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Numero do processo: 10120.900262/2011-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido.
ERRO DE FATO.
O erro de fato, via de regra, é facilmente perceptível, e fica caracterizado quando se verifica que o interessado preencheu o documento em desconformidade com a sua intenção original, hipótese inocorrente no caso.
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO.
Não tendo sido demonstrada pelo sujeito passivo a existência do direito creditório alegado, impõe-se a não homologação das compensações com ele pleiteadas.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 1201-001.373
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Documento assinado digitalmente.
Marcelo Cuba Netto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
João Otávio Oppermann Thomé - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. ERRO DE FATO. O erro de fato, via de regra, é facilmente perceptível, e fica caracterizado quando se verifica que o interessado preencheu o documento em desconformidade com a sua intenção original, hipótese inocorrente no caso. COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO. Não tendo sido demonstrada pelo sujeito passivo a existência do direito creditório alegado, impõe-se a não homologação das compensações com ele pleiteadas. Recurso voluntário negado.
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SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Recorrente NAVESA NACIONAL DE VEÍCULOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 PERÍCIA. SOLICITAÇÃO INDEFERIDA. Perícias e diligências são instrumentos postos à disposição do julgador para auxiliálo na formação do seu livre convencimento, se entendêlas necessárias ou imprescindíveis para a elucidação de pontos duvidosos. O pressuposto para realização de perícia é a insuficiência de conhecimento técnico do julgador a respeito de algum elemento que compõe o litígio, o que não ocorre no caso concreto. DESPACHO DECISÓRIO. INTIMAÇÃO PRÉVIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Se a repartição já dispõe de todos os elementos necessários para decidir sobre a homologação ou não da compensação, nenhum óbice há para que a autoridade fiscal profira a sua decisão. Não há na lei comando que obrigue a autoridade fiscal a efetuar prévia intimação do contribuinte antes da prolação do despacho decisório. Não é nulo o despacho do qual constem claramente as razões da não homologação da compensação pretendida. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FUNDAMENTAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não é nula a decisão que tenha analisado todos os pontos controvertidos, e da qual conste fundamentação adequada e suficiente para respaldar a conclusão nela exposta. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO / DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 02 62 /2 01 1- 24 Fl. 193DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10120.900262/201124 Acórdão n.º 1201001.373 S1C2T1 Fl. 3 2 A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. ERRO DE FATO. O erro de fato, via de regra, é facilmente perceptível, e fica caracterizado quando se verifica que o interessado preencheu o documento em desconformidade com a sua intenção original, hipótese inocorrente no caso. COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO. Não tendo sido demonstrada pelo sujeito passivo a existência do direito creditório alegado, impõese a não homologação das compensações com ele pleiteadas. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Documento assinado digitalmente. Marcelo Cuba Netto Presidente. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por NAVESA NACIONAL DE VEÍCULOS LTDA, contra acórdão proferido pela 4ª Turma de Julgamento da DRJ/Brasília DF, cuja ementa a seguir se transcreve: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2007 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10120.900262/201124 Acórdão n.º 1201001.373 S1C2T1 Fl. 4 3 Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido.” O caso foi assim relatado pela autoridade julgadora a quo: “Tratam os autos das Declarações de Compensação abaixo relacionadas, transmitidas eletronicamente com base em créditos decorrentes de saldo negativo de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ (exercício 2008 01/03/2007 a 31/12/2007). (...) Analisadas as informações prestadas e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação do imposto devido e a apuração do saldo negativo, não ficou demonstrada a existência de crédito suficiente para ser utilizado na compensação integral dos débitos confessados na Declaração de Compensação. Assim, em 14/02/2011, foi emitido eletronicamente o Despacho Decisório (fl. 51), que homologou os PER/DCOMP nº 42245.37695.311208.1.7.020105 e 15419.18578.311208.1.7.023153; homologou parcialmente o PER/DCOMP nº 39992.00442.311208.1.7.020712; e não homologou os demais PER/DCOMP, em razão da não comprovação das parcelas das estimativas compensadas com saldo negativo de períodos anteriores e a confirmação parcial das retenções na fonte. O valor do principal correspondente aos débitos informados é de R$ 1.486.845,35. Relatório emitido pela Delegacia de Goiânia, constante nas fls. 32 a 175 dos autos do processo nº 10120.720821/201033, que se encontra apensado a este processo, esclarece que a análise do PER/DCOMP nº 42245.37695.311208.1.7.020105 foi iniciada eletronicamente, porém, a validação de parte do crédito pleiteado foi direcionada pelo Sistema de Controle de Crédito – SCC para análise do usuário, tendo sido detectadas inconsistências referentes às antecipações “fonte”, “pagamentos” e “compensações”. A análise feita chegou às seguinte conclusões: • Pagamentos: foram localizados e confirmados nos sistemas SiefFiscel e Sinal; • Fonte: as retenções na fonte sob o código de receita 6147 foram confirmadas parcialmente, depois de pesquisa às DIRF emitidas em nome da contribuinte; • Compensações: foi glosada a compensação da estimativa do IRPJ de dezembro de 2007, no valor de R$ 1.336.168,59. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10120.900262/201124 Acórdão n.º 1201001.373 S1C2T1 Fl. 5 4 A contribuinte foi intimada por meio eletrônico a retificar as declarações para adequálas às informações prestadas na Dcomp. Aguardado o prazo para as providências da Contribuinte, verificouse que a Interessada não comprovou a compensação do débito de estimativa do IRPJ apurada em dezembro de 2007, no valor de R$ 1.336.168,59. A estimativa apurada em dezembro de 2007 informada na Dcomp em análise não consta da DIPJ, não foi declarada na DCTF e nem a compensação desse débito de estimativa consta da Dcomp informada (Dcomp nº 20112.54578.181208.1.7.025042) ou em sua retificadora. Por este motivo, foi glosado o valor de R$ 1.336.168,59. Cientificado, via postal, dessa decisão em 22/02/2011 (fl. 60), bem como da cobrança dos débitos declarados na Dcomp, o sujeito passivo apresentou em 24/03/2011, manifestação de inconformidade às fls. 2 a 6, acrescida de documentação anexa. Em síntese, após fazer considerações sobre o saldo negativo de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ, a contribuinte argumenta que os créditos pleiteados estão amparados pelas regras de transição estabelecidas pela Lei Complementar nº 118, de 2005. Dessa forma, apresenta o seguinte entendimento: a) Os recolhimentos efetuados até 08/06/2000 (cinco antes do início da vigência LC 1118/2005) aplicase a regra dos “cinco anos mais cinco”; b) Para recolhimentos efetuados entre 09/06/2000 a 08/06/2005 a prescrição ocorreu em 08/06/2010 (cinco anos a contar da vigência da LC 118/2005; c) para recolhimentos efetuados a partir de 09/06/2005 (início de vigência da LC 118/2005) aplicase a prescrição qüinqüenal contada da data do pagamento. Apresenta posicionamento do STJ sobre a questão. Acrescenta, que a Receita Federal não se pronunciou sobre o PER/DCOMP n° , afirmando que cada declaração de compensação transmitida deve ter o Despacho Decisório Individualizado. Ao final, requer que seja apreciada a documentação dos autos, afim de se que comprovem as informação presentes no PER/DCOMP, DIPJ e DCTF, bem como julgar procedente a presente manifestação de inconformidade, declarando homologado o crédito compensado.” A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, pelos fundamentos sinteticamente expostos na ementa ao norte transcrita. Em síntese, ratificou o motivo exposto no despacho decisório pelo qual foram homologadas apenas parcialmente, ou então foram não homologadas, as compensações contidas em diversas DCOMP apresentadas, qual seja: a inexistência do crédito alegado, em face de não ter sido comprovada a compensação da estimativa do IRPJ de dezembro de 2007. Em sede de recurso, o contribuinte renova seus argumentos com vistas à obtenção da homologação da compensação pretendida, aduzindo em síntese, o seguinte: (i) nulidade do despacho decisório por vício formal, em razão da falta de intimação prévia da recorrente para prestar esclarecimentos sobre o crédito detido que se pretendia compensar; (ii) nulidade do acórdão recorrido por cerceamento de defesa, em razão de sua fundamentação deficiente; (iii) efetiva existência do crédito (saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2007), plenamente demonstrada nos documentos apresentados, vez que fruto de acúmulos de saldos Fl. 196DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10120.900262/201124 Acórdão n.º 1201001.373 S1C2T1 Fl. 6 5 negativos de períodos anteriores, que com este foi somado para fins de apuração do saldo credor; (iv) mesmo que se entenda que tenha havido erro na transmissão das informações relativas ao crédito em questão, este não pode ser óbice ao reconhecimento do crédito e do direito da recorrente à sua fruição; (v) observância, para efeito do prazo para pleitear a repetição do indébito, da “tese dos 5+5”; (vi) no caso de superação de todos os argumentos acima discorridos, que seja realizada perícia técnica contábil a fim de se confirmar a existência e liquidez dos créditos em questão, para cujos fins indica perito e quesitos a serem respondidos. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Nulidade do despacho decisório A recorrente requer a declaração de nulidade do despacho decisório, tendo em vista a falta de intimação prévia da recorrente para prestar esclarecimentos sobre o crédito que pretendia compensar. Noutro giro, sustenta que a autoridade fiscal competente, antes de se manifestar sobre a compensação materializada através das Per/Dcomps constantes do Despacho Decisório atacado, proceda à necessária investigação do débito e crédito apresentados pela recorrente. Sem razão a recorrente. Não há na lei comando que obrigue a autoridade fiscal a efetuar prévia intimação do contribuinte antes de proferir o seu despacho decisório. A própria recorrente transcreve na sua peça recursal apenas um artigo de ato normativo do órgão fazendário (art. 65 da Instrução Normativa RFB no 900/2008), o qual apenas menciona a possibilidade de a fiscalização empreender diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo, ou então de intimar o sujeito passivo para que apresente documentos comprobatórios do referido direito, antes de decidir. Se a repartição já dispõe de todos os elementos necessários, nenhum óbice há para que a autoridade fiscal profira sua decisão. Por outro lado, sequer se pode compreender a inconformidade da recorrente, uma vez que, no caso concreto, o contribuinte foi previamente intimado para que retificasse as suas declarações (PERDCOMP, DIPJ e DCTF) de modo a tornálas coerentes umas com as outras (fls. 47), fazendo inclusive referência à existência de “estimativas divergentes”. Contudo, não há notícia nos autos de que a recorrente tenha tomado qualquer iniciativa neste sentido. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10120.900262/201124 Acórdão n.º 1201001.373 S1C2T1 Fl. 7 6 Ademais, as razões da não homologação da compensação pretendida estão perfeitamente delineadas no despacho decisório exarado, que não padece, portanto, de qualquer vício. Nulidade da decisão recorrida A recorrente requer a declaração de nulidade da decisão recorrida, por não propiciar à Recorrente os elementos concretos que formaram a sua convicção, mas apenas lançar mão de dispositivos de lei genéricos, que não permitem concluir quais os reais motivos do julgamento de improcedência da impugnação apresentada, o que caracteriza o cerceamento do direito de defesa. Sem razão a recorrente. A exemplo do despacho decisório, também a decisão recorrida explicitou as razões da não homologação da compensação pretendida, que, no caso foi uma só, e precisamente a mesma que constou no despacho decisório. Neste sentido, transcrevo o seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido: “O motivo da glosa, conforme trata o Relatório Fiscal de fls32 a 175 dos autos do processo nº 10120.720821/201033, que se encontra apensado a este processo, foi a não comprovação das estimativas do IRPJ apurada em dezembro de 2007, no valor de R$ 1.336.168,59: (...)” Sem qualquer procedência, portanto, o pleito de nulidade do acórdão recorrido por suposta fundamentação deficiente. Perícia técnica contábil A recorrente requer a realização de perícia técnica contábil para que se confirme a existência e liquidez dos créditos em questão, indicando perito e formulando os quesitos que pretende ver respondidos. A realização de perícia é desnecessária. O pressuposto para realização de perícia é a insuficiência de conhecimento técnico do julgador a respeito de algum elemento que compõe o litígio. Tal não ocorre no caso concreto. Perícias e diligências são instrumentos postos à disposição do julgador para auxiliálo na formação do seu livre convencimento, se entendêlas necessárias ou imprescindíveis para a elucidação de pontos duvidosos. Conforme se verá a seguir, os autos estão devidamente consubstanciados com todos os documentos necessários para embasar o convencimento do julgador. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10120.900262/201124 Acórdão n.º 1201001.373 S1C2T1 Fl. 8 7 Indefiro, portanto, o pedido. Saldo negativo de IRPJ. Alega a recorrente que não houve uma efetiva análise dos documentos apresentados, os quais, se corretamente analisados, demonstrariam de modo claro a efetiva existência do crédito. Contudo, os documentos apresentados nada mais são do que cópias de algumas fichas da DIPJ/2008, a qual já é do conhecimento da autoridade fiscal, além de uma planilha elaborada com a finalidade de demonstrar a composição do saldo negativo de 2007. Nenhum dos documentos apresentados, portanto, enfrenta o motivo central (único) que levou à não homologação da compensação pretendida, qual seja, a falta de comprovação de que teria efetivamente compensado a estimativa de dezembro de 2007, no valor de R$1.336.168,59, com saldo negativo de período anterior. Assim, apenas confirmase tudo o quanto exposto desde a prolação do despacho decisório, ou seja, o débito de estimativa que a recorrente alega ter sido objeto de compensação (R$1.336.168,59) simplesmente “não consta na Dcomp informada ou em sua retificadora ativa”. Por conseguinte, inexistente o alegado crédito de saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2007. Nada obstante a existência de sólida jurisprudência no CARF, inclusive precedentes de minha própria relatoria, no sentido de reconhecer, em certas situações, a possibilidade de o crédito ser analisado sob uma ótica distinta da que foi apresentada na DCOMP (por exemplo, efetuando a análise do crédito como saldo negativo, quando o pedido foi de repetição de imposto de renda retido na fonte, ou, então, redirecionando a análise para outro período de apuração, ante o erro de fato devidamente comprovado, entre outros casos já julgados por este relator), o fato é que, no caso ora sob análise, os desacertos, se considerada a tese da defesa, são de tal ordem que não é possível compreendêlos como mero erro material ou erro de fato, senão como uma total incompreensão ou desconhecimento das normas que regem a matéria. Não há dúvidas de que as informações prestadas no PERDCOMP situamse na esfera de responsabilidade do próprio contribuinte, a quem cabe demonstrar, mediante adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões. Do mesma forma, o eventual erro de fato praticado há de ser adequadamente demonstrado. O erro de fato, via de regra, é facilmente perceptível, e fica caracterizado quando se verifica que o interessado preencheu o documento em desconformidade com a sua intenção original, mas não quando o contribuinte simplesmente formula pedido ou declaração em total desconformidade com as normas de regência. No caso, a defesa apresentada, no sentido de que o saldo negativo reclamado seria “fruto de acúmulos de saldos negativos de períodos anteriores, que com este foi somado para fins de apuração do saldo credor TOTAL”, revela total descompromisso para com as normas que regem a compensação tributária. Em linha com o aqui exposto, os seguintes precedentes: Fl. 199DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10120.900262/201124 Acórdão n.º 1201001.373 S1C2T1 Fl. 9 8 CSLL. FINSOCIAL. TÍTULO JUDICIAL TRANSITADO EM JULGADO. AUSÊNCIA DE REGISTRO DO PROCEDIMENTO COMPENSATÓRIO. A existência de incontroverso direito creditório decorrente do recolhimento indevido a título de FINSOCIAL não é suficiente para comprovar a realização de procedimentos compensatórios, haja vista a necessidade de prévia declaração com a individualização dos períodos de competência abrangidos. (Acórdão 1102000.464, sessão de 30 de junho de 2011, relatora Silvana Rescigno Guerra Barretto) ERRO MATERIAL. Ocorre erro material suscetível de retificação quando há divergência facilmente perceptível entre o que foi escrito e aquilo que se queria ter escrito, normalmente revelada no próprio contexto da declaração ou através das circunstâncias em que a declaração é feita. Hipótese inocorrente nesses autos. (Acórdão 1102000.970, sessão de 07 de novembro de 2013, relator João Carlos de Figueiredo Neto) ÔNUS DA PROVA. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. É ônus do sujeito passivo, na condição de autor do feito, provar o direito creditório que alega possuir nos processos que envolvem restituição ou compensação de tributos. (Acórdão 1102001.109, sessão de 08 de maio de 2014, relator Ricardo Marozzi Gregorio) Noutro trecho da peça de defesa, a recorrente requer que, ao menos lhe seja reconhecido o direito creditório no montante de R$ 178.165,87, verbis: “De uma simples análise dos Darfs anexados à manifestação de inconformidade apresentada, resta patente que o valor recolhido naquele ano supera muito o débito aferido, porquanto notase claramente que foram realizados pagamentos no montante de R$ 842.009,16 (oitocentos e quarenta e dois mil e nove reais e dezesseis centavos) ao passo que o débito apurado naquele mesmo anobase, ascendeu ao montante de R$ 663.843,29 (seiscentos e sessenta e três mil oitocentos e quarenta e três reais e vinte e nove centavos), donde se vê que, no mínimo deve ser reconhecido um crédito no montante de R$ 178.165,87 (cento e setenta e oito mil cento e sessenta e cinco reais e oitenta e sete centavos), não havendo se falar, assim, que a recorrente esteja em débito.” Contudo, analisandose o despacho decisório, verificase que, além dos R$842.009,16 citados pela recorrente, foram ainda reconhecidos por aquela autoridade outras parcelas (retenções na fonte, etc), totalizando um crédito de R$892.535,01 para fazer frente ao débito mencionado pela recorrente, de R$663.843,29, de sorte que, em verdade, o despacho em questão já reconheceu um crédito de R$228.691,72. A menos que a recorrente esteja propondo reduzir o valor do crédito a que faz jus para R$178.165,87, nada mais há a avançar neste aspecto. Por fim, a recorrente tece extensas considerações sobre a correta interpretação da chamada “tese dos 5 + 5”, pela qual o prazo referido no art. 168, I, do CTN, restou “estendido” para dez anos, sob o fundamento de que a extinção do crédito tributário estaria condicionada à homologação expressa ou tácita do pagamento, e não ao próprio pagamento. Fl. 200DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10120.900262/201124 Acórdão n.º 1201001.373 S1C2T1 Fl. 10 9 Contudo, tais observações não possuem qualquer relevância para o desate do litígio, posto que não foi este (extinção do direito do contribuinte de repetir o indébito) o motivo que deu ensejo à não homologação das compensações em análise. Conclusão Pelo exposto, rejeito as preliminares de nulidade do despacho decisório e da decisão recorrida, indefiro o pedido de perícia, e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator Fl. 201DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 30/ 03/2016 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 16327.720403/2013-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2008, 2009, 2010, 2011
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011
ÁGIO FUNDAMENTADO EM EXPECTATIVA DE RESULTADOS FUTUROS. DEDUTIBILIDADE DA AMORTIZAÇÃO.
A legislação que permite a dedução da amortização do ágio em determinadas circunstâncias e desde que preenchidos determinados requisitos é norma indutora de comportamento do contribuinte.
Não havendo ocorrência de fraude ou simulação e tendo sido verdadeiras e legitimas as operações perpetradas, inclusive, com a ocorrência do efetivo pagamento do preço, a dedução do ágio é possível, ainda que o benefício fiscal seja o principal ou mesmo o único elemento motivador.
Uma vez demonstrado o devido propósito negocial e substância econômica na realização de reorganizações societárias, a dedução da amortização do ágio torna-se ainda mais justificada.
UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL.
A utilização da chamada "empresa veículo" não guarda qualquer ilegalidade ou abuso em si, sendo necessária a identificação de outros elementos como a fraude ou simulação para que a glosa da dedução do ágio se justifique.
Na hipótese em que presentes para o contribuinte, outras opções de movimentação societária que resultariam no mesmo efeito tributário que é a dedução do ágio, a eventual utilização de empresa veículo configura simples decisão de negócios que não prejudica o benefício fiscal.
LAUDO DE AVALIAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
Indevida a glosa do aproveitamento do ágio sob fundamento de intempestividade do laudo de avaliação vez que sequer existia previsão legal acerca da obrigatoriedade do laudo à época dos fatos.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011
A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao IRPJ aplica-se à CSLL dele decorrente.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF
Data do fato gerador: 03/09/2008
RENDIMENTOS RESULTANTES DE APLICAÇÃO FINANCEIRA INCIDÊNCIADO IRRF
Está sujeito ao IRRF o rendimento produzido por aplicação financeira de renda fixa.
Numero da decisão: 1201-001.438
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para manter, apenas, a glosa da despesa com indenização a clientes e o respectivo IRRF. Vencidos os Conselheiros João Thomé e Ronaldo Apelbaum, que davam integral provimento ao recurso. Os Conselheiros João Thomé e Roberto Caparroz acompanharam o Relator pelas conclusões no que toca à amortização do ágio.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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DEDUTIBILIDADE DA AMORTIZAÇÃO. A legislação que permite a dedução da amortização do ágio em determinadas circunstâncias e desde que preenchidos determinados requisitos é norma indutora de comportamento do contribuinte. Não havendo ocorrência de fraude ou simulação e tendo sido verdadeiras e legitimas as operações perpetradas, inclusive, com a ocorrência do efetivo pagamento do preço, a dedução do ágio é possível, ainda que o benefício fiscal seja o principal ou mesmo o único elemento motivador. Uma vez demonstrado o devido propósito negocial e substância econômica na realização de reorganizações societárias, a dedução da amortização do ágio torna-se ainda mais justificada. UTILIZAÇÃO DE EMPRESA VEÍCULO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. A utilização da chamada "empresa veículo" não guarda qualquer ilegalidade ou abuso em si, sendo necessária a identificação de outros elementos como a fraude ou simulação para que a glosa da dedução do ágio se justifique. Na hipótese em que presentes para o contribuinte, outras opções de movimentação societária que resultariam no mesmo efeito tributário que é a Fl. 1917DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 2 dedução do ágio, a eventual utilização de empresa veículo configura simples decisão de negócios que não prejudica o benefício fiscal. LAUDO DE AVALIAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Indevida a glosa do aproveitamento do ágio sob fundamento de intempestividade do laudo de avaliação vez que sequer existia previsão legal acerca da obrigatoriedade do laudo à época dos fatos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011 A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao IRPJ aplica-se à CSLL dele decorrente. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 03/09/2008 RENDIMENTOS RESULTANTES DE APLICAÇÃO FINANCEIRA INCIDÊNCIADO IRRF Está sujeito ao IRRF o rendimento produzido por aplicação financeira de renda fixa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para manter, apenas, a glosa da despesa com indenização a clientes e o respectivo IRRF. Vencidos os Conselheiros João Thomé e Ronaldo Apelbaum, que davam integral provimento ao recurso. Os Conselheiros João Thomé e Roberto Caparroz acompanharam o Relator pelas conclusões no que toca à amortização do ágio. (assinado digitalmente) MARCELO CUBA NETTO - Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator. Fl. 1918DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 2 3 EDITADO EM: 06/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), João Otavio Oppermann Thomé e Ronaldo Apelbaum. Relatório Primeira infração apurada: dedução indevida de amortização de ágio O objeto da fiscalização é a verificação da apuração do IRPJ e CSLL nos anos calendário 2008 e 2009, posteriormente ampliado para os anos-calendário 2010 e 2011, em especial a dedução de pretenso ágio com fundamentação em rentabilidade futura escriturado quando da aquisição pelo Banco de Investimentos Credit Suisse (Brasil) S/A — doravante "CS" de 100% das ações da sociedade Hedging-Griffo Investimentos S.A. II - HGI- II, ocorrida em 20 de dezembro de 2006, com fechamento em 01 de novembro de 2007 e posterior incorporação em 28 de julho de 2008. A HGI-II sociedade do tipo "holding", constituída em 07/06/06 sob a denominação de Hedging-Griffo Equities Administradora de Recursos S.A, fazia parte do Grupo Hedging-Griffo HG composto por empresas operacionais e não operacionais do tipo "holding", conforme quadro abaixo que retrata a composição societária em 18/10/07: As despesas com amortização de ágio durante o período compreendido nos anos-calendário 2008 a 2011 são decorrentes de eventos societários ocorridos nos anos- calendário 2006 e 2007, os quais demonstraram ter por finalidade criar uma situação que possibilitasse à fiscalizada aproveitar os benefícios fiscais previstos nos artigos 385 e 386 do RIR 1999. Conforme documento datado de 20 de dezembro de 2006 "Contrato de Compra e Venda de Ações" entre Banco de Investimentos Credit Suisse (Brasil) S.A. ("Compradora") e as Pessoas Físicas elencadas nas páginas de assinatura ("Vendedores") e como intervenientes Hedging-Griffo Investimentos S.A., Hedging-Griffo Asset Management S.A., Hedging-Griffo Serviços Internacionais Ltda. e Hedging-Griffo Corretora de Valores SA. ("Sociedades Adquiridas") cujo objeto foi a aquisição de 5.001 (cinco mil e uma) ações ordinárias, sem valor nominal, representativas do capital social da HG Investimentos, equivalentes a 50% + 1 das ações do referido capital social (as "Ações Adquiridas"). O valor da transação estabelecido foi de R$ 635.000.000,00, a ser pago em quatro parcelas anuais de R$ 158.750.000,00, a partir da data de fechamento prevista para ocorrer entre 30 de junho e 31 de dezembro de 2007, observadas as condições contratuais, sendo que cada pagamento estaria sujeito com correção diária pela variação do CDI. Ainda na data de fechamento seria firmado acordo de acionistas para reger a administração dos negócios após a efetivação da transação. Fl. 1919DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 4 Consta ainda do contrato a previsão de que seria levada a efeito no Grupo HG uma reorganização permitida, reorganização societária interna das Sociedades Adquiridas a ser concluída antes do Fechamento, por meio da qual (i) a titularidade de todas ações emitidas e em circulação representativas do capital social da HG Corretora, HG Serviços Internacionais e HG Asset passará a ser detida diretamente pela HG Investimentos; (ii) na medida do necessário e conforme pactuado com a Compradora, o Negócio será transferido ou de outro modo cedido às Sociedades Adquiridas; e (iii) serão praticados demais atos ligados às aludidas providências, de modo a permitir que o Negócio seja incorporado à HG Investimentos, conforme pactuado entre as partes. Passa-se neste momento a analisar a reorganização societária que antecedeu a incorporação da HGI-II pelo CS, ora recorrente. Originalmente, o controle acionário das sociedades componentes do Grupo HG era exercido na sua totalidade por um grupo de 76 pessoas físicas, das quais 4 com participação majoritária. Em cada sociedade havia uma composição diferente de acionistas pessoas físicas e respectivas participações. Em 19/12/2006, a estrutura societária do Grupo Hedging-Griffo era o seguinte: Fl. 1920DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 3 5 O Grupo HG desenvolvia atividades diversificadas no mercado financeiro e de capitais nacional, até então de forma independente, a saber, prívate banking, gestão de ativos e corretora de valores, através de empresas operacionais tais como Hedging-Griffo Serviços Internacionais S.A. – HGSI, Hedging-Griffo Asset Management SA. – HGAS, e Hedging-Griffo Corretora de Valores S.A. HGCV.Também faziam parte do Grupo as empresas operacionais HG Equities e HG Administradora de Fundos. Constata-se que, apesar de toda a reorganização societária realizada até o momento anterior ao fechamento da aquisição pelo CS de participação societária majoritária no Grupo HG não sujeita a incorporação, o controle acionário total de 100% das empresas operacionais e não operacionais nunca deixou de ser exercido direta ou indiretamente pelas 76 pessoas físicas acionistas e quotistas do Grupo HG, tendo por único objetivo a transferência do controle societário direto ou indireto de suas empresas operacionais para a Hedging-Griffo Investimentos S/A HGI CNPJ 08.138.922/000171, conforme previsto no Contrato de Compra e Venda de Ações "Reorganização Permitida" e de 50% mais uma de suas ações desta para a HGI-II, conforme aditivo. Na outra ponta a HGI-II, CNPJ 08.111.476/000101, passou a deter metade mais uma das ações da HG Investimentos CNPJ 08.138.922/000171. Em 28 de fevereiro de 2007 efetivamente a HG Investimentos passou a deter direta ou indiretamente 100% do controle acionário das sociedades operacionais HG Asset, HG Serviços Internacionais e HG Corretora de Valores. Fl. 1921DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 6 O restante do controle acionário da HG Investimentos passou a ser exercido 50% menos uma ação por Hedging-Griffo Investimentos S.A. I – HGI-I,CNPJ 07.995.528/000197. A HGI-I foi extinta por incorporação pela própria HG Investimentos em 18 de outubro de 2007, ficando as 50% menos uma ação sob propriedade das pessoas físicas. Assim, a Hedging-Griffo Investimentos S.A. II - HGI-II, ocupou o lugar da HG Investimentos como a sociedade adquirida em conjunto com as demais sociedades adquiridas pelo CS no fechamento da transação, em 1 de novembro de 2007, conforme quadro abaixo: Fl. 1922DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 4 7 No fechamento, o objeto da compra e venda passou a ser a totalidade das ações da HGI-II, a sociedade adquirida pelo CS em conjunto com as demais "Sociedades Adquiridas". Fl. 1923DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 8 Em 28 de julho de 2008 a HGI-II foi extinta por incorporação ao CS a valores contábeis, R$ 154.491.019,89, conforme AGE, Protocolo de Incorporação e Laudo de Avaliação de ambas sociedade.De especial interesse no "Acordo de Acionistas" o fato de que a gestão das empresas adquiridas permaneceu com os antigos sócios majoritários, agora minoritários, corroborando informação constante no despacho do CAPE acima mencionado. Regularmente intimada a apresentar documentação relativa à aquisição e incorporação da sociedade Hedging-Griffo, bem como demonstrar o ágio apurado e deduzido no período em análise e informar o embasamento legal que suportasse sua dedutibilidade, apresentou expediente onde informa que o CS comprou integralmente a HGI-II, empresa detentora do controle acionário de empresas operacionais grupo Hedging-Griffo, em novembro de 2007, após aprovação do Banco Central do Brasil, conforme contrato de compra e venda. A empresa foi incorporado pelo CS, conforme Ata de Assembléia Geral Extraordinária realizada em 28 de julho de 2008 pelo valor patrimonial de R$ 154.491.019,88. Escriturou em seus livros um ágio por expectativa de rentabilidade futura de R$ 634.869.890,34 a ser amortizado num prazo de 74 meses, conforme Relatório de Avaliação Econômico Financeira emitido pela Ernst & Young. Na seqüência afirma: "Considerando que em julho de 2008 o CS incorporou a HGI-II e o ágio gerado na referida operação tem com fundamento a expectativa de rentabilidade futura, as amortizações passaram a ser uma despesa dedutível, para fins de apuração do imposto de renda e contribuição social, com base no inciso 111 do art. 386 do Decreto nº 3000, de 1999." fiscalização considera indedutível a escrituração do ágio e da subseqüente dedução de sua amortização levada a efeito pelo CS na apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL. A fiscalização reputa inadmissível a dedução de ágio por não ter havido a efetiva incorporação das sociedades adquiridas. Regularmente intimado a esclarecer a fundamentação legal para a apuração deste ágio e seu tratamento tributário, o CS indicou o embasamento como enquadramento legal no RIR/99 artigo 386, inciso III valor da rentabilidade futura da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros. Além do motivo acima indicado se verifica ainda a utilização de "empresa veículo" sem propósito negocial, bem como o fato de que, por ocasião da aquisição da participação acionária, o CS não indicou na sua escrituração contábil qual o seu fundamento bem como não possuía o demonstrativo que suportasse a classificação do ágio como sendo fundamentado em expectativa de rentabilidade futura. Pelos três motivos acima indicados entende esta fiscalização não terem sido atendidos os requisitos legais que suportassem a dedutibilidade do ágio, sendo obrigatório sua adição na apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL. Concluiu-se, após o término da fiscalização, que efetivamente se caracterizou todo o planejamento tributário engendrado por CS e Grupo HG não como uma operação de aquisição de controle acionário entre partes independentes com ágio baseado em rentabilidade futura com posterior incorporação da sociedade controlada , mas sim como uma aquisição majoritária de participação acionária, na qual não seria admissível a dedução da amortização do Fl. 1924DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 5 9 ágio efetivada pelo CS por não haver se concretizado de fato a incorporação de sociedades conforme pretendido pelas partes. Ainda que se pudesse considerar o planejamento tributário executado pelas partes como válido, o pretenso ágio foi, segundo a fiscalização, incorretamente classificado pelo CS como baseado em "expectativa de rentabilidade futura". O objeto da transação era a aquisição de 50% mais uma ação da HG Investimentos e demais sociedades adquiridas e não de 100% das ações da HGI-II: apesar de que no final o resultado tenha sido o mesmo, esta mudança por ocasião do fechamento se mostrou supostamente sem propósito negocial. Comprovou-se a impossibilidade de considerar o ágio como fundamentado em rentabilidade futura pelo fato de o demonstrativo exigido pela legislação vigente como documentação comprobatória da fundamentação econômica de qualquer ágio haver sido lavrado em data posterior à efetivação da transação 14 de maio de 2008, em total desacordo com o previsto no caput e § 3º do artigo 385 do RIR 1999. Foi reputado pela fiscalização que, em não havendo qualquer indicação da fundamentação econômica do ágio e na ausência do demonstrativo exigido legalmente nesta data, por exclusão, uma vez que é pré-requisito indispensável para classificação nos incisos I ou II do § 2º do artigo 385, o investimento e respectivo pretenso ágio foi avaliado pelo inciso III do § 2° deste mesmo artigo, isto é, fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. A fiscalização encontra justificativa no fato de o relatório ter sido elaborado posteriormente poderia levar a uma situação não de todo incomum em que o valor do ágio escriturado quando do fechamento da transação R$ 634 milhões poderia ser superior ao valor indicado na avaliação pela "expectativa de rentabilidade futura" realizada depois de sete meses, situação esta decorrente até mesmo a fatores alheios ao controle entre as partes, tais como alterações das condições de mercado ou regulatórias, inovação tecnológica, economia mundial. A partir destas afirmações, restou caracterizado o evidente intuito de fraude, uma vez que, simulada a aquisição de participação societária como "total, 100%" e não apenas "majoritária, 50% mais uma ação", aliada à caracterização de ágio de maneira diversa da real " expectativa de resultados futuros" e não "outras razões econômicas'' e daí para frente simulados também os demais atos encadeados, em especial a "formal" "incorporação de sociedade" que não ocorreu de fato, o fiscalizado impediu dolosamente, total ou parcialmente a ocorrência do fato gerador do IRPJ e da CSLL de acordo com o art. 72 da Lei n° 4.502, de 30.11.1964. A base legal para cobrança da multa qualificada de 150%, pelo evidente intuito de fraude é o art. 44, § 1º e inciso II "b" da Lei n° 9.430/96, com redação dada pela Lei n° 11.488/2007 em seu art. 14. Segunda infração: dedução de despesa desnecessária Analisando o Contrato de Conta Garantida firmado em 27 de setembro de 2007 e o respectivo Contrato de Liquidação e Quitação firmado em 03 de setembro de 2008, verifica-se se tratar de colocação em conta garantida sob custódia do CS, de recursos Fl. 1925DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 10 provenientes de transação de compra e venda de ações verificada em 12 de agosto de 2007, transação esta pendente de fechamento em função da necessidade de solução de pendências entre vendedores — dez pessoas físicas, conforme consta do acordo de indenização e comprador— pessoa jurídica. O valor total depositado proporcionalmente à participação de cada uma das dez pessoas físicas vendedoras foi de R$ 120.975.245,30, desmembrado em dois valores, um de R$90.000.000,00 que deveria permanecer por um período de três anos após a data de fechamento e o segundo no valor de R$ 30.975.245,30 a ser liberado quando da disponibilização das ações. O valor inicial foi aplicado em 27 de setembro de 2007 pelo CS em 124.466 Notas do Tesouro Nacional (NTNF) resgatáveis em 1º de janeiro de 2014, sendo feita aplicação adicional em 14 de abril de 2008 em 5.206 títulos idênticos com recursos originados de rendimentos da primeira aplicação creditados em 2 de janeiro de 2008 — vide "Contrato de Liquidação e Quitação" A cláusula 3ª do "Contrato de Conta Garantida" define a forma de aplicação dos recursos depositados na Conta Garantida, dispondo, entre outros, que o Agente Fiduciário não tem responsabilidade alguma por perdas atinentes a investimentos, as quais resultem de investimento, reinvestimento ou liquidação do Valor da Conta Garantida. Em relação às responsabilidades entre as partes e em especial do Agente Fiduciário, no caso o CS, a Cláusula 5a letra (c) da referida Conta Garantida dispõe que o Agente Fiduciário não terá responsabilidade alguma por seus investimentos de qualquer valor mantido por ele, em boa-fé, nos termos deste Contrato, inclusive, entre outras, responsabilidades por eventuais atrasos (não decorrentes de sua falta grave ou dolo) no investimento ou reinvestimento do valor depositado em garantia ou por qualquer perda de juros resultante desses atrasos. Ao contrário do afirmado pelo recorrente de que a despesa em questão seria dedutível por se caracterizar como erro operacional inerente às atividades empresariais por ele desenvolvidas, a fiscalização a considera indedutível, uma vez que a despesa em questão não se enquadra no conceito de usualidade ou normalidade no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Essa ausência de enquadramento decorre da confrontação da realidade dos fatos com as disposições do Contrato de Conta Garantida e respectivo Contrato de Liquidação e Quitação, de onde se conclui não comprovada a alegada ausência de instruções por parte dos contratantes, motivo este alegado como justificativo para a pretensa indenização. Não cabe à fiscalização buscar a motivação do CS para a realização deste pagamento aos seus clientes, apenas se constata que ele foi realizado por sua mera liberalidade, não havendo possibilidade de enquadramento no critério de usualidade e normalidade pretendido, pelo que se considera a despesa indedutível e se procede à glosa do valor de R$ 8.367.846,36. 3ª infração: falta de retenção do IRRF O recorrente efetuou pagamento de R$ 8.367.846,36 a dez pessoas físicas, na proporção da participação de cada uma em Contrato de Depósito em Conta Garantida, em função de Contrato de Liquidação e Quitação firmado em 3 de setembro de 2008. Fl. 1926DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 6 11 Regularmente intimado a informar em relação à eventual retenção e recolhimento do IRRF relativo a este pagamento no valor de R$ 8.367.846,36, alegou em expediente resposta recepcionado em 22 de março de 2013 não ter havido retenção, nos termos do § 5º do artigo 681 do RIR 1999. A responsabilidade da retenção é da fonte pagadora, no caso o CS, e o regime de tributação é definitivo artigo 770, § 2°, inciso II do RIR 1999. A base de cálculo do tributo deve ser reconstituída, uma vez que o valor de R$8.367.846,36 já é liquido. Assim, aplicando-se a alíquota de 20%, o valor do crédito tributário de IRRF a ser constituído é igual a R$ 2.091.961,59. 4ª Infração: multa isolada por insuficiência de recolhimento das antecipações mensais A dedução da amortização do ágio (infração n° 1) resultou em diminuição indevida da estimativa mensal de ambos tributos apurada pelo recorrente conforme sua opção com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução para alguns períodos de apuração dos anos-calendário 2009 e 2010. Conforme Fichas 11 e 16 das DIPJ e a escrituração do contribuinte relativa a alguns períodos de apuração dos anos-calendário 2009 e 2010 estimativas com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução evidencia-se que o CS ao contabilizar mensalmente a amortização de ágio reduziu indevidamente a base cálculo, gerando insuficiência de recolhimento das estimativas. A base legal para cobrança da multa isolada é o art. 44, II "b" da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007 em seu art. 14. Essa lei 11.488/2007 é produto da conversão da Medida Provisória n° 351/2007, editada em 22/01/2007. A fiscalização considerou que não há mais falar de dupla incidência sobre uma mesma materialidade, a teor de intensa discussão que se travou no seio da jurisprudência administrativa, uma vez que a nova disposição legal trazida pela MP 351 fez a multa isolada incidir sobre diferente materialidade da multa de ofício, passando a incidir sobre o valor do pagamento mensal não recolhido enquanto na multa de ofício a incidência da multa é sobre a totalidade ou diferença de tributo. 5ª infração: compensação indevida de base de cálculo negativa da CSLL O valor compensado no ano-calendário 2010 refere-se à base de cálculo negativa apurada no ano-calendário 2009. Tendo em vista o ajuste realizado no ano-calendário 2009 através da presente autuação no valor de R$ 102.951.874,08, o valor de R$ 25.864.768,56 se tornou inexistente e portanto não disponível para compensação no ano calendário 2010, pelo que se procedeu à sua glosa através da presente autuação. Fl. 1927DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 12 Impugnação Alega o ora recorrente que o auto de infração lavrado não procede e deve o lançamento ser integralmente cancelado, diante das justificativas explanadas nos tópicos vindouros. Quanto ao direito de amortização do ágio Para a concretização do ágio, devem ser satisfeitas três premissas básicas: o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio; a realização das operações originais entre partes não ligadas; seja demonstrada a lisura na avaliação da empresa adquirida bem como a expectativa de rentabilidade financeira. Com efeito, a necessidade de que ocorra o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio decorre do simples fato de que, em não havendo pagamento, seja em dinheiro, em direitos ou em ativos passíveis de livre negociação, não há verdadeiro preço nem a correspondente despesa, e, conseqüentemente, nada há que mereça ser legitimamente deduzido dos tributos devidos. A segunda premissa supõe que a realização das operações originais se dê entre partes não relacionadas, pouco importando que nas etapas imediatamente anteriores à apuração do ágio decorrente do custo de aquisição incorrido naquelas operações originais a sociedade na qual ele for apurado já esteja dentro do grupo. O que se pretende é que a operação que posteriormente vai dar origem ao ágio (aquela em função da qual se atribuiu determinado valor ao investimento adquirido) seja feita entre partes não relacionadas. Por fim, é necessário que seja demonstrada a lisura na avaliação da empresa adquirida bem como a expectativa de rentabilidade financeira, pois se por um lado não houver real expectativa de rentabilidade futura faltará exatamente o pressuposto do ágio, e, por outro, a fruição do benefício fiscal só pode prosperar se em princípio não gerar dúvidas sobre a razoabilidade do valor do ágio. O recorrente alega que, no caso concreto, os três requisitos foram plenamente atendidos, como se pode, inclusive, constatar pela leitura do termo de verificação fiscal. Inicialmente, o ágio foi efetivamente pago pelo Impugnante, como atesta o termo de verificação fiscal. Da mesma forma, o negócio se deu entre partes não relacionadas, a saber, o impugnante, ora recorrente (Banco de Investimentos Credit Suisse Brasil S.A.) e as pessoas físicas sócias das diversas empresas do Grupo Hedging-Griffo, o que também é descrito no termo de verificação fiscal. Por fim, alega o recorrente que, muito embora a autoridade fiscal tenha levantado as objeções meramente formais de que no momento da aquisição o ágio não foi classificado pelo impugnante como decorrente de expectativa de rentabilidade futura (o que não é verdade) e que o laudo apresentado seria imprestável pelo mero fato de ter sido elaborado em momento posterior à aquisição (o que não procede), em nenhum momento a autoridade fiscal questiona a lisura na avaliação da empresa adquirida nem nega com base em motivos de índole material a expectativa de rentabilidade financeira envolvida na operação. Fl. 1928DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 7 13 Pelo contrário, argui o recorrente que o fiscal autuante expressamente afirma que não se discute na auditoria a operação de compra e venda de ações e a decorrente apuração de ágio. Muito embora a autoridade fiscal não possa negar o fato de que a HGI-II foi efetivamente incorporada pelo impugnante, sustenta de forma criativa a suposta ausência de incorporação de fato das sociedades negociadas. Desde o início jamais pretendeu o recorrente adquirir diretamente o controle das empresas HG Asset-Management, HG Serviços Internacionais e HG Corretora. A aquisição direta de cada uma daquelas sociedades, com acionistas distintos, exigiria a celebração de 3 acordos de acionistas distintos, 3 contratos de compra e venda distintos e uma série de outros controles que jamais foram de interesse do impugnante, que sempre quis adquirir o negócio como um todo. Daí porque constou expressamente do contrato que: "Considerando que a Compradora deseja comprar dos Vendedores, e os Vendedores desejam vender à Compradora, 5.001 (cinco mil e uma) ações ordinárias, sem valor nominal, representativos do capital social da HG Investimentos, equivalente a 50% + 1 (cinqüenta por cento mais uma) ações do referido capital social (as "Ações Adquiridas"), observados os termos e condições estipuladas no presente Contrato; (...) "Reorganização Permitida" significa reorganização societária interna das Sociedades Adquiridas a ser concluída antes do Fechamento, por meio da qual (i) a titularidade de todas as ações emitidas e em circulação representativas do capital social da HG Corretora, HG Serviços Internacionais e HG Asset passará a ser detida diretamente pela HG Investimentos; (ii) na medida do necessário e conforme pactuado com a Compradora, o negócio será transferido ou de outro modo cedido às Sociedades Adquiridas; e (iii) serão praticados demais atos ligados às aludidas providências, de modo a permitir que o Negócio seja incorporado à HG Investimentos, conforme pactuado pelas partes." (fls. 491 e 499) Além disso, busca a autoridade fiscal caracterizar a HGI-II como uma empresa veículo sem propósito negocial. Argumenta o recorrente que a razão pela qual se optou por adquirir vender uma empresa detentora de 50% + 1 das ações da HG Investimentos, e não estas ações diretamente, foi apenas porque tanto os compradores como os vendedores não desejavam tornar-se sócios do recorrente (o que ocorreria no caso de incorporação direta da HG Investimentos), antes de saber se seria exercida pelo impugnante ou pelos vendedores a opção de compra e venda prevista no acordo de acionistas. Tendo o ágio sido gerado com o pagamento efetuado pelo recorrente aos sócios das empresas do Grupo Hedging-Griffo pelo controle do grupo, não há que se falar na utilização de empresa veículo sem propósito negocial que permita à autoridade fiscal desconsiderar os efeitos tributários da operação. Por fim, pretende a autoridade fiscal descaracterizar o ágio pago pelo recorrente como não sendo decorrente de expectativa de rentabilidade futura. O recorrente rebate que, diferentemente do que afirma a autoridade fiscal e como se pode facilmente constatar à fl. 752, já em 31.12.2007 era lançado, ao lado do saldo de R$634.869.890,34, o histórico "valor ágio ref. performance fundos HG”, sendo certo que entre Fl. 1929DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 14 os possíveis fundamentos econômicos do ágio, o valor pago em razão da “performance” só pode se referir à expectativa da rentabilidade futura desse investimento, razão pela qual não há falar que momento da aquisição não fora indicado o fundamento econômico do ágio. Além disso, ainda que para argumentar tivesse o recorrente realmente falhado em registrar o fundamento econômico do ágio no exato momento da aquisição do investimento na Hedging-Griffo, tratar-se-ia de mero lapso no cumprimento de obrigação acessória, corrigível a qualquer tempo e incapaz de fazer que, por exclusão tal ágio deva ser classificado como decorrente da aquisição de fundo comércio, intangíveis e outras razões econômicas (fl. 1364), sobretudo quando se considera que a autoridade fiscal, possivelmente ciente da fragilidade de sua tese, em momento algum sequer tentou demonstrar que o ágio pago pelo impugnante teria efetivamente outro fundamento que não a expectativa de rentabilidade futura, limitando-se a apresentar objeções de ordem formal. Quanto ao relatório de avaliação elaborado pela Ernst & Young, em momento algum questiona a fiscalização as conclusões do laudo ou que de fato no caso o seu pagamento se deu por conta da expectativa de rentabilidade futura, mas sim apenas e tão somente o fato de não ser o laudo contemporâneo à aquisição. Por fim, alega a recorrente que a objeção da fiscalização segundo a qual entre a data da aquisição e a data da feitura do laudo poderia ter mudado a avaliação das sociedades adquiridas, não parece ter considerado o fato de que, como consta do Relatório de Avaliação, a database da avaliação econômico financeira é 31 de outubro de 2007. O período projetivo considerado foi de 10 (dez) anos e dois meses, compreendendo o período de 1º de novembro de 2007 a 31 de dezembro de2017 e perpetuidade (fl. 841), ou seja, o referido relatório retratava a expectativa de rentabilidade futura no momento da aquisição, o que por si só demonstra que de qualquer forma seriam evitadas as distorções. Alega a autoridade fiscal a presença de evidente intuito de fraude. No caso concreto o recorrente atesta que não omitiu nem procurou omitir qualquer elemento pertinente à operação em exame, encontrando-se tais elementos devidamente registrados nos órgãos competentes e acessíveis ao público, tendo, além disso, o recorrente fornecido todas as respostas, informações e documentos solicitados pela fiscalização nos vários termos de intimação emitidos ao longo do procedimento administrativo. Assim, ausente o dolo, defende a Recorrente o afastamento da aplicação da multa qualificada. Quanto à indedutibilidade da perda com pagamento de indenização Alega a Recorrente que o montante deduzido decorrente do pagamento de indenização corresponde a despesa normal e usual, e não a mera liberalidade. No caso concreto o recorrente incorreu na falta grave, em razão de duplo erro de seu funcionário, que, ao investir os recursos depositados na conta garantia: Fl. 1930DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 8 15 (i) aplicou valores pertinentes à conta garantia que seria necessariamente extinta depois de três anos da data da aquisição (quanto aos R$90.000.000,00, já que os R$30.975.245,30 seriam liberados antes desse prazo, quando houvesse a liberação ou transferência para a compradora das ações adquiridas por este valor) em títulos (NTNF) cujos valores relativos à conta que seria necessariamente encerrada em 2010 em títulos resgatáveis apenas em 2014; e (ii) efetuou a aplicação nas NTNF sem que houvesse instrução escrita e detalhada das partes. Tendo sido constatado tal erro, em 03.09.2008 foi celebrado entre o recorrente e os vendedores, que foram prejudicados pelo erro, "Contrato de Liquidação e Quitação", em razão do qual, com o objetivo de que o recorrente reparasse e corrigisse o erro cometido por seu funcionário, foram tomadas as seguintes providências: i-) liquidação dos investimentos iniciais nas NTNF; ii-) depósito na conta garantia da indenização acordada; e iii-) reinvestimento de todos os recursos existentes na conta garantia (inclusive a indenização) em certificados de depósito bancário (CDB) emitidos pelo recorrente ou uma de suas afiliadas no Brasil resgatáveis em caráter diário ao valor nominal, mais juros acumulados. Desses fatos, evidencia-se o nítido caráter indenizatório do valor glosado, que, longe de corresponder a mera liberalidade, configura despesa necessária e usual do impugnante, que, atuando como gestor de milhares de investimentos, está sujeito ao cometimento de erros por parte de seus funcionários, que, quando ocorridos como no caso concreto, devem ser reparados mediante a indenização cabível. Sustenta a autoridade fiscal a ausência de liquidez e certeza pois não houve rescisão contratual do contrato e portanto não há que se falar em reparação por dano patrimonial (fl. 1375). Ora, tão logo foi constatado o erro cometido, os recursos indevidamente aplicados em NTNF foram realocados para aplicação em CDB, tendo nesse momento sido apurada a perda patrimonial que deu origem à indenização. Portanto, ao contrário do que afirma a autoridade fiscal, afirma o recorrente que não era necessária a rescisão do contrato de garantia para que o erro fosse devidamente quantificado e indenizado pelo recorrente, rescisão esta que além de tudo não faria qualquer sentido, já que, devidamente corrigido e reparado o erro nos termos do Contrato da Liquidação e Quitação (relativo ao erro) celebrado entre o recorrente e os vendedores, não havia qualquer razão para que não continuasse vigorando e produzindo seus efeitos o contrato de garantia acordado entre os vendedores e a compradora tendo o impugnante como agente fiduciário. Segundo o recorrente, não merece prosperar a constatação de que haveria algum tipo de instrução detalhada por parte dos compradores e vendedores, já que, por se tratar de uma conta garantia que seria necessariamente encerrada três anos depois de aberta, é Fl. 1931DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 16 evidente a inadequação de investimento de longo prazo em título com vencimento em sete anos e a conclusão de que o investimento deveria ter sido feito em títulos de curto prazo. Alega o recorrente que não pode responder pelo comportamento de seus clientes, e, mesmo que ao receberem os extratos mensais não tenham eles percebido o equívoco cometido, ou, como parece sugerir a autoridade fiscal, somente tenham levantado o problema no tempo que lhes foi propício, a tal fato jamais poderia ser atribuído o condão de excluir a responsabilidade do impugnante pelo erro cometido. Mesmo não afirmando categoricamente o documento que não houve instruções escritas e detalhadas, quando o impugnante foi indagado pelos seus clientes sobre o porquê da aplicação em NTNF,não conseguiu apresentar instrução escrita e detalhada de seus clientes para que o investimento fosse feito dessa forma. Nesse contexto, e considerando-se que a aplicação em título de longo prazo seria no caso concreto tecnicamente errada, é evidente que uma instrução escrita e detalhada de seus clientes para que o investimento fosse feito em NTNF resgatável em 2014, caso existisse, deveria ter sido guardada com todo o cuidado pelo recorrente, razão pela qual não podendo a existência de tais instruções ser provada pelo recorrente, é totalmente irrelevante saber se elas categoricamente existiram ou aparentemente não existiram. Quanto à Cláusula 3a, (a), do contrato de garantia invocada pela autoridade fiscal, alega o recorrente não se aplicar ao caso concreto, pois trata simplesmente da falta de responsabilidade do impugnante quanto ao risco inerente ao investimento, sendo certo a título de exemplo que se por ordem de um cliente o recorrente aplica seus recursos em um fundo de ações e a bolsa sofre forte que da responsabilidade pela perda daí decorrente não poderá ser atribuída ao recorrente. Já quanto ao item 8 do contrato de liquidação e quitação também invocado pela autoridade fiscal, trata-se de cláusula genérica de exclusões mútuas de responsabilidade comum em contratos que envolvem quitações recíprocas, não se aplicando às responsabilidades que são expressamente admitidas nos itens anteriores do mesmo contrato, como no caso concreto a responsabilidade do impugnante de indenizar seus clientes pelo dano que lhes foi causado. Alega ainda a autoridade fiscal ter havido a "Incorreção no valor da perda patrimonial indicada no "Contrato de Liquidação e Quitação" quando da venda de NTNF", pois, no seu entender, o "cálculo correto para a apuração de eventual ganho ou perda na liquidação da aplicação inicial em NTNF é o valor da venda mais os rendimentos líquidos creditados ao longo da aplicação R$ 118.548.091,05 em confronto com o investimento inicial e não em relação a um "valor do acordo" (fl. 1377). O recorrente afirma que os rendimentos creditados ao longo da aplicação e já tributados consubstanciam para o investidor valor que se soma ao investimento inicial como principal. O resgate do valor inicialmente investido somado aos rendimentos já tributados evidentemente não acarreta novo ganho. Daí porque, para apuração do real prejuízo sofrido pelo investidor o que deve ser comparado é o valor da venda com o valor do investimento inicial somado aos rendimentos líquidos creditados ao longo da aplicação, o que no caso evidencia que o valor que o Fl. 1932DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 9 17 impugnante acordou pagar foi inferior ao real prejuízo sofrido pelos investidores, conforme quadro constante da impugnação. De qualquer modo, tendo sido acordado um valor entre o recorrente e seus clientes a título de indenização e tendo sido esse valor efetivamente pago, segundo a recorrente, estão preenchidos os requisitos para a dedutibilidade desse valor, razão pela qual também quanto a isto não procede a objeção sustentada pela autoridade fiscal. Quanto à falta de isenção de retenção de IRRF Independentemente da aplicação ou não da regra do artigo 681, §5°, do RIR 1999 ao caso concreto, tratando-se como o valor em questão de indenização para reparação de dano patrimonial, para restituição do valor de parte do valor de principal investido, alega o recorrente que não há acréscimo patrimonial para quem recebe a indenização, não incidindo, assim, o imposto sobre a renda em razão do disposto no artigo 43 do CTN. Não correspondendo tais valores a renda para os destinatários, não é cabível a retenção do imposto na fonte, pois nada há a reter, razão pela qual eventual retenção a título de IRRF não seria lícita, como reconheceu em hipótese análoga o STJ. Ante o exposto, também quanto a tal item alega o recorrente não deve proceder o lançamento. Quanto à multa isolada Depois de reconhecer que antes da alteração do artigo 44 da Lei n° 9.430, 1996 promovida pela Lei n° 11.488, de 2007, a multa isolada prevista no inciso II do referido artigo não podia ser exigida em concomitância com a multa de ofício. Colaciona o recorrente jurisprudência dominante do CARF neste sentido. Quanto à compensação indevida de base negativa da CSLL Tratando-se esta suposta infração de mera decorrência da glosa das despesas de ágio amortizadas, argui o recorrente que deve ser o lançamento cancelado juntamente com o lançamento relativo à glosa das despesas de ágio, pelos motivos já expostos. Da não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício Alega o recorrente que não existe base legal para a exigência de juros sobre a multa de ofício (não isolada),que não pode prevalecer sob pena de violação não só do próprio art. 61 da Lei n. 9.430, de1996, mas também dos arts. 5º, II e 150,I da CF 1988 e, do artigo 97 Fl. 1933DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 18 do CTN. A legislação somente autoriza a incidência de multa e juros sobre o valor atualizado dotributo ou da contribuição. Acórdão nº 02-52.209 - 3ª Turma da DRJ/BHE O acórdão recorrido enfrentou toda a matéria levantada pela fiscalização e contestada por meio de impugnação, para decidir o que se segue. Contestação da glosa das amortizações do ágio A análise conjunta e seqüencial das alterações societárias demonstra seu caráter arbitrário e artificial. Os objetivos econômicos e negociais indicados no contrato de compra e venda não fazem nenhum sentido e só podem ser entendidas se vistas como uma manobra para permitir que, de uma forma aparentemente legal, fossem geradas despesas de amortização de ágio para a autuada. Não já motivação negocial, econômica, societária ou mesmo administrativa (redução de custos ou facilidade de gestão) para que uma empresa seja mantida no organograma em diferentes posições, ora na linha de baixo, ora na linha intermediária, ora no topo, apesar de supostamente seu objeto social ser a participação em outras sociedades, isto é, a autuação como holding ( que é o caso das três diferentes HGI, que ao cabo das onze alterações, por assim dizer, terão feito um giro completo pelo organograma). O jogo de reestruturações societárias poderia ser relevado se ele não tivesse como conseqüência ou objetivo apenas propiciar ao adquirente da maioria das ações das empresas operacionais um estratagema para tentar tirar proveito do benefício fiscal previsto no artigo 7º da Lei nº 9.502, de 1997. O final da série de transformações societárias é exatamente o cenário que se desejou alcançar por meio do contrato original assinado em dezembro de 2006. Conclui-se, portanto, que é ele que retrata a essência e a realidade do negócio realizado entre as partes. O objetivo econômico da autuada ao realizar o negócio com o grupo HG era adquirir, inicialmente, o controle da maioria das ações das empresas operacionais, com a opção de, pelo menos cinco anos mais tarde, adquirir o restante das ações. Havia também o interesse de reter no grupo adquirido os seus então administradores e principais operadores. Ficou acertada a compra de 50% mais uma das ações da HGI, embora esta empresa no momento em que o contrato se firmou só nominalmente fosse uma holding; seu patrimônio líquido não passava de 100 mil reais e ela não detinha nenhuma das ações das empresas operacionais que eram o verdadeiro alvo do grupo CS. Portanto, no negócio aventado entre as partes a HGI desempenha o papel de uma holding que provavelmente teria vida efêmera, já que se previa que no futuro o CS adquiriria 100% das ações. Fl. 1934DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 10 19 Ela também atuava como veículo, pois sua existência era quase que simbólica quando o contrato foi assinado. Ainda que já integrasse o organograma do grupo HG, não atuava nem tinha patrimônio que a permitisse se enquadrar como holding efetiva. É verdade que por meio dum aditamento ao contrato de compra e venda(vide folhas 620 a 633), assinado em 18 de setembro de 2007, as partes avençaram a mudança da empresa adquirida para a HGI-II. Todavia, entendeu-se que não se pode atribuir algum propósito econômico ou negocial a essa alteração. Entendeu-se que para que se pudesse usufruir o benefício fiscal relativo à amortização do ágio, era preciso que houvesse uma incorporação, fusão ou cisão. Daí se compreendeu ter sido forjada toda essa sucessão de alterações societárias, e também, sendo então efetuada a glosa fiscal. Especificamente no que concerne aos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, a exposição de motivos invocada pela recorrente, em verdade, em vez de corroborar seus argumentos, demonstra que o legislador, ao instituir o benefício fiscal em questão, pretendia que ele fosse usado somente nos casos em que houvesse uma razão econômica para a operação de incorporação, fusão ou cisão, e não meramente o objetivo de obter uma vantagem tributária. Ao se analisar a sucessiva criação e extinção de diversas camadas de empresas veículo, de existência apenas temporária, verifica-se que o que houve de fato foi a simulação de incorporação. Se o objetivo do contrato original era adquirir 50% mais uma das ações da HGI, ele foi alcançado, de modo que o negócio se realizou conforme inicialmente previsto e desejado pelas partes. O arranjo societário que se forjou apenas permitiu que a autuada aparentemente incorporasse a HGI-II, quando o que ocorria de fato era que simplesmente havia adquirido 50% mais uma das ações da HGI, sem que esta fosse incorporada. Ainda que o ágio tenha sido efetivamente pago, que esse ágio tenha sido fruto de operações realizadas entre partes independentes e capazes de negociar livremente, e que tenha sido demonstrado com instrumento hábil que ele foi pago em virtude da expectativa de rentabilidade futura, uma premissa ainda mais básica e fundamental não foi cumprida: não houve, de fato, uma incorporação. Na realidade, alterações societárias artificiais e encadeadas levaram a cabo apenas uma aparente incorporação. A glosa fiscal prevalece em virtude de outro requisito legal não ter sido cumprido: a demonstração de que o ágio teve como fundamento a expectativa de resultados futuros. Indicar como fundamento do ágio o desempenho dos fundos da HG não equivale a informar que esse ágio foi pago em virtude da expectativa de rentabilidade futura, uma vez que: i-) “performance” é algo que se observa no passado, sem que haja garantia de que se repetirá no futuro. Fl. 1935DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 20 ii-) é preciso considerar que o CS adquiriu o controle de100% das ações da HGIII, que por sua vez detinha 50% mais uma das ações da HGI. Nenhuma dessas duas holdings administrava fundos. iii-) o desempenho dos fundos num certo período, embora possa até ser um dos critérios para determinar a rentabilidade futura, também contribui para o prestígio, para a reputação da instituição e para sua capacidade de atrair e angariar clientela e, a capacidade de atrair clientela é um bem intangível e um dos componentes do fundo de comércio e, se o ágio é pago por essa razão, seu fundamento se classifica como “outras razões econômicas”, e não como expectativa de rentabilidade futura. A rejeição do relatório de avaliação apresentado extemporaneamente não é meramente formal, mas relativo à essência, pois, o valor é pago ou fixado no momento em que o negócio é realizado, logo o laudo tem de estar pronto nesta ocasião, e não posteriormente e, se elaborado posteriormente, não se pode afirmar que ele comprova nem demonstra a verdadeira motivação do ágio. Ainda em relação ao laudo, entendeu a DRJ que, uma vez que o documento traz a chancela do Credit Suisse, ele foi gerado internamente, Por isso, não há prova de que sua data de elaboração é efetivamente junho de 2006. E, ainda que essa data pudesse ser confirmada, nem assim se salvaria. É que ele já estaria desatualizado quando a aquisição da participação acionária se consumou, em novembro de 2007. Além disso, o documento ocupas-se a analisar as três empresas operacionais do grupo, enquanto na verdade o negócio se realizou mediante a compra da HGI-II, uma holding, que por sua vez detinha participação direta em outra holding, a HGI. Ele não traz nenhuma menção a essas holdings. Assim, embora a rentabilidade e valor econômico dessas holdings proviessem de fato das empresas operacionais, para que o documento fosse aceito como demonstração do ágio pago na aquisição da HGI-II ele devia fazer menção a esta e à outra holding, bem como da relação entre elas e as empresas operacionais. Por fim, quanto a esse documento, a DRJ rejeitou a afirmação feita pelo ora recorrente de que ele só deixou de ser exibido antes porque a fiscalização não se importou em solicitar sua apresentação, e porque estava apenas interessada no relatório de avaliação elaborado pela auditoria independente em data posterior à aquisição. Da aplicação da multa qualificada de 150% Acerca da aplicação da multa qualificada de 150% entendeu a DRJ que o ora Recorrente praticou deliberadamente atos que ocultaram ou falsearam a verdadeira realidade e objetivo negocial das operações societárias que realizou e que tiveram como conseqüência a redução indevida de sua carga tributária. Assim, ao conferir a aparência de legalidade à dedução das despesas de amortização, que reduziu o seu lucro tributável, dolosamente impediu ou retardou, total ou parcialmente, a ocorrência da obrigação tributária. Fl. 1936DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 11 21 Segundo a DRJ, as circunstâncias determinantes foram que o objetivo do negócio acertado entre os grupos CS e HG foi a aquisição de 50% mais uma das ações da HGI, e que, enquanto este objetivo ao fim e ao cabo era o de fato realizado, as partes simularam que teria havido a aquisição de 100% das ações da HGI-II, apenas para criar um quadro de aparente legalidade para a dedução da amortização do ágio. Assim, concluiu a DRJ ser inquestionável que a conduta dolosa se acha caracterizada. Glosa de despesas com o ressarcimento de perdas de investidores Entendeu a DRJ que o investidor não precisa aguardar até o vencimento para converter em dinheiro o montante aplicado, já que é sempre possível revender os títulos, seja para o próprio Tesouro Nacional, emitente do título, seja para outras instituições financeiras. A NTNF tem juros pré-fixados, de modo que se o título for negociado antes do vencimento, o vendedor estará sujeito a receber seu valor com ágio ou deságio, se houver alteração na taxa de juros. Assim, segundo a DRJ, a circunstância de ter escolhido NTNF com vencimento em 2014, por si só, não é prova alguma de erro. O máximo que se pode dizer é que foi uma escolha que implicou maior risco. Decidiu a DRJ que o contrato estipula que o ora Recorrente somente ficaria obrigado a indenizar os seus clientes na hipótese do cometimento de falta grave ou dolo. O recorrente foi intimado pela fiscalização a comprovar que houve tal dolo ou se ocorreu falta grave, ou que algum procedimento fora instaurado para apurar semelhante procedimento por parte de algum funcionário. No entanto, o recorrente respondeu que não houve a abertura de apuração contra nenhum funcionário porque nenhum deles havia procedido com dolo. Decidiu-se, assim, que não se acha comprovado, portanto, que havia circunstância que tornasse a autuada responsável pelas perdas sofridas pelos investidores. Além disso, a DRJ reputou o argumento do recorrente incoerente com a alegação de que o pagamento em causa se fez para repor perdas patrimoniais dos clientes da autuada. Isso porque, entendeu a turma da DRJ que perdas patrimoniais somente ocorrem quando o valor líquido que se recebe é inferior ao que se tinha no momento da aplicação, sendo assim, a glosa deve ser mantida. Lançamento do IRRF Fl. 1937DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 22 Segundo a DRJ, as circunstâncias de fato observadas e os termos do contrato de garantia, invocados pelo Recorrente, não são suficientes para justificar um ressarcimento aos investidores pelas perdas que sofreram. Assim, ainda que os investidores tenham sofrido perdas, não restou comprovado que, juridicamente, cabia à autuada os indenizar ou ressarcir. Daí se segue também que o pagamento efetuado não pode ser classificado como reparação de dano nem como indenização. Além disso, entendeu também a DRJ que, ainda que se tratasse de pagamento em virtude de indenização, a legislação não confere isenção a qualquer pagamento dessa natureza. Uma vez que não houve rescisão do contrato, a isenção prevista no §5° do artigo 685 do RIR 1999 não se aplicaria., sendo assim, o lançamento do IRRF deve ser mantido. Lançamento da multa isolada incidente sobre antecipações mensais não pagas Entendeu a DRJ que se não for recolhido o IRPJ e a CSLL devidas por estimativa, o contribuinte faltoso estará sujeito, no caso de lançamento de ofício, à multa isolada de 50% sobre o montante não recolhido. A multa aplica-se ainda que, no final do período de apuração, venha a ser apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL. Segundo a DRJ, se a multa é cabível mesmo na hipótese de se verificar prejuízo ao final do período de apuração, a penalidade é imposta não em razão do pagamento insuficiente do tributo devido ao final da apuração, mas sim pelo falta de cumprimento de outra obrigação distinta, que é o recolhimento antecipado da estimativa mensal. Conforme entendimento da DRJ, se a lei não permitisse impor a multa isolada concomitantemente com a exigência do principal mais a multa proporcional, a exigência dos recolhimentos por estimativa estaria ameaçada ou não seria cumprida, devendo, portanto, ser mantido o lançamento. Glosa de compensação de base negativa da CSLL Em decorrência do racional aplicado pela DRJ para fins de IRPJ, foi mantido também a glosa da compensação da base negativa de CSLL. Incidência de juros de mora sobre a multa de ofício Segundo a DRJ, firmou-se o entendimento de que é possível afirmar que o entendimento correto, amparado em uma interpretação sistemática e finalística das normas tributárias envolvidas, é aquele que afirma a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Cumpriu-se, por conseguinte, rejeitar a postulação da impugnante discutida nesta subseção. Fl. 1938DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 12 23 Recurso Voluntário Irresignado com a decisão, a autuada apresentou seu recurso voluntário, no qual ratifica os argumentos trazidos na peça impugnatória. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado - Relator O recurso interposto é tempestivo e encontra-se revestido das formalidades legais cabíveis, merecendo ser apreciado. Da amortização do ágio Do conceito de propósito negocial. No tangente à amortização do ágio, face à expressa previsão legal, deve-se partir do pressuposto de que a regra é a dedutibilidade do ágio e a exceção, logicamente, sua indedutibilidade. O fundamento jurídico por trás da amortização/dedução do ágio permeia o fato de que a mera expectativa de ganho futuro e apenas em potencial não norteia a definição de aquisição de disponibilidade jurídica e econômica elencada no art. 43 do CTN, para fins de incidência do imposto de renda. Se incidir tributação sobre a mera expectativa de rentabilidade futura e o lucro, de fato, se concretizar, tributar-se-ia duas vezes o mesmo fato gerador. Se tributar-se a mera expectativa e apurar-se prejuízo, a conseqüência será a tributação de um acréscimo patrimonial que não se concretizou. Neste sentido é que deve ser aplicado, no caso em tela, o princípio da capacidade contributiva para determinar que este é norteado em seu caráter objetivo, mas não em seu caráter subjetivo. Ou seja, tem-se a manifestação de riqueza, mas ainda não se configurou um contribuinte apto a absorver o impacto tributário. A partir do momento em que o contribuinte começar a gerar lucro ou começar a gerar prejuízo é que a manifestação deixará de ser objetiva para começar a atingir o campo da subjetividade. Neste ponto, no entanto, a tributação será decorrente de valores que de fato integrarão o resultado como despesa ou receita, passíveis, então, de comporem a base de cálculo do IRPJ. Fl. 1939DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 24 De fato o patrimônio líquido, representado por meio das ações adquiridas, é incorporado e representa disponibilidade econômica e jurídica. No entanto, o valor do investimento, o ágio, é mera expectativa e por isso deve ser amortizado, não sofrendo a incidência do IRPJ. Veja, na hipótese da regra matriz de incidência,o critério material não é norteado, pois, a mera expectativa não representa auferimento de renda de fato. É certo que essa idéia inicial tangencia uma perspectiva reducionista, dando significado ao fato gerador a partir de um prisma prioritariamente econômico. Em contraposição, seguindo os ensinamentos de Luis Eduardo Schoueri, deve-se considerar que: “(...) uma relação jurídico-tributária não se regula exclusivamente por meio de leis tributárias; a estas se juntam, por vezes com caráter até mesmo preponderante, normas societárias/contábeis, civis ou administrativas, resultando sua disciplina desta gama de textos legais.” Desta forma, passa-se, neste momento, a se analisar o caso concreto levando em conta a abrangência do Direito Tributário e da conceituação do fato gerador, acima de tudo, como um fato jurídico. A construção do fato jurídico, neste caso, deve se desenhar, na origem, pela validade das reorganizações societárias que a empresa incorporada (HGI-II) realizou para que fosse possível que o recorrente usufruísse do benefício fiscal e, após, na validade do instrumento que contabiliza e veicula o ágio. É a partir das discussões da construção do fato gerador tributário como um fato jurídico que surgem todos os empecilhos apontados pela Fiscalização e repisados pelo v. acórdão recorrido, para a suposta impossibilidade de amortização do ágio. A primeira questão suscitada foi assim externada no v. acórdão recorrido: “(...) É verdade que por meio dum aditamento ao contrato de compra e venda (vide folhas 620 a 633), assinado em 18 de setembro de 2007, as partes avençaram a mudança da empresa adquirida para a HGI-II. Todavia, tampouco se pode atribuir algum propósito econômico ou negocial a essa alteração. (...) Ao se analisar a sucessiva criação e extinção de diversas camadas de empresas veículo, de existência apenas temporária, verifica-se que o que houve de fato foi a simulação de incorporação. (...)” Cumpre-se definir, de início, que os conceitos de propósito negocial e substância econômica carecem de fundamento legal, tornando-se subjetivos e abrangentes. Veja, não são elementos aceitos e incorporados pelo ordenamento jurídico brasileiro, inexistindo qualquer dispositivo legal que lhes dêem substrato. O alcance destes conceitos atinge a existência de razões econômicas que vão além da obtenção de vantagem fiscal, única e exclusivamente. Partindo deste conceito, a Fl. 1940DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 13 25 presença de um propósito negocial deve ser precedente e, além, originária na operação, de modo a concretizar a amortização do ágio e o concomitante gozo do benefício fiscal como uma consequência natural e lógica, se considerarmos o fato gerador do IRPJ. Ocorre, porém, que a indefinição dos conceitos no ordenamento jurídico impede a formação de entendimento uníssono a respeito de seus termos e limites, tornando qualquer discussão acerca das operações de ágio como ao menos parcialmente subjetivas. O ágio não é um tema tão controverso e alvo de discussões calorosas no âmbito deste Conselho à toa. Cada julgador atribui uma amplitude e alcance diverso à definição atribuída ao propósito negocial/substância econômica. O que se busca, na realidade, com referidos conceitos, sejamos claros e diretos, é a identificação de abuso, fraude ou simulação, perfazendo caráter arbitrário e artificial que vise apenas o aproveitamento do benefício fiscal. A percepção do propósito negocial/substância econômica como definidor deste cenário pode ser favorável, mas diante da referida subjetividade, freqüentemente inaugura uma nova posição acerca de seu alcance, diante de casos concretos distintos, dotados cada qual de especificidade e peculiaridade. Se presta, então, o presente voto, a partir deste ponto, a analisar detalhadamente todos as informações e alegações levantadas pela fiscalização para definir se, necessário ou não um motivador para a operação que vá além do beneficio fiscal, bem como, ausente ou presente o tal propósito negocial e, da mesma forma, se presentes indícios de fraude ou simulação na operação. Primeiramente, é importante ressaltar que temos presenciado com preocupante freqüência, a utilização pelo Fisco da teoria do propósito negocial por meio do qual defende que a simples ausência - sob a ótica do fisco - de outros motivadores para a operação que não o alcance do benefício fiscal, já é elemento suficiente que invalida os atos do contribuinte ou, ao menos, inviabiliza o benefício fiscal almejado. Entendo que tal racional adotado pela autoridade fiscal guarda certa contradição com diversas regras e estruturas criadas há muito tempo pelo legislador pátrio, por meio das quais são oferecidos benefícios fiscais às empresas que, ao cumprirem determinados requisitos, acabam levando desenvolvimento econômico à determinadas regiões do Brasil. Menciono aqui, de forma exemplificativa, o regime fiscal da Zona Franca de Manaus, que oferece incentivos fiscais para as empresas que lá se estabelecerem e produzirem, gerando empregos, desenvolvimento econômico/social e, mesmo, arrecadação de tributos para a região. Ora, em relação à Zona Franca de Manaus, a principal função desempenhada pelas autoridades fiscais tem sido monitorar se os contribuintes, de fato, cumprem todos os requisitos previstos em lei para o gozo dos incentivos fiscais, sem haver qualquer questionamento acerca das motivações do contribuinte. O que o Fisco busca é auditar se, realmente, as empresas estão lá estabelecidas ou se os produtos são lá produzidos, por exemplo. Fl. 1941DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 26 Contudo, não há qualquer exigência de que as empresas lá estabelecidas tenham propósitos negociais além do gozo do incentivo fiscal em si, para lá se estabelecerem. Em outras palavras: nenhuma empresa busca a Zona Franca de Manaus em razão da maior proximidade com o mercado consumidor, melhor infra-estrutura ou maior oferta de mão de obra qualificada. O objetivo é o gozo do incentivo fiscal e isso é garantido às empresas que cumpram todos os requisito da legislação, independentemente da existência de outras razões. Desta forma, o conceito a ser adotado para definir o propósito negocial deve ser no sentido de considerar a busca pela redução das incidências tributárias, por si, como um propósito negocial que viabiliza a dedução do ágio. Já temos importantes precedentes do CARF nesta direção: GANHO DE CAPITAL. VENDA DE QUOTAS. PLANEJAMENTO FISCAL ILÍCITO. DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. INOCORRÊNCIA NAS REDUÇÕES DE CAPITAL MEDIANTE ENTREGA DE BENS OU DIREITOS, PELO VALOR CONTÁBIL A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI 9.249/1995. Constitui propósito negocial legítimo o encadeamento de operações societárias visando a redução das incidências tributárias, desde que efetivamente realizadas antes da ocorrência do fato gerador, bem como não visem gerar economia de tributos mediante criação de despesas ou custos artificiais ou fictícios. A partir da vigência do art. 22 da Lei 9.249/1995 a redução de capital mediante entrega de bens ou direitos, pelo valor contábil,não mais constituiu hipótese de distribuição disfarçada de lucros, por expressa determinação legal. (Acórdão nº 1402001.472 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária – Sessão de 09 de outubro de 2013) PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. NEGÓCIOS JURÍDICOS. ATOS JURÍDICOS. LICITUDE. O fato dos atos praticados visarem economia tributária não os torna ilícitos ou inválidos. O fato dos negócios praticados visarem economia tributária não os torna ilícitos ou inválidos. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MOTIVO DO NEGÓCIO. CAUSA DO NEGÓCIO. LICITUDE. Motivo do negócio é a razão subjetiva pela qual o contribuinte faz o negócio jurídico. Causa do negócio ou sua função econômica é o efeito que o negócio produz nas esferas jurídicas dos participes. O motivo ilícito implica em nulidade, quando declarada por um Juiz. Se a motivação do negócio é economia tributária, não se pode falar em motivo ilícito. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MOTIVO DO NEGÓCIO. CONTEÚDO ECONÔMICO. PROPÓSITO NEGOCIAL. LICITUDE. Não existe regra federal ou nacional que considere negócio jurídico inexistente ou sem efeito se o motivo de sua prática foi apenas economia tributária. Não tem amparo no sistema jurídico Fl. 1942DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 14 27 a tese de que negócios motivados por economia fiscal não teriam "conteúdo econômico" ou "propósito negocial" e poderiam ser desconsiderados pela fiscalização. O lançamento deve ser feito nos termos da lei. (...) Outra tese do Fisco que merece análise é a de que os atos praticados poderiam ser desconsiderados, porque não teriam conteúdo econômico (ou propósito negocial), já que teriam sido praticados com o único objetivo de economia tributária. Porém, tal afirmativa está em descompasso com o ordenamento jurídico. Como se vê, em última análise, a afirmação do Fisco consiste em sustentar que o planejamento tributário é proibido e que a economia tributária só é admissivel se for acidental. Apenas por isso, já se percebe a improcedência do argumento. Mas, a análise da tese do Fisco confirma o equivoco desta interpretação da fiscalização, pois nem esta motivação vicia o negócio e nem existe lei atribuindo tal efeito. As razões de ordem subjetiva que levam a pessoa a concluir algum negócio jurídico denominam-se motivos. Já o efeito que o negócio produz nas esferas jurídicas dos participes chama-se causa ou função econômica do negócio. Assim, independente da causa do negócio jurídico, se ele é praticado visando redução da carga tributária, pode-se dizer que o motivo do negócio foi economia fiscal. Conforme o Código Civil, apenas o motivo ilícito (se for determinante do negócio e comum As partes) implica em nulidade (inciso III, art. 166 do CC). Mesmo assim, tal nulidade precisa ser declarada por um Juiz. No entanto, salvo disposição de lei em contrário, não há como supor que a intenção de economizar tributos é ilícita. Assim, o inciso III, art. 166 do Código Civil não poderia ser aplicada sequer por juizes aos negócios jurídicos pelos quais a pessoa executa seu planejamento tributário. E, muito menos, poderia ser aplicada pela fiscalização, para efetuar lançamento de oficio. De outra banda, não existe regra federal ou nacional que considere negócio jurídico inexistente ou sem efeito se o motivo de sua prática foi apenas economia tributária. Somente se existisse uma lei com este conteúdo é que a fiscalização poderia desconsiderar os efeitos jurídicos dos negócios. " (Acórdão n. 1101-000.835 - 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária – Sessão de 04 de dezembro de 2012) Fl. 1943DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 28 Neste sentido, existem também bons e recentes exemplos desta brilhante turma, merecendo destaque trecho do voto do Ilustre Conselheiro Marcelo Cuba Netto no acórdão n. 1201-001.267 de 19 de janeiro de 2016: "(...)Repare que a abusividade do planejamento tributário pode ter como característica (desde que não seja a única) justamente a ausência de propósito negocial. Entretanto, quando exista uma norma jurídica incentivando, sob o ponto de vista fiscal, a realização de um negócio jurídico, seria absurdo imaginar-se que além do propósito de economia fiscal deveria haver também algum outro propósito. Esse é exatamente o caso dos presentes autos." Aliás, o racional adotado nos julgados acima está integralmente alinhado com as disposições da própria Lei n. 6.404/76 define em seu art. 2º, § 3º: Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. Veja, a lei claramente define a possibilidade da constituição de uma holding com o intuito único de gozo de incentivos fiscais, que nada mais são que benefícios fiscais, assim como é o ágio. Assim, me parece claro que a simples alegação de ausência de propósito negocial não é suficiente para a glosa da dedução da amortização do ágio, até mesmo porque, desde que utilizados instrumento legais e inexistentes a fraude, simulação ou abuso de direito, a economia tributária pode ser considerada um propósito negocial. No entanto, para fulminar qualquer alegação de ausência de propósito negocial e tentar mitigar da melhor forma possível esta subjetividade, o presente voto se proporá a demonstrar que há, de fato, motivo diverso do que simplesmente o gozo do benefício fiscal, diante das reorganizações societárias realizadas. Da utilização de empresa veículo. A utilização da chamada empresa veículo pelo contribuinte tem sido invocada pelo Fisco como condição para invalidar o negócio jurídico ou conjunto de negócios jurídicos que culminaram na dedução do ágio pago. No caso em tela, a "empresa veículo" é a sociedade HGI-II, que segundo o Fisco foi utilizada pelo contribuinte com o objetivo único de possibilitar o aproveitamento do ágio. Primeiramente, é importante destacar que o fato do contribuinte se utilizar de uma empresa veículo para a perfectibilização da operação não é suficiente, por si só, para Fl. 1944DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 15 29 invalidar o negócio jurídico, especialmente, como se verá mais adiante, se restar demonstrada a existência de estruturas ou caminhos alternativos disponíveis ao contribuinte e que levassem ao mesmo resultado. Este racional já encontra amparo no CARF, conforme os julgados aqui destacados: "AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. USO DE EMPRESA VEÍCULO. Em regra, é legítima a dedutibilidade de despesas decorrentes de amortização de ágio efetivamente pago. A circunstância de a reorganização societária de que tratam os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, ter sido realizada por meio de empresa veículo não prejudica o direito do contribuinte, ante o fato incontroverso de que dessa reorganização não surgiu novo ágio ou economia de tributos distinta daquela prevista em lei. (Acórdão 1102-000.982 - 1° Câmara / 2° Turma Ordinária - Sessão de 04/12/2013 - Voto Vencedor Conselheiro José Evande Carvalho Araujo) Aliás, temos diversos precedentes desta brilhante 1° Turma da 2° Câmara, dentre os quais destaco recente julgado ( Acórdão n. 1201-001.364) de relatoria do ilustre Conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 Ementa: AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. USO DE EMPRESA VEÍCULO. APROVEITAMENTO POR OUTRA EMPRESA DO GRUPO. PROPÓSITO NEGOCIAL. POSSIBILIDADE. Em regra, é legítima a dedutibilidade de despesas decorrentes de amortização de ágio efetivamente pago, devidamente fundamentado em rentabilidade futura, e decorrente de transação entre partes independentes. Caso exista um propósito negocial válido e se demonstre ser possível a dedução do ágio por incorporação direta, não há óbices para que o grupo econômico “transfira” o ágio efetivamente pago para outra de suas empresas, aproveitando-se do benefício fiscal em outra parte da estrutura societária, mesmo se para isso se utilizar de empresa veículo. “DESPESAS COM AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. Fl. 1945DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 30 Inexiste vedação legal para que uma pessoa jurídica, detentora de ágio na aquisição de investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial em razão da rentabilidade futura da investida, confira o aproveitamento deste ágio a outra pessoa jurídica por intermédio da absorção de seu patrimônio (art. 7º da Lei nº 9.430/96) ou vice-versa (art. 8º). Se o ágio na aquisição do investimento efetivamente ocorreu, não sendo fruto de operações entre empresas do mesmo grupo econômico (ágio interno), incabível a glosa da despesa com sua amortização fundada no emprego da assim chamada “empresa veículo”. Destaco aqui também, trecho do voto do brilhante Conselheiro Marcelo Cuba Netto no já mencionado acórdão n. 1201-001.267: "(...) Em relação ao emprego da chamada "empresa veículo" cumpre destacar que tal expressão tem sido utilizada pela fiscalização de uma maneira pejorativa, no sentido de um "mal em si mesmo". No entanto, como é cediço, não é possível sustentar-se uma autuação fiscal lastreada na simples acusação de emprego de "empresa veículo", até porque o simples emprego de "empresa veículo" não é tipificado como infração à legislação tributária. Caberia então à fiscalização apontar a relação entre o emprego da "empresa veículo" e a prática de alguma infração à legislação tributária. E, no caso dos autos, como o autor da ação fiscal não se desincumbiu de seu ônus, isso já seria razão suficiente para afastar-se, de pronto, a autuação." Me parece cada vez mais pacificado o entendimento de que a utilização de uma empresa veículo para aquisição de outras empresas, de grupo econômico distinto, não revela qualquer vício, ilegalidade ou abuso em si. De qualquer forma, no caso em tela, temos que o alvo do Recorrente foi um grupo complexo e constituído de diversas entidades operacionais, controlado por um conjunto de dezenas de sócios que não tinham qualquer intenção de se tornarem sócios diretos do Recorrente, justificando, desta forma, a utilização da chamada empresa veículo - HGI II - para possibilitar a operação. Neste sentido, a utilização de empresa veículo pelo Recorrente, neste caso, a empresa HGI-II, decorreu claramente de uma decisão de negócios, não somente do Recorrente, mas também dos vendedores da empresa HGI, Além disso, resta claro que existiam outras opções para que o Recorrente alcançasse o mesmo resultado, como, por exemplo, através da aquisição direta da empresa HGI para posterior incorporação. Fl. 1946DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 16 31 Meu ponto aqui é que a existência de outras opções, além da utilização da chamada empresa veículo, já revela o descabimento da glosa da dedução do ágio pago sob tal fundamento - utilização da empresa veículo. Assim, me parece de todo vazio o argumento de que a existência de uma "conduit company" na operação teria maculado a operação a ponto de inviabilizar a dedução do ágio. Da existência de propósito negocial além do benefício tributário Inicialmente, o pressuposto estabelecido é pela validade de todas as reorganizações societárias que culminaram na formação da HGI-II, a empresa incorporada. Recapitulando, “o Contrato de Compra e Venda de Ações entre a incorporadora, ora recorrente, e as Pessoas Físicas elencadas nas páginas de assinatura ("Vendedores") e como intervenientes HedgingGriffo Investimentos S.A., HedgingGriffoAsset Management S.A., HedgingGriffo Serviços Internacionais Ltda. e HedgingGriffo Corretora de Valores SA. ("Sociedades Adquiridas") estabelecia que seriam adquiridas de 5.001 (cinco mil e uma) ações ordinárias, sem valor nominal, representativas do capital social da HG Investimentos, equivalentes a 50% + 1 das ações do referido capital social (as "Ações Adquiridas").” Previa o contrato a possibilidade de “reorganizações societárias internas das Sociedades Adquiridas a serem concluídas antes do Fechamento, por meio da qual (i) a titularidade de todas as ações emitidas e em circulação representativas do capital social da HG Corretora, HG Serviços Internacionais e HG Asset passará a ser detida diretamente pela HG Investimentos; (ii) na medida do necessário e conforme pactuado com a Compradora, o negócio será transferido ou de outro modo cedido às Sociedades Adquiridas; e (iii) serão praticados demais atos ligados às aludidas providências, de modo a permitir que o Negócio seja incorporado à HG Investimentos, conforme pactuado pelas partes." Desta forma, o capital social das empresas de fato operacionais do Grupo Econômico fora adquirido em sua integralidade pela holding “HG Investimentos”, que passou a deter, desta forma, por obvio, 100% das ações do capital social. Até este ponto, não há que se falar em qualquer irregularidade, uma vez que todas as reorganizações societárias ocorreram de acordo com o que fora pré-estabelecido em contrato. Houve, no entanto, um aditamento ao “Contrato de Compra e Venda de Ações”, assinado em 18 de setembro de 2007, por meio do qual as partes avençaram a mudança da empresa adquirida para a HGI-II. Foi o que ocorreu. A HGI-II, outra holding criada, adquiriu 50% + 1 das ações do capital social da HG Investimentos e foi incorporada pela ora recorrente, norteando faticamente o que dispunha o contrato. Fl. 1947DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 32 É neste momento específico que se forma o ágio e neste ponto que residem as alegações por parte da fiscalização de ausência de propósito negocial. Ora, em suma, a HG Investimentos detinha 100% das ações do capital social, entanto o contrato avençava que seriam vendidos apenas 50% + 1 das ações do capital social, portanto o controle da maioria das ações. Desta forma a holding HGI-II fora criada e passou a adquirir estes 50% + 1 das ações. O recorrente, desta forma, incorporou a empresa HGI-II, absorvendo 100% de seu patrimônio e, consequentemente 50% + 1 das ações do capital social das sociedades adquiridas. O fisco alega que esta operação, escancarou a HGI-II como uma empresa veículo sem propósito negocial. Uma empresa veículo sem propósito negocial quer supor, coadunando com as definições já expostas, um meio para se atingir determinado propósito, tendo “por finalidade praticar ato simulado, ocultar ou encobrir fato gerador de obrigação tributária, isto é, criadas para dar aparência de regularidade a uma situação que assim não é”. Neste sentido, conclui o autuante que a mera utilização de sociedade constituída com o propósito específico de adquirir benefício fiscal inviabiliza a amortização de ágio. Ocorre que o recorrente trouxe embasamento fático robusto e sólido capaz de conferir a existência de propósito negocial à operação e, ao mesmo tempo, capaz de descaracterizar a utilização de uma empresa veículo para fins de fraude, simulação ou abuso de direito. Em outras palavras o recorrente trouxe fundamento perfeitamente plausível para a reorganização societária concretizada, que não apenas o gozo do benefício fiscal, ao mesmo tempo em que se extinguiu qualquer possibilidade de utilização da empresa incorporada como meio de praticar ato simulado ou fraudulento. Veja, o recorrente traz, no Recurso Voluntário apresentado, as razões pelo qual se deu a criação da HGI-II, nos seguintes termos: “(...) A razão pela qual se optou por adquirir/vender uma empresa detentora de 50% + 1 das ações da HG Investimentos, e não estas ações diretamente, foi apenas porque como salientado tanto os compradores como os vendedores não desejavam tornar-se sócios do recorrente (o que ocorreria no caso de incorporação direta da participação acionária da HG Investimentos) antes de saber se seria exercida pelo recorrente ou pelos vendedores a opção de compra/venda prevista no acordo de acionistas. (...)” E: “(...) Exatamente o mesmo ágio teria existido e poderia ser amortizado caso o recorrente tivesse adquirido exatamente 50% + 1 das ações da HG Investimentos e a tivesse incorporado. (...)” Fl. 1948DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 17 33 Concluiu-se, portanto, que: “(...) Com ou sem a empresa rotulada pela fiscalização de “empresa veículo sem propósito negocial”, o mesmo ágio teria sido apurado com a aquisição direta da participação acionária da HG Investimentos e poderia ser amortizado com sua incorporação. (...)” Ora, o que se constata é a criação de uma empresa com propósito específico e desvinculado da exclusiva intenção de almejo do benefício fiscal, até porque, o benefício fiscal poderia ter sido alcançado sem a utilização da HGI-II, ora denominada "empresa veículo". Destaco aqui que a existência de possíveis estruturas societárias alternativas à efetivamente utilizada na operação e igualmente eficazes para o alcance do benefício fiscal, por si só, já demonstra a existência de propósito negocial da estrutura escolhida. Partindo-se do pressuposto de que a mesma empresa poderia veicular a operação de aquisição, deve-se destacar que haja algum motivo diferenciador entre o escopo de ambas. O recorrente claramente o demonstrou. As disposições do contrato externaram a vontade das partes de que inexistia intenção dos sócios das empresas do Grupo Hedging-Griffo de se tornarem sócios do recorrente, o que justifica a aquisição indireta daquela participação acionária pela HGI-II. Deve-se, neste momento, regredir para se atingir a falha e insuficiente construção ideológica da fiscalização que reputou indevida a amortização do ágio por ausência de propósito negocial. Pois bem, o CARF, em análise específica para cada caso concreto, busca uma uniformidade através da imposição de alguns requisitos que identifiquem a ausência de propósito negocial em uma operação, quais sejam: (i) retorno ao statu quo ante, isto é, reversão dos atos realizados após ter sido aproveitada a economia tributária; (ii) operações realizadas em curto espaço de tempo; (iii) provisoriedade dos negócios jurídicos realizados e dos quais resultou redução da carga tributária; (iv) vinculação econômica, jurídica ou de parentesco entre as partes envolvidas; (v) prática de atos contraditórios entre si. Ora, o fisco embasa claramente parte de sua argumentação em apenas um dos requisitos apresentados, alegando que muitas reorganizações societárias ocorreram em um curto espaço de tempo (ii), em questão de horas. Veja que apenas este requisito se mostra frágil para caracterizar a ausência de propósito negocial, pois, nem de longe forma um raciocínio apto a demonstrar algum tipo de fraude ou simulação, uma vez que não há nenhum tipo de limitação temporal quanto a este tipo de atividade em nosso ordenamento jurídico. A fiscalização, no entanto, também reputou que não houve, de fato, uma incorporação, fato que talvez possa ensejar a presença do requisito de provisoriedade do negócio jurídico realizado, apenas para o gozo do benefício fiscal (iii). Fl. 1949DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 34 No entanto, este voto já se dedicou a demonstrar afirmativa em sentido contrário. Ora a HGI-II foi incorporada e o recorrente passou a adquirir 100% de suas ações, que correspondiam a 50% + 1 das ações do restante das empresas Grupo Econômico. Desta operação foi amortizado o ágio e quanto a este ponto não restam dúvidas que todas as reorganizações societárias visaram apenas uma estratégia negocial e estratégica que atendesse o interesse de adquirente e vendedores. Quanto a este ponto cabe ainda o destaque conferido pelo recorrente ao entendimento exposto no v. acórdão recorrido: “A esta altura, cumpre reconhecer que o autuante se equivoca ao sustentar que não poderia haver incorporação, a não ser que a incorporadora detivesse 100% da empresa a ser incorporada. Em verdade, a incorporação pode ocorrer com qualquer que seja o percentual que previamente detenha a incorporadora. Se ela não possuir 100% do capital, deverá negociar com os titulares da parcela restante. Estes podem receber um pagamento por suas quotas ou ações e retirar-se do negócio, ou aceitar em troca uma participação no capital da sociedade incorporadora equivalente à sua participação no capital da sociedade incorporada.” Resta claro, neste ponto do voto, que a subjetividade da questão da definição do propósito negocial ou sua ausência, conforme alegado pelo Fisco, encontra elementos objetivos e concretos que a fortalecem e a tornam incontestável no presente caso. Da expectativa de rentabilidade futura Superada, então, esta questão, urge a necessidade de análise da questão do suposto não cumprimento do requisito legal que fundamenta o ágio, a expectativa de resultados futuros. São dois pontos que merecem atenção: o embasamento fático e, por consequência, contábil e jurídico que suportou este requisito e o instrumento utilizado para justificar este requisito. De início, cabe ressaltar que, em linhas gerais, o ágio irá se desenhar em linha tênue traçada na diferença entre o custo de aquisição de um investimento e o valor do patrimônio líquido da investida à época da aquisição. Em raciocínio inverso, portanto, o custo de aquisição de uma empresa coligada e controlada, com valor de seu investimento, necessariamente corresponderá ao valor do patrimônio líquido na época da aquisição somado ao ágio ou deságio na aquisição. O ágio deve, no entanto, indicar seu fundamento econômico, a razão contábil que lastreia o custo de aquisição de um investimento para além apenas do patrimônio líquido da empresa. Neste ponto conveniente destacar os fundamentos econômicos que podem ser utilizados: Fl. 1950DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 18 35 1- Valor de Mercado de bens do ativo da coligada ou controlada, superior ou inferior ao custo registrado na contabilidade 2- Valor de Rentabilidade da controlada ou coligada base em previsão dos resultados nos exercícios futuros. 3- Fundo de Comércio, Intangíveis e outras razões econômica. Veja que o conceito basilar de um fundamento econômico que possa justificar o ágio perfaz a diferença entre uma realidade presente e uma expectativa futura, variando caso a caso. A expectativa de rentabilidade futura, em suma, será baseada na previsão de lucros que a empresa terá em exercícios futuros. “Daí que a projeção da lucratividade, na diferença proporcional entre o custo de aquisição e o valor contábil do patrimônio líquido da investida confere a segurança jurídica necessária sobre a determinação do ágio baseado no valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros.” (item 1) O recorrente fundamentou o ágio baseado na expectativa de rentabilidade futura e a fiscalização o descaracterizou, apresentando como fundamento econômico o Fundo de Comércio, Intangíveis e outra razões econômicas. (item 3) A questão do Fundo de Comércio e dos intangíveis refere-se ao valor econômico do patrimônio líquido de uma empresa na parte em que ela supera seus ativos e passivos avaliados individualmente a preços de mercado, e isso só ocorre quando ela possui algo intangível, que lhe proporciona gerar lucro acima do normal. Como intangível, podemos citar a marca, a popularidade do estabelecimento, um local privilegiado do estabelecimento, o ponto comercial, etc. Enfim, são elementos intangíveis que se agregam ao patrimônio líquido (ativos e passivos ao valor de mercado), para comporem um conjunto que alterará o valor de uma empresa e o consequente custo de investimento que será realizado em sua aquisição. Portanto, existem alguns elementos que exorbitam o patrimônio líquido da empresa, que a valorizam, mudam sua percepção real e presente e distorcem o investimento dispêndio, que com certeza não irá refletir a realidade contábil da empresa à época do investimento. O art. 386 do RIR/99 considera este “item 3” como não passível de dedução ou amortização. Cabe de início salientar que esta conclusão adotada pela Fiscalização seguiu uma série de reputações desacertadas de ordem formal, mas que ao mesmo tempo afetaram as questões de ordem conteudística, material. Fl. 1951DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 36 Isso porque, a fiscalização alega a extemporaneidade do laudo de avaliação apresentado para comprovar o fundamento econômico que justificasse o ágio. Ora, deve-se principiar a discussão com o fato de que à época da operação de incorporação não havia qualquer disposição legal que exigisse laudo formal de avaliação, confeccionado por perito independente e com finalidade específica direcionada à instrumentalização do ágio. Havia, tão somente, a necessidade de existência de um demonstrativo para comprovar a escrituração do ágio, apurado com base no valor de mercado ou na expectativa de rentabilidade futura. Veja, o demonstrativo acerca da rentabilidade futura seria suficiente para justificar e demonstrar o fundamento econômico e base para escrituração contábil do ágio em discussão. Essencial a aplicação do princípio da estrita legalidade tributária para afirmar que, inexistindo previsão legal expressa, torna-se impossível exigir qualquer formalidade quanto ao demonstrativo necessário para servir de base ao lançamento contábil do ágio. Ademais, há jurisprudência do CARF que converge com o raciocínio até então formulado: ÁGIO. AQUISIÇÃO DE AÇÕES DA PARTIMAG E DA MAGNESITA . A legislação fiscal não impõe forma ao demonstrativo de que trata o § 3º do art. 20 do DL 1598/77, logo, se os autuantes não questionaram a substância econômica do demonstrativo apresentado pelo fiscalizado, há que aceitá-lo para a fundamentação e fixação do ágio pago nas aquisições das ações. (Acórdão nº 1302001.465 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária – Sessão de 30 de Julho de 2014) ÁGIO. FUNDAMENTO. DEMONSTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA AOS FATOS. NECESSIDADE. A lei exige que o lançamento do ágio com base no valor de mercado ou na expectativa de rentabilidade futura seja baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Não há a exigência de que a comprovação se dê por laudo, mas por qualquer forma de demonstração, contemporânea aos fatos, que indique por que se decidiu por pagar um sobrepreço. Contudo, não é possível se admitir que laudo elaborado mais de um ano após os fatos, sem qualquer suporte em documentos contemporâneos à aquisição de terceiros, sirva para fundamentar o ágio em uma das modalidades que permitam o benefício fiscal. (Acórdão nº 1102-001-182 – 1ª Câmara/2ª Turma Ordinária - Sessão de 27 de agosto de 2014) Fl. 1952DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 19 37 ÁGIO. GLOSA DE AMORTIZAÇÃO. DEMONSTRAÇÃO QUE JUSTIFIQUE A AQUISIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA PARA FUNDAMENTAR O ÁGIO COM BASE NA RENTABILIDADE FUTURA. ÔNUS DO SUJEITO PASSIVO. LAUDO POSTERIOR. IMPOSSIBILIDADE. A demonstração do fundamento econômico da mais valia paga deve ser contemporânea ao reconhecimento do ágio na escrita contábil do contribuinte. Embora a legislação não estabeleça a forma dessa demonstração, o corolário é que esta deva existir ao menos na data do registro da aquisição da participação societária, com vistas ao seu desdobramento contábil. Trata-se de requisito legal indispensável, à cargo do sujeito passivo para fruição do benefício fiscal estabelecido. Não tem o Fisco que demonstrar qual seria o “outro fundamento econômico” para o ágio pago, mas sim ao contribuinte comprovar, mediante documentação hábil e idônea, que pagou o ágio baseado na rentabilidade futura projetada para o investimento. O demonstrativo, no caso em tela, fora veiculado por meio do Relatório de Avaliação, apresentado cerca de seis meses após a aquisição da participação. Restou claro que, em nenhum momento a fiscalização questionou o conteúdo deste relatório, não apontando nenhuma falha técnica que dissesse respeito ao mérito e as conclusões ali expostas. Assim, cabe adentrar nas questões formais, novamente, para esclarecer que além de não haver previsão legal para a confecção de laudo técnico, inexistia à época da formação do ágio, qualquer dispositivo no pátrio ordenamento jurídico que determinasse algum prazo para apresentação deste demonstrativo. Atualmente vigora a Lei nº 12.973/2014, que dispõe em seu art. 20, § 3º, sobre a exigência de um laudo elaborado por perito independente, no entanto, se referindo a comprovação da “mais ou menos-valia, que corresponde à diferença entre o valor justo dos ativos líquidos da investida, na proporção da porcentagem da participação adquirida, e o valor de que trata o inciso I do caput” (inciso II) e de forma alguma fazendo menção à comprovação do ágio (no presente artigo elencado no inciso III). Desta forma o prazo que estipula referido artigo, do “(...) último dia útil do 13º (décimo terceiro) mês subsequente ao da aquisição da participação.” para apresentação do laudo, não se aplica à apresentação de demonstrativo que comprove o ágio por expectativa de rentabilidade futura. Neste contexto se torna desnecessária a menção e aplicação do princípio da retroatividade benéfica, uma vez que a lei presente não abrange e nem norteia especificamente o caso concreto que ocorreu no passado. Trata-se o presente caso de um demonstrativo apresentado para comprovar o ágio por expectativa de rentabilidade futura e a Lei nº 12.973/2014 define um prazo para apresentação de laudo técnico que convalide a mais-valia relativa aos bens do ativo da empresa incorporada. Fl. 1953DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 38 Desta forma, falecendo qualquer possibilidade de extemporaneidade e restando demonstrado que o trabalho apresentado pela Ernst & Young se mostrou apto em termos técnicos, ou seja capaz de demonstrar a expectativa de rentabilidade futuro, restou devidamente comprovada a existência do elemento econômico que fundamentou o pagamento o ágio. Cabe lembrar, a legislação vigente à época das operações não disciplinou de forma expressa a forma de apresentação da demonstração, assim, ao referir-se à expressão "demonstração", sem qualquer complemento, especificação ou requisito adicional, o legislador permitiu que os contribuintes viessem a demonstrar o fundamento econômico do laudo por meio de qualquer instrumento ou documento, que poderia ser um laudo "stricto sensu" elaborado por auditores independentes, um estudo interno ou uma simples apresentação em slides. Digo isso, pois, tal constatação mostra que a discussão acerca da extemporaneidade do laudo é de toda inócua. Superando a questão, segue passagem do acórdão nº 1101-000.899 (Sessão de 11/06/2013): TRANSFERÊNCIA DE CAPITAL PARA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTO POR EMPRESA VEÍCULO, SEGUIDA DE SUA INCORPORAÇÃO PELA INVESTIDA. SUBSISTÊNCIA DO INVESTIMENTO NO PATRIMÔNIO DA INVESTIDORA ORIGINAL. Para dedução fiscal da amortização de ágio fundamentado em rentabilidade futura é necessário que a incorporação se verifique entre a investida e a pessoa jurídica que adquiriu a participação societária com ágio. Não é possível a amortização se o investimento subsiste no patrimônio da investidora original. (...) (...) Desnecessário, assim, seria debater a qualidade do laudo que dá fundamento ao ágio amortizado. De toda sorte, registro que os argumentos adotados pela Fiscalização não são suficientes para desqualificá-lo. Isto porque a exigência legal é no sentido de que a contribuinte mantenha comprovante de escrituração que demonstre o fundamento do ágio pago. Este comprovante deve expressar razões que justifiquem a aquisição, mas não precisa ser, necessariamente, elaborado antes ou concomitantemente com a operação. A contribuinte pode possuir, apenas, estudo interno que lhe demonstre a rentabilidade futura, e depois buscar laudo técnico que o corrobore, desde que este não se valha de premissas impraticáveis no passado. E, no presente caso, o laudo apresentado pela contribuinte toma por referência o faturamento da empresa adquirida contemporâneo à aquisição, e aponta o retorno dos investimentos suplementares em 2,9 anos (35 meses) (fl. 302). Ou seja, se considerada a rentabilidade futura pelo prazo de 5 anos, seria possível um pagamento maior que o efetuado. Fl. 1954DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 20 39 A fiscalização, no entanto, reputou que a extemporaneidade acarretaria iminentes mudanças nos resultados já contabilizados (devido a condições de mercado ou regulatórias, inovação tecnológica, economia mundial). Desta forma, o recorrente, em sede de impugnação, apresentou a avaliação que fora feita no ano de 2006, a qual fora refutada pelo v. acórdão recorrido como não apta a comprovar a rentabilidade futura, especificamente diante dos seguintes fatos:a chancela presente no documento, elemento que retira a certeza da data real desta avaliação, alegação sobre a qual recaiu a presunção de má fé do recorrente; e o intervalo de tempo de quase um ano entre esta avaliação e a efetiva aquisição da participação, repisando os argumentos do fisco de mudança nos resultados contabilizados. Acolho os argumentos do recorrente neste ponto. Primeiramente, quanto a veracidade da avaliação apresentada, a fiscalização está presumindo a má-fé do recorrente e, como é sabido, a má-fé não se presume. Devem ser produzidas provas para sustentar tão séria alegação, que coloca em xeque a reputação da empresa. As provas não foram produzidas, então presume-se, essa sim válida, a boa-fé do recorrente, que apresenta documentação condizente com a data ali estipulada por meio da chancela. Depois, quanto a alegação de mudanças nos valores, deve-se levar em conta que a expectativa futura esmiúça potencial passado e presente da adquirida de gerar lucros. Por mais que se possa justificar economicamente o pagamento do ágio, percebe-se que o referido valor é altamente subjetivo. A sustentação objetiva se dá em face do histórico da atividade da empresa e dos consequentes lucros obtidos e a atividade presente e os consequentes lucros obtidos, para então definir as perspectivas da atividade no futuro e os possíveis/prováveis lucros que virão a ser obtidos. A atividade da recorrente, como visto, está diretamente ligada a administração de fundos, de modo que, coadunando com a tese sustentada no recurso apresentado, não há grandes oscilações no fundo se houverem mudanças regionais ou até globais na economia. O fundo se sustenta pelas taxas de administração e quem sofrerá de fato e de forma significativa com possíveis impactos e danos externos, como crises mundiais que abalam toda a economia, será o investidor. Além disso, o fato dos laudos de avaliação e/ou demonstrativos apontarem para um determinado valor não imputa a liquidez e certeza próprias da disponibilidade jurídica, tampouco econômica. Atinge-se o fato gerador do Imposto de Renda, contido no art. 43 do CTN, quando a renda está concretizada em definitivo, ou seja, quando o contribuinte começa a gerar lucros de fato e não há mais qualquer incerteza quanto à aquisição desta renda para o patrimônio do contribuinte. Deste modo impossível a tributação de ganhos meramente escriturais. Fl. 1955DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 40 Portanto a concomitância da afirmação de que no período entre a confecção da avaliação em 2006 e a aquisição da participação, em 2007, poucas foram as oscilações sentidas nos fundos administrados, e da relativização deste fato diante da incerteza e iliquidez deste documento para fins de incidência do IRPJ, enfrenta gradativamente a posição adotada no acórdão recorrido. A suposta desatualização da avaliação não significa necessariamente que a expectativa de rentabilidade futura ali demonstrada deve ser tributada (ou que o ágio não deve ser amortizado). Veja, se o valor demonstrado for menor que o lucro de fato obtido, quem de fato é prejudicado com isso é o contribuinte, que não previu a rentabilidade da forma correta e não conseguirá amortizar o ágio na proporção equivalente ao lucro que de fato obteve. O lucro que excedeu o valor previsto será tributado de qualquer forma pois o valor amortizado só alcança os limites baseados no que se previu no laudo de avaliação. Se o valor correspondente à expectativa de rentabilidade futura representar valor maior do que o lucro de fato obtido, também não há diferença para o Fisco, pois este excedente amortizado representa prejuízo em relação ao que se previa. O prejuízo não seria tributado, de qualquer forma, pois não norteia o fato gerador do Imposto de Renda, e não o foi diante do gozo do benefício fiscal (amortização). Ou seja, nada tributaria-se, em momento algum, até porque não seria lógico exigir o IRPJ sobre o prejuízo. É um mecanismo perfeito que se regula automaticamente diante de seus princípios conceituais, privando o contribuinte da duplicidade de tributação. O ágio prevê uma expectativa, de modo que se essa expectativa se concretiza ou não, não há grandes diferenças, pois ele só evita uma bitributação sobre o lucro. Devemos nos direcionar neste raciocínio por duas possíveis fontes de tributação: por um lado, o investimento realizado que concretiza a expectativa, veiculada por meio do laudo de avaliação; e, por outro lado,o lucro efetivamente apurado nos anos/meses subsequentes, anteriormente previstos. A fonte real de tributação será o lucro obtido, como já dito, a forma que representa de fato a disponibilidade jurídica e econômica. A fonte que é barrada e mitigada, por consequência, diante do mecanismo criado(a amortização), é expectativa de rentabilidade futura e o ágio formado. Portanto o ágio é amortizado perfeitamente no limite a evitar a bitributação, de modo que se previsto a maior ou a menor nenhum impacto tem sobre uma defasagem de tributação,seja sobre algum acréscimo patrimonial percebido ou sobre um prejuízo apurado. Logicamente a avaliação ou o demonstrativo e as suas formalidades são essenciais para a correta fundamentação do ágio baseado na expectativa de rentabilidade futura, mas eventuais diferenças apuradas a maior ou a menor do lucro de fato obtido não representam ônus e consequente discussão fiscal a ponto de descaracterizar a operação. Ademais, a escrituração contábil fora discriminada como “ÁGIO NA AQUISIÇÃO DA HEDGING-GRIFFO”, cuja fundamentação econômica é indicada pelo histórico do registro, o qual traz os dizeres: “valor ágio ref. performance fundos HG”. Fl. 1956DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 21 41 Em razão disso, a fiscalização reputa insuficiência de fundamentação e a performance como incapaz de fundamentar o ágio baseado na expectativa de rentabilidade futura. Os fundos de investimento somente podem cobrar taxa de performance se sua rentabilidade superar o respectivo “benchmark” no período e se o valor da cota no último período em que foi cobrada a taxa de performance for menor do que o valor atual da cota. Deste modo as taxas de performance representam a rentabilidade do fundo de acordo com certas variações. Este fato, em si, é capaz de caracterizar o Fundo de Comércio, caracterizando a rentabilidade de um fundo como a capacidade de angariar e atrair clientela, favorecendo a reputação e o prestígio da administradora. Ocorre que o fundamento econômico utilizado para caracterizar o ágio não é a rentabilidade do fundo em si, mas além, a rentabilidade dos serviços de administração, que se baseiam nas receitas provenientes, em sua maior parte, das taxas de administração. Assim, uma vez exaustivamente comprovado nos autos que as empresas operacionais se dedicavam à administração de fundos, a performance que exprime os serviços prestados como forma de fundamentar a expectativa de rentabilidade futura se mostra perfeitamente aplicável e cabível no caso em tela. Desta forma, temos que o conjunto probatório apresentado pelo recorrente é capaz de fundamentar devidamente o ágio, através da expectativa de rentabilidade futura. Todos os documentos trazidos apresentam validade técnica e formal a ponto de conferirem fundamentação robusta e completamente apta a ensejar o gozo do benefício fiscal, qual seja, a amortização do ágio. Com o ágio perfeitamente comprovado e advindo de aquisição de participação efetiva, com o pagamento do preço, a dedução da amortização é possível e necessária, nos termos do que dispõem o arts. 385 e 386 do RIR/99. Desta sorte, por consequência lógica e racional, não há que se falar nas infrações nº 4 e 5, uma vez que devidamente amortizados dentro dos limites legalmente definidos no art. 386, inciso III. Isso porque, a infração nº 4 diz respeito à multa isolada por insuficiência de recolhimento das antecipações mensais. A suposta indevida dedução da amortização do ágio resultou em diminuição indevida da estimativa mensal. Uma vez comprovada a devida amortização, não há que se falar em falta de recolhimento das estimativas mensais. Já a infração nº 5 refere-se a compensação indevida de base de cálculo negativa da CSLL. Tendo em vista o ajuste realizado no ano-calendário 2009 através da presente autuação no valor de R$ 102.951.874,08, o valor de R$ 25.864.768,56 (saldo negativo) se tornou inexistente. Fl. 1957DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO http://www.confiancainvestimentos.com/fundos-de-investimento 42 Ocorre que o ajuste se mostrou indevido e o crédito de fato existe, podendo ser objeto de compensação. Com relação à multa qualificada, esta, também por conseqüência lógica de todo o exposto para considerar válida a amortização do ágio, não deve ser aplicada. Ainda que desnecessário, vez que o valor principal da presente cobrança fora afastada, sinto-me na obrigação de dizer que, ainda que o valor principal fosse devido, a aplicação da multa qualificada seria de toda improcedente. Isso porque, as operações societárias, conforme detalhadamente demonstrado, não se deram de modo fraudulento ou simulatório, assim, ainda que a glosa da dedução do ágio permanecesse, não faria qualquer sentido aplicar a pesada multa qualificada de 150%, que visa alcançar somente aqueles que agem com a intenção de burlar o fisco. Portanto, neste momento do voto, considera-se válida a amortização do ágio, primando pela inaplicabilidade da multa qualificada e multa isolada, e, finalmente, pela validade das compensações advindas da base de cálculo negativa de CSLL. DA DEDUÇÃO DE DESPESA DESNECESSÁRIA E DA FALTA DE RETENÇÃO DE IRRF Para melhor entendimento da discussão, devemos dominar o contexto da operação em sentido amplo. Fora firmado “Contrato de Conta Garantida”, dispondo sobre as condições e termos que envolveriam a colocação em conta garantida, sob custódia do recorrente, de recursos provenientes de transação de compra e venda de ações. Um funcionário do recorrente aplicou valores pertinentes à conta garantia que seria necessariamente extinta depois de três anos da data da aquisição em títulos (NTNF) cujos valores relativos à conta que seria necessariamente encerrada em 2010 em títulos resgatáveis apenas em 2014. Efetuou a aplicação nas NTNF sem que houvesse instrução escrita e detalhada das partes. Uma vez constatado o erro cometido, os recursos indevidamente aplicados em NTNF foram realocados para aplicação em CDB, tendo nesse momento sido apurada a perda patrimonial que o recorrente alega ter originado a indenização.Então, fora celebrado entre o recorrente e os vendedores, que foram prejudicados pelo erro,"Contrato de Liquidação e Quitação". Ocorre que o Contrato de Conta Garantida expressamente isenta de responsabilidade o recorrente em casos de perdas relativas aos investimentos realizados, o que desnatura qualquer alegação de indenização por parte do recorrente. Coadunando com as constatações firmadas pela fiscalização: “(...) a cláusula 3ª do "Contrato de Conta Garantida" define a forma de aplicação dos recursos depositados na Conta Garantida, dispondo, entre outros, que o Agente Fiduciário não tem responsabilidade alguma por perdas atinentes a Fl. 1958DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 22 43 investimentos, as quais resultem de investimento, reinvestimento ou liquidação do Valor da Conta Garantida. (...) Em relação às responsabilidades entre as partes e em especial do Agente Fiduciário, no caso o CS, a Cláusula 5ª letra (c) da referida Conta Garantida dispõe que o Agente Fiduciário não terá responsabilidade alguma por seus investimentos de qualquer valor mantido por ele, em boa-fé, nos termos deste Contrato, inclusive, entre outras, responsabilidades por eventuais atrasos (não decorrentes de sua falta grave ou dolo) no investimento ou reinvestimento do valor depositado em garantia ou por qualquer perda de juros resultante desses atrasos. (...)” Se não há nenhuma determinação no contrato que impere a necessidade de ressarcimento, impossível se cogitar a possibilidade de caracterização de indenização. Aliás, conforme explanado, há em sentido oposto, a isenção de responsabilidade ao recorrente neste caso, o que caracteriza a espontaneidade e as consequentes não habitualidade e eventualidade da conduta. Veja, se não há previsão contratual que determine a responsabilidade de pagamento no caso de perdas patrimoniais, o que se caracteriza é mero ressarcimento voluntário e não a obrigação de indenizar. Ocorre que na presente demanda, temos que estava previamente previsto em contrato que o Recorrente, causador do dano, era isento de qualquer responsabilidade, de modo que se retira do elemento toda a carga de obrigatoriedade, peculiar de uma indenização. O que se vê, portanto, é uma liberalidade do recorrente, que simplesmente buscou a reparação da perda para fins de manutenção da boa relação comercial com o cliente. Os valores portanto são indedutíveis, de modo que mantém-se a autuação neste ponto, no valor de R$8.367.846,36. A conseqüente retenção de IRRF sobre estes valores também deve ser mantida, considerando que a responsabilidade da retenção é da fonte pagadora, o ora recorrente, nos termos do artigo artigo 770, § 2°, inciso II do RIR/99. Assim, aplicando-se a alíquota de 20%, o valor do crédito tributário de IRRF a ser constituído é igual a R$ 2.091.961,59. Juros Selic sobre Multa de Ofício Os juros moratórios, devidos à taxa SELIC, são calculados sobre o “crédito tributário”. Fl. 1959DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO 44 Já o conceito de crédito tributário pode ser encontrado no Código Tributário Nacional: "Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. " Vemos que o crédito tributário decorre de uma obrigação principal, que, por sua vez, que também é constituída de penalidade pecuniária. Desta forma, a incidência dos juros alcança todo o crédito tributário lançado, ou seja, tributos e multas aplicadas. Este racional já vem se consolidando na CSRF deste Conselho: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão nº 910100.539, de 11/03/2010, Redatora Designada: Viviane Vidal Wagner) (Acórdão n.º 1201001.394) JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão nº 910101.192) Por fim, o STJ já possui posicionamento neste sentido: TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. (Acórdão REsp 1.129.990/PR – Relator: Min. Castro Meira DJe de 14/09/2009) Assim, reputo acertada a incidência da taxa SELIC sobre a multa de ofício. Fl. 1960DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16327.720403/2013-59 Acórdão n.º 1201-001.438 S1-C2T1 Fl. 23 45 Conclusão Diante de todo o exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para, no MÉRITO, CONCEDER-LHE PARCIAL PROVIMENTO, mantendo o crédito tributário quanto a dedução de despesas desnecessárias referente ao ressarcimento aos investidores e a conseqüente ausêmcia de retenção do IRRF. É como voto. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator Fl. 1961DF CARF MF Impresso em 07/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 06/ 07/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 07/07/2016 por MARCELO CUBA NETTO Relatório Voto
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Numero do processo: 10183.721201/2012-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
NORMAS GERAIS. PRECLUSÃO. DOCUEMNTOS APRESENTADOS NO RECURSO. CONHECIMENTO. REQUISITOS.
Segundo a legislação, a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refira-se a fato ou a direito superveniente; ou destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.
No presente caso, a prova documental deve ser conhecida, mesmo após a impugnação, pois soluciona a questão, é mero detalhamento de documentos já apresentados desde o início do processo, não ocasionará retorno à etapa processual já superada e não se demonstra como forma de procrastinar a decisão final nos autos.
LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. GLOSA DE DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS.
São dedutíveis as despesas médicas pagas dentro do ano calendário referente a tratamento do contribuinte e de seus dependentes.
Comprovada a relação de dependência, as despesas médicas que haviam sido glosadas em razão da glosa do dependente, devem ser restabelecidas.
No presente caso, ficou claro, pela documentação apresentada, que a despesa médica ocorreu, com dependente, motivo da dedutibilidade da despesa e, portanto, provimento do recurso.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.903
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário somente para exclusão dos valores referentes às despesas médicas, mantidas pela decisão a quo.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Marcelo Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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PRECLUSÃO. DOCUEMNTOS APRESENTADOS NO RECURSO. CONHECIMENTO. REQUISITOS. Segundo a legislação, a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refirase a fato ou a direito superveniente; ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. No presente caso, a prova documental deve ser conhecida, mesmo após a impugnação, pois soluciona a questão, é mero detalhamento de documentos já apresentados desde o início do processo, não ocasionará retorno à etapa processual já superada e não se demonstra como forma de procrastinar a decisão final nos autos. LANÇAMENTO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. GLOSA DE DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. São dedutíveis as despesas médicas pagas dentro do ano calendário referente a tratamento do contribuinte e de seus dependentes. Comprovada a relação de dependência, as despesas médicas que haviam sido glosadas em razão da glosa do dependente, devem ser restabelecidas. No presente caso, ficou claro, pela documentação apresentada, que a despesa médica ocorreu, com dependente, motivo da dedutibilidade da despesa e, portanto, provimento do recurso. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 12 01 /2 01 2- 49 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário somente para exclusão dos valores referentes às despesas médicas, mantidas pela decisão a quo. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10183.721201/201249 Acórdão n.º 2402004.903 S2C4T2 Fl. 100 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão de primeira instância, proferida por Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), que julgou a impugnação procedente em parte, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DEPENDENTES Pode ser deduzido como dependente o cônjuge e a filha, o filho até 21 anos. Comprovada a relação de dependência a glosa deve ser cancelada. CONTRIBUIÇÃO PREVIDÊNCIA PRIVADA/FAPI Não comprovada a natureza jurídica dos rendimentos pagos a título de previdência, não é possível acatar a dedução. DESPESAS MÉDICAS São dedutíveis as despesas médicas pagas dentro do ano calendário referente a tratamento do contribuinte e de seus dependentes. Comprovada a relação de dependência, as despesas médicas que haviam sido glosadas em razão da glosa do dependente, devem ser restabelecidas. DESPESAS MÉDICAS. PLANO DE SAÚDE Para fazer jus à dedução da despesa médica na DAA, deve se comprovar o efetivo pagamento, o tratamento efetuado e quem é o paciente. Tendo apresentado apenas uma declaração do plano de saúde sem a especificação dos beneficiários não é possível a dedução. Impugnação Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Acórdão Acordam os membros da 3ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação, exonerando o crédito tributário e reconhecendo em parte o direito creditório do contribuinte. Segundo a fiscalização, de acordo com a Notificação de Lançamento (NL), como muito bem relatado na decisão a quo, o lançamento referese às seguintes questões: Fl. 102DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 "Trata o presente processo de impugnação à exigência formalizada através de NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO de imposto de renda pessoa física, f. 52 a 58, do exercício 2011, ano calendário 2010, por meio do qual se exige crédito tributário, calculado em 13/02/2012. Segundo descrição dos fatos e enquadramento legal, f. 53 a 56, o lançamento de ofício decorre das seguintes infrações: Dedução indevida de previdência privada e Fapi, pois não foram apresentados comprovantes de contribuição à previdência privada e Fapi, conforme solicitado no termo de intimação fiscal 2011/370842516856529; Dedução indevida com dependentes, pois não foi apresentada certidão de casamento, ou equivalente legal, para comprovação da relação de dependência de MARISIA SOGNO PEREIRA; Dedução indevida de despesas médicas, pois consta na complementação da descrição dos fatos que: a) foram glosadas as deduções relativas a despesas médicas em beneficio de paciente diverso do titular da Declaração de Ajuste Anual, porquanto a dedução das despesas médicas restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte relativos ao seu próprio tratamento ou a de seus dependentes, nos termos da legislação tributária, regularmente declarados na Declaração de Ajuste Anual; e b) Houve a glosa das seguintes despesas médicas: SUL AMERICA SEGURO SAÚDE S.A.; FLAVIA AMÉLIA TAQUES DO NASCIME; CRISTIANE CONCEIÇÃO DA SILVA AL; GIOVANA DA GAMA FORTUNATO. A ciência da Notificação de Lançamento ocorreu em 01/03/2012 (cópia do AR 50). Os motivos que ensejaram o lançamento estão descritos nos autos. Em 01/03/2012 foi dada ciência ao recorrente do lançamento. Contra o lançamento, o recorrente apresentou impugnação, em 16/03/2012,acompanhada de anexos, argumentando, como muito bem demonstra a decisão a quo, em síntese, que: 1. Em relação à dedução indevida de previdência privada e FAPI, contribuiu com a importância de R$ 86.870,64, porém, foi considerado dedutível 12% do rendimento bruto no valor de R$ 53.199,15; 2. Em relação à dedução indevida de dependentes, junta a certidão de casamento com MARISIA SOGNO PEREIRA; 3. Em relação às despesas médicas, referemse ao titular e a sua dependente Marisia Sogno Pereira; 4. Solicita o cancelamento da Notificação de Lançamento; 5. Solicita prioridade na análise de sua impugnação em razão do artigo 71 da lei 10.471/2003 (Estatuto do Idoso); Fl. 103DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10183.721201/201249 Acórdão n.º 2402004.903 S2C4T2 Fl. 101 5 A Delegacia analisou o lançamento e a impugnação, julgando a impugnação procedente em parte, mantendose no lançamento, somente: 1. Dedução indevida de despesas médicas do plano de saúde SUL AMERICA SEGURO SAÚDE S.A, pois, em síntese, não foi apresentado documento com os valores discriminados por beneficiário, não sendo possível, para a decisão a quo, acatar a dedução com o plano de saúde, já que não é possível identificar se todos os beneficiários foram informados como dependentes na DAA; e 2. Dedução indevida de previdência privada e Fapi, pois, em síntese, o contribuinte, segundo a decisão a quo, deveria ter trazido aos autos a cópia do contrato com a CAPEMISA ou um informe de contribuições emitido pela CAPEMISA relativo ao ano calendário 2010 com discriminação da natureza jurídica dos pagamentos para comprovar que se trata de contribuição dedutível na declaração de ajuste anual (DAA). A recorrente foi intimada da decisão em 22/10/2012, conforme Aviso de Recebimento (AR). Inconformado com a decisão, o contribuinte, em 16/11/2012, apresentou recurso voluntário, acompanhado de anexos, onde alega, em síntese, que: 1. Contesta a negativa de aceitação da declaração emitida pela Associação MatoGrossense de Magistrados (AMAM), a respeito dos valores pagos a plano de saúde de sua dependente/esposa; 2. Apresenta nova declaração, para ficar mais claro do que já estava, de que os valores foram para pagamentos de plano de saúde de sua dependente/esposa; 3. Requer a reforma da decisão recorrida, para que se acate a dedução acima. É o relatório. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Sendo tempestivo, CONHEÇO DO RECURSO e passo ao exame de seus argumentos. DO MÉRITO Primeiramente, cabe destacar que, após a decisão a quo, restaram como fundamentos do lançamento as seguintes questões: 1. Dedução indevida de despesas médicas do plano de saúde SUL AMERICA SEGURO SAÚDE S.A, pois, em síntese, não foi apresentado documento com os valores discriminados por beneficiário, não sendo possível, para a decisão a quo, acatar a dedução com o plano de saúde, já que não é possível identificar se todos os beneficiários foram informados como dependentes na DAA; e 2. Dedução indevida de previdência privada e Fapi, pois, em síntese, o contribuinte, segundo a decisão a quo, deveria ter trazido aos autos a cópia do contrato com a CAPEMISA ou um informe de contribuições emitido pela CAPEMISA relativo ao ano calendário 2010 com discriminação da natureza jurídica dos pagamentos para comprovar que se trata de contribuição dedutível na declaração de ajuste anual (DAA). O contribuinte só recorreu da questão relativa à despesa médica, configurando a aceitação tácita do lançamento quanto à questão da previdência privada e Fapi. Feito o esclarecimento, analisaremos a questão quanto à despesa médica. Para a decisão a quo, a glosa da despesa médica em debate foi mantida pelo seguinte motivo: Em relação ao plano de saúde SUL AMÉRICA SEGURO SAÚDE S.A, o contribuinte trouxe aos autos uma declaração da Associação Mato Grossense de Magistrados onde consta o desconto em folha de pagamento no valor de R$ 19.454,52 no ano calendário 2010, porém, este documento não traz expressamente quem são os beneficiários do plano de saúde. Verifica se que consta no termo de intimação fiscal (f. 10) do qual tomou ciência em 03/02/2012, dentre vários documentos que o interessado deveria apresentar, o seguinte: Comprovantes originais e cópias de despesas médicas com planos de saúde com valores discriminados por beneficiários (titular e dependente). Sem um documento com os valores discriminados por beneficiário não é possível acatar a dedução com o plano de saúde, pois não é possível identificar se todos os beneficiários foram informados como dependentes na DAA. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10183.721201/201249 Acórdão n.º 2402004.903 S2C4T2 Fl. 102 7 Assim, não é possível acatar a dedução com o plano de saúde. Sem adentrarmos na questão da interpretação sobre a definição trazida aos autos no documento apresentado em primeira instância, é fato que o documento da AMAM, apresentado no recurso, clarifica e define a questão, pois deixa claro que os gastos foram efetuados para sua dependente/esposa. Assim, como a manutenção desse valor no lançamento, segundo a decisão a quo, ocorreu pela ausência de documento com os valores discriminados por beneficiário, pois não era possível identificar se todos os beneficiários foram informados como dependentes na DAA, e como o documento apresentado no recurso deixa claro o que queria definir documentação já apresentada na defesa de que os valores forma pagos para plano de saúde de dependente/esposa do contribuinte há razão no recurso, motivo para excluir esse valor do lançamento. Por fim, destaquese que não desrespeitamos o § 4º, Art. 16, do Decreto 70.235/1972, pois mesmo com recibo mais detalhado apresentado após a emissão da decisão a quo, esse se mostra válido para a solicitação do litígio, pois foi somente um detalhamento de outra documentação já apresentada. A utilização dessa documentação para a solução da questão está em consonância com decisões já proferidas pelo CARF. Sobre a questão, muito bem desenvolve a questão da preclusão o nobre conselheiro Ronnie Soares Anderson, que no acórdão 2802003.088 assim se pronuncia: "A par disso, cabe destacar que, quando da interposição do recurso voluntário, o contribuinte apresentou novos documentos a título de comprovação de despesas médicas, os quais reputa terem o condão de sanar eventuais vícios constantes nos anteriormente entregues. Vale observar, por oportuno, que o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 impõe restrições à apresentação de documentos em momento posterior à impugnação. A prescrição legal traduz norma de preclusão temporal, atinente às relações processuais desenvolvidas no bojo do contencioso administrativo tributário, e que objetiva, principalmente, impulsionálo de forma segura e ordenada para a solução do conflito instaurado, dentro de um contexto de proteção à boa fé. Nessa linha, a aceitação como prova de documento apresentado em momento posterior à impugnação deve ser cogitada, excepcionalmente, desde que respeitadas três condições. Primeiro, possuir o documento a característica de permitir o pronto deslinde do caso controverso, viabilizando se assim o atendimento aos princípios da verdade material, da informalidade moderada e da instrumentalidade. Segundo, que sua análise não implique retorno à etapa processual já superada, salvo para diligência complementar de natureza essencial e âmbito restrito, sob pena de violação frontal aos princípios da preclusão, da duração razoável do processo e Fl. 106DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 da eficiência, os quais servem de esteio ao mencionado art. 16 do Decreto nº 70.235/72. E terceiro, que não reste evidenciado o fato de ter sido a entrega do documento nessa etapa do rito conduta com fins procrastinatórios, em atenção aos deveres de lealdade e ética no curso do processo. Com efeito, o atendimento a essas condições permite maximizar a eficácia do princípio preclusivo, assim entendido como técnica a serviço da composição administrativa dos conflitos tributários." A documentação apresentada soluciona a questão, é mero detalhamento de documentos já apresentados desde o início do processo, não ocasionará retorno à etapa processual já superada e não se demonstra como forma de procrastinar a decisão final nos autos. Portanto, por todo exposto, votamos pelo provimento do recurso. CONCLUSÃO Em razão do exposto, Voto pelo provimento do recurso, a fim de excluir do lançamento, somente, os valores referentes a despesas médicas, mantidas pela decisão a quo, nos termos do voto. Marcelo Oliveira. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 21/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 28/05/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 30/05/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 10715.008064/2008-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 28/01/2004 a 23/02/2004
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA.
Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito.
Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 28/01/2004 a 23/02/2004
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.785
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 28/01/2004 a 23/02/2004 ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 28/01/2004 a 23/02/2004 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
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COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 28/01/2004 a 23/02/2004 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 80 64 /2 00 8- 11 Fl. 215DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008064/200811 Acórdão n.º 9303003.785 CSRFT3 Fl. 216 2 advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente HENRIQUE PINHEIRO TORRES Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige do contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801005.319, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa acima citada. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350/2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida e o sujeito passivo não apresentou Contrarrazões. É o relatório, em síntese. Fl. 216DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008064/200811 Acórdão n.º 9303003.785 CSRFT3 Fl. 217 3 Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.553, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.000019/201033 , paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.553): "O recurso é tempestivo e, como será demonstrado linhas abaixo, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser conhecido. De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma nº 3802001.128, de 28/06/2012, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, são as mesmas, a saber: a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Mais uma vez, ressaltese que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Frisese que, tanto no paradigma quanto no recorrido, enfrentouse a aplicação da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras relativas ao descumprimento do Fl. 217DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008064/200811 Acórdão n.º 9303003.785 CSRFT3 Fl. 218 4 prazo estabelecido para prestar as informações, a que alude o dispositivo legal acima transcrito, sendo que, no paradigma, afastouse a possibilidade de aplicação da denúncia espontânea a esse tipo de infração. Para tanto, o Colegiado buscou arrimo no Código Tributário Nacional, desprezando, completamente, em seus fundamentos, a novel legislação. Já no acórdão recorrido, tanto o CTN quanto a nova redação do § 2º do art. 102 do Decreto Lei 37/1966 foram utilizados para arrazoar a decisão que aplicou a denúncia espontânea à infração aqui sob exame. Todavia, o fato de o paradigma não ter consignado, em seus fundamentos, a alteração do § 2º do DL 37/66, ocorrida em 2010, não impede a configuração do dissenso, pois não são os fundamentos adotados pelo colegiado que configuram a divergência. No caso, diante de uma mesma penalidade e de julgamentos com resultados opostos (do recorrido e do paradigma), ambos realizados na vigência dos mesmos dispositivos legais, entendo presentes os requisitos necessários à comprovação da divergência jurisprudencial. Atendidos, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008064/200811 Acórdão n.º 9303003.785 CSRFT3 Fl. 219 5 O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Fl. 219DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008064/200811 Acórdão n.º 9303003.785 CSRFT3 Fl. 220 6 e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 220DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008064/200811 Acórdão n.º 9303003.785 CSRFT3 Fl. 221 7 infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá Fl. 221DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008064/200811 Acórdão n.º 9303003.785 CSRFT3 Fl. 222 8 mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 222DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008064/200811 Acórdão n.º 9303003.785 CSRFT3 Fl. 223 9 [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 223DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 16327.903682/2009-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 30/08/2003
DCOMP. COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO.
A compensação de tributos com valores recolhidos indevidamente, ou a maior, depende da comprovação de que tais valores foram efetivamente recolhidos aos cofres públicos. No caso dos autos, não ficou comprovado que o valor cuja utilização fora pleiteada na DCOMP fora recolhido.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 2401-004.405
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, negar-lhe provimento.
Maria Cleci Coti Martins
Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira. Ausente o Conselheiro Wilson Antonio de Souza Correa.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 30/08/2003 DCOMP. COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO. A compensação de tributos com valores recolhidos indevidamente, ou a maior, depende da comprovação de que tais valores foram efetivamente recolhidos aos cofres públicos. No caso dos autos, não ficou comprovado que o valor cuja utilização fora pleiteada na DCOMP fora recolhido. Recurso Voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para, no mérito, negarlhe provimento. Maria Cleci Coti Martins Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira. Ausente o Conselheiro Wilson Antonio de Souza Correa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 36 82 /2 00 9- 16 Fl. 125DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 11/07/ 2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 2 Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 1639.674 10a. Turma da DRJ/SP1, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte para contestar o Despacho Decisório de fls. 22, que "não reconheceu o direito creditório pleiteado e não homologou a compensação declarada, em face da constatação de que o alegado pagamento indevido ou a maior fora integralmente utilizado para a quitação de outro débito da contribuinte, não restando saldo disponível para a compensação do débito informado no PER/DCOMP 41918.10111.230206.1.3.048579". A decisão a quo lastreou a decisão no fato de que a requerente não trouxe nenhuma comprovação de que o Darf recolhido em 03/09/2003 no montante de R$303.176,07 efetivamente contemplou o IRRF de R$24.091,74 calculado no resgate do CDB do referido cliente. Não consta dos autos qualquer demonstrativo de composição do IRRF de código 3426 da 5ª semana de agosto/2003 que evidenciasse o alegado recolhimento a maior. Data da ciência da decisão recorrida: 04/01/2013. Data da interposição do recurso voluntário: O recorrente aduz as seguintes razões. 1. Informa que o banco(contribuinte) cometeu um engano e pagou um valor a maior em um CDB de um cliente e ainda recolheu o IRRF sobre o valor pago a maior(em 3/09/2003). Após reconhecido o equívoco, o valor foi regularizado na conta do cliente, e também o IRRF que fora pago no valor de R$ 24.091,74 e que deveria ter sido R$ 10.595,79. A correção da diferença pelo cliente do contribuinte teria sido feita em 10/09/2003, no valor de R$ 94.136,69. Afirma que o pagamento de R$ 24.091,74 teria sido recolhido no DARF de R$ 303.176,07. 2. Para que exista a cobrança de imposto, existe a necessidade de seu fato gerador e todos os seus elementos estejam previstos em lei. No caso, afirma que não ocorreram as circunstâncias que a lei estabelece como necessários para gerar a incidência. Ocorreu um equívoco no preenchimento da DCTF. Alega que foi um erro formal, de fato e que o valor de R$ 13.495,95 (diferença entre R$ 24.091,74 e R$ 10.595,79) foi devolvido ao cliente no lançamento efetuado no dia 10/09/2003. 3. Conforme doc. 8, a recorrente demonstra pelos razões contábeis das contas de IRRF a recolher da empresa, que o somatório das contas resultariam em R$ 837.231,63. O valor foi recolhido em dois DARF´s, um de R$ 303.176,07 e outro de R$ 534.055,56. O valor de R$ 24.091,74 estaria contido nos saldos informados nestes razões contábeis. O documento 4 anexado ao recurso voluntário trata do despacho decisório relativo ao PER/DCOMP 41918.10111.230206.1.3.048579, de 23/02/2006, tipo de crédito pagamento indevido ou a maior e referenciando este processo. O despacho decisório não homologou a compensação declarada por inexistência de crédito para pagamento até e informa o valor devedor consolidado que seria de R$ 18.824,15 (principal), R$ 3.764,83(multa) e R$ 7.247,29 (juros). O documento à efl. 118, anexo ao recurso voluntário referese à comprovante de arrecadação de receitas federais código 3426 no valor de R$ 303.176,07, em 03/09/2003, cujo período de apuração é 30/08/2003, com data de vencimento em 03/09/2003, e na folha Fl. 126DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 11/07/ 2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 16327.903682/200916 Acórdão n.º 2401004.405 S2C4T1 Fl. 3 3 seguinte está o comprovante de arrecadação de R$ 534.055,56, referente ao código de receita 3426, período de apuração 30/08/2003 e data de vencimento de 03/09/2003. 4. Apela pelo princípio da verdade material, e também pelo fato de que o fato gerador está vinculado ao tributo. E não teria ocorrido fato gerador para o tributo de R$ 24.091,74. Argumenta que houve um equívoco no preenchimento da DCTF, no campo "débito apurado", que foi informado valor maior que o devido. 3. Ao final, pleiteia a realização de diligências para a comprovação as alegações mencionadas e a homologação da compensação da PERDCOMP 41918.10111.230206.1.3.048579. É o relatório. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 11/07/ 2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 4 Voto Conselheira Maria Cleci Coti Martins Relatora O recurso é tempestivo, atende aos requisitos legais e dele conheço. O julgador a quo entendeu que a requerente não trouxe nenhuma comprovação de que o Darf recolhido em 03/09/2003 no montante de R$303.176,07 efetivamente contemplou o IRRF de R$24.091,74 calculado no resgate do CDB do referido cliente. Não consta dos autos qualquer demonstrativo de composição do IRRF de código 3426 da 5ª semana de agosto/2003 que evidenciasse o alegado recolhimento a maior. Assim, pela decisão de primeira instância, o recorrente deveria comprovar o recolhimento dos R$ 24.091,74 que teria sido incluído no valor de R$ 303.176,07. Para comprovar o recolhimento, no item 17 do recurso voluntário, o contribuinte explica que o valor estaria incluído nos documentos de arrecadação às efls. 118 e 119, anexas ao recurso. Informa que o valor de R$ 24.091,74 estaria incluso nesses valores. Entretanto, o contribuinte alegou que o fato gerador do tributo informado na DCTF estaria incorreto. O correto seria R$ 10.595,79, e portanto, teria um crédito de R$ 13.495,95, que fora recolhido a maior no à comprovante de arrecadação de receitas federais código 3426 no valor de R$ 303.176,07, em 03/09/2003, cujo período de apuração é 30/08/2003, com data de vencimento em 03/09/2003. Para comprovar o alegado erro de fato (erro formal) na declaração do tributo devido, o recorrente juntou documentos sobre o valor do tributo que seria correto. O documento à fl. 34 dos autos contém informações sobre a conta do cliente Material de Construção Alfa Aruja Ltda. Entendo que o contribuinte, mesmo após a decisão no acórdão de impugnação, não comprovou que o valor de R$ 24.091,74 estaria incluso nos recolhimentos feitos no DARF da efl. 118. Não foi anexado qualquer documento relativo aos tributos que teriam sido recolhidos no DARF da efl. 118. Diante disso, fica prejudicada a análise relativa ao questionamento do erro de fato ocorrido na declaração do tributo, na qual teria ocorrido o recolhimento a maior. Dado o exposto, voto por afastar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Maria Cleci Coti Martins. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 10/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 11/07/ 2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS
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Numero do processo: 13054.000753/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 05 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2301-000.600
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.
Alice Grecchi Relatora
(Assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente
(Assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros : João Bellini Júnior (Presidente), Amilcar Barca Teixeira, Ivacir Julio de Souza, Luciana de Souza Espíndola Reis, Alice Grecchi, Julio Cesar Vieira Gomes, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Fabio Piovesan Bozza
Nome do relator: ALICE GRECCHI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora. Alice Grecchi Relatora (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente (Assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros : João Bellini Júnior (Presidente), Amilcar Barca Teixeira, Ivacir Julio de Souza, Luciana de Souza Espíndola Reis, Alice Grecchi, Julio Cesar Vieira Gomes, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Fabio Piovesan Bozza
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Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora. Alice Grecchi – Relatora (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Presidente (Assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros : João Bellini Júnior (Presidente), Amilcar Barca Teixeira, Ivacir Julio de Souza, Luciana de Souza Espíndola Reis, Alice Grecchi, Julio Cesar Vieira Gomes, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Fabio Piovesan Bozza Relatório Contra contribuinte acima qualificado, fora lavrada Notificação de Lançamento (fls. 53/58), no valor total de R$ 13.720,77, calculados até 31/08/2010, em virtude da constatação de irregularidades na declaração de ajuste anual referente ao exercício de 2007, anocalendário 2006. Conforme informação prestada pela fiscalização, o crédito tributário foi apurado com base nos seguintes elementos: a) dedução indevida de dependentes, no valor de R$ 4.548,96; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 30 54 .0 00 75 3/ 20 10 -1 1 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13054.000753/201011 Resolução nº 2301000.600 S2C3T1 Fl. 107 2 b) dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 6.187,07; c) omissão de rendimentos do dependente Marcos Eduardo Gomes, no valor de R$ 13.055,74. Não conformado, o contribuinte apresentou impugnação (fl. 03), cingindose a requerer a revisão do lançamento sob o argumento de que por ser portador de moléstia grave, o rendimento recebido por decorrência de aposentadoria não é tributável. Junta Relatório Médico à fl. 11 e Laudo de Exame à fl. 12. A Turma de Primeiro Grau, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação, abaixo ementada: DEPENDENTES. DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. A isenção dos rendimentos de aposentadoria/pensão auferidos por contribuinte portador de moléstia grave, somente pode ser concedida mediante a apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. O contribuinte foi cientificado do acórdão 1039.556 8ª Turma da DRJ/POA, em 20/07/2012 ( fl. 68). O recurso voluntário foi apresentado em 10/08/2012 (fl. 70). Resumidamente, insurgiuse quanto a não consideração dos documentos acostados para comprar a moléstia alegada. Requereu a isenção do imposto retido e pago em 2006 referente a diferenças salários de INSS. É o relatório. Passo a decidir. Voto O recurso voluntário ora analisado, possui os requisitos de admissibilidade do Decreto nº 70.235/72, motivo pelo qual merece ser conhecido. Inicialmente, cumpre esclarecer que o recorrente deixa bem claro em seu recurso voluntário que não está contestando a glosa das despesas com dependentes, das despesas médicas e quanto à omissão de rendimentos do dependente. Assim, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/1972, tratase de matéria não impugnada. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13054.000753/201011 Resolução nº 2301000.600 S2C3T1 Fl. 108 3 A irresignação do contribuinte paira no fato de não terem sido aceitos os documentos médicos acostados ao feito, de forma que pudesse lhe conferir o benefício da isenção por moléstia grave. Temse que para o deferimento do benefício pleiteado, o artigo 6º da Lei nº. 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com as alterações do art. 47 da Lei n° 8.541, de 23 de dezembro de 1992 e art. 30, § 2º da Lei nº. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, estabeleceu a concessão da isenção do IRPF nos seguintes casos: a) os valores recebidos serem de proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço; e b) ser portador de moléstia prevista no texto legal e comprovada por meio de laudo médico pericial emitido pelo serviço médico oficial da União, Estados, Distrito Federal ou dos Municípios (caput art. 30 da Lei nº 9.250/1995). Art. 1o O inciso XIV do art. 6o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pela Lei no 8.541, de 23 de dezembro de 1992, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; No tocante ao segundo requisito, a lei faz duas exigências: (i) que a moléstia da qual o contribuinte sofre seja uma daquelas previstas e (ii) que a comprovação seja feita por meio de laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município. Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995. Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle Assim sendo, cabe analisar se os documentos constantes dos autos são hábeis à comprovarem a condição do contribuinte, ou seja, se efetivamente os rendimentos percebidos são de aposentadoria, bem como a existência da moléstia alegada. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13054.000753/201011 Resolução nº 2301000.600 S2C3T1 Fl. 109 4 Compulsando os autos, verificase que o recorrente acostou Relatório Médico à fl. 11 e Laudo de Exame à fl. 12. e no recurso voluntário às fls. 74/84 juntou novamente os supracitados documentos, bem como decisão judicial concedendo liminarmente medicamentos, além de novo Relatório Médico (fl. 81) e Atestado Médico (fl. 82). Temos assim, com base no conjunto probatório e idade do recorrente fortes indícios de verossimilhança das alegações do contribuinte levando a crer que ele possa preencher os requisitos legais para a isenção. Assim, com fundamento nos documentos carreados, entende esta relatora ser necessário converter o julgamento em diligência para que o contribuinte junte aos autos: 1 LAUDO PERICIAL emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal ou Municípios, no qual conste a doença que o mesmo esta acometido em conformidade com o art. 6º, XIV, da Lei n.º 7.713/1988 e alterações, informando a data de início da respectiva doença; 2 Comprovante de que os rendimentos são provenientes de aposentadoria/pensão auferidos por contribuinte portador de moléstia na data da ocorrência do fato gerador. Ante ao exposto, proponho a conversão do feito em diligência, para que a Delegacia da Receita Federal do Brasil intime o contribuinte a apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, os documentos acima referidos. Alice Grecchi Relatora (Assinado Digitalmente) Fl. 109DF CARF MF Impresso em 05/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por AL ICE GRECCHI, Assinado digitalmente em 03/05/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000258/2010-43
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. INOBSERVÂNCIA.
Não deve ser conhecido o recurso especial de divergência quando o dissídio jurisprudencial não resta demonstrado pela Recorrente, uma vez que inexistente a necessária similitude fática entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma por tratarem de materialidades distintas.
Numero da decisão: 9303-003.485
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria, em não conhecer do Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional por falta de divergência jurisprudencial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Gilson Macedo Rosenburg Filho e Rodrigo da Cosa Pôssas, que conheciam do recurso.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
EDITADO EM 21/03/2016.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen (Substituto convocado), Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello (Relatora), Maria Teresa Martínez López (Vice-Presidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente)
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria, em não conhecer do Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional por falta de divergência jurisprudencial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Gilson Macedo Rosenburg Filho e Rodrigo da Cosa Pôssas, que conheciam do recurso. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Vanessa Marini Cecconello - Relatora EDITADO EM 21/03/2016. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen (Substituto convocado), Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello (Relatora), Maria Teresa Martínez López (Vice-Presidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente)
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RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. INOBSERVÂNCIA. Não deve ser conhecido o recurso especial de divergência quando o dissídio jurisprudencial não resta demonstrado pela Recorrente, uma vez que inexistente a necessária similitude fática entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma por tratarem de materialidades distintas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria, em não conhecer do Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional por falta de divergência jurisprudencial. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Gilson Macedo Rosenburg Filho e Rodrigo da Cosa Pôssas, que conheciam do recurso. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Vanessa Marini Cecconello Relatora EDITADO EM 21/03/2016. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 02 58 /2 01 0- 43 Fl. 1832DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.833 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen (Substituto convocado), Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello (Relatora), Maria Teresa Martínez López (Vice Presidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fulcro no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, por meio do qual busca a reforma do Acórdão 3402002.601 (efls. 1615 a 1633), de 27/01/2015, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de julgamento, que foi assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2007 Ementa: PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracterizase a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade. MULTA DE OFÍCIO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. Não cabe lançamento de multa de ofício quando a exigibilidade do crédito esteja suspensa por decisão judicial quando do início da ação fiscal. [...] Por detalhar de forma clara os fatos ocorridos no processo, adoto em parte o relatório do acórdão de julgamento do recurso voluntário, transcrevendoo abaixo: Conforme o Termo de Verificação Fiscal de fls. 127134, em fiscalização empreendida junto à contribuinte supramencionada, referente aos anos calendário de 2006 e 2007, o autuante apurou as infrações descritas a seguir: 1. O faturamento das instituições financeiras compreende a totalidade das atividades desenvolvidas em torno de seu objeto social. Conforme o estatuto da contribuinte, art.4º, a Sociedade tem como objetivo social a prática de Fl. 1833DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.834 3 todas as operações de crédito, financiamento e investimento, permitidos pelas leis e regulamentos aplicáveis à espécie. 2. O art.17 da Lei 4.595/64 traz o conceito legal das empresas do setor financeiro: “Art. 17. Consideramse instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparamse às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual.” 3. O STF, ao julgar a ADIn 2.591, entendeu por submeter as atividades do setor financeiro à disciplina do Código de Defesa do Consumidor, em face do disposto no §2° do art.3° da Lei 8.078/90, que delimita serviço como "qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista". 4. O art.2° da Lei 9.718/98 definiu que a base de cálculo do PIS e Cofins, devidos pelas pessoas jurídicas de direito privado, é o faturamento. O STF, no julgamento do RE 357.9509/RS, ao examinar os art. 2° e 3º da Lei 9.718/98, considerou inconstitucional apenas o § 1° do art 3º, estando em desacordo, portanto, apenas a expansão da base de cálculo das contribuições em questão. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional — Coordenação Geral de Assuntos Tributários, concluiu no Parecer 2.773/07 "que a natureza das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros pode ser classificada como serviços para fins tributários, estando sujeita à incidência das contribuições em causa, na forma dos art. 2° e 3º caput e nos §§ 5° e 6° do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao "plus" contido no §1º do art.3° da Lei no 9.718/98, considerado inconstitucional por meio do Recurso Extraordinário 357.9509/RS e dos demais recursos que foram julgados na mesma assentada." 5. A declaração de inconstitucionalidade do §1º art.3 ºda Lei 9.718/98 não implica que as receitas financeiras, rendas de operações de crédito com empréstimos e financiamentos e de aplicação de depósitos interfinanceiros, das instituições financeiras, não estão sujeitas ao PIS e Cofins, estando estas compreendidas no conceito de faturamento. Portanto, tais receitas devem ser consideradas como resultado operacional, conforme a própria empresa apresenta em seu demonstrativo de provisão, integrando a base de cálculo do PIS e da Cofins, constituindo atividade empresarial definida em seu objetivo social. O valor a ser tributado, portanto, é o representado pela receita operacional total. 6. A empresa impetrou o Mandado de Segurança (MS) 2006.61.00.0214374, requerendo a concessão do writ, com medida liminar, e segurança definitiva para que fosse declarada a inexistência de relação jurídica que a obrigasse ao recolhimento do PIS e Cofins sobre receitas de natureza diversa do faturamento, reconhecendo a inconstitucionalidade do §1° do art.3° da Lei Fl. 1834DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.835 4 9.718/98, bem como assegurar o direito à compensação dos valores pagos indevidamente. A segurança foi concedida para determinar a suspensão do recolhimento das contribuições ao PIS e Cofins nos termos do §1° do art.3° da Lei 9.718/98, assegurando a compensação dos valores indevidamente recolhidos (fls. 217226 e 298301). 7. A apuração da insuficiência de recolhimento do PIS e Cofins foi feita considerando a diferença entre a base de cálculo apurada pelo Fisco e a recolhida/declarada no Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais (DACON), e na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Foi recalculada a base de cálculo dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2006 e do ano calendário de 2007, e o faturamento considerado consta dos demonstrativos de fls. 130133. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada, a contribuinte apresentou as impugnações de fls. 162183 e 451472, acompanhadas dos documentos de fls. 184450 e 473736, em síntese alegando que: 1. A matéria objeto de impugnação não foi submetida à apreciação judicial. 2. Impetrou o MS 2006.61.00.0214374 para se eximir do recolhimento do PIS e Cofins na forma do §1° do art. 3° da Lei 9.718/98, abstendose a autoridade coatora de lhe exigir as contribuições sociais sobre receitas que extrapolassem o conceito de faturamento, esse entendido como os ingressos decorrentes da venda de mercadorias e/ou prestação de serviços (fls.217 226). 3. A liminar pleiteada foi concedida em 23/10/2006 "para determinar a suspensão do recolhimento das contribuições do PIS e da COFINS nos termos do §1 ° do artigo 3° da Lei 9.718/98, abstendose a ré de proceder a qualquer ato de cobrança das referidas exações, bem como de impedir a expedição de certidões negativas ou de inscrever os nomes das impetrantes no CADIN" (fls. 298301). 4. A União protocolizou em 06/11/2006 agravo de instrumento contra a decisão que concedeu a medida liminar, defendendo que: a Lei 9.718/98 não padecia de inconstitucionalidade, "em relação às instituições financeiras, a questão do conceito de faturamento e do de receita bruta ganha contornos particulares, não se aplicando as mesmas categorias válidas para as empresas mercantis e prestadoras de serviços", e "a receita operacional ou o faturamento das entidades financeiras, tendo em vista seu objeto social, tal como definido no art.17 da Lei n° 4.595/64, será composto essencialmente pelas receitas financeiras, que comporão sua maior parcela, e, em menor parte, pela receita de prestação de serviços". Por fim, pediu a União que lhe fosse dado provimento "para considerar válida a alteração da base de cálculo pela Lei n° 9.718198 ou, sucessivamente, para reconhecer como faturamento a receita operacional (receitas oriundas do exercício do objeto social, tal como previsto no art. 28 da Lei n° 4.595/64), conforme se demonstrou acima, (...)". O recurso foi convertido em agravo retido pelo TRF, não se insurgindo a União contra essa decisão (fls. 361 e 385387). 5. Posteriormente, a sentença de 22/11/2007 concedeu a segurança requerida, "para determinar a suspensão do recolhimento das contribuições Fl. 1835DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.836 5 do PIS e da COFINS nos termos do §1 ° do art.3° da Lei 9.718/98, bem como para assegurar o direito à compensação dos valores pagos indevidamente, respeitado o prazo quinquenal de prescrição". As partes apelaram, sendo que a União sustentou apenas a necessidade de reforma da sentença proferida, já que, "mesmo sob a vigência da antiga redação do art.195, inciso 1, da Constituição Federal, não seria possível declarar a inconstitucionalidade da Lei em comento quanto à alteração da base de cálculo" (fls. 376381). 6. O ente público não observou o art.523 do Código de Processo Civil no que concerne ao conhecimento de seu agravo retido, conformandose com a solução dada ao caso pelo magistrado,eis que não levou ao Tribunal sua irresignação quanto ao conceito de faturamento supostamente aplicável às instituições financeiras e entidades equiparadas, o que resultou no sepultamento definitivo da discussão, por preclusão. 7. Isso significa, que a sentença concessiva da segurança, ao afastar a aplicação do §1° do art.3º da Lei 9.718/98 para declarar que o conceito de faturamento "equivaleria ao de receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza", não autorizou a possibilidade de incidência das contribuições sociais sobre a receita operacional da Impugnante. O magistrado, não acolhendo os fundamentos de direito contidos nas informações da autoridade coatora e no agravo de instrumento da União, reputou inexistente qualquer necessidade de diferenciação entre faturamento de instituições financeiras e faturamento de empresas comerciais ou prestadoras de serviços. 8. O conceito de faturamento foi definido em sentença como receita bruta decorrente das vendas de mercadorias e/ou serviços de qualquer natureza. Não corresponde, pois, à receita operacional da Impugnante, nem à totalidade das atividades desenvolvidas em torno de seu objeto social. 9. A sentença, atualmente em vigor, tem execução imediata, conforme art.14, § 3°, da Lei 12.016/09, razão pela qual os autos de infração já nasceram mortos. 10. A Impugnante pretendeu no MS 2006.61.00.0214374 obter autorização para recolher o PIS e a Cofins com base no caput do art. 3º da Lei 9.718/98, ou seja, sobre a totalidade das receitas auferidas em decorrência da venda de mercadorias e/ou serviços, na esteira do entendimento firmado pelo Pleno do STF. A resistência da autoridade coatora, em suas informações, e da pessoa jurídica de direito público, em seu agravo de instrumento, que trouxeram aos autos as matérias de defesa então deduzidas, redefiniu os contornos da lide, pois discutiram o que seria faturamento para instituições financeiras e assemelhadas. O art.302 do Código de Processo Civil impõe ao demandado o ônus da impugnação especificada dos fatos narrados na petição inicial. 11. Assim, a questão controvertida (objeto litigioso) colocada pelas partes no MS referido pode ser delimitada pela causa de pedir formulada pelo autor (inconstitucionalidade do §1° do art.3° da Lei 9.718/98 e constitucionalidade do caput do art.3° da mesma lei) e pela causa excipiendi ("contradireito”) formulada pela autoridade suas informações e pela União em seu agravo de instrumento (constitucionalidade art.3º da Lei 9.718/98, tratamento diferenciado às instituições financeiras, inaplicabilidade dos precedentes do Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.837 6 STF, entendimento de que faturamento é "o resultado das atividades que constituem o objeto social da pessoa jurídica' ou "a receita operacional total. 12. Estabelecido o objeto do litígio, delimitado tanto pela causa petendi do autor como pela causa excipiendi do réu, o sentenciante concedeu a segurança requerida pela então impetrante, ora Impugnante, declarando a inconstitucionalidade do §1° do art.3º da Lei 9.718/98, no que ampliou indevidamente a base de cálculo do PIS e da Cofins. 13. No caso específico da Impugnante, a decisão judicial pode ser dividida em: (a) é inconstitucional o §1° do art.3º da Lei9.718/98, e (b) a base de cálculo do PIS e da Cofins corresponde ao faturamento, entendido como a "receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza'. O juiz acolheu integralmente, na motivação, a causa de pedir articulada pelo autor, afastando, mesmo que não expressamente, o contradireito arguído pelo réu. Nenhuma das exceções opostas pelo réu foi agasalhada pelo magistrado. A sentença, ao conceder a segurança requerida, é a prova viva de que o contradireito alegado pelo demandado não foi acatado pelo sentenciante. 14. Em sua apelação, a União discutiu apenas a presunção de constitucionalidade das normas e a constitucionalidade da Lei 9.718/98 sob a vigência da redação original do art.195, I, da CF/88, deixando de requerer o conhecimento preliminar do agravo retido fruto da conversão de seu agravo de instrumento. A ausência de devolução de outras questões para o Tribunal equivale à aceitação do que restou resolvido pelo sentenciante, revelando seu conformismo com a solução dada à lide. Ou seja, sepultouse definitivamente a controvérsia acerca do conceito de faturamento aplicável às instituições financeiras e equiparadas. 15. Quando a União aceitou tacitamente a sentença, na parte em que definiu o conceito de faturamento como a receita bruta decorrente da venda de mercadorias e/ou prestação de serviços, ocorreu preclusão lógica, impossibilitando o ente público de suscitar essa controvérsia agora, pois incompatível com sua conduta processual anterior. E como a União interpôs seu recurso de apelação abordando apenas a constitucionalidade do § 1º do art.3° da Lei 9.718/98, não lhe é dado submeter ao Tribunal sua irresignação quanto ao conceito de faturamento para as instituições financeiras e equiparadas, eis que ocorreu preclusão consumativa. 16. Ocorrida a preclusão, o efeito, no caso, é que para a Impugnante, as contribuições sociais somente podem incidir sobre o faturamento, entendido como a receita bruta decorrente da venda de mercadorias e/ou prestação de serviços. Pretender incluir em tal conceito o "resultado das atividades que constituem o objeto social da pessoa jurídica' ou a "receita operacional total" significará retroceder no exame de uma questão cujo trato já se encontra vedado em razão da consumação da preclusão. Daí ser lícito dizer que a norma individual, criada pelo judiciário, definindo o que é faturamento para o caso da Impugnante, deverá ser observada por quem quer que seja. 17. No termo de verificação fiscal (TVF) existem premissas equivocadas que foram utilizadas para a lavratura dos autos de infração, considerandose que há norma individual criada pelo Poder Judiciário definindo faturamento como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Para a Impugnante, faturamento não são Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.838 7 as receitas decorrentes de seu "resultado operacional” de sua "atividade empresarial definida em seu objetivo social". 18. Curioso, para não dizer espantoso, é que o Agente Fiscal sabia e tinha ciência da ação judicial aforada pela Impugnante, na qual o Delegado de sua repartição figura como autoridade coatora. Limitouse a dizer que a segurança requerida foi concedida para determinar a suspensão do recolhimento do PIS e Cofins nos termos do §1° do art.3° da Lei 9.718/98, bem como assegurar seu direito à compensação dos valores pagos indevidamente. 19. Fechando seu argumento, afirmou que a declaração de inconstitucionalidade do §1º do art.3° da Lei 9.718/98 não implica que as receitas compreendidas no conceito de faturamento das instituições financeiras não estão sujeitas ao PIS e Cofins. 20. A única questão a ser levantada é que o detalhamento feito pelo Agente desconsiderou o processo judicial no qual essas discussões foram travadas. Tanto a autoridade coatora como a União já tinham tentado fazer com que o Poder Judiciário reduzisse o faturamento da Impugnante ao "resultado das atividades que constituem o objeto social da pessoa jurídica' (autoridade coatora) ou à "receita operacional (receitas oriundas do exercício do objeto social, tal como previsto no art. 18 da Lei n°4.595164)" (ente público). 21. Sucumbente na tentativa de delimitar, judicialmente, o conceito de faturamento, o Agente Fiscal resolve considerar que o faturamento da Impugnante corresponde à sua "receita operacional total", ignorando o princípio da unicidade de jurisdição. 22. Provocado, o Poder Judiciário editou norma individual afastando as distinções pretendidas pela autoridade coatora e pela União Federal, definindo faturamento como a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. A preclusão lógica e consumativa que acarretou a perda do direito processual da União de levar adiante a controvérsia não é sanável por medidas extraprocessuais. Instaurada a jurisdição, é do Poder Judiciário a palavra final. Nulo os autos de infração ora impugnados. 23. Para argumentar, caso o TRF da 3º Região reforme a sentença proferida pela Justiça Federal de SP, diminuindo assim o alcance da causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, abrese o prazo para recolhimento, em 30 dias, sem incidência de multa moratória, do tributo considerado devido em decorrência da prolação de decisão judicial "nova", conforme §2° do art.63 da Lei 9.430/96. Nesse contexto, o máximo admissível seria a lavratura dos autos de infração sem a multa de 75%, nos termos do art.63 da Lei 9.430/96. 24. Caso se entenda que as receitas decorrentes das atividades das instituições financeiras possam ser classificadas como prestação de serviços para fins tributários, é necessário examinar o alcance dessa expressão fixado em atos normativos da própria RFB. 25. A IN 247/2002, em seu art.95, determina que as instituições financeiras devem apurar o PIS e a Cofins de acordo com planilha constante em seu anexo I, no qual o grupo de contas 7.1.7 referese a "rendas de prestação de serviços", abrangendo as sub contas: Fl. 1838DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.839 8 (...) 26. Concluise que a metodologia usada pela própria RFB sempre definiu, como prestação de serviços (base de cálculo do PIS e da Cofins), apenas as subcontas do grupo 7.1.7. Se a pretensão da União é modificar esse conceito, para nele incluir todas as demais atividades que constituam o objeto social da pessoa jurídica (receita operacional total), como prestação de serviços, não é possível que se exija da Impugnante os juros moratórios e multa de ofício, nos termos do que estatui o parágrafo único do art.100 do CTN. Portanto, devem ser excluídos os juros e a multa de ofício. 27. Os trabalhos fiscais foram permeados por erros que comprometem a certeza e liquidez do crédito tributário constituído, acarretando a nulidade dos autos de infração. A Autoridade Fiscal incluiu equivocadamente na base de cálculo das contribuições sociais valores (a) correspondentes às "Rendas de Aplicações Interfinanceiras de Liquidez", alocados na subconta "Rendas de Aplicações em Depósitos Interfinanceiros", e (b) relativos às "Outras Receitas Operacionais", inseridos na subconta "Outras Rendas Operacionais". 28. A Impugnante não capta recursos de terceiros no mercado para a realização posterior de aplicações financeiras. Os valores alocados na sub conta "Rendas de Aplicações em Depósitos Interfinanceiros" representam as aplicações interfinanceiras próprias da impugnante, e não de terceiros. Não podem ser consideradas receitas operacionais, assim entendidas pelo Agente Fiscal como oriundas do exercício do objeto social da empresa. Assim, a diferença apurada nas planilhas anexas (fls.442448 e 728734) deve ser excluída da exigência fiscal. 29. Quanto aos valores alocados na subconta "Outras Rendas Operacionais", os demonstrativos anexos (fls. 449, 450, 735 e 736) apontam que nessa subconta foram registrados valores relativos a juros incidentes sobre depósitos judiciais, juros incidentes sobre Finsocial a recuperar, juros incidentes sobre títulos da dívida agrária, etc. Tais valores não denotam receitas operacionais da Impugnante, pelo que não poderiam compor a base de incidência do PIS e da Cofins. À vista dos equívocos cometidos pela Autoridade Fiscal na apuração do crédito tributário, comprometida está sua certeza e liquidez, restando patente a nulidade dos autos de infração. 30. Requer o cancelamento dos autos de infração, eis que lavrado em afronta à decisão judicial citada. Sucessivamente, requer sejam deferidos seus pedidos para excluir os juros e a multa lançada. Pede ainda a nulidade dos autos de infração, por ausência de certeza e liquidez do crédito tributário apurado, ante as inconsistências apontadas. [...] A impugnação da Contribuinte foi julgada improcedente pela 10ª Turma da DRJ de São Paulo (I) conforme consta no acórdão nº 1625588 (efls. 1466 a 1522), de 09/06/2010. A instância de origem entendeu, em síntese, que: (a) o conceito de receita bruta sujeita ao PIS e à COFINS envolve, além daquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, também a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais das Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.840 9 instituições financeiras; (b) em se tratando de instituições financeiras, estão incluídas na receita bruta operacional, definida nos artigos 226 e 227, do Decreto nº 1.041/94, as receitas provenientes de intermediação financeira; e (c) não tendo sido comprovada a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na data do ofício, é cabível a aplicação da multa vinculada de 75% (setenta e cinco por cento) do tributo devido. Não conformada com a decisão de primeira instância, a Contribuinte apresentou recurso voluntário (efls. 1532 a 1582), ratificando os argumentos trazidos em sede de impugnação e, ao final, requerendo o seu provimento para que fosse determinado o cancelamento do auto de infração. Revogada a Portaria CARF nº 01/2012 que havia sobrestado o julgamento do recurso, sobreveio decisão, consubstanciada no acórdão nº 3402002.601, cuja ementa transcreveuse acima, no sentido de: (a) não conhecer da matéria referente à aplicação da decisão do Supremo Tribunal Federal que afastou a regra do §1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e à discussão quanto às receitas que se subsumem ao conceito de faturamento, por terem sido objeto do MS nº 2006.61.00.0214374, nos termos da Súmula CARF nº 01, de 22/12/2009; (b) dar parcial provimento ao recurso para afastar a aplicação da multa de ofício, nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/96. Devidamente intimada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpõe recurso especial em face do acórdão do recurso voluntário sustentando a reforma do julgado por entender que não há concomitância de objeto e causa de pedir entre o processo administrativo e o processo judicial, bem como contestou a exoneração da multa de ofício. Fundamentou a divergência no acórdão 3302001.873. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido por meio do Despacho nº 3400 4ª Câmara, exarado em 25/05/2015 (efls. 1657 a 1655). A Contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso especial (efls. 1722 a 1751) requerendo, em preliminar, o seu não conhecimento por entender que inexiste similitude fática entre o acórdão recorrido e aquele apontado como paradigma pela Fazenda Nacional. No mérito, aduziu que: (a) o objeto da ação judicial é a declaração de inconstitucionalidade do §1º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98, para que a base de cálculo do PIS e da COFINS limitese à receita bruta decorrente da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços, conforme jurisprudência do STF; (b) a Autoridade Coatora e a União redefiniram os contornos da lide e trouxeram ao Poder Judiciário a discussão referente ao conceito de faturamento para as instituições financeiras e entidades assemelhadas; (c) a decisão judicial proferida no mandado de segurança acolheu integralmente os pedidos aduzidos pela Contribuinte em sua petição inicial, rechaçando as pretensões da parte adversa e, por se constituir em norma individual, fazendo lei entre as partes; (d) os autos de infração foram lavrados em contrariedade à sentença proferida no mandado de segurança nº 2006.61.00.0214374. Ao final, requer seja negado provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado em 11/12/2015, com numeração eletrônica até a folha 1831 (um mil oitocentos e trinta e um), estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.841 10 É o Relatório Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional é tempestivo, restando analisar o atendimento dos demais pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Nas contrarrazões ao recurso especial, a Contribuinte postulou, preliminarmente, o não conhecimento do apelo da Fazenda Nacional em virtude de alegada inexistência de similitude fática entre o acórdão recorrido e aquele apontado como paradigma. Para embasar o seu pleito, apontou três diferenças entre is dois casos: "(a) Primeira distinção: as ações judiciais subjacentes a cada acórdão administrativo tiveram, em seu bojo, debates jurídicos diferentes; (b) Segunda distinção: os acórdãos paradigma e recorrido tratam de materialidades não coincidentes; (c) Terceira distinção: as ações judiciais subjacentes a cada acórdão administrativo tiveram trâmites diferentes". Quanto à admissibilidade do recurso Fazenda Nacional, com a devida vênia, divirjo do entendimento do Presidente da Quarta Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por entender que não merece ser conhecido o apelo. Da análise dos casos confrontados, verificase que, embora ambos versem sobre o alcance de decisões judiciais prolatadas em discussões referentes à declaração de inconstitucionalidade do §1º, do art. 3º da Lei nº. 9.718/98, tendolhes sido atribuídas soluções jurídicas diferentes perante o órgão administrativo, o acórdão nº. 3302001873 não pode ser considerado como paradigma, pois trata de materialidade diferente daquela discutida nos presentes autos, conforme se passa a explanar. Nos termos do que consignado pela Contribuinte em suas contrarrazões, o acórdão adotado como paradigma pela Fazenda Nacional "foi proferido em processo administrativo que discute autuação levada a cabo contra uma sociedade seguradora, e o cerne da controvérsia consiste em definir se os valores recebidos por esse contribuinte a título de prêmios devem se submeter à exigência do PIS/PASEP e da COFINS, não obstante o reconhecimento da inconstitucionalidade do §1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98." (grifos no original) Fato é que, por serem figuras jurídicas distintas, com regramento por legislações diferentes, não se pode aplicar às seguradoras o mesmo tratamento jurídico dispensado às instituições financeiras. Tanto é assim que o próprio Supremo Tribuanl Federal, ao analisar a matéria atinente à base de cálculo do PIS e da COFINS, quanto às instituições financeiras e às Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.842 11 seguradoras o faz em recursos extraordinários distintos, a saber RE nº 609.096 e RE nº. 400.479, respectivamente. Isso porque com relação às instituições financeiras o que se discute é a possibilidade de serem tributadas pelas contribuições as receitas financeiras, enquanto que com relação às seguradoras perquirese a inclusão dos valores recebidos pelo contribuinte a título de prêmio na base de cálculo do PIS e da COFINS. Por serem grandezas distintas (receitas financeiras e prêmios) não podem ser objeto de discussão no mesmo processo judicial e/ou administrativo. Da leitura de trechos dos acórdãos recorrido e paradigma, depreendese com clareza a impossibilidade de se afirmar que há comprovação de divergência jurisprudencial no caso, in verbis: Acórdão recorrido [...] Preliminarmente, identifico que a discussão travada nestes autos são idênticas as travadas no Mandado de Segurança nº 2006.61.00.0214374, senão vejamos: O mandado de segurança visou afastar o alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins promovido pelo § 1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, a natureza jurídica das receitas que devem compor o conceito de faturamento das instituições financeiras e a possibilidade de compensação dos valores que, porventura, tenham sido recolhidos indevidamente. Essas informações foram extraídas das peças do processo judicial que compõe esse processo administrativo. [...](grifouse) Acórdão paradigma [...] A autoridade julgadora de 1ª instância, entendendo que a questão da inclusão ou não das receitas decorrentes da atividade empresarial típica de seguradora no conceito de faturamento não foi objeto de contestação nas ações judiciais impetradas pela contribuinte, decidiu pela manutenção parcial do lançamento, para excluir da base de cálculo, unicamente as receitas financeiras originadas de aplicações financeiras de recursos próprios, resultantes da aplicação em operações no mercado financeiro, as receitas financeiras decorrentes das próprias operações de seguro e de previdência, que são contabilizadas pela empresa no grupo de contas “36 Resultado Financeiro”, e as receitas classificadas como “Receitas de Imóveis de Renda”. [...] Conclui que as receitas geradas pelas atividades típicas das seguradoras, oriundas da carteira de seguros e da carteira de previdência privada complementar, incluemse na base de cálculo da Cofins que deve ser Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.843 12 adotada pelo contribuinte, nos termos da decisão judicial transitada em julgado no Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0085022. E afirma que devem ser incluídas na base de cálculo da contribuição, além das taxas/comissões cobradas pela seguradora, os valores registrados nas contas denominadas prêmio direto, coseguros, retrocessão e ressarcimento de indenizações. [...] Preliminarmente, cabe analisar a alegação de que o lançamento, bem como o acórdão recorrido, mantendo parcialmente o lançamento, afrontou a coisa julgada no Mandado de Segurança nº 1999.38.00.0085022. A decisão proferida no referido Mandado de Segurança, consoante se verifica pela leitura da cópia contida às fls. 1.358 e 1.359, foi, unicamente, no sentido de afastar a regra do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, em conformidade com a petição inicial da ação judicial, na qual a contribuinte discute a constitucionalidade da ampliação da base de cálculo da COFINS promovida pelo §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, com o objetivo de que a base de cálculo seja calculada sobre o seu faturamento, permanecendo válidas as regras dos demais artigos, inclusive a do art. 2º e a do caput do art. 3º, que prescrevem: [...] A contribuinte não questionou explicitamente se as receitas decorrentes das operações relacionadas aos contratos de seguros receita de prêmios, por exemplo por ele desenvolvidas integram, ou não, ao lado daquelas representadas pela cobrança de taxas/comissões, o conceito de faturamento para a base de cálculo da Cofins. E, não havendo questionamento na esfera judicial de igual matéria sob litígio na esfera administrativa, esta tem que ser analisada e decidida pela autoridade julgadora administrativa. [...] Mesmo considerando o afastamento do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, e diante do que foi acima exposto, podese inferir que relativamente às seguradoras, as receitas vinculadas à carteira de seguros e da carteira de previdência privada complementar, especialmente os prêmios diretos, são receitas operacionais, que compõem a base de cálculo da Cofins e, ao contrário do que alega a recorrente, devem ser incluídas na base de cálculo da contribuição, além das taxas/comissões cobradas pela seguradora, os valores registrados nas contas denominadas prêmio direto, coseguros, retrocessão e ressarcimento de indenizações. Creio que as considerações feitas acima são elucidativas o bastante para concluir pela procedência do decidido no acórdão recorrido, no qual os fundamentos utilizados foram extensivos, claros, e, por corroborar com os mesmos, adotoos e ratificoos, com fulcro no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Portanto, concluise que o acórdão recorrido em nada merece ser alterado. Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.000258/201043 Acórdão n.º 9303003.485 CSRFT3 Fl. 1.844 13 [...] (grifouse) De outro lado, ainda que seja superado o argumento acima, igualmente não merece ser admitido o recurso da Fazenda Nacional, uma vez tendo as ações judiciais subjacentes a cada processo administrativo, o deste processo e do acórdão paradigma, trâmites processuais diferentes, os mesmos levarão a conclusões distintas: [...] em relação ao contribuinte que já possui decisão com trânsito em julgado, eventual autuação que desrespeite a coisa julgada deve ser cancelada; quanto ao contribuinte que possui uma decisão ainda passível de alteração, eventual auto de infração não deve ser conhecido, devido à concomitância. Pela argumentação exposta, a conclusão é de que não restaram integralmente preenchidos os requisitos de admissibilidade do apelo especial, uma vez que não há similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma e, por conseguinte, inexiste a alegada divergência jurisprudencial. Diante do exposto, não se conhece do Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, pois ausente um dos requisitos de admissibilidade. É o Voto. Vanessa Marini Cecconello Relatora Fl. 1844DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/03/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 21/03 /2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10580.726820/2009-41
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jun 06 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
IRPF - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA - Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF nº 12).
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
IR - COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL - A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda.
RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL - NATUREZA INDENIZATÓRIA -MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃO-INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária.
MULTA DE OFÍCIO - ERRO ESCUSÁVEL - Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício.
JUROS DE MORA - Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei nº. 9.430, de 1996. Preliminares Rejeitadas.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2202-001.182
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Ewan Teles Aguiar (Relator), Rafael Pandolfo e Pedro Anan Júnior, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Lopo Martinez.
Nome do relator: Ewan Teles Aguiar
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ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). IR COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL NATUREZA INDENIZATÓRIA MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃOINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária. MULTA DE OFÍCIO ERRO ESCUSÁVEL Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. JUROS DE MORA Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei nº. 9.430, de 1996. Fl. 235DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Ewan Teles Aguiar (Relator), Rafael Pandolfo e Pedro Anan Júnior, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Lopo Martinez. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente. (Assinado digitalmente) Ewan Teles Aguiar Relator. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez, Ewan Teles Aguiar, Margareth Valentini, Rafael Pandolfo, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Helenilson Cunha Pontes e Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga. Fl. 236DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.726820/200941 Acórdão n.º 220201.182 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 151.412,27, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Na apuração do imposto devido não foram consideradas as diferenças salariais que tinham como origem o décimo terceiro salário, por estarem sujeitas à tributação exclusiva na fonte, nem as que tinham como origem o abono de férias, em atendimento ao despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 2.140/2006. Foi atendido, também, o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 11 de maio de 2009, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, que dispõe sobre a forma de apuração do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente. O contribuinte foi cientificado do lançamento fiscal e apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: a) o lançamento fiscal teve como objeto verbas recebidas pelo impugnante a título de diferenças de URV, que não representaram qualquer acréscimo patrimonial, mas sim o ressarcimento por erro cometido pela fonte pagadora no cálculo da remuneração paga no período de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001; b) o referido erro ocorreu no procedimento de conversão de cruzeiro real para URV a que eram submetidos os salários pagos aos membros do Ministério Público Estadual. Tal procedimento tinha o intuito de preservar o ganho mensal, compensando as perdas em face dos altos índices de inflação, o que evidencia a feição indenizatória da URV; c) o acordo para o pagamento das diferenças de URV se deu através da Lei Estadual Complementar nº 20, de 08 de setembro de 2003, tendo o impugnante recebido tais valores ao longo dos anos de 2004, 2005 e 2006; Fl. 237DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 d) a referida diferença consistiu apenas em correção do capital, ou seja, recomposição de quantias que deveriam integrar a remuneração ao longo do tempo passado. Não correspondeu a qualquer permuta do trabalho/serviço por moeda que configurasse a natureza salarial. Assim, por ser mera atualização do principal, e por não ter sido implementada em tempo certo, não deveria ser levada à tributação, haja vista o entendimento doutrinário e jurisprudencial, que veda a tributação da correção monetária; e) a mera correção monetária não aumenta ou acresce patrimônio do contribuinte, apenas lhe torna indene das perdas inflacionárias, portanto, não integra a base de cálculo do imposto de renda; f) havia um evidente caráter compensatório da URV desde sua gênese, e as diferenças recebidas representaram uma reparação por danos, tendo clara natureza de indenização, e não de salário. Dessa maneira, por não caracterizar aumento patrimonial, a verba recebida não subsume nos conceitos de renda e proventos de qualquer natureza, previstos no art. 43 do CTN; g) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, deixou claro que o abono conferido aos magistrados federais em razão das diferenças de URV tem natureza indenizatória, e que por esse motivo está isento da contribuição previdenciária e do imposto de renda; h) apesar da citada resolução ter sido dirigida à magistratura federal, é impositiva e legítima a equiparação do tema por analogia às verbas recebidas pelos magistrados estaduais, conforme preceitua o art. 108 do CTN. Negar o caráter indenizatório destas verbas é afrontar o princípio constitucional da isonomia, não só na sua concepção geral, mas, também, no que tange a tratamento diferenciado entre membros do Ministério Público Federal da União e Estadual. Viola, também, o disposto no inciso II do art. 150 da Constituição Federal que proíbe o tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação equivalente; i) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do imposto ao estabelecer no art. 3º da Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga. Implementou todos os pagamentos sem qualquer retenção de IR e informou aos beneficiários dos rendimentos a natureza desta parcela como indenizatória; j) o sujeito passivo da obrigação de tributária, na condição de responsável, era a fonte pagadora, que estava obrigada a reter o imposto. Desta forma, a discussão acerca da classificação dos rendimentos pagos deveria ser travada entre o fisco federal e a fonte pagadora. Entretanto, não se instaurou qualquer procedimento fiscal contra a fonte pagadora, mas sim contra o impugnante, que sofreu os dissabores e ônus da ação fiscal, inclusive com a imposição de multa de ofício e juros moratórios. ; l) de forma transversa o Estado Membro devedor da obrigação mensal de retenção não exauriu sua obrigação e gerou para o contribuinte o dever de pagar mais imposto; conseqüentemente o Estado se beneficia com os acréscimos que sua inação causou. Assim, ao lançar o tributo nos termos da autuação gera quebra da capacidade contributiva do signatário; m) o impugnante não agiu com intuito de fraude, simulação ou conluio, simplesmente seguiu a informação prestada pela fonte pagadora, e fez constar em suas declarações de rendimentos relativas aos períodos bases de 2004 a 2006 as parcelas recebidas como isentas de tributação. Isto posto, mantida a exigência fiscal, devese observar o princípio Fl. 238DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.726820/200941 Acórdão n.º 220201.182 S2C2T2 Fl. 3 5 da boafé, da qual estava imbuído o impugnante, e afastar a exigência da multa de ofício e juros de mora; n) a informação prestada pela fonte pagadora estava fundamentada na Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV. Portanto, os valores declarados pelo impugnante tratase de informação lastreada em ato normativo expedido por autoridade administrativa, que se enquadra na hipótese do inciso I do art. 100 do CTN. Assim, de acordo com o parágrafo único do mesmo artigo, devem ser afastados a multa de ofício e os juros de mora; o) o lançamento fiscal tributou isoladamente os rendimentos apontados como omitidos, deixando de considerar os rendimentos e deduções já declarados, conforme determina o art. 837 do RIR/1999. Caso fosse mantida a tributação das verbas recebidas, caberia sujeitálas ao ajuste anual, o que resultaria em um imposto devido menor; p) nos anos de 1994 e 1998, a alíquota do imposto de renda que vigorava era de 25%, e não as alíquotas de 26,6% e 27,5% aplicadas no lançamento fiscal; q) parte dos valores recebidos a título de URV se referia à correção incidente sobre 13º salários e férias indenizadas (abono férias), que respectivamente estão sujeitas à tributação exclusiva e isentas, conseqüentemente, mesmo que prevalecesse o entendimento do órgão fiscalizador, caberia a exclusão de tais parcelas na apuração da base de cálculo sujeita ao lançamento fiscal; r) os juros de mora constantes no cálculo da diferença de URV representam um indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio. Assim, os juros de mora têm natureza distinta da originária do principal ao qual incidiu acessoriamente, porque não se constituíram em aquisição de disponibilidade de renda, produto do trabalho remunerado pelo Estado da Bahia; Quando do julgamento em sede de DRJ o lançamento foi mantido em sua integralidade. Cientificado da decisão em 26/07/2010(fls. 223), o contribuinte inconformado maneja recurso voluntário em 29/07/2010 (fls. 139), ratificando as suas alegações. Fl. 239DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Voto Vencido Conselheiro Ewan Teles Aguiar O presente recurso é tempestivo e atende os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto 70.235 de 6 de março de 1972, sendo assim, dele conheço. O recorrente não suscita discussão preliminar o que impõe a imediata análise do mérito o que faço nos seguintes termos: O crédito tributário foi constituído em razão da fiscalização não concordar com recorrente que, quando do ajuste, ter classificado os valores recebidos à título de “valores indenizatórios de URV” como sendo isentos, tendo como normativa a Lei Complementar Estadual nº 20 de 08 de setembro de 2003, precisamente em seu art. 2º e 3º, nos seguintes termos: Art. 2º As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV, objeto da Ação Ordinária 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias de nºs 613 e 614 serão apuradas, mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3º São de natureza indenizatórias as parcelas de que trata o art. 2º desta lei. É claro que o recorrente não inventou que a verba era indenizatória. Certamente partiu da premissa estabelecida pela norma estadual. Não se pode dar recepção ao argumento que a legislação estadual estaria isentando do imposto de competência da União. A Lei estadual, simplesmente, aponta que a verba paga em 36 parcelas tem natureza indenizatória. Assim, pelo exposto e pelo que consta nos autos voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso tornando insubsistente o auto de infração. (Assinado digitalmente) Ewan Teles Aguiar Relator Fl. 240DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.726820/200941 Acórdão n.º 220201.182 S2C2T2 Fl. 4 7 Voto Vencedor Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Redator designado Inobstante o respeitável entendimento desenvolvido pelo Ilustre Conselheiro Relator, no caso em análise e com sua vênia, a minha convicção não permite acompanhálo. Exponho a seguir as razões. O lançamento teve por base valores recebidos a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Vale ressaltar que não é a denominação que se dá aos rendimentos pagos que vai determinar sua natureza tributável (ou não), mas os efeitos que esses recebimentos têm sobre o patrimônio do Autuado. De acordo com o Parágrafo 3º, do artigo 43 da Lei no. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN), com redação dada pelo art. 1º. da Lei Complementar No. 104, de 10 de janeiro de 2001, a incidência do imposto de renda independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. Conforme o mandamento previstos no parágrafo 6º. do art. 150 da Constituição Federal de 1988 (CF/88), com redação da Emenda Constitucional No. 3, de 17 de março de 1993, notase que a determinação expressa de que a isenção somente poderá ser concedida mediante lei específica. No caso somente a legislação do imposto sobre a renda define, de forma expressa, os rendimentos percebidos por pessoas físicas que são isentos do imposto. Acrescentese, por pertinente, que o CTN dispõe no art. 111 que se interpreta literalmente a legislação tributária pertinente à outorga de isenção. As isenções do Imposto de Renda da Pessoa Física são as expressamente especificadas no art. 39 do Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR/99), no qual não consta relacionado como isento as diferenças salariais reconhecidas posteriormente, ainda que recebam a denominação de "indenização" ou "valores indenizatórios. No que toca a preliminar de ilegitimidade ativa da União para cobrar o valor do imposto de renda incidente na fonte que não foi objeto de retenção. Urge registrar que a repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. Em suma, o fato de o produto da arrecadação ficar para o Estado não altera a competência tributária definida na Constituição, que é da União, conforme de definido no art. 153, III. No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, pela quebra do princípio da capacidade contributiva e apropriação de vantagem, , acompanho a posição sumulada pelo CARF de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. Fl. 241DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). No relativo a Lei n° 10.477, de 2002, cabe observar, que a mesma restringe se ao abono variável aplicável aos membros do Poder Judiciário Federal. Esse abono, especificamente, foi considerado de natureza indenizatória pelo STF e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 529, de 2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda. Em momento algum, houve pronunciamento do STF ou do Ministro da Fazenda acerca das naturezas jurídica e tributária dos rendimentos recebidos com fulcro na referida Lei Estadual que criou a isenção. Atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável da Lei n° 10.474, de 2002, seria alargar as fronteiras da não incidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto. Tal entendimento é expressamente corroborado pelo Parecer PGFN/CAT n° 2.158, de 2005, e pela Solução de Consulta n° 47, da Superintendência da 7" Região Fiscal da Receita Federal do Brasil, estendendose os efeitos da Resolução STF n° 245, de 2002, tão somente ao Ministério Público Federal e à Magistratura Federal. Não se pode olvidar também que é defeso ao aplicador do Direito valerse da analogia para excluir rendimentos do campo de incidência tributária. Quanto à alegação de que, como a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto é da fonte pagadora, é dela que deve ser exigido o imposto. Ocorre que, sem prejuízo da responsabilidade de reter e recolher o imposto, permanece o dever do beneficiário dos rendimentos de declarálos para fins de apuração do imposto devido, quando do ajuste anual. O Contribuinte é o beneficiário dos rendimentos, que não pode se furtar à tributação porque a fonte pagadora não procedeu à retenção do Imposto. É dizer, sendo a retenção do imposto pela fonte pagadora mera antecipação do imposto devido na declaração de ajuste anual, não há falar em responsabilidade pelo imposto concentrada exclusivamente na fonte pagadora. Este Conselho já pacificou esse entendimento, conforme verificase da Súmula a seguir: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF nº 12). No que referente ao uso de alíquotas incorretas pela autoridade fiscal, da revisão do lançamento, notase que não há qualquer reparo a ser realizado no mesmo. Para conferência das alíquotas mensais aplicadas recomendase a consulta do link a seguir: http://www.receita.fazenda.gov.br/pagamentos/pgtoatraso/tbcalcir.htm, e não aquele apontado no recurso. No que toca a natureza de rendimentos recebidos acumuladamente, e a solicitação de considerar o rendimento em conjunto com os outros rendimentos do recorrente, tendo em vista aspectos das decisões do STJ (julgamentos repetitivos), o lançamento está impecável, já que cumpriu o entendimento judicial de que devem ser consideradas as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem os rendimentos tributados. Os demonstrativos de fls. 8 e 19/21 são claros neste sentido que se referem a diferenças salariais de abril/94 a agosto/2001, pagas nos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006. Fl. 242DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10580.726820/200941 Acórdão n.º 220201.182 S2C2T2 Fl. 5 9 Enfim, não há qualquer prejuízo para o recorrente, já que os mesmos foram calculados pelo regime de competência que no geral é mais favorável aos contribuintes. O fisco adotou a forma mais benéfica no cálculo do imposto, recordandose que as decisões do CARF não podem agravar os lançamentos. No relativo a necessidade de exclusão das parcelas isentas e de tributação exclusiva, não há provas da falha apontada pelo recorrente. A alegação de que outros itens poderiam estar presentes no mesmo item de observação rendimentos isentos – deveria ser provada, confirmando uma eventual deficiência do lançamento. Cabe adicionalmente registrar, que as parcelas relativas à conversão da URV, de rendimentos tributáveis, os juros compensatórios ou moratórios pagos em decorrência do atraso no seu pagamento, também são tributáveis, conforme disposto no art. 55, inciso XIV, do Decreto No. 3000, de 26 de março de 1999, RIR/99. Art.55.São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, §2º, inciso IV, e 70, §3º, inciso I): ... XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Quanto à incidência da multa de ofício, esta tem previsão expressa em dispositivo de lei. Ainda que a fonte pagadora tenha deixado de proceder à retenção, o Contribuinte ter oferecido os rendimentos à tributação e não o tendo feito, fica sujeito à multa prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996, verbis: Lei nº 9.430, de 1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I – de 75% (setenta e cinco por cento), sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Entretanto não pode se deixar de reconhecer que o recorrente teria sido induzido a erro pelas informações prestadas pela fonte pagadora. Incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração, não comportando multa de ofício. A inclusão de rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual, na parte relativa a rendimentos não tributáveis, seguindo a rubrica constante do comprovante de rendimento fornecido pela fonte pagadora, demonstra que o contribuinte fora induzido a erro. Nesses casos excluise a penalidade, pois houve erro escusável por parte do declarante. Nesse sentido este conselho já tem se pronunciado, tal como se depreende do Acórdão 10421.668 : Fl. 243DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 MULTA DE OFÍCIO ERRO ESCUSÁVEL Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. No que toca ao juros de mora é de se manter o lançamento, tendo em vista que o mesmo não tem a intenção de penalizar, mas de compensar o sujeito passivo pelo atraso no pagamento. Em face do exposto e da pertinência da cobrança do imposto, é de se manter o juros de mora. Urge registrar que o STJ não declarou a inconstitucionalidade do art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95, restando pacificado no CARF que, com o advento da referida norma, teria aplicação a taxa Selic como índice de correção monetária e juros de mora, afastandose a aplicação do CTN, o que justifica a incidência de atualização do débito fiscal não recolhido, a partir do seu vencimento. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). No tocante a aplicação do tratamento prescrito na Instrução Normativa RFB No. 1.127/2011 relativo aos rendimentos recebidos acumuladamente (RRA). Urge registrar que a norma citada disciplina a apuração e tributação dos rendimentos recebidos a partir de 28 de julho de 2010, não se aplicando portanto ao caso concreto. Ante ao exposto, voto no sentido de rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, por erro escusável. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 244DF CARF MF Emitido em 18/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Assinado digitalmente em 18/08/2011 por NELSON MALLMANN, 18/08/2011 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10980.721824/2013-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jul 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. PROGRAMA NÃO EXTENSIVO A TODOS OS EMPREGADOS. DISCRIMINAÇÃO INJUSTIFICADA. EVIDÊNCIA DE SUBSTITUIÇÃO DE SALÁRIO. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DIFERENCIADO PARA RESTRINGIR O PAGAMENTO A ALGUNS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE.
Quando não extensivas a todos os empregados da empresa, as parcelas pagas a título de participação de lucros ou resultados não podem adotar no instrumento de negociação critério que intencionalmente venha a restringir o pagamento somente a alguns empregados.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2301-004.730
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, não conhecer de ofício a questão de não ter sido arquivado o instrumento de acordo do PPR, acusação que não constou no auto de infração, (b) por unanimidade de votos, reconhecer os pagamentos constantes nas fls. 1.216 a 1.219, relacionados ao "LO2 - Rubricas salariais Losango, discriminados no DD - Discriminativo do Débito" dos auto de infração nºs 51.008.083-9 e 51.008.084-7, (c) pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário por considerar não cumprido o requisito legal de extensão do PPR a todos os empregados; vencidos nesta questão a relatora e os conselheiros Fabio Piovesan Bozza Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amílcar Barca Texeira Júnior, que davam provimento ao recurso voluntário; a conselheira Andrea Brose Adolfo considerava também não cumprido do requisito legal da existência de regras claras e objetivas; designado para redigir o voto vencedor nesta questão o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes. Fez sustentação oral a Dra. Cristiane Matsumoto, OAB/SP 222.832.
(Assinatura Digital)
João Bellini Júnior - Presidente.
(Assinatura Digital)
Alice Grecchi - Relatora.
Julio Cesar Vieira Gomes Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Amilcar Barca Texeira Junior, Fabio Piovesan Bozza, Andrea Brose Adolfo, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio Cesar Vieira Gomes e Marcela Brasil de Araujo Nogueira.
Nome do relator: ALICE GRECCHI
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BANCO MULTIPLO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. PROGRAMA NÃO EXTENSIVO A TODOS OS EMPREGADOS. DISCRIMINAÇÃO INJUSTIFICADA. EVIDÊNCIA DE SUBSTITUIÇÃO DE SALÁRIO. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DIFERENCIADO PARA RESTRINGIR O PAGAMENTO A ALGUNS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE. Quando não extensivas a todos os empregados da empresa, as parcelas pagas a título de participação de lucros ou resultados não podem adotar no instrumento de negociação critério que intencionalmente venha a restringir o pagamento somente a alguns empregados. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, não conhecer de ofício a questão de não ter sido arquivado o instrumento de acordo do PPR, acusação que não constou no auto de infração, (b) por unanimidade de votos, reconhecer os pagamentos constantes nas fls. 1.216 a 1.219, relacionados ao "LO2 Rubricas salariais Losango, discriminados no DD Discriminativo do Débito" dos auto de infração nºs 51.008.0839 e 51.008.0847, (c) pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário por considerar não cumprido o requisito legal de extensão do PPR a todos os empregados; vencidos nesta questão a relatora e os conselheiros Fabio Piovesan Bozza Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amílcar Barca Texeira Júnior, que davam provimento ao recurso voluntário; a conselheira Andrea Brose Adolfo considerava também não cumprido do requisito legal da existência de regras claras e objetivas; designado para redigir o voto vencedor nesta questão o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes. Fez sustentação oral a Dra. Cristiane Matsumoto, OAB/SP 222.832. (Assinatura Digital) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 18 24 /2 01 3- 15 Fl. 1242DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 João Bellini Júnior Presidente. (Assinatura Digital) Alice Grecchi Relatora. Julio Cesar Vieira Gomes – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Alice Grecchi, Amilcar Barca Texeira Junior, Fabio Piovesan Bozza, Andrea Brose Adolfo, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio Cesar Vieira Gomes e Marcela Brasil de Araujo Nogueira. Relatório No presente processos foram formalizados dois Autos de Infração, DEBCAD n.º 51.008.0839, DEBCAD n.º 51.008.0847, respectivamente, relativos à Contribuições Previdenciárias Patronais e Contribuições destinadas a outras Entidades ou Fundos (Terceiros), abaixo relacionados: * AI DEBCAD n.º 51.008.0839, consolidado 08.04.2013, referente à exigência de R$ 73.664.662,70 em Contribuições Previdenciárias da Empresa, incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados da impugnante, a título de participação no resultado, considerados pela auditoria como verbas salariais pagas de forma irregular, cujas bases de cálculo e contribuições previdenciárias incidentes não foram declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e nem recolhidas à Previdência, nas competências de 02 a 11/2009; * AI DEBCAD n.º 51.008.0847, consolidado em 08.04.2013, referente à exigência de R$ 7.799.787,82 em Contribuições Destinadas a Outras Entidades ou Fundos (Terceiros), incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados da impugnante, a título de participação no resultado, considerados pela auditoria como verbas salariais pagas de forma irregular, cujas bases de cálculo e contribuições incidentes não foram declaradas em GFIP e nem recolhidas à Previdência, nas competências de 02 a 11/2009; DO RELATÓRIO FISCAL O Relatório Fiscal de folhas 877/892, comum a todos os Autos de Infrações acima discriminados, traz em síntese as seguintes informações: Programa de participação no resultado do HSBC A empresa, representada pela FENABAN (FEDERAÇÃO NACIONAL DOS BANCOS), firmou Convenção Coletiva de Trabalho para estabelecer "PLR Participação nos Lucros ou Resultados" (fls. 59/86), doravante referida apenas como "PLR", nos exercícios de (...) 2008, conforme artigo 2o, inciso II da Lei 10.101/00. Os valores foram pagos em (...) 02/2009, não se constituindo base de incidência de contribuição previdenciária, conforme disposto no art. 28, § 9°, j da Lei 8.212/91; Fl. 1243DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.042 3 Além do PLR firmado na Convenção Coletiva de Trabalho, a empresa instituiu "PPR Programa de Participação nos Resultados" (fls. 87/131), celebrado entre a empresa e Comissão Interna de Empregados do Banco, o qual se constitui em programa complementar e possui previsão de distribuição de valores nas mesmas datas do PLR. Os valores pagos a título de PLR são deduzidos do pagamento dos valores pagos a título de PPR; PPR não extensivo a todos os empregados Os PPRs celebrados não são extensíveis a todos os empregados, excluindo os empregados da empresa que sejam participantes de programas específicos de remuneração variável. Essa circunstância evidencia a natureza remuneratória do PPR para os empregados que o receberam; Falta de regras claras no programa A Lei 10.101/00 em seu Art 1º dispõe sobre os objetivos da participação dos trabalhadores nos resultados da empresa. Conforme Sérgio Pinto Martins no fundamento da participação no lucro e no resultado da empresa está em que o empregador e o empregado contribuam diretamente para que se alcance o lucro na empresa, ou seja, o capital e o trabalho participam diretamente na obtenção do lucro. É uma forma de o trabalhador passar a participar da vida e do desenvolvimento da empresa, de maneira a cooperar com o empregador no desenvolvimento da atividade deste (MARTINS, Sérgio Pinto, Direito do Trabalho, 11a Ed.São Paulo: Atlas,2000, pg.236)". Diferentemente deste contexto, o item 4.2.1.2 do Instrumento Particular de Acordo na Participação dos Resultados 2008 (fls. 103) revela que o objetivo do programa da empresa é o alinhamento da remuneração entre os empregados da empresa e com o mercado de trabalho, dando clara configuração remunerativa ao programa; No PPR de 2008 os empregados são classificados em três grupos: Modelo UA" para as faixas salariais mais elevadas, Modelo "B" para os demais e Modelo "C" para os empregados lotados em áreas de vendas; O Modelo "A" possui valor definido em função das práticas de remuneração do mercado de referência, não revelando regras claras e objetivas, conforme explicitado no PPR (fls. 103/104); O Modelo "B" do PPR 2008 permite à empresa majorar a remuneração de cada empregado individualmente, de modo a alinhála ao mercado (fls. 105). Evidencia o caráter retributivo dos valores pagos em relação ao serviço prestado; Cada uma das 9 áreas do Modelo "C" possui regras próprias de remuneração, de acordo com a atividade desenvolvida. A remuneração é estabelecida pela produtividade individual ou por um balanceamento entre a produtividade individual e da equipe. Em alguns casos notase que a remuneração é estabelecida pela própria produção e ajustada pela produtividade (...); Em virtude do estabelecimento de limite máximo no pagamento do PLR, os valores pagos no PLR não são proporcionais à remuneração dos empregados Fl. 1244DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 e como pelo PPR se faz pagamento proporcional à remuneração, a maioria dos empregados (aqueles que têm remuneração mais baixa) recebe valores pequenos ou nada recebem no PPR. Por outro lado os empregados de níveis salariais mais altos recebem valores expressivos (porque a parcela deduzida do PLR é proporcionalmente menor); Conforme verificado durante a fiscalização, a faixa com mais empregados é aquela que nada recebe. A distribuição dos valores pagos é extremamente heterogenia (...) a política adotada pela empresa no PPR visa contemplar a dedicação dos administradores na busca de resultados e é coerente do ponto de vista empresarial, mas não traduz os objetivos da Lei 10.101/00 (...) caracterizandose como um programa de premiação que não pode ser isento de contribuições previdenciárias, em face da face à sua natureza remuneratória; O art. 2º da Lei 10.101/00 determina que as regras do programa devam ser claras e objetivas, inclusive no tocante aos mecanismos de aferição. Em contraposição, o PPR da empresa permite avaliações discricionárias por parte da administração da empresa, majorando ou reduzindo os valores a serem pagos; Não pactuação prévia O art. 2º, §lº, inciso II da Lei 10.101/00 determina que os programas de metas, resultados e prazos devem ser pactuados previamente, o que não ocorreu com o PPRs analisado, que somente foi firmado em 17.04.2008; Tendo em vista as considerações acima, o pagamento do PPR da empresa no período analisado caracterizase como fato gerador de contribuições previdenciárias, pois não se enquadra nas disposições da Lei 10.101/00 e não figura entre as parcelas não integrantes da base de incidência de contribuição previdenciária, previstas no art. 28, § 9º, da Lei 8.212/91; Para determinação das bases de cálculo foram considerados os valores pagos a título de PPR, deduzidos os valores referentes ao PLR firmado na Convenção Coletiva de Trabalho para o ano de 2008; Programa de diferenças salariais da Losango Conforme esclarecido pela empresa (fls. 31/32) houve pagamentos de remuneração variável a empregados da Losango Promoções de Vendas Ltda (empresa pertencente ao grupo do HSBC Bank Brasil S.A) transferidos para o banco, que assumiu a responsabilidade por tais pagamento, conforme esclarecido pela fiscalizada, que não estão vinculados a documento formal de PPR; O período de lançamento do débito compreende a competência de 02/2009, representando em valores originários, R$ 164.674,42 em valores originários devidos à Previdência Social e R$ 17.436,10 devidos a Outras Entidades ou Fundos (Terceiros); O fato gerador das contribuições apuradas é o pagamento das rubricas "1578 Partic Lucros" a segurados empregados incluído em Folha de Pagamento, mas não considerado pela empresa como parcela integrante do saláriode contribuição à Previdência Social. Fl. 1245DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.043 5 IMPUGNAÇÃO Inconformada, a contribuinte apresentou impugnação aos Autos de Infrações (fls. 920/934), alegando em síntese que: Regularidade da PLR paga A participação nos lucros no Brasil deve ser considerada como pagamento desvinculado da remuneração dos trabalhadores, conforme determina o artigo 7º, inciso XI, da Constituição Federal de 1988''. Esse dispositivo constitucional, quando especificou que a PLR deveria ser desvinculada da remuneração, afastou qualquer possibilidade de integração ao salário de parcela paga a tal título; Inexigibilidade de extensão PLR a todos os trabalhadores A Lei n° 10.101/2000 não estipula que os Programas de PLR devem ser estendidos para todos os seus empregados, nem mesmo uma interpretação finalística da norma imunizante e de sua regulamentação nos permite chegar a tal requisito de forma genérica; Ao contrário do que afirma a D. Fiscalização, no caso específico, a Requerente esclarece que deixou de efetuar pagamentos de PLR, no ano de 2009, somente para os empregados (i) que participam do Programa Trimestral Individual ("PTI"), cujos valores distribuídos foram considerados salário, para fins de incidência da contribuição previdenciária (isso ocorreu no 1o trimestre de 2008); e para os empregados (ii) com avaliação 4 e 5, conforme disposto no sistema anual de "Gerenciamento do Desempenho CDP; (...) no caso concreto não houve discriminação arbitrária e atentatória às finalidades assinaladas nos Programa no PPR do ano de 2008, restando evidente que esses Programas cumprem fielmente com o disposto na Lei n° 10.101/2000; Suposta ausência de regras claras e objetivas para pagamento de PLR (...) o PPR do ano de 2008 são classificados em 3 (três) grupos: Modelo “A" para as faixas salariais mais elevadas. Modelo “B" para os demais empregados e Modelo "C" para os empregados das áreas de vendas; (...) que pelo fato de a Lei n° 10.101/2000 não enumerar quaisquer índices/metas obrigatórios para o pagamento da PLR, é certo que qualquer resultado que interesse à empresa pode ser utilizado como critério para a distribuição da PLR, desde que seja claro o objetivo. No caso da Requerente, ao contrário do que afirma a D. Fiscalização, as regras para apuração do PPR existem e são plenamente conhecidas pelos seus empregados; De acordo com o PPR do ano de 2008, a PLR foi paga aos empregados, segundo os Modelos "A", "B" e "C". O Modelo "A" do PPR 2008 foi aplicado aos empregados ativos com nível/banda salarial 1,2,3,4 ou 5. O Fl. 1246DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 valor de PLR a ser pago será obtido por meio da avaliação conjunta do resultado da Companhia, da Unidade e da performance individual; (...) os critérios de avaliação da Companhia e da Unidade no Modelo "A" tem como parâmetro as regras contidas no Balanced Scorecard Corporativo ("BSC" ferramenta de controle de metas); (...) o critério de avaliação individual do empregado no Modelo "A" é obtido pelo processo CDP (RGA Anual), que contém as seguintes fases: (1) fixação dos objetivos; (2) revisão dos objetivos e avaliação parcial; e (3) avaliação final de desempenho, sendo que os responsáveis pelo cumprimento dessa fase são o avaliado, avaliador e superior imediato do avaliador (doc. n° 8). Nesse aspecto, a requerente junta também, a título exemplificativo, os comunicados internos (RH comunicações), por meio dos quais fica clara a participação ativa dos empregados na definição de metas do CDP (doc. n° 9); (...) o CARF tem decidido no sentido de que as avaliações individuais de desempenho informam claramente as metas estabelecidas a serem atingidas por cada empregado. Logo, não há nesta hipótese justificativa que sustente a desqualificação do pagamento de PLR da empresa; (...) em relação ao Modelo "B" do PPR do ano de 2008, a Requerente esclarece que, de acordo com o PPR 2008, esse modelo faz cruzamento entre o PBT (Lucros da Empresa Antes dos Impostos) com a performance da área de atuação do empregado, estabelecendo um multiplicador a ser aplicado sobre o valor da PLR; Enfim, também para o Modelo "B" do PPR 2008, os empregados tiveram condições totais de acompanhar e mensurar os resultados atingidos. Para comprovar o acerto de sua tese, a Requerente junta aos autos o cálculo da PLR e respectivas avaliações individuais de alguns de seus empregados, conforme Modelo "B" do PPR 2008 (doc. n° 11); O Modelo "C" foi aplicado aos empregados ativos, lotados em estruturas de vendas. Esse Modelo "C" divide os empregados em 9 (nove) áreas e define a forma de remuneração de cada uma delas, conforme Indicado no PPR 2008. Cada uma das 9 (nove) áreas do Modelo "C" possui regras próprias para a distribuição da PLR de acordo com a atividade desenvolvida. A título ilustrativo, a Requerente junta cálculos da PLR de alguns empregados da área de "Rede de Agências", os quais comprovam que a PLR foi paga após cumpridas metas indicadas no item "D" da cláusula "4.2.3.2. Áreas" do PPR 2008 (doc. n° 12); Dessa forma, resta evidente que, no caso específico, o pagamento da PLR sempre esteve ancorado no acordo (PPR 2008) firmado por comissões compostas por representantes dos empregados, do empregador e dos sindicatos, que previam metas a serem cumpridas, condicionando a distribuição da PLR ao atingimento desses resultados. Quanto à alegação da Fiscalização de que (...) a distribuição dos valores de PLR é extremamente heterogênea, sendo que os empregados nos níveis salariais mais altos recebem valores expressivos de PLR e os demais recebem valores pequenos ou nada recebem no PPR, vale considerar que (...) os PPR do ano de 2008 levou em consideração o desempenho individual, da unidade e da companhia, então parece lógico que os valores distribuídos a título de Fl. 1247DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.044 7 PLR não sejam idênticos para os empregados. O pagamento de PLR pode ser diferenciado justamente porque considera o atingimento de metas, que nem sempre vão ser alcançadas de forma total por todos os empregados (...); Da ausência de metas previamente fixadas A respeito da afirmação da auditoria de que a PLR do ano de 2008 não teve suas metas, resultados e prazos previamente pactuados (...) notese que a Lei n° 10.101/2000 apenas regulamentou um direito constitucionalmente assegurado e fixou alguns procedimentos e finalidades, como, por exemplo, que o pagamento seja ajustado mediante (í) acordo coletivo, (ii) convenção coletiva, ou (iii) através de comissão escolhida pelas partes. Assim, ao estabelecer diferentes alternativas para formalizar um acordo ou plano para participação dos empregados nos lucros ou resultados, a Lei n° 10.101/2000 apenas tratou da forma da PLR, uma vez que a natureza jurídica de verba não salarial já estava consagrada pela Constituição Federal; Portanto, a Lei n° 10.101/2000 não impõe arbitrariamente uma determinada forma para que a PLR seja negociada. Ao contrário, a legislação incentiva o consenso e a negociação entre empregados e empregadores, os quais não podem ser desconsiderados pelas autoridades previdenciárias (...). No caso sob exame (...) a Requerente efetivamente estabeleceu Programas de PLR ("PPR") (...) com a prévia pactuação de metas com seus empregados e Sindicato, cumprindo os requisitos formais exigidos pela legislação em vigor. Embora o PPR do anos de 2008 tenha sido assinado posteriormente ao período de aferição dos resultados/início do ano civil, os empregados da Requerente tinham conhecimento das metas pactuadas (...).Acrescentese a isso o fato de que, no caso específico o PPR do anos de 2008 possuía os mesmos critérios utilizados para pagamento da PLR dos anos anteriores, sendo que os empregados já tinham ciência das metas a serem atingidas desde o início do exercício (...). Ademais, importante acrescentar que o CARF tem aceito a formalização da negociação dos Programas de PLR mesmo após o início do período de apuração dos critérios pertinentes a esses Programas; (...) a Requerente reitera que foram cumpridas as exigências da Lei n° 10.101/2000, razão pela qual meras irregularidades formais não são suficientes para desconsiderar seus PPR. Ademais, no direito previdenciário, assim como no direito do trabalho, deve prevalecer o princípio da realidade, onde meros formalismos não se sobrepõem à verdade dos fatos; Ressaltese que, em cumprimento ao que determina a Lei n° 10.101/2000, a Requerente (i) negociou com a Comissão de Empregados e representante do Sindicato da categoria; e (ii) estabeleceu critérios com seus empregados. Assim, os procedimentos adotados pela Requerente não deixam dúvidas de que foi incentivada a negociação entre empregador e empregados, valorizando os princípios previstos nos artigos 7º e 8o da Carta Magna e as normas da Organização Internacional do Trabalho ("OIT"); Indicação indevida de pessoas no Relatório de Vínculos Fl. 1248DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 8 Devem, de plano, ser excluídas as pessoas indicadas no Relatório de Vínculos anexo ao Processo Administrativo, já que a imputação de responsabilidade em relação à quitação de débitos não é imediata e depende de comprovação de determinados requisitos previstos no artigo 135, inciso III, do CTN. Esse dispositivo legal estabelece que os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado respondem pelas dívidas tributárias, tão somente caso resultem de "atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos". Nesse sentido, lembramos que o mero inadimplemento de tributo é insuficiente para a caracterização de fraude à lei, condição necessária para a responsabilização dos diretores ou quaisquer representantes do Requerente, conforme já decidido pelo E. Superior Tribunal de Justiça; (...) a pretendida aplicação de responsabilidade a terceiros que não a Requerente, pela D. fiscalização, sem qualquer prova de infração à lei ou ao estatuto social, agride a legislação tributária, motivo pelo qual devem ser excluídas as pessoas indicadas no Relatório de Vínculos anexo ao Processo Administrativo; Produção de novas provas (...) caso entendam Vossas Senhorias que são necessários novos elementos para que se demonstre o direito ora pleiteado, inclusive em respeito ao princípio da verdade real, a Requerente requer lhe seja assegurada a produção de provas por todos os meios em direito admitidos, em especial pela posterior juntada de novos documentos, de forma a comprovar que não pode ser compelida a recolher o débito que lhe está sendo imputado; Por fim, a empresa requer que seja julgada totalmente procedente a impugnação apresentada, de forma a cancelar os autos de infrações objeto do lançamento. A Turma de Primeira Instância julgou improcedente a impugnação, conforme dispositivo abaixo transcrito: Acordam os membros da 5ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. O contribuinte foi cientificado do Acórdão n° 0642.660 5ª Turma da DRJ/CTA em 12/08/2013 (fl. 1.162). Sobreveio Recurso Voluntário em 09/09/2013 (fl. 1.164/1.176), no qual, em suma, o contribuinte ratificou as razões da impugnação, alegando: Regularidade dos programas de PRL do Recorrente; Pagamento parcial em 15.05.2013 dos débitos previdenciários vinculados ao “LO2 – Rubricas salariais Losango, discriminados no “DD Discriminativo do Débito” dos AI nºs 51.008.0839 e 51.008.0847 (doc. 7). No entanto o acórdão recorrido equivocadamente não considerou os referidos pagamentos e manteve integralmente o crédito tributário exigido. Requer a declaração de extinção dos débitos relativos a estes pagamentos. É o relatório. Fl. 1249DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.045 9 Passo a decidir. Voto Vencido Conselheira Relatora Alice Grecchi O presente recurso possui os requisitos de admissibilidade previstos no art. 33, do Decreto nº 70.235/1972, merecendo ser conhecido. Do Programa de Participação nos Resultados PPR Relativamente ao mérito, no que tange as contribuições previdenciárias patronais e de terceiros sobre as remunerações pagas pelo recorrente através de Programa de Participação nos Resultados PPR, cumpre referir que, as competências de 01/02/2010 a 30/11/2011 também foram objeto de autuação pelo Fisco através dos AIOP/DEBCAD nº 51.040.3263 e AIOP/DEBDAD nº 51.040.3271, Processo nº 10980.727433/201304, de Relatoria do Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, o qual trata da mesma matéria objeto do presente lançamento, e foi julgado na sessão de 12/04/2016, acórdão nº 2201003.020, de forma que acompanho o entendimento do nobre relator e os ratifico por seus próprios fundamentos, e peço licença para transcrevêlos, de forma que os utilizo para julgar: “[...] a empresa implementou dois programas de participação em resultados: um firmado em Convenção Coletiva do Trabalho (PLR – participação nos lucros ou resultados) e outro, intitulado PPR, celebrado entre a empresa e Comissão Interna de empregados do Banco. Apenas este último foi objeto do lançamento fiscal e é aqui discutido. Observo que a questão está centrada na conformidade ou não do Programa de Participação nos Resultados PPR com a Lei 10.101/2000. Para o fisco, o programa é desconforme, para o recorrente, é conforme. Analisemos. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS PLR A CF, nos termos do art. 7º, inciso XI, assegura aos empregados o direito à participação nos lucros ou resultados da empresa desvinculada da remuneração, quando concedida de acordo com lei específica, é, portanto, uma normas constitucionais de eficácia limitada. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Como se denota do dispositivo constitucional transcrito, tratase de norma de eficácia limitada, cuja produção plena de efeitos foi Fl. 1250DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 10 condicionada à regulamentação pelo legislador infraconstitucional. Nesse sentido, o entendimento do Supremo Tribunal Federal: Participação nos lucros. Art. 7°, XI, da CF. Necessidade de lei para o exercício desse direito. O exercício do direito assegurado pelo art. 7°, XI, da CF começa com a edição da lei prevista no dispositivo para regulamentálo, diante da imperativa necessidade de integração. Com isso, possível a cobrança das contribuições previdenciárias até a data em que entrou em vigor a regulamentação do dispositivo. (RE 398.284, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 2392008, Primeira Turma, DJE de 19122008.) No mesmo sentido: RE 505.597AgRAgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 1º122009, Segunda Turma, DJE de 18122009; RE 393.764–AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 25112008, Segunda Turma, DJE de 19122008. Em atendimento ao comando constitucional, sobreveio a Lei nº 10.101/2000, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e que, no artigo 1º dispõe ser a Participação nos Lucros e Resultados instrumento de integração entre o capital e trabalho, ou seja, é importante estratégia para atingir motivação e produtividade por parte dos empregados, lucro para as empresas e melhores condições sociais. Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. A Participação nos Lucros ou Resultados, na forma concebida pela Lei 10.101/2000, tem caráter notoriamente condicional. Sua percepção está vinculada ao alcance de metas pelos empregados, estabelecidas por meio de negociação entre esses e o empregador. Como ensina Fabio Campinho, na obra Participação nos Lucros ou Resultados Subordinação e Gestão da Subjetividade, o pagamento de valor desatrelado do alcance ou cumprimento de metas nada contribui para a integração capital e trabalho, configurando juridicamente salário sendo perfeitamente admissível que nestes casos o judiciário trabalhista considere o valor pago como parte integrante do complexo salarial. A incerteza é intrínseca à PLR. Sem a fixação prévia de um percentual sobre os lucros ou de metas a serem atingidas não pode haver participação. Pelo menos não segundo os ditames fixados pela Lei 10.101/2000. Este fator imponderável que faz com que o lucro a ser atingido ao final do exercício contábil não seja previsível a não ser por estimativas, que faz com que as metas possam ou não ser alcançadas, é o que torna o programa condizente com os dispositivos legais. Portanto, parcela fixa, sem qualquer condicionante, não é PLR. É juridicamente salário. Fl. 1251DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.046 11 (...) Ao conceder a participação sob a forma de um “abono” desvinculado de qualquer meta não produz qualquer motivação adicional. Tratase apenas de uma mudança de rubrica. A parcela que anteriormente era considerada salarial para a não ser mais. Fato que em nada contribui para a “integração do trabalhador na vida da empresa” (Lei nº 10.101/2000, art. 1º). Em verdade, é perfeitamente admissível que nestes casos o judiciário trabalhista considere o valor pago como parte integrante do complexo salarial. Afinal, a incerteza é intrínseca a PLR. Sem a fixação prévia de um percentual sobre os lucros ou de metas a serem atingidas não pode haver participação. Pelo menos não segundo os ditames fixados pela Lei 10.101/2000. Este fator imponderável que faz com que o lucro a ser atingido ao final do exercício contábil não seja previsível a não ser por estimativas (que não deixam de ser aproximações), que faz com que as metas possam ou não ser alcançadas, é o que torna o programa condizente com os dispositivos legais. Portanto, parcela fixa, sem qualquer condicionante, não é PLR. É juridicamente salário. (Editora LTR, São Paulo, 2009, p. 90.) A Lei nº. 10.101, de 19/12/2000 ao estabelecer critérios, estabelece uma definição para “participação nos lucros ou resultados”, logo, se de acordo com a Lei 10.101/2000 é PLR imune à tributação, senão, apesar do “nome”, não é PLR e será integralmente tributado. Para que o segurado empregado tenha direito à PLR não há necessidade de lucro por parte da empresa, podendo ser paga em função de um resultado. O resultado, conforme previsto na Lei nº. 10.101/00, é um resultado que se baseia em regras claras e objetivas de metas a serem alcançadas e que tem o intuito de incentivar a produtividade. Para a participação dos empregados nos lucros ou resultados da empresa, a Lei nº. 10.101/00 estabelece as seguintes condições: a) A PLR deve ser objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos abaixo, escolhidos pelas partes de comum acordo: * Comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; * Convenção ou acordo coletivo. b) Dos instrumentos decorrentes da negociação, deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao Fl. 1252DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 12 cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: * Índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; * Programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. c) É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de PLR em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Art.1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. Art.2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. §1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. §2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ... Art.3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1º Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos Fl. 1253DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.047 13 lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. A ausência de um desses requisitos é suficiente para desqualificação da verba paga como PLR. Somente os valores pagos com estrita obediência aos comandos previstos na Lei nº 10.101/00 estão fora da esfera de tributação da contribuição previdenciária. Nesse sentido, apresento jurisprudência do CARF e também do STJ: CARF ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/1997 a 31/12/2003 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS PARCELA INTEGRANTE DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DESCUMPRIMENTO DAS REGRAS DA LEI 10.101/2000. Uma vez estando no campo de incidência das contribuições previdenciárias, para não haver incidência é mister previsão legal nesse sentido, sob pena de afronta aos princípios da legalidade e da isonomia. O pagamento de participação nos lucros e resultados em desacordo com os dispositivos legais da lei 10.101/00, quais sejam, existência de acordo prévio ao exercício, bem como a existência de regras previamente ajustadas, enseja a incidência de contribuições previdenciárias, posto a não aplicação da regra do art. 28, §9º, “j” da Lei 8.212/91. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QÜINQÜENAL. (...)NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.(...). RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. (Acórdão 240100545) STJ PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. 1. Embasado o acórdão recorrido também em fundamentação infraconstitucional autônoma e Fl. 1254DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 14 preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido o recurso especial. 2. O gozo da isenção fiscal sobre os valores creditados a título de participação nos lucros ou resultados pressupõe a observância da legislação específica regulamentadora, como dispõe a Lei 8.212/91. 3. Descumpridas as exigências legais, as quantias em comento pagas pela empresa a seus empregados ostentam a natureza de remuneração, passíveis, pois, de serem tributadas. 4. Ambas as Turmas do STF têm decidido que é legítima a incidência da contribuição previdenciária mesmo no período anterior à regulamentação do art. 7º, XI, da Constituição Federal, atribuindolhe eficácia dita limitada, fato que não pode ser desconsiderado por esta Corte. 5. Recurso especial não provido (REsp 856160/PR, Relatora Ministra ELIANA CALMON, DJe 23/06/2009). Conforme disposição expressa no art. 28, § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91, notase que a exclusão da parcela de participação nos lucros na composição do saláriode contribuição está condicionada à estrita observância da lei reguladora do dispositivo constitucional. Essa regulamentação somente ocorreu com a edição da Medida Provisória nº 794, de 29 de dezembro de 1994, reeditada sucessivas vezes e convertida na Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000, que veio regular o assunto em tela. Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9º Não integram o saláriodecontribuição: j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. Conforme previsto na alínea “j” do § 9º do art. 28 da Lei n º 8.212, a única hipótese para que a participação nos lucros e resultados não sofra incidência de contribuição previdenciária é que seja paga de acordo com a lei específica, isto é, se enquadre no estabelecido na lei 10.101/2000. Assim, onde o legislador dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei estender a interpretação. Constatado o desrespeito à exigência legal, resulta descaracterizados os pagamentos como sendo PLR e passam à condição de pagamentos com natureza remuneratória. No caso presente, a autuação foi motivada por o PPR não ser extensivo a todos, não possuir regras claras e objetivas, não apresenta pactuação prévia e não ser homologado e Fl. 1255DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.048 15 arquivado nas entidades sindicais dos trabalhadores, conforme Termo de Verificação Fiscal, folhas 627 a 640 28) Conforme analisado, verificamos que os “Programas de Participação nos Resultados“ da empresa, firmados em 2009 e 2010: ∙ Não são extensíveis a todos os empregados, excluindo aqueles que já recebem remuneração variável em programas específicos; ∙ Exclui os empregados que recebem avaliação individual considerada inconsistente ou fraca pela empresa, aferida pelo sistema CDP; ∙ Classifica os empregados em três categorias: * “A” – engloba os empregados em níveis superiores, os quais são avaliados pelo desempenho global da empresa que se utiliza do PPR para alinhar a remuneração ao mercado; * “B” – engloba os empregados de níveis intermediários, os quais são avaliados pelo desempenho de suas áreas e pelo desempenho individual registrado no sistema CDP. A empresa se reserva o direito de majorar os valores do PPR em 8unção do mercado. * “C” – engloba os empregados lotados em estruturas comerciais e de atendimento ao cliente, os quais recebem remuneração variável por meio do PPR, conforme “Normativo de Remuneração Variável”, com regras diferenciadas de acordo com a área à qual o empregado está vinculado. Seu desempenho individual registrado no sistema CDP afeta diretamente a sua participação no PPR; * Não possui regras claras e objetivas, permitindo avaliações discricionárias pela administração da empresa e conferindo poderes ao CEO da empresa para ajustar os valores do PPR em função das condições de mercado. * Não apresenta pactuação prévia, conforme determinado na legislação. * Não foram homologados e arquivados nas entidades sindicais dos trabalhadores, conforme determinado pelo art. 2º. da Lei 10.101/00. PLR EXTENSIVO A TODOS A recorrente alega a ausência de exigência legal de pagamento de PPR para todos empregados. Concordo com o recorrente. Fl. 1256DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 16 Não encontrei na lei a exigência de extensão de PLR para todos empregados. Abaixo apresento trecho da ementa do acórdão 920200.503 da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste CARF. Acórdão n° 920200.503 — 2ª Turma CSRF/CARF PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO REGULAMENTADORA. ... O legislador não fez previsão de exigência no sentido de que as parcelas pagas a título de participação de lucros ou resultados fossem extensivas a todos os empregados da empresa para que houvesse a não incidência de contribuição previdenciária. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS Outro ponto alegado pelo fisco foi a ausência de regras claras e objetivas. A recorrente alega que os empregados tiveram totais condições de acompanhar e mensurar os resultados atingidos, apresenta as regras de avaliação do resultado e da performance dos trabalhadores e referencia documentos de avaliação individual apresentados na impugnação. Entendo que o PPR continha regras claras e objetivas. O Termo de Verificação Fiscal discorre dos itens 12 ao 25 sobre as regras constantes nos acordos, destacando no item 25 que "o PPR da empresa permite avaliações discricionárias por parte da administração da empresa, majorando ou reduzindo os valores a serem pagos." 12) A empresa mantém sistema de avaliação de seus empregados, sistema CDP (fls. 064/096), classificandoos de acordo com seu desempenho individual em categorias de 1 a 5. O CDP se constitui em um sistema de avaliação anual que leva em consideração o atingimento de metas individuais pelos empregados, conforme definido em seu regulamento: ... 13) O sistema adota avaliação por curva forçada, o que faz com que um percentual dos avaliados obrigatoriamente integre as categorias de avaliação 4 ou 5, consideradas de desempenho insuficiente: ... 25) O art. 2º da Lei 10.101/00 determina que as regras do programa devam ser claras e objetivas, inclusive no tocante aos mecanismos de aferição. Fl. 1257DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.049 17 Em contraposição, o PPR da empresa permite avaliações discricionárias por parte da administração da empresa, majorando ou reduzindo os valores a serem pagos. Considerese ainda que não é permitido ao empregador partilhar com o empregado os riscos de sua atividade empresarial, face o que dispõe o artigo 2º da CLT Consolidação das Leis Trabalhistas. Fl. 1258DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 18 Entendo que, os termos do acordo não ferem a Lei, além do que resultaram de negociação entre as partes. PACTUAÇÃO PRÉVIA Outra motivação apresentada pelo fisco foi a falta de pactuação prévia. O recorrente alega que os instrumentos de PPR foram assinados no início do período de aferição dos resultados. Fl. 1259DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.050 19 Concordo com o recorrente. Entendo que não houve ofensa à lei. Um acordo foi firmado antes do início do prazo e outro no primeiro trimestre do ano em questão. O Termo de Verificação Fiscal assim apresenta a questão: 26) O art. 2º, § 1º, inciso II da Lei 10.101/00 determina que os programas de metas, resultados e prazos devem ser pactuados previamente, o que não ocorreu em nenhum dos PPRs analisados, conforme abaixo Programa Registro do Acordo Período de Avaliação 2009 29/07/2009 01/01/2009 a 31/12/2009 2010 20/04/2010 01/01/2010 a 31/12/2010 Lei 10.101/00 [...] Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: [...] § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. (grifo nosso) Observo que os mencionados registros referemse a registro em Cartórios de Títulos e Documentos e que os acordos propriamente ditos, contém data de 11/12/2008, para o acordo de 2009 e 16/03/2010, para o acordo de 2010. HOMOLOGAÇÃO E ARQUIVAMENTO DOS ACORDOS NOS SINDICATOS O fisco alega desconformidade com a lei 10.101/2000 por não terem sido os acordos homologados e arquivados nas entidades sindicais dos trabalhadores. Fl. 1260DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 20 O recorrente afirma que os acordos foram "devidamente negociados com o sindicato dos trabalhadores", que "foram devidamente arquivados nas entidades sindicais, conforme demonstram os anexos emails trocados entre o RH do Recorrente e o representante sindical dos trabalhadores (doc nº 16 da Impugnação)". Abaixo apresento trecho do Termo de Verificação Fiscal: 27) A Lei 10.101 dispõe que a participação nos lucros ou resultados deverá ser objeto de negociação entre a empresa, empregados e sindicato, devendo o instrumento do acordo ser arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. Intimada a apresentar comprovação da homologação e arquivamento dos instrumentos do PPR nas entidades sindicais dos trabalhadores, a empresa alegou que a aposição da assinatura de um de seus empregados, representante sindical, seria o suficiente para comprovar o cumprimento da obrigação legal. Esse não é o entendimento das entidades sindicais, conforme comprova a nota abaixo, denunciando que os PPR 2009, 2010 e 2011 foram impostos pelo Banco, sem a participação do Sindicato. LEI Nº 10.101, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000. [...] Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013) II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da Fl. 1261DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.051 21 distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. [...] 28) Conforme analisado, verificamos que os “Programas de Participação nos Resultados“ da empresa, firmados em 2009 e 2010: ∙ Não são extensíveis a todos os empregados, excluindo aqueles que já recebem remuneração variável em programas específicos; ∙ Exclui os empregados que recebem avaliação individual considerada inconsistente ou fraca pela empresa, aferida pelo sistema CDP; ∙ Classifica os empregados em três categorias: * “A” – engloba os empregados em níveis superiores, os quais são avaliados pelo desempenho global da empresa que se utiliza do PPR para alinhar a remuneração ao mercado; * “B” – engloba os empregados de níveis intermediários, os quais são avaliados pelo desempenho de suas áreas e pelo desempenho individual registrado no sistema CDP. A empresa se reserva o direito de majorar os valores do PPR em função do mercado. * “C” – engloba os empregados lotados em estruturas comerciais e de atendimento ao cliente, os quais recebem remuneração variável por meio do PPR, conforme “Normativo de Remuneração Variável”, com regras diferenciadas de acordo com a área à qual o empregado está vinculado. Seu desempenho individual registrado no sistema CDP afeta diretamente a sua participação no PPR; ∙ Não possui regras claras e objetivas, permitindo avaliações discricionárias pela administração da empresa e conferindo poderes ao CEO da empresa para ajustar os valores do PPR em função das condições de mercado. ∙ Não apresenta pactuação prévia, conforme determinado na legislação. ∙ Não foram homologados e arquivados nas entidades sindicais dos trabalhadores, conforme determinado pelo art. 2º. da Lei 10.101/00. Fl. 1262DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 22 Entendo que aqui não cabe razão ao recorrente. Os acordos para pagamento do PPR foram firmados por meio de Instrumento Particular de Acordo da Participação nos Resultados, um referente ao ano 2009 e outro ao ano 2010, folhas 47 a 54 e 55 a 62, respectivamente. Ambos acordos, registram que o acordo é celebrado entre o recorrente e "Comissão de Representação Interna dos Empregados do Banco", sem citar representação sindical. Ao final dos acordos, estão consignados os signatários distribuídos em Comissão de Funcionários, Representantes Sindicais e Representantes da Empresa. O acordo 2009, registra 4 representantes sindicais, sendo que apenas 1 assinou o documento. O acordo 2010 registra 5 representantes sindicais, sendo que nenhum assinou o acordo. Observo que à folha 63, consta "Lista de Presença da Reunião com a Comissão de representação Interna dos Empregados do Banco PPR", datada de 16/03/2010, mesma data do acordo, contendo os mesmos nomes dos 5 representantes sindicais, porém, contendo 2 assinaturas. Entendo que representantes do sindicato participaram da reunião e não assinaram o acordo. Outro ponto é a questão do arquivamento dos acordos nos sindicatos. O recorrente busca comprovar o arquivamento por meio de cópia de emails apresentados por ocasião da impugnação (doc nº 16). Analisei os emails, folhas 1051 a 1060 e cheguei a conclusão diversa do recorrente. Os emails são trocados entre o RH Relações sindicais da empresa com o sr Miguel Pereira que registra abaixo de seu nome "Contraf CUT". Fl. 1263DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.052 23 Contraf é a abreviação de Confederação Nacional dos trabalhadores do Ramo Financeiro. O PPR 2009 é enviado pelo gerente de RH junto com a observação "Favor manter apenas sob seus cuidados, tendo em vista que este material é de circulação interna do HSBC." (folha 1054) O PPR 2010 é solicitado pelo sindicalista em 03/2011, junto como informações estatísticas (número de funcionários, distribuição geográfica do setor de compensação, número de funcionários nas capitais, por sexo). A resposta contendo o PPR foi enviada alguns dias depois. (folhas 1051 e 1052). Entendo que os acordos não foram arquivados nos sindicatos. Constato desconformidade com a Lei 10.101/2000. CONCLUSÃO Voto por negar provimento ao recurso. assinado digitalmente Carlos Alberto Mees Stringari” Conforme se verifica do voto supratranscrito, que esta relatora acolhe na íntegra, o qual trata da mesma questão dos autos, constatase que o Banco cumpriu os requisitos relativos ao Programa de Participação nos Resultados – PPR no que se refere a ausência de exigência legal de pagamento de PPR para todos empregados, bem como o referido Programa convencionado pelo Banco continha regras claras e objetivas, e houve pactuação prévia, de forma que não houve ofensa à lei. No que tange a falta de homologação e arquivamento dos acordos nos sindicatos, verificase que este fora o único fundamento pelo qual entendera o nobre Relator que não fora cumprido, uma vez que naquele processo, relativo ao período de apuração de 2010 e 2011, não ficou comprovado efetivamente a referida homologação nas entidades sindicais dos trabalhadores. Naqueles anos (2010 e 2011), constava tãosomente Acordos para pagamento do PPR firmados por meio de Instrumento Particular de Acordo da Participação nos Resultados, um referente ao ano 2009 e outro ao ano 2010, folhas 47 a 54 e 55 a 62, respectivamente. Ambos acordos, registram que foram celebrados entre o Banco e "Comissão de Representação Interna dos Empregados do Banco", sem citar representação sindical. Ocorre que, no presente caso, relativo ao período de apuração de 2009, quanto ao Programa de Participação nos Resultados PPR, embora conste tãosomente “INSTRUMENTO PARTICULAR DE ACORDO DA PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS” (fls. 79 e seguintes) o qual se refere ano de 2008, verificase que este requisito sequer foi objeto de análise pelo Fisco, tampouco consta do relatório fiscal. Portanto, considerando que o único fundamento pelo qual a 1ª Turma da 2ª Câmara, Acórdão nº 2201003.020, manteve aqueles lançamentos consiste no descumprimento da homologação e arquivamento nas entidades sindicais, requisitos estes, não constantes do presente relatório fiscal, não obstante tratarem da mesma matéria, uma vez que os acordos firmados em todos os anos foram convencionadas através de instrumento particular, com as Fl. 1264DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 24 mesmas condições (relativos tãosomente a fatos geradores distintos), e, inclusive, considerando que esta relatora não pode inovar nos fundamentos e atribuir requisitos que sequer o Fisco exigiu na peça fiscal, por tais razões, entendo que deve ser dado provimento ao recurso. PAGAMENTO PARCIAL Por fim, alega o recorrente que foi feito pagamento parcial em 15.05.2013 dos débitos previdenciários vinculados ao “LO2 – Rubricas salariais Losango, discriminados no “DD Discriminativo do Débito” dos AI nºs 51.008.0839 e 51.008.0847, e que a decisão de primeira instância não considerou os referidos pagamentos e manteve integralmente o crédito tributário exigido, de forma que requer a declaração de extinção dos débitos relativos a estes pagamentos. Nesse item, assiste razão o recorrente. Em fls. 1.216/1.219, constam DARFS cujos pagamentos ocorreram em 15.05.2013, de forma que tais valores devem ser abatidos do presente lançamento. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO, bem como reconheço os valores pagos pelo recorrente indicado nas DARFs. de fls. 1.216/1.219, vinculados ao “LO2 – Rubricas salariais Losango, discriminados no “DD Discriminativo do Débito” dos AI nºs 51.008.0839 e 51.008.0847. (Assinado Digitalmente) Alice Grecchi Relatora Fl. 1265DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.053 25 Voto Vencedor Participação nos lucros e resultados A participação do trabalhador nos lucros e resultados da empresa é um marco histórico dos direitos trabalhistas. Com todas as conquistas: saláriomínimo, limitação da jornada de trabalho, proteção contra a demissão sem justa causa, férias, descanso semanal remunerado, apenas para mencionar algumas, ainda assim capital e trabalho se opunham, um ao outro, como realidades inconciliáveis. Foi com a Constituição Federal que se abriu a possibilidade de o trabalhador auferir parte do resultado de sua força laboral entregue à empresa. No artigo 7º, Inciso XI, junto com outros direitos sociais do trabalhador está a participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração; portanto, tratase imunidade tributária: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Entretanto, apenas com a Medida Provisória nº 794, de 22/12/94, convertida na Lei nº 10.101, de 19/12/2000, a matéria foi regulamentada: Art.1oEsta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. a) Finalidades: integração entre capital e trabalho; e ganho de produtividade. Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. §1oDos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo Fl. 1266DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 26 ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. b) Negociação entre empresa e empregados, através de acordo coletivo ou comissão de trabalhadores. No instrumento de negociação devem constar, com clareza e objetividade, as condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direitos substantivos). Entre outros, podem ser considerados como critérios ou condições: produtividade, qualidade, lucratividade, programas de metas e resultados mantidos pela empresa. Vêse que no instrumento de negociação deve constar o que dispõe o artigo 2°, §1° e, no caso dos critérios para se fazer jus ao benefício, o legislador cuidou apenas de exemplificá los. Como se constata pelas disposições acima, a regulamentação é no sentido de proteger o trabalhador para que sua participação nos lucros se efetive. Não há regras detalhadas na lei sobre os critérios e as características dos acordos a serem celebrados. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do trabalhador nos lucros e resultados. A intenção do legislador foi impedir que critérios ou condições subjetivos obstassem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados. As regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos. Com isto, são alcançadas as duas finalidades da lei: a empresa ganha em aumento da produtividade e o trabalhador é recompensado com sua participação nos lucros. Nesse sentido, o artigo 2º, §1º, I da lei possibilita inclusive que a condição para a participação nos lucros ou resultados seja apenas o aumento da lucratividade da empresa. Comprovandose no Demonstrativo de Resultados do Exercício Financeiro que foi alcançada esta meta, que existe acordo coletivo ou comissão de trabalhadores e que a distribuição não é inferior a um semestre civil a participação nos lucros é regular. Não há nenhuma restrição na lei para que assim proceda a empresa. E nem poderia a autoridade fiscal criálas no caso concreto, sob pena de violação do Princípio da Legalidade, artigo 37, “caput” da Constituição Federal. Quanto aos mecanismos de aferição das informações para fins de comprovação do cumprimento dos critérios para a participação, não há qualquer previsão na lei no sentido de se exigir metas individualizadas para os trabalhadores. E nem poderia. Caso adote o aumento da lucratividade da empresa ou o alcance de outras metas organizacionais, critérios esses exemplificados na lei, não vejo como se exigir a aferição da contribuição de cada trabalhador para o cumprimento dessas metas. Como se poderia aferir a parcela do lucro de uma empresa de grande porte atribuída individualmente a um trabalhador da linha de produção? E mais. A exigência por parte da fiscalização de metas individualizadas vai de encontro ao que se procurou evitar na regulamentação da participação nos resultados e lucros – PLR, que é afastálo do conceito de salário. Em razão de tudo aqui exposto, vêse que prevalece a livre negociação para a participação nos lucros ou resultados. Porém, é possível que esse importante direito trabalhista seja malversado em prejuízo dos próprios trabalhadores e do fisco. Comprovando a autoridade Fl. 1267DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 10980.721824/201315 Acórdão n.º 2301004.730 S2C3T1 Fl. 3.054 27 fiscal dissimulação do pagamento de salários com participação nos lucros, deverá aplicar o Princípio da Verdade Material para considerar os valores pagos integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, preocupouse o legislador com essa possibilidade de se desvirtuar a finalidade da lei e se utilizar a participação nos lucros e resultados da empresa para a sonegação de contribuições sociais: Art.3oA participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. ... §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Quanto à jurisprudência de nossos tribunais superiores, no RE 351.506 o STF manifestouse pela eficácia limitada do disposto no artigo 7º, XI da Constituição Federal): Dessa maneira, embora o inciso XI do artigo 7º da Constituição assegurasse o direito dos empregados à participação nos lucros da empresa e previsse que essa parcela participação nos lucros é algo desvinculado da remuneração, o exercício desse direito não prescindia de lei disciplinadora que definisse o modo e os limites de sua participação, bem assim a natureza jurídica dessa benesse, quer para fins tributários, quer para fins de incidência de contribuição previdenciária. E o STJ, pela obrigatoriedade de observância das disposições contidas na Lei nº 10.101, de 19/12/2000. Feitas essas colocações, analisemos o caso concreto. A divergência aqui é somente quanto ao modelo adotado pela recorrente para restringir o acesso ao programa somente a alguns empregados. A possibilidade de que o programa não seja extensivo a todos os empregados deve ser analisada com reservas, pois deve ser examinada em conjunto com os critérios adotados pela empresa. No caso, constatase que ficaram excluídos segurados empregados que percebem outra parcela de remuneração variável e mesmo quanto a muitos outros que estão no programa, foram criadas exigências mais rigorosas para aqueles que possuem menor remuneração enquanto para os níveis mais elevados da empresa constatamse requisitos e critérios mais acessíveis, o que denota dois problemas: a possibilidade do efeito de substituição de salários para os níveis mais elevados da empresa e a duvidosa possibilidade de existência da contrapartida por parte da maioria dos empregados no sentido de se aumentar a produtividade e os resultados da empresa. Na prática, pareceme que o pagamento de PLR fica restrito aos níveis mais elevados da empresa, justamente aqueles que teriam as maiores bases de cálculo da contribuição previdenciária. Assim, entendo que o programa se mostra descaracterizado como Fl. 1268DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 28 tal e contrário aos preceitos gerais da lei: integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade. Pelo exposto voto pela incidência da contribuição previdência sobre o PLR. No mais acompanho a relatora nas outras questões. É como voto. Fl. 1269DF CARF MF Impresso em 22/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 14/07/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 15/07/2016 por ALICE GRECCHI, Assinado d igitalmente em 20/07/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 11020.007702/2008-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Sep 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI
Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. APURAÇÃO MENSAL DOS CUSTOS DOS INSUMOS EMPREGADOS NOS PRODUTOS EXPORTADOS. LEIS Nº 9.363/96 E Nº 10.276/2001.
Nos termos das Leis nº 9.363/96 e nº 10.276/2001, e respectivo regulamentação, na determinação dos custos relativos à aquisição de insumos (MP, PI e ME), empregados no processo produtivo destinado à exportação, a ausência de apuração mensal dos estoques impede a quantificação dos insumos utilizados na fabricação dos produtos, impedindo também, por via de conseqüência, a determinação da base de cálculo do incentivo e a sua própria aplicação.
Recurso Improvido.
Numero da decisão: 3301-001.105
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Antônio Lisboa Cardoso
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APURAÇÃO MENSAL DOS CUSTOS DOS INSUMOS EMPREGADOS NOS PRODUTOS EXPORTADOS. LEIS Nº 9.363/96 E Nº 10.276/2001. Nos termos das Leis nº 9.363/96 e nº 10.276/2001, e respectivo regulamentação, na determinação dos custos relativos à aquisição de insumos (MP, PI e ME), empregados no processo produtivo destinado à exportação, a ausência de apuração mensal dos estoques impede a quantificação dos insumos utilizados na fabricação dos produtos, impedindo também, por via de conseqüência, a determinação da base de cálculo do incentivo e a sua própria aplicação. Recurso Improvido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente Antônio Lisboa Cardoso Relator Fl. 102DF CARF MF Emitido em 17/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 13/10/20 11 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso (relator), Maurício Taveira e Silva, Fábio Luiz Nogueira, Maria Teresa Martínez López e Rodrigo da Costa Pôssas (presidente) Relatório Cuidase de recurso voluntário em face do acórdão da DRJ de Porto Alegre, que indeferiu o pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, nos termos da Lei nº 9.363 de 1996, com apuração feita segundo o método alternativo de que trata a Lei nº 10.276, de 2001, correspondente ao valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para a Seguridade Social (Cofins), incidentes na aquisição de insumos empregados na industrialização de produtos exportados, referente ao período de apuração de 01/07/2002 a 30/09/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004, requerido através do PER/DCOMP 04617.36186.260504.1.1.016020, sintetizado na ementa de fl. 84, in verbis: “Acórdão 1030.235 3 a Turma da DRJ/POA Sessão de 10 de março de 2011 Processo 11020.007702/200868 Interessado CRACCO INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE JÓIAS LTDA. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados I P I Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. APURAÇÃO DOS CUSTOS DOS INSUMOS EMPREGADOS NOS PRODUTOS EXPORTADOS. I Para fruição do incentivo fiscal representado pelo crédito presumido de IPI, não basta a simples fabricação e exportação de produtos nacionais, devendo o beneficiário fornecer à autoridade administrativa todos os elementos comprobatórios do seu direito, consoante previsto na legislação. II A apuração do crédito presumido de IPI será feita mensalmente, considerando os custos das matériasprimas, dos produtos intermediários, dos materiais de embalagem e dos combustíveis utilizados no processo produtivo durante os respectivos meses de apuração. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido” De acordo com o voto condutor do acórdão recorrido, o contribuinte não efetuava levantamentos mensais de estoque para fins de apuração do crédito presumido, socorrendose da escrituração do livro Registro de Inventário feita no final do anocalendário para apurar os custos dos insumos empregados nos produtos exportados, o que não encontraria amparo nas normas específicas do crédito presumido, pelo que não poderia invocar as normas Fl. 103DF CARF MF Emitido em 17/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 13/10/20 11 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 11020.007702/200868 Acórdão n.º 330101.105 S3C3T1 Fl. 103 3 do IRPJ e CSLL para esquivarse de suas obrigações como contribuinte do IPI, e de demonstrar cabalmente a procedência de seu pedido, vez que é o maior interessado na solução da lide. Cientificada através do AR (fl. 88, 04/04/2011), a interessada apresentou recurso voluntário em 26/04/2011 (fls. 94/100), alegando, em síntese, que a falta da escrituração mensal dos estoques, não impede nem inviabiliza a apuração precisa do crédito presumido de IPI, e que a falta de levantamento de estoques mensais, sem que tenha havido a utilização antecipada do crédito, via compensação, como é o caso presente, não interfere no valor final do benefício. Muito embora os períodos de apuração sejam mensais, com a possibilidade de formular pedidos de ressarcimento trimestrais, a legislação que rege o crédito presumido de IPI, exige que o cálculo seja efetuado, considerando as receitas decorrentes de vendas para o mercado interno e externo, acumuladas no ano. De igual modo, estabelece a legislação específica, que a base de cálculo do incentivo é o valor das aquisições das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, acumulados no anocalendário, nos termos do art. 10 da Instrução Normativa SRF n° 315, de 03 de abril de 2003 \ inverbis: “Art. 10. Para efeito de determinação do crédito presumido correspondente a cada mês, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica deverá: I apurar o total acumulado, desde o início do ano até o mês a que se referir o crédito, dos custos referidos no art. 6º; II apurar o fator a ser aplicado, de conformidade com o art. 7º, considerando os valores da receita operacional bruta, da receita de exportação e dos custos, acumulados desde o início do ano até o mês a que se referir o crédito;” Noutras palavras, o cálculo do crédito presumido de IPI é efetuado, mês a mês. Todavia, o cálculo sofre ajustes durante todo o anocalendário, uma vez que é determinado com base nos valores acumulados da receita (mercado interno e externo) e dos insumos desde o início do anocalendário, até o mês de referência, tornandose, portanto, definitivo, somente no final de cada exercício. Assim, o benefício fiscal, no final do ano calendário, terá um único resultado, seja ele apurado considerando os estoques de insumos mês a mês ou considerando o estoque existente no início e no final do ano. Ou dito de outra forma, o resultado dos produtos não altera os fatores, ou ainda, existe mais de uma metodologia para se encontrar um mesmo resultado. Portanto, a falta de estoques mensais, desde que acompanhada do valor dos estoques no início e no final de cada anocalendário, não afeta o valor final do crédito presumido, já que a base de cálculo do incentivo é determinada pela equação: estoque inicial (Io de janeiro) + compras de todo o anocalendário estoque final (31 de dezembro). De sorte que a falta de levantamento de estoques mensais (intermediários), quando acompanhada da apresentação do estoque existente no início e no final de cada ano, não inviabiliza o cálculo do crédito presumido de IPI, nem interfere na determinação do valor final do benefício. É o relatório. Fl. 104DF CARF MF Emitido em 17/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 13/10/20 11 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO 4 Voto Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, Relator O recurso é tempestivo e encontrase revestido dos demais requisitos de admissibilidade, devendo o mesmo ser conhecido. Conforme relatado, no presente caso tratase de pedido de ressarcimento de IPI, como ressarcimento das contribuições de PIS e Cofins, nos termos das da Lei n° 9.363 de 1996, ou ainda apurado pelo método alternativo da Lei n° 10.276 de 2001. De acordo com o art. 1º da Lei nº 10.276, de 2001, a apuração do crédito presumido de IPI, destinado ao ressarcimento das contribuições PIS e Cofins incidentes nas aquisições de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, empregados na fabricação de produtos exportados, deverá ser processado de acordo com o disposto em regulamento, nos seguintes termos: “Art. 1º Alternativamente ao disposto na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica produtora e exportadora de mercadorias nacionais para o exterior poderá determinar o valor do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento relativo às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS), de conformidade com o disposto em regulamento.” (grifado). Por sua vez, dispõe a IN SRF nº 315, de 2003, em seu art. 15, que a apuração do referido credito presumido, deverá ocorrer, “em cada mês”, in verbis: “Art. 15. A pessoa jurídica que não mantiver sistema de custos coordenado e integrado com a escrituração comercial ou a que, mesmo que mantenha tal sistema, não consiga efetuar os cálculos de que t r a ta o artigo 13, deverá apurar a quantidade de MP, PI, ME e combustíveis utilizados no processo industrial, em cada mês, somando a quantidade em estoque no início do mês com as quantidades adquiridas e diminuindo do total a soma das quantidades em estoque no final do mês, as saídas não aplicadas no processo industrial e as transferências.” (grifado). Neste sentido já teve ocasião de decidir este colendo CARF, através do Acórdão n° 20310.681, in verbis: “Destarte, a determinação de que a avaliação dos insumos seja feita pelo método PEPS não se constitui em irregularidade, mas apenas numa adequação a um sistema de custos não coordenado e não integrado com a escrituração comercial. A jurisprudência deste colegiado partilha desse entendimento: “Não mantendo a empresa sistema de contabilidade de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração, a avaliação do estoque é feita pelo sistema PEPS (primeiro a Fl. 105DF CARF MF Emitido em 17/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 13/10/20 11 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 11020.007702/200868 Acórdão n.º 330101.105 S3C3T1 Fl. 104 5 entrar, primeiro a sair), de modo que os bens que deveriam estar no estoque são avaliados pelos preços mais recentes.” (Ac. 1° CC 10178.982/89) Quanto à utilização do custo médio para avaliação dos estoques na ausência de um sistema de custo integrado e coordenado com a escrituração, manifestouse este Conselho: “Para que possam ser avaliados pelo custo médio de estoques, de produtos acabados, é necessário manterse sistema de contabilidade de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração, não se harmonizando com as disposições legais o uso da média aritmética anual, relativa ás aquisições e um exercício inteiro. (Ac. 1° CC 101 73.383/82). (grifado). No mesmo sentido merece ser transcrita a ementa do acórdão nº 20175.239, de relatoria do ilustre Conselheiro e ilustre Professor José Roberto Vieira, também mencionado no voto condutor do acórdão recorrido, in verbis: “IPI. CRÉDITO PRESUMIDO EM RELAÇÃO ÀS EXPORTAÇÕES (LEI N° 9.363/96). MENSURAÇÃO DOS INSUMOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. As empresas que não mantêm sistema de custos coordenado e integrado com a escrituração comercial devem apurar a quantidade mensal de insumos utilizados na produção somando se a quantidade em estoque no inicio do mês com as quantidades adquiridas e diminuindose do total a soma das quantidades em estoque no final do mês, as saídas não aplicadas na produção e as transferências (artigo 3°, §§ 7° e 8°, da Portaria MF n° 38/97), hipótese em que a avaliação dos insumos utilizados na produção mensal será efetuada pelo método PEPS, que, neste caso, deixa de ser opcional para se tomar obrigatório. Recurso voluntário negado.” De acordo com o voto condutor do referido acórdão citado, a ausência de apuração mensal dos estoques “...impede a quantificação dos insumos utilizados na fabricação dos produtos, impedindo também, por via de conseqüência, a determinação da base de cálculo do incentivo e a sua própria aplicação!” (grifado). Desta forma, considerando que a recorrente não procedeu em conformidade com as normas regulamentadoras fixadas pela RFB, para a apuração do crédito presumido, sobretudo, no que se refere à apuração mensal dos custos relativos a MP, PI, e ME, não há como ser atendido o pleito da Recorrente. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. Sala das Sessões, em 02 de setembro de 2011 Antônio Lisboa Cardoso Fl. 106DF CARF MF Emitido em 17/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 13/10/20 11 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO 6 Fl. 107DF CARF MF Emitido em 17/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 13/10/20 11 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 05/10/2011 por ANTONIO LISBOA CARDOSO
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