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Numero do processo: 11040.904345/2009-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1402-002.661
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
1.0 = *:*
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 43 45 /2 00 9- 21 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11040.904345/200921 Acórdão n.º 1402002.661 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra despacho decisório da DRF que não reconheceu direito creditório de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), não homologando as compensações com base no valor pretendido. A interessada apresentou PER/Dcomp informando disponibilidade de crédito em seu favor, derivada do pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal de IRPJ, efetuado por Darf. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão da DRF e apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade. A contribuinte alega a existência de pagamento a maior do tributo. Sustenta que as divergências foram devidas a erro no preenchimento da DCTF: as informações de recolhimentos de IRPJ e CSLL não foram relacionadas no trimestre de sua competência e sim em outro trimestre. Acrescenta que a DIPJ também não relacionou, equivocadamente, os pagamentos por estimativa. Reconhece que haveria que se retificar a DCTF e DIPJ. A manifestação de inconformidade restou julgada improcedente, não lhe reconhecendo o direito creditório. Essencialmente, o contribuinte não teria apresentado provas do erro alegado e admitido pelo contribuinte, na forma dos arts. 15 e 16, § 4°, do Decreto 70.235/72, posto que o Darf foi utilizado inicialmente para quitar débito, em princípio devido até que se provasse o contrário , de estimativa. Inconformada com tal entendimento, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando, principalmente com base no Princípio da Verdade Material, que o equívoco do contribuinte não pode resultar na supressão de seu direito creditório, e que não há amparo legal para a negativa de seu pleito. Não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.628, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 1040.900104/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.628): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Por inexistir preliminares, passo a análise de mérito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 11040.904345/200921 Acórdão n.º 1402002.661 S1C4T2 Fl. 4 3 MÉRITO Ainda que o contribuinte não tenha explicitado em seu Recurso, considerando que recolhe IRPJ e CSLL por estimativa mensal, concluise que apure tais tributos pelo lucro real anual. Nos termos do art. 10 da IN SRF nº 460/2004 e art. 10, da IN SRF nº 600/2005, “a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período.” Ou seja, durante a vigência de ambas as instruções normativas, não era permitido, mesmo por PER/DCOMP, utilizarse diretamente de créditos decorrentes de pagamento com DARF em valores indevidos ou maior do que o devido. Essa situação perdurou até o advento da IN RFB 900/2008, que revogou a IN SRF 600/2005 e não trouxe, em seu bojo, a vedação contida na instrução normativa revogada, de tal forma que, a partir de sua vigência, poderia o contribuinte optar em realizar, de imediato, a compensação de DARF pago a título de IRPJ ou CSLL por estimativa de forma indevida ou maior do que a devida e/ou, a seu critério, aguardar o ajuste na DIPJ, de tal forma que os valores recolhidos a maior compusessem o seu saldo negativo de IRPJ ou CSLL. As instruções normativas posteriores – IN RFB 1.300/2012 e alterações posteriores, que tratam da compensação, mantiveram a possibilidade inaugurada com o advento da IN RFB 900/2008. Para por fim a quaisquer dúvidas, foi expedida a Solução de Consulta Interna nº 19 COSIT, que pacificou o seguinte entendimento: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 11040.904345/200921 Acórdão n.º 1402002.661 S1C4T2 Fl. 5 4 A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fixada a premissa que o contribuinte poderia apresentar PER/DCOMP em razão de pagamento indevido ou maior do que o devido de IRPJ ou CSLL por estimativa, passase a análise de certeza e liquidez dos créditos. A DRF responsável pela análise do PER/DCOMP e emissão do despacho decisório respectivo não questionou a existência do DARF e o seu recolhimento. Apontou, contudo, que o referido DARF teria sido integralmente utilizado para o pagamento da própria estimativa informada como devida e, desta forma, não haveria saldo para a compensação pleiteada pelo contribuinte ou, em alguns casos, reconheceu o pagamento a maior, homologando a compensação até o limite do crédito confirmado. O contribuinte reconhece, notadamente em sua impugnação, que cometeu erros nas informações prestadas em DCTF, embora não esclareça quais, bem como que não informou, nem em DCTF, nem em DIPJ, os recolhimentos das estimativas. Não é possível, à míngua de provas, especular qual seria o erro do contribuinte nas informações prestadas em DCTF. Contudo, a informação de que não teria informado, em DIPJ, os recolhimentos das estimativas, denota que é possível que mesmo no ajuste anual não tenha apurado os saldos negativos de IRPJ e CSLL que faria jus, os quais seriam, nos termos da legislação, passíveis de compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, exceto previdenciários. Mesmo com a decisão da DRJ em mãos, o que possibilitou a apresentação de recurso voluntário dirigido a este Conselho, o contribuinte não apresentou documentos que pudessem dar a este Julgador elementos para aferir se, de fato, ele possui créditos líquidos e certos passíveis de compensação que pudessem justificar uma mudança no teor da decisão recorrida. Não foi apresentado, por exemplo, uma memória de cálculo com a apuração mensal das estimativas devidas, correlacionadas com os DARF’s pagos e, ao final do período de apuração, o fechamento do valor devido a título de IRPJ e CSLL, em linha com a DIPJ apresentada, para que se pudesse aferir que as estimativas recolhidas durante o ano pudessem ser em valor maior do que os tributos devidos e, assim, verificar a existência de saldo negativo passível de compensação. Desta forma, como não foi possível aferir a liquidez e certeza dos créditos oferecidos à compensação, pressuposto para a homologação (art. 170, CTN), pela inexistência de documentos Fl. 62DF CARF MF Processo nº 11040.904345/200921 Acórdão n.º 1402002.661 S1C4T2 Fl. 6 5 que pudessem comprovar o quanto alegado pelo contribuinte, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeira instância e a não homologação das compensações declaradas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.901704/2014-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/09/2009
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.733
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-08-11T19:15:36Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-08-11T19:15:36Z; Last-Modified: 2017-08-11T19:15:36Z; dcterms:modified: 2017-08-11T19:15:36Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2017-08-11T19:15:36Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-08-11T19:15:36Z; meta:save-date: 2017-08-11T19:15:36Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-08-11T19:15:36Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-08-11T19:15:36Z; created: 2017-08-11T19:15:36Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; Creation-Date: 2017-08-11T19:15:36Z; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-08-11T19:15:36Z | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.901704/201496 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301003.733 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria Restituição. Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2009 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 17 04 /2 01 4- 96 Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10830.901704/201496 Acórdão n.º 3301003.733 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09060.091, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10830.901704/201496 Acórdão n.º 3301003.733 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10830.901704/201496 Acórdão n.º 3301003.733 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10830.901704/201496 Acórdão n.º 3301003.733 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10830.901704/201496 Acórdão n.º 3301003.733 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10830.901704/201496 Acórdão n.º 3301003.733 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10830.901704/201496 Acórdão n.º 3301003.733 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10830.901704/201496 Acórdão n.º 3301003.733 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.006143/2006-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. LANÇAMENTO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. ESPONTANEIDADE. INEXISTÊNCIA. APROVEITAMENTO DO IMPOSTO PAGO. EMBARGOS APRESENTADOS PELA DELEGACIA DE ORIGEM. PRESSUPOSTOS. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
Não resta caracterizada a omissão do acórdão embargado, quando a matéria que se pretende devolver para análise foi estabelecida como incontroversa pela autoridade fazendária no recurso que deu origem à decisão combatida, recurso esse que estabeleceu os limites da questão a ser enfrentada pela turma julgadora.
Numero da decisão: 2201-003.908
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e rejeitar os embargos interpostos.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 26/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2001, 2002, 2003 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. LANÇAMENTO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. ESPONTANEIDADE. INEXISTÊNCIA. APROVEITAMENTO DO IMPOSTO PAGO. EMBARGOS APRESENTADOS PELA DELEGACIA DE ORIGEM. PRESSUPOSTOS. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Não resta caracterizada a omissão do acórdão embargado, quando a matéria que se pretende devolver para análise foi estabelecida como incontroversa pela autoridade fazendária no recurso que deu origem à decisão combatida, recurso esse que estabeleceu os limites da questão a ser enfrentada pela turma julgadora.
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LANÇAMENTO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. ESPONTANEIDADE. INEXISTÊNCIA. APROVEITAMENTO DO IMPOSTO PAGO. EMBARGOS APRESENTADOS PELA DELEGACIA DE ORIGEM. PRESSUPOSTOS. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Não resta caracterizada a omissão do acórdão embargado, quando a matéria que se pretende devolver para análise foi estabelecida como incontroversa pela autoridade fazendária no recurso que deu origem à decisão combatida, recurso esse que estabeleceu os limites da questão a ser enfrentada pela turma julgadora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e rejeitar os embargos interpostos. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 26/09/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 00 61 43 /2 00 6- 38 Fl. 8359DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 8345/8348) apresentados pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 2201003.639 (fls. 8340/8343) desta 1ª Turma Ordinária, que analisou embargos apresentados pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Uberaba MG ao Acórdão 2201002.524 (fls 8308/8319), pelo qual foi negado provimento ao recurso voluntário apresentado pelo contribuinte em face de decisão que manteve auto de infração relativo a Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF calculado sobre depósitos bancários de origem não comprovada. Embora o Acórdão do Recurso Voluntário tenha negado provimento ao recurso apresentado pelo contribuinte, consignou em seu penúltimo parágrafo: Por fim,o contribuinte argui que confessou e parcelou parte dos débitos discutidos no presente processo, devendo lhe ser assegurado, no momento da execução, a compensação dos valores pagos no processo nº 10650.001366/200607. Entretanto, isso não é questão de mérito, cabendo a unidade da RFB responsável pela cobrança, por demanda do interessado, verificar se de fato existe os citados pagamento e, caso exista, adotar os procedimentos para a compensação. A esta decisão foram apresentados embargos, nos quais se afirmou que os valores parcelados no processo nº 10650.001366/200607 e já extintos pela sua quitação referirseiam a imposto apurado sobre o ganho de capital obtido na alienação de bens e direitos constante na declaração retificadora de ajuste do exercício 2004, apresentada após o início do procedimento fiscal. Por outro lado, os valores que teriam sido mantidos neste processo adviriam da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, o que configuraria um fato gerador diferente do fato gerador do imposto sobre o ganho de capital declarado e parcelado. A partir dessas considerações aduziu a autoridade embargante: A questão que se coloca e que ficou omisso no acórdão é se os valores oriundos de ganho de capital explicam a origem dos recursos que serviu de base para a autuação. Ao apresentar as declarações retificadoras, o contribuinte pretendeu explicar parte das origens dos recursos nas alienação de bens e direitos, tendo recolhido o imposto sobre o ganho de capital na alienação, parcelados através do processo 10650.001366/2006 07. O acórdão recorrido da DRJ RJO II quando discorreu sobre a comprovação de origens dos créditos com a entrega de declarações retificadoras, fls. 1.192 1.195, especificamente na fl. 1.194, em seu penúltimo parágrafo, descreveu que "a autuação se deu por omissão de rendimentos recebidos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, e nem que fossem validados pela fiscalização, os valores oriundos de ganho Fl. 8360DF CARF MF Processo nº 10730.006143/200638 Acórdão n.º 2201003.908 S2C2T1 Fl. 8.360 3 de capital informados nas Declarações Retificadoras fariam prova hábil e idônea da origem dos valores os depósitos/créditos aqui considerados como base de cálculo". Os embargos foram admitidos pelo Despacho de fls 8330/8331, que entendeu tratarse de lapso manifesto, uma vez que tratarseia de dificuldade na execução da cobrança. Segundo esse documento: De fato, o acórdão não se debruçou sobre isso. Apesar de a decisão embargada negar o recurso voluntário e o voto expressar que a questão de compensação não seria objeto de mérito e que caberia à unidade da RFB responsável pela cobrança verificar a existência dos citados pagamentos e a adoção dos procedimentos de compensação, não foram abordadas no julgamento quaisquer questões em relação à alteração efetuada na declaração retificadora e se essa alteração sobreporia, de alguma forma, os valores lançados, o que pode prejudicar o entendimento do agente preparador no momento da execução da referida cobrança. Ao analisar esses embargos, o Acórdão nº 2201003.639 concluiu que: Portanto, entendo que, quando a decisão recorrida mencionou a realização de compensação do imposto pago no âmbito do processo nº 10650.001366/200607, ela não estava justificando a origem de parte dos recursos movimentados, o que afetaria a base de cálculo considerada, mas sim determinando que, do imposto devido neste processo, seja abatido por compensação o imposto efetivamente pago no processo de parcelamento. A ementa dessa decisão está assim redigida: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2001, 2002, 2003 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. LANÇAMENTO. DECLARAÇÃO RETIFICADORA. ESPONTANEIDADE. INEXISTÊNCIA. APROVEITAMENTO DO IMPOSTO PAGO. Não se presta a comprovar a origem dos valores movimentados em conta bancária o ganho de capital declarado em retificação de declaração apresentada no curso da ação fiscal e desacompanhada de qualquer documentação que comprove sua veracidade, contudo, se o contribuinte efetivamente paga o imposto assim declarado, esse valor deve ser compensado com o exigido no encerramento da ação fiscal, sob pena de enriquecimento sem causa do Estado. Essa decisão foi objeto de embargos pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, com base nos seguintes argumentos: Pois bem. A partir do trecho supratranscrito observase que o Colegiado resolveu abater o montante pago no âmbito do Fl. 8361DF CARF MF 4 processo nº 10650.001366/200607 do valor devido no presente processo. Entretanto, não restou clara a corelação existente entre os dois processos citados que autorizariam a compensação na forma determinada. Conforme bem registrou a DRJ, tratandose de fatos geradores diversos, não haveria que se falar, s.m.j., em possibilidade de aproveitamento, no presente feito, de pagamentos relativos a fatos geradores não exigidos neste auto de infração. Por outro lado, caso se tratem dos mesmos fatos geradores, restará inviável a dupla exigência do mesmo crédito tributário. Registrese que, a partir da análise do processo de parcelamento nº 10650.001366/200607, consultado por esta procuradora através do sistema eprocesso, não foi possível extrair, com segurança, a vinculação entre o citado processo e o presente feito. Nesse contexto, e considerando a vultuosidade dos valores cobrados neste lançamento, fazse mister que a Turma explicite seu entendimento para esclarecer se existe uma relação de continência entre os fatos geradores do IRPF que ensejaram o processo de parcelamento nº 10650.001366/200607 e os fatos geradores que originaram o crédito tributário exigido no presente auto de infração, apontando as razões que levaram ao seu convencimento. Do despacho que admitiu os embargos apresentados (fls. 8351/8353), por sua vez, destacase: Do exposto, verificase que a compensação foi aceita pelo Colegiado, em razão da informação prestada pelo Contribuinte de que confessou e parcelou parte dos débitos discutidos no presente processo; entretanto, constatase que o acórdão embargado não explicitou as razões e os fatos que levaram o Colegiado a determinar a compensação entre os fatos geradores desses autos e os valores constantes do processo nº 10650.001366/200607. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Conforme foi evidenciado no relatório, tanto os embargos apresentados quanto o despacho que os admitiu entendem que não está clara a correlação entre o crédito tributário exigido neste processo e aquele que foi parcelado no processo nº 10650.001366/200607. Não concordo com um ou outro, isso porque, nos embargos que foram analisados pelo acórdão ora combatido, foram prestadas as seguintes informações pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Uberaba MG (fls. 8327/8328): Fl. 8362DF CARF MF Processo nº 10730.006143/200638 Acórdão n.º 2201003.908 S2C2T1 Fl. 8.361 5 Não nos ficou claro o penúltimo parágrafo do voto, fl. 8.318, que discorre sobre a compensação, no momento da execução, os valores pagos no processo de parcelamento nº 10650.001366/200607. Os valores parcelados e já extintos pela quitação deste parcelamento referemse a imposto apurado de ganho de capital na alienação de bens e direitos (código 4600) constante na declaração retificadora de ajuste do exercício 2004, ano calendário 2003, apresentada após início do procedimento fiscal, cuja cópia pode ser vista nas fls. 1.102 a 1.109. Por outro lado, os valores lançados e mantidos neste processo advém da omissão de rendimento caracterizada por depósitos bancários sem comprovação de origem, imposto apurado com o código de receita 2904, configurando assim fato gerador diferente do fato gerador do imposto sobre ganho de capital declarado e parcelado. A questão que se coloca e que ficou omisso no acórdão é se os valores oriundos de ganho de capital explicam a origem dos recursos que serviu de base para a autuação. Ao apresentar as declarações retificadoras, o contribuinte pretendeu explicar parte das origens dos recursos na alienação de bens e direitos, tendo recolhido o imposto sobre de ganhos de capital na alienação, parcelados através do processo 10650.001366/2006 07. O acórdão recorrido da DRJ RJO II quando discorreu sobre a comprovação de origens dos créditos com a entrega de declarações retificadoras, fls. 1.192 a 1.195, especificamente na fl. 1.194, em seu penúltimo parágrafo, descreveu que “a autuação se deu por omissão de rendimentos recebidos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, e nem que fossem validados pela fiscalização, os valores oriundos de ganho de capital informados nas Declarações Retificadoras fariam prova hábil e idônea da origem dos valores dos depósitos/créditos aqui considerados como base de cálculo”. (grifouse) A correlação está perfeitamente explicitada pelo texto dos embargos apresentados, que delimitaram a matéria a ser analisada no Acórdão. Apesar disso, do acórdão recorrido, copiase o que segue: Na declaração retificadora do exercício 2004/anocalendário 2003 (fls 1102) o contribuinte declara R$ 4.667.032,12 de rendimentos sujeitos à tributação exclusiva tributáveis à alíquota de 15% como ganho de capital. Mas não junta a documentação hábil e idônea a comprovar a veracidade dessa informação. Do Termo de Verificação Fiscal, por outro lado: Com relação ao anocalendário de 2003, o contribuinte informa alienações de imóveis, o prólabore recebido da Platina Cosméticos Ltda e os rendimentos isentos e nãotributáveis, que já foram considerados no Demonstrativo de Variação Patrimonial, porém não vincula esses valores aos depósitos efetuados nas suas contas correntes. Apenas comprova os Fl. 8363DF CARF MF 6 depósitos de R$ 20.000,00, em 07/01/2003, e de R$ 9.453,33, em 23/01/2003, na sua conta 102405.1 do Banco do Brasil, com dois cheques do Banco SUDAMERIS de sua própria emissão, conforme fls. 1010 a 1015. Então, no anocalendário de 2003, o contribuinte não comprovou os depósitos bancários no valor total de R$ 4.894.185,09, conforme planilha às fls. 15. Portanto, ao apresentar a declaração retificadora, o contribuinte confessou resultado positivo em operações que estariam sujeitas a apuração de ganho de capital, tributado a 15%, com o que evitaria a tributação como depósitos bancários de origem não comprovada, cujos valores se submeteriam à tabela progressiva, sendo por isso mais gravoso. Os depósitos bancários de origem não comprovada somaram R$ 4.894.185,09 e os valores de ganho de capital inseridos pelo fiscalizado na retificadora foram de aproximadamente R$ 4.600.000,00. De acordo com a autoridade fazendária (DRF/Uberaba), no processo nº 10650.001366/200607 foram parcelados os créditos tributários gerados pela Declaração Retificadora apresentada pelo sujeito passivo após o início do procedimento fiscal e que não foram acatados pela fiscalização. Ainda segundo informa essa autoridade, que tem fé pública, "o contribuinte pretendeu explicar parte das origens dos recursos na alienação de bens e direitos, tendo recolhido o imposto sobre de ganhos de capital na alienação, parcelados através do processo 10650.001366/200607". Se os fatos geradores declarados nessa retificadora fossem acatados pela fiscalização, ela deveria excluir dos depósitos bancários de origem não comprovada o valor correspondente, o que não fez. Com efeito, essa é a jurisprudência consolidada neste colegiado, conforme evidencia a ementa do Acórdão nº 9202005.251, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, de relatoria da Conselheira Patrícia da Silva: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário:1998 OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA RENDIMENTOS CONFESSADOS NAS DECLARAÇÕES DE AJUSTE ANUAL TRÂNSITO PELAS CONTAS DE DEPÓSITOS EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO LANÇADO POSSIBILIDADE. Uma vez que se pode presumir relação entre os rendimentos tributáveis declarados e os créditos bancários caracterizados como rendimentos omitidos, devese fazer a competente exclusão da base de cálculo do imposto lançado dos rendimentos tributáveis constantes da declaração de ajuste anual do contribuinte. Oportuno também transcrever trecho do Acórdão nº 10617.117, de lavra do Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, utilizado como fundamento pelo Acórdão acima mencionado da CSRF: Fl. 8364DF CARF MF Processo nº 10730.006143/200638 Acórdão n.º 2201003.908 S2C2T1 Fl. 8.362 7 Antes de tudo, devese ter em mente que o art. 42 da Lei n°9.430/96 criou uma presunção de omissão de rendimentos a partir dos depósitos de origem não comprovada. Ademais, o art. 42, § 3°, da Lei n° 9.430/96 determinou que os créditos na conta bancária serão objeto de uma análise individualizada, porém já excepcionando duas situações em que os valores não poderiam ser considerados, especificamente quando houver transferências entre contas da própria pessoa física, o que é óbvio, já que a mera transferência não poderia ser criadora de riqueza nova, e quando os valores estiveram abaixo de determinado teto. Entretanto, como toda presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, a do art. 42 da Lei n° 9.430/96 deve ser utilizada cum grano salis. Ora, não parece plausível defender que os rendimentos ofertados à tributação não tenham transitado pelas contas bancárias do recorrente. Assim, por exemplo, na experiência judicante deste Primeiro Conselho de Contribuintes, temse observado que a própria fiscalização, às vezes, abate os rendimentos declarados do total de depósitos bancários de origem não comprovada. Como exemplo, vejase o processo n° 10540.000250/00690, recurso n° 154.826, julgado na sessão de 11/09/2008, relator o Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Acórdão n° 10617.051 (vide fls. 17, 21, 26, 31 e 231) O Acórdão ora combatido apresentou as justificativas pelas quais os fatos geradores confessados pelo sujeito passivo em sua declaração retificadora não poderiam ser acatados pela fiscalização e, em conseqüência, servir como origem para os depósitos bancários: Com efeito, pela petição de fls 986, vêse que o contribuinte atribui esse ganho à "Alienação Quotas Layff Kosmetic" no valor de R$ 4.665.000,00, mas, diferente do que ocorre com os anoscalendário 2001 e 2002 em que traz alteração contratual referente à alienação das quotas (itens 4.4 e 4.7 dos Documentos Comprobatórios), em relação ao anocalendário 2003 o único documento listado é a própria declaração retificadora. Com base nisso, entendo que as informações que foram acrescidas a essa declaração retificadora não são suficientes para comprovar qualquer origem para os recursos movimentados na conta bancária do contribuinte, posto que desacompanhadas de qualquer elemento de prova. Em que pese isso, com base nessa declaração o contribuinte teria pedido parcelamento do imposto resultante dessa retificação e o teria pago. Neste caso, não permitir a utilização do imposto efetivamente pago pelo contribuinte, ainda que sob rubrica indevida, para abatimento do que está sendo agora exigido, implicaria enriquecimento sem causa do Estado. E não se deve esquecer que o pedido de parcelamento foi acatado. Portanto, entendo que, quando a decisão recorrida mencionou a realização de compensação do imposto pago no âmbito do processo nº 10650.001366/200607, ela não estava justificando a Fl. 8365DF CARF MF 8 origem de parte dos recursos movimentados, o que afetaria a base de cálculo considerada, mas sim determinando que, do imposto devido neste processo, seja abatido por compensação o imposto efetivamente pago no processo de parcelamento. Se o imposto pago no âmbito do processo nº 10650.001366/200607 tem origem na declaração retificadora apresentada pelo sujeito passivo (informação prestada pela DRF/Uberaba), se os fatos geradores acrescidos a essa retificadora não foram reconhecidos como idôneos por não haver prova da realização dos negócios jurídicos que lhe deram origem e, por isso, os valores assim declarados não foram excluídos da base de cálculo relativa aos depósitos bancários de origem não comprovada: os pagamentos realizados no âmbito do parcelamento são indevidos. E o juízo a respeito da existência ou não dos fatos geradores que deram origem a esses pagamentos foi realizado no âmbito deste processo. A autoridade embargante afirma não ter identificado correlação entre os valores parcelados no processo nº 10650.001366/200607 e o que se discute no processo ora em análise. Quanto a isso, além de relembrar que a correlação foi estabelecida como pressuposto para análise dos embargos originais apresentados pela DRF/Uberaba, sugiro o confronto entre o documento DIPAR Discriminação de Débitos a Parcelar, do processo de parcelamento, e os valores apurados a título de ganho de capital na fl. 1108 deste processo, que corresponde à declaração retificadora do anocalendário 2003. De fato, na declaração retificadora há a apuração dos seguintes valores de imposto, código de recolhimento 4600, nos fatos geradores que correspondem aos meses de janeiro a dezembro de 2003: No discriminativo de débitos a parcelar, por outro lado: Fl. 8366DF CARF MF Processo nº 10730.006143/200638 Acórdão n.º 2201003.908 S2C2T1 Fl. 8.363 9 Portanto, parece indiscutível que os valores parcelados no processo nº 10650.001366/200607 decorrem da DIRPF2004 retificadora e, como já se afirmou amiúde, essa foi a informação prestada pela DRF/Uberaba, autoridade pública, ao apresentar os embargos originais, em recurso que estabeleceu os pressupostos e os limites da análise a ser efetuada no Acórdão nº 2201003.639. Essa delimitação resta clara no despacho que admitiu os embargos apresentados pela DRF/Uberada: ...não foram abordadas no julgamento quaisquer questões em relação à alteração efetuada na declaração retificadora e se essa alteração sobreporia, de alguma forma, os valores lançados, o que pode prejudicar o entendimento do agente preparador no momento da execução da referida cobrança. Correndo o risco de ser repetitiva, se os fatos geradores que deram origem aos tributos parcelados no processo nº 10650.001366/200607 fossem considerados idôneos pela fiscalização, esta teria que excluir os valores correspondentes da base de cálculo relativa aos depósitos bancários de origem não comprovada. Essa redução da base de cálculo afetaria diretamente o crédito tributário discutido neste processo (10730.006143/200638), que tem por origem esses depósitos. Portanto, esses fatos geradores são excludentes, não sendo possível sua coexistência, ou houve ganho de capital a ser tributado, ou houve depósitos bancários sem origem comprovada. Conclusão Em vista do exposto, voto por conhecer e rejeitar os embargos apresentados. (assinado digitalmente) Fl. 8367DF CARF MF 10 Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 8368DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.902290/2008-63
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 1999 DESPACHO DECISÓRIO - NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA Se o Despacho Decisório, mesmo sendo resultado de processamento eletrônico das informações contidas nas bases de dados da Receita Federal, indicou claramente os motivos da negativa do direito creditório, não há que se falar em cerceamento de direito de defesa. A correção ou não de seu fundamento, a suficiência ou não dos elementos em que se embasou para sustentar a negativa do direito creditório, e demais questões dessa espécie ultrapassam as preliminares e já caracterizam matéria de mérito. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1999 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO QUE A CONTRIBUINTE ENTENDE TER REALIZADO EM MONTANTE MAIOR QUE O DEVIDO. Restando afastado o fundamento que levou à negativa do crédito, devem os autos retornar à Delegacia de origem, para que seja reexaminada a Declaração de Compensação.
Numero da decisão: 1802-001.143
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar a
preliminar suscitada e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: José de Oliveira Ferraz Corrêa
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 1999 DESPACHO DECISÓRIO - NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA Se o Despacho Decisório, mesmo sendo resultado de processamento eletrônico das informações contidas nas bases de dados da Receita Federal, indicou claramente os motivos da negativa do direito creditório, não há que se falar em cerceamento de direito de defesa. A correção ou não de seu fundamento, a suficiência ou não dos elementos em que se embasou para sustentar a negativa do direito creditório, e demais questões dessa espécie ultrapassam as preliminares e já caracterizam matéria de mérito. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1999 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO QUE A CONTRIBUINTE ENTENDE TER REALIZADO EM MONTANTE MAIOR QUE O DEVIDO. Restando afastado o fundamento que levou à negativa do crédito, devem os autos retornar à Delegacia de origem, para que seja reexaminada a Declaração de Compensação.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1999 DESPACHO DECISÓRIO NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA INOCORRÊNCIA Se o Despacho Decisório, mesmo sendo resultado de processamento eletrônico das informações contidas nas bases de dados da Receita Federal, indicou claramente os motivos da negativa do direito creditório, não há que se falar em cerceamento de direito de defesa. A correção ou não de seu fundamento, a suficiência ou não dos elementos em que se embasou para sustentar a negativa do direito creditório, e demais questões dessa espécie ultrapassam as preliminares e já caracterizam matéria de mérito. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO QUE A CONTRIBUINTE ENTENDE TER REALIZADO EM MONTANTE MAIOR QUE O DEVIDO. Restando afastado o fundamento que levou à negativa do crédito, devem os autos retornar à Delegacia de origem, para que seja reexaminada a Declaração de Compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Fl. 69DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 63 2 Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Marciel Eder Costa, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 64 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA, que manteve a negativa de homologação em relação à Declaração de Compensação – DCOMP apresentada pela Contribuinte, nos mesmos termos que já havia decidido anteriormente a Delegacia de origem. O crédito utilizado nesta DCOMP teve origem em um recolhimento a título de Imposto sobre a Renda da Pessoa da Jurídica – IRPJ/Lucro Presumido (código 2089), referente ao terceiro trimestre de 1999, no valor de R$ 3.448,23. O Despacho Decisório Eletrônico de fls. 40 não homologou a compensação pelo seguinte motivo: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Instaurada a fase litigiosa, com a manifestação de inconformidade de fls. 4 a 6, e conforme descrito na decisão de primeira instância, Acórdão nº 1521.957 (fls. 46 a 48), a Contribuinte apresentou os seguintes argumentos: a) o débito da compensação no valor de R$ 3.322,82, correspondente ao 1º trimestre de 2004, não foi corretamente imputado, isto porque, posteriormente ao envio da DCOMP se constatou ter havido erro na imputação do percentual na identificação da base de cálculo do IRPJ, apurado na modalidade de Lucro Presumido, tendo com isso apurado um saldo a pagar e CSLL em valor inferior ao informado na referida DCOMP equivalente a R$ 1.202,48, resultando num débito a ser compensado inferior. b) Que por um lapso ocorrido, não se atentou para retificar a respectiva DCOMP, bem como para providenciar a correspondente retificação da DCTF à época, o que somente se deu agora em razão da identificação da inconsistência verificada no despacho decisório em questão. c) Ressalta por fim, que a retificação da DIPJ e da DCTF se deu pelo fato da Requerente ter reconhecido o direito de se enquadrar no conceito de “serviços hospitalares” para os fins da apuração do IRPJ e da CSLL, utilizandose de forma retroativa os percentuais de 8% e 12%, respectivamente, ao invés do percentual de 32% originalmente imputado. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 65 4 d)Pede que seja admitida a retificação da DCTF para reduzir o valor do débito imputado incorretamente objeto do Despacho Decisório e que seja homologada a compensação. Como mencionado, a DRJ Salvador/BA manteve a negativa em relação à Declaração de Compensação, expressando suas conclusões com a ementa abaixo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1999 RETIFICAÇÃO DE DCTF. POSSIBILIDADE. PRAZO. Só é possível a retificação da DCTF enquanto ainda não homologados os lançamentos originais, ou seja, dentro do prazo de 05 anos contados da ocorrência do fato gerador ou do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado, observado a existência ou não de pagamentos por parte do sujeito passivo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O voto que orientou a decisão de primeira instância está fundamentado nos seguintes termos: (...) Visualizase da Manifestação de Inconformidade, que a Impugnante tomando ciência do processo administrativo de consulta n° 10580.001100/200465, sentiuse no direito de compensar com débitos seus, a diferença existente entre o valor do lucro presumido apurado com base no percentual de 32% e os de 8% (IRPJ) e 12% (CSLL) passiveis para aqueles contribuintes que efetivamente se dedicam a atividades hospitalares, sendo que os fatos geradores ocorreram no ano calendário de 1999. Deste modo foi apresentada em 21/04/2004, DCOMP onde informa o valor de DARF de R$ 3.448,23, na condição de “pagamento indevido ou maior” sem contudo, haver efetuado a retificação do lançamento anterior que remonta ao ano calendário de 1999, pois, conforme afirmado na manifestação de inconformidade, somente agora, no ato de verificação da inconsistência observada no Despacho Decisório é que foi apresentada DCTF retificadora. (...) Pois bem, no momento da apresentação do PER/DCOMP não existia nenhum indébito, posto que não foi feita a retificação da DCTF dos trimestres correspondentes ao suposto indébito no anocalendário de 1999, prevalecendo até então a tributação do IRPJ e da CSLL sobre o lucro presumido ao percentual de 32% (trinta e dois) por cento. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 66 5 Destarte, no momento da apreciação da compensação não existia de fato nem de direito qualquer indébito tributário. Somente após a ciência do despacho decisório é que o contribuinte tomou a iniciativa de retificar a sua DCTF, isto em 23 de maio de 2008. Neste momento, entretanto, já decaíra o direito da pessoa jurídica de retificar sua declaração em face de já estar tacitamente homologado o lançamento que ocorreu nos idos de 1999, e que somente poderia ser modificado até 30/09/2004. Ou pensam que só existe a homologação tácita em favor do sujeito passivo? Assim dispõe o CTN. Art. 150. (...) Neste adiantado de tempo, nem o Fisco pode modificar o lançamento original para cobrar mais tributo e nem a pessoa jurídica para diminuílo. (...) Por outro lado, se alguém achar que tal dispositivo só se aplica quando a Fazenda Pública é quem toma a iniciativa de modificar o lançamento, nos apoiamos nos artigos seguintes, também do Código Tributário Nacional. Art. 165. (...) Art. 168. (...) Pela leitura de tais dispositivos do CTN podemos compreender que deveria estar caracterizado o indébito antes de completados 05 (cinco) anos do seu pagamento, ou seja até 31/10/2004, fato que somente ocorreu em 2008. Então não há que se falar em questão formal, em possibilidade de o contribuinte possuir o crédito e não haver sido reconhecido apenas pelo que alguns entendem como formalismo do ato de retificação da DCTF, porque este direito efetivamente não nasceu. Atentese que não resta comprovado um erro formal, porquanto nem mesmo se pode asseverar que a Impugnante tem o direito de tributarse ao percentual de 8% e 12% respectivamente para o IRPJ e para a CSLL. Pelo exposto, VOTO no sentido de JULGAR IMPROCEDENTB: a Manifestação de inconformidade para não homologar os débitos compensados. Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 06/09/2010, a Contribuinte apresentou em 20/09/2010 o recurso voluntário de fls. 49 a 58, com os argumentos descritos abaixo. DA NULIDADE: Fl. 73DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 67 6 o indeferimento do pedido sustentouse apenas no cruzamento eletrônico de informações econômico fiscais, concluindose que o DARF objeto da PER/DCOMP em questão já teria sido utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não sendo, por conseguinte, analisadas a liquidez e a certeza do indébito tributário; a prática de ato administrativo sem a necessária motivação implica sua invalidação judicial, a não ser que o juiz conclua que, uma vez anulado o ato, a administração seria obrigada a repetilo com o mesmo conteúdo, embora sem o vício, tendo em vista ser aquela a única decisão possível; a simplicidade do Despacho Decisório ao indeferir o direito creditório do Contribuinte com base apenas em cruzamento de dados eletrônicos de informações econômico fiscais, sem sequer analisar a substância do crédito a que a declaração faz referência, avilta as prerrogativas e a competência da Autoridade Fiscal, transformandoa em mero autômato processador de dados eletrônicos, reduzindo sua atuação à intimação do Contribuinte do resultado de um processamento eletrônico, que não raramente apresenta falhas ocasionadas por erro no preenchimento dos documentos; por não contemplar a verdade material, as informações contidas nestas declarações são inaptas para desconstituir o direito material em análise; a ausência de análise efetiva que ensejou o direito material do Contribuinte, fundamentação válida do ato administrativo, cerceou o direito de defesa, motivo suficiente para tornar o Despacho Decisório em questão NULO de pleno direito; DO ERRO MATERIAL: quanto ao mérito, observase que o contribuinte, prestador de serviços de IMAGENOLOGIA, no ano calendário em questão, apurou o IRPJ através do Lucro Presumido, aplicando o percentual de 32% sobre a receita bruta, atribuído aos prestadores de serviços em geral; através de Processo de Consulta, protocolado em 04.02.2004, foi requerido: 1 que os serviços médicos de IMAGENOLOGIA, neste particular, os Exames de Radiologia e de Ultrassonografia, fossem considerados hospitalares, para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, conforme o disposto nos artigos 15, § 1º, inciso III, alínea "a", e no artigo 20 da Lei 9.249, de 1995; e 2 que os efeitos desse novo entendimento fossem aplicados retroativamente à vigência da mencionada lei, ou à data de início das atividades da Requerente; confirmado este novo entendimento, emanado da consulta formulada pelo processo n° 10580.001100/200465, e uma vez atendidos os requisitos normativos, o Contribuinte refez a apuração do seu IRPJ/CSLL utilizando o percentual de lucro presumido de 8%, ficando credor da diferença, já que tinha antes efetuado os cálculos de IRPJ/CSLL com aplicação do percentual de 32%; percebese, desta forma, que a DIPJ e a DCTF do Contribuinte apresentavam erros materiais no momento do Despacho Decisório, e não refletiam a verdade material da relação jurídico tributária espelhada nas informações contábeis. Os erros materiais Fl. 74DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 68 7 no preenchimento da DIPJ ou da DCTF, na forma do que dispões o § 2º do artigo 147 do Código Tributário Nacional poderiam e podem ser retificados de ofício pela autoridade fiscal, sem qualquer provocação do Contribuinte, e por si só, não possuem força suficiente para afetar o seu direito creditório; DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL: em observância ao Princípio da Verdade Material, não resta dúvidas de que deverá ser admitido o erro pela não retificação da DCTF à época própria, bem como a conseqüente reforma do acórdão ora recorrido; as palavras do relator do acórdão recorrido, quando ao final diz “que não resta comprovado um erro formal (...)”, representam uma conclusão equivocada, haja vista que a Solução de Consulta oriunda do Processo Administrativo 10580.001100/200465 não deixa dúvidas quanto ao direito da adoção da alíquota reduzida pela Recorrente; DO PEDIDO: a Contribuinte requer: 1 que seja admitida a retificação da DCTF do 3º trimestre de 1999, para reconhecimento do crédito; 2 que seja homologada a compensação objeto do presente PER/DCOMP, no valor correspondente aos débitos reconhecidos na respectiva DCTF; e 3 que, finalmente, seja acolhido o presente Recurso Voluntário pela sua totalidade. Este é o Relatório. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 69 8 Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Conforme relatado, a Contribuinte questiona a não homologação de Declaração de Compensação – DCOMP, em que utiliza um alegado crédito proveniente de recolhimento a maior a título de IRPJ/Lucro Presumido referente ao terceiro trimestre de 1999. O fundamento para a negativa é que o valor do pagamento realizado pela Contribuinte coincide com o valor do débito por ela confessado em DCTF. Sendo assim, não haveria pagamento indevido ou a maior no referido período. Além disso, ela não teria providenciado a retificação de sua DCTF em tempo hábil, com o objetivo de alterar o valor do imposto para o período em questão. Em sede de recurso, a Contribuinte primeiramente alega a nulidade do Despacho Decisório, por ausência de uma análise efetiva de seu alegado direito. Quanto ao mérito, em síntese, insiste que efetuou recolhimento a maior, que houve erro no preenchimento de sua DCTF, e que este erro pode e deve ser corrigido a qualquer tempo, inclusive de ofício, por respeito ao princípio da verdade material. A preliminar de nulidade deve ser rejeitada. O Despacho Decisório, mesmo sendo resultado de processamento eletrônico das informações contidas nas bases de dados da Receita Federal, indicou claramente os motivos da negativa do direito creditório, e, com isso, possibilitou o exercício do contraditório e do direito de defesa por parte da Contribuinte. Se seu fundamento está correto ou não, se os elementos nos quais se embasa configuram ou não prova suficiente para sustentar a negativa do direito creditório, e outras questões dessa espécie caracterizam matéria de mérito, e, como tais, serão tratadas a seguir. Primeiramente, é importante registrar que o art. 165 do Código Tributário Nacional CTN não condiciona o direito à restituição de indébito, fundado em pagamento indevido ou a maior, a requisitos meramente formais. O que realmente interessa é verificar se houve ou não pagamento indevido ou a maior de um determinado tributo em um determinado período de apuração. Também é importante ressaltar que a DCTF, embora seja uma confissão de dívida, não pode ser tomada em caráter absoluto, até porque existe sempre a possibilidade de erro no seu preenchimento. Sua retificação, da mesma forma, não teria caráter absoluto, pelo que, mesmo que apresentada a declaração retificadora, esta deveria ser cotejada com outras informações e documentos, como a DIPJ, os Livros Contábeis e Fiscais, Demonstrativos, etc., porque o que interessa é saber se houve ou não recolhimento indevido ou a maior. Fl. 76DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 70 9 Outra questão acerca da retificação da DCTF é que a Instrução Normativa SRF nº 045/1998, vigente à época do alegado pagamento a maior, nem mesmo admitia a apresentação de DCTF/retificadora ou DCTF/complementar para situações como a que está sendo aqui examinada: Da Alteração dos Dados Informados Art. 4° Não será admitida a apresentação de DCTF retificadora após encerrado o prazo para a entrega da respectiva declaração original, observado, quanto às declarações dos períodos anteriores ao 2° trimestre de 1998, o disposto nos arts. 8°, 9° e 10, § 4°. Parágrafo único. A DCTF entregue antes do término do prazo fixado poderá ser retificada até o término desse prazo, mediante a apresentação de nova DCTF, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração original. Art. 5° Fica instituída a DCTF Complementar, a ser utilizada pelo contribuinte, a partir de 06 de julho de 1998, para declarar novos débitos e os acréscimos dos valores de débitos já informados na DCTF original. § 1° A DCTF Complementar será apresentada em meio magnético, mediante a utilização de programa gerador, a ser disponibilizado pela Secretaria da Receita Federal. § 2º A utilização da DCTF Complementar somente será permitida em relação ao 1º trimestre de 1997 e a qualquer trimestre subseqüente. Art. 6° Os pedidos de alteração nas informações prestadas pelo contribuinte na DCTF, efetuados fora do prazo permitido para entrega da declaração retificadora, serão formalizados por meio de: I DCTF Complementar, nos casos previstos no artigo anterior; II solicitação em processo administrativo, nos demais casos. (grifos acrescidos) De acordo com a referida IN, a alteração da DCTF, para fins de redução do débito, deveria ser realizada por meio de “solicitação em processo administrativo”. No caso, a Contribuinte apresentou em tempo hábil um PER/DCOMP (21/04/2004), que deu origem ao presente processo, pleiteando perante a Administração Tributária a devolução (na forma de compensação) de um pagamento que entendia ter realizado em valor maior que o devido, procedimento que se não implicava em uma alteração/desconstituição automática de parte do débito declarado em DCTF, implicava ao menos na suspensão de sua constituição definitiva, em razão da relação direta existente entre o pagamento e o débito a que ele corresponde. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 71 10 Com efeito, não há que se falar em homologação de lançamento e constituição definitiva do débito se a Contribuinte, em tempo hábil, informou a Administração Tributária que o pagamento relativo a este débito havia sido feito indevidamente ou a maior. Além disso, a Contribuinte, desde a sua manifestação de inconformidade, vem solicitando no presente processo que seja acatada a retificação de sua DCTF (realizada em 2008), com a alegação de ocorrência de erro no seu preenchimento. Penso que a comprovação ou não do alegado indébito demanda análise de vários outros aspectos, que não se resumem ao conteúdo da referida declaração. No que toca à comprovação de um indébito, é importante lembrar que o processo administrativo fiscal não contém uma fase probatória específica, como ocorre, por exemplo, com o processo civil. Especialmente nos processos iniciados pelo Contribuinte, como o aqui analisado, há toda uma dinâmica na apresentação de elementos de prova, uma vez que a Administração Tributária se manifesta sobre esses elementos quando profere os despachos e decisões com caráter terminativo, e não em decisões interlocutórias, de modo que não é incomum a carência de prova ser suprida nas instâncias seguintes. É por isso também que antes de proferir o Despacho Decisório, ainda na fase de Auditoria Fiscal, pode e deve a Delegacia de origem inquirir o Contribuinte, solicitar os meios de prova que entende necessários, diligenciar diretamente em seu estabelecimento (se for o caso), enfim, buscar todos os elementos fáticos considerados relevantes para que na seqüência, na fase litigiosa do procedimento administrativo (fase processual), as questões envolvam mais a aplicação das normas tributárias e não propriamente a prova de fatos. Tudo isso porque não há uma regra a respeito dos elementos de prova que devem instruir um pedido de restituição ou uma declaração de compensação. Pelas normas atuais, nem mesmo há como anexar cópias de livros, de DARF, de Declarações, etc., porque os procedimentos são realizados por meio de declaração eletrônica PER/DCOMP. Além disso, a instrução prévia, ainda na fase de Auditoria Fiscal, evita uma seqüência de negativas por falta de apresentação de documentos em relação aos quais a Contribuinte, em alguns casos, nem mesmo foi intimada a apresentar, o que, aí sim, poderia implicar em cerceamento de defesa. Contudo, no caso concreto, vêse que a análise do indébito ficou resumida à falta de apresentação de DCTFretificadora em tempo hábil, fato que, por todas as razões acima, não entendo como suficiente para fundamentar a negativa em relação à compensação. Deste modo, dou provimento parcial ao recurso para afastar o problema relativo à DCTF, devolvendo os autos à Delegacia de origem, para que reexamine a Declaração de Compensação. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 78DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10580.902290/200863 Acórdão n.º 180201.143 S1TE02 Fl. 72 11 Fl. 79DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 28/03/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 10920.005210/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
CIDE-ROYALTIES. DIREITOS AUTORAIS. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. DECRETO FEDERAL 4.195/2002
A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE-Royalties) não incide sobre o valor de royalties decorrente de direitos autorais - sendo afastado o tratamento dispensado como "marca" pelo lançamento de ofício, eis que inexiste previsão de sua incidência do Decreto regulamentar.
Numero da decisão: 3401-003.802
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Rosaldo Trevisan, que conheciam do recurso e negavam provimento. Os Conselheiros Robson José Bayerl e Renato Vieira de Ávila acompanharam pelas conclusões, sendo que o Conselheiro Robson o fez em razão entender que o Decreto no 4.195/2002, com relação exaustiva, limita a hipótese de incidência da contribuição, não incidindo sobre os contratos de direito autoral
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
RELATOR TIAGO GUERRA MACHADO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Renato Vieira de Ávila
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Rosaldo Trevisan, que conheciam do recurso e negavam provimento. Os Conselheiros Robson José Bayerl e Renato Vieira de Ávila acompanharam pelas conclusões, sendo que o Conselheiro Robson o fez em razão entender que o Decreto no 4.195/2002, com relação exaustiva, limita a hipótese de incidência da contribuição, não incidindo sobre os contratos de direito autoral ROSALDO TREVISAN - Presidente. RELATOR TIAGO GUERRA MACHADO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Renato Vieira de Ávila
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Anocalendário: 2005, 2006, 2007 CIDEROYALTIES. DIREITOS AUTORAIS. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. DECRETO FEDERAL 4.195/2002 A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDERoyalties) não incide sobre o valor de royalties decorrente de direitos autorais sendo afastado o tratamento dispensado como "marca" pelo lançamento de ofício, eis que inexiste previsão de sua incidência do Decreto regulamentar. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Rosaldo Trevisan, que conheciam do recurso e negavam provimento. Os Conselheiros Robson José Bayerl e Renato Vieira de Ávila acompanharam pelas conclusões, sendo que o Conselheiro Robson o fez em razão entender que o Decreto no 4.195/2002, com relação exaustiva, limita a hipótese de incidência da contribuição, não incidindo sobre os contratos de direito autoral ROSALDO TREVISAN Presidente. RELATOR TIAGO GUERRA MACHADO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Renato Vieira de Ávila AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 52 10 /2 00 9- 11 Fl. 1386DF CARF MF 2 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (fls. 1023 e seguintes) contra decisão da Delegacia Regional de Julgamento (DRJ) que considerou improcedente as razões da Recorrente sobre a nulidade de Auto de Infração referente a insuficiência de pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre Remessas ao Exterior ("CIDE Royalties"), durante o período compreendido entre 2005 a 2007. Do Lançamento A D. Fiscalização lançou crédito tributário (fls. 151 e seguintes) de R$ 701.584,87 (setecentos e um mil quinhentos e oitenta e quatro reais e oitenta e sete centavos), acrescido de juros de mora e multa de ofício de 75%, totalizando a exigência em R$ 1.457.570,32 (um milhão quatrocentos e cinquenta e sete mil quinhentos e setenta reais e trinta e dois centavos). Cabe ressaltar que o processo de auditora fiscal da Recorrente foi desencadeado a pedido do Ministério Público Federal em decorrência de o contribuinte ser, supostamente, cliente do Grupo Roger, tratado como instituição financeira no âmbito da Operação Ouro Verde, desencadeada pela Polícia Federal. Naquela oportunidade, foi lavrado auto de infração para Imposto de Renda Pessoa Jurídica; Programa Integração Social; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PAF n° 10920.005209/200988) que não ensejam análise por essa Seção e, em apartado, o auto de Infração relativo à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre Remessas ao Exterior (CIDERoyalties), ora em apreciação. Em síntese apertada, os motivos esposados pela fiscalização (Fls. 151 e seguintes) para o lançamento do crédito tributário foram os seguintes: (a) A Recorrente teria deixado de recolher a CIDERoyalties em remessas para o exterior decorrente de contratos de licença de direitos autorais e/ou de comercialização ou distribuição de programa de computador durante o período de 2005 a 2007; (b) Para a D. Fiscalização não haveria diferença semântica entre os royalties decorrentes de contratos sujeitos a averbação no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e os numerários remetidos pela Recorrente ao exterior em decorrência dos contratos por ela subscritos: “Diferentemente da contribuinte entendo que não há direito autoral por terceiros, sendo pelo próprio autor. Neste caso concreto, somente as pessoas jurídicas UNITED FEATURE SYNDICATE, INC, MARVEL CHARACTERS, INC; WARNER BROS. CONSUMER PRODUTS, INC; MGA ENTERTAINMENT, INC; FELIX THE CAT CREATIONS, INC; TURNER BROADCASTING SYSTEM LATIN AMÉRICA, INC; todas elas sediadas no Fl. 1387DF CARF MF Processo nº 10920.005210/200911 Acórdão n.º 3401003.802 S3C4T1 Fl. 1.370 3 exterior, cabe falarem exploração de direito autoral, por serem elas titulares desse direito, donas da obra. A LUNENDER S/A, licenciada para utilização das personagens (desenhos artísticos) objeto dos contratos, falase em marcas, sinal que distingue seus diversos produtos, identificandoos, destacandoos dos demais no mercado. Portanto as retribuições que a licenciada dá em cumprimento aos referidos contratos são, em verdade, royalties, aqueles mesmos a que se refere [SIC] os já citados artigos 352 e 355 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto n° 3.000, de 1999. Aliás, a fiscalizada, corrobora com esta conclusão, uma vez que, nas DIPJ, fls., nas fichas 44 — ROYALTIES PAGOS A BENEFICIÁRIOS DO BRASIL E DO EXTERIOR, informa valores na linha EXPLORAÇÃO ECONÔMICA DOS DIREITOS PATRIMONIAIS DE MARCAS e não nas linhas que dizem respeito a direitos autorais.” (c) Ou seja, aproveitando seu entendimento sobre a existência de pagamento de royalties – no caso, pelo suposto uso de marcas de indústria e comércio – para fins do limite de dedutibilidade do Imposto de Renda, a D. Fiscalização passou a lançar a contribuição de intervenção no domínio econômico que não fora recolhida pelo contribuinte no período fiscalizado; Da Impugnação Irresignada com o lançamento lavrado pela Receita Federal do Brasil, a Recorrente apresentou, à época, Impugnação (fls. 200 e seguintes), a qual, em síntese, procurou desconstituir o crédito com os seguintes argumentos: (a) Em primeiro lugar, aduz que há a falta de motivação do ato administrativo impugnado porque o auditor responsável pelo lançamento não teria avaliado adequadamente as razões da Recorrente para o não pagamento das contribuições, carecendo de fundamentação jurídica suficiente, e por isso pede a nulidade do auto de infração; (b) Quanto ao mérito, pretende dissociar o instituto do royalty do pagamento de licenciamento de direitos autorais (copyrights), enfatizando que os direitos patrimoniais do autor são passíveis de transferência mediante, entre outras, licenciamento, tais como nos contratos analisados pela fiscalização. (c) Enfatiza que os contratos em lide não tratam de exploração de propriedade industrial (patentes e ou marcas) mas de outros direitos autorais. Para tanto, procura distinguir os dois institutos da seguinte forma: a. Copyright: direito de cópia; o direito de propriedade sobre a autoria de um trabalho original feitos num meio de expressão tangível, dando ao detentor o direito exclusivo de reproduzilo, adaptálo, distribuilo e dispor do mesmo; b. Trademark: um trabalho, frase, logomarca ou outro símbolo gráfico utilizado pelo fabricante para distinguir seus produtos dos produtos de outros fabricantes. O maior propósito de uma marca é demonstrar a origem dos produtos ou serviços. Com efeito, a marca substitui a assinatura do fabricante. Fl. 1388DF CARF MF 4 (...) É o direito corporal que identifica ao mundo dos negócios os produtos do fabricante. Decorrente dos significados acima transcritos, verificase que o direito autoral manifestase sobre o trabalho original do autor, sendo o copyright o direito de copiá lo. A marca, por sua vez, não tem o conceito de trabalho em seu bojo. Ao seu turno, a marca é um símbolo para identificar e distinguir os produtos ou serviços de um fabricante ou prestador de serviços dos produtos ou serviços idênticos ou semelhantes de outro fabricante ou prestador de serviços. Equivale à assinatura ou à impressão digital do produtor ou prestador em cada um de seus produtos ou serviços; serve, portanto, para garantir a proveniência/origem do produto ou serviço a quem poderseá imputar responsabilidade sobre o mesmo. (...) A fim de exemplificar, a patente é o registro de uma invenção, um produto, um sistema, etc. No Brasil é feito no INPI (Instituto Nacional de Patente Industrial), e somente o detentor da patente pode autorizar a produção e/ou venda do produto que registrou no INPI. Por sua vez, a marca é a representação simbólica de uma entidade, qualquer que ela seja, algo que permite identificála de um modo imediato como, por exemplo, um sinal de presença. (...) Assim, o direito autoral é o trabalho em si, enquanto a marca é o símbolo pelo qual tal trabalho/serviço pode ser ou vir a ser identificado. Apenas a titulo de exemplificação, a totalidade dos contratos internacionais celebrados pela Impugnante se refere a licença para uso de personagens cujos direitos pertencem ao Licenciador. Neste caso, os referidos personagens poderão ser utilizados sob distintas formas, distintos aspectos, diferentes desenhos e indicações, sem que isso se confunda como marca. Os personagens licenciados não constituem simplesmente num símbolo, em si, tal como prescreve a legislação brasileira naquilo que se refere ao uso de uma marca. Eles podem ser licenciados sob vários e diferentes aspectos, como personagens que o são, e não como marca.” (grifamos) (d) Discorre também sobre o fato gerador da CIDERoyalties e sua incompatibilidade com o caso concreto, haja vista que ela incidiria, conforme dispõe o artigo 2º, da Lei Federal 10.168/2000, com a redação dada pela Lei Federal 10.332/2001, bem como pela regulamentação dada pelo Decreto Federal 4.195/2002, sobre hipóteses diferentes do que são os objetos dos contratos subscritos entre a Recorrente e as beneficiárias domiciliadas no exterior; (e) Finaliza essa discussão repudiando o entendimento da fiscalização que, em sua visão, utilizouse de analogia para lançar tributo sobre as remessas a título de copyright, o que é vedado pelo artigo 108, parágrafo primeiro do CTN. (f) Por fim, repudia a aplicação de Taxa SELIC sobre a multa de ofício. Da Decisão de 1ª Instância Fl. 1389DF CARF MF Processo nº 10920.005210/200911 Acórdão n.º 3401003.802 S3C4T1 Fl. 1.371 5 Provindo a decisão administrativa de primeiro grau (fls. 993 e seguintes), o auto de infração foi julgado procedente em sua integralidade, reforçando os pontos destacados pela fiscalização quando do lançamento, nos seguintes termos: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005, 2006, 2007 ARGÜIÇÃO DE NULIDADE. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. Sendo constatada a existência de motivação dos lançamentos efetuados, bem como dos demais requisitos necessários para a sua formação, rejeitase a argüição de nulidade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Anocalendário: 2005, 2006, 2007 CIDEROYALTIES. REMESSA DE ROYALTIES PARA RESIDENTE OU DOMICILIADO NO EXTERIOR. INCIDÊNCIA. O pagamento, o creditamento, a entrega, o emprego ou a remessa de royalties, a qualquer título, a residentes ou domiciliados no exterior são hipóteses de incidência da CIDE. DIREITO AUTORAL. ROYALTIES. Os rendimentos decorrentes da exploração de direito autoral classificamse como royalties, exceto nos casos em que pagos diretamente ao autor ou criador da obra (Art. 22, alínea “d” da Lei nº 4.506/1964). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007 JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Incide juros de mora sobre a multa de ofício a partir de seu vencimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Cabe destacar os seguintes enxertos da decisão ora recorrida: (a) Sobre a preliminar de nulidade do lançamento por ausência de fundamentação jurídicofática " A própria legislação em que a autoridade tributária se baseou e aplicou ao caso concreto é o fundamento jurídico do lançamento, e isto é dito pelo impugnante; no entanto, se correta ou errônea a aplicação da legislação, é questão de mérito, a ser analisada no momento seguinte deste voto. Fl. 1390DF CARF MF 6 Quanto aos demais requisitos necessários a formação do lançamento tributário, os mesmos foram verificados. Portanto, sendo constatada a existência de motivação dos lançamentos efetuados, bem como dos demais requisitos necessários para a sua formação, não há que se falar em nulidade do Auto de Infração." (b) Sobre a incidência da CIDERoyalties sobre as remessas efetuadas pela Recorrente: "Deste modo, percebese que, embora, em um primeiro momento, o CARF tenha manifestado entendimento de que não há incidência da CIDE sobre remessas referentes a pagamento pela exploração de direitos autorais, no momento seguinte, a Câmara Superior reformou tal acórdão, declarando que os rendimentos decorrentes da exploração de direito autoral classificamse como royalties, sendo tal fato suficiente para a configuração do fato gerador da CIDEREMESSAS. Tal posicionamento da Câmara Superior reflete o meu próprio entendimento sobre a matéria, desta forma, reproduzo o referido voto adotandoo como razão de decidir, por ser plenamente aplicável ao caso em tela." O julgado de primeiro grau referiase ao Acórdão CSRF 930301864, que, em transcrição rápida, dispôs assim: "Acórdão: 9303001.864 Número do Processo: 13896.003705/200263 Data de Publicação: 06/03/2012 Contribuinte: SONY PICTURES HOME ENTERTAINMENT DO BRASIL LTDA ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/02/2002, 31/03/2002, 30/04/2002 CIDEROYALTIES. REMESSA DE ROYATIES PARA RESIDENTE OU DOMICILIADO NO EXTERIOR INCIDÊNCIA. O pagamento, o creditamento, a entrega, o emprego ou a remessa de royalties, a qualquer título, a residentes ou domiciliados no exterior são hipóteses de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico criada pela Lei 10.168/2000. Para que a contribuição seja devida, basta que qualquer dessas hipóteses seja concretizada no mundo fenomênico. O pagamento de royalties a residentes ou domiciliados no exterior, a título de contraprestação exigida em decorrência de obrigação contratual, seja qual for o objeto do contrato, faz surgir a obrigação tributária referente a essa CIDE. Recurso Especial do Procurador Provido. Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama, Marcos Tranchesi Ortiz, Antônio Lisboa Cardoso, Maria Teresa Martínez López e Gileno Gurjão Barreto, que negam provimento. Os Conselheiros Marcos Tranchesi Ortiz e Fl. 1391DF CARF MF Processo nº 10920.005210/200911 Acórdão n.º 3401003.802 S3C4T1 Fl. 1.372 7 Antônio Lisboa Cardoso participaram do julgamento em substituição aos Conselheiros Rodrigo Cardozo." (c) Sobre a não incidência de Taxa SELIC sobre a multa de ofício "(...) Assim, tendo em conta que a multa de ofício é débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela SRF, configurase regular a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício a partir de seu vencimento." Do Recurso Voluntário Diante do teor da decisão, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 1.023 e seguintes), cujo teor reafirma suas alegações expressas na Impugnação, anexando, como reforço argumentativo, parecer do jurista especializado na área de direito autoral, Dr. Denis Borges Barbosa (Fls. 1.275 e seguintes). Porém, não há qualquer menção no pedido com relação a não incidência da Taxa SELIC sobre a multa de oficio, motivo pelo qual resta preclusa essa última matéria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Tiago Guerra Machado Da Tempestividade O Recurso Voluntário é tempestivo e os demais requisitos também estão cumpridos, razão pela qual conheço do mesmo. Da Nulidade A Recorrente argumenta que o lançamento impugnado carece de fundamentação e embasamento jurídico uma vez que o Termo de Verificação Fiscal em momento algum busca demonstrar o entendimento das operações da Recorrente e a respectiva configuração do fato gerador da contribuição. Porém, na respectiva constatação fiscal, ainda que breve e de forma sucinta no meu entender, a D. Fiscalização analisa as remessas efetuadas e se utiliza da legislação do Imposto de Renda para firmar sua convicção de que tais pagamentos teriam a natureza de royalties. Nesse sentido, mesmo se o auditor foi insuficiente em suas alegações ou se utilizou de legislação imprópria para basear o lançamento do crédito tributário, isso é matéria a Fl. 1392DF CARF MF 8 ser impugnada e discutida no mérito, de modo que não reconheço qualquer nulidade nesse aspecto. Passemos ao mérito. Do Mérito Entendo que o cerne do presente Recurso se resume, nos termos do pedido da Recorrente, à amplitude do fato gerador da contribuição de intervenção no domínio econômico e sua conexão com as remessas efetuadas e ora impugnadas. Assim, passarei a examinála a seguir. I. Sobre a amplitude da incidência da CIDERoyalties A Contribuição Social de Intervenção de Domínio econômico para custear o Programa de Estímulo à Interação UniversidadeEmpresa para o Apoio à Inovação (CIDE Royalties) foi criada pela Lei Federal 10.168/2000, posteriormente alterada pela Lei Federal 10.332/2001. Nos termos do artigo 2º1 da Lei, a incidência da dita contribuição recai sobre as seguintes remessas ao exterior referentes às seguintes transações: (a) Contratos de licença de uso de conhecimentos tecnológicos (art. 2º, caput); (b) Contratos que: i. Impliquem transferência de tecnologia (art. 2º, caput), entendidos como tais aqueles contratos relativos à exploração de patentes ou de uso de 1 Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. § 1º Consideramse, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica. § 1ºA. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. § 2º A partir de 1º de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. § 3º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2odeste artigo (...) Fl. 1393DF CARF MF Processo nº 10920.005210/200911 Acórdão n.º 3401003.802 S3C4T1 Fl. 1.373 9 marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica (art. 2º, § 1º); ou ii. Tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa prestados por residentes ou domiciliados no exterior (art. 2º, § 2º); (c) Contratos que impliquem pagamento de royalties a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior (art. 2º, § 2º) Por outro lado, na regulamentação do Programa de Estímulo à Interação UniversidadeEmpresa para o Apoio à Inovação e da incidência da respectiva contribuição de custeio, assim ficaram definidas as hipóteses de incidência: Art. 10. A contribuição de que trata o art. 2o da Lei no 10.168, de 2000, incidirá sobre as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou remuneração, previstos nos respectivos contratos, que tenham por objeto: I fornecimento de tecnologia; II prestação de assistência técnica: a) serviços de assistência técnica; b) serviços técnicos especializados; III serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes; IV cessão e licença de uso de marcas; e V cessão e licença de exploração de patentes. Conforme se nota, há diferenças entre o texto da Lei e o texto do Decreto, de modo que foi inferida, em dado momento, que haveria uma incompatibilidade semântica entre ambos, o que representaria um conflito aparente de normas, antinomia essa facilmente desatada mediante aplicação do critério hierárquico. Entendo que não há qualquer conflito. Na verdade, a única questão dissonante acaba por ser a inclusão, na descrição do fato gerador no texto legal, de “royalties a qualquer título”, e sua ausência na lista do artigo 10, do Decreto presidencial. Proposital ou não, essa ausência, a meu entender, confere mais clareza ao fato gerador descrito na Lei Federal 10.168/2002 com a alteração trazida pela Lei Federal 10.332/2001, de forma que não são quaisquer royalties que são objeto da fadada contribuição. E direi o porquê. (i) Da interpretação conforme a Constituição Fl. 1394DF CARF MF 10 Antes, de forma breve, disponho sobre a obrigação de se interpretar qualquer norma partindose do ordenamento constitucional. A teoria da “interpretação conforme a Constituição” é admitir um método de interpretação passível de adoção na atividade jurisdicional em que a premissa é atender aos requisitos constitucionais de validade da regra ali a ser interpretada. Não se trata, de forma alguma, de controle de constitucionalidade. Na verdade, seu uso vai ao extremo oposto, que é, em última análise, extrair via interpretativa o conteúdo constitucionalmente aceitável de uma norma que possa ter vícios de inconstitucionalidade a depender de como se interprete o texto legal, de modo a permitir sua permanência possível no ordenamento jurídico. Sobre esse tema, permitome citar o trabalho de FERNANDO OSÓRIO DE ALMEIDA JÚNIOR: “A interpretação conforme a Constituição aproximase dos métodos clássicos de solução de antinomias na medida em que busca também a realização do princípio da unidade do ordenamento jurídico e da supremacia da Constituição, este último em comparação com o método hierárquico. Entretanto, estremase deles quanto ao resultado: nos critérios clássicos, a antinomia resulta sempre na expulsão de uma das leis, enquanto no critério da intrepretação conforme a Constituição a antinomia não se estabelece entre duas leis, mas sim entre duas interpretações possíveis de uma mesma lei, uma que resulta em constitucionalidade e outra em inconstitucionalidade, pelo que deve prevalecer a primeira. Nesse sentido a interpretação conforme não é um critério de aplicação de determinada lei em detrimento de outra, mas de aplicação de determinada interpretação (‘critério de interpretação’) em detrimento de outra. (...) Pelo exposto, podemos conceituar: a interpretação conforme a Constituição é um critério de solução de antinomias entre interpretações possíveis de uma mesma lei, pelo qual deverá prevalecer aquela que lhe revela a conformidade com a Constituição, excluindose, assim, todas as demais formas de interpretação.”2 Seguindo essa estratégia, é importante enfatizar o entendimento de que a “interpretação conforme” revelase mais uma obrigação do que meramente uma opção. É o que defende EDUARDO GARCIA DE ENTERRÍA: “(...) antes de que uma Ley sea declarada inconstitucional, el juez que efectua el examen tiene el deber de buscar en vía 2 Almeida Junior, Fernando Osorio de. Interpretação conforme a Constituição e Direito Tributário. Dialética, São Paulo 2002, páginas 18 e 19. Fl. 1395DF CARF MF Processo nº 10920.005210/200911 Acórdão n.º 3401003.802 S3C4T1 Fl. 1.374 11 interpretativa una concordancia de dicha Ley con la Constituición.”3 Ainda que esse colegiado não possa estar imbuído do poder de exercer o controle de constitucionalidade, pelos limitadores legais e regimentais impostos, nada obsta de exercer o livre direitodever da interpretação conforme, em obediência ao princípio da unidade do ordenamento jurídico. Não há, como possa aparentar, violação à legalidade tributária, quando se utiliza o método da interpretação conforme, desde que o intérprete adote alguns autolimites.4 O primeiro deles é que o resultado da interpretação conforme não pode atravessar o limite do sentido possível partindose da literalidade do texto normativo; denominado por LARENZ como “contexto significativo da lei”5. O outro é que a interpretação conforme não pode ignorar ou modificar o conteúdo da lei, violando a sua finalidade; do contrário, a norma perde seu valor, o que, consequentemente, violaria a separação dos poderes na medida em que a entidade julgadora exerceria papel exclusivo do legislativo. O cuidado em sua utilização é asseverado por LARENZ: “A intepretação conforme à Constituição, se quer continuar a ser interpretação, não pode ultrapassar os limites que resultam do sentido literal possível e do contexto significativo da lei.”6 É o que buscaremos nesse julgado. Passemos a analisar o conteúdo constitucional a ser examinado como critério de interpretação. (ii) Fundamentos de criação e validade dessa espécie tributária A CIDERoyalties, textualmente, é uma contribuição de caráter especial e como tal apresenta algumas peculiaridades em relação às demais espécies tributárias; não só isso, submeteas a um regime jurídico próprio, nitidamente distinto daquele a que estão sujeitos os demais tributos, sobretudo no que diz respeito à competência para a sua instituição e aos requisitos exigidos para tanto. As "CIDE ’s" possuem fundamento constitucional nos artigos 149 e 170, da Constituição Federal de 1988 (CF/88) que, ao mesmo tempo, devem respeitar a finalidade sobre a qual foram constituídas ("validação finalística") e cuja receita de arrecadação, atingida pela finalidade tenha um âmbito específico da aplicação ("finalidade específica"). 3 García de Enterría, Eduardo . La Constituición Como Norma y El Tribunal Constitucional. Civitas, Madri, 1994. Página 95. 4 Daí porque, alguns autores entendem a interpretação conforme não como um método interpretativo singular, mas um “critério de interpretação” (LARENZ) prioritário. 5 Larenz, Karl. Metodologia da Ciência do Direito. Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1997. Página 454 6 Idem, página 480. Fl. 1396DF CARF MF 12 É claro que não cabe a esse Tribunal, por força de seu Regimento7 e diante do disposto na Súmula CARF nº 2, examinar os requisitos de validade e existência das normas que instituíram a CIDERoyalties para fins de controle de constitucionalidade concreto não é, nem de longe, minha pretensão em meu voto porém, como se verá a seguir, é importante entendê los, ainda que superficialmente. Dito isso, enumerase abaixo os requisitos basilares para existência jurídico constitucional das contribuições especiais e, por consequência, das contribuições de intervenção no domínio econômico, tirados de LEANDRO PAULSEN e ANDREI PITTEN VELLOSO8: (a) Observância das limitações constitucionais gerais ao poder de tributar; (b) Existência de competência impositiva; (c) Busca da finalidade especificada pela norma atributiva de competência, (d) Necessidade; (e) Referibilidade. Dentre os aspectos acima, o que merece maior apreço para análise do presente Recurso é a referibilidade. A referibilidade é “assim entendida como o liame entre a finalidade a ser realizada com a contribuição e as atividades e interesses de certo grupo.”9 Na prática, isso significa que qualquer CIDE deve espelhar, em seu fato gerador, e no grupo de contribuintes que serão afetados pela sua imposição, a finalidade que pretende atingir com os recursos oriundos de sua arrecadação, sem o qual não haveria como prosperar sua permanência no ordenamento jurídico. Nesse mesma linha, volto a citar VELLOSO e PAULSEN: “Nessa acepção, a referibilidade é requisito de validade de todas as contribuições especiais. A sua cobrança carece invariavelmente de um liame claro entre a finalidade perseguida pela exação e as atividades ou interesses dos sujeitos passivos. Sem que haja tal liame, não há como se cogitar da cobrança de contribuições especiais.”10 Em nosso caso, o que vemos é que a CIDERoyalties, destinada sua arrecadação aos seguintes propósitos de intervenção no domínio econômico, não poderia ter como fato gerador evento que ultrapasse tal liame ou pertinência como bem adotam os juristas acima. Vejamos o artigo 1º, da citada Lei Federal 10.332/2001: Art. 1º Do total da arrecadação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, instituída pela Lei nº 10.168, de 29 de dezembro de 2000, serão destinados, a partir de 1º de janeiro de 2002: 7 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. 8 Velloso, Andrei Pitten; Paulsen, Leandro. Contribuições Teoria Geral Contribuições Em Espécie. Kindle Edition (Locations 88978903). 9 Idem (Locations 89658968). 10 Idem (Locations 11431145). Fl. 1397DF CARF MF Processo nº 10920.005210/200911 Acórdão n.º 3401003.802 S3C4T1 Fl. 1.375 13 I 17,5% (dezessete inteiros e cinco décimos por cento) ao Programa de Ciência e Tecnologia para o Agronegócio; I 17,5% (dezessete inteiros e cinco décimos por cento) ao Programa de Fomento à Pesquisa em Saúde; III 7,5% (sete inteiros e cinco décimos por cento) ao Programa Biotecnologia e Recursos Genéticos – Genoma; IV 7,5% (sete inteiros e cinco décimos por cento) ao Programa de Ciência e Tecnologia para o Setor Aeronáutico; V 10% (dez por cento) ao Programa de Inovação para Competitividade. O Decreto presidencial regulamentar, por sua vez, estabeleceu o escopo do Programa de incentivo setorial, demonstrando, mais uma vez qual é a razão finalística da contribuição. Vejamos: I projetos de pesquisa científica e tecnológica; II desenvolvimento tecnológico experimental; III desenvolvimento de tecnologia industrial básica; IV implantação de infraestrutura para atividades de pesquisa e inovação; V capacitação de recursos humanos para a pesquisa e inovação; VI difusão do conhecimento científico e tecnológico; VII educação para a inovação; VIII capacitação em gestão tecnológica e em propriedade intelectual; IX ações de estímulo a novas iniciativas; X ações de estímulo ao desenvolvimento de empresas de base tecnológica; XI promoção da inovação tecnológica nas micro e pequenas empresas; XII apoio ao surgimento e consolidação de incubadoras e parques tecnológicos; XIII apoio à organização e consolidação de aglomerados produtivos locais; e XIV processos de inovação, agregação de valor e aumento da competitividade do setor empresarial. Diante desse cenário, para que a CIDERoyalties possa subsistir no ordenamento jurídico pátrio, ela deve guardar pertinência entre os fins a que se destina, materializada no artigo acima subscrito, e o fato gerador da obrigação tributária afete tão somente os contribuintes componentes do setor econômico sob intervenção. De novo, emprestome das palavras de PAULSEN e VELLOSO: Fl. 1398DF CARF MF 14 Os sujeitos passivos têm de ser escolhidos dentre os agentes que atuam no segmento econômico objeto da intervenção. Se o legislador decide, v.g., incentivar a indústria cinematográfica, somente poderá tributar os produtores, comerciantes ou consumidores de produtos ou serviços cinematográficos, jamais de outros setores, como o energético, o marítimo, o aeroportuário.11 Resumindo, a CIDERoyalties não poderia incidir sobre fatos geradores e contribuintes que sejam alheios ao objeto da intervenção estatal, qual seja, todo o setor de tecnologia, pesquisa e atividades naturalmente técnicas por assim dizer. Com isso em mente, a interpretação da amplitude do conceito de royalties para fins de aplicação da contribuição social, deve obedecer a esse limite, do contrário, a norma restaria inconstitucional. Assim, atribuindo como critério de interpretação da norma a manutenção da validade constitucional da CIDERoyalties, o único meio possível de se interpretar o alcance da sua incidência é restringir os eventos imponíveis àqueles que tenham, em algum grau, relação com a atividade econômica sob intervenção. Não cabe a nós, porém, deixar de aplicar a lei naquilo que ela possui claro e cristalino em sua literalidade – o que é especialmente o caso dos fatos geradores da CIDE Royalties – reduzindo elementos nucleares da hipótese de incidência. LARENZ, mais uma vez, pondera: “O transcender da franja marginal, concebida de modo tão amplo quanto possível, já não seria interpretação, tal como não seria a exclusão daqueles fenômenos que indubitavelmente se situam no âmbito nuclear. No primeiro caso só se poderia tratar de analogia, no segundo, de uma redução teleológica da lei.”12 No caso em lide, diante do não é possível afastar a aplicação do texto legal em maior grau que sua literalidade permite, de maneira que os fatos geradores previstos na Lei Federal 10.168/2000 são, na sua maior parte, precisos e específicos o suficiente para que a lei seja aplicada sem maiores desafios e sem qualquer ruptura. Contudo, há uma expressão que causa estranheza se tomada sem cuidadosa consideração: “royalties de qualquer natureza”. (iii) O único conceito de royalties possível para aplicação da CIDE O conceito de royalties, eis que aberto na redação da lei, – no âmbito de aplicação do tributo em comento – deve ser entendido como aquele que efetivamente, e independentemente de designação, decorra de contratação de tecnologia – para mim, não há relevância se ou não “transferência de tecnologia”, bastando que o uso instrumental dela no escopo do contrato – ou de contratação de conhecimento técnico especializado de qualquer 11 Idem (Locations 89718973). 12 Idem. Página 501. Fl. 1399DF CARF MF Processo nº 10920.005210/200911 Acórdão n.º 3401003.802 S3C4T1 Fl. 1.376 15 natureza que tenha correlação às atividades incentivadas pela sua arrecadação, de modo que o tipo de conteúdo que enseja tal pagamento em nada se relaciona com a atividade setorial incentivada. Tratase, enfim, de uma conclusão decorrente da redução interpretativa do alcance possível da norma tributante pela interpretação conforme13. Não à toa, o Decreto regulamentar não incluiu a remuneração por mera cessão de direitos autorais – diferentes, portanto, dos “royalties” sobre cessão de marca e patente – das hipóteses elencadas no seu artigo 10. O Decreto, nesse aspecto, veio a sedimentar a interpretação mais adequada considerando a natureza da contribuição. (iv) Aplicação de "interpretação conforme" ao presente caso Passadas minhas considerações teóricas sobre o uso da interpretação conforme a Constituição e a necessidade de se interpretar a legislação da CIDERoyalties dentro da amplitude possível de ser aceita em nossa ordem jurídica, passemos ao caso concreto. Conforme resumido no Relatório, tratase de discussão sobre a incidência da contribuição sobre as remessas decorrentes de contratos de cessão de direitos autorais, particularmente quanto ao uso econômico de desenhos, imagens, personagens e símbolos. Tratamse, pois, de bens intangíveis de propriedade das beneficiárias no exterior. Nesse ponto, independentemente da denominação royalties, sendo apropriado ou não tal insígnia, não há de se falar em incidência da contribuição nesse caso específico, haja vista que não resiste qualquer referibilidade entre a CIDERoyalties a tais rubricas e os respectivos pagamentos ao exterior. Tampouco é possível inferir – como pode fazer crer o acórdão incorrido – que há, no presente caso, cessão de uso de marcas, porque estas devem ser entendidas como sinal, representado de forma gramatical ou gráfica destinado a identificar ou individualizar produtos, mercadorias e serviços, com o fim precípuo mercadológico, para ressaltar a qualidade do objeto de comércio e atrair o consumidor. Nesse sentido, nos termos da Lei Federal 9.279/1996, temos os artigos 122 e 123, abaixo transcritos: 13 Sobre isso, mais uma vez a lição de Fernando Osório: “A redução do alcance não enfrenta de forma tão severa os riscos que a ampliação ou a retipificação das normas à Constituição trazem ao principio da separação funcional do Poder, na medida em que se tem o julgador legislando positivamente ou se desviando do objetivo perseguido. Tem a ver, a nosso sentir, mais com a técnica legislativa utilizada na lei. Da forma como foi redigido, muitas vezes o texto legal não discrimina certos tipos de pessoas ou situações, colocandoas todas dentro do alcance semântico de certa ‘expressãogênero’. Se cada um desses tipos estivesse explicitado separadamente, tal como ‘expressõesespécie’, poderseia, com maior tranquilidade, invalidar aqueles inconstitucionais. Todavia, se opta o legislador por usar uma única expressão, genérica o suficiente para conter todas aquelas pessoas ou situações, estaremos diante de um caso em que a invalidação da norma tornaria carecedores de regulação aquelas outras pessoas ou situações sobre as quais permite ou determina a Constituição fossem alcançadas. Seria como, sem eliminação do seu texto, pela necessidade de subsistência da expressão‘espécie’ constitucional nele contida, se impusesse a exclusão do sentido da expressão‘espécie’ inconstitucional no bojo da expressão genérica usada pela lei. Aqui, a interpretação conforme a Constituição trabalha como uma espécie de ‘aparador de arestas’ das leis que resvalam nos preceitos constitucionais.” Fl. 1400DF CARF MF 16 Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considerase: I marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa; II marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e III marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade. Da mesma forma, o artigo 124 dispõe o que não é marca: Art. 124. Não são registráveis como marca: (...) XVII obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular; Reconhecese então que as “obras literária, artística ou científica” são protegidas pelo Direito Autoral, mas não são “marca”, e, por isso, impossíveis de serem registradas. É importante lembrar que o uso interpretativo da Lei de Propriedade Industrial se faz necessária nesse caso, porque ausente qualquer previsão na lei impositiva da contribuição de conceitos jurídicos próprios para definição do fato gerador, em franca obediência ao artigo 110, do Código Tributário Nacional. Nesse sentido, ainda que afastada a tese da referibilidade, os contratos em questão não tratam de marcas, de forma que não se aderem aos fatos geradores previstos no Decreto Federal 4.195/2002. Diante de todo o exposto, não sendo as remessas oriundas de cessão de “marca” nem tampouco sendo royalties passíveis de incidência da contribuição, entendo que o lançamento deve ser cancelado em sua integralidade. II. Conclusão Por todo o exposto, foi conhecido o recurso Voluntário e, por maioria de votos, deuse provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Rosaldo Trevisan, que conheciam do recurso e negavam provimento.Os Conselheiros Robson José Bayerl e Renato Vieira de Ávila acompanharam pelas conclusões, sendo que o Conselheiro Robson o fez em razão entender que o Decreto no 4.195/2002, com relação exaustiva, limita a hipótese de incidência da contribuição, não incidindo sobre os contratos de direito autoral. Fl. 1401DF CARF MF Processo nº 10920.005210/200911 Acórdão n.º 3401003.802 S3C4T1 Fl. 1.377 17 Relator Tiago Guerra Machado Relator Fl. 1402DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.979292/2009-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
PEDIDO DE PERÍCIA.
No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. O pedido de realização de perícia é uma faculdade da autoridade julgadora, que deve assim proceder apenas se entender imprescindível à solução da lide.
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, não autoriza a homologação da compensação.
Numero da decisão: 1201-001.718
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 PEDIDO DE PERÍCIA. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. O pedido de realização de perícia é uma faculdade da autoridade julgadora, que deve assim proceder apenas se entender imprescindível à solução da lide. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, não autoriza a homologação da compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 97 92 92 /2 00 9- 47 Fl. 31DF CARF MF Processo nº 10880.979292/200947 Acórdão n.º 1201001.718 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de pedido de compensação de crédito tributário com determinado débito de responsabilidade do próprio contribuinte. A DCOMP, após análise eletrônica, gerou a emissão de Despacho Decisório que não homologou o pleito do contribuinte, sob a alegação de inexistência de crédito. Segundo o despacho, o pagamento indicado pelo contribuinte não possuiria saldo disponível para compensação, uma vez que já foi integralmente utilizado para quitação de outro débito tributário apurado pelo contribuinte. Inconformada com a exigência, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, alegando que o crédito é sim legítimo, pois decorrente de pagamento de tributo indevido. Tramitado o feito, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, sob o entendimento de que a contribuinte não teria comprovado o seu direito creditório. Intimada da decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs recurso voluntário. Reitera os argumentos contidos na manifestação de inconformidade e pede perícia para verificar o crédito. É o relatório. Voto Roberto Caparroz de Almeida, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201001.692, de 17.05.2017, proferido no julgamento do Processo nº 10880.691176/200907, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201001.692): De acordo com o despacho decisório, o crédito pleiteado pela Recorrente não existiria, uma vez que teria sido utilizado para quitar outros débitos de sua responsabilidade. Também por esse mesmo motivo, e adotada a premissa de que a Recorrente não comprovou o direito líquido e certo do direito creditório, a decisão de primeiro grau não homologou a compensação. Fl. 32DF CARF MF Processo nº 10880.979292/200947 Acórdão n.º 1201001.718 S1C2T1 Fl. 4 3 Por ocasião do recurso voluntário, a Recorrente não apresenta nenhum esclarecimento ou prova complementar ou adicional, requerendo que seja feita perícia a fim de comprovar a origem do crédito alegado. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, a produção de prova pericial deve ser determinada pela autoridade julgadora quando imprescindível à solução da lide. Tratase de medida que busca esclarecer eventuais dúvidas dos julgadores, que possuem a faculdade, e não a obrigatoriedade, de se valerem ou não de tal expediente. Nessa situação particular, a solução da presente demanda não requer uma perícia em sentido técnico, limitando se a análise ou não do direito creditório na forma pela qual o processo está instruído. Isso porque as autoridades julgadoras devem apreciar as provas conforme produzidas no processo. E no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, como se sabe, a produção de provas documentais deve ser feita na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972, in verbis: “Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior”. Nesse sentido, entendo que o pedido de perícia requerido pela interessada não merece ser acolhido. A interessada, na verdade, ao requerer uma perícia, busca, de forma indevida, livrarse de seu ônus de prova o direito creditório alegado. Com efeito, a comprovação da liquidez e certeza do crédito constitui ônus da contribuinte, conforme prescreve o artigo 170 do CTN, in verbis: “Artigo 170 A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.” Grifei. Resta patente, portanto, que a Recorrente já deveria ter trazido aos autos os documentos comprobatórios do pretenso crédito Fl. 33DF CARF MF Processo nº 10880.979292/200947 Acórdão n.º 1201001.718 S1C2T1 Fl. 5 4 tributário, não podendo valerse de um pedido de perícia para afastar este ônus. Ademais, convém assinalar que alegações genéricas sobre a origem do direito creditório, desacompanhadas de documentos hábeis, são incapazes de fazer prova acerca da liquidez e certeza do crédito. Nesse caso concreto, a Recorrente não apresentou sua escrituração contábil, apurações fiscais, cópia de pedido de restituição, relatório de auditoria independente ou qualquer outra documentação pertinente a fazer prova do crédito que pleiteia. Pelo contrário, as alegações e documentos trazidos aos autos não são capazes de provar o direito creditório que o contribuinte busca ser reconhecido. O que se tem no caso, pois, é uma compensação cujo crédito não restou efetivamente comprovado, prejudicando o direito correlato de compensação. Vale assinalar que a jurisprudência do CARF admite a possibilidade de compensação de indébito, mas desde que haja comprovação cabal quanto à liquidez e certeza do crédito pleiteado. É o que se verifica dos julgados abaixo: “RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PROVA. ÔNUS. O ônus da prova do crédito tributário pleiteado no Per/Dcomp Pedido de Restituição é da contribuinte (artigo 333, I, do CPC). Não sendo produzida nos autos, indeferese o pedido e não homologase a compensação pretendida entre crédito e débito tributários.” (Ac. 1102000.890. Sessão de 14/08/2013). “DESPACHO DECISÓRIO E DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. São válidos o despacho decisório e a decisão que apresentam todas as informações necessárias para o entendimento do contribuinte quanto aos motivos da nãohomologação da compensação declarada. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. PROVA DO INDÉBITO. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. A DCTF (retificadora ou original) não faz prova de liquidez e certeza do crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas apresentadas pelo contribuinte”. (Ac. 3302 002.383. Sessão de 02/11/2013). “PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples retificação, desacompanhada de qualquer prova, não autoriza a homologação da compensação” (Ac. 3802002.076. Sessão de 14/08/2013). Nesse sentido, e em face do que foi exposto, CONHEÇO do Recurso para NEGARLHE provimento. Fl. 34DF CARF MF Processo nº 10880.979292/200947 Acórdão n.º 1201001.718 S1C2T1 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Fl. 35DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.003607/2007-46
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 14/02/2007
AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA OU ERRO NA MOTIVAÇÃO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL.
Sendo a descrição dos fatos e a fundamentação legal da autuação elementos substanciais e próprios da obrigação tributária, os equívocos na sua determinação no decorrer da realização do ato administrativo de lançamento ensejam a sua nulidade por vício material, uma vez que o mesmo não poderá ser convalidado ou sanado sem ocorrer um novo ato de lançamento. Por isso, a falta de motivação ou motivação errônea do lançamento alcança a própria substância do crédito tributário, de natureza material, não havendo de se cogitar em vício de ordem formal.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.460
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 14/02/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA OU ERRO NA MOTIVAÇÃO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. Sendo a descrição dos fatos e a fundamentação legal da autuação elementos substanciais e próprios da obrigação tributária, os equívocos na sua determinação no decorrer da realização do ato administrativo de lançamento ensejam a sua nulidade por vício material, uma vez que o mesmo não poderá ser convalidado ou sanado sem ocorrer um novo ato de lançamento. Por isso, a falta de motivação ou motivação errônea do lançamento alcança a própria substância do crédito tributário, de natureza material, não havendo de se cogitar em vício de ordem formal. Recurso Especial do Procurador Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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AUSÊNCIA OU ERRO NA MOTIVAÇÃO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. Sendo a descrição dos fatos e a fundamentação legal da autuação elementos substanciais e próprios da obrigação tributária, os equívocos na sua determinação no decorrer da realização do ato administrativo de lançamento ensejam a sua nulidade por vício material, uma vez que o mesmo não poderá ser convalidado ou sanado sem ocorrer um novo ato de lançamento. Por isso, a falta de motivação ou motivação errônea do lançamento alcança a própria substância do crédito tributário, de natureza material, não havendo de se cogitar em vício de ordem formal. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 36 07 /2 00 7- 46 Fl. 435DF CARF MF Processo nº 10314.003607/200746 Acórdão n.º 9303005.460 CSRFT3 Fl. 436 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, de acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010, interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão nº 380200.899, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 14/02/2007 NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). SISTEMA A LASER PARA INSPEÇÃO DE GEOMETRIA DE PNEUS, DENOMINADO “TGIS”. ENQUADRAMENTO TARIFÁRIO. O Sistema a Laser para Inspeção de Geometria de Pneus, denominado “TGIS”, utilizado para leitura da geometria de pneus, ainda que integrado a máquina balanceadora dinâmica de pneus desmontados, classificase no código NCM 9013.20.00. EXTARIFÁRIO. DESCRIÇÃO CORRESPONDENTE À MERCADORIA IMPORTADA. UTILIZAÇÃO DA ALÍQUOTA REDUZIDA. CABIMENTO. A máquina importada e identificada em Laudo de Assistência de Técnica como sendo uma “balanceadora dinâmica para pneus desmontados para controle da uniformidade de pneumáticos, contendo estação de lubrificação, estação de controle, estação de marcação, painéis de acionamento e controle, esteiras de entrada e saída, estrutura metálica e interligação eletro mecânica”, corresponde à descrição do ExTarifário 004 do código NCM 9031.10.00, fazendo jus, portanto, ao benefício da redução da alíquota previsto no referido Ex Tarifário. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 14/02/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. ERRO NA MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL. Demonstrado o erro na motivação do lançamento, não sendo caso de improcedência, deverá o mesmo ser declarado nulo, por vício material. Recuso a que se dá provimento. O presente processo referese a lançamentos de ofício, veiculados através de Autos de Infração, formalizando a exigência da multa de Imposto de Importação acrescido de juros de mora e multa proporcional e Imposto de Produtos Industrializados, em virtude dos fatos a seguir descritos, extraídos do relatório do acórdão de primeira instância: Fl. 436DF CARF MF Processo nº 10314.003607/200746 Acórdão n.º 9303005.460 CSRFT3 Fl. 437 3 · "A empresa acima qualificada submeteu a despacho aduaneiro, através da Declaração de Importação No. 07/02029763, de 14/02/2007, 01 SISTEMA A LASER PARA INSPEÇÃO DE GEOMETRIA DE PNEU, TGIS, sendo correta, segundo a fiscalização, a classificação fiscal no código NCM 9013.80.90; · Com base nas conclusões do Laudo de Assistência Técnica, a fiscalização desconsiderou a classificação fiscal no código NCM 9031.10.00, enquadrada no Ex Tarifário 004, pois o equipamento declarado na adição 002, sistema a laser para a inspeção da geometria de pneus – TGIS, encontrase acoplado à máquina AkroDINE; · A alíquota do Imposto de Importação vigente no momento do fato gerador (data de registro da Declaração de Importação – 14/02/2007) era de 18%. Ocorre que o importador efetuou o recolhimento com base na alíquota de 14%; · Quanto ao Imposto de Produtos Industrializados a alíquota incidente era de 15%, sendo efetuado recolhimento com base nas alíquotas 14% e 5% respectivamente, por ter feito uso de outro código NCM; · Tendo sido efetuado o Laudo de Assistência Técnica, o perito discordou do enquadramento do Ex Tarifário, sob a justificativa de que o equipamento da adição 002 se encontra acoplado ao produto; · Também foi considerada incorreta a classificação fiscal atribuída a mercadoria da adição 002; [...]” A turma julgadora a quo deu provimento ao Recurso Voluntário no seguinte sentido: (i) em relação à adição 001 da Declaração de Importação, por unanimidade de votos; (ii) em relação à adição 002 da Declaração de Importação, por maioria de votos, para declarar a nulidade do lançamento, por vício material. Vencido, neste ponto, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento (relator), que dava provimento parcial para excluir a diferença lançada referente ao imposto de importação. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 373 a 387), suscitando divergência em relação à nulidade da autuação, bem como em relação à configuração de vício material. O Recurso Especial foi integralmente admitido pela comprovação da divergência suscitada, conforme despacho de admissibilidade às fls. 390 a 394. O sujeito passivo apresentou suas contrarrazões às fls. 401 a 414. É o relatório. Fl. 437DF CARF MF Processo nº 10314.003607/200746 Acórdão n.º 9303005.460 CSRFT3 Fl. 438 4 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O Recurso Especial de divergência foi interposto pela Fazenda Nacional em 22/06/2012, conforme documentos anexados às fls. 373 a 387, de forma tempestiva, de acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010. A recorrente alega divergência jurisprudencial em relação à nulidade da autuação, bem como em relação à configuração de vício material. Cotejando as decisões, constatase a divergência jurisprudencial apontada, acerca da aplicação do instituto da nulidade e da natureza do vício. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado e atendido os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Portanto, a matéria devolvida ao Colegiado cingese à nulidade do lançamento e à natureza do vício que ensejou a anulação do lançamento. Tratase de questão estritamente processual, qual seja, na nulidade por cerceamento de defesa aduzida em razão de má ou incompleta descrição da infração ou dos fundamentos da autuação. No caso em análise, a Fiscalização reclassificou o produto no código NCM 9013.80.90, enquanto que o sujeito passivo tinha classificado no código NCM 9031.49.90. Entretanto, a turma julgadora a quo definiu uma terceira classificação para o equipamento: código NCM 9013.20.00, classificação esta que não foi objeto do Recurso Especial. Em consequência, o julgador a quo reconheceu a nulidade do lançamento, por vício material, visto que o mesmo teria sido maculado pela equivocada motivação em que se fundou o lançamento, mácula esta de natureza substancial, impossível de ser sanada. A recorrente alega a inocorrência da nulidade imputada, visto que a autoridade autuante teria indicado o motivo da autuação: a classificação errônea pela autuada do Sistema a Laser para Inspeção de Geometria de Pneus (TGIS) no código NCM 9031.49.90 e a indicação de todas as regras aplicáveis à classificação de mercadorias, de modo a permitir a adequada defesa da contribuinte. Complementa alegando que se for mantida a nulidade do auto de infração, ela seria de natureza formal, não material. Não assiste razão à recorrente. Não restam dúvidas acerca da nulidade do lançamento, que apontou uma classificação fiscal para a mercadoria incorreta, acarretando prejuízos na defesa do sujeito passivo. Toda a fundamentação do auto de infração quanto à infração imputada ao sujeito passivo foi em relação à reclassificação (errônea) efetuada pela Autoridade Fiscal. O vício do lançamento está em seu conteúdo, em sua motivação, retratando na equivocada qualificação jurídica evidenciada na classificação fiscal adotada pela Autoridade Fiscal, não em sua formatação. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 10314.003607/200746 Acórdão n.º 9303005.460 CSRFT3 Fl. 439 5 Esta turma julgadora enfrentou a matéria em 26 de abril de 2016, no Acórdão nº 9303003.811, da lavra da Conselheira Vanessa Marini Cecconello, cuja ementa abaixo transcrevo: AUTO DE INFRAÇÃO. RECLASSIFICAÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. Sendo a descrição dos fatos e a fundamentação legal da autuação elementos substanciais e próprios da obrigação tributária, os equívocos na sua determinação no decorrer da realização do ato administrativo de lançamento ensejam a sua nulidade por vício material, uma vez que o mesmo não poderá ser convalidado ou sanado sem ocorrer um novo ato de lançamento. Por isso, a falta de motivação e indicação das normas de interpretação adotadas na reclassificação fiscal de mercadoria importada alcança a própria substância do crédito tributário, não havendo de se cogitar em vício de ordem formal. A ausência de motivação no Auto de Infração acarreta a sua nulidade, por vício material. Transcrevo trecho do voto vencido (vencedor nesse ponto) do Acórdão 9303 003.811, que externa os fundamentos da referida decisão, adotada em nossas razões de decidir: “A relevância de se distinguir se o vício que maculou o lançamento é de ordem formal ou material está no fato de o Código Tributário Nacional CTN prolongar o prazo de decadência para que seja constituído o crédito tributário quando se reconhece a existência do vício formal, conforme inteligência do seu art. 173, inciso II. O vício formal pode ser entendido como aquele que atinge o procedimento e, não raro, pode ser sanado sem a necessidade de anulação do ato de lançamento original, podendo ser corrigido pela própria autoridade julgadora. O vício material, por sua vez, por macular a substância do lançamento, norma individual e concreta, prejudica a validade da obrigação tributária, sendo imprescindível nesses casos a realização de um novo ato administrativo de lançamento. Os requisitos do auto de infração, dentre eles a descrição dos fatos e a fundamentação legal, estão estabelecidos no art. 10 do Decreto nº 70.235/72 e no art. 142 do Código Tributário Nacional: [...] Sendo a descrição dos fatos, a correta determinação da matéria tributável e da fundamentação legal elementos substanciais e próprios da obrigação tributária, os equívocos na sua determinação no decorrer da realização do ato administrativo de lançamento ensejam a sua nulidade por vício material, uma vez que o mesmo não poderá ser convalidado ou sanado sem ocorrer um novo ato de lançamento. Por isso, o equívoco em análise Fl. 439DF CARF MF Processo nº 10314.003607/200746 Acórdão n.º 9303005.460 CSRFT3 Fl. 440 6 alcança a própria substância do crédito tributário, não havendo de se cogitar em vício de ordem formal. Embora a distinção entre os vícios de ordem formal e material não seja tarefa simples, o caso em exame mostra claramente estarse diante da ocorrência de vício de ordem material, assertiva corroborada pelos fundamentos bem lançados no acórdão recorrido ao negar provimento ao recurso de ofício, proferido pela Ilustre Conselheira Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, e que passam a integrar as razões de decidir deste julgado:[...]” A i. relatora cita, ainda, outro recente precedente da CSRF (Acórdão nº 9101 002.146) no mesmo sentido, cuja ementa abaixo transcrevo: NULIDADE DE LANÇAMENTO. VÍCIO MATERIAL. VÍCIO FORMAL. ASPECTOS QUE ULTRAPASSAM O ÂMBITO DO VÍCIO FORMAL. Vício formal é aquele verificado de plano no próprio instrumento de formalização do crédito, e que não está relacionado à realidade representada (declarada) por meio do ato administrativo de lançamento. Espécie de vício que não diz respeito aos elementos constitutivos da obrigação tributária, ou seja, ao fato gerador, à base de cálculo, ao sujeito passivo, etc. A indicação defeituosa ou insuficiente da infração cometida, da data em que ela ocorreu, do montante correspondente à infração (base imponível); e dos documentos caracterizadores da infração cometida (materialidade), não configura vício formal. Transcrevo ementas de outros julgados no mesmo sentido: AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO E DESCRIÇÃO DOS FATOS GERADORES. IMPROCEDÊNCIA. VÍCIO MATERIAL, NÃO FORMAL. A falta de indicação suficiente dos fatos que motivaram o lançamento e da origem do crédito tributário fulmina o lançamento por vício material. (grifei) (Acórdão 9202003.285, sessão de 30 de julho de 2014, 2ª Turma CSRF, Rel. Gustavo Lian Haddad) NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. O vício material ocorre quando o auto de infração não preenche aos requisitos constantes do art. 142 do Código Tributário Nacional, havendo equívoco na construção do lançamento quanto à verificação das condições legais para a exigência do tributo ou contribuição do crédito tributário, enquanto que o vício formal ocorre quando o lançamento contiver omissão ou inobservância de formalidades essenciais, de normas que regem o procedimento da lavratura da auto, ou seja, da maneira de sua realização. (grifei) Fl. 440DF CARF MF Processo nº 10314.003607/200746 Acórdão n.º 9303005.460 CSRFT3 Fl. 441 7 (Acórdão 2403002.707, de 10/09/2014, Relator: Marcelo Magalhães Peixoto) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. PROVIMENTO. VÍCIO. MATERIAL. DESCRIÇÃO DO FATO GERADOR. A descrição do fato gerador constituise no núcleo do lançamento tributário, sua essência. Quando a descrição do fato gerador não permite a conclusão sobre sua ocorrência o lançamento é improcedente, como no caso do lançamento original em questão. (grifei) (Acórdão 2301004.055, de 15/05/2014, Relator: Marcelo Oliveira) DISCRIMINAÇÃO DOS FATOS GERADORES. INSUFICIÊNCIA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. O lançamento deve evidenciar a ocorrência dos fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, sob pena de nulidade por vício material. (grifei) (Acórdão 2302002.258, de 22/11/2012, Relatora: Liége Lacroix Thomasi) Portanto, sendo a descrição dos fatos, a correta determinação da matéria tributável e da fundamentação legal elementos substanciais e próprios da obrigação tributária, os equívocos na sua determinação no decorrer da realização do ato administrativo de lançamento ensejam a sua nulidade por vício material, uma vez que o mesmo não poderá ser convalidado ou sanado sem ocorrer um novo ato de lançamento. Por isso, o equívoco em análise alcança a própria substância do crédito tributário, não havendo de se cogitar em vício de ordem formal. Diante do exposto, considero que a nulidade do lançamento efetuado possui natureza material, razão pela qual NEGO PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL. (assinatura digital) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 441DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.003155/2010-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 19/01/2005 a 24/07/2006
DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA.
Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do Decreto-Lei no 37/1966.
ADIANTAMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27
A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO.
Considera-se fraudulenta a ocultação intencional do real adquirente nas operações presumidas por conta e ordem, consistindo em dano ao Erário, de acordo com o artigo 23 do Decreto-lei nº 1.455/1976. A pena de perdimento será convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 3302-004.291
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em reconhecer a prejudicial de decadência apenas para os fatos geradores ocorridos em data anterior a 28/12/2005 e, no mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, parcialmente vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Domingos de Sá e Walker Araújo e a Conselheiras Lenisa Prado, que davam parcial provimento ao recurso para excluir da autuação as Declarações de Importação 06/0262905-0 e 06/0318407-8. Designada para redigir o voto vencedor, a Conselheira Maria do Socorro.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
(assinado digitalmente)
Maria do Socorro Ferreira Aguiar
Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 19/01/2005 a 24/07/2006 DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do Decreto-Lei no 37/1966. ADIANTAMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27 A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. Considera-se fraudulenta a ocultação intencional do real adquirente nas operações presumidas por conta e ordem, consistindo em dano ao Erário, de acordo com o artigo 23 do Decreto-lei nº 1.455/1976. A pena de perdimento será convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em reconhecer a prejudicial de decadência apenas para os fatos geradores ocorridos em data anterior a 28/12/2005 e, no mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, parcialmente vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Domingos de Sá e Walker Araújo e a Conselheiras Lenisa Prado, que davam parcial provimento ao recurso para excluir da autuação as Declarações de Importação 06/0262905-0 e 06/0318407-8. Designada para redigir o voto vencedor, a Conselheira Maria do Socorro. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 40; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1765; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2.163 1 2.162 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12466.003155/201090 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.291 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2017 Matéria Multa Aduaneira por Interposição Fraudulenta Recorrente GEMAX TRADING COMPANY S/A E 6F DECORAÇÕES EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO E COMÉRCIO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 19/01/2005 a 24/07/2006 DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do DecretoLei no 37/1966. ADIANTAMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27 A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. Considerase fraudulenta a ocultação intencional do real adquirente nas operações presumidas por conta e ordem, consistindo em dano ao Erário, de acordo com o artigo 23 do Decretolei nº 1.455/1976. A pena de perdimento será convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 31 55 /2 01 0- 90 Fl. 2163DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.164 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em reconhecer a prejudicial de decadência apenas para os fatos geradores ocorridos em data anterior a 28/12/2005 e, no mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, parcialmente vencidos os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Domingos de Sá e Walker Araújo e a Conselheiras Lenisa Prado, que davam parcial provimento ao recurso para excluir da autuação as Declarações de Importação 06/02629050 e 06/03184078. Designada para redigir o voto vencedor, a Conselheira Maria do Socorro. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para aplicação da multa substitutiva de pena de perdimento, pela prática de ocultação do real adquirente mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta na importação, definida como dano ao erário, lavrado em face de GEMAX TRADING COMPANY S/A como importador e contribuinte e de 6F DECORAÇÕES EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO E COMÉRCIO LTDA, como real adquirente e responsável solidária. A GEMAX registrou declarações de importação DI na modalidade direta (por sua própria conta e ordem) no período de 19/01/2005 a 24/07/2006. Inicialmente, foi aberto procedimento especial de controle aduaneiro e de revisão de habilitação no comércio exterior, tendo a GEMAX não apresentado documentos que demonstrassem a origem e aplicação dos recursos financeiros, razão pela qual foi instaurado o procedimento previsto na IN SRF 228/2002, de acordo com o §3º do artigo 21 da IN SRF nº 650/2006. Em procedimento especial de verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas, previsto na IN SRF 228/2002, apurouse a prática de ocultação do real adquirente 6F DECORAÇÕES, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, em razão do seguinte: 1. A GEMAX não possuía capacidade financeira e econômica para fazer frente ao volume de importações por ela transacionados devido a: Fl. 2164DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.165 3 a. movimentação em torno de R$ 30.000.000,00 de 2005 a 2007, para capital social da ordem de R$ 50.000,00 (aumentados para R$ 400.000,00 no quarto trimestre de 2006, decorrentes de lucros acumulados); b. aumento de capital social por reavaliação de bens, adquiridos por R$ 45 mil e reavaliados para R$ 2.774.000, em datas próximas, não havendo qualquer aumento de disponibilidade financeira; b. lucro líquido auferido no período foi em torno de R$ 980.000,00, muito inferior ao volume transacionado; c. Inexistência de quaisquer empréstimos e financiamentos tomadas de terceiros, conforme confirmados pela recorrente; 2. As operações somente puderam ser viabilizadas mediante adiantamentos de caixa recebidos pelos reais adquirentes para liquidação de contratos de câmbio e pagamentos dos tributos pagos no registro da DI, configurando a aplicação do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002; 3. Por várias vezes, a emissão das notas fiscais de venda eram realizadas no mesmo dia da emissão das notas fiscais de entrada, revelando giro imediato do estoque, indicando a encomenda da mercadoria; 4. A GEMAX é uma empresa de pequeno porte que atua, basicamente, como prestadora de serviços de comércio exterior, incluindo logística e financeiros, conforme informação colhida no próprio site da empresa, que jamais importa com ânimo próprio, mas por conta e ordem ou por encomenda; 5. As vantagens financeiras oferecidas pela GEMAX em seu site se coadunam com os objetivos pretendidos com a prática da ocultação do real adquirente: ausência de agregação de margem de lucro, implicando redução de carga tributária, redução de 33,3% no ICMS, com menor alavancagem dos tributos subsequentes (PIS, Cofins, ICMS), menor alavancagem do IPI, com recolhimento feito pela GEMAX sobre o custo da mercadoria e não sobre o preço de venda ao consumidor final. 6. Todas as vendas eram realizadas pelo custo das mercadorias pagas ao exportador, acrescido dos tributos pagos na importação e nacionalização e incidentes na venda ao mercado interno; 7. Todo o lucro obtido pela GEMAX decorre do FUNDAP que consiste em diferimento no pagamento do ICMS incidente na importação, financiamento de longo prazo de cerca de 70% do ICMS recolhido, com juros fixos a 1% a.a., com carência de 5 anos e mais 20 anos para amortização e realização de leilões de recompra de dívida, com existência de liquidação de contratos, por 10 a 15% do saldo devedor, em média; 8. A ocultação da 6F DECORAÇÕES propiciaria: sua não equiparação a industrial; diminuir receitas de vendas sujeitas a PIS/Pasep, Cofins, IRPJ, CSLL e ICMS; usufruir indiretamente dos benefícios do FUNDAP (incentivo fiscal no âmbito do ICMS no Espírito Santo); não se submeter aos procedimentos de habilitação no comércio exterior (IN SRF 650/2006), o que foi efetuado a partir de 18/08/2006, posteriormente às importações autuadas. Fl. 2165DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.166 4 Ao final foi elaborada representação fiscal para fins penais. Em impugnação, a GEMAX pediu: "a) DEVOLVA o prazo para a impugnação do presente auto de infração, a ser contado a partir do dia em que a requerente receber de volta todos os seus livros e documentos fiscais, ora em poder da Administração, consoante demonstrado nos itens 16/33 e doc04; b) Sucessivamente ao pedido (a) acima, RECONHEÇA A DECADÊNCIA das Dl's objeto do auto de infração, vez que este foi lavradojnais de 5 (cinco) anos após a ocorrência do fato gerador, no termos do Acórdão n° 1739091, de 13/01/2010, desta e. DRJ (transcrito no item 81, acima); d ) Sucessivamente ao pedido (b) acima, ANULE o lançamento do crédito objeto do auto de infração, por impedimento do AFRF, nos termos da Portaria RFB n° 11.371/2007, artigos 2° c/c 12 c/c 14 e 15, parágrafo único (transcritos nos itens 34/36, acima), nos termos do Acórdão n° 302 37.093, do 3o Conselho de Contribuintes (transcrito no item 47, acima) c2) Alternativamente ao pedido ( d ) acima, ANULE o lançamento do crédito objeto do auto de infração, em decorrência da impossibilidade de se estender conclusões de outros processos administrativos à todas as importações do contribuinte; c3) Alternativamente ao pedido (c2) acima, ANULE o lançamento do crédito referente às Dl's em relação às quais o auto de infração não descreve nenhuma irregularidade, considerando o disposto no artigo 10, inciso III e no artigo 59, ambos do Decreto n° 70.235/72, bem como o fato de o Fisco não ter afastado a declaração e comprovação do importador de que obteve financiamento para gerir suas atividades no período em que foram realizadas as importações objeto dos autos, nos termos do Acórdão n° 0721519, de 15/10/2010, da e. 2a Turma desta e. DRJ (transcrita no item 59, acima) e JULGUE improcedente o auto de infração relativo à Dl n° 05/03841310. d) Sucessivamente ao pedido (c) supra, julgue IMPROCEDENTE o presente auto de infração, uma vez que: d1) restou comprovado que a Impugnante tinha origem de recursos para suas operações, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14) e que o capital social das S.A. não guarda relação direta com a origem dos recursos utilizados no comércio exterior; d2) Também porque o presente restou comprovado que a Impugnante tinha origem de recursos para suas operações, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14); Fl. 2166DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.167 5 d3) Também porque a Receita não comprovou que houve adiantamentos por parte do destinatário em relação a maior parte das Dl's e, em relação à Dl n° 05/11386707, restou comprovado que a Impugnante tinha origem para a operação, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14); d4) Também porque inexistente o dolo específico de fraudar, nos termos detalhados no item 229, supra e nos termos da solução de consulta n° 05/01/2010 (transcrita no item 231, acima), assim como dos Acórdãos no S 30239.026 e 10248607 do CARF (transcritos no item 278.1, acima) d5) Também porque as operações foram feitas na modalidade por encomenda, consoante comprovado pelos Relatórios de Margem de Lucro, acostados como doe. 14, e as operações são anteriores à IN SRF n° 634/06, aplicandose, em conseqüência, o disposto no artigo 417, 418 e 483 do Código Civil c/c artigo 313 do RIPI; o princípio da irretroatividade da norma penal tributária (Acórdãos DRJ no S 0719.952, de 21/05/2010 e 08 14514, de 28/11/2008), bem como o entendimento das Soluções de Consulta n° 45, de 05/02/1999 (item 244, acima) e 05/07/ 01/2010 (item 268, acima), e da exposição de motivos da MP n° 267, convertida na Lei n° 11.281/06 (transcrita no item 245, acima); e) Sucessivamente ao pedido (d) supra, julgue IMPROCEDENTE o presente auto de infração, uma vez que a pena aplicável seria multa diversa (art. 33 da lei n° 11.488/2007), nos termos da Orientação COANA/COFIA/DIFIA (transcrita no item 292, acima) e consoante Acórdãos DRJ no S 17 25849, de 17/06/2008, e 1726798, de 13/08/2008 (item 295, acima); e, f) Sucessivamente ao pedido (e) supra, que baixe o feito em diligência solicitando esclarecimentos e/documentos à Impugnante para posterior análise desta impugnação, nos termos do artigo 16, § 4o do Decreto n° 70.235/72, considerando se em especial o cerceamento do direito de defesa e a impossibilidade de juntar os livros contábeis como prova documental, por estarem de posse do fiscal autuante (doe. 04). Pugnou, ainda, pela ulterior juntada de documentos, e solicitou que o resultado do julgamento dessa impugnação seja pessoalmente comunicado à Dra. liana Benjó, inscrita na OAB/RJ sob o n° 103.345, com escritório à Av. Rio Branco, n° 245, grupo 1401, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Por seu turno, a 6F DECORAÇÕES impugnou o lançamento alegando o abaixo, conforme trecho do relatório do acórdão recorrido: 1. Alega que a fiscalização não buscou a verdade material no caso concreto. Afirma que os fatos alegados dizem respeito à empresa GEMAX e que não ficou provado o nexo de causalidade entre eles e a empresa 6F DECORAÇÕES. Alega que foi lançada à condição de responsável solidária por mera presunção. Fl. 2167DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.168 6 2. Alega que a fiscalização utiliza o termo “adiantamentos” sem demonstrar que tais depósitos ocorreram a esse título, de forma a induzir situação inexistente. Alega que a 6F DECORAÇÕES não tem qualquer responsabilidade pela forma como a empresa GEMAX escritura suas transferências. Alega que não restou provado a ocorrência de conluio, fraude ou dolo. 3. Alega que o fato de GEMAX ser ou não uma prestadora de serviços não transforma a 6F DECORAÇÕES em “real adquirente” ou partícipe de esquema de fraude ou simulação. 4. Alega que caberia à fiscalização provar que 6F DECORAÇÕES era a real adquirente das mercadorias. Cita normas sobre o ônus da prova. Cita doutrina sobre o ônus da prova. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. 5. Alega que não se admite a exigência de tributos ou penalidades com base em simples presunções. Cita doutrina sobre o tema. Alega violação ao Princípio da Legalidade. Cita doutrina sobre o tema. 6. Alega que a fiscalização não provou a existência de dolo no caso concreto. Cita doutrina e jurisprudência sobre o tema. 7. Alega que a fiscalização não provou a condição de responsável solidária da 6F DECORAÇÕES. 8. Alega que a fiscalização não tinha amparo fático e legal para aplicar a “multa agravada” (SIC) de 100%. Alega que a fiscalização não provou o dano ao erário. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. Alega para fins argumentativos que no máximo seria cabível a multa de 20% do art. 61, §2º da Lei nº 9.430/96. 9. Alega a inconstitucionalidade da multa aplicada por possuir caráter confiscatório. Cita jurisprudência judicial sobre o tema. 10. Requer, por fim, que seja reconhecidas as preliminares de nulidade ou, no mérito, seja julgado improcedente o auto de infração. Peticiona ainda pela possibilidade de efetuar sustentação oral durante a sessão de julgamento. Em 16/01/2012, foi lavrado Termo de Ocorrência, no qual restou consignado a tentativa de devolução integral dos documentos e livros contábeis e fiscais à Sra. Maria Emília de Almeida e Souza, sócia e responsável pela GEMAX, que recebeu pessoalmente o Sr. Renato Felz de Oliveira, motorista da Alfândega do Porto de Vitória/ES, mas se recusou a receber a documentação após contato telefônico com terceiro, ficando, voluntariamente, com uma via do Termo de Devolução. A Vigésima Quarta Turma da DRJ/SP1 em São Paulo proferiu o Acórdão nº 1650.499, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Ano calendário: 2005, 2006 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. Fl. 2168DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.169 7 A interposição fraudulenta na importação caracteriza crime contra a ordem tributária, sujeitando a importadora interposta a representação fiscal para fins penais além da penalidade previstas no art. 23, V, § 1° do Decretolei n°1.455/76. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada em 27/12/2013, a GEMAX interpôs recurso voluntário, tempestivamente, reprisando, em síntese: 1. A nulidade do auto de infração por cerceamento de defesa, por a recorrente ter tido dificuldades de acesso aos autos; 2. A nulidade da autuação por existência de norma na Portaria nº 11.371/2007, que impedia o fiscal de proceder à nova autuação; 3. A aplicação do prazo decadencial previsto no artigo 139 do Decretolei nº 37/1966; 4. A nulidade da autuação por ausência de descrição específica das irregularidades supostamente praticadas; 5. Impossibilidade de se estender a um processo as conclusões obtidas em outros; 6. No mérito, que a interposição fraudulenta presumida admite prova em contrário, que a evolução do capital social não serve para medir o patrimônio financeiro, contábil e econômico, que não foi considerado o benefício do FUNDAP, que não foi considerado o terreno do imóvel avaliado em R$ 2.374.000,00; 7. Que vendia as mercadorias após sua nacionalização, não havendo que se falar em adiantamento de valores, posto que os valores depositados são posteriores à nacionalização; 8. O caráter confiscatório da multa de ofício aplicada; 9. Caso superadas as alegações anteriores, a aplicação da multa por cessão de nome prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 por retroatividade benigna. Na sessão de 23/02/2016, os autos foram baixados em diligência para realização da ciência da decisão de primeira instância ao responsável solidário 6F DECORAÇÕES EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO E COMÉRCIO LTDA, doravante denominada 6F. Cientificada em 23/06/2016, a responsável interpôs recurso voluntário, tempestivo, alegando que: 1. A fiscalização não provou sua condição de real adquirente; 2. Que não se discutiu sua capacidade financeira; 3. Em nenhum momento restou demonstrado que os depósitos efetuados pela 6F possuíam a finalidade de adquirir as mercadorias; Fl. 2169DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.170 8 4. Não se pode exigir penalidades com base em simples presunções; 5. Não restou provada a existência de dolo e que a responsabilidade não se presume, mas resulta da lei; 6. Há falta de amparo legal à aplicação da multa por inexistência de dano efetivo ao erário; 7. Caráter confiscatório da multa aplicada. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Os recursos atendem aos pressupostos de admissibilidade e deles tomo conhecimento. Inicialmente, analisarseá o recurso da GEMAX. Preliminarmente, a recorrente pugnou pela decadência das infrações relativas às DI´s registradas há mais de cinco anos entre o registro da DI e a ciência do Auto de Infração. A decadência para constituição de crédito relativo a multa por infrações aduaneiras é dada pelos artigos 138 e 139 do Decretolei nº 37/1966: Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. O Decreto nº 4.543/2002 – RA/2002 reproduziu a mesma disposição do artigo 139 em seu artigo 669, sem qualquer ressalva: Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração (Decretolei no 37, de 1966, art. 139) A multa aplicada decorre da conversão da pena de perdimento por não ter sido a mercadoria localizada ou ter sido consumida, nos termos do §1º1 do artigo 618 do 1 Art. 618. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decretolei no 37, de 1966, art. 105, e Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23 e § 1o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) Fl. 2170DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.171 9 RA/2002, por ocultação do sujeito passivo a ser considerada ocorrida no registro da Declaração de Importação, documento onde são prestadas as informações pertinentes à identificação do adquirente das mercadorias importadas. Salientase que as disposições do Decretolei n º 37/1966 são específicas em relação à Lei nº 5.172/1966. Observase que o DL nº 37/1966, publicado em 21/11/1966, posterior à Lei nº 5.172/1966, publicada em 27/10/1966, previu no artigo 139 o prazo decadencial de cinco anos a contar da data da infração para o direito de impor penalidade. Por sua vez, o Decretolei nº 2.472/1988 alterou a redação do artigo 138, adequandoo ao comando do artigo 173, inciso I e ao artigo 150, §4º do CTN, evidenciando a diferença entre os prazos decadenciais para constituição de crédito tributário e para imposição de penalidade. A Receita Federal reconheceu este entendimento com a edição da Solução de Consulta nº 32/2013, cuja ementa dispôs: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA CONTROLE ADUANEIRO DAS IMPORTAÇÕES. INFRAÇÃO. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVOTRIBUTÁRIA. PRAZO O prazo para efetuar lançamento de multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações é de 5 (cinco) anos, contado da data da infração. A natureza administrativotributária das multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações permite que a elas se apliquem regras tributárias de constituição e cobrança do respectivo crédito, inclusive o rito estabelecido pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (Processo Administrativo Fiscal), mas não a regra de contagem do prazo decadencial prevista no inciso I do art. 173 do CTN, pois a norma aplicável à espécie, pelo critério da especialidade, é o art. 78 da Lei nº 4.502, de 1964. Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), arts. 4º, 113 e 173; Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, arts. 78 e 83; DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, arts. 94, 96, 138 e 139; Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, art. 704; Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Assim, o artigo 139 não traz nenhuma dissonância com o artigo 173 do CTN. Salientase, ainda, que este Conselho já se posicionou em diversos acórdãos sobre a matéria, a saber: Acórdão nº 3402002.989, de 17/03/2016: DECADÊNCIA. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DATA DA INFRAÇÃO. TERMO INICIAL. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. [...] § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23, § 3o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) Fl. 2171DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.172 10 O prazo decadencial das obrigações tributárias decorrentes de ilícitos aduaneiros tem como termo inicial a data de ocorrência da infração, na forma prevista no art. 139 do DL nº. 37/66. Tratandose de penalidade devida em face da interposição fraudulenta na importação (DL nº 1.455, art. 23, V), sujeitase à decadência ao cabo do prazo de cinco anos, cujo termo inicial é a prática da infração na data de registro da declaração de importação. Acórdão nº 3202001.588: SUBFATURAMENTO. MULTAS ADMINISTRATIVAS.DECADÊNCIA. Tratandose de imposição de multa, previstas no art. 88, parágrafo único, da Medida Provisória n° 2.15835/ 01, para o II, e no art. 83, I, da Lei nº 4.502/1964., para o IPI, por se cuidarem de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial, na forma dos artigos 139 do DecretoLei nº 37/66 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco)anos tem seu curso iniciado na data da infração. Precedentes. Acórdão nº 3201001.884, de 25/02/2015: DECADÊNCIA. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para aplicação das penalidades referentes a interposição fraudulenta prevista no art. 23, Inciso V do DecretoLei nº 1.455/76 é de 5 (cinco) anos contados a partir da data do registro da Declaração de Importação DI, nos termos previstos no art. 139 do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Provido Acórdão nº 3401002.807, de 11/11/2014: INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. MULTA. DECADÊNCIA. Tratandose da imposição de pena de perdimento, na hipótese do artigo 618, XXII do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002), por se cuidar de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial na forma dos artigos 139 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco) anos tem seu curso iniciado na data da infração. Acórdão nº 3403003.225, de 16/09/2014: AUTO DE INFRAÇÃO. IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. DECADÊNCIA. Fl. 2172DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.173 11 O direito de aplicação de penalidade relacionada à interposição fraudulenta de pessoa em operações de importação extinguese em cinco anos contados da data do registro da Declaração de Importação. Portanto, tendo a ciência do Auto de Infração ocorrida em 30/12/2010 (efls. 1686), os lançamentos referentes às infrações relativas às DI´s registradas até 28/12/2005 devem ser exonerados por decadência. A primeira nulidade alegada referese ao cerceamento de defesa por negativa de acesso aos autos. Na realidade, não houve negativa de acesso aos autos do processo, como quer transparecer a recorrente, mas sim de retenção de livros e documentos pela fiscalização, que foram solicitados pela recorrente na petição de efls. 1709/1710 e apreciada pela autoridade fiscal na informação de efls. 1711/1713, na qual esclareceu que os documentos retidos eram impressões gráfica de livros escriturados eletronicamente e cópias reprográficas preparadas e entregues pela própria recorrente, a qual, por óbvio, detinha o poder de emitilos novamente ou reproduzilos. A respeito, não há reparos a fazer na decisão recorrida, cujos argumentos transcrevo abaixo e adoto, complementarmente, como razão de decidir, nos termos do §1º do artigo 50 da Lei nº 9.784/1999: "Nessa resposta é esclarecido que a impugnante peticionou pela emissão de certidão informando os livros fiscais e documentos que foram retidos. Esclarece a fiscalização que a impugnante recebeu vias de todos os termos de retenção, tendo pleno conhecimento dos documentos retidos. Além disso, em resposta à solicitação de devolução dos documentos, esclarece a fiscalização que os livros apresentados são impressões gráficas de escrituração feita por sistemas de processamentos de dados e os documentos apresentados são cópias reprográficas apresentadas pela própria impugnante. Logo, a impugnante conhece e detêm todas as informações constantes nos documentos retidos. Além disso, acrescenta a fiscalização que a maioria dos documentos apresentados pela impugnante estão anexos ao presente processo cujo acesso foi franqueado à mesma. Logo, teve a impugnante condição plena de apresentar os alegados lançamentos contábeis que comprovariam a origem dos recursos utilizados nas operações de comércio exterior." Apesar de reiterar a devolução do prazo para impugnação, estranhamente, em 16/01/2012 (efls. 1940), numa tentativa de devolução dos referidos documentos, a sócia da GEMAX decidiu recusar seu recebimento, quando, enfim, como alegou, poderia rebater a acusação de falta de capacidade financeira e econômica, uma vez que teria o lapso temporal de mais de 24 meses para produzir tal defesa, já que o recurso voluntário fora protocolado em 21/01/2014. Quanto ao pedido de anulação por vício formal na emissão do MPF, a GEMAX alega que foi emitido MPF com indicação de mesmo auditor fiscal responsável que teria sido indicado em MPF já extinto, infringindo o parágrafo único do artigo 15 da Portaria RFB nº 11.371/2007. Ocorre que o primeiro MPF emitido 07.2.76.002007011890 teve validade até 23/03/2008 (efls. 1841), ao passo que o MPF 07.2.76.002008001481 foi emitido em Fl. 2173DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.174 12 14/03/2008, portanto, antes da extinção do MPF anterior, não configurando a situação alegada pela recorrente. Ademais, salientase que o MPF é um instrumento administrativo, cujo descumprimento poderia levar a efeitos administrativofuncionais, mas não é requisito essencial do lançamento, nem altera a competência do auditor fiscal para a lavratura do Auto de Infração, cuja atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do parágrafo único do artigo 142 do CTN. Destacase ainda que a Lei nº 10.593/2002, em seu artigo 6º, dispõe sobre a competência do auditor fiscal, estabelecendo que o Poder Executivo poderia regulamentar as atribuições, o que foi efetivado pelo Decreto nº 6.641/2008, que em seu artigo 2º2 dispôs sobre a competência para constituir o crédito tributário e praticar os atos relacionados ao controle aduaneiro etc. Já a Portaria RFB nº 11.371/2007, instituidora do MPF, disciplinou apenas a forma como seriam emitidos os procedimentos fiscais, não se imiscuindo na competência legal conferida ao auditor fiscal, nem configurando requisito essencial do lançamento, nos termos do artigo 10 do Decreto nº 70.935/1972. Neste sentido, citase Acórdão nº 9101001.798, proferido em 19/11/2013, pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, cuja ementa, parcialmente, transcrevese: NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração. Em outra vertente, a recorrente alegou cerceamento de defesa por ausência de descrição específica das irregularidades supostamente praticadas, alegando apenas que a narrativa fática não descreve pormenorizadamente o que motivou a autuação. Entretanto, da análise dos autos, inferese que não foi o efetivamente ocorrido. O relatório fiscal descreveu todos os procedimentos efetuados desde a instauração de procedimento especial com base na IN SRF 206/2002, passando pela revisão de habilitação de que trata a IN SRF 650/2002, culminando na abertura de nova ação com base na IN SRF 228/2002. Em seguida, apontou os elementos que caracterizavam a falta de capacidade econômica e financeira, apresentando quadro com a evolução do capital social e do Patrimônio 2 Art. 2o São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições [...] c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; Fl. 2174DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.175 13 Líquido em comparação com o volume de importações, sobre a reavaliação de ativos para aumento do capital social, sobre a inexistência de empréstimos e financiamentos, exceto o FUNDAP. Passou então a descrever como seriam os adiantamentos feitos para cada DI, tendo em vista a falta de capacidade financeira para quitar as obrigações relativas às importações. Neste ponto, a fiscalização juntou quatro modelos de planilhas entregues pela recorrente em resposta às intimações, contendo as seguintes informações: Modelo 1: "Traz informações acerca das correspondentes Dls que estão relacionadas às "vendas" das mercadorias importadas da GEMAX para o real adquirente, tais como o n° da Dl e o n° das correspondentes Adições, a descrição das mercadorias, suas quantidades e seu posicionamento na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), nome do exportador e valores de tributos vinculados à importação"; Modelo 2: " Traz as informações acerca das liquidações cambiais das obrigações junto a exportadores, relacionadas a cada uma das Dls, tais como o n° do contrato de câmbio, a data e o valor de liquidação do câmbio, o beneficiário do crédito das divisas no exterior e a /identificação do meio pelo qual a liquidação foi efetuada; Modelo 3: " Traz as informações acerca das "vendas" das mercadorias importadas no mercado interno, relacionadas a cada uma das Dls, tais como o n° e a data das correspondentes Notas Fiscais de "venda" de emissão da GEMAX, a descrição e quantidades das mercadorias, a identificação do destinatário (o adquirente), os valores de tributos e as condições de pagamento em foram celebradas as "vendas"; Modelo 4: "Traz as informações acerca dos valores recebidos em função das "vendas", tais como a identificação do autor dos pagamentos, o meio pelo qual este efetuou os pagamentos, junto com a correspondente identificação bancária, assim como as datas e respectivos valores recebidos." A fiscalização juntou ainda aos autos as notas fiscais de venda de emissão da GEMAX, o Livro Registro de Saídas das mercadorias importadas, o Livro Diário e os extratos bancários da GEMAX. A partir destes elementos, a fiscalização detalhou, exemplificando, as operações realizadas concernentes à DI 05/024588903. É este o ponto rebatido pela recorrente, que entende ser causa de nulidade a falta da demonstração específica para cada DI. Entretanto, a falta de demonstração pode ensejar mais esforço para a recorrente, mas não inviabiliza sua defesa, no sentido de rebater as informações produzidas nas planilhas Modelos 1 a 4, especialmente quanto às datas de liquidação de câmbio e as datas de recebimentos dos valores da 6F, mesmo porque todas as informações foram obtidas da própria recorrente. O relatório fiscal mencionou a forma de se constatar o adiantamento: "Ou seja, este tipo de arranjo consistia numa "venda" previamente entabulada, pela qual a GEMAX era remunerada previamente a cada desembolso que necessitava efetuar. Essa constatação fica nítida ao se comparar as datas que a GEMAX liquidava os compromissos financeiros das importações (fechamento de câmbio para remessa de divisas ao exportador) com aquelas relacionadas aos recursos creditados a seu favor ("recebimentos das supostas vendas") pelos reais adquirentes." Fl. 2175DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.176 14 Rejeito, portanto, a preliminar arguida. Ainda em preliminares, a recorrente defende a nulidade do Auto de Infração, em razão de ter a fiscalização utilizado de conclusões obtidas em outros procedimentos fiscais, sem fazer qualquer juízo crítico neste processo. Aparentemente, a recorrente está alegando que a ausência de capacidade financeira e econômica foi verificada em outro procedimento fiscal. Entretanto, o relatório fiscal expôs um histórico dos procedimentos realizados, a fundamentação jurídica quanto às modalidades de importação, o dano ao erário e a interposição fraudulenta, descreveu os efeitos que poderiam ser auferidos com a prática da interposição fraudulenta, analisou a capacidade financeira e econômica, com quadros de evolução patrimonial, no Tópico A) A CAPACIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA DA GEMAX É INCOMPATÍVEL COM O VOLUME DOS NEGÓCIOS, concluindo que o baixo capital social aportado, a inexistência de financiamentos e empréstimos e a baixa margem de lucro seriam insuficientes para fazer frente ao volume de importações. Em seguida, a partir desta conclusão, partiu para demonstrar que as operações somente foram possíveis de serem realizadas mediante a antecipação de recursos por parte dos clientes da GEMAX, especialmente a liquidação dos contratos de câmbio. Analisou, ainda, as informações prestadas em sua página na internet quanto ao modelo negocial desenvolvido pela GEMAX, e, terminou por expor o encadeamento de elementos de prova para se concluir pela interposição fraudulenta. Ao final, discorreu sobre os enquadramentos legais relativos à interposição fraudulenta, à solidariedade e responsabilidade tributárias, o valor aduaneiro da mercadoria e a representação fiscal para fins penais. Enfim, depreendese que as conclusões foram produzidas no próprio procedimento e expostas no próprio relatório fiscal, possibilitando à recorrente o exercício do contraditório e da ampla defesa, não havendo que se falar em empréstimo de conclusões, nem em cerceamento de defesa, razões pelas quais, rejeito preliminar arguida. Ultrapassadas as preliminares, passase à análise do mérito relativo à interposição fraudulenta. A recorrente defende, em síntese, que possuía recursos próprios para a realização das operações de importação, pois auferiu receitas financeiras provenientes do FUNDAP de 5,8% e mais lucro operacional médio de 3%, que não houve adiantamentos, uma vez que os valores foram depositados após a nacionalização das mercadorias; que a multa possui caráter confiscatório e que a pena aplicável seria a do artigo 33 da Lei 11.488/2007. Inicialmente, destacase que a legislação prevê três modalidades de importação: importação direta, importação por "conta e ordem" e importação por encomenda. Na importação direta, o destinatário da mercadoria é o próprio importador que a utilizará para consumo próprio ou para revenda, possuindo a característica de não haver um destinatário prédeterminado e atualmente normatizada pela IN SRF nº 680/2006. O Fl. 2176DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.177 15 excerto abaixo extraído do artigo publicado na obra “Tributação Aduaneira à luz da jurisprudência do CARF” 3 esclarece: “I.1. Importação por conta própria A importação por conta própria é a tradicional modalidade de importação. É aquela modalidade de importação em que o importador adquire a mercadoria do exportador no exterior, fecha o câmbio em nome próprio, com recursos próprios, paga os tributos e a utiliza ou a venda no mercado interno para diversos compradores” Quanto às outras duas modalidades, o site da Receita Federal esclarece seus contornos4: Importação por conta e ordem: A importação por conta e ordem de terceiro é um serviço prestado por uma empresa a importadora , a qual promove, em seu nome, o Despacho Aduaneiro de Importação de mercadorias adquiridas por outra empresa a adquirente em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/2002 e art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/2002). Assim, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o importador de fato é a adquirente, a mandante da importação, aquela que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional; embora, nesse caso, o faça por via de interposta pessoa a importadora por conta e ordem , que é uma mera mandatária da adquirente. Dessa forma, mesmo que a importadora por conta e ordem efetue os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, antecipados ou não, não se caracteriza uma operação por sua conta própria, mas, sim, entre o exportador estrangeiro e a empresa adquirente, pois dela se originam os recursos financeiros. Importação por encomenda: A importação por encomenda é aquela em que uma empresa adquire mercadorias no exterior com recursos próprios e promove o seu despacho aduaneiro de importação, a fim de 3 Tributação Aduaneira: à luz da jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais/Ana Clarissa M. dos Santos Araújo...[et al.]; coordenação Marcelo Magalhães Peixoto,Ângela Sartori, Luiz Roberto Domingo. 1º ed. São Paulo; MP Editora, 2013. Artigo: "Dano ao Erário pela Ocultação Mediante Fraude a Interposição Fraudulenta de Terceiros nas Operações de Comércio Exetrior", página 53. 4 http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despachodeimportacao/topicos1/importacao porcontaeordemeimportacaoporencomenda1/importacaoporcontaeordem/oqueeaimportacaopor contaeordem Fl. 2177DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.178 16 revendêlas, posteriormente, a uma empresa encomendante previamente determinada, em razão de contrato entre a importadora e a encomendante, cujo objeto deve compreender, pelo menos, o prazo ou as operações pactuadas (art. 2º, § 1º, II, da IN SRF nº 634/2006). Assim, como na importação por encomenda o importador adquire a mercadoria junto ao exportador no exterior, providencia sua nacionalização e a revende ao encomendante, tal operação tem, para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais de uma importação própria. Em última análise, em que pese à obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante predeterminado, é aquele e não este que pactua a compra internacional e deve dispor de capacidade econômica para o pagamento da importação, pela via cambial. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir, no mercado interno, as mercadorias revendidas pelo importador contratado. Outro efeito importante desse tipo de operação é que, conforme determina o artigo 14 da Lei nº 11.281/2006, aplicamse ao importador e ao encomendante as regras de preço de transferência de que tratam os artigos 18 a 24 da Lei nº 9.430/1996. Em outras palavras, se o exportador estrangeiro, nos termos dos artigos 23 e 24 dessa lei, estiver domiciliado em país ou dependência com tributação favorecida e/ou for vinculado com o importador ou o encomendante, as regras de “preço de transferência” para a apuração do imposto sobre a renda deverão ser observadas. Salientase, ainda, que a importação por conta e ordem foi regulamentada pela Receita Federal do Brasil mediante a edição da IN SRF 225/2002, conforme autorizado pelo art. 80 da MP nº 2.15835/20015 e impõe ao real adquirente conseqüências relevantes como a prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com seu capital social ou o patrimônio líquido; a sujeição ao procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002 (verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas); a responsabilidade solidária quanto ao imposto de importação; a responsabilidade conjunta ou isolada, quanto às infrações aduaneiras; a sujeição ao pagamento dos tributos relativos ao IPI de sua saída por contribuinte por equiparação; a sujeição aos pagamentos de PIS/Pasep e Cofins sob as normas de incidência sobre a receita bruta do importador. A acusação fiscal é de que a GEMAX teria simulado importação direta quando na realidade teria importado por conta e ordem da 6F por presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, em razão de adiantamentos de recursos fornecidos pela 6F para a liquidação 5 Artigo 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; II exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. Fl. 2178DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.179 17 dos contratos de câmbio, uma vez que a GEMAX não possuía capacidade financeira e econômica próprias para suportar os custos das importações: O artigo 27 da Lei nº 10.637/2002 dispõe que: Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Por sua vez, os artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001 dispõem: Art. 77. O parágrafo único do art. 32 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 32. ................................................... ................................................... Parágrafo único. É responsável solidário: I o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; II o representante, no País, do transportador estrangeiro; III o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 78. O art. 95 do DecretoLei nº 37, de 1966, passa a vigorar acrescido do inciso V, com a seguinte redação: " V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 79. Equiparamse a estabelecimento industrial os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; e I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora ou exportadora por conta e ordem de terceiro; e (Redação dada pela Lei nº 12.995, de 18 de junho de 2014) II exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. Art. 81. Aplicamse à pessoa jurídica adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada Fl. 2179DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.180 18 por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, as normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador. Estabelecido este entendimento, retornamse às alegações. Quanto à capacidade financeira e econômica, a GEMAX alega que a fiscalização desconsiderou o financiamento do BANDES decorrentes das operações com o FUNDAP teriam gerado uma receita financeira em torno de R$ 3.740.000,00, que aliado à margem de lucro média de 3% nas vendas comprovariam a origem dos recursos. Na realidade, a fiscalização considerou o lucro líquido acumulados de 2005 a 2007 no valor de 980.000,00 em sua análise da capacidade econômicofinanceira da GEMAX, o que inclui as receitas financeiras auferidas. No quadro 05 do relatório fiscal, constam receitas financeiras consideradas da ordem de R$ 3.921.000 para 2005 e 2006, e R$ 5.160.000, incluindo 2007. A questão esquecida pela recorrente é de que existem despesas operacionais, financeiras e não operacionais contabilizadas, que, por certo, absorveram parte das receitas financeiras auferidas. O fato é que no período de 2005 a 2007, houve aporte financeiro mediante integralização de capital da ordem de R$ 50.000,00 e lucro líquido da ordem de R$ 853.923,00 (soma do lucro do exercício do quadro 05), consideradas todas as receitas e despesas contabilizadas, para um volume de importações da ordem de R$ 30.000.000,00. Os valores referemse a receitas auferidas e despesas incorridas por regime de competência, o que, não necessariamente, corresponde ao fluxo financeiro. Entretanto, para fazer frente aos pagamentos das liquidações de câmbio com recursos próprios seria necessária uma engenharia financeira na qual os recebimentos das vendas fossem utilizados em liquidações de outras aquisições a serem posteriormente revendidas, e isto deveria acontecer em volume de R$ 29.000.000,00 dos R$ 30.000.000, operados no período de 2005 a 2007. Tal engenharia não foi provada pela recorrente que se limitou a alegar que o FUNDAP comprovava a origem dos recursos. Ressaltase que a fiscalização intimou a GEMAX a apresentar o Demonstrativo Sumário das Origens e Aplicações de Recursos referentes aos anos de 2005, 2006 e 2007, de acordo com o modelo do Anexo IC do Ato Declaratório Executivo Coana nº 3/2006, o qual contém um fluxo de caixa sumário. A recorrente apresentou o quadro com informações inconsistentes com a movimentação financeira de caixa e bancos registrada nos livros contábeis, tendo sido consignado em Termo de Constatação e Reintimação, datado de 11/06/2008. Tal demonstrativo foi reintimado em termo datado de 12/08/2008, não tendo sido apresentado pela recorrente, conforme constatado no relatório fiscal. Embora reconheçase que o financiamento proveniente do FUNDAP possa servir como comprovação da origem de recursos para a realização da algumas importações, a recorrente não demonstrou quais importações teriam sido realizadas com tais recursos. Assim, considero que está devidamente provada a incapacidade financeira e econômica da GEMAX para suportar os custos da importação do volume de R$ 30 milhões entre 2005 e 2007. Fl. 2180DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.181 19 Ainda referente ao procedimento especial da IN SRF nº 228/2002, a GEMAX foi intimada a apresentar a condição de real adquirente, mediante a disponibilização dos instrumentos de negociação, correspondências comerciais entre comprador e vendedor, ordens, pedidos de compra, publicações especializadas, cotações de preço, não tendo sido apresentados tais documentos, corroborando a tese fiscal. Neste aspecto, a IN SRF 228/2002 dispõe: Art. 11. Concluído o procedimento especial, aplicarseá a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes, nos termos do art. 23, V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, na hipótese de: I ocultação do verdadeiro responsável pelas operações, caso descaracterizada a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias; II interposição fraudulenta, nos termos do § 2º do art. 23 do Decretolei nº 1.455, de 1976, com a redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, em decorrência da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, inclusive na hipótese do art. 10. Quanto aos adiantamentos, a recorrente os nega, afirmando que os valores depositados foram posteriores à nacionalização das mercadorias. Por outro lado, a fiscalização acusou que os adiantamentos eram destinados a suportar as liquidações de câmbio e os pagamentos dos tributos devidos na importação. Neste aspecto, a tabela seguinte demonstra os valores de liquidação e datas com os valores recebidos antecipados decorrentes das vendas aos clientes (modelos 2, 3 e 4): DI Dt. registro Dt liq. câmbio Valor Dt. rec. vendas antec. Valor Nota Fiscal Valor Dt. emissão 06/0120854 9 31/01/2006 29/12/20 05 4.086,74 21/12/05 4.208,08 758 9.614,21 02/02/06 07/02/06 4.270,00 07/03/06 339,12 17/03/06 1.153,71 06/0175059 9 13/02/2006 23/12/20 05 10.959,2 0 21/12/2005 11.320,00 810 26.068,93 20/02/06 21/02/06, 07/03/06, 17/03/06 restante 06/0239388 02/03/2006 02/01/06 2.506,34 21/12/05 2.621,77 821 8.096,67 06/03/06 Fl. 2181DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.182 20 9 07/03/06, 06/04/06, 19/04/06 restante 06/0239928 3 02/03/2006 26/01/06 1.170,32 24/01/2006 1.306,93 874 5.453,13 13/03/06 17/03/06, 06/04/06, 19/04/06 restante DI Dt. registro Dt liq. câmbio Valor Dt. rec. vendas antec. Valor Nota Fiscal Valor Dt. emissão 06/0262905 0 07/03/2006 sem cob. cambial/ amostra sem cob. cambial/ amostra 17/03/06, 06/04/06, 19/04/06 832 4.872,70 09/03/06 06/0269442 0 08/03/2006 10/02/06 11.598,6 10/02/06 11.741,17 869 34.892,00 10/03/06 17/03/06, 06/04/06, 19/04/06 restante 06/0281094 3 10/03/2006 30/01/06 9.234,00 25/01/06 9.200,00 876 26.249,00 14/03/06 17/03/06 em diante restante 06/0312242 0 17/03/2006 09/01/06 5.366,85 05/01/06 5.200,00 893 10.812,50 22/03/06 31/03/06 em diante restante 06/0318407 8 20/03/2006 26/01/06 7.853,03 22/03/06 7.953,92 894 16.329,59 22/03/06 31/03/06 a 19/04/06 restante 06/0506242 5 03/05/2006 31/03/06 10.931,1 9 31/03/06 10.816,00 977 32.379,00 08/05/06 08/05/06 em diante restante Fl. 2182DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.183 21 06/0638354 3 01/06/2006 12/12/05 4.175,00 09/12/05 4.300,00 1026 10.805,22 05/06/06 05/06/06 em diante restante 06/0863700 3 24/07/2006 06/06/06 5.507,68 01/06/06 a 08/06/06 5.384,00 1151 12.415,00 26/07/06 26/07/06 a 24/08/06 restante Verificase que, à exceção das DI´s 06/02629050 e 06/03184078, houve adiantamentos de valores, em data anterior à do registro da DI, para suportar os custos da liquidação de câmbio. Destacase, ainda, que as contabilizações dos lançamentos relativos aos adiantamentos eram registradas em conta de adiantamentos do passivo com históricos vinculando os recebimentos a processos de importação. Exemplificando: conta "antecipação de câmbio", histórico: "PG CAMBIO US$ 1.072.00 PROC GBL 0629"; conta "PROC GBL 0635", histórico: "REC. ADIANTAMENTO DE PROC GBL 0635". Sob outro prisma, a fiscalização transcreveu no relatório fiscal as informações constantes na página da GEMAX da internet, na qual consta a informação que a empresa atua na área de prestação de serviços na área de comércio exterior, como assessoria de importação e exportação (contratação de frete, pickup (coleta) da mercadoria na fábrica, em qualquer localidade, logística completa do transporte internacional aéreo, marítimo e rodoviário, registro Siscomex – credenciamento, emissão de licenciamentos ( LI´s s no Decex, Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura; registro de operação financeira (ROF) no Banco Central Bacen; contratação de seguro sobre transporte internacional com cobertura ampla porta a porta, com melhores taxas do mercado e outros constantes na página), assessoria especial (importações especiais, admissões temporárias e exportação temporária), serviços relacionados ao fechamento do câmbio (assessoria; conferência e exame da documentação recebida do exterior (Bancos e Exportadores) e devida adequação às normas cambiais no Brasil; orientações nos pedidos de abertura de Carta de Crédito confirmação, negociação e discrepâncias; contratação do câmbio pré e pósembarque), serviços de logística (contratação de fretes internacionais e nacionais, seguros e acompanhamento de todo desembaraço, desde a saída da mercadoria no exterior; nacionalização e entrega/distribuição para o cliente final). Além disso, ofereceu vantagens financeiras como expressamente dispostas na página da internet: custo operacional: ausência de margem de lucro; ICMS interestadual 33,3% menor; menor alavancagem de IPI. Todas as informações se coadunam com a condição de prestadora de serviços e não de revendora direta de mercadorias, o que aliado à falta de capacidade financeira, aos adiantamentos recebidos, à forma como são contabilizadas as operações, à não apresentação de instrumentos negociais que comprovassem a condição de real adquirente, revelam que as operações foram por conta e ordem, corroborando a presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Fl. 2183DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.184 22 Por outro lado, em relação às DI´s 06/02629050 e 06/03184078, não restou comprovado o adiantamento de recursos para suportar as despesas de fechamento de câmbio nem dos tributos e despesas aduaneiras, uma vez que os pagamentos das notas fiscais de venda vinculadas às referidas DI´s foram realizados após suas emissões. Quanto ao caráter confiscatório da multa aplicada, esclareçase que a argüição de argumentos de inconstitucionalidade de atos normativos deve ser formulada perante o Poder Judiciário, em vista da competência constitucional prevista nos artigos 97 e 102 da Carta Magna, sendo vedado a este conselho conhecer desta alegação, conforme artigo 59 do Decreto nº 7.574/2011, exceto nas hipóteses previstas no artigo 626 do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Neste sentido, foi publicada a Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Por fim, quanto à aplicação da Lei nº 11.488/2007, a recorrente propugnou que, na hipótese de admitida a imputação fiscal, a multa a ser aplicada seria a prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 e não a multa de 100% do valor aduaneiro resultante da conversão da pena de perdimento. Nesta matéria, o Decreto nº 6.759/2009 assim dispõe: Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1º,este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): [...] XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, § 3º, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). § 1º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for 6 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. Fl. 2184DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.185 23 localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 1972 (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, § 3º, com a redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010, art. 41). (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) [...] Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). § 1o A multa de que trata o caput não poderá ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). § 2o Entendese por valor da operação aquele utilizado como base de cálculo do imposto de importação ou do imposto de exportação, de acordo com a legislação específica, para a operação em que tenha ocorrido o acobertamento. § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas. § 3o A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). Observase que o §3º do artigo 727 do decreto prevê a hipótese de cumulação entre as duas multas. A respeito da matéria, peço vênia para transcrever voto do ilustre Conselheiro Ricardo Rosa, proferido no Acórdão nº 3102002.195, cujos fundamentos adoto, na forma do § 1º do art. 50 da Lei no 9.784/19997: "A multa de dez por cento do valor da operação, aplicável à pessoa jurídica que cede o nome não revogou a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias aplicada nos casos de infração por interposição fraudulenta. A Orientação Coana/Cofia/Difia s/n, datada de 11 de julho de 2007, que trata da aplicação de multa na cessão de nome a terceiro, em operações de comércio exterior, chega à seguinte conclusão. Em resumo, concluise que se aplicam as seguintes disposições legais, às hipóteses abaixo enumeradas: Interposição fraudulenta presumida pela não comprovação da origem dos recursos: 7 § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 2185DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.186 24 Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Proposição de inaptidão da inscrição do CNPJ da pessoa jurídica (art. 81, § 1º, da Lei nº 9.430/96, e art. 41, caput e parágrafo único, da IN RFB nº 748/2007); Interposição fraudulenta comprovada, seja pela identificação da origem do recurso de terceiro, seja pela constatação da ocultação por outros meios de prova: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Multa de 10% do valor da operação acobertada, aplicada sobre o importador, conforme dispõe o art. 33 da Lei nº 11.488/2007. De fato, não tenho qualquer dúvida de que jamais a intenção do legislador foi no sentido cominar penalidade mais branda nos casos de interposição fraudulenta de pessoas. Basta observar que em nenhum momento se disse que a multa decorrente da conversão da pena de perdimento, especificamente nos casos de interposição fraudulenta, deixaria de ser equivalente ao valor aduaneiro e passaria a ser de dez por cento do valor da operação. Seria de se perguntar por que razão o legislador teria destacado uma das ocorrências tipificadas como dano ao Erário, que sujeitam a mercadoria à pena de perdimento, para, em circunstâncias nas quais a mercadoria não pudesse ser apreendida, o perdimento fosse convertido não em valor compensatório, mas em inexpressivos dez por cento deste. Creio que, fosse essa a idéia, a primeira medida deveria ter sido no sentido de determinar a exclusão da infração do rol de situações compreendidas no conceito de dano ao Erário, já que a este deve ser necessariamente associado penalidade gravíssima de perdimento das mercadorias, ou, alternativamente, de multa no valor desta. Além do mais, as disposições legais a respeito são claras ao indicar, como consequência da aplicação da multa de dez por cento, a exclusão da hipótese de declaração de inaptidão, a teor do parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 11.488/07. Dito dispositivo esclarece que, à hipótese prevista no caput (aplicação da multa de dez por cento pela cessão do nome) não se aplica o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (declaração de inaptidão). Também não creio que se esteja negligenciando o princípio que protege o apenado da aplicação de mais de uma penalidade à mesma conduta. Primeiro, devemos lembrar que é grande a quantidade de situações para as quais há previsão legal de aplicação de mais do que uma penalidade em vista de uma mesma ocorrência, bastando que as infrações decorrentes sejam de natureza Fl. 2186DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.187 25 distinta. Vejase o caso do erro de classificação. Ele sujeita o infrator à multa de um por cento do valor da operação, multa de setenta e cinco por cento da diferença de tributos e, muitas vezes, multa de trinta por cento do valor das mercadorias. E nem se fale dos casos de subfaturamento na importação. Segundo, é preciso compreender que, desde o começo, todas as disposições legais foram sendo concebidas à luz da interpretação jurídica dada às ocorrências identificadas no mundo real, a partir do que forjaramse instrumentos capazes de alcançar todas as pessoas envolvidas. Um dos pontos de partida deste empreendimento foi a interpretação de lavra da Procuradoria da Fazenda Nacional – Parecer PGFN CAT 1.316/01, por meio da qual ficou assentado que o contribuinte do imposto é sempre a pessoa cujo nome consta no conhecimento de carga, independentemente de quem estiver efetivamente interessado na aquisição das mercadorias ou fizer as negociações prévias. Como consequência, as autuações obrigatoriamente passaram a indicar como contribuinte do Imposto a pessoa informada nas declarações de importação como sendo o importador das mercadorias, restando incluir o adquirente no mercado interno como solidário na operação. Por isso, ao aplicar a multa compensatória nos casos de mercadorias sujeitas à pena de perdimento, forçosamente identificase como contribuinte a pessoa que registrou a declaração de importação, embora pretendase apenar o verdadeiro proprietário destas mercadorias, que figura como responsável solidário. Finalmente, cumpre destacar que o assunto está hoje claramente regulamentado no Regulamento Aduaneiro em vigor – Decreto 6.759/09. Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei no 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas." Assim, não procede a alegação de aplicação da multa por cessão de nome por retroatividade benigna de que trata o artigo 106 do CTN. Relativamente ao recurso voluntário da 6F, a recorrente alegou que não houve prova da condição de real adquirente e que os depósitos efetuados não possuíam a finalidade de aquisição das mercadorias. Porém, ao contrário do que alegou a recorrente, a tabela demonstrativa dos pagamentos efetuados evidencia que a 6F antecipou valores muito próximos aos fechamentos de câmbio no mesmo dia do fechamento ou em até uma semana de Fl. 2187DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.188 26 antecedência, fechamentos estes que ocorreram de um a seis meses antes do registro das DI´s, implicando que houve antecipação de recursos para suportar os fechamentos de câmbio, incidindo a hipótese do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, a seguir transcrito (exceção feita ás DI´s 06/02629050 e 06/03184078): Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Sendo assim, a operação deveria ser informada pela GEMAX como por conta e ordem da 6F, esta na condição de real adquirente, devendo terem sido cumpridos todos os requisitos estabelecidos na IN SRF 225/2002. E estes requisitos são de conhecimento da 6F, cuja razão social é 6F DECORAÇÕES, EXPORTAÇÃO, IMPORTAÇÃO E COMÉRCIO LTDA, e objeto social é a exploração do ramo de importação, exportação e comércio atacadista e varejista de objetos de decoração, móveis e artigos para presente. Concernente ao caráter confiscatório da multa, tal questão já foi analisada anteriormente, não sendo possível conhecer desta alegação por este colegiado. Já pela impossibilidade de aplicação da multa por inexistência de dano ao erário, os artigos 23 e 24 do Decreto nº 1.455/1976 estipulam o que se considera dano ao erário: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: I importadas, ao desamparo de guia de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa na forma da legislação específica em vigor; II importadas e que forem consideradas abandonadas pelo decurso do prazo de permanência em recintos alfandegados nas seguintes condições: a) 90 (noventa) dias após a descarga, sem que tenh sido iniciado o seu despacho; ou b) 60 (sessenta) dias da data da interrupção do despacho por ação ou omissão do importador ou seu representante; ou c) 60 (sessenta) dias da data da notificação a que se refere o artigo 56 do DecretoIei número 37, de 18 de novembro de 1966, nos casos previstos no artigo 55 do mesmo Decretolei; ou d) 45 (quarenta e cinco) dias após esgotarse o prazo fixado para permanência em entreposto aduaneiro ou recinto alfandegado situado na zona secundária. III trazidas do exterior como bagagem, acompanhada ou desacompanhada e que permanecerem nos recintos alfandegados por prazo superior a 45 (quarenta e cinco) dias, sem que o passageiro inicie a promoção, do seu desembaraço; IV enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decretolei número 37, de 18 de novembro de 1966. Fl. 2188DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.189 27 V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) VI (Vide Medida Provisória nº 320, 2006) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (Vide) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Medida Provisória nº 497, de 2010) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) § 4o O disposto no § 3o não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Art 24. Consideramse igualmente dano ao Erário, punido com a pena prevista no parágrafo único do artigo 23, as infrações definidas nos incisos I a VI do artigo 104 do Decretolei numero 37, de 18 de novembro de 1966. Percebese que o dano ao erário não diz respeito apenas à proteção da arrecadação de tributos, mas ao próprio controle aduaneiro. Neste sentido, a interposição fraudulenta em si, ou seja, a própria conduta é considerada dano ao erário, como expressamente disposta no artigo 23 acima transcrito. Pontuese que, embora a própria conduta configura o dano ao erário, podese enumerar as vantagens obtidas pela 6F como não ter sido equiparada ao IPI nas saídas dos Fl. 2189DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.190 28 produtos importados, não ter se submetido aos procedimentos de habilitação no SISCOMEX até 11/04/2006 e não ter sido submetida ao controle da RFB em sede de parametrização de importações. Neste diapasão, citamse acórdãos deste Conselho: Acórdão nº 3403003.188, proferido em 20/08/2014: DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL. Nos arts. 23 e 24 do DecretoLei no 1.455/1976 enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei. Acórdão 3202000.635, proferido em 26/02/2013: OCULTAÇÃO DO REAL IMPORTADOR. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. A ocultação do responsável pela importação de mercadorias, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, é considerada dano ao erário. Concluindo, a responsabilização da recorrente decorre expressamente da lei, especificamente o artigo 95 do Decretolei nº 37/1966 e alcança quem concorre ou se beneficia da infração e ainda o adquirente no caso de importação por conta e ordem, nos termos abaixo: Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...] V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Restou demonstrado que a recorrente adiantou recursos em operações por conta e ordem, embora a documentação tenha sido produzida como se fossem importações diretas, escapando assim à equiparação a industrial para efeito de IPI, escapando ao controle aduaneiro quanto à habilitação no comércio exterior e aos parâmetros de avaliação de risco. Neste sentido, citamse acórdãos deste Conselho: Acórdão nº 3201001.876: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE DA MERCADORIA IMPORTADA. ART. 95, INCISO V, DO DL 37/66. Fl. 2190DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.191 29 Responde pela infração conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importador, nos termos previstos no art. 95, inciso V, do DecretoLei nº 37/66. Acórdão nº 3202001.610: LEGITIMIDADE DA AUTUAÇÃO. INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE Respondem pela infração conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente da mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Acórdão nº 3403002.593: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. IMPORTAÇÃO POR “CONTA E ORDEM” DE TERCEIRO. De acordo com o artigo 27, da Lei no. 10.637/02, a importação realizada com a utilização de recursos antecipados ao importador por terceiro, presumese por conta e ordem deste. E se é assim, os artigos 32 e 95, do DecretoLei no. 37/66, atribuem ao adquirente a responsabilidade solidárias pelos tributos e infrações aduaneiras cometidas pelo importador. Diante do exposto, voto para dar provimento parcial aos recursos voluntários, exonerando os lançamentos relativos às DI´s registradas até 28/12/2005 bem como em relação aos lançamentos vinculados às DI´s 06/02629050 e 06/03184078. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Voto Vencedor MÉRITO Interposição fraudulenta caracterizada É digno de realce que a divergência a seguir delineada prendese à fundamentação meritória quando o i. Relator excepciona as DI´s 06/02629050 e 06/03184078 quanto à caracterização pela fiscalização de interposição fraudulenta por entender que pela cronologia dos fatos não estariam demonstrados para as referidas DI os adiantamentos de recursos para as operações de importação respectivas, conforme excertos do voto: Por outro lado, em relação às DI´s 06/02629050 e 06/0318407 8, não restou comprovado o adiantamento de recursos para Fl. 2191DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.192 30 suportar as despesas de fechamento de câmbio nem dos tributos e despesas aduaneiras, uma vez que os pagamentos das notas fiscais de venda vinculadas às referidas DI´s foram realizados após suas emissões. Discorrendo o voto do i. Relator de forma minudente sobre as modalidades de importação e as consequências fiscais na adoção de cada modelo, bem como estando demonstrado no referido voto que a questão dos autos não se enquadra como importação por encomenda, abordarseá a matéria em debate a partir da fundamentação da fiscalização quanto à situação fática demonstrada: No relatório do Auto de Infração, fls.1.005/1.077, consignou a fiscalização: Durante o avançar do referido procedimento fiscal, foram constatados elementos que apontavam para a falta de capacidade econômicofinanceira da GEMAX para promover as operações de comércio exterior por sua própria conta e risco, o que, portanto, reforçava a suspeição inicial da prática de interposição fraudulenta. Logo, como medida preliminar, foi dado início à revisão da sua habilitação para operar em comércio exterior, fundamentada no art. 21, V, da Instrução Normativa SRF n° 650, de 12 de maio de 2006. Ao final da revisão da habilitação, verificouse, dentre outras coisas, que o volume de operações de importação da GEMAX se mostrava incompatível com a sua capacidade econômico financeira evidenciada, agravado principalmente em razão de a empresa não ter demonstrado, quando dela exigido, a origem, a transferência e a disponibilidade dos recursos por ela utilizados naquelas operações, fato que originou a abertura de nova ação fiscal, desta vez para aplicação de procedimentos especiais de fiscalização sobre a empresa, e não mais sobre esta ou aquela importação, de acordo com as determinações da Instrução Normativa SRF n° 228, de 21 de outubro de 2002, abrangendo os anos de 2005, 2006 e 2007.(grifei). Ao final da aplicação de procedimentos especiais de fiscalização, restou caracterizada a prática de OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE, MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, infração punível com a PENA DE PERDIMENTO DAS MERCADORIAS, conforme fundamentação legal vista aqui na parte introdutória, referente às operações de importação amparadas pelas Declarações de Importação DIs relacionadas abaixo: Conforme será amplamente demonstrado ao longo do presente Auto de Infração, as importações representadas pelas DIs acima foram registradas como que promovidas por conta e ordem da GEMAX, na modalidade denominada "importação direta", e as mercadorias como que revendidas no mercado interno, como nacionalizadas, à 6F DECORAÇÕES, parte que pretendia se manter recôndita. Fl. 2192DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.193 31 Delineada a fundamentação da fiscalização para o caso em tela, verificarseá a seguir o suporte legal para a espécie. · DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, que assim dispunha à época das importações em causa: Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002).(gn). · Lei nº 10.637, de 2002, art. 27: Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Como muito bem ressaltado no voto do i. Relator quanto às modalidades de importação, inferese que diante das exigências e modus operandi estabelecidos na legislação quanto à importação indireta, precisamente quanto às disposições do artigo 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, que são elementos essenciais para caracterizar a interposição fraudulenta: i) A identificação de um adquirente oculto; ii) A presença do importador interposto, importador ostensivo, que realiza os trâmites do despacho de importação com se estivesse importando por conta própria; No presente caso demonstrou a fiscalização através das peças instrutórias carreadas aos autos notadamente os documentos de fls. 1.114/1.633 a identificação dos elementos caracterizadores indicados nas alíneas "i" e "ii" bem como constatou a falta de Fl. 2193DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.194 32 capacidade econômica e financeira do importador ostensivo aliada à comprovação do aporte financeiro pelo adquirente oculto ao importador. Da análise do Relatório Fiscal e das peças instrutórias carreadas aos autos pela fiscalização, documentos de fls. 1.114/1.633, referenciadas no corpo do relatório, inferese que a autoridade lançadora de forma minudente, contextualizou os fatos envolvidos na presente autuação à luz da legislação de regência e demonstrou através de um conjunto probatório convergente e verossímil a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, infração punível com a pena de perdimento das mercadorias, em todas as DIs elencadas no Quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.007/1.008, inclusive em relação às DI´s 06/02629050 e 06/03184078. Notese que o núcleo infracional conforme caracterizou a fiscalização foi a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação cujos elementos que robustecem a conclusão em referência estão assim demonstrados no citado relatório da autuação: a) Importações registradas pela 8GEMAX como importadora e adquirente das mercadorias: A GEMAX registrou as Declarações de Importação DI, elencadas no Quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.007/1.008, entre estas, as DI´s 06/02629050 e 06/03184078, em seu nome, tendo declarado tratarse de importações efetuadas por sua "própria conta e ordem", assim entendido aquelas em que a empresa negociou e pactuou a compra internacional, adquiriu as mercadorias no exterior com "recursos próprios" e promoveu o seu despacho aduaneiro de importação, a fim de revendêlas, posteriormente, no mercado brasileiro, assumindo, portanto, todo o risco do negócio. b) Incompatibilidade entre o volume transacionado no comércio exterior e sua capacidade econômicofinanceira em decorrência das seguintes constatações: é importante salientar que, como se intui do histórico acima, a empresa NÃO cumpriu totalmente as exigências, mais especificamente no que se refere a apresentar os demonstrativos de origem e aplicação de seus recursos, não obstante as reiteradas tentativas do Fisco.(grifos do original). b.1) A GEMAX não possuía capacidade econômica e financeira, conforme quadro 04, fl.1.040 para movimentar, por sua própria conta e risco, o volume de cerca de R$ 30 MILHÕES (trinta milhões de reais) em importações, nos anos de 2005, 2006 e 2007, considerando o capital social da ordem de R$ 50.000,00 (aumentados para R$ 400.000,00 no quarto trimestre de 2006, decorrentes de lucros acumulados); b.2) Em meio a esses R$ 30 MILHÕES, pelo menos R$ 283,4 MIL representa o volume de importações da 6F DECORAÇÕES, a real adquirente, para a qual a GEMAX simulou ter importado mercadorias com recursos próprios. Mais uma vez, isso só foi 8 As mercadorias tiveram como importador a GEMAX, empresa com estabelecimento matriz no Espírito Santo, que opera no sistema FUNDAP pelo qual o Governo do Estado do Espírito Santo concede benefícios fiscais (diferimento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS) e financeiros (empréstimo subsidiado) àquelas empresas que ali se estabelecem e processam seus despachos aduaneiros (as chamadas "fundapeanas" Fl. 2194DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.195 33 possível porque a GEMAX utilizava integralmente os recursos fornecidos pela 6F DECORAÇÕES, em forma de ADIANTAMENTOS, para efetuar os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, recolher os tributos incidentes sobre as importações de mercadorias e arcar com os demais custos para nacionalização das mercadorias adquiridas. Dessa forma, acobertou as operações que eram realizadas por conta e ordem da 6F DECORAÇÕES, a real interessada na aquisição das mercadorias importadas, quem, na verdade, assumiu todos os custos e riscos da operação e, com base nesse artifício, acabava se esquivando de obrigações tributárias principais e acessórias;(grifos do original); b.3) Aumento de capital social por reavaliação de bens, adquiridos por R$ 45 mil e reavaliados para R$ 2,774 milhões, em datas próximas, não havendo qualquer aumento de disponibilidade financeira; b.4) Os resultados oriundos do giro dos negócios da empresa, o lucro líquido auferido e registrado contabilmente pela GEMAX, ao longo dos anos de nos anos de 2005, 2006 e 2007, em torno de R$ 980 mil (novecentos e oitenta mil reais), afigurase ínfimo e desproporcional entre sua capacidade econômicofinanceira evidenciada e o montante das operações que efetuou em importações no mesmo período, sendo insuficiente para explicar a origem dos recursos aplicados em suas importações; b.5) Inexistência de quaisquer empréstimos e financiamentos tomados de terceiros, conforme ratificado pela Recorrente, fl.1.086/1.087, exceto as operações do FUNDAP em valores insuficientes, e em datas discrepantes aos das operações de importação; b.6) Ausência da margem de lucro no preço de "venda" dos produtos ao cliente em decorrência do 9FUNDAP, uma vez que a empresa GEMAX repassava as mercadorias para a 6F DECORAÇÕES por um preço que equivale unicamente ao custo total de cada operação de importação. Da Natureza da Operação Da identificação das situações acima destacadas nas alíneas "a" e "b", colhidas do Relatório Fiscal, no qual estão referenciados os documentos de fls. 1.114/1.633, constatase que a movimentação do expressivo volume de cerca de R$ 30 Milhões (trinta milhões de reais) em importações, nos anos de 2005, 2006 e 2007, incluídas as operações de importação objeto do Auto de Infração que ora se examina, associada à comprovada inexistência de capacidade financeira e econômica da GEMAX para fazer face ao volume de importações por ela transacionado como acima ressaltado, somente foi possível pelo aporte de recursos efetuados pelos reais interessados na aquisição das mercadorias importadas pela GEMAX, as empresas reais adquirentes, dentre as quais a 6F DECORAÇÕES, denominados de 9 Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias benefício concedido às empresas de comércio exterior que estabelecem seu domicílio fiscal no Estado do Espírito Santo (ainda que a "matriz" no ES tenha 02 empregados e a "filial", no Rio de Janeiro, por exemplo, mais de 100) e que são autorizadas pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo BANDES a operar no sistema, dentro de certos limites operacionais. Essas empresas, denominadas "fundapeanas", obtêm, para os despachos de importação que promovem dentro do estado, diferimento (postergação do prazo) no pagamento do ICMS incidente nas importações e financiamento de longo prazo concedido pelo BANDES, no valor de cerca de 70% (setenta por cento) do ICMS recolhido, com juros fixos de 1% a.a. (um por cento ao ano), carência de 5 (cinco) anos e mais 20 (vinte) anos de prazo para sua amortização, com opção de recompra da dívida, em leilões realizados periodicamente por aquele banco, nos quais os contratos são liquidados por cerca de até 10% a 15% do saldo devedor. Fl. 2195DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.196 34 adiantamentos pela própria empresa GEMAX em sua contabilidade, modus operandi revelador do negócio efetivamente pactuado entre a importadora GEMAX e a empresa 6F DECORAÇÕES. Com efeito, da análise do fluxo do aporte de recursos efetuada pela fiscalização através dos documentos de fls. 1.114 a 1.206, com relação a cada declaração de importação, cuja relação comercial entre a importadora GEMAX e a real adquirente 6F DECORAÇÕES foi exemplificada pela fiscalização através da DI n° 05/02458903, constante do Quadro 01 do Relatório Fiscal, podese constatar que os pagamentos, via de regra ocorriam imediatamente antes do fechamento do câmbio e antes do registro da DI e do respectivo pagamento dos tributos e que os valores recebidos se aproximavam dos custos da importação considerando o fechamento do câmbio e os tributos pagos. Notese que a demonstração pela contabilidade da empresa GEMAX da utilização de recursos de terceiro nas operações de comércio exterior referentes às DI discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.007/1.008, inclusive as DI´s 06/02629050 e 06/03184078, objeto da presente fundamentação, demonstra não apenas a insuficiência da capacidade econômica e financeira da empresa GEMAX, mas sobretudo a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas, a empresa 6F DECORAÇÕES, uma vez que a empresa GEMAX em todas as DIs já referidas constou como importadora e adquirente ostensiva das mercadorias importadas. Destaca ainda a fiscalização sobre o aporte de recursos promovido pela empresa 6F DECORAÇÕES: Dessa forma, a GEMAX certamente não tinha problemas em liquidar antecipadamente seus contratos de câmbio, em pagar tributos no ato do registro da Dl etc, vez que o esquema apresentado acima se configurava em uma simples questão de "fluxo de caixa" para ela, pois os recursos financeiros eram pronto e ANTECIPADAMENTE repassados pelo (suposto) cliente, o real adquirente (entre eles, a 6F DECORAÇÕES). Assim, a GEMAX efetuava o registro das Declarações de Importação na modalidade importação por conta própria e dava entrada das mercadorias importadas em seus assentamentos contábeis, através de Notas Fiscais de entrada de sua própria emissão. O registro da "venda" dessas mercadorias, por sua vez, davase, não raras vezes, no mesmo dia de emissão das Notas Fiscais de entrada, sendo feito através da emissão de Notas Fiscais de "venda" no país, em que figuravam como destinatários os reais adquirentes. O giro do estoque, portanto, era imediato, algo incomum de acontecer neste ramo de negócio, vez que a comercialização de mercadorias, internamente pressupõe grande esforço para vendas. Contudo, isso só foi possível de acontecer porque a GEMAX entregava as mercadorias aos seus reais adquirentes, quem daquela esperavam recebêlas o mais breve possível. Esse mecanismo é tão evidente que a própria escrituração contábil da GEMAX não deixa dúvidas quanto à existência do Fl. 2196DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.197 35 esquema de ADIANTAMENTOS, pois assim denomina os recursos recebidos da 6F DECORAÇÕES, conforme registros efetuados em seus livros Diário e Razão Contábil, chegando as correspondentes movimentações das mercadorias estrangeiras em seus estoques a serem escrituradas em conta contábil denominada "Mercadoria p/ Cta. e Ordem".(grifei). Observese que de acordo com os contornos legais que regem a espécie dos autos, ainda que a GEMAX possuísse capacidade financeira e econômica compatível com o volume de importações no período, seria necessário que ela fosse a real adquirente das mercadorias, uma vez que registrou informações nas DIs respectivas como se fosse importação por conta própria, ou seja como se de fato promovesse a importação das mercadorias com seus próprios recursos, hipótese que não se configurou diante das provas colhidas pela fiscalização. Notese ainda que na dicção do artigo 27 da Lei nº 10.637, de 2002 a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro torna presumida a operação por conta e ordem, aplicandose ao caso o disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Nesse sentido, prevê a Instrução Normativa SRF nº 228, de 2002: Art. 13. A prestação de informação ou a apresentação de documentos que não traduzam a realidade das operações comerciais ou dos verdadeiros vínculos das pessoas com a empresa caracteriza simulação e falsidade ideológica ou material dos documentos de instrução das declarações aduaneiras, sujeitando os responsáveis às sanções penais cabíveis, nos termos do Código Penal (Decreto lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) ou da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, além da aplicação da pena de perdimento das mercadorias, nos termos do art. 105 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966.(grifei). Do cotejo dos dispositivos normativos já referenciados no presente voto, notadamente o art. 23, inciso V, §§ 1o e 3o, do DecretoLei n° 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002 c/c o art. 27 da Lei nº 10.637, de 2002 e artigo 13 da IN SRF nº 228 de 21/10/2002, com a análise fática das operações de importação de que trata o presente processo verificase que efetivamente, o importador, empresa GEMAX prestou informações na Declaração de Importação, documento base do despacho aduaneiro (art. 491 do Regulamento Aduaneiro/2002), que não correspondem à realidade dos fatos, visto que pela análise probatória ficou sobejamente demonstrado que o importador de fato, ou adquirente da mercadoria, aquele que efetivamente promoveu a operação de importação estava oculto na operação de importação respectiva, ficando assim caracterizada a interposição fraudulenta nas respectivas operações, visto que a GEMAX, além de importadora, uma vez que promoveu o despacho de importação, serviu de INTERPOSTA PESSOA ao verdadeiro responsável pela operação, a empresa 6F DECORAÇÕES, já que era a adquirente ostensiva nas DI´s 06/02629050 e 06/03184078 discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.007/1.008. Os fatos assim demonstrados à luz da legislação de regência, configuram a ocorrência de fraude ou simulação uma vez que a operação de importação foi formal e ostensivamente declarada ao Fisco como sendo por conta própria, mas efetivamente foi Fl. 2197DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.198 36 realizada mediante interposição de uma pessoa jurídica, que promoveu a importação por conta e ordem de terceiro, com ocultação do verdadeiro adquirente. Em síntese, como bem destacou a fiscalização [Assim, no âmbito da terceirização das atividades de importação, a GEMAX está, de fato, agindo por conta e ordem da 6F DECORAÇÕES, sua cliente, a real adquirente que contratou seus serviços.] Trazendose à colação as lições de 10De Plácido e Silva, entendese por simulação, uma declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. As partes criam um negócio com finalidade de encobrir outro negócio jurídico que produzirá efeitos proibidos na lei. Delineado o suporte fático dos autos, estando escorreitamente distinguido pelo i. Relator e pelo Relatório Fiscal as diferentes modalidades de importação e a legislação de regência, resumirseá a seguir os principais efeitos fiscais de uma operação por conta e ordem efetuada de forma regular: a) para que uma operação de importação por conta e ordem de terceiros seja realizada de forma regular, é necessário inicialmente que tanto a empresa ADQUIRENTE quanto a empresa IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM sejam HABILITADAS PARA OPERAR EM COMÉRCIO EXTERIOR junto à RFB; b) o fato de a IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM, na qualidade de mandatária da ADQUIRENTE, registrar a DI em seu nome, efetuar os pagamentos ao fornecedor estrangeiro e recolher os tributos incidentes sobre a importação de mercadorias (II, IPI, PIS/PASEP, COFINS e Cide), com os recursos fornecidos pela ADQUIRENTE, quer seja em forma de adiantamento, quer seja por acerto de contas, não caracteriza que a operação ocorreu por sua conta própria, mas, sim, por conta e ordem da ADQUIRENTE, a mandante da operação de importação, que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, e de quem se originam os recursos financeiros; c) a ADQUIRENTE tornase responsável solidária pelo recolhimento dos tributos, por previsão expressa de lei; d) a IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM deve registrar em sua escrituração contábil tanto as entradas das mercadorias importadas como os recursos financeiros recebidos da ADQUIRENTE (para fazer face às despesas com a importação ou, até mesmo, pagamentos efetuados aos fornecedores estrangeiros), observandose que esses lançamentos contábeis não devem e não podem ser computados como seus bens, direitos ou receitas, porque, diferentemente, são bens e direitos do ADQUIRENTE dessas mercadorias; e) a receita bruta da IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM corresponde ao valor dos serviços por ela prestados e, portanto, ela não pode descontar eventuais créditos gerados elo recolhimento das Contribuições para o PIS/PASEP, da COFINS e do IPI, por ocasião da importação realizada, uma vez que não caracteriza operação de 10 De Plácido e Silva, em Vocabulário Jurídico, 11ª ed. Rio de Janeiro, Forense, 1991, pág.235 [..] Simulação no sentido jurídico, sem fugir ao sentido normal, é o ato jurídico aparentado enganosamente ou com fingimento, para esconder a real intenção ou para subversão da verdade. Na simulação, pois, visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuízo de terceiros. Fl. 2198DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.199 37 compra e venda a emissão de nota fiscal de saída das mercadorias importadas do estabelecimento da IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM para o da ADQUIRENTE; f) a ADQUIRENTE fica equiparada a estabelecimento industrial e, portanto, passa a ser contribuinte do IPI incidente sobre a venda interna das mercadorias importadas, podendo aproveitar o crédito de IPI originário da operação de importação; g) Quanto às Contribuições para o PIS/PASEP e à COFINS, a ADQUIRENTE deve aplicar, à sua receita bruta, as mesmas normas de incidência dessas contribuições aplicáveis à receita decorrente da venda de mercadorias de sua importação própria, podendo também aproveitar os créditos dessas contribuições, originários da operação da importação, para utilizar na determinação dessas mesmas contribuições incidentes sobre o seu faturamento mensal. Consequências do Modus Operandi Restando demonstrado que a empresa GEMAX, apesar de importadora configurouse como INTERPOSTA PESSOA ao verdadeiro responsável pela operação, a empresa 6F DECORAÇÕES, já que era a importadora e adquirente ostensiva em todas as DI discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.007/1.008, elencamse a seguir as constatações da fiscalização decorrentes desse modus operandi: a) Como era de se esperar de casos como este, consulta ao Sistema RADAR (ambiente para registro e rastreamento da atuação dos intervenientes aduaneiros) revelou que a real adquirente, 6F DECORAÇÕES, até 11/04/2006 data posterior à quase totalidade das importações em questão, NÃO POSSUÍA HABILITAÇÃO nos sistemas da RFB para atuar em comércio exterior; b) A relação negocial entre a GEMAX e a 6F DECORAÇÕES não tem a natureza de COMPRA E VENDA MERCANTIL, mas de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE IMPORTAÇÃO, tratandose de uma TERCEIRIZAÇÃO, por parte da 6F DECORAÇÕES, de suas atividades de importação de mercadorias produzidas no exterior, por meio da qual eram transferidos a GEMAX a execução e gerenciamento de todos os aspectos operacionais, logísticos, burocráticos, financeiros e tributários de suas compras de mercadorias no exterior, para que pudesse se concentrar apenas no seu negócio principal; c) A GEMAX como prestadora de serviços de comércio exterior, oferecia em seu site as seguintes vantagens a seus clientes (reais adquirentes das mercadoria): Custo Operacional Reduzido Toda a estrutura especializada e desenvolvida pela Gemax, que será utilizada por V.Sas., não agregará custos aos produtos estando incidido sobre as importações somente as despesas geradas pela mesma, sem qualquer margem de lucro. Ausência da Margem de Lucro A Gemax faturará as mercadorias pelo seu valor de custo, sem agregar qualquer margem de lucro. Esta medida, propicia a redução da carga tributária a um menor preço de venda e competitividade do produto no mercado. Fl. 2199DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.200 38 ICMS Interestadual O recolhimento do ICMS será na saída das mercadorias, ou seja, sobre o valor total da Nota Fiscal. Sabendose que a alíquota de ICMS destacada será a interestadual, sendo 33,33% menor que a alíquota interna do estado de São Paulo. Teremos assim a menor alavancagem dos impostos subsequentes, como a redução do recolhimento dos impostos incidentes no faturamento (PIS, COFINS, ICMS). Menor Alavancagem do IPI Através do regulamento do IPI, fica definido que o estabelecimento importador será equiparado a indústria, sendo responsável único pelo recolhimento do valor total do IPI. Desta forma, o recolhimento do valor total do IPI será feito pela Gemax, incidindo apenas sobre o valor de custo da mercadoria e não sobre o preço de venda ao consumidor final, reduzindo assim o IPI total a ser recolhido.(grifos do original). Cabe pontuar excertos da decisão de piso sobre a natureza das operações demonstradas nos presentes autos: A impugnante não conseguiu comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos utilizados em suas importações e também ficou demonstrada a fraude na importação visto que GEMAX simulou uma importação direta quando de fato importava para um adquirente oculto. Além da simulação em si, a produção de documentos que não traduzem a realidade comercial implica na realização de uma fraude documental. Logo, de qualquer ponto de vista, foi corretamente tipificada a infração imputada. (grifei). Da caracterização da responsabilidade A solidariedade está assentada na seguinte base legal: Código Tributário Nacional CTN: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Observese que com a ordem jurídica inaugurada pela Constituição de 1988, por força do artigo 237 verificase que a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior sob a competência do Ministério da Fazenda têm sido objeto de regramento específico, sobressaindose no ordenamento jurídico pátrio um arcabouço normativo destinado a disciplinar as operações de comércio exterior que pela natureza eminentemente regulatória, situase além do disciplinamento no âmbito do Direito Tributário para alcançar sobretudo o controle das operações de comércio exterior em seu aspecto multidisciplinar, merecendo Fl. 2200DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.201 39 destaque a legislação aduaneira que trata das infrações aduaneiras e das penalidades a elas aplicáveis, no âmbito do controle aduaneiro. Com efeito, a lei aduaneira definiu as relações entre os coobrigados no caso de infrações conforme a seguir indicado: DecretoLei nº 37, de 1966: Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...] a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001).(grifei). Verificase que o instituto da solidariedade não está afeto apenas à co responsabilidade quanto ao pagamento do tributo mas também com relação ao vínculo obrigacional entre os coobrigados responsáveis pela prestação pecuniária decorrente do cometimento de infrações, conforme definido em lei como acima exposto. Conclusão Assim, diante dos fatos acima analisados, restou demonstrado que a GEMAX submeteu a despacho aduaneiro as Declarações de Importação discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.007/1.008, inclusive as DI´s 06/02629050 e 06/03184078 declarando se como adquirente das mercadorias, quando o efetivo adquirente, responsável pelo aporte de recursos financeiros foi a 6F DECORAÇÕES. Essas empresas, promoveram importações mediante INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, dissimulando o negócio jurídico verdadeiramente ocorrido, infração punível com a pena de perdimento das mercadorias, em todas as DIs elencadas no Quadro 01 do Relatório Fiscal, fls. 1.007/1.008, sendo substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadorias visto que estas foram consumidas, conforme ratifica a fiscalização. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário da GEMAX e responsável solidário, empresa 6F DECORAÇÕES, com relação às DI´s 06/02629050 e 06/03184078, visto que restou demonstrado nos autos a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, infração punível com a pena de perdimento das mercadorias, sendo substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias uma vez que foram consumidas. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Fl. 2201DF CARF MF Processo nº 12466.003155/201090 Acórdão n.º 3302004.291 S3C3T2 Fl. 2.202 40 Fl. 2202DF CARF MF
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Numero do processo: 13819.001595/2004-80
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 1997
PRESCRIÇÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
A pretensão ao reconhecimento do direito creditório relativo ao saldo negativo de CSLL do ano-calendário de 1996 que teve início em 01/01/1997 e pleiteado em 16/07/2004 está alcançado pela prescrição, tendo em vista o decurso do prazo superior a cinco anos.
Numero da decisão: 1801-000.396
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário para não reconhecer o direito creditório e não homologar a compensação, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro André Ricardo Lemes da Silva que adota a tese de que o prazo prescricional é de dez anos
Nome do relator: Carmen Ferreira Saraiva
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REPETIÇÃO DE INDÉBITO. A pretensão ao reconhecimento do direito creditório relativo ao saldo negativo de CSLL do ano-calendário de 1996 que teve início em 01/01/1997 e pleiteado em 16/07/2004 está alcançado pela prescrição, tendo em vista o decurso do prazo superior a cinco anos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário para não reconhecer o direito creditório e não homologar a compensação, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro André Ricardo Lemes da Silva que adota a tese de que o prazo prescricional é de dez anos. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes - Presidente (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva - Relatora EDITADO EM: Composição do Colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Carmen Ferreira Saraiva, André Ricardo Lemes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Rogério Garcia Peres e Ana de Barros Fernandes. Fl. 853DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 2 Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (PER/DComp) em 16/07/2004, fls. 01/03, utilizando- se do crédito relativo ao saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$19.757,14 do ano-calendário de 1996. Em conformidade com o Despacho Decisório, fls. 96/97, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento ao argumento de que o pedido foi alcançado pela prescrição. Cientificada em 30/09/2008, fl. 112, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade em 30/10/2008, fls. 123/133 e 185/195, argumentando em síntese que discorda da conclusão da análise do pedido. Argumenta que o termo inicial da contagem do prazo prescricional é a data em que o lançamento é homologado (§ 4 do art. 150 do Código Tributário Nacional – CTN). Conclui que o prazo é de dez anos a contar da ocorrência do fato gerador para os pedidos formalizados antes da edição da Lei Complementar nº 118, de 2005, em conformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o princípio da irretroatividade legal. Diz demonstrar, conforme planilha, os pagamentos que entende são maiores que os tributos devidos. Argúi que o crédito tributário deve ser reconhecido acrescido da incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic. Indica a legislação que rege a matéria, princípios que alega foram violados ainda entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui Por todo o exposto, requer seja totalmente reformado o despacho decisório emanado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Bernardo do Campo/SP nos autos deste processo administrativo n° 13819.001595/2004-80, para afastar a decadência alegada e finalmente deferir a compensação integral do saldo negativo da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido, oriundo da competência de, dezembro de 1996, exercício de 1997, atualizado monetariamente e acrescido de juros equivalentes à SELIC, nos moldes da previstos pelo § 4° do artigo 39 da Lei n° 9.250/95, com débitos da COFINS apurados em junho de 2004, como medida que represente a mais perfeita e necessária JUSTIÇA TRIBUTÁRIA! Termos em que, Pede deferimento. Está registrado como resultado do Acórdão da 4ª TURMA/DRJ/CPS/SP nº 05-24.984, de 02/03/2009, fls. 250/254:“ Rest/Ress. Indeferido - Comp. não homologada”. Consta que ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano-calendário: 1996 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO CORRESPONDENTE A SALDO NEGATIVO DE CSLL. PRAZO PARA UTILIZAÇÃO. Fl. 854DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 13819.001595/2004-80 Acórdão n.º 1801-00.396 S1-TE01 Fl. 276 3 É de cinco anos, contados da extinção do crédito tributário, o prazo para exercitar o direito à repetição do indébito. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o pagamento antecipado extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior não-homologação ao lançamento, operando-se, portanto, a extinção no momento em que efetuado o pagamento. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Indeferido o direito creditório, não se homologa a compensação. Notificada em 04/05/2009, fl. 257, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 03/06/2009, fls. 258/265, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Reitera todos os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Conclui Por todo o exposto, requer seja recebido e provido o presente recurso perante esse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, para o fim de se reformar integralmente o v. acórdão proferido pela 4a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas-SP, acolhendo-se as razões recursais acima suscitadas, com o escopo de promover compensação integral das quantias indevidamente recolhidas a título de saldo negativo de CSLL oriundo da competência de dezembro de 1996, exercício 1997, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros equivalentes à SELIC, nos moldes da previstos pelo § 4° do artigo 39 da Lei n° 9.250/95, com débitos de COFINS apurados em junho de 2004, como medida que represente a mais perfeita e necessária JUSTIÇA TRIBUTÁRIA! Termos em que, Pede e espera deferimento. É o Relatório. Voto Conselheira Relatora, Carmen Ferreira Saraiva O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência. Assim, dele tomo conhecimento. A Recorrente discorda do procedimento fiscal. Cabe esclarecer que a CSLL está sujeita ao lançamento por homologação, nos termos do § 4 do art. 150 do CTN. No que se refere à prescrição, o Código Tributário Nacional prevê: Fl. 855DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 4 Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; [...] Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; [..] Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; A Lei Complementar nº 118, de 2005, determina: Art. 3o Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Cabe mencionar a jurisprudência administrativa sobre a questão (fonte: http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/listaJurisprudencia.jsf, acesso em 14/10/2010): Nº Recurso 156649 - Número do Processo 11080.102959/2003- 11 -Turma 1ª Câmara Contribuinte COMERCIAL DE BEBIDAS AMAZONENSE LTDA Tipo do Recurso Recurso Voluntário - Negado Provimento Por Unanimidade-Data da Sessão 16/12/2008 Relator(a) Valmir Sandri Nº Acórdão 101-97053 -Tributo / Matéria IRPJ - restituição e compensação Decisão Por unanimidade votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. Declarou-se impedido, pela matéria, o Conselheiro João Carlos Lima Junior. Fl. 856DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 13819.001595/2004-80 Acórdão n.º 1801-00.396 S1-TE01 Fl. 277 5 Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Anos-calendário: 1997 e 1998 Ementa: RESTITUIÇÃO - RECOLHIMENTO INDEVIDO OU A MAIOR - PRESCRIÇÃO – PRAZO Mesmo antes da edição da Lei Complementar nº 118/2005, a jurisprudência majoritária deste E. Conselho de Contribuintes não acolhia a chamada tese dos "cinco mais cinco", pois entendia que, nos casos de recolhimento de tributo efetuado a maior ou indevidamente, o prazo prescricional a ser aplicado é o resultante da combinação dos artigos 168, I e 165, I do CTN, que estabelecem que o direito de pleitear restituição extingue-se com o decurso de prazo de cinco anos a contar da data do pagamento. Recurso Voluntário Improcedente [...] Nº Recurso 152044 -Número do Processo 11080.012500/2002- 38 -Turma 1ª Câmara Contribuinte AVIPAL S/A Tipo do Recurso Recurso Voluntário - Negado Provimento Por Unanimidade-Data da Sessão 16/12/2008 Relator(a) Valmir Sandri Nº Acórdão 101-97060 -Tributo / Matéria IRPJ - restituição e compensação Decisão Por unanimidade votos, NEGAR provimento ao recurso. Declarou-se impedido o Conselheiro José Ricardo da Silva. Ementa Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 Ementa: IRPJ DIREITO CREDITÓRIO - COMPENSAÇÃO – IRRF – Não tendo a contribuinte comprovado, com documentos hábeis e idôneos a totalidade do imposto de renda retido na fonte, compensado com o imposto devido por estimativa, impõe se a manutenção do direito creditório apurado pela decisão recorrida. RESTITUIÇÃO - RECOLHIMENTO INDEVIDO OU A MAIOR - PRESCRIÇÃO – PRAZO - Mesmo antes da edição da Lei Complementar nº 118/2005, este E. Conselho de Contribuintes não acolhia a chamada tese dos "cinco mais cinco", pois entendia que, nos casos de recolhimento de tributo efetuado a maior ou indevidamente, o prazo prescricional a ser aplicado é o resultante da combinação dos artigos 168, I e 165, I do CTN, que estabelecem que o direito de pleitear restituição extingue-se com o decurso de prazo de cinco anos a contar da data de extinção do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Vale esclarecer que o art. 3 da Lei Complementar n 118, de 2005, está em vigor e tem efeito expressamente retroativo. Mesmo antes da edição desta norma, o entendimento jurisprudencial pacificado desta segunda instância de julgamento é no sentido de que prevalece o prazo prescricional qüinqüenal a contar do pagamento maior que o tributo devido. A pretensão ao reconhecimento do direito creditório relativo ao saldo negativo de CSLL do ano-calendário de 1996 teve início em 01/01/1997 e foi pleiteado em 16/07/2004, fls. Fl. 857DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES 6 01/03. Assim o pedido foi alcançado pela prescrição, tendo em vista o decurso do prazo superior a cinco anos. Por conseguinte, não cabem reparos ao procedimento fiscal. A Recorrente argúi que o crédito tributário deve ser reconhecido acrescido da incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic. A Instrução Normativa SRF nº 210, de 30 de setembro de 2002, que vigorava à época da entrega da Per/DComp, determinava: Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios na forma prevista nos arts. 38 e 39 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. (Redação dada pela IN SRF nº 323, de 24/04/2003) [...] Art. 38. As quantias recolhidas ao Tesouro Nacional a título de tributo ou contribuição administrado pela SRF serão restituídas ou compensadas com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que a quantia for disponibilizada ou utilizada na compensação de débitos do sujeito passivo, [...] Tendo em vista o princípio da legalidade, os acréscimos legais são cabíveis de acordo com as normas de regência da matéria. Logo, estes consectários não podem ser afastados. No que se refere à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados na peça recursal, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso (art. 100 do Código Tributário Nacional). Em relação aos princípios constitucionais que a Recorrente entende que supostamente foram violados, cabe transcrever o enunciado da Súmula CARF n 2, que é de adoção obrigatória (art. 72 do Anexo II da Portaria n 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF), e que assim determina: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Logo, este argumento não pode prosperar. Em face do exposto voto, no mérito, por negar provimento ao recurso voluntário para não reconhecer o direito creditório e não homologar a compensação. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 858DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES Processo nº 13819.001595/2004-80 Acórdão n.º 1801-00.396 S1-TE01 Fl. 278 7 Fl. 859DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Assinado digitalmente em 18/11/2010 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, 19/11/2010 por ANA DE BARROS FERNAN DES
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Numero do processo: 13848.000093/2005-75
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES
Ano calendário:2004
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SOLDA, MECÂNICA DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS E DE SERRALHERIA EM GERAL.
ATIVIDADES COMPATÍVEIS COM O REGIME SIMPLIFICADO DE APURAÇÃO DE TRIBUTOS DO SIMPLES.
A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal (Súmula CARF nº 57).
Numero da decisão: 1802-000.819
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto Relator.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: Nelso Kichel
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ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Ano calendário:2004 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SOLDA, MECÂNICA DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS E DE SERRALHERIA EM GERAL. ATIVIDADES COMPATÍVEIS COM O REGIME SIMPLIFICADO DE APURAÇÃO DE TRIBUTOS DO SIMPLES. A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal (Súmula CARF nº 57).
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SOLDA E MECÂNICA INDUSTRIAL Recorrida FAZENDA PÚBLICA ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2004 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SOLDA, MECÂNICA DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS E DE SERRALHERIA EM GERAL. ATIVIDADES COMPATÍVEIS COM O REGIME SIMPLIFICADO DE APURAÇÃO DE TRIBUTOS DO SIMPLES. A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal (Súmula CARF nº 57). Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto Relator. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. Fl. 168DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Nelso Kichel, Gilberto Baptista e Nereida de Miranda Finamore Horta em substituição ao Conselheiro Alfredo Henrique Rebello Brandão. Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 112/124 interposto pela contribuinte em face da decisão proferida pela 1ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto (fls. 104/106) que indeferiu a solicitação de revisão do ato de exclusão do Simples. Quantos aos fatos, por resumir a lide objeto dos autos até então, transcrevo o relatório da decisão recorrida (fl. 104verso), in verbis: (...) A contribuinte acima qualificada, mediante Ato Declaratório Executivo n° 565.768, às fls. 21, de 02 de agosto de 2004, emissão do Sr. Delegado da Receita Federal em Presidente Prudente, foi excluída do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples), informando como causa do evento a atividade econômica, no caso, Manutenção e reparação de outras máquinas e equipamentos de uso específico. Fundamentouse na Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996, art. 9º, XIII. Constou do ato declaratório que os efeitos da exclusão seria a partir de 01/01/2004 em obediência ao disposto na Medida Provisória n° 2.158, de 27/07/2001, e Instrução Normativa (IN) — SRF n° 355, de 29/08/2003. Cientificada do Ato Declaratório, a interessada ingressou com a manifestação de inconformidade de fls. 01/03, onde alega que após a diligência fiscal efetuada não tomou ciência, cerceando assim o seu direito de defesa, só tendo ciência da decisão prolatada na SRS. Alega, ainda, que em seu quadro de funcionários não existem engenheiros, somente mecânicos e soldadores. (...) Fl. 169DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13848.000093/200575 Acórdão n.º 1802000.819 S1TE02 Fl. 2 3 A DRJ/Ribeirão Preto, apreciando a lide, manteve a decisão anterior, indeferindo a revisão do ato de exclusão, cuja ementa do Acórdão foi assim lavrada (fl. 104), in verbis: (...) ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2004 SIMPLES EXCLUSÃO As empresas que desenvolvem atividades de mecânica em equipamentos industriais, prestam serviços de usinagem e assistência técnica no seguimento, estão impedidas de optar pelo Simples. Solicitação Indeferida (...) Inconformada com esse decisum, do qual tomou ciência em 28/04/2008 (fl. 111), a interessada apresentou Recurso Voluntário em 26/05/2008 (fls. 112/124), juntando ainda documentos de fls. 125/135, cujas razões, as principais, transcrevo a seguir, in verbis: (...) Entretanto, a Lei 9.317/96, após definir a regra para fruição do regime tributário do SIMPLES, em seu art. 9º estabeleceu exceções vedando a opção pelo regime jurídico diferenciado para a pessoa jurídica em função de inúmeros fatores aí especificados. Um desses fatores, levado em conta pelo fisco para desenquadrar a consulente do regime do SIMPLES, é aquele previsto em seu inciso XIII, isto é, pessoa jurídica que: 'preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados, e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida'. No entendimento do fisco, a recorrente, por executar serviços de ´manutenção e reparação de máquinas em geral, equipamentos mecânicos' estaria praticando atividade vedada pelo art. 9º, inciso XIII da Lei n° 9.317/96, porquanto tal atividade configuraria serviços de engenharia ao teor dos arts. 1°, 12, 23 e 24 da Resolução n° 218/73, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Fl. 170DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 (...) A execução dos serviços de manutenção e soldas de máquinas em geral não exige profissional legalmente habilitado (engenheiro), nem o Estatuto dos Engenheiros, Arquitetos e EngenheirosAgrônomo, a Lei n° 5.194/66, exige o registro no CREA para a pessoa jurídica executar tais serviços.(...) Se a recorrente executasse serviços de engenharia ela deveria estar registrada no CREA, (...). Nem os dispositivos da Resolução n° 218/73, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia têm aplicação ao caso sob exame, não bastasse o fato de que o alcance e o conteúdo das normas da Resolução do Conselho Federal restringemse aos da lei em função da qual foi editada. É uma decorrência do princípio da legalidade tributária, inscrito no art. 150, I da CF, que impede o emprego de analogia para exigir tributo sem previsão legal (art. 108, § 1° do CTN). Acrescentese que no caso a Resolução n° 218/73 não veio regular o disposto no art. 9°, XIII da Lei n° 9.317/96, e nem o poderia! (...) A própria legislação exclui a atividade da recorrente da proibição do art. 9º, XIII da Lei n° 9.317/96. Não bastasse a interpretação sistemática do inciso XIII do art. 9º, da Lei 9.317/96, acolhida pela jurisprudência de nossos tribunais, a excluir a atividade da recorrente da proibição contida no referido inciso legal, a própria legislação federal veio dispor expressamente sobre a inaplicação da vedação do inciso XIII às pessoas jurídicas que especifica. Efetivamente, a Lei n° 10.964, de 28.10.2004 estatuiu em seu art. 4°: Art. 4°. Ficam excetuadas da restrição de que trata o inciso XIII do art. 9º da Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1966, as pessoas jurídicas que se dediquem às seguintes atividades: I — serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus, e outros veículos pesados (Redação dada pela Lei n° 11.051/2004). II — serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores (redação dada pela Lei n° 11.051/2004). III — serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas (Redação dada pela Lei n° 11.051/2004). IV — serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática (Redação dada pela Lei n° 11.051/2004). V — serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletro domésticos (Redação dada pela Lei n° 11.051/2004). Fl. 171DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13848.000093/200575 Acórdão n.º 1802000.819 S1TE02 Fl. 3 5 (...) Não pode o fisco promover o desenquadramento do SIMPLES baseado em instrumento normativo de menor hierarquia, a Resolução n° 218/73, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que ultrapassou os limites da lei regulamentada, a Lei n° 5.194/96 (Estatuto dos Engenheiros, Arquitetos e Engenheiros Agrônomos), sob pena de criar tributos por meio de analogia, ofendendo o princípio da legalidade tributária. Outrossim, essa Resolução não pretendeu e nem poderia pretender a regulamentação do item XIII do art. 9º da Lei n° 9.317/96, que cuida da vedação do exercício da atividade de profissionais legalmente habilitados para efeito de opção pelo regime do SIMPLES. (...) Como se não bastasse toda argumentação acima, consubstanciada em robusta matéria de direito, a verdade, nobre julgador, é que a empresa recorrente já se encontra desenquadrada do SIMPLES desde o início do segundo semestre do ano de 2.005, migrando para o Regime de Recolhimento pelo Sistema Presumido. Isto, porque suas receitas ultrapassaram o limite previsto pelo antigo Programa (SIMPLES) e não por qualquer determinação legal. Inclusive, já houve pedido de parcelamento dos encargos tributários da recorrente, conforme atestam os documentos encartados nos autos, demonstrando e retratando, fielmente, a verdadeira situação pela qual passa a empresa, a qual se encontra com suas atividades praticamente encerradas desde o mês de setembro de 2.006. Voltou a funcionar no final do exercício de 2.007, na expectativa de conseguir o deferimento do pedido pleiteado, caso contrário, encerrará em definitivo suas atividades, demitindo, dessa forma, mais de 30 (trinta) funcionários que trabalha de forma direta e indiretamente para empresa. Como então, decidir pela exclusão do SIMPLES, com pedido retroativo a 01/01/2.002, se, primeiramente, é contrário a legislação constitucional e infraconstitucional; segundo, se mesmo enquadrada no sistema em questão, que serve para ajudar aos pequenos empresários, mesmo assim, seus sócios não conseguem dar continuidades às atividades para as quais fora constituída. Desta forma, em caso de desenquadramento do SIMPLES no período retroativo de 01/01/2.002 até o final do primeiro semestre de 2.005 (31/03/2.005), a recorrente não terá condições financeiras de arcar com o pagamento dos impostos originados de outro regime, principalmente, pelo fato de a empresa estar com suas atividades quase encerradas, obtendo muitas despesas, conforme demonstra os documentos anexados nos autos. Fl. 172DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 (...) (grifos meus) Por fim, diante dessas razões, a recorrente pediu provimento ao recurso, nos seguintes termos (fl. 124): (...) Diante do exposto, esperase que este Egrégio Conselho dignese em receber o presente recurso hierárquico voluntário, concedendolhe efeito suspensivo, dandolhe PROVIMENTO para, reformando a decisão recorrida, determine a permanência da empresa recorrente no SIMPLES, retroagindo seus efeitos (ex tunc) desde a data de 01/01/2.002 até quando, por iniciativa própria, a recorrente foi desenquadrada do referido sistema,(...). É o relatório. Fl. 173DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13848.000093/200575 Acórdão n.º 1802000.819 S1TE02 Fl. 4 7 Voto Conselheiro Nelso Kichel, Relator O Recurso Voluntário foi apresentado tempestivamente e preenche as demais condicões de admissibilidade. Por conseguinte, dele conheço. Conforme relatado, os autos tratam de Exclusão do SIMPLES. O ato de exclusão do SIMPLES, de 02/08/2004, consigna infração ocorrida em 20/01/2004 exercício de atividade econômica vedada: manutenção e reparação de outras máquinas e equipamentos de uso específico, com efeito jurídico da exclusão a partir de 01/02/2004, conforme arts. 9º XIII, 15 II e 16 da Lei nº 9.317/96 e alterações (fl. 21). Vale dizer, a recorrente foi excluída do SIMPLES a partir de 01/02/2004 por exercer atividade econômica de profissão regulamentada de engenheiro ou qualquer outra profissão cujo exercício depende de habilitação profissional legalmente exigida, sujeita à fiscalização pelo Conselho de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA (Lei nº 9.317/96, art. 9º, XIII). Por sua vez, a recorrente contesta, alegando que não poussui engenheiro e/ou técnico, de profissão regulamentada, no seu quadro de funcionários; que, na verdade, a empresa não exerce atividade de profissão regulamentada; informa, ainda, que desde o final de março de 2005 (31/03/2005), voluntariamente, migrou para o regime do Lucro Presumido, porém vem exercendo sua atividade com muitas dificuldades, pois vem pagando o parcelamento dos tributos que se referem ao período de exclusão compulsória do SIMPLES (a partir de fevereiro/2004), e ainda vem pagando os tributos do regime do Lucro Presumido; que, em face disso, requer a revisão de sua exclusão do SIMPLES, para que seja mantida no Sistema do SIMPLES entre 01/02/2002 até o período de sua migração voluntária para o regime de apuração do Lucro Presumido – 31/03/2005. Primeiro, diversamente do período alegado, a recorrente foi excluída do SIMPLES pelo Ato Declaratório Executivo de 02/08/2004, com efeito jurídico a partir de 01/02/2004 (fl. 21). Logo, a análise do pleito será restrita a essa exclusão. Quanto à atividade econômica exercida pela recorrente, consta do Instrumento Particular de Alteração Contratual de 20/12/2003 (fls.11/15, e 28), Cláusula Segunda, que: O seu objeto social é PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SOLDA E MECÂNICA DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS, E DE SERRALHERIA EM GERAL; Anteriormente, o objeto social da recorrente era o definido pelo Instrumento do Contrato Social de 25/01/1999, cópia de fl. 22, in verbis: (...) 2.) O objetivo e fins da sociedade será a exploração por conta própria do ramo de atividade de Prestação de Serviços de Fl. 174DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 8 Montagem e Mecânica de equipamentos de Usinagem Industrial, e de Serralheria em geral. (...) Ainda, pela Alteração Contratual de 1º/09/2002, cópia do Instrumento na folha 24, o objeto social passou a ser o seguinte: (..) 2) O objetivo e fim da sociedade será, a exploração por conta própria do ramo de atividade de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SOLDA E MECÂNICA DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS, E DE SERRALHERIA EM GERAL. (...) Após a exclusão do SIMPLES pelo ato declaratório, a contribuinte solicitou revisão da exclusão do SIMPLES (SRS) à unidade local da RFB em 14/09/2004 (fl. 07), que realizou diligência fiscal superficial, e, novamente, concluiu pela vedação de enquadramento retroativo da recorrente no Sistema SIMPLES, conforme justificativa de 30/05/2005 (fl. 08), nos seguintes termos: (...) A pessoa jurídica foi excluída da sistemática do SIMPLES através do Ato Declaratório Executivo DRF/PPE n° 565.768, de 02 de agosto de 2.004, evento 306, sendo a situação excludente mencionada: "Atividade Econômica Vedada: 29963199 Manutenção e Reparação de outras máquinas e equipamentos de uso específico." Através da presente Solicitação de Revisão de Exclusão do SimplesSRS, a pessoa jurídica alega que a atividade principal da empresa é única e exclusivamente a prestação de Serviços de Solda e Mecânica de Equipamentos, e Serralheria, realizados pelos próprios sócios, não exigindo profissional, cujo exercício dependa de regulamentação. Em atendimento a pedido desta Seção, a SAFIS/DRF/PPE determinou diligências junto à solicitante, tendo sido produzido o Termo de Encerramento de Diligência, e juntada cópia de folhas do Livro de Registro de Empregados, e de notas fiscais emitidas pela pessoa jurídica. Verificase pelas cópias das folhas do Livro de Registro de Empregados, a admissão de "Mecânico em Manutenção”, "Torneiro Mecânico", entre outros, e as notas fiscais emitidas revelam a prestação de serviços de reparos em equipamentos industriais. A decisão 113/00 da 8ª Região Fiscal da Receita Federal, revela que a atividade da solicitante é impeditiva à opção ao SIMPLES. Ementa: REPARAÇÃO DE EQUIPAMENTO INDUSTRIAL. VEDAÇÃO. A prestação de serviço de conserto e reparação de equipamentos industriais, por caracterizar serviço de Fl. 175DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 13848.000093/200575 Acórdão n.º 1802000.819 S1TE02 Fl. 5 9 engenheiro e de profissões que dependem de habilitação profissional legalmente exigida, impede a pessoa jurídica que o presta de optar pelo SIMPLES. Em face do exposto opinamos por considerar improcedente a solicitação efetuada. (...) A DRJ/Ribeirão Preto (decisão recorrida), na mesma esteira da perfunctória diligência fiscal, indeferiu a solicitação da interessada, com base no voto condutor (fls. 105v e 106), in verbis: (..) Quanto a alegação do cerceamento ao direito de defesa, não há o que alegar, pois o contribuinte apresentou sua impugnação em tempo hábil e com o conhecimento de todos os atos praticados pela fiscalização por ocasião da diligencia efetuada, portanto não procede a alegação. Também, deve ser considerado que as cópias das notas fiscais de prestação de serviços (fls. 65 a 89), mão de obra, reparos na indústria de conformidade com o contrato e as cópias do livro registro de empregados demonstram a contratação de soldadores, mecânicos e mecânicos industriais, as quais comprovam a execução de serviços impeditivos à opção pleiteada. (...) Data venia, tal entendimento das instâncias anteriores de julgamento não pode prosperar; primeiro, a diligência fiscal nada concluiu, nada relatou, além de mencionar que a sede da empresa é a casa residencial de um dos sócios (fl. 61), in verbis: (...) 1)Constatamos que a sede da empresa é a casa residencial de um dos sócios, e por estar ausente, trabalhando em Usina de Álcool da região, não conseguimos intimálo pessoalmente; (...) Por último, as cópias das notas fiscais de prestação de serviços mão de obra e de reparos na indústria (fls. 65 a 89), e as cópias do livro registro de emprepados revelam que as atividades desenvolvidas pela empresa não requerem engenheiros ou profissionais de profissão regulamentada, pois são executadas por soldadores, mecâncios e mecânicos industriais, de formação prática, cuja remuneração mensal, na época – para cada profissional contratado – não suplanta dois salários mínimos/mês, por jornada diária, das 7:00 às 17:00 horas, com duas horas de intervalo para almoço (fls. 47/60). Além disso, a prestação de serviços de solda e mecânica de equipamentos industriais, e de serralheira em geral, conforme Súmula CARF nº 57, não constitui impedimento para ingresso ou permanência da empresa no SIMPLES: Fl. 176DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 10 Sumúla CARF nº 57: A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. Por tudo que foi exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso, para manter a empresa no regime do SIMPLES no período de 01/02/2004 (data da exclusão de ofício) até 31/03/2005 data em que a empresa deixou, espontaneamente, esse regime simplificado de apuração de tributos, por ter ingressado no regime de apuração do Lucro Presumido. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 177DF CARF MF Emitido em 15/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL Assinado digitalmente em 06/06/2011 por NELSO KICHEL, 14/06/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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