Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10280.905788/2011-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/10/2001
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO.
Comprovada a liquidez e certeza do direito creditório, reconhece-se o pedido de restituição efetuado pelo contribuinte, nos termos do artigo 165 do CTN.
Recurso Voluntário Provido.
Direito Creditório Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.588
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/10/2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. Comprovada a liquidez e certeza do direito creditório, reconhece-se o pedido de restituição efetuado pelo contribuinte, nos termos do artigo 165 do CTN. Recurso Voluntário Provido. Direito Creditório Reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10280.905788/2011-68
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700200
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-003.588
nome_arquivo_s : Decisao_10280905788201168.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RICARDO PAULO ROSA
nome_arquivo_pdf_s : 10280905788201168_5700200.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6688459
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949486518272
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1513; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.905788/201168 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302003.588 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BELÉM DIESEL S.A. (Suscedida por Rodobens Veículos Comerciais Cirasa S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/10/2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO CREDITÓRIO. Comprovada a liquidez e certeza do direito creditório, reconhecese o pedido de restituição efetuado pelo contribuinte, nos termos do artigo 165 do CTN. Recurso Voluntário Provido. Direito Creditório Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de pedido de restituição (PER) relativo a recolhimento indevido ou a maior da Cofins, no valor de R$ 3.765,10. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 57 88 /2 01 1- 68 Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10280.905788/201168 Acórdão n.º 3302003.588 S3C3T2 Fl. 3 2 A DRF de São José do Rio Preto (SP), por meio de despacho decisório, indeferiu o pedido em função de o pagamento informado no PER ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. A Quarta Turma da DRJ em Ribeirão Preto julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mediante o Acórdão 14041.309, sob o fundamento de que a Contribuinte não comprovara a certeza e liquidez do crédito solicitado em restituição. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando: 1. A necessidade de reunião por conexão de diversos pedidos de restituição de recolhimentos indevidos ou a maior de PIS/Pasep e Cofins, para julgamento em conjunto em um único processo, por se referirem à mesma causa de pedir, ou seja, recolhimento indevido com base na declaração de inconstitucionalidade do §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998; 2. A falta de aprofundamento dos fatos pela autoridade fiscal que elaborou o despacho decisório e a necessidade de busca da verdade material; 3. A efetiva comprovação do indébito, pois que decorrente de recolhimento sobre receitas financeiras incluídas no alargamento declarado inconstitucional, comprovado pela juntada do Livro Razão; 4. A necessidade de conversão em diligência, se os documentos acostados aos autos se revelarem insuficientes para a comprovação do direito creditório. Na sessão de 17/09/2014, a Terceira Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento acolheu o pleito da recorrente de reunião dos processos para que pudessem ser apreciados simultaneamente e converteu o julgamento em diligência para que "possa ser efetivamente apurado e informado, DETALHADAMENTE, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos retromencionados. Vencida esta etapa deve a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela contribuinte, se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente nessa data." Em cumprimento da resolução requerida (Resolução 3803000.535), a autoridade fiscal elaborou relatório reconhecendo o recolhimento indevido no montante de R$9.216,45, retornado os autos a este conselho para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.525, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10280.904435/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 274DF CARF MF Processo nº 10280.905788/201168 Acórdão n.º 3302003.588 S3C3T2 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.525): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Verificase que o pedido de restituição foi no montante de R$ 1.947,78, ao passo que a informação fiscal em cumprimento da diligencia requerida por este Conselho reconheceu o direito creditório no montante de R$ 1.947,69, decorrentes de recolhimento indevido sobre receitas que compuseram o alargamento de base de cálculo previsto no §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998, declarado inconstitucional pelo STF. Destarte, voto para dar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que no caso do paradigma, o presente processo foi objeto de diligência requerida pelo CARF (Resolução 3803000.535), sendo que a informação fiscal elaborada em atendimento à resolução também atestou recolhimento indevido da contribuição em montante suficiente para o deferimento do valor total do pleito de restituição da Contribuinte, ou seja, R$ 3.765,10 (valor original). Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 275DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.003671/2004-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 1999
REGIMENTO INTERNO CARF. DECISÃO DEFINITIVA DE MÉRITO STJ - ART. 62-A DO ANEXO II DO RICARF. UTILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DE PRECEDENTES JUDICIAIS. IDENTIDADE DAS SITUAÇÕES FÁTICAS. NECESSIDADE.
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelo artigo 543-C do Código de Processo Civil, devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho (Art. 62-A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010).
O disposto no art. 62-A do RICARF não implica o dever do julgador administrativo em reproduzir a decisão proferida em sede de recurso repetitivo, sem antes analisar a situação fática e jurídica que ensejou a decisão do precedente judicial. A finalidade da disposição regimental é impedir que decisões administrativas sejam contrárias a entendimentos considerados definitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática prevista pelo art. 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil.
DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ART. 173, INCISO I, DO CTN. TERMO INICIAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC. IMPOSSIBILIDADE.
A contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de ofício, nos exatos termos do aludido dispositivo.
Recurso Extraordinário Provido.
Numero da decisão: 9900-000.222
Decisão: Acordam os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional.
Nome do relator: Valmar Fonsêca de Menezes
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201112
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1999 REGIMENTO INTERNO CARF. DECISÃO DEFINITIVA DE MÉRITO STJ - ART. 62-A DO ANEXO II DO RICARF. UTILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DE PRECEDENTES JUDICIAIS. IDENTIDADE DAS SITUAÇÕES FÁTICAS. NECESSIDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelo artigo 543-C do Código de Processo Civil, devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho (Art. 62-A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010). O disposto no art. 62-A do RICARF não implica o dever do julgador administrativo em reproduzir a decisão proferida em sede de recurso repetitivo, sem antes analisar a situação fática e jurídica que ensejou a decisão do precedente judicial. A finalidade da disposição regimental é impedir que decisões administrativas sejam contrárias a entendimentos considerados definitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática prevista pelo art. 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ART. 173, INCISO I, DO CTN. TERMO INICIAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC. IMPOSSIBILIDADE. A contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de ofício, nos exatos termos do aludido dispositivo. Recurso Extraordinário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10840.003671/2004-26
conteudo_id_s : 5715300
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 02 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9900-000.222
nome_arquivo_s : Decisao_10840003671200426.pdf
nome_relator_s : Valmar Fonsêca de Menezes
nome_arquivo_pdf_s : 10840003671200426_5715300.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2011
id : 6735149
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949490712576
conteudo_txt : Metadados => date: 2017-05-02T14:31:08Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-05-02T14:31:08Z; Last-Modified: 2017-05-02T14:31:08Z; dcterms:modified: 2017-05-02T14:31:08Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:f06a779b-3936-4fc9-a03c-fcce182f417e; Last-Save-Date: 2017-05-02T14:31:08Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-05-02T14:31:08Z; meta:save-date: 2017-05-02T14:31:08Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-05-02T14:31:08Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-05-02T14:31:08Z; created: 2017-05-02T14:31:08Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; Creation-Date: 2017-05-02T14:31:08Z; pdf:charsPerPage: 1998; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-05-02T14:31:08Z | Conteúdo => CSRFPL Fl. 941 1 940 CSRFPL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10840.003671/200426 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9100000.222 – Pleno Sessão de 7 de dezembro de 2011 Matéria DECADÊNCIA Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida RUY BARRETO ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1999 REGIMENTO INTERNO CARF. DECISÃO DEFINITIVA DE MÉRITO STJ ART. 62A DO ANEXO II DO RICARF. UTILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DE PRECEDENTES JUDICIAIS. IDENTIDADE DAS SITUAÇÕES FÁTICAS. NECESSIDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelo artigo 543C do Código de Processo Civil, devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho (Art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010). O disposto no art. 62A do RICARF não implica o dever do julgador administrativo em reproduzir a decisão proferida em sede de recurso repetitivo, sem antes analisar a situação fática e jurídica que ensejou a decisão do precedente judicial. A finalidade da disposição regimental é impedir que decisões administrativas sejam contrárias a entendimentos considerados definitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática prevista pelo art. 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ART. 173, INCISO I, DO CTN. TERMO INICIAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC. IMPOSSIBILIDADE. A contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de ofício, nos exatos termos do aludido dispositivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 36 71 /2 00 4- 26 Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 942 2 Recurso Extraordinário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Valmar Fonsêca de Menezes Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Susy Gomes Hoffmann, Manoel Coelho Arruda Junior, Maria Teresa Martinez Lopez, Claudemir Rodrigues Malaquias, Nanci Gama, Marcelo Oliveira, Karem Jureidini Dias, Julio César Alves Ramos, João Carlos de Lima Junior, Jose Ricardo da Silva, Alberto Pinto Souza Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Valmar Fonseca de Menezes, Jorge Celso Freire da Silva, Elias Sampaio Freire, Valmir Sandri, Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo Cardozo Miranda, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rodrigo da Costa Possas, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva, Francisco Assis de Oliveira Junior, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valdete Aparecida Marinheiro e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Relatório Com fundamento nos arts. 9º e 43 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (RICSRF), aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, a Fazenda Nacional, irresignada com o teor do Acórdão CSRF nº 930400.0022 , de 02/03/2009, interpôs Recurso Extraordinário (fl. 865), com vistas à uniformização de divergência entre decisões de turmas desta Câmara Superior de Recursos Fiscais. Em sede de recurso especial da Fazenda Nacional, a Primeira Turma, por maioria de votos, negou provimento ao apelo, assentando o entendimento de que o prazo decadencial deve ser contado a partir da data do fato gerador, na forma do art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN), mesmo nos casos de ausência de pagamento antecipado do tributo. Ante a comprovação do dissenso jurisprudencial e o atendimento aos demais requisitos processuais, o Presidente da Câmara Superior deu seguimento ao recurso, conforme Despacho nº 910000.427, de 14/01/2011(fl. 880). É o relatório, no essencial. Voto Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes, Relator Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 943 3 O recurso preenche os requisitos para sua admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Transcrevo, por oportuno e suficiente, as brilhantes razões Claudemir Rodrigues Malaquias, excertos de voto da sua lavra (Recurso 143.870), por suficiente para dirimir litígio e por demais esclarecedor e didático. “ (...) Tratam os presentes autos de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional, com vistas a resolver divergência de interpretação entre duas turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais em relação ao termo inicial para contagem do prazo decadencial para constituição do crédito tributário. Salientese que, embora não esteja previsto no atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22.06.2009, o recurso extraordinário, referente a acórdão prolatado em sessão de julgamento ocorrida até 30/06/2009, será, nos termos do art. 40 do RICARF, processado de acordo com o rito previsto no antigo Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25.06.2007 (RICSRF). Conforme dito acima, a questão a ser dirimida por este Colegiado cingese em definir qual o termo inicial para a contagem do prazo decadencial para constituição do crédito tributário, nos casos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação: a data do fato gerador, conforme a regra prevista no art. 150, § 4º, do CTN ou o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, a teor do art. 173, inciso I do Código Tributário. De início, cumpre salientar que em razão da recente alteração no Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010, DOU de 22.12.2010), os colegiados desta Corte deverão reproduzir em suas decisões o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, quando a matéria tenha sido definitivamente julgada por meio de recurso representativo de controvérsia, nos termos dos arts. 543B e 543C, do Código de Processo Civil. Eis o que estabelece o art. 62A do Anexo II, do RICARF: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” No que diz respeito ao prazo decadencial aplicável aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), sessão de 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, consolidou o entendimento daquele Tribunal em decisão assim ementada, verbis: Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 944 4 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 945 5 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (destacouse) Conforme restou assentado, havendo pagamento parcial ou declaração prévia de débito, devese computar o prazo decadencial na forma do art. 150, § 4º do CTN e, caso contrário, não se verificando o pagamento parcial e inexistindo declaração prévia de débito ou nos casos de dolo, fraude ou simulação, referido prazo deve ser computado na forma do art. 173, inciso I, do CTN. No caso dos autos, a Contribuinte apurou no período prejuízo fiscal e base negativa da Contribuição Social, conforme se verifica nos autos – inclusive na apuração fiscal que não houve pagamento de tributo relativo ao período que ensejou o lançamento de ofício. Assim, a teor do entendimento consolidado pelo e. Tribunal Superior, no presente caso, ante a ausência de pagamento antecipado, devese iniciar a contagem do prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, aplicandose a regra prevista no art. 173, inciso I, do CTN. Sucede, porém, que ao dar interpretação ao termo inicial para contagem do prazo previsto neste dispositivo, o e. STJ fez constar do decisum que o “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado” corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do FATO IMPONÍVEL, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação (...)”. A recente interpretação dada ao aludido art. 173, inciso I, redunda em resultados distintos no cômputo do lapso decadencial, quando comparada com remansoso entendimento deste Conselho. Acerca do entendimento do STJ quanto a este ponto emergiram amplas discussões no âmbito deste Conselho. Consolidaramse duas posições antagônicas no que diz respeito à interpretação e ao alcance do art. 62A do Regimento Interno do CARF, quanto à reprodução das decisões proferidas em sede de recursos repetitivos. Um primeiro entendimento sustenta que o art. 62A do Regimento exige a mera reprodução do acórdão firmado em recurso repetitivo pelo STJ. Deste modo, em relação a este assunto, o STJ teria afastado a literalidade do art. 173, inciso I do CTN, segundo o qual, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial é o “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”, devendo prevalecer a assertiva constante do acórdão proferido no aludido Resp nº 973.733/SC, no sentido de que, nestes casos, o termo inicial passou a ser o “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado correspondente, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível.” O outro entendimento existente no âmbito desta Conselho defende que a análise do contexto fático do acórdão do STJ e a finalidade do art. 62A devem ser devidamente considerados para fins de aplicação do dispositivo. Devese levar em conta, inclusive, a própria jurisprudência daquela Corte, verificada conforme suas decisões posteriores sobre a mesma matéria. Na forma desta segunda linha, a qual reputo mais acertada, o termo inicial para contagem do prazo decadencial é “o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 946 6 lançamento poderia ter sido efetuado”, ou seja, nos exatos termos da redação do aludido art. 173, inciso I do CTN. É perfeitamente aplicável ao caso o sentido teleológico do aludido dispositivo. Isto permite que, antes de reproduzilo automaticamente na decisão administrativa, seja feita uma análise mais ampla e técnica do precedente judicial, sob pena de prejudicar o atingimento de suas finalidades. Dada a sua natureza e estando o mesmo sob a égide do vetor da segurança jurídica, o novel dispositivo regimental deve ser compreendido segundo as regras dos ordenamentos que admitem os precedentes jurisprudenciais como determinantes para os julgamentos futuros sobre as mesmas situações fáticas e jurídicas. A força persuasiva das decisões paradigmas decorre de uma perfeita similitude entre os feitos comparados. O pedido e a causa de pedir do provimento judicial considerado parâmetro devem ser simétricos ao caso sob análise. A adoção de critério distinto infirma os fundamentos do instituto e compromete o resultado do julgamento. Por estas razões, devese levar em conta o aspecto teleológico do aludido art. 62A do Regimento. A relevância de seu escopo implica adotar critérios jurídicos consolidados na utilização dos precedentes jurisprudenciais. Com efeito, a finalidade da norma veiculada pelo art. 62A é evitar que o litígio administrativo prossiga, inutilmente, no âmbito do Poder Judiciário, podendo acarretar prejuízos sucumbenciais à União, uma vez que, as instâncias judiciais inferiores não decidirão de forma divergente, em face do rito previsto no art. 543C do Código de Processo Civil (CPC). Assim, dada a força persuasiva dos acórdãos firmados sob o regime do art. 543C do CPC, não seria de bom alvitre que o CARF decidisse pela manutenção da exigência, quando fosse certo o desfecho em sentido contrário na ação judicial ajuizada posteriormente. É com este escopo que se apresenta a norma contida no referido art. 62A do RICARF, o qual, acertadamente buscou evitar que os acórdãos proferidos no âmbito desta Corte administrativa divirjam das decisões já consideradas definitivas nos órgãos judiciais, conforme a sistemática dos recursos repetitivos. Contudo, é imperioso assegurar que a questão sub examine no processo administrativo seja a mesma tratada no precedente judicial. Se o provimento judicial se deu em face de situação fática ou de direito distinta, a reprodução da decisão paradigma deve ser precedida de análise objetiva que conclua pela similitude entre os julgados. A aludida norma não traduz a ideia de que o julgador administrativo deve fazer simples cópia da decisão do Tribunal Superior, mormente quando manifestações posteriores da mesma Corte são em sentido diverso, refletindo que o entendimento exarado pelo acórdão proferido em sede do repetitivo não é aplicável indistintamente à totalidade os casos. Desta forma, para dar concretude à finalidade do disposto no art. 62A, ou seja, buscarse uma decisão conforme a linha adotada pela jurisprudência dos órgãos judiciais, impõese a ampla compreensão do teor daquela decisão. Tornase, assim, inadmissível a Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 947 7 simples reprodução de seu texto decisório, dissociada de uma análise completa do precedente judicial. Pois bem, no presente caso, a análise detida do inteiro teor do referido acórdão, associada ao conhecimento das decisões que se seguiram reiteradamente da mesma Corte, revelam que a aludida decisão do STJ não colide com o disposto no art. 173, inciso I do CTN, que continua recebendo a mesma interpretação. Em primeiro lugar, é necessário verificar qual o contexto da argumentação em que o Ministro relator proferiu a afirmação de que “O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o ‘primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado’ corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível”. Verificase com clareza que a manifestação neste sentido vem em resposta às razões da Recorrente (INSS), conforme destacado no relatório do Ministro Luiz Fux, verbis: “(...) Nas razões do especial, sustenta a autarquia previdenciárias que o acórdão hostilizado incorreu em violação dos artigos 150, § 4º, e 173, I, do CTN, uma vez que: ‘Nos termos do art. 150, § 4º, do CTN, o prazo para a homologação do lançamento é de 5 (cinco) anos. Assim, como o prazo para a constituição do crédito tributário se inicia no primeiro dia seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, o prazo de decadência, nos tributos sujeitos a lançamentos por homologação, inexistente o pagamento, é de 10 (dez) anos, e não 5 (cinco), como equivocadamente concluiu o Tribunal a quo.” (destacouse) A Autarquia sustentava a tese de que o prazo previsto no art. 173, I do CTN, somente teria início após o decurso dos cinco anos para o lançamento por homologação, o que implicaria considerar o prazo de dez anos a contar da data do fato gerador. Precisamente ante a esta alegação da Recorrente (INSS), o acórdão do STJ buscou refutar o entendimento de que o termo inicial da decadência para o lançamento de ofício somente se iniciaria após o lapso do prazo quinquenal para a homologação tácita, tendo assentado o seguinte: “(...) O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, verbis: (...) Assim é que o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 948 8 (...) Outrossim, impende assinalar que o “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado” corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, “Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro”, 3ª ed. Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, “Direito Tributário Brasileiro”, 10ª ed. Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, “Decadência e Prescrição no Direito Tributário”, 3ª ed. Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199. (destacouse) O que resta claro das partes transcritas e destacadas do teor da decisão é que, ao mencionar que o dies a quo, segundo o art. 173, I, do CTN, corresponderia ao primeiro dia do exercício seguinte ao fato imponível, quis o STJ afastar a aplicação cumulativa dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Código Tributário. Este é o conteúdo assentado no acórdão, que se torna evidente com a leitura completa do parágrafo. Devese ressaltar que nenhum dos autores citados pelo acórdão (Alberto Xavier, Luciano Amaro e Eurico Marcos Diniz de Santi) defende que o termo inicial para a contagem do prazo da decadência, de acordo com o art. 173, I, seja o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível. Isto torna prejudicada a compreensão do acórdão, no sentido do voto vencido, quando se toma o seu desfecho de forma não contextualizada. Ademais, cumpre ainda aduzir que as decisões seguintes proferidas pelo Tribunal vem seguindo o entendimento ora defendido, em aparente contradição ao texto do aludido acórdão no recurso repetitivo. A contradição é apenas aparente, pois, consideradas no seu âmago, as decisões não colidem com o disposto no art. 173, I do CTN. As duas turmas que compõem a Primeira Seção do STJ, mesmo após o referido julgamento, vêm reiteradamente aplicando de forma correta o art. 173, I, do CTN, merecendo destaque a expressa referência de que este foi o entendimento assentado no aludido Resp nº 973.733/SC. Confirase: “TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO. ATRASO NO PAGAMENTO DAS PARCELAS. RESCISÃO ADMINISTRATIVA. 1. O prazo decadencial para constituição do crédito tributário, nos casos de lançamento de ofício, contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ele poderia ter sido efetuado (CTN, art. 173, inciso I). Tal entendimento foi solificado no STJ quando do julgamento do Resp nº 973.733/SC, julgado em 12.08.2009, relatado pelo Min. Luiz Fux e submetido ao rito reservado aos recursos repetitivos (CPC, ART. 543C). 2. Parcelado o débito sob a égide da MP 38/2002, o atraso de mais de duas parcelas implica em imediata rescisão da avença Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 949 9 administrativa, nos termos do art. 13, parágrafo único, da Lei nº 10.522/02, vigente à época da ocorrência dos fatos. Agravo regimental improvido.” (AgRg no Resp 1219461/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 07.04.2011, Dje 14.04.2011) (destacouse) A Primeira Turma da Primeira Seção do STJ, em sessão realizada quando o Min. Luiz Fux, ainda compunha o referido colegiado, manifestou o mesmo entendimento, verbis: “TRIBUTÁRIO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. INOVAÇÃO DE FUNDAMENTOS. INCABIMENTO. DECADÊNCIA. FRAUDE, DOLO OU SIMULAÇÃO. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE ÁQUELE EM QUE O LANÇAMENTO PODERIA TER SIDO EFETUADO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Em sede de agravo regimental, não se conhece de alegações estranhas às razões do recurso especial, por vedada a inovação de fundamento. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme em que, no caso de imposto lançado por homologação, quando há prova de fraude, dolo ou simulação, o direito da Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional). 3. Agravo regimental improvido.” (AgRg no Resp 1050278/RS, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, julgado em 22.06.2010, Dje 03.08.2010) (destacouse) Como se verifica das partes destacadas nas decisões acima, ambas as turmas da Primeira Seção do STJ vêm se manifestando no sentido de que, na forma art. 173, I, do CTN, o termo inicial para a contagem do prazo da decadência é sem dúvida o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, não se tratando, pois, de alteração no entendimento, mas espécie de “interpretação autêntica” do teor do acórdão do repetitivo, manifestada em sequência, pelos mesmos ministros daquela Corte. Portanto, à luz destas considerações, concluise que: i) o disposto no art. 62A não implica o dever do julgador administrativo em reproduzir a decisão proferida em sede de recurso repetitivo, sem antes analisar a situação fática e jurídica que ensejou a decisão do precedente judicial; ii) a finalidade da disposição regimental é impedir que decisões administrativas sejam contrárias a entendimentos considerados definitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática prevista pelo art. 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil; iii) e que a contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do Processo nº 10840.003671/200426 Acórdão n.º 9100000.222 CSRFPL Fl. 950 10 exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de ofício, nos exatos termos do aludido dispositivo. ...” No caso dos autos, não houve nenhum pagamento ou recolhimento de IRRF, o que nos obriga a concluir que a contagem do prazo decadencial deve se dar pela regra do art. 173, I, do CTN, o direito de lançar extinguirseia com o transcurso do lapso de 5 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (1º de janeiro de 1999), ou seja, o lançamento poderia ter sido efetuado até 31 de dezembro de 2004. A contribuinte foi cientificada da autuação em 02 de dezembro de 2004 (fls. 689), portanto, antes de esgotado o prazo decadencial. Por tais fundamentos, DOU provimento ao recurso da Fazenda Nacional, para afastar a arguição de decadência e determinar o retorno dos autos à Câmara ordinária para apreciação das demais razões do recurso voluntário. É como voto. (Assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes
score : 1.0
Numero do processo: 10972.000033/2009-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 27/02/2004, 31/03/2004
Ementa:
HOMOLOGAÇÃO TÁCITA/DECADÊNCIA
O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda.
CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DA COFINS.
A cessão de direitos de ICMS não compõe a base de cálculo para a contribuição.
Recurso Voluntário provido em parte
Numero da decisão: 3301-003.215
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: 1. Quanto à decadência: Por unanimidade, negar provimento ao Recurso Voluntário. 2.1. Encargos de depreciação de máquinas e equipamentos, alocados nos centros de custos AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) e ENE (Subestação Energia Elétrica) 2.1.1. Abastecimento e tratamento de água 2.1.2. Subestação Energia Elétrica: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.2. Glosa de encargos de depreciação do centro de custos - MIN - Mineração: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.3. Glosa dos encargos de depreciação de outros itens do ativo imobilizado: por maioria de votos, dar provimento ao Recurso Voluntário apenas quanto aos itens 1, 7, 8 e 33 da tabela, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D´Oliveira, que dava provimento também quanto aos itens 15, 16 e 32, e a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, que dava provimento também quanto aos itens 3, 4, 5, 13, 14, 15, 16, 28, 30, 32, 34 e 36. 3. Cessão de créditos do ICMS: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Valcir Gassen - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 27/02/2004, 31/03/2004 Ementa: HOMOLOGAÇÃO TÁCITA/DECADÊNCIA O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DA COFINS. A cessão de direitos de ICMS não compõe a base de cálculo para a contribuição. Recurso Voluntário provido em parte
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10972.000033/2009-62
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700164
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3301-003.215
nome_arquivo_s : Decisao_10972000033200962.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : VALCIR GASSEN
nome_arquivo_pdf_s : 10972000033200962_5700164.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: 1. Quanto à decadência: Por unanimidade, negar provimento ao Recurso Voluntário. 2.1. Encargos de depreciação de máquinas e equipamentos, alocados nos centros de custos AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) e ENE (Subestação Energia Elétrica) 2.1.1. Abastecimento e tratamento de água 2.1.2. Subestação Energia Elétrica: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.2. Glosa de encargos de depreciação do centro de custos - MIN - Mineração: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.3. Glosa dos encargos de depreciação de outros itens do ativo imobilizado: por maioria de votos, dar provimento ao Recurso Voluntário apenas quanto aos itens 1, 7, 8 e 33 da tabela, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D´Oliveira, que dava provimento também quanto aos itens 15, 16 e 32, e a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, que dava provimento também quanto aos itens 3, 4, 5, 13, 14, 15, 16, 28, 30, 32, 34 e 36. 3. Cessão de créditos do ICMS: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. Valcir Gassen - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
id : 6688423
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949498052608
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1909; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 342 1 341 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10972.000033/200962 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301003.215 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de fevereiro de 2017 Matéria COFINS Recorrente COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERAÇÃO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 27/02/2004, 31/03/2004 Ementa: HOMOLOGAÇÃO TÁCITA/DECADÊNCIA O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DA COFINS. A cessão de direitos de ICMS não compõe a base de cálculo para a contribuição. Recurso Voluntário provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: 1. Quanto à decadência: Por unanimidade, negar provimento ao Recurso Voluntário. 2.1. Encargos de depreciação de máquinas e equipamentos, alocados nos centros de custos AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) e ENE (Subestação Energia Elétrica) 2.1.1. Abastecimento e tratamento de água 2.1.2. Subestação Energia Elétrica: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.2. Glosa de encargos de depreciação do centro de custos MIN Mineração: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. 2.3. Glosa dos encargos de depreciação de outros itens do ativo imobilizado: por maioria de votos, dar provimento ao Recurso AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 2. 00 00 33 /2 00 9- 62 Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 343 2 Voluntário apenas quanto aos itens 1, 7, 8 e 33 da tabela, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D´Oliveira, que dava provimento também quanto aos itens 15, 16 e 32, e a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, que dava provimento também quanto aos itens 3, 4, 5, 13, 14, 15, 16, 28, 30, 32, 34 e 36. 3. Cessão de créditos do ICMS: por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Valcir Gassen Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 262 a 276) interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 0925.456 (fls. 244 a 256), de 6 de agosto de 2009, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG) – DRJ/JFA – que julgou, por unanimidade de votos, no sentido de indeferir a solicitação do Contribuinte. Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do Acórdão ora recorrido: Trata o processo da lavratura de auto de infração para exigência da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), totalizando o valor exigido de R$321.765,71, incluídos o principal, a multa de oficio e os juros de mora devidos até a data da lavratura (fls. 04/06). Na "Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal (is)", constante do Auto de Infração, foi relatada a infração a seguir: Em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo sujeito passivo supracitado, foi(ram) apurada(s) infração (ões) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. 001 COFINS INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS No. exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil e em cumprimento do Mandado de Procedimento Fiscal n° 06105.00.2009.000541, código de acesso n° 08631564, lavramos o presente auto de infração relativo à Cofins recolhida a menor nos períodos de fevereiro e março/2004, nos seguintes valores: Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 344 3 Fevereiro/2004 R$ 42.494,00 Março/2004 R$ 90.314,72 Os mencionados valores foram apurados em decorrência dos trabalhos relativos ao MPFD n° 06105002008001978, expedido para verificação das compensações/ressarcimentos de tributos efetuadas pela empresa, tudo conforme RELATÓRIO FISCAL FINAL CRÉDITOS DO PIS E DA COFINS 1° Trimestre de 2004 em anexo, que integra o presente Auto de Infração. Fato Gerador Val. Tributável ou Contribuição Multa(%) 27/02/2004 R$ 559.131,58 75,00 31/03/2004 R$ 1.188.351,58 75,00 ENQUADRAMENTO LEGAL Arts. 1° ,2°, 3° e 5° da Lei n° 10.833/03 Inconformada com a autuação, a interessada apresentou a impugnação de fls. 34/21, na qual alega, em preliminar, a decadência do lançamento da Cofins, relativamente ao fato gerador de 27/02/2004, e, no mérito, afirma que, a fiscalização, indevidamente, glosou créditos da Cofins calculados sobre os encargos de depreciação e promoveu ajustes nas respectivas bases de cálculo da referida contribuição, acarretando as supostas diferenças a título da Cofins nos meses de fevereiro e março de 2004. Assevera ainda que não podem compor a base de cálculo da contribuição os ingressos recebidos em contrapartida à cessão de créditos do ICMS. Ao final protesta a requerente por todos os meios de prova admitidos, especialmente a produção de perícia e ajuntada de documentos. Diante do relatório acima posto, o acórdão recorrido contemplou a seguinte redação em sua ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 27/02/2004, 31/03/2004 DECADÊNCIA. Na ausência de recolhimento da Cofins, deve ser seguida a regra do art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), na contagem do prazo decadencial. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS. A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins constitui infração que autoriza a lavratura do competente auto de infração, para a constituição do crédito tributário. O presente processo foi distribuído por sorteio para relatoria do conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Por intermédio do despacho da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, de 28 de outubro (sic) de 2016 (fls. 339 a 341), encaminhou para a minha relatoria da seguinte forma: Nos termos do Art. 6, §3.º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho RICARF e, por solicitação da patrona durante a sessão de Setembro com o acordo do Presidente Substituto da Turma, o presente processo deve ser encaminhado ao Conselheiro Valcir Gassen (VicePresidente), da 1.ª Turma Ordinária da 3.ª Câmara da 3.ª Seção, uma vez que este Conselheiro já pautou os processos vinculados e principais, que discutem o crédito cobrado mediante lançamento nestes autos. Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 345 4 observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formaliza dos em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. A alegação da fiscalização de "insuficiência de recolhimento" da contribuição em tela (COFINS) que motivou o lançamento é decorrente de creditamentos supostamente indevidos no regime não cumulativo de apuração das contribuições, nos casos de créditos considerados em declarações de compensações com créditos de encargos de depreciação de máquinas e equipamentos da sub estação de energia elétrica e de bens do ativo imobilizado, assim como inclusão da cessão de créditos de ICMS na base de cálculo do Cofins. Verificase no Relatório Fiscal (fls 09) e conforme alegação do contribuinte em seu Recurso Voluntário (fls. 262) que a autuação é atrelada a créditos que estão em discussão administrativa em processos conexos e vinculados, em andamento conforme alegado, envolvendo o mesmo contribuinte e os mesmos fatos, sendo imperioso que, para chegar a uma conclusão válida nestes autos, deverá ser revelado o resultado definitivo destes outros procedimentos assim como seus atuais andamentos. Em razão do disposto no Regimento Interno deste Conselho em seu Art. 6.º, Anexo II, e para a condução da melhor solução ao presente litígio, preliminarmente é importante observar se há ou não relação de causa e efeito entre os processos conexos que supostamente discutem o crédito, por isso é necessária a movimentação para que seja verificada a alegação do contribuinte e para que o mérito da controvérsia seja julgado somente após confirmada ou não a existência de créditos em favor do contribuinte. Logo, a conclusão mais acertada é reconhecer que os autos não estão em condições de julgamento meritório, para não haver conflito com o disposto no art. 93, inciso IX da Constituição Federal, bem como ao prescrito no art. 31 do Decreto n. 70.235/723 e art. 2.º da lei n. 9.784/99. Seguir com o presente julgamento no estado em que se encontra poderia resultar em ofensa ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa, além de solucionar a controvérsia em uma conclusão possivelmente equivocada e precipitada. De acordo também o Presidente Substituto da 3.ª Seção, promovase a movimentação do processo por conexão para o Conselheiro Valcir Gassen (Vice Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 346 5 Presidente), da 1.ª Turma Ordinária da 3.ª Câmara da 3.ª Seção, para a continuidade do julgamento em conjunto com os procedimentos vinculados e conexos, em especial dos Processos Administrativos de n°. 13646.000183/200451 e 13646.000189/200429. É o relatório. Voto Conselheiro Valcir Gassen O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0925.456, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. Cabe salientar que o presente processo n° 10972.000033/200962 trata de auto de infração referente as Declarações de Compensação de débitos do processo 13.646.000183/200451, que, por sua vez, contém o apensamento dos processos n° 13646.000184/200425; n° 13646.000184/2004 e n° 13646.000188/200484 por referiremse ao mesmo crédito solicitado. Salientase também que o Contribuinte em seu Recurso Voluntário no presente processo alega por primeiro a decadência do direito do fisco em constituir o crédito tributário (item 2.1. do recurso). Por segundo a questão dos créditos da contribuição em foco e a cessão de créditos de ICMS (item 2.2. do recurso) desta forma (fls. 275): No mérito, atinente à glosa de créditos da contribuição em foco e à inclusão em sua base de cálculo de valores relativos à cessão de créditos de ICMS, o acórdão recorrido limitouse a fazer referência ou a reproduzir os argumentos da decisão prolatada pela DRJ no processo n. 13646.000183/200451, de modo que, para evitar repetições desnecessárias, a recorrente reportase às razões do recurso voluntário interposto no citado processo, cuja cópia segue anexa, razões essas que devem ser consideradas parte integrante do presente. (grifouse). E por fim, o contribuinte, quando do pedido, assim requer em seu recurso (fls.276): Por todo o exposto, não possui fundamento a r. decisão "a quo", haja vista que o crédito tributário atinente a fevereiro de 2004 está caduco, nos termos do art. 150, parágrafo 4°, do CTN, bem como porque, tal como demonstrando no processo n. 13646.000189/200429, (i) as máquinas e os equipamentos, alocados nos centros de custos AGU — Abastecimento e Tratamento de Agua e ENE — Subestação Energia Elétrica são utilizados no processo produtivo da recorrente; (ii) os outros itens do ativo imobilizado, cujos encargos de depreciação foram glosados, são bens empregados na produção dos minérios vendidos pela recorrente; e (iii) o Fisco pretende incluir, na base de cálculo dessa contribuição, ingressos que não possuem a natureza jurídica de receita. Desse modo, seja pela decadência, ou pela ilegalidade da glosa de créditos e da inclusão na base de cálculo da COFINS de valores estranhos ao conceito de receita, deve o v. acórdão recorrido ser modificado "in totum", determinandose o cancelamento da exigência fiscal consubstanciada no auto de infração, por ser medida de DIRETO E JUSTIÇA! Como se trata no presente processo de auto de infração referente as Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 347 6 Declarações de Compensação de débitos do processo n° 13.646.000183/200451 e seus três processos apensos, passo a decidir as matérias suscitadas nos dois Recursos Voluntários, conforme solicitação do contribuinte em considerar como parte integrante deste o recurso daquele. 1. Quanto à decadência Alega o Contribuinte em seu Recurso Voluntário no item 2.1 a decadência do direito da Autoridade Fiscal de constituir o crédito tributário nestes termos (fls. 268 a 274): A recorrente não ignora que, em doutrina, existe muita discussão acerca da correta interpretação do parágrafo 4° do art. 150 do Código Tributário Nacional, não havendo, entre os estudiosos do direito, consenso sobre o que é homologado, após o decurso do prazo qüinqüenal nele previsto. Todavia, o entendimento dominante na jurisprudência administrativa é de que, decorrido o prazo de cinco anos contado da ocorrência do fato gerador, é homologada a atividade do sujeito passivo, e não o pagamento por ventura realizado. Tanto isso é verdade que, em sessão realizada em 15.12.2008, o Conselho Pleno proferiu julgamento sobre essa questão, tendo decidido que a realização do pagamento pelo sujeito passivo, no caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, não é relevante para fins de determinar o termo inicial do prazo de decadência, devendo ser sempre observada a regra do parágrafo 4° do art. 150 do Código Tributário Nacional. (...) Vejase que, se o pagamento antecipado não é relevante para fins da contagem do prazo previsto nesse dispositivo legal, inferese que a homologação aludida neste dispositivo diz respeito à atividade do sujeito passivo. Por conseguinte, a fiscalização possui o prazo de cinco anos, da ocorrência do fato gerador, para verificar se o sujeito passivo cumpriu corretamente a sua obrigação tributária, apurando adequadamente a respectiva base de cálculo, aplicando sobre ela a correspondente alíquota e, se for o caso, efetuando o recolhimento do tributo devido. Decorrido esse prazo o lançamento considerase homologado, não mais podendo ser alterado pela autoridade fiscal. Da análise do parágrafo 4° do art. 150 do Código Tributário Nacional, concluise que, ao contrário do que alegam as d. autoridades julgadoras "a quo", após o decurso do prazo decadencial previsto neste dispositivo legal, as atividades do sujeito passivo para a apuração de seus resultados estão homologadas, não mais podendo ser alteradas. Essa afirmação ganha corpo quando o dispositivo legal em comento é interpretado em conjunto com o inciso V e o parágrafo único do art. 149 do Código Tributário Nacional, que regula as hipóteses em que o lançamento deve ser feito e/ou revisto de oficio, que possui a seguinte redação: "Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) V — quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte. (...) Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 348 7 Parágrafo único. A revisão do lançamento se pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública." (grifos do recorrente) Como se vê, o inciso V do art. 149 do Código Tributário Nacional, dirigido expressamente à hipótese do lançamento por homologação, prescreve que é cabível a revisão de oficio desse lançamento quando restar comprovada a omissão e/ou inexatidão do sujeito passivo. Contudo, nesse caso, a revisão do lançamento deve ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública de formalizar o lançamento de oficio, ou seja, antes do prazo qüinqüenal contado da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. (...) Pois bem. A interpretação sistemática das regras do Código Tributário Nacional conduz à inarredável conclusão de que a fiscalização pode e deve rever a atividade do sujeito passivo, denominada de lançamento por homologação, dentro do prazo previsto no parágrafo 4° do art. 150 do Código Tributário Nacional. Porém, se ela permanecer inerte nos cinco anos seguintes à data da ocorrência do fato gerador, a atividade exercida pelo sujeito passivo considerase homologada, isto é, reconhecida como legítima. Nesse contexto, nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, após o transcurso do prazo de decadência do direito de o Fisco efetuar e/ou revisar de oficio o lançamento, tomarseá imutável a apuração dos resultados pelo sujeito passivo, que não mais poderão ser alterados pela fiscalização. (...) Pois bem. No caso deste processo administrativo, a notificação da recorrente quanto aos termos do auto de infração deuse em 27.3.2009. (...) Portanto, a COFINS relativa ao mês de fevereiro de 2004 já estava alcançada pela decadência, razão pela qual é imperioso o provimento do presente recurso, com vistas reforma do acórdão recorrido nesta parte. Cito trecho do acórdão ora recorrido como razões para decidir por entender correta a decisão da DRJ (fls. 248 a 250): Preliminarmente, a impugnante alega a decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo A Cofins, fato gerador ocorrido no mês de fevereiro de 2004. Em relação às contribuições da seguridade social, no julgamento do RE 556.664, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n.° 8.212/91, por entender que apenas a lei complementar pode dispor sobre normas gerais em matéria tributária, como a decadência. A esse respeito foi editada a Súmula Vinculante n.° 8, publicada DOU de 20/06/2008, com o seguinte enunciado: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Com a edição da Súmula Vinculante n.° 8, a constituição dos créditos da seguridade social não se submete mais ao prazo de dez anos estabelecido no art. 45 da Lei n.° 8.212/91, passando a observar as regras contidas no CTN. A teor do disposto no art. 103A da CR/88 e na Lei n.° 11.417/2006, a Súmula Vinculante n.° 8 tem eficácia imediata sobre a administração pública direta a partir de sua publicação na imprensa oficial, ficando ressalvado ao STF a possibilidade de restringir seus efeitos vinculantes ou decidir sobre o momento de sua eficácia, o que, no que tange à Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 349 8 constituição do crédito, não ocorreu. Portanto, aplicase A Cofins o prazo decadencial de cinco anos para constituição do crédito tributário, de acordo com as regras estabelecidas no CTN. Resta saber se ao presente caso aplicase a regra geral de decadência contida no art. 173, I, ou aquela contida no art. 150, § 4°, pertinente ao chamado lançamento por homologação, ao qual, em principio, se amoldam ao imposto de renda e As contribuições da seguridade social. Com esse intuito transcrevese excerto das conclusões do Parecer PGFN/CAT N° 1617/2008, que foi exarado em função da edição da Súmula Vinculante n.° 8, em conformidade com a interpretação dada acerca da decadência pelo Superior Tribunal de Justiça — STJ, pela qual, na falta de pagamento antecipado, não há o que se homologar, aplicandose em consequência a regra geral do art. 173, I, do CTN: d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4° do art. 150 do CTN; .f) para fins de cômputo do prazo de decadência, todas as vezes que comprovadas as hipóteses de dolo, fraude e simulação devese aplicar o modelo do inciso I, do art. 173, do CTN; O Parecer PGFN/CAT N ° 1617/2008 foi aprovado pelo Ministro da Fazenda em despacho de 18/8/2008, para fins de observância pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, vinculando assim esta instância administrativa, em conformidade com o disposto na Lei Complementar n.° 73/93. No caso vertente, deve ser aplicada a regra do inc. I do art. 173 do CTN (alínea "d" acima), em razão de não ter havido pagamento da contribuição corresponde ao fato gerador de 27/02/2004. Assim, a data de inicio da contagem de prazo para extinção do direito de efetuar o lançamento é 01/01/2005, não estando a exigência em questão abrangida pela decadência, uma vez que a ciência do lançamento ocorreu em 27/03/2009, conforme Aviso de Recebimento AR de fl. 30, portanto, anteriormente ao transcurso do prazo de cinco anos contado pela regra do inc. I do art. 173 do CTN. Em contrário ao entendimento do Contribuinte, entendo que no caso em análise, como as Declarações de Compensação foram entregues em 29/06/2004 e teve ciência em 27/03/2009 do Despacho Decisório que homologou parcialmente as compensações, não ocorreu a homologação tácita das compensações pleiteadas. Percebese também que a fiscalização procedeu os ajustes nas Declarações de Compensação, e, diante dos equívocos realizou o lançamento de ofício em relação a parcela do débito remanescente após a dedução por intermédio do auto de infração do presente processo. Por entender correta a decisão da DRJ/JFA, sem entrar no mérito dos ajustes procedidos pela autoridade fiscal acerca à cessão de créditos de ICMS, nego provimento ao Recurso Voluntário no que tange a este ponto. 2. Quanto às glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição Insta observar por primeiro que há, na legislação pátria, a divisão entre tributos cumulativos e nãocumulativos. Inicialmente a não cumulatividade aplicavase apenas Fl. 349DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 350 9 ao IPI e ICMS, conforme determinação constitucional constante nos artigos 153, IV, § 3º, II, e 155, II, § 2º, I, e posteriormente passou a abranger também o PIS/PASEP e a Cofins, normatizado por meio das Leis nº 10.637 de 2002 (PIS/PASEP), 10.833 de 2003 (Cofins) e 10.865 de 2004 (PIS/PASEP e CofinsImportação). Considerando como critério as fases do processo produtivo ou do ciclo comercial, e a incidência dos tributos sobre uma ou mais, podese, no caso destes últimos classificálos em cumulativos e não cumulativos. Tratase de uma classificação quanto à técnica de aplicação dos tributos multifásicos. Tributo cumulativo ou também denominado em cascata é aquele que incide em várias fases de circulação do bem sem, contudo, deduzirse o valor que já incidiu nas anteriores, isto é, não é permitida a dedução do tributo suportado no decorrer da atividade produtiva/comercial. Já o tributo não cumulativo é aquele que incide em várias fases do processo produtivo apenas sobre o valor que naquela se agregou, significa isto que se pode também gravar todo o valor acumulado do bem, desde que se desconte, se deduza, o valor que gravou as fases anteriores. A questão central nesta discussão reside na caracterização do que será considerado insumo na cadeia produtiva, possibilitando com isso a dedução ou não dos tributos suportados a montante nas fases anteriores do sistema produtivo. A legislação é extremamente restritiva na caracterização do insumo para crédito no caso do IPI e é ampla quando se trata do IRPJ. Quanto a aplicação à Cofins as normas e a doutrina entendem que a aplicação deve se dar de forma intermediária entre os dois extremos citados, ou seja, mais abrangente que o conceito aplicado ao IPI e menos amplo que aquele aplicado ao IRPJ. Cito aqui trecho do voto do Conselheiro Henrique Pinheiro Torres no acórdão nº 930301.035 de 23/08/2010, processo nº 11065.101271/200647, que bem elucida a questão: (...) A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições . Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Julio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/200361, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: “Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 351 10 aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de Pis/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do Pis/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...] Com isso, entendese que há de se aplicar o princípio da essencialidade para a caracterização do bem ou serviço como insumo, ou seja, deve ser levado em conta se tais produtos utilizados como base do creditamento das contribuições são essenciais para a produção daqueles bens em questão, com o intuito de atender o disposto na legislação pertinente sobre a não cumulatividade. Posto isso como referencial para compreender o litígio em questão passo a decidir sobre os pontos controversos acerca das glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição. 2.1 Encargos de depreciação de máquinas e equipamentos, alocados nos centros de custos AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) e ENE (Subestação Energia Elétrica) 2.1.1. Abastecimento e tratamento de água O Relatório de Diligência apresentado pela Receita Federal do Brasil (fls. 587 a 590) no processo n° 13.646.000183/200451 e seus três processos apensos, indica que os bens referentes a esta questão não foram utilizados na produção de forma específica, “mas no bombeamento e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais” (fl. 590). (Grifouse). Por sua vez o Contribuinte argumenta no sentido de que os equipamentos utilizados no tratamento e bombeamento de água, assim como o abastecimento, são imprescindíveis para sua atividade produtiva, inclusive cita procedimentos em que a água se faz essencial para a produção, conforme se verifica no trecho da Manifestação ao Relatório de Diligência feito pelo Contribuinte (fls. 599 processo n° 13.646.000183/200451): Fl. 351DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 352 11 É importante dizer que, no processo produtivo do nióbio, a água é elemento fundamental, na medida em que serve de “veículo” do minério de uma fase a outra do processo produtivo. Aqui importa destacar em caráter especial o parágrafo 64 do laudo elaborado pela requerente, o qual se transcreve aqui nas partes necessárias: “Nesse sentido, observese que, na concentração, o processo de flotação ocorre essencialmente em meio aquoso, sendo as partículas de pirocloro expostas a reagentes químicos e coletadas em bolhas de ar dentro deste meio. Os processos que se valem de fornos utilizam água para resfriamento e granulação de materiais e escória. Por sua vez, a produção de óxidos de nióbio, dada a pureza do material, necessita de água desmineralizada para o seu processo, justificando os ativos relacionados à desmineralização da água.” Entendese, com isso, que o Contribuinte não teria condições de processar os minérios para transformálos em produto final sem a utilização da água, fazendo com que esta seja indispensável no sistema produtivo realizado pelo Contribuinte. Tendo isto claro, respeitando o critério da essencialidade deste insumo, visto que a água é elemento fundamental no processo produtivo do nióbio, e sem a água nas diversas fases do processo produtivo não é possível processar os minérios objeto da atividade do Contribuinte, voto no sentido de considerar que a depreciação das máquinas e os equipamentos utilizados no tratamento e abastecimento de água permitem o creditamento na Cofins não cumulativa, visto que são utilizados na produção de bens destinados à venda. 2.1.2. Subestação Energia Elétrica O Relatório de Diligência (fls. 587 a 590 processo n° 13.646.000183/2004 51) entende que os bens do centro de custo ENE – Energia Elétrica – não devem ser considerados insumos no sistema produtivo do Contribuinte, conforme se verifica no seguinte trecho do Relatório de Diligência: Os bens do centro de custo ENE – Energia Elétrica – distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades suprem de energia elétrica toda a empresa – essas são suas funções. Eles não atual na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Portanto, a administração fiscal, por entender que o desgaste desses bens não decorre do processo produtivo, nega ao Contribuinte o direito de creditamento da depreciação destes equipamentos e serviços no que se refere a contribuição ao Cofins. Já a posição do Contribuinte é diversa e desta forma argumenta às fls. 600: (...) Diante da informação constante do laudo elaborado pela requerente sobre o rateio de energia elétrica entre suas diferentes unidades no sentido de que 99% da energia é consumida nos processos produtivos, o Relatório de Diligência afirmou que tal percentual seria “parcial e insustentável, pois os fatos demonstram que várias unidades que constam do Anexo III não tem qualquer relação com o processo produtivo”. A requerente não conseguiu identificar quais centros de custo foram considerados pela fiscalização como desvinculados do processo produtivo. É que a afirmação das autoridades fiscais, neste particular, foi vaga, lacônica, não tendo havido, no Relatório de Diligência, análise de cada unidade produtiva e informação sobre quais unidades, ao ver dos agentes fiscais, não possuíram qualquer relação com o processo produtivo. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 353 12 Como está claro nos autos a atividade de produção de nióbio pelo Contribuinte requer, além do sistema de abastecimento e tratamento de água, a existência de uma subestação de energia elétrica, visto que a energia elétrica recebida da concessionária CEMIG precisa, necessariamente, receber um processo de adequação da tensão para que possa ser aplicada aos equipamentos industriais. Observase ademais que no Laudo de Funcionalidade elaborado pela requerente (fls. 445 a 586 processo n° 13.646.000183/200451) se demonstra que 99% da energia consumida é destinada ao processo produtivo do Contribuinte e que menos de 1% destinase as atividades administrativas da indústria. Em conclusão, a água e a energia elétrica são indispensáveis as atividades de processamento do minério pelo Contribuinte, e, assim sendo, os equipamentos e as máquinas utilizados no tratamento desses insumos com o fito de tornar possível a sua utilização, pela adequação técnica que a atividade requer, devem ser considerados como itens utilizados no processo produtivo de acordo com o previsto na Lei n° 10.833/03, que assim dispõe: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; Logo, respeitando o princípio da essencialidade, é cabível o creditamento dos valores relativos a depreciação do Centro de Custo ENE – Subestação Energia Elétrica, visto que está sendo diretamente utilizado, no sentido de necessário e essencial, ao sistema produtivo em discussão, portanto, voto em prover o Recurso Voluntário neste tema. 2.2. Glosa dos encargos de depreciação do centro de custos MIN – Mineração O Acórdão ora recorrido entende que os equipamentos do centro de custo MIN – Mineração – não podem ser considerados por não serem utilizados no sistema produtivo do Contribuinte, como se observa no trecho retirado do voto do referido Acórdão (processo n° 13.646.000183/200451): Do mesmo modo, as máquinas e equipamentos alocadas no centro de custo MIN — Mineração, não são utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Isso porque, conforme registrado no Relatório Fiscal Final (fls. 192, item 3.2), e confirmado pela interessada, as máquinas e equipamentos desse centro de custos, apesar de adquiridas pela interessada, foram cedidas a outra empresa, nas atividades de quem são empregadas. Por sua vez o Contribuinte em seu Recurso Voluntário aduz que tal entendimento é equivocado e alega o que se segue (fls. 348 e 349 processo n° 13.646.000183/200451): Sustentam a fiscalização e as autoridades julgadoras de primeira instância administrativa que os encargos de depreciação das máquinas e equipamentos, registrados no ativo imobilizado da recorrente, que foram por ela "cedidos" à Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá — COMIPA, não devem compor o cálculo do crédito da COFINS, pois, em seu entender, esses bens não seriam utilizados na fabricação de seus produtos. Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 354 13 O raciocínio desenvolvido pela fiscalização, confirmado pela DRJ, está equivocado, visto que desconsidera o acordo firmado entre essas duas companhias, constante na escritura pública de constituição da COMIPA, cuja cópia foi anexada aos autos na manifestação de inconformidade. Conforme se verifica pela análise desse documento, em 28.9.1972, a COMIPA foi constituída pela recorrente e pela Companhia Agrícola de Minas Gerais — CAMIG (atual Companhia de Desenvolvimento Económico de Minas Gerais — CODEMIG), com o objetivo de melhor aproveitar a lavra do pirocloro e de outros minerais de colômbio, existentes em minas, cujo direito de concessão foi conferido pelo Poder Público àquelas companhias. Por força daquele acordo, todo o minério extraído pela COMIPA deve ser vendido à recorrente, de modo que ela possa atender à demanda do mercado. Em contrapartida, a recorrente comprometeuse a adquirir as máquinas e os equipamentos necessários à extração mineral, e alugálos àquela sociedade. Confirase: "(...) E, perante as mesmas testemunhas, pelas partes me foi dito que se achavam justas e contratadas, mediante as seguintes cláusulas e condições: (...) 13ª) que a CBMM se obriga a locar à Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá o seguinte equipamento de mineração atualmente empregado na lavra das minas a serem exploradas pela sociedade ora constituída: (...); que a CBMM cobrará como aluguel desse equipamento a importância correspondente a 2% (dois por cento) ao mês sobre o valor original do custo de aquisição desses equipamentos, corrigido monetariamente de acordo com os índices de correção do ativo imobilizado; (...)" (grifos da recorrente) Verificase, portanto, que as máquinas e equipamentos, alocados no centro de custos MIN Mineração, são alugados pela recorrente à COMIPA, a fim de permitir que essa companhia realize a extração dos minérios a ela fornecido, que são as matérias primas de seus produtos. Desse modo, ao contrário do que alegam a fiscalização e a r. decisão recorrida, os custos das máquinas e dos equipamentos, que foram adquiridos pela recorrente e, posteriormente, locados à COMIPA, além de relacionados à sua atividade produtiva, enquadramse no conceito de insumo, na medida em que integram o custo da matériaprima consumida em seu processo produtivo. Este ponto do Recurso Voluntário do Contribuinte não foi objeto da conversão do julgamento em diligência e, portanto, será julgado com base nos termos estabelecidos neste voto para a caracterização ou não dos equipamentos do referido centro de custo sob o critério de sua essencialidade, observando que tais equipamentos foram locados a empresa COMIPA. Em que pese que os equipamentos alocados nos centros de custos MIN – Mineração encontramse cedidos à Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá – COMIPA, resta demonstrado pelo Contribuinte nos autos, que todo o minério extraído pela COMIPA deve ser vendido a recorrente e que esta deve fornecer os equipamentos necessários. Assim, pelo fato inconteste do aluguel dos equipamentos desse centro de custo a outra empresa e que esta fornece produtos essenciais ao sistema produtivo na fabricação de produto destinado a venda pelo Contribuinte, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário no que tange aos encargos de depreciação do centro de custos MIN – Mineração. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 355 14 2.3. Glosa dos encargos de depreciação de outros itens do ativo imobilizado O Relatório de Diligência apresentado elencou 38 itens (fl. 589 e 590 processo n° 13.646.000183/200451), enumerados de 1 a 36, que estão instalados nas plantas industriais e que são considerados pelo Contribuinte como bens utilizados na fabricação dos produtos vendidos. Para melhor precisar a glosa efetuada de depreciação de outros itens do ativo imobilizado vejase a tabela abaixo: Nº Bens Utilização/finalidade 1 Abafador de ruído. Equipamento de proteção coletiva contra ruído. 2 Alarme audiovisual para telefone. Alerta para chamadas telefônicas. 3 Aparelho de ar condicionado, ar condicionado, conjunto de ar condicionado, condicionador de ar. Utilizados para resfriar o ambiente, protegendo pessoas, equipamentos ou ambos. 4 Aparelho kit ar condicionado caminhão volvo. Instalado em caminhão guindaste que atua em montagens industriais. 5 Ar condicionado automotivo. Instalado em caminhão utilizado no transporte de rejeitos. Armários. São utilizados para: guardar pertences pessoais do empregados, manuais, relatórios, ferramentas, acomodar monitores, computadores, etc. 6 Aspirador de pó. Promover a limpeza do forno. Caminhonetes Mitsubishi. Usadas no transporte de materiais e equipamentos, inclusive no transporte de amostras para análise. 7 Chuveiro lava olho de emergência. Equipamento de segurança exigido pelas normas de proteção acidentárias. 8 Conjunto de placas externas. Utilizadas no revestimento externo do forno elétrico. 9 Conjunto de som com cornetas. Aparelho de comunicação utilizado na unidade. 10 Despesas de desembaraço aduaneiro. Despensas incorridas na importação. 11 Equipamento eletromecânico para portão. Abrir portão para passagem de ponte rolante transportando materiais. 12 Instalação sistema som ambiente. Despesas com a instalação de sistema de som para comunicação entre os operadores da unidade. 13 Interligação da mina via fibra ótica. Despesas com serviços de interligação da mina com as plantas industriais. 14 Interligação em fibra ótica. Despesas de interligação em fibra ótica. 15 Mão de obra de montagem e partida. Despesas de serviços aplicados ao robô que atua no acondicionamento de produtos. 16 Mão de obra p/ colocação do robô em operação. Despesas de serviços aplicados ao robô que atua no acondicionamento de produtos. Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 356 15 17 Mesas, escrivaninhas. Usadas nas tarefas rotineiras, algumas servem para reuniões e outras sustentam computadores ou monitores utilizados nas tarefas. 18 Microsoft Windows NT 4.0. Sistema operacional instalado em computador da unidade. 19 Módulo scanner p/ comunicação. Faz com que o controlador lógico programável acione equipamentos sem necessidade de ação humana. 20 Persianas verticais em alumínio. Persianas utilizadas em janelas de salas da unidade. 21 Poltronas, cadeiras. Usadas pelos trabalhadores e visitantes das seções. 22 Rádios fixos e portáteis. Viabiliza a comunicação entre os operadores. 23 Rádio RS 450. Utilizado no controle remoto da ponte rolante. 24 Refrigerador cor bege 320 Litros. Conservar alimentos e sucos dos trabalhadores da unidade. 25 Relógio de ponto. Registra a jornada de trabalho na unidade. 26 Repetidora de rádio comunicação com rádios. Aparelhos de comunicação entre os operadores da unidade. 27 Varredeira Hako Jonas. Usada na varrição de grandes áreas das plantas. 28 Ventilador Transportável. Usado para resfriar produtos e equipamento. 29 Lavoura Wap. Utilizada para lavar pisos, equipamentos, instalações. 30 Condic centrais tipo selfcontained. Controla a temperatura de painéis elétricos. 31 Transceptor portátil. Aparelho de comunicação utilizado na unidade. 32 Detector portátil de coresponder. Detectar gás no ambiente. 33 Conjunto de sobressalentes. Peças sobressalentes para o agitador do tanque. 34 Motosserra. Cortar eletrodos utilizados na unidade. 35 Conjunto de emissor de som para limpeza. Equipamento sonoro utilizado para limpeza dos filtros de manga. 36 Instalações p/ captação de água de chuva. Instalações destinadas a captar água de chuva depositada em barragens. Dos itens relacionados na tabela acima a Autoridade Fiscal reconheceu o item 8 e 33, conjunto de placas externas e conjuntos sobressalentes, utilizadas no revestimento externo do forno elétrico e como peças sobressalentes para o agitador do tanque, respectivamente, como bens que se desgastam ou danificamse no processo produtivo, reconhecendo, assim, que sobre estes o crédito deve ser admitido. O Contribuinte requer, em sua Manifestação ao Relatório de Diligência (fls. 593 a 605 processo n° 13.646.000183/200451), em especial, alguns itens como a inclusão do abafador de ruído, aparelhos de ar condicionado, armários, chuveiro lava olho de emergência e ventilador transportável. Considerando todos os 38 itens relacionados pela Autoridade Fiscal, a avaliação feita por esta e o requerido pelo Contribuinte, entendo que os itens: 1 – abafador de Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 357 16 ruído (equipamento de proteção coletiva contra ruído); 7 – chuveiro lava olho de emergência (equipamento de segurança exigido pelas normas de proteção acidentárias); 8 – conjunto de placas externas (utilizadas no revestimento externo do forno elétrico); 33 – conjunto de sobressalentes (peças sobressalentes para o agitador do tanque), são bens necessários para viabilizar as atividades produtivas do contribuinte. Portanto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso do Contribuinte no que tange aos itens 1; 7; 8 e 33 do Relatório de Diligência admitindo crédito sobre as suas cotas de depreciação. 3. A cessão de créditos do ICMS A decisão ora recorrida entende que a cessão do crédito referente ao ICMS deve compor a base de cálculo das contribuições, conforme se demonstra nesse trecho do voto do Acórdão ora recorrido, em que faz referencia a decisão da DRJ no processo n° 13.646.000183/200451 (fls.252 a 254): Relativamente à cessão de créditos de ICMS, o artigo 1° da Lei 10.833/2003, que trata da incidência nãocumulativa da Cofins, e o mesmo artigo da Lei nº 10.637/2002, que trata do PIS/Pasep nãocumulativo, estabelecem, de forma clara, o fato gerador dessas contribuições, qual seja, "o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil". (...) No caso, a cessão de direitos de ICMS, que o contribuinte adquire no momento da compra de um bem ou direito, é uma nova operação jurídica/contábil com este direito do contribuinte, gerando uma nova receita, que pode ou não gerar lucro. Em se tratando de receita, auferida com a cessão de créditos de ICMS admitida pela legislação estadual, cumpre analisar o cabimento ou não de sua tributação pelo PIS/Pasep e pela COFINS. A operação de transferência dos créditos do ICMS configura uma cessão de créditos em que a pessoa jurídica vendedora toma o lugar do cedente; o adquirente, o do cessionário e a Unidade da Federação, o do cedido. Conforme o disposto nas Leis n° 9.718, de 1998, n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002 (PIS nãocumulativo) e n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003 (incidência nãocumulativa da Cotins), estas contribuições têm como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, sendo que o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Constatase que a opção do legislador foi a generalização do alcance da incidência das contribuições em tela. Já ao tratar das hipóteses de exclusão da base de cálculo, a norma foi bastante seletiva, restringindoas a um pequeno rol, numerus clausus. Observase que o negócio jurídico ora analisado não se enquadrava em nenhuma das exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins previstas na legislação pertinente. Tanto é assim que a hipótese de exclusão da base de cálculo da Cofins relativamente a receitas decorrentes de transferência onerosa, a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, de créditos de ICMS originados de operações de exportação, Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 358 17 conforme o disposto no inciso II do § 1° do art. 25 da Lei Complementar n° 87, de 13 de setembro de 1996 somente passou a existir a partir da edição da MP 451, de 15 de dezembro de 2008, que incluiu o inciso VI ao §3° do artigo 1° da Lei n° 10.833/2003. Destacase quanto aos efeitos da citada MP sobre a matéria, seu art. 22, que assim dispõe: Art. 22. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I a partir de 1° de janeiro de 2009, em relação ao disposto: (...) b) no art. 8°, relativamente ao inciso VII do § 3°do art. 1° da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2003 c) no art. 9°, relativamente ao inciso VI do §3° do art. 1°, e ao art. 58J, da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003; (...) (sem grifo no original). Por sua vez, o Contribuinte alega em seu Recurso Voluntário, citando jurisprudência do próprio CARF, que os valores decorrentes de cessão de créditos do ICMS não podem ser considerados sob o conceito de receita passível de tributação pelo PIS, conforme se verifica no seguinte trecho retirado do Recurso ora em análise (fls. 354 processo n° 13.646.000183/200451): Na manifestação de inconformidade, restou demonstrado que, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2004, a recorrente efetuou, nos termos da legislação do ICMS do Estado de Minas Gerais, a cessão de seus créditos desse imposto a terceiros sem ágio ou com deságio. Confiramse; a título meramente exemplificativo, os documentos anexos à sua manifestação de inconformidade. Ao verificar a apuração da COFINS, relativa àqueles meses, a fiscalização constatou que a recorrente emitiu "notas fiscais faturas, relativas à transferência de crédito acumulado de ICMS", sem que fossem os correspondentes valores incluídos na base de cálculo dessa contribuição social. Partindo da premissa de que não há previsão legal expressa de que os valores recebidos pela recorrente nessas operações podem ser excluídos da apuração da contribuição em foco, os Srs. AFRFB adicionaram tais montantes à sua base de cálculo. Como se vê, a fiscalização e as d. autoridades julgadoras “a quo” entendem que os ingressos decorrentes das cessões de créditos do ICMS representam receitas tributáveis e, não havendo norma legal que afaste a incidência da COFINS nesses casos, os respectivos valores devem ser computados em sua base de cálculo. Mas, o raciocínio por elas desenvolvido está equivocado, na medida em que, em momento algum, aprofundaram o exame da natureza jurídica da contraprestação da cessão de créditos de ICMS, verificando se ela se amolda ao conceito de receita. Percebese, quando da leitura da Ata de Assembléia Geral Extraordinária da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, de 30 de junho de 2008, que dispõe sobre a reforma integral do estatuto social da Companhia, que tem por objeto social (fls. 414 processo n° 13.646.000183/200451): (i) a indústria, o comércio, a importação e a exportação de minérios, produtos químicos, fertilizantes e produtos metalúrgicos, e a exploração e o aproveitamento Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 359 18 de jazidas minerais no território nacional; (ii) a representação de outras sociedades, nacionais ou estrangeiras; e; (iii) a participação em outras sociedades, como sócia ou acionista; e (iv) o desenvolvimento de outras atividades correlatas, de interesse da Companhia. (grifouse). Neste sentido, como o Contribuinte desenvolve a atividade de exportação de minérios e requer a retirada da base de cálculo da cessão de créditos do ICMS, cabe considerar a decisão proferida no Recurso Extraordinário n° 606.107/RS que ficou assim ementado: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X , “a”, da CF) . Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 360 19 econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. A decisão proferida no RE 606.107/RS, de relatoria de Rosa Weber, em sede de repercussão geral, implica no respeito ao disposto no RICARF desta forma: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Assim sendo, de acordo com a legislação e a jurisprudência aplicável ao tema, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário e afastar da base de cálculo da contribuição o produto oriundo da cessão de créditos do ICMS. Conclusão Observada a legislação e a jurisprudência aplicáveis ao caso, o laudo técnico trazido aos autos na diligência realizada, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte. Valcir Gassen Relator Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10972.000033/200962 Acórdão n.º 3301003.215 S3C3T1 Fl. 361 20 Fl. 361DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.003238/2010-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE.
Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão.
INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. VALIDADE.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário (Súmula CARF nº 9).
Numero da decisão: 2202-003.797
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201704
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. VALIDADE. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário (Súmula CARF nº 9).
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10680.003238/2010-19
anomes_publicacao_s : 201705
conteudo_id_s : 5718296
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-003.797
nome_arquivo_s : Decisao_10680003238201019.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
nome_arquivo_pdf_s : 10680003238201019_5718296.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
id : 6744544
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:59:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949513781248
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1517; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 94 1 93 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.003238/201019 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.797 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 6 de abril de 2017 Matéria IRPF Tempestividade Recorrente EDSON SEBASTIÃO KALIL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão. INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. VALIDADE. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário (Súmula CARF nº 9). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por intempestividade. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 32 38 /2 01 0- 19 Fl. 94DF CARF MF 2 Tratase de Notificação de Lançamento (fls. 26/30) lavrada em face de EDSON SEBASTIÃO KALIL, referente ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, exercício 2009, anocalendário 2008, sendo exigido Imposto de Renda suplementar no valor de R$6.928,09, acrescido de juros e multa de ofício de 75%, decorrente de omissão de rendimentos recebidos pelo dependente Gabriel Pacheco Kalil, no valor de R$6.155,94, e de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas jurídicas pelo titular, no valor de R$20.445,52. Na apuração do imposto devido, foi compensado o imposto retido sobre os rendimentos omitidos no montante de R$387,31. Cientificado do lançamento, o Contribuinte apresentou a impugnação de fls. 2/4, em 05/11/2010, alegando que o valor de rendimentos de aluguéis considerado omitido referese às despesas passíveis de dedução, cujo ônus suportou, tais como: impostos, taxas e emolumentos, despesas de condomínio e de cobrança dos aluguéis. Concorda com a infração relativa à omissão dos rendimentos de seu dependente e informa o pagamento efetuado do imposto equivalente. Junta cópia de DARF e de comprovante das despesas alegadas. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte transferiu para o Processo nº 10680.724.304/201098 o imposto correspondente à omissão dos rendimentos do dependente, matéria não impugnada, no valor de R$1.692,88. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE) julgou improcedente a impugnação, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. Mantémse o lançamento fiscal, quando não se comprova nos autos que os rendimentos omitidos referiramse a comissões pagas em razão da administração de imóveis locados. O Contribuinte foi cientificado da decisão em 26/12/2012, por via postal, conforme Aviso de Recebimento (A.R.) à fl. 85, tendo interposto Recurso Voluntário em 22/02/2013 (fls. 87/88), no qual, em suma, alega que o recibo anexado aos autos (fl. 64) comprova o pagamento efetivado pelos serviços de administração de seus imóveis prestados por Helbert Vasques Carneiro. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Tratase de recurso voluntário contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do Contribuinte. Cabe, inicialmente, a análise da tempestividade do recurso interposto. O Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, assim estabelece: Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10680.003238/201019 Acórdão n.º 2202003.797 S2C2T2 Fl. 95 3 Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. [...] Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) II – por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 2° Considerase feita a intimação: I – na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II – no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 3º Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão. A ciência da decisão de primeira instância deuse em 26/12/2012, por via postal, conforme Aviso de Recebimento (A.R.) à fl. 85. Assim, ao apresentar o recurso voluntário (fls. 87/88) somente no dia 22/02/2013, estava exaurido o prazo legal de trinta dias. Embora exista na fl. 78 um termo de ciência pessoal, datado de 21/01/2013, fato é que o Contribuinte foi devidamente cientificado por via postal em 26/12/2012, antes, portanto da ciência pessoal. Assim dispõe o § 3º do art. 23 do PAF: "Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)". Fl. 96DF CARF MF 4 Quanto à validade da ciência da decisão realizada por outra pessoa, assim dispõe a Súmula CARF nº 9: “É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário”. Portanto, o recurso foi interposto após o prazo legal, carecendo do pressuposto processual da tempestividade, razão pela qual não merece ser conhecido. Diante do exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso voluntário, por intempestividade. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 97DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.917383/2011-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.115
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10480.917383/2011-16
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5688997
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-001.115
nome_arquivo_s : Decisao_10480917383201116.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 10480917383201116_5688997.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6665976
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:56:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949516926976
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1706; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.917383/201116 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401001.115 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de janeiro de 2017 Assunto PIS E COFINS. COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 17 38 3/ 20 11 -1 6 Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10480.917383/201116 Resolução nº 3401001.115 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041.797. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10480.917383/201116 Resolução nº 3401001.115 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10480.917383/201116 Resolução nº 3401001.115 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 194DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.002625/2006-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR.
É possível a dedução de áreas de preservação permanente e reserva legal da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas.
ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL.
Incabível a manutenção da glosa da ARL - Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA - Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel efetuada antes da ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 9202-005.181
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) no que ela excede a área declarada na DITR. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2002 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR. É possível a dedução de áreas de preservação permanente e reserva legal da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas. ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Incabível a manutenção da glosa da ARL - Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA - Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel efetuada antes da ocorrência do fato gerador.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10675.002625/2006-21
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700374
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-005.181
nome_arquivo_s : Decisao_10675002625200621.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
nome_arquivo_pdf_s : 10675002625200621_5700374.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) no que ela excede a área declarada na DITR. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6688633
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949519024128
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1951; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 292 1 291 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10675.002625/200621 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202005.181 – 2ª Turma Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria ITR. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado JOSE EVANDRO PADUA VILELA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR. É possível a dedução de áreas de preservação permanente e reserva legal da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas. ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Incabível a manutenção da glosa da ARL Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel efetuada antes da ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento parcial para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) no que ela excede a área declarada na DITR. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 26 25 /2 00 6- 21 Fl. 292DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o Contribuinte e por meio do qual exigese a diferença do Imposto Territorial Rural ITR relativo ao exercício de 2002. Conforme auto de infração (fls. 96 e seguintes) a autuação pode assim ser resumida: 1) Área de Preservação Permanente e de Reserva Legal ( art. 10 a 15 do Decreto n°4.382, de 19 de setembro de 2002): Foi declarada em a área de 66,6 ha e 510,20 ha, APP e ARL, respectivamente. Para comprovação destas áreas, estabelece a legislação de regência (§ 3° do art. 10 do Decreto n° 4.382, de 19/09/2002) que o documento hábil é o Ato Declaratório Ambiental — ADA —, expedido pelo IBAMA, ou seu protocolo até 6 (seis) meses após a data prevista para a entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — DITR —, que foi em 30092002. O ADA foi protocolado apenas em 14102003, fora do prazo legal, portanto, devendo ser glosada as áreas. 2) Valor da terra nua: laudo em desacordo com a norma ABNT NBR 146533. Aplicação dos valores constantes do SIPT haja vista ausência de provas válidas a fundamentem o VTN declarado. Intimado o contribuinte apresentou impugnação de fls. 106/125. A Delegacia de Julgamento (fls. 133/143), julgou improcedente a impugnação e manteve na íntegra o lançamento. Em Recurso Voluntário (fls. 148/163) o Contribuinte retificando os termos da impugnação apresentada se insurgiu preponderantemente sobre a obrigatoriedade de apresentação do ADA (Ato Declaratório Ambiental) e a reformulação do valor atribuído ao VTN com a desconsideração do laudo técnico apresentado. Fl. 293DF CARF MF Processo nº 10675.002625/200621 Acórdão n.º 9202005.181 CSRFT2 Fl. 293 3 Por meio do acórdão nº 220101.276 a 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, deu provimento em parte ao Recurso Voluntário para reconhecer a APP de 103,7ha e ARL 510,09ha. Referido acórdão recebeu a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2002 Ementa: ITR. AREA TRIBUTÁVEL. AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. NECESSIDADE DO ADA. Por se tratar de áreas ambientais cuja existência independe da vontade do proprietário e de reconhecimento por parte do Poder Público, a apresentação do ADA ao lbama não é condição indispensável para a exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal, de que tratam, respectivamente, os artigos 2° e 16 da Lei n° 4.771, de 1965, para fins de apuração da área tributável do imóvel. RESERVA LEGAL. Estando a reserva legal registrada a margem da matricula do registro de imóveis não há razão para ser desconsiderada sob pena de afrontar dispositivo legal. DIVERGÊNCIA ENTRE A AREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE INFORMADA NA DITR. ERRO DE FATO. No caso de evidente erro de fato no preenchimento da informação da DITR, comprovado com documentais hábeis, que a parte da área declarada de reserva legal, efetivamente é de preservação permanente e sendo ambas não sujeitas ao ITR, a mesma deve ser restabelecida. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. PROVA MEDIANTE LAUDO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO. REQUISITOS. Para fazer prova do valor da terra nua o laudo de avaliação deve ser expedido por profissional qualificado e que atenda aos padrões técnicos recomendados pela ABNT. Sem esses requisitos, o laudo não tem força probante para infirmar o valor apurado pelo Fisco com base no SIPT. Inconformada a União interpôs recurso especial de divergência (fls. 175) para questionar a interpretação dada pelo Colegiado a quo no sentido de ser o ADA instrumento dispensável para fins de exclusão das áreas de preservação permanente e de utilização limitada da área tributável do ITR. O Contribuinte apresentou contrarrazões e interpôs o seu Recurso de Divergência, ao qual foi negado seguimento. É o relatório. Voto Fl. 294DF CARF MF 4 Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Conforme exposto no relatório, o objeto do recurso é a discussão acerca dos requisitos necessários para que o contribuinte tenha direito a exclusão de áreas classificadas como de preservação permanente e reserva legal do cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, requisitos para aplicação da exoneração prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96, que até 1º de janeiro de 2013, possuía a seguinte redação: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; (...) Sabese que o ITR, previsto no art. 153, VI da Constituição Federal e no art. 29 do CTN, é imposto de apuração anual que possui como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana de município, em 1º de janeiro de cada ano. Analisando as característica da base de cálculo eleita pelo legislador conjuntamente com o teor do art. 10 da Lei nº 9.393/96 é possível concluir fato que coaduna com a característica extrafiscal do ITR, que somente há interesse da União que sejam tributadas áreas tidas como produtivas/aproveitáveis, havendo ainda uma preocupação em se 'compensar' aqueles que um vez tolhidos do exercício pleno de sua propriedade sejam ainda mais onerados pela incidência de um tributo. As áreas caracterizadas como de preservação permanente e de reserva legal diante das limitações que lhe são impostas, por expressa determinação legal são excluídas do cômputo do VTN – Valor da Terra Nua, montante utilizado para a obtenção da base de cálculo do ITR. Por essa razão, no entendimento desta Relatora, o inciso II acima citado ao conceituar “área tributável” não prevê uma isenção, ele nos traz na verdade uma hipótese de não incidência do ITR. Entretanto, para que a propriedade, o domínio útil ou a posse dessas áreas não caracterize fato gerador do imposto é necessário que o imóvel rural preencha as condições, no presente caso, previstas na então vigente Lei nº 4.771/65. As características da Área de Preservação Permanente e da Área de Reserva Legal estavam descritas, respectivamente no art. 2º (com redação dada pela Lei nº 7.803/89) e 16 (com redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) do Código Florestal de 1965: Fl. 295DF CARF MF Processo nº 10675.002625/200621 Acórdão n.º 9202005.181 CSRFT2 Fl. 294 5 Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. i) nas áreas metropolitanas definidas em lei. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (...) Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização Fl. 296DF CARF MF 6 limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) I oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 3o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I o plano de bacia hidrográfica; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II o plano diretor municipal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10675.002625/200621 Acórdão n.º 9202005.181 CSRFT2 Fl. 295 7 III o zoneamento ecológicoeconômico; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV outras categorias de zoneamento ambiental; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) V a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166 67, de 2001) § 5o O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 7o O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou Fl. 298DF CARF MF 8 de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 9o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicandose, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Interpretando os dispositivos percebemos além de diferenças ecológicas existentes entre uma APP e uma ARL, diferença formal/procedimental na constituição dessas áreas. Em relação a Área de Preservação Permanente, salvo as hipóteses previstas no art. 3º da Lei nº 4.771/65 as quais requerem declaração do Poder Público para sua caracterização, nos demais casos estando área pleiteada localizada nos espaços selecionados pelo legislador, caracterizada estava pelo só efeito da lei, sem necessidade de cumprimento de qualquer outro requisito uma APP. Para tanto basta ao Contribuinte apresentar provas robustas sobre a condição do seu imóvel. Em contrapartida, por força dos §§4º e 8º do art. 16 para caracterização de Área de Reserva Legal, além dos requisitos ecológicos, exigiase i) aprovação prévia do Poder Público quanto a localização da área limitada e ainda ii) que essa área definida fosse devidamente averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel, averbação essa que era substituída por Termo de Ajustamento de Conduta nos casos em que o Contribuinte fosse apenas possuidor do bem. Faziase necessária a realização desses esclarecimentos, pois as diferenças formais apontadas traz impactos diretos no estudo dos requisitos para aplicação da não incidência do ITR especificamente acerca da necessidade de averbação prévia e apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao IBAMA. No presente caso, nos interessa discutir acerca dos requisitos que devem ser cumpridos pelo Contribuinte para que reste caracterizada a não incidência do ITR sobre áreas classificadas como de Reserva Legal e Preservação Permanente: Do requisito da averbação: Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10675.002625/200621 Acórdão n.º 9202005.181 CSRFT2 Fl. 296 9 Considerando a redação da Lei nº 4.771/65 afirmase que o ato de averbação em nada afeta a constituição de uma área de preservação permanente a qual existe é pode ser comprovada por qualquer meio capaz de demonstrar que aquele imóvel ou parte dele está localizado em áreas com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas. A própria Receita Federal do Brasil nos documentos "Perguntas e Respostas do ITR" manifestava expressamente no sentido de a legislação do ITR não exigir a averbação da área de preservação permanente no Cartório de Registro de Imóveis. Por outro lado a necessidade de averbação das áreas de Reserva Legal era exigência prevista na própria Lei nº 4.771/65, razão pela qual filiome a corrente cujo entendimento é no sentido de ser a averbação requisito constitutivo da referida área. A averbação é condição imprescindível para a existência da Área de Reserva Legal, sendo que tal fato nos leva a conclusão lógica de que para fins de cálculo do ITR tal averbação deve ser anterior ao fato gerador. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o citado entendimento, valendo citar parte do voto proferido pelo Ministro Benedito Gonçalves, no RESP nº 1.125.632PR: Ao contrário da área de preservação permanente, para as áreas de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel é que se poderia saber, com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art. 16, § 8º, do Código Florestal (...) Assim, considerado que a norma de apuração do ITR prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96 a qual nos remete aos conceitos e requisitos da então nº Lei nº 4.771/65 podemos afirmar que para fins de não incidência do ITR a averbação no registro do imóvel em data anterior a ocorrência do fato gerador é requisito aplicável apenas à Área de Reserva Legal. Do Ato Declaratório Ambiental ADA: A discussão quanto a necessidade de apresentação do ADA para fins da não incidência do ITR sobre áreas de Preservação Permanente e também Reserva Legal, é um pouco mais polêmica, isso porque tratase de exigência inicialmente prevista por meio de norma infralegal, valendo citar a IN SRF nº 67/97. Nem a Lei nº 9.393/96, nem a Lei nº 4.771/65 exigiam o ADA para fins de constituição das respectivas áreas ou para fins de apuração do imposto. Fl. 300DF CARF MF 10 Por tal razão, após amplo debate concluise que para os fatos geradores ocorridos até o ano de 2000, era dispensável a apresentação do ADA, conclusão que pode ser ilustrada pela seguinte ementa do STJ : PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. ISENÇÃO. EXIGÊNCIA CONTIDA NA IN SRF Nº 67/97. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. De acordo com a jurisprudência do STJ, é prescindível a apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental para que se reconheça o direito à isenção do ITR, mormente quando essa exigência estava prevista apenas em instrução normativa da Receita Federal (IN nº 67/97). Ato normativo infralegal não é capaz de restringir o direito à isenção do ITR, disciplinada nos termos da Lei nº 9.393/96 e da Lei 4.771/65. 3. Na hipótese, discutese a exigibilidade de tributo declarado em 1997, isto é, antes da entrada em vigor da Lei 10.165/00, que acrescentou o § 1º ao art. 17O da Lei 6.938/81. Logo, é evidente que esse dispositivo não incide na espécie, assim como também não há necessidade de se examinar a aplicabilidade do art. 106, I, do CTN, em virtude da nova redação atribuída ao § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 pela MP nº 2.16667/01. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1.283.326/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 8/11/2011, DJe 22/11/2011.) Tal entendimento fundamentouse na regra de que a norma jurídica que regulamenta o conteúdo de uma lei é veículo secundário e infralegal e, portanto, seu conteúdo e alcance deve se restringir aos comandos impostos pela lei em função da qual foi expedida. Neste sentido uma instrução normativa não poderia prever condição não exigida pela norma originária, mormente quando tal condição dependia de manifestação de órgão cuja atuação não se vinculava com o objetivo da norma desoneração tributária. Tal discussão assume um novo viés com a criação do art. 17O da Lei nº 6.938/81. Em 29.01.2000 foi editada a Lei nº 9.960/00 que acrescentou o citado art. 17 O à Lei nº 6.938/81, nesta oportunidade, por meio do §1º, o legislador expressamente previu que a utilização do ADA para efeito de redução do valor do ITR era opcional. Ocorre que tal previsão não produziu efeitos, pois antes mesmo da ocorrência de um novo fato gerador do ITR o referido artigo foi radicalmente modificado pela Lei nº 10.165, publicada em 27 de dezembro de 2000, a qual tornou o ADA instrumento obrigatório para fins de ITR: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Fl. 301DF CARF MF Processo nº 10675.002625/200621 Acórdão n.º 9202005.181 CSRFT2 Fl. 297 11 § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 2o O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá ser efetivado em cota única ou em parcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do ITR, em documento próprio de arrecadação do IBAMA.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 3o Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais). (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 4o O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a cobrança de juros e multa nos termos dos incisos I e II do caput e §§ 1oA e 1o, todos do art. 17H desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Diante desta alteração normativa discutese agora se lei posterior teria o condão de condicionar a aplicação de norma específica de não incidência tributária à realização de dever extra fiscal. Se diz extra fiscal porque como conceituado pelo próprio órgão o ADA nada mais é que um documento de cadastro das áreas do imóvel junto ao IBAMA. Destacase: a função do ADA é apenas informar ao IBAMA a existência de área de interesse ambiental em propriedade, posse ou domínio de particular área essa reconhecida seja pela própria lei no caso de APP, ou por meio da averbação no caso da ARL. É documento meramente informativo de uma área já existente, ou seja, o ADA não é requisito para constituição de áreas não consideradas pelo legislador quando da delimitação do fato gerador do ITR. É por essa razão que compartilho do entendimento de que o ADA não tem reflexos sobre a regra matriz de incidência do ITR, a ausência de documento informativo ou sua apresentação intempestiva não pode gerar como efeito a desconsideração de área reconhecidamente classificada como não tributada pelo legislador. Assim, é notável o conflito existente entre o art. 10, §1º, II da Lei nº 9.393/96 e o art. 17O da Lei nº 6.938/81, antinomia que deve ser solucionada pela aplicação do critério da especialidade, devendo prevalecer neste sentido a norma que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, qual a Lei nº 9.393/96. Fl. 302DF CARF MF 12 Destaco que, o embora essa Relatora entenda que o ADA é requisito dispensável para fins de desoneração do ITR em qualquer circunstância APP e ARL, o entendimento da maioria deste Colegiado é no sentido de se reconhecer ao Contribuinte o direito a isenção: 1) à Área de Preservação Permanente devidamente comprovada nos autos e cujo ADA foi requerido antes do início da ação fiscal, e 2) à Área de Reserva Legal devidamente averbada à margem do registro do imóvel antes da ocorrência do fato gerador. Para a maioria o cumprimento destes requisitos formais suprem a necessidade de apresentação do ADA. Por fim, embora utilizandose de outros fundamentos, é importante mencionar que o Poder Judiciário, por meio do Superior Tribunal de Justiça tem firmado jurisprudência no sentido de que o ADA nunca foi, mesmo com a criação do art. 17O, requisito para desoneração do ITR, desoneração essa entendida pelos Ministros como isenção. Essa orientação do STJ foi recentemente reconhecida pela própria Fazenda Nacional por meio do Parecer PGFN/CRJ/Nº 1329/2016 que atualizou o Item 1.25 da Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer prevista no art.2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016. Pela relevância, peço vênia para transcreve parte do parecer: a) Área de reserva legal e área de preservação permanente (NOVO) * Data da alteração da redação do resumo e da Observação 1, bem como da inclusão da Observação 2: 05/09/2016 Precedentes: AgRg no Ag 1360788/MG, REsp 1027051/SC, REsp 1060886/PR, REsp 1125632/PR, REsp 969091/SC, REsp 665123/PR e AgRg no REsp 753469/SP. Resumo: O STJ entendeu que, por se tratar de imposto sujeito a lançamento que se dá por homologação, dispensase a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis e a apresentação do Ato Declaratório Ambiental pelo Ibama para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal, com vistas à concessão de isenção do ITR. Dispensase também, para a área de reserva legal, a prova da sua averbação (mas não a averbação em si) no registro de imóveis, no momento da declaração tributária. Em qualquer desses casos, se comprovada a irregularidade da declaração do contribuinte, ficará este responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa. OBSERVAÇÃO: Caso a matéria discutida nos autos envolva a prescindibilidade de averbação da reserva legal no registro do imóvel para fins de gozo da isenção fiscal, de maneira que este registro seria ou não constitutivo do direito à isenção do ITR, devese continuar a contestar e recorrer. Com feito, o STJ, no EREsp 1.027.051/SC, reconheceu que, para fins tributários, a averbação deve ser condicionante da isenção, tendo eficácia constitutiva. Tal hipótese não se confunde com a necessidade ou não de comprovação do registro, visto que a prova da averbação é dispensada, mas não a existência da averbação em si. OBSERVAÇÃO 2: A dispensa contida neste item não se aplica para as demandas relativas a fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 12.651, de 2012 (novo Código Florestal). Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10675.002625/200621 Acórdão n.º 9202005.181 CSRFT2 Fl. 298 13 PARECER PGFN/CRJ/No 1329/2016 Documento público. Averbação e prova da Área de Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente. Natureza jurídica do registro. Ato Declaratório Ambiental. Isenção do Imposto Territorial Rural. Item 1.25, “a”, da Lista de dispensa de contestar e recorrer. Art. 10, II, “a”, e § 7º da Lei nº 9.393, de 1996. Lei nº 12.651, de 2012. Lei 10.165, de 2000. (...) II.1 Exame da jurisprudência sobre o questionamento feito à luz da legislação anterior à Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000 que deu nova redação ao art. 17O da Lei nº 6.938, de 27 de dezembro de 2000 e à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal (...) 12. Após as considerações acima, restam incontroversas, no âmbito da Corte de Justiça, à luz da legislação aplicável ao questionamento, as posições abaixo: (i) é indispensável a preexistência de averbação da reserva legal no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, tendo aquela, para fins tributários, eficácia constitutiva; (ii) a prova da averbação da reserva legal não é condição para a concessão da isenção do ITR, por se tratar de tributo sujeito à lançamento por homologação, sendo, portanto, dispensada no momento de entrega de declaração, bastando apenas que o contribuinte informe a área de reserva legal; (iii) é desnecessária a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, pois tal área se localiza a olho nu; e (iv) é desnecessária a apresentação do ADA para que se reconheça o direito à isenção do ITR. (...) II.2 Considerações relacionadas ao questionamento à luz da legislação anterior à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal. (...) 21. Em que pese tal possibilidade de interpretação, o STJ utilizouse do teor do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, para reforçar a tese de que o ADA é inexigível, tendo, ao que tudo indica, desprezado o conteúdo do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 2000, pois não foram encontradas decisões enfrentando esse regramento. Além disso, registrou que, como o dispositivo é norma interpretativa mais benéfica ao contribuinte, deveria retroagir. 22. Essa argumentação consta no inteiro teor dos acórdãos vencedores que trataram do tema, bem como na ementa do REsp nº 587.429/AL, senão vejamos: Fl. 304DF CARF MF 14 Trecho do voto da Ministra Eliana Calmon, Relatora do REsp nº 665.123/PR: Como reforço do meu argumento, destaco que a Medida Provisória 2.166 67, de 24/08/2001, ainda vigente, mas não prequestionada no caso dos autos, fez inserir o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 para deslindar finalmente a controvérsia, dispensando o Ato Declaratório Ambiental nas hipótese de áreas de preservação permanente e de reserva legal para fins de cálculo do ITR [...] Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.112.283/PB: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.108.019/SP: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP.2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106, DO CTN. RETROOPERÂNCIA DA LEX MITIOR. 1. Recorrente autuada pelo fato objetivo de ter excluído da base de cálculo do ITR área de preservação permanente, sem prévio ato declaratório do IBAMA, consoante autorização da norma interpretativa de eficácia ex tunc consistente na Lei 9.393/96. 2. A MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, ao inserir § 7º ao art.10, da lei 9.393/96, dispensando a apresentação, pelo contribuinte, de ato declaratório do IBAMA, com a finalidade de excluir da base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal, é de cunho interpretativo, podendo, de acordo com o permissivo do art. 106, I, do CTN, aplicarse a fator pretéritos, pelo que indevido o lançamento complementar, ressalvada a possibilidade da Administração demonstrar a falta de veracidade da declaração contribuinte. 3. Consectariamente, forçoso concluir que a MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante § 7º, do art. 10, da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art.106, do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior. 4. Recurso especial improvido." (REsp 587.429/AL, Rel. Ministro Luiz Fux, PRIMEIRA TURMA, DJe de 2/8/2004) Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10675.002625/200621 Acórdão n.º 9202005.181 CSRFT2 Fl. 299 15 23. A partir das colocações postas, concluise que, mesmo com a vigência do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 1981, com a redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000, até a entrada em vigor da Lei nº 12.651, de 2012, o STJ continuou a rechaçar a exigência do ADA com base no teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996. 24. Consequentemente, caso a ação envolva fato gerador de ITR, ocorrido antes da vigência da Lei nº 12.651, de 2012, não há motivo para discutir em juízo a obrigação de o contribuinte apresentar o ADA para o gozo de isenção do ITR, diante da pacificação da jurisprudência. (...) Analisando as provas juntadas aos autos, concluo que: 1) Área de Reserva Legal: não haveria incidência do ITR sobre a ARL declarada pelo Contribuinte, haja vista existência de averbação em data (09/06/1992) anterior ao fato gerador nos termos do registro do imóvel juntado às fls. 8v. Ocorre que por estarmos analisando recurso da Fazenda Nacional, não se admitindo reformatio in pejus, mantenho o acórdão recorrido para reconhecer como ARL o total de 510,09ha. 2) Área de Preservação Permanente: não haverá incidência do ITR sobre a APP declarada e comprovada por meio do laudo técnico produzido pelo Contribuinte no total de 66,6 ha (fls. 68/91), devendo ser desconsiderado o restante do valor declarado pelo Contribuinte no ADA. Assim, diante de todo o exposto, dou provimento parcial ao Recurso da Fazenda Nacional para fixar como área de preservação permanente o total de 66,6ha. (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 306DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.725049/2011-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010
Ementa:
DECADÊNCIA. OMISSÃO DA ANÁLISE DA DECADÊNCIA. Embargos conhecidos e não providos, mantendo-se a decisão embargada.
Numero da decisão: 1301-002.211
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento aos embargos.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 Ementa: DECADÊNCIA. OMISSÃO DA ANÁLISE DA DECADÊNCIA. Embargos conhecidos e não providos, mantendo-se a decisão embargada.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10980.725049/2011-05
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700242
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1301-002.211
nome_arquivo_s : Decisao_10980725049201105.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 10980725049201105_5700242.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento aos embargos. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
id : 6688501
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949539995648
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1199; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 929 1 928 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.725049/201105 Recurso nº Embargos Acórdão nº 1301002.211 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de fevereiro de 2017 Matéria IRPJ DIVERSOS Embargante MDF MOLDURAS LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 Ementa: DECADÊNCIA. OMISSÃO DA ANÁLISE DA DECADÊNCIA. Embargos conhecidos e não providos, mantendose a decisão embargada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento aos embargos. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Amélia Wakako Morishita Yamamoto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 50 49 /2 01 1- 05 Fl. 929DF CARF MF Processo nº 10980.725049/201105 Acórdão n.º 1301002.211 S1C3T1 Fl. 930 2 Cuida o presente processo de auto de infrações de IRPJ e CSLL referentes a glosa de amortizações de ágio, tendo sido também glosados os prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas da CSLL contabilizados no anocaledário de 2005. Em sede de recurso de voluntário, o contribuinte alegou que a glosa não poderia ter ocorrido em relação ao anocalendário de 2005 em função da decadência, nos termos do art. 150, parágrafo 4°, do CTN. Alega que a decadência ainda se operaria no caso de aplicação da contagem de prazo qüinqüenal nos termos do art. 173, I, do CTN, pois o Fisco tinha cinco anos para efetuar o lançamento contados a partir de 01/01/2006. Aduz o Embargante que o Acórdão proferido por este Colegiado foi omisso por ter se manifestado de forma genérica quanto à decadência, não havendo manifestação quanto ao argumento trazido pelo contribuinte de que teria decaído o direito do fisco de alterar a base de cálculo negativa e o prejuízo fiscal. Ainda, a pretexto do item 2.1.2 (fl. 785), a Recorrente alega que o Acórdão não endereçou a decadência em relação a existência de simulação, salientando que a partir do ano de 2010 o Fisco não mais poderia questionar suas operações praticadas, tendo em vista o transcurso do prazo decadencial de cinco anos entre o fato gerador e a lavratura dos autos de infração. Por sua vez, no Acórdão n° 1301001.350, este Colegiado se manifestou no que tange à decadência da seguinte forma: Esse tema já foi por mim apreciado em julgamentos anteriores, a exemplo do Acórdão nº 1301000.999, que também analisava amortização de ágio, e no qual expressei o seguinte entendimento: “Na análise da decadência envolvendo fatos pretéritos com repercussão futura, a primeira distinção a ser feita é quanto ao fato que está repercutindo, a fim de avaliar se o lançamento que está sendo efetuado (por repercussão do fato pretérito) implica alteração de resultado fiscal alcançado pela decadência. Sendo mais claro, não pode a fiscalização glosar compensação de prejuízo fiscal (ou base de cálculo de CSLL negativa) de período anterior, já alcançado pela decadência, porque isso implicaria em revisão de lançamento daquele período pretérito 1. No presente caso, o fato pretérito que está repercutindo no lançamento não é resultado fiscal de período anterior, mas reorganização societária que a fiscalização imputou artificiosa e simulada, para produzir uma despesa dedutível. E o que está sendo objeto de lançamento não são os atos societários, eis que a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por seus agentes, não valida ou invalida atos societários, mas analisa sua repercussão frente à legislação tributária e exige os tributos porventura deles decorrentes. (...) Assim, a decadência não tem por referência a data do fato registrado na contabilidade, mas sim, a data de ocorrência dos fatos geradores em que esse fato produziu o efeito de reduzir o tributo devido. Como a autoridade limitouse a lançar os tributos relativos aos períodos não alcançados pela decadência, rejeito a preliminar suscitada”. Fl. 930DF CARF MF Processo nº 10980.725049/201105 Acórdão n.º 1301002.211 S1C3T1 Fl. 931 3 De se ressaltar que a administração tributária não interfere nos registros contábeis dos contribuintes, interessandolhe, apenas, os efeitos dos fatos (qualquer que seja a forma do seu registro) na apuração do crédito tributário. Enquanto o fato registrado não repercutir na apuração do crédito, nada pode fazer o representante do fisco. Isto posto, rejeito a alegação de “preclusão”. Adiante o acórdão menciona que conforme jurisprudência pacífica, em caso de fraude ou simulação, o termo inicial para a decadência regese pelo art. 173, I, do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), o que coloca fora do alcance do instituto previsto no inciso V do art. 156 do CTN todos os fatos geradores objeto deste processo. Desse modo, o v. acórdão conclui que o fato gerador mais antigo ocorreu em 2005, o lançamento poderia ter sido efetuado em 2006, e o prazo fatal seria 31/12/2011, e tendo os autos de infração sidos cientificados ao contribuinte em 03/10/2011, não haveria a decadência para o fisco constituir o crédito tributário. Contra o v. acórdão, a contribuinte interpôs Embargos de Declaração para que seja reconhecida a omissão da decadência do direito do Fisco de glosar os prejuízos fiscais e a base de cálculo negativa da CSLL apurados no anocalendário de 2005, bem como da comprovação de existência, ou não, de simulação em relação ao ágio. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator Primeiramente, impende destacar que os embargos de declaração são cabíveis quando for constatada obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou caso seja omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma, nos termos do artigo 65, do Anexo II, do Regimento Interno. 1. TESMPESTIVIDADE. Os embargos de declaração são tempestivos, portanto, deles conheço. 2. DECADÊNCIA. DA OMISSÃO DA ANÁLISE DA DECADÊNCIA QUANTO A GLOSA DE SALDOS DE PREJUÍZOS FISCAIS E BASES NEGATIVAS DE CSLL A Embargante alega que os autos versam sobre duas acusações distintas, a saber: (i) decadência do direito do Fisco para efetuar glosa de despesas com a amortização do Fl. 931DF CARF MF Processo nº 10980.725049/201105 Acórdão n.º 1301002.211 S1C3T1 Fl. 932 4 ágio; e (ii) decadência de alterar prejuízo fiscal e base de cálculo negativa. A omissão da decisão reside na segunda acusação. Sustenta a Embargante que o lançamento em relação a glosa de saldos de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL referentes ao anocalendário de 2005 estaria decaído, visto que o termo final seria em 31/12/2010, conforme aplicação do art. 150 § 4º do CTN. Reforçando sua argumentação, a Embargante aduz que a fiscalização aplicou a multa de 75% (fl. 620) para a compensação indevida de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL, o que corrobora a aplicação do art. 150, § 4°, do CTN, para fins de contagem do prazo decadencial. Isto é, uma vez que não foi aplicada a multa qualificada não há que se falar na aplicação de outro artigo se não a do artigo em comento, pois esta parte da autuação não foi qualificada como simulação no Auto de Infração. Dessa maneira, conclui que o seu entendimento vai de encontro ao do v. acórdão, pois este optou por aplicar o art. 173, I, do CTN para ambas as acusações indicadas acima, não fazendo qualquer distinção das acusações para fins de prazo decadencial, o que resultou em um prazo final diverso da Embargante. Isto é, o prazo final pela contagem do v. acórdão foi em 31/12/2011, ainda dentro do prazo quinquenal, levando a conclusão de que o direito do fisco ainda não estaria decaído. No entanto, conforme inferese do auto de infração (fl. 597), a Embargante sofreu uma infração qualificada em 2005 relativa a prejuízo compensado, o que acarretou na redução de seu saldo de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL, a que lhe fazia jus. Em 2006 foi realizada a glosa de prejuízos compensados indevidamente (fl. 608), por falta de saldo de prejuízos a compensar, justamente por conta da referida redução. Dessa maneira, verificase que a infração de prejuízo fiscal ocorreu em 2006 e não em 2005 como a Recorrente faz crer. Nesse ponto, entendo não haver omissão a ser sanada, tendo em vista que a glosa teve início no anocalendário de 2006. DA OMISSÃO DA ANÁLISE DA DECADÊNCIA PARA PROVAR A EXISTÊNCIA DE SIMULAÇÃO. No tocante a decadência para provar a existência de simulação, a embargante alega que o item “2.1.2” de seu Recurso Voluntário não foi apreciado pela decisão. No entanto, este argumento não prospera. Entendo que o v. acórdão se manifestou sobre a questão da simulação e dolo para fins de contagem decadencial, conforme trechos a seguir a decisão: “Contudo, a questão não deve ser enfrentada sob o prisma da estrita legalidade, mas sim, sob o ângulo da acusação fiscal, que foi de simulação: as reorganizações societárias teriam sido artificialmente conformadas apenas para possibilitar o aparecimento de uma despesa dedutível. Assim, não vem ao caso enfrentar cada um dos argumentos da Recorrente para demonstrar que sua atuação está conforme a lei (irrelevância de pagamento em dinheiro, inexistência de distinção, na lei, entre ágio gerado ente partes Fl. 932DF CARF MF Processo nº 10980.725049/201105 Acórdão n.º 1301002.211 S1C3T1 Fl. 933 5 independentes e ágio gerado entre partes ligadas, etc.). O que importa, no caso, é averiguar se a contribuinte utilizou artificiosamente institutos de reorganização societária com o fim único de se colocar dentro do alcance de um regime tributário mais benéfico criado pela legislação para atingir outras situações. (...) Algumas particularidades fáticas do caso concreto são relevantes para a formação da convicção quanto ao artificialismo do ágio. As reorganizações societárias praticadas para justificar as despesas contabilizadas (e glosadas) transcorreram entre os dias 23 e 29 de dezembro de 2004, e envolvem a empresa BRMDF Holding e duas empresas das quais, praticamente, era a única quotista, a Recorrente MDF Molduras e a IRZ 500 Holding. De fato, em 23 de dezembro de 2004 BRMDF Holding Ltda. era detentora de 99,97% do capital da Recorrente e de 99,99% do capital de IRZ 500 Holding. Nessa mesma data a BRMDF Holdings Ltda. integralizou aumento do capital da IRZ500 mediante a transferência das quotas do capital social da MDF Molduras Ltda., reavaliadas com base na expectativa de resultados futuros. Em função disso, IRZ 500 Holding registrou o ágio na aquisição de investimento em MDF. Seis dias após (em 29 de dezembro) a IRZ é extinta por incorporação pela MDF, e o ágio nela registrado é transferido para MDF como ativo diferido (amortizável como despesa). (...) A simulação é, pois, um vício da vontade, a vontade em desconformidade com o ato praticado. O elemento central na definição jurídica de simulação é “aparentar a realidade de uma intenção que não é a verdadeira, e que se disfarça por esse fingimento.” (De Plácido e Silva). A acusação de simulação envolve intenção de enganar. No caso concreto, enganar o fisco quanto à sinceridade na aquisição do investimento (quotas da MDF) por valor 100 vezes superior ao seu valor patrimonial, fundamentado na expectativa de resultados futuros. No caso concreto, o ágio não é verdadeiro, porque foi forjado pela BRMDF Holding mediante a “criação” e subsequente extinção da IRZ 500 Holding, sem qualquer justificativa negocial, impondose, portanto, a exigência fiscal.” Conforme excertos acima, resta evidenciado que não há qualquer omissão do v. acórdão em relação a questão suscitada pela Embargante. Deste modo, entendo que não há omissão a ser sanada neste ponto. CONCLUSÃO Ante todo o exposto, conheço dos embargos e, no mérito, negolhes provimento, mantendose a decisão proferida por este colegiado no Acórdão nº 1301001.350. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator Fl. 933DF CARF MF Processo nº 10980.725049/201105 Acórdão n.º 1301002.211 S1C3T1 Fl. 934 6 Fl. 934DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.720073/2006-74
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR.
É possível a dedução de áreas de preservação permanente e reserva legal da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas.
ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL.
Incabível a manutenção da glosa da ARL - Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA - Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 9202-005.182
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR. É possível a dedução de áreas de preservação permanente e reserva legal da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas. ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Incabível a manutenção da glosa da ARL - Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA - Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10140.720073/2006-74
anomes_publicacao_s : 201703
conteudo_id_s : 5700281
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-005.182
nome_arquivo_s : Decisao_10140720073200674.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
nome_arquivo_pdf_s : 10140720073200674_5700281.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6688540
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949568307200
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1831; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 481 1 480 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10140.720073/200674 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202005.182 – 2ª Turma Sessão de 26 de janeiro de 2017 Matéria ITR. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado LUDIO MARTINS COELHO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR. É possível a dedução de áreas de preservação permanente e reserva legal da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas. ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Incabível a manutenção da glosa da ARL Área de Reserva Legal, por falta de apresentação de ADA Ato Declaratório Ambiental, quando consta a respectiva averbação na matrícula do imóvel, efetuada antes da ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Heitor de Souza Lima Júnior e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 00 73 /2 00 6- 74 Fl. 481DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o Contribuinte e por meio do qual exigese a diferença do Imposto Territorial Rural ITR relativo ao exercício de 2003. Conforme descrição dos fatos (fl. 02/03) a autuação fiscal pode assim ser resumida: 1) Área de Preservação Permanente e Área de Reserva legal: apresentação intempestiva de ADA. O Contribuinte não apresentou comprovante da solicitação de emissão do Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolizado junto ao IBAMA em até 6 (seis) meses, contado do término do prazo para entrega da DITR. O ADA apresentado pelo contribuinte foi protocolizado em 29 de agosto de 2005, portanto, intempestivo para o período de 2003 e 2004. 2) Área de preservação permanente: A área de preservação permanente declarada pelo contribuinte e considerada no Laudo de Constatação Ambiental abrange uma área total de 9.680,53 ha. Os elementos constantes do Laudo de Constatação Ambiental não permitem análise em comprovação da respectiva área uma vez que não há a identificação e locação das faixas de preservação nos mapas e imagens apresentados. 3) Valor da Terra Nua: ausência de apresentação de Laudo de Avaliação de Imóvel Rural. Contribuinte limitouse a declarar que o valor declarado em comparação ao fixado pela tabela INCRA seria inferir em razão das limitações do imóvel quanto ao uso agropecuário. O fiscal aplicou então o valor constante no SIPT. Intimado o contribuinte apresentou impugnação de fls. 93/122 e documentos afirmando que 1) as áreas de reserva legal e de preservação permanente são isentas pelo simples efeito da Lei (Código Florestal) e que podem ser provadas por outros meios. 2) Aduz que a Lei n° 9.393/1996, determina que devem ser excluídas da área tributável as áreas de preservação permanente e de reserva legal, assim reconhecidas na legislação específica. 3) Defende que no Código Florestal (Lei n° 4.771/65) não se verifica a obrigatoriedade de apresentação de ADA. 4) Afirma que a área de reserva legal está devidamente averbada. 5) Afirma que o ADA é desnecessário e não está previsto em comando legal expresso. 6) Fl. 482DF CARF MF Processo nº 10140.720073/200674 Acórdão n.º 9202005.182 CSRFT2 Fl. 482 3 Argumenta que o lançamento não está fundado em norma legal, mas em presunção relativa, que não pode se sobrepor à realidade dos fatos, em respeito ao princípio da verdade material. 7) Com relação ao valor atribuído à terra nua, aponta a incorreção do procedimento fiscal, haja vista que o SIPT veicula valores genéricos para a região, devendo ser aceito o valor declarado na DITR. 8) Insurgese contra a incidência da multa e dos juros SELIC, que afirma serem confiscatórios e acima do limite legal. A Delegacia de Julgamento (fls. 157/166), afastando as preliminares arguidas julgou parcialmente procedente o lançamento apensas para considerar como isenta a área de 6.993,2 ha declarada como de Reserva Legal nos termos em que declarado no primeiro ADA apresentado pelo contribuinte em agosto/2000 (fls. 144). Mantevese o lançamento em relação a APP por ausência de comprovação por meio de laudo técnico das respectivas áreas, e manteve o VTN com base no SIPT pela ausência de laudo de avaliação do imóvel. No Recurso Voluntário (fls. 171/194) o Contribuinte reitera as alegações de defesa. Por meio do acórdão nº 2101002.319 a 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, deram provimento ao Recurso Voluntário. Referido acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR. É possível a dedução de áreas de preservação permanente e reserva legal da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL ANTES DO INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. Cabe excluir da tributação do ITR as áreas de utilização limitada/reserva legal que forem averbadas à matrícula do imóvel rural até o início do procedimento fiscal. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SIPT. Fl. 483DF CARF MF 4 O arbitramento do VTN com base no SIPT, nos casos de fala de apresentação de DITR ou de subavaliação do valor declarado, requer que o sistema esteja alimentado com informações sobre aptidão agrícola, como expressamente previsto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1966 c/c o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993. É inválido o arbitramento feito com base apenas na média do VTN declarado pelos imóveis da região de localização do imóvel. Recurso provido Inconformada a União interpôs recurso especial de divergência (fls. 289/306) em relação a duas matérias: 1) aceitação de ADA intempestivo para fins de exclusão das áreas de preservação permanente e de utilização limitada da área tributável do ITR, e 2) arbitramento do Valor da Terra Nua VTN com base no SIPT. O exame de admissibilidade conheceu o recurso apenas no que tange a primeira matéria: tempestividade do ADA. Intimado o Contribuinte apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção do acórdão. Destaca que o laudo questionado pela Recorrente foi alvo de análise pela Delegacia de Julgamento de Campo Grande nos processos 10183.005498/200572 e 10183.00549/200517, tendo sido acolhido como prova para fins de isenção do ITR relativo aos exercícios de 2001 e 2002. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Conforme exposto no relatório, o objeto do recurso é a discussão acerca dos requisitos necessários para que o contribuinte tenha direito a exclusão de áreas classificadas como de preservação permanente e reserva legal do cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, requisitos para aplicação da exoneração prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96, que até 1º de janeiro de 2013, possuía a seguinte redação: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; Fl. 484DF CARF MF Processo nº 10140.720073/200674 Acórdão n.º 9202005.182 CSRFT2 Fl. 483 5 (...) Sabese que o ITR, previsto no art. 153, VI da Constituição Federal e no art. 29 do CTN, é imposto de apuração anual que possui como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana de município, em 1º de janeiro de cada ano. Analisando as característica da base de cálculo eleita pelo legislador conjuntamente com o teor do art. 10 da Lei nº 9.393/96 é possível concluir fato que coaduna com a característica extrafiscal do ITR, que somente há interesse da União que sejam tributadas áreas tidas como produtivas/aproveitáveis, havendo ainda uma preocupação em se 'compensar' àqueles que um vez tolhidos do exercício pleno de sua propriedade sejam ainda mais onerados pela incidência de um tributo. As áreas caracterizadas como de preservação permanente e de reserva legal diante das limitações que lhe são impostas, por expressa determinação legal são excluídas do cômputo do VTN – Valor da Terra Nua, montante utilizado para a obtenção da base de cálculo do ITR. Por essa razão, no entendimento desta Relatora, o inciso II acima citado ao conceituar “área tributável” não prevê uma isenção, ele nos traz na verdade uma hipótese de não incidência do ITR. Entretanto, para que a propriedade, o domínio útil ou a posse dessas áreas não caracterize fato gerador do imposto é necessário que o imóvel rural preencha as condições, no presente caso, previstas na então vigente Lei nº 4.771/65. As características da Área de Preservação Permanente e da Área de Reserva Legal estavam descritas, respectivamente no art. 2º (com redação dada pela Lei nº 7.803/89) e 16 (com redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) do Código Florestal de 1965: Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; Fl. 485DF CARF MF 6 c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. i) nas áreas metropolitanas definidas em lei. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (...) Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) I oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando Fl. 486DF CARF MF Processo nº 10140.720073/200674 Acórdão n.º 9202005.182 CSRFT2 Fl. 484 7 separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 3o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I o plano de bacia hidrográfica; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II o plano diretor municipal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III o zoneamento ecológicoeconômico; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV outras categorias de zoneamento ambiental; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) V a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166 67, de 2001) § 5o O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os Fl. 487DF CARF MF 8 corredores ecológicos; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 7o O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 9o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicandose, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 488DF CARF MF Processo nº 10140.720073/200674 Acórdão n.º 9202005.182 CSRFT2 Fl. 485 9 Interpretando os dispositivos percebemos além de diferenças ecológicas existentes entre uma APP e uma ARL, diferença formal/procedimental na constituição dessas áreas. Em relação a Área de Preservação Permanente, salvo as hipóteses previstas no art. 3º da Lei nº 4.771/65 as quais requerem declaração do Poder Público para sua caracterização, nos demais casos estando área pleiteada localizada nos espaços selecionados pelo legislador, caracterizada estava pelo só efeito da lei, sem necessidade de cumprimento de qualquer outro requisito uma APP. Em contrapartida, por força dos §§4º e 8º do art. 16 para caracterização de Área de Reserva Legal, além dos requisitos ecológicos, exigiase i) aprovação prévia do Poder Público quanto a localização da área limitada e ainda ii) que essa área definida fosse devidamente averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel, averbação essa que era substituída por Termo de Ajustamento de Conduta nos casos em que o Contribuinte fosse apenas possuidor do bem. Faziase necessária a realização desses esclarecimentos, pois as diferenças formais apontadas traz impactos diretos no estudo dos requisitos para aplicação da não incidência do ITR especificamente acerca da necessidade de averbação prévia e apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao IBAMA. No presente caso, nos interessa discutir acerca dos requisitos que devem ser cumpridos pelo Contribuinte para que reste caracterizada a não incidência do ITR sobre áreas classificadas como de Reserva Legal e Preservação Permanente: Do requisito da averbação: Considerando a redação da Lei nº 4.771/65 afirmase que o ato de averbação em nada afeta a constituição de uma área de preservação permanente a qual existe é pode ser comprovada por qualquer meio capaz de demonstrar que aquele imóvel ou parte dele está localizado em áreas com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas. A própria Receita Federal do Brasil nos documentos "Perguntas e Respostas do ITR" manifestava expressamente no sentido de a legislação do ITR não exigir a averbação da área de preservação permanente no Cartório de Registro de Imóveis. Por outro lado a necessidade de averbação das áreas de Reserva Legal é exigência prevista na própria Lei nº 4.771/65, razão pela qual filiome a corrente cujo entendimento é no sentido de ser a averbação requisito constitutivo da referida área. A averbação é condição imprescindível para a existência da Área de Reserva Legal, sendo que tal fato nos leva a conclusão lógica de que para fins de cálculo do ITR tal averbação deve ser anterior ao fato gerador. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o citado entendimento, valendo citar parte do voto proferido pelo Ministro Benedito Gonçalves, no RESP nº 1.125.632PR: Fl. 489DF CARF MF 10 Ao contrário da área de preservação permanente, para as áreas de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel é que se poderia saber, com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art. 16, § 8º, do Código Florestal (...) Assim, considerado que a norma de apuração do ITR prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96 a qual nos remete aos conceitos e requisitos da então nº Lei nº 4.771/65 podemos afirmar que para fim de não incidência do ITR a averbação no registro do imóvel em data anterior a ocorrência do fato gerador é requisito aplicável apenas à Área de Reserva Legal. Do Ato Declaratório Ambiental ADA: A discussão quanto a necessidade de apresentação do ADA para fins da não incidência do ITR sobre áreas de Preservação Permanente e também Reserva Legal, é um pouco mais polêmica, isso porque tratase de exigência inicialmente prevista por meio de norma infralegal, valendo citar a IN SRF nº 67/97. Nem a Lei nº 9.393/96, nem a Lei nº 4.771/65 exigiam o ADA para fins constituição das respectivas áreas ou para fins de apuração do imposto. Por tal razão, após amplo debate concluise que para os fatos geradores ocorridos até o ano de 2000, era dispensável a apresentação do ADA, conclusão que pode ser ilustrada pela seguinte ementa do STJ : PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. ISENÇÃO. EXIGÊNCIA CONTIDA NA IN SRF Nº 67/97. IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. De acordo com a jurisprudência do STJ, é prescindível a apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental para que se reconheça o direito à isenção do ITR, mormente quando essa exigência estava prevista apenas em instrução normativa da Receita Federal (IN nº 67/97). Ato normativo infralegal não é capaz de restringir o direito à isenção do ITR, disciplinada nos termos da Lei nº 9.393/96 e da Lei 4.771/65. 3. Na hipótese, discutese a exigibilidade de tributo declarado em 1997, isto é, antes da entrada em vigor da Lei 10.165/00, que acrescentou o § 1º ao art. 17O da Lei 6.938/81. Logo, é evidente que esse dispositivo não incide na espécie, assim como também não há necessidade de se examinar a aplicabilidade do art. 106, I, do CTN, em virtude da nova redação atribuída ao § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 pela MP nº 2.16667/01. 4. Recurso especial não provido. Fl. 490DF CARF MF Processo nº 10140.720073/200674 Acórdão n.º 9202005.182 CSRFT2 Fl. 486 11 (REsp 1.283.326/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 8/11/2011, DJe 22/11/2011.) Tal entendimento fundamentase na regra de que a norma jurídica que regulamenta o conteúdo de uma lei é veículo secundário e infralegal e, portanto, seu conteúdo e alcance deve se restringir aos comandos impostos pela lei em função da qual foi expedida. Neste sentido uma instrução normativa não poderia prever condição não exigida pela norma originária, mormente quando tal condição dependia de manifestação de órgão cuja atuação não se vinculava com o objetivo da norma desoneração tributária. Tal discussão assume um novo viés com a criação do art. 17O da Lei nº 6.938/81. Em 29.01.2000 foi editada a Lei nº 9.960/00 que acrescentou o citado art. 17 O à Lei nº 6.938/81, nesta oportunidade, por meio do §1º, o legislador expressamente previu que a utilização do ADA para efeito de redução do valor do ITR era opcional. Ocorre que tal previsão não produziu efeitos, pois antes mesmo da ocorrência de um novo fato gerador do ITR o referido artigo foi radicalmente modificado pela Lei nº 10.165, publicada em 27 de dezembro de 2000, a qual tornou o ADA instrumento obrigatório para fins de ITR: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1oA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 2o O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá ser efetivado em cota única ou em parcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do ITR, em documento próprio de arrecadação do IBAMA.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 3o Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais). (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 4o O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a cobrança de juros e multa nos termos dos incisos I e II do caput e §§ 1oA e 1o, todos do art. 17H desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Fl. 491DF CARF MF 12 Secretaria da Receita Federal, para as providências cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Diante desta alteração normativa discutese agora se lei posterior teria o condão de condicionar a aplicação de norma específica de não incidência tributária à realização de dever extra fiscal. Se diz extra fiscal porque como conceituado pelo próprio órgão o ADA nada mais é que um documento de cadastro das áreas do imóvel junto ao IBAMA. Destacase: a função do ADA é apenas informar ao IBAMA a existência de área de interesse ambiental em propriedade, posse ou domínio de particular área essa reconhecida seja pela própria lei no caso de APP, ou por meio da averbação no caso da ARL. É documento meramente informativo de uma área já existente, ou seja, o ADA não é requisito para constituição de áreas não consideradas pelo legislador quando da delimitação do fato gerador do ITR. É por essa razão que compartilho do entendimento de que o ADA não tem reflexos sobre a regra matriz de incidência do ITR, a ausência de documento informativo ou sua apresentação intempestiva não pode gerar como efeito a desconsideração de área reconhecidamente classificada como não tributada pelo legislador. Assim, é notável o conflito existente entre o art. 10, §1º, II da Lei nº 9.393/96 e o art. 17O da Lei nº 6.938/81, antinomia que deve ser solucionada pela aplicação do critério da especialidade, devendo prevalecer neste sentido a norma que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, qual a Lei nº 9.393/96. Destaco que, embora essa Relatora tenha o entendimento de que o ADA é requisito dispensável para fins de desoneração do ITR em qualquer circunstância APP e ARL, o entendimento da maioria deste Colegiado é no sentido de se reconhecer ao Contribuinte o direito a isenção: 1) à Área de Preservação Permanente devidamente comprovada nos autos e cujo ADA foi requerido antes do início da ação fiscal, e 2) à Área de Reserva Legal devidamente averbada à margem do registro do imóvel antes da ocorrência do fato gerador. Para a maioria o cumprimento destes requisitos formais suprem a necessidade de apresentação do ADA. Por fim, embora utilizandose de outros fundamentos, é importante mencionar que o Poder Judiciário, por meio do Superior Tribunal de Justiça tem firmado jurisprudência no sentido de que o ADA nunca foi, mesmo com a criação do art. 17O, requisito para desoneração do ITR, desoneração essa entendida pelos Ministros como isenção. Essa orientação do STJ foi recentemente reconhecida pela própria Fazenda Nacional por meio do Parecer PGFN/CRJ/Nº 1329/2016 que atualizou o Item 1.25 da Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer prevista no art.2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016. Pela relevância, peço vênia para transcreve parte do parecer: a) Área de reserva legal e área de preservação permanente (NOVO) * Data da alteração da redação do resumo e da Observação 1, bem como da inclusão da Observação 2: 05/09/2016 Fl. 492DF CARF MF Processo nº 10140.720073/200674 Acórdão n.º 9202005.182 CSRFT2 Fl. 487 13 Precedentes: AgRg no Ag 1360788/MG, REsp 1027051/SC, REsp 1060886/PR, REsp 1125632/PR, REsp 969091/SC, REsp 665123/PR e AgRg no REsp 753469/SP. Resumo: O STJ entendeu que, por se tratar de imposto sujeito a lançamento que se dá por homologação, dispensase a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis e a apresentação do Ato Declaratório Ambiental pelo Ibama para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal, com vistas à concessão de isenção do ITR. Dispensase também, para a área de reserva legal, a prova da sua averbação (mas não a averbação em si) no registro de imóveis, no momento da declaração tributária. Em qualquer desses casos, se comprovada a irregularidade da declaração do contribuinte, ficará este responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa. OBSERVAÇÃO: Caso a matéria discutida nos autos envolva a prescindibilidade de averbação da reserva legal no registro do imóvel para fins de gozo da isenção fiscal, de maneira que este registro seria ou não constitutivo do direito à isenção do ITR, devese continuar a contestar e recorrer. Com feito, o STJ, no EREsp 1.027.051/SC, reconheceu que, para fins tributários, a averbação deve ser condicionante da isenção, tendo eficácia constitutiva. Tal hipótese não se confunde com a necessidade ou não de comprovação do registro, visto que a prova da averbação é dispensada, mas não a existência da averbação em si. OBSERVAÇÃO 2: A dispensa contida neste item não se aplica para as demandas relativas a fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 12.651, de 2012 (novo Código Florestal). PARECER PGFN/CRJ/No 1329/2016 Documento público. Averbação e prova da Área de Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente. Natureza jurídica do registro. Ato Declaratório Ambiental. Isenção do Imposto Territorial Rural. Item 1.25, “a”, da Lista de dispensa de contestar e recorrer. Art. 10, II, “a”, e § 7º da Lei nº 9.393, de 1996. Lei nº 12.651, de 2012. Lei 10.165, de 2000. (...) II.1 Exame da jurisprudência sobre o questionamento feito à luz da legislação anterior à Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000 que deu nova redação ao art. 17O da Lei nº 6.938, de 27 de dezembro de 2000 e à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal (...) 12. Após as considerações acima, restam incontroversas, no âmbito da Corte de Justiça, à luz da legislação aplicável ao questionamento, as posições abaixo: (i) é indispensável a preexistência de averbação da reserva legal no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, tendo aquela, para fins tributários, eficácia constitutiva; Fl. 493DF CARF MF 14 (ii) a prova da averbação da reserva legal não é condição para a concessão da isenção do ITR, por se tratar de tributo sujeito à lançamento por homologação, sendo, portanto, dispensada no momento de entrega de declaração, bastando apenas que o contribuinte informe a área de reserva legal; (iii) é desnecessária a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, pois tal área se localiza a olho nu; e (iv) é desnecessária a apresentação do ADA para que se reconheça o direito à isenção do ITR. (...) II.2 Considerações relacionadas ao questionamento à luz da legislação anterior à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal. (...) 21. Em que pese tal possibilidade de interpretação, o STJ utilizouse do teor do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, para reforçar a tese de que o ADA é inexigível, tendo, ao que tudo indica, desprezado o conteúdo do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 2000, pois não foram encontradas decisões enfrentando esse regramento. Além disso, registrou que, como o dispositivo é norma interpretativa mais benéfica ao contribuinte, deveria retroagir. 22. Essa argumentação consta no inteiro teor dos acórdãos vencedores que trataram do tema, bem como na ementa do REsp nº 587.429/AL, senão vejamos: Trecho do voto da Ministra Eliana Calmon, Relatora do REsp nº 665.123/PR: Como reforço do meu argumento, destaco que a Medida Provisória 2.166 67, de 24/08/2001, ainda vigente, mas não prequestionada no caso dos autos, fez inserir o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 para deslindar finalmente a controvérsia, dispensando o Ato Declaratório Ambiental nas hipótese de áreas de preservação permanente e de reserva legal para fins de cálculo do ITR [...] Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.112.283/PB: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.108.019/SP: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE ATO Fl. 494DF CARF MF Processo nº 10140.720073/200674 Acórdão n.º 9202005.182 CSRFT2 Fl. 488 15 DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP.2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106, DO CTN. RETROOPERÂNCIA DA LEX MITIOR. 1. Recorrente autuada pelo fato objetivo de ter excluído da base de cálculo do ITR área de preservação permanente, sem prévio ato declaratório do IBAMA, consoante autorização da norma interpretativa de eficácia ex tunc consistente na Lei 9.393/96. 2. A MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, ao inserir § 7º ao art.10, da lei 9.393/96, dispensando a apresentação, pelo contribuinte, de ato declaratório do IBAMA, com a finalidade de excluir da base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal, é de cunho interpretativo, podendo, de acordo com o permissivo do art. 106, I, do CTN, aplicarse a fator pretéritos, pelo que indevido o lançamento complementar, ressalvada a possibilidade da Administração demonstrar a falta de veracidade da declaração contribuinte. 3. Consectariamente, forçoso concluir que a MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante § 7º, do art. 10, da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art.106, do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior. 4. Recurso especial improvido." (REsp 587.429/AL, Rel. Ministro Luiz Fux, PRIMEIRA TURMA, DJe de 2/8/2004) 23. A partir das colocações postas, concluise que, mesmo com a vigência do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 1981, com a redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000, até a entrada em vigor da Lei nº 12.651, de 2012, o STJ continuou a rechaçar a exigência do ADA com base no teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996. 24. Consequentemente, caso a ação envolva fato gerador de ITR, ocorrido antes da vigência da Lei nº 12.651, de 2012, não há motivo para discutir em juízo a obrigação de o contribuinte apresentar o ADA para o gozo de isenção do ITR, diante da pacificação da jurisprudência. (...) Diante de todo o exposto e considerando que no presente caso há nos autos 1) prova da averbação da totalidade da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel em data anterior (05/09/1987) ao fato gerador exercício de 2003; 2) prova do requerimento de 'novo' ADA em 29/08/2005, em data anterior ao início da ação fiscal (20/04/2006); e 3) laudo técnico assinado por profissional competente e acompanhado da respectiva ART delimitando a APP e ARL, deve ser reconhecido ao contribuinte o direito a não incidência do ITR sobre essas áreas. Assim, nego provimento ao recuso da Fazenda Nacional. Fl. 495DF CARF MF 16 (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 496DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15983.000702/2007-29
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/05/2002 a 31/12/2005
DECADÊNCIA. EMPRESA COM RECOLHIMENTO PARA O SIMPLES.
RECOLHIMENTO DE FORMA GLOBALIZADA.
Constatando-se recolhimentos na sistemática do SIMPLES, a contagem do prazo decadencial deve ser feito pela regra constante do art. 150, § 4.º, do CTN, ou seja, a partir da ocorrência do fato gerador.
Assim, os recolhimentos efetuados para o SIMPLES uma parcela refere-se às contribuições previdenciárias, sendo destinada à Seguridade Social, devo reconhecer que essas guias, embora quitadas de forma globalizada, contemplam também o tributo em questão, devendo assim serem tidas como recolhimento antecipado, justificando a aplicação da regra do art. 150, § 4.º, do CTN, para contagem do prazo decadencial
Numero da decisão: 9202-004.563
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201611
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2002 a 31/12/2005 DECADÊNCIA. EMPRESA COM RECOLHIMENTO PARA O SIMPLES. RECOLHIMENTO DE FORMA GLOBALIZADA. Constatando-se recolhimentos na sistemática do SIMPLES, a contagem do prazo decadencial deve ser feito pela regra constante do art. 150, § 4.º, do CTN, ou seja, a partir da ocorrência do fato gerador. Assim, os recolhimentos efetuados para o SIMPLES uma parcela refere-se às contribuições previdenciárias, sendo destinada à Seguridade Social, devo reconhecer que essas guias, embora quitadas de forma globalizada, contemplam também o tributo em questão, devendo assim serem tidas como recolhimento antecipado, justificando a aplicação da regra do art. 150, § 4.º, do CTN, para contagem do prazo decadencial
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 15983.000702/2007-29
conteudo_id_s : 5706704
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-004.563
nome_arquivo_s : Decisao_15983000702200729.pdf
nome_relator_s : PATRICIA DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 15983000702200729_5706704.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
dt_sessao_tdt : Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6701652
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:57:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949579841536
conteudo_txt : Metadados => date: 2017-01-09T23:37:27Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: Processo n. 15983.000702_2007-29 - MAUA ESTACIONAMENTOS LTDA. - EPP.pdf; xmp:CreatorTool: PDFCreator Version 1.4.2; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CARF; dcterms:created: 2017-01-09T23:37:27Z; Last-Modified: 2017-01-09T23:37:27Z; dcterms:modified: 2017-01-09T23:37:27Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: Processo n. 15983.000702_2007-29 - MAUA ESTACIONAMENTOS LTDA. - EPP.pdf; xmpMM:DocumentID: uuid:15f12472-d920-11e6-0000-5b16f34254dd; Last-Save-Date: 2017-01-09T23:37:27Z; pdf:docinfo:creator_tool: PDFCreator Version 1.4.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2017-01-09T23:37:27Z; meta:save-date: 2017-01-09T23:37:27Z; pdf:encrypted: true; dc:title: Processo n. 15983.000702_2007-29 - MAUA ESTACIONAMENTOS LTDA. - EPP.pdf; modified: 2017-01-09T23:37:27Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CARF; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CARF; meta:author: CARF; dc:subject: ; meta:creation-date: 2017-01-09T23:37:27Z; created: 2017-01-09T23:37:27Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2017-01-09T23:37:27Z; pdf:charsPerPage: 2338; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CARF; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-01-09T23:37:27Z | Conteúdo => CSRF-T2 Fl. 418 1 417 CSRF-T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15983.000702/2007-29 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202-004.563 – 2ª Turma Sessão de 23 de novembro de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MAUA ESTACIONAMENTOS LTDA - EPP. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2002 a 31/12/2005 DECADÊNCIA. EMPRESA COM RECOLHIMENTO PARA O SIMPLES. RECOLHIMENTO DE FORMA GLOBALIZADA. Constatando-se recolhimentos na sistemática do SIMPLES, a contagem do prazo decadencial deve ser feito pela regra constante do art. 150, § 4.º, do CTN, ou seja, a partir da ocorrência do fato gerador. Assim, os recolhimentos efetuados para o SIMPLES uma parcela refere-se às contribuições previdenciárias, sendo destinada à Seguridade Social, devo reconhecer que essas guias, embora quitadas de forma globalizada, contemplam também o tributo em questão, devendo assim serem tidas como recolhimento antecipado, justificando a aplicação da regra do art. 150, § 4.º, do CTN, para contagem do prazo decadencial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora. A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 59 83 .0 00 70 2/ 20 07 -2 9 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Especial do Procurador Especial do Procurador 2ª Turma 2ª Turma novembro de 2016 mbro de 2016 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL MAUA ESTACIONAMENTOS LTDA - EPP. MAUA ESTACIONAMENTOS LTDA - EPP. AA Fl. 418DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Cuida-se de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 2401-01.623, fls. 368/378 do e-processo, que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao Recurso Voluntário para aplicação do art. 150, §4º do CTN, como regra de contagem do prazo decadencial. A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2002 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO GFIP TERMO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA SEGURADOS EMPREGADOS INCLUÍDOS EM FOLHA DE PAGAMENTO PROLABORE SÓCIOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. A GFIP é termo de confissão de dívida em relação aos valores declarados e não recolhidos. A apuração de fatos geradores apurados em Folha de Pagamento constitui base de cálculo de contribuições previdenciárias, mesmo se não declarados devidamente em GFIP. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2002 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO NÃO IMPUGNAÇÃO EXPRESSA DOS FATOS GERADORES A não impugnação expressa dos fatos geradores objeto do lançamento importa em renúncia e conseqüente concordância com os termos da NFLD. REGULAR PROCESSAMENTO DE EXCLUSÃO RESPALDO PARA LANÇAMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO NO PEDIDO DE REINCLUSÃO Havendo regular processamento de exclusão do SIMPLES, possível a realização de lançamento para cobrança de contribuições previdenciárias patronais. O pedido de reinclusão no Sistema SIMPLES, sem a comprovação de “efeito suspensivo” não é suficiente para desconstituição do lançamento. Recurso Voluntário Provido em Parte. Fl. 419DF CARF MF Processo nº 15983.000702/2007-29 Acórdão n.º 9202-004.563 CSRF-T2 Fl. 419 3 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2002 a 31/12/2005 DECADÊNCIA. EMPRESA COM RECOLHIMENTO PARA O SIMPLES. CONTAGEM A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Constatandose recolhimentos na sistemática do SIMPLES, a contagem do prazo decadencial deve ser feito pela regra constante do art. 150, § 4.º, do CTN, ou seja, a partir da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário Provido em Parte Trata-se de NFLD nº 37.073.208-1, para a exigência de Contribuições Sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa, incluindo as destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho e a destinada aos Terceiros, levantadas sobre os valores pagos a pessoas físicas na qualidade de empregados e sócios – contribuintes individuais, conforme descreve o relatório de fls. 370. O lançamento compreende as competências de 05/2002 a 12/2005, sendo que os fatos foram apurados por maio de documentos GFIP. A NFLD foi lavrada em 25/09/2007 e o Contribuinte intimado em 28/09/2007. A 10ª Turma da DRJ em São Paulo/SP julgou procedente o lançamento fiscal, conforme Acórdão nº 17-26.304 de fls. 358/360 do e-processo. O Contribuinte, inconformado com tal decisão, interpôs Recurso Voluntário de fls. 363/365 do e-processo, o qual foi julgado procedente em parte pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção, no dia 10 de fevereiro de 2011, conforme Acórdão nº 2401-01.623 de fls. 368/378 do e-processo. Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial com fundamento no art. 67, do Anexo II, da Portaria MF nº 256/2009 (vigente a época dos fatos), alegando que o referido acórdão merece reforma, entendendo pela aplicação do art. 173, I do CTN, citando como paradigma o Acórdão nº 2301-00.253, cuja ementa transcrevo: Assunto: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1994 a 31/08/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. TERMO A QUO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO SOBRE AS RUBRICAS LANÇADAS. ART. 173, INCISO I, DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante de nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212 de 1991. Não tendo havido pagamento antecipado sobre as rubricas lançadas pela fiscalização, há que se observar o disposto no art. Fl. 420DF CARF MF 4 173, inciso I do CTN. Encontram-se atingidos pela fluência do prazo decadencial parte dos fatos geradores apurados pela fiscalização. ALIMENTAÇÃO. NÃO INSCRIÇÃO NO PAT. PARCELA INTEGRANTE DO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. No presente caso, a recorrente não estava inscrita no PAT, requisito essencial para desfrutar do beneficio fiscal. Recurso Voluntário Negado Conforme despacho de admissibilidade de fls. 388/389, foi dado seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, sendo o Contribuinte intimado via correspondência, conforme AR de fls. 392. O Contribuinte apresentou Recurso Especial de fls. 393/397, alegando que a Receita Federal do Brasil não poderia efetuar o presente lançamento, vez que, solicitou a sua reinclusão ao SIMPLES no processo administrativo nº 10845.003041/2004-10, que por sua vez teria o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Não houve a apresentação de contrarrazões. Conforme despacho de fls. 408, o Recurso Especial do Contribuinte foi inadmitido, pois não houve a apresentação de nenhum acórdão paradigma. O Contribuinte foi intimado do referido despacho, conforme AR de fls. 414. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva - Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, assim, o conheço. O presente caso trata-se de NFLD, referente a contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social, no período de 05/2002 à 12/2005, conforme relatado pela DRJ. Tal lançamento decorre da exclusão da empresa do SIMPLES, com efeito a partir de 01/05/2002, conforme consulta realizada pela Fiscalização. A pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção deu parcial provimento ao Recurso Voluntário, aplicando o art. 150, §4º do CTN para fixar o marco inicial na ocorrência do fato gerador, conforme voto transcrito abaixo: A bem da verdade, tanto esse Conselheiro quanto a Ilustre Relatora entendemos que, havendo recolhimento antecipado da contribuição, há de se contar o prazo decadencial pela norma do art. 150, § 4.º do CTN, qual seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Divergimos, todavia, para no presente caso quando há recolhimentos efetuados pela empresa no bojo da sistemática de recolhimento do SIMPLES. Fl. 421DF CARF MF Processo nº 15983.000702/2007-29 Acórdão n.º 9202-004.563 CSRF-T2 Fl. 420 5 Nessa situação, a Conselheira Elaine Cristina pondera que as guias de recolhimento do SIMPLES não devam ser consideradas antecipação de pagamento para fins da fixação do termo inicial para contagem do prazo decadencial. Ouso divergir dessa tese. É cediço que nos recolhimentos efetuados para o SIMPLES uma parcela referese às contribuições previdenciárias, sendo destinada à Seguridade Social. Nesse sentido, devo reconhecer que essas guias, embora quitadas de forma globalizada, contemplam também o tributo em questão, devendo assim serem tidas como recolhimento antecipado, justificando a aplicação da regra do art. 150, § 4.º, do CTN, para contagem do prazo decadencial. Assim, considerandose que a ciência do lançamento deuse em 25/09/2007, voto pela declaração de decadência para o período de 05 a 08/2002. (Grifei – fls. 378 deste processo) Em relação a este prazo decadencial, o Superior Tribunal de Justiça tem o entendimento pacífico no sentido de que havendo pagamento, correto é aplicação do art. 150, §4º do CTN, conforme julgamento do Recurso Especial nº 973.733/SC, submetido ao regime do art. 543-C do CPC/73: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o Fl. 422DF CARF MF 6 pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos o lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex legede pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Cumpre salientar que, de acordo com a Súmula Vinculante nº 08 do STF, os art. 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do CTN. Por sua vez, o art. 103-A da Constituição Federal de 1988 dispões que as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na impressa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Esse é o entendimento deste E. CARF, conforme se verifica no acórdão transcrito abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/08/2006 DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. O Superior Tribunal de Justiça STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC (Recurso Especial nº 973.733 Fl. 423DF CARF MF Processo nº 15983.000702/2007-29 Acórdão n.º 9202-004.563 CSRF-T2 Fl. 421 7 SC), definiu que o prazo decadencial para o Fisco constituir o crédito tributário contase da data do fato gerador, quando a lei prevê o pagamento antecipado e este é efetuado(artigo 150, § 4º, do CTN). DECISÃO DEFINITIVA DO STJ. APLICAÇÃO AO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Por força do art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, as decisões definitivas proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C, do CPC, deverão ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. DECADÊNCIA. CARACTERIZAÇÃO DE PAGAMENTO ANTECIPADO. SÚMULA CARF Nº 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Recurso Especial do Procurador negado (Acórdão nº 9202- 003.668, referente ao processo administrativo nº 13005.001864/2007-25). Assim, corroborando com o decidido pela Câmara a quo de que recolhimentos efetuados para o SIMPLES uma parcela referese às contribuições previdenciárias, sendo destinada à Seguridade Social, devo reconhecer que essas guias, embora quitadas de forma globalizada, contemplam também o tributo em questão, devendo assim serem tidas como recolhimento antecipado, justificando a aplicação da regra do art. 150, § 4.º, do CTN, para contagem do prazo decadencial. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional mantendo a decisão da Câmara a quo. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 424DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.901616/2006-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Ano-calendário: 2003
COMPENSAÇÃO. ERRO NA APURAÇÃO DO DÉBITO. COMPROVAÇÃO.
No caso de erro a maior na apuração do débito, é dever do contribuinte comprovar o erro e demonstrar o valor correto, sem o que não pode ser admitida a correção. No entanto, diligência fiscal conclusiva no sentido de reconhecer o erro do contribuinte e indicar o valor correto do débito a ser compensado é fundamento suficiente para reconhecimento do direito do contribuinte.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS COMPENSAÇÃO.
É pré-requisito indispensável à efetivação da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida.
Numero da decisão: 3301-003.219
Decisão: Recurso Voluntário Provido em Parte
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a correção do valor do débito e o direito de crédito nos termos da diligência efetuada.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201702
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Ano-calendário: 2003 COMPENSAÇÃO. ERRO NA APURAÇÃO DO DÉBITO. COMPROVAÇÃO. No caso de erro a maior na apuração do débito, é dever do contribuinte comprovar o erro e demonstrar o valor correto, sem o que não pode ser admitida a correção. No entanto, diligência fiscal conclusiva no sentido de reconhecer o erro do contribuinte e indicar o valor correto do débito a ser compensado é fundamento suficiente para reconhecimento do direito do contribuinte. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS COMPENSAÇÃO. É pré-requisito indispensável à efetivação da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16327.901616/2006-51
anomes_publicacao_s : 201704
conteudo_id_s : 5710451
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3301-003.219
nome_arquivo_s : Decisao_16327901616200651.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 16327901616200651_5710451.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a correção do valor do débito e o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. Liziane Angelotti Meira- Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
id : 6713026
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:58:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048949584035840
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1810; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 136 1 135 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.901616/200651 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301003.219 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de fevereiro de 2017 Matéria Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF Recorrente ITAÚ UNIBANCO S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2003 COMPENSAÇÃO. ERRO NA APURAÇÃO DO DÉBITO. COMPROVAÇÃO. No caso de erro a maior na apuração do débito, é dever do contribuinte comprovar o erro e demonstrar o valor correto, sem o que não pode ser admitida a correção. No entanto, diligência fiscal conclusiva no sentido de reconhecer o erro do contribuinte e indicar o valor correto do débito a ser compensado é fundamento suficiente para reconhecimento do direito do contribuinte. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS COMPENSAÇÃO. É prérequisito indispensável à efetivação da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer a correção do valor do débito e o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Liziane Angelotti Meira Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 16 16 /2 00 6- 51 Fl. 136DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 137 2 Gassen, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Por economia processual, adoto o relatório deste Tribunal administrativo constante da Resolução nº 3301000.151– 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária (fls. 109/113): BANCO ITAÚ S.A., devidamente qualificado nos autos, recorre a este Colegiado, através do recurso de fls. 39/44 contra o acórdão nº 0528.807, de 17/05/2010, prolatado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas SP, fls. 31/34, que não reconheceu o direito creditório alegado, não homologando a compensação declarada, por meio de PER/Dcomp transmitida em 22/05/2003 (fl. 09), conforme relatado pela instância a quo, nos seguintes termos: Trata se de Despacho Decisório, fl. 09, que não homologou Declaração de Compensação eletrônica. Na fundamentação do ato, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. (...) Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Cientificada em 27/02/2008, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade em 26/03/2008, fls. 04/08, alegando, em síntese: a) a não homologação eletrônica impede o contribuinte de exercer o direito constitucional de ampla defesa, pois falta ao despacho decisório a demonstração das razões que levaram à não homologação da compensação. No caso em tela, seguramente, o fisco não trouxe aos autos do processo nenhum elemento que, por si, realmente desse suporte ao que alegou como fato motivador da não homologação da declaração de compensação, exceto a descrição dos valores apurados. Por isso é que, além da circunstância de em qualquer ramo do direito incumbir o ônus da prova àquele que alega determinado fato como constitutivo de seu direito (vale dizer, à Receita Federal quanto ao fato constitutivo de seu direito, isto é, do imposto a que se julga credor), em matéria de direito administrativo, seja ela de direito tributário ou não, o ato administrativo há de ser sempre e necessariamente motivado. Ora, a falta de apuração da matéria (demonstração de que os valores foram utilizados em outros pagamentos, por exemplo), por parte da autoridade fiscal, acarreta a total impossibilidade de o contribuinte exercer sua prerrogativa constitucional de ampla defesa. Portanto, o ato administrativo deve sempre atender às formalidades impostas, devendo permitir ao contribuinte apreender o motivo e o fato (sic) está sendo autuado, a fim de que possa se defender ou, caso concorde com a autoridade fiscal, recolher o tributo apurado. Entretanto, o auto de infração em tela, ao arrepio das normas mencionadas, não demonstrando o que alega, impede que o contribuinte apresente sua defesa corretamente, o que, por si só, já o torna nulo de pleno direito; Fl. 137DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 138 3 b) foram cometidos erros na declaração de compensação, cujo valor do débito corresponde à totalidade do tributo do período, tributo esse que teve parte já paga e, portanto, não fora compensada. c) o valor de débito apresentado em DCTF (doc. 08) pelo peticionante, também contém erro que deve ser observado, especificamente, o campo pagamento com DARF, pois apresentou valor maior de débito; d) o peticionante requer que seja alterado de ofício as informações da DCTF, de acordo com os dados informados no demonstrativo (doc. 07) visando contemplar o crédito ora não homologado. A DRJ considerou a manifestação de inconformidade improcedente e não reconheceu o direito creditório. O acórdão restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF Ano calendário: 2003 Compensação. Pagamento indevido ou a maior. Argüição de nulidade. Despacho decisório. Motivação. Válida a decisão que expressa a inexistência de direito creditório para compensação fundada na vinculação total do pagamento a débito declarado pelo próprio interessado. Despacho Decisório Eletrônico. Fundamentação. Cerceamento de Defesa. Na medida em que o despacho decisório que não homologou a compensação declarada teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declaração pelo próprio sujeito passivo, não há falar em cerceamento de defesa, máxime quando a manifestação de inconformidade demonstra o entendimento das razões do despacho decisório. Declaração de Compensação. Manifestação de Inconformidade. Retificação. Impossibilidade. A retificação dos débitos declarados em declaração de compensação está submetida a procedimentos e parâmetros específicos, sendo incabível o atendimento de tal pleito em sede de manifestação de inconformidade. Compensação. Créditos. Comprovação. É prérequisito indispensável à efetivação da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Tempestivamente, a contribuinte protocolizou recurso voluntário de fls. 39/44, acrescido dos documentos de fls. 45/107, apresentando os seguintes argumentos: a) após uma sucessão de diversos erros que relaciona, a contribuinte localizou trinta e cinco pequenos valores recolhidos a maior com os quais compôs o total a ser compensado com débitos de IOF no montante de R$13.931,23; b) a verdade material deve ser privilegiada acolhendose as provas trazidas aos autos, afastandose, por conseguinte, a verdade formal, de modo a não exigir valor que não possua respaldo na legislação, em observância ao princípio da estrita legalidade do direito tributário. Por fim, requer a homologação da compensação pretendida e, se necessário, a alteração de ofício das Per/Dcomp e DCTF transmitidas, nos termos do art. 147, § 2º do CTN; o cancelamento da cobrança efetivada através do processo n° 16327.720190/200866 e, ainda, protesta pela juntada dos documentos em anexo. Fl. 138DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 139 4 Uma vez distribuído o recurso voluntário interposto neste Tribunal, o então Relator do caso, acompanhado pela turma julgadora, baixou o processo diligência nos seguintes temos (fls. 109/113): Conforme relatado, a interessada transmitiu PER/Dcomp em 22/05/2003 (fl. 09), cuja compensação não foi homologada em virtude de que, na data da transmissão da declaração de compensação, o crédito indicado encontravase totalmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, inexistindo disponibilidade do valor declarado na Dcomp. Por sua vez a contribuinte alega ter havido erro no preenchimento do Per/Dcomp e da DCTF relacionadas ao crédito controvertido. A interessada menciona que apurou e declarou o IOF devido em 12/02/2003 como sendo R$ 257.710,65 (257.109,48 + 601,17), quitado por meio de dois DARF. Posteriormente, constatou que o valor devido seria de R$271.040,71, gerando uma insuficiência de R$13.330,06. Entretanto, esquecendose do DARF de R$601,17, entendeu ser devedora de R$13.931,23, cujo valor tencionou quitar por meio de trinta e cinco Dcomp, dentre as quais vinte seis não foram homologadas. Devido a ausência de apresentação de declarações retificadoras e, ainda, preenchimentos equivocados das DCTF e PER/Dcomp transmitidas, tais equívocos acarretaram a cobrança não do valor relacionado à compensação, e sim, do valor total relativo ao período de apuração, em cada um desses vinte seis processos, ou seja, está lhe sendo exigido o pagamento de vinte seis DARF de valor principal de R$271.040,71, além de multa e juros. De se ressaltar que os procedimentos de restituição, ressarcimento e compensação são intensamente regrados de modo a evitar a saída indevida de valores dos cofres públicos, bem assim, a extinção do crédito tributário pela compensação irregular. Nessa toada cabe ao administrado a observância das regras impostas, e não à administração fazendária se sujeitar a análises casuísticas em contradição com o regramento. Por outro lado, no presente caso, sendo constatada a veracidade dos argumentos apresentados, estarseia exigindo pagamento de valores extremamente elevados em relação ao que de fato pudesse ser devido. Assim, em homenagem aos princípios da proporcionalidade, formalidade moderada e da verdade real, que devem nortear o processo administrativo fiscal e, ainda, de modo a evitar eventual enriquecimento sem causa por parte do fisco, proponho converter o julgamento do presente recurso em diligência a fim de que a DRF de origem analise os documentos acostados aos presentes autos e, caso entenda necessário, intime a contribuinte a comprovar a pertinência e veracidade das alegações supramencionadas, em duas vertentes, sendo a primeira em relação às declarações ditas equivocadas e a segunda, quanto à existência e disponibilidade do indébito, conforme abaixo: a) visando à constatação de que de fato as declarações apresentadas encontramse equivocadas e, caso os equívocos fossem saneados, a exigência correta limitarseia ao valor a compensar pretendido, ou seja, cerca de treze mil reais, acrescidos de multa e juros: b) demonstrar e existência do indébito alegado, bem como sua condição de haver suportado o ônus financeiro do IOF retido na qualidade de responsável. Posteriormente, o fiscal diligente deverá elaborar relatório, pormenorizado e conclusivo das análises levadas a efeito e do seu reflexo nas PER/Dcomp Fl. 139DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 140 5 apresentadas. Na sequência a contribuinte deverá ser intimada para que, no prazo de trinta dias, caso entenda conveniente, apresente manifestação, somente quanto à matéria decorrente da diligência. Por fim, devolver os autos para este Conselho, para julgamento. Realizada a diligência, assim concluiu a fiscalização (fl. 78): Respondendo aos quesitos levantados pelo Conselho: a) de fato, a PER/DCOMP nº 15713.22687.220503.1.3.042007 é equivocada, visto que informou um débito a compensar de R$ 271.040,71 quando o valor correto seria de R$ 99,36, conforme demonstrativo de fls. 28. Este é o valor a ser cobrado caso a compensação não seja homologada. b) quanto ao alegado direito creditório de R$ 80,53, informado no demonstrativo de fls. 28, o contribuinte não apresentou nenhum documento ou explicação sobre a razão pela qual aquele valor teria sido recolhido a maior. Tal valor não se encontra disponível nos sistemas da Receita conforme tela de fls. 116. Em seguida, o contribuinte foi intimado (fls.119/120 ) e se manifestou nos seguintes termos (fls. 122/123): 4. Após a análise de toda a documentação anexada aos autos, a Autoridade Fiscal conclui que: de fato, a PER/DCOMP nº 15713.22687.220503.1.3.042007 é equivocada, visto que informou um débito a compensar de R$ 271.040,71 quando o valor correto seria de R$ 99,36, conforme demonstrativo de fls. 28. Este é o valor a ser cobrado caso a compensação não seja homologada. 5. Assim, a conclusão da Autoridade Fiscal corrobora com os argumentos da Requerente, ou seja, de fato constatouse o equívoco no preenchimento do Perd/Dcomp e a cobrança indevida no valor de R$ 271.040,71. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. O objeto deste processo corresponde às questões respondidas na diligência solicitada por meio da Resolução nº 3301000.151– 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária. A diligência foi conclusiva no sentido de que a PER/DCOMP nº 15713.22687.220503.1.3.042007 realmente estava incorreta, visto que informou um débito a compensar de R$ 271.040,71 quando o valor correto seria de R$ 99,36. Assim, não sendo homologada a compensação, é este o valor que deve ser cobrado. Concluise também na diligência que o alegado direito creditório no valor de R$ 80,53 não foi devidamente Fl. 140DF CARF MF Processo nº 16327.901616/200651 Acórdão n.º 3301003.219 S3C3T1 Fl. 141 6 comprovado e nem foi encontrado nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, não devendo portanto, este ser reconhecido Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, de modo a reconhecer o erro alegado pelo contribuinte na declaração do débito e, consequentemente, reconhecer o débito no valor correto de R$ 99,36; e, por outro lado, não reconheço o crédito pleiteado no valor de R$ 80,53. Liziane Angelotti Meira Relatora Fl. 141DF CARF MF
score : 1.0