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Numero do processo: 10830.912123/2012-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 28/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.837
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 21 23 /2 01 2- 18 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.864, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912123/201218 Acórdão n.º 3301003.837 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 198DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.908046/2011-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.940
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Florianópolis/SC que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado na Declaração de Compensação já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí a não homologação da compensação declarada. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 83 .9 08 04 6/ 20 11 -9 2 Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Florianópolis/SC, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito, dada a ausência de retificação tempestiva da DCTF. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito tributário postulado e requerendo a integral homologação da compensação declarada, tendose em conta o princípio da verdade material que exige o aprofundamento da investigação dos fatos por parte da Fiscalização, em face do conjunto probatório por ele produzido. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201000.905, de 29/06/2017, proferido no julgamento do processo 10530.904837/201156, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201000.905): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 5 4 Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10183.908046/201192 Resolução nº 3201000.940 S3C2T1 Fl. 6 5 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, balancete e/ou razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, apurando os valores do débito e do crédito existentes na data de transmissão do PER/DCOMP, consignandoos em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 107DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.932718/2009-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004
INTEMPESTIVIDADE.
É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de
tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 3302-004.583
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Prado que declarava a nulidade da decisão recorrida. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 INTEMPESTIVIDADE. É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Prado que declarava a nulidade da decisão recorrida. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Lenisa Prado - Relatora (assinatura digital) Walker Araújo - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 09 80 .9 32 71 8/ 20 09 -7 1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária julho de 2017 Processo Administrativo Fiscal Processo Administrativo Fiscal VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 115DF CARF MF 2 de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Nunes e Lenisa Prado. Relatório A questão tem início em Declaração de Compensação1 em que se objetivava quitar débitos tributários utilizando-se de créditos de COFINS. A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação foi que: "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Em decorrência da não homologação, as autoridades competentes formalizaram a cobrança dos valores indicados na DCOMP, acrescidos ainda de multa e juros. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, oportunidade n qual alega que a decretação de inexistência do crédito se deu porque não foram apresentadas as retificadoras das DCTFs, DIPJs e DACONs, que se prestariam a notificar as autoridades sobre o recolhimento à maior realizado. Na manifestação de inconformidade a contribuinte informa que ao solicitar a Certidão Negativa de Débitos foi surpreendida com a informação sobre a existência de um novo processo administrativo fiscal2, onde foi lavrada a exigência do exato valor que constava no despacho decisório, e que teria como documento de origem a mesma DCOMP motivadora do processo cuja cobrança acreditava que tivesse sido baixada. A contribuinte esclareceu, ainda, que apresentou manifestação de inconformidade naqueles autos, requerendo que os processos fossem unificados, posto que tratam sobre os mesmos fatos, e que fossem apreciadas as razões que fundamentam a existência de seu direito ao crédito, que é, essencialmente, a inconstitucionalidade da inclusão do valor do ICMS na base de cálculo da COFINS. Noticia, também, que procedeu à retificação dos DCTF, DACON e DIPJ relativamente ao período de apuração em debate, indicando o valor do ICMS que deveria ser destacado da base de cálculo da COFINS, o que geraria o saldo credor a seu favor a ser utilizado na compensação declarada. A instância de origem julgou improcedente a manifestação de inconformidade acima descrita, em acórdão que resultou na seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal 1 DCOMP n. 40489.52614.201107.1.3.04-1793, que indica a existência de crédito de R$ 12.634,31, que seria advindo de pagamento indevido ou a maior de COFINS, e cujo DARF tem as seguintes características: (a) COFINS (código 5856); (b) período de apuração: agosto/2004; (c) valor total do DARF: R$ 32.625,49, (d) data de arrecadação: 15/09/2004. 2 Autuado sob o número 10980.935632/2009-08. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 116 3 Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 PRAZO PARA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. TERMO DE INÍCIO. A manifestação de inconformidade deve ser apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da ciência do procedimento a ser contestado. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. ARGÜIÇÃO DE TEMPESTIVIDADE. EFEITOS. A manifestação de inconformidade intempestiva somente instaura a fase litigiosa se a preliminar de tempestividade for suscitada e acatada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Outros Valores Controlados Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Lenisa Rodrigues Prado A contribuinte foi intimada sobre o acórdão proferido no julgamento da manifestação de inconformidade em 09/10/2014 (Aviso de Recebimento postal acostado à folha 88 dos autos eletrônicos) e interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário sob julgamento em 27/10/2014 (Termo de Análise de Solicitação de Juntada de fl. 89). Presentes os requisitos extrínsecos do apelo, é de rigor a sua apreciação. 1. SOBRE OS FATOS. A contribuinte ora recorrente esclarece que após ter conhecido os termos do despacho decisório que não homologou a compensação declarada, realizou as retificações das DCTFs, DIPJs e DACONs, fazendo demonstrar a existência do saldo credor e, por esse motivo, o suposto débito constante do despacho decisório foi automaticamente baixado dos sistemas de cobrança da Receita Federal do Brasil. Por esse motivo, a contribuinte considerou ser desnecessária a interposição de qualquer medida defensiva, já que "se não havia cobrança, inexistiam razões para a insurgência através de manifestação de inconformidade". Todavia, ao solicitar a Certidão Negativa de Débitos, deparou-se com novo processo administrativo fiscal3, em que é exigido exatamente o mesmo valor indicado na compensação declarada, e que tal cobrança tem origem no mesmo PER/DCOMP que originou o processo de cobrança que reputava-se baixada. Esclarece, ainda, que: 3 Autuado sob o número 10980.935632/2009-08. Fl. 117DF CARF MF 4 "neste mesmo processo, havia informação eletrônica que o mesmo se encontrava 'AGUARDANDO PAGAMENTO/MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE', muito embora, nesse novo processo, não tivesse sido prolatado qualquer despacho a ensejar a defesa cabível, nem mesmo a Recorrente foi intimada de qualquer decisão referente ao processo em comento". Confirma que apresentou a manifestação de inconformidade 14 (quatorze) dias após tomar conhecimento sobre a existência do Processo Administrativo n. 10980.935632/2009-08 e, confiante que a espontânea e tempestiva apresentação do documento lhe concederia o efeito suspensivo previsto no artigo 151, III, art. 74, §§ 2º, 9º e 11 da Lei n. 9.430/96, e art. 66, § 5º da IN 900/2008 da SRF, requereu novamente a CND. A resposta ao pedido de expedição da certidão trouxe a informação que a exigência lavrada nos autos do indigitado processo fiscal evoluiu do andamento de "aguardando pagamento e/ou manifestação de inconformidade" para "saldo devedor constituído". Diante da cobrança em duplicidade, a contribuinte esclarece que confrontou a autoridade fiscal em Curitiba/PR sobre o equívoco, mas não obteve nenhuma resposta sobre os motivos que justificariam a existência de dois processos que versam sobre o mesmo fato. Por esse motivo impetrou o Mandado de Segurança n. 5005529- 63.2010.404.7000, este distribuído para a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, em que requer a devolução e preservação do seu direito ao contraditório e ampla defesa, bem como a fruição de todos os trâmites legais aplicáveis ao processo administrativo fiscal. A liminar requerida no writ foi concedida nos seguintes termos: "Ante o exposto, defiro a liminar para declarar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários da impetrante objeto das PER/DCOMP constantes dos documentos INF2 e INF3 (evento 8) até a decisão final administrativa a ser proferida, seja na revisão de ofício, seja em ulterior recurso voluntário eventualmente interposto pela impetrante". Sobreveio documento denominado "Informação Fiscal4", que mantém o despacho decisório eletrônico anteriormente proferido. A recorrente afirma que este documento não é previsto no ordenamento vigente (Decreto n. 70.235/1972 e IN 900/2008) mas, diante das peculiaridades do caso em concreto, é considerado uma espécie de decisão administrativa que julga improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, o que ensejou a primeira interposição do recurso voluntário5. A contribuinte se insurge contra o acórdão ora recorrido pois teratológico e paradoxal, já que: "(a) desconsidera, por completo, a existência de uma Decisão Judicial sobre a questão proferida, à época, em sede liminar, nos autos 5005529-63.2010.404.7000, a qual posteriormente foi confirmada por sentença e por remessa de ofício ao TRF4, tendo transitado em julgado em 08/11/2011, ou seja, anteriormente à decisão ora recorrida; (b) desconsidera, também, o conteúdo do Recurso Voluntário anteriormente interposto, uma vez que o mesmo não foi 4 Folhas 22 a 28 dos autos eletrônicos. 5 Folhas 30 a 46 dos autos eletrônicos. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 117 5 devidamente encaminhado ao CARF, o que era um dever da Autoridade responsável pelo recebimento e processamento do referido recurso". 2. SOBRE O DIREITO AO CRÉDITO. INCONSTITUCIONALIDADE DA INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. A recorrente apresenta, ainda, suas razões quanto ao direito a compensação, já que o saldo credor decorre da inconstitucionalidade da inserção do ICMS na base de cálculo das contribuições. Informa que os precedentes que resultaram na edição do verbete n. 94 da Súmula/STJ não desenvolveram qualquer debate mais elaborado sobre tema, sendo todos arrimados em julgados do extinto Tribunal Federal de Recursos, colegiado que majoritariamente reconhecia a inclusão da parcela relativa ao ICM na base de cálculo da COFINS, estendendo-se, por analogia, a inclusão deste tributo ao Finsocial. Argumenta que o inciso I do art. 195 da Constituição Federal - antes da edição da Emenda Constitucional n. 20/1998 - autorizava a instituição de uma contribuição social sobre o "faturamento". Para o recorrente, a definição de faturamento corresponde ao "somatório dos produtos de venda ou de atividades concluídas num dado período e deve representar o total das receitas decorrentes da atividade econômica geral da empresa". Noticia que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário n. 240.7856, declarou a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS ( e, por extensão de raciocínio, também do PIS). E, com base nesse recente precedente, a recorrente requer a confirmação de seu direito creditório. De modo a confirmar a liquidez do crédito que alega possuir, a recorrente esclarece que indicou como parcela creditória aquela que estritamente corresponde a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS. Para tanto "atualizou dito valor pela SELIC, o que fez com que o mesmo perfizesse, na data da compensação" o valor indicado na DCOMP. E conclui que "é líquido e certo o montante do crédito apurado, sendo legítimo o direito da Recorrente proceder à sua compensação, conforme ocorrido, no presente processo". 3. SOBRE A DECISÃO JUDICIAL E O ACÓRDÃO RECORRIDO Está acostada aos autos a decisão7 proferida em liminar no Mandado de Segurança n. 5005529-63.2010.404.700/PR (fls. 53/56) de onde se extrai: "2. Da leitura das alegações da inicial e das informações verifico que houve um descompasso no procedimento das partes quanto às compensações lançadas no sistema da Receita Federal. A impetrante após ter recebido os despachos decisórios prolatados nos processos administrativos procedeu à sua retificação e ao verificar no sistema fiscal a mudança de status 6 Julgamento finalizado em 08/10/2014. 7 Decisão proferida em 10/06/2010. Fl. 119DF CARF MF 6 dos despachos entendeu que não haviam mais pendências, ou seja, que as retificações tinham sido acolhidas. Somente tomando conhecimento das pendências com o pedido de Certidão Negativa de Débito. A autoridade impetrada, por sua vez, esclareceu nas informações que: 'em 7 de Outubro de 2009, foram emitidos doze despachos decisórios eletrônicos, tendo por objeto declarações de compensações formalizadas pela impetrante, igualmente em meio eletrônico. Todavia, devido a problemas com os Correios, que não nos encaminharam os arquivos eletrônicos com as imagens dos correspondentes avisos de recebimento, este órgão, entendendo que as intimações anteriormente enviadas, por falta do comprovante de recebimento, não teriam se aperfeiçoado, decidiu repetir a ciência dos aludidos despachos, por via de edital, afixado nas dependências deste órgão em 27 de fevereiro próximo passado. Nesse momento, ao repetir a ciência dos aludidos despachos, considerando que a intimação anterior não se havia aperfeiçoado, a Receita Federal retirou temporariamente os débitos do relatório - fato que a impetrante reputou às retificações das DCTF, levando-a a crer que as compensações pretendidas teriam sido aceitas- até que se pudessem considerar as intimações efetivamente realizadas. Quinze dias depois de afixado o edital, conforme estabelecido no art. 23, § 2º, IV do Decreto n. 70.235/1972, este órgão deu, enfim, por intimados os contribuintes ali relacionados, voltando os aludidos débitos a figurar nos sistemas da Receita Federal. Trinta dias depois disso, em não havendo apresentação de recurso, os aludidos débitos retornaram à condição de exigíveis. Assim, quando a impetrante aqui compareceu, em 22 de Abril próximo passado, já se havia escoado o prazo a que se aludiu acima, de sorte que seus recursos foram considerados, todos, intempestivos. Nessa perspectiva, não fazendo jus ao rito específico previsto no art. 74, §§ 2º, 9º a 11 da Lei n. 9.430/1996, tais 'recursos' não inauguram o contencioso fiscal e, por falta de previsão legal, não suspendem a exigibilidade do crédito tributário" Da leitura dos esclarecimentos prestados pela autoridade fiscal resta claro que o contribuinte foi erroneamente induzido a acreditar que as retificações por ele apresentadas foram acolhidas, já que foram retiradas dos sistemas as informações sobre pendências fiscais. Por outro lado, a autoridade fiscal não confirmou a ciência da contribuinte sobre os despachos decisórios enviados pelos Correios, já que os Avisos de Recebimento não foram devolvidos a remetente, o que ensejou a realização da intimação na modalidade editalícia, resultando na abertura de um novo prazo para manifestação e no lançamento em duplicidade dos débitos tributários. E o imbróglio que permeia os fatos do processo sob julgamento foi considerado justificável pelo Ministério Público Federal, no parecer ofertado ao mandado de segurança já mencionado: "Assim, restou demonstrado que a impetrante tinha interesse em interpor o aludido recurso e que o fato dele ter sido interposto intempestivamente deveu-se a um erro escusável, uma vez que é compreensível a sua interpretação da retirada do sistema das pendências fiscais como acolhimento das suas retificações. Desta forma, verifica-se que a impetrante agiu de boa fé, sem Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 118 7 evidência alguma de desídia, má-fé ou intenção de fraude, de modo que tem direito ao efeito suspensivo nas suas manifestações de inconformidade". A sentença (que transitou em julgado em seus próprios termos) determina que as manifestações de inconformidade sejam analisadas pela autoridade fiscal, já que a própria "Administração retirou do sistema as pendências fiscais, permitindo à impetrante a conclusão de encontrar-se regular sua situação perante o Fisco"8. No entanto o acórdão recorrido não cumpre o que determinou a decisão judicial de forma satisfatória. O Colegiado limitou-se a conjecturar sobre a (in)tempestividade da manifestação do contribuinte. Abordou, desnecessariamente, a questão sobre a duplicidade de cobrança, o que não foi objeto da manifestação de inconformidade. A decisão tomada pela instância de origem é omissa em relação a relevantes argumentos defendidos pela contribuinte, já que não abordou (i) a alegada inconstitucionalidade da inclusão do valor do ICMS na composição da base de cálculo da COFINS; foi omissa sobre (ii) a existência das declarações retificadoras de DCTF, DACON e DIPJ, e quedou-se silente sobre (iii) a planilha acostada a petição, em que se demonstra que o valor tido por saldo credor da compensação pretendida é, estritamente, o valor do ICMS questionado. Assim, diante das omissões constatadas, voto por decretar a nulidade do acórdão recorrido, para que novo julgamento seja realizado, de modo a garantir o direito a ampla defesa e contraditório constitucionalmente deferidos aos contribuintes. Lenisa Rodrigues Prado - Relatora 8 Sentença proferida em 1º/04/2011 e disponível no sítio eletrônico do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Registre-se que a sentença, que deu parcial provimento ao mérito do mandado de segurança, mantendo a decisão proferida em sede de liminar, foi objeto de apelação interposta pela União Federal, que restou improvida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Esse processo já está arquivado. Voto Vencedor Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Com efeito, a decisão de piso deixou de apreciar os argumentos apresentados pela Recorrente em sede de manifestação de inconformidade por considerar: Fl. 121DF CARF MF 8 i) intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo, nos termos do artigo 15, do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 19729 c/c §2º, do artigo 56, da Lei nº. 7574/201110; e ii) que a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529- 63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade ofertada pela Recorrente, limitou-se somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida, seja na revisão de ofício, seja em ulterior recurso voluntário eventualmente interposto pela impetrante. Neste contexto, entendo inexistir omissão no julgamento de primeira instância e desrespeito aos princípios do contraditório e ampla da defesa, posto que diante da apresentação de defesa fora do prazo previsto nas normas anteriormente citada, não houve instauração de fase litigiosa, afastando, assim, o dever/obrigação da autoridade julgadora analisar os argumentos suscitados pelo contribuinte. Não bastasse isso, e ao contrário do que restou defendido neste processo, a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529-63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade, limitou-se somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida. Portanto, entendo não ser o caso de nulidade do julgamento de primeira instância, considerando que o julgadores aplicaram ao presente caso as determinações contidas no Decreto 70.235/72 e na Lei nº 7.574/2011. 9 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. 10 Art. 56. A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 14 e 15). (...) § 2o Eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade, como preliminar. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 119 9 Diante do exposto, considerando que não houve instauração da fase litigiosa do procedimento administrativo, por intempestividade da manifestação de inconformidade, voto por não conhecer do recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Redator Designado Fl. 123DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.928466/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005
COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ.
A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo.
Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72).
Recurso voluntário parcialmente provido.
Aguardando nova decisão.
Numero da decisão: 3402-004.377
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005 COFINS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72). Recurso voluntário parcialmente provido. Aguardando nova decisão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DUPLO GRAU. NOVO JULGAMENTO PELA DRJ. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e crédito nela declarados. A sua apresentação após a não homologação de compensação, por ausência de saldo de créditos na DCTF original, tem como consequência a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Contudo, havendo no decorrer do processo tal verificação por parte autoridade fiscal de origem, que por sua vez gerou o devido direito à nova manifestação de inconformidade pelo sujeito passivo, cumpre devolver os autos para julgamento da Delegacia da Receita Federal competente, evitando a supressão de instância no processo administrativo (artigo 60 do Decreto 70.235/72). Recurso voluntário parcialmente provido. Aguardando nova decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Acompanhou o julgamento o patrono da recorrente, o Dr. Valter Tremarin Júnior, OAB/RS 73.247. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 84 66 /2 00 9- 91 Fl. 693DF CARF MF 2 (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (Assinado com certificado digital) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório O presente Processo Administrativo foi objeto da Resolução n. 3402000.275 depois de sua chegada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”). Dessa forma, o caso já foi bem relatado pelo Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, antes de ser a mim redistribuído pelo fato de a Relator originário não mais integrar nenhum dos Colegiados da 3ª Seção. Desta feita, peço licença para tomar emprestadas as suas palavras sobre o histórico do processo: Tratase de processo de restituição/compensação em que o contribuinte teve seu pedido de indébito negado por despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o crédito financeiro alegado como pagamento indevido foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Na manifestação de inconformidade, o recorrente alega que houve erro no preenchimento da DCTF e que esse erro já foi resolvido por meio de uma declaração retificadora. Nesta linha, afirma que possui direito à restituição de tributos, gerado por pagamentos indevidos e que as comprovações destes indébitos encontramse espelhadas nas retificações feitas nas DCTF. A DRJ de Porto Alegre julgou improcedente a manifestação de inconformidade sob o fundamento de que a restituição de indébito fiscal está condicionada à comprovação da certeza e liquidez do respectivo indébito. Que a simples entrega de DCTF retificadora sem qualquer explicação a respeito da divergência na apuração do débito, não é elemento suficiente para comprovar o indébito apontado. Assim, a liquidez do direito há de ser comprovada pela demonstração do quantum recolhido indevidamente, através da comprovação das bases de cálculo sobre as quais ocorreram os fatos geradores e o efetivo valor devido. Por fim assevera que...também é assente na doutrina que direito líquido e certo é aquele cujos aspectos de fato possam comprovarse documentalmente. Fl. 694DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 112 3 Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpõe recurso voluntário ao CARF, cujo teor, em síntese é o que se segue: A Recorrente identificou em sua contabilidade que parte de suas receitas decorriam de contratos de fornecimento a preço predeterminado, assinados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo de duração superior a um ano ( contratos de Compra e Venda de Energia Elétrica), receitas estas que estão submetidas sistemática de cobrança cumulativa do pagamento da COFINS, nos moldes da Lei n° 9.718/98, por força do que dispõe o artigo 10, inciso XI, alínea b, da Lei n° 10.833/2003. Além disso, vinha a Recorrente considerando como fato gerador da COFINS a efetiva emissão do documento fiscal, ocorrida sempre no primeiro dia do mês subsequente ao reconhecimento de suas receitas, reconhecimento este efetuado por competência. Considerando que o fato gerador não é a emissão física do documento representativo da receita, mas sim o seu reconhecimento quando de sua efetiva realização contábil (reconhecimento por competência), a Recorrente corrigiu também este equivoco, antecipando em um mês, para fins de cálculo retificador, as receitas anteriormente consideradas na base de cálculo das contribuições. Dessa forma, a Recorrente, verificando os equívocos por ela cometidos quando da apuração da COFINS, procedeu a retificação de seu cálculo, submetendo as receitas decorrentes de contratos de fornecimento a preço predeterminado, assinados anteriormente a 31 de outubro de 2003, anteriormente consideradas no regime não cumulativo da Cofins, ao regime cumulativo desse tributo, e considerando tais receitas como auferidas no mês anterior a emissão do documento fiscal. Em razão da diferença entre os valores e a alíquota aplicada da COFINS cumulativa (3%) para a alíquota da COFINS nãocumulativa (7,6%), resultou uma diferença a crédito para Recorrente. Essas são as razões jurídicas que embasam o pedido do recorrente. Com essas causas de pedir recursais, requer a procedência de seu pedido para fins de: a) Homologar integralmente a compensação apresentada nos autos; ou b) Determinar a realização de diligência; ou ainda c) Anular a decisão da DRJ Em julgamento datado de 31 de agosto de 2011 (Resolução n. 3402000.275), a 2ª Turma da 4ª Câmara por expressamente entender equivocado o procedimento adotado pela DRF e a solução dada pela DRJ, além de ponderar que os documentos trazidos aos autos Fl. 695DF CARF MF 4 podem sugerir a mutação de regime de apuração da exação e erro na aplicação do regime de competência determinou a conversão do julgamento em diligência, nos seguintes termos: Voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem verifique: a) Quais foram os contratos de compra e venda de energia elétrica firmados antes de 31/10/2003 e qual a receita auferida na execução destes contratos; b) Se todos os contratos firmados antes de 31/10/2003 tinham prazo de vigência superior a 1 (um) ano; c) Se o preço foi predeterminado; d) Quando houve a primeira alteração de preço decorrente da aplicação de cláusula contratual de reajuste periódico ou não; e) Quando houve a primeira alteração de preço decorrente da aplicação de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico/financeiro do contrato, nos termos dos artigos 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; f) Se houve reajuste de preço, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou a variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 12 do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995; e g) Se houve equívoco na apuração da exação quando da apuração da base de cálculo da exação pelo regime de competência. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência à contribuinte, abrindolhe o prazo de trinta dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito. As respostas pela repartição fiscal de origem foram apresentadas em fls 562 a 573, concluindo que, apesar de não terem sido apresentados alguns documentos requeridos à Recorrente, localizou os pagamentos em questão no sistema da Receita Federal. Suas considerações conclusivas foram que: Com base no entendimento da Solução de Consulta nº 228, de 14/12/2009, acima exposto, verificase que as receitas auferidas no mês de junho de 2005, no total de R$ 4.889.638,25, na execução dos contratos CERCO/2002 211, CERCO/2002 212, CERPA/2002 209 e CERPI/2002 210, de 17/10/2002, e CER CEEE, de 11/11/2002, foram equivocadamente reconhecidas como Receita da Venda no Mercado Interno no regime não cumulativo, na Dacon retificadora do 2º Trimestre de 2005, de nº 0000100200800010811, tendo em vista que nos reajustes nos percentuais de 14%, 12%, 14%, 12% e 31%, respectivamente, dos preços dos Valores de Referência ²VR² mensais inicialmente contratados em relação a cada MWh de energia, foram computas as variações do índice IGPM, descaracterizando o preço predeterminado previsto no artigo 10 da Lei nº 10.833/2003. Fl. 696DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 113 5 Por sua vez, a Recorrente foi intimada do resultado da diligência, apresentando manifestação de fls 575 a 597, pela qual reforça que a própria autoridade fiscalizadora confirmou suas alegações de defesa e requer, novamente, o provimento de seu recurso voluntário, pois, no seu entendimento: i) a Fiscalização deveria ter comprovado que os reajustes dos preços dos Contratos foram superiores aos custo de produção da Requerente ii) da impossibilidade de retirar dos contratos firmados pela Requerente a característica de serem a preço predeterminado, uma vez que o mero reajuste de preço não seria condição suficiente para descaracterizar o preço predeterminado, conforme dispõe o artigo 3º, §3º da IN 658/2006 (o reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados não descaracteriza o preço predeterminado) iii) Contrato CERCEED, foi celebrado para harmonizar o conceito de valor de referência (VR) com o conceito de valor normativo (VN), estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, Nota Técnica 23/2003). Assim, os reajustes promovido configuram mera alteração nominal no preço. Não configurariam, dessarte, reajuste do preço contratado, mas sim mera recomposição do valor da moeda. iv) Sobre os Contratos CERCEEED, CERCO/2002 211, CERCO/2002 212, CER PA/2002 209 e CERPI/2002 210, lembra quea Lei n. 10.833/2003 não definiu o que seria “preço predeterminado”. Assim, por força do que determina o artigo 109 do CTN, deve ser observado o artigo 487 do Código Civil e, por conseguinte, convalidado que as partes podem contratar preço em função de índices, desde que estes sejam suscetíveis de determinação. Ou seja, a existência de cláusula que preveja índice determinado de reajuste de preço não retira sua característica de contato de preço (pre)determinado; v) o artigo 109 da Lei n. 11.196/2005, com aplicação retroativa a 1º de novembro de 2003 (cf artigo 106, inciso I do CTN, por tratarse de lei meramente interpretativa), esclareceu que o reajuste de preço não pode ser considerado para fins de descaracterização de preço predeterminado a que se refere o artigo 10, inciso XI, alíneas “b” e “c” da Lei n. 10.833/2003. Ademais, o artigo 109 da Lei 11.196/2005, conjuntamente lido com o artigo 27, parágrafo único 1º, incido II da Lei n. 9.069/1995, levam à conclusão de que o contrato que tenha seu preço reajustado em função do custo de produção ou da variação de índica que reflita a variação ponderado dos custos dos insumos utilizados não perde a característica de contrato a preço predeterminado. O IGMP constitui índice que reflete adequadamente a evolução dos preços das atividades produtivas, portanto enquadrandose nos dispositivos anteriormente citados, exatamente como expôs a Nota Técnica n. 224/2006 SFF/ANEEL e o Ofício n. 1.431/2006SFF/ANEEL vi) subsidiariamente, a Fiscalização deveria ter comprovado que os reajustes pelo IGPM superaram o percentual correspondente ao acréscimo dos custos de produção. Posteriormente, a Recorrente apresentou laudo formulado por auditoria independente a respeito da composição do preço predeterminado dos contratos acostados aos autos, razão pela qual, em 26 de maio de 2017, tendo em vista o conteúdo do artigo 10 do Fl. 697DF CARF MF 6 Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015),1 propus a abertura de vista à Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), para que se manifeste acerca do documento apresentado pela Recorrente, medida imperativa para submeter a documentação ao contraditório, tornandose então prova capaz de legitimamente influenciar o julgamento do caso. A manifestação da PFN veio ao processo em fls 628 a 638, no seguinte sentido: Concluise, portanto, à vista dos argumentos acima expostos, que, de todo modo, o pleito do contribuinte deve ser rechaçado: a) seja para encampar a conclusão exarada pela DRJ de origem, com base nos fundamentos ali expostos, ou seja, de que o fato de o contribuinte ter, posteriormente à ciência do Despacho Decisório, tratado de retificar formalmente a DCTF não tem o efeito de convalidar retroativamente a compensação instrumentada por DCOMP pois a existência do indébito só se aperfeiçoou depois. A razão pela qual não se pode acatar esta retroação de efeitos está associada ao fato de que como a apresentação da DCOMP serve à extinção imediata do débito do sujeito passivo (nos mesmos termos de um pagamento), só pode ela ser efetuada com base em créditos contra a Fazenda Nacional líquidos e certos (como o comanda o artigo 170 do Código Tributário Nacional). Nesse contexto, créditos relativos a valores confessados e não retificados antes de qualquer procedimento de ofício não têm existência jurídica válida (em termos tanto de liquidez quanto de certeza), em razão dos efeitos legais atribuídos à DCTF; b) seja para, não acatado o posicionamento acima, diante da análise da PER/DCOMP com base na DCTF retificada após proferido despachodecisório que não homologou a compensação (cuja possibilidade se admite apenas para argumentar), determinar o retorno dos autos à unidade de origem para verificar a liquidez, certeza, suficiência e legalidade da compensação pleiteada, de forma a apreciar os argumentos e elementos probatórios coligidos ao feito pelo interessado, dando concretude aos princípios do contraditório e da ampla defesa, sem suprimir instâncias. É o relatório. 1 Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Voto Conselheira Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 698DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 114 7 Os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário já foram anteriormente reconhecidos por este Conselho, de modo que passo a apreciação do mérito. Como se depreende do relato acima, o presente processo, oriundo de pedido de restituição, tem como arcabouço jurídico a questão do preço predeterminado dos contratos acostados aos autos pela Recorrente e sua implicação quanto à (não)cumulatividade da Contribuição ao PIS e da COFINS. Nesse tipo de processo discutese a capacidade do índice de correção aplicado aos contratos de longo prazo alterar o preço predeterminado dos mesmos, e foi nesse sentido que caminhou a defesa da Recorrente depois do julgamento a quo, no intuito de demonstrar a legitimidade do crédito pleiteado. Todavia, tal questão de fundo não pode ser objeto de análise neste momento processual. Isto porque o despacho decisório (fls 7) resumiu a não homologação do crédito ao fato de que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP." Daí que a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte limitouse a, em uma lauda, informar que "comprova a existência do crédito compensado através de retificação da DCTF do período." Por conseguinte, o julgamento da DRJ negou provimento à manifestação de inconformidade por entender que a retificação ou o cancelamento, para fins de comprovação do direito creditório, só poderiam ser adotados pela empresa em uma situação de espontaneidade, nunca após o despacho decisório. Assim, a lide foi demarcada unicamente com relação a este ponto, e não com relação a qualquer outra qualidade do crédito, decorrente de indébito tributário, pleiteado. Pois bem. Com relação aos efeitos da DCTF retificadora, o artigo 18 da Medida Provisória n o 2.18949, de 23 de agosto de 2001,2 dispôs que a DCTF retificadora tem os mesmos efeitos da original. Disciplinando tal regra, a Instrução Normativa n. 903, de 30 de dezembro de 2008, vigente à época dos fatos e cujo regramento foi sistematicamente reproduzido nos atos normativos que lhe sucederam , em seu artigo 11, colocava que: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. 2 Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá as hipóteses de admissibilidade e os procedimentos aplicáveis à retificação de declaração. Fl. 699DF CARF MF 8 § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. No presente caso, o procedimento eletrônico de não homologação referiuse à PERD/COMP e à não localização de créditos suficientes. Ocorre que, como determinam as normas acima transcritas, somente não seriam admitidas para alterar o crédito declarado as DCTF retificadoras relativas a tributos cuja cobrança tenha sido enviada à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ou que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. Ou seja, mesmo após de proferido o despacho decisório, como aqui ocorreu, é possível que a DCTF retificadora tenha seus plenos efeitos de substituir a original. Portanto, o despacho que não homologou a compensação não impedia a DCTF retificadora, que, por sua vez, substituiu completamente a original. Assim, a DCTF retificadora apresentada in casu tem o condão de alterar a situação jurídica anteriormente constatada pelo despacho decisório, o que naturalmente leva à necessidade de o crédito pleiteado pela ora Recorrente ser analisado pela autoridade fiscal de origem com base nessa nova informação, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que poderia ser denegada a compensação. É nesse sentido que tem decidido a pacífica jurisprudência do CARF, como se depreende das ementas dos Acórdãos colacionadas abaixo: Ementa: APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS DESPACHO HOMOLOGATÓRIO POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO. A declaração retificadora possui a mesma natureza e substitui integralmente a declaração retificada. Descaracterizadas às hipóteses em que a retificadora não produz efeitos. 1. Saldos enviados à PGFN para inscrição em DAU. 2. Valores apurados em procedimentos de auditoria interna já enviados a PGFN. 3. Intimação de início de procedimento fiscal. Recurso Conhecido e parcialmente provido. (Acórdão 3201 001.237) Retorno dos autos a unidade de jurisdição para apuração do crédito.” CPMF. COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua Fl. 700DF CARF MF Processo nº 11080.928466/200991 Acórdão n.º 3402004.377 S3C4T2 Fl. 115 9 apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte (Acórdão 330201.727) Ementa: COMPENSAÇÃO. FORMALISMO MODERADO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO. A prévia retificação da DCTF não é condição sine qua non para a análise de declarações de compensação de indébitos tributários por pagamentos aplicados em débitos confessados, em face da alegação de erro na declaração. Recurso Voluntário Provido. Aguardando Nova Decisão (Acórdão 380302.683) Ocorre que em razão dos procedimentos adotados especificamente no bojo deste processo administrativo, a providência que deve ser tomada é outra. Explico. Repisando o histórico processual, vemos que o Relator que me precedeu entendeu por bem baixar o processo em diligência, o que culminou na análise pela autoridade fiscal de origem sobre a certeza e liquidez dos créditos em discussão (fls 562 a 573). Ou seja, foi já suprida tal necessidade de averiguação pela DRF in casu. Igualmente foi satisfeito o direito da Contribuinte de apresentar nova Manifestação de inconformidade (fls 575 a 597), com relação às considerações trazidas pela autoridade fiscal. Assim, não houve prejuízo ao contraditório e à ampla defesa até então, de modo que mandar que estes atos fossem refeitos significaria desproposita afronta à eficiência e à celeridade processual. Entretanto, esses novos contornos da lide não foram apreciados pela DRJ, já que foram diretamente enviados a este Conselho após o cumprimento da citada diligência. Essa situação não pode ser convalidada no processo administrativo fiscal, sob pena supressão de instância e ofensa ao duplo grau de jurisdição administrativa. Afinal, a ausência de análise do caso pela DRJ nesse contexto ocasiona cerceamento do direito de defesa no processo administrativo e caso fosse proferido julgamento inaugural da matéria (contrato por preço prédeterminado, sua correção monetária e implicações no regime de apuração da COFINS) por este Conselho, estaríamos atuando como instância única. Tal situação não é permitida pelo sistema jurídico, uma vez que o artigo 5º, inciso LV da Constituição confere aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Cumpre destacar a lição de James Marins3 sobre o tema: Não podem, União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, instituir no âmbito de sua competência, a denominada “instância única” para o julgamento das lides tributárias 3 Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). São Paulo: Dialética, 2010 5ª ed. Fl. 701DF CARF MF 10 deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e consequente imprestabilidade do sistema administrativo processual que, por falta de tal requisito constitucional de validade, não servirá para aperfeiçoar a pretensão fiscal impugnada, remanescendo carente de exigibilidade. É por essa razão que, uma vez superada a questão da DCTF retificadora, os créditos pleiteados já tendo sido avaliados pela autoridade fiscal certificadora e objeto de nova manifestação de inconformidade pela Contribuinte, os autos devem agora ensejar apreciação pela DRJ, porque a lide foi reformulada no decorrer do processo administrativo, dado ao princípio do formalismo moderado que impera nesta seara. Saliento que não se trata de nulidade do Acórdão a quo, que julgou a lide conforme apresentada naquele momento processual. Dessarte, não é o caso de aplicação do artigo 59 do Decreto 70.235/72, mas sim de dar cumprimento ao artigo 60 do mesmo diploma normativo,4 quando determina que irregularidades verificadas no processo devem ser sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo. Dispositivo Diante do exposto, voto por i) dar provimento parcial ao recurso voluntário tão somente quanto ao direito de se valer da DCTF retificadora para o pleito dos créditos; ii) determinar a remessa dos autos para a DRJ de Porto Alegre, para que nova decisão seja proferida, levando em consideração agora os fundamentos da Fiscalização a respeito do crédito pleiteado no Relatório Fiscal de Diligência (fls 562 a 573) e a subsequente manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte (fls 575 a 597), além dos demais elementos de prova constantes dos presentes autos. Relatora Thais De Laurentiis Galkowicz 4 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 702DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.006995/2008-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
CPMF. IMUNIDADE. ENTIDADE BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEGITIMIDADE DE EXIGÊNCIA DO CEBAS.
Conforme decisão do STF na ADI 2028, é legítima a exigência do CEBAS para fins de aplicação da imunidade quanto à CPMF.
DECADÊNCIA. SÚMULA STJ Nº 555.
Ausente declaração do débito, o prazo decadencial computa-se nos termos do art. 173 do CTN, conforme Súmula STJ nº 555.
Numero da decisão: 3201-002.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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IMUNIDADE. ENTIDADE BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. LEGITIMIDADE DE EXIGÊNCIA DO CEBAS. Conforme decisão do STF na ADI 2028, é legítima a exigência do CEBAS para fins de aplicação da imunidade quanto à CPMF. DECADÊNCIA. SÚMULA STJ Nº 555. Ausente declaração do débito, o prazo decadencial computase nos termos do art. 173 do CTN, conforme Súmula STJ nº 555. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Avila. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 69 95 /2 00 8- 12 Fl. 609DF CARF MF 2 Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 0354.939, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), que assim relatou o feito: Tratase de auto de infração lavrado contra a pessoa jurídica ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL, para exigir Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão Financeira CPMF, referente aos anoscalendário de 2003 a 2005, no valor total de R$ 188.067,69. No referido lançamento, a autoridade fiscal imputou à contribuinte a prática de falta de recolhimento da CPMF, referentes aos fatos geradores relativos aos anoscalendário de 2003 a 2005. Por ser o presente feito originário de processo ainda elaborado em meio físico (papel), adotarei, para fins de localização de documentos citados, a numeração originária, inserida no processo físico digitalizado, situação que não se aplicará ao presente Acórdão, o qual adotará a numeração sequencial do Eprocesso (digital). I. DO PROCEDIMENTO FISCAL Segundo a agente fiscal, a contribuinte é constituída na forma de uma sociedade civil de fins assistenciais e não lucrativos, com características de uma agremiação desportiva, social, cultural e recreativa, reconhecida como de utilidade pública pela lei estadual n° 9.998, de 05 de dezembro de 1975, e se beneficiava da isenção relativa às Contribuições da Seguridade Social, com a alegação de tratarse de uma entidade beneficente de assistência social. Destacou a autoridade fiscal que para a contribuinte usufruir do benefício constitucional estabelecido no artigo 195, § 7°, da Constituição Federal, que trata das Contribuições para a Seguridade Social, exigências devem ser cumpridas, pois a isenção em questão está condicionada a que os beneficiários atendam às exigências estabelecidas em lei. No tocante à CPMF, instituída pela Lei n° 9.311, de 24 de outubro de 1996, o seu artigo 3º, inciso V, estabelece a não incidência da CPMF sobre a movimentação financeira ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira das entidades beneficentes de assistência social, nos termos do parágrafo 7º, do artigo 195, da Constituição Federal. Por tratarse de uma isenção condicional, a Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa SRF n° 44, de 2 de maio de 2001, estabeleceu a obrigatoriedade de apresentação da Declaração de Não Incidência da CPMF à instituição financeira responsável pela retenção dessa contribuição, no sentido de atender o dispositivo contido no inciso V, do artigo 3º, da Lei n° 9.311/96. A exigência acima foi ainda mais acentuada por ocasião da edição da Instrução Normativa SRF n°531, de 30 de março de 2005, pois o seu artigo 1°, parágrafo 2°, dispôs que, para efeito Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 610 3 do disposto no inciso V, do artigo 3°, da Lei nº 9.311/96, a instituição responsável pela retenção da CPMF deveria exigir da entidade interessada cópia autenticada do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social — CEBAS, nos termos do Decreto n° 2.536, de 6 de abril de 1998, válido para o período objeto da não incidência da contribuição, documento que deveria ser arquivado juntamente com a Declaração de Não Incidência da CPMF. Assim, no curso do procedimento fiscal, foi identificado que a contribuinte não teve os valores devidos de CPMF sobre as suas movimentações financeiras retidas pelo Banco do Brasil, uma vez que a Associação Atlética Banco do Brasil se apresentou perante a instituição financeira na condição de entidade beneficente de assistência social, portanto não sujeita às retenções da CPMF. Por essa razão, os extratos bancários da contribuinte foram solicitados e disponibilizados em papel, restando caracterizada a abertura ao Fisco dos dados da movimentação financeira da fiscalizada, nos períodos sob fiscalização. Considerada a elevada quantidade de dados referentes à movimentação financeira da contribuinte, a fiscalização achou por bem intimar a autuada a apresentar os extratos bancários em meio magnético, no sentido de facilitar o trabalho de levantamento das bases de cálculos da CPMF, tendo sido informado pelo Banco do Brasil sobre a impossibilidade da gerência local disponibilizar os dados na forma requerida pela agente fiscal. Por essa motivação, foi emitida Requisição de Movimentação Financeira RMF, visando a obtenção dos dados de movimentação financeira relativa ao período sob exame, tendo o Banco Brasil atendido essa exigência, apresentando tanto em papel como em meio magnético os dados demandados. Com base nos extratos bancários disponibilizados pela Instituição Financeira, a agente fiscal elaborou Demonstrativo do Levantamento das Bases de Cálculo da CPMF para o período compreendido entre 01/01/2003 a 31/12/2005, contendo as seguintes informações: data do fato gerador, instituição bancária, agência, conta, histórico do lançamento, número do documento e valor. A planilha contendo o Demonstrativo em questão foi disponibilizada à autuada através de CDROM, conforme evidenciado no Termo de Intimação Nº 06, lavrado em 04 de março de 2008, doc. de fls. 251 e 252. Destacase que no ato acima mencionado, a contribuinte foi intimada a apresentar o Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS, considerando a ausência de retenções de CPMF nas contas mantidas no Banco do Brasil. Fl. 611DF CARF MF 4 No tocante aos valores apurados nos Demonstrativos elaborados pela autoridade fiscal, a autuada foi intimada a se manifestar sobre a composição das bases de cálculo da CPMF apuradas no procedimento de ofício, cujo prazo inicial de atendimento foi prorrogado a pedido da contribuinte. Vencido o prazo adicional concedido à contribuinte, verificase nos autos que não houve por parte da fiscalizada qualquer questionamento sobre os valores apurados e detalhados no Demonstrativo elaborado pela agente fiscal, bem como não foi apresentado pela contribuinte o Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS. Dessa forma, não existindo qualquer questionamento da autuada sobre os valores apurados de CPMF com base nos extratos bancários disponibilizados pelo Banco do Brasil, e considerando, ainda, que os valores de CPMF não foram declarados em quaisquer Declarações de Débitos e Créditos Federais – DCTF apresentadas à Receita Federal do Brasil, foi procedida a lavratura do Auto de Infração ora impugnado. II. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada do lançamento a pessoa jurídica autuada apresentou impugnação de fls. 293 a 306, atacando o procedimento fiscal com os argumentos a seguir expostos. 1. Da preliminar de nulidade do Auto de Infração Sobre essa preliminar sustenta a impugnante que o Auto de Infração não contém os requisitos específicos do art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, não tendo sido expostos os fatos que originaram a autuação de forma ininteligível, dificultando, inclusive, o rebate dos fundamentos adotados no lançamento. Afirma que o auto de infração lavrado, ao elencar a descrição do fato e a disposição legal infringida, simplesmente remete o autuado a "folhas de continuação anexas", documentos estes que não contém a descrição especifica do fato, e muito menos o dispositivo legal infringido, posto que se limita a citar leis e decisões de tribunais, tratando da temática da regulamentação do art. 195, §7°, da Constituição Republicana. Entende que não existe, no auto de infração, a indicação do dispositivo legal ferido pela autuada, mas tão somente a menção de que, por não ter impugnado os valores apresentados pelo fisco, foi efetuado o lançamento de oficio das contribuições relativas aos anos de 2003, 2004 e 2005. Apresenta para reforçar sua preliminar de nulidade jurisprudência do Conselho de Recursos Fiscais do Estado da Paraíba. Conclui sobre esse ponto requerendo seja anulado o auto de infração lavrado, por descumprimento manifesto dos preceitos legais, notadamente o disposto no art. 10, III e IV, do Decreto nº 70.235/72. 2. Da imunidade da AABB quanto às contribuições sociais Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 611 5 Sobre esse tema a recorrente afirma ser a AABB uma entidade assistencial, reconhecida como de utilidade pública, pela Lei Estadual 9.998/75, que goza de imunidade quanto às contribuições para a seguridade social, consoante prescreve o art. 195, § 7º, da Constituição Federal. Entende a defendente que o dispositivo inserido no § 7º do citado diploma legal é claramente uma norma constitucional de eficácia limitada, eis que determina que a Lei estabeleça as exigências para que uma entidade seja beneficiada com a imunidade das contribuições para seguridade social. Admitindo a eficácia limitada da norma, alega, ainda, a impugnante que o Termo de Verificação afirma que o Supremo Tribunal Federal, no Mandado de Injunção de n° 232RJ, testificou a falta de regulamentação da parte final do dispositivo supra citado, trazendo aos autos a sua Ementa, da lavra do Rel. Min. Moreira Alves, por meio da qual evidenciase que o STF, reconhecendo a mora legislativa, determinou que o Congresso Nacional editasse a norma regulamentadora do artigo 195, § 7º, da Constituição Federal. Nesse ponto, afirma a recorrente que o Termo de Verificação dá como certo o preenchimento da lacuna legislativa pela Edição da Medida Provisória nº 215835/ 2001, por seu art.17, c/c a Emenda Constitucional nº 32/2001, em seu art. 2º, que na verdade trata das contribuições para o PIS/PASEP e Cofins, não sendo no seu entender aplicável ao caso da CPMF. Com relação ao disposto no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, o ponto central da discussão apresentada pela impugnante vinculase a respeito do Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS, introduzido em referido preceito pela Medida Provisória nº 218713/ 2001. Afirma a recorrente que a AABB foi fundada nos anos 40, como uma sociedade civil de fins assistenciais e não lucrativos. Assim, era imune à cobrança das contribuições sociais, nos termos do art. 10 da Lei 3.577/1959, que somente foi revogada em 1977, através do Decreto 1.572, quando a AABB já havia sido reconhecida como de utilidade pública (Lei Estadual 9998/75), sendo que referido decreto ressalvou o direito adquirido (art. 1°) à imunidade concedida pela Lei então revogada. Continua a defendente afirmando que ao tempo da promulgação da Constituição Federal de 1988, a AABB já era imune das contribuições previdenciárias, tendo o CEBAS passado a ser exigido em 1998, através da edição do Decreto 2.536, entendendo, por consequência, que referida norma não tem o condão de prejudicar o direito adquirido, a teor do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição de 1988. Seguindo mesma linha de defesa, a suplicante afirma que a AABB já era imune à cobrança da contribuição para a seguridade social ao tempo da instituição da CPMF pela Lei nº Fl. 613DF CARF MF 6 9.311/96. Não obstante, ao tempo da edição do art. 195, § 7º, da Carta Magna, a AABB já era beneficiária da imunidade, ante a produção do direito adquirido. 3. Da irretroatividade da Instrução Normativa RFB nº 531/2005 No tocante à exigência da fiscalização em relação ao CEBAS, alega a impugnante que a instrução Normativa n° 531/2005 somente foi editada em 30.03.2005, não podendo ser utilizada com efeito retroativo, ante a aplicação da lei no tempo, disposta no art. 144 do CTN, que no seu caput determina que o “lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.” 4. Da distinção de hipótese de imunidade ou de isenção aplicada ao caso em questão e da limitação do poder de tributar por meio de lei complementar No tocante a esses temas, a recorrente discorre na impugnação seu posicionamento de discordância ao entendimento da Receita Federal de que o preceito contido no artigo 195, § 7º, da Constituição Federal referese a simples isenção, pois assevera a suplicante que tal dispositivo tratase de hipótese de imunidade tributária, implicando em verdadeira limitação ao poder de tributar. Nesse sentido, junta à sua peça manifestações do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, a partir de ementas de votos proferidos no RMS 22.192, da lavra do Relator Ministro Celso de Mello, relativo a julgamento realizado 28.11.95, e no AgRg no MS 11.409/DF, do Ministro Relator Castro Meira, relativo a julgamento realizado em 23.04.2008 A recorrente continua a sua argumentação em relação a esse aspecto apresentando pensamento doutrinário de Tomáz de Aquino Resende, no artigo titulado imunidades tributárias e isenções de impostos, o qual, em síntese, assevera que a hipótese contemplada no art. 195, § 7º, da Constituição Federal referese a imunidade, significando vedação de cobrança mediante edição de leis complementares ou ordinárias. Retomando ao tema, a recorrente afirma que, configurada a hipótese de imunidade, verdadeira limitação ao poder de tributar, qualquer disposição somente pode ser disposta em lei complementar, a teor do artigo 146, II, da Constituição Federal, e não por lei Ordinária, como pretende o fisco. Nesse ponto concluí que, ao tempo da edição do art. 195, §7°, da Constituição Federal, a AABB já era imune à cobrança das contribuições sociais. Por outro lado, a exigência contida no art. 55 da Lei 8.212/91 não se aplica às imunidades tributárias, eis que, de acordo com o texto constitucional, somente por Lei Complementar poderia ser regulamentada a imunidade, já que se constituiu em verdadeira limitação ao poder de tributação. Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 612 7 5. Da aplicação da multa de ofício de 75% A recorrente não concorda com aplicação da multa de ofício de 75% sobre todos os valores entendidos pelo fisco como devidos, por entender que a Lei nº 9.311/96, que instituiu a CPMF, bem como a Lei nº 8.891/85, que dispôs sobre os juros de mora, nada falam desse percentual absurdo de multa que praticamente dobra o valor do suposto crédito. Para tanto, reproduz em sua defesa os artigos 13 da Lei nº 9.311/96, e o artigo 84, inciso II, da Lei nº 8.891/85. 6. Da decadência quanto aos créditos não constituídos no prazo quinquenal Em relação a cobrança pela fiscalização de supostos débitos de CPMF, relativos ao período de 01.01.2003 a 31.12.2005, a suplicante apresenta decisão do Supremo Tribunal Federal, que afastou por completo o prazo de 10 (dez) anos para a apuração dos créditos destinados à seguridade social, declarando a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, fazendo prevalecer o prazo de 5 (cinco) anos estipulado no Código Tributário Nacional. Para tanto, reproduz Ementa do voto do Ministro Gilmar Mendes, relator do RE QO 556664/RS. Manifesta, ainda, entendimento de que a CPMF é um tributo sujeito ao lançamento por homologação, assim, todo e qualquer pseudo débito não apurado até a constituição definitiva do crédito tributário não poderá ser cobrado, ante a decadência, causa de extinção do crédito tributário a teor do art. 156, V, do CTN. Para substanciar seu entendimento, apresenta doutrina especializada sobre o tema da lavra de Mary Elbe Queiroz, que aponta a CPMF como tributo sujeito ao lançamento por homologação. Nesse tema a impugnante não indica expressamente quais fatos geradores estariam alcançados pela decadência, apenas expressa na parte final de sua peça que o reconhecimento deve ser operado no tocante aos créditos não apurados no prazo de 5 (cinco) anos até a data da constituição definitiva do débito. 7. Do pedido de diligência Na formulação do seus quesitos para justificar pedido de diligência, entende a recorrente, que o Banco do Brasil, por ter a condição de substituto tributário, nos termos do art. 5º da Lei 9.311/96, deveria ter exigido da AABB qualquer documento que não a mera declaração de imunidade a cobrança da CPMF. Nesse sentido, requer a recorrente diligência para que referida instituição financeira esclareça porque nunca exigiu o CEBAS da AABB, e que acoste aos autos do processo administrativo a declaração de imunidade à CPMF apresentada pela AABB. É o Relatório. Fl. 615DF CARF MF 8 Após exame da Impugnação apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2003, 2004,2005 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO OU CONFISSÃO DE DÉBITOS ESPONTÂNEA. Tratandose de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, não havendo pagamento ou confissão espontânea de débitos, conforme orientação do Parecer PGFN/CAT nº. 1.617, de 2008, aplicase a regra do art. 173, I, do CTN. NULIDADE Não há que se falar de nulidade quando a exigência fiscal sustentase em processo instruído com todas as peças indispensáveis e não se vislumbra nos autos que o sujeito passivo tenha sido tolhido no direito que a lei lhe confere para se defender. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado no percentual de 75% determinado expressamente no art. 44 da Lei nº 9.430/96. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Ano calendário: 2003, 2004, 2005. INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS. IMUNIDADE Para o reconhecimento da imunidade tributária das instituições beneficentes de assistência social sem fins lucrativos, na forma do art. 195, § 7º, da Constituição Federal, exigese a apresentação do CEBAS, conforme art. 55, II, da Lei nº 8.212/91. CPMF. FALTA DE RETENÇÃO. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA Não tendo a instituição financeira efetuado a retenção da CPMF devida pelo titular da contacorrente, pode o Fisco exigir do contribuinte o tributo não retido e não recolhido, com os devidos acréscimos legais. INCONSTITUCIONALIDADE.ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO. VEDAÇÃO. Fl. 616DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 613 9 Não compete à autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. Sendo os documentos acostados aos autos claros, permitindo um adequado julgamento, tornase prescindível a realização de perícia ou diligência para a solução da controvérsia. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário O Recurso Voluntário é próprio e tempestivo, portanto, dele tomo conhecimento. PRELIMINAR NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Em sede de preliminar, a Recorrente aduz a nulidade do Auto de Infração por suposta ausência de indicação da infração incorrida, bem como dos dispositivos legais tidos por infringidos. Todavia, verificase pelo Relatório Fiscal que o lançamento está revestido de todas as exigências legais, bem como, pela defesa e Recurso Apresentados, que o Contribuinte pôde exercer plenamente seu direito à ampla defesa. Desse modo, afasto a preliminar suscitada. PRELIMINAR DECADÊNCIA A Recorrente postula pelo reconhecimento da decadência, nos termos do art. 150, §4º do CTN. O acórdão recorrido, contudo, aplicou o prazo decadencial na forma do art. 173 do CTN, uma vez que não houve qualquer recolhimento da CPMF. Fl. 617DF CARF MF 10 Com efeito, uma vez que a Recorrente declarouse imune quanto à incidência da CPMF, não houve qualquer recolhimento da referida contribuição, tampouco houve qualquer declaração em sede de DCTF. Desse modo, ausente declaração e recolhimento da CPMF notadamente pelo fato de a Recorrente ter informado indevidamente a condição de imune (ausência de comprovação documental), entendo ser aplicável o art. 173 do CTN, nos termos da Súmula STJ nº 555: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. (Súmula 555, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJe 15/12/2015) Afasto, assim, afastada a preliminar de decadência. MÉRITO IMUNIDADE Conforme se verifica do relato dos fatos, tratase de lançamento de crédito tributário de CPMF em face de entidade de assistência social, cuja cobrança se fundamenta essencialmente no fato de a Recorrente não ter apresentado Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social CEBAS para fins de comprovação do direito ao gozo da imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF. Os fundamentos legais utilizados pela Fiscalização são: Arts. 2°, 4°, 5 0 , 60 e 7 0 da Lei n° 9.311/96 e art. 1° da Lei n°9.539/97 c/c art. 1 0 da Emenda Constitucional n ° 21/99. Art. 84 das Disposições Constitucionais Transitórias, acrescentado pelo art.3°da Emenda Constitucional n°37/2002; Art. 3° da Emenda Constitucional n ° 42/03; Art. 55 da Lei 8.212/91; Decreto n° 2.536, de 06 de abril de 1998; IN SRF n ° 44, de 02 de maio de 2001; IN SRF n ° 531, de 30 de março de 2005, art. 1 ° parágrafo 2 ° . Especialmente no que se refere ao art. 55 da Lei nº 8.212/91, utilizado como fundamento do lançamento, cumpre salientar que recentemente o Supremo Tribunal Federal declarou sua parcial inconstitucionalidade em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade: EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONVERSÃO EM ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. CONHECIMENTO. IMUNIDADE. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. ARTS. 146, II, e 195, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REGULAMENTAÇÃO. LEI 8.212/91 (ART. 55). DECRETO Fl. 618DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 614 11 2.536/98 (ARTS. 2º, IV, 3º, VI, §§ 1º e 4º e PARÁGRAFO ÚNICO). DECRETO 752/93 (ARTS. 1º, IV, 2º, IV e §§ 1º e 3º, e 7º, § 4º). ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. DISTINÇÃO. MODO DE ATUAÇÃO DAS ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. TRATAMENTO POR LEI COMPLEMENTAR. ASPECTOS MERAMENTE PROCEDIMENTAIS. REGRAMENTO POR LEI ORDINÁRIA. Nos exatos termos do voto proferido pelo eminente e saudoso Ministro Teori Zavascki, ao inaugurar a divergência: 1. “[...] fica evidenciado que (a) entidade beneficente de assistência social (art. 195, § 7º) não é conceito equiparável a entidade de assistência social sem fins lucrativos (art. 150, VI); (b) a Constituição Federal não reúne elementos discursivos para dar concretização segura ao que se possa entender por modo beneficente de prestar assistência social; (c) a definição desta condição modal é indispensável para garantir que a imunidade do art. 195, § 7º, da CF cumpra a finalidade que lhe é designada pelo texto constitucional; e (d) esta tarefa foi outorgada ao legislador infraconstitucional, que tem autoridade para definila, desde que respeitados os demais termos do texto constitucional.”. 2. “Aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, fiscalização e controle administrativo continuam passíveis de definição em lei ordinária. A lei complementar é forma somente exigível para a definição do modo beneficente de atuação das entidades de assistência social contempladas pelo art. 195, § 7º, da CF, especialmente no que se refere à instituição de contrapartidas a serem observadas por elas.”. 3. Procedência da ação “nos limites postos no voto do Ministro Relator”. Arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente da conversão da ação direta de inconstitucionalidade, integralmente procedente.(ADI 2028, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 02/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe095 DIVULG 05052017 PUBLIC 08052017) O acórdão, em sua parte dispositiva, está assim redigido: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, por maioria, em conhecer da ação direta como arguição de descumprimento de preceito fundamental, vencidos os Ministros Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Marco Aurélio. No mérito, por unanimidade e nos termos do voto do Ministro Teori Zavascki, o Tribunal julgou procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 9.732/1998, na parte em que alterou a redação do art. 55, inciso III, da Lei nº 8.212/1991 e acrescentoulhe os §§ 3º, 4º e 5º, bem como dos arts. 4º, 5º e 7º da Lei nº 9.732/1998. Aditou seu voto o Ministro Marco Aurélio para, vencido na preliminar de conversão da ação direta em arguição de descumprimento de preceito fundamental, assentar a inconstitucionalidade formal do art. 55, inciso III, da Lei nº 8.212/1991, na redação conferida pelo art. 1º da Lei nº 9.732/1998. Fl. 619DF CARF MF 12 Vejase que o STJ declarou a inconstitucionalidade apenas do inciso III e §§ 3º, 4º e 5º do art. 55 da Lei nº 8.212/91, mantendo válidos os demais dispositivos, notadamente o caput do artigo, que se refere à necessidade de observância cumulativa dos requisitos e o inciso II, que exige, exatamente, o CEBAS: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência;(Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998). § 3oPara os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). § 4oO Instituto Nacional do Seguro SocialINSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). § 5oConsiderasetambémde assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento.(Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). Com efeito, como consta da ementa transcrita acima, “Aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, fiscalização e controle administrativo continuam passíveis de definição em lei ordinária", legitimando, assim, a exigência do CEBAS para conprovação do direito à imuidade das entidades assistenciais às contribuições, inclusive a CPMF. Desse modo, sem mais delongas, tendo em vista a reconhecida constitucionalidade da exigência do CEBAS para aplicação da imunidade constitucional entendo que não merece reparo o lançamento fiscal. MÉRITO ENCARGOS MORATÓRIOS No que tange à multa exigida, a Recorrente aduz ser devida apenas a multa de mora prevista no art. 84, II, da Lei nº 8.981/95. Todavia, não assiste razão à Recorrente, uma vez que, por se tratar de lançamento de ofício, a multa foi aplicada corretamente, nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Assim, nesse ponto, não merece acolhida o pleito da Recorrente. Fl. 620DF CARF MF Processo nº 10380.006995/200812 Acórdão n.º 3201002.869 S3C2T1 Fl. 615 13 Desse modo tendo em vista a reconhecida constitucionalidade da exigência do CEBAS para aplicação da imunidade constitucional relativamente à CPMF, voto por NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 621DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.720878/2014-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 31/01/2010 a 31/12/2010
Ementa:
AUTUAÇÃO. CONCEITOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO NORMATIVA.
Deve a fiscalização calcar a autuação nos conceitos disponíveis nos dispositivos normativos vigentes que regem a matéria analisada, sob pena de improcedência.
Numero da decisão: 3401-003.908
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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CONCEITOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO NORMATIVA. Deve a fiscalização calcar a autuação nos conceitos disponíveis nos dispositivos normativos vigentes que regem a matéria analisada, sob pena de improcedência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 08 78 /2 01 4- 05 Fl. 18481DF CARF MF 2 Versa o presente sobre Autos de Infração de fls. 17574 a 17596, e 17597 a 176191, datados de 20/08/2014 (com ciência na mesma data – fls. 15575 e 15597), para exigência de Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, referentes ao ano de 2010, nos valores originais de R$ 13.571.801,58 e R$ 65.147.049,23, respectivamente, acrescidos de juros de mora e de multa de ofício (75 %), por insuficiência de recolhimento, detalhada em Termo de Verificação Fiscal (TVF). No TVF de fls. 15794 a 15818, narra a fiscalização que: (a) a recorrente é subsidiária da Jaguar Land Rover Exports Limited (nova denominação de Jaguar Cars Exports Limited) e da Jaguar Cars Limited, sociedades estrangeiras organizadas e existentes de acordo com as leis do Reino Unido e do País de Gales, e distribuidora, no Brasil, de veículos, autopeças e produtos das marcas Jaguar e Land Rover; (b) a recorrente adquire veículos para transporte de passageiros e cargas (posições NCM 8703 e 8704) importados “por encomenda”, por meio da empresa importadora “COTIA Vitória Serviços e Comércio S.A.” – trading company; (c) intimada a esclarecer a não tributação de Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS nas receitas de vendas dos produtos enquadrados nas posições 8703 e 8704 da NCM, a recorrente informou que as operações ocorrem como previsto na Lei no 11.281/2006 e na IN SRF no 634/2006, que disciplinam as importações por encomenda, que a venda dos veículos feita à recorrente pela trading company fica sujeita à incidência dos tributos, e que a revenda, pela recorrente a terceiros, é tributada normalmente pelo IPI, mas as contribuições são tributadas segundo as regras do regime monofásico, incidindo somente na etapa anterior – venda à recorrente, pela trading company; (d) no contrato de compra e venda por encomenda (entre a recorrente, o exportador e a trading company), há compromisso de exclusividade na revenda, e cláusula de formação de preços; (e) dos termos da proposta de formação de preços, concluise que a trading company não realiza a encomenda no sentido pretendido e formalizado pela recorrente, agindo como verdadeira mandatária do encomendante (fls. 15799/15800), não havendo margem de lucro pela trading company (exemplo às fls. 15801/15802); (f) até a edição da Lei no 11.281/2006, que disciplinou a importação por encomenda, as empresas realizavam importações por conta e ordem (sendo a trading company mera prestadora de serviços, com incidência das contribuições apenas sobre os serviços prestados, e a adquirente contribuinte do IPI e responsável solidária em relação ao imposto de importação e às contribuições) e direta, com revenda (importação pela trading company company com venda de mercadoria nacionalizada, com pagamento de tributos, à recorrente); (g) nas operações de importação por encomenda, a encomendante é contribuinte do IPI, e responsável solidária pelo recolhimento imposto de importação, mas não das contribuições; (h) no caso em análise, houve flagrante redução dos valores devidos a título de contribuições, visto que a trading company vende veículos à recorrente pelo valor da aquisição acrescido de despesas de importação, nacionalização e financeiras, caracterizando um pagamento pela prestação de serviços executados; (i) o § 2o artigo 11 da Lei no 11.281/2006 dispõe que a operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos para importações por encomenda são presumidas por conta e ordem de terceiros; e (j) pelo exposto, a fiscalização considera que as importações deveriam ter sido efetuadas na modalidade “por conta e ordem”, constituindo os créditos referentes às contribuições, utilizando o valor da venda da recorrente às concessionárias, deduzindo os valores de IPI e ICMSSubstituição Tributária. Segue à descrição dos fatos do TVF argumentação geral sobre planejamento tributário (fls. 15807 a 15809) e descrição do valor tributável e da alíquota (fl. 15810), assim como do enquadramento legal (fls. 15810/15811). Ainda no mesmo TVF, a fiscalização imputa infração de falta de recolhimento das contribuições no que se refere a alíquotas diferenciadas para autopeças (fls. 15811 a 15815), sob os seguintes fundamentos: (k) 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 18482DF CARF MF Processo nº 19515.720878/201405 Acórdão n.º 3401003.908 S3C4T1 Fl. 18.482 3 há divergência entre DIPJ e DACON/DCTF (que informam exclusivamente alíquotas diferenciadas de 2,3% e 10,8%); (l) intimada, a recorrente informou haver erros de lançamento nas DIPJ, justificandoos, e que houve, também, erro nos DACON, que trataram a totalidade das operações com alíquotas diferenciadas, quando havia operações com alíquotas normais (1.65% e 7,6%); (m) com base em planilha apresentada pela recorrente, foram apurados valores das contribuições a recolher nos meses de fevereiro, abril e dezembro de 2010, sendo que, nos demais, os valores de créditos superam os apurados; (n) intimada a retificar DACON, a empresa apresentou arquivo segregando os produtos por alíquotas nãocumulativa e monofásica, restando diferença a recolher em abril de 2010; (o) para levantar os valores tributáveis, foram levadas em conta duas situações: (o1) crédito calculado no próprio período de ocorrência da infração, mas descontado em períodos posteriores; e (o2) crédito calculado em período de apuração anterior ao da ocorrência da infração e já descontado em período posterior ao mês da ocorrência da infração; e (p) em ambas as situações, efetuouse o aproveitamento de ofício do crédito, prioritariamente no próprio período de apuração, havendo necessidade de lançamento reflexo, em razão do deslocamento de créditos. Em 18/09/2014 (fl. 17627), foi apresentada a Impugnação de fls. 17629 a 17701, na qual se argumenta, em síntese, que: (a) a recorrente, desde o início de suas atividades no Brasil, por não possuir estrutura interna e experiência no país para operacionalizar as importações, optou por contratar trading company, a fim de que esta realizasse as importações; (b) até 2009, quem comercializava e importava tais veículos, no Brasil, era a “FORD”, por meio da mesma trading company, com estrutura e renome, e que permitia usufruir de benefício fiscal de ICMS, o FUNDAP/ES; (c) a legislação admite duas formas de importação via terceiros: a conta e ordem (necessariamente com recursos do adquirente) e a encomenda (com recursos da trading company e assunção de riscos), esta última instituída somente pela Lei no 11.281/2006, e regulada pela IN SRF no 634/2006; (d) as formas de importação são sujeitas a regimes contábeis e tributários distintos, no que se refere à propriedade dos veículos, e à habilitação para operar no SISCOMEX, e, no presente caso, houve claramente importações por encomenda, sendo que a própria fiscalização reconhece que nunca houve adiantamento por parte da recorrente à trading company; (e) a trading company assumiu todo o risco comercial, cambial e de crédito relativos ao negócio, e não apenas realizou a importação de veículos, mas também agregou a tais bens itens de segurança legalmente exigidos, com acréscimo de valor local, como mencionado no TVF; (f) para os veículos classificados nas posições 8703 e 8704 da NCM, a legislação que rege as contribuições estabelece tributação com alíquotas diferenciadas majoradas (2% e 9,6%), de acordo com a sistemática monofásica, com tributação em uma única fase da cadeia de fabricação e circulação, concentrada no importador ou fabricante; (g) foram cumpridos todos os requisitos para a importação por encomenda, no caso, e a fiscalização não aponta o descumprimento de nenhum de tais requisitos; (h) o artigo 11 da Lei no 11.281/2006 deixa claro que a importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior; (i) a própria fiscalização reconhece as operações como “por encomenda” as operações nas quais a trading company assume os riscos da operação, conforme Solução de Consulta no 332/2011, e não estabelece restrições à utilização em casos de tributação monofásica, conforme Solução de Consulta no 99/2011; (j) a circunstância de a pessoa jurídica encomendante e o exportador serem pessoas ligadas não impede nem invalida a realização de importações sob a modalidade de encomenda, e a legislação expressamente o reconhece ao tratar de regras de preços de transferência para importações por encomenda (artigo 14 da Lei no 11.281/2006); (k) ainda que não exista obrigatoriedade na legislação e que haja lucro pela trading company, o raciocínio de que não Fl. 18483DF CARF MF 4 haveria margem de lucro à trading company nas operações em análise, desenvolvido pela fiscalização, é tortuoso, e a planilha, exemplificativa, como reconhece o próprio fisco, não permite extrair conclusões gerais, visto que a trading company embute obviamente seu lucro nas rubricas referentes a custos, havendo lucro mesmo no exemplo citado pelo fiscal, como se demonstra à fl. 17654; (l) a especulação do fisco, mediante interpretação econômica, sobre o que poderia ser feito pela empresa não encontra guarida normativa, e não houve, no caso, planejamento tributário ou dissimulação, mas adoção legítima da sistemática de importação por encomenda; (m) a autuação é, portanto, carente de fundamento e avessa à legalidade estrita, à tipicidade cerrada e à reserva legal; (n) em casos semelhantes, o CARF cancelou a autuação (Acórdãos no 20313.027, e no 3402001.908 e no 3403002.519); e (o) ad argumentandum tantum, a autuação é insanavelmente nula, em decorrência da apuração incorreta da base de cálculo, por desconsideração de créditos das contribuições decorrentes da desconstituição da operação (que deveriam ter sido considerados, para evitar uma incidência monofásica duplicada). Sobre a incidência das contribuições em relação a vendas de autopeças, a recorrente sustenta que (p) as operações envolvendo autopeças por si só não geraram qualquer ausência de recolhimento ou recolhimento a menor das contribuições, decorrendo a exigência exclusivamente da circunstância de o fiscal ter considerado as vendas de veículos como sujeitas à incidência monofásica das contribuições, como se demonstra das planilhas de fls. 18383 e 18385 (anexos H e I da Impugnação). Por fim, sustenta a recorrente que (q) descabe a aplicação da Taxa SELIC sobre a multa de ofício lançada. A decisão de primeira instância, proferida em 14/04/2015 (fls. 18400 a 18425) foi, unanimemente, pela procedência da impugnação, cancelandose totalmente o lançamento, sob os fundamentos de que: (a) parcela substancial dos argumentos da fiscalização, de que a trading company não realizaria as importações no sentido formalizado pela autuada, queda irrelevante para efeito da reclassificação da modalidade de importação (reputandoa por conta e ordem, no lugar de por encomenda), na medida em que é incontroverso que foram as importações levadas a efeito integralmente com recursos da pessoa jurídica importadora – trading company, e não da encomendante predeterminada; (b) as modalidades de importação por conta própria, por conta e ordem e por encomenda são todas lícitas, sendo uma opção do importador atuar mediante uma ou outra, não podendo a fiscalização cercear tal opção, de modo a obrigar a prática de atos de modo a maximizar a tributação; (c) a alegação fiscal de ausência de lucro da trading company é limitada a análise superficial da chamada formação de preços de venda; (d) a fiscalização não comprova a existência de mecanismo abusivo ou artificioso que justificasse a autuação; e (e) no que se refere à suposta insuficiência de recolhimento em relação a autopeças, a despeito da reconhecida divergência entre DACON, DIPJ e escrituração fiscal (com destaque ao fato de que as receitas informadas por intermédio do DACON foram consideradas como se sujeitas fossem às alíquotas majoradas próprias do regime monofásico da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, respectivamente de 2,3% e 10,8%, enquanto existem montantes que deveriam ter sido submetidos às alíquotas do regime não cumulativo, de 1,65% e 7,6%), de se observar que as deduções pela autoridade fiscal acusadas nos respectivos demonstrativos de apuração das contribuições incidentes sobre o faturamento, correspondentes aos valores pagos/declarados a serem subtraídos das contribuições apuradas de forma a se obter as devidas, superam, em vista da exoneração da parcela atinente aos veículos classificados sob as posições 8703 e 8704, as importâncias remanescentes a título de referidas contribuições apuradas, frustrando, por conseguinte, a subsistência de eventual exigência a ser levada a efeito. A Fazenda Nacional, ciente da decisão de piso em 24/07/2015, apresenta Razões ao Recurso de Ofício em 17/09/2015 (fls. 18438 a 18453), traçando análise histórica das modalidades de importação, no Brasil, e defendendo, basicamente, que: (a) no caso, as características das operações realizadas entre as partes do processo (existência de único contrato, ao invés de dois contratos distintos; exclusividade na alienação; composição de preço Fl. 18484DF CARF MF Processo nº 19515.720878/201405 Acórdão n.º 3401003.908 S3C4T1 Fl. 18.483 5 atrelada apenas a custos; negociação entre exportador e “encomendante”/adquirente) permitem identificálas como importação por conta e ordem de terceiro, por se tratarem de prestação de serviços, e não por encomenda, como declarado pela autuada; (b) o fisco não está discutindo a possibilidade de a empresa se valer de determinada espécie de operação prevista em lei, mas apenas questiona é se a forma jurídica adotada efetivamente corresponde à realidade; e (c) no que diz respeito a origem dos recursos, a legislação admite, na importação por conta e ordem, que a trading realize os pagamentos ao fornecedor no exterior, e, ainda assim a importação será por conta da adquirente, que irá reembolsar a mandatária pelos gastos incorridos, exatamente como ocorreu nos autos. A recorrida, tendo ciência das razões apresentadas pela Fazenda Nacional (não consta a data de ciência nos autos), apresenta, em 19/10/2015 (fls. 18456 a 18475), Contrarrazões, no sentido de que o documento indevidamente apresentado pela Fazenda deve ser desconsiderado pelo CARF, por falta de previsão legal. No mais, reitera, em síntese, as razões de defesa expressas em sua impugnação, em oposição ao recurso de ofício. Em 22/07/2016 o processo foi a mim distribuído, por sorteio, visto que o relator original não mais compunha o colegiado. O processo não foi indicado para pauta nos meses novembro e dezembro de 2016, por estarem as sessões suspensas por determinação do CARF. O processo, derradeiramente, não foi indicado para o mês de janeiro de 2017, por ser a pauta mera reprodução da referente ao mês de outubro de 2016, que também teve a sessão suspensa por determinação do CARF. De fevereiro a junho de 2017 o processo foi indicado para pauta, mas não pautado, em função do excesso de número de processos a julgar. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso de ofício foi interposto com respeito aos preceitos normativos que o regem, e, portanto, dele se toma conhecimento. As razões da Fazenda para apoiar o recurso de ofício, quase dois meses após a ciência pessoal do procurador, e as contrarrazões apresentadas pela recorrente (ambas exclusivamente em relação ao item 1 da autuação – referente a veículos) serão ainda tomadas em conta, aqui, a título esclarecedor, no que se refere a razões de direito, que nada inovam em relação ao já constante na autuação. Cabe, logo de início, reiterar que a autuação se desmembra em duas partes, uma referente a veículos e outra relativa a autopeças, ordem pela qual transcorrerá também o presente voto. No que se refere a veículos, a autuação demonstra mácompreensão ou discordância das definições normativamente estabelecidas para importações por encomenda. Fl. 18485DF CARF MF 6 Vejamse as esclarecedoras disposições da Lei no 11.281/2011, a começar pelo artigo 11, em sua redação original: “Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001.” (grifo nosso) (tais artigos tratam da responsabilidade solidária pelo imposto de importação – art. 77; da responsabilidade por infrações aduaneiras – art. 78; da equiparação a estabelecimento industrial – art. 79; do estabelecimento de requisitos e garantias pela SRF – art. 80; e das normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador – art. 81) Caso a fiscalização desejasse comprovar que a importação se deu na modalidade “por conta e ordem”, bastaria indicar, objetivamente, entre os requisitos e condições fixados pela própria RFB, na IN SRF no 634/2006, qual foi descumprido. Tal Instrução Normativa exige informação em campo próprio da Declaração de Importação, habilitação de ambas as partes envolvidas na importação para operar no SISCOMEX, manutenção de documentos em boa guarda e ordem e apresentação à fiscalização quando demandado, e atendimento de eventuais prestações de garantia. E esclarece ainda a IN, no parágrafo único de seu artigo 1o, que: “Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente”. Ou seja, pelo exposto na IN, bastaria comprovar que os recursos que financiaram a operação eram do encomendante, e não da trading company, para descaracterizar a operação da modalidade por encomenda, enquadrandoa como “por conta e ordem”. Mas não aponta o fisco, no caso concreto, nenhum descumprimento de requisito. Pelo contrário, endossa que a operação se reveste das características que a lei e a norma infralegal designam para as operações por encomenda. O referido artigo 11 da Lei recebeu um § 3o, em 2007, acrescentado pela Lei no 11.452, de modo a “pacificar a interpretação dada pela administração tributária federal às operações de importação de que trata o art. 11” (conforme parecer do relator, Deputado Neucimar Fraga/PLES, na conversão da MP no 328/2006 na Lei no 11.452, disponível em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=430948&filename= PPP+1+MPV32806+%3D%3E+MPV+328/2006): Fl. 18486DF CARF MF Processo nº 19515.720878/201405 Acórdão n.º 3401003.908 S3C4T1 Fl. 18.484 7 “§ 3o Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior.” (grifo nosso) Por certo que tal dispositivo foi inserido pelo parlamentar capixaba em prol das empresas daquela região que atuam com os benefícios do FUNDAP, para aclarar que as importações por encomenda não se descaracterizam pelo simples fato de haver participação do encomendante nas operações comerciais, mitigando autuações frequentes da RFB, à época, com entendimento diverso. Assim, é irrelevante, por si, a ligação entre a exportadora e a encomendante, ou a participação desta ou daquela na fixação de preços. Aliás, o artigo 14 da Lei no 11.281/2011, em sua redação original, afirma que são aplicáveis ao importador e ao encomendante as regras sobre preços de transferência, já prevendo eventual vinculação entre partes, e que esta não descaracterizaria, por si, a modalidade de importação por encomenda. Poderia a RFB ter manifestado oposição a tal parágrafo acrescentado, que figurou como artigo 18 da Lei no 11.452/2007, ou ainda poderia o Ministério da Fazenda ter vetado o dispositivo (como fez, na mesma lei, com os artigos 15, 16 e 17, geograficamente vizinhos). Aliás, poderia a RFB ter, na própria Lei no 11.281/2006, que resultou da conversão da MP no 267/2005, ter inserido dispositivo semelhante ao que incluiu na importação por conta e ordem – artigo 81 da MP no 2.15835/2001: “Art. 81. Aplicamse à pessoa jurídica adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, as normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador.” (grifo nosso) Ambas as questões são de lege ferenda. Não pode a fiscalização agora, simplesmente discordar do dispositivo ou afirmar que a empresa está a praticar operação distinta com base em conceito de “conta e ordem” e “encomenda” que não encontram guarida na própria legislação. Ademais, a fiscalização sequer é conclusiva em apontar eventual fraude ou simulação, e aplica – recordese – multa não majorada, no percentual de 75%, ao caso. Nas palavras da fiscalização (fl. 15806): Fl. 18487DF CARF MF 8 Afirmar que não há risco no negócio, por serem as empresas vinculadas, descaracterizando a modalidade de importação, afronta os comandos legais que acabamos de analisar, e contemplam a vinculação entre exportador e encomendante dentro da modalidade de importação por encomenda. O autuante retira seus conceitos de importação por conta e ordem e importação por encomenda, atrelandoos a “ausência de risco no negócio”, que derivaria de vinculação entre as empresas exportadora e encomendante, sem indicar qual norma o dispõe. Por isso afirmamos de início que o autuante ou compreende mal, ou diverge dos comandos normativos de ordem legal e infralegal que regem a matéria. A afirmação de ausência de lucro é exemplificativa e especulativa, sem qualquer análise mais aprofundada por parte da fiscalização, que, como destacou o julgador de piso, foi superficial (fl. 18423): O fisco, detectando ausência de propósito negocial e operação dissimulada (conta e ordem travestida de encomenda), ainda assim parece não estar convencido do cometimento de qualquer fraude (até pelo percentual da multa de ofício aplicada – 75%). E conclui apenas que “considera que deveriam” as operações ser efetuadas na modalidade de importação por conta e ordem (fl. 15807): A inconclusividade das afirmações fiscais, mesclada à dissonância em relação aos comandos legais que regem a matéria, apontam exatamente para o caminho que a DRJ unanimemente adotou em sua decisum, de improcedência da autuação, no mérito. O julgador de piso, aliás, pareceu afastar a autuação não somente no mérito, mas também em virtude de nulidades, como se percebe de excerto do voto condutor (fl. 18414): Fl. 18488DF CARF MF Processo nº 19515.720878/201405 Acórdão n.º 3401003.908 S3C4T1 Fl. 18.485 9 De fato, a autuação, ao contrário da defesa, que adota linha uma (de que houve importação por encomenda, com incidência monofásica das contribuições, seguindo expressas disposições legais), a autuação opera linha dúplice (importação por conta e ordem, com incidência monofásica, seguida de nova incidência monofásica, sem qualquer fundamento normativo). Fosse apenas uma questão de recálculo, discordaríamos do julgador de piso, pois entendemos que este tribunal administrativo (assim como aquele) pode determinar à autoridade da RFB encarregada da execução do acórdão que expurgue determinadas parcelas do montante lançado, não sendo o simples erro de cálculo ou o erro na base de cálculo ensejador de nulidade. Sem embargo, no presente caso, haveria verdadeira necessidade de reapuração da base de cálculo (e não um simples recálculo), tomando em conta créditos que deveriam ter sido computados, e ainda deveriam ser objeto de análise em fiscalização diversa, o que implica a improcedência, e não a nulidade da autuação. Assim, apesar de discordarmos da DRJ no que se refere a haver nulidade no presente processo, com ela acordamos no sentido de que a autuação deve ser cancelada, seja pela carência de fundamentação normativa, seja pela equivocada metodologia de cálculo. Pelo exposto, e com as aparas aqui efetuadas, nego provimento ao recurso de ofício em relação a este item. No que se refere a importações de autopeças, o recurso de ofício tem por objetivo analisar o único parágrafo que a DRJ dedica ao tema, em sua decisão (fl. 18424): Percebase que a autuação, em tal item, apesar de nascer de fundamento diverso – divergência entre DACON/DIPJ e escrituração fiscal (valores e falta de discriminação dos produtos por alíquota das contribuições) – culmina na mesma problemática do item anterior, pois a metodologia de cálculo, ao fim e ao cabo, esbarra no que a autuação chama de “ocorrência da infração” (fl. 15815): Fl. 18489DF CARF MF 10 No caso das autopeças, até são descontados créditos, referentes à não cumulatividade. No entanto, seu valor é mitigado em função dos montantes apurados no item 1, referente a veículos. A improcedência em relação ao item 1 (veículos), assim, conspurca o resultado obtido no item 2 (autopeças). E, a exemplo do que dispusemos no item 1, não vemos na metodologia de cálculo equivocada motivo para nulidade, mas sim para improcedência da autuação. Assim, também neste item, com a apara efetuada, nego provimento ao recurso de ofício. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício interposto. Rosaldo Trevisan Fl. 18490DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.901593/2012-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2006
PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE.
A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário.
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA.
O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.942
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
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ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 90 15 93 /2 01 2- 10 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição para o PIS. A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico indeferindo o Pedido de Restituição, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição pleiteada. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante informou que o direito creditório tinha por fundamento a isenção da contribuição para o PIS decorrente da adesão ao Programa Universidade para Todos ProUni, nos termos da Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009, em que se reafirmou o direito à isenção durante o período de vigência do Termo de Adesão (art. 5º da Medida Provisória nº 213/2004). Nos termos do Acórdão nº 14053.574, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a DRJ fundamentado sua decisão no fato de inexistir comprovação, por meio de documentação contábil e fiscal, do direito creditório pleiteado e por não ter havido a comprovação da adesão da instituição ao ProUni, nos termos do art. 8º da Lei nº 11.096/2005. Em seu recurso voluntário, a Recorrente repisa suas razões de defesa, destacando a existência a seu favor de solução de consulta da Receita Federal assegurando o direito à isenção, o que, segundo ela, tornava "legalmente desnecessária" a exigência de comprovação de sua adesão ao programa. Argumenta, ainda, que, nos casos da espécie, é "faticamente impossível" a apresentação de documentos, por se tratar o pedido de restituição de procedimento eletrônico. Na sequência, sustenta a absoluta desnecessidade dos elementos de prova exigidos pela Delegacia de Julgamento, quais sejam, folhas de salário e contabilidade, por se tratar de questão aperfeiçoada e superada ante a homologação da base de cálculo da contribuição por parte da Fiscalização, tendo em vista que constou do despacho decisório que o valor declarado encontravase exato e perfeito. Supletivamente, pugna, caso o CARF entenda necessário, pela realização de diligência junto à repartição de origem, para que a autoridade administrativa oficie o Ministério da Educação com vistas a elucidar os termos no quais se manteve a sua adesão ao ProUni no período sob comento. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.885, de 28/06/2017, proferido no julgamento do processo nº 13116.900001/201412, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.885): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O dispositivo legal que trata da isenção de impostos e contribuições às instituições de ensino que aderirem ao Prouni é o art. 8º da Lei nº 11.096/2005, reproduzido no que se aplica ao caso (grifei): Art. 8o A instituição que aderir ao ProUni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: (Vide Lei nº 11.128, de 2005) (...) III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. § 1° A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2° A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias. § 3° A isenção de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). A Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.493, de 18/07/2005, com os dispositivos que se aplicam ao caso transcritos (grifei): Art. 1o O Programa Universidade para Todos PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, destinase à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de cinqüenta por cento ou de vinte e cinco por cento, para estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos, que tenham aderido ao PROUNI nos termos da legislação aplicável e do disposto neste Decreto. Parágrafo único. O termo de adesão não poderá abranger, para fins de gozo de benefícios fiscais, cursos que exijam formação prévia em nível superior como requisito para a matrícula. Art. 2o O PROUNI será implementado por intermédio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 5 4 § 1o A instituição de ensino superior interessada em aderir ao PROUNI firmará, em ato de sua mantenedora, termo de adesão junto ao Ministério da Educação. (...) Art. 12. Havendo indícios de descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão, será instaurado procedimento administrativo para aferir a responsabilidade da instituição de ensino superior envolvida, aplicandose, se for o caso, as penalidades previstas. (...) A Secretaria da Receita Federal em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 8º acima, editou a Instrução Normativa SRF nº 456/2004, posteriormente revogada pela IN RFB nº 1.394/2013, que dispunha, no que se aplica ao caso (grifei): Art. 1º A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (ProUni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, das seguintes contribuições e imposto: I Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); II Contribuição para o PIS/Pasep; (...) § 1º A isenção de que trata o caput recairá sobre o lucro na hipótese dos incisos III e IV, e sobre o valor da receita auferida na hipótese dos incisos I e II, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º Para fins do disposto nos incisos III e IV do caput a instituição de ensino deverá apurar o lucro da exploração referente às atividades sobre as quais recaia a isenção, observado o disposto no art. 2º e na legislação do imposto de renda. (...) Art. 3º Para usufruir da isenção, a instituição de ensino deverá demonstrar em sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos que compõem as receitas, custos, despesas e resultados do período de apuração, referentes às atividades sobre as quais recaia a isenção segregados das demais atividades. (...) O termo de adesão foi previsto no art. 5º da Lei nº 11.096/2005, in verbis (grifei): Art. 5o A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindolhe (...) § 1o O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de sua assinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 6 5 (...) Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: (...) Art. 9o O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituição às seguintes penalidades: (...) Art. 16. O processo de deferimento do termo de adesão pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 5o desta Lei, será instruído com a estimativa da renúncia fiscal, no exercício de deferimento e nos 2 (dois) subseqüentes, a serusufruída pela respectiva instituição, na forma do art. 9o desta Lei, bem como o demonstrativo da compensação da referida renúncia, do crescimento da arrecadação de impostos e contribuições federais no mesmo segmento econômico ou da prévia redução de despesas de caráter continuado A recorrente alega a desnecessidade de apresentação de qualquer documento que comprove sua regular adesão ao Prouni sob o fundamento de que o documento é totalmente eletrônico e a própria Lei nº 11.096/2005 em seu art. 11, § 1º, remete a competência para tais verificações e exigências ao Ministério da Educação. Não é o que se extrai da leitura dos dispositivos acima. O termo de adesão é documento a ser firmado no qual se inserem requisitos de participação no referido Programa. Os diversos dispositivos transcritos (Lei, Decreto e Instrução Normativa) apontam para vários elementos a serem inseridos no Termo que permitiram não somente a adesão da instituição de ensino, mas o controle de sua permanência, enquanto regular e vigente, a aplicação de penalidade, e, principalmente ao que interessa ao presente litígio, a isenção de contribuições. Dessa forma, a exibição do documento "Termo de Adesão" é essencial ao gozo do benefício fiscal de isenção das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins Ao contrário do que alega a recorrente, o termo de Adesão, ainda que eletrônico, prevê o ato de sua assinatura, para que se dê a devida validade e autenticidade. Realmente é emitido no âmbito do Ministério da Educação, o que demonstra não estar nos sistemas internos (informatizados) da Secretaria da Receita Federal; e, se de fato materializado apenas em formato eletrônico em razão de sua essencialidade, é de se presumir a possibilidade de sua impressão, típica das emitidas por órgãos públicos, com chave de segurança para confirmação da autenticidade. Ademais, documento oficial, que confere benefícios tributários de outra ordem, e firmado entre partes Ministério da Educação e instituição de ensino privada há de ser mantido pela parte interessada para o gozo dos benefícios previstos no Termo. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 7 6 Nada obstante, o que a recorrente argumenta para a não apresentação do Termo de adesão ao Prouni outros recorrentes em situação idêntica não se escusaram do cumprimento de singelo mister. Vejase exemplo de julgado proferidos neste Conselho em que se demonstrou a possibilidade fática de apresentar e comprovar a adesão e mantença no Programa (grifei): Autoridade Julgadora de 1ª Instância bem observou ainda que o contribuinte em questão comprovou nos autos (fls. 3.325) a adesão ao Programa Universidade para Todos, trecho que merece ser reproduzido por ser de extrema valia: "60. Para comprovar a adesão ao PROUNI o contribuinte anexou aos autos cópia do correio eletrônico do MEC (fls. 3.118) e cópia do Termo de Adesão (fls. 3.119 a 3.273). (Acórdão nº 3402001.704, processo nº 19515.000260/200879, relatoria do cons. João Carlos Cassuli Junior, sessão de 22/03/2012) Não se pode concluir de outra forma, senão a que a recorrente não se dignou a comprovar a existência e aposição de assinatura no Termo de Adesão e a regular fruição do Programa que aderiu. Tenho que este fundamento é suficiente para negar provimento ao recurso voluntário; contudo, há de se tecer ainda argumentos pertinentes ao ônus probatório a cargo a de quem pleiteia direito seu. Antes, porém, analisase as demais teses suscitadas no recurso voluntário que visam seu provimento Sustenta ainda a desnecessidade de apresentação das folhas de salário e respectivamente contabilidade pois entende que no despacho decisório há o reconhecimento expresso de que a base de cálculo encontrase "exata e perfeita", além de "devidamente homologada". Quanto à exigência de apresentação de documentos fiscais e contábeis, assentou o voto condutor do acórdão recorrido que deveria também ter juntado a folha de salários, a fim de demonstrar a base de cálculo do PIS, e os livros fiscais que demonstrassem os lançamentos relativos a ela. Ora, em que pese a ressaltava da DRJ, com a qual concordo, que a isenção do PIS prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 não alcança a parcela que incide sobre a folha de salários, a Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009 proferiu entendimento cuja interpretação errônea da contribuinte adiante será enfrentado lhe é favorável quanto à isenção do PISfolha de salários. Ad argumentandum tantum, justamente firmada no entendimento favorável que extraiu do ato expedido pela autoridade, a recorrente pleiteia a restituição do PISfolha de salários, código de receita "8301". Se há o entendimento de que faz jus à esta isenção deveras tem o ônus de fazer prova documental de seu pretenso direito, qual seja, a apresentação dos documentos e livros atinentes à rubrica "salários" para que se comprove qual sua dimensão (quantificação) na base de cálculo. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 8 7 Por fim, assevera que a controvérsia quanto ao direito à isenção está superado pela conclusão da indigitada Solução de Consulta, que entende terlhe assegurado a isenção do PIS sobre folha de salários. Mais uma vez, sem razão a contribuinte. A Solução de Consulta expressamente consignou que a isenção alcança a Contribuição para o PIS, nada dispondo acerca do PIS folha de salários. Digase que na elaboração da peça a consulente, ora recorrente, apenas informou ter realizada a adesão ao Prouni, sem qualquer comprovação naquele autos de consulta, e apresenta seu entendimento de que a isenção alcançaria o PIS folha de salários, para ao final requerer a manifestação do Órgão quanto ao seu entendimento. Eis a cartaconsulta: Entendo que ao fundamentar a solução da consulta, a autoridade que a proferiu fez constar em seus fundamentos a legislação que trata da incidência do PIS sobre a folha de salários, à alíquota de 1%, deixando assente a tributação sobre esta rubrica, com a transcrição do art. 13 e incisos III e IV, da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Colacionou os dispositivos que tratam da isenção do PIS sobre a receita auferida pela instituição de educação que aderir e assim se mantém no Prouni. Transcreveu os arts. 8º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º da Lei nº 11.096/2005; arts. 1º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º, e 3º caput e parágrafo único da IN SRF nº 456/2004, para em seguida enunciar no mesmo tópico "fundamentos" que: " 5. Ante os dispositivos acima expostos, verificase que a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória n° 213, de 2004, Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 9 8 ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS." Conclui a solução da consulta com o enunciado: Conclusão 6. Em face do exposto, concluise que a instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao programa Universidade para Todos (prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Completase os fatos com a apresentação da ementa da Solução de Consulta SRRF/1ªRF/Disit nº 86, de 2 de junho de 2009: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PIS. PROUNI. INCIDÊNCIA. A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5o da Medida Provisória nº 213. de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Dispositivos Legais: art.13 da Medida Provisória n° 2.15835/2001; art.8° da Lei n° 11.096/2005; arts. 1º e 3o da Instrução Normativa nü 456/2004. Não vislumbro imprecisão no Ato que poderia dar a interpretação de que toda e qualquer incidência do PIS a que se sujeitam as entidades aderentes ao Prouni estaria isenta. A uma, os dispositivos legais da ementa da solução de consulta informam a legislação aplicada, primeiro, a que dispõe acerca do Pis folha de salários tributado à alíquota de 1% e após, a que trata do PIS alcançado pela isenção; a duas, porque nos fundamentos, a autoridade trouxe a legislação que faz distinção entre PISfolha de salário tributada à alíquota de 1%, e o PIS sobre receitas isentos nos termos e requisitos das legislação; a três, a omissão do termo "PIS sobre folha de salários" não tem o condão de fazêlo incluir na isenção pelo motivo a seguir; a quatro, nos termos do art. 111 caput e inciso II do CTN, "interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção"; a cinco, não caberia a autoridade fiscal ou administrativa contrariar preceito legal. Por fim, sacramentando o entendimento do não alcance da isenção ao PIS sobre folha de salários, o Órgão Central da Secretaria da Receita Federal editou a Solução de Divergência Cosit nº 1, de 2015, publicada no D.O.U de 24/12/2015, com a ementa: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 1, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2015. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. PROUNI. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE A FOLHA Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 10 9 DE SALÁRIOS. A isenção de que trata o art. 8º da Lei nº 11.096, de 2005, não se aplica à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de pagamentos da pessoa jurídica que adere ao Prouni. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.532, de 1997, art. 12; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 9º e 46; Lei nº 11.096, de 2005, art. 8º; DecretoLei nº 5.172 (CTN), de 1966, art. 111,II; Instrução Normativa RFB nº 1.394, de 2013 e Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001. O último argumento da recorrente referese à eventual realização de diligência, oficiandose ao Ministério da Educação acerca da sua manutenção no Prouni, acaso não seja superada os fundamentos ante aduzidos que entende suficiente ao direito à restituição pleiteada decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Primeiramente, desnecessária a providência pois como assentado neste voto os fundamentos antecedentes são suficientes para negar provimento ao recurso. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de restituição e compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante. É seu dever carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, em especial quando necessário à fruição de benefício tributário de isenção. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador quanto a permanência regular e temporal no Programa, cabível seria a diligência. Assim, incabível a solicitação de diligência dirigida ao Ministério da Educação para apresentação do Termo de Adesão, documento primário e essencial ao compromisso assumido e firmado pela instituição educacional que requer o gozo dos benefícios do Prouni e que não se dignou a apresentar aos autos. Até esse ponto, restou assente que a recorrente não apresentou o Termo de Adesão ao Prouni, folhas de salário e escrituração contábil; e não permaneceu silente quanto às exigências. Em todas as peças recursais impugnação e recurso voluntário sustentou a desnecessidade desse dever, pois entendeu que o despacho decisório e a solução de consulta reconheceram expressamente seu direito à isenção do PIS relativo ao Programa, sem colacionar qualquer documento seu aos autos. A ausência de elementos probantes viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, do Código de Processo Civil,verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Lei nº 13.105/2015 CPC Fl. 88DF CARF MF Processo nº 13116.901593/201210 Acórdão n.º 3201002.942 S3C2T1 Fl. 11 10 "Art. 373. 0 ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. As Declarações (DCTF, DCOMP e DACON, PER/DCOMP), os documentos fiscais e contábeis e aqueles pertinentes a benefícios tributários, celebrados com órgãos públicos, são produzidos e celebrados pelo próprio contribuinte ou com sua participação, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe a obrigação da recorrente em comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional/CTN). Conclusão Por todo o exposto a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de PIS. Assim, não encontro razão para modificar a decisão a quo e VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e NÃO RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 89DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912008/2012-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 13/09/2010
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.741
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 13/09/2010 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 20 08 /2 01 2- 43 Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912008/201243 Acórdão n.º 3301003.741 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.767, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912008/201243 Acórdão n.º 3301003.741 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912008/201243 Acórdão n.º 3301003.741 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912008/201243 Acórdão n.º 3301003.741 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912008/201243 Acórdão n.º 3301003.741 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10830.912008/201243 Acórdão n.º 3301003.741 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10830.912008/201243 Acórdão n.º 3301003.741 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10830.912008/201243 Acórdão n.º 3301003.741 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 201DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.657986/2012-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 05/04/2012 a 26/06/2012
REINTEGRA. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS. Para usufruir do benefício fiscal é necessário que todas as informações prestadas pelo contribuinte nos sistemas da Receita Federal estejam de acordo com a documentação comprobatória da operação de exportação. Eventuais inconsistências apontadas pela fiscalização deverão ser sanadas para fazer jus ao ressarcimento pleiteado.
JUNTADA DE DOCUMENTOS. POSSIBILIDADE. DECRETO 70.235/1972, ART. 16, §4º. LEI 9.784/1999, ART. 38. É possível a juntada de documentos posteriormente à apresentação de impugnação administrativa, em observância ao princípio da formalidade moderada e ao artigo 38, da Lei nº 9.784/1999.
Numero da decisão: 3302-004.655
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reverter as glosas relativas às notas fiscais nºs 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria L. de A. Paes de Souza que davam provimento em maior extensão para reversão das glosas das NF 1254, , 1255, 25929 e 23326.
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
José Renato Pereira de Deus - Relator.
EDITADO EM: 29/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reverter as glosas relativas às notas fiscais nºs 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria L. de A. Paes de Souza que davam provimento em maior extensão para reversão das glosas das NF 1254, , 1255, 25929 e 23326. Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. José Renato Pereira de Deus - Relator. EDITADO EM: 29/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/04/2012 a 26/06/2012 REINTEGRA. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS. Para usufruir do benefício fiscal é necessário que todas as informações prestadas pelo contribuinte nos sistemas da Receita Federal estejam de acordo com a documentação comprobatória da operação de exportação. Eventuais inconsistências apontadas pela fiscalização deverão ser sanadas para fazer jus ao ressarcimento pleiteado. JUNTADA DE DOCUMENTOS. POSSIBILIDADE. DECRETO 70.235/1972, ART. 16, §4º. LEI 9.784/1999, ART. 38. É possível a juntada de documentos posteriormente à apresentação de impugnação administrativa, em observância ao princípio da formalidade moderada e ao artigo 38, da Lei nº 9.784/1999. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reverter as glosas relativas às notas fiscais nºs 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria L. de A. Paes de Souza que davam provimento em maior extensão para reversão das glosas das NF 1254, , 1255, 25929 e 23326. Paulo Guilherme Déroulède Presidente. José Renato Pereira de Deus Relator. EDITADO EM: 29/08/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 65 79 86 /2 01 2- 21 Fl. 464DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados de forma completa, adoto o relatório da r. decisão recorrida, conforme a seguir transcrito: "Trata o presente de manifestação de inconformidade em face de indeferimento de pedido de ressarcimento vinculado ao regime REINTEGRA, no valor de R$ 5.201.836,58. Em 4 de junho de 2013 a DERAT/SP emitiu a comunicação nº 2306/13, informando à empresa LOUIS DREYFUS COMMODITIES AGROINDUSTRIAL S.A., CNPJ 00.831.373/000104, que o pedido de PER nº 07079.65177.071212.1.5.176650, apurado no âmbito do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), Período de Apuração: 3º trimestre/2012, no valor de R$ 6.684.968,71, foi parcialmente reconhecido, no valor de R$ 1.483.132,08, com comunicação para compensação de ofício, nos termos dos artigos 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, do artigo 7º do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, e do Decreto nº 2.138, de 29 de janeiro de 1997. Conforme costa das informações complementares foram também verificadas as seguintes inconsistências: • Nota Fiscal não relacionada à DE Exportação direta • Produto do Registro de Exportação não consta na Nota Fiscal • Produto informado não está discriminado em Nota Fiscal válida • Registro de Exportação não vinculado à Declaração de Exportação Em 3/7/2013 a interessada apresentou petição contra a compensação de ofício (fls. 14 e ss), onde declarou que em relação ao valor de R$ 134.178,46 referente a CSLL, apurada no período de 06/06/2003, vencimento em 31/07/2003, que tal valor já se encontrava quitado, e que apresentaria os documentos comprobatórios posteriormente. Em 22/08/2013, a interessada apresentou nova petição (fls. 49 e ss), agora se manifestando a respeito dos créditos reconhecidos nos processos nº 12585.720155/21263, nº 10880.657986/2012 21 e nº 10880.908210/201366 e insurgindose contra os débitos apontados na intimação 3055 (fls. 58). Em 04/09/2013, por intermédio do despacho decisório com nº de rastreamento 06432965 (fls. 85), a DERAT/SPO informou à Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 3 3 interessada do reconhecimento parcial do ressarcimento pleiteado, em face de inconsistências identificadas. Em 10/10/2013, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 71 e ss) onde apresenta documentação contrapondo todas as inconsistências apontadas pela fiscalização e requerendo o reconhecimento da totalidade do credito no valor de R$ 6.684.968,06. Em 22/04/2015 (fls. 155/156) a Justiça Federal de Ribeirão Preto, em face do Mandado de Segurança nº 0003270 15.2015.403.6102 determinou que a autoridade impetrada (no caso a Delegacia de Julgamento de Ribeirão Preto) examinasse os recursos administrativos (fls. 03 e fls. 26/52), em 30 dias da intimação. Conforme consta da petição inicial da ação judicial (fls. 157 e ss.), os recursos a que se refere a decisão judicial estão indicados às fls. 158 dos autos, ou seja; Em 21/05/2015, esta DRJ/SPO, por intermédio da Resolução 16.000.572 (fls. 210/211), em face dos documentos apresentados pela interessada, encaminhou os autos à Unidade de origem, para esclarecimentos. Em resposta, a unidade de origem apresentou Relatório de Diligência (fls. 213 e ss), mantendo o despacho decisório que indeferiu o pedido de ressarcimento. Em sua manifestação a respeito do teor da diligência (fls. 22 e ss), a interessada contrapôs os argumentos da fiscalização, requerendo o provimento do pedido de ressarcimento, que será analisado no voto." O Acórdão 1670.047, da 11ª Turma da DRJ/SPO, Sessão de 30 de setembro de 2015, do qual foi extraído o relatório alhures transcrito, por unanimidade de votos, indeferiu Processo Data do protocolo 10880.945394/2013 45 11/12/2013 10880.657986/2012 21 10/10/2013 10880.908210/2013 66 10/10/2013 12585.720155/2012 63 26/03/2013 Fl. 466DF CARF MF 4 a solicitação contida na manifestação de inconformidade, não reconhecendo o crédito pleiteado de R$ 5.201.836,58. Valendose do direito que lhe é facultado pelo art. 33 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, alterado pelo art. 1º da Lei nº 8.748, de 9 de dezembro de 1993, e pelo art. 32 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, a contribuinte manejou Recurso Ordinário, acostando ao mesmo os documentos já encartados nos autos, quando de suas manifestações. Em 29 de março do corrente ano, foi recebido nesse Conselho um mandado de notificação e intimação expedido pela MM Juíza da 3ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal, noticiando decisão liminar deferida em Mandado de Segurança, impetrado em face do Sr. Dr. Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, vazada nos seguintes termos: " (...) Com essas considerações, DEFIRO o pedido liminar, inaudita altera pars, para que a Autoridade Coatora promova, no prazo de 30 (trinta dias), o julgamento dos recursos referentes aos processos nº 12585.720155/201263, nº 10880.945394/201345, nº 10880.657986/201221 e nº 10880.9082010/201366. (...)" O mandado judicial acima referido foi, equivocadamente, encaminhado à 1ª TO2ª CÂMARA 1ª SEÇÃO, desse Tribunal (fl. 459), a qual declinando da competência em razão da matéria, encaminhou o presente processo ao Secam, para posterior envio à 3ª Seção de Julgamento, conforme estabelece o RICARF. Promovida a redistribuição o processo foi encaminhado para nova relatoria no último dia 30 de junho de 2017. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus, Relator: O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Não há na peça recursal alegação de matérias para discussão em sede de preliminares, razão pela qual passase a deliberar sobre o mérito do processo. I Do Mérito Programa REINTEGRA O presente processo trata de pedido de ressarcimento de valores, utilizando como base as permissões trazidas pelo Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras REINTEGRA, instituído pela MP 540/2011, convertida na Lei nº 12.546/2011. O objetivo do regime especial é reintegrar valores referentes a custos tributários federais residuais existentes na cadeia de produção, permitindo que a pessoa jurídica Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 4 5 produtora que efetua exportação de bens manufaturado no país, apure valores para fins de ressarcimento parcial ou total dos resíduos mencionados. A época do pedido de ressarcimento manejado pela contribuinte, regulamentava o REINTEGRA o Decreto nº 7.633, de 1ª de dezembro de 2011, que traz os requisitos necessários para o enquadramento no regime, além do modo pelo qual se promoveria o cálculo dos valores a ressarcir, nos seguintes termos: "Art. 1o Este Decreto regulamenta o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras REINTEGRA, instituído pela Medida Provisória nº 540, de 2 de agosto de 2011, e que tem por objetivo reintegrar valores referentes a custos tributários residuais existentes nas suas cadeias de produção. Art. 2o No âmbito do REINTEGRA, a pessoa jurídica produtora que efetue exportação dos bens manufaturados classificados nos códigos da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI constantes do Anexo a este Decreto poderá apurar valor para fins de ressarcir parcial ou integralmente o resíduo tributário existente na sua cadeia de produção. § 1o O valor será calculado mediante a aplicação do percentual de três por cento sobre a receita decorrente da exportação de bens produzidos pela pessoa jurídica referida no caput. § 2o Para fins do § 1o, entendese como receita decorrente da exportação: I o valor da mercadoria no local de embarque, no caso de exportação direta; ou II o valor da nota fiscal de venda para empresa comercial exportadora ECE, no caso de exportação via ECE. § 3o O disposto neste artigo aplicase somente a bem manufaturado no País cujo custo total de insumos importados não ultrapasse o limite percentual do preço de exportação definido no Anexo Único a este Decreto. § 4o Para efeitos do § 3o, os insumos originários dos demais países integrantes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL que cumprirem os requisitos do Regime de Origem do MERCOSUL, serão considerados nacionais. § 5o Para efeitos do cálculo do custo de insumos importados referidos no § 3o deverá ser considerado o seu valor aduaneiro, atribuído conforme os arts. 76 a 83 do Decreto no 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, adicionado dos montantes pagos do Imposto de Importação e do Adicional sobre Frete para Renovação da Marinha Mercante, se houver. § 6o No caso de insumo importado adquirido de empresa importadora, será tomado como custo do insumo o custo final de Fl. 468DF CARF MF 6 aquisição do produto colocado no armazém do fabricante exportador. § 7o O preço de exportação, para efeito do § 3o, será o preço da mercadoria no local de embarque. § 8o Ao requerer a compensação ou o ressarcimento do valor apurado no REINTEGRA, a pessoa jurídica deverá declarar que o percentual de insumos importados não ultrapassou o limite de que trata o § 3o. § 9º As pessoas jurídicas de que tratam os arts. 11A e 11B da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, e o art. 1º da Lei nº 9.826, de 23 de agosto de 1999, poderão requerer o REINTEGRA. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) § 10. Do valor apurado referido no caput: (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) I 17,84% (dezessete inteiros e oitenta e quatro centésimos por cento) corresponderão a crédito da Contribuição para o PIS/PASEP; e (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) II 82,16% (oitenta e dois inteiros e dezesseis centésimos por cento) corresponderão a crédito da COFINS. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) Art. 3o A pessoa jurídica somente poderá utilizar o valor apurado no REINTEGRA para, a seu critério: I solicitar seu ressarcimento em espécie, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; ou II efetuar compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria. Art. 4o Para fins deste Decreto, considerase exportação a venda direta ao exterior ou a ECE, com o fim específico de exportação para o exterior. Parágrafo único. Quando a exportação realizarse por meio de ECE, o REINTEGRA fica condicionado à informação da empresa produtora no Registro de Exportação. Art. 5o O REINTEGRA não se aplica a: I ECE; e II bens que tenham sido importados e posteriormente exportados sem atender ao disposto no § 3odo art. 2o. Art. 6o A ECE fica obrigada ao recolhimento do valor atribuído à empresa produtora vendedora se: I revender, no mercado interno, os produtos adquiridos para exportação; ou Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 5 7 II no prazo de cento e oitenta dias, contado da data da emissão da nota fiscal de venda pela empresa produtora, não houver efetuado a exportação dos produtos para o exterior. § 1º O recolhimento do valor referido no caput deverá ser efetuado até o décimo dia subsequente: (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) I ao da revenda no mercado interno; ou (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) II ao do vencimento do prazo estabelecido para a efetivação da exportação. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) § 2º O recolhimento do valor referido no caput deverá ser efetuado acrescido de multa de mora ou de ofício e de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Selic, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do mês subsequente ao mês da emissão da nota fiscal de venda dos produtos para a empresa comercial exportadora até o último dia do mês anterior ao mês do pagamento, e de um por cento no mês do pagamento. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013)" Em seu art. 7º, o Decreto 7.633/2011, ao tratar do pedido de ressarcimento ou da declaração de compensação, estabeleceu que: "Art. 7o O pedido de ressarcimento ou a declaração de compensação somente poderão ser transmitidos após: I o encerramento do trimestrecalendário em que ocorreu a exportação; e II a averbação do embarque. " Analisando os documentos trazidos aos autos do presente processo, podemos verificar, a princípio, que a contribuinte preenche os requisitos necessários para usufruir dos benefícios estabelecidos pelo regime especial. Passamos então a cotejar as razões de fato e de direito relacionadas a cada um dos pontos trazidos pela Decisão da DRJ, com aqueles trazidos pelo Recurso Voluntário manejado pela contribuinte. I.1 Declaração de Exportação não Averbada Conforme observamos da decisão de piso (fl. 274 e segs), a DRJ entendeu por bem pela manutenção da glosa da nota fiscal 13490, que segundo a informação da própria contribuinte, foi averbada em 13/12/2012, não atendendo, portanto, ao que determina a legislação pertinente ao assunto, no sentido de que o pedido de ressarcimento só pode ser efetuado após o encerramento do trimestrecalendário em que ocorreu a exportação e averbação do embarque. Resta claro pelos documentos acostados ao processo que os pedidos de ressarcimento, originário e retificador, foram realizados em data anterior a averbação da Fl. 470DF CARF MF 8 exportação que ocorreu em 13/12/2012 (PER original 26/07/2012; PER retificador 07/12/2012), representada na NF 13490. Ressaltase que a contribuinte, cientificada da diligência promovida para a verificação da ocorrência ou não da irregularidades apontadas nos relatórios fiscais, não se manifestou a respeito, quedandose inerte quanto a referido item. Há ainda à fl. 274 a informação extraída do Sistema do SISCOMEX que o despacho relacionado à nota fiscal 13490 foi cancelado, corroborando a tese de impossibilidade do ressarcimento relativo a essa operação. Por tais razões, mantémse a glosa e o indeferimento do ressarcimento indicados na decisão da DRJ relacionada à operação descrita pela NF 13490. I.2 Nota Fiscal não relacionada à DE Exportação Direta Segundo as informações trazidas pela fiscalização e outras mais apresentadas na decisão da DRJ, foram glosadas as notas fiscais nºs 1254, 1255, 25929 e 23326, tendo em vista não estarem relacionadas à DE. De fato, pelo que podemos verificar dos documentos e informações constantes do processo, não houve a efetiva retificação da DE que pudesse restabelecer a possibilidade de ressarcimento dos créditos que teriam por base os dados lançados nos referidos documentos fiscais. As informações trazidas pela DRJ e os documentos juntados pela contribuinte, convergem para um mesmo ponto, qual seja, em que pese a informação de indicação equivocada de documento fiscal, as notas fiscais vinculadas às exportações permanecem inalteradas, devendo permanecer a glosas dos créditos indicadas na decisão de 1ª instância. Vale ressaltar que em seu recurso voluntário a contribuinte fez juntar documentos que são idênticos àqueles colacionados na decisão recorrida, portanto, sem o efeito pretendido de desqualificar a decisão da DRJ. Dessa forma, decidese pela manutenção da glosa dos créditos pretendidos pela contribuinte relacionados as NFs 1254, 1255, 25929 e 23326. I.3 Produto do Registro de Exportação não consta na Nota Fiscal Conforme podemos observar dos autos a fiscalização glosou as Notas Fiscais 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249 pelo fato dos documentos indicarem NCM 2009.11.00, diferente daquele que constou nos RE, NCM 2009.19.00. Segundo a fiscalização e posteriormente a DRJ, mesmo ciente da inconsistência apontada nos documentos fiscais e declaração de exportação, a contribuinte não logrou êxito em demonstrar seu direito ao crédito, uma vez não ter apresentado documentos idôneos para tanto (retificação de nota fiscal em papel), nem ser possível o atendimento da alegação de que para fruição do Reintegra, seria irrelevante a indicação do código NCM, por serem ambos beneficiários do regime. Fl. 471DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 6 9 Em seu recurso voluntário a contribuinte entendendo ser válido seu direito ao crédito, novamente alegou que já teria realizado a retificação dos documentos (NFs), com a conseqüente troca dos NCMs, no entanto, para que não houvesse mais dúvidas sobre a retificação das informações, carreou aos autos prova de que as teria feito na forma eletrônica (fls. 403 a 447). Ainda no recurso voluntário a contribuinte trouxe a tese sobre a observância do principio da verdade material que deve permear o processo administrativo, colacionando diversos julgados sobre o tema que corroborariam a possibilidade de fruição de seu direito ao crédito. Pois bem. Por mais que tenhamos no presente processo a juntada, tardia de documentos pela contribuinte que teriam o condão de demonstrar seu direito ao crédito, trouxe a contribuinte com sua manifestação do inconformidade, a princípio, documentos que demonstram sua intenção em retificar o equívoco cometido, qual seja, a troca dos códigos de NCM. Dessa forma os documentos dispostos nas páginas 403 a 447 do processo, demonstram a efetiva alteração dos códigos, dentro do que lhe é permitido pela legislação vigente e, ao meu sentir, permitindo a fruição do benefício fiscal. Para dar sustentação ao descrito acima, peço vênia, para utilizar os fundamentos e decisão em voto vencedor proferido pela Conselheira Cristiane Silva Costa, no processo n. 14098.000308/200974, Acórdão n. 9101002.781, da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido em 06 de abril de 2017, vejamos: "Voto Vencedor Conselheira Cristiane Silva Costa, Redatora Designada Com a devida vênia ao Ilustre Relator, divirjo da interpretação conferida ao artigo 16, do Decreto nº 70.235/1972. Como mencionado pelo Ilustre Relator, prescreve o artigo 16, do Decreto nº 70.235/1972: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 472DF CARF MF 10 V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) A interpretação isolada do artigo 16 e seu §4º poderia implicar na interpretação bastante rigorosa da impossibilidade de juntada de documentos depois da apresentação de impugnação administrativa, ressalvadas as hipóteses dos incisos do §4º, acima colacionado (impossibilidade de apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos). No entanto, não me parece seja o caso de adotar interpretação tão rigorosa. A Lei nº 9.784/1999 trata dos processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal, explicitando a necessidade de observância aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade proporcionalidade, ampla defesa e contraditório: Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, Fl. 473DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 7 11 proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:... A mesma Lei acrescenta que os processos administrativos devem atender aos critérios dos quais se destacam: Art. 2º: (...) Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; (...) VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio. Os processos administrativos, portanto, devem atender a formalidade moderada, com a adequação entre meios e fins, assegurandose aos contribuintes a produção de provas e, principalmente, resguardandose o cumprimento à estrita legalidade, para que só sejam mantidos lançamentos tributários que efetivamente atendam à exigência legal. Especificamente sobre a possibilidade de juntada de provas, o artigo 38, da Lei nº 9.784/1999 prescreve que: Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Fl. 474DF CARF MF 12 Ao tratar do artigo 16, §4º, do Decreto nº 70.235/1972, são as pertinentes considerações de Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López: Ao se levar às últimas consequências, as regras atualmente vigentes para o Decreto nº 70.235/72, estarseia mitigando a aplicação de um dos princípios mais caros ao processo administrativo que é o da verdade material. (...) Assim, revela destacar que a depender da situação é possível flexibilizar a norma, desde que evidentemente, a prova apresentada seja inconteste e nesse sentido independa da análise de uma instância inferior, eis que a preclusão ligase ao princípio do impulso processual. (...) Na prática, quer nos parecer que, o direito à parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da justiça. (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, 3ª edição, Dialética, 2010, fls. 305 e 306.)" Assim, considerando que as retificações apresentadas pela contribuinte das notas fiscais quanto à troca dos códigos de NCMs, e os ensinamentos trazidos pela transcrição do voto acima, entendo por bem considerar como válidos os créditos representados pelas NFs nºs 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, garantindo a contribuinte a fruição dos benefícios do REINTEGRA, com relação a tais documentos fiscais. II Conclusão Diante do exposto, voto por acolher o recurso voluntário, para no mérito dar lhe parcial provimento nos seguinte termos: a) indeferir o ressarcimento indicado relacionado à operação descrita na NF nº 13490, pelo não cumprimento dos requisitos formais indicados pela legislação para fruição dos benefícios do REINTEGRA; b) indeferir o ressarcimento indicado nas notas fiscais nºs 1254, 1255, 25929 e 23326, tendo em vista não estarem relacionadas à DE; c) deferir o ressarcimento que tem por base as notas fiscais 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, por entender sanadas as irregularidades apontadas pela fiscalização. José Renato Pereira de Deus Relator. Fl. 475DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 8 13 Fl. 476DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.912077/2012-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 27/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.791
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 27/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 20 77 /2 01 2- 57 Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912077/201257 Acórdão n.º 3301003.791 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.818, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912077/201257 Acórdão n.º 3301003.791 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912077/201257 Acórdão n.º 3301003.791 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912077/201257 Acórdão n.º 3301003.791 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912077/201257 Acórdão n.º 3301003.791 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912077/201257 Acórdão n.º 3301003.791 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912077/201257 Acórdão n.º 3301003.791 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10830.912077/201257 Acórdão n.º 3301003.791 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 199DF CARF MF
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