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Numero do processo: 13827.000314/92-87
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 04/02/1991 a 29/07/1991
TAXA REFERENCIAL DIÁRIA (TRD). RESTITUIÇÃO. À luz do entendimento definitivo, emanado pelo Supremo Tribunal Federal no RE nº 218.290/RS de , é cabível a exigência da TRD no período de 04/02/1991 a 29/07/1991.
Recurso Extraordinário Provido
Numero da decisão: 9900-000.301
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso extraordinário interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Declarou-se impedido o Conselheiro João Carlos de Lima Júnior.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas e Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
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RESTITUIÇÃO. À luz do entendimento definitivo, emanado pelo Supremo Tribunal Federal no RE nº 218.290/RS de , é cabível a exigência da TRD no período de 04/02/1991 a 29/07/1991. Recurso Extraordinário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso extraordinário interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Declarouse impedido o Conselheiro João Carlos de Lima Júnior. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente. (Assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 82 7. 00 03 14 /9 2- 87 Fl. 242DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13827.000314/9287 Acórdão n.º 9900000.301 CSRFPL Fl. 8 2 César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas e Marcos Aurélio Pereira Valadão. Fl. 243DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13827.000314/9287 Acórdão n.º 9900000.301 CSRFPL Fl. 9 3 Relatório A Recorrente, Procuradoria da Fazenda Nacional, irresignada com o decidido no Acórdão CSRF/0306205, proferido na sessão da CSRF de 08/12/2008, apresentou recurso extraordinário ao pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, com fulcro no artigo 9°. do Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF 147/2007, vigente a época da aludida decisão. O recurso está sendo processado em observância ao art. 4°. da Portaria MF 256/2009, que aprovou o atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, e assim dispõe (redação dada pela Portaria MF 446/2009): Art. 4º os recursos com base no inciso I do art. 7º, no art. 8º e no art. 9º do regimento interno da câmara superior de recursos fiscais, aprovado pela portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, interpostos contra os acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior à vigência do anexo ii desta portaria, serão processados de acordo com o rito previsto nos artigos 15 e 16, no art. 18 e nos artigos 43 e 44 daquele regimento. (NR) A matéria recorrida referese "incidência da Taxa Referencial Diária de fevereiro a julho de 1991", sendo que o acórdão recorrido apresenta a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO PERÍODO DE APURAÇÃO: 04/02/1991 a 29/07/ 1991 TAXA REFERENCIAL DIÁRIA TRD. Restituição. É cabível , restituição da TRD exigida indevidamente no período de 04/02/1991 a 29/07/1991, sendo que o prazo de cinco anos para requerer a restituição ou a compensação dos valores indevidamente recolhidos a titulo de TRD, deve ser contado a partir da data da publicação da IN/SRR n 32/97, em 10/04/1997. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL NEGADO A Recorrente apontou como paradigma o Acórdão CSRF/0105880, de 23/06/2008, que na questão em debate traz como ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO CSLL EXERCÍCIO: 1992 O Supremo Tribunal Federal entendeu que a lei n 8.177, de 10.03.91, previa a incidência, a partir de fevereiro de 1991, da TRD sobre impostos, multas e demais obrigações fiscais e parafiscais. Assim, não se pode conceder restituição de valores cobrados legalmente, de acordo com aquela corte suprema RECURSO ESPECIAL PROVIDO. Mediante despacho de 14/01/2011, fls. 392 e seguintes, o Presidente em exercício da CSRF deu seguimento ao recurso nos seguintes termos: “(...) Fl. 244DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13827.000314/9287 Acórdão n.º 9900000.301 CSRFPL Fl. 10 4 Pois bem, na análise da decisão e dos fundamentos dos arestos confrontados, verificase que a divergência está patente, já que a decisão recorrida acatou a tese da restituição dos juros de mora baseados na TRD, a partir de fevereiro de 1991, enquanto o paradigma baseandose em manifestação do STF, que entendeu devidos os juros de mora baseados na TRD, a partir de fevereiro de 1991, concluiu que por se tratar de verba devida, não haveria que falar em restituição. Caracterizado o dissídio jurisprudencial, DOU seguimento ao recurso extraordinário, devendo ser assegurado ao sujeito passivo oferecer contrarrazões, no prazo de quinze dias da ciência deste Despacho. Cientificada, fl.394, a Contribuinte não apresentou contrarrazões, ato continuo o processo foi devolvido ao CARF para prosseguimento (fl. 395). É o relatório. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13827.000314/9287 Acórdão n.º 9900000.301 CSRFPL Fl. 11 5 Voto Conselheiro Jorge Celso Freire da Silva, Relator. O recurso extraordinário é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. O escopo do recurso extraordinário ao Pleno da CSRF era dirimir divergências jurisprudencial no âmbito das turmas da própria CSRF, que deve ser comprovada pelo recorrente mediante apresentação de julgado de outra turma superior com decisão dispare. No presente caso, a matéria recorrida referese a pedido de restituição da Taxa Referencial Diária, incidente de fevereiro a julho de 1991, que foi concedida no acórdão recorrido, conforme vinha sendo reiteradamente decido por este Conselho à época, amparado em inúmeras decisões judiciais, inclusive do egrégio Superior Tribunal de Justiça – STJ. Vejamos a ementa do Acórdão CSRF/0102.666, de 10/05/1999, um dos diversos arestos nesse sentido: TAXA REFERENCIAL DIÁRIA – TRD – É indevida a cobrança de juros de mora com base na TRD no período compreendido entre fevereiro e julho de 1.991. Recurso Negado. No voto condutor do aludido Acórdão destacamse os seguintes fundamentos quanto a matéria em comento: “A exigência de juros, calculados com base na variação da TRD, tem sido objeto de análise por parte deste Colegiado, o qual, em inúmeros julgados, de que é exemplo o Acórdão CSRF n° 01 01.914/95, tem concluído pela improcedência de tal exigência, relativamente ao período anterior a 01 de —agosto de 1991, por entenderem que a Medida Provisória n° 298, de 29.07.91 (DOU de 30.07.91), a qual viria a ser convertida na Lei n° 8.218, de 29.08.91, publicada no DOU de 30, seguinte, não poderia retroagir a 04 de fevereiro de 1991, pois feriria o princípio constitucional de irretroatividade da lei tributária, quando prejudicar o contribuinte. Estaria, portanto, o Fisco autorizado a cobrar os juros, calculados pela variação da TRD, apenas a partir do 01.08.91, como explicitado no acórdão referido. Esse pensamento também foi adotado pela douta Procuradoria da Fazenda Nacional em processo julgado por esta Câmara.” Ocorre que, conforme bem destacado nos fundamentos acima, datados de 1999, essa incidência decorria de disposição expressa da Lei 8.218/1991 (art. 30), cuja apreciação da constitucionalidade é de competência do Supremo Tribunal Federal (STF). Pois bem, somente no ano de 2006 a matéria foi definitivamente apreciada pelo STF, tendo a douta PFN apresentado a decisão daquela Corte no RE 409.9942, cujo voto condutor é da lavra do excelentíssimo Ministro Gilmar Mendes. Vejamos os fundamentos: "Indico decisões monocráticas prolatadas no RE 390429SC, DJ 29.06.06, relatado por Sepálvida Pertence, bem como as decisões proferidas nos RR EE 431855MG e 435246RS, essas últimas da lavra de Joaquim Barbosa, DJ 21.11.05 e DJ 01.12.05, respectivamente. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13827.000314/9287 Acórdão n.º 9900000.301 CSRFPL Fl. 12 6 Em especial, na ADI 835:8 DF, relatada por Carlos Velloso, este último prescreveu, como segue: “(...) mas o que acontece é que o art. 9°, da Lei 8.177, de 01.03.91, estabelecia, simplesmente, que incidiria TRD, a partir de fevereiro de 1991, sobre os débitos que indicava. A nova redação dada ao mencionado artigo 9°, da Lei 8.177/91, que, a partir de fevereiro de 1991 — não houve, portanto, alteração de data — incidirão juros de mora equivalentes à TRD sobre os débitos que indica. Na feição original do art. 90, incidirá TRD; na nova redação, incidirão juros de mora equivalente à 7RD. Não me parece ocorrer, pelo menos ao primeiro exame, com a nova redação do art. 9°, da Lei 8.177/91, violação ao princípio do ato jurídico perfeito, ou do direito adquirido, falandose em termos abstratos, ou que a nova redação do art. 9°, da Lei 8.177/91, violação ao princípio do ato jurídico perfeito, ou do direito adquirido, falandose em termos abstratos, ou que a nova redação do art. 9°, citado, alcança efeitos futuros de atos consumados anteriormente a 29.08.91, sendo, pois, retroativo (retroatividade mínima) porque vai interferir na causa, que é ato ou fato ocorrido no passado, consoante escólio consignado no acórdão pertinente à ADIn 4930DF (DJ de 04.09.92). Isto não me parece ocorrer, repito, porque sobre os débitos já se aplicava a TRD; com a nova redação, incidirão juros de mora equivalentes à TRD..." Cumpre ainda destacar, que o STF já decidiu que a Lei 8218/91, nessa parte, tem caráter interpretativo, devendo retroagir, sem que isso cause lesão a direitos dos contribuintes, uma vez que antes mesmo da sua entrada em vigor, a lei anterior já estabelecia a incidência da TRD. Aliás, esse entendimento foi confirmado pelo STF, na decisão proferida quando do julgamento do RE n° 218.290/RS, cuja ementa segue transcrita: EMENTA: PRETENSÃO CONSISTENTE EM AFASTAR A INCIDÊNCIA DE ENCARGOS, COM BASE NA TAXA REFERENCIAL DIÁRIA TRD, SOBRE DÉBITO RELATIVO A PARCELAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA. ART. 30 DA LEI N° 8.218, DE 29.08.91, QUE ALTEROU 0 ART. 9° DA LEI N°8.177, DE 1°.03.91. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. JUROS. ART. 192, § 3°, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. É de repelirse a alegação de falta de previsão para a cobrança de encargos no período de fevereiro a julho de 1991, porque os tributos federais permaneceram desindexados por força da Medida Provisória n°294, convertida na Lei n°8.177/91, e só veio a ser permitida a cobrança de juros de mora equivalentes a TRD pela Medida Provisória n°298, de 29.07.91, convertida na Lei n° 8.218/91. 0 Supremo Tribunal Federal, no julgamento da medida cautelar na ADI 835, em que se questionava a inconstitucionalidade do art. 30 da Lei n° 8.218, de 29.08.91, que alterou o art. 9° da Lei n° 8.177, de 1°.03.91, entendeu que a Medida Provisória n° 294, que resultou na Lei n° 8.177, de 1°.03.91, já previa a incidência, a partir de fevereiro de 1991, TRD sobre impostos, multas e demais obrigações fiscais e parafiscais. Questão que, ademais, não prescinde de exame no campo infraconstitucional. Quanto à cobrança de juros acima do patamar constitucional de 12%, a decisão recorrida está em conformidade com a jurisprudência desta Corte, que proclama que a referida regra necessita de integração legislativa para sua concretização. Recurso não conhecido. (Grifei) Em seu voto no aludido RE, o Ministro limar Galvão asseverou: "(...) O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da medida cautelar na ADI 835, em que se questionava a inconstitucionalidade do art. 30 da Lei n° 8.218, de Fl. 247DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO Processo nº 13827.000314/9287 Acórdão n.º 9900000.301 CSRFPL Fl. 13 7 29.08.91, entendeu que a medida provisória n°294, que resultou na Lei n° 8.177, de I°.03.91, já previa a incidência, a partir de fevereiro de 1991, da TRD sobre impostos, multas e demais obrigações fiscais e parafiscais.(...)" No mesmo sentido, aliás, foi a decisão proferido pela Suprema Corte Brasileira nos autos da ADI No. 8358/DF. Conclusão Verificase, pois, que a decisão do paradigma, Acórdão CSRF/0105.880, de 23/06/2008, que aliás foi adotada no voto vencido do então presidente deste Conselho no acórdão CSRF/0306.205, de 08/12/2008, ora recorrido, deve mesmo prevalecer, haja vista que o STF julgou constitucional a incidência de juros de mora com base na TRD de fevereiro a julho/1991. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso, para determinar seja mantida a incidência da TRD de fevereiro a julho de 1991. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Fl. 248DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/ 04/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 11/04/2013 por OTACILIO DANTAS CAR TAXO
score : 1.0
Numero do processo: 10580.720170/2009-21
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/10/1988 a 31/12/1995 Ementa: PAF. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de recurso voluntário protocolado intempestivamente pelo contribuinte, nos termos dos arts. 33 e 35, do Decreto nº 70.235/72. Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 3403-001.708
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso por intempestivo.
Nome do relator: MARCOS TRANCHESI ORTIZ
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RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de recurso voluntário protocolado intempestivamente pelo contribuinte, nos termos dos arts. 33 e 35, do Decreto nº 70.235/72. Recurso não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso por intempestivo. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim – Presidente (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Raquel Motta Brandão Minatel, Marcos Tranchesi Ortiz e Antonio Carlos Atulim. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 06/08/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 2 Relatório Tratase de DComps (fls. 01/40), transmitidas entre 03.09.2003 e 18.06.2004, para compensação de débitos do PIS e da COFINS com créditos relativos à contribuição ao PIS recolhida a maior em razão da inconstitucionalidade dos DecretosLeis n°s 2.445/88 e 2.449/88, reconhecida nos autos do mandado de segurança coletivo n° 1999.33.00.0114828. Intimada, a recorrente trouxe aos autos (i) as guias DARF comprobatórias do recolhimento da exação sob a disciplina dos mencionados DecretosLeis n°s 2.445/88 e 2.449/88, (ii) comprovante de filiação à entidade de classe autora da ação mandamental, (iii) planilha demonstrativa do alegado direito creditório e (iv) cópia das DIPJ correspondentes aos anoscalendários em que originado o crédito (fls. 60/173). Por meio do despacho decisório de fls. 204/214, a DRF de origem homologou parcialmente as compensações declaradas, tendo manifestado que: (a) transitada em julgado, a sentença que decidiu a ação coletiva permitia a compensação dos valores pagos a maior a título de PIS com débitos apenas do próprio PIS e não com obrigações relativas às demais exações administradas pela Receita Federal; (b) houve prescrição do direito à repetição do indébito quanto aos pagamentos efetuados anteriormente a agosto de 1989, razão pela qual não foram considerados, no cálculo do montante do direito de crédito; e (c) nos limites do direito de crédito reconhecido, segundo os cálculos efetuados pela repartição, foram homologadas as compensações efetuadas para extinção de débitos da própria contribuição ao PIS e recusadas as declarações que versavam compensações com obrigações relativas à COFINS. Cientificada às fls. 215, a recorrente interpôs tempestiva inconformidade na qual, sem impugnar o argumento de prescrição ou os cálculos do direito de crédito, se limita a argumentar com a possibilidade da compensação entre os créditos da contribuição ao PIS e débitos de quaisquer outras exações sob administração da Receita Federal, a exemplo da COFINS (fls. 218/222). Em 10 de maio de 2011, a DRJ/SalvadorBA proferiu acórdão, julgando improcedente a inconformidade e ratificando, no que é essencial, os fundamentos já lançados pela DRF no despacho decisório (fls. 286/289). É por força do recurso voluntário de fls. 290/296 que os autos vêm a este Colegiado. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz Fl. 338DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 06/08/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 10580.720170/200921 Acórdão n.º 3403001.708 S3C4T3 Fl. 2 3 O aviso de recebimento de fls. 309 (numeração dos autos já digitalizados) documenta que a recorrente teve ciência do v. acórdão no. 1527.035, por meio do qual da DRJ Salvador/BA decidiu a manifestação de inconformidade, em 26 de julho de 2011, por meio de comunicação postal enviada a seu domicílio fiscal. Os arts. 5º e 33 do Decreto nº 70.235/72 (PAF), abaixo colacionados, dispõem que: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Tendo sido intimada do ato processual em 26 de julho de 2011, uma terça feira, a contagem do prazo para o recurso voluntário se iniciou no dia imediatamente seguinte, 27 de julho, findandose em 25 de agosto, uma quintafeira. Nesse sentido, aliás, certifica a própria DRFSalvador, às fls. 309. Sucede que este voluntário apenas foi interposto em 31 de agosto (quarta feira da semana subsequente), seis dias após o término do prazo recursal, conforme recibo de protocolo constante de fls. 290. O recurso, portanto, é intempestivo e, não tendo sido observado um dos requisitos formais de admissibilidade, dele não conheço. (assinado digitalmente) Marcos Tranchesi Ortiz Fl. 339DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ, Assinado digitalmente em 06/08/20 12 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ
score : 1.0
Numero do processo: 10665.721327/2011-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009
PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DIFERENÇA DE RAT SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS MEMBROS
DE CONSELHOS DE COOPERATIVA INCONSTITUCIONALIDADE INCABÍVEL
APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA
Equipara-se a empresa, nos termos do art. 15 da lei 8212/90, a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade.
O pagamento aos contribuintes individuais como contraprestação pelo serviço prestado, independente da condição de membros de direção de cooperativa, é fato gerador de contribuições previdenciárias.
A exigência da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade é prevista no art. 22, II da Lei n° 8.212/1991, alterada pela Lei n° 9.732/199.
Considerando a publicação do Ato Declaratório n. 11/2011 da PGFN, a alíquota SAT (RAT) deverá ser calculada em relação a cada estabelecimento da recorrente.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009
CERCEAMENTO DE DEFESA FALTA DE DEFINIÇÃO DOS FATOS GERADORES
Houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, e de toda a fundamentação legal aplicável, possibilitando o pleno conhecimento pela recorrente , tanto que o recorrente pode defender-se dos fatos geradores apurados.
INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE DE LEI E CONTRIBUIÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.
A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-002.405
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, dar provimento parcial ao recurso para que calcule a alíquota RAT pela atividade preponderante por estabelecimento.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DIFERENÇA DE RAT SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS MEMBROS DE CONSELHOS DE COOPERATIVA INCONSTITUCIONALIDADE INCABÍVEL APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA Equipara-se a empresa, nos termos do art. 15 da lei 8212/90, a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade. O pagamento aos contribuintes individuais como contraprestação pelo serviço prestado, independente da condição de membros de direção de cooperativa, é fato gerador de contribuições previdenciárias. A exigência da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade é prevista no art. 22, II da Lei n° 8.212/1991, alterada pela Lei n° 9.732/199. Considerando a publicação do Ato Declaratório n. 11/2011 da PGFN, a alíquota SAT (RAT) deverá ser calculada em relação a cada estabelecimento da recorrente. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 CERCEAMENTO DE DEFESA FALTA DE DEFINIÇÃO DOS FATOS GERADORES Houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, e de toda a fundamentação legal aplicável, possibilitando o pleno conhecimento pela recorrente , tanto que o recorrente pode defender-se dos fatos geradores apurados. INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE DE LEI E CONTRIBUIÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado.
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O pagamento aos contribuintes individuais como contraprestação pelo serviço prestado, independente da condição de membros de direção de cooperativa, é fato gerador de contribuições previdenciárias. A exigência da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade é prevista no art. 22, II da Lei n ° 8.212/1991, alterada pela Lei n ° 9.732/199. Considerando a publicação do Ato Declaratório n. 11/2011 da PGFN, a alíquota SAT (RAT) deverá ser calculada em relação a cada estabelecimento da recorrente. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 CERCEAMENTO DE DEFESA FALTA DE DEFINIÇÃO DOS FATOS GERADORES Houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, e de toda a fundamentação legal aplicável, possibilitando o pleno conhecimento pela recorrente , tanto que o recorrente pode defenderse dos fatos geradores apurados. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 2 INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE DE LEI E CONTRIBUIÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. A verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, dar provimento parcial ao recurso para que calcule a alíquota RAT pela atividade preponderante por estabelecimento. Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira de Araújo, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 10665.721327/201110 Acórdão n.º 2401002.405 S2C4T1 Fl. 2 3 Relatório O presente Auto de Infração de Obrigação Principal AIOP, lavrada sob o n. 37.302.1844 e 37.302.1852 tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa, levantadas sobre os valores pagos a pessoas que lhe prestaram serviços enquanto segurados empregados e contribuintes individuais. Conforme descrito no relatório fiscal, 24 a 28, o lançamento compreende competências entre o período de 06/2007 a 12/2009, sendo que os fatos geradores incluídos neste AIOP foram apurados por meio da análise dos documentos apresentados. Conforme consta do relatório fiscal a empresa notificada é operadora de planos de saúde e possui uma filial 000243, que é uma farmácia e possuía 8 empregados na competência 12/2009. A matriz possui acima de 100 segurados empregados. Foi constatado que o estabelecimento matriz informou o código CNAE 6550200, porém no período de 06/2007 a 04/2009 informou o campo alíquota RAT 1%, sendo o correto 2% e para a filial informou como CNAE preponderante o código 4771701 comércio varejista de produtos farmacêuticos sem manipulação de fórmulas, e alíquota RAT 1% de 06/2007 a 13/2009, sendo o correto, o CNAE preponderante o mesmo da matriz e alíquota RAT de 2%. Considerase atividade preponderante da empresa aquela que possuir o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos, conforme previsto no artigo 22, inciso II, alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ da Lei 8.212/91 e artigo 202, incisos I, II e III e §§ 3º a 5º do Regulamento da Previdência Social –RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99.Importante, destacar que a lavratura da NFLD deuse em 24/05/2007, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 30/05/2007. Assim o lançamento foi dividido em dois levantamentos: • AIOP DEBCAD 37.302.1844 são apuradas as contribuições devidas pela empresa para financiamento dos benefícios decorrentes de incapacidade para o trabalho (RAT), apuradas sobre os totais pagos aos segurados empregados, previstas na Lei 8.212/91, artigo 22, incisos II, alínea ‘b’. Foi constituído o crédito relativo a diferença de alíquota RAT de 1% não declarada e não recolhida pela empresa, através dos seguintes levantamentos. • AIOP DEBCAD 37.302.1852 são lançados as contribuições devidas pela empresa sobre os valores pagos aos segurados contribuintes individuais que prestaram serviços para a empresa nos conselhos administrativo, fiscal, técnico e medicina ocupacional e diretoria da empresa. Os valores pagos foram apurados dos livros diário e razão apresentados. Foram utilizados os seguintes levantamentos: A11 (de 01/2008 a 11/2008) e A2 (em 12/2008) PGTO CONSELHOS, P11PGTO PROLABORE . Neste levantamento foram lançados os valores pagos aos diretores da empresa na conta HONORÁRIOS DA DIRETORIA, a título de bônus referente à participação nos resultados de 2007, Fl. 162DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 4 Importante ressaltar que a lavratura do AI deuse em 08/06/2011, tendo a cientificação ocorrido em 14/06/2011. Não conformada com a notificação, a recorrente apresentou defesa, fls. 57 a 69. Foi emitida DecisãoNotificação confirmando a procedência do lançamento, fls. 133 a 140.. Também não concordando com os termos da decisão notificação o recorrente apresenta recurso às fls. 135 a 144, alegando em síntese: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 ENQUADRAMENTO NO GRAU DE RISCO. O enquadramento no correspondente grau de risco é de responsabilidade da empresa, observada a sua atividade econômica preponderante, cabendo à autoridade fiscal rever o autoenquadramento a qualquer tempo. COOPERADO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. Enquadrase na categoria de contribuinte individual o associado eleito para cargo de direção na cooperativa, assim como o integrante de conselho ou órgão de deliberação em relação à essa função. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. É devida contribuição a cargo da empresa sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados contribuintes individuais, para a Seguridade Social, nos termos da legislação pertinente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 143 a 154 , contendo em síntese os mesmo argumentos da impugnação, senão vejamos: 1. Apesar de haver a separação no DAD da diferença de RAT referente a filial, tal fato não é suficiente para se deixar de anular o lançamento, considerando que a apuração das contribuições previdenciárias, declaradas por meio de GFIP, se dá por estabelecimento, por consequência, a autuação também deve ocorrer por estabelecimento, razão pela qual é nulo o lançamento da diferença de RAT referente à filial. (transcreve os artigos 202, §13 e 225, §9º, do Decreto nº 3.048, de 1999). 2. Portanto, como o AI debcad nº 37.302.1844 foi lavrado em nome do estabelecimento matriz, mas, em contrapartida há diferença de RAT referente ao estabelecimento filial, como se pode observar das páginas 5 a 10 do Discriminativo do Débito, o auto de infração deve ser declarado nulo em relação a tal cobrança. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 10665.721327/201110 Acórdão n.º 2401002.405 S2C4T1 Fl. 3 5 3. Que a diferença de RAT exigida se deu exclusivamente em decorrência de erro operacionais da RFB e não por atos da impugnante, pois apenas seguiu a legislação tributária, e que se declarasse o novo CNAE estipulado 6550200, ficaria inadimplente com o Sescoop. A atitude do Fisco constitui verdadeira violação ao princípio constitucional da segurança jurídica e aos artigos 100, parágrafo único, e 161, §2º, do CTN. 4. Que a cobrança de contribuição previdenciária sobre valores pagos aos cooperados eleitos como membros dos conselhos administrativo fiscal técnico e medicina ocupacional, é indevida, por falta de previsão legal, assim como os acréscimos legais. Fundamenta o entendimento no artigo 12, inciso V, alínea “f”, da Lei 8.212, de 1991 e Acórdão do Conselho de Recursos da Previdência Social que transcreve. 5. Que improcede a cobrança de contribuição sobre os valores pagos aos diretores da impugnante na conta “ Honorários da Diretoria”, tendo em vista que o lançamento se baseou em suposição da fiscalização já que o Fisco não apresentou nenhuma prova de que tal lançamento feito pela impugnante não se refere à produção médica dos profissionais. 6. Diante de todo o exposto, esperase seja declarado nulo o lançamento da diferença de RAT, referente ao estabelecimento filial, bem como, no mérito, sejam julgados improcedentes todos valores exigidos por meio dos AIs impugnados. A delegacia da receita federal do Brasil, encaminhou o recurso a este Conselho para julgamento. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 6 Voto Conselheiro Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 142. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS PRELIMINARES AO MÉRITO NULIDADE PELA FALTA DE AUTUAÇÕES POR ESTABELECIMENTO. Quanto ao argumento da recorrente, de que a fiscalização previdenciária deixou de realizar autuações distintas por estabelecimento, principalmente considerando a diferença de RAT apurada na filial, o que acabou cerceando o direito de defesa, provocando a nulidade do estabelecimento, não lhe confiro razão. Os fatos geradores objeto das presente notificação, bem como as bases de cálculo foram devidamente descritas no relatório fiscal, fls. 24 a 28, e nos relatórios que acompanham o Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP,, dentre eles o Discriminativo Análitico de Débito – DAD, emitido por fato gerador, e dentro do relatório identificamos a separação por estabelecimento. Assim, correto o procedimento adotado, tendo o auditor cumprido os ditames legais quanto ao procedimento fiscal realizado. Observase anexo ao relatório fiscal e mencionado no corpo do próprio relatório cópias com a devida intimação para a apresentação dos documentos conforme Termos de Intimação Fiscal, intimando o contribuinte para que apresentasse todos os documentos capazes de comprovar o cumprimento da legislação previdenciária. Assim, o contribuinte teve a oportunidade de apresentar todos os documentos pertinentes a comprovação da obrigação. Foi realizada a conclusão dos trabalhos com a emissão do Termo de Encerramento, com a apresentação ao contribuinte dos fatos geradores por estabelecimento e fundamentação legal que constituíram a lavratura do auto de infração ora contestado, com as informações necessárias para que o autuado pudesse efetuar as impugnações que considerasse pertinentes, tanto que o fez. Não existe obrigatoriedade de que os AI sejam feitos por estabelecimento, pelo contrário a própria definição da alíquota RAT descreve que o enquadramento da empresa no correspondente grau de risco será feito pela atividade preponderante na empresa, ou seja, aquela que ocupe o maior número de empregados. Simplesmente alegar, sem demonstrar o cumprimento da legislação, ou mesmo quais os vícios contidos no lançamento não servem como meio para anular o lançamento. Notese que o relatório fiscal, encontrase detalhado, permitindo ao recorrente o exercício do amplo direito de defesa, razão porque correto foi o procedimento adotado. Ainda quanto a alegação acerca da impossibilidade de enquadramento no CNAE descrito pela IN, posto que deixaria a empresa de recolher para o SESCOOP, entendo Fl. 165DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 10665.721327/201110 Acórdão n.º 2401002.405 S2C4T1 Fl. 4 7 que ditos argumentos poderiam até ser apreciados caso estivéssemos apreciando auto de infração de obrigação acessória, porém tratase de diferença de SAT, cuja decisão da empresa em não deixar de não alterar seu CNAE para não deixar de recolher para o SESCOOP, acabou ensejando uma diferença de recolhimento à título de RAT, ou seja, o que fez o auditor simplesmente foi cobrar essa diferença, sendo sua atividade vinculada nos termos da legislação aplicável. Superadas as preliminares, passo ao exame do mérito. DO MÉRITO No mérito, os argumentos do recorrente são no sentido de que incabível a exigência de contribuições sobre os valores destinados aos membros de Conselho, posto que não exercem cargo de direção, bem como os valores repassados a diretores à título de Honorários da Diretoria. Outro ponto, que entendo importante esclarecer, até porque constitui núcleo central do recurso, referese ao argumento de incompatibilidade de exigência de contribuições, tendo em vista não se enquadrarem os membros do conselho como segurados obrigatórios da previdência social, alvo no caso de cargo de direção em cooperativa. Contudo, neste ponto, entendo que razão também não assiste ao recorrente. A cooperativa pode ter regras próprias para sua constituição, ou mesmo para forma como irá repassar pagamentos pela prestação de serviços, mas isso em nada a afasta da condição de equiparada a empresa. Ou seja, em relação aos trabalhadores contratados como empregados, ou mesmo trabalhadores autônomos, e em relação aos seus cooperados, dirigentes ou não, possui a cooperativa obrigações, cujo descumprimento resultou na lavratura do AI em questão. A lei 8212/91, em seu art. 15, assim dispõe acerca da matéria: Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; II empregador doméstico a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equiparase a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (grifo nosso) Dessa forma, nenhum dos argumentos do recorrente são capazes de desconstituir o lançamento. Os pagamentos seja aos conselheiros, ou aos dirigentes, restaram comprovados, razão porque constituise hipótese de incidência de contribuições previdenciários. O relatório fiscal, assim como o relatório de Fundamento Legal, traz toda a fundamentação legal que consubstancia a presente AI. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 8 Ademais, as contribuições da empresa sobre os serviços prestados por contribuintes individuais, em qualquer de suas modalidades e não apenas enquanto dirigente, para o período posterior à competência março de 2000, inclusive, às contribuições da empresa sobre a remuneração dos contribuintes individuais é regulada pelo art. 22, III da Lei n ° 8.212/1991, com redação conferida pela Lei n ° 9.876/1999, nestas palavras: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Inciso acrescentado pelo art. 1º, da Lei nº 9.876/99 vigência a partir de 02/03/2000 conforme art. 8º da Lei nº 9.876/99). De acordo com o previsto no § 4º do art. 201 do Regulamento da Previdência Social na redação conferida pelo Decreto n ° 4.032/2001: Art. 201. A contribuição a cargo da empresa, destinada à seguridade social, é de: II vinte por cento sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou creditadas no decorrer do mês ao segurado contribuinte individual; (Redação alterada pelo Decreto nº 3.265/99) O fato do art. 12, V, ‘f” da lei 8212/91, não descrever de forma expressa o membro de conselho de cooperativa como contribuinte individual, não o afasta da condição de segurado obrigatório, visto que toda pessoa física que prestar serviço em vínculo de emprego, mesmo em caráter eventual, e receber como contraprestação por esse serviço remuneração, enquadrase no conceito de segurado obrigatório. Basta verificar a alínea “g” do mesmo dispositivo legal. como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). Quanto ao pagamento de “honorários da diretoria” (AIOP DEBCAD 37.302.1852 outro não pode ser o raciocínio, senão enquadrar ditas verbas como salário de contribuição. Demonstrou o auditor no relatório a conta contábil onde foram apuradas as bases de cálculo, sendo que não conseguiu o recorrente demonstrar que tratavamse de pagamento Fl. 167DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 10665.721327/201110 Acórdão n.º 2401002.405 S2C4T1 Fl. 5 9 por serviços médicos prestados. Não presumiu o auditor, conforme alegado pelo recorrente, mas tão somente constatou a ocorrência do fato gerador, não se desincumbido a recorrente de afastar a incidência de contribuição. Destacase que o relatório fiscal, indicou propriamente as bases de cálculo. Neste levantamento foram lançados os valores pagos aos diretores da empresa na conta HONORÁRIOS DA DIRETORIA, a título de bônus referente à participação nos resultados de 2007, Entendendo esta Auditoria que este bônus referese aos serviços prestados na diretoria da empresa e não sobre a produção médica dos mesmos, sendo que estes valores não constam da folha de pagamento da produção médica dos mesmos e, por exemplo, o Sr. Evangelista José Miguel recebeu produção médica somente em 12/2007 e 11/2008, conforme demonstrado: Os valores apurados foram lançados como prolabore recebido pelos mesmos e estão abaixo discriminados:02/08, conta 2140 Honorários da Diretoria, valor 15.765,74 (Vr. pagto. bônus referente a participação nos resultados de 2007 a DR EVANGELISTA JOSÉ MIGUEL) 02/08, conta 2140, Honorários da Diretoria, Valor 7.882,87( Vr.pagto. bônus ref. participação nos resultados do ano 2007 a JOSÉ OSVALDO LEITE ALVIM); 02/0, conta 2140, Honorários da Diretoria , Valor 7.882,87 (Vr.pagto. bônus ref. participação nos resultados do ano 2007 a CLOVES SILVA.) 02/08, conta 2140, Honorários da Diretoria 7.882,87 ( Vr.pagto. bônus ref. participação nos resultados do ano 2007 a JOSÉ CARLOS FARIA) No que tange a argüição de inconstitucionalidade de legislação previdenciária que dispõe sobre o recolhimento de contribuições, frisese que incabível seria sua análise na esfera administrativa, assim, como já afastado pela autoridade julgadora de 1 instância. Dessa forma, quanto à inconstitucionalidade/ilegalidade na cobrança das contribuições previdenciárias sobre os valores destinados aos membros da diretoria, não há razão para a recorrente. Como dito, não é de competência da autoridade administrativa a recusa ao cumprimento de norma supostamente inconstitucional, razão pela qual são exigíveis a contribuição, bem como a aplicação da taxa de juros SELIC, e a multa pela inadimplência. Toda lei presumese constitucional e, até que seja declarada sua inconstitucionalidade pelo órgão competente do Poder Judiciário para tal declaração ou exame da matéria, deve o agente público, como executor da lei, respeitála. No mesmo sentido posicionase este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF ao publicar a súmula nº. 2 aprovada em sessão plenária de 08/12/2009, sessão que determinou nova numeração após a extinção dos Conselhos de Contribuintes. SÚMULA N. 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 10 QUANTO A APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA SAT POR ESTABELECIMENTO AIOP DEBCAD 37.302.1844 A exigência da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho RAT é prevista no art. 22, II da Lei n ° 8.212/1991, alterada pela Lei n ° 9.732/1998, nestas palavras: Art.22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11/12/98) a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. Regulamenta o dispositivo acima transcrito o art. 202 do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999, com alterações posteriores, nestas palavras: Art.202. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: I um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; II dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; ou III três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave. (...) Fl. 169DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 10665.721327/201110 Acórdão n.º 2401002.405 S2C4T1 Fl. 6 11 § 3º Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. § 4º A atividade econômica preponderante da empresa e os respectivos riscos de acidentes do trabalho compõem a Relação de Atividades Preponderantes e correspondentes Graus de Risco, prevista no Anexo V. § 5º O enquadramento no correspondente grau de risco é de responsabilidade da empresa, observada a sua atividade econômica preponderante e será feito mensalmente, cabendo ao Instituto Nacional do Seguro Social rever o autoenquadramento em qualquer tempo. § 6º Verificado erro no autoenquadramento, o Instituto Nacional do Seguro Social adotará as medidas necessárias à sua correção, orientando o responsável pela empresa em caso de recolhimento indevido e procedendo à notificação dos valores devidos. Assim, embora entenda que os conceitos de atividade preponderante, bem como, a graduação dos riscos de acidente de trabalho, não precisariam estar definidos em lei. O Decreto é ato normativo suficiente para definição de tais conceitos, uma vez que são complementares e não essenciais na definição da exação, importante apresentar o entendimento externado pela Procuradoria da Fazenda Nacional por meio do Ato Declaratório n. 11/2011. Senão vejamos. Neste ponto, embora entenda que a decisão de 1 instância encontrase em perfeita consonância com os dispositivos legais, entendo existir uma questão nova que deve ser levado em consideração para o julgamento da referida contribuição, qual seja a publicação do Parecer PGFN/CRJ da Procuradoria da Fazenda Nacional, aprovado pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda que ensejou a publicação do Ato Declaratório 11/2011, abaixo transcrito? ATO DECLARATÓRIO Nº 11 /2011 A PROCURADORAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2120 /2011, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 15/12/2011, DECLARA que fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: “nas ações judiciais que discutam a aplicação da alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro.” Fl. 170DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 12 Face o exposto, embora entenda ter sido correto o entendimento apresentado pela autoridade julgadora, conforme dito anteriormente, subsumo meu posicionamento ao entendimento acima, devendo o cálculo da alíquota RAT ser realizada em relação aos estabelecimentos da empresa notificada. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para rejeitar a preliminar de nulidade e no mérito DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para que se calcule a alíquota RAT pela atividade preponderante por estabelecimento, mantendo inalterado o lançamento nos demais pontos. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 171DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 12/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE
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Numero do processo: 37284.008044/2002-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2002 PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. Revela-se o direito processual administrativo fiscal refratário ao procedimento que exclua do sujeito passivo o direito ao contraditório e à ampla defesa. É nula a Decisão de 1ª Instância lavrada sem que tenha sido concedido ao sujeito passivo o direito de se manifestar a respeito do resultado de Diligência utilizada na sua fundamentação. Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2302-001.896
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1895; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 864 1 863 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 37284.008044/200229 Recurso nº 001.896 Voluntário Acórdão nº 230201.896 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de junho de 2012 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS NFLD Recorrente BANCO OK DE INVESTIMENTO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2002 PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. Revelase o direito processual administrativo fiscal refratário ao procedimento que exclua do sujeito passivo o direito ao contraditório e à ampla defesa. É nula a Decisão de 1ª Instância lavrada sem que tenha sido concedido ao sujeito passivo o direito de se manifestar a respeito do resultado de Diligência utilizada na sua fundamentação. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Marco André Ramos Vieira Presidente. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente de Turma), Manoel Coelho Arruda Junior (Vicepresidente de turma), Liége Lacroix Thomasi, Adriana Sato, Jhonatas Ribeiro da Silva e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 871DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Relatório Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2002. Data de lavratura da NFLD: 12/12/2002. Data da Ciência da NFLD: 12/12/2002. Tratase de crédito tributário lançado em desfavor da empresa em epígrafe, consistente em contribuições a cargo dos segurados empregados e da empresa, destinadas ao financiamento da Seguridade Social, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e a outras entidades e fundos, incidentes sobre diferenças de remuneração não consideradas como base de cálculo de contribuições previdenciárias e sobre valores a título de participação nos lucros e resultados, efetuados em desacordo com a legislação de regência, conforme descrito no Relatório Fiscal, a fls. 39/42. Informa a Autoridade Lançadora que os fatos geradores foram apurados com base na conferência dos lançamentos contábeis nos livros Diário, Razão, Folhas de Pagamentos, Recibos de Férias e Rescisão de Contratos de trabalho, havendo sido verificado que, em alguns meses, os pagamentos de férias dos funcionários não foram incluídos nos pagamentos de contribuições previdenciárias, apesar de encontraremse registrados no Livro Diário ou em recibos de férias. Integra também o presente lançamento os valores distribuídos a título de participação nos lucros e resultados, pagos em desacordo com a legislação de regência. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 100/110. O Serviço de Análise de Defesas e Recursos da Gerência Executiva do Distrito Federal baixou o feito em diligência para que a fiscalização se manifestasse a respeito de determinadas matérias de fato levantadas pela Impugnante em sede de defesa administrativa, conforme despacho a fl. 254. Informação fiscal a fls. 256/257. O Serviço de Análise de Defesas e Recursos da Divisão de Arrecadação da Gerência Executiva do Distrito Federal lavrou DecisãoNotificação a fls. 259/266, julgando procedente em parte a presente Notificação Fiscal, fazendo excluir do lançamento os valores objeto de compensação antes não considerados pela fiscalização, e retificando o crédito tributário na forma do Discriminativo Analítico do Débito Retificado DADR a fls. 267/285. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 07/11/2003, conforme Aviso de Recebimento a fl. 288. O sujeito passivo deixou transcorrer in albis o trintídio normativo para o oferecimento de Recurso Voluntário, não se manifestando nos autos. Fl. 872DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 37284.008044/200229 Acórdão n.º 230201.896 S2C3T2 Fl. 865 3 Os sócios da notificada, Lino Martins Pinto e Cleucy Meireles de Oliveira, em 1º de dezembro de 2003, interpuseram recurso voluntário a fls. 290/331, requerendo, alfim, a declaração de nulidade da obrigação tributária correspondente ao presente lançamento. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 873DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DO SANEAMENTO DO PROCESSO. Antes de adentrarmos a cognição meritória urge ser sanada uma irregularidade de cunho eminentemente processual. No curso da instrução do processo, após o oferecimento da impugnação, o feito foi baixado em diligência, conforme despacho a fl. 254, para que a fiscalização se manifestasse a respeito de determinadas matérias de fato levantadas pela Impugnante em sede de defesa administrativa. Fruto do aludido incidente processual, houvese por emitida a Informação Fiscal a fls. 256/257, mediante os quais a Fiscalização refutou os argumentos de defesa e, valorando as provas coligidas, pugnou pela procedência parcial da notificação fiscal em debate, pugnando pela retificação do crédito previdenciário na forma da tabela a fl. 257. Tal Informação Fiscal prestouse como alicerce para a retificação do crédito tributário, pelo Órgão Julgador de 1ª Instância, na forma assentada no Discriminativo Analítico do Débito Retificado DADR a fls. 267/285. A sós com os autos, todavia, desfolhando cuidadosamente suas laudas, não logramos nos deparar com qualquer indício de prova material que demonstrasse ter sido o sujeito passivo em tela devidamente cientificado da juntada da Informação Fiscal referida no parágrafo precedente. Nesse panorama, se nos antolha ter sido lavrada a DecisãoNotificação ora guerreada sem que tenha sido oportunizado ao sujeito passivo a faculdade de se manifestar a respeito do resultado da diligência fiscal em questão. De fato, os documentos e razões oferecidos pela empresa em instância de contestação foram apreciados pela fiscalização, que rebateu parte significativa das razões de impugnação ao débito, apenas acatando parte delas. Todavia, não foi oportunizado ao Recorrente o direito de conhecer o conteúdo da informação fiscal, havendo sido proferida a Decisão de 1ª instância sem que o sujeito passivo pudesse se pronunciar acerca das razões tecidas pela fiscalização, em sede de diligência, para a negativa de provimento integral do pleito requerido pelo contribuinte. A privação do conhecimento das razões aduzidas pela Fiscalização, as quais se prestaram na fundamentação da DecisãoNotificação ora discutida, configurouse, ao nosso sentir, hipótese de cerceamento de defesa, pela efetiva exclusão do contraditório além de supressão de instância eis que a contradita do sujeito passivo ficou reservada, tão somente, à instância recursal. Revelase o Direito Processual Administrativo refratário ao proferimento de Decisões em que reste configurada qualquer modalidade de preterição ao direito de defesa, as quais já nascem sob o estigma da nulidade. Dessarte, se nos afigura ter sido espezinhado o Fl. 874DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 37284.008044/200229 Acórdão n.º 230201.896 S2C3T2 Fl. 866 5 Devido Processo Legal, eis que a Decisão de 1ª Instância foi emitida sem a oportunidade de contradita, por parte do notificado, aos argumentos expendidos na Informação Fiscal acostada pela fiscalização em sede de diligência. A situação fática retratada no presente caso, consistente na usurpação do direito ao contraditório, atrai ao feito a incidência do preceito inscrito no inciso II, in fine, do art. 32 da Portaria MPS nº 520/2004 que disciplina os processos administrativos fiscais decorrentes de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito e de Auto de Infração nas ordens do Ministério da Previdência Social, sob cuja égide se desenvolveram os fatos processuais aqui narrados e se houve por lavrada a decisão vergastada. Portaria MPS nº 520, de 19 de maio de 2004 Art. 32. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; III o lançamento não precedido do Mandado de Procedimento Fiscal. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam consequência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir o mérito a favor do sujeito passivo, a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Nesse contexto, pautamos pela declaração de nulidade da Decisão Notificação combatida, com fulcro no art. 32, II da Portaria MPS nº 520/2004, devendo ser dada ciência ao Recorrente do teor da Informação Fiscal a fls. 256/257, reabrindoselhe o prazo normativo para se manifestar nos autos, se assim o desejar. 2. CONCLUSÃO Pelos motivos expendidos, voto por ANULAR a DECISÃONOTIFICAÇÃO de primeira instância, devendo ser conferido ao Recorrente o direito de se manifestar acerca do resultado da diligência em realce. É como voto. Arlindo da Costa e Silva Fl. 875DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 Fl. 876DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 27/06/ 2012 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 11/07/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10814.005108/2005-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO - II
Data do fato gerador: 08/08/2000
ISENÇÃO DE CARÁTER SUBJETIVO. EXIGÊNCIAS.
Na vigência da Lei n° 9.069, de 1995, o reconhecimento de qualquer incentivo ou beneficio fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais. Não comprovada tal regularidade, afasta-se o beneficio.
MOMENTO DO RECONHECIMENTO
Em consonância com o art. 179 do CTN, a isenção em caráter especial é reconhecida a cada fato gerador, mediante aquiescência da autoridade tributária competente.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3102-001.165
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama, que davam provimento. A conselheira Mara Cristina Sifuentes votou pelas conclusões.
Nome do relator: Luis Marcelo Guerra de Castro
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EXIGÊNCIAS. Na vigência da Lei n° 9.069, de 1995, o reconhecimento de qualquer incentivo ou beneficio fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais. Não comprovada tal regularidade, afastase o beneficio. MOMENTO DO RECONHECIMENTO Em consonância com o art. 179 do CTN, a isenção em caráter especial é reconhecida a cada fato gerador, mediante aquiescência da autoridade tributária competente. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama, que davam provimento. A conselheira Mara Cristina Sifuentes votou pelas conclusões (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente e Relator Fl. 1DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ricardo Rosa, Álvaro Almeida Filho, Mara Cristina Sifuentes, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Luciano Pontes de Maya Gomes. Relatório Por bem descrever a matéria litigiosa, adoto relatório que embasou o acórdão recorrido, que passo a transcrever: Trata o presente processo de pedido de restituição de Imposto de Importação alegadamente recolhido a maior, pago através de débito automático em contacorrente bancária na data do registro da DI nº 00/07337404, em 08/08/2000 (fls. 6/10), no valor de R$ 588,65 (quinhentos e oitenta e oito reais e sessenta e cinco centavos). Seguese um breve histórico dos fatos, conforme documentos nos autos. Alega o interessado ter direito ao benefício fiscal concedido pelo art. 5º das Medidas Provisórias nºs. 193924 (de 06/01/00), 206837 (de 27/12/00) e 206838 (de 25/01/01), convertidas em Lei nº 10.182, de 12 de fevereiro de 2001. Tal benefício consiste na redução de 40 % (quarenta por cento) do imposto de importação, para empresas devidamente habilitadas quanto ao mesmo no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, referindose especificamente à importação de partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos, destinadas aos processos produtivos das empresas e dos fabricantes de produtos relacionados no art. 5º, § 1º I a X (veículos leves: automóveis e comerciais leves, ônibus, caminhões, etc). Tendo em vista que, em nome do mesmo interessado, na mesma Unidade da RFB e tratando de assunto idêntico (mas para Declarações de Importação diferentes) há diversos processos em tramitação, inicialmente todos foram apensados ao de nº 10814 006.463/200587. Posteriormente constatouse que parte dos processos apensados ao de nº 10814006.463/200587 apresentam registro no Programa PerdComp, de Declaração de Compensação, e outros não (tratam apenas de restituição, como é o caso do presente PAF) , o que exige rito processual diferente. Optouse pela separação do presente processo, o qual foi desapensado do PAF 10814006.463/200587 (fls. 48), para nele discutirse apenas a viabilidade de reconhecimento do direito creditório pleiteado (e não a compensação, a qual não foi objeto de Declaração respectiva). Voltemos à síntese dos fatos: PEDIDO DE RETIFICAÇÃO DE DI INDEFERIMENTO Em 08/08/2000 o interessado submeteu a despacho aduaneiro mercadorias beneficiárias da mencionada redução, pela Declaração de Importação nº 00/07337404, tendo deixado de Fl. 2DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10814.005108/200591 Acórdão n.º 310201.165 S3C1T2 Fl. 2 3 pleitear o benefício em questão, e recolhido integralmente o Imposto de Importação. Em 05/07/2005, por requerimento de fls. 1/2, pleiteou a restituição do valor que entende recolhido a maior, no total de R$ 588,65 (quinhentos e oitenta e oito reais e sessenta e cinco centavos), pelo Pedido de Restituição de fls. 1/2 e Pedido de Cancelamento de Declaração de Importação e Reconhecimento de Direito Creditório de fls. 3/4. Anexou às fls. 27 documento comprobatório fornecido pelo DECEX, segundo o qual a empresa está habilitada a fruir o benefício da Lei 10.182/2001 desde 18/01/2000. O processo tramitou pela Inspetoria da Receita Federal em São Paulo – (IRFSP), para revisão aduaneira e eventual retificação de Declaração de Importação. Dentro do procedimento de análise da retificação prevista no art. 45 da In nº 680/2006, o contribuinte em tela foi intimado a apresentar as certidões negativas de débito (CND, FGTS e Dívida Ativa da União) abrangendo as datas de registro da DI.. Em atendimento ao termo em questão o contribuinte apresentou tempestivamente resposta onde se manifestou pelo não cabimento da exigência de certidões negativas no caso em tela e também que caberia à administração verificar internamente se a empresa estaria ou não em regularidade com os tributos administrados pela União. Tendo em vista o previsto no artigo 134 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos, aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 05/03/85, combinado com o artigo 60 da Lei 9.069, de 29/06/1995, entendeu a autoridade aduaneira que, da combinação dos dois dispositivo legais, fica caracterizado que a exigência de prova de quitação se renova a cada despacho objeto de redução pretendida e que a comprovação em questão deve ser feita pelo contribuinte, não se aplicando aqui o disposto no art. 37, da Lei 9.784/99. Em decorrência do exposto, foi indeferido o pedido de retificação da Declaração de Importação (fls. 57). Em 15/05/2008 foi proferido despacho indeferindo a retificação da Declaração de Importação (v. fls. 57). PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO DE DESPACHO DENEGATÓRIO DA RETIFICAÇÃO DE DI INDEFERIMENTO Ciente da decisão denegatória de seu pleito (retificação da DI), o interessado apresentou seu pedido de reconsideração de despacho. Apresentou, tempestivamente, seu pedido de reconsiderado de despacho para ser encaminhada ao Sr. InspetorChefe, nos termos do § 4º . art; nº 45 da IN/SRF nº 680/2006. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 4 Em seu pedido de reconsideração o impetrante manteve posição pelo não cabimento da exigência de certidão negativa no caso em tela. 01 Argumentou que a Lei inº 10.182 não exige a apresentação de CND para fruição da redução do imposto, porém a Notícia Siscomex nº 21, de 23/07/2001 não deixa qualquer dúvida quanto a aplicabilidade do disposto no art. 60 da Lei nº 9.069, de 29/06/1995, para as retificações constantes no processo em tela. 02 Reapresentou jurisprudência das 1ª e 2ª Turmas do STJ, que , conforme já mencionado, ,não valem para o caso em tela, por tratarem de benefícios referentes a mercadorias beneficiadas por drawback, benefício este de caráter objetivo, e não à redução ora discutida, que é um benefício condicional do tipo objetivo subjetivo ou misto (vinculado à qualidade do importador e à destinação do bem). Diante do exposto, e levandose em conta o previsto no artigo 134 do Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos, aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 05/03/85, combinado com o artigo 60 da Lei 9.069, de 29/06/1995, foi mantido o indeferimento do pleito . O despacho denegatório do pleito encontrase às fls. 52/53 – Despacho Decisório IRF/SPO nº 034/2009, de 18 de fevereiro de 2009.. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO – INDEFERIMENTO Tendo o interessado tomado ciência do despacho decisório que manteve o indeferimento, e esgotado administrativamente o pedido de retificação, os autos foram enviados para a ALF/Aeroporto Internacional em São Paulo – Guarulhos SP, para prosseguimento, nos termos do artigo 58 da IN/RFB 900/2008, ou seja, apreciação relativo ao reconhecimento ou não do direito creditório e a restituição de crédito relativo ao tributo administrado pela RFB, (no caso em estudo, o imposto de importação). Com base na mesma argumentação que servira de base ao indeferimento de seu pedido de retificação de DI ( posteriormente objeto de pedido de reconsideração), e levando em conta o referido indeferimento, que implicou em não ficar caracterizado terem os recolhimentos sido feitos a maior que o devido, foi indeferido também o pedido de reconhecimento de direito creditório. (fls. 54/57). Inconformado com o indeferimento de seu pleito, o interessado apresentou sua Manifestação de Inconformidade, tempestivamente. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Analisandose a Manifestação de Inconformidade de fls. 61/75, constatase que são os seguintes os principais argumentos do recorrente: Fl. 4DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10814.005108/200591 Acórdão n.º 310201.165 S3C1T2 Fl. 3 5 01 – A Lei 10.182/01, que instituiu o benefício da redução de 40% do II na importação de determinados produtos , para empresas montadoras e dos fabricantes do setor automotivo não exige a apresentação de CND para a fruição da redução do imposto (comprovação já feita quando de sua habilitação ao regime , feita junto ao SECEX). 02 – Entende que não se aplica ao caso o art. 60 da Lei 9.069/95, que condiciona à apresentação de CND apenas a concessão ou reconhecimento de benefício fiscal. Entende que o dispositivo legal prevê a apresentação em somente uma das ocasiões, e ele já apresentara as CND’s quando da habilitação do benefício. 03 – Alega que, pela doutrina, lei posterior derroga lei anterior e lei especial derroga lei geral. Portanto, a Lei 10182/2001 teria prelavência sobre a Lei 9.069/1995, já que lei posterior derroga a anterior. Também a derrogaria por ser a Lei 9.069/1995 geral, e a lei 10182/2001 especial. 04 – Considera que caberia à Receita Federal aferir a regularidade fiscal do interessado, pela simples verificação de seus sistemas informatizados, conforme art. 37 da Lei nº 9.784/99; 05 – Reapresenta jurisprudência administrativa e judicial, que entende reforçar seu ponto de vista. Resumindose os fatos, o indeferimento do pleito quanto à retificação da DI e do reconhecimento do direito creditório prendeuse basicamente à não apresentação das CNDs (Certidões Negativas de Débito) à época do fato gerador, e a Manifestação de Inconformidade de fls. 61/75 também foca o mesmo assunto, ou seja, a pretendida inadmissibilidade de exigência de CNDs (Certidões Negativas de Débito) a cada despacho aduaneiro de importação onde seja pleiteado benefício de redução ou isenção de tributo. Ponderando as razões aduzidas pela recorrente, juntamente com o consignado no voto condutor, decidiu o órgão de piso pelo indeferimento do pedido, conforme se observa na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 08/08/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE RECOLHIMENTO A MAIOR POR NÃO UTILIZAÇÃO DA REDUÇÃO PREVISTA NA LEI 10.182/2001 (REGIME AUTOMOTIVO). NÃO RECONHECIDO O DIREITO CREDITÓRIO TENDO EM VISTA A NÃO COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE QUANDO AOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS À ÉPOCA DO FATO GERADOR. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 6 Conforme art. 165 da Lei nº 5..172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), cabe restituição de tributos recolhidos indevidamente ou a maior que o devido. Não caracterizado o recolhimento como indevido ou a maior que o devido, não cabe a restituição do mesmo ao sujeito passivo. APRESENTAÇÃO DE CNDs POR OCASIÃO DO DESPACHO ADUANEIRO DE MERCADORIA BENEFICIADA POR ISENÇÃO / REDUÇÃO DE CARÁTER SUBJETIVO OU MISTO. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal de caráter subjetivo (vinculado à qualidade do importador) ou misto (vinculado tanto à qualidade e destinação da mercadoria quanto à qualidade do importador), relativos a tributos e contribuições administrados pela Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais, sendo cabível o disposto no artigo 60 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995. Após tomar ciência da decisão de 1ª instância, comparece a interessada mais uma vez ao processo para, em sede de recurso voluntário, essencialmente, reiterar as alegações manejadas por ocasião da instauração da fase litigiosa. É o Relatório Voto Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, Relator Tomo conhecimento do presente recurso, que foi tempestivamente apresentado e trata de matéria afeta à competência desta Terceira Seção O ponto fulcral do litígio, como se percebe da leitura da ementa da decisão recorrida, é definir se, no momento do reconhecimento da isenção, o sujeito passivo reunia as condições exigidas pela legislação de regência. Para se chegar a tal definição é necessário que se responda a duas indagações: se o art. 60 da Lei nº 9.069/951 incide sobre a modalidade de isenção debatida e, caso incida, em qual momento se dá o reconhecimento da isenção de caráter subjetivo. Definido tal momento, definese, por consequência, quando o sujeito passivo deverá comprovar a quitação dos tributos federais. A redução em litígio encontrase prevista no art. 5º da Lei nº 10.181, de 2001, que criou o que se convencionou denominar “Novo Regime Automotivo”, em substituição àquele disciplinado pela Lei nº 9.449, de 1997, transcrevoos: Art. 5º Fica reduzido em quarenta por cento o imposto de importação incidente na importação de partes, peças, 1 Art. 60. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10814.005108/200591 Acórdão n.º 310201.165 S3C1T2 Fl. 4 7 componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semi acabados, e pneumáticos. §1oO disposto no caput aplicase exclusivamente às importações destinadas aos processos produtivos das empresas montadoras e dos fabricantes de: (...) X autopeças, componentes, conjuntos e subconjuntos necessários à produção dos veículos listados nos incisos I a IX, incluídos os destinados ao mercado de reposição. §2o O disposto nos arts. 17 e 18 do DecretoLei no 37, de 18 de novembro de 1966, e no DecretoLei no 666, de 2 de julho de 1969, não se aplica aos produtos importados nos termos deste artigo, objeto de declarações de importações registradas a partir de 7 de janeiro de 2000. O parágrafo 2º acima transcrito, a meu ver, enumera taxativamente quais são as condições de caráter geral excepcionadas pela norma que disciplina especificamente os benefícios do Novo Regime Automotivo: exame de similaridade (art. 17 e 18 do DL nº 37/66)2 e transporte em navio de bandeira brasileira (art. 2º do DL nº 666/69)3: Como é possível verificar, o dispositivo é silente quanto às demais exigências de caráter geral, dentre as quais, evidentemente, está a comprovação da regularidade no pagamento dos tributos e contribuições, o que leva à conclusão de que tal exigência não foi afastada. Por outro lado, não vejo como aplicar a regra geral do art. 37 da Lei nº 9.784, de 19994 em detrimento da específica do art. 60 da Lei nº 9.069, de 1995, categórico ao determinar que o ônus de fazer prova da quitação de tributos federais é do Administrado. Subsistiria, portanto, dúvida acerca do momento em que o benefício é reconhecido, máxime em razão de que, a lei que o instituiu prevê a realização de um procedimento de habilitação prévia do importador, disciplinada no do seu art. 6º, que reza: (os grifos não constam do original) Art.6º A fruição da redução do imposto de importação de que trata esta Lei depende de habilitação específica no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX. 2 Art. 17 A isenção do impôsto de importação somente beneficia produto sem similar nacional, em condições de substituir o importado. Art. 18 O Conselho de Política Aduaneira formulará critérios, gerais ou específicos, para julgamento da similaridade, à vista das condições de oferta do produto nacional, e observadas as seguintes normas básicas: 3 Art 2º Será feito, obrigatoriamente, em navios de bandeira brasileira, respeitado o princípio da reciprocidade, o transporte de mercadorias importadas por qualquer Órgão da administração pública federal, estadual e municipal, direta ou indireta inclusive emprêsas públicas e sociedades de economia mista, bem como as importadas com quaisquer favores governamentais e, ainda, as adquiridas com financiamento, total ou parcial, de estabelecimento oficial de crédito, assim também com financiamento externos, concedidos a órgãos da administração pública federal, direta ou indireta. 4 Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 8 Parágrafo único.A solicitação de habilitação será feita mediante petição dirigida à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, contendo: Icomprovação de regularidade com o pagamento de todos os tributos e contribuições sociais federais; II cópia autenticada do cartão de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; III comprovação, exclusivamente para as empresas fabricantes dos produtos relacionados no inciso X do § 1o do artigo anterior, de que mais de cinqüenta por cento do seu faturamento líquido anual é decorrente da venda desses produtos, destinados à montagem e fabricação dos produtos relacionados nos incisos I a X do citado § 1o e ao mercado de reposição. Diferentemente do que se tem invocado, não vejo como reconhecer que a comprovação levada a efeito no momento da habilitação ao regime dispense a importadora de comprovar a regularidade fiscal no momento do fato gerador. Para entender os efeitos da conclusão do procedimento realizado pela Secex, mais relevante do que o nome que lhe foi atribuído (habilitação) é preciso lembrar do que diz o art. 179 do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66): Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para concessão. § 1º Tratandose de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. Com efeito, como é possível concluir, a partir da leitura conjunta dos dois dispositivos, o procedimento de habilitação constituise mais uma exigência para reconhecimento da isenção e, não o próprio reconhecimento do benefício. Em primeiro lugar, a leitura do caput do art. 179, lido conjuntamente com seu parágrafo 1º, deixa claro que a autoridade competente para reconhecimento do benefício deve ser manifestar a cada fato gerador ou, tratandose de tributo lançado por período certo, antes do encerramento de cada período. Ora, como é cediço, nos termos do art. 23 do DL 37/665, para efeito de cálculo do imposto de importação incidente sobre mercadoria despachada para consumo, considerase ocorrido o fato gerador na data do registro da correspondente DI. Assim, ainda que se admita que a Secretaria de Comércio Exterior possuísse competência para conceder isenção, certamente a habilitação não preencheria a exigência do 5 Art. 23 Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo, considerase ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição aduaneira, da declaração a que se refere o artigo 44. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10814.005108/200591 Acórdão n.º 310201.165 S3C1T2 Fl. 5 9 dispositivo insculpido no art. 179 do CTN. Como se percebe, a habilitação ocorre uma única vez. Finalmente, mesmo se superada a exigência de manifestação prévia, equiparando a habilitação ao despacho da autoridade competente, não haveria como reconhecer a definitividade dessa manifestação. Cabe relembrar o que dizem o parágrafo 2º do art. 179 e o art. 155 do CTN: § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicandose, quando cabível, o disposto no artigo 155. Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrandose o crédito acrescido de juros de mora: Ou seja, ainda que se considerasse que a isenção teria sido previamente concedida, verificado que a recorrente deixara de atender um dos requisitos para a sua concessão, revogado estaria o benefício. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 11 de agosto de 2011 (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Fl. 9DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 8/10/2011 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
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Numero do processo: 13971.003934/2008-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2301-000.211
Decisão: Acordam os membros do colegiado I) Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do(a) Relator(a)
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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Acordam os membros do colegiado I) Por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do(a) Relator(a) Marcelo Oliveira Presidente. Bernadete de Oliveira Barros Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio De Souza Correa, Bernadete De Oliveira Barros, Damião Cordeiro De Moraes, Mauro Jose Silva, Leonardo Henrique Pires Lopes. Fl. 312DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 13971003934200823 Resolução n.º 2301000.211 S2C3T1 Fl. 2 2 RELATÓRIO Tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à contribuição da empresa e à destinada ao financiamento dos benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre a remuneração dos segurados a seu serviço. Conforme Relatório Fiscal (fls.64), o fato gerador da contribuição lançada é a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais a serviço da empresa, e não declaradas em GFIP. A autoridade autuante informa que os elementos de prova que motivaram a exclusão da autuada do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL constam dos processos de Representações Administrativas n°s 13971.0039761200864 e 13971.0039771200817, fls. 09 a 207 e 09 a 173, respectivamente e lista as empresas que, segundo entende, integram Grupo Econômico de fato, fundamentando a responsabilidade solidária no art. 124, 1 e 11, do CTN, e no art. 30, IX, da Lei 8.212/91. A recorrente impugnou o débito e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 0714.978, da 6a Turma da DRJ/FNS (fls. 154), julgou o lançamento procedente em parte, excluindo do débito, por decadência, os lançamentos efetuados até a competência 09/2003, e, por nulidade, os valores lançados nas competências 09/2005 a 02/2008 no levantamento RCI, tendo em vista a informação equivocada de código e, por conseqüência, o cálculo indevido de contribuições ao SAT e Terceiros incidentes sobre a remuneração de contribuintes individuais. Inconformada com a decisão, a autuada, apresentou recurso tempestivo (fls. 94), repetindo basicamente as alegações já apresentadas na impugnação. Inicialmente, reafirma que a exclusão do Simples foi contestada pela recorrente através de Impugnação contra o Atos Declaratórios Executivos 42 e 46/2008, protocolizados, tempestivamente, na Delegacia da Receita Federal em Blumenau/SC, estando, portanto, a sub judice, não sendo definitiva, dependendo de evento futuro e incerto para o fisco. Preliminarmente, reitera que a fiscalização fez incidir multa exacerbada de 150% sobre o Imposto de Renda que considerou devido, contrariando, dessa forma, o artigo 150, IV, da Constituição da República. Entende que a sanção tributária tem por finalidade dissuadir o possível devedor de eventual descumprimento da obrigação a que estiver sujeito, não podendo nunca ser utilizada como expediente ou técnica de arrecadação, como verdadeiro tributo disfarçado, e reafirma que a multa aplicada é inconstitucional, assim como a aplicação da taxa SELIC para fins tributários. Alega divergência entre Pareceres da COSIT referentes às improcedências dos reflexos de PIS e COFINS quando o regime de tributação no IRPJ foi o lucro arbitrado, Fl. 313DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 13971003934200823 Resolução n.º 2301000.211 S2C3T1 Fl. 3 3 entendendo que, por extensão e analogia, a CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, também improcede. Argumenta que, in casu, mantidas as tributações reflexas PIS, COFINS e CSLL, o Sr. Julgador deverá representar ao seu superior hierárquico, porque provocado um conflito de divergência. No mérito, insiste na necessidade de se comprovar o dolo de sonegação, alegando que o artigo 44, da Lei n° 9.430/96, ao recepcionar, no inciso II, o disposto nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, restringiu a aplicação da multa de 150% ao evidente intuito de fraude, possuíndo uma conotação mais ampla, "ação ou omissão dolosa...", o que é diferente de evidente intuito de fraude. Tenta demonstrar a ilegalidade da exclusão da empresa do SIMPLES e defende a observância do Princípio da Proporcionalidade na aplicação da penalidade pecuniária. Quanto à formação do Grupo Econômico, observa que, compulsandose a documentação que faz parte de todo o processo administrativo envolvendo as respectivas empresas, em nenhum momento conseguese comprovar a ação dolosa dos respectivos sócios, ou que os mesmos pudessem ter a intenção deliberada de formação de grupo econômico como pretende a fiscalização fazendária, bem como falta comprovação, por parte do fisco, quanto à formação de grupo econômico envolvendo a empresa recorrente e outras citadas no processo administrativo em comento. Sustenta a ocorrência da prescrição do direito de se cobrar o débito, argumentando que a Autoridade Fazendária dispõe de cinco anos para efetivar lançamento suplementar, caso discorde do montante declarado pelo contribuinte, ressaltando que tal episódio não se verificou em nenhum momento. É o relatório. Fl. 314DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 13971003934200823 Resolução n.º 2301000.211 S2C3T1 Fl. 4 4 VOTO Conselheira Bernadete De Oliveira Barros O recurso é tempestivo e todos os pressupostos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice ao seu conhecimento. Verificase, dos autos, que o débito lançado por meio do presente AI decorre da exclusão, da empresa, do SIMPLES e SIMPLES NACIONAL. A fiscalização informa, em seu relatório, que os motivos da exclusão da empresa do referido sistema de tributação constam dos processos 13971.0039761200864 e 13971.0039771200817. A empresa insiste em afirmar que a referida exclusão ainda é objeto de discussão na esfera administrativa. O Relator do Acórdão recorrido informa que a recorrente foi excluída de ofício do Simples Federal, conforme Ato Declaratório DRF/BNU n° 42/2008 (fl. 129), contra a qual a empresa apresentou manifestação de inconformidade intempestiva, conforme consta no processo 13977.003976/200864, tornandose definitiva a exclusão, e que, em relação ao Simples Nacional, também se constatou a sua exclusão deste sistema simplificado de tributação, conforme consulta aos dados informatizados da Receita Federal do Brasil. No entanto não consta, dos autos, informações acerca dos motivos da exclusão da empresa do SIMPLES e nem o teor das decisões prolatadas nos processos que discutem a citada exclusão. Entendo que, para a formação de convicção quanto à regularidade do feito, devem ser juntados, aos presentes autos, cópias das Representações Administrativas n°s 13971.0039761200864 e 13971.003977120 e do recurso apresentado pela empresa no processo que discute a sua exclusão do SIMPLES, bem como documentos que comprovem o trânsito em julgado da discussão, se houver, como, por exemplo, telas dos sistemas informatizados da Receita Federal. Caso não haja ainda o trânsito em julgado administrativo, entendo que os presentes autos devam ficar sobrestados até o trânsito em julgado administrativo dos citados processos. Cumpre observar, ainda, que não vislumbro a nulidade do AI pela ausência dos elementos acima citados, já que, tanto em suas peças impugnatórias quanto em seu recurso, a recorrente demonstra ter pleno conhecimento do que está lhe sendo imputado. Ou seja, a recorrente tem ciência de que o auto foi lavrado pela ausência de recolhimento de contribuições, parte patronal, incidentes sobre a remuneração paga aos segurados a seu serviço, tendo sido considerado, pela fiscalização, que a autuada foi excluída do sistema simplificado de tributação, SIMPLES. Fl. 315DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 13971003934200823 Resolução n.º 2301000.211 S2C3T1 Fl. 5 5 Registrese que em nenhum momento a autuada alega violação à ampla defesa ou ao contraditório. Portanto, não há que se falar em cerceamento de defesa, mas apenas em falta de elementos suficientes para a tomada da decisão por este Colegiado, o que pode ser sanado com a juntada da documentação solicitada. Dessa forma, em face da necessidade de todas essas informações, entendo que o processo deva ser baixado em diligência para que sejam juntados os documentos citados acima, necessários para revestir a decisão de plena convicção. Tal procedimento é imprescindível para o julgamento do processo, pois permite ao julgador aferir efetivamente se existe obrigação inadimplida E, ainda, para que não fique configurado o cerceamento do direito de defesa, que seja dada ciência ao sujeito passivo do resultado da diligência e aberto novo prazo para sua manifestação. Nesse sentido, VOTO por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. É como voto. BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS – Relator Fl. 316DF CARF MF Impresso em 18/06/2012 por APARECIDA DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 22 /05/2012 por BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, Assinado digitalmente em 08/06/2012 por MARCELO OLIVEIRA
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Numero do processo: 11080.005777/2006-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Ano-calendário: 2002, 2003
LANÇAMENTO. IRRF. PAGAMENTO SEM CAUSA.
O lançamento de ofício, conforme retrata o art. 142 do CTN, constitui ato administrativo vinculado, sendo ônus da Fazenda a comprovação da situação reputada ocorrida, a partir da qual subsume determinada situação à hipótese legal aplicada.
É condição indispensável à aplicação do art. 674 do RIR a comprovação da efetividade saída de recursos da empresa para pagamento de despesa a qual, efetivamente, não ocorreu. Isto é, de que os recursos tiveram destinatário distinto daquele apontado nos registros contábeis e documentos da contribuinte.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2002, 2003
DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO
Descabe qualquer pedido de diligência estando presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção, não podendo este servir para suprir a omissão do contribuinte na produção de provas que ele tinha a obrigação de trazer aos autos.
Numero da decisão: 2202-001.713
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, indeferir o pedido de diligência solicitada pela Recorrente e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga (Relatora), que negava provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Pandolfo. Fez sustentação oral, seu representante legal, Dr. Dalton Cesar Cordeiro de Miranda, inscrito na OAB/DF sob o nº. 11.853
Nome do relator: MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
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IRRF. PAGAMENTO SEM CAUSA. O lançamento de ofício, conforme retrata o art. 142 do CTN, constitui ato administrativo vinculado, sendo ônus da Fazenda a comprovação da situação reputada ocorrida, a partir da qual subsume determinada situação à hipótese legal aplicada. É condição indispensável à aplicação do art. 674 do RIR a comprovação da efetividade saída de recursos da empresa para pagamento de despesa a qual, efetivamente, não ocorreu. Isto é, de que os recursos tiveram destinatário distinto daquele apontado nos registros contábeis e documentos da contribuinte. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2002, 2003 DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO Descabe qualquer pedido de diligência estando presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção, não podendo este servir para suprir a omissão do contribuinte na produção de provas que ele tinha a obrigação de trazer aos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, indeferir o pedido de diligência solicitada pela Recorrente e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga (Relatora), que negava provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Pandolfo. Fez sustentação oral, seu representante legal, Dr. Dalton Cesar Cordeiro de Miranda, inscrito na OAB/DF sob o nº. 11.853. Fl. 551DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 2 2 (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga – Relatora Rafael Pandolfo – Redator Designado Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 552DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 3 3 Relatório Contra a contribuinte acima qualificada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 370 a 372, integrado pelos demonstrativos de fls. 364 a 369, pelo qual se exige a importância de R$2.678.063,62, a título de Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, acrescida de multa de ofício de 75% e juros de mora. DA AÇÃO FISCAL O procedimento fiscal encontra-se resumido no Relatório de Atividade Fiscal de fls. 342 a 352, no qual o autuante esclarece que: • por meio do Termo de Início, lavrado em 28/07/2005, a contribuinte foi intimada a apresentar Livro Razão e Diário, Livro Registro de Inventário, balancetes mensais e balanços patrimoniais, e documentação comprobatória de todos os lançamentos contábeis relativos às exportações efetuadas no período de janeiro/2002 a dezembro/2003. Em resposta, apresentou os livros solicitados em meio magnético, bem como documentos relativos às exportações; • em 13/09/2005, a fiscalizada foi intimada a esclarecer a natureza e a forma de contabilização das operações de aquisição e exportação de soja, especificamente aquelas que tiveram a participação das empresas Centúria S/A Indústria Comercial Agrícola e Cooperativa Agropecuária Norte Pioneiro Ltda – CANORP, apresentando os documentos comprobatórios da sua efetiva realização, tais como notas fiscais de entrada e saída, conhecimentos de transporte e comprovantes de pagamento e recebimento; • a fiscalizada, em 03/10/2005, apresentou as cópias das notas fiscais relativas às operações e descrição dos lançamentos contábeis, declarando que não possuía os conhecimentos de transporte solicitados, uma vez que o transporte era realizado pela vendedora dos produtos diretamente a exportadora. Informou, ainda, que os pagamentos eram efetuados por meio de depósitos bancários, dinheiro e títulos de crédito, especialmente duplicatas, sempre com lançamento contábil do valor pago pela mercadoria e do valor recebido; • as notas fiscais apresentadas indicam que a mercadoria foi comprada pela fiscalizada da CANORP e vendida, na mesma data, para Centúria, em cujos armazéns o farelo de soja estaria estocado, contudo, não foi comprovada a efetiva armazenagem e posterior exportação da mercadoria; • conforme informado pela própria contribuinte, o valor devido por ela à vendedora da soja (CANORP) era parcialmente quitado com o valor devido a ela pela compradora (Centúria); o restante, correspondente ao Fl. 553DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 4 4 valor do ICMS da operação de compra, era quitado, mediante transferências financeiras, na razão de 85% do saldo e, a diferença, transferida para a conta de contingências legais (passivo). • o saldo transferido para contingências tem natureza de uma receita pelo recebimento de um desconto, pois corresponde a um valor que deixou de ser pago pela fiscalizada ao seu fornecedor e, por conseguinte, deveria ter sido imediatamente oferecido à tributação e não transferido para o passivo; • analisando a operação como um todo, a fiscalização concluiu que o objetivo era gerar crédito de ICMS, mediante um pagamento, feito pela fiscalizada às empresas participantes, de parte daquele valor que corresponde justamente ao valor transferido para a conta de “provisões para contingências”. Esse é o único efeito no resultado da empresa fiscalizada, uma vez que a venda se dá por valor inferior ao da compra, correspondente ao custo, descontado o equivalente ao ICMS, conforme exemplo às fls. 346 e 347; • a contribuinte apresentou documentação objetivando comprovar operações de compra e venda de soja, sendo que sobre a receita da venda, sendo feita à comercial exportadora, não incidiriam a Contribuição para o PIS e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — COFINS, nos termos do art. 5o da Lei no 10.637, de 2002, art. 6o da Lei no 10.833, de 2003, respectivamente; • verificou-se que a empresa compradora, a Centúria, assim como a empresa vendedora, a CANORP, não possuem o Registro Especial exigido para que se caracterizem como Comercial Exportadora para fins de usufruto de benefícios fiscais nem constam na Relação de Empresas Comerciais Exportadora habilitadas na Secretaria de Comércio Exterior - SECEX; • ainda que fossem regulares as operações de compra e venda de soja, a contribuinte estaria em falta no que se refere às obrigações tributárias concernentes às referidas contribuições (PIS e COFINS); • além disso, em fiscalização procedida pelo fisco estadual nas empresas que negociaram com a contribuinte apurou-se que uma autuou como vendedora e outra como beneficiadora de operações fictícias de soja. Dessa forma, não comprovada a efetividade das transações de compra e venda de soja, os pagamentos efetuados à empresa CANORP foram considerados como pagamentos a terceiros, sem causa, ou sem comprovação da efetiva operação, sobre os quais incidem o Imposto de Renda Retido na Fonte à alíquota de 35%, nos termos do art. 674, do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99. Fl. 554DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 5 5 DA IMPUGNAÇÃO Inconformada, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 377 a 404, instruída com os documentos de fls. 407 a 488, cujo resumo se extraí da decisão recorrida (fls. 495 a 499): O contribuinte apresentou a impugnação de fls. 377/404 alegando, em síntese, o seguinte: 11. De acordo com o Anuário Expressão de Exportações a Canorp foi a maior exportadora do setor de cooperativa (doc. 6 — fls.455/464), da qual adquiriu farelo de soja para a consecução de seus objetivos sociais. A compra de farelo de soja junto à Canorp foi efetuada por orientação de uma outra empresa, denominada Centúria S/A, que era sua devedora relativamente a créditos de IPI, cuja cessão havia sido prometida e paga (doc. 7 — fls. 465/468), porém não efetivada em razão da posterior publicação da Instrução Normativa da Receita Federal n° 041, de 2000, vedando a compensação de débitos, relativos a impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, com créditos de terceiros. 12. Como era credora de valores pagos à Centúria, esta se comprometeu a exportar farelo de soja que viesse a ser adquirido da Canorp, de tal forma que os saldos credores de ICMS da operação fossem utilizados para pagamento de seus saldos devedores decorrentes de suas operações internas. 13. Assim, por meio do Instrumento Particular de Confissão de Dívida firmado em 05 de janeiro de 2001 (doc. 8 — fls. 469/496), a Canorp obrigou-se a lhe vender os produtos que seriam posteriormente revendidos para a Centúria com fins de exportação. Nesse mesmo instrumento a Centúria se obrigou a adquirir e a exportar tais produtos e quitar inclusive os valores devidos para a Canorp, de tal forma que ao fim da operação lhe fosse garantido resultado positivo na forma de aproveitamento de saldo credor de ICMS. 14. Baseados nesse compromisso, a operação passou a ser realizada tendo a Centúria assumido todo o custo junto à Canorp até que seu débito fosse esgotado. A partir de janeiro de 2002, uma vez quitado o débito da Centúria, as partes deram seqüência à operação, porém passou a fazer pagamentos à Canorp, correspondente a 85% do valor do ICMS que aproveitaria, ficando a Centúria obrigada a quitar o restante do débito referente a aquisição do farelo de soja junto à Canorp. Isso porque a Centúria e Canorp se apresentaram como empresas relacionadas, sendo que a Centúria não só era depositária do farelo de soja que lhe era vendido pela Canorp, mas também a adquirente, para fins de exportação, de farelo de soja proveniente da Canorp. 15. Em outubro de 2003 suspendeu essas operações, pois não recebeu da Centúria os documentos relativos à exportação do farelo de soja. No mesmo mês, foi procurada e autuada pela fiscalização da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo com base na presunção de inexistência da soja adquirida e, por conseqüência, inexistência dos créditos de ICMS apropriados. Lançamento em meras presunções, que não foram até agora comprovadas. 16. Por sua vez, a Receita Federal, sem desenvolver qualquer prova quanto a existência ou não do farelo de soja adquirido junto à Canorp, acabou por presumir a inexistência do produto, lavrando o auto de infração com base no art. 674 do Regulamento do Imposto de Renda, calculando o IRRF sobre os valores pagos à Canorp em complementação àqueles quitados pela Centúria junto à Canorp. Fl. 555DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 6 6 17. Todos os pagamentos foram realizados com a absoluta identificação do beneficiário, no caso a Canorp, mediante depósito na conta bancária da mesma, e após a apresentação das notas fiscais contendo os elementos identificadores da operação e das partes envolvidas, tais como razão social, endereço, CNPJ, descrição da mercadoria, local onde se encontrava depositada, etc. 18. Uma vez que o beneficiário do pagamento encontra-se perfeitamente identificado, não só nos comprovantes de pagamento, mas também nos documentos que deram suporte a operação, o Fisco não só poderia, como deveria certificar-se do oferecimento desses valores à incidência do IRPJ pela Canorp, ao menos circularizando-a para verificar das alegações e pagamentos efetuados. 19. Da mesma forma que foi identificado o beneficiário dos pagamentos, as operações e respectivas causas que deram origem a esses pagamentos também foram esclarecidos à autoridade lançadora, que recebeu a documentação que lhe dá suporte, consistente em notas fiscais, que atendem todos os requisitos de validade previstos em lei, sendo documentos absolutamente idôneos, tanto é que em nenhum momento foi questionado nos autos. 20. A Canorp é empresa que atua até hoje, fortemente, no setor de compra e venda de grãos, tendo sido inclusive uma das maiores exportadoras do setor, conforme demonstrado. A documentação por ela apresentada atende os requisitos prescritos em lei. O estabelecimento da Centúria, que lhe foi apresentado como sendo o local onde se encontrava depositado o farelo de soja, demonstra claramente a razoabilidade do afirmado nas notas fiscais e confirma o porte e a então boa reputação das empresas envolvidas na operação. Assim, como resumir que a operação de compra de farelo de soja não teria ocorrido? Onde estariam as provas concretas de que não adquiriu o farelo de soja da Canorp? 21. O fato de a Centúria não apresentar registro de trading company e que não teria, portanto, processado a exportação do produto que lhe foi vendido, não tem o condão de gerar qualquer presunção quanto à inocorrência da compra daquele farelo de soja junto à Canorp. Lá se fala em exportação, aqui se perquire a aquisição do farelo de soja que gerou os pagamentos base de incidência do IRRF. 22. A questão da exportação diz respeito única e exclusivamente respeito ao PIS e Cofins incidentes nessas operações, que foram realizados com a Centúria e que nada tem com os pagamentos realizados com a Canorp, sendo circunstância totalmente irrelevante na espécie e só eventualmente interessaria para a cobrança dessas contribuições. 23. Para que as operações de compra e venda de farelo de soja com a Canorp não tivessem de fato ocorrido deveria ter havido simulação na espécie. Ou seja, as partes deveriam dolosa, intencionalmente, não ter desejado a negociação do farelo de soja, declarando inverdades. Acontece que no auto de infração não existe absolutamente, nem de perto, qualquer prova ou indicio de que as partes não desejaram a realização da compra e venda do farelo de soja. Diga-se mais, a autoridade lançadora sequer se preocupou ou muito menos investigou tal hipótese. A investigação do Fisco Estadual, citado no auto de infração, apenas conclui quanto a infrações cometidas pela Centúria e pela Canorp. Não há sequer uma palavra ou, muito menos, prova de que tenha concorrido para a prática de atos fraudulentos, dolosos ou simulações. 24. A fiscalização confunde a causa dos pagamentos com o motivo determinante do negócio celebrado. A causa dos pagamentos é a obrigação assumida junto à Canorp como contraprestação ao seu direito de receber farelo de soja, ou Fl. 556DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 7 7 como se preferir, como contraprestação à obrigação da Canorp de lhe transferir o farelo de soja objeto da compra e venda descrito nas notas fiscais. 25. Já os motivos, ou seja, aquele interesse subjetivo de ordem econômica, social, ou moral, que conduzem o agente a praticar um determinado ato e que, na espécie, o levaram a adquirir farelo de soja da Canorp podem bem ter sido os créditos de ICMS que a operação proporcionaria. É um fato que lhe beneficiaria e por isso lhe motivou a realização da operação, como a própria autoridade lançadora afirmou. 26. Não há nos autos prova de que as operações de compra e venda de farelo de soja não ocorreram e de que as notas fiscais apresentadas, documentos idôneos, sem qualquer rasura ou inconformidade com a lei e emitidos por empresa idônea, não refletem a ocorrência das operações. Também, não há prova de que os pagamentos efetuados não tem como causa a obrigação de pagar a Canorp pelas vendas que esta lhe fez. A autoridade lançadora em nenhum momento perguntou à Canorp se ela se considerava credora dos valores que lhe foram pagos. 27. Também, não há nos autos prova de que o farelo de soja não se encontrava efetivamente nos depósitos da Centúria e que a BL conhecia este fato. Se de fato o farelo de soja não existia e a Canorp e a Centúria vierem a ser declaradas inidôneas, o que desconhece até o presente momento e com o que não se preocupou a autoridade lançadora em fazer prova, tal circunstância apenas denota que a BL foi mais uma vítima de uma ação fraudulenta daquelas empresas. Tal fato, entretanto, jamais terá condão de alterar a ocorrência das operações de compra e venda do farelo de soja ou a causa dos pagamentos realizados, conforme se depreende da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 28. Para que a autoridade lançadora chegasse a conclusão de que os pagamentos feitos à Canorp não tiveram como causa a compra de farelo de soja descrito nas notas fiscais apresentadas, deveria ter produzido prova inequívoca da ocorrência da simulação e não se agarrado a simples presunção, conforme esclarece a jurisprudência do Conselho de Contribuintes. 29. Dos fatos expostos, verifica-se que não ocorreu o suporte fático necessário à aplicação do disposto no art. 674, §1o, do RIR, e art. 61, §1o, da Lei no 8.981, de 1995, sendo que a exigência do IRRF sobre os pagamentos à Canorp não se configura tributação da renda e assim afronta o disposto no art. 43 do CTN. 30. Além disso, a presunção adotada pela autoridade lançadora afronta o art. 112 do CTN e o art. 9o do Decreto n° 70.235, de 1972. Por último, requer o cancelamento do auto de infração e protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito. Requer, também, que o Fisco apresente todas as operações realizadas pela Centúria que estejam registradas no Siscomex, de sorte a comprovar que a Centúria é uma empresa comercial exportadora. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Apreciando a impugnação apresentada, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Santa Maria (RS) manteve integralmente o lançamento, proferindo o Acórdão no 18-11.468 (fls. 492 a 501), de 22/10/2009, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Fl. 557DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 8 8 Ano-calendário: 2002, 2003 TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA. PAGAMENTO SEM CAUSA OU OPERAÇÃO NÃO COMPROVADA Fica sujeito à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo o pagamento efetuado por pessoa jurídica cuja operação ou a sua causa não for devidamente comprovada. DO RECURSO Cientificada do Acórdão de primeira instância, em 08/02/2010 (vide AR de fl. 505), a contribuinte apresentou, em 05/03/2010, tempestivamente, o recurso de fls. 506 a 526, no qual, após breve relato dos fatos, reitera os termos de sua impugnação e aduz os argumentos a seguir sintetizados: 1. A recorrente defende que a legalidade da tributação depende da verificação da verdade material acerca dos elementos da obrigação tributária e, portanto, o fisco não poderia furtar-se do dever de averiguar se o tributo ora cobrado da Recorrente, a título de retenção na fonte, não havia sido recolhido pelo verdadeiro contribuinte, a CANORP. Entende, assim, que caberia apenas a cobrança de multa de ofício e os juros de mora isolados, calculados desde a data prevista para recolhimento do imposto que deveria ter sido retido até a data do encerramento do período de apuração. 2. Argumenta que a retenção na fonte do imposto de renda realizada sobre pagamentos para contribuintes identificados deve sempre ser vista como uma antecipação do imposto, sob pena de se desvirtuar a hipótese de incidência do próprio imposto de renda, aplicando-se, no caso, o Parecer Normativo no 1, de 2002. Acrescenta que qualquer entendimento em sentido contrário, violaria a hipótese de incidência determinada constitucionalmente para o Imposto de Renda. 3. Sustenta que realizar pagamento não é hipótese de incidência do Imposto sobre a Renda, uma vez que não traduz acréscimo patrimonial, ao contrário, representa decréscimo patrimonial e, portanto, se algum valor é devido em relação aos pagamentos realizados pela recorrente à CANORP, deve ser exigido desta última. 4. Discorda do entendimento da decisão recorrida no sentido de que a fiscalização não tem que provar que as operações não ocorreram, mas o contribuinte é que de provar que elas ocorreram. Entende que, diante dos documentos apresentados as operações estariam comprovadas e, portanto, o ônus da prova é do fisco, não podendo tais provas serem suprimidas por simples presunção. 5. Discorre sobre o ônus da prova em item específico, afirmando que a lei determina a necessidade do ato jurídico administrativo ser devidamente fundamentado, devendo o fisco oferecer prova conclusiva de que o evento ocorreu na estrita conformidade da previsão genérica da hipótese normativa, o que não foi respeitado no presente processo, baseando o lançamento unicamente na presunção de que os pagamentos realizados pela recorrente não tiveram causa. 6. Ainda que as empresas Centúria e CANORP tenham sido objeto de fiscalização e autuação por parte do Fisco do Estado de São Paulo, o que se admite apenas para fins de Fl. 558DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 9 9 argumentação, não se pode admitir a simples alegação da fiscalização como prova nesse sentido, uma vez que sequer foram juntadas cópias das supostas autuações, violando o princípio do contraditório e da ampla defesa. 7. Repisa que não existe prova no sentido de que os pagamentos efetuados pela Recorrente em favor da CANORP não fossem referentes à compra do farelo soja, ao contrário, existe prova documental (contratos, notas fiscais e, inclusive, fotos do estabelecimento industrial da empresa em questão) que dá suporte à causa dos referidos pagamentos. 8. Invoca o art. 131 do Código de Processo Civil Brasileiro, para lembrar que, ainda que o julgador seja livre para decidir de acordo com a sua convicção, deve julgar com base nas provas que estão nos autos, não podendo basear-se unicamente na presunção de legitimidade do Auto de Infração e taxar as provas da recorrente de “frágeis”. 9. Alega que a compra do farelo de soja foi a causa dos pagamentos realizados pela recorrente em favor da CANORP e se houve ou não posterior exportação por parte da Centúria, tal fato não afeta a causa dos referidos pagamentos, razão pela qual não se aplicaria art. 61, §1o, da Lei no 8.981, de 1995 (reproduzido no art. 674, §1o, do RIR/99). 10. Por fim, caso se mantenha a exigência do imposto lançado, seria impossível aplicar a multa de oficio de 75% conforme realizado pelo Auto de Infração, pois isso representa um bis in idem inadmissível. DA DISTRIBUIÇÃO Processo que compôs o Lote no 02, distribuído para esta Conselheira na sessão pública da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de 24/10/2011, veio numerado até à fl. 531 (última folha digitalizada)1. 1 Não foi encaminhado o processo físico a esta Conselheira. Recebido apenas o arquivo digital. Fl. 559DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 10 10 Voto Vencido Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Pagamento sem causa A questão central que motivou o lançamento, e que deve ser aqui enfatizada, foi a falta de comprovação das transações de compra e venda de soja realizadas pela contribuinte dando origem a exigência do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre os pagamentos efetuados à empresa CANORP, considerados como pagamentos a terceiros, sem causa, nos termos do art. 674, do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99, cuja matriz legal é o art. 61 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995: Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. §1o A incidência prevista no caput aplica-se, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2o , do art. 74 da Lei no 8.383, de 1991. §2o Considera-se vencido o Imposto de Renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. §3o O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. O dispositivo acima transcrito prevê a incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte em três hipóteses distintas: (a) pagamentos efetuados a beneficiários não identificados, quando a pessoa jurídica, regularmente intimada, não identifica a quem os recursos foram pagos; (b) pagamentos sem causa, quando a pessoa jurídica não comprova a efetividade da operação relacionada ao pagamento; (c) concessão de benefícios indiretos, na situação prevista no art. 74, §2o, da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Nas duas primeiras situações, deve o fisco comprovar a ocorrência do pagamento, uma vez que o fato gerador decorre justamente pela percepção desses valores pelos beneficiários, o que pode ser feito por meio dos registros na contabilidade da própria empresa. Na hipótese “c”, compete ao fisco provar os benefícios indiretos recebidos. Trata de tributação exclusiva na fonte, em que a pessoa jurídica que realizou o pagamento irregular é o sujeito passivo da obrigação tributária. Fl. 560DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 11 11 No caso dos autos, o beneficiário do pagamento foi identificado (empresa CANORP), porém a contribuinte não comprovou a efetividade da operação registrada em sua contabilidade que teria dado causa ao referido pagamento. Dessa forma, os argumentos da recorrente no sentido de que caberia ao fisco averiguar se o tributo devido a título de retenção na fonte não foi recolhido pelo beneficiário e, portanto, seria exigível apenas a multa de ofício e os juros de mora isolados, aplicando-se, no caso, o Parecer Normativo no 1, de 2002, não procede. Isto porque não se trata de retenção de imposto devido a título de antecipação, mas de tributação exclusiva na fonte em que não cabe exigir do beneficiário do rendimento qualquer tributo, sendo a fonte pagadora o sujeito passivo da obrigação tributária na qualidade de responsável (art. 121, parágrafo único, inciso II, do Código Tributário Nacional – CTN). O que está em discussão no presente processo é a efetividade das operações de compra e venda de soja registradas na contabilidade da contribuinte. Não obstante alegue a contribuinte que caberia ao fisco provar que as operações de compra e venda não ocorreram, o art. 61 da Lei no 8.981, de 1995, anteriormente transcrito, autoriza a tributação exclusivamente na fonte no caso de “pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa”, ou seja, o ônus da prova é sem dúvida da contribuinte, resumindo-se a lide à valoração das provas apresentadas pelas partes. A contribuinte defende que os contratos, as notas fiscais e, inclusive, as fotos do estabelecimento industrial da empresa em questão seriam suficientes para dar suporte aos pagamentos questionados. Como bem observou a fiscalização, as notas fiscais apresentadas pela contribuinte indicam que a compra e a venda ocorriam na mesma data e que as operações eram sempre realizadas com prejuízo, ou seja o valor de venda inferior ao da compra. A diferença entre esses valores equivale ao ICMS, conforme exemplificado no Relatório de Atividade Fiscal (fls. 346 e 347). A recorrente procura justificar a inusitada operação alegando que a compra de farelo de soja junto à CANORP foi efetuada por orientação da empresa Centúria, que era sua devedora relativamente a créditos de IPI, cuja cessão havia sido prometida e paga, conforme documento de fls. 465 a 468, porém não efetivada em razão de alteração da legislação que passou a vedar a compensação de débitos com créditos de terceiros. Assim, por meio do Instrumento Particular de Confissão de Dívida de fls. 469 a 496, firmado em 05/01/2001, a CANORP obrigou-se vender à contribuinte os produtos que seriam posteriormente revendidos para a Centúria com fins de exportação. No mesmo instrumento, a Centúria se obrigou a adquirir e a exportar tais produtos e quitar inclusive os valores devidos para a CANORP, de tal forma que ao fim da operação lhe fosse garantido resultado positivo na forma de aproveitamento de saldo credor de ICMS. Como informado pela própria contribuinte à fiscalização, o valor devido por ela à vendedora da soja (CANORP) era parcialmente quitado com o valor devido a ela pela compradora (Centúria); o restante, correspondente ao valor do ICMS da operação de compra, era quitado, mediante transferências financeiras, na razão de 85% do saldo e, a diferença, transferida para a conta de contingências legais (passivo). O autuante concluiu, o que não foi contestado pela defesa, que o objetivo era gerar crédito de ICMS, mediante um pagamento Fl. 561DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 12 12 feito pela fiscalizada de parte daquele valor e que a diferença entre o crédito do ICMS e valor pago era transferido para a conta de “provisões para contingências”. Sem que se entre no mérito da legalidade das transações efetuadas pela contribuinte, verdade é que não se está diante de uma compra e venda usual, fato este inconteste. Nesse contexto, a apresentação das notas fiscais, por si só, diante dos questionamentos feitos pela fiscalização, não é suficiente para comprovar a efetividade da compra e venda de farelo de soja. Regularmente intimada, a contribuinte não apresentou qualquer documento que comprovasse a existência física da mercadoria (conhecimento de carga, comprovante de estocagem etc) e sua posterior exportação. Adicionalmente, verificou-se que a empresa compradora, a Centúria, assim como a empresa vendedora, a CANORP, não possuem o Registro Especial exigido para que se caracterizem como Comercial Exportadora para fins de usufruto de benefícios fiscais nem constam na Relação de Empresas Comerciais Exportadora habilitadas na Secretaria de Comércio Exterior — SECEX. Além disso, há notícia dos autos de que o fisco estadual teria apurado que as empresas CANORP e Centúria autuavam como vendedora e beneficiadora de operações fictícias de soja. Pelos fatos acima relatados, entendo que as provas carreadas aos autos pela contribuinte não foram suficientes para comprovar a efetividade das operações que teriam dado suporte aos pagamentos efetuados à CANORP, ficando caracterizado o fato gerador do IRRF nos termos do art. 61 da Lei no 8.981, de 1995. Multa de ofício A recorrente alega que a exigência do imposto seria incompatível com a aplicação conjunta a multa de ofício de 75% conforme realizado pelo auto de infração, pois isso representa um bis in idem inadmissível. Em se tratando de falta de pagamento ou recolhimento de tributo, apurada em procedimento de ofício, a autoridade lançadora deve aplicar a multa de lançamento de ofício, prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não podendo deixar de aplicá- la ou reduzir seu percentual ao seu livre arbítrio. No presente Auto de Infração (fls. 370 a 372), observa-se que foi lançado o Imposto de Renda Retido na Fonte, acompanhado da multa de ofício vinculada de 75% e dos juros de mora, conforme previsto na legislação de regência, não havendo reparos a fazer. Destarte, mantém a multa de ofício de 75%. Produção de provas Por fim, quanto ao pedido genérico de produção de provas, assim, como para que o fisco apresente todas as operações realizadas pela Centúria que estejam registradas no Siscomex, convém ressaltar que teve a contribuinte a oportunidade de apresentar todas as provas que entendessem necessárias durante a ação fiscal, bem como quando da interposição da impugnação. Fl. 562DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 13 13 Cabe lembrar que o deferimento da juntada de prova posterior à fase impugnatória, nos termos do § 4o do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, depende de ficar demonstrada uma das circunstâncias estabelecidas no referido dispositivo: (a) impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (b) referir-se a fato ou a direito superveniente; ou (c) destinar-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Assim, pedido de juntada de novos elementos de provas aos autos não pode ser concedido de forma genérica, devendo ser avaliado quando da situação em concreto. Da mesma forma, embora a autoridade julgadora possa determinar todas as diligências que julgar necessárias para formar a sua convicção, conduto, descabe qualquer pedido de diligência para suprir a omissão da contribuinte na produção de provas que ela tinha a obrigação de trazer aos autos, como no caso que aqui se tem. Destarte, rejeita-se o pedido genérico de produção de provas e a diligência solicitada. Conclusão Diante do exposto, voto por INDEFERIR a diligência solicitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Fl. 563DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 14 14 Voto Vencedor Peço licença para divergir do respeitável voto proferido pela culta Conselheira Relatora. Não obstante a acurada análise nele contida, entendo que o deslinde do caso deve partir de premissas jurídicas distintas, abaixo referidas. O lançamento realizado teve esteio no art. 674, do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99 (art. 61 da Lei no 8.981/95) abaixo transcrito: Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. §1o A incidência prevista no caput aplica-se, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2o , do art. 74 da Lei no 8.383, de 1991. §2o Considera-se vencido o Imposto de Renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. §3o O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. Segundo a Fiscalização (fl.346), “a análise, como um todo, das operações avençadas entre a recorrente, a Cooperativa (Carnop) e a empresa Centúria, revela que a aquisição (e posterior venda) de soja não teve outro objetivo que o de gerar crédito de ICMS para a recorrente”. Desse modo, valendo-se das conclusões alinhadas pela Fiscalização Estadual, que glosou os créditos de ICMS (fls. 349-350), a autoridade lançadora concluiu que as operações eram apenas escriturais. Assim, não estando comprovada a efetiva transferência de soja, os pagamentos realizados pela recorrente à Carnop deveriam ser enquadrados como pagamentos sem causa, sujeitos à incidência da alíquota de 35%, prevista no art. 674 do RIR. Penso que a desconsideração das operações realizadas entre a recorrente, Carnop e Centúria, para fins de acumulação de créditos de ICMS, não autoriza a conclusão, via presunção, de que os pagamentos realizados pela recorrente à Carnop não existiram. Se realizados com a finalidade adquirir e vender soja, ou acumular créditos de ICMS, pouco importa. Essa constatação, aliás, revela que os pagamentos não foram desprovidos de causa. Talvez os efeitos, no âmbito da legislação estadual, dos pagamentos realizados pela recorrente, tenham sido desconsiderados pela Fiscalização Estadual, o que é outro problema. Remanesce, entretanto, incólume a segunda causa, retratada ao longo do presente procedimento administrativo, qual seja: pagamentos realizados tendo como causa a acumulação de créditos de ICMS. O lançamento de ofício, conforme retrata o art. 142 do CTN, constitui ato administrativo vinculado, sendo ônus da Fazenda a comprovação da situação reputada ocorrida, a partir da qual subsume determinada situação à hipótese legal aplicada. A respeito do Fl. 564DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 15 15 tema não seria demasiado reproduzir a lição proferida pelo Prof. Paulo de Barros Carvalho, a seguir transcrita: “Com a evolução da doutrina, nos dias de hoje, não se acredita mais na inversão da prova por força da presunção de legitimidade dos atos administrativos e tampouco se pensa que esse atributo exonera a administração de provar as ocorrências que se afirma terem existido. Na própria configuração oficial do lançamento, a lei institui a necessidade de que o ato jurídico administrativo seja devidamente fundamentado, o que significa dizer que o fisco tem que oferecer prova concludente de que o evento ocorreu na estrita conformidade da previsão genérica da hipótese normativa. Seguindo adiante, vindo o sujeito passivo a contestar a fundamentação do ato aplicativo lavrado pelo Fisco, o ônus de exibir a improcedência dessa iniciativa impugnatória volta a ser, novamente, da Fazenda, a quem quadrará provar o descabimento jurídico da impugnação, fazendo remanescer a exigência. Vê-se, no fundo, que é função precípua do Estado- Administração, empregar a linguagem jurídica competente nos atos de gestão tributária. O pressuposto de fato da incidência há que ser relatado de maneira transparente e cristalina, revestido com os meios de prova admitidos nesse ramo do direito.” (A Prova do Procedimento Administrativo Tributário, RDDT, nº 34, pp.105 a 116). O lançamento fiscal deve basear-se em prova concreta e não em simples indícios. Como bem salientou Luiz Eduardo Schoueri: “A razão porque não cabe o emprego de presunções simples em lugar das provas é imediata: estando o sistema tributário brasileiro submetido à rigidez do princípio da legalidade, a subsunção dos fatos à hipótese de incidência tributária é mandatória para que se dê o nascimento da obrigação do contribuinte. Admitir que mero raciocínio de probabilidade por parte do aplicador da lei substitua a prova é conceber a possibilidade - ainda que remota diante da altíssima probabilidade que motivou a ação fiscal - de que se possa exigir um tributo sem que necessariamente tenha ocorrido o fato gerador"2 No caso em tela, em que se discute a existência de pagamento sem causa, entendo que o lançamento deveria ter comprovado o não recebimento dos valores pela Carnop, uma vez que a documentação acostada pela recorrente comprova sua efetivação. Na realidade, o auto de infração se valeu do caminho já trilhado pela fiscalização estadual, cujos fundamentos e constatações, dotados de foco e fundamento normativo distintos, não infirmam a ocorrência do pagamento, que remanesce hígido mesmo que sua conseqüência, perante a legislação estadual (acumulação de créditos de ICMS), tenha sido afastada. Enfim, o pagamento contabilmente registrado não foi desconstituído pela peça fiscal, visto que não há comprovação de que seu ingresso no patrimônio do destinatário deixou de ocorrer. Esse requisito constitui fundamento de validade à correta aplicação do preceito contido no art. 674 do RIR, como bem apontado pela 4ª Câmara do Primeiro Conselho 2 "Presunção Simples e Indícios no Processo Administrativo Fiscal", in Processo Administrativo Fiscal, 2º volume, Ed. Dialética, pp. 81-88. Fl. 565DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 16 16 de Contribuintes (processo 10805.000658/2006-11, acórdão 104-22.364), em caso semelhante ao ora julgado: São condições indispensáveis para a aplicação desse dispositivo a comprovação da efetividade saída de recursos da empresa para pagamento de despesa a qual, efetivamente, não ocorreu. Isto é, de que os recursos tiveram destinação incerta ou diversa daquela apontada nos registros contábeis e documentos da contribuinte. Diante do exposto, voto para que seja dado PROVIMENTO ao recurso voluntário interposto pela recorrente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 566DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO
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Numero do processo: 16327.000013/2006-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1997, 2000, 2001, 2002
PIS E COFINS. APURAÇÃO MENSAL. PRAZO DECADENCIAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 8 RECONHECENDO A INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI Nº 8.212, DE 1991. RECURSO DE OFÍCIO NEGADO.
A decisão do Supremo Tribunal Federal e a edição de Súmula Vinculante nº 8, reconhecendo que são inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212, de 1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário, têm efeito vinculante em relação à Administração Pública direta e indireta.
Reconhecida a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212, de 1991, e versando a exigência do lançamento sobre fatos geradores ocorridos em 1997, com notificação do lançamento somente em 2005, correta da decisão a quo que reconheceu a decadência correspondente ao ano-calendário de 1997, por já ter decorrido, quando do lançamento, prazo superior a 05 (cinco) anos.
Recurso de ofício negado.
IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. PASSIVO COM CONTRATOS DE MÚTUO E COM T-BILLS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO. EXAME DA PROVA NO CASO CONCRETO.
A autoridade fiscal lavrou auto de infração exigindo IRPJ, CSLL, PIS e Cofins em relação aos valores correspondentes aos contratos de mútuo e transações com T-bills, partindo da premissa de que se tratavam de lucros, do caixa 2, que anteriormente tinham sido enviados ao exterior. Foi por esta razão que considerou a integralidade de tais valores como lucro e não como receita. Contudo, da análise da prova, incluindo a data de constituição da empresa, os locais de funcionamento da autuada, o número de funcionários, os bens do ativo, as despesas contabilizadas, a forma de pagamento destas, a movimentação financeira contida nos extratos bancários, bem como os detalhes envolvendo as subseqüentes vendas dos T-Bills, com prova material o crédito de tais valores em conta bancária da recorrente, sem que exista qualquer elemento de prova de que, em algum momento do passado, pudesse indicar atividade operacional capaz de gerar tamanha grandeza de receita e de lucro, levando ainda em consideração os contratos e demais provas carreadas aos autos pela recorrente, a conclusão a que chego é que a premissa da qual partiu a autoridade fiscal não se sustenta, decorrendo de tal fato, e das demais questões analisadas no voto, a insubsistência do lançamento, tornando-se desnecessário a análise dos demais pontos articulados no recurso voluntário.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 1402-001.274
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria, dar provimento ao recurso voluntário para cancelar o lançamento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto, que negavam provimento ao recurso. Os Conselheiros Antônio José Praga de Souza, que apresenta declaração de voto, Carlos Pelá e Frederico Augusto Gomes de Alencar acompanharam o Relator pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Moisés Giacomelli Nunes da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
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TURMA DA DRJ EM CAMPINAS SP ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1997, 2000, 2001, 2002 PIS E COFINS. APURAÇÃO MENSAL. PRAZO DECADENCIAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 8 RECONHECENDO A INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI Nº 8.212, DE 1991. RECURSO DE OFÍCIO NEGADO. A decisão do Supremo Tribunal Federal e a edição de Súmula Vinculante nº 8, reconhecendo que são inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212, de 1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário, têm efeito vinculante em relação à Administração Pública direta e indireta. Reconhecida a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212, de 1991, e versando a exigência do lançamento sobre fatos geradores ocorridos em 1997, com notificação do lançamento somente em 2005, correta da decisão “a quo” que reconheceu a decadência correspondente ao ano calendário de 1997, por já ter decorrido, quando do lançamento, prazo superior a 05 (cinco) anos. Recurso de ofício negado. IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. PASSIVO COM CONTRATOS DE MÚTUO E COM TBILL’S. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO. EXAME DA PROVA NO CASO CONCRETO. A autoridade fiscal lavrou auto de infração exigindo IRPJ, CSLL, PIS e Cofins em relação aos valores correspondentes aos contratos de mútuo e transações com Tbill’s, partindo da premissa de que se tratavam de lucros, do caixa 2, que anteriormente tinham sido enviados ao exterior. Foi por esta razão que considerou a integralidade de tais valores como lucro e não como receita. Contudo, da análise da prova, incluindo a data de constituição da empresa, os locais de funcionamento da autuada, o número de funcionários, os bens do ativo, as despesas contabilizadas, a forma de pagamento destas, a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 00 13 /2 00 6- 30 Fl. 3554DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 2 movimentação financeira contida nos extratos bancários, bem como os detalhes envolvendo as subseqüentes vendas dos TBill’s, com prova material o crédito de tais valores em conta bancária da recorrente, sem que exista qualquer elemento de prova de que, em algum momento do passado, pudesse indicar atividade operacional capaz de gerar tamanha grandeza de receita e de lucro, levando ainda em consideração os contratos e demais provas carreadas aos autos pela recorrente, a conclusão a que chego é que a premissa da qual partiu a autoridade fiscal não se sustenta, decorrendo de tal fato, e das demais questões analisadas no voto, a insubsistência do lançamento, tornandose desnecessário a análise dos demais pontos articulados no recurso voluntário. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria, dar provimento ao recurso voluntário para cancelar o lançamento, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto, que negavam provimento ao recurso. Os Conselheiros Antônio José Praga de Souza, que apresenta declaração de voto, Carlos Pelá e Frederico Augusto Gomes de Alencar acompanharam o Relator pelas conclusões. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 3555DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 3 Relatório Conforme auto de infração notificado ao sujeito passivo em 29122005, tratase de omissão de receita indicando como infração a manutenção, no passivo, de obrigação já paga e/ou incomprovada, conforme termo de verificação fiscal, com fatos geradores do IRPJ e da CSLL ocorridos nas seguintes datas e bases de cálculo (fl. 2.184 e 2.197): Fato gerador Valor Tributável multa 31122000 24.710.465,77 225% 31122001 26.557.377,75 225% 31122002 4.138.390,00 225% Além da tributação relativa ao IRPJ e à CSLL, os valores acima referidos ensejaram a exigência de CSLL (fl. 2.197); PIS (fl. 1.187), Cofins (fl. 2.191) e IOF (fl. 2.213). Em síntese, o auto de infração, no que diz respeito aos períodos de apuração acima indicados, veicula a cobrança de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL), Contribuição ao PIS/PASEP (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), nos seguintes montantes: tributo valor juros multa valor apurado fls. IRPJ 13.779.560,37 10.264.337,16 31.004.010,82 55.047.908,35 2.182 PIS 360.140,55 268.144,45 810.316,22 1.438.601,22 2.187 Cofins 1.662.187,24 1.237.589,88 3.739.921,28 6.639.698,40 2.191 CSLL 4.739.457,07 3.503.076,66 10.663.778,39 18.906.312,12 2.197 IOF 13.851.562,87 11.484.142,30 31.166,016,31 56.501.721,48 2.213 Quanto à Cofins e ao PIS, além da exigência feita em relação períodos anteriormente apontados, há lançamento em relação ao ano 1997, nos seguintes valores: Tributo valor juros multa valor apurado fls. Cofins 984.527,09 1.560.074,92 2.215.185,94 4.759.787,95 2.223 PIS 319.971,28 507.024,29 718.782,86 1.545.778,43 2.231 O Termo de Constatação e Verificação Fiscal consta a partir da fl. 2.123, e foi integralmente transcrito no relatório do acórdão recorrido. Contudo, sem deixar de registrar informações relevantes, transcrevoo suprimindo alguns parágrafos relacionados ao número de funcionários, empresas no exterior, subsidiárias, faturamento e empréstimos, pois, se pertinentes ao julgamento, analisarei tais questões quando do voto. Em assim sendo, do Termo de Verificação Fiscal transcrevo o quanto segue: Dado que a empresa, na condição de holding, repassava os recursos supostamente tomados como empréstimo para suas subsidiárias, foram abertos, em 17/06/04, MPFs para sua subsidiária Mcomcast e para a Comcast (sócia com a MCOM em 50% na Mcomcast), e que também era tomadora de empréstimos Fl. 3556DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 4 externos. Além destas, foram abertos, na mesma data, MPFs, também de fiscalização de juros, para as empresas GP Administradora de Ativos S/A e GP Investimentos Ltda., com as quais a MCOM também mantinha relações. A análise das DIRPJs dos contribuintes sob fiscalização revelou que todas apresentavam prejuízo, prejuízos estes decorrentes, basicamente, de despesas financeiras e de equivalência patrimonial. Por conseguinte, foram analisadas também as DIRPJs das subsidiárias das fiscalizadas, a fim de se verificar a razoabilidade dos prejuízos apontados sob esta rubrica. Todos os contribuintes sob fiscalização foram intimados a apresentar os originais dos Livros Diário e Razão, além da composição da DIPJ e os arquivos magnéticos para todos os anos, desde a sua fundação ate 31/12/03. Todos recusaramse a atender a exigência fiscal de apresentação da composição da DIRPJ e dos arquivos magnéticos para os períodos anteriores a 1999, sob o argumento de tais períodos não estarem contemplados no MPF, já estarem decaídos. As operações de empréstimos supostamente tomados pela MCOM e pela GP Administradora (atual Mauriti) eram feitas a débito de Aplicações Financeiras e, no mesmo instante, era feito o crédito a Aplicações Financeiras com débito a Bancos pela suposta venda de tais títulos. Em diligência feita junto a um dos compradores de tais títulos em 1999, constatou esta fiscalização que tais operações, além de terem sido feitas à margem da escrita comercial e fiscal do terceiro adquirente, já haviam sido alvo de fiscalização por parte da DEFIC, onde foi constatada a inexistência dos títulos que supostamente teriam lastreado a operação, além de tais operações já serem objeto de inquérito junto ao Departamento de Policia Federal. Além disto, os recursos assim recebidos eram quase que imediatamente repassados as subsidiárias da MCOM (Mobilcom e Mcomcast ) na forma de AFAC — Adiantamento para Futuro Aumento de Capital ou eram efetuados pagamentos a supostos prestadores de serviços. 0 mesmo mecanismo ocorria nas referidas subsidiárias. Em função de tal sistemática, e havendo fortes indícios de fraude, em dezembro de 2004 foram emitidos RIMFs para os principais Bancos da MCOM e da Mcomcast, onde, entre outras informações, foram requisitadas as cópias de todos os documentos a débito ou a crédito das contas mantidas nas instituições de valor igual ou superior a R$5.000,00. A resposta da maior parte dos Bancos diligenciados, conforme veremos, foi entregue a destempo e de forma incompleta. Em 30/12/04, ainda sem o recebimento das informações requisitadas às instituições financeiras, foi a MCOM autuada, tendo sido lavrado Auto de Infração para os anoscalendário de 1998 (não decaído, pelos indícios de fraude) e 1999, com desclassificação da escrita e agravamento da multa. .... Para os dois contribuintes com operações de empréstimo com coligadas no exterior (MCOM e GP Administradora), a análise de tais operações revelou serem tais empréstimos fictícios, servindo apenas e tão somente a dar foros de legitimidade à internação de recursos mantidos à margem da escrituração. Preveniu Fl. 3557DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 5 se a jurisdição e estão sendo autuados por infração à legislação do Imposto de Renda. Considerando que conforme veremos todas as operações das empresas do cluster MCOM (Comcast, Mcomcast e Mobilcom) estarem interligadas, este Termo de Constatação e Verificação Fiscal é idêntico para a MCOM e para a GP Administradora, sendo que ambas tem, por este Termo, suas .fiscalizações de preços de transferência encerradas. Verificarseá, ademais, como praticamente todas as empresas do Grupo Garantia apresentam demonstrativos financeiros — e, por conseguinte, DIRPJs — que não são mais que obras de ficção. ... Cabe a ressalva de que tudo o que esta fiscalização mencionar como sendo ilícito, ilegal, fraudulento, doloso, crime contra a ordem tributária, etc., deve ser lido como "indícios de"... ...... B Do modus operandi 0 Grupo Garantia cria diversas empresas com o fito de elidir o pagamento de tributos pela utilização de abuso de forma e simulação. • Em linhas gerais, a maior parte das empresas do Grupo Garantia são empresas "de gaveta". São criadas várias ao mesmo tempo com o propósito de: • simular a legitimidade das operações fictas ( empréstimos e pagamentos),argumento usado pelos contribuintes em suas impugnações a Autos de Infração sofridos; • dificultar a rastreabilidade dos recursos; • internar recursos previamente enviados ao exterior; • efetuar pagamentos a sócios ( lucros ) e funcionários ( salários); • permitir a geração de "Caixa 2" pela criação de prejuízos fictícios, seja nas empresas "operacionais", seja nas "de gaveta"; • transferir recursos aos sócios pelas alterações de controle acionário; • facilitar a entrada de recursos oriundos de "Caixa 2" levados ao exterior; • facilitar, pelo grande número de empresas, sua extinção por incorporação . (raras vezes por extinção voluntária), destarte eliminando seus "rastros". Os principais elementos caracterizadores do abuso de forma e da simulação são: Fl. 3558DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 6 1. há mais de dez anos o Grupo Garantia cria várias empresas por ano, sendo que algumas chegam a ter o CNPJ sequencial, conforme se pode constatar da planilha "controle de verificações — DIRPJ"; 2. o gráfico "Duração — inicio (5/operacionais)", em anexo, permite melhor visualizar tal prática. Verificase que algumas tem efêmera duração (um ou poucos meses ); 3.... 4. o Grupo Garantia aparenta trabalhar em clusters onde há uma ou duas empresas operacionais, as demais prestandose aos propósitos mencionados acima. Assim, teríamos o cluster CDMA (Playcenter, Hopi Hari), Multicanal (NET/GP Participações), CSFB/Garantia, etc., sendo que todos estes clusters possuem empresas ligadas no exterior; 5. tais empresas variam o local da sede, havendo várias situadas em um mesmo endereço (por vezes, uma pequena sala ou conjunto). Tal fato está evidenciado pela planilha "pessoas jurídicas vinculadas — por endereço". Observese que, além de não terem sido levantados os endereços de todas as empresas, certamente estarão faltando algumas que devem estar "dormentes", à espera de sua "utilização". A análise dos endereços constantes das DIRPJs revela, por exemplo, que, em 2003, para as empresas sediadas à Av. Brig. Faria Lima, 2.927, 62 and., cj. 62 ( um pequeno conjunto ) a Mcomcast "ocupava" a "sala 1", enquanto a Southinvest a "sala 35". ... C — Das Operações de Empréstimo 0 credor da MCOM é sua subsidiária integral MCOM BVI, Inc., sediada nas Ilhas Cayman, e que possui um Capital Social de R$0,97. Esta fantástica capacidade de alavancagem financeira deriva de seus empréstimos, basicamente, da GP Investments ( fls.). Já a GP administradora tem como credores a Holtz Business Inc. e a GP Asset Management Ltd., sua subsidiária. As operações de empréstimo realizadas pelos contribuintes MCOM e GP Administradora de Ativos (Mauriti ) tem como lastro, basicamente, TBill’s e, por vezes, TNotes e Títulos da Divida Argentina. Entretanto, jamais houve a transação efetiva com estes papéis. Conforme já mencionado, quando da realização destas operações fictas, é debitada uma conta de Aplicações Financeiras e debitada uma conta de Empréstimo. No mesmo momento, é debitado Bancos, pelo depósito efetuado pelo suposto adquirente dos títulos, e creditada a conta de Aplicações Financeiras. Jamais é fechado o câmbio, nem jamais os contribuintes apresentaram qualquer cópia de certificado de troca de custódia dado pelas instituições autorizadas a custodiar tais títulos pelo Governo dos EUA. Fl. 3559DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 7 Tais operações não apresentam nenhuma razão econômica, não sendo gerado qualquer lucro ou prejuízo. Houvesse simplesmente o interesses em transferir recursos, bastaria fazêlo regularmente, com o conhecimento do Banco Central do Brasil. São de fato, recursos do Grupo no exterior, mantidos à margem da escrituração regular. Qualquer que seja, porém, o ângulo sob o qual sejam examinadas as compras e vendas de TBill’s, não há dúvida de que com elas ocorreram os fatos geradores do I0Foperações de câmbio, tal como definido no Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66) ..., IV — DO AUTO DE INFRAÇÃO Em função das irregularidades encontradas está sendo lavrado neste ato Auto de Infração de IRPJ, pelo passivo fictício, e de I0F, pela transferência de recursos do exterior sem o correspondente fechamento de câmbio no sistema financeiro nacional. As planilhas de apuração da base de cálculo dos tributos/contribuições estão imediatamente após o encerramento deste Termo. Nenhum dos contribuintes apresenta, efetivamente, prejuízo, posto que fictos os empréstimos. A planilha anexa, "DIRPJ comparativo — Demonstração do Resultado", da GP Administradora, parte da DIRPJ comparativa elaborada para este contribuinte, mostra, na primeira linha inferior a mesma o Lucro Líquido do Período de Apuração descontadas as Despesas de Juros e Variação Cambial, e a linha seguinte como ficariam os Lucros Acumulados. Ademais, as informações prestadas ao fisco federal são falsa, conforme já várias vezes mencionado. A planilha anexa, "Ficha 7A — Demonstração do Resultado — PJ em Geral (LR)" mostra o comparativo da composição da DIRPJ com os Saldos de Contas informados pelo contribuinte em meio magnético. As diferenças revelam o absoluto desprezo pelas normas contábeis e fiscais. A multa está sendo agravada pelo evidente intuito de fraude e pela recusa sistemática em atender a fiscalização. E, para constar e produzir os efeitos legais, lavramos o presente Termo, em três vias de igual teor e forma, que vai assinada por nós e pelo representante do contribuinte, com quem fica uma via para os devidos fins. Encerrado a transcrição do termo de verificação fiscal, retomo a matéria destacando que segundo consta do despacho de fls. 3.103, com relação ao IOF, este foi desmembrado da presente autuação, gerando outro número de processo (16327.000042/2006 00). Observo, ainda, que as planilhas com a apuração da base de cálculo do IRPJ constam a partir da fl. 2.148, cuja a causa está vinculada aos aludidos contratos de mútuo ou Fl. 3560DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 8 operações com títulos argentinos ou TBill’s, conforme exemplo relativo ao primeiro mês de cada um dos anoscalendário (2.148 a 2.150). Notificada, a parte interessada apresentou a impugnação de fls. 2.576 e seguintes, cujos fundamentos assim sintetizo: I Que o montante classificado como "passivo fictício" corresponde na verdade aos valores que licitamente ingressaram no patrimônio da Impugnante de duas formas: a) parte por meio de contratos de mútuo (contrato de fls. 937 e seguintes). b) parte por transações com Tbill´s, assim ilustrada esta operação: . 1 Compra a prazo de Títulos 2— Venda a vista de títulos no mercado interno 3— Disponibilização imediata de R$ 4— Passivo contabilizado pela Impugnante em favor da MCOM BVI II – Segundo a recorrente, o desenho acima, em relação a negociação com T bill´s, indica duas operações diferentes: a) a primeira representada pelos números 1 e 4 e corresponde à transferência dos títulos da MCOM BVI para a Impugnante, tendo como contrapartida justamente o passivo contabilizado por ela contra a MCOM BVI e contestado pela Fiscalização. b) A segunda operação, indicada pelos números 2 e 3, corresponde a posterior venda dos títulos no Brasil, realizada pela Impugnante. III Quanto às supostas irregularidades contábeis e gerais consignadas na autuação, estas se revelam improcedentes ou irrelevantes, sendo, todavia, todas elas desvinculadas à infração efetivamente lavrada (passivo fictício). Algumas delas são ainda relacionadas a terceiros (pessoas físicas ou jurídicas), não estando sequer relacionadas à Impugnante, fato que já revela sua impertinência para com o presente processo administrativo fiscal. IV – Que há decadência em relação aos valores lançados a título de PIS e Cofins supostamente devidos no anocalendário de 1997. Todavia, ainda que tal não se verificasse, tal exigência seria insubsistente visto que não há no auto de infração qualquer fundamentação que justifique a pretensão do Fisco, tampouco que comprove as bases de cálculo utilizadas; Fl. 3561DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 9 V – Quanto aos valores exigidos a título de IRPJ e seus reflexos nos anos calendário de 2000, 2001 e 2002, sustenta a recorrente que tais exigências decorrem de um conjunto de acusações não comprovadas que visaram induzir à conclusão de que a impugnante teria cometido diversos ilícitos. VI – No que diz respeito à justificativa e comprovação dos contratos de mútuo, a recorrente destacou que tem por objeto social "a participação no capital de outras sociedades que atuem na elaboração de projetos, implantação, operação e prestação de serviços na área de telecomunicações em geral, representação comercial e outros empreendimentos correlatos". Em verdade, as empresas controladas pela Impugnante operavam no ramo de prestação de serviços de paging e trunking, os quais demandavam, à época, grandes investimentos para sua implantação. VII Foi nesse contexto que ocorreram os empréstimos mencionados no Termo de Constatação e Verificação Fiscal e que deram origem ao passivo considerado como fictício pela Autoridade Fiscal. VIII Através da efetivação dos citados empréstimos a Impugnante obtinha parte dos recursos necessários à implantação de suas atividades. Tais valores eram captados no exterior junto a sua subsidiária MCOM Wireless BVI, Inc., por meio de contratos de mútuo envolvendo valores mobiliários ou diretamente a transferência de recursos via Banco Central, com fechamento de contrato de câmbio. IX – Que a comprovação acerca da efetividade de cada operação de mútuo em moeda (remessas via BACEN) está demonstrada pelos seguintes documentos: (i) cópias autenticadas do contrato de mútuo ("Linha de Crédito" — "Loan Agreement" — doc. 4) e respectiva via original de sua tradução juramentada; (ii) cópia autenticada dos contratos de mútuo relativos a cada uma das efetivas remessas e respectivas vias originais de suas traduções juramentadas; e (iii) cópia autenticada dos "Contrato de Câmbio de Compra — Tipo 3 — Transferências Financeiras do Exterior", nos quais constam as partes envolvidas (MCOM Wireless BVI, Inc. e a Impugnante) e a instituição financeira devidamente autorizadas pelo BACEN a intermediar tais operações. X – No que se relaciona às transações com títulos, a impugnante aponta que firmou contrato estabelecendo Linha de Crédito e Consolidação de Débitos entre ela e a MCOM BVI, por meio da qual teria a sua disposição US$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de dólares), mediante o pagamento de taxa de juros fixa estabelecida no contrato firmado, cuja cópia autenticada e tradução juramentada constam no DOC. 5, anexo à impugnação; Neste sentido, para cada operação, diz a recorrente ter apresentado: (i) cópias autenticadas dos "BOND SALE AND PURCHASE AGREEMENT' (Contrato de Compra e Venda de Letras do Tesouro) e suas respectivas traduções realizadas por Tradutor Público Juramentado (vias originais); e Fl. 3562DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 10 (ii) comprovantes de custódia (cópia autenticada do original em inglês e via original da respectiva tradução juramentada), que comprovam as transações. XI Finalmente, a recorrente apresenta a tabela abaixo em que faz referência onde cada uma das operações foram registradas contabilmente. XII Afirma que os contratos de câmbio relativos a estas operações têm como fundamento o contrato de "Linha de Credito" — "Loan Agreement" — doc. 5 da Impugnação), e, sobretudo, os contratos de câmbio com natureza de operação "empréstimo direto" (código 7001685O 9590). XIII Diz que dada a extensão das operações contestadas, para apenas três delas não foi possível a localização de parte dos documentos mencionados acima (contrato de aquisição e comprovante de custódia dos títulos). Estas operações estão indicadas com (**). Para outras duas operações (indicadas por *) não foi possível a localização apenas do certificado de custódia dos títulos. VIX – Que a afirmação de que a Impugnante deixou de apresentar parte dos arquivos magnéticos referentes à Instrução Normativa n° 86/01 não procede. Isto porque, conforme comprovado de forma detalhada à frente, no item 2.5.2 da defesa administrativa, a Impugnante apresentou à Fiscalização os arquivos magnéticos relativos ao período fiscalizado, razão pela qual esta informação constante no TVCF deve ser desconsiderada. XV – Que em relação ao item n° 7, houve mero erro formal na elaboração dos referidos balancetes (não foram considerados os resultados negativos auferidos na época). Este erro formal não implicou na falta de recolhimento dos tributos devidos ao Fisco Federal. XVI – Em relação à qualificação da multa a recorrente destaca que inexiste razão para tal, posto que no caso o que se vê “é um amontoado de informações e acusações genéricas sem qualquer sendo todas elas totalmente desvinculadas da suposta infração efetivamente imputada. Das diligências: Conforme se verifica às fls. 3.216 e 3.273, por duas ocasiões, a DRJ converteu o julgamento em diligência buscando os seguintes esclarecimentos: 1. Para que o adido tributário em Washington, confirmasse as seguintes informações: a) se o Credit Lyonnais Uruguay e Espirito Santo Bank são instituições financeiras autorizadas a custodiar títulos da divida americana? b) Caso afirmativo, confirmar junto às autoridades norteamericanas a ocorrência da cadeia de alienação dos títulos que se seguem, conforme correspondente documentação juntada pelo contribuinte (aqui a diligência relaciona, um a um, os documentos juntados pelo contribuinte, conforme exemplo que segue: Fl. 3563DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 11 A autoridade fiscal, à fl. 3.242, manifestouse entendendo que a diligência era desnecessária, argumentando que a DRJ não tinha entendido a natureza da exação fiscal, "porquanto o que esta fiscalização considerou foi que as operações com lastro em títulos soberanos das dívidas argentinas e americanas eram fictas.". Ao tomar conhecimento das considerações feitas pela autoridade autuante, a DRJ devolveu os autos para que a diligência fosse efetivada, sendo que a autoridade autuante, à fl. 3.269, lançou despacho destacando já ter instruído o processo com todas os documentos cabíveis, sendo que o pedido de maiores informações feito pela DRJ "revelase aí, mais uma vez, nada terem os doutos julgadores entendido da autuação...." Frente ao despacho acima, adveio a determinação de fl. 3.270 para que a diligência fosse realizada, observando as retificações apontadas às fls. 2.277. Em resposta, o adido brasileiro enviou a mensagem de fls. 3.288, a qual transcrevo: Ângelo, Como combinado em nosso contato telefônico, enviolhe a seguir as informações obtidas nos sites do Departamento do Tesouro e do Federal Reserve System e em contatos telefônicos com o Sr. Miguel Browne, Associate Director, Division of Insurance and Research do FED, telefone (202) 898 6789. 1 Informações obtidas com o Sr. Miguel: • os treasuries são vendidos em leilões do Tesouro; • existem de 10 a 20 dealers nos EUA, que após a aquisição dos papeis os negociam • livremente no mercado; • a participação de um banco num leilão independe de estar localizado nos EUA ou de ter qualquer registro junto ao Federal Reserve System; • a legislação americana não permite a instalação de filiais de bancos nos EUA. Por isto, se um banco estrangeiro deseja operar, deve abrir um novo banco aqui; • em relação às pesquisas que fiz sobre os bancos objeto desta diligência, as informações contidas no site referemse somente aos bancos instalados no país. Não há qualquer relação com bancos e/ou filiais do exterior; • o Credit Lyonnais é um banco francês grande, com participacão do governo. Os outros dois são alemão e português. 2 Informações obtidas nos sites: • não são designadas instituições financeiras para vender papeis do Tesouro. Estes estão disponíveis por intermédio de bancos e corretoras; • os interessados em títulos do Tesouro podem adquirilos nos leilões diretamente com o Tesouro ou por meio de intermediários como instituições financeiras e corretoras. Podem ainda adquirilos no próprio mercado; • nem o Departamento do Tesouro nem o Federal Reserve Bank possuem informações sobre os proprietários de títulos que são custodiados junto às instituições financeiras intermediárias. • Diferentemente dos títulos adquiridos diretamente com o Tesouro. No entanto, as informações relativas a proprietários de títulos estão sujeitas a sigilo; Fl. 3564DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 12 • como em qualquer transação financeira, os adquirentes de títulos devem ser cautelosos na escolha do custodiante de seus títulos. 3 Sites com as informações mencionadas no item anterior; • htto://www.treasurydirect.gov/ Aberta esta página, ver os seguintes itens: • Learn about Treasury Billls, Notes... • Learn how to purchase Treasury securities • Get information about Treasuries Securities • Find out how Treasuries auctions work • Get information on statutes and regulations. Ao clicar neste item, em seguida clique Commercial BookEntry Regulation ( Trades) • no rodapé da página clicar Fredom of Information Act Pesquise ainda no search a frase: How marketable Securities Work. Ao abrir entre em Institutional How Marketable... Em decorrência do levantamento acima, entendo não ser possível obter as informações solicitadas. Com relação à suspeita de conluio entre os bancos e o fiscalizado, sugeriria contatar a Corin sobre possibilidade de enviar correspondência as sedes dos bancos na França, Alemanha e Portugal Atenciosamente. Elizabeth Pinheiro Dias Leite Adida Tributária e Aduaneira Embaixada do Brasil em Washington Após a diligência, a DRJ, por meio do acórdão de fls. 3.313 e seguintes, por maioria de votos, julgou PROCEDENTE EM PARTE a impugnação, para reconhecer a decadência dos lançamentos da contribuição para o PIS e da Cofins relativos aos fatos geradores ocorridos em 1997; manter parcialmente o crédito tributário relativo as exigências do IRPJ e da CSLL; manter os lançamentos da contribuição para o PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas omitidas correspondentes aos períodos de apuração relativos aos fatos geradores ocorridos em 31.12.2000, 31.12.2001 e 31.12.2002; reconhecer a circunstância qualificadora prevista no inciso II do artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 e afastar a majorante prevista na alínea "b" do § 2° do art. 44 da Lei n° 9.430/1996, reduzindo a multa de oficio de 225% para 150% dos tributos devidos, nos termos do voto vencedor. Vencidos o relator Eduardo Shimabukuro e o julgador José Guilherme Machado de Campos no tocante à possibilidade de compensar o valor tributável com o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL acumulados de períodosbase anteriores. O acórdão recorrido possui a seguinte ementa: NULIDADE. Auto de Infração. MULTA. CAPITULAÇÃO LEGAL INCOMPLETA. Descrição dos fatos suficiente. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A descrição dos fatos de maneira suficiente para identificar a conduta ilícita atribuída ao fiscalizado a ensejar a exasperação da multa de oficio supre a indicação incompleta do dispositivo legal violado no auto de infração, configurando mera irregularidade e não é causa de nulidade da sanção por cerceamento de defesa. Fl. 3565DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 13 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. 0 decidido quanto à infração que além de implicar o lançamento de IRPJ provoca os lançamentos da contribuição para o Programa de Integração Social (Pis), da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) também se aplica a estes outros lançamentos naquilo em que for cabível. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO A contagem do prazo decadencial em desfavor do Fisco, nas hipóteses de inexistência de pagamento antecipado de tributo, ainda que parcial, ou quando a infração à legislação tributária é praticada com emprego de fraude, iniciase a partir do primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do artigo 173, I do Código Tributário Nacional. MULTA. SIMULAÇÃO. FRAUDE. QUALIFICADORA. Simulação de operações de empréstimos, registradas com o internar, na entidade, valores que se encontravam escrituração, caracteriza fraude, circunstância qualificadora da co infracional e agravante da multa de oficio. MULTA DE OFÍCIO. ARQUIVO MAGNÉTICO. RECUSA. ANOCALENDÁRIO DIVERSO. AGRAVAMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A recusa em apresentar arquivos magnéticos associada ao descumprimento da obrigação tributária principal é causa de agravamento da multa de oficio, cuja base de cálculo é o tributo lançado, razão pela qual os arquivos solicitados devem corresponder ao período sobre o qual ocorreu a exigência tributária e, sendo diverso, cabível apenas a multa regulamentar por descumprimento de obrigação acessória. JUROS DE MORA. CABIMENTO. ATO LEGAL. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. PODER JUDICIÁRIO. É cabível a exigência de juros moratórios calculados pela taxa Selic, em face de pagamento intempestivo de tributo, conforme expressa determinação em lei, sendo vedado à autoridade administrativa deixar de aplicála, sob alegação de inconstitucionalidade, cujo reconhecimento encontrase na esfera de competência do Poder Judiciário. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ PASSIVO FICTÍCIO. MÚTUO. NUMERÁRIO. FALTA DE PREVISÃO CONTRATUAL. T BILL’S. TITULARIDADE NÃO COMPROVADA. SUBSIDIARIA. CAPACIDADE ECONÔMICA. AUSÊNCIA. Obrigações vultosas contraídas junto a subsidiária domiciliada em paraíso fiscal com endereço em caixa postal, desprovida de capacidade econômica, decorrentes de recebimento de numerário sem previsão em instrumento contratual e de mútuo de títulos da divida estadunidense "TBill’s", cuja titularidade alegada à fiscalizada é duvidosa, caracterizam passivo fictício e a presunção legal de omissão de receitas. PREJUÍZO FISCAL. PERÍODOS ANTERIORES. COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. Descabe compensar em lançamento de oficio prejuízo fiscal apurado em períodos anteriores, pois a lei somente faculta ao contribuinte o exercício deste beneficio fiscal no momento da entrega da declaração e de apuração espontânea do imposto devido. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO LÍQUIDO CSLL 31/12/2000, 31/12/2001, 31/12/2002 BASE DE CALCULO NEGATIVA. PERÍODOS ANTERIORES. COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. Descabe compensar em lançamento de oficio base de cálculo negativa apurada em períodos anteriores, pois a lei somente faculta ao contribuinte o exercício deste beneficio fiscal no momento da entrega da de apuração espontânea da contribuição devida. Fl. 3566DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 14 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS FATO GERADOR. PERÍODO DE APURAÇÃO. BASE DE CALCULO. A Cofins, cujo dia de fato gerador é o último do mês, incide apenas sobre os valores tributáveis apurados neste próprio mês. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP FATO GERADOR. PERÍODO DE APURAÇÃO. BASE DE CALCULO. A contribuição para o PIS, cujo dia de fato gerador é o último do mês, incide apenas sobre os valores tributáveis apurados neste próprio mês. Tendo em vista que o valor total do crédito tributário exonerado é superior a R$1.000.000,00, houve recurso de ofício, com a observação de existência de conexão deste processo com os de nº. 16327.000045/200554 e n° 16327.000014/200684, sendo que o primeiro em 12122011 foi distribuído à 2a. Turma da 1a. Câmara da 1a. Secção e o, conforme consulta realizada no sítio do CARF em 26092012, encontrase na atividade “distribuir/sortear”. Não encontrei informação quanto ao julgamento do primeiro processo. A parte interessada foi intimada do acórdão em 29072010 (quintafeira, fl. 3.381) e em 30082010 (segundafeira) ingressou com o recurso de fls. 3.390 e seguintes em que repisa os argumentos articulados quando a impugnação. Em contrarrazões de fls. 3.493 e seguintes a Fazenda Nacional requer que seja negado provimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão recorrida. Dentre os fundamentos articulados em contrarrazões destaco os seguintes pontos: a) Que o modus operandi narrado pela fiscalização demonstra com muita clareza que as operações alegadamente realizadas pela recorrente, seja de empréstimo de moeda, seja de compra e venda de Tbill’s, não encontram respaldo no plano dos fatos. b) A empresa que supostamente abrira duas linhas de crédito em favor da recorrente, no vultoso montante total de U$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de dólares) não passa de uma de suas muitas subsidiárias, com capital social ínfimo, sem funcionários, sem faturamento e que tem como domicílio uma mera caixa postal. c) Como bem demonstrou a fiscalização, temse que a empresa MCOM Wireless BVI não detinha existência de fato, nem capacidade econômicofinanceira para adquirir os TBills supostamente vendidos para a recorrente, nem tampouco para lhe conceder empréstimos em moeda no montante alegado. d) Como bem destacado no acórdão proferido pela DRJ, há nos autos “indícios veementes de que a subsidiária somente existe no papel, criada artificialmente, desprovida de funcionalidade econômica ou operacional, a não ser o de se prestar a dar a aparência de ser mutuante de valores com a finalidade de ludibriar a fiscalização tributária” (fl. 3.243). e) O mútuo e a compra e venda a prazo de TBills cuidavamse em verdade de operações engendradas com um terceiro partícipe no Brasil, com o único intuito de internar Fl. 3567DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 15 recursos que a recorrente mantinha ilicitamente fora do país. Só reforça essa afirmação o fato de que os TBills “adquiridos” pela recorrente eram automaticamente “alienados” internamente, gerando a entrada de vultosas quantias na contabilidade da contribuinte. f) De se destacar que a recorrente, sob a alegação de que a imputação fiscal de passivo fictício não guarda relação com a posterior venda dos títulos, não traz aos autos nenhum tipo de prova relativamente a tais alienações. Ocorre, porém, que a realização de tal prova somente lhe beneficiaria, na medida em que reforçaria sua tese acerca da existência dos TBills. E não se cuidaria de prova difícil de fazer, pois, na condição de titular dos ativos, a ela cabia ordenar ao agente de custódia que efetivasse sua transferência para os adquirentes. Contudo, a recorrente não foi capaz de juntar aos autos um único documento que expressasse tal ordem. g) Ora, diante de tal caracterização, é inegável que a simples apresentação de Contratos de Compra e Venda não é suficiente para comprovar a aquisição dos títulos, nem tampouco sua transferência. Com efeito, dado o caráter eletrônico e imaterial dos TBill’s, apenas o registro do agente de custódia dos títulos teria esse condão. h) Tendo em vista a natureza dos TBills, considera a Fazenda Nacional que seria indispensável, para a prova acerca das operações envolvendo tais títulos, a apresentação de documento emitido pelo agente de custódia que identificasse a natureza dos títulos adquiridos, seu número de identificação, a data de emissão e resgate, além de atestar a sua titularidade e alienação (grifo no original). i) Há ainda questões mais graves no que concerne a tais “comprovantes”, como o fato de que em diversos deles a data de pagamento indicada é anterior à própria data de emissão do título supostamente negociado. h) Exemplificativamente, podese mencionar “a confirmação de custódia” colacionada às fls. 2.336, em que o título, apesar de ter sido leiloado em 10.01.00 e emitido em 13.01.00, teria sido pago em 14.01.99. l) Os contratos de câmbio indicam que houve remessa de moeda estrangeira e sua conversão em moeda nacional, mas, por si mesmos, não são suficientes para demonstrar a ocorrência da alegada operação de empréstimo. m) Finalmente, sustenta a Fazenda Nacional que a multa qualificada também deve ser mantida. É o relatório. Fl. 3568DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 16 Voto Conselheiro Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Relator. Tanto o recurso voluntário quanto o recurso de ofício preenchem os requisitos de admissibilidade. Assim, deles conheço e inicio o exame da matéria pelos pontos que dizem respeito ao recurso de ofício, a saber: a) cancelamento das exigências fiscais relativas ao PIS e a Cofins, correspondentes aos fatos geradores ocorrido no anocalendário de 1997, formalizadas pelos autos de infração de fls. 2129/2132 e 2137/2139, em face da decadência que observou o disposto na Súmula Vinculante nº 08, do STF; b) cancelamento das exigências do PIS e da Cofins em relação aos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002, a exceção do mês de dezembro de cada ano, em face de erro na apuração da data do fato gerador. Considerouse tributação anual. c) Cancelamento da multa agravada em face do entendimento de ser incabível a exigência de documentos correspondentes a período não fiscalizado ou em relação ao qual não se apura crédito tributário. O recurso de ofício não merece ser provido e se mantém por seus próprios fundamentos. I Do recurso de ofício no que diz respeito à decadência em face à aplicação da Súmula Vinculante nº 8 No aspecto relacionado à decadência das exigências relacionadas ao PIS e a Cofins, no anocalendário de 1997, no caso concreto não há como deixar de observar os preceitos decorrentes da Súmula vinculante nº 08, do STF, que considerou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212, de 1991, os quais fixavam prazo decenal para efeitos de decadência das contribuições. A propósito e dispensando maiores fundamentos, observo que o artigo 103 A, da Constituição Federal, que instituiu a figura da Súmula Vinculante, prevê que esta, uma vez esta aprovada por dois terços de seus membros, vinculam os demais órgãos do Poder Judiciário e da administração pública direta ou indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. O acórdãos recorrido limitouse a observar o preceito contido no 103A, da Constituição que determina que os órgãos da Administração observem as orientações decorrentes de sumula vinculante do Supremo Tribunal Federal. Assim, neste ponto, negase provimento ao recurso de ofício. Fl. 3569DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 17 II – Do recurso de ofício no que diz respeito ao aspecto temporal do PIS e da Cofins. É incabível a constituição de crédito tributário sem que se observe o critério material, temporal e espacial da norma tributária. Interessa ao exame da exigência do PIS e da Cofins o exame dos critérios material e temporal. Da análise dos artigos 1º e 2º da Lei Complementar nº 70, de 1991, pode se dizer que a regramatriz de exigência da Cofins, cuja alíquota inicial foi alterada, no que diz respeito aos critérios acima apontados, assim se constitui: a) critério material: 2% sobre o faturamento; b) critério temporal: faturamento mensal; c) critério espacial: o território brasileiro. O critério temporal pode dizer respeito a fatos geradores instantâneos ou complexivos. Quando se refere a fatos geradores complexivos temse uma cadeia de atos que resultam num único evento, sobre o qual incide a regra tributária. A constituição do fato gerador dito complexivo pode ser comparado ao percurso de uma maratona, identificada por um ponto de partida e outro de chegada. No trajeto os atletas executam inúmeros passos que os conduzem à linha de chegada. Contudo, o que interessa ao resultado da prova é o passo no qual o primeiro maratonista atinge a linha de chegada. Este conjunto de passos, do início ao fim da corrida, para efeitos de trajeto, constituise num todo indissociável, qual seja, o percurso. Em outras palavras, para efeito de percurso, havendo um marco inicial e outro final, não se pode considerar apenas os últimos passos, como se fossem dissociáveis do restante do trajeto. Idêntico raciocínio aplicase ao PIS e a Cofins. Se a norma estabelece que há que se observar o faturamento mensal, não se pode considerar as receitas somente da última semana do mês e, tampouco, se pode considerar o faturamento anual. Tal procedimento importaria em violação do critério temporal, fixado nos artigos 1º e 2º da Lei Complementar nº 70, de 1990, e artigo 2º, da Lei nº 9.715, de 1998, a seguir transcritos: Lei Complementar n°70, de 1991. Art. 1° Sem prejuízo da cobrança das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), fica instituída contribuição social para financiamento da Seguridade Social, nos termos do inciso I do art. 195 da Constituição Federal, devida pelas pessoas jurídicas inclusive as a elas equiparadas pela legislação do imposto de renda, destinadas exclusivamente às d3s atividadesfins das áreas de saúde, previdência e assistência social. Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Lei n° 9.715, de 1998. Art. 2o. A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: Fl. 3570DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 18 No caso dos autos, tanto em relação ao PIS quanto à Cofins, nos anoscalendário de 2000 a 2002, a autoridade fiscal, conforme se verifica, usou como critério temporal o mesmo do IRPJ e da CSLL, conforme se depreende das fls. 2.188 e 2.192, de onde extraio a demonstração que segue: Quando se examina o Termo de Verificação Fiscal, bem como os demonstrativos do lançamento, diferentemente do procedimento adotado em relação ao ano de 1997, em relação aos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002, quanto às exigências do PIS e da Cofins, a autoridade fiscal não elaborou demonstrativo algum. Considerou como base de cálculo do PIS e da Cofins as mesmas grandezas de valores aplicadas ao IRPJ, conforme demonstrativo que extraio da fl. 2.148, que corresponde ao anocalendário de 2000. Diante de tal situação, pelo que se extrai da tabela supra, diante do fato da autoridade fiscal não ter feito apuração em relação a nenhum dos meses do anocalendário de 2000, falha que também ocorreu em 2001 e 2002, o acórdão recorrido extraiu da planilha acima o valor de dezembro e considerou válida a exigência quanto a este mês. Quando se analisa os demonstrativos de apuração de um lançamento, nele se encontram os seguintes elementos: Fato gerador Valor Tributável Alíquota% Valor Devido () valor recolhido Valor a recolher multa% No caso concreto, por exemplo, quando se analisa o PIS do mês de dezembro de 1997, lançado de forma correta, encontramse os seguintes elementos: O quadro acima demonstra que em relação ao ano de 1997 houve um lançamento em relação ao mês de dezembro, identificando: a) o valor tributável; b) alíquota aplicável; e c) valor devido. Quanto aos anos de 2000, 2001 e 2002, não há lançamento em relação ao mês de dezembro que identifique o valor tributável; a alíquota aplicável e o valor devido. Fl. 3571DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 19 É competência exclusiva o auditor fiscal verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e realizar o lançamento. No caso dos autos, não houve lançamento que identificasse o valor tributável e tampouco valor devido em relação ao PIS e a Cofins no mês de dezembro de 2002, 2001 e 2002. A DRJ, ao apurar a matéria tributável e calcular o valor do imposto devido que não existia em relação aos meses de dezembro de 2000, 2001 e 2002, acabou por realizar um lançamento, não se dando conta que quem faz lançamento não pode julgar e quem julga não pode fazer lançamento, sob pena de se correr o risco de situações semelhantes a verificada às fls. 3.269, em relação a qual não se faz necessário maiores comentários. Neste sentido e com tais fundamentos, nego provimento ao recurso de ofício e, por estes mesmos fundamentos, entendo que não subsiste a exigência do PIS e da Cofins em relação ao mês de dezembro dos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002, pois em relação a estes meses não houve lançamento. III – Do recurso de ofício no que diz respeito ao agravamento da multa O documento de fl. 317 elenca os documentos fornecidos à autoridade fiscal, dentre estes os arquivos magnéticos dos anoscalendário de 1999 a 2002. Na verdade, tratamse de 41 informações e outros documentos separados por jogos, tipo: a) Atas de Assembléia Geral; b) contrato de mútuo entre Mcom Wireless S/A com Mcom Wireless BVI Inc; c) folha de pagamento do mês de janeiro de 1999 e extratos das contas do Bradesco, Unibanco; BMC e Bank Boston. Dentre as respostas que a fiscalizada encaminhou à autoridade fiscal encontrase a de fls. 1.580, datada de 25042005, que em relação às DIPJ de 1995 a 1997 tratavase de declarações entregues há mais de seis anos, portanto definitivamente homologadas. Ademais, segundo o artigo 264, do Regulamento do Imposto de Renda, só estava obrigada a preservar livros e documentos relativos à sua atividade até que não decaísse o direito do fisco de constituir o crédito tributário. Quanto à DIPJ do ano de 2004 informou que na ocasião a Receita ainda não havia disponibilizado o programa, visto que o prazo de entrega era 30 de junho de 2005. A exceção dos documentos relacionados a 1995 e 1997, cujo crédito tributário objeto de lançamento já estava atingido pela decadência, não identifiquei nos autos qualquer recusa da contribuinte em ocultar documento da fiscalização ou adotar procedimentos protelatórios. Ao que parece deuse o contrário. No último dia de expediente do ano de 2005 compareceu pessoalmente à repartição pública para darse por notificada do lançamento, evitando eventual decadência em relação a períodos ou ao anocalendário de 2000. O objeto da fiscalização dizia respeito a dois fatos: a) a efetiva realização dos contratos de mútuo e; b) a efetiva transação dos títulos com TBill’s. Quanto a estas transações a recorrente apresentou contratos, conta bancária, fechamento de câmbio e seus registros contábeis. A autoridade fiscal sequer apontou qualquer outro documento, em poder da fiscalizada, necessário à verificação fiscal. Da análise dos autos verifiquei a existência de controvérsia acerca dos registros digitais. A recorrente esclareceu que recorreu à empresa especializada atestando a regularidade dos arquivos magnéticos. A fiscalização, por sua vez, não apontou em que se constituía tal irregularidade, não se podendo, assim, imputar Fl. 3572DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 20 responsabilidade à autuada por recusa a entrega de documento. Ademais, a controvertida existência ou não de irregularidade de arquivos magnéticos diz respeito a período em que não houve lançamento. Assim, se a multa agravada incide sobre o valor lançado, incabível a manutenção desta. Neste ponto, irretocáveis os fundamento da decisão recorrida, a qual mantenho pelas razões acima e por seus próprios fundamentos, os quais transcrevo: Do desagravamento da multa: No anocalendário de 2004, época em que teria configurada a recusa do contribuinte em apresentar os arquivos magnéticos anteriores a 1999 (entre 1995 e 1998), havia ocorrido a decadência tributária para os anoscalendário de 1995 a 1997, qualquer que seja o critério adotado de contagem, pelo art. 173, I ou pelo 150, § 4° do CTN. Quanto ao anocalendário de 1998, a contagem deverá ser balizada pela existência ou não do pagamento, não havendo que se perquirir sobre o "evidente intuito de fraude", uma vez que essa circunstância não foi imputada ao sujeito passivo para o referido ano. As intimações em que os arquivos magnéticos referentes aos anoscalendário de 1995/1998 foram exigidos ocorreram em 2004 (fls. 259, 563, 565, 567, 832 e 1486) e 2005 (fl. 1486). Todavia, ficou consignado na penúltima de fl. 832, de 07.10.2004, que o contribuinte deveria entregar os documentos solicitados, dentre eles os magnéticos, impreterivelmente, até 15.10.2004. Portanto, na referida data, o contribuinte ai estava obrigado a apresentar os arquivos magnéticos de 1998, eis que não havia sido observada a decadência tributária para o IRPJ. Entretanto, se ainda persistia o dever jurídico da contribuinte em apresentar os arquivos magnéticos de 1998, sua recusa somente poderia agravar a multa de oficio se ela fosse aplicada sobre um lançamento de tributos devidos no próprio anocalendário de 1998 0 agravamento da multa de oficio previsto no art. 44, §2°, aliena "h" da Lei n° 9.430/1996 não decorre, exclusivamente, do descumprimento da obrigação acessória (infração A), mas da associação do descumprimento da obrigação principal (infração B) com o descumprimento da obrigação acessória (infração A). Assim, a recusa injustificada em apresentar os arquivos magnéticos a dar causa ao agravamento da multa de oficio deve estar vinculada diretamente ao fato gerador da obrigação tributária principal e, conseqüentemente, aos tributos incidentes no período, uma vez que estes são a própria base de cálculo da multa. Verificandose que a base de cálculo da multa é o próprio valor do tributo devido, este deve, de alguma maneira, confirmar a hipótese que enseja a exigência daquela. Portanto, no caso em debate, os arquivos magnéticos deveriam guardar relação direta com os tributos exigidos mediante o presente auto de infração o que, todavia, não se verificou, eis que os fatos geradores correspondem a presunção de omissão de receitas constatadas nos anoscalendário de 2000, 2001 e 2002, enquanto a recusa do contribuinte recaiu sobre os arquivos atinentes aos anos de 1995 a 1998. Fl. 3573DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 21 Com tais fundamentos, nego provimento ao recurso de ofício. Do recurso voluntário Apesar do lançamento estar identificado como sendo oriundo de exigência de passivo fictício decorrente de obrigação já paga e/ou incomprovada, o termo de verificação fiscal destaca que a exigência, na sua essência, está vinculada a “passivo fictício decorrente de obrigação não comprovada”, situação que caracterizaria uma presunção de omissão de receitas e que levou o auditor fiscal a proceder a sua tributação. A tese central da defesa, conforme destaca o acórdão recorrido, segue na linha de que “o passivo com sua subsidiária Mcom BVI decorre de cessão de valores mobiliários à fiscalizada para venda a terceiros no Brasil e, também, da transferência direta de recursos em moeda via Banco Central com fechamento de contratos de câmbio". I Da essência da acusação Pelo entendimento da autoridade fiscal, o Grupo Garantia, no qual se integrava a recorrente, criava diversas empresas não operacionais, ou de gavetas, com o fito de elidir o pagamento de tributos e: • internar recursos previamente enviados ao exterior; • facilitar a entrada de recursos oriundos de "Caixa 2" levados ao exterior; Para repatriar os recursos decorrentes de receita omitida e não tributada, levados ao exterior, a recorrente, no entender da autoridade fiscal, valiase de contratos de mútuo e de transações com TBill´s. Ao meu sentir, dada a premissa de que parte a autuação, isto é, repatriação de recursos de caixa 2 previamente enviados ao exterior, há que se identificar o objeto social, os atos negociais realizados pela empresa e demais provas dos autos para conferir credibilidade à premissa de que parte a autoridade fiscal, isto é, de que a empresa, no passado, em face de sua atividade no Brasil, gerou lucros não declarados, enviados ao exterior, que retornaram por meio dos contratos de mútuo e operações com TBill’s. II Do objeto social da empresa Segundo o artigo 3º dos Estatuados (fl, 19), "a Companhia tem por objeto a participação no capital de outras sociedades que atuam na elaboração de projetos, implantação, operação e prestação de serviços na área de telecomunicações em geral, representação comercial e outros empreendimentos correlatos." Pelo que se depreende dos atos constitutivos, a recorrente, salvo prova em contrário, não se trata de empresa operacional. Seu objetivo era participar do capital social de outras empresas. Na análise prova quanto às efetivas atividades da empresa, tomei o cuidado de verificar o local de funcionamento desta para, com base em tal elemento, quem sabe, poder extrair dos autos alguma prova que demonstrasse a existência de atividades operacionais da Companhia. A ata de Assembléia Geral de fl. 30 indica que a empresa, à época, tinha sede na sala 21, de um prédio situado na Vila Mariana, em São Paulo. Posteriormente, conforme se Fl. 3574DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 22 depreende da ata de fl. 32 e do quanto esclarecido pelo auditor que conduziu o procedimento fiscal, a empresa mudouse para o conjunto 62, sala 21, do prédio situado na Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.927, em São Paulo. Dos endereços acima apontados, indicando os locais onde a empresa funcionou, não é possível, por si só, pressupor a existência de atividade operacional que pudesse, no passado, gerar os supostos recursos enviados ao exterior. Nos casos de omissão de receita, a movimentação financeira, em especial na época em que existia CPMF, é elemento que, avaliado no contexto dos autos, pode servir como meio de prova. Neste sentido, ativeme aos extratos bancários existentes a partir da fl. 103 dos autos. Também analisei a movimentação financeira e não encontrei depósitos a partir dos quais pudesse se presumir atividade operacional por parte da recorrente. Além dos extratos bancários apresentados pela recorrente, narra a autoridade fiscal que solicitou esclarecimentos às intuições financeira para que informassem as transações de valor superior a R$ 5.000,00. Contudo, tais informações não foram enviadas em tempo hábil e tampouco juntadas posteriormente aos autos. Assim, pela análise dos depósitos bancários, também não é possível afirmar a existência de atividades operacionais que pudessem gerar os recursos supostamente enviados ao exterior e repatriados por meio dos contratos de mútuo e operações com TBill’s. Quando se fala em omissão de receita não se pode esperar que esta esteja lançada em livros contábeis. Contudo, tendo por norte o objeto social da empresa, o endereço de funcionamento e sua movimentação financeira, não é possível afirmar a existência de atividade operacional que gerasse omissão de receita. Desta forma, cabe analisar, ainda, a natureza das despesas ou custos da recorrente, o número de funcionários e origem das receitas contabilizadas. Nesta linha, passo ao exame das informações constantes nas DIPJ, a seguir relacionadas. Anocalendário/exercício DIPJ fls Vol. dos autos 2000/2001 3.065 a 3.102 XV e XVI 2001/2002 3.108 a 3.145 XVI 2002/2003 3.151 a 3.202 XVI À fl. 269 e seguintes constam as demonstrações de resultados do ano calendário de 2002 e pelo que se extrai do valor registrado a título de despesas operacionais (R$ 790.380,53 fl. 269) ou das demonstrações de resultados especificadas à fl. 270, não se vislumbra a existência de elemento de prova que possa conferir credibilidade à premissa adotada pela fiscalização, qual seja, “de que os recursos que ingressaram no país são oriundo de Caixa 2, que tinham sido remetidos ao exterior, no passado”. Ademais, para que exista atividade operacional a realidade dos fatos costuma demonstrar a existência de folha de pagamento de salário. Neste sentido, procurei analisar o que existe nos autos e localizei a folha de pagamento datada de 27011999 (fl. 441), onde se identifica apenas um empregado e pagamento de prólabore de R$ 32.630,04, com IRRF de R$ 8.674,95, valerefeição de R$ 9,00 e assistência médica de R$ 148,69. Fl. 3575DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 23 Ainda, no que diz respeito ao quadro de funcionários, a Guia de Recolhimento e Previdência Social GRPS de fl. 454, referente à competência de dezembro de 1998, confirma a existência de um único funcionário. No exame das FICHAS 46A e 47A, das DIPJ, encontramse os seguintes registros no que diz respeito aos funcionários: Ano calendário/exercício DIPJ fls Ficha 47A fl. Nº empregados no inicio do exercício Volume dos autos 2000/2001 3.065 a 3.102 3..102 0 XV e XVI 2001/2002 3.108 a 3.145 3.145 01 XVI 2002/2003 3.151 a 3.202 3.201 0 XVI Da prova analisada até aqui, tendo por norte o objeto social da Companhia, o local onde esta funcionava, o número de funcionários e a movimentação identificada nos extratos bancários, não é possível afirmar que a empresa exercia alguma atividade operacional diversa do seu objeto social, qual seja, participar do capital social de outras empresas. Na tentativa de identificar atividade operacional da Companhia, também procurei verificar a natureza das despesas suportadas por esta. Do exame dos autos localizei a fatura correspondente ao mês de dezembro de 1998, para a empresa WALHALATUR VIAGENS LTDA, correspondente a despesas de viagens, no valor de R$ 6.788,12 (fl. 449), paga mediante Banco (fl. 452); e a fatura de fl. 468, no valor de R$ 3.641,40, a título de honorários advocatícios e de R$ 2.961,84 relativo a reembolso de despesas a este mesmo Escritório1. No que diz respeito a material de consumo (telefone, papel, tinta etc) que pudesse caracterizar a existência de atividade operacional, a prova dos autos também não demonstra tal fato. O que existe de concreto é a compra de "uma peça de acesso rádio digital à INTERNET e uma peça Global IP BR 64 Kbps", descritas na autorização de fl. 517, vinculada à nota fiscal de fl. 518, no valor de R$ 3.150,00, pagamento este feito por meio de cheque cuja cópia conta à fl. 517, com comprovação de compensação à fl. 518. Do exame dos custos lançados nas DIPJs dos períodos fiscalizados (fls. 3.066; 3.111 e 3.154), não se identifica contabilizado quaisquer despesas inerentes a produtos fabricados, mercadorias revendidas ou de serviços prestados. A experiência nos mostra que os contribuintes tributados com base no lucro real que têm por hábito omitir receita não adotam tal procedimento em relação às despesas. O modo de agir destes infratores, em regra, é registrar todas as despesas e omitir parte das receitas. No caso dos autos não se identificam despesas inerentes a custos de produção, comercialização e de fornecimento de serviços. Por fim, observo que à fl. 3.113, correspondente à DIPJ do anocalendário de 2001, existe contabilizado uma receita financeira no valor de R$ 120.266,92 e resultados positivos de participações societárias de R$ 37.911.234,72. Contudo, também há registrado despesas financeiras no valor de R$ 32.523.050,86, conforme quadro abaixo: 1 As demais movimentações financeiras, tipo a que consta da fl. 469, dizem respeito a transferências às empresas coligadas, o que será analisado em momento oportuno. Fl. 3576DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 24 ..... Quanto ao anocalendário de 2002, a FICHA 6A da DIPJ, revela lucro de R$ 4.782,50, decorrente de variações cambiais ativas, elemento que não serve para caracterizar a existência de atividade operacional, objeto da análise até aqui realizada. A autoridade fiscal embasou seu lançamento a partir da premissa de que os recursos repatriados para o Brasil eram oriundos do Caixa 2 da atividade operacional da empresa e que haviam, no passado, sido remetidos ao exterior. Para conferir algum grau de credibilidade a esta premissa é necessário que, ao menos, se identifique a existência de atividade empresarial capaz de gerar o Caixa 2. O que não se pode dizer é que se tratava de uma empresa de fachada, que não tinha funcionários, que funcionava em uma simples sala, que não tinha atividades negociais, mas que ao mesmo tempo, em passado não identificado, teria remetido ao exterior, fruto de suas atividades, o valor correspondente a quatrocentos milhões de dólares. Considerando que a produção de bens e serviços, ainda que omitidos da fiscalização, pressupõe estrutura que conte com funcionários, sede, despesas de telefone, insumos, dentre outras, para conferir credibilidade à premissa de que partiu fiscalização ao menos teríamos que demonstrar, em algum momento no passado, que houve atividade negocial, inerente à produção de bens e serviços, onde estas supostas receitas foram geradas. No período fiscalizado, 2000 a 2002, do que apurei dos autos, a empresa pagava despesas, tais como viagens, advogados, telefone, a partir de suas contas bancárias. Ainda nos casos de receita omitida, o dia a dia dos fatos nos mostra que quem assim age no presente tinha procedimento semelhante no passado. No entanto, não há nos autos um único elemento de prova que pudesse indicar, ainda que de forma tênue, que no passado a empresa gerou a suposta receita enviada ao exterior. Não é crível que a empresa, no passado, tivesse conseguido obter lucro superior a meio bilhão de reais (400 milhões de dólares), sem que estes recursos tivessem passado pelo sistema financeiro, em especial na época em que havia controle a partir da CPMF. Desta forma, a premissa da autoridade fiscal de que os valores objeto dos contratos são oriundos de receita de Caixa 2, anteriormente enviada ao exterior, não encontra nenhum elemento de prova. A autoridade fiscal partiu de premissa, como se fosse fato verdadeiro, e a partir daí tirou suas conclusões. Contudo, não provado o fato que serviu de base à premissa, não se sustenta a conclusão dele extraída. Assim, não vejo como sustentar a premissa de que a fiscalização partiu e dela extraiu sua conclusão para presumir que os recursos que ingressaram no país são decorrentes de omissão de receita anterior cujos resultados foram enviados ao exterior. Mais, ainda que pudesse se afirmar tal tese, em face do instituto da decadência, ao menos seria necessário apurar em que anocalendário teria ocorrido esta suposta omissão de receita. Fl. 3577DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 25 Apesar dos fundamentos acima, caso com eles não concordem os demais membros do colegiado, passo à análise dos contratos de mútuo e operações com TBill’s. III Da análise dos contratos de mútuo Inicialmente, observo que às fls. 937 e seguintes, consta o contrato de linha de crédito datado de 30091998, celebrado entre a MCOM WIRELESS (BVI) INC. e a MCOM WIRELESS S.A., por meio do qual a primeira abre em favor da segunda uma linha de crédito de US$ 200,000,000,00 (duzentos milhões de dólares), que, sob os aspectos formais, serviu de base para os contratos subsequentes. Presumese passivo fictício quando o contribuinte tem registrado em sua contabilidade empréstimo já pago; ou débito decorrente de empréstimo que, sob o aspecto material, não existiu. Tratase de, neste último caso, de documento formal sem a prova da efetiva transferência dos recursos. No caso dos autos, quando da fiscalização, os contratos de mútuo ainda não haviam vencidos. Assim, a questão diz respeito a prova da efetiva existência. Digo prova da efetiva existência referindome à materialidade, isto é, ao efetivo alcance dos recursos pelo mutuante e recebimento pelo mutuário. Em se tratando de contrato de empréstimo em que o mutuante é residente no exterior, a prova tornase mais fácil, pois há que estar acompanhado de contrato e fechamento de cambio. É com estas premissas que passo a analisar a situação dos autos, e inicio a partir do documento de fls. 2.853 e seguintes, que corresponde ao DOCUMENTO Nº 46, juntado com a impugnação. Por se tratarem de documentos e operações semelhantes, farei análise da primeira delas procurando identificar, em especial: a) o contrato formal entre as partes, data e valor; b) a existência ou não do correspondente contrato de câmbio; c) o nº da conta, agência e Banco em que o valor foi creditado; d) a existência de extrato bancário comprovando a efetiva entrega dos recursos à mutuária. Nos termos do DOCUMENTO Nº 46, juntado à impugnação, à fl. 2.853, com tradução juramentada à fl. 2.857, temse um contrato de empréstimo datado de 14092001, por meio do qual a MCOM WIRELESS (BVI) INC. empresta à MCOM WIRELESS S.A., a importância de US$ 406.000,00 (quatrocentos e seis mil dólares norteamericanos), devendo o respectivo valor ser disponibilizado na conta nº 27.1233, da Ag. 13623, do Banco Bradesco, em São Paulo. Sob o aspecto formal não há qualquer acusação de nulidade no contrato e eu tampouco identifico vício neste sentido. A questão diz respeito à efetiva entrega dos recursos. O contrato, por si só, sem a prova material da transmissão dos recursos, não é suficiente para descaracterizar a alegação de passivo fictício. Fl. 3578DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 26 À fl. 2.861, vinculado ao contrato aqui analisado, temse o contrato de câmbio datado de 17092001, no valor de US$ 406.000,00 (quatrocentos e seis mil dólares norteamericanos), correspondente a R$ 1.079.960,00 (um milhão setenta e nove mil novecentos e sessenta reais), com indicativo para ser liquidado até 19092001, mediante crédito na conta nº º 27.1233, da Ag. 13623, do Banco Bradesco, em São Paulo (fl. 2.868). Neste conjunto de documentos de fls. (fls. 2.854 a 2.863), que constitui o DOCUMENTO nº 46, não se encontra o extrato bancário da recorrente para provar o crédito em sua conta, fato que efetivamente atestaria a materialidade do mútuo e descaracterizaria a alegação de passivo fictício. Diante de tal fato, retornei ao Volume I onde se encontram os extratos bancários a partir da fl. 102, identificada como ANEXO 09. À fl. 200 encontrase cópia do contrato de câmbio antes analisado, sendo que às fls. 206 e 216, temse o registro do da operação junto ao SISBACEM e SISCOMEX. Havendo registro junto ao SUBACEM e SICOMEX, com contrato de câmbio, não subsiste a acusação de que tais operações não tinham sido noticiadas ao Bacen. Por sua vez, para encontrar o comprovante de depósito na conta bancária da recorrente foi necessário percorrer as centenas de documentos juntados aos autos, até chegar no de fls. 1110, que comprova o efetivo crédito dos recursos na conta da mutuária, conforme extrato abaixo: Quanto às demais operações mudamse apenas as datas e os valores, sendo que os documentos sob os aspectos formais estão devidamente constituídos e a materialidade dos mútuos comprovase com o efetivo crédito dos valores na conta da recorrente. Em face do valor elevado, embora referente ao ano de 1999, dispensei atenção à operação realizada em 16091999, com contrato de câmbio à fl. 975 no valor de R$ 2.630.419, 17. Da análise que fiz, encontrei o valor regularmente creditado na conta da recorrente, conforme prova que se encontra à fl. 976 destes autos. Quanto ao período fiscalizado, tendo em vista que os elementos de prova são os mesmos em cada uma das operações, só divergindo quanto ao valor e as páginas dos autos, fiz questão de analisar a transação de maior valor realizada em 13092001, no montante de R$ 9.183.900,00, que a recorrente, na planilha de fl. 934, informou corresponder aos documentos nº 134 e 135 (fl. 1.103 VOLUME VI e tradução às fls. 2.846 a 2.851 VOLUME XIV). Na análise do valor aqui referido, à semelhança dos demais recursos oriundo dos contratos de mútuo, o contrato de câmbio à fl. 1.103 e o crédito na conta da recorrente à fl. 1.106, comprova o efetivo alcance dos recursos. Fl. 3579DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 27 Obs. Aparentemente consta rasurado o valor acima, mas não se trata de rasura. Quando apresentou tais documentos a recorrente grifouos com caneta colorida, o que comprometeu a visibilidade em face da digitalização. Ainda no que diz respeito à prova relativa à materialidade da entrega dos recursos correspondentes aos contratos de mútuo, além das planilhas transcritas no relatório, às fls. 931 e seguintes VOLUME V , existe uma planilha, cuja parte que interessa a este processo segue transcrita, que faz referência à data das operações e o valor destas, acompanhada da demonstração do efetivo depósito em conta bancária. Da conferência que fiz, quer em relação às operações acima, quer em relação às demais, em especial no que diz respeito à formalidade e o efetivo crédito na conta bancária como forma de materializar o mútuo, não encontrei qualquer divergência. A análise da prova dos autos quanto à efetiva entrega dos recursos, no que diz respeito à materialidade das operações, não deixa a menor dúvida da existência dos mesmos. Na verdade, isto sequer foi questionado pela autoridade fiscal, pois esta, como fiz referência na primeira parte deste voto, reconhece o efetivo ingresso dos recursos, só que, sem qualquer prova, partiu da premissa de que tais valores eram decorrentes do "repatriamento" de lucros indevidamente remetidos ao exterior, em data anterior, decorrente de Caixa 2 da empresa. Em resumo, não havendo prova nos autos da premissa adotada pela autoridade fiscal de que os recursos oriundos dos contratos de mútuo eram decorrentes de lucros omitidos (caixa 2), que em período anterior tinham sido remetidos ao exterior e, provado a existência dos efetivos contratos de mútuo, quer em relação aos aspectos formais, quer no que diz respeito à materialidade caracterizada pelo efetivo crédito dos valores na conta bancária da mutuaria, não subsiste a imputação de passivo fictício descrita no auto de infração. IV Da análise das operações com contrato com TBill´s Quando os integrantes da DRJ converteram o julgamento em diligência para que o auditor fiscal verificasse a existência ou não dos títulos negociados, este devolveu os autos dizendo que o Colegiado não havia entendido o lançamento, pois quanto a este item, deixara consignado no termo de verificação fiscal: "... jamais houve a transação efetiva com estes papéis. Conforme já mencionado, quando da realização destas operações fictas, é debitada uma conta de Aplicações Financeiras e debitada uma conta de Empréstimo. No mesmo momento, é debitado Bancos, pelo depósito efetuado pelo suposto adquirente dos títulos, e creditada a conta de Aplicações Financeiras. Jamais é fechado o câmbio, nem jamais os contribuintes apresentaram qualquer cópia de certificado de troca de custódia dado pelas instituições autorizadas a custodiar tais títulos pelo Governo dos EUA..." Fazendo comparativo entre a empresa que enviou os recursos e a recorrente, ao que foi levantado pela autoridade fiscal, aquela também não tinha funcionários e nem atividade operacional. No entanto, a referida empresa, celebrou contratos com títulos do Fl. 3580DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 28 tesouro americano, verdadeiros ou não, que foram negociados com grandes empresas brasileiras, cuja materialidade do pagamento, conforme se verá, é inquestionável. Indagase como uma empresa sediada no exterior, com capital social ínfimo, sem que se tenha conhecimento de seu funcionamento no mercado, teria disponibilidade de recursos de tamanha grandeza para adquirir os títulos alegadamente negociados. Da análise da prova e das circunstâncias narradas nos autos, dentre as quais a identificação das empresas adquirentes dos títulos aqui no Brasil a convicção a que chego é que os recursos vindos do exterior, quer por meio de contratos de mútuo, quer por meio de contratos com TBill´s, conforme ilustração abaixo, não eram da remetente e tampouco da recorrente. 1 Compra a prazo de Títulos 2— Venda a vista de títulos no mercado interno 3— Disponibilização imediata de R$ 4— Passivo contabilizado pela Impugnante em favor da MCOM BVI Em suas contrarrazões e na sustentação oral, o ilustre representante da Procuradoria da Fazenda Nacional, com grande perspicácia, destacou ao colegiado de que não havia uma única prova de que a recorrente havia negociado estes títulos no mercado interno, conforme exemplo que ela própria apresentou, identificado na ilustração supra. Diante do debate em torno da inexistência de prova da venda dos títulos no mercado interno, a recorrente, em questão de ordem que suscitou durante o julgamento, alegou que nunca ninguém havia lhe solicitado tal prova e, a título exemplificativo, apressouse em remeter por meio eletrônico e apresentar novo memoriais, cópia de contratos e provas de pagamento de transações realizadas com as seguintes empresas, destacando tratarse de exemplos: a) CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S.A b) ULMIR PARTICIPAÇÕES LTDA Fl. 3581DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 29 c) DUAGRO S.A. ADM. E PARTICIPAÇÕES OBS. Valor creditado na conta da recorrente junto ao Bradesco em 18062001. d) ODEBRECHT SERVIÇOS DE INFRA ESTRUTURA S.A Dado à prova de que a recorrente, uma empresa sem funcionários, sem atividade operacional, sediada em uma sala, alienou os TBill´s e recebeu as respectivas importâncias, conforme créditos em sua conta bancária, a conclusão a que chego é que a omissão de receita, ao que parece, estava ocorrendo nas empresas adquirentes dos títulos, estas sim com atividade operacional conhecida. Por outro lado, conforme apontado durante os debates, no momento em que se tem prova de que a recorrente, sem qualquer estrutura operacional, limitavase a receber os valores das empresas que assinavam os contratos de aquisição de TBill´s, tais como ODEBRECHT, DUAGRO S/A, ULMIR PARTICIPAÇÕES etc., emprestando a terceiros, tem se que esta, em assim agindo, executava serviço de intermediação com recursos de terceiros. Nesta linha, em se dedicando a fazer operações pegando recursos das empresas antes nominadas e emprestando às suas coligadas, a remuneração da recorrente não seria o montante dos recursos, mas sim a taxa de spread, à semelhança do que ocorre com as empresas de factoring. Ainda que fosse possível desconsiderar os fundamentos articulados na primeira parte em que inicio o exame do recurso voluntário, temse que o artigo 40 da Lei no. 9.430, de 1996, ao presumir que se caracteriza omissão de receita a manutenção, no passivo, de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada, impõe que se faça distinção entre lucro e omissão de receita. A exigência do IRPJ e da CSLL dáse em relação ao lucro e não sobre a receita. Assim, ainda que pudesse persistir a tese de omissão de receita defendida pelos ilustres conselheiros Leonardo de Andrade Couto e Leonardo Henrique Magalhães que neste ponto Fl. 3582DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 30 votaram vencidos, haveria necessidade de se identificar a atividade da qual a suposta receita omitida seria decorrente, adotando como base de cálculo do IRPJ e da CSLL o lucro e não a receita presumidamente omitida. A autoridade fiscal não adotou o procedimento referido no parágrafo anterior porque partiu de uma premissa de que todos os valores registrados nos contratos eram decorrentes de lucros que, no passado, teriam sido enviados ao exterior. Contudo, tal premissa não encontra qualquer demonstração nos autos. Para que se possa presumir que uma empresa tenha obtido lucro é necessário demonstrar que esta, ao menos, tinha atividade operacional na época em que o suposto lucro fora apurado. Não é possível dizer que a empresa não tem funcionários, não tem atividade operacional, que é empresa de gaveta, mas que ao mesmo tempo gerou lucro de 400 milhões de dólares. Examinando a matéria por outro enfoque, nos termos do artigo 63, do CTN, conjugado com o artigo 11 do Decreto no. 2.219, de 1997, vigente à época, temse que: "Art.11. 0 fato gerador do IOF é a entrega de moeda. nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou a sua colocação disposição do interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta â disposição por este. Nesta linha, a autuação da recorrente exigindolhe IOF, conforme especificado no auto de infração de fls. 2.213, é mais um indicativo, de que a atuação da recorrente, no caso concreto, estava relacionada à intermediação de recursos de terceiros e não à prática de qualquer atividade que pudesse gerar as receitas e lucros considerados omitidos. Ainda no que diz respeito ao exame da prova, conforme informação de fl. 3.2882, do adido brasileiro nos Estados Unidos, as transações com os títulos do tesouro americano dãose de forma eletrônica, a semelhança da aquisição de ações, em bolsa, no mercado brasileiro. No caso dos autos, a recorrente apresentou os seguintes documentos, os quais cito a título de exemplo adotando a operação de fl. 2.602 e seguintes: a) contrato de compra e venda de notas do tesouro tendo como vendedora a MCOM WIRELESS (BVI) INC., e compradora a autuada (fl. 2.602); b) Confirmação de negociação dos valores mobiliários confirmada pelo ESPÍRITO SANTO BANK, remetida à autuada (fl. 2.608); c) Confirmação de negociação do departamento de tesouraria do ESPÍRITO SANTO BANK, remetida à autuada (fl. 2.609); 2 • não são designadas instituições financeiras para vender papéis do Tesouro. Estes estão disponíveis por intermédio de bancos e corretoras; “os interessados em títulos do Tesouro podem adquirilos nos leilões diretamente com o Tesouro ou por meio de intermediários como instituições financeiras e corretoras. Podem ainda adquirilos no próprio mercado. • nem o Departamento do Tesouro nem o Federal Reserve Bank possuem informações sobre os proprietários de títulos que são custodiados junto às instituições financeiras intermediárias. • Diferentemente dos títulos adquiridos diretamente com o Tesouro. No entanto, as informações relativas a proprietários de títulos estão sujeitas a sigilo. • como em qualquer transação financeira, os adquirentes de títulos devem ser cautelosos na escolha do custodiante de seus títulos Fl. 3583DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 31 d) Confirmação de negociação do departamento de tesouraria do ESPÍRITO SANTO BANK, remetida à MCOM WIRELESS (BVI) INC. (fls. 2.610 e 2.611). Da análise dos referidos documentos, ao menos no que diz respeito aos aspetos formais, temse que o ESPÍRITO SANTO BANK era a instituição custodiante, tanto que efetuada emitia correspondência tanto à adquirente (fl. 2.608) quanto à alienante (fls. 2.610 e 2.611). Ao meu sentir a existência de instituição custodiante, no caso em exame, decorre das correspondências enviadas pelo ESPÍRITO SANTO BANK dando conta que os referidos títulos estavam em seu poder e que, em face das orientações recebidas, estava fazendo as devidas transferências. Para se dizer que estas transações, devidamente documentadas, inexistem ou são simuladas, era necessário elemento de prova. Aqui não basta presumir que se tratam de operações fictas. É preciso elemento de prova capaz de afastar os fatos materializados nos documentos apresentados pela recorrente. Durante os debates o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto que pediu vista dos autos deixou claro que para ele os documentos acima analisados não eram suficientes para comprovar as transações, em especial a custódia. Em que pese o reconhecimento que tenho pelo saber jurídico do ilustre Conselheiro, não vejo que outro documento poderia ser exigido da recorrente para provar a materialidade das transações. Contudo, para finalizar, ainda que fosse possível aplicar o disposto no artigo 40 da Lei no. 9.430, de 1996, reconhecendo que tais operações, registradas no passivo, não estão comprovadas, presumindose, então omissão de receita, o arbitramento não poderia considerar toda a receita, supostamente omitida, como sendo lucro. Em resumo, a autoridade fiscal lavrou auto de infração exigindo IRPJ, CSLL, PIS e Cofins em relação aos valores correspondentes aos contratos de mútuo e transações com Tbill’s, partindo da premissa de que se tratavam de lucros, do caixa 2, que anteriormente tinham sido enviados ao exterior. Foi por esta razão que considerou a integralidade de tais valores como lucro e não como receita. Contudo, da análise da prova, incluindo a data de constituição da empresa, os locais de funcionamento da autuada, o número de funcionários, os bens do ativo, as despesas contabilizadas e a forma de pagamento destas, a movimentação financeira contida nos extratos bancários, bem como os detalhes envolvendo as subseqüentes vendas dos TBill’s, com prova material do crédito de tais valores em conta bancária, sem que exista qualquer elemento de prova de que, em algum momento do passado, pudesse indicar atividade operacional capaz de gerar tamanha grandeza de receita e de lucro, levando ainda em consideração os contratos e demais provas carreadas aos autos pela recorrente, a conclusão a que chego é que a premissa da qual partiu a autoridade fiscal não se sustenta, decorrendo de tal fato e das demais questões analisadas no voto, a insubsistência do lançamento, tornandose desnecessário a análise dos demais pontos articulados no recurso. ISSO POSTO, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário para cancelar o lançamento. (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva Fl. 3584DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 32 Declaração de Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza Conforme registrado no dispositivo deste acórdão (fl.2), em relação ao recurso voluntário os conselheiros Leonardo Couto e Leonardo Oliveira restaram vencidos, sendo que Eu e os conselheiros Frederico Alencar e Carlos Pelá acompanharam o ilustre Relator pelas conclusões. Fez necessário então esta declaração de voto para registrar os nossos próprios fundamentos para cancelar a exigência. O auto de infração para exigência de IRPJ e Reflexos está calcada na presunção legal de omissão de receitas, em face do “passivo ficticio” pelos seguintes fundamentos (Termo de Verificação fiscal, fls. 2030/2051, verbis): “(...) As operações de empréstimos supostamente tomados pela MCOM e pela GP Administradora ( atual Mauriti ) eram feitas a débito de Aplicações Financeiras e, no mesmo instante, era feito o crédito a Aplicações Financeiras com débito a Bancos pela suposta venda de tais títulos. Em diligência feita junto a um dos compradores de tais títulos em 1999, constatou esta fiscalização que tais operações, além de terem sido feitas à margem da escrita comercial e fiscal do terceiro adquirente, já haviam sido alvo de fiscalização por parte da DEFIC, onde foi constatada a inexistência dos títulos que supostamente teriam lastreado a operação, além de tais operações já serem objeto de inquérito junto ao Departamento de Polícia Federal. Além disto, os recursos assim recebidos eram quase que imediatamente repassados às subsidiárias da MCOM ( Mobilcom e Mcomcast ) na forma de AFAC Adiantamento para Futuro Aumento de Capital ou eram efetuados pagamentos a supostos prestadores de serviços. O mesmo mecanismo ocorria nas referidas subsidiárias. Em função de tal sistemática, e havendo fortes indícios de fraude, em dezembro de 2004 foram emitidos RIMFs para os principais Bancos da MCOM e da Mcomcast, onde, entre outras informações, foram requisitadas as cópias de todos os documentos a débito ou a crédito das contas mantidas nas instituições de valor igualou superior a R$5.000,00. A resposta da maior parte dos Bancos diligenciados, conforme veremos, foi entregue a destempo e de forma incompleta. Fl. 3585DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 33 Em 30/12/04, ainda sem o recebimento das informações requisitadas às instituições financeiras, foi a MCOM autuada, tendo sido lavrado Auto de Infração para os anoscalendário de 1998 (não decaído, pelos indícios de fraude) e 1999, com desclassificação da escrita e agravamento da multa. Em outubro de 2005 foram diligenciados Bancos de todos os contribuintes sob fiscalização, com os mesmos critérios das diligências anteriores. Também estes não foram, em sua maior parte, entregues completa e tempestivamente. Em 17/02/05, recebeu esta fiscalização dossie (sic) da DEFIC, em virtude de ter sido aberta diligência por aquele órgão, por provocação da DRF de Sorocaba, para a MCOM. Tal processo está sendo devolvido, com a anexação do presente Auto de Infração e de representação de fiscalização de IRPJ para os mesmos períodos analisados em preços de transferência. Concentrouse esta fiscalização em dois pontos: na análise das operações de empréstimos externos e no modus operandi do Grupo Garantia, em função das participações societárias, sempre geradoras de prejuízo. A análise das operações dos contribuintes GP Investimentos, Mobilcom e Mcomcast revelou não terem estes efetuados operações de crédito com o exterior, pelo que estão sendo encerradas suas fiscalizações como sem resultado para a fiscalização "IRPJ Preços de Transferência Juros". Não obstante, tais empresas, além da MCOM e da GP Administradora, estão sendo representadas à DEFIC por manifestas infrações à legislação de Imposto de Renda e pelos crimes contra a ordem tributária. Para os dois contribuintes com operações de empréstimo com coligadas no exterior ( MCOM e GP Administradora ), a análise de tais operações revelou serem tais empréstimos fictícios, servindo apenas e tão somente a dar fôros de legimitidade à internação de recursos mantidos à margem da escrituração. Preveniuse a jurisdição e estão sendo autuados por infração à legislação do Imposto de Renda. a análise das operações dos Grupos Garantia, dentre outras inúmeras irregularidades, constatouse serem criadas empresas "de fachada"por empregados do Grupo para o recebimento de salários, destarte elidindo o pagamento de IRPF. Em função disto, foram autuados os Srs. Marcelo Meth e Rogério A. dos Santos, sócios na "empresa" Soldo Serviços de Contabilidade S/C Ltda., Contadores das empresas do Grupo, por paradigmáticos. Outras há, cabendo mencionar, exemplificativamente, o Sr. Marcelo Amar, que criou sua "empresa" Maga Gestão e Planejamento Ltda. em sociedade com o senhor seu pai, sendo pago principalmente pela Mcomcast. Restou por encerrar a fiscalização do contribuinte Comcast, único dos fisca lizadas cujos empréstimos com o exterior estão suportados por efetivo fechamento de câmbio. Considerando que conforme veremos todas as operações das empresas do cluster MCOM ( Comcast, Mcomcast e Mobilcom ) estarem interligadas, este Termo de Constatação e Verificação Fiscal é idêntico para a MCOM e para a Fl. 3586DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 34 GP Administradora, sendo que ambas tem, por este Termo, suas fiscalizações de preços de transferência encerradas. Verificarseá, ademais, como praticamente todas as empresas do Grupo Garantia apresentam demonstrativos financeiros e, por conseguinte, DIRPJs que não são mais que obras de ficção. Cabe a ressalva de que tudo o que esta fiscalização mencionar como sendo ilícito, ilegal, fraudulento, doloso, crime contra a ordem tributária, etc., deve ser lido como "indícios de", ficando a cargo do Ministério Público Federal o ulterior oferecimento de denúncia crime, se entender que as provas coligidas suportam tal providência. II DAS VERIFICAÇÕES EFETUADAS Constatado, ao final de 2004, a prática do Grupo Garantia de criar empresas "de fachada" com o fito de elidir o pagamento de tributos, entendeu esta fiscalização de analisar todas as empresas de alguma forma envolvidas com suas operações. Assim, as principais verificações efetuadas foram: 1. CNPJ: a partir dos contribuintes originalmente sob fiscalização, foram analisados os dados constantes do sistema CNPJ para suas empresas subsidiárias, acionistas, incorporadas ou incorporadoras. Foram analisadas aproximadamente 250 empresas nacionais do ( ou relacionadas ao ) Grupo Garantia, 30 do exterior, além de proximadamente 30 fornecedores da Mcomcast, em um total de mais de 300 verificações. Foram verificadas as seguintes telas: • dados cadastrais; • sucedida/sucessora; • sócios; • filiais; • situação fiscal; • DIRPJs apresentadas; • histórico. 2. DIRPJ: originalmente, pretendia esta fiscalização analisar as DIRPJ de todas as empresas envolvidas, a partir de 1995, inclusive (primeiro ano em que o sistema da SRF permite ver as fichas completas das Declarações ) até 31/12/04. Em função do tempo disponível, tal não foi possível. Entretanto, além das DIRPJ dos contribuintes sob fiscalização, várias outras empresas foram analisadas sob este aspecto, em um total de mais de 1.000 DIRPJs, posto que foram analisadas também as DIRPJs canceladas por vezes, há a DIRPJ retificadora da retificadora além de aproximadamente 50 de fornecedores da Mcomcast. A planilha "controle de verificações DIRPJ", em anexo, evidencia as DIRPJs analisadas, sendo que o número "1" representa estas. Na mesma planilha constam as datas de criação e extinção de cada uma das empresas, conforme as mesmas DIRPJs ( as datas por vezes não coincidem com as constantes do sistema CNPJ). As áreas hachuradas, constantes nesta e em outras planilhas que serão apresentas (sic), servem para deixar evidenciado o período em que a empresa não existia; Fl. 3587DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 35 3. consolidação das DIRPJs: da mesma forma que em relação às DIRPJs, era intenção desta fiscalização fazer uma consolidação das fichas das DIRPJs para os períodos analisados de todas as empresas, o que requer ajustes de ano para ano, dadas as alterações na forma de apresentação das fichas determinada pela SRF. Da mesma forma, o tempo não o permitiu. Entretanto, além dos contribuintes sob fiscalização, logrou esta fiscalização concluir a consolidação para várias delas. As seguintes fichas das DIRPJs foram consolidadas: · Custos ( quando cabível ); · Despesas Operacionais; · Demonstração do Resultado; · Demonstração do Lucro Real; · Ativo · Pasivo (sic) · Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados; · Identificação dos Sócios; · Participação Permanente em Controladas ou Coligadas; · Outras Informações; · COFINS (quando cabível); 4. endereços: a partir das DIRPJs, foram levantados os endereços das empresas do Grupo ( doravante, fica subentendido que os levantamentos efetuados estão incompletos (sic) ). A anexa planilha "pessoas jurídicas vinculadas por endereço" na qual foram ocultas diversas linhas e colunas demonstra a localização das empresas de 1995 a 2004; 5.representantes legais: a partir de 1995, foram levantados, pelas DIRPJs, os representantes legais dos contribuintes sob fiscalização e das demais empresas. A planilha também com linhas e colunas ocultas anexa, "pessoas jurídicas vinculadas representante legal DIRPJ", e das 440 DIRPJs para as quais chegou a ser feito tal levantamento, os principais responsáveis pelas empresas, até 2004; 6. Contador: o mesmo levantamento do ítem (sic) anterior foi feito em relação aos Contadores, conforme a planilha anexa "pessoas jurídicas vinculadas Contador DIRPJ", onde se verifica terem sido levantadas 435 DIRPJs para os dez anos considerados; 7. número de funcionários: foi efetuado um levantamento, a partir das DIRPJs, do número de funcionários declarados pelas empresas em 31/12 de cada ano, obtida a partir da ficha "Outras Informações", que informa o número de funcionários no início e no fim do período de apuração. Como tal Fl. 3588DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 36 informação só passou a ser exigida a partir do anocalendário de 2000, foram considerados, para os anos anteriores a 1999, como tendo "zero" funcionários aquelas empresas que tivessem informado "zero" de "Despesas de Salários" na ficha de "Despesas Operacionais". Para as que informaram tais despesas, foi colocado "?" na planilha "controle de verificações número de funcionários em 31/l2/xx", anexa, sendo que, quando algum campo de ano das empresas ali apresentadas está em branco, é porque não houve tempo para esta verificação; 8. empresas no exterior: além das empresas vinculadas no exterior, possuidoras de CNPJ, conforme mencionado no ítem (sic) "1", acima, foram levantadas as empresas que de alguma forma se relacionam como acionistas, subsidiárias, emprestadoras de recursos, etc. com o Grupo. Tal levantamento, demonstrado na planilha "pessoas jurídicas vinculadas exterior", anexa, revela a existência de quase 70 empresas, sendo a maior parte localizada nas British Virgin Islands e nos EUA. A planilha evidencia também a maior parte dos vínculos, além de para as que tem (sic) CNPJ o representante legal. Além destas constam também 12 empresas das quais é sócio o Sr. Jorge Paulo Lemann. Tal fato será adiante comentado; 9. subsidiárias: foram verificadas, dentre as empresas do Grupo, quais as que possuiam (sic) subsidiárias, conforme suas DIRPJs. Tal verificação está demonstrada na anexa planilha "pessoas jurídicas vinculadas holdings e outras atividades número de subsidiárias", onde os campos em branco indicam que não foi feita a verificação para aquele exercício. Tal planilha não está em ordem numérica de CNPJ, mas por atividade desenvolvida; 10. faturamento: da mesma forma que acima, foi verificado o faturamento anual das empresas do Grupo. O faturamento considerado é o constante da linha "Receita Líquida das Atividades", e está demonstrado na planilha "pessoas jurídicas vinculadas empresas com faturamento ( Receita Líquida das Atividades )", em anexo; 11.empréstimos do exterior: foram verificadas a origem e a natureza dos empréstimos externos, seus documentos de suporte, etc; 12. Bancos: foram diligenciados os principais Bancos dos contribuintes sob fiscalização, tendolhes sido intimado apresentar extratos, cópias de todos os documentos, a débito e a crédito de qualquer natureza de valor igualou superior a R$5.000,00, pessoas autorizadas a movimentar as contas, cópias de contratos de câmbio, etc., desde a criação das empresas até 31/12/04; 13. arquivos magnéticos: foram os contribuintes intimados a apresentar seus arquivos magnéticos na forma da IN nº 86/01 e do Ato Declaratório Executivo COFIS nº 15/01, desde a criação da empresa até 31/12/04; 14. composição das DIRPJs: foram os contribuintes sob fiscalização intimados a apresentar a composição das DIRPJs, discriminando as contas e os saldos respectivos que foram incluídos em cada linha das fichas; Fl. 3589DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 37 15. outras verificações: no curso da ação fiscal foram requeridas outras informações, tais como mútuos com pessoas fisicas e jurídicas vinculadas, demonstração do cálculo dos juros pagos/creditados ou recebidos/debitados, etc .. III DAS IRREGULARIDADES CONSTATADAS A Da Escrituração Os contribuintes sob fiscalização revelam o mais absoluto desprezo pela boa técnica contábil, incorrerem em erros crassos de escrituração, e apresentam informações falsas à SRF. Quanto à escrituração do Livro Diário, os seguintes comentários, em relação à MCOM, são aplicáveis: 1. de janeiro de 1997 a abril de 2002, a MCOM utilizouse dos Livros Diário Auxiliar do Contas a Pagar e Diário Auxiliar do Caixa e Bancos; 2. os artigos 204 ( do Decreto nº 1.041/94) e 258 ( do Decreto nº 3.000/99 ), que tratam do Livro Diário, determinam, ambos em seu § 4º, que tais Livros auxiliares contenham termos de abertura e encerramento e sejam autenticados no Registro de Comércio.A MCOM nunca autenticou nenhum de seus Diários Auxiliares; 3. O § 1º dos artigos supracitados admite a utilização de tais Livros Auxiliares na hipótese de operações numerosas ou realizadas fora da sede. Nenhum desses pressupostos ocorria no caso da MCOM; 4. a quase totalidade dos lançamentos do Diário Geral (o único autenticado) davase no último dia do mês, e tinha como histórico ‘REF MOVTO DO CONTAS A PAGAR DE...(último dia do mês)’ ou ‘REF. MOVTO CX.BC DE ... ( último dia do mês)’. O § 2º dos artigos acima determina que o transporte dos totais mensais dos Livros Auxiliares para o Livro Diário deva ser feita referência às páginas em que as operações se encontram lançadas nos Livros Auxiliares (mais uma vez mencionando que estes devem estar registrados). No caso da MCOM, os lançamentos não eram um só ( totalizadores ) mas vários, e jamais foi feita qualquer referência à página dos registros auxiliares, além do fato de que os lançamentos contábeis ( todos ) não eram numericamente identificados; 5. apesar de possuir escrituração em meio magnético, a MCOM não possui – ou não quis fornecer à fiscalização – os Livros Diário Auxiliar do Contas a Pagar e Diário Auxiliar do Caixa e Bancos em meio magnético. 6. os Livros Diário Auxiliar do Contas a Pagar de 1998, 2000 e 2001 tem como cabeçalho em todas as sua folhas: "Diário Auxiliar do Contas a Pagar ( Normal ). Talvez haja o "Anormal" ... ; 7. nos Balancetes mensais e Balanços escriturados nos Livros Diário de 1996 e 1997 o total do Ativo não é igual ao do Passivo. Fl. 3590DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 38 Exemplificativamente, estão anexas as folhas 68, 69 e 70 do Diário Geral de 1997, com os saldos de junho; 8. na alteração do Plano de Contas, de abril para maio de 2002, os saldos a débito e a crédito finais de abril não coincidem com os iniciais de maio, conforme planilhas "mudança de Plano de Contas 2002 apuração das diferenças entre os saldos de contas saldos devedores/credores" anexas. A contabilização do ágio pago nos investimentos nas subsidiárias também não segue as regras contábeis e fiscais, pois: 1. os supostos empréstimos recebidos do exterior são transferidos para suas subsidiárias, sendo contabilizadas tais transferências na forma de "AFAC Adiantamento para Futuro Aumento de Capital"; 2. quando do aumento de capital, normalmente a contabilização não segue as regras contábeis, sendo o valor consignado na conta de adiantamento integralmente contabilizado como investimento, não se considerando o que seria o ágio pago; 3. imediatamente após o aumento de capital, é contabilizado o resultado de equivalência patrimonial, gerando prejuízo; 4. tais operações aumento de capital são por vezes realizadas no dia 1 º de janeiro ou 31 de dezembro; B Do modus operandi O Grupo Garantia cria diversas empresas com o fito de elidir o pagamento de tributos pela utilização de abuso de forma e simulação. Em linhas gerais, a maior parte das empresas do Grupo Garantia são empresas "de gaveta". São criadas várias ao mesmo tempo com o propósito de: · simular a legitimidade das operações fictas ( empréstimos e pagamentos), argumento usado pelos contribuintes em suas impugnações a Autos de Infração sofridos; · dificultar a rastreabilidade dos recursos; · internar recursos previamente enviados ao exterior; · efetuar pagamentos a sócios ( lucros) e funcionários ( salários ); · permitir a geração de "Caixa 2" pela criação de prejuízos fictícios, seja nas empresas "operacionais", seja nas "de gaveta"; · transferir recursos aos sócios pelas alterações de controle acionário; · facilitar a entrada de recursos oriundos de "Caixa 2" levados ao exterior; Fl. 3591DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 39 · facilitar, pelo grande número de empresas, sua extinção por incorporação (raras vezes por extinção voluntária ), destarte eliminando seus "rastros". Os principais elementos caracterizadores do abuso de forma e da simulação são: 1. há mais de dez anos o Grupo Garantia cria várias empresas por ano, sendo que algumas chegam a ter o CNPJ sequencial, conforme se pode constatar da planilha "controle de verificações DIRPJ"; 2. o gráfico "Duração início ( s/operacionais )", em anexo, permite melhor visualizar tal prática. Verificase que algumas tem efêmera duração ( um ou poucos mêses ); 3. grosso modo, podese dizer que, de cada dez empresas, nove são "de gaveta". Temse a impressão de que são criadas a maioria como holdings sem nenhuma destinação específica, passando a ser utilizadas de acordo com as conveniências do momento, quando alteram o nome e o objeto social. A anexa planilha "pessoas jurídicas vinculadas v alterações de nomes e atividades" permite melhor visualizar o fato. Esta planilha apresenta também, para as S/ As, as alterações de abertura e fechamento do Capital; 4. o Grupo Garantia aparenta trabalhar em clusters onde' há uma ou duas empresas operacionais, as demais prestandose aos propósitos mencionados acima. Assim, teríamos o cluster CDMA ( Playcenter, Hopi Hari ), Multicanal ( NET/GP Participações ), CSFB/Garantia, etc., sendo que todos estes clusters possuem empresas ligadas no exterior; 5. tais empresas variam o local da sede, havendo várias situadas em um mesmo endereço ( por vezes, uma pequena sala ou conjunto ). Tal fato está evidenciado pela planilha "pessoas jurídicas vinculadas por endereço". Observese que, além de não terem sido levantados os endereços de todas as empresas, certamente estarão faltando algumas que devem estar "dormentes", à espera de sua "utilização". A análise dos endereços constantes das DIRPJs revela, por exemplo, que, em 2003, para as empresas sediadas à Av. Brig. Faria Lima, 2.927, 6º and., cj. 62 ( um pequeno conjunto) a Mcomcast "ocupava" a "sala 1", enquanto a Southinvest a "sala 35"; 6. boa parte delas nunca teve nenhum funcionário registrado, conforme evidenciado pela planilha "controle de verificações número de funcionários em 31/12/xx". Esperase que até uma holding tenha pelo menos um office boy ou uma secretária, além de alguém que tenha a atribuição de limpar as instalações. O que se observa, entretanto, é que a grande maioria das mesmas, mesmo quando tendo por objeto social "outros serviços" ou "outras telecomunicações" também não possuem nem nunca possuiram (sic) funcionário algum. Este é o caso em relação ao cluster MCOM ( Mobilcom, Mcomcast e subsidiárias ), onde nenhuma das 21 subsidiárias jamais teve nenhum funcionário; Fl. 3592DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 40 7. a maior parte das empresas jamais teve faturamento algum, ainda que fossem holdings, conforme se verifica na planilha "pessoas jurídicas vinculadas empresas com faturamento ( Receita Líquida das Atividades)". Como acima, este é o caso em relação ao cluster MCOM, onde nem a MCOM nem nenhuma das 21 subsidiárias jamais teve nenhum faturamento; 8. os responsáveis perante a SRF e os contadores também mudam, mas se revezam na administração e na contabilidade das empresas, com o intuito de descaracterizar as responsabilidades. Como exemplo, a própria MCOM apresentou uma DIRPJ, em 2002, retificando o responsável e o Contador na DIRPJ de 1996. Tais fatos são visualizados nas. planilhas "pessoas jurídicas vinculadas representante legal DIRPJ" e "pessoas jurídicas vinculadas Contador DIRPJ"; 9. os acionistas das empresas também mudam com o passar do tempo. Tal fato pode ser observado, para as empresas para as quais foi elaborado o DIRPJ comparativo, ao se examinar a ficha "Identificação dos Sócios". Da mesma forma, tal fato pode ser analisado também pela leitura da ficha "Participação Permanente em Coligada ou Controlada". Exemplo da utilização deste expediente é a MCOM, da qual não se consegue determinar quais os acionistas em seus primeiros anos, pelos sucessivos cancelamentos em seus Livros Registro de Ações Nominativas e Transferência de Ações Nominativas ( fls. ), além de term (sic) sido "extraviados" (sic) seus Livros Presença de Acionistas e Atas de Reuniões do Conselho de Administração; 10. boa parte dos sócios são pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, principalmente nas British Virgin Islands e nos EUA, em Willmington, Estado do Delaware, conforme planilha "pessoas jurídicas vinculadas exterior”; 11.os representantes ( procuradores ) destas empresas são pessoas ligadas ao Grupo; 12. praticamente todas as empresas apresentam uma "vida útil", após o que são incorporadas por outras do próprio Grupo ou meramente extintas. Este é o caso da MCOM e suas subsidiárias. O gráfico "Duração extinção (s/operacionais )" e a planilha "pessoas jurídicas vinculadas mcorporações", ambos em anexo, permitem melhor visualizar o fato; No caso da GP Investimentos Ltda., que não possui empréstimos externos, mas presta serviços, há fortes indícios de fraude. Em primeiro lugar, os serviços prestados ao exterior o são para empresas vinculadas. Entretanto, não há, nestas operações, fechamento de câmbio. Em virtude de não ter esta fiscalização recebido, até o momento, os comprovantes dos Bancos diligenciados, não tem como determinar quem são os efetivos depositantes. Não obstante, em sendo recursos vindo do exterior, caberia a incidência de IOF. Em segundo lugar, os serviços prestados às ( poucas ) empresas locais apresentam evidências de serem meras "vendas de nota", ou seja, notas de Fl. 3593DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 41 favor. Prestações de serviços foram feitas, p. ex., a empresas dos Grupos Pão de Açúcar e Vicunha. O mesmo ocorre com a GP Administradora de Ativos, que só presta serviços a empresas do Grupo. Conforme já mencionado, a existência de várias empresas prestase, entre outras coisas, a transferir recursos para os sócios ( reais e ocultos ). Assim é que o Sr. Jorge Paulo Lemann apresentou, em sua DIRPF referente ao anocalendário de 2004, entre seus bens, ações das empresas: · Santa Aparecida Participações S/A, CNPJ 07.234.772/000137; · Santa Luzia Participações S/A, CNPJ 07.235.256/000127; · Santa Catarina Participações S/A, CNPJ 07.232.236/000100; · Santa Mônica Participações S/A, CNPJ 07.232.203/000152. Ocorre que tais empresas constam, no sistema CNPJ, como tendo sido criadas em 31/01/05. Em 2004, o total dos bens e direitos declarados pelo Sr. Jorge Paulo Lemann montou a R$ 524.720.901,90. Entretanto, em matéria da revista Forbes de março deste ano, sobre os ( 691 ) bilionários do mundo, o Sr. Lemann aparece como detentor de uma fortuna de US$ 2,6 bilhões, o que, ao câmbio de R$ 2,6544 de 31/12/04, representa R$ 6,9 bilhões. Já o Sr. Marcel Hermann Tel1es, também sócio das quatro empresas acima pela sua DIRPJ, aparece na mesma reportagem como detentor de US$ 1,3 bilhões ( R$ 3,45 bilhões ), tendo declarado, para o mesmo ano, um total de R$ 276.631.841,81 em bens e direitos. O Sr. Carlos Alberto da Veiga Sicupira, igualmente sócios das referidas empresas, também aparece na reportagem mencionada como possuidor de um patrimônio de US$ 1,1 bilhões, equivalentes a R$ 2,9 bilhões, tendo declarado bens, e direitos que totalizam R$ 203.243.268,12. c Das Operações de Empréstimo O credor da MCOM é sua subsidiária integral MCOM BVI, Inc., sediada nas Ilhas Cayman, e que possui um Capital Social de R$0,97. Esta fantástica capacidade de alavancagem financeira deriva de seus empréstimos, basicamente, da GP Investments ( fls. ). Já a GP administradora tem como credores a Holtz Business Inc. e a GP Asset Management Ltd., sua subsidiária. As operações de empréstimo realizadas pelos contribuintes MCOM e GP Administradora de Ativos ( Mauriti ) tem como lastro, basicamente, TBills e, por vezes, TNotes e Títulos da Dívida Argentina. Fl. 3594DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Processo nº 16327.000013/200630 Acórdão n.º 1402001.274 S1C4T2 Fl. 0 42 Entretanto, jamais houve a transação efetiva com estes papéis. Conforme já mencionado, quando da realização destas operações fictas, é debitada uma conta de Aplicações Financeiras e debitada uma conta de Empréstimo. No mesmo momento, é debitado Bancos, pelo depósito efetuado pelo suposto adquirente dos títulos, e creditada a conta de Aplicações Financeiras. Jamais é fechado o câmbio, nem jamais os contribuintes apresentaram qualquer cópia de certificado de troca de custódia dado pelas instituições autorizadas a custodiar tais títulos pelo Governo dos EUA. Conforme já demonstrado na autuação da MCOM para os anoscalendário de 1998 e 1999 ( fls. ), os títulos da dívida Argentina não existem, correndo processo, originado pela DEFIC, no Ministério Público Federal e na Polícia Federal pela fraude. Tais operações não apresentam nenhuma razão econômica, não sendo gerado qualquer lucro ou prejuízo. Houvesse simplesmente o interesse .em transferir recursos, bastaria fazelo (sic) regularmente, com o conhecimento do Banco Centrar do Brasil. São, de fato, recursos do Grupo no exterior, mantidos à margem da escrituração regular. (...)”. Pois bem, as razões deste julgador são simples e objetivas: consoante acima transcrito, especialmente as sentenças grifadas, autorizam concluir que o passivo contabilizado pela MCOM é inexistente desde a sua origem, ou seja, a autuada não realizou qualquer operação comercial que implicasse em obtenção de receitas próprias. Em verdade a empresa serviu de meio “legal” e formal para remessa de recursos ao exterior e viceversa, sem a incidência dos tributos que realmente deveriam incidir sobre tais valores. Ora, à luz do art. 3o. do Código Tributário Nacional, tributo não é sanção de ato ilícito ou para operações irregulares . Além disso, a constituição do crédito tributário, mediante lançamento de oficio é ato vinculado e regrado (art. 142 do CTN). Estou plenamente convencido de que a MCOM não auferiu receitas, tratase de empresa de fachada, portanto é absolutamente imprópria a autuação na forma que foi feita. O correto seria exigir o Imposto de Renda na Fonte sobre as remessas de recurso (pagamentos), tal qual ocorreu no processo 19515.004945/200380, objeto do acórdão 102111.124, caso BOMBRIL do qual fui relator neste Conselho. E mais: caberia responsabilizar solidariamente os efetivos responsáveis por essas remessas (pagamentos) visando garantir a cobrança dos tributos devidos. Diante do erro na forma tributação, formei convencimento de que todas as exigências devam mesmo ser canceladas, pelo que nego provimento ao recurso de oficio e dou provimento ao recurso voluntário. (Assinado Digitalmente) Antonio Jose Praga de Souza – Conselheiro. Fl. 3595DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/ 04/2013 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 02/04/2013 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
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Numero do processo: 10940.000209/2004-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Período de apuração: 01/08/2000 a 31/08/2000, 01/08/2002 a 30/09/2002, 01/11/2002 a 31/12/2002, 01/02/2003 a 30/04/2003 COMPENSAÇÃO. MODALIDADE DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. REGRAS. DIREITO PÚBLICO.
O procedimento de compensação de débitos tributários do sujeito passivo com créditos seus é modalidade de extinção do crédito tributário. Sua efetivação depende de que sejam atendidas as condições e observadas as regras definidas na legislação tributária.
COFINS. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL.
As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de repercussão geral, sistemática prevista no artigo 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62-A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, a COFINS, até 1º de fevereiro de 2004, incide apenas sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza.
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. É vedado aos membros das turmas de julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.
COFINS. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718.
INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL.
As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de repercussão geral, sistemática prevista no artigo 543-B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 6-2A do Regimento Interno do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, a COFINS, até 1º de fevereiro de 2004, incide apenas sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza.
MULTA DE OFÍCIO. EXIGIBILIDADE.
Sobre os créditos tributários constituídos em auto de infração por falta de pagamento ou declaração inexata, será exigida a multa no percentual de setenta e cinco por cento, por expressa previsão legal.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3102-001.402
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
Matéria: Cofins - ação fiscal (todas)
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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MODALIDADE DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. REGRAS. DIREITO PÚBLICO. O procedimento de compensação de débitos tributários do sujeito passivo com créditos seus é modalidade de extinção do crédito tributário. Sua efetivação depende de que sejam atendidas as condições e observadas as regras definidas na legislação tributária. COFINS. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de repercussão geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, a COFINS, até 1º de fevereiro de 2004, incide apenas sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. É vedado aos membros das turmas de julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Fl. 758DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA 2 COFINS. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de repercussão geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, a COFINS, até 1º de fevereiro de 2004, incide apenas sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. MULTA DE OFÍCIO. EXIGIBILIDADE. Sobre os créditos tributários constituídos em auto de infração por falta de pagamento ou declaração inexata, será exigida a multa no percentual de setenta e cinco por cento, por expressa previsão legal. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Ricardo Paulo Rosa – Presidente Substituto e Relator. EDITADO EM: 07/06/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, Winderley Morais Pereira, Luciano Pontes de Maya Gomes, Mara Cristina Sifuentes, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Em decorrência de ação fiscal de verificação do cumprimento das obrigações fiscais pela contribuinte qualificada, foi lavrado o auto de infração de fls. 429/432, que exige o recolhimento de R$ 891.741,47 de Cofins e R$ 668.806,08 de multa de lançamento de ofício de 75%, prevista no art. 10, parágrafo único, da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, e art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, além dos acréscimos legais. 2. A autuação, lavrada em 03/02/2004 e cientificada em 13/02/2004 (fl. 431), ocorreu devido à falta de recolhimento da Cofins, relativa aos períodos de apuração de 01/08/2000 a 31/08/2000, 01/08/2002 a 30/09/2002, 01/11/2002 a 31/12/2002 e de 01/02/2003 a 30/04/2003, conforme demonstrativos de apuração de fl. 429 e de multa e juros de mora de fl. 430, tendo como fundamento legal: art. 77, III, do Decretolei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943; art. 149 do Código Tributário Nacional CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966); art. 1º da Lei Complementar nº 70, 1991; arts. 2º, 3º e 8º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de Fl. 759DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10940.000209/200449 Acórdão n.º 310201.402 S3C1T2 Fl. 3 3 1998, com as alterações da Medida Provisória nº 1.807, de 28 de janeiro de 1999, e suas reedições, com as alterações da Medida Provisória nº 1.858, de 29 de junho de 1999, e suas reedições; e arts. 2º, II e parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002. 3. Às fls. 433/440, Relatório de Ação Fiscal, parte integrante do auto de infração, no qual é descrito o procedimento administrativo. 4. Tempestivamente, em 15/03/2004 (segundafeira), a interessada, por intermédio de representante regularmente habilitado (procuração à fl. 531), apresentou a impugnação de fls. 446/469, instruída com os documentos de fls. 470/549, cujo teor é sintetizado a seguir. 5. Destaca, de início, que entende ser totalmente irregular o auto de infração, sobretudo nulo, por não se configurar violação alguma à legislação tributária, devendo ser afastado o crédito constituído, inclusive a multa e os juros. 6. No que se refere ao valor de R$ 5.135,37 do período de apuração de agosto de 2000, alega que não procede o lançamento por ter sido utilizada base de cálculo incorreta, destacando que a diferença apurada se refere à conta “Receita de Venda Ent. Futura” (3110.0000.00008), na qual o movimento a débito de R$ 693.014,67 e a crédito de R$ 521.835,24 totalizam um estorno da conta de Receita no mês, no valor de R$ 171.179,43, correspondente à redução do saldo da conta “Venda p/ Entrega Futura”, dos produtos que foram faturados e não foram entregues. Diz que anexa documentação na qual estão relacionadas as notas fiscais do nº 01 a 22, que se referem à “Remessa de Produtos”, que foram faturadas em meses anteriores como “Venda para Entrega Futura”, cuja contrapartida está registrada na conta “Receita de Vendas Mercado Nacional”, conforme Diário Auxiliar do faturamento, que totaliza R$ 3.467.421,97, primeiro item do demonstrativo fiscal; bem como notas fiscais de remessa que demonstram os lançamento a débito de R$ 693.014,67 e a crédito de R$ 521.835,24. 7. Da mesma forma, em relação a R$ 1.115,28, no período de apuração de novembro de 2002, diz que informou, em DCTF, os valores corretos, porquanto os R$ 109.131,44 correspondem ao “Valor Líquido” devido, sendo a diferença relativa a “Impostos Retidos na Fonte por Órgãos Públicos”, conforme instrução determinada pela Receita Federal. À fl. 451, ilustra o cálculo relativo à Nota Fiscal nº 47490, de 30/10/2002, de “Depósito de Sobressalentes da Marinha do Rio de Janeiro” (Valor total = R$ 37.176,00; Valor recebido = R$ 35.001,20; Valor da retenção = R$ 2.174,80, correspondendo a R$ 241,64 de PIS, R$ 1.115,28 de Cofins; R$ 446,12 de Imposto sobre a Renda e R$ 371,76 de Contribuição Social). 8. Quanto aos fatos geradores de agosto, setembro e dezembro de 2002, fevereiro, março e abril de 2003, contesta a autuação por “compensação indevida”, dizendo que o fez amparada em decisões favoráveis à sua pretensão, tanto em sede liminar, quanto por sentença e acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, nos autos judiciais nº 2002.70.09.0013814, no qual foi contemplada com a suspensão de exigibilidade do crédito tributário dos demais tributos administrados pela SRF, até o limite dos valores pagos indevidamente a título de IPI nos últimos anos, em razão da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade nas aquisições de insumos, matériasprimas e produtos intermediários nãotributados, isentos ou reduzidos à alíquota zero, não se confundindo tal procedimento, efetivamente levado a efeito e amparado judicialmente, com o instituto da compensação como forma de extinção do crédito tributário, previsto no art. 156 do CTN e que somente é possibilitado após o trânsito em julgado. Defende, assim, que Fl. 760DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA 4 se trata, em verdade, de suspensão de exigibilidade, a que se refere o art. 151 do CTN. 9. Nesse sentido, diz que os arts. 109 e 110 do CTN prestigiam a unidade do direito como um sistema de normas jurídicas; que o conceito de compensação utilizado pelo CTN é aquele oriundo do direito privado (art. 368 do atual Código Civil); que a operação contábil realizada é plenamente possível, já que não se trata de compensação, que pressupõe o encontro entre débitos e créditos já existentes, o que não se vislumbra no caso sob análise, que pode ser equiparado a um sistema de contacorrente, no qual seriam descontados débitos futuros, vincendos; que o procedimento adotado, até o trânsito em julgado da sentença, está sob condição resolutória; e que a hipótese de suspensão de exigibilidade em causa está prevista no art. 151, IV e V, do CTN, ampliado pela Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001. 10. Observa que não ocorreu a extinção de crédito, que necessariamente se dá por força de compensação, que é vedada pela Súmula 212 do Superior Tribunal de Justiça e pelo art. 170A do CTN, pois para a mesma fazse mister o trânsito em julgado da decisão judicial; e, até que isso ocorra (trânsito em julgado), o crédito pode ser lançado pela fiscalização, para prevenir a decadência, posto que não foi extinto, embora não possa ser exigido. 11. Acrescenta que as hipóteses previstas pelo CTN de suspensão de exigibilidade e de extinção de crédito mutuamente se excluem; que a nova redação do art. 151, IV e V, do CTN, permite a suspensão de exigibilidade por medidas liminares e antecipação de tutela, ou decisões não transitadas em julgado, em relação a prestações, débitos, vincendos, até o limite do pagamento indevido, no caso reconhecido pelo Judiciário; que a compensação só é jurídica e efetivamente levada a efeito com o trânsito em julgado, quando, então, há extinção de crédito. 12. Conclui, quanto a essa questão, que a diferença apurada pela fiscalização encontrase justificada, amparada por determinação judicial, sendo nulo o auto de infração, por não haver infração à legislação tributária, uma vez que o procedimento efetuado não se reveste da natureza de compensação, mas de suspensão de exigibilidade, até o trânsito em julgado da decisão judicial, quando se extingue a relação jurídica processual entre o Estado e o contribuinte, assim como o crédito tributário, nos termos do art. 156 do CTN. Diz, ainda, que, na hipótese, deve a fiscalização efetuar o lançamento do crédito respectivo, para evitar os efeitos adversos da decadência, não podendo, entretanto, exigilo. 13. Em relação ao período de apuração de dezembro de 2002, questiona a exigência fiscal decorrente da escrituração de crédito de IPI acumulado em anos anteriores ao ajuizamento do Mandado de Segurança nº 2002.70.09.0013814, aduzindo que a referida contabilização ocorreu naquele momento em face do objetivo de requerer, a partir de janeiro de 2003, a suspensão/compensação de débitos futuros de tributos administrados pela SRF. Relata que lhe foi garantido o direito ao crédito de IPI de aquisição de insumos, matériasprimas e produtos intermediários isentos, nãotributados e reduzidos à alíquota zero, mas ressalta que a decisão ainda não transitou em julgado, razão pela qual sugere dúvida acerca da ocorrência de fato gerador da cobrança da Cofins, tendo em vista a “total falta de liquidez do crédito apurado”. Destaca que as formas de utilização do crédito referido são restritas, uma vez que não pode recebêlo da SRF em moeda, não pode transferi lo e está impedida de utilizálo para a compra de matériasprimas, maquinários, construção de novas unidades de produção, etc, restandolhe na utilização para a compensação/suspensão de débitos de tributos administrados pela SRF, o que, antes do trânsito em julgado, foi rechaçado pela Delegacia da Receita Federal em Ponta Grossa, impedindo que se configure o fato gerador da cobrança em discussão. Observa, ainda, que durante o ano de 2003, com a apresentação de “formulários de Fl. 761DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10940.000209/200449 Acórdão n.º 310201.402 S3C1T2 Fl. 4 5 compensação”, conforme demonstrativos que diz anexar, foram pagos os valores atinentes ao que é exigido por meio do presente auto de infração. Acrescenta que não incidem PIS e Cofins sobre valores decorrentes de recuperação de tributos, segundo o art. 2º do Ato Declaratório SRF nº 25, de 24 de dezembro de 2003, disposição regulamentar que diz haver acolhido doutrina no sentido de que tais não constituem receita nova. Cita, ainda, nesse mesmo sentido, a Solução de Consulta nº 222, de 10 de dezembro de 2002, expedida na 9ª Região Fiscal. 14. No que se refere à multa de ofício, alega que deve ser reduzida a “patamares justos e legais”, por ser absurda a imposição no percentual de 75%. Argumenta que a multa – uma sanção – deve ter uma hipótese de aplicação, qual seja, a prática de um ilícito (art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal de 1988), pelo que deve estar em conformidade com o que esteja tipificado em lei, sob pena de arbitrariedade; não pode ser desproporcional, levandose em conta o grau de culpabilidade e a conduta verificada, podendo o Poder Judiciário ou a Administração reexaminarem os motivos e a motivação da penalidade, obedecendo, assim, aos princípios da moralidade, da impessoalidade, da legalidade, da proporcionalidade e da capacidade contributiva, verificando também a intensidade do dolo ou culpa e considerando a boafé. Defende que o fundamento da graduação da sanção deve residir nos antecedentes do contribuinte, ao grau de comportamento e lesão provocada ao erário. Dizendo que a multa pelo ilícito tributário é na verdade moratória, que se “põe para apenálo”, destacando sua função punitiva, questiona a ocorrência de mais de uma punição pecuniária – em função da incidência, além da correção monetária, de juros de mora e de multa de mora – e o percentual aplicado – comparandoo com a redução, pelo novo Código Civil, do relativo ao não pagamento de taxa de condomínio –. Destaca que a imposição de multa elevadas conduz a verdadeiro confisco, o que diz ser proibido pela Lei Maior (art. 150, IV), e ressalta que a multa moratória não pode se afastar dos princípios da legalidade, da individualização da pena, da proporcionalidade, cabendo verificar se o comportamento do contribuinte é reincidente, a moralidade e “boafé da Administração”, bem como os princípios da capacidade contributiva e da vedação do confisco que, embora dirigidos aos impostos, alcançam todo o sistema tributário e relações decorrentes dos tributos, atingindo o crédito tributário na sua ampla acepção, de acordo com o art. 133 e parágrafos do CTN. Conclui que o valor atribuído à multa foi obtido de forma ilegal e imoral, acabando por afetar o seu planejamento econômico, criando verdadeiros empecilhos à sua atividade e ao desenvolvimento voltado para áreas de produção e trabalho. 15. Requer, pelo exposto, o reconhecimento da nulidade do auto de infração, devendo ser tido por inválido, sendo afastadas a constituição do crédito tributário a título de Cofins, nele incluídos a multa e os juros de mora aplicados. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2000 a 31/08/2000, 01/08/2002 a 30/09/2002, 01/11/2002 a 31/12/2002, 01/02/2003 a 30/04/2003 Ementa: NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 762DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA 6 MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL. LEGALIDADE. O percentual de multa de lançamento de ofício é previsto legalmente, não cabendo sua graduação subjetiva em âmbito administrativo. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2000 a 31/08/2000 Ementa: VENDA PARA ENTREGA FUTURA. Os valores relativos às remessas de produtos antes vendidos para entrega futura não consubstanciam fato gerador da contribuição, porquanto nas operações dessa natureza as receitas são apropriáveis nos períodos em que o negócio é celebrado, ainda que a entrega ocorra em momento posterior. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002 Ementa: RETENÇÃO POR ÓRGÃO PÚBLICO. COMPENSAÇÃO. A Cofins retida por órgão público pode ser compensada pela contribuinte com a contribuição devida relativa a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2002 a 30/09/2002, 01/02/2003 a 30/04/2003 Ementa: CRÉDITOS DE IPI. AÇÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO. FALTA DE AUTORIZAÇÃO. Os créditos de IPI advindos de ação judicial não são oponíveis ao lançamento de ofício de Cofins, mormente em face da falta de autorização para a compensação pleiteada em juízo. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 Ementa: CRÉDITOS DE IPI. BASE DE CÁLCULO. CONFIGURAÇÃO. A receita correspondente à contabilização de créditos de IPI reconhecidos judicialmente para atender ao mecanismo da nãocumulatividade, mas que não advém de valores de imposto antes recolhido, integra a base de cálculo da contribuição. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a recorrente apresenta recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por meio do qual repisa argumentos contidos na impugnação ao lançamento. Reitera que o direito ao crédito do IPI pode ser utilizado tanto na “suspensão da exigibilidade de débitos futuros do IPI, como quaisquer outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos da Lei nº 9.430/96, arts. 73 e 74”. Considera descabida a autuação por compensação indevida, “eis que, em decorrência de decisões favoráveis à sua pretensão (...) foi contemplada com o direito a ser exercido da suspensão de exigibilidade do crédito tributário dos demais tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal até o limite dos valores pagos indevidamente a titulo de IPI Fl. 763DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10940.000209/200449 Acórdão n.º 310201.402 S3C1T2 Fl. 5 7 nos últimos anos”, o que, sempre segundo entende, não pode ser confundido com o instituto da compensação. Destaca as disposições dos artigos 109 e 110 do Código Tributário Nacional, segundo as quais a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado. Com base nisso, considera aplicável ao caso concreto o disposto no artigo 368 do atual Código Civil, segundo o qual duas pessoas, ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, devem considerar extintas suas obrigações até onde se compensarem. Que é descabida a exigência decorrente da escrituração na conta resultado de exercícios futuros do crédito de IPI acumulado em anos anteriores ao ajuizamento da ação judicial, por tratarse de hipótese de recuperação de tributos e estar pendente de decisão judicial. Reitera também ter apresentado os formulários de compensação destes valores no ano de 2003. Repisa protestos quanto ao percentual da multa aplicada. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. O vertente litígio decorre de processo judicial de inciativa do contribuinte, no qual discute a possibilidade de lançamento credor do Imposto sobre Produtos Industrializados na aquisição de matériaprima e insumo isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero. Não tendo o processo transitado em julgado, sobrevém discussão quanto aos efeitos das decisões judiciais até aqui proferidas. A primeira delas diz respeito à utilização dos créditos de IPI reconhecidos em juízo. A recorrente entende que pode utilizálos no abatimento de valores devidos a título da Contribuição exigida nos autos, em procedimento que denomina suspensão, nos moldes definidos no artigo 151 do Código Tributário Nacional. A fiscalização, por seu turno, defende tratarse de uma compensação, razão pela qual autuou a empresa, já que, como é cediço, não são passíveis de compensação os créditos reconhecidos em processo judicial ainda não transitado em julgado. Ainda mais, a decisão tomada em juízo não contempla essa possibilidade. Liminarmente, de se destacar que o artigo 151 referese à suspensão da exigibilidade do crédito tributário, se não vejamos. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; Fl. 764DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA 8 III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Inciso incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) VI – o parcelamento. (Inciso incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. Para ser exigido, é necessário que o crédito tenha sido constituído. Não há por que se falar em suspensão de exigência de valores não lançados e sequer oferecidos à tributação, em procedimento interno da empresa. Com efeito, não vejo como escapar ao enquadramento da operação no conceito de compensação. O crédito do IPI apurado nos termos da petição judicial foi abatido dos valores devidos a título de Contribuição, procedimento típico da compensação. Neste contexto, aplicáveis à lide as disposições da legislação tributária acerca do instituto da compensação de tributos, segundo às quais é exigido o trânsito em julgado do processo judicial para aproveitamento dos créditos correspondentes. Outrossim, a decisão de piso foi precisa ao informar sobre os limites da decisão proferida pelo Poder Judiciário. Reproduzo a seguir excertos do voto condutor da decisão recorrida. A matéria – compensação – é objeto de litígio judicial, nos autos do Mandado de Segurança nº 2002.70.09.0013814, no qual foram proferidas as decisões a seguir resumidas: em 15 de março de 2002 (fls. 143/144), foi parcialmente deferida a medida liminar “para o fim de determinar que se abstenha a autoridade impetrada de autuar e exigir da impetrante os valores do IPI originários dos créditos das matériasprimas e produtos intermediários isentos, não tributados e reduzidos à alíquota zero desde a impetração, desde que tributados na saída” (grifouse), tendo a autoridade judicial consignado, por outro lado, que “o depósito judicial dos valores não é possível já que, em relação aos créditos futuros, não há falar em compensação, mas tãosomente em aproveitamento, a ser formalizado diretamente na escrituração contábil” (grifouse) e que “não é possível o deferimento da liminar no que diz respeito à possibilidade de creditamento de valores relativos a período pretérito, uma vez que o pedido assemelhase à compensação que, em sede de liminar, não é admitida” (grifouse); em 24 de setembro de 2002 (fls. 553/556), em análise de agravo de instrumento proposto contra o indeferimento de depósito judicial da importância em discussão, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região proferiu acórdão dandolhe provimento, à consideração de que, não se vislumbrando a semelhança do pedido de depósito com a compensação, “o depósito da importância controvertida é faculdade da parte, podendo ser utilizado mesmo sem decisão judicial”; em 17 de julho de 2002 (fls. 136/142), foi emitida sentença, concedendo a segurança; afirmou o representante do Poder Judiciário que o “entendimento de nossos tribunais (…) sedimentouse no sentido de que o princípio da não cumulatividade do IPI, (…), reclama que a nãotributação sobre determinado bem, Fl. 765DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10940.000209/200449 Acórdão n.º 310201.402 S3C1T2 Fl. 6 9 no início da corrente produtiva, implica a possibilidade de creditamento do imposto que incidiria sobre o insumo, pena de caracterizar esta nãotributação como simples diferimento, tornando inócuo o benefício concedido em relação à matéria prima”, que “o que se teria com isso é a contrariedade do fundamento da seletividade e, principalmente, uma carga tributária incidente para além do valor agregado, inadmissível em se versando sobre imposto nãocumulativo”, que “quanto ao pedido relativo ao creditamento de IPI no que se refere às operações pretéritas, tenho que não há óbice ao seu pleito pela via do mandamus, pois aqui não se cobram valores, mas sim buscase o direito à compensação e esta é possível como deixou patente a Súmula 213 do Superior Tribunal de Justiça”, e que “é possível que se compensem os valores referentes aos 10 últimos anos”; em 3 de setembro de 2002 (fl. 145), julgando embargos de declaração interpostos pela parte autora, o Juiz Federal, deles conhecendo e a eles dando provimento, especificou a correção monetária aplicável e, quanto à possibilidade de compensação de indébito com tributos administrados pela SRF, asseverou que “o art. 74 da lei 9.430/96, que dispõe que ‘observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração’ aplicase exclusivamente no âmbito administrativo, sujeitandose o contribuinte que opta pela via judicial, nos termos do art. 66 da Lei 8.383/91, à compensação com tributos da mesma espécie” (grifouse) e que “assim, ‘é possível a compensação dos valores apurados a maior somente com prestações vincendas do próprio IPI, extinguindose o crédito sob condição resolutória da ulterior homologação (art. 150, § 1º, do CTN)” (grifouse); em 20 de maio de 2003 (fls. 151/160), o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento das apelações e da remessa oficial, reconheceu “o direito ao crédito de IPI na hipótese de entrada de matériasprimas, embalagens e insumos imunes, isentos, nãotributados ou tributados à alíquota zero empregados na fabricação de produtos industrializados tributados”, não o fazendo, contudo, na hipótese de saída de produtos industrializados também isentos, nãotributados ou tributados à alíquota zero, ao argumento de que “nessa hipótese a impossibilidade não importa em ofensa ao princípio da nãocumulatividade, posto que não há qualquer cobrança de IPI na cadeia produtiva”; no que tange à pretensão de compensação de valores discutidos com qualquer tributo administrado pela SRF, confirmou o entendimento exarado nos embargos de declaração da sentença, afirmando que “a compensação na forma da Lei 9.430/96 depende de requerimento à Fazenda, estando o seu deferimento e regulamentação submetidos às normas internas da Secretaria da Receita Federal” e que a passível de reconhecimento pelo Poder Judiciário é a “compensação na forma da Lei nº 8.383/1991”; quanto ao aspecto temporal do direito, foram “afastados os créditos relativos às aquisições de matériasprimas, insumos e correlatos ocorridas há mais de cinco anos do ajuizamento”; em relação à correção monetária, esclareceu que “no caso vertente, o aproveitamento do crédito de IPI decorre de reconhecimento judicial, uma vez que o industrial não pôde se apropriar do tributo no devido tempo em razão de notório impedimento criado pelas autoridades fiscais” (grifouse); em 9 de dezembro de 2003 (fls. 557/559), nos embargos de declaração ao acórdão do tribunal, em que a autora “alega omissão e contrariedade na possibilidade de compensar o crédito de IPI com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal” e “refere, também, que alguns dispositivos constitucionais e legais no tocante à prescrição precisam ficar devidamente prequestionados, para possibilitar a interposição de recursos às instâncias Fl. 766DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA 10 superiores”, decidiu o colegiado por acolhêlos em parte, constando do voto do relator que “examinando o teor do voto condutor do acórdão embargado, verifico que a questão sobre a compensação do crédito de IPI com qualquer tributo arrecadado pela Secretaria da Receita Federal, no aresto foi suficientemente abordada, tendo sido indeferido tal pedido no acórdão” (grifouse) e que “ante o exposto, acolho em parte os embargos de declaração para o fim exclusivo de prequestionamento, na forma da fundamentação”. Consoante “Consulta Processual”, à fl. 560, após o julgamento dos embargos de declaração, a Fazenda Nacional e a parte autora propuseram recurso especial e extraordinário, que ainda se encontram em processamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Em relação às decisões judiciais existentes, portanto, verificase que não é verdadeira a alegação da impugnante de que disporia de provimento judicial que lhe reconheceria o direito de proceder às compensações de aventados créditos de IPI com débitos de Cofins, muito menos com o efeito de suspender a exigibilidade da contribuição em questão. Destaquese que, na concessão da medida liminar, foi determinado que a autoridade fiscal se abstivesse de “de autuar e exigir da impetrante os valores do IPI”, não havendo, por outro lado, menção alguma a outra exigência, como a que ora se encontra em curso, totalmente diversa daquela. Emerge cristalino da decisão que é “possível a compensação dos valores apurados a maior somente com prestações vincendas do próprio IPI”, razão porque não se pode reconhecer o direito requerido pela recorrente de compensar (ou suspender, como pretende) os créditos de IPI admitidos em juízo com os débitos da Contribuição exigida nos autos. Também não procede a argumentação de que estejam sendo alterados a definição, conteúdo ou o alcance dos institutos, conceitos e formas do direito privado, no caso, especificamente aquele disposto no artigo 368 do Código Civil, segundo o qual duas pessoas, ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, devem considerar extintas suas obrigações até onde se compensarem. A compensação tributária, que a recorrente demonstra conhecer bem, tem regras próprias que em nada modificam ou influem nas disposições próprias do direito privado. Já no que diz respeito a exigência tributária decorrente da escrituração contábil efetuada na conta de resultado de exercícios futuros dos créditos do IPI admitidos em juízo, entendo a interpretação da Delegacia da Receita Federal de Julgamento ao considerar que a hipótese não se enquadra nas disposições especificadas no Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 25, de 24 de dezembro de 2003, e na Solução de Consulta nº 222, de 10 de dezembro de 2002, expedida pela Superintendência Regional da Receita Federal na 9ª Região Fiscal, já que ambos Atos referemse a valores pagos ou recolhidos indevidamente o que, no caso concreto, não ocorreu. Por outro lado, a decisão judicial, ainda que não definitiva, impacta a relação jurídicotributária entre Administração e administrado e tem efeitos diversos, dos quais as partes não tem como se esquivar. A intenção da empresa foi obter guarida para o lançamento credor do IPI em sua contabilidade, inclusive em operações processadas em período anterior, com o fito de aproveitamento destes para redução da carga tributária. Tal operacionalizouse por meio de lançamentos contábeis que terminaram por ampliar a base de cálculo da Contribuição. A iniciativa foi da própria recorrente e a escrituração retrata uma situação jurídica decorrente da decisão proferida em juízo. Fl. 767DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10940.000209/200449 Acórdão n.º 310201.402 S3C1T2 Fl. 7 11 Feitas tais ponderações, necessário; contudo, determinar que não vejo como possa ser mantido o crédito tributário constituído com base na escrituração do crédito de IPI acumulado em anos anteriores ao ajuizamento do Mandado de Segurança nº 2002.70.09.0013814. É que até a entrada em vigor da Lei 10.833/03, em data posterior a da ocorrência dos fatos geradores objeto da presente autuação, a base de cálculo da COFINS era aquela definida na Lei Complementar 70/91, já que a ampliação da base de cálculo estabelecida pela Lei 9.781/98 teve eficácia afetada por decisão tomada no âmbito do Poder Judiciário, com o seguinte teor. Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008. RE 585.235QO, Min. Cezar Peluso Dispõe o artigo 62A do Regimento Interno deste Conselho, conforme alteração introduzida pela Portaria 586/2010, que as matérias de repercussão geral deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. "Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543 B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes."(AC) Uma vez que a base de cálculo utilizada, a escrituração de crédito de IPI acumulado em anos anteriores ao ajuizamento do Mandado, não se enquadra na definição contida na Lei Complementar 70/91, improcedente o lançamento dela originada. Finalmente, deve ser mantida a multa de ofício exigida, por expressa previsão legal – artigo 44, inciso I, da Lei 9.430/96 e alterações posteriores. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 768DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA 12 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. No que se refere às argüições de desrespeito a princípios constitucionais, o fato é que falece competência a este tribunal administrativo para deixar de aplicar uma lei por alegação de inconstitucionalidade, conforme art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. É defeso a esta corte administrativa, salvo as hipóteses expressamente previstas no parágrafo único do artigo 62 supracitado, deixar de aplicar dispositivo legal formalmente válido sob pretexto de suposta violação constitucional ou princípios nela resguardados. Pelas razões expressas, VOTO POR DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para excluir o crédito tributário decorrente da contabilização de créditos de IPI reconhecidos judicialmente. Sala de Sessões, 20 de março de 2012. Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 769DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10640.720846/2009-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2006
VALOR DA TERRA NUA - VTN. Para alteração do VTN/ha. arbitrado pela autoridade fiscal, com base no Laudo de Avaliação apresentado pelo próprio Recorrente, é necessário outra prova firme demonstrando erro ou o desacerto do Laudo apresentado.
Alegar e não provar, sem trazer nada para u contrariar o trabalho existente é o mesmo que não alegar. PROVA PERICIAL. CONVERSÃO DOS AUTOS EM DILIGENCIA. No processo administrativo a prova pretendida pelo interessado deve ser trazida pelo autuado na impugnação ou no recurso para comprovar o direito alegado. A conversão dos autos em diligencia ou deferimento da prova pericial somente é necessária se houver dúvida na apreciação da matéria de fato para formação da convicção do julgador. RESERVA LEGAL. DIREITO DE PROPRIEDADE. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. DOMÍNIO PLENO, DOMÍNIO ÚTIL E POSSE. DETENÇÃO. NUA PROPRIEDADE. O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado de uso e fruição da propriedade. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva com animus domini ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde à mera detenção. O proprietário, titular do domínio pleno, que se destituir de domínio útil ou da posse passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, sem se sujeitar ao tributo.
Numero da decisão: 2202-001.773
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ODMIR FERNANDES
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Para alteração do VTN/ha. arbitrado pela autoridade fiscal, com base no Laudo de Avaliação apresentado pelo próprio Recorrente, é necessário outra prova firme demonstrando erro ou o desacerto do Laudo apresentado. Alegar e não provar, sem trazer nada para u contrariar o trabalho existente é o mesmo que não alegar. PROVA PERICIAL. CONVERSÃO DOS AUTOS EM DILIGENCIA. No processo administrativo a prova pretendida pelo interessado deve ser trazida pelo autuado na impugnação ou no recurso para comprovar o direito alegado. A conversão dos autos em diligencia ou deferimento da prova pericial somente é necessária se houver dúvida na apreciação da matéria de fato para formação da convicção do julgador. RESERVA LEGAL. DIREITO DE PROPRIEDADE. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. DOMÍNIO PLENO, DOMÍNIO ÚTIL E POSSE. DETENÇÃO. NUA PROPRIEDADE. O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado de uso e fruição da propriedade. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva com animus domini ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde à mera detenção. O proprietário, titular do domínio pleno, que se destituir de domínio útil ou da posse passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, sem se sujeitar ao tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 146DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Nelson Mallmann – Presidente. Odmir Fernandes – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Lopo Martinez, Eivanice Canário da Silva, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Nelson Mallmann (Presidente), Odmir Fernandes e Pedro Anan Junior. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Relatório Tratase de Recurso Voluntário da decisão da 1ª Turma de Julgamento da DRJ/Brasília/DF que manteve a autuação do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural Fl. 147DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 10640.720846/200924 Acórdão n.º 220201.673 S2C2T2 Fl. 3 3 ITR, do exercício de 2006, com a multa de oficio de 75% e juros, do móvel rural denominado "Fazenda Santa Helena", com área declarada de 410,2 ha, localizado no Município de Simão Pereira/MG. O lançamento (fls. 2 a 4) decorre da alteração da área do imóvel e do VTN: VTN Valor da Terra Nua declarado Intimado, o sujeito passivo apresentou Laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi alterado, tendo como base os valores informados pelo contribuinte no atendimento a intimação. Em conformidade com o Laudo de Avaliação elaborado pelo Engenheiro Agrônomo Severino Rodrigues Costa, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica ART registrada no CREA, o valor da terra nua do imóvel, para o exercício de 2006, foi alterado para R$ 360.600,00. Área total do imóvel Conforme a Matricula do Registro de Imóveis, a área total do imóvel foi alterada de R$ 410,2 ha para R$ 546,9 ha. A decisão recorrida de fls. 91/104, com ciência do contribuinte em 15/01/2010 (AR de fls. 107) manteve a autuação pela falta de comprovação das informações prestadas na DITR/2006 – VTN, grau de utilização e área do imóvel. Recurso Voluntário sustentando nulidade do Laudo de Avaliação por não obedecer às normas da ABNT, com superavaliação e inexistência de levantamento de outros imóveis semelhante para apuração dos preços médios de terras comercializados no município e região. Pede assim nova avaliação do imóvel. Caso mantido o Laudo pede a alteração do grau de utilização da propriedade por ultrapassar a 80%, com alíquota de 0,10 e não de 4,70. Pede, ainda, seja mantida a área declarada do imóvel de 410,2 ha, porque parte pertencente a outra pessoa, que declarou o imóvel e pagou o imposto. É o breve relatório. Voto. Voto Fl. 148DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES 4 Conselheiro Odmir Fernandes, Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e deve e ser conhecido. Tratase de revisão do lançamento do ITR do ano de 2006, com alteração da área do imóvel e do Valor da Terra Nua VTN. A Recorrente é usufrutuária vitalícia do imóvel, objeto do lançamento, possuidora, portanto, do domínio útil de uso e fruição da propriedade. VTN Valor da terra Nua Nas razões de recurso pede o Recorrente seja desconsiderado o Laudo de Avaliação que ele mesmo apresentou, e que foi acolhido pela fiscalização, por não refletir a realidade e não obedecer às normas da ABNT na sua elaboração. Pede também nova avaliação do imóvel, alteração do grau de utilização e manutenção da área declarada, porque a diferença acrescida pela autuação pertence a outro contribuinte, que declarou e pagou o imposto. Sem razão, contudo. O Laudo técnico de avaliação pode não ser dos melhores ou não obedecer às normas técnicas, mas é o único que existe nos autos e foi apresentado pelo próprio autuado. Se lhe foi prejudicial, fez prova contra si, agora não pode alegar esse fato em sua defesa. Sustentar a imprestabilidade do Laudo que o próprio Recorrente trouxe aos autos é admitir a sua própria torpeza. Não há cabimento e razão plausível para desconsiderar o Laudo se não existe nos autos outra prova técnica para infirmálo ou contrariálo. Dessa forma, o Valor da Terra Nua – VTN, objeto da autuação, deve ser mantido, diante do laudo apresentado pelo próprio contribuinte, sem outra prova para infirmá lo. Grau de utilização da terra Sustenta também que o grau de utilização do imóvel ultrapassa a 80%, mas o laudo não traz essa informação. Não basta alegar, precisa provar. O laudo traz apenas percentuais diferenciados, com áreas aproximadas, com mata de preservação permanente, pastagens, culturas, benfeitorias, área imprestável, tudo repetimos, com áreas aproximadas, sem nada concreto, certo, determinado. Com isso, vemos que a redução da alíquota, pelo grau de utilização da terra, não pode ser acolhida pela precariedade do Laudo, ao descrever as medidas do imóvel como sendo “aproximadas”, sem trazer qualquer especificação e caracterização das áreas exatas do aproveitamento de cada uma delas. Pode parecer certa incoerência em acolher o VTN do laudo e não acolher o grau de utilização. A avaliação foi questionada pela fiscalização e o próprio contribuinte trouxe a prova que foi aceita pelo fisco. No grau de utilização da terra, é necessária prova mais firme e contundente, Laudo mais elaborado da descrição das áreas utilizadas, sob pena de incidir na tabela de alíquota integral do imóvel. Fl. 149DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 10640.720846/200924 Acórdão n.º 220201.673 S2C2T2 Fl. 4 5 Por falta de provas, não há como acolher esse pedido da Recorrente. Nova avaliação. Diligências. Prova pericial Não é hipótese de se deferir a prova pericial, fazer nova avaliação ou converter os autos em diligencia. Cabe ao autuado trazer a prova desejada para comprovar o direito que alega possuir. Se não faz essa prova e não há dúvida do julgador na solução do conflito, não é hipótese de nova avaliação ou conversão dos autos em diligencia. Área acrescida. Domínio pleno. Domínio útil. Nua propriedade No tocante à área acrescida pela fiscalização, de 410,2 ha. para 546,9 ha., que a Recorrente diz pertencer a Fernando Carvalho de Faria, também não lhe assiste razão. A matrícula do Registro de Imóveis, foi retificada em 23.10.2008, para averbar a área acrescida pela autuação, com o seguinte registro: Av 09 273. Em 23/outubro/2008. CONSIGNAÇÃO "EXOFFICIO" A MATRÍCULA. Com fulcro no artigo 213 inciso I alínea "a" da L.F. 6.015/73 e no titulo anterior n° 3.360 fls. 166 do livro 3A, fica consignado "ex officio" à matricula que a Fazenda Santa Helena possui a totalidade de 580 0800 hectares, sendo que não se constou quando da abertura da mesma a área de 145200 hectares de propriedade de FERNANDO DE CARVALHO FARIA menor, brasileiro proprietário, residente em Juiz de Fora que fica incluída doravante PASSANDO A AREA REMANECENTE A SER DE 561 4400 HECTARES, sendo 546,92ha. gravado com a cláusula de usufruto vitalício e, os restantes, 145200 HECTARES de propriedade plena de Fernando de Carvalho Faria, já qualificado, advindo pela partilha, de 02.01.1996, expedida pelo escrivão de Mercês/MG, do Espólio de Luis Homem de Faria. Dou fé. 0 Oficial Substituto. A Recorrente é usufrutuária vitalícia do imóvel, com área de 546,92 ha. Fernando de Carvalho Faria é um dos instituidores desse usufruto vitalício e detentor da nua propriedade, que voltará a ser plena com a revogação do usufruto ou o falecimento da usufrutuária. Consta da averbação retificadora que Fernando possui 14,52ha de propriedade plena do mesmo imóvel, vale dizer, possui o domínio pleno e exclusivo, sem a limitação pelo domínio útil cedido à Recorrente na área de 546,9ha., objeto da exigência, e do qual Fernando é detentor, em condomínio, da nua propriedade. O fato de Fernando eventualmente ter declarado e pago o imposto do imóvel do qual não detinha o domínio útil, não dispensa a Recorrente de declarar e pagar o tributo devido do imóvel da qual é detentora e titular do domínio útil. O proprietário do imóvel, ao instituir o usufruto, destituise da maioria dos poderes dominiais, passando a deter o domínio direito ou a nua propriedade, e, nessa qualidade, Fl. 150DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES 6 não reúne a materialidade e a sujeição passiva para se sujeitar ao ITR. Apenas aos detentores do domínio pleno (proprietário), do domínio útil (usufrutuário, enfiteuta) e da posse aquisitiva, com animus domini, com os poderes e atributos da propriedade, se sujeitam ao ITR. É certo que a retificação da matricula somente ocorreu em 23.10.2008, mas o imóvel existia. Era usado e usufruído pela Recorrente, a exemplo da posse aquisitiva ou ad usucapionem ao seu possuidor, que detém o imóvel pelo poder de fato e se sujeita ao tributo, sem qualquer reflexo pelo fato de inexistir o registro dominial, ou de existir, mas em nome de outrem. Em outras palavras, não é o registro dominial que faz nascer à obrigação tributária do ITR, ela decorre também da posse ao seu possuidor. A retificação do registro não criou nenhum direito novo para a Recorrente ou para o ITR, apenas reconheceu o domínio útil da área que a Recorrente detinha, sem a retificação da figura da posse pacifica sem oposição. Assim, o fato de a retificação ocorrer após o nascimento da obrigação tributária, não beneficia nem dispensa a Recorrente da obrigação de conhecer e declarar corretamente a área do imóvel ao ITR. Cabe aqui exame sobre os três Recursos Repetitivos do C. Superior Tribunal de Justiça de n°s. 1.111.202/SP, 1.110.551/SP e 1.073.846/SP e da Sumula 399 ao estabelecer competir à lei a escolha do sujeito passivo da obrigação, entre o detentor propriedade (domínio pleno), domínio útil ou a posse. Não cremos seja assim. O titular do domínio pleno, por reunir nele todos os poderes da propriedade, elimina, naturalmente, as demais possibilidades de sujeição passiva aos impostos sobre a propriedade eleitas pelo CTN. No momento em que o CTN e a lei ordinária elegem o titular do domínio útil para sujeição passiva acaba por exclui, naturalmente, o titular do domínio direito ou do nua propriedade, por se destituir o proprietário dos poderes de usar e gozar da propriedade. O mesmo ocorre com a posse aquisitiva, com animus domini ou ad usucapionem. Se a posse aquisitiva é elemento material e pessoal do fato gerador, o titular da propriedade que não detiver a posse como atributo do direito de propriedade não pode se sujeitar ao imposto. Por essas razões, somente podermos entender e compreender os recursos repetitivos do C. STJ e a Sumula 339, pelo desconhecimento do sujeito ativo da obrigação do efetivo titular da posse aquisitiva, exatamente por esta ser um poder de fato e de direito sobre a coisa. Nesta situação, em que se desconheça o possuidor, a evidencia, a tributação deve ser na pessoa que domínio (propriedade) registrado no Cartório Imobiliário. Nestes autos, a autuada detinha a posse com o poder dominial, regularizada após pela retificação da matricula e não há qualquer prova ou mesmo alegação a que titulo Fernando teria declarado o imóvel ao ITR. Ante o exposto, pelo meu voto, rejeito a preliminar de conversão dos autos em diligencia, conheço e nego provimento ao recurso para manter a decisão recorrida e a autuação. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 10640.720846/200924 Acórdão n.º 220201.673 S2C2T2 Fl. 5 7 (Assinado digitalmente) Odmir Fernandes Relator Fl. 152DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES
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