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Numero do processo: 10980.934799/2009-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.611
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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COFINS. Recorrente Sociedade Paranaense de Ensino e InformáticaSPEI Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade cuja argumentação é a seguir resumida. Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do art. 14, X da MP nº 2.15835, de 2001, estaria isenta da COFINS. Argumenta que tal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 34 79 9/ 20 09 -4 3 Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10980.934799/200943 Resolução nº 3301000.611 S3C3T1 Fl. 3 2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13, o qual, por sua vez, referese às “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção. Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado. Relativamente à expressão “atividade própria” (art. 14, X, da MP 2.158/35), argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade lucrativa não devia ser vinculada à gratuidade ou não dos serviços prestados ou à forma de obtenção da receita, nas, sim, à forma como ela é aplicada. Caso constitua objetivo da instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado mediante o pagamento de mensalidade ou retribuições, a receita obtida com as mensalidades constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.” Afirma, outrossim, que os princípios da legalidade e da legalidade tributária impede o Fisco de exigir tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios ou declaratórios criem qualquer redução ou limitação à isenção de COFINS prevista nos artigos 13 e 14 da MP 2.15835/01”. No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar que “tendo a instituição recolhido o tributo de forma indevida tem direito à restituição/compensação”. Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada. A 3ª Turma da DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06033.538. Em seu recurso voluntário, a empresa: § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade; § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.15835; § Aduz que “todos os valores que são aplicados no desenvolvimento da atividade da entidade sem fins lucrativos são receitas decorrentes de atividades próprias”. § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002; § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta. É o relatório. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10980.934799/200943 Resolução nº 3301000.611 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.589, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.934789/200916, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.589): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram: I. Na interpretação do art. 14, X da MP, entendeu o voto condutor que seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97, apenas as receitas típicas dessas entidades, como as decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, bem assim mensalidades ou anuidades pagas por seus associados, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação de serviços, inclusive as receitas de matrículas e mensalidades dos cursos ministrados pelas entidades educacionais, ainda que exclusivamente a seus Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10980.934799/200943 Resolução nº 3301000.611 S3C3T1 Fl. 5 4 associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que estão sujeitas à COFINS, por força da Lei nº 9.718/98, as receitas de caráter contraprestacional, inclusive as mensalidades cobradas por instituições de educação e as receitas financeiras auferidas. A revisão dos dois pontos será feita a seguir. Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.15835: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Notese que o art. 13, III da MP nº 2.15835/2001 ao fazer remissão ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento das exigências impostas por esta Lei. O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10980.934799/200943 Resolução nº 3301000.611 S3C3T1 Fl. 6 5 d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinando exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado. Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao abrigo da norma isentiva, como já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo REsp 1.353.111 RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado em julgado desde 02/03/2016, verbis: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. REsp 1.353.111 – RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10980.934799/200943 Resolução nº 3301000.611 S3C3T1 Fl. 7 6 a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto. A respeito do cumprimento dos requisitos do art. 12 da lei n° 9.532/97, aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue: Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10980.934799/200943 Resolução nº 3301000.611 S3C3T1 Fl. 8 7 Entendo que a prova do cumprimento dos requisitos é da Recorrente, contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório. No recurso voluntário, acostou documentos que merecem a análise da Delegacia de Origem. Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10980.934799/200943 Resolução nº 3301000.611 S3C3T1 Fl. 9 8 Logo, assiste razão à Recorrente quando alega que as receitas financeiras não podem compor a base de cálculo da COFINS. Conclusão Diante da plausibilidade do pleito da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pela COFINS sobre as receitas operacionais (“próprias”), bem como sobre as receitas financeiras. Isso porque a tributação sobre as “receitas próprias”, incluídas as mensalidades pagas por alunos, são isentas, nos termos do art. 14, X da Medida Provisória. Ao passo que a exclusão das receitas financeiras se dá com base na inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.934799/200943 Resolução nº 3301000.611 S3C3T1 Fl. 10 9 c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 119DF CARF MF
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Numero do processo: 10530.903323/2011-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES.
Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, está compreendida no conceito de serviços hospitalares (art. 15, parágrafo 1º, III, "a", da Lei nº 9.249, de 1995, antes das alterações pela Lei nº 11.727, de 2008) a atividade de laboratório de análises clínicas, autorizando a incidência do percentual de 8% na apuração do lucro presumido.
Numero da decisão: 1201-002.036
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza (Presidente), Eva Maria Los, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa; ausentes justificadamente José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES. Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, está compreendida no conceito de serviços hospitalares (art. 15, parágrafo 1º, III, "a", da Lei nº 9.249, de 1995, antes das alterações pela Lei nº 11.727, de 2008) a atividade de laboratório de análises clínicas, autorizando a incidência do percentual de 8% na apuração do lucro presumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza (Presidente), Eva Maria Los, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa; ausentes justificadamente José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 90 33 23 /2 01 1- 83 Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10530.903323/201183 Acórdão n.º 1201002.036 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o processo de Declaração de Compensação PER/DComp em que o contribuinte requer direito creditório de recolhimento indevido ou a maior de 2089 IRPJ – Lucro Presumido, para compensar débitos. 2. O Despacho Decisório não reconheceu o crédito e não homologou a compensação declarada, determinando o prosseguimento na cobrança dos débitos indevidamente compensados, acrescidos de multa e juros de mora. 3. Regularmente cientificado, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, que foi julgada improcedente, no julgamento de primeira instância. 4. Cientificado, apresentou Recurso Voluntário tempestivo ao CARF, no qual informa: Em síntese, o decisum ora atacado se baseou em duas premissas básicas, quais sejam: i) a Recorrente não constituía, à época do crédito, como uma sociedade empresária; e, ii) a não apresentação de provas para a satisfação do direito da aplicação do percentual reduzido do lucro presumido, para os fins de enquadramento como "serviços hospitalares". Quanto ao primeiro argumento, não deverá prosperar pelo simples fato de que o art. 2.031 do Código Civil permitiu que as empresas constituídas sob a égide do Código Civil anterior e demais legislações esparsas pudessem realizar as devidas adaptações do seu contrato social até 11.11.2007 na redação que foi dada pela Lei 11.127/2005. No tocante ao segundo fundamento, relativamente à apresentação das provas do efetivo exercício da atividade de "serviços hospitalares", cumpre ressaltar que não era esse o cerne da questão que motivou o despacho decisório que indeferiu ou não homologou a compensação Aliás, da leitura do próprio despacho decisório se conclui que a motivação foi exclusivamente a inexistência do direito ao crédito por não ter sido identificado, tais créditos, no confronto dos débitos e créditos informados na respectiva DCTF. Ora, se a discussão se deu exclusivamente em torno da demonstração dos créditos na respectiva DCTF, não há o que se falar da necessidade da apresentação das provas acerca do exercício da atividade de "serviços hospitalares", sob pena de preclusão. Em outras palavras, em momento algum foi questionado no respectivo despacho decisório sobre o direito da Recorrente de se utilizar dos percentuais reduzidos para os fins do lucro presumido. 5. Sobre a Natureza de Sociedade Empresária, refuta que não fosse sociedade empresária à época dos fatos, segundo o Código Civil: Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10530.903323/201183 Acórdão n.º 1201002.036 S1C2T1 Fl. 4 3 Já o art. 966 define o empresário como sendo aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. O parágrafo único do mesmo artigo ressalva quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Em outras palavras, quem exerce atividade intelectual em princípio, não é empresário, mas pode ser se em sua atividade estiver presente o elemento de empresa. (...) (...) A Recorrente, que possui a atividade de Laboratório de Análises Clínicas, a exerce de forma organizada e evidenciada pela circulação de serviços, necessária para a definição do conceito de "empresário", além do aspecto da mãodeobra especializada e do fator tecnológico (equipamentos modernos, muitos deles importados). A circulação dos serviços se constata também pela necessidade de contratação de diversos profissionais qualificados (bioquímicos, farmacêuticos, enfermeiros, etc.) para a perfeita prestação dos seus serviços, os sócios, ainda que sejam profissionais, não poderiam, sozinhos, dar conta da demanda de um laboratório de análises clínicas. (...) Destarte, concluise, portanto, que é descabido o argumento invocado para negar um direito líquido e certo da Recorrente, por se enquadrar, à época da constituição do crédito a seu favor, como sociedade empresária, mediante os novos conceitos instituídos pelo Novo Código Civil, ainda que seus atos constitutivos tenham sido adaptados em 09 de julho de 2004, no prazo previsto no seu artigo 2.031. 6. Sobre a Prestação dos Serviços Hospitalares, invoca INs da RFB e Solução de Consulta que protocolou: A partir da publicação da Instrução Normativa 306 SRF, de 12 32003, publicada no DOU de 342003, a administração tributaria firmou um entendimento mais abrangente para o conceito de serviços hospitalares. Isto porque, o art. 23 do referido ato normativo disciplina que para os fins previstos no art. 15, § 1.°, inciso III, alínea "a", da Lei 9.249/95 (matriz legal do lucro presumido), poderão ser considerados serviços hospitalares aqueles prestados por pessoas jurídicas, diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura física condizente para a execução de uma das atividades ou a combinação de uma ou mais das atribuições relacionadas na Parte II, Capítulo 2, da Portaria GM nº 1.884/94, do Ministério da Saúde. 7. Que, posteriormente a IN SRF nº 480, de 2004, com as alterações pela IN SRF nº 539, de 27 de abril de 2005, no art. 27, apresentou nova definição, que transcreve. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10530.903323/201183 Acórdão n.º 1201002.036 S1C2T1 Fl. 5 4 8. E relata que protocolou consulta, recebendo resposta positiva na Solução de Consulta 12, de 16 de fevereiro de 2007, cuja ementa transcreve: SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 12 de 16 de Fevereiro de 2007 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ EMENTA: Lucro Presumido. Percentuais. Serviços Hospitalares. A pessoa jurídica que exerça a atividade de Laboratório de análises clínicas Ligada à atenção e assistência à saúde, (atribuição 4) de que trata a Parte II da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de vigilância sanitária n$ 50, de 21 de fevereiro de 2062, alterada pela RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002, e pela RDC nº 189, de 18 de julho de 2003, somente terá sua atividade considerada como serviço hospitalar, para os efeitos do artigo 15 do Lei n9 9.249, de 1995, se atender aos requisitos normativos. Consideramse não atendidos esses requisitos quando a pessoa jurídica enquadrar se nas exceções veiculadas no parágrafo único do artigo 9 66 do Código civil e/ou no parágrafo primeiro do artigo 27 da IN SRF n& 480, de 2904. Esse entendimento aplicase retroativamente. 9. Haja vista que o Acórdão recorrido considerou prova insuficiente a Solução de Consulta supra, anexa os seguintes documentos comprobatórios: a) Contratos de Prestação de Serviços firmados com entidades contratantes de tais serviços; b) Notas Fiscais de prestação de serviços faturados para os contratantes em que comprovam a prestação de laboratório de análises clínicas e patológicas. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201002.031, de 23.02.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10530.904165/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Nos presentes autos o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ do 3º trimestre de 2003. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201002.031): "10. A IN SRF nº 539, de 2005, foi revogada pela IN SRF nº 1.234, de 11 de janeiro de 2012, alterada pela IN RFB nº 1.540, de 05 de janeiro de 2015: Dos Serviços Hospitalares e Outros Serviços de Saúde Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles prestados por Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10530.903323/201183 Acórdão n.º 1201002.036 S1C2T1 Fl. 6 5 estabelecimentos assistenciais de saúde que dispõem de estrutura material e de pessoal destinados a atender à internação de pacientes humanos, garantir atendimento básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e assistência permanente prestada por médicos, que possuam serviços de enfermagem e atendimento terapêutico direto ao paciente humano, durante 24 (vinte e quatro) horas, com disponibilidade de serviços de laboratório e radiologia, serviços de cirurgia e parto, bem como registros médicos organizados para a rápida observação e acompanhamento dos casos. Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde que desenvolvem as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Anvisa (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015) Parágrafo único. São também considerados serviços hospitalares, para fins desta Instrução Normativa, aqueles efetuados pelas pessoas jurídicas: I prestadoras de serviços préhospitalares, na área de urgência, realizados por meio de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel instalada em ambulâncias de suporte avançado (Tipo “D”) ou em aeronave de suporte médico (Tipo “E”); e II prestadoras de serviços de emergências médicas, realizados por meio de UTI móvel, instalada em ambulâncias classificadas nos Tipos “A”, “B”, “C” e “F”, que possuam médicos e equipamentos que possibilitem oferecer ao paciente suporte avançado de vida. Art. 31. Nos pagamentos efetuados, a partir de 1º de janeiro de 2009, às pessoas jurídicas prestadoras de serviços de auxilio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que as prestadoras desses serviços sejam organizadas sob a forma de sociedade empresária e atendam às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será devida a retenção do IR, da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, no percentual de 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código 6147. 11. O contribuinte, optante pelo lucro presumido, efetuou recolhimento do IRPJ apurado mediante a aplicação do percentual de 32% sobre a receita bruta; pleiteia que efetuou recolhimento a maior, uma vez que, como sua atividade está compreendida no conceito de serviços hospitalares, o percentual correto para a apuração é o de 8%. 12. Para comprovar a atividade, anexou contratos e notas fiscais; tratamse de contratos: de 17/08/1989, prestação de serviços de análises clínicas; 29/12/1989, patologia clinica; 08/03/2001, assistência médica; 01/02/2001, serviços de laboratório nas dependências do contratante; e contratos de 2003 e 2004, de serviços de análises clínicas, assistência médica, atendimento ambulatorial e procedimentos de diagnóstico e tratamento; e as notas fiscais são de 2004, tendo como objeto "Serviços prestados em exames, Materiais de produtos consumidos", "Exames laboratoriais automatizados", "material de consumo utilizado para a realização de exames automatizados". Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10530.903323/201183 Acórdão n.º 1201002.036 S1C2T1 Fl. 7 6 13. Às págs. [...], consta a Alteração Contratual n° 09 e Consolidação, de 09/07/2004: SEGUNDA: O objeto da sociedade é: exploração do ramo de laboratório de análises clinicas e a importação de produtos bioquímicos para laboratórios de análises clínicas. 14. Na DIPJ 2003/2002, retificadora entregue em 18/05/2009, informou Código da Natureza Jurídica: 2062 Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada Empresa Privada; Código da Atividade Econômica (CNAEFiscal): 85.146/02 Atividades dos laboratórios de análises clínicas, na qual informa a totalidade da receita bruta como sujeita ao percentual de 8%. 15. Não consta a DIPJ 2003/2002 original. 16. Esses elementos atestam as atividades de laboratório de análises clínicas, e de importação de produtos bioquímicos, embora a receita informada seja referente à primeira. 1 Atividade Empresarial 17. A antiga Sociedade Civil foi substituída, no novo Código, pela Sociedade Simples (CC, art. 982). a. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, Código Civil, revogado. Art. 16. São pessoas jurídicas de direito privado: I. As sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, as associações de utilidade pública e as fundações. 18. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil vigente desde 01/2003: Art. 966. Considerase empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (...) Da Sociedade CAPÍTULO ÚNICO Disposições Gerais Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringirse à realização de um ou mais negócios determinados. Art. 982. Salvo as exceções expressas, considerase empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 2 Lucro Presumido. Atividades Hospitalares. 19. O CARF já sedimentou o entendimento acerca da questão: Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 13/03/2014 Nº Acórdão 1201000.986 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para: negar o pedido de restituição quanto aos créditos alcançados pela decadência, ao crédito relativo ao REDARF e ao crédito compensado em /duplicidade, nos termos do voto do relator, tendo sido reconhecido o direito ao crédito referente ao reenquadramento do coeficiente de presunção do lucro presumido de 32% para 8%. Ementa(s) Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10530.903323/201183 Acórdão n.º 1201002.036 S1C2T1 Fl. 8 7 Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES. Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, restam compreendidas no conceito de serviços hospitalares (artigo15, parágrafo 1º, inciso III, alínea a, da Lei nº 9.249/95, antes das alterações da Lei nº 11.727/2008) as atividades típicas de prestação de serviços de apoio diagnóstico por imagem e laboratório de análises clínicas, permitindose quanto a estas a incidência do percentual reduzido de 8%, relativamente ao IRPJ. 20. Transcrevese o teor do voto do Acórdão CARF supra, que analisou análoga situação relativamente a laboratório de análises clínicas, uma vez que retrata o entendimento do CARF, com o qual esta Relatora concorda: "Vencidos tais argumentos, cumprenos analisar a questão central dos autos, que se consubstancia na qualificação jurídica da Recorrente, que apresentou todas os pedidos de restituição e declarações de compensação até aqui mencionados ante o entendimento de que sua atividade se enquadraria no conceito de “serviços hospitalares”, nos termos da Lei n. 9.249/95. Aliás, a mudança de entendimento somente ocorreu após o trânsito em julgado (20 de março de 2007) da ação que não lhe reconheceu o direito de isenção da COFINS, com base na Lei Complementar n. 70/91. A partir da ciência de tal decisão, conforme acórdão prolatado pelo TRF da 1ª Região, o contribuinte passou a apresentar as DIPJ e DCTF retificadoras já analisadas, bem como as declarações de compensação com os créditos a que entendia fazer jus. A base legal da tributação encontrase nos artigos 15 e 20 da Lei n. 9.249/95, com a redação vigente à época dos fatos: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (...) Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro liquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do §1º do art 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento, (grifamos) De se notar que a legislação, para os anoscalendário sob análise, fazia clara distinção entre os serviços em geral e a prestação de serviços hospitalares. Não há dúvida, em razão da dicção normativa, que o legislador considerava que os serviços prestados pelos laboratórios eram diferentes daqueles compreendidos na expressão "serviços hospitalares", até porque em 2008 o próprio texto foi alterado para incluir, a partir do anocalendário de 2009, os serviços de laboratório na faixa de tributação de 8% do lucro presumido, conforme observamos a seguir: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10530.903323/201183 Acórdão n.º 1201002.036 S1C2T1 Fl. 9 8 bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. § 1° Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxilio diagnóstico e terapia, patologia clinica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clinicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Sacional de Vigilância Sanitária Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11. 727, de 2008) (grifamos) Portanto, atualmente é possível que um laboratório de análises clínicas seja tributado pela alíquota de 8%, observados os critérios legais, mas isso só se concretizou a partir do advento da Lei n. 11.727/2008, com para o anocalendário de 2009. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento, na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, de que mesmo antes das alterações promovidas pela Lei n° 11.727/2008, deve ser aplicada a alíquota de 8% para fins de presunção do lucro de laboratórios de análises clínicas que se enquadram em determinados requisitos. Reproduzimos, a seguir, o paradigmático acórdão: RECURSO ESPECLAL Nº 837.913 SC (200600756635) Relator: Ministro Hamilton Carvalhido Recorrente: Centro Médico São José Ltda Recorrido: Fazenda Nacional RECLUSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. ALÍQUOTA REDUZIDA ARTIGO 15, PARAGRAFO 1O, INCISO III, ALÍNEA A, DA LEI Nº 9.249/95. SERVIÇOS HOSPITALARES. APOIO DIAGNÓSTICO POR LABORATÓRIO DE ANÀLISES CLÍNICAS. 1. Restam compreendidas no conceito de "serviços hospitalares" (artigo 15, parágrafo 1o, inciso III, alínea a, da Lei n° 9.249/95, antes das alterações da Lei n° 11.727/2008) as atividades típicas de prestação de serviços de apoio diagnóstico por imagem e laboratório de análises clinicas, permitindose quanto a estas a incidência do percentual reduzido de 8% relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, excluídas as simples consultas médicas ou atividades de cunho administrativo (cf. REsp. n° 1.116.399/BA, julgado sob o regime do artigo 543C do Código de Processo Civil). 2. Recurso especial provido Por força de tal decisão, e ante as características da prestação de serviços laboratoriais demonstradas pela Recorrente nos autos, em razão dos diversos contratos firmados, inclusive com entidades de natureza pública, entendo forçoso reconhecer, na esteira do que decidiu o STJ, que deve ser conferido à interessada o direito ao crédito referente ao reenquadramento do coeficiente de presunção do lucro, de 32° o para 8%. Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso e, no mérito, DOULHE parcial provimento, para reconhecer o direito de reenquadramento da Recorrente no coeficiente de presunção do lucro de 8%." Conclusão Voto por DAR provimento ao recurso voluntário reconhecendo o direito creditório de 2089 – IRPJ Lucro Presumido recolhido a maior, até o limite da diferença entre os valores apurados com o percentual de 32% e o de 8% sobre a receita bruta da atividade de serviços de laboratório de análises clínicas." Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10530.903323/201183 Acórdão n.º 1201002.036 S1C2T1 Fl. 10 9 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 134DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.905166/2015-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.397
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente
(assinado digitalmente)
José Carlos de Assis Guimarães - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimarães e Luis Fabiano Alves Penteado. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente (assinado digitalmente) José Carlos de Assis Guimarães Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimarães e Luis Fabiano Alves Penteado. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Gasparello Lima. RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário (fls. 1590/1622) interposto contra o Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP (fls. 1544/1585) que manteve a homologação parcial da DCOMP nº 27066.70484.300812.1.3.02 9282 e não homologou a compensação declarada nas seguintes DCOMP: 07910.82378.290513.1.3.020496 e 06125.28805.270912.1.3.020397, conforme Despacho Decisório de fl. 840. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .9 05 16 6/ 20 15 -7 0 Fl. 2026DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.027 2 Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, completandoo ao final: Tratase da DCOMP nº 37368.84915.290113.1.7.024038 (fls. 766 a 839) com demonstração de crédito de saldo negativo de IRPJ no valor de R$ 488.723.709,40 referente ao exercício de 2012, anocalendário de 2011, e das DCOMPs vinculadas nºs 27066.70484.300812.1.3.02 9282, 06125.28805.270912.1.3.020397 e 07910.82378.290513.1.3.02 0496 (fls. 828 a 839). Por meio do despacho decisório eletrônico nº rastreamento 111401055 de fl. 840, o direito creditório foi parcialmente reconhecido no valor de R$ 256.921.125,08, e as compensações foram homologadas em parte, sob o fundamento de que as parcelas de composição do crédito informadas na DCOMP, referentes ao IR pago no Exterior não foram confirmadas, assim como os pagamentos e estimativas compensadas foram apenas parcialmente confirmadas, conforme quadro do despacho decisório reproduzido a seguir: Cientificada do ato de não homologação da compensação, em 18/12/2015 (comprovante às fls. 853 e 854), a interessada apresentou em 08/01/2015 a manifestação de inconformidade de fls. 02 a 21, acompanhada dos documentos de fls. 22 a 764. Observese que os documentos constantes das folhas 02 a 162 estão repetidos às fls. 164 a 324. As alegações do contribuinte estão reproduzidas a seguir: “(...) Fl. 2027DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.028 3 1 DOS PAGAMENTOS REALIZADOS DAS PARCELAS CONFIRMADAS PARCIALMENTE OU NÃO CONFIRMADAS DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA FORMALMENTE REALIZADA: O despacho recorrido, dentre outros pontos, faz referência à ausência de recolhimento das multas moratórias objeto da Ação Ordinária n° 25986 53.2012.4.01.3400, em curso na 8ª Vara Federal do DF (Anexo 5), para justificar a não alocação de alguns DARF aos débitos correspondentes, gerando a glosa parcial do direito creditório declarado. Conforme consignado pela DRF no Relatório de Intervenção do Usuário (Anexo 3), ao proceder ao recalculo das estimativas no ano de 2011 e efetuar os recolhimentos complementares, o Contribuinte deixou de considerar a parcela de multa do suposto recolhimento em atraso, quitando apenas o principal e parcela relativa aos juros. De acordo com a DRF, esse procedimento está embasado pelo art. 170 do CTN, haja vista a suposta ausência de "liquidez e certeza" em relação aos pagamentos efetuados sem o recolhimento dos valores de multa de mora, mesmo estando a cobrança das aludidas multas com a exigibilidade suspensa, por força de decisão judicial proferida nos autos da aludida ação anulatória (Anexo 5). Contudo, melhor sorte não socorre à DRF. O que se busca na Ação Ordinária n° 2598653.2012.4.01.3400 é justamente a exclusão das multas aplicadas em decorrência das denúncias espontâneas realizadas, estando o débito sub judice com a exigibilidade suspensa por força de decisão judicial proferida (Anexo 5), o que torna indevida a glosa operada. Sobre a demanda, a jurisprudência pátria, sobretudo a do STJ, traçada em sede de recurso representativo de controvérsia, consolidou o entendimento de que "a denúncia espontânea importa na exclusão das multas moratórias aplicadas" (REsp n° 1.149 022/SP). Tanto é assim que a própria PGFN editou os Atos Declaratórios n° 04/2011 e 08/2011 (Anexo 6), autorizando de forma expressa "a dispensa da apresentação de contestação, recursos ou a desistência dos já interpostos, para as ações que discutem a exclusão da incidência da multa nos casos de denúncia espontânea, ou mesmo a própria ocorrência da denúncia espontânea" como, aliás, é exatamente o presente caso. Assim, é bom deixar claro que inexiste, in casu, tributo algum a ser recolhido, e que as multas cobradas — que culminaram na glosa do direito creditório — decorreram da não aceitação das denúncias espontâneas legalmente realizadas (art. 138 do CTN), sendo certo que o pagamento do tributo devido, acrescido dos juros, foi regularmente realizado, conforme atesta a própria DRF ao promover o recalculo das estimativas de 2011 e a alocação incorreta e indevida do direito creditório declarado. Com isso, e de forma totalmente desproporcional e desarrazoada, estabeleceuse a cobrança da multa de mora sob o método da distribuição proporcionalizada dos valores pagos (principal e juros) na Fl. 2028DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.029 4 composição das parcelas de principal, multa e juros. Logo, por corolário lógico, as multas cobradas não compuseram o saldo negativo, que foi utilizado para quitação de débitos próprios do Contribuinte, no limite do direito creditório apurado, urgindo a reforma do decisório no particular. 2 DAS ESTIMATIVAS COMPENSADAS DAS COMPENSAÇÕES NÃO DECLARADAS DA EXIGIBILIDADE SUSPENSA DO CRÉDITO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL: Houve por bem o despacho recorrido (Anexo 1), ao ratificar as informações contidas no Relatório de Intervenção do Usuário (Anexo 3), em não homologar as DCOMP n° 17809.85650.110311.1.7.020465 e 26855.70796.250211.1.3.02 1803, nos valores de R$ 65.418.119,72 e R$ 49.911.456,21, as quais, dentre outras, foram utilizadas para quitação de estimativas mensais do IRPJ de janeiro/2011. Noutras palavras, a DRF não reconheceu o direito creditório declarado, alegando tratarse de DCOMP consideradas não declaradas, nos termos da Solução de Consulta Interna n° 18/2006. Vale salientar, por oportuno — e conforme, aliás, também registrado no decisório objurgado — que para as referidas DCOMP não declaradas, o crédito pleiteado (saldo negativo de IRPJ de 2006 e 2007) também foi utilizado em outras compensações, cujas decisões já haviam sido proferidas pela DRF. Inconformado com os decisórios proferidos, o Banco apresentou Pedido de Reconsideração, pois não havia sido considerado na análise da DCOMP as retificações realizadas das DIPJ 2007 e 2008 regularmente transmitidas (Anexo 4), pedido este sequer ainda apreciado. VAMOS AOS FATOS: O Banco, em 25.02.2011 e 11.03.2011, transmitiu as DCOMP n° 26855.70796.250211.1.3.021803 e 17809.85650.110311.1.7.020465, as quais foram tidas como não declaradas pelos decisórios n° 915893613 e 915893627 (Anexo 7), sob o fundamento de que a matéria já teria sido apreciada, ocasião em que a DRF apurou não existir crédito suficiente para extinção de novos débitos mediante compensação. Todavia, os saldos negativos de 2006 e 2007 foram apreciados sim, pela DRF, noutras compensações efetuadas, sendo que naquelas oportunidades não se reconheceu a parcela de IR pago no exterior, cuja matéria ainda se encontra em discussão na esfera administrativa, por meio dos processos n° 14033.000.777/200867 e 14033.003.328/200871. Entretanto, os créditos que seriam compensados por meio das DCOMP tidas como não declaradas decorrem da apuração de novos saldos negativos nos anos de 2006 e 2007, em face das retificações, em 29.12.2010, das respectivas DIPJ, em decorrência do reprocessamento das bases de cálculo do IRPJ do período. Fl. 2029DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.030 5 Melhor dizendo, os saldos negativos de IRPJ, antes apreciados foram alterados em face das legítimas e tempestivas retificações das DIPJ, considerando outros fatores diversos das parcelas dos lucros pagos no exterior, já examinada e glosada pela DRF. E com as retificações procedidas (Anexo 4), os valores passaram a ser os seguintes: Pois bem. Ocorre que o BB ao retificar as DIPJ dos anos de 2006 e 2007, constituiu um novo crédito de saldo negativo e base negativa superior ao originalmente apurado, o que tornou suficiente o envio das DCOMP consideradas não declaradas, conforme se demonstra a seguir: Dos demonstrativos acima transcritos, claramente se pode perceber que, quando das transmissões, em 25.02.2011 e 11.03.2011 das DCOMP n° 26855.70796.250211.1.3.021803 e 17809.85650.110311.1.7.020465, respectivamente, os créditos de saldo negativo de IRPJ de 2006 e 2007 eram suficientes para quitar as parcelas dos débitos declarados, relativos à estimativa mensal de 2011. Além das retificadoras antes apresentadas, o BB também procedeu outras retificações das DIPJ — DIPJ 2006, no valor de R$ 700.820.612,45, enviada em 20.12.2011, e DIPJ 2007, no valor de R$ 682.060.249,15, enviada em 27.12.2012 — em face de nova revisão e reprocessamento de sua base para contemplar a compensação dos valores correspondentes aos prejuízos fiscais e bases negativas de períodos anteriores, sendo que os saldos negativos então apurados são objeto dos PER n° 0248.19726.261211.1.2.028057 e n° 21903.85637.271212.1.2.021574. Fl. 2030DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.031 6 Com efeito, a DRF não agiu com correção ao considerar como "não declaradas" as DCOMP transmitidas, pois sequer levou em conta na intervenção fiscal, as DIPJ retificadoras enviadas (Anexo 4). Por fim, mas não por derradeiro, vale salientar que o Banco ajuizou demanda judicial (Anexo 8) no sentido de ver reconhecido o direito creditório apurado nas DCOMP não declaradas, e não validados pelo Relatório de Intervenção do Usuário (Anexo 3), estando o crédito tributário sub judice com a exigibilidade suspensa por força de decisão judicial proferida pela 3a Vara Federal do DF, o que torna totalmente indevida a glosa operada. É pertinente também registrar que a referida ação judicial recentemente passou por perícia judicial contábil onde restou reconhecida a procedência do direito creditório alusivo ao saldo negativo de IRPJ dos anos de 2006 e 2007, encontrandose os autos conclusos para sentença (Anexo 8). Destarte, por derradeiro, pelas razões suscitadas e ancoradas pela prova documental ora produzida, indene de dúvida acerca da suficiência de saldo negativo de IRPJ de 2006 e 2007 — agora assegurado e reconhecido por perícia judicial realizada nos autos da Ação Anulatória n° 3154321.2012.4.013400 (Anexo 8) — a justificar o envio das DCOMP, urgindo, também no particular, a reforma do decisório proferido. 3 DO IRPJ PAGO NO EXTERIOR DAS GLOSAS INDEVIDAS: Antes de qualquer coisa, vale registrar que os apontamentos no Relatório de Intervenção em relação aos comprovantes do imposto pago no exterior foram realizados no processo administrativo n° 10166.722534/201546, incluindo aí, também, os débitos indicados no processo n° 10166.722536/201535, que tratam dos débitos (IRPJ e CSLL) arrolados nas declarações de compensação n° 37368.84915.290113.1.7.024038 e 05907.52572.301012.1.3.036231 (Anexos 2 e 3). Registrase, ainda, que o BB, durante o processo de fiscalização referente à DCOMP sub examine, apresentou os documentos e informações solicitadas por meio dos ofícios n° 2015/005779 e 2015/005885, de 01.06.2015 e 08.07.2015, respectivamente (Anexo 9). Feito o registro acima, será promovido a partir de agora o confronto dos apontamentos efetuados no Relatório de Intervenção do Usuário para as dependências BB no exterior (Anexo 3), impugnandoos especificamente, de forma a comprovar a incorreção do despacho decisório e a efetiva regularidade do IRPJ pago no exterior, a saber: 3.a BB MILÃO: Segundo a DRF, a documentação apresentada não atende os requisitos do art. 26, § 2º da Lei n° 9.249/95, e do art. 16, §2°, inciso II, da Lei 9430/96, embora efetivamente identificado os pagamentos realizados. Vale registrar que os documentos apresentados são comprovantes de arrecadação de tributos sobre a renda (IRES e IRAP) congregados em Fl. 2031DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.032 7 uma guia de pagamento unificado de tributos modelo F24. Tal formulário (F24) constituise em documento obrigatório para pagamento de tributos devidos em uma única operação, conforme, aliás, regularmente previsto no "Guia Prático para Pagamento de Impostos emitido pela Autoridade Fiscal" que ora se junta com a respectiva tradução juramentada (Anexo 10). Prestase, ainda, o modelo F24 para o pagamento de tributos diversos, conforme denominação descrita no formulário "Imposto Direto IVA Retido na Fonte Outros Tributos e Juros", dentre eles o IRES (códigos 2001, 2002 e 2003) e IRAP (3800, 3812 e 3813) conforme informações constantes da tradução juramentada do manual, os quais são definidos como impostos incidentes sobre as receitas auferidas da sociedade e sobre o valor da produção líquida, respectivamente. Com efeito, uma vez presente o documento oficial emitido pela Autoridade Fiscal prevendo o recolhimento dos tributos (IRES e IRAP) citados por meio do formulário F24, bem como o reconhecimento da DRF quanto à presença do carimbo consular, não remanesce dúvida que tais documentos preenchem os requisitos do art. 26, § 2o da Lei n° 9.249/95. 3.b BB TÓQUIO: A não aceitação se deu em virtude dos documentos apresentados não conterem o reconhecimento do órgão arrecadador (art. 26, § 2o da Lei n° 9.249/95), embora tendo sido identificado a data dos pagamentos. Contudo nenhuma razão assiste à DRF. Podese verificar que os comprovantes entregues referemse à recibos de recolhimento de tributos incidentes sobre o lucro, inclusive sendo possível identificar que cada comprovante tem campo específico para o código do município/província, o nome da Delegacia da Receita municipal/provincial no campo "titular", bem como as datas e valores de recebimento dos tributos pelo órgão tributário competente. E visando demonstrar também que os aludidos tributos são incidentes sobre a renda há, nos recibos, campo informativo assegurando tratar se de tributação no lucro, conforme a seguinte dicção: Vale observar também que o recibo apresentado serve para o recolhimento de algumas modalidades de tributos (Residencial Provincial/Imposto Empresarial/Imposto Especial de Pessoa Jurídica). Portanto, o fato de existirem as nomenclaturas dos diversos tributos que podem ser recolhidos via esse formulário não invalida o comprovante, ancorado na disposição contida no art. 14, § 1o da IN 213/02, verbis: Fl. 2032DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.033 8 Com efeito, e aliado às alegações acima expostas, trazse aos autos, a legislação tributária japonesa e sua respectiva tradução juramentada (Anexo 11). 3.c BB FRANKFURT: A não aceitação pela DRF se deu em virtude dos informes apresentados não conterem o reconhecimento do órgão arrecadador (art. 26, § 2o da Lei n° 9.249/95), bem pelo fato de não se ter identificado a data dos efetivos pagamentos. Ao contrário da manifestação fiscal lançada no Relatório de Intervenção (Anexo 3), os documentos apresentados não são meras notificações e extratos, mais sim são comprovantes de arrecadação de impostos, contendo inclusive o expresso reconhecimento dos pagamentos pela Fazenda Pública de Frankfurt, conforme se depreende da descrição contida em cada um dos documentos identificados nas traduções, ou seja: "Secretaria da Fazenda Frankfurt/M. V. Hochts". Contém, também, tais comprovantes, a precisa demarcação do número do contribuinte "4722009733", a denominação do tributo, dentre os quais, o imposto sobre atividade comercial, imposto sobre o lucro e adicional de solidariedade, as datas dos vencimentos e valores. Destarte, atendidas as formalidades legais, diante da comprovação expressa reconhecimento do órgão arrecadador e da repartição consular em Frankfurt, requerse o acatamento dos documentos apresentados. 3.d BB NOVA IORQUE/MIAMI: Alega a DRF que a não aceitação dos documentos se deu em virtude de os mesmos não conterem o reconhecimento do órgão arrecadador (art. 26, § 2o da Lei n° 9.249/95), bem como pelo fato de não estarem aptos a comprovar os tributos pagos no exterior para efeito de compensação no Brasil, porquanto desprovidos de elementos suficientes que indiquem tratarse de documentos de arrecadação de impostos incidentes sobre lucros, rendimentos ou ganhos de capital. Fl. 2033DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.034 9 Aqui também falece razão à DRF. Os comprovantes de arrecadação apresentados constituemse de documentos na forma de cheque e demonstrativos de transferências eletrônicas de acordo com as formalidades do Fisco local e expressas na legislação sobre pagamento de imposto devido de empresa estrangeira, sendo inequívoca a informação de que os valores pagos se referem à imposto sobre o lucro, ou seja, Imposto Corporativo, Imposto Estimado para Corporações (Anexo 12). A referida legislação prevê o pagamento de qualquer imposto devido por meio de cheque ou ordem de pagamento ao Tesouro dos Estados Unidos. Nada obstante, ainda constam dos aludidos comprovantes a expressão "Secretaria de Tributação e Fazenda" do Estado de Nova Iorque, e a informação pela qual a Secretaria de Tributação recebeu o valor correspondente à transação, o que designa sem dúvida tratarse de documento reconhecido pelo órgão arrecadador atestando o pagamento dos tributos. Além disso, os documentos demonstram os valores e datas dos pagamentos, razão pela encontram sim preenchidos os requisitos legais constantes do art. 26, § 2o da Lei n° 9.249/95. 3.e BB VIENA/LISBOA: Aqui não foi acatado o comprovante de arrecadação do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC), ante o suposto desatendimento da exigência contida no art 16, § 2, II da Lei n° 9.430/96. Vale ressaltar que a BB Viena é subsidiária integral do Banco/Contribuinte (100% participação), sendo os lucros auferidos são consolidados no BB, em face da participação societária na investida BB Viena, nos termos do art. 14, § 6 da IN 213/2002 e fichas 34 e 35 da DIPJ (Anexo 4). Já o BB Lisboa constituise em sucursal do BB Viena atuando majoritariamente no segmento de financiamento de empresas, seguindo a legislação portuguesa e a do regulador em Viena, ao teor das informações contidas no Relatório de Gestão do Exercício do ano de 2011 da BB Viena (Anexo 13), que foi apresentado aos órgãos de controle interno e externo como prestação de contas anual. Nesse sentido, obrigamse as Sociedades Anônimas em avaliar os investimentos realizados nas sociedades investidas aplicandose o percentual de participação do capital social sobre o patrimônio líquido desta, nos termos do Cosif 11.2.7 (art. 1o da Circular BACEN n° 1963) e do art. 387 do RIR/99, este último a seguir transcrito: "Art. 387. Em cada balanço, o contribuinte deverá avaliar o investimento pelo valor de patrimônio liquido da coligada ou controlada, de acordo com o disposto no art, 248 da Lei n° 6.404, de 1976, e as seguintes normas (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 21, e DecretoLei n° 1.648, de 1978, art. 1o, inciso III): I o valor de patrimônio líquido será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação da coligada ou Fl. 2034DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.035 10 controlada levantado na mesma data do balanço do contribuinte ou até dois meses, no máximo, antes dessa data, com observância da lei comercial, inclusive quanto à dedução das participações nos resultados e da provisão para o imposto de renda; II se os critérios contábeis adotados pela coligada ou controlada e pelo contribuinte não forem uniformes, o contribuinte deverá fazer no balanço ou balancete da coligada ou controlada os ajustes necessários para eliminar as diferenças relevantes decorrentes da diversidade de critérios; III o balanço ou balancete da coligada ou controlada levantado em data anterior à do balanço do contribuinte deverá ser ajustado para registrar os efeitos relevantes de fatos extraordinários ocorridos no período; IV o prazo de dois meses de que trata o inciso I aplicase aos balanços ou balancetes de verificação das sociedades de que a coligada ou controlada participe, direta ou indiretamente, com investimentos relevantes que devam ser avaliados pelo valor de patrimônio líquido para efeito de determinar o valor de patrimônio liquido da coligada ou controlada; V o valor do investimento do contribuinte será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido ajustado de acordo com os incisos anteriores, da percentagem da participação do contribuinte no capital da coligada ou controlada." Por outro giro, e em conformidade com a Convenção para evitar dupla tributação entre Brasil e Portugal, Decreto n° 4.012/01, não se pode olvidar ser inexigível a apresentação da legislação concernente ao pagamento do referido imposto por meio dos comprovantes apresentados, haja vista a abrangência do IRC pelo decreto em referência, que assim prevê: "Capítulo I Âmbito de Aplicação da Convenção Artigo 1° Pessoas Visadas Esta Convenção aplicase às pessoas residentes de um ou de ambos os Estados Contratantes. Ver tópico Artigo 2° Impostos Visados 1. Os impostos atuais aos quais se aplica esta Convenção são: Ver tópico a) no caso do Brasil: Ver tópico o Imposto Federal sobre a Renda, (doravante denominado "imposto brasileiro"); b) no caso de Portugal: Ver tópico o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS); o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC); a derrama; Fl. 2035DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.036 11 (doravante denominados "imposto português"). 2. A presente Convenção será também aplicável aos impostos de natureza idêntica ou similar que entrem em vigor posteriormente à data da assinatura da Convenção e que venham a acrescer aos atuais ou a substituílos. As autoridades competentes dos Estados Contratantes comunicarão uma à outra as modificações substanciais introduzidas nas respectivas legislações fiscais." Além disso, restou anteriormente conferido, por essa DRF, autenticidade ao comprovante de arrecadação IRC apresentado fundado no Decreto n° 4.012/2001, conforme se depreende do despacho decisório proferido no processo administrativo n° 14033.003328/200871, e fundamento lançado no item 31 do acórdão n° 03067.792 (Anexo 14). Com efeito, e invocando a isonomia na interpretação da legislação tributária, e razoabilidade quanto a paridade da aplicação dos dispositivos legais, temse que o comprovante de arrecadação IRC atende aos requisitos previstos no art. 26, § 2o da Lei 9.249/95 e ao Decreto n° 4.012/01. Por fim, e para que não paire mais dúvidas acercada da correção da conduta do BB, foi solicitado a disponibilização dos DARF pagos relativos aos tributos devidos pela dependência BB AG Viena em função das remessas de recursos à BB AG Viena por empresas no Brasil, em reforço aos dados já apresentados. Assim que recebidos serão juntados aos autos. 3.f BB LONDRES: Segundo a RFB, a documentação apresentada não atende os requisitos dos arts. 26, § 2o da Lei n° 9.249/95, e 16, §2°, II, da Lei 9430/96, por não estarem reconhecidos pelo órgão arrecadador inglês e pela repartição consular brasileira, bem como por não conter qualquer informação a respeito da apuração do imposto. Também aqui são infundadas as alegações fiscais. Visando provar o contrário, o BB traz novos comprovantes emitidos pelo órgão arrecadador com o selo da repartição consular brasileira e respectiva tradução juramentada, no qual há o reconhecimento do pagamento do imposto sobre o lucro da pessoa jurídica relativo ao Banco do Brasil Agência Londres, no ano de 2011 (Anexo15). Além de mencionar a data dos pagamentos e valores pagos, a referida declaração ainda relaciona o método de pagamento, para o qual são elencados a possibilidade de pagamento via cheque, swift, transferência, saldo credor de períodos anteriores, etc. Com isso, diante dos fatos e dos novos documentos que ora se junta restam cumpridos os requisitos do art. 26, § 2o da Lei n° 9.249/95, carecendo de suporte as alegações fiscais, calhando também aqui o reconhecimento do direito creditório glosado. É o que se requer. Fl. 2036DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.037 12 3.g BAMB/ILHAS CAYMAN Participação Societária na BBTUR e na ATIVOS: O Banco/Contribuinte adota a metodologia de tributação dos lucros externos, segundo o Regime de Tributação em Bases Universais (RTBU), no qual é determinado que a pessoa jurídica domiciliada no Brasil está sujeita à tributação incidente sobre o lucro auferido no exterior, por suas filiais, sucursais, coligadas ou controladas. Nada obstante, o art. 14, § 6o da IN SRF n° 213/02, possibilita às pessoas jurídicas referenciadas a consolidação do resultado auferido de outras empresas, que mantenha participação societária, para fins de compensação dos tributos na domiciliada aqui no Brasil. E nesse ponto, o BAMB, subsidiária integral do BB (100% participação), detém participação societária nas empresas investidas, BBTur e Ativos, nos seguintes percentuais de 99% e 25,50%, respectivamente. Para efeito de determinação da base de cálculo do IRPJ e CSLL da beneficiária no Brasil, nas investidas (BBTur e Ativos) há o reconhecimento do lucro das aludidas investidas mediante aplicação do método de equivalência patrimonial e a consolidação do Conglomerado do Banco do Brasil por meio da CONEF, ao atender as exigências do BACEN, COSIF 1.21 e 1.32, Instrução CVM n° 247/96 e Lei n° 6.404/76. Não outro é o entendimento dessa DRJ, manifestado no acórdão n° 03.067.792, processo n° 14033.003328/200871 (Anexo 14), onde se concluiu de forma diametralmente oposta ao Relatório de Intervenção do Usuário (Anexo 3), na medida que confirma os DARF pagos pela Ativos como tributos pagos no exterior pelo BAMB ratificandose a tese ora defendida pelo Contribuinte, o que demonstra, à toda evidência, a existência de previsão legal para compensação no Brasil dos tributos decorrentes da participação societária do BAMB (subsidiária integral) na BBTur e Ativos. De outra sorte, e para finalizar, não procede também a alegação fiscal de que o BAMB constaria como excluído do quadro societário da Ativos. Isso porque as Demonstrações Financeiras Consolidadas do BAMB no ano de 2011 (Anexo 16) confirmam a sua participação societária na Ativos S.A, no percentual de 25,50%. 3.h BANCO PATAGÔNIA E CONGLOMERADO DO BANCO DA PATAGÔNIA S.A.: Alega a DRF haver ocorrido o descumprimento dos requisitos exigidos pelo § 2o do art. 26 da Lei n° 9.249/95, haja vista que os documentos apresentados não contém a chancela do órgão arrecadador estrangeiro e do consulado brasileiro na Argentina. Mais uma vez, a alegação fiscal não se sustenta. A ausência de reconhecimento pelo órgão arrecadador decorre do "Acordo para Simplificação de Legalização de Documentos Públicos" firmado em 2004, entre os dois países, prevendo a recíproca desnecessidade de consularização de documentos públicos no que se refere a possibilidade de compensação, pelo Contribuinte, de IRPJ incidente, no exterior, sobre lucros, rendimentos e ganhos de capital, computados Fl. 2037DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.038 13 no lucro real, até o limite do IRPJ incidente, no Brasil, sobre referidos lucros, rendimentos ou ganhos de capital, sem, no entanto, o Banco promover a aludida consularização prevista no § 2o do art. 26 da Lei n° 9.249/95. Visa, em última análise, o noticiado acordo bilateral, a desnecessidade de validar documentos públicos brasileiros ou argentinos em consulados destes países. Nada obstante, podese também constatar dos aludidos comprovantes já carreados aos autos, o termo de certificação e habilitação dos documentos apresentados pelo Ministério das Relações Exteriores da República da Argentina. Logo, em que pese as razões lançadas no Relatório de Intervenção do Usuário (Anexo 3), o que se tem de concreto é que os documentos que instruem o presente feito guardam total consonância à legislação de regência devendo ser apreciados pela autoridade fiscal. Assim, a toda evidência, e com base nos próprios levantamentos realizados pela DRF, temse efetivamente demonstrado a total incorreção da glosa do direito creditório aperada, urgindo o reconhecimento da subsistência do crédito declarado. Por fim, diante da efetiva comprovação realizada, aliado a prova documental que ora se junta, tudo em nome do princípio da verdade material, não remanesce dúvida de que o direito creditório declarado é plenamente suficiente para compensar todo o débito informado na DCOMP objurgada, urgindo a reforma do despacho decisório. É o que, de fato e de direito, se requer. II DO DIREITO 1 DA REVISÃO DO DESPACHO DECISÓRIO DA EXISTÊNCIA DE CRÉDITO SUFICIENTE PARA COMPENSAR O DÉBITO DECLARADO DOS DOCUMENTOS JÁ NOS AUTOS E OS ORA TRAZIDOS: O art. 53 da Lei n° 9.784/99, dispõe que "a Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogálos por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos." O processo administrativo deve sempre priorizar o princípio da verdade material, que atribui à autoridade administrativa o dever poder de anular, corrigir ou modificar o lançamento, independentemente de se tratar de erro de fato ou erro de direito. Tal revisão constituise num dever do Fisco para resgatar a legalidade violada do ato do lançamento, pois é inadmissível se considerar como válidos lançamentos maculados por vícios e incorreções que comprometam a própria essência da cobrança do crédito. Destarte, e exclusivamente sob o aspecto formal, trazse toda a documentação comprobatória que formou o direito creditório declarado na DCOMP, e também os andamentos processuais atualizados das Ações Ordinárias n° 2598653.2012.4.01.3400 e 3154321.2012.4.01.3400 — onde, na primeira, se pleiteia o não pagamento das multas moratórias em face das denúncias espontâneas Fl. 2038DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.039 14 realizadas; e na segunda, se questiona a glosa do direito creditório alusivo às compensações não declaradas (Anexo 5 e 8) — demonstrando que as glosas procedidas são improcedentes. Neste ponto, não se pode olvidar que o Banco é possuidor do crédito alegado, conforme se depreende das declarações DIPJ regularmente apresentadas e retificadas (Anexo 4), demonstrando que a suposta insuficiência de crédito na DCOMP é de toda improcedente. E uma vez demonstrado que o Contribuinte é possuidor de crédito suficiente inexistem razões para a manutenção da decisão proferida, devendo, por conseguinte, ser reformado o despacho decisório vergastado. É o que se requer. 2 DA LEGAL, DEVIDA E OBRIGATÓRIA REVISÃO DO LANÇAMENTO FISCAL DO PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO: O Fisco tem o dever legal de revisar "de ofício" o lançamento tributário (art. 149 do CTN), uma vez que não é dado ao ente tributante deixar de apreciar questões que fragilizem ou lancem por terra o crédito tributário. Caso contrário, estarseá cobrando do contribuinte o que ele não deve, configurando indevida invasão do direito de propriedade, resultando no repudiado enriquecimento ilícito do Poder Público. Sob tal óptica, não se discute também que a Administração deve obedecer aos princípios da legalidade, da razoabilidade e da moralidade administrativa. E, nesta ordem de idéias, a glosa operada do direito creditório, em face da suposta insuficiência dos créditos declarados, além de indevida e desarrazoada, tem intuito meramente arrecadatório sendo confiscatória, violando literalmente os preceitos constitucionais. Concluise, portanto, que a revisão "de ofício", ao contrário de ser atividade ilegal é medida vinculada (e não meramente discricionária) imposta pelo ordenamento jurídico vigente. Se assim proceder, estar seá efetivamente agindo com razoabilidade, sobretudo para evitar que vícios e incorreções não tenham o condão de se transformar em fatos geradores de obrigação tributária (Acórdão n° 10418028 do CARF). III DO PEDIDO Ante o exposto, evidenciada a legitimidade dos créditos declarados, o Banco/Contribuinte manifesta sua inconformidade com a decisão proferida, e requer seja a mesma acolhida para que se promova a homologação integral da DCOMP objeto do presente feito, em face da real e comprovada existência de crédito suficiente apurado em seu favor (arts. 170 do CTN, 74 da Lei n° 9.430/96, e 1º c/c 41 da IN RFB n° 1.300/12). A 6ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto/SP proferiu a decisão de primeira instância, por meio do Acórdão nº 1462.002, na sessão de 27/07/2016. A seguir, trago a colação a ementa desse Acórdão: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2012 Fl. 2039DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.040 15 COMPENSAÇÃO. TRIBUTO OBJETO DE AÇÃO JUDICIAL SEM TRÂNSITO EM JULGADO. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo objeto de contestação judicial antes do trânsito em julgado. PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA COM PROCESSO ADMINISTRATIVO. A propositura de ação judicial, antes da expedição de despacho decisório, com razões de pedir coincidentes com as trazidas em sede de manifestação de inconformidade, impede a apreciação, pela autoridade administrativa a quem caberia o julgamento, das mesmas razões de mérito submetidas ao Poder Judiciário, cuja decisão faz coisa julgada se sobrepondo ao julgado administrativo. TRIBUTO PAGO EM ATRASO. AMORTIZAÇÃO PROPORCIONAL. Feito o pagamento/recolhimento de crédito tributário em atraso, as respectivas rubricas em que ele se particiona, isto é, “Principal”, “Multa de Mora” e “Juros de Mora”, devem ser todas prestigiadas, independentemente da anotação/distribuição feita pelo Contribuinte no momento de preenchimento do DARF. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2012 COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTOS REALIZADOS NO EXTERIOR. O pagamento de imposto de renda efetuado no exterior apenas pode ser utilizado para compensação do imposto devido no Brasil caso reconhecido o respectivo documento pelo órgão arrecadador do país estrangeiro e pela representação diplomática brasileira, ou se for comprovado que a legislação do país de origem do rendimento prevê a incidência do imposto de renda por meio do documento de arrecadação apresentado. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2012 HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DE DCOMP. COBRANÇA DOS DÉBITOS. ALEGAÇÃO DE CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a lei. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Diante da decisão de primeira instância, foi oposto o Recurso Voluntário, ora sob apreço, onde o sujeito passivo contesta a decisão de piso; reproduz, em síntese, as mesmas razões expostas na manifestação de inconformidade e anexa a seguinte documentação: Fl. 2040DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.041 16 Na seqüência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. VOTO Conselheiro José Carlos de Assis Guimarães, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. Assim, dele conheço. Verificando a matéria ora sob análise, temos que o Acórdão recorrido, que manteve o Despacho Decisório, fundamentou parte da improcedência do crédito na ausência de documentação válida e hábil, em desacordo com as exigências da legislação acerca da compensação de tributos recolhidos no exterior. Logo, essa questão sob debate é de cunho puramente documental, cingindose à existência ou à regularidade formal das provas. Confirase, exemplificadamente, alguns trechos do Acórdão de primeira instância: 3.c – BB Frankfurt Os documentos apresentados pelo contribuinte em atendimento à intimação da fiscalização, originalmente anexados no processo nº 10166.722534/201546, foram copiados às fls. 997 a 1122. Não houve apresentação de documentação adicional em relação ao BB Frankfurt na manifestação de inconformidade. Os comprovantes de pagamentos apresentados pelo contribuinte não foram considerados pela fiscalização, pelos seguintes motivos: 1. os documentos representam notificações emitidas pelo fisco alemão sobre impostos a pagar e extratos de contas e onde constam valores Fl. 2041DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.042 17 pendentes de pagamento, não guardando relação com documentos de arrecadação de impostos; 2. em parte dos documentos consta a etiqueta consular emitida pela Repartição Consular brasileira em Frankfurt, porém não contêm o reconhecimento do órgão arrecadador alemão e a interessada, também não comprovou a condição alternativa, prevista no inc. II do art. 16 da Lei nº 9.430/1996, ou seja, que a legislação alemã prevê o pagamento dos impostos por meio dos documentos apresentados; 3. há diversas datas transcritas nos documentos apresentados, sem que qualquer delas possa ser identificada como data de pagamento, tornando incerta a taxa de câmbio aplicável na apuração do valor do imposto em reais, em conformidade com o §2º do art. 14 da IN SRF nº 213/2002. O contribuinte alega em sua manifestação de inconformidade que os documentos apresentados não são meras notificações e extratos, mas sim comprovantes da arrecadação de impostos, contendo o expresso reconhecimento dos pagamentos pela Fazenda Pública de Frankfurt, de acordo com as traduções, além de conter o número de identificação do contribuinte “4722009733” e a denominação dos tributos, dentre os quais, o imposto sobre atividade comercial, imposto sobre o lucro e adicional de solidariedade. Analisandose os documentos apresentados pela interessada às fls. 997 a 1053 (em idioma alemão) e respectivas traduções (fls. 1055 a 1122), podemos verificar que, conforme apontado pela fiscalização, se tratam de notificações emitidas pelo fisco alemão sobre impostos a pagar e extratos de contas e onde constam valores pendentes de pagamento. Portanto, não há como afirmar que se tratam de comprovantes de pagamentos. Além disso, embora alguns documentos possuam o carimbo do Consulado do Brasil em Frankfurt, não há reconhecimento dos documentos por parte do fisco alemão em nenhum documento, estando em desacordo com o disposto no §2º do art. 26 da lei nº 9.249/95, a seguir transcrito: Art. 26. (...) (...). § 2º Para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. O fato de constar nos documentos a expressão “Secretaria da Fazenda Frankfurt/M.V. Höchts”, não dispensa a necessidade de autenticação dos documentos pelo órgão arrecadador alemão. Também, em nenhum documento consta a data de pagamento, embora constem diversas datas, tais como data de vencimento, prazo de antecipação, e outras datas. Como bem colocado pela fiscalização, sem a data de pagamento, não é possível estabelecer a taxa de cambio a ser aplicada na conversão do Fl. 2042DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.043 18 imposto em Reais, pois a taxa a ser aplicada é aquela vigente no dia do pagamento, a teor do §2º do art. 14 da IN SRF nº 213/2002, a seguir copiado: Art. 14 (...) (...) § 2º O tributo pago no exterior, a ser compensado, será convertido em Reais tomandose por base a taxa de câmbio da moeda do país de origem, fixada para venda, pelo Banco Central do Brasil, correspondente à data de seu efetivo pagamento. (g.n.) Dessa forma, não assiste razão ao contribuinte, devendo ser mantida a glosa do IR Exterior referente ao BB Frankfurt, no valor de R$ 2.849.031,57 dos quais, o contribuinte utilizou R$ 2.691.951,07 na Dcomp sob análise e R$ 157.080,50 na Dcomp de saldo negativo de CSLL tratada no processo nº 10166.905167/201514, conforme Quadro 2 do presente Acórdão. 3.d – BB Nova Iorque/Miami Os documentos apresentados pelo contribuinte em atendimento à intimação da fiscalização, originalmente anexados no processo nº 10166.722534/201546, foram copiados às fls. 1138 a 1156, e 1323 a 1343, com tradução às fls. 1158 a 1187, e 1344 a 1373. A documentação apresentada em anexo à manifestação de inconformidade encontrase juntada às fls. 597 a 600 (tradução) e 601 (em idioma inglês). De acordo com a relação apresentada pelo contribuinte às fls. 1324, tratase de oito supostos comprovantes de pagamentos de imposto de renda referentes ao exercício de 2011. A fiscalização, em seu relatório de fls. 96 a 111, não considerou estes documentos aptos a comprovarem o pagamento de imposto de renda no exterior pelos seguinte motivos: 1. não há nos documentos apresentados elementos que permitam afirmar que se tratam de documentos de arrecadação de impostos sobre o lucro; 2. falta de indicação da data de pagamento, impossibilitando determinação da taxa de câmbio correspondente; 3. embora haja a legalização do Consulado brasileiro em Miami, falta a autenticação do documento pelo órgão arrecadador americano, conforme exigência contida no §2º do art. 26 da Lei nº 9.249/95, e não foi comprovada a condição alternativa prevista no inc. II do §2º do art. 16 da Lei nº 9.430/96; 4. os documentos são relativos a “impostos corporativos e outros”, não permitindo inferir que se tratam de impostos sobre o lucro. A interessada alega em sua manifestação de inconformidade que os documentos apresentados são cheques e demonstrativos de transferências eletrônicas de acordo com as formalidades do fisco local e são referentes a impostos sobre o lucro, ou seja, Imposto Corporativo, Imposto Estimado para corporações, conforme documentos juntados. Diz que a legislação prevê o pagamento de qualquer imposto devido por meio de cheque ou ordem de pagamento ao Tesouro dos Estados Unidos, e que nos comprovantes constam a Fl. 2043DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.044 19 expressão “Secretaria de Tributação e Fazenda” do Estado de Nova Iorque e a informação pela qual a Secretaria de Tributação recebeu o valor correspondente à transação, a qual designa sem dúvida tratarse de documento reconhecido pelo órgão arrecadador atestando o pagamento dos tributos. Assevera que os documentos demonstram as datas de pagamento, estando preenchidos os requisitos do art. 26, § 2º da Lei nº 9.249/95. O contribuinte relacionou os supostos pagamentos de IR Exterior à fl. 1324 em moeda estrangeira, tendo anexado os comprovantes às fls. 1326 a 1342, com tradução às fls. 1344 a 1370. Observandose estes comprovantes, podemos constatar que de fato, possuem a data de pagamento expressamente inserida no texto, exceto no documentos de fl. 1330 (tradução à fl. 1352), onde não fica clara a data do efetivo pagamento. No entanto, prosseguindose na análise, não há nos documentos juntados a menção de que se trata de pagamento de impostos sobre o lucro. Em alguns dos comprovantes consta trataremse de “Imposto Corporativo” ou “Imposto Corporativo Estimado”, mas não há detalhes sobre a base de incidência destes impostos, impossibilitando afirmar que incidam sobre o lucro. Nesse ponto, deve ser lembrado que somente os impostos sobre o lucro são compensáveis no Brasil, de acordo com o §1º do art. 14 da Instrução Normativa SRF nº 213, de 07 de outubro de 2002: Art. 14. O imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada e o pago relativamente a rendimentos e ganhos de capital, poderão ser compensados com o que for devido no Brasil. § 1º Para efeito de compensação, considerase imposto de renda pago no país de domicílio da filial, sucursal, controlada ou coligada ou o relativo a rendimentos e ganhos de capital, o tributo que incida sobre lucros, independentemente da denominação oficial adotada e do fato de ser este de competência de unidade da federação do país de origem. Além disso, embora os documentos contenham a legalização do Consulado brasileiro em Miami, nenhum dos comprovantes apresentados contém a autenticação pelo órgão arrecadador americano, estando em desacordo com o §2º do art. 26 da lei nº 9.249/95, a seguir transcrito|: Art. 26. (...) (...). § 2º Para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. (g.n.) Vejase que no próprio carimbo de legalização do Consulado brasileiro consta a expressão no final: “A presente legalização não implica aceitação do teor do documento”. Por isso a legislação prevê a Fl. 2044DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.045 20 necessidade de autenticação dos documentos pelo órgão arrecadador estrangeiro. O fato de constar a expressão: “Secretaria de Tributação e Fazenda” do Estado de Nova Iorque, nos cabeçalhos dos formulário/comprovantes, não dispensa a necessidade de autenticação dos documentos pelo fisco americano. O contribuinte anexou em sua manifestação de inconformidade uma folha em idioma inglês (fl. 601), com tradução parcial às fls. 597 a 600, que supostamente atenderia à condição alternativa prevista no inc. II do §2º do art. 16 da Lei nº 9.430/1996, dispensando a necessidade de autenticação dos comprovantes pelo órgão tributário americano e comprovando que os impostos são incidentes sobre o lucro. Este documento faz referências a alguns impostos, tais como imposto de emprego, taxa de imposto e imposto de renda de empresa e aos métodos de pagamentos de impostos, tais como: cheques, saque eletrônico de fundos (débito direto), depósito eletrônico EFTPS, formulário 8109, formulário 8109B. Entretanto, este documento isoladamente não comprova a condição alternativa no inc. II do §2º do art. 16 da Lei nº 9.430/1996, pois a interessada não apontou sequer a fonte do documento ou mesmo sua origem, impossibilitando afirmar que se trata de documento oficial do fisco americano ou legislação daquele país. Por todo o exposto, deve ser mantida a glosa do IR Exterior referente ao BB Nova Iorque/Miami, no valor de R$ 6.745.376,80, constante do Quadro 2. 3.e BB Viena/Lisboa Os documentos apresentados pelo contribuinte em atendimento à intimação da fiscalização, originalmente anexados no processo nº 10166.722534/201546, foram copiados às fls. 1130 a 1136 e 1376 a 1381. A documentação apresentada em anexo à manifestação de inconformidade encontrase juntada às fls. 113 a 121 (cópia de parte da DIPJ), 603 a 673 (relatório de gestão) e 675 a 696 (cópia do Acórdão referente ao processo nº 14033.003328/200871). De acordo com os documentos de fls. 1376 a 1381, tratase de um pagamento de IRC (imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas) ao fisco português, no valores de 556.496,58 euros, e dois pagamentos de IRC no valor de 4.289,63 euros cada, totalizando 565.075,84 euros. Em seu relatório às fls. 96 a 111, a fiscalização não considerou estes documentos aptos a comprovarem o IR pago no exterior pelas seguintes razões: 1. a compensação deve ser efetuada de forma individualizada, por controlada, coligada, filial ou sucursal, sendo vedada a consolidação de valores, salvo quando se tratar de filiais e sucursais domiciliadas num mesmo país; 2. embora o boleto bancário esteja acompanhado do carimbo do Consulado Geral do Brasil em Lisboa, não há autenticação pelo órgão arrecadador português, estando em desacordo com o §2º do art. 26 da Lei nº 9.249/95, e também não foi comprovada a condição alternativa prevista no inc. II Fl. 2045DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.046 21 do §2º do art. 16 da Lei nº 9.430/96, ou seja, de que a legislação portuguesa prevê a incidência do referido imposto por meio do documento de arrecadação apresentado; 3. O BB Lisboa não foi declarado como participação no exterior nas fichas 34 e 35 da DIPJ 2012, além de não ter sido apresentada a demonstração do resultado do exercício (DRE) relativa ao BB Lisboa. Em sua manifestação de inconformidade, a interessada alega que: “(...) Vale ressaltar que a BB Viena é subsidiária integral do Banco/Contribuinte (100% participação), sendo os lucros auferidos são consolidados no BB, em face da participação societária na investida BB Viena, nos termos do art. 14, § 6 da IN 213/2002 e fichas 34 e 35 da DIPJ (Anexo 4). Já o BB Lisboa constituise em sucursal do BB Viena atuando majoritariamente no segmento de financiamento de empresas, seguindo a legislação portuguesa e a do regulador em Viena, ao teor das informações contidas no Relatório de Gestão do Exercício do ano de 2011 da BB Viena (Anexo 13), que foi apresentado aos órgãos de controle interno e externo como prestação de contas anual. Nesse sentido, obrigamse as Sociedades Anônimas em avaliar os investimentos realizados nas sociedades investidas aplicandose o percentual de participação do capital social sobre o patrimônio líquido desta, nos termos do Cosif 11.2.7 (art. 1o da Circular BACEN n° 1963) e do art. 387 do RIR/99, este último a seguir transcrito: (...) Por outro giro, e em conformidade com a Convenção para evitar dupla tributação entre Brasil e Portugal, Decreto n° 4.012/01, não se pode olvidar ser inexigível a apresentação da legislação concernente ao pagamento do referido imposto por meio dos comprovantes apresentados, haja vista a abrangência do IRC pelo decreto em referência, que assim prevê: "Capítulo I Âmbito de Aplicação da Convenção Artigo 1° Pessoas Visadas Esta Convenção aplicase às pessoas residentes de um ou de ambos os Estados Contratantes. Ver tópico Artigo 2° Impostos Visados 1. Os impostos atuais aos quais se aplica esta Convenção são: Ver tópico a) no caso do Brasil: Ver tópico o Imposto Federal sobre a Renda, (doravante denominado "imposto brasileiro"); b) no caso de Portugal: Ver tópico o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS); Fl. 2046DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.047 22 o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC); a derrama; (doravante denominados "imposto português"). 2. A presente Convenção será também aplicável aos impostos de natureza idêntica ou similar que entrem em vigor posteriormente à data da assinatura da Convenção e que venham a acrescer aos atuais ou a substituílos. As autoridades competentes dos Estados Contratantes comunicarão uma à outra as modificações substanciais introduzidas nas respectivas legislações fiscais." Além disso, restou anteriormente conferido, por essa DRF, autenticidade ao comprovante de arrecadação IRC apresentado fundado no Decreto n° 4.012/2001, conforme se depreende do despacho decisório proferido no processo administrativo n° 14033.003328/200871, e fundamento lançado no item 31 do acórdão n° 03067.792 (Anexo 14). Com efeito, e invocando a isonomia na interpretação da legislação tributária, e razoabilidade quanto a paridade da aplicação dos dispositivos legais, temse que o comprovante de arrecadação IRC atende aos requisitos previstos no art. 26, § 2o da Lei 9.249/95 e ao Decreto n° 4.012/01. Por fim, e para que não paire mais dúvidas acerca da correção da conduta do BB, foi solicitado a disponibilização dos DARF pagos relativos aos tributos devidos pela dependência BB AG Viena em função das remessas de recursos à BB AG Viena por empresas no Brasil, em reforço aos dados já apresentados. Assim que recebidos serão juntados aos autos.” Passo a analisar as alegações da interessada. O relatório de gestão anexado pelo contribuinte às fls. 603 a 673 de fato confirma que o BB Lisboa é sucursal do BB Viena, sendo possível inferir que o demonstrativo do resultado do exercício referente ao BB Viena, apresentado pelo contribuinte à fiscalização (fls. 1226 arquivo não paginável), está consolidado com o resultado do BB Portugal. Em relação à consolidação dos pagamentos, assim dispõe o §6º do art. 14 da IN SRF nº 213/2002 Art. 14 (...) (...) § 6º A filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, deverá consolidar os tributos pagos correspondentes a lucros, rendimentos ou ganhos de capital auferidos por meio de outras pessoas jurídicas nas quais tenha participação societária. Fl. 2047DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.048 23 Dessa forma, em atendimento ao dispositivo acima, o BB Viena, que detém a participação no BB Lisboa (sucursal do BB Viena) realmente deve consolidar os pagamentos efetuados pelo BB Lisboa. Nesse ponto assiste razão ao contribuinte. Quanto ao comprovantes de pagamento apresentados (fls. 1376 a 1381), tratase de um pagamento de IRC (imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas) ao fisco português, no valores de 556.496,58 euros, e mais dois pagamentos de IRC no valor de 4.289,63 euros cada, totalizando 565.075,84 euros. Observandose estes documentos, podemos constar que embora conste o carimbo do Consulado Geral do Brasil em Lisboa, não há autenticação pelo órgão arrecadador português, estando em desacordo com o disposto no §2º do art. 26 da lei nº 9.249/95 a seguir transcrito: Art. 26. (...) (...). § 2º Para fins de compensação, o documento relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto. (grifei) Em relação à condição alternativa prevista no inc. II do §2º do art. 16 da Lei nº 9.430/1996, o contribuinte entende ser inexigível a apresentação de legislação que prevê a incidência do imposto de renda por meio do documento de arrecadação apresentado, em conformidade com a Convenção para evitar a dupla tributação entre o Brasil e Portugal, Decreto nº 4.012/2001. No entanto, em nenhum momento o referido Decreto dispensa a apresentação da comprovação de que trata o inc. II do §2º do art. 16 da Lei nº 9.430/1996. Vejase, ainda que não apresentada a legislação portuguesa, no mínimo, caberia à interessada apontar qual o dispositivo da legislação tributária portuguesa que estabelece que o pagamento do IRC se dá pelos documentos apresentados. Porém não o fez A se notar ainda que não constam autenticação bancária nos dois comprovantes de pagamentos nos valores de 4.289,63 euros cada, e nem mesmo a data de pagamento. Sem esta data, não é possível estabelecer a taxa de cambio a ser aplicada na conversão do imposto em Reais, pois a taxa a ser aplicada é aquela vigente no dia do pagamento, a teor do §2º do art. 14 da IN SRF nº 213/2002, a seguir copiado: Art. 14 (...) (...) § 2º O tributo pago no exterior, a ser compensado, será convertido em Reais tomandose por base a taxa de câmbio da moeda do país de Fl. 2048DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.049 24 origem, fixada para venda, pelo Banco Central do Brasil, correspondente à data de seu efetivo pagamento. (g.n.) Quanto à alegação de que em outro processo administrativo a DRF aceitou os comprovantes de pagamento de IRC apresentados, com base no Decreto n° 4012/2001, deve ser esclarecido que em matéria de prova, prevalece a livre convicção do Auditor Fiscal que a está analisando. Desse modo, pode de fato ocorrer que em outro processo, comprovantes similares aos aqui apresentados, e consideradas a circunstâncias ali envolvidas, tenham sido aceitos pela DRF, sem que isso implique, necessariamente, a aceitação de todos os comprovantes posteriores. É o que prevê o Decreto nº 70.235, de 1972; Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Portanto, face o exposto, deve ser mantida a glosa do IR Exterior referente ao BB Viena/Lisboa, no valor de R$ 3.216.746,20, constante do Quadro 2 do presente Acórdão. Contudo, verificase que no Recurso Voluntário foram acostados novos documentos, como comprovantes de recolhimento de impostos, legislação estrangeira e traduções (fls. 1.670 e seguintes). Agora então, trazendo o Contribuinte novas provas, as quais, supostamente, nos termos de sua objetiva defesa, supririam, em parte, a carência probatória utilizada como fundamento pela Instância a quo, cabe analisar seu acatamento. Ainda que juntadas posteriormente à prolatação do Acórdão recorrido, tendo em vista, primeiramente, que a maior parte da negativa do crédito pretendido se fundou em questão documental, o Princípio pela Busca da Verdade Material justifica o conhecimento regular desse novo conjunto probante, sendo inaceitável deixar de aceitálo, em homenagem a outras regras e princípios formalistas, menos prestigiados no Processo Administrativo Tributário. Assim, tendo em vista que, além da nova documentação contábil acostada aos autos, existem centenas de novas folhas, entre documentos de arrecadação e suas traduções, mostrase adequado e prudente se proceder a uma análise fiscal técnica e comparativa, pela própria Unidade Local que inicialmente reconheceu a falta ou a invalidade da documentação, antes de se efetuar o derradeiro julgamento meritório do feito, apreciando todas as matérias, considerando eventuais alterações dos valores controversos. Diante de todo o exposto, resolvese por determinar a realização de diligência, para que a Unidade Local de fiscalização: 1) analisando a nova documentação acostada aos autos, na fase impugnatória e na fase recursal em direto confronto com os créditos não reconhecidos pelo Acórdão e sua fundamentação, determine se esta atende às exigências legais necessárias à compensação de tributos efetuada pelo Contribuinte, dando ensejo ao direito pleiteado na DCOMP ainda não homologado; Fl. 2049DF CARF MF Processo nº 10166.905166/201570 Resolução nº 1201000.397 S1C2T1 Fl. 2.050 25 2) fundamente em Relatório, de forma detalhada, as conclusões obtidas, seja no sentido de reconhecer montante maior ou mesmo igual dos créditos reconhecidos pelo. Acórdão a quo, apontando as eventuais falhas probantes da documentação trazida. Após a elaboração do Relatório com tais informações e fundamentação de suas conclusões, deve ser dada ciência ao Contribuinte do mesmo, com a abertura do devido prazo legal para manifestação, antes do devido retorno dos autos para julgamento. È como voto. (assinado digitalmente) José Carlos de Assis Guimarães Fl. 2050DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13782.000285/2010-51
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE.
São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo ano-calendário da obrigação tributária.
Numero da decisão: 2001-000.367
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para acatar a dedução das despesas com o médico José Carlos Leonardo Pereira, acima qualificado, e manter a glosa relativa às despesas com UNIMED Norte Fluminense
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo ano-calendário da obrigação tributária.
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COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo anocalendário da obrigação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para acatar a dedução das despesas com o médico José Carlos Leonardo Pereira, acima qualificado, e manter a glosa relativa às despesas com UNIMED Norte Fluminense (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 78 2. 00 02 85 /2 01 0- 51 Fl. 114DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Relatório Contra o contribuinte, acima qualificado, foi lavrada Notificação de Lançamento, relativo ao exercício de 2008, ano calendário 2007, que lhe exige o recolhimento de um crédito tributário no montante de R$ 14.999,11, atualizado até janeiro de 2010. Segundo a autoridade fiscal, foram identificadas as seguintes irregularidades: dedução indevida de dependentes, no valor de R$ 1.584,60, pois “não foi comprovada a condição de universitário de Artur Nogueira de Azevedo, nascido em 30/6/1984”; dedução indevida de despesas médicas, a saber: Unimed Norte Fluminense (R$ 26.551,72), sem dependentes e titular isento; Wagner Pizzzol Bernarbe, CPF 007.895.52701: R$ 1.500,00, José Carlos Leonardo Pereira, CPF 570.298.49787: R$ 12.240,00 e Bruno Silva Fonseca, CPF 086.422.23782: R$ 1.550,00. O interessado foi cientificado da notificação e apresentou impugnação, juntando diversos documentos para evidenciar as despesas deduzidas e alega, em síntese, que as despesas médicas informadas em sua declaração ocorreram de fato. Quanto aos dependentes, afirma que todos podem ser verificados como seus filhos através das certidões de nascimento. Acrescenta que tinham menos de 24 anos e estavam cursando nível superior, não cabendo, assim, nenhum questionamento por parte da Receita Federal do Brasil. A DRJ Juiz de Fora, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que parte dos comprovantes fornecidos e juntados ao processo pelo Contribuinte não seriam suficientes para comprovar as despesas, devendo, por essa razão, ser mantida a glosa das despesas médicas parcialmente, exceto as despesas que preenchem todos os requisitos legais previstos na legislação de regência. Em sede de Recurso Voluntário, alega o contribuinte que não é possível manterse as glosas efetuadas pela autoridade fiscal posto que entende ter dado provas ratificadoras, capazes elidir quaisquer dúvidas quanto as despesas deduzidas. Cita base legal e jurisprudência para corroborar o seu entendimento. Repisa os mesmos argumentos ventilados na impugnação acerca da dedutibilidade das despesas pleiteadas. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 13782.000285/201051 Acórdão n.º 2001000.367 S2C0T1 Fl. 3 3 Merece ser salientado, primeiramente, que a dedução com dependente foi devidamente restabelecida de acordo com a decisão da DRJ, a qual deferiu o pedido do contribuinte neste ponto. No que se refere à despesa com o profissional Wagner Pizzzol Bernarbe, CPF 007.895.52701: R$ 1.500,00, esta também foi restabelecida como dedutível. Já com relação à despesa em nome da Unimed Norte Fluminense (R$ 26.551,72), foi devidamente restabelecida parte desta despesa, que foi realizada em nome do dependente reconhecido como tal, o Arthur Nogueira, no valor de R$ 1.564,93. Portanto a lide e controvérsia só reside no saldo restante da despesa da UNIMED e a despesa relativa ao profissional José Carlos Leonardo Pereira, CPF 570.298.497 87: R$ 12.240,00, pois a despesa com o profissional Bruno Silva Fonseca, CPF 086.422.237 82: R$ 1.550,00, não foi contestada, bem como , como bem afirmou a DRJ, não era de nenhum dependente do contribuinte. Mérito Glosa de despesas médicas Nos termos do artigo 8°, inciso II, alínea "a", da Lei 9.250/1995, com a redação vigente ao tempo dos fatos ora analisados, são dedutíveis da base de cálculo do çuimposto de renda pessoa física as despesas a título de despesas médicas, psicológicas e dentárias, quando os pagamentos são especificados e comprovados. Lei 9.250/1995: Art. 8°. A base de cálculo do imposto devido no ano calendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (...) § 2º O disposto na alínea ‘a’ do inciso II: (...) II restringese aos pagamentos feitos pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; Fl. 116DF CARF MF 4 III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro de Pessoas Jurídicas de quem recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação xndo cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” O Recorrente apresentou diversos recibos dos pagamentos relativos aos tratamentos médicos e entendo que a maior parte das "pendências" de informação foram devidamente supridas em sede de RV. No tocante à despesa com o profissional José Carlos Leonardo Pereira, CPF 570.298.49787: R$ 12.240,00, que não tinha sido acatada tendo em vista não estar claro o beneficiário dos serviços, este ponto foi devidamente esclarecido em sede de Recurso Voluntário. A decisão de primeira instancia sustentou que o Recorrente não comprovou parte das despesas médicas, nos seguintes termos: “[...] Portanto, podem ser deduzidos os gastos efetuados com profissionais liberais da área de saúde e com entidades prestadores dos serviços de saúde, sendo imprescindível que, se exigido pelo Fisco, o interessado faça prova desses gastos com documentação hábil e idônea que traga informações que permitam a perfeita identificação: 1 )do responsável pelo pagamento efetuado; 2) da data e condição de pagamento; 3) do tipo de serviço realizado; 4) do beneficiário do serviço, caso não seja o responsável pelo pagamento; 5) do emitente: nome, endereço, além de CNPJ, no caso de pessoa jurídica, e de CPF, registro de habilitação no Conselho Regional de sua classe e respectiva assinatura, no caso de profissional autônomo (pessoa física). O impugnante pleiteou, como dedução de “despesas médicas”, em sua declaração de rendimentos IRPF/2008, pagamentos referentes aos profissionais liberais Wagner Pizzzol Bernarbe (R$ 1.500,00), José Carlos Leonardo Pereira (R$ 12.240,00) e Bruno Silva Fonseca (R$ 1.550,00), bem como ao plano de saúde UNIMED/Norte Fluminense (R$ 11.261,72). Segundo o Termo de Intimação Fiscal nº 2008/617238495407686 de 14/09/2009, apensado a fls.47, o contribuinte foi intimado a apresentar, relativamente ao exercício financeiro de 2008, “os comprovantes originais e cópias das despesas médicas, com a indicação do paciente” e “os comprovantes originais e cópias das despesas médicas com o plano de saúde, com valores discriminados por beneficiário”. Fl. 117DF CARF MF Processo nº 13782.000285/201051 Acórdão n.º 2001000.367 S2C0T1 Fl. 4 5 Cumpre ressaltar primeiramente que, segundo dispõe o artigo 73 do RIR/1999 vigente, “todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora”. Na fase contestatória, o impugnante apresentou, para apreciação da autoridade julgadora, os recibos de fls.16/37. Segundo relatado pela autoridade revisora, “o contribuinte apresentou recibos que não identificam os pacientes dos serviços médicos prestados por Wagner Pizzol Bernabe e José Carlos Leonardo Pereira” Nos 03 (três) recibos apensados às fls.26/28, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) cada um, emitidos pelo cirurgião dentista Dr. Wagner Pizzol Bernabe, consta a informação “tratamento odontológico ao mesmo”, ou seja, tais recibos identificam o contribuinte como responsável pelos pagamentos efetuados, no montante de R$ 1.500,00, e também como beneficiário dos serviços prestados. Nos 16 (dezesseis) recibos apensados às fls.30/37, que perfazem o montante de R$ 12.240,00, emitidos pelo psicólogo José Carlos Leonardo Pereira, consta o impugnante como responsável pelos pagamentos, os quais são referentes à “psicoterapia de família” ou à “consultas psicológicas”, não sendo possível identificar os beneficiários dos serviços prestados pelo referido profissional, de modo a esclarecer se tratase efetivamente de gastos financeiros efetuados com “despesas médicas” do titular e/ou de seu dependente. Em que pese vista o pronunciamento da Coordenação Geral de Tributação na Solução de Consulta Interna nº 23 de 30/08/2013, este relator considera temerário presumir o próprio contribuinte como sendo o beneficiário das “consultas psicológicas” apontadas nos recibos de fls.35/37, tendo em vista o teor dos demais recibos apresentados e do documento emitido pela UNIMED NORTE FLUMINENTE, abaixo citado. Segundo relatado pela autoridade revisora, “o contribuinte apresentou recibos referente a serviços prestados com beneficiários não relacionados como seus dependentes, por UNIMED NORTE FLUMINENTE e Bruno Silva Fonseca”. Mediante apresentação da Declaração de fls.21, emitida pela UNIMED Norte Fluminense, CNPJ 30.417.661/0001 88, o notificado pretende comprovar os pagamentos Fl. 118DF CARF MF 6 efetuados à referida cooperativa médica, no anocalendário de 2007. Da análise do documento em foco, observo que o contribuinte, na condição de titular do plano de saúde, teve gastos financeiros no referido anocalendário com Maria Carmen Nogueira Azevedo (R$ 2.088,31), Leonardo Nogueira de Azevedo (R$ 1.564,93), Arthur Nogueira de Azevedo (R$ 1.564,93), Érika Nogueira de Azevedo (R$ 1.564,93) e Conceição Aparecida Barreto de Azevedo (R$ 4.478,62). Ainda que as pessoas físicas acima citadas constem como “dependentes” no plano de saúde, para fins de imposto de renda apenas a quantia de R$ 1.564,93 referente a Arthur Nogueira de Azevedo pode ser considerada como “despesa médica” visto que somente este filho do contribuinte foi por ele relacionado como “dependente” em sua DIRPF/2008. E o recibo de fls.29, emitido pelo cirurgiãodentista Dr. Bruno Silva Fonseca, comprova o pagamento efetuado pelo contribuinte, no valor de R$ 1.550,00, referente ao “tratamento odontológico de Maria Carmen Nogueira Azevedo”, que não é dependente do impugnante para fins de imposto de renda, condição indispensável para ser incluído na dedução de “despesas médicas”. Assim sendo, a teor do artigo 80, parágrafo 1º, inciso II, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999) vigente, deverá ser restabelecida, na dedução em pauta, a importâncias de R$ 3.064,93 para o exercício financeiro de 2008.. [...]” No caso concreto, demonstrase, ao longo do processo, que a autoridade fiscal entende que os recibos emitidos pelos prestadores dos serviços não foram suficientes para comprovar as despesas.. Neste diapasão, merece trazer à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a Fl. 119DF CARF MF Processo nº 13782.000285/201051 Acórdão n.º 2001000.367 S2C0T1 Fl. 5 7 administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Assim sendo, com fulcro nos festejados princípios supracitados, apesar da fundamentação do lançamento no sentido de que os documentos e informações prestadas pelo contribuinte bem como aquelas constantes dos recibos não foram suficientes, entendo que todas as duvidas foram devidamente sanadas em sede de RV. Sendo assim, em resumo, as despesas com médicas com o profissional José Carlos, acima citado, devem ser considerados como dedutíveis, não merecendo prosperar o lançamento e glosas apuradas pela autoridade fiscal. Em relação às despesas da UNIMED , não merece prosperar o pedido de dedução da despesa completa, pois apenas a despesa com dependente deve ser dedutível, pleito este já devidamente atendido pela DRJ. CONCLUSÃO: Fl. 120DF CARF MF 8 Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para acatar a dedução das despesas com o médico José Carlos Leonardo Pereira, acima qualificado, e manter a glosa relativa às despesas com UNIMED Norte Fluminense (a parcela relativa ao dependente, que deve ser dedutível, já foi restabelecida na decisão da DRJ). (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000218/2008-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2003
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL.
Para tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial é contado a partir do fato gerador, salvo se não houver pagamento, ou nos casos do dolo, fraude e simulação.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
LUCRO ARBITRADO. TRIBUTAÇÃO.
É aplicável o arbitramento do lucro quando a autoridade fiscal não consegue apurá-lo pelos regimes do lucro real ou do lucro presumido, a depender da opção exercida. Aplica-se o arbitramento do lucro quando não for possível determinar a receita bruta e/ou não for possível calcular e tributar pelo regime escolhido pelo contribuinte. O arbitramento do lucro é uma medida de caráter excepcional.
RECEITA OMITIDA. TRIBUTAÇÃO.
A receita omitida deve ser calculada e tributada de acordo com o regime escolhido pelo contribuinte, conforme art. 24 da Lei nº 9.249/1995.
Numero da decisão: 1402-002.970
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer os lançamentos de IRPJ e CSLL nos montantes tributáveis de R$ 1.508.407,45 e R$ 827.500,03, respectivamente.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Marco Rogério Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Julio Lima de Souza Martins, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2003 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL. Para tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial é contado a partir do fato gerador, salvo se não houver pagamento, ou nos casos do dolo, fraude e simulação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 LUCRO ARBITRADO. TRIBUTAÇÃO. É aplicável o arbitramento do lucro quando a autoridade fiscal não consegue apurálo pelos regimes do lucro real ou do lucro presumido, a depender da opção exercida. Aplicase o arbitramento do lucro quando não for possível determinar a receita bruta e/ou não for possível calcular e tributar pelo regime escolhido pelo contribuinte. O arbitramento do lucro é uma medida de caráter excepcional. RECEITA OMITIDA. TRIBUTAÇÃO. A receita omitida deve ser calculada e tributada de acordo com o regime escolhido pelo contribuinte, conforme art. 24 da Lei nº 9.249/1995. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer os lançamentos de IRPJ e CSLL nos montantes tributáveis de R$ 1.508.407,45 e R$ 827.500,03, respectivamente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 02 18 /2 00 8- 49 Fl. 987DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima de Souza Martins, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves. Fl. 988DF CARF MF Processo nº 18471.000218/200849 Acórdão n.º 1402002.970 S1C4T2 Fl. 988 3 Relatório Trata o presente de Recurso de Ofício interposto em face de decisão proferida pela 2a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I RJ, que julgou PROCEDENTE, em parte, a impugnação do contribuinte em epígrafe. Houve parte da autuação fiscal mantida no primeiro grau administrativo. Contudo, não houve apresentação de Recurso Voluntário. Os valores exonerados e mantidos pela decisão a quo foram os seguintes: Exonerados integralmente os valores autuados de IRPJ e CSLL, nos montantes da autuação (principal+multa+juros corrigidos até março/2003), de R$ 3.616.565,79 e R$ 1.984.120,49, respectivamente. Exonerados, por reconhecimento de ofício a decadência dos PIS e Cofins, referentes aos meses de janeiro e fevereiro de 2003, nos montantes (principal+multa+juros corrigidos até março/2003) de R$ 171.920,08 e R$ 798.092,88, respectivamente; Mantidos a autuação fiscal referente aos meses de março a dezembro/2003, do PIS e Cofins, nos montantes (principal+multa+juros corrigidos até março/2003) de R$ 1.030.069,73 e R$ 4.749.553,41, respectivamente. Da autuação: O presente processo versa sobre autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, referente a fatos geradores ocorridos entre janeiro/2003 e dezembro/2003. Envolve os seguintes valores: Tributo Principal Multa 75% Juros Total IRPJ 1.508.407,45 1.131.305,57 976.852,77 3.616.565,79 CSLL 827.500,03 620.625,01 535.995,45 1.984.120,49 PIS 498.032,38 373.524,23 330.433,20 1.201.989,81 Cofins 2.298.611,21 1.723.958,39 1.525.076,69 5.547.646,29 Total 5.132.551,07 3.849.413,95 3.368.358,11 12.350.323,13 Em R$ 1,00 (juros corrigidos até março/2008) Fl. 989DF CARF MF 4 As autuações fiscais se basearam em omissão de receita, caracterizada pela falta de escrituração de pagamentos. Conforme descrição transcrita abaixo, as quais reproduzo da decisão a quo, para fundamentar a autuação que consta no termo de verificação e constatação fiscal: Sobre a natureza dos contratos firmados entre o interessado e seus fornecedores, o autuante informa (Termo de Verificação e Constatação Fiscal (TVCF), fl. 222, §§ 9 a 13) que: [O interessado] “atua no comércio atacadista (fls. 275), revendendo, entre outros, aparelhos e cartões telefônicos, e durante o anocalendário 2003, exercício 2004, apurou o IRPJ como base no Lucro Presumido (fls. 3 a 38)”; “Os contratos firmados entre o interessado e alguns de seus fornecedores de cartões telefônicos reafirmam a natureza de compra e venda nas relações comerciais entre eles mantidas”. [O contrato com] “a Telerj Celular AS, cláusula 1.1, estabelece que ‘a fornecedora comprometese a vender ao distribuidor...’ e, na cláusula 1.2, ‘o produto descrito no item anterior será revendido pelo distribuidor...’ (fls. 71)”. [No contrato com] “a Telemar Norte Leste S A, cláusula primeira, estabelece que ‘o presente contrato tem por objeto a transação comercial de compra e venda...’”, fl. 179. [O contrato com] “a Portale Rio Norte S A, cláusula primeira, estabelece que ‘o objeto deste contrato é regular a compra e venda de cartões telefônicos...’”, fl. 209. No § 14 do TVCF, é citada a decisão SRRF/7ª RF/DISIT Nº 35 , de 09 de fevereiro de 2000, que trata da tributação dos revendedores de cartões telefônicos: RECEITA. CONCEITO. REVENDA DE CARTÕES TELEFÔNICOS. ENQUADRAMENTO. Na revenda de cartões telefônicos, constitui receita da revendedora a totalidade dos valores recebidos de seus clientes, e, por conseguinte, tal receita sofre a incidência das contribuições sociais sobre o faturamento – PIS e COFINS –, bem como entra no cômputo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro. Irrelevante, para efeitos da caracterização como receita, o fato de o preço final ao consumidor ser preestabelecido pela concessionária de telefonia ou de a margem de lucro da revendedora ser apenas um percentual sobre o preço final. Acrescenta o autuante que: “A fiscalizada não registrou a movimentação financeira em sua escrituração comercial, assim é que no plano de contas não foram escrituradas as contas bancárias. Os valores recebidos dos clientes e os valores pagos aos fornecedores, conforme apurados pela fiscalizada, foram registrados em valores globais mensais na conta CAIXA – 110101000000000 (fls. 43 a 59), sendo impossível individualizá los, até mesmo porque a fiscalizada não emitiu nota de saída para acompanhar as mercadorias (cartões telefônicos), nem registrou, em decorrência, as saídas no Livro Registro de Saídas” (fl. 222, § 16 do TVCF). Fl. 990DF CARF MF Processo nº 18471.000218/200849 Acórdão n.º 1402002.970 S1C4T2 Fl. 989 5 “... na escrituração da fiscalizada, não há informação disponível a respeito da receita bruta de vendas no anocalendário 2003 (...) Restando, portanto, estimar a receita com base em informações prestadas pelos fornecedores dos cartões à fiscalizada” (fl. 222, § 18 do TVCF). Intimadas, as fornecedoras Telerj, Telemar e Portale, apresentaram as planilhas de fls. 122/167, 193/199 e 207/208, em que informam os valores e as datas de pagamento das vendas ao interessado. Com base nessas informações, o autuante confeccionou as planilhas de fls. 224/238, 239/244 e 245/247, em que são apuradas, por fornecedora, mês e trimestre, os valores pagos pelo interessado. Um resumo dos resultados é apresentado na planilha abaixo do § 22, na fl. 223. Os pagamentos foram tributados como receita omitida. Da Impugnação: Por bem descrever os termos da peça impugnatória, transcrevo o relatório pertinente na decisão a quo: O interessado tomou ciência dos autos de infração em 27/03/2008, fls. 280/282, e, em 24/04/2008, apresentou impugnação, fls. 288/292, e documentos, fls. 293/591, alegando e requerendo, em síntese, o que segue: As exigências do Termo de Início de Fiscalização, lavrado em 17/11/2006, foram cumpridas em 22/11/2006 (O interessado menciona 22/01/2007 em sua impugnação). O autuante acusou o cumprimento das exigências através do Termo de Retenção datado de 29/11/2006. (fl. 288). Em 08/02/2007 e 28/03/2007, foi intimado e reintimado a apresentar seus extratos bancários. Na primeira oportunidade, informou que, por ser optante pelo Lucro Presumido, haveria dificuldade de conseguilos em curto prazo, mas que iria pedir cópia dos mesmos aos estabelecimentos bancários. Na segunda ocasião, expôs sua dificuldade para disponibilizar os dados requeridos e ponderou que estavam em poder do autuante todos os elementos necessários para avaliar sua receita, uma vez que a legislação exige apenas a escrituração do Livro Caixa com a movimentação bancária, para os optantes pelo Lucro Presumido. Como todos os documentos contábeis (livros fiscais, Diário e Razão) já estavam em poder do Fisco, não havia obstáculo algum para concluir se o cálculo dos tributos estava correto ou não. (fls. 288/289). Não é verdadeira a informação constante do Termo de Encerramento, segundo a qual lhe foram devolvidos todos os livros e documentos utilizados na fiscalização. Como prova, junta, às fls. 350/352, cópias dos envelopes recebidos pelos correios, que não teriam espaço físico suficiente para conter a grande quantidade de livros e documentos retidos (fl. 289). O interessado entende (fl. 290) que, após a devolução de seus livros e documentos, deverseá reabrir o prazo para impugnação. De outro modo, haveria cerceamento do direito de defesa. Houve ausência de equilíbrio na conclusão fiscal porque, enquanto o § 16 do TVCF trata da inexistência de informação a respeito da receita bruta de vendas e da falta de registro da movimentação financeira, nos §§ 2 e 5 do mesmo termo, o autuante afirma que recebeu os Livros fiscais, Diário e Razão – com a escrituração dos fatos contábeis ocorridos no período da fiscalização – bem como a Demonstração Financeira de 2003. (fl. 289). Fl. 991DF CARF MF 6 Indaga o que levou o autuante a abandonar a prova contábil (livros e documentos) para fundamentar sua conclusão em informações recebidas de fornecedores. Afirma ainda que há mandamento legal que exclui a hipótese de arbitramento quando a receita é conhecida (fl. 290). Requer, na fl. 290, 2°§, que seja realizada uma perícia com a finalidade de: “deslindar o motivo do tempo exagerado em que a fiscalização ficou paralisada”. O interessado informa que teve contato com o autuante pela última vez em 28/03/2007 e que recebeu os autos de infração em 27/03/2008 (fl. 289); “se houve justificativa para a prorrogação da fiscalização”; “a efetiva entrega de todos os documentos e livros que foram consignados como entregues (mas na realidade não o foram)”. Pede o cancelamento dos autos de infração, uma vez que houve arbitramento indevido e cerceamento do direito de defesa (fl. 290). Os contratos firmados entre o interessado e as operadoras de telefonia têm como objeto “a prestação de serviços de distribuição de cartões prépagos ...”, fl. 291, menciona expressamente o contrato com a Embratel, fls. 480/486, e com a Telemar, fls. 454/469, bem como o processo Regime Especial n° 033/2000, fls. 487/491. A transação de venda do serviço de telecomunicações é impedida por norma da Anatel. As provas apresentadas (notas fiscais de prestação de serviços emitidas pelo interessado e notas fiscais emitidas pela Tim cuja natureza da operação descrita é a prestação de serviços) demonstram que a operação exercida pelo interessado não pode ser analisada por uma simples relação fornecida pelos contratantes. Nas notas fiscais de prestação de serviços emitidas pelo interessado, a contratante, por força do Regulamento da Previdência Social, determina a retenção de 11% sobre a mão de obra e, de acordo com o Regulamento do Imposto de Renda, a retenção na fonte de 1,5%. Comprovando a retenção feita, o interessado acosta requerimentos de restituição protocolados junto ao INSS. Da conversão do julgamento em diligência pela DRJ e o seu resultado: Transcrevo do v. acórdão recorrido: Através da Resolução DRJ/RJ1 n° 217, de 12 de agosto de 2008, fl. 601, o julgamento foi convertido em diligência para que fosse esclarecido se os livros e documentos retidos durante a fiscalização foram efetivamente devolvidos ao interessado, conforme consta do Termo de Encerramento de Fiscalização. E o seu resultado, conforme transcrito do v. acórdão recorrido: Os livros retidos durante a fiscalização – Livro Diário n° 5 e Livro Razão n° 5, conforme Termo de Retenção da fl. 40 – foram devolvidos ao representante do interessado em 28/09/2009, documentos de fls. 605/608. O interessado não apresentou novas razões de defesa dentro do prazo de 30 (trinta) dias. Da decisão da DRJ: Fl. 992DF CARF MF Processo nº 18471.000218/200849 Acórdão n.º 1402002.970 S1C4T2 Fl. 990 7 Ao analisar a impugnação, a DRJ, primeira instância administrativa, houve por bem manter DAR PROVIMENTO PARCIAL à impugnação da recorrente, por unanimidade, e RECONHECER de ofício a decadência do direito de constituir o crédito tributário de PIS e Cofins referente a janeiro e fevereiro de 2003. Considerou: INDEVIDOS os lançamentos de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); DEVIDOS os valores de R$ 429.217,03 em Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e R$ 1.981.001,84 em Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), ambos acrescidos de multa de ofício de 75% e encargos moratórios. A ementa da decisão é a seguinte: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2003 NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. FALTA DE RESTITUIÇÃO DE LIVROS RETIDOS. SANEAMENTO DO VÍCIO. O vício de cerceamento do direito de defesa, caracterizado pela falta de devolução de livros retidos durante a fiscalização, foi saneado por meio da restituição dos mesmos ao representante do interessado, com a devida reabertura do prazo de 30 (trinta) dias para impugnação do lançamento. PEDIDO DE PERÍCIA. TEMPO DE DURAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO. Indeferese o pedido de perícia formulado como o objetivo de verificar se foi razoável o tempo de duração da fiscalização. A autoridade competente pode prorrogar o término do procedimento pelo tempo que entender necessário à realização dos trabalhos de auditoria, desde que observado o prazo decadencial para lançamento. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2003 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL. Para tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial é contado a partir do fato gerador, salvo se não houver pagamento, ou nos casos do dolo, fraude e simulação. Fl. 993DF CARF MF 8 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003 OMISSÃO DE RECEITA. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS. A omissão de receita pode ser caracterizada pela escrituração de pagamentos como se fossem meros repasses, sem o devido oferecimento à tributação. OMISSÃO DE RECEITA. ERRO NO REGIME DE TRIBUTAÇÃO. Exonerase o interessado do lançamento quando há erro na escolha do regime de tributação. Se a escrituração contiver vícios que a tornem imprestável para apuração do lucro, o interessado deve ser tributado pelo Lucro Arbitrado. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 2003 LANÇAMENTOS REFLEXOS DE PIS E COFINS. Salvo quanto ao erro na escolha do regime de tributação, aplicamse aos lançamentos de PIS e Cofins as conclusões obtidas quando da análise dos lançamentos de IRPJ e CSLL, já que não há elemento relevante que justifique tratamento diferenciado. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do voto do relator, que foi acompanhado unanimemente pelo colegiado de primeira instância administrativa, extraise os seguintes excertos e destaques que entendo mais importantes para dar guarida a sua decisão final: Com a devolução dos Livros retidos e a reabertura do prazo de 30 (trinta) dias para apresentação de novas razões de defesa, o vício de cerceamento do direito de defesa foi sanado, logo não há que se falar em nulidade do lançamento por este motivo. Da Natureza dos valores entregues aos fornecedores: pagamentos ou repasses: O interessado alega que não revendia os cartões telefônicos, mas apenas prestava o serviço de distribuição. Apresenta como prova os contratos firmados com a Embratel, fl. 480, e com a Telemar Norte Leste, fl. 455, além do processo Regime Especial n° 033/2000, fl. 487. Ocorre que os pagamentos usados como matéria tributável não foram feitos à Embratel (fl. 223), empresa a que se refere tanto o primeiro contrato quanto o processo Regime Especial n° 033/2000. O outro contrato mencionado pelo Fl. 994DF CARF MF Processo nº 18471.000218/200849 Acórdão n.º 1402002.970 S1C4T2 Fl. 991 9 interessado, com a Telemar, foi firmado em 2004 (fl. 469), logo diz respeito a período diverso do autuado. Por outro lado, os contratos considerados pelo autuante eram de compra e venda de cartões telefônicos, logo os valores entregues aos fornecedores representavam pagamentos e não meros repasses. segundo a legislação, a falta de escrituração de pagamentos efetuados pela pessoa jurídica caracteriza, também, omissão de receita. No caso concreto, os valores foram escriturados como meros repasses, e não como pagamentos, o que deixou de oferecer à tributação o montante de receitas em R$ 76.620.374,42; a decisão a quo entendeu que não houve a devida descriminação das receitas, de tal sorte que a autoridade fiscal deveria ter apurado o IRPJ e a CSLL pelo regime de tributação do Lucro Arbitrado, e não ter feito a autuação pelo Lucro Presumido, opção exercida pela recorrente no período. Em consequência, por erro no regime de tributação do IRPJ e da CSLL, exonerou estes tributos da autuação fiscal; considerando que houve ciência da autuação fiscal em 27/03/2008, e localizados pagamentos de PIS e Cofins referentes à competência de janeiro e fevereiro de 2003, aplicarseia a regra do §4º do art. 150 do CTN para fins de cômputo do prazo decadencial. Com isso, alcançou pela decadência os valores inerentes aos meses de janeiro e fevereiro de 2003; Do Recurso de Ofício e Razões da PGFN: A PGFN apresentou razões ao recurso de ofício, que, em apertada síntese, destaca o seguinte: a tributação do lucro pelo arbitramento é quando a autoridade fiscal não consegue apurálo pelos regimes do lucro real ou do lucro presumido (a depender da opção exercida); a receita omitida deve ser calculada e tributada de acordo com o regime escolhido pelo sujeito passivo, conforme art. 24 da Lei nº 9.249/1995, que é repetido ipsis litteris na regulamentação de cada regime de tributação do lucro (RIR/99): real (art. 288), presumido (art. 528) e arbitrado (art. 537). Apenas caso não seja possível determinar a receita bruta do contribuinte e/ou calcular e tributar o lucro pelo regime escolhido pelo mesmo, é que cabe, de ofício, apurar o lucro pelos métodos de arbitramento; no caso concreto, a fiscalização inicialmente considerou inócua a escrituração contábil da recorrente, e passou a circularizar seus fornecedores para reconstituir a receita bruta com base no valor das mercadorias adquiridas para revenda no ano fiscalizado. Destarte, houve a determinação da receita bruta da recorrente, e com fundamento no art. 528 do RIR/99, que repete literalmente o art. 24 da Lei nº 9.249/1995 apurou e tributou o lucro decorrente da receita encontrada pelo regime de tributação escolhido pela recorrente à época em que a omissão ocorrera: lucro presumido. Transcrevo sua conclusão deste raciocínio: Sendo assim, não obstante a Autoridade Fiscal ter declarado que a escrituração contábil do sujeito passivo se encontrava imprestável para o cálculo do Fl. 995DF CARF MF 10 lucro a ser tributado, pois não havia informações a respeito da receita bruta da revenda dos cartões telefônicos, houve a possibilidade de se determinar a receita percebida e apurar e tributar o lucro advindo dela com base no regime do tributação escolhido pelo contribuinte. em que pese o auto de infração não ter citado o legal que embasou a determinação da receita omitida, que seria o art. 286 do RIR/99, in fine, que repete o art. 41 da Lei nº 9.430/1996, isto não acarretaria nulidade do lançamento, pois a recorrente demonstrou ter conhecimento de todos os fatos e infrações a ele imputados. Transcreve ementa de acórdão sobre o tema e trechos da peça impugnatória que procuram demonstrar que a recorrente ter conhecimento do método adotado pela autoridade fiscal; a receita bruta determinada pela autoridade fiscal foi tão correta e refletiu a realidade da recorrente, que a decisão da DRJ manteve a tributação do PIS e Cofins sobre a receita bruta encontrada, reconhecendo a sua natureza como tal, e a recorrente nada apresentou para contestar tal caracterização; o arbitramento do lucro é uma medida de caráter excepcional. Transcreve ementas de acórdãos sobre o tema. Igualmente transcreve ementas de acórdãos que analisaram mesma situação fática do presente processo, confirmaram o entendimento de que a receita omitida deve ser tributada pelo lucro presumido, regime escolhido pela recorrente, em detrimento do arbitramento do lucro; complementa que não houve a ocorrência da decadência dos débitos de IRPJ e CSLL; É o relatório. Fl. 996DF CARF MF Processo nº 18471.000218/200849 Acórdão n.º 1402002.970 S1C4T2 Fl. 992 11 Voto Conselheiro Marco Rogério Borges O Recurso de Ofício atende os requisitos atualmente vigentes fixados na Portaria MF nº 63/2017, pelo que dele conheço. Do histórico: Cabe observar que apesar de ter parte da autuação mantida na v. decisão recorrida, não consta nos autos a apresentação de recurso voluntário, o que se presume não entregue pelo contribuinte objeto da presente lide. Portanto, cabe incontroversa a parte que foi mantida da autuação fiscal, quais sejam, os lançamentos de Pis e Cofins referentes ao período de março a dezembro de 2003. A autuação fiscal decorreu, em essência, do não oferecimento à tributação de valores de receita pelo contribuinte, e, através de circularização dos seus fornecedores, apontouse que a mesma efetuou compras de cartões telefônicas para revenda no montante de R$ 76.620.374,42, no anocalendário de 2003. Cita interpretação normativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil que na revenda de cartões telefônicos, constitui receita da revendedora a totalidade dos valores recebidos de seus clientes. A autoridade fiscal, apesar de ter encontrado problemas na escrituração fiscal, não arbitrou o lucro, mantendo a autuação no regime do lucro presumido opção original do contribuinte, por omissão de receitas. Para tanto, houve lançamento de IRPJ, CSLL, Cofins e Pis. Na sua impugnação, o contribuinte se insurge alegando que apresentou todos os livros e documentos exigidos pela legislação, e através dele seria possível apurar suas receitas, não procedendo a posição do arbitramento do lucro adotada pela autuação (contudo, não houve arbitramento, e sim mantido no regime do lucro presumido). Os contratos com seus fornecedores eram de prestação de serviços de distribuição de cartões prépagos, e não de revenda. Na decisão a quo, houve análise dos contratos levantados pela autoridade fiscal e apresentados na peça impugnatória (no caso dois), em que descartou estes por não serem inerentes ao caso em discussão um era de um fornecedor não circularizado e não considerado pela autuação, e o outro diz a período diverso posterior ano de 2004. Quanto àqueles (da autuação), eram de compra e venda de cartões telefônicos, ou seja, os valores entregues aos fornecedores representavam pagamentos e não meros repasses. Contudo, entendeu que a falta de descriminação relatada pela autoridade fiscal, a escrituração do contribuinte tornouse imprestável, de tal sorte que deveria ter apurado o IRPJ e CSLL pelo regime de tributação do lucro arbitrado, o que o exonerou destes tributos. E quanto ao PIS e Fl. 997DF CARF MF 12 Cofins, reconheceu de ofício a sua decadência quanto aos fatos geradores de janeiro e fevereiro de 2003, exonerandoos, mantendo o restante do período da autuação. Houve recurso de ofício, e o contribuinte não apresentou recurso voluntário. Do mérito: Considerando os aspectos supracitados, analiso os pontos exonerados pela autoridade julgadora de primeira instância administrativa, que envolvem o recurso de ofício objeto da presente análise. Quanto ao Pis e Cofins, dos fatos geradores inerentes a janeiro e fevereiro de 2003, ao qual foi reconhecido de ofício a sua decadência, resta acatar o decidido pelo v. acórdão recorrido. A ciência do auto de infração ocorreu em 26/03/2008 (efl. 297), referente a tributação dos meses de janeiro a dezembro de 2003. A apuração do fato gerador do PIS e Cofins é mensal. Não houve qualificação da multa, ou seja, não houve a imputação de dolo, fraude ou simulação. A DRJ analisou e demonstrou que houve pagamentos parciais do PIS e Cofins referente ao fato gerador de 28/02/2003. Com o todo o exposto acima, a aplicação da contagem do prazo decadencial é remetida à regra do §4º do art. 150 do CTN, ou seja, o prazo para homologação do pagamento será de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador. No caso, quando da constituição do auto de infração, ocorrida com a ciência do mesmo ao contribuinte, é que começa a contagem do prazo retroativamente. Se esta se deu em 26/03/2008, só poderia alcançar o período de março de 2003. Com isso, os períodos constituídos em janeiro e fevereiro de 2003 alcançaram a decadência. Quanto à exoneração do IRPJ e CSLL, por conta do regime de tributação erroneamente adotado pela autoridade fiscal, que deveria ser o arbitramento, mas o fez pela opção do contribuinte, qual seja, o lucro presumido. Neste ponto, divirjo da v. acórdão recorrido. Primeiramente, a tributação a ser aplicada ao lucro das empresas deve ser preferencialmente a optada por elas. Somente em casos excepcionais, aplicarseia o arbitramento do lucro. Tal preceito é encontrado no caput art. 24 da Lei nº 9.249/1995, nos seguintes termos: Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. E tal preceito é de fundamental importância pois é replicado no RIR/99, para cada regime de tributação. Fl. 998DF CARF MF Processo nº 18471.000218/200849 Acórdão n.º 1402002.970 S1C4T2 Fl. 993 13 No regime de apuração pelo real: Art. 288. Verificada a omissão de receita, a autoridade determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período de apuração a que corresponder a omissão No regime de apuração pelo presumido: Art. 528. Verificada omissão de receita, o montante omitido será computado para determinação da base de cálculo do imposto devido e do adicional, se for o caso, no período de apuração correspondente, observado o disposto no art. 519 E no regime de apuração pelo arbitramento: Art. 537. Verificada omissão de receita, o montante omitido será computado para determinação da base de cálculo do imposto devido e do adicional, se for o caso, no período de apuração correspondente, observado o disposto no art. 532. A autoridade fiscal só deve se valer do arbitramento quando não conseguir apurar pelo regime do lucro real ou lucro presumido, a depender da opção exercida pelo contribuinte. No caso concreto, a autoridade fiscal autuante conseguiu determinar a receita bruta recebida pela recorrente com a revenda de cartões telefônicos, sem a emissão das correspondentes notas fiscais, o que bastaria para se ter a base tributável necessária ao regime do lucro presumido, que envolve um regime mais simplificado de tributação. Inicialmente, não considerou como válida a escrituração contábil do contribuinte, e passou a circularizar seus fornecedores, o que lhe permitiu reconstituir sua receita bruta, com base no valor dos cartões telefônicos adquiridos pelo contribuinte para revenda no ano fiscalizado de 2003. Assim, determinou o montante omitido, e reconstitui a receita bruta do contribuinte. Não haveria necessidade de extrapolar a situação para um arbitramento, que, digase de passagem, seria mais prejudicial ao contribuinte, pois envolveria o aumento do percentual dos coeficientes aplicáveis. E, ademais, só se deve aplicado em casos extremos, quando não restar possível a adoção do regime do lucro presumido, conforme o caso em análise. Cabe destacar que o contribuinte, na sua peça impugnatória, se insurge, erroneamente, que houve arbitramento indevido quando da autuação fiscal! Naturalmente, não foi o caso, pois a autuação foi mantendo o contribuinte no regime do lucro presumido. Conclusão: Fl. 999DF CARF MF 14 Considerado o todo exposto no voto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso de ofício, nos seguintes termos: manter a exoneração, reconhecida de ofício na decisão a quo, referente à decadência dos PIS e Cofins, dos meses de janeiro e fevereiro de 2003, nos montantes tributáveis (valor principal) de R$ 68.815,35 e R$ 317.609,37, respectivamente; restabelecer os valores autuados de IRPJ e CSLL, nos montantes tributáveis (valor principal) de R$ 1.508.407,45 e R$ 827.500,03, respectivamente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Relator Fl. 1000DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.902380/2010-10
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006
DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO.
A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE.
Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material.
Numero da decisão: 3001-000.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário e no mérito, por unanimidade, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com retorno dos autos à Unidade de Origem para análise da DCTF retificadora e demais documentos probatórios juntados em fase recursal.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1721; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 2 1 1 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10675.902380/201010 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.307 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 10 de abril de 2018 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO COFINS Recorrente AP MOTOS COMERCIO IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindose em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário e no mérito, por unanimidade, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com retorno dos autos à Unidade de Origem para análise da DCTF retificadora e demais documentos probatórios juntados em fase recursal. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 90 23 80 /2 01 0- 10 Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10675.902380/201010 Acórdão n.º 3001000.307 S3C0T1 Fl. 3 2 Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ/FOR, que não reconheceu o direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Dos Fatos O Contribuinte buscou via PER/DCOMP nº 24167.60848.190207.1.3.04 6072 a compensação de débito de CSLL (cód.2484) do período de apuração 01/2007 com crédito de COFINS por recolhimento a maior que o devido, via DARF, do período de apuração 03/2006, arrecadado na data de 13/04/2006. Do Despacho Decisório A DRF de Uberlândia em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório com data de emissão 06/09/2010 (efls.7), pela não homologação da compensação pretendida, em face de inexistência de crédito disponível, pois o valor do DARF discriminado na PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débito de COFINS da competência 03/2006. Da Manifestação de Inconformidade Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.11), justificando o ocorrido da seguinte forma: 1. que ocorreu um simples erro no preenchimento da DCTF enviada em 14/04/2008, já regularizado com o envido de DCTF retificadora na data de 18/10/2010, informando os dados corretos; 2. que a compensação é uma forma de quitação do crédito tributário, legalmente previsto e amparado pelo CTN, art. 156; 3. que erros de fato por preenchimento incorreto da DCTF, devidamente retificados e comprovado nos autos, devem ser revistos em atendimento ao princípio da verdade material dos fatos, conforme se depreende de diversos julgados do CARF; 4. ao final pede deferimento da compensação praticada; Do Julgamento de Primeiro Grau Encaminhado os autos à 3ª Turma da DRJ/FOR, esta julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujos fundamentos encontramse sintetizados na ementa assim elabora: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10675.902380/201010 Acórdão n.º 3001000.307 S3C0T1 Fl. 4 3 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. A homologação da compensação declarada pelo contribuinte está condicionada ao reconhecimento do direito creditório pela autoridade administrativa, o que somente é possível mediante apresentação dos elementos que comprovem a liquidez e certeza do direito alegado. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS DESPACHO DECISÓRIO DE NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. Para que se atribua eficácia às informações contidas em DCTF retificadora, apresentada após a ciência do despacho decisório que não homologou a compensação, é necessário que esteja lastreada com documentos hábeis e idôneos, comprovando o equívoco cometido, uma vez que a retificação, em tal condição, não gera os mesmos efeitos da apresentação espontânea da declaração. ATIVIDADE VINCULADA. Por exercer atividade plenamente vinculada à legislação, não compete à Autoridade Administrativa apreciar questões relacionadas a situações peculiares a cada contribuinte. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (efls. 55) contra a decisão de primeiro grau, com o intuito de ver seu pedido atendido, repisa os fatos e apela para busca da verdade real no processo administrativo, trazendo ainda, relatórios e documentos fiscais que evidenciam que no período de apuração março/2006 a recorrente realizou vendas de produtos com alíquota zero para o PIS/COFINS, nos termos da Lei nº 10.485/2002. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A questão que se discute nestes autos apresentase da seguinte forma: Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10675.902380/201010 Acórdão n.º 3001000.307 S3C0T1 Fl. 5 4 · Houve a declaração de compensação de tributo federal via PER/COMP cujo crédito pleiteado, pelo pagamento indevido ou a maior via DARF, não foi reconhecido por ter sido integralmente utilizado para quitação de débito do contribuinte; · Cientificado dessa situação, a interessada procedeu a análise dos fatos e constatou que havia erro na DCTF ativa para o período e tratou de imediamente corrigila, com o envio de DCTF retificadora indicando o valor correto da COFINS para o mês de março/2006, resultando numa diferença a seu favor, que confere exatamente com o valor do crédito utilizado na compensação praticada. · A decisão de piso traz em seu voto condutor, como premissa para o não reconhecimento do direito creditório, a perda da espontaneidade do sujeito passivo quanto a correção pretendida do débito declarado através de DCTF retificadora após ser cientificado do despacho decisório. O direito a compensação como forma de extinção de crédito tributário tem amparo legal no art. 156, II do CTN e a IN 900/2008 da RFB, estabelece em seu art. 34 que: Art. 34. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 44 a 48, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. Esse fato relacionado a apresentação de DCTF retificadora em data posterior a emissão de Despacho Decisório, já tem entendimento assentado na jurisprudência deste Conselho. Citase, por exemplo, o julgado da 3ª Turma da CSRF no acórdão nº 9303005.396, de 25/07/2017, que analisando caso semelhante manteve decisão proferida no acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário. De onde se extrai: “que a DCTF retificadora, nas hipóteses admitidas por lei, tem os mesmos efeitos da original, podendo ser admitida para comprovação da certeza e liquidez do crédito, ainda que transmitida após a prolação do despacho decisório”. Por outro lado “O crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição/compensação não nascem com a apresentação da DCTF retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior”. A administração tributária nos dá orientação sobre o tema, através do Parecer Cosit nº 02/2015,de 28 de agosto de 2015, cuja ementa se deu nos seguintes termos: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10675.902380/201010 Acórdão n.º 3001000.307 S3C0T1 Fl. 6 5 prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. (...) Como antes dito, a liquidez e certeza do crédito tributário não se encerra com a simples DCTF retificadora, há outros indicativos a serem seguidos, sendo, por exemplo, os livros contábeis e fiscais, DIPJ, que de acordo com as razões recursais foram parâmetros utilizados para atestar o erro de declaração cometido. Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário, é cabível oportunizar à Recorrente uma melhor análise pela unidade de origem quanto ao crédito pleiteado. Ademais, não pode o CARF suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, pois à luz do art. 10 da IN RFB nº 903/2008: "Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna". De se observar que procedimento algum fora realizado em relação à apuração dos valores da compensação, sejam débitos ou créditos. Não podem as autoridades administrativas omitirse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. Merece aqui ser reproduzido, por oportuno, parte com destaque dos fundamentos do acórdão nº 9303005.095, de 16/05/2017, proferido em Recurso Especial pela 3ª Turma da CSRF: A análise da compensação operada pelo contribuinte da qual resulta o despacho decisório, bem poderia conformarse ao mesmo modelo do procedimento de determinação e exigência de crédito tributário, caso fosse precedido de Termo de Verificação Fiscal, em procedimento manual, em que ficassem evidenciados os erros em que incorrera o contribuinte e a forma e providências necessárias que deveria suprir para elidir a apuração fiscal. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10675.902380/201010 Acórdão n.º 3001000.307 S3C0T1 Fl. 7 6 É evidente que o despacho decisório eletrônico não cumpre esse desiderato, sendo sintética a formatação da decisão e o teor da sua intimação para a apresentação de defesa, não fornece ao contribuinte todos os elementos de que deve o interessado valerse, e exigíveis pela Administração, para subsidiála. Somente na decisão de primeira instância é que o julgador levanta a exigência das provas, por vezes apenas de forma genérica, diferentemente do que se deu no acórdão ora recorrido, que especificou ser este respaldo a escrita contábil/fiscal. Desse modo, o art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72 deve ser interpretado com parcimônia para este modelo de rito processual administrativo, sobretudo quando o conteúdo da sua letra “c” permite o enquadramento desta situação, quando sobreleva o risco de cerceamento da ampla defesa do contribuinte, quando irrelevase o princípio da verdade material, que informa o PAF, e o da moralidade, que rege os atos da Administração, a impedir a exigência de tributo já quitado ou não repetir o indébito. A DCTF retificadora nada mais representa, conforme argumentado nos autos, do que o repasse ao fisco dos corretos valores devidos de COFINS do período antes mencionado. Caso a unidade julgadora de primeiro grau tivesse remetido os autos a unidade de origem para que promovesse a análise da DCTF retificadora, talvez o deslinde do litígio tivesse outro rumo. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com as provas disponibilizadas pela recorrente ou requerendo outras que entender pertinente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 87DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.000217/2008-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO MAIS FAVORÁVEL.
A escolha do método mais favorável ao contribuinte é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização.
Numero da decisão: 1301-003.034
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e Amélia Wakako Morishita acompanharam o voto do relator com base em seu segundo fundamento.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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MÉTODO MAIS FAVORÁVEL. A escolha do método mais favorável ao contribuinte é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza e Amélia Wakako Morishita acompanharam o voto do relator com base em seu segundo fundamento. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 02 17 /2 00 8- 60 Fl. 2146DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.147 2 Relatório JOHNSON MATTHEY BRASIL LTDA. recorre a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1653.562 proferido pela 5ª Turma da Delegacia de Julgamento em São Paulo/SP1 que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada. Em relação ao crédito tributário exonerado, em razão do montante de tributos e multas cancelado, não houve interposição de recurso de ofício. Por bem refletir o litígio até aquela fase processual, adoto o relatório da decisão de primeira instância, complementandoo ao final: DA AUTUAÇÃO Conforme Termo de Constatação Fiscal de fls. 382/386, em fiscalização empreendida junto à contribuinte acima identificada, para fins de verificar a observância da legislação de preços de transferência (juros e operações de importação) no anocalendário de 2003, constatouse o seguinte: DOS JUROS Com relação ao juros praticado entre a contribuinte e vinculadas, a fiscalização constatou que não houve excesso de juros. DAS IMPORTAÇÕES Em 31/08/2007, por meio do Termo de Início de Fiscalização, a contribuinte foi intimada a informar o método de ajuste adotado, apresentando as planilhas de memórias de cálculo. Em 22/10/2007, a contribuinte entregou CD ROM (fl. 08) com planilhas de memórias de cálculo do método CPL (Custo de Produção mais Lucro) (fls. 25/39). Em 23/10/2007, entregou DIPJ retificadora (fls. 267/284), alterando, na Ficha 41 – Operações com o Exterior – Importações (Saídas de Divisas), o método PRL20 (Preço de Revenda menos Lucro de 20%) para CPL, mantendo R$ 0,00 como valor de ajuste a ser adicionado ao lucro real. Destaca a fiscalização que essa DIPJ retificadora foi entregue após iniciada a fiscalização. Em 24/03/2008, apresentou CD ROM (fl. 79) com planilhas de memórias de cálculo do método CPL, e, em 02/06/2008, apresentou CD ROM (fl. 152) com planilha de preço praticado retificada (fls. 166/175). Do cálculo de ajustes segundo as normas dos preços de transferência Os preços praticados estão demonstrados no Anexo 2 (fls. 287/307). Fl. 2147DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.148 3 Os preçosparâmetro (método PRL20) estão demonstrados no Anexo 3 (fls. 308/371). Foi seguido o determinado pelo artigo 18, inciso II, da Lei nº 9.430/96, com redação dada pelo artigo 2º da Lei nº 9.959/2000, regulamentado pelo artigo 12 da IN SRF nº 243/2002. O total de ajuste no anocalendário de 2003, de R$ 6.442.382,71, está demonstrado no Anexo 1 (fls. 285/286) e deve ser adicionado ao lucro líquido para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Destaca a fiscalização que a contribuinte não ofereceu qualquer ajuste à tributação (Ficha 09A da DIPJ/2004, fl. 27). Do saldo insuficiente de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa da CSLL Em conseqüência da autuação foram constatados saldos insuficientes de prejuízos fiscais (R$ 395.898,43) e de base de cálculo negativa da CSLL (R$ 124.267,04) para o anocalendário de 2006, que devem ser glosados, conforme a seguir sintetizado (valores em reais): Prejuízos fiscais Base de cálculo negativa da CSLL Ano calendário Prejuízo compensado Saldo de prejuízos Ano calendário Prejuízo compensado Saldo de prejuízos 2003 2.009.962,08 3.681.281,30 2003 2.009.962,07 3.952.912,69 2004 1.903.870,48 1.777.410,82 2004 1.903.870,48 2.049.042,21 2005 1.355.202,51 422.208,31 2005 1.355.202,51 693.839,70 2006 818.106,74 (395.898,43) 2006 818.106,74 (124.267,04) DOS LANÇAMENTOS Em face do acima exposto, foram efetuados os seguintes lançamentos, relativos aos anoscalendário de 2003 (preços de transferência) e 2006 (compensações indevidas): Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) Fundamento legal artigos 241, 247, 250, inciso III, 251, § único, 509 e 510 do RIR/99 Crédito Tributário 1.220.415,91 Imposto (em reais) 915.311,93 Multa proporcional (75%) 777.741,01 Juros de mora (cálculo até 28/11/2008) 2.913.468,85 TOTAL Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) Fundamento legal artigo 2º, e §§, da Lei nº 7.689/88; artigo 58 da Lei nº 8.981/95; artigo 16 da Lei nº 9.065/95; artigo 1º da Lei nº 9.316/96; artigo 28 da Lei nº 9.430/96; e artigo 37 da Lei nº 10637/2002 Crédito Tributário 417.054,12 Contribuição (em reais) 312.790,58 Multa proporcional (75%) 276.336,99 Juros de mora (cálculo até 28/11/2008) 1.006.181,69 TOTAL Crédito Tributário Total (em reais) Consolidado até 2.913.468,85 IRPJ 28/11/2008 1.006.181,69 CSLL 3.919.650,54 TOTAL Obs: Fl. 2148DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.149 4 · Com relação ao anocalendário de 2003, houve a compensação de prejuízos fiscais (IRPJ) e da base de cálculo negativa da CSLL de períodos anteriores. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada dos lançamentos em 30/12/2008, a contribuinte, por meio de seus advogados, regularmente constituídos, apresentou, em 28/01/2009, a impugnação de fls. 442/468, alegando, em síntese, o seguinte: DOS FATOS Em 31/08/2007, por meio do Termo de Início de Fiscalização, a contribuinte foi intimada a informar o método de ajuste adotado, apresentando as planilhas de memórias de cálculo, nos termos do artigo 40 da IN SRF nº 243/2002. Em resposta, a impugnante esclareceu a adoção do método CPL e apresentou, entre outros, os seguintes documentos: (1) CD ROM contendo as planilhas de cálculo do método CPL; e (2) planilhas comprobatórias do valor declarado a título de crédito exigível. No decorrer da ação fiscal, fora, lavrados outros termos de intimação, solicitando que a impugnante apresentasse novos documentos e informações. A impugnante atendeu a todos os termos de intimação, apresentando todas as informações e documentos solicitados. A Auditora Fiscal, com o auxílio constante da impugnante e com base nos documentos, planilhas e informações sempre apresentados a contento pela impugnante, fiscalizou durante quase um ano em meio a aplicação do método CPL para o anocalendário de 2003. Ao longo do extenso período de fiscalização, a correção da demonstração do método CPL pela impugnante foi integralmente aceita pela autoridade fiscal. Os documentos e informações apresentados pela impugnante e que serviram de base e ampararam a extensa fiscalização foram todos acatados sem ressalvas pela autoridade fiscal. Todavia, embora tenha analisado por mais de um ano, sem ressalvas, a adoção do método CPL pela impugnante, ao contrário do que seria de se esperar, ao término da ação fiscal, a fiscalização houve por bem lavrar Auto de Infração, afastando o método CPL, sem qualquer justificativa válida, alegando apenas que a DIPJ havia originalmente indicado o método PRL, tendo sido retificada para o método CPL em 23/10/2007. O Auto de Infração também glosou a compensação realizada pela impugnante no anocalendário de 2006. DA AFRONTA AO ARTIGO 40 DA IN SRF Nº 243/2002 Conforme se depreende do artigo 40 da IN SRF nº 243/2002, indicado o método pelo contribuinte no início da fiscalização, tal método somente pode ser afastado se não forem apresentados os elementos de prova para atestar a adoção do método eleito, ou se tais elementos forem imprestáveis. Fl. 2149DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.150 5 No entanto, no presente caso, a Auditora Fiscal acatou a correção do método eleito pela impugnante e os documentos por ela apresentados, e lavrou a autuação única e exclusivamente ao argumento de que a impugnante teria retificado a DIPJ para a indicação do método CPL após o início da fiscalização. O artigo 40 da IN SRF nº 243/2002 garante que, se o contribuinte indica um método no início da fiscalização, esse método deve ser aceito. E isso independentemente do declarado na DIPJ. Aliás, se o declarado na DIPJ fosse definitivo e vinculante, a fiscalização não precisaria pedir ao contribuinte que indicasse o método, visto que bastaria consultar a DIPJ. DAS REGRAS RELATIVAS AOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA Antes de apresentar suas razões de mérito, a contribuinte apresenta breve histórico da legislação brasileira que regula as regras de preço de transferência (fls. 447/452). DA AFRONTA À LIBERDADE DE ESCOLHA DO MÉTODO PELO CONTRIBUINTE Como visto, a autuação fundamentouse exclusivamente no fato de a impugnante ter informado em sua DIPJ o método PRL. Entretanto, a impugnante apresentou, em 23/10/2007, DIPJ retificadora, apresentando os cálculos de preço de transferência segundo o método CPL, visto que, após rever os cálculos efetuados na ocasião do preenchimento da DIPJ original, chegou à conclusão de que o método CPL era o mais adequado à realidade da operação da impugnante. Destaquese que, de acordo com a Lei nº 9.430/96, o contribuinte não somente tem a opção de escolher qual método aplicará, mas também o benefício de, no caso de eventual erro que o leve a indicar o método menos favorável, que este seja substituído, até mesmo de ofício, pelo outro método menos gravoso. No caso presente, a opção pela adoção de um método mais favorável foi realizada pela impugnante no início do procedimento de fiscalização, nos exatos termos, inclusive, do que dispõe a IN SRF nº 243/202. A amplitude do § 4º do artigo 18 da Lei nº 9.430/96 é tamanha que levou o professor Gerd Rothmann a concluir que a opção pelo método mais conveniente pode ser feita pelo contribuinte até mesmo no momento da impugnação. Outro não é o entendimento que vem sendo adotado pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, quando chamado a apresentar sua interpretação acerca do artigo 18, § 4º, da Lei nº 9.430/96, como se apreende dos julgados transcritos às fls. 456/457. Na presente autuação, é curioso e absurdo o fato de, após conduzir os trabalhos de fiscalização por quase um ano e meio analisando os cálculos efetuados pela impugnante segundo o método CPL, a fiscalização abruptamente descartou todas as informações entregues pela impugnante. Ressaltese que a fiscalização não teve qualquer motivo que justificasse a desconsideração do método CPL, visto que foram entregues absolutamente todas as informações requeridas pela fiscalização. Não há dúvidas que se os cálculos segundo o método CPL apresentassem maior ajuste, tais cálculos não seriam desconsiderados pela fiscalização. Assim sendo, mostrase cristalina a improcedência da autuação. DO MÉTODO CPL ADOTADO PELA IMPUGNANTE De modo a auxiliar a compreensão das planilhas apresentadas ao longo da ação fiscal e novamente anexados à presente impugnação, a impugnante apresenta, às fls. 458/462, roteiro contendo todos os passos necessários para a determinação do preçoparâmetro de acordo com o método CPL. Tal roteiro já constava das planilhas entregues à fiscalização. Para fins do roteiro, a seguir sintetizado, tomouse como exemplo o produto importado pela impugnante identificado nas planilhas apresentadas na impugnação (doc. 03) sob o part number RE 307.219.40, produzido no lote nº RE 2165/8011. · Total de peças produzidas: planilha “Detalhamento de material importado – ano 2003/Custo de produção” (doc. 03); · Composição unitária de cada peça: Certificados INTI (doc. 04) e planilhas “Faturas PT – ano 2003” (doc. 03) e “Faturas RH – ano 2003” (doc. 03); Fl. 2150DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.151 6 · Custo médio unitário direto de cada peça: planilha “Detalhamento de material importado – ano 2003/Custo de produção” (doc. 03) e cópia das faturas das aquisições das matériasprimas (doc. 05); · Custos indiretos unitários: planilha “Rateio de custos indiretos” (doc. 06); · Custo médio total do produto: soma do custo médio unitário direto com o custo indireto unitário; e Com os passos descritos às fls. 458/462, acima sintetizados, é possível se extrair o preçoparâmetro apenas e tão somente com base nos documentos apresentados no curso da ação fiscal e, novamente, acostados à presente peça. Aplicandose tal exemplo para todos os produtos importados pela impugnante no anocalendário de 2003, verificase que todos os custos informados pela Johnson Matthey Argentina coincidem com os anteriormente informados quando da apuração dos preçosparâmetro com base no método CPL. Demonstrase, assim, a correta apuração dos preçosparâmetro pela impugnante com base no método CPL no anocalendário de 2003, razão que, por si só, deve gerar o cancelamento do Auto de Infração. DA INADMISSÍVEL PRESUNÇÃO ABSOLUTA EM QUE SE FUNDOU A AUTUAÇÃO Como se não bastasse todo o acima exposto, a eleição arbitrária de um único método de preço de transferência e o abandono dos demais previstos na Lei nº 9.430/96 ainda implica, no caso concreto, a criação de uma presunção absoluta, não admitida pelo Direito pátrio e expressamente vedada pela referida lei. Ao criar as regras de preços de transferência, a Lei nº 9.430/96 só poderia criar, como de fato criou, presunções relativas, e não presunções absolutas. A presunção é relativa porque, determinado o preçoparâmetro por um dos métodos previstos na lei, o contribuinte tem o direito de demonstrar que tal preçoparâmetro não reflete o valor de mercado no caso concreto, mormente se utilizar para tanto um dos outros métodos previstos na própria lei. Assim, deve ser garantido o direito da impugnante de demonstrar a adequação do valor de suas importações aos parâmetros de mercado, cancelandose o Auto de Infração ora impugnado. DO TRATADO FIRMADO PELO BRASIL: A IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO DO PRINCÍPIO ARM’S LENGTH PELA LEI INTERNA Ainda que houvesse qualquer limitação na lei interna brasileira quanto à possibilidade de adoção dos cálculos apresentados pela impugnante durante a fiscalização, os quais implicaram mudança no método e critério adotados na DIPJ apresentada, o fato é que grande parte das importações realizadas pela impugnante contam com a proteção de tratados firmados pelo Brasil para evitar a dupla tributação. Todos os produtos que tiveram método e critério alterados durante o procedimento de fiscalização tem como origem a Argentina, país com o qual o Brasil firmou tratado para evitar a dupla tributação, internalizado em nosso ordenamento jurídico por meio do Decreto nº 87.976/82. A determinação expressa do artigo 98 do CTN é de que os tratados internacionais para evitar a dupla tributação prevalecem sobre a legislação tributária interna. Por essa razão, os Estados Contratantes somente podem tributar uma determinada situação, se tal tributação não estiver vedada pelo acordo de bitributação. O artigo 9 "b", do acordo para evitar a bitributação firmado pelo Brasil dispõe que: "Artigo 9 Empresas Associadas Quando: (...) b) as mesmas pessoas participarem direta ou indiretamente da direção, controle ou capital de uma empresa de um Estado Contratante e de uma empresa do outro Estado Contratante, e em ambos os casos, as duas empresas estiverem ligadas, nas suas relações comerciais e financeiras, Fl. 2151DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.152 7 por condições aceitas ou impostas que difiram das que seriam estabelecidas entre empresas independentes, os lucros que, sem essas condições, teriam sido obtidos por uma das empresas, mas não o foram por causa dessas condições, podem ser incluídos nos lucros dessa empresa e tributados como tal". O texto acima transcrito corresponde a uma fiel reprodução do artigo 9º da Convenção Modelo da OCDE e, segundo a própria OCDE, veicula regra no sentido que "não é autorizado qualquer ajuste nas contas de empresas associadas se as transações entre tais empresas se efetuaram em condições de um mercado aberto normal (em bases arm's length)’”. Nesse caso, a legislação interna brasileira poderá ser aplicada apenas na hipótese de as transações entre a impugnante e sua vinculada não se enquadrem no parâmetro "arm's length". Assim, ainda que se entendesse que as normas brasileiras não autorizariam que os cálculos apresentados durante a fiscalização fossem tomados em consideração, seria mandatório admitir que essa vedação estaria afastada pelo tratado firmado pelo Brasil com a Argentina. Assim, por mais esse motivo, mostramse totalmente improcedentes as pretensões fiscais no caso presente. DO PEDIDO Por todo o exposto, requer a impugnante que seja cancelada integralmente a exigência. Por fim, protesta por todos os meios de prova em Direito admitidos. Analisando a impugnação apresentada, a turma julgadora de primeira instância julgoua parcialmente procedente, cancelando a exigência referente à insuficiência de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL, de períodos anteriores, compensados indevidamente. O contribuinte foi intimado da decisão em 10 de junho de 2014 (fl. 2092), apresentando recurso voluntário de fls. 20942108 em 02 de julho de 2014. Em resumo, reafirma os termos de sua impugnação, argumento que a IN SRF 243/2002 seria ilegal e requerendo a adoção de outros métodos para cálculo dos ajustes referentes ao preço de transferência, diferente daqueles indicados na DIPJ e adotados pela fiscalização na realização do lançamento. É o relatório. Fl. 2152DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.153 8 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário é tempestivo e assinado por procurador devidamente habilitado. Desse modo, dele conheço. 2 MÉRITO Inicialmente, convém ressaltar que, tratandose de exigências de IRPJ e CSLL com base nos mesmos dispositivos legais, o decidido quanto ao IRPJ aplicase integralmente à exigência de CSLL. 2.1 DA IMPOSSIBILIDADE DE DESCONSIDERAÇÃO DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS À FISCALIZAÇÃO E DA ADOÇÃO DO MÉTODO MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE Aduz a recorrente que embora tenha informado em DIPJ que adotaria o método PRL20 para cálculo do preço de transferência, intimada pela autoridade fiscal a informar qual o método adotado teria informado ter optado pelo CPL, apresentando toda a documentação necessária à demonstração das correções dos cálculos por ela efetuados. Em síntese, afirma que a autoridade fiscal não poderia ter desconsiderado a documentação apresentada, sendo obrigatório, por parte do Fisco, a adoção do método mais favorável ao contribuinte. Pois bem, não há dúvidas de que seria possível a utilização tanto do método PRL20 quanto do método CPL. Contudo, para fins de ajustes relativos a preços de transferência, embora o contribuinte tenha direito a optar, entre os critérios fixados por lei, pelo método lhe entenda mais favorável, tal opção está sujeita a marcos temporais. Para o contribuinte o momento adequado para demonstrar qual foi a sua opção, entre os métodos passíveis de adoção, para cálculo do preço de transferência, informandoa em sua DIPJ. A esse respeito, vejase o disposto no § 4º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: [...] Fl. 2153DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.154 9 § 4º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] Portanto, na entrega da DIPJ pode o contribuinte optar pelo método que lhe for mais favorável. Digo mais, antes de iniciado o procedimento fiscal, poderia o contribuinte retificar sua DIPJ e até mesmo alterar o método inicialmente utilizado. No entanto, há que se observar que o início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade do contribuinte, nos termos do §1º do artigo 7º do Decreto 70.235/72, in verbis: Art. 7º [...] § 1º O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Nesse sentido, observese a Solução de Consulta Interna SCI Cosit nº 20/2009, que conclui o seguinte: 13.1 Após o início da ação fiscal, o contribuinte não se encontra em situação de espontaneidade para alterar opções por ele antes realizadas em declaração. Assim, vinculado a sua opção, ele deve se sujeitar à verificação da autoridade fiscal, nos termos da legislação. Apenas no caso de erro, devidamente comprovado, cabe alteração de declarações regularmente entregues ao fisco. 13.2 A eleição de determinado método de apuração do valor de ajuste referente a preços de transferência demanda a manutenção da memória de cálculo do ajuste e dos documentos comprobatórios dos respectivos valores. Não sendo demonstrada a correção do ajuste declarado, cabe à autoridade fiscal levantar o valor do ajuste nos termos da legislação – que defere a ela prerrogativa de escolha do método. Não é possível que, nesse momento, o contribuinte realize – a seu livre talante – eleição de outro método de cálculo de preço parâmetro, e exija do Fisco a utilização desse segundo método escolhido. 13.3 Todo ato processual, ainda que em fase inquisitória, é fundamental ao desenvolvimento do processo administrativo ou judicial tributários, e para que o processo seja processo, as prerrogativas e os ônus processuais devem ser aplicados independentemente da vontade das partes, na medida em que seu objeto é indisponível ao particular e ao Fisco: constituição do crédito tributário, uma vez materializada a hipótese de incidência tributária. Fl. 2154DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.155 10 Desse modo, como bem asseverado pela decisão de primeira instância, [...] uma vez afastada a espontaneidade, exceto nas hipóteses em que seja constatado erro de fato no preenchimento da DIPJ, os dados informados se tornam definitivos, não cabendo mais ao contribuinte rever as opções levadas a efeito na DIPJ apresentada, que, no caso em tela, foi pela aplicação dos métodos PRL20 e PRL60 (DIPJ/2005, fls. 33/82). Há que se observar, ainda, que o artigo 18, § 4º, da Lei nº 9.430/96 não impõe à fiscalização a apuração dos preços de transferência por mais de um método e a escolha do mais favorável ao contribuinte. Essa é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização. Nesse sentido, convém destacar o disposto no artigo 40 da IN SRF nº 243/2002: Art. 40. A empresa submetida a procedimentos de fiscalização deverá fornecer aos AuditoresFiscais da Receita Federal (AFRF), encarregados da verificação: I a indicação do método por ela adotado; II a documentação por ela utilizada como suporte para determinação do preço praticado e as respectivas memórias de cálculo para apuração do preço parâmetro e, inclusive, para as dispensas de comprovação, de que tratam os arts. 35 e 36. Parágrafo único. Não sendo indicado o método, nem apresentados os documentos a que se refere o inciso II, ou, se apresentados, forem insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço, os AFRF encarregados da verificação poderão determinálo com base em outros documentos de que dispuserem, aplicando um dos métodos referidos nesta Instrução Normativa. Posteriormente à ocorrência do fato gerador a que se refere a presente exigência, houve alteração legislativa sobre o tema, restando evidente não ser possível, por parte do contribuinte, a alteração do método eleito após o início do procedimento fiscal, mas flexibilizando a possibilidade de escolha do contribuinte quando a fiscalização vier a desqualificar o método adotado inicialmente pelo contribuinte, e, mesmo nessa hipótese, não se impôs ao Fisco a escolha do método que implicasse o menor ajuste (conforme argumenta a recorrente), mas sim ao contribuinte apresentar novo cálculo com qualquer outro método previsto na legislação. Vejase o art. 20A incluído na Lei nº 9.430/96 pela Lei nº 12.715/2012: Art. 20A. A partir do anocalendário de 2012, a opção por um dos métodos previstos nos arts. 18 e 19 será efetuada para o anocalendário e não poderá ser alterada pelo contribuinte uma vez iniciado o procedimento fiscal, salvo quando, em seu curso, o método ou algum de seus critérios de cálculo venha a ser desqualificado pela fiscalização, situação esta em que deverá ser intimado o sujeito passivo para, no prazo de 30 (trinta) dias, apresentar novo cálculo de acordo com qualquer outro método previsto na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) Fl. 2155DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.156 11 § 1º A fiscalização deverá motivar o ato caso desqualifique o método eleito pela pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) § 2º A autoridade fiscal responsável pela verificação poderá determinar o preço parâmetro, com base nos documentos de que dispuser, e aplicar um dos métodos previstos nos arts. 18 e 19, quando o sujeito passivo, após decorrido o prazo de que trata o caput: (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) I não apresentar os documentos que deem suporte à determinação do preço praticado nem às respectivas memórias de cálculo para apuração do preço parâmetro, segundo o método escolhido; (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) II apresentar documentos imprestáveis ou insuficientes para demonstrar a correção do cálculo do preço parâmetro pelo método escolhido; ou (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) III deixar de oferecer quaisquer elementos úteis à verificação dos cálculos para apuração do preço parâmetro, pelo método escolhido, quando solicitados pela autoridade fiscal. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) § 3º A Secretaria da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda definirá o prazo e a forma de opção de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) É importante ressaltar que o argumento da recorrente de que a vedação à alteração do método após início do procedimento fiscal somente poderia se dar a partir da edição desse novo dispositivo legal não se sustenta. Na realidade, esse novel tratamento legal foi editado com o fito de beneficiar o contribuinte que, antes dessa alteração legislativa, após desclassificação realizada pela fiscalização em relação ao método eleito inicialmente pelo sujeito passivo, não possuía qualquer direito a nova opção de método, ficando ao talante da fiscalização adotar o método que entendesse cabível. Com a edição da nova norma, havendo desclassificação do método utilizado pelo contribuinte, o método a ser aplicado no lançamento não mais ficou à livre escolha da autoridade fiscal, possibilitandose ao contribuinte, dentro de certos parâmetros, a livre eleição de novo método que vier entender a ser o mais satisfatório. Por fim, e como segundo fundamento para manter o lançamento, no caso concreto, frisase, não houve desclassificação do método eleito e informado pelo contribuinte em DIPJ, pois o lançamento se realizou exatamente com base no método informado nessa declaração, qual seja, o PRL20, ou seja, ainda que se aplicasse o disposto no art. 20A incluído na Lei nº 9.430/96 pela Lei nº 12.715/2012, o que se faz por amor ao debate, a recorrente não estaria autorizada a alterar o método informado em sua DIPJ em razão de a autoridade fiscal autuante não têlo desclassificado. Assim sendo, devem ser desconsiderados os cálculos com base no método CPL apresentados pela recorrente, mantendose o método PRL20 utilizado pela autoridade fiscal quando da realização do lançamento. Fl. 2156DF CARF MF Processo nº 16561.000217/200860 Acórdão n.º 1301003.034 S1C3T1 Fl. 2.157 12 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 2157DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10315.900427/2011-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
RESSARCIMENTO. FABRICAÇÃO DE PRODUTOS NÃO-TRIBUTADOS (NT).
O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, do saldo credor de IPI decorrente da aquisição de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados na industrialização de produtos, isentos ou tributados à alíquota zero, não alcança os insumos empregados em mercadorias não-tributadas (N/T) pelo imposto.
Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-004.119
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Renato Vieira de Avila (Suplente), Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Renato Vieira de Avila (Suplente), Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 RESSARCIMENTO. FABRICAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, do saldo credor de IPI decorrente da aquisição de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados na industrialização de produtos, isentos ou tributados à alíquota zero, não alcança os insumos empregados em mercadorias nãotributadas (N/T) pelo imposto. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Renato Vieira de Avila (Suplente), Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 5. 90 04 27 /2 01 1- 81 Fl. 414DF CARF MF Processo nº 10315.900427/201181 Acórdão n.º 3301004.119 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de pedido de ressarcimento do saldo credor do IPI, apurado no período em destaque, para ser utilizado na compensação dos débitos declarados. A autoridade competente, por meio de Despacho Decisório, indeferiu o pedido em razão do produto que a empresa produz e comercializa ser, exclusivamente, água mineral natural (sem gás) classificada como NT (nãotributado) na TIPI, não podendo portanto creditarse do IPI referente a aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem empregados na produção de tal produto. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alegou, em síntese, que tem direito ao ressarcimento por força do princípio da nãocumulatividade previsto no artigo 153,§ 3º, II, da Constituição Federal e que o direito pleiteado encontra amparo na Lei nº 9.779, de 1999, art. 11, conforme doutrina e julgados que cita. A DRJ em Ribeirão Preto/SP, em primeira Decisão, julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Ao apreciar Recurso Voluntário, o Colegiado do Carf, em primeira assentada, deliberou por anular a decisão de primeiro grau, nos seguintes termos: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PREMISSA FÁTICA EQUIVOCADA. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. Nula a decisão que adota como premissa fática produto final diferente daquele objeto do direito creditório pleiteado. Ao considerar que o contribuinte é produtor de livros, ao invés de água mineral, a decisão recorrida contém vício material insanável, devendo haver novo julgamento que considere os fatos efetivamente ocorridos, sob pena de se configurar cerceamento de defesa. Decisão de primeira instância anulada. O processo retornou à primeira instância. A manifestação de inconformidade foi reapreciada e novamente julgada improcedente, como segue: RESSARCIMENTO. FABRICAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, do saldo credor de IPI decorrente da aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados na industrialização de produtos, isentos ou tributados à alíquota zero, não alcança os insumos empregados em mercadorias nãotributadas (N/T) pelo imposto. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Fl. 415DF CARF MF Processo nº 10315.900427/201181 Acórdão n.º 3301004.119 S3C3T1 Fl. 4 3 Novo recurso voluntário foi interposto, contendo, resumidamente, o seguinte: i) o direito ao crédito está fundado na princípio constitucional da não cumulatividade, não podendo ser limitado por normas infraconsitucionais, tais como a Lei n° 9.779/99 e a IN n° 31/99, que a regulamentou; ii) o texto constitucional restringiu os créditos de ICMS, não admitindo o aproveitamento, quando a operação subsequente for beneficiada por isenção ou não incidência, o que não ocorreu com o IPI; e iii) a Lei n° 9.779/99 não prevê qualquer ressalva ao direito à manutenção dos créditos, em razão de saídas de produtos não tributados, e, ao contrário do que aduziu a decisão da DRJ, não instituiu crédito presumido em favor de industriais, porém disciplinou a utilização do saldo credor do IPI, inclusive em casos de produtos isentos ou alíquota zero. É o relatório, na essência do que interessa ao julgamento. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.105, de 25 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10315.900419/201134, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.105): "O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. A contenda resumese à pretenso direito aos créditos previstos na Lei nº 9779, de 1999, art. 11, pelas entradas de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem (MP, PI e ME), utilizados na produção de mercadorias nãotributadas (NT) pelo IPI. 1. Do Crédito de IPI Produto NT Assim dispõe o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, resultante da conversão da Medida Provisória nº 1.788, de 30 de dezembro de 1998: Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda. Fl. 416DF CARF MF Processo nº 10315.900427/201181 Acórdão n.º 3301004.119 S3C3T1 Fl. 5 4 Em atenção à prerrogativa disposta no final do art. 11, suso transcrito, a RFB, então SRF, publicou a IN SRF nº 33, de 1999, disciplinando a apuração e a utilização de créditos do IPI, na espécie. Posteriormente o Decreto nº 4.544/2002 (RIPI/2002) consolidou e ratificou o entendimento constante da IN/SRF nº 33/99, no sentido de que, a partir de 01/01/1999, os estabelecimentos industriais passaram a ter direito ao crédito do IPI relativo às MP, PI e ME empregados na industrialização de produtos imunes, isentos e tributados à alíquota zero, excetuandose somente os produtos nãotributados. E mais, o mesmo RIPI de 2002, art. 164, inciso I, replicado no Decreto nº 7212/2010 (RIPI/2010), art. 226, inciso I, estabeleceu duas condições para o creditamento do IPI, relativamente a MP, PI e ME: (i) deter a natureza de estabelecimento industrial ou equiparado e (ii) o produto resultante da industrialização deve ser tributado: Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse: I do imposto relativo a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; [...] Do trabalho fiscal realizado, consubstanciado em informações colhidas relativas aos anos de 2006 a 2009, restou concluso que a atividade da empresa é a produção exclusivamente de água mineral, sem gás, classificada na TIPI como "NT". Isso é incontroverso. A própria recorrente declarou que os produtos de sua fabricação limitamse a quatro itens, todos referentes a água mineral natural, sem gás: (i) Garrafão de 20 L. (ii) Garrafão de 10 L, (iii) Garrafas de 500 ML e (iv) Garrafas de 1.500 ML. Ademais, à exceção dos Garrafões (10L e 20L) que são incorporados ao Ativo Permanente da empresa, os demais produtos adquiridos com incidência de IPI são utilizados como insumos na fabricação de água mineral natural. Portanto, resta concluso que a recorrente não atende às condições necessárias para o creditamento, posto que os "insumos" são integralmente destinados a fabricação de produtos "NT". Assim, se a recorrente sequer realiza operação com tributação do IPI não poderá apurar creditamento do imposto, por óbvio. Não por outra razão, dispõe o Decreto nº 7.212/2010 (RIPI), art. 251, § 1º, repetindo o texto constante do Decreto nº 4.544/2002, art. 190, § 1º: Art. 251. Os créditos serão escriturados pelo beneficiário, em seus livros fiscais, à vista do documento que lhes confira legitimidade: [...]. Fl. 417DF CARF MF Processo nº 10315.900427/201181 Acórdão n.º 3301004.119 S3C3T1 Fl. 6 5 § 1o Não deverão ser escriturados créditos relativos a matéria prima, produto intermediário e material de embalagem que, sabidamente, se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados compreendidos aqueles com notação “NT” na TIPI, os imunes, e os que resultem de operação excluída do conceito de industrialização ou saídos com suspensão, cujo estorno seja determinado por disposição legal. [...] Por derradeiro, pondo uma pá de cal na celeuma, o Carf publicou a Súmula CARF n° 20, nos seguintes termos: "Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT." 2. Constitucionalidade de Lei Sustenta a recorrente, em exaustivas divagações, que o indeferimento de seu direito aos créditos de IPI, além de fundamentarse em Decreto que entende inconstitucional, afronta aos princípios constitucionais da não cumulatividade, seletividade e isonomia. Já pacificado em nossa jurisprudência, as alegações e os pedidos alternativos com base na ofensa aos princípios da capacidade contributiva, da legalidade, da razoabilidade e do não confisco, não podem ser analisadas no julgamento do processo administrativo fiscal. Nessa sede não se julgam argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade da legislação. Tratase, na verdade, de entendimento há tempo consagrado no âmbito dos tribunais administrativos, já sumulada nesse conselho: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais o Regimento Interno do Carf, art. 62, veda ao conselheiro afastar a aplicação de Lei ou Decreto, conforme tenta impingir o recorrente. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. No mais, o Acórdão recorrido deve ser integralmente preservado, sejam pelos fundamentos suso expostos ou por seus próprios fundamentos, nos termos da Portaria MF nº 343, de 2015 (Ricarf), art. 27, § 3º, com a redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017. 3. Dispositivo Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Fl. 418DF CARF MF Processo nº 10315.900427/201181 Acórdão n.º 3301004.119 S3C3T1 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 419DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15868.001500/2009-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS.
O cálculo do crédito presumido de IPI para ressarcimento de PIS/COFINS, previsto na Lei 9.363/96, deve considerar os valores referentes às aquisições de pessoas físicas. Entendimento obrigatório em razão do disposto no Art. 62 A do RICARF em conjunto com a decisão em sede de recurso repetitivo do STJ em RE n.º 993.164/MG.
Numero da decisão: 3201-003.658
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Processo julgado em sessão de julgamento do dia 19/04/2018, no período da tarde.
(assinatura digital)
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. O cálculo do crédito presumido de IPI para ressarcimento de PIS/COFINS, previsto na Lei 9.363/96, deve considerar os valores referentes às aquisições de pessoas físicas. Entendimento obrigatório em razão do disposto no Art. 62 A do RICARF em conjunto com a decisão em sede de recurso repetitivo do STJ em RE n.º 993.164/MG.
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INDÚSTRIA E COMÉRCIO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. O cálculo do crédito presumido de IPI para ressarcimento de PIS/COFINS, previsto na Lei 9.363/96, deve considerar os valores referentes às aquisições de pessoas físicas. Entendimento obrigatório em razão do disposto no Art. 62 A do RICARF em conjunto com a decisão em sede de recurso repetitivo do STJ em RE n.º 993.164/MG. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Processo julgado em sessão de julgamento do dia 19/04/2018, no período da tarde. (assinatura digital) CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 00 15 00 /2 00 9- 82 Fl. 368DF CARF MF 2 Schappo, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 323 em face da decisão de primeira instância da DRJ/BA de fls. 310, que manteve o AI de IPI de fls. 256, por não recolhimento do tributo, consequente do aproveitamento indevido de crédito presumido de IPI na aquisição de canadeaçúcar de pessoa física. Como é de costume desta Turma de julgamento a transcrição do relatório do Acórdão de primeira instância, segue para apreciação conforme fls. apontadas acima: "Tratase de Auto de Infração (fls.255/258) e Demonstrativos (fls.259/261), lavrado contra a contribuinte acima identificada, que pretende a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, no valor do principal de R$41.088,97 e acréscimos da multa de ofício e dos juros de mora, totalizando o crédito tributário no valor de R$74.765,89, tendo em vista a utilização de crédito presumido indevido que fora transferido pela matriz, conforme descrito no Termo de Constatação Fiscal, fls.250/254. Consta no relatório fiscal, ora sintetizado que: • mediante verificações obrigatórias constatouse no Livro Registro de IPI o lançamento do crédito extemporâneo no valor de R$1.687.916,04, no mês de maio/2008, relativo aos anos calendários de 2006 e 2007, com base na Lei nº9.363, de 13 de dezembro de 1996; • as planilhas de cálculo e fundamentação legal utilizadas pela empresa constam às fls.04/237; • a empresa é uma usina produtora de açúcar e álcool sendo sua produção de exportação o açúcar bruto de cana, tipo VHP; • o álcool produzido pela usina é todo ele comercializado no mercado interno; • verificando a documentação que compõem o estudo feito pela KPMP notouse que a empresa considerou as compras de matéria prima (cana de açúcar) adquiridas de pessoas físicas, não contribuintes do PIS/Cofins, para efeito de cálculo do crédito presumido, agindo totalmente contra a legislação que rege a matéria, assim, excluindo tais valores verificase a utilização dos créditos presumidos utilizados indevidamente nos valores de R$325.968,15 e R$434.238,02, respectivamente; • do total de R$1.687.916,04 registrado como crédito no LRAIPI da matriz, no mês de maio/2008, documento de fls.238/240, referente ao crédito presumido de IPI, excluiuse os valores de Fl. 369DF CARF MF Processo nº 15868.001500/200982 Acórdão n.º 3201003.658 S3C2T1 Fl. 369 3 R$325.968,15 e R$434.238,02 apropriado indevidamente, restando a quantia de R$927.709,87 como crédito a ser aproveitado e que foi totalmente transferido para filiais da empresa; • a matriz CNPJ 51.086.080/000180 transferiu parte do crédito para as filiais de Araçatuba (CNPJ /000938, presente processo) e Jales (CNPJ /0011452), nos valores de R$29.986,87 e R$17.372,04, respectivamente, nos meses de outubro e novembro de 2008, que glosados, conforme planilha demonstrativa de reconstituição da escrita fiscal, documentos de fls.241/248, originou os saldos devedores nos meses de outubro, novembro e dezembro, nos valores de R$18.884,77, R$11.102,10 e R$11.102,10; O enquadramento legal prevê infração aos artigos: 34, II, 122, 124, 125, III, 127, 130, 199 e parágrafo único, 200, III e IV, 202, inciso III e V, do Decreto n°4.544/02 (RIPI/02. Cientificada do lançamento, em 04/09/2009, fl.254 e 262, a interessada apresenta a impugnação de folhas 265/282, em 05/10/2009, fl. 265, sendo essas as suas razões de defesa: • na consecução do seu objeto social, que discrimina, argumenta que faz jus ao benefício, apurado na forma de crédito presumido de IPI, utilizado para o efeito de ressarcimento da Contribuição ao PIS e da Cofins, tendo feito a apuração do crédito com base na Lei nº9.363, de 1996, sobre o total das aquisições de matériasprimas, material de embalagem e produto intermediário; • o auditor fiscal da RFB no exercício de suas funções realizou diligência na sede da empresa e verificou que a impugnante considerou as compras de matéria prima, adquiridas de pessoa física, não contribuintes do PIS e da Cofins, para efeito de cálculo do crédito presumido; • mas nem a Lei nº9.363, de 1996, e nem o próprio Decretolei nº1.248, de 1972, que transcreve, faz qualquer distinção quanto ao fato de os fornecedores diretos destes insumos serem ou não contribuintes da Contribuição ao PIS e Cofins; • objetivo deste benefício fiscal é estimular a exportação como um todo, desonerando a produção destinada ao exterior, tornando o produto brasileiro competitivo no mercado internacional, conforme consta na Exposição de Motivos consignada na Mensagem 334, originária nº907/94, emitido pelo Ministro da Fazenda, que transcreve, não sendo o benefício fiscal simplesmente um favor fiscal; • o benefício se aplica em relação a todos os insumos qualificados como MP, ME e PI, e não apenas aos insumos adquiridos de fornecedores sujeitos aos recolhimento da Fl. 370DF CARF MF 4 Contribuição para o PIS e da Cofins, não restringindo se pessoas físicas ou jurídicas, contribuintes ou não; • no Brasil vigora o Princípio da Legalidade, e, se a lei não distinguiu, não cabe ao interprete fazêlo; • a restrição pretendida pelo Fisco encontrase prevista na Instrução Normativa SRF nº419/04 que revogou a IN SRF nº23/97, que já foi objeto de análise e repudiada pelo antigo conselho de Contribuintes. Tanto o CARF quanto o Superior Tribunal de Justiça deixam claro seu entendimento de que a Lei nº9.363, de 1996, prevê que a base de cálculo do benefício abrange o total das aquisições, conforme julgados que transcreve; • a concessão de benefícios e de tributos interpretase de forma estrita, nos termos do art.111 do CTN, que transcreve; • as restrições ao gozo do benefício contrária ao art.111 o CTN, estão em total descompasso com as técnicas da hermenêutica; • requer o cancelamento do auto de infração e reconhecimento do crédito presumido apurado nas aquisições de pessoas físicas. Tendo em vista a determinação contida na Portaria RFB/Sutri nº2.977, de 21 de junho de 2011, o processo foi transferido em 22/06/2011, para esta DRJ, para julgamento, conforme despacho de encaminhamento de fl.309." Este Acórdão de primeira instância da DRJ/BA de fls. 310 foi publicado com a seguinte Ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 INSUMOS. PESSOA FÍSICA Os valores referentes às aquisições de insumos de pessoas físicas, não contribuintes do PIS/Pasep e da Cofins, não integram o cálculo do crédito presumido por falta de previsão legal. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido." Os autos foram distribuídos para este Conselheiro e pautados para julgamento nos moldes do regimento interno. Relatório proferido. Voto Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 15868.001500/200982 Acórdão n.º 3201003.658 S3C2T1 Fl. 370 5 Conforme o Direito Tributário, a legislação, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Por conter matéria preventa desta 3.ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, o tempestivo Recurso Voluntário deve ser conhecido. De início, é importante reconhecer que o crédito presumido de IPI para ressarcimento de PIS/COFINS previsto na Lei 9.363/96, em uma visão breve e prática, tem o objetivo e fim social de ressarcir as contribuições da cadeia nacional industrial exportadora para que não seja exportado valor do tributo, com a consequente desoneração da cadeia produtiva e fortalecimento da competitividade da indústria nacional no mercado internacional. Verificase nos autos que a fiscalização entendeu que alguns valores não devem compor a base de cálculo dos créditos e glosou os valores referentes às aquisições de insumos de pessoas físicas. Em relação aos créditos sobre os insumos adquiridos de pessoas físicas, é importante mencionar que tanto a jurisprudência deste Conselho, a exemplo cito o Acórdão da Câmara Superior n.º 9303001.402, como a Jurisprudência do STJ em sede recurso repetitivo conforme o REsp n.º 993.164, consideram pacífica a admissibilidade destes créditos. Inclusive, as decisões do Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo são entendimentos obrigatórios em razão do disposto no Art. 62A do RICARF. Diante do exposto, votase para DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Voto proferido. (assinado digitalmente) Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 372DF CARF MF
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Numero do processo: 14098.720205/2014-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
INTIMAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO. OPÇÃO PELO DOMICILIO TRIBUTÁRIO ELETRÔNICO NO CURSO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. TEMPESTIVIDADE.
A Portaria SRF 259/2006, conforme redação dada pela Portaria RFB 574/2009, prevê como ônus da Receita Federal informar ao contribuinte especificamente o processo no qual será permitida a prática de atos de forma eletrônica. Considerando que todas as intimações entregues ao contribuinte haviam ocorrido na forma postal e que a Receita Federal não o informou especificamente sobre o trâmite eletrônico do presente processo, é de se considerar tempestivo o recurso apresentado dentro do prazo de 30 dias contados da data da abertura dos arquivos digitais.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
GLOSA DE DESPESAS CONSIDERADAS INEXISTENTES. AUTO DE INFRAÇÃO QUE NÃO TRAZ INDÍCIOS CONVERGENTES PARA A TESE QUE PRETENDE COMPROVAR.
Não subsiste o auto de infração baseado na inexistência de despesas pagas a empresa integrante do mesmo grupo quando o contribuinte reúne provas capazes de infirmar cada um dos indícios apontados pela fiscalização. A melhoria da estrutura organizacional de um grupo de empresas é causa suficiente para que se criem pessoas jurídicas e se segreguem atividades, sendo que, contanto que tais pessoas jurídicas efetivamente existam e cumpram este papel, sua criação é plenamente legítima, não sendo estritamente necessário que realizem atividades perante terceiros.
Numero da decisão: 1401-002.506
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Livia De Carli Germano - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Claudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: 09482231708 - CPF não encontrado.
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Recorrente SOUBHIA & CIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 INTIMAÇÃO POR MEIO ELETRÔNICO. OPÇÃO PELO DOMICILIO TRIBUTÁRIO ELETRÔNICO NO CURSO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. TEMPESTIVIDADE. A Portaria SRF 259/2006, conforme redação dada pela Portaria RFB 574/2009, prevê como ônus da Receita Federal informar ao contribuinte especificamente o processo no qual será permitida a prática de atos de forma eletrônica. Considerando que todas as intimações entregues ao contribuinte haviam ocorrido na forma postal e que a Receita Federal não o informou especificamente sobre o trâmite eletrônico do presente processo, é de se considerar tempestivo o recurso apresentado dentro do prazo de 30 dias contados da data da abertura dos arquivos digitais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 GLOSA DE DESPESAS CONSIDERADAS INEXISTENTES. AUTO DE INFRAÇÃO QUE NÃO TRAZ INDÍCIOS CONVERGENTES PARA A TESE QUE PRETENDE COMPROVAR. Não subsiste o auto de infração baseado na inexistência de despesas pagas a empresa integrante do mesmo grupo quando o contribuinte reúne provas capazes de infirmar cada um dos indícios apontados pela fiscalização. A melhoria da estrutura organizacional de um grupo de empresas é causa suficiente para que se criem pessoas jurídicas e se segreguem atividades, sendo que, contanto que tais pessoas jurídicas efetivamente existam e cumpram este papel, sua criação é plenamente legítima, não sendo estritamente necessário que realizem atividades perante terceiros. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 8. 72 02 05 /2 01 4- 91 Fl. 4061DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Claudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Leticia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). Relatório Tratase de auto de infração lavrado para cobrança de IRPJ e CSLL referentes aos anoscalendário de 2009 a 2012, em razão da glosa de despesas consideradas não necessárias/inexistentes, relativas aluguéis e serviços pagos à sociedade Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda. A fiscalização lançou multa qualificada de 150% por entender que "a empresa Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda foi uma criação com fim único de gerar despesas fictícias e reduzir o quanto tributável". Apresentada impugnação, a DRJ em Recife/PE a julgou improcedente em 23 de dezembro de 2015, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 COMPROVAÇÃO DE RECEITA. NOTAS FISCAIS. O auferimento de receitas pelas pessoas jurídicas, quando desobrigadas ou impossibilitadas de emissão de nota fiscal ou documento equivalente, em razão da nãoautorização de impressão pelo órgão competente, deve ser comprovado com documentos de indiscutível idoneidade e conteúdo esclarecedor das operações a que se refiram, tais como livros de registros, recibos, contratos etc, desde que a lei não imponha forma especial. DESPESAS NÃO COMPROVADAS. PROVA DA EFETIVIDADE, NECESSIDADE, USUALIDADE E NORMALIDADE DAS DESPESAS. Deixando o contribuinte de apresentar à Fiscalização qualquer documento que embase a dedução de despesas com serviços a ele prestados por terceiro, não basta que traga aos autos, em sede de impugnação, os respectivos Fl. 4062DF CARF MF Processo nº 14098.720205/201491 Acórdão n.º 1401002.506 S1C4T1 Fl. 4.062 3 contratos. Deverá fazer a prova completa, com documentação pertinente, de que as despesas foram efetivamente incorridas, que são necessárias, usuais e normais à sua atividade. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Até então todas as intimações à contribuinte haviam sido realizadas via postal, por meio de Aviso de Recebimento. A impugnação também foi apresentada em meio físico conforme atesta o carimbo de fls. 2824. O demonstrativo de fl. 3957 atesta que o acórdão da DRJ foi disponibilizado eletronicamente à contribuinte, através da Caixa Postal no Módulo eCAC do Site da Receita Federal, em 4 de janeiro de 2016. Tal documento registra, ainda, que a contribuinte teve ciência do acórdão da DRJ em 19 de janeiro de 2016, em razão do decurso do prazo de 15 dias contados da sua disponibilização eletrônica. Em 23 de fevereiro de 2016, conforme atesta o documento de fl. 3958, a empresa acessou o teor dos documentos pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), através da opção Consulta Comunicados/Intimações ou Consulta Processos, os quais já se encontravam disponibilizados desde 04/01/2016 na Caixa Postal. Então, em 22 de março de 2016 a contribuinte apresentou recurso voluntário (fl. 3965), em meio físico. Em 26 de julho de 2017 esta Turma resolveu baixar o processo em diligência nos termos da Resolução 1401000470, cujo trecho final transcrevo abaixo (com grifos): Neste sentido, entendo que o presente julgamento deve ser convertido em diligência a fim de que a unidade de origem (i) junte aos autos comprovante de opção da contribuinte pelo domicílio tributário eletrônico (DTE), se houver, indicando a data de tal opção; (ii) informe em linhas gerais como funciona o procedimento de adesão ao DTE; e (iii) informe se os contribuintes têm acesso a intimações sem terem feito a opção pelo DTE. Neste período deve também ser intimada a contribuinte para provar, se entender necessário, a ocorrência de justa causa que a tenha impedido de recorrer no prazo legal, nos termos do § 1º do art. 223 do Código de Processo Civil: Art. 223. Decorrido o prazo, extinguese o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa. § 1o Considerase justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. § 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar. Após, voltem os autos para julgamento neste CARF. Fl. 4063DF CARF MF 4 A unidade de origem atendeu apenas parcialmente a diligência, tendo se limitado a anexar, sem qualquer esclarecimento adicional, um print da tela que comprovaria a adesão da contribuinte ao DTE em 11/08/2014, conforme fls. 426 e 427, que passo a reproduzir: Em 16 de novembro de 2017 a Contribuinte apresentou manifestação acerca da Resolução deste CARF, após ser intimada especificamente a provar a ocorrência de justa causa que a tenha impedido de recorrer no prazo legal, nos termos do parágrafo 1º do art. 223 do Código de Processo Civil. Fl. 4064DF CARF MF Processo nº 14098.720205/201491 Acórdão n.º 1401002.506 S1C4T1 Fl. 4.063 5 Em tal petição a Contribuinte alega que não havia sido informada que o processo passaria a se desenvolver de forma eletrônica, razão porque apenas se deu conta da decisão ao acessar aleatoriamente a sua caixa postal eletrônica em 23/02/2016, tendo apresentado o recurso no prazo de 30 dias contados desta data. Sustenta que a informação de que o processo tramitará de forma eletrônica deve ocorrer em cada processo, nos termos do par. 3o, do art. 1o da Portaria SRF 259/2006, citando trechos de decisões judiciais. Passo ao voto. Voto Conselheira Livia De Carli Germano Relatora Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/1972, das decisões de primeira instância caberá a interposição de recurso voluntário, no prazo de 30 dias, a contar da ciência da decisão. O artigo 5o deste mesmo diploma esclarece que os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Sobre a data da ciência da decisão, o artigo 23 do Decreto 70.235/1972 estabelece que a intimação pode ser feita via postal ou por meio eletrônico. Neste último caso, considerase feita a intimação 15 dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo, ou na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes deste prazo de 15 dias. No caso, a contribuinte efetuou a consulta em 23 de fevereiro de 2016, portanto após prazo de 15 dias contados da entrega no seu domicílio tributário de fato, a disponibilização dos documentos em seu domicílio tributário ocorreu em 4 de janeiro de 2016, de forma que o prazo de 15 dias se deu em 19 de janeiro daquele mesmo ano. Assim, a data a ser considerada como da intimação do acórdão da DRJ é esta última, ou seja, 19/01/2016 (terçafeira). Dito isso, temos que o prazo de 30 dias para apresentação do recurso voluntário teria expirado em 18 de fevereiro de 2016, quintafeira. A princípio, portanto, o recurso voluntário apresentado em 22 de março de 2016 é intempestivo. Ocorre que, no caso, até então todas as comunicações com a contribuinte foram realizadas por via postal e não há nos autos qualquer documento que ateste a opção da contribuinte pelo domicílio tributário eletrônico. Sobre o domicílio tributário eletrônico, o artigo 23 do Decreto 70.235/1972 estabelece que este apenas será implementado mediante expresso consentimento do sujeito passivo, vejase, com grifos nossos: Art. 23 (...) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 4065DF CARF MF 6 I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (grifamos) Conforme comprovante de fls. 426, a Recorrente optou pelo DTE em 11 de agosto de 2014, ocasião em que autorizou a Administração Tributária "a enviar mensagens de comunicações de atos oficiais para a Caixa Postal eletrônica disponibilizada no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (eCac), no endereço [..]., a qual será considerada meu domicílio tributário eletrônico". Declarou também estar ciente de que será considerada intimada em 15 dias contados do registro da comunicação na Caixa Postal eletrônica ou na data em que efetuar a consulta caso esta seja realizada antes dos 15 dias do envio da comunicação. Tal declaração é deveras genérica e não indica ciência de que, a partir de então, todos os comunicados a serem enviados pela Receita Federal o serão de forma eletrônica, sequer mencionando que os processos já instaurados poderão passar para esta forma de tramitação sem aviso específico. Por outro lado, a Portaria SRF 259/2006, conforme redação dada pela Portaria RFB 574/2009, prevê como ônus da Receita Federal informar ao contribuinte especificamente o processo no qual será permitida a prática de atos de forma eletrônica, vejase (grifamos): Art. 1º O encaminhamento, de forma eletrônica, de atos e termos processuais pelo sujeito passivo ou pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) será realizado conforme o disposto nesta Portaria. (Redação dada pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) (...) § 3º Para efeito do disposto no caput, a RFB informará ao sujeito passivo o processo no qual será permitida a prática de atos de forma eletrônica. (Incluído(a) pelo(a) Portaria RFB nº 574, de 10 de fevereiro de 2009) Neste sentido, considerando que no caso em questão todas as intimações entregues ao contribuinte haviam ocorrido na forma postal e que a Receita Federal não o informou especificamente sobre o trâmite eletrônico do presente processo, considero como tempestivo o recurso apresentado dentro do prazo de 30 dias contados da data da abertura dos arquivos digitais relativos ao presente processo. Passo a analisálo. A autuação acusa a contribuinte de ter gerado despesas fictícias de locação e de prestação de serviços já que os bens antes pertenciam à empresa, tendo sido transferidos e locados apenas para gerar despesas fictícias de aluguel, bem como que a prestadora de Fl. 4066DF CARF MF Processo nº 14098.720205/201491 Acórdão n.º 1401002.506 S1C4T1 Fl. 4.064 7 serviços, Soubhia Assessoria, Participações e Investimentos Ltda., não possuiria estrutura para prestar os serviços contratados. Conforme resumiu a DRJ: A Impugnante apresentou cópias de comprovantes de pagamento das despesas glosadas em anexo à sua peça de defesa. Ocorre que a Autoridade Fiscal não fundamentou os lançamentos tributários por falta de comprovação de pagamento. A caracterização da infração tributária deuse pela não necessidade ou, ainda, pela inexistência das referidas despesas. O fundamento central da caracterização das infrações tributárias foi a criação da pessoa jurídica Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda como forma abusiva de planejamento tributário e com objetivo fundamental de gerar despesas fictícias redutoras da base de calculo do IRPJ e da CSLL. A Autoridade Fiscal assim entendeu e considerou as despesas glosadas como não necessárias ou inexistentes a partir, em síntese, dos seguintes fatos: ausência de fim econômico que justificasse a criação da Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda, pois os contratos de aluguéis e prestação de serviços se restringem à pessoa jurídica autuada e outras duas do mesmo grupo econômico. A Impugnante não comprovou a existência de um fim econômico próprio que justificasse a criação da referida pessoa jurídica; as pessoa físicas que controlam os quadros societários da pessoa jurídica autuada e da Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda são as mesmas. Num primeiro momento a Soubhia e Cia Ltda tinha como sócios FERES SOUBHIA FILHO e MARINES FLUMIAN SOUBHIA, que possuíam cada um 250.000 cotas. Com a criação da Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda, FERES SOUBHIA FILHO transferiu 2.249.999 cotas ficando com 01 cota e MARINES FLUMIAN SOUBHIA transferiu a totalidade de suas cotas. O sócio Feres Soubhia Filho passou a ser o Diretor Administrativo da Soubhia e Cia Ltda e Administrador Exclusivo da Soubhia Assessoria, Participações e Investimentos Ltda, em ambos os casos com poderes exclusivos e supremos. Em sua defesa, a contribuinte sustenta que: (i) não se questiona, nem mesmo no acórdão da DRJ, que os pagamentos foram efetuados. (ii) o anexo V da impugnação comprova que os imóveis nunca pertenceram à Recorrente; Fl. 4067DF CARF MF 8 (iii) não há acusação de que os valores de locação são superiores que os de mercado; (iv) as despesas de locação correspondem a uma média de menos de 1% da receita bruta da empresa, "não sendo crível, portanto, que tais despesas sejam reveladoras do intuito de sonegação". Da mesma forma, as despesas com serviços correspondem a uma média de 2,6% de sua receita bruta. (v) sustenta que é representante da Dow Chemical Company, comercializando com exclusividade os seus produtos em todas as suas unidades, e que nesta condição recebe de sua contratada relatórios de atividade semanal acerca dos serviços, ficando responsável por enviálos à Dow. (vi) reafirma a necessidade dos serviços já que estes objetivam "o incremento de seus resultados pela fidelização dos clientes que proporcionam substancial elevação de sua receita bruta e respectiva manutenção da fonte produtora" (vii) afirma que quem fazia a sua escrita fiscal e mercantil era o contador Dario Pinheiro e que é infundada a acusação de confusão de endereços entre ela e a Soubhia Participações. Neste ponto, referese ao croqui juntado no anexo VI de sua impugnação, o qual explica que a Recorrente instalou sua loja em imóvel que pertence a e é locado da Soubhia Participações e que as empresas são vizinhas em imóveis com entradas independentes e que apenas compartilham estacionamento comum, sendo que este não lhe gera despesas de aluguel. A DRJ manteve a autuação basicamente por considerar, quanto às despesas com aluguel, que "o Termo Fiscal de Constatação, às fls. 248/251, é bastante claro quanto ao funcionamento das duas empresas no mesmo endereço, como também a própria contadora Sra. Hávini Maria Sá Portela informa ser contadora das duas pessoas jurídicas". Já sobre as despesas com serviços, observou que "Não é crível que uma equipe tão diminuta, de apenas cinco pessoas, possa desenvolver desde atividades de marketing; de planejamento a organização técnica, financeira e administrativa de forma ampla; cobranças; consultoria agrícola e pecuária; execução de projetos de agrimensura e topografia, além de várias outras atividades, inclusive treinamento e capacitação permanente de equipes administrativas e técnicos agrícolas." A DRJ ainda manteve a multa qualificada de 150% por considerar que tais constatações não foram desconstituídas pela contribuinte, fundamentando a decisão com transcrição de trecho do Relatório Fiscal de Caracterização dos Fatos, no seguintes termos: "Ao utilizar a fiscalizada de artifício, mediante reorganização patrimonial com objetivo especifico de gerar despesas fictícias/desnecessárias com reflexo redutor no quanto tributável, incorreu em infração ao disposto no art. 72 da Lei nº. 4.502, de 1964, com penalidades previstas no art. 44, Inciso I, parágrafo 1º, Da Lei nº. 9.430, de 1996, respectivamente. Os fatos que motivaram à aplicação do agravamento da multa punitiva são os seguintes: A firma Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda foi criada para prestar serviços e alugar bens exclusivamente para a fiscalizada e outras duas empresas do grupo, não tendo fins econômicos perante terceiros. Fl. 4068DF CARF MF Processo nº 14098.720205/201491 Acórdão n.º 1401002.506 S1C4T1 Fl. 4.065 9 As duas firmas estão instaladas no mesmo endereço. Em diligência realizada em 14/10/2014 (Termo Fiscal de Constatação e Fotos tiradas no local), verificouse uma verdadeira mistura de espaço, pessoal, patrimonial e a absoluta incapacidade de funcionamento da Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda para realizar os fins propostos e auferir as rendas contratadas, conforme abaixo pode ser sintetizado: a) A Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda está supostamente instalada no prédio alugado pela fiscalizada em uma sala pequena. Em outras, palavras é como se o locatário alugasse um imóvel, desembolsasse o valor do aluguel e ao mesmo tempo permitisse que o locador se instalasse no imóvel. Uma situação absolutamente esdrúxula. b) Mistura de pessoal entre as duas empresas, a Contadora registrada na Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda executa a contabilidade de todo o grupo (Livro de Registro de Empregados e Termo de Fiscal de Constatação). c) Incompatibilidade na estrutura física (20 m2) e pessoal (05 funcionários Livro de Registro de Empregados) da Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda para prestar a longa gama de serviços descritos na Clausula 1ª. Do Contrato de Prestação de Serviços firmados entre a fiscalizada e Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda e, ainda firmado com outras empresas do grupo. d) Todas as identificações, marcas vistas por terceiro na Rua Jornalista Belizário Lima, 104, sala B, Vila Gloria, Campo GrandeMS, local de instalação da Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda e da filial da fiscalizada, são exclusivas da fiscalizada, exceto a identificação existente em uma porta situada no primeiro andar. e) Registrase, ainda que a incorporação de todo o patrimônio dos sócios na empresa de Assessoria e Investimento, inclusive veículos eliminou as despesas pessoais dos sócios, haja vista o aluguel de veículos de luxos para uso exclusivo dos sócios, como BMW, conforme Termo Fiscal de Constatação. O contrato de Prestação de Serviços e os Contratos de Aluguéis firmados entre a fiscalizada e a Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda são uma ficção jurídica, o mesmo detentor das prerrogativas para exigir os direitos previstos nos Contratos é aquele que deve cumprir as suas obrigações, ou seja, o representante do Contratado é o mesmo do Contratante. Comparando os contratos com o Contrato Social certificase que o representante do contratado e contratante, ou seja, a pessoa que os assinou é o Sr. Feres Soubhia Filho, sócio majoritário das firmas. Fl. 4069DF CARF MF 10 Também, incompreensível se imaginar a possibilidade de descumprimento do contrato e a aplicação das clausulas punitivas, tratase apenas de uma verdadeira simulação de obrigações, direitos e executividade, cujo fim é a redução de base tributável. Os Lucros Apurados pela Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda, conforme Demonstrativos Contábeis da mesma e informações prestadas pela Contadora Havini Maria Sá Portella são totalmente distribuídos aos sócios ao final de cada ano calendário, vislumbrando uma porta para distribuição de lucros isentos do Imposto de Renda acima do limite permitido, conforme a conveniência, fato que nos anos calendário em apreço não ocorreu, uma vez que reconstituindo o lucro pela inclusão das despesas glosadas as distribuições não ultrapassaram o limite legal. Ressaltase o diminuto capital social e relação desproporcional entre o faturamento, lucro, capital social, conforme pode ser verificado no Balancete do Razão, Demonstrativo de Resultado do Exercício, balanço patrimonial e Contrato Social da firma Soubhia Assessoria, Participações e Investimentos Ltda. Conclui esta fiscalização, com base nos elementos listados e outros que dos Autos constam, que a empresa Soubhia Assessorias, Participações e Investimentos Ltda foi uma criação com fim único de gerar despesas fictícias e reduzir o quanto tributável, razão pela qual foram realizadas as glosas das despesas e aplicada à multa agravada de 150%." Como se percebe, a DRJ não faz qualquer referência aos documentos e informações prestadas pela contribuinte em sua impugnação, muito embora baseie a decisão na afirmação de que a contribuinte não foi capaz de infirmar as supostas provas trazidas pela fiscalização. Ao assim proceder, a autoridade julgadora opera em zona limítrofe ao cerceamento do direito de defesa, já que não demonstra ter sequer analisado os argumentos trazidos pela contribuinte. Por outro lado, os documentos e argumentos trazidos pela empresa em sua impugnação são capazes de, no mínimo, colocar dúvida quanto às alegações afirmadas pela autoridade autuante, mormente quando comprovam: que os imóveis não são ou foram de sua propriedade (tendo sido, em alguns casos, de propriedade de seus sócios, que os transferiram para a Soubhia Participações) matrículas a fls. 2.5442.594. que os imóveis utilizados por ela e por Soubhia Participações são vizinhos mas possuem matrículas individualizadas, com acessos separados, conforme fotos e documentos constantes de fls. 2.5962.600. A análise do Relatório Fiscal de Caracterização dos Fatos, de fls. 6070, apenas descreve os fatos que levaram a fiscalização a entender pela inexistência das despesas na parte relativa ao agravamento da multa, conforme trecho acima transcrito. A fiscalização considerou que a Soubhia Assessoria foi criada para prestar serviços e alugar bens para a contribuinte e outras empresas do grupo, "não tendo fins econômicos perante terceiros". Ora, a melhoria da estrutura organizacional de um grupo de Fl. 4070DF CARF MF Processo nº 14098.720205/201491 Acórdão n.º 1401002.506 S1C4T1 Fl. 4.066 11 empresas é sim causa suficiente para que se criem pessoas jurídicas e se segreguem atividades, sendo que, contanto que tais pessoas jurídicas efetivamente existam e cumpram este papel, sua criação é plenamente legítima, não sendo estritamente necessário que realizem atividades perante terceiros. O fato de os imóveis terem pertencido à Recorrente (o que não restou comprovado pela fiscalização e, pelo contrário, foi infirmado pela Recorrente) ou já serem de sua utilização também em nada diz sobre a ilegitimidade de alteração da estrutura organizacional do grupo. Também o fato de as empresas estarem instaladas no mesmo endereço foi infirmado pela Recorrente, com provas suficientes de que há dois endereços distintos embora contíguos. Sobre a incapacidade de a Soubhia Participações, com seus 5 funcionários, prestar os serviços para os quais foi contratada, de fato a lista de serviços é longa mas a Recorrente anexou planilhas (fls.. 2.627 e seguintes) contendo o relatório de atividades desempenhadas, descrição das atividades e indicação do responsável. Cabia à fiscalização melhorar seu argumento infirmando os dados de tais planilhas e não fazer o raciocínio contrário, partindo da presunção (ilegal) de que os serviços não foram prestados. Da forma como está, não se questiona que a Soubhia Participações existia e possuía 5 funcionários. Talvez o único fato que realmente poderia indicar a existência de confusão patrimonial é o de que os contratos entre a Recorrente e a Soubhia Participações foram assinados pela mesma pessoa como representante de ambas as empresas, no caso, o sócio majoritário Feres Soubhia Filho. Mas tal fato é comum ocorrer nos casos de empresas familiares e não necessariamente significa confusão patrimonial. Em conjunto com outros indícios convergentes talvez formasse um conjunto probatório no sentido do que a fiscalização pretende afirmar, todavia não é o que se depreende nos presentes autos, já que todos os demais indícios de prova foram suficientemente descaracterizados pela defesa. Ante o exposto, oriento meu voto para conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Livia De Carli Germano Fl. 4071DF CARF MF
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