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Numero do processo: 16327.901223/2009-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Exercício: 2006
COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE IRPJ. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR. RETIFICAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Não se há de reconhecer direito creditório decorrente de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que a interessada não comprova cabalmente a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo.
Numero da decisão: 1301-002.244
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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ARRENDAMENTO MERCANTIL) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Exercício: 2006 COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE IRPJ. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR. RETIFICAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não se há de reconhecer direito creditório decorrente de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que a interessada não comprova cabalmente a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 12 23 /2 00 9- 90 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 191 2 SANTANDER LEASING S/A ARRENDAMENTO MERCANTIL (nova denominação de REAL LEASING S.A. ARRENDAMENTO MERCANTIL), já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito, em parte. Trata o presente processo da declaração de compensação nº 05439.733286.291105.1.3.04.5516, de pagamento de IRPJ, código de receita 2319, relativo a fevereiro de 2005, no valor de R$ 1.188.143,38, com débito de CSLL relativo ao mês de março do mesmo ano calendário. Em 16/02/2009 (fls. 15) foi emitido despacho decisório que não homologou a compensação declarada com base nos seguintes fundamentos: “Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 277.176,97 Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (1RPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período.” Reproduzo quadro do despacho decisório em que são demonstradas as características do pagamento utilizado como direito creditório: A contribuinte protocolou manifestação de inconformidade tempestiva, alegando, em síntese, o seguinte: [...] Em resposta à intimação1 a impugnante alega o seguinte (fls. 41/49): a) Na competência de fevereiro/2005, o cálculo do IRPJ mensal foi efetuado com base no Balanço/Balancete Suspensão ou Redução, conforme DIPJ/2006. b) O que ensejou o recolhimento a maior do DARF foi a ausência do cômputo das exclusões das Provisões com Perdas em Opções para Incentivos Fiscais 1 Diligência determinada pelo Julgador em primeira instância Resolução nº 16.000.306, fls. 30/33. Nota do Relator de segunda instância. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 192 3 (Permanente/Investimento e Adições Temporárias) que foram adicionadas (oferecidas à tributação) no ano calendário de 2004 e 2005, conforme Parte A (págs. 23 e 25 do LALUR). c) De acordo com o LALUR: i) Provisão p Perdas Opções Inc Fiscais IR – conta interna 1886000050047678000761348 – foi adicionada no Lucro Real apurado no ano calendário de 2004, pelo valor de R$ 1.218.635,62 e continuou a ser adicionado em fev/2005, ao invés de ser excluído da apuração mensal do IRPJ (cálculo original); ii) Provisão p Perdas Opções Inc Fiscais – conta interna 213990060065331566529002 – foi escriturado na Parte B do Lalur do ano calendário de 2004 e adicionado e excluído da apuração do IRPJ mensal em fev/2005, pelo valor de R$ 1.230.364,49. d) Juntamos a presente, cópia das Fichas 9 e 12 da DIPJ/2006, apuração da base de cálculo do IRPJ fev/2005 e o balancete CADOC – Bacen 4010 de fev/2005. Assim que o balancete analítico e o Lalur completo do ano calendário 2005 forem emitidos, eles serão juntados ao presente PAF. A 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e, mediante o Acórdão nº 1653.985, de 02/01/2014 (fls. 128/133), indeferiu a solicitação, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2005 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Ciente da decisão de primeira instância em 28/01/2014, conforme documento de fl. 138, e com ela inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário em 11/02/2014 (registro de recepção à fl. 157, razões de recurso às fls. 158/165), mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: No que se refere ao entendimento do acórdão recorrido de que não estaria provada a correção da modificação da base de cálculo da estimativa de IRPJ em fev/2005, a recorrente afirma o valor probatório do balancete de fls. 72/82 dos autos, que seria documento oficial da recorrente, exigido pelo Banco Central do Brasil. Acrescenta que: No presente caso, a receita originada da reversão da provisão de opções por incentivos fiscais, no valor de R$ 1.218.635,62 está devidamente registrado no Balancete CADOC 4010 de Fevereiro/2005 (fls. 72/82 do PAF). Isto porque no Saldo de R$ 522.272,41 da Conta 1.8.8.60.005, como evidencia o Razão Analítico do mês (Fev/2005), é composto por duas movimentações: (i) uma despesa de constituição de provisão, no valor de R$ 1.740.908,03; e (ii) uma receita de reversão da provisão em questão, no valor de R$ 1.218.635,62. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 193 4 Está, portanto, comprovado o registro da receita de R$ 1.218.635,62 em Fev/2005, demonstrandose a regularidade da exclusão desta receita da base de cálculo do IRPJ e da CSLL mensal (apurados por balanço de suspensão ou redução), visto que já tinha sido tributada pelo IRPJ e CSLL quando adicionadas ao lucro real do anocalendário 2004. A recorrente tem, assim, por comprovado o indébito de R$ 277.176,96 levado à compensação ora discutida. Em adição aos argumentos acima, a recorrente lembra que IRPJ e CSLL pagos mensalmente por estimativa, seja por balanço seja por percentual da receita bruta, são meras antecipações do tributo devido no final do período de apuração anual. E prossegue (grifos no original): No presente caso, embora tenha recolhido uma estimativa de IRPJ (2319) de Fev/2005 no valor de R$ 1.188.143,38 (DARF de fl. 15), a Recorrente informou em sua DIPJ 2006 (AC 2005) ter feito neste mesmo mês um pagamento de apenas R$ 910.866,42 (Ficha 11, linha 12 da Discriminação de Fevereiro – fls. 26 do ePAF). Ao proceder desta forma, reconhecendo expressamente ter realizado um recolhimento a maior a título de estimativa, a Recorrente deixou de computar o recolhimento de R$ 277.176,96 (diferença entre o valor pago e o declarado) no saldo de IRPJ pago no encerramento do anocalendário de 2005 (Linha 12 da Ficha 12B da DIPJ 2006/2005), reduzindo o Saldo Negativo de IRPJ apurado no encerramento do anocalendário. Isto porque a Recorrente, após calcular a base de cálculo mensal (Fev/2005) mediante levantamento de balanço (art. 35 da Lei nº 8.981/95), a Recorrente constatou que não havia excluído da base de cálculo a receita de reversão de provisão de opção por incentivos fiscais, uma vez que já tinha sido adicionada ao lucro real à época da sua constituição, conforme determina a legislação. [...] Além disso, tanto a DCTF Retificadora/Ativa referente a Fev/2005 quanto o IRPJ apurado no encerramento do AnoCalendário 2005 foram devidamente homologadas pela Receita Federal do Brasil, não havendo o que se falar, neste momento, em comprovação da regularidade da base de cálculo (seja da estimativa mensal seja da base anual) do IRPJ apurado pela Recorrente. No entender da recorrente, a decisão a quo teria contrariado disposições basilares atinentes ao fato gerador e à base de cálculo do IRPJ, considerando que estimativas mensais representariam fatos geradores independentes da apuração anual. Colaciona jurisprudência administrativa no sentido da impossibilidade de lançamento de estimativas após o encerramento do período de apuração. A interessada acrescenta que, na pior das hipóteses (pedido subsidiário), o crédito de R$ 277.176,96 deveria ser acolhido como parte do saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2005, extinguindose por compensação os débitos da DCOMP até o limite do crédito disponível. Em outra linha argumentativa, a recorrente protesta que o acórdão recorrido teria ido além da verificação objetiva da existência do pagamento indevido/a maior, Fl. 193DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 194 5 condicionando a validação da compensação à comprovação dos motivos pelos quais o débito informado na DCTF era inferior ao valor do DARF pago. Ao assim agir, a DRJ teria extrapolado sua competência e invadido a competência da DEINF (lavrar lançamento de ofício para constituir créditos tributários não confessados pelo contribuinte). O acórdão recorrido padeceria de vício insanável, por ter sido praticado por pessoa incompetente. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Gira a lide em torno do alegado direito creditório, a ser utilizado em compensação tributária, no montante de R$ 277.176,96, correspondente à diferença entre o valor recolhido em DARF (R$ 1.188.143,38, fl. 17) e o valor da estimativa mensal de IRPJ do mês de fevereiro de 2005. Sustenta a recorrente que o valor correto da estimativa seria R$ 910.866,42. Por outro lado, o total originalmente declarado em DCTF foi de exatos R$ 1.188.143,38, posteriormente retificado para R$ 910.866,42. A questão em discussão, como se vê, é qual seria o correto valor da estimativa de IRPJ de fevereiro de 2005. Inicialmente, foi negada homologação à compensação declarada, ao fundamento de que estimativas somente poderiam ser objeto de aproveitamento ao final do anocalendário, por ocasião do ajuste anual. Não se procedeu, naquele momento, a qualquer análise mais aprofundada do direito creditório, sendo a preliminar suficiente para a decisão então tomada. Essa preliminar foi superada já em primeira instância. A questão é atualmente pacífica, tanto no âmbito da Receita Federal quanto neste CARF, cabendo lembrar a Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Nesta fase processual, não há mais qualquer litígio a esse respeito. No entanto, superada a questão preliminar ainda em primeira instância, a autoridade julgadora a quo avançou na análise do direito creditório, o que entendo correto. O reconhecimento do direito creditório para fins de homologação impõe o exame minucioso por parte da autoridade administrativa, não residindo aí qualquer nulidade. Ao contrário do que sustenta a recorrente, o que o julgador de primeira instância buscou, superada a preliminar, foi a comprovação da alegação de que teria havido erro na apuração da estimativa, a caracterizar pagamento a maior do que o devido. Não se trata, em absoluto, de lançamento de ofício para constituir créditos tributários não confessados pelo contribuinte, em invasão de competência de outro órgão da Receita Federal. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 195 6 A realização de diligência evidenciou a origem da diferença entre o valor do IRPJ originalmente apurado pela contribuinte (R$ 1.188.143,38) e aquele a seguir tido por ela própria como correto (R$ 910.866,42). Tratase, supostamente, da falta de exclusão da receita de reversão de provisão de opção por incentivos fiscais, anteriormente adicionada ao lucro real à época de sua constituição. Ao descobrir o erro, a contribuinte teria promovido a devida retificação, com a exclusão do valor de R$ 1.218.635,62 da base de cálculo do IRPJ, conduzindo à diferença, para menos, no valor de estimativa a recolher. A decisão de primeira instância considerou insuficientes os documentos até então juntados aos autos, e indeferiu a manifestação de inconformidade. Confirase o seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido (fl. 132): As provisões controladas na parte B do Lalur podem ser excluídas do lucro líquido para fins de determinação do lucro real quando forem revertidas contabilmente. Não há prova nos autos de que a provisão constituída (em 2003 ou 2004) tenha sido revertida em fevereiro de 2005. Para demonstrar a reversão da provisão, e consequentemente o registro contábil de uma receita a ser excluída do lucro líquido, bastaria anexar a escrituração contábil e fiscal relativa ao mês de fevereiro de 2005. Somente a escrituração contábil e fiscal é documento hábil a demonstrar a legitimidade da exclusão pretendida pela contribuinte. Em sede recursal, a recorrente reitera a correção de seu procedimento e faz juntar novo balancete, mais detalhado, com o que tem por comprovado o direito creditório pleiteado. Compulsando os autos, encontro, às fls. 83 e segs. cópias do LALUR do ano calendário 2004. À fl. 87, correspondente à parte A do Lalur, ajustes de dez/2004, verificase uma adição no valor de R$ 1.218.635,62, com o histórico Provisão p/ Perdas Opções Inc. Fiscais Ir relativo ao Ano Calendário de 2004, lançado na conta cosif/conta interna/item 188600050047678000761348. Ainda na parte A, à fl. 89 essa adição integra a apuração do lucro real em dez/2004. À fl. 106 encontro a folha correspondente da parte B, evidenciando que uma parte (R$ 106.699,07) do montante adicionado veio de 2003 e uma outra parte R$ 1.123.665,42) veio de 2004. O balancete geral de dez/2004 (fls. 114 e segs.), juntado aos autos por ocasião da diligência, apresenta tão somente o saldo da conta 1.8.8.60.005 Opções por Incentivos Fiscais, no valor de R$ 522.272,41, não trazendo quaisquer informações sobre a movimentação dessa conta, ainda que apenas por totais de débitos e créditos. Não obstante, ainda que não tenha sido localizada nos autos a comprovação de que esse valor tenha constituído uma despesa no anocalendário 2004, admitase que se trate de despesa com provisão indedutível adicionada em 2004, quando de sua constituição. Alega a recorrente, desde a manifestação de inconformidade, que a provisão teria sido revertida contabilmente em fevereiro/2005. Essa reversão contábil implicaria um lançamento a crédito do resultado (receita), que poderia nesse momento ser excluído para fins de apuração do lucro real. O balancete geral de fev/2005 (fls. 72 e segs.), juntado aos autos por ocasião da diligência, não traz qualquer modificação em comparação com o balancete de dez/2004, Fl. 195DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 196 7 anteriormente mencionado: apresenta tão somente o saldo da conta 1.8.8.60.005 Opções por Incentivos Fiscais, no valor de R$ 522.272,41, não trazendo quaisquer informações sobre a movimentação dessa conta, ainda que apenas por totais de débitos e créditos. Foi diante disso que o julgador a quo considerou esses documentos insuficientes a comprovar a reversão contábil da provisão em questão. Esclareçase que não se tratou de negar fé a esse balancete, como parece ter compreendido a recorrente, mas sim de sua imprestabilidade para os fins propostos. Com o recurso voluntário, a interessada junta (fls. 179 e segs.) um balancete mais detalhado para o mês de fevereiro/2005, contendo saldo inicial, total de débitos, total de créditos e saldo final. A recorrente entende que, com isso, seria possível aferir a regularidade da exclusão por ela pretendida. O novo documento, apesar de mais detalhado, não conduz a conclusão diferente daquela esposada pelo julgador de primeira instância. Senão vejamos. À fl. 180, é possível verificar que a conta 1.8.8.60.005 (com o mesmo saldo anterior de R$522.272,41) é composta por duas subcontas, a saber: cód. 761347, que apresenta saldos inicial e final R$1.740.908,03; e cód. 761348, que apresenta saldos inicial e final R$1.218.535,52. A soma algébrica dos saldos das subcontas conduz ao saldo da conta principal. Mas, a exemplo da conta principal, também as duas subcontas apresentam total de débitos e total de créditos no período iguais a zero, ou seja, não há qualquer prova de que tenham sido movimentadas nesse mês. Em particular, não há prova de que tenha sido revertida contabilmente a provisão aqui discutida, cuja contrapartida seria, em tese, a crédito do resultado contábil. Com isso, permanece a impossibilidade de sua exclusão, para fins de apuração da base de cálculo da estimativa de IRPJ no mês de fevereiro. Tendo sido a estimativa de fevereiro de 2005 apurada originalmente (antes das retificações) e paga na forma prevista na legislação pertinente, não se há de reconhecer que a retificação pretendida pela interessada, sem a comprovação de sua regularidade, possa fazer surgir um pretenso indébito por pagamento a maior de estimativa mensal passível de compensação. Finalmente, cumpre acrescentar que não cabe falar em homologação de estimativas nem de DCTF. O que se homologa é o tributo devido ao final do período de apuração. E não há, nestes autos, qualquer notícia acerca do IRPJ apurado ao final do ano calendário 2005, a menos da cópia de algumas fichas da DIPJ, acostadas pela própria interessada às fl. 64/69, nem é aqui que se discute um eventual direito creditório decorrente de saldo negativo apurado naquele ano. Por esse mesmo motivo, o pedido subsidiário da interessada (acolhimento do crédito de R$ 277.176,96 como parte do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2005) se revela impossível de ser atendido. Tal pedido somente faria sentido no processo em que estivesse sendo analisado esse hipotético saldo negativo. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 196DF CARF MF Processo nº 16327.901223/200990 Acórdão n.º 1301002.244 S1C3T1 Fl. 197 8 Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.730182/2011-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
VALOR PAGO EM AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N º 42.
Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-004.658
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Márcio de Lacerda Martins - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Márcio de Lacerda Martins, Rayd Santana Ferreira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MARCIO DE LACERDA MARTINS
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NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N º 42. Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 01 82 /2 01 1- 38 Fl. 125DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Márcio de Lacerda Martins, Rayd Santana Ferreira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 12448.730182/201138 Acórdão n.º 2401004.658 S2C4T1 Fl. 126 3 Relatório Da Notificação de Lançamento: (efls. 29 a 33) Apurouse a omissão de rendimentos tributáveis recebidos pela Contribuinte em virtude de ação judicial federal no valor de R$ 45.829,08, com retenção na fonte de R$ 1.374,87, conforme Dirf entregue pela Caixa Econômica Federal, efls. 43 a 44). Em virtude dessa infração, foi apurado o imposto de renda suplementar de R$ 6.656,07, acrescido de multa de ofício e juros de mora regulamentares, perfazendo o crédito total de R$ 12.328,37. A descrição dos fatos e o devido enquadramento legal constam da notificação acrescidos da informação: "Documentação apresentada insuficiente para identificar bem a finalidade da desapropriação impossibilitando verificar incidência ou não do imposto de renda." (v. efl. 20) Da Impugnação: (efls. 2 a 12 e 24 a 27) Inconformada, a procuradora do espólio da Interessada apresentou a impugnação de fls. 2 a 12, argumentando em síntese que os rendimentos recebidos referemse a desapropriação de terras por interesse público e assim sendo a verba recebida não está sujeita à tributação. Complementa a seguir, que foi retido 3% sobre o montante pago, e discorre que não incide a tributação de ganho de capital sobre bens sujeitos à “justa indenização”. Por fim, pede o integral acolhimento da impugnação de lançamento. Do Acórdão de Impugnação: (efls. 102 a 106) A 18ª Turma de julgamento da DRJRJ1, por meio do acórdão 1262.209, julgou procedente em parte a impugnação devendo ser mantido o imposto lançado acrescido da multa de 10% e juros de mora regulamentares e cancelada a multa de ofício de 75%. Veja os trechos extraídos do voto condutor do acórdão, que sintetizam as fundamentações do aresto: "[...] A cópia do Diário Oficial D.O. (fl. 27) datado de agosto de 1957 por meio do Decreto nº 41.540 classifica sob a rubrica “Interesse Público” a desapropriação em pauta. Conseqüentemente, a fonte efetivamente recolhida em DARF e transmitida à RFB por meio da DIRF (cópia de fls. 43 e 44), enseja a imposição legal da apuração do imposto devido, tendo em vista não ter sido a indenização recebida decorrente de desapropriação para fins de reforma agrária. Ressaltese que a interessada na sua impugnação não demonstrou que se trata de rendimento isento, tampouco o poder judiciário quando da expedição do Alvará de fl. 24, determinou a isenção. [...] Fl. 127DF CARF MF 4 Sendo assim, considerando que não foram trazidos aos autos qualquer documentação que pudesse afastar a informação prestada em DIRF (fls. 43 e 44) aos sistemas da RFB, é de se manter a omissão de rendimentos apurada. Diante do todo exposto, VOTO pela IMPROCEDÊNCIA da impugnação mantendose o crédito tributário exigido" Do Recurso Voluntário: (efls. 112 a 117) Cientificada do acórdão de impugnação em 04/11/2014, efl. 50 e conforme atestado no doc. efl. 61, a Representante interpôs em 28/11/2014, o Recurso Voluntário alegando, em síntese: 1. que se trata de valor decorrente de desapropriação de terras por interesse público e reconhecidamente isento de imposto sobre a renda; 2. que por força do disposto no art. 19, V, da Lei nº 10.522/02 a RFB deve submeterse ao entendimento consignado pelo STJ no Recurso Especial nº 1.116.460/SP; 3. que o Recurso Especial nº 1.116.460/SP foi julgado na âmbito da sistemática instituída pelo art. 543C do CPC e, portanto, sua decisão deve ser reproduzida pelo CARF, por força do art. 62A do RICARF; 4. que a matéria consta consolidada em Súmula nº 42 do CARF. Requer o provimento do presente recurso, tornando insubsistente a Notificação de Lançamento. É o relatório. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 12448.730182/201138 Acórdão n.º 2401004.658 S2C4T1 Fl. 127 5 Voto Conselheiro Marcio de Lacerda Martins Relator 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recurso Voluntário foi apresentado em 28/11/2014 após a ciência da Contribuinte do Acórdão de Impugnação ocorrida em 04/11/2014. Portanto, o recurso é tempestivo e deve ser conhecido. 2. DO MÉRITO A matéria discutida no presente processo foi sumulada no âmbito deste Conselho Súmula CARF nº 42: "Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação." Portanto, devese dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.730840/2010-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULA CARF Nº 63. COMPROVAÇÃO ATRAVÉS DE LAUDO OFICIAL. REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Levando em consideração todo o conjunto probatório acostado aos autos, em especial os laudos oficiais constantes às fls. 6 e 49, restou comprovado por documento hábil, e, por conseguinte, atendidos os requisitos legais necessários para o gozo da isenção dos proventos de aposentadoria recebidos pela Recorrente, no calendário de 2008, nos termos do os requisitos exigidos pelo art. 30 da Lei nº 9.250, de 1995.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-004.584
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento parcial. Vencido o relator. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Andréa Viana Arrais Egypto.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Márcio de Lacerda Martins - Relator
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Redatora designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MARCIO DE LACERDA MARTINS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULA CARF Nº 63. COMPROVAÇÃO ATRAVÉS DE LAUDO OFICIAL. REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Levando em consideração todo o conjunto probatório acostado aos autos, em especial os laudos oficiais constantes às fls. 6 e 49, restou comprovado por documento hábil, e, por conseguinte, atendidos os requisitos legais necessários para o gozo da isenção dos proventos de aposentadoria recebidos pela Recorrente, no calendário de 2008, nos termos do os requisitos exigidos pelo art. 30 da Lei nº 9.250, de 1995. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULA CARF Nº 63. COMPROVAÇÃO ATRAVÉS DE LAUDO OFICIAL. REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Levando em consideração todo o conjunto probatório acostado aos autos, em especial os laudos oficiais constantes às fls. 6 e 49, restou comprovado por documento hábil, e, por conseguinte, atendidos os requisitos legais necessários para o gozo da isenção dos proventos de aposentadoria recebidos pela Recorrente, no calendário de 2008, nos termos do os requisitos exigidos pelo art. 30 da Lei nº 9.250, de 1995. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 08 40 /2 01 0- 51 Fl. 61DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, darlhe provimento parcial. Vencido o relator. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Andréa Viana Arrais Egypto. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Relator (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Redatora designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10580.730840/201051 Acórdão n.º 2401004.584 S2C4T1 Fl. 62 3 Relatório Das declarações de ajuste do exercício 2009: (efls. 13 a 26) A Contribuinte transmitiu duas declarações de ajuste para este exercício: A primeira, entregue em 25/04/2009, informando ter recebido R$ 59.145,19 de pessoas jurídicas, com retenção na fonte de imposto sobre a renda de R$1.451,13; resultando em imposto a pagar de R$3.730,75. A segunda, retificadora entregue em 26/04/2010, informando ter recebido R$22.856,98 de pessoas jurídicas, com imposto sobre a renda retido na fonte de R$1.451,13; resultando em imposto a restituir de R$1.451,13. A retificadora alterou os rendimentos tributáveis recebidos da Secretaria da Educação de R$49.325,19 para R$17.946,98. Entretanto, a fonte pagadora informou na Declaração do Imposto sobre a Renda retido na Fonte Dirf, que a Contribuinte teria recebido de rendimentos tributáveis no valor de R$31.478,66. Da Notificação de Lançamento: (efls. 8 a 12) A partir da divergência entre o valor dos rendimentos tributáveis, informado pela Contribuinte em sua declaração de ajuste retificadora e a Dirf da Secretaria da Educação, constatouse omissão de rendimentos tributáveis de R$13.531,68, exigidos por meio da Notificação de Lançamento. Com as alterações efetuadas no lançamento, o imposto a restituir foi reduzido de R$1.451,13 para R$835,85. Da Impugnação: (efls. 2 a7) A Contribuinte afirma não ter omitido rendimentos e sim declarado como isento a parcela ora exigida, por ser portadora de paralisia irreversível e incapacitante. Junta Relatório Médico à efl. 6, datado de 22/09/2010 e emitido em papel timbrado do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos Universidade Federal da Bahia, atestando que a Contribuinte apresenta sequelas que caracterizam "paralisia irreversível e incapacitante que a impede de exercer atividades laborativas definitivamente. O AVC ocorreu em 17/07/2008".(efl. 06) Do acórdão de impugnação: (efls. 37 e 38) A terceira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Salvador julgou improcedente a impugnação, prolatando o acórdão nº 1532.713, de 10 de julho de 2013. No voto condutor do acórdão a justificativa para a decisão consta do seguinte trecho, efl. 38, a saber: "O documento apresentado pelo contribuinte (fls. 06) não possui características de um laudo pericial oficial. O fato de haver sido emitido em papel com o timbre do Hospital Universitário Professor Edgar Santos, vinculado à Universidade Federal da Bahia, não lhe confere esta qualidade, pois não há qualquer indicação de delegação de competência Fl. 63DF CARF MF 4 autorizando o profissional emitente a representar o órgão em caráter oficial na realização de perícias, nem sequer a sua matrícula na instituição. Sem os elementos requeridos, o laudo não se distingue de um atestado particular emitido em formulário timbrado, disponível aos médicos que aí prestam serviços sem exercerem cargo de representação oficial." Do Pedido de prorrogação de prazo e Laudo: (efls. 41 a 43) Cientificada do acórdão em 23/07/2013, a Contribuinte solicitou prorrogação de prazo por meio do documento de efl. 41, protocolado na DRF em Salvador/BA em 16/08/2013. Nesta mesma data, apresentou Laudo médico nº 299, de 23/05/2012, emitido pela Junta Médica do Estado da Bahia. Do Recurso Voluntário: (efls. 44 a 56) Em 09/09/2013, a Contribuinte, por meio de seu representante, protocolou complementação do recurso "para fins de comprovar a patologia grave de que é portadora e que lhe garante, na forma da lei a isenção de imposto de renda que pleiteia." Juntou Laudos e Relatórios Médicos, comprovantes de rendimentos e outros documentos às efls. 46 a 56. Solicita a reforma da decisão com o reconhecimento da isenção do imposto sobre a renda, conforme preceitua o art. 1º da Lei nº 11.052, de 2004. É o relatório. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10580.730840/201051 Acórdão n.º 2401004.584 S2C4T1 Fl. 63 5 Voto Vencido Conselheiro Marcio de Lacerda Martins – Relator 1. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: 1.1. TEMPESTIVIDADE: Cientificada do acórdão nº 1532.713 em 23 de julho de 2013, terçafeira, conforme entrega postal comprovada por Aviso de recebimento juntado à efl. 40, a Contribuinte teria que recorrer até o dia 22/08/2013, quintafeira, em obediência ao prazo de trinta dias fixados na legislação. Entretanto, em 16/08/2013, a Recorrente entregou pedido de prorrogação de prazo para apresentação de novas provas, juntou o Laudo Médico pericial nº 299/2012, e justificou estar providenciando nova perícia médica que lhe demandaria mais tempo para a sua defesa. Transcrevo a seguir suas justificativas: (efl. 41) Assim, apesar da Contribuinte nomear sua petição como simples pedido de prorrogação de prazo, conheço da petição apresentada em 16/08/2013 como recurso voluntário e, como tal, tempestivo, e acato a documentação complementar juntada posteriormente a esta data. 1.2. DELIMITAÇÃO DA LIDE: A lide foi estabelecida a partir da rejeição do doc. efl. 06 como prova hábil para comprovar ser a Contribuinte portadora de moléstia grave dentre as listadas no art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713, de 1988. O documento apresentado não tem as características e os requisitos exigidos pelo art. 30 da Lei nº 9.250, de 1995. Fl. 65DF CARF MF 6 2. MÉRITO: A lei nº 9.250, de 1995, estabeleceu os requisitos para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 1998, a saber: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. § 2º Na relação das moléstias a que se refere o inciso XIV do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, fica incluída a fibrose cística (mucoviscidose). A Recorrente cita o art. 1º da Lei nº 11.052, de 2004, que assim dispõe: Art. 1º O inciso XIV do art. 6oda Lei no7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pela Lei no 8.541, de 23 de dezembro de 1992, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 6o............................................................................ ........................................................................................ XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; ......................................................................................." (NR) Assim, examinando o documento apresentado pela Contribuinte, a terceira Turma da DRJ em Salvador julgou improcedente a impugnação porque faltou ao documento apresentado as características de um laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios Em 16/08/2013, a Contribuinte apresenta o Laudo Médico Pericial nº 299/2012, da Secretaria da Administração do Estado da Bahia, datado de 23 de maio de 2012 que atesta que "a inspecionada é portadora de MONOPLEGIA DO MEMBRO SUPERIOR SECUNDÁRIO A SEQUELA DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL CID G 83.2, condição patológica que atende ao disposto na Lei 8541/1992, fazendo jus à Isenção de Imposto de Renda em Caráter Definitivo."(Destaque do original) Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10580.730840/201051 Acórdão n.º 2401004.584 S2C4T1 Fl. 64 7 Em 09/09/2016 a Contribuinte complementa as informações com os documentos de efls. 44 a 56: juntou laudo datado de 23/05/2012 onde consta declarado que a contribuinte "é portadora de monoplegia do membro superior secundário a sequela de acidente vascular cerebral." Apresentou ainda, efl. 47, Laudo Médico Pericial nº 2437/2009 que declara que a inspecionada é portadora de Hemiplegia Flácida CID G 81.0. Hemiplegia é a paralisia de todo um lado do corpo, conforme definição extraída de dicionário de termos utilizados em medicina: "Hemiplegia é um conceito que deriva da língua grega e que se usa no âmbito da medicina para evocar a paralisia de todo um lado do corpo. Isto significa que a pessoa que sofra de hemiplegia verá paralisada uma metade lateral do seu corpo." 1 É lícito concluir que a hemiplegia diagnosticada pelos laudos pode ser considerada uma paralisia irreversível e incapacitante como consta registrado no doc. efl.06. Apesar dos Laudos Médicos de efls. 42 e 47, documentos que atendem aos requisitos legais faltantes ao doc. efl. 06, não especificarem a data de início da doença, afirmam que a moléstia identificada foi "secundário a sequela de acidente vascular cerebral", ou seja, decorrente de sequelas de um AVC. Entretanto, extraise dos autos nos docs. efls. 06 e 49 que a Contribuinte foi acometida de um AVC isquêmico em 15/07/2008 e que esta doença provocou sequelas, a monoplegia do membro superior ou hemiplegia flácida. Superadas as condições formais dos laudos restou sem comprovação o termo inicial da enfermidade, uma vez que o exame clínico, mais antigo, ter sido realizado em 12 de novembro de 2009. Seria, portanto, inservível para comprovar o direito à isenção para o ano calendário de 2008, como requer a Contribuinte. Ocorre que, quando não há nos laudos, devidamente formalizados, a menção a data em que a doença foi contraída devese considerar como termo de início da cobertura isentiva, a data de emissão do laudo. No caso, o laudo mais antigo apresentado é datado de 12/11/2009, portanto, inservível para dar a isenção pretendida pela Recorrente relacionada ao anocalendário de 2008. Diante do exposto, conheço do recurso e, no mérito, nego provimento ao recurso. É como voto . (assinado digitalmente) Marcio de Lacerda Martins. 1 Pesquisa no google extraido do site conceito.de Fl. 67DF CARF MF 8 Voto Vencedor Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto – Redatora Designada Peço vênia para manifestarme de forma divergente do voto do nobre julgador. Segundo o i. Relator, é lícito concluir que a hemiplegia diagnosticada pelos laudos adunados aos autos, pode ser considerada uma paralisia irreversível e incapacitante como consta registrado no documento juntado à efl.06. No entanto, entendeu que restou sem comprovação o termo inicial da enfermidade, uma vez que o laudo mais antigo apresentado faz prova somente a partir de 12/11/2009, portanto, não se presta para dar a isenção pretendida pela Recorrente relacionada ao anocalendário de 2008. Discordo da conclusão firmada. É certo que ao beneficiário da isenção do imposto sobre a renda recai o ônus de comprovar o cumprimento dos requisitos legais para a sua fruição, quais sejam: (i) serem os rendimentos percebidos por portador de moléstia grave provenientes de aposentadoria, reforma, reserva ou pensão; (ii) ser a moléstia grave devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Quanto à prova hábil para comprovar ser a Contribuinte portadora de moléstia grave relativa ao anocalendário de 2008, cumpre observar que foram juntados os seguintes documentos: · Relatórios Médicos emitidos por serviço médico da Universidade Federal da Bahia – Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos (fl. 6) e pelo Instituto Baiano de estudos em neurologia (fl. 49), os quais comprovam que a Contribuinte foi acometida de um AVC isquêmico em 15/07/2008 e que esta doença provocou sequelas, a monoplegia do membro superior ou hemiplegia flácida; · Perícia Médica emitida por junta médica do Estado da Bahia, com a emissão do Laudo Médico Pericial da Secretaria da Administração do Estado da Bahia (fls. 46/47), através dos quais atestam ser a inspecionada é portadora de Hemiplegia Flácida CID G 81.0, Monoplegia do Membro Superior Secundário e sequela de Acidente Vascular Cerebral CID G 83.2, condição patológica que atende ao disposto na Lei nº 8.541/1992, fazendo jus à Isenção de Imposto de Renda em Caráter Definitivo; · Documentos anexados ao processo da Diretoria de administração dos benefícios Previdenciários, com a juntada de vários documentos (fls. 52/56), onde constam laudos e exames Médicos, em que resta comprovada a sua condição de portadora de moléstia grave isentiva, decorrente de sequelas de um AVC isquêmico desde 2008. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10580.730840/201051 Acórdão n.º 2401004.584 S2C4T1 Fl. 65 9 Assim sendo, levando em consideração todo o conjunto probatório acostado aos autos, em especial os laudos constantes às fls. 6 e 49, considero comprovado por documento hábil (art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/988), e, por conseguinte, atendidos os requisitos legais necessários para o gozo da isenção dos proventos de aposentadoria recebidos pela Recorrente, no calendário de 2008, nos termos do art. 30 da Lei nº 9.250, de 1995. Conclusão Por todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 69DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.724941/2012-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
VALOR PAGO EM AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N º 42.
Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-004.657
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Márcio de Lacerda Martins - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MARCIO DE LACERDA MARTINS
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NÃO INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N º 42. Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 49 41 /2 01 2- 12 Fl. 66DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 12448.724941/201212 Acórdão n.º 2401004.657 S2C4T1 Fl. 67 3 Relatório Da Notificação de Lançamento: (efls. 18 a 23) Apurouse a omissão de rendimentos tributáveis recebidos pela Contribuinte em virtude de ação judicial federal no valor de R$ 45.829,08, com retenção na fonte de R$ 1.374,87, conforme Dirf entregue pela Caixa Econômica Federal, efls. 43 a 44). Em virtude dessa infração, foi apurado o imposto de renda suplementar de R$ 6.656,07, acrescido de multa de ofício e juros de mora regulamentares, perfazendo o crédito total de R$ 12.328,37. A descrição dos fatos e o devido enquadramento legal constam da notificação acrescidos da informação: "Documentação apresentada insuficiente para identificar bem a finalidade da desapropriação impossibilitando verificar incidência ou não do imposto de renda." (v. efl. 20) Da Impugnação: (efls. 2 a 12 e 24 a 27) Inconformada, a procuradora do espólio da Interessada apresentou a impugnação de fls. 2 a 12, argumentando em síntese que os rendimentos recebidos referemse a desapropriação de terras por interesse público e assim sendo a verba recebida não está sujeita à tributação. Complementa a seguir, que foi retido 3% sobre o montante pago, e discorre que não incide a tributação de ganho de capital sobre bens sujeitos à “justa indenização”. Por fim, pede o integral acolhimento da impugnação de lançamento. Do Acórdão de Impugnação: (efls. 45 a 48) A 18ª Turma de julgamento da DRJRJ1, por meio do acórdão 1257.410, julgou improcedente a impugnação face à não comprovação de se tratar de desapropriação para fins de reforma agrária. Veja os trechos extraídos do voto condutor do acórdão, que sintetizam as fundamentações do aresto: "[...] A cópia do Diário Oficial D.O. (fl. 27) datado de agosto de 1957 por meio do Decreto nº 41.540 classifica sob a rubrica “Interesse Público” a desapropriação em pauta. Conseqüentemente, a fonte efetivamente recolhida em DARF e transmitida à RFB por meio da DIRF (cópia de fls. 43 e 44), enseja a imposição legal da apuração do imposto devido, tendo em vista não ter sido a indenização recebida decorrente de desapropriação para fins de reforma agrária. Ressaltese que a interessada na sua impugnação não demonstrou que se trata de rendimento isento, tampouco o poder judiciário quando da expedição do Alvará de fl. 24, determinou a isenção. [...] Fl. 68DF CARF MF 4 Sendo assim, considerando que não foram trazidos aos autos qualquer documentação que pudesse afastar a informação prestada em DIRF (fls. 43 e 44) aos sistemas da RFB, é de se manter a omissão de rendimentos apurada. Diante do todo exposto, VOTO pela IMPROCEDÊNCIA da impugnação mantendose o crédito tributário exigido" Do Recurso Voluntário: (efls. 54 a 59) Cientificada do acórdão de impugnação em 04/11/2014, efl. 50 e conforme atestado no doc. efl. 61, a Representante interpôs em 28/11/2014, o Recurso Voluntário alegando, em síntese: 1. que se trata de valor decorrente de desapropriação de terras por interesse público e reconhecidamente isento de imposto sobre a renda; 2. que por força do disposto no art. 19, V, da Lei nº 10.522/02 a RFB deve submeterse ao entendimento consignado pelo STJ no Recurso Especial nº 1.116.460/SP; 3. que o Recurso Especial nº 1.116.460/SP foi julgado na âmbito da sistemática instituída pelo art. 543C do CPC e, portanto, sua decisão deve ser reproduzida pelo CARF, por força do art. 62A do RICARF; 4. que a matéria consta consolidada em Súmula nº 42 do CARF. Requer o provimento do presente recurso, tornando insubsistente a Notificação de Lançamento. É o relatório. Fl. 69DF CARF MF Processo nº 12448.724941/201212 Acórdão n.º 2401004.657 S2C4T1 Fl. 68 5 Voto Conselheiro Marcio de Lacerda Martins Relator 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recurso Voluntário foi apresentado em 28/11/2014 após a ciência da Contribuinte do Acórdão de Impugnação ocorrida em 04/11/2014. Portanto, o recurso é tempestivo e deve ser conhecido. 2. DO MÉRITO A matéria discutida no presente processo está sumulada no âmbito deste Conselho a Súmula CARF nº 42: "Não incide o imposto sobre a renda das pessoas físicas sobre os valores recebidos a título de indenização por desapropriação." Portanto, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Fl. 70DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.002154/2002-96
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE.
Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI - TIPI.
Recurso Especial do Contribuinte Negado
Numero da decisão: 9303-004.418
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Júlio César Alves Ramos. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE. Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI TIPI. Recurso Especial do Contribuinte Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Júlio César Alves Ramos. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 21 54 /2 00 2- 96 Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência apresentado pelo contribuinte com fundamento no art. 67 do anexo II da Portaria MF nº 256/2009, antigo Regimento do CARF, contra o Acórdão nº 20403.477, de 08/10/2008, proferido pela Quarta Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes, o qual possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 CRÉDITO PRESUMIDO. EXPORTAÇÃO DE PRODUTO NT. Não se considera produtor, para fins fiscais, os estabelecimentos que confeccionam mercadorias constantes da TIPI com a notação NT. A condição sine qua non para a fruição do crédito presumido de 1PI é ser, para efeitos legais, produtor de produtos industrializados destinados ao exterior. Recurso voluntário negado. A recorrente é cooperativa de produção que requereu crédito presumido de IPI decorrente da exportação de café assim especificado em seu pedido: "café cru não descaf. em grão arábica", classificação fiscal 09.01.11.10, produto "NT" na Tabela de IPI TIPI. Em 17/10/2007, antes de proferir o acórdão recorrido, a 4ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por meio da Resolução nº 20400.491, determinou a realização de diligência com o intuito de que fosse esclarecido o processo produtivo do contribuinte. Tal feito foi atendido por meio do esclarecimentos de fls. 98/115. Em seu recurso especial, fls. 165/186, o contribuinte combate os argumentos da decisão recorrida. Afirma em síntese que a Lei nº 9.363/96 não restringiu o aproveitamento do crédito presumido do IPI às pessoas jurídicas contribuintes deste tributo ou que produza produtos tributados pelo IPI. Bastaria para tanto que a pessoa jurídica fosse produtora e praticasse qualquer das ações previstas no art. 3º do RIPI, o qual conceitua o processo de industrialização. O recurso especial foi admitido, por meio do despacho de fls. 202/203. Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou as contrarrazões de fls. 207/217. É o relatório. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Relator. O recurso especial do contribuinte é tempestivo e atende aos requisitos formais de admissibilidade. Em suas contrarrazões, a Fazenda Nacional defende o não conhecimento do recurso especial com base no art. 7º do RICARF que assim dispunha: §3º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das Câmaras que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes ou da Camara Superior de Recursos Fiscais, ou que na apreciação de matéria preliminar decida pela anulação da decisão de primeira instância. Afirmou que o CARF sedimentou entendimento a esse assunto nos termos da Súmula CARF nº 20, in verbis: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Equivocase a Fazenda Nacional. Esta súmula não foi a razão de decidir do acórdão recorrido e ela não foi editada utilizando precedentes que tratam da matéria "crédito presumido de IPI". Esta súmula é específica para os créditos básicos de IPI. São matérias de conteúdos bem distintos. O Acórdão paradigma apresentado, fls. 188/198, representa bem a divergência de interpretação e, portanto, o recurso especial do contribuinte deve ser conhecido. Porém, quanto ao mérito, entendo que não cabe razão ao recurso especial, devendo ser mantida a decisão recorrida. Tratase de matéria antiga no âmbito do contencioso administrativo e a controvérsia resumese em saber se há a possibilidade de aproveitamento de crédito presumido de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, na produção e exportação de produtos classificados na Tabela do IPI com notação "NT" (não tributados). Analisemos então o que consta da Lei nº 9.363/96 que instituiu o benefício do crédito presumido: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 5 4 intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (...) Art. 3º .... Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem. Nesse momento é importante destacar que a lei determinou o benefício para a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. Se quisesse abarcar todos os exportadores, não necessitaria de incluir a palavra produtora. Seria inócuo. E ao incluir a palavra produtora, determinou no parágrafo único do art. 3º que deve ser utilizado a legislação do IPI para a busca da definição do que se entende por produção. Como é sabido, a lei que trata de concessão de benefícios fiscais deve ter sua aplicação restritiva, com interpretação literal, para atingir somente os casos expressamente permitidos. É o que se extrai, por exemplo, do disposto da leitura do art. 111 do CTN. Sendo assim, a legislação do IPI não considera estabelecimento industrial, ou produtor, para fins do tributo, aqueles que produzem produtos que estão fora do seu campo de incidência. Veja como o Regulamento do IPI disciplina a matéria. Transcrevese abaixo artigos do RIPI/98 que era o vigente à época dos fatos, mas nada mudou a respeito deste assunto nos atuais regulamentos: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e DecretoLei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado) (Lei nº 9.493, de 10 de setembro de 1997, art. 13). (...) Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º). Do conjunto dessa leitura, concluise que os produtos "NT" (NÃO TRIBUTADOS) estão fora do conceito de produtos industrializados estabelecidos pela legislação do IPI. Assim, quem os produz, não são considerados estabelecimentos industriais para fins dessa legislação. Fl. 232DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 6 5 Assim vem entendendo este colegiado. Para um melhor entendimento transcrevo abaixo trecho de um voto do exConselheiro Henrique Pinheiro Torres proferido no Acórdão nº 20216.066: (...) A meu sentir, a posição mais consentânea com a norma legal é aquela pela exclusão dos valores correspondentes às exportações dos produtos não tributados (NT) pelo IPI, já que, nos termos do caput do art. 10 da Lei n° 9.363/1996, instituidora desse incentivo fiscal, o crédito é destinado, tãosomente, às empresas que satisfaçam, cumulativamente, dentre outras, a duas condições: a) ser produtora; b) ser exportadora. Isso porque os estabelecimentos processadores de produtos NT não são, para efeitos da legislação fiscal, considerados como produtor. Isso ocorre porque, as empresas que fazem produtos não sujeitos ao IPI, de acordo com a legislação fiscal, em relação a eles, não são consideradas como estabelecimentos produtores, pois, a teor do art. 3º da Lei nº 4.502/1964, considera se estabelecimento produtor todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto. Ora, como é de todos sabido, os produtos constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI com a notação NT (Não Tributados) estão fora do campo de incidência desse tributo federal. Por conseguinte, não estão sujeitos ao imposto. Ora, se nas operações relativas aos produtos não tributados a empresa não é considerada como produtora, não satisfaz, por conseguinte, a uma das condições a que está subordinado o beneficio em apreço, o de ser produtora. Por outro lado, não se pode perder de vista o escopo desse favor fiscal que é o de alavancar a exportação de produtos elaborados, e não a de produtos primários ou semielaborados. Para isso, o legislador concedeu o incentivo apenas aos produtores, aos industriais exportadores. Tanto é verdade, que, afora os produtoresexportadores, nenhum outro tipo de empresa foi agraciada com tal beneficio, nem mesmo as trading companies, reforçandose assim, o entendimento de que o favor fiscal em foco destinase, apenas, aos fabricantes de produtos tributados a serem exportados. Cabe ainda destacar que assim como ocorre com o crédito presumido, vários outros incentivos à exportação foram concedidos apenas a produtos tributados pelo IPI (ainda que sujeitos à aliquota zero ou isentos). Como exemplo podese citar o extinto créditoprêmio de IPI conferido ao industrial exportador, e o direito à manutenção e utilização do crédito referente a insumos empregados na fabricação de produtos exportados. Neste caso, a regra geral é que o beneficio alcança apenas a exportação de produtos tributados (sujeitos ao imposto); se se referir a NT, só haverá direito a crédito no caso de produtos relacionados pelo Ministro da Fazenda, como previsto no parágrafo único do art. 92 do RIPI/1982. Outro ponto a corroborar o posicionamento aqui defendido é a mudança trazida pela Medida Provisória nº 1.50816, consistente na inclusão de diversos produtos no campo de incidência do IPI, a exemplo dos frangos abatidos, cortados e embalados, que passaram de NT para alíquota zero. Essa mudança na tributação veio justamente para atender aos anseios dos exportadores, que puderam, então, usufruir do crédito presumido de IPI nas exportações desses produtos. Diante de todas essas razões, é de se reconhecer que os produtos exportados pela reclamante, por não estarem incluídos no campo de incidência do IPI, já que constam da tabela como NT (não tributado), não geram crédito presumido de IPI. Fl. 233DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 7 6 (...) Cumpre lembrar também recente decisão desta CSRF no Acórdão nº 9303 003.462, de 23/02/2016, relatoria do Presidente da 3ª Seção de Julgamento, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que ficou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/1999 IPI. CRÉDITOS. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). A exportação de produtos NT não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI, Lei nº 9.369/96, por não estarem os produtos dentro do campo de incidência do imposto. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Diante de tudo exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 234DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 8 7 Declaração de Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama No que tange ao mérito discutido no Colegiado, qual seja, se o sujeito passivo possui ou não direito ao crédito presumido de IPI decorrente da exportação de café – “café cru não descaf. em grão arábica” – classificação fiscal 09.01.11.10 –produto NT na Tabela de IPI – TIPI. A priori, importante trazer que o sujeito passivo é uma cooperativa de cafeicultores de produtores rurais. No caso em comento, o sujeito passivo havia formalizado requerimento de ressarcimento do crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, com base na Portaria MF 38/97. Depreendendose da análise dos autos do processo, é evidente se tratar de "estabelecimento industrial", pois, para a obtenção do produto final, o sujeito passivo observa os processos de industrialização e em seguida produz mercadorias que são destinadas ao mercado externo, aquecendo desta forma a economia nacional, é patente a configuração de atividade industrial. Dessa forma, importante analisar se a caracterização da pessoa jurídica requerente como estabelecimento industrial, à luz da legislação do IPI, poderia influir no direito ao incentivo fiscal. Para tanto, trago o art. 1º da Lei 9.363/96: “Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior.” Somente com a leitura desse dispositivo, é possível, a princípio, entender que a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, não circunscrevendo seu alcance aos produtos industrializados. Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 9 8 Não obstante, vêse que a Lei trouxe que, para a fruição do crédito presumido do IPI a dependência de as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem sejam utilizadas no processo produtivo. Nesse ínterim, vêse que a Lei 9.363/96, ao criar o mecanismo do crédito presumido para reduzir o impacto econômico da incidência das contribuições para o PIS e a COFINS considerou o processo de produtivo ou seja, a industrialização desses materiais, para fins de se produzir determinado produto a ser exportado. Vêse que o crédito presumido do IPI tem o escopo de ressarcir o contribuinte, do montante pago a título de PIS e COFINS, em todas as operações em que este adquiriu insumos, com o intuito de empregálos na produção de mercadorias exportadas. O dispositivo em referência trouxe efetivamente um benefício às empresas que industrializam produtos e os vendem para o mercado externo. E, ademais, notase que não condiciona tal fruição para produtos tributados pelo IPI. Ou seja, o crédito trazido pela Lei não delimita o alcance do benefício aos contribuintes do IPI. O crédito presumido do IPI incide sobre as aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para utilização no processo produtivo. Devendo tal crédito ser utilizado para ressarcimento das contribuições ao PIS e à Cofins devidas pelas empresas produtoras e exportadoras. O que, por conseguinte, resta concluir que, para fins de definição se o sujeito passivo possui direito ao crédito presumido de IPI, devese verificar se preenche os seguintes requisitos: · Ser produtora; · Ser exportadora daquela mercadoria nacional por ela produzida; · Ser contribuinte do PIS e da Cofins; · Adquirir no mercado interno matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para a produção da mercadoria a ser exportada. No caso em comento, analisando os autos do processo, é de se verificar que o produto objeto da industrialização é o“café cru não descaf. em grão arábica” – classificação fiscal 09.01.11.10 – produto NT na Tabela de IPI – TIPI. Para a fabricação desse produto NT, resta claro que o sujeito passivo com a disposição de vários procedimentos obtém com a industrialização o produto a ser exportado. Para melhor elucidar as etapas do processo de industrialização, importante trazer os seguintes esclarecimentos constantes dos autos do processo do sujeito passivo: “[...] Descrição minuciosa da forma em que o café é adquirido e qual o processo produtivo que passa para fins de exportação, descrevendo pormenorizadamente as Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 10 9 etapas desse processo até resultar no produto final exportável, diferenciandoo daquele ao adentrar no estabelecimento produtivo, Inicialmente cumpre ressaltar que todo o café adquirido é essencialmente puro não sofrendo qualquer beneficiamento anterior 6 entrada nos armazéns da COCATREL, quando da saída do produtor_ Sendo, portanto, todo o café adquiridoem grãos. Para elucidar melhor o processo até resultar no produto final exportável, o diferenciado daquele que adentrou ao estabelecimento, segue abaixo o caminho percorrido pelo café adquirido pela COCATREL em três etapas. 2. Como e em que medida os insumos são utilizados no curso do processo produtivo; A partir da entrada do café adquirido dos produtores são efetuados os testes de qualidade do café, o armazenamento e o beneficiamento do mesmo no maquinário. Não são utilizados outros insumos para preparação do café. Os mesmos são apenas armazenados em sacas (sacarias) onde aguardarão o momento da saída(venda). 3. Quem são os fornecedores dos insumos listados nos autos,apontando aqueles fornecidos por cooperativas e pessoas físicas,juntando os documentos fiscais de suas aquisições. Os fornecedores dos insumos (café) são os produtores de café da região de Três Pontas (associados). À época do presente processo administrativo os fornecedores do café eram especificamente pessoas físicas. Torrefação/empacotamento: Uma pequena parte do café é torrado, moído e empacotado para comercialização. Tratase de aproximadamente 0,05% do total de vendas de café da cooperativa. A COCATREL após a classificação dos grãos seleciona uma parte para que seja comercializado. Esses grãos, além de corresponderem aos grãos de maior qualidade (bebida dura) são beneficiados, ou seja, os mesmos são processados no maquinário. V — Na etapa seguinte os grãos são depositados em funis para que seja feito o ensacamento. 0 processo de beneficiamento no maquinário ocorre em três situações: • Definição estratégica do poder diretivo da COCATREL — devido a uma expectativa de alta de pregos e manutenção de grãos em alta qualidade de consumo (café exportação), são efetuados beneficiamentos rotineiros. • Solicitação do Produtor — Como o maquinário beneficia os grãos reduzindo os defeitos e proporcionando um melhor retorno financeiro, alguns produtores solicitam o beneficiamento na busca de maiores pregos do seu grão. Para esse trabalho de beneficiamento, a cooperativa cobra uma taxa de utilização do maquinário. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 11 10 • Solicitação do cliente — em alguns casos o cliente solicita um grão especifico de forma a apresentar um número limite de defeitos, um tamanho, cor, etc. Dessa forma, são feitos os beneficiamentos do café já em boa qualidade conforme a encomenda do cliente. No processo de beneficiamento existem umas saídas maquinário, as quais sugam o pó (resíduos) dos grãos. Esse pó é reutilizado como adubo nas plantações e são fornecidos aos produtores (fornecedores) pela COCATREL sem ônus. IV — Na finalização do processo de beneficiamento do café, os grãos são enviados das tulhas para a parte eletrônica, onde as máquinas selecionam os grãos por cor. III — A etapa seguinte é o peneirão onde é definido o tamanho do grão. Nessa etapa, por fundamentos estratégicos pode ser definido exatamente o tamanho do grão beneficiado através de regulagem do maquinário. Após essa separação no peneirão os grãos selecionados são levados as tulhas (compartimento onde se guardam grãos). Fase Intermediária Maquinário: A COCATREL possui um maquinário movido A energia elétrica que beneficia ocafé adquirido dos fornecedores (produtores). 0 maquinário possui cinco etapas onde o café a ser beneficiado será processado: I — É feito a estiva do café selecionado para o beneficiamento e alocado na moeda (nome dado ao condicionamento do café para a entrada no maquinário). Nessa fase são retiradas as impurezas (barbantes da sacaria e outros). II — Posteriormente o café passa por outro processo o são retiradas as palhas,pedras e também nesse momento são separados os os quebradiços e os resíduos. Posteriormente, os mesmos são ligados (misturados) resultando em um maior lotede café em grão de ótima qualidade pronto para a venda. [...] Terceira Etapa: Após a classificação do café pela amostra, são feitas ligas (misturasblend). Primeiramente, separamse os cafés de qualidade equivalente. Ou seja, aqueles que foram classificados em padrões próximos, referente à tipo de bebida, e quantidade de defeitos (impurezas, cor, aspecto). Posteriormente, misturase o café na xícara acabando com a borra para que seja feito o teste da bebida. Antes de fazer o teste da bebida, os provadores verificam o aroma em cada xícara para identificar possíveis impurezas ainda presentes que possam prejudicar o sabor da bebida. Com isso é identificado em qual padrão de bebida será classificado o café: Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 12 11 • Estritamente mole — gosto muito suave, sabor adocicado • Mole — gosto suave, adocicado • Dura — levemente ácido e adstringente, agradável • Riada — gosto ligeiramente químico, que lembra iodo • Rio — gosto mais acentuado que a bebida Riada • Rio zona — apresenta forte gosto químico das bebidas Riada e Rio Após a classificação inicial (numeração dos defeitos), as amostras são divididas em rodadas para o teste de bebida. No caso, as mesas de bebida comportam a base de 16 (dezesseis) testes a cada rodada.Nesse momento o café é torrado, moído — um pouco mais grosso que o normal para consumo, separado em xícaras com cerca de 10g (dez gramas) cada uma onde é colocada água fervendo da chaleira para que seja escaldado. Nos galpões da COCATREL existem áreas (quadras) especificas para o café certificado. Tratase de fazendas (produtores/fornecedores) que conquistaram a certificação da qualidade do café, em relação ao tratamento do plantio, colheita até a secagem dos grãos. Com isso, o café produzido nessas fazendas já sai com a qualidade de um bom café, com a tendência de bebida dura e consequentemente são mais valorizados no mercado. [...] São colhidas amostras de todas as sacas, independente da quantidade adquirida do produtor. Em um primeiro momento, essas amostras têm um intuito especifico de verificar se todo o café adquirido daquele produtor tem o mesmo padrão em todo o lote. Esse teste de padrão é feito imediatamente na entrada do café através do furo em todas as sacas. A partir da definição do padrão do café, se o mesmo deve ser dividido ou não, essas amostras são colhidas, colocadas em latinhas identificadas pelo lote, fornecedor e quantidade de sacas, lacradas e enviadas ao departamento de classificação de forma proporcional à quantidade de sacas daquele produtos, em relação ao padrão do café. [...]” Inegável, portanto, que para se obter o produto final – observase o processo de industrialização, devendose dar o direito ao crédito presumido do IPI, eis que observa todos os requisitos para a fruição desse benefício. Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10660.002154/200296 Acórdão n.º 9303004.418 CSRFT3 Fl. 13 12 Em vista do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 240DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720111/2015-39
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.995
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 01 11 /2 01 5- 39 Fl. 304DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 305DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 307DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 308DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 309DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 310DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 311DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 16682.720111/201539 Acórdão n.º 9202004.995 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 313DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.908435/2011-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009
CRÉDITO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC. OPOSIÇÃO ESTATAL.
A resistência ilegítima, oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não-cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), sendo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009).
Nos pedidos de ressarcimento para utilização em declaração de compensação, de forma diferente do que ocorre com pedidos de ressarcimento em espécie, não há que se falar em aplicação da taxa SELIC.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.358
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, sendo que os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl acompanharam pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO. SELIC. Recorrente PROCOLOR QUÍMICA INDUSTRIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 CRÉDITO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC. OPOSIÇÃO ESTATAL. A resistência ilegítima, oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da nãocumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), sendo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009). Nos pedidos de ressarcimento para utilização em declaração de compensação, de forma diferente do que ocorre com pedidos de ressarcimento em espécie, não há que se falar em aplicação da taxa SELIC. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, sendo que os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl acompanharam pelas conclusões. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 84 35 /2 01 1- 31 Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP cujo direito creditório utilizado na compensação é oriundo de saldo credor do IPI referente ao período de apuração de 01/04/2009 a 30/06/2009. Conforme despacho decisório exarado pelo Seort/DRF/Osasco, apesar de o crédito alegado pela Recorrente ter sido integralmente reconhecido (pelo valor original do saldo credor solicitado em ressarcimento PER), parte das compensações declaradas não foi homologada, pois o montante dos débitos informados para compensação, vinculados ao saldo credor do período de apuração sob análise, superou o valor do crédito solicitado e reconhecido. Após ser intimada, a ora Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto por intermédio do Acórdão 14053.015, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 NULIDADES. As causas de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal são somente aquelas elencadas na legislação de regência. O Despacho Decisório devidamente fundamentado é regularmente válido. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. JUROS SELIC. É incabível, por falta de previsão legal, a atualização monetária dos valores objeto de pedido de ressarcimento de créditos do IPI. Dessa decisão, a ora Recorrente foi intimada no dia 16/10/2014, apresentando tempestivo Recurso Voluntário no dia 14/11/2014, pelo qual requereu a reforma do acórdão recorrido, "para o fim de reconhecer e deferir o direito de correção monetária dos créditos de IPI, pois deixaram de ser escriturais, bem como aplicar a taxa SELIC, com a posterior homologação das compensações na integralidade", com base nos seguintes argumentos: (i) nulidade da decisão que não reconheceu o direito de crédito da Recorrente, por falta de fundamentação e por não ter intimado a Recorrente para esclarecer os motivos de ter pleiteado o ressarcimento; (ii) aplicação da correção monetária pela utilização da taxa SELIC em créditos objeto de pedidos de ressarcimento junto a Receita Federal. É o relatório. Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.340, de 25 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10882.908423/201114, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.340): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, de modo que dele tomo conhecimento. Como relatado, a interposição do Recurso Voluntário pelo contribuinte coloca duas matérias para exame desse Colegiado: (i) nulidade da decisão que não reconheceu o direito creditório da Recorrente; e (ii) aplicação da Taxa Selic para atualização de crédito básico de IPI em pedidos de ressarcimento. Nulidade O Recorrente defende a nulidade da decisão que não homologou as compensações declaradas e indeferiu o pedido de ressarcimento, alegando que a fundamentação da decisão não é adequada, pois não permite à Recorrente conhecer os seus motivos, e que não foi intimada para esclarecer aspectos do pedido de ressarcimento por ela realizado, o que seria determinado à autoridade fiscal pelo artigo 65 da Instrução Normativa nº 900/2008. Esse argumento foi rejeitado pela decisão recorrida, pelas seguintes razões: "De plano não constato qualquer irregularidade que possa acarretar a nulidade do Despacho Decisório, claramente foi demonstrado no Despacho Decisório (Divergências na Compensação) que o direito creditório oferecido e reconhecido era inferior ao montante de débitos que a interessada quer compensar. (...) Pois bem, atendendo ao princípio da eficiência, as PERDCOMPs são processadas eletronicamente visando atender ao contribuinte agilmente e, para atingir tal fim, a busca da certeza e liquidez do crédito se dá, num primeiro momento, pelo cruzamento das informações prestadas pelo próprio interessado à SRF, ou seja, confrontandose o direito creditório pedido com os dados fornecidos pelo interessado na PERDCOMP. Ou seja, a verificação da certeza e liquidez do direito creditório alegado pelo contribuinte, que nada mais é que o estrito cumprimento da lei e a obediência ao princípio da verdade material, baseiase nas obrigações acessórias realizadas pelo próprio". Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 5 4 No que se refere à fundamentação inadequada do despacho decisório eletrônico que, segundo a Recorrente, não permitiria o pleno conhecimento dos motivos para o indeferimento total do seu pleito, com os prejuízos daí decorrentes para o exercício regular de sua defesa, não vejo como acompanhar a Recorrente. Apesar de o despacho decisório de fls. 75 ser bem objetivo, pelo seu exame, é possível a compreensão dos motivos que levaram à decisão: a Recorrente apurou determinado saldo credor de IPI em seus livros e pleiteou o ressarcimento, que foi deferido até o exato montante do crédito por ela apurado e solicitado, sendo indeferido pelo despacho decisório a compensação de débitos, assim como um pedido de ressarcimento, em montante superior ao crédito solicitado. Desse modo, estando devidamente fundamentada, não há que se falar em prejuízo à defesa da Recorrente que, conhecendo os motivos do indeferimento, apresentou defesa explicando que a divergência entre crédito e débito se deu pela não aplicação da taxa SELIC nos créditos básicos de IPI objeto de ressarcimento que, uma vez, aplicados, segundo a Recorrente, permitiriam a validação de todas as compensações vinculadas ao crédito de IPI. Não há, portanto, qualquer violação ao artigo 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/1972, a ensejar a decretação de nulidade da decisão. Com relação à necessidade de intimação da Recorrente antes de qualquer decisão indeferindo o seu direito creditório, oportuno citar o dispositivo invocado pela Recorrente, que tem a seguinte redação: "Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas". (Instrução Normativa RFB nº 900/2008) Pela leitura do dispositivo, entendo que se trata de um direito da autoridade fiscal, que pode ser exercido ou não, não podendo ser encarado tal dispositivo como uma obrigação da autoridade fiscal de intimar o contribuinte antes de toda e qualquer análise de pedidos de reconhecimento de direito de crédito. A Receita Federal poderá, nas hipóteses em que entender cabível, intimar o contribuinte para apresentar esclarecimentos ou realizar diligências adicionais, para fim de confirmar a existência do direito de crédito pleiteado. Por conseguinte, a ausência de intimação da Recorrente antes do não reconhecimento de crédito por ela pleiteado não implica nulidade da decisão tomada nesse sentido, motivo pelo qual proponho ao Colegiado rejeitar a nulidade também por esse segundo fundamento. Aplicação da Taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento de crédito de IPI A Recorrente alega que, se aplicada a correção monetária pela taxa SELIC no saldo credor, as compensações declaradas teriam sido homologadas, não havendo qualquer valor a ser cobrado pela Receita Federal. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 6 5 Para tanto, invoca como fundamento o artigo 153, parágrafo 3º, inciso II, da Carta da República, artigo 49 do Código Tributário Nacional ("CTN"), artigo 11 da Lei nº 9.779/1999, afirmando que, na hipótese de ressarcimento e/ou compensação, "o crédito de IPI deixa de ser crédito escritural e passa a ser um crédito oponível à União Federal para restituição ou compensação, do qual deverá sofrer a incidência da correção monetária, como qualquer outro crédito passível de restituição/compensação". Além disso, defende a Recorrente que "será totalmente inócua a utilização de valores de créditos sem a cobertura do desgaste inflacionário, ou seja, a devida correção monetária entre o período em que houve o acúmulo do crédito até o momento da utilização, sob pena de enriquecimento ilícito por parte da União Federal", afirmando ser aplicável a taxa SELIC que é a mesma que é aplicada pelo Fisco na correção de seus créditos. A decisão recorrida rejeitou esse argumento da Recorrente, fazendo a distinção entre os casos de ressarcimento de IPI e restituição, conforme a seguir: "(...) a atualização monetária não é aplicável à hipótese vertente, isto é, de crédito escritural suscetível de ressarcimento, pois a norma do art. 66, § 3º da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, e alterações, conforme orientação interna transmitida pelo Boletim Central nº 46, de 25 de março de 1992, abarca tãosomente as hipóteses de atualização monetária referentes à restituição, nos casos em que menciona". Ademais, a decisão recorrida fundamenta a impossibilidade de correção monetária no ressarcimento de IPI, com base em normas infra legais como o artigo 38, § 2º, da IN SRF nº 210, de 2002; e artigo 51, § 5º, da IN SRF nº 460, de 2004, sucedida pelo artigo 52 da IN SRF nº 600, de 2005; artigo 72, § 5º, da IN RFB nº 900/2008 e alterações posteriores, manifestandose ainda pela impossibilidade de correção de créditos escriturais de IPI. Sobre o tema, pedido de atualização pela SELIC de valores objeto do pedido de ressarcimento de IPI, oportuno mencionar que já foi pacificado pelo e. Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do Recurso Especial nº 1.035.847 RS, de relatoria do Ministro Luiz Fux, cujo acórdão foi submetido ao regime de recursos repetitivos do artigo 543C, do CPC. Essa decisão teve a seguinte ementa: "PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 7 6 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008". (REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009) Em julgados mais recentes, o STJ deixou claro que (i) a atualização dos pedidos de ressarcimento de IPI aplicase também aos processos administrativos iniciados antes da vigência da Lei nº 11.457/2007, que estipula em seu artigo 24 que os pedidos administrativos deveriam ser apreciados dentro do prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias1; e (ii) o termo inicial para aplicação da SELIC, índice a ser adotado a partir de 1996, é a data de protocolo do pedido de ressarcimento. Nesse sentido, podese citar o precedente abaixo, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques: "TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PEDIDO ADMINISTRATIVO DE RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS DE IPI. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. PROTOCOLO DOS PEDIDOS ADMINISTRATIVOS DE RESSARCIMENTO. 1. Em que pese o julgamento do Recurso Representativo da Controvérsia REsp. n. 1.138.206/RS (Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9.8.2010), onde se definiu que o art. 24 da Lei 11.457/2007 se aplica também para os feitos inaugurados antes de sua vigência, o prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias para o fim do procedimento de ressarcimento não pode ser confundindo com o termo inicial da correção monetária e juros SELIC. "Quanto ao termo inicial da correção monetária, este deve ser coincidente com o termo inicial da mora. Usualmente, tenho conferido o direito à correção monetária a partir da data em que os créditos poderiam ter sido aproveitados e não o foram em virtude da ilegalidade perpetrada pelo Fisco. Nesses casos, o termo inicial se dá com o protocolo dos pedidos administrativos de ressarcimento" (EAg nº 1.220.942/SP, 1 Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 8 7 Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10.04.2013). 2. Agravo regimental não provido". (AgRg no REsp 1554806/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe 05/11/2015) O assunto já foi, inclusive, apreciado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, que, em recente julgado2, negou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, pois "especificamente no presente caso, verificase que houve oposição estatal, mas, ou seja, o pedido de ressarcimento de créditos escriturais de IPI foi expressamente rejeitado pela autoridade competente (despacho decisório de fls. 480 a 499), o que ocasionou, portanto, oposição injustificada a impedir o gozo do direito. Existindo oposição estatal injustificada, há incidência de atualização pela SELIC do crédito de IPI". Esse posicionamento decorre da distinção entre créditos escriturais de IPI e créditos não escriturais. Os créditos escriturais, ou seja, aqueles recebidos e inseridos na escrita fiscal da empresa em um período de apuração para efeito de dedução dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos industrializados em períodos de apuração subseqüentes, não são passíveis de atualização, por ausência de previsão legal. Situação distinta ocorre com os créditos escriturais que passam a ser objeto de pedido de ressarcimento, em razão da impossibilidade de serem utilizados na dedução de débitos de IPI, quando as saídas estão sujeitas à alíquota zero ou à isenção, ou quando a diferença entre o volume de créditos e débitos resulta na acumulação de saldo credor. Nessa hipótese, tais créditos deixam de ser escriturais e passam a ser um direito de crédito do contribuinte contra o Fisco, que deve ser atualizado, desde o protocolo do pedido, pois, caso contrário, haveria um enriquecimento sem causa do Fisco. É que, nessas hipóteses, em que há "pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza a chamada "resistência ilegítima" (REsp 1216129/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 15/03/2011), a atrair a aplicação da Súmula STJ nº 411, com a seguinte redação: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco". Oportuno destacar que a resistência ilegítima fica caracterizada pelo reconhecimento do pedido, com mora, porém, em valor histórico, o que gera uma defasagem no valor do crédito a ser recebido pelo contribuinte, não havendo que se esperar determinado lapso de tempo na apreciação do pedido para que a mora fique caracterizada. 2 Processo nº 13678.000141/0076; Acórdão nº 9303003.253; 3ª Turma; Sessão de 03 de fevereiro de 2015; Matéria TAXA SELIC; Recorrente FAZENDA NACIONAL. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 9 8 A respeito, merece destaque a doutrina de Eduardo Domingos Bottallo3, ao tratar da correção monetária nos pedidos de restituição, mas que, pelos mesmos fundamentos, entendo se aplicar aos casos de pedidos de ressarcimento: "A ausência de correção monetária nas obrigações pecuniárias em geral, inclusive, as de índole tributária, acarreta enriquecimento ilícito do devedor, ao que se soma, quando se trata do Poder Público, verdadeiro confisco. Ao revés, sua incidência não configura aumento patrimonial, porém simples mecanismo tendente a retratar, em unidades monetárias atuais, o valor representado por uma quantia identificada no passado. Na antiga lição de Amílcar de Araújo Falcão, ela é a técnica pelo direito consagrada de traduziremse em termos de idêntico poder aquisitivo, quantias ou valores que, fixados pro tempore, se apresentam expressos em moeda sujeita à depreciação. (...) Portanto, se os débitos fiscais ficam sujeitos a atualização monetária a partir do momento que devem ser satisfeitos, o mesmo há de ocorrer com os créditos dos contribuintes, até por força da analogia (ubi eadem ratio, ibi eadem juris dipositio), e da própria regra de isonomia que deve orientar as ações do Poder Público em seu relacionamento com a sociedade: "mais do que ninguém, o administrador público tem o dever de probidade e de seriedade no trato com a coisa pública. Em conseqüência, não pode pensar em não pagar a correção monetária de seus débitos, sob pena de se beneficiar indevidamente com o atraso no pagamento". Como se verifica, se o contribuinte deixa de adimplir sua obrigação tributária dentro do prazo de vencimento está sujeito ao recolhimento do tributo com a aplicação da SELIC, correta a aplicação do mesmo índice para atualização do crédito detido pelo contribuinte contra a Fazenda, pago no âmbito de pedidos de ressarcimento de IPI. Ademais, o artigo 11, da Lei nº 9.779/1999 prevê que o saldo credor do IPI "poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996", que são as normas que tratam da compensação e restituição de tributos federais. Por sua vez, o artigo 39, § 4º, da Lei nº 9.250/1995, estabelece que "§ 4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada". Desse modo, se a aplicação da SELIC aos pedidos de ressarcimento de IPI já não tivesse fundamento no princípio da isonomia e no que veda o enriquecimento sem causa, a própria remissão do artigo 11, da Lei nº 9.779/1999 às normas que tratam de restituição e compensação seria fundamento legal suficiente ao seu reconhecimento. 3 Bottalo, Eduardo Domingos. "Fundamentos do IPI". São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. 2002. p. 136137. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 10 9 Contudo, em que pese ter razão, em tese, o Recorrente quando defende a possibilidade de aplicação da taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento, em seu caso concreto, fixado o entendimento de que a taxa SELIC deve ser aplicada desde a data de protocolo do pedido até o efetivo pagamento do ressarcimento pela Receita Federal, o pedido do Recorrente não merece prosperar. É que no caso da Recorrente não se trata de pedido de ressarcimento em espécie, mas de pedido de ressarcimento para utilização em declarações de compensação contemporâneas ao pedido de ressarcimento. Ora, nesse caso, não há que se falar em oposição injustificada da Receita Federal, pois o valor objeto de ressarcimento é utilizado no exato momento da apresentação do pedido. Em conseqüência, não há qualquer justificativa para a aplicação da taxa SELIC. E, se a Recorrente pretendia a aplicação da taxa SELIC desde a data da escrituração dos créditos nos livros fiscais até a data de apresentação do pedido de ressarcimento, o que não se depreende da defesa apresentada, tratarseia, de qualquer modo, de aplicação da taxa SELIC sobre o crédito escritural de IPI, o que é vedado, por ausência de previsão legal, como já exposto nas linhas acima. Ante o exposto, embora tenha o entendimento pela aplicação da taxa SELIC nos pedidos de ressarcimento de crédito de IPI, penso que esse entendimento não se aplica ao caso concreto, que trata de declaração de compensação contemporânea ao pedido de ressarcimento, motivo pelo qual voto pelo não provimento do Recurso Voluntário." Deixase de transcrever a íntegra da declaração de voto apresentada pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira por ter sido apresentada no Acórdão 3401003.340 (processo paradigma), e por não ser essencial à solução do presente litígio. Transcrevese, tão somente, o seguinte fragmento da declaração de voto, que resume o entendimento do Conselheiro sobre a questão: "Data vênia do entendimento esposado pelo ilustre relator, a jurisprudência que acomete a atualização SELIC para o ressarcimento do IPI é justificada pela resistência da administração em reconhecer o direito creditório e efetivar o ressarcimento. Mas ela não acolhe a SELIC para os casos em que não se configure essa resistência da administração fazendária. Vejamos trecho das ementas dos citados julgados: (...) Além disso, a contribuinte aproveitou o crédito do ressarcimento do IPI imediatamente por meio de declaração de compensação, não havendo oposição por parte da administração tributária para essa compensação, nem postergação do aproveitamento do crédito por parte da contribuinte. Não houve desrespeito ao prazo de 360 dias posto pela Lei 11.457 de 2007. Não há que se falar em resistência da administração ao caso de modo a se justificar aplicar o entendimento jurisprudencial. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10882.908435/201131 Acórdão n.º 3401003.358 S3C4T1 Fl. 11 10 O texto do artigo 24 da Lei n. 11.457, de 2007, invocado pela contribuinte, não a socorre. Além do fato que o prazo de 360 dias não foi desrespeitado, a simples leitura desse artigo afasta a proposição da contribuinte de que o descumprimento do prazo máximo para a autoridade administrativa decidir implicaria em reconhecimento do seu direito. Essa é uma interpretação equivocada. Basta ler o artigo citado para se ver, indubitavelmente, que esse texto não autoriza a aplicação da taxa SELIC aos casos de ressarcimento." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 135DF CARF MF
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Numero do processo: 14041.001397/2007-60
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2006
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.950
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 13 97 /2 00 7- 60 Fl. 376DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 378DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 379DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 380DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 381DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 383DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 384DF CARF MF Processo nº 14041.001397/200760 Acórdão n.º 9202004.950 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 385DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10552.000634/2007-54
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 27/11/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OMISSÃO EM GFIP. PERÍODO ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I DO CTN.
Nos Autos de Infração de Obrigação Acessória não há que se falar em recolhimento antecipado, devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN.
Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.229
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial para afastar a decadência da competência 12/2000 e que a retroatividade benigna seja aplicada de acordo com a portaria PGFN/RFB 14/2009, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe deu provimento parcial em menor extensão.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OMISSÃO EM GFIP. PERÍODO ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I DO CTN. Nos Autos de Infração de Obrigação Acessória não há que se falar em recolhimento antecipado, devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN. Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 55 2. 00 06 34 /2 00 7- 54 Fl. 197DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial para afastar a decadência da competência 12/2000 e que a retroatividade benigna seja aplicada de acordo com a portaria PGFN/RFB 14/2009, vencido o conselheiro Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), que lhe deu provimento parcial em menor extensão. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10552.000634/200754 Acórdão n.º 9202005.229 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.049.7139, lavrado contra o contribuinte identificado acima, em decorrência do descumprimento da obrigação acessória de Fundamento Legal 68 (apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias) nas competências 02/2000 a 09/2006. Conforme informações contidas no relatório fiscal (fls. 12/19), o autuado declarou em GFIP, durante o procedimento fiscal, os fatos geradores da folha de pagamento relativa ao 13º salário de 2005 e a remuneração do prólabore, relativa às competências 01/2006 a 08/2006 e que, até a lavratura do Auto de Infração, deixou de declarar em GFIP o valor relativo à aquisição de produtos rurais, diretamente de produtor rural pessoa física; o valor da comercialização da produção da agroindústria; os valores pagos à cooperativa de trabalho UNIMED Nordeste RS; os valores pagos a segurados contribuintes individuais que lhe prestaram serviços; valores pagos a segurados contribuintes individuais por serviços prestados em reflorestamento e valores pagos a diretores a título de previdência privada; que integram sua remuneração por não beneficiarem a todos os empregados e diretores. O "Relatório Fiscal da Infração" registra a inexistência de circunstâncias agravantes descritas no art. 290 do RPS Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Pela infração incorrida, foi aplicada a multa prevista no §5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.528/97, correspondente a 100% das contribuições devidas à seguridade social e não declaradas, observado o limite máximo, por competência, estabelecido no §4° do mesmo artigo. Para a verificação deste limite máximo mensal, foi considerado o menor valor previsto no art. 92 da Lei nº 8.212/91, correspondente a R$ 1.156,83, na data da autuação, atualizado na forma do art. 373 do RPS, pela Portaria MPS n° 342, de 16/08/2006, D.O.U. de 17/08/2006. A "Tabela de Apuração do Valor da Multa", às fls. 21/24, entregue ao autuado em conjunto com o lançamento, demonstra, por competência, o valor das contribuições não declaradas em GFIP, o limite mensal da multa e a multa aplicada, da qual foram excluídos os valores a que o contribuinte tem direito à atenuação de 50%, prevista no art. 292, V do RPS, em decorrência da apresentação de parte das GFIP’s no curso da ação fiscal. A multa totalizou R$ 110.213,41 (cento e dez mil, duzentos e treze reais e quarenta e um centavos). A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS julgado o lançamento procedente, mantendo o crédito tributário. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 14/04/2011, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301001.982 (fls. 128/133), com o seguinte resultado: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para excluir, devido à regra decadencial expressa no Inciso I, art. 173 do CTN, as contribuições apuradas até 12/2000, anteriores a 01/2001, nos termos do voto da Relatora; b) em negar provimento às demais alegações apresentadas pela Recorrente, nos termos do voto da Relatora; II) por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, no mérito, para aplicar ao cálculo da multa o art. 32A, da Lei 8.212/91, caso este Fl. 199DF CARF MF 4 seja mais benéfico à Recorrente, nos termos do voto do Redator designado”. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/02/2000 a 30/09/2006 DECADÊNCIA De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Para os lançamentos de ofício, como é o caso do Auto de Infração, aplicase, a regra contida no art. 173 do Código Tributário Nacional. APRESENTAÇÃO DE GFIP/GRFP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Toda empresa está obrigada a informar, por intermédio de GFIP/GRFP, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária. RETROATIVIDADE BENIGNA. OMISSÕES E INEXATIDÕES NA GFIP. LEI 11.941/2009. REDUÇÃO DA MULTA. As multas por omissões ou inexatidões na GFIP foram alteradas pela Lei 11.949/2009 de modo a, possivelmente, beneficiar o infrator, conforme consta do art. 32A da Lei n º 8.212/1991. Conforme previsto no art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 27/10/2011 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 07/12/2011, o presente Recurso Especial. Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação aos seguintes aspectos: a) correta interpretação da contagem do prazo decadencial, de acordo com o art. 173, I, do CTN e b) retroatividade benigna Obrigação Acessória. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 332/2013, da 3ª Câmara, de 07/08/2014. · O recorrente traz como alegações, em relação ao item “a” correta interpretação da contagem do prazo decadencial, de acordo com o art. Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10552.000634/200754 Acórdão n.º 9202005.229 CSRFT2 Fl. 4 5 173, I, do CTN, que o termo inicial da decadência, segundo o dispositivo legal acima citado, corresponde ao primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, e não ao primeiro dia do exercício seguinte ao do fato gerador, uma vez que a contagem da decadência, de acordo com o citado dispositivo legal do CTN, deve seguir a sua literalidade, por ser esta a jurisprudência reiterada do STJ. Acrescenta que a Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no julgamento do Processo nº 10805.000649/200451, alterou o entendimento firmado no passado, para assentar que o termo inicial da decadência, de acordo com o art. 173, I, do CTN, é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado (literalidade do CTN), fundamentandose na existência de precedente do STJ. · Em relação ao item “b” retroatividade benigna obrigação acessória, o recorrente requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Cientificado do Acórdão nº 2301001.982, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 15/08/2014, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 201DF CARF MF 6 Voto O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 188. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Do mérito As questão objeto do recurso referemse, resumidamente, a regra para aferição da decadência quinquenal, bem como, a retroatividade benigna quanto à natureza das multas aplicadas nos autos de infração de contribuições previdenciárias após a MP 449/2008, convertida na lei nº 11.941/2009. Da decadência Quanto ao acatamento da preliminar referente ao prazo de decadência para o fisco constituir os créditos objeto desta NFLD/AIOP, antes mesmo de apreciar a correta aplicação da regra decadencial no acórdão recorrido, passemos a considerações acerca do tema. No Acórdão de Recurso Voluntário, fls. 924, o Colegiado, por unanimidade de votos, acordaram em dar provimento parcial no que diz respeito a decadência, pautados na regra do art.. 173, I do CTN, excluindo as contribuições até a competência 12/1999, inclusive. A tese adotado pelo acórdão condutor foi no seguinte sentido: Da leitura do dispositivo constitucional acima, concluise que a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por conseqüência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. Ademais, no termos do artigo 64B da Lei 9.784/99, com a redação dada pela Lei 11.417/06, as autoridades administrativas devem se adequar ao entendimento do STF, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. [...] O STJ pacificou o entendimento de que nos casos de lançamento em que o sujeito passivo antecipa parte do pagamento da contribuição, aplicase o prazo previsto no § 4º do art. 150 do CTN, ou seja, o prazo de cinco anos passa a contar da ocorrência do fato gerador, uma vez que resta caracterizado o lançamento por homologação. Entretanto, o caso em tela se trata de Auto de Infração, ou seja, de lançamento de ofício, para o qual se a aplica o disposto no art. 173 do Código Tributário Nacional, transcrito a seguir: [...] O Auto de Infração foi lavrado em 27/11/2006, e sua cientificação ao sujeito passivo se deu na mesma data. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10552.000634/200754 Acórdão n.º 9202005.229 CSRFT2 Fl. 5 7 Em que pese o entendimento desta Conselheira de que, para a competência 12/2000, o tributo poderia ter sido recolhido em 01/2001, iniciandose a contagem do prazo em 01/01/2002, que é o primeiro dia do exercício seguinte àquele que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos temos do dispositivo legal transcrito acima, deixo de aplicálo tendo em vista o disposto no art. 62A, do Regimento deste CARF, que obriga a todos os Conselheiros reproduzir as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STJ, julgados na sistemática do art.543C. Dessa forma, considerando o exposto acima e considerando que o STJ julgou, em maio de 2009, o Recurso Especial 973.933 – SC como recurso repetitivo, constatase que se operara a decadência do direito de constituição do crédito para as competências anteriores a 12/2000, inclusive. Ou seja a única matéria submetida a nova apreciação é em relação a decadência do art, 173, I do CTN para competência dezembro. Nesse sentido, entendo que o próprio voto do relator do acórdão recorrido esclarece como se dá a aplicação para regras decadenciais, apenas deixando de aplicar sua tese, por entender que o art. 62_a do RICARF em conjunto com o repetitivo do STJ tratavam a matéria de forma diferente. Contudo, não entendo ter sido a interpretação adotado no acórdão a a dada ao dispositivo pelo STJ. A decadência a luz do art. 173, I do CTN será computada para competência dezembro do primeiro dia do exercício seguinte ao do vencimento da obrigação, no caso janeiro. Esse é o entendimento majoritário adotado pelo CARF, tanto que foi publicada súmula esclarecendo a questão. Súmula CARF nº 101 : Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, considerando que a competência 12/2000, somente terá seu prazo decadencial iniciado em 01/1/2002, deverá ser restabelecido o lançamento para essa competência. Aplicação da multa retroatividade benigna Quanto ao questionamento sobre a multa aplicada, a qual deseja o recorrente ver reformado o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, entendo que razão assiste ao recorrente. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Fl. 203DF CARF MF 8 Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10552.000634/200754 Acórdão n.º 9202005.229 CSRFT2 Fl. 6 9 respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e Fl. 205DF CARF MF 10 II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10552.000634/200754 Acórdão n.º 9202005.229 CSRFT2 Fl. 7 11 as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas Fl. 207DF CARF MF 12 competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10552.000634/200754 Acórdão n.º 9202005.229 CSRFT2 Fl. 8 13 § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Conclusão Fl. 209DF CARF MF 14 Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para: (1) seja afastada a decadência da competência 12/2000, e, (2) que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 210DF CARF MF
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Numero do processo: 15165.003462/2008-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade local da RFB: (a) verifique e fundamente a regularidade da ciência a respeito da decisão de piso dada a sujeitos passivos para os quais não se instaurou o contencioso, pela ausência de apresentação de impugnação; (b) verifique e fundamente a afirmação de que foram tempestivos os recursos voluntários apresentados por pessoas que sequer apresentaram impugnação (fl. 4994); (c) ateste, ao tempo da ciência da autuação e da ciência da decisão de piso, com registro histórico e telas de amparo, qual(is) eram os CPF válidos de Marco Antonio Mansur Filho, e os endereços cadastrais vigentes informados à RFB, para cada CPF; (d) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que efetivamente foram obtidos em ação fiscal autônoma, independente da realizada no bojo da Operação Dilúvio; e (e) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que poderiam ser obtidos pela fiscalização diretamente, dentro de suas competências, sem necessidade de autorização judicial. Declarou suspeição o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira.
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que a unidade local da RFB: (a) verifique e fundamente a regularidade da ciência a respeito da decisão de piso dada a sujeitos passivos para os quais não se instaurou o contencioso, pela ausência de apresentação de impugnação; (b) verifique e fundamente a afirmação de que foram tempestivos os recursos voluntários apresentados por pessoas que sequer apresentaram impugnação (fl. 4994); (c) ateste, ao tempo da ciência da autuação e da ciência da decisão de piso, com registro histórico e telas de amparo, qual(is) eram os CPF válidos de Marco Antonio Mansur Filho, e os endereços cadastrais vigentes informados à RFB, para cada CPF; (d) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que efetivamente foram obtidos em ação fiscal autônoma, independente da realizada no bojo da “Operação Dilúvio”; e (e) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que poderiam ser obtidos pela fiscalização diretamente, dentro de suas competências, sem necessidade de autorização judicial. Declarou suspeição o Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 51 65 .0 03 46 2/ 20 08 -3 9 Fl. 10371DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.372 2 Relatório Versa o presente sobre os Autos de Infração de fls. 4 a 721, para exigência de imposto de importação (no valor original de R$ 161.188,72), acrescido de juros de multa de ofício majorada (150% da diferença de tributo), e de multa pela diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado (100% da diferença de valor, totalizando R$ 3.067.519,54), em função de detecção de subfaturamento, em sete declarações de importação registradas em 2005 (DI no 05/00555464 – adições 001 a 005; DI no 05/00646915 adições 001, 005, 009, 013, 014, 016 e 017; DI no 05/00897721 adições 005 a 010 e 013, 017 e 018; DI no 05/01134730 – adições 001, 002, 004 a 007, e 010 a 012; DI no 05/01459647 adições 001 e 003; DI no 05/01528819 – adições 001 a 004; e DI no 05/01758270 adições 002, 004 e 006); de imposto sobre produtos industrializados incidente nas mesmas importações (no valor original de R$ 480.534,29), acrescido de juros de multa de ofício majorada (150%), também em função de subfaturamento, de multa por entrega a consumo de produto de procedência estrangeira importado fraudulentamente (no valor de R$ 4.853.392,97); e de Contribuição para o PIS/PASEPimportação (no valor original de R$ 72.219,52) e de COFINSimportação (no valor original de R$ 332.441,24), ambas acrescidas de juros de mora e de multa de ofício majorada (150%), para as mesmas importações, e sob o mesmo fundamento de subfaturamento, detalhado no Relatório de Fiscalização anexo. No Relatório de Fiscalização (fls. 73 a 236, com anexos às fls. 237 a 3411), narrase que: (a) o documento decorre de ações fiscais desenvolvidas em face da “OPERAÇÃO DILÚVIO”, que teve por objeto identificar a atuação fraudulenta de um grupo de empresas, capitaneadas por Marco Antônio Mansur (MAM), na área de comércio exterior, mais especificamente, no caso do presente processo, o “GRUPO NETWORK 1”, gerido e financiado por MARCELO ADORNO e WILLIAM HADDAD UZUM (doravante WILLIAM) que construiu um esquema próprio de importação e distribuição subfaturada de bens, envolvendo diversas pessoas físicas e jurídicas; (b) o relatório em relação ao “GRUPO NETWORK 1” é parte dos autos de infração levados a cabo nos processos administrativos no 15165.003462/200839 (MERCOTEX DO BRASIL LTDA, o presente processo); no 15165.003460/200840 (OPUS TRADING AMERICA DO SUL LTDA); no 15165.003455/200837 (MUCHMORE COMERCIAL LTDA); no 15165.003458/200871 (IACEX IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA); no 15165.003461/200894 (COTIA TRADING S.A.); e no 15165.003459/200815 (PROXIM IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA); (c) o relatório em relação ao “GRUPO NETWORK 1” tem por substrato documentação extraída de originais apreendidos pela Polícia Federal quando da deflagração da “OPERAÇÃO DILÚVIO”, tendo o Poder Judiciário, no 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 10372DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.373 3 processo no 2006.70.00.0224356, autorizado a utilização das provas produzidas no âmbito criminal em processos administrativos, tendo a fiscalização acrescentado a tais documentos as cópias de todas as declarações de importação analisadas nos autos, os dossiês relativos a pessoas físicas e jurídicas constantes do banco de dados da RFB e cópias das declarações de ajuste anual do IRPF de MARCELO ADORNO e WILLIAM; (d) o “GRUPO NETWORK 1” tem operação vertical, que representada na figura à fl. 100 (com organograma real detalhado à fl. 119), efetua compras no mercado americano por meio da empresa NEILS, sendo os bens adquiridos, em seguida armazenados em Miami por NATIONS, que prevê a exportação utilizando CAPITOL FREIGHT como o transportador, sendo os produtos, posteriormente, importados no Brasil por EBIS EMPRESA BRASILEIRA DE COM., INTEG. E SERV. DE TECNOLOGIA LTDA (doravante EBIS), INTERSMART, NETM, NETWORK e QoS, e vendidos no mercado brasileiro sob as marcas: Network I, M13 e QoS (os produtos e serviços exportados para outros países da América latina são vendidos pela empresa panamenha M13 International); (e) todos os bens estrangeiros analisados, importados pela MERCOTEX DO BRASIL LTDA (doravante MERCOTEX), OPUS, PROXIM, TUM1ZA, IACEX, COTIA e MUCHMORE deram entrada em empresas do “GRUPO NETWORK 1”, reais adquirentes desses produtos; (f) em todos os processos foram arrolados como responsáveis solidários (artigo 124 do Código Tributário Nacional – CTN) MARCELO ADORNO e WILLIAM, gestores e financiadores do esquema, e, nas importações realizadas em nome da MERCOTEX e da OPUS, também MARCO ANTÔNIO MANSUR FILHO (doravante MARCO, como é designado no relatório fiscal), sendo as empresas do “GRUPO NETWORK 1” que se encontram baixadas ou como suspensas, responsabilizadas, por sucessão, nas pessoas dos sócios (artigo 129 do CTN); (g) a empresa EBIS foi relacionada como responsável solidária em todas as importações em que os bens tenham se destinado ou transitado (triangulado) pelas empresas NETM, M13 ou NETWORK, na qualidade de sucessora destas; (h) são pessoalmente responsáveis os diretores, gestores ou representantes das empresas, pelos atos praticados com excesso de poderes ou infração da Lei (artigo 135, III do CTN), pelo que, em todos os processos MARCELO RALO, administrador do “GRUPO NETWORK 1”, foi arrolado como responsável, sendo que, nas importações via “Grupo MAM”, realizadas pelas empresas MERCOTEX e OPUS, adicionalmente, figuraram nessa condição MARCIO BUENO MARIKOSHI (doravante MÁRCIO) e FERNANDO MARQUES DA COSTA (doravante FERNANDO); (i) no curso das investigações que culminaram com a deflagração da “OPERAÇÃO DILÚVIO” foram identificadas onze declarações de importação subfaturadas, destinadas à M13 (EBIS), sendo seis registradas em Fl. 10373DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.374 4 nome da MERCOTEX e cinco pela OPUS, importadoras controladas pelo “Grupo MAM”; (j) no que diz respeito ao dolo, alega a fiscalização que ao longo de todo o relatório foram apresentadas provas incontestáveis da pratica de fraudes, simulações e conluios por parte dos agentes envolvidos no cometimento das irregularidades, o que autoriza a aplicação da multa de 150% sobre todos os impostos e contribuições não recolhidos; (k) o subfaturamento é documentado às fls. 139 a 152, nas quais se detalha o modus operandi empregado pelo “GRUPO NETWORK 1”, que reduziu, fraudulentamente, na quase totalidade das importações, a base de cálculo em percentuais que variaram entre 30% (via INTERSMART) 85% (agenciadas por FERNANDO, junto a importadoras de fachada do Grupo “MAM” ou inaptas, quando as exportações eram feitas via ALL NETWORK), sendo possível apurar o valor FOB real de compra (adotado como valor de transação, não havendo necessidade de arbitramento de preço, a não ser nas situações excepcionais relacionadas à fl. 152); (l) as declarações de importação e os correspondentes documentos instrutivos dos despachos, produzidos com o intuito de burlar os controles exercidos pelo Estado, são ideologicamente falsos, sendo as notas fiscais relativas às vendas no mercado interno inidôneas para fazer prova em favor dos importadores e adquirentes, considerando que foram fraudulentamente emitidas para "esquentar" o valor das mercadorias e ocultar os reais adquirentes, constituindo a entrega a consumo dos bens irregularmente importados em prática predatória que fere a livre concorrência e o mercado doméstico, apenada com multa equivalente ao valor comercial dos bens (em não sendo possível apurar tal valor foi adotado o valor aduaneiro dos bens, consignado nas ordens de compra, acrescido dos impostos e contribuições incidentes sobre as operações de importação); (m) no “GRUPO MAM”, MARCO coordena as operações de importação realizadas nos portos e aeroportos do estado do Paraná e Santa Catarina, sendo o elo entre clientes, MARCO ANTONIO MANSUR seu pai, as importadoras e o pessoal administrativo e operacional destas empresas importadoras (MERCOTEX, em Maringá/PR; OPUS, também em Maringá/PR, gerenciada por MÁRCIO, que conduzia ainda negócios da MERCOTEX; e MERCOTEC, em Itajaí/SC), e, cf. email de fls. 163/167, em conjunto com FERNANDO, efetivamente promoviam subfaturamento de mercadorias na importação; (n) a MERCOTEX registrou declarações de importação subfaturadas tendo como destino o “GRUPO NETWORK 1”, mais precisamente a EBIS, como reconheceu MARCELO RALO, tendo participação importante ainda SILVIO PARADISO (doravante SILVIO), sóciogerente da MERCOTEX e procurador da ARMORI S.A. (quotista uruguaia com 99% da MERCOTEX); e Fl. 10374DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.375 5 (o) as tabelas e planilhas com valores consolidados, obtido o efetivo valor de transação, nas operações da MERCOTEX subfaturadas, constam às fls. 168 a 173. A empresa MERCOTEX foi cientificada da autuação em 04/12/2008 (AR à fl. 3430), e apresentou impugnação em 05/01/2009 (fls. 4284 a 4314), argumentando, em síntese, que: (a) há nulidade da autuação, pois a empresa não foi previamente cientificada do procedimento fiscal por Mandado de Procedimento Fiscal (MPF); (b) há nulidade da autuação, pois a empresa não foi intimada a se manifestar sobre o procedimento de valoração efetuado pelo fisco; (c) a empresa atuou como importador por conta e ordem, de boafé, meramente prestando serviços (não tendo domínio sobre o ajuste de preços, e, portanto, não podendo subfaturar); (d) a empresa não tem conhecimento das documentações carreadas pelo fisco, não tendo participado de nenhuma prática relativa a subfaturamento; (e) a empresa responde solidariamente, no máximo, pelo pagamento de imposto, devendo recair as multas somente sobre as pessoas a respeito das quais paire a efetiva prática do ilícito, sendo pessoal e intransferível, conforme artigo 137 do CTN, sendo as condutas apuradas pelo fisco expressa e notoriamente dolosas (subfaturamento, falsificação de documentos e ocultação do real adquirente), não restando, no entanto, comprovado dolo da empresa, nem que esta concorreu para a prática da infração (que permitiria a responsabilização com base no artigo 95 do DecretoLei no 37/1966); (f) não foram observados os procedimentos de valoração aduaneira estabelecidos no GATT, havendo generalização nas conclusões sobre subfaturamento às DI objeto da autuação, com erros materiais; (g) foi emitida licença de importação (LI) para o preço declarado, pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); (h) não configurado o dolo, deve ser afastada a majoração da multa de ofício (150%); e (i) houve bis in idem, ao se punir a declaração inexata do valor da mercadoria (valor de transação incorreto) e a diferença entre o preço declarado e o efetivamente praticado ou arbitrado, devendo, em caso de eventual subfaturamento, ser aplicada, pela tipicidade, apenas a multa prevista no artigo 88,parágrafo único, da Medida Provisória no 2.15835/2001. Os responsáveis solidários foram cientificados e apresentaram impugnações conforme tabela a seguir (os argumentos de defesa que se repetem serão substituídos pelas letras a eles correspondentes, neste relatório): Fl. 10375DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.376 6 Responsável solidário Ciência da autuação (data/fls.) Impugnação (fls. / razões de defesa) EBIS (EMPRESA BRASILEIRA DE COM., INTEG. E SERV. DE TECNOLOGIA LTDA) 04/12/2008 (AR à fl. 3434) Impugnação apresentada em 23/12/2008 (fls. 3797 a 3840), alegando, em síntese: argumentos “a”; “d”; “f”; “h”; (j) há ilegitimidade passiva, por não haver vínculo do sujeito com a prática das infrações imputadas, nem com o fato gerador dos tributos exigidos; (k) aplicase ao caso o artigo 112 do CTN; e (l) a Taxa SELIC é inaplicável a título de juros de mora. WILLIAM HADDAD UZUM 04/12/2008 (AR à fl. 3431) Impugnação apresentada em 23/12/2008 (fls. 3440 a 3487), alegando, em síntese: argumentos “a”; “f”; “h”; “j”; “k” e “l”. MARCELO ADORNO 04/12/2008 (AR à fl. 3435) Impugnação apresentada em 23/12/2008 (fls. 3676 a 3717), alegando, em síntese: argumentos “a”; “f”; “h”; “j”; “k” e “l”. MARCELO RALO 04/12/2008 (AR à fl. 3432) Impugnação apresentada em 23/12/2008 (fls. 3565 a 3602), alegando, em síntese: argumentos “a”; “f”; “h”; “j”; “k” e “l”. FERNANDO MARQUES DA COSTA 04/12/2008 (AR à fl. 3433) Impugnação apresentada em 30/12/2008 (fls. 4330 a 4344), alegando, em síntese: argumentos “f” e “j”, com destaque para a existência de erros de cálculo na autuação. MARCIO BUENO MARIKOSHI 05/12/2008 (AR à fl. 3436) Solicitou inicialmente prorrogação do prazo para apresentar impugnação, em 29/12/2008 (fl. 3438), mas não apresentou qualquer documento adicional (REVELIA). SILVIO PARADISO 04/12/2008 (AR à fl. 4544) Não apresentada (REVELIA). MARCO ANTONIO MANSUR FILHO 29/12/2008 (tentativa via AR à fl. 3421, e Edital às fls. 3420/4280/4542) Não apresentada (REVELIA). Em 30/10/2009, ocorreu o julgamento de primeira instância (fls. 4548 a 4604), no qual a DRJ decidiu, unanimemente, pela improcedência das impugnações apresentadas, sob os seguintes fundamentos: (a) os casos de nulidade processual são apenas os previstos no artigo 59 do Decreto no 70.235/1972, e a não participação na fase inquisitorial não prejudica o contraditório e a ampla defesa; (b) o MPF é documento interno, não havendo nulidade por eventuais falhas na sua emissão ou tramitação, e a revisão aduaneira não demanda MPF; (c) os administradores que tenham pleno domínio dos atos imputados como fraudulentos e praticam atos com excesso de poder ou infração à lei, contrato social ou estatuto, são responsáveis pelos créditos decorrentes de obrigações tributárias não adimplidas, ainda que não figurem nos documentos constitutivos das sociedades empresariais; (d) caracteriza evidente intuito de fraude o desembaraço aduaneiro de mercadorias importadas instruído com faturadas Fl. 10376DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.377 7 comerciais inidôneas; (e) a valoração aduaneira é regida pelas regras do GATT, mas em caso de fraude, os procedimentos de valoração são regulados por regras específicas; (f) evidenciado o subfaturamento, são exigíveis os tributos devidos, acrescidos de multa de ofício e juros de mora, bem assim da multa decorrente da declaração inexata do valor das mercadorias, calculada pela diferença entre o valor real e o declarado destas; (g) as multas administrativas e fiscais não possuem natureza confiscatória; e (h) a exigência de juros à Taxa SELIC é prevista expressamente nas normas que regulam a matéria. Nas tentativas de cientificar a empresa MERCOTEX a respeito da decisão de piso, o AR voltou com a mensagem “mudouse” (fl. 4738) e a empresa não foi localizada por três vezes (fls. 4752/4894), de modo que a ciência se deu por edital (fl. 4753/4987), afixado em 04/01/2010, não havendo registro de interposição de recurso voluntário. Os responsáveis solidários (mesmo os revéis) foram cientificados da decisão da DRJ e apresentaram recursos voluntários conforme tabela a seguir (os argumentos de defesa que se repetem serão substituídos pelas letras a eles correspondentes, neste relatório): Responsável solidário Ciência da decisão da DRJ (data/fls.) Recurso Voluntário (fls. / razões de defesa) EBIS (EMPRESA BRASILEIRA DE COM., INTEG. E SERV. DE TECNOLOGIA LTDA) 03/12/2009 (AR à fl. 4622) Recurso Voluntário apresentado em 17/12/2009 (fls. 4755 a 4786), alegando, em síntese: argumentos “f”; “j”; (m) a decisão da DRJ é nula por omissão na apreciação de prova produzida; e (n) as multas são confiscatórias, desproporcionais e irrazoáveis, cabendo, no caso de diferença apurada no preço, somente a penalidade prevista no artigo 108, parágrafo único, do DecretoLei no 37/1966, havendo vedação de cumulatividade. WILLIAM HADDAD UZUM 03/12/2009 (AR à fl. 4628) Recurso Voluntário apresentado em 14/12/2009 (fls. 4638 a 4669), alegando, em síntese: argumentos “a”; “f”; “j”; “k”; e (o) pelos artigos 50 e 53 do DecretoLei no 37/1966, o fisco tem 5 dias para registrar as irregularidades, após o desembaraço; (p) a decisão da DRJ é nula porque deixou de observar o “princípio da fundamentação” previsto no artigo 31 do Decreto no 70.235/1972, além da “legalidade objetiva”, da “vinculação” e da “isonomia”; (q) a autuação é pautada em documento alheio ao processo fiscal (referentes a processo criminal em andamento); e (r) as multas aduaneiras não são cumuláveis com a prevista na legislação do IPI. MARCELO ADORNO 03/12/2009 (AR à fl. 4626) Recurso Voluntário apresentado em 14/12/2009 (fls. 4692 a 4730), alegando, em síntese: argumentos “a”; “f”; “j”; “k”; “o”; “p”; “q” e “r”. MARCELO RALO 03/12/2009 (AR à fl. 4630) Recurso Voluntário apresentado em 14/12/2009 (fls. 4674 a 4691, e 4921 a 4938), alegando, em síntese: argumentos “a”; “f”; “j” Fl. 10377DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.378 8 e “k”. FERNANDO MARQUES DA COSTA 03/12/2009 (AR à fl. 4632) Recurso Voluntário postado em 31/12/2009 (fls. 4862 a 4883, e 4892), alegando, em síntese: argumentos “f” e “j”, com destaque para a existência de erros de cálculo na autuação. MARCIO BUENO MARIKOSHI Ausente nas três tentativas de entrega (fl. 4742). Ciência por edital (fl. 4753) afixado em 04/01/2010. Não houve instauração de contencioso em relação a tal sujeito passivo, REVEL na fase de impugnação. SILVIO PARADISO 03/12/2009 (AR à fl. 4634) Não houve instauração de contencioso em relação a tal sujeito passivo, REVEL na fase de impugnação. No entanto, foi apresentada a peça de fls. 4898 a 4912, intitulada de “recurso voluntário”, em 04/01/2010. Em tal peça, a pessoa física alega, em síntese: argumentos “a”; “b”; “f”; “h”; “i” e “j”. MARCO ANTONIO MANSUR FILHO 04/01/2010 (AR à fl. 4624, Edital às fls. 4635/4918 4919, e termo de recebimento de cópia – fl. 4743) Não houve instauração de contencioso em relação a tal sujeito passivo, REVEL na fase de impugnação. No entanto, foi apresentada a peça de fls. 4945 a 4972, intitulada de “recurso voluntário”, em 04/01/2010. Em tal peça, a pessoa física alega, em síntese: Argumentos “j”; “o” (sem menção explícita ao DecretoLei no 37/1966); (s) nulidade das intimações por edital, devendo os autos serem devolvidos à DRJ para apreciação de suas razões de defesa; (t) impossibilidade de desconsideração da personalidade jurídica em sede administrativa. Em 10/12/2015 o processo foi sorteado ao Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, para relatoria (fl. 10324), tendo o conselheiro suscitado suspeição (fl. 10325). Em 18/05/2016, a empresa “MERCOTEX”, suscita “questão de ordem pública superveniente” para solicitar o adiamento do julgamento (fls. 10328 a 10337, com peças judiciais anexadas às fls. 10338 a 10369), fazendo menção ao uso ilegítimo nos autos de prova declarada ilícita pelo STJ, e pedindo a retirada de pauta do processo na sessão 19/05/2016, e o desentranhamento das provas declaradas ilícitas, bem como a supressão das menções correspondentes no relatório fiscal. Não encontrei registro de que o processo estivesse efetivamente pautado para a sessão de 18/05/2016. Aliás, a relatoria do processo foi novamente sorteada (agora a mim) apenas em 23/06/2016. O processo não foi indicado para pauta nos meses novembro e dezembro de 2016, por estarem as sessões suspensas por determinação do CARF, e, derradeiramente, não foi indicado para o mês de janeiro de 2017, por ser a pauta mera reprodução da referente ao mês de outubro de 2016, que também teve a sessão suspensa por determinação do CARF. Tendo Fl. 10378DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.379 9 sido indicado para as pautas de fevereiro e março de 2017, o processo não foi incluído, pelo presidente, em pauta, em função do volume de processos a julgar. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os recursos apresentados pela empresa “EBIS” e pelas pessoas físicas “WILLIAM”, “MARCELO ADORNO”, “MARCELO RALO” e “FERNANDO” preenchem os requisitos de admissibilidade, deles se conhecendo. Não havendo interposição de recurso voluntário pela empresa “MERCOTEX” e por “MARCIO”, passarseia a analisar a possibilidade de conhecimento dos recursos voluntários apresentados por “SILVIO” e “MARCO”, para os quais o contencioso não foi instaurado, configurandose a revelia ainda antes do julgamento do processo pela DRJ, mas que, sendo cientificados da decisão de piso, interpuseram recurso voluntário. “SILVIO” sequer discute o fato de ser revel na instância de piso, ao passo que “MARCO” defende, na peça apresentada após ciência da decisão da DRJ, que é nula a intimação realizada por edital, após uma única tentativa de intimação postal, seguida da mensagem “mudouse”, ainda mais porque no edital constou um CPF já cancelado do sujeito passivo (de no 256.747.26817), e porque jamais (antes da intimação do resultado do julgamento da DRJ) foi enviada correspondência ao seu endereço cadastrado na base de dados da RFB: Rua Barão do Triunfo, 142 – apto. 152, Campo Belo – CEP 04602000, São Paulo/SP, e que, caso constasse seu CPF válido no auto de infração seria efetuada corretamente a intimação. Compulsando os autos, percebo que, no AR, datado de 05/12/2008, com a mensagem “mudouse” (fl. 3421), constava o seguinte endereço: À fl. 3416, dáse conta de que a intimação foi enviada para o endereço relativo ao CPF no 256.747.26817, que é exatamente o que consta da autuação. Fl. 10379DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.380 10 Ademais, na data de afixação dos editais – 05/12/2008 (fl. 3420/4280) e 12/12/2008 (fl. 4542), não se sabe, ao certo, se o CPF indicado se encontrava válido, nem se o endereço correspondia efetivamente ao fornecido à RFB pelo sujeito passivo “MARCO”. Na intimação sobre a decisão de piso, dirigida ao mesmo sujeito passivo, e ainda com o mesmo número de CPF (e que logrou êxito na ciência), o endereço de envio foi outro (fls. 4611 e 4624): A meu ver, a questão demanda maiores esclarecimentos por parte da unidade local da RFB, pelo que voto pela conversão do julgamento em diligência para que tal unidade local: Fl. 10380DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.381 11 (a) verifique e fundamente a regularidade da ciência a respeito da decisão de piso dada a sujeitos passivos para os quais não se instaurou o contencioso, pela ausência de apresentação de impugnação; (b) verifique e fundamente a afirmação de que foram tempestivos os recursos voluntários apresentados por pessoas que sequer apresentaram impugnação (fl. 4994); e (c) ateste, ao tempo da ciência da autuação e da ciência da decisão de piso, com registro histórico e telas de amparo, qual(is) eram os CPF válidos de “MARCO” Antonio Mansur Filho, e os endereços cadastrais vigentes informados à RFB, para cada CPF. Buscando otimizar o trabalho e o tempo da unidade local da RFB e deste tribunal administrativo, e tendo ciência este colegiado tanto do documento intitulado “questão de ordem pública superveniente” (fls. 10328 a 10337, com peças judiciais anexadas às fls. 10338 a 10369), quanto da discussão judicial que envolve os processos referentes à chamada “OPERAÇÃO DILÚVIO”, aproveitase a conversão em diligência para demandar ainda algumas tarefas adicionais à fiscalização. Quando analisei, em maio de 2016, como relator, processo referente à “OPERAÇÃO DILÚVIO”, depareime com a questão referente à nulidade de interceptações telefônicas determinadas pelo Poder Judiciário. Sobre o tema, remeto ao voto então proferido: Da fl. 2248 à fl. 3709, figuram cópias de peças dos volumes 1 a 5 da Ação Penal no 2007.70.00.0257019, dependente do processo no 2006.70.00.0224356, na qual se percebe que são seis os réus: os três já apontados, e, ainda, Marco Antonio Mansur, Marco Antonio Mansur Filho, Antonio Carlos Barbeito Mendes e Alessandra Saleski, todos com denúncia oferecida por infração ao disposto no artigos 299 do Código Penal, combinado com o artigo 71 do mesmo código, recebida (fl. 2281). No volume 5 do processo (fls. 3419 e seguintes), consta a apreciação, pelo STJ, do HC no 142.045/PR (tendo como pacientes Marco Antonio Mansur e Marco Antonio Mansur Filho), no qual foi concedida a ordem, por maioria, para "reputar ilícita a prova resultante de tantos e tantos e tantos dias de interceptação das comunicações telefônicas, devendo os autos retornar às mãos do Juiz originário para determinações de direito(sic)" (fl. 3421). Da decisão foram interpostos embargos de declaração em 09/01/2010, não apreciados até a data da anexação (11/04/2011). Percebese que diante da ausência de definitividade da decisão do STJ, o juízo decidiu pela suspensão dos autos, por seis meses, em 06/06/2011 (fl. 3600). Rejeitados os embargos apresentados (fl. 3601 a 3609), e negado seguimento a Recurso Extraordinário (RE), e a agravo no RE (ARE), autuado no STF sob o no 659.387, o juízo originário se manifesta (fls. 3607 a 3609), antes do julgamento do último agravo, em 08/11/20112, entendendo que restariam hígidas as provas colhidas durante o 2 Verificamos, no sítio "web" do STF, que o último agravo também teve seguimento negado, pela Primeira Turma do STF, com publicação da decisão em 01/12/2011, e trânsito em julgado em 09/01/2012, sendo os autos remetidos para baixa definitiva em 13/01/2012. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4149247>, acesso em 10.abr.2016. Fl. 10381DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.382 12 primeiro período de interceptação telefônica autorizada, bem como nas três prorrogações que lhe foram subsequentes, e que: O Ministério Público é intimado a respeito da decisão, e se manifesta (fls. 3612 a 3618) no sentido de que a invalidação das escutas telefônicas não se alastra pelas demais provas constantes nos autos, obtidas em outras operações, e que o STJ não trancou ou extinguiu as ações penais, mas ordenou o retorno ao juízo originário "para determinações de direito". E é nessa peça, atinente ao HC no 142.045/PR, e redigida pelo Ministério Público Federal, em 15/12/2011, que se encontra o polêmico excerto que foi objeto de discussão no julgamento de piso administrativo: Fl. 10382DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.383 13 Nas palavras do Ministério Público Federal, àquela data 15/12/2011, só restaria aos procedimentos administrativos calcados nos documentos obtidos na chamada "Operação Dilúvio" a alternativa do "salvo melhor juízo". E foi com base em tal manifestação do Ministério Público que o juízo de primeira instância, em 16/04/2012, decidiu pela absolvição sumária dos réus, conforme artigos 386, III e 397, III do Código de processo Penal (fls. 3671 a 3678), enviando os autos para arquivo em 20/09/2013 (fl. 3705). Mas, façamos uma pausa aqui na narrativa sobre as peças judiciais adicionadas em fase de diligência, para retomar a motivação dos trabalhos fiscais, no caso concreto em análise nestes autos, e checar se realmente foram realizados com base nos laudos elaborados pelo MPF. Vejamos, no relatório fiscal de fls. 17 a 37, quais conclusões derivam da chamada "Operação Dilúvio" e quais foram objeto de apuração individualizada pela RFB, pois, já de início, afirma o relatório (fl. 17), que foi realizada fiscalização na empresa: (...) (voto condutor no Acórdão no 3401003.171, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, maioria, sessão de 17 mai. 2016) (grifo nosso) Fl. 10383DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.384 14 Havendo reconhecimento judicial da ilicitude das provas decorrente da “OPERAÇÃO DILÚVIO”, entendo que, ainda assim, poderia prosperar o lançamento, se alicerçado em fiscalização autônoma da RFB, à luz de dados, informações e documentos obtidos, e que não derivam da referida operação. Nem sempre é possível, no entanto, no estágio em que os processos chegam ao CARF, apartar os dados, informações e documentos que derivam de ação autônoma daqueles presentes na “OPERAÇÃO DILÚVIO”. Assim, são frequentes as demandas por conversão em diligência para que a unidade local o faça. Com exemplo recente, cabe citar a Resolução no 3402002.840, de 24 de novembro de 2016, sob a relatoria da Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, que demandou à unidade local da RFB, com acolhida unânime do colegiado, que: E, como exemplo ainda mais recente, mencionese a Resolução no 3401 000.961, emitida por esta turma, em 24 de janeiro de 2017, na qual atuei como redator designado do voto vencedor. No caso em análise, o colegiado, majoritariamente (vencido apenas o relator, Conselheiro Robson José Bayerl), decidiu que a diligência anteriormente demandada à unidade local não havia sido atendida a contento, havendo necessidade de nova conversão em diligência, nos seguintes termos: “De forma diversa ao posicionamento do relator, entendo não ter sido cumprida a diligência, na forma em que demandada, de modo que o presente processo ainda não se encontra devidamente preparado para julgamento. Reiterese, a título de esclarecimento, a motivação da conversão unânime do julgamento em diligência, pela Resolução no 3202 000.185: Pelo exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que a DRF competente providencie o seguinte: a) Identificação, dentre as provas utilizadas para o lançamento, daquelas que efetivamente foram consideradas ilícitas pelo STJ, segregandoas das outras que não foram contaminadas; Fl. 10384DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.385 15 b) Identificação das provas que derivaram do primeiro período de sessenta dias da interceptação telefônica; c) Identificação das provas produzidas por fonte independente (ex. apresentadas durante a ação fiscal); d) Identificação das provas que a Receita Federal poderia ter acesso independentemente de autorização judicial. Resta clara a preocupação do julgador em discernir o acervo probatório judicialmente considerado ilícito (posterior às escutas consideradas como avessas ao ordenamento) daquele resultante do período em que era legal a escuta telefônica, ou, ainda, de fonte independente. No Relatório de Diligência (fls. 15352 a 15356), mais parece a fiscalização preocuparse em defender a autuação do que em efetivamente responder, de forma objetiva, os questionamentos efetuados pelo julgador. Logo de início, afirma, enfaticamente, a autoridade fiscal, em relação a documentos apreendidos na chamada “Operação Dilúvio”, que (fl. 15352/15353): (...) Na resposta ao quesito “a”, a fiscalização não diligencia, mas apenas remete ao próprio relatório da ação fiscal, que já constava nos autos, afirmando que a autuação tomou em conta “vasta documentação” que é relacionada no item 8 do citado relatório. E a autoridade diligenciante, após limitarse a analisar peça fiscal já constante dos autos, passa a refutar afirmação constante na peça de defesa, em atividade que está longe do escopo da diligência demandada. O CARF não demanda (e nem pode demandar) diligência para que a unidade local da RFB externe posicionamento de direito sobre determinado tema. Assim, quando demandou à unidade local da RFB que discernisse, entre as provas utilizadas para o lançamento, aquelas que “efetivamente foram consideradas ilícitas pelo STJ, segregandoas das outras que não foram contaminadas”, fixou, para isso, um critério jurídico, não deixando ao alvitre da unidade local o entendimento sobre o que seriam tais provas. Vejase o excerto que antecede a conclusão do voto pela conversão em diligência: “Por tais razões, compartilho do entendimento adotado pela Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, quando do julgamento do processo administrativo nº 12466.002006/200970, em 24/09/2013. Naquela oportunidade, decidiu a Turma julgadora converter o julgamento em diligência, por entender imprescindível identificarse, dentre as provas coletadas pela fiscalização, quais foram efetivamente afetadas pela decisão do STJ, separando daquelas que foram decorrentes da interceptação quando ela ainda era válida (os primeiros sessenta dias), além daquelas decorrentes de procedimentos fiscais realizados pela própria Secretaria da Receita Federal do Brasil, dentro de sua competência legal.” (grifo nosso) Fl. 10385DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.386 16 Vejase que a anulação se refere a provas decorrentes das escutas, e não, restritivamente, às escutas, o que é endossado pela decisão judicial transcrita no mesmo voto: “Assim, permanecem hígidas as provas colhidas durante o primeiro período de interceptação telefônica autorizada, bem como nas três prorrogações que lhe foram subsequentes. Os demais elementos de prova obtidos a partir dos dados colhidos nessa fase da investigação também permanecem hígidos, pois derivaram de prova obtida licitamente. De outra parte, segundo os termos do julgado, as interceptações telefônicas realizadas a partir da quarta prorrogação autorizada encontramse maculadas pelo vício insanável da ilicitude. São, portanto, imprestáveis para fins de utilização de prova no processo penal. Correlatamente, os demais elementos de prova obtidos a partir dos dados colhidos nessa fase da investigação também encontramse eivado de ilicitude, pela aplicação da "teoria dos frutos da árvore envenenada", agora expressamente adotado pelo CPP (art. 157, § 1°, do CPP)” (grifo nosso) Parece não ter compreendido, a unidade local da RFB, o critério jurídico já fixado quando da conversão em diligência. E, dessa má compreensão, resulta a conclusão da resposta da unidade local da RFB (fl. 15354): A fiscalização, destaquese, não precisa apoiar posicionamento jurídico algum, devendo limitarse a responder o questionamento efetuado pelo tribunal administrativo. E o primeiro questionamento não foi respondido, porque a unidade local entendeu que sequer era necessário analisar as escutas telefônicas, para saber se derivaria alguma prova delas, bastando remeter aos elementos que já constam do própria autuação. Nega, assim, a unidade local, eficácia à própria decisão do STJ pela nulidade das escutas, pois esta não afetaria prova alguma, e nega também eficácia ao posicionamento exarado quando da conversão em diligência, que se referia a provas “decorrentes” das escutas, pois, segundo o entendimento da unidade local (vejase o excerto aqui transcrito), não haveria que se falar em prova decorrente da escuta. Em síntese, a unidade local da RFB, ao invés de atender ao demandado na diligência, pareceu apenas dela discordar. A autoridade diligenciante até ventilou que poderia ter solicitado informações sobre as escutas à autoridade policial, mas não o teria feito porque entendia que isso não afetaria o resultado deste processo administrativo (à mesma fl. 15354): Fl. 10386DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.387 17 (...) Não consta nos autos qualquer demonstração de esforço da autoridade diligenciante para adicionar elementos ao processo, ou mesmo diligenciar, v.g., se determinada apreensão de documentos só foi possível porque, em escuta telefônica, ficouse sabendo onde estavam localizados ou escondidos. Aliás, a própria autoridade diligenciante, como exposto, considerou irrelevante analisar as escutas para saber se delas derivariam provas ilícitas. A resposta ao quesito “c” é, em meu entendimento, a mais importante para que se possa julgar com segurança o processo. A meu ver, a ilicitude das escutas, e das provas que dela derivam, não se alastra a procedimentos fiscais autônomos/independentes, levados a cabo pela RFB, à margem da citada operação especial conjunta. Daí ter sido demandado á unidade local esclarecer quais dos elementos de prova utilizados na autuação derivaram de fonte independente. A resposta da unidade local, lamentavelmente, vem a título exemplificativo, o que atenta contra o próprio teor da pergunta, que demandava a identificação “das provas”, e não de algumas das provas (fl. 15355): Que no auto de infração constam diversos elementos, de variadas fontes, já se sabia. Bastava ler os autos. O que se desejava da unidade local da RFB era que, entre tais elementos, apontasse, conclusiva e exaustivamente, com base em informações e registros de fiscalização que possua, além do que já figura nos autos, quais foram produzidos por fonte independente da operação especial conjunta. Tal informação é relevantíssima para os julgadores que considerariam apenas tais provas como lícitas. E, por isso, não pode ser aceita de forma exemplificativa. Deve a unidade diligenciante, entre todas as provas utilizadas como fundamento da autuação, indicar, conclusivamente, quais foram produzidas por fonte independente. A resposta ao quesito “d”, por outro lado, destinase a suprir dúvida daqueles julgadores que, filiados à escola da chamada “teoria da descoberta inevitável”, admitem inclusive as provas tidas judicialmente como ilícitas, desde que essas mesmas provas pudessem ser (mas não, necessariamente, houvessem sido) obtidas administrativamente pela RFB, dentro de suas competências, de forma lícita. Tal quesito parece ter sido razoavelmente compreendido pela autoridade diligenciante, embora também não haja listagem detalhada e exaustiva (fl. 15356): Entendo até que um julgador que comungue do entendimento que motivou o quesito “d” possa interpretar que o colegiado estaria apto a apreciar o processo, como propunha o relator, ainda que as respostas tenham sido dadas exemplificativamente. Fl. 10387DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.388 18 No entanto, para este julgador (conforme posicionamento externado no Acórdão no 3401003.171), e para a maioria do colegiado, como se percebe da votação empreendida nesta sessão de julgamento, revelase imprescindível, para apreciação do processo, que sejam buscados elementos que permitam verificar, conclusivamente, quais, entre as provas utilizadas na autuação, derivam da chamada “Operação Dilúvio”, e das escutas telefônicas consideradas ilícitas, e quais derivam de ação fiscal autônoma da RFB (ou mesmo de dados de sistemas internos da RFB). E, por óbvio, para responder tal questionamento, a autoridade diligenciante deve ir além do que já está nos autos, e é de conhecimento deste colegiado administrativo. Em outras palavras, deve diligenciar, investigar, juntar informações que permitam separar as provas lícitas das ilícitas, segundo o critério jurídico já fixado. Simplesmente afirmar que as provas documentais jamais derivariam de escuta telefônica (sem sequer desejar conhecer seu teor, por considerá lo irrelevante para o resultado do julgamento) não se apresenta como resposta aos questionamentos efetuados. E contradiz informações do próprio Ministério Público, em 15/12/2011, sobre réu da “Operação Dilúvio”, no HC no 142.045/PR, já comentada no citado Acórdão no 3401003.171, disponível no sítio web do CARF: (...) Entendo, então, que o resultado da diligência, pela falta de conclusividade, e de labor investigativo, não permite o julgamento imediato do processo. E que o parecer do Ministério Público, por um lado, parece minimizar a importância dos quesitos “a” e “b”, efetuados à unidade local da RFB, e, por outro, torna efetivamente irrelevante (mas em sentido diametralmente oposto ao que defendeu a autoridade diligenciante) o extenso trabalho de exploração minuciosa das transcrições de escutas telefônicas. No entanto, deve a unidade diligenciante melhor responder aos quesitos “c” e “d”, inicialmente efetuados, relacionando, entre os elementos de prova indicados no Relatório de Verificação Fiscal (fls. 21 a 76 como email, contratos de câmbio, extratos bancários, e outros documentos), quais efetivamente foram obtidos (na linha de entendimento que motivou o quesito “c”) ou poderiam ser obtidos (na linha que culminou no quesito “d”) a partir de ação autônoma da fiscalização da RFB, independente da chamada “Operação Dilúvio”, de forma conclusiva e exaustiva. Para tanto, e buscando facilitar e dar objetividade à atividade de diligência, demandase à unidade local da RFB que: (a) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que efetivamente foram obtidos em ação fiscal autônoma, independente da realizada no bojo da “Operação Dilúvio”; e (b) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que poderiam ser obtidos pela fiscalização diretamente, dentro de suas competências, sem necessidade de autorização judicial. Fl. 10388DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.389 19 A importância da boa resposta aos quesitos, pela unidade da RFB, reside no fato de que os julgadores que entendem que somente seriam lícitos os elementos de prova efetivamente obtidos em fiscalização autônoma apreciarão o processo, e a procedência ou não da autuação, apenas à luz de tais documentos. Da mesma forma, os membros deste tribunal administrativo que interpretam que seriam aceitáveis todos os elementos de prova que possam ser regularmente obtidos em fiscalização autônoma apreciarão os autos, e a manutenção ou não do lançamento, apenas à luz de tais documentos. Após a realização da diligência deve ser elaborado relatório conclusivo, a ser notificado à recorrente, para que esta, desejando, apresente manifestação, na forma a que se refere o artigo 35 do Decreto no 7.574/2011, antes do reenvio do processo a este tribunal administrativo.” (grifos no original) Assim, aproveitando a conversão em diligência já proposta ao início deste voto, agregamse, a partir do posicionamento aqui externado, outros questionamentos, a complementarem os três primeiros, ali indicados, demandandose à unidade local da RFB que: (d) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que efetivamente foram obtidos em ação fiscal autônoma, independente da realizada no bojo da “Operação Dilúvio”; e (e) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que poderiam ser obtidos pela fiscalização diretamente, dentro de suas competências, sem necessidade de autorização judicial. Novamente, a importância da boa resposta aos quesitos, pela unidade da RFB, reside no fato de que os julgadores que entendem que somente seriam lícitos os elementos de prova efetivamente obtidos em fiscalização autônoma apreciarão o processo, e a procedência ou não da autuação, apenas à luz de tais documentos. Da mesma forma, os membros deste tribunal administrativo que interpretam que seriam aceitáveis todos os elementos de prova que possam ser regularmente obtidos em fiscalização autônoma apreciarão os autos, e a manutenção ou não do lançamento, apenas à luz de tais documentos. Pelo exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a unidade local da RFB: (a) verifique e fundamente a regularidade da ciência a respeito da decisão de piso dada a sujeitos passivos para os quais não se instaurou o contencioso, pela ausência de apresentação de impugnação; (b) verifique e fundamente a afirmação de que foram tempestivos os recursos voluntários apresentados por pessoas que sequer apresentaram impugnação (fl. 4994); Fl. 10389DF CARF MF Processo nº 15165.003462/200839 Resolução nº 3401001.166 S3C4T1 Fl. 10.390 20 (c) ateste, ao tempo da ciência da autuação e da ciência da decisão de piso, com registro histórico e telas de amparo, qual(is) eram os CPF válidos de “MARCO” Antonio Mansur Filho, e os endereços cadastrais vigentes informados à RFB, para cada CPF; (d) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que efetivamente foram obtidos em ação fiscal autônoma, independente da realizada no bojo da “Operação Dilúvio”; e (e) indique, individualizadamente, e exaustivamente, entre os elementos de prova utilizados na autuação, aqueles que poderiam ser obtidos pela fiscalização diretamente, dentro de suas competências, sem necessidade de autorização judicial. Após a realização da diligência deve ser elaborado relatório conclusivo, a ser notificado às recorrentes para as quais a unidade conclua que ainda exista litígio, para que estas, desejando, apresentem manifestação, na forma a que se refere o artigo 35 do Decreto no 7.574/2011, antes do reenvio do processo a este tribunal administrativo. Rosaldo Trevisan Fl. 10390DF CARF MF
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