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Numero do processo: 16327.001077/2006-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2001 DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DO LANÇAMENTO. FATO GERADOR. Havendo antecipação do tributo, a homologação do lançamento ocorrerá no prazo de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, na forma do artigo 150, § 4°, do CTN. Uma vez que o contribuinte optou pelo regime do lucro real anual, o fato gerador do IRPJ e CSLL ocorre em 31/12 compreendendo todos fatos jurídico-tributários ocorridos no transcurso do ano, de 1 o/01 a 31/12 (fato gerador complexivo), ainda que a empresa tenha realizado apurações mensais para fins dos recolhimentos por estimativa (antecipações do IRPJ e CSLL devidos no ajuste anual). DECADÊNCIA. LUCROS AUFERIDOS MEDIANTE CONTROLADA NO EXTERIOR. A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização, e não nas datas das apurações dos lucros pela empresa controlada. LUCROS NO EXTERIOR. DISPONIBILIZAÇÃO .EMPREGO DO VALOR- A finalidade da norma contida no item 4 da alínea "b" do § 2° da Lei n° 9.532/1997 foi de caracterizar como disponibilização qualquer forma de realização dos lucros que não estivesse compreendida nas demais situações previstas no parágrafo, entre elas a alienação do investimento por qualquer forma. INCIDÊNCIA DA CSLL SOBRE LUCROS NO EXTERIOR DISPONIBILIZADOS APÓS A VIGÊNCIA DA MP 1.858-6/99. Para os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, a hipótese de incidência da CSLL surge com a publicação do art. 19 da MP nº 2.158-6/99 que, interpretado sistematicamente com a legislação a que se reporta, define como fato gerador da CSLL, para esses casos, o momento da disponibilização
do lucro e não o momento da geração desse (Acórdão CSRF 910100468).
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONVERSÃO PARA REAIS.
TAXA DE CÂMBIO APLICÁVEL. Os lucros auferidos no exterior por
intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os correspondentes lucros.
Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 1402-000.493
Decisão: Acordam os membros do colegiado: 1) Pelo voto de qualidade, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento e de decadência da tributação dos lucros produzidos no exterior, anos de 1996 e 1997, disponibilizados após a vigência do art. 1º. da Lei 9.532/1997; considerar que a CSLL incide também sobre os lucros produzidos até 30/09/1999, disponibilizados após a vigência do art. 19 da MP nº. 1.858-6/99; e manter a tributação dos lucros auferidos junto à controlada no exterior, haja vista a ocorrência de “emprego do valor” ocorrido em 12/01/2001, em face da alienação da participação na aludida controlada; vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira (relator), Carlos Pelá e Moises Giacomelli Nunes da Silva. 2) Por unanimidade de votos, determinar que os lucros auferidos no exterior sejam convertidos em reais pela taxa de câmbio para venda do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os referidos lucros. Tudo na forma do relatório e dos votos, vencido e vencedor, que passam a integrar o presente julgado.Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Antônio José Praga de Souza. Ausente momentaneamente, o Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. Participou do julgamento o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro.
Nome do relator: LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001 DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DO LANÇAMENTO. FATO GERADOR. Havendo antecipação do tributo, a homologação do lançamento ocorrerá no prazo de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, na forma do artigo 150, § 4°, do CTN. Uma vez que o contribuinte optou pelo regime do lucro real anual, o fato gerador do IRPJ e CSLL ocorre em 31/12 compreendendo todos fatos jurídicotributários ocorridos no transcurso do ano, de 1o/01 a 31/12 (fato gerador complexivo), ainda que a empresa tenha realizado apurações mensais para fins dos recolhimentos por estimativa (antecipações do IRPJ e CSLL devidos no ajuste anual). DECADÊNCIA. LUCROS AUFERIDOS MEDIANTE CONTROLADA NO EXTERIOR. A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização, e não nas datas das apurações dos lucros pela empresa controlada. LUCROS NO EXTERIOR. DISPONIBILIZAÇÃO .EMPREGO DO VALOR A finalidade da norma contida no item 4 da alínea "b" do § 2° da Lei n° 9.532/1997 foi de caracterizar como disponibilização qualquer forma de realização dos lucros que não estivesse compreendida nas demais situações previstas no parágrafo, entre elas a alienação do investimento por qualquer forma. INCIDÊNCIA DA CSLL SOBRE LUCROS NO EXTERIOR DISPONIBILIZADOS APÓS A VIGÊNCIA DA MP 1.8586/99. Para os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, a hipótese de incidência da CSLL surge com a publicação do art. 19 da MP nº 2.1586/99 que, interpretado sistematicamente com a legislação a que se reporta, define Fl. 598DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 2 2 como fato gerador da CSLL, para esses casos, o momento da disponibilização do lucro e não o momento da geração desse (Acórdão CSRF 910100468). LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. CONVERSÃO PARA REAIS. TAXA DE CÂMBIO APLICÁVEL. Os lucros auferidos no exterior por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os correspondentes lucros. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: 1) Pelo voto de qualidade, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento e de decadência da tributação dos lucros produzidos no exterior, anos de 1996 e 1997, disponibilizados após a vigência do art. 1º. da Lei 9.532/1997; considerar que a CSLL incide também sobre os lucros produzidos até 30/09/1999, disponibilizados após a vigência do art. 19 da MP nº. 1.8586/99; e manter a tributação dos lucros auferidos junto à controlada no exterior, haja vista a ocorrência de “emprego do valor” ocorrido em 12/01/2001, em face da alienação da participação na aludida controlada; vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira (relator), Carlos Pelá e Moises Giacomelli Nunes da Silva. 2) Por unanimidade de votos, determinar que os lucros auferidos no exterior sejam convertidos em reais pela taxa de câmbio para venda do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os referidos lucros. Tudo na forma do relatório e dos votos, vencido e vencedor, que passam a integrar o presente julgado.Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Antônio José Praga de Souza. Ausente momentaneamente, o Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. Participou do julgamento o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro. (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator (assinado digitalmente) Antonio José Praga de Souza – Redator Designado (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 599DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 3 3 Relatório GEOGLEN ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIAL PATRIMONIAL LTDA. recorre a este Conselho contra a decisão proferida pela da 4ª Turma da DRJ/FortalezaCE em primeira instância, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Em razão de sua pertinência, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): Em ação fiscal direta em face do contribuinte em epígrafe, foram lavrados autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (fls. 215/220) e de Contribuição Social sobre o Lucro (fls. 221/224), com valores totais do crédito tributário, incluindo multa e juros de mora calculados até 30/06/2006, respectivamente, de R$ 34.655.410,89 e de R$ 12.378.145,21. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 247/231, o fiscal autuante informa ter verificado os fatos abaixo relatados. Por bem descrevêlos passo à transcrição de excerto do aludido TVF: “(...) Preliminarmente é necessário que se faça o registro de que muitos elementos e informações arrolados neste processo, foram originados dos documentos colhidos quando da execução da fiscalização na empresa Primo Schincariol Indústria de Cervejas e Refrigerantes S/A (PSICR), CNPJ 50.221.019/000136, motivador do Auto de Infração que levou o número de processo 16.327.002112/2005/75, datado de 19/12/2005, relativo ao MPF 08.1.71.0020050001305. 1 IDENTIFICAÇÃO DO CONTRIBUINTE e DEMAIS INFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS 1 A Geoglen Administração Patrimonial foi constituída em 10/12/79, sob o nome de Transportadora Schincariol Ltda, sendo sócios José Nelson Schincariol, Gilberto Schincariol, Alcides Vargas e Francisco Flora Neto.(fls. 07 a 13). 2 Já em 30/09/83 constavam como sócios a Schincariol Participação e Representação (SPR) e as pessoas físicas acima identificadas que foram mantidas com mais ou menos participações até 26/07/96, quando a Primo Schincariol Indústria de Cervejas e Refrigerantes (PSICR/SP) decidiu aumentar o capital da empresa em R$ 10.000.000.00, ocasião em que o nome da empresa passou a ser Shincariol Administração Patrimonial (SAP). (fls. 14 a 52). È importante mencionar que a SPR subscreveu capital na PSICR através de cotas de capital da SAP. (50.336.084 cotas de capital). 3Em 29/08/96 a PSICR/SP, nesta ocasião proprietária majoritária das cotas de capital da SAP cedeu, via Instrumento Particular de compra e Venda de Cotas e outras Avencas, a sua parte total para a Primo Schincariol 'Internacional (PSI) e retirouse da sociedade (equivalente à época a 60.336.081 cotas capital da SAP), ficando a PSI majoritária e o restante das cotas distribuídas em nome das pessoas físicas já enunciadas no item 1. Na última ata de alteração de contrato social da SAP enviada, informa a PSI detinha 60.336.084 cotas de um total de 60.692.943 cotas. (fls. 53 a 70). Fl. 600DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 4 4 O Instrumento Particular de compra e Venda de Cotas e outras Avenças, datado de 29/08/1996, mencionado no tópico anterior, têm na qualidade de compradora/nu proprietária a PSI, como vendedora/ usufrutuária a PSICR/SP e como Objeto do contrato a SAP. (fls. 71 a 74). Tal instrumento, entre outras considerações, registrava que a Vendedora/usufrutuária vendia, reservando para si o usufruto da totalidade das cotas da SAP, à compradora/nu proprietária pelo preço certo de R$ 10.184.406,30, a ser pago em parte com a liquidação de contas a receber entre as partes no valor de R$ 9.914.040,58, e o restante em espécie na quantia de R$ 270.365,72. Citese ainda, que o usufruto da totalidade das cotas pertencerá a vendedora/ usufrutuária da data da celebração deste contrato até 31/12/2011, exercendo todos os direitos e deveres oriundo deste estado, nos termos dos artigos 713 e seguintes do Código Civil Brasileiro, notadamente o da administração das operações da "Objeto de contrato" e participação nos resultados. 5 Pela Ata de Reunião dos sócios Gerentes da SAP de 05/01/2001 foi feita a distribuição dos dividendos no valor de R$ 38.484.463,50, cabendo à PSICR o valor de R$ 38.258.184,69 (veja elenco de lançamentos feitos na PSICR relativo ao recebimento de tais dividendos). (fls. 75 a 82). Observese que os dividendos foram pagos com a cessão das cotas que a SAP detinha na empresa Village Serviços Internacionais (localizada na Ilha da Madeira) (vide lançamentos contábeis bem como resumo das contas de dividendos que foram arrolados no Lalur da PSICR). II DOS INVESTIMENTOS DA SAP EM OUTRAS EMPRESAS IIII11)) GGEERRAALL ((IINNFFOORRMMAAÇÇÕÕEESS RREETTIIRRAADDAASS DDAASS DDIIRRPPJJSS DDEE CCAADDAA AANNOOCCAALLEENNDDÁÁRRIIOO)) EMPRESAS CNPJ LOCAL 2000 2001 2002 2003 ANDRE OVERSEAS BVI 58,63% VILLAGE MADEIRA 100% S.TRANSPORTES 01.422.412 BRASIL 99,59% 99,59% 99,59% 99,59% PSICR 02.864.417 BRASIL 23,09%1 23,09% SICR 01.278.018 BRASIL 0,02% 0,02% II.2) INVESTIMENTOS NO EXTERIOR PERCENTUAL E VALORES fls.83) EMPRESAS LOCAL 1996 1997 1998 1999 2000 ANDRÉ OVERSEAS BVI 58,63% 58,63% 58,63% 58,63% 28.111.139,65 33.391.396,50 53.662.924,25 63.294.163,07 VILLAGE MADEIRA 100% 100% 100% 100% 100% 33.744.327,60 38.475.552,9 42.473.876,80 37.460.462,1 38.258.184,6 SOMA 33.744.327,60 66.586.692,5 75.865.273,30 91.121386,3 101.552.3 Obs. o saldo de 2000 destacado, demonstra o valor do investimento na Village pela SAP, que vem a ser o valor do dividendo transferido para a PSICR. II.3 ANDREE OVERSEAS Fl. 601DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 5 5 II.31 Pelo "Memorandurn of Association and Articles of Association of ANDREE OVERSIAS" datado de 12/04/1998, elaborado, registrado pelo representante Arias Fabrega & Fabrega Trust Co. BVI Limited, situada em Wickham's Cay, Road Town, Tortola, British Virgin Islands. (escritório da empresa no mesmo endereço do representante) foi constituída a Andree Overseas, com capital autorizado de USD 1.000.000,00.(fls. 84 a 96) II31 Dos Balanços vide anexo 1 deste relatório (fls. 97 a 110). Os balanços indicam que: a) o valor do capital original foi traduzido a reais pela aplicação da taxa de conversão do período de integração, sendo mantido até o último balanço enviado.(fls 102 a 110). b) No ano calendário de 1996 não foi informado a quantidade de dólares correspondente aos reais apontados, observandose, ainda, que os balanços de 1996 foram parciais (maio, novembro e dezembro) e que em cada um deles os lucros do período (ex. janeiro a maio/96), foram adicionados aos lucros acumulados no período subseqüente. (fls. 102 a 104). c) O valor de contas correntes entre a André Overseas e PSI, principalmente, são traduzidos para reais aplicandose a taxa de conversão do dólar para reais do último dia do exercício. O surpreendente, neste tópico é que apesar da empresa estar localizada nas Ilhas Virgens Britânicas, onde a moeda é o dólar, tais variações cambiais são expressas nos balanços apenas em reais. Frisese que tais contas correntes são com empresa situada na Ilha da Madeira, onde até 2000 se praticava a moeda escudo e posteriormente euro. Abaixo demonstramos com exemplo tal procedimento (fl. 107). CONTAS DO ATIVO 1998 usd reais tx 31/12/98 1,208 reais tx 31/12/99 1,789 diferença em reais disponibilidades 517.440,49 625.430,32 925.701,04 300.270,72 PSI 46.604.534,0 56.330.900,25 83.375.511,33 27.044.611,0 SOMA 47.121.974,49 56.956.330,57 84.301.212,36 27.344.881,80 RREESSUULLTTAADDOO GGAANNHHOOSS DDEE VVAARRIIAAÇÇÃÃOO CCAAMMBBIIAALL 27.344.881,80 Os números das contas de ativos foram retiradas do balanço de 1998 (fl. 108), os valores em reais são calculados pela multiplicação dos valores em dólares pelas correspondentes taxas de conversão, e finalmente apontadas as diferenças entre os valores em reais, que são rigorosamente iguais ao valor apontado como "ganância de variação cambial" também encontrada nos resultados de balanço. Vale dizer que a correção mencionada compõem o lucro da empresa das Ilhas Virgens Britânicas, é retratada apenas em reais e é base de calculo da equivalência patrimonial, ou seja, deveria ser traduzida em dólares para compor o patrimônio líquido na moeda original. d) Os lucros acumulados e os lucros do exercício nos demonstram além da diferenças apontadas no tópico anterior, o procedimento de tradução dos resultados à medida temporal que eles acontecem, tendo em vista que ao aplicarmos a conversão Fl. 602DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 6 6 dólar/real notamos diferenças entre a taxa resultante e aquela taxa divulgada pelo Banco Central. (fls. 106 a 110) Diante do explanado constatase que deve ser tributado: DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS APURADOS NO EXTERIOR EM CONTROLADA E COLIGADA, EM VIRTUDE DE TRANSFERÊNCIA DE POSSE DAS COTAS= IRPJ E REFLEXOS. Do elenco de materiais coletados, destacamos o instrumento de compra e venda, datado de 12/01/2001 (fls. 119 e 120), entre a Schincariol Administração Patrimonial (SAP) vendedora e PSICR/RJ compradora, relacionado à empresa Andree Overseas Ltda. pelo valor de R$ 63.294.163,07, pago no dia 31/01/2001, aliado às cópias dos lançamentos efetuados no diário da Geoglem (SAP), que registra a baixa do investimento. Naquele momento, houve a disponibilização parcial dos lucros auferidos de 1996 a 2000, motivado pela transferência de quotas da controlada direta no exterior ao próprio controlador da GEOGLEN (SAP), pois configura emprego do valor em favor da beneficiária, caracterizando, por conseguinte, pagamento de lucro disponibilizado. Na prática, se o contribuinte disponibilizasse tal lucro, ocorreria pagamento de tributos quase que integralmente sobre esse lucro, tendo em vista o lucro real apurado pela fiscalizada. Nesta operação, considerando que a PSICR/RJ apresentava prejuízos na apuração do lucro real, redundaria em recolhimento de tributos com significativa diminuição ou mesmo sem pagamento de tributos. A fundamentação legal esta caracterizada no art. 25 parágrafos 2º e 3º, da Lei nº 9.249/95, art. 16 da Lei 9.430/96, art. 20, parágrafo 9º, da IN SRF nº 38/96; art. 1º, item 2, alínea b, item 4, da Lei nº 9.532/97; art. 207, inciso III e inciso I do parágrafo único, art. 249, inciso II, e art. 394, do RIR/99. Os lucros auferidos, que ora são disponibilizados são informados no quadro a seguir: (valores em escudos). Vale registrar que os valores em reais de ganhos de variação cambial apurados na relação de empréstimos entre Andree Overseas (Ilhas Virgens Britânicas) e Primo Schincariol Internacional (Ilha da Madeira) (fls. 97 a 101). PERÍODO LUCRO REAIS (A) YX CONVERSÃO (B) LUCRO USD (c) Folhas processo JAN/MAI/96 2.543.540,53 1,0394 2.447.123,85 104 MAI/NOV/96 3.355.486,41 1,0394 3.228.291,72 103 DEZ/96 588.647,30 1,0394 566.333,75 102 31/12/1997 7.499.149,31 1,1164 6.717.260,22 105 31/12/1998 9.006.066,60 1,2087 7.451.035,49 106 31/12/1999 34.575.350,08 1,789 19.326.635,04 107 31/12/2000 16.427.151,32 1,9554 8.400.916,09 108 SOMA 73.995.391,55 48.137.596,15 Observações: 1 a) valor dos resultados A (lucros em reais) obtidos dos balanços da Andrée Overseas, b) taxa de conversão de dólar para reais obtidas do site do Banco Central do Brasil e c) de 1996 dividindose a) por b), registrese que no ano calendário de 1997 quantidade de dólares na linha "resultado Del ejercicio" do balanço e nos anoscalendários de 1998 a 2000 foi obtido pela divisão de a) por b). Fl. 603DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 7 7 2 Registrese que 1997 o valor em reais divido pelo valor em dólar reproduz fielmente o valor da taxa de conversão do Banco Central do Brasil na linha resultados do exercício, a despeito de existir "diferencia de câmbio". Já com relação aos anoscalendário de 1998 a 2000 os valores tidos como "diferencia de câmbio (ganância) não tem representação em moeda dólar. Isto explica a necessidade de recompor o lucro em dólares daqueles períodos. 3 Em 1998 foi agregado ao resultado do exercício o valor de R$ 167.376,91, referente ao ajuste de exercício anterior. (ou seja, resultado do exercício = R$ 8.838.689,69 + resultado de exercícios anteriores = R$ 167.376,91, totalizando R$ 9.006.066,60). Constatase que o Mapa de cálculo da Equivalência Patrimonial elaborado pelo contribuinte leva em conta o resultado em reais, ou seja, compõem o resultado o valor da variação cambial aludida. (fls. 111 a 114) À folha 116 fica demonstrado o lançamento de venda no investimento na empresa controlada André Overseas para a Primo Schincariol Indústria de Cervejas e Refrigerantes do Rio de Janeiro. Assim, composto a partir dos resultados acumulados até o anocalendário 2000 em moeda original dólares, apuramos os valores que devem ser tributados, calculando a quantidade de dólares convertidos à taxa da moeda válida para 12/01/2001, conforme site do Banco Central do Brasil. DATA VENDA VALOR EM DOLARES TAXA CONVERSÃO VALOR EM REAIS 12/01/2001 48.137.596,15 1,9508 93.906.822,57 PARTICIPAÇÃO 58,63% PARTE GEOGLEN 55.057.570,07 Considerando que o art. 25 da Lei nº 9.249/95, determina que os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real, considerando determinação da Lei 9.532/97, que definiu, entre outras formas de disponibilização, o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da filial, sucursal, controlada ou coligada, domiciliada no exterior (art. 2º parágrafo 2º inciso, alínea d). A transferência da titularidade da GEOGLEN (SAP) para a PSICR/RJ, ocorrida em 12/01/2001, é, de fato, o fato gerador da disponibilidade, e deve ser oferecido à tributação. Considerando, que o parágrafo 8º da IN 38/96, manda consolidar os resultados auferidos por intermédio de outra pessoa jurídica, na qual a controlada mantenha qualquer tipo de participação societária e que o parágrafo 9º determina que os lucros rendimentos e ganhos de capital serão adicionados ao lucro líquido da controladora ou nele computado, pelos seus valores antes de descontados o tributo pago no pais de origem, a tributação deve ocorrer sobre os resultados consolidados e pelo valor auferido antes da dedução do imposto local, se tiver. Considerando que o fato gerador é 12/01/2001, que é a data da disponibilização, aplicase o art. 143 do CTN, que determina "salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento farseá sua conversão em moeda nacional ao câmbio dia da ocorrência do fato gerador da obrigação, logo, aplicase a taxa de conversão de 12/01/01". Considerando que a Medida Provisória 18586, de 30/06/99 e demais edições, estabeleceram a cobrança da Contribuição Social sobre Lucro Real sobre lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, e o Ato Declaratório 75 de Fl. 604DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 8 8 17/08/99 veio dirimir dúvidas a respeito do inicio da aplicabilidade temporal do tributo, logo, também incide a Contribuição Social sobre os valores acima apontados. Juntase ao presente processo, às folhas de nº 121 a 150, cópias do Livro de apuração do Lucro Real (Lalur), folhas de nº 151 a 198 as cópias dos balanços e nas folhas de nº 199 a 214 a cópia da Declaração de Imposto de Renda do ano calendário 2000. O presente termo é lavrado em três vias, de igual teor e forma, assinadas por nós e pelo representante legal do Contribuinte, que recebe uma via neste ato e que fará parte integrante e inseparável do auto de infração que acompanha o processo.” Os autos de IRPJ e CSLL foram lavrados com o seguinte enquadramento legal: IRPJ Art. 25, §§2º e 3º, da Lei nº 9.249/1995; Art. 16 da Lei nº 9.430/1996; Art. 1º, §1º, alínea “b”, da Lei nº 9.532/1997; Arts. 249, inciso II, e 394, do RIR/1999; Art. 3º da Medida Provisória nº 1.924/1999 e reedições convalidadas pela Lei n º 9.959/2000; e Art. 3º da Lei nº 9.959/2000. CSLL Art. 2º e §§, da Lei nº 7.689/1988; Art. 1º da Lei nº 9.316/1996 e art. 28 da Lei nº 9.430/1996; Art. 7º da Medida Provisória nº 1.807/1999 e reedições; e Art. 6º da Medida Provisória nº 1.858/1999 e reedições. O sujeito passivo foi cientificado em 27/07/2005, nos próprios Autos de Infração (fls. 219 e 223), e apresentou impugnação às fls. 239 a 254, em 25/08/2005. Nela alega o seguinte: “(....) PRELIMINAR DECADÊNCIA Consta do relatório do Fisco o seguinte: "Considerando que o art. 25 da Lei nº 9.249/95, determina que os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real, considerando determinação da Lei 9.532/97, que definiu, entre outras formas de disponibilização, o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da filial, sucursal, controlada ou coligada, domiciliada no exterior (art. 2º, parágrafo 2º, inciso (sic), alínea d). A transferência da titularidade da GEOGLEN (SAP) para a PSICR/RJ, ocorrida em 12/01/2001, é, de fato, o fato gerador da disponibilidade, e deve ser oferecido à tributação.” Ora, tendo o fato tomado ocorrido em 12/01/2001, claro está que a sua exigência, diante da apuração mensal ocorrida, está alcançado pela decadência, ao amparo do disposto no CTN. O instituto da decadência faz parte dos ordenamentos jurídicos dos países civilizados, em busca da segurança jurídica fundamental para manter o convívio pacífico e harmonioso das pessoas no meio social. Implica assim, a decadência a extinção do direito de lança do Fisco, pelo não exercício de tal direito em tempo Fl. 605DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 9 9 determinado, que conforme o CTN, é de cinco anos a partir do fato gerador, art. 150, § 4º. Vejase a jurisprudência administrativa: Numero Recurso :142649 Câmara :PRIMEIRA CÂMARA Numero Processo :10120.0070441200317 Tipo do Recurso :VOLUNTÁRIO Matéria :CONTRIBUIÇÃO SOCIAL/LL Recorrente :COMIPE S.A. COMÉRCIO, INDÚSTRIA E PARTICIPAÇÕES Recorrida/interessado: 4ª TURMA/DRJ Brasília/DF Data da Sessão :21/10/2005 01:00:00 Relator :Sandra Maria Faroni Decisão :Acórdão 10195237 Resultado :OUTROS OUTROS Texto da Decisão: Por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência suscitada. Vencidos os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Mário Junqueira Franco Júnior e Manoel Antonio Gadelha Dias. Ementa :DECADÊNCIA. Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, e não havendo acusação de dolo, fraude ou simulação, o direito da Fazenda Pública de constituir crédito tributário extinguese em cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. DECADÊNCIA CSLL A decadência da CSLL se submete às regras do CTN. DO MÉRITO ERROS NA IDENTIFICAÇÃO DO VALOR TRIBUTÁVEL Considerou o autuante que os lucros disponibilizados foram os obtidos no período de janeiro de 1996 a 2000 nos seguintes valores: VALORES EM US$ PERIODO LUCRO EM REAIS CONVERSÃO LUCROS US$ FOLHAS DO PROCESSO 1996 6.487.674,24 1,0394 6.241.749,38 102/103/104 1997 7.499.149,31 1,1164 6.717.260,22 105 1998 9.006.066,60 1,2087 7.451.035,49 106 1999 34.575.350,08 1,789 19.326.635,04 107 2000 16.427.151,32 1,9554 6.400.916,09 108 Soma 73.427.151,32 48.137.596,15 Em seguida, converteu o total supra, de dólares para reais, utilizando a taxa de 12/01/2001, de 1,9508. E aplicou o percentual de participação, encontrando a importância ora atacada de R$ 55.057.570,07 (US$ 48.137.596,05 X R$ 1,9508 X 58,63%). Fl. 606DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 10 10 Contudo, tais valores não procedem. Primeiramente, é necessário examinar a evolução patrimonial da Andree Overseas, constante do quadro a seguir: 31/12/1995 31/12/1996 31/12/1997 31/12/1998 31/12/1999 31/12/2000 Capital Social 1.000.000,00 1.000.000,00 1.000.000,00 1.000.000,00 1.000.000,00 1.000.000,00 Resultados Acumulados 31.672.559,59 37.914.308,91 41.947.538,80 46.119.010,99 50.161.597,91 Ajustes Exercícios Anteriores (2.683.985,33) 138.476,80 Resultado do 31.672.559,59 6.241.749,32 6.717.260,22 4.032.950,39 4.042.586,92 4.047.182,90 Exercício Resultado do Exercício Ajustado 31.672.559,59 6.241.749,32 4.033.274,89 4.171.427,19 4.042.586,92 4.047.182,90 Patrimônio Líquido 32.672.559,59 38.914.308,91 40.263.598,47 47.119.010,99 51.161.597,91 55.208.780,81 Verificase que o Agente Fiscal está tributando o valor em dólares (US$ Verificase que o Agente Fiscal está tributando o valor em dólares (US$ 48.137.596,15), sendo que: PL EM DÓLARES EM 31.12.1995 32.672.559,59 PL EM dólares EM 31.12.2000 55.208.780,81 LUCRO DO PERÍODO 22.536.221,22 Conforme se verifica, os lucros auferidos pela Andree Overseas foram os seguintes: PERÍODO LUCRO EM REAIS CONVERSÃO LUCROS US$ 1996 1997 1998 6.487.674,24 4.502.748.08 5.042.004.04 1,0394 1.1164 1,2087 6.241.749,32 4.033.274,89 4.171.427,19 1999 7.232.188,00 1,7890 4.042.586,92 2000 7.913.861,44 1,9554 4.047.182,90 Soma 31.178.475,80 22.536.221,22 E, desse modo, terseia: VALOR TRIBUTÁVEL: R$ 31.178.475,80 X 58,6327% = R$ 18.280.782,18 Portanto, o autuante apurou valores totalmente incompatíveis com as demonstrações financeiras da sociedade Andree Overseas, levando a crer estar tributando variação cambial (anexo 1 do balanço). ERRO NA CONVERSÃO DOS VALORES PARA REAIS Considerou o autuante no Termo de verificação fiscal que: “Considerando que o fato gerador é 12/01/2001, que é a data da disponibilização, aplicase o artigo. 143, do CTN, que determina “salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esta expresso em moeda estrangeira, no lançamento farseá sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação, logo, aplicase a taxa de conversão de 12/01/01” que foi reais R$ 1,9508”. Fl. 607DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 11 11 Ora o próprio Regulamento do Imposto de Renda e a legislação em vigor a época, determinam em seu artigo 399, § 7º, a forma de conversão, que é a seguinte: “Art. 394. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). §2º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados aos lucro líquido, para determinação do lucro real, quando disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º). § 3º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, os lucros serão considerados disponibilizados para a empresa no Brasil (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º, § lº): I no caso de filial ou sucursal, na data do balanço no qual tiverem sido apurados, II no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento ou do crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. § 4º Para efeito do disposto no inciso II do parágrafo anterior, considerase (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º, § 2º): § 5º Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25, § 4º): § 6º Os lucros auferidos no exterior por coligadas de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25, § 3º): § 7º Os lucros a que se referem os §§ 5º e 6º serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da filial, sucursal, controlada e coligada (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25, § 4º).” Dessa forma, os lucros foram adicionados pelo Autuante por uma taxa de câmbio totalmente incorreta. Os valores em reais dos lucros auferidos no exterior no período foram: PERÍODO LUCRO EM REAIS XY CONVERSÃO LUCROS US$ 1996 6.487.674,24 1,0394 6.241.749,32 1997 4.502.748.08 1,1164 4.033.274,89 1998 5.042.004.04 1,2087 4.171.427,19 1999 7.232.188,00 1,7890 4.042.586,92 2000 7.913.861,44 1,9554 4.047.182,90 soma 31.178.475,80 22.536.221,22 VALOR TRIBUTÁVEL: (R$ 31.178.475,80 X 58,6327%) = R$ 18.280.782,18, ainda que devido fosse. Fl. 608DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 12 12 Portanto, apresentase totalmente sem nexo o valor lançado a título de adicional pelo Fisco no montante de R$ 55.057.570,07. Tal diferença só poderia ter alguma justificativa se estivesse sendo reclamada a título de variação cambial. Mas esta, como se demonstrará a seguir, não é tributada. NÃO É TRIBUTÁVEL A VARIAÇÃO CAMBIAL DO INVESTIMENTO Não existe norma fiscal que obrigue a pessoa jurídica investidora a reconhecer a variação cambial de investimentos em controlada ou coligada no exterior. A CVM, por meio da Instrução nº 247/1996 (art. 16), dispôs que a diferença verificada, ao final de cada período, no valor do investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial deve ser apropriada pela investidora como receita ou despesa operacional, quando corresponder a: a) aumento ou diminuição do patrimônio líquido da coligada e controlada, em decorrência da apuração de lucro líquido ou prejuízo no período ou que corresponder a ganhos ou perdas efetivos em decorrência da existência de reservas de capital ou de ajustes de exercícios anteriores; e b) variação cambial de investimento em coligada e controlada no exterior, observandose, contudo, que aqui se trata de simples norma de procedimento contábil, o que, por óbvio, não implica tributação de tal variação. Hiromi Higuchi focaliza o tema no seu tradicional livro "Imposto de Renda das Empresas" (301 edição 2005, IR Publicações Ltda.) com a habitual pertinência: "A controvérsia gira em torno da contabilização da contrapartida do ajuste cambial dos investimentos no exterior, isto é, se compõe o resultado da equivalência patrimonial ou tratase de variação monetária ativa ou passiva, apesar de não existir lei que determine, em cada período de apuração, o ajuste cambial de investimento em coligada ou controlada no exterior. Se a empresa investidora no Brasil não fizer o ajuste cambial não há infração fiscal. O ajuste obrigatório é somente de créditos e obrigações, não estando incluídas as participações societárias. Se a investidora no Brasil fizer o ajuste cambial para todas as contas do patrimônio líquido da controlada ou coligada no exterior o ajuste deve preceder a equivalência patrimonial. Isso porque, para efetuar a equivalência patrimonial é necessário converter em moeda nacional os lucros ou prejuízos do ano. Como a equivalência patrimonial é aplicada sobre o total do patrimônio líquido, não é possível o lucro ou prejuízo ser convertido antes da equivalência e os demais valores do patrimônio líquido serem convertidos após a equivalência”[grifamos] O fato inatacável é que, em qualquer caso, a variação cambial do investimento, embutida na equivalência patrimonial ou contabilizada à parte, não é tributada, por absoluta inexistência de previsão legal. Isso já foi reconhecido pela própria SRF, conforme se verifica na Solução de Consulta nº 55/2003 da SRRF da 9ª Região Fiscal (DOU de 08.05.2003), assim ementada: ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ EMENTA: A contrapartida de ajuste do valor do investimento em sociedades estrangeiras, coligadas ou controladas que não funcionem no país, decorrente da variação cambial, não será computada na determinação do lucro real. Fl. 609DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 13 13 Registrese que a mesma SRRF expediu a Solução de Consulta nº 54/2003 (DOU de 08.05.2003) declarando idêntica conclusão relativamente à Contribuição Social sobre o Lucro ("A contrapartida de ajuste do valor do investimento em sociedades estrangeiras, coligadas ou controladas que não funcionem no país, decorrente da variação cambial, não será computada na determinação da base de cálculo da CSLL”). A FRUSTRADA TENTATIVA DE TRIBUTAR A VARIAÇÃO CAMBIAL DE INVESTIMENTOS NO EXTERIOR Cabe aduzir que, em passado recente, pretendeuse tributar a variação cambial do investimento no exterior. Isso foi tentado por meio da Medida Provisória nº 232, de 30.12.2004, cujo art. 9º assim dispunha (para vigorar a partir de 11.01.2005): "Art. 9º A variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo método da equivalência patrimonial é considerada receita ou despesa financeira, devendo compor o lucro real e a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL do período de apuração." Na Exposição de Motivos à MP nº 232 foi dito (item 8) que “o art. 9º estabelece a obrigatoriedade de as pessoas jurídicas com investimentos no exterior efetuarem o reconhecimento, como receita ou despesa financeira, da variação cambial do referido investimento, na apuração do imposto de renda das pessoas jurídicas e da contribuição social sobre o lucro líquido" A tentativa era, precisamente, de estabelecer a obrigatoriedade de tributação da variação cambial do investimento porquanto esta, de fato, não existe. E continua não existindo, porque o dispositivo citado foi expressamente revogado pelo art. 4º, I, da Medida Provisória nº 243, de 31.03.2005. O 1º Conselho de Contribuintes já decidiu nessa linha, no Acórdão 10194747/2004, assim ementado: “VARIAÇÃO CAMBIAL Tendo em vista as razões contidas na da mensagem de veto ao artigo 46 do projeto de conversão da MP 135/03, a variação cambial de investimento no exterior não constitui nem despesa dedutível nem receita tributável, indicando necessidade de lei expressa nesse sentido." Uma vez que a Lei nº 9.249/1995 dispõe, expressamente, que o resultado da equivalência patrimonial de investimento no exterior não é tributável e, de outro lado, não há norma que determine a tributação da variação cambial do investimento, é de se perguntar: o que poderia o autuante exigir a este título? E a resposta é óbvia: nada, por absoluta inexistência de matéria tributável! A ALIENAÇÃO DAS QUOTAS NÃO CONFIGURA DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS. Conforme acima relatado, a tese adotada pelo Fisco para a autuação que a alienação das quotas em questão configura disponibilização de lucros. É a partir de tal conclusão que o Fisco encontrou, erroneamente, matéria tributável a todo rigor inexistente, como se verá. Anteriormente à Medida Provisória nº 2.15834/2001, o diploma legal que regulava a matéria em debate e, especialmente, definia o critério de disponibilização dos lucros auferidos no exterior como fato gerador do tributo é a Lei nº 9.532/1997, que, em seu art. 1º (com as alterações da Lei nº 9.959/2000), assim dispõe: Fl. 610DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 14 14 Art. 1º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, lucros serão considerados disponibilizados para a empresa no Brasil: a) no caso de filial ou sucursal, na data do balanço no qual tiverem sido apurados; b) no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento ou do crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. c) na hipótese de contratação de operações de mútuo, se a mutuante, coligada ou controlada, possuir lucros ou reservas de lucros; d) na hipótese de adiantamento de recursos, efetuado pela coligada ou controlada, por conta de venda futura, cuja liquidação, pela remessa do bem ou serviço vendido, ocorra em prazo superior ao ciclo de produção do bem ou serviço. § 2º Para efeito do disposto na alínea "b" do parágrafo anterior, considerase: a) creditado o lucro, quando ocorrer a transferência do registro de seu valor para qualquer conta representativa de passivo exigível da controlada ou coligada domiciliada no exterior. b) pago o lucro, quando ocorrer: 1. o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil; 2. a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária, 3. a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça; 4. o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior"[grifamos] Importa observar que as regras da Lei nº 9.532/1997 foram incorporadas ao art. 394 do RIR/1999 (§§ 2º a 4º). Aliás, o Fisco cita, expressamente, esse dispositivo do RIR/1999 em sua fundamentação. Mas adota critério não previsto na lei para considerar disponibilizado o lucro, qual seja, o da transferência de quotas. E o faz levando em conta dispositivo ilegal de Instrução Normativa. A ILEGALIDADE DA IN SRF Nº 38/1996. Em seu Termo de Verificação fiscal, o autuante cita o art. 2º, § 9º, da IN 38/1996. Esse dispositivo assim estabelece: "Art. 2º Os lucros auferidos no exterior por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido do períodobase, para efeito de determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados. § 9º Na hipótese de alienação do patrimônio da filial ou sucursal, ou da participação societária em controlada ou coligada, no exterior os lucros ainda não tributados no Fl. 611DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 15 15 Brasil deverão ser adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real da alienante no Brasil.” Mas, como dito anteriormente, os eventos legalmente definidos como disponibilização de lucros auferidos no exterior (fato gerador do tributo) constam expressamente da Lei nº 9.532/1997, art. 1º (com as alterações da Lei nº 9.959/2000) e estão incorporados ao art. 394 do RIR/1999. E, entre eles, não figura a transferência de quotas. Por isso, a IN citada é absolutamente ilegal, uma vez que extrapola os termos definidos na lei, criando, sem autorização legal, hipótese que desta não consta. Edmar Oliveira Andrade Filho, em seu livro “Imposto de Renda das Empresas" (Editora Atlas, 2ª Edição, 2005, pág. 243) assim comenta a indevida extensão trazida pela IN SRF nº 38/1996: "Não estavam contempladas na lei as seguintes hipóteses. (a) doação do valor dos lucros, pela empresa com sede no exterior, cujo valor não é tributado no Brasil, como já visto; e (b) a aquisição, pela empresa com sede no exterior, das próprias quotas ou ações, para cancelamento ou manutenção em tesouraria, quando a legislação permite ou não proíbe essa prática. Da mesma forma, não estavam contempladas entre as hipóteses que determinam a tributação do lucro as seguintes, anteriormente previstas no art. 2º da Instrução Normativa nº 38/96: (a) liquidação da empresa no Brasil; (b) cisão de controlada ou coligada, (c) absorção do patrimônio de empresa coligada ou controlada por empresa sediada no exterior; e (d) alienação da participação societária. Essas hipóteses não foram reproduzidas pela Lei nº 9.532/97, e nasceram e morreram sem base legal/."[grifamos] Em trabalho publicado in "Revista Dialética de Direito Tributário" nº 93, pág. 72, Pedro Anan Junior advogado , discorrendo sobre a ilegalidade da IN 38/96, registrou que: Podemos observar que a IN/SRF nº 38/96 procurou constitucionalizar a tributação dos lucros auferidos no exterior trazendo situações que não foram previstas na Lei nº 9.249/95. Contudo, a inovação trazida ela IN/SRF nº 38/96 não possui base constitucional, pois a Lei nº 9.249/95 não previa o conceito do que era lucro disponibilizado, não podendo uma mera Instrução Normativa pretender fazêlo, sob pena de ferir o artigo 150, I, da Constituição Federal. Desta forma, podemos concluir que, a partir de 1996, não havia base legal para tributar os lucros auferidos no exterior. Aliás, a citada IN representa mais uma daquelas que, a pretexto de explicitar a lei, como se tal fosse necessário, acaba por ampliála, o que resulta em sua nulidade. As Instruções Normativas SRF, fenômeno que não é novo, têm sido usadas como instrumento de mutilação dos direitos dos contribuintes, ao mesmo tempo em que alimentam a sanha arrecadatória fiscal. Tratase, a IN 38/96, de mais um exemplo deplorável de pretensão de tributação sem amparo em lei (no caso, Lei nº 9. 249/95). Além do já dito, embora aqui envolvendo a IN 38/97 (não a 38/96), mas incorporando o princípio, vejamse as seguintes ementas proferidas em processo administrativo tributário PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES sobre Fl. 612DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 16 16 o tema de exigência de obrigação sem base legal (Instrução Normativa que extrapola a simples regulamentação): (ver fls. 252). DO LANÇAMENTO REFLEXO CSLL Os argumentos de contestação expendidos quanto ao IRPJ envolvem, por uma relação de causa e efeito, o lançamento derrete da Contribuição Social sobre o Lucro. E inconteste que a decisão proferida no lançamento principal deve estenderse aos demais lançamentos reflexivos. Contudo, há uma outra questão específica a ser considerada quanto ao lançamento da CSLL. No próprio texto do Termo de Verificação Fiscal, o autuante diz que: "Considerando que a Medida Provisória 18586, de 30/06/99, e demais edições, estabeleceram a cobrança da Contribuição Social sobre o Lucro Real sobre lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, e o Ato Declaratório 75, de 17/08/99, veio dirimir dúvidas a respeito do inicio da aplicabilidade temporal do tributo, logo, também incide a Contribuição Social sobre os valores acima apontados" O mencionado Ato Declaratório tem a seguinte redação: “Ato Declaratório, SRF nº 075, de 17 de agosto de 1999 Dispõe sobre a incidência da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL segundo as normas de tributação universal. O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no art. 21 da Medida Provisória no 1. 99114, de 13 de janeiro de 2000, e no art. 1º da Lei nº 9.532/97, DECLARA: Artigo único. A incidência da CSLL, segundo as normas de tributação em bases universais, darseá em relação aos lucros, rendimentos e ganhos de capital, auferidos no exterior, disponibilizados, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.532/97 a partir de 1º de outubro de 1999, e serão computados na base de cálculo dessa contribuição em 31 de dezembro do anocalendário da disponibilização, observadas as demais normas estabelecidas para o imposto de renda.” A Medida Provisória nº 18586, que criou a incidência da Contribuição Social sobre lucros auferidos no exterior, é de 30 de junho de 1999. Tendo em vista o princípio da anterioridade, somente começou a ter eficácia em relação aos lucros auferidos a partir de 01 de outubro de 1999. Portanto, a tributação dos lucros auferidos no exterior anteriores a 01 de outubro de 1999 é totalmente ilegal. Aliás, foi o próprio Ato Declaratório nº 75 que determinou a incidência somente a partir de 01 de outubro de 1999, não podendo prevalecer a pretensão do Fisco em tributar os lucros de 1996 até setembro de 1999. Vejase, em demonstração: PERÍODO LUCROS EM REAIS TOTAIS POR PERÍODOS 01.01 a 31.12.1996 6.487.674,24 01.01. a 31.12.1997 4.502.748,08 01.01. a 31.12.1998 5.042.004.04 21.453.619,16 01.01. a 31.12.1999 7.232.188,00 Fl. 613DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 17 17 01.01. a 31.12.2000 7.913.861,44 9.724.856,64 TOTAL GERAL 31.178.475,80 Ainda que devida fosse a pretensão quanto à CSLL, a base de cálculo seria de R$ 9.724.856,64. CONCLUSÃO Posto isto, quer pela preliminar, quer pelo mérito, merece ser provida a presente Impugnação para fins de declarar nulo de pleno direito o lançamento de ofício. A decisão recorrida está assim ementada: PRELIMINAR. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA: I Quanto ao Imposto de Renda, nos lançamentos de ofício com base no art. 149, o termo a quo para contagem do prazo decadencial de cinco anos é do inciso I do artigo 173, ambos dispositivos do CTN; II Quanto à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL o prazo de decadência é de dez anos, a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em o lançamento poderia ter sido efetuado (Lei nº 8.212/91, art. 45). ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. TRIBUTAÇÃO DE LUCROS. Na hipótese de alienação da participação societária em controlada ou coligada, no exterior, os lucros ainda não tributados no Brasil deverão ser adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real da alienante no Brasil. NORMAS JURÍDICAS. ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. À esfera administrativa não cabe apreciar questões acerca de ilegalidade e inconstitucionalidade de normas jurídicas, competência exclusiva do Poder Judiciário. DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS. TAXA DE CÂMBIO APLICÁVEL. Inexistindo disposição de lei em contrário, a conversão para reais deve ser feita pela taxa de câmbio da data da disponibilização dos lucros auferidos no exterior, fato gerador da obrigação tributária. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL. DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior sujeitamse à incidência da CSLL, observadas as normas de tributação universal. Lançamento Procedente. Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento. É o relatório. Fl. 614DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 18 18 Voto Vencido Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Tratase de exigência do IRPJ e CSLL, anocalendário de 2001, relativos a lucros auferidos por controladas no exterior. Passo à apreciação das alegações recursais. Preliminar de decadência Está consignado no voto condutor do Acórdão recorrido que: a Recorrente fez opção pela tributação com base na apuração de resultado anual, o que implicou pagamentos do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica segundo as regras da estimativa, por períodos mensais; o entendimento assente na Turma Julgadora é no sentido de que, em se tratando de lançamento “ex officio”, tem aplicação o comando legal inserto no artigo 173, I, do CTN. Sem adentrar no mérito da questão que diz respeito à aplicação do disposto no artigo 173, I, do CTN, na hipótese de exigência de imposto sujeito a lançamento por homologação, só que constituída de ofício, o simples fato de a pessoa jurídica haver optado por pagar o imposto segundo as regras da estimativa, conforme jurisprudência emanada deste Conselho e da Egrégia Câmara Superior de Recursos Fiscais, faz com que o termo de início da contagem do prazo decadencial seja deslocado da data da ocorrência do fato gerador (CTN, art. 150, § 4º), para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (CTN, art. 173, I). Todavia, é entendimento assente neste Conselho que até o advento da Lei nº 9.532, de 1997, os lucros de empresas controladas e coligadas, com sede no exterior, se submetiam ao regime de tributação segundo o qual deverseia observar o momento em que tais lucros eram auferidos, realizados, inexistindo comando jurídico integrante da Lei nº 9.249, de 1995, capaz de considerar a disponibilização como componente temporal da hipótese de incidência, o que implica concluir no sentido de que os lucros auferidos ao final dos anos calendário de 1996 e 1997, deveriam ter sido adicionados para efeito de tributação, na proporção da participação societária, pela pessoa jurídica controladora, não importando, no caso, quer o montante quer o momento “a posteriori” que tenha ocorrido a disponibilização. Em abono a esta tese, trazemos à colação os Acórdãos cujas ementas vão transcritas: “DECADÊNCIA LUCROS NO EXTERIOR AUFERIDOS EM 1996 E 1997 – LEI 9.249/95 – ALTERAÇÃO DO ASPECTO TEMPORAL DA HIPÓTESE DE Fl. 615DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 19 19 INCIDÊNCIA PELA IN SRF 38/96 – IMPOSSIBILIDADE – Antes do advento da Lei 9.532/97, o regime de tributação dos lucros de filiais, controladas e coligadas no exterior observava o momento em que tais lucros eram auferidos, não havendo na Lei 9.249/95 qualquer elemento que considerasse a efetiva disponibilização como componente temporal da hipótese de incidência. Os lucros auferidos durante os anoscalendário de 1996 e 1997 deveriam ser adicionados em 31 de dezembro de cada ano, na proporção da participação societária, e não pelo montante efetivamente disponibilizado a posteriori. O lançamento de ofício deve, portanto, reportarse a 31 de dezembro de cada ano como data do fato gerador, e se realizado após cinco anos, caduco estará o direito do fisco de constituir o crédito tributário. (...). CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Correta a lavratura do auto de infração contra apenas um dos responsáveis solidários, sendo dada ciência do feito aos demais, pois o instituto da solidariedade permite que o crédito tributário seja exigido de um dos responsáveis solidários ou de todos, até o seu montante.” (Ac. nº 10195.476, de 2006). Ementa: DECADÊNCIA LUCROS NO EXTERIOR AUFERIDOS EM 1996 E 1997 – LEI 9.249/95 – ALTERAÇÃO DO ASPECTO TEMPORAL DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA PELA IN SRF 38/96 – IMPOSSIBILIDADE – Antes do advento da Lei 9.532/97, o regime de tributação dos lucros de filiais, controladas e coligadas no exterior observava o momento em que tais lucros eram auferidos, não havendo na Lei 9.249/95 qualquer elemento que considerasse a efetiva disponibilização como componente temporal da hipótese de incidência. Os lucros auferidos durante os anoscalendário de 1996 e 1997 deveriam ser adicionados em 31 de dezembro de cada ano, na proporção da participação societária, e não pelo montante efetivamente disponibilizado a posteriori. O lançamento de ofício deve, portanto, reportarse a 31 de dezembro de cada ano como data do fato gerador, e se realizado após cinco anos, caduco estará o direito do fisco de constituir o crédito tributário. (Ac. nº 10195.500, de 2006). Portanto, acolho a preliminar suscitada, relativamente aos anos de 1996 e 1997, devendo ser excluídos da base de cálculo os valores de R$ 6.487.674,24 e R$ 7.499.149,31, respectivamente. Mérito Ainda na fase impugnativa a contribuinte sustentou que a autoridade lançadora considerou disponibilizados os lucros auferidos nos anos de: 1996..............................R$ 6.487.674,24 1997..............................R$ 7.499.149,31 1998...............................R$ 9.006.066,60 1999...............................R$ 34.575.350,08 2000...............................R$ 16.427.151,32 Cada um desses lucros foi convertido para a moeda norteamericana à taxa vigente em 31 de dezembro do correspondente ano (fls. 102/108), perfazendo o total de US$ 48.137.596,15. Fl. 616DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 20 20 Com a adoção da taxa vigente no dia 12 de janeiro de 2001 (1,9508), data na qual entendeu haver ocorrido o fato gerador da obrigação tributária, aquela autoridade promoveu a conversão dos lucros disponibilizados para o Real, encontrando o montante de R$ 93.906.822,56, que serviu de base para determinar o valor da participação atribuída a então impugnante (58,63%), que seria de R$ 55.057.570,07. Sustentou a pessoa jurídica que para a correta quantificação da base de cálculo do tributo, necessário se faz, em primeiro plano, examinar a evolução patrimonial da empresa Andree Overseas, com vistas a destacar os resultados obtidos em cada exercício social da variação cambial ocorrida nos mesmos períodos. Além do fato de haver sido agregado ao resultado alcançado no período a variação sofrida pela taxa de câmbio adotada para a conversão dos lucros, sustentou a contribuinte que a adoção da taxa de câmbio de 12 de janeiro de 2001 para a conversão dos lucros de dólar norteamericano para o real, contraria o disposto no artigo 25 da Lei nº 9.249, de 1995. O ilustre relator do voto condutor do Aresto atacado, relativamente à adoção da taxa de câmbio vigente em 12 de janeiro de 2001 para a conversão dos lucros da moeda estrangeira para o real, ressalta de pronto o comando jurídico inserto no artigo 143 do CTN para, em seguida, invocar a regra legal de que cuida o artigo 25, § 4º da Lei nº 9.249, de 1995. A invocação do citado artigo 143 do CTN, acompanhada da assertiva feita nestes termos: “... como não existe disposição de lei em contrário, a conversão para reais deve ser feita na data do fato gerador da obrigação tributária, isto é, na data da disponibilização dos lucros no exterior.” Leva à conclusão de que o ilustre relator ignorou o conteúdo jurídico do artigo 394 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado com o Decreto nº 3000, de 1999, cuja matriz legal é o artigo 25 da Lei nº 9.249, de 1995, “verbis”: Art. 394. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoa jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). (...) § 6º. Os lucros auferidos no exterior por coligadas de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração dos lucro real com observância do seguinte (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25, § 3º): § 7º. Os lucros a que se referem os § § 5º e 6º serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da filial, sucursal, controlada e coligada (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25, § 4º).” Como salientado pela recorrente, este Conselho já teve a oportunidade de se manifestar sobre a questão em exame, conforme Acórdão nº 10516.365, de 28 de março de 2007, da lavra do Eminente Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães, a quem peço vênia para transcrever parte de seu brilhante voto: Fl. 617DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 21 21 “TAXA DE CÂMBIO Argumenta a recorrente que, no que diz respeito à taxa cambial aplicável à conversão do lucro auferido para reais, a afirmação da autoridade de primeiro grau no sentido de que o disposto no parágrafo 4º do art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995, estaria superado por legislação superveniente (IN SRF nº 38/96 e Lei nº 9.532/97), não tem a menor procedência, bastando que se constate que o RIR, que é de 1999, mantém expressamente, no parágrafo 7º do art. 394, a regra de conversão tal qual originariamente estatuída. Aduz que a própria IN SRF nº 213, de 2002, ao tratar da conversão das demonstrações financeiras das investidas no exterior reproduz a regra (do RIR/99) no parágrafo 3º do seu art. 6º; que seria um contrasenso converter o documento básico da apuração dos lucros (as demonstrações financeiras) pelo câmbio do dia do balanço sem poder utilizálo para fins de se promover à adição ao lucro líquido, na apuração do resultado tributável; que na resposta à pergunta 757 do PERGUNTAS E RESPOSTAS – IRPJ, edição 2006, editado pela Secretaria da Receita Federal, a orientação é no sentido da utilização da taxa de câmbio do dia do balanço da investida, cabendo notar que o fundamento adotado é o parágrafo 7º do art. 394 do RIR/99. Quanto a essa questão, qual seja, a taxa de câmbio aplicável na conversão, para reais, dos lucros auferidos no exterior, entendemos que as razões trazidas pela recorrente devem ser recepcionadas. Com efeito, consoante o disposto no parágrafo quarto do art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995, os lucros auferidos no exterior, seja por filiais, sucursais, controladas ou coligadas de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil, devem ser convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados na respectiva filial, sucursal, controlada ou coligada. Lei nº 9.249, de 1995 Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano. [...] § 4º Os lucros a que se referem os §§ 2º e 3º serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da filial, sucursal, controlada ou coligada. A nosso ver, não merece guarida a argumentação de que, no caso, seria aplicável a regra geral explicitada no art. 143 do Código Tributário Nacional, eis que, como bem argumentou a recorrente, o comando ali explicitado tem natureza de regra geral, aplicável nas situações em que não existe disposição de lei que dê tratamento diverso. Ademais, como também alegou a recorrente, não obstante o suposto surgimento de norma legal dispondo de forma diversa acerca do momento da ocorrência do fato gerador relativo aos lucros auferidos no exterior, a própria Secretaria da Receita Federal manifestase, reiteradamente, no sentido de que, tratandose de conversão para Reais, a norma aplicável é a preconizada pelo citado parágrafo quarto do art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995. Nesse sentido, o referido órgão em seu PERGUNTAS E RESPOSTAS PESSOA JURÍDICA, edição de 2006, esclarece: Cuidam os autos de lançamento do IRPJ e CSLL para exigir crédito tributário cujo valor perfaz o montante de R$ 47.033.556,10 atinente ao fato gerador de 31/12/2001. Os lucros auferidos no exterior por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, Fl. 618DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 22 22 para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os correspondentes lucros. Normativo: RIR/1999, art. 394, § 7º; e IN SRF nº 213, de 2002, art. 6º, § 3º. Nessa mesma linha, a Instrução Normativa SRF nº 213, de 2002, norma complementar que dispõe sobre a tributação de lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior pelas pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil e que ainda se encontra em vigor, assim estabelece: Art. 6º As demonstrações financeiras das filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, serão elaboradas segundo as normas da legislação comercial do país de seu domicílio. [...] § 3º A conversão em Reais dos valores das demonstrações financeiras elaboradas pelas filiais, sucursais, controladas ou coligadas, no exterior, será efetuada tomandose por base a taxa de câmbio para venda, fixada pelo Banco Central do Brasil, da moeda do país onde estiver domiciliada a filial, sucursal, controlada ou coligada, na data do encerramento do período de apuração relativo à demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros dessa filial, sucursal, controlada ou coligada.” Outro não é o posicionamento da Colenda Primeira Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes que decidiu, dentre outros, através do Acórdão nº 101 95.802, de 19 de outubro de 2006, pela adoção da taxa de câmbio segundo o que preceitua o § 4º do artigo 25 da Lei nº 9.249, de 1995, “verbis”: “CONVERSÃO CAMBIAL – A conversão dos lucros da coligada ou controlada para a moeda nacional, para fins de tributação no Brasil, obedece o disposto no § 4º do art. 25 da Lei nº 9.249/95 e no § 3º do art. 6º da IN SRF 213/2002.” A sistemática adotada pela autoridade lançadora para cálculo dos lucros disponibilizados no exterior, como registrado pela recorrente, privilegia a majoração do investimento tendo em vista a variação da taxa de câmbio verificada no período, o que implica reconhecer que, na essência, estarseia tributando, juntamente com os lucros obtidos, o acréscimo resultante do reflexo da variação da taxa cambial sobre os investimentos. Cumpre consignar, por relevante, que em dezembro de 2004 foi editada a Media Provisória nº 232/2004, contendo artigo que contemplava a tributação da variação cambial resultante de investimentos existentes no exterior, avaliados segundo o metido da equivalência patrimonial, por considerada receita de natureza financeira. Como é sabido, no mês de março de 2005 restou editada a Media Provisória nº 243, que revogou, dentre outros dispositivos, aquele que submetia à tributação, a variação cambial obtida pelos investimentos no exterior. Através do já invocado Acórdão nº 10516.365, de 2007, restou decidido por esta Câmara que: Fl. 619DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 23 23 “(...). LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL Nos termos de manifestação advinda do Ministério da Fazenda no âmbito do veto parcial ao Projeto de Lei de Conversão nº 30, de 2003 (art. 46 da Medida Provisória nº 135/03), a tributação da variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo método da equivalência patrimonial exigirá que, antes, seja editada norma legal prevendo tal incidência.” Diante do exposto, há que considerar o valor do lucro, em cada exercício financeiro, pela conversão segundo a taxa de câmbio vigorante na data das respectivas demonstrações financeiras, quais sejam: 1996................................R$ 6.487.674,24 1997................................R$ 4.502.748,08 1998................................R$ 5.042.004,04 1999................................R$ 7.232.188,00 2000................................R$ 7.913.861,44 Como a recorrente tem participação de 58,6327% desses lucros, a base de cálculo do tributo deve ser fixada em R$ 18.280.782,18. A decisão recorrida, no particular, merece reforma. Os fatos concretamente acontecidos estão descritos no “TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL – auto de infração” de fls. 227 a 231, como reproduzido: “Do elenco de materiais coletados, destacamos o instrumento de compra e venda, datado de 12/02/2001 (fls. 119 e 120), entre Schincariol administração Patrimonial (SAP) – vendedora e PSICR/RJ – compradora, relacionada à empresa Andree Overseas Ltd. pelo valor de R$ 63.294.163,07, pago no dia 13/01/2001, aliado às cópias dos lançamentos efetuados no diário da Geoglen (SAP), que registra a baixa do investimento. Naquele momento, houve a disponibilização parcial dos lucros auferido de 1996 a 2000, motivado pela transferência de quotas da controlada direta no exterior ao próprio controlador da GEOGLEN (SAP), pois configura emprego do valor em favor da beneficiária, caracterizando, por conseguinte, pagamento de lucro disponibilizado.” Ainda na fase impugnativa o sujeito passivo na presente relação jurídica tributária defendeu a tese de que a transferência de quota não foi elencada no artigo 1º da Lei nº 9.532, de 1997, com as alterações que lhe foram introduzidas pela Lei nº 9.959, de 2000, do que resulta ser ilegal a introdução de exigência não legalmente prevista, pela IN SRF nº 38, de 1996. Invocando o conteúdo da Portaria do Ministro da Fazenda de nº 258, de 2001, o ilustre relator do voto condutor do Aresto recorrido limitouse a considerar corretamente aplicados os dispositivos legais contemplados na peça básica, deixando de emitir qualquer juízo de valor a propósito do assunto. A questão da disponibilização dos lucros auferidos no exterior, a propósito da transferência de investimentos em coligada, foi analisada no voto que integra o Acórdão nº 10195.232, de 20 de outubro de 2005, nestes termos: Fl. 620DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 24 24 “b) LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR Três os valores objeto da autuação fiscal procedida a este título: (...) tributados nos períodosbase de 1999 e 2000. Os dois primeiros referemse a parte dos lucros apurados pela Sucursal sediada na Colômbia, nos períodosbase de 1996 a 1999, em relação aos quais a recorrente não se insurge contra a exigência tributária deles decorrentes, havendo declarado, ainda na fase impugnativa, que procederá ao pagamento do imposto resultante dessas duas parcelas. Portanto, o litígio instaurado neste item referese, tão somente, a parcela de (...), a qual, por corresponder a lucros auferidos por Coligada sediada no exterior, submete se a regras distintas daquelas aplicáveis aos lucros auferidos por filiais e sucursais, consoante estabelecido na Lei nº 9.532, de 1997. Os valores dos resultados positivos obtidos na avaliação do investimento, no exterior, pelo método da equivalência patrimonial, foram contabilizados pela Coligada (Autuada), nos anos de 1996, 1997 e 1998, a título de ajuste da participação societária e restaram excluídos do lucro real, em conformidade com a legislação de regência. Referido investimento foi transferido para (...) (empresa holding) em 30 de novembro de 1998, através de cisão ocorrida na Recorrente, tendo a Holding tributado estes resultados em dezembro de 2001 quando do aumento de capital. O Fisco, portanto, tributou tais resultados em função da transferência havida. Para equacionamento da questão importa levar em conta o pressuposto da legalidade objetiva, no qual se insere o princípio do fato gerador cerrado, nas hipóteses de exigência tributária. Isto é, o fisco deve exigir tudo o que se encontra legalmente autorizado, no limite da autorização legal. Em preliminar, importa observar que a legislação tributária produziu regras específicas acerca de cisões societárias. Citemse o tratamento de ágio por absorção de patrimônio de outra pessoa jurídica, em virtude de cisão (Lei nº 9.532/97, art. 7º e 9.718/98, art. 10; RIR/99, art. 386); a compensação de prejuízos na sucessora ou não cindida (Decretolei nº 2.341/87, art. 33, RIR/99, art. 514); a realização do lucro Inflacionário, proporcionalmente à parcela vertida (Lei nº 9.065/95, art. 7º; RIR/99. art. 452); os casos de cisão de sociedades com extinção de ações ou quotas de capital de Um a possuída por outra (Decretolei nº 1.598/77, art. 34). Citemse, ainda, as disposições ínsitas no art. 3º, § 8º, da Lei nº 8.849, de 1994 e art. 2º, da Lei nº 9.064, de 1995, ambos reproduzidos no artigo 658, § 7º, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado com o Decreto nº 3.000, de 1999: Lei nº 8.849/94: “Art. 3º. (...) § 8º. – As sociedades constituídas por cisão de outra, e a sociedade que absorver parcela de patrimônio da sociedade cindida sucedem a esta, sem interrupção de prazo, na restrição de que trata o § 4º.” Lei nº 9.064/95: “Art. 3º.(...) § 8º. – As sociedades constituídas por cisão de outra e a sociedade que absorver parcela de patrimônio da sociedade cindida sucedem a esta, sem interrupção de prazo, na restrição de que tratam os § 3º e 4º.” Fl. 621DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 25 25 Por oportuno, os parágrafos 3º e 4º, referenciados nos dispositivos legais antes reproduzidos, dizem respeito a restrições a aumentos/reduções vinculadas de capital. Do exposto, por sem dúvidas, nos casos específicos de fusão, incorporação ou cisão de pessoas jurídicas a legislação tributária transfere à sociedade resultante os mesmos encargos e responsabilidades afetos à sociedade então existente. No caso destes autos, afetos à cindida. O que se coaduna, inclusive com o disposto no artigo 128 do CTN, de vinculação de terceiro a fato gerador da respectiva obrigação tributária; ou, no 129 do mesmo código, acerca da responsabilidade sobre créditos tributários em curso de constituição. Ora, a legislação de regência da matéria, Lei nº 9.532 de 1997, art. 1º, e seus §§ 1º e 2º, fundamento da exação, assim determina: “Art. 1º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil: § 1º Para efeito do disposto neste artigo, os lucros serão considerados disponibilizados para a empresa no Brasil: a) no caso de filial ou sucursal, na data do balanço no qual tiverem sido apurados; b) no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento ou do crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. § 2º Para efeito do disposto na alínea “b” do parágrafo anterior, considera se: a) creditado o lucro, quando ocorrer à transferência do registro de seu valor para qualquer conta representativa de passivo exigível da controlada ou coligada no exterior; b) pago o lucro, quando ocorrer: 1 – o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil; 2 – a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária; 3 – a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça; 4 – o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada, domiciliada no exterior.” Tratandose de coligada ou controlada, a pendenga se equaciona ante o confronto entre as hipóteses legais de incidência prescritas no § 1º, b e § 2º, antes reproduzidos e a realidade factual. As hipóteses legais de incidência relacionamse a crédito do valor ou seu pagamento, mediante entrega, remessa ou emprego em favor da beneficiária. Ora, de um lado, a cisão da recorrente, da qual resultou a transferência do investimento para a empresa “holding”, por sem dúvidas não se enquadra no contexto de crédito em favor da beneficiária. Nem, menos, ainda, em seu pagamento mediante entrega, remessa ou emprego, igualmente em favor desta última. Porquanto, cisão implica em cisma, dissensão, separação. Fl. 622DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 26 26 Assim, a transferência de valores de pessoa jurídica cindida para a resultante da cisão não implica em benefício daquela, a qual, ao contrário, como resultante da cisão tem, inclusive, reduzido seu patrimônio líquido. Outrossim, por pertinente, a alienação da participação societária pela investidora resultante da cisão, na exata situação factual dos autos, não figura dentre as hipóteses de incidência dos lucros auferidos no exterior, pelas controladas, enumeradas nas Leis nºs. 9.249, de 1995 e 9.532, de 1997, conforme acima demonstrado. Até porque, em ocorrendo à alienação do investimento, segundo a legislação do Imposto de Renda, seja em relação às operações realizadas no País ou no exterior, o que se tributa é o ganho de capital, se houver lucro. Ora, em se tratando de cisão a dissensão é vertida pelo patrimônio líquido. No caso, a alienação, mediante cisão, foi efetuada pelo valor pelo qual o investimento estava contabilizado, resulta que não ocorreu nem perda nem ganho de capital, passível de tributação. Fácil, pois, é concluir, carecer de previsão legal a exigência no ponto, transferência de investimento, inclusive lucros apropriados pela equivalência patrimonial, a terceira pessoa jurídica, como resultado da cisão da recorrente. Principalmente porque, no contexto, o ato não resultou em benefício desta. A situação implicou em transferência de responsabilidade tributária ante hipótese de incidência tributária em curso. Por oportuno, até a data da transferência, mediante cisão, da participação societária na (...) que pertencia a Recorrente para a (...) (Holding), ocorrida em 30 de novembro de 1998 não havia ocorrido a hipótese legal de incidência preconizada na legislação de regência, devendo, por isso mesmo ser excluída da tributação a importância de (...), lançada a título de lucros auferidos no exterior através de investimento em Coligada, no períodobase de 1998. Em síntese, recebendo a sociedade resultante da cisão valores a tributar, deverão estes sofrer a incidência respectiva uma vez concretizada qualquer das condições prescritas no artigo 1º, § 2º, da Lei nº 9.532, de 1997. Isto é, quando a sociedade resultante da cisão receber o crédito ou pagamento, mediante entrega, remessa ou emprego em seu benefício, dos lucros no exterior, embutidos no investimento recebido em decorrência da cisão. Correto, pois, o procedimento da sociedade holding, resultante da cisão, de submeter o valor litigado, (...), quando de sua utilização no aumento de capital, ocorrido em 2001. Porquanto, caracterizada, no caso, o emprego do valor, em favor da beneficiária, referenciado, como hipótese de incidência, no artigo 1º, § 2º, b, 4, da Lei nº 9.532, de 1997, antes reproduzido.” Por ocasião do julgamento do Recurso protocolizado sob o nº 139.390, em Sessão de 22 de agosto de 2004, foi proferido voto cujos fundamentos que se transcreve (Acórdão nº 10194.747): “A fiscalização, por sua, vez, ao examinar os lançamentos contábeis correspondentes às operações atestou não ter ocorrido a disponibilização de lucros a que se reporta o artigo 25 da Lei n° 9.532/97. Ora, tal disponibilização, exceto por transferência contábil do patrimônio da coligada no exterior para conta de exigível, prevista no art. 1°, § 2°, a, da Lei n° 9.532/97, somente se concretiza com a efetividade de sua disponibilidade financeira para a beneficiária, consoante dispõem os §§ 1° e 2° do mesmo dispositivo legal. A saber: Fl. 623DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 27 27 “Art. 1°. ............. § 1°. Para efeito do disposto neste artigo, os lucros serão considerados disponibilizados para a empresa no Brasil: (...) no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento ou crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. § 2°. Para efeito do disposto na alínea “b” do parágrafo anterior, considerase: creditado o lucro, quando ocorrer a transferência do registro de seu valor para qualquer conta representativa do passivo exigível da controlada ou coligada domiciliada no exterior: pago o lucro, quando ocorrer: 1. o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil; 2. a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária; 3. a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer praça; 4. o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior Ora, a clara evidência das hipóteses exaradas nos dispositivos legais em questão, estas não permitem a presunção ou ilação de situações distintas do que as em lei previstas. Mesmo porque, como necessário colorário do princípio da legalidade estrita e objetiva, CTN, art. 97, como fundamento de uma exação tributária, a tipificação cerrada do fato gerador imponível não deixa margem a quaisquer dúvidas. Portanto, não se pode presumir que o dispositivo ínsito no artigo 1°, § 2°, b, item 4, da Lei n° 9.532/97, seja “aberto” ou “fechado”, para lançamento tributário, ou sua sustentação. Haja vista o disposto no artigo 112 do CTN. Até porque, conforme ressaltado pela Recorrente, a entrega das ações ao sócio majoritário, que, em última análise, já era o titular absoluto das mesmas, vez que detinha 99,9% das quotas de capital da autuada, que por sua vez detinha 100% das ações das investidas no exterior não figura entre as hipóteses previstas no dispositivo fundamentador da exigência, especialmente, quando se atenta para o fato de que tal dação se fez a título de restituição de importâncias adiantadas pelo sócio para futuro aumento de capital que veio posteriormente a ser cancelado. E mais, considerando que os valores remetidos para constituição do capital das empresas sediadas no exterior, cujas ações foram entregues ao sócio, originaramse das importâncias por ele adiantadas à Autuada, concluise que todo montante movimentado naquelas empresas, sempre foram da titularidade do sócio que recebeu as ações a título de restituição. Assim, não há que se falar em qualquer ganho, seja por parte da Recorrente, seja por parte do sócio, principalmente em razão da dação ter se processado pelo valor contábil das ações, o que afasta qualquer discussão acerca da apuração de eventual ganho de capital pela Recorrente. Mesmo porque, conforme demonstrado acima, o que se restitui ao sócio não foi qualquer parte do lucro auferido pelas empresas no exterior, mas pura a Fl. 624DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 28 28 simplesmente as ações representativas do capital daquelas empresas. Ou seja, ocorreu simples dação em pagamento de 550.000.000 ações de participações societárias, adquiridas com os recursos originários do sócio, de posse e propriedade da recorrente. Isto é, não houve entrega de recursos. Sim, de direitos representativos das ações.” Entendo, assim, que a hipótese dos presentes autos, caracterizada pela alienação de investimento em coligada, não se subsume a nenhuma das elencadas ou descritas pela norma legal invocada no Ato Administrativo de Lançamento. Duplicidade do lançamento. Por último cumpre registrar, por relevante, aspecto que permaneceu quase que incógnito, até o momento em que a recorrente apresentou cópias das peças do processo administrativo nº 10730.004842/200562, com elementos que permitem concluir pela impossibilidade jurídica da exigência sob análise. No auto de infração lavrado contra a empresa PRIMO SCHINCARIOL INDÚSTRIA DE CERVEJAS E REFRIGERANTES DO RIO DE JANEIRO S. A., em data de 23 de setembro de 2005, que deu causa ao processo administrativo nº 10730.004842/200562, a autoridade lançadora fez consignar: “Insuficiência de adição ao lucro líquido do período, na determinação do lucro real, dos rendimentos e/ou ganhos de capital auferidos no exterior, disponibilizados pela Empresa Controlada ANDREE OVERRSEAS (SIC) LTD., (...) conforme IN/SRF nº 164/99 (...).” A cópia de DIPJ entregue pela referida pessoa jurídica, para o anocalendário de 2001, ficha 09A, item 05 – “Lucros Disponibilizados no Exterior”, nos dá conta de que foi oferecida à tributação a quantia de R$ 36.166.313,61. A Colenda Segunda Turma da DRJ em Juiz de Fora – MG, através do Acórdão nº 0919.099, de 17 de janeiro de 2008, manteve a exigência do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, relativamente à matéria “ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL – RENDIMENTOS E GANHOS DE CAPITAL DO EXTERIOR”, sendo certo que a ilustre relatora do voto condutor daquele Aresto deixou consignado: “A Fiscalização exigiu da autuada o valor de R$ 24.539.865,72 referente aos dividendos disponibilizados no Balanço Patrimonial da empresa ANDREE OVERSEAS LTD. (...). Este valor foi apurado pela diferença entre o valor disponível no balanço da empresa estrangeira, para o contribuinte – R$ 60.706.179,33 (doc. fl. 29/31 e /38/36 do Anexo II) e o valor efetivamente adicionado ao Lucro Líquido – R$ 36.166.313,61 (fls. 34 do mesmo anexo). ............................................................................................... Durante a ação fiscal o contribuinte entregou ao fisco além do citado balanço um INSTRUMENTO PARTICULAR DE ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA datado de 12/01/2001, pelo qual e ele adquire 586.326 ações da citada empresa. (...). Fl. 625DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 29 29 A documentação comprobatória da exigência aponta no sentido de que o contribuinte, em 31/12/2001, era sócio beneficiário da distribuição de um lucro no valor de R$ 60.706.179,33, os quais não foram integralmente oferecidos à tributação. Daí a exigência da importância de R$ 24.539.865,72.” Como já anteriormente consignado, a autoridade lançadora, no caso sob exame, registra às fls. 229 que: “Do elenco de materiais coletados, destacamos o instrumento de compra e venda, datado de 12/02/2001 (fls. 119 e 120), entre Schincariol Administração Patrimonial (SAP) – vendedora e PSICR/RJ – compradora, relacionada à empresa Andree Overseas Ltd. pelo valor de R$ 63.294.163,07, pago no dia 13/01/2001, aliado às cópias dos lançamentos efetuados no diário da Geoglen (SAP), que registra a baixa do investimento. Naquele momento, houve a disponibilização parcial dos lucros auferido de 1996 a 2000, motivado pela transferência de quotas da controlada direta no exterior ao próprio controlador da GEOGLEN (SAP), (...).” Fácil é concluir, portanto, que há perfeita identidade entre os valores que serviram de base para o lançamento tributário efetuado contra a pessoa jurídica Primo Schincariol Indústria de Cervejas e Refrigerantes do Rio de Janeiro S. A., processo administrativo nº 10730.004842/200562, e aqueles levantados pela autoridade lançadora, constantes nos presentes autos. A jurisprudência assente em todos os Conselhos consagra o entendimento de que, em constatada a duplicidade de lançamento, o Ato Administrativo mais recentemente praticado não tem como subsistir, devendo ser declarado nulo, de pleno direito. Corroborando tal afirmativa, trazemos à colação ementas de inúmeros julgados, como reproduzidos: “DUPLICIDADE DE LANÇAMENTO. A duplicidade de lançamento deve ser alegada no processo com data de constituição do crédito tributário em questão mais recente. (...).” (Ac. nº 20401.623). “DUPLICIDADE DE PROCESSO ADMINISTRATIVOS SOBRE O MESMO OBJETO. SANEAMENTO. Comprovada a duplicidade de processo administrativo instaurados sobre o mesmo objeto, impõese o seu saneamento. Retificase o Acórdão nº 20212347, mantendo se integral o processo nº 10855.000528/9995 e anulase in totum, o processo administrativo nº 10855.001183/9951 RETIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO.” (Ac. nº 30236.684). “IRPJ LANÇAMENTO EM DUPLICIDADE NULIDADE Quando comprovado que houve duplicidade de lançamento, obviamente, um dos dois é nulo.Recurso de ofício negado.” (Ac. nº 10515.047). “Normas gerais de direito tributário. Constituição do crédito tributário. Lançamento em duplicidade. Irreparável o acórdão de primeira instância que exonera o sujeito passivo de exigência de crédito tributário comprovadamente lançado em duplicidade. Recurso ex offício desprovido.” (Ac. nº 30332.775). “LANÇAMENTO EM DUPLICIDADE. Restando comprovado que alguns débitos constantes do lançamento já estão sendo cobrados em processos outros, é de se Fl. 626DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 30 30 retirar da autuação tais valores a fim de que se evite cobrança em duplicidade. (...). Recurso de ofício negado.” (Ac. nº 20218.226). “I.R.P.J. – PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DUPLICIDADE. PROVA. Auto de Infração lavrado após a concretização de outro lançamento tributário, envolvendo os mesmos fatos, não pode subsistir, devendo ser declarado nulo, de pleno direito.” (Ac. nº 10193.384). Não colheria aqui se cogitar do afastamento da nulidade do Ato Administrativo de Lançamento, sob o argumento consistente em que, naqueles autos, ocorreria erro na identificação do sujeito passivo, vez que a GEOGLEN figuraria, em primeiro plano, como beneficiária da disponibilização dos lucros: i) primeiro porque a empresa PSICR/’RJ se declarou, espontaneamente, como beneficiária e principal favorecida com a disponibilização dos lucros, tanto que os ofereceu, em parte, à incidência do IRPJ e da CSLL; e ii) segundo, porque, conforme jurisprudência firmada no âmbito deste Conselho, em face do instituto da solidariedade, o Auto de Infração pode ser lavrado contra todos ou apenas contra um dos responsáveis solidários. A mesma jurisprudência invocada para a decadência serve também para o presente caso: Número do Recurso: 144538 Câmara: PRIMEIRA CÂMARA Número do Processo: 16327.003372/200304 Tipo do Recurso: VOLUNTÁRIO Matéria: IRPJ Recorrente: BBA CREDITANSTALT FINANÇAS E REPRESENTAÇÕES LTDA. Recorrida/Interessado: 4ª TURMA/DRJSÃO PAULO/SP I Data da Sessão: 26/04/2006 00:00:00 Relator: Sandra Maria Faroni Decisão: Acórdão 10195476 Resultado: OUTROS OUTROS “(...). CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Correta a lavratura do auto de infração contra apenas um dos responsáveis solidários, ... pois o instituto da solidariedade permite que o crédito tributário seja exigido de um dos responsáveis solidários ou de todos, até o seu montante. (...). Na esteira destas considerações, voto no sentido de acolher a preliminar de decadência, bem como para que seja declarado nulo o lançamento em face da duplicidade de cobrança. (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 627DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 31 31 Voto Vencedor Conselheiro Antonio José Praga de Souza – Redator Designado No julgamento em plenário do presente recurso, o ilustre Conselheiro Relator Leonardo Oliveira restou vencido e fui designado para redigir o voto vencedor nas seguintes matérias: Preliminar de nulidade do lançamento (rejeitada), Preliminar de decadência da tributação dos lucros produzidos no exterior, nos anos de 1996 e 1997, disponibilizados após a vigência do art. 1º. da Lei 9.532/1997 (rejeitada); Incidência da CSLL sobre os lucros produzidos até 30/09/1999, disponibilizados após a vigência do art. 19 da MP nº. 1.8586/99; Tributação dos lucros auferidos junto à controlada no exterior, haja vista a ocorrência de “emprego do valor” ocorrido em 12/01/2001, em face da alienação da participação na aludida controlada; Passo ao voto. I. PRELIMINAR NULIDADE DO LANÇAMENTO EM FACE DE DUPLICIDADE DA EXIGÊNCIA. Consoante relatado, a Fiscalização que a autuada, Geoglen (cuja denominação anterior eera Schincariol Administração Patrimonial) , deixou de adicionar na apuração do lucro real os lucros auferidos no exterior por controlada ou coligada (Termo de Verificação Fiscal às fls. 227/232). Dentre as provas relacionadas no aludido Termo de Verificação Fiscal, a Auditoria destaca o instrumento de compra e venda, datado de 12/01/2001 (fls. 119 e 120), entre a Schincariol Administração Patrimonial (SAP) vendedora e Companhia de Bebibas Primo Schincariol (PSICR/RJ) compradora, relacionado à empresa Andree Overseas Ltda. pelo valor de R$ 63.294.163,07, pago no dia 31/01/2001, aliado às cópias dos lançamentos efetuados no Diário da Geoglen (SAP), que registra a baixa do investimento. Concluiu o fisco que naquele momento, janeiro/2001, houve a disponibilização dos lucros auferidos até o dezembro/2000, motivado pela transferência de quotas da controlada direta no exterior ao próprio controlador da Geoglen(SAP), pois configura emprego do valor em favor da beneficiária, caracterizando, por conseguinte, pagamento de lucro disponibilizado nos termos do art. 25 parágrafos 2º e 3º, da Lei nº 9.249/95, art. 16 da Lei Fl. 628DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 32 32 9.430/96, art. 20, parágrafo 9º, da IN SRF nº 38/96; art. 1º, item 2, alínea b, item 4, da Lei nº 9.532/97; art. 207, inciso III e inciso I do parágrafo único, art. 249, inciso II, e art. 394, do RIR/99. Ocorre que a empresa compradora, PSICR/RJ também foi sofreu ação fiscal relativa anocalendário de 2001, tendo sido lavrado auto de infração de que trata o processo 10730.004842/200562, cujo julgamento neste Colegiado foi realizado concomitantemente a este. Conforme abordado no Voto Vencido, em Dez/2001 a PSICR/RJ ofereceu a tributação os lucros auferidos com a Andree Overseas Ltda., sendo que naquele processo exigese diferenças que segundo o Fisco não teriam sido tributadas. Este Colegiado concluiu que a PSICR/RJ realmente incluiu os lucros auferidos com a Andree Overseas na apuração de seus resultados do anocalendário de 2001. Todavia, não se trata de lançamento em duplicidade, pois são duas pessoas jurídicas e sujeitos passivos distintos. Duplicidade ocorreria se a própria Geoglen(SAP) tivesse oferecido esses resultados à tributação, ou sofresse lavratura de auto de infração, seja em período anterior ou posterior à ocorrência do fato gerador. O Código Tributário Nacional – CTN, Lei 5.172 de 1966, estabelece: “Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. (Grifei) Portanto, ainda que o contrato entre a Geoglen/SAP e a PSICR/RJ inclua a transferência dos lucros da Andrees Overseas, uma vez que a legislação estabelece que tais lucros devam ser tributados pela Geoglen/SAP, no momento do emprego do valor (adiante fundamentado), correto a lavratura do auto de infração contra a Geoglen/SAP, se considerado apenas esse aspecto. Outrossim, não é dado ao Fisco cobrar tributos em duplicidade, ainda que de contribuintes distintos. A toda evidência, os AuditoresFiscais responsáveis pela auditoria na PSICR/RJ, processo 10730.004842/200562, não atentaram a esta duplicidade, tampouco foram alertados sobre isso durante a fiscalização. É dado a perceber naquele processo que o Fisco concluiu que a tributação seria referente apenas aos resultados do ano de 2001, tanto assim que nas diferenças lá tributadas foram incluídos resultados anteriores a 1995, fatos esclarecidos no acórdão deste Conselho. É certo que, se tais fatos aflorassem no transcurso da auditoria do processo 10730.004842/200562, o Fisco não só teria deixado de lançar diferenças anteriores a 1995, como também teria excluído da base de cálculo o valor indevidamente tributado pela PSICR. Uma vez que, nos termos do art. 145 do CTN, o crédito tributário de que trata o auto de infração lavrado contra a PSICR no processo 10730.004842/200562 poderia ser alterado, haja vista que não estava definitivamente constituído, considerando também que se trata de ajuste na base de cálculo, não implicando em alteração dos fundamentos jurídicos daquele lançamento, bem como amparado no principio da verdade material, que deve nortear o Fl. 629DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 33 33 processo administrativo, o colegiado escoimou a duplicidade, excluindo da base de cálculo do lançamento de oficio daquele processo todo o resultado auferido pela Andrees Overseas até o encerramento do ano de 2000. Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento por duplicidade da exigência, reiterando que tal duplicidade foi corrigida no processo 10730.004842/200562, mediante acórdão 140200494 deste colegiado. II. PRELIMINARES DE DECADÊNCIA Quanto às alegações recursais de decadência, entendo que os fundamentos da decisão recorrida não merecem reparos, seja em relação à contagem do prazo decadencial para lançamento, que o contribuinte pleiteia seja indiciado em janeiro de 2001, sob o argumento que de apurava mensalmente seus resultados, seja em relação aos resultados obtidos com a controlada no exterior nos anos de 1996 e 1997. Registra a decisão recorrida que: O sujeito passivo alegou que quando da ciência da autuação em 19/12/2005, já teria decorrido prazo superior a cinco anos – tempo contado a partir do fato gerador ocorrido em 12/01/2001 , por se tratar o IRPJ de exação fiscal sujeita a lançamento por homologação (art. 150, § 4º, do CTN). No caso, a autuada optou pela apuração anual do IRPJ, procedendo pagamentos mensais por estimativa. (Grifei) À luz do art. 2o. da Lei 9.430/1996, uma vez que o contribuinte optou pelo regime do lucro real anual, o fato gerador do IRPJ e CSLL ocorre em 31/12 compreendendo todos fatos jurídicotributários ocorridos no transcurso do ano, de 1o/01 a 31/12 (fato gerador complexivo), ainda que a empresa tenha realizado apurações mensais para fins dos recolhimentos por estimativa (antecipações do IRPJ e CSLL devidos no ajuste anual). No presente caso, na contagem do prazo decadencial, aplicase o disposto no art. 150 parágrafo 4o. do CTN, nesse sentido vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça STJ. Cite como exemplo o Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o Fl. 630DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 34 34 pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Exigência do IRPJ e CSLL sobre lucros de 1996 e 1997 (antes da alteração da lei 9.532/1997). De igual forma, não há que falar em decadência no tocante à tributação dos lucros auferidos pela controlada no exterior nos anos de 1996 e 1997, pois, consoante fundamento a seguir, no tópico “V tributação dos lucros auferidos junto à controlada no exterior, haja vista a ocorrência de “emprego do valor” ocorrido em 12/01/2001, em face da alienação da participação na aludida controlada”, a disponibilização desses resultados à empresa Geoglen ocorreu somente na data da transferência de sua participação, ou seja, em 12/01/2001, contandose a partir daí o prazo decadencial. Diante do exposto, rejeito as preliminares de decadência argüidas pela Recorrente. Fl. 631DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 35 35 III INCIDÊNCIA DA CSLL SOBRE OS LUCROS PRODUZIDOS ATÉ 30/09/1999 No que tange à matéria “exigência da CSLL sobre lucros auferidos no exterior até 1999, não disponibilizados antes de outubro/1999”, o entendimento que prevalece nesse conselho é no sentido de que antes de 1999 esses resultados quando disponibilizados, não sofriam a incidência da CSLL. Após 1999 tudo que foi apurado e não disponibilizado era tributado na data da disponibilização. Após 2001, tudo que não foi disponibilizado passou também a ser tributado (IRPJ e CSLL). Assim decidiu a egrégia Câmara Superior de Recursos Fiscais em 7/12/2009, acórdão nº 910100468, cuja ementa e voto condutor transcrevo abaixo. “Ementa: LUCROS NO EXTERIOR DISPONIBILIZADOS APÓS A VIGÊNCIA DA MP 1.8586/99. Para os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, a hipótese de incidência da CSLL surge com a publicação do art. 19 da MP nº 2.1586/99 que, interpretado sistematicamente com a legislação a que se reporta, define como fato gerador da CSLL, para esses casos, o momento da disponibilização do lucro e não o momento da geração desse. (...) No mérito, a questão posta em análise se resume a uma interpretação quanto à vigência do art. 19 da Medida Provisória nº 1.8586/99, que dispôs, verbis: Art. 19. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior sujeitamse à incidência da CSLL, observadas as normas de tributação universal de que tratam os arts. 25 a 27 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, os arts. 15 a 17 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e o art. 1o da Lei no 9.532, de 1997. Parágrafo único. O saldo do imposto de renda pago no exterior, que exceder o valor compensável com o imposto de renda devido no Brasil, poderá ser compensado com a CSLL devida em virtude da adição, à sua base de cálculo, dos lucros oriundos do exterior, até o limite acrescido em decorrência dessa adição (Negritei) No caso em comento, são fatos incontroversos que a Recorrida deixou de adicionar, na apuração da base de cálculo da CSLL, nos valores de R$ 17.000.000,00 e R$ 14.930.935,29, apurados respectivamente nos balanços de 31/12/2001 e 31/12/2002, relativamente aos lucros auferidos de sua controlada sediada no Uruguai chamada “Silesia Sociedad Anônima”, ou seja, não se discute aqui o momento da disponibilização. Também não se discute o momento em que tais lucros foram gerados na subsidiária no exterior, o que ocorreu entre os anos de 1996 a setembro de 1999, conforme resposta dada à Fiscalização às fls. 430/435. Analisando essa situação posta, o voto vencedor da decisão recorrida entendeu que não poderiam ser tributados os lucros anteriores à referida MP, por ofensa ao art. 195, § 6º, da Constituição Federal. Reconheceu que o fato gerador se dá no período da disponibilização, mas concebeu que esse entendimento só pode ser adotado para os lucros formados a partir do momento para o qual já havia a previsão legal de tributação. No entanto, ouso discordar desse entendimento porque concebo que o fato gerador do tributo passa a ocorrer quando a lei determina a sua incidência. Ou seja, os fatos ocorrem no mundo fenomênico e, a partir do momento em que uma lei os inclui no campo da incidência de um tributo, temse a hipótese de incidência do tributo e, portanto, configurado o fato gerador. Ora, antes da vigência do citado art. 19 da MP nº 1.8586/99, poderseia dizer que os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior estavam fora da incidência da CSLL. Assim, até a edição dessa MP, os lucros rendimentos e ganhos de capital Fl. 632DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 36 36 auferidos no exterior não tinham a aptidão de gerar CSLL devida, não faziam surgir a obrigação tributária relativa à CSLL, pois estavam no campo da nãoincidência, muito embora esses lucros, rendimentos e ganhos de capital tenham efetivamente ocorrido no exterior. A partir da vigência desse dispositivo legal, os sujeitos passivos que realizassem os fatos ali descritos, deviam observar as normas emanadas por meio dos artigos 25 a 27 da Lei nº 9.249/95, 15 a 17 da Lei nº 9.430/96, e 1º da Lei nº 9.532/97. Analisando, então, o que dispunham essas regras de tributação, temse: [...] Consta dos autos, à fl. 457, na peça impugnatória apresentada pela Contribuinte, que os R$ 17.000.000,00 foram disponibilizados em 28/12/2001, por meio de capitalização, e que R$ 14.930.935,29 foram disponibilizados em 31/12/2002, sob a forma de dividendos distribuídos a ora Recorrida. Por conseguinte, temse que: 1) Considerando o princípio da anterioridade nonagesimal tão bem tratado pelo voto recorrido, que homenageia a nãosurpresa da tributação, se a Medida Provisória nº 1.8586/1999 foi publicada no Diário Oficial da União no dia 30 de junho de 1999, à luz do art. 195, § 6º, da Constituição Federal, sua vigência somente poderia ser considerada a partir de 1º de outubro de 1999. 2) Em relação à CSLL apurada a partir dessa data, não há que se falar em ofensa ao princípio da nãosupresa, pois desde junho de 1999, os contribuintes já conheciam a regra de tributação que lhes seria aplicada para esses casos, que estabelecia o momento para se considerar disponibilizado o lucro e sabiam que a CSLL passaria a incidir quando se pudesse subsumir os fatos ocorridos com aqueles descritos na norma. Aliás, por ocasião do Ato Declaratório SRF Nº 75/1999 a Secretaria da Receita Federal expressou seu posicionamento sobre o assunto, quando dispôs: Artigo único. A incidência da CSLL, segundo as normas de tributação em bases universais, darseá em relação aos lucros, rendimentos e ganhos de capital, auferidos no exterior, disponibilizados, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997, a partir de 1º de outubro de 1999, e serão computados na base de cálculo dessa contribuição em 31 de dezembro do anocalendário da disponibilização, observadas as demais normais estabelecidas para o imposto de renda. 3) É ponto pacífico que as disponibilizações ocorreram após outubro de 1999. 4) Em janeiro de 2001, por meio da Lei Complementar nº 104/01, o art. 43 do CTN foi alterado, passando a vigorar com a seguinte redação: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para Fl. 633DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 37 37 fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) (Negritei) E em agosto de 2001, a legislação sobre o assunto foi alterada, por meio da MP nº 2.158 35/2001, cujo art. 74 dispôs: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento. Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. (...) Por oportuno, transcrevo jurisprudência deste Conselho neste sentido: CSLL De acordo com a jurisprudência do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, somente a partir de 01/10/1999 os lucros apurados por intermédio de controladas e coligadas no exterior sofrem incidência da CSLL, uma vez que essa incidência só foi instituída pela MP nº 1.8586/99. (Acórdão nº 10197.013, julgado em 12/11/2008) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL CSLL IMPOSSIBILIDADE DA EXIGÊNCIA SOBRE LUCROS APURADOS ANTES DE 01/10/1999, POR FALTA DE PREVISÃO LEGAL Até o advento da Medida Provisória nº 1.8586, de 29/06/1999, a CSLL não incidia sobre os lucros oriundos do exterior. Somente a partir de 01/10/1999 os lucros apurados no exterior passaram a integrar a base de cálculo da CSLL, em virtude de sua incidência ter sido instituída pela MP nº 1.8586/99 (Ato Declaratório SRF nº 075, de 17 de agosto de 1999). (Acórdão nº 10809.837, julgado em 5/2/2009). (Grifei) Portanto, deve ser mantida a exigência da CSLL sobre lucros auferidos no exterior antes de outubro de 1999, porém disponibilizados após a vigência do art. 19 da Medida Provisória nº 1.8586/99. A contribuinte tinha a prerrogativa de fazer a disponibilização antes, enquanto tais resultados estavam fora do campo de incidência da CSLL, fazendo depois, sujeitouse a tributação. IV – LUCROS DO EXTERIOR. TAXA DE CÂMBIO NA CONVERSÃO PARA REAIS. A fiscalização entendeu que o montante de lucros tributados deveria ser convertido em reais com base na taxa de câmbio vigente em 12/01/2001 e não com base nas taxas de câmbio vigente à data das demonstrações financeiras em que foram apurados os lucros pela controlada no exterior. Fl. 634DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 38 38 O colegiado entendeu que cabe razão ao contribuinte pelo que não merece reparos nessa parte o voto vencido. Tal entendimento foi adotado por essa Turma nos acórdãos 140200213, 140200.388, ambos proferidos no ano de 2010, assim ementados: LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR CONVERSÃO PARA REAIS Os lucros auferidos no exterior por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os correspondentes lucros. À medida que está sendo determinada a aplicação da taxa de câmbio vigente à data das demonstrações financeiras em que foram apurados os lucros, passam a ser inócua as alegações da contribuinte quanto a matéria “ variação cambial dos investimentos no exterior em empresas controladas, avaliados pelo método da equivalência patrimonial”. Isso porque, esses efeitos serão anulados, à medida que tal variação cambial deixa de existir. V TRIBUTAÇÃO DOS LUCROS AUFERIDOS JUNTO À CONTROLADA NO EXTERIOR, HAJA VISTA A OCORRÊNCIA DE “EMPREGO DO VALOR” OCORRIDO EM 12/01/2001, EM FACE DA ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NA ALUDIDA CONTROLADA O tema em questão é recorrente neste Conselho, tendo sido objeto de dezenas de julgados tanto nos colegiados ordinários quanto na Primeira Turma da Câmara Superior. No julgamento do processo 16327.000286/200412, a colenda Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuinte, manteve a tributação, mediante acórdão 101.95.305, de 8/12/2005, cujos fundamentos do voto condutor transcrevo a seguir. Conforme consta do Termo de Verificação Fiscal, em 28/12/2001 a (...) S/A transferiu a totalidade de suas ações na (...), representativa de 87,86% do capital, para participar em aumento de capital da (...). Assim, nessa data, a contribuinte empregou o valor dos lucros auferidos pela controlada no exterior em seu favor. (...) Equivocase a Recorrente. A norma tributária em questão trata da tributação, pelas pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil, dos rendimentos auferidos no exterior. É que, antes da publicação da Lei nº 9.249/95, os resultados auferidos no exterior pelas pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil poderiam ser excluídos da apuração da base de cálculo do imposto de renda e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro – CSLL. O artigo 25 da Lei 9.249/95 alterou essa situação, ao determinar o cômputo, na apuração do lucro real, dos lucros, rendimentos ou ganhos de capital auferidos por pessoa jurídica em qualquer operação praticada no exterior. O art. 1º da Lei 9.532/97 introduziu regra quanto ao momento em que os lucros no exterior se consideram auferidos pela empresa brasileira. Portanto, a obrigação tributária, surge com o auferimento do lucro, e a norma invocada pela recorrente para sustentar não ter ocorrido o fato gerador cuida apenas de estabelecer presunção quanto ao momento de sua ocorrência. Assim, muito feliz a decisão de primeira instância ao se valer de lição de Paulo de Barros Carvalho e argumentar que: (a) “O verbo núcleo do Imposto de Renda não é “empregar”, mas sim “auferir”; (b) “O agente que pratica o verbo, ou seja, o núcleo do aspecto material, não é outro senão o contribuinte (no caso, o controlador). Não é um terceiro (a controlada), portanto”; e, (c) “os dispositivos que compõem o artigo 1° da Lei n° 9.532/97 definem o aspecto temporal, ou melhor, excepcionam o aspecto Fl. 635DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 39 39 temporal geral do imposto de renda, que é o próprio momento de aquisição de renda, do aumento de patrimônio.” Assim, não merecem prosperar as razões de bloqueio da recorrente. (Grifei) Nos termos do artigo 25 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior deveriam ser computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano. A matéria foi disciplinada pela Instrução Normativa nº 38/96 que, dandolhe uma interpretação conforme a Constituição, estabeleceu no art. 2o§9º que “na hipótese de alienação do patrimônio da filial ou sucursal, ou da participação societária em controlada ou coligada, no exterior, os lucros ainda não tributados no Brasil deverão ser adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real da alienante no Brasil.” (Grifei) A meu, ver não há qualquer aspecto de ilegalidade ou inconstitucionalidade da IN 38/96, que não criou hipóteses de incidência tributária sem amparo legal. Tal Normativa deve ser entendida como norma de integração, que veio disciplinar a lei, numa interpretação “conforme” a Constituição Federal. O art. 1º e § 1º da Lei nº 9.532/97 reza que os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil, considerandose os lucros disponibilizados para a empresa no Brasil, no caso de coligadas ou controladas, pelo pagamento ou crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior, conforme definido no art. 2º. Temse, assim, que na vigência da Lei 9.249/95, em relação aos lucros auferidos por intermédio de coligadas e controladas, o fato gerador ocorria com o pagamento ou crédito, conforme disciplinado pelos parágrafos 1º e 2º do artigo 2º da Instrução Normativa SRF 38/96. Na vigência da Lei 9.532/97 a ocorrência do fato gerador permaneceu a mesma, por força do disposto no seu art. 1º e § 1º. Em relação a esta matéria, peço vênia para tambem adotar os fundamentos do voto proferido pela ilustre Conselheira Sandra Maria Faroni no acórdão 10197070, a seguir transcritos. Como o artigo 43 do CTN estabelece, como fato gerador do imposto de renda, a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica da renda, questionouse quanto à legalidade do art. 25 da Lei nº 9.249/95: teria ele nascido ilegal frente às disposições do CTN. O argumento do questionamento era que as entidades – investidor e investido possuem personalidades jurídicas distintas, e o lucro pertence à empresa que o gerou. Dessa forma, sua mera apuração pela coligada controlada no exterior não denotaria disponibilidade econômica ou jurídica para o investidor no Brasil que, quanto a eles, teria apenas uma expectativa de direito. Enquanto a sociedade que gerou os lucros não deliberasse sobre sua destinação, o investidor, do ponto de vista societário, não seria proprietário desses lucros. Fl. 636DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 40 40 Para evitar os problemas que adviriam de um questionamento judicial, foi editada a Instrução Normativa nº 38, de 1996, que elencou situações condizentes com o conceito de disponibilidade econômica ou jurídica de renda como momento da tributação. A Instrução Normativa deu à lei uma interpretação conforme o CTN e a Constituição. Emergiram também discussões quanto a vício de forma da IN, e foi editada a Lei nº 9.532, de 1997, estabelecendo as mesmas situações elencadas na IN nº 38 como momento da tributação, como a seguir: Art. 1º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, os lucros serão considerados disponibilizados para a empresa no Brasil: (...) b) no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento ou do crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. (...) § 2º Para efeito do disposto na alínea "b" do parágrafo anterior, considera se: a) creditado o lucro, quando ocorrer a transferência do registro de seu valor para qualquer conta representativa de passivo exigível da controlada ou coligada domiciliada no exterior; b) pago o lucro, quando ocorrer: 1. o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil; 2. a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária; 3. a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça; 4. o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior. Dessa evolução da legislação transparece que a edição do art. 1º da Lei nº 9.532/97 foi motivada pela necessidade de compatibilizar a incidência do tributo com o conceito de disponibilização. Temse, assim, que na vigência das leis nº 9.249/95 e 9.532/97, em relação aos lucros auferidos por intermédio de coligadas e controladas, o fato gerador ocorria com o pagamento ou crédito, conforme disciplinado pelos parágrafos 1º e 2º do artigo 2º da Instrução Normativa SRF nº 38/96 e conforme o disposto no art. 1º e § 1º da Lei 9.532/97. Fl. 637DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 41 41 Enquanto o fato gerador ficou representado pelo pagamento ou crédito (ainda que presumido, conforme IN nº 38/96 e conforme Lei nº 9.532/97), o rendimento objeto da tributação representava dividendos e, por determinação legal, qualquer que fosse a opção de pagamento do contribuinte (lucro real trimestral ou lucro real anual), consideravase ocorrido o fato gerador em dezembro do ano em que ocorreu a disponibilização. Ou seja, na forma daquela legislação, o que se tributa não são os lucros auferidos pela empresa no exterior (lucros apurados no balanço), mas sim a parte desses lucros disponibilizada para o investidor brasileiro. E a data de ocorrência do fato gerador é o dia 31 de dezembro do anocalendário correspondente ao período em que os lucros se consideram creditados ou pagos pela investida . A Lei Complementar nº 104, de 10/01/2001, incluiu dois parágrafos no art. 43 do CTN, sendo que o § 2º dispõe: § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Já com lastro na nova redação do CTN, foi editado o art. 74 da Medida Provisória nº 2.15834/2001, reeditado na MP nº 2.15835, que dispõe: “Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e no art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento. Parágrafo único.Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor”. Na legislação precedente, a distribuição dos lucros (ainda que por presunção) era pressuposto para a ocorrência do fato gerador. A partir da MP 2.158, a tributação passou a incidir não mais sobre os lucros disponibilizados (dividendos), mas sobre os lucros apurados no balanço. Muito embora tanto a legislação precedente como a MP nº 2.15835 usem a expressão “serão considerados disponibilizados”, na legislação anterior essa expressão tem a conotação de presunção legal, enquanto na nova legislação a conotação é de ficção legal. Essa é uma diferença relevante porque, enquanto as presunções se baseiam no que ordinariamente acontece, a ficção se baseia naquilo que se sabe, com certeza, não ter acontecido. A alteração trazida com a MP é claramente evidenciada pela regulamentação baixada com a IN 213/2002, que no § 7º do art. 1º dispõe: § 7º Os lucros, rendimentos e ganhos de capital de que trata este artigo a serem computados na determinação do lucro real e da base de cálculo de CSLL, serão considerados pelos seus valores antes de descontado o tributo pago no país de origem. Pela legislação anterior, os valores tributados eram os pagos ou creditados. Embora não se tratasse, necessariamente, de pagamento ou crédito efetivo, somente os valores já líquidos do imposto pago no país de origem ou de Fl. 638DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 42 42 qualquer outra destinação estatutária ou legal poderiam ser utilizados nas situações definidas na lei como caracterizadoras do pagamento ou crédito. Daí se poder concluir que o que se tributavam eram realmente os dividendos (distribuídos ou atribuídos). (...) Em se tratando de investimentos relevantes e influentes, obrigatoriamente avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com o que dispõe a Lei nº 6.404/76, nos inciso II e III do artigo 248, sobre o valor do investimento, após a correção para manter a expressão do valor monetário, deve ser aplicado o percentual de participação da investidora na coligada ou controlada. A diferença positiva entre o valor assim obtido e o custo de aquisição atualizado poderá ser decorrente de lucros obtidos pela coligada ou controlada ou de reavaliação de bens efetuada pela coligada ou controlada. Se decorrente de lucros apurados pela coligada ou controlada, deve ser computada como receita no resultado do exercício. Essa a norma contábil. Portanto, o resultado de equivalência patrimonial apenas atesta a apuração de lucros por meio de controladas ou coligadas. A norma fiscal (art. 23 do DL 1.598/77) determinava que esse resultado não seria computado na apuração do lucro real. Uma vez que contabilmente já havia influenciado o lucro líquido do exercício, seria excluído para apuração do lucro real. Aqui é importante fazer um parênteses, para analisar o alcance do § 6º o art. 25 da lei que instituiu a tributação universal (Lei nº 9.249/95). O § 6º do art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995, ao dispor que os resultados da avaliação dos investimentos no exterior, pelo método da equivalência patrimonial, continuarão a ter o tratamento previsto na legislação vigente, ressalvou que isso seria sem prejuízo do disposto nos §§ 1º, 2º e 3º do mesmo artigo. A sistemática prevista na legislação vigente (DL 1.598/77) é exclusão do lucro líquido, para fins de lucro real, da receita de equivalência patrimonial. Se a investida é empresa situada no Brasil, por ocasião da distribuição os lucros não são tributados na investidora, porque já o foram na empresa investida. Entretanto, se a investida não é empresa domiciliada no Brasil, essa tributação deverá se dar na disponibilização dos lucros. Ou seja, o que o § 6º explicitou foi que, quando decorrentes de investimento no exterior, os resultados da equivalência patrimonial, que afetam o lucro contábil, continuarão a ter o tratamento previsto na legislação vigente, ou seja, continuarão a ser excluídos para fins de apuração do lucro real, “sem prejuízo do disposto nos §§ 1º, 2º e 3º ”, ou seja, sem prejuízo da tributação quando da disponibilização. (...) Em síntese temse que antes da MP 2.15835/2001, os lucros obtidos por intermédio das controladas ou coligadas no exterior eram tributáveis quando do pagamento ou crédito (ainda que presumidos, conforme definido na legislação), caracterizandose a tributação como incidindo sobre dividendos. A partir da MP 2.15835/2001, a tributação passou a incidir não sobre dividendos, mas sobre os lucros brutos apurados. (Grifei) Fl. 639DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 43 43 Ainda quanto a essa matéria destaco os seguintes julgados deste Conselho, que corroboram o entendimento deste julgador, tanto em relação ao “emprego do valor” quanto da tributação do resultado com a controlada no exterior nos anos de 1996 e 1997: Acórdão 110200.059 de 29/09/2009 de 2009 DECADÊNCIA A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização, e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. DISPONIBILIZAÇÃO EMPREGO DO VALOR A finalidade da norma contida no item 4 da alínea "b" do § 2°, da Lei n° 9.532, de 1997, foi de caracterizar como disponibilização qualquer forma de realização dos lucros que não estivesse compreendida nas demais situações previstas no parágrafo, entre elas a alienação do investimento mediante conferência para integralização de capital de outras empresas. Acórdão CSRF 910100.420 de 3/09/2009 (decisão unânime) IRPJ. EMPREGO DE LUCROS DE CONTROLADA NO EXTERIOR. Conforme Lei n. 9532/97, os lucros auferidos por controlada no exterior serão considerados disponibilizados para sua controladora no Brasil quando ocorrer, dentre outras hipóteses previstas, o emprego do valor dos lucros em favor da contribuinte. Se a contribuinte opta por atribuir, às quotas que detinha na controlada estrangeira, o valor patrimonial destas, que inclui os valores de seus lucros acumulados, isto para fins de transferência de aludidas quotas como integralização de quotas em nova sociedade no Brasil, ocorre o emprego do valor dos lucros em favor da contribuinte. Na medida em que as quotas são integralizadas pelo valor patrimonial da controlada no exterior, os lucros acumulados desta já passam a produzir efeitos jurídicos e econômicos definitivos em favor da contribuinte, com reflexos na apuração de eventual ganho de capital ou perdas no novo investimento. (Grifei) Acórdão 120200.118 de 27/10/2009 (decisão unânime) DECADÊNCIA. DIES A QUO. LUCRO DISPONIBILIZADO POR EMPRESA CONTROLADA SEDIADA NO EXTERIOR. A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização, e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. REDUÇÃO DE CAPITAL. LUCRO NO EXTERIOR. DISPONIBILIZAÇÃO. EMPREGO. A expressão "o emprego do valor, em favor da beneficiária." contida no artigo 1O., § 2°, "b", item 4, da Lei n° 9.532/97, abrange os casos em que o emprego do valor foi feito pela própria beneficiária. A redução de capital da empresa controladora no país, com entrega aos seus sócios, pessoas físicas, da totalidade das ações representativas do capital investido na sociedade controlada, situada no exterior, caracteriza hipótese de emprego dos lucros acumulados na controlada em favor da controladora sujeita à incidência de IRPJ. Acórdão 10516.118 de 8/11/2007 (decisão unânime) LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR DISPONIBILIZAÇÃO LEGISLAÇÃO ANTERIOR Consoante o disposto no art. 1° da Lei n° 9.532 de 1997, para efeito de disponibilização de lucros de coligada/controlada sob a forma de pagamento, Fl. 640DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA Processo nº 16327.001077/200658 Acórdão n.º 140200.493 S1C4T2 Fl. 44 44 considerase como tal o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça. No caso vertente, o emprego está caracterizado pela utilização da participação societária na empresa estrangeira que auferiu os lucros, para aporte de capital em outra. Portanto, em 12/01/2001, data em que a GeoglenSAP transferiu sua participação na Andree Overseas à PSCIR/RJ, configurouse a hipótese de incidência do IRPJ e CSLL sobre sua parcela dos lucros auferidos pela aludida controlado no exterior nos anos de 1996 a 2000, que corretamente foi objeto do auto de infração. Logo, a exigência fiscal deve mesmo ser mantida nessa parte. VI. CONCLUSÃO Isso posto, oriento meu voto no sentido de: 1) rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento e de decadência, inclusive quanto a tributação dos lucros produzidos no exterior, nos anos de 1996 e 1997, disponibilizados após a vigência do art. 1º. da Lei 9.532/1997; 2) manter a incidência da CSLL sobre os lucros produzidos até 30/09/1999, disponibilizados após a vigência do art. 19 da MP nº. 1.8586/99, confirmar a tributação dos lucros auferidos junto à controlada no exterior, haja vista a ocorrência de “emprego do valor” ocorrido em 12/01/2001, em face da alienação da participação na aludida controlada; 3) determinar que os lucros auferidos no exterior sejam convertidos em reais pela taxa de câmbio para venda do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os referidos lucros, acolhendo o recurso da contribuinte tão somente quanto a essa matéria.. (assinado digitalmente) Antonio José Praga de Souza Fl. 641DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/ 07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQU E MAGALHAES DE O, Assinado digitalmente em 16/07/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA
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Numero do processo: 13984.000634/00-70
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1994
DECADÊNCIA. FORMA DE CONTAGEM. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ, CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. Por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, impõe-se a observância das decisões proferidas pelo STJ sob a sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil. No Recurso Especial nº 973.733/SC restou pacificado que a aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º do CTN, está condicionada à realização do pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação. Do contrário, aplica-se o prazo de decadência previsto no art. 173, I do CTN. Comprovada a existência de pagamento antecipado no caso dos autos, observa-se o prazo de decadência previsto no art. 150 do CTN.
Recurso Extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional Negado.
Numero da decisão: 9900-000.271
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente). Susy Gomes Hoffmann, Manoel Coelho Arruda Júnior. Maria Teresa Martinez Lopez, Claudemir Rodrigues Malaquias, Nanci Gama, Marcelo Oliveira, Karem Jureidini dias, Júlio César Alves Ramos, João Carlos de Lima Júnior, Jose Ricardo da Silva, Alberto Pinto Souza Júnior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Valmar Fonseca de Menezes, Jorge Celso Freire da Silva, Elias Sampaio Freire Valmir Sandri, Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo Cardozo Miranda Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rodrigo da Costa Possas. Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva. Francisco Assis de Oliveira Júnior, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Fabiola Cassiano Keramidas.
Nome do relator: JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente. (Assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente). Susy Gomes Hoffmann, Manoel Coelho Arruda Júnior. Maria Teresa Martinez Lopez, Claudemir Rodrigues Malaquias, Nanci Gama, Marcelo Oliveira, Karem Jureidini dias, Júlio César Alves Ramos, João Carlos de Lima Júnior, Jose Ricardo da Silva, Alberto Pinto Souza Júnior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Valmar Fonseca de Menezes, Jorge Celso Freire da Silva, Elias Sampaio Freire Valmir Sandri, Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo Cardozo Miranda Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rodrigo da Costa Possas. Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva. Francisco Assis de Oliveira Júnior, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Fabiola Cassiano Keramidas.
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AUTO DE INFRAÇÃO IRPF Recorrente PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL Recorrida CLOVIS STEFEN DE ALBUQUERQUE ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1994 DECADÊNCIA. FORMA DE CONTAGEM. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ, CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543C DO CPC. Por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, impõese a observância das decisões proferidas pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil. No Recurso Especial nº 973.733/SC restou pacificado que a aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º do CTN, está condicionada à realização do pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação. Do contrário, aplicase o prazo de decadência previsto no art. 173, I do CTN. Comprovada a existência de pagamento antecipado no caso dos autos, observase o prazo de decadência previsto no art. 150 do CTN. Recurso Extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente. (Assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 00 06 34 /0 0- 70 Fl. 171DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13984.000634/0070 Acórdão n.º 9900000.271 CSRFPL Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente). Susy Gomes Hoffmann, Manoel Coelho Arruda Júnior. Maria Teresa Martinez Lopez, Claudemir Rodrigues Malaquias, Nanci Gama, Marcelo Oliveira, Karem Jureidini dias, Júlio César Alves Ramos, João Carlos de Lima Júnior, Jose Ricardo da Silva, Alberto Pinto Souza Júnior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Valmar Fonseca de Menezes, Jorge Celso Freire da Silva, Elias Sampaio Freire Valmir Sandri, Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo Cardozo Miranda Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rodrigo da Costa Possas. Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva. Francisco Assis de Oliveira Júnior, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Fabiola Cassiano Keramidas. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13984.000634/0070 Acórdão n.º 9900000.271 CSRFPL Fl. 4 3 Relatório A PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL, irresignada com o decidido no Acórdão CSRF/930400.008, proferido na sessão da CSRF de 2/03/2009, apresentou recurso extraordinário ao pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, com fulcro no artigo 9°. do Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF n° 147/2007, vigente à época da aludida decisão. O recurso está sendo processado em observância ao art. 4°. da Portaria MF 256/2009, que aprovou o atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, e assim dispõe (redação dada pela Portaria MF 446/2009): “Art. 4º os recursos com base no inciso I do art. 7º, no art. 8º e no art. 9º do regimento interno da câmara superior de recursos fiscais, aprovado pela portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, interpostos contra os acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior à vigência do anexo ii desta portaria, serão processados de acordo com o rito previsto nos artigos 15 e 16, no art. 18 e nos artigos 43 e 44 daquele regimento. (NR)” A matéria recorrida referese à forma de contagem de prazo decadencial (termo de início), sendo que o acórdão recorrido apresenta a seguinte ementa: IRPF. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4" DO CTN. Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de a Fazenda Pública efetuar o lançamento do crédito tributário decai em cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária.. A Recorrente pleiteia que o prazo decadencial seja sempre contado na forma do artigo 173, inciso I do CTN, conforme já decidido pela própria Câmara Superior no acórdão CSRF/0103.125 de 4/12/2000. O recurso foi admitido conforme despacho do então presidente da CSRF às fls.155, sendo que o contribuinte foi regularmente intimado a apresentar contrarrazões. É o que importa relatar. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13984.000634/0070 Acórdão n.º 9900000.271 CSRFPL Fl. 5 4 Voto Conselheiro Jorge Celso Freire da Silva, Relator. O recurso extraordinário é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. De início cumpre lembrar que o escopo do Recurso Extraordinário (REX) ao Pleno da CSRF era dirimir divergências jurisprudencial no âmbito das turmas da própria CSRF, que deve ser comprovada pelo recorrente mediante apresentação de julgado de outra turma superior com decisão dispare. Logo, não se trata de mais uma instância administrativa, pelo descabe a apreciação de quaisquer outras matérias anteriormente tratadas no litígio, que não aquelas que ensejou o seguimento do REX. No presente caso, a matéria admitida referese à forma de contagem e o termo de inicio do prazo decadencial nos tributos lançados por homologação. Este Conselho tinha entendimento pacificado no sentido de que nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o termo inicial para a contagem do prazo qüinqüenal de decadência para constituição do crédito é a ocorrência do respectivo fato gerador, a teor do art. 150, § 4º do CTN, independentemente da realização (ou não) de pagamento antecipado do tributo pelo contribuinte. Vejase, a título ilustrativo, ementa de v. acórdão proferido pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, verbis: “ACÓRDÃO 910100.619 Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF 1a. Turma da 1a. Câmara. Matéria DECADÊNCIA DECADÊNCIA. O prazo decadencial deve ser computado a teor do previsto no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN, pois o que se homologa é a atividade do contribuinte e não o pagamento do tributo.” (Processo no 10875.005130/200354, Sessão de 05 de julho de 2010;Recorrente FAZENDA NACIONAL, Interessado VALTRA DO BRASIL LTDA.) Contudo, em 21/12/2010, foi editada a Portaria n. 586/2010, pela qual foi alterado o regimento interno desta Corte Administrativa para, entre outras providências, determinar que “as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (RI/CARF, art. 62A). Em vista de referida regra regimental, impõese a observância in casu do entendimento firmado pelo E. Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial nº 973.733/SC, o qual estabelece que o prazo quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado somente nas hipóteses em que o contribuinte não realiza o pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação. Verbis: Fl. 174DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13984.000634/0070 Acórdão n.º 9900000.271 CSRFPL Fl. 6 5 “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (REsp 973.733/SC (2007/01769940), STJ, Primeira Seção, Relator Ministro LUIZ FUX, j. 12/08/2009, DJe 18/09/2009, RDTAPET vol. 24 p. 184). Fl. 175DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13984.000634/0070 Acórdão n.º 9900000.271 CSRFPL Fl. 7 6 No que interessa ao presente julgamento, o acórdão acima, submetido ao regime do art. 543C, do CPC, pacificou o seguinte entendimento, verbis: (i) o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito; e No caso, há prova do recolhimento antecipado do IRPF, mediante retenção na fonte, fls. 6 e 20, relativo ao anocalendário correspondente à autuação (1994), sendo que o auto de infração foi lavrado e cientificado apenas no transcurso do ano de 2000. Portanto, consideradas (i) as disposições Regimentais do CARF; (ii) a data de ocorrência do fato gerador do tributo; (iii) a data de ciência do lançamento; e (iv) a existência de recolhimento antecipado do tributo, impõese o reconhecimento da decadência em observância ao art. 150, § 4º do CTN. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Fl. 176DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO
score : 1.0
Numero do processo: 12268.000166/2008-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/1998 a 31/07/2005
SALÁRIOEDUCAÇÃO.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REQUISITOS MÍNIMOS ESTABELECIDOS PELA LEI Nº 10.101/2000. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE
NORMA.
O Supremo Tribunal Federal já proferiu decisão definitiva no sentido de que é constitucional a cobrança da contribuição ao salário educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei nº 9424/96." (Súmula 732 do STF).
O fisco deixou de provar que os valores informados ao FNDE como ajuda de custo e participação nos lucros ou resultados da empresa na verdade correspondem à verbas de natureza salarial.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 2301-002.524
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 02/2003, anteriores a 03/2003, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Mauro José Silva e Marcelo Oliveira, que votaram em aplicar a regra decadencial expressa no I, Art. 173 do CTN; II) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: DAMIAO CORDEIRO DE MORAES
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ementa_s : Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/1998 a 31/07/2005 SALÁRIOEDUCAÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REQUISITOS MÍNIMOS ESTABELECIDOS PELA LEI Nº 10.101/2000. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. O Supremo Tribunal Federal já proferiu decisão definitiva no sentido de que é constitucional a cobrança da contribuição ao salário educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei nº 9424/96." (Súmula 732 do STF). O fisco deixou de provar que os valores informados ao FNDE como ajuda de custo e participação nos lucros ou resultados da empresa na verdade correspondem à verbas de natureza salarial. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/1998 a 31/07/2005 SALÁRIOEDUCAÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REQUISITOS MÍNIMOS ESTABELECIDOS PELA LEI Nº 10.101/2000. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO FUNDADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. O Supremo Tribunal Federal já proferiu decisão definitiva no sentido de que é constitucional a cobrança da contribuição ao salárioeducação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei nº 9424/96." (Súmula 732 do STF). O fisco deixou de provar que os valores informados ao FNDE como ajuda de custo e participação nos lucros ou resultados da empresa na verdade correspondem à verbas de natureza salarial. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. Fl. 264DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 02/2003, anteriores a 03/2003, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Mauro José Silva e Marcelo Oliveira, que votaram em aplicar a regra decadencial expressa no I, Art. 173 do CTN; II) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silverio, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Leonardo Henrique Pires Lopes. Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto pela STATOMAT MÁQUINAS ESPECIAIS LTDA., em face de Acórdão prolatado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Porto Alegre (DRJPOA), que julgou procedente em parte o auto de lançamento (NFLD). 2. De acordo com o relatório fiscal cuidase de lançamento da retenção das contribuições sociais para o Salário Educação, referentes a rubricas de Ajuda de Custo e Participação nos Lucros, relativo às competências de 07/1998 a 12/1998, 02/1999 a 11/1999, 01/2000 a 05/2000, 07/2000 a 10/2003, 12/2003 a 02/2004, 04/2004 a 07/2005 (ff. 41 a 44). 3. A DRJ/POA julgou a impugnação apresentada (ff. 53 a 74), cuja ementa do acórdão de primeira instância do contencioso administrativo fiscal restou lavrada nos termos que abaixo se transcreve: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/1998 a 31/07/2005 Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD DEBCAD no 37.146.9635 Fl. 265DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 12268.000166/200830 Acórdão n.º 2301002.524 S2C3T1 Fl. 262 3 1. CONSTITUCIONALIDADE E LEGALIDADE. A constitucionalidade e a legalidade de dispositivos legais são vinculadas para a Administração Pública. 2. DECADÊNCIA. As contribuições para terceiros estão sujeitas aos prazos decadenciais estabelecidos no Código Tributário Nacional. Decadência configurada. 3. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Integra o salário decontribuição a totalidade da remuneração auferida no mês pelo segurado empregado, excetuandose, exclusivamente, as importâncias previstas no parágrafo 9° do artigo 28 da Lei nº 8.212/91, na redação da Lei n° 9.528/97. 4 ( ONUS DA PROVA. A empresa tem o ônus da prova em relação ao que alega. 5. MULTA E JUROS DE MORA. A inclusão de contribuições, previdenciárias e para terceiros, em NFLD da ensejo a incidência de juros de mora equivalentes à taxa Selic e multa de mora, ambos de caráter irrelevavel. 6. PRODUÇÃO DE PROVAS. PRAZO PARA JUNTADA DE DOCUMENTO. É de nenhum efeito o protesto genericamente formulado no tocante a produção de provas e, não comprovadas quaisquer das hipóteses para concessão de novo prazo para apresentação de documentos, descabe fazêla em momento diferente da impugnação. Lançamento Procedente em Parte” (f. 208). 5. Ante a prolação do Acórdão supracitado, o contribuinte interpôs o presente recurso voluntário (ff. 230 a 247), alegando, em síntese: a) a decadência do crédito tributário com base no art. 150, § 4º, do CTN; b) a inexigibilidade da “contribuição ao salário educação sobre despesas com educação e treinamento de empregados, as quais não podem ser consideradas como salário in natura” (f. 235); c) o lançamento também seria indevido, vez que não há incidência do salário educação sobre a distribuição da participação nos lucros feita em conformidade com a legislação, ante a ausência do caráter salarial da verba; d) sustenta que há demonstrado o caráter confiscatório da penalidade aplicada; e e) por fim, batalha pela inaplicabilidade da taxa Selic sobre o débito levantado pelo fisco. 6. Após a interposição do recurso, houve a sua desistência parcial para fins de parcelamento, nos termos da Lei n. 11.941/2009 (ff. 251 e 252). 7. Sem contrarrazões, os autos foram encaminhados a esta Câmara para apreciação do recurso voluntário. Fl. 266DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 4 É o relatório. Voto Conselheiro Relator Damião Cordeiro de Moraes DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço em parte do recurso, de acordo com a decisão de admissibilidade de f. 260, uma vez que houve a sua desistência parcial para fins de parcelamento (Lei n. 11.941/2009; ff. 251 e 252). DA DECADÊNCIA 2. Tendo em vista o período de apuração da exação objeto do presente recurso, se faz necessária a verificação da matéria nos termos do Código Tributário Nacional. 3. Sobre essa questão, cumpre dizer que o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08, verbis: “Súmula Vinculante n° 08: São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. 4. Os efeitos da Súmula Vinculante estão previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentados pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.” 5. Ainda sobre o assunto, a Lei n° 11.417, de 19 de dezembro de 2006, dispõe o que segue: “Art. 2º O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1º O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.” Fl. 267DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 12268.000166/200830 Acórdão n.º 2301002.524 S2C3T1 Fl. 263 5 6. Assim, como demonstrado, a partir da publicação na imprensa oficial, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. Dessa forma, afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, resta verificar qual regra de decadência, prevista no Código Tributário Nacional (CTN), se aplica ao caso concreto. 7. Acerca das regras de verificação da decadência do crédito tributário, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça está consolidada no seguinte sentido: “[...] 1. Está assentado na jurisprudência desta Corte que, nos casos em que não tiver havido o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, é de se aplicar o art. 173, inc. I, do Código Tributário Nacional (CTN). Isso porque a disciplina do art. 150, § 4º, do CTN estabelece a necessidade de antecipação do pagamento para fins de contagem do prazo decadencial. Precedente em recurso representativo de controvérsia (REsp 973733/SC, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 18.9.2009). [...] 3. Recurso especial parcialmente provido”. (REsp 1015907/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 10/09/2010) “[...] 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, Fl. 268DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 6 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008”. (REsp 973733/SC, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 18/09/2009). 8. Compulsando os autos, não se verifica prova do recolhimento parcial do tributo. Dessa forma, deve prevalecer a regra trazida pelo artigo 173 do CTN. 9. Acertada, assim, o acórdão recorrido da DRJ. Passo, portanto, a examinar as demais questões recursais. DO MÉRITO 10. O Supremo Tribunal Federal já reconheceu que: "É constitucional a cobrança da contribuição ao salárioeducação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei nº 9424/96." (Súmula 732 do STF). Porém, como é cediço, a incidência de contribuição previdenciária sobre as bolsas de estudo concedidas pela empresa no caso ajuda de custo para estudo onera duas vezes aqueles contribuintes que já recolhem contribuição parafiscal do salárioeducação (art. 212, par. 5º CF/88 c/c DL 1422/75), cuja destinação é justamente a manutenção e desenvolvimento de ensino no país, de maneira que. 11. O Decreto 6.003/2006 (que revogou o Decreto 3.142/99), regulamentando o art. 15, da Lei 9.424/96, definiu o contribuinte do salárioeducação com foco no fim social desse instituto jurídico, para alcançar toda pessoa jurídica que, desenvolvendo atividade econômica, e, por conseguinte, tendo folha de salários ou remuneração, a qualquer título, seja vinculada ao Regime Geral de Previdência Social, verbis: "Art. 2o São contribuintes do salárioeducação as empresas em geral e as entidades públicas e privadas vinculadas ao Regime Geral da Previdência Social, entendendose como tais, para fins desta incidência, qualquer firma individual ou sociedade que assuma o risco de atividade econômica, urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem assim a sociedade de economia mista, a empresa pública e demais sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público, nos termos do art. 173, § 2o, da Constituição." 12. A base de cálculo do salárioeducação é o saláriodecontribuição, conforme prevê o art. 1º, caput e § 5º, do DL 1.422/75. Nesse sentido, já reconheceu o Superior Tribunal de Justiça: "A legislação do salárioeducação inclui em sua sujeição passiva todas as entidades (privadas ou públicas, ainda que sem fins lucrativos ou beneficentes) que admitam trabalhadores como empregados ou que simplesmente sejam vinculadas à Previdência Fl. 269DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 12268.000166/200830 Acórdão n.º 2301002.524 S2C3T1 Fl. 264 7 Social, ainda que não se classifiquem como empresas em sentido estrito (comercial, industrial, agropecuária ou de serviços). A exação é calculada sobre a folha do salário de contribuição (art. 1º, caput e § 5º, do DL 1.422/75)." (Grifamos) (REsp 272.671/ES, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/02/2008, DJe 04/03/2009, REPDJe 25/08/2009) 13. Dessa forma, devese perquirir se as rubricas apontadas pela fiscalização correspondem à base de cálculo do salárioeducação (saláriodecontribuição) e, portanto, estariam sujeitas à tributação. 14. O recorrente alega a inexigibilidade do salário educação sobre despesas intituladas de “ajuda de custo” que, na verdade tratam de gastos com educação e treinamento de empregados. Nesse sentido, esclarece na peça de impugnação ao lançamento fiscal: “3.2 Temse, primeiramente, que a ajuda de custo objeto de parte do presente lançamento referese a pagamento de despesas com educação e treinamento dos funcionários da lmpugnante e que têm, por objetivo, não só o crescimento e o aprimoramento pessoal dos seus colaboradores, mas também o desenvolvimento da empresa. É que a lmpugnante produz máquinas especiais para indústrias de motores localizadas em diversos países. Tem relacionamento com empresas estrangeiras, tanto no que se refere a importações de partes e peças, quanto no tocante à exportação de seus produtos. Assim, necessita de técnicos extremamente capacitados para o atendimento do mercado internacional em que atua. Desta forma, para a ora lmpugnante, as despesas com educação não integram o salário do funcionário. É, sim, um investimento ao qual a ora lmpugnante está obrigada para manterse no mercado. 3.3 Temse, pois, como verdadeiro absurdo a exigência da contribuição ao salário educação sobre despesas com educação e treinamento de empregados, as quais não podem ser consideradas como salário in natura” (ff. 61 e 62) 15. O fisco deixou de provar que os valores informados ao FNDE como “ajuda de custo” na verdade correspondem à verbas de natureza salarial. O relatório fiscal (f. 44) foi raso a fazer menção às informações prestadas de ff. 45, 46 e 47. 16. Como se extrai do relatório da notificação fiscal de lançamento do débito, não foram especificadas a eventual natureza salarial da rubrica (ff. 41 a 44). A fiscalização se limitou a dizer que: “5. Do objeto do lançamento 5.1. Quando da fiscalização da empresa, foi levantado débitos referentes as rubricas de Ajuda de Custo e Participação nos Lucros, encaminhado ao FNDE, na forma de Informação Fiscal. 5.2. O FNDE, tendo verificado irregularidade no recolhimento do salário educação, formalizou representação administrativa a RFB, acompanhada de elementos de convicção” (f. 44) Fl. 270DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 8 17. Com efeito, a desconstituição dos atos empresariais para se configurar a natureza salarial da parcela – pressuposto de incidência da contribuição – depende da verificação de seus elementos ensejadores. 18. Quanto à incidência do salário educação sobre os pagamentos efetuados pela empresa recorrente a seus empregados, sob a rubrica de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), resta saber se, no caso concreto, os valores pagos pelo empregador a título de PLR tem natureza salarial ou não. 19. A Constituição Federal de 1988, no inc. XI do art. 7º, incluiu entre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, a participação nos lucros ou resultados dos seus empregadores. O texto constitucional, neste ponto, é enfático ao assegurar a sua desvinculação da remuneração percebida pelo empregado, de acordo com os critérios legais. Eis o teor do dispositivo: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visam à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei.” 20. Nesse sentido, a Lei de Custeio da Seguridade Social em seu artigo 28, § 9º, "j"`, condicionou a não incidência de contribuição previdenciária ao atendimento dos critérios fixados em lei específica: “Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica;” 21. Ocorre que a autoridade fiscal, assim como na parcela relativa aos gastos com educação e treinamento de empregados, deixou de fundamentar, no auto do lançamento fiscal a natureza da rubrica (ff. 41 a 44). 22. Levando em consideração que, em nenhum momento a autuação fiscal logrou êxito em provar a natureza remuneratória da rubrica, devese reconhecer a improcedência do lançamento. 23. A propósito, a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, trata em seu art. 2º que a Administração Pública obedecerá, dentre outros, ao princípio da motivação. Isto porque, a atividade administrativa de lançamento requer a verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, como preceitua o CTN, em seu art. 142, seja ela principal ou acessória. 24. Cumpre destacar que o art. 50 da Lei n.º 9.784/99 sustenta a necessidade de os atos administrativos, que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses, serem motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos. Nesse sentido, segue o dispositivo citado: Fl. 271DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 12268.000166/200830 Acórdão n.º 2301002.524 S2C3T1 Fl. 265 9 “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; [...] § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.” 25. Celso Antônio Bandeira de Mello, em sua obra intitulada ‘Curso de Direito Administrativo’ (2000, p. 433), traz argumentos de enorme valia acerca do princípio da motivação e sua aplicação, notadamente as razões técnicas, lógicas e jurídicas que servem de calço ao ato conclusivo, de molde a poderse avaliar sua procedência jurídica e racional perante o caso concreto, in verbis: “Princípio da motivação, isto é, o da obrigatoriedade de que sejam explicitados tanto o fundamento normativo quanto o fundamento fático da decisão, enunciandose, sempre que necessário, as razões técnicas, lógicas e jurídicas que servem de calço ao ato conclusivo, de molde a poderse avaliar sua procedência jurídica e racional perante o caso concreto. Ainda aqui se protegem os interesses do administrado, seja por convencêlo do acerto da providência tomada – o que é o mais rudimentar dever de uma Administração democrática , seja por deixar estampadas as razões do decidido, ensejando sua revisão judicial, se inconvincentes, desarrazoadas ou injurídicas. Aliás, confrontada com a obrigação de motivar corretamente, a Administração terá de coibirse em adotar providências (que de outra sorte poderia tomar) incapazes de serem devidamente justificadas, justamente por não coincidirem com o interesse público que está obrigada a buscar.” [g.n.] 26. Nessa esteira, registrase a importância de uma clara descrição dos fatos, como elemento motivador do lançamento fiscal, conforme nos relata em lapidar lição Leliana Pontes Vieira, em sua obra ‘Contencioso e Processo Fiscal’ (1996, p. 40), colacionamos: “c) Descrição dos fatos esta descrição deve ser bastante clara, de modo a permitir, de um lado, que o acusado, conhecendo o fato ilícito que lhe é imputado possa exercer o seu direito constitucional de ampla defesa. E, de outro, para que o julgador Fl. 272DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 10 nela encontre, conjugandoa com os demais elementos do processo, o necessário suporte para formar sua convicção.” 27. Acrescento ainda que o relatório fiscal é a peça essencial para propiciar o contraditório e a ampla defesa do sujeito passivo da obrigação tributária, assim como a adequada análise do crédito. É cediço que não se pode vincular a recorrente a uma determinada obrigação tributária, sem que haja comprovação da ocorrência do fato gerador que ensejou tal cobrança, vez que o onus probandi cabe ao fisco. 28. Sobre o ônus da prova, convém destacar importante contribuição do jurista Paulo Celso Bergstrom Bonilha, in “Da Prova no Processo Administrativo Tributário”: “O vocábulo ônus provém do latim (onus) e conserva o significado de fardo, carga, peso ou imposição. Nessa acepção, o ônus de provar (onus probandi) consiste na necessidade de prover os elementos probatórios suficientes para a formação do convencimento da autoridade julgadora. Bem de ver que a ideia de ônus da prova não significa a de obrigação, no sentido da existência de dever jurídico de provar. Tratase de uma necessidade ou risco da prova, sem a qual não é possível obter êxito na causa. São sujeitos da prova, assim, tanto o contribuinte quanto a Fazenda, com o intuito de convencer a autoridade julgadora da veracidade dos fundamentos de suas opostas pretensões. Esse direito de prova dos titulares da relação processual convive com o poder atribuído às autoridades (preparadora e julgadora) de complementar a prova.” 29. No caso sob exame, resta evidente que o lançamento carece de embasamento fático e jurídico para a sua constituição, vez que ausente a motivação necessária para fundamentar a lavratura do auto. Ante a inexistência de provas e a demonstração pormenorizada do pressuposto de incidência por parte do auditorfiscal temse por insubsistente a desconstituição do auxilio prestado pela recorrente. 30. Assim, podese concluir que os argumentos trazidos aos autos, é imperioso o provimento do recurso para reformar a decisão recorrida e desconstituir o débito lançado CONCLUSÃO 31. Dado o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, nos termos acima delineados. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Relator Fl. 273DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 12268.000166/200830 Acórdão n.º 2301002.524 S2C3T1 Fl. 266 11 Fl. 274DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 03/07 /2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 18/06/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES
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Numero do processo: 18471.000538/2007-18
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE Período: 01/2001 a 10/2006 Ementa: DEPÓSITO JUDICIAL NO MONTANTE INTEGRAL – JUROS DE MORA Os autos de infração feitos para prevenir a decadência não podem impor a cobrança dos juros de mora – Súmula CARF nº 05.
Numero da decisão: 3403-001.572
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
Nome do relator: RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Antonio Carlos Atulim – Presidente Raquel Motta Brandão Minatel – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Antonio Carlos Atulim (Presidente), Raquel Motta Brandao Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz, Domingos De Sa Filho, Robson Jose Bayerl e Liduina Maria Alves Macambira. Fl. 610DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 27 /08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MIN ATEL 2 Relatório Tratase do Auto de Infração (fls.225/248), lavrado em 05/06/2007, referente à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico — CIDE sobre royalties e pagamento de assistência técnica a residentes ou domiciliados no exterior, no período de janeiro de 2001 a outubro de 2006. O lançamento foi efetuado para prevenir a decadência, conforme Termo de Encerramento (fls. 248), que atesta estar a matéria em juízo, com depósito judicial efetuado na Caixa Econômica Federal, e dispõe que o crédito tributário lançado ficará com a “EXIGIBILIDADE SUSPENSA até a decisão judicial”. O demonstrativo do crédito tributário contido no auto de infração aponta o valor do principal (R$ 1.514.290,41) e dos juros de mora (R$ 845.562,47), deixando de lançar a multa de ofício. O Auto foi impugnado apenas relativamente à aplicação dos juros de mora, alegando não ser cabível a cobrança de juros de mora quando há depósito no montante integral. Para corroborar suas alegações trouxe diversos julgados, administrativos e judiciais e invocou o artigo 151, II do CTN. A DRJ Rio de JaneiroRJ julgou improcedente a impugnação, em Acórdão proferido em 20/08/2009 (259/264), de cuja ementa se extrai a conclusão de que “são devidos os juros de mora, ainda que efetuado o depósito judicial no montante integral”. A Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 266/269), se insurgindo contra a decisão da DRJ/RJ1, alegando ser incabível a cobrança de juros de mora quando há depósito no montante integral, visto que os depósitos judiciais são corrigidos pela SELIC, conforme prevê o artigo 953 do Regulamento do Imposto de Renda, e os artigos 61 e 63 da Lei 9.430/96. É o relatório. Voto Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel, Relatora. O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. A matéria em julgamento cingese exclusivamente acerca da aplicação dos juros de mora nos lançamentos efetuados para prevenir a decadência quando há, comprovadamente, depósito no montante integral. Acerca da matéria dispõe a Súmula n° 5 do CARF: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." Fl. 611DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 27 /08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MIN ATEL Processo nº 18471.000538/200718 Acórdão n.º 340301.572 S3C4T3 Fl. 2 3 Do comando final da citada súmula se extrai exatamente não serem devidos os juros de mora nas hipóteses em que existe depósito judicial no montante integral do crédito tributário. Assim, como nos autos não se contesta que os depósitos foram feitos no montante integral do crédito tributário lançado, deve ser aplicada a citada súmula. Isso porque, nos termos do artigo 75, §2º do RICARF (Portaria 256/09), as súmulas do CARF vinculam a administração, Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. Raquel Motta Brandão Minatel Fl. 612DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2012 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 27 /08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 23/08/2012 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MIN ATEL
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Numero do processo: 13832.000039/00-12
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu May 02 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/1990 a 31/10/1995
PIS. PRESCRIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, § 4º, DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I, DO CTN). IRRETROATIVIDADE DO ARTIGO 3º DA LC 118/2005. ARTIGO 65-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932 (tese dos 5 + 5), para pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido protocolados antes da aplicação, em 09/06/2005, da Lei Complementar 118, a qual não é interpretativa, conforme entendimento do STF. Em se tratando a contribuição para o PIS de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado em 04/04/2000, antes da vigência da Lei Complementar 118/2005, plenamente cabível a aplicação do prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I, desse mesmo diploma legal para o contribuinte pleitear restituição/compensação. Assim, prescrito encontra-se o pedido de restituição/compensação no que se refere apenas aos valores de PIS relativos ao período de apuração de março de 1990.
Recurso Extraordinário Provido em Parte.
Numero da decisão: 9900-000.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso extraordinário.
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
Nanci Gama - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano DAmorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Matéria: PIS - proc. que não versem s/exigências de cred. Tributario
Nome do relator: NANCI GAMA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/1990 a 31/10/1995 PIS. PRESCRIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, § 4º, DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I, DO CTN). IRRETROATIVIDADE DO ARTIGO 3º DA LC 118/2005. ARTIGO 65A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. 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Assim, prescrito encontrase o pedido de restituição/compensação no que se refere apenas aos valores de PIS relativos ao período de apuração de março de 1990. Recurso Extraordinário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 2. 00 00 39 /0 0- 12 Fl. 411DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso extraordinário. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Nanci Gama Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano D’Amorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Tratase de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional em face do acórdão de nº 0203.811, proferido pela Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que, por maioria de votos, negou provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional para reconhecer o direito de o contribuinte pleitear, em 04/04/2000, restituição/compensação de valores de PIS relativos aos períodos compreendidos entre março de 1990 a outubro de 1995. Para tanto, a Segunda Turma considerou que o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de valores de PIS nos presentes autos seria de 5 (cinco) anos contados a partir da publicação, em 09/10/1995, da Resolução do Senado Federal de nº 49, a qual suspendeu a execução dos inconstitucionais DecretosLeis 2.445 e 2.449, ambos de 1988, conforme ementa a seguir: “PIS. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. RESOLUÇÃO SF Nº 49/1995. A contagem do prazo decadencial para pleitear repetição de indébito do PIS recolhido com base nos DL nº 2.445 e 2.449, ambos de 1988, se iniciou com a publicação da Resolução nº 49/95 do Senado. Recurso especial negado.” Inconformada, a Fazenda Nacional, com fulcro nos artigos 9º e 43 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, interpôs recurso extraordinário com base no acórdão da Câmara Superior de Fl. 412DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 13832.000039/0012 Acórdão n.º 9900000.766 CSRFPL Fl. 367 3 Recursos Fiscais utilizado como paradigma, qual seja, o de nº 0400.810, para aduzir que o prazo para pleitear restituição/compensação é de 5 (cinco) anos contados a partir da data de extinção do crédito tributário conforme previsão dos artigos 165 e 168, I do CTN. O acórdão paradigma restouse assim ementado: “PEDIDO DE RESTITUIÇÃO – ILL – O direito de pleitear restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, perece com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro (art. 165, incisos I e II, e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Recurso Especial do Procurador Provido.” A Recorrente complementa, ainda, que o advento da Lei Complementar 118/2005 teria encerrado definitivamente a controvérsia sobre o tema, tendo em vista que o seu artigo 3º prevê que “para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei”. E, entendendo que aludido dispositivo deteria caráter interpretativo, a Fazenda Nacional alega que caberia a sua aplicação retroativa nos presentes autos, conforme previsão do artigo 106, I, do CTN. A Recorrente alega, também, a necessidade de observância ao disposto no Ato Declaratório SRF nº 96, de 1999, o qual considera que “o prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário, extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário”. O i. Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais reconheceu o dissídio jurisprudencial e deu seguimento ao recurso extraordinário. Regularmente intimado, o contribuinte apresentou contrarrazões às fls. 368/393 requerendo não fosse conhecido o recurso extraordinário da Fazenda Nacional ou que, na remota hipótese de o mesmo ser conhecido, que lhe fosse negado provimento. É o relatório. Voto Conselheira Nanci Gama, Relatora O recurso extraordinário é tempestivo, razão pela qual passo a analisar seus pressupostos de admissibilidade em conformidade ao Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 147/2007. Primeiramente, quanto à divergência entre acórdãos recorrido e paradigma, entendo ter a mesma sido devidamente demonstrada. Isso porquê ao passo que o acórdão Fl. 413DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 recorrido respaldou o entendimento de que o prazo de 5 (cinco) anos, para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributo sujeito a lançamento por homologação (PIS), se inicia a partir da edição do ato normativo que dispensa o pagamento desse tributo, o acórdão paradigma respaldou entendimento de que o prazo de 5 (cinco) anos, para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributo sujeito a lançamento por homologação (ILL), se inicia a partir da data da extinção do crédito tributário “sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro”. Quanto aos demais pressupostos de admissibilidade previstos nos artigos 9º e 43 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 147/20071, o qual é aplicado por força do artigo 4º do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 256/20092, também entendo terem os mesmos sido devidamente demonstrados, razão pela qual conheço do recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional. A controvérsia aduzida nos presentes autos cingese, basicamente, em determinar o prazo para o contribuinte pleitear restituição dos valores de PIS recolhidos com base nas sistemáticas instituídas pelos DecretosLeis nºs 2.445/88 e 2.448/88, os quais tiveram suas execuções suspensas por força da Resolução do Senado Federal de nº 49/95, publicada com base em decisão do STF que reconheceu as suas inconstitucionalidades. Conforme se infere do relatório, o acórdão recorrido entendeu que o prazo para pleitear restituição deve ser de 5 (cinco) anos contados a partir da data da publicação de aludida Resolução do Senado Federal. Em contrapartida, a Fazenda Nacional entende que o prazo para pleitear restituição é de 5 (cinco) anos contados a partir das datas de extinção do crédito tributário, ocorridas entre março de 1990 a outubro de 1995, e que, portanto, o pedido de restituição, protocolado em 04/04/2000, já estaria prescrito. Considerando que o artigo 62A3 do atual Regimento Interno do CARF, qual seja, o aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, vincula os Conselheiros do CARF às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo, cabe a esta Relatora aplicar ao presente caso o entendimento do STF consubstanciado no julgamento do RE nº 566.621, bem como o entendimento do STJ objeto do julgamento do REsp nº 1.002.932. De acordo com referida jurisprudência, o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação será, para os pedidos de compensação protocolados antes da vigência da Lei Complementar 118 ocorrida em 09/06/2005, o de 10 (dez) anos, ou seja, 5 (cinco) anos para homologar (artigo 150, § 4º, do 1 “Art. 9º Compete ao Pleno julgar recurso extraordinário de decisão de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Turma ou o Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais.” 2 “Art. 4º Os recursos com base no inciso I do art. 7º, no art. 8º e no art. 9º do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, interpostos contra os acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior à vigência do Anexo II desta Portaria, serão processados de acordo com o rito previsto nos artigos 15 e 16, no art. 18 e nos artigos 43 e 44 daquele Regimento. (Redação dada pela Portaria MF nº 446, de 27 de agosto de 2009).” 3 “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Fl. 414DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 13832.000039/0012 Acórdão n.º 9900000.766 CSRFPL Fl. 368 5 CTN) mais 5 (cinco) anos, a partir dessa homologação, para pleitear restituição (artigo 168, I, do CTN). E, em se tratando a contribuição para o PIS de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado antes do dia 09/06/2005 (vigência da LC 118/05), plenamente aplicável ao presente caso a tese dos 5 (cinco) anos mais 5 (cinco) anos objeto do REsp nº 1.002.932, por força da decisão do STF objeto do RE nº 566.621. O acórdão do Supremo Tribunal Federal restou assim ementado: “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. Fl. 415DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Em face do exposto, conheço do recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, voto no sentido de lhe dar parcial provimento para reconhecer a prescrição do pedido de restituição/compensação, protocolado em 04/04/2000, no que se refere apenas aos valores de PIS relativos ao período de apuração de março de 1990. Nanci Gama Fl. 416DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 19515.005009/2009-81
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. BIS IN IDEM. IMPOSSIBILIDADE. MÚLTIPLAS AUTUAÇÕES EM DECORRÊNCIA DE AÇÕES ADVINDAS DO MESMO FATO GERADOR.
A empresa é obrigada a declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS.
O pedido de relevação da multa aplicada deve ser precedido da prova inequívoca do preenchimento dos requisitos constantes no art. 291 do Decreto 3.048/99.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2803-002.167
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a).
(assinado digitalmente)
HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA - Presidente.
(assinado digitalmente)
NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Amilcar Barca Teixeira Junior, Oséas Coimbra Júnior, Natanael Vieira dos Santos, Gustavo Vettorato e Eduardo de Oliveira.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a). (assinado digitalmente) HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA - Presidente. (assinado digitalmente) NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Amilcar Barca Teixeira Junior, Oséas Coimbra Júnior, Natanael Vieira dos Santos, Gustavo Vettorato e Eduardo de Oliveira.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. BIS IN IDEM. IMPOSSIBILIDADE. MÚLTIPLAS AUTUAÇÕES EM DECORRÊNCIA DE AÇÕES ADVINDAS DO MESMO FATO GERADOR. A empresa é obrigada a declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS. O pedido de relevação da multa aplicada deve ser precedido da prova inequívoca do preenchimento dos requisitos constantes no art. 291 do Decreto 3.048/99. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a). (assinado digitalmente) HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 50 09 /2 00 9- 81 Fl. 60DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 4/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 19515.005009/200981 Acórdão n.º 2803002.167 S2TE03 Fl. 61 2 (assinado digitalmente) NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Amilcar Barca Teixeira Junior, Oséas Coimbra Júnior, Natanael Vieira dos Santos, Gustavo Vettorato e Eduardo de Oliveira. Fl. 61DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 4/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 19515.005009/200981 Acórdão n.º 2803002.167 S2TE03 Fl. 62 3 Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto pela RYLKO ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS S/C LTDA em face da decisão que julgou improcedente a impugnação apresentada. 2. Conforme consta do auto de infração, a empresa apresentou documento a que se refere à Lei n.º 8.212/91, art. 32, inciso IV e parágrafo 3º, acrescentados pela Lei n. 9.528/97, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. 3. Em síntese, o auto de infração dispõe (f. 04): a)“a empresa apresentou GFIP sem a informação da remuneração de todos os empregados, o que constitui infração à Lei n° 8.212, de 24/07/1991 , art. 32, inc. IV e §§ 3º e 5° , acrescentado pela Lei n° 9.528, de 10/12/1997, combinado com art. 225, IV e § 4º , do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99; b) não ocorreram circunstancias agravantes; c) não constam Autos de Infração anteriores a serem considerados para efeito de reincidência.” 4. O acórdão exarado em primeira instância restou ementado nos termos que passo a transcrever abaixo: “AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Apresentar a empresa GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias constitui infração à legislação previdenciária. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. PEDIDO DE RELEVAÇÃO DA MULTA. DISPOSITIVO REVOGADO. NÃO CABIMENTO. O direito de postular a relevação da multa por infração à legislação previdenciária deixou de existir com a revogação dos permissivos legais e regulamentares para sua concessão. Fl. 62DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 4/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 19515.005009/200981 Acórdão n.º 2803002.167 S2TE03 Fl. 63 4 PEDIDO DE POSTERIOR APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. INDEFERIMENTO. O pedido de juntada de documentos após a impugnação deve ser indeferido quando não tenha sido demonstrada a impossibilidade de apresentação oportuna da prova documental por motivo de força maior, não se refira esta a fato ou direito superveniente, e nem se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” 5. Buscando reverter o lançamento, a contribuinte apresentou recurso voluntário aduzindo em síntese: a) a contagem da decadência deve iniciar a partir dos fatos geradores das obrigações e não do primeiro dia do exercício seguinte; b) a relevação da multa aplicada, nos termos do art. 291, § 1º, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.º 3048/1999; c) não incidência das contribuições previdenciárias sobre valores pagos a título de vale refeição e assistência médica. 6. Sem apresentação de contrarrazões, os autos foram enviados para a apreciação e julgamento por este Conselho. É o relatório. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 4/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 19515.005009/200981 Acórdão n.º 2803002.167 S2TE03 Fl. 64 5 Voto Conselheiro NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. Da inexistência de decadência 2. Aduz o contribuinte, que há decadência dos períodos de 01 de 2004 a 10 de 2004, sendo devidos somente os meses de 11 e 12 de 2004, descontados os valores já recolhidos. 3. Contudo, cabe ressaltar que a obrigação em análise tratase de obrigação acessória, sendo aplicável o art. 173, I, do Código Tributário Nacional. 4. Portanto, de acordo com a legislação vigente, não há decadência do lançamento tributário em análise. Da não relevação da multa 5. O contribuinte requer em sede de recurso voluntário a relevação da multa, em face do art. 291, § 1º, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.º 3048/1999, bem como a análise de prova emprestada do auto de infração n.º 37.225.9871 (fl. 49). 6. O julgador de primeira instância, ao analisar a questão, entendeu que tal pedido de relevação da multa não pode ser aqui atendido, posto que “o presente AI não tem como objeto o descumprimento de obrigação acessória consistente na infração relativa à omissão de fatos geradores de contribuições previdenciárias em GFIP, e nem o descumprimento de obrigação principal — falta de recolhimento de contribuições, de modo que as alegações da impugnante no sentido de que teria retificado suas GFIP's e efetuado o recolhimento de contribuições não tem qualquer impacto sobre esta autuação”. 7. Desse modo, compartilho do mesmo entendimento do acórdão proferido, e, vale salientar, que, ainda se assim não o fosse, o pedido de relevação da multa aplicada deveria ter ocorrido de forma fundamentada com a demonstração cabal da correção na integralidade da falta. 8. Portanto, pelas razões anteriormente expostas, não merece prosperar a alegação de relevação da multa aplicada. DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Fl. 64DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 4/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 19515.005009/200981 Acórdão n.º 2803002.167 S2TE03 Fl. 65 6 9. No que diz respeito ao mérito, narra o auto de infração que a empresa foi autuada por ter incorrido em infração ao artigo 32, inciso IV, da Lei n.º 8.212/91 acrescentado pela Lei n. 9.528/97 e redação da MP n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941/2009, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. “Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº. 11.941, de 2009)” 10. Sobre o descumprimento de obrigação acessória (deixar a empresa de apresentar GFIP com a informação da remuneração de todos os empregados constitui infração à Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inc. IV e §§ 3º e 5º, ao analisarmos a legislação tributária, verificamos que o próprio Código Tributário Nacional (CTN), ao reunir as obrigações principais e acessórias, ambas no artigo 113, o fez por influência da doutrina civilista, porquanto, sem se ater a minúcias, limitouse a titular de obrigações acessórias as prestações positivas ou negativas de responsabilidade dos contribuintes no interesse da Administração na arrecadação ou fiscalização dos tributos: “Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.” (Destaques nossos).” 11. Ocorre que, no Direito Tributário, muito embora a influência da doutrina civilista tenha acabado por conferir à obrigação acessória este nomem juris, seu objeto está relacionado a deveres instrumentais que, embora de importância incomensurável para arrecadação tributária, não têm existência condicionada à obrigação principal. 12. Deste modo, o que se constata é que o conceito de obrigação acessória que inspirou a redação do artigo 113 do CTN, extraído do Código Civil de 1916 (vigente à época da elaboração do CTN), vincula a obrigação acessória a uma característica de dependência, que não deve prevalecer na esfera tributária. Vejase, a este respeito, o disposto no antigo Código Civil: "Art. 58. Principal é a coisa que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Acessória, aquela cuja existência supõe a da principal." Fl. 65DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 4/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 19515.005009/200981 Acórdão n.º 2803002.167 S2TE03 Fl. 66 7 13. Podese afirmar que condicionar a existência das obrigações acessórias às principais não foi o objetivo do legislador de 1966. Se assim fosse, por não subsistirem as acessórias ao adimplemento das principais, não teriam razão de ser as inúmeras obrigações acessórias a que estamos todos submetidos para assegurar o interesse público de promover a fiscalização da arrecadação tributária. 14. Nesse contexto, oportuna a lição do professor Luís Eduardo Schoueri, que analisa a distinção entre obrigação principal e acessória: "É corrente, no direito, que o acessório segue o principal. Por exemplo: no direito privado surge a fiança, como um contrato acessório ao contrato de locação. Se a locação for rescindida, não há sentido em falar na continuação da fiança. Não é preciso rescindir a fiança separadamente, já que o acessório segue o principal. No caso da 'obrigação acessória' não é assim. O fato de um contribuinte recolher todo o tributo não o exime, por exemplo, do dever de apresentar uma declaração relativa ao tributo, ou de suportar fiscalização. [...] A obrigação 'acessória' não se vincula à principal. A acessoriedade, no caso, nada tem a ver com sua subordinação a uma 'obrigação principal'; a expressão é empregada, antes, para identificar o seu caráter instrumental, já que tem por finalidade assegurar o cumprimento daquela". 15. Como se nota, diferentemente do Direito Civil, em que o acessório segue o principal, no Direito Tributário, a obrigação acessória assume um caráter autônomo, sem relação de interdependência com a obrigação principal. 16. Isso se revela ainda mais evidente quando trazemos à baila o exemplo já consagrado na doutrina, segundo o qual, na venda de papel utilizado na fabricação de livros, muito embora não haja incidência de impostos (obrigação principal) por força da imunidade constitucional10, subsiste a obrigação (acessória) de emitir nota fiscal. 17. Inegável, portanto, que a obrigação acessória subsiste à obrigação principal, e a ela não se vincula. Por conseguinte, em que pese as respeitáveis opiniões divergentes, em nosso entendimento, a obrigação acessória, no contexto do Direito Tributário, tem natureza jurídica de obrigação autônoma, que se constitui na obrigação de fazer, de não fazer ou ainda de tolerar. 18. Nesse mesmo sentido é a arguta doutrina do professor Luciano Amaro: "A acessoriedade da obrigação dita 'acessória' não significa (como se poderia supor, à vista do princípio geral de que o acessório segue o principal) que a obrigação tributária assim qualificada dependa da existência de uma obrigação principal à qual necessariamente se subordine. As obrigações tributárias acessórias (ou formais ou ainda instrumentais) objetivam dar meios à fiscalização tributária para que esta investigue o controle do recolhimento de tributos (obrigação principal) a que o próprio sujeito passivo da obrigação acessória, ou outra pessoa, esteja, ou possa estar, submetido. Compreendem as obrigações de emitir documentos fiscais, de escriturar livros, de entregar declarações, de não embaraçar a fiscalização etc." Fl. 66DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 4/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA Processo nº 19515.005009/200981 Acórdão n.º 2803002.167 S2TE03 Fl. 67 8 19. Destarte, não obstante o próprio CTN tenha denominado acessórias as obrigações que se prestam a dar subsídios à Administração no interesse da arrecadação tributária, estas obrigações ditas acessórias, numa análise acurada, se revelam autônomas. 20. Aliás, o próprio Superior Tribunal de Justiça (STJ) já reconheceu por diversas vezes, ainda que de forma indireta, a autonomia das obrigações acessórias em relação às obrigações principais, na seara tributária: "É cabível a aplicação de multa pelo atraso ou falta de apresentação da DCTF, uma vez que se trata de obrigação acessória autônoma, sem qualquer laço com os efeitos de possível fato gerador de tributo, exercendo a Administração Pública, nesses casos, o poder de polícia que lhe é atribuído." 21. Constatada a autonomia da obrigação acessória em relação à principal, no campo do Direito Tributário, restanos, então, analisar a possibilidade de vinculação da multa por inobservância dos deveres instrumentais a percentual do montante a que corresponde a obrigação principal. 22. Desse modo, verificase que subsiste a obrigação acessória em análise, mesmo diante da não exigência de uma das rubricas contidas na obrigação principal, qual seja, auxílio alimentação (cesta básica, alimentação, lanches e refeições foram lançados no código de levantamento ALM e ALZ), como consta no processo principal. CONCLUSÃO 23. Dado o exposto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS – Relator. Fl. 67DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 05/0 4/2013 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por HELTON CARLOS PRAIA D E LIMA
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Numero do processo: 11080.720218/2007-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2004
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. INTERESSE ECOLÓGICO. TRIBUTAÇÃO. ADA.
Comprovado por meios firmes de provas, não contrariados de imóvel possuir restrição de uso pela instituição de Parque Nacional, com exigência da preservação permanente ou mesmo de utilização limitada, reserva legal e de interesse ecológico, assim declarado por ato do Poder Público Federal ou Estadual, deve haver exclusão do ITR. O Ato Declaratório Ambiental – ADA comprova a exclusão das referidas áreas da tributação, mas sua exigência não é condição para essa exclusão, podendo a comprovação ser realizada outros meios de prova, notadamente laudo técnico elaborado por profissional habilitado e não contrariado nos autos. A tributação incide sobre o aspecto material, fatos reais praticados ou realizados pelo sujeito passivo, ou presuntivos, quando a lei assim determinar. A exigência do ADA constitui-se em ato meramente declaratório ao direito a isenção do ITR, jamais em ato constitutivos do direito, para permitir à exclusão das referidas áreas da tributação do ITR. DETENÇÃO. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. NUA PROPRIEDADE.
O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio ao pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado pelo uso. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde a mera detenção de coisa alheia. A área de preservação permanente ao restringir e limitar o direito de propriedade, causa a expropriação indireta do imóvel. O titular do domínio pleno detém ou passa a passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, que não se sujeita ao tributo.
VALOR DA TERRA NUA VTN
O lançamento que tenha alterado o VTN declarado, utilizando valores de terras constantes do Sistema de Pregos de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, é passível de modificação, se forem oferecidos elementos firmes de convicção notadamente Laudo Técnico, com observância das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT.
Numero da decisão: 2202-001.742
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Nelson Mallmann e Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negavam provimento ao recurso.
Nome do relator: ODMIR FERNANDES
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UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. INTERESSE ECOLÓGICO. TRIBUTAÇÃO. ADA. Comprovado por meios firmes de provas, não contrariados de imóvel possuir restrição de uso pela instituição de Parque Nacional, com exigência da preservação permanente ou mesmo de utilização limitada, reserva legal e de interesse ecológico, assim declarado por ato do Poder Público Federal ou Estadual, deve haver exclusão do ITR. O Ato Declaratório Ambiental – ADA comprova a exclusão das referidas áreas da tributação, mas sua exigência não é condição para essa exclusão, podendo a comprovação ser realizada outros meios de prova, notadamente laudo técnico elaborado por profissional habilitado e não contrariado nos autos. A tributação incide sobre o aspecto material, fatos reais praticados ou realizados pelo sujeito passivo, ou presuntivos, quando a lei assim determinar. A exigência do ADA constituise em ato meramente declaratório ao direito a isenção do ITR, jamais em ato constitutivos do direito, para permitir à exclusão das referidas áreas da tributação do ITR. PROPRIEDADE. DOMÍNIO PLENO. DOMÍNIO ÚTIL. POSSE. DETENÇÃO. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. NUA PROPRIEDADE. O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio ao pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado pelo uso. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde a mera detenção de coisa alheia. A área Fl. 121DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES 2 de preservação permanente ao restringir e limitar o direito de propriedade, causa a expropriação indireta do imóvel. O titular do domínio pleno detém ou passa a passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, que não se sujeita ao tributo. VALOR DA TERRA NUA VTN O lançamento que tenha alterado o VTN declarado, utilizando valores de terras constantes do Sistema de Pregos de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, é passível de modificação, se forem oferecidos elementos firmes de convicção notadamente Laudo Técnico, com observância das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Nelson Mallmann e Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negavam provimento ao recurso. Nelson Mallmann – Presidente. Odmir Fernandes – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Nelson Mallmann (Presidente), Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Rafael Pandolfo. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 11080.720218/200732 Acórdão n.º 220201.742 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário da decisão proferida pela 1ª Turma de Julgamento da DRJ/Campo GrandeMS, que manteve o lançamento do crédito tributário de R$ 72.936,54, sendo R$ 32.973,12 de imposto suplementar apurado, R$ 24.729,84 a título de multa de ofício e R$ 15.233,58 de juros de mora, conforme demonstrativo de fls. 4/5. Notificação de Lançamento a fls. 01/04, através da qual se exige o Imposto Territorial Rural — ITR, relativo ao exercício de 2004, acrescido de juros moratórios e multa de oficio, totalizando o crédito tributário de R$ 72.936,54, incidente sobre o imóvel rural, com NIRF — Número do Imóvel na Receita Federal — 4.291.8871, de área 581,7 ha, localizado no município de Mostardas/RS. As alterações no cálculo do imposto estão demonstradas às fls. 03 e 04. 0 fiscal autuante relata que em procedimento fiscal do cumprimento das obrigações tributárias relativas ao ITR, do exercício de 2004, foram feitas duas tentativas de intimar o contribuinte para que comprovasse o valor da terra nua e área de preservação permanente declarados. Não tendo sido localizado, foi lavrado Edital 156/2007, afixado publicamente em 16/10/2007, sendo considerada a ciência em 31/10/2007, porém transcorreu o prazo, sem que o interessado se manifestasse, razão pela qual esses itens da declaração foram alterados para cobrança do imposto suplementar conforme previsto em lei. Na descrição dos fatos, às fls. 3, apurouse que, com relação à comprovação de área de preservação permanente no imóvel rural, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada sob este título, mesmo tendo sido regularmente intimado. O Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido – o enquadramento legal se dá no art. 10, par.1º, inciso II e alínea “a” da Lei nº 9.393/96. Na mesma descrição dos fatos (fls. 3), o contribuinte não comprovou o valor da terra nua declarado, mesmo após intimado através do Edital 156/2007, afixado publicamente em 16102007, por ocasião da frustração das duas tentativas de intimação do mesmo. Ressaltese que a aludida comprovação deveria ter sido feita por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT enquadramento legal aplicado com base no art. 10, §1º e inciso I, e art. 14 da Lei nº 9.393/96. Considerouse dada a ciência 31102007. Transcorrido o prazo legal e não tendo o contribuinte se manifestado, o valor da terra nua foi arbitrado pelo valor informado pelo SIFT (Sistema de Informação de Pregos de Terra), para o exercício de 2004, município de Mostardas RS, R$1.206,41/ha. Assim, o valor total da terra nua arbitrado é de R$701.768,70. Cientificado do lançamento, em 19/12/2007, conforme AR de fls. 52, o interessado apresentou impugnação em 15/0112008. Decisão recorrida a fls. 67/74, com ciência do contribuinte em 03/02/2010 (AR fls. 81). Fl. 123DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES 4 Recurso Voluntário a fls. 82/93, protocolado em 04/03/2010, onde o recorrente aduz, em e síntese: a) Nos anos anteriores a Receita Federal reconheceu a restrição ambiental, tanto que não cobrou ITR, vindo a constituir o referido crédito tributário somente após o silêncio do recorrente causado pela sua ausência (comprovante anexo). Quando instado a comprovar que a sua área de fato estaria inserida no perímetro do Parque da Lagoa do Peixe; b) O imóvel, objeto do lançamento, encontrase situado dentro do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, criado pelo Decreto nº 93.546, de 06/11/1986, constituindose, assim, área de preservação ambiental, impedido de utilização das terras nas atividades agro silvopastoril ou para moradia. Junta declaração do engenheiro florestal do IBAMA da impossibilidade da implantação de um projeto de reflorestamento de "pinus elliottii" sobre as terras; c) Conforme entendimento pacificado pelo STJ não há necessidade do fornecimento do “ADA”, para fins de exclusão do ITR, quando a área é de preservação permanente não pode ser utilizada pelo proprietário; d) Efetuou a confecção do Ato Declaratório Ambiental, junto ao site do IBAMA; e) Pede a procedência do recurso para declarar a sua propriedade situada dentro do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, como área de interesse ecológico, e por conseqüência, indevido o lançamento. É o relatório. Voto. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 11080.720218/200732 Acórdão n.º 220201.742 S2C2T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Odmir Fernandes, Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Tratase da exigência do ITR do exercício de 2004 do imóvel, localizado no Parque Nacional Lagoa do Peixe, Município de Mostardas/RS, com área de 481,7ha com alteração do valor da terra nua – VTN e a área de preservação permanente – APP, pela autuação levada a efeito. Sustenta o Recorrente que a Receita Federal, em anos anteriores, admitiu a isenção dessa área por se encontrar dentro do Parque Nacional Lagoa do Peixe, área de preservação permanente, criado pelo Decreto n° 93.546, de 06.11.1986. A decisão recorrida manteve a autuação pela inexistência da desapropriação do imóvel, falta da efetiva implantação do Parque Nacional e pela falta do ADA Ato Declaratório Ambiental (fls. 59). O IBAMA a fls. 39 confirma que o imóvel, objeto da autuação, localizase dentro do Parque Nacional Lagoa do Peixe, conforme sustenta o Recorrente, enquanto que o Laudo de vistoria de fls. 40, sem contrariedade, também confirma a localização do imóvel no Parque e a impossibilidade da utilização econômica. A Receita Federal confirma a isenção concedida nos exercícios anteriores de 1987 a 1991 ao imóvel objeto da exigência, a sua localização no Parque Nacional Lagoa do Peixe e a impossibilidade da utilização econômica (fls. 40). Estes fatos são suficientes para se aferir o aspecto material do imóvel, a sua finalidade e destinação. No exercício de 2010, o Recorrente comprovou pelo ADA Ato Declaratório Ambiental, que a totalidade do imóvel, com 581,7ha, encontrase dentro do referido Parque, área de interesse ecológico. O Parque, onde se localiza o imóvel, foi criado pelo Decreto n° 93.546, de 06.11.1986 e conforme estabelece o Decreto n° 84.017, de 21.09.1979, que regulamenta a criação dos parques, é expressamente proibida à coleta de frutos, sementes e raízes (art. 10), e de residir no Parque (art. 27). Cuidase, conforme expõe o Recorrente, confirmada pelas provas constantes dos autos, de área de preservação permanente, que não admite exploração econômica. Com a criação do Parque, o proprietário, titular do domínio, perdeu o domínio útil de usar o gozar a propriedade, ficou apenas com o domínio direito ou a nua propriedade. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES 6 É fato que no período da exigência – exercício de 2004 – não existe ou não foi apresentado o ADA – Ato Declaratório Ambiental. Temos entendimento fixado no sentido de que a isenção do ITR das áreas de preservação permanente pode ser comprovada por outros meios seguros prova e não apenas pelo ADA. A tributação, qualquer que ela seja, busca o aspecto material, os fatos reais praticados ou realizados pelo contribuinte para a tributação. A exigência do ADA constituise em ato meramente declaratório à exclusão da base de cálculo ou a isenção do ITR, não se constitui ato constitutivo da exclusão da tributária. Essa exclusão ou a isenção jamais pode ficar condicionada à formalidade “da apresentação do ADA tempestivo”. A única condição, salvo fato presuntivo, é existência do aspecto material, o fato real comprovado por meios seguros de prova e não contrariados de a área ser de preservação permanente e sem possibilidade de utilização econômica. O ADA não é condição da exclusão do imóvel da base de cálculo do ITR, se existem outras provas capazes de comprovar de forma extreme de dúvidas a restrição ambiental, notadamente o laudo técnico, firmado por profissional habilitado e não contrariado, o reconhecimento da Receita Federal e do Ibama, como é a hipótese dos autos. O ADA é mera obrigação acessória, deveres administrativos do contribuinte. A falta da sua apresentação pode sujeitar o contribuinte a penalidades, se prevista em lei, jamais alcançar a obrigação principal para sujeitar o imóvel à tributação pela falta da apresentação tempestiva. Contudo, feita a comprovação da restrição ambiental com esse Ato, temos a dispensa da produção de outras provas. É certo que o imóvel não foi desapropriado, conforme destacou a decisão recorrida, mas isto não impede a exclusão da área ambiental diante da comprovação da obrigatoriedade de preservação do imóvel com a criação do Parque Nacional. Com a criação do Parque houve restrição do direito de propriedade, verdadeira expropriação indireta do imóvel, com a limitação do domínio útil e da posse. O proprietário o passou a deter apenas o domínio direto ou a nuapropriedade, foi destituído de parte do domínio pleno, perdeu os poderes de usar e gozar a propriedade. Não se realizando a desapropriação direta e voluntária, cabe ao proprietário, se desejar, ajuizar judicial de desapropriação indireta (se detentor do domínio antes da criação do Parque), para ser indenizado da restrição imposta à sua propriedade. O conflito do ITR entre fisco e contribuinte com a exclusão da base de cálculo ou isenção das áreas de preservação permanente, utilização limitada, reserva legal, interesse ecológico e outras, desperta situação curiosa. De um lado a fiscalização exigindo o ADA, tempestivo, ou o registro na matricula imobiliária para excluir o imóvel da tributação; de outro o contribuinte, no mais das vezes comprovando que o imóvel é de preservação permanente, possui interesse ecológico, restrição de uso, reserva legal e mesmo assim, sem ADA tempestivo ou matrícula contemporânea ao fato, exige a tributação da nua propriedade. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 11080.720218/200732 Acórdão n.º 220201.742 S2C2T2 Fl. 5 7 Nua propriedade ou domínio direito não é propriedade integral, com os poderes e atributos da propriedade ou do domínio pleno. O ITR tem como fato gerador na expressão constitucional, a propriedade em seu sentido amplo na clássica definição do art. 1.228, do Código Civil de usar, gozar, dispor e reivindicar, do direito real, mas o Código Tributário Nacional estendeu a tributação ao titular do domínio útil e à posse, ao seu possuidor (art. 29). Domínio exige registro dominial dessa condição no registro imobiliário. Posse ou possuidor, no alcance da tributação ao ITR corresponde à posse aquisitiva ou à posse ad usucapionen; posse com os poderes e atributos da propriedade. No momento em que o poder público restringe ou limita o direito à propriedade, não permitido seu uso integral, esta se apropriando ou expropriando de parte do domínio pleno do seu titular, cuja utilização – com a restrição de uso se tonou limitada. É certo que o titular do domínio continua a deter a posse, mas esta posse, com a restrição de uso, não é aquela do possuidor com os poderes e atributos da propriedade da materialidade e sujeição passiva do ITR. Esta posse com a restrição é posse precária, posse própria do detentor de coisa alheia, embora possuidor do domínio direito, mas destituído dos poderes plenos da propriedade. Nas áreas de restrição, não se cuida de domínio útil, pois este se constitui pelo registro imobiliário e o poder da posse, mas com os atributos do domínio, embora limitado pela impossibilidade da livre disposição da propriedade. É esta a situação de fato do imóvel (não de direito, por não existir a expropriação e o registro do domínio útil especifico) ao imóvel, diante da restrição imposta da preservação permanente. Nas áreas de restrição, seja de reserva legal, preservação permanente, interesse ecológico, existindo domínio ao titular, com a restrição, este titular passa a ser mero detentor do domínio direito ou da nua propriedade, deixa de possuir os poderes e atributos da propriedade ou do domínio pleno. Seu titular foi destituído do domínio útil, da posse e da propriedade plena, na expressão das três figuras da sujeição passiva e materialidade do ITR. Ao excluir as áreas com restrição de uso, o ITR reconhece a ausência da propriedade, do domínio útil e da posse aquisitiva ao seu titular para não permitir a tributação. Nada mais. Não podemos assim falar em tributação da área de preservação, pela ausência do aspecto material e da sujeição passiva do imposto. Está comprovado nos autos, de forma firme e segura, que o imóvel é de preservação permanente, reconhecido pelo Ibama, pelo Laudo técnico não contrariado e pela Receita Federal ao dispensar a tributação do imóvel nos exercícios anteriores e posteriores pelo ADA do ano de 2010 juntado aos autos. Assim, não há o que tributar, pois a totalidade do imóvel está localizada em área de preservação permanente, excluída da base de cálculo do ITR. Em face desta conclusão, com exclusão de toda área do imóvel, não se examina o VTN – Valor da Terra Nua para efeito da base de cálculo do imposto. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES 8 Ante o exposto, pelo meu voto, conheço e dou provimento ao recurso para reformar a decisão recorrida e cancelar a autuação. Odmir Fernandes Relator (Assinado digitalmente) Fl. 128DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES
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Numero do processo: 13805.010410/97-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Exercício: 1996
Ementa: IRPJ. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO.
Deve ser reconhecido o direito creditório apurado em diligência fiscal, com base em elementos e documentos constantes da escrituração contábil e fiscal da recorrente.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 1202-000.819
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Declarou-se impedido o conselheiro Geraldo Valentim Neto.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
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RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. Deve ser reconhecido o direito creditório apurado em diligência fiscal, com base em elementos e documentos constantes da escrituração contábil e fiscal da recorrente. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Declarouse impedido o conselheiro Geraldo Valentim Neto. (Documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando Jose Gonçalves Bueno. Relatório Retorna o recurso a julgamento nesta E. Turma, após cumprimento de diligência determinada na sessão de 04 de fevereiro de 2009, por meio da Resolução nº 108 00.505, fls. 396/400. Fl. 980DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13805.010410/9797 Acórdão n.º 120200.819 S1C2T2 Fl. 726 2 A diligência foi solicitada para a constatação do direito creditório alegado pela recorrente. Por pertinente, para tornar mais compreensíveis as matérias em julgamento, a seguir reproduzo o relatório e voto apresentado naquela oportunidade: “Tratase de pedido de restituição/compensação de crédito do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, correspondente a saldo negativo apurado na DIRPJ/96 e compensação com débitos indicados às fls. 02, 27, 57, 64, 69, 74, 83, 88 e 98. A empresa teve seu pedido de restituição parcialmente indeferido, e não homologada integralmente a compensação pretendida, em 29 de novembro de 2002 por meio do Despacho Decisório de fls. 133/135, em virtude da falta de comprovação do crédito relativo ao IR Fonte indicado na DIRPJ. O Despacho Decisório admitiu como comprovada parte proporcional do IR Fonte compensado, calculada por meio da aplicação da alíquota média do imposto declarado pelos beneficiários, 3,372%, sobre o montante informado na DIRPJ como receita financeira, conforme consignado às fls. 134. Em 28 de maio de 2003 protocolou sua manifestação de inconformidade dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, fls. 176/181, onde contesta os fundamentos do Despacho Decisório. Em 10 de março de 2005 foi prolatado o Acórdão n° 6.649, da 4ª Turma de Julgamento da DRJ em São Paulo, fls. 284/300, que indeferiu parcialmente o pedido, expressando seu entendimento por meio da seguinte ementa: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 1995 Ementa: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE IRPJ. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. RECONHECIDO DIREITO CREDITÓRIO E HOMOLOGADA A COMPENSAÇÃO ATÉ O MONTANTE DO CRÉDITO CONFIRMADO. Comprovada, nos autos, a existência de direito creditório em favor do contribuinte, referentemente ao IRPJ, porém em montante inferior ao pleiteado, homologase as compensações solicitadas, até o valor do crédito reconhecido. Solicitação Deferida em Parte" Cientificada em 21 de novembro de 2006, AR de fls. 307verso, e novamente irresignada com o acórdão de primeira instância, apresenta seu recurso voluntário protocolado em 20 de dezembro de 2006, em cujo arrazoado de fls. 309/323 alega, em apertada síntese, o seguinte: 1 o valor de R$ 31.094,48 relativo a imposto de renda retido na fonte no anocalendário de 1994, devidamente atualizado até Fl. 981DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13805.010410/9797 Acórdão n.º 120200.819 S1C2T2 Fl. 727 3 01/01/96 pela UFIR, não acatado pelo acórdão recorrido, foi lançado na DIRPJ/1996 por mera opção do contribuinte, que deixou de fazêlo na DIRPJ/1995, de acordo com o contido no ADN CST n° 88/86 que permite a compensação do IR Fonte em qualquer exercício subseqüente, antes de decorrido o prazo de prescrição; 2 quanto à atualização monetária do Imposto de Renda retido na fonte no ano de 1995 sobre rendimentos de comissões e prestação de serviços, no valor de R$ 1.414,72, está de acordo com o previsto no MAJUR/1996, tendo sido juntado aos autos cópias do Livro Razão onde consta o reconhecimento como receita da atualização monetária do IRRF. É o Relatório. V O T O O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. A matéria ainda em litígio diz respeito à pretensão da empresa de ter acolhido seu pedido de restituição/compensação do IRPJ oriundo de IR Fonte sobre aplicações financeiras e rendimentos de comissões e de prestação de serviços, inclusive sua correção monetária. Sustenta a recorrente que os documentos apresentados para a comprovação do seu direito creditório são válidos, devidamente comprovados por meio de informes de rendimentos fornecidos pelas fontes pagadoras no anocalendário de 1994, no valor atualizado pela UFIR de R$ 31.094,48. Além disso, tem direito à atualização monetária no montante de R$ 1.414,72, incidente sobre o IR retido de R$ 22.141,03 no anocalendário de 1995. O montante a restituir é o saldo negativo apurado na DIRPJ, após a compensação do IR Fonte incidente sobre os rendimentos e outros ganhos. Para que tal pedido possa ser aceito, o IR Fonte deve estar contabilizado como ativo recuperável e a receita financeira registrada em conta de resultado, devendo ser comprovada, também, sua retenção por meio de documentação hábil, o informe de rendimentos produzido pela fonte pagadora. Os documentos juntados aos autos não permitem o julgamento a respeito do recurso voluntário, visto ser necessária a confirmação dos registros contábeis do direito a restituir de IR Fonte incidente sobre receitas de comissões e prestação de serviços nos anoscalendário de 1994 e 1995, inclusive sua correção monetária até 31/12/95, e a não utilização do imposto retido no período de 1994. Assim, em respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa, entendo deva ser convertido o julgamento em diligência, com o retorno do processo à repartição de origem, para que seja proferido parecer conclusivo a respeito do direito à compensação do IR Fonte pleiteado pela recorrente e não Fl. 982DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13805.010410/9797 Acórdão n.º 120200.819 S1C2T2 Fl. 728 4 acatado pelo acórdão de primeira instância, com a análise documental dos informes de rendimentos, da contabilização da receita tributável, inclusive a de correção monetária do imposto retido, e do registro no ativo do direito do IR Fonte a compensar. Após a conclusão da diligência, deve ser cientificada a empresa do seu resultado, abrindose prazo para sua manifestação.” Sobreveio o Termo de Diligência Fiscal do encarregado da diligência, acostado aos autos às fls. 719/723, concluindo o seguinte: “Dos Fatos Analisando o referido processo administrativo, constatase às fls. 14 que, anocalendário 1995, o contribuinte apurou prejuízo fiscal no valor de R$ 22.009,94 (vinte e dois mil, nove reais e noventa e quatro centavos) e, às folhas 15, apropriou imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 103.720,16 (cento e três mil, setecentos e vinte reais e dezesseis centavos), valor esse considerado como pagamento a maior, que o contribuinte pleiteia utilizar para compensar com a Contribuição Social Sobre o Lucro devida. Pelo Despacho Decisório proferido pela Autoridade Administrativa, fls. 133 a 135, o pleito do contribuinte foi parcialmente deferido e homologadas as compensações declaradas até o valor reconhecido de R$ 19.415,53 (dezenove mil, quatrocentos e quinze reais e cinqüenta e três centavos), valor esse proporcional às receitas financeiras declaradas na linha 5, fls. 13, ficha 06 da Declaração de Rendimentos IRPJ 2006 no montante de R$ 575.786,92 (quinhentos e setenta e cinco mil, setecentos e oitenta reais e noventa e dois centavos), cálculo esse demonstrado às fls. 134. Inconformado com o não reconhecimento integral do seu pleito, o contribuinte apresentou, fls.176 a 181, a sua Manifestação de Inconformidade, afirmando que o valor de R$ 103.720,16 (cento e três mil, setecentos e vinte reais e dezesseis centavos), corresponde ao Imposto de Renda Retido na Fonte sobre os rendimentos de aplicações financeiras (códigos: 0924, 3426, 3674, 5232, 5273 e 5598), de comissões e de prestação de serviços (códigos: 1708 e 8045), foi apurado com base nos Informes de Rendimentos recebidos das fontes pagadoras e corrigidos monetariamente até 01.01.1996, tomando por base a variação do valor da UFIR. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo tomou conhecimento da mencionada Manifestação de Inconformidade, proferindo a decisão de fls. 284 a 300, deferindo parcialmente o Pedido de Compensação formulado pelo contribuinte, reconhecendo o direito creditório no montante de R$ 71.210,96 (setenta e um mil, duzentos e dez reais e noventa e seis centavos), correspondente aos valores originalmente retidos no anocalendário de 1995, deixando de Fl. 983DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13805.010410/9797 Acórdão n.º 120200.819 S1C2T2 Fl. 729 5 reconhecer o direito de compensar o imposto de renda retido na fonte no anocalendário de 1994 e toda a correção monetária sobre o imposto de renda retido nos anoscalendário 1994 e 1995. Discordando da decisão proferida pela DRJ/SPO, o contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário ao Conselho de Contribuintes, fls. 310 a 323, solicitando a reforma do Acórdão proferido pela DRJ/SPO alegando: a) a compensação do valor do imposto retido na fonte no ano calendário de 1994, lançado na DIRPJ/1996, já atualizado pela variação da UFIR, no valor total de R$ 31.094,48 (trinta e um mil, noventa e quatro reais e quarenta e oito centavos), devidamente comprovados por meio dos Informes de Rendimentos Fornecidos pelas fontes pagadores; b) a correção monetária pela variação da UFIR, no valor de R$ 1.414,72 (um mil, quatrocentos e catorze reais, e setenta e dois centavos), incidente sobre o valor dos impostos retidos na fonte no anocalendário de 1995. O Conselho de Contribuintes, ao se manifestar sobre o Recurso Voluntário, concluiu que os documentos juntados aos autos não permitem o julgamento, visto ser necessária a confirmação dos registros contábeis do direito à restituição do Imposto de Renda Retido na Fonte incidente sobre as receitas de comissões e prestação de serviços nos anoscalendário de 1994 e 1995, inclusive a sua correção monetária até 31 de dezembro de 1995, e a não utilização do imposto retido no período de 1994. Para sanear as dúvidas suscitadas, transformou o julgamento em diligência, para que seja proferido parecer conclusivo a respeito do direito à compensação do IR Fonte pleiteada pela recorrente e não acatado pelo acórdão de primeira instância, com a análise documental dos informes de rendimentos, da contabilização da receita tributável, inclusive a de correção monetária do imposto retido, e do registro no ativo do direito do IR Fonte a compensar. A presente ação fiscal teve início com o Termo de Intimação Fiscal, pelo qual o contribuinte foi intimado a apresentar a esta Fiscalização os Livros Diário e Razão com os assentamentos contábeis relativos aos anoscalendário de 1994 e 1995. Cópia das páginas do Livro Razão em que constem registrados, por transcrição do Livro Diário: as receitas auferidas nos anos calendário de 1994 e 1995, sujeitas à retenção do imposto de renda retido na fonte, cujo valor pleiteia compensar, objeto do processo administrativo n° 13805.010410/9797; variações monetárias dos valores relativos ao imposto de renda retido na fonte objeto de referido processo administrativo, com as respectivas memórias de cálculo. Em atendimento ao Mencionado Termo de Intimação Fiscal o contribuinte apresentou os documentos de fls. 408 a 717, que, juntamente com os elementos constantes do processo, constata se que: Fl. 984DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13805.010410/9797 Acórdão n.º 120200.819 S1C2T2 Fl. 730 6 1) as receitas auferidas pelos serviços prestados e comissões, com incidência do imposto de renda retido na fonte, estão contabilizadas segundo o regime contábil da competência do exercício e foram apropriadas ao resultado dos respectivos anoscalendário, fls. 409 a 465v em 1994 e 564 a 616 em 1995; 2) os valores do imposto de renda retido na fonte sobre as referidas receitas, serviços e comissões, foram contabilizados a débito de uma conta do ativo denominada IMPOSTO A RECUPERAR SOBRE COMISSÕES, fls. 466 a 549 em 1994 e 617 a 696 em 1995; 3) os valores da correção monetária incidente sobre o imposto de renda estão contabilizados a crédito da conta VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS, e foram apropriadas aos resultados dos respectivos anoscalendário de 1994 e 1995, fls. 550 a 561 em 1994 e 697 a 699 em 1995. 4) Os valores do imposto retido na fonte compensados foram baixados da conta IMPOSTOS A RECUPERAR, fls. 707 a 714. Da Legislação de Regência A compensação de tributos e contribuições federais, à época das apresentações dos Pedidos de compensação vigia a Instrução NormativaSRF n° 21 de 10 de março de 1997, que assim dispõe: 'Art. 2° Poderão ser objeto de pedido de restituição, total ou parcial, o crédito decorrente de qualquer tributo ou contribuição administrada pela SRF, seja qual for a modalidade de seu pagamento, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo, indevido ou a maior que o devido; II.............. I I I ........... Art. 12. Os créditos de que tratam os arts. 2° e 3°, inclusive quando decorrentes de sentença judicial transitada em julgado, serão utilizados para compensação com débitos do contribuinte, em procedimento de ofício ou a requerimento do interessado. § 1° A compensação será efetuada entre quaisquer tributos ou contribuições sob a administração da SRF, ainda que não sejam da mesma espécie nem tenham a mesma destinação constitucional. § 2........ § 3° A compensação a requerimento do contribuinte será formalizada no "Pedido de Compensação" de que trata o Anexo III;" Fl. 985DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13805.010410/9797 Acórdão n.º 120200.819 S1C2T2 Fl. 731 7 Quanto à correção monetária e juros incidentes sobre os valores a compensar devemos observar o que dispõe os arts. 893 e 894 do RIR/99,: "Art. 893: "a compensação ou restituição será efetuada pelo valor do imposto atualizado monetariamente até 31 de dezembro de 1995. Art. 894: "O valor a ser utilizado na compensação ou restituição será acrescido de juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC: I a partir de 1° de janeiro de 1996 até 31 de dezembro de 1997, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição, e de um por cento relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada; II após 31 de dezembro de 1997, a partir do mês subseqüente do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição, e de um por cento relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada." Da Conclusão Da análise dos documentos acostados ao presente processo administrativo, concluise que: 1) o contribuinte, amparado pelos informes de rendimentos expedidos pelas fontes pagadoras, teve o imposto de renda retido na fonte sobre as receitas de prestação de serviços e comissões relativamente aos anoscalendário de 1994 e 1995; 2) as referidas receitas foram contabilizadas segundo o regime de competência do exercício, e foram computadas na apuração do resultados dos exercícios dos respectivos exercícios sociais; 3) o imposto retido sobre as receitas permaneceram no ativo do contribuinte até o momento da compensação, cabendo ressaltar que não foram aproveitados em períodos anteriores; 4) a correção monetária do imposto de renda retido na fonte tem permissão prevista no artigo 893 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto n° 3.000/99; Face ao exposto, concluo a presente ação fiscal propondo, salvo melhor juízo, o reconhecimento dos pedidos de compensação do imposto de renda retido na fonte sobre as receitas de prestação de serviços e comissões e receitas financeiras formulados pelo contribuinte, fls. 1 a 98, uma vez que os fatos contábeis relativos às receitas e o imposto retido estão devidamente contabilizados e os pedidos de compensação estão em conformidade com a legislação de regência.” Voto Fl. 986DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13805.010410/9797 Acórdão n.º 120200.819 S1C2T2 Fl. 732 8 Conselheiro Nelson Lósso Filho Após o cumprimento da diligência, com a produção do relatório de fls. 719/723, verifico estar confirmado o saldo negativo de IRPJ, oriundo de IR Fonte a compensar, tendo o fiscal diligenciante levantado esse direito creditório. O montante a restituir é o saldo negativo apurado na DIRPJ, após a compensação do IR Fonte incidente sobre os rendimentos e outros ganhos. Para que tal pedido possa ser aceito, o IR Fonte deve estar contabilizado como ativo recuperável e a receita financeira registrada em conta de resultado, devendo ser comprovada, também, sua retenção por meio de documentação hábil, o informe de rendimentos produzido pela fonte pagadora. Concluiu o diligenciante em seu Termo de Diligência Fiscal, acostado aos autos às fls. 719/723, pelo direito ao crédito pretendido no recurso. A seguir transcrevo essas conclusões: “Da análise dos documentos acostados ao presente processo administrativo, concluise que: 1) o contribuinte, amparado pelos informes de rendimentos expedidos pelas fontes pagadoras, teve o imposto de renda retido na fonte sobre as receitas de prestação de serviços e comissões relativamente aos anoscalendário de 1994 e 1995; 2) as referidas receitas foram contabilizadas segundo o regime de competência do exercício, e foram computadas na apuração do resultados dos exercícios dos respectivos exercícios sociais; 3) o imposto retido sobre as receitas permaneceram no ativo do contribuinte até o momento da compensação, cabendo ressaltar que não foram aproveitados em períodos anteriores; 4) a correção monetária do imposto de renda retido na fonte tem permissão prevista no artigo 893 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto n° 3.000/99; Face ao exposto, concluo a presente ação fiscal propondo, salvo melhor juízo, o reconhecimento dos pedidos de compensação do imposto de renda retido na fonte sobre as receitas de prestação de serviços e comissões e receitas financeiras formulados pelo contribuinte, fls. 1 a 98, uma vez que os fatos contábeis relativos às receitas e o imposto retido estão devidamente contabilizados e os pedidos de compensação estão em conformidade com a legislação de regência.” Assim, devem ser acatados os montantes de crédito tributário solicitados pela contribuinte para direito a restituição e compensação, conforme informa o auditor em seu relatório de diligência de fls. 719/723. Pelos fundamentos expostos, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. Fl. 987DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO Processo nº 13805.010410/9797 Acórdão n.º 120200.819 S1C2T2 Fl. 733 9 (Documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Relator Fl. 988DF CARF MF Impresso em 30/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 29/08/2012 p or NELSON LOSSO FILHO
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Numero do processo: 11080.003205/2003-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999
MULTA. AGRAVAMENTO DA PENALIDADE.
Somente nos casos dispostos no Art. 44 da Lei 9.430/1996 é que a legislação determina o agravamento da multa de ofício.
MULTA DE OFICIO AGRAVADA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O LANÇAMENTO. DESCABIMENTO.
Deve-se desagravar a multa de oficio, pois o Fisco já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento às intimações da .fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração, não criando qualquer prejuízo para o procedimento fiscal.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9202-001.949
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Relator) e Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro
Marcelo Oliveira.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AGRAVAMENTO DA PENALIDADE. Somente nos casos dispostos no Art. 44 da Lei 9.430/1996 é que a legislação determina o agravamento da multa de ofício. MULTA DE OFICIO AGRAVADA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O LANÇAMENTO. DESCABIMENTO. Devese desagravar a multa de oficio, pois o Fisco já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento às intimações da .fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração, não criando qualquer prejuízo para o procedimento fiscal. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Relator) e Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcelo Oliveira. Fl. 1072DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 (Assinado digitalmente) OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator (Assinado digitalmente) Marcelo Oliveira – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Gonçalo Bonet Allage (VicePresidente em exercício), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (suplente convocado) Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco Assis de Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Fl. 1073DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.064 3 Relatório Tratase de Recurso Especial (fls. 1.006 a 1.044), interposto pela Fazenda Nacional, contra Acórdão no 340200.050, da 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da 3a Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (fls. 988 a 1.002), julgado na sessão plenária de 06 de março de 2009, que havia dado provimento parcial ao recurso para redução da multa de ofício lançada, do percentual de 112,5% para 75%. Como descrito no Relatório de Ação Fiscal (fls. 09 a 19), o contribuinte havia sido intimado a apresentar extratos bancários referentes a contascorrentes de sua titularidade, sem, entretanto, atender à intimação, sendo por isso emitida RMF Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira. No decorrer da fiscalização, outras intimações foram atendidas, exceto a intimação final, onde se dava ciência ao mesmo sobre o resultado das diversas diligências efetuadas no decorrer da ação fiscal, para que se pronunciasse e comprovasse a origem dos depósitos restantes. Pelo não atendimento às duas intimações, o Auto de Infração foi lavrado com multa majorada em 50% (de 75% para 112,5%), com base no inciso I, parágrafo 2o do art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Inconformada, a interessada apresentou impugnação ao Auto de Infração, porém, em primeira instância, o Auto foi mantido. Posteriormente, foi interposto recurso voluntário ao CARF e, no julgamento do recurso voluntário, o colegiado decidiu, por unanimidade de votos, reduzir a multa para o percentual de 75%, sob o argumento de que, para o agravamento da penalidade, seria necessário que a conduta do sujeito passivo estivesse associada a um prejuízo concreto ao curso da ação fiscal, concluindo que essa somente seria uma medida aplicável naqueles casos em que o fisco só pode chegar aos valores tributáveis depois de expurgados os artifícios postos pelo sujeito passivo. Entendeuse, no acórdão ora recorrido, que, no caso concreto, o não atendimento à intimação não obstou o procedimento fiscal, pelo fato da fiscalização ter solicitado os extratos bancários às próprias instituições financeiras. No recurso especial (fls. 1.006 a 1.044), a Fazenda Nacional requer o restabelecimento da multa de 112,5%, demonstrando divergência entre a decisão recorrida e, entre outros, o acórdão paradigma n° 10808356, em cuja ementa consta que “Havendo descumprimento de intimação fiscal, correto o agravamento do coeficiente aplicado”. No mérito, a Fazenda Nacional argumenta que a fiscalização tem o poder de buscar as informações necessárias à apuração do montante tributável juntamente com o contribuinte mediante intimações e que o contribuinte, as possuindo, não pode furtarse a entregálas sob pena de sanção legal. Conclui observando que a não aplicação do agravamento aniquilaria o trabalho da fiscalização tributária, vez que as intimações passariam a ser meras solicitações de cumprimento facultativo pelos contribuintes. De acordo com o despacho de fls. 1.045 a 1.051, foi dado seguimento ao Recurso especial, com fundamento nos arts. 68 e 69 do Regimento Interno do CARF, para reapreciação da questão do agravamento da multa de lançamento de ofício. Fl. 1074DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Não tendo sido apresentadas contrarrazões ou recurso especial pelo sujeito passivo, o processo foi enviado a esta Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, para apreciação. É o relatório. Fl. 1075DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.065 5 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Relator Pelo que consta no processo, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. No mérito, é importante esclarecer que a falta de atendimento de intimações, por si só, não pode ser considerada apressadamente o fundamento para o agravamento da multa. Com efeito, a legislação (art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996), tanto em sua redação original quanto na redação atualmente em vigor, referese ao agravamento da multa de ofício em 50% nos casos em que não for atendida a requisição de prestação de esclarecimentos. Ora, esse foi exatamente o caso sob análise, por ocasião do não atendimento à primeira intimação. Não foram apresentados os extratos bancários, que são de titularidade do contribuinte e que poderiam ter sido entregues, ou ser autorizada sua entrega por parte da instituição financeira. Esses extratos teriam o condão de esclarecer o montante presumido por lei como rendimento tributável (art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996). Porém, com a falta de atendimento à intimação e a consequente falta de esclarecimento do contribuinte, a fiscalização se viu forçada a encontrar essa informação junto a terceiros. Diferente é o caso em que, já tendo sido identificado o montante tributável, o sujeito passivo é intimado a indicar se há alguma causa que, aproveitando ao contribuinte, pudesse vir a reduzir esse montante, o que aconteceu na última intimação não atendida. Reparase que, nesse caso, o não atendimento à intimação não prejudica a fiscalização e, assim, não ensejaria o agravamento da multa. Portanto, pelo fato da falta de atendimento à primeira intimação ter resultado na falta de esclarecimentos necessários à apuração do montante tributável e, com isso, ter obrigado a fiscalização a buscar os esclarecimentos com terceiros, entendo ter sido correto o agravamento da multa. Pelo que se encontra acima exposto, voto no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, acatar o pedido de restabelecimento da multa de 112,5% originalmente aplicada pela fiscalização. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 1076DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Oliveira, Redator Designado. Com todo respeito ao voto do excelso Relator, divirjo de sua conclusão. Como muito bem relatado, consta no Relatório Fiscal (RF), fls. 019, os motivos da graduação da multa: Sobre o valor do imposto aplicamos a multa de lançamento de oficio de 112,5%, por não atendimento à intimação que deu inicio ao procedimento fiscal, cuja ciência foi pessoal em 13/05/02 e, ainda intimação n° 37/03, cuja ciência se deu por AR em 14/03/03, de conformidade com o artigo 959 do Regulamento do imposto de Renda — RIR199 (art. 44, inciso I, 2' da Lei no 9.430/96). Sobre a primeira intimação, o Fisco emitiu Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) às instituições, obtendo os dados solicitados. Sobre a intimação 37/2003, o Fisco informa no RF: Foi encaminhada ao fiscalizado em 19/02/2003 a intimação, com o objetivo de dar ciência ao mesmo sobre o resultado das diversas diligências efetuadas no decorrer da ação fiscal, para que se pronunciasse e comprovar a origem dos depósitos restantes. A exceção do empréstimo oriundo da empresa Cores, de 02/09/98, creditado na conta corrente n° 82425 do Banespa, os demais valores solicitados pela fiscalização, contidos na Relação de Creditos "a examinar/comprovar" permaneceram sem qualquer comprovação. Foi esclarecido ao contribuinte que as declarações prestadas por seus clientes são documentos válidos mas não suficientes para comprovar os depósitos relacionados em suas contas correntes. Estes devem ser corroborados com documentos outros tais como recibos, cópias de cheques, Docs, etc, coincidentes em datas e valores, atendendo, desta forma, o disposto no art. 42 da Lei n° 9.430/96. A Intimação supra mencionada foi recebida pelo fiscalizado através de AR de 14/03/2003, e transcorrido o prazo de 20 (vinte) dias para resposta, este não logrou atendêla. Portanto, verificase pela leitura do RF que o contribuinte não deixou de responder à solicitação, mas respondeu de forma, segundo o Fisco, insuficiente. A legislação que fundamenta a graduação da multa, à época do procedimento fiscal, possuía as seguintes determinações: Fl. 1077DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.066 7 Lei 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. ... § 2º As multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze inteiros e cinco décimos por cento e duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: a) prestar esclarecimentos; b) apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, com as alterações introduzidas pelo art. 62 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991; c) apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38. No caso, o Fisco fundamentou a autuação pelo “não atendimento” das intimações. Esclarecemos, também, que “prestação de esclarecimentos” e “não atendimento” possuem significado diverso e a legislação busca punir à ausência de “prestação de esclarecimentos”. Ressaltese, novamente, que a fiscalização obteve, mesmo que parcialmente (no entender do Fisco), as informações solicitadas e, também, obteve, por RMF, os dados que solicitou, utilizando a presunção permitida por lei para quantificar a base de cálculo do tributo. Na aplicação do agravamento e da qualificação das multas devemos levar em conta o intuito do sujeito passivo, pois somente em casos comprovados em que o contribuinte busca, por ações ou omissões, dificultar a busca da verdade material sobre a ocorrência do fato gerador e a respectiva base de cálculo é que a penalização deve ocorrer. Nesse sentido, há a decisão contida no acórdão recorrido: Fl. 1078DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 No caso concreto, em primeiro lugar, constatase que foram várias as intimações havidas ao longo da fiscalização, inclusive para terceiros, clientes do contribuinte, a partir de informações prestadas pelo próprio contribuinte. Depois, verificase que a omissão do contribuinte referiuse ao atendimento de duas intimações, sendo que tal omissão em nada dificultou ou impediu o lançamento, mormente frente aos extratos bancários já em poder da fiscalização e das respostas aos termos de intimação apresentadas pelos clientes do Recorrente. E, por fim, de se levar em conta, também, que os elementos necessários à autuação — extratos bancários — foram obtidos diretamente pela fiscalização junto às instituições bancárias. Não vislumbro, portanto, nenhum prejuízo ou embaraço à fiscalização nas omissões do contribuinte, suficientes a justificar a imposição da multa agravada. A propósito, destaco os seguintes julgados: MULTA AGRAVADA ART. 44, , § 2º, LEI N" 9.430/1996 INOCORRÊNCIA DE EMBARAÇO FISCALIZAÇÃO. Incabível o agravamento da multa, quando o lançamento ocorreu mediante informações bancárias fornecidas pelas instituições .financeiras, fundamentado pela Lei Complementar nº 105/2001, sem restar comprovado nos autos nenhum prejuízo e, portanto, embaraço ao procedimento de .fiscalização. (Acórdão n° 102 48.303, de 28.03.2007) MULTA DE OFICIO AGRAVADA NA 0 ATENDIMENTO ÀS INTIMA COES DA AUTORIDADE AUTUANTE – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA 0 LANÇAMENTO DESCABIMENTO Devese desagravar a multa de oficio, pois a .fiscalização já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento as intimações da .fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração, não criando qualquer prejuízo para o procedimento fiscal. (Acórdão n° 10617051, de 11.09.2008, Relator Conselheiro Gioavanni Christian Nunes Campos) Como também há correta decisão da CSRF, em voto qualificado do nobre Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira: Ementa: IRPF. OMISSÃO RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. MULTA AGRAVADA. AUSÊNCIA ATENDIMENTO INTIMAÇÃO. INEXISTÊNCIA PREJUÍZO. NÃO APLICABILIDADE. Improcedente a aplicação da multa agravada contemplada no artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/1996, quando não comprovada que a ausência de atendimento/resposta às intimações fiscais por parte do contribuinte representou prejuízo à fiscalização e/ou lavratura do Auto de Infração, sobretudo quando o Fisco já detinha todos elementos de prova capazes de lastrear o lançamento promovido com base na presunção legal inscrita no artigo 42 da Lei n° 9.430/96, onde fora justamente a ausência de prestação de esclarecimentos do contribuinte, no sentido de comprovar a origem dos recursos que transitaram em suas Fl. 1079DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.067 9 contas bancárias, que caracterizou a omissão de rendimentos objeto da autuação. Recurso Especial Negado. ... Ao analisar a matéria, a Câmara recorrida reduziu a multa ao percentual de 75%, afastando o agravamento procedido pela autoridade lançadora, a pretexto de não ter existido qualquer prejuízo à fiscalização no fato de o contribuinte não responder/atender às intimações fiscais, sobretudo quando àquela já detinha elementos suficientes para promover o lançamento. Com a devida vênia aos que divergem desse entendimento, compartilhamos com a conclusão levada a efeito pela Câmara recorrida, reduzindo à multa agravada ao percentual mínimo de 75%. Destarte, em nosso sentir, aludida disposição legal tem como finalidade precípua evitar que o contribuinte quedese silente objetivando prejudicar e/ou impedir o procedimento fiscalizatório que poderá ou não culminar com o lançamento. É bem verdade que a legislação de regência, não faz essa explicação/diferenciação, estabelecendo bastar à ausência de prestação de esclarecimentos solicitados pelo fisco para ensejar a aplicação da multa agravada. Entrementes, ao analisar as demandas cabe ao julgador e/ou demais aplicadores da lei, verificar qual a finalidade da norma. In casu, entendemos que não é a mera omissão na prestação das informações requeridas pelo Fisco que faz incidir a possibilidade de aplicação da multa em comento. Ao contrário, como elucidado alhures, defendemos que qualquer uma das hipóteses legais contempladas pelas alíneas “a”, “b” e “c”, do artigo 44, inciso I, § 2o, da Lei n° 9.430/96, procura penalizar o contribuinte que, deixando de prestar esclarecimentos ou apresentar a documentação ali descrita, impediu, retardou e/ou impossibilitou a continuidade da verificação fiscal, culminando ou não com o lançamento. Mas não é o que se vislumbra na hipótese dos autos. Em verdade, o procedimento fiscal seguiu o rito normal para a maioria dos casos dessa natureza, senão vejamos: Intimado e reintimado a apresentar seus extratos bancários o contribuinte não o fez, o que ensejou a expedição de RMF, requerendo a movimentação bancária do autuado. Posteriormente, intimado a justificar a origem dos depósitos bancários o interessado permaneceu silente, fazendo incidir os preceitos do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Observese, que a conduta do contribuinte não interferiu em absolutamente nada no andamento da ação fiscal. Aliás, somente Fl. 1080DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 agilizou a lavratura do Auto de Infração, uma vez que, deixando de procurar justificar a origem dos depósitos bancários, incorreu precisamente na presunção legal contemplada pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/96. Ocorreria prejuízo muito maior ao fisco se o contribuinte prolongasse a ação fiscal, requerendo dilatação de prazo ou procurando justificar sua movimentação bancária com argumentos frágeis, hipótese em que a fiscalização seria mais duradoura. Ora, se não conseguiria comprovar a origem dos recursos que transitaram em suas contas bancárias, entendeu por bem permanecer silente. A rigor, as hipóteses de incidência da presunção legal inscrita no artigo 42 da Lei n° 9.430/96 e do agravamento da multa em epígrafe, neste caso, se confundem. De um lado o artigo 42 daquele Diploma Legal caracteriza omissão de rendimentos quando o contribuinte não comprovar a origem dos depósitos bancários. De outro, o artigo 44, inciso I, parágrafo 2°, alínea “a”, prescreve o agravamento da multa quando não prestadas às informações solicitadas pelo fisco. No entanto foi exatamente em razão de deixar de prestar os esclarecimentos requeridos pela fiscalização, quais sejam, comprovação da origem dos depósitos bancários, que o contribuinte fora autuado com base na presente presunção legal. Mais a mais, inexiste a toda evidência qualquer prejuízo ao Fisco capaz de ensejar a aplicação da multa sob análise, mormente quando a fiscalização já dispunha de todos os elementos de prova suficientes ao lançamento. Prova disso é que, após ter em mãos os extratos bancários, intimou o contribuinte numa única oportunidade para comprovar a origem dos recursos. Assim não o tendo feito, promoveuse o lançamento com base na presunção legal do artigo 42 da Lei n° 9.430/96. A jurisprudência administrativa não discrepa desse entendimento, afastando o agravamento da multa do artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/96, quando não comprovado o prejuízo da fiscalização em razão da conduta omissiva do contribuinte, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei nº 9.430/1996, vigente a partir de 01/01/1997, estabelece, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, individualizadamente, mediante documentação hábil e idônea, a origem e a natureza (não tributável, isenta ou já anteriormente tributada) dos valores depositados em sua conta de depósito. MULTA QUALIFICADA – EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE INAPLICABILIDADE Incabível a qualificação da multa, quando não restar comprovada nos autos a ações ou omissões Fl. 1081DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11080.003205/200371 Acórdão n.º 920201.949 CSRFT2 Fl. 1.068 11 do contribuinte com deliberado propósito de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, ou seu conhecimento pelo fisco, utilizandose de meios que caracterizem evidente intuito de fraude. MULTA AGRAVADA ART. 44, § 2°, LEI N° 9.430/1996 – INOCORRÊNCIA DE EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. Incabível o agravamento da multa, quando o lançamento ocorreu mediante informações bancárias fornecidas pelas instituições financeiras, fundamentado pela Lei Complementar n° 105/2001, sem restar comprovado nos autos nenhum prejuízo e, portanto, embaraço ao procedimento de fiscalização. Recurso de ofício parcialmente provido.” (2a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 153.399, Acórdão n° 10248.303 – Sessão de 28/03/2007) (grifamos) “[...] MULTA AGRAVADA NÃO ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO O agravamento da penalidade pelo não atendimento à intimação para apresentação de comprovação da origem dos depósitos é incompatível com o lançamento ancorado na presunção legal do art. 42, da Lei nº. 9.430, de 1996, eis que este já veicula conseqüência específica para a hipótese. Preliminar de decadência acolhida. Preliminar de cerceamento do direito de defesa rejeitada. Recurso parcialmente provido.” (4a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 153.736, Acórdão n° 10422.367 – Sessão de 26/04/2007) (grifamos) “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2001, 2002, 2003 [...] MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA NÃO ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES DA AUTORIDADE AUTUANTE AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O LANÇAMENTO DESCABIMENTO Devese desagravar a multa de ofício, pois a fiscalização já detinha informações suficientes para concretizar a autuação. Assim, o não atendimento às intimações da fiscalização não obstou a lavratura do auto de infração. Recurso voluntário provido parcialmente.” (6a Câmara do 1o Conselho – Recurso n° 159.003, Acórdão n° 106 17.240 – Sessão de 05/02/2009) (grifamos) Na esteira desse raciocínio, demonstrandose que a ausência do atendimento/resposta do contribuinte às intimações fiscais não acarretou qualquer prejuízo ao bom andamento da ação fiscal e, conseqüentemente, à lavratura do Auto de Infração, é de se manter a ordem legal no sentido de afastar a multa agravada insculpida no artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/96. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário do Fl. 1082DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 12 contribuinte, na forma decidida pela 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. (Processo 10540.000250/200690) Por todo o exposto, não podemos concordar com o nobre Relator. Neste sentido, voto em negar provimento ao recurso da ilustre PGFN, no que tange à multa. CONCLUSÃO: Pelo exposto, estando o Acórdão recorrido em sintonia com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima expostas, no que tange à multa. (Assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator Fl. 1083DF CARF MF Impresso em 05/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 11/04/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digital mente em 12/04/2012 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 15983.001102/2008-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2004
DECADÊNCIA.
Conforme precedente do Superior Tribunal de Justiça, para a hipótese de inocorrência de dolo, fraude ou simulação, a existência de pagamento antecipado leva a regra para as balizas do art. 150, § 4º, do CTN; já a inexistência do pagamento antecipado, para o art. 173, I, do CTN.
LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
EXCLUSÕES. ORIGEM COMPROVADA.
Excluem-se da tributação valores cuja origem tenha sido comprovada como os depósitos e créditos decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física e os referentes a resgates de aplicações financeiras, estornos, cheques devolvidos e empréstimos bancários, cabendo, se for o
caso, a tributação segundo legislação específica.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ORIGEM COMPROVADA.
Comprovada a existência de recursos correspondentes ou superiores, não incluídos no fluxo financeiro,que apurou o acréscimo do patrimônio da pessoa física e ensejando o lançamento, cancela-se a autuação.
SÚMULA CARF Nº 14
A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo.
Recurso Voluntário em Parte.
Numero da decisão: 2102-001.869
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em DAR parcial provimento ao recurso para reduzir o acréscimo patrimonial a descoberto para R$ 44.725,74 e a omissão de rendimentos caracterizada pelos depósitos bancários para R$ 73.279,34, bem como para reduzir a multa de ofício do percentual de 150% para 75%, nos termos do voto do relator. Vencidas as Conselheiras Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti que davam provimento parcial em menor extensão, sendo que a primeira mantinha a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, e a segunda
apenas reconhecia como origem de recursos para a infração dos depósitos bancários os lucros distribuídos.
Nome do relator: RUBENS MAURICIO CARVALHO
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Conforme precedente do Superior Tribunal de Justiça, para a hipótese de inocorrência de dolo, fraude ou simulação, a existência de pagamento antecipado leva a regra para as balizas do art. 150, § 4º, do CTN; já a inexistência do pagamento antecipado, para o art. 173, I, do CTN. .LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. EXCLUSÕES. ORIGEM COMPROVADA. Excluemse da tributação valores cuja origem tenha sido comprovada como os depósitos e créditos decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física e os referentes a resgates de aplicações financeiras, estornos, cheques devolvidos e empréstimos bancários, cabendo, se for o caso, a tributação segundo legislação específica. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ORIGEM COMPROVADA. Comprovada a existência de recursos correspondentes ou superiores, não incluídos no fluxo financeiro,que apurou o acréscimo do patrimônio da pessoa física e ensejando o lançamento, cancelase a autuação. SÚMULA CARF Nº 14 A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo Recurso Voluntário em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.835 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em DAR parcial provimento ao recurso para reduzir o acréscimo patrimonial a descoberto para R$ 44.725,74 e a omissão de rendimentos caracterizada pelos depósitos bancários para R$ 73.279,34, bem como para reduzir a multa de ofício do percentual de 150% para 75%, nos termos do voto do relator. Vencidas as Conselheiras Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti que davam provimento parcial em menor extensão, sendo que a primeira mantinha a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, e a segunda apenas reconhecia como origem de recursos para a infração dos depósitos bancários os lucros distribuídos. Assinado digitalmente. Giovanni Christian Nunes Campos Presidente. Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho Relator. EDITADO EM: 11/05/2012 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. Relatório Para descrever a sucessão dos fatos deste processo até o julgamento na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), adoto o relatório do acórdão de fls. 1.757 a 1.780 da instância a quo, in verbis: Em ação fiscal levada a efeito no contribuinte acima qualificado, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 02/06, acompanhado dos demonstrativos de fls. 01 e 07/08, do Termo de Verificação Fiscal e anexos de fls. 10/110 e do Termo de Encerramento de fls. 09, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário de 2003, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 723.539,72 (setecentos e vinte e três mil, quinhentos e trinta e nove reais e setenta e dois centavos), sendo R$ 232.149,30 referentes ao imposto, R$ 348.223,95, à multa proporcional, e R$ 143.166,47, aos juros de mora (calculados até 30/09/2008). Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 04/06), o procedimento apurou as seguintes infrações: 1. Acréscimo Patrimonial a Descoberto. Enquadramento legal: arts. 1º, 2º, 3º, e §§, da Lei nº 7.713/88; art. 1º e 2º, da Lei nº 8.134/90; arts. 55, inciso XIII, e parágrafo único, 806 e 807 do RIR/99; art. 1º da Medida Provisória nº 22/2002 convertida na Lei nº 10.451/2002. 2. Omissão de Rendimentos Caracterizada por Depósitos Bancários com Origem não Comprovada. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.836 3 Enquadramento legal: art. 42 da Lei nº 9.430/96 com as alterações efetuadas pelo art. 4º da Lei nº 9.481/97 e acréscimos do art. 58 da Lei nº 10.637/2002; Instrução Normativa SRF nº 246/02; art. 849 do RIR/99 – Decreto 3.000/99; art. 1º da Medida Provisória nº 22/2002 convertida na Lei nº 10.451/2002. O procedimento fiscal que resultou na constituição do crédito tributário acima referido encontrase relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 10/84). Cientificado da autuação em 11/10/2008 (fls. 1556), o interessado protocolizou, em 12/11/2008, a impugnação de fls. 1566/1620, alegando, em resumo, o que segue: 1. a teor do art. 150, § 4º do CTN, decaiu o direito do Fisco Federal de lançar o crédito tributário referente a supostos fatos geradores ocorridos entre 1º de janeiro de 2003 a 30 de setembro de 2003, em face da ciência do auto de infração ter ocorrido somente em 10 de outubro de 2008; 2. no lançamento por depósitos bancários de origem não comprovada, o fato gerador do tributo ocorre a cada mês, por expressa disposição dos §§ 1º a 4º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996, tendo sido esta a forma adotada pelo Fisco para a elaboração do auto de infração, onde foram detalhadas as datas dos supostos fatos geradores mês a mês; 3. não há que se falar, portanto, em nenhum ajuste anual que possa transferir o fato gerador para 31 de dezembro de 2003; 4. traz à colação jurisprudência do Conselho de Contribuintes nesse sentido; 5. a regra de decadência do art. 173, I, do CTN só poderia ser aplicada se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o que não ocorreu no presente caso; 6. devem ser excluídos da tributação os depósitos individuais inferiores a R$ 12.000,00, cujo somatório não supere R$ 80.000,00, em obediência ao disposto no art. 42, §3º, II, da Lei nº 9.430/96, sendo tal referência ao somatório daqueles de valor até R$ 12.000,00; 7. quanto à aplicação dos limites para contas mantidas em conjunto, também não há dúvidas sobre a aplicação individual a cada contribuinte titular dos parâmetros (cita jurisprudência do Conselho de Contribuintes para embasar seus argumentos); 8. a movimentação financeira do contribuinte no anocalendário de 2003 é absolutamente compatível com os ingressos de valores em suas contas bancárias; 9. o impugnante obteve, no ano de 2003, R$ 439.932,18 de empréstimos em moeda corrente da empresa Iporanga Agropecuária Ltda, CNPJ nº 02.525.819/000106, e pagou esse valor juntamente com o empréstimo obtido em 2002, no valor de R$ 300.000,00, ao longo dos anos de 2004 e 2005, fato que está comprovado pela contabilidade da empresa e pelos demais documentos juntados; 10. o contribuinte apresenta planilha discriminando o saldo do empréstimo relativo a 2002 e os empréstimos tomados ao longo dos meses de 2003, além de planilhas demonstrando a quitação dos mencionados empréstimos nos anos de 2004 e 2005; 11. tais operações foram registradas nas respectivas declarações de ajuste anual, o que constitui prova material da licitude e da efetividade da transação; 12. a exigência do Fisco no sentido de que a comprovação deveria ser feita por meio de cheques e outros documentos bancários, não encontra respaldo na legislação pátria, vez que não há lei impeditiva de transações na moeda corrente nacional; Fl. 3DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.837 4 13. somente se apurado pelo Fisco que a mutuante não tinha capacidade financeira para suprir o mutuário (por insuficiência na conta Caixa) poderseia cogitar de glosa; 14. com relação ao empréstimo obtido da empresa Rádio Cultura FM Santos Ltda, no valor de R$ 300.000,00, em 22/12/2003, apresenta documentos que comprovam tal operação; 15. entendeu o Fisco que os lucros referentes às diversas empresas das quais o contribuinte era sócio só poderiam ser pagos por meio de cheques, nunca em moeda corrente; 16. não é dado ao Fisco desmerecer, desconhecer, deixar de aceitar um pagamento feito por meio da conta Caixa, se ele não logra mostrar que não há fundos no Caixa para efetivar os correspondentes pagamentos; 17. os valores movimentados em moeda corrente pelo impugnante e as empresas das quais participa – recebimento de lucros e dividendos ou mesmo de empréstimos – não decorreram de operações ilícitas, sendo certo que a escrita contábil de uma pessoa jurídica, até prova em contrário, faz prova a favor do sujeito passivo; 18. a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil admite o pagamento realizado em moeda corrente ou por meio de cheque, como demonstra o Edital de Leilão da Inspetoria da Receita Federal do Brasil em Chuí – RS, o qual é parcialmente transcrito 19. apresenta quadro onde sumariza os valores dos lucros pagos no ano de 2003, com indicação de dados da contabilização na empresa e da informação na declaração de ajuste do impugnante; 20. deve ser excluído o valor de R$ 29.320,00 a título de aquisição de imóveis rurais em Bonópolis, uma vez que tal pagamento foi efetuado no ano de 2002; 21. considerada a movimentação financeira de que se fez prova nos itens anteriores, verificase que é enorme a diferença entre o que lançou o Fisco e as pequenas variações negativas que se apuram, fruto estas da inexistência de precisão no fluxo de caixa de toda a pessoa física, a qual, por óbvio, não fica sujeita aos rigores de controle financeiro de uma empresa; 22. o quadro demonstrativo apresentado pelo impugnante compara a diferença apurada pelo Fisco (variação patrimonial a descoberto + depósitos bancários não justificados) e os saldos ajustados (variação patrimonial a descoberto + depósitos bancários não justificados – empréstimos e lucros comprovados e declarados) e evidencia a sobra de caixa de R$ 399.956,01, inibindo qualquer pretensão de tributação a título de variação patrimonial a descoberto ou depósitos bancários de origem não comprovada; 23. as pequenas diferenças de fluxo de caixa, mínimas discrepâncias entre valores e datas de recebimentos versus depósitos bancários, pagamentos de contas, etc, devem ser desprezadas pelo Fisco se o volume total de recursos comprovadamente recebidos pelo contribuinte (origens) é suficiente, no anobase, para suprir os gastos e investimentos (aplicações); 24. quando o fiscalizado é pessoa física e não uma empresa é natural que surjam inconsistências entre valores e datas de recebimentos versus valores e datas dos depósitos; 25. reproduz jurisprudência administrativa que segue tal entendimento; 26. rechaça a aplicação da multa agravada de 150%, pois a regra é a incidência da multa de 75%, sendo exceção a aplicação do percentual de 150%; Fl. 4DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.838 5 27. o Conselho de Contribuintes tem pacífica jurisprudência sobre o tema, na linha de que “qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de ofício, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos”; 28. só se poderia falar em evidente intuito de fraudar o Poder Público se, por hipótese, o contribuinte se utilizasse de contas de terceiros (“laranjas”), ou de quaisquer expedientes outros de mesmo quilate; 29. no caso vertente, os depósitos bancários de origem não identificada foram valores regularmente depositados em conta bancária do próprio contribuinte, tendo lastro em seu fluxo financeiro, não podendo ser admitida a aplicação da multa agravada; 30. ao aplicar a multa qualificada à inexistente infração de acréscimo patrimonial a descoberto, o Fisco estabeleceu uma nova presunção: toda vez que alguém for chamado a comprovar transações perante o Fisco e não apresentar cópias de cheques ou de outros documentos bancários –m pela boa e simples razão de que transacionou em moeda corrente – terá agido com evidente intuito de fraude e, por isso, será penalizado com multa de 150%. Diante desses fatos, as alegações da impugnação e demais documentos que compõem estes autos, o órgão julgador de primeiro grau, ao apreciar o litígio, em votação unânime, não acatou a preliminar de decadência e no mérito, julgou procedente o lançamento, cujos argumentos se resume na ementa e excertos do voto abaixo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2003 PRELIMINAR. DECADÊNCIA. O início da contagem do prazo decadencial terá efeito no primeiro dia do exercício seguinte àquele previsto para a entrega da declaração de ajuste anual, não havendo que se falar em decadência. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. São tributáveis os valores relativos ao acréscimo patrimonial, quando não justificados pelos rendimentos tributáveis, isentos ou não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. EMPRÉSTIMO. COMPROVAÇÃO. A alegação da existência de empréstimo realizado com terceiro deve vir acompanhada de provas inequívocas da efetiva transferência do numerário emprestado, coincidente em datas e valores, não bastando, para tanto, a existência de contratos de mútuo ou o registro das operações em livros fiscais das pessoas jurídicas credoras e nas declarações dos mutuantes e do mutuário. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. A utilização como recurso, no fluxo financeiro mensal, dos valores correspondentes à retirada de lucros em empresas das quais o contribuinte é sócio, deve vir acompanhada de prova inequívoca da efetiva transferência do numerário. In casu, não tendo sido provada a efetividade do recebimento do numerário pelo contribuinte, tal valor não pode ser admitido como ingresso de recursos para justificar dispêndios ou mutações patrimoniais. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.839 6 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DATA DE AQUISIÇÃO DE IMÓVEL. Salvo prova documental em contrário, considerase, para fins de análise da evolução patrimonial do contribuinte, a data em que a escritura pública foi lavrada, que coincide, no presente caso, com aquela informada pelo contribuinte em sua declaração de ajuste. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. MULTA QUALIFICADA. É cabível a aplicação da multa qualificada quando restar comprovado o intento doloso do contribuinte de reduzir indevidamente sua base de cálculo, a fim de se eximir do imposto devido. Transcrevemos livremente os fundamentos de mérito da decisão de 1a instância antes referida: APD Empréstimos Recebidos (...) Cumpre salientar que os empréstimos realizados com terceiro, pessoa física ou jurídica, devem estar registrados nas declarações de imposto de renda do mutuante e do mutuário, tendo em vista a sua repercussão na variação patrimonial. Entretanto, a simples presença de informação em livros fiscais das pessoas jurídicas (mutuantes) e nas declarações de ajuste do contribuinte (mutuário) não o desobriga de fazer a prova efetiva dos empréstimos tomados, mormente se levarmos em conta o vínculo existente entre o impugnante (devedor) e uma das empresas credoras, a RÁDIO CULTURA FM SANTOS LTDA, da qual é sócio. Desse modo, deve restar comprovado, por meio de documentação hábil e idônea, a efetiva transferência de numerário do credor para o tomador coincidente em datas e valores. (...) Os contratos de mútuo firmados entre o contribuinte e as empresas RÁDIO CULTURA FM SANTOS LTDA e IPORANGA AGROPECUÁRIA LTDA, nos respectivos valores de R$ 300.000,00 e R$ 440.000,00, trazidos aos autos ainda durante a ação fiscal (fls. 228 e 235/236) foram formalizados por meio de instrumentos particulares, assinados apenas pelos contraentes, sem o correspondente reconhecimento de firma. Não consta que tenha havido as respectivas transcrições no Registro de Títulos e Documentos, pelo que não possuem a natureza de documentos públicos, não surtindo efeito em relação a terceiros, consoante dispositivos abaixo reproduzidos: (...) Como se vê, os contratos de mútuo em questão não têm o condão de, por si só, comprovar as operações alegadas, já que podem ser feitos a qualquer tempo, com o teor que convier ao interessado e trazendo valores de acordo com os seus interesses, o que o torna pouco convincente. Tratase de meros documentos particulares sem registro em cartório, que se existente, constituiria um reforço para a credibilidade das operações, além de conferir certeza, no mínimo, à data em que o documento foi efetivamente firmado. Além disso, não estão acompanhados de provas da transferência da quantia mutuada do mutuante para a contacorrente do mutuário. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.840 7 (...)Admitindose, contudo, que o pagamento tivesse sido feito em dinheiro, resta a questão: de onde saiu o dinheiro? Se foi sacado de uma contacorrente ou de uma aplicação financeira, tal fato certamente estaria registrado em extratos bancários. Pelo exposto, em face da ausência de provas inequívocas da efetiva transferência do numerário emprestado, os empréstimos alegados não podem ser acatados como origem de recursos para fins de análise da evolução patrimonial do contribuinte. APD Lucros Distribuídos O autuado afirma haver recebido, no decorrer do anocalendário de 2003, lucros distribuídos pelas pessoas jurídicas EMPRESA DE COMUNICAÇÃO PRM LTDA, REDE VTVENDAS TELEMARKETING LTDA, RÁDIO CULTURA FM SANTOS LTDA e SOCIEDADE RÁDIO CULTURA SÃO VICENTE LTDA, das quais é sócio, nos respectivos montantes de R$ 12.486,49, R$ 95.822,01, R$ 89.440,02 e R$ 23.230,19. Pleiteia que os ditos valores sejam computados como origem para fins de evolução patrimonial. A distribuição de lucros consta das declarações de IRPJ e foi devidamente escriturada na contabilidade das referidas empresas (fls. 1716/1718, 1723, 1727, 1731, 1734/1737, 1740/1741, 1743, 1746/1747, 1751), tendo sido também informada na declaração de IRPF do autuado (fls. 147). A despeito do exposto, como já se viu anteriormente, tais documentos não possuem força probatória suficiente para comprovar a pretensa distribuição de lucros. Documentos hábeis para tanto seriam os que atestassem as transferências de recursos das pessoas jurídicas para a pessoa física, coincidentes em datas e valores com os lucros distribuídos, ou seja, os que efetivamente provassem a saída dos recursos das empresas e o recebimento destes pelo autuado, como por exemplo, extratos bancários, cópias dos cheques compensados ou outros, o que no caso não ocorreu. (...) Contudo, não consta prova alguma a favor do impugnante quanto à efetividade do recebimento dos recursos na forma pretendida, razão pela qual não podem ser admitidos para justificar dispêndios ou mutações patrimoniais do ano calendário de 2003. APD Aquisição de Imóvel (...) Outra questão em julgamento diz respeito à data da aquisição do imóvel rural, situado na cidade de Bonópolis/GO, no valor de R$ 29.320,00. Embora a fiscalização tenha considerado que a aquisição do bem ocorreu em 08/01/2003, data informada no item 28 da declaração de bens do IRPF/2004 (fls. 149) e constante da escritura pública (fls. 286/287), o contribuinte alega que a mencionada transação ocorreu em 2002. Não assiste razão ao impugnante. Embora conste da Escritura Pública de Compra e Venda, lavrada em 08/01/2003, a informação de que o valor correspondente à aquisição já havia sido pago (fls. 288), não foi especificado que tal pagamento se deu em 2002. Além disso, a compra do citado imóvel só foi consignada pelo contribuinte na declaração de bens da DIRPF correspondente ao anocalendário de 2003 (item 28 – fls. 149), não tendo sido registrada na declaração do ano anterior (fls. 1689). Fl. 7DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.841 8 A par disso, se pretendia modificar a data de aquisição do imóvel de 2003 para 2002, caberia ao impugnante trazer aos autos algum documento que desse suporte a tal alegação, o que não ocorreu no presente caso. Omissão de Rendimentos. Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada (...) Passandose ao caso concreto, rechaçase de pronto a pretensão do interessado de ver excluídos do montante dos depósitos bancários de origem não comprovada os créditos de valor inferior a R$12.000,00, nos termos do disposto no art. 42, § 3º, II, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 9.481/97. Embora haja créditos de valor individual inferior a R$12.000,00, verificase que o seu somatório dentro do anocalendário ultrapassa o valor de R$80.000,00, como evidencia o quadro a seguir, sendo cabível manter o lançamento dos referidos valores. Multa Qualificada (...) No caso em apreço, há elementos suficientes para a caracterização da atitude dolosa, intencional do impugnante, com intuito de ocultar da Administração Tributária o real montante de seus rendimentos no anocalendário fiscalizado. Constatase que o contribuinte realizou dispêndios em valores muito superiores aos recursos declarados no anocalendário de 2003, deixando de oferecer à tributação parte expressiva de seus rendimentos, ficando, assim, caracterizada a omissão intencional de tais rendimentos, visando o não pagamento do imposto de renda sobre eles incidente. Como se tudo isso não bastasse, ainda restou evidenciado nos autos que valores elevados circularam pelas contascorrentes bancárias do contribuinte, sem que este fosse capaz de justificar a origem dos ingressos ali efetuados. Logo, não se pode chegar a outra conclusão que não seja a de que o que houve, concretamente, foi conduta tendente a manter ao largo da tributação, montantes significativos de ganhos auferidos. Dentro deste quadro, não é razoável supor que o contribuinte tenha, inadvertidamente, se equivocado em sua declaração de rendimentos. A imensa discrepância entre o que ele declara como rendimento tributável auferido (R$ 169.853,04), como se observa na DIRPF/2004, às fls. 146, e o que restou evidenciado como omitido na ação fiscal (cerca de R$ 844.179,278), mostra quão pouco provável é a existência de mero equívoco, de um simples erro que passou desapercebido, mas, de fato, prática intencional de omitir rendimentos. Assim sendo, estando prevista pela legislação de regência e, tendo sido apurados todos os pressupostos para sua aplicação, encontrase plenamente justificada a aplicação da multa qualificada de 150%. Inconformado com o posicionamento acima adotado pela DRJ, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, de fls.1.785 a 1.828, requerendo pelo provimento ao recurso e cancelamento da exigência, cujo conteúdo se resume nos seguintes excertos: I. DECADÊNCIA. Não vale, de início, o entendimento de que só com o pagamento teria partido a inércia. Entende o Recorrente que o que se homologa é a atividade e não o pagamento, termo este aplicado de forma inadequada na norma invocada. Cita jurisprudência para suportar seu pedido. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.842 9 II. ANÁLISE DAS PROVAS APRESENTADAS. Ao que se depreende conhecia o julgador tributário os princípios que cuidam da prova em matéria tributária, embora, dando a eles uma interpretação fiscalista. É que nessa, diferentemente do que estabelece o Código de Processo Civil, segundo o Código Tributário Nacional, na distribuição de ônus da prova nos lançamentos de oficio, sempre será do Fisco a comprovação dos fatos constitutivos do direito de lançar (artigo 149, inciso IV). No caso deixou o Julgador Primeiro Grau de considerar a prova, dando a ela um valor desprezível, a merecer a devida correção. III. EMPRÉSTIMOS DA IPORANGA. Prova material igualmente insofismável da licitude e da efetividade da transação entre o Impugnante e a empresa Iporanga: todos os saldos supracitados, que constam da contabilidade desta, constaram das Declarações de Ajuste Anual (docs. 13 a 15) apresentadas pelo Impugnante à Receita Federal (com mínimas diferenças de arredondamento) A DRJ ignorou as provas contábeis e contratuais apresentadas, não podendo pairar dúvidas sob a obtenção dos empréstimos no ano de 2003, não valendo o argumento simplista (e, ao mesmo tempo, altamente restritivo) do Fisco de que tudo só seria comprovado se efetuado por meio de cheques e outros documentos bancários. Não há, na legislação pátria, norma que autorize a administração fazendária a fazer tal exigência, até porque, se houvesse, estaríamos diante de lei impeditiva de transações na moeda corrente nacional, o que provavelmente não encontra precedentes na legislação de nenhum país do mundo. E mais: somente se apurado, pelo Fisco, que a mutuante não tinha capacidade financeira para suprir o mutuário (por insuficiência de saldo na conta Caixa) poderseia cogitar de glosa, fato este que não se verificou. O autuante, em seu TVF, fala em auditorias na contabilidade da empresa, sem trazer resultados que abonem seu lançamento. Aliás, para confirmar a capacidade do supridor, não é necessário mais do que uma checagem no saldo da conta Caixa. O Recorrente fez a prova que podia. Além de "TEDs" para algumas liquidações, provou como documentos notas fiscais tinham sido emitidos a título de pagamentos com produtos agrícolas. No meio agrícola pagar com produto agrícola ou da pecuária é normal. Motivo, inclusive para tributar quando recebido, mesmo que firmado por instrumento particular. Chama à colação o Fisco o Código Civil para concluir que teriam que ser registrado em cartório de títulos e documentos os contratos de mútuos para valerem contra o Fisco. Assim, não poderia ter deixado de considerar ser a dação em pagamento meio válido de liquidação de mútuo. Voltando aos princípios probatórios, não há que se falar em presunção para o caso, a qual, se existente de início a favor do Fisco foi contrariada pelo sujeito passivo, segundo fatos impeditivo, modificativo ou extintivo do direito, deviam ser ter sido devidamente rechaçados. Como não o foram, dever prevalecer a prova feita pelo Recorrente, sob pena de transforma uma presunção juis tantum em juris et de jure. IV. EMPRÉSTIMOS RÁDIO CULTURA FM SANTOS LTDA. Também quanto a este empréstimo as provas apresentadas foram ignoradas, desclassificadas, negadas pelo Fisco, com endosso do julgador tributário. A contabilidade para o julgador, que não foi desclassificada, digase de passagem, então, não tinha validade para ele, como também não teve validade para o Fisco. Contudo, faz ela prova a favor do sujeito passivo, importando, pois, em ônus do Fisco a prova em contrário. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.843 10 V. LUCROS RECEBIDOS. Nem mesmo a prova apresentada com relação aos lucros distribuídos pela empresas da qual era e ainda é sócio o Recorrente levou em consideração o Fisco, pelas mesmas razões. Falta de comprovação bancária dos pagamentos. Interessante se apresenta o enfoque do Fisco avalizado pelo julgador tributário. Tributa depósitos bancários sob a presunção de que o que foi depositado seria resultado de valores não oferecidos à tributação. Contudo, quando apresentadas as fontes de recebimentos, com registros tempestivos em documentos contábeis e declarações de rendimentos, não são considerados porque os valores não seriam coincidentes. Dois pontos devem ser considerados: i) nada impede que moeda corrente não possa ser empregada para pagamento; ii) os registros tempestivos. Então só cabe ao Recorrente repisar o que já deixou consignado em sede de impugnação VI. RECÁLCULO DA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DO IMPUGNANTE. Demonstrou o Recorrente, por outro lado, que se tudo não bastasse, faltava ao movimento tomado a devida certeza, tendo registrado o que fica consignado para efeitos de apreciação deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Considerada, como deve ser, a movimentação financeira de que se fez prova nos itens anteriores, e ainda que se tome como válido o critério de apuração mês a mês — o que se admite apenas para argumentação —, é enorme a diferença entre o que lançou o Fisco e as pequenas variações negativas apuradas, fruto, estas, da inexistência de precisão no fluxo de caixa de toda pessoa física, a qual, por óbvio, não fica sujeita aos rigores de controle financeiro de unia empresa. Apresenta tabelas demonstrando que o volume de recursos totais comprovados, havido pelo Impugnante, no ano de 2003, absorve integralmente as diferenças lançadas pelo Fisco e, na totalização, resultam em sobra de caixa favorável ao contribuinte: Ora, quando o fiscalizado é uma pessoa fisica (não uma empresa), é natural que surjam tais inconsistências, as quais devem ser desprezadas pelo Fisco se o volume total de recursos comprovadamente recebidos pelo contribuinte (origens) é suficiente, no ano base para suprir os gastos e investimentos (aplicações). VII. MULTA DE 150%. O argumento do Julgador, adotando o do Fisco, de que a discrepância entre os valores (fls. 1.780) apontados levava à presunção do intuito doloso não sustenta a multa qualificada como demonstrado A exigência de imposto em lançamento de oficio é a regra; a multa de 75%, a sua conseqüência. Ela é aplicada porque houve sonegação. O percentual de 150% é a exceção. Tanto é assim que o 1° Conselho de Contribuintes tem pacífica jurisprudência sobre o tema, na linha de que "qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de oficio, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos", como decidido, entre outros, nos Acórdãos ns 101 73.623/82; 10417.830/01; e 10419.516103. É a gana arrecadatória em busca de transformar a regra em exceção, o quê decididamente não pode ser aceito! A jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais também abomina a aplicação da multa agravada nos moldes em que efetuado contra o Impugnante. VIII. CURSO DA MOEDA CORRENTE. No que diz respeito à moeda, pede vênia o Recorrente repetir o que deixou consignado em sua peça de impugnação, que não mereceu qualquer consideração do senhor julgador: Adota o Fisco o critério de negar o curso forçado da moeda reais. Para ele no caso sob exame todo e qualquer recebimento ou pagamento acontecido em moeda corrente no país, não pode ser aceito para justificar operações tributáveis. Fl. 10DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.844 11 Está afirmando o Fisco que a única forma que teria o Impugnante de demonstrar ter recebido lucros e dividendos, dentre outros recebimentos, seria com a juntada de cópias de cheques coincidente em datas e valores. A declaração e lançamento contábil da e na pessoa jurídica não servem. Por isso desconsiderados os aportes de caixa da pessoa fisica, pois, para o Fisco, recebimentos em moeda corrente nacional, contra recibos, embora declarados pelas partes envolvidas não têm valor. Contraria o Fisco o princípio do curso forçado da moeda, revogando opiniões de juristas e doutrnadores. IX. DEPÓSITOS DE VALOR ATÉ R$ 12.000,00 e o IMÓVEL BONÓPOLIS. As fls. 27/29, itens 19/24 e fls. 39, item 46, tratou o Recorrente de argumentar com relação aos assuntos identificados, suficientes para afastar a acusação, pelo que ficam repetidos, já que não vencidos pelo julgado, especialmente quanto aos valores do primeiro elencado. Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento de segunda instância administrativa. É O RELATÓRIO. Voto Conselheiro Rubens Maurício Carvalho. ADMISSIBILIDADE O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Assim sendo, dele conheço. DECADÊNCIA Inicio apreciando o pleito decadencial no tocante ao crédito tributário do ano calendário 2001. Para tal análise, considerando a reprodução nos julgamentos do Carf, conforme art. 62a, do anexo II, do Ricarf, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, utilizome de entendimento pacífico dessa Turma de julgamento, expresso no Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos), assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia Fl. 11DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.845 12 ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Fl. 12DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.846 13 Feitas estas considerações, nos presentes autos, para o anocalendário 2003, tendo sido apresentada declaração e pagamento, fl. 146, considerandose, em tese,a hipótese mais favorável ao sujeito passivo de ausência da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, deverseia, portanto, aplicar a regra decadencial do art. 150, § 4º, do CTN, ou seja, como o fato gerador desse exercício se aperfeiçoou em 31/12/2003, a Fazenda Nacional poderia concretizar o lançamento até 31/12/2008. Caso se confirme a multa agravada nesse voto, essa data se estenderá até 31/12/2009. A ciência do contribuinte acerca da autuação, se deu na data de 10/10/2008 (fl.1.586), portanto, concluise que não há como prosperar a alegada decadência em nenhuma das hipóteses. Importante registrar, como complemento nessa análise decadencial o que diz a Súmula Carf nº 38 : O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Dessa forma, superada essa preliminar, sigo na análise das demais matérias recursais. ANÁLISE DAS PROVAS APRESENTADAS Da análise do presente Recurso, vejo que a questão da avaliação das provas apresentadas, no atual estágio processual, tornouse o cerne das questões discutidas. Passo então a avaliar as provas constantes dos autos e na forma indicada no Termo de Verificação Fiscal (TVF): LUCROS RECEBIDOS. Sobre esses valores assim fez constar o TVF: Fls. 34: Sociedade Rádio Cultura São Vicente. Fls. 35: Rádio Cultura FM Santos Ltda. Fl. 13DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.847 14 Fls. 36/37: Rede VTVendas Telemarketing Ltda. Fls. 37/38: Empresa de Comunicação PRM Ltda. Fl. 14DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.848 15 Bem, da análise do conjunto probatório acima, é de se ressaltar que as declarações de imposto de renda e registros contábeis, são em princípio documentos juridicamente válidos para comprovar e demonstrar os fatos econômicos e fiscais realizados pelos contribuintes, salvo se algo os desabone, contudo, a fiscalização sem apontar qualquer vício nas provas apresentadas pelo contribuinte, optou por exigir somente a demonstração das transações, via documentos bancários. Ocorre que não encontramos essa exigência como requisito insuperável na legislação vigente. Assim sendo, especialmente pelo encontro da soma dos valores parciais indicados nas respectivas DIPJ, fls. 191, 193, 196, 198, com o valor total na DIRPF 2004 do autuado, fl. 147, entregue tempestivamente, fl. 146, entendo que resta comprovado a prova buscada pelo recorrente, qual seja a percepção dos Rendimentos Isentos e Não Tributáveis decorrentes do recebimento de Lucros. EMPRÉSTIMOS DA IPORANGA. O Contribuinte fez constar, em sua tempestiva DIRPF 2004, fl. 149: Juntou o Contrato de Mútuo de fls. 231/232, no valor de R$ 300.000,00 datado de 15/05/2002, Aditivo de Mútuo de fls. 233/234, Contrato de Mútuo de fls. 235/236, no valor de R$ 440.000,00, datado de 05/01/2003. Pelo lado da Iporanga foram apensados os registros contábeis de fls. 319 e 1.634 a 1.679, de onde destacamos as informações da fl. 1.638 que indicam as datas e os valores repassados da Iporanga Agropecuária ao contribuinte, quais sejam: Fl. 15DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.849 16 Ainda foram apensados os documentos contábeis fls. 1.660 a 1.667 e 1.673 a 1.979, documentos de liquidação por meio de sacos de sorgo, fls. 1.670 a 1.672 e 1.682 a 1.684 e de transações bancárias, fls. 1.668/1.669 (R$ 50.000,00), 1.680 (R$ 220.000,00) e 1.681 (R$ 140.000,00) para comprovar a quitação desses empréstimos. Diante dessa documentação, observamos que o contribuinte formou um conjunto probatório significativo, contudo, a fiscalização pautouse em exigir somente documentos que comprovassem a movimentação destes valores em favor do contribuinte, via instituições financeiras, sem apontar qualquer aspecto que desabonasse os documentos apresentados pelo autuado em sua defesa. Entendo que a fiscalização para desconsiderar tais documentos, deveria ter apontado em quais aspectos eles não seriam plausíveis, como por exemplo a indisponibilidade destes recursos pela Iporanga ou apontar que os pagamentos indicados serviram para outra finalidade que não a quitação dos mútuos e não exigir, mais uma vez, somente a demonstração das transações, via documentos bancários.Como já ressaltado, tal exigência não pode apoiar o lançamento como requisito insuperável. Destarte, entendo que deve ser acatado este mútuo do contribuinte com a Iporanga. EMPRÉSTIMOS RÁDIO CULTURA FM SANTOS LTDA. O Contribuinte fez constar, em sua tempestiva DIRPF 2004, fl. 149: Juntou os Contratos de Mútuo de fls. 225 a 228, sendo este último no valor de R$ 300.000,00 datado de 22/12/2003. Pelo lado da Rádio Cultura de Santos foram apensados os registros contábeis de fls. 229/230. Ainda, da análise dos trabalhos da fiscalização, encontramos nos cálculos do Acréscimo Patrimonial a Descoberto (APD), item l07.3.2.4.1, fls. 39 do TVF, que foram considerados valores amortizados desse empréstimo como pagamentos nãodeclarados. Dessa Fl. 16DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.850 17 forma entendo que deve ser considerada a operação de empréstimo como existente e o respectivo valor declarado considerado como fonte de recursos. IMÓVEL BONÓPOLIS. Nesse ponto nada trouxe de novo o recorrente e assim, sendo associome ao entendimento do acórdão recorrido, qual seja: Outra questão em julgamento diz respeito à data da aquisição do imóvel rural, situado na cidade de Bonópolis/GO, no valor de R$ 29.320,00. Embora a fiscalização tenha considerado que a aquisição do bem ocorreu em 08/01/2003, data informada no item 28 da declaração de bens do IRPF/2004 (fls. 149) e constante da escritura pública (fls. 286/287), o contribuinte alega que a mencionada transação ocorreu em 2002. Não assiste razão ao impugnante. Embora conste da Escritura Pública de Compra e Venda, lavrada em 08/01/2003, a informação de que o valor correspondente à aquisição já havia sido pago (fls. 288), não foi especificado que tal pagamento se deu em 2002. Além disso, a compra do citado imóvel só foi consignada pelo contribuinte na declaração de bens da DIRPF correspondente ao anocalendário de 2003 (item 28 – fls. 149), não tendo sido registrada na declaração do ano anterior (fls. 1689). A par disso, se pretendia modificar a data de aquisição do imóvel de 2003 para 2002, caberia ao impugnante trazer aos autos algum documento que desse suporte a tal alegação, o que não ocorreu no presente caso. Não existindo nos autos nenhum documento hábil ou mesmo indício que ateste que o valor foi pago no ano de 2002 e, tendo a Escritura, documento com fé pública, sido lavrada em 08/01/2003, esta deve ser a data a ser considerada como a da concretização da operação de compra e venda, inclusive quanto ao pagamento do valor de R$ 29.320,00, que deve ser mantido como aplicação no mês de janeiro de 2003. Dessa forma, não merece prosperar a pretensão do contribuinte em relação a este item. RECÁLCULO DA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NOVOS RECURSOS CONSIDERADOS NESSE VOTO VTVendas R.Cultura Santos R.Cultura São Vicente Empresa PRM Mútuo Iporanga Mútuo FM Santos Total Recursos 31/1/2003 32.090,33 86.959,47 119.049,80 28/2/2003 70.752,71 70.752,71 31/3/2003 54.000,00 54.000,00 30/4/2003 516,78 32.537,17 24.000,00 57.053,95 31/5/2003 24.000,00 24.000,00 30/6/2003 75.500,00 100.000,00 175.500,00 31/7/2003 31.973,73 33.888,81 8.224,39 26.000,00 100.086,93 31/8/2003 26.000,00 26.000,00 30/9/2003 720,00 720,00 31/10/2003 31.241,17 23.514,04 15.005,80 26.000,00 95.761,01 30/11/2003 31/12/2003 12.486,49 26.000,00 300.000,00 38.486,49 Fl. 17DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.851 18 APD Total Recursos Lançamento APD APD remanescente Recursos Remanescente 31/1/2003 119.049,80 58.945,55 60.104,25 28/2/2003 70.752,71 175.582,70 (44.725,74) 31/3/2003 54.000,00 93,45 53.906,55 30/4/2003 57.053,95 110.960,50 31/5/2003 24.000,00 134.960,50 30/6/2003 175.500,00 68.472,92 241.987,58 31/7/2003 100.086,93 146.857,46 195.217,05 31/8/2003 26.000,00 221.217,05 30/9/2003 720,00 221.937,05 31/10/2003 95.761,01 1.675,37 316.022,69 30/11/2003 47.133,10 268.889,59 31/12/2003 38.486,49 307.376,08 Do recálculo acima, remanescem na Infração 001 somente um saldo de APD no valor de R$44.725,74 no mês de fevereiro de 2003. DEPÓSITOS BANCÁRIOS Total Recursos Lançamento Dep. Bancários Dep. Bancários Remanescentes 31/1/2003 119.049,80 20.100,00 28/2/2003 70.752,71 18.702,76 31/3/2003 54.000,00 78.290,36 24.290,36 30/4/2003 57.053,95 15.810,00 31/5/2003 24.000,00 28.349,98 4.349,98 30/6/2003 175.500,00 11.950,00 31/7/2003 100.086,93 54.982,34 31/8/2003 26.000,00 5.730,00 30/9/2003 720,00 37.518,00 36.798,00 31/10/2003 95.761,01 39.883,93 30/11/2003 7.841,00 7.841,00 31/12/2003 38.486,49 TOTAL 73.279,34 Importante destacar, que de acordo com a Súmula Carf nº 30, na tributação da omissão de rendimentos ou receitas caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, os depósitos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subsequentes. MULTA DE 150%. A penalidade qualificada foi assim justificada no Termo de Verificação Fiscal, fls. 81 a 82: (...) Em relação às omissões de rendimentos, nos termos descritos em "A" e "B" do título V, fica, pois, devidamente caracterizada a conduta deliberada do fiscalizado em ocultar a ocorrência dos fatos geradores das obrigações tributárias e Fl. 18DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.852 19 com isso eximirse do pagamento do imposto de renda. Diante disso, aplicamos a multa de ofício de 150%. A multa de ofício de 150% foi aplicada em função da ocorrência, no plano fático, do previsto na hipótese normativa do § 1 0, c/c o inciso I do art. 44 da Lei n o 9.430, de 1996. (...) No caso que se apresenta, a qualificação da multa de ofício justificase pela vontade explícita do contribuinte em impedir que o fisco tomasse conhecimento da existência de fatos econômicos que, por sua natureza, implicariam em rendimentos tributáveis, no anocalendário de 2003. A existência de vultosos depósitos/créditos em contas correntes, de depósito ou de investimento, sem origem justificada (subitem 107.5.2.1.2) e a verificação de que o fiscalizado efetuou dispêndios muito superiores aos recursos declarados no ano de 2003 compõem um quadro no qual revela o intuito doloso do contribuinte, haja vista a existência de uma atitude com o propósito deliberado de impedir ou retardar o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador do imposto de renda. Dessa forma, tanto do ponto de vista do direito quanto do ponto de vista das circunstâncias de fato constatadas nesta fiscalização, mostrase justificável a imposição da multa qualificada de 150%, em relação às omissões especificadas em "A" e "B" do título V. (...) DO CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. Acreditamos que as condutas informadas nos títulos V, "A" e "B" caracterizam, em tese, crime contra a ordem tributária definido no artigo 1 0 , inciso I, da Lei n o 8.137/90. Ora, de tudo que consta nos autos entendo que não pode prosperar a multa de 150%. Entendo que foram apuradas omissões simples e presumidas e jamais poderia ser qualificada a multa se a própria autoridade autuante diz, verbis, que acredita em tese que foi caracterizado crime contra a ordem tributária. Resta aplicável, ao meu julgamento, as seguintes súmulas deste Conselho: SÚMULA CARF Nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Voto, portanto, para os créditos remanescentes a redução das multas de ofício aplicadas de 150% para 75%. CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO PELO PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO, para reduzir o acréscimo patrimonial a descoberto para R$ 44.725,74 e a omissão de rendimentos caracterizada pelos depósitos bancários para R$ 73.279,34, bem como para reduzir a multa de ofício do percentual de 150% para 75%, nos termos do voto supra. Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho Relator. Fl. 19DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001102/200869 Acórdão n.º 210201.869 S2C1T2 Fl. 1.853 20 Fl. 20DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/ 2012 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 11/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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