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Numero do processo: 23034.042303/2006-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003
DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO.SÚMULA CARF Nº 99.
Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003
VERDADE MATERIAL. DILIGÊNCIA.
Em busca da verdade material é admissível o exame de documentação apresentada em diligência com o intuito de sanar equívoco nas informações prestadas.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003
SALÁRIO-EDUCAÇÃO. FNDE.
O salário-educação previsto no art. 212, §5°, da Constituição Federal, é devido pelas empresas, calculado sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título aos segurados empregados, de acordo com a Lei n.° 9.424, de 1996.
Recurso de Ofício Negado
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2301-004.882
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos recursos de ofício e voluntário, para negar provimento ao Recurso de Ofício e dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para retificar os valores lançados nas competências 12/2001 a 12/2003, conforme "Tabela de Retificação do Débito por Competência" apresentada pela fiscalização (e-fls. 1.772).
Por força do $ 5º do art. 58 do RICARF (Portaria MF nº 343/2015), foi considerado o voto proferido na sessão de 19/10/2016 pela Conselheira Alice Grecchi e não foi colhido o voto do conselheiro Alexandre Evaristo Pinto.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente Substituta e Relatora.
EDITADO EM: 22/01/2017
Participaram da sessão de julgamento de os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos.
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003 DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO.SÚMULA CARF Nº 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003 VERDADE MATERIAL. DILIGÊNCIA. Em busca da verdade material é admissível o exame de documentação apresentada em diligência com o intuito de sanar equívoco nas informações prestadas. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003 SALÁRIO-EDUCAÇÃO. FNDE. O salário-educação previsto no art. 212, §5°, da Constituição Federal, é devido pelas empresas, calculado sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título aos segurados empregados, de acordo com a Lei n.° 9.424, de 1996. Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Provido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos recursos de ofício e voluntário, para negar provimento ao Recurso de Ofício e dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para retificar os valores lançados nas competências 12/2001 a 12/2003, conforme "Tabela de Retificação do Débito por Competência" apresentada pela fiscalização (e-fls. 1.772). Por força do $ 5º do art. 58 do RICARF (Portaria MF nº 343/2015), foi considerado o voto proferido na sessão de 19/10/2016 pela Conselheira Alice Grecchi e não foi colhido o voto do conselheiro Alexandre Evaristo Pinto. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente Substituta e Relatora. EDITADO EM: 22/01/2017 Participaram da sessão de julgamento de os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos.
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PAGAMENTO ANTECIPADO.SÚMULA CARF Nº 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003 VERDADE MATERIAL. DILIGÊNCIA. Em busca da verdade material é admissível o exame de documentação apresentada em diligência com o intuito de sanar equívoco nas informações prestadas. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003 SALÁRIOEDUCAÇÃO. FNDE. O salárioeducação previsto no art. 212, §5°, da Constituição Federal, é devido pelas empresas, calculado sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título aos segurados empregados, de acordo com a Lei n.° 9.424, de 1996. Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Provido em Parte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 23 03 4. 04 23 03 /2 00 6- 10 Fl. 1814DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos recursos de ofício e voluntário, para negar provimento ao Recurso de Ofício e dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para retificar os valores lançados nas competências 12/2001 a 12/2003, conforme "Tabela de Retificação do Débito por Competência" apresentada pela fiscalização (efls. 1.772). Por força do $ 5º do art. 58 do RICARF (Portaria MF nº 343/2015), foi considerado o voto proferido na sessão de 19/10/2016 pela Conselheira Alice Grecchi e não foi colhido o voto do conselheiro Alexandre Evaristo Pinto. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente Substituta e Relatora. EDITADO EM: 22/01/2017 Participaram da sessão de julgamento de os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Relatório Tratase de Notificação para Recolhimento de Débito constituída pelo FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, cientificada ao sujeito passivo em 21/12/2006, referente às contribuições para o SalárioEducação decorrente de glosa de deduções efetuadas em relação ao número de alunos beneficiados na modalidade "Indenização de Dependentes", relativas ao período de 07/1996 a 12/2003. A empresa apresentou impugnação tempestiva, a qual foi julgada procedente em parte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador DRJ/SDR, em vista da decadência, excluindo da notificação as competências até 12/2001, com fulcro no artigo 150,§4º, do Código Tributário Nacional, recorrendo de ofício a este Colegiado nos termos do Acórdão nº 1528.128, verbis: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 01/07/1996 a 31/12/2003 SALÁRIO EDUCAÇÃO. O salárioeducação previsto no art. 212, §5°, da Constituição Federal, é devido pelas empresas, calculado sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título aos segurados empregados, de acordo com a Lei n.° 9.424, de 1996. SISTEMA DE MANUTENÇÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL. INDENIZAÇÃO DE DEPENDENTES. DEDUÇÕES. GLOSA. A empresa que participa do Sistema de Manutenção de Ensino Fundamental (SME), na modalidade Indenização de Dependentes, deve encaminhar ao FNDE nos prazos fixados Fl. 1815DF CARF MF Processo nº 23034.042303/200610 Acórdão n.º 2301004.882 S2C3T1 Fl. 1.815 3 pela Autarquia, a Relação de Alunos Indenizados (RAI), sob pena de ter glosado o valor das deduções no semestre. DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE Nº 8 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. CONTAGEM DO PRAZO. É inconstitucional o art. 45, da Lei nº 8.212, de 1991, consoante entendimento esposado pela Súmula Vinculante n.° 8 do Supremo Tribunal Federal, publicada no DOU de 20/06/2008. As contribuições devidas a Terceiros obedecem as mesmas regras destinadas à contribuição social previdenciária, conforme disposto no caput, e §3°, do art. 3º da Lei n.° 11.457, de 2007. Cientificada da decisão em 04/11/2011, apresentou recurso voluntário em 02/12/2011 (efls. 525/535), alegando em síntese: a) que tem direito à dedução do valor da contribuição do Salário Educação na modalidade indenização de dependente; b) que solicitou a realização de perícia pela impossibilidade material de juntar todos os documentos para comprovar que estão corretas as deduções efetuadas, por possuir milhares de funcionários ; d) que houve cerceamento do direito de defesa da recorrente em decorrência da negativa do deferimento da perícia; e) que a realização de perícia nos documentos é a única forma de se buscar a verdade material no caso concreto, ao contrário do lançamento que se baseou apenas nos dados constantes dos sistemas informatizados. Requer o provimento do recurso para determinar a realização da prova pericial para que seja encontrado o verdadeiro crédito. Em 14/05/2014 a então 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento resolveu converter o julgamento em diligência, para que a documentação relativa à glosa efetuada seja verificada, em busca da verdade material. Da análise dos documentos apresentados pela recorrente, a Auditora Fiscal apresenta Relatório de Verificação Fiscal (efls. 1771/1773), opinando pela retificação do débito. Cientificada do resultado da diligência, a empresa requer seja provido o recurso voluntário em relação à decadência até a competência 12/2001, confirmando a decisão de primeira instância e, em relação às demais competências, homologar o cálculo apresentado pela fiscalização em diligência, reservandose o direito de apresentar novos documentos até o julgamento definitivo no CARF. É o relatório. Voto Fl. 1816DF CARF MF 4 Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço dos recursos de ofício e voluntário. Recurso de Ofício Com relação ao Recurso de Ofício, a decisão recorrida pugnou pela procedência parcial do lançamento, frente à extinção do crédito pela homologação tácita, nos moldes do artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional. A ciência da Notificação para Recolhimento de Débito ao sujeito passivo deuse em 21/12/2006, compreendendo o período de 07/1996 a 12/2003. Com a declaração de inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 pelo Supremo Tribunal Federal STF em 2008, o prazo decadencial aplicável às contribuições previdenciárias, que era de 10 anos, passou a ser de 5 anos, regido pelos artigos 150, parágrafo 4º, ou 173, inciso I, do CTN, conforme a existência (ou não) de pagamento antecipado. No caso em tela, onde os lançamentos referemse à glosa de dedução do salárioeducação, por certo houve recolhimento antecipado, mesmo que parcial, para o FNDE devendo ser aplicado o disposto no artigo 150,§ 4º, do Código Tributário Nacional, que tem como marco inicial para a contagem da decadência, a ocorrência do fato gerador, salientando se ainda, a ausência de provas nos autos quanto à existência de dolo, fraude ou simulação. No mesmo sentido a Súmula CARF nº 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Desta forma, entendo correta a decisão recorrida que excluiu do lançamento as competências até 07/2001, já que a ciência do lançamento se deu em 21/12/2006. Recurso Voluntário Com relação ao Recurso Voluntário, importante salientar as conclusões apresentadas pela Auditora Fiscal, conforme Relatório Fiscal de Verificação, verbis: Verificando os documentos apresentados pela empresa, basicamente os Atestados de Indenização e Declaração dos Órgãos de Ensina dos valores pagos aos segurados empregados que receberam o benefício referente ao Salário Educação dos seus beneficiários, foi produzida a "TABELA DE RETIFICAÇÃO DO DÉBITO POR TRABALHADOR", utilizando a tabela Fl. 1817DF CARF MF Processo nº 23034.042303/200610 Acórdão n.º 2301004.882 S2C3T1 Fl. 1.816 5 apresentada pela empresa notificada, onde constam os valores retificados, coluna "DEBITO ATUAL", incluída pelo Auditor Fiscal responsável pela retificação dos valores incluídos pelo FNDE Funda Nacional para o Desenvolvimento da Educação de acordo com a análise dos documentos citados acima, anexada a este processo. ... Em função do exposto nos parágrafos anteriores sugiro a retificação do PROCESSO 23034.042303/200610, DEBCAD 49.902.7744, conforme tabela abaixo: Logo o valor originário do Débito de DEBCAD 49.902.7744, PROCESSO 23034.042303/200610, deve ser retificado de R$ 108.360,00 para R$ 27.408,00. Conforme salientado pela recorrente, o relatório da diligência veio ratificar as alegações da empresa. Assim, entendo que deve ser acolhida a retificação dos valores lançados nas competências 12/2001 a 12/2003, conforme "Tabela de Retificação do Débito por Competência" apresentada pela fiscalização em diligência. Conclusão Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício, para declarar a decadência das competências 07/1996 a 07/2001, e dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para retificar os valores lançados nas competências 12/2001 a 12/2003, conforme "Tabela de Retificação do Débito por Competência" apresentada pela fiscalização (efls. 1.772). É como voto. Andrea Brose Adolfo Relatora Fl. 1818DF CARF MF 6 Fl. 1819DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.720225/2015-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
MOLÉSTIA GRAVE. SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. ISENÇÃO.
A notificação fiscal decorrente do processamento da declaração de ajuste anual deverá examinar o direito à isenção sobre rendimentos declarados juntamente com a apuração do imposto devido sobre os rendimentos omitidos pelo contribuinte.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Decisão Recorrida Anulada
Numero da decisão: 2301-004.806
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, anular a decisão recorrida, nos termos do voto do relator.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2012 MOLÉSTIA GRAVE. SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. ISENÇÃO. A notificação fiscal decorrente do processamento da declaração de ajuste anual deverá examinar o direito à isenção sobre rendimentos declarados juntamente com a apuração do imposto devido sobre os rendimentos omitidos pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte Decisão Recorrida Anulada
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1668; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 234 1 233 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15504.720225/201577 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.806 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de agosto de 2016 Matéria RENDIMENTOS ISENTOS E NÃO TRIBUTÁVEIS Recorrente LUCIMERI SILVA KFURI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 MOLÉSTIA GRAVE. SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. ISENÇÃO. A notificação fiscal decorrente do processamento da declaração de ajuste anual deverá examinar o direito à isenção sobre rendimentos declarados juntamente com a apuração do imposto devido sobre os rendimentos omitidos pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte Decisão Recorrida Anulada Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, anular a decisão recorrida, nos termos do voto do relator. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 02 25 /2 01 5- 77 Fl. 234DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente o lançamento fiscal para constituição de crédito de Imposto de Renda de Pessoa Física IRPF decorrente de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica a título de resgate de contribuições à Previdência Privada, PGBL e Fapi. Seguem transcrições de trechos da decisão recorrida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 PROVA. PRESSUPOSTO DE FATO. Impõese a improcedência da impugnação quando o contribuinte não apresenta provas capazes de afastar os pressupostos de fato do lançamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido ... 7. A autoridade fiscal, ao realizar a revisão da DAA da Impugnante, constatou a ocorrência de omissão de rendimentos a título de resgate de contribuição à previdência privada , PGBL e Fapi, no valor de R$ 352.601,11. 8. A Impugnante, no entanto, alega (fl. 2) que foi recebida apenas uma parte dos rendimentos, destacando que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (fls. 2288) decidiu que os rendimentos do trabalho assalariado, por ela recebidos, são considerados isentos pela sua condição de portadora de moléstia grave. Assim, somente devem ser tributados os valores da Previdência Privada e o aluguel recebido de pessoa física. 9. Percebese que a Impugnante, de fato, não discorda da autuação fiscal no tocante à omissão de rendimentos de previdência privada, entretanto, afirma que recebeu apenas parte dos rendimentos. 10. Ao realizar a análise dos documentos carreados aos autos, constatase que não há qualquer documento que respalde a alegação da Impugnante de que recebeu apenas uma parte dos rendimentos de previdência privada. ... 13. A Impugnante apresenta também um conjunto de documentos decorrentes de ação judicial impetrada na Justiça Federal, buscando demonstrar que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (fls. 2288) decidiu que os rendimentos do trabalho assalariado, por ela recebidos, são considerados isentos por ser portadora de moléstia grave. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 15504.720225/201577 Acórdão n.º 2301004.806 S2C3T1 Fl. 235 3 14. Solicita, então, a Impugnante que essa situação seja considerada no julgamento da presente impugnação e apresenta uma simulação de DAA retificadora excluindo os valores decorrentes da sua aposentadoria da condição de tributáveis para isentos e nãotributáveis. Todavia, em virtude de o litígio em análise referirse tão somente à omissão de rendimentos do resgate de previdência privada, não constitui competência desta instância julgadora apreciar tal situação. 15. Nesses termos, a análise da documentação apresentada pela Impugnante e o alcance da decisão judicial que considerou isentos os rendimentos de aposentadoria por moléstia grave devem ser avaliados pela unidade de origem, pois tal tema refoge à competência deste órgão julgador. Por relevante, segue a parte da legislação que fixa a competência em questão: Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde reitera as alegações trazidas na impugnação, reforçando que deveria a primeira instância conhecer e examinar sua declaração de ajuste anual na integralidade, o que levaria à conclusão de não existir imposto devido, já que sofreu retenções que excedem o imposto apurado, em especial por ter sofrido retenção sobre rendimentos isentos por ser portadora de moléstia grave. É o Relatório. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator De fato, o lançamento somente considerou os rendimentos supostamente omitidos decorrentes dos resgates de contribuições à Previdência Privada, PGBL e Fapi. Consta às fls. 226 certidão de trânsito em julgado em favor do recorrente da sentença que reconheceu direito à aposentadoria integral por ser portadora de moléstia grave, neoplasia maligna. Constato que embora tenha declarado saldo a restituir relativamente à sua aposentadoria por invalidez, os rendimentos foram considerados pela fiscalização como tributáveis, fls. 5. A decisão recorrida entendeu que não lhe caberia apreciar o direito à isenção da recorrente por moléstia grave em razão de não ser objeto do lançamento. Essa questão deveria ser examinada pela fiscalização no processamento de declaração de ajuste anual. Acontece que ao invés de converter o julgamento em diligência, a decisão recorrida simplesmente não conheceu da matéria, o que resultou na procedência da tributação dos rendimentos de aposentadoria pela tabela progressiva. Entendo que antes da fundamentação do lançamento com o "Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido", fls. 5, deveria a fiscalização examinar o direito à isenção sobre os rendimentos declarados a título de aposentadoria. Assim, deve o processo retornar para análise pela fiscalização sobre o direito à isenção para que, após, seja proferida nova decisão. Diante do exposto, voto pela nulidade da decisão recorrida por não apreciação de questão relevante na apuração do imposto devido. Após o exame pela fiscalização do direito à isenção sobre rendimentos decorrentes de aposentadoria, deverá ser oportunizado ao contribuinte o direito à manifestação no prazo de 30 dias. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 237DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 15504.720225/201577 Acórdão n.º 2301004.806 S2C3T1 Fl. 236 5 Fl. 238DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 23/09/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 28/09/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10166.901867/2008-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Dec 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
Ementa:
COMPENSAÇÃO. PIS E COFINS. PROVA
Após conversão do julgamento em diligência o contribuinte foi intimado e re-intimado para apresentar documentos fiscais hábeis para comprovar a certeza e liquidez do seu crédito ficando, todavia, inerte. Sendo insuficientes os documentos juntados pelo contribuinte com impugnação para comprovar a existência e a qualidade do pretenso crédito, o pedido creditório é improcedente.
Numero da decisão: 3402-003.690
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Recorrida União ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 Ementa: COMPENSAÇÃO. PIS E COFINS. PROVA Após conversão do julgamento em diligência o contribuinte foi intimado e re intimado para apresentar documentos fiscais hábeis para comprovar a certeza e liquidez do seu crédito ficando, todavia, inerte. Sendo insuficientes os documentos juntados pelo contribuinte com impugnação para comprovar a existência e a qualidade do pretenso crédito, o pedido creditório é improcedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 18 67 /2 00 8- 19 Fl. 144DF CARF MF 2 1. Por bem retratar os fatos controvertidos no presente processo administrativo, me valho do relatório desenvolvido pelo então Conselheiro Sidney Eduardo Stahl na oportunidade em que proferida a resolução n. 3801000.277 (fls. 109/114), o que passo a fazer nos seguintes termos: Trata o presente processo administrativo de compensação não homologada, declarada em PER/DCOMP transmitida em 24/05/2004 (fls. 06/11), referente a crédito decorrente de valor supostamente recolhido a maior a título de COFINS (cód. 2172) por meio de guia DARF (fls. 103), com débito de CSLL (Cod. 23721) do período de apuração do 1º Trimestre de 2004. A compensação não foi homologada conforme despacho decisório da DRF de origem (fls. 05), sob a alegação de inexistência do crédito informado, em virtude de o pagamento do qual seria oriundo já ter sido integralmente utilizado para quitar outros débitos da contribuinte, resultando na cobrança de imposto remanescente no montante de R$ 10.351,92. Intimada acerca do despacho decisório acima mencionado, apresentou o contribuinte a manifestação de inconformidade de fls. 01/02, cujas razões, como bem apontado pela DRJ de origem, apenas repetem as informações constantes do PER/DCOMP transmitido, não tendo sido anexados documentos suficientes para a verificação do crédito a que faria jus. Ao analisar as razões supra transcritas, julgou a DRJ de origem pela improcedência da manifestação de inconformidade do contribuinte, não reconhecendo o direito creditório pleiteado através do acórdão recorrido de fls. 28/31, cuja ementa restou assim redigida, verbis: Assunto: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS AnoCalendário 2004 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Diante da manifestação de inconformidade que discorre sobre a existência de crédito tributário sem trazer qualquer prova documental que proporcione suporte à alegação, resta manter o despacho decisório que não homologou a compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Regularmente intimado do acórdão acima ementado em 28.06.2011 (fls. 36), interpôs o contribuinte o presente recurso voluntário às fls. 37/54, através do qual sustenta, em síntese: i) serem os pagamentos indevidos a título de COFINS oriundos da ausência de sua apuração conforme a sistemática “monofásica” de recolhimento das contribuições ao PIS e a COFINS instituída pela Lei nº 10.147/2000 e posteriores, que estabeleceu alíquota zero para os contribuintes varejistas de produtos farmacêuticos, concentrando o recolhimento das Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10166.901867/200819 Acórdão n.º 3402003.690 S3C4T2 Fl. 152 3 contribuições na etapa inicial da cadeia tributária. Com o fito de comprovar os pagamentos indevidos, traz aos autos relatórios de vendas por amostragem dos produtos cuja receita foi tomada como base de cálculo da COFINS, bem assim das notas fiscais de entrada e saída dos produtos, através das quais busca a comprovação de que a responsabilidade de recolhimento do tributo é das Indústrias Farmacêuticas que figuram como produtoras ou importadoras, sendo a recorrente apenas revendedora atacadista / varejista desses produtos; ii) discorre acerca da origem dos débitos compensados e da previsão legal para a sua compensação e, por fim iii) alega que a decisão recorrida não foi precisa quanto a análise dos fatos e do seu direito quanto à compensação realizada. (...). 2. Devidamente processado o recurso voluntário interposto, seu julgamento foi convertido em diligência (resolução n. 3801000.278 fls. 110/115), para que fossem tomadas as seguintes medidas pela unidade preparadora: a) Examine os documentos existentes e a escrita fiscal da interessada em relação à compensação requerida identificando os produtos sujeitos ao regime monofásico e os pagamentos indevidamente realizados e apure se a contribuinte dispunha de crédito para efetuála; b) Cientificar a interessada do resultado da diligência, abrindo prazo para manifestação, se assim desejar; c) Retornar o processo a este CARF para julgamento. 3. Referida diligência foi cumprida, conforme se observa da informação fiscal de fls. 137/140, oportunidade em que se reconheceu a inexistência do crédito vindicado pela Recorrente. 4. Intimado para se manifestar do resultado da diligência, o contribuinte deixou que o prazo transcorresse in albis. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 6. O recurso voluntário interposto pelo contribuinte é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. 7. Como fora relatado alhures, a controvérsia da presente demanda consiste em saber se a documentação apresentada pelo contribuinte em sede de manifestação de inconformidade é ou não suficiente para atestar o direito creditório aqui vindicado. 8. Segundo consta das razões recursais, o contribuinte recolheu indevidamente COFINS, uma vez que os produtos que comercializa produtos farmacêuticos Fl. 146DF CARF MF 4 estariam sujeitos ao regime monofásico, ou seja, o recolhimento do COFINS ficaria concentrado na etapa inicial da cadeia. 9. Com o fito de provar seu direito a recorrente apresentou o comprovante de pagamento do tributo indevido (guia DARF), bem como acostou diversos documentos relacionados às suas operações, com especial destaque para os relatórios de vendas por amostragem dos produtos cuja receita foi tomada como base de cálculo da COFINS e, ainda, notas fiscais de entrada e saída dos produtos, as quais atestariam a responsabilidade de recolhimento do tributo pelas indústrias farmacêuticas no início da cadeia produtiva. 10. Não obstante, conforme já mencionado no relatório, o presente caso foi convertido em diligência, oportunidade em que a unidade preparadora intimou (fls. 117/121) e reintimou (fls. 122/126) o contribuinte para que apresentasse os seguintes documentos e informações: (...). a) relatórios de vendas de produtos beneficiados com alíquota zero para todos os meses em que alega ter havido o recolhimento indevido do PIS e da Cofins (junho de 2003 a março de 2004, conforme Tabela 1), devendo estar identificado o produto com o código de sua classificação fiscal, de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), além do número da nota fiscal de venda, da data de sua emissão, do valor da venda e do valor dos pagamentos da Cofins e do PIS; b) notas fiscais de venda correspondentes aos produtos de que trata o item “a” acima; c) lançamentos contábeis (diário ou razão) relativos às vendas dos produtos de que trata o item “a” acima; d) notas fiscais de compra dos produtos de que trata o item “a” acima. (...). (grifos constantes no original). 11. O contribuinte, por sua vez, permaneceu inerte, de modo que a unidade preparadora cumpriu a diligência com base na documentação acostada nos autos, bem como nas informações obtidas junto ao sistema eletrônico da própria Receita Federal. É o que se observa dos seguintes trechos da informação fiscal de fls. 137/140: (...). 4. Primeiramente, visando identificar o pagamento realizado pela Contribuinte, bem como a eventual disponibilidade de saldo, foram realizadas pesquisas nos sistemas informatizados da RFB. O pagamento foi confirmado (fls. 127), porém, não possui saldo disponível, tendo sido totalmente utilizado para quitar o débito declarado em DCTF. 5. Logo, tratase, em princípio, de pagamento devido, alocado ao seu respectivo débito e, consequentemente, não passível de repetição. Assim, em resposta aos argumentos da Interessada, quanto à falta de clareza dos motivos que levaram a não homologação da compensação, verificase que foi declarado em DCTF e pago o débito que a Contribuinte reputa como indevido. Portanto, justificase as razões de não homologação da presente Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10166.901867/200819 Acórdão n.º 3402003.690 S3C4T2 Fl. 153 5 compensação, referidas no despacho decisório de fls. 6, emitido eletronicamente em 24/04/2008 e com nº de rastreamento 757714207, pois, o pagamento efetuado vinculouse ao respectivo débito com a consequente ausência de saldo para compensação. 6. Em seguida, foram examinados os documentos apresentados pela Contribuinte e existentes no processo, observandose que: 6. 1. o objeto social da empresa (fls. 22) é o comércio varejista e atacadista de artigos médicos e ortopédicos, entre outros. Em consulta ao sistema CNPJ (fls. 130), podese confirmar que a empresa tem por atividade econômica o “comércio atacadista de instrumentos e materiais para uso médico, cirúrgico, hospitalar e de laboratórios” (CNAE 4645101); 6. 2. os documentos apresentados com o objetivo de comprovar o crédito alegado foram: i) relatório de vendas (doc 1, fls. 60/67); ii) lançamentos das notas fiscais (NF) de saída (doc 2, fls. 68/88); iii) NF de saída (doc 3, fls. 89/98); e iv) NF de entrada (doc 4, fls. 99/107). Sua análise revela que: 6.2.1. o relatório de vendas, por si só, nada comprova, pois, além de estar limitado às transações realizadas no mês de julho/2003, traz apenas o nome técnico do produto, sem qualquer liame com sua classificação fiscal, característica necessária para identificar a possibilidade de direito ao benefício fiscal alegado, em conformidade com os arts. 55 e 59 da IN SRF nº 247/2002; 6.2.2. os lançamentos das NF de saída trazem a classificação fiscal do produto vendido, o que permite identificar se a pessoa jurídica faz jus ou não ao benefício fiscal alegado. Observese que os lançamentos apresentados fazem referência a algumas NF emitidas em agosto/2003, novembro/2003 e dezembro/2003. Neste processo, pleiteiase o crédito da Cofins de março/2004. Ocorre que não há comprovação nos autos de vendas efetuadas em março/2004, conforme se observa na Tabela 3 (fls. 132/135). Logo, tendo por base apenas as informações disponíveis nos autos, inexiste valor a ser compensado para este período (vide Tabela 4 em fls. 136, para detalhes de cálculo); 6.2.3. as NF de venda não trazem a classificação fiscal dos produtos vendidos, sendo insuficientes para apreciar o pleito; 6.2.4. as NF de entrada, emitidas pelas empresas produtoras/importadoras, indicam a classificação fiscal dos produtos adquiridos pela Interessada. Entretanto, tratase de informações insuficientes para embasar quaisquer conclusões, conforme se nota na Tabela 2, abaixo. (...). 7. Tendo em vista a insuficiência das informações presentes nos autos, visando caracterizar de forma inequívoca a certeza e a liquidez do direito creditório pleiteado, a Interessada foi Fl. 148DF CARF MF 6 intimada (Termo de Intimação nº 111/2015, em fls. 117/119) a apresentar relatórios de vendas dos produtos beneficiados com alíquota zero, notas fiscais de venda e de compra de tais produtos, além dos lançamentos contábeis correspondentes, para todos os meses em que alega ter havido o recolhimento indevido do PIS e da Cofins (junho de 2003 a março de 2004). 8. Não tendo apresentado resposta à referida intimação, a Interessada foi reintimada por meio do Termo de Reintimação nº 139/2015 (fls. 122/124). Entretanto, até a presente data as exigências não foram atendidas, de modo que a presente análise restringese aos dados confirmados e disponíveis nos sistemas da RFB, em conformidade com o § único do art. 39 da Lei nº 9.784/1999. 9. Assim sendo, diante da ausência de certeza e liquidez do crédito alegado, não se pode reconhecer qualquer direito creditório relativo ao mês de março/2004, redundando em uma diferença não compensável de R$ 4.989,36. É importante observar que a Tabela 4 traz informações sobre o valor do crédito compensado no presente processo, juntamente com a utilização do saldo em outro processo, quando cabível. (...). 12. Percebese, portanto, que ante a não apresentação de documentos fiscais e informações solicitados junto ao contribuinte e, ainda, levando em consideração as provas apresentadas em impugnação, a unidade preparadora reconheceu inexistir qualquer crédito em favor do Recorrente, o que também se reconhece por intermédio da presente decisão. 13. Em suma, a ausência de prova suficiente para atestar a certeza e liquidez do valor vindicado impede o seu reconhecimento nesta seara judicativa. Dispositivo 14. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. 15. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 149DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.725491/2011-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2007
MULTA QUALIFICADA. OCORRÊNCIA DE FRAUDE. DEMONSTRAÇÃO DE DOLO.
Demonstrado o elemento subjetivo na conduta do contribuinte, que buscou alcançar os resultados elencados no art. 71 e 72 da Lei 4.502/64, é devida a qualificação da multa decorrente do lançamento de ofício.
Numero da decisão: 2201-003.337
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Ana Cecília Lustosa da Cruz (Relatora), Carlos César Pierre, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado) e Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Realizou sustentação oral pelo contribuinte a Dra. Viviam Casanova de Carvalho Eskenazi, OAB/RJ 128.556.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
Assinado digitalmente.
CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO - Redator Designado.
EDITADO EM: 07/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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OCORRÊNCIA DE FRAUDE. DEMONSTRAÇÃO DE DOLO. Demonstrado o elemento subjetivo na conduta do contribuinte, que buscou alcançar os resultados elencados no art. 71 e 72 da Lei 4.502/64, é devida a qualificação da multa decorrente do lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Ana Cecília Lustosa da Cruz (Relatora), Carlos César Pierre, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado) e Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Realizou sustentação oral pelo contribuinte a Dra. Viviam Casanova de Carvalho Eskenazi, OAB/RJ 128.556. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. Assinado digitalmente. CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO Redator Designado. EDITADO EM: 07/10/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 72 54 91 /2 01 1- 51 Fl. 3080DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE E ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias do Imposto de Renda Retido na Fonte, a empresa, acima qualificada, foi autuada, mediante Auto de Infração, a recolher ou impugnar os créditos tributários no montante total de R$ 5.164.282,18, a título de Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, incluídos nesse total multa e juros de mora calculados até 29/04/2011 (fundamento legal: 674 do RIR/99, art.9º da Lei nº 10.426/2002, art.61, §3º da Lei nº 9.430/96 e art.61, §§ 2º e 3º da Lei nº 8.981/95). Conforme descrição no Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização, verificou, em análise da documentação trazida aos autos, relativamente ao período encerrado em 31 de dezembro de 2007, os seguintes fatos: • O lançamento fiscal baseouse no pagamento de remuneração variável efetuado através de crédito nas contas dos planos de previdência privada complementar dos participantes (indivíduos remunerados pela empresa instituidora do plano, contribuinte) junto à empresa ITAÚ VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, bem como remunerações disfarçadas de premiação pagos através de cartões de premiação, no período de 01/01/2007 a 31/12/2007, sem as respectivas retenções e recolhimento de IRRF; • Também houve a apuração de IRRF de beneficiários não identificados no valor de R$ 12.000,00 pagos à Incentive House para distribuição em cartão de premiação; A fiscalizada apresentou GFIP no período de 01/2007 a 12/2007 sem incluir nas remunerações dos seus empregados valores de bônus e de comissões em contas individualizadas de previdência privada, bem como não informar os bônus pagos via previdência privada dos diretores não empregados e de autônomos, como, também, não informou valores de remunerações de empregados, diretores não empregados e autônomos pagos via cartões de incetive house (na contabilidade como Cash /Card). Também não informou nas remunerações dos empregados os valores das Fl. 3081DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 3 3 seguintes rubricas das folhas de pagamento: gratificação (código 0094), gratificação (código 0341), gratificação de férias (código 0085), indenização por tempo de serviço (código 0417), as quais se referem a bônus pagos nas rescisões contratuais. Também não informou as remunerações dos diretores não empregados (exceto para as competências de fevereiro e setembro) e dos autônomos constantes nas folhas de pagamentos; • A contribuinte deixou de reter e recolher IR no pagamento de remuneração variável a seus empregados, diretores não empregado e autônomos. Tais pagamentos se davam por meio de depósitos em conta de previdência privada e em crédito em cartões de premiação via sistema de remuneração variável por cumprimento de metas a empregados, diretores não empregado e autônomos; • Referidas receitas devem sofrer a incidência do IRRF, mediante a aplicação de alíquotas progressivas, nos termos do art.620 do RIR/99. Nos termos dos arts. 717 e 722 do RIR/99 e do Parecer Normativo Cosit nº 01 de 24/09/2002, a pessoa jurídica (a fiscalizada) é responsável pela retenção do IRRF quando do pagamento ao beneficiário; • Assim, após o prazo legal da entrega da Declaração de Ajuste pelo beneficiário, o valor do IRRF, não pode ser exigido da fonte pagadora (fiscalizada). Apenas a multa e os juros isolados podem ser cobrados da fiscalizada (art.9º da Lei nº 10.426/2002c/c art.44 da Lei nº 9.430/96); • Aplicação da multa isolada qualificada de 150% em razão de a empresa ter agido dolosamente, pois impediu o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador do IRRF, ao fazer pagamento de remunerações via cartões de premiação e informando tais valores na contabilidade como despesas de marketing e propaganda e, também, ao agir dolosamente para modificar as características do fato gerador do IRRF ao depositar os valores de comissões e bônus em previdência privada, conforme os arts.71, inciso I e a72 da Lei nº 4.502/64; • Para o cálculo dos valores devidos foi verificada a data de vencimento do IRRF não retido (art.865, RIR/99); • A empresa não indicou os beneficiários do valor de R$ 12.00,00, mesmo sendo intimada, referente a nota fiscal nº 97533 (emitida em 16/03/2007) da Incentive House, devendo, portanto, incidir o IRRF na alíquota de 35% sobre a base reajustada (art.61 da Lei nº 8.981/95 e art.74 da Lei nº 8.383/91); • Aplicação da multa qualificada de 150% em razão de a empresa ter agido dolosamente, pois impediu o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador do IRRF, ao fazer pagamento de remunerações via cartões de premiação e informando tais valores na contabilidade como despesas de marketing e propaganda; Fl. 3082DF CARF MF 4 • A empresa incidiu em prática de crimes contra a ordem tributária (inciso I do art.2º da Lei nº 8.137/90), ao se utilizar de meios fraudulentos para não incidir o IRRF (e não recolhêlo) sobre as remunerações pagas, via depósito em fundo FGB de previdência privada e também as pagas via cartões de premiação. Cientificada do feito em 25/05/2011, apresenta em 24/06/2011, impugnação, argüindo, em síntese, o seguinte: • Em relação ao pagamento aos beneficiários não identificados, a contribuinte concorda com a autuação; • No que se refere à exigência do IRRF sobre pagamento de remuneração variável, por meio de depósitos em conta de previdência privada e de crédito em cartões de premiação, a Impugnante reconhece a sua procedência apenas em relação à exigência da multa isolada calculada no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e dos juros de mora isolados; • É contra a multa de 150% pelos seguintes motivos: 1) em momento algum, houve a concreta demonstração, por parte da fiscalização, do enquadramento das suas condutas como fraude a fim de justificar a majoração da multa isolada, sendo certo que a própria fiscalização, ao relatar os fatos ocorridos, reconhece que haveria, "em tese", a existência de fraude; e 2) necessidade de distinção entre a fraude contra a lei (fraude penal), ilícito praticado com violação direta à lei e que dá origem ao que na doutrina se conhece por evasão ou sonegação fiscal, e a fraude à lei (fraude civil), que resultaria na chamada elisão abusiva, sendo certo que esta última não ensejaria a aplicação da multa qualificada ora pretendida; • a Impugnante apresenta a demonstração dos valores autuados que entendeu corretos e por este motivo efetuou o respectivo pagamento, conforme DARFs anexos (doc. 03). • A fiscalização, ao relatar os fatos ocorridos no presente caso, reconhece que haveria, "em tese", a existência de fraude, sem, no entanto, reunir elementos necessários para comprovar tal fato.; Portanto, incabível a aplicação da multa qualificada de 150%; • Em se tratando de IRRF, a carga tributária é suportada pelo beneficiário do rendimento, de modo que a Impugnante não teria qualquer benefício em praticar a suposta fraude a ela imputada pela fiscalização; • Não restando demonstrada a fraude alegada pelas autoridades administrativas para fundamentar a aplicação de multa qualificada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), é evidente que a majoração dessa multa deve ser afastada; • É importante analisarse as diferenças existentes entre à chamada "fraude à lei", que não se confunde, em absoluto, com a "fraude contra a lei", sendo apenas essa capaz de deflagrar a incidência da multa qualificada; Fl. 3083DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 4 5 • O fato de a Impugnante ter escolhido realizar pagamentos por meio depósito em contas de previdência privada e de cartões de premiação, que importaram na não retenção e recolhimento do IRRF, mas que não eximiram os beneficiários de oferecer tais rendimentos à tributação e recolher o correspondente IRPF, poderia, no máximo, se enquadrar na figura da fraude à lei. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2007 MULTA QUALIFICADA. A multa qualificada aplicase nas hipóteses de ter sido constatado pela fiscalização, além da falta de recolhimento do IRRF, a incidência das hipóteses previstas na Lei nº 4.502/64, sendo o montante da penalidade aplicada sobre o valor apurado dos tributos, nos termos do artigo 9º da Lei nº 10.426/2002. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese: a) a inaplicabilidade da multa qualificada prevista no artigo 44, § 1º, da Lei n.º 9.430/96, em razão da inocorrência de fraude contra a lei; b) a impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de ofício qualificada, em razão do disposto no artigo 161 do Código Tributário Nacional, caso seja negado provimento ao recurso. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Conforme consta dos autos, o lançamento trata da ausência de retenção e recolhimento de IRF sobre pagamento de remuneração variável a seus empregados e Fl. 3084DF CARF MF 6 autônomos, por meio de depósitos em conta de previdência privada, bem como de remunerações disfarçadas de premiação; e da ausência de retenção e recolhimento de IRF sobre pagamentos a beneficiário não identificado (art.674, §1º do RIR/99). Com relação ao pagamento de remuneração variável, tendo a autuação ocorrido após ultrapassado o prazo de entrega da declaração, foram exigidos apenas multa e juros de mora isolados, sendo que a multa de ofício foi aplicada no percentual de 150%, uma vez que a fiscalização considerou a existência de fraude nas condutas da recorrente. No que se referem aos pagamentos a beneficiário não identificado, a fiscalização exigiu IRRF calculado à alíquota de 35% sobre a base reajustada, nos termos do artigo 61 da Lei 8.981/95 e 74 da Lei n.º 8.383/91, sendo acrescido ao valor principal a multa de ofício de 150% e juros de mora. Sobre à autuação referente a esta infração, a contribuinte manifestou concordância integral, de modo que a matéria não se encontra em litígio. Quanto à exigência de IRRF sobre o pagamento de remuneração variável por meio de depósitos em conta de previdência privada e crédito em cartões premiação, a recorrente reconheceu a procedência da autuação apenas em relação á exigência da multa isolada calculada no percentual de 75% e dos juros de mora isolados. Diante desse contexto, foi realizado o pagamento dos débitos relacionados à parcela do lançamento com a qual concorda, dentro do prazo de trinta dias contados da data da ciência da autuação, aproveitandose do benefício de redução da multa de ofício aplicada, nos termos do artigo 44, parágrafo 3º, da Lei n.º 9.430/96. Insurgese a recorrente sobre a qualificação da multa de 75% para 150%, pois aduz que, em momento algum, houve a concreta demonstração, por parte da fiscalização, do enquadramento das suas condutas como fraude, a fim de justificar a majoração da multa isolada, sendo certo que a própria fiscalização, ao relatar os fatos ocorridos, reconhece que haveria, em tese, a existência de fraude. Conforme se observa o relato fiscal, fl. 2.925, não houve a devida descrição da caracterização do dolo para a aplicação da multa qualificada, restando descrita a conduta como forma de suposição, nos termos colacionados abaixo: Assim, está sendo efetuado o lançamento de ofício da multa isolada de 150%, bem como dos juros devidos pela não retenção e não recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, incidente sobre os valores referentes a rendimentos do trabalho pagos (remunerações variáveis), pela fiscalizada, mediante depósito em conta de previdência privada e disponibilização de crédito em cartões de premiação. Essa multa isolada qualificada (de 150%) se justifica pelo fato da empresa ter agido, em tese, dolosamente, tendente a impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador do IR retido na fonte, ao fazer pagamento de remunerações via cartões de premiação e informando tais valores na contabilidade como despesa com marketing e propaganda, e também, em tese, praticou fraude, ao agir dolosamente tendente a modificar as características do fato gerador do IR fonte ao depositar os valores de comissões e Fl. 3085DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 5 7 bônus em previdência privada, conforme os artigos 71, inciso I, e 72 da Lei n.º 4.502/1964. Acerca da aplicação da multa qualificada, a decisão de piso assim se pronunciou: Questiona a requerente ser indevida a multa qualificada. No entanto, tendo em vista que a contribuinte é obrigada a cumprir a obrigação tributária como qualquer pessoa jurídica quando se apurar tributo devido, o não cumprimento da legislação tributária enseja a aplicação da multa. (...) Ademais, a própria interessada concorda com a infração, tanto que efetuou os recolhimentos relativos à matérias, objeto de lançamento fiscal, inclusive a multa de ofício qualificada de 150%. Pelo exposto, a aplicação da multa isolada qualificada de 150% é correta, em razão de a empresa ter agido dolosamente, pois impediu o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador do IRRF, ao fazer pagamento de remunerações via cartões de premiação e informando tais valores na contabilidade como despesas de marketing e propaganda e, também, ao agir dolosamente para modificar as características do fato gerador do IRRF ao depositar os valores de comissões e bônus em previdência privada, conforme os arts.71, inciso I e a72 da Lei nº 4.502/64. Ao contrário do disposto na decisão de piso, não houve concordância, por parte da recorrente, com a aplicação da penalidade no percentual de 150% (multa qualificada), mas sim com a multa no percentual de 75%. Também equivocase a decisão de piso ao afirmar que o não cumprimento da legislação tributária enseja a aplicação da multa (qualificada), tendo em vista o caráter excepcional da penalidade. Cabe esclarecer que a constatação da fraude, sendo decorrente de ação ou omissão dolosa, exige que se prove, sem sombra de dúvidas, a presença do elemento subjetivo (dolo) na conduta do contribuinte; de forma a demonstrar que o contribuinte quis, de fato, alcançar os resultados capitulados pelo artigo 72 da Lei 4.502/64, que assim dispõe: Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Assim, o fato de a recorrente não causar qualquer embaraço à fiscalização, sendo que a lavratura do auto de infração em questão foi suportada pelos documentos e esclarecimentos prestados pela recorrente corrobora o seu argumento de inexistência de fraude. Fl. 3086DF CARF MF 8 Além disso, a autoridade fiscal, ao descrever a existência da fraude, não logrou êxito ao dispor sobre a presença de dolo na conduta da contribuinte, pois, de forma sintética asseverou que "em tese, haveria dolo". Para a aplicação da multa qualificada, há necessidade de caracterização inequívoca do intuito doloso do contribuinte em ludibriar o fisco, pois o dolo integra a figura típica da norma que enseja a penalidade (fraude é toda ação ou omissão dolosa...). Nesse mesmo sentido é a jurisprudência deste Conselho: (...) MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos e não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para o percentual de 150% depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não houve dolo por parte do contribuinte, logo incabível a aplicação da multa qualificada. (...) (CARF. Primeira Seção. Processo 16561.000222/200872. Sessão de 21/10/2011. Relator(a) Antonio José Praga de Souza, Acórdão 1402000.802) Cabe mencionar, por oportuno, devido a semelhança com o presente caso, trecho do voto da Conselheira Relatora Maria Helena Cotta Cardozo, no acórdão CSRF/04 00.236, abaixo transcrito: Como pode se observar, a autuação justifica a qualificação da multa de ofício pela evidência, em tese, de fraude contra a Fazenda Nacional. Não obstante, a qualificação da multa só pode ser aceita mediante a comprovação da multa só pode ser aceita mediante a comprovação da ocorrência da fraude in concreto, e não apenas em tese. Portanto, a descrição a ser realizada pela autoridade fiscal não deve se limitar à infração tributária ocorrida, mas deve especificar e demonstrar a conduta fraudulenta, mediante a presença de dolo, pois não é o fato de a empresa ter incorrido nas infrações descritas no auto de infração (remuneração indireta), que desembocará necessariamente na aplicação da penalidade de 150%. Se assim o fosse, a multa qualificada seria a regra e não uma exceção. Por estas razões, deve ser afastada a multa qualificada de 150%, reduzindoa ao patamar de 75%. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 3087DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 6 9 Voto Vencedor Em que pese o brilhantismo do voto e da pertinência dos argumentos da insigne Relatora, peço vênia para divergir quanto à suposta inexistência da demonstração da conduta fraudulenta e do dolo por parte da Autoridade Fiscal. Entendo ser irrelevante a utilização pelo AuditorFiscal da expressão "em tese" em um dos últimos parágrafos de seu extenso Termo de Verificação Fiscal, que montou 51 laudas. Tratase de mero jargão profissional, decorrente, em particular, da legislação que rege a comunicação ao Ministério Público Federal de fatos que configuram, "em tese", crimes contra a ordem tributária (assim está na Portaria RFB nº 2439/2010). Notase que o excerto destacado no voto condutor, o qual consta de fl. 2925, foi apenas um resumo do que foi tratado sobre o tema dolo, fraude e simulação no decorrer de seu Relatório. Assim, oportuno destacar outras conclusões da Autoridade lançadora: ... a AON faz contribuições ao plano (FGB) e os participantes, em sua grande maioria, resgatam os valores aportados no mesmo mês do depósito... ... não poderiam os participantes fazer resgates dos valores aportados pela empresa no fundo FGB, pois, pelo contrato, somente poderiam ser utilizados para se aumentar a reserva matemática para o cálculo do benefício de aposentadoria por idade. Também há uma incoerência, pois .... deveria existir uma taxa de administração de 0,7% sobre cada contribuição da empresa, no entanto, inexiste qualquer recolhimento de taxa administrativa nos recolhimentos para o fundo FGB... (fl. 2.891) ... No entanto, a empresa está se utilizando de uma reserva matemática de um plano FGB para simular, como previdência privada, os valores em que ela faz os pagamentos das comissões de venda, isto é, utilizou do fundo FGB da previdência privada para fazer pagamento das comissões de venda, e assim não fazer incidir a contribuição previdenciária sobre essas remunerações, tampouco o desconto do imposto de renda da pessoa física. O Código Civil (Lei nº 10.403/2002) estipula o seguinte: "art. 167 § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;". A empresa, ao realizar depósito das comissões em previdência privada realizou condição não verdadeira, pois ela deveria fazer o pagamento das comissões diretamente aos funcionários que fizeram jus... (fl. 2895) A empresa, em resposta ao TIF nº 09, esclarece que "as contribuições efetuadas pela Requerente no plano de previdência complementar em benefício de seus empregados e dirigentes, destinado a assegurar a complementação das respectivas aposentadorias, são isentas de imposto de renda da pessoa física... ". No entanto, as contribuições da empresa ao fundo FGB não foram para compor um fundo previdenciário, mas sim Fl. 3088DF CARF MF 10 para criar um meio de pagamento dos bônus e comissões e, portanto, deve ter a incidência do IR Fonte ... A empresa, ao depositar os valores dos bônus em conta de previdência privada fez afastar a incidência das contribuições previdenciárias e do imposto de renda de retenção na fonte para esses valores, criando, assim, uma simulação de conta corrente... Tal simulação é perceptível pela condição não verdadeira de previdência privada do fundo FGB, pois este fundo somente foi utilizado para se fazer pagamentos dos bônus... (fl. 2.899) A empresa possuía, em 2007, na contabilidade, como despesa, a conta CACH CARD (código 3119504), do subgrupo de despesas PUBLICIDADE E PROPAGANDA (código 31165). Em tal conta foram contabilizados os valores depositados às empresas de administração de cartões de premiação... (fl. 2901) A empresa ao disponibilizar essas "premiações" via empresas de administração de cartões afastou a incidência das contribuições previdenciárias e do imposto de renda retido na fonte das pessoas físicas sobre essas remunerações disfarçadas de premiações. Portanto, a empresa simulou premiações para o pagamento de remunerações. (fl. 2.902) Grifouse O § 1º do art. 44, da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, prevê que o percentual de multa de que trata o inciso I do caput, 75%, será duplicado nos casos previstos nos art. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. Por sua vez a Lei 4.502/64 prescreve: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. O AuditorFiscal fundamentou a qualificação da multa exatamente no inciso I do art. 71 e no art. 72. Naturalmente por conta de ter constatado que o elemento volitivo se fez presente em toda a operação, a qual, no meu sentir inequivocamente, objetivava impedir ou retardar o conhecimento da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador, além de reduzir o tributo devido. Fl. 3089DF CARF MF Processo nº 10880.725491/201151 Acórdão n.º 2201003.337 S2C2T1 Fl. 7 11 Eu iria, ainda, um pouco mais além, por considerar que a utilização desvirtuada de um plano de previdência privada, ao arrepio dos termos do próprio contrato de sua constituição, ao permitir saques mensais e ao não cobrar taxa de administração do único autor de aportes (AON), conduzirianos ao entendimento de que, entre a empresa e os seus funcionários e gerentes, ocorreu uma espécie de ajuste absolutamente consciente (conluio) com os mesmos fins citados nos art. 71 e 72 acima, configurando, igualmente, fundamento para qualificação da penalidade. Não obstante, não tendo sido analisado por esse prisma pelo autor do procedimento fiscal, entendo suficientemente fundamentada a qualificação da penalidade nos temos do inciso I do art. 71 e no art. 72 Lei 4.502/64. Ademais, o fato da empresa contabilizar premiações como despesas de publicidade e propaganda não encontra nenhuma explicação lógica. Como alguém poderia imaginar que o pagamento de uma comissão a um funcionário pudesse se confundir com despesas de publicidade e propaganda? Afinal, como regra, publicidade está relacionada a uma atividade de divulgação/valorização de marca, produto ou serviço junto ao público externo e não uma contrapartida ao publico interno relacionada ao atingimento de metas. Portanto, considero que a utilização da expressão "em tese" não afasta a clareza da conduta dolosa efetiva e claramente relatada no vasto Relatório Fiscal inserto nos autos a partir de fl. 2.884, razão pela qual voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. Assinado digitalmente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Redator Fl. 3090DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.721082/2013-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
RECURSO VOLUNTÁRIO. Matéria não impugnada. Adesão ao REFIS e desistência do recurso interposto. Extinção do feito sem julgamento do mérito.
RECURSO DE OFÍCIO. GLOSA DE DESPESAS COM DESCONTOS CONCEDIDOS A CLIENTES EM OPERAÇÕES POR CONTA E ORDEM. IMPROCEDÊNCIA.
Presentes os requisitos de necessidade, usualidade e normalidade que autorizam a dedutibilidade das despesas com descontos concedidos aos clientes, para os quais a Recorrente realizou importações por conta e ordem.
No caso, a despesa incorrida com o repasse é essencial às operações de importação por conta e ordem de terceiros e vinculada diretamente com a fonte produtora de rendimentos. Em face de benefício fiscal estadual auferido, a contribuinte, contratualmente, repassa parte de tais benefícios aos seus clientes. Se não houvesse este repasse, a Recorrente perderia o negócio para outro concorrente, que atua de idêntica forma com relação ao "repasse".
Por outro lado, restou cabalmente demonstrado pela própria Fiscalização que o repasse se aplica a todos os clientes de conta e ordem, de modo que se apresenta de forma usual, costumeira e habitual na espécie do negócio.
MULTA ISOLADA.
Não se confirmando pagamentos mensais de IRPJ a menor, em face do restabelecimento da glosa de despesas com descontos concedidos aos clientes, não há falar-se em incidência de multa isolada.
FALTA DE RECOLHIMENTO DE IRPJ. COTEJO COM OS VALORES
ESCRITURADOS.
A diferença apurada pelo confronto dos valores acumulados mensalmente a título de IRPJ A PAGAR (registrados no LALUR e informados na DIPJ) com os recolhimentos efetuados acumulados e compensações com PERD/COMP's é elidida pela apresentação de documentos que comprovam erro na escrituração do LALUR e no preenchimento da DIPJ. (A contribuinte conseguiu comprovar nos autos, que a diferença de recolhimento do IRPJ se refere a deduções de caráter cultural destinados ao FUMCAD e Lei Rouanet.)
LANÇAMENTOS DECORRENTES.
Por se tratar de exigência reflexa realizada com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada quanto ao lançamento do imposto de renda pessoa jurídica constitui prejulgado na decisão do lançamento decorrente relativo à CSLL.
Numero da decisão: 1402-002.301
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário por perda de objeto e negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Goncalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 RECURSO VOLUNTÁRIO. Matéria não impugnada. Adesão ao REFIS e desistência do recurso interposto. Extinção do feito sem julgamento do mérito. RECURSO DE OFÍCIO. GLOSA DE DESPESAS COM DESCONTOS CONCEDIDOS A CLIENTES EM OPERAÇÕES POR CONTA E ORDEM. IMPROCEDÊNCIA. Presentes os requisitos de necessidade, usualidade e normalidade que autorizam a dedutibilidade das despesas com descontos concedidos aos clientes, para os quais a Recorrente realizou importações por conta e ordem. No caso, a despesa incorrida com o “repasse” é essencial às operações de importação por conta e ordem de terceiros e vinculada diretamente com a fonte produtora de rendimentos. Em face de benefício fiscal estadual auferido, a contribuinte, contratualmente, “repassa” parte de tais benefícios aos seus clientes. Se não houvesse este “repasse”, a Recorrente perderia o negócio para outro concorrente, que atua de idêntica forma com relação ao "repasse". Por outro lado, restou cabalmente demonstrado pela própria Fiscalização que o “repasse” se aplica a todos os clientes de conta e ordem, de modo que se apresenta de forma usual, costumeira e habitual na espécie do negócio. MULTA ISOLADA. Não se confirmando pagamentos mensais de IRPJ a menor, em face do restabelecimento da glosa de despesas com descontos concedidos aos clientes, não há falarse em incidência de multa isolada. FALTA DE RECOLHIMENTO DE IRPJ. COTEJO COM OS VALORES ESCRITURADOS. A diferença apurada pelo confronto dos valores acumulados mensalmente a título de IRPJ A PAGAR (registrados no LALUR e informados na DIPJ) com os recolhimentos efetuados acumulados e compensações com PERD/COMP's é elidida pela apresentação de documentos que comprovam AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 10 82 /2 01 3- 96 Fl. 910DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 911 2 erro na escrituração do LALUR e no preenchimento da DIPJ. (A contribuinte conseguiu comprovar nos autos, que a diferença de recolhimento do IRPJ se refere a deduções de caráter cultural destinados ao FUMCAD e Lei Rouanet.) LANÇAMENTOS DECORRENTES. Por se tratar de exigência reflexa realizada com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada quanto ao lançamento do imposto de renda pessoa jurídica constitui prejulgado na decisão do lançamento decorrente relativo à CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário por perda de objeto e negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Goncalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 911DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 912 3 Relatório Trata o presente de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário (fls.428/461) interposto face v. acórdão que decidiu manter parcialmente as exigência descritas no Auto de Infração. Conforme muito bem relatado no v. acórdão recorrido a Fiscalização apurou os seguintes fatos: Tratase de autos de infração em face da pessoa jurídica TROP COMÉRCIO EXTERIOR LTDA, referentes ao ano de 2010, para a exigência de IRPJ e CSLL, bem como de multas isoladas por falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre bases de cálculo estimadas, no valor total de R$ 28.989.866,85. I. DO PROCEDIMENTO FISCAL 1. Das despesas não necessárias No curso da fiscalização, o agente fiscal constatou, na escrituração contábil da citada empresa, a existência de conta de despesa com valores expressivos, intitulada "3261003 DESCONTOS CONCEDIDOS", que está classificada no grupo das despesas financeiras, e que foi transferida para a apuração do Resultado do Exercício com o montante líquido de R$ 51.491.218,33 (após a exclusão de estornos, devoluções e reclassificações). Examinando todos os 4.517 lançamentos dessa conta, constatou a autoridade fiscal que a contrapartida de parte considerável deles provém das contas de clientes integrantes do grupo "1132" CLIENTES DE CONTA E ORDEM. Os descontos diminuem os valores a receber (ou a ressarcir) desses clientes. Esclarece o autor do procedimento que, na importação por conta e ordem, uma empresa a adquirente , interessada em uma determinada mercadoria, contrata uma prestadora de serviços a importadora por conta e ordem para que esta, utilizando os recursos originários da contratante, providencie, entre outros, o despacho de importação da mercadoria em nome da empresa adquirente. Informa que consta no histórico da totalidade dos lançamentos efetuados na conta "DESCONTOS CONCEDIDOS" o número da nota fiscal a que se relaciona o débito e/ou o número de controle da importação realizada para esses clientes. Assevera que os descontos incidiram sobre operações de saídas de mercadorias classificadas com o código fiscal CFOP 5949 e 6949 (“Outra saída de mercadoria/serviço não especificado”), tratandose, portanto, de saídas que não se caracterizam como vendas, e que essas notas fiscais de saída, por não representarem vendas, são registradas a crédito em contas patrimoniais ou de compensação (transitórias). Fl. 912DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 913 4 Após exemplificar, para um determinado cliente, os lançamentos contábeis envolvidos, o agente fiscal conclui que, na mencionada operação comercial, o único efeito direto no resultado do exercício se dá com o lançamento da despesa referente ao desconto, “que representa justamente o valor do qual a TROP deixará de ser ressarcida pela cliente, ao contrário das previsões contratuais estipuladas entre as partes”. A seguir, informa que a contribuinte efetuou, em 2010, operações sob o amparo do Fundo para Desenvolvimento das Atividades Portuárias FUNDAP, e se beneficiou com a obtenção de financiamentos junto ao Banco do Desenvolvimento do Espírito Santo S/A (BANDES). Apresenta, então, o seguinte resumo sobre o funcionamento do FUNDAP: “O governo do Estado do Espírito Santo, com objetivo de promover o incremento das exportações e importações através dos portos do Espírito Santo criou um fundo denominado Fundo para Desenvolvimento das Atividades Portuárias FUNDAP. Visando incrementar o recolhimento do ICMS, o Estado passou a oferecer compensações sob a forma de financiamento a longo prazo, com recursos provenientes do FUNDAP, a determinadas empresas, contribuintes desse imposto, e que preenchessem certos requisitos, cumulativamente: exercer exclusivamente atividades de comércio exterior, ter sede no Espírito Santo e estar sujeita ao pagamento do ICMS ao Estado do Espírito Santo. O valor do financiamento é calculado pela aplicação de um percentual (8%) sobre o valor da saída das mercadorias do estabelecimento importador. As condições do empréstimo são extremamente vantajosas para a mutuaria, com carência de cinco anos, amortização de 20 anos e juros de 1% ao ano. A empresa financiada comprometesse a investir pelo menos 7% do valor do financiamento em projetos previamente aprovados pelo BANDES. Para garantir o investimento a que está obrigada a mutuária, o BANDES retém, a título de caução, o valor correspondente. Esse valor retido é inicialmente aplicado em títulos de renda fixa em nome da creditada e, posteriormente, o BANDES o aplicará na aquisição de ações de empresa que tenha projeto aprovado, ou em ações de sua própria emissão. Os contratos de financiamento com recursos do FUNDAP, periodicamente, são objeto de oferta pública, através de leilões administrativos promovidos pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo BANDES, sendo cedidos para qualquer pessoa, física ou jurídica, que atendam às exigências do edital do leilão e que apresentem a melhor oferta. O valor mínimo exigido é de 10% do valor dos saldos devedores, que devem ser pagos à vista, em moeda corrente. Como normalmente os únicos interessados em adquirir títulos que rendem juros de 1 % ao ano, e vencem em 25 anos, mesmo com um deságio de 90%, são os próprios devedores ou pessoas a eles ligadas, abrese à possibilidade de liquidação antecipada do financiamento, propiciando um ganho expressivo à fundapeana.” No que se refere aos financiamentos obtidos pela contribuinte junto ao BANDES, informa o autor do procedimento: Fl. 913DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 914 5 “Na sua contabilidade de 2010, utilizase a conta "2221002 BANDES' (fls. 361 a 364) para registrar a obtenção do financiamento junto ao Bandes e a conta "4311007 RECEITA ÁGIO FUNDAP' (fis 365 a 368), para registrar a receita financeira correspondente ao deságio no resgate dos títulos de sua dívida, conforme mencionado. Verificase, inclusive, que foram resgatados diversos títulos representativos desses financiamentos, nos leilões oferecidos pelo BANDES, obtendo descontos financeiros (ágio) sobre os mesmos. Assim, a conta 2221002 BANDES mostra que a TROP obteve financiamentos que atingiram o montante de R$ 45.495.763,08. Esse total corresponde à soma dos valores liberados e depositados no Banco do Estado do Espírito Santo (conta de código 1112023) e do valor da "caução" obrigatória, que fica depositado em aplicação do tipo CDB (conta "1119001 Aplicação CDB FUNDAP'). Por outro lado, ao participar dos leilões do Bandes, a empresa conseguiu resgatar seus títulos de financiamento do Fundap, obtendo um desconto de 90%, ou seja, obtendo receita de ágio no montante de R$ 41.365.990,62.” Constatando, então, que a empresa fiscalizada realizou serviços de importação por conta e ordem de terceiros, e que parte considerável dos descontos financeiros concedidos (R$ 30.839.041,81) tem relação direta com essas operações, o agente fiscal lavrou Termo de Intimação para atendimento das seguintes providências: (1) apresentar os contratos de conta e ordem e respectivos aditivos contratuais; (2) informar qual a forma de remuneração obtida pela fiscalizada em razão da prestação do serviço de importação por conta e ordem de terceiros; e (3) justificar a dedução como despesa operacional dos descontos concedidos. Em atendimento à intimação fiscal, a contribuinte apresentou os referidos contratos e informou ser beneficiária não apenas do FUNDAP, mas também do Regime Tributário Diferenciado no Estado de Santa Catarina, onde está localizada a filial de ITAJAÍ, razão pela qual, segundo afirma, às receitas financeiras mencionadas no aludido termo de intimação (R$ 41.365.990,62), devese adicionar a "receita" aproximada de R$ 28.500.000,00 que se materializa como estorno da despesa de ICMS em Santa Catarina, perfazendo uma receita total de R$ 69.865.990,62. Prosseguindo, esclareceu, ainda, a contribuinte: “(...) Preliminarmente, importante esclarecer como se dá a atuação do mercado, entendido este principalmente pelas maiores companhias que exploram nacionalmente a atividade de comércio exterior ("Tradings") e classificadas entre os 10 maiores faturamentos do setor, faixa onde a TROP se situa. Neste extrato de mercado e nas operações de importação por conta de clientes, entre os fatores que determinam a conquista e manutenção de "Market Share" o mais relevante deles é o preço. Diferente do que se pode imaginar em um primeiro momento, o preço a que nos referimos não se trata do serviço cobrado, que em 99% dos casos tratase de um valor simbólico. Fl. 914DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 915 6 Na ótica dos clientes, o "preço" é representado pelo percentual de desconto que a "Trading" escolhida para dar curso a operação por conta e ordem oferece. Assim, conquista o mercado, faz mais negócios e potencialmente auferem mais receita aquelas "Tradings" que oferecem os melhores descontos. A reflexão lógica que vem a seguir é: Uma vez que não existe efetivamente compra e venda (logo não existe receita operacional), de onde vem a receita que permite a concessão de tais descontos? Vem dos descontos concedidos às "Tradings" pelas unidades da federação, quando do pagamento do ICMS, conforme esclarecemos e exemplificamos anteriormente com os casos de Espírito Santo (FUNDAP) e Santa Catarina (Créditos Presumidos). Desta forma, os descontos que as "Tradings" recebem dos estados quando do pagamento de tributos, constituem o lastro para que estas repassem parte deste desconto para seus clientes, que de mais a mais, por conhecerem perfeitamente tais mecanismos procuram na maioria dos casos pelo maior desconto.(...)” O agente fiscal, por sua vez, informa que, muito embora as cópias dos contratos de Conta e Ordem apresentados pela TROP não tragam previsões contratuais para esses descontos, sabidamente tais acertos existem e estão, muitas vezes, registrados em aditivos contratuais. Não obstante, identificou o contrato de uma das clientes da contribuinte, no qual consta a seguinte cláusula contratual: "5.4.2. o montante correspondente ao ICMS, na alíquota e base de cálculo vigentes, igualmente de responsabilidade da ADQUIRENTE, que será recolhido pela TROP no interesse da ADQUIRENTE, podendo dispor esta última de um prazo até o 24° (vigésimo) dia do mês imediatamente subseqüente ao do desembaraço das mercadorias para pagamento deste montante à TROP. Será concedido um desconto, referente ao repasse do beneficio do FUNDAP, escalonado conforme segue: 3,0% considerando o total FOB anual de 4$milhões; 3,5% considerando o total FOB anual de 8$miihões; 4,0% considerando o total FOB anual de 12$milhões; 4,5% acima de 12$ milhões FOB." Informa o auditor fiscal que, ao identificar os descontos concedidos ao aludido cliente, e verificar nos livros fiscais a nota fiscal de saída correspondente a cada desconto, constatou que foi aplicado em 2010 o desconto de 4,5% incidente sobre a base de cálculo do ICMS líquida do valor do imposto. Ressalta que, conferindo o livro de saídas da matriz, foi possível identificar o valor contábil, a base de cálculo e o valor do ICMS , bem como o código CFOP de cada uma das notas fiscais; e que, a partir dessas informações, foi possível verificar que o percentual de 4,5% foi aplicado sobre a base de cálculo excluindose o ICMS. Informa que, com base no histórico dos lançamentos, foi possível verificar que os descontos concedidos aos demais clientes, na maioria Fl. 915DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 916 7 das vezes, obedecem a coeficientes fixos, embora diversos para cada um deles; e que, ao se utilizar o método de comparar o desconto com o valor da base de cálculo do ICMS apurado na nota fiscal mencionada em cada lançamento, apuramse coeficientes que variam de 3,16% a 7,25% para alguns clientes escolhidos aleatoriamente. Nesse cenário, conclui a autoridade fiscal pela impossibilidade de se aceitar a dedutibilidade das despesas registradas como "descontos concedidos", pois, na verdade, representam o repasse aos seus clientes dos benefícios fiscais a que a fiscalizada tem direito provenientes do FUNDAP (ES) e de créditos presumidos (SC). Segundo o agente fiscal, como os mencionados benefícios fiscais cabem exclusivamente à empresa, esse repasse não possui previsão legal e tem origem em acordo particular realizado entre a fiscalizada e vários de seus clientes, mediante contrato. Assevera que “(...) a legislação prevê a tributação das receitas financeiras (ágio) e a fiscalizada é o sujeito passivo exclusivo da obrigação tributária. Não há qualquer previsão legal que lhe permita compartilhar esse ônus com os seus clientes.” Deduz que “(...) a transferência/repasse de recursos (benefícios fiscais concedidos por unidades da Federação) que se dá para suas clientes não pode interferir na apuração do resultado do exercício da fiscalizada, diminuindo a base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (...)”, razão pela qual se caracterizam como despesas não necessárias os descontos concedidos aos clientes para os quais realizou importações por conta e ordem no anocalendário 2010, no montante de R$ 30.839.041,81. 2. Da insuficiência de recolhimento de IRPJ e de CSLL Informa a autoridade fiscal que a forma de tributação escolhida pela contribuinte foi a apuração anual, com recolhimentos do IRPJ e da CSLL com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução. 2.1. Da insuficiência de recolhimento de IRPJ Ressalta o agente fiscal que, confrontando mensalmente os valores acumulados de IRPJ A PAGAR (registrados no LALUR e informados na DIPJ) com os recolhimentos efetuados acumulados e compensações com PERDCOMP's antes do início da fiscalização, apurou uma diferença de R$ 667.910,28 não recolhida. Segundo o autor do procedimento, dessa diferença de IRPJ no montante de R$ 667.910,28, a contribuinte admite apenas a falta de recolhimento do saldo a recolher apurado no levantamento do balanço de suspensão/redução no dia 31/03/2010, ou seja R$ 376.174,67. A diferença não recolhida no final do ano (R$ 291.735,60) não existiria por conta de outras deduções de caráter cultural. Para comprovar o alegado, a contribuinte, no curso da ação fiscal, apresentou três documentos que não foram acolhidos pela fiscalização, pelas seguintes razões: “A comprovação da doação de R$ 350.000,00 via Lei Rouanet foi feita somente com a apresentação de cópia impressa de um email que contém dados do projeto a seria beneficiado (TUCCA Aprendiz de Maestro 2010), bem como número da conta bancária para depósito. Fl. 916DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 917 8 Para a comprovação da doação ao FUMCAD no valor de R$ 130.000,00, juntou dois boletos bancários que indicam como destinatário do pagamento Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD) da Prefeitura Municipal de São Paulo, em favor uma entidade de apoio ao adolescente e à criança com câncer. Não constam nos dois boletos, porém, autenticação bancária referente ao seu pagamento nem foram anexados comprovantes de transferência de valores. Em resumo, a comprovação se deu com a apresentação de: R$ 350.000,00 > Email com dados para depósito; R$ 100.000,00 > Boleto bancário sem autenticação; R$ 30.000,00 > Boleto bancário sem autenticação.” Dessa forma, considerou o agente fiscal que não houve comprovação do efetivo pagamento desses valores referentes a doações de caráter cultural e a fundo de assistência à criança e ao adolescente, razão pela qual não poderiam ter sido deduzidos dos valores de IRPJ devidos no final de 2010. Ressaltou, por fim, que a fiscalizada apresentou 11 (onze) declarações DCTF's retificadoras após o início da fiscalização, e que todas elas foram desconsideradas para a realização do trabalho fiscal, tendo em vista a aplicação do disposto no artigo 7o do Decreto 70.235/72. 2.2. Da insuficiência de recolhimento de CSLL Ressalta o agente fiscal que, confrontando mensalmente os valores acumulados de CSLL A PAGAR (registrados no LALUR e informados na DIPJ) com os recolhimentos efetuados acumulados e compensações com PERDCOMP's antes do início da fiscalização, apurou uma diferença de R$ 180.311,90 não recolhida. Segundo a autoridade fiscal, o sujeito passivo admitiu a falta de recolhimento das diferenças apontadas com relação à CSLL, enfatizando que tais valores haviam sido declarados na DIPJ. Informou, contudo, o autor do procedimento, que não houve declaração desses valores na DCTF. 3. Da falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre as bases de cálculo estimadas Informa o agente fiscal que a apuração da infração descrita no item 1 supra (despesas não necessárias) altera as bases de cálculo estimadas mensais. Elabora planilhas, nas quais, a partir das novas bases estimadas mensais, calcula as diferenças de IRPJ e de CSLL devidas mensalmente em 2010, para as quais não existem recolhimentos. A seguir, elabora outras planilhas, nas quais calcula a multa de 50%, exigida isoladamente, sobre os valores dos pagamentos mensais de IRPJ e de CSLL que deixaram de ser recolhidos, com fundamento no artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com a nova redação dada pelo artigo 14 da Lei n° 11.488, de 2007. II. DA IMPUGNAÇÃO Fl. 917DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 918 9 Cientificada dos autos de infração em 04/12/2013, a contribuinte apresentou, em 27/12/2013, a impugnação de fls. 694/736, por meio da qual deduz as seguintes razões de defesa. 1. Das despesas não necessárias Sustenta a impugnante, em apertada síntese, que: 1) É evidente a ausência de fundamento jurídico para o lançamento fiscal, especialmente com base no artigo 299 do RIR/99, por conta da completa ausência da demonstração de elementos que impliquem o reconhecimento de sua indedutibilidade; 2) Nos termos do artigo 299 do RIR/99, a dedutibilidade das despesas na apuração do lucro real está vinculada à sua necessidade, usualidade e normalidade às atividades da empresa e à manutenção de sua fonte produtora; 3) No caso sob exame, a despesas é necessária, pois se não houvesse o aludido repasse, a impugnante perderia o negócio para outro concorrente, que atua de idêntica forma com relação ao "repasse"; 4) A despesa é normal, pois o repasse se aplica a todos os clientes de conta e ordem, de modo que se apresenta, de forma usual, costumeira ou ordinária, habitual na espécie do negócio; 5) Em relação à comprovação da despesa por meio de documentação hábil e idônea, não há controvérsia, pois a fiscalização identificou os contratos e a forma pela qual o repasse é calculado e a origem de cada operação; 6) Todas as trading companies do mercado, detentoras de benefício fiscais (especialmente as que estão localizados no ES e em SC), atuam, quando se trata de operação de importação por conta e ordem, exatamente por meio da concessão de repasses e abatimentos de valores a ressarcir, o que acaba por reduzir o custo de aquisição de mercadorias pela clientela adquirente de mercadoria importada (anexa informação constante da página da internet de uma empresa atuante no setor de comércio exterior); 7) O procedimento adotado pela impugnante encontra amparo tanto na legislação quanto na jurisprudência (cita precedentes do CARF e julgado de primeira instância administrativa); 8) há, na breve e superficial acusação fiscal, nítida confusão entre previsão legal para se incorrer em determinada despesa e liberalidade, bem como equívoco na invocação do artigo 123 do CTN; 9) Quanto à CSLL, a verificação dos mencionados elementos constantes do artigo 299 do RIR/99 não é sequer necessária, porquanto, para esta contribuição, basta que o contribuinte incorra na despesa e afete a apuração do lucro líquido do período, na linha da orientação da jurisprudência administrativa (cita precedentes do CARF); 10) “(...) não se tratam de tributos [IRPJ e CSLL]idênticos que possuem idênticos critérios materiais e quantitativos. Especialmente em relação às normas que dispõem sobre os ajustes (adições e exclusões) em suas respectivas bases de cálculo são diversas, de maneira que as regras aplicáveis à CSLL nem sempre são as mesmas aplicáveis ao IRPJ (...)”; Fl. 918DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 919 10 11) “(...) o que existe de comum entre os tributos em questão são regras exclusivamente de apuração e pagamento (opção de regime, período de apuração, data de recolhimento)...” 2. Da insuficiência de recolhimento de IRPJ e de CSLL Quanto à apontada insuficiência de IRPJ, ressalta a fiscalizada que, intimada a prestar esclarecimento sobre a questão, informou que o saldo apurado pela fiscalização não foi recolhido pelo fato de haver doação a título de FUMCAD e Lei Rouanet que, por equívoco da autuada, não estão demonstrados na DIPJ e culminou na cobrança do valor pela fiscalização. Assevera que, após insistência da impugnante, a instituição financeira forneceu os comprovantes de pagamento, os quais anexa à sua peça de defesa, juntamente com as declarações de recebimento das doações por parte das entidades. Quanto à apontada insuficiência de CSLL, a suplicante silencia. 3. Da falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre as bases de cálculo estimadas Nesse item, sustenta a suplicante, ad argumentandum tantum, que, mantendose a exigência fiscal (item 1) pelo seu mérito, deve ser cancelada a multa isolada aplicada cumulativamente com a multa de ofício, por representar dupla penalidade sobre o mesmo ilícito (deixar de recolher o tributo). Cita precedentes do CARF. Pede o cancelamento dos autos de infração. A DRJ, julgou parcialmente procedente a impugnação, cancelando a exigência dos créditos relativa a despesas com os descontos aos clientes, devido aos benefícios fiscais e financeiros concedidos para a Recorrente que reduzem o montante de ICMS a ser recolhido; por entender que tais gastos são necessários, usuais e normais nos termos do artigo 299 do RIR/99. Manteve o restante das exigência nos seguintes termos: 2.1. Da insuficiência de recolhimento de IRPJ Conforme relatado, o agente fiscal, confrontando mensalmente os valores acumulados de IRPJ A PAGAR (registrados no LALUR e informados na DIPJ) com os recolhimentos efetuados acumulados e compensações com PERDCOMP's antes do início da fiscalização, apurou uma diferença de R$ 667.910,28 não recolhida. Dessa diferença de IRPJ (R$ 667.910,28), a contribuinte, em sua impugnação, silenciou sobre a falta de recolhimento do saldo a recolher apurado no levantamento do balanço de suspensão/redução no dia 31/03/2010, ou seja, R$ 376.174,67, razão pela qual é de se considerar, nessa parte, matéria incontroversa. Já quanto à diferença não recolhida no final do ano (R$ 291.735,60), a contribuinte impugnou a exigência fiscal ao Fl. 919DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 920 11 argumento de que faz jus a deduções de caráter cultural, a título de FUMCAD e Lei Rouanet. Nessa parte, assiste razão à suplicante. Com efeito, a contribuinte trouxe com a sua peça de impugnação os documentos de fls. 758/763 que efetivamente comprovam o pagamento das aludidas doações. À fl. 759 consta recibo do Ministério da Cultura, no valor de R$ 350.000,00, que identifica a empresa doadora, o projeto cultural beneficiado, o valor doado e o tipo de operação (patrocínio) a que se destina. Já à fl. 758 consta que o referido pagamento foi levado a débito de conta corrente da contribuinte junto ao Banco Bradesco, em 30/12/2010. À fl. 761 consta, também, recibo da Prefeitura de São Paulo, no valor de R$ 100.000,00, que identifica a empresa doadora e o beneficiário Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Já à fl. 760 consta que o referido pagamento foi levado a débito de conta corrente da contribuinte junto ao Banco Bradesco. À fl. 763 consta, ainda, recibo da Prefeitura de São Paulo, no valor de R$ 30.000,00, que identifica a empresa doadora e o beneficiário Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Já à fl. 762 consta que o referido pagamento foi levado a débito de conta corrente da contribuinte junto ao Banco Bradesco. De se afastar, portanto, nesse item, a exigência de IRPJ no montante de R$ R$ 291.735,60 2.2. Da insuficiência de recolhimento de CSLL Conforme relatado, o agente fiscal, confrontando mensalmente os valores acumulados de CSLL A PAGAR (registrados no LALUR e informados na DIPJ) com os recolhimentos efetuados acumulados e compensações com PERDCOMP's antes do início da fiscalização, apurou uma diferença de R$ 180.311,90 não recolhida. A contribuinte, em sua impugnação, silenciou sobre a falta de recolhimento de CSLL, razão pela qual é de se considerar, nessa parte, matéria incontroversa. Inconformada com o v. acórdão a contribuinte interpõe Recurso Voluntário, requerendo o cancelamento do restante dos créditos mantidos. Ato contínuo, a contribuinte apresenta petição ao autos (fls. 894/904), requerendo a desistência do Recurso Voluntário, devido sua adesão ao REFIS. Fl. 920DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 921 12 Em seguida foi proferido r. despacho de fls. informando a desistência do Recurso Voluntário e indicando quais os créditos envolvidos. É o relatório. Fl. 921DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 922 13 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Recurso Voluntário: Não conheço do Recurso Voluntário, por perda de objeto. Adesão ao REFIS. Consta nos autos, petição da contribuinte requerendo desistência do Recurso Voluntário. Desta forma, deixo de conhecer do Recurso Voluntário e passo a analisar o Recurso de Ofício. Recurso Ofício: A parte da autuação que deve ser analisada no Recurso de Ofício é relativa as despesas com os descontos fornecidos aos clientes da Recorrente, devido aos incentivos fiscais e financeiros concedidos por Unidades da Federação. O cotejo deve verificar se tais despesas são necessárias (ou não) e se são possíveis de serem deduzidas da apuração do lucro real e afetar as bases de incidência do IRPJ e da CSLL. Tais benefícios fiscais e financeiros são concedidos para as Trandings (tais como a Recorrente) por meio de Decretos ou Leis, sendo que fazem parte da rotina do mercado e da concorrência entra as empresas deste ramo. Assim, as despesas questionadas neste Auto de Infração são derivadas de benefícios fiscais ou financeiros regulamentados por decretos e leis. Também não existe nos autos, controvérsia em relação a documentação que albergou o registro das despesas na contabilidade da Recorrida. Da mesma forma, inexiste nos autos qualquer questionamento sobre a idoneidade da documentação e a origem de cada operação. Os valores relativos aos créditos e benefícios fiscais/financeiros, além de serem regulamentados por decretos e leis, restam demonstrados por meios de acordos, termos de ajustes e regimes especiais formalizados com os Governos das Unidades da Federação. Fl. 922DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 923 14 Os benefícios concedidos pelas Unidades da Federação, permitem que a Recorrente consiga negociar descontos e combater a concorrência, pratica usual no nicho onde atuam. Os descontos fornecidos aos clientes da Recorrida foram registrados nos contratos de importação por conta e ordem. Ou seja, não existe qualquer questionamento nos autos sobre a regularidade das operações praticas entre a Recorrida e os clientes. Tais descontos concedidos aos clientes da Recorrida, são rotina no mercado, são necessários, usuais e normais, conforme determina o artigo 299 do RIR/99. Desta forma, adota as razões de decidir do v. acórdão "a quo", para motivar e fundamentar meu voto, no sentido de negar provimento ao Recurso de Ofício manter o cancelamento da exigência relativa as despesas referentes aos descontos concedidos aos clientes, derivados dos benefícios fiscais. 1. Das despesas não necessárias Nesse item da autuação, consoante relatado, entendeu a d. autoridade fiscal que a “transferência/repasse de recursos” (benefícios fiscais concedidos por unidades da Federação) que se dá para os clientes da contribuinte, ora autuada, não pode interferir na apuração do resultado do exercício da fiscalizada, razão pela qual se caracterizariam como despesas não necessárias os descontos concedidos aos clientes para os quais realizou importações por conta e ordem no anocalendário de 2010. Com a devida vênia, entendo que a glosa promovida pela fiscalização não merece prosperar, pois, como a seguir se demonstrará, as mencionadas despesas com descontos concedidos aos clientes se enquadram no conceito de despesas operacionais, dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. Vejase a dicção do art. 299 do RIR/99, verbis: [...] A Administração Tributária, ainda nos idos de 1981, já esmiuçava o alcance dessa norma, por meio do Parecer Normativo CST nº 32, esclarecendo que o gasto é necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades que estejam vinculadas com as fontes produtoras de rendimentos, e que a despesa normal é aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou transação efetuada e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira ou ordinária. No caso sob exame, à toda evidência, estão presentes os mencionados requisitos de necessidade, usualidade e normalidade que autorizam a dedutibilidade das referidas despesas com descontos concedidos aos clientes da impugnante, para os quais realizou importações por conta e ordem. Fl. 923DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 924 15 Com efeito, a despesa incorrida com o “repasse” do benefício fiscal é essencial às operações de importação por conta e ordem de terceiros e vinculada diretamente com a fonte produtora de rendimentos. Em face do benefício fiscal auferido, a TROP, contratualmente, “repassa” parte de tais benefícios aos seus clientes. Se não houvesse este “repasse”, a Impugnante perderia o negócio para outro concorrente, que atua de idêntica forma com relação ao "repasse". Por outro lado, restou cabalmente demonstrado pela própria Fiscalização que o “repasse” se aplica a todos os clientes de conta e ordem, de modo que se apresenta de forma usual, costumeira e habitual na espécie do negócio. Registrese, ainda, conforme consignado pelo próprio agente fiscal, que, ao participar dos leilões do Bandes, a empresa conseguiu resgatar seus títulos de financiamento do Fundap, obtendo um desconto de 90%, ou seja, obtendo receita de ágio no montante de R$ 41.365.990,62, sujeito à incidência, não só, do IRPJ e da CSLL, como também da Cofins e da contribuição para o PIS. Idêntica receita foi reconhecida pela TROP no que se refere ao incentivo fiscal concedido pelo Estado de Santa Catarina. Nesse contexto, se afigura imprópria a terminologia “repasse” do benefício fiscal adotada tanto pela Fiscalização como pelo próprio contribuinte, na medida em que constitui efetivamente uma despesa, passível de afetar o resultado do exercício e, conseqüentemente, reduzir as bases de incidência do IRPJ e da CSLL. Assim, tendo em vista ainda que a própria Fiscalização pôde atestar a comprovação da despesa por meio de documentação hábil e idônea, é de se afastar as exigências de IRPJ e CSLL nesse item, e considero prejudicado o exame das alegações específicas da impugnante em relação à incidência da CSLL. Quanto a falta de recolhimento de estimativas do IRPJ e CSLL, relativo a glosa de despesas do item 1 do Auto de Infração, entendo que também deve ser cancelada, nos termos do v. acórdão recorrido. 3. Da falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre as bases de cálculo estimadas A acusação fiscal de falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre as bases de cálculo estimadas é decorrente do procedimento fiscal que glosou as aludidas despesas com descontos concedidos (item 1), o que levou o agente fiscal a apurar novas bases estimadas mensais e, consequentemente, calcular as multas de 50%, exigidas isoladamente, sobre os valores dos pagamentos mensais de IRPJ e de CSLL que teriam deixado de ser recolhidos. Ocorre que, como restou demonstrado no exame da acusação fiscal referida no item 1 supra, a glosa das aludidas despesas com descontos concedidos se revelou improcedente. Nessa conformidade, não se confirmando pagamentos mensais de IRPJ e de CSLL a menor, não há falarse em incidência de multas isoladas. De se afastar, portanto, as exigências quanto a esse item. Fl. 924DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 925 16 Em relação a insuficiência de recolhimento do IRPJ e da CSLL, a contribuinte apresentou impugnação apenas da diferença não recolhida no final do ano de 2010, de R$ 291.735,60, onde aduziu que tal valor se refere a deduções de caráter cultural, á título de FUMCAD e Lei Rouanet. De fato, entendo que assiste razão a Recorrida, eis que conseguiu comprovar nos autos, que a diferença de recolhimento do IRPJ se refere a deduções de caráter cultural destinados ao FUMCAD e Lei Rouanet. Desta forma, adoto como fundamento de meu voto, as razões de decidir do v. acórdão recorrido. 2. Da insuficiência de recolhimento de IRPJ e de CSLL 2.1. Da insuficiência de recolhimento de IRPJ Conforme relatado, o agente fiscal, confrontando mensalmente os valores acumulados de IRPJ A PAGAR (registrados no LALUR e informados na DIPJ) com os recolhimentos efetuados acumulados e compensações com PERDCOMP's antes do início da fiscalização, apurou uma diferença de R$ 667.910,28 não recolhida. Dessa diferença de IRPJ (R$ 667.910,28), a contribuinte, em sua impugnação, silenciou sobre a falta de recolhimento do saldo a recolher apurado no levantamento do balanço de suspensão/redução no dia 31/03/2010, ou seja, R$ 376.174,67, razão pela qual é de se considerar, nessa parte, matéria incontroversa. Já quanto à diferença não recolhida no final do ano (R$ 291.735,60), a contribuinte impugnou a exigência fiscal ao argumento de que faz jus a deduções de caráter cultural, a título de FUMCAD e Lei Rouanet. Nessa parte, assiste razão à suplicante. Com efeito, a contribuinte trouxe com a sua peça de impugnação os documentos de fls. 758/763 que efetivamente comprovam o pagamento das aludidas doações. À fl. 759 consta recibo do Ministério da Cultura, no valor de R$ 350.000,00, que identifica a empresa doadora, o projeto cultural beneficiado, o valor doado e o tipo de operação (patrocínio) a que se destina. Já à fl. 758 consta que o referido pagamento foi levado a débito de conta corrente da contribuinte junto ao Banco Bradesco, em 30/12/2010. À fl. 761 consta, também, recibo da Prefeitura de São Paulo, no valor de R$ 100.000,00, que identifica a empresa doadora e o beneficiário Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Já à fl. 760 consta que o referido pagamento foi levado a débito de conta corrente da contribuinte junto ao Banco Bradesco. À fl. 763 consta, ainda, recibo da Prefeitura de São Paulo, no valor de R$ 30.000,00, que identifica a empresa doadora e o beneficiário Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Já à fl. 762 consta que o referido pagamento foi levado a débito de conta corrente da contribuinte junto ao Banco Bradesco. Fl. 925DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO Processo nº 15586.721082/201396 Acórdão n.º 1402002.301 S1C4T2 Fl. 926 17 De se afastar, portanto, nesse item, a exigência de IRPJ no montante de R$ R$ 291.735,60. O restante do montante relativo aos créditos da diferença de recolhimento do IRPJ e da CSLL, a Recorrida deixou de impugnar e foram tratados em sede de Recurso Voluntário, o qual foi extinto sem julgamento do mérito, devido ao pedido de desistência. 2.2. Da insuficiência de recolhimento de CSLL Conforme relatado, o agente fiscal, confrontando mensalmente os valores acumulados de CSLL A PAGAR (registrados no LALUR e informados na DIPJ) com os recolhimentos efetuados acumulados e compensações com PERDCOMP's antes do início da fiscalização, apurou uma diferença de R$ 180.311,90 não recolhida. A contribuinte, em sua impugnação, silenciou sobre a falta de recolhimento de CSLL, razão pela qual é de se considerar, nessa parte, matéria incontroversa. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso de Ofício e nego provimento. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Fl. 926DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por LEONARDO DE A NDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 15983.000201/2010-48
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2010 a 30/04/2010
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.738
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 02 01 /2 01 0- 48 Fl. 171DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 173DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 174DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 175DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 176DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 177DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 178DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 15983.000201/201048 Acórdão n.º 9202004.738 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 180DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.001170/2010-49
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/10/2007
DECADÊNCIA. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO.
Aplica-se a regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, quando comprovado pagamento antecipado, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Súmula Carf nº 99.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA.
Para conhecimento do Recurso Especial de divergência, é necessário que o recorrente apresente decisão que enfrentando situação fática semelhante tenha aplicado a legislação de regência de forma diversa.
No caso, os acórdãos apresentados a título de paradigma não enfrentam todos os motivos, alternativos, apontados pelo acórdão recorrido para tributação dos valores em questão, sendo assim insuficientes para comprovação da divergência.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, cabível a aplicação retroativa do art. 35-A da Lei nº 8.212, de 1991, incluído pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que se trata, neste dispositivo, de penalidade única combinando as duas condutas.
Recursos especiais do Contribuinte e da Fazenda Nacional providos.
Numero da decisão: 9202-004.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer parcialmente o Recurso Especial do Contribuinte apenas quanto à decadência, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, que o conheceu integralmente e Ana Paula Fernandes, que o conheceu parcialmente em maior extensão. E, no mérito, por unanimidade de votos, em dar-lhe provimento. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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CORRETORA DE TITULOS E VALORES MOBILIARIOS FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/10/2007 DECADÊNCIA. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. Aplicase a regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, quando comprovado pagamento antecipado, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Súmula Carf nº 99. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. Para conhecimento do Recurso Especial de divergência, é necessário que o recorrente apresente decisão que enfrentando situação fática semelhante tenha aplicado a legislação de regência de forma diversa. No caso, os acórdãos apresentados a título de paradigma não enfrentam todos os motivos, alternativos, apontados pelo acórdão recorrido para tributação dos valores em questão, sendo assim insuficientes para comprovação da divergência. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 11 70 /2 01 0- 49 Fl. 788DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 3 2 aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, cabível a aplicação retroativa do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, incluído pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que se trata, neste dispositivo, de penalidade única combinando as duas condutas. Recursos especiais do Contribuinte e da Fazenda Nacional providos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer parcialmente o Recurso Especial do Contribuinte apenas quanto à decadência, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, que o conheceu integralmente e Ana Paula Fernandes, que o conheceu parcialmente em maior extensão. E, no mérito, por unanimidade de votos, em darlhe provimento. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Trata o presente processo de exigência das contribuições devidas às terceiras entidades e fundos incidentes sobre: (i) PLR dos períodos de 01/2005, 01/2006 e 01/2007, e (ii) antecipação de PLR dos períodos de 10/2005, 10/2006 e 10/2007, constituída pelo Auto de Infração nº 37.271.7233 (efls. 04 a 21). Impugnada a exigência (efls. 200 a 383), foi exarado o Acórdão nº 16 34.177 pela 13ª Turma da DRJ/SP1 (efls. 394 a 410) que julgou a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário exigido. O contribuinte apresentou recurso voluntário (efls. 417 a 450) no qual alegou, em síntese, que (i) teriam decaído as contribuições relativas ao período de 01/2005 já que, no caso, não se aplicaria a regra decadencial do art. 173, I, do Código Tributário Nacional, mas a do art. 150, § 4º, daquele codex, porquanto teria havido pagamento de contribuições previdenciárias relativas ao período em questão; (ii) não incidiria contribuição previdenciária sobre PLR porque se tratam de pagamentos excepcionais, desvinculados da remuneração do empregado, e que o comando constitucional do final do inc. XI do art. 7º, remetendo à definição legal, aplicase à cogestão, não à PLR; (iii) as metas e regras de aferição constavam do sistema interno My Performance, o qual era de conhecimento dos empregados e estava referido no acordo e, portanto, teriam sido chanceladas pelo sindicato; (iv) em que pese os Fl. 789DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 4 3 acordos reativos aos anos de 2004, 2005, 2006 e 2007 não tenham sido assinados antes do início de cada ano, as metas foram fixadas no início dos respectivos anos e, para afastar dúvidas sobre este fato, pede realização de perícia no sistema My Performance; (v) o discrepante valor da PLR não pode ser supedâneo para a sua descaracterização sob o argumento de que estaria a dissimular verbas salariais; (vi) o pagamento de antecipações de PLR, embora não previsto em convenção específica do sindicado da categoria dos empregados da recorrente, ocorreu em razão do acordo de PLR prever a isonomia de tratamento entre os empregados da recorrente e os empregados da instituição bancária que compõe o mesmo grupo empresarial, ademais de ser um benefício a mais ao trabalhador; (vii) ao deixar de descontar a antecipação de PLR paga em 10/2007 do pagamento da respectiva PLR, realizado em 2008, não estaria descaracterizada a parcela porque o relevante é que a totalidade dos valores pagos esteja em consonância com o acordo de PLR; (viii) ainda que as parcelas pagas aos seus empregados não pudessem ser classificadas como PLR, o auto de infração seria improcedente, porquanto tratamse de verbas eventuais que não integram o salário de contribuição; (ix) o julgamento dos autos deve ser sobrestado até que o STF se manifeste sobre a constitucionalidade da contribuição ao Incra, à alíquota de 0,2%, prevista na Lei nº 2.613, de 1955, que compõe o lançamento, e (x) a multa seja excluída ou limitada a 20%, em razão do advento do art. 35A da Lei nº 8.212/91. A 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara proferiu o Acórdão nº 2301003.094 (e fls. 479 a 520) no qual, por voto de qualidade, negou provimento ao recurso na questão da decadência e na questão da não integração ao salário de contribuição das verbas pagas a título de PLR. Por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à recorrente. Embora o colegiado não tenha se manifestado sobre as alegações relativas às antecipações, não foram apresentados embargos para sanar a omissão. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, recurso especial de divergência (efls. 521 a 529), no qual pugna pela adoção do entendimento manifesto no acórdão paradigma apresentado, de modo que o acórdão recorrido seja reformado no ponto em que determinou a aplicação do art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91 (na atual redação conferida pela Lei nº 11.941/2009), em detrimento do art. 35A, também da Lei nº 8.212/91, devendose verificar, na execução do julgado, qual norma é mais benéfica: se a multa anterior (art. 35, II, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/91. O sujeito passivo apresentou, tempestivamente, contrarrazões ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional ressaltando que incidiu, sobre os valores lançados, multa de mora e não multa de ofício; portanto, com a aplicação da retroatividade benigna, devese confrontar a multa constante do auto de infração com o que prevê a atual redação do art. 35 da Lei nº 8.112/91, ou seja, limitada a 20%. O contribuinte também apresentou, tempestivamente, recurso especial de divergência (efls. 563 a 604) em que sustenta discrepância de entendimento do Carf em relação ao acórdão recorrido nas seguintes matérias: (i) decadência, e (ii) observância dos requisitos da Lei nº 10.101/2000. O recurso especial foi admitido para ambas as matérias (efls. 713 a 723). Quanto à primeira matéria, apresentou paradigmas (acórdãos CSRF nºs 9202 002.198 e 9202003.060) que, ao contrário do fundamento do acórdão recorrido na questão, consideram antecipação de pagamento qualquer recolhimento relativo ao período, ainda que Fl. 790DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 5 4 nele não se inclua a verba específica questionada nos autos; portanto, diante de pagamento antecipado, aplicarseia a regra decadencial do § 4º do art. 150 do CTN, restando decaído o período de 01/2005. Quanto à segunda matéria, o recorrente contribuinte apresentou como paradigmas os acórdãos nºs 9202003.105 e 2401003.055 nos quais aponta as seguintes divergências interpretativas em relação à decisão recorrida: a) o paradigma 9202003.105 admitiu o detalhamento interno das regras e metas individuais, sem participação do sindicato, enquanto a decisão recorrida atestou a necessidade de constarem do acordo de PLR todas as regras e com a anuência sindical; b) o paradigma 9202003.105 admitiu o uso de sistema de gestão de desempenho para apurar a PLR, enquanto o acórdão recorrido entendeu por não aceitar avaliação por meio do sistema My Performance; c) o paradigma 9202003.105 entendeu não haver limite legal para o valor pago a título de PLR e que o Fisco não poderia impor esse limite, já a decisão recorrida descaracterizou o pagamento da PLR em razão dos valores expressivos, considerandoos parte da remuneração dos beneficiários; d) o paradigma 2401003.060 admitiu a avaliação de aspectos individuais, não cabendo ao Fisco julgar os critérios escolhidos pelas partes, enquanto o acórdão recorrido refutou tais tipos de critérios por considerálos subjetivos; e) o paradigma 2401003.060 entendeu que a Lei nº 10.101/2000 não estabeleceu limite temporal para a celebração do acordo de PLR e validou os pagamentos efetuados com base em acordos firmados no final dos anosbase a que se referem, contrariando a decisão recorrida. A Fazenda Nacional apresentou, tempestivamente, contrarrazões ao recurso especial do contribuinte (efls. 724 a 736) em que sustenta, preliminarmente, que o recurso especial não poderia ser admitido na parte em que confronta os entendimentos acerca dos elevados valores pagos a título de PLR. Demonstra a Fazenda Nacional que os acórdãos confrontados referemse a situações fáticas distintas: enquanto o acórdão recorrido desqualificou a verba por seu valor expressivo, o acórdão paradigma admitiu o pagamento de PLR em valores discrepantes pagos aos empregados em relação aos diretores. Aduz que este fundamento, por si só, é suficiente para a manutenção do julgado. No mérito, a Fazenda Nacional reafirma que viola a legislação de regência: (i) a celebração antecipada do acordo de PLR de modo que os trabalhadores não conheçam, previamente, os critérios para recebimento da verba; (ii) a adoção de regras em instrumentos apartados, não constantes do acordo de PLR; (iii) o pagamento de PLR em valores extremamente superiores aos salários dos beneficiários. Pugna pela negativa de provimento ao recurso especial do contribuinte e pela manutenção do acórdão recorrido nos pontos por ele questionados. Fl. 791DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 6 5 Cumpre ainda referir que, após o processo ter saído de pauta com vista coletiva concedida aos conselheiros componentes do colegiado, foi atravessada petição pelo sujeito passivo, requerendo a declaração de ofício da nulidade do acórdão recorrido, sob a alegação de que o voto do Sr. Presidente do Colegiado recorrido acompanhou o relator apenas pelas conclusões e, no acórdão formalizado, não constam os fundamentos pelos quais o Presidente teria acompanhado o relator. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator NOTAS INICIAIS Antes de iniciar a análise do recurso, entendo ser cabível a apresentação de breves esclarecimentos quanto à petição do sujeito passivo, requerendo que a decisão recorrida fosse declarada nula, de ofício, pelo colegiado. De ponto, cumpre referir que entendo não haver previsão regimental para conhecimento da petição. Outrossim, ainda que houvesse, não vejo qualquer nulidade que possa macular a decisão recorrida. Com efeito, o Regimento Interno do CARF é expresso ao tratar da matéria, determinando que no caso em que a maioria dos conselheiros (inclusive a maioria presumida, por voto de qualidade) acompanha o relator e o faz apenas pelas conclusões, o relator é obrigado a expressar essas conclusões em seu voto. Nesse sentido, cabe referência ao § 8º do art. 63 do Anexo II do Regimento Interno do CARF: Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. ... § 8º Na hipótese em que a decisão por maioria dos conselheiros ou por voto de qualidade acolher apenas a conclusão do relator, caberá ao relator reproduzir, no voto e na ementa do acórdão, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros. Ora, no caso, a decisão recorrida: se deu por voto de qualidade, ou seja, pelo voto de três conselheiros: o relator, o presidente e mais um conselheiro; e somente um dos conselheiros votou pelas conclusões. Portanto, reparase que: (a) não foi a maioria do colegiado que acompanhou o relator pelas conclusões, (b) também não foi a maioria presumida do colegiado, por voto de Fl. 792DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 7 6 qualidade, que acompanhou o relator pelas conclusões e (c) nem sequer foi a maioria dos que acompanharam o voto do relator que o teria feito pelas conclusões. Com efeito, apenas um conselheiro acompanhou o relator pelas conclusões. Com apenas um conselheiro acompanhando o relator pelas conclusões, fica o relator desobrigado de consignar em seu voto os fundamentos do único conselheiro que o acompanhou pelas conclusões. Esclareçase que, caso esse conselheiro desejasse registrar seus fundamentos, poderia têlo feito em declaração de voto (que também não é mandatória). Aliás, a ausência de qualquer manifestação no acórdão deve ser tratada por embargos de declaração, que têm prazo determinado na legislação e, no caso, não houve esse embargo. Dessa forma, não conheço da manifestação e afasto a existência de nulidade na decisão recorrida. CONHECIMENTO Em relação ao recurso especial da Fazenda Nacional, voto pelo seu conhecimento. Quanto ao recurso especial do sujeito passivo, concordo com a alegação da Fazenda Nacional quanto à falta de similitude fática entre a decisão recorrida e o Acórdão nº 9202003.105 no que se refere aos vultosos valores pagos a título de PLR. De fato, as decisões confrontadas se deram em contextos absolutamente distintos: o acórdão recorrido considerou os valores elevados como dissimulação de verbas salariais; o acórdão paradigma, entretanto, entendeu que valores discrepantes entre diferentes categorias não descaracterizam a natureza imune da PLR. Salientese que, com isso, a divergência apontada no segundo acórdão paradigma resta insuficiente para alteração da decisão recorrida. Portanto, voto por não conhecer do recurso do sujeito passivo nesta matéria, que, por si, já mantém integralmente o julgado. Subsidiariamente, quanto à observância dos requisitos da Lei nº 10.101/2000, constato que nenhum dos dois acórdãos paradigmas arrolados enfrenta todos os aspectos que fundamentam a decisão recorrida, razão pela qual também nego seguimento ao recurso do sujeito passivo na matéria. Dessa forma, conheço parcialmente do recurso, apenas no tocante à questão da decadência. MÉRITO Passo a analisar o mérito da questão, iniciando pela análise do recurso especial do sujeito passivo. Análise do Recurso Especial do Sujeito Passivo O contribuinte alegou divergências em duas matérias: (i) decadência, e (ii) observância dos requisitos da Lei nº 10.101/2000, sendo esta matéria subdividida em cinco distintos pontos a serem individualmente analisados, cada um dos quais suficiente para a Fl. 793DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 8 7 manutenção integral do lançamento. Porém, seu recurso restou conhecido apenas quanto à decadência. Decadência Entendeu a autoridade lançadora que, embora existissem pagamentos, eles não contemplaram as parcelas de PLR pagas nesses períodos, o que descaracterizaria a antecipação de recolhimento que condiciona a aplicação da regra decadencial prevista no § 4º do art. 150 do CTN. Ora, a interpretação dada afronta o entendimento desta câmara que decidiu, nos acórdãos nºs 9202002.198 e 9202003.060, apontados como paradigma no recurso especial, no sentido de admitir qualquer recolhimento relativo ao tributo e ao período como suficiente para caracterizar a antecipação de pagamento exigida pelo art. 150 do CTN, mesmo que nesse recolhimento não se tenha levado em conta a rubrica específica objeto de lançamento. Aliás, esse também é o teor da Súmula Carf nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. O lançamento, concluído em 01/09/2010, contempla os fatos geradores 01/2005, 10/2005, 01/2006, 10/2006, 01/2007 e 10/2007. Segundo consta dos autos, para esses meses houve recolhimento de contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento. Porém, a aplicação da regra de decadência do § 4º do art. 150 do CTN só alcança os fatos geradores de 01/ 2005, porquanto o lançamento dos demais períodos ocorreu dentro do prazo decadencial. Portanto, conheço do recurso quanto a esta matéria e doulhe provimento para aplicação da regra decadencial insculpida no art. 150, § 4o do Código Tributário Nacional, e, consequentemente, declarar a decadência do lançamento relativo aos fatos geradores de 01/2005. Análise do Recurso Especial da Fazenda Nacional Julgo, inicialmente, não haver como se afastar a aplicabilidade, ao caso, da retroatividade benéfica prevista no art. 106, inciso II, alínea “c”, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Para tanto, trago à colação os dispositivos de interesse ao caso sob análise, bem como excertos do brilhante voto do Ilustre Conselheiro Marcelo Oliveira no âmbito do Acórdão no 9.202003.070, proferido por esta mesma 2a Turma, em 13 de fevereiro de 2014, por concordar integralmente com os seus fundamentos, na forma a seguir transcrita: Lei 5.172/66 (CTN) Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: Fl. 794DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 9 8 (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.(g.n.) Lei 8.212/1991 (Redação anterior): Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento (g.n.): a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (g.n.): a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: (...) Lei 8.212/1991 (nova redação): Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora (g.n.), nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 795DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 10 9 (...) Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício (g.n.) relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Acórdão 9.202003.070 – Voto do Conselheiro Marcelo Oliveira “ (...) Portanto, pela determinação do CTN, acima, a administração pública deve verificar, nos lançamentos não definitivamente julgados, se a penalidade determinada na nova legislação é menos severa que a prevista na lei vigente no momento do lançamento. Só não posso concordar com a análise feita, que leva à comparação de penalidades distintas: multa de ofício e multa de mora. (...) Ocorre que o acórdão recorrido comparou, para a aplicação do Art. 106 do CTN, penalidade de multa aplicada em lançamento de ofício (grifos no original), com penalidade aplicada quando o sujeito passivo está em mora, sem a existência do lançamento de ofício, e decide, espontaneamente, realizar o pagamento. Para tanto, na defesa dessa tese, há o argumento que a antiga redação utilizava o termo multa de mora (grifos no original). Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora (grifos no original), que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento (grifos no original): (...) II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (grifos no original): Esclarecemos aqui que a multa de lançamento de ofício (grifos no original), como decorre do próprio termo, pressupõe a atividade da autoridade administrativa que, diante da constatação de descumprimento da lei, pelo contribuinte, apura a infração e lhe aplica as cominações legais. Em direito tributário, cuidase da obrigação principal e da obrigação acessória, consoante art. 113 do CTN. Fl. 796DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 11 10 A obrigação principal é obrigação de dar. De entregar dinheiro ao Estado por ter ocorrido o fato gerador do pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. A obrigação acessória é obrigação de fazer ou obrigação de não fazer. A legislação tributária estabelece para o contribuinte certas obrigações de fazer alguma coisa (escriturar livros, emitir documentos fiscais etc.): são as prestações positivas de que fala o §2º do art. 113 do CTN. Exige também, em certas situações, que o contribuinte se abstenha de produzir determinados atos (causar embaraço à fiscalização, por exemplo): são as prestações negativas, mencionadas neste mesmo dispositivo legal. O descumprimento de obrigação principal gera para o Fisco o direito de constituir o crédito tributário correspondente, mediante lançamento de ofício (grifos no original). É também fato gerador da cominação de penalidade pecuniária, leiase multa, sanção decorrente de tal descumprimento. O descumprimento de obrigação acessória gera para o Fisco o direito de aplicar multa, igualmente por meio de lançamento de ofício (grifos no original). Na locução do §3º do art. 113 do CTN, este descumprimento de obrigação acessória, isto é, de obrigação de fazer ou não fazer, convertea em obrigação principal, ou seja, obrigação de dar. Já a multa de mora não pressupõe a atividade da autoridade administrativa, não tem caráter punitivo e a sua finalidade primordial é desestimular o cumprimento da obrigação fora de prazo. Ela é devida quando o contribuinte estiver recolhendo espontaneamente um débito vencido. Essa multa nunca incide sobre as multas de lançamento de ofício (grifos no original) e nem sobre as multas por atraso na entrega de declarações. Portanto, para a correta aplicação do Art. 106 do CTN, que trata de retroatividade benigna, o Relator deveria ter comparado a penalidade determinada pelo II, Art. 35 da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (grifos no original), antiga redação, com a penalidade determinada atualmente pelo Art. 35A da Lei 8.212/1991 (nos casos de lançamento de ofício (grifos no original)). Conseqüentemente, divirjo do acórdão recorrido, pelas razões expostas. (...)” Verifico, assim, que, ainda que a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, tenha utilizado apenas a expressão “multa de mora”, independentemente da denominação que tenha se dado à penalidade, não resta dúvida de que estavam ali descritas duas diferentes espécies de multas: a) as multas de mora propriamente ditas e b) as multas lançadas de ofício. Fl. 797DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 12 11 As primeiras eram cobradas com o tributo recolhido espontaneamente. As últimas, cobradas nos lançamentos de ofício e através de notificação fiscal de lançamento de débito, ou, posteriormente, após a fusão entre a SRP e RFB, através de lançamento de obrigação principal e auto de infração (no caso de obrigação acessória convertida em obrigação principal através de lavratura de AI pelo seu descumprimento), ambas por força de ação fiscal, tal como ocorria com os demais tributos federais. Ainda, quanto às multas de ofício, estas duas situações supra elencadas se encontravam, respectivamente, regradas na forma dos antigos arts. 35, II (multa referente à obrigação principal constituída através de NFLD ou AI) e 32, IV, §4o ou §5o (ambos referindo se à obrigação acessória convertida em obrigação principal através de lavratura de AI pelo seu descumprimento), ambos da Lei nº 8.212, de 1991, sendo que, com a alteração legislativa propugnada no referido diploma, passaram a estar regradas conjuntamente na forma de seu art. 35A. Assim, entendo que a penalidade a ser aplicada, uma vez caracterizada a ocorrência de lançamento de ofício da obrigação principal através de NFLD(s) ou AI(s) correspondente(s), não pode ser aquela mais benéfica a ser obtida pela comparação da estabelecida pela anterior redação do art. 32, inciso IV, §4o. ou 5o da Lei nº 8.212, de 1991 (aplicável para os casos de descumprimento de obrigação acessória relativa a prestação de informações em GFIP mesmo nos casos como o sob análise em que havia concomitante constituição de ofício da obrigação principal através de NFLD ou AI) com a do art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, incluído pela Lei nº 11.941, de 2009, uma vez que a aplicação desta última, em meu entendimento, deve se cingir a casos em que há o efetivo recolhimento da contribuição previdenciária lançada, com somente a obrigação acessória tendo sido descumprida, sem lançamento de ofício. A propósito, entendo que, para fins de aplicação da retroatividade benéfica, se deva comparar àquela antiga multa por descumprimento de obrigação acessória (regrada na forma da anterior redação do art. 32, inciso IV, §4o ou §5o da Lei nº 8.212, de 1991), quando somada à multa aplicada no âmbito do(s) NFLD(s) ou AI(s) de obrigação principal conexo(s) (regrada na forma da anterior redação do art. 35, inciso II da Lei nº 8.212, de 1991), a multa estabelecida pelo art. 44, da mesma Lei nº 9.430, de 1996, e atualmente aplicável quando dos lançamentos de ofício, consoante disposto no art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991. Portanto, no presente caso, exatamente conforme realizado pela autoridade lançadora, devese comparar (i) o resultado da soma da multa lançada mediante o Auto de Infração nº 37.271.7217, que faz parte do processo nº 16327.001168/201070, e a multa lançada nos autos deste processo com (ii) a multa estabelecida pelo art. 35A da Lei nº 8.112, de 1991, que remete ao art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, que é de 75%, prevalecendo a menor. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto no sentido de: (a) conhecer em parte do recurso do contribuinte, apenas quanto à questão da decadência, e, na parte conhecida, darlhe provimento; e (b) conhecer do recurso da Fazenda Nacional, para darlhe provimento. Fl. 798DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 13 12 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 799DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 16327.001170/201049 Acórdão n.º 9202004.344 CSRFT2 Fl. 14 13 Fl. 800DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 13819.003930/2002-12
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/10/1997
DECADÊNCIA. CINCO ANOS A CONTAR DO FATO GERADOR. SÚMULA VINCULANTE DO STF Nº 8/2008.
Editada a Súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal nº 8/2008, declarando a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91, o prazo para a Fazenda proceder ao lançamento do PIS é de cinco anos, nos termos do CTN.
DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. TERMO INICIAL.
O prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito pertinente à Contribuição para o Programa de Integração Social PIS é de 05 anos, contados do fato gerador na hipótese de existência de antecipação de pagamento do tributo devido.
Recurso Especial do Procurador Negado
Numero da decisão: 9303-004.409
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1997 a 31/10/1997 DECADÊNCIA. CINCO ANOS A CONTAR DO FATO GERADOR. SÚMULA VINCULANTE DO STF Nº 8/2008. Editada a Súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal nº 8/2008, declarando a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91, o prazo para a Fazenda proceder ao lançamento do PIS é de cinco anos, nos termos do CTN. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. TERMO INICIAL. O prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito pertinente à Contribuição para o Programa de Integração Social PIS é de 05 anos, contados do fato gerador na hipótese de existência de antecipação de pagamento do tributo devido. Recurso Especial do Procurador Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
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CINCO ANOS A CONTAR DO FATO GERADOR. SÚMULA VINCULANTE DO STF Nº 8/2008. Editada a Súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal nº 8/2008, declarando a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91, o prazo para a Fazenda proceder ao lançamento do PIS é de cinco anos, nos termos do CTN. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. TERMO INICIAL. O prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito pertinente à Contribuição para o Programa de Integração Social PIS é de 05 anos, contados do fato gerador na hipótese de existência de antecipação de pagamento do tributo devido. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 00 39 30 /2 00 2- 12 Fl. 297DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 7º, II, do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais), em face do Acórdão nº 04 02.063, de 06 de dezembro de 2006, da Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, que possui a seguinte ementa: PIS — DECADÊNCIA. O prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito pertinente à contribuição para o Programa de Integração Social — PIS é de 05 anos, contado a partir da ocorrência do fato gerador, na hipótese de haver antecipação de pagamento do tributo devido. Recurso parcialmente provido. O presente processo referese a lançamento de PIS, acrescido de multa de ofício e juros Selic, tendo como fundamento a diferença entre os valores escriturados e os valores declarados/pagos, para o período de janeiro de 1997 a janeiro de 2002. O lançamento foi mantido no julgamento de primeira instância. A Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso, para acolher parcialmente a decadência com base no parágrafo 4° do Art. 150 do CTN, por ter havido pagamento parcial. Considerando que a ciência do auto de infração fora dada em 13/11/2002, reconheceuse a decadência do crédito tributário pertinente a fatos geradores ocorridos até outubro de 1997 (fls.244 a 248). A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls.252 a 263), suscitando divergência em relação à aplicação do prazo decadencial previsto no CTN, em detrimento daquele previsto no art. 45 da Lei 8.212/91. O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi integralmente admitido pela comprovação da divergência suscitada, conforme despacho de admissibilidade à fl.277. O sujeito passivo apresentou suas contrarrazões às fls. 286 a 290. É o relatório. Voto Conselheiro RODRIGO DA COSTA POSSAS Relator Conforme relatado, o tempestivo recurso foi integralmente admitido pela comprovação da divergência suscitada, conforme despacho de admissibilidade à fl.277. Fl. 298DF CARF MF Processo nº 13819.003930/200212 Acórdão n.º 9303004.409 CSRFT3 Fl. 298 3 Enquanto a Egrégia Turma entendeu que o prazo decadencial aplicável seria aquele determinado pelo parágrafo 4° do Art. 150 do CTN, por ter havido pagamento parcial, o acórdão paradigma apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional (Acórdão 20311.553, de 09/11/2006) decidiu de modo diverso, entendendo ser aplicável o prazo previsto no inciso I do art. 45 da Lei n° 8.212/91, que determina o prazo de 10 (dez) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado, e atendido os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Portanto, a matéria devolvida ao Colegiado cingese à questão do prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo à contribuição para o Programa de Integração Social — PIS. A contribuinte defende o prazo previsto no § 4° do artigo 150 do Código Tributário Nacional, enquanto a Fazenda Nacional posiciona pelo prazo decenal previsto no art. 45 da Lei 8.212/1991. A possibilidade de aplicação do prazo decenal defendida pela Fazenda Nacional não mais é possível em virtude da Súmula Vinculante nº 08 do STF, que decretou a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei nº 8.212/91. Aplicase, portanto, o prazo decadencial previsto no Código Tributário Nacional, conforme definiu o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em sede de recurso repetitivo, de observância obrigatória por este Conselho: tributos cujo lançamento é por homologação, o prazo para restituição de indébito é de 5 anos, contados a partir da ocorrência do fato gerador, quando houver antecipação de pagamento, aplicando o disposto no § 4° do artigo 150 do Código Tributário Nacional. O julgador a quo reconheceu a decadência do direito de o Fisco efetuar o lançamento para os fatos geradores ocorridos até o mês de outubro de 1997, tendo em vista a ciência do Auto de Infração em 13/11/2002, aplicando o prazo decadencial previsto no art.150, § 4º, do CTN, contados da data do fato gerador. Foi considerada a existência de antecipação de pagamento, vez que o lançamento fora efetuado para exigir diferença entre os valores escriturados e os declarados/pagos. Dessa forma, nenhuma ressalva há que ser feita no acórdão recorrido, que afastou o prazo decadencial reconhecidamente inconstitucional previsto no art. 45 da Lei 8.212/1991, aplicando o disposto no art.150, § 4º, do CTN, conforme decidido pelo STJ, pela existência de antecipação de pagamentos/declaração. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, mantendo, integralmente, a decisão recorrida. (assinado digitalmente) RODRIGO DA COSTA POSSAS Fl. 299DF CARF MF 4 Fl. 300DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10070.002067/2002-89
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/1997 a 30/09/1997
FUNDAMENTO RELEVANTE DO ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO ATACADO. DISSIMILITUDE FÁTICA. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO
Não se conhece do Recurso Especial, quando as situações fáticas e fundamentações consideradas nos acórdãos indicados como paradigma não se prestam a demonstrar a divergência jurisprudencial.
No presente caso, o Recurso Especial trouxe acórdãos indicados como paradigma que tratavam da prescrição intercorrente relativa ao lapso temporal considerado entre a interposição da impugnação pelo sujeito passivo e a ciência da decisão da 1ª instância - DRJ (Súmula CARF nº 11), diferentemente do acórdão recorrido, que consignou que os débitos confessados em DCTF constituiria o crédito tributário e que, em respeito ao art. 174 do CTN, a ação para a cobrança do crédito tributário prescrevia em 5 anos contados dessa constituição.
Numero da decisão: 9303-004.254
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Andrada Marcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Rodrigo da Costa Pôssas, que o conheceram. Fez sustentação oral o patrono da contribuinte, Dr. Juan Pedro Brasileiro de Mello, OAB-SP 173.644, escritório Castro e Campos Advogados. Julgado dia 14/09/2016 no período da tarde.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/1997 a 30/09/1997 FUNDAMENTO RELEVANTE DO ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO ATACADO. DISSIMILITUDE FÁTICA. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO Não se conhece do Recurso Especial, quando as situações fáticas e fundamentações consideradas nos acórdãos indicados como paradigma não se prestam a demonstrar a divergência jurisprudencial. No presente caso, o Recurso Especial trouxe acórdãos indicados como paradigma que tratavam da prescrição intercorrente relativa ao lapso temporal considerado entre a interposição da impugnação pelo sujeito passivo e a ciência da decisão da 1ª instância - DRJ (Súmula CARF nº 11), diferentemente do acórdão recorrido, que consignou que os débitos confessados em DCTF constituiria o crédito tributário e que, em respeito ao art. 174 do CTN, a ação para a cobrança do crédito tributário prescrevia em 5 anos contados dessa constituição.
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DISSIMILITUDE FÁTICA. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO Não se conhece do Recurso Especial, quando as situações fáticas e fundamentações consideradas nos acórdãos indicados como paradigma não se prestam a demonstrar a divergência jurisprudencial. No presente caso, o Recurso Especial trouxe acórdãos indicados como paradigma que tratavam da prescrição intercorrente relativa ao lapso temporal considerado entre a interposição da impugnação pelo sujeito passivo e a ciência da decisão da 1ª instância DRJ (Súmula CARF nº 11), diferentemente do acórdão recorrido, que consignou que os débitos confessados em DCTF constituiria o crédito tributário e que, em respeito ao art. 174 do CTN, a ação para a cobrança do crédito tributário prescrevia em 5 anos contados dessa constituição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 0. 00 20 67 /2 00 2- 89 Fl. 612DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Andrada Marcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Rodrigo da Costa Pôssas, que o conheceram. Fez sustentação oral o patrono da contribuinte, Dr. Juan Pedro Brasileiro de Mello, OABSP 173.644, escritório Castro e Campos Advogados. Julgado dia 14/09/2016 no período da tarde. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803006.291, da 3ª Turma Especial da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário, cancelando o auto de infração, consignando acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/1997 a 30/09/1997 PRESCRIÇÃO. DÉBITOS CONSTITUÍDOS DEFINITIVAMENTE. DCTF. Débitos confessados em DCTF e não pagos estão aptos a ser objeto de processo/ação de cobrança, independentemente de nova constituição por auto de infração, que ocorrendo não interrompe o prazo de prescrição, que ocorre em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.” Fl. 613DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10070.002067/200289 Acórdão n.º 9303004.254 CSRFT3 Fl. 613 3 Insatisfeita, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o acórdão 3803006.291, requerendo seu conhecimento e provimento para reformar a decisão de modo a afastar a prescrição intercorrente. Alega, em síntese que não há prescrição intercorrente no curso do processo administrativo. O apelo da Fazenda Nacional foi admitido em sua integralidade, nos termos do Despacho às fls. 586 a 588. Contrarrazões foram apresentadas pelo sujeito passivo, trazendo, em síntese, que: · O crédito tributário objeto do presente processo não fora fulminado pela prescrição e de que não resta dúvida de que o referido instituto da prescrição intercorrente não se aplica no âmbito do processo administrativo fiscal. E que essa questão suscitada não é a hipótese dos autos; · Desde a apresentação da impugnação ao Auto de Infração a exigibilidade do crédito tributário está suspensa e que a revisão de lançamento não alterou os elementos do crédito tributário; · Os presentes autos tratam de débitos confessados em DCTF e não pagos – que, por sua vez, representa confissão de dívida, conforme preceitua o caput do art. 174 do CTN. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que o recurso não deva ser conhecido, conforme reza o art. 67, Anexo II, do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015, vez que trouxe à baila matéria diversa da apreciada pelo Colegiado do acórdão recorrido. Fl. 614DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 Ora, para melhor elucidar o meu entendimento quanto à falta de fundamentação e, por conseguinte divergência suscitada, importante trazer sinteticamente a descrição dos fatos. No presente processo, temse que: · Os débitos ora discutidos foram declarado em DCTF em 3.11.97, ainda que não pagos; · O Auto de Infração foi expedido em 13.5.02 – por meio eletrônico; · Não obstante ao lançamento eletrônico, houve processo de Revisão de Lançamento 191/00 em 6.4.2010, ou seja, 7 anos e 5 meses após a constituição do débito por meio da DCTF; · O lançamento consubstanciado pela Revisão de Lançamento manteve a integralidade dos valores declarados na DCTF, com fulcro no parecer emitido pela Divisão de Maiores Contribuintes. Em análise do acórdão recorrido, é de se trazer que o Colegiado havia entendido que os débitos confessados em DCTF constitui o crédito tributário e que, em respeito ao art. 174 do CTN, a ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 anos contados dessa constituição. O que, por conseguinte, concluiu que os débitos do presente processo tiveram sua constituição definitiva por meio das DCTFs em 3.11.97, estando prescritos após 3 de novembro de 2002, em conformidade com as datas de apresentação regulamentares das DCTFs. Eis que a Revisão de Lançamento ocorreu em 2010. Portanto, o que se referendou por aquele Colegiado é que não há como não se considerar prescritos os débitos constituídos, vez que a autoridade fazendária “demorou” 7 anos e 5 meses” para proceder com o lançamento. Não se discutiu nessa seara o lapso temporal constatado entre a data da impugnação apresentada pelo contribuinte e a data da ciência do acórdão consignado pela DRJ (1ª instância) – ou seja, não se discutiu, tampouco foi aventado Fl. 615DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10070.002067/200289 Acórdão n.º 9303004.254 CSRFT3 Fl. 614 5 pelo sujeito passivo, a prescrição intercorrente sumulada pelo CARF (Súmula 11) – suscitada pela Fazenda Nacional em seu Recurso Especial. Vêse que os acórdãos apontados como paradigma tratam de fatos e matérias diferentes – “prescrição intercorrente” – o que, para melhor elucidar a falta de dissenso entre os arestos, importante expor que: · O acórdão 103.2113 indicado como paradigma, traz: ü Que o sujeito passivo foi cientificado do lançamento em 17.8.90, dentro dos cinco anos da ocorrência do fato gerador, e a notificação da decisão recorrida de 1ª instância em 20.11.00 – o que, para ele, tendo transcorrido um lapso de tempo de aproximadamente 10 anos, restando inerte o processo por culpa da Administração Pública, teria ocorrido a decadência ou perempção. ü Que o conselheiro relator, após analisar o processo, trouxe: “É a chamada prescrição intercorrente e tem seu fundamento na excessiva demora no julgamento dos recursos administrativos pela repartição fazendária [...]” ü E, por fim, o Colegiado consignou acórdão com a seguinte ementa: “PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. Em prestígio ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa, bem assim à isonomia na relação jurídica tributária não é admissível a prescrição intercorrente no Processo Administrativo Fiscal. Havendo a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não ocorre a prescrição. O prazo prescricional começa a fluir a partir da constituição definitiva do crédito tributário, que ocorre quando não cabe recurso ou ainda pelo transcurso do prazo. [...]” · O acórdão 104.19410 apontado como paradigma, traz: Fl. 616DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 ü O sujeito passivo, quanto à prescrição intercorrente, que o processo ficou paralisado por mais de 6 anos, entre o oferecimento da impugnação em 5.6.95 e 18.5.01, quando proferida decisão de primeiro grau. ü O conselheiro relator que: “Neste aspecto não lhe assiste razão. Com efeito, constituído o crédito tributário passa a fluir, em princípio, prazo prescricional, que fica suspenso, até que sejam decididos os recursos administrativos. Há julgados no sentido de que instaurada a lide com a apresentação de impugnação, não correm prazos prescricionais, até decisão da mesma. [...]” · E, por fim, o Colegiado consignou acórdão com a seguinte ementa: “[...] PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – PRELIMINAR – PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE – No processo Administrativo Fiscal, não se configura a prescrição intercorrente. Se o crédito está suspenso nos termos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional, não há de se falar em prescrição. O prazo prescricional conta se da constituição definitiva do crédito tributário, e esta só ocorre quando não cabe recurso ou pelo transcurso do prazo” Sendo assim, vêse que os acórdãos paradigmas trazem que não há que se falar em prescrição intercorrente no processo administrativo, matéria, por sua vez, sumulada pelo CARF: “Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.” Cabe ainda destacar que essa Súmula CARF nº 11 teve como suporte e reforço para a sua existência no ordenamento jurídico acórdãos que tratavam do lapso temporal considerado entre a interposição da impugnação pelo sujeito passivo e a ciência da decisão da 1ª instância (DRJ), diferentemente do Fl. 617DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10070.002067/200289 Acórdão n.º 9303004.254 CSRFT3 Fl. 615 7 acórdão recorrido que tratou do lapso temporal entre a data da entrega da DCTF, que constituiria o crédito tributário, segundo aquele Colegiado, vez se tratar de declaração com força de confissão de dívida, e a data do lançamento (Revisão do lançamento) – que, por sua vez, ocorreu após 5 anos da efetiva entrega da declaração. Entender, portanto, que se tratam de matérias e fatos similares seria desviar o conceito de prescrição intercorrente e, equivocadamente, aplicar a Súmula 11 para a prescrição para execução fiscal do crédito tributário. Proveitoso também trazer que as fundamentações da prescrição de a autoridade fazendária executar o crédito tributário, decadência de a autoridade fazendária efetuar o lançamento e da prescrição intercorrente relativo a demora da apreciação de recurso da contribuinte, são diferentes, vez que, basicamente: · Para a prescrição intercorrente, eventualmente, são contemplados a Súmula 11; art. 1º, § 1º, da Lei 9.873/99, Lei de Execução Fiscal, etc; · Para a decadência de a autoridade efetuar o lançamento do crédito tributário, o art. 150, § 4º e art. 173, §1º do CTN; · Para a prescrição de a autoridade executar o crédito tributário, o art. 174 do CTN. Dessa forma, vêse que não há como se conhecer do Recurso Especial interposto pela Fazenda, por não atenderemos os pressupostos de admissibilidade trazidos pelo art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 373/15 (com alterações posteriores). Em vista de todo o exposto, voto por não conhecer do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. É como voto. Tatiana Midori Migiyama Fl. 618DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 8 Fl. 619DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 13888.722855/2014-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
GLOSA DE DESPESAS. NÃO COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
O procedimento de análise de despesas deduzidas é bastante conhecido. A Fiscalização intima o contribuinte para comprovar que suas despesas estão suportadas em documentos hábeis. Não o sendo feito, elas são glosadas, tendo o contribuinte o direito de comprová-las ao longo do processo administrativo fiscal gerado mediante apresentação de Impugnação. Como a Recorrente não o fez em nenhum momento, apenas desviando a atenção para alegações de direito, deve ser mantida a glosas das despesas.
MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. CANCELAMENTO DA MULTA ISOLADA.
Ainda que com algumas divergências, tem se consolidado nesta turma a interpretação da Súmula nº 105 do CARF, apresentada a esta turma pelo Conselheiro Guilherme Mendes, no sentido de que não pode haver concomitância entre as multas isoladas e de ofício. "Concomitância", no entanto, significa que a multa isolada não pode ser maior do que a multa de ofício após a sua multiplicação por 2/3. Em outras palavras, a multa isolada é cancelada desde que sua base de cálculo seja igual ou menor à base de cálculo da multa de ofício. Como neste caso concreto, após multiplicadas as multas de ofício por 2/3, os valores são idênticos aos das multas isoladas, exceto por uma diferença de R$ 0,01 no caso da CSLL, devem ser canceladas ambas as multas isoladas.
Numero da decisão: 1401-001.676
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos seguintes termos: I) por unanimidade de votos, negaram provimento em relação à glosa de despesas; II) por maioria de votos, deram provimento em relação às multas isoladas. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Brito e Antonio Bezerra Neto.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Marcos de Aguiar Villas-Bôas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas-Bôas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia de Carli Germano.
Nome do relator: MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS
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Glosa de despesas. Recorrente Walhalatur Viagens e Turismo S.A. Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 GLOSA DE DESPESAS. NÃO COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. O procedimento de análise de despesas deduzidas é bastante conhecido. A Fiscalização intima o contribuinte para comprovar que suas despesas estão suportadas em documentos hábeis. Não o sendo feito, elas são glosadas, tendo o contribuinte o direito de comproválas ao longo do processo administrativo fiscal gerado mediante apresentação de Impugnação. Como a Recorrente não o fez em nenhum momento, apenas desviando a atenção para alegações de direito, deve ser mantida a glosas das despesas. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. CANCELAMENTO DA MULTA ISOLADA. Ainda que com algumas divergências, tem se consolidado nesta turma a interpretação da Súmula nº 105 do CARF, apresentada a esta turma pelo Conselheiro Guilherme Mendes, no sentido de que não pode haver concomitância entre as multas isoladas e de ofício. "Concomitância", no entanto, significa que a multa isolada não pode ser maior do que a multa de ofício após a sua multiplicação por 2/3. Em outras palavras, a multa isolada é cancelada desde que sua base de cálculo seja igual ou menor à base de cálculo da multa de ofício. Como neste caso concreto, após multiplicadas as multas de ofício por 2/3, os valores são idênticos aos das multas isoladas, exceto por uma diferença de R$ 0,01 no caso da CSLL, devem ser canceladas ambas as multas isoladas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos seguintes termos: I) por unanimidade de votos, negaram provimento AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 28 55 /2 01 4- 11 Fl. 784DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 2 em relação à glosa de despesas; II) por maioria de votos, deram provimento em relação às multas isoladas. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Brito e Antonio Bezerra Neto. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar VillasBôas, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia de Carli Germano. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face de Acórdão nº 0652.454 da 2ª Turma da DRJ/CTA, que julgou, por unanimidade, totalmente improcedente a Impugnação e manteve as exigências de IRPJ e CSLL com aplicação das multas de ofício e isolada. Valhome de parte do Relatório do Acórdão da DRJ para a descrição dos fatos iniciais: "2. O auto de infração de IRPJ (fls. 523/528) exige o recolhimento de R$ 3.739.734,95 de imposto e R$ 2.804.801,21 de multa de lançamento de ofício, além dos encargos legais. O lançamento resultou de procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias da interessada, em que foram apuradas as seguintes infrações, relatadas no Termo de Verificação Fiscal, de fls. 516/522: Custos, despesas operacionais e encargos. Despesas não comprovadas: no período de 31/12/2011. Enquadramento legal no art. 3° da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; arts. 146, I, 221, 222, 247, 248, 249, I, 251, 276, 277, 278, 299, 300, 541, 542, 858, 926 e 957, I do RIR/1999; arts. 16, 21, 23, 49 e 53 da IN SRF nº 93/1997. Multa de 75%. 3. O auto de infração de CSLL (fls. 529/533) exige o recolhimento de R$ 1.347.870,38 e R$ 1.010.902,79 de multa de lançamento de ofício, além dos encargos legais. Foram apuradas as seguintes infrações, relatadas no Termo de Verificação Fiscal, de fls. 516/522: Custos, despesas operacionais, encargos não comprovados: nos períodos de 31/12/2011. Enquadramento legal nos arts. 2° e 3° da Lei 7.689, de 15 de dezembro de 1988; art. 57 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995; art. 2° da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; art. 1° da Lei nº 9.316, de 22 de Fl. 785DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 13888.722855/201411 Acórdão n.º 1401001.676 S1C4T1 Fl. 15 3 novembro de 1996; art. 28 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Multa de 75%. 4. O auto de infração de multa isolada de IRPJ (fls. 534/536) exige o recolhimento de R$ 1.869.867,47 de multa. Foram apuradas as seguintes infrações, relatadas no Termo de Verificação Fiscal, de fls. 516/522: Multa ou juros isolados. Falta de recolhimento do IRPJ sobre base de cálculo estimada: nos períodos de 01/2011 a 12/2011. Enquadramento legal nos arts. 222 e 843 do Decreto 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99; art. 44, inciso II, alínea b, da Lei nº 9.430/96. 5. O auto de infração de multa isolada de CSLL (fls. 537/539) exige o recolhimento de R$ 673.935,18 de multa. Foram apuradas as seguintes infrações, relatadas no Termo de Verificação Fiscal, de fls. 516/522: Multa ou juros isolados. Falta de recolhimento da CSLL sobre base de cálculo estimada: nos períodos de 01/2011 a 12/2011. Enquadramento legal no art. 44, inciso II, alínea b, da Lei nº 9.430/96. 6. Cientificada em 20/10/2014, conforme informação de fl. 542, tempestivamente, em 17/11/2014, a interessada apresentou impugnação aos lançamentos, às fls. 550/583, através de seus procuradores, procurações às fls. 585/589, acompanhada dos documentos de fls. 591/645, que se resume a seguir: DO DIREITO. Da Dedutibilidade de Despesas e da Aplicação do artigo 299 do RIR/1999 a. Explica que a Impugnante tem como objeto social "o exercício das atividades de agência de viagens e turismo, organização, gestão, planejamento e coordenação de feiras, congressos, convenções, exposições de negócios e congêneres (...)". Nessa linha, para a realização de suas atividades, precisa contratar diversos fornecedores que possam atender as expectativas e necessidades de seus clientes, que em sua maior parte são empresas de grande porte, nacionais e multinacionais, que exigem um serviço ágil e de excelência; b. Alega que um fator importante da atividade exercida pela Impugnante, como por exemplo, na organização de viagens coorporativas e eventos, é a necessidade de manter uma constante proximidade com seus clientes, com o intuito de viabilizar e suportar as mais variadas demandas requeridas pelas companhias. Assim, para moldar seu atendimento as necessidade e rotinas de cada empresa, a Impugnante instala postos de atendimento em seus principais clientes, que são uma extensão da Walhalaur, facilitando a tomada de decisão e viabilizando as mais variadas espécies de solicitações; c. Esclarece que, no presente processo, foram justamente as despesas incorridas pelos postos de atendimentos, bem como as despesas administrativas na execução desses serviços, lançadas nas contas contábeis "3880 Despesas Diversas do Posto / Atendimento", "4590 Despesas Administrativas Diversas", "5290 Despesas Diversas do Posto / Atendimento", que consistiram nos questionamentos realizados pelo Sr. Agente Fiscal. Contudo, todos os valores escriturados nas referidas contas contábeis são oriundos do exercício regular do objeto social da Impugnante, razão pela qual a sua dedutibilidade é legítima; d. Relaciona alguns serviços que são disponibilizados em seus postos de atendimento e que implicam nas despesas indevidamente glosadas pela Fiscalização: Reservas de Viagens Aéreas: Reserva de voos nacionais e internacionais, incluindo todas as providências necessárias, como alterações, reemissões e fretamentos; Reservas de Hotéis: Reserva em hotéis de diversas categorias, em qualquer parte do Brasil e no exterior; Outras Reservas: Passagens rodoviárias e ferroviárias em qualquer lugar do mundo; Locação de Veículos: Acordos com as principais locadoras de veículos do Brasil e do Fl. 786DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 4 exterior, inclusive com leasing na Europa e aluguel de carros privativos, vans, ônibus e outros; Documentação de Viagens: Despachantes próprios preparam e organizam toda a documentação de viagens de nossos passageiros: passaporte, vistos, orientações para vacinas, carteira internacional de habilitação, documento para embarque de animais domésticos, dentre outros; Relacionamento com Fornecedores: Assessoria para efetivação e administração dos acordos comerciais dos seus clientes com todos os fornecedores de serviços aéreos, de hotelaria, locadores de veículos e todos os outros imprescindíveis ao negócio contratado; Gestão de custos e qualidade de eventos: Gerencia a logística de treinamento. Elabora relatórios que evidenciam a gestão realizada e os resultados obtidos em cada turma e em cada curso/programa; Administração e operação: Responsabilidade pelos detalhes da realização dos treinamentos de acordo com as necessidades demandadas sempre buscando significativa redução de custos e maior produtividade dos recursos estratégicos. Administração do followup, a contratação e entrega de serviços (sala, reprodução e entrega de materiais, equipamentos, coffee breaks, coordenadoras etc); e. Afirma que os custos e despesas com os fornecedores (companhias aéreas, redes de hotéis, locadoras de veículos, cartórios e os relacionados aos eventos), arcadas pela Impugnante na prestação dos serviços descritos acima, representam, inegavelmente, despesas de natureza operacional, que são dedutíveis para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Isso porque, nos termos do artigo 299 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 ("RIR/99"), despesas operacionais são aquelas necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora; [...] g. Sustenta que a necessidade da despesa é comprovada na medida em que ela é empregada na otimização das operações ou dos negócios exigidos pela atividade que constitui o objeto social da pessoa jurídica. Ademais, uma despesa será necessária quando for justificável do ponto de vista gerencial da empresa. Já, a usualidade pode ser definida em razão de a despesa ser habitual para a realização do objeto social, ainda que essa despesa não seja reiteradamente verificada na prática. Basta que ela seja justificável do ponto de vista negocial, pois assim possui potencial para se tornar usual. No que tange à normalidade, há que se considerar se determinada despesa é normal na realização das atividades e negócios pertinentes ao objeto social exercido pela empresa, ou seja, se é comumente verificada na realização do objeto social pelas empresas do ramo; h. Alega que o entendimento acima mencionado é compartilhado pela Secretaria da Receita Federal, bem pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse sentido, confirase o exemplo extraído de uma decisão proferida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais do antigo Conselho de Contribuintes, no Acórdão n° CSRF/010.834; [...] j. Frisa que, além das despesas glosadas no presente caso serem indubitavelmente necessárias, normais e usuais à atividade da Impugnante, todos os lançamentos dessas despesas estão devidamente identificados em sua contabilidade. Portanto, todas as despesas se enquadram no artigo 299 do RIR/99, pois guardam relação direta com as atividades desenvolvidas pela Impugnante, sendo assim fundamental que sejam reconhecidas como necessárias, usuais e normais. Ou seja, são despesas plenamente justificáveis do ponto de vista operacional. Logo, consoante o princípio da segurança jurídica, o tributo só pode ser validamente exigido quando um fato ajustase rigorosamente à hipótese de incidência tributária; k. Reclama que, no caso em apreço, o próprio Sr. Agente Fiscal reconheceu que as despesas são "inerentes às atividades da fiscalizada", após analisar a resposta fornecida pela Impugnante que esclarece a origem das despesas declaradas em sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Fl. 787DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 13888.722855/201411 Acórdão n.º 1401001.676 S1C4T1 Fl. 16 5 Jurídica (DIPJ anocalendário 2011). Cita trechos das informações prestadas pela Impugnante; [...] A Contabilidade Faz Prova em Favor da Impugnante m. Ressalta que a contabilidade faz prova em favor do contribuinte, motivo pelo qual não se pode admitir o entendimento da Fiscalização no sentido de que não foram apresentados elementos de prova pela Impugnante. De fato, nos termos do artigo 276 do RIR/99, a escrituração mantida com observância das disposições legais, como é o caso dos autos, faz prova em favor do contribuinte dos fatos nela registrados, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. No mesmo sentido, nos termos do artigo 122 do então vigente Código Comercial, bem como dos artigos 379 a 382 do Código de Processo Civil, os livros comerciais devidamente escritos provam em favor de seus autores, como bem observa Alberto Xavier; n. Cita doutrina e decisões do CARF; o. Conclui que, tendo em vista que (i) a contabilidade faz prova em favor do contribuinte e (ii) não houve a comprovação da inveracidade dos registros contábeis da Impugnante pela Fiscalização, não poderão ser aceitas as glosas das despesas incorridas pela Impugnante no anocalendário de 2011, devendo esta Turma de Julgamento, também por esse motivo, cancelar integralmente as autuações fiscais; Do Ônus da Prova no Direito Tributário p. Observa ainda, que o ônus da prova, no processo administrativo tributário, cabe ao Fisco. Assim, eventual ato administrativo tendente a desconsiderar as informações contabilizadas e declaradas pelo contribuinte, caso não esteja calçado por uma prova, mas apenas baseado em mera suposição, carecerá de motivo e será nulo de pleno direito. Assim, mesmo que a Impugnante não tivesse apresentado documentos suficientes para comprovar a verdade material dos fatos e a contabilidade não fizesse prova em seu favor, o que se alega ad argumentandum, as autuações ora combatidas também não poderiam prosperar em razão da ausência de prova, pela Fiscalização, de que as despesas não são dedutíveis; [...] s. Pondera que, independentemente do ônus da prova pertencer a "A" ou "B", fazse necessário às partes, demonstrar o porquê de suas afirmações, conclusões e pleitos, sob pena de não atendimento de suas reivindicações por parte do julgador. Essa "obrigação" aumenta na medida em que o ônus da prova é de uma determinada parte, tendo em vista que suas pretensões ficam ainda mais ligadas ao sucesso de suas provas, cabendo à outra parte apenas refutar os fatos por ela alegados, sem maiores preocupações probatórias, uma vez que a parte "autora" não provou suas alegações, quando este era o seu dever. A grande questão, diante de todas essas considerações, diz respeito a quem recai o ônus da prova no processo administrativo tributário, se ao contribuinte ou ao Fisco no momento da lavratura do auto de infração, lembrandose sempre que o ônus em questão "reveste os caracteres de uma faculdade, consistindo em permissão bilateral: o agir é necessário para alcançar certa finalidade; se inobservado, contudo, não acarreta punição, mas apenas o nãoatingimento do objetivo pretendido; t. Cita o artigo 3o do Código Tributário Nacional, e afirma que é por meio do referido artigo que se encontra o ponto de partida para que se alcance a quem compete o ônus da prova em matéria tributária, uma vez que analisando o dispositivo em questão se conclui que "os atos de lançamento e de aplicação de penalidades pelo descumprimento de obrigações tributárias ou deveres instrumentais competem ao Poder Público, de modo privativo e obrigatório, Fl. 788DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 6 tendo de fazêlo com base nos elementos comprobatórios do fato jurídico e do ilícito tributário; u. Conclui que nessa situação específica, diferentemente do que se afirmou até o presente momento, quando se analisou o direito positivo como um todo, sem qualquer separação por ramos, não há apenas um direito subjetivo para o Fisco, no sentido de provar a ocorrência do fato jurídico tributário ou a ocorrência de fatos dignos de punição, mas sim um dever, de assim proceder, conforme doutrina. Na verdade, sabese que não tem como haver lançamento de ofício, ato administrativo por excelência, sem uma motivação específica. No caso, a motivação é a própria existência de prova, que deve ser clara, sob pena de nulidade do ato, razão pela qual a prova passa a ser obrigatória e não um mero item acessório ao convencimento de um eventual julgador. Logo, o Fisco é obrigado a comprovar as razões da prática de seu ato administrativo de lançamento tributário. Desta forma, o dever de provar é sempre do Fisco, em qualquer que seja a hipótese, pelo que não se pode admitir o procedimento da Fiscalização, no presente caso, ao realizar os lançamentos fiscais mesmo admitindo que tratamse de despesas "inerentes às atividades da fiscalizada"; v. Cita decisão do CARF; Da Impossibilidade da Cobrança da Multa Isolada em Razão da Falta de Recolhimento do IRPJ e da CSLL por Estimativa [...] x. Contesta o entendimento adotado pelo Sr. Agente Fiscal acerca da multa isolada lançada por suposta falta de recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre as estimativas mensais, e entende que não poderá ser mantida por esse C. Turma de Julgamento seja pela (i) inaplicabilidade da multa isolada em razão do encerramento do anobase quando da lavratura dos autos de infração; ou (ii) impossibilidade de cumulação da multa isolada com a multa de ofício; Da Inaplicabilidade da Multa Isolada em Razão do Encerramento do Ano base Quando da Lavratura dos Autos de Infração y. Anota que, até o advento da Lei n° 8.383/91, o IRPJ e a CSLL eram apurados sob a sistemática da "base anual", ou seja, os fatos econômicos integrantes do fato gerador desses tributos ocorriam ao longo do anobase e somente em 31 de dezembro eram quantificados, de maneira a propiciar a aferição da base de cálculo sobre a qual incidia a exação. Após a edição da referida norma, o IRPJ e a CSLL passaram a ser apurados pela sistemática de "bases correntes", ou seja, na medida em que os fatos econômicos integrantes do fato gerador ocorrem, quantificase as bases de cálculo naquele mesmo mês e o contribuinte efetua mensalmente o pagamento desses tributos. São estes os chamados recolhimentos por estimativa. Contudo, mesmo nesta sistemática, ao final do anobase o contribuinte deve elaborar sua declaração de ajuste, com a finalidade de verificar se o montante que foi pago ao longo do ano excede ou fica aquém do que realmente é devido; [...] aa. Verifica que a multa isolada, prevista atualmente no inciso II, alínea "b" do artigo 44 da Lei n° 9.430/96, diferentemente do que entendeu o Sr. Agente Fiscal, somente pode ser exigida caso o Fisco verifique a falta de recolhimento dos tributos, ou recolhimento insuficiente, com base em estimativas mensais, antes do término do anobase. Portanto, levando em consideração que os autos de infração objeto do presente processo foram lavrados após o encerramento do anobase englobado no presente processo, eventuais insuficiências de recolhimento do IRPJ e da CSLL não mais poderão ser punidas por meio da exigência da multa isolada; bb. Cita decisões do CARF e a Súmula n° 82 do CARF, a qual prevê que: "Após o encerramento do anocalendárío, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas"; aa. Verifica que a multa isolada, prevista atualmente no inciso II, alínea "b" do artigo 44 da Lei n° 9.430/96, diferentemente do que entendeu o Sr. Agente Fl. 789DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 13888.722855/201411 Acórdão n.º 1401001.676 S1C4T1 Fl. 17 7 Fiscal, somente pode ser exigida caso o Fisco verifique a falta de recolhimento dos tributos, ou recolhimento insuficiente, com base em estimativas mensais, antes do término do anobase. Portanto, levando em consideração que os autos de infração objeto do presente processo foram lavrados após o encerramento do anobase englobado no presente processo, eventuais insuficiências de recolhimento do IRPJ e da CSLL não mais poderão ser punidas por meio da exigência da multa isolada; bb. Cita decisões do CARF e a Súmula n° 82 do CARF, a qual prevê que: "Após o encerramento do anocalendárío, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas"; [...] hh. Argumenta que a obrigação tributária de recolher mensalmente as estimativas corresponde à verdadeira antecipação do tributo que será devido ao final do anocalendário (final do período). Portanto, verificase que não se tratam de duas hipóteses distintas da obrigação pecuniária, pois ambas referemse ao recolhimento de um mesmo fato gerador, razão pela qual não merece guarida os lançamentos realizados pelo Sr. Agente Fiscal. Resta evidente que a multa de ofício e a multa isolada decorrem de uma mesma situação fática, qual seja, a ausência de recolhimento do tributo. Desta feita, não se pode admitir que, em decorrência de um ato ilícito (falta de recolhimento do tributo em um determinado período do anocalendário), sejam aplicadas duas penalidades que possuam, inclusive, bases de cálculo semelhantes; ii. Resume que restou demonstrada a impossibilidade da cobrança da multa isolada no presente processo administrativo, tendo em vista que: (i) já estava encerrado o anobase de 2011 quando da lavratura dos autos de infração (2014); e (ii) não há possibilidade de cumulação da multa isolada, incidente sobre eventual diferença de recolhimento de estimativa, com a multa de ofício, conforme a jurisprudência pacífica e reiterada deste E. CARF. Portanto, tendo em vista a pacificação acerca da impossibilidade da cumulação de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas com a multa de lançamento de ofício, deve essa C. Turma de Julgamento determinar o cancelamento das multas isoladas, indevidamente, exigidas nos lançamentos fiscais ora combatidos; Da Ilegalidade da Cobrança de Juros Sobre a Muita jj. Aponta o artigo 13 da Lei n° 9.065/95, que prevê a cobrança dos juros de mora com base na taxa SELIC, remete ao artigo 84 da Lei n° 8.981/95, que, por sua vez, estabelece a cobrança de tais acréscimos apenas sobre tributos. Ora, como é sabido, não se pode confundir os conceitos de tributo e de multa. Multa é penalidade pecuniária, não é tributo. É o que se verifica com clareza pela leitura da definição de "tributo", contida no artigo 3o do Código Tributário Nacional; kk. Afirma que, demonstrado que (i) multa não é tributo; e (ii) só há previsão legal para que os juros calculados à taxa SELIC incidam sobre tributo (e não sobre multa), a cobrança de juros sobre a multa desrespeita o princípio constitucional da legalidade, expressamente previsto nos artigos 5o, II, e 37 da Constituição Federal , o que não pode ser admitido por essa E. Turma Julgadora; ll. Cita decisão do CARF; [...]" O Acórdão da DRJ ficou, então, ementado da seguinte forma: Fl. 790DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 8 "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO MENSAL DEVIDO POR ESTIMATIVA. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto mensal devido por estimativa, por pessoa jurídica que optou pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa de ofício isolada de 50%. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO INCIDENTE SOBRE O TRIBUTO APURADO COM BASE NO LUCRO REAL ANUAL. COMPATIBILIDADE. Tratandose de infrações distintas, é perfeitamente possível a exigência concomitante da multa de ofício isolada sobre estimativa obrigatória não recolhida ou recolhida a menor com a multa de ofício incidente sobre o tributo apurado, ao final do anocalendário, com base no lucro real anual. JUROS SOBRE MULTA. CABIMENTO. ART. 161 DO CTN. ART. 61 DA LEI N° 9.430/96. A incidência de juros sobre multa tem amparo legal, pois o art. 161 do CTN prevê sua aplicação para “o crédito” e o art. 61 da Lei n° 9.430/96 o faz para “os débitos”, sendo que ambos os termos alcançam o tributo e a multa, e esta não foi ressalvada pelo legislador. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 GLOSA DE DESPESAS. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ÔNUS DA PROVA. DOCUMENTAÇÃO HÁBIL. Correta a glosa de despesa quando a empresa, intimada, deixa de comprová las, descabendo alegar que estavam contabilizadas, já que a escrituração contábil faz prova dos fatos correspondentes, a favor do contribuinte, desde que acompanhada por documentação hábil que os suporte. GLOSA DE DESPESAS. NECESSIDADE, USUALIDADE, NORMALIDADE. FALTA DE DOCUMENTAÇÃO HÁBIL. A comprovação da despesa, mediante apresentação de documentação hábil, é prérequisito de sua dedutibilidade, cuja falta torna inútil qualquer alegação de necessidade, usualidade ou normalidade do dispêndio. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2011 CSLL. DECORRÊNCIA. LANÇAMENTO REFLEXO. Versando sobre as mesmas ocorrências fáticas, aplicase ao lançamento reflexo alusivo à CSLL o que restar decidido no lançamento do IRPJ. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" Em suma, o Acórdão da DRJ entendeu, no mérito, que, desde a Fiscalização, houve intimação da Recorrente para comprovar as despesas, o que não foi feito. Os argumentos dela, ainda que razoáveis, não podem ser acolhidos sem prova de que as despesas eram realmente aquelas e naqueles valores que ela escriturou. Quanto às multas de ofício e isolada, a DRJ utilizou o já assaz conhecido entendimento de que cada uma tem base de cálculo própria e que, portanto, não há qualquer concomitância. Inconformada com o Acórdão da DRJ, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, por meio do qual praticamente repetiu os argumentos da Impugnação, apesar de ter acrescentado questionamentos diretos ao Acórdão e alguns elementos para reforçar a necessidade, a usualidade e a normalidade das despesas. Fl. 791DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 13888.722855/201411 Acórdão n.º 1401001.676 S1C4T1 Fl. 18 9 É o relatório. Voto Conselheiro MARCOS DE AGUIAR VILLASBÔAS Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos legais. Mérito: Falta de comprovação das despesas Como é de praxe, durante a Fiscalização, foram solicitados à Recorrente os documentos que comprovam as despesas escrituradas por ela, utilizadas para reduzir o seu lucro líquido e, uma vez não tendo havido adição ao LALUR dos valores correspondentes, utilizadas para reduzir as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Não se trata de receitas omitidas ou de qualquer outra situação que careça de uma comprovação ou de uma presunção legal aplicada pelo Auto de Infração. Tanto o ônus da prova cabe ao contribuinte que a Recorrente, após intimada no procedimento fiscal, apresentou documentos comprobatórios de parte considerável das despesas. Quanto àquelas relativas às contas "3880 Despesas Diversas do Posto / Atendimento", "4590 Despesas Administrativas Diversas", "5290 Despesas Diversas do Posto / Atendimento", a Recorrente não apresentou documentação e, já desde a Fiscalização, utilizou fundamentos para justificar tal fato, alegando que havia uma disponibilização interna de valores a postos seus de trabalho que atendiam os clientes, com realização de gastos que representariam, segundo ela, despesas necessárias, usuais e normais. Tais despesas, segundo a Recorrente, se refeririam a passagens aéreas, reservas em hotéis e outras. Se as despesas tiveram essa finalidades, não seria difícil obter declarações de embarque junto às companhias aéreas e segunda via de notas fiscais junto aos hotéis. Existem casos em que a prova é muito difícil de ser feita e cabe ao CARF analisar as situações específicas considerando suas circunstâncias peculiares. Não é definitivamente o caso destes autos. Tanto na Impugnação como no Recurso Voluntário, a contribuinte sequer tenta comprovar as despesas, desviando a discussão para a questão do preenchimento dos Fl. 792DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 10 referidos requisitos legais e, por fim, alegando que o ônus da prova não seria dela, mas da Fiscalização. Ora, é pacífico no CARF que as despesas precisam ser comprovadas por documentos que suportem os registros contábeis: contratos, recibos, extratos bancários, ordens de pagamento etc. Há inúmeras maneiras de se comprovar despesas, que variam a depender da natureza delas. Se a Recorrente sequer tenta fazêlo, não há como reconhecêlas. Não se trata de uma acusação que precisaria ser comprovada pela Fiscalização, mas de uma exigência por falta de capacidade da contribuinte de suportar suas declarações fiscais. Ela simplesmente não consegue embasar as despesas escrituradas em sua totalidade. A parte comprovada foi reconhecida. A parte não comprovada foi glosada. Essa incapacidade de comprovar as despesas fica clara no seguinte trecho do Recurso Voluntário: Após citar os fundamentos do Acórdão da DRJ, que, corretamente, sequer adentra na análise dos requisitos legais para reconhecimento dos valores como despesas dedutíveis pelo fato de nem saber com certeza quais despesas são aquelas, a Recorrente desvia a discussão da prova para o suposto caráter operacional das despesas. Bastava a Recorrente ter trazido aos autos do processo administrativo quaisquer documentos que razoavelmente suportassem os gastos realizados por ela que, então, se partiria para a análise dos requisitos da necessidade, usualidade e normalidade. Não o tendo feito, até por questão lógica, não há que discutilos, pois a comprovação das despesas é pressuposto. Esse entendimento é bastante pacífico no CARF, como demonstra a ementa de Acórdão abaixo, da lavra de Antonio Bezerra Neto, presidente desta turma: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997 CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADOS. GLOSA DE CUSTOS. Cancelase a glosa efetuada, quando através de diligência comprovouse que os valores contabilizados como despesas operacionais, em nome da empresa, comprovouse ser despesas próprias e não de terceiros. ADIÇÕES AO LUCRO LÍQUIDO.RESULTADO EM PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. Serão adicionados ao lucro líquido para efeitos de apuração do lucro real as perdas com investimentos em coligadas que tenham sido utilizadas como despesas. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. GLOSA DE DESPESAS. Compete ao contribuinte o ônus da prova da legitimidade dos lançamentos contábeis que importem redução do crédito tributário. A dedutibilidade das despesas está condicionada à comprovação de sua existência e necessidade às atividades da empresa. MATÉRIA NÃO CONTESTADA Fl. 793DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 13888.722855/201411 Acórdão n.º 1401001.676 S1C4T1 Fl. 19 11 Nos termos do artigo 17 do decreto 70.235/72, considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. Aplicase ao lançamento denominado decorrente ou reflexo os efeitos da decisão sobre o lançamento que lhe deu origem" (Primeira Seção, Quarta Câmara, Primeira Turma, Acórdão nº 1401001.322, Rel. Antonio Bezerra Neto, Sessão de 21 de outubro de 2014). Notese que, no caso julgado pelo Acórdão cuja ementa foi acima transcrita, o contribuinte procurou comprovar as despesas glosadas, tendo sido uma parte delas reconhecida em diligência. Na parte não comprovada, a exigência tributária teve que ser mantida, pois, como afirmado aqui, primeiro é necessário comprovar que as despesas existem e a sua natureza. De posse dessas informações, passasse à análise do direito de deduzilas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. No processo administrativo aqui em análise, sequer houve pedido de diligência pela Recorrente, que não juntou nenhum documento comprobatório das despesas e que se resumiu a discutir o ônus da prova, além de alegar que a sua contabilidade faria prova suficiente ao reconhecimento de tais despesas. Uma vez não comprovadas as despesas por documentos hábeis para além da contabilidade, escriturada pela própria Recorrente, que pode ter cometido, por exemplo, algum erro a glosa delas deve ser mantida, de modo que o Acórdão da DRJ fica mantido quanto ao mérito. Concomitância da multa isolada e da multa de ofício A Recorrente alega que a multa isolada não pode ser aplicada juntamente com a multa de ofício, sobretudo após encerrado o ano calendário de apuração. A DRJ sustenta que as multas têm bases de cálculo distintas. Esse também é um tema extremamente corriqueiro na Primeira Seção do CARF e já julgado por esta turma inúmeras vezes. Apesar das divergências, tem prevalecido o entendimento "médio" do conselheiro Guilherme Mendes no sentido de que a multa isolada, quando aplicada conjuntamente com a multa de ofício por não pagamento ou pagamento a menor de estimativas que repercutam na apuração anual do IRPJ e da CSLL, deve ser cancelada até o valor da multa de ofício multiplicado por 2/3. Conforme múltiplos precedentes do CARF que resultaram na Súmula nº 105, a multa isolada não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício. Se as estimativas e os tributos devidos após a apuração anual deixaram de ser pagos ou foram pagos a menor pela mesma razão, aplicase apenas a multa de ofício. Vide enunciado da Súmula nº 105 do CARF: "A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº Fl. 794DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS 12 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício". Vide dois acórdãos da Câmara Superior de Recursos Fiscais que trataram do tema: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1995, 1996, 1997, 1998 Ementa: CONCOMITÂNCIA MULTA ISOLADA Não é cabível a cobrança de multa isolada quando já lançada a multa de ofício, nos termos da pacífica jurisprudência desta Turma da CSRF" (CARF, CSRF, Processo nº 10840.000220/200356, Acórdão nº 9101001.693, Rel. Cons. Susy Gomes Hoffmann). "APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA — MATÉRIA PACIFICADA — ARTIGO 67, § 10 0 DO RICARF Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de oficio pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é meio de execução da segunda. A aplicação concomitante de multa de oficio e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal que, por sua vez, consubstanciase no recolhimento de tributo". No entendimento deste relator, no entanto, a partir da vigência da Lei nº 11.488/2007, quando o valor da(s) multa(s) isolada(s) superar o valor da multa de ofício multiplicado por 2/3, devese cancelar a multa de ofício e manter a isolada, ou seja, devese sempre absorver a multa de menor valor para evitar a concomitância. Esse é um desdobramento da própria Súmula nº 105 do CARF, pois ele evita o problema de se afastar a multa isolada e manter a multa de ofício quando aquela tinha valor muito maior do que essa. Assim, o contribuinte é sancionado de maneira muito branda, mesmo apesar de ter deixado de recolher altos valores a título de estimativa mensal. Outra maneira de se ver essa conclusão é manter sempre a multa de ofício, como determina a súmula, mas acrescêla da diferença entre ela (multiplicada por 2/3) e a multa isolada, quando esta última for maior. Essa parece ser a interpretação mais mediadora, mais justa, pois evita a concomitância ao mesmo tempo em que evita a aplicação de sanções muito brandas quando o contribuinte deixa de recolher valores altos, o que poderia levar, inclusive, a uma perda de eficácia social da norma que impõe o recolhimento da estimativa mensal. Ainda que este Relator tenha um entendimento pessoal no sentido de que a estimativa mensal é uma complexidade injustificável gerada no sistema tributário brasileiro, com repercussões muito negativas para a própria União, simplesmente pelo objetivo de antecipar o pagamento de tributos, ou seja, de acelerar o fluxo financeiro, o fato é que ela está prevista na lei e há uma sanção para o caso de descumprimento do dever de pagála. No caso concreto em análise, os valores (R$ 2.804.801,21 IRPJ e R$ 1.020.902,79) das multas de ofício, quando multiplicados por 2/3, são idênticos aos valores (R$ Fl. 795DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 13888.722855/201411 Acórdão n.º 1401001.676 S1C4T1 Fl. 20 13 1.869.867,47 IRPJ e R$ 673.935,18) das multas isoladas, exceto por uma diferença de R$ 0,01 no caso da CSLL, devendo ser evitada a concomitância e canceladas as multas isoladas. Deve ser dado, portanto, provimento ao Recurso Voluntário quanto a este item. Juros sobre multa Após aplicada e não paga, a multa se torna um crédito da Receita Federal perante o contribuinte, que, portanto, deve se sujeitar à aplicação de juros de mora. Tratase entendimento amplamente aceito no âmbito do CARF e que esta Primeira Turma, da Quarta Câmara, da Primeira Seção tem aplicado com frequência. A aplicação de juros sobre multa está prevista no art. 43 e no §3º, do art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Vide um exemplo de precedente, dentre as dezenas existentes: "JUROS DE MORA. TAXA SELIC. O crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora em percentual equivalente ã taxa SELIC. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, após o seu vencimento, está prevista pelos artigos 43 e 61, § 3º, da Lei 9.430/96" (Data da Sessão: 07/12/2005; Relator: Aloysio José Percínio da Silva; Decisão: Acórdão 10322197). Fica mantida, portanto, a aplicação dos juros sobre a multa de ofício. Conclusão Pelo exposto, oriento o meu voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário apenas no tocante ao cancelamento das duas multas isoladas, aplicadas por conta de pagamento a menor de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Fl. 796DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 15 /08/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 02/08/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS
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