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Numero do processo: 11516.722941/2013-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 20 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.685
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Mércia Helena Trajano D'Amorim e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo.
Assinado digitalmente
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, José Luiz Feistauer de Oliveira, Cassio Shappo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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E FAZENDA NACIONAL Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Ausentes, justificadamente, as Conselheiras Mércia Helena Trajano D'Amorim e Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo. Assinado digitalmente Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, José Luiz Feistauer de Oliveira, Cassio Shappo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 15 16 .7 22 94 1/ 20 13 -3 7 Fl. 6697DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11516.722941/201337 Resolução nº 3201000.685 S3C2T1 Fl. 6.698 2 "Contra o interessado foram lavrados autos de infração de PIS/Pasep não cumulativo no valor total de R$ 17.064.924,26 e de Cofins não cumulativa no valor total de R$ 78.602.075,36 relativo ao ano de 2008 (fls. 5.943/5.961), em função das irregularidades que se encontram descritas no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 5.963/5.969; A empresa apresenta impugnação na qual faz uma breve descrição de suas atividades e alega, em síntese: a) preliminarmente – da superficialidade do trabalho fiscal / ofensa ao princípio da verdade material; b) da sistemática nãocumulativa da contribuição ao PIS e da Cofins / da legitimidade dos créditos apropriados pela impugnante; c) do conceito de insumo; d) dos bens e serviços utilizados como insumos (linhas 02 e 03 da DACON); e) dos bens e serviços utilizados como insumos – não se enquadram no conceito de insumos; e.1) indumentária e itens de uso obrigatório; e.2) pallets; e.3) materiais e ferramentas; f) dos bens e serviços utilizados como insumos – contabilizados em contas contábeis que não geram crédito; g) dos bens e serviços utilizados como insumos aquisições de pessoas físicas; h) dos serviços utilizados como insumos – aquisições sob CFOP que não geram créditos; i) dos bens utilizados como insumos – fretes de produtos acabados e/ou fretes de matéria prima; j) dos bens utilizados como insumos – bens sujeitos à alíquota zero; k) dos bens utilizados como insumos – vendas com suspensão de contribuição ao PIS e de Cofins; l) das despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica (linha 05 da DACON); m) das despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica (linha 06 da DACON); n) das despesas com armazenagem frete nas operações de venda (linha 07 da DACON); o) das despesas de depreciação sobre o ativo imobilizado – encargos de depreciação (linha 09 da DACON); p) das despesas de depreciação sobre o ativo imobilizado – valor de aquisição ou de construção (linha 10 da DACON); q) dos créditos presumidos – atividades agroindustriais; r) da ilegalidade da aplicação das multas – impossibilidade de sucessão da responsabilidade por infrações; s) do pedido de perícia e diligência;." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve parcialmente o lançamento. A decisão foi assim ementada: “ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Fl. 6698DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11516.722941/201337 Resolução nº 3201000.685 S3C2T1 Fl. 6.699 3 Anocalendário: 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Incabível anular decisão sem que haja fatos ofensivos ao direito de ampla defesa, ao contraditório ou às normas que definem competência. INSUMOS O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004. CRÉDITOS. PARTES E PEÇAS DE REPOSIÇÃO E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO. As peças e partes de reposição de máquinas e equipamentos utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda são considerados insumos para fim de creditamento no regime de apuração não cumulativa da Cofins, com a condição de que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação e não repercutam no aumento da vida útil da máquina ou equipamento superior a um ano. Os serviços de manutenção de máquinas e equipamentos utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda são considerados insumos para fim de creditamento no regime de apuração não cumulativa da Cofins, desde que não resultem em aumento de vida útil do bem superior a um ano. AGROINDÚSTRIA. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. CRÉDITO PRESUMIDO. APURAÇÃO. Nos termos da legislação de regência, as pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas à alimentação humana ou animal, podem descontar créditos presumidos relativos às aquisições feitas de pessoas físicas, considerados os percentuais de redução da alíquota básica de acordo com a classificação dos insumos adquiridos e não dos produtos produzidos. PIS/PASEP COFINS. CRÉDITO SOBRE FRETE Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que podem gerar direito a créditos a serem descontados das Contribuições. MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. A incorporadora responde pelo pagamento da multa de ofício decorrente de operações da sucedida. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” Ao concluir o julgamento a DRJ, considerando que o valor exonerado superou o limite de alçada, fez constar no acórdão, a necessidade de submeter a decisão ao CARF, em sede de recurso de ofício. Cientificada da decisão, o sujeito passivo interpôs recurso voluntário repisando as alegações já apresentadas na manifestação de inconformidade. Fl. 6699DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11516.722941/201337 Resolução nº 3201000.685 S3C2T1 Fl. 6.700 4 É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Estáse as voltas novamente com a discussão sobre o creditamento de insumos para apuração das contribuições sobre o PIS e a COFINS. Matéria que tem sido objeto de julgamento em diversas turmas desta terceira seção. É cediço que a situação atual do julgamento no CARF é de aplicar o conceito de insumos em relação ao processo produtivo do contribuinte, adotando uma posição intermediária entre aquela considerada pela Receita Federal, com base na IN SRF 247/02 e IN SRF 404/04 e aquela defendida por muitos contribuintes em que todas as despesas e aquisições realizadas estariam incluídas no conceito de insumo. Em razão destes posicionamentos, nos deparamos com situações distintas no processo. A Fiscalização ao auditar a empresa, utilizando as regras constantes das instruções normativas da Receita Federal, não se atem ao exame detalhado da situação das aquisições e despesas incorridas no processo produtivo, utilizando critérios que ao sentir da Fiscalização são suficientes para afastar tais despesas do conceito de insumo, procedendo assim, as glosas aos créditos informados pelo contribuinte. De outro giro, o contribuinte ao se deparar com a posição adotada pelo Fisco e considerando o seu próprio entendimento sobre o conceito de insumo. Apresenta os seus recursos administrativos alegando que as aquisições de bens e serviços informados como insumo em sua totalidade são procedentes, aplicando um conceito amplo em que todas as despesas seriam aptas a serem consideradas para fruição dos créditos das contribuições. Conforme dito alhures, as turmas do CARF vem entendendo que para a definição das despesas com aquisição de bens e serviços que possam ser consideradas insumos para aproveitamento de créditos é necessária uma definição clara de quais produtos e serviços estão sendo pleiteados, além de identificar em qual momento e fase da processo produtivo eles estão vinculados. Assim, em muitas situações, tanto os relatórios e trabalhos de auditoria realizada pela Fiscalização da Receita Federal, quanto os documentos e argumentos apresentados pelos contribuintes em seus recursos, não são suficientes para a definição de quais despesas estariam incluídas no conceito de insumo a serem consideradas possíveis de gerar créditos no cálculo das contribuições do PIS e da COFINS não cumulativos. Nos termos aqui expostos, entendo que os documentos e informações constantes dos autos não são suficientes para definir com exatidão quais são os insumos glosados pela Fiscalização e quais deles o contribuinte tenta pleitear seus créditos. Assim, fazse necessário a baixa dos autos em diligência para que seja determinada com acuracidade, quais são as aquisições de bens e as despesas de serviços que foram utilizadas a título de crédito pela Recorrente, quais foram glosadas pela Fiscalização e qual a implicação destes bens e serviços no processo produtivo. Fl. 6700DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11516.722941/201337 Resolução nº 3201000.685 S3C2T1 Fl. 6.701 5 Diante do exposto, buscando os esclarecimentos necessários ao prosseguimento do julgamento, voto no sentido de converter o julgamento em diligência a fim de que unidade preparadora: a) Intime a Recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias prorrogável uma vez por igual período, detalhar o seu processo produtivo e indicar de forma minuciosa qual a interferência de cada um dos bens e serviços que pretende aferir créditos para apuração do PIS e a COFINS não cumulativos; b) A Receita Federal, deverá elaborar relatório identificando quais dos bens e serviços utilizados que foram objeto de glosa, indicando os motivos para tal indeferimento. Com a possibilidade, se julgar necessário, de manifestarse quanto as informações apresentadas, inclusive fazendo as diligências e intimações que julgar necessárias. Concluída tais verificações, os autos deverão ser devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 6701DF CARF MF Impresso em 20/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/06/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 15/06/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721256/2013-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jul 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009, 2010
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
VIOLAÇÃO DOS DIREITOS A CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA ANTES DO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
O contraditório e a ampla defesa só são garantidos pelo texto constitucional no processo administrativo, e não durante a Fiscalização, que não é processo, mas procedimento. Como se sabe, o processo se caracteriza pela ocorrência de uma pretensão resistida, que não existe no procedimento fiscal porque, nessa fase, não se materializou sequer a pretensão, por meio do lançamento. Os referidos direitos constitucionais só podem ser exercidos - e, portanto, cerceados - a partir do momento em que o contribuinte decide impugnar o ato administrativo tributário.
NEGAR APLICAÇÃO A LEI SOB FUNDAMENTO DE IRRAZOABILIDADE OU DESPROPORCIONALIDADE. VEDAÇÃO.
Assim como o julgador administrativo fiscal não pode afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, também não o pode fazer sob fundamento de irrazoabilidade ou desproporcionalidade.
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE.
O recurso voluntário intempestivo apresentado pelo coobrigado não merece conhecimento sob a égide da legislação processual. Sob essa ótica, não cabe juízo de valor quanto à eventual procedência das razões de defesa ou equívoco na imputação da responsabilização.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009, 2010
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135, III, DO CTN. NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO.
São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Esta responsabilidade pessoal não é exclusiva, ou seja, não desonera o contribuinte de sua obrigação. Esses responsáveis tributários respondem solidariamente com o contribuinte pelas obrigações tributárias. Ressalve-se que o art. 135, III do CTN, pode ser aplicado para responsabilizar não só o administrador de direito, mas também o administrador de fato do contribuinte.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Precedentes das três turmas da Câmara Superior - Acórdãos 9101-001.863, 9202-003.150 e 9303-002.400. Precedentes do STJ - AgRg no REsp 1.335.688-PR, REsp 1.492.246-RS e REsp 1.510.603-CE.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010
ARBITRAMENTO. FRAUDE E GLOSA DE QUASE TODAS AS DESPESAS. ESCRITA QUE SE PRESTA À APURAÇÃO DO LUCRO REAL.
A glosa abrangente de despesas só implica o arbitramento se a escrituração tornar-se imprestável para a apuração do lucro real, como ocorre quando as despesas mantidas são insuficientes para o funcionamento da empresa no seu ramo de atividade.
Quando a fraude se restringe a determinadas despesas, e pela glosa destas torna-se possível usar a escrita para a apuração do lucro real, inexiste razão para o arbitramento.
MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. NOVA REDAÇÃO DADA PELA MP 351/2007. APLICÁVEL À FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS A PARTIR DA COMPETÊNCIA DE DEZEMBRO DE 2006.
A partir do advento da MP 351/2007, convertida na Lei 11.488/2007 a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma refere-se ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma.
Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2009, 2010
CONCOMITÂNCIA DE INCIDÊNCIA DE IRPJ/CSLL PELA GLOSA DE DESPESAS E DE IRRF SOBRE PAGAMENTOS SEM CAUSA
Quando não for comprovada a causa do pagamento, incide o IRRF. Por outro lado, uma despesa fictícia deve ser glosada, para que IRPJ e CSLL incidam sobre as bases de cálculo corretas. Consequentemente, se um contribuinte efetua pagamento por serviço e o deduz na apuração dos lucros tributáveis, mas não prova a efetiva prestação, incidem IRPJ/CSLL pela glosa da despesa e IRRF devido à ausência de causa para o pagamento.
REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. HIPÓTESES.
É incorreto afirmar que o reajustamento da base de cálculo do IRRF só deve ser feito quando a fonte pagadora assume o ônus do imposto, pois essa é apenas uma das hipóteses. O art. 674 do RIR/99 prevê outras: pagamento a beneficiário não identificado, ou falta de comprovação da operação ou de sua causa.
Numero da decisão: 1402-002.210
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado: por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e negar provimento ao recurso voluntário do coobrigados Lauro José Senra de Gouvêa e Bassit Agente Autônomo de Investimentos Ltda. Por maioria de votos: i) negar provimento ao recurso voluntário da pessoa jurídica autuada e do coobrigado Amarildo José Mendes Monteiro. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Gilberto Baptista e Demetrius Nichele Macei que votaram por dar provimento ao recurso desse coobrigado para excluí-lo da relação jurídico-tributária e dar provimento parcial ao recurso da pessoa jurídica autuada para cancelar a exigência da multa isolada; ii) não conhecer, por intempestivo, do recurso voluntário do coobrigado Valdor Faccio. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior e Demetrius Nichele Macei que votaram por apreciar o recurso e dar-lhe provimento para excluir esse coobrigado da relação jurídico-tributária. Designado para redigir o voto vencedor nessa matéria o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Redator do Voto Vencedor
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Gilberto Baptista, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone e Roberto Silva Júnior.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado: por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e negar provimento ao recurso voluntário do coobrigados Lauro José Senra de Gouvêa e Bassit Agente Autônomo de Investimentos Ltda. Por maioria de votos: i) negar provimento ao recurso voluntário da pessoa jurídica autuada e do coobrigado Amarildo José Mendes Monteiro. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Gilberto Baptista e Demetrius Nichele Macei que votaram por dar provimento ao recurso desse coobrigado para excluí-lo da relação jurídico-tributária e dar provimento parcial ao recurso da pessoa jurídica autuada para cancelar a exigência da multa isolada; ii) não conhecer, por intempestivo, do recurso voluntário do coobrigado Valdor Faccio. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior e Demetrius Nichele Macei que votaram por apreciar o recurso e dar-lhe provimento para excluir esse coobrigado da relação jurídico-tributária. Designado para redigir o voto vencedor nessa matéria o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Redator do Voto Vencedor (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Gilberto Baptista, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone e Roberto Silva Júnior.
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2009, 2010 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). VIOLAÇÃO DOS DIREITOS A CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA ANTES DO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O contraditório e a ampla defesa só são garantidos pelo texto constitucional no processo administrativo, e não durante a Fiscalização, que não é processo, mas procedimento. Como se sabe, o processo se caracteriza pela ocorrência de uma pretensão resistida, que não existe no procedimento fiscal porque, nessa fase, não se materializou sequer a pretensão, por meio do lançamento. Os referidos direitos constitucionais só podem ser exercidos - e, portanto, cerceados - a partir do momento em que o contribuinte decide impugnar o ato administrativo tributário. NEGAR APLICAÇÃO A LEI SOB FUNDAMENTO DE IRRAZOABILIDADE OU DESPROPORCIONALIDADE. VEDAÇÃO. Assim como o julgador administrativo fiscal não pode afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, também não o pode fazer sob fundamento de irrazoabilidade ou desproporcionalidade. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. O recurso voluntário intempestivo apresentado pelo coobrigado não merece conhecimento sob a égide da legislação processual. Sob essa ótica, não cabe juízo de valor quanto à eventual procedência das razões de defesa ou equívoco na imputação da responsabilização. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009, 2010 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135, III, DO CTN. NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Esta responsabilidade pessoal não é exclusiva, ou seja, não desonera o contribuinte de sua obrigação. Esses responsáveis tributários respondem solidariamente com o contribuinte pelas obrigações tributárias. Ressalve-se que o art. 135, III do CTN, pode ser aplicado para responsabilizar não só o administrador de direito, mas também o administrador de fato do contribuinte. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Precedentes das três turmas da Câmara Superior - Acórdãos 9101-001.863, 9202-003.150 e 9303-002.400. Precedentes do STJ - AgRg no REsp 1.335.688-PR, REsp 1.492.246-RS e REsp 1.510.603-CE. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010 ARBITRAMENTO. FRAUDE E GLOSA DE QUASE TODAS AS DESPESAS. ESCRITA QUE SE PRESTA À APURAÇÃO DO LUCRO REAL. A glosa abrangente de despesas só implica o arbitramento se a escrituração tornar-se imprestável para a apuração do lucro real, como ocorre quando as despesas mantidas são insuficientes para o funcionamento da empresa no seu ramo de atividade. Quando a fraude se restringe a determinadas despesas, e pela glosa destas torna-se possível usar a escrita para a apuração do lucro real, inexiste razão para o arbitramento. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. NOVA REDAÇÃO DADA PELA MP 351/2007. APLICÁVEL À FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS A PARTIR DA COMPETÊNCIA DE DEZEMBRO DE 2006. A partir do advento da MP 351/2007, convertida na Lei 11.488/2007 a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma refere-se ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2009, 2010 CONCOMITÂNCIA DE INCIDÊNCIA DE IRPJ/CSLL PELA GLOSA DE DESPESAS E DE IRRF SOBRE PAGAMENTOS SEM CAUSA Quando não for comprovada a causa do pagamento, incide o IRRF. Por outro lado, uma despesa fictícia deve ser glosada, para que IRPJ e CSLL incidam sobre as bases de cálculo corretas. Consequentemente, se um contribuinte efetua pagamento por serviço e o deduz na apuração dos lucros tributáveis, mas não prova a efetiva prestação, incidem IRPJ/CSLL pela glosa da despesa e IRRF devido à ausência de causa para o pagamento. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. HIPÓTESES. É incorreto afirmar que o reajustamento da base de cálculo do IRRF só deve ser feito quando a fonte pagadora assume o ônus do imposto, pois essa é apenas uma das hipóteses. O art. 674 do RIR/99 prevê outras: pagamento a beneficiário não identificado, ou falta de comprovação da operação ou de sua causa.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009, 2010 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. Incabível na esfera administrativa a discussão de que uma determinada norma legal não é aplicável por ferir princípios constitucionais, pois essa competência é atribuída exclusivamente ao Poder Judiciário, na forma dos artigos 97 e 102 da Constituição Federal. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). VIOLAÇÃO DOS DIREITOS A CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA ANTES DO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O contraditório e a ampla defesa só são garantidos pelo texto constitucional no processo administrativo, e não durante a Fiscalização, que não é processo, mas procedimento. Como se sabe, o processo se caracteriza pela ocorrência de uma pretensão resistida, que não existe no procedimento fiscal porque, nessa fase, não se materializou sequer a pretensão, por meio do lançamento. Os referidos direitos constitucionais só podem ser exercidos e, portanto, cerceados a partir do momento em que o contribuinte decide impugnar o ato administrativo tributário. NEGAR APLICAÇÃO A LEI SOB FUNDAMENTO DE IRRAZOABILIDADE OU DESPROPORCIONALIDADE. VEDAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 12 56 /2 01 3- 34 Fl. 10274DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.275 2 Assim como o julgador administrativo fiscal não pode afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, também não o pode fazer sob fundamento de irrazoabilidade ou desproporcionalidade. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. O recurso voluntário intempestivo apresentado pelo coobrigado não merece conhecimento sob a égide da legislação processual. Sob essa ótica, não cabe juízo de valor quanto à eventual procedência das razões de defesa ou equívoco na imputação da responsabilização. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009, 2010 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135, III, DO CTN. NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Esta responsabilidade pessoal não é exclusiva, ou seja, não desonera o contribuinte de sua obrigação. Esses responsáveis tributários respondem solidariamente com o contribuinte pelas obrigações tributárias. Ressalvese que o art. 135, III do CTN, pode ser aplicado para responsabilizar não só o administrador de direito, mas também o administrador de fato do contribuinte. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Precedentes das três turmas da Câmara Superior Acórdãos 9101001.863, 9202003.150 e 9303 002.400. Precedentes do STJ AgRg no REsp 1.335.688PR, REsp 1.492.246RS e REsp 1.510.603CE. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 ARBITRAMENTO. FRAUDE E GLOSA DE QUASE TODAS AS DESPESAS. ESCRITA QUE SE PRESTA À APURAÇÃO DO LUCRO REAL. A glosa abrangente de despesas só implica o arbitramento se a escrituração tornarse imprestável para a apuração do lucro real, como ocorre quando as despesas mantidas são insuficientes para o funcionamento da empresa no seu ramo de atividade. Fl. 10275DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.276 3 Quando a fraude se restringe a determinadas despesas, e pela glosa destas tornase possível usar a escrita para a apuração do lucro real, inexiste razão para o arbitramento. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. MULTA DE OFÍCIO PELA FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE TRIBUTO. MATERIALIDADES DISTINTAS. NOVA REDAÇÃO DADA PELA MP 351/2007. APLICÁVEL À FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS A PARTIR DA COMPETÊNCIA DE DEZEMBRO DE 2006. A partir do advento da MP 351/2007, convertida na Lei 11.488/2007 a multa isolada passa a incidir sobre o valor não recolhido da estimativa mensal independentemente do valor do tributo devido ao final do ano, cuja falta ou insuficiência, se apurada, estaria sujeita à incidência da multa de ofício. São duas materialidades distintas, uma referese ao ressarcimento ao Estado pela não entrada de recursos no tempo determinado e a outra pelo não oferecimento à tributação de valores que estariam sujeitos à mesma. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2009, 2010 CONCOMITÂNCIA DE INCIDÊNCIA DE IRPJ/CSLL PELA GLOSA DE DESPESAS E DE IRRF SOBRE PAGAMENTOS SEM CAUSA Quando não for comprovada a causa do pagamento, incide o IRRF. Por outro lado, uma despesa fictícia deve ser glosada, para que IRPJ e CSLL incidam sobre as bases de cálculo corretas. Consequentemente, se um contribuinte efetua pagamento por serviço e o deduz na apuração dos lucros tributáveis, mas não prova a efetiva prestação, incidem IRPJ/CSLL pela glosa da despesa e IRRF devido à ausência de causa para o pagamento. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. HIPÓTESES. É incorreto afirmar que o reajustamento da base de cálculo do IRRF só deve ser feito quando a fonte pagadora assume o ônus do imposto, pois essa é apenas uma das hipóteses. O art. 674 do RIR/99 prevê outras: pagamento a beneficiário não identificado, ou falta de comprovação da operação ou de sua causa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado: por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e negar provimento ao recurso voluntário do coobrigados Lauro José Senra de Gouvêa e Bassit Agente Autônomo de Investimentos Ltda. Por maioria de votos: i) negar provimento ao recurso voluntário da pessoa jurídica autuada e do coobrigado Amarildo Fl. 10276DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.277 4 José Mendes Monteiro. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Gilberto Baptista e Demetrius Nichele Macei que votaram por dar provimento ao recurso desse coobrigado para excluílo da relação jurídicotributária e dar provimento parcial ao recurso da pessoa jurídica autuada para cancelar a exigência da multa isolada; ii) não conhecer, por intempestivo, do recurso voluntário do coobrigado Valdor Faccio. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior e Demetrius Nichele Macei que votaram por apreciar o recurso e darlhe provimento para excluir esse coobrigado da relação jurídicotributária. Designado para redigir o voto vencedor nessa matéria o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente e Redator do Voto Vencedor (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Gilberto Baptista, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone e Roberto Silva Júnior. Fl. 10277DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.278 5 Relatório MASSA FALIDA DA QUANTIA DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA e Outros (coobrigados), recorrem a este Conselho em face do acórdão nº 1273.130 proferido pela 9ª Turma da DRJ I no Rio de Janeiro – DRJ/RJ1 que julgou improcedentes as impugnações apresentadas, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Por bem retratar o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: A LIQUIDAÇÃO E FALÊNCIA A liquidação extrajudicial e a falência da Quantia Distribuidora de Títulos a Valores Mobiliários Ltda. foram decretadas, respectivamente, em 09/08/2012, pelo Banco Central do Brasil (Ato nº 1.228 na fl. 4761) e, em 08/10/2013, pela Justiça Estadual de São Paulo (Sentença de fls. 8821/8824). B SÍNTESE DO LANÇAMENTO 2. Por meio dos Autos de Infração de fls. 8722/8776, foram lançados R$ 30.213.653,42 em Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), R$ 18.128.192,05 em Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e R$ 63.998.407,11 em Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), todos acrescidos de multa de 150% e juros de mora. Também foram lançadas multas isoladas de R$ 15.789.954,11 e R$ 9.064.096,04 por falta de recolhimento de estimativas de IRPJ e CSLL, respectivamente. 3. As exigências de IRPJ e CSLL decorreram de glosas de despesas com comissões para as quais a Fiscalização considerou não comprovada a efetiva prestação do serviço. Sobre pagamentos de comissões, incidiu o IRRF na forma do art. 674 do RIR/99 (operação não comprovada ou sem causa). 4. Foram arrolados como responsáveis tributários: Valdor Faccio, administrador da massa falida; Lauro José Senra de Gouvêa, administrador e sócio da Quantia; Amarildo José Mendes Monteiro, administrador e sócio de Insert Assessoria Ltda.; e Bassit Agente Autônomo de Investimentos Ltda., principal beneficiária das comissões. C FISCALIZAÇÃO 5. Por meio do termo de fls. 3/5, a Quantia foi intimada a apresentar documentos referentes a despesas operacionais declaradas na ficha 05 das DIPJ dos anos calendário 2009 e 2010, R$ 37.819.008,48 e R$ 83.445.652,05, respectivamente. Fl. 10278DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.279 6 6. Na resposta de fls. 9/10, a Quantia informou que se tratava de despesas com serviços de intermediação financeira e apresentou os respectivos contratos, firmados com Bassit (fls. 373/375), Speed Consultoria Empresarial Ltda. (fls. 370/372), Insert (fls. 376/379) e Caob Prestadora de Serviços Ltda. (fls. 367/369). Também foram encaminhadas notas fiscais e registros contábeis. 7. Em 2009 e 2010, a Quantia deduziu despesas com consultoria que equivalem a 95,60% e 95,18% da receita líquida daqueles anos, respectivamente. As beneficiárias dos pagamentos foram Bassit, Insert e Speed, conforme tabela da fl. 8638, abaixo reproduzida: DIPJ da Quantia AC: 2009 % AC: 2010 % Total da receita líquida (a) R$ 39.298.770,18 R$ 86.809.781,62 () despesa prestação de serviço de terceiros; (b) [Ficha 05 Linha 03] R$ 37.819.008,48 96,23% b/a R$ 83.445.652,05 96,12% b/a () despesa com consultoria Bassit, Insert e Speed ;(c) [Fonte: DIRF]. R$ 37.561.530,37 95,60% c/a R$ 82.628.058,81 95,18% c/a Bassit; Insert; Speed. R$ 35.074.224,68 R$ 2.487.309,34 0 89,25% 6,33% R$ 77.883.673,12 R$ 2.041.522,84 R$ 2.702.862,85 89,72% 2,35% 3,11% 8. A Quantia foi intimada (fls. 426/429) a comprovar a efetiva prestação dos serviços que geraram, em 2009 e 2010, despesas de R$ 37.819.008,48 e R$ 83.445.652,05, conforme declarado na Ficha 05 das respectivas DIPJ. C.1 SERVIÇOS PRESTADOS PELA BASSIT 9. A Quantia respondeu que (fls. 487/488): O Contribuinte apresenta os Relatórios de Prestação de Serviços, referentes aos anoscalendário de 2009 e 2010 (docs. 02 e 03, respectivamente), elaborados pelo Bassit Agente Autônomo de Investimento Ltda. ("Bassit"), por meio dos quais é possível verificar todas as operações que deram ensejo às despesas incorridas pelo Contribuinte ao longo desses anoscalendário com o referido assessor. Tais Relatórios contemplam todas as operações financeiras realizadas mediante assessoramento do Bassit e as respectivas corretagens geradas a partir dessas operações financeiras, de modo que, aplicandose o percentual de repasse da corretagem, chegase ao montante das despesas incorridas pelo Contribuinte e pagas ao Bassit (coluna "Valor Recebido" dos Relatórios). Ainda, é relevante ressaltar que o Relatório de Prestação Fl. 10279DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.280 7 de Serviços indica todas as notas fiscais (já juntadas no curso dessa Fiscalização), por meio das quais as despesas foram quitadas pelo Contribuinte ao longo desses anoscalendário. O Contribuinte também apresenta os comprovantes das transferências bancárias realizadas nos anoscalendários de 2009 e 2010 (docs. 04 e 05, respectivamente). O Contribuinte solicita prazo adicional de 10 (dez) dias para apresentar os comprovantes das despesas incorridas com os demais Agentes Autônomos de Investimentos, tendo em vista que, embora tenha feito a solicitação de tais relatórios, ainda não recebeu as informações. 10. Com a resposta de fls. 885/886, a Quantia encaminhou novos relatórios, de fls. 894/896 e 898/903, em que foram acrescentados os nomes das partes do negócio. Conforme esclarecimentos prestados na resposta de fls. 904/909, as colunas “Compra” e “Venda” dos relatórios indicam os nomes dos clientes de quem a Quantia comprou e para quem vendeu os títulos. 11. A Quantia foi intimada (fls. 882/884) a apresentar relatório com informações sobre os serviços prestados pela Bassit e comprovantes de todas as operações que realizou em 2009 e 2010. 12. Na resposta de fls. 904/909, a Quantia encaminhou os documentos de fls. 944/1677 (referentes a 2009) e 1678/3810 (referentes a 2010), e prestou os esclarecimentos reproduzidos abaixo: O Contribuinte esclarece que é instituição financeira dedicada primordialmente à distribuição de títulos e valores mobiliários, sendo que, como tal, suas operações com instrumentos financeiros são custodiadas, registradas e liquidadas, por meio do (i) Sistema Especial de Liquidação e de Custódia ("Selic") e (ii) Sistema da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos ("Cetip"), nos quais o Contribuinte é pessoa jurídica devidamente registrada e participante. Em outras palavras, isso significa dizer que as operações de intermediação de instrumentos financeiros realizadas pelo Contribuinte encontramse registradas nos Sistemas Selic ou Cetip. Assim, o Contribuinte apresenta os extratos emitidos pelos Sistemas Selic e Cetip, que comprovam todas as operações financeiras por ele realizadas nos anoscalendário 2009 e 2010 (docs. 04 e 05, respectivamente), mediante assessoramento do Bassit Agente Autônomo de Investimento ("Bassit"), por meio dos quais é possível identificar todas as operações Fl. 10280DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.281 8 que deram ensejo às despesas incorridas pelo Contribuinte com o referido assessor no período. Esses comprovantes extraídos dos Sistemas Selic e Cetip são espelhos das operações de intermediação financeira realizadas pelo Contribuinte, contemplando as seguintes informações: (i) o tipo do instrumento financeiro negociado; (ii) a quantidade de títulos envolvida na operação; (iii) o valor financeiro das operações de intermediação; (iv) as pessoas jurídicas envolvidas nas operações de compra e venda dos títulos. Frise se, ainda, que as informações presentes nos extratos Selic e Cetip estão em perfeita consonância com os valores das operações presentes no Relatório de Prestação de Serviços emitido pelo Bassit, os quais foram anexados a presente Fiscalização em 10.07.12. De qualquer forma, para que não reste nenhuma dúvida acerca da documentação ora anexada, o Contribuinte passa a analisar algumas operações específicas, de modo a confrontálas com as informações trazidas no Relatório de Prestação de Serviços emitido pelo Bassit. Tomandose como exemplo a operação de intermediação de títulos públicos realizada em 06.02.2009, verificarseá, por meio da análise do extrato do Sistema Selic, que o Contribuinte efetuou a compra de 4.700 títulos registrados sob o nº 950199, para o cliente registrado sob o nº 6612.00.807, pelo valor de R$ 3.818.998,83 e, em seguida, negociou essa mesma quantidade de títulos, para o cliente registrado sob o nº 0751.00.304, pelo valor de R$ 4.082.209,20. Para melhor visualização dessa operação de intermediação, interessante conferir a reprodução do extrato Selic abaixo colacionada (extrato Selic original doc. 06): A partir da análise do crédito e do débito constantes na coluna "VAL. FINANC", verificase que a operação de intermediação financeira efetuada resultou no saldo de R$ 263.210,37 (4.082.209,20 3.818.998,83). E, aplicandose o percentual de comissão estabelecido entre o Contribuinte e o Bassit pelos serviços de distribuição e mediação de títulos e valores mobiliários, chegase ao montante da despesa incorrida pelo Contribuinte. Fl. 10281DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.282 9 Considerando que o percentual de comissão estabelecido foi de 98,45% sobre o valor da operação, a despesa incorrida pelo Contribuinte com o Bassit foi de R$ 259.000,00, o que está em perfeita conformidade com o Relatório de Prestação de Serviços elaborado pelo próprio Bassit. A esse respeito, vale a pena observar o quadro abaixo que reproduz o aludido relatório elaborado pelo Bassit relativamente ao anocalendário de 2009: Destaquese, ainda, que cada "nº conta" indicado nos extratos do Sistema Selic referese a um cliente do Contribuinte. Analisando o exemplo acima, verificase que o código o nº 0751.00.304 referese ao cliente Nominal e o código nº 6612.00.807 referese ao cliente IPMPG, o que pode ser atestado pela relação completa dos códigos dos clientes do Contribuinte (doc. 07). Dessa forma, resta devidamente demonstrado que a despesa incorrida pelo Contribuinte com o Bassit relativamente à operação de intermediação financeira realizada em 06.02.2009, encontrase devidamente suportada pelos Extratos Selic. Frisese que tal sistemática repetese para todas as demais despesas incorridas pelo Contribuinte, as quais estão devidamente lastreadas em documentos emitidos pela Selic. De outro lado, tomandose como exemplo a operação de intermediação de títulos públicos realizada em 08.03.2010, verificarseá, por meio da análise do extrato do Sistema Cetip, que o Contribuinte efetuou diversas intermediações financeiras de diversos Títulos da Dívida Agrária registrados sob os nºs. TDAE980970, TDAE TDAE980971, TDAE980972, TDAE980973, TDAE980974, TDAE980975, TDAE980976, TDAE980977 e TDAE980978, sendo que cada Título da Dívida Agrária referese a um diferente vencimento. Para melhor visualização dessa operação de intermediação, interessante conferir a reprodução do extrato Cetip abaixo (extrato Cetip original doc. 08): Fl. 10282DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.283 10 A partir da análise dos valores de crédito e de débito constantes na coluna "VALOR FINANCEIRO", verificase que as diversas operações de intermediação financeira efetuadas resultaram no montante de R$ 13.573,22. E, aplicandose o percentual de comissão estabelecido entre o Contribuinte e o Bassit pelos serviços de distribuição e mediação de títulos e valores mobiliários, chegase ao montante da despesa incorrida pelo Contribuinte. Considerando que o percentual de comissão estabelecido foi de 95,00% sobre o valor da operação, a despesa incorrida pelo Contribuinte com o Bassit foi de R$ 12.894,55, o que está em perfeita conformidade com o Relatório de Prestação de Serviços elaborado pelo próprio Bassit. Ainda a esse respeito, vale a observar o quadro abaixo que reflete o aludido relatório elaborado pelo Bassit relativamente ao anocalendário de 2010: Destaquese, uma vez mais, que cada "nº conta" indicado nos extratos do Sistema Cetip referese a um cliente do Contribuinte. Analisando o exemplo acima, verificase que o código o nº 0194.53.693 referese ao cliente Ouro Minas DTVM e o código nº 0131.62.007 referese ao cliente Fl. 10283DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.284 11 Diferencial CTVM, o que pode ser atestado pela relação completa dos códigos dos clientes do Contribuinte (doc. 07). Dessa forma, resta devidamente demonstrado que a despesa incorrida pelo Contribuinte com o Bassit relativamente à operação de intermediação financeira realizada em 08.03.2010, encontrase devidamente suportada pelos Extratos Cetip. Frisese que tal sistemática repetese para todas as demais despesas incorridas pelo Contribuinte, as quais estão devidamente lastreadas em documentos emitidos pela Cetip. 13. Conforme publicado no DOU de 10/08/2012 (fl. 4761), o Banco Central do Brasil decretou a liquidação extrajudicial da Quantia, de modo que, desse ponto da fiscalização em diante, as intimações passaram a ser respondidas pelo liquidante. 14. A Quantia foi intimada (fls. 3826/3831) a (1) comprovar a efetiva prestação dos serviços mencionados no Relatório de Operações da Bassit; (2) descrever de que forma era prestado o serviço de intermediação; (3) esclarecer como foi estipulado o percentual de comissão; e (4) comprovar que o referido percentual está de acordo com o praticado no mercado. 15. Na resposta de fls. 3833/3839, o liquidante apresentou a primeira alteração contratual consolidada da Bassit, contrato de prestação de serviços, notas fiscais e correspondências; e declarou não ter encontrado documentos com as demais informações solicitadas. As citadas correspondências se referem ao encaminhamento dos relatórios de operações da Bassit para a Quantia. 16. A própria Bassit foi intimada (fls. 6344/6347), nos seguintes termos: 1. Com relação aos serviços prestados pela Bassit Agente Autônomo de Investimento Ltda., nos anos de 2009 e 2010 à empresa Quantia Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda., CNPJ: 68.726.611/000155, apresentar: 1.1 Os documentos que demonstrem ('respaldem') e caracterizem e comprovem exatamente o tipo de serviço prestado pela Bassit para cada operação realizada, como por exemplo; correspondências enviadas e recebidas, relação de cliente com CPF ou CNPJ, demonstrativo de como foram definidas as taxas de comissão, comprovante do recebimento do preço, ...contratos com os clientes, ...etc., correspondentes às operações discriminadas no relatório anexo, e notas fiscais emitidas, e relacionadas na DIRF como demonstrado no quadro citado no item 1.1 acima. 1.2 Comprovantes dos recebimentos dos valores correspondentes aos serviços prestados. Fl. 10284DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.285 12 1.3 O cronograma de serviço citado na cláusula segunda do Contrato de Prestação de Serviço. 1.4 Documentos de representação: Contrato social, atual e o vigente em 2009 e 2010, documento de identificação do representante legal da empresa, e procuração, se for o caso. 1.5 Demonstrativo de como foi definida a taxa de comissão e comprovação de que a taxa de comissão praticada está de acordo com a vigente no mercado; 1.6 Comprovante de cadastro na CVM como agente autônomo de investimento, para o período 2009 e 2010, com a discriminação de que presta serviço para a Quantia DTVM. 17. Nas respostas de fls. 6361/6362, 6722/6723 e 6733, a Bassit apresentou notas fiscais, relatórios de operações e comprovantes de pagamento referentes a serviços que teria prestado à Quantia em 2009 e 2010; seu contrato social atual e o vigente em 2009; e relatório com CPF e CNPJ de cliente. Além disso, informou que a cronograma de serviço e o demonstrativo da taxa de comissão não foram emitidos, atribuindo a falta de emissão do primeiro documento ao dinamismo das operações. 18. Em 06/09/2012, atendendo a solicitação do Fisco, Marcos Bassit compareceu à Deinf São Paulo representando seu pai, Muna Bassit, para prestar esclarecimentos. Em resposta a diversas questões formuladas pela Fiscalização1, informou que o percentual de comissão era elevado (80 a 100%) porque a carteira de clientes era da Bassit, que procura se cadastrar com quem remunera melhor (§ 14). 19. De modo a verificar a efetiva prestação dos serviços, foram intimados dois supostos clientes da Bassit, que, segundo o relatório de operações, efetuaram 30 e 50% do valor total das transações em 2009 e 2010 respectivamente2. Conforme consta no § 24 do TVF, “nenhum deles alegou conhecer ou existir relacionamento ou contrato com Muna Bassit ou a Bassit Agente Autônomo de Investimentos”. C.2 SERVIÇOS PRESTADOS PELA SPEED 20. A Quantia foi intimada (fls. 3826/3831) a apresentar provas e esclarecimentos sobre os serviços prestados pela Speed, em termos semelhantes à Intimação sobre serviços da Bassit, já relatada. 1 Termo de fls. 7064/7068. 2 Intimações e respostas às fls. 7542/7851. Fl. 10285DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.286 13 21. Na resposta de fls. 3833/3839, o liquidante apresentou o contrato social da Speed, contrato de prestação de serviços e notas fiscais; e declarou não ter encontrado documentos com as demais informações solicitadas. 22. A Speed recebeu intimação (fls. 7110/7113) semelhante à da Bassit, anteriormente relatada. 23. Na resposta de fls. 7115/7117, apresentou notas fiscais de serviço; extratos bancários (para comprovar os recebimentos pelos serviços); relatório de operações; e seu próprio contrato social. Além disso, informou: 1) que o cronograma de serviços não chegou a ser elaborado, posto que prescindível dada a natureza do serviço, que exige flexibilidade, agilidade, presteza e dinamismo; 2) que a prestação do serviço ocorria na medida do interesse e necessidade da Quantia, sendo que os contatos e ajustes eram verbais, por telefone ou pessoalmente; 3) que o percentual era estabelecido conforme cada negócio realizado, a depender do tipo de operação; 4) sobre o certificado de registro na CVM, que deve registrarse junto ao Conselho Regional de Administração – CRA/RJ. 24. De modo a verificar a efetiva prestação dos serviços, foram intimados clientes mencionados no relatório de operações3. Conforme consta no § 23 do TVF, “nenhum dos agentes consultados (...) conhecem Carlos Alberto de Souza Azevedo ou a Speed”. C.3 SERVIÇOS PRESTADOS PELA INSERT 25. A Quantia foi intimada (fls. 3826/3831) a apresentar provas e esclarecimentos sobre os serviços prestados pela Insert, em termos semelhantes à Intimação sobre serviços da Bassit, já relatada: 26. Na resposta de fls. 3833/3839, o liquidante apresentou a consolidação do contrato social da Insert, contrato de prestação de serviços e notas fiscais; e declarou não ter encontrado documentos com as demais informações solicitadas. 27. A Insert recebeu intimação (fls. 7073/7076) semelhante à da Bassit, anteriormente relatada. 28. Na resposta de fls. 7078/7079, apresentou notas fiscais de serviço; extratos bancários (para comprovar os recebimentos pelos serviços); relatório de operações; seu próprio contrato social; contrato de prestação de serviço; e comprovante de inscrição na CVM como agente autônomo. Além disso, informou: 1) que a Quantia a dispensou de apresentar o relatório previsto no contrato porque foram feitas apenas três operações; 2) que as taxas de comissão constam do relatório de operações e que a Quantia repassa taxas que estão de acordo com a prática do mercado. 3 Intimações e repostas às fls. 7168/7541. Fl. 10286DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.287 14 29. A Fiscalização apurou que a gráfica emitente das Notas Fiscais da Insert, embora conste do cadastro da Receita Federal na situação ativa, não tem localização comercial (conforme pesquisa no Google Maps, fls. 8133/8134), não tem quadro societário registrado no cadastro CNPJ, só entregou DIPJ de empresa inativa, não consta em DIRF com declarante ou beneficiária. Portanto, na prática estaria inoperante, e o talonário emitido, assim como a nota fiscal utilizada, poderiam ser considerados documentos inidôneos, por falsidade material (§§ 29.13 e 32.4). C.4 SOBRE OS REQUISITOS PARA PRESTAÇÃO DE AGENTE AUTÔNOMO DE INVESTIMENTOS 30. Consta do TVF (1) que a prestação do serviço de distribuição de títulos e valores mobiliários é exclusiva de DTVM (distribuidora de títulos e valores mobiliários), mas pode ser exercida por agente autônomo registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que aja exclusivamente no interesse de uma DTVM (§ 37.1); e (2) que constitui crime contra o mercado de capitais atuar como agente de investimento sem estar autorizado pela CVM (art. 27E da Lei 6.385/76, com redação dada pela Lei 10.303/2001) (§ 37.6). 30.1 Por meio de consulta à CVM, foi constatado que Bassit, Insert e Speed, bem como seus sócios, não estavam cadastrados como agentes autônomos para o período de 2009 a 2010 (§ 37.5). C.5 PESQUISAS 31. A partir de pesquisas nos sistemas informatizados da Receita Federal, da análise de declarações e da documentação apresentada, a Fiscalização verificou que: 31.1 À época dos fatos, consta nas GFIP apresentadas por Bassit e Speed que essas empresas não tinham funcionários. A Insert não apresentou GFIP (§ 29.3). 31.2 Dois irmãos, o pai e um sobrinho de Amarildo Monteiro, sócio majoritário da Insert, eram empregados da Quantia (§ 29.4). 31.3 O mesmo escritório de Contabilidade foi responsável pelo preenchimento das DIPJ AC 2009 e 2010 da Quantia, Insert e Bassit. 31.4 A Quantia pagou diversas despesas da Insert, de Amarildo Monteiro e de seus parentes tais como: aluguel, condomínio, luz, telefone, plano de saúde e móveis de escritório (§§ 30/ 30.6). Fl. 10287DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.288 15 D FUNDAMENTOS DA AUTUAÇÃO D.1 GLOSAS DE DESPESAS 32. A Quantia apresentou notas fiscais de prestação de serviço, contrato de prestação de serviço, comprovantes de pagamento (TED) e relatório de operações. Contudo, as despesas com pagamentos de comissões a Bassit, Speed e Insert foram consideradas indedutível porque (§§ 32/32.2): a) Não são despesas usuais e normais à atividade, pois o serviço em questão, próprio de agente autônomo de investimentos, depende de autorização estatal que nenhuma das prestadoras possuía; b) Não foi comprovado que o percentual de comissão está dentro do praticado pelo mercado nesse tipo de operação. A Quantia repassou 96% de sua receita aos prestadores de serviço, o que é anormal; c) A documentação apresentada não comprova a efetiva prestação do serviço. 33. É possível inferir que (§ 32.5): a) A atividade operacional era exercida pela Quantia; b) A Bassit foi montada apenas para desviar recursos tributáveis para terceiros ocultos; c) O administrador de fato da Quantia era Amarildo Monteiro, e os valores recebidos anualmente correspondem a sua remuneração no negócio. 34. A Fiscalização entende que os contratos de prestação de serviço entre Bassit, Speed, Insert e a Quantia são nulos porque não houve de fato prestação de serviço, mas apenas simulação. Os contratos serviriam para desviar receitas tributáveis da Quantia e ocultar seu verdadeiro sócio, Amarildo Monteiro (§ 43 e 43.1). D.2 PAGAMENTOS SEM CAUSA 35. As Notas Fiscais da Bassit discriminam valores líquidos equivalentes aos repassados via TED. Contudo, indicam como valor do negócio (valor bruto) montantes diferentes dos que constam no relatório de operações e no sistema Selic (§ 28). 36. Para facilitar o entendimento desse ponto, destacamos, entre os exemplos citados no TVF, a mesma operação a que a Quantia se referiu na resposta de fls. 904/909. Segundo dados do sistema Selic, a Contribuinte obteve naquela transação um resultado de R$ 263.210,37, montante que coincide com o indicado no relatório de operações. Pelo negócio, a Bassit recebeu uma comissão de 98,45% ou R$ 259.000,00. Contudo, na respectiva Nota Fl. 10288DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.289 16 Fiscal, embora o valor líquido coincida com o recebido pela Bassit, o valor bruto é de R$ 262.944,16. 37. A Fiscalização conclui que tal inconsistência dá a entender que “a conta foi feita de trás para frente”, ou seja, que no preenchimento da Nota Fiscal se calculou o valor do negócio a partir do valor repassado e não o contrário. 38. Como a Quantia não comprovou a efetiva prestação do serviço, os pagamentos foram considerados sem causa e tributados na fonte à alíquota de 35%, consoante o art. 674 do RIR/99. D.3 QUALIFICAÇÃO DA MULTA 39. A aplicação da multa qualificada foi fundamentada pela Fiscalização no trecho transcrito abaixo: 44.3. Conforme descrito nos fatos apresentados e nas análises efetuadas, a dedução das despesas com serviços “prestados” pela Bassit, Insert e Speed configuram fraude e conluio, portanto, sujeita a aplicação da multa de 150%. 44.4 Observo que a conduta do contribuinte é reiterada, tendo em vista que já foi autuado anteriormente pelo mesmo procedimento, no entanto utilizando outras pessoas jurídicas, conforme lançamento materializado no PAF: 16327.001.809/200791, cujo lançamento foi mantido no CARF, (...) acórdão 130100.224 (...). 40. No citado Acórdão, que juntei aos autos (fls. 9356/9372), o relator assim se manifestou: Tais documentos em nada modificam as conclusões anteriores. A interessada centra seus esforços em provar a regularidade cadastral das empresas supostamente contratadas, à época em que teriam ocorrido os fatos, e entende que isto, aliado às notas fiscais, duplicatas e pagamentos que já se encontravam nos autos seriam suficientes para atestar a existência e efetividade das operações glosadas pelo Fisco. Mas, insisto, o ponto principal não é este, mas sim o fato de que nada foi trazido a exame que pudesse dar vida, por assim dizer, aos contratos, notas fiscais e duplicatas que já se encontravam nos autos. O que se esperava encontrar, a confirmar a existência das operações alegadas, seriam documentos tais como relatórios, correspondências enviadas e recebidas, relações de clientes e operações captados por força dos contratos, demonstrativos das comissões recebidas e seu rateio, correlacionados com os pagamentos efetuados, entre outros documentos, tudo previsto contratualmente. No Fl. 10289DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.290 17 entanto, nem um único documento dessa natureza surgiu, quer apresentado pela interessada, quer pelas empresas que teriam prestado os serviços, não obstante os pagamentos terem atingido as cifras impressionantes de R$53.667.240,95 e de R$ 49.093.729,30, respectivamente, nos anoscalendário 2002 e 2003. Permanece, assim, a conclusão da inexistência das despesas alegadas. (...) Melhor sorte não socorre a recorrente em seus argumentos acerca da penalidade aplicada, no percentual de 150% do tributo devido. E que, indo além da mera falta de comprovação das despesas, e de qualquer detalhamento, por mínimo que fosse, sobre as alegadas operações financeiras (clientes, funcionários, registro das operações, entre outras informações), as diligências empreendidas pelo Fisco revelaram que, das seis empresas diligenciadas, três não foram localizadas (Digisecond1, Mutual Finance2 e Admiral3), sendo que os proprietários dos imóveis onde deveriam funcionar as empresas Digisecond e Mutual Finance declararam que os imóveis não foram ocupados por essas empresas. As outras três empresas receberam as intimações, mas a empresa Nakatsu & Nakatsu4 não se manifestou, tendo apresentado Declarações Anuais Simplificadas de Inatividade desde o anocalendário de 1999 (Anexo 03 fls. 150). A empresa Patriarca5 respondeu à intimação, mas não apresentou nenhum elemento que indicasse a efetiva prestação de serviços à autuada. Por fim, a empresa Fisher Engenharia6 informou que os documentos e livros contábeis foram roubados, mas não conseguiu identificar nenhuma pessoa física ou jurídica envolvida com os serviços alegadamente prestados de consultoria financeira e de intermediação financeira. O conjunto probatório reunido pelo Fisco leva à conclusão, com a qual concordo, de que os documentos fiscais utilizados pela interessada para lastrear as despesas contabilizadas não correspondem a operações efetivamente realizadas e, pois, são eivados de falsidade ideológica. Assim, não faço reparos à decisão recorrida, que manteve a multa aplicada no percentual de 150%, por entender presente a fraude prevista no art. 72 da Lei n° 4.502/1964. D.4 MULTAS ISOLADAS POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS DE IRPJ E CSLL 41. A glosa de despesas com consultoria financeira implicou a apuração de IRPJ e CSLL devidos por estimativa. Como o lançamento foi realizado após o encerramento dos anoscalendário, houve apenas a constituição da multa de 50% por falta de recolhimento. Fl. 10290DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.291 18 D.5 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA (§§ 38 A 41.3 DO TVF) 42. O administrador da massa falida, Valdor Faccio, responde solidariamente, nos termos dos arts. 121, II, e 134, V, ambos do CTN. 43. Enumeramse oito indícios de que a Bassit foi usada como interposta pessoa, e mais cinco de que a Insert seria sócia de fato da Quantia. 44. Os atos de administração realizados por Lauro Gouvêa foram praticados com infração de lei, pois os desvios de receitas para terceiros, na forma de despesas com serviços, caracterizam fraude e conluio. Seus atos de gestão foram praticados com excesso de poderes ao contrato social, posto que em 2009 e 2010 cumpria pena de inabilitação para administrar instituição financeira. 41.3 Tendo em vista a configuração de fraude e conluio na transferência de receita da Quantia para a Bassit mascarado de despesa com serviço de terceiros e o pagamento de lucros ao Amarildo mascarado na forma de despesa com serviço de terceiros pagos à Insert, e ainda, considerando que o sócio com poderes de administração da Quantia, Lauro José Senra de Gouvêa, agiu com excesso de poder ao contrato, por administrar instituição financeira sem autorização do Banco Central, constitui situação prevista em lei para que as pessoas jurídicas e físicas envolvidas respondam solidariamente ao crédito tributário constituído juntamente com a Quantia, nos termos do previsto no art. 124, inciso I e art. 135, inciso III do CTN. E IMPUGNAÇÃO DE VALDOR FACCIO E QUANTIA 45. Valdor Faccio e a Quantia foram intimados do lançamento em 12/12/2013 e, em 15/01/2014, interpuseram Impugnação, alegando, em síntese, que: 45.1 Preliminar de tempestividade: A Impugnação foi enviada pelo ECAC em 13/01/2014, dentro do prazo de 30 (trinta) dias. O envio do documento foi efetuado “com sucesso”, conforme informação recebida do sistema. Somente em 14/01/2014 foi recebida a mensagem de erro na caixa postal, informando que foi “verificado inconsistência(s) na recepção do(s) documento(s) enviado(s)”. Requer que a Impugnação apresentada em 15/01/2014 seja recebida como tempestiva. 45.2 Comprovação das despesas e da efetiva prestação dos serviços: Ainda que as notas fiscais das prestadoras de serviço fossem inidôneas, as despesas seriam dedutíveis, em razão do efetivo pagamento, conforme também já decidido pelo CARF. 45.2.1 O CARF entende que “as despesas com serviços são dedutíveis se: a) efetuadas na realização do objeto social do contribuinte (necessárias, normais e usuais); e, b) Fl. 10291DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.292 19 comprovadas por meio de documentos que demonstrem a natureza, as partes envolvidas, o preço e a forma de pagamento” (fl. 8792). 45.2.2 A Quantia contratou: (...) serviços de intermediação e consultoria financeira, de modo a atrair investidores e a ampliar seu campo de autuação, prática plenamente compatível com seu contrato social. Portanto, é patente sua dedução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, calcada na necessidade, normalidade e usualidade desses serviços. Quanto à comprovação dessas despesas, conforme já explanado, estariam devidamente amparadas por: a) notas fiscais emitidas pelos prestadores de serviço; b) comprovantes de pagamento; e, c) contratos de prestação de serviço (fl. 8792). 45.3 Inexistência de limitação da dedutibilidade aos valores de mercado: A legislação só limita a dedutibilidade de despesas aos valores de mercado quando as transações são feitas com os sócios da empresa ou com pessoas ligadas. Mas esse não é o caso dos autos, pois as prestadoras de serviço são terceiros independentes. A fiscalização alega que a Insert seria sócia da Quantia porque esta pagou despesas de aluguel de Amarildo Monteiro, sócio daquela. “De fato, esses pagamentos ocorreram, mas aparentemente, em razão de uma relação de débito e crédito relativo aos alugueis das salas 11, 21 e 81 do mesmo edifício, decorrente da proximidade que o Sr. Amarildo tinha dos dirigentes da Impugnante, que fora seu empregado por aproximadamente dois anos” (fl. 8793). 45.4 Obrigatoriedade do arbitramento do lucro: Nos casos em que a Fiscalização considerar que existem indícios de fraude na documentação contábil do contribuinte, o art. 47, II, da Lei 8.981/95 determina o arbitramento do lucro. Glosar total ou quase totalmente as despesas é tomar como imprestável a apuração do lucro real. No caso em apreço, “o próprio D. Agente Fiscal não apenas afirma que os documentos são falsos, como os negócios jurídicos são inválidos, por simularem uma prestação de serviços. (...) Diante de tamanhas e tão graves constatações, a consequência lógica, automática e inevitável determinada pela legislação é o arbitramento do lucro” (fl. 8797). 45.5 Impossibilidade de exigência de IRRF sobre pagamentos quando já houve a glosa das despesas: Considerar que houve pagamento sem causa significa dizer que os valores referentes a esses pagamentos nem sequer transitaram pela contabilidade, o que não pode coexistir com a glosa de despesa efetivamente contabilizada. “No presente caso, a Fiscalização considerou inidôneos os documentos emitidos pelos Prestadores de Serviço e glosou as despesas que tinham por base esse documentos, considerando, ao mesmo tempo, como sem causa os pagamentos feitos a essas empresas, pois, supostamente, seus serviços Fl. 10292DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.293 20 jamais teriam sido prestados” (fls. 8800/8801). Contudo, o entendimento reiterado do CARF é que essa dupla tributação não encontra guarida na legislação tributária. 45.6 Inexigibilidade da multa qualificada: Para aplicação da multa qualificada, o dolo tem que ser provado, contudo “No presente caso, a D. Fiscalização afirma que houve fraude e conluio, mas nada prova acerca do assunto. Com efeito, o D. Agente Fiscal simplesmente desconsiderou todos os serviços prestados porque teve a “impressão” de que não teriam ocorrido” (fl. 8803). 45.7 Erros na apuração do IRRF: Embora tenha tributado os pagamentos por considerálos sem causa, a própria fiscalização afirma que os pagamentos de despesas de Amarildo Monteiro foram efetuados a título de distribuição de lucros. O procedimento adequado seria tratar a operação como distribuição de lucros, que é isenta. Esse procedimento se mostra ainda mais adequado quando o lucro já foi tributado na pessoa jurídica por meio de glosa de despesas. 45.8 Impossibilidade de reajustamento da base de cálculo do IRRF: o reajustamento só é possível quando a fonte pagadora assume o ônus do imposto. Contudo, no presente caso, a própria fiscalização demonstra que havia dedução do IRRF antes do pagamento, o que prova que o ônus do imposto era do beneficiário. O valor recebido pelos prestadores de serviço é sempre menor que o contratualmente pactuado. A diferença é justamente o IRRF. 45.9 Violação aos princípios de razoabilidade, proporcionalidade e não confisco. 45.10 Descabimento da multa isolada: as estimativas são antecipações do tributo devido, logo, após o encerramento do período não há que se falar em exigência de estimativas, uma vez que o imposto já terá sido apurado. O mesmo raciocínio se aplica à multa isolada, eis que essa penalidade só se justifica se aplicada no curso do período. 45.10.1 A aplicação da multa no presente caso é uma evidente contradição, eis que as estimativas só surgiram agora, com o lançamento de ofício. 45.10.2 Se aplicada a multa, sua base de cálculo não pode ultrapassar o montante do tributo devido no momento do ajuste anual. 45.10.3 A aplicação simultânea da multa isolada e da multa de ofício represente o lançamento de duas multas sobre a mesma infração: o suposto não recolhimento de IRPJ e CSLL sobre a mesma manifestação econômica. 45.10.4 A multa de 150% absorve a multa isolada de 50% até o montante em que suas bases se identificarem. Fl. 10293DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.294 21 (...) não se está alegando inconstitucionalidade ou ilegalidade de qualquer dos dispositivos da legislação tributária, mas apenas se exigindo uma interpretação sistemática e razoável das normas tributárias pelas Autoridades Fiscais, com o que certamente não se coaduna a imposição das multas em questão (fl. 8817). 45.11 Ilegalidade da incidência de juros sobre as multas: o art. 61 da Lei 9.430/96 estabelece que os juros incidem sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, mas não sobre penalidades. Os juros remuneram o credor pela privação do uso de seu capital, logo devem incidir apenas sobre o que deveria ter sido recolhido no prazo legal. A incidência de juros sobre a multa desvirtua a natureza a finalidade da norma secundária, que não se volta para si mesma, mas para a norma primária. A aplicação de tal percentual, de forma ilimitada, acarreta violação ao princípio do nãoconfisco e ao direito de propriedade. F IMPUGNAÇÃO DE AMARILDO MONTEIRO 46. Amarildo Monteiro foi intimado do lançamento em 16/12/2013 (fl. 8782) e, em 15/01/2014 (fl. 9136), impugnou tanto o crédito tributário quando o vínculo de responsabilidade, alegando, em síntese, que: 46.1 A solidariedade fundada no art. 124, I, do CTN requer interesse jurídico, caracterizado pela realização do critério material da hipótese de incidência pela pessoa tida como solidária. Para que haja interesse comum, é necessário que as pessoas participem do fato gerador da mesma forma, que ambos sejam contribuinte. Cabia à fiscalização provar a sujeição passiva antes de estabelecer a solidariedade, o que não ocorreu. O Impugnante só poderia ser considerado responsável solidário se realizasse o fato gerador em conjunto com a Quantia DTVM, como por exemplo, se tivessem prestado um serviço em conjunto. 46.2 A atribuição de responsabilidade tributária não pode ser feita com base no Código Civil porque a Constituição Federal reserva essa matéria para Lei Complementar. 47. [...] G IMPUGNAÇÃO DA BASSIT 48. A Bassit foi intimada do lançamento em 16/12/2013 (fl. 8785) e, em 15/01/2014 (fl. 9263), impugnou tanto o crédito tributário quanto o vínculo de responsabilidade, alegando, em síntese, que, para haver o interesse comum mencionado no art. 124, I, do CTN, é necessário que as pessoas participem do fato gerador da mesma forma, ou seja, que ambos sejam contribuintes (§ 54). 49. [...] Fl. 10294DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.295 22 H IMPUGNAÇÃO DE LAURO GOUVÊA 50. Lauro Gouvêa foi intimado do lançamento em 17/12/2013 (fl. 8779) e, em 16/01/2014 (fl. 8839), impugnou tanto o crédito tributário quanto o vínculo de responsabilidade, alegando, em síntese, que: 50.1 O Termo de Sujeição Passiva Solidária e o Auto de Infração são nulos por violação a devido processo legal, ampla defesa e contraditório, pois o Interessado não foi intimado a prestar esclarecimentos durante a fiscalização (§§ 13 e 16). 50.2 Diversamente do que afirma a Fiscalização, os prestadores de serviço tinham registro na CVM, mas nunca foram intimados a apresentálo, o que demanda diligência, que se requer (§ 162). 50.3 O reajustamento da base de cálculo do IRRF ofende os princípios de razoabilidade, proporcionalidade e nãoconfisco. Não se está alegando a inconstitucionalidade da exação, mas a sua incompatibilidade com o que determina o art. 2° da Lei n° 9.784/99, que determina a observância pela Administração Pública dos princípios de razoabilidade e da proporcionalidade, dentre outros (Item III.7 e § 275). 50.4 Para que haja o interesse comum de que trata o art. 124, I, do CTN é necessário que as pessoas participem do fato gerador da mesma forma, que sejam ambos contribuintes, assim considerados aqueles que efetivamente praticam o verbo do critério material da hipótese de incidência tributária (§§ 61 e 72). 50.5 São dois os requisitos da responsabilidade pessoal prevista no art. 135 do CTN: (i) a prática de atos com excesso de poderes, infração à lei ou contrato social e estatutos; e (ii) a prática de tais atos deve, necessariamente, resultar no surgimento ou ocultação de débitos fiscais (§ 86). 50.5.1 A responsabilização do Interessado decorre exclusivamente de ter sido considerado pelo BACEN inabilitado para o exercício de funções de gestão em instituição financeira (§§ 95/96). 50.5.2 O Contrato Social da Quantia, em que o Interessado é nomeado administrador, foi registrado antes da decisão do Banco Central (§ 97). 50.5.3 O próprio ato do BC destituiu o Interessado de seus poderes de diretor, de modo que não seria necessária a sua imediata exclusão do rol de administradores indicados no Contrato Social (§ 100). 50.5.4 A Fiscalização não provou a prática de atos de gestão pelo Interessado, nem que de tais atos surgiram obrigações tributárias (§ 103). Fl. 10295DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.296 23 50.5.5 Na 19ª Alteração Contratual, de 01/12/2011, os sócios deliberaram substituir o Interessado. Verificase assim que Lauro Gouvêa estava cumprindo integralmente a decisão do BC (§§ 106/107). 50.5.6 A responsabilidade prevista no art. 135 é pessoal, ou seja, exclusiva. Como a Fiscalização apontou tanto a Quantia quanto o Interessado como devedores, a autuação não pode prevalecer, pois haveria erro claro na identificação do sujeito passivo. Tal erro é material e, portanto, insanável (§§ 111, 126 e 131). 50.5.7 A solidariedade não se aplica às penalidades (§ 133). 50.6 Mesmo diante de farta documentação contendo notas fiscais, comprovantes de pagamento e contratos de prestação de serviços, a Fiscalização, sem qualquer justificativa, entendeu como não comprovados os serviços. A jurisprudência do CARF entende que os documentos apresentados são suficientes para a comprovação (§§ 149 e 151). 50.7 Mesmo que se considerem inidôneas as notas fiscais, as despesas seriam dedutíveis, em razão do efetivo pagamento, conforme já decidiu o CARF (§ 152). 50.8 A legislação só impõe limites à dedutibilidade de despesas, como o valor de mercado, quando as transações são feitas com pessoas ligadas. Legislação típica é a que trata de DDL (§ 159). 50.9 A Fiscalização alega que a Insert seria sócia da Quantia, uma vez que alguns pagamentos de aluguel de Amarildo Monteiro, sócio da Insert, foram feitos pela Quantia. Os pagamentos de fato ocorreram, mas não por liberalidade da Quantia, e sim porque a Quantia sublocou um imóvel locado pela Insert (§§ 164/166 e 173). 50.10 A Quantia pagou despesas de plano de saúde do pai e do irmão de Amarildo Monteiro porque eles eram seus empregados (§ 174). 50.11 Nos casos em que a Fiscalização considerar que existem indícios de fraude, a legislação determina o arbitramento do lucro, e não a glosa quase total das despesas (§§ 180/181). 50.12 Não se pode exigir IRRF sobre pagamentos sem causa quando já houve glosa de despesas (Item III.4). 50.13 Para que a multa de 150% seja exigível, a Fiscalização deveria ter provado que a Quantia agiu com evidente intuito de fraude, conforme definição dos art. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, que para serem aplicados, exigem que se prove a intenção de praticar o ato para impedir ou retardar o surgimento da obrigação principal. A Fiscalização afirma que houve fraude e conluio apenas porque teve a impressão de que os serviços não foram prestados, Fl. 10296DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.297 24 embora a Quantia tenha apresentado farta documentação comprobatória da efetividade (§ 214 e 223). 50.14 A Fiscalização afirma que despesas de Amarildo Monteiro foram pagas pela Quantia a título de distribuição de lucros, que é isenta de IR, logo não poderia tributálos como pagamento sem causa (§§ 243/246). 50.15 O reajustamento da base de cálculo é indevido porque a Quantia não assumiu o ônus do imposto devido, conforme a própria Fiscalização demonstra no § 28 do TVF (§§ 250 e 253). Com exemplo, citase o pagamento de R$ 540.000,00 feito pela Quantia à Bassit (fl. 771), registrado no Razão (fl. 459), decorrente de serviço no valor de R$ 548.223,35 (Nota Fiscal n° 265, fl. 272) (§ 255). 50.16 A aplicação da multa isolada sobre estimativas após o encerramento do anocalendário e indevida (Itens III.8 e III.9). 50.17 A incidência de juros sobre as multas é ilegal (Item. III.10). A 9ª Turma da DRJ/RJ1, analisando as impugnações, julgouas improcedentes. Contribuintes e coobrigados foram intimados e apresentaram recursos nas seguintes datas: CIÊNCIA RECURSO VOLUNTÁRIO CONTRIBUINTE/COOBRIGADO FL. DATA FLS. DATA MUNA BASSIT – AGENTE AUTÔNOMO DE INVESTIMENTO 9497 27/03/2015 (sextafeira) 997410067 28/04/2015 QUANTIA DIST. DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA 9501 29/04/2015 1016410213 27/05/2015 VALDOR FACCIO 9502 30/03/2015 1021810219 08/06/2015 AMARILDO JOSÉ MENDES MONTEIRO 9504 27/03/2015 97039826 27/04/2015 LAURO JOSÉ SENRA DE GOUVEIA 9509 9617 27/03/2015 95099617 27/04/2015 Em resumo, assim alegaram os Recorrentes: Lauro José Senra de Gouvêa: preliminarmente, requer a declaração de nulidade do acórdão da DRJ sob o fundamento de cerceamento de defesa em razão de suposta falta de apreciação de suas alegações pela decisão recorrida. Alega nulidade do Termo de Sujeição Passiva e do auto de infração, pois, a seu ver, haveria violação ao devido processo legal em razão de não ter sido intimado a prestar esclarecimentos ou documentação no decorrer do procedimento fiscal. No mérito, alega ausência de comprovação de interesse ou proveito econômico do Recorrente, afirmando que somente pode ser solidário aquele que seja o contribuinte do tributo e entende que o interesse comum preconizado pelo art. 124, inciso I, do CTN é somente o interesse jurídico caracterizado pela realização do critério material da hipótese de incidência pelo suposto solidário. Defende a ausência de comprovação de obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, Fl. 10297DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.298 25 contrato social ou estatuto, bem como afirma que a responsabilidade esposada no art. 135 é pessoal e exclusiva das pessoas nele referidas, e não solidária ou subsidiaria. Diz que a solidariedade é inaplicável às penalidades. Alega indevida a glosa das despesas considerando os serviços efetivamente prestados; contradição com o lançamento efetuado no processo administrativo nº 19515.720309/201451 em face da Bassit; necessidade de arbitramento do lucro em razão dos indícios de fraude ao invés da glosa da integralidade das despesas; impossibilidade de exigência de IR Fonte sobre pagamentos sem causa em virtude da glosa de despesas; inexigibilidade da multa qualificada por ausência de fraude ou conluio; descabimento da multa isolada sobre as estimativas mensais após o encerramento do ano calendário e, por fim, ilegalidade da multa isolada cumulada com a multa de ofício e da incidência de juros de mora sobre as multa de oficio e isolada; Amarildo José Mendes Monteiro, em sede preliminar, sustenta a nulidade do acórdão da DRJ por falta de apreciação dos argumentos e provas juntadas. De igual forma, sustenta a nulidade do Termo de Sujeição Passiva e do auto de infração, por violação ao devido processo legal, em razão de não ter sido intimado a prestar esclarecimentos ou documentação durante o procedimento fiscal. Defende a efetiva prestação de serviços por parte da Insert e alega inexistência de vínculo societário com a Quantia DTVM. Noticia que a gráfica emissora das notas fiscais encontrase ativa e com sede no estado do Rio de Janeiro, bem assim sustenta que o fato de seus parentes serem empregados da Quantia DTVM, da qual ele próprio foi empregado, não é causa suficiente para ensejar sua responsabilização como sócio de fato. Entende inaplicável o art. 124, inciso I, do CTN e artigos 986, 987 e 990 do Código Civil ao caso concreto e tece considerações sobre a responsabilidade tributária. Defende ainda a efetiva prestação de serviços; pugna pela improcedência das glosas de despesas; impossibilidade de glosa total ou quase total das despesas e obrigatoriedade do arbitramento do lucro; impossibilidade de exigência de IR Fonte sobre pagamentos sem causa em virtude da glosa de despesas; inexigibilidade da multa qualificada por ausência de fraude ou conluio; descabimento da multa isolada sobre as estimativas mensais após o encerramento do ano calendário e, por fim, ilegalidade da multa isolada cumulada com a multa de ofício e da incidência de juros de mora sobre as multa de oficio e isolada; Bassit Agente Autônomo de Investimentos LTDA suscita preliminarmente nulidade do acórdão da DRJ por cerceamento de defesa sob a alegação de que a instância a quo não teria apreciado as alegações da impugnante. Pede, no mérito, improcedência do termo de sujeição passiva solidária; ausência de interesse econômico e jurídico da recorrente; tece considerações sobre a solidariedade tributária; aduz que a solidariedade não é aplicável às penalidades; pugna pela improcedência das glosas e reconhecimento da efetiva prestação de serviços; impossibilidade de glosa total ou quase total das despesas e obrigatoriedade do arbitramento do lucro; impossibilidade de exigência de IR Fonte sobre pagamentos sem causa em virtude da glosa de despesas; inexigibilidade da multa qualificada por ausência de fraude ou conluio; descabimento da multa isolada sobre as estimativas mensais após o encerramento do ano calendário e, por fim, ilegalidade da multa isolada cumulada com a multa de ofício e da incidência de juros de mora sobre as multa de oficio e isolada; Massa Falida da Quantia DTVM, seguindo idêntica defesa das demais recorrentes, suscita preliminarmente nulidade do acórdão DRJ por cerceamento de defesa sob a alegação de que a instância a quo não teria apreciado a contento as alegações da impugnante. Pede, no mérito, pugna pela improcedência das glosas e reconhecimento da efetiva prestação de serviços; impossibilidade de glosa total ou quase total das despesas e obrigatoriedade do arbitramento do lucro; erros de apuração no IR Fonte; inexigibilidade da multa qualificada por Fl. 10298DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.299 26 ausência de fraude ou conluio; descabimento da multa isolada sobre as estimativas mensais após o encerramento do ano calendário e, por fim, ilegalidade da multa isolada cumulada com a multa de ofício e da incidência de juros de mora sobre as multa de oficio e isolada; Valdor Faccio, por sua vez, apresentou petição às fls. 10218/10219 requerendo sua exclusão do polo passivo alegando que a Quantia DTVM teve sua falência decretada em 08/10/2013 pelo juízo falimentar, momento em que foi nomeado administrador judicial. Assim, afirma que os fatos geradores dos presentes autos seriam anteriores ao seu ingresso na administração da massa falida, bem como afirma inexistir termo de sujeição passiva lavrado em seu desfavor. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional contrarrazões de fls. 1022810271 pugnando pela manutenção da exigência e e dos coobrigados no polo passivo da obrigação. É o relatório. Fl. 10299DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.300 27 Voto Vencido Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE Os recursos voluntários são tempestivos e preenchem os demais pressupostos de admissibilidade. Deles, portanto, conheço. Relativamente à petição apresentada por Valdor Faccio analisarei em ponto específico deste voto. 2 PRELIMINAR DE NULIDADE Alegam os coobrigados que o Termo de Sujeição e os autos de infração lavrados seriam nulos por violação ao art. 5°, LV, da CF, pois nenhum deles teriam sido intimados a prestar esclarecimentos ou documentação durante o procedimento fiscal. Entendo não lhes assistir razão. De acordo com o art. 17 do Decreto nº 70.235/72, a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento, iniciandose, a partir daí, o processo propriamente dito, com direito à ampla defesa e ao contraditório, institutos não aplicáveis durante o procedimento fiscal, exceto quando a lei expressamente o determina (como no caso das omissões de receitas com base em depósitos bancários, em que o art. 42 da Lei nº 9.430/96 exige a intimação prévia do contribuinte para ele identifique a origem dos depósitos bancários antes de que sejam considerados como receitas/rendimentos omitidos). No que diz respeito à suposta nulidade do acórdão da decisão de primeira instância sob o fundamento de cerceamento de defesa devido à falta de apreciação das alegações dos Recorrentes, outra sorte não lhes assiste. Como bem asseverou a PGFN em suas contrarrazões: A questão da análise da prova que fundamenta o auto de infração consubstancia o próprio mérito da demanda que se será melhor detalhada no decorrer desta peça, máxime diante da longa e robusta cadeia probatória trazida pela fiscalização. Como se verá adiante, o trabalho fiscal está pautado em forte conjunto probatório que demonstram de forma cabal o controle gerencial e o liame jurídico dos responsáveis tributários, ora recorrentes, bem como a ausência de demonstração da ocorrência da prestação de serviço de intermediação financeira. Ademais, a descrição do fato típico, a indicação dos sujeitos passivos e responsáveis, bem como a indicação da base legal e a fundamentação jurídica pertinente foram realizadas com plenitude, não restando nenhuma deficiência. Verificase, pois, que a descrição pormenorizada dos fatos, bem assim os fundamentos legais que sustentam a constituição da exação estão Fl. 10300DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.301 28 precisamente explicitados, não restando evidenciado situação de prejuízo ao direito de defesa a ensejar a decretação de nulidade do processo. Com efeito, nos termos da jurisprudência desta Câmara Superior de Recursos Fiscais registrese que “Não existe prejuízo à defesa quando os fatos narrados e fartamente documentados nos autos amoldamse perfeitamente às infrações imputadas à empresa fiscalizada. Não há nulidade sem prejuízo” (Acórdão: CSRF/02 02.301) Ressaltese ainda que os pressupostos legais para a validade do auto de infração são determinados pelo art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, que trata do Processo Administrativo Fiscal, a seguir transcrito: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 (trinta) dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. A respeito da nulidade, o mesmo diploma legal assim dispõe: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1.º. A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2.º. Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3.º. Quando puder decidir o mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Acrescido pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. (grifo nosso) Fl. 10301DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.302 29 Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Compulsando os autos, constatase que os autos de infração lavrados preenchem os requisitos elencados pelo art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972. Além disso, no caso concreto, não há qualquer dúvida quanto à ausência de prejuízo ao contribuinte e aos coobrigados, tanto que, já em sede de impugnação defenderam se plenamente, despendendo com clareza e qualidade, todos os argumentos necessários ao pleno exercício de suas defesas. Nesse aspecto, frisese que a possibilidade de defesa foi amplamente viabilizada pelos detalhes da descrição dos fatos realizada pela autoridade fiscal e enquadramento legal utilizado nos autos de infração. Portanto, não há que se falar em cerceamento de defesa. Isso porque, não se constata qualquer prejuízo ao pleno exercício do contraditório e da ampla defesa por parte da Recorrente, aliás, prejuízo esse primordial à caracterização de nulidade, conforme apregoa o art. 60 do Decreto nº 70.235/72: “As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo”. Assim sendo, sob os aspectos formais, não há qualquer mácula no auto de infração lavrado. No que atine às questões que envolvem os demais princípios constitucionais e inconstitucionalidade de leis apontadas pela Recorrente, seu mérito não pode ser analisado por este Colegiado. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. Devese observar que as supostas ofensas aos princípios constitucionais levam a discussão para além das possibilidades de juízo desta autoridade. No âmbito do procedimento administrativo tributário, cabe, tão somente, verificar se o ato praticado pelo agente do fisco está, ou não, conforme à lei, sem emitir juízo de constitucionalidade das normas jurídicas que embasam aquele ato. Ademais, o próprio Regimento Interno do CARF, em seu art. 62, dispõe que “Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” O caso concreto não se enquadra nas exceções elencada no parágrafo único de tal dispositivo regimental, portanto, as normas atacadas são de aplicação cogente aos membros do CARF. Por fim, sobre a matéria este Conselho já pacificou seu entendimento por meio da Súmula nº 2, cujo teor é o seguinte: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em relação aos argumentos sobre confisco, esclareçase, ainda, que a vedação à utilização de tributo com efeito de confisco, preceituada pelo art. 150, IV, da Constituição da República Federativa do Brasil não se destina aos aplicadores da Lei, mas sim ao Poder Legislativo, que deve tomar em consideração tal preceito quando da elaboração das leis. Fl. 10302DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.303 30 No mais, o agir da autoridade fiscal se deu no desempenho das funções estatais, de acordo com as normas legais e com respeito a todas as garantias constitucionais e legais dirigidas aos contribuintes. Assim sendo, voto por não conhecer das questões atinentes à constitucionalidade de leis e rejeitar as arguições de nulidade do lançamento e da decisão de primeira instância. 3 MÉRITO 3.1 GLOSAS DE DESPESAS E FALTA DE PROVAS DA REALIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA – FRAUDE E PAGAMENTOS SEM CAUSA A matéria não é nova no âmbito do CARF, pois a própria Recorrente (Quantia) já foi objeto de outras autuações e julgamentos relacionados à mesma matéria nos processos nº 16327.001811/200760 e 16327.001809/200791, ambos com crédito tributário mantido integralmente. Vejase a ementa de tais julgados, na parte a que interessa ao presente caso: Número do Processo 16327.001809/200791 Acórdão 130100224 [...] IRPJ CSLL GLOSA DE DESPESAS PAGAMENTOS SEM CAUSA. Deve ser mantida a glosa de despesas quando não há qualquer comprovação nem detalhamento que possa atestar a efetiva realização dos alegados serviços, contratados a terceiros, de intermediação na compra e venda de títulos do mercado financeiro. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE PAGAMENTOS SEM COMPROVAÇÃO DA OPERAÇÃO OU DE SUA CAUSA Deve ser mantida a exigência quando resta comprovada a existência de pagamentos feitos pela pessoa jurídica, mas inexiste qualquer comprovação nem detalhamento que possa atestar a efetiva realização dos alegados serviços, contratados a terceiros, de intermediação na compra e venda de títulos do mercado financeiro. MULTA QUALIFICADA DOCUMENTOS INIDÔNEOS. Deve ser mantida a multa aplicada no percentual de 150% quando inexiste qualquer comprovação acerca da efetiva prestação dos serviços alegados e, além disso, o conjunto das diligências empreendidas pelo Fisco nas empresas supostamente prestadores dos serviços demonstra, entre outras circunstâncias, empresas e sócios não localizados em seus endereços cadastrais e empresas que se declaravam inativas no período em que teriam prestado os serviços, levando à conclusão da utilização, pela autuada, de documentos ideologicamente falsos. Número do Processo 16327.001811/200760 Fl. 10303DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.304 31 Acórdão 130100226 COFINS. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. Deve ser mantida a glosa de despesas que reduziram as bases de cálculo da COFINS de instituição financeira quando não há qualquer comprovação nem detalhamento que possa atestar a efetiva prestação dos alegados serviços de intermediação financeira, contratados a terceiros. Além disso, o conjunto das diligências empreendidas pelo Fisco nas empresas supostamente prestadores dos serviços demonstra, entre outras circunstâncias, empresas e sócios não localizados em seus endereços cadastrais e empresas que se declaravam inativas no período em que teriam prestado os serviços, levando à conclusão da utilização, pela autuada, de documentos ideologicamente falsos. [...] MULTA QUALIFICADA. DOCUMENTOS INIDÔNEOS. Deve ser mantida a multa aplicada no percentual de 150% quando inexiste qualquer comprovação acerca da efetiva prestação dos serviços alegados e, além disso, o conjunto das diligências empreendidas pelo Fisco nas empresas supostamente prestadores dos serviços demonstra, entre outras circunstâncias, empresas e sócios não localizados em seus endereços cadastrais e empresas que se declaravam inativas no período em que teriam prestado os serviços, levando à conclusão da utilização, pela autuada, de documentos ideologicamente falsos. Compulsando os autos, concluo que na presente exigência repetemse os atos praticados pela Recorrente (Quantia), alterandose tão somente os pretensos prestadores de serviço. Assim sendo, por concordar integralmente com a análise dos fatos realizada pela PGFN, e a fim de evitar tautologia, valhome de seus argumentos, adotandoos como razões de decidir: O cerne da questão levantada pela fiscalização cingese à falta de demonstração das despesas operacionais declaradas na ficha 05 da DIPJ nos anos calendários 2009 e 2010. Intimada, a Quantia DTVM informou que se tratavam de serviços de intermediação financeira e, para tanto, apresentou contratos firmados com as corretoras Bassit, Speed Consultoria Empresarial Ltda, Insert e Caob Prestadora de Serviços Ltda, além de notas fiscais e registros contábeis. Verificouse que as deduções da Quantia nos anos de 2009 e 2010 alcançaram, respectivamente, o anormal percentual de 95,60% e 95,18% da receita líquida, tendo como beneficiárias da prestação de serviço de corretagem a Bassit, Insert e Speed. Desse modo, a fiscalização preocupouse em ouvir os clientes da Bassit a fim de extrair detalhes dos negócios realizados. De forma surpreendente, os principais clientes, responsáveis por 30% e 50% do valor total das operações, respectivamente, Banco Panamericano e Multiner S/A afirmaram desconhecer Fl. 10304DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.305 32 e inexistir relacionamento ou contrato com a Bassit ou seu responsável o Sr. Muna Bassit (fls. 8653 e 8654). Em relação a outra prestadora Insert, constatouse que a gráfica emitente das notas ficais apresentadas, embora ativa no cadastro CNPJ, não possui localização comercial, não possui quadro societário registrado no referido cadastro e tampouco, bem como entregou DIPJ como sociedade inativa e não consta em DIRF como declarante ou beneficiaria. Diante desse quadro, os elementos evidenciam a inexistência de atividade, razão pela qual as notas fiscais foram consideradas inidôneas como elemento de prova. Ademais, mister esclarecer que a prestação do serviço de distribuição de títulos e valores mobiliários é exclusiva de distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM) ou por meio de agente autônomo registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) agindo no interesse de uma DTVM; bem como que constitui crime contra o mercado de capitais atuar como agente de investimento sem estar autorizado pela CVM (art. 27E da Lei 6.385/76, com redação dada pela Lei 10.303/2001). Transcrevo a legislação pertinente: Lei nº 4.728/65 Art. 11. Depende de prévia autorização do Banco Central, o funcionamento de sociedades ou firmas individuais que tenham por objeto a subscrição para revenda e a distribuição no mercado de títulos ou valôres mobiliários. Parágrafo único. Depende igualmente de aprovação pelo Banco Central: a) a modificação de contratos ou estatutos sociais das sociedades referidas neste artigo; b) a investidura de administradores, responsáveis ou prepostos das sociedades e emprêsas referidas neste artigo. Art. 12. Depende de prévio registro no Banco Central o funcionamento de sociedades que tenham por objeto qualquer atividade de intermediação na distribuição, ou colocação no mercado, de títulos ou valôres mobiliários. Lei nº 6.385/76 Art . 15. O sistema de distribuição de valores mobiliários compreende: I as instituições financeiras e demais sociedades que tenham por objeto distribuir emissão de valores mobiliários: a) como agentes da companhia emissora; b) por conta própria, subscrevendo ou comprando a emissão para a colocar no mercado; II as sociedades que tenham por objeto a compra de valores mobiliários em circulação no mercado, para os revender por conta própria; III as sociedades e os agentes autônomos que exerçam atividades de mediação na negociação de valores mobiliários, Fl. 10305DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.306 33 em bolsas de valores ou no mercado de balcão; IV as bolsas de valores. V entidades de mercado de balcão organizado. VI as corretoras de mercadorias, os operadores especiais e as Bolsas de Mercadorias e Futuros; e VII as entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários. (...) Art . 16. Depende de prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários o exercício das seguintes atividades: I distribuição de emissão no mercado (Art. 15, I); II compra de valores mobiliários para revendêlos por conta própria (Art. 15, II); III mediação ou corretagem de operações com valores mobiliários; e IV compensação e liquidação de operações com valores mobiliários. Parágrafo único. Só os agentes autônomos e as sociedades com registro na Comissão poderão exercer a atividade de mediação ou corretagem de valores mobiliários fora da bolsa. E diante dessas premissas, ratificando as irregularidades que se desenhavam diante da fiscalização, verificouse na Comissão de Valores Mobiliários – CVM que Bassit, Insert e Speed, bem como seus sócios, nunca estiveram cadastrados como agentes autônomos para o período de 2009 a 2010. Consultada formalmente, a CVM informou por meio do Ofício CVM/SMI/GME nº0076/2013, de 08/03/2013 (fls. 8381/8386), que: Fl. 10306DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.307 34 Fl. 10307DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.308 35 Logo, nunca estiveram autorizados a exercer atividade de agente autônomo de investimento, com possível sujeição, em tese, de crime contra o mercado de capitais. Por meio das GFIPs apresentadas, a fiscalização constatou ainda que Bassit e Speed não tinham funcionários. A Insert não apresentou GFIP. Importante mencionar ainda que Amarildo Monteiro era sócio majoritário da Insert e seus dois irmãos, seu pai e um sobrinho constavam como empregados da Quantia, no período de fiscalização (2009/2010). Outro forte indicativo da confusão patrimonial e de identidade de interesses entre as ora recorrentes foi a constatação de que a Quantia pagava diversas despesas da Insert, de Amarildo Monteiro e de seus parentes, tais como contas de aluguel, condomínio, luz, telefone, plano de saúde e móveis de escritório. Vejase o relato constante no Termo de Verificação Fiscal às fls. 8675 e 8676: Somase a isso o fato de que Quantia, Insert e Bassit tiveram suas DIPJs formuladas pelo mesmo escritório de Contabilidade. E assim, diante desse quadro, considerou a fiscalização indedutíveis as despesas a título de serviços de corretagem considerandose que os agentes autônomos de investimentos indicados acima não possuíam autorização e cadastro na Comissão de Valores Imobiliários; não restou demonstrado que os valores praticados de comissão estariam inseridos dentro da normalidade da Fl. 10308DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.309 36 prática do mercado e, por fim, ausência de documentação hábil a demonstrar a efetiva prestação de serviço. Cabe ressaltar ainda as inconsistências indicadas do confronto entre os valores informados na nota fiscal e aqueles constantes no Relatório de Operações apresentado pela Bassit e o Relatório do sistema Selic bem como ainda os valores depositados para esta no Banco Paulista. Dessa análise, concluise que “a conta foi feita de trás para frente”, ou seja, que no preenchimento da Nota Fiscal se calculou o valor do negócio a partir do valor repassado e não o contrário. Observese o relato do trabalho fiscal a esse respeito (fl. 8661): A fiscalização, em breve síntese, conclui que “a atividade operacional era exercida pela Quantia, a Bassit foi montada apenas para desviar os recursos tributáveis para terceiros ocultos, e o administrador de fato da Quantia era o Amarildo, cujos valores recebidos anualmente, correspondem a sua remuneração no negócio” (item 32.5, fl. 7678). Nos contratos firmados entre Quantia e Bassit, Insert e Speed, observase claramente a ausência de termos claros e precisos quanto à remuneração pela prestação do serviço. Em tom vago, ambos os contratos firmam que “o contratado fará jus ao recebimento de uma remuneração, que será ajustada com o contratante, a cada serviço que vier a ser por este solicitado” (fls. 8678/8680, itens 32 a 34). No tocante à dedutibilidade das despesas, convém ressaltar que foram apresentados notas fiscais, contratos e comprovantes de transferências bancárias (TED) referentes aos supostos pagamentos. Todavia, crucial lembrar que a mera apresentação de documentos formalmente hábeis não é assaz para justificar a dedução pretendida, considerandose que fazse necessário também a comprovação efetiva da realização dos serviços descritos. Esse é o entendimento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, conforme evidenciam os julgados abaixo: Fl. 10309DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.310 37 "CUSTOS DESPESAS OPERACIONAIS – ENCARGOS DEDUTIBILIDADE Somente são admissíveis como operacionais as despesas com prestação de serviços por terceiros, se atendidos os requisitas da necessidade, usualidade e normalidade dos mesmos, não bastando como elemento probante a apresentação de notas fiscais que não discriminam os serviços prestados, sendo indispensável a comprovação de que o dispêndio corresponde a contrapartida de algo recebido e que, por isso mesmo, torna o pagamento devido " (1° Conselho de Contribuintes, 1" Câmara, Acórdão 10193263, Sessão de 09/11/2000). "DESPESAS OPERACIONAIS DEDUTIBILIDADE Para que as despesas relativas à prestação de serviços sejam dedutíveis determinação do lucro real, não basta comprovar que foram elas contratadas, assumidas e pagas, tornandose necessário que se comprove que correspondem a serviços efetivamente prestados e que esses serviços eram necessários, normais e usuais na atividade da pessoa jurídica" (1° Conselho de Contribuintes, 5° Câmara, Acórdão 105 14407, Sessão de 12/05/2004). "SERVIÇOS DE TERCEIROS DEDUTIBILIDADE A dedutibilidade de despesas e custos operacionais, relativamente à prestação de serviços de terceiros, impõe a prova da sua admissibilidade como despesa usual normal ou necessária à atividade da empresa, bem como, a prova da efetiva realização dos serviços " (1 Conselho de Contribuintes, 5ª Câmara, Acórdão 10.513868, Sessão de 22/08/2002) E com o escopo de verificar a ocorrência efetiva desses serviços a fiscalização intimou as recorrentes por inúmeras vezes, solicitando esclarecimentos e demonstrações outras, além dos documentos apresentados, que evidenciassem a existência real dessas negociações tidas pelas recorrentes como “dinâmicas”, tais como correspondências, emails, relatórios, lista de clientes e registros de operações relacionados aos citados contratos, demonstrações de pagamentos de comissões e seu rateio, entre outros. No entanto, não houve nenhuma mudança no cenário jurídico que justificasse as deduções realizadas. Os documentos juntados pelos fiscalizados, definitivamente, não foram idôneos a demonstrar a efetiva realização das operações. E considerando que para a dedução de despesas é sempre necessária prova da prestação do serviço, não bastando meras notas fiscais com indícios de inidoneidade e documentos internos da sociedade, a glosa das despesas deve ser reputada como válida. Quanto à exigência de IRRF sobre pagamentos sem causa, uma vez constatado o efetivo pagamento das despesas ora glosadas, incide o disposto no 674 do RIR/99, com o reajustamento da base de cálculo prevista no art. 725 do RIR/99, ambos dispositivos transcritos a seguir: Fl. 10310DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.311 38 Art. 674. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61). § 1º A incidência prevista neste artigo aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 1º). § 2º Considerase vencido o imposto no dia do pagamento da referida importância (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 2º). § 3º O rendimento será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto (Lei nº 8.981, de 1995, art. 61, § 3º). Art. 725. Quando a fonte pagadora assumir o ônus do imposto devido pelo beneficiário, a importância paga, creditada, empregada, remetida ou entregue, será considerada líquida, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto, sobre o qual recairá o imposto, ressalvadas as hipóteses a que se referem os arts. 677 e 703, parágrafo único (Lei nº 4.154, de 1962, art. 5º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 63, § 2º). Assim, não há que se falar em dupla penalidade ou dupla tributação em razão de um único fato: a exigência de IRPJ e de CSLL se dá pela glosa das despesas inexistentes. Já a exigência do IRRF incide sobre pagamentos efetivamente realizados a beneficiário não identificado (caput do art. 674 do RIR/99) ou quando não for comprovada a operação ou a sua causa (§ 1º do art. 674 do RIR/99). Saliento que, caso não houvesse pagamento das despesas, estas ainda sim seriam glosadas, mantendose a exigência de IRPJ e de CSLL, não ocorrendo o mesmo em relação à exigência de IRRF, pois o fato gerador previsto em tal dispositivo não teria ocorrido, qual seja, o pagamento (sem causa ou a beneficiário não identificado). E de se registrar que o ilustre relator da decisão recorrida havia exonerado a parcela da exigência de IRRF atinente aos pagamentos realizados à Insert. Contudo, filiome ao entendimento esposado no voto condutor do aresto, o qual reproduzo com fulcro no § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99: Relativamente ao crédito tributário constituído, no valor de R$ 30.213.653,42 de IRPJ, R$ 18.128.192,05 de CSLL, R$ 63.998.407,11 de IRRF, todos acrescidos de multa de 150% e juros demora, e de Multas Isoladas de R$ 15.789.954,11 e R$ 9.064.096,04 por falta de recolhimento de IRPJ e CSLL, respectivamente, foi considerada improcedente pelo Relator original a parte do lançamento de IRRF referente aos pagamentos feitos à INSERT, sob a seguinte fundamentação (item R do voto vencido): “Como, no entender da Fiscalização, os recebimentos da Insert tiveram natureza de distribuição de lucros (§ 41.3 do TVF) – e não de pagamento sem causa – o lançamento de IRRF é improcedente na parte relativa às transferências em questão. ” Fl. 10311DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.312 39 É evidente que os pagamentos feitos pela QUANTIA à INSERT não têm natureza de distribuição de lucros da QUANTIA porque lucros a distribuir de uma empresa são os lucros disponíveis após a apuração do IRPJ e da CSLL, o que nada tem a ver com o caso presente, em que os valores pagos à INSERT são anteriores à apuração do IRPJ e da CSLL (ou seja, valores tributáveis), tendo sido considerados pela QUANTIA como despesas dedutíveis suas para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL. O parágrafo 41.3 não pode ser considerado isoladamente. Ele faz parte do TVF. Da leitura do TVF, o que se extrai, em síntese, é que a Autuante demonstra que os pagamentos feitos pela QUANTIA à BASSIT e a INSERT, a título de prestação de serviços, não poderiam ser considerados como despesas dedutíveis da QUANTIA, porque não foi comprovada a efetiva prestação dos serviços, de modo que a natureza deles era de pagamento sem causa (ou seja, não havia causa para que os pagamentos fossem feitos). Assim sendo, foi bem a Autuante ao tratar os pagamentos feitos à INSERT como pagamentos sem causa, de modo que o crédito tributário constituído deve ser mantido integralmente. No que diz respeito ao argumento de que o lucro deveria ter sido arbitrado, entendo não assistir razão aos Recorrentes. Isso porque, embora, de fato, tenha sido glosada a maior parte das despesas do contribuinte, a autoridade fiscal salientou que todas as demais despesas necessárias ao desempenho das atividades da pessoa jurídica foram mantidas. Nesse sentido, entendo perfeitas as considerações tecidas pela decisão recorrida, razão pela qual a transcrevo como fundamento de meu voto: Se uma pessoa jurídica atua num ramo de atividade em que certo tipo de despesa costuma ocorrer, não se chegará ao lucro real se todas as despesas daquela espécie forem glosadas, salvo exceções. Uma indústria, por exemplo, tem despesas com matérias primas, logo não é razoável glosar todas ou quase todas aquelas despesas, a menos que haja uma razão para isso. Uma glosa substancial poderia justificarse, digamos, se se provasse que a verdadeira despesa equivale a apenas 10% do valor contabilizado, pois houve superfaturamento na aquisição das matérias primas. No caso em apreço, a Quantia declarou nas fichas 06B das DIPJ 2010 e 2011 despesas totais de R$ 39.876.857,98 e R$ 84.576.961,21 (fls. 7856 e 7883/7884), de modo que teriam sido glosadas 94,2% e 98,5% das despesas de cada ano calendário, conforme tabela abaixo: Linha Descrição DIPJ 2010 DIPJ 2011 34 1. Despesas da atividade financeira 1.485.599,85 10.536,62 52 ou 54 (+) 2. Despesas operacionais 38.391.258,13 84.566.424,59 N/A (=) 3. Despesas totais 39.876.857,98 84.576.961,21 Fl. 10312DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.313 40 N/A 4. Despesas glosadas 37.561.530,37 83.293.083,27 N/A 5. (4)/(3) 94,2% 98,5% Como se mostrará mais adiante, os percentuais corretos não são aqueles, mas, mesmo que fossem, a Fiscalização justifica sua decisão mostrando que foram mantidas as despesas necessárias ao funcionamento da empresa, tais como: aluguel, condomínio, telefone, luz, IPTU, serviços de contabilidade, auditoria, advogados, compras diversas, salários de funcionários, impostos, FGTS, GPS, Internet, sistemas de informática e planos de saúde (fl. 8642). Conforme análise dos extratos bancários da Interessada, aquelas despesas foram pagas pela conta no Banco Bradesco, enquanto as glosas recaíram sobre despesas com comissões, realizadas pelo Banco Paulista. Como foram mantidas as despesas necessárias ao funcionamento da empresa, e afastadas despesas fictícias, as glosas cumpriram a função de corrigir a base de cálculo dos tributos, embora tenha recaído sobre um percentual aparentemente elevado das despesas. Contudo, devese destacar que as glosas não foram de fato tão abrangentes, com se passa a demonstrar. Na linha 14 das já citadas fichas 06B, foram declarados R$ 14.491.546,02 e R$ 16.843.212,80 a título de Lucros com Títulos de Renda Fixa, ou seja, Receitas com Títulos de Renda Fixa menos Despesas da mesma natureza, de modo que os totais apurados na tabela acima não englobam de fato todas as despesas. Nos esclarecimentos que prestou à Fiscalização, a Quantia usou como exemplo uma operação em que comprou títulos por R$ 3.818.998,83 e os revendeu por R$ 4.082.209,20 (fl. 906), tendo, portanto, um lucro de R$ 263.210,37. Como a Interessada considera que a despesa com a operação foi apenas o valor pago a título de comissão, R$ 259.000,00, toda a sua despesa teria sido glosada. Entretanto, a despesa foi de R$ 4.077.998,83 (=R$ 3.818.998,83 + R$ 259.000,00), de modo que a glosa representou 6,35% da despesa total (=R$ 259.000,00 / R$ 4.077.998,83). Num outro exemplo dado pela Interessada na mesma resposta (fl. 908), foi paga uma comissão de R$ 12.894,55 em razão de diversas operações em que se compraram e venderam títulos públicos. Novamente, se considerássemos como despesa apenas o valor pago a título de comissão, a glosa teria sido total. Contudo, observase que naquelas operações a Interessada teve um custo de R$ 2.550.328,71 (=R$ 335.105,78 + R$ 318.705,09 + R$ 303.953,50 + R$ 290.836,15 + R$ 279.103,28 + R$ 268.608,77 + R$ 259.169,49 + R$ 250.775,94 + R$ 244.070,71) para comprar os títulos, de forma que a glosa equivale de fato a 0,50% da despesa total (=R$ 12.894,55 / (R$ 12.894,55 + R$ 2.550.328,71)). Poderseia objetar que o custo de aquisição dos títulos não é despesa da Quantia, mas do cliente comprador, porque ela simplesmente presta um serviço. Contudo, essa alegação não procede porque confunde duas atividades da Interessada. Uma primeira, que representa apenas um serviço, consiste em Fl. 10313DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.314 41 assessorar o cliente que quer comprar ou vender seus títulos, colocandoo em contato com a contraparte do negócio. Assim, se o cliente comprador paga ao cliente vendedor o preço, e sobre este se calcula uma comissão, não há que se falar em despesa de aquisição do título pela Interessada. Por outro lado, nos exemplo citados acima, a Interessada atua de forma diversa, pois adquire o título do cliente vendedor, para revendêlo com lucro ao cliente comprador, e, dessa maneira, incorre numa despesa equivalente ao custo de aquisição do título. Outro aspecto que deve ser esclarecido é a relação entre fraude e arbitramento do lucro. Em geral, quando uma escrituração é fraudada, ela se torna imprestável para a apuração da base de cálculo, de modo que se deve arbitrar o lucro. Contudo, se a fraude recai sobre parte determinada da contabilidade, e esta pode ser isolada para restaurar a integridade da escrita, não há razão para o arbitramento. No caso em tela, a simulação circunscrevese às despesas com comissões, de modo que inexiste motivo para desconsiderar toda a escrituração e arbitrar o lucro. No que diz respeito à suposta contradição com o lançamento realizado em face de BASSIT AGENTE AUTÔNOMO DE INVESTIMENTOS LTDA por suposta omissão de receita, no bojo do processo nº 19515.720309/201451, entendo que deva ser discutido naqueles autos, uma vez que diante do forte conjunto probatório não há qualquer dúvida sobre a não realização das operações de intermediação financeira em questão. Assim sendo, voto por manter integralmente os tributos exigidos de ofício. 3.2 MULTA QUALIFICADA Alegam os Recorrentes que a penalidade aplicada deveria ser de 75% ao invés da multa qualificada de 150%, uma vez que a autoridade fiscal não teria comprovado a existência de sonegação, fraude ou conluio. Pois bem, a multa de 150% cominada está prevista no art. 44, inciso I, §1º, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007, tendo sido aplicada tendo em vista a ação dolosa do contribuinte tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal (fraude), bem como a ocorrência de conluio entre o contribuinte e os supostos prestadores de serviço. Para melhor entendimento, transcrevese, a seguir, o art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007: Art. 14. O art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação, transformandose as alíneas a, b e c do § 2o nos incisos I, II e III: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 10314DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.315 42 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [...] Como visto, nos termos do § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, só é admitida a aplicação da multa no percentual de 150%, nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, que assim dispõem: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente; Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Desse modo, a multa de 150% de que trata o parágrafo 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 (redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007), terá aplicação sempre que em procedimento fiscal constatarse a ocorrência de sonegação, fraude ou conluio. Fl. 10315DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.316 43 Vêse que, para enquadrar determinado ilícito fiscal nos dispositivos dessa lei, há necessidade que esteja caracterizado o dolo. O dolo, que se relaciona com a consciência e a vontade de agir, é elemento de todos os tipos penais de que trata a Lei nº 4.502, de 1964, ou seja, a vontade de praticar a conduta, para a subsequente obtenção do resultado. Deve ficar demonstrada que a conduta praticada teve o intuito consciente voltado a suprimir ou reduzir o pagamento do tributo ou contribuições devidos. No caso concreto, comprovouse à exaustão que as despesas glosadas não existiram, tendo o contribuinte agido dolosamente a fim de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, mediante a redução das bases de cálculo de IRPJ e de CSLL (fraude – art. 72 da Lei nº 4.502/64). A autoridade fiscal autuante ainda demonstrou o conluio existente entre a pessoa jurídica autuada e seus supostos prestadores de serviço (art. 73 da Lei nº 4.502/64). Esse "animus", vontade de querer o resultado, ou assumir o risco de produzi lo, ficou evidenciado e demonstrado nos autos, não podendo ser considerado mero erro de ordem material, sem a caracterização de qualquer intuito doloso. Há de se ressaltar que o contribuinte já havia sido autuado sobre práticas idênticas em períodos anteriores, e, após isso, ao invés de enquadrar seu comportamento a padrões éticos, preferiu trocar “os atores” envolvidos em sua operação fraudulenta, simplesmente alterando as pessoas jurídicas que supostamente lhe prestavam serviço. Se nos autos de infração iniciais a multa qualificada foi definitivamente mantida no âmbito deste Conselho, com mais motivo ainda se justifica no caso concreto após evidente prática reincidente por parte do autuado. Assim sendo, voto por manter a multa qualificada. 4 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Luciano Amaro define sujeito passivo como o devedor da obrigação tributária, isto é, a pessoa a quem compete o dever de prestar o objeto da obrigação tributária ao credor (sujeito ativo). Salienta ainda que o CTN distinguiu as obrigações tributárias entre principais e acessórias.4 Por sua vez, o art. 121 do CTN é cristalino ao estabelecer que sujeito passivo da obrigação tributária “é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária”.5 Ao comentar sobre o referido dispositivo, Maria Rita Ferragut anota que “sujeito passivo é aquele que figura no polo passivo da relação jurídica tributária, e não aquele que tem aptidão para suportar o ônus fiscal”. 6 Cabe observar que o art. 121 do CTN, em seus incisos I e II, define duas espécies de sujeito passivo, a saber: contribuinte, aquele que tem relação direta e pessoal com o 4 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. atual. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 289. 5 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. atual. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 289. 6 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária: Conceitos Fundamentais. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 9. Fl. 10316DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.317 44 fato gerador da obrigação principal, e responsável, aquele que, não tendo relação direta e pessoal com o fato jurídico, tem sua obrigação decorrente de disposição expressa de lei. Ferragut, discorrendo sobre os conceitos de contribuinte e responsável, anotou que contribuinte é a pessoa que realizou o fato jurídico tributário e que, cumulativamente, se encontra no polo passivo da relação obrigacional. Se uma das duas condições estiver ausente, ou o sujeito será o responsável, ou será o realizador do fato jurídico, mas não o contribuinte. Praticar o evento, portanto, é condição necessária para essa qualificação, mas insuficiente.7 Para Luciano Amaro, contribuinte é aquele que realiza o fato gerador da obrigação tributária principal. Salienta, entretanto, não ser essa uma definição precisa, uma vez que em diversas oportunidades o fato gerador tem origem na situação na qual o contribuinte se encontra, ou com a qual se relaciona, ou seja, não possui relação com qualquer ato do contribuinte.8 De maneira sucinta e direta Ricardo Lobo Torres define contribuinte como “o sujeito passivo que realiza o fato gerador da obrigação tributária” e responsável como “aquele que, não sendo contribuinte, deve pagar o tributo por determinação expressa da lei”.9 Acrescenta ainda que ao contribuinte cabe o débito (dever de prestação e responsabilidade) enquanto ao responsável impõese apenas a responsabilidade. Ressalta ainda que com o fato gerador surge a obrigação do contribuinte enquanto o ônus do responsável advém da concretização do pressuposto fático fixado em lei.10 O termo responsabilidade, em sentido amplo, possui estreita ligação com o direito civil, em especial com o direito das obrigações. Karl Larenz aduz que a possibilidade de o devedor responder, em regra, com seu patrimônio perante o credor surgiu de longa evolução do direito de obrigações e do direito de execução.11 A obrigação, em sentido técnico, tem origem em uma relação jurídica entre duas ou mais partes, na qual o polo ativo (credor) passa a ter o direito de exigir do polo passivo (devedor) uma prestação, ou, de modo contrário, o devedor passa a ter obrigação de determinado comportamento ou conduta para com o credor.12 No bojo dessa relação jurídica obrigacional, temse como elemento necessário o denominado vínculo. Este pode se originar de inúmeras fontes e obriga o devedor a cumprir determinada prestação para com o credor. Subdividese em débito (prestação a ser 7 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária: Conceitos Fundamentais. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 10. 8 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. atual. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 291. 9 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 16. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2009, p. 256. 10 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 16. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2009, p. 256. 11 LARENZ, 1958, apud GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. Vol. II. 6. ed. rev. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 35. 12 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. Vol. II. 6. ed. rev. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 22. Fl. 10317DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.318 45 cumprida conforme pactuado) e responsabilidade (o direito de o credor exigir o cumprimento da obrigação quando não satisfeita a prestação, podendo esta exigência incidir, inclusive, sobre os bens do devedor). Segundo Gonçalves A responsabilidade é, assim, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. Podese, pois, afirmar que a relação obrigacional tem por fim precípuo a prestação devida e, secundariamente, a sujeição do patrimônio do devedor que não a satisfaz.13 No âmbito da responsabilidade civil e tributária, a sujeição tem como limite o patrimônio do responsável, ainda que não seja este, necessariamente, o infrator da norma de conduta desrespeitada. Já o termo responsabilidade tributária, em sentido ainda amplo, é entendido como a sujeição do patrimônio de uma pessoa, física ou jurídica, ao cumprimento de obrigação tributária inadimplida por outrem. Assim, podese afirmar que “responsabilidade tributária” possui conceito próximo a “sujeição passiva tributária”, porém, ressaltese que há diferenças entre estes conceitos: enquanto a sujeição tributária nasce a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, a responsabilidade exsurge somente se a pretensão tributária tornarse exigível, ou nas palavras de Luciano Amaro, “a presença do responsável como devedor na obrigação tributária traduz uma modificação subjetiva no polo passivo da obrigação, na posição que, naturalmente, seria ocupada pela figura do contribuinte”.14 É importante distinguir a responsabilidade tributária da responsabilidade civil. Esta advém da prática de ato ilícito lato sensu causador de dano a terceiro, sobrevindo a obrigação de indenizar, enquanto aquela, em que pesem algumas hipóteses de surgimento a partir de atos ilícitos (artigos 134, 135 e 137 do CTN), possui também como propulsor atos lícitos.15 Assim discorre Maria Rita Ferragut sobre a responsabilidade: É a ocorrência de um fato qualquer, lícito ou ilícito (morte, fusão, excesso de poderes etc.), e não tipificado como fato jurídico tributário, que autoriza a constituição da relação jurídica entre o Estadocredor e o responsável, relação essa que deve pressupor a existência do fato jurídico tributário.16 Ao ponderar sobre a matéria, Marcos Vinícius Neder anota que a responsabilidade tributária tem respaldo no CTN, o qual consagra normas gerais sobre sujeição passiva de tal forma a redirecionar a responsabilidade pela dívida tributária do contribuinte para um terceiro, facilitando e tornando mais efetivo o trabalho dos órgãos da administração 13 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. Vol. II. 6. ed. rev. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 35. 14 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. atual. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 295. 15 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária: Conceitos Fundamentais. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 11. 16 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária: Conceitos Fundamentais. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 11. Fl. 10318DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.319 46 tributária17, e afirma que a “lei tributária autoriza ao Fisco incluir terceira pessoa, distinta da que pratica o fato jurídico tributário, no polo passivo da obrigação tributária como responsável pelo pagamento do crédito tributário”.18 O artigo 124, I, do CTN, relaciona como solidariamente obrigadas as pessoas que possuam interesse comum no acontecimento factual que dá origem ao crédito tributário. Paulo de Barros Carvalho considera que o referido “interesse comum dos participantes no acontecimento factual não representa um dado satisfatório para a definição do vínculo da solidariedade.”19 Salienta ainda que o referido conceito pode ser aceito nas hipóteses de inexistência de bilateralidade no cerne do fato tributário, como, por exemplo, em relação aos inúmeros proprietários de um mesmo imóvel, relativamente ao IPTU devido. Já nas hipóteses em que existam propósitos antagônicos entre as partes, a solidariedade, em função do interesse comum, se dá entre os sujeitos que compõem um mesmo polo da relação, desde que seja este o alvo eleito pela lei como responsável pelo ônus do tributo devido. 20 Há algumas distinções entre o conceito de solidariedade utilizado no Direito Tributário e no Direito Civil: neste há a concorrência, em uma mesma obrigação, de mais de um devedor ou credor, cabendo a cada um o direito ou obrigação relativamente à totalidade da dívida; já naquele a solidariedade advém de situações nas quais mais de um sujeito concorre na hipótese que configura o fato gerador da obrigação principal (CTN, art. 124, I) ou, relativamente ao responsável, a solidariedade provém de disposição expressa de lei (CTN, art. 124, II).21 Luciano Amaro, por sua vez, salienta que no direito privado a solidariedade decorre da lei (solidariedade legal) ou da vontade das partes (solidariedade convencional). Subdividese em solidariedade ativa na hipótese de, em uma mesma obrigação, coexistirem diversos credores legitimados individualmente a exigirem a integralidade da dívida e solidariedade passiva em caso de existência de multiplicidade de devedores, cada qual obrigado em relação ao total da dívida. 22 Em relação ao tema, Luciano Amaro conclui que a solidariedade tributária tem origem única e exclusivamente em lei.23 Paulo de Barros Carvalho afirma: [...] solidariedade, mesmo, haverá tãosomente na circunstância de existir uma relação jurídica obrigacional, em que dois ou mais sujeitos de direito se encontram compelidos a satisfazer a integridade da prestação. Ali, onde encontrarmos duas relações, entretecidas por preceitos de lei, para a segurança do adimplemento prestacional de uma delas, não teremos, a bem do rigor 17 NEDER, MARCOS Vinícius. Solidariedade de Direito e de Fato – Reflexões acerca de seu Conceito. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 28. 18 NEDER, MARCOS Vinícius. Solidariedade de Direito e de Fato – Reflexões acerca de seu Conceito. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 28. 19 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 349. 20 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 349. 21 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 16. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2009, , p. 256257. 22 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. atual. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 305306. 23 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. atual. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 305306. Fl. 10319DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.320 47 jurídico, o laço de solidariedade que prende os sujeitos passivos. [...] Nosso entendimento é no sentido de que as relações jurídicas integradas por sujeitos passivos alheios ao fato tributado apresentam a natureza de sanções administrativas.24 No entender de Luciano Amaro a fixação do terceiro como responsável tributário parte do pressuposto de que este esteja vinculado com o fato gerador (CTN, art. 128), havendo necessidade de diferenciar as hipóteses em que há interesse comum no fato gerador (dispensando previsão legal de responsabilidade de terceiro) e os casos em que haja algum vínculo suficiente para eleição do responsável.25 O CTN contempla em seus artigos 128 a 138 os casos de responsabilidade tributária, assim distribuídos: I Disposição geral (art. 128); II Responsabilidade dos sucessores (arts. 129 a 133); III Responsabilidade de terceiros (art. 134 e 135) e IV Responsabilidade por infrações (arts. 136 a 138). Por muito bem analisar questões de direito e de fato atinentes aos autos, transcrevo o entendimento da PGFN em suas contrarrazões: De outro lado, em que pese prestigiar a autonomia patrimonial dos sócios em relação à sociedade, cabe asseverar que nosso ordenamento jurídico determina as hipóteses em que essa regra é flexibilizada. E desse modo, a título exemplificativo, o sócio responde ilimitadamente pelas obrigações contraídas pelas sociedades não personificadas (Código Civil, art. 990), pelas sociedades em nome coletivo (Código Civil, art. 1.039), bem como solidariamente pela integralização do capital das sociedades limitadas (Código Civil, art. 1.052). Não se confunde, entretanto, as hipóteses de flexibilização legal com a hipótese de desconsideração da personalidade jurídica de que trata comumente o art. 50 do Código Civil, a qual exige provimento jurisdicional para atingimento do patrimônio dos sócios diante da configuração de desvio de finalidade da sociedade ou confusão patrimonial dos sócios. Diferentemente, a flexibilização legal não decorre de manifestação judicial, mas sim, da própria lei, como no caso dos autos. No caso concreto, a imputação da responsabilidade aos sócios administradores não advém de qualquer provimento jurisdicional senão da 24 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 350351. 25 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. atual. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 307. Fl. 10320DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.321 48 própria lei. Nesse sentido, a autoridade fiscalizadora enumerou uma série de dispositivos legais para justificar a imputação. Da mesma forma, a responsabilidade da Bassit se infere da sua condição de interposta pessoa no esquema formado, considerandose principalmente que não recolhia nenhum tributo; sua receita era oriunda integralmente da Quantia; seu único sócio, Muna Bassit, não recebeu nenhuma renda ou lucros distribuídos pela Bassit; a movimentação financeira da Bassit é incompatível com seu patrimônio; não indicou os alegados terceiros com quem teria tido despesas; entre outros elementos trazidos aos autos. Ademais, constatouse no trabalho fiscal que a Quantia arcava com as despesas da Insert e de Amarildo Monteiro, bem como que os parentes deste último eram empregados da Quantia. Amarildo era, em verdade, o real beneficiário e sócio de fato da Quantia que, em conluio com os administradores desta, desviava irregularmente valores para a Insert. Frisese, aqui, que os administradores da Quantia e da Bassit, em conluio, perpetraram esquema fraudulento em que simulavam a prestação de serviços da Bassit com a finalidade de desviar recursos tributáveis e forjar dedutibilidade de despesas sem causa. Quanto aos atos de administração de Lauro Jose Senra Gouvea, configurouse a prática de atos com manifesta infração à lei por administrar instituição financeira sem autorização do Banco Central. Isso porque seus atos de gestão visavam desvios de receitas para terceiros, na forma de despesas com serviços, caracterizando fraude e excesso de poderes ao contrato social, posto que em 2009 e 2010 cumpria pena de inabilitação para administrar instituição financeira. Vide trecho do TVF: 41.3 Tendo em vista a configuração de fraude e conluio na transferência de receita da Quantia para a Bassit mascarado de despesa com serviço de terceiros e o pagamento de lucros ao Amarildo mascarado na forma de despesa com serviço de terceiros pagos à Insert, e ainda, considerando que o sócio com poderes de administração da Quantia, Lauro José Senra de Gouvêa, agiu com excesso de poder ao contrato, por administrar instituição financeira sem autorização do Banco Central, constitui situação prevista em lei para que as pessoas jurídicas e físicas envolvidas respondam solidariamente ao crédito tributário constituído juntamente com a Quantia, nos termos do previsto no art. 124, inciso I e art. 135, inciso III do CTN. Fl. 10321DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.322 49 Esses são apenas alguns elementos ilustrativos do controle gerencial exercido pelos responsáveis solidários indicados pela fiscalização, bem como o interesse comum nas atividades desempenhadas. Impende ressaltar que a fiscalização trouxe farto material probatório que demonstram a mera aparência de autonomia das sociedades envolvidas no grupo, o controle gerencial de fato, a confusão patrimonial e conluio e fraude na gestão societária. E assim, com relação ao correto enquadramento legal, temos que perfeitamente cabível à situação em tela a indicação do art. 124, I, cumulado com o art. 135, III, do CTN, para fundamentar a sujeição passiva da representante legal e do sócio de fato da sociedade. Dispõem: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III. os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Da leitura desses dispositivos podemos extrair que, quando duas ou mais pessoas estiverem ligadas por interesse comum ao fato gerador ou agirem com infração à lei darseá a solidariedade legal, o que ficou evidenciado nos autos, seja pelo interesse comum dos sócios ocultos nos resultados do empreendimento, seja por infração à lei. Comprovouse no caso o que se denomina de “solidariedade de fato” em virtude do interesse comum que as pessoas arroladas têm nos fatos geradores apurados pela fiscalização. Conhecida a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, cujo entendimento restringe a aplicação do art. 124, inciso I, do CTN, firmando que o interesse comum só ocorre se as empresas realizarem a mesma atividade (REsp 834.044). Exige, dessa forma, que o interesse comum reste demonstrado mediante um liame inequívoco entre as atividades Fl. 10322DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.323 50 desempenhadas pelos integrantes do grupo econômico, com mera aparência de unidades autônomas, quando, na verdade, a atuação das empresas é complementar; ou, no caso em que ficar caracterizada confusão patrimonial, vinculação gerencial, coincidência de sócios e administradores, enfim, em todos os casos em que há abuso da forma entre as empresas integrantes do agrupamento. Pois bem, conforme já relatado, é exatamente essa a situação retratada nos autos. Assim, podemos sintetizar a fraude, corroborada por elementos de prova contundentes, e a atribuição dos atores no esquema, em breve síntese, era a seguinte: • QUANTIA exercia a atividade operacional; , • BASSIT constituída para desviar os recursos da Quantia sob a falsa aparência de prestação de serviços de intermediação financeira; • AMARILDO MONTEIRO era o verdadeiro administrador de fato da QUANTIA, percebendo remuneração correspondente a receita anual; • LAURO GOUVEIA realizou atos de gestão com infração à lei por administração de instituição financeira sem autorização do Banco Central; A jurisprudência deste excelso Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF já enfrentou a questão inúmeras vezes e tem admitido a sujeição passiva dos administradores como responsáveis, quando demonstrado, como no presente caso, que se valeram da interposição fraudulenta de pessoas jurídicas para se beneficiarem ludibriando a exigência fiscal com nítido intuído de infração à lei: Acórdão CSRF/0105.543: “(...) RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA – INTERPOSTA PESSOA – SIMULAÇÃO. Comprovada a interposição fictícia de pessoa jurídica, deve o fisco exigir o imposto do beneficiário da renda tributável auferida em nome da empresa individual. O artigo 149 do CTN, VII, autoriza realizar o lançamento de ofício diretamente naquele que agiu com dolo, fraude ou simulação, afastandose os sujeitos aparentes, cuja constituição formal visava apenas ocultar os reais titulares da renda. Essa, aliás, é a também regra inscrita na Lei nº 9.430/96, art. 42, § 5º, que determina que, no caso de interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito bancário. Fl. 10323DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.324 51 SOCIEDADE DE FATO – evidenciada a existência de vários beneficiários do ilícito, organizados sobre a gerência do principal interessado, configurase a sociedade de fato e a imputação de responsabilidade tributária por força do interesse comum (art. 124, I, do CTN). (...)”. Acórdão n° 10196.145, 1ª Câmara, 1º Conselho RESPONSABILIDADE PESSOAL São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. A dissolução irregular da empresa acarreta a responsabilidade pessoal de que trata o art. 135 do CTN. Respondem pelo crédito tributário os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, pessoas físicas, acobertados por terceiras pessoas (laranjas") que apenas emprestavam o nome para que eles realizassem operações em nome da pessoa jurídica, da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas contascorrentes bancárias. Acórdão nº 10708.639 RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO SÓCIO DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO — PRATICA DE ATOS COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO À LEI — CTN, ART. 135 CONFIGURAÇÃO — Provado pela fiscalização nos autos do processo que os sócios agiram com excesso de poderes e/ou com infração à lei, a teor do art. 135 do CTN, ao lado da sociedade contribuinte dos tributos, são também responsáveis pelos créditos correspondentes. RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO — TERCEIROS — CTN, ART. 124, I CONFIGURAÇÃO Provado pela fiscalização nos autos do processo que juntamente com sócios que agiram com excesso de poderes e/ou com infração à lei, terceiros sem vínculo direto com a sociedade também se prestaram como veículo para a prática dos atos, ao lado da sociedade contribuinte dos tributos e dos sócios, a teor do disposto no art. 124, I, do CTN, são também responsáveis pelos créditos correspondentes. Fl. 10324DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.325 52 Acórdão nº 3302002.373, 3ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, 3ª Seção RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO. Caracterizado o interesse comum das pessoas jurídicas na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, e, por outro lado, havendo previsão legal que estabelece a obrigação solidária entre empresas integrantes de grupo econômico, correta a designação das pessoas jurídicas como sujeitos passivos solidários. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIO GERENTE. Somente nos casos em que restar comprovada a atuação com excesso de poder ou com infração a lei é possível responsabilizar o sócio pelos débitos da pessoa jurídica. Acórdão 20311329: Ementa RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. LARANJAS, TESTAS DEFERRO OU INTERPOSTAS PESSOAS. SOCIEDADE DE FATO. SOLIDARIEDADE. CTN, ART. 124, I. Comprovada a utilização de pessoa jurídica de modo fraudulento, por pessoas físicas e outra pessoa jurídica que dela se utilizaram como meio de fugirem da tributação, cabe responsabilizar, de modo solidário e sem benefício de ordem, todos os proprietários de fato, nos termos do art. 124, I, do CTN. Acórdão 10808467: “Ementa RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA demonstrado de forma inequívoca que a sociedade é formalmente constituída por interpostas pessoas e identificados os sócios de fato, devem os mesmos ser arrolados como responsáveis solidários pelo crédito tributário constituído a teor dos artigos 124, I e 135, III, do C.T.N. Recurso negado. Os acórdãos acima colacionados entenderam que demonstrada a interposição de pessoas na constituição da pessoa jurídica e sua utilização de modo fraudulento, cabível a inclusão dos sócios de fato na sujeição passiva do Fl. 10325DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.326 53 crédito tributário com fundamento nos arts. 124, I, e 135, III, do CTN como ocorreu no caso em debate. Imperioso mencionar que o STJ admite o chamamento do administrador à execução fiscal, com fulcro no art. 135, III, do CTN, sob a premissa de se tratar de uma responsabilidade por ato ilícito. [...] Isso posto, voto por manter a responsabilidade tributária atribuída a BASSIT (constituída para desviar os recursos da Quantia sob a falsa aparência de prestação de serviços de intermediação financeira), a AMARILDO MONTEIRO (verdadeiro administrador de fato da QUANTIA, percebendo remuneração correspondente a receita anual) e a LAURO GOUVEIA (realizou atos de gestão com infração à lei por administração de instituição financeira sem autorização do Banco Central). Contudo, no que atine VALDOR FACCIO, outro enfoque entendo que deva ser dado. Esse coobrigado era administrador da massa falida à época da lavratura do auto de infração, mas sem qualquer relação com a empresa à época dos fatos geradores, tendo sido responsabilizado pela autoridade fiscal autuante nos termos dos arts. 121, II, e 134, V, ambos do CTN. A decisão recorrida manteve a responsabilidade de VALDOR FACCIO nos seguintes termos: 51. Sobre a responsabilidade do síndico da massa falida, atualmente denominado administrador judicial, a jurisprudência do STJ pode ser representada pelas seguintes ementas: AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIZAÇÃO DO SÍNDICO DE MASSA FALIDA. ART. 134, V, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL, CONJUGADO COM ART. 4.º, § 1.º DA LEI DE EXECUÇÃO FISCAL. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A responsabilidade dos síndicos deve ficar limitada aos casos em que "antes de garantidos os créditos da Fazenda Pública, alienarem ou derem em garantia quaisquer dos bens administrados". Aplicação conjugada do art. 4.º, § 1.º da Lei de Execução Fiscal, ao art. 134, V, do CTN. 2. Ressalvados os ilícitos praticados no exercício da função. (...) (AgRg nos Edcl no AgRg no Resp nº 653.686, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 15/10/2009) FALIMENTAR. CONTINUAÇÃO PROVISÓRIA DA EMPRESA FALIDA. ORDEM JUDICIAL PARA RESTABELECIMENTO DA INSCRIÇÃO ESTADUAL FISCAL. POSSIBILIDADE. (...) 8. A responsabilidade pela regularidade das operações comerciais da massa falida não é dos antigos gestores, que teriam cometido os Fl. 10326DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.327 54 ilícitos listados pelo Estado, mas sim do administrador judicial indicado pelo juízo falimentar. Eventual inadimplência, inclusive no que se refere ao desrespeito às preferências do crédito tributário, poderá redundar em sua responsabilidade pessoal, nos termos dos arts. 134, V, e 135, I, do CTN. (...) (RMS nº 26.826, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 27/08/2009) 52. Na impossibilidade de se cobrar o crédito tributário do contribuinte, o administrador judicial responderá pelos atos em que intervier e pelas omissões de que for responsável, como, por exemplo, quando (i) aliena ou dá em garantia qualquer dos bens administrados, antes de garantidos os créditos da Fazenda Pública, ou (ii) desrespeita a ordem de preferências. 53. Como atualmente já existe a possibilidade de Valdor Faccio, na condição de administrador judicial da massa falida, vir a efetivamente responder pelo crédito lançado, ele deve ser mantido no pólo passivo para que se lhe garanta o direito a ampla defesa e contraditório. Com a devida vênia, discordo de tal entendimento. A responsabilidade atribuída ao administrador judicial da massa falida (“síndico” nos termos do inciso V do art. 134 do CTN) se aplica nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondendo solidariamente com este, contudo, somente nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis. Também poderia o administrador judicial ser responsabilizado com base no art. 135, I, do CTN pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Assim sendo, entendo que o administrador judicial não pode ser responsabilizado pelo não recolhimento de tributos relativos a fatos geradores ocorridos antes da decretação de falência da pessoa jurídica, pois simplesmente por não ser possível a ele atribuir intervenção em atos ou omissão por tal não recolhimento, tampouco ter praticado atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos em período que sequer respondia pela pessoa jurídica. Os exemplos citados pela decisão recorrida para, em tese, dar azo à responsabilidade subsidiária de que trata o art. 134, V, do CTN ((i) aliena ou dá em garantia qualquer dos bens administrados, antes de garantidos os créditos da Fazenda Pública, ou (ii) desrespeita a ordem de preferências), somente poderia ser aplicado caso os débitos em questão fossem exigíveis, o que não é o caso dos autos, por óbvio, em razão da suspensão da exigibilidade do crédito tributário em litígio. Isso não quer dizer que o administrador judicial não possa vir a ser responsabilizado nas hipóteses elencadas pela decisão recorrida, mas isso somente se tais fatos vierem a ocorrer e na hipótese de eventual execução fiscal. Querer responsabilizálo, desde o início do momento da lavratura do auto de infração, por fatos que não ocorreram, mas que, em tese, poderão a vir ocorrer, é algo que não se pode admitir, pois impõe uma sanção baseada em hipótese que pode vir a nunca ocorrer. Saliento que nem mesmo a PGFN chegou a abordar o caso de responsabilidade atribuída a Valmor Faccio em suas contrarrazões. Obviamente, não iria o Fl. 10327DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.328 55 ilustre Procurador da Fazenda fazer a defesa do coobrigado, contudo, aparentemente, não identificou matérias de direito que pudessem aplicar a essa hipótese. Por esses motivos, entendo que apesar de a petição apresentada por Valmor Faccio ter sido protocolada após o prazo legal para interposição de recurso voluntário, diante de ilegalidade tão gritante e identificada de antemão, é obrigação deste colegiado excluílo do polo passivo da obrigação tributária, uma vez que a atribuição de responsabilidade tributária a terceiro sem qualquer interesse comum no fato gerador e sem qualquer vínculo de fato ou de direito com o crédito tributário em litígio, a meu ver, deve ser tratado como matéria de ordem pública. Assim sendo, voto por excluir VALDOR FACCIO do polo passivo da obrigação tributária. 5 DA EXIGÊNCIA DE MULTAS ISOLADAS POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS DE IRPJ E CSLL Em razão da glosa de despesas, a Recorrente deixou de recolher valores a título de estimativas de IRPJ e CSLL, ensejando a exigência de multas isoladas. Há de separar a exigência em dois períodos distintos em razão da nova redação dada ao art. 44 da Lei nº 9.430/1996: o primeiro até o advento da Medida Provisória nº 351/2007 (convertida na Lei nº 11.488/2007) e o segundo após a edição de tal ato. Em relação à aplicação da multa isolada de forma concomitante com a multa de ofício, em que pese meu entendimento pessoal sobre a matéria, recentemente foi aprovada súmula impedindo tal cobrança quando baseada no art. 44, §1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/96, conforme se observa do enunciado nº 105 da Súmula CARF: "A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício." Com a edição da Medida Provisória nº 351/2007 em 22/01/2007, posteriormente convertida na Lei nº 11.488/2007, a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas de IRPJ e CSLL passou a ter novo regramento. A partir da estimativa devida referente ao mês de dezembro de 2006, cujo vencimento se deu em 31/01/2007, a penalidade isolada aplicada no lançamento de ofício encontrase prevista no art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação que lhe foi dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, não se aplicando, portanto, a Súmula CARF nº 105. Confirase a nova redação do dispositivo em questão: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Fl. 10328DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.329 56 II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. [....] As multas exigidas juntamente com o tributo ou isoladamente, como definidas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, vinculamse a infrações de natureza distinta. A Lei nº 9.430, de 1996, em seu art. 1º, estabeleceu como regra geral, a partir do mês de janeiro de 1997, a apuração do lucro real trimestral. Apenas por exceção a pessoa jurídica poderia optar pela apuração do lucro real anual, situação em que fica obrigada a efetuar os recolhimentos do IRPJ e da CSLL mensalmente, calculados por estimativa (artigo 2º). As bases de cálculo do IRPJ e da CSLL devidos mensalmente são determinadas por meio da aplicação, sobre a receita bruta do mês, de percentuais estabelecidos pelo artigo 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, de acordo com as atividades desenvolvidas pela pessoa jurídica. Consoante se verifica pela redação das normas transcritas, são essencialmente duas as penalidades previstas no art. 44 retrotranscrito (“serão aplicadas as seguintes multas”, “I...II”): uma, exigida juntamente com o tributo faltante, nas hipóteses de “de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata”. Essa penalidade está valorada em 75% “sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição”; outra, exigida de forma isolada, no percentual de 50%, na hipótese da falta recolhimento das estimativas mensais de IRPJ e da CSLL. É pertinente esclarecer que os recolhimentos efetuados mensalmente a título de estimativas (art. 2º, §§ 3º e 4º, da Lei nº 9.430, de 1996) não são definitivos, porquanto a apuração definitiva do tributo devido se dará somente ao final de cada anocalendário. Esse o motivo pelo qual a penalidade pelo inadimplemento dessa obrigação é denominada multa isolada, uma vez que pode ser exigida independentemente de haver ou não tributo devido ao final do período de apuração. E também não há qualquer correlação entre o valor do tributo devido ao final de apuração e a multa isolada: sua base de cálculo é o valor do pagamento mensal (estimativa) de IRPJ ou CSLL que deixar de ser recolhido. Diante dessas constatações, é imperioso concluir que as multas são distintas e autônomas. Isso decorre, acima de tudo, das evidentes diferenças que existem entre as hipóteses de incidência e os consequentes das normas punitivas. No IRPJ e na CSLL, observamos que os critérios material e temporal são completamente distintos. O tributo não pago, decorrente da existência de lucro apurado trimestralmente ou anualmente, submetese à multa do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, enquanto que a estimativa não recolhida, decorrente da existência de receita bruta mensal ou balanços de redução, submetese à multa do inciso II do dispositivo antes citado. Fl. 10329DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.330 57 No caso do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, a quantificação toma por base o tributo devido em função do lucro, fazendo incidir o percentual de 75% (regra geral passível de qualificação e agravamento §§ 1º e 2º do art. 44). No caso do inciso II, letra “b”, do dispositivo antes citado, a quantificação toma por base a estimativa apurada em função da receita bruta ou resultados mensais, fazendo incidir o percentual de 50% (regra geral não passível de qualificação ou agravamento). Como se pode observar, são duas normas distintas e autônomas, que punem, em diferentes graus, ilicitudes diversas. Alega a Recorrente que a aplicação da penalidade isolada, tal qual perpetrada no auto de infração, viola o princípio da legalidade. Aduz ainda que não se poderia aplicála após o encerramento do exercício, tampouco em concomitância com a multa de ofício de 75%. Cita diversos acórdãos do CARF que dariam guarida a sua tese. Não merecem prosperar os argumentos de defesa. Vejamos. Em primeiro lugar, conforme já transcrito, a penalidade isolada por ausência de recolhimento de estimativas mensais está prevista no art. 44, II, da Lei nº 9.430/96, não havendo que se falar em ofensa ao princípio da legalidade. Nesse sentido, também, não há ofensa ao art. 97, V, do CTN, uma vez que a multa em discussão foi instituída por lei. Em relação a não aplicabilidade das multas isoladas após o encerramento do exercício, implicaria ofensa à literalidade do art. 44, II, “b”, da Lei nº 9.430/96, dispositivo que prevê, de forma expressa, a aplicação da penalidade isolada “ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente”. Ora, se a própria norma prevê sua aplicação ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base negativa de CSLL, pressupõese, por óbvio, que o exercício já tenha sido encerrado, sem o que não se poderia falar em apuração do resultado do exercício. Podese concluir que o ordenamento jurídico protege, com a multa isolada, o fluxo financeiro advindo do pagamento mensal das estimativas. Ora, inexistindo penalidade pelo seu não recolhimento não haveria como obrigar o contribuinte a antecipar o tributo, e o pagamento das estimativas acabaria por se tornar mera faculdade do contribuinte, retirando da norma a sua força cogente, o que não se mostra razoável. Em relação às decisões colacionadas pela Recorrente, frisese que se baseiam na redação anterior do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Em que pese minha particular discordância com a interpretação do referido dispositivo dada pelos acórdãos em questão, não se pode olvidar que os argumentos utilizados não se amoldam a novel redação dada ao dispositivo pelo art. 14 da Lei nº 11.488/2007. Vejamos. Ao se comparar a alteração da redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, constatase que se buscou adequar o dispositivo à jurisprudência então dominante no CARF, mais precisamente a firmada em torno do entendimento do então Conselheiro e Presidente de Câmara José Clóvis Alves, que atacava a redação do caput do art. 44 da Lei nº 9.430/96 ("Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição..."), e também o fato da ocorrência de bis in idem, pois a "mesma" multa seria aplicada quando do lançamento de ofício do tributo (Acórdão CSRF 0105503 101134520). Na nova redação do citado artigo, o caput não mais faz Fl. 10330DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.331 58 referência à diferença de tributo (“Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas...”), sendo tal expressão utilizada somente no inciso I, que trata da multa de 75% aplicada sobre a diferença de tributo lançado de ofício. A referência à multa isolada agora é tratada em dispositivo específico (inciso II), com multa em percentual distinto da multa de ofício (esta é de 75%, e aquela de 50%). Vêse, assim, que a nova multa isolada é aplicada, em percentual próprio, sobre o valor do pagamento mensal que deixou de ser efetuado a título de estimativa, não mais se falando em diferença sobre tributo que deixou de ser recolhido. De qualquer modo, quer pela redação anterior do art. 44 da Lei nº 9.430/96, quer pela atual, entendo que as multas isoladas devem ser mantidas, ainda que aplicadas em concomitância com as multas de ofício pela ausência de recolhimento/pagamento de tributo apurado de forma definitiva. Tal conclusão decorre da constatação de se tratarem de penalidades distintas, com origem em fatos geradores e períodos de apuração diversos, e ainda aplicadas sobre bases de cálculos diferenciadas. A legislação, em nenhum momento, vedou a aplicação concomitante das penalidades em comento. Isso posto, voto por manter a exigência das multas isoladas. 6 DA INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Por fim, alegam os Recorrentes que a cobrança de juros sobre a multa de ofício seria ilegal. Observase, inicialmente, que a questão tem sido objeto intenso debate pela Câmara Superior, haja vista que, num lapso de poucos meses, ocorreram votações em sentidos opostos, ambos decididos por maioria apertada de votos, como se verifica dos acórdãos n° 910100539, de 11/03/2010, e n° 910100.722, de 08/11/2010. Abstraindose de argumentos finalísticos, como o enriquecimento ilícito do Estado, os quais fogem à alçada deste tribunal administrativo, conforme determina a Súmula CARF n° 2, expõese os fundamentos considerados suficientes para justificar a cobrança nos presentes autos, com espelho no acórdão n° 910100539, de 11/03/2010, de lavra da Conselheira Viviane Vidal Wagner: O conceito de crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto tributo quanto penalidade pecuniária. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito". Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: Fl. 10331DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.332 59 "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional)." A obrigação tributária principal referente à multa de ofício, a partir do lançamento, convertese em crédito tributário, consoante previsão do art. 113, §1°, do CTN: Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. (destacouse) A obrigação principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida "juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago''" (§1°). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tornandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. Fl. 10332DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.333 60 A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, , compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art.950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61). §1°A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61, §1°). §2°O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei n°9.430, de 1996, art. 61, §2°). §3°A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. Fl. 10333DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.334 61 A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou a Câmara Superior de Recursos Fiscais quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA MULTA DE OFÍCIO OBRIGAÇÃO PRINICIPAL A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Cabe referir, ainda, a Súmula Carf n° 5: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." Diante da previsão contida no parágrafo único do art. 161 do CTN, buscase na legislação ordinária a norma complementar que preveja a correção dos débitos para com a União. Para esse fim, a partir de abril de 1995, temse a taxa Selic, instituída pela Lei n° 9.065, de 1995. No âmbito do Poder Judiciário, a jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança do crédito tributário, como se vê no exemplo abaixo: REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL2008/02395728 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃOOCORRÊNCIA. LANÇAMENTO. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. É infundada a alegação de nulidade por maltrato ao art. 535 do Código de Processo Civil, quanto o recorrente busca tãosomente rediscutir as razões do julgado. Fl. 10334DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.335 62 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte e na falta de pagamento da exação no vencimento, a inscrição em dívida ativa independe de procedimento administrativo. 3. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07). No âmbito administrativo, a incidência da taxa de juros Selic sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal foi pacificada com a edição da Súmula CARF n° 4, de observância obrigatória pelo colegiado, por força de norma regimental (art. 72 do RICARF), nos seguintes termos: Súmula CARF n° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. No que se refere ao período de 01/01/1995 a 31/12/1996, sustentam alguns que o Parecer MF/SRF/Cosit nº 28/98 teria deixado claro não ser exigível a incidência de juros sobre a multa de ofício tendo em vista as disposições do inciso I, do art. 84, da Lei nº 8.981/95. O mencionado Parecer, ainda que conclua pela incidência dos juros sobre a multa de ofício para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, de fato manifestase nos termos dessa tese. Entretanto, constatase que o referido Ato Administrativo não levou em consideração a alteração legislativa trazida pela MP nº 1.110, de 30/08/95, que acrescentou o § 8º ao art. 84, da Lei 8.981/95, e que estendeu os efeitos do disposto no caput aos demais créditos da Fazenda Nacional cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da Procuradoria da Fazenda Nacional. Cumpre esclarecer ainda que as três turmas da Câmara Superior, em decisões recentes, vêm confirmando a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício (Acórdãos 9101001.863, 9202003.150 e 9303002.400). Por fim, corroborando o aqui exposto, o STJ vem firmando entendimento no mesmo sentido, entendendo que os juros moratórios incidem sobre a multa de ofício, conforme se observa na ementa a seguir reproduzida: DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. Precedentes citados: REsp 1.129.990 Fl. 10335DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.336 63 PR, DJe 14/9/2009, e REsp 834.681MG, DJe 2/6/2010. AgRg no REsp 1.335.688PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012. Ressaltase ainda que, em recentes julgados o STJ decidiu que, no âmbito do parcelamento especial previsto na Lei nº 11.941/2009, as remissões previstas em tal dispositivo legal para as multas de mora e de ofício não autorizam aplicações de reduções superiores às fixadas na mesma lei (45%) para os juros de mora incidentes sobre tais penalidades, ou seja, visto sob outro enfoque, reafirmouse o entendimento de que incidem juros moratórios sobre as multas de mora e de ofício. Tal exegese pode ser observada no REsp 1.492.246/RS (Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, segunda turma, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015) e no REsp 1.510.603–CE (Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/08/2015), em relação ao qual transcrevese a seguir sua ementa: TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO. 11.941/2009. REMISSÃO DE MULTA EM 100%. DESINFLUÊNCIA NA APURAÇÃO DOS JUROS DE MORA. PARCELAS DISTINTAS. PRECEDENTE. 1. "Em se tratando de remissão, não há qualquer indicativo na Lei n. 11.941/2009 que permita concluir que a redução de 100% (cem por cento) das multas de mora e de ofício estabelecida no art. 1º, §3º, I, da referida lei implique uma redução superior à de 45% (quarenta e cinco por cento) dos juros de mora estabelecida nos mesmo inciso, para atingir uma remissão completa da rubrica de juros (remissão de 100% de juros de mora), como quer o contribuinte " (REsp 1.492.246/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015.). 2. Consequentemente, a Lei n. 11.941/2009 tratou cada parcela componente do crédito tributário (principal, multas, juros de mora e encargos) de forma distinta, de modo que a redução percentual dos juros moratórios incide sobre as multas tão somente após a apuração atualizada desta rubrica (multa). Recurso especial provido. REsp 1.510.603–CE, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/08/2015. Isso posto, voto por manter tal exigência. Fl. 10336DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.337 64 7 CONCLUSÃO Isso posto, voto por rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, negar provimento aos recursos voluntários do contribuinte e dos coobrigados, exceto quanto a Valdor Faccio, excluído do polo passivo da obrigação tributária. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 10337DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.338 65 Voto Vencedor Conselheiro Leonardo de Andrade Couto Minha divergência do I. Relator prendese exclusivamente na questão da responsabilidade imputada ao coobrigado VALDOR FACCIO. Registrese que tal discordância não envolve o mérito da responsabilização em si, mas sim o conhecimento do recurso. Isso porque, conforme reconhecido pelo voto condutor, a petição apresentada por aquele responsável acolhida como recurso voluntário foi protocolizada após o decurso do prazo legal. A meu ver, tal circunstância não pode ser relativizada sob pena de desmoralização da legislação processual. No caso, o Relator manifestou indignação com o que seria a total ausência de motivos que justificasse a imputação da responsabilidade entendendo que nesse aspecto a matéria deveria ser tratada como de ordem pública, o que implicaria no conhecimento do pleito mesmo caracterizada a intempestividade. Vêse que tratar a questão como matéria de ordem pública teve como base não questões de direito mas sim uma valoração subjetiva do que seria a injustiça decorrente da responsabilização. Sem embargo da louvável preocupação do I. Relator, não se pode olvidar do risco inerente a tal procedimento pois daria respaldo ao descumprimento da legislação processual com base em juízos ao sabor das convicções individuais. Sendo assim, considerando a intempestividade da peça de defesa, voto por não conhecer do recurso voluntário do coobrigado VALDOR FACCIO. É como voto. Leonardo de Andrade Couto Redator Designado Fl. 10338DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO Processo nº 16327.721256/201334 Acórdão n.º 1402002.210 S1C4T2 Fl. 10.339 66 Fl. 10339DF CARF MF Impresso em 25/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 22/07/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIV EIRA PINTO
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Numero do processo: 11128.009690/2008-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 18/08/2008
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.
Recurso Especial Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.637
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 96 90 /2 00 8- 16 Fl. 195DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.009690/200816 Acórdão n.º 9303003.637 CSRF‐T3 Fl. 196 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801003.291, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa em comento. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e o contribuinte apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.551, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.004458/201015, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.551): "O recurso é tempestivo e, ao contrário do alegado pelo sujeito passivo em suas contrarrazões, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser admitido. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.009690/200816 Acórdão n.º 9303003.637 CSRF‐T3 Fl. 197 3 De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, como dito anteriormente, são, exatamente, as mesmas, a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima, que não faz qualquer distinção se o transporte é marítimo ou aéreo. O dispositivo legal interpretado é, absolutamente, idêntico, mas os resultados dos julgamentos foram distintos. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese ainda que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Importante frisar que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Atendido, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.009690/200816 Acórdão n.º 9303003.637 CSRF‐T3 Fl. 198 4 Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.009690/200816 Acórdão n.º 9303003.637 CSRF‐T3 Fl. 199 5 Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 199DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.009690/200816 Acórdão n.º 9303003.637 CSRF‐T3 Fl. 200 6 natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. Fl. 200DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.009690/200816 Acórdão n.º 9303003.637 CSRF‐T3 Fl. 201 7 De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 201DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.009690/200816 Acórdão n.º 9303003.637 CSRF‐T3 Fl. 202 8 Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11128.009690/200816 Acórdão n.º 9303003.637 CSRF‐T3 Fl. 203 9 Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 203DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/05/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10715.000027/2010-80
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/2006 a 24/02/2006
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA.
Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito.
Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/02/2006 a 24/02/2006
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.739
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/02/2006 a 24/02/2006 ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/02/2006 a 24/02/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2414; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 254 1 253 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10715.000027/201080 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303003.739 – 3ª Turma Sessão de 26 de abril de 2016 Matéria Denuncia espontânea multa por atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado UNITED AIR LINES INC ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2006 a 24/02/2006 ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/02/2006 a 24/02/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 00 27 /2 01 0- 80 Fl. 254DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000027/201080 Acórdão n.º 9303003.739 CSRFT3 Fl. 255 2 advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente HENRIQUE PINHEIRO TORRES Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige do contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801005.350, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa acima citada. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350/2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida e o sujeito passivo apresentou Contrarrazões. É o relatório, em síntese. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000027/201080 Acórdão n.º 9303003.739 CSRFT3 Fl. 256 3 Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.553, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.000019/201033 , paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.553): "O recurso é tempestivo e, como será demonstrado linhas abaixo, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser conhecido. De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma nº 3802001.128, de 28/06/2012, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, são as mesmas, a saber: a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Mais uma vez, ressaltese que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Frisese que, tanto no paradigma quanto no recorrido, enfrentouse a aplicação da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras relativas ao descumprimento do Fl. 256DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000027/201080 Acórdão n.º 9303003.739 CSRFT3 Fl. 257 4 prazo estabelecido para prestar as informações, a que alude o dispositivo legal acima transcrito, sendo que, no paradigma, afastouse a possibilidade de aplicação da denúncia espontânea a esse tipo de infração. Para tanto, o Colegiado buscou arrimo no Código Tributário Nacional, desprezando, completamente, em seus fundamentos, a novel legislação. Já no acórdão recorrido, tanto o CTN quanto a nova redação do § 2º do art. 102 do Decreto Lei 37/1966 foram utilizados para arrazoar a decisão que aplicou a denúncia espontânea à infração aqui sob exame. Todavia, o fato de o paradigma não ter consignado, em seus fundamentos, a alteração do § 2º do DL 37/66, ocorrida em 2010, não impede a configuração do dissenso, pois não são os fundamentos adotados pelo colegiado que configuram a divergência. No caso, diante de uma mesma penalidade e de julgamentos com resultados opostos (do recorrido e do paradigma), ambos realizados na vigência dos mesmos dispositivos legais, entendo presentes os requisitos necessários à comprovação da divergência jurisprudencial. Atendidos, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000027/201080 Acórdão n.º 9303003.739 CSRFT3 Fl. 258 5 O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Fl. 258DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000027/201080 Acórdão n.º 9303003.739 CSRFT3 Fl. 259 6 e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 259DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000027/201080 Acórdão n.º 9303003.739 CSRFT3 Fl. 260 7 infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá Fl. 260DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000027/201080 Acórdão n.º 9303003.739 CSRFT3 Fl. 261 8 mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 261DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000027/201080 Acórdão n.º 9303003.739 CSRFT3 Fl. 262 9 [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 262DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 19515.721637/2011-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007, 2008
NULIDADE. QUEBRA DE SIGILO. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Carece competência ao Colegiado para apreciar alegação de nulidade da quebra de sigilo, quando assentada em suposta inconstitucionalidade de lei.
TERMO DE INÍCIO. CIÊNCIA VIA POSTAL. RECEPÇÃO POR PORTEIRO NO DOMICÍLIO FISCAL DO CONTRIBUINTE. SÚMULA CARF Nº 9.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DOAÇÃO COMO ORIGEM DE RECURSOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA.
A alegação de que o acréscimo patrimonial a descoberto foi parcialmente embasado em recursos provenientes de doação fenece face à ausência de prova da ocorrência desse negócio jurídico, sequer informado na respectiva Declaração de Ajuste Anual.
REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PARA INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO. INEXISTÊNCIA DE ILICITUDE.
A requisição do Ministério Público Federal para fins de instauração de procedimento administrativo tem supedâneo no art. 129, inciso VI da Constituição Federal, e nos arts. 7º e 8º da LC nº 75/93, não havendo assim ilicitude em ação fiscal nela motivada, mormente quando as provas carreadas no processo se originaram da atuação da autoridade lançadora.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.005
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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QUEBRA DE SIGILO. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Carece competência ao Colegiado para apreciar alegação de nulidade da quebra de sigilo, quando assentada em suposta inconstitucionalidade de lei. TERMO DE INÍCIO. CIÊNCIA VIA POSTAL. RECEPÇÃO POR PORTEIRO NO DOMICÍLIO FISCAL DO CONTRIBUINTE. SÚMULA CARF Nº 9. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DOAÇÃO COMO ORIGEM DE RECURSOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA. A alegação de que o acréscimo patrimonial a descoberto foi parcialmente embasado em recursos provenientes de doação fenece face à ausência de prova da ocorrência desse negócio jurídico, sequer informado na respectiva Declaração de Ajuste Anual. REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PARA INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO. INEXISTÊNCIA DE ILICITUDE. A requisição do Ministério Público Federal para fins de instauração de procedimento administrativo tem supedâneo no art. 129, inciso VI da Constituição Federal, e nos arts. 7º e 8º da LC nº 75/93, não havendo assim ilicitude em ação fiscal nela motivada, mormente quando as provas carreadas no processo se originaram da atuação da autoridade lançadora. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 16 37 /2 01 1- 22 Fl. 468DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 469DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 19515.721637/201122 Acórdão n.º 2402005.005 S2C4T2 Fl. 469 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) DRJ/SP1, que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no valor total de R$ 347.649,69 relativo aos anoscalendário 2007 e 2008. A autuação decorreu da constatação de acréscimo patrimonial a descoberto, tendo em vista o excesso de aplicações, consubstanciadas em gastos com cartões de crédito, não respaldado por rendimentos declarados ou comprovados. Também constam nos autos lançamento de imposto sobre o ganho de capital na alienação de imóvel nesses anos. A instância recorrida bem descreve e sumariza os termos do procedimento fiscal e da impugnação vertida, nos trechos do relatório que aqui reproduzo com a devida vênia: De acordo com o Termo de Constatação Fiscal, o contribuinte foi cientificado do início da Ação Fiscal em 30/11/2010, conforme correspondência de fls. 06, ocasião em que foi regularmente intimado a apresentar os documentos especificados no referido termo. O contribuinte teria apresentado documentos em 16 e 29 de dezembro e alguns esclarecimentos que, depois de analisados e confrontados com informações do contribuinte, foram então solicitados novos documentos e esclarecimentos que foram encaminhados em 31/01/2011 e complementados em 11/02/2011 que, também depois de análise resultou na intimação para apresentação de novas informações e esclarecimentos relativos aos dispêndios com cartão de crédito. Com as informações então recebidas em 11/03/2011, o fiscal elaborou demonstrativo que denominou variação patrimonial /fluxo financeiro mensal e encaminhou ao contribuinte para indicar as origens dos recursos aplicados. Em resposta, o contribuinte teria reiterado o recebimento de doação de seu pai em 2007 e 2008 aduzindo que seria esta a origem dos recursos, além disso, teria também apresentado comprovante do recebimento, em 02/04/2008, de parte da alienação de um imóvel que teria ocorrido em agosto de 2007. O fiscal informa ter feito correções no demonstrativo e novamente submetido ao contribuinte com prazo para manifestação o qual, depois de um pedido de prorrogação, indagou sobre análise de Declarações retificadoras que teriam sido enviadas em 01/12/2010. Tais retificadoras, tanto do contribuinte quanto de seu pai, teriam informações acerca dos recebimentos das doações entre eles e ainda informe sobre venda de jóias e obras de arte. As declarações retificadoras foram desconsideradas por terem sido enviadas depois do início da fiscalização. Por outro lado, não teriam sido apresentados documentos que comprovassem as referidas operações. Consta nos itens 2 e 3, fls. 346/348 dos autos, uma relação de documentos gerados nos sistemas internos da Receita Federal e outros apresentados pelo contribuinte. O auditor fiscal também relaciona neste item, os documentos que Fl. 470DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 teriam sido deixados de apresentar, seriam comprovantes mensais de pagamento de cartões de crédito e das doações que teria recebido de seu pai. Diante da não apresentação dos documentos relativos aos cartões de crédito, foi emitida Requisição de Movimentação Financeira nos termos indicados nos autos. Depois de analisadas as informações, foram elaborados os demonstrativos de movimentação financeira com apuração mensal dos gastos realizados sem comprovação da origem dos recursos com as considerações constantes às fls. 356/359. A autoridade administrativa reporta ainda infração de não recolhimento de imposto de renda incidente sobre ganhos de capital nas alienações de bens imóveis conforme documentos apresentados. Assim foi lavrado o presente auto de infração do qual foi cientificado o sujeito passivo que apresentou impugnação nos termos de fls. 383/399, na qual, depois de resumir os fatos, alega que a correspondência entregue ao porteiro do condomínio onde mora em 30/11/2010, somente lhe teria sido entregue em 02/12/2010, assim pretende que seja considerada a retificação enviada em 01/12/2010. Prosseguindo em seu arrazoado, afirma que não há exigência de formalidade para doação de bens móveis e ainda, que no caso de bens imóveis, a escritura pública é essencial para transferências de bens com valor superior a trinta salários mínimos. Suscita ainda, nulidade do presente feito por quebra de sigilo fiscal referente aos extratos bancários utilizados sem ordem judicial. Ao final requer também que sejam consideradas a intimação em 02/12/2010 e aceitação das doações declaradas e as retificações que teriam sido enviadas de forma espontânea antes da ciência da ação fiscal. Quanto aos ganhos de capital informa que teria efetuado o recolhimento e junta documentos aos autos. No julgamento de primeiro grau a autuação foi mantida, sendo então prolatado o acórdão assim ementado: CIÊNCIA DA AÇÃO FISCAL. Considerase feita a intimação por via postal com a prova do recebimento da correspondência no domicílio fiscal informado pelo contribuinte. Art.23 do Decreto 70.235/72. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO. A retificação da Declaração de Ajuste Anual só é admissível se ocorrer antes do início do procedimento fiscal. O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores Art. 7º, § 1º, do Decreto 70.235/72 e Art. 147, § 2º do CTN. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Está sujeita à tributação a variação patrimonial apurada, não justificada por rendimentos declarados/comprovados, por caracterizar omissão de rendimentos. Lei 7.713/88, art. 1º, 2º, 3º e §§. SIGILO BANCÁRIO. Fl. 471DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 19515.721637/201122 Acórdão n.º 2402005.005 S2C4T2 Fl. 470 5 Permanecem protegidas por sigilo, nos termos do artigo 198 do Código Tributário Nacional, as informações obtidas mediante procedimento de fiscalização, nos termos do artigo 1º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2.001, não configurando violação. O contribuinte interpôs recurso voluntário em 21/5/2014, aduzindo, em síntese, que: somente teve ciência da intimação em 2/12/2010, o que pode ser comprovado ouvindose o porteiro em diligência, entendendo que a Súmula CARF nº 9 só seria aplicável às pessoas jurídicas; é inexigível formalidade para doação de bens móveis, segundo o art. 541 do Código Civil; foi ilegal a quebra de seu sigilo bancário pelo Fisco sem autorização judicial; o procedimento fiscal foi instaurado por requisição do Ministério Público Federal através do Ofício nº. PR/SPGABPR20JRPO000370/2010, que anexa, e que as DIRPFs que instruíam essa requisição "foram obtidas diretamente pelo Ministério Público Federal junto à Receita Federal, consubstanciandose em provas ilícitas", assim o procedimento fiscal com base nelas instaurado estaria contaminado, devendo ser extinto. Ao final, requer a consideração da citação pessoal como ocorrida somente em 2/12/2012, a nulidade do auto de infração por quebra de sigilo fiscal sem ordem judicial, a aceitação das doações declaradas e das DIRPFs retificadoras entregues, e a realização de diligência para a oitiva do porteiro ou verificação da procedimento interno do condomínio. É o relatório. Fl. 472DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Registrese que a irresignação voltase, exclusivamente, contra a infração de acréscimo patrimonial a descoberto, tendo restado incontroversa a infração de omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em reais. Tratase, em suma, de recurso parcial contra o lançamento. Da nulidade. O recorrente pugna pela anulação do lançamento, sob o entendimento de que a quebra do sigilo bancário realizada pela fiscalização com base no art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, violou seu direito constitucional à privacidade, o qual tem amparo nos incisos X e XII da Constituição Federal. Tais argumentos devem ser afastados de plano, por atraírem a incidência do art. 26A do Decreto nº 70.235/72, e da Súmula CARF nº 2, esta por força do art. 72 do RICARF (Regimento Interno do CARF, Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015): Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Há que se observar que as disposições do inciso I do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 e do art. 62 do RICARF demandam, para que possa ser afastada a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, que esta tenha sido reconhecida por decisão definitiva do STF. Nesse sentido, somente os precedentes formados em controle de constitucionalidade concentrado, ou cujo julgamento tenha sido realizado em observância do rito do art. 543B do Código de Processo Civil têm o condão de serem qualificados como decisão plenária definitiva do STF. Não por outro motivo o § 2º do art. 62 do RICARF prevê que decisões formadas sob o citado rito são de observância obrigatória para os membros do CARF. Expliquese, ainda, que o art. 21 do Código Civil, mencionado pelo contribuinte, não tem como preponderar frente ao disposto no art. 6º da Lei Complementar nº 105/01, sob quaisquer critérios, seja o cronológico, ou hierárquico ou mesmo de especialidade. Do termo de início, da diligência pleiteada e das retificadoras. O contribuinte foi cientificado do início do procedimento em seu domicílio fiscal no dia 30/11/2010, conforme cabalmente comprovado pelos documentos de fls. 4/6, sendo a ciência postal faculdade conferida por lei à administração tributária federal. Façase a ressalva de que inexiste ordem de preferência relativamente à ciência pessoal, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 473DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 19515.721637/201122 Acórdão n.º 2402005.005 S2C4T2 Fl. 471 7 Eventuais percalços ocorridos no trâmite entre a recepção da correspondência pelo porteiro do condomínio, e a sua entrega ao autuado, não interferem na consumação dos efeitos legais da intimação, mormente quando não restam comprovados documentalmente. Nesse sentido, descabida a realização de diligência para oitiva do porteiro, funcionário do condomínio, pois tratase, afinal, de assunto de âmbito interno desse que não influencia na cogência das normas justributárias, tanto mais quando alegadamente respaldada em prova de cunho testemunhal. Surpreende, também, que o interessado demande a verificação do procedimento interno do condomínio, quando caberia a ele trazer, se lhe aprouvesse, a respectiva convenção para fins de amparar seus argumentos. No caso focado, aliás, resta clara a incidência da Súmula CARF nº 9, de aplicação vinculada para as Turmas componentes desta órgão consoante o precitado art. 72 do RICARF: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Anotese que dentre os precedentes que ampararam a consolidação dessa Súmula há 4 (quatro) acórdãos tratando de contribuintes pessoas físicas, a saber os de nos 203 06545, 10614266, 10420468 e 10246574, não havendo suporte, assim, para a tese do recorrente de que tal enunciado sumular seria aplicável somente às pessoas jurídicas. O entendimento mais recente do poder judicante não destoa das considerações ora tecidas, de acordo com o ilustrado pelas decisões da 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos REsp nº 1.197.906/RJ (j. 12/9/2012) e nº 754.210 (DJe de 24/9/2008), e da 2ª Turma desse sodalício no REsp nº 1.029.153 (DJe de 5/5/2008), disponíveis na rede mundial de computadores (internet). Constatado então que o contribuinte recebeu o Termo de Início de Fiscalização em 30/11/2010, não mais estava ele ao abrigo da espontaneidade quando da entrega em 1º/12/2010 das DIRPFs retificadoras relativas aos anoscalendário 2007 e 2008 (fls. 57/74), por força dos ditames do art. 138 do Código Tributário Nacional e do art. 7º, §§ 1º e 2º do Decreto nº 70.235/72. Tais retificadoras não produzem, em decorrência, quaisquer efeitos no que concerne ao presente processo administrativo. Das doações. O recorrente afirma, com base no art. 108 do Código Civil, que "não é necessário escritura pública para ocorrer a doação de bem MÓVEL". A questão ora em litígio, não é essa, contudo. Conforme refere a autoridade lançadora (fls. 353/354), Quanto à comprovação do recebimento dos valores, o contribuinte foi intimado, através do Termo de 06/01/2011, a apresentar documentação como depósitos bancários ou documento de transferência (“DOC”) das doações recebidas. Em resposta à referida intimação o contribuinte informou, no item 11 dos esclarecimentos prestados em 31/01/2011, que “não houve nenhuma formalidade Fl. 474DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 8 para as doações, as quais foram feitas em moeda corrente do país ao longo dos anos, sem doc, Ted ou qualquer outro documento bancário” (sic). (...) Considerandose que não foram apresentados documentos hábeis que demonstrassem o recebimento da doação, ela não foi considerada como origem de recursos nos Demonstrativos elaborados. Inexiste, assim, não só escritura pública, mas qualquer documento contemporâneo aos fatos examinados que ateste a existência das aventadas operações. Foi apresentada apenas declaração firmada pelo pai do autuado, a qual faz referência a doações supostamente acontecidas no curso dos anoscalendário 2006 a 2009 (fl. 107). Tal "Termo Particular de Doação" foi lavrado em 6/12/2010, ou seja, posteriormente ao início da fiscalização, sendo apto, na prática, tão somente a comprovar a declaração em si, mas não a veracidade das informações nele consignadas, a teor do disposto nos arts. 368 e 373 do Código de Processo Civil. Ademais, ainda que essas doações tivessem realmente ocorrido, deveria ter o contribuinte, por cautela, providenciado à ocasião escritura pública, ou ao menos instrumento particular consignandoas, registrandoas, ainda, perante oficial de notas, para fins de lhes conferir a devida publicidade hábil a gerar efeitos frente a terceiros, como prescreve o art. 221 do Código Civil. A propósito, não se pode negligenciar das regras contidas no art. 541 desse diploma: Art. 541. A doação farseá por escritura pública ou instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. Por outra via, deveria também ter ele informado tais negócios jurídicos em suas DIRPFs dos exercícios 2008 e 2009 entregues espontaneamente, o que não se verificou (fls. 44/56). Ou ainda, têlos efetuado mediante documentos bancários tais como cheques, transferências eletrônicas, etc., que permitissem aferir a sua efetividade. À evidência, na medida em que as aventadas doações tenham sido efetuadas mediante a entrega de dinheiro em espécie, como alegado, correu o contribuinte o risco de ficar em dificuldades para comprovar os fatos em questão, encargo que lhe incumbia. Por conseguinte, temse que o autuado não carreou aos autos elementos probatórios que permitissem confirmar a realização das doações que defende terem dado suporte ao seu acréscimo patrimonial. Da requisição do Ministério Público Federal. O contribuinte alega que o procedimento fiscal estaria maculado por ter sido instaurado por requisição do Ministério Público Federal através do Ofício nº. PR/SP GABPR20JRPO000370/2010, que anexa aos autos (fls. 459/460). Primeiramente, deve ser sublinhado que eventuais provas disponibilizadas pelo Ministério Público à Receita Federal do Brasil (RFB), com a requisição em comento, não podem ser consideradas ilícitas, dada a competência constitucional conferida àquela instituição Fl. 475DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 19515.721637/201122 Acórdão n.º 2402005.005 S2C4T2 Fl. 472 9 para realizar requisições de informações e documentos e até requisitar a instauração de procedimentos administrativos, com supedâneo no inciso VI do artigo 129 da Constituição Federal, e nos artigos 7° e 8º da Lei Complementar n° 75, de 20 de maio de 1993. Por outro lado, deve ser observado que evidência concreta alguma traz o recorrente de que a ação fiscal tenha se utilizado de prova trazida junto com a referida requisição para fins de constituição do crédito tributário. As DIRPFs por ele transmitidas constam, obviamente, da base de dados da RFB, e os elementos de prova carreados no bojo deste processo administrativo foram consequência do minudente trabalho realizado pela autoridade lançadora. Sem razão o contribuinte, assim, também sob esse prisma. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 476DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 29/02/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 26/02/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON
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Numero do processo: 13982.001048/2010-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009
CUSTOS E DESPESAS. COMPRAS DE MERCADORIAS. COMPROVAÇÃO.
O registro da compra de mercadorias no Livro de Entradas mesmo acompanhado dos respectivos pagamentos, não demonstra a efetividade da operação se desacompanhado da prova da efetiva circulação do bem adquirido inclusive, se for o caso, a posterior saída com apropriação da receita correspondente.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA.
Correta a qualificação da multa quando o sujeito passivo registra custos ou despesas sem comprovação da efetiva ocorrência da transação a eles referente.
MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. FATOS GERADORES ATÉ MAIO/2007.
A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. (Súmula CARF nº 101).
MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL. CONCOMITÂNCIA. INAPLICABILIDADE.
É inaplicável a multa isolada por falta de recolhimento das estimativas quando há concomitância com a multa de oficio proporcional sobre o tributo devido no ajuste anual, mesmo após a vigência da nova redação do art. 44 da Lei 9.430/1996 dada pela Lei 11.488/2007.
Numero da decisão: 1402-002.049
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para ajustar a base tributável com utilização de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL, conforme diligência de fls. 1155/1165 e cancelar a exigência da multa isolada. Vencidos em relação à multa isolada os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Leonardo de Andrade Couto que votaram por cancelar essa exigência apenas para os fatos geradores ocorridos até dezembro/2006. Designado o Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar para redigir o voto vencedor em relação à essa matéria.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente e Relator.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O procedimento fiscal tem natureza inquisitorial na fase de coleta das informações e documentos que firmam o convencimento da autoridade lançadora. Apenas quando da formalização do lançamento perfazse a necessidade de ciência da interessada. Descabida a arguição de preterição do direito de defesa se a autuada foi devidamente cientificada da autuação e dos documentos que a embasaram , o que possibilitou o pleno conhecimento do contexto em que se deu a formalização da exigência. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 CUSTOS E DESPESAS. COMPRAS DE MERCADORIAS. COMPROVAÇÃO. O registro da compra de mercadorias no Livro de Entradas mesmo acompanhado dos respectivos pagamentos, não demonstra a efetividade da operação se desacompanhado da prova da efetiva circulação do bem adquirido inclusive, se for o caso, a posterior saída com apropriação da receita correspondente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 2. 00 10 48 /2 01 0- 51 Fl. 1499DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO 2 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Correta a qualificação da multa quando o sujeito passivo registra custos ou despesas sem comprovação da efetiva ocorrência da transação a eles referente. MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. FATOS GERADORES ATÉ MAIO/2007. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. (Súmula CARF nº 101). MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL. CONCOMITÂNCIA. INAPLICABILIDADE. É inaplicável a multa isolada por falta de recolhimento das estimativas quando há concomitância com a multa de oficio proporcional sobre o tributo devido no ajuste anual, mesmo após a vigência da nova redação do art. 44 da Lei 9.430/1996 dada pela Lei 11.488/2007. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para ajustar a base tributável com utilização de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL, conforme diligência de fls. 1155/1165 e cancelar a exigência da multa isolada. Vencidos em relação à multa isolada os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Leonardo de Andrade Couto que votaram por cancelar essa exigência apenas para os fatos geradores ocorridos até dezembro/2006. Designado o Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar para redigir o voto vencedor em relação à essa matéria. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO – Presidente e Relator. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR – Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 1500DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 13982.001048/201051 Acórdão n.º 1402002.049 S1C4T2 Fl. 1.500 3 Relatório Trata o presente de autos de infração do IRPJ e da CSLL para cobrança desses tributos nos anoscalendário de 2004 a 2009 nos valores de R$ 2.324.042,68 e R$ 939.002,71; respectivamente, aí incluídos juros de mora e multa de ofício aplicada no percentual de 150%. Além disso, é exigida multa de ofício na modalidade isolada no montante de R$ 368.957,76; como decorrência do não recolhimento de parcela do imposto e da contribuição devidos a título de estimativas ao longo do período sob exame. A autuação decorre da glosa de custos pela ausência de comprovação das operações de compra de mercadorias junto à empresa TOZZO & CIA LTDA. registradas em notas fiscais tidas como inidôneas. O procedimento iniciouse a partir de documentação disponibilizada ao Fisco por meio de autorização judicial contendo elementos obtidos em cumprimento a mandado de busca e apreensão no fornecedor supra identificado com indicação do que seria um esquema fraudulento de venda de mercadorias sem nota fiscal bem como emissão de documento fiscal sem que a operação mercantil nele indicada tenha ocorrido. O sujeito passivo teria sido beneficiário dessa segunda modalidade de fraude, fato confirmado pela autoridade fiscal após intimar a interessada para comprovar a entrada das mercadorias e receber em resposta que o recebimento das mercadorias se daria por meio do livro de registro de entradas além do que os pagamentos seriam realizados exclusivamente em moeda corrente. Acrescenta a autoridade que não foi apresentando nenhum comprovante de pagamento e nem qualquer documento relativo ao frete. Foi imputada a multa qualificada, tendo em vista que o registro de operações inexistentes configuraria o evidente intuito de fraude. Em impugnação contra o feito a interessada alega, em apertada síntese: A ocorrência da decadência em relação aos fatos geradores ocorridos anteriormente a outubro de 2005; A nulidade dos lançamentos por cerceamento do direito de defesa, pois somente teve acesso às provas utilizadas pela Fiscalização após o lançamento fiscal, quando o prazo de impugnação já estava em curso; A impossibilidade de utilização da prova emprestada sob o argumento de que prova colhida em processo do qual não participou tem força probatória meramente indiciária e que depoimentos tomados sem a presença da autoridade judiciária não é prova capaz de elidir a presunção de efetividade das operações instrumentadas por notas fiscais; A regularidade das operações de aquisições cujos valores foram glosados, tendo em vista que registrou todas as notas fiscais em seus livros contábeis e fiscais Fl. 1501DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO 4 as quais foram levadas a efeito para apuração das contribuições sociais apuradas, foram emitidas na forma prevista na legislação tributária, não havendo nestas nenhuma irregularidade, ou mesmo declaração de inidoneidade em procedimento próprio. A fiscalização não levou em consideração a compensação de prejuízos fiscais acumulados devidamente indicados na escrituração da empresa.; Seria incabível a imputação da multa qualificada com base em meros indícios; e: Não caberia a multa aplicada na modalidade isolada em concomitância com a multa de ofício. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis – SC, prolatou o Acórdão 0730545, na sessão de 08/02/2013, negando provimento à impugnação e considerando o lançamento integralmente procedente. Devidamente cientificado, o sujeito passivo recorreu a este Colegiado ratificando as razões expedidas na peça impugnatória. Em primeira apreciação, esta turma julgadora converteu o julgamento do recurso em diligência para que fosse verificada a existência de saldo de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa da CSLL dedutíveis na exigência apurada. Foi efetuada diligência nesse sentido com emissão de relatório devidamente juntado aos autos. Posteriormente, o julgamento foi novamente convertido em diligência para que o sujeito passivo fosse intimado a apresentar elementos de prova que atestassem a efetiva entrada das mercadorias supostamente adquiridas da empresa Tozzo & Cia. Cumprida a solicitação, retornou o processo a julgamento neste colegiado. É o Relatório. Fl. 1502DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 13982.001048/201051 Acórdão n.º 1402002.049 S1C4T2 Fl. 1.501 5 Voto Vencido Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. 1) Nulidade – Cerceamento do direito de defesa: Na arguição de nulidade por cerceamento do direito de defesa a recorrente sustenta que durante o procedimento fiscal não teve acesso às provas utilizadas pela Fiscalização. Como bem esclarecido pela decisão recorrida, a fase preliminar do procedimento fiscal tem natureza inquisitorial não se aplicando nesse momento o princípio do contraditório e da ampla defesa. Apenas quando da formalização do lançamento perfazse a necessidade de ciência da interessada. Após a lavratura do Auto de Infração, abrese o prazo para manifestação do sujeito passivo que, além de receber cópia dos principais elementos identificadores da exigência, tem acesso aos autos e pode solicitar cópias de quaisquer documentos que entender relevantes à sua defesa. Sob essa ótica, mostrase descabida a arguição de preterição do direito de defesa se a autuada foi devidamente cientificada da autuação e dos documentos que a embasaram, o que possibilitou o pleno conhecimento do contexto em que se deu a formalização da exigência. 2) Compensação de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL: Em primeira apreciação do recurso voluntário, esta turma julgadora emitiu a Resolução 1402000.202 convertendo o julgamento do recurso em diligência a fim de que fosse verificada a existência de saldo de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa de CSLL passível de compensação com a base tributável apurada no procedimento de ofício. De acordo com o voto condutor da Resolução, conforme DIPJs, nos anos calendário de 2005, 2006 e 2007 o sujeito passivo compensou prejuízo de exercícios anteriores no montante de R$ 5.342,54; R$ 15.235,71 e R$ 35.499,86; respectivamente. Assim, caberia verificar a existência de saldo compensável de prejuízos pois, dentre os documentos trazidos aos autos com a impugnação, existiam cópias de folhas do LALUR e dentre elas, aquela de fls. 758 representaria a parte “B” desse livro com indicações das compensações mencionadas na DIPJ, a partir de um saldo de prejuízos existente em 31/12/2003 no valor de R$ 547.978,10, valor este que também corresponderia ao saldo de base negativa da CSLL. Fl. 1503DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO 6 Cumprida a solicitação, retornaram os autos com o relatório de fls.1155/1165 onde estão especificadas as alterações na base tributável considerandose o saldo de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL. Nessas condições, dou provimento ao recurso neste item para ajustar a base tributável aos valores informados no Relatório de Diligência de fls. 1155/1165. 3) Concomitância – Multa Isolada e Multa de ofício imputada junto com o tributo: O pagamento do imposto por estimativa foi instituído pela Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Essa Lei estabeleceu período de apuração trimestral para o IRPJ, com a opção anual sendo que, nesse último caso, existe a obrigatoriedade de recolher o tributo mensalmente, determinado sobre uma base de cálculo estimada mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais previstos no art. 15 da Lei nº 9.249/95. Entendeu o legislador que, feita a opção pelo recolhimento por estimativa, a ausência ou insuficiência desses pagamentos constituiria em sanção passível de punição via multa de ofício calculada sobre o montante não recolhido e aplicada isoladamente, nos termos do inciso IV, do § 1º , do art. 44 da Lei nº 9.430/96, em sua redação original. A questão de fato é polêmica. Neste Colegiado, alguns entendem que não se justificaria a aplicação da multa após o encerramento do período de apuração, quando já teriam sido realizados os devidos ajustes. Nesse caso bastaria a cobrança de eventual imposto apurado no ajuste acompanhado, aí sim, da respectiva multa. Esse posicionamento praticamente nega eficácia ao dispositivo legal supra mencionado, pois limitaria sua aplicabilidade a procedimentos de fiscalização efetuados durante o período sob exame. Além do mais, ignora a literalidade do texto legal que determina a aplicação da multa ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal no ajuste, ou seja, a Lei determina claramente que a multa pode ser imputada após o encerramento do período e mesmo sem tributo apurado no ajuste A principal e respeitável linha argumentativa daqueles que defendem essa tese parte do próprio texto legal. Na redação original temse: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; (....) § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: (....) IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa Fl. 1504DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 13982.001048/201051 Acórdão n.º 1402002.049 S1C4T2 Fl. 1.502 7 para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; (......) (grifo acrescido) Com base na redação do caput essa corrente defende que, mesmo na forma isolada, a multa incidiria sobre a totalidade ou diferença de tributo. Com a ressalva de que o valor pago a título de estimativa não tem a natureza de tributo, a lógica do pagamento de estimativas seria antecipar para os meses do anocalendário o recolhimento do tributo que, de outra forma, seria devido apenas ao final do exercício. Sob essa ótica, a tese defende que o tributo apurado no ajuste e a estimativa paga ao longo do período devem estar intrinsecamente relacionados de forma a que a provisão para pagamento do tributo deve coincidir com o montante pago de estimativa ao final do exercício. Assim, concluem que só há que se falar em multa isolada quando evidenciada a existência de tributo devido. A princípio, alinheime nessa posição e com ela votei em alguns julgados. Hoje, após cuidadosa reflexão penso que essa tese está equivocada porque, apesar de sua construção lógica ser irrefutável, mistura situações distintas. O texto original da lei estabelece que a multa isolada seria calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição. Entendeuse assim que o legislador estabeleceu uma norma de imposição tributária quando na verdade o não recolhimento das estimativas impõe a aplicação de uma regra sancionatória. Aquela avaliação não mais se justifica a partir da nova redação do dispositivo em comento, estabelecida pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, onde fica clara a distinção: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (.......) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (......) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (.....) (grifo acrescido) Inexiste assim a estreita correlação entre o tributo correspondente e a estimativa a ser paga no curso do ano. Registrese que essa nova redação não impõe nova penalidade ou faz qualquer ampliação da base de cálculo da multa, Simplesmente torna mais clara a intenção do legislador. Fl. 1505DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO 8 Em voto que a meu ver bem reflete a tese aqui exposta, o ilustre Conselheiro GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES foi preciso na análise do tema (Acórdão 10323.370, Sessão de 24/01/2008): (........) Nada obstante, as regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3º: Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível, no caso das extraordinárias, e certo, em relação às temporárias, a cessação de sua vigência, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Fl. 1506DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 13982.001048/201051 Acórdão n.º 1402002.049 S1C4T2 Fl. 1.503 9 A inexistência de correlação entre o tributo e a estimativa fezme refletir também sobre a questão da concomitância, ou seja, a aplicação da multa de ofício exigida junto com o tributo e a multa sobre as estimativas. Manifesteime em outra ocasiões pela aplicação ao caso do princípio da consunção, pelo qual prevalece a penalidade mais grave quando uma pluralidade de normas é violada no desenrolar de uma ação. De forma geral, o princípio da consunção determina que em face a um ou mais ilícitos penais denominados consuntos, que funcionam apenas como fases de preparação ou de execução de um outro, mais grave que o(s) primeiro(s), chamado consuntivo, ou tão somente como condutas, anteriores ou posteriores, mas sempre intimamente interligado ou inerente, dependentemente, deste último, o sujeito ativo só deverá ser responsabilizado pelo ilícito mais grave.1. Vejase que a condição básica para aplicação do princípio é a íntima interligação entre os ilícitos. Pelo até aqui exposto, podese dizer que a intenção do legislador tributário foi justamente deixar clara a independência entre as irregularidades, inclusive alterando o texto da norma para ressaltar tal circunstância. No voto paradigma que decidiu casos como o presente sob a ótica do princípio da consunção, o relator cita Miguel Reale Junior que discorre sobre o crime progressivo, situação típica de aplicação do princípio em comento. Pois bem. Doutrinariamente, existe crime progressivo quando o sujeito, para alcançar um resultado normativo (ofensa ou perigo de dano a um bem jurídico), necessariamente deverá passar por uma conduta inicial que produz outro evento normativo, menos grave que o primeiro. Noutros termos: para ofender um bem jurídico qualquer, o agente, indispensavelmente, terá de inicialmente ofender outro, de menor gravidade — passagem por um minus em direção a um plus. 2 (destaques acrescidos). Estaríamos diante de uma situação de conflito aparente de normas. Aparente porque o princípio da especialidade definiria a questão, com vistas a evitar a subsunção a dispositivos penais diversos e, por conseguinte, a confusão de efeitos penais e processuais. Aplicandose essa teoria às situações que envolvem a imputação da multa de ofício, a irregularidade que gera a multa aplicada em conjunto com o tributo não necessariamente é antecedida de ausência ou insuficiência de recolhimento do tributo devido a título de estimativas, suscetível de aplicação da multa isolada. Assim, não há como enquadrar o conceito da progressividade ao presente caso, motivo pelo qual tal linha de raciocínio seria injustificável para aplicação do princípio da consunção. 1 RAMOS, Guilherme da Rocha. Princípio da consunção: o problema conceitual do crime progressivo e da progressão criminosa. Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 44, 1 ago. 2000. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/996>. Acesso em: 6 dez. 2010. 2 Idem, Idem Fl. 1507DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO 10 Ainda seguindo a analogia com o direito penal, a grosso modo poderseia dizer que a situação sob exame representaria um concurso real de normas ou, mais especificamente, um concurso material: duas condutas delituosas causam dois resultados delituosos. Abstraindose das questões conceituais envolvendo aspectos do direito penal, a Lei nº 9.430/96, ao instituir a multa isolada sobre irregularidades no recolhimento do tributo devido a título de estimativas, não estabeleceu qualquer limitação quanto à imputação dessa penalidade juntamente com a multa exigida em conjunto com o tributo. Sob essa ótica, a Fiscalização simplesmente aplicou a norma ao caso concreto, no exercício do poderdever legal, motivo pelo qual votaria por manter a imputação da multa isolada em sua integralidade. Entretanto, ressaltando o entendimento supra exposto, é meu dever funcional nesta Corte seguir o entendimento consolidado nas Súmulas do CARF. Nessas condições, foi editada a Súmula CARF nº 101 que consolidou o posicionamento do Órgão em sentido diverso ao por mim esposado: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. As discussões que culminaram da referida Súmula deixaram claro que não resta dúvida quanto à aplicação apenas a fatos geradores anteriores à mudança legislativa trazida pela MP 351, de 22/01/2007; convertida na Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Sendo assim voto por cancelar a exigência da multa isolada para os fatos geradores ocorridos até dezembro/2006, inclusive, no montante abrangido pela concomitância. 4) Multa qualificada: No que se refere à multa qualificada, a questão primordial a ser analisada consiste na efetiva realização da operação de compra das mercadorias pela interessada junto ao fornecedor Tozzo e Cia Ltda. Por meio de informações e documentos disponibilizados pelo Poder Judiciário a autoridade lançadora tomou conhecimento da acusação de que a recorrente não teria comprovado o ingresso das mercadorias em seu estabelecimento. Importa ressaltar que a imputação pelo Ministério Público à recorrente das mencionadas irregularidades foi um ponto de partida para o procedimento fiscal mas não se constituiu, por si só, nas razões da autuação e da imputação da qualificadora. A circunstância principal foi a não comprovação junto ao Fisco da efetiva realização das operações de compra. Em outras palavras, é correto afirmar que mesmo diante das irregularidades, desde que não comprovada qualquer conivência da interessada, a comprovação da efetiva realização da operação poderia justificar a dedução do respectivo custo. Entretanto, ao contrário dos argumentos de defesa, a partir do momento em que a operação registrada é objeto de questionamento a escrituração regular não é suficiente para atestar a efetiva realização. Até porque, para se beneficiar da dedução do custo ou eventual crédito fiscal, a interessada não poderia prescindir do registro correto. Ainda assim, Fl. 1508DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 13982.001048/201051 Acórdão n.º 1402002.049 S1C4T2 Fl. 1.504 11 ressaltese que o registro de estoques apresentado pela interessada não permite a correta identificação da mercadoria adquirida ou sua movimentação. Daí porque a decisão recorrida apresentou vários questionamentos nesse sentido. Caberia à interessada um posicionamento mais voltado a fatos concretos que demonstrassem as aquisições. Como exemplo mais representativo, poderseia buscar a demonstração de que a mercadoria foi revendida. Foi nessa linha que esta turma julgadora converteu o julgamento em diligência, a fim de que a autuada tivesse a oportunidade de demonstrar, com os elementos que dispusesse, que as notas fiscais questionadas efetivamente representariam operações de compras de mercadorias regularmente efetivadas. Em vez disso, a recorrente limitouse a ratificar que os registros na escrituração seriam suficientes para atestar a idoneidade das operações. Não é suficiente. Sob esse prisma, a imputação da multa no percentual qualificado pareceme adequada no presente caso. De fato, o sujeito passivo reduziu o lucro com registro de custos amparados em documentação inidônea, prova material da fraude, e referente a operações cuja realização não foi comprovada. Caracterizada, destarte, a conduta tipificada na Lei nº 4.502/64, a justificar a aplicação do inciso II, do art. 44, da Lei º 9.430/96. 5) Decadência: Quanto à decadência, mantida a multa qualificada pela caracterização da fraude, a jurisprudência desta Corte consolidouse no sentido de que o prazo decadencial deve ser aferido com base no inciso I, do art. 173, do CTN, nos termos da Súmula CARF nº 72: Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. Para o anocalendário de 2004 a contagem se inicia em 02/01/2006 e o termo final seria 02/01/2011. Como a ciência da autuação ocorreu em 03/12/2010 não se caracterizou a caducidade. 6) Resumo: Em resumo do exposto, conduzo meu voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário nos seguinte moldes: Ajustar a base tributável com utilização do saldo de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa da CSLL, nos termos do Relatório de Diligência de fls. 1155/1165; e: Cancelar a exigência da multa isolada para os fatos geradores ocorridos até maio/2007. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 1509DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO 12 Voto Vencedor Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar Ouso discordar do i.Conselheiro relator tãosomente quanto à aplicação da multa isolada, concomitante com aquela aplicada proporcionalmente ao tributo lançado. Quanto a essa matéria, como bem posto pelo i.Relator, este Conselho possui entendimento firmado, para fatos geradores anteriores à mudança legislativa trazida pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, com a edição da Súmula CARF nº 101, in verbis. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Com efeito, a inteligência da citada súmula é clara quanto à aplicação a fatos geradores anteriores a 2007, nada aclarando, no meu entender, quanto a fatos geradores a partir daquela data. Nesse esteira, quanto a fatos geradores posteriores à citada mudança legislativa, este Colegiado possui entendimento sedimentado, embora não unânime, no sentido da inaplicabilidade da multa isolada quando concomitante com a multa de ofício proporcional ao tributo apurado. Nesse sentido, cito, dentre outros, o acórdão CSRF 910100.450, de 4/11/2009, cuja ementa elucida: MULTA ISOLADA NA FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. É inaplicável a penalidade quando há concomitância com a multa de oficio sobre o ajuste anual, ou apuração inexistência de tributo a recolher no ajuste anual. A jurisprudência no e.Superior Tribunal de Justiça também se coaduna com esse entendimento. Vejase, nesse sentido, o REsp 1496354/PR, julgado pela segunda Turma daquela Corte, que, à unanimidade, confirmou o entendimento quanto à impossibilidade da aplicação das duas multas, quando concomitantes. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO. ART. 44 DA LEI N. 9.430/96 (REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.488/07). EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. 1. Recurso especial em que se discute a possibilidade de cumulação das multas dos incisos I e II do art. 44 da Lei n. 9.430/96 no caso de ausência do recolhimento do tributo. 2. Alegação genérica de violação do art. 535 do CPC. Incidência da Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. 3. A multa de ofício do inciso I do art. 44 da Lei n. 9.430/96 aplicase aos casos de "totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata". Fl. 1510DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 13982.001048/201051 Acórdão n.º 1402002.049 S1C4T2 Fl. 1.505 13 4. A multa na forma do inciso II é cobrada isoladamente sobre o valor do pagamento mensal: "a) na forma do art. 8° da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) e b) na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei n. 11.488, de 2007)". 5. As multas isoladas limitamse aos casos em que não possam ser exigidas concomitantemente com o valor total do tributo devido. 6. No caso, a exigência isolada da multa (inciso II) é absorvida pela multa de ofício (inciso I). A infração mais grave absorve aquelas de menor gravidade. Princípio da consunção. Recurso especial improvido. Transcrevo agora excertos do voto condutor daquele julgado, com os fundamentos que adoto: "[...] Para fins de esclarecimento da controvérsia, cito as normas que, segundo a parte recorrente, foram violadas: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)" Não prospera a pretensão recursal, na medida em que não reconheço a possibilidade de exigência cumulativa de tais multas. Fl. 1511DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO 14 A multa do inciso I é aplicável nos casos de "totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata". A multa do inciso II, entretanto, é cobrada isoladamente sobre o valor do pagamento mensal: "a) na forma do art. 8° da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) e b) na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007)". Sistematicamente, notase que a multa do inciso II do referido artigo somente poderá ser aplicada quando não possível a multa do inciso I. Destacase que o inadimplemento das antecipações mensais do imposto de renda não implicam, por si só, a ilação de que haverá tributo devido. Os recolhimentos mensais, ainda que configurem obrigações de pagar, não representam, no sentido técnico, o tributo em si. Este apenas será apurado ao final do ano calendário, quando ocorrer o fato gerador. As hipóteses do inciso II, 'a' e 'b', em regra, não trazem novas hipóteses de cabimento de multa. A melhor exegese revela que não são multas distintas, mas apenas formas distintas de aplicação da multa do art. 44, em consequência de, nos caso ali descritos, não haver nada a ser cobrado a título de obrigação tributária principal. As chamadas "multas isoladas", portanto, apenas servem aos casos em que não possam ser as multas exigidas juntamente com o tributo devido (inciso I), na medida em que são elas apenas formas de exigência das multas descritas no caput. Esse entendimento é corolário da lógica do sistema normativotributário que pretende prevenir e sancionar o descumprimento de obrigações tributárias. De fato, a infração que se pretende repreender com a exigência isolada da multa (ausência de recolhimento mensal do IRPJ e CSLL por estimativa) é completamente abrangida por eventual infração que acarrete, ao final do ano calendário, o recolhimento a menor dos tributos, e que dê azo, assim, à cobrança da multa de forma conjunta. Em se tratando as multas tributárias de medidas sancionatórias, aplicase a lógica do princípio penal da consunção, em que a infração mais grave abrange aquela menor que lhe é preparatória ou subjacente. O princípio da consunção (também conhecido como Princípio da Absorção) é aplicável nos casos em que há uma sucessão de condutas típicas com existência de um nexo de dependência entre elas. Segundo tal preceito, a infração mais grave absorve aquelas de menor gravidade. Sob este enfoque, não pode ser exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de ofício por falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e também por falta de antecipação sob a forma estimada. Cobrase apenas a multa de oficio pela falta de recolhimento de tributo. [...]". Portanto, as multas de oficio isoladas, naquilo em que forem concomitantes com as multas de ofício proporcionais, devem ser exoneradas. Em outras palavras, a multa isolada será cancelada até o montante de base de cálculo menor ou igual à base de cálculo da multa de ofício proporcional, nos termos abaixo: Fl. 1512DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 13982.001048/201051 Acórdão n.º 1402002.049 S1C4T2 Fl. 1.506 15 Anocalendário BC IRPJ e da CSLL BC multa isolada IRPJ BC multa isolada CSLL 2007 598.094,64 156.794,30 62.034,62 2008 278.492,83 77.000,84 32.553,44 Tendo em vista que para todos os períodos informados na tabela a base de cálculo da multa isolada foi inferior à base de cálculo da multa de ofício proporcional, a concomitância atinge a multa isolada por inteiro. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Redator designado Fl. 1513DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/04/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 16327.720456/2010-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri May 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
REGRAS INTERNAS DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS. TURMAS DO CARF. DECLARAÇÃO DE IMPEDIMENTO. REDISTRIBUIÇÃO À MESMA TURMA.
Havendo declaração de impedimento ou suspeição, o processo deve ser redistribuído a outro Conselheiro do colegiado, assim entendido como a Turma para a qual os autos foram originalmente distribuídos.
Numero da decisão: 1103-001.190
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade, declinar competência para a 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento .
(assinado digitalmente)
ALOYSIO JOSÉ PERCÍNIO DA SILVA - Presidente.
(assinado digitalmente)
BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Joselaine Boeira Zatorre e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: Relator
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade, declinar competência para a 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento . (assinado digitalmente) ALOYSIO JOSÉ PERCÍNIO DA SILVA - Presidente. (assinado digitalmente) BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Joselaine Boeira Zatorre e Aloysio José Percínio da Silva.
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TURMAS DO CARF. DECLARAÇÃO DE IMPEDIMENTO. REDISTRIBUIÇÃO À MESMA TURMA. Havendo declaração de impedimento ou suspeição, o processo deve ser redistribuído a outro Conselheiro do colegiado, assim entendido como a Turma para a qual os autos foram originalmente distribuídos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade, declinar competência para a 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento . (assinado digitalmente) ALOYSIO JOSÉ PERCÍNIO DA SILVA Presidente. (assinado digitalmente) BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Joselaine Boeira Zatorre e Aloysio José Percínio da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 04 56 /2 01 0- 27 Fl. 1241DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYS IO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.720456/201027 Acórdão n.º 1103001.190 S1C1T3 Fl. 1.242 2 Relatório Despacho decisório (fls. 391398) Em decorrência de saldo negativo referente ao anocalendário de 2005, o contribuinte transmitiu à Receita Federal do Brasil as seguintes declarações de compensação: Débito PER/DCOMP Situação Tributo P.A. Valor 27200.49898.220307.1.702 2320 Retificadora IRPJ Jan/06 R$36.088.052,66 28129.24393.140706.1.3.02 8689 Original Cofins Jun/06 R$5.708.273,02 IRPJ Jun/06 R$9.928.916,62 07650.90627.310706.1.3.02 8689 Original CSLL Jun/06 R$2.184.057,82 33375.73376.150806.1.3.02 4049 Original Cofins Jul/06 R$3.190.840,79 31120.38848.150906.1.3.02 8011 Original Cofins Ago/06 R$5.211.626,47 03901.27743.131006.1.3.02 8033 Original Cofins Set/06 R$2.293.008,98 Submetidos referidos PERD/COMP à apreciação da Divisão de Orientação e Análise Tributária da Delegacia Especial de Instituições Financeiras em São Paulo (DIORT/DEINF/SP), a decisão proferida foi no sentido de (i) homologar o PER/DCOMP nº 27200.49898.220307.1.7022320, (ii) homologar parcialmente o PER/DCOMP nº 28129.243.140706.1.3.028689 e (iii) não homologar os demais. Isso porque a autoridade fiscal entendeu que o contribuinte possuía saldo negativo menor que o utilizado para as compensações acima mencionadas, pelos motivos que seguem: (i) confrontando as DIRF entregues pelas fontes pagadoras e os informes de rendimentos apresentados pelo contribuinte, verificouse que o montante de IRF utilizado para compor o saldo negativo em questão (R$1.735.602,27) foi superior àquele efetivamente retido (R$503.878,23); (ii) ausência de comprovação do efetivo recolhimento do imposto de renda pago no exterior, no montante de R$707.558,95, decorrente de dividendos pagos à Fl. 1242DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYS IO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.720456/201027 Acórdão n.º 1103001.190 S1C1T3 Fl. 1.243 3 contribuinte pela sua controlada Interbanco S/A, sediada no Paraguai, e da respectiva tributação desse rendimento pelo contribuinte; (iii) o pagamento indevido ou a maior do IRF decorrente de juros sobre capital próprio pago a acionistas isentos, no montante de R$1.267.810,04, já havia sido utilizado pelo contribuinte para compensar débito da CSLL referente a junho/2007, por meio do PER/DCOMP nº 0415986342.310707.1.3.042227, não podendo, portanto, compor o saldo negativo em questão; (iv) ausência de comprovação da origem e do recolhimento do imposto de renda pago no exterior, no montante de R$19.951.656,57, e sua correspondência com a informação da DIPJ sobre os lucros disponibilizados no exterior, nas fichas 34 e 35, de R$352.269.068,87. Nesse sentido, propôs a retificação de ofício da DIPJ relativa ao anocalendário 2005, a fim de reconhecer que o saldo negativo a este período é de R$37.756.569,95. Manifestação de inconformidade do contribuinte (fls. 527597) Pela sua pertinência, transcrevo parte do relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento: “(...) 1.1. A justificativa dada pela Receita Federal para não confirmar a parcela de crédito referente ao IRRF retido por órgãos públicos foi a suposta diferença existente entre a DIRF das fontes pagadoras (Secretaria da Receita Federal e Previdência Social) e os valores informados na ficha 50 da DIPJ. (...) 1.3. É de se observar que, conforme legislação vigente, o documento hábil para a comprovação das retenções sofridas na fonte do Imposto de Renda é o respectivo informe de rendimento. Por essa razão, não há como a Receita Federal deixar de reconhecer esses valores como antecipação passível de inclusão no saldo devedor. A manifestante anexa os informes de rendimentos mencionados (doc.3 – fls. 550/553). (...) 2. Inclusão no cômputo da estimativa de valores pagos indevidamente que teriam sido aproveitados como crédito na compensação da CSLL: (...) 2.2. Ocorre que, ao contrário do que entendeu o julgador, o referido pagamento indevido de IR não foi informado na DIPJ para composição do saldo negativo. Fl. 1243DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYS IO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.720456/201027 Acórdão n.º 1103001.190 S1C1T3 Fl. 1.244 4 (...) 3. Não comprovação do oferecimento de rendimentos recebidos de controlada no exterior (Interbanco S.A.) a título de dividendos à tributação no Brasil, bem como do efetivo recolhimento da fonte retentora: (...) 3.3. No entanto, da análise das fichas da DIPJ 2006, é possível verificar que todo o lucro auferido no exterior foi oferecido à tributação do IRPJ (doc. 5 – fls. 556/562). 3.4. Para comprovar o efetivo recolhimento no exterior, além das guias de recolhimento, a manifestante junta a Lei vigente no Paraguai que considera tributável o referido rendimento (docs. 6 – fls. 563/568 e 07 – fls. 569/574). 4. Ausência de correspondência da parcela de R$19.951.656,57 com os lucros oferecidos à tributação no Brasil (discriminados na DIPJ R$352.269.068,870: (...) 4.2. Os impostos incidentes sobre rendimentos no exterior foram recolhidos no Brasil com o código 481. No que tange ao valor retido (indicado como Luxemburgo) tratase de remessa para empresa com sede em Luxemburgo diretamente ligada à empresa controlada da manifestante nas Ilhas Cayman. 4.3. Por se tratar de países com tributação favorecida, o imposto recolhido no Brasil não foi compensado no exterior, dessa forma, não há como proceder a alegação fiscal de que não teria havido comprovação dessa ausência de compensação, já que em países onde não se tributa o lucro, não há possibilidade de compensação. (...) 4.5. Sobre o IR pago pela empresa INTERBANCO, verificase que parte deste imposto referese à distribuição de dividendos (conforme explicitado acima) e parte ao lucro auferido em 2005 (doc. 09 – fls. 596/597) (...). 4.6. Em relação ao imposto no exterior da empresa UNIPART, ligada direta, verificase que este se refere ao IR incidente sobre o lucro da empresa UBB Securities, localizada nos EUA, controlada por aquela. Por essa razão, por se tratar de imposto pago no exterior (EUA) e tributado o lucro real no Brasil, este pode ser aproveitado na composição do saldo negativo. 5. Pelo exposto, demonstrada a existência do crédito tributário pleiteado, a manifestante requer sejam homologadas as compensações.” Decisão da DRJ (fls. 658674) Fl. 1244DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYS IO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.720456/201027 Acórdão n.º 1103001.190 S1C1T3 Fl. 1.245 5 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo entendeu que: i) não prospera o entendimento do contribuinte de que a totalidade do valor retido seria correspondente ao imposto de renda, pois os recolhimentos que possuem o código de receita 6188, à alíquota de 7,04%, referemse a IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, de modo que apenas 2,4% deste recolhimento corresponde, efetivamente, ao imposto de renda e, portanto, passível de compor o saldo negativo de 2005; ii) muito embora o contribuinte tenha alegado que o IRRF de R$1.249.785,88, relativo a pagamento indevido ou a maior decorrente de juros sobre capital próprio pago a acionistas isentos, não compôs o saldo negativo em questão, ele é informado na ficha 50, item 220 da DIPJ referente a este anocalendário, conforme fl. 182; iii) dentre os documentos apresentados pelo contribuinte, não há qualquer comprovante de arrecadação do imposto pago pela Unipart e aqueles referentes ao Interbanco, por estarem em língua estrangeira, não puderam fazer prova de comprovação; iv) os IRF que possuem o código de receita 0481 (juros e comissões em geral) não podem ser considerados, pois o contribuinte não apresentou qualquer contrato que fundamentasse as “remessas juros ubond”; e v) dentre os documentos apresentados pelo contribuinte, não há elementos suficientes que comprovem que as remessas efetuadas ao Banca Nazionale del Lavoro SPA – New York têm como beneficiária empresa localizada em Luxemburgo, e, portanto, passível de compor o seu saldo negativo. Nesse sentido, a manifestação de inconformidade do contribuinte foi julgada improcedente. Do Recurso Voluntário (fls. 6821.237) Com exceção do tópico referente ao IRRF incidente sobre o JCP pago a acionistas isentos, que não consta da peça recursal, o recurso voluntário apresentado pela recorrente reproduziu os argumentos articulados na impugnação. Fl. 1245DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYS IO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.720456/201027 Acórdão n.º 1103001.190 S1C1T3 Fl. 1.246 6 Ainda, importante mencionar que a recorrente, em relação ao tópico de IRRF sobre órgãos públicos, apresentou justificativa divergente daquela constante na manifestação de inconformidade, alegando que o direito creditório decorre de dívida assumida pela União (de contratos firmados com o INSS de 2000 a 2004 e não quitados), que foi quitada em 2005, por meio da Portaria nº 409, de 3 de junho de 2005. É o relatório. Voto Conselheiro Breno Ferreira Martins Vasconcelos Ao compulsar os autos verifiquei que o presente processo foi originalmente distribuído para o Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, que declarouse impedido às fls. 1.239. Nos termos do parágrafo único do art. 44 do RICARF, “no caso de impedimento ou suspeição do relator, o processo será redistribuído a outro conselheiro integrante do colegiado”. Dessa forma, às fls. 1.240, o presente processo foi encaminhado à Primeira Seção de Julgamento para redistribuição. Ato contínuo, o processo foi redistribuído aleatoriamente a outra Turma da 1ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, qual seja, esta 3ª Turma Ordinária. Entendo, porém, que o colegiado a que se refere o parágrafo único do art. 44 do RICARF corresponde à Turma para a qual o processo foi originalmente distribuído, de modo que os presentes autos deveriam ter sido redistribuídos para a relatoria de outro Conselheiro da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento. É nesse sentido o entendimento majoritário dos membros deste Conselho, conforme se depreende do voto proferido pela Conselheira Edeli Pereira Bessa na Resolução nº 1101 000.127: Argumentou o patrono, naqueles autos, que o vocábulo “colegiado” deve ser entendido como Turma, a ensejar a redistribuição do processo, assim como no presente caso, a outro Conselheiro integrante da 2a Turma da 1a Câmara desta 1a Seção de Julgamento. Observase que o vocábulo “colegiado” é utilizado no Regimento Interno do CARF como adjetivo (art. 1o do Anexo I) ou substantivo, mas nesta segunda hipótese excepcionalmente pode significar Seção de Julgamento (art. 3o, §4o das Disposições Transitórias e arts. 17 e 49, §7o do Anexo II), por ter em conta a competência definida em razão da matéria: (...) Fl. 1246DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYS IO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.720456/201027 Acórdão n.º 1103001.190 S1C1T3 Fl. 1.247 7 Porém, na maior parte das ocorrências, o vocábulo “colegiado” significa Turma Julgadora, órgão competente para apreciação de recursos de ofício, voluntário e de natureza especial, integrante co CARF (Turmas Ordinárias, Turmas Especiais, Turmas da CSRF e Pleno): (...) O art. 44 do Anexo II do RICARF, por sua vez, faz duas referências ao vocábulo “colegiado” associandoo a um artigo definido (“do” colegiado), permitindo concluir que o Colegiado competente para deliberar acerca do impedimento ou suspensão é aquele no qual deve ser promovida a redistribuição caso o impedimento ou suspeição se verifique. (1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, sessão de 04/06/2014) (grifos não originais) Sob tais fundamentos, voto por declinar a competência para a 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de julgamento. Sala das Sessões, em 04 de março de 2015. (assinado digitalmente) Conselheiro Breno Ferreira Martins Vasconcelos Relator Fl. 1247DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYS IO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 11516.722580/2012-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA.
Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento.
NORMAS PROCESSUAIS. ARGUMENTOS DE DEFESA. INOVAÇÃO EM SEDE DE RECURSO. PRECLUSÃO.
Os argumentos de defesa trazidos apenas em grau de recurso, em relação aos quais não se manifestou a autoridade julgadora de primeira instância, impedem a sua apreciação, por preclusão processual.
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. PROVA DOCUMENTAL. SÚMULA CARF Nº 63
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63).
Na perda de um dos requisitos, como a suspensão da aposentadoria por invalidez do contribuinte, em função da falta de comprovação de que se encontrava acometido da enfermidade que determinou sua incapacidade para o trabalho, a isenção não pode ser reconhecida.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DESCONTO SIMPLIFICADO.
Prevalece o lançamento de ofício de rendimentos não oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste Anual, admitindo-se o desconto simplificado no cálculo do imposto devido.
Numero da decisão: 2202-003.418
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação à tributação do 13º salário, por preclusão; na parte conhecida, dar provimento parcial ao recurso para: a) excluir da tributação os rendimentos de aposentadoria recebidos de agosto a dezembro de 2010; b) aplicar o desconto simplificado de 20% sobre os rendimentos tributáveis, limitado ao teto legal, em relação aos anos-calendário de 2007, 2009 e 2010.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. NORMAS PROCESSUAIS. ARGUMENTOS DE DEFESA. INOVAÇÃO EM SEDE DE RECURSO. PRECLUSÃO. Os argumentos de defesa trazidos apenas em grau de recurso, em relação aos quais não se manifestou a autoridade julgadora de primeira instância, impedem a sua apreciação, por preclusão processual. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. PROVA DOCUMENTAL. SÚMULA CARF Nº 63 Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). Na perda de um dos requisitos, como a suspensão da aposentadoria por invalidez do contribuinte, em função da falta de comprovação de que se encontrava acometido da enfermidade que determinou sua incapacidade para o trabalho, a isenção não pode ser reconhecida. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DESCONTO SIMPLIFICADO. Prevalece o lançamento de ofício de rendimentos não oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste Anual, admitindo-se o desconto simplificado no cálculo do imposto devido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação à tributação do 13º salário, por preclusão; na parte conhecida, dar provimento parcial ao recurso para: a) excluir da tributação os rendimentos de aposentadoria recebidos de agosto a dezembro de 2010; b) aplicar o desconto simplificado de 20% sobre os rendimentos tributáveis, limitado ao teto legal, em relação aos anos-calendário de 2007, 2009 e 2010. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio.
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. NORMAS PROCESSUAIS. ARGUMENTOS DE DEFESA. INOVAÇÃO EM SEDE DE RECURSO. PRECLUSÃO. Os argumentos de defesa trazidos apenas em grau de recurso, em relação aos quais não se manifestou a autoridade julgadora de primeira instância, impedem a sua apreciação, por preclusão processual. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. CONDIÇÕES. LEI Nº 7.713/1988. PROVA DOCUMENTAL. SÚMULA CARF Nº 63 Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). Na perda de um dos requisitos, como a suspensão da aposentadoria por invalidez do contribuinte, em função da falta de comprovação de que se encontrava acometido da enfermidade que determinou sua incapacidade para o trabalho, a isenção não pode ser reconhecida. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DESCONTO SIMPLIFICADO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 25 80 /2 01 2- 48 Fl. 543DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 544 2 Prevalece o lançamento de ofício de rendimentos não oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste Anual, admitindose o desconto simplificado no cálculo do imposto devido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação à tributação do 13º salário, por preclusão; na parte conhecida, dar provimento parcial ao recurso para: a) excluir da tributação os rendimentos de aposentadoria recebidos de agosto a dezembro de 2010; b) aplicar o desconto simplificado de 20% sobre os rendimentos tributáveis, limitado ao teto legal, em relação aos anoscalendário de 2007, 2009 e 2010. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Marcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio. Relatório Reproduzo o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) DRJ/SP1 que bem descreveu os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Contra o contribuinte em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração de fls. 353/368 relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anoscalendário 2007 a 2010, respectivamente exercícios 2008 a 2011, que lhe exige um crédito tributário de R$ 32.478,78. O interessado tomou ciência do Auto de Infração em 24/10/2013, conforme fl. AR de fl. 371. Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 354 a 360) foram apuradas as seguintes infrações: RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA CLASSIFICADOS INDEVIDAMENTE NA DIRPF. RENDIMENTOS INDEVIDAMENTE CONSIDERADOS COMO Fl. 544DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 545 3 ISENTOS POR MOLÉSTIA GRAVE, ACIDENTE EM SERVIÇO OU MOLÉSTIA PROFISSIONAL. Fato Gerador Valor tributável Multa (%) 31/12/2007 R$ 42.343,45 75,00 31/12/2008 R$ 47.192,00 75,00 31/12/2009 R$ 49.177,53 75,00 31/12/2010 R$ 28.155,30 75,00 Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/012007 e 31/12/2007: Arts. 37, 38, 43, 55, incisos I a IV, VI, IX a XII, XIV a XIX , 56 e 83 do RIR/99 Art. 1º inciso I e parágrafo único da Medida Provisória nº 340/06 Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2008 e 31/12/2008: Arts. 37, 38, 43, 55, incisos I a IV, VI, IX a XII, XIV a XIX , 56 e 83 do RIR/99 Art. 1º inciso II e parágrafo único da Lei nº 11.482/07, de 31 de maio de 2007. Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 a 31/12/2009: Arts. 37, 38, 43, 55, incisos I a IV, VI, IX a XII, XIV a XIX , 56 e 83 do RIR/99 Art. 1º inciso III e parágrafo único da Lei nº 11.482/07, com a redação dada pela Lei nº 11.945/09. Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2010 a 31/12/2010: Arts. 37, 38, 39, incisos XXXI e XXXIII , 43, 45, 56 e 83 do RIR/99 Art. 1º inciso IV e parágrafo único da Lei nº 11.482/07, com a redação dada pela Lei nº 11.945/09. Conforme constou no item Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, o auditor responsável pela autuação informa que o IPREV, Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina, encaminhou à Receita Federal cópia dos processos nos quais determinouse a imediata suspensão do benefício previdenciário do contribuinte Manoel Bento Pacheco e a remessa dos autos à ALESC para revisão do ato de aposentadoria e conseqüente cassação do mesmo. Tal fato implica em perda do direito à isenção do imposto de renda por moléstia grave, a que o contribuinte vinha fazendo jus. Fl. 545DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 546 4 O contribuinte apresentou suas declarações de ajuste anual correspondentes ao período em análise em que informou os rendimentos auferidos junto à ALESC como rendimentos isentos e, por esta razão, houve a reclassificação dos rendimentos no presente auto de infração para rendimentos tributáveis. Em 20/11/2012, o contribuinte apresentou impugnação ao referido lançamento, juntada às fls. 378/408, alegando em síntese que: • O IPREV Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina instaurou procedimento administrativo visando investigar a regularidade de diversas aposentadorias por invalidez concedidas no âmbito da ALESC. • Não obstante a incompetência do IPREV para proceder tal investigação, o requerente teria garantido seu direito à aposentadoria por meio do Mandado de Segurança nº 2013.0105324. • Assim, em virtude de decisão judicial seguiria sendo beneficiário da aposentadoria por invalidez e, por esta razão, perduraria a isenção em relação ao Imposto de Renda, relativa à remuneração que recebe do Estado de Santa Catarina. • Alega que o IPREV não seria órgão competente para efetuar a revisão de aposentadoria por invalidez; • Acrescenta que teria havido inúmeras irregularidades na perícia médica a que foi submetido, tais como quanto ao número de componentes da junta médica, quanto aos profissionais que assinam o laudo pericial, da lotação destes profissionais, do fato de ter sido arbitrariamente desconsiderada a documentação apresentada quando da concessão da aposentadoria. • Informa ainda que não teria existido o devido processo legal para apuração da cassação do benefício fiscal; • Aduz que teria havido decadência quanto ao ato administrativo de concessão do benefício da aposentadoria. • Alega ainda que presumiriamse legítimos os atos administrativos, até que houvesse prova em contrário, e assim continuaria em vigor a prerrogativa de legitimidade e veracidade do ato que decidiu pela concessão da aposentadoria. • Acrescenta que não haveria necessidade de comprovação dos sintomas da doença para a continuidade do benefício fiscal. A DRJ/SP1 julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010 Fl. 546DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 547 5 RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA, CLASSIFICADOS INDEVIDAMENTE NA DIRPF. Tendo em vista a suspensão da aposentadoria por invalidez do contribuinte, em função da falta de comprovação de que se encontrava acometido da enfermidade que determinou sua incapacidade para o trabalho, não é possível restabelecer a isenção do imposto de renda por moléstia grave, muito embora tenha conseguido manter seu benefício por meio de liminar em mandado de segurança, sem decisão definitiva. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Cientificado dessa decisão em 17/10/2013, por via postal (A.R. de fl. 507), o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 14/11/2013 (fls. 509 a 539), alegando o seguinte, em resumo: nulidade do auto de infração em virtude do cerceamento do direito de defesa, pois a infração não está descrita corretamente e foi baseada em prova emprestada; foi aposentado por invalidez em 1982, sendo diagnosticado na época como portador de cardiopatia grave CID 402, estando definitivamente incapacitado para o trabalho, conforme laudo da junta médica designada pela ALESC; o laudo médico emitido há mais de 30 anos não foi anulado e continua em vigor, assim caberia à Fiscalização investigar e estabelecer o elo entre as provas produzidas no processo de revisão de aposentadoria com aquelas exigidas pela legislação tributária; o auto de infração é nulo por afrontar diretamente o art. 142 do CTN, pois a Fiscalização não verificou a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Cita jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes; a perícia médica do IPREVSC limitouse a examinar a documentação relativa à aposentadoria do Recorrente, não realizando nenhum novo exame, cumprindo apenas procedimentos administrativos burocráticos; a decisão do IPREVSC foi suspensa por decisão judicial liminar; o laudo inicial não foi contestado e o máximo que se poderia concluir é que o Recorrente encontrase apto para o trabalho a partir de agosto de 2011 e não nos anos de 2007 a 2010; além de estar aposentado por invalidez está acometido de neoplasia maligna (CID 16 E C41.2), a partir de 06/08/2010, conforme perícia médica do IPREVSC, sendo considerado isento para fins de imposto de renda; a apuração da base de cálculo foi indevidamente majorada. Embora essa questão não tenha sido levantada na impugnação, tratase de matéria de ordem pública; a Fiscalização baseouse em informativo anual de rendimentos fornecido pela fonte pagadora ALESC que não se preocupou em separar os rendimentos mês a mês, Fl. 547DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 548 6 nem excluiu a parcela do 13º salário, a qual se não fosse isenta, seria tributada exclusivamente na fonte, sob responsabilidade da fonte pagadora; a base de cálculo utilizada pela Fiscalização englobou indevidamente o 13º salário, que não é responsabilidade do Recorrente, mas sim da fonte pagadora; além da tributação indevida, a Fiscalização deixou de considerar no cálculo o desconto padrão a que o Contribuinte teria direito; caso a isenção não seja considerada, deverá o julgamento ser convertido em diligência para que a autoridade fiscal recalcule o valor exigido, com base nos argumentos acima. Ao final, requer, sucessivamente, a nulidade do auto de infração, o cancelamento integral do lançamento e a conversão em diligência para exclusão do 13º salário e do desconto padrão. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Preliminares O Recorrente pugna pela nulidade do auto de infração em virtude de cerceamento do direito de defesa, pois a infração não está descrita corretamente e foi baseada em prova emprestada. Alega ainda afronta ao art. 142 do CTN por erro na identificação da matéria tributável. Não lhe assiste razão, pois se encontram preenchidos os preceitos estabelecidos no artigo 142 do CTN, assim como não se identificou violação das disposições contidas nos artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal (PAF). CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Decreto 70.235/72: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; Fl. 548DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 549 7 III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. [...] Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) O Auto de Infração foi lavrado por servidor competente, o sujeito passivo foi devidamente qualificado, foram mencionados os dispositivos legais infringidos e as penalidades aplicáveis, foram discriminados os valores da exigência fiscal, assim como foi especificado o conteúdo da autuação na descrição dos fatos. Em resumo, encontramse satisfeitos todos os requisitos legais. Também não ocorreu cerceamento de defesa, pois foram dadas ao contribuinte todas as oportunidades para sua manifestação. Observase que lhe foi concedido o mais amplo direito de defesa. Ele apresentou impugnação e recurso voluntário ao Auto de Infração, exercendo o seu direito ao contraditório, perfeitamente amparado pelo Decreto n.º 70.235/72, tendo revelado conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, as quais rebateu mediante extensa e substanciosa impugnação, abrangendo não só questão preliminar como também razões de mérito. Dessarte, rejeitamse as preliminares suscitadas. Mérito São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Fl. 549DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 550 8 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...] XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (destaquei) A Súmula CARF Nº 63 assim dispõe sobre as condições para gozo da isenção do imposto de renda: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Para melhor deslinde da questão, cabe transcrever trechos da Descrição dos Fatos contida no Auto de Infração (fls. 355 a 362): Em atenção ao Ofício nº 122/12 (fls. 24), o Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina (IPREV) encaminhou a este Órgão Fiscal cópia de processos administrativos instaurados com o objetivo de apurar possíveis irregularidades na concessão de aposentadorias por invalidez de servidores da Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC). Com relação ao contribuinte Manoel Bento Pacheco, o IPREV enviou cópia dos processos de fls. 27 a 70 e 71 a 342. Dentre as peças que compõem os processos, destacamos o laudo da Perícia Médica realizada no ano de 2011 (fls. 34 e 41), o Relatório Conclusivo da Comissão do Processo Administrativo instaurada (fls. 194 a 206) e a Decisão da Presidência do IPREV (fls. 207 a 215). Importa dizer, desde já, que na referida Decisão a Presidência do IPREV, acolhendo o parecer da Comissão Processsante, determinou a imediata suspensão do benefício previdenciário do contribuinte e a remessa dos autos à ALESC para revisão do ato de aposentadoria e consequente cassação do mesmo, procedimento este de responsabilidade daquela Instituição. Pois bem, conforme assinalado no Relatório Conclusivo da Comissão Processante e na própria Decisão da Presidência do IPREV, a determinação legal para a realização de avaliações médicas periódicas dos servidores do Estado de Santa Catarina Fl. 550DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 551 9 aposentados por invalidez permanente está contida no parágrafo 2º do art. 60 da Lei Complementar SC nº 412, de 26 de junho de 2008. No parágrafo 3º vemos que, verificada a insubsistência dos motivos geradores da incapacidade laboral, o benefício de aposentadoria por invalidez deverá ser cancelado e o segurado revertido ao serviço público ou posto em disponibilidade, nos termos do Estatuto dos Servidores do Estado de Santa Catarina. [...] Em seu relatório de fls. 194 a 206, a Comissão do Processo Administrativo descreve que o Sr. Manoel Bento Pacheco foi aposentado por invalidez no ano de 1982 por ser portador de CARDIOPATIA GRAVE (CID 402, revisão de 1965), razão pela qual foi considerado definitivamente incapacitado para o trabalho. Convocado para reavaliação médica regulamentar no ano de 2011, a Junta Médica concluiu que o avaliado apresenta critérios técnicos de incapacidade laborativa por NEOPLASIA MALIGNA (CID C16 e C41.2) a partir de 06/08/10. Instada a se manifestar, a Junta Médica Oficial apresenta uma série de informações e esclarecimentos a respeito da doença que ensejou a aposentadoria do Sr. Manoel Bento Pacheco (CARDIOPATIA GRAVE) em seu laudo de fls. 34 e 41. No item 2 do relatório pericial de fls. 41, foi solicitado à Gerência de Perícia Médica da Secretaria da Administração do Estado de Santa Catarina que indicasse todos os documentos e informações que foram considerados pelo perito médico, à época da concessão do benefício (ano de 1982), para sugerir a aposentadoria por invalidez permanente do Sr. Manoel Bento Pacheco. Em resposta, a Gerência de Perícia Médica informa que no prontuário médico pericial do servidor se encontra anexado apenas um único atestado médico, emitido na data de 05/04/82 (fls. 30). No item 3 do relatório pericial de fls. 41, a Gerência de Perícia Médica atesta que, após revisão do prontuário médico pericial do servidor, não foram encontrados subsídios técnicos que permitissem concluir que na data da concessão do benefício previdenciário houvesse a incapacidade total e definitiva para o trabalho indicada no prontuário, haja vista a existência de apenas um mero atestado médico. No histórico médicopericial do servidor (fls. 34), a Junta Médica revisional informa que não existem exames complementares da época da concessão da aposentadoria que comprovem a patologia (cardiopatia grave) e incapacidade laborativa e também que não há relato por parte do avaliado de qualquer tipo de tratamento cardiológico. Acrescenta que em exames complementares recentes os exames encontramse listados no item 4 do relatório pericial de fls. 41 restou evidenciado que o Sr. Manoel Bento Pacheco é portador de neoplasia metastática desde 06/08/10. Como vemos, a Junta Médica Oficial do mesmo ente estatal (no caso, o Estado de Santa Catarina), que outrora também havia sido oficialmente encarregada de analisar as condições de Fl. 551DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 552 10 saúde do Sr. Manoel Bento Pacheco, em ato de revisão pericial atesta equívoco praticado na avaliação médica realizada à época da concessão de sua aposentadoria por CARDIOPATIA GRAVE. Declara de forma clara e objetiva que não há comprovação do quadro incapacitante que originou a aposentadoria por invalidez. Seguindo na análise do Relatório da Comissão Processante (fls. 194 a 206), vemos que no decorrer dos trabalhos de sindicância foi oportunizado ao Sr. Manoel Bento Pacheco a possibilidade de apresentação de todos os meios de prova (exames clínicos, laudos médicos, testemunhos, etc.) e que este, todavia, não logrou juntar elementos que corroborassem com a causa de sua aposentadoria. Ou seja, não apresentou quaisquer documentos que implicassem em mudança de posicionamento por parte da Junta Médica que realizou sua perícia no ano de 2011. Vale ressaltar que a Comissão Processante faz uma análise bastante correta a respeito do fato de o Sr. Manoel Bento Pacheco estar enfrentando, nos dias de hoje, outra doença incapacitante, a neoplasia maligna. Assevera que tal infortúnio não ilide o fato de que a aposentadoria concedida em 1982 é irregular, uma vez que a moléstia incapacitante que originou a aposentadoria e que não restou comprovada em reavaliação pericial (a cardiopatia grave), é totalmente distinta daquela que verdadeiramente acomete o contribuinte desde 06/08/10 (neoplasia maligna). [...] Assim sendo, fazendo uso de suas prerrogativas legais, a Presidência do IPREV definiuse pela imediata suspensão do benefício previdenciário do segurado e a remessa dos autos à Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina para efetivarse a revisão do ato de aposentadoria e consequente cassação/anulação do mesmo. (destaquei) Tendo em vista a conclusão da perícia médica do IPREVSC, constatase que o Recorrente não fazia jus à isenção do imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria no período fiscalizado, por não ser portador de cardiopatia grave. Notese que a conclusão da Comissão do IPREV bem como da sua Presidência foi clara no sentido de que a aposentadoria por invalidez devido à cardiopatia grave foi irregular, determinando a sua suspensão. Acrescentese que não existe nenhum laudo médico oficial que ateste a doença, existindo apenas um mero atestado médico, contrariando a exigência legal. Embora lhe tenha sido oportunizada, durante a sindicância, a apresentação de todos os meios de prova que atestassem a doença, o Contribuinte não apresentou nenhum documento que lhe socorresse. O fato de o Contribuinte ter obtido uma medida liminar mantendo o benefício previdenciário não ilide o lançamento tributário, posto que a autuação foi baseada em laudos oficiais do IPREVSC e não existia laudo oficial que comprovasse a sua enfermidade Fl. 552DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 553 11 (cardiopatia grave), além do que a decisão judicial não se encontra transitada em julgado, ou seja, é passível de revisão. No entanto, entendo que o Recorrente faz jus à isenção a partir de agosto de 2010, tendo em vista a constatação de que foi acometido de neoplasia maligna, conforme atesta o próprio IPREVSC, por meio de perícia médica. Assim, devem ser excluídos da tributação os rendimentos de aposentadoria recebidos de agosto a dezembro de 2010. Em relação à tributação sobre o 13º salário, a matéria não foi enfrentada na decisão de primeira instância, posto que não foi contestada por ocasião da impugnação, razão pela qual entendo que está fora do litígio. A matéria, portanto, encontrase preclusa, nos termos do artigo 17 do PAF. verbis: “Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante”. Diferentemente do que alega o Recorrente, não se trata de matéria de ordem pública e a sua análise implicaria em supressão de instância, uma vez que essa questão não foi submetida ao julgamento a quo. Quanto ao desconto padrão de 20% a que têm direito os optantes pela declaração simplificada, observase que apenas a declaração de ajuste anual do exercício 2009 (anocalendário 2008) foi apresentada no modelo simplificado (fls. 8 a 13). As demais (fls. 2 a 7 e 14 a 23) foram entregues no modelo completo. Em relação ao exercício 2009 (anocalendário 2008), o desconto simplificado já foi concedido no cálculo do imposto, conforme Demonstrativo de Apuração do Auto de Infração (fl. 362). No tocante aos demais exercícios (anoscalendário 2007, 2009 e 2010), entendo que assiste razão ao Recorrente nesse ponto, pois o próprio programa de declaração do imposto de renda oferecido pela Receita Federal alerta o contribuinte sobre a opção mais favorável. No presente caso, como o Contribuinte não declarou rendimentos tributáveis, não havia diferença entre a opção pelo modelo completo ou simplificado à época da declaração, não tendo ele usufruído qualquer desconto. Porém, caso o Contribuinte tivesse oferecido à tributação os valores recebidos de aposentadoria, o programa o teria alertado sobre a opção mais vantajosa, que seria o modelo simplificado, considerando a inexistência de deduções. Nesse sentido a seguinte decisão do CARF: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 [...] OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DESCONTO SIMPLIFICADO. Prevalece o lançamento de ofício de rendimentos não oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste Anual, admitindose o desconto simplificado no cálculo do imposto devido. (Acórdão nº 2102002.802, de 21/01/2014, Rel. Núbia Matos Moura). Dessa forma, deve ser deferido o desconto padrão de 20%, limitado ao teto legal, em relação aos anoscalendário de 2007, 2009 e 2010. Fl. 553DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11516.722580/201248 Acórdão n.º 2202003.418 S2C2T2 Fl. 554 12 Diante do exposto, voto no sentido de: a) NÃO CONHECER do recurso em relação à tributação do 13º salário, por preclusão; b) na parte conhecida, DAR parcial provimento ao recurso voluntário para: i) excluir da tributação os rendimentos de aposentadoria recebidos de agosto a dezembro de 2010; ii) aplicar o desconto simplificado de 20% sobre os rendimentos tributáveis, limitado ao teto legal, em relação aos anoscalendário de 2007, 2009 e 2010. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 554DF CARF MF Impresso em 07/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 07/06/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 13984.000913/2008-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/1989 a 28/02/1996
COMPROVAC¸A~O DA EXISTE^NCIA DO DIREITO CREDITO´RIO. O^NUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE. DILIGÊNCIA EM BUSCA DA VERDADE MATERIAL.
E´ o^nus do contribuinte a comprovac¸a~o minudente da existe^ncia do direito credito´rio. Em busca da verdade material é admissível o exame da escrita fiscal do contribuinte e a documentação apresentada em diligência com o intuito de sanar equívoco nas informações prestadas
Numero da decisão: 3301-002.963
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário.
ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL - Presidente.
VALCIR GASSEN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE. DILIGÊNCIA EM BUSCA DA VERDADE MATERIAL. É ônus do contribuinte a comprovaçaõ minudente da existência do direito creditório. Em busca da verdade material é admissível o exame da escrita fiscal do contribuinte e a documentação apresentada em diligência com o intuito de sanar equívoco nas informações prestadas Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário. ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL Presidente. VALCIR GASSEN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 00 09 13 /2 00 8- 15 Fl. 608DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por VALCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por VA LCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, contra a decisão consubstanciada no Acórdão n° 0730.849 (fls. 433 a 436), de 15 de março de 2013, proferida pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis – DRJ/FNS – que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Contribuinte. Assim ficou a ementa do referido acórdão: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1989 a 28/02/1996 COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE. É ônus do contribuinte a comprovação minudente da existência do direito creditório. DIREITO CREDITÓRIO. INOVAÇÃO. A modificação da natureza do direito creditório apontado em Declaração de Compensação configura inovação, sujeita ao rito processual cabível, segundo o qual a apreciação inicial se dá pela unidade da Receita Federal de origem. Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório da Resolução nº 3801000.778 (fls. 471 a 477), de 19 de agosto de 2014, da 1ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF: Tratase o presente processo de manifestação de inconformidade frente a despacho decisório emitido pela DRF/Lages que não homologou compensações declaradas pela contribuinte. A interessada, em posse de decisão judicial transitada em julgado que reconhece a inconstitucionalidade dos Decretos Leis n° 2.445/88 e no 2.449/88 e determina o direito compensação dos valores pagos indevidamente, ingressou com declarações de compensação (DCOMP) junto à RFB para exercer seu direito. A DRF/Lages decidiu pela não homologação das DCOMP apresentadas pela contribuinte devido a contribuinte não ter apresentado os valores corretos referentes as bases de cálculo do tributo abrangido pela decisão judicial. A interessada apresenta manifestação de inconformidade frente esta decisão, com os argumentos abaixo expostos. A contribuinte concorda que a base de cálculo apresentada não compete com a realidade dos recolhimentos efetuados. Teria ocorrido um vício de formataçaõ da planilha que ao ser alterada provocou um erro na fórmula de apresentar as bases de cálculos. A contribuinte considera que a base de cálculo apresentada é errônea e que deve ser calculada corretamente, para tanto, apresenta em anexo a planilha com a base de cálculo correta, requerendo assim a reconsideração da planilha anterior apresentada. Como o direito a compensação existe, visto que a manifestante teve seu crédito reconhecido judicialmente perante o processo 2001.72.06.0038286 já transitado em julgado dia 13/08/2004, agora espera o reconhecimento na esfera administrativa. Apresenta ainda diversas considerações acerca da compensação tributária, reafirmando os argumentos expendidos na ação judicial. Aduz que a liquidez do direito se comprova em razão das Guias DARFs , que demonstram o recolhimento indevido, e o " quantum " recolhido. Em suas palavras: A comprovação do valor recolhido e da base de calculo do PIS período 05/1991 a 12/1995 foi sido devidamente apresentada, porém a planilha apresentou um erro informal, reconsiderando a planilha anterior e analisando a base de cálculo correta Fl. 609DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por VALCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por VA LCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 13984.000913/200815 Acórdão n.º 3301002.963 S3C3T1 Fl. 609 3 agora apresentada, comprova que a manifestante faz jus à repetição do indébito desta forma a direito líquido e certo à restituição. Requer, por fim a homologação integral de suas DCOMP. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1989 a 28/02/1996 COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE. É ônus do contribuinte a comprovação minudente da existência do direito creditório. DIREITO CREDITÓRIO. INOVAÇÃO. A modificação da natureza do direito creditório apontado em Declaração de Compensação configura inovação, sujeita ao rito processual cabível, segundo o qual a apreciação inicial se dá pela unidade da Receita Federal de origem. O entendimento da DRJ se resume aos seguintes trechos do voto condutor, a saber: No presente processo, o direito creditório da contribuinte foi assegurado pelo Poder Judiciário. (...) Constatase que a contribuinte, após intimada a apresentar planilha demonstrando a origem de seu direito creditório, e após a concessão de prorrogação no prazo para entrega, apresentou as bases de cálculo da Contribuição ao PIS para o período 05/1991 a 12/1995, porém essas bases não guardavam correlação com a realidade e com os recolhimentos efetuados, e por este motivo seu direito creditório foi negado. A contribuinte, em sua manifestação de inconformidade, concorda que apresentou ao Fisco valores incorretos referentes a base de cálculo do tributo objeto da ação judicial, impossibilitando, desta forma, a apuração de seus créditos. Requer, todavia, que esta apuração seja efetuada nesta fase processual, por meio da apresentação de documento contendo os valores que entende corretos. (...) Em relação a este pleito, esclarecese que a competência para decidir sobre pedido de restituição de crédito relativo a tributo administrado pela RFB, bem como sobre a compensação é o titular da Delegacia da Receita Federal do Brasil que tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. (...) A competência das DRJ, portanto, restringese à lide, ou seja, aos fatos perfeitamente descritos e identificados no despacho decisório, tempestivamente impugnados. Este não é o local apropriado para trazer novos elementos, não apresentados à Delegacia da Receita Federal do Brasil competente para a análise original do direito creditório. No caso concreto, como as bases de cálculo necessárias a verificação do direito creditório forma trazidas apenas em sede de manifestação de inconformidade; não foram apresentadas à autoridade competente para decidir sobre a compensação declarada, as mesmas não foram analisadas no despacho decisório. Diante deste quadro, não há, então, como acatar, em sede de recurso administrativo, o pleito da contribuinte. Fl. 610DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por VALCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por VA LCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL 4 A Recorrente apresentou o presente Recurso Voluntário alegando que a verdade material deve prevalecer no processo administrativo e que mero erro formal não pode impedir o exercício do direito reconhecido judicialmente; que a prova apresentada em sede de manifestação de inconformidade deveria ser analisada e que possuía créditos suficientes para realizar a compensação ora pleiteada. Por meio da Resolução nº 3801000.778 os Conselheiros da 1ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, decidiu converter o julgamento do Recurso Voluntário em diligência para que: (...) a delegacia de origem: a) Examine a escrita fiscal da contribuinte e a documentação apresentada e calcule se a mesma possuía créditos sujeitos à compensação decorrente do direito pleiteado no Mandado de Segurança nº 2001.72.06.0038286, respeitandose inclusive, o disposto na Súmula 15 do CARF (a base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária). b) Abra prazo de 20 dias para a contribuinte se manifestar. c) Retorne esse processo para julgamento. Em resposta a solicitação de realização de diligência, o Delegado da DRF/LAG, por intermédio da Informação Fiscal NURAC/DRF LAG nº 048/2015 (fls. 598 a 601), de 4 de maio de 2015, apresentou as informações requeridas. É o relatório. Voto Conselheiro Relator O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, em face ao Acórdão nº 0730.849 é tempestivo. O presente Recurso Voluntário visa reformar a decisão da 4ª Turma da DRJ/FLN, que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e negou o direito ao crédito não reconhecido, e determinar a homologação integral dos valores compensados, cancelando o débito apontado. O que houve foi um vício de formatação da planilha, que resultou um erro na fórmula de apresentar as bases de cálculo. O Contribuinte ao perceber tal erro apresentou nova planilha, desta vez com a base de cálculo correta. Não há que se alegar a impossibilidade de o contribuinte corrigir o erro, pois o julgador tem o dever de buscar a verdade material dos fatos, analisando todas as provas e não ignorando documentos apresentados pelo Contribuinte, mesmo que após a impugnação. Neste sentido o voto do Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, na Resolução n° 3801000.778 (fls. 45) que decidiu pela solicitação de diligência: Entendo que, por força do princípio da verdade material, não se pode negar o direito à verificação da correção da base de cálculo utilizada pelo contribuinte para o recolhimento da PIS considerado por ele como recolhido a maior. Em resposta a Resolução nº 3801000.778 informa o Delegado da DRF/LAG expressa as seguintes conclusões: 1) Recálculo do indébito tributário Fl. 611DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por VALCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por VA LCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 13984.000913/200815 Acórdão n.º 3301002.963 S3C3T1 Fl. 610 5 Como ferramenta de (re)cálculo do crédito foi utilizado o Sistema CTSJ (Créditos Tributários Sub Judice), sendo levados em consideração os seguintes aspectos: à Foram consideradas as bases de cálculo como o faturamento constante da planilha apresentada pela contribuinte (fls. 3537) para os períodos de apuração de nov/1991 a out/1995, bem como as bases de cálculo declaradas pela contribuinte nas DIPJs dos anosbase 1993 e 1994 (fls. 483484) para os períodos de apuração de set/93 (utilizada a base de cálculo de mar/93), jan/94 (utilizada a base de cálculo de jul/1993), dez/94 (utilizada a base de cálculo de jun/1994) e jan/95 (utilizada a base de cálculo de jul/1994). Foi considerada a base de cálculo como o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. à O crédito da contribuinte nada mais é do que o saldo do confronto entre os valores pagos conforme os decretos declarados inconstitucionais e o valor apurado conforme a Lei Complementar nº 07/1970. à Os valores apurados como débitos de PIS, de acordo com a Lei Complementar 7/70 e alterações, foram confrontados com os pagamentos efetuados via DARF (juntados ao presente processo e confirmados nos sistemas de pagamento da RFB), para as respectivas competências (de acordo com a semestralidade, determinada pela decisão judicial), sendo apurado um saldo credor a favor da contribuinte. Pelos cálculos efetuados através do sistema CTSJ, a interessada é credora no montante de R$ 5.443,50, atualizado até 01/01/1996 (fls. 498501). à Para se chegar ao saldo credor atualizado, no programa CTSJ, foram utilizados os seguintes índices de correção monetária, determinados pela decisão judicial: INPC (no período de novembro a dezembro de 1991), UFIR (a partir de 01/01/92) e SELIC (a partir de jan/1996), além das súmulas 32 e 37 do TRF da 4a Região. Pelo sistema CTSJ foram emitidos os seguintes relatórios com seus respectivos significados (fls. 496588): Dados do Contribuinte e Trabalho: constam os dados cadastrais da empresa e o nome do trabalho; Demonstrativo de Dados Cadastrais e Processo Judiciais: os dados cadastrais da ação judicial, inclusive data da impetração e trânsito em julgado; Demonstrativo de Saldos de Pagamentos: contém os pagamentos em DARF apresentados pela interessada como crédito da ação judicial e os seus respectivos saldos, com os créditos atualizados até 01/01/1996, restando um saldo a favor da contribuinte de R$ 5.443,50 (cinco mil, quatrocentos e quarenta e três reais e cinquenta centavos; Demonstrativo de Apuração de Débitos: constam os valores de base de cálculo e alíquota utilizados, para apuraca̧õ dos débitos de PIS de acordo com a Lei Complementar 07/70; Demonstrativo de Vinculações Auditadas de Pagamentos: informa os períodos de apuração vinculados e as compensações realizadas com os DARF's; Demonstrativo Resumo das Vinculacõ̧es Auditadas: encontramse, mês a mês, o valor da competen̂cia com sua respectiva vinculação de pagamento; Demonstrativo de Amortizações: informa de que modo os pagamentos foram amortizados e que tabela de atualização foi utilizada. Posteriormente, através do programa SAPO (Sistema de Apoio Operacional para Cálculo de Restituição/Compensação; fls. 589597), foi efetuada a compensação entre o crédito de PIS apurado no item anterior (R$ 5.443,50, atualizados até 01/01/1996, a favor da contribuinte) e os débitos COMPENSADOS pela Fl. 612DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por VALCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por VA LCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL 6 contribuinte nas Declarações de Compensação (PERDCOMP's) relacionados na tabela a seguir: No da DCOMP Data de transmissão 30240.57018.140104.1.3.570949 14/01/2004 28885.18809.120204.1.3.577224 12/02/2004 01742.17447.100304.1.3.573707 10/03/2004 15189.77019.160404.1.3.575140 16/04/2004 18669.89250.140504.1.3.577059 14/05/2004 33361.72003.150704.1.3.579010 15/07/2004 30905.07054.270804.1.3.573500 27/08/2004 05069.75607.140904.1.3.574804 14/09/2004 03943.54209.151004.1.3.573016 15/10/2004 14116.07547.121104.1.3.572509 12/11/2004 06079.96285.140105.1.3.576052 14/01/2005 32191.22463.170205.1.3.571971 17/02/2005 2) Cálculo da compensação Pelos cálculos efetuados pelo programa SAPO (fls. 589), os créditos de PIS faturamento foram SUFICIENTES para amortizar TOTALMENTE (montante de R$ 14.617,77) apenas os débitos compensados nas DCOMP's: 30240.57018.140104.1.3.570949, 28885.18809.120204.1.3.577224, 01742.17447.100304.1.3.573707, 15189.77019.160404.1.3.575140, 18669.89250.140504.1.3.577059 (períodos de apuraca̧õ dez/2003 a abr/2004), amortizar PARCIALMENTE (montante de R$ 281,52) o débito compensado na DCOMP 33361.72003.150704.1.3.579010 (6912 período de apuração mai/2004, restando R$ 201,27 de débito a ser cobrado), restando também os débitos a serem cobrados (montante de R$ 10.565,01) nas DCOMP's 33361.72003.150704.1.3.579010, 30905.07054.270804.1.3.573500, 05069.75607.140904.1.3.574804, 03943.54209.151004.1.3.573016, 14116.07547.121104.1.3.572509, 06079.96285.140105.1.3.576052, 32191.22463.170205.1.3.571971 (períodos de apuraca̧õ mai/2004 a jan/2005), conforme a tabela a seguir: (...). Desta forma, com base na informação fiscal produzida pela Receita Federal, por meio do pedido de diligência do CARF, concluise que de fato o contribuinte possui valores a serem compensados referentes as contribuições. Salientase que pela Intimação NURAC/DRF/LAG N.° 110/2015 (fls. 602), de 5 de maio de 2015, foi dado ciência da Informação Fiscal n° 048/2015 relativa a diligência efetuada e que diante das informações prestadas não há no processo manifestação do Contribuinte. Logo, em observância ao princípio da verdade material e com a análise das provas constantes nos autos, voto no sentido de acolher parcialmente o Recurso Voluntário do Contribuinte, amortizando na totalidade 7 (sete) Dcomp´s e parcialmente a Dcomp 33361.72003.150704.1.3.579010, nos termos da informação fiscal produzida pela autoridade administrativa. Valcir Gassen Relator Fl. 613DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por VALCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por VA LCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 13984.000913/200815 Acórdão n.º 3301002.963 S3C3T1 Fl. 611 7 Fl. 614DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2016 por VALCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por VA LCIR GASSEN, Assinado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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Numero do processo: 16696.720538/2014-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
Ementa:
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
Para se gozar do abatimento pleiteado com base em despesas médicas, deve o contribuinte comprovar a efetiva prestação dos serviços e o pagamento correlato.
Numero da decisão: 2201-003.088
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
Eduardo Tadeu Farah Presidente e Relator.
EDITADO EM: 02/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente), Carlos Henrique de Oliveira, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa da Cruz e Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada).
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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COMPROVAÇÃO. Para se gozar do abatimento pleiteado com base em despesas médicas, deve o contribuinte comprovar a efetiva prestação dos serviços e o pagamento correlato. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah – Presidente e Relator. EDITADO EM: 02/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente), Carlos Henrique de Oliveira, Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa da Cruz e Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 69 6. 72 05 38 /2 01 4- 05 Fl. 119DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2011, consubstanciado na Notificação de Lançamento de fls. 6/12, que apurou imposto suplementar de R$ 8.483,16, mais multa de ofício e juros de mora. A autoridade fiscal apurou as seguintes infrações: Omissão de Rendimentos Recebidos a Título de Resgate de VGBL, dedução Indevida de Instrução e Despesas Médicas, nos valores de R$ 2.117,40, R$ 1.885,40 e R$ 28.000,00, respectivamente. Cientificado do lançamento, o contribuinte protesta pelo restabelecimento das Despesas Médicas no valor de R$ 28.000,00. Informa que acreditou ser necessário apenas os laudos médicos que motivaram os tratamentos realizados com as profissionais pessas físicas (Carolina, Juciara e Eleonora), todavia, apresenta agora os respectivos recibos. Não houve constestação do lançamento relativo à omissão de rendimentos e à dedução indevida de despesas com Instrução. A 3ª Turma da DRJ em Brasília/DF julgou improcedente a impugnação apresentada, conforme ementas abaixo transcritas: MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS A TÍTULO DE RESGATES DE PLANOS DE SEGURO DE VIDA (VGBL) E DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS COM INSTRUÇÃO. Consideramse não impugnadas, portanto não litigiosas, as matérias que não tenham sido expressamente contestadas pelo contribuinte. DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS. Todas as deduções informadas na Declaração de Ajuste Anual estão sujeitas à comprovação, mediante documentação hábil e idônea. São restabelecidas as despesas efetivamente comprovadas. Impugnação Improcedente O Contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 06/08/2015 (fl. 63) e, em 01/09/2015, interpôs o recurso de fls. 66/115, sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos postos em sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, Relator O recurso reúne os requisitos de admissibilidade. Fl. 120DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 16696.720538/201405 Acórdão n.º 2201003.088 S2C2T1 Fl. 3 3 Cingese a controvérsia, nesta Segunda Instância, à comprovação das despesas médicas glosadas pela fiscalização. De início, cumpre reproduzir trecho do recurso voluntário (fl. 66): I Os Fatos A primeira notificação que recebi foi para apresentar os comprovantes de despesas médicas utilizadas na dedução. Apresentei os recibos dos profissionais de saúde com valores utilizados na dedução. Uma segunda intimação afirmava que a simples apresentação de recibos não comprovavam as despesas e solicitava que identificasse os cheques utilizados para pagamento dos profissionais ou a origem do numerário, se os pagamentos foram efetuados em espécie. Apresentei como justificativa o fato de que, apesar de os recibos apresentados serem mensais. os tratamentos foram realizados em média de 04 sessões semanais,e a cada sessão o pagamento era feito em espécie.não havendo como identificar de onde foram oriundos os recursos de cada um deles. Diferentemente do que alega o recorrente em seu apelo, cabe ao beneficiário dos recibos e/ou das deduções provar que realmente efetuou o pagamento no valor constante no comprovante e/ou no valor pleiteado como despesa, bem assim a época em que o serviço foi prestado, para que fique caracterizada a efetividade da despesa passível de dedução. Transcrevese o art. 73 e o § 1º do Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Primeiramente, admitese como prova idônea de pagamentos os recibos fornecidos por profissional competente legalmente habilitado. Entretanto, existindo dúvida quanto à idoneidade do documento por parte do fisco, pode este solicitar provas não só dos pagamentos, mediante cópia de cheques nominativos e de extratos bancários, mas também dos serviços prestados pelos profissionais, tais como radiografias, exames, laudos médicos, etc. Portanto, o simples recibo não tem o condão de comprovar a efetividade da prestação de serviço. Cumpre ainda registrar que na relação processual tributária compete ao sujeito passivo oferecer os elementos que possam ilidir a imputação da irregularidade e, se a comprovação é possível e este não a faz porque não pode ou porque não quer é lícito concluir que tais operações não ocorreram de fato, tendo sido registradas unicamente com o Fl. 121DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 4 fito de reduzir indevidamente da base de cálculo tributável. Sobre a matéria já manifestou este Órgão, conforme ementas transcritas: IRPF DESPESAS MÉDICAS, ODONTOLÓGICAS E OUTRAS DEDUTÍVEIS A efetividade do pagamento a título de despesas odontológicas não se comprova com mera exibição de recibo, mormente quando o contribuinte não carreou para os autos qualquer prova adicional da efetiva prestação dos serviços e existem fortes indícios de que os mesmos não foram prestados. (Ac. 1ºCC 10244154/2000) IRPF DEDUÇÕES COM DESPESAS MÉDICAS COMPROVAÇÃO Para se gozar do abatimento pleiteado com base em despesas médicas, não basta a disponibilidade de um simples recibo, sem vinculação do pagamento ou a efetiva prestação de serviços. Essas condições devem ser comprovadas quando restar dúvida quanto à idoneidade do documento. (Ac. 1º CC 10243935/1999) IRPF DESPESAS MÉDICAS DEDUÇÃO Inadmissível a dedução de despesas médicas, na declaração de ajuste anual, cujos comprovantes não correspondam a uma efetiva prestação de serviços profissionais, nem comprovado os desembolsos. Tais comprovantes são inaptos a darem suporte à dedução pleiteada. Legítima, portanto, a glosa dos valores correspondentes, por se respaldar em recibo imprestável para o fim a que se propõe. (Ac. 1º CC 10416647/1998) IRPF DEDUÇÃO COM DESPESAS MÉDICAS COMPROVAÇÃO Para se gozar do abatimento pleiteado com base em despesas médicas, não basta a disponibilidade de um simples recibo ou declaração unilateral, sem a efetiva comprovação da prestação dos serviços e do pagamento correlato. Essas condições devem ser comprovadas por outros meios de prova, tais como: radiografias, receitas médicas, exames laboratoriais, notas fiscais de aquisição de remédios e outras. Simples declarações unilaterais não têm o condão de suprir as provas mencionadas. (Acórdão 10246489) Não se pode perder de vista que a apresentação dos extratos bancários indica, no máximo, que o contribuinte possui recursos para arcar com as despesas; entretanto, não é hábil a comprovar a efetividade da prestação de serviço, mormente porque não houve a vinculação dos saques com os supostos pagamentos. Assim, devese manter a glosa relativa à suposta prestação de serviço de fisioterapia e fonoaudiologia (Carolina Furtado Thomaz, Juciara Andrade Candido e Eleonora Couto Siqueira da Silva), no valor de R$ 28.000,00. Ante ao exposto voto no sentido de negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 122DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 16696.720538/201405 Acórdão n.º 2201003.088 S2C2T1 Fl. 4 5 Fl. 123DF CARF MF Impresso em 04/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
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