisões conflitantes. Contudo, no presente processo administrativo, apesar de também se tratar de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos de origem não comprovadas, as contas investigadas são as de titularidade da RECORRENTE e não as de titularidade do Sr. Victor Sucar. Nos autos do processo nº 19515.002763/200455 devem estar sendo investigadas as contas do Sr. Victor, porém se lá existem contas conjuntas com a ora RECORRENTE, é uma peculiaridade que deve ser apontada e resolvida nos autos daquele processo administrativo. Ademais, não prospera a afirmação da RECORRENTE de que ela e seu cônjuge possuem “Declaração de Imposto de Renda é feita em conjunto” (fl. 610). Da análise das fls. 362/378 e das fls. 582/606, constatase que as declarações de IR da RECORRENTE e de seu cônjuge são feitas em separado. Conforme adiante será detalhado, caso a conta bancária investigada no presente processo fosse movimentada pelo cônjuge da RECORRENTE, este era um fato que deveria ser comprovado nestes autos a fim de haver a apuração de omissão de rendimentos em nome da pessoa a quem pertencem os créditos efetuados nas contas; caso contrário, é de rigor o lançamento do crédito fiscal em face do titular da conta bancária, por expressa determinação legal. De acordo com a Súmula CARF nº 32, a presunção de omissão de rendimentos no caso de não comprovação da origem de valores creditados em conta de depósito é infração a ser investigada em nome da pessoa (física ou jurídica) titular da conta bancária, salvo se comprovada de forma inequívoca a utilização da conta por terceiros, o que não ocorreu no presente caso: Súmula CARF nº 32 A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. Conforme adiante exposto, as contas conjuntas para as quais não houve a intimação de todos os cotitulares para comprovação dos depósitos serão excluídas do presente lançamento. Desta forma, restarão apenas contas individuais da contribuinte, de modo que fica ultrapassada a alegação de que a RECORRENTE e seu cônjuge “possuem contas bancárias em comum" Fl. 657DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 641 7 Reitero que se no processo movido em desfavor do Sr. Victor existem contas conjuntas com a ora RECORRENTE, esta questão deve ser apontada e resolvida nos autos daquele processo administrativo. Assim, não há qualquer fato que enlace a dependência de ambos os processos, sendo dispensável a conexão dos mesmos. Decadência Afirma que a RECORRENTE que pela regra do art. 150, §4º do CTN, houve decadência dos créditos relativos ao período anterior a março de 2000, uma vez que somente foi intimada do auto de infração em 30/3/2005. Quanto à suposta decadência, é preciso esclarecer que o fato gerador do IRPF é complexivo. Ou seja, embora apurado mensalmente, está sujeito ao ajuste anual quando é possível definir a base de cálculo e aplicar a tabela progressiva, aperfeiçoandose no dia 31/12 de cada anocalendário. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2005,2006 IRPF. DECADÊNCIA. FATO GERADOR QUE SOMENTE SE APERFEIÇOA NO DIA 31 DE DEZEMBRO DE CADA ANO. O fato gerador do IRPF é complexivo, aperfeiçoandose no dia 31/12 de cada anocalendário. Assim, como não houve o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a intimação do contribuinte da lavratura do auto de infração, devese afastar a alegação de decadência do crédito tributário. (...)” Portaria MF nº 383, de 12/07/2010, DOU de 14/07/2010). (acórdão nº 2402005.594; 19/01/2017) Além disto, todos os lançamentos foram lavrados por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Portanto, atraí a regra insculpida na súmula nº 38 do CARF: Súmula CARF nº 38 O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Por outro lado, no que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, o Superior Tribunal de Justiça – STJ julgou o Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), em 12 de agosto de 2009, com acórdão submetido ao regime do artigo 543 Fl. 658DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 642 8 C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos), da relatoria do Ministro Luiz Fux, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Fl. 659DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 643 9 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008 (grifou se) Portanto, sempre que o contribuinte efetue o pagamento antecipado, o prazo decadencial se encerra depois de transcorridos 5 (cinco) anos do fato gerador, conforme regra do art. 150, § 4º, CTN. Na ausência de pagamento antecipado ou nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação, o lustro decadencial para constituir o crédito tributário é contado do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, CTN. Por ter sido prolatada sob a sistemática do art. 543C do antigo CPC, a decisão supramencionada deve ser observada por este CARF, nos termos do art. 61, §2º, do Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015): § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Desta forma, o prazo decadencial deve ser contado nos termos do art. 173, I, do CTN pois não houve qualquer pagamento antecipado de imposto de renda, a qualquer título, que enseje a aplicação do art. 150, § 4º do CTN, conforme comprovam as declarações de ajuste anual constantes nas páginas 32/38. Nestes termos, em relação ao anocalendário 1999 (período mais remoto), o primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado é o dia 1º/1/2001, visto que o fisco apenas poderia ter efetuado o lançamento referente ao ano calendário de 1999 após a data estipulada para apresentação da declaração de ajuste anual, in casu, 28/4/2000 (último dia útil do mês de abril). Considerando que a data de intimação da RECORRENTE foi 30/3/2005, não houve o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, pois o lançamento poderia ser efetuado até 01/01/2006. Portanto, improcedente a alegação de decadência do crédito tributário. MÉRITO Fl. 660DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 644 10 Depósitos Bancários sem Origem Comprovada Em princípio, devese esclarecer que o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 prevê expressamente que os valores creditados em conta de depósito que não tenham sua origem comprovada caracterizamse como omissão de rendimento para efeitos de tributação do imposto de renda, nos seguintes termos: "Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações." A presunção de omissão de receita estabelecida pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96 autoriza o lançamento quando a autoridade fiscal verificar a ocorrência do fato previsto, não sendo necessária a comprovação do consumo dos valores. A referida matéria já foi, inclusive, sumulada por este CARF, razão pela qual é dever invocar a Súmula nº 26 transcrita a seguir: “SÚMULA CARF Nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei Nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.” Portanto, ao contrário do que defende a RECORRENTE, é legal a presunção de omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada, a qual pode ser elidida por prova em contrário, o que não aconteceu no presente caso. A única forma de elidir a tributação é a comprovação, pelo contribuinte, da origem dos recursos depositados nas contas correntes mediante documentação hábil e idônea. Para afastar a autuação, a RECORRENTE deveria apresentar comprovação documental referente a cada um dos depósitos individualizadamente, nos termos do §3º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. O art. 15 do Decreto nº 70.235/72 determina que a defesa do contribuinte deve estar acompanhada de toda a documentação em que se fundamentar: "Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência." Deveria, então, a RECORRENTE comprovar a origem dos recursos depositados na sua conta bancária durante a ação fiscal, ou quando da apresentação de sua impugnação/recurso, pois o crédito em seu favor é incontestável. Sobre o mesmo tema, importante transcrever acórdão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF: Fl. 661DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 645 11 “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 1998 (...) IMPOSTO DE RENDA TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS REGIME DA LEI Nº 9.430/96 POSSIBILIDADE A partir da vigência do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar o consumo da renda representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/90. Agora, o contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que estes são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva. (...) Recurso voluntário provido em parte. (1ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais; julgamento em 04/02/2009)” Esclareçase, também, que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, devendo a autoridade fiscal agir conforme estabelece a lei, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Desta forma, analisarseá as justificativas apresentadas pela RECORRENTE. Da Tributação dos Rendimentos em Nome de seu Cônjuge Afirma que é casada com Victor Sucar sob o regime de comunhão universal de bens e, por isso, menciona em suas DIRPF que os bens do casal estão todos na declaração do seu marido . Assim, defende que o fato de “ter os bens do casal relacionados na declaração de imposto de renda de seu marido não a impede que mantenha suas próprias contas bancárias e as movimente sempre que entender necessário, desde que seus saldos, no final de cada ano, componham a declaração de bens de seu marido, o que sempre ocorre”. Fl. 662DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 646 12 Contudo, é preciso ter em mente que o presente lançamento tem por base depósitos de origem não comprovadas efetuados em contas da RECORRENTE, e não alegação de acréscimo patrimonial a descoberto. Sendo assim, a informação sobre os bens pertencentes à RECORRENTE é irrelevante para o deslinde do presente caso. Conforme exposto, o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 estabelece a presunção de omissão de rendimentos no caso de não comprovação da origem de valores creditados em conta de depósito. Tal infração é investigada em nome da pessoa (física ou jurídica) titular da conta bancária, conforme estabelece a Súmula CARF nº 32: Súmula CARF nº 32 A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. Sendo assim, a afirmação da RECORRENTE de que os recursos depositados em suas contas bancárias pertencem ao seu cônjuge (ou são comuns ao casal) deveria, necessariamente, estar acompanhada de documentação hábil e idônea, o que não ocorreu no presente caso. A RECORRENTE afirmou que ela e seu cônjuge “possuem contas bancárias em comum e Declaração de Imposto de Renda é feita em conjunto”. Neste sentido, observo que, das contas investigadas pela autoridade fiscal, a conta corrente nº 8700 da agência 0562 do Bradesco, é do tipo Solidária (e/ou), conforme dados da conta à fl. 70 e os extratos de fls. 74/127. Tanto que a instituição financeira afirma expressamente que, “por não constar a existência de processo administrativo instaurado contra pessoa do cotitular da conta bancária, deixamos de fornecer os seus dados cadastrais” (fl. 70). Neste sentido, deveria o cotitular da conta corrente nº 8700 da agência 0562 do Bradesco ter sido intimado para, junto com a RECORRENTE, comprovar a origem dos depósitos efetuados na mencionada conta, o que não ocorreu no presente caso. Não há informação de quem seja o cotitular da mencionada conta no Bradesco, mas isso não afasta a obrigação da autoridade fiscal fazer tal investigação, pois a conta poderia ser movimentada exclusivamente pelo outro cotitular que não a RECORRENTE. Caso ainda assim não restassem comprovadas a origem dos recursos ou a assunção da movimentação exclusiva por parte de um dos cotitulares, deveria a autoridade fiscal ter efetuado o lançamento de forma proporcional em relação à quantidade de cotitulares, já que a RECORRENTE apresenta sua declaração em separado, nos termos do art. 42, §6º, da Lei nº 9.430/96: Art. 42. (...) § 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas Fl. 663DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 647 13 será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Contudo, nada disso restou observado no presente caso, já que não há noticia de intimação do(s) cotitular(es) da conta corrente nº 8700 da agência 0562 do Bradesco. Portanto, entendo que os valores referentes à mencionada conta conjunta devem ser afastados da base de cálculo do presente lançamento, conforme preceitua a Súmula nº 29 deste CARF: Súmula CARF nº 29 Os cotitulares da conta bancária que apresentem declaração de rendimentos em separado devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de exclusão, da base de cálculo do lançamento, dos valores referentes às contas conjuntas em relação às quais não se intimou todos os co titulares. Para as outras contas investigadas (nº 113.0356 e nº 200.4063, ambas na agência 0139 do Unibanco), não há qualquer alteração a ser feita, já que ambas não são do tipo conjunta, informação que se extrai dos documentos de fls. 181/332. Portanto, merece prosperar em parte o argumento de defesa, devendo ser afastados do lançamento os créditos efetuados na conta corrente nº 8700 da agência 0562 do Bradesco. Dos Valores Oriundos da Partilha de Bens Afirma a RECORRENTE que em 30/8/1999 recebeu um depósito de R$ 142.417,71 na conta 8700 do Bradesco em razão da partilha de bens de Afdoquia Chohfi Callas. Tal questão encontrase superada em razão da exclusão dos valores depositados na conta nº 8700 do Bradesco, ante a não intimação do cotitular pela fiscalização para comprovação dos depósitos. Dos Valores Oriundos da Imobiliária Sucar e de Li Danji a Título de Aluguel Quanto aos depósitos que alega ter recebido da Imobiliária Sucar e de Li Danji como pagamento de alugueis, entendo como não comprovada a origem. Em principio, esclareço que a RECORRENTE não aponta onde foram efetuados os referidos depósitos. Assim, caso tenham sido efetuados na conta nº 8700 do Bradesco, tal questão deve ser superada em razão da exclusão dos valores depositados na mencionada conta ante a não intimação do cotitular pela fiscalização para comprovação dos depósitos. Por outro lado, caso os valores tenham sido efetuados nas contas do Unibanco, esclareço que, conforme já exposto, para afastar a tributação não basta comprovar de onde os recursos vieram, mas sim que os depósitos são provenientes de rendimentos isentos, Fl. 664DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 648 14 não tributáveis ou já oferecidos a tributação. No presente caso, ainda que estes rendimentos tenham sido recebidos a título de alugueis, o que não restou comprovado ante a ausência de documentação hábil e idônea, tal fato por si só não é suficiente para afastar a tributação. Dos Valores Oriundos de Doações de seu Irmão Quanto as supostas doações recebidas de seu irmão, João Carlos Callas, entendo que a RECORRENTE, mais uma vez, não apresentou documentação hábil e idônea para comprovar que tais ingressos são frutos de doação, em especial a declaração e o pagamento do imposto sobre transmissão causa mortis e doação – ITCMD, efetuada à Fazenda Estadual competente. De igual forma, a RECORRENTE não aponta onde foram efetuados os referidos depósitos, devendose esclarecer que, caso tenham sido efetuados na conta nº 8700 do Bradesco, tal questão deve ser superada em razão da exclusão dos valores depositados na mencionada conta ante a não intimação do cotitular pela fiscalização para comprovação dos depósitos. Dos Valores Oriundos de Contas de sua Titularidade Por fim, alegou também que parte dos depósitos são provenientes de transferências entre contas de sua titularidade, quais sejam: Verifico que todos os valores acima foram depositados na conta nº 8700 do Bradesco. Assim, tal questão encontrase superada em razão da exclusão dos valores depositados na mencionada conta, ante a não intimação do cotitular pela fiscalização para comprovação dos depósitos. Fl. 665DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 649 15 Taxa Selic A RECORRENTE alega ser indevida a aplicação da correção do crédito tributária pela SELIC. No entanto, de acordo com a Súmula nº 04 deste CARF, sobre os créditos tributários, são devidos os juros moratórios calculados à taxa referencial do SELIC, a conferir: “SÚMULA CARF Nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Portanto, não se pode requerer que a autoridade lançadora afaste a aplicação da lei, na medida em que não há permissão ou exceção que autorize o afastamento dos juros moratórios. A aplicação de tal índice de correção e juros moratórios é dever funcional do Fisco. Multas de ofício aplicada em caráter confiscatório A RECORRENTE argumenta que a aplicação da multa de ofício estaria ferindo o princípio do nãoconfisco, motivo pelo qual deveria ser anulada, ou então reduzida. Entendo que também são insubsistentes as alegações da RECORRENTE. O lançamento ora em análise diz respeito à omissão de rendimentos que originou a constituição do crédito tributário. Assim, devese esclarecer que a multa de ofício aplicada no percentual de 75% decorre de previsão legal em razão do lançamento de ofício, conforme disciplina o art. 44, I da Lei nº 9.430/96: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Em princípio, quanto às alegações de inconstitucionalidade levantadas pelo RECORRENTE sobre a aplicação de multa com suposto efeito de confisco, devese esclarecer que, de acordo com o disposto na Súmula nº 02 deste órgão julgador, esta é matéria estranha à sua competência: “SÚMULA CARF Nº 02 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Fl. 666DF CARF MF Processo nº 19515.000845/200546 Acórdão n.º 2201005.014 S2C2T1 Fl. 650 16 A aplicação da multa é dever da autoridade fiscal, que tem a obrigação de aplicala sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do CTN, visto que a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, in verbis: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Assim, no momento em que o auditor realiza de ofício o lançamento do imposto de renda, deve ser aplicada a multa do art. 44 da Lei nº 9.430/96 sobre o imposto suplementar calculado, por estrita determinação legal. Não é, portanto, penalidade aplicada ao livre arbítrio pelo auditor fiscal a ensejar a discussão acerca de seu efeito confiscatório. A análise de tal matéria é de competência do STF, que é o competente pela guarda da Constituição da República, nos termos do art. 102 da Carta Magna. Portanto, entendo pela improcedência dos argumentos do contribuinte. CONCLUSÃO Em razão do exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para afastar do lançamento os créditos efetuados na conta corrente conjunta nº 8700 da agência 0562 do Bradesco, conforme razões acima apresentadas. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 667DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10320.900196/2011-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA COM ALÍQUOTA ZERO NAS OPERAÇÕES DE REVENDA. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO NOS TERMOS DO ART. 17 DA LEI 11.033/2004.
Os artigos 2º, parágrafo 1º, VIII e 3º, I, b, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente o direito ao creditamento das referidas contribuições em relação a bebidas adquiridas para revenda. O benefício contido no artigo 17 da Lei 11.033, de 2004, de que o vendedor tem direito a créditos vinculados às vendas efetuadas com alíquota zero do PIS e Cofins, não se aplica no caso de os bens adquiridos não estarem sujeitos ao pagamento das contribuições.
Numero da decisão: 3201-004.938
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA COM ALÍQUOTA ZERO NA REVENDA. DIREITO DE CRÉDITO. Recorrente DIBEM DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS MARANHENSE LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA COM ALÍQUOTA ZERO NAS OPERAÇÕES DE REVENDA. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO NOS TERMOS DO ART. 17 DA LEI 11.033/2004. Os artigos 2º, parágrafo 1º, VIII e 3º, I, b, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente o direito ao creditamento das referidas contribuições em relação a bebidas adquiridas para revenda. O benefício contido no artigo 17 da Lei 11.033, de 2004, de que o vendedor tem direito a créditos vinculados às vendas efetuadas com alíquota zero do PIS e Cofins, não se aplica no caso de os bens adquiridos não estarem sujeitos ao pagamento das contribuições. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 90 01 96 /2 01 1- 36 Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10320.900196/201136 Acórdão n.º 3201004.938 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório O presente processo trata de pedido de ressarcimento de COFINS mercado interno. A DRF em São Luís, por intermédio de Despacho Decisório, indeferiu o pleito alegando impossibilidade de confirmar a existência do direito creditório, tendo em vista que a interessada, mesmo intimada, não apresentou Dacon contendo informações do período de apuração do crédito pleiteado. Adotou por fundamento legal os arts. 39 e 40 da Lei nº 9.784, de 29/01/1999, e art. 65 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 30/12/2008. Cientificado da decisão o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade argumentando que agiu de boafé quando transmitiu o Pedido de Ressarcimento de créditos de PIS e Cofins, com amparo no art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004. E que a falta de preenchimento do Dacon, à época, se deu por situações alheias a sua vontade. A DRJ/Curitiba/PR julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não homologou a compensação declarada, nos termos do Acórdão 06050.491. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. OBRIGATORIEDADE DA APRESENTAÇÃO DO DACON. Cabe ao sujeito passivo o ônus de comprovar a existência do direito creditório, demonstrando a base de cálculo dos créditos aproveitados, vinculados aos respectivos elementos de prova, podendo a autoridade administrativa condicionar o reconhecimento dos créditos à apresentação de documentos, escrituração fiscal ou informações que julgar necessárias. COFINS. MERCADO INTERNO. VENDAS A VAREJO E NO ATACADO DE BEBIDAS E REFRIGERANTES. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS MONOFÁSICOS PARA REVENDA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO A CRÉDITO. O art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, realizadas por comerciantes atacadistas e varejistas de bebidas e refrigerantes, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito de aquisições, nas vendas submetidas à incidência monofásica, desde a sua definição. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10320.900196/201136 Acórdão n.º 3201004.938 S3C2T1 Fl. 4 3 Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário visando a reforma da decisão recorrida, para que lhe seja reconhecido o direito creditório e homologada a compensação declarada. Suscita que a manutenção dos créditos de PIS/Cofins na escrita fiscal tem respaldo no art. 17 da Lei 11.033/04. Aduz que o fato de as aquisições serem efetuadas com alíquota zero não impede o creditamento dessas Contribuições. Por ser tal norma posterior, que regulamenta a mesma matéria, revogou o art. 3º, I, b da Lei nº 10.833/03. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.933, de 25/02/2019, proferido no julgamento do processo 10320.900191/201111, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.933): "(...) O litígio, conforme pontuado pela decisão recorrida, versa sobre o indeferimento no despacho decisório de direito creditório (ressarcimento/compensação) em razão da impossibilidade de análise do crédito pleiteado em face da omissão da contribuinte na entrega de Dacon. Todavia, o fundamento da DRJ para negativa ao pleito, contrapondo as razões arguidas na manifestação de inconformidade, foi de que as saídas por revenda de produtos da contribuinte (bebidas e refrigerantes) inseremse no regime de tributação concentrada (na indústria) com alíquota zero em suas operações e, portanto, vedada a apropriação de crédito de PIS/Cofins a teor do art. 3º, inciso I, alínea b, das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03. A recorrente insiste que o art 17 da Lei nº 11.033/04 revogou os dispositivos que vedam o crédito de que trata o referido art. 3º, mantendo, assim, os créditos apurados. A solução do litígio cingese, então, acerca da possibilidade ou não da apuração e manutenção de crédito nas aquisições de água, refrigerante, cerveja e preparações compostas, classificados nos códigos 22.01, 22.02, 22.03 e 2106.90.10 da TIPI, pela recorrente Não há controvérsia nos autos sobre a vedação do créditos ns aquisições da recorrente nos termos do art. 3º, I, b, das referidas Leis: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10320.900196/201136 Acórdão n.º 3201004.938 S3C2T1 Fl. 5 4 I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b no § 1o do art. 2o desta Lei.” A divergência entre a decisão recorrida e a contribuinte é acerca da possibilidade de manutenção dos créditos nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033/04. Destarte, a solução do litígio é decidir quanto à aplicação no caso dos autos da vedação de crédito expressa nas Leis 10.637/02 e 10.833/03 frente ao disposto no art. 17. A matéria foi tratada com acurada análise no voto condutor do Acórdão nº 3401 003.517, de lavra do Conselheiro Rosaldo Trevisan, sessão de 25/04/2017, sobre fatos ocorridos no mesmo período do presente processo, que ao final conclui pela natureza interpretativa do art. 17 da Lei nº 11.033/04, além de que se trata de uma lei geral, na trazendo nenhuma disposição nova e mais específica que as constantes nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. Assim, adoto as razões de decidir naquele Acórdão fazendo meus fundamentos na situação dos autos, o que peço vênia para reproduzilas: " Da natureza do comando presente no artigo 17 da Lei no 11.033/2004 No próprio despacho decisório, destaca a autoridade fiscal que o artigo 17 da Lei no 11.033/2004 trata de manutenção de créditos existentes, e não de criação de créditos novos. Por outro lado, a recorrente dispõe que a Medida Provisória no 206, de 09/08/2004 (no art. 16), posteriormente convertida na Lei no 11.033, de 22/12/2004 (art. 17), alastrada à Instrução Normativa SRF no 594/2005 (art. 38), veio a corrigir situação desigual entre os diferentes elos da cadeia produtiva automobilística, que, de fato, não é monofásica, mas com um dos elos sujeitos à alíquota zero. Sobre o correto emprego do termo “monofásico”, é de se informar que a legislação aqui já transcrita não se preocupou efetivamente em definilo, precisamente, mas expressamente estabeleceu vedação ao desconto de créditos em relação a determinadas situações (sejam elas ou não “monofásicas”, na acepção restrita do termo, defendida pela recorrente) previstas em lei, entre as quais a Lei no 10.485/2002, na qual indiscutivelmente se enquadram as operações da recorrente. Assim, é irrelevante ao deslinde do presente contencioso a discordância terminológica, visto que as menções da lei não são simplesmente a operações monofásicas, mas a operações expressamente previstas em determinadas leis, entre as quais aquela na qual se enquadra a situação da operação realizada pela recorrente. Aliás, o termo “monofásica” aparece uma única vez na Lei no 10.833/2003, no artigo 12, § 7o (que trata do desconto correspondente ao estoque de abertura). E basta a leitura de tal parágrafo para que se perceba que o legislador não teve a mesma visão restritiva do termo albergada pela recorrente: “§ 7o O disposto neste artigo aplicase, também, aos estoques de produtos que não geraram crédito na aquisição, em decorrência do disposto nos §§ 7o a 9o do art. 3o desta Lei, destinados à fabricação dos produtos de que tratam as Leis nos 9.990, de 21 de julho de 2000, 10.147, de 21 de dezembro de 2000, 10.485, de 3 de julho de 2002, e 10.560, de 13 de novembro de 2002, ou quaisquer outros submetidos à incidência monofásica da contribuição.” (grifo nosso) Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10320.900196/201136 Acórdão n.º 3201004.938 S3C2T1 Fl. 6 5 Portanto, as discussões suscitadas pela recorrente em relação a monofasia, ou à sistemática de apuração das contribuições, assumem reduzida importância diante dos textos expressos dos comandos legais, que indiscutivelmente vedavam o desconto de créditos para as operações em análise, textos legais esses que não podem ser afastados pelo julgador administrativo em função de eventuais inconstitucionalidades apontadas pela empresa, como aqui já destacado. Resta, assim, à defesa, um único argumento que não esbarraria na discussão sobre a constitucionalidade das vedações existentes, de que teria a Lei no 11.033/2004, resultante da conversão da Medida Provisória no 206/2004, efetivamente criado uma nova hipótese de desconto de crédito, derrogando a existente nas leis de regência das contribuições. Sobre a alegação, cabe salientar que, em 09/08/2004 foi publicada a Medida Provisória no 206/2004 (vigente a partir de 09/08/2004), que, em seu art. 16, dispôs: “Art. 16. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou nãoincidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.” A Exposição de Motivos da Medida Provisória (EM No 00111/2004 MF) parece não deixar dúvidas sobre o caráter declaratório (e não constitutivo) do comando: “19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS.”(sic) (grifo nosso) Não se cria obrigação, assim, com o art. 16, nem se derroga eventual vedação existente nas leis de regência das contribuições. Apenas se garante a “manutenção” (palavra essa que já sugere o caráter interpretativo do comando) dos créditos vinculados, já se destacando que a “manutenção” do crédito pressupõe a prévia existência do direito ao crédito. E isso decorre claramente da conclusão lógica/semântica de que é impossível “manter” aquilo que não se tem. E, com a publicação da Lei no 11.116, de 18/05/2005 (vigente a partir de 19/05/2005), também não há revogação de vedação ou alteração substancial no direito de crédito previsto nas leis de regência das contribuições. Já enfrentamos o tema em mais de uma oportunidade, chegando a entendimento consolidado no sentido de que: “Sintetizando nosso entendimento: é possível a apuração de créditos previstos nas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 em relação a insumos tributados na aquisição (ainda que a saída do produto final esteja sujeita a alíquota zero), cabendo apenas observar se tal direito de crédito não encontra óbice nas vedações estabelecidas no corpo das próprias leis (v.g. inciso II do § 2o do art. 3o). E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004), que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldocredor acumulado no trimestre.” (grifo nosso) (Acórdão no 3403003.488, Rel. Cons. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10320.900196/201136 Acórdão n.º 3201004.938 S3C2T1 Fl. 7 6 Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao entendimento em apreço, sessão de 27 jan. 2015) No mesmo sentido, de que não houve revogação de vedação a direito de crédito existente nas leis de regência pela Lei no 11.033/2004, em casos de revendedora de veículos e autopeças, já decidiu unanimemente este tribunal administrativo: “COFINS. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. REVENDEDORA DE VEÍCULOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. A aquisição de máquinas e veículos relacionados no art. 1º da Lei 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS e da Cofins,, dada a expressa vedação, consoante o art. 3o , inciso I, alínea "b”” das Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03, respectivamente. A previsão contida no art. 17 da Lei n° 11.033/04 tratase de regra geral não se aplicando nos casos de tributação monofásica por força da referida vedação legal.” (grifo nosso) (Acórdãos n. 3801004.111 a 139, todos unânimes, Rel. Cons. Marcos Antonio Borges, sessão de 19 ago. 2014) “DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA COM ALÍQUOTA ZERO NAS OPERAÇÕES DE REVENDA. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO NOS TERMOS DO ART. 17 DA LEI 11.033/2004. Os artigos 2º, parágrafo 1º, VIII e 3º, I, b, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente o direito ao creditamento das referidas contribuições em relação a bebidas adquiridas para revenda. O benefício contido no artigo 17 da Lei 11.033, de 2004, de que o vendedor tem direito a créditos vinculados às vendas efetuadas com alíquota zero do PIS e COFINS, não se aplica no caso de os bens adquiridos não estarem sujeitos ao pagamento das contribuições.” (Acórdão n. 3302002.272, unânime, Rel. Cons. Gileno Gurjão Barreto, sessão de 21 ago. 2013) Em síntese, a falta de uniformidade sobre o que se designa exatamente como “monofásico” é absolutamente marginal diante das vedações, que remetem a dispositivos legais, e não à “monofasia”, em geral. E a Lei no 11.033/2004 não afetou a vigência de tais vedações, previstas nas leis de regência das contribuições. Não socorre a recorrente, a nosso ver, então, a tese de que a Lei no 11.033/2004 teria revogado dispositivos legais que vedavam o aproveitamento de créditos, nas leis de regência das contribuições. A Lei no 11.033/2004 não traz disposição “mais específica” que as constantes nas leis de regência, mas disciplina adicional a elas, com caráter explicativo, e não derrogador de disposição legal expressa, não sendo difícil concluir que a palavra “manterão”, nem de longe, parece ter o condão de transformar vedação expressa em permissão. Derradeiramente, adicionese que as disposições constantes em medidas provisórias diversas, e que não foram convertidas em lei, relacionadas pela recorrente, não se prestam a formar conclusões a contrário senso. O complexo processo que leva à não conversão de medidas provisórias em lei (de concordância parcial, discordância, desnecessidade, irrelevância, inadequação redacional, entre outros) não pode ser simploriamente resumido à conclusão de que cada comando da MP não convertida em lei deveria ser interpretado como comando legal vigente com a redação oposta. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10320.900196/201136 Acórdão n.º 3201004.938 S3C2T1 Fl. 8 7 Ressaltase, ainda, que o creditamento nos casos em que a saída é tributada à alíquota zero como a revenda de produtos tributados de forma concentrada implicaria verdadeira isenção (posicionamento jurisprudencial dos tribunais superiores), sendo ilógico assegurarlhe crédito, quando inexiste disposição expressa e específica em Lei. Por fim, há posicionamentos da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça que mantém, em seus precedentes, a impossibilidade de aproveitamento dos créditos postulados, inclusive com o fundamento de que é irrelevante à solução da controvérsia decidir quanto a aplicação do art. 17 da Lei nº 11.033/04 apenas ao REPORTO. Transcrevo precedentes: EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. AUSÊNCIA DE DIREITO A CRÉDITO PELO SUJEITO INTEGRANTE DO CICLO ECONÔMICO QUE NÃO SOFRE A INCIDÊNCIA DO TRIBUTO 1. O Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência no sentido de que as receitas provenientes das atividades de venda e revenda sujeitas ao pagamento das contribuições ao PIS/PASEP e à COFINS em Regime Especial de Tributação Monofásica não permitem o creditamento pelo revendedor das referidas contribuições incidentes sobre as receitas do vendedor por estarem fora do Regime de Incidência Não Cumulativo, a teor dos artigos 2º, § 1º, e incisos; e 3º, I, "b" da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003. 2. Com efeito, não se lhes aplicam, por incompatibilidade de regimes e por especialidade de suas normas, o disposto nos artigos 17, da Lei 11.033/2004, e 16, da Lei 11.116/2005, cujo âmbito de incidência se restringe ao Regime Não Cumulativo, salvo determinação legal expressa. 3. Ademais, ressalvase a impertinência para a solução da controvérsia da verificação da abrangência do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária REPORTO. 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (REsp 1.698.583/DF, Rel. Ministro HERMAM BENJAMIN, segunda TURMA, julgado em 16/11/2017, DJe 19/12/2017) TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. REGIME DE INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 17 DA LEI 11.033/2004. APLICAÇÃO A EMPRESAS INSERIDAS NO REGIME DE TRIBUTAÇÃO DENOMINADO REPORTO. SÚMULA 83/STJ. 1. A Segunda Turma do STJ firmou o entendimento de que a incidência monofásica não se compatibiliza com a técnica do creditamento, e que o benefício instituído no art. 17 da Lei 11.033/2004 somente é aplicável às empresas que se encontram inseridas no regime específico de tributação denominado Reporto (Precedente: REsp 1.140.723/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 2.9.2010, DJe 22/9/2010). 2. Agravo Interno não provido Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10320.900196/201136 Acórdão n.º 3201004.938 S3C2T1 Fl. 9 8 (AgInt no Agravo em REsp 1.199.305/SP, Rel. Ministro HERMAM BENJAMIN, segunda TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 23/11/2018) Portanto, mantémse a vedação ao crédito de PIS e Cofins nas aquisições de produtos sujeitos à tributação monofásica, conforme disposições estabelecidas nas Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03, que não foram revogadas pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que este não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, e não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." (...)1 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento recurso voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza 1 Deixouse de transcrever a declaração de voto, apresentada no processo paradigma, por manifestar entendimento que restou vencido na votação, não se aplicando, portanto, na solução do litígio deste processo. No entanto, sua íntegra consta do acórdão do processo paradigma (9303004.933). Fl. 163DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13984.900031/2008-43
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO.
A DCOMP constitui-se em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se.
DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO.
Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE CSLL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO.
A DCOMP constitui-se em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se.
DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO.
Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 1002-000.640
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira e Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: BRENO DO CARMO MOREIRA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO. A DCOMP constitui-se em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se. DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE CSLL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO. A DCOMP constitui-se em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se. DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
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PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO. A DCOMP constituise em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se. DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DE CSLL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. DIREITO CRÉDITO NÃO COMPROVADO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 90 00 31 /2 00 8- 43 Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 90 2 A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO LUSTRO. COMPENSAÇÃO. A DCOMP constituise em confissão de divida nos termos da legislação vigente. Na apresentação de DCOMP, o termo inicial do lustro quinquenal ocorre quando da efetiva transmissão da declaração, pois esta é o veículo introdutório da compensação per se. DILIGÊNCIAS SUPLEMENTARES. INVIABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS AO LONGO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Quando a parte não aproveita as diversas oportunidades ao longo PAF, no sentido de carrear a instrução probatória de forma completa e eficaz, apta a chancelar seu pleito, não se torna cabível o pedido suplementar de diligência. Esta providência é excepcional e deve ser entendida como ultima ratio. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira e Ângelo Abrantes Nunes. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto tempestivamente contra o Acórdão n° 0728.035 (efls. 56 à 61) proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis, que, por unanimidade de votos, indeferiu o pedido de compensação proposto pelo Contribuinte. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 91 3 O Despacho Decisório (efl. 09), de 07 de março de 2008, aduz que não foi possível confirmar a existência do crédito pleiteado, haja vista a discrepância nas informações prestadas pelo Contribuinte, razão pela qual não se homologou a compensação. O teor é categórico em constatar que o valor informado na DIPJ não corresponde àquele do saldo negativo informado no PER/DCOMP. Em sua Manifestação de Inconformidade, o Contribuinte alegou o que segue: (i) a insubsistência do indeferimento da homologação compensatória, em virtude de discrepâncias para menor do valor pleiteado na DCOMP, de modo que não haveria lugar para glosa com base na divergência de valores, quando o valor objeto da compensação é menor do que o valor do saldo negativo. Ademais, a DIPJ relativa ao exercício em análise permitiria a conclusão de real ocorrência de prejuízo fiscal compensável; (ii) que o saldo negativo de tributos a compensar deve ser atualizado pela correção monetária, aplicandoselhe a taxa SELIC; (iii) que o instrumento da PER/DCOMP era plenamente dispensável, pois seu resultado não se sagrou positivo para aquele exercício, havendo, portanto, prejuízo fiscal; assim, seja pela existência de saldo negativo acumulado, seja pela inexistência de fato gerador no período sob análise, devido ao prejuízo fiscal apurado, não se vislumbraria procedente o lançamento perpetrado pela autoridade fiscal. (iv) pelo princípio da eventualidade, requer seja eventual equívoco ou erro no preenchimento do PER/DCOMP seja exatamente dessa forma interpretado, evitando qualquer prejuízo ao contribuinte, inclusive com correção de ofício em seu favor; (v) pelo princípio da subsidiariedade, que, caso mantido o lançamento pelo não acatamento da compensação, fosse reconhecida a decadência do respectivo crédito. Como arrazoado, o Acórdão da DRJ expõe que o Contribuinte, em sua DCOMP, informou que o crédito utilizado correspondia a "saldo negativo" de IRPJ, enquanto que, na exordial, cambiou para "prejuízo fiscal". Contudo, ainda que ultrapassado tal aspecto, haveria, sim, relevância na divergência de valores então apresentados. Logo, existiria inequívoca irregularidade no preenchimento da DCOMP. Assevera, ainda, que o Recorrente sequer se prestou a retificar quaisquer declarações, mesmo sendo oportunizada tal faculdade. De arremate, afasta a alegação de decadência, pois a exigência do tributo pode ser feita com base na própria DCOMP. Já em sede de Recurso Voluntário, o Contribuinte reitera a maior parte das alegações exibidas em sua Manifestação de Inconformidade, contudo, transmuda sua referência para o enfoque ao "saldo negativo" do crédito, ao invés do "prejuízo fiscal", então rechaçado pelo Acórdão a quo. Pleiteia, ainda, a realização de diligência. Cumpro em transcrever os principais trechos: I Ocorre que é equivocado tal entendimento, já que o valor constante no PERD/COMP é menor do que o valor do saldo negativo da CSLL apurado na DIPJ, sendo que o fato de o Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 92 4 referido saldo negativo se referir ao mesmo ano calendário não prejudica o direito da recorrente. Basta ver que no exercício 2000 houve apuração de saldo negativo da CSLL, fato desconsiderado pela Delegacia de Julgamento, que poderia der baixado os autos em diligência para apurar tal fato. Em outros processos administrativos também há discussão a respeito de compensação de IRPJ e CSLL relativos aos exercícios 2000; 2001; 2002; 2003; e 2004, existindo, pois, claros fundamentos de que a contribuinte ora recorrente tem, sim direito à compensação buscada. (...) Deste modo, a simples divergência de valores quando o valor objeto da compensação é menor do,que o,yalor(do saldo negativo não pode ser motivo para o indeferimento do pleito. Nem poderia ser diferente! A Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica — DIPJ relativa ao exercício em análise permite a conclusão da existência de saldo negativo do tributo a ser compensado. Quando muito, simples diligência da autoridade fazendária poderia sanar qualquer dúvida a esse respeito. Desse modo, a divergência apontada não é motivo para o indeferimento da compensação. II A tese da Fazenda de que não ocorre prescrição no caso concreto é equivocada, já que o artigo 23 da Instrução Normativa 210/2002 exige, sim, o lançamento de ofício do crédito tributário quando, ainda que objeto de declaração de compensação, não estiver confessado nem lançado anteriormente ao envio da DCOMP, com se pode ver do texto do referido normativo legal: (...) Em se tratando de tributos cujo lançamento se dá por homologação, caso do IRPF e a CSLL, o prazo decadencial tem início na data de ocorrência do fato gerador, a teor do que dispõe a norma insculpida no art. 150, § 4.°, do CTN: (...) Assim, como a ciência do Despacho Decisório ocorreu em 17/03/2008, qualquer fato gerador supostamente ocorrido no ano de 2001 está alcançado pela decadência. Pelo exposto, requerse: a) o, provimento do presente recurso para deferir a compensação buscada, haja vista a evidente e possível compensação do tributo com o saldo negativo, ainda que exista Fl. 93DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 93 5 divergência entre os valores constantes na DIPJ e no PERD/COMP, ainda que do mesmo exercício fiscal; b) sucessivamente, pedese a baixa dos autos em diligência para verificar a existência de saldo negativo do tributo a ser compensado no exercício anterior, dada a existência de processo administrativo relativo àquele exercício; e c) a declaração de extinção do crédito tributário pela ocorrência de decadência. Cabe consignar que não restou apresentada qualquer prova adicional em sede de Recurso Voluntário, na forma do art. 16, § 4º, "a", "b" e "c", sob razões que justifiquem a busca da verdade material, ou ainda nos limites do exame das matérias de ordem pública. É o Relatório. Voto Conselheiro Breno do Carmo Moreira Vieira, Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos e extrínsecos, portanto, dele conheço. Mérito Quanto ao mérito não assiste razão ao Recorrente, conforme se observará. Trata o presente caso de pedido de compensação, alegando o Contribuinte possuir crédito contra a Administração Tributária (Art. 74 da Lei n° 9.430/96). Afinal, como reza o Código Civil, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguemse, até onde se compensarem (Art. 368 do CC). O regime jurídico da compensação tem fundamento no art. 170 do Código Tributário Nacional (CTN) dispondo que a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à Autoridade Administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Neste diapasão, inicialmente, o instituto da compensação tributária foi regido pelo art. 66 da Lei n.º 8.383, de 1991, sendo, posteriormente, fixadas novas regras para compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil no art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com suas alterações. 1. Da decadência Por primeiro, afasto a alegação de decadência. Isso porque o marco a quo do lustro tem início neste caso quando da apresentação da DCOMP, que, por seu turno, é o veículo introdutório da compensação ora pretendida. Portanto, seria uma absoluta Fl. 94DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 94 6 incoerência admitirse como início a contagem decadencial em etapa distinta, pois sequer há móvel fáticojurídico para sustentar tal intelecção. Quanto ao mais, anoto que este assunto já se encontra pacificado na jurisprudência deste e. CARF, conforme se extrai do Acórdão n° 340301.376, Rel. i.Conselheiro Antonio Carlos Atulim: Realmente, não merece reparo a decisão recorrida. Uma coisa é a decadência do direito do fisco constituir o crédito tributário por meio do lançamento de ofício e outra coisa totalmente distinta é o prazo de decadência para o fisco não homologar a compensação declarada pelo contribuinte. Os prazos de decadência do direito do fisco constituir o crédito tributário estão previstos nos arts. 150, § 4º e 173, do CTN. Estes dispositivos legais deixam claro que a decadência fulmina o direito da administração tributária exigir tributo por meio de lançamento de ofício, não afetando de modo algum o direito de abrir fiscalização ou de rever os créditos lançados no livro de IPI. Em outras palavras, a decadência inibe o processo de positivação do direito consubstanciado no ato de lançamento tributário; mas não inibe o processo de positivação do direito do fisco declarar que o crédito, no todo ou em parte, é ilegítimo, ainda que este crédito tenha sido lançado na escrita há mais de cinco anos. No caso dos autos, a administração tributária agiu dentro dos lindes da legalidade, pois não foi expedida nenhuma norma individual e concreta por parte do fisco tendente a exigir tributo, o que existe é a exigência de crédito tributário em razão de norma individual e concreta que foi introduzida no mundo jurídico pelo próprio contribuinte, consistente na declaração de compensação. No que tange ao prazo de decadência para o fisco não homologar a compensação, o art. 74, § 5º da Lei nº 9.430/96, com as alterações introduzidas pelas Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 estabelece que o prazo é de cinco anos, contados da data entrega da declaração de compensação. Nesta parte, a defesa alegou que deve prevalecer como termo inicial de contagem do prazo decadencial a data de transmissão do PER/Decomp original, pois além da alteração ter alcançado apenas o valor do crédito, a retificação posterior não consubstancia cancelamento do pedido original, mas mera retificação dos dados anteriormente informados. Acontece que a retificação das informações referida pela defesa, significa, na verdade, a inserção de nova norma individual e concreta no mundo jurídico distinta da anterior, Fl. 95DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 95 7 uma vez que o elemento quantitativo atinente ao crédito sofreu alteração. Assim, a norma individual e concreta consubstanciada no documento original, que declarava o direito de compensar um crédito equivalente a R$ 14.556,92 com um débito equivalente a R$ 14.362,22, foi revogada e substituída por uma nova norma individual e concreta, introduzida no mundo jurídico pelo próprio contribuinte, por meio da qual declarouse o direito de compensar um crédito equivalente a R$ 2.284.013,42 com o débito de R$14.362,22. A norma que declarava o direito de compensar o crédito de R$ 14.556,92 deixou de existir e foi substituída por uma nova, que passou a declarar a existência do direito de compensar um crédito cerca de cento e cinquenta vezes maior. É evidente que a mudança no elemento quantitativo, correspondente ao valor do crédito vinculado à compensação, acarreta uma alteração no mundo jurídico. E em decorrência deste fato, justificase o início do transcurso de novo prazo de decadência. A cada alteração no mundo jurídico provocada pelo contribuinte, é disparado o cronômetro do art. 74, § 5º da Lei nº 9.430/96, concedendo um novo prazo de cinco anos para que o fisco possa aferir a legitimidade do novo direito alegado. Não foi por outro motivo, que as instruções normativas da Receita Federal que regulamentaram o procedimento de compensação, com base no permissivo legal no art. 74 § 14 da Lei nº 9.430/96, sempre estabeleceram que no caso de retificação, o termo inicial da contagem do prazo de decadência é a data da apresentação da retificadora. Portanto, também não em razão a recorrente quando alega que a Receita Federal está dispondo sobre interrupção ou suspensão de prazos de decadência por meio de atos administrativos, pois as instruções normativas apenas explicitaram a interpretação do art. 74, da Lei nº 9.430/96. A cada norma individual e concreta introduzida pelo contribuinte, nasce um prazo de cinco anos para que o fisco exerça a competência de homologar ou não a compensação. (GN) Rechaçada, portanto, a alegação de decadência. 2. Dos erros de adequação instrumental para a compensação de crédito Em que pese a recalcitrância do Recorrente em admitir equívocos em sua sistemática procedimental, notamse claros erros na via eleita para a compensação. É imperativo ressaltar que seu veículo introdutório é aquele descrito na IN SRF 210/2002 e Fl. 96DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 96 8 seguintes (vigentes à época), pelo que faço o mister de transcrever seus dispositivos pertinentes: Art. 21. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da SRF. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante o encaminhamento à SRF da " Declaração de Compensação" . § 2º A compensação declarada à SRF extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento. § 3º Não poderão ser objeto de compensação efetuada pelo sujeito passivo: I o saldo a restituir apurado na DIRPF; II os tributos e contribuições devidos no registro da DI; III os débitos relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF inscritos em Dívida Ativa da União; e IV os créditos relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF com o débito consolidado no âmbito do Programa de Recuperação Fiscal (Refis) ou do parcelamento a ele alternativo. § 4º O sujeito passivo poderá utilizar, na compensação de débitos próprios relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF, créditos que já tenham sido objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento encaminhado à SRF, desde que referido pedido se encontre pendente de decisão administrativa à data do encaminhamento da "Declaração de Compensação". § 5º A compensação de tributo ou contribuição lançado de ofício importa renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. Art. 22. Constatada pela SRF a compensação indevida de tributo ou contribuição já confessado ou lançado de ofício, o sujeito passivo será comunicado da nãohomologação da compensação e intimado a efetuar o pagamento do débito no prazo de trinta dias, contado da ciência do procedimento. Parágrafo único. Não ocorrendo o pagamento ou o parcelamento no prazo previsto no caput, o débito deverá ser encaminhado à Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), para inscrição em Dívida Ativa da União, independentemente da apresentação, pelo sujeito passivo, de Fl. 97DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 97 9 manifestação de inconformidade contra o não reconhecimento de seu direito creditório. Art. 23. Verificada a compensação indevida de tributo ou contribuição não lançado de ofício nem confessado, deverá ser promovido o lançamento de ofício do crédito tributário. Parágrafo único. O sujeito passivo será comunicado da não homologação da compensação, cientificado do lançamento de ofício e intimado a efetuar o pagamento do débito ou a impugnar o lançamento no prazo de trinta dias, contado de sua ciência. Complemento tais aspectos normativos com a jurisprudência deste e. CARF na figura do Acórdão n° 1302002.403, Rel. i.Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa , que expõe o trâmite correto na retificação dos valores apresentados na DCOMP, bem como seus consectários: Salientese que a contribuinte não apresentou qualquer retificação em sua DCTForiginal, nem prova documental que abrigue a alegada alteração dos importes que foram levados a efeito para fins de constituição definitiva do imposto, sob a modalidade de lançamento por homologação, cuja informação confessada na declaração original serviu de base para certificação da inexistência de crédito tipificado na modalidade de pagamento indevido ou a maior. (...) O documento intitulado Declaração de Compensação (DCOMP) se presta, assim, a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. De fato, o pedido de compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pelo sujeito passivo quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de créditos tributários .Instaurado o contencioso, não se admite que o contribuinte altere o pedido mediante a modificação do direito creditório aduzido na declaração de compensação, posto que tal procedimento desnatura o próprio objeto do processo. Logo, sem receio de redundâncias, é fundamental destacar que os pedidos de compensação para que possam ser analisados e deferidos devem seguir os exatos trâmites delineados pela norma. Tal aspecto é que garante o escorreito deslinde petitório, devendo ser respeitado em sua totalidade, e não encarado como uma espécie de "burocracia dispensável". Portanto, a decisão da DRJ resta irretocável, razão pela qual sua fundamentação serve de igual amparo no presente caso, com base no § 1º do art. 50, da Lei nº 9.784/1999, e no § 3° do artigo 57 do Anexo II do RICARF: Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 98 10 Na DCOMP em análise, a contribuinte informou que o crédito utilizado correspondia a saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2003. Porém, alega agora que o crédito referese a prejuízo fiscal. É preciso esclarecer que no regime de compensação por DCOMP, regulado pela Instrução Normativa SRF nº 210/2002, e IN editadas posteriormente, não existe previsão para utilização de prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa de CSLL. Por outro lado, supondo que o crédito refirase em verdade a “saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2003”, como informado na DCOMP, é relevante sim o fato de haver discrepância entre o valor informado na DCOMP e aquele apurado na DIPJ, ainda que o valor informado na DCOMP seja inferior ao valor apurado na DIPJ. É que o erro pode ser decorrente do período de apuração e não só dos valores informados. É o que pode ter ocorrido na presente DCOMP, pois os débitos compensados são estimativas mensais de IRPJ dos meses de janeiro a dezembro de 2003 (f.42/43). Portanto, o saldo negativo de IRPJ não poderia ser aquele do ano calendário de 2003 como parece pretender a recorrente, pois aqueles débitos somente poderiam ser compensados com saldo negativos de anoscalendário anteriores ao de 2003. Além disso, no detalhamento do crédito utilizado na DCOMP as “Estimativas Compensadas com Saldo Negativo de Períodos Anteriores” que comporiam o saldo negativo apurado no anocalendário de 2003 (f. 39, DCOMP), são os mesmos débitos que se pretende compensar, o que denota irregularidade no preenchimento da DCOMP. Impende destacar que, para que se tenha faculdade à compensação, torna se necessário que o Recorrente comprove que o seu crédito (montante a restituir) é líquido e certo. Cuidase de conditio sine qua non, isto é, sem a qual não aquela pode ocorrer. O ônus probatório do crédito alegado pelo Contribuinte contra a Administração Tributária é especialmente dele, devendo comprovar a liquidez e certeza de seu direito creditório. Pois bem. No caso em comento, após análise do PER/DCOMP, também não foi possível à Administração Tributária por consectário lógico reconhecer a certeza e liquidez do crédito vindicado pelo Contribuinte, pois lhe faltavam elementos probatórios capazes de assegurar a existência do crédito, fosse um pagamento indevido ou a maior ou, mesmo, crédito decorrente de saldo negativo. Assim, não vejo reparos a serem aplicados na decisão de primeira instância, quando conclui que não resta demonstrado o direito creditório Nesse espeque, ressalto que não há uma precisa indicação consubstanciada em elementos documentais para confrontar DIPJ, DCTF, LALUR, códigos de recolhimento, informativo quanto ao método, balancetes de apuração de resultados, a fim de comprovar o crédito, inclusive para também se compreender eventuais Fl. 99DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 99 11 cálculos de valores originalmente declarados e eventualmente retificados. Nesse sentido entendo por bem trazer aos autos o resumo da conclusão do seguinte precedente que entendo reforçar o presente fundamento: Acórdão n.º 3001000.312 – Recurso Voluntário Relator: Orlando Rutigliani Berri – Sessão: 11/04/2018 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. É dever primário do contribuinte, quando o onus probandi lhe compete, comprovar com elementos eficientes e com a finalidade própria a sua pretensão, sendo parte colaborativa para a resolução do caso. Ressaltese, não caberia ao julgador, em instância do contencioso administrativo, realizar trabalho de auditoria; sem falar que eventual documentação contábil não pode ser meramente colacionada ao processo, prescindindo de detalhamento, de articulação, de aclaramento e de devida fundamentação com análise circunstanciada das conclusões que se extrairiam da escrita contábil ou da escrita fiscal, a fim de demonstrar o fato jurídico constitutivo da situação de direito a crédito que se pretende invocar sob a ótica da restituição, que seria o elo para efetivar a compensação. Para tanto, cito o precedente o i. Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, no Acórdão n° 1002000.405, de 13/09/2018: O primeiro passo do PER/DCOMP é exatamente a análise do pedido de restituição; apenas se houver crédito líquido e certo se efetuará a compensação com a extinção do crédito tributário que o próprio contribuinte confessa e indica para ser objeto da quitação via compensação. No caso dos autos, a Administração Tributária não homologou a compensação declarada, por não reconhecer o pagamento indevido ou a maior, negando a restituição, vale dizer, por não reconhecer o crédito. Para a análise que foi efetivada não se comprovou crédito líquido e certo, incontroverso, inclusive sendo apontada a Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 100 12 alocação do DARF para extinção de débitos próprios do sujeito passivo. Logo, se havia alocação do DARF, assistiu razão ao conteúdo do despacho decisório, pelo que, quando a DRJ atestou correção naquele ato administrativo, agiu corretamente a primeira instância ao efetivar o controle de legalidade, não havendo razões para reformar o decisum vergastado. Quando da apresentação do relatório destes autos, na forma acima apresentada, constou o respectivo quadro sintético demonstrativo da situação de inexistência do crédito vindicado com as características do DARF discriminado no PER/DCOMP e a demonstração da sua efetiva alocação, de modo a não restar saldo residual como pretendido para restituição. Por isso, não vejo reparos a serem aplicados na decisão de primeira instância. A despeito das alegações do contribuinte quanto a retificação e a alegada surgência do crédito a partir da retificadora, ao meu ver não se desincumbiu o sujeito passivo de demonstrar a contento o referido crédito, isto porque, com os elementos que constam dos autos, inexiste qualquer materialidade probatória para que se possa dar certeza e liquidez ao apontado crédito. Não houve a demonstração cabal de elementos documentais, de prova da escrita contábil e fiscal, que possibilitem efetivar de forma inconteste e transparente a respectiva comprovação, inclusive para justificar e validar a retificação invocada. E mais, não caberia ao julgador, em segunda instância do contencioso administrativo, realizar trabalho de auditoria, sem falar que eventuais provas documentais não poderia ser meramente colacionada ao processo, prescindindo de detalhamento, de articulação, de aclaramento e fundamentação, a fim de demonstrar o fato jurídico a ser provado. Ressaltese, neste aspecto, que existindo controvérsia quanto ao crédito a demonstração de sua efetiva existência, inclusive com a prova da escrituração contábil e fiscal, integra o ônus de prova atribuído ao contribuinte. Dessa forma, não cumpre ao presente Relator, sequer a este Colegiado, na condição de instância recursal, suprir o ônus do contribuinte, realizando uma verdadeira auditoria nos livros contábeis, que sequer foram apresentados, para, em substituição ao seu ônus, comprovar a certeza de liquidez do crédito perseguido no seu exclusivo interesse. Nesse sentido: Acórdão n.º 3001000.312 – Recurso Voluntário Relator: Orlando Rutigliani Berri – Sessão: 11/04/2018 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano calendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 101 13 Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. É dever primário do contribuinte, quando o onus probandi lhe compete, comprovar com elementos eficientes e com a finalidade própria a sua pretensão, sendo parte colaborativa para a resolução do caso. Não há, portanto, motivos que justifiquem a reforma da decisão proferida pela DRJ, principalmente por ser atribuição deste Colegiado o controle da legalidade, e não o saneamento de erros imputados aos próprios contribuintes, notadamente quando destinados à constituição de créditos para fins de compensação e, mais, o ponto principal não resta claramente demonstrado o alegado saldo negativo. Logo, verificandose correção no julgamento a quo, bem como observando que a Administração Tributária não agiu em desconformidade com a lei, nada há que se reparar no procedimento adotado na análise do pedido transmitido pelo contribuinte. No mais, a decisão da DRJ apreciou, com riqueza e rigor de detalhes, a matéria suscitada na manifestação de inconformidade, apresentando os devidos fundamentos transcritos ao longo destes autos para rebatêla; de seu turno, o Contribuinte não estabeleceu, através de seu recurso, dialeticidade suficiente para apontar, na decisão combatida, quais daqueles argumentos da primeira instância não seriam adequados e conteriam eventual erro de julgamento ou erro de procedimento. Não foram refutados pontos importantes da decisão vergastada, repetindoa sem enfrentar algumas das razões de decidir da decisão objeto do Recurso Voluntário. Dessa forma, como cumpria exclusivamente ao contribuinte o ônus de provar a liquidez e certeza de seu alegado crédito, como não o fez, não restando este devidamente comprovado, assim como considerando o até aqui esposado, entendo pela manutenção do julgamento da DRJ por não merecer quaisquer reparos. 3. Da DCOMP como instrumento de confissão de dívida Fl. 102DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 102 14 Já no que cinge à apresentação da DCOMP e as consequências dela decorrente, não assiste razão o argumento exposto pelo Contribuinte. Esta conclusão se extrai do texto do art. 74, §6°, da Lei 9.430/96, o qual dispõe de forma hialina que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. De mais a mais, cumpre lembrar que a indigitada DCOMP do presente PAF foi transmitida em 28/07/2004 (efl. 23), logo, está inteiramente consignada dentro do plexo normativo aduzido alhures. Por consectário lógico e inarredável, a confissão de dívida também reforça a intelecção sobre termo inaugural do lustro decadencial, que, conforme exposto acima, foi inteiramente respeitado pelo Fisco. Aliás, nesse aspecto a decisão da DRJ também é patente e plena de razão, de modo que fundamentação serve de igual amparo no presente caso, com base no § 1º do art. 50, da Lei nº 9.784/1999, e no § 3° do artigo 57 do Anexo II do RICARF: Quanto à alegada decadência do direito de o fisco constituir o crédito tributário, é preciso esclarecer que o crédito tributário referente aos débitos indevidamente compensados prescinde de ser constituído por lançamento de ofício, em razão de a exigência poder ser feita com base na própria DCOMP, conforme prescreve o § 6º do art. 74 da Lei nº 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) [...]§ 6° A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) 4. Da inviabilidade da realização de diligências Por fim, é de se pontuar que foi emitido Termo de Intimação (efl. 54), objetivando o saneamento das discrepâncias encontradas entre a DCOMP e a documentação contábil do Recorrente. No entanto, tal prazo se transcorreu in albis, sem qualquer manifestação no sentido de corrigir as impertinências detectadas. Aliás, tal fato ampara o rechaço à realização de diligências adicionais. Ora, caso tivesse realmente interesse em esclarecer os aspectos contábeis, bem como sua adequação ao veículo compensatório, o Contribuinte já o teria realizado em ocasiões pretéritas ao longo do deslinde do PAF (ou até mesmo apresentado provas adicionais em sede de Recurso Voluntário). Assim, possui inequívoca razão o Acórdão da DRJ em suas razões: A contribuinte já havia sido cientificada da existência de inconsistências verificadas entre as informações da DIPJ e Fl. 103DF CARF MF Processo nº 13984.900031/200843 Acórdão n.º 1002000.640 S1C0T2 Fl. 103 15 DCOMP, pois no Termo de Intimação (f. 44, nº de rastreamento 672869849) consta o seguinte: Em relação ao valor do saldo negativo e crédito demonstrado, solicitase retificar a DIPJ correspondente ou apresentar PER/DCOMP retificador indicando corretamente o valor do saldo negativo apurado no período e, se for o caso, corrigindo o detalhamento do crédito utilizado na sua composição. Quanto aos débitos por estimativa, retifique a DIPJ e/ou DCTF tornando coerentes as informações prestadas nestas declarações. Outras divergências entre as informações do PER/DCOMP, da DIPJ e da DCTF deverão ser sanadas pela apresentação de declarações retificadoras. Para o saneamento das irregularidades foi concedido prazo de 20 dias, mas inferese que a contribuinte não logrou retificar qualquer uma das declarações. A intimação foi entregue em 12/03/2007, conforme registro abaixo extraído do sistema corporativo da Receita Federal do Brasil, e o Despacho Decisório foi emitido e entregue em 17/03/2008 (AR, f. 37). Como se vê, a contribuinte teve prazo mais do que suficiente para regularizar suas declarações. Ante o exposto, voto para conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento, mantendo íntegra a decisão recorrida. É como Voto. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator Fl. 104DF CARF MF
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Numero do processo: 10480.730850/2014-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011
LANÇAMENTO. NULIDADE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. INOCORRÊNCIA.
O prazo para autoridade fiscal concluir o procedimento fiscal pode ser prorrogado sucessivamente com qualquer ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal em razão de extrapolar o prazo de 120 dias.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
IRPJ. ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS OU DESPESAS. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INOCORRÊNCIA.
O fato de o contribuinte reconhecer que contabilizou despesas antecipadamente por equívoco, sem que tenha havido o pagamento da diferença do tributo devido, não configura o instituto da denúncia espontânea.
MULTA ISOLADA. EXIGÊNCIA CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
A multa isolada é cabível nos casos de falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ/CSLL, mas não pode ser exigida, de forma cumulativa, com a multa de ofício, aplicável aos casos de falta de pagamento do imposto, apurado de forma incorreta pelo contribuinte, no final do período base de incidência.
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO. INAPLICABILIDADE PARA O FISCO. TRIBUTO EXIGIDO CONFORME A LEI. SÚMULA CARF N.02.
O princípio da vedação da utilização do tributo como instrumento confiscatório é dirigido ao legislador e, eventualmente, ao poder judiciário, no controle de constitucionalidade. Não cabe ao CARF se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2011
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. VINCULAÇÃO AO LANÇAMENTO PRINCIPAL.
Aplicam-se aos lançamentos tidos como reflexos as mesmas razões de decidir do lançamento principal (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ), em razão de sua íntima relação de causa e efeito, na medida em que não há fatos jurídicos ou elementos probatórios a ensejar conclusões com atributos distintos.
Numero da decisão: 1301-003.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em: (i) por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade argüida; e (ii) no mérito, por maioria de votos, cancelar a exigência de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, vencidos os Conselheiros Nelso Kichel, Giovana Pereira de Paiva Leite e Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votaram por manter a exigência dessa penalidade. Designado o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza para redigir o voto vencedor.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Giovana Pereira de Paiva Leite - Relatora.
(Assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: GIOVANA PEREIRA DE PAIVA LEITE
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NULIDADE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. INOCORRÊNCIA. O prazo para autoridade fiscal concluir o procedimento fiscal pode ser prorrogado sucessivamente com qualquer ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal em razão de extrapolar o prazo de 120 dias. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 IRPJ. ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS OU DESPESAS. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INOCORRÊNCIA. O fato de o contribuinte reconhecer que contabilizou despesas antecipadamente por equívoco, sem que tenha havido o pagamento da diferença do tributo devido, não configura o instituto da denúncia espontânea. MULTA ISOLADA. EXIGÊNCIA CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. A multa isolada é cabível nos casos de falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ/CSLL, mas não pode ser exigida, de forma cumulativa, com a multa de ofício, aplicável aos casos de falta de pagamento do imposto, apurado de forma incorreta pelo contribuinte, no final do período base de incidência. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO. INAPLICABILIDADE PARA O FISCO. TRIBUTO EXIGIDO CONFORME A LEI. SÚMULA CARF N.02. O princípio da vedação da utilização do tributo como instrumento confiscatório é dirigido ao legislador e, eventualmente, ao poder judiciário, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 73 08 50 /2 01 4- 48 Fl. 1867DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.868 2 no controle de constitucionalidade. Não cabe ao CARF se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2011 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. VINCULAÇÃO AO LANÇAMENTO PRINCIPAL. Aplicamse aos lançamentos tidos como reflexos as mesmas razões de decidir do lançamento principal (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ), em razão de sua íntima relação de causa e efeito, na medida em que não há fatos jurídicos ou elementos probatórios a ensejar conclusões com atributos distintos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em: (i) por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade argüida; e (ii) no mérito, por maioria de votos, cancelar a exigência de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, vencidos os Conselheiros Nelso Kichel, Giovana Pereira de Paiva Leite e Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votaram por manter a exigência dessa penalidade. Designado o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza para redigir o voto vencedor. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Relatora. (Assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Bianca Felícia Rothschild, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Carlos Augusto Daniel Neto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Da Autuação Fl. 1868DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.869 3 Por bem descrever os fatos, transcrevemse trechos do relatório da decisão recorrida: Tratase de processo relativo a lançamento de IRPJ e CSLL referente ao ano calendário de 2011, no valor total de R$12.786.424,62, decorrente de ação fiscal junto à contribuinte. De acordo com relato da autoridade fiscal constante do quadro “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” dos Autos de Infração constantes do presente processo bem como do Relatório Fiscal de fls. 22/33, foram constatadas as seguintes infrações: Antecipação de custos ou despesas/ falta de recolhimentos do IRPJ e da CSLL devido a antecipação de despesas no montante de R$15.598.750,43 referentes ao anocalendário de 2011, acarretando postergação de pagamento do IRPJ e da CSLL para o período posterior (2012) e reduzindo indevidamente as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL no anocalendário de 2011. A antecipação das despesas gerou falta de pagamentos do IRPJ e da CSLL concernentes ao período encerrado em 31/12/2011, como também procedeu à imputação do imposto e da contribuição que deveriam ter sido pagos e foram postergados para o 1°, 2° e 3°trimestres de 2012 (Art. 273 do RIR/99)., e Falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre a base de cálculo estimada – Em 2011 o contribuinte optou pelo regime de tributação do lucro real anual, porém não efetuou nenhum pagamento a título de estimativas do IRPJ e da CSLL relativamente aos meses de janeiro a setembro de 2011, os quais foram apurados com base em balancetes de suspensão, conforme DIPJ apresentada. Dessa forma, foi aplicada a correspondente multa isolada. Da impugnação Cientificado, o contribuinte apresentou impugnação às fls. 1746/1793, apresentando as seguintes alegações: Inicialmente argúi preliminar de nulidade pelo fato de que teria sido deficientemente motivado e instruído, prejudicando o seu direito de defesa. Afirma que a ação fiscal não havia sido concluída no prazo de 120 dias contados da intimação do Termo de Início da Ação Fiscal, portanto após esgotado o prazo previsto no artigo 11, I da Portaria RFB nº 1.687/2014, o que a seu ver ensejaria a nulidade do lançamento. Argúi, ainda, a nulidade do lançamento por pretensamente carecer de motivação em virtude de completa falta de descrição dos custos ou despesas que teriam sido pretensamente antecipados e que haviam ensejado a redução indevida das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, implicando em falta de recolhimento dos referidos tributos. Tal deficiência teria também cerceado o seu direito de defesa em razão da impossibilidade de identificar quais custos ou despesas haviam sido glosados (sic) pela Autoridade Fiscal e se tais custos ou despesas haviam sido antecipados de fato, ou não. Alega, ainda, ser ilegal a aplicação conjunta da multa de ofício incidente sobre o valor do tributo supostamente não recolhido ao final do anocalendário e da multa isolada incidente sobre os valores das estimativas mensais pretensamente Fl. 1869DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.870 4 não recolhidas, em razão da dupla sanção sobre a mesma base de incidência. Reproduz ementas de acórdãos do CARF neste sentido. Argumenta, ainda, ser confiscatória a multa aplicada por corresponder a 198% do suposto crédito principal apurado, representando distorção em seu caráter punitivo/preventivo, desrespeitando o artigo 150 da Constituição Federal. Finaliza requerendo seja reconhecida a nulidade formal dos Autos de Infração por terem sido deficientemente motivado e instruído em prejuízo do seu direito de defesa, seja afastada a aplicação cumulativa das multas de ofício e isolada por configurar ilegal bis in idem e que o percentual da multa aplicada seja reduzido para 20% do valor do crédito tributário principal tal qual teria sido estabelecido pelo Tribunal Pleno do STF (sic). Protesta pela produção de todas as provas admitidas em processo administrativo, inclusive a juntada de novos documentos. A Turma da DRJ rejeitou a preliminar de nulidade e julgou improcedente a impugnação, mantendo integralmente a autuação, através de acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS/DESPESAS/FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ.MATÉRIA NÃO IMPUGNADA: Considerase não impugnada a matéria não contestada expressamente pela contribuinte. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Uma vez efetuada a opção pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita a antecipações mensais do imposto, calculadas com base em estimativa. O não recolhimento ou o recolhimento a menor do tributo sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada prevista na Lei nº 9.430/96. MULTA ISOLADA. MULTA PROPORCIONAL. CONCOMITÂNCIA. É cabível a aplicação da multa exigida em face do não recolhimento das estimativas mensais concomitantemente com a multa proporcional referente ao IRPJ devido e não pago ao final do período, haja vista as respectivas hipóteses de incidência cuidarem de situações distintas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário:2011 NULIDADE: Não há falar de nulidade quando a exigência fiscal foi lavrada por pessoa competente e sustentase em processo instruído com todas as peças indispensáveis, contendo o lançamento descrição dos fatos suficiente para o conhecimento da infração cometida. Fl. 1870DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.871 5 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA: Não há falar em cerceamento do direito de defesa durante a ação fiscal, posto que se trata de fase préprocessual em que se verifica o cumprimento das obrigações tributárias e, se for o caso, efetuase o lançamento do tributo devido. TERMO DE INÍCIO. LIMITAÇÃO DO PERÍODO FISCALIZADO. REGULARIDADE DO LANÇAMENTO. NULIDADE .DESCABIMENTO: Rejeitase a preliminar arguida de nulidade do lançamento baseada no entendimento de que o Termo de Início de Fiscalização limita o período em que se pode efetuar o lançamento, por não ser este um dos pressupostos de validade previstos no Decreto nº 70.235/1972. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. MULTA CONFISCATÓRIA: As autoridades administrativas são incompetentes para apreciar arguições de inconstitucionalidade, tarefa privativa do Poder Judiciário ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2011 ANTECIPAÇÃO DE CUSTOS/DESPESAS/FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL.MATÉRIA NÃO IMPUGNADA: Considerase não impugnada a matéria não contestada expressamente pela contribuinte. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Uma vez efetuada a opção pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita a antecipações mensais da CSLL, calculadas com base em estimativa. O não recolhimento ou o recolhimento a menor do tributo sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada prevista na Lei nº 9.430/96. MULTA ISOLADA. MULTA PROPORCIONAL. CONCOMITÂNCIA. É cabível a aplicação da multa exigida em face do não recolhimento das estimativas mensais concomitantemente com a multa proporcional referente à CSLL devida e não paga ao final do período, haja vista as respectivas hipóteses de incidência cuidarem de situações distintas. Do Recurso Voluntário Em 06/03/2017, o contribuinte tomou ciência do acórdão da DRJ através de seu Domicílio Tributário Eletrônico DTE, conforme Termo de Ciência por Abertura de Mensagem (fl.1825). Inconformado com a decisão, em 04/04/2017 o sujeito passivo interpôs recurso voluntário, conforme atesta o Termo de Solicitação de Juntada de fl. 1826, onde argui: Nulidade do processo de fiscalização em virtude da sua prorrogação e conclusão extemporânea; Fl. 1871DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.872 6 Inaplicabilidade da multa isolada após o encerramento do anocalendário; Benefício da denúncia espontânea pois a Recorrente teria reconhecido que o lançamento das despesas foi efetuado por equívoco, e foi devidamente estornado no anoseguinte, antes do procedimento fiscal; Ilegalidade da aplicação conjunta das multas de ofício e isolada; Caráter confiscatório da multa aplicada, devendo ser reduzida para o percentual de 20%, tal qual estabelecido pelo Pleno do STF; Ao final, requer que seja acolhida a preliminar, e no mérito, que seja dado provimento ao recurso. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite, Relatora. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Nulidade do processo de fiscalização em virtude da sua prorrogação e conclusão extemporânea Inicialmente, a Recorrente alega nulidade do processo de fiscalização pelo fato de não ter sido concluído no prazo de 120 dias, nos termos do artigo 11, I, da Portaria RFB nº. 1.687/2014. Acrescenta que não caberia o argumento de que o prazo de 120 (cento e vinte) dias fixado pela legislação foi prorrogado por mais 60 dias pelo Termo de Ciência de Continuidade da Ação Fiscal (“TCCAF”), porque a ação fiscal teve início em 02/12/2013 e tal prorrogação somente ocorreu em 14/06/2014, quando já havia terminado o prazo de 120 (cento e vinte) dias, sendo assim, o processo de fiscalização já havia sido inquinado de nulidade. Acerca do tema, os artigos 11 e 12 da Portaria RFB nº. 1.687/2014, vigente à época, dispõem: Art. 11. Os procedimentos fiscais deverão ser executados nos seguintes prazos de duração: I cento e vinte dias, no caso de procedimento de fiscalização; II sessenta dias, no caso de procedimento fiscal de diligência. § 1º Os prazos de que trata o caput poderão ser prorrogados até a efetiva conclusão do procedimento fiscal e serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento, nos termos do art. 5º do Decreto nº 70.235, de 1972. Fl. 1872DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.873 7 § 2º Para fins de controle administrativo, a contagem do prazo do procedimento de fiscalização farseá a partir da data da emissão do TDPF, salvo nos casos de emissão de TDPFE, nos quais a contagem far seá a partir da data de início do procedimento fiscal. Art. 12. O procedimento fiscal se extingue pela sua conclusão, registrado em termo próprio, com a ciência do sujeito passivo.(grifo nosso) De acordo com o normativo, o prazo pode ser prorrogado sucessivamente até a conclusão do procedimento fiscal. Outrossim, peremptório é prazo decadencial para se efetivar o lançamento. Não havendo que se falar em nulidade do procedimento fiscal em razão de extrapolar o prazo de 120 dias. Tampouco procede o argumento de que o Termo de prorrogação ocorreu apenas em 14/06/2014, passados mais de 120 dias do termo de início. Isto porque consta dos autos Termo de Intimação n.002, recebido pelo sujeito passivo em 15/04/2014. Logo, o termo citado pela Recorrente foi efetivado dentro do prazo de 60 dias da intimação do termo anterior. De acordo com o art.7º do Decreto nº 70235/72, a ausência de prorrogação do procedimento fiscal ou sua descontinuidade poderia implicar recuperação da espontaneidade por parte do contribuinte, mas não em nulidade do lançamento. Veja o citado artigo: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; (...) § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. As hipóteses de nulidade encontramse no art. 59 do Decreto nº 70235/72 que determina: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) No caso em concreto, o lançamento foi realizado por autoridade competente e atendeu a todos os requisitos legais, como fundamentação, descrição dos fatos, de modo a permitir o contraditório e a ampla defesa. Dessa forma, não procede a arguição de nulidade do procedimento fiscal. Fl. 1873DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.874 8 Inaplicabilidade da multa isolada após o encerramento do anocalendário Alega a Recorrente ser manifestamente incabível a cominação de multa isolada por ausência de recolhimento de estimativa anual, tendo em vista que não pode ser aplicada após o encerramento do anocalendário. Defende que a Súmula CARF nº 82 corrobora tal entendimento. Primeiramente, cumpre esclarecer que a Súmula CARF nº 82 diz respeito à impossibilidade de lançamento de ofício da estimativa propriamente dita, e não de multa por descumprimento da obrigação de antecipar o recolhimento do tributo. Em relação ao tema, a redação atual do artigo 44 da lei nº 9430/96 é clara: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)(grifo nosso) Se a multa será exigida ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base negativa para imposto e contribuição, e tanto o prejuízo quanto a base negativa só podem ser calculados após encerrado o períodobase para apuração do IRPJ e da CSLL, a única interpretação possível é a do cabimento da multa isolada ainda que findo o anocalendário. Ou seja, a multa isolada poderá ser exigida no curso do anocalendário ou após seu encerramento. Nesse sentido, temos o acórdão nº 1302002.001, de 06 de outubro de 2016, do qual transcrevo trechos da ementa e do voto: INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS DE ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. APÓS ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO.CABIMENTO. Cabível a multa exigida isoladamente, quando a pessoa jurídica sujeita ao pagamento mensal do IRPJ, determinada sobre a base de cálculo estimada, deixar de efetuar o seu recolhimento dentro do prazo legal de vencimento, por expressa previsão legal. A referida multa é aplicável quando a falta é detectada após o encerramento do exercício de apuração da base de cálculo Fl. 1874DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.875 9 destes tributos, por interpretação lógica do disposto no artigo 44, II, b da Lei 9.430/96. Voto: (...) A redação de tal dispositivo não permite extrair a interpretação de que a multa só é cabível se a falta for verificada antes do encerramento do ano calendário como pretende a impugnante. Pelo contrário, o inciso II, alínea 'b' evidencia a possibilidade de aplicação desta penalidade após o encerramento do exercício, uma vez que contém a expressão "ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente". Ora, se já foi apurado o prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a CSLL, já se findou o períodobase para a apuração do IRPJ e da CSLL. Portanto, voto no sentido de manter a aplicação de multa isolada por falta de recolhimento de estimativa mensal do IRPJ e da CSLL, mesmo após o encerramento do ano calendário. Denúncia Espontânea A Recorrente invoca o benefício da denúncia espontânea visto que, em resposta ao Termo de Intimação nº 004, teria reconhecido que o lançamento das despesas foi efetuado por equívoco, e foi devidamente estornado no anoseguinte, antes do procedimento fiscal. Alega que sendo a irregularidade corrigida espontaneamente, não há que se falar em aplicação de multa de ofício no valor de 75% (setenta e cinco por cento). No que concerne à antecipação de custos e despesas, a DRJ reconheceu que a matéria não foi expressamente contestada pelo contribuinte e manteve a infração. Faz sentido, na medida em que a própria Recorrente em resposta ao Termo de Intimação nº 004 reconheceu que antecipou custos por equívoco. Com efeito, a Recorrente admitiu que antecipou custos e despesas, ainda que por equívoco, implicando a postergação do lucro que deu origem ao presente lançamento. Vide trecho de sua resposta (fl.56): Nos termos do art.138 do Código Tributário, a denúncia espontânea para gerar o efeito pretendido, qual seja, o afastamento da multa de ofício, deve ser acompanhada do pagamento do tributo devido e dos juros de mora. Transcrevese: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos Fl. 1875DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.876 10 juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.(grifo nosso) O fato de a Recorrente admitir o erro na contabilização de suas despesas, sem contudo efetuar o pagamento da diferença do tributo devido não configura o instituto da denúncia espontânea. Logo, não há que se afastar a imposição da multa de ofício de 75% sob o argumento da denúncia espontânea, pois não se aplica ao caso em comento. Da aplicação conjunta das multas de ofício e isolada O contribuinte se insurge contra a aplicação concomitante das multas de ofício e isolada, sob o argumento de tratarse de dupla incidência sobre a mesma base de cálculo. O lançamento referese ao anocalendário 2011, portanto, a aplicação das multas teve como fundamento o art.44 da lei nº 9.430/96, com redação dada pela lei nº 11.488/2007, in verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (...)(grifei) Havia discussão acerca da possibilidade de concomitância da multa isolada e de ofício. Foi editada a Súmula CARF nº 105 que impedia a exigência simultânea de ambas as penalidades. Todavia essa súmula foi editada levando em consideração a redação da lei nº 9.430/96, sem as alterações promovidas pela lei nº 11.488/2007. As discussões acerca da concomitância das multas restaram pacificadas quando referentes a imposição de multa isolada até o anocalendário 2006. A partir do ano calendário 2007, abremse novamente as divergências. Fl. 1876DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.877 11 Entendo que a alteração promovida pela lei nº 11.488/2007 buscou afastar a dubiedade e a imprecisão do comando anterior, circunstâncias que levaram à elaboração da citada Súmula CARF, que conferiu, à luz do art. 112, I, do CTN, interpretação jurídica mais favorável ao contribuinte. A nova redação do art.44 da lei nº 9.430/96 distingue claramente duas hipóteses de incidência, uma para cada penalidade. A multa isolada, prevista no art. 44, inciso II da Lei nº 9.430, de 1996, é exigida isoladamente, ainda que não seja apurado lucro tributável ao final do anocalendário. Tem por fato gerador a inobservância do dever de antecipar, o que causa prejuízo aos cofres da União, desde a mora até o encerramento do anocalendário. Por sua vez, a multa de ofício proporcional de 75%, prevista no inciso I do artigo em comento, é aplicada sobre lançamento de ofício da totalidade ou da diferença do tributo efetivamente devido ao final do anocalendário, após descontadas as antecipações mensais. A imposição da multa isolada se assemelha a um descumprimento de obrigação acessória, que por sua inobservância, transformase em principal. Neste diapasão, resta claro que as multas isolada e de ofício são penalidades distintas, que podem ser aplicadas de maneira concomitante. No caso dos autos as multas isoladas se referem à falta de pagamento de estimativas mensais posteriores à vigência da nova redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, entendo como jurídica e obrigatória a aplicação concomitante das infrações nele previstas, por considerar que tais multas são completamente distintas e autônomas. Pelo exposto, voto pela manutenção da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais e da multa de ofício proporcional de 75%. Caráter confiscatório da multa aplicada Argumenta a Recorrente que a multa aplicada deve ser significativamente reduzida haja vista seu caráter confiscatório. Requer a redução para o percentual de 20%, tal qual estabelecido pelo Pleno do STF. O lançamento tomou por base as alíquotas dos tributos, bem como os percentuais de multa, previstos em lei. Não cabe à autoridade julgadora se manifestar acerca da inconstitucionalidade de lei. Nesse sentido a Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Nos termos do art. 3º do CTN, a atividade administrativa é plenamente vinculada. A autoridade lançadora se pautou pela lei nº 9430/96 para aplicar os percentuais de multa. Não lhe cabe fazer juízo de valor sobre a conveniência dos patamares de multa a serem aplicados. Tampouco, cabe ao julgador estabelecer qual seria o patamar adequado a partir do qual um tributo teria efeito confiscatório ou não, cabendo essa valoração ao legislador ou, eventualmente, ao órgão judicial competente no controle de constitucionalidade. Sendo assim, voto por manter as multas em sua integralidade. Fl. 1877DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.878 12 Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade e no mérito, por NEGARLHE PROVIMENTO. (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Voto Vencedor Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Redator Designado. Em que pese o entendimento da ilustre Relatora quanto à possibilidade de exigência de multa isolada no caso em apreço, durante as discussões em sessão surgiu divergência que levou a conclusão diversa. Assim, passo a expor os fundamentos da divergência e as conclusões do colegiado acerca dessa matéria. Multa Isolada pelo Não Recolhimento das Estimativas Mensais A recorrente contesta a exigência da multa isolada (art. 44, inciso II da Lei nº 9.430/1996), em face das estimativas que deixaram de ser recolhidas em função das infrações apuradas, sob o argumento da inaplicabilidade de multa isolada após o encerramento do exercício, bem como impossibilidade de concomitância, pois representaria dupla penalização sobre o mesmo fato. Entendo que lhe assiste razão. A multa isolada aplicada tem como origem as diferenças entre as base de cálculo mensais apuradas pela recorrente e pela fiscalização, e decorre das glosas efetuadas em procedimento de fiscalização, que constatou entre outras infrações, deduções indevidas de despesas/custos na apuração do lucro real do período. Logo, não decorre do não recolhimento de estimativas mensais apuradas e declaradas pelo contribuinte optante do lucro real anual. As discussões relacionadas à multa isolada devem levar em conta o motivo que leva a autoridade fiscal aplicar a referida multa isolada, pois ela não se destina a punir casos de infrações apuradas e relacionadas à omissão de receita, deduções indevidas de despesas, exclusões não autorizadas ou falta de adição ao lucro líquido. Nessas infrações, devem ser aplicada apenas a multa de ofício. Esta multa isolada foi instituída para punir contribuintes que, tendo optado pelo lucro real anual para cálculo do IRPJ e da CSLL, deixavam de recolher as estimativas mensais. É que encerrado o ano base, já não é juridicamente possível exigir as estimativas, vez que elas possuem natureza de antecipação do tributo a ser apurado no final do período. Assim, encerrado o período, o Fisco só pode exigir o valor devido e não as antecipações. Para que a norma que determina o recolhimento do IRPJ e da CSLL por estimativa seja imperativa, e não reduzida a mera recomendação, instituiuse a multa isolada, com o propósito específico de punir o descumprimento da norma que impõe a estes contribuintes o recolhimento mensal por estimativa. Fl. 1878DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.879 13 Por isso, a aplicação da referida multa isolada deve limitarse apenas ao caso em que foi concebida. Aplicála a casos de cometimento de infração relativas às glosas de despesas efetuadas em procedimento de fiscalização, ou qualquer outra hipótese acima referida, é uma forma de exacerbar a penalidade, a meu ver, sem previsão legal. De outra banda, ainda que se entenda haver previsão legal para esses casos, tanto o CARF como o STJ possuem entendimento, no sentido de afastar a exigência da multa isolada, pelo princípio da consunção. No âmbito do CARF, com a aprovação da Súmula CARF nº 105, restou sedimentado que: “a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44, §1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício." Na prática, a Súmula é aplicada aos fatos geradores ocorridos até 31/12/2006, que não é o caso dos autos. Para os fatos posteriores, ou seja, que ocorreram a partir de janeiro de 2007, como é o caso dos autos, há quem sustente que em face das alterações introduzidas pela Lei nº 11.488/2007, que deu nova redação ao art. 44 da Lei nº 9.430/96, não haveria interpretação diversa daquela favorável à exigência da multa isolada, mesmo nos casos em que houver sido imposta multa de ofício pela falta de pagamento anual de IRPJ e da CSLL, sob o entendimento de que, após essas alterações, estimativas mensais e a obrigação tributária decorrente do fato gerador anual, em 31 de dezembro, seriam obrigações autônomas, e por isso, não poderiam ser confundidas, já que possuem naturezas diferentes (acórdão nº 1802001.408). Com este entendimento, estaria autorizada a aplicação das multas, cumulativamente. Este foi o entendimento da I. Relatora. Penso diferente. Primeiro, como acima consignado, entendo inexistir previsão legal para aplicação de multa isolada que não decorre do não recolhimento de estimativas mensais apuradas e declaradas pelo próprio contribuinte optante do lucro real anual. Na hipótese de considerar existente tal previsão, deve ser afastada a exigência da multa isolada pelo princípio da consunção, pois não se deve admitir como razoável a cumulação de multas, devendo a infração prevista no inciso II ser absorvida pelo hipótese prevista no inciso I (de acordo com a redação dada pela Lei 11.488/2007 ao art. 44 da Lei 9.430/96). Vale dizer, a cobrança de multa de ofício de 75% sobre o tributo não pago supre a exigência da multa isolada de 50% sobre eventual estimativa não recolhida, apurada em procedimento de fiscalização. Admitir o contrário, estariase a permitir que duas penalidades incidissem sobre uma mesma base de cálculo, o que é vedado pelo sistema jurídico. Sobre o tema, precisas as colocações do Conselheiro Marcos Takata em voto proferido no Acórdão nº 1103.001097: É de cartesiana nitidez, para mim, que a aplicação da multa de ofício de 75% sobre o valor não pago do IRPJ e da CSL efetivamente devidos, cobráveis juntamente como esses, exclui a aplicação da multa de ofício de 50% (multa isolada) sobre o valor não pago do IRPJ e da CSL mensal por estimativa, do mesmo anocalendário. Fl. 1879DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.880 14 Isso, seja por interpretação lógica dos preceitos citados (aliás, para além disso, podese dizer que é corolário lógico), seja por interpretação finalística do art. 44, I e II da Lei nº 9.430/96. Apenando o continente, desnecessário e incabível apenas o conteúdo. Se já se penaliza o todo, não há sentido em se penalizar também a parte do todo. Noutros termos, é aplicação do princípio da consunção em matéria penal. Como penalizar pelo todo e ao mesmo tempo pela parte do todo? Isso seria uma contradição de termos lógicos e axiológicos)." O STJ possui o entendimento semelhante a este, ou seja, entende que a aplicação da multa de ofício afastaria, pelo princípio da consunção, a multa isolada. Confirase decisão proferida no REsp nº 1.496.354/PR: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. ART. 44 DA LEI N. 9.430/96 (REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.488/07). EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. 1. Recurso especial em que se discute a possibilidade de cumulação das multas dos incisos I e II do art. 44 da Lei n. 9.430/96 no caso de ausência do recolhimento do tributo. 2. Alegação genérica de violação do art. 535 do CPC. Incidência da Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. 3. A multa de ofício do inciso I do art. 44 da Lei n. 9.430/96 aplicase aos casos de "totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata". 4. A multa na forma do inciso II é cobrada isoladamente sobre o valor do pagamento mensal: "a) na forma do art. 8° da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) e b) na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei n. 11.488, de 2007)". 5. As multas isoladas limitamse aos casos em que não possam ser exigidas concomitantemente com o valor total do tributo devido. 6. No caso, a exigência isolada da multa (inciso II) é absorvida pela multa de ofício (inciso I). A infração mais grave absorve aquelas de menor gravidade. Princípio da consunção. Fl. 1880DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.881 15 Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1496354/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 24/03/2015) Do voto condutor da decisão, da lavra do eminente Ministro Humberto Martins, se pode extrair o trecho abaixo: “Sistematicamente, notase que a multa do inciso II do referido artigo somente poderá́ ser aplicada quando não possível a multa do inciso I. Destacase que o inadimplemento das antecipações mensais do imposto de renda não implicam, por si só, a ilação de que haverá tributo devido. Os recolhimentos mensais, ainda que configurem obrigações de pagar, não representam, no sentido técnico, o tributo em si. Este apenas será apurado ao final do ano calendário, quando ocorrer o fato gerador. As hipóteses do inciso II, "a" e "b", em regra, não trazem novas hipóteses de cabimento de multa. A melhor exegese revela que não são multas distintas, mas apenas formas distintas de aplicação da multa do art. 44, em conseqüência de, nos caso ali descritos, não haver nada a ser cobrado a título de obrigação tributária principal. As chamadas "multas isoladas", portanto, apenas servem aos casos em que não possam ser as multas exigidas juntamente com o tributo devido (inciso I), na medida em que são elas apenas formas de exigência das multas descritas no caput. Esse entendimento é corolário da lógica do sistema normativo tributário que pretende prevenir e sancionar o descumprimento de obrigações tributárias. De fato, a infração que se pretende repreender com a exigência isolada da multa (ausência de recolhimento mensal do IRPJ e CSLL por estimativa) é completamente abrangida por eventual infração que acarrete, ao final do ano calendário, o recolhimento a menor dos tributos, e que dê azo, assim, à cobrança da multa de forma conjunta. Em se tratando as multas tributárias de medidas sancionatórias, aplicase a lógica do princípio penal da consunção, em que a infração mais grave abrange aquela menor que lhe é preparatória ou subjacente. O princípio da consunção (também conhecido como Princípio da Absorção) é aplicável nos casos em que há uma sucessão de condutas típicas com existência de um nexo de dependência entre elas. Segundo tal preceito, a infração mais grave absorve aquelas de menor gravidade. Sob este enfoque, não pode ser exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de ofício por falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e também por falta de Fl. 1881DF CARF MF Processo nº 10480.730850/201448 Acórdão n.º 1301003.742 S1C3T1 Fl. 1.882 16 antecipação sob a forma estimada. Cobrase apenas a multa de oficio pela falta de recolhimento de tributo.” Assim, ao abrigo do princípio da consunção, o não recolhimento da estimativa mensal pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é, portanto, meio de execução da segunda. O bem jurídico mais importante é, sem dúvida, a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Logo, a interpretação (aparente) do conflito de normas deve prestigiar a relevância do bem jurídico e não exclusivamente a grandeza da pena cominada, pois o ilícito de passagem não deve ser penalizado de forma mais gravosa do que o ilícito principal. Noutras palavras, as expressões "isolada" ou "conjuntamente" (com o tributo não pago) são apenas formas pelas quais podem ser exigidas as penalidades, e indicam de fato hipóteses autônomas da aplicação das multas, mas, não podem incidir concomitantemente. Conclusão Com esses fundamentos, afastase a exigência da multa isolada pelo não recolhimento de estimativas, devendo ser mantida apenas a multa de ofício. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 1882DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720022/2011-35
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010
DECISÃO ADMINISTRATIVA. FUNDAMENTAÇÃO. ARGUMENTOS DE DEFESA. ENFRENTAMENTO DETIDO. DESNECESSIDADE. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não há necessidade de que a decisão administrativa rebata um a um os argumentos declinados pela defesa, desde que esteja baseada em fundamentos claros, sólidos, suficientes e que possam ser compreendidos pelo contribuinte e que, no seu bojo, demonstrem a incompatibilidade entre o entendimento que prevaleceu no julgamento e o entendimento defendido pelo contribuinte.
Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010
BASE DE CÁLCULO. VALOR DA TRANSAÇÃO. AJUSTES DO ARTIGO 8º. ROYALTIES E DIREITOS DE LICENÇA. INCLUSÃO.
Devem ser acrescido ao valor da transação os pagamentos feitos a título de royalties relacionados às mercadorias importadas e que se constituam em uma condição de venda, independentemente desses valores estarem também associados à outorga de outros direitos, desde que seja possível determinar sua segregação com base em dados objetivos e quantificáveis.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A obrigação tributária principal compreende o tributo e a multa de ofício proporcional. Por consequência, sobre o crédito tributário assim constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 9303-008.189
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Vanessa Marini Cecconello, que lhe deu provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Na reunião de 01/2019 a conselheira Semiramis de Oliveira Duro (suplente convocada) em substituição a conselheira Tatiana Midori Migiyama, a qual declarou-se impedida de participar do julgamento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010 DECISÃO ADMINISTRATIVA. FUNDAMENTAÇÃO. ARGUMENTOS DE DEFESA. ENFRENTAMENTO DETIDO. DESNECESSIDADE. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há necessidade de que a decisão administrativa rebata um a um os argumentos declinados pela defesa, desde que esteja baseada em fundamentos claros, sólidos, suficientes e que possam ser compreendidos pelo contribuinte e que, no seu bojo, demonstrem a incompatibilidade entre o entendimento que prevaleceu no julgamento e o entendimento defendido pelo contribuinte. Assunto: Imposto sobre a Importação - II Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010 BASE DE CÁLCULO. VALOR DA TRANSAÇÃO. AJUSTES DO ARTIGO 8º. ROYALTIES E DIREITOS DE LICENÇA. INCLUSÃO. Devem ser acrescido ao valor da transação os pagamentos feitos a título de royalties relacionados às mercadorias importadas e que se constituam em uma condição de venda, independentemente desses valores estarem também associados à outorga de outros direitos, desde que seja possível determinar sua segregação com base em dados objetivos e quantificáveis. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende o tributo e a multa de ofício proporcional. Por consequência, sobre o crédito tributário assim constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Vanessa Marini Cecconello, que lhe deu provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Na reunião de 01/2019 a conselheira Semiramis de Oliveira Duro (suplente convocada) em substituição a conselheira Tatiana Midori Migiyama, a qual declarou-se impedida de participar do julgamento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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FUNDAMENTAÇÃO. ARGUMENTOS DE DEFESA. ENFRENTAMENTO DETIDO. DESNECESSIDADE. PRETERIÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há necessidade de que a decisão administrativa rebata um a um os argumentos declinados pela defesa, desde que esteja baseada em fundamentos claros, sólidos, suficientes e que possam ser compreendidos pelo contribuinte e que, no seu bojo, demonstrem a incompatibilidade entre o entendimento que prevaleceu no julgamento e o entendimento defendido pelo contribuinte. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010 BASE DE CÁLCULO. VALOR DA TRANSAÇÃO. AJUSTES DO ARTIGO 8º. ROYALTIES E DIREITOS DE LICENÇA. INCLUSÃO. Devem ser acrescido ao valor da transação os pagamentos feitos a título de royalties relacionados às mercadorias importadas e que se constituam em uma condição de venda, independentemente desses valores estarem também associados à outorga de outros direitos, desde que seja possível determinar sua segregação com base em dados objetivos e quantificáveis. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende o tributo e a multa de ofício proporcional. Por consequência, sobre o crédito tributário assim constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 22 /2 01 1- 35 Fl. 3029DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Vanessa Marini Cecconello, que lhe deu provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Na reunião de 01/2019 a conselheira Semiramis de Oliveira Duro (suplente convocada) em substituição a conselheira Tatiana Midori Migiyama, a qual declarouse impedida de participar do julgamento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Autos de Infração lavrados para exigir da contribuinte o Imposto de Importação (II), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a contribuição ao Programa de Integração Social (PIS – Importação) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS – Importação), referentes a fatos geradores ocorridos durante os anos de 2007 a 2010 (fls. 1635/1642). Segundo o Relatório de Auditoria Fiscal (fls. 411), a contribuinte obrigou se, em decorrência de contratos firmados com as empresas estrangeiras The Timberland Company e Mizuno USA, Inc., ao pagamento de royalties e direitos de licença condicionados à venda contratualmente estabelecida e, por esta razão, deveriam ter sido acrescidos ao valor aduaneiro declarado por causa da importação de mercadorias efetivada. Assim, os lançamentos ocorreram pela suposta omissão da contribuinte, em declarações de importação durante os anos de 2007 a 2010, acerca do valor aduaneiro de royalties e direitos de licença referentes aos produtos por ela importados, infringindo o Acordo sobre Valoração Aduaneira (AVA), em seu artigo 8.1 (c), constante do anexo ao Decreto n. 1.355/1994. Fl. 3030DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 4 3 As autuações ocasionaram créditos tributários com os seguintes valores principais: (i) quanto ao II, R$ 1.975.165,70 (fl. 1635); (ii) quanto ao IPI, R$ 117.457,63 (fl. 1637); (iii) quanto ao PIS – Importação, R$ 142.861,41 (fl. 1639); e (iv) quanto à COFINS – Importação, R$ 658.046,99 (fl. 1641). Ademais, os valores principais foram acrescidos, cada qual, de multa de ofício de 75% e juros de mora, resultando num débito da contribuinte no total de R$ 5.699.770,62 (fl. 3). A ciência da contribuinte acerca dos Autos de Infração deuse em 21/11/2011 (fls. 1636, 1638, 1640 e 1642). Após o julgamento do recurso voluntário, tanto a Fazenda Nacional, quanto o contribuinte, impetraram recurso especial de divergência em face da decisão tomada no acórdão nº 3401003.195, de 19 de julho de 2016 (efolhas 2.596 e segs), que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 VALOR ADUANEIRO. "ROYALTIES" E DIREITOS DE LICENÇA. "CONDIÇÃO DE VENDA". INTERPRETAÇÃO DO AVA/GATT. AMPLITUDE DA EXPRESSÃO. O AVA/GATT deve ser entendido à luz da legislação internacional, e não da acepção unilateral que a legislação nacional dá à terminologia empregada no acordo. Na interpretação da expressão "condição de venda", no AVA/GATT (Artigo 8o, 1, "c"), devese buscar identificar se seria possível a venda sem o cumprimento do contrato referente aos royalties e direitos de licença. VALOR ADUANEIRO. "ROYALTIES" E DIREITOS DE LICENÇA. MERCADORIAS IMPORTADAS E MERCADORIAS NACIONAIS CONTEMPLADAS EM UM MESMO INSTRUMENTO JURÍDICO/CONTRATO. POSSIBILIDADE DE DISCERNIMENTO. DADOS OBJETIVOS E QUANTIFICÁVEIS. Na hipótese de o instrumento jurídico/contrato referente a "royalties" e direitos de licença, qualquer que seja a denominação adotada, abranger tanto a importação de mercadorias quanto a venda de produtos nacionais, não afronta o AVA/GATT o discernimento, pela fiscalização, com base em dados objetivos e quantificáveis, como as efetivas vendas das mercadorias estrangeiras e de produtos nacionais, de cada uma dessas operações, expurgando do valor aduaneiro as rubricas referentes a vendas de produtos nacionais. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 3031DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 5 4 Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre o montante referente a multas, em lançamento de ofício. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEPIMPORTAÇÃO. COFINSIMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. RE 559.607/SCRG. Devem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação as parcelas referentes ao ICMS e ao valor das próprias contribuições, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno. Recurso voluntário provido em parte. A divergência suscitada no recurso especial da Fazenda Nacional (efolhas 2.641 e segs) diz respeito à incidência de juros sobre o valor da multa de ofício. A divergência suscitada no recurso especial do contribuinte (efolhas 2.842 e segs) referese à inclusão do valor pago a título de royalties, pelo importador ao exportador estrangeiro, na base de cálculo dos tributos aduaneiros. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido, conforme despacho de admissibilidade de efolhas 2.653 e segs. O recurso especial do contribuinte também foi admitido, conforme despacho de admissibilidade de efolhas 3.015 e segs. Contrarrazões do contribuinte às efolhas 2.762 e segs. Defende a manutenção da decisão recorrida na parte em que proveu a recurso voluntário. Contrarrazões da Fazenda Nacional às efolhas 3.022 e segs. Defende a manutenção da decisão recorrida na parte em que desproveu o recurso voluntário do contribuinte. É o Relatório. Fl. 3032DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. Conhecimento do Recurso Especial Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional e do recurso especial do contribuinte. Mérito Do Recurso Especial da Fazenda Nacional Incidência de juros de mora sobre multa de ofício O recurso especial da Fazenda Nacional defende a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, sendo que acórdão recorrido afastou a sua aplicação. O contribuinte, por sua vez, defende e reforça o mesmo entendimento do acórdão recorrido de que não existe previsão legal para a pretendida incidência. Essa matéria não é nova e no meu entendimento existe previsão legal para a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício. De acordo com o art. 161 do CTN, o crédito tributário não pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo da sua falta. Dispõe ainda em seu parágrafo primeiro que, se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão cobrados à taxa de 1% ao mês. De forma que o art 61 da Lei nº 9.430/96 determinou que, a partir de janeiro/97, os débitos vencidos com a União serão acrescidos de juros de mora calculados pela taxa Selic quando não pagos nos prazos previstos na legislação tributária, até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Entendo que os débitos a que se refere Fl. 3033DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 7 6 o art. 61 da Lei nº 9.430/96 correspondem ao crédito tributário de que dispõe o art. 161 do CTN. O art. 139 do CTN dispõe que o crédito tributário decorre da obrigação tributária e tem a mesma natureza desta. Já o art. 113, parágrafo primeiro, do mesmo diploma legal, define que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Assim, se o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta, necessariamente deve abranger o tributo e a penalidade pecuniária. A multa de ofício aplicada ao presente lançamento está prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96 que prevê expressamente a sua exigência juntamente com o tributo devido. Ao constituir o crédito tributário pelo lançamento de ofício, ao tributo somase a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal, devendo incidir os juros à taxa Selic sobre a sua totalidade. Tanto é assim, que a própria Lei 9.430/96, em seu art. 43, prevê a incidência de juros Selic quando a multa de ofício é lançada de maneira isolada. Não faria sentido a incidência dos juros somente sobre a multa de ofício exigida isoladamente, pois ambas tem a mesma natureza tributária. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no AgRg no Recurso Especial nº 1.335.688PR, relator Ministro Benedito Gonçalves, em decisão de 04/12/2012, assim ementada: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. Para encerrar de uma vez por todas esta polêmica foi editada a Súmula CARF nº 108 no seguinte sentido: Fl. 3034DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 8 7 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Diante do acima exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Do Recurso Especial do Contribuinte Preliminar de nulidade da decisão recorrida Não há que se falar em nulidade da decisão recorrida por suposta falta de exame dos argumentos de defesa e das cláusulas dos contratos firmados entre a recorrente e os proprietários das marcas por ela negociadas. Em primeiro lugar, não há necessidade que a decisão proferida se detenha em cada um dos argumentos trazidos pela defesa. É suficiente que os fundamentos alcancem todos aspectos abordados e declinem com clareza o entendimento do Colegiado sobre o assunto, denotando incompatibilidade entre o entendimento sugerido pela defesa e as razões de decidir da Turma. Se a autoridade julgadora pronunciase de forma não exaustiva, mas clara e suficiente sobre a matéria objeto dos autos, não há que se falar em omissão. A jurisprudência dos Tribunais superiores não destoa desse entendimento. É pacífico que o julgador não está obrigado a rebater todas as alegações do recurso. É o que se depreende da manifestação do eminente então Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luiz Fux, nos autos do Recurso Especial nº 779.680. Inexiste ofensa ao art. 535, CPC, quando o Tribunal de origem pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos, cujo decisum revelase devidamente fundamentado. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. Precedente desta Corte: RESP 658.859/RS, publicado no DJ de 09.05.2005. [...] É pacífico o entendimento jurisprudencial de que o juiz não está obrigado a analisar e rebater todas as alegações da parte, bem como todos os argumentos sobre os quais suporta a pretensão deduzida em juízo, bastando apenas que indique os fundamentos suficientes à compreensão de suas razões de decidir, cumprindo, assim, o mandamento constitucional insculpido no art. 93, inc. Fl. 3035DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 9 8 IX, da Lei Fundamental. Nesse sentido: STJ: EDRESP 581.682/SC, 2ª. Turma, Rel. Min. Castro Meira, in DJU, I, 1º.3.2004, p. 176; e EEERSP 332.663/SC, 1a. Turma, Rel. Min. José Delgado, in DJU, I, 16.2.2004, p. 204. Com efeito, não é de se esperar que cada um dos apontamentos feitos pela defesa sejam contraditados. É suficiente que as razões de decidir expostas pelo julgador demonstrem, no seu todo, a impossibilidade de acolhimento da tese ou dos argumentos expendidos pelo contribuinte. No mesmo sentido trilhou a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, inclusive, por meio de julgamento proferido em regime de repercussão geral, ex vi AIRGQO 791.292/PE1. Nessa decisão, o plenário do Pretório Excelso reafirmou a tese de que o “art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão”. E nem se diga que a jurisprudência retrocitada foi superada pelas disposições do novo Código do Processo Civil. Em recente decisão proferida no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, reafirmouse a desnecessidade de o Colegiado examinar a totalidade dos apontamentos feitos pela defesa, desde que, no seu todo, a decisão enfrente a matéria posta, afastando qualquer possibilidade de que outras abordagens pudessem alterar o curso da decisão. "O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida. Assim, mesmo após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra a decisão que não se pronunciou 1 BRASIL. STF. AI 791292 QORG, Rel. Min. GILMAR MENDES, j. em 23/06/2010, DJe149 DIVULG 12082010 PUBLIC 13082010 EMENT VOL0241006 PP01289 RDECTRAB v. 18, n. 203, 2011, p. 113118 Fl. 3036DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 10 9 sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. STJ. 1ª Seção. EDcl no MS 21.315DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8/6/2016 (Info 585)".D E também não é verdade que o i. Relator do acórdão recorrido não tenha analisado os contratos firmados pela autuada. Ora, todo o convencimento do Colegiado foi formado com base nas obrigações contratuais assumidas. É certo, portanto, que os contratos foram examinados. Provavelmente, não da forma como a recorrente gostaria e muito menos com as conclusões imaginadas pela defesa. Contudo, isso não significa que o acórdão tenha se omitido a esse respeito e nem que tenha havido em preterição ao direito de defesa. Mérito O contribuinte sustenta, reiteradamente, a necessidade de que sejam observadas duas condições cumulativas para que os valores pagos a título de royalties sejam acrescentados à base de cálculos dos tributos incidentes na importação das mercadorias: (i) a de que os royalties ou direitos de licença estejam relacionados com as mercadorias importadas objeto da valoração aduaneira e (ii) a de que o pagamento dos referidos valores, realizados direta ou indiretamente ao exportador, seja uma condição de venda destas mercadorias. Caso contrário, sempre segundo entende, na falta de um desses requisitos, o valor pago a esse título não deverá ser incluído na base imponível. À luz dessas premissas procura demonstrar que nenhum dos dois requisitos foram atendidos no caso concreto. O primeiro, em apertada síntese, porque firmou contratos com as empresas Timberland e Mizuno que englobam uma série de atividades, direitos garantias e deveres, que converteramna “na própria ‘titular’ das marcas. Assim “os royalties remuneram muito mais do que a simples compra e venda (importação) de mercadorias”. Em consequência, não estariam relacionados com as mercadorias importadas. O segundo, também resumidamente, porque o não pagamento dos royalties traria uma repercussão de maior amplitude, ensejando “a quebra da relação contratual firmada relacionada ao direito de uso das marcas” e não apenas a impossibilidade de efetivar a importação das mercadorias. Sobre isso, acrescenta, inclusive, que “a única coisa que a Recorrente poderia continuar fazendo é Fl. 3037DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 11 10 justamente importar as mercadorias com as TIMBERLAND E MIZUNO, até mesmo porque não há qualquer proibição nesse sentido”. Ou seja, segundo alega, os royalties também não eram condição de venda. Para maior clareza, analisase preambularmente a legislação aplicável. Como já foi sobejamente comentado nos autos, a base de cálculo dos tributos aduaneiros é o valor da transação, tal como definido no art. 1º do Acordo de Valoração Aduaneira, com seguinte teor. 1. O valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de transação, isto é, o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias, em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8, desde que: Por seu turno, o art. 8º especifica os ajustes que devem ser feitos ao valor efetivamente pago (ou a pagar) pelas mercadorias. É nele que encontrase a previsão de que sejam incluídos os royalties objeto do vertente processo. Segue texto com grifos acrescidos. Artigo 8 1. Na determinação do valor aduaneiro, segundo as disposições do Artigo 1, deverão ser acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas: (a) os seguintes elementos, na medida em que sejam suportados pelo comprador mas não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias: (i) comissões e corretagens, excetuadas as comissões de compra; (ii) o custo de embalagens e recipientes considerados, para fins aduaneiros, como formando um todo com as mercadorias em questão; (iii) o custo de embalar, compreendendo os gastos com mãode obra e com materiais; (b) o valor, devidamente atribuído, dos seguintes bens e serviços, desde que fornecidos direta ou indiretamente pelo comprador, gratuitamente ou a preços reduzidos, para serem utilizados na produção e na venda para exportação das mercadorias importadas, e na medida em que tal valor não tiver sido incluído no preço efetivamente pago ou a pagar: (i) materiais, componentes, partes e elementos semelhantes, incorporados às mercadorias importadas; (ii) ferramentas, matrizes, moldes e elementos semelhantes, empregados na produção das mercadorias importadas; Fl. 3038DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 12 11 (iii) materiais consumidos na produção das mercadorias importadas; (iv) projetos de engenharia, pesquisa e desenvolvimento, trabalhos de arte e de "design", e planos e esboços, necessários à produção das mercadorias importadas e realizados fora do país de importação; (c) royalties e direitos de licença relacionados com as mercadorias objeto de valoração, que o comprador deva pagar, direta ou indiretamente, como condição de venda dessas mercadorias, na medida em que tais royalties e direitos de licença não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar; (d) o valor de qualquer parcela do resultado de qualquer revenda, cessão ou utilização subseqüente das mercadorias importadas, que reverta direta ou indiretamente ao vendedor. 2. Ao elaborar sua legislação, cada Membro deverá prever a inclusão ou a exclusão, no valor aduaneiro, no todo ou em parte, dos seguintes elementos: (a) o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; (b) os gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; e (c) o custo do seguro. 3. Os acréscimos ao preço efetivamente pago ou a pagar, previstos neste Artigo, serão baseados exclusivamente em dados objetivos e quantificáveis. 4. Na determinação do valor aduaneiro, nenhum acréscimo será feito ao preço efetivamente pago ou a pagar, se não estiver previsto neste Artigo. Sobressai incontroverso da narrativa dos fatos apurados pelo Fisco o efetivo pagamento de royalties ao detentor dos direitos de marca no exterior. Controvertese, contudo, se os valores pagos a esse título se enquadram ou não na hipótese contemplada pelo Acordo, conforme disposto na letra “c” do item 1 do art. 8º acima transcrito. De plano, deve ser afastada a hipótese de que, por serem pagos em momento posterior à importação, os valores de que ora se trata não poderiam ser incluídos na base de cálculo dos tributos incidentes na importação. Ora, é de amplo conhecimento que esse tipo de transação é extremamente usual. Menos comum seria o pagamento dos royalties já por ocasião da importação das mercadorias. E, de fato, são fartas as evidências de que o Acordo previu claramente essa hipótese. Basta que se leia o teor da letra “d” também acima reproduzida. Ela Fl. 3039DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 13 12 referese textualmente ao valor de qualquer parcela do resultado de qualquer revenda, cessão ou utilização subseqüente das mercadorias importadas, que reverta direta ou indiretamente ao vendedor”. Por óbvio, dito resultado de revenda, cessão ou utilização subsequente somente ocorrerá em data posterior à importação das mercadorias. Por isso mesmo, devem ser veementemente rejeitados os argumentos veiculados na parte final do recurso especial interposto pelo contribuinte, afirmando não existirem normas legais e infralegais que amparem os procedimentos adotados pela Fiscalização Federal. Ao contrário do que quer fazer crer a defesa, como acima pretendo tenha ficado claro, o Acordo é explícito quanto à possibilidade de que sejam incluídos na base imponível valores pagos depois de processada a operação de importação. Não fosse isso suficiente, revelase também integralmente equivocada a assertiva de que não existem disposições normativas infralegais sobre o tema. O art. 22 da Instrução Normativa nº 327/2003 disciplina especificamente o procedimento que deve ser adotado pelo importador nas situações em que não puder ser informado o valor da base de cálculo na data do registro da declaração de importação das mercadorias. Observese. Art. 22. Quando o valor aduaneiro não for definitivo na data do registro da Declaração de Importação (DI), em virtude de o preço a pagar ou das informações necessárias à utilização do método do valor de transação dependerem de fatores a serem implementados após a importação, devidamente comprovados, o importador deverá informar essa situação no campo Informações Complementares da DI e declarar valor estimado. § 1º O valor estimado deverá ser retificado pelo importador no prazo de até noventa dias, salvo quando o importador comprovar que a implementação dos fatores referidos no caput deste artigo se dará em prazo superior, declarado por ocasião do registro da DI. § 2º O valor estimado será considerado como definitivamente declarado se, findo o prazo estabelecido conforme o § 1º deste artigo, não tiver sido procedida a retificação da DI. § 3º O pagamento da diferença de impostos, devida em razão da retificação de que trata o § 1º deste artigo, será efetuado com os acréscimos legais previstos para recolhimento espontâneo. § 4º No caso de apuração pela autoridade aduaneira, em procedimento de fiscalização, de diferença de impostos devida, decorrente do descumprimento do disposto neste artigo, serão aplicadas as penalidades previstas na legislação. Isso posto, passo à análise do preenchimento ou não dos requisitos especificados no AVA para inclusão do valor correspondente aos royalties e às taxas na base Fl. 3040DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 14 13 de cálculo dos tributos aduaneiros, partindose, agora, de uma análise mais detida dos fundamentos do recurso interposto pela parte. O contribuinte transcreve no corpo do recurso especial as cláusulas contratuais que, no seu entender, retratam com precisão os termos do negócio. Elas tem o seguinte teor: . Contrato com a The Timberland Company “1.3 Pagamentos de Royalties pela Franqueada à Timberland. Conforme descrito e definido adicionalmente na Cláusula 6.2.1 abaixo, a Franqueada deverá pagar um Royalty (conforme definido na Cláusula 6.2.1) para os canais e nos valores previstos abaixo (todas as porcentagens apresentadas na tabela abaixo são uma porcentagem das Vendas Líquidas da Franqueada) (...) 2. DEFINIÇÕES. Conforme usados no presente Contrato: (...) 2.12. ‘Vendas Líquidas’ significam o valor total da fatura de todos os Produtos vendidos direta ou indiretamente pela Franqueada ou por uma Afiliada da Franqueada para um Cliente.” (grifos nossos) Contrato com a Mizuno USA, Inc. “4.11 Pagamento e Contabilidade a) Royalty (1) Calculo de ‘Venda Líquidas’ A cada ano do Contrato, o Distribuidor deverá pagar à Companhia royalties sobre todos os Produtos conforme calculado de acordo com as taxas especificadas no Anexo E com relação as Vendas Liquidas (conforme definidas a seguir) dos Produtos. ‘Vendas Liquidas’ significarão vendas brutas no atacado dos Produtos pelo Distribuidor ou quaisquer de suas afiliadas, associadas ou empresas subsidiárias baseadas sobre o faturamento usual por itens vendidos no curso normal dos negócios conforme refletido em todos os balanços financeiros publicados do Distribuidor (...) Depreendese do teor normativo do art. 8º do AVA, fato que, como já mencionado, não passou despercebido à defesa, que os royalties e direitos de licença devem ser acrescidos ao valor da transação (art. 1º) quando estiverem (i) relacionados com as mercadorias objeto de valoração e (ii) sejam condição de venda dessas mercadorias. Fl. 3041DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 15 14 No entender da recorrente, nenhuma dessas duas condições é observada no caso em apreço. Segundo assevera, celebrou contratos com as empresas Timberland e Mizuno que lhe garantiu o direito de fabricar, manter, propagandear, comercializar etc produtos dessas marcas. Em contrapartida assumiu a obrigação de pagar royalties e outras taxas às duas empresas. Com base nisso, entende que o acórdão recorrido partiu de uma premissa equivocada, “segundo a qual a questão neste caso se resumiria à possibilidade de se segregar, ou não, as mercadorias vendidas pela Recorrente entre nacionais e importadas, estas vinculadas aos royalties (p. 39 do Acórdão). Conclui em elevado tom que NÃO É DISSO QUE SE TRATA!! Não se está aqui a discutir apenas o fato de as mercadorias poderem ser divididas entre nacionais e importadas (e mistas, digase), mas sim o fato inconteste de que os royalties remuneram muito mais do que a simples compra e venda (importação) de mercadorias! Ao que tudo indica, na lógica defendida pelo empresa, o fato de os royalties remunerarem diversos direitos outorgados pelos titulares da marca ao importador, não estando, por conseguinte, vinculado única e exclusivamente ao direito de importação das mercadorias, afastaria, de plano, a agregação desses valores ao valor da transação. Com o devido respeito à opinião manifesta e à extensa argumentação expendida em sede de recurso, não me parece que esse raciocínio possa prevalecer. A toda evidência, o que o Acordo exige é a quantificação do valor pago a título de royalties que tenham uma relação com as mercadorias importadas. Em momento algum o legislador referiuse a royalties que estivessem exclusivamente relacionados ao direito de importar mercadorias. Ora, chega a ser ingênuo cogitar da possibilidade de que, pelo fato de os royalties estarem associados a uma gama de direitos outros concedidos, não possam eles ser incluídos na base de cálculo, mesmo que, indiscutivelmente, parte desse valor esteja relacionado às mercadorias importadas. Como dito acima, é incontroverso que, pelo menos em parte, os royalties pagos pelo importador estão relacionados às mercadorias importadas. Nem mesmo a recorrente contesta isso. Assim, ao contrário do que alega a defesa, a questão é, sim, a possibilidade de determinar a fração desses royalties que estão associados às mercadorias importadas, demonstrandose irrelevante que outra parte esteja associado à concessão de outros direitos, até Fl. 3042DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 16 15 mesmo porque esses outros direitos estão, no todo ou em parte, também relacionados às mercadorias. Segundo a autuada, a Fiscalização Federal também incorreu em equívocos por ocasião da apuração do valor que deveria ser acrescido à base de cálculo dos tributos aduaneiros. Explica que 109. Da leitura do Relatório de auditoria fiscal anexo aos AIIM, verificase que, para obter o valor dos royalties e taxas supostamente não adicionados pela Recorrente ao valor aduaneiro, as Autoridades Fiscais (i) apuraram a totalidade dos valores pagos a título de royalties pela Recorrente às empresas estrangeiras em determinado período; (ii) buscaram, dentre as receitas auferidas com as vendas de mercadorias nesse mesmo período, identificar a proporção (percentual) que corresponderia às receitas obtidas com a venda das mercadorias importadas; (iii) aplicaram o percentual obtido no passo anterior sobre a totalidade dos royalties pagos pela Recorrente em determinado período (valor identificado no passo “1”), com o intuito de determinar os royalties supostamente relativos às importações; e (iv) adicionaram o resultado obtido ao valor aduaneiro das mercadorias importadas nesse período. Esclarece, contudo, que diversos custos incorridos dentro do país (armazenagem, publicidade, distribuição e transporte) associados às mercadorias importadas teriam sido indevidamente acrescidos ao valor da transação. Por outro lado, que “está sujeita ao pagamento de royalties mínimos que independem de qualquer operação, seja de importação ou de venda no mercado interno”. E que, “a esse respeito, ambos os CONTRATOS são bastante similares, indicando que os “royalties mínimos” estão absolutamente desvinculados de qualquer operação de importação”. Em primeiro lugar, é necessário que se diga que tais ponderações nem de perto demonstram ausência de vinculação entre os valores pagos e as mercadorias importadas. A questão, aqui, é precisar qual valor, relacionado a essas mercadorias, foi efetivamente transferido a título de royalties. A agregação de dispêndios incorridos dentro do país decorre da metodologia de cálculo adotada pelo Fisco, com vistas à segregação do valor relacionado às importações. Foi desta forma que chegouse a um percentual do valor transferido ao detentor da marca que poderia ser considerado relacionado às mercadorias importadas e não às mercadorias adquiridas no mercado interno, com base nas Vendas Líquidas apuradas no período, tal como determinam os contratos. As dificuldades levantadas pela defesa decorrem da própria conformação contratual da transação levada a efeito. No caso concreto, o Fisco não Fl. 3043DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 17 16 dispunha de outra alternativa, se não apartar o valor que estava associado às importações, com base em elementos concretos, objetivos e quantificáveis, tal como reza o Acordo. E, ao contrário do que sustenta a recorrente, parece estar bastante claro que há, sim, previsão legal para inclusão desse valor ao valor da transação . Outrossim, as vendas efetivadas ao longo do período autuado superaram sempre o valor estimado, razão pela qual, no caso em apreço, a estipulação dos ditos royalties mínimos não comprometeu em nada a determinação do quantum associado à importação das mercadorias. Ainda a respeito desse tema (vinculação do royalties às mercadorias importadas), fazse um destaque à inusitada sugestão de que, pelo fato de os royalties estarem associados à concessão de inúmeros direitos, não só ao direito de importar mercadorias, o importador estivesse dispensado de agregálos ao valor da transação. Ora, é claro que não são os termos dos contratos firmados pelas partes que vão determinar se há ou não incidência da exação sobre a operação. Por óbvio, o que determina a exigência é a conformação do ato à norma geral e abstrata identificada nas leis que regulamentam a matéria. Em termos concretos, se houve pagamento de royalties associado ao direito de importar mercadorias, há incidência de imposto sobre esse valor. Os termos do contrato pactuado entre importador e exportador não afetam essa condição. Caso contrário, bastaria que o importador optasse por determinada forma contratual, na qual, como no caso, os roylaties estivessem associados indistintamente a inúmeros direitos e obrigações, para que se visse dispensado do pagamento dos tributos que seriam normalmente devidos. E não assiste melhor sorte à Recorrente no que diz respeito à qualificação dos royalties como condição de venda das mercadorias. Ora, é claro que, no bojo da transação conduzida pelas partes, o valor dos royalties e taxas estipulado nos contratos é uma condição para que as operações sejam praticadas nos termos em que pactuadas. Aliás, a própria Recorrente reconhece que, acaso deixasse de pagar os royalties, haveria uma quebra contratual, com sérios prejuízos. Assim, não há como admitir a tese de que os royalties não eram uma condição de venda das mercadorias importadas. Aceitar essa leitura dos fatos seria o mesmo que dizer que o próprio valor pago pelas mercadorias também não era uma condição de venda. Afinal, no caso de inadimplência do importador, por certo também haveria uma ruptura bastante séria nas relações Fl. 3044DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 18 17 comerciais firmadas entre as partes. É claro que todos os termos e condições contratuais acertados são condições para realização do negócio da forma como foi avençado. Por isso mesmo, também demonstrase falho o argumento de que “a única coisa que a Recorrente poderia continuar fazendo é justamente importar as mercadorias com as TIMBERLAND E MIZUNO”. Por certo, essa transação se daria em outras bases; certamente, inclusive, por outro preço. Com efeito, para que a transação praticada nos termos em que avençada fosse consumada, os royalties associados ao direito de importar mercadorias obrigatoriamente deveriam ser pagos ao titular da marca. A recorrente também não foi feliz na escolha da Opinião Consultiva nº 4.5 para demonstrar o acerto do procedimento que adotou. A toda evidência, o tipo de transação a que faz alusão a Opinião Consultiva nº 4.5 é substancialmente diferente da operação aqui examinada. Naquela, o Comitê de Valoração Aduaneira opina acerca de uma operação de venda realizada por uma empresa nacional, de mercadorias de uma marca de propriedade de um fabricante estrangeiro. Na maior parte dos casos, como se lê nos esclarecimentos prestados na própria Opinião, as mercadorias são fabricadas com ingredientes obtidos no país de importação (!), sendo devidos royalties não pela importação das mercadorias, mas pelo uso da marca, senão vejamos. OPINIÃO CONSULTIVA 4.5 ROYALTIES E DIREITOS DE LICENÇA SEGUNDO O ARTIGO 8.1 c) DO ACORDO 1. O fabricante estrangeiro M é proprietário de uma marca registrada protegida no país de importação. O importador I fabrica e vende seis tipos de cosméticos sob a marca registrada de M. I deve pagar a M um royalty que representa 5 % de seu volume de venda anual bruto relativo de cosméticos com a referida marca. Todos os cosméticos são fabricados segundo a fórmula de M, a base de ingredientes obtidos no país de importação, com exceção de um para o qual M vende, normalmente, os ingredientes essenciais. Que tratamento deve ser aplicado ao royalty, tendo em conta os ingredientes importados? 2. O Comitê Técnico de Valoração Aduaneira emitiu a seguinte opinião: O royalty deve ser pago a M independentemente de I utilizar os ingredientes de M ou de fornecedores locais; portanto, o royalty não constitui uma condição de venda das mercadorias e, para fins de valoração, não pode ser acrescido ao preço efetivamente pago ou a pagar, de conformidade com o Artigo 8.1 c) Fl. 3045DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 19 18 Muito mais pertinente e útil ao exame da questão posta é a Opinião Consultiva nº 4.4, a seguir reproduzida. Opinião Consultiva 4.4 ROYALTIES e direitos de licença segundo o Artigo 8.1 c) do Acordo Um concentrado patenteado é adquirido pelo importador I do fabricante M que também é o detentor da patente; o concentrado importado é simplesmente diluído em água corrente e envasado para consumo antes de ser vendido no país de importação. Além do preço das mercadorias, o adquirente deve pagar ao fabricante M, como condição da venda, um royalty pelo direito de incorporar ou utilizar o concentrado patenteado em produtos destinados à revenda. O montante do royalty é calculado em função do preço de venda dos produtos acabados. O Comitê Técnico de Valoração Aduaneira emitiu a seguinte opinião: O royalty é um pagamento relacionado com as mercadorias importadas que o comprador tem que pagar como condição de venda dessas mercadorias e, por conseguinte, deve ser incluído no preço efetivamente pago ou a pagar, de conformidade com o disposto no Artigo 8.1 c). Esta opinião referese ao royalty pago pela patente incorporada às mercadorias importadas e não se aplica a situações diferentes. Muito menos razão ainda assiste à recorrente quando afirma que “a possibilidade em si de compra de determinada mercadoria de um fornecedor internacional diferente do detentor da marca demonstra cabalmente que, no presente caso, não há como se falar em ‘condição de venda’”. Ora, não há nenhuma importância no fato de os produtos serem exportados pelas ditas “fontes autorizadas” (lembrese, sempre sob o controle da Timberland). Sejam as exportações realizadas por essas ou pelo detentor da marca, haverá sempre, indistintamente, a incidência de royalties por ocasião da venda dessas mercadorias no mercado interno. Sendo o fornecimento realizado pelas fontes autorizadas, incidirá, ainda, uma Taxa de Usuário ou Taxa de Terceirização, estas calculadas sobre o valor faturado da mercadoria importada, também pagas à detentora da marca. Ou seja, se a importação for realizada pelas fontes autorizadas pela Timbeland, o importador pagará a esta, além dos royalties, as Taxas, que têm a mesma natureza daqueles e demonstramse, também, condição contratual de venda das mercadorias; por conseguinte, devem, da mesma forma, ser incluídas na base imponível. Por fim, também não há que se falar em tratamento desigual entre produtos estrangeiros e nacionais. Foi a própria empresa que optou pela aquisição das mercadorias nos termos e condições pactuados no negócio. Aplicase à operação o disposto na legislação Fl. 3046DF CARF MF Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 9303008.189 CSRFT3 Fl. 20 19 tributária. O fato de serem devidos royalties ao exportador estrangeiro e sobre eles incidir tributação nos termos da lei, não denota tratamento desigual sob qualquer forma, mas uma opção negocial para a qual a legislação pátria e, no caso específico, a legislação internacional, prevêm incidência de impostos e/ou contribuições. Conclusão. Por todo exposto: i) quanto ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, voto por conhecêlo e darlhe provimento, assentando ser cabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício; ii) quanto ao Recurso Especial do Contribuinte, voto por conhecêlo e por negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 3047DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001341/2009-04
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DEDUTIBILIDADE.
Em caso de concordata ou falência do devedor, poderão ser deduzidos do lucro real e da base de cálculo da contribuição social os créditos que comprovadamente houverem sido habilitados no processo de concordata ou falência.
Numero da decisão: 1201-000.987
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Luis Fabiano Alves Penteado, que lhe dava provimento, e Rafael Correia Fuso e Cristiane Silva Costa, que lhe davam parcial provimento.
Nome do relator: Marcelo Cuba Netto
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Numero do processo: 10865.900584/2015-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/01/2010
ATO ADMINISTRATIVO. MOTIVAÇÃO SUCINTA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO E DO DIREITO DE DEFESA.
Decisão sucinta não é sinônimo de decisão imotivada, como já decidido pelo STF em sede de repercussão geral (AI 791.292). Inexistência de nulidade do despacho decisório que negou a compensação realizada pelo contribuinte. Inexistência de cerceamento de defesa.
Numero da decisão: 3402-006.196
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2010 a 31/01/2010 ATO ADMINISTRATIVO. MOTIVAÇÃO SUCINTA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO E DO DIREITO DE DEFESA. Decisão sucinta não é sinônimo de decisão imotivada, como já decidido pelo STF em sede de repercussão geral (AI 791.292). Inexistência de nulidade do despacho decisório que negou a compensação realizada pelo contribuinte. Inexistência de cerceamento de defesa.
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MOTIVAÇÃO SUCINTA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO E DO DIREITO DE DEFESA. Decisão sucinta não é sinônimo de decisão imotivada, como já decidido pelo STF em sede de repercussão geral (AI 791.292). Inexistência de nulidade do despacho decisório que negou a compensação realizada pelo contribuinte. Inexistência de cerceamento de defesa. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 05 84 /2 01 5- 93 Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10865.900584/201593 Acórdão n.º 3402006.196 S3C4T2 Fl. 0 2 Relatório Tratase de pedido de restituição de pagamento a maior de IPI que restou indeferido pela DRF de origem face a inexistência do crédito. Cientificada, a interessada apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade na qual alega, em síntese, que a decisão da Unidade foi imotivada, não tendo sido apreciado o crédito, limitandose a autoridade a verificar se o pagamento realizado indevidamente ou a maior estava disponível em seus sistemas. Ou seja, não haveria esclarecimento do significado de “inexistência de crédito”, caracterizando cerceamento do direito de defesa, motivo pelo qual requer a nulidade da decisão. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pelo colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº01033.665. Diante deste quadro o contribuinte interpôs o recurso voluntário ora em apreço, oportunidade em que repisou as alegações desenvolvidas em sede de impugnação, ou seja, continuou alegando que despacho decisório seria nulo, porque carente de motivação, o que, por seu turno, implicaria cerceamento de defesa por parte do recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402006.183, de 25 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10865.900572/201569, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402006.183): "5. O recurso voluntário interposto preenche os pressupostos formais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. I. Da pretensa ausência de motivação do despacho decisório e suposta ofensa ao direito de defesa do contribuinte Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10865.900584/201593 Acórdão n.º 3402006.196 S3C4T2 Fl. 0 3 6. Como visto ao longo do recurso voluntário interposto, o contribuinte se apega ao pretenso fundamento de que o despacho decisório que redundou na não homologação da compensação por ele perpetrada seria carente de motivação. Assim, mister se faz neste instante destacar a motivação do aludido despacho, a qual segue abaixo transcrita: 7. Embora sucinto, o despacho é claro em apontar o motivo para não homologar o crédito do contribuinte: o pretenso crédito apontado pelo contribuinte teria sido utilizado para a quitação de outros débitos para com a Receita Federal do Brasil. Aliás, precisando tal assertiva, o citado despacho aponta que tal crédito teria sido utilizado para o pagamento de n. 5441682672, com código n. 5123, referente a PERD/COMP apresentada em 31/12/2010, no valor de R$ 114.590,23. Tais informações são suficientes para identificar o débito para o qual o "crédito" indicado neste processo administrativo foi previamente utilizado. 8. Apesar da objetividade do referido despacho, resta claro que ele atende a exigência da motivação de todo e qualquer ato administrativo, na medida em que justifica em concreto a recusa da compensação analisada. O fato de ser sucinta não implica, per si, a nulidade da decisão por carência de motivação, como aliás já decidiu o Supremo Tribunal Federal em sede de recurso julgado sob repercussão geral, in verbis: 1. Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3° e 4°). 2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10865.900584/201593 Acórdão n.º 3402006.196 S3C4T2 Fl. 0 4 4. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral. (STF; AI 791.292 QORG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 23/06/2010, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe149 DIVULG 12082010 PUBLIC 13082010 EMENT VOL0241006 PP01289 RDECTRAB v. 18, n. 203, 2011, p. 113118 ) (grifos nosso). 9. É também neste diapasão o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, bem como deste Tribunal administrativo, conforme se observa das ementas exemplarmente colacionadas abaixo: AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ART. 620 DO CPC/1973. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS N. 282 E 356 DO STF. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO. MOTIVAÇÃO SUCINTA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. 1. A ausência de prequestionamento de dispositivo legal tido por violado impede o conhecimento do recurso especial. Incidem as Súmulas n. 282 e 356 do STF. 2. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria fáticoprobatória (Súmula n. 7/STJ). 3. A decisão que se mostra fundamentada, ainda que de forma sucinta, não dá ensejo ao decreto de nulidade. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ; AgInt no AREsp 1.004.066/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 01/06/2018) (g.n.). NULIDADE. ACÓRDÃO DA DRJ. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. Não é nulo acórdão da DRJ fundamentado, ainda que de forma sucinta. A fundamentação breve não caracteriza ausência de motivação. IRPF. COMPROVAÇÃO. DEPÓSITO EM CONTA DE PESSOA FÍSICA. OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. O depósito em conta bancária de pessoa física, sócia de empresa prestadora de serviço, caracteriza a pessoa física como beneficiária da renda, sendo devido IRPF sobre os Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10865.900584/201593 Acórdão n.º 3402006.196 S3C4T2 Fl. 0 5 valores recebidos. Registros contábeis e contratos não são capazes de elidir a natureza fática do depósito bancário. IRPF. REMUNERAÇÃO INDIRETA. DESPESAS COM VIAGEM, ESTADIA E ALIMENTAÇÃO. CUSTEADAS PELA CONTRATANTE. AUSÊNCIA DE FATO GERADOR. Despesas de locomoção, hospedagem e alimentação quando incorridas pelo contratante dos serviços em benefício do prestador do serviço para viabilizar a prestação do serviço não caracterizam remuneração indireta. COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS PAGOS. O CARF não é órgão competente para promover de ofício compensação do crédito tributário mantido em sede de processo administrativo em face de eventuais valores que o contribuinte detenha a seu favor junto a autoridade tributária. (CARF; Processo n. 11080.011496/200614; acórdão n. 2201002.349; Data da sessão: 19/03/2014) (g.n.). 10. Ressaltese, por fim, que nem sede de manifestação de inconformidade nem no âmbito do recurso voluntário, o contribuinte trouxe qualquer contraprova no sentido de refutar a motivação do ato administrativo, limitandose a aduzir, genericamente, que tal despacho seria carente de motivação. 11. Convém lembrar que o presente caso é um pedido de compensação, cabendo ao contribuinte o ônus de provar o fato constitutivo do seu direito, i.e., seu crédito, exatamente como estipulado no art. 373, inciso I do CPC1. Nesse sentido, não há que se falar em nulidade do despacho decisório proferido no presente caso, muito menos em ofensa ao direito de defesa do contribuinte, devendo o r. acórdão recorrido ser mantido em sua íntegra. Dispositivo 12. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário do contribuinte." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. 1 "Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10865.900584/201593 Acórdão n.º 3402006.196 S3C4T2 Fl. 0 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 69DF CARF MF
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