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Numero do processo: 10830.912083/2012-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 27/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.797
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 27/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 20 83 /2 01 2- 12 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10830.912083/201212 Acórdão n.º 3301003.797 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.824, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912083/201212 Acórdão n.º 3301003.797 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912083/201212 Acórdão n.º 3301003.797 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912083/201212 Acórdão n.º 3301003.797 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912083/201212 Acórdão n.º 3301003.797 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912083/201212 Acórdão n.º 3301003.797 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912083/201212 Acórdão n.º 3301003.797 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912083/201212 Acórdão n.º 3301003.797 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.735833/2011-86
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 01/12/2006, 18/09/2009
OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS.
Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporação reversa e nova capitalização, em inobservância da correta interpretação a ser dada ao art. 135 do Decreto nº 3.000, de 1999, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 9202-005.620
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Ana Paula Fernandes.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Recorrente MARCELLO CARVALHO DE ALMEIDA Interessado PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Data do fato gerador: 01/12/2006, 18/09/2009 OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. DUPLICIDADE DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS E RESERVAS. Constatada a majoração artificial do custo de aquisição da participação societária alienada, mediante a capitalização de lucros e reservas oriundos de ganhos avaliados por equivalência patrimonial nas sociedades investidoras, seguida de incorporação reversa e nova capitalização, em inobservância da correta interpretação a ser dada ao art. 135 do Decreto nº 3.000, de 1999, devem ser expurgados os acréscimos indevidos com a conseqüente tributação do novo ganho de capital apurado. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Ana Paula Fernandes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 58 33 /2 01 1- 86 Fl. 1523DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Trata o presente processo de auto de infração AI de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, às efls. 1066 a 1071, cientificado ao contribuinte em 03/11/2011 (efl. 1073). O lançamento visou à constituição de créditos devido à omissão dos ganhos de capital auferidos na alienação de ações não negociadas em bolsa, conforme, minuciosamente, consta no termo de verificação fiscal TVF às efls. 994 a 1065. Em resumo, de acordo com o TVF, a operação de alienação das ações do Banco Pactual S.A. pelos acionistas pessoas físicas foi precedida por reorganização societária ocorrida entre sociedades holdings (Nova Pactual Participações Ltda NPP e Pactual S.A. PSA), as quais detinham todas as ações do Banco Pactual S/A. Essa reorganização societária teve como finalidade transferir a propriedade das mencionadas ações diretamente às pessoas físicas alienantes (que antes da reorganização detinham a propriedade indireta sobre as ações do Banco Pactual S/A), em atendimento ao Contrato de Compra e Venda das Ações do Banco Pactual S.A. firmado em 09/05/2006 com a adquirente UBS AG. Sinteticamente, a referida reorganização consistiu na extinção das holdings que detinham participações societárias no Banco, por meio de sucessivas incorporações às avessas, culminando com a alienação das ações do Banco Pactual S.A. diretamente pelos acionistas pessoas físicas da instituição. A pessoa física alienante de ações do Banco Pactual S/A valeuse da supracitada reorganização societária para adotar um planejamento tributário inconsistente, por meio do qual se verificou a majoração ilícita do custo das ações alienadas, gerando, como conseqüência, a redução indevida do ganho de capital tributável obtido pelo acionista pessoa física. No anocalendário de 2006 o contribuinte aumentou o custo das ações do Banco Pactual S.A., mediante prévia capitalização de lucros nas holdings a serem incorporadas, em valor total de R$ 14.049.426,00, sendo R$ 6.578.768,00 na NPP e R$ 7.470.658,00 na PSA. Nas incorporações às avessas, da sociedade investidora que basicamente auferia lucros pela equivalência patrimonial com a sociedade investida, os lucros em curso de equivalência patrimonial da investidora incorporada não tinham capacidade, por si só, de Fl. 1524DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.524 3 aumentar o capital social da investida incorporadora, porque eram meros reflexos dos lucros desta. Houve no anocalendário 2006 um substancial aumento de capital social nas holdings do Banco Pactual S.A., seguido de incorporações às avessas, até que restasse somente a pessoa jurídica do Banco Pactual S.A. Mas, no entanto, não houve qualquer aumento de capital social do Banco Pactual S.A. no anocalendário 2006. Foram glosados parcialmente os seguintes aumentos do custo de aquisição das ações: R$ 6.578.768,00, referentes à capitalização de lucros (a) na investidora/incorporada NPP em 13/10/2006; e (b) R$ 7.470.658,00 referentes à capitalização de lucros na investidora/incorporada PSA em 03/11/2006. Para apuração do ganho de capital, foi considerado pela fiscalização, como custo dedutível, o valor calculado com base no valor corrente do capital social na data de aquisição, mediante o custo médio ponderado, resultando em R$ 6.412.601,55. O crédito lançado, em decorrência da glosa dos custos das ações, atingiu o montante de R$ 4.695.017,65, já calculado com multa de ofício e juros de mora até outubro de 2011, para os fatos geradores ocorridos em 1º/12/2006 e 18/09/2009. O auto de infração foi impugnado, às efls. 1078 a 1112, em 25/11/2011. Já a 21ª Turma da DRJ/RJ1, no acórdão nº 1247.947, prolatado em 03/07/2012, às efls. 1186 a 1213, considerou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Inconformado, em 26/07/2012, o contribuinte, interpôs recurso voluntário RV, às efls. 1220 a 1263, repisando argumentos da impugnação, conforme abaixo: 1. antes da reestruturação, era titular de investimentos representativos de 0,000019% da Nova Pactual Participações Ltda (NPP), sociedade holding titular de investimentos representativos de 78,18% do capital de Pactual S.A. (PSA), também uma sociedade holding e titular de investimentos representativos de 100% do capital do Banco Pactual. Os demais 21,82% do capital social da NPP eram de propriedade de Pactual Holdings S.A., sociedade holding na qual não tinha qualquer participação; 2. após a implementação da reestruturação, o custo de seus investimentos no Banco Pactual passou a ser R$5.127.119,00, o valor utilizado como base para a quantificação de seu ganho de capital; 3. o auto de infração indica, como enquadramento legal, uma série de dispositivos que apenas contém regras gerais relativas à apuração e à tributação dos ganhos de capital auferidos por pessoas físicas; não há a indicação do dispositivo legal que teria sido infringido, o que nem poderia ser feito, pois os efeitos da reestruturação decorreram justamente da aplicação dos dispositivos legais em vigor; 4. O Grupo Pactual era composto por diversas holdings, existentes há mais de 10 anos, e constituídas em época em que os acionistas não cogitavam alienar seus investimentos Fl. 1525DF CARF MF 4 no Banco Pactual; os objetivos das holdings eram exclusivamente os de organizar o exercício do controle do Banco Pactual e propiciar uma distribuição adequada de seus resultados; dessa forma, a alienação do Banco Pactual a terceiros faria com que as holdings se tornassem totalmente desnecessárias; 5. o caminho trilhado pelos acionistas para se tornarem vendedores do Banco Pactual foi o mais lógico, rápido e econômico dentre todos disponíveis, sendo o acréscimo do custo de seus investimentos mera consequência de aplicação das normas em vigor; 6. havia algumas opções para a realização do negócio diretamente pelos acionistas, tendo sido a opção pela incorporação reversa das holdings pelo Banco Pactual a mais conveniente do ponto de vista prático, operacional, negocial e fiscal; desde que o art. 8° da Lei 9.532, de 1997, definiu os efeitos fiscais das incorporações inversas, as incorporações de holdings têm sido a primeira opção para a eliminação de empresas cuja existência se torna desnecessária; a rapidez com que as holdings foram eliminadas demonstra a eficiência da opção adotada pelos acionistas; 7. assim, não procede a assertiva de que a reestruturação foi realizada com o objetivo de ser utilizada pelos acionistas para aumentar indevidamente o custo de aquisição de seus investimentos no Banco Pactual; 8. a Lei 6.404, de 1976 (LSA) define, em seu art. 227, a incorporação como a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações; como regra, cabe à incorporadora aumentar seu capital social, sendo o aumento realizado pelo patrimônio líquido da incorporada e tocando aos acionistas desta última as ações representativas desse aumento de capital (art. 224, inciso I); 9. a incorporadora recebe um conjunto patrimonial e paga aos acionistas da incorporada por esse, em ações representativas do aumento de seu capital; não se apuram resultados na substituição de ações da incorporada por ações da incorporadora e, por essa razão, as ações da incorporadora recebidas pelos acionistas da incorporada tem o mesmo custo de seus investimentos na incorporada, declarados extintos na incorporação; 10. o conjunto patrimonial destinado à realização do aumento de capital corresponde à diferença entre o valor dos ativos e das obrigações da incorporada, isto é, ao seu patrimônio líquido; Fl. 1526DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.525 5 11. a parcela do patrimônio líquido da incorporada representada por lucros ou reservas de lucro, por exemplo, transformase em capital da incorporadora no processo de incorporação; por essa razão, é indiferente que, antes da incorporação, os lucros da incorporada sejam ou não capitalizados; 12. nas incorporações inversas, a capitalização de lucros das incorporadas nos processos de incorporação por vezes não é perceptível de imediato, pois pode ocorrer de o capital da incorporadora permanecer o mesmo antes e depois da operação; com efeito, tomese, por exemplo, situação em que: (i) a incorporadora/controlada tenha sido constituída no ano I, com o capital de RS100.000,00; (ii) sua única acionista seja a incorporada/controladora, uma incorporadora/controlada (R$100.000,00); (iii) a incorporadora/controlada tenha auferido lucros de R$50.000,00 e promovido a capitalização dos mesmos; 13. na incorporação, caberia à incorporadora/controlada aumentar seu capital em R$150.000,00 (valor de patrimônio líquido da incorporada/controladora), atribuindo as ações representativas desse aumento aos acionistas da incorporada/controladora; em contrapartida desse aumento, os ativos da incorporada/controladora seriam transferidos à incorporadora/controlada; mas, como a legislação brasileira não confere às ações representativas do capital da própria emitente a natureza de ativo, as referidas ações seriam declaradas extintas e o capital social da incorporadora/controlada permaneceria inalterado; assim, a situação patrimonial da incorporadora/controlada seria exatamente a mesma, antes e depois da incorporação; 14. mesmo quando o capital da incorporadora/controlada permanece inalterado após a incorporação, ocorre aumento de seu capital e desaparecem as contas que refletem os lucros e reservas da controladora/incorporada, cuja capitalização seria apta a gerar acréscimo de custo para seus acionistas; 15. antes da incorporação, os acionistas da investidora/incorporada seriam titulares de ações de empresa apta a distribuir dividendos no valor de R$50.000,00, quando tivesse disponibilidades de caixa, e em condições de capitalizar seus lucros, elevando para R$150.000,00 o custo dos investimentos; 16. com a incorporação da investidora/incorporada, seus acionistas passariam a participar da sociedade investida/incorporadora sem lucros disponíveis e com capital social de R$150.000,00; assim, se o custo dos investimentos dos acionistas da investidora/incorporada não fosse elevado para R$150.000,00, eles perderiam, com a incorporação, a oportunidade de receber dividendos ou mesmo bonificações que possibilitassem o aumento do custo de seus investimento até o montante do patrimônio líquido da invertida/incorporadora; ou seja, se o custo não fosse ajustado, o acionista passaria a Fl. 1527DF CARF MF 6 registrar um deságio nos seus investimentos; esse fato evidencia, por si só, a ocorrência da capitalização dos lucros das incorporadas nos processos de incorporação e justifica o ajuste do custo dos investimentos dos acionistas da incorporada, com base no § único do art. 130 ou no art. 135 do RIR; 17. não fosse a distribuição e capitalização prévia de lucros, a incorporação faria com que as quotas da incorporadora (Pactual S.A.), destinadas aos quotistas da Nova Pactual Participações Ltda em substituição de suas participações na mesma, fossemlhes atribuídas na proporção do capital social, fazendo com que os lucros acumulados até então fossem distribuídos também nesta proporção; 18. os lucros de Nova Pactual foram distribuídos em bases desproporcionais e reaplicados na empresa, acertando as participações dos acionistas no patrimônio líquido antes da incorporação, Com esse procedimento, a participação indireta do Impugnante no Banco subiu de 0,30% (0.38% de 78,18%) para 0,65% (0,83% de 78,18%), o que é comprovado pela 4ª alteração contratual da Nova Pactual datada de 13/10/2006; naquela oportunidade, o capital da Nova Pactual foi aumentado em R$ 686.000.000,00, mediante a conversão de créditos detidos por seus quotistas, decorrentes do direito ao recebimento de lucros e a capitalização dos referidos lucros gerou significativa alteração nos percentuais de participações dos acionistas no capital da referida empresa; 19. as capitalizações de lucros verificadas antes das incorporações não representaram mero artifício para elevação do custo dos investimentos dos acionistas, pois (i) essa elevação ocorreria independentemente da capitalização prévia dos lucros e, no caso concreto, (ii) era essencial à adequada distribuição dos lucros da Nova Pactual; 20. nas incorporações inversas, os acionistas da incorporadora recebem ações da incorporadora por custo idêntico ao das ações da incorporada por eles detidas; por outro lado, ocorre capitalização de lucros ou reservas eventualmente existentes na incorporada, passando o novo custo de aquisição das ações dos acionistas da incorporada a corresponder ao valor original de seu investimento, acrescido do montante dos lucros e reservas de lucros da incorporada, capitalizados no processo de incorporação; 21. o aumento do custo de aquisição se seus investimentos no Banco Pactual se verificaria, quer houvesse deliberação expressa e específica no sentido da capitalização dos lucros das holdings – como houve – quer não; 22. em se tratando da alienação de quotas ou ações e sendo o alienante pessoa física, o custo de aquisição corresponde ao custo original do investimento acrescido do montante dos lucros e reservas de lucros capitalizados, nos termos do § 1° do art. 130 e do art. 135 do RIR; 23. a legislação em vigor prevê que a capitalização de lucros gera acréscimo e custo para os acionistas pessoas físicas, sem cogitar da natureza do lucro; o ajuste do custo de seus Fl. 1528DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.526 7 investimentos decorre da aplicação da lei, e não há como rejeitálo; 24. a fiscalização limitase a alegar que houve uma interpretação incorreta do art. 135 do RIR por sua parte; isso evidencia que, na verdade, o auto de infração baseiase no inconformismo da fiscalização quanto às consequências da aplicação da lei no caso concreto; 25. as distorções apresentadas através dos quadros demonstrativos do TVF decorrem do texto da lei; de certa forma, a própria fiscalização reconhece esse fato, quando, para demonstrar a distorção, apresenta exemplos elaborados rigorosamente a partir da aplicação da lei; 26. os ganhos de equivalência patrimonial integram o resultado do exercício da investidora e, conforme estabelece o §6° do art. 202 da LSA, os lucros do exercício devem ser integralmente distribuídos, ressalvada a possibilidade de serem retidos, nos termos dos arts. 93 a 197 da mesma lei; 27. a opção de eliminaremse holdings mediante incorporações reversas era o caminho lógico, natural e admitido por lei para viabilizar a venda das ações do Banco Pactual pelos acionistas e o aumento do custo das ações do contribuinte foi mera conseqüência da adoção dessa opção, legítima e essencial à realização do negócio; 28. o art. 22 da Lei 9.249, de 1995, admite que, nas extinções de pessoas jurídicas, os bens de sua propriedade sejam restituídos a seus sócios ou acionistas pelos correspondentes valores contábeis; 29. não cabe à fiscalização deixar de aplicar a lei por considerar que ela gera distorções injustificáveis. O 1° Conselho de Contribuintes já decidiu que “a existência de falhas na legislação” não pode ser suprimida pelo julgador, ou, ainda, que "não cabe à autoridade fiscal ignorar o preceito representativo da vontade do legislador"; 30. o montante dos lucros capitalizados somase ao custo dos investimentos a que correspondem, ainda que eles tenham sido reconhecidos em razão da aplicação do MEP; assim, após a capitalização dos lucros existentes na Nova Pactual, o custo de seus investimentos atingiu R$10.919.650,00; esse é o valor que deveria ter servido de ponto de partida para quantificação do ganho de capital auferido na venda das ações do Banco Pactual, caso os efeitos da reestruturação fossem negados; 31. mesmo que a reestruturação tivesse sido levada a efeito nas bases que o TVF consideraria adequada, os R$10.919.650,00 corresponderiam ao custo de seus investimentos no Banco Pactual; 32. a sustentação da fiscalização de que o custo das ações do Banco Pactual deveria ser definido com base no valor do capital Fl. 1529DF CARF MF 8 de Pactual, dele expurgada uma parcela dos lucros do Banco Pactual que seria distribuída aos acionistas, em razão de usufruto então constituído, chega a causar perplexidade, se confrontada com as normas legais que tratam da matéria, segundo as quais o custo do investimento corresponde ao preço pago por sua aquisição, acrescido dos lucros e reservas de lucros atribuídos aos mesmos, em razão da realização de aumentos de capital da investida; 33. o procedimento adotado no auto de infração, no sentido de partir da situação patrimonial da Pactual para definir o custo de seus investimentos no Banco Pactual carece de base legal, como também carece o ajuste feito ao valor então encontrado, em razão da existência de usufruto sobre as ações do Banco Pactual; 34. depreendese do auto de infração que a fraude não estaria presente em ato específico, mas sim no resultado que, com a reestruturação, o impugnante procurou atingir, qual seja, uma injustificada redução do montante do imposto a pagar; 35. a reestruturação não foi realizada com esse propósito específico e seria levada a efeito, independentemente da economia fiscal que dela decorreu; o auto de infração não nega efeitos à reestruturação, apenas rejeita um dos efeitos fiscais, qual seja, o cômputo no custo dos investimentos dos lucros capitalizados pela Nova Pactual; 36. não há falar em fraude à lei, abuso de forma ou ilícito semelhante, mas sim em aplicação inadequada das normas legais que versam sobre a determinação do custo de investimentos, para efeitos de determinação de ganhos de capital; 37. mesmo que os atos fossem praticados com abuso de direito, não poderiam ser classificados como fraudulentos e qualificados como ilícitos de natureza penal, pois para que haja abuso de direito os atos que sejam assim classificados devem observar a legislação em vigor; se não observaram, o ilícito será de outra natureza; 38. em 2001, a RFB reconheceu publicamente que a legislação em vigor não lhe oferecia armas para combater o planejamento fiscal, o que levou o Congresso a publicar a Lei Complementar 104, de 2001 que introduziu no CTN o parágrafo único do art. 116, que depende ainda de regulamentação; 39. o escopo das referidas normas foi atingir atos que, embora lícitos, fossem praticados com abuso de forma ou de direito; aqueles praticados com observância da lei, mas com abuso de forma não podem ser rejeitados pela fiscalização, na medida em que a norma que lhe atribui esse poder ainda carece de regulamentação ou pelo menos não representam fraude ou simulação; 40. não há no TVF elemento que possa caracterizar a alegada fraude; também não há uma única indicação de que os atos praticados foram ilógicos ou menos convenientes, em termos negociais, do que outros; Fl. 1530DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.527 9 41. o único ponto suscetível de comportar discussão está na aplicação das regras do art. 130 e 135 do RIR; se permanecer o entendimento de que o referido dispositivo legal não engloba a capitalização de lucros derivados da aplicação da MEP, o custo dos investimentos do impugnante no Banco Pactual foram superdimensionados, mas apenas por equívoco na interpretação da lei; mas alegar que a reestruturação foi concebida com evidente intuito de fraude é um absurdo. 42. jamais se poderia ver fraude em procedimentos com as características da reestruturação; sua participação era extremamente reduzida, não tendo votos suficientes para fazer com que a reestruturação ocorresse dessa ou daquela forma; 43. não se alegue que a mera intenção do sujeito passivo de obter economia tributária caracterizaria "dolo" capaz de deflagrar a multa qualificada; 44. A aplicação da multa de 150% só se justifica quando há evidente intuito de fraude, ou seja, quando o contribuinte age de máfé e com claro propósito de violar conscientemente a lei; 45. a jurisprudência administrativa reserva a multa majorada apenas para casos em que haja tentativas de enganar, esconder, iludir a fiscalização e é uníssona em rejeitar a qualificação da multa quando não for demonstrada pela autoridade fiscal, com precisão, a existência de falsidade ou omissões que a justifiquem; são citadas a Súmula nº 14 do Carf e diversas decisões proferidas pelo órgão administrativo; 46. assim, tendo em vista que a fiscalização não comprovou e sequer apontou um único ato praticado pelo impugnante que pudesse configurar a fraude, fica evidente que não se verificaram no caso concreto os pressupostos para aplicação da multa qualificada; 47. se o impugnante acreditava e acredita que a lei permitia a elevação do custo de seus investimentos, seu procedimento, ainda que equivocado, não denota consciente intuito de fraude. 48. é descabida a incidência de juros sobre a multa porque isso implicaria numa indireta majoração da própria penalidade e não se pode falar em mora na exigência de multa; Além dos argumentos da impugnação, acresceu ainda: (a) a decisão recorrida parte de premissas equivocadas sobre a aplicação e funcionamento do MEP, ao afirmar que os lucros capitalizados pela Nova Pactual e PSA não tinham representatividade física, na medida em que eram meros reflexos contábeis do lucro do Banco Pactual, nelas registrados em razão do MEP; (b) quando um investimento é contabilizado pelo MEP, os lucros da sociedade investida traduzemse em receitas da sociedade investidora – chamados resultados positivos ou ganhos de Fl. 1531DF CARF MF 10 equivalência – que, antes de serem o próprio lucro da sociedade investidora, são apenas um elemento positivo (receita) na formação deste, que, a rigor, poderá sequer existir a depender das demais receitas e despesas próprias da sociedade; a sociedade investidora pode ter ganhos de equivalência (receitas) e não ter lucros ou mesmo ter prejuízos; (c) essa receita de equivalência é considerada definitiva e efetivamente auferida pela investidora; só não está sujeita à incidência de imposto de renda e outros tributos porque a lei permite que ela seja excluída da base de cálculo dos mesmos; essa exclusão não ocorre na base de cálculo do imposto de renda quando o lucro provém de investimentos em controladas ou coligadas sediadas no exterior (art. 74 da MP 2.15835/ 2001); o lucro da investidora que a leva em consideração pode ser distribuído aos sócios da investidora ou objeto de capitalização; (d) a aplicação do MEP é uma obrigatoriedade imposta pela lei, que objetiva fazer com que a sociedade investidora já reconheça como seu um ganho, uma receita ainda potencial, correspondente aos lucros retidos na sociedade investida; isso não torna o lucro da investida lucro da investidora e não iguala a capitalização dos lucros da investidora com a capitalização dos lucros da investida; aceitar essa simplificação é negar a própria existência da sociedade investidora, desconsiderar a sua personalidade jurídica, rejeitar a sua aptidão para ser sujeito ativo e passivo de direitos e obrigações e revogar todo o arcabouço jurídico que garante não serem as sociedades holdings estruturas inócuas e ilegítimas; (e) uma holding que também tenha atividades operacionais próprias pode ter receita de equivalência, e, num cenário positivo, outras receitas que aumentem o seu lucro ou, num cenário negativo, perdas que reduzam a sua lucratividade ou mesmo a levem a demonstrar prejuízo; (f) nenhuma interpretação do art. 135 do RIR autoriza que, na capitalização de lucros, o custo de aquisição das ações não seja acrescido no valor da capitalização; (g) uma holding pura, ou seja, que não tem atividade operacional própria, mas tãosomente participa no capital da investida, não pode ser tratada diferentemente de outras holdings, pois a lei não faz essa distinção; portanto, os lucros da investida não são os lucros da investidora, seja esta uma holding pura, ou não; os lucros da investida continuam a ser uma receita da investidora, ainda que a ausência de outras atividades relevantes nas holdings faça com que os seus resultados sejam afetados de forma extremamente preponderante pelos lucros gerados pela sociedade operacional (Banco Pactual); (h) no caso em apreço, as capitalizações deramse com os lucros das próprias holdings e não com o lucro do Banco Pactual; são lucros absolutamente distintos e inconfundíveis; (i) a rejeição da aplicação da lei em benefício de suposta justiça econômica geraria uma total insegurança jurídica e situações ambíguas em que o aplicador da lei não teria como identificar Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.528 11 de forma consistente o aumento de capital que seria apto a gerar acréscimo de custo do investimento: o da controladora ou o da controlada; (j) por essas razões, deve ser rechaçada a referida simplificação, e reconhecido que, no caso concreto, aplicase o art. 135 do RIR, tal como está escrito; se assim não for, estarseá desprezando os comandos legais sobre o MEP, desconsiderando as personalidades jurídicas das sociedades holdings e reescrevendose o referido dispositivo a pretexto de uma suposta justiça econômica. (l) a decisão recorrida sustenta que os ganhos decorrentes da aplicação do MEP não podem ser capitalizados antes de efetivamente realizados; esse entendimento não se sustenta, pois contraria texto da LSA e até mesmo entendimento que vem prevalecendo no Supremo Tribunal Federal (STF), que recentemente analisou a constitucionalidade do art. 74 da Medida Provisória n° 2.15835/ 2001, segundo o qual se tributa no Brasil o ganho das pessoas jurídicas, aqui sediadas, decorrente de suas participações em controladas e coligadas com sede no exterior, independentemente da distribuição do referido ganho, sendo fundamento dos votos dos que já o consideraram constitucional de que o ganho produzido por tais investimentos integra o lucro líquido das investidoras, em razão da aplicação do MEP, podendo mesmo ser distribuído; (m) os investimentos sujeitos ao MEP são registrados no ativo da investidora pelo correspondente valor de patrimônio líquido contábil (PLC); na hipótese de a investida ser uma subsidiária integral da investidora e o valor de seu PLC ser de R$ 100.000,00, a investidora registrará seu investimento por aquele valor; se, ao final do exercício, o PLC da investida evoluir para R$ 150.000,00, o investimento passará a ser registrado por aquele valor e assim permanecerá até que ocorra novo registro do investimento; se os lucros da investida forem distribuídos, seu PLC voltará a ser de R$ 100.000,00 e a investidora passará a registrar seu investimento por aquele novo valor; a redução do valor do investimento da investidora terá como contrapartida o registro de crédito contra a investida (se o dividendo ainda não tiver sido pago) ou de disponibilidades, se o pagamento do dividendo tiver ocorrido; (n) o fato de a investida não ter ainda distribuído dividendos não impede –juridicamente – a distribuição dos ganhos de MEP pela investidora; caso a investidora disponha de caixa suficiente ao pagamento de dividendos não haverá óbice jurídico ou financeiro; na ausência de disponibilidade, os ganhos de MEP também poderão ser distribuídos, mediante o registro de crédito a acionistas, ou mesmo capitalizados; (o) o tratamento que uma investida dá a seus lucros afeta, efetivamente, as investidoras, pois elas são as destinatárias dos mesmos; mas o contrário jamais poderá ocorrer; o patrimônio da investida é alheio ao da investidora e, na medida em que Fl. 1533DF CARF MF 12 ambas são pessoas jurídicas distintas, o que a última fizer não poderá interferir na situação patrimonial da primeira. (p) os efeitos de que ora se trata não decorrem da realização de incorporações reversas, mas da aplicação do MEP; como demonstrado, das cinco variantes disponíveis para a realização da venda do Banco Pactual por seus acionistas, duas delas (a venda de todas as holdings e a incorporação do BANCO) eram inviáveis e as três remanescentes (incorporações reversas, extinção das holdings ou redução de seus capitais) produziriam o mesmo efeito no custo dos investimentos do recorrente; (q) a decisão recorrida admite que a reestruturação foi legítima e que a irregularidade estaria no efeitos econômicos pretendidos através da reorganização societária; ora, o recorrente não buscou nenhum efeito com a reestruturação, pois os efeitos da redução de capital ou da extinção das holdings seriam idênticos; por outro lado, se a reestruturação é regular e comprovadamente realizada com objetivos negociais legítimos, seus efeitos tem que ser aceitos pelo fisco, mesmo que prejudiciais ao erário; (r) o auto de infração relativo a um dos acionistas controladores do Banco Pactual já foi julgado improcedente pelo Acórdão n° 210201938; (s) não tem base legal a apuração do custo de aquisição de seus investimentos no Banco Pactual a partir de sua estrutura patrimonial, e não na evolução do custo dos investimentos nas sociedades que integram o Grupo Pactual; (t) as ações do Banco por si vendidas substituíram por sucessão ações das holdings, de sorte que o custo das ações do Banco Pactual deveria corresponder ao das ações que substituíram; deixar de considerar no custo das ações ao menos o custo original das ações da Nova Pactual e o valor das bonificações a ela atribuídas é de todo absurdo. (u) a capitalização prévia dos lucros fez com que seus principais acionistas, que detinham o seu controle indireto – André Esteves e Gilberto Sayão da Silva – tivessem suas participações no capital da Nova Pactual reduzidas (de 22,21% e 20,2% para 15,5% e 13,1%, respectivamente), comprovado pelo da 3ª com a 4ª alteração contratual, o que fez com que recebessem menos ações do Banco Pactual por ocasião das incorporações das holdings, e, consequentemente, vendessem menos ações do Banco à UBS Brasil; estimase a perda conjunta dos referidos acionistas em mais de R$500.000.000,00, já desconsiderados os efeitos fiscais do aumento do custos de suas ações do Banco, decorrentes da capitalização dos lucros da Nova Pactual, o que evidencia que a capitalização de lucros teve objetivos outros, que não fiscais; (v) no que se refere à fraude ou abuso de forma, a decisão recorrida parte da premissa de que sua interpretação do art. 135 do RIR é tão clara e evidente que, quem ler o referido artigo de forma diferente, estará agindo com o evidente intuito de fraude; assim como o recorrente, outros acionistas foram autuados, com multa qualificada, sob a alegação de terem quantificado a maior Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.529 13 o custo de seus investimentos no Banco Pactual; entretanto, não há convergência da fiscalização quanto à natureza da infração cometida pelos acionistas: (i) no Processo 12898.002335/2009 31, alegouse a presença de simulação subjetiva para a imposição de penalidade, com base no art. 167, parágrafo Iº, inciso I do CC/02; na decisão proferida em primeira instância, contudo, a RFB, ao justificar a existência de simulação, usa argumentos totalmente aplicáveis à simulação decorrente da utilização de negócio jurídico diverso daquele efetivamente desejado, hipótese prevista no inciso II do referido artigo; (ii) no Processo 12448.734760/201113, os autuantes alegam que o procedimento do autuado teria caracterizado um abuso de direito; (iii) no Processo n° 12448.735954/201128, alegam ter ocorrido fraude à lei; ou seja, nem mesmo a RFB conseguiu chegar a uma conclusão quanto a natureza do ilícito cometido pelos acionistas na determinação do ganho de capital verificado na venda das ações do Banco Pactual; (x) no que se refere à alegada existência de fraude à lei, resultante de abuso de direito, além de reportarse às razões já expostas na impugnação, transcreve trecho do voto vencedor do Conselheiro Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, no Processo 10680.724392/201028, em que contesta a sua existência no direito tributário brasileiro (z) o acréscimo do custo de seus investimentos resultante da aplicação do art. 135 do RIR já foi admitido pelo CARF, o que prova que não pode ser encarada como absurda a ponto de, por si só, justificar a aplicação de penalidade em que o evidente intuito de fraude tem que estar presente. O recurso voluntário foi apreciado, em 15/02/2016, pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, resultando no acórdão nº 2301004.477, às e fls. 1271 a 1314, que deu provimento em parte do recurso, apenas para cancelar a qualificação da multa de ofício, nos termos da ementa e decisum a seguir: OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES. LUCROS SOCIETÁRIOS ORIGINÁRIOS DA APLICAÇÃO DO MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL EM HOLDINGS. INCORPORAÇÃO REVERSA. AUMENTO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO EM DESCOMPASSO COM O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 10 DA LEI 9.249, de 1995 (ART. 135 DO RIR 99). A capitalização de lucros societários, não tributados, sem substrato econômico e meros reflexos da aplicação do método de equivalência patrimonial em holdings puras, seguidas de correspondentes incorporações reversas, não ampara a aplicação do parágrafo único do art. 10 da Lei 9.249, de 1995 (art. 135 do RIR 99), para fins de majoração do custo da aquisição de ações a serem alienadas e consequente apuração de ganho de capital. O lucro que é tributado, e, por decorrência, pode ser objeto de benefícios fiscais, como isenção ou majoração do custo de aquisição de ações é o lucro fiscal, e não o lucro societário. Fl. 1535DF CARF MF 14 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. SUJEITO PASSIVO SEM CONTROLE DOS ATOS QUE DERAM ORIGEM À ATUAÇÃO. Não tendo o sujeito passivo poder para determinar ou impedir os atos que deram origem ao auto de infração, descabe a aplicação da multa qualificada. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO.TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual, assim,devem incidir os juros de mora à taxa Selic. O acórdão teve o seguinte teor: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Acompanhou pelas conclusões a Dra. Alice Grecchi. Fez sustentação oral o Dr. Luis Claudio Pinto, OAB/RJ 88.704. Recurso especial do contribuinte Intimado (efl. 1319) do acórdão em 13/04/2016 (efl. 1324), o contribuinte interpôs recurso especial de divergência, em 26/04/2016, às efls. 1337 a 1381. Aponta duas matérias em que ocorrem divergências entre o acórdão recorrido e paradigmas do CARF. A principal se relaciona com a apuração do custo de aquisição das ações do Banco Pactual S.A., por ele alienadas à empresa do grupo UBS. O paradigma para essa matéria foi estabelecido sobre as mesmas transações, sendo que no caso do recorrido, a fiscalização negou a aplicação do art. 135 do RIR/99 à situação analisada e glosou o aumento do custo decorrente da capitalização dos lucros em cada uma das holdings do Banco Pactual, mesmo entendimento da turma a quo, enquanto no acórdão paradigma nº 210201.938, se entendeu: (i) estar correta a aplicação do art. 135 do RIR/99 â capitalização dos lucros em cada uma das holdings que compunham o Grupo Pactual, além de estar correto o calculo efetuado pelo contribuinte (acionista) na determinação de seu ganho de capital e, por conseguinte, estar correto o valor do IR pago por ocasião da venda de sua participação societária no Banco Pactual; (ii) inexistir previsão legal para a glosa de parte do custo de aquisição dos investimentos no Banco Pactual; e (iii) que a alegada distorção econômica apontada pela fiscalização não poderia servir de fundamento para o lançamento, sob pena de violação do principio da legalidade. Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.530 15 Já quanto a segunda, incidência de juros de mora sobre as multas de ofício, para situação semelhante, não foi admitida pelos acórdãos paradigmas nº 2202002.165 e nº 10196.008. Nos paradigmas se em tenderia que os arts. 113 e 161 do CTN autorizam apenas a cobrança de juros de mora sobre a penalidade decorrente do descumprimento de obrigação acessória a qual, se não integralmente paga no vencimento, convertese em obrigação principal; ou seja, eles entendem inexistir base legal para a cobrança de juros sobre a multa de oficio lançada juntamente com o tributo, assim divergindo do recorrido. Por fim, pleiteia que se admita seu recurso especial de divergência para que seja provido e afastada a tributação pelo cancelamento integral do auto de infração ou, caso mantida a tributação, se afaste a incidência dos juros moratórios sobre as multas de ofício. O recurso especial interposto pelo o foi apreciado pelo Presidente da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, nos termos dos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, por meio do despacho de efls. 1488 a 1493, em 30/09/2016. O despacho deu seguimento ao recurso para que sejam apreciadas ambas as matérias, em face da efetiva demonstração das divergências. Contrarrazões da Fazenda A Procuradoria da Fazenda Nacional teve ciência do recurso especial do contribuinte e do despacho de admissibilidade do recurso especial, em 07/10/2016 (efl. 1494), apresentando contrarrazões em 17/10/2016, às efls. 1495 a 1515. Quanto à apuração do ganho de capital na alienação das ações, em apertado resumo, o Procurador reitera os argumentos já expendidos pela fiscalização e pelo relator do recorrido, segundo os quais se procurou demonstrar que as sucessivas incorporações com duplicidade de utilização dos lucros em aumentos de capital pelas holdings, em face de apuração de resultados considerando a equivalência patrimonial, seguidas da incorporação reversa, inflaram o custo de aquisição das ações em 233,71%, enquanto o patrimônio líquido do Banco Pactual aumentou em 84,45%. As operações realizadas não guardaram proporção com a grandeza econômica efetivamente reinvestida na empresa, pois o contribuinte capitalizou uma empresa com lucro ou reserva de capital que já havia sido utilizado. O contribuinte se apegou ao art. 135 do RIR/99 se olvidando do contexto fático que envolveu a alienação das mencionadas ações. O objetivo do art. 135 do RIR/99 é assegurar uma espécie de compensação ao contribuinte que optou por não receber os dividendos da empresa para reinvestir esse capital na pessoa jurídica. Assim, diminuirseia da base de cálculo do IRPF, que seria utilizada na apuração de eventual ganho de capital, o valor dos lucros e reservas de capital utilizados no aumento do capital social da empresa. Portanto, contraria o sentido e a lógica dessa norma o aproveitamento em duplicidade de lucros e reservas de capital para aumentar o custo de aquisição de ações de uma empresa. O recorrente tenta fazer prevalecer a tese de que o lucro gerado pelo Banco Pactual, a única operacional do grupo, pode ser utilizado em mais de uma capitalização dentro Fl. 1537DF CARF MF 16 de um mesmo grupo de empresas. Os acionistas tentaram extrapolar o comando do referido artigo, tentando fazer prevalecer uma situação totalmente dissonante da realidade. No tocante aos juros de mora aplicáveis sobre as multas de ofício, argumenta, em síntese, que o crédito tributário não pago no vencimento está sujeito a juros de mora, à luz do art. 161 da Lei nº 5.172/1966 CTN. Além disso, também com base no mesmo Código, a inobservância da obrigação acessória convertea em principal relativamente à penalidade pecuniária e o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Esses dispositivos de lei complementar, inclusive à luz de interpretações judiciais e doutrinárias, levariam ao entendimento de que há correta aplicação de juros de mora sobre as penalidades de ofício. Encerra, pedindo pela denegação de provimento ao recurso especial interposto para manutenção do lançamento impugnado. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Adotarei aqui as razões de decidir por mim apresentadas na relatoria do acórdão nº 9202003.699, que abordava a mesma operação, com alienação de ações de emissão do Banco Pactual para a UBS por outro contribuinte. I) Ganho de capital na alienação de participação societária após incorporação reversa. O deslinde da questão se resume à correta interpretação da legislação aplicável ao caso de capitalização de lucros de uma pessoa jurídica, no tocante à atualização do custo de aquisição das participações societárias mantidas pelos proprietários dessa pessoa jurídica. Pela complexidade do tema, dividirei meu voto em quatro partes, a saber: (a.I) a delimitação do problema a ser enfrentado, (a.II) a interpretação correta da legislação aplicável, (a.III) a aplicação da legislação ao caso dos autos e (a.IV) conclusão. a.I – Delimitação do Problema Vejamos aqui o dispositivo central da discussão: o parágrafo único do art. 10 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro 1995, base legal do art. 135 do Decreto n° 3.000, de 1999, expressamente referido no auto de infração, in verbis: Art. 10. ... Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista.b) Fl. 1538DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.531 17 Com base nesse dispositivo, o aumento de capital, realizado por uma pessoa jurídica, por incorporação de lucros, implica o aumento proporcional do custo de aquisição da participação societária de seus proprietários. Para exemplificar essa determinação, considere uma participação societária correspondente a 100% do capital de uma pessoa jurídica (detida por dois sócios, pessoas físicas), adquirida por R$ 1.000,00. Considere, também, que essa pessoa jurídica, em seguida, tenha auferido um lucro de R$ 100,00 e o tenha capitalizado. Considere, por fim, que os sócios tenham alienado essa participação societária a terceiros por R$ 1.500,00. Nesse caso, em que pese os sócios terem adquirido a participação societária por R$ 1.000,00 e, posteriormente, a alienado por R$ 1.500,00, o ganho de capital apurado não seria de R$ 500,00, mas apenas de R$ 400,00. Isso porque os lucros de R$ 100,00, capitalizados, têm o condão de aumentar o custo de aquisição da participação societária e, consequentemente, de diminuir o ganho de capital. Dessa forma, de uma maneira simples e apressada, poderseia concluir que qualquer capitalização de lucros implicaria um aumento do custo da correspondente participação societária. Ocorre que essa interpretação, no entender deste conselheiro, é literal e, considerando exclusivamente o parágrafo único do art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995, gera incoerências no sistema jurídico e disfuncionalidades na tributação de operações. Para ilustrar a questão, vejamos uma situação, em tudo semelhante à anterior, porém em que os sócios tenham decidido criar uma holding controladora da pessoa jurídica operacional, que por sua vez, passaria a ser subsidiária integral da holding. Nesse caso: inicialmente, teríamos os sócios, como proprietários da Holding, e esta reconhecendo em seu ativo uma participação societária na pessoa jurídica operacional, avaliada em R$ 1.000,00 por equivalência patrimonial; em seguida, com a pessoa jurídica operacional auferindo lucros de R$ 100,00, a Holding (por equivalência patrimonial) iria refletir esse lucro no valor de sua participação societária, o que resultaria no reconhecimento de lucros, também no valor de R$ 100,00; prosseguindo, a holding capitalizaria o lucro por ela reconhecido por equivalência patrimonial e, consequentemente, os proprietários atualizariam o valor da participação societária, para R$ 1.100,00; em momento posterior, a pessoa jurídica operacional incorporaria a holding, mantendo porém os lucros, de R$ 100,00, em seu patrimônio líquido e, somente então, capitalizaria esses lucros, permitindo que os proprietários atualizassem, mais uma vez, o valor da participação societária, agora para R$ 1.200,00; por fim, com os proprietários alienando sua participação societária por R$ 1.500,00, seria apurado um ganho de capital de apenas R$ 300,00. Repare que, em que pese os sócios terem adquirido a participação societária por R$ 1.000,00 e, posteriormente, alienado essa participação societária por R$ 1.500,00, o ganho de capital apurado não foi de R$ 500,00, nem de R$ 400,00, mas de apenas R$ 300,00. Isso ocorreu porque os lucros de R$ 100,00, reconhecidos na Holding por equivalência Fl. 1539DF CARF MF 18 patrimonial foram capitalizados, aumentando o custo de aquisição da participação societária e, posteriormente, os mesmos lucros de R$ 100,00, auferidos pela pessoa jurídica operacional, em função de suas atividades, também foram capitalizados, aumentando mais uma vez o custo de aquisição da participação societária. Consequentemente, vemos aqui o ganho de capital reduzido duas vezes. Ora, essa situação é – em essência – igual à anterior: (a) uma participação societária adquirida por mil reais, (b) a correspondente empresa – operacional – que aufere 100 reais de lucro e (c) a venda dessa participação societária por mil e 500 reais. Mas apenas pela interposição de uma holding na estrutura societária do grupo econômico, o ganho de capital ficaria reduzido. E o pior, se – ao invés de uma holding – existissem duas ou mais, o ganho de capital seria mais reduzido ainda. Portanto, essa aplicação direta do parágrafo único a qualquer incorporação de lucros leva à incoerente conclusão de que, em se existindo várias holdings interpostas entre os proprietários e a pessoa jurídica, o ganho de capital pode ficar artificialmente reduzido, até a zero ou ainda a valores negativos. E adicionalmente, com essa interpretação, a capitalização de lucros apenas nas Holdings, além de permitir que o ganho de capital fosse reduzido, permitiria que o lucro registrado na pessoa jurídica fosse, posteriormente, distribuído isento, aos proprietários ou então aos futuros adquirentes. O que se discute aqui é o efeito da aplicação da legislação tributária em situações como essa, de capitalização de lucros em uma pessoa jurídica que detenha participação em outras pessoas jurídicas, para fins de cálculo do custo das ações ou cotas dessa primeira pessoa jurídica. Delimitados os problemas a serem enfrentados, passo agora à análise da legislação de regência. a.II Interpretação da Legislação Com efeito, a capitalização de lucros nada mais é do que uma operação que substitui o seguinte procedimento: (i) a distribuição do lucro, pela pessoa jurídica a seus proprietários, (ii) o imediato aumento de capital da pessoa jurídica, no valor do lucro distribuído e (iii) a subscrição e integralização do aumento de capital, por esses mesmos proprietários, com os recursos antes recebidos a título de distribuição de lucro. Por outro lado, o método da equivalência patrimonial tem por objetivo refletir no patrimônio de uma pessoa jurídica controladora (ou coligada) de outra, o patrimônio e consequentemente o resultado da investida. Com efeito, ele serve para refletir a situação da investida no patrimônio da investidora. Esclarecendo a questão, Modesto Carvalhosa, em Comentário à Lei de Sociedades Anônimas (Saraiva São Paulo, 1998) ensina que: de início todos os investimentos (inclusive de empresas controladas) eram registrados pelo custo e os respectivos lucros somente eram reconhecidos quando da distribuição de lucros ou dividendos, já no caso de prejuízos, no máximo era aceito o reconhecimento de uma provisão para perdas no investimento; Fl. 1540DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.532 19 com influência anglosaxã, surgiu a figura da consolidação de balanços e, consequentemente, de reconhecimento do lucro de pessoas jurídicas controladas no patrimônio da controladora; estendendose esse raciocínio a todos os investimentos relevantes, surgiu a equivalência patrimonial, para dar o mesmo efeito da consolidação, trazendose para uma linha do ativo da investidora, uma parte do patrimônio (e do resultado) da investida. Nesse mesmo sentido, no dizer de Eliseu Martins, em Iniciação à Equivalência Patrimonial Considerando Algumas Regras Novas da CVM (IOB São Paulo 1997) o Método da Equivalência Patrimonial é a consolidação de patrimônios em uma linha. A propósito, lembramos que, no procedimento de consolidação, para apresentação da efetiva situação patrimonial, os lucros refletidos por equivalência patrimonial no patrimônio das investidoras devem ser eliminados. Realizaremos, agora, a análise jurídica da legislação, sem perder de vista essas características ontológicas (a) da operação de capitalização de lucros e (b) do método da equivalência patrimonial. Para fins de contextualização histórica da questão, cumpre referir que, nos termos da legislação anteriormente vigente, a capitalização de lucros, assim como a distribuição de ações bonificadas, não tinha qualquer efeito na determinação do custo de aquisição da participação societária dos proprietários da pessoa jurídica. Com efeito, naquele período: o lucro distribuído era passível de tributação; e consequentemente, o custo de aquisição das participações societárias não era alterado quando da capitalização de lucros pela pessoa jurídica, inclusive no caso de distribuição de ações bonificadas, cujo valor de aquisição devia ser considerado como igual a zero. Nesse sentido, cabe referência aos arts. 727 e 810 do Decreto 1.041, de 1994. (a) Art. 727 – lucros distribuídos até 1988 eram tributados: Art. 727. Os dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses, apurados em balanço de períodobase encerrado até 31 de dezembro de 1988, pagos por pessoa jurídica, inclusive sociedade em conta de participação, a pessoa física residente ou domiciliada no País, estão sujeitos à incidência de imposto exclusivamente na fonte, à alíquota de (DecretosLeis n°s 1.790/80, art. 1°, 2.065/83, art. 1°, I, a, e 2.303/86, art. 7° parágrafo único): ... (b) Art. 810 – o custo de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucro era igual a zero: Art. 810. O custo de aquisição de títulos e valores mobiliários, de quotas de capital ... Fl. 1541DF CARF MF 20 § 2° O custo é considerado igual a zero (Lei n° 7.713/88, art. 16, § 4°): a) no caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas, apurados até 31 de dezembro de 1988; ... Reparase aqui a coerência dos dispositivos acima referidos. Como, na época, a distribuição de lucros era tributada, a capitalização do lucro não alterava o custo de aquisição da participação societária. Assim, quando a participação societária fosse alienada, o valor do lucro capitalizado seria alcançado pelo ganho de capital. Ora, a partir de 1996, temos uma clara mudança de tratamento na distribuição de lucro, que passou a não ser tributada, nem na fonte, nem na declaração de ajuste, nos termos do disposto no art. 10, da Lei n° 9.249, de 1995. Assim: o lucro distribuído deixou de ser tributado; e consequentemente, o custo de aquisição das participações societárias passou a ser alterado quando da capitalização de lucros distribuíveis pela pessoa jurídica, inclusive no caso de distribuição de ações bonificadas, cujo valor de aquisição devia ser considerado igual ao desse lucro capitalizado. A seguir, encontrase reproduzido o caput do art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995, e seu respectivo parágrafo. Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Reparase, da mesma forma que no sistema vigente anteriormente, a coerência dos dispositivos acima referidos. Como a distribuição de lucros deixou de ser tributada, a capitalização do lucro distribuível passou a alterar o custo de aquisição da participação societária. Assim, quando a participação societária fosse alienada, o valor do lucro (distribuível isento e capitalizado) não seria alcançado pelo ganho de capital. Portanto, conhecendo a razão histórica do surgimento da legislação, (que foi a alteração de tributação para nãotributação da distribuição de lucros), para compreensão da legislação, (a) afastamos a aplicação da interpretação literal e (b) entendemos como mandatória a aplicação da interpretação histórico/teleológica (acima discutida) e, sobretudo, da interpretação sistemática dos dispositivos relativos ao método da equivalência patrimonial, à distribuição e à capitalização de lucros. Ressaltese aqui que todos esses métodos de interpretação convergem. Fl. 1542DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.533 21 Especificamente quanto à interpretação sistemática é muito fácil perceber que não se deve considerar somente a leitura do parágrafo, mas também (e sobretudo) a leitura do caput do próprio artigo 10 da Lei n° 9.249, de 1995. Aliás, essa é uma regra hermenêutica básica, o parágrafo deve sempre se referir ao caput, sendo que sua consideração em separado gera problemas de contexto e, o que é pior, gera a famosa falácia de ênfase em que, se acentuando um aspecto da realidade, acabase por negar a própria realidade. Ora, no caput, é referido que os lucros ou dividendos pagos ou creditados é que não estarão sujeitos à incidência do imposto de renda. Portanto, interpretando o parágrafo nos limites do que dispõe o caput, concluímos facilmente que a capitalização de lucros que tem o condão de alterar o custo de aquisição de participações societárias é aquela referente a lucros passíveis de efetiva distribuição aos sócios ou acionistas sem tributação. Por seu turno, conforme já colocado no início desse voto, temos que o método da equivalência patrimonial teve por objetivo o reconhecimento de lucros de investidas, mesmo antes de sua distribuição. Não se está aqui negando a existência de um lucro decorrente do ajuste de equivalência patrimonial, mas não podemos deixar de levar em conta o fato de o lucro não é efetivamente distribuído mais de uma vez. Com efeito, o lucro decorrente do ajuste por equivalência patrimonial, é somente o reflexo do lucro auferido pela pessoa jurídica operacional (investida), esse último sim, passível de efetiva distribuição. Comprovando a conclusão acima, sabemos que a distribuição de lucro, registrado em decorrência do ajuste de equivalência patrimonial implica a necessidade de contratação de empréstimos ou distribuição de recursos aportados a título de capital. Pois bem, devemos nos lembrar de que a própria operação de capitalização de lucros foi concebida como um atalho para substituição do complexo procedimento de (i) a distribuição do lucro, pela pessoa jurídica a seus proprietários, (ii) o imediato aumento de capital da pessoa jurídica, no valor do lucro distribuído e (iii) a subscrição e integralização do aumento de capital, por esses mesmos proprietários, com os recursos antes recebidos a título de distribuição de lucro. Agora, a partir do que se encontra acima colocado, é possível chegarmos a uma conclusão quanto ao procedimento de aplicação da legislação, no tocante à atualização do custo da participação societária, em função da capitalização de lucros pela pessoa jurídica. Considerando que a efetiva distribuição de lucros deve se dar a partir da pessoa jurídica operacional, essa distribuição, seguida de subscrição de aumento de capital nas empresas componentes de um grupo econômico (a pessoa jurídica operacional e suas holdings) deve ter por efeito patrimonial o aumento de capital em toda a cadeia de entidades relacionadas societariamente. Por óbvio não é possível distribuir mais de uma vez o mesmo lucro (o lucro e seus reflexos por equivalência patrimonial), portanto também não deve ser aceitável, pelo menos para fins fiscais, capitalizálo mais de uma vez. A conclusão acima é inevitável, porque: as disponibilidades passíveis de distribuição estão no patrimônio da pessoa jurídica operacional, que somente pode distribuir o lucro para sua proprietária direta, a holding; Fl. 1543DF CARF MF 22 já, a holding, somente pode distribuir o lucro aos acionistas, pessoas físicas, após o recebimento dos recursos da pessoa jurídica operacional; os acionistas, por sua vez, somente podem aumentar capital na holding, em que possuem participação direta; e por fim, a holding, com os recursos recebidos, poderá aumentar capital da pessoa jurídica operacional. Ora, consequentemente, somente haverá capitalização de lucros efetivamente distribuíveis caso todas as pessoas jurídicas da cadeia societária (holdings e empresa operacional) realizem a capitalização. Ao contrário, caso ocorra apenas a capitalização dos lucros de holdings, o parágrafo único do art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995, não incide, devendo ser mantido o valor da participação societária pelos proprietários, até mesmo porque os efetivos lucros da pessoa jurídica operacional ainda poderão ser distribuídos sem tributação (para os próprios sócios) ou para futuros adquirentes. E, ainda, quando houver holdings mistas, com operações próprias, a capitalização de seus lucros, sem que tenha ocorrido a correspondente capitalização dos lucros das investidas, somente poderá ter efeito parcial na atualização do custo da participação societária de seus sócios. Isso é facilmente calculado com base na memória de cálculo abaixo: ( ) Lucro Existente no Patrimônio Liquido da Holding () Lucro/Reservas Existentes na Investida (*) % de participação (=) Lucro passível de distribuição pela Holding (/) Lucro Existente no Patrimônio Liquido da Holding (=) Percentual aceitável para aumento do custo da participação (*) Valor do aumento de custo considerando o total do lucro capitalizado pela Holding (=) Valor aceitável para aumento do custo Reparase que a memória de cálculo acima é simples, utilizando somente as quatro operações matemáticas e os dados constantes dos balancetes da holding e da correspondente investida, na data da capitalização de lucros. Ela atende a aplicação do disposto no Art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995, tanto no caso de holdings mistas (com operações próprias), como no caso de distribuição diferenciada de lucros (em percentual diferente daquele da participação societária do acionista). a.III – Aplicação da Legislação ao Caso dos Autos Verifico que, no caso dos autos, somente houve capitalização de lucros nas holdings, tendo sido mantido sem capitalização todo o lucro da pessoa jurídica operacional. Com efeito, no caso dos autos: ocorreram duas capitalizações seguidas de lucros, ambos reconhecidos em decorrência da aplicação do método de equivalência patrimonial às participações societárias de duas holdings (a NOVA PACTUAL e a PACTUAL) e não houve a capitalização dos lucros auferidos pela pessoa jurídica operacional (o BANCO PACTUAL); a autoridade fiscal, insurgindose contra a sequência de capitalizações perpetradas pelo contribuinte, achou por bem arbitrar em R$ 6.412.601,55 o valor do custo das ações do autuado, correspondente à participação no custo unitário médio da ação da última sociedade holding incorporada (Pactual S/A), conforme demonstrado na planilha de apuração à efl. 1065. Fl. 1544DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.534 23 Portanto, a autoridade autuante entendeu indevida apenas a atualização da parcela do custo da participação ultrapassou o limite de R$ 6.412.601,55, em decorrência das capitalizações de lucro. Porém, de acordo com a interpretação já apresentada por este conselheiro, entendese que ambas deveriam ter sido glosadas. Isso porque o lucro da pessoa jurídica operacional (ou seja, o lucro efetivamente auferido pelo BANCO PACTUAL) continuou mantido em seu patrimônio líquido, após as incorporações reversas, e consequentemente permaneceu passível de distribuição isenta aos adquirentes, ou terceiros (até mesmos os próprios alienantes), conforme acordo entre as partes. De fato, os alienantes venderam aos adquirentes do Banco o direito de receber os lucros isentos de tributação ou de repasse desse valor a terceiros. Ora, como, (a) em primeiro lugar, a capitalização de lucros que tem o condão de alterar o custo da participação societária é somente aquela relativa aos lucros efetivamente distribuíveis isentos de tributação e como, (b) em segundo lugar, a distribuição de lucros com isenção de tributação foi, no caso, efetivamente transferida (aos adquirentes do banco, ou terceiros por eles determinados), (c) podemos concluir que as capitalizações de lucros realizadas não podem ter qualquer efeito no custo da participação alienada. Verifico, ainda, a propósito a partir do valor do custo concedido pela fiscalização (R$ 6.412.601,55) que, uma vez sendo glosadas as duas capitalizações ocorridas em 2006, aplicandose assim o procedimento defendido por este conselheiro, o valor do tributo devido seria maior do que o originalmente lançado, uma vez que se atingiria um montante de custo a ser concedido de R$ 5.580.612,18, conforme a seguir apurado: 1‐ Ganho de Capital apurado pelo Contribuinte ( ) Valor da Alienação 39.327.144,20 (‐) Custo das ações alienadas ‐19.630.038,18 (=) Ganho de Capital 19.697.106,02 2‐ Custo das ações apurado pelo Contribuinte ( ) Custo em 31/12/2005 5.580.649,68 (+) Capitalização da Nova Pactual Participações 6.578.768,00 (+) Capitalização da Pactual S/A 7.470.658,00 (‐) Cisão Parcial ‐37,50 (=) Custo das ações alienadas 19.630.038,18 3‐ Custo apurado pela Fiscalização ( ) Custo das ações 858.876.206,35 (*) Participação do contribuinte 0,75% (=) Custo considerado pela fiscalização 6.412.601,55 Valor correto 6.441.571,55 4‐ Custo conforme esta decisão ( ) Custo apurado pelo contribuinte 19.630.038,18 (‐) Capitalização da Nova Pactual Participações ‐6.578.768,00 (‐) Capitalização da Pactual S/A ‐7.470.658,00 (=) Custo devido 5.580.612,18 Fl. 1545DF CARF MF 24 5‐ Conclusão ‐ valor lançado a menor ( ) Custo considerado pela fiscalização 6.412.601,55 (‐) Custo devido ‐5.580.612,18 (=) Base de cálculo considerada a menor 831.989,37 Portanto, como não foram glosados os dois aumentos de custo, que – no entender deste conselheiro – seriam indevidos, resta desnecessária a aplicação da memória de cálculo de segregação de eventuais operações próprias das Holdings, que são apenas residuais, conforme afirmado por ambas as partes e assim, não teriam o condão de reduzir o valor lançado. Pelo contrário, caso fosse aplicado o procedimento defendido por este conselheiro, o valor do tributo devido seria maior do que o originalmente lançado. Por conta das discussões travadas em plenário sobre o tema, penso ser necessário aqui fazer um esclarecimento quanto à dúvidas sobre a eventual ocorrência de alteração do critério jurídico do lançamento por esta decisão. Tenho plena convicção de que não se está aqui alterando critério jurídico, porque no lançamento e na respectiva impugnação encontramse claramente fixados os limites da lide e não foram alterados. Com efeito, o fato e a acusação em debate estão perfeitamente descritos no termo de verificação fiscal e, na decisão, é precisamente esse fato que se analisa: i. o fato é a alienação de participações societárias; ii. a acusação é de insuficiência do recolhimento do tributo por erro na apuração do ganho de capital, por se entender que a capitalização de lucros refletidos em sociedades investidoras, pelo método da equivalência patrimonial, não teria o condão de alterar o custo da participação societária alienada; iii. o que se apresenta aqui, sem qualquer inovação quanto ao fato analisado e a acusação originalmente feita, é o fundamento que este conselheiro entende ser suficiente para julgamento da acusação, em face das alegações do sujeito passivo. Diferente seria o caso em que há uma acusação verificada insubsistente mas, por conta de outra infração, fosse mantido o tributo lançado, situação que não ocorre aqui. Cumpre lembrar que o julgador não está vinculado ao fundamento das partes, somente não pode exarar uma decisão extrapetita, o que, conforme acima esclarecido, não ocorreu. Finalmente, quanto ao pedido subsidiário da recorrente de não aplicação de penalidade e juros de mora, a partir do disposto no parágrafo único do art. 100 do Código Tributário Nacional e da observância à Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, é de se ressaltar que, em nenhum momento, tal normativo dá suporte à interpretação do art. 135 do RIR/99 defendida pela autuada, a qual, na forma acima disposta, se entende aqui como totalmente equivocada. Assim, é de se manter a multa de ofício aplicada pela autoridade lançadora, bem como os juros de mora incidentes sobre o principal e sobre a multa de ofício, neste último caso em linha com o explicitado a seguir quando da análise do recurso especial de iniciativa da Fazenda Nacional. a.IV – Conclusão Como a exigência original foi apenas de parte do valor que este conselheiro, nos termos da fundamentação deste voto, entende devido, e considerando a impossibilidade de reformatio in pejus voto por NEGAR provimento ao recurso especial de iniciativa do Fl. 1546DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.535 25 contribuinte, para manter o crédito tributário reconhecido como devido pela decisão a quo, inclusive a multa de ofício no patamar mantido pelo acórdão recorrido, bem como a incidência de juros de mora sobre o principal e sobre a mencionada multa. II) Juros de mora sobre multa de ofício Quanto ao art. 61, §3º da Lei nº 9.430, de 1996, utilizado pela autoridade lançadora para fins de caracterização da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, entendo assistir razão à Fazenda quanto à interpretação do mesmo abranger, à luz do caput do mesmo, não só o valor dos tributos em si, mas também a multa de ofício, visto que: (a) decorre, sim, a referida multa de ofício dos referidos tributos ou contribuições quando lançados pela autoridade tributária e, ainda, (b) a multa de ofício integra, ainda, a obrigação tributária principal, com fulcro no art. 113, § 1º do Código Tributário Nacional, bem como o conceito de crédito tributário, cabível assim a incidência de juros de mora sobre seu valor, com fulcro no art. 161 do CTN. Acerca desta última consideração, entendo decorrer tal abrangência da multa de ofício no conceito de crédito tributário diretamente do disposto nos arts. 142 e 161 do CTN, na forma brilhantemente disposta no voto de relatoria do Conselheiro Marcelo Oliveira no âmbito do Acórdão 9.202002.600, o qual adoto aqui como razões de decidir, in verbis: “(...) Quanto ao mérito, em nosso entender o Código Tributário Nacional (CTN) define a questão. CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. ... Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em Lei tributária. §1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Pela leitura das determinações legais acima chegamos à conclusão que a multa de ofício – apesar de não possuir natureza tributária – integra o crédito tributário, pois este é composto pelo tributo somado aos acréscimos legais, incluindo Fl. 1547DF CARF MF 26 o valor da multa,como fica claro no Art. 142 do CTN, que inclui, no término da sua redação, a aplicação da penalidade cabível. (g.n.) Dessa forma, também não há que se prover o recurso especial no tocante à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício objeto de lançamento. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso especial do contribuinte para, no mérito, negarlhe provimento e manter o acórdão recorrido. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Declaração de Voto Conselheira Ana Paula Fernandes. 11 RREECCUURRSSOO DDOO CCOONNTTRRIIBBUUIINNTTEE.. DDAA FFOORRMMAA DDEE AAPPUURRAAÇÇÃÃOO DDOO CCUUSSTTOO DDEE AAQQUUIISSIIÇÇÃÃOO AA SSEERR CCOONNSSIIDDEERRAADDOO NNOO CCÁÁLLCCUULLOO DDOO GGAANNHHOO DDEE CCAAPPIITTAALL.. DDOO AARRBBIITTRRAAMMEENNTTOO.. DDAA MMAANNUUTTEENNÇÇÃÃOO DDOO AAUUTTOO DDEE IINNFFRRAAÇÇÃÃOO.. Em sessão passada acompanhei o brilhante voto do eminente conselheiro Luiz Eduardo, contudo, com o passar as sessões, analisando detidamente os recursos de cada um dos processos que vêm sendo julgado nesta turma, bem como as sustentações orais proferidas, fui definindo um entendimento divergente. Observando os casos já julgados, os quais são análogos ao processo que hora passo a julgar, não posso deixar de demonstrar minha enorme preocupação com a pacificação social. Afinal, a regras num Estado Democrático de Direito são definidas para serem cumpridas, mas para isso elas precisam ser claras, objetivas e não levantarem dúvidas a respeito de seu cumprimento. No caso em tela, observo dois pontos a serem analisados no tocante ao auto de infração que deu origem a este processo. Primeiramente a utilização do artigo 135 (RIR) para ganhos advindos do Método de Equiparação Patrimonial MEP, e em segundo momento a forma de constituição do auto de infração pela via do Arbitramento. Quanto ao primeiro tópico, observo que há uma discrepância entre a interpretação dada pelo contribuinte e a que foi dada pela fiscalização, no tocante a regra do Imposto de Renda Pessoa Física, que define o que deve e o que não deve ser tributado nestas operações. E isso sim gerou grande dúvida a respeito de sua aplicabilidade. Entendeu a Receita Federal que a extinção das sociedades holdings por meio de incorporações acompanhadas de capitalizações de lucros e reservas de lucros acumulados teria gerado uma majoração artificial dos custos de aquisição de investimentos detidos pelas pessoas físicas alienantes. E em razão Fl. 1548DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.536 27 disso, tratou a Administração Pública por desconsiderar o efeito das capitalizações dos lucros advindos pelo Método de Equivalência Patrimonial. Observo, portanto, que toda problemática reside na possibilidade ou não de capitalização de lucros advindos da aplicação do Método de Equivalência Patrimonial. A questão levanta dúvidas. Tanto é verdade que a própria Administração Pública no momento de fiscalizar o imposto devido autuou os contribuintes com cinco teses distintas de interpretação da legislação fiscaltributária para fins de cálculo do custo de aquisição. Ora, se a mesma legislação, no caso em tela, especificamente os mesmos dispositivos legais, levou os fiscais, auditores da Receita Federal, a cinco interpretações distintas, isso nos leva a crer que não se trata de simples equívoco interpretativo, mas sim de dúvida razoável causada pela impropriedade do texto legal. A celeuma citada se refere ao artigo 135 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n° 3.000, de 1999), cuja regra matriz é o artigo 10 da Lei 9.249/95. Vejamos o que diz o comando legal, no trecho que interessa a lide: Lei 9.249/95 Art. 10 Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Seguindo entendimento esposado por esta Turma anteriormente, o referido artigo não se aplicaria às bonificações decorrentes da capitalização de lucros formados com ganhos provenientes da aplicação do método de equivalência patrimonial, pois os lucros, cuja capitalização seria apta a gerar acréscimo e custo para o investidor, seriam aqueles capazes de atingir o patrimônio da pessoa física (o que excluiria aqueles advindos pelo MEP). Contudo, o contribuinte alega que esta interpretação está dissociada da lei e dos conceitos de receita e lucro da legislação vigente, e que, ainda que fosse necessário que este atingisse o patrimônio da pessoa física, pois os ganhos do MEP são possíveis de chegar ao seu patrimônio, só não são obrigatórios dependendo de um fato de natureza exclusivamente financeira – disponibilidade de caixa ou da vontade da companhia. Compulsando os autos e toda legislação aplicável, reconheço que assiste razão ao contribuinte. A literalidade da norma leva a conclusão de que a capitalização de lucros implica um aumento do custo da correspondente participação societária. Observese que a lei fala em capitalização, logo isso se aplica a qualquer capitalização, uma vez que a lei não traz exceções. Isso decore do fato de que a norma positiva não faz qualquer distinção quanto a forma ou modo que deve ser operacionalizada esta "capitalização" para que esse aumento corresponda a participação societária. Entender assim gera incoerências no sistema jurídico e disfuncionalidades na tributação de operações? Pode ser que sim. Contudo isso decorre de impropriedade legal, não cabendo a Administração Pública dar a interpretação que lhe assiste para corrigir a impropriedade de um texto de lei, utilizandose de fundamentos outros que não aqueles que se encontram no comando legal do dispositivo em apreço. Fl. 1549DF CARF MF 28 Para esclarecer, quando um investimento é contabilizado pelo Método de Equivalência Patrimonial, os lucros da sociedade investida traduzemse em receitas da sociedade investidora. E o que são estas receitas? São resultados positivos ou ganhos de equivalência, que não configuram propriamente lucro da investidora, mas se consubstanciam como elemento positivo na formação deste, que a rigor, segundo a explicação de diversos especialistas contábeis, podem vir a existir ou não dependendo do conjunto de receitas de despesas desta sociedade. Os ganhos advindos do MEP advêm de um ativo classificado como investimento, e por esta razão realizamse financeiramente num prazo mais longo que as demais receitas. Então se os ganhos de MEP representam uma receita efetiva da investidora porque não estão sujeitas a incidência de imposto de renda e outros tributos? Isso ocorre por que a lei permite sua exclusão da base de cálculo dos mesmos, exclusão essa que não ocorre na base de cálculo do imposto de renda, quando o lucro provém de investimentos em controladas ou coligadas sediadas no exterior (Art. 74 da MP 2.15335/2001). Assim, as receitas de MEP não apenas integram o resultado do exercício da investidora como também devem ser distribuídos (Art. 202, §6º da Lei 6.404/76), embora em alguns casos haja autorização legal para que não o seja feito. E para o bom deslinde desta questão é fundamental compreender, o que isso significa. Ou seja, como regra, os ganhos advindos pelo MEP devem ser distribuídos, mas, como estes correspondem a lucros não realizados, a Lei que regula o funcionamento das Sociedades Anônimas, faculta as companhias que estes lucros sejam mantidos em uma reserva específica, o que o contribuinte aduz ser possível com a finalidade de preservar a saúde financeira destas Sociedades. Logo, se os ganhos de equivalência são suscetíveis de distribuição (prevista em lei), leva a conclusão que poderiam também gerar aumento de custo, quando capitalizados. E sua ocorrência vai depender de fatores como Situação financeira da Sociedade ou até mesmo sua conveniência, uma vez que a distribuição de dividendos em bens é uma possibilidade legal prevista na Lei das Sociedades Anônimas. A doutrina do Direito tributário também compreende deste modo. Vejamos o que diz o ilustre professor Heleno Taveira Torres: Ao tempo que o instituto da capitalização de lucros corresponde, legalmente, ao acréscimo do custo da participação dos sócios que decidem por não distribuíIos, apenas a diferença entre o novo custo (majorado) e o valor recebido, quando da venda de participação societária, gerará ganho de capital. a ser tributado pelo Imposto de Renda. Entendimento diverso fere a legalidade, a condicional', no país, o exame da capacidade contributiva. Importa considerar que o caso em tela não envolve a utilização artificial de "empresas veículo", com vistas ao aumento irreal dos custos de aquisição das participações societárias detidas pelo Consulente. Embora meu entendimento pessoal seja de que o artigo 135 do RIR seja uma forma inadequada de tratar os ganhos advindos do MEP, justamente pela possibilidade de admitir a duplicidade (a meu ver imoral) de aproveitamento de custos, que foi muito bem demonstrada no voto que acompanhei em sessões anteriores, ainda assim é uma forma legal, cujas distorções econômicas foram geradas pela literalidade do texto de lei, cujo regimento interno deste Conselho me impede de afastar vigência. Ou seja, por mais excessiva que possa ser a duplicidade de aproveitamento de custos realizada pelo contribuinte, não cabe a este conselho administrativo, alterar o texto da lei por meio de construções interpretativas, com a finalidade de corrigir impropriedades com as quais deveria ter sido mais cauteloso o legislador. Fl. 1550DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.537 29 É princípio basilar do Direito Administrativo o respeito a legalidade. Assim, enquanto a Administração Pública só pode fazer o que está previsto em lei, ao Administrado, no caso em tela Contribuinte, é possível fazer tudo aquilo que não é proibido. Ainda, para Hely Lopes Meirelles: Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” (MIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São Paulo: Malheiros, 2005). A Legalidade é intrínseca a idéia de Estado de Direito, pensamento este que faz que ele próprio se submeta ao direito, fruto de sua criação, portanto esse é o motivo desse princípio ser tão importante, um dos pilares do ordenamento. É na legalidade que cada indivíduo encontra o fundamento das suas prerrogativas, assim como a fonte de seus deveres. A administração não tem fins próprios, mas busca na lei, assim como, em regra não tem liberdade, escrava que é do ordenamento. O Princípio da Legalidade é uma das maiores garantias para os gestores frente o Poder Público. Ele representa total subordinação do Poder Público à previsão legal, visto que, os agentes da Administração Pública devem atuar sempre conforme a lei. Assim, o administrador público não pode, mediante mero ato administrativo, conceder direitos, estabelecer obrigações ou impor proibições aos cidadãos. A criação de um novo tributo, por exemplo, dependerá de lei. Do mesmo modo, a limitação de direitos não poderá ser feita por via de interpretação mais gravosa que aquela propriamente estabelecida na norma. Na fiscalização, o Princípio da Legalidade possui atividade totalmente vinculada, ou seja, a falta de liberdade para a autoridade administrativa. A lei define as condições da atuação dos Agentes Administrativos, determinando as tarefas e impondo condições excludentes de escolhas pessoais ou subjetivas. Por fim, esse princípio é vital para o bom andamento da Administração Pública, sendo que ele coíbe a possibilidade do gestor público agir por conta própria, tendo sua eficácia através da execução jurídica dos atos de improbidade, evitando a falta de vinculação à norma e, principalmente, a corrupção no sistema. Essa preocupação se faz constante para que seja atingido o objetivo maior para o país, o interesse público, através da ordem e da justiça. Fl. 1551DF CARF MF 30 Voltando para análise do caso concreto, vemos que os ganhos advindos do Método de Equivalência Patrimonial representam meras receitas da investidora, integram sua conta de resultados e são responsáveis pela formação de seu lucro. E não há qualquer menção na redação do artigo 135 do RIR que afaste seus efeitos do ganho de MEP, não há sequer dúvida a respeito, ao contrário, o artigo não coloca isso em discussão, não gerando, portanto, nenhuma dúvida de que o Contribuinte então possa fazêlo. Até por que em diversos casos a Receita Federal permitiu isso. E não é admitido que a permissão ou proibição seja definida com base em quem tem vantagem com a conduta, pois, conforme já foi dito anteriormente, a Administração só cabe fazer aquilo que está previsto em Lei, não podendo interpretar a norma a seu bel prazer de acordo com o que lhe traga vantagem. Por melhor que seja a construção jurídica utilizada pela Receita Federal, compreender e aplicar a lei diferente desse entendimento, consiste em tentar mudar por força de ato administrativo interpretativo, previsão disposta em lei, impondo ao particular uma proibição que não se encontra no texto legal. Seja por omissão ou vontade do legislador, o fato é que ele nada disse sobre isso. Nesse ponto cabe citar o parecer jurídico do Professor Heleno Taveira Torres: À guisa de complementação, as operações de aumento de capital social, mediante capitalização de lucros, devidamente garantida pelo método da equivalência patrimonial, caro à contabilização das pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real, como se verá adiante, bem conduziram, no caso. o Consulente ao aumento do valor nominal da participação societária. Tratase de efeito civil de instituto de direito privado (Lei n. 6.404/1976, art. 169) precisamente mantido, nos mesmos moldes e sem quaisquer ressalvas, pelo legislador fiscal. nos termos do art. 135 do RIR1l999. Por força do art. 109 do CTN, tão relembrado neste Parecer. afiguramse juridicamente impossíveis in casu quaisquer ajustes promovidos, em via interpretativa, pela Administração Fazendária. No que toca aos atos e negócios jurídicos praticados de acordo com as normas existentes, a função social dos contratos (CC/2002, art. 421), garantida constitucionalmente, ao lado da liberdade de iniciativa econômica, impedem a desconsideração e a requalificação na situação sob exame. pelos agentes fiscais, sem observância do art, 149, VII do CTN. Resta evidente que a Receita Federal já se deu conta da problemática que reside na literalidade do texto legal, contudo não cabe ao Poder Executivo, por meio de atos interpretativos da Administração Pública, Fiscalização e Conselho de Recursos Fiscais, corrigir eventuais distorções econômicas advindas da aplicação da lei. Observo, inclusive, que tal necessidade já chegou ao conhecimento do Poder Legislativo, que, por meio da MP n. 694/2015, tenciona tal ajuste. Contudo, até que ele ocorra, não poderá ser imputado ao Contribuinte proibições, sanções ou quaisquer atos mais gravosos que aqueles “estritamente” constantes no texto de lei. Motivo pelo qual, em função da redação original da Lei (nunca alterada) julgo ser plenamente possível a sua utilização para ganhos advindos do emprego do método de equiparação patrimonial. Por fim, impossível ignorar os apontamentos como muito bem ponderados pelo Professor Heleno Taveira Torres, ao analisar os fatos atinentes ao caso da reestruturação operada entre as sociedades holdings, que detinham investimentos do BANCO PACTUAL S/A, no qual pontua estarem devidamente escriturados todos os efeitos contábeis e fiscais, a exemplo da capitalização de lucros, decorrentes dos mencionados atos, os quais foram corretamente levados não só ao conhecimento do Fisco, mas, igualmente, do Banco Central do Brasil. Desse modo, não restaria, à Administração Fazendária, outra opção, senão reconstituir o efetivo custo de aquisição do investimento detido pelo contribuinte na aludida instituição financeira, louvandose Fl. 1552DF CARF MF Processo nº 12448.735833/201186 Acórdão n.º 9202005.620 CSRFT2 Fl. 1.538 31 nos elementos idôneos aos quais teve acesso, caso pretendesse validamente questionar a base de cálculo por este utilizada em autolançamento, quando do cômputo do ganho de capital. Tal fato nos leva agora ao segundo ponto que preciso analisar para concluir meu voto. No tocante ao arbitramento de Imposto de Renda Pessoa Física sobre a alienação de participação societária do contribuinte, observo que a utilização do arbitramento, previsto no artigo 529 e seguintes do Decreto 3000/99 (RIR), gera dúvidas sobre a assertividade de sua aplicação no caso concreto. O arbitramento é devido somente nos casos em que o contribuinte impede a fiscalização de ter acesso aos seus dados. Contudo não é o que ocorreu no caso em tela, pois verifico total transparência do contribuinte com os atos por ele levados a cabo na alienação de sua participação societária. A Receita Federal não tem como afirmar com as provas dos autos que houve qualquer ato por parte do contribuinte capaz de justificar a opção pelo arbitramento, conforme a previsão do RIR. Observo aqui que, não há nos autos qualquer situação de SIMULAÇÃO. A análise de fatos concretos denota estarmos diante de uma estrutura previamente existente, que opta pela adoção de um caminho que lhe confere menor custo tributário, para levar a cabo seu intuito de permitir a distribuição desproporcional de lucros, entre os sócios na medida de contribuição de cada um para o êxito da atividade da instituição financeira sob consideração, o que consistiu em efetivo planejamento tributário, constituído dentro das normas legais. E por isso, especificamente no que diz respeito à técnica jurídica do arbitramento, tratase de GRANDE EQUÍVOCO utilizado nestes casos. Registrese, mais uma vez, que o aumento do custo de aquisição decorrente da capitalização de lucros e reservas, prevista no art. 169 da LSA, foi recepcionado, sem ressalvas, pelo legislador tributário, no art. 135 do RIR/1999, o que autoriza concluir que a Administração Fazendária infringiu o art. 109 do CFN. E esse aumento de custo de aquisição decorre de operação aritmética de subtração entre o patrimônio final de um contribuinte, consistente em valores recebidos quando da alienação de ativos em dado espaço de tempo, e o Custo de aquisição destes. E, no cômputo deste custo de aquisição, não podem ser desconsiderados, repitase, os acréscimos legalmente admitidos no direito tributário vigente, ainda que por ficção jurídica; especialmente quando estes acréscimos decorrem de disposições legais expressas, mediante regular utilização de técnicas jurídicocontábeis, como é o Método de Equivalência Patrimonial em operação de reestruturação societária válida e, ademais, referendada pelo Banco Central do Brasil. Tratase de acréscimos decorrentes da recepção expressa de institutos privados, a exemplo da capitalização de lucros e reservas, prevista, sem quaisquer ressalvas, no art. 169 da LSA e arts. 135 e 383 do RIR/I 999. Estáse, portanto, diante de Auto de Infração que consigna crédito tributário (IRPF, somado a multa e juros) ilíquido, incerto e inexigível, por dois motivos: 1) Há permissão legal para que o contribuinte tenha seu custo de aquisição majorado por capitalização de lucros oriundos da aplicação de MEP. 2) Tendo em vista que os critérios jurídicos para formação da base de cálculo do imposto ora cobrado não foram respeitados no ato de lavratura do auto de infração entendo este estar eivado de vício material, devendo este restar cancelado. Fl. 1553DF CARF MF 32 Diante do exposto, voto por dar provimento integral ao Recurso Especial do Contribuinte e negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 1554DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.728908/2011-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
SIMULAÇÃO. PROVA INDIRETA. FORÇA PROBANTE DOS INDÍCIOS.
A simulação retrata um vício social do negócio jurídico. De maneira intencional, as partes orquestram uma ilusão negocial com a finalidade de induzir terceiros a erro.
A prova direta representa, de forma imediata, a ocorrência do fato com implicações jurídicas. Já a prova indireta baseia-se na existência de outros fatos secundários (indícios) que, por indução lógica, levam à conclusão sobre a ocorrência ou não do fato principal de relevância jurídica. E para que ocorra a referida indução lógica, o quadro de indícios deve ser preciso, grave e harmônico entre si.
SIMULAÇÃO. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE GESTÃO REALIZADA ENTRE EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. SÓCIOS DA EMPRESA CONTRATADA QUE ATUAM EFETIVAMENTE COMO EMPREGADOS DA EMPRESA CONTRATANTE.
A contratação realizada entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico para prestação de serviços de gestão, na qual os sócios da empresa contratada atuam, efetivamente, como empregados da empresa contratante configura negócio simulado.
CO-RESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS.
Com a revogação do artigo 13 da Lei no 8.620/93 pelo artigo 79, inciso VII da Lei n° 11.941/09, a Relação de Vínculos passou a ter a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuir-lhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído.
Numero da decisão: 2301-005.118
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer as alegações de inconstitucionalidade da multa, e, na parte conhecida, negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrea Brose Adolfo, João Maurício Vital, Denny Medeiros da Silveira e Thiago Duca Amoni. Acompanharam o julgamento: pelo contribuinte, a Dra. Tatiane Becker Amaral Cury, OAB/DF 16.371 e, pela União, a Dra. Lívia da Silva Queiroz, Procuradora da Fazenda Nacional.
(assinado digitalmente)
João Bellini Junior Presidente
(assinado digitalmente)
Fábio Piovesan Bozza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, João Mauricio Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Denny Medeiros da Silveira (suplente), Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni (suplente), João Bellini Junior (presidente).
Nome do relator: FABIO PIOVESAN BOZZA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 SIMULAÇÃO. PROVA INDIRETA. FORÇA PROBANTE DOS INDÍCIOS. A simulação retrata um vício social do negócio jurídico. De maneira intencional, as partes orquestram uma ilusão negocial com a finalidade de induzir terceiros a erro. A prova direta representa, de forma imediata, a ocorrência do fato com implicações jurídicas. Já a prova indireta baseia-se na existência de outros fatos secundários (indícios) que, por indução lógica, levam à conclusão sobre a ocorrência ou não do fato principal de relevância jurídica. E para que ocorra a referida indução lógica, o quadro de indícios deve ser preciso, grave e harmônico entre si. SIMULAÇÃO. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE GESTÃO REALIZADA ENTRE EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. SÓCIOS DA EMPRESA CONTRATADA QUE ATUAM EFETIVAMENTE COMO EMPREGADOS DA EMPRESA CONTRATANTE. A contratação realizada entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico para prestação de serviços de gestão, na qual os sócios da empresa contratada atuam, efetivamente, como empregados da empresa contratante configura negócio simulado. CO-RESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS. Com a revogação do artigo 13 da Lei no 8.620/93 pelo artigo 79, inciso VII da Lei n° 11.941/09, a Relação de Vínculos passou a ter a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuir-lhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído.
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E COMÉRCIO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 SIMULAÇÃO. PROVA INDIRETA. FORÇA PROBANTE DOS INDÍCIOS. A simulação retrata um vício social do negócio jurídico. De maneira intencional, as partes orquestram uma ilusão negocial com a finalidade de induzir terceiros a erro. A prova direta representa, de forma imediata, a ocorrência do fato com implicações jurídicas. Já a prova indireta baseiase na existência de outros fatos secundários (indícios) que, por indução lógica, levam à conclusão sobre a ocorrência ou não do fato principal de relevância jurídica. E para que ocorra a referida indução lógica, o quadro de indícios deve ser preciso, grave e harmônico entre si. SIMULAÇÃO. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE GESTÃO REALIZADA ENTRE EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. SÓCIOS DA EMPRESA CONTRATADA QUE ATUAM EFETIVAMENTE COMO EMPREGADOS DA EMPRESA CONTRATANTE. A contratação realizada entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico para prestação de serviços de gestão, na qual os sócios da empresa contratada atuam, efetivamente, como empregados da empresa contratante configura negócio simulado. CORESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS. Com a revogação do artigo 13 da Lei no 8.620/93 pelo artigo 79, inciso VII da Lei n° 11.941/09, a “Relação de Vínculos” passou a ter a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuirlhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 89 08 /2 01 1- 11 Fl. 8430DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer as alegações de inconstitucionalidade da multa, e, na parte conhecida, negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrea Brose Adolfo, João Maurício Vital, Denny Medeiros da Silveira e Thiago Duca Amoni. Acompanharam o julgamento: pelo contribuinte, a Dra. Tatiane Becker Amaral Cury, OAB/DF 16.371 e, pela União, a Dra. Lívia da Silva Queiroz, Procuradora da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) João Bellini Junior – Presidente (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, João Mauricio Vital, Alexandre Evaristo Pinto, Denny Medeiros da Silveira (suplente), Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni (suplente), João Bellini Junior (presidente). Relatório Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza Em julgamento o recurso voluntário interposto por Jorlan S/A Veiculos Automotores Importação e Comércio contra a decisão de primeira instância administrativa, que julgou improcedente a impugnação e manteve o crédito tributário lançado. A fiscalização emitiu autos de infração DEBCAD nº 51.016.7551 e 51.016.7561 para a cobrança de contribuições previdenciárias patronais e dos seguros empregados, relativa às competências 01/2009 a 12/2010. A ciência da autuação ocorreu em 15/12/2011. A descrição das infrações constantes do Termo de Verificação Fiscal (são mais de cem folhas) foi bem resumida pelo acórdão recorrido, merecendo a transcrição a seguir: O auditor fiscal explica que o procedimento fiscal foi aberto com objetivo de averiguar, a natureza de despesas com consultoria contabilizadas pelo sujeito passivo. Verificouse que os serviços eram prestados por Egave Empresa Gestora de Administração e Vendas S/C Ltda., inscrita no CNPJ sob n. 04.832.433/000164, e que esta empresa era utilizada para intermediar pagamentos Fl. 8431DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 3 3 efetuados pelo contribuinte a segurados empregados e contribuintes individuais que lhes prestavam serviços. Os segurados eram admitidos como sócios da Egave com a finalidade de trabalhar para o sujeito passivo e outras empresas do grupo que integra. Deste modo, os rendimentos destas pessoas eram pagos na forma de lucros distribuídos pela Egave e o contribuinte se beneficiava com a redução indevida de encargos tributários e trabalhistas. Conta o auditor que o contrato assinado entre a Jorlan S/A e Egave previa que em contraprestação pelos serviços prestados pela Egave, seriam pagos R$2.000,00, acrescidos de honorários equivalentes a 1% do valor do faturamento mensal da contratante. Ressalta que o valor pago à Egave em 2008 foi de aproximadamente R$ 3.600.000,00; o que representava mais de 50% do lucro líquido contabilizado da Jorlan S/A em 2008. Também estava previsto no contrato que todas as despesas incorridas pela Contratada na prestação de serviços, tais como despesas de transporte, estadia e alimentação, seriam de inteira responsabilidade da Contratante e prontamente reembolsadas por esta última, mediante a apresentação dos respectivos orçamentos e documentos comprobatórios. Informa o auditor que a empresa Jorlan tem como diretores: Orlando Carlos da Silva Júnior, inscrito no CPF sob n. 130.022.01120, Antônio Carlos Machado e Silva, inscrito no CPF sob n. 122.496.45191 e Luis Fernando Machado e Silva, inscrito no CPF sob n. 281.051.92187. Os três diretores são irmãos e filhos de Orlando Carlos da Silva, inscrito no CPF sob n. 003.086.681 20, já falecido e fundador do grupo Orlando Carlos Participações – OCP do qual faz parte a autuada Jorlan. A Egave foi constituída como uma sociedade por quotas de responsabilidade em 1/11/2001. Na última alteração contratual registrada na Junta Comercial do Estado de Goiás, antes do início deste procedimento fiscal (19º alteração), o capital era composto por 1918 quotas de valor unitário de R$ 1,00 divididas entre os quotistas da seguinte maneira: Leonardo Carlos da Silva Prudente 1616; Orlando Carlos da Silva Junior 80; Antônio Carlos Machado e Silva 80; Luis Fernando Machado e Silva 80; Outros 62; (as 62 quotas restantes pertenciam a outros 62 sócios, cada um com uma quota no valor de R$1,00). Ressalta o auditor que, após o início deste procedimento fiscal, ocorreu a 20;ª Alteração do contrato social que registra a saída de Orlando Carlos Júnior, Antônio Carlos e Luis Fernando da Egave. Com referência às várias alterações contratuais da Egave, o auditor fiscal apresentou as seguintes conclusões: Os diretores vicepresidentes da Jorlan Orlando Carlos Júnior, Antônio Carlos e Luis Fernando mantiveram suas quotas desde a criação da Egave. Fl. 8432DF CARF MF 4 Orlando Carlos da Silva, pai dos três diretores, teve suas quotas canceladas após seu falecimento, provocando redução do capital social da empresa (13ª alteração contratual). Leonardo Carlos da Silva Prudente consta como sócio administrador da empresa e sempre teve a maior participação, apesar disso, Leonardo não recebe rendimentos a título de distribuição de lucros, enquanto os três diretores da Jorlan recebem a maior parcela. Os três receberam aproximadamente 23% dos lucros distribuídos pela Egave no período fiscalizado, enquanto Leonardo, possuidor de aproximadamente vinte vezes o número de quotas de cada um dos três diretores da Jorlan, nada recebeu. São freqüentes as transferências de uma quota de R$1,00 de titularidade de Leonardo Carlos Prudente para sócios que ingressam na sociedade. Do mesmo modo, esta quota unitária é devolvida para o sócioadministrador quando estes sócios saem da sociedade. Estas transferências são registradas em alterações contratuais; assim, as quotas de Leonardo Carlos Prudente funcionam como um verdadeiro "bolsão" de quotas da empresa para facilitar o ingresso ou saída de outros sócios sem necessidade de alteração do capital social total da Egave. Ou seja, a "contratação" de um novo sócio é realizada mediante transferência de uma quota da Egave no valor de R$1,00 de titularidade de Leonardo Carlos Prudente para o novo sócio/empregado. Já a "rescisão" é realizada no sentido inverso. A contratação da mão de obra funciona da seguinte forma: A Jorlan interessada em contratar um novo profissional, o convida a tornarse sócio da Egave, mediante recebimento de uma quota no valor irrisório de R$1,00. Este profissional passa a ocupar determinado cargo de chefia na Jorlan e receber pela Egave, sob a forma de distribuição de lucros. Quanto à relação entre Egave e os vicepresidentes da Jorlan o auditor destacou os seguintes pontos: Cada um dos diretores da Jorlan recebeu mais de R$ 2.500.000,00 nos três anos fiscalizados na forma de distribuição de lucros pagos pela Egave. Os valores recebidos por cada sócio no período fiscalizado foram declarados pela Egave em Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ. Orlando Carlos Júnior, Antônio Carlos e Luis Fernando administram as empresas do grupo OCP que contrataram os serviços da Egave, conforme atos constitutivos disponibilizados pelas Juntas Comerciais de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. A Egave presta serviços exclusivamente para empresas do grupo OCP de 2008 a 2010. A Egave distribuiu lucros a seus sócios de acordo com os serviços prestados por cada um e a distribuição não foi proporcional à participação de cada sócio na empresa. Sobre o tema a autuada argumentou que a distribuição se baseia em Fl. 8433DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 4 5 critérios pautados na cláusula 17ª do contrato social da Egave onde diz que "os lucros serão distribuídos aos quotistas conforme proporção a ser deliberada por maioria absoluta pelos mesmos, que não será necessariamente correspondente à participação de cada um no capital". Ao Sr. Leonardo Carlos Prudente, titular da maioria absoluta das quotas da Egave, competia decidir sobre a parcela dos lucros que cabe a cada sócio. As pessoas que receberam a maior parcela dos lucros distribuídos pela Egave de 2008 a 2010 foram Orlando Carlos Júnior, Antônio Carlos e Luis Fernando. Os demais sócios receberam, nos três anos fiscalizados, em média R$ 371.000,00, menos de 15% do valor recebido por cada um dos vicepresidentes (em torno de R$2.500.000,00) Orlando Carlos Júnior, Antônio Carlos e Luis Fernando, no exercício das funções de administradores das empresas do grupo OCP, pagaram aproximadamente R$38.000.000,00 à Egave, deste valor, R$ 7.600.000,00, lhes retornaram na forma de distribuição de lucro. Do depoimento do sócio Leonardo Carlos Prudente, o auditor destacou os seguintes pontos: É sócioadministrador da Egave desde sua fundação, em setembro de 2001. É primo dos três vicepresidentes da Jorlan. Não tinha experiência com administração de empresas de consultoria antes de ingressar na Egave. Antes de se tornar sócio da Egave, trabalhava como sócio administrador de uma empresa de construção civil e, ainda hoje, continua se dedicando a esta empresa, sendo esta sua fonte de renda, mediante prólabore e retirada de lucros. Não se lembra de todas as empresas para as quais a Egave presta serviços de consultoria. Disse que a Egave presta serviços para empresas do grupo Jorlan e que, especificamente, lembra da Jorlan S/A, JPAR Distribuidora de Veículos e Orca Veículos. Não sabe identificar os dois maiores contratos da Egave; não sabe quem eram os exsócios da Egave que moveram ações trabalhistas contra a empresa; não sabe quem são os sócios que hoje trabalham na Jorlan S/A e na Orca Taguatinga; não sabe as atividades que cada um desenvolve; citou o nome de alguns sócios que conhece embora não saiba para qual empresa prestem serviços. Nunca recebeu qualquer quantia da Egave desde sua criação, apesar de administrar a empresa. Com relação às suas atribuições na Egave, afirmou que se restringem à parte burocrática, assinando contratos pelos quais Fl. 8434DF CARF MF 6 não é responsável pela negociação e elaboração. Quanto à fixação da parcela dos lucros destinada a cada sócio, disse que apenas é cientificado verbalmente por Maria Rolim dos valores que serão pagos, desconhecendo qualquer documento ou estudo voltado à definição da partilha dos lucros entre os sócios. Que Maria Rolim é responsável por administrar a empresa, negociar e definir as condições contratuais (inclusive valor do contrato), fixar os rendimentos que serão distribuídos a cada sócio, definir e distribuir as atividades para os sócios, comunicar os sócios a respeito das metas. Maria Abadia Leão Rolim, inscrita no CPF sob n. 195.425.851 87, é a pessoa de confiança dos três vicepresidentes da Jorlan S/A para desempenhar o controle do grupo OCP atua como "braço direito" da administração. Sobre o sócio Leonardo Prudente o auditor concluiu que embora seja o administrador da empresa nos atos constitutivos há mais de 10 anos, não desempenha esta função; ou seja, é pessoa interposta, também conhecida como "laranja", pois ignora dados básicos da empresa. Com relação à Egave, onde foi realizada diligência fiscal, o auditor chama a atenção para os seguintes pontos: É uma empresa de consultoria constituída por especialistas de diferentes áreas, com atuação em três unidades da Federação; no último ano faturou quase R$ 15.000.000,00; os lucros foram distribuídos a 76 sócios; os clientes são empresas do grupo administrado por seus primos que atuam prioritariamente no ramo automobilístico. As únicas pessoas que assinaram a 3ª e 4ª alteração contratual da Egave apesar de serem à época, 38 sócios no quadro societário, além de Leonardo Carlos da Silva Prudente (sócio administrador formalmente), foram os irmãos Antônio Carlos e Orlando Carlos Júnior e seu pai Orlando Carlos da Silva (hoje falecido). A alteração do contrato social em janeiro de 2008, primeiro mês do período fiscalizado, era a de nº 13. Na data de início do procedimento fiscal já era a de nº 19, registrada na Junta Comercial do Estado de Goiás em 03/03/2011. O total de sócios na 13ª alteração era 43, na 14ª Alteração 51 sócios, na 15ª alteração e 16ª Alteração Contratual os sócios eram 63, na 17ª o número passou para 71, na 18ª, 69 e, por fim, na 19ª 66 sócios. Pelo contrato de prestação de serviço formalizado entre as empresas, a Egave é responsável de forma ampla perante a Jorlan pela execução de todos os serviços, nas áreas de “Recursos Humanos, Financeira. Administrativa, Gerenciamento de Força de Vendas e Outras Sociedades”, bem como há clausula que exime a contratante de responsabilidade em relação aos trabalhadores contratados para a execução dos serviços. Fl. 8435DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 5 7 Todas as despesas incorridas pela Egave na prestação dos Serviços, tais como despesas de transporte, estadia e alimentação, serão de inteira responsabilidade da Jorlan e serão prontamente reembolsadas mediante apresentação dos respectivos orçamentos e ou documentos comprobatórios devidamente autorizados. O reembolso das despesas segundo a Jorlan era mediante a apresentação da nota fiscal para pagamento o que muitas vezes nem acontecia porque a Egave não cobrava. Já a Egave informou que cada sócio encaminha a sua prestação de contas de reembolso de despesas diretamente ao cliente, que não fazia controle nem relatório. O pagamento é vinculado ao atendimento de metas (não especificadas) e que existe um mínimo contratual. Quanto ao mínimo contratual, a cláusula quarta do contrato especifica que este parâmetro equivale a R$ 2.000,00 acrescidos de um por cento do faturamento da contratante, podendo inclusive ser pago em percentuais superiores o contrato especifica as condições para pagamento em percentuais superiores. Todas as empresas arroladas como responsáveis solidárias possuem contrato similar com a Egave e são suas únicas clientes. Nenhum contrato foi registrado ou teve reconhecimento de firma dos signatários. A Egave apresentou bloco de notas fiscais seqüenciais emitidas de 27/9/2007 (nota fiscal n. 1251) a 28/9/2009 (nota fiscal n. 1778). Na descrição dos serviços, consta o texto genérico "Serviço Consultoria em Gestão Empresarial". A partir de 10/2009, passou a emitir notas fiscais eletronicamente, tendo entregado relação das notas emitidas eletronicamente no período de 28/10/2009 (nota fiscal n. 1) a 31/12/2010 (nota fiscal n. 409). A sede da Egave está localizada em Aparecida de Goiânia/GO. No local constatouse a existência de uma pequena sala, com duas mesas, onde trabalha uma secretária Informada que se tratava de uma diligência da Receita Federal do Brasil, a secretária ligou para Maria Rolim, sócia da Egave, comunicando a presença da Fiscalização. Ela também informou que apenas realizava tarefas de digitação e que toda e qualquer demanda externa era direcionada para Maria Rolim. Em outras salas do edifício em que está localizada a sede da Egave, também há outras empresas do grupo OCP: Jorlan Administradora de Consórcio Ltda., CNPJ 37.137.767/000177; Jorlan S/A (filial), CNPJ 01.542.240/000938; Parsec Corretora de Seguros Ltda. (filial), CNPJ 02.758.654/000376. Indagada sobre quais sócios prestaram serviços para a autuada a Sra Maria Rolin na Egave respondeu que vários sócios atenderam a Jorlan S/A e apresentou uma lista exemplificativa de sócios, sem informar período e local em que prestaram Fl. 8436DF CARF MF 8 serviços. Também destacou que "a prestação de serviços é feita diretamente pelo sócio que enviava a administração o valor a ser cobrado do cliente". Verificouse que várias pessoas que eram empregadas de empresas do grupo OCP, foram demitidas e, em seguida, ingressaram no quadro societário da Egave para prestar serviços para a mesma empresa ou para outra empresa do grupo. Da diligência realizada pela fiscalização na Jorlan destacamse os seguintes pontos: Todos os gerentes citados pelos empregados da Jorlan S/A são sócios da Egave. Os nomes completos são Maria Lúcia da Silva Sousa, Alessandra Doreia Figueiredo, Estênio Tibério Pereira da Costa, Carlo Carvalho Farinha, Alessandro Gonçalves Farias e Leandro Lourenço Dias de Mattos. Muitos foram citados por outros sócios da Egave ou empregados da Jorlan S/A que prestaram depoimento durante o procedimento fiscal. Os gerentes apresentam cartão de visita com logotipos da Jorlan e da Egave, mas todas as informações relatadas referem se à Jorlan S/A. No cartão consta o site de Internet da Jorlan S/A, seu email na Jorlan S/A (leandro.mattos@Jorlan.com), além de endereço e telefone da Jorlan S/A. A estrutura organizacional da Jorlan é a seguinte: seis departamentos que compõem a estrutura da empresa Administrativofinanceiro, Facilidades, Veículos Novos, Veículos Seminovos, Peças e Serviços/Oficina. Conforme declarado pelos empregados entrevistados, os gerentes de cada um destes setores são, respectivamente, Maria Lúcia da Silva Sousa, Alessandra Dorea, Estênio Tibério, Alessandro Farias, Leandro Mattos e Carlo Farinha. Todos são sócios da Egave. Da entrevista realizada com vários gerentes, verificouse que desempenhavam suas funções, a princípio, como empregados formais de empresas do grupo OCP; posteriormente, eram demitidos sem justa causa e continuavam a fazer o mesmo serviço sem alteração das atribuições e local de trabalho. Os sócios da Egave, assim, eram admitidos para desempenhar funções diretamente relacionadas à atividadefim da fiscalizada. Na estrutura produtiva da empresa, os ocupantes destes cargos são efetivamente empregados subordinados ao gerente/diretor operacional. Alguns dos sócios ouvidos não declararam serem gerentes ou chefes de departamento, mas afirmaram serem responsáveis pela gerência e administração de setores das empresas contratantes. Ficou evidente que o rótulo que recebiam gerente, gestor, administrador, chefe não importava, uma vez que ficou comprovado o exercício de funções gerenciais na fiscalizada com subordinação à direção geral da empresa exercida pelos diretores vicepresidentes. Nas folhas de pagamento da Jorlan constatouse que não existem empregados na função de gerentes de veículos novos, veículos usados, peças e financiamentos/análise de crédito. Fl. 8437DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 6 9 Também não consta o diretor operacional. Como gerente de oficina verificouse que o Sr. Pedro Neres de Azevedo ocupou o cargo até 31/05/2008. Conforme seu depoimento durante o procedimento fiscal e dados de GFIP, ele foi demitido sem justa causa e admitido como sócio da Egave para trabalhar em outra empresa do grupo exercendo a mesma função. Depois de sua saída, não constam outros funcionários exercendo esta função. Com relação ao departamento administrativo/financeiro, a folha de pagamento identifica Maria Lúcia da Silva Sousa como coordenadora até 31/07/2008. Ainda em 2008, a referida senhora tornouse sócia da Egave e continua coordenando o mesmo departamento conforme verificado no local e atestado por um empregado do setor que foi entrevistado (Luciano Luiz de Lima). Da diligência realizada pela fiscalização em outra empresa do grupo OCP e na GM do Brasil, destacamse os seguintes pontos: Foi visitada a concessionária de veículos Orca Taguatinga, um dos estabelecimentos da empresa OCT Veículos Ltda, integrante do grupo OCP. O gerente Administrativo apresentouse como sócio da Egave. Em entrevista realizada com vários trabalhadores constatouse que à exceção de Flávio Souza, todos os gerentes citados pelos empregados da Orca são sócios da Egave. A concessionária da OCT Veículos Ltda, se estrutura da mesma forma que a Jorlan S/A. Pelas informações prestadas pela GM do Brasil comprovouse que vários sócios da Egave, apesar de serem formalmente prestadores terceirizados de serviços de consultoria em gestão, participavam dos treinamentos que a GM promovia para os funcionários da Jorlan S/A. Além disso, na GM eram identificados como gerentes ou diretores da Jorlan S/A. Sobre Reclamatórias trabalhistas o auditor apurou que: No Tribunal Regional do Trabalho TRT da 10ª Região transita o processo 000161260.2010.5.10.0020 em que Jorlan S/A (primeira reclamada) e Egave (segunda reclamada) constam como partes. O reclamante é Éder Leoni dos Anjos, inscrito no CPF sob n. 259.209.95653. No processo pediu o reconhecimento da relação de emprego com o grupo econômico que seria composto por Jorlan S/A e Egave. Resumidamente, sustenta a unicidade contratual, tendo a relação de emprego se originado em março de 2004, encerrado em dezembro de 2008, com ruptura simulada em março de 2007, quando rescindiu seu contrato de trabalho junto a Jorlan S/A (ao menos formalmente) e foi admitido como sócio da Egave para continuar prestando serviços a Jorlan S/A. O processo atualmente aguarda julgamento de recurso. Na primeira instância foi proferida sentença reconhecendo o vínculo empregatício, tendo o M.M. Juiz assim se pronunciado: ................... Fl. 8438DF CARF MF 10 Ainda que se considerasse válida, a relação societária entre o reclamante e a segunda reclamada, seria, típica, situação configuradora de terceirização de atividade fim, ostentado, portanto, caráter ilícito, na forma da tese da Súmula. 331 do TST. Tais elementos revelam que o mecanismo fraudulento construído pelas reclamadas de inteligente e sofisticado não tem nada. Trata se de fraude grosseira, envolvendo a necessidade de pouca mobilização cognitiva por parte de estruturas neurobiológicas de um ser humano com um mínimo de instrução. Diante do presente cenário, com fundamento nos arts. 3" e 9" da CLT e no princípio da Primazia da Realidade, reconheço a relação de emprego entre o reclamante e a segunda reclamada, no período de 22/03/2007 a 16/12/2008, [...] [...] condeno a primeira reclamada ao pagamento dos mesmos direitos de forma solidária. [...] No TRT da 3ª Região foi localizado o processo 008142007003 03001, com sentença reconhecendo o vínculo empregatício, transitada em julgado em 1/04/2011, onde a Egave figura como 2ª reclamada e JPAR Distribuidora de Veículos Ltda como 1ª reclamada. O reclamante é Arlindo Boemer Antunes Costa, inscrito no CPF sob n. 125.589.66120. No Termo de Verificação Fiscal o auditor transcreve vários depoimentos de trabalhadores do Grupo OCP. Nestes depoimentos confirmouse que os contratos de trabalho foram rescindidos e os trabalhadores tornaramse sócios da Egave. Sustenta, também, a autoridade lançadora a existência, no caso, de Grupo Econômico, situação reconhecida pelos próprios participantes, pois a administração do grupo OCP assume pública e ostensivamente a sua condição de grupo. Esse fato pode ser constatado no sítio da Internet do grupo. Comprovando a existência de fato do grupo econômico diz o fiscal que “no período fiscalizado (2008 a 2010), na escrituração contábil, há dois grupos de contas do ativo que registram direitos da fiscalizada com outras empresas do grupo, evidenciando a estreita relação comercial entre as sociedades: "Adiant. P/ Futuro Aumento de Capital" e "Cred. Com Coligadas e Controladas". Para aprofundamento desta análise, selecionamos o anocalendário de 2008. Neste ano, os códigos contábeis utilizados pela empresa para estas contas sintéticas são, respectivamente, 1.2.4.1.51 e 1.2.41.52”. Informa o auditor que “os históricos dos lançamentos nessas contas indicam adiantamentos de recursos sob a forma de mútuo além de alguns recebimentos”. Salienta que as transações entre as empresas ocorrem com habitualidade, pois há centenas de lançamentos tanto a débito como a crédito nas contas analisadas, representando cessão/obtenção de empréstimos e ressarcimentos. Acrescentese que as quantias movimentadas são significativas. A título exemplificativo, Jorlan S/A registrou em 2008, a débito, uma movimentação superior de R$ 20.000.000,00 na conta de ativo 1.2.4.1.51.003 Jpar Distribuidora de Veículos Ltda. Já a conta de Fl. 8439DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 7 11 passivo 2.2.8.1.01.013 (Target Veículos Ltda.) registra mais de R$ 11.000.000,00 movimentados a crédito em 2010. Destaca que nas notas explicativas, o contribuinte qualifica como sua controlada a empresa Jorlan Participações Societárias Ltda e como empresas ligadas: Parsec Corretora de Seguros Ltda., Orsa Agenciadora de Serviços e Seguros Ltda., Orlando Carlos Participações Societárias, OCS Investimentos, Automarcas Comércio de Veículos Ltda., Sierra Agropastoril, Ltda. e Itaraguaia Agropastoril. Com relação às empresas ligadas, há notas informando que a empresa concede e obtém empréstimos sem incidência de encargos financeiros e com prazo de vencimento indeterminado. Sobre ser a Egave também participante do grupo econômico lembra o auditor que ela é contratada para prestar serviços em todas as empresas do Grupo OCP, possuem sócios em comum, que a maioria dos sócios da Egave trabalhou como empregado de empresas do grupo OCP, contadora responsável pela escrituração contábil da Egave, Vanda Maria Ferreira Caitano, é a mesma da Jorlan S/A. Diante da caracterização que Egave, Jorlan S/A e as demais empresas listadas compõem o mesmo grupo econômico, o auditor realizou os procedimentos exigidos para a imputação de responsabilidade solidária com fundamento legal nos artigos 124, inciso II do CTN c/c art. 30, inc. IX, da Lei n. 8.212/1991, no caso, a lavratura dos termos de sujeição passiva e a intimação do lançamento para todas as empresas enumeradas no início deste relatório. Segundo o Termo de Verificação Fiscal os Autos de Infração sujeitos à solidariedade tributária são os seguintes: DEBCAD n. 37.366.0227; DEBCAD n. 37.366.0235; DEBCAD n. 51 16.7551; DEBCAD n. 51.016.7560. Na situação em baila, a autoridade lançadora também concluiu pela existência de simulação jurídica na contratação dos serviços de consultoria. Para tanto, a administração do grupo OCP criou a Egave, designou um "laranja" para ser seu sócio administrador, elaborou contratos de prestação de serviços, emitiu notas fiscais exclusivamente para empresas do grupo OCP e transferiu recursos financeiros das contas das empresas contratantes para a Egave. Segundo o fiscal todo o aparato teve, basicamente, dois objetivos: “aumentar as retiradas prólabore dos diretores vice presidentes e pagar a remuneração de empregados que exerciam funções de gerência mediante interposição fraudulenta da Egave para ocultar a ocorrência de fatos geradores de obrigações tributárias e trabalhistas”. Sustenta o auditor que os sócios da Egave que possuem uma quota de R$ 1.00 são, na realidade, empregados do grupo OCP, haja vista a presença dos pressupostos da relação de emprego, previstos no art. 3º da CLT, no art. 12 da Lei nº 8.212/1991 e no Fl. 8440DF CARF MF 12 art. 9º do Decreto nº3.048/1999, que são: pessoalidade, onerosidade, nãoeventualidade e subordinação jurídica, não sendo relevante a denominação do cargo, mas, sim, a natureza da relação entre o empregador e empregado, pois foi abundantemente provada, nos autos, que tais “sócios” exerciam a administração, gerência, direção de departamentos das empresas do grupo OCP. Para a apuração do valor tributável a Egave foi intimada a apresentar relação de todos os sócios que prestaram serviços no intervalo de 01/2008 a 12/2010, com indicação do período e empresa contratante em que cada sócio prestou os serviços. Porém, limitou a citar, de forma não exaustiva, os nomes de alguns sócios sem indicar local e período de prestação dos serviços. Também foi intimada a apresentar planilha, em meio digital, que indicasse o rendimento mensal de cada sócio no período fiscalizado, desmembrando em valor bruto, líquido, verbas creditadas e debitadas. Entretanto, apenas entregou planilha em papel com os totais anuais pago e comprovantes bancários de transferências para os sócios. Considerando que a Egave prestou serviços para várias empresas, não foi possível relacionar, de forma individualizada, todos os trabalhadores que prestaram serviços para a fiscalizada, bem como o estabelecimento e período em que os serviços foram realizados. Diante desta situação em que informações e documentos necessários à Fiscalização não foram apresentados pelo sujeito passivo, inviabilizando a apuração direta da base tributável, utilizouse o lançamento por arbitramento legalmente, amparado nos parágrafos 3º e 6º do art. 33 da Lei 8.212/1991. Concluiu a fiscalização que os valores recebidos pelos três diretores vicepresidentes da Jorlan S/A, por meio de empresa interposta, a título de distribuição de lucros da Egave, na verdade, correspondem à remuneração paga/creditada a contribuintes individuais na Jorlan S/A. Portanto, há incidência de contribuições sociais previdenciárias. Para o arbitramento da base de cálculo dos contribuintes individuais, o auditor fiscal calculou primeiro o percentual das receitas da Egave que foram custeadas pela Jorlan a partir de dois índices: o total dos rendimentos que a Egave creditou, na forma de distribuição de lucros, a cada vicepresidente por serviços prestados às empresas do grupo OCP e o montante das receitas da Egave correspondente a cada empresa do grupo OCP, incluindo a Jorlan S/A. Diante destas informações apurou se como percentual de participação em 2008 = 33,9%; em 2009 = 28,3% e em 2010 = 29,4% incidentes sobre o total anual dos rendimentos pagos pela Egave a cada diretor vicepresidente. Para definição da base tributável mensal o total apurado foi dividido por 12. Com relação à definição da base de cálculo para os segurados caracterizados como empregados, no item 362 do Termo de Verificação Fiscal o auditor esclarece que o valor tributável foi Fl. 8441DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 8 13 aferido indiretamente da seguinte forma: subtraiuse o valor pago aos vicepresidentes da Jorlan S/A por intermédio da Egave do total que a fiscalizada contabilizou como despesas de serviços de consultoria prestados pela Egave. Desta forma parte do valor pago à Egave foi considerada remuneração de contribuintes individuais e o restante foi considerado remuneração de segurados empregados.. Tais despesas foram contabilizadas nas contas 5.1.1.1.01.002, 5.1.1.5.04.011 e 5.1.1.5.04.012 em 2008; em 2009 e 2010, as contas utilizadas para registrar estas despesas foram 5.1.1.5.05.008, 5.1.1.5.05.009 e 5.1.1.5.05.010. Neste mesmo item do Termo de Verificação Fiscal foi apresentada planilha indicando, por competência, os valores lançados como remuneração de contribuintes individuais e remuneração de empregados. No tocante à multa, explica o auditor no Termo de Verificação Fiscal, que a partir da vigência da Medida Provisória 449 de dezembro de 2008, a multa em lançamento de ofício sobre as contribuições previdenciárias devidas e não recolhidas, simultaneamente nos casos de falta de recolhimento e falta de declaração ou declaração inexata, passou a ser regida pelo art. 44 da Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. A multa prevista no art. 44 visa apenar, de forma conjunta, tanto o não pagamento do tributo devido, quanto a declaração inexata ou omissa. Relativamente aos fatos geradores ocorridos até 3/12/2008, para ausência de recolhimento e declaração omissa ou inexata, a multa aplicada deve observar o princípio da retroatividade benigna (CTN, Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 106. inciso II, c), comparandose a multa imposta pela legislação vigente à época da ocorrência do fato gerador e a imposta pela legislação superveniente. Assim, a lavratura deve ser feita com a penalidade menos severa resultante da comparação entre a aplicação da multa de ofício estabelecida pelo inciso I do art. 44 da Lei n. 9.430/1996 e a soma da multa de mora do inciso I do art. 35 mais a multa prevista no § 5o do art. 32, ambos da Lei n. 8.212/1991, aplicandose a que for mais benéfica para o sujeito passivo. A multa prevista no § 5º do art. 32 é objeto de auto de infração de obrigações acessórias capitulado no Código de Fundamentação Legal CFL n. 68 e se refere a apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Na comparação concluiuse que a multa de ofício prevista na Lei nº 9.430/1996 é mais benéfica para o contribuinte nas competências 08/2008 a 11/2008. Já para as competências 01/2008 a 07/2008, será aplicada a multa vigente à época da ocorrência do fato gerador da infração (Lei n. 8.212/1991, art. 32, §§ 4º , 5º e 6º , e art. 35, inciso II, na redação anterior à MP n. 449/2008). E na competência 12/2008 vigora a legislação de regência, qual seja a MP 449/2008. Fl. 8442DF CARF MF 14 Ressalta o fiscal que as Guias de Pagamento da Previdência Social (GPS) recolhidas pela Jorlan S/A não foram utilizadas nesta fiscalização, visto que os valores apurados não são considerados pela empresa em sua base de cálculo de contribuições previdenciárias. Em virtude dos Autos de Infração lavrados, foi elaborada Representação Fiscal para Fins Penais RFFP constante do Processo Administrativo no 10166.728997/201198. O processo de RFFP foi apensado ao Processo Administrativo Fiscal nº10166.728908/201111 e cumprirá o rito processual deste, caso o crédito tributário seja impugnado, nos termos da Portaria RFB nº 2.439, de 21 de dezembro de 2010, com redação dada pela Portaria RFB nº 3.182, de 29 de julho de 2011. A Recorrente e as demais responsáveis solidárias apresentaram impugnação conjuntamente, sendo que os argumentos de defesa também foram adequadamente resumidos pelo relatório do acórdão recorrido, nos seguintes termos: Nas peças de defesa as empresas, após qualificaremse e resumir os fatos que levaram à autuação, apresentaram as alegações contra o lançamento, propugnando pela improcedência do auto efetuado porque os valores pagos aos sócios da EGAVE, ao contrário do que sugerido no Termo de Verificação Fiscal da autoridade previdenciária, não significam, em absoluto, pagamento de prólabore ou de remuneração a ensejar incidência de contribuição previdenciária. Aduz que a JORLAN S/A e as empresas do grupo OCP, em busca de maior competitividade no mercado, socorreramse de mecanismo econômico e administrativo absolutamente lícito e comum, consistente da contratação de pessoa jurídica especializada para fornecimento de força de trabalho em áreas específicas. Tratase da celebração de contrato regulado exclusivamente pelo direito civil, figurando, de um lado, uma empresa especializada em prestar serviços (prestadora) e, de outro lado, a outra que se utiliza desses serviços (tomadora), cujo objeto é a transferência, para a primeira, de atividades que antes eram executadas diretamente pela tomadora de serviços, mediante o pagamento de uma contraprestação. A licitude de tal forma de contratação independe da natureza da atividade transferida (meio ou fim), sendo certo que a utilização de serviço especializado de outra pessoa jurídica somente poderá ser considerada irregular no caso de se encontrarem presentes os pressupostos da relação empregatícia, o que, não restou caracterizado nos presentes autos. Não se pode sequer admitir que a Fiscalização tenha pretendido proibir a utilização de tais contratos previstos no Código Civil, quando o objeto é compatível com esses instrumentos e os respectivos serviços são executados por empresa contratada, com seus próprios sócios, trabalhando sob seu poder de comando e assumindo ela o risco da prestação dos serviços contratados. Fl. 8443DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 9 15 Nada mais absurdo do que querer descaracterizar um contrato de prestação de serviço entre pessoas jurídicas, feito na mais absoluta legalidade e transparência, em obediência restrita à legislação que regula o Direito Civil. Colaciona jurisprudência e posições doutrinárias sobre a legitimidade na utilização de empresas terceirizadas. Em decorrência desse contrato, há a transferência para a empresa prestadora de atividades que antes eram executadas pela tomadora de serviços. Passa a ser daquela toda a responsabilidade sobre o serviço. Como contraprestação, há o pagamento, pela empresa tomadora, dos valores destinados a cobrir as despesas e o lucro da empresa prestadora. Conclui que nenhuma irregularidade se verifica na constituição da pessoa jurídica da EGAVE, cujos atos constitutivos observaram estritamente as imposições da legislação civil e foram devidamente registrados no órgão competente. Tratase, pois, de verdadeira empresa de direito, e não meramente de fato. Da mesma forma, nenhuma irregularidade se verifica no fato de a EGAVE haver prestado serviços exclusivamente para empresas do grupo OCP pois inexiste qualquer exigência legal de que a prestação do serviço tenha como destinatários diversos tomadores ou qualquer vedação a que a pessoa jurídica tenha apenas um cliente, se isso lhe for economicamente mais vantajoso. Diferentemente, do entendido pela fiscalização, os sócios da Egave atuaram como verdadeiros empresários, com absoluta autonomia em relação à JORLAN S/A e às demais empresas do grupo OCP, mantendo com estas relação de trabalho indireta, de natureza jurídica absolutamente distinta da empregatícia. Nesse contexto, não se vislumbra na hipótese, sequer de forma dissimulada, a presença dos requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT, pois ausente a subordinação do trabalho prestado pelos sócios da EGAVE, sendo certo que coube a esta (prestadora dos serviços) a assunção de todos os riscos do empreendimento, além da direção das atividades e do pagamento da respectiva remuneração, o que afasta a existência de vínculo de emprego entre eles e a JORLAN S /A ou entre eles e as demais empresas do grupo OCP. Ausente o fato gerador da obrigação tributária, impõese o afastamento da exação questionada, razão pela qual o presente auto de infração deve ser julgado improcedente em todos os seus termos, desconstituindose o respectivo crédito tributário e as multas dele decorrentes. Sobre a multa de ofício pede o afastamento, em face do caráter confiscatório, tanto no percentual de 75%, como no de 150%, pois não há que se falar em qualquer tentativa do sujeito passivo de simular situação diversa da realidade dos fatos e tampouco em utilização de empresa interposta, não restando caracterizada a ocorrência de fraude capaz de autorizar a aplicação da multa Fl. 8444DF CARF MF 16 de ofício no percentual qualificado de 150% (cento e cinqüenta por cento) do tributo a pagar. Sustenta suas alegações com citações doutrinárias e transcrição de decisões judiciais dos tribunais superiores. Em outro tópico alega a ausência de responsabilidade pessoal dos sócios, diretores, gerentes ou representantes pelas dívidas tributárias das pessoas jurídicas de direito privado. Diz que a responsabilização somente decorre de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, na forma do art. 135 do CTN. Cita jurisprudência. Por fim, requer a juntada posterior de documentos que comprovem os fatos ora alegados. Foram acostados pela autuada: contratos, alterações contratuais e notas fiscais de prestação de serviço. Ao analisar a impugnação, a DRJ/Juiz de Fora julgoua improcedente e manteve a integralidade do crédito tributário lançado, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 30/12/2010 CONTRIBUIÇÕES A CARGO DA EMPRESA INCIDENTES SOBRE A REMUNERAÇÃO DE SEGURADOS. A empresa deve recolher as contribuições previdenciárias e sociais para custeio da seguridade social a seu cargo, incidentes sobre a remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais. CUSTEIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS. INCIDÊNCIA SOBRE A REMUNERAÇÃO DOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Compete à empresa a obrigação de arrecadar a contribuição do segurado empregado e contribuinte individual, a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo. RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. São segurados obrigatórios da Previdência Social, na categoria empregado, as pessoas físicas que prestam serviço de natureza urbana à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração. A verificação da condição de segurado empregado em relação a titular de firma individual ou sócio de sociedade por cotas de responsabilidade limitada, resulta da verificação de fatos capazes de ensejar a relação de emprego disfarçada. PERSONALIDADE JURÍDICA. DESCONSIDERAÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO. Fl. 8445DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 10 17 A desconsideração da personalidade jurídica se constitui fenômeno decorrente de pronunciamento judicial, tendo cabimento em situações específicas, não adequadas ao ato administrativo de lançamento. Não configura desconsideração da personalidade jurídica o afastamento que se faz em relação ao contrato civil de prestação de serviços, reconhecendose a condição de segurado empregado. CONTRATAÇÃO DE PESSOAS FÍSICAS POR INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS JURÍDICAS. SIMULAÇÃO. FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. Configura hipótese de qualificação da multa de ofício, por força da fraude, a situação onde o sujeito passivo simula relação contratual de direito civil, promovendo a contratação de pessoas físicas, por interposição de pessoa jurídica, com vistas a afastar a relação de emprego MULTA. CONFISCO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu.. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. DISTINÇÃO DE PERSONALIDADE. A indicação dos sócios no relatório de Vínculos não atribui, por si só, responsabilidade tributária aos mesmos, a finalidade é dar conhecimento de quais as pessoas físicas compõe o quadro societário da sociedade empresária. PEDIDO DE JUNTADA DE DOCUMENTOS. PRECLUSÃO TEMPORAL. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Ainda irresignada, a Recorrente apresenta recurso voluntário reafirmando, em essência, os termos já propugnados na impugnação. Em 10/09/2014, este colegiado converteu o julgamento em diligência, com o objetivo de sanar dúvida sobre a data de interposição do recurso voluntário. Constatouse que o protocolo ocorreu dentro do prazo legal. É o relatório. Voto Fl. 8446DF CARF MF 18 Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza A intimação do acórdão de primeira instância ocorreu em 25/11/2013 e o recurso voluntário foi interposto em 26/12/2013, primeiro dia útil depois do feriado de Natal. Por ser tempestivo e por cumprir com as formalidades legais, dele tomo conhecimento. Mérito A Recorrente alega ter se socorrido de mecanismo econômico e administrativo absolutamente lícito e comum, regulado exclusivamente pelo direito civil, consistente da contratação de pessoa jurídica especializada para fornecimento de força de trabalho em áreas determinadas, a Egave Empresa Gestora de Administração e Vendas S/C Ltda. Por seu turno, a fiscalização, com base em elementos probatórios levantados no curso do procedimento de auditoria, concluiu que os serviços de consultoria em gestão empresarial prestados pela Egave em favor da Recorrente seriam simulados. A implantação de tal estrutura teria por escopo aumentar as retiradas de “prolabore” dos diretores vice presidentes e pagar a remuneração dos empregados que exerciam funções de gerência, mediante interposição simulada da Egave, de modo a ocultar os fatos geradores das obrigações previdenciárias. A discussão travada nos autos envolve diversas questões, como os limites do planejamento tributário, a identificação de vícios nos negócios jurídicos pelas autoridades fiscais (notadamente a simulação), bem como os respectivos reflexos de tais vícios no lançamento de obrigações tributárias. Autonomia Privada e Limites do Planejamento Tributário1 Não há dúvida de que o contribuinte possui liberdade para organizar seus atos e negócios de maneira a suportar uma carga tributária menos onerosa. Ora, se o fato gerador é a situação definida em lei como necessária e suficiente ao nascimento da obrigação tributária (art. 114 do CTN), afigurase lícito e legítimo ao particular não adentrar na situação legal de tributação, ou adentrar em situação legal de menor onerosidade. Caso contrário, restaria configurado o confisco. Tratase de garantia assegurada constitucionalmente, fundada no Estado de Direito (art. 1º); na isonomia (art. 5º, “caput”); na liberdade de fazer ou deixar de fazer qualquer coisa que não seja vedada ou exigida pela lei (art. 5º, II); no direito de propriedade (art. 5º, XXII); nas limitações ao poder de tributar, consubstanciadas no princípio da legalidade, evitando a tributação por analogia (art. 150, I), na proibição do tributo com efeito de confisco (art. 150, IV) e no princípio da capacidade contributiva (art. 145, parágrafo único); bem como na liberdade de exercício de qualquer atividade econômica (art. 170, “caput” e parágrafo único), o que pressupõe o planejamento de estratégias que visem à diminuição da carga tributária. Nesse contexto, o contribuinte exerce sua autonomia privada, que consiste no exercício do poder de criar normas negociais, com autonomia da vontade suficiente para a 1 Muitos trechos foram extraídos e adaptados da seguinte obra acadêmica: BOZZA, Fábio Piovesan. Planejamento tributário e autonomia privada. São Paulo: Quartier Latin, 2015. Fl. 8447DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 11 19 criteriosa seleção das condições e do conteúdo, com fundamento na liberdade contratual. A liberdade ostentada pelo particular é composta de diferentes prerrogativas, como por exemplo2: – a liberdade de celebração, abrangendo a aceitação ou a recusa de determinado vínculo contratual; – a liberdade de seleção do tipo contratual, a qual permite a eleição do tipo contratual mais adequado; e – a liberdade de fixação do conteúdo do contrato ou de estipulação, mediante o preenchimento do conteúdo do acordo conforme interesse das partes. As garantias de liberdade de ação, de propriedade e de iniciativa, asseguradas pela autonomia privada, quando aliadas à legalidade tributária, permitem ao particular antecipar os efeitos jurídicos que advirão da sua conduta. E é justamente essa previsibilidade da atuação do Estado sobre os interesses dos particulares que constitui importante manifestação da segurança jurídica, porque lhes confere a liberdade de atuação dentro das regras do ordenamento jurídico. O planejamento de ações futuras pelos particulares depende do conhecimento do sistema normativo, porquanto o espectro de atuação estatal está adstrito ao império do ordenamento jurídico. Somente desse modo é possível proteger a confiança e tutelar expectativas legitimamente criadas. No entanto, tal concepção de planejamento tributário tem sofrido ataques por parcela da doutrina, merecendo destacar: (i) a aplicação da eficácia positiva da capacidade contributiva3 e (ii) a exigência de motivação extratributária como condição de validade dos planejamentos tributários4. Contra tais ataques, é preciso dizer que, no âmbito da tributação, a Constituição Federal de 1988, embora consagre uma ambivalência principiológica – marcada, de um lado, por princípios ditos formais (legalidade, segurança jurídica, Estado de Direito, irretroatividade, anterioridade) e, de outro, por princípio ditos materiais (solidariedade, função social da propriedade, dignidade humana) – acaba por privilegiar princípios garantistas, ao 2 Nas palavras de Tercio Sampaio Ferraz Junior, “afirmar a livre iniciativa como base normativa da ordem econômica é reconhecer na liberdade um dos fatores estruturantes da ordem, é afirmar a autonomia empreendedora do ser humano na conformação da atividade econômica, aceitando sua intrínseca contingência e fragilidade, preferindo uma ordem aberta ao fracasso a uma ordem imune à incerteza e à ineficiência, conjugada, na CF, com a valorização do trabalho humano (art. 170, caput)” (“Simulação e negócio jurídico indireto no direito tributário e à luz do novo código civil”. Revista Fórum de Direito Tributário, v. 48, Belo Horizonte: Fórum, 2010, p. 925). 3 No pensamento de Marco Aurélio Greco, a importância da capacidade contributiva seria enaltecida como expressão de justiça e solidariedade. Não se trataria de desdobramento do princípio da isonomia, nem de limitação ao poder de tributar, como teria feito crer a doutrina tradicional. O fenômeno impositivo contemplado na CF/88 requereria, primeiro, a interpretação da capacidade contributiva para, depois, atingila de forma isonômica. A capacidade contributiva constituiria diretriz positiva vinculada, principalmente, “à manifestação da aptidão de participar do rateio das despesas públicas, como instrumento para a busca de uma sociedade mais justa e solidária (CF/88, art. 3º, I) em que os que mais podem contribuam em dimensão maior do que os que menos podem” (GRECO, Marco Aurélio. Planejamento tributário. 3ª ed. São Paulo: Dialética, 2011, p. 209, 322 e 350). 4 Novamente, o pensamento de Marco Aurélio Greco assume papel relevante pois, ao equiparar o conceito de causa ao conceito de motivo, oferece o respaldo doutrinário necessário para legitimar a aplicação de tal posição pelo Fisco. Isso porque, na visão do respeitado jurista, a prática de atos ou negócios jurídicos despidos de motivação extratributária constitui vício de causa, autorizando a qualificação da operação como simulada (GRECO, Marco Aurélio. Planejamento Tributário. 3ª ed. São Paulo: Dialética, 2011, p. 278 279). Fl. 8448DF CARF MF 20 atribuir poder aos entes tributantes por meio de regras de competência, submetendoas à rígida limitação e controle5. No Brasil, a capacidade contributiva é concebida como uma limitação ao poder de tributar. Tratase de uma premissa, de um pressuposto para a aplicação da norma de incidência tributária, e não de uma finalidade que ela deve sempre alcançar. O ordenamento jurídico brasileiro não admite a tributação de todo e qualquer fato revelador de capacidade contributiva, mas tão somente daquele fato tipificado em lei. O Fisco não pode ter expectativa ao tributo, se o fato jurídico tributário não tiver ocorrido. Também impede que o contribuinte seja tributado em relação a eventos que, embora tipificados legalmente, não revelem tal capacidade ou que sejam capazes de destruir a riqueza que lastreia a tributação. Quanto à motivação extratributária, vale dizer que os motivos (razões psicológicas ou circunstâncias) que inspiraram as pessoas a realizar os negócios jurídicos, mesmo que preponderantemente fiscais, tendem a ser irrelevantes para o ordenamento jurídico brasileiro. Essa perspectiva abarca tanto o direito privado, quanto o direito tributário. O fato de as partes visarem à economia tributária constitui um efeito do negócio jurídico, um fim apenas mediato, cuja frustração não torna o negócio jurídico inválido ou ineficaz. Do ponto de vista do direito privado, a irrelevância decorre da impossibilidade de controle por parte do ordenamento jurídico, visto que os motivos são individuais, subjetivos, internos, contingentes, variáveis e até contraditórios. As disposições do CC/2002 não enaltecem ou conferem função relevante a eles, de modo a interferir na validade do ato. As alusões feitas ao motivo contidas, por exemplo, nos art. 140 e 166, inc. III do CC/2002, prestigiam, na verdade, o propósito, a finalidade, o fim imediato, a causa concreta do negócio jurídico. Do ponto de vista do direito tributário, a irrelevância decorre da ausência de previsão legal, havendo menção apenas aos vícios de fraude, dolo ou simulação. Dessa forma, a validade e a eficácia do negócio jurídico dependerão, entre outros requisitos legais, da compatibilidade entre a causa abstrata e a causa concreta. A causa abstrata referese ao tipo ou modelo negocial idealizado pelo ordenamento. A causa concreta referese ao propósito perseguido e efetivado pelas partes; reflete o interesse juridicamente relevante, comum a ambas as partes. A tendência é que a causa concreta coincida com a causa abstrata, isto é, que o fim concretamente buscado pelas partes seja harmônico com o fim abstrato do tipo. A dissonância entre causa abstrata e causa concreta poderá resultar desde uma mera incongruência, sem afetar a validade ou a eficácia do negócio (caso dos negócios jurídicos indiretos ou dos negócios fiduciários), até provocar uma verdadeira incompatibilidade, com reflexos na validade ou na eficácia do contrato (caso dos negócios simulados). Assim – para diferenciar o motivo da causa concreta –, o indivíduo que adquiriu determinado bem com o intuito de presentear um amigo não poderá resolver o respectivo contrato de compra e venda em razão do posterior estremecimento da amizade, ainda que o desejo de agraciar o amigo tivesse sido revelado ao vendedor no momento da aquisição. Em outras palavras, a intenção de agradar ao amigo (motivo) não constitui 5 ÁVILA, Humberto. Planejamento tributário. Anais do XX Congresso Brasileiro de Direito Tributário. Revista de Direito Tributário, v. 98. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 81. Fl. 8449DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 12 21 finalidade comum das partes na realização do negócio de compra e venda (causa concreta), conservando a natureza de mero motivo psicológico pertencente ao comprador. Consequentemente, o exercício da liberdade contratual por motivos exclusivamente fiscais não caracteriza planejamento tributário abusivo perante o sistema jurídico brasileiro. Não representa ofensa à boafé, nem prática atentatória aos bons costumes, nem implica violação ao fim econômico ou social do exercício de um direito. Tratase de ação voluntária, coordenada para atingir certos fins fixados previamente. Por isso, Sampaio Dória assevera que “a motivação subjetiva (certa ou errada) que incitou o contribuinte a minimizar seus custos tributários é indiferente ao direito, importando objetivamente apenas se o que ele concretizou deflagra efetivamente as antecipadas consequências vantajosas da esfera fiscal”6. Em suma, eventual intervenção do Estado nas estruturas negociais de direito privado legitimamente utilizadas pelos particulares, em razão da obtenção de menor ônus fiscal, implicaria contradição em seus termos, por se voltar contra atos lícitos. De todo modo, o exercício da autonomia privada não outorga aos particulares uma liberdade ilimitada, livre de controles e oponível contra todos. Na atualidade, não há mais espaço para conceber o negócio jurídico como resultado exclusivo da vontade das pessoas, justamente porque a atribuição de vínculos obrigacionais não decorre somente dela, mas é um efeito outorgado pelo ordenamento jurídico. Em outras palavras, não há efeitos jurídicos “ex voluntate”. Todos eles são “ex lege”, porque decorrem de imputação feita aos fatos pela norma jurídica. Para que os negócios entabulados no mundo social sejam recepcionados como fatos jurídicos – sendo, assim, aptos a emanar efeitos jurídicos –, eles deverão ser configurados de acordo com os termos e o modo dos institutos disponibilizados pelo ordenamento, sem vícios ou defeitos. É por essa razão que a análise dos vícios que assolam a validade e a eficácia do negócio jurídico – como é o caso da simulação, no presente processo – constitui providência elementar para determinar a legitimidade do planejamento realizado pela Recorrente. Simulação dos Negócios Jurídicos A simulação costuma ser mencionada pelo CTN juntamente com outros dois vícios – o dolo e a fraude – de modo a compor a expressão “dolo, fraude ou simulação”. A tríade é aludida em diversos dispositivos do código, merecendo destaque o art. 149, inc. VII, o qual autoriza o Fisco a lançar de ofício, “quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação”. A definição e o alcance da simulação não se encontram no CTN, devendo ser buscados no CC/2002: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 6 DÓRIA, Antônio Roberto Sampaio. Elisão e evasão fiscal. São Paulo: LAEL, 1971, p. 44. No mesmo sentido, SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 441. Fl. 8450DF CARF MF 22 § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. A simulação retrata um vício social do negócio jurídico, e não um vício de consentimento (as partes sabem muito bem o que querem e assim agem). De maneira intencional, as partes orquestram uma ilusão negocial com a finalidade de induzir terceiros a erro. O negócio simulado, desse modo, apenas aparenta preencher os requisitos de validade do negócio jurídico, quando, na verdade, não preenche, uma vez que as partes neutralizam os efeitos típicos do ato. O negócio simulado apresenta uma incompatibilidade consciente e intencional entre a causa abstrata e a causa concreta. Em outras palavras, há uma dissonância grave entre a função típica do negócio selecionado e o fim concreto almejado pelas partes. É o caso de uma compra e venda publicamente declarada em que as partes intencionalmente apenas encenam o pagamento do preço. A prova da simulação consiste em demonstrar que o negócio jurídico em discussão é mera aparência ou dissimula uma relação jurídica de natureza diversa. Para tanto, é necessário provar uma situação fática existente, só que divergente da realidade da declaração, do negócio ou do sujeito dissimulado. O ideal é demonstrar a existência do acordo simulatório (causa simulandi) a fim de descortinar a cooperação entre os simuladores para a realização da maliciosa preordenação de uma aparência diversa da realidade. Tal tarefa, no entanto, não se apresenta de fácil execução, já que raras vezes essa prova será direta e estará consubstanciada num documento em que aflore claramente a intenção dos simuladores de enganar terceiros por meio de um negócio aparente. Por esse motivo, a simulação costuma ser provada pelo comportamento concludente das partes (ou seja, a atitude do agente que permite concluir acerca da respectiva intenção e dos efeitos jurídicos perseguidos). E isso geralmente acontece mediante a reunião de indícios. A produção de prova indireta deve ser baseada na existência de outros fatos (indícios) que, por indução lógica, levam à conclusão sobre a ocorrência do fato principal. A natureza da prova indireta, entretanto, sujeitaa a diferentes graus de crença. Por isso, o quadro de indícios deve ser preciso, grave e harmônico, isto é: (a) preciso: o fato controvertido deve ter ligação direta com o fato conhecido, podendo dele extrair consequências claras e efetivamente possíveis, a ponto de rechaçar outras possíveis soluções; Fl. 8451DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 13 23 (b) grave: resultante de uma forte probabilidade e capacidade de induzir à persuasão; e (c) harmônico: com os indícios concordantes entre si e não contraditórios, os quais convergem para a mesma solução, de modo a aumentar o grau de confirmação lógica sobre uma dada ilação. Prova da Simulação no Caso Concreto Ao longo do procedimento de auditoria, as autoridades fiscais reuniram uma série de indícios, a fim de provar que a prestação dos serviços de gestão empresarial pela Egave consistia em um negócio simulado. (i) “Causa Simulandi”: a ilusão criada pela contratação simulada dos serviços da Egave pela Recorrente teria por objetivo (1) evitar o pagamento de encargos trabalhistas aos gerentes (férias, décimo terceiro salário, aviso prévio etc.), FGTS e contribuições previdenciárias patronais e do segurado empregado; (2) possibilitar o pagamento de remuneração expressiva aos três vicepresidentes da Recorrente, Srs. Orlando Carlos da Silva Junior, Antônio Carlos Machado e Silva e Luis Fernando Machado e Silva. Ao compulsar os autos, ainda é possível identificar outro propósito na realização do negócio simulado: (3) a geração de despesa dedutível na apuração do lucro real pela Recorrente (em 2008, o valor dessa despesa representou mais de 50% do lucro líquido contabilizado). (ii) Interposição Simulada de Pessoa: o sócioadministrador da Egave, Sr. Leonardo Carlos Prudente, é primo dos três vicepresidentes da Recorrente (que também são sócios da Egave). Nos depoimentos prestados, relatou não ter experiência com administração de empresas de consultoria antes de ingressar na Egave e que continua dedicado a administrar uma empresa de construção civil, de onde retira todos os seus proventos. Nunca recebeu qualquer quantia da Egave, mesmo depois de figurar por mais de dez anos como o principal executivo dessa empresa. Revela contradição ao afirmar que deixava a sua parcela dos lucros na empresa ora como parte de plano de expansão das atividades, ora para fazer frente a eventuais emergências. Mais importante, desconhece os principais eventos empresariais da Egave; não sabe dizer quais seriam os principais contratos firmados pela Egave; não sabe dizer quais seriam os exsócios que moveram ações trabalhistas contra a empresa; não realiza atividades de acompanhamento dos serviços de consultoria prestados pelos sócios; não orienta o cumprimento de metas; não sabe elencar os critérios para distribuição dos lucros da Egave entre seus sócios; embora assine contratos em nome da Egave, não é responsável pela negociação e elaboração. O Sr. Leonardo indica como responsável por gerir as atividades da Egave a sócia Mahria Abadia Leão Rolim, considerada como pessoa de confiança dos três vicepresidentes da Recorrente. Diante dessas evidências, a conclusão natural é a de que a mera figuração do Sr. Leonardo como sócio majoritário e administrador da Egave (1616 do total de 1918 quotas) cumpre com a função de proporcionar, ao menos, dois efeitos. Primeiro, mascarar os reais sócios majoritários e administradores da Egave. Segundo, garantir o controle e o sigilo do conluio simulatório, dado o vínculo familiar existente entre o Sr. Leonardo e os três vice presidentes da Recorrente. Fl. 8452DF CARF MF 24 (iii) Realização de Negócios com Pessoas Vinculadas: logicamente, o mero fato de partes ligadas transacionarem não representa, por si só, simulação, uma vez que resta consagrado juridicamente a independência de personalidades jurídicas e de patrimônios entre as várias pessoas com laços mais estreitos. O fato de se tratar de operação realizada apenas dentro do mesmo grupo empresarial pode ser tomado como mais um elemento circunstancial que, associado a outros, pode dar densidade à ilação lógica quanto à presença da simulação. Ou seja, isoladamente, as transações entre partes ligadas não constituem prova suficiente da simulação; mas, quando inseridas dentro de um contexto probatório, acabam por atribuir peso às demais evidências, favorecendo a conclusão quanto ao cometimento do ilícito. Afinal, a simulação é um vício cuja caracterização depende do conluio, sendo tal compromisso facilitado pela proximidade existente entre as partes. Na espécie, a Egave prestou serviços exclusivamente para empresas do grupo da Recorrente. O cargo de direção da Egave era ocupado por parente dos vicepresidentes da Recorrente. Além disso, há depoimento de outros sócios da Egave, afirmando que a gerência da Egave se confundia com a gerência das empresas do grupo da Recorrente e era exercida pelos três vicepresidentes. (iv) Ausência de Efetiva Execução Material do Negócio: questionadas sobre o contrato de prestação de serviços, a Egave a e Recorrente não sabiam explicar os critérios adotados para mensurar o valor dos serviços; não possuíam relatórios com discriminação dos serviços prestados; não sabiam justificar a necessidade da contratação (a Recorrente alegava que a contratação de especialistas para assessorar o pessoal interno era uma exigência do mercado, em prol de uma modernização administrativa); afirmavam que a demanda por serviços de consultoria era feita verbalmente, em reuniões periódicas, não existindo documentos a respeito. (v) Pagamento de Preço de Serviço: as empresas contratantes não sabiam explicar os critérios utilizados na formação do preço cobrado para a prestação de serviços de gestão (1% do valor do faturamento), o qual permanecia invariável, independentemente do número de prestadores utilizados (havendo acentuada variação no número de sócios da Egave ao longo do período auditado). (vi) Exercício das Funções como Empregados da Recorrente: as investigações conduzidas pela fiscalização demonstraram que os sócios da Egave, formalmente prestadores de serviços de gestão, operavam como verdadeiros empregados da Recorrente, ocupando os cargos de gerência de departamentos, com poderes de mando, direção e fiscalização. Dentre os diversos elementos trazidos pela fiscalização para comprovar a condição de empregado da Recorrente dos sócios da Egave, encontramse as diversas entrevistas feitas com os próprios gerentes e com seus subordinados. Materialmente, os cartões de visita dos sócios da Egave possuíam logomarca da Recorrente. (vii) Ausência de Propósito Negocial: a falta de propósito negocial com relação à prestação de serviços de gestão é demonstrada pelo comportamento tanto da Egave, que sequer gerencia seus contratos e adota controle dos serviços prestados, quanto de seus sócios, que efetivamente trabalham como empregados da Recorrente. A situação fática acima relatada restou comprovada nas sentenças proferidas em reclamatórias trabalhistas ajuizadas por exsócios da Egave, valendo transcrever o seguinte trecho: Por outro lado, entendo que não apenas inexiste demonstração da validade da alegada relação societária, como também os autos revelam uma aparentemente inteligente – mas que de inteligente não tem absolutamente nada – engenharia societária contratual para fraudar e ocultar relações de emprego. Isto é, Fl. 8453DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 14 25 tratase de típica situação a exigir a incidência do art. 9º da CLT. Tais elementos revelam que o mecanismo fraudulento construído pelas reclamadas de inteligente e sofisticado não tem nada. Tratase de fraude grosseira, envolvendo a necessidade de pouca mobilização cognitiva por parte de estruturas neurobiológicas de um ser humano com um mínimo de instrução. Todos esses fatos constituem indícios precisos, graves e harmônicos entre si, convergentes para demonstrar a existência de um contrato simulado de prestação de serviços de gestão entre a Egave e a Recorrente. A principal evidência trazida pela Recorrente para afastar as conclusões acima é parecer emitido pelo Ministério Público do Trabalho, de 19/12/2005, em procedimento de investigação aberto contra as empresas do grupo da Recorrente7. No entanto, as premissas utilizadas pelo MPT para embasar seu parecer não condizem com os elementos indiciários colacionados aos autos pela fiscalização. O documento, emitido anos antes do período fiscalizado, menciona que os sócios da Egave realizariam “análise de relatórios e balanços, no estudo de tendências, no estabelecimento de estratégias para melhor performance da empresa”, mas não há qualquer prova do desempenho dessa função. Por esse motivo, entendo que o referido parecer não é apto a afastar as conclusões fiscais. Concluo, assim, pela existência de simulação no contrato de prestação de serviços de gestão firmado entre a Egave e a Recorrente, o qual teve por escopo dissimular a relação de emprego existente com os sócios da Egave, os quais efetivamente atuavam como gerentes de departamento da Recorrente. 7 “De início estava inclinada a entender que a consultoria prestada pela EGAVE, por estar entre as atividades de gestão, gerência, administração da empresa, estaria obviamente dentre suas atividade fim. Um fator que muito contribui para isso é a duração mais permanente do que temporária de tal consultoria, sendo uma constante a sua prestação. Entretanto, há uma sofisticação entre o que se realiza agora e o que se realizou anteriormente, pelo que compreendi. A consultoria se concentra na análise de relatórios e balanços, no estudo de tendências, no estabelecimento de estratégias para melhor performance da empresa. Este papel, efetivamente, se era exercido pelos gerentes, o era de forma muito precária, eis que o gerente está obrigado a estar todo tempo a atender pessoas e resolver incidentes de percurso não pode ao mesmo tempo estar concentrado em analisar documentos, relatórios, balanços, e atualizarse sobre os destinos do mercado. A sofisticação é evidente, e parece um movimento de adequação aos novos tempos de mercados mais competitivos porque juntamente, globalizados. Nesse diapasão não se pode dizer que os exgerentes do grupo JPAR, atuais sócios da EGAVE, exercem as mesmas funções que os exgerentes faziam, enquanto os sócios da EGAVE executam uma atividade especializada que antes não era realizada efetivamente, ou com tal riqueza de detalhes, por ninguém. Nesse sentido, não vislumbro a existência de terceirização ilícita nos termos do E. 331 do TST. A atividade fim é a venda de veículos. Assim, as investigadas tomadoras dos serviços não podem deixar de comprar veículos e vendêlos, não pode terceirizar a venda ao cliente. Certamente isso não pode. Mas encomendar a terceiros o estabelecimento de estratégias mediante análise de relatórios, balanços, agências e negócios em geral, para incrementar essas mesmas vendas a meu ver é uma terceirização lícita, típica da reestruturação produtiva que reage à especialização e à complexificação dos mercados num mundo globalizado. Tanto que as clientes da EGAVE podem ou não seguir as sugestões e análises dos consultores EGAVE. Podem ou não executar aquilo que eles indicam. Podem inclusive não contratar tais serviços, hipóteses em que nas vendas poderiam seguir sendo feitas como eram feitas antes, ou seja, sem tal especialização”. Fl. 8454DF CARF MF 26 Inconstitucionalidade de Multa A alegação de inconstitucionalidade da multa aplicada, por violar os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e do não confisco, não deve ser conhecida no âmbito administrativo, conforme entendimento já sumulado neste CARF e de observância obrigatória por estes conselheiros: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Não conheço, portanto, as alegações de inconstitucionalidade. Responsabilidade de Dirigentes Com a revogação do artigo 13 da Lei nº 8.620/93 pelo artigo 79, VII da Lei n° 11.941/09, a “Relação de Vínculos” passou a ter a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuirlhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído. Consequentemente, as pessoas constantes da Relação de CoResponsáveis – CORESP não foram arroladas como sujeitos passivos do auto de infração, servindo o documento apenas como subsídio à Procuradoria da Fazenda Nacional, caso haja a necessidade de execução judicial do crédito previdenciário, após a conclusão do contencioso administrativo. É o que dispõe a Súmula CARF nº 88, de observância obrigatória pelos conselheiros deste órgão administrativo. Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Conclusão Em face do exposto, voto por não conhecer o recurso voluntário relativamente às alegações de inconstitucionalidade e, quanto às demais matérias, por conhecê las, mas lhes negar provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator Fl. 8455DF CARF MF Processo nº 10166.728908/201111 Acórdão n.º 2301005.118 S2C3T1 Fl. 15 27 Fl. 8456DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13433.000344/2005-93
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2002, 2003, 2004 CERCEAMENTO DE DEFESA. CÓPIA DE PEÇAS PROCESSUAIS. Não constitui cerceamento da defesa a demora em fornecer cópia dos autos, sendo que a contribuinte foi regularmente cientificada de todos os elementos materiais e formais do processo, sendo inclusive a cópia integral dos autos posteriormente fornecida e não vedado à recorrente prazo suplementar para aditar o recurso voluntário.
Numero da decisão: 1801-000.734
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em preliminar, afastar a nulidade suscitada pela recorrente e negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: IRPJ - AF - lucro arbitrado
Nome do relator: Ana de Barros Fernandes
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CÓPIA DE PEÇAS PROCESSUAIS. Não constitui cerceamento da defesa a demora em fornecer cópia dos autos, sendo que a contribuinte foi regularmente cientificada de todos os elementos materiais e formais do processo, sendo inclusive a cópia integral dos autos posteriormente fornecida e não vedado à recorrente prazo suplementar para aditar o recurso voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em preliminar, afastar a nulidade suscitada pela recorrente e negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Magda Azario Kanaan Polanczyk, Edjalmo Antonio da Cruz, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Edgar Silva Vidal e Ana de Barros Fernandes. Relatório Fl. 225DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Aproveito o relatório elaborado na Resolução nº 180100.031/10 para circunstanciar os fatos ora em debate – fls. 222 a 225: “A fiscalização constatou que a empresa auditada informou à Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Norte valores divergentes relativos às receitas brutas mensais auferidas nos anoscalendários de 2001, 2002, 2003 e 2004. A empresa era optante pela apuração dos tributos federais pela sistemática do Simples, mas foi excluída do regime de tributação favorecido pelo Ato Declaratório Executivo n° 18/05 exarado pelo Delegado da Receita Federal em Mossoró/RN. A exclusão do Simples foi formalizada no processo administrativo fiscal n° 13433.000173/200501. No que se relaciona ao anocalendário de 2001, a empresa não sofreu os efeitos da exclusão do Simples e foi autuada a recolher as diferenças entre os valores declarados na DIPJS/02 e aqueles informados ao fisco estadual, tudo conforme formalizado no processo administrativo fiscal n° 13433.000343/200549 (julgado nesta mesma sessão). Iniciada a fiscalização, a empresa notificou que os livros fiscais e contábeis correspondentes aos anoscalendários de 1998 a 2003 foram extraviados, exibindo anúncio no jornal publicado na época. Para os anoscalendários de 2002, 2003 e 2004, em vista dos efeitos da exclusão do Simples, e na impossibilidade da empresa apresentar a escrituração contábil para apurar os tributos consoante levantamento do lucro real, a fiscalização solicitou que os Livros de Apuração de ICMS fossem refeitos pelas GIAM entregues à Fazenda Estadual, o que a fiscalizada atendeu com relação aos anoscalendários de 2002, 2003 e 2004. Os Autos de Infração e Termo de Verificações Fiscal foram então lavrados para as exigências de IRPJ e CSLL, objetos deste processo , fls., 04 a 28, relativos aos quatro trimestres dos anoscalendários de 2002, 2003 e 2004, com fulcro nos valores escriturados nos referidos Livros Fiscais, aplicandose o arbitramento, em virtude da ausência de escrituração contábil apta a apurar o lucro real. As cópias das fls. dos Livros de Apuração do ICMS relativas ao período fiscalizado encontramse às fls. 43 a 75, bem como as cópias das DIPJS, relativas aos exercícios financeiros de 2003, 2004 e 2005 às fls. 76 a 97. A empresa impugnou os lançamentos tributários às fls. 142 a 161, argumentando, em síntese: a) impugna o Ato Declaratório Executivo n° 18/05; b) solicita a suspensão dos efeitos da exclusão do Simples até definitivamente julgado o processo pertinente, não sendo possível a autuação antes da decisão definitiva da exclusão do Simples, devendo ser suspensa a exigibilidade dos créditos tributários lançados ex officio; c) as receitas brutas estão dentro dos limites legais exigidos para que a empresa possa se beneficiar do Simples, não procedendo a sua exclusão; d) irretroatividade dos efeitos da exclusão do Simples; d) a exclusão do Simples e a imediata autuação ferem os princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório, do devido processo legal, da segurança jurídica e da irretroatividade dos atos administrativos; e) culmina no pedido de inexigibilidade dos valores lançados de ofício e impossibilidade de notificação nos valores já espontaneamente lançados pela sistemática do Simples. A Quarta Turma da DRJ em Recife/PE exarou o acórdão nº 1120.641/07, mantendo, em parte, os lançamentos tributários, fls. 174 a 183, determinando a Fl. 226DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13433.000344/200593 Acórdão n.º 180100.734 S1TE01 Fl. 233 3 exclusão dos valores já recolhidos a título dos tributos federais efetuados pela sistemática do Simples. Tempestivamente, em 22/05/2009 (Aviso de Recepção AR de fls. 197, em 22/04/2009), a empresa apresenta o Recurso Voluntário de fls. 200 a 211, alegando matéria prejudicial pois embora haja solicitado em 14 de maio de 2009 cópia integral deste processo fls. 212, somente em 20/05 foilhe conferido o DARF pertinente fls. 213, e, embora devidamente recolhido o valor solicitado, até a data de protocolo do recurso não foram extraídas e entregues as referidas cópias, o que lhe prejudica a defesa e a apresentação de alegações para a reforma do acórdão proferido em primeira instância.” Por causa das argumentações da recorrente, o julgamento foi convertido na referida Resolução por esta 1ª Turma Especial para que a recorrente obtivesse a cópia integral dos autos e pudesse aditar o recurso voluntário. Pela Intimação nº 177/2011, fls. 226, a contribuinte foi intimada a comparecer na unidade de sua jurisdição e retirar a cópia integral dos autos. Às fls. 228 foi lavrado o Termo de Recebimento de cópia do presente processo, em 23 de maio de 2011, devidamente assinado pelo representante legal da recorrente. Na mesma data, a recorrente foi intimada pessoalmente a aditar o recurso voluntário interposto – Intimação nº 180/2011, fls. 230. Discorridos mais de dois meses, em 29/07/2011, sem que a recorrente houvesse se manifestado, o processo foi encaminhado em retorno a esta Primeira Turma Especial para prosseguimento no julgamento – fls. 231. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes, Relatora Conheço do recurso interposto, por tempestivo. Nos termos do relatório supra, a recorrente restringiuse a alegar cerceamento de defesa por não lhe ter sido fornecido cópia integral do processo em tempo hábil para oferecer o recurso. A despeito desta Turma Julgadora não acolher a preliminar de cerceamento de defesa, resolveu que em nada prejudicaria o andamento do processo se os autos retornassem à unidade de jurisdição da recorrente para que a referida cópia fosse lhe entregue ou que se juntasse ao mesmo prova de que as cópias haviam sido entregues. Assim fundamentou à época o voto pela conversão em diligência: “Com efeito, a recorrente recebeu cópia do acórdão que pretende recorrer, mas alega que se sente cerceada em seu direito de defesa pelo fato de não possuir cópia integral do presente processo. Observo, inclusive, que o patrono escolhido pela recorrente Fl. 227DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 para apresentar o recurso voluntário foi outro, diferente daquele que apresentou a defesa inicial (impugnação). [...] Não vislumbro grandes prejuízos à recorrente em não ter cópia integral dos documentos que compõem o presente processo, pois recebeu cópia de todos os atos lavrados pela autoridade fiscal e se não possui cópia da impugnação poderia ter conseguido com o advogado anteriormente eleito. Quanto aos demais elementos do processo, ou são de seu domínio e responsabilidade tais como cópias das DIPJ e/ou dos Livros de Apuração do ICMS, ou são meros despachos de propulsão do processo e afins. Todavia, embora a recorrente não possa inovar os termos da impugnação em vista da preclusão processual, para que se afaste sombra de dúvida quanto à possível cerceamento de defesa, também não vejo prejuízo em converter o julgamento em diligência para que: 1) a autoridade preparadora da unidade de jurisdição da contribuinte informe se as referidas cópias (integralidade do processo fiscal) foram entregues à recorrente, conforme solicitação firmada em 14/05; ou 2) não havendo prova da entrega, que sejam retiradas as referidas cópias e entregues à recorrente mediante protocolo; 3) após o fornecimento das cópias, dêse o prazo de oito dias para a empresa aditar o presente recurso (igual ao prazo remanescente que teria de 14 de maio, quando as cópias deveriam ter sido entregues, ao final do prazo para recorrer).” (grifos não pertencem ao original) Destarte, rejeito a preliminar de cerceamento de defesa argumentada pela recorrente que, além de possuir em seu poder todos os termos lavrados contra si durante o procedimento fiscal (fls. 30, 34, 35 a 36), haver recebido o Auto de Infração de fls. 04 a 28, haver impugnadoo (fls. 142 a 161), haver sido regularmente cientificada do Acórdão nº 11 20.641 (fls. 197), ainda foilhe fornecido cópia integral dos autos conforme requerido . No que respeita ao mérito, não houve qualquer contestação por parte da recorrente, pelo que considerase matéria incontroversa, não litigiosa. Em assim sendo, adoto as razões de decidir da turma julgadora de primeira instância por não confrontadas pontualmente pela recorrente. Pelo exposto, voto, em preliminar, em afastar a nulidade suscitada pela recorrente e negar provimento ao recurso, nos termos deste voto. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Relatora Fl. 228DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13433.000344/200593 Acórdão n.º 180100.734 S1TE01 Fl. 234 5 Fl. 229DF CARF MF Emitido em 21/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/10/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/10/2 011 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 13830.903121/2012-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2008
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.396
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 31 21 /2 01 2- 26 Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13830.903121/201226 Acórdão n.º 3402004.396 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Belo Horizonte, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de PIS. O despacho decisório indeferiu o pedido de restituição por inexistência do crédito pleiteado face a vinculação do DARF nele informado com a quitação de débitos do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega em síntese que: (...) a empresa tem seus produtos tributados à alíquota zero de PIS e Cofins, conforme determina o art. 1º, inciso XII, da Lei nº 10.925, de 2004. Faz ainda referência à legislação que autoriza o contribuinte a solicitar o ressarcimento ou restituição dos valores que resultarem em crédito acumulado ou recolhimento que se revelou indevido ou a maior. Destaca que revisou suas apurações de PIS e Cofins e constatou que apurou erroneamente os valores ao tributar receitas sujeitas à alíquota zero, tendo efetuado os pedidos de restituição, via PER/DCOMP. Diante disso, foram retificados os Dacon, revelando saldo credor das referidas contribuições. Afirma ainda que, em data posterior ao protocolo dos pedidos, efetuou também as retificações das DCTF, cujo recibo segue anexo. Diante disso, o recorrente não pode ter seu pedido de restituição indeferido sem que se analise o crédito que lhe deu origem, demonstrado no Dacon retificador que se encontra no banco de dados da Receita Federal. Também é necessário que se verifiquem as DCTF retificadoras apresentadas. Defendeu ainda o direito à incidência da taxa Selic sobre o crédito em debate. Ao final, requer: 1. seja recebida e processada a manifestação de inconformidade; 2. seja determinada nova verificação do Dacon retificador e da DCTF retificadora relativa ao período em debate, para o fim de identificar o crédito objeto deste processo; 3. seja reformado o Despacho Decisório, para o fim de reconhecer integralmente o crédito objeto do PER/DCOMP nº 19327.90131.170910.1.2.043613, que tem origem em pagamento indevido ou a maior demonstrado em Dacon e DCTF; 4. que seja determinada a atualização do crédito pela taxa Selic, nos termos fixados no § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995; Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13830.903121/201226 Acórdão n.º 3402004.396 S3C4T2 Fl. 4 3 5. que seja determinado o depósito do valor solicitado e atualizado em conta corrente especificada. Sobreveio então o Acórdão 02060.658, da 2ª Turma da DRJ/BHE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, devido a ausência de comprovação do pagamento indevido ou a maior. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.394, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13830.903129/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.394): "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13830.903121/201226 Acórdão n.º 3402004.396 S3C4T2 Fl. 5 4 Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à COFINS, decorrente de pagamentos indevidos (receita da venda de seus produtos, queijos, que é reduzida a zero pela legislação da Contribuição). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13830.903121/201226 Acórdão n.º 3402004.396 S3C4T2 Fl. 6 5 COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Conforme mencionado anteriormente, a Contribuinte não apresentou nenhum documento que comprovasse o crédito alegado. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13830.903121/201226 Acórdão n.º 3402004.396 S3C4T2 Fl. 7 6 Ressalto que com relação à alegação em manifestação de inconformidade que haveria DCTF retificadora, a decisão recorrida bem coloca que os valores constantes desse documento foram aqueles utilizados pela Fiscalização para a análise do PER/DCOMP, bem como que, com o exame do DACON retificador, fica evidenciada a utilização do crédito em questão. Nesse sentido, destaco o seguinte trecho do acórdão da DRJ: Quanto à alegada retificação da DCTF, registrese que o documento retificador constante dos sistemas mantidos pela Receita Federal, entregue em 28/09/2012 (conf. recibo de entrega), revela a existência do débito no valor que foi considerado no Despacho Decisório e indicado no quadro “UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS ENCONTRADOS PARA O DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP. (...) Nestas condições, fica convalidado em todos os seus termos o Despacho Decisório contestado, que evidencia que o crédito postulado pelo contribuinte foi utilizado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de restituição. Ao não apresentar documentos indispensáveis à apreciação do alegado crédito, o interessado prejudicou a análise por parte da Administração, visto que restou impossibilitada a comprovação de certeza e liquidez do crédito solicitado, conforme preceitua o artigo 170 do CTN. Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13830.903121/201226 Acórdão n.º 3402004.396 S3C4T2 Fl. 8 7 provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. A jurisprudência do CARF é pacífica sobre o tema, como se depreende das ementas abaixo colacionadas: Ementa(s) Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório que não homologa a compensação e a DACON não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos (Acórdão 3803 006.915, Relator Conselheiro Corintho Oliveira Machado) Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13830.903121/201226 Acórdão n.º 3402004.396 S3C4T2 Fl. 9 8 para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF (Acórdão 3802003.316, Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra) Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE DCTF RETIFICADORA. A informação dos valores devidos a título de PIS prestada na DACON não enseja o direito creditório, uma vez que o crédito tributário constituise pela DCTF. No caso de divergência entre os valores declarados em DCTF e DACON, prevalece o montante constituído em DCTF. A DCTF é o instrumento hábil e suficiente para constituição do crédito tributário, por consequência lógica, que o indébito tributário pelo pagamento a maior deve ser apurado pelo confronto com os valores constituídos em DCTF e os valores recolhidos. A desconstituição da confissão depende de robusta prova e detalhada demonstração de materialidade diversa da declara. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão 3101001.259, Conselheiro Relator Luis Roberto Domingo). Dessarte, não tendo sido em momento algum comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Quanto a correção monetária do crédito, hodiernamente não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo, da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de Recursos, quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. 2 2 Mesmo na inexistência de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13830.903121/201226 Acórdão n.º 3402004.396 S3C4T2 Fl. 10 9 Ademais, fato é que a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º) trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Contudo, como destacado alhures, não houve a comprovação de crédito a ser utilizado pela Recorrente, de modo que resta prejudicado seu pedido acerca da correção monetária do mesmo. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurisprudência unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito a ̀ atualização do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720059/2013-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1301-000.266
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA no sentido que os autos sejam encaminhados e apreciados pela 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, com fundamento do Art. 49 parágrafo 7º do anexo II do RICARF.
(Assinado digitalmente)
ADRIANA GOMES REGO - Presidente.
(Assinado digitalmente)
CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego (Presidente), Wilson Fernandes Guimaraes, Valmir Sandri, Paulo Jakson Da Silva Lucas, Edwal Casoni De Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA no sentido que os autos sejam encaminhados e apreciados pela 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, com fundamento do Art. 49 parágrafo 7º do anexo II do RICARF. (Assinado digitalmente) ADRIANA GOMES REGO - Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego (Presidente), Wilson Fernandes Guimaraes, Valmir Sandri, Paulo Jakson Da Silva Lucas, Edwal Casoni De Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA no sentido que os autos sejam encaminhados e apreciados pela 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, com fundamento do Art. 49 parágrafo 7º do anexo II do RICARF. (Assinado digitalmente) ADRIANA GOMES REGO Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego (Presidente), Wilson Fernandes Guimaraes, Valmir Sandri, Paulo Jakson Da Silva Lucas, Edwal Casoni De Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 65 61 .7 20 05 9/ 20 13 -2 5 Fl. 5741DF CARF MF Processo nº 16561.720059/201325 Resolução nº 1301000.266 S1C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase, nos presentes autos, de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte contra a r. decisão proferida pela douta 5ª Turma da DRJ/RJ1, que, apreciando as razões aduzidas em sua impugnação, concluiu pela sua total IMPROCEDÊNCIA, por meio do acórdão assim então ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010, 2011 ERRO DE CAPITULAÇÃO LEGAL DA INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento de direito de defesa, por suposto erro de capitulação legal da infração, quando a descrição dos fatos na autuação permite a impugnante conhecer das condutas que lhe são atribuídas, e esta se defende de todos fatos na sua impugnação. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. DECADÊNCIA. EFEITOS. O transcurso do prazo decadencial impede a fazenda pública de constituir o crédito tributário mediante a atividade administrativa do lançamento, não impedindo, contudo, a fiscalização de considerar fatos anteriores a ocorrência do fato gerador que tragam repercussões no cálculo do montante de tributo devido. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011 ÁGIO. REESTRUTURAÇÃO SOCIETÁRIA SEM MUDANÇA DE CONTROLE ACIONÁRIO. FUNDAMENTO ECONÔMICO. INEXISTÊNCIA. O ágio na aquisição de participação da sociedade nacional por sociedade estrangeira, mediante interposição de holdings que foram sucessivamente incorporadas pelas autuada, sem alteração da composição do controle acionário da mesma, não tem fundamento econômico, logo é indedutível. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INCORPORAÇÃO REVERSA. DOLO. CABIMENTO A conduta planejada consubstanciada na incorporação reversa com o único propósito de gerar ágio artificial por meio da utilização de empresa veículo, adquirida tãosomente para este fim, opera no sentido de se concluir que existiram atos preparatórios e de execução que analisados objetivamente, compõem percurso notoriamente utilizado para lesar o Erário Público, devendo a autuação ser realizada com multa agravada. Fl. 5742DF CARF MF Processo nº 16561.720059/201325 Resolução nº 1301000.266 S1C3T1 Fl. 4 3 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. O crédito tributário não pago integralmente no vencimento é acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo determinante. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício também se submete à incidência dos juros nas situações de inadimplência. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Regularmente intimada, pela Contribuinte foi então devida e tempestivamente interposto o seu competente Recurso Voluntário, pretendendo, a partir de suas disposições, ver efetivamente reformada a decisão exarada e, com isso, integralmente desconstituído o lançamento apontado. Em face da interposição do Recurso pela contribuinte, pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional foram também apresentadas as suas Contrarazões, analisando, especificamente, os termos e circunstâncias fáticas que norteiam o presente feito, requerendo, por sua vez, a manutenção do lançamentos com base nos fundamentos ali então devidamente apresentados. Em linhas gerais, esse é o relatório. Fl. 5743DF CARF MF Processo nº 16561.720059/201325 Resolução nº 1301000.266 S1C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER. Antes ainda de qualquer consideração específica a respeito da matéria discutida nos presentes autos, relevante destacar que, analisando os termos do Relatório apresentado pela r. decisão de primeira instância, verificase que o lançamento de que trata a presente autuação, em verdade, fora representativo da continuidade da fiscalização referente aos anoscalendário de 2007 a 2009, que, especificamente, atualmente encontramse tratados nos autos do PAF n. 16561.720195/201234, pelas mesmas razões do auto de infração de que trata o presente processo. Analisando os registros mantidos no controle de processos deste CARF, verificase que aquele mencionado feito encontrase, atualmente, em tramitação perante a 3a Turma da 1a Camara desta Primeira Seção de Julgamento, tendo sido distribuído, no dia 13/02/2014, ao Conselheiro EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO. A partir dessa verificação, tratandose de processos que tratam dos exatos mesmos fatos, discutindo, ambos, as consequências possíveis a partir da dedutibilidade do ágio constituído em relação à mesma operação societária, tratando apenas de período distinto daquele lá mencionado, no caso, exatamente para prevenirse contra eventuais decisões divergentes e conflitantes, salutar se verifica o reconhecimento da conexão entre os dois processos, e, com isso, a determinação de sua reunião para julgamento conjunto dos feitos. Considerando que a discussão aqui travada é apresentada, no próprio Termo de Verificação Fiscal, como "continuidade da fiscalização que resultou no lançamento constante no Processo 16561.720195/201234, bem como, ainda, que aquele feito fora distribuído anteriormente ao presente, entendo, s.m.j., devam ser os presentes autos remetidos para aquela Turma, especificamente para o acervo do Conselheiro Relator designado, para que, então, aprecie as razões aqui aduzidas e promova, então, o julgamento conjunto dos feitos respectivos, ante a sua inegável relação de conexão/continência. Diante dessas considerações, encaminho o meu voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, determinando a remessa dos presentes autos à indicada 3a Turma Ordinária da 1a Câmara desta Primeira Seção, aos cuidados do ilustre Conselheiro Relator Sr. EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO para que, então, promova o seu julgamento conjunto com o PAF n 16561.720195/201234. É como voto. (assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator Fl. 5744DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.720467/2009-75
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR.
Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação foi realizada de forma tempestiva.
Numero da decisão: 9202-005.697
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira), Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação foi realizada de forma tempestiva.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira), Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1655; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 232 1 231 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10140.720467/200975 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202005.697 – 2ª Turma Sessão de 27 de julho de 2017 Matéria ITR Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ANTÔNIO CARLOS BICCA RODRIGUES ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DATA DO FATO GERADOR. Para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, a área de Reserva Legal deve estar averbada no Registro de Imóveis competente até a data do fato gerador. Hipótese em que a averbação foi realizada de forma tempestiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira), Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 04 67 /2 00 9- 75 Fl. 232DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 233 2 Em litígio, o teor do Acórdão nº 2801002.713, prolatado pela 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 20 de setembro de 2012 (efls. 90 a 105). Ali, por maioria de votos, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 LANÇAMENTO. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. No que se refere ao aspecto quantitativo da hipótese de incidência, o lançamento reportase a data da ocorrência do fato gerador e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO DE TERMO DE RESPONSABILIDADE. Cabe excluir da tributação do ITR a área de utilização limitada/reserva legal reconhecida em documento firmado por autoridade ambiental competente, bem como averbada na matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário Provido em Parte Decisão: por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer Área de Reserva Legal no montante de 318,20 ha. Vencido o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida (Relator) que negava provimento ao recurso. Designada redatora do Voto Vencedor a Conselheira Tânia Mara Paschoalin. Enviados os autos à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de ciência em 19/10/2012 (efl. 106), esta apresentou, em 23/10/2012 (efl. 123), Recurso Especial (efls. 107 a 122), com fulcro nos artigos 67 e 68 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22.06.2009 O recurso contém alegações de existência de divergência interpretativa quanto à apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental (ADA), tendo sido admitido consoante exame de admissibilidade de efls. 124 a 126. Alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido pela 2a. Câmara do então 3o. Conselho de Contribuintes, através do Acórdão 30239.144, prolatado em 07 de novembro de 2007, e, ainda, em relação ao decidido pela 1a. Câmara do então 3o. Conselho de Contribuintes, através do Acórdão 30134.352, prolatado em 26 de março de 2008, de ementas e decisões a seguir transcritas Acórdão 30239.144 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2001 Fl. 233DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 234 3 Ementa: ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL – ADA. A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória (ou a comprovação do protocolo de requerimento daquele Ato, junto ao IBAMA, em tempo hábil), por força da Lei nº 10.165, de 28/12/2000. ÁREA DE RESERVA LEGAL. A exclusão da área de reserva legal da tributação pelo ITR depende de sua averbação à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, até a data da ocorrência do fato gerador. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO PARA A PROTEÇÃO DOS ECOSSISTEMAS. Para efeito de exclusão do ITR não serão aceitas como de interesse ecológico as áreas declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, mas, sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE OU ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA COMPROVAÇÃO. Para que as áreas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada estejam isentas do ITR, é preciso que as mesmas estejam perfeitamente identificadas por documentos idôneos e que assim sejam reconhecidas pelo IBAMA ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental – ADA, ou que o contribuinte comprove ter requerido o referido ato àqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. ARGÜIÇÕES DE ILEGALIDADE E DE INCONSTITUCIONALIDADE. Não compete às instâncias administrativas de julgamento apreciar ou se manifestar sobre matéria referente à inconstitucionalidade de leis ou ilegalidade de atos normativos regularmente editados, uma vez que esta competência é exclusiva do Poder Judiciário, conforme constitucionalmente previsto. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. Somente produzem efeitos, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal que tenham efeitos erga omnes. Demais decisões judiciais apenas se aplicam às partes envolvidas nos litígios para os quais são proferidas. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados Fl. 234DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 235 4 não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Decisão: por maioria de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Vencidos os Conselheiros Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira e Rosa Maria de Jesus da Silva Costa de Castro. Acórdão 30134.352 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL — ITR EXERCÍCIO: 2001 ITR EXERCÍCIO 2001. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DO ADA. A partir do exercício de 2001 é indispensável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental como condição para o gozo da redução do ITR em se tratando de áreas de preservação permanente e de utilização limitada, tendo em vista a existência de lei estabelecendo expressamente essa obrigação (art. 170 da Lei n" 6.938/81, na redação do art. 1 da Lei n" 10.165/2000). RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Decisão: por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Rodrigo Cardozo Miranda, relator e Valdete Aparecida Marinheiro. Designado para redigir o acórdão o conselheiro José Luiz Novo Rossari. Quanto à matéria se alega: a) Enquanto o acórdão impugnado dispensa a comprovação por meio de ADA protocolado tempestivamente pelo contribuinte junto ao IBAMA ou órgão ambiental conveniado, tese essa consagrada quando a decisão hostilizada afirma que a lei não estabelece um prazo para a apresentação do ADA ao Ibama, os acórdãos paradigmas não prescindem da referida exigência dentro do lapso temporal fixado na legislação de regência do tributo, tendo como base o citado art. 17O da Lei no. 6.938, de 30 de agosto de 1981 e a existência do Decreto no 4.382, de 19 de setembro de 2002 e de Instruções Normativas da Receita Federal estabelecendo prazo para o protocolo do respectivo documento; b) Nos presentes autos, da análise das alegações e da documentação apresentadas pelo contribuinte, confirmase o não cumprimento da exigência da apresentação tempestiva de ADA perante o IBAMA ou órgão conveniado, relativamente ao ITR do exercício de 2005; c) Cita a recorrente o estabelecido no art. 10, inciso II da Lei no. 9.393, de 19 de dezembro de 1996, defendendo que o mesmo estabelece concessão de benefício fiscal e, assim, deve ser interpretado literalmente, de acordo com o art. 111 do CTN; Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 236 5 d) Ressalta que a obrigatoriedade de apresentação tempestiva do ADA ou de seu requerimento, para a não incidência tributária, foi instituída através de dispositivo legal (art. 17O da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, com redação dada pelo art. 1o. da Lei 10.165, de 27 de dezembro de 2000); d) Defende que, para efeito da exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da incidência do ITR, é necessário que o contribuinte comprove o reconhecimento formal específica e individualmente da área como tal, protocolizando o ADA no IBAMA ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração. Cita que tal obrigatoriedade foi respaldada pelas Instruções Normativas SRF nos. 43/97, com redação dada pela IN SRF no. 67/97, 73/2000, 60/2001 e 256/2002, Manual de Perguntas do ITR/2002 e art. 10 do Decreto no. 4.382, de 19 de setembro de 2002, bem como Solução de Consulta COSIT no. 12, de 21 de maio de 2003; d) Nos termos da legislação retro, o contribuinte teria o prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR, para protocolizar requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA. Logo, ao estabelecer a necessidade de reconhecimento pelo Poder Público, a Administração Tributária, por meio de ato normativo, fixou condição para a não incidência tributária sobre as áreas de preservação permanente e de utilização limitada, elencadas e definidas no Código Florestal e na legislação do ITR; e) A exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, visto que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, definida no art. 113, §§ 2º e 3º, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN). Ou seja: a ausência do ADA não enseja multa regulamentar o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória, mas sim incidência do imposto. f) Entende como inteiramente equivocado o entendimento no sentido de que não existe mais a exigência de prazo para apresentação do requerimento para emissão do ADA, em virtude do disposto no § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, incluído pelo art. 3º da Medida Provisória nº 2.16667, de 24 de agosto de 2001, uma vez que: "(...). O que não é exigido do declarante é a prévia comprovação das informações prestadas. Assim, o contribuinte preenche os dados relativos às áreas de preservação permanente e de utilização limitada, apura e recolhe o imposto devido, e apresenta a sua DITR, sem que lhe seja exigida qualquer comprovação naquele momento. No entanto, caso solicitado pela Secretaria da Receita Federal, o contribuinte deverá apresentar as provas das situações utilizadas para dispensar o pagamento do tributo." g) o exercício do direito do contribuinte está atrelado a uma simples declaração dirigida ao órgão ambiental competente. Tratase, por evidente, de norma amplamente favorável ao contribuinte do ITR, que, na hipótese de sua ausência, estaria sujeito a meios de prova notadamente mais complexos e dispendiosos, como, por exemplo, os laudos técnicos elaborados por peritos. De posse da declaração (ADA), o IBAMA deverá, em momento oportuno, certificar a veracidade dos dados informados pelo proprietário do imóvel; Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 237 6 h) Não é juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da declaração do contribuinte de que sua propriedade está inserida em área de preservação permanente ou de utilização limitada, não possa a autoridade pública exigir a comprovação do alegado através da documentação competente. O direito ao benefício legal deve estar documentalmente comprovado. E o ADA, apresentado tempestivamente, é documento exigido para tal fim; i) No presente processo, não se discute a materialidade, ou seja, a existência efetiva das áreas de reserva legal. O que se busca é a comprovação do cumprimento de uma obrigação prevista na legislação, referente à área de que se trata, para fins de exclusão da tributação; Requer, assim, que seja conhecido o recurso, seja acolhido o pedido formulado como preliminar e seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido, mantendose a decisão proferida em 1a. instância. Encaminhados os autos à autuada para fins de ciência, ocorrida em 14/11/14 (efl. 142), o contribuinte apresentou contrarrazões tempestivas, datadas de 01/12/14, de efls. 144 a 158, onde: a) Pugna pelo não conhecimento do Recurso, pela apresentação de somente um paradigma; b) Defende que a lei exige para o reconhecimento da não incidência apenas a declaração do contribuinte, na forma do §7° do art. 10 da Lei n°. 9.393, de 1996; c) Entende que dizer que o art. 17O da lei n°. 6.938, de 1981, tem aplicabilidade em face do §7° do art. 10 da lei n°. 9.393, de 1996, seria negar a regra geral de direito segundo a qual "ar lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare quando seja com ela incompatível ou quando regue inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior" (§1° do art. 2 o da lei de Introdução ao Código Civil), o que não pode ser admitido em direito; d) Dizer ainda que a obrigatoriedade se calca em Instruções Normativas expedidas pela Receita Federal também seria negar princípio estridente do ordenamento jurídico, qual seja, o da legalidade. Ou seja, entende como impossível a exigência do protocolo do ADA com fundamento no art. 17O da lei n. 6.938/81, merecendo plena consideração a declaração do contribuinte, que por sua vez não foi contestada pelo Fisco, apenas roga seja desconsiderada, salientese. Vale dizer, o fisco não demonstrou qualquer inexatidão, incorreção ou fraude na declaração do contribuinte, apenas fez negar os fatos, sob o frágil "fundamento" de que não se apresentou o ADA. Cita jurisprudência do STJ e do CARF que sustentariam seu posicionamento; e) Alega que o contribuinte demonstrou a existência dos quantitativos de reserva legal, especialmente com a apresentação das matrículas com as respectivas averbações e com apresentação da "Autorização Ambiental de Desmatamento do IMAP n. 326 de 20/12/2002", o que motiva o não provimento do recurso especial aviado. Ainda, a Lei no 9.393, de 1996 institui um imposto progressivo, na medida em que impõe menor alíquota ao contribuinte que mais utiliza a área aproveitável do imóvel. Assim, mesmo que as áreas de reserva legal e preservação permanente declaradas pelo contribuinte assim não fossem consideradas pelo Fisco, ou seja, acaso não recebessem a roupagem jurídica reclamada pelo Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 238 7 Código Florestal, também poderiam ser enquadradas como áreas inaproveitáveis em face da inaptidão para exploração. Embora se pretenda isentar as áreas pelos documentos existentes e pela sua realidade fática, mesmo que tais não existissem os documentos em que se agarra o contribuinte, ainda assim estas áreas não perderiam a característica de não aproveitáveis, uma vez que não preenchem o critério material da regamatriz de incidência do ITR, de modo que não devem constar na apuração do GU. Como o inciso IV do art. 10 Lei da no. 9.393,de 1996 define o que são áreas aproveitáveis (as passíveis de exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola, ou florestal), temse que, ao combinálo com os arts. 110 e 112 do CTN, poderseá dizer que se as áreas declaradas como de preservação permanente ou reserva legal que assim não forem consideradas, merecerão a classificação de inaproveitáveis, de modo que sobre elas também não incidirá a regramatriz do ITR, ou seja, se não se entender pela isenção, estarseia perante a simples não incidência. Desta maneira, terseia por aplicável a alíquota incidente sobre o GU de 100% (cem por cento), e não a imputada ao GU indevidamente considerado do imóvel, o que mais uma vez reforça a fragilidade do lançamento efetuado. Logo, tanto documentalmente como materialmente restam demonstrados os quantitativos das área declaradas. Requer, assim, a improcedência do Recurso Especial da Fazenda Nacional, com a manutenção in totum da decisão recorrida. Houve ainda, em 01/12/2014, apresentação de Recurso Especial de iniciativa do contribuinte de efls. 160 a 165 e anexos, o qual restou não admitido na forma de exame de admissibilidade de efls. 212 a 215. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso aos requisitos de admissibilidade. Noto que a recorrente reproduziu, no corpo do Recurso, duas ementas de paradigmas, contrariamente ao afirmado pela recorrente, atendendo ao regimentalmente disposto. Assim, conheço do recurso e passo à análise de mérito. Para que todos possam firmar suas convicção quanto ao mérito recursal, destaco os seguintes elementos de interesse acostados aos autos: a) Início da ação fiscal: 29/09/2009 efl. 10; b) ADA/2005 não há, havendo, todavia, Autorização Ambiental emitida por órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente em Mato Grosso em 20/12/2002 (efl. 19), onde consta a área de Reserva Legal concedida como exclusão pelo recorrido e em litígio, de 318,2 ha; Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 239 8 c) Averbação, em 23/07/02, da área de Reserva Legal em litígio (318,2 ha.), correspondente a 20% dos 1.519,2 ha. totais da propriedade em análise (efl. 14). Limitado o litígio assim, à da possibilidade de exclusão dos 318,2 ha. a título de área de Reserva Legal/Utilização Limitada, acerca do tema, alinhome aqui aos que entendem ser necessária a averbação da Reserva Legal/Utilização Limitada junto ao Registro de Imóveis até a data do fato gerador, posicionamento, muito bem esclarecido por voto condutor de lavra da Dra. Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, no âmbito do Acórdão 220201.269, prolatado pela 2a. Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento deste CARF em 26 de julho de 2011, o qual adoto como razões de decidir, verbis: (...) Para fins de apuração do ITR, excluemse, dentre outras, as áreas de reserva legal, conforme disposto no art. 10, § 1o , inciso II, alínea “a”, da Lei no 9.393, de 1996, verbis: Art. 10. [...] § 1o Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; [...] A lei tributária reportase ao Código Florestal (Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965), no qual se deve buscar a definição de reserva legal (art. 1o , §2o , inciso III): Art. 1o [...] §2o Para os efeitos deste Código, entendese por: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) [...] III Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas; (Incluído pela Medida Provisória no 2.16667, de 2001) [...] O Código Florestal define, ainda, percentuais mínimos da propriedade rural que devem ser destinados à reserva legal, para cada região do país (art. 16, incisos I a IV), assim como determina que a referida área seja averbada à margem da Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 240 9 inscrição da matrícula do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis (art. 16, §8o ). Como se percebe, diferentemente da área de preservação permanente, em que a demarcação de tais áreas encontrase na lei ou em declaração do Poder Público, no caso da reserva legal, a lei fixa apenas percentuais mínimos a serem observados, cabendo ao proprietário/possuidor escolher qual área de sua propriedade será reservada para proteção ambiental. (...) Convém lembrar, ainda, que “os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código” (art. 1.227 do Código Civil). Assim, somente a partir da averbação da reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis é que o uso da área corresponde fica restrito às normas ambientais, alterando o direito de propriedade e influindo diretamente no seu valor. Não se trata, portanto, de mera formalidade, mas verdadeiro ato constitutivo. O entendimento acima exposto já foi defendido com muita propriedade no julgamento do Mandado de Segurança no 226889/PB no Supremo Tribunal Federal – STF (publicado no Diário de Justiça de 28/04/2000), pelo Ministro Sepúlveda Pertence, que a seguir transcrevese: A questão, portanto, é saber, a despeito de não averbada se a área correspondente à reserva legal deveria ter sido excluída da área aproveitável total do imóvel para fins de apuração da sua produtividade nos termos do art. 6°, caput, parágrafo, da Lei 8.629/93, tendo em vista o disposto no art.. 10, IV dessa Lei de Reforma Agrária. Diz o art 10: Art. 10. Para efeito do que dispõe esta lei, consideramse não aproveitáveis: (...) IV as áreas de efetiva preservação permanente e demais áreas protegidas por legislação relativa à conservação dos recursos naturais e à preservação do meio ambiente. Entendo que esse dispositivo não se refere a uma fração ideal do imóvel, mas as áreas identificadas ou identificáveis. Desde que sejam conhecidas as áreas de efetiva preservação permanente e as protegidas pela legislação ambiental devem ser tidas como aproveitadas. Assim, por exemplo, as matas ciliares, as nascentes, as margens de cursos de água, as áreas de encosta, os manguezais. A reserva legal não é uma abstração matemática. Há de ser entendida como uma parte determinada do imóvel. Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 241 10 Sem que esteja identificada, não é possível saber se o proprietário vem cumprindo as obrigações positivas e negativas que a legislação ambiental lhe impõe. Por outro lado, se sabe onde concretamente se encontra a reserva, se ela não foi medida e demarcada, em caso de divisão ou desmembramento de imóvel, o que dos novos proprietários só estaria obrigado por a preservar vinte cento da sua parte. Desse modo, a cada nova divisão ou desmembramento, haveria uma diminuição do tamanho da reserva, proporcional à diminuição do tamanho do imóvel, com o que restaria frustrada a proibição da mudança de sua destinação nos casos de transmissão a qualquer título ou de desmembramento, que a lei florestal prescreve. Estou assim em que, sem a averbação determinada pelo § 2° do art 16 da Lei n° 4.771/65 não existe a reserva legal. (os destaques não constam do original) Concluise, assim, que a lei tributária ao se reportar ao Código Florestal, está condicionando, implicitamente, a não tributação das áreas de reserva legal a averbação à margem da matrícula do imóvel, pois tratase de ato constitutivo sem o qual não existe a área protegida. Quanto ao prazo para o cumprimento dessa exigência específica, cabe lembrar que o lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador da obrigação, conforme disposto no art. 144 do CTN, e que fato gerador do ITR o dia 1o de janeiro de cada ano (o art. 1o , caput, da Lei no 9.393, de 1996). Dessa forma, concluise que a averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel deve ser efetivada até a data do fato gerador da obrigação tributária, para fins de isenção do ITR correspondente. (...)" Quanto à necessidade de apresentação ou protocolização do ADA também abranger a área de Reserva Legal, ressalto que entendo que a averbação da Reserva Legal, pública e de natureza constitutiva, na forma acima defendida, supre a obrigatoriedade de apresentação do ADA, interpretandose o dispositivo instituidor da obrigatoriedade sob a ótica teleológica de preservação das áreas de RL e fiscalização desta preservação, considerado aqui, ainda o elemento volitivo do proprietário na eleição de tal área. Ainda, como já tive oportunidade de me manifestar em outros feitos, entendo, em linha com o recorrido, como suficiente para fins de atendimento ao requisito de apresentação do ADA, a comprovação de comunicação a órgão de fiscalização ambiental competente anterior ao início do procedimento fiscal, desde que, notese, se comprove ter tal órgão reconhecido a área na forma declarada pelo contribuinte (tal como se nota ter ocorrido, no caso, já em 20/12/2002, consoante autorização ambiental de efl. 19). Todavia, independentemente do ADA, no caso em questão, conforme se depreende da averbação de efl. 14, a área de 318,20 ha. de Reserva Legal em litígio restou Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10140.720467/200975 Acórdão n.º 9202005.697 CSRFT2 Fl. 242 11 averbada em 23/07/2002, assim, muito antes do fato gerador em questão, ocorrido em 01/01/05, tornandose assim passível de exclusão da base de cálculo do ITR. Diante do exposto, a partir do entendimento acima esposado, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 242DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.720455/2014-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010
DESPESAS INDEVIDAS. COMPROVAÇÃO PARCIAL.
Comprovada pela contribuinte a possibilidade de dedução de parte das despesas consideradas indevidas, exonera-se parcialmente a exigência.
COMPENSAÇÃO A MAIOR DE RESULTADOS NEGATIVOS DE
PERÍODOS ANTERIORES.
Mantida a matéria tributável que reduziu o saldo de resultados negativos de período anteriores, mantém-se também autuação relativa à compensação a maior, apurada pela fiscalização.
FALTA/INSUFICIÊNCIA DE DECLARAÇÃO/PAGAMENTO DE TRIBUTO. LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO.
A DIPJ é meramente informativa, não constituindo confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para exigência do crédito tributário que, não sendo pago, nem declarado em DCTF, deve ser constituído por lançamento de ofício, com multa de 75%. Comprovando a contribuinte parte dos pagamentos de tributos informados na DIPJ, exonera-se parcialmente a exigência.
MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA À TAXA SELIC.
A aplicação da multa de ofício e o cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC têm previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas.
CSLL. DECORRÊNCIA.
O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica-se, mutatis mutandis, à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova.
Numero da decisão: 1302-002.312
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Guimarães da Fonseca - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa, Moreira Filho, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Tadeu Matosinho Machado (presidente de turma).
Nome do relator: GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA
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COMPROVAÇÃO PARCIAL. Comprovada pela contribuinte a possibilidade de dedução de parte das despesas consideradas indevidas, exonerase parcialmente a exigência. COMPENSAÇÃO A MAIOR DE RESULTADOS NEGATIVOS DE PERÍODOS ANTERIORES. Mantida a matéria tributável que reduziu o saldo de resultados negativos de período anteriores, mantémse também autuação relativa à compensação a maior, apurada pela fiscalização. FALTA/INSUFICIÊNCIA DE DECLARAÇÃO/PAGAMENTO DE TRIBUTO. LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO. A DIPJ é meramente informativa, não constituindo confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para exigência do crédito tributário que, não sendo pago, nem declarado em DCTF, deve ser constituído por lançamento de ofício, com multa de 75%. Comprovando a contribuinte parte dos pagamentos de tributos informados na DIPJ, exonerase parcialmente a exigência. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA À TAXA SELIC. A aplicação da multa de ofício e o cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC têm previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplicase, mutatis mutandis, à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 04 55 /2 01 4- 57 Fl. 1999DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa, Moreira Filho, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Tadeu Matosinho Machado (presidente de turma). Fl. 2000DF CARF MF Processo nº 10480.720455/201457 Acórdão n.º 1302002.312 S1C3T2 Fl. 1.999 3 Relatório Cuida o processo de autos de infração lavrados em desfavor do contribuinte por meio dos quais exigiuse o recolhimento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, devidos no período compreendido entre janeiro de 2009 e dezembro de 2010. De acordo com o relatório fiscal, foram constatadas cinco infrações incorridas pelo recorrente, a saber: (a) Registro de despesas indevidas e/ou inexistentes Falta de adição de seus valores ao lucro líquido para apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL; (b) Compensação a maior de prejuízo fiscal de períodos anteriores; (c) Exclusão indevida de valores ao lucro líquido para apuração da base de cálculo da CSLL; (d) Falta/Insuficiência de declaração (em DCTF) e de pagamento dos valores trimestrais do IRPJ apurados na DIPJ; e (e) Falta/Insuficiência de declaração (em DCTF) e de pagamento dos valores trimestrais da CSLL apurados na DIPJ. As infrações descritas no item "a", acima, consistem, basicamente, na apropriação de despesas relativas à tributos, encargos moratórios, multa de ofício, vencidos, inscritos e não inscritos em dívida ativa, e incluídos nos parcelamentos da MP 303/2006 (PAEX) e da Lei 11.941/09. Preditas glosas foram resultado, em apertada síntese: i) da impossibilidade de dedução dos valores devidos a título de IRPJ e de CSLL do cômputo do lucro real; ii) da impossibilidade de dedução de valores concernentes à tributos cuja competência era anterior à 2004, uma vez que definitivamente constituídos, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN; iii) despesas relativas à tributos pagos durante exercício em que a empresa tinha optado pelo regime de lucro presumido; vi) despesas relativas à multa de ofício, indedutível por força de disposição normativa expressa; v) despesas concernentes à juros e multa apuradas para além do prazo decadencial do art. 150, § 4º, do CTN. Já, quanto as infração descrita em "b", a compensação indevida resultaria, diretamente, das glosas apontadas no item "a"; neste passo, o contribuinte que teria apurado um Fl. 2001DF CARF MF 4 prejuízo fiscal no primeiro trimestre de 2009, no valor de R$ 1.232.354,75, compensouo integralmente no terceiro trimestre daquele ano. Em razão das glosas, todavia, realizadas, o prejuizo acima foi reduzido para R$ 841.485,21, de sorte que o contribuinte terminou por deixar de recolher um valor de R$ 390.869,54 a título de IRPJ. A infração tratada na alínea "c", acima citada, assemelhase à descrita em "b", desta vez, contudo, relacionada à CSLL. Tambem aqui, houve a apuração pelo contribuinte de base de cálculo negativa que, após as glosas realizadas pela fiscalização, foi reduzida; assim como ocorrido quanto ao IRPJ, também foi lançado um crédito a recolher decorrente da insuficiência de saldo de base de cálculo negativa, neste caso, no valor de R$ 390.869,54. A DRJ alerta, quanto a este tópico, sobre alguns ajustes burocráticos realizados quando da formalização do crédito; é que, de acordo com o relatório fiscal, o contribuinte cometeu alguns erros ao preencher a DIPJ, em relação ao terceiro trimestre dos anos de 2009 e 2010, tendo inserido os saldos a compensar de base de cálculo negativa na Linha 60 (outras exclusões) da Ficha 17 (Base de Cálc. Neg. da CSLL de Per. Ant. Ativ. em Geral). Para efetuar os ajustes necessários, a fiscalização procedeu a glosa desta exclusão, compensandose de ofício, todavia, o respectivo saldo de base de cálculo negativa, sem, portanto, alterar materialmente o lançamento, restando um saldo de devedor de R$ 390.869,,54 de CSLL a pagar quanto ao 3º trimestre de 2009 e nenhum saldo quanto ao terceiro trimestre de 2010 (uma vez que o saldo de base de cálculo negativa acumulado era suficiente para quitar, integralmente, montante declarado quanto a este período). Já as infrações descritas em "d" e "e" tem os mesmos fundamentos, calcados, basicamente no fato de ter o contribuinte apurado "valores de imposto a pagar em suas DIPJs", sem os declarar em DCTF nem tampouco pagálos. In casu, a infração descrita em "d" refere se ao IRPJ e a infração tratada em "e" referese à CSLL. Com base em tais constatações, o crédito tributário restou constituído conforme quadro extraído do relatório da DRJ, que, peço vênia, reproduzo abaixo: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) Total (infrações "A", "B" e "D") fls. 03/26 Crédito Tributário (em reais) 3.991.233,23 2.993,424,93 1.422.001,48 Imposto Multa proporcional (75%) juros de mora Cálculo até 01/2014 8.406.659,64 TOTAL Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) Infrações "A" e "c" fls. 27/43 Crédito Tributário (em reais) 139.674,16 104.755,63 54.347,62 Contribuição Multa proporcional (75%) Juros de mora (cáculo até 01/2014) 98.777,41 TOTAL Fl. 2002DF CARF MF Processo nº 10480.720455/201457 Acórdão n.º 1302002.312 S1C3T2 Fl. 2.000 5 Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) Infração "E" fls. 44/59 Crédito Tributário (em reais) 1.400.038,08 1.050.2038,56 487.093,40 Contribuição Multa proporcional (75%) Juros de mora (cáculo até 01/2014) 2.937.160,04 TOTAL Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) TOTAL (infrações "A", "C" e "E") Crédito Tributário (em reais) 1.539.712,24 1.154.784,19 541.441,02 Contribuição Multa proporcional (75%) Juros de mora (cáculo até 01/2014) 3.235.937,45 TOTAL Crédito Tributário Total (em reais) Consolidado até 01/2014 8.406.649,64 3.235.937,45 IRPJ CSLL 11.642.597,09 TOTAL Cientificado dos autos de infração, o recorrente ofereceu a sua impugnação, através da qual sustentou, resumidamente, que: a) em relação às infrações descritas em "d" e "e", o contribuinte teria retificado as suas DIPJs de sorte a abranger a totalidade dos créditos identificados pela fiscalização; ato contínuo, sustenta a inaplicabilidade da multa de ofício, fixada em 75%, uma vez que se estaria diante de débitos confessados, e não pagos, impondose, tão só, a multa de mora e os juros pertinentes; b) ainda, em relação às infrações destacadas nos itens "d" e "e", sustenta ter ocorrido pagamentos não considerados no levantamento fiscal, o que, imporia a redução do crédito até então verificado; c) quanto a exclusão das despesas tratadas em "a", o contribuinte: c.1) num primeiro momento, concorda com a citada indedutibilidade de despesas ocorridas até 2004, posto que definitivamente abarcadas pelo prazo do art. 150, § 4º. Todavia, ainda assim pede que os valores em questão sejam considerados a fim de que se efetue a recomposição dos saldos de prejuizo fiscal e base de cálculo negativa verificados nos anos de 2009 e 2010; c.2) em seguida, sustenta a dedutibilidade dos valores concernentes ao PIS e à COFINS, nos anos de 2005 a 2010, com espeque nas disposições do art. 273 do RIR, sustentando, neste particular, que tais despesas não foram, a sua integralidade, objeto de escrituração contábil, não tendo sido aproveitadas nas competências em que teria surgido a obrigação de pagáas; afirma, neste passo, que a fiscalização teria presumido, apenas, o registro destas despesas na escrituração contábil, sem, contudo, demonstrar este fato; por isso mesmo deduz, ao fim que possuía um saldo de despesas de PIS, no valor de R$ 3.406.530,82, e de COFINS no montante de R$ 15.690.691,91, valores estes superiores aos considerados indedutíveis pela fiscalização; Fl. 2003DF CARF MF 6 c.3) defendeu, ainda, a dedutibilidade dos valores relativos à multa punitiva e dos juros de mora; c.4) pugnou ao fim pela exclusão da multa de ofício ante sua inconstitucionalidade, sustentando, igualmente, inconstitucionalidade da SELIC enquanto juros de mora aplicáveis à créditos tributários. Instada a se pronunciar sobre a demanda, a DRJ/SP, houve por bem em dar parcial provimento à impugnação a fim de reconhecer a existência de despesas dedutíveis não consideradas pela fiscalização, notadamente quanto aos débitos incluídos no PAEX, relativos ao PIS e a COFINS, bem como a ocorrência de pagamentos de estimativas também não levadas em conta pelo auto de infração. Assim, determinou o cancelamento parcial das exigências descritas nos itens "d" e "e", relativas ao 4º trimestre de 2009, conforme quadro abaixo reproduzido: Exigido Exonerado Mantido IRPJ 618.735,04 523.903,44 94.831,60 Multa IRPJ 464.051,28 392.927,58 71.123,70 CSLL (infração "e") 188.605,31 188.605,31 0,00 Multa CSLL (infração "e") 141.453,98 141.453,98 0,00 Como o valor total exonerado alçou a monta de R$ 1.246.890,31, a DRJ recorreu de ofício à este Conselho. Cientificado sobre o acórdão da impugnação em 18 de novembro de 2015, o contribuinte interpôs seu recurso voluntário em 17 de dezembro de 2015, reiterando os argumentos já despendidos em sua impugnação. Cumpre fazer apenas uma observação: tanto na impugnação, com no recurso de ofício, o contribuinte deduz argumentos para se defendre de lançamento realizado para exigir crédito tributário relativo ao PIS e à COFINS no período de 2009 a 2010; como, todavia, estes créditos não foram apurados a partir dos mesmos fatos considerados para o lançamento realizado quanto ao IRPJ e a CSLL (não são reflexos dos fatos apurados em relação ao IRPJ), houve a segregação dos processos; no caso as exigências afeitas às contribuições previdenciárias foram autuadas no processo de administrativo de nº 10480.720456/201400. A matéria deste último PA, digase, não é da competência desta primeira Seção, a teor do art. 2º do anexo II do RICARF; por esta razão o PA relativo as preditas contribuições não foi objeto de análise pela DRJ, o qual, provavelmente, foi remetido à 3ª Seção para a competente análise. Tecese este esclarecimento apenas para evidenciar que não houve, no caso, omissão; o PA de nº 10480.72456/201400 não está em julgamento. Este o relatório Fl. 2004DF CARF MF Processo nº 10480.720455/201457 Acórdão n.º 1302002.312 S1C3T2 Fl. 2.001 7 Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Relator Primeiramente, antes de analisar o recurso de ofício, importante fazer a seguinte delimitação da matéria tributável. As três primeiras infrações, destacadas nos itens "a" a "c" são intrinsecamente ligadas, tendo por pressuposto fático as despesas decorrentes dos tributos incluídos nos parcelamentos federais (PAEX e REFIS da Crise); de fato, a infração descrita na alínea "a" se refere as despesas propriamente ao passo que as alíneas "b" e "c" (compensação de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa, respectivamente) são resultado direto das exclusões das despesas tratadas em "a". Já as infrações descritas nos itens "e" e "d", não guardam relação direta com os três primeiros itens e foi em relação a elas que a DRJ/SP reconheceu, parcialmente, a procedência das alegações do contribuinte. Estabelecidas estas premissas, passo à análise do recurso de ofício. Do recurso de ofício Consoante mencionado no relatório acima, o valor total do crédito exonerado pela DRJ alçou a monta de R$ 1.246.890,31, valor que, à época comportava a interposição do recurso de ofício, nos termos da Portaria de nº 3/2008 e do art. 34, I, do Decreto 70.235/72. Todavia, com a publicação da Portaria de nº 63/17, o valor de alçada pré fixado para os fins do citado art. 34, I, do Decreto 70.235/75, foi majorado para R$ 2.500.000,00. Neste particular, e ressalvado o entendimento, pessoal, deste Relator acerca da aplicação da lei processual no tempo, é de se aplicar, aqui, os preceitos da Súmula 103 do CARF, de observância obrigatória por este Colegiado, cujo teor reproduzo abaixo: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Por tais razões, voto por negar seguimento recurso de ofício. Do recurso voluntário O recurso é tempestivo e, portanto, dele conheço. 1) Despesas relativas ao PAEX (infrações descritas em "a") Considerandose que o recorrente não contesta e, portanto, não devolve a matéria concernente aos tributos e encargos moratórios exigidos em competências anteriores à 2004, afastase, desde logo, qualquer possibilidade de modificação do lançamento e, por conseguinte, do acórdão da DRJ no que toca as débitos incluídos no PAEX (MP 303/06). Fl. 2005DF CARF MF 8 De fato, conforme planilha produzida à fls. 38 e informações destacadas a fl. 40 da decisão de 1ª instância, todos os débitos objetos deste parcelamento, tanto no âmbito da Receita Federal, como aqueles sob a competência da PGFN, são anteriores à 2004, e, portanto, declarados e constituídos a mais de 5 anos. No que tange, pois, à eventuais despesas concernentes ao PAEX, a matéria transitou em julgado. Quanto a alegação de que, não obstante a impossibilidade jurídica de aproveitamento das despesas relativas à períodos já encampados pela decadência, ainda sim seria necessário considerálas a fim de recalcular o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa, também não merece prosperar. Isto porque a decadência, neste particular, não atinge apenas os débitos objetos do parcelamento; atinge, também, os próprios lançamentos relativos ao IR e à CSLL, os quais restariam definitivamente constituídos! Não haveria, pois, aqui, como se pretender a recomposição das respectivas base de cálculo sem se promover a revisão de créditos definitivamente extintos, com espeque nos preceitos do art. 156, V, do CTN. Neste particular resta a análise das despesas deduzidas em função do parcelamento realizado nos moldes da Lei 11.941/09, e, consequentemente, os lançamentos relativos à compensação indevida de prejuízos e base de cálculo negativa e, ainda, os recolhimentos insuficientes dos valores trimestrais dos dois tributos. 2) Despesas relativas ao parcelamento da Lei 11.941/09, art. 1º (infrações descritas em "a") 2.1) Valores relativos ao principal, multa e juros do PIS e da COFINS do ano de 2006 declarados em DCTF Conforme pontua a decisão da DRJ, estes valores (principal e multa) não poderiam ser objeto de dedução porque já haviam sido objeto de autuação fiscal também incluída no parcelamento da Lei 11.941. Isto é, tais débitos estariam inseridos em duplicidade no parcelamento dado que, não obstante confessados por meio de DCTF retificadora, os mesmos também foram objetos de lançamento de ofício (uma vez que as retificadoras não foram aceitas porque apresentadas no curso de ação fiscal). Mais importante, tais constatações não foram questionadas pelo recorrente, nem em sua impugnação, nem tampouco por meio de seu recurso. Assim, quanto a estes valores, não há reparos a fazer quanto à decisão recorrida. 2.2) Valores relativos ao principal do PIS e da COFINS do ano de 2006 lançados por meio de Auto de Infração e dos anos de 2007 e 2008 declarados em DCTF deduzidos no anocalendário de 2010 Aqui chamo a atenção deste colegiado para um problema que me parece relevante; lembremonos que o dispositivo da decisão recorrida consignou a procedência parcial para excluir (cancelar) o lançamento, somente em relação à valores trimestrais pagos pelo contribuinte, mas não considerados pela fiscalização. O problema é que, como se extrai da decisão recorrida, neste tópico houve o reconhecimento de procedência parcial das alegações do contribuinte. Senão, vejase: Fl. 2006DF CARF MF Processo nº 10480.720455/201457 Acórdão n.º 1302002.312 S1C3T2 Fl. 2.002 9 A fiscalização afirma, mas não demonstra, que os valores do PIS e da COFINS em tela foram deduzidos na apuração do lucro líquido, no período em que ocorreram,segundo o regime de competência. Com relação aos valores decorrentes dos Autos de Infração do PIS e da COFINS (anocalendário de 2006), a fiscalização observa que foram consideradas as receitas escrituradas na contabilidade da contribuinte, mas isto não implica, necessariamente, que a contribuinte tenha deduzido a totalidade das despesas com esses tributos em 2006. Afastando, neste passo, a pretensão do contribuinte de incluir na respectiva conta, valores concernentes ao ICMS incidente sobre as vendas dos seu produtos, que, segunda a DRJ já estaria contemplado na base de cálculo das exações por força de disposição legal expressa (art. 1º, §§1ºe 2º da Leis 10.637 e 10.833), e recalculando os saldos da despesas oriundas do predita parcelamento, a serem deduzidos, a DRJ, ao final, concluiu: No presente julgamento, entendemos que apenas parte da glosa relativa ao principal do PIS e da COFINS do ano de 2006 lançados por meio de Auto de Infração e dos anos de 2007 e 2008 declarados em DCTF deve ser mantida (...). Dessa forma, em relação aos débitos parcelados junto à RFB, enquadrados no artigo 1º da Lei nº 11.941/2009, há que se manter a glosa do montante de R$ 8.817.608,12 (...). Considerandose que, quanto aos débitos de PIS e COFINS parcelados na forma da Lei 11.941, exercícios de 2006 a 2008, a fiscalização havia glosado a integralidade das despesas, é inegável, aqui, o êxito parcial do contribuinte quanto ao questionamento proposto. E, vale destacar, não há, de fato, reparos a ser fazer em relação ao ICMS, inexistem previsões seja na Lei 10.637 (PIS), seja na Lei 10.833 (COFINS), que permita excluir da receita bruta (base de cálculo das exações arts. 1º, §§1º e 2º, das preditas normas legais) o tributo Estadual; não por outra razão, os contribuintes discutiram, e ainda discutem, justamente inclusão do ICMS na base de cálculo das duas contribuições. Há, neste passo, uma presunção iures tantum, de que os valores apurados e incluídos no parcelamento contemplavam, de fato, o imposto estadual sobre circulação e o contribuinte não trouxe nenhum documento, fato ou argumento que pudesse ilidir esta presunção. Também não há criticas quanto aos cálculos refeitos pela DRJ que, até segunda ordem, não evidenciam quaisquer erros aritméticos. A ressalva que se faz, aqui, diz respeito ao dispositivo do acórdão que não refletiu entendimento exarado neste tópico, valendo reprisar e frisar que, conforme consignado em outro momento da decisão recorrida, do valor de R$ 16.309.791,42 apurado pela fiscalização, mantevese a glosa de apenas R$ 8.817.608,12. Resta saber se este lapso ficou adstrito, realmente, ao dispositivo do acórdão ou se afetou outros pontos do julgado. Fl. 2007DF CARF MF 10 Sobre isso, retornaremos mais tarde. 2.3) Valores relativos ao principal do IRPJ e da CSLL Quanto a estes débitos, vale lembrar que nem o IR e nem CSLL podem ser deduzidos de suas respectivas bases de cálculo, por força de disposição legal expressa (art. 41 da Lei 8.981/95, quanto ao IR, e 1º da Lei 9.316/96, quanto ao CSLL). Não bastasse isto, de acordo com a fiscalização, estes valores foram contabilizados e registrados pelo contribuinte nas competências anteriores, de sorte que não poderiam ser deduzidas no anocalendário de 2010. 2.4) Valores relativos às multas (aplicadas aos débitos objetos do parcelamento em testilha). Neste particular, a despeito de considerar válidas a deduções relativas às despesas com as multas de mora, glosouse as despesas relativas ao débitos de PIS e COFINS, declaradas por DCTF no ano de 2006, pelos motivos já sustentados no item 2.1 acima; isto é, tantos o débitos, como as multas, foram incluídos indevidamente no parcelamento, uma vez que os mesmos já haviam sido objeto de lançamento de ofício. No que tange á multa de ofício, a respectiva indedutibilidade é verifica ex lege. De fato, reza o art. 344 do RIR, aprovado pelo Decreto 3.000/99: Não são dedutíveis como custo ou despesas operacionais as multas por infrações fiscais, salvo as de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo. A multa de ofício, por natureza, é imposta pela falta de recolhimento de tributo (diferentemente, por exemplo, da multa isolada preconizada pelo art. 44, II, da Lei 9430). Não há, pois, aqui, como se pretender reconhecer a sua dedutibilidade sem se enfrentar, neste ponto, a validade do preceito legal acima. Corretos, neste ponto, a fiscalização e o acórdão recorrido. 2.5) Juros de mora Os únicos valores de juros objetos de glosa pela fiscalização, conforme apontado pelo acórdão da DRJ, seriam aqueles concernentes aos débitos de PIS/COFINS declarados por DCTF; e os motivos de sua glosa já foram por vezes destacados, tanto no item 2.1 como no tópico anterior. Estes valores foram objeto de lançamento de ofício e inseridos, equivocadamente, no parcelamento da Lei 11.941. Improcedem, também, as alegações do contribuinte, estando correto o acórdão recorrido. 3) Valores parcelados na forma do art. 3º da Lei 11.941 (afeitos à débitos administrados pela Receita e, também, pela PGFN) infrações descritas em "a". Assim como quanto aos débitos parcelados pelo PAEX todos os valores repactuados na forma deste preceito são anteriores à 2004, e portanto, impassíveis de apropriação em exercícios posteriores ante a incidência da regra contida no art. 150, § 4º do Fl. 2008DF CARF MF Processo nº 10480.720455/201457 Acórdão n.º 1302002.312 S1C3T2 Fl. 2.003 11 CTN; valendo reprisar que tal conclusão não é objeto de questionamento por parte do recorrente e nem tampouco afeta os lançamentos futuros a luz do que já foi decidido no tópico I. 3.1) Juros de mora. Em relação ao juros de mora, foram considerados os valores calculados a partir de 2004 até 2009, como despesas detutíveis, glosandose, apenas, os montantes exigidos anteriormente ao ano de 2004. Nenhum reparo a fazer na decisão recorrida quanto a matéria tratada neste subtópico. 4) Compensações indevidas de prejuizo fiscal e base de cálculo negativa (infrações "b" e "c"). O contribuinte não ataca este ponto da decisão, limitandose, fato, a questionar as glosas das despesas relativas aos parcelamentos; e, em sendo consequência das glosas tratadas nos tópicos anteriores, não haveria reparos a serem feitos. Com efeito, tendo sido integralmente mantidas as glosas relativas ao exercício de 2009, não há reparos a fazer na decisão quando mantém o lançamento do IRPJ e da CSLL por compensação de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa, respectivamente, por valor superior aos montantes ajustados pelas glosas anteriormente mencionadas. 5) Falta/insuficiência de recolhimento/declaração de IRPJ e CSLL 2009/2010 infrações "d" e "e". Primeiramente, em relação à alegação do contribuinte de que os aludidos débitos teriam sido objeto de confissão por meio de DIPJ retificadora e que, destarte, não seria devida a multa de ofício mas, tão só, a multa de mora, razão não assiste ao recorrente. Isto porque, a teor da Súmula 92, deste Conselho, "a DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado”. Em linhas gerais, a DIPJ é meramente informativa e não constitui (com todas as críticas que esta palavra merece, do ponto de vista técnico), na forma do art. 150, caput, do CTN, o crédito tributário. Por tais razões, a constituição do crédito por falta de declaração ou pagamento de tributo em DCTF por meio de lançamento de ofício se faz premente. Correto, pois, neste ponto, o entendimento adotado pela decisão recorrida. No que tocas aos valores não recolhidos, o contribuinte logrou demonstrar, apenas, o pagamento parcial quanto ao IRPJ devido no quarto trimestre de 2009 e integral quanto ao mesmo período, em relação à CSLL. Com efeito, no caso, ao analisar os documentos acostados ao feito, o acórdão recorrido assim assentou: Fl. 2009DF CARF MF 12 Comparando os pagamentos considerados pela fiscalização (doc. 18, fls.1097/1119) com os relacionados pela contribuinte (doc. 02, fls. 1440/1458), observase o seguinte: (1) A contribuinte equivocase ao considerar em seus cálculos que o pagamento de IRPJ no valor de R$ 29.418,00 é relativo ao 2º trimestre de 2009, quando, na realidade, é relativo ao 3º trimestre de 2009 (fls. 1106 e 1451), como considerado pela fiscalização; (2) A fiscalização, de fato, deixou de considerar alguns dos pagamentos,comprovados tanto pelo doc. 18 (juntado pela fiscalização) quanto pelo doc.02 (juntado pela contribuinte). (...) Os seguintes pagamentos, todos relativos ao 4º trimestre de 2009, não foram considerados pela fiscalização (em negrito, acima): R$ 420.242,25 (fls. 1111 e 1455);R$ 588.183,67 (fls. 1112 e 1456) e R$ 363.026,92 (fls. 1119 e 1445). Esses pagamentos foram efetuados em atraso (todos em 01/01/2010, com os devidos acréscimos legais), mas antes do início do presente ação fiscal (23/04/2013, fl. 116). A questão aqui, digase, é eminentemente fática; isto é, para validar ou não o acórdão da DRJ, nesta parte, nos resta, apenas, confirmar se, de fato, os documentos constantes do maço 2, anexados à impugnação, e 18 (juntados pela própria auditora) demonstram outros valores porventura não considerados pela fiscalização. E, pela análise dos citados comprovantes, concluise que efetivamente foram comprovados pagamentos, somente, em relação ao 4º trimestre 2009, devendo ser mantido o lançamento em relação aos demais períodos. Assim, voto por negar provimento ao recurso também neste ponto. 6) Da multa de ofício e do juros SELIC. No que toca, por fim, à constitucionalidade da multa de ofício (por pretensa violação ao primado do nãoconfisco) e, lado outro, da aplicação da SELIC ao crédito tributário, invocase, aqui, os preceitos da Sumula 2/CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Para afastar a multa de ofício, ou mesmo, a aplicação da SELIC ao caso, ter seia que reconhecer a inconstitucionlaidade de lei federal tributária, o que, a toda monta, representaria afronta aos preceitos sumulares acima, e, ainda, falta funcional deste julgador a teor das disposições do art. 62 caput do RICARF. Por tanto, correta a decisão de primeira instãncia. 7) Não há reflexos pela falta da indicação da procedência parcial reconhecida em relação às despesas descritas no tópico 2.2 ; desnecessidade de maiores providências que não, somente, alterar em parte a redação do dispositivo do acórdão. De fato, quando trouxe a lume o problema do dispositivo do acórdão recorrido, que não fez qualquer menção à procedência parcial do pedido do contribuinte quanto Fl. 2010DF CARF MF Processo nº 10480.720455/201457 Acórdão n.º 1302002.312 S1C3T2 Fl. 2.004 13 a dedução de despesas relativas à débitos de PIS/COFINS parcelados na forma do art. 1º da Lei 11.941 (anos de 2006 a 2008), me preocupei quanto aos reflexos desta decisão. Em particular, caso a omissão do dispositivo do acórdão não fosse proposital ou, apenas, um erro material, receava que, ao não considerar a redução da glosa e seus reflexos, a liquidez do crédito tributário, após a conclusão deste julgado, pudesse ser afetada. Todavia, a DRJ foi, de fato, diligente, e a falta de indicação no dispositivo, como se extrai do trecho abaixo reproduzido, foi, realmente, proposital: Em relação ao 1º trimestre de 2010, não houve apuração de crédito tributário. Dessa forma, há apenas que se restabelecer em parte o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL do período (em face da exoneração parcial relativa ao item A2 da autuação), alterandose o sistema SAPLI da RFB (que controla os saldos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL) (...). A DRJ considerou, sim, os reflexos da redução da glosa concernente às despesas com os débitos relativos à contribuição para o PIS e à COFINS nos anos de 2006/2008, incluídos no parcelamento da Lei 11.941, determinandose, inclusive, a recomposição do prejuízo fiscal e do saldo negativo no sistema SAPLI da Receita. Como, todavia, tal redução não importou em cancelamento de tributo lançado, notadamente por não haver nenhuma exigência relativa ao primeiro trimestre de 2010, optouse, de fato, por não indicar tal medida no dispositivo. Pessoalmente, e concessa maxima venia, entendo que errou neste ponto, o acórdão recorrido conquanto não haver débito a ser cancelado, os reflexos da decisão relativa ao tópico 2.2 são, efetivamente, benéficos ao contribuinte. Nada obstante, o recurso voluntário nada disse sobre isto e, por certo, a correção dos dispositivo da decisão de primeira instância não poderia ser feita de ofício por este colegiado, razão pela qual voto por mantêla, em sua integralidade. Por todo exposto, voto por inadmitir o recurso de ofício e, quanto ao recurso voluntário, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 2011DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10510.003321/2006-63
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2002 REVISÃO INTERNA DE DECLARAÇÃO. LUCRO REAL. ADIÇÃO, DE OFÍCIO, DE DIFERENÇA DE LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO A MENOR PELA CONTRIBUINTE. COMPENSAÇÃO DO LUCRO REAL COM PREJUÍZO FISCAL DE PERÍODOS DE APURAÇÃO ANTERIORES. Trinta por cento da diferença tributável, apurada em procedimento de oficio, pode ser compensada com o prejuízo fiscal de exercícios anteriores, desde que o prejuízo esteja devidamente escriturado e comprovado. PREJUÍZO FISCAL A COMPENSAR. SALDO INEXISTENTE. BAIXA DE SALDO DE PREJUÍZO, INDEVIDAMENTE, MANTIDO NO SAPLI. DECADÊNCIA. O mero estorno de saldo de prejuízos fiscais mantido, indevidamente, no SAPLI, o qual já havia sido, integralmente, utilizado em compensações declararadas ao fisco, não configura revisão dessas declarações, pois nada foi glosado nessas declarações. Em matéria de aproveitamento ou compensação de lucro real com saldo de prejuízo fiscal, desde que não haja glosa de despesa para reduzi-lo, não há que se falar em decurso do prazo para controle do saldo desse direito creditório. O saldo do prejuízo fiscal funciona como um conta corrente que é alimentado de forma permanente não se submetendo a prazo extintivo para seu controle e aproveitamento, consoante legislação de regência. Para efeito de aproveitamento desse direito creditório, o fisco tem o dever, sim, de controlar, auditar, a origem ou a formação do prejuízo fiscal, para evitar aproveitamento ou devolução de saldo, de fato, inexistente. JUROS DE MORA - TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no Fl. 296 DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/2006-63 Acórdão n.º 1802-01.064 S1-TE02 Fl. 297
Numero da decisão: 1802-001.064
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para afastar os juros de mora sobre a sobre a multa de oficio. Vencido o Conselheiro Marciel Eder Costa, que dava provimento integral ao recurso, e os conselheiros Nelso Kichel e a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa que negavam provimento ao recurso. Designado o Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa para redigir o voto vencedor em relação aos juros de mora.
Nome do relator: Nelso Kichel
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LUCRO REAL. ADIÇÃO, DE OFÍCIO, DE DIFERENÇA DE LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO A MENOR PELA CONTRIBUINTE. COMPENSAÇÃO DO LUCRO REAL COM PREJUÍZO FISCAL DE PERÍODOS DE APURAÇÃO ANTERIORES. Trinta por cento da diferença tributável, apurada em procedimento de oficio, pode ser compensada com o prejuízo fiscal de exercícios anteriores, desde que o prejuízo esteja devidamente escriturado e comprovado. PREJUÍZO FISCAL A COMPENSAR. SALDO INEXISTENTE. BAIXA DE SALDO DE PREJUÍZO, INDEVIDAMENTE, MANTIDO NO SAPLI. DECADÊNCIA. O mero estorno de saldo de prejuízos fiscais mantido, indevidamente, no SAPLI, o qual já havia sido, integralmente, utilizado em compensações declararadas ao fisco, não configura revisão dessas declarações, pois nada foi glosado nessas declarações. Em matéria de aproveitamento ou compensação de lucro real com saldo de prejuízo fiscal, desde que não haja glosa de despesa para reduzilo, não há que se falar em decurso do prazo para controle do saldo desse direito creditório. O saldo do prejuízo fiscal funciona como um conta corrente que é alimentado de forma permanente não se submetendo a prazo extintivo para seu controle e aproveitamento, consoante legislação de regência. Para efeito de aproveitamento desse direito creditório, o fisco tem o dever, sim, de controlar, auditar, a origem ou a formação do prejuízo fiscal, para evitar aproveitamento ou devolução de saldo, de fato, inexistente. JUROS DE MORA TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no Fl. 296DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 297 2 período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (Súmula CARF nº 5). COBRANÇA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO LANÇADA JUNTAMENTE COM TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO NÃO CABIMENTO Os juros com base na taxa Selic não devem incidir sobre a multa de ofício lançada juntamente com tributo ou contribuição, vez que o artigo 61 da Lei n.º 9.430/96 apenas impõe sua incidência sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Igualmente, não incidem os juros previstos no artigo 161 do CTN sobre a multa de ofício. As polêmicas e controvérsias sobre esse assunto vem de longa data, o que já fragiliza a tese em favor da incidência, pois, tratandose de norma punitiva, com implicação direta na dimensão da pena, não poderia o texto legal dar margem a tantas dúvidas. No âmbito das normas jurídicas de natureza punitiva, nenhuma pena, via de regra, vai sendo agravada com o decurso do tempo. Para que isso pudesse ocorrer (juros sobre a multa/penalidade), a Lei deveria ser muito clara a respeito, o que não se verifica no texto normativo vigente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para afastar os juros de mora sobre a sobre a multa de oficio. Vencido o Conselheiro Marciel Eder Costa, que dava provimento integral ao recurso, e os conselheiros Nelso Kichel e a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa que negavam provimento ao recurso. Designado o Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa para redigir o voto vencedor em relação aos juros de mora. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. (documento assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Redator designado. Fl. 297DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 298 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Marco Antonio Nunes Catilho e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 299 4 Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 170/189 contra decisão da 2ª Turma da DRJ/Salvador (fls. 152/154verso) que julgou improcedente a impugnação, mantendo o auto de infração do IRPJ do anocalendário 2002, lavrado em procedimento de revisão interna de declaração e do qual tomou ciência 28/11/2006 (fls. 02/08). Quanto aos fatos: A contribuinte realizou Lucro Inflacionário a menor na DIPJ 2003, ano calendário 2002. Para a fiscalização da RFB, a contribuinte deveria ter realizado um montante de R$ 504.046,90 a título de Lucro Inflacionário no anocalendário 2002 (10% do saldo de Lucro Inflacionário Acumulado a realizar existente em 31/12/1995 de R$ 5.040.469,06), porém realizou apenas o valor de R$ 31.215,75. A fiscalização, então, de ofício, adicionou no Lucro Líquido, para efeito de apuração do Lucro Real, a diferença tributável de R$ 472.831,16. Antes de apurar o imposto, a fiscalização ainda, em face de pedido da fiscalizada, compensou 30% do valor da infração com prejuízos fiscais. De modo que se está exigindo, por intermédio do auto de infração do IRPJ, o imposto de R$ 82.745,45, multa de ofício de 75% equivalente a R$ 62.059,08 e juros de mora, calculados até 27/11/2006, no valor de R$ 52.965,36. Total do crédito tributário na data da lavratura do auto de infração R$ 197.769,89. No auto de infração, está narrada assim a infração imputada (fls.02/06), in verbis: 001 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO REALIZAÇÃO MÍNIMA Ausência de adição ao lucro liquido do período, na determinação do lucro real apurado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), do lucro inflacionário realizado no montante de R$ 472.831,16, uma vez que foi inobservado o percentual de realização minima previsto na legislação de regência, ou seja, o contribuinte em questão realizou apenas R$ 31.215,75, quando deveria ter realizado 10% do saldo existente em 31 de dezembro de 1995 (10% x R$ 5.040.469,06 = R$ 504.046,90). Ocorre que no curso da ação fiscal o contribuinte se manifestou (Requerimento em anexo) alegando que além da realização a Fl. 299DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 300 5 menor do lucro inflacionário foi constatado também, que não houve compensação, por parte da empresa, de prejuízo fiscal existente em exercícios anteriores e solicita que a autoridade fiscal ao efetuar o lançamento do crédito tributário referente ao ajuste da realização do lucro inflacionário, efetuasse neste ato a compensação com prejuízos acumulados existentes e ainda não utilizados. Isto posto, efetuamos o lançamento com a devida compensação (30%) pleiteada pelo contribuinte. A base de cálculo e o prejuízo compensado encontramse demonstrados em planilha anexa a este auto de infração. (...) Fundamentos legais: Lei nº 9.065/95, art. 8º; Lei nº 9.249/95, arts. 6º e 7º e RIR/99, arts. 249, I; 449, 509 e 510. A pessoa jurídica tomou ciência do auto de infração do IRPJ, por intermédio de seu representante legal, em 28/11/2006 (fl. 03), e apresentou impugnação ao feito fiscal em 12/12/2006 (fls. 21/24), alegando, em resumo, que: solicitou à Autoridade Fiscal que compensasse 30% do Lucro Real no procedimente de revisão da declaração com o prejuízo fiscal de períodos anteriores, no que foi atendido parcialmente, pois foi compensado somente R$ 141.849,35, correspondente a 30% da do valor da infração, quando poderia ter observado o limite legal de 30% sobre a nova base do lucro real após sua recomposição (apresenta demonstrativo); o limite legal passível de compensação, considerando a recomposição do Lucro Real, ficou em R$ 544.705,10 (Lucro Real R$ 1.815.683,63 x 30%), ou seja, bem superior ao valor da infração de R$ 472.831,16 (diferença tributável) lançamento de ajuste realização do lucro inflacionário; que, entretanto, a Autoridade Fiscal compensou somente R$ 141.849,35, causando um acréscimo desnecessário a pagar de imposto da ordem de R$ 82.745,45, o que não ocorreria se fosse feita a compensação de 30% sobre o total do lucro real, na recomposição, conforme demonstrativo apresentado (fl.22); tem saldo de prejuízo fiscal para tal compensação; é possível a compensação de ofício sobre o valor do Lucro Real revisto e não apenas sobre o valor da infração. A título de ilustração, em procedimento de fiscalização de anos anteriores a que foi submetida (informou), o fisco, quando da recomposição do Lucro Real, efetuara a compensação de 30% do Lucro Real revisto (documentos juntados aos autos); que, por fim, requer seja compensada, com o saldo de prejuízo fiscal de exercícios anteriores, todo o valor tributável da infração imputada, utilizando o limite de 30% sobre o valor do Lucro Real (revisão) e não apenas 30% do valor da infração. A decisão a quo, diversamente dos argumentos da contribuinte, manteve o lançamento fiscal, cuja ementa do Acórdão transcrevo a seguir (fl. 152): Fl. 300DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 301 6 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. REALIZAÇÃO MÍNIMA OBRIGATÓRIA. A partir de 1° de janeiro de 1996, constatada a falta de realização minima do saldo de lucro inflacionário acumulado, cabe exigir o imposto correspondente à parcela não oferecida à tributação, apurada com base no lucro inflacionário existente em 31/12/1995. PREJUÍZOS FISCAIS. COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO. Trinta por cento do valor tributável apurado em procedimento de oficio pode ser compensado com o prejuízo fiscal de exercícios anteriores, desde que este esteja devidamente escriturado e comprovado. Lançamento Procedente (...) Em relação à pretensão da contribuinte de ver compensado o valor integral da infração tributável, consta do voto condutor da decisão recorrida que não é possível, pois: quando da entrega da DIPJ, a recorrente não fez a opção pela compensação de 30% do Lucro Real com prejuízos fiscais; se tivesse prejuízo fiscal comprovado de períodos anteriores, deveria ter efetuado a correção da opção antes do procedimento de ofício, mendiante declaração retificadora; que não há comprovação da existência de saldo de prejuízos fiscais de períodos anteriores (o saldo de prejuízos acumulados esgotouse desde o 1º semestre/2000, como faz prova o Demonstrativo SAPLI de fls. 141/151); que sequer poderia a fiscalização ter feito a compensação de 30% do valor tributável da infração do anocalendário 2002, pois não havia saldo de prejuízo fiscal a compensar na data da autuação; que a fiscalização foi induzida a erro (fl. 154), in verbis: O agente fiscal foi induzido a equivoco, ao compensar prejuízos — inexistentes — de exercícios anteriores, em virtude de erro observado nos registros do sistema SAPLI da RFB, decorrente do preenchimento incorreto das declarações de rendimentos dos anosbase de 1993 e 1994, nas quais foram compensadas parcelas do prejuízo fiscal apurado no anobase de 1992 e informadas como sendo provenientes do anobase de 1993. Com isso, o saldo de prejuízos trazido do anobase de 1992 não foi reduzido quando das compensações e ficou indevidamente majorado, sendo somente agora corrigido. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 302 7 Tomando ciência desse decisum em 10/02/2009 (fl. 162), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 12/03/2009 de fls. 170/189, juntando ainda os documentos de fls. 190/261, cujas razões, em síntese, são as seguintes: Compensação de prejuízos fiscais no ato do lançamento de ofício: pediu integral compensação do valor tributável da infração imputada (Lucro Inflacionário não realizado) com o saldo de prejuízo fiscal de períodos anteriores; citando ementa de Acórdãos do antigo Conselho, atual CARF, concluiu que (fl. 185): “(...) ao lavrar o auto de infração ora atacado, deveria o AFRFB autuante ter efetivado a compensação de todos os prejuízos fiscais disponíveis no SAPLI primitivo da Recte. dentro da Receita Federal do Brasil, considerandose o valor do lucro real reajustado por força da autuação fiscal, o que redundaria na inexistência de imposto a ser pago. Saldo de prejuízos acumulados no SAPLI: que decaiu o direito do fisco de rever as DIRPJ dos anosbase 1993 e 1994, para corrigir, fulminar, o saldo de prejuízos acumulados que vinha sendo mantido nesse sistema de controle interno; que, não obstante, reconhece o erro de preenchimento das DIRPJ citadas, in verbis (fls. 181/182): (...) 34. Nesse particular, cumpre esclarecer que, analisando os "Demonstrativos da Compensação de Prejuízos Fiscais — SAPLI", de fls. 141151, a Recte. agora constata que houve um erro no momento da compensação de prejuízos nos anos de 1993 e 1994, eis que se confundiu anobase com exercício, num apontamento decorrente de um equivoco que tanto pode ser cometido pelo contribuinte quanto pelo Fisco. 35. Porém, em que pese o erro ocorrido naquele momento, o fato é que o Fisco, a quem incumbia fiscalizar e averiguar a correção do procedimento de apuração adotado pela Recte., quedouse inerte por 17 (dezessete) anos e somente, agora, ao analisar a impugnação apresentada pela Recte com o pleito de compensação de seus prejuízos fiscais, revisitou as compensações de prejuízos fiscais efetivadas pela Recte. em priscas eras. (...) Caso seja superada nos argumentos anteriores, admitindo tal hipótese apenas a título de argumentação, pleiteou a inaplicabilidade da taxa SELIC como sucedâneo dos juros de mora: a) que não há como se admitir a incidência da Taxa SELIC, prevista na Lei nº 9.065/05, como índice de juros para fins tributários e, conseqüentemente, sua aplicação no auto de infração em apreço, visto sua latente afronta à Carta Política de 1988 e ao CTN; b) na cobrança da multa de ofício. É o relatório. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 303 8 Voto Vencido Conselheiro Nelso Kichel, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos para sua admissibilidade. Por conseguinte, dele conheço. Os autos tratam da exigência do crédito tributário –auto de infração do IRPJ – do anocalendário 2002 sobre o valor tributável da infração imputada: “Falta de Adição, na Apuração do Lucro Real, do Lucro Inflacionário (parcela de realização mínima obrigatória anual)”. Na DIPJ 2003, anocalendário 2002, a fiscalizada deveria ter realizado um montante de R$ 504.046,90 a título de Lucro Inflacionário (10% do saldo de Lucro Inflacionário Acumulado existente em 31/12/1995), porém realizou apenas o valor de R$ 31.215,75. A fiscalização, então, de ofício, adicionou no Lucro Líquido, para efeito de apuração do Lucro Real, a diferença tributável de R$ 472.831,16. A recorrente, em seu recurso (fl. 172), reconheceu que praticara a infração imputada, in verbis: (...) 4. Na impugnação ofertada, a Recte. esclareceu que, por um equivoco, realizou lucro inflacionário, em valor inferior àquele que deveria ter sido realizado, requerendose, porém, a compensação do prejuizo fiscal que a Recte., naquela oportunidade, não tinha compensado em sua DIPJ. (...) O valor da infração de R$ 472.831,16, por conseguinte, é matéria incontroversa nos autos. Entretanto, a recorrente opõe resistência ao pagamento do crédito tributário, alegando que a fiscalização, quando do lançamento de ofício, deveria ter compensado, integralmente, o valor tributável da infração com o saldo de prejuízos fiscais de anos anteriores, aplicando o percentual de 30% sobre o valor do Lucro Real recomposto, e não tão somente sobre o valor da infração imputada; que isso implicara na exigência, desnecessária, de R$ 82.745,45 a título de imposto, mais os acréscimos legais (multa de ofício e juros de mora). A recorrente insiste na irresignação, pelo seguinte: que por ocasisão da entrega da DIPJ 2003, anocalendário 2002, mesmo tendo apurado Lucro Real (positivo) não utilizou da faculdade de compensação de 30% do Lucro Real com prejuízos fiscais de períodos anteriores, recolhendo imposto; Fl. 303DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 304 9 que, por último, em face da recomposição do Lucro Real pela adição de ofício do valor tributável a título do Lucro Inflacionário, o qual não havia sido espontânea e integralmente oferecido à tributação, surgiu a reabertura de oportunidade de compensação de 30% do Lucro Real recomposto com prejuízos fiscais acumulados de períodos anteriores, e não somente parcela do valor da infração; que, no caso, o Lucro Real revisado (ajustado pela adição do valor da infração) totalizou R$ 1.815.683,63; que faz jus a compensação de 30% desse Lucro Real com prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores (R$ 1.815.683,63 x 30% = R$ 544.705,22), conforme demonstrativo de fl. 22; que o valor compensável de R$ 544.705,10 é superior ao valor da infração tributável de R$ 472.831,16 (diferença tributável); que, se a fiscalização tivesse reconhecido a compensação de 30% do Lucro Real (recomposto) com prejuízos fiscais de períodos de apuração de períodos anteriores, não teria crédito tributário a ser exigido, em relação à infração imputada; que, ademais, por conta de erro da contribuinte no preenchimento das DIRPJ dos anoscalendário 1993 e 1994, o fisco não pode revisar o saldo de prejuízos fiscais registrado no SAPLI, para concluir pela inexistência de saldo de prejuízos fiscais a compensar no anocalendário 2002. Inexistindo preliminar de natureza processual a ser enfrentada, passo diretamente à análise do mérito da lide. COMPENSAÇÃO INTEGRAL DO VALOR DA INFRAÇÃO COM PREJUÍZOS DE PERÍODOS DE APURAÇÃO ANTERIORES. INEXISTÊNCIA DE SALDO DE PREJUÍZO A COMPENSAR. ESTORNO DE SALDO, INDEVIDAMENTE, MANTIDO NO SAPLI. DECADÊNCIA. Se a recorrente tivesse comprovado nos autos a existência de saldo de prejuízo a compensar de períodos anteriores, teria – em tese direito de compensar 30% do Lucro Real (recomposto) do anocalendário 2002, e não apenas a compensação de 30% do valor da infração imputada. Porém, a questão é polêmica, pois há entendimento, com base na legislação de regência, que, em relação ao lucro real apurado pela contribuinte (informado na DIPJ), se não houve opção pela compensação com prejuízo, não cabe ao fisco – na recomposição da base de cálculo do imposto conceder compensação de 30% sobre o valor integral do lucro real, mas tãosomente sobre a diferença de base de cálculo apurada de ofício (valor tributável da infração). Nesse sentido, transcrevo o inteiro teor dos arts. 509 e 510 do RIR/99, in verbis: Art. 509. 0 prejuízo compensável é o apurado na demonstração do lucro real e registrado no LALUR (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 64, § 1°, e Lei n° 9.249, de 1995, art. 6°, e parágrafo único). Fl. 304DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 305 10 § 1°. A compensação poderá ser total ou parcial, em um ou mais períodos de apuração, à opção do contribuinte, observado o limite previsto no art. 510 (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 64, § 2°). (grifei) Art 510. 0 prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995 poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro liquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, observado o limite máximo, para compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado (Lei n° 9.065, de 1995, art. 15). § 1º O disposto neste artigo somente se aplica as pessoas Jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para compensação (Lei n° 9.065, de 1995, art. 15, parágrafo único). (grifei) Como visto, a compensação de prejuízos depende de ato de manifestação de vontade na declaração de apuração do imposto ou em declaração retificadora antes do início do procedimento de ofício. Os precedentes, deste Conselho, invocados pela recorrente, quanto à compensação tributária, não se amoldam ao caso, pois reafirmam que a compensação, de ofício, deve ser deferida sobre o valor da infração imputada, e não sobre o total do lucro real recomposto. Senão vejamos: IRPJ. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. No lançamento de oficio devem ser compensados todos os prejuízos fiscais disponíveis e não somente aquele apurado no exercício correspondente à autuação. Recurso parcialmente provido. (Acórdão 10707.553) IRPJ COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO Verificada a existência de prejuízos acumulados compensáveis, estes podem ser utilizados para compensação com valores acrescidos ao lucro real em decorrência de procedimento da fiscalização. Recurso de oficio negado.(Acórdão 10193.155) IRPJ PREJUÍZO FISCAL COMPENSAÇÃO DE MATÉRIA TRIBUTADA PELA FISCALIZAÇÃO – A determinação de matéria tributável, em procedimento de oficio, impõe, tambem, o direito ao contribuinte de compensar prejuizos fiscais, de exercicios anteriores, ainda pendentes de compensação na escrituração fiscal. Recurso provido. (Acórdão 10319.820). EMBARGOS DE DECLARAÇÃO LAPSO MANIFESTO. Constatado lapso manifesto, pois nos cálculos não foi levado em conta a compensação do prejuízo fiscal com o valor apurado das infrações, relativo ao mesmo período da ocorrência do fato gerador das infrações, acolhese os embargos nessa parte, nos Fl. 305DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 306 11 termos do art. 58 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria MF 147/2007. IRPJ COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. No lançamento de oficio devem ser compensados todos os prejuízos fiscais disponíveis e não somente aquele apurado no exercício correspondente à autuação. Recurso provido. (Acórdão 10709.272). Não obstante, esta discussão da compensação tributária, nos presentes autos, está totalmente prejudicada, pois a recorrente não comprovou a existência de saldo de prejuízo a compensar. A decisão a quo rechaçou, inclusive, a pretensão da recorrente de utilização de prejuízo para compensar o valor integral da infração imputada, justamente pela inexistência de saldo de prejuízo compensável. A propósito, transcrevo os fundamentos do voto condutor da decisão recorrida (fl. 154), in verbis: (...) Contudo, releva acrescentar que, no anocalendário de 2002, a Contribuinte não possuía prejuízo fiscal compensável, uma vez que o saldo de prejuízos acumulados já se esgotara desde o 1° trimestre do anocalendário de 2000, como faz prova o Demonstrativo SAPLI, às fls. 141 a 151. O agente fiscal foi induzido a equivoco, ao compensar prejuízos — inexistentes —de exercícios anteriores, em virtude de erro observado nos registros do sistema SAPLI da RFB, decorrente do preenchimento incorreto das declarações de rendimentos dos anosbase de 1993 e 1994, nas quais foram compensadas parcelas do prejuízo fiscal apurado no anobase de 1992 e informadas como sendo provenientes do anobase de 1993. Com isso, o saldo de prejuízos trazido do anobase de 1992 não foi reduzido quando das compensações e ficou indevidamente majorado, sendo somente agora corrigido. A Impugnante sabia perfeitamente que não mais possuía prejuízos compensáveis, tanto assim que, desde o anocalendário de 2000, não vinha realizando compensações de prejuízos, conforme se pode observar em suas respectivas declarações de rendimentos. Entretanto, quando tomou conhecimento, por intermédio do próprio Fisco, de que constava — erradamente, como explicado anteriormente — nos sistemas internos da RFB, a existência de saldo acumulado de prejuízos fiscais, passou, sistematicamente, a retificar suas declarações com a finalidade de compensar prejuízos que, na verdade, não existiam. Por exemplo, conforme extratos do sistema IRPJ Consulta, às fls. 131 a 134, a DIPJ/2004, anocalendário de 2003, apresentada em 30/06/2004, foi retificada em 28/11/2006, exatamente a data em que a Autuada tomou ciência do presente Auto de Infração. Esses fatos poderiam ser facilmente demonstrados por meio de cópias do LALUR — que a Impugnante, providencialmente, Fl. 306DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 307 12 dispensou de anexar —, no qual devem ser controlados os prejuízos apurados, as compensações efetivamente realizadas e os saldos compensáveis remanescentes. (...) Como demonstrado, a razão da recorrente não ter compensado o Lucro Real do anocalendário 2002 (DIPJ 2003, anocalendário 2002), efetuando o pagando o imposto, foi, justamente, pela inexistência de saldo de prejuízo a compensar de períodos de apuração anterires. Aliás, desde o anocalendário 2000 a recorrente deixou de compensar Lucro Real com prejuízos pela inexistência de saldo de prejuízos a compensar. Porém, a partir do momento que ficou sabendo por intermédio da própria fiscalização da RFB, durante o procedimento de fiscalização (antes da lavratura do auto de infração) que havia no SAPLI saldo de prejuízos fiscais a compensar, a contribuinte passou a pleitear, junto à fiscalização, a compensação do valor integral da infração com tal saldo de prejuízos constantes do SAPLI, porém a fiscalização compensou apenas 30% do valor da infração. Como demonstrado, a pretensão da recorrente, nesta instância recursal, também não pode prosperar. Nesta instância de julgamento, a recorrente, quando da apresentação do Recurso Voluntário, novamente não trouxe aos autos cópia do LALUR para fazer a comprovação da existência de saldo de prejuízos de períodos anteriores, para compensar com o Lucro Real Ajustado do anocalendário 2002. Entretanto, a recorrente argüiu decadência do direito do fisco de corrigir ou ajustar o saldo dos prejuízos constante do SAPLI (documento de controle meramente interno da RFB, que foi alimentado errônea ou equivocadamente pelas declarações do IRPJ dos anos base de 1993 e 1994). A recorrente alegou que o fisco estaria revisando, por conseguinte, as declarações dos anosbase 1993 e 1994 após o prazo decadencial, ferindo direito da recorrente. Não procede tal alegação da contribuinte. A própria recorrente, nas razões de seu recurso, de forma expressa, reconheceu que utilizara o saldo de prejuízo do anobase 1992 para compensação com Lucro Real dos anoscalendário 1993 e 1994; que, por lapso, inadvertidamente, informou nas DIRPJ dos anoscalendário 1993 e 1994 que utilizara prejuízo do anocalendário 1993, quando na verdade o prejuízo que utilizara era do anocalendário 1992 (no anocalendário 1993 sequer houve prejuízo, não foi apurado prejuízo nesse ano). Por oportuno, transcrevo, a seguir, as razões do recurso, onde consta esclarecimento/reconhecimento, expresso, da recorrente, desse equívoco que praticara nas declarações do IRPJ, in verbis (fls. 181/182): (...) Fl. 307DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 308 13 34. Nesse particular, cumpre esclarecer que, analisando os "Demonstrativos da Compensação de Prejuízos Fiscais — SAPLI", de fls. 141151, a Recte. agora constata que houve um erro no momento da compensação de prejuízos nos anos de 1993 e 1994, eis que se confundiu anobase com exercício, num apontamento decorrente de um equivoco que tanto pode ser cometido pelo contribuinte quanto pelo Fisco. 35. Porém, em que pese o erro ocorrido naquele momento, o fato é que o Fisco, a quem incumbia fiscalizar e averiguar a correção do procedimento de apuração adotado pela Recte., quedouse inerte por 17 (dezessete) anos e somente, agora, ao analisar a impugnação apresentada pela Recte com o pleito de compensação de seus prejuízos fiscais, revisitou as compensações de prejuízos fiscais efetivadas pela Recte. em priscas eras. (...) De modo que o montante do prejuízo fiscal do anocalendário 1992 (DIRPJ 1993), o qual foi transportado da respectiva declaração para o SAPLI, permaneceu registrado com saldo integral, nesse Sistema informatizado da RFB, até 2002, não acusando, que tal prejuízo, já havia sido, integralmente, utilizado nas compensações dos anosbase 1993 e 1994. O mero estorno do saldo de prejuízos fiscais no SAPLI não configura revisão das declarações dos anosbase 1993 e 1994, pois nada foi glosado nessas declarações do IRPJ. Foram aceitas integralmente as compensações nelas informadas. No caso, simplesmente – no SAPLI – foi dado baixa do saldo do prejuízo fiscal do anobase 1992 (quando da apreciação da impugnação pela instância a quo), em face de tal saldo ter sido utilizado pela recorrente nas compensações informadas nas declarações do IRPJ, quanto aos anosbase 1993 e 1994, cujas compensações deixaram de ser registradas no SAPLI. Entendimento diverso, seria permitir que a recorrente passasse a utilizar, em duplicidade, o prejuízo fiscal do anobase 1992, já consumido. Em matéria de aproveitamento ou compensação de lucro real com saldo de prejuízo fiscal, desde que não haja glosa de despesa para reduzilo, não há que se falar em decurso do prazo para controle do saldo desse direito creditório. O saldo do prejuízo fiscal funciona como um conta corrente que é alimentado de forma permanente não se submetendo a prazo extintivo para aproveitamento e controle, conforme legislação de regência (MP 812/94, LEI Nº 8.981/95 e LEI Nº 9065/95). Para efeito de aproveitamento desse direito creditório, o fisco tem o dever, sim, de controlar, auditar, a origem ou a formação do prejuízo fiscal pleiteado, para evitar aproveitamento ou devolução de saldo, de fato, inexistente, como no caso, em que a recorrente, de forma insistente, tenciona utilizar, em duplicidade, o prejuízo fiscal do anocalendário 1992 (o qual já utilizou, integralmente, nas compensações informadas nos anosbase 1993 e 1994, porém quer utilizá lo, novamente, no anocalendário 2002). Como visto um erro, lapso ou equívoco da própria recorrente no preenchimento de declarações (prestando informação errônea ou equivocada), que iludiu o Fl. 308DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 309 14 controle do fisco, não pode gerar pretensão absurda (pretensão de utilização, novamente, do mesmo prejuízo fiscal já integralmente utilizado = duplicidade de utilização). Ademais, insistir nesse pleito descabido, implicaria na máxima: a ninguém é dado beneficiarse da sua própria torpeza. JUROS DE MORA – TAXA SELIC A recorrente alegou que a cobrança de juros de mora com base na taxa SELIC seria inconstitucional. Deixo de conhecer dessa alegação, pois tratase matéria que não compete à alçada dos órgãos de julgamento administrativo, conforme Súmula CARF nº 02, in verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais, este Egrégio Conselho Administrativo, parcificamente, entende que os débitos de tributos federais estão sujeitos, sim, à incidência dos juros de mora pela Taxa SELIC, quando pagos a destempo, cuja matéria está tratada nas seguintes Súmulas: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO A recorrente argumentou, ainda, que, na hipótese de manutenção das multas aplicadas, que seja afastada a cobrança de juros de mora sobre tal parcela lançada. As multas aplicadas compõem o crédito tributário, por isso, quando não pagas na data de vencimento, sofrem a incidência dos juros de mora. Nesse sentido, transcrevo o art. 161 do CTN: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Fl. 309DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 310 15 Conforme facultado pelo CTN, a União legislou acerca da taxa mensal dos juros de mora, fazendo incidir a taxa SELIC na cobrança de tributos e contribuições federais não pagos tempestivamente. A questão maior é saber se sobre a multa de ofício incidem os juros de mora com base na taxa SELIC ou se incide o percentual de 1% (um por cento) de que trata o art. 161 do CTN, já transcrito acima. Entendo que a multa de ofício, quando lançada juntamente com tributos e contribuições, está sujeita à incidência de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a partir do seu vencimento sem pagamento. Por outro lado, a multa de ofício, quando lançada isoladamente, está sujeita à incidência da taxa SELIC desde seu vencimento sem pagamento. Para embasar esse entendimento, adoto, como fundamento para decidir, o voto condutor do Acórdão nº 140200.213, Sessão de 06/07/2010, Relator Antônio José Praga de Sousa, que se pronunciou assim, in verbis: (...) 4. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFICIO (...) A aplicação de taxa de juros lastreadas em indicadores do mercado financeiro iniciouse com a Lei nº 8.981/95, cujo art. 84 dispõe: Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; (...) A Seguir, a Lei nº 9.065/95 substituiu o indicador pela taxa SELIC: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea "c" do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea "a.2" da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. (...) Por seu turno, a Lei nº 9.430/1996, ao remodelar a multa de mora incidente nos pagamentos em atraso, estabeleceu em parágrafo que sobre os débitos para com a União, decorrentes Fl. 310DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 311 16 de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal incidirão juros de mora à taxa SELIC, veja: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. Com base nessa disposição a Receita Federal vem entendendo que a multa de ofício também está sujeita aos juros de mora à taxa SELIC, a partir do seu vencimento. O cerne da questão está na interpretação que se deve dar à expressão “débitos decorrentes de tributos e contribuições”. De fato o não pagamento de tributos e contribuições nos prazos previstos na legislação faz nascer o débito. Portanto, o débito decorre do não pagamento de tributos e contribuições nos prazos. A multa de ofício não é débito decorrente de tributos e contribuições. Ela decorre, nos exatos termos do art. 44 da Lei nº 9.430/96, da punição aplicada pela fiscalização às seguintes condutas: a) falta de pagamento ou recolhimento dos tributos e contribuições, após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória; e b) falta de declaração e nos de declaração inexata. Entendendo que a SELIC só incidirá sobre multas isoladas, aplicadas nos termos do art. 43 da Lei nº 9.430/97: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Inaplicável a SELIC como taxa de juros de mora sobre a multa de oficio, restam devidos os juros de 1% ao mês a que alude o Código Tributário Nacional, (...) Fl. 311DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 312 17 Portanto, incidem juros de mora sobre a multa de oficio não paga no vencimento, na proporção de 1% (um por cento) ao mês, nos termos do art. 161 do Código Tributário Nacional; Por tudo que foi exposto, voto para NEGAR provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 312DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 313 18 Voto Vencedor Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Redator Designado. Em que pesem as razões de decidir do eminente relator, peço vênia para dele divergir apenas quanto à incidência dos juros de mora sobre a multa de oficio não paga no vencimento, lançada juntamente com tributo ou contribuição. A questão é bastante polêmica, e a controvérsia vem de longa data. Esse, a meu ver, já é um primeiro ponto que fragiliza a tese em favor da incidência de juros sobre a multa de ofício, posto que, tratandose de aplicação de norma punitiva, com implicação direta na dimensão da pena, não poderia o texto legal deixar margem para tantas dúvidas e polêmicas. De fato, pela redação do art. 161 do CTN, se considerarmos que a multa de ofício está incluída na expressão “crédito”, no início do texto, é possível indagar quais seriam então as “penalidades cabíveis” referidas mais adiante no mesmo dispositivo? Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (grifos acrescidos) Mas esse não é o único problema. A lei 8.383/1991, que instituiu a UFIR, deixava bastante claro que os juros de mora não incidiam sobre a rubrica relativa à multa de ofício: Art. 54. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, vencidos até 31 de dezembro de 1991 e não pagos até 2 de janeiro de 1992, serão atualizados monetariamente com base na legislação aplicável e convertidos, nessa data, em quantidade de Ufir diária. § 1° Os juros de mora calculados até 2 de janeiro de 1992 serão, também, convertidos em quantidade de Ufir, na mesma data. § 2° Sobre a parcela correspondente ao tributo ou contribuição, convertida em quantidade de Ufir, incidirão juros moratórios à razão de um por cento, por mêscalendário ou fração, a partir de fevereiro de 1992, inclusive, além da multa de mora ou de ofício. (grifos acrescidos) Vêse que a multa de ofício era indiretamente atualizada pela UFIR, porque incidia sobre uma base atualizada por esse índice, mas ela própria (a multa de ofício) não sofria a incidência dos juros de mora. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 314 19 Com a estabilização econômica, tivemos a extinção das regras de atualização monetária e a instituição da taxa de juros Selic, mas não houve a introdução de uma regra expressa determinando que os juros passariam a incidir sobre a multa de ofício. Aliás, o texto da Lei nº 8.981/1995 indicava que os juros continuavam a incidir apenas sobre a rubrica principal dos débitos: Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; (grifos acrescidos) Com a introdução da Lei nº 9.430/1996, as regras relativas à multa de mora e aos juros de mora tiveram nova redação: Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (grifos acrescidos) O texto acima, igualmente ao do CTN, veio novamente suscitar dúvidas, na medida em que não identifica claramente quais rubricas estão abrangidas na expressão “débitos para com a União”. Ocorre que se estes “débitos” abrangessem a multa de ofício, haveríamos de concluir também pela incidência da multa de mora sobre a multa de ofício, incidência essa que não poderia ser afastada pelo § 3º do art. 950 do RIR/1999 (Decreto nº 3.000/1999): Art.950.Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61). §1º (...) §2º (...) Fl. 314DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 315 20 §3º A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. Com efeito, o decreto não poderia derrogar a Lei. Nesse contexto, a interpretação mais adequada, a meu ver, é que a multa de ofício já não estava incluída no caput do art. 61 da Lei 9.430/1996 (de onde concluo que o decreto não incorre em ilegalidade), e não que o decreto exonerou onde a Lei não exonerava. Por outro lado, com a ampliação do alcance da expressão “débitos para com a União”, contida no referido art. 61 da Lei 9.430/1996, os juros de mora deveriam também incidir sobre a multa de mora, e isso todos sabemos que não ocorre. Para afastar esse problema, normalmente se argumenta que os juros devem incidir apenas sobre obrigações com prazo de vencimento, como se apenas a multa de ofício o tivesse, e a multa de mora configurasse uma obrigação sem vencimento, o que a tornaria semelhante às chamadas obrigações naturais em Direito Civil (não exigíveis). Mas a multa de mora, como acontece com a multa de ofício, tem vencimento. Ele apenas é imediato, concomitante à mora (inadimplência), tanto o é que a multa de mora é perfeitamente exigível desde então, configurando, portanto, obrigação vencida. Assim, o argumento em relação ao vencimento não serve para solucionar o problema da incidência dos juros de mora sobre a multa de mora, como também não serviria para afastar a incidência dos juros de mora sobre os próprios juros de mora, ou da multa de mora sobre a multa mora, etc., e não é razoável entender que a lei deixaria em aberto tantas possibilidades de combinação, principalmente quando se trata das conseqüência em relação à aplicação de norma punitiva. A regra contida no parágrafo único do art. 43 da Lei 9.430/1996 poderia solucionar todas essas questões, mas a incidência de juros lá prevista está restrita às multas isoladas. Finalmente, registro que há manifestação da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no sentido de que não deve haver incidência de juros de mora sobre a multa de ofício que acompanha o tributo, conforme Acórdão CSRF/0203.133, de 06/05/2008, nos seguintes termos: 1) Por maioria de votos, NÃO CONHECER da preliminar de perda de objeto do recurso em face do trânsito em julgado da decisão judicial quanto ao mérito, suscitada pela Conselheira Maria Teresa Martínez Lopez. Vencidos os Conselheiros Maria Teresa Martínez Lopez e Manoel Coelho Arruda Junior (Substituto convocado); 2) Por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência até os fatos geradores do mês de outubro de 1999, vencidos os Conselheiros Josefa Maria Coelho Marques, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Júlio César Vieira Gomes e Elias Sampaio Freire que não acolhiam; 3) por maioria de votos CONHECER do recurso quanto a incidência sobre a multa de ofício dos juros à taxa SELIC, vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator), Gilson Macedo Rosenburg Filho e Leonardo Siade Manzan, e por maioria de votos DAR Fl. 315DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10510.003321/200663 Acórdão n.º 180201.064 S1TE02 Fl. 316 21 provimento nessa parte, vencidos os conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Antonio Praga, que mantinham essa incidência. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Teresa Martínez Lopez. Como um último argumento, observo que no âmbito das normas jurídicas de natureza punitiva, nenhuma pena, via de regra, vai sendo agravada com o decurso do tempo. Para que isso pudesse ocorrer (juros sobre a multa/penalidade), a Lei deveria ser muito clara a respeito, o que não verifico em relação à questão ora debatida. Deste modo, voto no sentido de DAR provimento PARCIAL ao recurso, para afastar a incidência dos juros de mora sobre a multa de oficio não paga no vencimento, lançada juntamente com tributo ou contribuição. (documento assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 316DF CARF MF Impresso em 29/03/2012 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 20/01/2012 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, Assinado digitalmente em 26/03/2012 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 29/03/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 10166.724254/2012-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. BENS ADQUIRIDOS ATÉ 31.12.1991.
Considera-se custo de aquisição dos bens ou direitos, adquiridos até 31 de dezembro de 1991, o valor de mercado, nessa data, de cada bem ou direito individualmente avaliado, constante da declaração de bens relativa ao exercício de 1992. A não apresentação da declaração relativa ao exercício de 1992, autoriza ao Fisco a valer-se do valor constante do respectivo instrumento negocial.
MULTA DE OFÍCIO. PATAMAR DE 75%.
A responsabilidade por infrações à legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, sendo certo que multa delas decorrentes é de aplicação obrigatória pela autoridade lançadora.
Numero da decisão: 2402-005.978
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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CUSTO DE AQUISIÇÃO. BENS ADQUIRIDOS ATÉ 31.12.1991. Considerase custo de aquisição dos bens ou direitos, adquiridos até 31 de dezembro de 1991, o valor de mercado, nessa data, de cada bem ou direito individualmente avaliado, constante da declaração de bens relativa ao exercício de 1992. A não apresentação da declaração relativa ao exercício de 1992, autoriza ao Fisco a valerse do valor constante do respectivo instrumento negocial. MULTA DE OFÍCIO. PATAMAR DE 75%. A responsabilidade por infrações à legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, sendo certo que multa delas decorrentes é de aplicação obrigatória pela autoridade lançadora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 42 54 /2 01 2- 20 Fl. 155DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho e Fernanda Melo Leal. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10166.724254/201220 Acórdão n.º 2402005.978 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que entendeu por considerar improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Auto de Infração em 25.05.2012 para constituição de IRPF no valor principal de R$ 123.687,05, acrescido da multa de ofício (75%) e dos juros legais Selic (fls. 6/8) A autuação decorreu da constatação da infração a seguir: 1 Ganhos de Capital na Alienação de Bens e Direitos Omissão/Apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em reais . Para o relato dos fatos apurados, sirvome do acórdão recorrido de fls. 102/108, eis que bem retrata os fatos e procedimentos adotados pela Fiscalização. a) o objetivo da ação fiscal foi apurar o IRPF incidente sobre o ganho de capital decorrente da alienação do imóvel pertencente ao Espólio de Winton Ribeiro de Araújo (CPF: 710.128.50587), tendo sido atribuído, em razão do encerramento do espólio por sentença judicial, a responsabilidade pelo tributo ao herdeiro Jose Alfredo Nascimento Araújo; b) restou comprovado, após analise dos documentos e justificativas apresentadas pelo autuado que a origem dos recursos de R$ 3.400.000,00, depositados em sua conta corrente, decorreu de uma venda de um terreno de 12.994 m2, em 17/09/2007, na cidade de Salvador/BA, à empresa Plus Car veiculo Ltda, cuja propriedade, à época, era do espólio de Winton Ribeiro de Araújo (CPF: 710.128.50587); c) foi constatada a falta de recolhimento de IRPF incidente sobre ganho de capital, decorrente da referida operação, ocorrida antes do encerramento do inventário; d) todo o procedimento, por se tratar de reexame, foi adotado em conformidade com a autorização do Sr. Delegado da Receita Federal do Brasil em Brasília, conforme disposto no art. 906 RIR/99, corroborado pelo art. 7º, § 2º, da lei nº 2.354/1954 e art. 34 da lei nº3.470/58; e) o contribuinte era o responsável pelas informações prestadas a Receita Federal, em relação ao Espólio de Winton Ribeiro de Araújo (CPF: 710.128.50587), haja vista sua condição de inventariante, conforme documento formal de partilha. Na impossibilidade de autuar o espólio pelos tributos devidos à época, em razão do encerramento do inventário por sentença judicial, a Fiscalização atribuiu integralmente a responsabilidade pessoal pelo crédito ora constituído ao Fl. 157DF CARF MF 4 contribuinte, cuja exigência está limitada ao montante da herança por ele recebido: HERDEIRO CPF HERANÇA RECEBIDA José Alfredo Nascimento Araujo 710.128.50587 R$ 227.646,86 f) também estão arrolados como responsáveis solidários pelo crédito tributário ora constituído os demais sucessores e herdeiros: HERDEIRO CPF HERANÇA RECEBIDA Maria Carolina Nascimento de Araujo 689.100.37768 R$ 115.146,86 Maria Antonienta Nascimento de Araujo 422.718.51572 R$ 133.890,86 José Marcos Nascimento Araujo 063.891.20591 R$ 133.896,86 Antonieta Nascimento Araujo (meeira) 651.048.38587 R$ 1.338.968,56 g) foi verificado que as atualizações do custo de aquisição do imóvel, realizadas nas declarações do espólio foram indevidas, também não tendo restado comprovado que houve ampliação/construção para justificar os acréscimos ao custo. Também não foi considerado plausível que o valor de alienação do imóvel (R$ 3.400.000,00) fosse inferior ao valor de aquisição (R$ 4.369,170,00); h) o ganho de capital apurado foi determinado pela diferença positiva entre o valor de alienação e o custo da aquisição, atualizado conforme o art. 7º da IN SRF 84/2001. Foi considerado como custo de aquisição o valor de R$ 101.565,66. Regularmente intimado, apresentou Impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil DRJ, às fls. 102/108. Em seu Recurso Voluntário de fls. 129/139 aduz, em síntese: Decadência preliminar. Nesse ponto, sustenta que o termo a quo para o lançamento seria em 1992, ano da aquisição do imóvel; Que na Declaração de ajuste anual de 1991/1992, o espólio ajustou o valor do imóvel ao valor de mercado e que, a partir de então, vinha ratificando suas informações em suas DIRPF. Assim, o respectivo custo de aquisição foi atualizado para o valor de mercado, chegando aos R$ 4.369.170,00, após a mudança de moeda. Insiste que referido valor atualizado já constava de sua DIRPF/05; Que o valor do custo de aquisição declarado pelo contribuinte, em R$ 4.369.170,00, fora desconsiderado pelo Fisco, pelo simples fato de não ter sido considerado plausível o valor de aquisição suplantar o de sua alienação (R$ 3.400.000,00); Que o direito de o fisco apontar e provar a eventual inadequação do valor de mercado à luz da Lei 8.383/91 já havia decaído antes do início da ação fiscal; e Que a multa de oficio aplicada deve ser afastada em função dos artigos 108, II e 112, ambos do CTN, pois teria havido erro escusável por parte do recorrente. É o relatório. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10166.724254/201220 Acórdão n.º 2402005.978 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do Acórdão recorrido em 12.11.2015 (fls. 147) e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 09.12.2015. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. Quanto à decadência suscitada, equivocase o contribuinte ao sustentar, como termo a quo, data diversa da do fato gerador. Vejamos o que dispõem os artigos 173, I e 150 § 4º, ambos do CTN: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Quanto ao mérito, não há controvérsia nos autos acerca do valor e data de alienação: R$ 3.400.000,00 pela venda em R$ 17/09/2007. Por outro lado, o ponto de discórdia reside no valor de custo de aquisição do respectivo imóvel. A Fiscalização valeuse do valor de Cr$ 5.848.164,00, relativo à data de 08/09/1980, consoante escritura pública de fls 54. Ato contínuo, atualizouo para 31.12.1995, por meio do índice apontado na IN SRF nº 84/2001, chegando ao valor de custo de aquisição de R$ 101.565,66. Sobre o ganho então apurado (R$ 3.400.000,00 R$ 101.565,66 = R$ 3.298.434,34) aplicouse o percentual de redução de 45%, chegandose ao novo ganho de R$ 1.814,138,89. E, por final, aplicouse os percentuais de redução da Lei 11.196/2005, chegado se ao derradeiro ganho de R$ 824.580,34. Sobre o assunto, o artigo 125 do RIR/99 dispõe acerca dos bens e direitos adquiridos ate 31/12/1991. É o caso: Fl. 159DF CARF MF 6 Art. 125. Considerase custo de aquisição dos bens ou direitos, adquiridos até 31 de dezembro de 1991, o valor de mercado, nessa data, de cada bem ou direito individualmente avaliado, constante da declaração de bens relativa ao exercício de 1992 (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96 e §§ 5º e 9º). § 1º Aos bens e direitos adquiridos até 31 de dezembro de 1990, não relacionados na declaração relativa ao exercício de 1991, não se aplica o disposto no caput (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96, § 8º, alínea "b"). Veja que, conforme se extrai do dispositivo, o valor de mercado a ser utilizado é aquele relativo a 31.12.1991, regularmente declarado na DIRPF/1992 do sujeito passivo. Nesse aspecto, não traz o contribuinte a comprovação de que assim tenha, oportunamente, procedido. A não apresentação da comprovação de que tenha atualizado o bem em sua DIRPF/1992, a valor de mercado em 31.12.1991 ou de que não estava obrigado à apresentação da declaração, autoriza o Fisco a se valer do que constou no instrumento de aquisição do imóvel. Note que ao não declarar o bem naquela DIRPF ou não a apresentar à Fiscalização, a requerente não oportunizou à autoridade lançadora, à época, a alternativa conferida no § 3º do artigo 125 do RIR/99, verbis: Art. 125. Considerase custo de aquisição dos bens ou direitos, adquiridos até 31 de dezembro de 1991, o valor de mercado, nessa data, de cada bem ou direito individualmente avaliado, constante da declaração de bens relativa ao exercício de 1992 (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96 e §§ 5º e 9º). (...) § 3º A autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará o valor informado, sempre que este não mereça fé, por notoriamente diferente do de mercado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória administrativa ou judicial Não bastasse a não comprovação do valor atribuído a 31.12.1991 em sua DIRPF/92, o recorrente não traz evidencias documentais que respaldem o valor de custo de aquisição pretendido e que, supostamente, refletiria aquele em 31.12.1991. E mais, durante os anos de 1998 a 2001, acresceu ao imóvel o valor de R$ 3.113.354,00, a título de supostas construções/benfeitorias, sem que, entretanto, tivesse apresentado à Fiscalização, qualquer documentação ou nota fiscal que comprovasse a existência de tais acréscimos. Em outras palavras, tenho que com a apresentação da DIRPF/92, caberia ao fisco, caso discordasse do valor lá atualizado a preço de mercado, o arbitramento do valor, observadas as condições do § 3º do artigo 128 do RIR/99. A seu turno, com a não apresentação da DIRPF/92, caberia ao contribuinte, a comprovação cabal do valor de mercado do bem em 31.12.1991. Nesse ponto, não vejo reparos no lançamento. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10166.724254/201220 Acórdão n.º 2402005.978 S2C4T2 Fl. 5 7 No que tange à multa de ofício, aplicada, frisese, no patamar mínimo de 75%, cumpre destacar que sua previsão legal encontra assento no artigo 44 da Lei 9.430/96, de aplicação obrigatória pela autoridade lançadora, independentemente da intenção do sujeito passivo quando da prática da infração à legislação tributária, a teor dos artigos 136 e 142, ambos do CTN. Forte no exposto, VOTO por CONHECER do recurso apresentado, REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 161DF CARF MF
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