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Numero do processo: 12448.734629/2012-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
EMBARGOS. CONTRADIÇÃO.
Verificada contradição no acórdão decorrente do conflito entre as premissas fáticas adotadas e as conclusões delas decorrentes, cabe a correspondente retificação via embargos, com efeitos infringentes.
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE.
São isentos do imposto de renda os rendimentos de aposentadoria ou pensão percebidos pelos portadores de moléstia grave desde que comprovada por laudo médico oficial, forte no art. 30 da Lei nº 9.250/1995 e na Súmula CARF nº 63: "para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios".
Numero da decisão: 2402-005.956
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos para fins de que, sanando contradição, seja negado provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 EMBARGOS. CONTRADIÇÃO. Verificada contradição no acórdão decorrente do conflito entre as premissas fáticas adotadas e as conclusões delas decorrentes, cabe a correspondente retificação via embargos, com efeitos infringentes. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. São isentos do imposto de renda os rendimentos de aposentadoria ou pensão percebidos pelos portadores de moléstia grave desde que comprovada por laudo médico oficial, forte no art. 30 da Lei nº 9.250/1995 e na Súmula CARF nº 63: "para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios".
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CONTRADIÇÃO. Verificada contradição no acórdão decorrente do conflito entre as premissas fáticas adotadas e as conclusões delas decorrentes, cabe a correspondente retificação via embargos, com efeitos infringentes. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. São isentos do imposto de renda os rendimentos de aposentadoria ou pensão percebidos pelos portadores de moléstia grave desde que comprovada por laudo médico oficial, forte no art. 30 da Lei nº 9.250/1995 e na Súmula CARF nº 63: "para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios". Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 46 29 /2 01 2- 29 Fl. 101DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos para fins de que, sanando contradição, seja negado provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 102DF CARF MF Processo nº 12448.734629/201229 Acórdão n.º 2402005.956 S2C4T2 Fl. 749 3 Relatório Tratase de alegação de contradição formulada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ face ao Acórdão nº 2402005.621, exarado por esta Turma em 7/2/2017, cuja ementa transcrevese: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2009 AUSÊNCIA DE EXAME DAS RAZÕES DE IMPUGNAÇÃO PELA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. A ausência de exame das razões que embasam a impugnação do lançamento enseja o retorno do processo à Delegacia de Julgamento para a sua devida apreciação, sob pena de supressão de instância. Recurso Voluntário Provido. Os embargos de declaração foram interpostos em 19/5/2017 (fls. 89/92), com esteio no art. 65, § 1º, inciso II, do Anexo II do RICARF, sendo neles alegada omissão/contradição na decisão. Mediante despacho de fls. 95/98, os embargos foram admitidos para apreciação pelo Colegiado. É o relatório. Fl. 103DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Havendo sido os autos encaminhados a DRJ/RJ1 em 12/5/2017 (sextafeira), concluise pela tempestividade dos Embargos de Declaração opostos em 19/5/2017 (sexta feira), nos termos do RICARF, art. 65, § 1º, Anexo II. A embargante, alega, em síntese, que o embargado assevera, por um lado, ter havido sido efetivamente constatada omissão de rendimentos a qual teria sido impugnada pelo contribuinte, enquanto que na verdade, este só teria se insurgido contra a diferença entre o valor a pagar da notificação e o valor a restituir da declaração retificadora . Com razão a DRJ/RJ1. Há efetiva contradição entre as premissas adotadas na decisão e suas conclusões. De fato, o notificado havia originalmente declarado como isentos rendimentos tributáveis recebidos da Fundação Eletrobrás Seguridade Social, CNPJ nº 34.268.789/000188 por entender ser portador de moléstia grave no período, porém como a perícia efetuada que reconheceu tal condição não tinha eficácia retroativa, viuse obrigado a retificar em 5/6/2012 sua declaração. Como bem frisa a embargante: Aqui, verificase que a diferença entre o valor a pagar da notificação de R$ 5.209,42 e o valor a restituir da declaração retificadora simulada, juntada pelo próprio contribuinte às fls. 18/21, restituição de R$ 43,75, corresponde a R$ 5.167,67, valor que foi expressamente contestado pelo mesmo. Ressaltase que foi feita a subtração simples dos valores acima, enquanto o correto seria a soma, por se tratarem de valor a pagar, inicialmente, e a restituir, na retificadora. No entanto, a peça simulada demonstra claramente que o mesmo concordou que errou ao considerar tais rendimentos como isentos, pois tinha esse entendimento antes do resultado da perícia, mas gostaria que fossem consideradas as deduções que constavam em sua DIRPF original, enviada em 30/04/2009, fls. 22/23. Da análise da DIRPF simulada, às fls. 18/21, verificase que o objetivo do contribuinte era que se retornassem os dados constantes na DIRPF originariamente enviada, fazendo constar, como rendimentos tributáveis, o valor de R$ 100.696,42 (concordando com o lançamento) e requerendo o aproveitamento das deduções originariamente declaradas de R$ 18.943,60. Desta forma, por maioria, foi decidido em sede de primeiro grau de jurisdição, que houve apenas erro no preenchimento na DIRPF retificadora, enviada pelo contribuinte, ao deixar de informar as deduções anteriormente incluídas. Foi, portanto, analisado, tal pedido, como erro material o equívoco no preenchimento cometido pelo mesmo, conforme fls. 44/51. (grifos do original) Houve certa confusão na apreciação da lide quando do recurso voluntário, pois apesar de o contribuinte efetivamente afirmar inicialmente que "os rendimentos não foram omitidos conforme consta da notificação de lançamento", e sim declarados como isentos e não tributáveis, na sequência, como demonstrado na análise levado a efeito pela embargante, ele admite serem os montantes em apreço tributáveis. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 12448.734629/201229 Acórdão n.º 2402005.956 S2C4T2 Fl. 750 5 Necessário sanar tal contradição/obscuridade, de modo a reconhecer não ter havido a aventada supressão de instância quando do julgamento de primeiro grau (fls. 31/34). Por seu turno, a petição entregue a título de recurso voluntário acosta documentos, a título de procurar evidenciar ser o contribuinte portador de moléstia grave. Sem embargo, o documento de lavra da Gerência Executiva Rio de Janeiro Centro do INSS (fl. 44), ainda que pudesse ser considerado como laudo pericial oficial nos termos da legislação, deixa claro que a moléstia apontada como CID G30 acomete o interessado tão somente desde 25/2/2011, sem que conste consignado o reconhecimento de início anterior da enfermidade. Referindose a notificação de lançamento contestada a período anterior, a saber, o anocalendário 2009, não possui o precitado documento do INSS qualquer repercussão sobre a infração apurada. Já o atestado de fl. 45 é de emissão de particular e não se consubstancia em laudo pericial oficial, de modo a preencher os requisitos estabelecidos os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713/88 e do art. 30 da Lei nº 9.250/95. Nesse sentido, é aplicável no particular a Súmula CARF nº 63, aprovada pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recurso Fiscais em sessão de 29/11/2010: Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Sendo assim, voto no sentido de conhecer e acolher os embargos para fins de que, sanando contradição, seja negado provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 105DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.004953/2006-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003
ISENÇÃO. VENDA PARA EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. São isentas da Cofins as vendas realizadas com o fim específico de exportação, desde que os produtos sejam remetidos diretamente do estabelecimento produtor-vendedor para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA.
A diligência se restringe à elucidação de pontos duvidosos para o deslinde de questão controversa, não se justificando quando o fato puder ser demonstrado pela juntada de documentos.
MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Correta a exigência de multa de ofício de 75%, posto que feita com amparo em expressa previsão legal. Não cabe a este órgão administrativo perquirir de a constitucionalidade da legislação que trata da imposição de multa de ofício, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003
ISENÇÃO. VENDA PARA EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. São isentas do PIS as vendas realizadas com o fim específico de exportação, desde que os produtos sejam remetidos diretamente do estabelecimento produtor-vendedor para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA.
A diligência se restringe à elucidação de pontos duvidosos para o deslinde de questão controversa, não se justificando quando o fato puder ser demonstrado pela juntada de documentos.
MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Correta a exigência de multa de ofício de 75%, posto que feita com amparo em expressa previsão legal. Não cabe a este órgão administrativo perquirir de a constitucionalidade da legislação que trata da imposição de multa de ofício, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3302-004.763
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 11/10/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 ISENÇÃO. VENDA PARA EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. São isentas da Cofins as vendas realizadas com o fim específico de exportação, desde que os produtos sejam remetidos diretamente do estabelecimento produtor-vendedor para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. A diligência se restringe à elucidação de pontos duvidosos para o deslinde de questão controversa, não se justificando quando o fato puder ser demonstrado pela juntada de documentos. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Correta a exigência de multa de ofício de 75%, posto que feita com amparo em expressa previsão legal. Não cabe a este órgão administrativo perquirir de a constitucionalidade da legislação que trata da imposição de multa de ofício, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 ISENÇÃO. VENDA PARA EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. São isentas do PIS as vendas realizadas com o fim específico de exportação, desde que os produtos sejam remetidos diretamente do estabelecimento produtor-vendedor para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. A diligência se restringe à elucidação de pontos duvidosos para o deslinde de questão controversa, não se justificando quando o fato puder ser demonstrado pela juntada de documentos. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Correta a exigência de multa de ofício de 75%, posto que feita com amparo em expressa previsão legal. Não cabe a este órgão administrativo perquirir de a constitucionalidade da legislação que trata da imposição de multa de ofício, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Relator. EDITADO EM: 11/10/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2079; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.004953/200616 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.763 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2017 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO PIS/COFINS Recorrente HUGO CINI S/A INDÚSTRIA DE BEBIDAS E CONEXOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 ISENÇÃO. VENDA PARA EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. São isentas da Cofins as vendas realizadas com o fim específico de exportação, desde que os produtos sejam remetidos diretamente do estabelecimento produtorvendedor para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. A diligência se restringe à elucidação de pontos duvidosos para o deslinde de questão controversa, não se justificando quando o fato puder ser demonstrado pela juntada de documentos. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Correta a exigência de multa de ofício de 75%, posto que feita com amparo em expressa previsão legal. Não cabe a este órgão administrativo perquirir de a constitucionalidade da legislação que trata da imposição de multa de ofício, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 ISENÇÃO. VENDA PARA EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. São isentas do PIS as vendas realizadas com o fim específico de exportação, desde que os produtos sejam remetidos diretamente do estabelecimento produtorvendedor para embarque de exportação ou para recintos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 49 53 /2 00 6- 16 Fl. 7822DF CARF MF 2 alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. A diligência se restringe à elucidação de pontos duvidosos para o deslinde de questão controversa, não se justificando quando o fato puder ser demonstrado pela juntada de documentos. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Correta a exigência de multa de ofício de 75%, posto que feita com amparo em expressa previsão legal. Não cabe a este órgão administrativo perquirir de a constitucionalidade da legislação que trata da imposição de multa de ofício, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. EDITADO EM: 11/10/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo o relatório da decisão de piso (fls.7.5857.598): Trata o presente processo dos seguintes autos de infração: (a) às fls. 81/91, lançamento relativo à Cofins, no montante de R$ 358.105,18, além da multa de ofício de 75% e encargos legais, efetuado em virtude de falta de Fl. 7823DF CARF MF Processo nº 10980.004953/200616 Acórdão n.º 3302004.763 S3C3T2 Fl. 3 3 recolhimento dessa contribuição, relativamente aos períodos de apuração entre janeiro/2001 e dezembro/2003, sendo que o enquadramento legal da autuação encontrase às fls. 91 (principal) e 87 (multa de ofício e juros de mora); (b) às fls. 92/102, lançamento relativo ao PIS, no montante de R$.130.969,10, além da multa de ofício de 75% c encargos legais, efetuado em virtude de falta de recolhimento dessa contribuição, relativamente aos períodos de apuração entre janeiro/2001 e dezembro/2003, sendo que o enquadramento legal da autuação encontrase às lis. 102 (principal) e 98 (multa de ofício e juros de mora). Conforme consta do Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de lis. 103/112, que faz parte das peças que compõem a autuação, a auditoria fiscal de IPI, PIS e Cofins. teve como motivação a seguinte descrição: "em virtude de o contribuinte ter efetuado vendas para empresas comerciais exportadoras com os benefícios fiscais da suspensão do IPI e isenção das contribuições para o PIS e a Cofins aplicáveis às exportações e as vendas equiparadas, tendo sido constatado pela DRF de Foz do Iguaçu que as exportações não foram realizadas. (fls. 103); especificamente quanto ao PIS e à Cofins. o autuante reporta que: "2. A isenção ou não incidência do PIS e da Cofins nas vendas a empresa comercial exportadora com o fim especifico de exportação funciona da mesma forma. O termo "fim especifico de exportação". citado nos arts. 14 da Medida Provisória n° 2.15835. de 2001. 5°da Lei n° 10.637, de 2002; e 6° da Lei n° 10.833. de 2003, teve a definição dada pelo art. 39, §2", da Lei n° 9.532. de 1997. No caso, a legislação mais recente apenas se valeu de uma expressão cujo sentido já delimitado pela legislação pretérita e que, por isso mesmo não poderia ser interpretada de outro modo. Nesse sentido, o art. 45 do Decreto n° 4.524, de 17 de dezembro de 2002. que regulamenta o PIS e a Cofins. adotou expressamente o que fixado no art. 39, § 2°, da Lei n°. 9.532, de 1997, para efeito de condicionar a isenção prevista no art. 14 da Medida Provisória n°2.15835. de 2001. 3. Do exame das vendas efetuadas pela empresa, como equiparadas a exportação constatamos que todas foram feitas a não tradings e não foram remetidas diretamente para embarque de exportação ou para recinto alfandegado, o que implica na impossibilidade da fruição dos benefícios fiscais da suspensão do IPI e da isenção das contribuições para o PIS e a Cofins. Conforme informações prestadas pela própria empresa as mercadorias foram retiradas em sua sede pelas adquirentes, pois o frete era por conta destas (fls..19). (fls. 106/107). Cientificada em 16/05/2006, conforme declaração firmada no corpo de cada auto de infração (11s. 88 e 99), a interessada apresentou, em 16/06/2006. as impugnações de fls. 114/135 (contra o lançamento de Cofins), e 216/237 (contra o lançamento de PIS), instruídas com os documentos de fls. 136/215 e 238/7557, cujos teores. na essência, são os mesmos, sendo a seguir sintetizadas. Em preliminar, a interessada alega a nulidade do auto de infração, posto que no mesmo faltaria a indicação da fundamentação legal, com violação ao art. 10, IV do Decreto n.° 70.235, de 1972, além de mencionar os princípios contidos no art. 2° da Lei n°.9.784, de 1999, fazendo ênfase no Princípio da Legalidade; fala que a fundamentação legal citada faz menção à instituição da cobrança da Cofins, à determinação do fato gerador, da base de cálculo, do sujeito passivo, da destinação de receitas e das alíquotas. enfatizando que: "em hipótese alguma capitulou o procedimento levado a efeito pela impugnante como incorreto ou em desacordo com as determinações legais (fl. 117); sustenta que o contido no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal não serviria para suprir tal falta, uma vez que não faria parte do auto de infração, citando quanto a isso o art. 9 do Decreto n." 70.235, de 1972. Fl. 7824DF CARF MF 4 Diz, também. que: "O autuante ignorou as normas que isentam e/ou imunizam as receitas decorrentes de exportação da contribuição em comento. Muito menos, invocou qualquer dispositivo legal que justificasse tal atitude f1s. 118/119); contesta, assim, o contido na descrição dos fatos, na parte que afirma que deixou de efetuar o recolhimento da Cofins e do PIS. sobre as receitas classificadas como 'venda equiparadas a exportação'. dizendo que tal procedimento estaria correto em face da legislação vigente (art. 14 da MP n° 2.15835, de 2001, e art. 149 da Constituição Federal, de 1988, com a redação dada pela EC n° 33, de 2002), que disporiam da nãoexistência da obrigação de pagamento das contribuições em debate, relativamente às receitas de exportação, não podendo tal fato, ainda, ser classificado como infração legal, passível de punição com multas. Pede pelo reconhecimento da "prescrição do lançamento relativo aos períodos de apuração entre janeiro e abril de 2001, em face do art. 150, § 4"do CTN. Em item denominado "Da isenção e, posterior não incidência da Cofins nas Exportações"' (com título e texto equivalente na impugnação ao PIS), argumenta que analisando o termo de verificação e encerramento da ação fiscal, relativamente aos períodos de apuração dos anoscalendário de 2001 e 2002, observou que o fisco teria se baseado tão somente no seu entendimento pessoal de norma diversa à contribuição em comento para lavrar a autuação, dizendo, assim, que a menção feita ao art. 39, § 2° da Lei n.° 9.532, de 1997, para o caso é indevida, posto que esse dispositivo legal versaria única e exclusivamente sobre o IPI, não podendo ser estendido, por analogia, ao art. 14 da MP n.° 2.15835, de 2001, conforme disposição do art. 108, § 1° do CTN; entende que cumpriu todas as exigências contidas nesse dispositivo da referida MP, no qual inexistiria determinação no sentido de que as mercadorias devessem ser encaminhadas a terminal de exportação ou recinto alfandegário, uma vez que tal obrigação subsistiria apenas em relação ao IPI. Acrescenta que a obrigação legal da entrega da mercadoria em terminais de embarque ou em recintos alfandegários, para fins de concessão do benefício da isenção da Cofias e do PIS nas exportações, teria surgido somente com a edição do Decreto n° 4.524, de 17 de dezembro de 2002, o que evidenciaria, uma vez mais, que a cobrança das citadas contribuições, nos anoscalendário de 2001 e 2002, não pode subsistir. Não obstante o que antes foi afirmado, sustenta que a edição do precitado Decreto n° 4.524, de 2002, não teria produzido qualquer efeito no mundo jurídico, em razão da alteração da redação do art. 149 da CF/1988, pela EC n. 33, de 2001, da qual destaca o § 2°, I, e que determinaria a não incidência sobre as receitas decorrentes de exportação no caso das contribuições sociais, como PIS e Cofins; agrega que tal dispositivo é norma de eficácia plena, não dependente de qualquer lei infraconstitucional para validála; afirma que o fisco, sem análise da documentação comprobatória das exportações, exigiu a Cofins e o PIS sobre receitas decorrentes dessas exportações, meramente porque não teria sido atendido um requisito normativo; entende que dispositivo infraconstitucional não pode impor ao contribuinte modificações nas relações comerciais, para que este faça jus ao beneficio outorgado pela constituição; diz comprovar, com sua impugnação, que as receitas tributadas decorrem de vendas de mercadorias destinadas ao mercado externo, e sobre elas não poderia incidir Cofins e PIS, posto que albergadas pela não incidência. Em subitem denominado "Das exportações de 2003 , relaciona empresas para as quais teria realizado vendas de mercadorias, as quais, posteriormente, teriam efetuado a exportação dessas mercadorias, conforme documentação trazida aos autos; diz que ainda que fosse o caso de fraude, conforme sugere o fisco, não Fl. 7825DF CARF MF Processo nº 10980.004953/200616 Acórdão n.º 3302004.763 S3C3T2 Fl. 4 5 poderia ser apenada, visto que não teria poder/dever legal de fiscalizar a lisura das empresas com quem estabelece relacionamento comercial, nem teria como avaliar a idoneidade de suas documentações, o que competiria, tão somente, à administração fazendária. Cita, a propósito, o caso da empresa Rubens Dano Moreno, que o fisco sugeriu a ocorrência de fraude em documentos inerentes à exportações, e que consultandose o CNPJ da mesma, no site da Receita Federal, observase que foi oficialmente baixada em 14/05/2004; em razão disso questiona como poderia tal empresa ter procedido à sua baixa junto ao fisco, se não estava em dia com suas obrigações fiscais? Assim, entende que o fisco implicitamente ratificou todos os procedimentos da referida empresa, não se podendo falar "em responsabilidade de terceiros por suas falhas ou atos criminosos ."; reafirma não ser possível a exigência da Cofins e do PIS, posto que haveria comprovação da efetividade das exportações, conforme a documentação que trouxe aos autos, sobre a qual não teria condições de aferir legitimidade, ainda mais porque houve o caso de empresas que teriam remetido tal documentação por meio de cópias autenticadas, o que afastaria. de plano, qualquer sugestão de fraude. Nos subitens "Das exportações de 2002 e "Das exportações de 2001, repete. basicamente a mesma argumentação referida no parágrafo anterior; no primeiro dos títulos (relativo a 2002). ressalta que haveria falta de diligência do autuante, em não analisar seus processos de exportação, fazendo exigência até mesmo sobre notas fiscais de mercadorias devolvidas, como seria o caso daquelas de n°s 386.877 e 387.265; alega, ainda, ser absurda a desconsideração das exportações realizadas por meio da empresa Yulaka, que seria uma trading, e, portanto, não teria a obrigação de entregar as mercadorias diretamente para exportação, agregando que tal empresa destinava seus produtos ao Japão, ou seja, até o rótulo dos produtos vendidos seria impresso em japonês, não se podendo alegar que tais produtos teriam sido comercializados no mercado interno; já, no segundo título (relativo a 2001), diz que para a empresa Foz Global, produziu um refrigerante de marca "SUN . a pedido dessa empresa, para ser comercializado única e exclusivamente no Paraguai, sendo que até o rótulo dessa mercadoria era impresso em espanhol, pelo que não se poderia admitir que tais exportações não ocorreram, ou que o produto foi comercializado no mercado interno. Por sua vez. no subitem "Conclusões acerca das exportações, além de reafirmar as alegações antes referidas, acrescenta que ainda que restasse comprovado que parte das exportações não tivesse ocorrido, por ser objeto de fraude de algumas das empresas comerciais exportadoras, a responsabilidade pelo recolhimento de tributos deveria recair sobre as mesmas, que deram causa ao feito, dizendo que por ser a fraude crime, somente sobre aqueles que a cometeram caberia a aplicação de penalidade. mesmo quando implicar em obrigação pecuniária. citando, quanto a isso, o art. 5°, XLV da CF/1988; diz que, exceto a precitada empresa Rubens Dario Moreno, que teria sido baixada com a chancela da Receita Federal, todas as demais empresas com quem transacionou estariam em pleno funcionamento, podendo, assim, serem fiscalizadas e delas serem exigidos os tributos em questão, já que seriam as responsáveis diretas e exclusivas pela não ocorrência das exportações; acrescenta que ainda que se admita que uma ou outra exportação não possa ser comprovada, tal fato não seria suficiente para desconsiderar todas as operações realizadas no período fiscalizado, visto que, a maioria estaria munida de documentos passíveis de demonstrar a legitimidade das operações, pedindo. na remota possibilidade de se entender pela procedência da autuação. que seja refeito o cálculo do montante devido, para exigir o tributo somente sobre aquelas operações que não puderam ser comprovadas. Fl. 7826DF CARF MF 6 No subitem "Do pedido de perícia. para fins de apuração de eventual saldo devedor, requer a realização de perícia nos documentos trazidos aos autos; salienta que os originais, caso se façam necessários, encontramse em seu poder; lista 03 (três) quesitos (fls.131/132) e nomeia perito. A seguir, no tópico "Da inaplicabilidade de multas nos patamares exigidos pela fiscalização , caso seja mantida a autuação. diz que a multa no percentual de 75% não pode prevalecer, visto que feriria frontalmente os princípios administrativos da Razoabilidade e da Proporcionalidade, bem como caracterizaria o confisco de seus bens, o que seria vedado pelo art. 150, IV da CF/1988. Por fim, reafirma, de forma sucinta, as preliminares c as matérias de mérito suscitadas. Em sessão realizada em 01 de julho de 2009, houve por bem a 3ª Turma da DRJ/CTA, por unanimidade de votos, julgar a impugnação apresentada pela Recorrente para rejeitar a preliminar de nulidade arguida, indeferir o pedido de perícia e, em razão da constatação da prejudicial de decadência, considerar procedente em parte o lançamento, para exonerar o crédito tributário de R$ 48.247,89 a título de Cofins, e de R$ 10.454,04 a título de PIS, além das correspondentes multas de ofício de R$ 75% e respectivos encargos legais, e para manter o crédito tributário de R$ 309.857,29 a título de Cofins, e de R$ 120.515,06 a título de PIS, além das correspondentes multas de ofício e respectivos encargos legais, cuja decisão assim ficou ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Período apuração: 01/01/2001 a 30/04/2001 PIS. COFINS. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. Declarada a inconstitucionalidade cio artigo 45 da Lei n.' 8.212. de 1991, por meio da Súmula Vinculante n° 8, editada pelo STF, e havendo pagamento antecipado pelo obrigado, ainda que parcial. deve ser observado o prazo qüinqüenal de decadência, estabelecido no Código Tributário Nacional, em seu art. 150. Período apuração: 01/05/2001 a 31/12/2003 LEGISLAÇÃO SOBRE ISENÇÃO. INTERPRETAÇÃO. A legislação tributária que dispõe sobre exclusão do crédito tributário e outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. PIS. COFINS. ISENÇÃO. VENDAS PARA EXPORTAÇÃO. As vendas para as empresas exportadoras registradas na Secex somente são consideradas como tendo o fim específico de exportação quando são remetidas diretamente para embarque de exportação ou para recinto alfandegado. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. Correta a exigência de multa de ofício de 75%, posto que feita com amparo em expressa previsão legal. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Indeferese o pedido de perícia que se mostra desnecessário, posto que os quesitos propostos não demandam Fl. 7827DF CARF MF Processo nº 10980.004953/200616 Acórdão n.º 3302004.763 S3C3T2 Fl. 5 7 conhecimento técnico especializado, e que, de qualquer forma, foram respondidos no presente julgamento. Lançamento Procedente em Parte Intimada da decisão de piso em 06.08.2009 (fls. 7.605), a Recorrente interpôs recurso voluntário em 01.09.2009 (fls. 7.6067.625), reproduzindo, com exceção da matéria concernente ao prazo de decadência, os argumentos já apresentados em sede de impugnação. Remetido este processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a antiga Turma Julgadora entendeu por bem converter o julgamento em diligência para que fosse prestado alguns esclarecimentos (fls. 7.6347.642), a saber : (...) Neste contexto, entendo que o presente processo deve ser baixado em diligência para que a autoridade fiscal providencie a juntada do anunciado Anexo VI, que contém os documentos relacionados às diligências efetuadas pela DRF, bem como verifique e se manifeste sobre: a) os documentos juntados aos autos pelo Recorrente, determinando se de fato as mercadorias relacionadas com o presente processo foram exportadas; b) se há comprovação que as mercadorias retiradas na sede da Recorrente pelas comerciais exportadoras foram encaminhadas para embarque de exportação ou para recinto alfandegado por estas. c) se as empresas relacionadas no presente processo possuem autorização da Receita Federal para receber as mercadorias a serem exportadas em função de eventual inexistência de recinto alfandegado; e, d) após análise, intimese a recorrente para se manifestar sobre o resultado da diligência, e em ato continuo retorne os autos a este conselho para continuidade do julgamento. A fiscalização, por sua vez, prestou os seguintes esclarecimentos (fls.7.776 7.781): Em relação ao item "a": Com relação ao pedido para que se providenciasse a juntada, via digitalização, do físico do Anexo IV do citado processo, o mesmo não pôde ser localizado nas buscas efetuadas no âmbito da DRFCURITIBA, tendo sido constatado que, no Dossiê do Contribuinte se encontravam alguns documentos não originais, digitalizados às folhas 7648 a 7775, referentes às seis empresas listadas no Termo de Verificação como tendo sido objeto de diligências comprovadoras de fraude na exportação. Em relação ao item "b": Com relação aos documentos juntados pelo sujeito passivo em sua impugnação com o intuito de demonstrar que as exportações foram, de fato, realizadas, não cabe a análise dos mesmos por ser irrelevante, para o sujeito passivo, o fato de as exportações terem ou não sido realizadas, pois a responsabilidade pelo pagamento dos tributos devidos, em caso de não exportação, é da comercial exportadora adquirente dos produtos, conforme previsto no art. 5 do DecretoLei nº 1.248/72 abaixo transcrito: (...) Fl. 7828DF CARF MF 8 Em relação ao item "c": o sujeito passivo, nos autos, jamais forneceu provas de tais remessas; muito pelo contrário, em duas oportunidades, em resposta aos termos de intimação 001 e 003, confessou, à fl. 9, que a mercadoria era entregue no endereço da comercial exportadora e, à fl. 20, que não possuía comprovantes de frete, pois os mesmos eram por conta dos adquirentes dos produtos, comprovando, assim, que não tinha nenhum controle sobre o cumprimento de uma obrigação acessória sua, a remessa direta a recinto alfandegado, literalmente prevista em lei como indispensável para o gozo da suspensão do IPI e da isenção da COFINS e do PIS/PASEP. Conclusão: Como, segundo informação nos autos do processo, à sua fl. 108 (Item 3 do Termo de Verificação), nenhuma das comercias exportadoras que adquiriram produtos do sujeito passivo ao longo dos anoscalendário 2001, 2002 e 2003 relativos às suas vendas equiparadas à exportação tinham a qualificação de TRADING, as mesmas não poderiam, à época, utilizar os seus estabelecimentos como recintos não alfandegados para recebe mercadorias em entreposto aduaneiro, no seu regime extraordinário. Intimada do resultado da diligência, a Recorrente apresentou manifestação (fls.7.7867.792) discordando do procedimento adotado pela fiscalização na elaboração do referido resultado, bem como reiterando o pedido de realização de perícia para apuração dos fatos e documentos carreados aos autos. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade A Recorrente foi intimada da decisão de piso 06.08.2009 (fls. 7.605) e protocolou Recurso Voluntário em 01.09.2009 (fls. 7.6067.625), dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Questões preliminares II.1 Nulidade do auto de infração: ausência de fundamentação legal Neste ponto, em síntese, alega a Recorrente nulidade do auto de infração: "posto que no mesmo faltaria a indicação da fundamentação legal, com violação ao art. 10, IV do Decreto n.° 70.235, de 1972, além de mencionar os princípios contidos no art. 2° da Lei n°.9.784, de 1999, fazendo ênfase no Princípio da Legalidade; fala que a fundamentação legal citada faz menção à instituição da cobrança da Cofins, à determinação do fato gerador, da base de cálculo, do sujeito passivo, da destinação de receitas e das alíquotas. enfatizando que: "em hipótese alguma capitulou o procedimento levado a efeito pela impugnante como incorreto ou em desacordo com as determinações legais (fl. 117); sustenta que o contido no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal não serviria para suprir tal falta, uma 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 7829DF CARF MF Processo nº 10980.004953/200616 Acórdão n.º 3302004.763 S3C3T2 Fl. 6 9 vez que não faria parte do auto de infração, citando quanto a isso o art. 9 do Decreto n." 70.235, de 1972"2. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, entendo não ser o caso de nulidade do auto de infração, posto que os fundamentos legais que embasaram a autuação foram devidamente apresentados pela fiscalização. Com efeito, no termo de verificação e encerramento da ação fiscal há menção expressa dos dispositivos legais e dos motivos utilizados pela fiscalização para proceder o lançamento fiscal relativo ao crédito de PIS/COFINS, o qual destacase o seguinte trecho: "2.7. No que toca ao PIS e a COFINS, já vimos que o art. 14, incis IX da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, foi expresso em contemplar com isenção das contribuições as vendas feitas a empresas exportadoras com fim específico de exportação, sendo este fim específico de exportação definido na Lei nº 9.532/97. 2.8. Assim sendo, se a indústria estiver lidando com comercial exportadora comum, para valerse da suspensão do PIP e da isenção das contribuições, na operação de venda, deverá remeter os produtos diretamente, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, a embarque de exportação ou a recinto alfandegado, enquanto se a venda estiver sendo feita a comercial exportadora do DecretoLeio nº 1.248, de 1972, ela (a indústria) poderá enviar os produtos, ainda, ao recinto de uso privativo da comercial exportadora de que trata o art. 14 da Instrução Normativa SRF nº 241, de 2002, por sua conta e ordem (nessa última hipótese há três e não apenas dois tipos de remessa que caracterizam "fim especifico de exportação"). (...) 3. Do exame das vendas efetuadas pela empresa, como equiparadas a exportação, constatamos que todas foram feitas a não tradings, e não foram remetidas diretamente para embarque de exportação ou para recinto alfandegados, o que implica na impossibilidade de fruição dos benefícios fiscais da suspensão do IPI e da isenção das contribuições para o PIS e a COFINS. Conforme informações prestadas pela própria empresa as mercadorias foram retiradas em sua sede pelas adquirentes, pois o frete era por conta destas. A respeito desses fatos, verificase, ainda, que a Recorrente apresentou amplos argumentos sobre a inaplicabilidade do artigo 14, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, aos fatos geradores ocorridos no período de 2001 e 2002, demonstrando total conhecimento sobre os fatos e fundamentos que ensejaram o lançamento fiscal. Não há, portanto, qualquer contrariedade aos dispositivos legais suscitados pela Recorrente, posto que (i) a fiscalização motivou seu lançamento fiscal, apontando a norma legal infringida, cumprindo, assim, a determinação prevista no artigo 10, inciso IV, do Decreto 70.235/72; (ii) não houve preterição do direito de defesa ou inobservância ao princípio da legalidade, posto que a Recorrente teve totalmente conhecimento dos fatos e fundamentos que embasaram o lançamento fiscal, tendo, inclusive, participado de todo o procedimento fiscal que antecipou a lavratura do auto de infração, em total respeito ao artigo 59, incisos I e II do 2 Trecho extraído do relatório da decisão de piso. Fl. 7830DF CARF MF 10 referido Decreto, bem como do artigo 2º, da Lei 9.784/99; e (iii) a base de cálculo e apuração do débito tributário foram devidamente apresentadas. Não bastasse isso, o argumento utilizado pela Recorrente no sentido de que o termo de verificação fiscal não é parte integrante do auto de infração, a teor do que prevê o artigo 9º, do Decreto nº 70.235/72, é totalmente descabido. Isto porque, o próprio artigo utilizado pela Recorrente para fundamentar sua alegação é expresso ao determinar que o lançamento fiscal deverá ser instruído com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito, a saber: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que referido dispositivo não traz em seu bojo qualquer enunciado que desvincule o Termo de Verificação Fiscal do Auto de Infração, pelo contrário, a norma exige, em caráter obrigatório que todos os documentos elaborados e coletados pela fiscalizados sejam carreados no processo administrativo. Ou seja, todos os documentos emitidos e coletados pela fiscalização antes da lavratura do auto de infração são partes integrantes e vinculados ao lançamento fiscal. Tal fato, visa justamente para dar ao contribuinte amplo conhecimento da autuação e garantir a ampla defesa e contraditório. Deste modo, entendo que o pedido de nulidade apresentado pela Recorrente deve ser totalmente afastado. II.2 O pedido de realização de perícia A Recorrente tanto em sede recursal, quanto na manifestação apresentada após o retorno de diligência pleiteou a realização de perícia, para o fim de comprovar que as mercadorias vendidas às comerciais exportadoras de fato foram exportadas. Em relação ao pedido da Recorrente, a fiscalização quando prestou os esclarecimentos no Relatório de Diligência assim expôs seu entendimento: 2) Quanto à manifestação sobre os documentos juntados aos autos pelo sujeito passivo, determinando se de fato as mercadorias relacionadas com o presente processo foram exportadas: Com relação aos documentos juntados pelo sujeito passivo em sua impugnação com o intuito de demonstrar que as exportações foram, de fato, realizadas, não cabe a análise dos mesmos por ser irrelevante, para o sujeito passivo, o fato de as exportações terem ou não sido realizadas, pois a responsabilidade pelo pagamento dos tributos devidos, em caso de não exportação, é da comercial exportadora adquirente dos produtos, conforme previsto no art. 5 do DecretoLei nº 1.248/72 abaixo transcrito: “Art.5º Os impostos que forem devidos bem como os benefícios fiscais, de qualquer natureza, auferidos pelo produtorvendedor, acrescidos de juros de mora Fl. 7831DF CARF MF Processo nº 10980.004953/200616 Acórdão n.º 3302004.763 S3C3T2 Fl. 7 11 e correção monetária, passarão a ser de responsabilidade da empresa comercial exportadora nos casos de: a) não se efetivar a exportação após decorrido o prazo de um ano a contar da data do depósito; b) revenda das mercadorias no mercado interno; c) destruição das mercadorias.” Ainda em relação à irrelevância exposta no parágrafo anterior, a de demonstrar se as exportações foram ou não de fato realizadas, somase ainda o descumprimento da obrigação, por parte do sujeito passivo, de remeter os seus produtos diretamente para um recinto alfandegado e não no fato de as mercadorias não terem sido exportadas pelos adquirentes, pois, neste segundo caso, a autuação a ser feita seria sobre estes e não sobre sujeito passivo, conforme previsto no acima transcrito art. 5 do DecretoLei nº 1.248/72. De fato, a realização de perícia para auferir se realmente os produtos vendidos às comerciais exportadoras foram exportados se mostram totalmente prescindíveis, considerando que a autuação diz respeito à ausência de cumprimento dos requisitos previstos no artigo 14, da Medida Provisória nº 2.158352001, que prevê obrigação ao produtor vendedor de enviar as mercadorias vendidas às empresas comerciais exportadoras diretamente para embarque ou para recintos alfandegados, usufruindo, assim, dos benefícios concedidos pelo citado dispositivo. Assim, o fato da exportação ter sido realizado posteriormente pelas comerciais exportadoras é irrelevante para o deslinde deste processo, motivo pelo qual entendo que o posicionamento da fiscalização, o qual foi confirmado pela decisão de piso, deve ser mantido. III Mérito A Recorrente alega ser totalmente indevida a exigência do crédito tributário, pois segundo ela, para os períodos de apuração anteriores à entrada em vigor do Decreto nº 4.524/2002, não se poderia desconsiderar que as vendas efetuadas para empresas comerciais exportadoras estariam abrangidas pela isenção/não incidência da Cofins e do PIS, tal como previsto no artigo 14, da MP nº 2.15835/2001; entende ser indevida a menção ao art. 39, §2º, da Lei nº 9.532/97, posto que esta lei diria respeito tão somente ao IPI, não podendo ser utilizado para outros tributos/contribuições, por analogia, o que seria vedado pelo art. 108, §1º, do CTN. Alegada, ainda, que mesmo após a vigência do precitado Decreto nº 4.524/2002, suas vendas para empresas comerciais exportadoras estariam abrigadas pelo art. 149, da CF/88, com as alterações promovidas pela EC nº 33/2001. Por fim, insurgese contra aplicação da multa de 75%, alegando ofensa ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade. É o que cabia resumir. III.1 A isenção prevista no artigo 14, da Medida Provisória nº 2.158 35/2001. Fl. 7832DF CARF MF 12 As exportações de mercadorias e serviços para exterior estão afastadas da incidência da COFINS desde sua criação em 1991, a teor da previsão contida no artigo da Lei Complementar 70/913. De sua criação até o início da vigência da Medida Provisória 18566/99, vigorou a redação da Lei Complementar 85/96, que foi então revogada. Esta medida provisória, cujo texto foi reeditado numa séria de outras medidas provisórias até culminar na Medida Provisória nº 2.15835/2001, vigente à época da constituição do crédito deste processo administrativo. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de fevereiro de 1999, a Medida Provisória nº 18566/99 e respectivas reedições até a MP 2.15835/2001, prevê quanto as isenções para o PÌS e a COFINS o seguinte: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: I dos recursos recebidos a título de repasse, oriundos do Orçamento Geral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista; II da exportação de mercadorias para o exterior; III dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; IV do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; V do transporte internacional de cargas ou passageiros; VI auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro REB, instituído pela Lei no 9.432, de 8 de janeiro de 1997; VII de frete de mercadorias transportadas entre o País e o exterior pelas embarcações registradas no REB, de que trata o art. 11 da Lei no 9.432, de 1997; VIII de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do DecretoLei no 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IX de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; 3 Art. 7º São também isentas da contribuição as receitas decorrentes: I de vendas de mercadorias ou serviços para o exterior, realizadas diretamente pelo exportador; II de exportações realizadas por intermédio de cooperativas, consórcios ou entidades semelhantes; III de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras, nos termos do Decretolei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IV de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo; V de fornecimentos de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações ou aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; VI das demais vendas de mercadorias ou serviços para o exterior, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo. Fl. 7833DF CARF MF Processo nº 10980.004953/200616 Acórdão n.º 3302004.763 S3C3T2 Fl. 8 13 X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. § 1o São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. Nestes termos, para que o contribuinte possa usufruir do benefício, deve demonstrar que a venda às empresas comerciais exportadora teve o fim específico de exportação, com total observância aos termos do Decretolei nº 1.248/72 que traz em seu bojo a definição para expressão "fim específico de exportação", senão vejamos: Art.1º As operações decorrentes de compra de mercadorias no mercado interno, quando realizadas por empresa comercial exportadora, para o fim específico de exportação, terão o tratamento tributário previsto neste DecretoLei. Parágrafo único. Consideramse destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtorvendedor para: a) embarque de exportação por conta e ordem da empresa comercial exportadora; b) depósito em entreposto, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, sob regime aduaneiro extraordinário de exportação, nas condições estabelecidas em regulamento. No caso em comento, não há prova de que a Recorrente entregou para embarque de exportação ou para recinto alfandegado, por conta e ordem das empresas comerciais exportadoras que adquiriram as mercadorias, sendo que a comprovação desse fato seria suficiente pra excluir a tributação sobre as vendas, independente de as mercadorias terem sido exportadas ou não. Aliás, a própria Recorrente confirma que as mercadorias foram entregues diretamente às empresas comerciais exportadoras e que não houve remessa direta para embarque de exportação e/ou porto alfandegado. Ressaltase, que o cumprimento dos requisitos previstos no artigo 14, da Medida Provisória nº 2.15835/2001 já foi objeto de análise deste Conselho, oportunidade em que restou decidido que o benefício da isenção aplicase para as vendas realizadas às empresas exportadoras, com fins específicos de exportação e diretamente embarcadas para exportação ou depositadas em entreposto, sob regime aduaneiro extraordinário de exportação, por conta e ordem de empresa exportadora: Ementa(s) PIS. COMPROVAÇÃO DE VENDA A EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. RESPONSABILIDADE DO VENDEDOR. Consideramse destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtorvendedor para embarque de exportação por conta e ordem da empresa comercial exportadora ou depósito em entreposto, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, sob regime aduaneiro extraordinário de exportação, nas condições estabelecidas em regulamento. MULTA AGRAVADA. É aplicável nos casos de fraude, dolo ou simulação. Recurso negado. (Acórdão 20308956) Fl. 7834DF CARF MF 14 Ementa(s) PIS. ISENÇÃO. VENDAS PARA EXPORTAÇÃO. REQUISITOS. A isenção concedida para vendas a empresas exportadoras, devidamente registradas no órgão competente, contempla apenas aquelas efetuadas com fins específicos de exportação, assim consideradas quando as mercadorias forem diretamente embarcadas para exportação ou depositadas em entreposto, sob regime aduaneiro extraordinário de exportação, por conta e ordem de empresa exportadora. Recurso negado. (Acórdão 20310201) Portanto, resta claro que a Recorrente não faz jus ao benefício da isenção prevista no artigo 14, da Medida Provisória nº 2.158/352001, posto que conforme demonstrado alhures, não houve cumprimento dos requisitos previstos na referida legislação. Por outro lado, não há irregularidades por parte da fiscalização adotar a definição para expressão "fim específico de exportação" prevista no artigo 39, do §2º, da Lei nº 9.532/974 para aplicála aos casos onde há discussão sobre a incidência de PIS/COFINS. Isto porque, o §2º, do referido dispositivo, nada mais fez do que reproduzir o conceito previsto no Decretolei nº 1.248/72. Ou seja, antes da edição da Lei nº 9.532/97 já havia no ordenamento jurídico norma regulando a expressão "fim específico de exportação", sendo que a legislação (9.532/97) nada mais fez do que adotar a definição do DecretoLei nº 1.248/72. Assim, não há que falar em irregularidade do lançamento fiscal. Nesta seara, fica também afastado o argumento da Recorrente no sentido de que a obrigação legal de entregar mercadorias em terminais de embarque ou recinto alfandegado, para fins de concessão do benefício da isenção, surgiu apenas com a edição do Decreto nº 4.524/2002, que assim dispõe: Art. 45. São isentas do PIS/Pasep e da Cofins as receitas (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 14, Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, § 2º, e Lei nº 10.560, de 2002, art. 3º, e Medida Provisória nº 75, de 2002, art. 7º): I dos recursos recebidos a título de repasse, oriundos do Orçamento Geral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista; II da exportação de mercadorias para o exterior; III dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residentes ou domiciliadas no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; IV do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível, observado o disposto no § 3º; 4 Art. 39. Poderão sair do estabelecimento industrial, com suspensão do IPI, os produtos destinados à exportação, quando: I adquiridos por empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação; II remetidos a recintos alfandegados ou a outros locais onde se processe o despacho aduaneiro de exportação. § 1º Fica assegurada a manutenção e utilização do crédito do IPI relativo às matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na industrialização dos produtos a que se refere este artigo. § 2º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. Fl. 7835DF CARF MF Processo nº 10980.004953/200616 Acórdão n.º 3302004.763 S3C3T2 Fl. 9 15 V do transporte internacional de cargas ou passageiro; VI auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação, modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro (REB), instituído pela Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997; VII de frete de mercadorias transportadas entre o País e o exterior pelas embarcações registradas no REB, de que trata o art. 11 da Lei nº 9.432, de 1997; VIII de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do Decretolei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; e (...) Com efeito, a obrigação legal de entregar mercadorias em terminais de embarque ou recinto alfandegado, para fins de concessão do benefício da isenção do PIS/COFINS já estava previsto no Decretolei nº 1.248/72, não se tratando de obrigação prevista somente a partir do Decreto nº 4.524/2002. Tanto é, que o inciso VIII do Decreto 4.524/2002 já trouxe menção expressa do DecretoLei 1.248/72 para o fim de obrigar o contribuinte observar as disposições legais nele contidas. Assim, não merece guarida os argumento suscitados pela Recorrente. Não bastasse isso, a Recorrente suscita observância ao artigo 149, §2º, inciso I5, da Constituição Federal, no sentido de justificar a não incidência das contribuições sobre a receita decorrente de vendas realizadas às comerciais exportadoras. Mais uma vez, peço vênia para discordar do entendimento manifestado pela Recorrente, haja vista que o conceito de exportação é restritivo e não abrange a venda interna de mercadorias, ainda que esporadicamente tenha sido destinado à exportação pelas empresas comerciais exportadoras. III.2 Inaplicabilidade da Multa Por fim, insurgese a Recorrente contra aplicação da multa de 75%, alegando caráter confiscatório, nos termos do artigo 150, inciso IV, da CF/88, bem como ofensa ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade. Contudo, não cabe a este órgão administrativo perquirir de sua constitucionalidade, dado este controle não ser da alçada dos órgãos administrativos, mas sim, 5 Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.(...) § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Fl. 7836DF CARF MF 16 exclusivamente, do Poder Judiciário, a teor da previsão contida no artigo 102, incisos I e II, "b" e §1º, da Constituição Federal. Corroborando esse posicionamento, a Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, fez constar o artigo 62, o qual dispõe "Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade" . Por fim, a matéria já está sumulada no âmbito deste Tribunal Administrativo: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IV Conclusão Diante do exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 7837DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.721981/2008-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006
IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA.
A previsão Constitucional de que pertence aos Estados o produto da arrecadação do IRRF incidente sobre os pagamentos que efetuarem, não afasta a competência tributária ativa da união para arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. BOA FÉ.
A falta de retenção do tributo pelo responsável tributário não exclui a obrigação do beneficiário de oferecê-los à tributação. Contudo, constatado que o contribuinte elaborou sua declaração observando informações contidas no comprovante de rendimentos fornecido pela sua fonte pagadora, afasta-se a cobrança de multa punitiva decorrente do lançamento de ofício.
LANÇAMENTO. TRIBUTAÇÃO DE JUROS E CORREÇÃO.
O lançamento reporta-se à legislação vigente à época do fato gerador, sendo devida a tributação de juros moratórios se estes incidem sobre rendimentos tributáveis.
Numero da decisão: 2201-003.827
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator.
assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
assinado digitalmente
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 07/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA. A previsão Constitucional de que pertence aos Estados o produto da arrecadação do IRRF incidente sobre os pagamentos que efetuarem, não afasta a competência tributária ativa da união para arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. BOA FÉ. A falta de retenção do tributo pelo responsável tributário não exclui a obrigação do beneficiário de oferecê-los à tributação. Contudo, constatado que o contribuinte elaborou sua declaração observando informações contidas no comprovante de rendimentos fornecido pela sua fonte pagadora, afasta-se a cobrança de multa punitiva decorrente do lançamento de ofício. LANÇAMENTO. TRIBUTAÇÃO DE JUROS E CORREÇÃO. O lançamento reporta-se à legislação vigente à época do fato gerador, sendo devida a tributação de juros moratórios se estes incidem sobre rendimentos tributáveis.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. EDITADO EM: 07/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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COMPETÊNCIA. A previsão Constitucional de que pertence aos Estados o produto da arrecadação do IRRF incidente sobre os pagamentos que efetuarem, não afasta a competência tributária ativa da união para arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. BOA FÉ. A falta de retenção do tributo pelo responsável tributário não exclui a obrigação do beneficiário de oferecêlos à tributação. Contudo, constatado que o contribuinte elaborou sua declaração observando informações contidas no comprovante de rendimentos fornecido pela sua fonte pagadora, afastase a cobrança de multa punitiva decorrente do lançamento de ofício. LANÇAMENTO. TRIBUTAÇÃO DE JUROS E CORREÇÃO. O lançamento reportase à legislação vigente à época do fato gerador, sendo devida a tributação de juros moratórios se estes incidem sobre rendimentos tributáveis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 19 81 /2 00 8- 68 Fl. 426DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 427 2 assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator. EDITADO EM: 07/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório 1 Tratase de Recurso Voluntário (fls.168/254) interposto pelo contribuinte em face da decisão da DRJ/SDR questionando o auto de infração sobre IRPF ano calendário de 2003 a 2006 no valor total de R$ 392.605,57 de acordo com fls. 02/15. 2 – Adoto inicialmente como relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (fls. 106/113) por sua precisão: “Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2003, 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 392.605,57, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Uma parte destes rendimentos foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Tais diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, conseqüentemente, Fl. 427DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 428 3 estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Uma segunda parcela dos rendimentos classificados indevidamente pelo contribuinte como isentos ou não tributáveis foram recebidos a título de aposentadoria no período de janeiro de 2003 a outubro de 2005, com base no Mandado de Segurança nº 1999.33.000070074, onde se pretendia a isenção do imposto sobre a integralidade dos proventos de aposentadoria recebidos pelos maiores de 65 anos. A segurança concedida foi denegada pelo Tribunal Regional Federal da 1a Região em 16/04/2002, e transitou em julgado no Supremo Tribunal Federal em agosto de 2004. O contribuinte foi cientificado do lançamento fiscal e apresentou impugnação, contestando apenas a infração relativa à diferença de URV. Foi, alegado, em síntese, que: a) o lançamento fiscal é improcedente, pois teve como objeto valores recebidos pelo impugnante a título de diferenças de URV, que não estão sujeitos à incidência do imposto de renda, em razão do seu caráter indenizatório, não se enquadrando nos conceitos de renda ou proventos de qualquer natureza, previstos no art. 43 do CTN; b) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV recebidas pelos magistrados federais, e que por esse motivo estariam isentas da contribuição previdenciária e do imposto de renda. Este tratamento seria extensível aos valores a mesmo título recebidos pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia; c) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do IRRF que lhe caberia ao estabelecer no art. 3º da Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga. Além disso, se a fonte pagadora não fez a retenção que estaria obrigada, e levou o autuado a informar tal parcela como isenta em sua declaração de rendimentos, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; d) caso os rendimentos apontados como omitidos de fato fossem tributáveis, deveriam ter sido submetidos ao ajuste anual, e não tributados isoladamente como no lançamento fiscal; Fl. 428DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 429 4 e) parcelas dos valores recebidos a título de diferenças de URV se referiam à correção incidente sobre 13º salários e a férias indenizadas (abono férias), que respectivamente estão sujeitas à tributação exclusiva e isenta, portanto, não deveriam compor a base de cálculo do imposto lançado; f) ainda que as diferenças de URV recebidas em atraso fossem consideradas como tributáveis, não caberia tributar os juros e correção monetária incidentes sobre elas, tendo em vista sua natureza indenizatória; g) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício e juros moratórios, pois o autuado teria agido com boafé, seguindo orientações da fonte pagadora, que por sua vez estava fundamentada na Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV. Em razão da impugnação parcial, a parcela do crédito não impugnada foi transferida para o processo nº 10580720040/200998, conforme Termo de Transferência de Crédito Tributário, às fls. 126. Foi determinada diligência fiscal para que o órgão de origem adotasse as medidas cabíveis para ajustar o lançamento fiscal ao Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009, de 12 de fevereiro de 2009, da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, que, em razão de jurisprudência pacificada no Superior Tribunal de Justiça, concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexistisse outro fundamento relevante, com relação às ações judiciais que visassem obter a declaração de que, no cálculo do imposto renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, deveriam ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global.” 3 A decisão da DRJ/SDR (fls. 106/113) julgou improcedente a Impugnação do contribuinte, conforme decisão ementada abaixo: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Fl. 429DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 430 5 Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” 4 Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, às fls. 117, o contribuinte apresentou recurso voluntário, fls. 168/254, complementado por fls. 279/287 onde reitera e reforça os mesmos argumentos da impugnação. 5 Na sessão de 14/08/2012 a extinta 1ª Turma Especial desse E. Sodalício através da Resolução nº 2801000.138 sobrestou a análise do Recurso Voluntário até que ocorresse a decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE nº 614.406. 6 – Em decisão da extinta 1ª Turma Especial através do AC. 2801004.022 de 12/03/2015 foi dado provimento ao recurso assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Fl. 430DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 431 6 Exercício: 2005, 2006, 2007 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA. APURAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA. A incidência do imposto de renda pela regra do regime de caixa, como prevista na redação do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. A incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. Não é razoável, nem proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo. Inteligência daquilo que foi decidido pelo STF no Recurso Extraordinário nº 614406, com repercussão geral reconhecida. Recurso Voluntário Provido 7 – Às fls. 305/320 Recurso Especial da PGFN e às fls. 322/330 decisão de admissibilidade e contrarrazões do recurso às fls. 335/353. Às fls. 397 Ac 9202004.190 da C. 2ª Turma da CSRF que deu provimento ao recurso especial em decisão assim ementada: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. Fl. 431DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 432 7 IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de competência. Recurso Especial do Procurador Provido” 08 – Nas conclusões do V. Acórdão a 2ª Turma da CSRF assim decidiu: “Por fim, considerando os termos do acórdão proferido, a inexistência de embargos de declaração pelo sujeito passivo, bem como a delimitação da lide objeto deste Recurso Especial ser tão somente sobre a nulidade do lançamento, encaminho pelo provimento do Resp da Fazenda Nacional, para que a apuração do imposto devido seja feita de acordo com o regime de competência, em face do julgado no âmbito do RE 614.406/RS, não comportando mais discussão a incidência sobre os rendimentos recebidos Fl. 432DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 433 8 acumuladamente à título de diferenças de URV, contundo retornando o processo para câmara a quo para apreciação das demais questões, quais sejam: quebra do princípio constitucional da isonomia em relação aos membros do ministério público federal; utilização incorreta de alíquotas pela autoridade fiscal; desconsideração das deduções cabíveis no cálculo do suposto imposto devido; necessidade de exclusão de parcelas isentas e de tributação exclusiva; responsabilidade tributária da fonte pagadora e boa fé do contribuinte; necessidade de exclusão da multa de ofício e dos juros de mora.” 09 – Redistribuído os autos a esse Relator. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 10 – Os autos retornaram a esta C. Turma após redistribuição para análise e julgamento de outros pontos não enfrentados no Recurso Especial, ou seja, “não comportando mais discussão a incidência sobre os rendimentos recebidos acumuladamente à título de diferenças de URV, contundo retornando o processo para câmara a quo para apreciação das demais questões, quais sejam: quebra do princípio constitucional da isonomia em relação aos membros do ministério público federal; utilização incorreta de alíquotas pela autoridade fiscal; desconsideração das deduções cabíveis no cálculo do suposto imposto devido; necessidade de exclusão de parcelas isentas e de tributação exclusiva; responsabilidade tributária da fonte pagadora e boa fé do contribuinte; necessidade de exclusão da multa de ofício e dos juros de mora.” Fls. 411/412. Fl. 433DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 434 9 11 Existem preliminares de mérito suscitadas pelo contribuinte e que serão abordadas nesse momento. ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA COBRAR O VALOR DO IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE NA FONTE QUE NÃO FOI OBJETO DE RETENÇÃO PELO ESTADO MEMBRO. 12 – Sem razão o contribuinte. O sujeito ativo no caso é a União Federal. De acordo com artigo 153, III da CF/88. O artigo 157, I da CF apenas diz que o produto da arrecadação de tais tributos será transferido para os Estados e Municípios e mesmo assim relativo ao IRRF. 13 – Se o Estado da Bahia tivesse efetuado a retenção poderíamos até de certa forma considerar tal fato, contudo, mesmo assim essa hipótese não alteraria a sujeição ativa da União. 14 – A decisão da DRJ deixa claro essa situação: “É certo que, por determinação constitucional, se o Estado da Bahia tivesse efetuado a retenção do IRRF, o valor arrecadado lhe pertenceria. Entretanto, tal retenção não alteraria a obrigação do contribuinte de oferecer a integralidade do rendimento bruto à tributação do imposto de renda na declaração de ajuste anual. A exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física (IRPF) e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Fl. 434DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 435 10 Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União.” 15 – Quanto a essa matéria, me detenho a indicar como razão e fundamento de decidir os termos do voto dessa C. Turma no Ac. 2201003.749 julgado em 06/07/2017 do I. Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo assim decidido: “A tese encampada pelo recorrente não faz qualquer sentido lógico ou jurídico. O Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer é competência da União, nos termos do art. 153 da CF/88, sendo certo que parte do produto de sua arrecadação é entregue aos Estados, Distrito Federal e Municípios (159, I CF/88), com a ressalva de que, para o cálculo do montante a ser entregue, excluise a parcela da arrecadação do IR pertencente ao Entes Federados de que tratam os artigos 157 e 158, tudo do texto Constitucional. É cristalino que ao Estado pertence o produto da arrecadação (efetiva e não potencial) e não a titularidade da competência tributária ativa do IR incidente na fonte sobre os rendimentos pagos a qualquer título por eles. Decerto que, arrecadado, compete ao Estado dar o destino que entender devido ao recurso, mas não havendo arrecadação a competência tributária, neste caso, é da União. (...) Omissis Embora sintéticas, são absolutamente corretas as conclusões da Delegacia de Julgamento. Afinal, não estamos tratando no presente processo de Fl. 435DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 436 11 Imposto sobre a Renda Retido na Fonte, mas de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. Tratase de procedimento fiscal em que se objetiva a aplicação da legislação tributária federal relativa ao tributo lançado, para que os valores considerados devidos a este título sejam efetivamente arrecadados, de modo a para prover o Estado (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) de recursos necessários aos seu mister. Não há identidade do caso em tela com os tratados na jurisprudência citada no Recurso, já que estas expressam entendimento do Judiciário sobre a competência da Justiça Estadual para processar e julgar demanda em que se discuta a incidência do IR da Fonte sobre vencimento de servidor público Estadual. Assim, quanto a este tema, não procedem os argumentos recursais de supressão de instância, violação ao devido processo legal e ilegitimidade ativa da União.” 16 – Portanto, afasto a matéria preliminar, negando provimento ao recurso nesse item. DO MÉRITO QUEBRA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA; 17 – Apesar de constar no V. Acórdão do Resp a devolução da matéria acima para essa turma, com a devida vênia, entendo que a mesma está inserida dentro do bojo da discussão sobre a incidência dos rendimentos recebidos acumuladamente à título de diferenças Fl. 436DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 437 12 de URV, e tem por propósito desconstituir as conclusões da fiscalização sobre a natureza tributária dos rendimentos recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de "Valores Indenizatórios de URV", que no caso restaram superadas com a decisão exarada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. 18 – Contudo, a fim de evitar discussões acerca de eventual cerceamento de defesa me manifesto a respeito do assunto, trazendo a baila e como fundamento de decidir o voto do Ac. 2402005.560 j. 18/02/2017 que quanto a essa matéria assim decide: “Entendo que não há como igualar as situações dos membros do Ministério Público Federal e Magistratura Federal com os membros dos quadros do Estado da Bahia, haja vista inexistir lei federal determinando o mesmo tratamento tributário, pois a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II do art. 111 do CTN. Com efeito, o Código Tributário Nacional veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação semelhantes. Pensar diferentemente implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6° do art. 150 da CF/1988 e o art. 176 do CTN. Por sua vez, a Resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) n° 245/2002, cuja aplicação é reclamada pelo recorrente, conferiu natureza jurídica indenizatória ao abono variável, apenas aos Magistrados do Poder Judiciário Federal e, posteriormente, aos membros do Ministério Público da União (Lei n° 9.655/1998 e Lei n° 10.474/2002). No mesmo sentido, a PGFN, por meio do Parecer PGFN/N° 529/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, reconheceu a natureza indenizatória do abono apenas para a Magistratura Federal e MP Federal, respeitando a interpretação do STF. Contudo, tal verba não pode ser confundida com as diferenças decorrentes de URV, ora sob análise. Fl. 437DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 438 13 A referida Resolução STF n° 245/2002 dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.°10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Vejamos os textos legais: [Lei no 10.474/2002] Art. 2o O valor do abono variável concedido pelo art. 6o da Lei no 9.655, de 2 de junho de 1998, com efeitos financeiros a partir da data nele mencionada, passa a corresponder à diferença entre a remuneração mensal percebida por Magistrado, vigente à data daquela Lei, e a decorrente desta Lei. [Lei no9.655/1998] Art. 6o Aos membros do Poder Judiciário é concedido um abono variável, com efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 1998 e até a data da promulgação da Emenda Constitucional que altera o inciso V do art. 93 da Constituição, correspondente à diferença entre a remuneração mensal atual de cada magistrado e o valor do subsídio que for fixado quando em vigor a referida Emenda Constitucional. Neste sentido, o inciso I do art. 1° da Resolução STF n° 245/2002 trouxe a forma de cálculo deste abono prescrevendo que: Art. 1o (...) Art. 2º Para os efeitos do artigo 2º da Lei nº 10.474, de 2002, e para que se assegure isonomia de tratamento entre os beneficiários, o abono será calculado, individualmente, observandose, conjugadamente, os seguintes critérios: I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)". (grifouse) Fl. 438DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 439 14 Como se observa, a própria redação da resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: ‘Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010)’ E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: ‘Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010)’ Rejeitase, portanto, o pedido de aplicação do princípio da isonomia, visto que são distintas a situação do Autuado e a situação dos Magistrados do Fl. 439DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 440 15 Poder Judiciário Federal e dos membros do Ministério Público da União, devendo a verba sob exame ser tributada. 19 – Portanto, adotando os mesmos fundamentos acima como razões de decidir afasto os argumentos do contribuinte nesse ponto mantendo a autuação em negando provimento ao recurso nesse ponto. ALÍQUOTAS INCORRETAS USADAS PELA AUTORIDADE FISCAL 20 – Nesse tópico, sem razão o contribuinte, me mantenho firme ao quanto decidido por essa C. Turma no AC. 2201003.749 j. 06/07/17 e portanto me reporto a transcrever as razões do I. Relator que adoto integralmente como razões de decidir: “Sustenta o contribuinte que, embora tenha sido considerada correta pela Decisão recorrido, há erros nas alíquotas aplicadas pela fiscalização. Alega que, em 1994, foi utilizada a alíquota de 26,6%, quando o correto seria 25%. Já em 1998, foi utilizada a alíquota de 27,5% quando o correto seria 25%. Aponta o sítio da Receita Federal do Brasil na Internet como sua fonte de consultas, onde podemos consultar a seguinte tabela: Fl. 440DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 441 16 Aparentemente, a questão suscitada pelo recorrente tem origem na confusão entre os termos período de apuração e exercício. Como se constata em fl. 10, para o anocalendário de 1994, foi utilizada a alíquota de 26,6% e para o anocalendário de 1998 foi utilizada a alíquota de 27,5. Portanto, considerando que os anos de 1994 e de 1998 correspondem aos exercícios de 1995 e 1999, respectivamente, não há qualquer dúvida da correção da alíquotas aplicadas pela fiscalização, razão pela qual nego provimento ao Recurso neste tema.” 21 – Outrossim, o contribuinte pleiteia, o recálculo do tributo de acordo com a Instrução Normativa RFB no 1.127/2011. Entretanto, a referida instrução normativa somente se aplica aos rendimentos recebidos acumuladamente a partir de 28 de julho de 2010, conforme Fl. 441DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 442 17 estabelece o seu art. 2º, pelo que não alcançam os valores objeto da autuação, recebidos nos anoscalendário 2004 a 2006. 22 – Insta informar que a CSRF decidiu pelo recálculo dos valores conforme conclusão (...)“encaminho pelo provimento do Resp da Fazenda Nacional, para que a apuração do imposto devido seja feita de acordo com o regime de competência, em face do julgado no âmbito do RE 614.406/RS (...)”. Rejeitase, portanto, todos os pedido na matéria acima indicada. DESCONSIDERAÇÃO PELA AUTORIDADE FISCAL DAS DEDUÇÕES CABÍVEIS NO CÁLCULO DO SUPOSTO IMPOSTO 23 – Afasto os argumentos do recorrente, na medida em que não consegue infirmar o trabalho fiscal que foi elaborado de acordo com os termos do artigo 142 do CTN, não havendo nada que macule o mesmo, mas apenas meras alegações de descontentamento do contribuinte desprovidas de prova. 24 – Nesse caso o ônus da prova é do contribuinte, que nada trouxe de elemento concreto para embasar os argumentos levantados e, portanto, nada a prover nesse sentido, mantendo o lançamento incólume nessa parte. 25 – No mais, a autoridade fiscal indica às fls. 14 que todas as deduções lançadas pelo contribuinte foram consideradas. DA EXCLUSÃO DE PARCELAS ISENTAS E DE TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA DOS VALORES RELATIVOS A 13º SALÁRIOS E FÉRIAS INDENIZADAS Fl. 442DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 443 18 26 – Nessa matéria, também nada a prover, pois de acordo com a decisão de piso : "O impugnante alega que parcelas dos valores recebidos a título de URV se referiam à correção incidente sobre férias indenizadas e 13º salário, e que por este motivo deveriam ser excluídas do lançamento fiscal. Entretanto, a documentação apresentada não discrimina tais parcelas, restando sem comprovação o alegado." 27 Portanto negado provimento nesse ponto. DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DA FONTE PAGADORA. DA BOAFÉ DO CONTRIBUINTE 28 – Quanto a esse ponto, não há necessidade de maiores digressões, sendo aplicável ao caso de forma objetiva dos termos da Súmula Carf nº 12 na medida em que é ponto consolidado pela jurisprudência interna deste órgão e concluo portanto pelo desprovimento do recurso nessa parte. Súmula CARF nº 12: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO E DOS JUROS DE MORA CONSTANTES DO AUTO DE INFRAÇÃO Fl. 443DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 444 19 29 – Da mesma forma que o item anterior, sendo bem objetivo, verifico que o contribuinte lançou os valores em sua DIRPF com base nos informes de rendimento entregues pela fonte pagadora e, portanto aplicável ao caso os termos da súmula CARF 73 afastando a multa de ofício do lançamento, sendo que nesse ponto dou provimento parcial ao recurso com a ressalva de que a exclusão da penalidade não resulta em exigência substitutiva, já que, neste caso, homenageiase a boafé do recorrente e mesmo a multa de mora teria o mesmo caráter de penalidade: Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. 30 – Quanto aos juros de mora nada a prover na medida em que existe previsão legal na lei 9.430/96 para sua incidência e no caso a DRJ fundamentou bem a matéria pelo que adoto as mesmas razões de decidir, verbis: “É certo, também, que o parágrafo único do art. 100 do CTN exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo, nos casos em que o contribuinte age em observância às normas complementares nele previstas. Entretanto, os informes de rendimentos fornecidos pelo Ministério Público Estadual não têm caráter normativo, nem a autoridade administrativa emitente tem competência para tratar de matéria tributária federal.” DOS JUROS DE MORA E DA CORREÇÃO MONETÁRIA NO CÁLCULO DA DIFERENÇA DE URV 31 – Nesse tópico, afasto as razões do recorrente e adoto como razões de decidir os mesmos fundamentos do Ac. AC. 2201003.749 j. 06/07/17: Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 445 20 “Neste tópico, embora a peça recursal apresente alguma impropriedade por misturar seus argumentos com os do tema anterior, fica evidente que a insurgência do contribuinte decorre do seu entendimento de que os valores recebidos que correspondam a juros e a atualização monetária sobre as diferenças da conversão da URV não deveriam sofrer tributação, em razão de sua natureza indenizatória, não constituindo acréscimo patrimonial. Considerando que, nos termos do art. 144 do CTN, o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, não merece reparos a decisão recorrida, que fundamentou o indeferimento do pleito no texto então vigente do art. 12 da Lei 7.713/88, o qual previa expressamente que, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária. Portanto, nego provimento ao Recurso neste tema.” Conclusão 32 Diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e darlhe parcial provimento, para excluir a multa de ofício, com a observação que a autoridade preparadora deverá cumprir com o que foi determinado pela C.CSRF no Ac. 9202004.190 e para que a apuração do imposto devido seja feita de acordo com o regime de competência, em face do julgado do STF no âmbito do RE 614.406/RS. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso – Relator Fl. 445DF CARF MF Processo nº 10580.721981/200868 Acórdão n.º 2201003.827 S2C2T1 Fl. 446 21 Fl. 446DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912017/2012-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 29/09/2010
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.746
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 29/09/2010 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 20 17 /2 01 2- 34 Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912017/201234 Acórdão n.º 3301003.746 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.772, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912017/201234 Acórdão n.º 3301003.746 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912017/201234 Acórdão n.º 3301003.746 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912017/201234 Acórdão n.º 3301003.746 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912017/201234 Acórdão n.º 3301003.746 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10830.912017/201234 Acórdão n.º 3301003.746 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10830.912017/201234 Acórdão n.º 3301003.746 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10830.912017/201234 Acórdão n.º 3301003.746 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 201DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.720248/2011-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE ALUGUÉIS DE PESSOA JURÍDICA.
Contribuinte que comprova após diligência que houve erro nas informações prestadas em DIRF por terceiro. Reconhecimento da autoridade fiscal lançadora do equívoco ocorrido da fonte pagadora propondo a exoneração do rendimento. Prova dos autos que infirma de forma inequívoca o lançamento tributário.
Numero da decisão: 2201-003.838
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário .
assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
assinado digitalmente
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 07/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário . assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. EDITADO EM: 07/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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Contribuinte que comprova após diligência que houve erro nas informações prestadas em DIRF por terceiro. Reconhecimento da autoridade fiscal lançadora do equívoco ocorrido da fonte pagadora propondo a exoneração do rendimento. Prova dos autos que infirma de forma inequívoca o lançamento tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário . assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator. EDITADO EM: 07/09/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 72 02 48 /2 01 1- 82 Fl. 199DF CARF MF Processo nº 13851.720248/201182 Acórdão n.º 2201003.838 S2C2T1 Fl. 200 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório 1 Tratase de Recurso de Voluntário (fls.97/103) interposto pelo contribuinte em face da decisão da DRJ/SP2 questionando o auto de infração sobre IRPF ano calendário de 2007 Exercício 2008 no valor total de R$ 6.004,26 de acordo com fls. 04/09. 2 – Adoto inicialmente como relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (fls. 106/113) por sua precisão: “Da Notificação A Notificação de Lançamento relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, do anocalendário 2007, por intermédio da qual lhe é exigido crédito tributário apurado de R$ 6.004,26 dos quais: R$ 2.954,57 correspondem ao Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar; R$ 2.215,92 Multa de Ofício (passível de redução) e R$ 833,77 de Juros de Mora (calculados até 31/01/2011). Conforme a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, o procedimento fiscal resultou na apuração das seguintes infrações: Omissão de Rendimentos de Aluguéis ou Royalties Recebidos de Pessoas Jurídicas. Da análise das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse omissão de rendimentos de alugueis ou Royalties recebidos de Pessoa Jurídica, sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$ 12.000,00, recebido(s) pelo titular e/ou dependentes, da(s) fonte(s) pagadora(s) relacionada(s) abaixo. Na apuração do imposto devido, foi compensado o Imposto Retido na Fonte (IRRF) sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 0,00. Fl. 200DF CARF MF Processo nº 13851.720248/201182 Acórdão n.º 2201003.838 S2C2T1 Fl. 201 3 Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica, Decorrentes de Ação da Justiça Federal. Da análise das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e/ou das informações constantes dos constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente em virtude de ação judicial federal, no valor de R$ 11.810,17, auferidos pelo titular e/ou dependentes. Na apuração do imposto devido, foi compensado o Imposto Retido na Fonte (IRRF) sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 354,31. Rendimento recebido da Caixa Econômica Federal conforme informação prestada pela fonte pagadora na DIRF do ano calendário 2007. Da Impugnação A Notificação de Lançamento foi lavrada em 31/01/2011. O contribuinte foi cientificado em 14/02/2011 e ingressou com impugnação parcial em 11/03/2011, alegando, em síntese: A imobiliária LAFIC Imóveis S/C Ltda – localizada à Av. São Carlos, 236, CNPJ 46.711.537/000160, a qual é representante legal dos últimos 5 anos pela locação do imóvel localizado à Rua Visconde de Inhaúma, 1254, São Carlos – SP. ,matrícula 117031 no cartório de Registro de Imóveis Comarca de São Carlos – SP, matrícula 117031 no cartório de Registro de Imóveis Comarca de São Carlos – SP, livro 2 registro geral, pertencente ao Sr. Gabriel Crnkovic Filho e sua esposa Sra. Deolinda Pinça Crnkovic, foi constatada e comprovada de forma documental a não locação do referido imóvel para a Pessoa Jurídica Ministério Comunidade Cristã – CNPJ 02.790.160/000107 no ano calendário 2007. Não houve recebimento de aluguel do CNPJ 02.790.160/000107 no ano calendário 2007 pelo Sr. Gabriel Crnkovic Filho. Fl. 201DF CARF MF Processo nº 13851.720248/201182 Acórdão n.º 2201003.838 S2C2T1 Fl. 202 4 A pessoa Jurídica Ministério Comunidade Cristã locou o referido imóvel entre 09 de agosto de 2005 e 08 de setembro de 2006, quando entregou as chaves. – Anexo o comprovante de entrega de chaves – nº 6845 – assinado pelo locatário e pela representante da LAFIC. Durante o ano calendário 2007 o referido imóvel foi alugado entre janeiro e dezembro ao Sr. Carlos Magno de Oliveira Valente, CPF 002.632.34606; Em anexo está a declaração de informe de rendimentos do ano base 2007 emitido pela LAFIC. Consta nesta declaração que a proprietária do imóvel é a Sra. Deolinda Pinça Crnkovic , CPF 149.582.35809 – cônjuge do Sr. Gabriel Crnkovic. Requer que seja acolhida a impugnação e o cancelamento do débito fiscal. 3 A decisão da DRJ/SP2 (fls. 85/88) julgou improcedente a Impugnação do contribuinte, conforme decisão ementada abaixo: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. ALUGUEL. O contribuinte deve informar os rendimentos recebidos de aluguéis recebidos de pessoas jurídicas. ALEGAÇÕES DESPROVIDAS DE PROVAS. As alegações desprovidas de meios de prova que as justifiquem não podem prosperar, visto que é assente em Direito que alegar e não provar é o mesmo que não alegar. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Fl. 202DF CARF MF Processo nº 13851.720248/201182 Acórdão n.º 2201003.838 S2C2T1 Fl. 203 5 4 Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, às fls. 94, em 23/03/12 o contribuinte apresentou recurso voluntário, fls. 97/103, onde reitera e reforça os mesmos argumentos da impugnação. 5 Na sessão de 02/12/2014 a extinta 2ª turma especial desse E. Sodalício através da Resolução 2802000.224 às fls. 175/178 converteu o julgamento em diligência para que a Delegacia de origem realize diligência junto à pessoa jurídica Ministério Comunidade Cristã, CNPJ nº 02.790.160/000107, para fins de comprovação dos pagamentos informados em Dirf como havendo sido realizados ao ora recorrente no decorrer do anocalendário 2007, com o posterior retorno a esta Turma para continuação do julgamento. 6 – Às fls. 189 intimação à fonte pagadora para esclarecimentos e às fls. 193 resposta informando que no ano de 2007 o contribuinte não era o beneficiário dos rendimentos, e às fls. 194 relatório da diligência pela unidade preparadora e intimação do contribuinte às fls. 195 por sua inventariante. 7 – Redistribuído os autos a esse Relator. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 08 – Conheço do recurso. Conforme descrito pela DRJ o contribuinte não se insurgiu em relação a omissão de rendimentos relativo aos valores recebidos pela Justiça Federal que inclusive foi extinto pelo pagamento durante a ação fiscal DARF às fls. 31, e Fl. 203DF CARF MF Processo nº 13851.720248/201182 Acórdão n.º 2201003.838 S2C2T1 Fl. 204 6 portanto, a lide se reporta apenas aos valores decorrentes da omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas jurídicas no ano calendário de 2007 às fls. 06. 09 – O contribuinte alega que: 10 – A DRJ fundamenta sua decisão no seguinte: Fl. 204DF CARF MF Processo nº 13851.720248/201182 Acórdão n.º 2201003.838 S2C2T1 Fl. 205 7 11 – De acordo com a resolução nº 2802000.224 às fls. 175/178 desse E. CARF que converteu o julgamento em diligência a fonte pagadora indicada no Auto de Infração de fls. 07 esclarece às fls. 193 que: 12 – No relatório do termo de diligência de fls. 194 a autoridade preparadora certifica que: 13 – Logo, com base nas informações acima após diligência fiscal ficou claro que o lançamento restou equivocado e portanto deve ser julgado improcedente, havendo razão ao contribuinte. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 13851.720248/201182 Acórdão n.º 2201003.838 S2C2T1 Fl. 206 8 Conclusão 14 Diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e dar provimento para cancelar o lançamento tributário. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso – Relator Fl. 206DF CARF MF
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Numero do processo: 10768.906822/2006-81
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE SALDO NEGATIVO ORIGINADO EM ANOS ANTERIORES. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. GLOSA DE SALDO NEGATIVO SEM TRIBUTO A PAGAR. DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE.
Quando o crédito utilizado na compensação tem origem em saldos negativos de anos anteriores, há que se proceder com análise da apuração de cada um dos anos-calendário pretéritos, que serviram para a composição do saldo negativo utilizado como direito creditório. Trata-se de apreciação no qual não se aplica contagem de decadência, vez que se restringe à verificação da liquidez e certeza do crédito tributário.
Caso resulte em glosa de saldo negativo sem desdobramento em tributo a pagar, não se constitui em lançamento de ofício, razão pela qual não se submete à contagem do prazo decadencial. Trata-se de situação complemente diferente daquela em que a glosa do saldo negativo tem como resultado tributo a pagar, ocasião na qual o correspondente lançamento de ofício só poderá ser efetuado caso esteja dentro do prazo decadencial previsto na legislação tributária.
Numero da decisão: 9101-003.033
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE SALDO NEGATIVO ORIGINADO EM ANOS ANTERIORES. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. GLOSA DE SALDO NEGATIVO SEM TRIBUTO A PAGAR. DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE. Quando o crédito utilizado na compensação tem origem em saldos negativos de anos anteriores, há que se proceder com análise da apuração de cada um dos anoscalendário pretéritos, que serviram para a composição do saldo negativo utilizado como direito creditório. Tratase de apreciação no qual não se aplica contagem de decadência, vez que se restringe à verificação da liquidez e certeza do crédito tributário. Caso resulte em glosa de saldo negativo sem desdobramento em tributo a pagar, não se constitui em lançamento de ofício, razão pela qual não se submete à contagem do prazo decadencial. Tratase de situação complemente diferente daquela em que a glosa do saldo negativo tem como resultado tributo a pagar, ocasião na qual o correspondente lançamento de ofício só poderá ser efetuado caso esteja dentro do prazo decadencial previsto na legislação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 90 68 22 /2 00 6- 81 Fl. 602DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 603 2 (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela TELEMAR NORTE LESTE S.A. (efls. 429/450) em face da decisão proferida no Acórdão nº 1801001.777 (efls. 286/296), pela 1ª Turma Especial da Primeira Seção, na sessão de 03/12/2013, no qual foi negado provimento ao recurso voluntário da Contribuinte. Resumo Processual Tratase de compensação pleiteada pela TELEMAR NORTE LESTE S/A (Contribuinte) relativas a pretenso pagamento a maior de IRPJ, cujo pleito foi deferido em parte pela Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária/RJ (Parecer Conclusivo nº 178/08 e Despacho Decisório de efls. 54/60). Foi apresentada manifestação de inconformidade (efls. 64/73) que foi indeferida pela DRJ (efl. 143/151). Foi interposto recurso voluntário (efls. 205/214) pela Contribuinte, que foi negado pela Turma Ordinária do CARF (efls. 286/296). Foi interposto recurso especial pela Contribuinte (efls. 429/450). O despacho de exame de admissibilidade (efls. 577/581), ratificado pelo despacho de reexame (efls. 582/584) deu seguimento parcial ao recurso, para devolver a matéria "prazo que teria o Fisco para verificar as informações constantes das informações fiscais do contribuinte, para fins de análise do direito creditório pleiteado". A PGFN apresentou contrarrazões (efls. 593/599). A seguir, maiores detalhes da fase contenciosa. Fase Contenciosa Peço vênia para transcrever excerto do relatório da decisão recorrida, objetivo e preciso. A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº Fl. 603DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 604 3 04255.16386.150903.1.3.040384, em 15.09.2003, fls. 0509, utilizandose pagamento a maior de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) determinado sobre a base de cálculo estimada, código 2362, no valor de R$40.842,84 efetuado em 28.04.2000 apurado pelo regime do lucro real anual relativamente ao período de apuração de março de 2000. As informações constantes na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), apresentadas pela pessoa jurídica incorporada Telecomunicações do Piauí S/A foram analisadas em cotejo com os dados constantes nos registros internos da RFB, nas Declarações de Débitos e Créditos Tributários (DCTF), bem Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), fls. 1553. Em conformidade com o Parecer Conclusivo nº 178, de 2008, fls. 5460, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido (...) Em razão da não homologação da compensação, foi apresentada manifestação de inconformidade, que foi indeferida pela 6ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro I, na sessão de 05/03/2009, no Acórdão nº 1223.143, conforme ementa a seguir. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O prazo de cinco anos para o Fisco verificar a legitimidade de crédito objeto de pedido de restituição e compensação iniciase na data da formulação do pedido e não na época do fato gerador do crédito pleiteado. A Contribuinte interpôs recurso voluntário. A 1ª Turma Especial da Primeira Seção, por meio do Acórdão nº 1801001.777, na sessão de 03/12/2013, negou provimento ao recurso, conforme a ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2001 PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. LIQUIDEZ E CERTEZA. PRECLUSÃO. Em se tratando do tributos sujeito ao lançamento por homologação, os cálculos são efetivados pelo próprio sujeito passivo que apura o valor do crédito e realiza a compensação informada na Per/DComp, cujo direito creditório fica sujeito a Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 605 4 posterior análise por parte da Administração Pública, com o escopo de averiguar a sua liquidez e certeza, já que o exercício desse direito não se submete à preclusão temporal tratandose de ato não definitivamente julgado. PAGAMENTO DE TRIBUTO DETERMINADO SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. COMPROVAÇÃO. O pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação, no caso de restar comprovado. PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. A Recorrente deve produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A Contribuinte interpôs recurso especial, no qual protesta sobre três matérias: (1) não obrigatoriedade do contribuinte de comprovar as razões que originaram a retificação de suas declarações de informações contábeis; (2) prevalência do princípio da verdade material e (3) prazo que teria o Fisco para verificar as informações constantes das informações fiscais do contribuinte, para fins de análise do direito creditório pleiteado. Discorre que após o prazo decadencial previsto no § 4º, art. 150 do CTN, não pode mais a administração tributária realizar qualquer alteração nos dados apresentados pelo contribuinte. Requer pela reforma da decisão recorrida e pela homologação da compensação e, caso assim não se entenda, pela conversão do julgamento em diligência para comprovação do direito creditório. O despacho de exame de admissibilidade (efls. 577/581), ratificado pelo despacho de reexame (efls. 582/584) deu seguimento parcial ao recurso, para devolver a matéria "prazo que teria o Fisco para verificar as informações constantes das informações fiscais do contribuinte, para fins de análise do direito creditório pleiteado". Foram apresentadas contrarrazões pela PGFN, que pugna pela manutenção da decisão recorrida. É o relatório. Voto Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 606 5 Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Em relação à admissibilidade, adoto as razões do Despacho de Admissibilidade de efls. 577/581, com fulcro no art. 50, § 1º da Lei nº 9.784, de 1999 1, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, para conhecer do Recurso Especial da PGFN. Passo ao exame do mérito. A matéria devolvida, "prazo que teria o Fisco para verificar as informações constantes das informações fiscais do contribuinte, para fins de análise do direito creditório pleiteado", já foi debatida pelo presente Colegiado. Tratase de verificar se a administração tributária, ao verificar a liquidez e certeza do direito creditório pleiteado pelo contribuinte, encontrase submetida ao prazo decadencial de cinco anos previsto no § 4º, art. 150 do CTN, aplicável aos lançamentos por homologação. Ocorre que o processo de reconhecimento de direito creditório é diferente daquele previsto para a constituição do crédito tributário. O direito creditório só é reconhecido se revestido dos atributos de liquidez e certeza, conforme o art. 170 do CTN: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (grifei) Por isso, compete à autoridade tributária apurar a origem do crédito tributário, sendo que, neste caso, o ônus da prova é do contribuinte. Por outro lado, o Fisco tem um prazo determinado para promover a devida análise e a homologação do direito creditório, sob pena de se homologar tacitamente o pedido do sujeito passivo. Assim, a contagem do prazo decadencial para que o Fisco possa promover a análise do direito creditório pleiteado pelo contribuinte iniciase a partir da data de entrega da declaração, conforme dispõe o § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, com redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003 (O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação). 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) V decidam recursos administrativos; (...) § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 606DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 607 6 A devida investigação da origem do crédito, que, no caso concreto, teve origem em saldos negativos de anos anteriores, resultou em uma nova apuração do tributo referente ao anocalendário. Tratase de análise em que não se aplica contagem de decadência, vez que se restringe à verificação da liquidez e certeza do crédito tributário. É situação distinta daquela em que a investigação da autoridade autuante é no sentido de se verificar a apuração efetuada pelo sujeito passivo para a constituição do crédito tributário e, caso seja detectado tributo a pagar, efetuase o lançamento de ofício. A diferença é ilustrada com bastante precisão no voto proferido pela Conselheira Edeli Pereira Bessa no Acórdão nº 1101001.084, do qual peço vênia para transcrever excerto. O caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, nesta nova redação, exige que o credito indicado em DCOMP seja passível de restituição ou ressarcimento, significando que ele não pode estar prescrito. Contudo, uma vez deduzida tempestivamente a pretensão de ver extintos débitos com aquele crédito, admitir que o prazo para confirmação deste já estaria fluindo desde o encerramento do período de apuração correspondente, limitaria significativamente a eficácia do §5° do referido art. 74, pois antes de cinco anos da apresentação da DCOMP a certeza e liquidez do crédito restaria afirmada pelo decurso do prazo decadencial no qual, no entender da recorrente, o Fisco poderia questionar sua apuração. Não há qualquer ressalva na disposição legal que autorize esta interpretação. Os prazos decadenciais estão previstos para fins de lançamento de crédito tributário, ou seja, para que a autoridade fiscal: 1) discorde do tributo pago com base em apuração do sujeito passivo; 2) supra a omissão do sujeito passivo na apuração daquele pagamento; ou 3) pratique o lançamento dos tributos ou penalidades cuja constituição a Lei reserva ao agente fiscal. Esta é a dicção do Código Tributário Nacional (Lei n° 5.172/66): Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1° O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. (...) § 4º Se a lei não fixar o prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 608 7 (...) Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vicio formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de • qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. (negrejouse) A decadência, nestes termos, encerra o poderdever do Fisco de formalizar o credito tributário por intermédio do lançamento, pondo fim à relação jurídica material surgida entre o contribuinte e o Estado com a ocorrência do fato gerador. Recordese que a atividade de lançamento é definida pelo art. 142 do Código Tributário Nacional como o procedimento tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Nestes termos, se a autoridade fiscal constatar divergências na apuração que resultou em saldo negativo de IRPJ, não poderá lançar a diferença apurada se o fato gerador lucro pertencer a período já atingido pela decadência. Mas pode e deve o Fisco indeferir pedido de restituição ou não homologar compensações que tenham se valido de indébito tributário inexistente conforme o ajuste realizado de oficio. É certo que nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, há uma grande discussão doutrinária e jurisprudencial acerca de qual seria o objeto da homologação: a atividade de apuração ou o pagamento do tributo devido. Todavia, há relativo consenso no sentido de que o transcurso do prazo contido no §4° do art. 150 do CTN atinge o direito de o Fisco constituir o crédito tributário, mediante o lançamento substitutivo da apuração efetuada pelo sujeito passivo, veiculada pelos instrumentos definidos na legislação fiscal. Ainda, aqueles que defendem a homologação tácita da apuração efetuada pelo sujeito passivo, consideram que o prazo decadencial tem o efeito especifico de atingir o dever/poder de o Fisco efetuar o lançamento de oficio, e não o de fazer prova absoluta de indébitos tributários, não constituídos na forma da legislação. Admitir que os saldos negativos informados na DIPJ estariam homologados tacitamente depois de transcorridos 5 (cinco) anos do fato gerador correspondente, exigiria que se emprestasse A. Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 609 8 DIPJ o poder de constituir aquele direito creditório, o que vai contra o caráter meramente informativo daquele documento, o qual não se presta, sequer, a instrumentalizar a cobrança dos saldos devedores nele indicados. Somente se concebe como instrumentos de constituição formal de direitos e obrigações aqueles assim expressamente previstos na legislação, como é o caso, por exemplo da Declaração de Débitos e Créditos Federais — DCTF, relativamente aos tributos devidos pelos contribuintes. Já relativamente aos direitos credit6rios detidos pelos sujeitos passivos, a legislação apenas prevê, atualmente e na época em que a contribuinte argüiu seu direito, a DCOMP e o Pedido de Restituição como instrumentos para sua formalização perante a Receita Federal. É certo que o recolhimento indevido já existe, como evento, desde sua ocorrência no mundo fenomênico. Procedidas as antecipações exigidas por lei, encerrado o período de apuração e efetivados os recolhimentos que se entendeu devidos, temse do confronto destes, eventualmente, um desembolso maior que o devido. Todavia, este evento somente passa a se constituir em um fato jurídico apto a produzir as conseqüências previstas em lei quando formalizado pelo interessado em face do devedor, no caso, o Fisco. Dai porque, a partir do recolhimento indevido, deflagrase o prazo prescricional para que o sujeito passivo manifeste seu direito perante o Fisco, e a partir desta manifestação o prazo para o Fisco, em caso de compensação, reconhecer ou não aquele crédito. Alias, vejase que, à época em que este direito era deduzido apenas mediante a apresentação de Pedido de Restituição, sequer havia prazo fixado em lei para manifestação do Fisco acerca do que ali veiculado. Cabia ao interessado manter a guarda dos comprovantes necessários para prestar eventuais esclarecimentos acerca de seu direito, enquanto o crédito não lhe fosse reconhecido. Apenas com a criação da DCOMP passou a existir um prazo para que o Fisco pudesse questionar o direito manifestado pelo interessado, até porque, vinculado o crédito a débitos que se pretendia ver extintos, somente haveria alguma utilidade no questionamento daquele crédito enquanto possível a cobrança dos débitos compensados, direito este que pereceria ante a inércia do Fisco por mais de 5 (cinco) anos. Impróprio, assim, tentar opor, ao Fisco, uma limitação temporal à confirmação do direito creditório deduzido pelo sujeito passivo, que em momento algum esteve prevista no Código Tributário Nacional ou em lei ordinária, sendo na sistemática instituída a partir da criação da DCOMP, e evidentemente em função da vinculação daquele crédito a débitos compensados. Interessante notar, ainda, que a formalização do direito creditório em outras declarações não é requisito para sua Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 610 9 veiculação em DCOMP. Do caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, desde a redação que lhe foi dada pela Lei no 10.637/2002, não se extrai qualquer exigência de que o direito credit6rio deva estar previamente evidenciado em declarações prestadas pelos sujeitos passivos, A exceção da própria DCOMP, prevista no seu § 10. É certo que a evidenciação do credito em DIPJ ou DCTF é um elemento de prova em favor do sujeito passivo que afirma ter efetuado recolhimento a maior. Mas somente quando provocado pelo sujeito passivo acerca do seu interesse de se valer daquele crédito, mediante restituição ou compensação, passa o Fisco a ter o dever de avaliar a certeza e a liquidez daquele valor para admitir, ou não, a destinação pretendida pelo interessado. Firmadas estas premissas, recordese que, nos termos da legislação processual em vigor, o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333 do Código de Processo Civil). Assim, no presente caso, a prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Decorre, dai, que a compensação deveria estar suportada por provas do indébito tributário no qual se fundamenta. Contudo, devese recordar que o procedimento em debate já se iniciou mediante a apresentação de DCOMP, desacompanhada, por autorização normativa, de qualquer prova do indébito ali indicado, posto que o Fisco teria ainda cinco anos para confirmálo. Em verdade, a interpretação veiculada pela recorrente confere ao sujeito passivo a faculdade de definir o prazo do qual o Fisco dispõe para homologar, ou não, a compensação declarada. Optando o sujeito passivo por utilizar seu crédito depois de transcorridos quatro anos e 11 meses do fato gerador, o Fisco teria apenas um mês para avaliar a liquidez e certeza do credito. Se utilizasse mais rapidamente seu credito, maior prazo teria o Fisco para esta confirmação. Certamente outro foi o objetivo da criação da DCOMP. Tal instrumento conferiu tratamento diferenciado aos contribuintes que, deduzindo créditos na forma da nova redação do caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, já poderiam, sem prévio exame do seu real conteúdo, angariar a extinção imediata dos débitos compensados, bem como a suspensão de sua exigibilidade até a decisão administrativa final acerca da regularidade de seu procedimento. Admitir que o prazo para questionamento desta regularidade seria definido pelo sujeito passivo está em evidente descompasso com a referência contida na Exposição de Motivos da Medida Provisória n° 66/2002, convertida na Lei n° 10.637/2002: Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 611 10 35. O art. 49 institui mecanismo que simplifica os procedimentos de compensa cão, pelos sujeitos passivos, dos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, atribuindo maior liquidez para seus créditos, sem que disso decorra perda nos controles fiscais . (negrejouse) Argumenta a recorrente que o Fisco não poderia questionar a compensação de prejuízos fiscais acima do limite legal depois de transcorridos 5 (cinco) anos de sua apuração. E de se questionar, porém, no presente caso, que interesse fiscal existiria na revisão de uma D1PJ que, mesmo considerando a retificação necessária, ainda apontasse saldo negativo de IRPJ? Caberia ao Fisco anteciparse à pretensão da contribuinte de utilizar este valor, com vistas a convalidálo ou retificálo? E, ainda que se insista na fluência do prazo para revisão do crédito, pelo Fisco, a partir do período de apuração correspondente, do recolhimento que se mostrou indevido, ou mesmo da declaração que inicialmente informou o indébito, é licito concluir que, ao manifestar seu interesse em utilizar tal crédito mediante DCOMP, o sujeito passivo renuncia ao prazo em curso, e submetese ao prazo fixado na sistemática prevista para aquele instrumento de utilização de créditos, sob pena de retirar a eficácia do §5 ° do referido art. 74 da Lei nº 9.430/96. Por todo o exposto, resta demonstrado que a autoridade fiscal competente detinha o poder/dever de aferir a existência, suficiência e disponibilidade do crédito utilizado em compensação em até 5 (cinco) anos da entrega da correspondente DCOMP, e neste mister nenhum impedimento legal existe para confirmação, inclusive, da base de cálculo do IRPJ devido no período, mormente tendo em conta que a contribuinte equivocadamente manifestou seu direito de crédito como oriundo de retenções sofridas na fonte, sem antes confrontálo com o IRPJ devido no período, e ao adequar tal pedido As normas legais de apuração do IRPJ, a autoridade fiscal logrou identificar que o IRPJ devido no período não seria aquele originalmente indicado na DIPJ, em razão da compensação de prejuízos fiscais acima do limite legal. Em síntese, concluise que o ato de verificação da certeza e liquidez do indébito, em sede de DCOMP ou pedido de restituição apresentados pelo sujeito passivo, não está limitado aos valores das antecipações recolhidas no curso do ano calendário, devendo atingir, também, a verificação da regularidade da determinação da base de calculo apurada pelo interessado. Conseqüentemente, ainda que a retificação de base de calculo do tributo para fins de sua exigência somente seja cabível mediante lançamento de oficio, a verificação também deve ser efetuada no âmbito da análise de DCOMP ou pedido de restituição vinculados ao saldo negativo de IRPJ, para efeito de determinação da certeza e liquidez do crédito invocado pelo sujeito passivo para extinção de outros débitos fiscais. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 612 11 Esclareçase, por oportuno, que a mencionada liberação da DIPJ em malha cadastro não revela qualquer revisão anterior da declaração do sujeito passivo, na medida em inexiste qualquer ato administrativo praticado e, demais disso, pela denominação atribuída ao procedimento realizado, é licito inferir que tratase, apenas, de confirmações cadastrais do declarante, sem adentrar A apuração por ele informada. Por tais razões, inclusive, é imprópria, aqui, a referência As disposições da Instrução Normativa SRF n° 656/2006 acerca dos procedimentos para revisão de declarações no âmbito da Receita Federal. A matéria também foi tratada recentemente pelo presente Colegiado, no Acórdão nº 9101002.548, na sessão de julgamento de 07/02/2017, voto do relator Marcos Aurélio Pereira Valadão, cuja ementa foi a seguinte: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO.CRÉDITO.COMPROVAÇÃO. Tratandose de fato constitutivo de direito, cujo ônus da prova incumbe ao autor, em conformidade com o art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), e tendo em vista que a existência, certeza e liquidez do crédito pleiteado são requisitos essenciais ao deferimento da restituição/compensação requerida, na forma do art. 170 do Código Tributário Nacional CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), compete ao sujeito passivo, que dele pretende se beneficiar, a efetiva comprovação daquele crédito, não cabendo opor a esse ônus alegações de decadência ou de homologação tácita por parte do Fisco. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Cristiane Silva Costa. Assim, uma situação é se falar em lançamento de ofício, para a constituição do crédito tributário, caso em que se aplica a contagem do prazo decadencial. Outra completamente diferente é a análise do direito creditório, cuja liquidez e certeza devem ser verificadas, razão pela qual, em se tratando de apuração de prejuízos fiscais, é dever do Fisco apreciar a sua formação desde a origem, tendo, no caso concreto, agido de maneira correta. Quanto ao pedido subsidiário efetuado pela Contribuinte, caso fosse mantida a decisão recorrida, na penúltima e última linha do recurso especial, para se converter o Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10768.906822/200681 Acórdão n.º 9101003.033 CSRFT1 Fl. 613 12 julgamento em diligência para que se comprove o crédito compensado, não encontra previsão legal e nem regimental. Isso porque, nos termos do art. 67, Anexo II do RICARF, o presente Colegiado só poderá apreciar matéria no qual foi demonstrada divergência na interpretação da legislação tributária. E nos presentes autos, só foi devolvida ao presente Colegiado a matéria "prazo que teria o Fisco para verificar as informações constantes das informações fiscais do contribuinte, para fins de análise do direito creditório pleiteado". Observase, portanto, que a apreciação do mérito do pedido de compensação não é matéria devolvida e, por isso, preclusa. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso especial da Contribuinte. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 613DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14033.000217/2011-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2000 a 30/06/2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. NÃO CONHECIMENTO.
Os embargos de declaração apenas são cabíveis quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. Não constatada nenhuma dessas hipóteses, não devem ser conhecidos os embargos.
Toda matéria de defesa a ser apreciada pela segunda instância deve constar expressamente do recurso apresentado pelo contribuinte. Neste sentido, não há que se falar em omissão de determinado tema quando este não constou do recurso, apesar de ter sido apresentado em sede de impugnação à primeira instância, pois tal matéria não foi devolvida para apreciação do CARF.
Numero da decisão: 2201-003.807
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos embargos apresentados.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
EDITADO EM: 31/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos embargos apresentados. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator. EDITADO EM: 31/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
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EM RECUPERACAO JUDICIAL Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2000 a 30/06/2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. NÃO CONHECIMENTO. Os embargos de declaração apenas são cabíveis quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. Não constatada nenhuma dessas hipóteses, não devem ser conhecidos os embargos. Toda matéria de defesa a ser apreciada pela segunda instância deve constar expressamente do recurso apresentado pelo contribuinte. Neste sentido, não há que se falar em omissão de determinado tema quando este não constou do recurso, apesar de ter sido apresentado em sede de impugnação à primeira instância, pois tal matéria não foi devolvida para apreciação do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos embargos apresentados. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 03 3. 00 02 17 /2 01 1- 16 Fl. 721DF CARF MF Processo nº 14033.000217/201116 Acórdão n.º 2201003.807 S2C2T1 Fl. 722 2 EDITADO EM: 31/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Tratamse de Embargos de declaração opostos pela contribuinte às fls. 710/713, em face do acórdão nº 2201002.749 de fls. 683/701, que negou provimento ao recurso voluntário da contribuinte. A contribuinte, ora EMBARGANTE, alega em seus aclaratórios que o acórdão incorreu em omissão, pois não se manifestou quanto à desconsideração das fiscalizações anteriormente realizadas, em afronta ao princípio da segurança jurídica, além dos arts. 146 e 149 do Código Tributário Nacional. Em apertada síntese, alegou a contribuinte que: "Nesse sentido, dispõe o artigo 146 do Código Tributário Nacional que as modificações de ofício realizadas quanto ao lançamento administrativo só poderão ocorrer quanto a um fato gerador ocorrido após a introdução do lançamento no ordenamento jurídico. Ou seja, não é possível que se modifique o lançamento quando não houve qualquer alteração do fato gerador, vejamos: (...) Ainda, o art. 149 também do Código Tributário Nacional elenca as hipóteses em que será permitida a revisão de ofício do lançamento por parte da autoridade administrativa, in verbis: (...) Verificase que o caso em análise não comporta nenhuma das hipóteses previstas no art. 149 do Código Tributário Nacional, o que demonstra a afronta à lei e, ainda, aos princípios constitucionais, dentre eles, a segurança jurídica. Assim, não havendo manifestação quanto à este ponto, a Requerente opõe os presente Embargos, a fim de ver enfrentada a questão por V. Excelências.” Quando do julgamento do recurso, em 25/01/2016, a Turma julgadora proferiu acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2000 a 30/06/2002 Fl. 722DF CARF MF Processo nº 14033.000217/201116 Acórdão n.º 2201003.807 S2C2T1 Fl. 723 3 COMPLEMENTAÇÃO DO AUXÍLIODOENÇA. TRIBUTAÇÃO. Somente não incide tributação sobre a complementação do auxíliodoença quando o direito é estendido a todos os empregados. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. É legítima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. SEBRAE Submetemse à tributação para o SEBRAE pessoas jurídicas que não tenham relação direta com o incentivo. SALÁRIO EDUCAÇÃO É constitucional a cobrança da contribuição do salário educação, seja sob a carta de 1969, seja sob a constituição federal de 1988, e no regime da lei 9.424/96. MULTA POR EMPRESA SUCEDIDA. O sucessor é responsável pelas multas da empresa sucedida. Recurso Voluntário Negado” Em Despacho de Admissibilidade de fl. 720, foi constatado que o voto condutor não teceu qualquer comentário sobre o ponto levantado pela Contribuinte. Assim, foram acolhidos os Embargos de Declaração com vistas a sanar a omissão apontada. Antes de adentrar no voto, é importante esclarecer algumas questões a fim de ordenar as peças e os processos: O presente processo tem por objeto a NFLD nº 35.404.1428; Inicialmente, quando da fase de julgamento da impugnação (datada d e20/03/2003, o processo recebeu o nº 37284.001489/200369; O Recurso Voluntário interposto em 14/01/2004 passou a tramitar com um novo número de processo (nº 35346.000065/200461), o qual encontrase apenso; Fl. 723DF CARF MF Processo nº 14033.000217/201116 Acórdão n.º 2201003.807 S2C2T1 Fl. 724 4 Nos termos da Informação Fiscal de fl. 680, o Recurso Voluntário não foi aceito ante a ausência de depósito prévio recursal exigido pela legislação em vigor à época. Em 16/11/2010, a Procuradoria Regional da Fazenda Nacional devolveu o processo à fase administrativa, com cancelamento da inscrição, mediante Despacho de fl. 309 do processo 35346.000065/200461 (cópia à fl. 673 deste processo), com base na aplicação do disposto na Súmula Vinculante nº 21 e no Parecer PGFN/CRJ/Nº 1973/2010; Assim, o processo passou a tramitar sob o nº 14033.000217/201116 e, consequentemente, o processo nº 35346.000065/200461 foi encerrado por conter alguns dos documentos deste processo, gerando duplicidade. Portanto, todos os processos mencionados tratam do mesmo tratam do mesmo Debcad nº 35.404.1428, conforme informação fiscal de fl. 719. Sendo assim, o Recurso Voluntário levado à apreciação do CARF quando do julgamento do acórdão embargado encontrase às fls. 04/78 do processo apenso nº 35346.000065/200461. A defesa de fls. 220/406 dos presentes autos é, na verdade, a Impugnação apresentada inicialmente pela contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator O recurso preenche aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Conforme exposto, o Recurso Voluntário interposto pela EMBARGANTE encontrase acostado às fls. 04/78 do processo apenso nº 35346.000065/200461. Da leitura da referida peça, não constatei qualquer passagem ou defesa acerca da matéria objeto dos embargos de declaração opostos (desconsideração das fiscalizações anteriormente realizadas, em afronta ao princípio da segurança jurídica). Neste sentido, concluise que tal questão não foi objeto de recurso. Consequentemente, não foi devolvida para a apreciação do CARF. Sendo assim, não há que se falar em qualquer omissão no julgamento realizado por esta Turma Ordinária representado pelo Acórdão nº 2201002.749 (fls. 683/701). Portanto, não devem conhecidos os presentes aclaratórios. Mesmo que se alegue eventual erro por parte da análise deste Conselheiro, entendo que os embargos de Declaração não merecem prosperar. É que, da leitura da peça impugnatória, verifico que a RECORRENTE alegou em sua defesa (especificamente a partir da fl. 244) a preliminar de nulidade do lançamento intitulada “Dos efeitos da homologação em virtude de fiscalização já realizada”. Na oportunidade, as únicas hipóteses de revisão de Fl. 724DF CARF MF Processo nº 14033.000217/201116 Acórdão n.º 2201003.807 S2C2T1 Fl. 725 5 lançamento estão previstas nos arts. 145 e 149 do CTN. Assim, defendeu, em síntese, o seguinte: “Encerrada a fiscalização (Termo de Encerramento de Fiscalização TEAF), dois efeitos poderão surgir: a) lançamento de eventuais diferenças apuradas pelo fisco (lançamento de ofício) ou; b) homologação (tácita ou expressa) dos lançamentos feitos pelo contribuinte”; “A Impugnada ao realizar a fiscalização na Impugnante e suas filiais, não considerou as fiscalizações anteriores realizadas, inclusive, com notificações fiscais de lançamento de débito em valores elevadíssimos. Estamos, pois, diante do bis in idem”; “As rubricas sempre estiveram presentes na contabilidade da Impugnante, não havendo falsidade, erro ou omissão”; “Logo é flagrante a abusividade do lançamento em períodos já anteriormente fiscalizados sob pena de afronta a princípios constitucionais, à lei e ao próprio ato homologatório do fisco, devendo referidos períodos Vide planilhas anexas à presente serem cancelados da presente notificação”. No entanto, a despeito das alegações da EMBARGANTE, entendo que elas não merecem guarida. É que, conforme a NFLD nº 35.404.1428, em seu Discriminativo Sintético do Débito por Estabelecimento (fls. 90/96), é possível verificar que o presente processo engloba período relativo aos meses de 12/2000 a 06/2002. Tal fato é confirmado pelo o Relatório Fiscal (na sua parte constante à fl. 174): “DO PERÍODO DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO 18. A presente Notificação abrange o período compreendido entre as competências dezembro de 2000 a junho de 2002. Observese que este período é posterior à privatização das antigas operadoras do Sistema Telebrás, sendo a Brasil Telecom S/A diretamente responsável pelas contribuições previdenciárias ora apuradas. Ressaltase ainda que os valores referentes à competência janeiro de 2002 foram apuradas no CNPJ do estabelecimento matriz, posto que a empresa não disponibilizou folhas de pagamento por filial.” Por outro lado, os Termos de Encerramento de Ação Fiscal – TEAFs apresentados pela RECORRENTE possuem os seguintes períodos (indicados em parênteses): fl. 416 (01/86 a 03/95); fl. 432 (01/93 a 12/95); fl. 440 (11/96 a 02/2000); fl. 458 (06/97 a 02/2000); fl. 460 (01/94 a 09/99); fl. 468 (11/96 a 02/2000); fl. 482 (06/97 a 02/2000); e fl. 492 (11/96 a 02/2000). Nenhum desses períodos foi englobado pelo presente processo. Ademais, a relação contendo todos TEAFs apresentados em relação à contribuinte e suas filiais encontrase acostada à fl. 498. Mais uma vez é possível constatar que não há identidade de períodos com o presente caso. Fl. 725DF CARF MF Processo nº 14033.000217/201116 Acórdão n.º 2201003.807 S2C2T1 Fl. 726 6 Isto posto, voto no sentido de NÃO CONHECER os embargos de declaração apresentados, em razão da ausência de omissão no acórdão embargado, pois a matéria objeto dos aclaratórios não foi apresentada no Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 726DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.720329/2008-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 29 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 3201-000.312
Decisão: O Colegiado decidiu, por unanimidade, converter o julgamento em diligência na forma do Voto do Conselheiro Relator.
Nome do relator: MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA
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Assunto Solicitação de Diligência Recorrente FERDIL PRODUTOS METALÚRGICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL O Colegiado decidiu, por unanimidade, converter o julgamento em diligência na forma do Voto do Conselheiro Relator. MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Presidente. MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA Relator. EDITADO EM: 22/03/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D'Amorim, Paulo Sérgio Celani (Suplente), Adriana Oliveira e Ribeiro (Suplente) e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Esteve presente a Procuradora da Fazenda Nacional. RELATÓRIO O presente recurso versa sobre pedido de ressarcimento de créditos de PIS com incidência nãocumulativa no montante de R$ 64.710,31, relativos ao 10 trimestre de 2004, e utilizado para compensação, conforme documentos de fls. 01/07. Houve glosa de aquisições de insumos das pessoas jurídicas Adjair Paiva do Nascimento, Crossover Comércio de Metais Ltda., Pentágono Comércio de Ferro e Aço Ltda. e Trapézio Produtos Siderúrgicos Ltda., pois são referentes a notas fiscais consideradas inidôneas Fl. 99DF CARF MF Documento de 3 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0917.14201.NM45. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10665.720329/200896 Resolução n.º 3201000.312 S3C2T1 Fl. 228 2 por Atos Declaratórios Executivos da RFB e/ou Atos Declaratórios da Secretaria de Estado da Fazenda/MG, que também declararam inaptas tais empresas. A decisão recorrida manteve as glosas realizadas por entender, resumidamente, que "houve omissão do contribuinte em comprovar a efetividade das aquisições dos insumos constantes das notas fiscais em análise". O contribuinte, restando inconformado com a decisão de primeira instância, apresentou recurso voluntário no qual ratifica e reforça os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. Os autos foram enviados a este Conselho e fui designado como relator do presente recurso voluntário, na forma regimental, tendo requisitado a sua inclusão em pauta para julgamento. É o breve relatório. VOTO Conselheiro Marcelo Ribeiro Nogueira, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos requisitos legais de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Entendo que o processo, no seu estado atual não comporta julgamento, portanto, VOTO por converter o julgamento em diligência para que a autoridade preparadora informe nos autos quadro comparativo informando as datas das declarações de inidoniedade das pessoas jurídicas Adjair Paiva do Nascimento, Crossover Comércio de Metais Ltda., Pentágono Comércio de Ferro e Aço Ltda. e Trapézio Produtos Siderúrgicos Ltda e das notas fiscais correspondentes de aquisição de bens e/ou serviços pela recorrente, indicando quais notas foram emitidas antes e depois dos respectivos atos declaratórios e ainda providencie a intimação do recorrente desta decisão, fornecendo cópia do quadro comparativo acima e, para que o mesmo traga aos autos as provas suficientes efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços a que se referem tais notas fiscais, na forma do disposto no parágrafo único do artigo 82 da Lei nº 9.430/96, ou melhor, os documentos que embasam os lançamentos contábeis, além das correspondentes notas fiscais, na forma do artigo 923 do RIR/99, se houver, e a apresentar seus comentários acerca desta prova, no prazo de 30 (trinta) dias. Decorrido este prazo e juntada a manifestação do contribuinte aos autos, se houver, retornem os autos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, devendo a secretaria providenciar a intimação da douta Procuradoria da Fazenda Nacional para se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias sobre o resultado da diligência realizada e a manifestação do contribuinte. Fl. 100DF CARF MF Documento de 3 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0917.14201.NM45. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10665.720329/200896 Resolução n.º 3201000.312 S3C2T1 Fl. 229 3 Após retornem os autos a este relator, para continuidade do julgamento. É como voto. Marcelo Ribeiro Nogueira relator Fl. 101DF CARF MF Documento de 3 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP12.0917.14201.NM45. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA em 22/03/2012 17:44:56. Documento autenticado digitalmente por MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA em 22/03/2012. Documento assinado digitalmente por: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO em 17/04/2012 e MARCELO RIBEIRO NOGUEIRA em 22/03/2012. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 12/09/2017. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP12.0917.14201.NM45 Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: 1367640DEAC7BE5E05267B48A0F269F4F5323806 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10665.720329/2008-96. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 16045.000542/2010-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/09/2005, 14/10/2005 a 28/02/2006
ART. 10 DA LEI 11.051/2004. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. ENCOMENDANTE E EXECUTOR DA ENCOMENDA. ALÍQUOTA ZERO. APLICAÇÃO.
A aplicação da alíquota zero prevista no art. 10, § 2º da Lei nº 11.051/2004, nas operações de industrialização sob encomenda de que trata, desde que observados os requisitos estabelecidos, não se restringe às operações entre pessoas jurídicas fabricantes de autopeças, sendo extensível também àquelas realizadas entre estas e as montadoras/fabricantes de automóveis, sob pena de se reduzir indevidamente o alcance da norma legal onde o próprio texto não o fez, por via de interpretação.
Numero da decisão: 3302-004.602
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por qualidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Sarah Maria L. de A. Paes de Souza, Maria do Socorro F. Aguiar, José Fernandes do Nascimento e Charles Pereira Nunes. Designado o Conselheiro Walker Araujo para redigir o voto vencedor.
(assinatura digital)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza - Relatora
(assinatura digital)
Walker Araujo - Redator designado
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2005 a 30/09/2005, 14/10/2005 a 28/02/2006 ART. 10 DA LEI 11.051/2004. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. ENCOMENDANTE E EXECUTOR DA ENCOMENDA. ALÍQUOTA ZERO. APLICAÇÃO. A aplicação da alíquota zero prevista no art. 10, § 2º da Lei nº 11.051/2004, nas operações de industrialização sob encomenda de que trata, desde que observados os requisitos estabelecidos, não se restringe às operações entre pessoas jurídicas fabricantes de autopeças, sendo extensível também àquelas realizadas entre estas e as montadoras/fabricantes de automóveis, sob pena de se reduzir indevidamente o alcance da norma legal onde o próprio texto não o fez, por via de interpretação.
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INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. ENCOMENDANTE E EXECUTOR DA ENCOMENDA. ALÍQUOTA ZERO. APLICAÇÃO. A aplicação da alíquota zero prevista no art. 10, § 2º da Lei nº 11.051/2004, nas operações de industrialização sob encomenda de que trata, desde que observados os requisitos estabelecidos, não se restringe às operações entre pessoas jurídicas fabricantes de autopeças, sendo extensível também àquelas realizadas entre estas e as montadoras/fabricantes de automóveis, sob pena de se reduzir indevidamente o alcance da norma legal onde o próprio texto não o fez, por via de interpretação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por qualidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Sarah Maria L. de A. Paes de Souza, Maria do Socorro F. Aguiar, José Fernandes do Nascimento e Charles Pereira Nunes. Designado o Conselheiro Walker Araujo para redigir o voto vencedor. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora (assinatura digital) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 04 5. 00 05 42 /2 01 0- 86 Fl. 332DF CARF MF 2 Walker Araujo Redator designado Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de auto de infração para a cobrança de COFINS. Do Termo de Constatação Fiscal, fls. 75/781, extraise que: 1) Que a empresa fiscalizada não ofereceu a tributação PIS e COFINS, as receitas referentes a vendas de produtos industrializados que efetuou a sua cliente, a fabricante de veículos General Motors do Brasil Ltda (GM), conforme demonstrativo abaixo: (...) 2) — Que, devidamente intimada a esclarecer as razões da não tributação das referidas receitas, informou que essas receitas decorrem das vendas do produto de sua fabricação denominado Subframe com ar e dir. hidr., classificação fiscal 87.08.99.90, em cujo processo de fabricação são utilizadas matérias primas e produtos intermediários por ela adquiridos ou fabricados e caixas de direção e barras estabilizadoras que lhe são remetidas nela encomendante General Motors (GM), que é fabricante de veículos. Esclareceu ainda que o faturamento de tal produto encontrase suspenso do IPI, ICMS, PIS e COFINS, sendo que, para estes dois últimos teria vigorado alíquota zero no período de 1°/04/2005 a 30/09/2005 e 14/10/2005 a 28/02/2006, com base na lei n° 11.051, de 29 de dezembro de 2004, art. 10; (...) 3) Que, a interpretação adotada pela Empresa Fiscalizada é equivocada e não observa o conteúdo do art. 10 da lei n° 11.051/2004, transcrito a seguir: "Art. 10. Na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS incidentes sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica encomendante, no caso de industrialização por encomenda, aplicamse, conforme o caso, as alíquotas previstas: I — nos incisos I a III do art. 4° da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, e alterações posteriores, no caso de venda de gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e gás liquefeito de petróleo — GLP derivado de petróleo e de gás natural; 1 Todas as páginas referidas no acórdão correspondem ao eprocesso. Fl. 333DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 3 3 II — no art. 1° da Lei n° 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06 da TIPI; III — no inciso II do art. 3° da Lei n° 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; IV — no caput do art. 5° da Lei n° 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda dos produtos classificados nas posições 40.11 (pneus novos de borracha) e 40.13 (câmarasdear de borracha), da TIPI; V no art. 2° da Lei n° 10.560, de 13 de novembro de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de querosene de aviação; e (...) § 2° No caso deste artigo, as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS aplicáveis a pessoa jurídica executora da encomenda ficam reduzidas a zero. (Redação Original). 4) Que o fornecimento sob a modalidade de "industrialização por encomenda" efetuado pela empresa Fiscalizada à GM não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no referido artigo 10; 5) Que, não há como enquadrar as operações da Empresa Fiscalizada nas disposições do Inciso II do mencionado artigo, uma vez que este é específico para as vendas de produtos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06 da TIPI; 6) — Que, as disposições do inciso III referemse APENAS aos casos em que a venda do produto da encomenda pelas empresas de autopeças seja feita para comerciante, atacadista, varejista ou para consumidores. 7) Que este entendimento encontrase solidificado pela Coordenação do Sistema de Tributação, que já se pronunciou a respeito através da Solução de Consulta n° 1, de 04 de março de 2010, cuja ementa se transcreve: (... ) Diante do exposto, avaliei a consistência da planilha utilizada pela própria Empresa Fiscalizada e a utilizei para apurar os valores devidos a título de PIS/PASEP e COFINS, refazendo o demonstrativo de apuração para o período de abril de 2005 em diante. Fl. 334DF CARF MF 4 A contribuinte então apresentou impugnação administrativa, fls. 94/124, onde arguiu em síntese: i) Que ela é pessoa jurídica que, nos termos do seu contrato social tem por objeto a industrialização de componentes automotivos, sua venda, importação e exportação, celebrando uma série de contratos com montadoras de veículos, dentre as quais, encontrase a General Motors do Brasil Ltda (GM); ii) Que, em tal contexto, ela realiza a operação de industrialização por encomenda, estabelecendose a relação na qual a montadora figura como encomendante e a Recorrente como executora; iii) Que ela está sujeita ao regime de incidência monofásica no que concerne à tributação do PIS e COFINS, nos termos do que dispõe a Lei n.° 10.485/02, que, em seu artigo 10, dispõe que fabricantes e importadores de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficariam sujeitos ao pagamento concentrado do PIS/COFINS, tratamento semelhante conferido às autopeças pelo art. 3°; iv) Pela leitura do art. 10, da Lei n°. 11.051, de 29 de dezembro de 2004, no caso de industrializações por encomenda, o encomendante estaria sujeito a alíquotas majoradas (2% e 9,6% ou 2,3% e 10,8% conforme o caso), enquanto que o executor da encomenda teria o benefício da alíquota zero; v) Posteriormente, confere uma retrospectiva histórica da legislação e diz, in verbis, fls. 99/101: A redução a zero, da alíquota para o executor da encomenda, foi suspensa com a edição da Medida Provisória n°. 252/2005, que, por meio do seu artigo 42, alterou a redação do §2° do artigo 10 da Lei n°. 11.051/04: (...) A nova redação teve vigência a partir de 01/10/2005, em função do art. 73, inciso II, alínea "h" da referida MP. Entretanto, como a MP n.° 252/05 não foi convertida em lei no prazo determinado pela Constituição Federal, esse normativo perdeu sua vigência no dia 13/10/2005, conforme atestado pelo Ato Declaratório do Presidente da Mesa do Congresso Nacional n.° 38/2005. Sendo assim, como o Congresso Nacional não disciplinou as relações jurídicas constituídas no período de sua vigência, seus dispositivos se tomaram aplicáveis durante este ínterim, ou seja, de 01/10/2005 a 13/10/2005, como determina a Constituição Federal nessas situações. Por outro lado, como a MP 252/05 perdeu sua vigência em 13/10/2005, em 14/10/2005 voltou a viger a redação original do art. 10 da Lei 11.051/04, contendo a previsão de aplicação de alíquota zero nas receitas do executor das encomendas. Essa desoneração durou até o advento da Lei 11.196, publicada em 22/11/2005, cujo art. 46 definiu a redação do art. 10 da Lei n° 11.051/05 que perdura até os dias atuais, nos seguintes termos: Fl. 335DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 4 5 (...) Os novos percentuais passaram a ser exigidos dos executores a partir de 01/04/2006, nos termos do art. 132, inciso V, aliena "h" da Lei 11.196/2005. Em resumo, a redução para zero das alíquotas do PIS/Cofins, estabelecida pelo § 2° do art. 10 da Lei n.° 11.051/04, esteve vigente nos períodos de 01/04/2005 a 30/09/2005 e de 14/10/2005 a 28/02/2006, no tocante à receita bruta auferida pelo executante da encomenda nos casos em que especifica. vi) Que a Instrução Normativa SRF nº 594, de 31 de dezembro de 2005, esclareceu o período de vigência da alíquota zero da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS nas operações de industrialização por encomenda no regime monofásico; vii) Que a Solução de Consulta nº 1/2010 da COSIT, utilizada pela fiscalização para fundamentar o auto de infração, parte de uma premissa equivocada, qual seja, a de vincular a aplicabilidade da alíquota zero de PIS/COFINS à venda de produtos, pelo executor da encomenda a atacadistas, varejistas ou consumidores finais, argumentando que sua situação é diferente, pois realiza industrialização por encomenda, no caso, a GM; viii) Explica como ocorre a industrialização por encomenda e em quê se diferencia da venda por atacadistas, varejistas; ix) Que a "encomenda" solicitada pela GM para a Recorrente não é a das autopeças a que se refere o inciso Ill do art. 10, mas a dos próprios veículos automotores, apontados no inciso II, o que ressalta a inaplicabilidade da SC COSIT 1/2010 às operações autuadas; xi) Ela não industrializa simplesmente uma peça que irá compor o produto final, mas ela recebe as caixas de direção e barras estabilizadoras e agrega a estes diversos componentes, devolvendo à montadora, o subframe; x) Alega que não se trata de uma peça, como se refere o artigo 3º, III, da Lei nº 10.485/2002, mas sim do próprio veículo, nos termos do artigo 10, da Lei nº 10.485/2002; xi) Demonstra que a utilização de alíquota zero não ocasiona qualquer prejuízo ao Erário, que a falta de recolhimento das contribuições em debate, no contexto da incidência monofásica, é compensada quando o encomendante tributar, por alíquotas majoradas (2,3% e 10,8%), as receitas da venda do produto final a atacadistas, varejistas ou consumidores finais; xii) Que esteve orientada sob o manto da boafé, pois, na época, ela estava albergada pela Instrução Normativa n°. 594/05, editada pela Receita Federal para esclarecer e operacionalizar a sistemática de recolhimentos de PIS e COFINS para as pessoas jurídicas sujeitas ao regime monofásico aplicado ao segmento de automóveis e autopeças; Sobreveio, então, acórdão da DRJ/Campinas, cuja ementa é transcrita abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 336DF CARF MF 6 Período de apuração: 01/04/2005 a 30/09/2005, 14/10/2005 a 28/02/2006 INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. AUTOPEÇAS. VENDAS A MONTADORAS. ALÍQUOTA ZERO. NÃO APLICAÇÃO. A redução para zero da alíquota da Cofins, estabelecida pelo § 2º do art. 10 da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, vigente nos períodos de 1º de abril de 2005 a 30 de setembro de 2005 e de 14 de outubro de 2005 a 28 de fevereiro de 2006, incidente sobre a receita bruta auferida pelo executante da encomenda, não se aplica aos casos em que os produtos, relacionados no inciso III do caput do mesmo artigo, sejam destinados a fabricante de veículos. Afastada a aplicação do artigo 10 da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, e portanto da alíquota zero para o executor da industrialização, calculase a Cofins devida mediante a incidência da alíquota de 7,6% sobre a base de cálculo. A contribuinte, irresignada, apresentou recurso voluntário, fls. 294 e seguintes, onde repisou a argumentação da impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, a ciência do acórdão ocorreu em 28 de maio de 2012, fls. 293, e o recurso foi protocolado em 26 de junho de 2012. Tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. No mérito 2.1. Operações da Recorrente e histórico legislativo A Recorrente descreve que possui em seu objeto social a industrialização de componentes automotivos, sua venda, importação e exportação. Assim, ela realiza contratos com as montadoras de veículos, dentre as quais, encontrase a General Motors do Brasil Ltda e realiza a operação chamada "industrialização por encomenda". Neste tipo de relação comercial, a montadora figura como encomendante e a Recorrente como executora. Diz que as operações sob a quais a Recorrente desenvolve estão sujeitas ao regime de incidência monofásica da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, nos termos da Lei nº 10.485/2002, na qual em seu artigo 1º determina que fabricante e importadores de máquinas e veículos classificados no código 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00,8433.40.00, 8433.5, 87.01,87.02,87.03, 87.04, 87.05 e 87.06 da TIPI, relativamente à receita bruta da venda desses produtos, ficam sujeitos ao pagamento concentrado do PIS/COFINS, tratamento semelhante conferido às autopeças pelo artigo 3º. Fl. 337DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 5 7 Defende que enquanto o industrial recolhe o PIS e a COFINS sob uma alíquota majorada nas vendas comerciais para atacadistas, varejistas, consumidores finais, os demais integrantes da cadeia serão tributados com alíquota zero. Importante transcrever a legislação em análise para melhor reflexão da sua interpretação ao caso em análise, os fatos jurídicos tributários são de 01/04/2005 a 30/09/2005 e de 14/10/2005 a 28/02/2006: Lei 10.485/2002 Art. 1o As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), respectivamente, nas vendas para fabricante: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) a) de veículos e máquinas relacionados no art. 1o desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) de autopeças constantes dos Anexos I e II desta Lei, quando destinadas à fabricação de produtos neles relacionados; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) § 1o Fica o Poder Executivo autorizado, mediante decreto, a alterar a relação de produtos discriminados nesta Lei, inclusive em decorrência de modificações na codificação da TIPI. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 10.865, de 2004) § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à Fl. 338DF CARF MF 8 receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) § 3o Os pagamentos efetuados pela pessoa jurídica fabricante dos produtos relacionados no art. 1o desta Lei a pessoa jurídica fornecedora de autopeças, exceto pneumáticos e câmarasde ar, estão sujeitos à retenção na fonte da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o Estão sujeitos à retenção na fonte da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os pagamentos referentes à aquisição de autopeças constantes dos Anexos I e II desta Lei, exceto pneumáticos, quando efetuados por pessoa jurídica fabricante: (Redação dada pela lei nº 11.196, de 2005) I de peças, componentes ou conjuntos destinados aos produtos relacionados no art. 1o desta Lei; (Incluído pela lei nº 11.196, de 2005) II de produtos relacionados no art. 1o desta Lei. (Incluído pela lei nº 11.196, de 2005) § 4o O valor a ser retido na forma do § 3o deste artigo constitui antecipação das contribuições devidas pelas pessoas jurídicas fornecedoras e será determinado mediante a aplicação, sobre a importância a pagar, do percentual de 0,5% (cinco décimos por cento) para a contribuição para o PIS/PASEP e 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para a COFINS. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 4o O valor a ser retido na forma do § 3o deste artigo constitui antecipação das contribuições devidas pelas pessoas jurídicas fornecedoras e será determinado mediante a aplicação, sobre a importância a pagar, do percentual de 0,1% (um décimo por cento) para a Contribuição para o PIS/Pasep e 0,5% (cinco décimos por cento) para a Cofins. (Redação dada pela lei nº 11.196, de 2005) § 5o Os valores retidos deverão ser recolhidos ao Tesouro Nacional até o 3o (terceiro) dia útil da semana subseqüente àquela em que tiver ocorrido o pagamento à pessoa jurídica fornecedora de autopeças. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 5o Os valores retidos na quinzena deverão ser recolhidos ao Tesouro Nacional até o último dia útil da semana subseqüente àquela quinzena em que tiver ocorrido o pagamento à pessoa jurídica fornecedora de autopeças. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Fl. 339DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 6 9 § 5o O valor retido na quinzena deverá ser recolhido até o último dia útil da quinzena subseqüente àquela em que tiver ocorrido o pagamento. (Redação dada pela lei nº 11.196, de 2005) § 6o Na hipótese de a pessoa jurídica fabricante dos produtos relacionados no art. 1o desta Lei revender produtos constantes dos Anexos I e II desta Lei, serão aplicadas, sobre a receita auferida, as alíquotas previstas no inciso II do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 7o A retenção na fonte de que trata o § 3o deste artigo: (Incluído pela lei nº 11.196, de 2005) I não se aplica no caso de pagamento efetuado a pessoa jurídica optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples e a comerciante atacadista ou varejista; (Incluído pela lei nº 11.196, de 2005) II alcança também os pagamentos efetuados por serviço de industrialização no caso de industrialização por encomenda. Pela leitura conjugada do art. 3º, inciso I, alínea "b", e parágrafos 3º e 7º, inciso II, da legislação acima transcrita, percebese a incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS no caso em análise. No dispositivo legal em que a legislação, art. 3º, inciso I, alínea "b", discorre sobre a incidência das contribuições em apreço sobre as autopeças, constantes no anexo I, encontrase o produto fabricado pela Recorrente, código 87.08.99.90. Assim, não há dúvidas de que a incidência tributária se amolda aos preceitos legais e não se verifica a tese, levantada pela Recorrente, de que há a alíquota majorada para o industrial e que os demais integrantes da cadeia estão sujeitos à alíquota zero. A diferença de alíquotas ocorre em razão de quem é o sujeito da cadeia, que comprará os produtos por ela fabricados. No caso, a Recorrente fabrica as peças do anexo I da Lei nº 10.485/2003. Diante da situação de fabricação das peças, verificase dois tipos de alíquotas na incidência das contribuições: i) 1,65% e 7,6% nas vendas para fabricante que é o caso em análise, onde a GM enquadrase como fabricante; ii) 2,3% e 10,8% nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. Dando continuidade à leitura dos dispositivos, percebese que a retenção deve ser na fonte, conforme artigo 3º, §3º, e que alcança também os casos de industrialização por encomenda, conforme artigo 3º, § 7º, II, todos da Lei nº 10.485/2003. Posteriormente, a Recorrente argumenta no sentido da alteração, promovida pela Lei nº 11.051/2004 no artigo 10 da Lei nº 10.485/02 (na redação dada pela Lei nº 10.865/04) e afirma que o encomendante (2% e 9,6% ou 2,3% e 10,8%, conforme o caso) estaria sujeito às alíquotas majoradas, enquanto o executor estaria sujeito à alíquota zero. Diz que o regime teve vigência a partir de 01/04/2005, em função do disposto no art. 34, inciso II, da Lei nº 11.051/2004. Mais uma vez, transcrevese a legislação para análise: Fl. 340DF CARF MF 10 Lei nº 11.051/2004 Art. 10. Na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica encomendante, no caso de industrialização por encomenda, aplicamse, conforme o caso, as alíquotas previstas: (Vigência) I nos incisos I a III do art. 4o da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, e alterações posteriores, no caso de venda de gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e gás liquefeito de petróleo GLP derivado de petróleo e de gás natural; II no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; III no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei III para autopeças relacionadas nos Anexos I e II da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) no inciso I do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 julho de 2002, no caso de venda para as pessoas jurídicas nele relacionadas; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 julho de 2002, no caso de venda para as pessoas jurídicas nele relacionadas; (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) IV no caput do art. 5o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda dos produtos classificados nas posições 40.11 (pneus novos de borracha) e 40.13 (câmarasdear de borracha), da TIPI; V no art. 2o da Lei no 10.560, de 13 de novembro de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de querosene de aviação; e VI no art. 49 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e alterações posteriores, no caso de venda de água, refrigerante, cerveja e preparações compostas classificados nos códigos 22.01, 22.02, 22.03 e 2106.90.10 Ex 02, todos da TIPI. VI – no art. 58I da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, no caso de venda das bebidas mencionadas no art. 58A da mesma Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Revogado pela Lei nº 13.097, de 2015) (Vigência) § 1o Na hipótese dos produtos de que tratam os incisos I, V e VI do caput deste artigo, aplicase à pessoa jurídica encomendante, conforme o caso, o direito à opção pelo regime especial de que Fl. 341DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 7 11 tratam o art. 23 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, e o art. 52 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 1o Na hipótese dos produtos de que tratam os incisos I, V e VI do caput deste artigo, aplicase à pessoa jurídica encomendante, conforme o caso, o direito à opção pelo regime especial de que tratam o art. 23 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, e o art. 58J da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Vigência) § 2o No caso deste artigo, as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins aplicáveis à pessoa jurídica executora da encomenda ficam reduzidas a zero. § 2o A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins incidirão sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica executora da encomenda às alíquotas de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 3o Para os efeitos deste artigo, aplicamse os conceitos de industrialização por encomenda do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Observase que a legislação passou por uma série de modificações. Situase a legislação antes do advento da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, que alterou uma série de dispositivos, período que iria se referir aos fatos apurados de 01/04/2005 a 30/09/2005 e de 14/10/2005 a 28/02/2006, neste período, a interpretação seria dos seguintes artigos para o caso em análise: Lei nº 11.051/2004 Art. 10. Na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica encomendante, no caso de industrialização por encomenda, aplicamse, conforme o caso, as alíquotas previstas: (...) III no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei (...) § 2o No caso deste artigo, as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins aplicáveis à pessoa jurídica executora da encomenda ficam reduzidas a zero. Lei 10.485/2002 Fl. 342DF CARF MF 12 Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), respectivamente, nas vendas para fabricante: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) a) de veículos e máquinas relacionados no art. 1o desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) de autopeças constantes dos Anexos I e II desta Lei, quando destinadas à fabricação de produtos neles relacionados; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) A hipótese que poderia mais se aproximar do caso em análise para aplicação da alíquota zero é a do art. 10, inciso III, da Lei 11.051/2004, no entanto, não se aplica, pois a legislação positiva a seguinte situação: " (...) no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei". Não é este o contexto fático vislumbrado no caso, onde há encomenda por parte da GM para que a Recorrente fabrique as peças, a chamada industrialização por encomenda, não ocorrendo vendas para comerciante atacadista ou varejista ou consumidores das peças relacionadas nos Anexos I e II conforme determina a legislação. O contexto fático é a encomenda das peças para a própria GM, que se enquadra como fabricante, e a Recorrente como executora da industrialização. O dispositivo que prevê a redução para a executora da encomenda para alíquota zero não pode ser aplicado à Recorrente, pois a operação efetuada no caso em análise é diferente da prevista no texto legal e é notório que os casos de benefício fiscal devem ser interpretados de forma restritiva. Agora, passase à análise, após o advento da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005: Lei nº 11.051/2004 Art. 10. Na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica encomendante, no caso de industrialização por encomenda, aplicamse, conforme o caso, as alíquotas previstas: (Vigência) (...) III para autopeças relacionadas nos Anexos I e II da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 343DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 8 13 a) no inciso I do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 julho de 2002, no caso de venda para as pessoas jurídicas nele relacionadas; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 julho de 2002, no caso de venda para as pessoas jurídicas nele relacionadas; (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) § 2o A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins incidirão sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica executora da encomenda às alíquotas de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Lei 10.485/2002 Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), respectivamente, nas vendas para fabricante: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) a) de veículos e máquinas relacionados no art. 1o desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) de autopeças constantes dos Anexos I e II desta Lei, quando destinadas à fabricação de produtos neles relacionados; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Com o advento da Lei nº 11.196/2005, se houvesse algum tipo de dúvida no exercício hermenêutico, provocado pelo advento da Lei nº 11.051/2004, a alteração deixou claro que havia incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS sobre a receita bruta da executora da encomenda. Posteriormente, a Recorrente argumenta no sentido da suspensão da redução da alíquota zero pela MP nº 252, de 15 de junho de 2005, fazendo uma retrospectiva e dizendo que como tal medida provisória não foi convertida em lei no prazo determinado pela Constituição, ela perdeu a vigência em 13/10/2005, conforme atestado pelo Ato Declaratório do Presidente da Mesa do Congresso Nacional nº 38/05. Ademais, como o Congresso Nacional não disciplinou as relações jurídicas constituídas, durante a vigência da MP, seus dispositivos se tornaram aplicáveis durante esse lapso temporal, ou seja, de 01/10/2005 a 13/10/2005, como Fl. 344DF CARF MF 14 determina a Constituição. Por fim, argumenta que somente com o advento da Lei nº 11.196/2005 é que passou a haver incidência tributária. Ocorre que, como discorrido anteriormente, na redação original pela Lei nº 11.051/2004, a situação da alíquota zero não era aplicada à Recorrente, sendo que esta fez uma interpretação extensiva da regra jurídica em um contexto no qual ela não se enquadrava. 2.2. Instrução Normativa SRF nº 594, de 31 de dezembro de 2005 A Recorrente argumenta que esteve albergada pela IN SRF nº 594, de 31.12.2005, cuja redação previa o seguinte quanto ao regime monofásico da industrialização por encomenda: IN SRF nº 594, de 31.12.2005 Art. 1º Esta Instrução Normativa dispõe sobre a Contribuição para o PIS/Pasep, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), a Contribuição para o PIS/Pasep incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços (Contribuição para o PIS/PasepImportação) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (CofinsImportação) incidentes sobre a comercialização no mercado interno e sobre a importação de: I gasolinas e suas correntes, exceto gasolina de aviação; II óleo diesel e suas correntes; III gás liquefeito de petróleo (GLP), derivado de petróleo ou de gás natural; IV querosene de aviação; V biodiesel; VI álcool hidratado para fins carburantes; VII produtos farmacêuticos classificados nos seguintes códigos da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto no 4.542, de 26 de dezembro de 2002: a) 30.01, 30.03, exceto no código 3003.90.56; b) 30.04, exceto no código 3004.90.46; c) 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3, 3002.20.1, 3002.20.2, 3002.90.20, 3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10, 3006.30.1, 3006.30.2 e 3006.60.00; VIII produtos de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, classificados nas posições 33.03 a 33.07 e nos códigos 3401.11.90, 3401.20.10 e 9603.21.00, da TIPI; IX máquinas e veículos, classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 8432.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5 e 87.01 a 87.06, da TIPI; Fl. 345DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 9 15 X pneus novos de borracha da posição 40.11 e câmarasdear de borracha da posição 40.13, da TIPI; e XI autopeças relacionadas nos Anexos I e II da Lei no 10.485, de 2002, e alterações posteriores. (...) Art. 16. Na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes sobre a receita bruta auferida nas operações de venda das autopeças de que trata o inciso XI do art. 1º, na hipótese de: I venda efetuada por fabricante ou por importador das autopeças, aplicamse, respectivamente, as alíquotas de: a) 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), no caso de vendas efetuadas para fabricante de autopeças de que trata o inciso XI do art. 1º ou para fabricante de máquinas e veículos, relacionados no inciso IX do art. 1º; b) 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), no caso de venda efetuada para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidor final; II revenda efetuada por fabricante das máquinas e dos veículos, de que trata o inciso IX do art. 1º, aplicamse as alíquotas previstas na alínea "b" do inciso I; e III venda efetuada por comerciante atacadista ou varejista, aplicase a alíquota de 0% (zero por cento). § 1º O disposto no inciso I aplicase também na hipótese de venda efetuada por encomendante, no caso de industrialização por encomenda. § 2º Observado o disposto no art. 52, a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins incidirão sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica executora da encomenda às alíquotas de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (...) Art. 52. Estão reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida de 1º de abril a 30 de setembro de 2005 e de 14 de outubro de 2005 a 28 de fevereiro de 2006, quando decorrente da execução de serviço de industrialização, no caso de industrialização por encomenda dos produtos de que tratam os incisos I a IV e IX a XI do art. 1º. (grifos não constam no original) Fl. 346DF CARF MF 16 De fato, o artigo 52, da IN SRF nº 594, de 31.12.2005, prevê a redução a zero das alíquotas da COFINS no caso do serviço de industrialização por encomenda, ocorre que pela leitura sistemática do artigo 16 e dos artigos da Lei nº 10.485/2002 há restrição para aplicação de tal alíquota somente para venda efetuada por comerciante atacadista ou varejista. Portanto, não procede a argumentação da Recorrente. 2.3. Solução de Consulta COSIT nº 1, de 2010 A Recorrente expressa a Solução de Consulta COSIT nº 1, de 2010 e retorna, posteriormente, à análise do art. 10, da Lei nº 11.051/2004, dizendo que a legislação faz uma equiparação do encomendante, que vende os produtos citados no rol dos incisos do caput, ao fabricante dos mesmos bens, repisando os argumentos já anteriormente expressados, e concluindo que a Solução de Consulta é equivocada. Diz que restringir à alíquota zero para situações de venda pelo executor da encomenda, a atacadistas, varejistas ou consumidores finais, é equivocado, realizando posteriormente uma longa análise do que seria a industrialização por encomenda. Destaca que como os atacadistas e varejistas, ao contratarem uma industrialização por encomenda, seriam equiparados a industriais, nunca haveria a incidência da hipótese exigida pela RFB para aplicação da alíquota reduzida, qual seja, o envio, pelo executor da encomenda, do produto industrializado diretamente a comercial atacadista, varejista ou consumidor final. Argumenta que a Solução de Consulta não se aplica ao seu caso, já que ela praticou com a GM, típica operação de industrialização por encomenda, na qual a encomendante (GM) remeteu bens de sua propriedade para industrialização no estabelecimento do executor (Recorrente), que, ao final do processo, os devolveu à GM, fazendo, por isso, jus à alíquota zero, no período da redação original do § 29 do art. 10 da Lei n9 11.051/04, o que deve motivar o cancelamento integral do auto de infração combatido e a reforma do acórdão recorrido e expressa a existência de duas regras, in verbis, fls. 311: 1) Regra de incidência do encomendante: nas operações de industrialização por encomenda de autopeças, os encomendantes se sujeitam às alíquotas concentradas de 2,3% e 10,8% de PIS e COFINS, respectivamente, quando destinem os produtos a atacadistas, varejistas e consumidores finais; e 2) Regra de incidência do executor: caso o sujeito (executor da encomenda) realize operações com os encomendantes incluídos na regra n9 1, aplicase a alíquota zero de PIS e COFINS sobre as receitas correspondentes. Pelas razões expostas anteriormente, não são tais regras as existentes e a Recorrente não se enquadra na hipótese da submissão à alíquota zero. Cabe esclarecer que pode haver sim hipótese da empresa encomendar a industrialização de determinada peça e depois revender no mercado como atacadista, varejista ou consumidor final, que é diferente da situação em análise, na qual, a peça, conforme expressou a Recorrente, é colocada diretamente nos veículos da encomendante, sendo vendido, posteriormente, todo o automóvel já com a inclusão da peça. Conforme expresso anteriormente, a situação da Recorrente é diferente do caso no qual há a incidência da alíquota zero e, para tanto, sobreveio a Solução de Consulta COSIT nº 1, de 2010, para que não restassem dúvidas, cuja ementa é a seguinte: Fl. 347DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 10 17 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins A redução para zero da alíquota da Cofins, estabelecida pelo § 2º do art. 10 da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, vigente nos períodos de 1º de abril de 2005 a 30 de setembro de 2005 e de 14 de outubro de 2005 a 28 de fevereiro de 2006, incidente sobre a receita bruta auferida pelo executante da encomenda, não se aplica aos casos em que os produtos, relacionados no inciso III do caput do mesmo artigo, sejam destinados a fabricante de veículos. (grifos não constam no original) Em relação à Solução de Consulta, assim, se manifestou a DRJ/Campinas, fls. 279/28: Lembrese que a Solução de Consulta COSIT nº 01, de 2010, referida nos autos foi formulada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores – Sindipeças, entidade que tem como associadas a empresa autuada sucedida e a impugnante sucessora como demonstra consulta ao site da instituição (...) Pela leitura dos dispositivos transcritos, especialmente o que dita o art. 51, podese concluir que após 30 dias da ciência da solução de consulta, os associados da consulente estavam submetidos à interpretação fixada pela Administração em relação à hipótese consultada. A Solução de Consulta Cosit nº 01, 2010, foi publicada em 22/04/2010 e o início do procedimento fiscal data de 27/08/2010. Como a contribuinte, mesmo ciente da correta interpretação do disposto no art. 10 da Lei nº 11.051, de 2004, não promoveu o recolhimento do tributo relativo à Cofins incidente sobre a receita auferida das autopeças industrializadas sob encomenda de fabricante de veículo, quedouse vulnerável ao lançamento de ofício com a imposição de todos os acréscimos legais. Portanto, mais uma vez, não procede a argumentação da Recorrente. 2.4. Enquadramento da operação da Recorrente A Recorrente afirma que a encomenda solicitada pela GM não é a das autopeças a que se refere, mas as dos próprios veículos automotores apontados no inciso II, o que ressalta ainda mais a inaplicabilidade da SC COSIT nº 01/10 às operações autuadas. Ela defende que, conforme desenho esquemático que está juntado aos autos (fl. 07), o que a Recorrente industrializa não é simplesmente uma peça que irá compor o produto final, visto que recebe caixas de direção e barras estabilizadoras e agrega a estes diversos componentes, para que chegue ao bem que devolve à montadora, qual seja, o subframe, e defende, mais uma vez, a aplicação da alíquota zero. Fl. 348DF CARF MF 18 Quanto à tal argumentação, é certo que o subframe é uma peça que compõe o veículo automotor, tendo em vista que os consumidores, quando desejam um veículo, não buscam o subframe, na grande maioria dos casos, não têm qualquer ciência a respeito da existência de tal peça, mas o próprio veículo. 2.5. Da suposta inexistência de prejuízo ao Erário A Recorrente argumenta que aplicou a alíquota zero de PIS e COFINS sobre as receitas decorrentes do serviço de industrialização por encomenda, porém, a falta de recolhimento das contribuições em debate, no contexto da incidência monofásica, é compensada, quando o encomendante tributar, por alíquotas majoradas (2,3% e 10,8%), as receitas da venda do produto final a atacadistas, varejistas ou consumidores finais e defende que não há, portanto, qualquer prejuízo aos cofres públicos e que tal entendimento era respaldado pela IN 594/2005. A referida IN já foi analisada em tópico anterior e concluise que não é aplicada ao caso em análise. Quanto à questão de prejuízo ao Erário e a argumentação de enriquecimento sem causa da União, cabe esclarecer que, em seara de matéria tributária, as relações jurídicas são regidas pelo princípio da estrita legalidade tributária, não havendo que se falar em prejuízo ou enriquecimento sem causa. 2.6. IN nº 594/2005 juros e multa A Recorrente, mais uma vez, defende a aplicabilidade da IN nº 594/2005 ao seu caso e argumenta que sua observância, pelo sujeito passivo, elide a imputação de penalidades (multas) e a incidência de juros de mora. Conforme já exposto anteriormente, a Recorrente concedeu interpretação errônea à legislação e ao seu caso não é aplicado a exoneração por parte da alíquota zero, portanto, incide a tributação e, como não houve o recolhimento devido, procede a multa e os juros de mora. 3. Conclusão Por todo o exposto, conheço do recurso, mas nego provimento. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Voto Vencedor Conselheiro Walker Araujo Redator Designado Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Em síntese, o cerne da questão visa analisar a correta interpretação e aplicação da norma prevista no artigo 10, da Lei nº 11.051/2014 que dispõe sobre a incidência da alíquota zero, nas operações de industrialização sob encomenda. No entendimento da nobre Relatora "Com o advento da Lei nº 11.196/2005, se houvesse algum tipo de dúvida no exercício hermenêutico, provocado pelo advento da Lei nº Fl. 349DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 11 19 11.051/2004, a alteração deixou claro que havia incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS sobre a receita bruta da executora da encomenda". E finaliza "Ocorre que, como discorrido anteriormente, na redação original pela Lei nº 11.051/2004, a situação da alíquota zero não era aplicada à Recorrente, sendo que esta fez uma interpretação extensiva da regra jurídica em um contexto no qual ela não se enquadrava." Em que pese os fundamentos da i. Relatora, entendo que o contribuinte faz jus ao benefício da alíquota zero previsto na Lei nº 11.196/2005, sendo que para dirimir a controvérsia da matéria sob análise, empresto as razões de decidir do i. Conselheiro Robson José Bayerl, nos autos do processo administrativo nº 13603.000328/200682 (acórdão 3403 00875): Controvertem o recorrente e as autoridades julgadoras acerca da correta interpretação e aplicação do quanto disposto no art. 10 da Lei nº 11.051/2004, mormente seus incisos II e III e parágrafo segundo, na redação vigente por ocasião dos fatos altercados, cujo texto colaciono: Art. 10. Na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica encomendante, no caso de industrialização por encomenda, aplicamse, conforme o caso, as alíquotas previstas: I nos incisos I a III do art. 4º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, e alterações posteriores, no caso de venda de gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e gás liquefeito de petróleo GLP derivado de petróleo e de gás natural; II no art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; III no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; IV no caput do art. 5º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda dos produtos classificados nas posições 40.11 (pneus novos de borracha) e 40.13 (câmaras de ar de borracha), da TIPI; V no art. 2º da Lei nº 10.560, de 13 de novembro de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de querosene de aviação; e VI no art. 49 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e alterações posteriores, no caso de venda de água, refrigerante, Fl. 350DF CARF MF 20 cerveja e preparações compostas classificados nos códigos 22.01, 22.02, 22.03 e 2106.90.10 Ex 02, todos da TIPI § 1º Na hipótese dos produtos de que tratam os incisos I, V e VI do caput deste artigo, aplicase à pessoa jurídica encomendante, conforme o caso, o direito à opção pelo regime especial de que tratam o art. 23 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, e o art. 52 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 2º No caso deste artigo, as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins aplicáveis à pessoa jurídica executora da encomenda ficam reduzidas a zero. Antes de adentrar o meritum causae quero sublinhar, como premissa fática para balizamento do exame da matéria, a seguinte afirmação constante do Termo de Verificação Fiscal à fl. 33: “A partir de toda a documentação analisada e das respostas aos diversos Termos de Intimação lavrados naquela época, entendeuse que a receita relativa à operação de industrialização por encomenda de autopeças executada pela AETHRA estava sujeita à alíquota zero do PIS e da COFINS, nos termos do parágrafo 2° do artigo 10 da Lei 11.051/2004, tal como considerado pela empresa. Com base neste entendimento, foram efetuados os cálculos dos valores do PIS e da COFINS, tendo sido apuradas divergências em relação aos valores apurados pela empresa em função de os valores retidos na fonte informados pelas montadoras serem diferentes dos valores informados pela AETHRA.” (destaquei) Ou seja, as operações realizadas pelo recorrente atendiam a todos os requisitos legais exigidos para fruição da alíquota zero, circunscrevendo, então, a análise a ser feita à matéria exclusivamente de direito. Pois bem, feitas estas ponderações e para melhor compreensão do preceptivo, à luz dos argumentos do recorrente, providenciarei a decomposição dos excertos que interessam ao deslinde do caso, da seguinte forma: I. Inciso II c/c § 2ºNa determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica encomendante, no caso de industrialização por encomenda, aplicamse as alíquotas previstas no art. 1º da Lei nº 10.485/02 e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI, sendo que as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins aplicáveis à pessoa jurídica executora da encomenda ficam reduzidas a zero; II. Inciso III c/c § 2º Na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica encomendante, no caso de industrialização por encomenda, aplicamse as alíquotas previstas no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista Fl. 351DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 12 21 ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei, sendo que as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins aplicáveis à pessoa jurídica executora da encomenda ficam reduzidas a zero. Compreendese, portanto, que todas as exigências de enquadramento ali previstas são dirigidas à pessoa jurídica encomendante, de sorte que, na primeira hipótese legal, ela é que deveria efetuar vendas de máquinas e veículos das posições da TIPI que menciona, e, na segunda, ela – pessoa jurídica encomendante – é que deveria vender as autopeças relacionadas nos Anexos I e II da Lei nº 10.485/02 a comerciantes atacadistas/varejistas e/ou consumidores. Logo, equivocouse a decisão recorrida quando interpretou que estas imposições legais estariam voltadas para o executor da encomenda, como no caso da recorrente. Desta forma, o fato das peças serem entregues às montadoras e não a comerciantes (atacadistas/varejistas) ou consumidores não afastaria a incidência da vindicada alíquota zero para a operação, pois, como já dito, quem deveria fazêlo eram as montadoras. Demais disso, em exame perfunctório, a própria dicção do inciso II supra, ainda que sua redação não ostente a melhor técnica, por assim dizer, levaria à dessunção que, sendo o encomendante da industrialização uma montadora/fabricante de veículos dos códigos que menciona o dispositivo, já seria suficiente para garantir a incidência da alíquota zero sobre as operações de industrialização por encomenda questionadas. Também não resiste o argumento que a Lei nº 10.485/02 teria previsto alíquotas específicas para autopeças, uma vez que pela aplicação da regra hermenêutica "lex posterior derogat priori" e do disposto no art. 2º e § 1º da Lei de Introdução ao Código Civil, a Lei nº 11.051/2004, posterior àquela, teria modificado o regime de tributação das operações de industrialização por encomenda nas hipóteses nela arroladas, cuidando de inovação jurídica. A decisão recorrida, numa interpretação, a meu ver, extremamente restritiva, pretensamente calçada no art. 111 do Código Tributário Nacional, compreendeu que o art. 10, III da Lei nº 11.051/2004 seria aplicável apenas quando o encomendante fosse outra indústria de autopeças. A bem da verdade, em minha opinião, não houve uma interpretação literal do texto, como afirmado, eis que, se assim ocorresse, tal qual defendido pela recorrente, não haveria como chegar a outra conclusão senão que lhe assistiria razão, como adrede demonstrado. Também não se poderia alegar, com isso, que o sistema de tributação concentrada sofreria alguma espécie de ruptura, uma vez que o fato de o produto encomendado não se submeter à tributação quando da entrega ao encomendante não significaria dizer que não comporia o valor agregado para incidência Fl. 352DF CARF MF 22 concentrada, porquanto o custo daquela industrialização iria, sim, formar o preço de venda do produto quando de sua submissão à alíquota prevista no art. 10, III da Lei nº 11.051/04, no momento da venda ao comerciante atacadista/varejista ou consumidor, por parte da montadora. De outra banda, entendo eu que a IN SRF 594/05, diversamente do sustentado pela decisão recorrida, corrobora o procedimento adotado pelo recorrente e não o contrário, senão vejase: “Art. 1o Esta Instrução Normativa dispõe sobre a Contribuição para o PIS/Pasep, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), a Contribuição para o PIS/Pasep incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços (Contribuição para o PIS/PasepImportação) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (CofinsImportação) incidentes sobre a comercialização no mercado interno e sobre a importação de: (...) XI autopeças relacionadas nos Anexos I e II da Lei no 10.485, de 2002, e alterações posteriores. (...) Art. 16. Na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes sobre a receita bruta auferida nas operações de venda das autopeças de que trata o inciso XI do art. 1º, na hipótese de: I venda efetuada por fabricante ou por importador das autopeças, aplicamse, respectivamente, as alíquotas de: a) 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), no caso de vendas efetuadas para fabricante de autopeças de que trata o inciso XI do art. 1º ou para fabricante de máquinas e veículos, relacionados no inciso IX do art. 1º; b) 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), no caso de venda efetuada para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidor final; (...) § 1º O disposto no inciso I aplicase também na hipótese de venda efetuada por encomendante, no caso de industrialização por encomenda. § 2° Observado o disposto no art. 52, a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins incidirão sobre a receita bruta auferida pela pessoa jurídica executora da encomenda às alíquotas de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (...) Fl. 353DF CARF MF Processo nº 16045.000542/201086 Acórdão n.º 3302004.602 S3C3T2 Fl. 13 23 Art. 52. Estão reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta auferida de 1º de abril a 30 de setembro de 2005 e de 14 de outubro de 2005 a 28 de fevereiro de 2006, quando decorrente da execução de serviço de industrialização, no caso de industrialização por encomenda dos produtos de que tratam os incisos I a IV e IX a XI do art. 1º.” Da leitura supra extraio que nas operações de industrialização por encomenda as vendas realizadas pelo ENCOMENDANTE deveriam ser aplicadas as alíquotas previstas nos incisos I e II do art. 16 e, nas operações entre o ENCOMENDANTE e o EXECUTOR DA ENCOMENDA, as alíquotas de 1,65% (PIS) e 7,6% (Cofins), com a ressalva do período compreendido entre 01/04/05 a 30/09/05 e 14/10/05 a 28/02/06, quando então a alíquota incidente nestas operações, tanto para o PIS/Pasep quanto para a Cofins, teria sido reduzida a zero. Em síntese, no pressuposto fático que as operações atenderam aos requisitos legais delas exigidos, como reconhecido pela Unidade preparadora, assiste razão ao recorrente, cumprindo rever a decisão de primeira instância para reconhecerlhe o direito à vindicada alíquota zero. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso interposto e reconhecer o direito à alíquota zero nas operações de industrialização por encomenda, nos termos do art. 10, III da Lei º 11.051/04. Por concordar com os argumentos utilizados na decisão proferida nos autos do processo administrativo nº 13603.000328/200682, anteriormente citada, o adoto como fundamento para afastar a exigência do crédito tributário, o que faço com base no artigo 50, §1º, da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Fl. 354DF CARF MF 24 Fl. 355DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10467.720232/2013-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
RECURSO INTEMPESTIVO. PEREMPÇÃO. NÃO CONHECIMENTO.
Demonstrada nos autos a intempestividade do recurso voluntário, não se conhece das razões de mérito, por perempção.
Numero da decisão: 1402-002.683
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário apenas no que se refere à intempestividade e negar-lhe provimento. O conselheiro Demetrius Nichele Macei apresentará declaração de voto.
(assinado digitalmente )
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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PEREMPÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. Demonstrada nos autos a intempestividade do recurso voluntário, não se conhece das razões de mérito, por perempção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário apenas no que se refere à intempestividade e negarlhe provimento. O conselheiro Demetrius Nichele Macei apresentará declaração de voto. (assinado digitalmente ) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 7. 72 02 32 /2 01 3- 87 Fl. 848DF CARF MF 2 Relatório Por bem resumir a controvérsia, adoto o Relatório da decisão recorrida que abaixo transcrevo: Do lançamento O presente processo tem origem no auto de infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa JurídicaIRPJ, lavrado pela DRF/João PessoaPB e cientificado à interessada acima identificada em 20/05/2013, no valor de R$ 2.913.658,23, acrescido da multa de ofício, no percentual de 75%, e demais encargos moratórios. A autuação, conforme a descrição dos fatos do auto de infração e o Relatório de Revisão da Declaração, decorre de glosa de prejuízos compensados indevidamente, uma vez que insuficientes, no anocalendário de 2009, no montante de R$ 19.420.445,26. A insuficiência foi resultado do auto de infração objeto do processo nº 14751.000142/200510, referente aos anos calendário de 2000 e 2001, que absorveu os prejuízos fiscais que a interessada dispunha, não restando, por esta razão, saldo passível de compensação em 31/12/2008. Enquadramento Legal: Art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; arts. 247, 250, inciso III, 251, 509 e 510 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 –Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999. A Fiscalização também ajustou, através de auto de infração, a Contribuição Social sobre o Lucro LíquidoCSLL do anocalendário de 2009, reduzindo o resultado negativo de R$ 3.775.730,40 para R$ 3.641.026,60. Da Impugnação Inconformada com o lançamento, a interessada apresentou, em 19/06/2013, sua impugnação na qual descreve a autuação, argúi a tempestividade e alega, em síntese: Que não alterou seus registros contábeis relacionados ao acompanhamento do prejuízo fiscal e da base de cálculo da CSLL por força da autuação do processo nº 14751.000142/200510, por julgar serem as glosas do mesmo absolutamente inconsistentes, conforme acredita ter comprovado nos autos daquele processo, tendo pedido ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda CARF, em sede de recurso voluntário, a conversão do julgamento em diligência, o que foi atendido, estando tal processo na seção de fiscalização da DRF/João Pessoa PB para cumprimento da diligência. Repete os argumentos e documentação apresentados para processo nº 14751.000142/200510, pedindo o sobrestamento do presente processo, enquanto indefinido o desfecho daquele. Protesta que, por força do princípio da verdade material, devem no presente processo ser também analisados os documentos juntados, referentes às autuações do processo nº 14751.000142/200510. Encerra pedindo o sobrestamento do presente processo até o desfecho do processo administrativo nº 14751.000142/200510, ou, que o presente processo seja Fl. 849DF CARF MF Processo nº 10467.720232/201387 Acórdão n.º 1402002.683 S1C4T2 Fl. 849 3 convertido em diligência, com vistas a esclarecimentos quanto às autuações daquele processo, ou, que seja dado provimento à impugnação com julgamento da inconsistência da autuação com base nas prova apresentadas no presente processo referentes às autuações do processo nº 14751.000142/200510 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro RJ prolatou o Acórdão 1261.489 considerando a impugnação totalmente improcedente, em decisão consubstanciada na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para o sobrestamento do processo administrativo, que se rege pelo princípio da oficialidade, impondo à Administração impulsionar o processo até o seu término. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário:2009 PREJUÍZOS FISCAIS DE PERÍODOS ANTERIORES INSUFICIENTES. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. Sendo insuficiente o saldo de prejuízos fiscais de períodos anteriores passível de compensação, porquanto absorvido por infrações apuradas em procedimentos de ofício anterior, mantémse a glosa do valor indevidamente compensado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL DE PERÍODOS ANTERIORES INSUFICIENTES. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. Sendo insuficiente o saldo de base de cálculo negativa da CSLL de períodos anteriores passível de compensação, porquanto absorvido por infrações apuradas em procedimentos de ofício anterior, mantémse a glosa do valor indevidamente compensado Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário onde suscita, em preliminar, a tempestividade do recurso sob o argumento de que não teria recebido mensagem na caixa postal referente à intimação para ciência da decisão proferida pelo Fl. 850DF CARF MF 4 Órgão julgador de primeira instância. No mérito, ratifica em essência as razões expedidas na peça impugnatória. Em primeira apreciação, este Colegiado proferiu a Resolução 1402000.304 convertendo o julgamento em diligência a fim de que a Unidade Local se pronunciasse ratificando ou retificando manifestação quanto à intempestividade do recurso voluntário. Cumprida a solicitação, retornaram os autos para julgamento. É o relatório. Fl. 851DF CARF MF Processo nº 10467.720232/201387 Acórdão n.º 1402002.683 S1C4T2 Fl. 850 5 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto Relator O recurso foi interposto por signatário devidamente legitimado. Em relação à tempestividade, foi objeto de questionamento e deve ser objeto de apreciação específica. A Unidade Local lavrou Termo de Perempção em 15/01/2014, por entender que a ciência da decisão de primeira instância ocorreu em 13/12/2013, por decurso de prazo, e teria decorrido o prazo de trinta (30) dias sem que a interessada tivesse apresentado recurso voluntário. O recurso voluntário foi interposto em 31/01/2014 e nele o sujeito passivo questiona a intempestividade eis que, segundo ele, nunca teria recebido mensagem referente à intimação par ciência do acórdão de primeira instância. Assim se manifestou a defesa: Tendo em vista a controvérsia suscitada quanto à tempestividade do recurso voluntário, este colegiado converteu o julgamento do recurso em diligência para que a Unidade Local ratificasse ou não a informação prestada no Termo de Perempção. Em atendimento, assim se pronunciou a autoridade responsável pela diligência: [...] 04. A ATRFB Daniella Nogueira Lopes Dias enviou para o domicilio tributário eletrônico do sujeito passivo, a Intimação nº 449/2013 (fl. 756 e 757) e o Acórdão 1261.489 – 5ª Turma da DRJ/RJI, de 19/11/2013 (fls. 749 a 755). 05. A confirmação desse envio em 28/11/2013 pode ser constatada no histórico detalhado do eprocesso (fl. 828) e na consulta mensagens enviadas do Sistema CXPOSTALRFB (fl. 829). 06. O sujeito passivo foi cientificado por decurso de prazo no dia 13/12/2013 (fl. 758), conforme documento incluído no processo pelo próprio sistema. [...] Fl. 852DF CARF MF 6 09. A intimação ocorreu em 13/12/2013 (sexta feira e dia de expediente normal nesta DRF), o prazo para apresentação de recurso voluntário iniciou em 16/12/2013 (segunda feira e dia de expediente normal nesta DRF) e fluiu até o dia 14/01/2014 (terça feira e dia de expediente normal nesta DRF), entretanto o recurso voluntário (fls. 761 a 810) foi apresentado somente em 31/01/2014, sendo, portanto, INTEMPESTIVO. 10. O fato de o contribuinte ter aberto sua Caixa Postal Eletrônica do Portal e CAC apenas no dia 16/01/2014 (fl. 759) não tem base legal para anular a ciência por decurso de prazo (vide o item III, do § 2º, do art. 23, do Decreto nº 70.235/1972). 11. A Intimação nº 449/2013 e o Acórdão 1261.489 – 5ª Turma da DRJ/RJI, de 19/11/2013 foram enviados para Caixa Postal Eletrônica do Portal e CAC e não para caixa postal da empresa. 12. No entanto, para facilitar a comunicação entre a RFB e o contribuinte com domicilio tributário eletrônico foi disponibilizado a possibilidade do cadastramento pelo sujeito passivo de até três endereços de email para o recebimento de mensagens informativas sobre a existência de mensagens importantes na Caixa Postal Eletrônica do Portal eCAC e, também, a possibilidade de informar celulares para recebimento de SMS. 13. Comparando as telas do “consulta mensagens enviadas” do sistema CXPOSTALRFB DCTF validador (fls. 831 a 836) com a tela da caixa postal da empresa (fl. 810) pode ser constatado que todas os documentos enviados pelo sistema DCTF validador após 31/07/2014 consta mensagem na caixa postal da empresa, as mensagens anteriores não constam porque foram excluídas da caixa postal da empresa. 14. Comparando as telas do “consulta mensagens enviadas” do sistema CXPOSTALRFB eprocesso (fls. 827 a 828) com a tela da caixa postal da empresa (fl. 810) pode ser constatado que todas os documentos enviados pelo sistema e processo consta mensagem na caixa postal da empresa, exceto a mensagem referente ao processo nº 10467.720232/201387 que está sendo questionada pelo interessado. 15. Se não consta na caixa postal da empresa (fl. 810) a mensagem referente ao processo 10467.720232/201387 é porque a citada mensagem provavelmente foi excluída da caixa postal por alguém credenciado pelo contribuinte. 16. O sujeito passivo não trouxe aos autos nenhum documento ou argumento sobre as outras possibilidades de comunicação entre a RFB e a empresa e segundo “consulta mensagens enviadas” do sistema CXPOSTALRFB eprocesso foi realizada uma primeira leitura da mensagem sobre o processo nº 10467.720232/201387 no dia 02/12/2013, as 19:09:10 horas (vide fl. 829). 17. Portanto, não procede os argumentos trazidos aos autos na fl. 762. O Recurso Voluntário (fls. 761 a 810) foi apresentado INTEMPESTIVO, razão pela qual foi emitido o Termo de Perempção (fl. 812). O Relatório de Diligência foi encaminhado à ciência do sujeito passivo com abertura de prazo para manifestação findo o qual não houve pronunciamento. Sendo assim, ratifico o entendimento da Unidade Local quanto à intempestividade do recurso voluntário e, nesses termos, entendo que as razões de mérito não devem ser conhecidas. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 853DF CARF MF Processo nº 10467.720232/201387 Acórdão n.º 1402002.683 S1C4T2 Fl. 851 7 Declaração de Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei. Energisa Paraíba Distribuidora de Energia S/A, apresentou Recurso Voluntário interposto contra Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro RJ, que negou provimento à Impugnação apresentada, mantendo integralmente o lançamento. O i. relator concluiu, acertadamente, pela intempestividade do Recurso Voluntário, propondo o não conhecimento do mesmo. Contudo, a despeito dos argumentos trazidos pelo recorrente e mesmo não os conhecendo, entendo que este Colegiado tem sim elementos suficientes para examinar o processo no seu mérito, mesmo tendo ocorrido a preclusão em relação ao contribuinte, alicerçado num dos especiais objetivos deste órgão julgador: a busca da Verdade Material. A busca da Verdade Material no recurso administrativo Habitualmente, em todos os ordenamentos que possuem em sua estrutura de Estado um Poder Judiciário, está a ideia de que o processo busca estabelecer se os fatos realmente ocorreram ou não. A Verdade dos fatos no processo é tema altamente problemático e produz inúmeras incertezas ao tentarse definir o papel da prova nesse contexto. A Verdade formal seria estabelecida no processo por meio das provas e dos procedimentos probatórios admitidos pela lei. De outra banda, a Verdade material é aquela ocorrida no mundo dos fatos reais, ou melhor, em setores de experiência distintos do processo, obtido mediante instrumentos cognitivos distintos das provas judiciais. Nesse contexto, não é difícil definir o que vem a ser a Verdade formal, pois é aquela obtida – repitase – mediante o uso dos meios probatórios admitidos em lei. O problema é conceituar a Verdade material, pois inicialmente chegamos ao seu conceito por mera exclusão. Qualquer outra “Verdade” que não a formal, é a material. A Verdade material, nesse sentido, admite outros meios de comprovação e cognição não admissíveis no âmbito do processo. Obedecidas as regras do ônus da prova e decorrida a fase instrutória da ação, cumpre ao juiz ter a reconstrução histórica promovida no processo como completa, considerando o resultado obtido como Verdade — mesmo que saiba que tal produto está longe de representar a Verdade sobre o caso em exame. Fl. 854DF CARF MF 8 Com efeito, as diversas regras existentes no Código de Processo Civil tendentes a disciplinar formalidades para a colheita das provas, as inúmeras presunções concebidas a priori pelo legislador e o sempre presente temor de que o objeto reconstruído no processo não se identifique plenamente com os acontecimentos verificados in concreto induzem a doutrina a buscar satisfazerse com outra “categoria de Verdade”, menos exigente que a Verdade material. É por isso que, ao admitir a adoção da Verdade material como Princípio regente do processo, os conceitos extraprocessuais tornamse importantes, sobretudo os filosóficos, epistemológicos, que buscam definir como podemos conhecer a Verdade. Mas não é só isso. A doutrina moderna tem reconhecido o chamado Princípio da Busca da Verdade Material, tornandoo relevante também para o Direito Processual, na medida em que algumas modalidades de processo supostamente admitem sua aplicação de forma ampla. Partese da premissa de que o processo civil, por lidar supostamente com bens menos relevantes que o processo penal, por exemplo, pode contentarse com menor grau de segurança, satisfazendose com um grau de certeza menor. Seguindo esta tendência, a doutrina do processo civil passou a dar mais relevo à observância de certos requisitos legais da pesquisa probatória (através da qual a comprovação do fato era obtida), do que ao conteúdo do material de prova. Passou a interessar mais a forma que representava a Verdade do fato do que se este produto final efetivamente representava a Verdade. Mas ainda assim, reconheciase a possibilidade de obtenção de algo que representasse a Verdade, apenas ressalvavase que o processo civil não estava disposto a pagar o alto custo desta obtenção, bastando, portanto, algo que fosse considerado juridicamente verdadeiro. Era uma questão de relação custobenefício entre a necessidade de decidir rapidamente e decidir com segurança; a doutrina do processo civil optou pela preponderância da primeira1. Nessa medida, a expressão “Verdade material”, ou outras expressões sinônimas (Verdade real, empírica etc.) são etiquetas sem significado se não estiverem vinculadas ao problema geral da Verdade. A doutrina moderna do direito processual vem sistematicamente rechaçando esta diferenciação2, corretamente considerando que os interesses, objeto da relação jurídica processual penal, por exemplo, não têm particularidade nenhuma que autorize a inferência de que se deva aplicar a estes métodos de reconstrução dos fatos diverso daquele adotado pelo processo civil. Se o processo penal lida com a liberdade do indivíduo, não se pode esquecer que o processo civil labora também com interesses fundamentais da pessoa humana pelo que totalmente despropositada a distinção da cognição entre as áreas. Na doutrina brasileira não faltam críticas para a adoção da Verdade formal, especialmente no processo civil. Boa parte dos juristas desse movimento, entende que desde o final do século XIX não é mais possível ver o juiz como mero expectador da batalha judicial, em razão de sua colocação eminentemente publicista no processo (processo civil inserido no direito público), conhecendo de ofício circunstâncias que até então dependia da alegação das partes, dialogando com elas e reprimindo condutas irregulares.3 Outro aspecto que dificulta ainda mais uma solução para o problema é o fato de que a única Verdade que interessa é aquela ditada pelo juiz na sentença, já que fora do 1 Vejase: Sergio Cruz Arenhart e Luiz Guilherme Marinoni (Comentários… Op. Cit. p. 56.) 2 TARUFFO, Michele. La prova dei fatti giuridice. Milão: Giufrè, 1992. p.56 3 Neste sentido Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pelegrini Grinover e Candido Rangel Dinamarco. (Teoria Geral do Processo. 26 ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 70). Fl. 855DF CARF MF Processo nº 10467.720232/201387 Acórdão n.º 1402002.683 S1C4T2 Fl. 852 9 processo não há Verdade que interesse ao Estado, à Administração ou às partes. A Verdade no seu conteúdo mais amplo é excluída dos objetivos do processo, em particular do processo civil. José Manoel de Arruda Alvim Netto aponta que o Juiz sempre deve buscar a Verdade, mas o legislador não a pôs como um fim absoluto no Processo civil. O que é suficiente para a validade da eficácia da sentença passa ser a verossimilhança dos fatos4. O jurista reconhece a Verdade formal no processo civil, mas salienta que quando a demanda tratar de bens indisponíveis, “...procurase, de forma mais acentuada, fazer com que, o quanto possível, o resultado obtido no processo (Verdade formal) seja o mais aproximado da Verdade material...” Diante do reconhecimento de tal diferenciação (Verdade material versus Verdade formal), ao mesmo tempo se reconhece que, em determinadas áreas do processo, a Verdade material é almejada com mais afinco que em outras. Naquelas áreas em que se considera a Verdade material essencial para a solução da controvérsia, se diz que o Princípio da Verdade Material rege a causa. O Princípio da Verdade Formal, por outro lado, rege o Processo em que não se considera essencial a busca da Verdade real, contentandose portanto com a verossimilhança ou a probabilidade. Dejalma de Campos, afirma que pelo Princípio da Verdade Material, o magistrado deve descobrir a Verdade objetiva dos fatos, independentemente do alegado e provado pelas partes, e pelo Princípio da Verdade formal, o juiz deve dar por autênticos ou certos, todos os fatos que não forem controvertidos.5 A predominância da busca da Verdade material no âmbito do direito administrativo fica evidenciada nas palavras de Celso Antonio Bandeira de Mello, quando afirma: Nada importa, pois, que a parte aceite como verdadeiro algo que não o é ou que negue a veracidade do que é, pois no procedimento administrativo, independentemente do que haja sido aportado aos autos pela parte ou pelas partes, a administração deve sempre buscar a Verdade substancial.6 Paulo Celso Bergston Bonilha ressalta que o julgador administrativo não está adstrito as provas e a Verdade Formal constante no processo e das provas apresentadas pelo contribuinte. Segundo ele, outras provas e elementos de conhecimento público ou que estejam de posse da Administração podem ser levados em conta para a descoberta da Verdade.7 Ainda no âmbito do direito administrativo, há aplicação ampla do Princípio da Verdade material, mesmo que com outras denominações. Hely Lopes Meirelles chama de Princípio da Liberdade de Prova aquele em que a administração tem o poderdever de 4 Manual de Processo Civil. 14 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 932. 5 Lições do processo civil voltado para o Direito Tributário. In O processo na constituição. Coord . Ives Gandra da Silva Martins e Eduardo Jobim. São Paulo: Quartier Latin, 2008. p. 691. 6 Curso de Direito administrativo. 26 ed. rev. ampl. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 497. O autor se socorre da definição de Hector Jorge Escola, para quem o Princípio da Verdade Material consiste na busca daquilo que é realmente a Verdade independentemente do que as partes hajam alegado ou provado. 7 BONILHA. Paulo Celso Bergstrom. Da prova no processo administrativo tributário. 2 ed. São Paulo: Dialética, 1997. p. 76. Fl. 856DF CARF MF 10 conhecer de toda a prova de que tenha conhecimento, mesmo que não apresentada pelas partes litigantes. Hely Lopes salienta que no processo judicial o juiz cingese às provas indicadas, e no tempo apropriado, enquanto que no processo administrativo a autoridade processante pode conhecer das provas, ainda que produzidas fora do processo, desde que sejam descobertas e trazidas para este, antes do julgamento final8. Constatase dessa exposição inicial que temos dois extremos, no que tange a aplicação concreta do principio da busca da verdade material: de um lado a liberdade de prova (já admitida em outros julgados por este Colegiado); de outro lado a ausência de Preclusão. Entendo que, se o que caracteriza a busca da verdade material é a possibilidade de o julgador (administrativo, no caso), a qualquer tempo, buscar elementos – de fato e de direito – que o convençam para julgar corretamente, independentemente do que foi trazido pelas partes no curso do processo, então mais razão para que qualquer das partes também traga ao processo, elementos de fato e de direito, em qualquer momento processual. Neste exato sentido, já me manifestei anteriormente em trabalho acadêmico publicado. (Verdade Material no Direito Tributário. São Paulo: Ed. Malheiros, 2013) É bom lembrar que a preclusão, enquanto modalidade de decadência lato senso, isto é, perda de um direito pelo decurso do tempo (direito de manifestarse no processo) é regra meramente processual, infraconstitucional. Com isso quero dizer que não se pode, por exemplo, mitigar institutos constitucionais, tais como a decadência (stricto senso), a prescrição, a coisa julgada, o ato jurídico perfeito etc. Mas, em se tratando de normas de nível de lei ordinária, deve prevalecer, como o próprio nome já diz: o PRINCÍPIO (da verdade material, no caso). Ademais, a Lei Geral do Processo Administrativo Federal LGPAF (Lei Federal 9.784/99), reconhece implicitamente o principio em mais de uma passagem de seu texto, das quais destaco uma, particularmente aplicável ao caso concreto: “Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: I fora do prazo; II perante órgão incompetente; III por quem não seja legitimado; IV após exaurida a esfera administrativa. § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendolhe devolvido o prazo para recurso. § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa. ” 8 Direito Administrativo Brasileiro. 14 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989. p. 584. Em outra passagem da obra, o autor classifica o processo administrativo com base em duas espécies: o disciplinar e o tributário. Segundo ele, ambos, mesmo que usualmente tratados pela doutrina separadamente, possuem o mesmo núcleo de Princípios. Hely Lopes Meirelles faleceu Agosto de 1990. Sua obra passou a ser atualizada por outras pessoas e encontrase na sua 33ª edição. Sem qualquer demérito a estes juristas, procuramos aqui refletir a opinião autêntica do autor, mediante consulta a edição imediatamente anterior a sua morte (julho de 1989), sobre um tema de cunho Princípiológico que, aliás, ultrapassa as barreiras da legislação alterada posteriormente. Fl. 857DF CARF MF Processo nº 10467.720232/201387 Acórdão n.º 1402002.683 S1C4T2 Fl. 853 11 Destaco o parágrafo segundo acima. Vejase que por “preclusão administrativa” deve ser entendido como a chamada “coisa julgada administrativa”, i. e., exceção aplicável apenas no caso do inciso IV, posto que, se não há mais processo, a autoridade julgadora não tem mais competência para tratar o tema. Vejase que o parágrafo primeiro dá outra solução também ao inciso II, privilegiando outro principio, conhecido por fungibilidade e informalismo. Se, por uma hipótese, o parágrafo não fosse aplicável nos casos de perda de prazo processual, restaria apenas o “exame de oficio” para o caso de parte ilegítima (inciso III) o que faria o parágrafo perder completamente seu sentido. Há uma clara antinomia em relação ao disposto no artigo 17 do decretolei 70.235|72, posto que no artigo 63 acima não consta a falta de inclusão na impugnação como causa de preclusão contra o contribuinte. Na minha opinião, a LGPAF deveria ser aplicável, em razão da sua novidade, mas mesmo para aqueles que entendem que prevalece o “Decreto” por ser norma especial, não há antinomia em relação ao parágrafo segundo. Com isso quero dizer que, mesmo admitindo que o recurso pudesse ser não conhecido, este conselho de forma alguma está impedido de analisar livremente o tema, coincidente ou não com o argumento trazido no recurso. Finalmente, outra passagem da LGPAF deixa evidente o alcance do principio da busca da verdade material, seja para a instrução probatória, seja para elementos de interpretação da lei vigente, verbis: “Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.” Este dispositivo é aplicável a favor do administrado, pois não poderá tal revisão resultar em agravamento da sanção, bem como deve respeitar os institutos constitucionais de decadência, prescrição etc., mas evidencia sem duvida a busca da verdade material. Ora, se este Conselho pode, por iniciativa própria, acolher a outros aspectos de fato ou de direito, não necessariamente trazidos ao processo pelas partes, perguntase por que então as partes (fisco ou contribuinte) também não podem, se o objetivo desta esfera de julgamento é um só para todos: a verdade!! Importante lembra ainda do teor do artigo 145 do CTN, que prevê: "O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149." Fl. 858DF CARF MF 12 Extraise daí que o lançamento não termina na autuação, mas sim no trânsito em julgado do processo administrativo fiscal e, portanto, até lá, este Conselho tem o dever legal de efetuar o seu controle de legalidade, de ofício, se necessário. Em conclusão, entendo que o julgador, uma vez não conhecendo do recurso, não tem obrigação de analisar todos os itens de defesa manejados no recurso, mas tem obrigação de verificar a legalidade do lançamento por sua livre averiguação, evitando evidentemente a supressão de instancia, considerados os limites da matéria posta em julgamento. Diante do exposto, ilustres conselheiros, mesmo não conhecendo do Recurso Voluntário, na forma do Voto do colega relator, ainda assim, voto pela verificação da legalidade do lançamento que constitui o presente processo, inclusive com eventual resolução para a realização de diligencias nesse sentido, se fosse o caso, realizando assim o competente controle de legalidade do lançamento, em atendimento ao principio da busca da Verdade Material. É a declaração de voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 859DF CARF MF
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