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Numero do processo: 13971.916320/2011-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2001
COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.943
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS ANOCALENDÁRIO: 2001 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 91 63 20 /2 01 1- 17 Fl. 70DF CARF MF 2 Relatório Por trazer clara síntese do processo até a interposição da Manifestação de Inconformidade, adoto o relatório da decisão de primeira instância, no Acórdão da DRJ em Florianópolis: "Trata o presente processo de Pedido de Restituição PER, apresentado pela contribuinte acima qualificada. Em análise do pedido, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC decidiu indeferilo (...), em razão de que o valor recolhido via DARF, indicado como fonte do crédito contra a Fazenda Nacional, já havia sido integralmente utilizado para pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para restituição solicitada no PER. Inconformada com o não deferimento de seu Pedido de Restituição, a contribuinte esclarece, em síntese, que os créditos pleiteados se referem a pagamentos a maior originados da declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, pelo Supremo Tribunal Federal, em 9 de novembro de 2005. A contribuinte alega, ainda, a nulidade do Despacho Decisório, por ausência de diligência sobre o crédito pleiteado, nos termos do artigo 65 da Instrução Normativa nº 900/2008." (grifei) A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente naquela oportunidade, tendo sido o referido acórdão ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. REQUISITO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001 PRELIMINAR. NULIDADE. AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. A autoridade competente para decidir sobre restituição poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos, bem como tem a faculdade de determinar a realização de diligência. Se pela DCOMP apresentada já é possível concluir que o crédito pleiteado carece de liquidez e certeza, desnecessária a realização de diligência. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Intimada pessoalmente desta decisão, foi apresentado Recurso tempestivo no qual a Recorrente alega, em síntese, a validade do crédito de COFINS objeto do Pedido de Restituição, vez que calculado com base nas receitas não operacionais auferidas pela empresa, que não podem ser consideradas como base de cálculo do PIS e da COFINS como reconhecido Fl. 71DF CARF MF Processo nº 13971.916320/201117 Acórdão n.º 3402003.943 S3C4T2 Fl. 3 3 pelo Supremo Tribunal Federal nos Recursos Extraordinários 346.084, 358.273, 357.950 e 390.840. Alega ainda a nulidade do despacho decisório, por ausência de diligência prévia para verificação da validade do crédito. Anexou ao Recurso Voluntário cópia do livro razão e planilha com a composição do crédito apurado. Em seguida, os autos foram remetidos a esse Conselho. É o relatório. Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.923, de 28 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 13971.916330/201144, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.923): "Conheço do Recurso Voluntário, por tempestivo, adentrando em suas razões. Em recente julgado desta turma relatado pela Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, foi reconhecimento o cabimento dos pedidos de restituição que, tal como o presente, se respaldam na inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/98. Tratase do acórdão n.º 3402003.399, ementado nos seguintes termos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 COFINS. ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF." (Número do Processo 10980.911525/201010. Data da Sessão 29/09/2016 Relatora Thais de Laurentiis Galkowicz. Acórdão n.º 3402003.399) Fl. 72DF CARF MF 4 A situação trazida sob julgamento nos presente autos é idêntica àquela julgada naquela oportunidade, razão pela qual adoto integralmente as razões delineadas por aquela Ilustre Conselheira Relatora, à luz do art. 50, §1º da Lei n.º 9.784/99, cujo voto foi acompanhado por unanimidade por esta Turma: "A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13971.916320/201117 Acórdão n.º 3402003.943 S3C4T2 Fl. 4 5 COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; concluise pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento2. Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 74DF CARF MF 6 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, torna se imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13971.916320/201117 Acórdão n.º 3402003.943 S3C4T2 Fl. 5 7 O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de Fl. 76DF CARF MF 8 mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13971.916320/201117 Acórdão n.º 3402003.943 S3C4T2 Fl. 6 9 Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerê la em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Fl. 78DF CARF MF 10 Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." (grifos no original) Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de COFINS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela empresa com fulcro no dispositivo inconstitucional da Lei n.º 9.718/98 (dentre as quais as receitas financeiras mencionadas pela Recorrente de "JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL" e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS")." Importante consignar que os documentos analisados no julgamento do paradigma (razão e planilha de apuração) encontram correspondência com os documentos juntados ao presente processo, variando apenas o período de apuração e os valores envolvidos. 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 13971.916320/201117 Acórdão n.º 3402003.943 S3C4T2 Fl. 7 11 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito à restituição dos valores de COFINS calculados sobre receitas não operacionais auferidas pela empresa com fulcro no dispositivo inconstitucional da Lei nº 9.718/98 (dentre as quais as receitas financeiras mencionadas pela Recorrente de "JUROS RECEBIDOS", "VARIAÇÃO CAMBIAL" e os valores de "ALUGUÉIS RECEBIDOS"). assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10711.720910/2011-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 27/06/2008
ALEGAÇÕES NÃO APRESENTADAS NO RECURSO VOLUNTÁRIO. NÃO ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Em sede de embargos de declaração, é incabível a discussão de matérias não contestadas no recurso voluntário.
Embargos Rejeitados
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3301-003.195
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 27/06/2008 ALEGAÇÕES NÃO APRESENTADAS NO RECURSO VOLUNTÁRIO. NÃO ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Em sede de embargos de declaração, é incabível a discussão de matérias não contestadas no recurso voluntário. Embargos Rejeitados Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 09 10 /2 01 1- 19 Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10711.720910/201119 Acórdão n.º 3301003.195 S3C3T1 Fl. 11 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração (fls. 150 a 152), fundado no art. 65 do Anexo II da Portaria n° 343/2015 (Regimento Interno do CARF RICARF), opostos em face do Acórdão de nº 3803005.553 (fls. 119 a 125), de 26/02/2014, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário. O processo versa sobre a lavratura de auto de infração (fls. 3 a 15) para cobrança de multa regulamentar de R$ 5.000,00, prevista na alínea "e" do art. 107 do Decreto lei n° 37/66, em razão de atraso no provimento de informações acerca da desconsolidação de carga, previsto no art. 17 da IN n° 800/07. O Acórdão embargado foi assim ementado: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 27/06/2008 AGENTE DE CARGA. TRANSPORTADOR. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRAZO. DESCUMPRIMENTO. MULTA ADMINISTRATIVA. SUJEIÇÃO. A agência de cargas desconsolidadora nacional da carga que a si estava consignada atua na categoria de transportador, devendo observar o prazo exigido deste para a prestação da informação da carga transportada, que compreende a desconsolidação. O seu descumprimento enseja a aplicação da multa legalmente prevista. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso." A embargante alega que o acórdão embargado teria incorrido em omissão, o que justificaria a oposição dos embargos (art.65 do RICARF). As seguintes alegações apresentadas no recurso voluntário (fls 82 a 98) não teriam sido apreciadas: "a) o efetivo cumprimento da obrigação acessória, em razão da inclusão provisória do Conhecimento Eletrônico agregado (HBL) n.º 130.805.218.696.863, bem como da antecipação da embarcação, debatido especificadamente nos itens 12 a 20 do Recurso Voluntário; b) a natureza jurídica da responsabilidade por infrações e sua aplicabilidade no caso em tela, debatidos especificadamente nos itens 25 a 31 do Recurso Voluntário; c) a possibilidade ou impossibilidade de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea no presente caso, em especial pela nova redação conferida ao artigo 102, §2º, do DecretoLei 37/1966 pela Lei 12.350/2010, debatido especificadamente nos itens 37 a 41 do Recurso Voluntário, e; Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10711.720910/201119 Acórdão n.º 3301003.195 S3C3T1 Fl. 12 3 d) a possibilidade de redução da penalidade nestes autos e nos autos dos processos administrativos fiscais de n.ºs 10711.722532/201108, 10711.722534/201199, 10711.722536/201188 e 10711.722537/201122, de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em razão do princípio do non bis in idem, debatido especificadamente nos itens 61 a 66 do Recurso Voluntário." Nas fls. 184 a 186, encontrase o despacho, por meio do qual o Presidente 3ª TE/3ª Seção/CARF admitiu os embargos, reconhecendo, entretanto, tão somente a ocorrência da omissão indicada na letra "a" do excerto acima transcrito. É o relatório. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10711.720910/201119 Acórdão n.º 3301003.195 S3C3T1 Fl. 13 4 Voto Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira De acordo com os embargos de declaração (fls. 150 a 152) e o despacho de admissibilidade (fls. 184 a 186), a 3ª TE/3ª Seção/CARF, que proferiu o Acórdão n° 3803005.553 (fls. 119 a 125), teria deixado de apreciar as seguintes alegações contidas no recurso voluntário (fls. 82 a 98): "a) o efetivo cumprimento da obrigação acessória, em razão da inclusão provisória do Conhecimento Eletrônico agregado (HBL) n.º 130.805.218.696.863, bem como da antecipação da embarcação, debatido especificadamente nos itens 12 a 20 do Recurso Voluntário;" De pronto, consigno que nenhuma das duas alegações contidas no excerto acima reproduzido constam no recurso voluntário. Assim sendo, não cabe, em sede de embargos, trazêlas à discussão. Portanto, não conheço dos presentes embargos de declaração, opostos em face do Acórdão n° 3803005.553 (fls. 119 a 125), pois não preenchem os requisitos de admissibilidade previstos no art. 65 do RICARF. É como voto. Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 155DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18470.723116/2013-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Exercício: 2011
IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE. COMPROVAÇÃO
DA RETENÇÃO. DEDUTIBILIDADE.
A dedução de valores retidos só é permitida se o contribuinte tiver o Comprovante de Rendimento Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte emitido pela Fonte Pagadora em seu próprio nome, sendo despiciendo que o contribuinte comprove o recolhimento do tributo retido.
Numero da decisão: 2201-003.443
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar
provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Exercício: 2011 IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE. COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO. DEDUTIBILIDADE. A dedução de valores retidos só é permitida se o contribuinte tiver o Comprovante de Rendimento Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte emitido pela Fonte Pagadora em seu próprio nome, sendo despiciendo que o contribuinte comprove o recolhimento do tributo retido.
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COMPROVAÇÃO DA RETENÇÃO. DEDUTIBILIDADE. A dedução de valores retidos só é permitida se o contribuinte tiver o Comprovante de Rendimento Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte emitido pela Fonte Pagadora em seu próprio nome, sendo despiciendo que o contribuinte comprove o recolhimento do tributo retido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente - Redator designado. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 24/02/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária vereiro de 2017 vereiro de 2017 VERA LUCIA FERNANDES VERA LUCIA FERNANDES FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 55DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata da Notificação de Lançamento nº 2011/705939410573774, fl. 4 a 8, a qual teve origem em procedimento de Revisão de Declaração de Rendimentos da Pessoa Física, relativa ao exercício de 2011, ano-calendário de 2010. A Autoridade Fiscal glosou os valores deduzidos a título de Imposto de Renda Retido na Fonte, no valor de R$ 10.235,66, incidente sobre rendimentos recebidos de Comércio de Papeis São Jorge de Cascadura LTDA, por não atendimento à intimação formulada, cuja ciência de seu por edital, fl. 17. Ciente do lançamento em 08 de março de 2013, fl. 16, tempestivamente, o contribuinte apresentou a Impugnação de fl. 2/3, juntando o comprovante de rendimentos de fl. 10. Sustenta que o citado comprovante é o documento que a Receita Federal orienta solicitar às fontes pagadoras, e que a DIRF é uma declaração interna da empresa, entregue diretamente à Receita, sem qualquer interferência do contribuinte, razão pela qual solicita notificação direta à empresa, com vista à regularização da situação. Em fl. 18 a 20, consta Termo Circunstanciado em que a Autoridade lançadora expressa suas conclusões ao analisar a demanda nos termos da IN RFB 1061/2010, decidindo pela manutenção do lançamento, por entender que o documento apresentado pelo contribuinte não seria suficiente à comprovação efetiva da retenção, em particular por não ter o interessado apresentado dos documentos solicitados na intimação (carteira de trabalho, contrato de prestação de serviço, contracheques, etc). Ciente o contribuinte do Termo Circunstanciado e sem apresentar qualquer manifestação, os autos seguiram para julgamento em 1ª Instância, onde a 21ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo concluiu: (,...) A retenção do imposto pela fonte pagadora cria o direito de o contribuinte compensá-lo com o valor apurado anualmente e, como regra, o comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora é o documento hábil, em razão de sua própria natureza, para comprovar o valor dos rendimentos pagos e do imposto de renda retido na fonte. Entretanto, nos casos em que o beneficiário é gerente, sócio, diretor ou representante da pessoa jurídica pagadora e retentora do imposto, a força probante de tal documento é relativizada e o mesmo deixa de ser suficiente para comprovar a retenção de imposto de renda na fonte, tornando-se necessária a apresentação do documento de arrecadação – DARF com registro do efetivo recolhimento do valor compensado. (...) A sua condição de sócia da fonte pagadora garante à contribuinte o acesso à documentação da empresa, necessária a fazer prova do alegado. Solicitação indeferida. (solicitação de perícia) Destaque acrescido. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 18470.723116/2013-72 Acórdão n.º 2201-003.443 S2-C2T1 Fl. 56 3 Ciente do Acórdão da DRJ, em 24 de junho de 2014, ainda inconformado, o contribuinte apresentou, em 16 de julho de 2014, o Recurso Voluntário de fl. 37/38, pelo qual reitera as alegações já expressas na impugnação e acrescenta os seguintes argumentos: - que a retenção de imposto e feita pela empresa, sendo desta o dever de repassar à Receita Federal o valor Retido; - se a empresa não recolheu o valor de que se apropriou, não é a contribuinte que tem de arcar com esse pagamento, o que a faria lesada duas vezes; - que o fato de ser sócia da empresa em nada altera as alegações trazidas, uma vez que não é sócia gerente e tampouco toma conta da parte contábil da empresa. É o relatório necessário. Voto Vencido Conselheiro Carlos do Amaral Azeredo Por ser tempestivo e por preencher das demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Como visto, a lide administrativa decorre da glosa de valores deduzidos a título de Imposto de Renda Retido na Fonte incidentes sobre rendimentos recebidos da empresa Comércio de Papeis São Jorge de Cascadura Ltda, da qual a recorrente é SÓCIA- ADMINISTRADORA, nos termos das informações de fl. 27, sendo titular de 35% do capital social. A contribuinte trata a citada pessoa jurídica como se a mesma pudesse responder autonomamente pelos seus atos, esquecendo-se que a obrigam os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo, art. 47 da Lei 10.406/2002 (Código Civil). O fato é que os rendimentos recebidos pela recorrente e pelos demais sócios ou funcionários da empresa em questão são resultado do exercício de direitos patrimoniais e demais atividades desenvolvidas por tal pessoa jurídica. Assim, não efetuado o recolhimento de suas obrigações tributárias, decerto que a empresa gera para si vantagem indevida perante as demais concorrentes do seguimento que buscam cumprir com correção suas obrigações fiscais. Tal vantagem, em último caso, agrega-se ao patrimônio dos sócios, mediante distribuição ou capitalização de lucros. É certo que, em linhas gerais, a comprovação do Imposto de Renda Retido na Fonte pode ser efetuada pela apresentação do respectivo comprovante de rendimentos, mas tal possibilidade não pode ser aplicada indistintamente, em particular quando confirmado que o valor retido não foi recolhido e quem está pleiteando o benefício da dedução é exatamente quem teria a obrigação de zelar pela boa administração da pessoa jurídica, o sócio administrador. Fl. 57DF CARF MF 4 Ora, pretender deduzir em sua Declaração de Rendimentos o IRRF não recolhido por sua própria empresa evidencia uma conduta contraditória em relação a outra precedente no tempo. Situação apontada pela doutrina como conduta inadmissível (venire contra factum proprium - proibição do comportamento contraditório), diretamente relacionada ao princípio da vedação de se beneficiar da própria torpeza, cuja reprovação se impõe em homenagem às mais basilares noções de direito e justiça. A alegação da contribuinte em ser duplamente penalizada não tem lastro fático algum, pois quem se beneficiou do exercício da atividade empresarial e do não recolhimento do tributo, como dito acima, foram os próprios sócios. Ademais, acatar o pleito do recorrente importaria, isto sim, imediato prejuízo ao interesse público. Conclusão Tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais acima expostos, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento. Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator Fl. 58DF CARF MF Processo nº 18470.723116/2013-72 Acórdão n.º 2201-003.443 S2-C2T1 Fl. 57 5 Voto Vencedor Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Com o devido respeito, ouso discordar do eminente Conselheiro Relator. Tal dissonância se funda no valor probante de documento acostado ao autos. Vejamos. A presente Notificação de Lançamento (fls 4) decorre de glosa de compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte. Consta da descrição dos fatos e enquadramento legal (fls. 7): Porém, observo às folhas 10 que anexado ao processo tributário administrativo o Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda Retido na Fonte do Ano-Calendário 2010. Segundo o eminente Relator, e a decisão de primeiro grau, tal comprovação, no caso de sócio de pessoa jurídica não é suficiente para permitir que a pessoa física desse sócio se beneficie do suposto imposto de renda retido, salvo se ele - pessoa física - comprovar o recolhimento por parte da pessoa jurídica, esta sim, eleita pela lei, como a responsável tributária sobre a retenção e recolhimento do IRRF. Não observo respaldo na lei para tal entendimento. O Regulamento do Imposto sobre a Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 1999, é claro ao explicitar em seu artigo 87: “Art. 87. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 12): (......) IV – o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo; §2ºO imposto retido na fonte somente poderá ser deduzido na declaração de rendimentos se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos, ressalvado o disposto nos arts. 7º, §§1º e 2º, e 8º, §1º (Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 55) “ Claríssimo o comando legal. A dedução do imposto sobre a renda retido pela fonte pagadora só poderá ser realizada se o contribuinte tiver o comprovante, emitido por tal fonte, emitido em seu nome. Fl. 59DF CARF MF 6 Verifico o documento anexado aos autos. A dedução não pode ser glosada, posto que embasa em documento legalmente exigido. Não se pode imputar ao contribuinte o ônus de comprovar o recolhimento que deve ser efetuado por outrem. Tal exigência, além de desvirtuar o comando legal, imputa ao contribuinte dever da Administração Tributária, este indelegável e como cediço - vinculado a própria atuação da Entidade Tributante. O próprio CTN, ao tratar do sujeito passivo, e novamente cumprindo seu papel constitucional de determinar os sujeitos passivos dos impostos, explicitou no artigo 45, parágrafo único: Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam. Forçoso recordar, por amor à clareza e a metodologia da interpretação científica, que tal comando em tudo e por tudo se coaduna com a determinação codicista da sujeição passiva tributária, que no artigo 121, explicita que são sujeitos passivos, o contribuinte, por ter relação direita com a ocorrência do fato gerador e o responsável, aquele que sem ser o contribuinte, tem a obrigação determinada pela lei. Com esses permissivos constantes da lei quadro tributária, o legislador competente, fez constar na lei tributária a previsão da retenção do imposto sobre a renda, em especial na Lei nº 7.713/88. Em regra, o imposto sobre a renda retido na fonte é mera antecipação tributária, devendo ser o imposto sobre a renda da pessoa física apurado anualmente, por meio da declaração de ajuste anual. Tal constatação, embora conhecida de todos, é importante para fixarmos que o contribuinte e a incidência tributária não se deslocaram com a forma de tributação disposta pela Lei nº 7.713/88, revelando-se, o fonte, mera técnica arrecadatória. Em síntese: Contribuinte é aquele que auferiu renda. Responsável é aquele que pagou o rendimento auferida pelo contribuinte. Ambos sujeitos passivos do imposto sobre a renda, nos termos do artigo 121 do CTN. Não obstante, não se pode esquecer que a pessoa física do sócio não se confunde com a pessoa jurídica da sociedade por ele constituída. Maria Helena Diniz, em sua obra clássica Curso de Direito Civil Brasileiro (1º Volume, Ed. Saraiva, pag.175), define pessoa jurídica como sendo: "a unidade de pessoas naturais ou de patrimônio que visa à consecuçãode certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e de obrigações" Assim não fosse, o direito não teria emprestado personalidade a tal ente, não teria erigido a pessoa jurídica como sujeito de direito e de obrigações, inclusive por vezes, como no caso em tela, preferindo que ela - a pessoa jurídica - ficasse responsável pelo dever de reter e recolher o tributo incidente sobre a renda, ou provento, percebido pela pessoa física, que Fl. 60DF CARF MF Processo nº 18470.723116/2013-72 Acórdão n.º 2201-003.443 S2-C2T1 Fl. 58 7 em face dessa percepção, se torna sujeito passivo do imposto sobre a renda na qualidade -esta sim - de contribuinte. Nesse ponto, importante realçar, como faz a Professora de Direito Civil da PUC de São Paulo (ob. cit), que a natureza jurídica das pessoas jurídicas, segundo a teoria da realidade orgânica, admite que: "ao lado da pessoa natural, que é organismo físico, organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que tem existência própria distinta da de seus membros, tendo por objetivo realizar um fim social" São nessas premissas dogmáticas e legais que se assentam os ditames da responsabilidade solidária tributária das pessoas naturais que se relacionam com a pessoa jurídica, que ao praticar um fato gerador tributário, se torna contribuinte ou responsável pelo tributo a ser recolhido. Nesse sentido, leciona Paulo de Barros Carvalho (Curso de Direito Tributário, Ed. Saraiva, pag. 314) ao comentar o artigo 128 do CTN, que preceitua: "Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação." Leciona, sobre o dispositivo, o Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e da Pontifícia Universidade Católica: "Quanto à fixação de responsabilidade pelo crédito tributário há dois rumos bem definidos: um interno à situação tributária, outro externo. Diremos logo que o externo tem supedâneo na frase excepcionadora, que inicia o período - Sem prejuízo ...- e se desenrola no conceito prescritivo daqueles artigos que mencionamos (129 até 138). O caminho da eleição da responsabilidade pelo crédito tributário depositada numa terceira pessoa, vinculada ao fato gerador, no conduz a uma pergunta imediata: mas quem será essa terceira pessoa? A resposta é pronta, qualquer um, desde que não tenha relação pessoal e direta com o fato jurídico tributário, pois essa é chamada pelo nome de contribuinte." Assim, a responsabilidade do sócio, a pessoal, só ocorrerá nos termos descritos pela Lei. E assim se pronuncia o CTN: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; Fl. 61DF CARF MF 8 III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Logo para que se possa invocar a lei tributária para se imputar a responsabilidade aos sócios - como representante da pessoa jurídica - duas exigências devem estar cumpridas: i) o crédito tributário deve estar constituído: o que não ocorreu no fato em tela, posto que se intimou a recorrente para que ela comprovasse o recolhimento do tributo de responsabilidade de outrem; ii) deve estar comprovado pela autoridade lançadora que houve ato praticado com excesso de poderes ou infração de lei ou contrato social: novamente não houve nenhuma comprovação, por parte do Fisco, da ocorrência de tais condições. A prevalecer a posição da decisão de piso, esposada pelo ilustre Relator, a eleição da pessoa jurídica como responsável tributário deixaria de ser o método mundialmente adotado como fonte de praticabilidade da Administração Tributária, para se transformar em imputação automática de responsabilidade tributária, o que como cediço, só ocorre nos termos posto pelo Código Tributário Nacional, o que não se observou no caso em apreço. Logo, ao reverso de simplesmente glosar a dedução realizar - calçada como visto em documento previsto na lei tributária - deveria a Delegacia da Receita Federal do Brasil competente ter imediatamente tomado as devidas providências no sentido da recuperação do tributo não recolhido e se for o caso de ter sido retido - o que enseja a prática de crime - providenciar a cientificação do órgão competente. Oxalá, tal providência tenha sido tomada. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso de voluntário. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Redator Fl. 62DF CARF MF
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Numero do processo: 12466.721752/2013-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Apr 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 20/01/2009 a 06/01/2012
OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. ORIGEM DOS RECURSOS. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PRESUNÇÃO.
Presume-se a interposição fraudulenta de terceiro nas operações de comércio exterior em que não resta comprovado a origem, disponibilidade e transferência dos recursos financeiros. No caso concreto restou confirmado por meio da contabilidade da recorrente que os recursos financeiros eram repassados pelos interessados nas importações, escriturados a título de antecipação, corroborado por outros documentos.
DANO AO ERÁRIO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. NÃO LOCALIZAÇÃO DAS MERCADORIAS. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA.
Considera-se dano ao Erário a ocultação do real adquirente da mercadoria, sujeito passivo na operação de importação, infrações puníveis com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas.
DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. ADQUIRENTE IDENTIFICADO. OCULTAÇÃO DE PESSOAS. IMPOSSIBILIDADE.
Nas operações por conta e ordem de terceiro para as quais houve a identificação do adquirente na Declaração de Importação, ainda que a título de encomendante predeterminado, não há que se falar na ocultação, mediante fraude ou simulação, de alguma das pessoas referidas no inciso XXII do art. 689 do Regulamento Aduaneiro/2009.
A aplicação de sanção administrativa somente é legítima quando a conduta do administrado corresponde perfeitamente ao dispositivo legal que define a infração, devendo, no caso concreto, a multa ser exonerada parcialmente em relação às importações para as quais não configurada a infração.
INFRAÇÃO ADUANEIRA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. RESPONSABILIDADE DO OCULTADO. INDEVIDA IMPUTAÇÃO DE DISPOSITIVOS DO CTN. ERRO DE DIREITO.
Em se tratando de sanção estritamente aduaneira (pena de perdimento convertida em multa), as normas que devem reger eventual responsabilização do ocultado são aquelas capituladas nos art. 95, inciso I do Decreto-lei n. 37/66 e art. 603, inciso I do Regulamento Aduaneiro, mas jamais dispositivo do CTN (art. 124, inciso I). Erro de direito configurado.
INFRAÇÃO ADUANEIRA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. RESPONSABILIDADE DO OCULTADO. IMPUTAÇÃO DE DIFERENTES E CONFLITANTES DISPOSITIVOS LEGAIS PARA FINS DE RESPONSABILIZAÇÃO. ATO ADMINISTRATIVO VICIADO POR CARÊNCIA DE MOTIVAÇÃO E MITIGAÇÃO AO DIREITO DE DEFESA.
Não obstante o erro de direito em imputar responsabilidade aduaneira com base em dispositivos do CTN, também macula o ato administrativo o fato de a fiscalização, ao conformar a sujeição passiva da empresa ocultada fraudulentamente, valer-se de diferentes e conflitantes dispositivos legais para esse fim (artigos 121, inciso II, 124, inciso I e 136, todos do CTN, bem como art. 603, incisos I e V do Regulamento Aduaneiro). Tal imprecisão legal redunda em ausência de motivação do ato administrativo e cerceamento de defesa em prejuízo do responsabilizado.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-003.883
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso da AST COMÉRCIO INTERNACIONAL, para excluir a multa em relação às declarações de importação nas quais foi informado o nome da adquirente MOTO BRASIL, vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra e Jorge Freire, que negaram provimento, e os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurenttis Galkowicz e Maysa de Sá Pittondo Deligne, que deram provimento integral; e, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da responsável solidária MOTO BRASIL, para excluí-la do polo passivo da autuação. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Jorge Freire e Maria Aparecida Martins de Paula. Designados os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, quanto à questão da responsabilidade solidária e a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, quanto à questão de mérito.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora designada
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Durante o julgamento, proferiu sustentação oral pela responsável solidário a Dra. Rosemeiry Negre da Silva, OAB/GO nº 28.358.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 20/01/2009 a 06/01/2012 OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. ORIGEM DOS RECURSOS. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PRESUNÇÃO. Presume-se a interposição fraudulenta de terceiro nas operações de comércio exterior em que não resta comprovado a origem, disponibilidade e transferência dos recursos financeiros. No caso concreto restou confirmado por meio da contabilidade da recorrente que os recursos financeiros eram repassados pelos interessados nas importações, escriturados a título de antecipação, corroborado por outros documentos. DANO AO ERÁRIO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. NÃO LOCALIZAÇÃO DAS MERCADORIAS. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. Considera-se dano ao Erário a ocultação do real adquirente da mercadoria, sujeito passivo na operação de importação, infrações puníveis com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. ADQUIRENTE IDENTIFICADO. OCULTAÇÃO DE PESSOAS. IMPOSSIBILIDADE. Nas operações por conta e ordem de terceiro para as quais houve a identificação do adquirente na Declaração de Importação, ainda que a título de encomendante predeterminado, não há que se falar na ocultação, mediante fraude ou simulação, de alguma das pessoas referidas no inciso XXII do art. 689 do Regulamento Aduaneiro/2009. A aplicação de sanção administrativa somente é legítima quando a conduta do administrado corresponde perfeitamente ao dispositivo legal que define a infração, devendo, no caso concreto, a multa ser exonerada parcialmente em relação às importações para as quais não configurada a infração. INFRAÇÃO ADUANEIRA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. RESPONSABILIDADE DO OCULTADO. INDEVIDA IMPUTAÇÃO DE DISPOSITIVOS DO CTN. ERRO DE DIREITO. Em se tratando de sanção estritamente aduaneira (pena de perdimento convertida em multa), as normas que devem reger eventual responsabilização do ocultado são aquelas capituladas nos art. 95, inciso I do Decreto-lei n. 37/66 e art. 603, inciso I do Regulamento Aduaneiro, mas jamais dispositivo do CTN (art. 124, inciso I). Erro de direito configurado. INFRAÇÃO ADUANEIRA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. RESPONSABILIDADE DO OCULTADO. IMPUTAÇÃO DE DIFERENTES E CONFLITANTES DISPOSITIVOS LEGAIS PARA FINS DE RESPONSABILIZAÇÃO. ATO ADMINISTRATIVO VICIADO POR CARÊNCIA DE MOTIVAÇÃO E MITIGAÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. Não obstante o erro de direito em imputar responsabilidade aduaneira com base em dispositivos do CTN, também macula o ato administrativo o fato de a fiscalização, ao conformar a sujeição passiva da empresa ocultada fraudulentamente, valer-se de diferentes e conflitantes dispositivos legais para esse fim (artigos 121, inciso II, 124, inciso I e 136, todos do CTN, bem como art. 603, incisos I e V do Regulamento Aduaneiro). Tal imprecisão legal redunda em ausência de motivação do ato administrativo e cerceamento de defesa em prejuízo do responsabilizado. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso da AST COMÉRCIO INTERNACIONAL, para excluir a multa em relação às declarações de importação nas quais foi informado o nome da adquirente MOTO BRASIL, vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra e Jorge Freire, que negaram provimento, e os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurenttis Galkowicz e Maysa de Sá Pittondo Deligne, que deram provimento integral; e, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da responsável solidária MOTO BRASIL, para excluí-la do polo passivo da autuação. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Jorge Freire e Maria Aparecida Martins de Paula. Designados os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, quanto à questão da responsabilidade solidária e a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, quanto à questão de mérito. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora designada (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Durante o julgamento, proferiu sustentação oral pela responsável solidário a Dra. Rosemeiry Negre da Silva, OAB/GO nº 28.358.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 20/01/2009 a 06/01/2012 OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. ORIGEM DOS RECURSOS. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PRESUNÇÃO. Presumese a interposição fraudulenta de terceiro nas operações de comércio exterior em que não resta comprovado a origem, disponibilidade e transferência dos recursos financeiros. No caso concreto restou confirmado por meio da contabilidade da recorrente que os recursos financeiros eram repassados pelos interessados nas importações, escriturados a título de antecipação, corroborado por outros documentos. DANO AO ERÁRIO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. NÃO LOCALIZAÇÃO DAS MERCADORIAS. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real adquirente da mercadoria, sujeito passivo na operação de importação, infrações puníveis com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. ADQUIRENTE IDENTIFICADO. OCULTAÇÃO DE PESSOAS. IMPOSSIBILIDADE. Nas operações por conta e ordem de terceiro para as quais houve a identificação do adquirente na Declaração de Importação, ainda que a título de encomendante predeterminado, não há que se falar na ocultação, mediante fraude ou simulação, de alguma das pessoas referidas no inciso XXII do art. 689 do Regulamento Aduaneiro/2009. A aplicação de sanção administrativa somente é legítima quando a conduta do administrado corresponde perfeitamente ao dispositivo legal que define a infração, devendo, no caso concreto, a multa ser exonerada parcialmente em relação às importações para as quais não configurada a infração. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 17 52 /2 01 3- 42 Fl. 1230DF CARF MF 2 INFRAÇÃO ADUANEIRA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. RESPONSABILIDADE DO OCULTADO. INDEVIDA IMPUTAÇÃO DE DISPOSITIVOS DO CTN. ERRO DE DIREITO. Em se tratando de sanção estritamente aduaneira (pena de perdimento convertida em multa), as normas que devem reger eventual responsabilização do ocultado são aquelas capituladas nos art. 95, inciso I do Decretolei n. 37/66 e art. 603, inciso I do Regulamento Aduaneiro, mas jamais dispositivo do CTN (art. 124, inciso I). Erro de direito configurado. INFRAÇÃO ADUANEIRA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. RESPONSABILIDADE DO OCULTADO. IMPUTAÇÃO DE DIFERENTES E CONFLITANTES DISPOSITIVOS LEGAIS PARA FINS DE RESPONSABILIZAÇÃO. ATO ADMINISTRATIVO VICIADO POR CARÊNCIA DE MOTIVAÇÃO E MITIGAÇÃO AO DIREITO DE DEFESA. Não obstante o erro de direito em imputar responsabilidade aduaneira com base em dispositivos do CTN, também macula o ato administrativo o fato de a fiscalização, ao conformar a sujeição passiva da empresa ocultada fraudulentamente, valerse de diferentes e conflitantes dispositivos legais para esse fim (artigos 121, inciso II, 124, inciso I e 136, todos do CTN, bem como art. 603, incisos I e V do Regulamento Aduaneiro). Tal imprecisão legal redunda em ausência de motivação do ato administrativo e cerceamento de defesa em prejuízo do responsabilizado. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso da AST COMÉRCIO INTERNACIONAL, para excluir a multa em relação às declarações de importação nas quais foi informado o nome da adquirente MOTO BRASIL, vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra e Jorge Freire, que negaram provimento, e os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurenttis Galkowicz e Maysa de Sá Pittondo Deligne, que deram provimento integral; e, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da responsável solidária MOTO BRASIL, para excluíla do polo passivo da autuação. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Jorge Freire e Maria Aparecida Martins de Paula. Designados os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, quanto à questão da responsabilidade solidária e a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, quanto à questão de mérito. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora designada (assinado digitalmente) Fl. 1231DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.231 3 Diego Diniz Ribeiro Redator designado Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Durante o julgamento, proferiu sustentação oral pela responsável solidário a Dra. Rosemeiry Negre da Silva, OAB/GO nº 28.358. Relatório Tratase o processo de Auto de Infração (fl. 3), através do qual a fiscalização, conforme consta no Relatório Fiscal, em relação às 20 (vinte) Declarações de Importação (DI) registradas pela AST, no período de 01/01/2009 a 30/09/2012 (fl. 07/08), o Fisco entendeu estar demonstrada a prática de interposição fraudulenta, com a ocultação do real adquirente das mercadorias, comprador e principal interessado nas operações de importação em questão, infração considerada Dano ao Erário, cabendo a proposição da pena de perdimento das mercadorias, com base no art. 689, inciso XXII, do Decreto n° 6.759/2009. Conclui que, tendo os bens sido remetidos a consumo, foi aplicada a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, conforme art. 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com redação dada pela Lei nº 12.350/2010. A fiscalização aduz ainda que nos procedimentos realizados, a AST desembaraçou diversas mercadorias, acobertadas pelas DI's mencionadas, por ela registradas, simulando serem as operações por conta e risco próprios e por encomenda, no entanto restou provado nos autos que a importação foi por conta e ordem de terceiros, e a adquirente adiantou os valores para que fizesse frente aos pagamentos dos impostos, câmbio e demais despesas. De acordo com o Termo de Sujeição Passiva Solidária de fl. 4, foi considerada responsável solidária a empresa MOTO BRASIL PEÇAS E ACESSÓRIOS LTDA, CNPJ 04.584.726/000170 (doravante denominada de MOTO BRASIL). Ressaltase que em alguns documentos pode estar constando o nome REAL ROLAMENTOS, que é o nome de fantasia da MOTO BRASIL em algumas filiais da empresa. A acusação imputada à Recorrente, se refere a prática de simulação na sistemática da operação de importação, com intuito de manter oculta a verdadeira importadora (MOTO BRASIL), o que é infração identificada como interposição fraudulenta de terceiros, além da evidente utilização de documentos com falsidade ideológica. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, nº 0830.480, prolatada pela 7ª Turma da DRJ em Fortaleza (CE), a seguir transcrito na sua integralidade (fls. 1.107/1.151): "Trata o presente processo de impugnação contra a exigência da multa prevista no art. 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com redação dada pelas Leis nos 10.637/2002 e 12.350/2010, no valor de R$ 1.660.911,15, objeto do Auto de Infração de fls. 0249. Fl. 1232DF CARF MF 4 O procedimento fiscal em questão foi iniciado em 14/08/2012, com diligência no estabelecimento da empresa AST Comércio Internacional Ltda. (CNPJ 32.393.589/0001 21), doravante identificada apenas por AST, quando foram retidos diversos documentos e a empresa intimada, para apresentar outros elementos e prestar esclarecimentos, o que foi atendido apenas parcialmente (fls. 6669). Em decorrência da verificação dos documentos retidos e apresentados, a empresa foi incluída em procedimento especial de fiscalização, nos termos da Instrução Normativa (IN) SRF nº 228/2002 (fls. 9496). A intimação constante do Termo de Início de Ação Fiscal passou por diversas prorrogações e não chegou a ser atendida de forma completa. Da análise dos documentos apresentados restaram indícios de incapacidade financeira da citada empresa e, assim, o exame foi estendido a todas as importações registradas pela AST, no período compreendido entre 01/01/2009 a 30/09/2012. Segundo a autoridade fiscal, a empresa promoveu a importação de diversas mercadorias, simulando ser por conta e risco próprios e por encomenda, visto que a importação foi por conta e ordem de terceiros, tendo a adquirente adiantado todos os valores para que a AST fizesse frente aos pagamentos dos impostos, câmbio e demais despesas. De acordo com a fiscalização, a empresa adquirente, MOTO BRASIL PEÇAS E ACESSÓRIOS LTDA. (CNPJ 04.584.726/000170), doravante identificada como MOTO BRASIL, comprou, por sua conta e ordem, as mercadorias diretamente dos exportadores. Ressalta que, em alguns documentos pode estar constando o nome REAL ROLAMENTOS, que é o nome fantasia da MOTO BRASIL em algumas filiais da empresa. Essa prática de simulação na operação de importação, com intuito de manter oculta a verdadeira importadora (que não constou na DI ou qualquer outro documento apresentado no despacho), é infração identificada como interposição fraudulenta de terceiros, além de ter ocorrido a utilização de documentos com falsidade ideológica. Conforme o relato, as mercadorias foram declaradas e internadas como sendo mercadorias compradas pela AST, que nacionalizou os bens e encaminhou à adquirente em território nacional. Na tabela de fls. 0708, estão relacionadas as Declarações de Importação. A fiscalização chama a atenção para as datas de desembaraço, das notas fiscais de entradas e das notas fiscais das saídas, que são praticamente iguais, indícios de que as mercadorias, quando internadas, já tinham endereço certo para entrega e que nunca foram compradas ou vendidas pela AST. O agente fiscal assevera que a atuação dessa empresa foi de prestação de serviços na internação, nacionalização e encaminhamento das mercadorias à verdadeira compradora (real importadora), que comprou os bens dos exportadores, adiantando todos os valores aplicados nessas importações para que a AST Fl. 1233DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.232 5 pudesse fazer frente aos gastos com o desembaraço das mercadorias. Na tabela de fls. 0809, a fiscalização ressalta as datas de registro, das notas fiscais das saídas, e dos contratos de câmbio, que quando comparadas com as datas dos pagamentos, deixa evidente que sempre existiu o adiantamento feito pela MOTO BRASIL, em datas próximas às dos registros da DIs e aos pagamentos ao exterior. Na sequência, o autuante apresenta diversas comprovações de adiantamentos, feitos pela MOTO BRASIL para a AST, juntando folhas do extrato do Razão Contábil da AST com Contrapartida, obtidos através do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED. Verificando as demais importações da AST, envolvendo outros exportadores e outros adquirentes, da mesma forma, a fiscalização afirma haver identificado diversos indícios que demonstraram a prática de interposição fraudulenta e uso de documentos material e ideologicamente falsos, o que revela que a empresa vem atuando de forma irregular, no comércio internacional, de maneira continuada, adotando a mesma sistemática na forma descrita. De acordo com a fiscalização, a falta de condição financeira da AST para atuar no comércio internacional é evidente, já que ela necessita de adiantamentos dos adquirentes para cumprir com os compromissos de nacionalização de importações que registra como sendo por conta e risco próprios. Essa incapacidade financeira é revelada pelo procedimento adotado no aumento do Capital Social, feito em 2006, quando passou de R$ 100.000,00 para R$ 755.000,00, que justificou como sendo com aquisição de imóvel rural, feito para demonstrar capacidade de pagamento (fls. 116). Acrescenta que o mencionado aumento de capital não altera a condição financeira da empresa, pois o imóvel foi comprado pela própria AST, em 24/05/2006, por R$ 87.360,00 (fls. 106109). O pagamento desse valor naturalmente diminuiu o saldo das disponibilidades e, em seguida, o mesmo Imóvel foi reavaliado em R$ 655.000,00, com base em Laudo (fls. 110112), emitido em 17/04/2006, que sequer foi registrado em cartório, e utilizado para aumentar o capital da empresa (fls. 117119). Diante disso, a fiscalização sustenta que o aumento do capital, formalizado na 21ª Alteração do Contrato Social, foi feito de forma “gráfica” e simulada, sem afetar a situação financeira da empresa. Ainda acerca da situação financeira da AST, a auditoria fiscal apresenta a evolução patrimonial anotada com base nas principais rubricas contábeis. Os valores apresentados são aqueles que constaram nas DIPJs apresentadas e balancete de 01 a 07/2012, e quando comparados o saldo final de 2009 e o inicial de 2010, surgem as primeiras incongruências, visto que, em diversas linhas, os valores estão divergentes. Em conformidade com o relato fiscal, esse quadro é agravado quando se verifica que alguns saldos dos valores registrados em Fl. 1234DF CARF MF 6 realizável em curto prazo (conta de clientes), que deveriam dar sustentabilidade às obrigações mais imediatas, registram valores expressivos a receber de empresas ligadas, demonstrando que efetivamente não estão servindo de lastro de direitos capazes de sustentar o passivo circulante (vide tabela de fls. 1112). A fiscalização realça também o valor registrado no Ativo Circulante, como sendo “ADIANTAMENTOS À NTN”, de R$ 3.856.269,65, valor que foi adiantado pelos adquirentes de rolamentos, os quais pagam antecipadamente as mercadorias, e segue compensado com adiantamentos de clientes, registrados no Passivo Circulante. Outro ponto importante, segundo o AuditorFiscal, é o valor registrado em “Impostos a Recuperar”, com grande crescimento em 2012, que trata de valores referentes ao IPI na Importação, cujo valor não vai ser recuperado (pode ser utilizado unicamente como redutor na apuração do IPI a ser recolhido mensalmente), o que vai influenciar de forma significativa os resultados de 2012. No caso das obrigações tributárias, aparecem em início de 2012 com saldo de R$ 1.166.291,25, demonstrando que a empresa optou por atrasar os recolhimentos para poder fazer frente a outras responsabilidades, indício de falta de condição financeira. Na ótica da fiscalização, todas essas evidências demonstram que a AST não tem condição financeira para atuar no comércio internacional, necessitando dos adiantamentos dos adquirentes, não só nas suas operações por conta e ordem de terceiros, mas em todos os procedimentos, passando, assim, a simular as operações que precisava registrar como sendo por conta e risco próprios e para encomendante, para poder continuar recebendo os benefícios financeiros do FUNDAP. O autuante assevera que, em todas as importações a AST necessitou do adiantamento da MOTO BRASIL para dar continuidade aos procedimentos de nacionalização e pagamento aos fornecedores no exterior, e mesmo nos casos em que registrou importação por encomenda, conforme constatado em outros procedimentos, a AST precisou de adiantamentos da encomendante para poder fazer frente aos seus compromissos com o desembaraço aduaneiro. Nessa forma de agir, acrescenta, os intervenientes falsificaram as faturas comerciais apresentadas à RFB para nacionalização das mercadorias e declararam operações de comércio exterior de forma simulada. Esses documentos e declarações não representam as operações comerciais, pois o importador e comprador dos produtos, nelas indicado, não o é de fato, eis que a AST foi interposta nas relações dos demais envolvidos com o fisco (reais importadores e compradores das mercadorias), permitindo que esses últimos permanecessem ocultos aos olhos da fiscalização. O autuante afirma que os atos praticados pelo importador declarado tiveram como objetivo ocultar a verdadeira interessada nas mercadorias estrangeiras e as demais empresas envolvidas, nas operações de importação em questão, que permaneceram ocultas. Fl. 1235DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.233 7 Segundo a fiscalização, a declaração inexata é fruto de ações praticadas com dolo, pelos importadores e demais envolvidos, que intencionalmente promoveram modificações nas características essenciais da operação de importação, de modo a ocultar a participação do real importador, estando presentes, nos atos praticados, a sonegação, conluio, simulação e a fraude, conforme disposto nos artigos 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502/64. Afirma ainda tratarse de falsidade dos documentos que instruíram os despachos aduaneiros de importação, quais sejam as faturas comerciais e documentos do transporte internacional, pois quem comprou as mercadorias no exterior não foi declarado e a sua identificação e qualidade de real importador obrigatoriamente deveriam estar registradas em todos esses documentos. Nesse sentido, de acordo com o AuditorFiscal, a AST não é a compradora das mercadorias, como quis fazer crer, utilizando documentos ao menos ideologicamente falsos e fazendo declarações inverídicas na Declaração de Importação e quando da comercialização em território nacional. Com base no parágrafo único do art. 1º da IN SRF nº 225/2002, a fiscalização destaca que a importação por conta e ordem de terceiros pode variar na sua complexidade, em função da negociação entre as partes, mas tem por essência o interesse do adquirente em receber suas mercadorias negociadas no exterior, sem o que, a motivação do importador para promover a nacionalização das mercadorias, não existiria. Em decorrência, assevera que, caso a importação deixe de ser efetivamente negociada entre importador e exportador, havendo um terceiro responsável, vinculado à aquisição das mercadorias do exterior, sem que seja consignada sua identificação na DI e nos documentos de instrução, limitandose, a função do importador, a constar apenas nominalmente nos documentos necessários ao despacho aduaneiro, resta evidenciada a ocorrência enquadrada como ocultação do real responsável pela operação, mediante interposição fraudulenta. Aduz que, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o promotor da operação é o real adquirente. Este é o mandante da importação, aquele que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional. Além disso, é o adquirente que pactua a compra internacional e dispõe de capacidade econômica para o pagamento, pela via cambial, da importação, pois é deste que se originam os recursos financeiros. Em seguida, a autoridade fiscal passa a discorrer sobre as modalidades de importação, com base na legislação de regência, mencionando a importação por conta e risco próprios (importação direta), a importação por conta e ordem de terceiros (art. 80, inciso I, da Medida Provisória nº 2.15835/2001 e Instrução Normativa SRF nº 225, de 18/10/2002) e, por fim, a Fl. 1236DF CARF MF 8 importação para revenda a encomendante predeterminado (art. 11 da Lei nº 11.281, de 20/02/2006 e IN SRF nº 634 de 24/03/2006). No tocante à habilitação para atuar no comércio exterior, por meio do Siscomex, esclarece que, além do importador, o adquirente e o encomendante predeterminado que atuam por intermédio de pessoa jurídica importadora também devem se submeter ao procedimento de habilitação, conforme legislação citada, devendo estar vinculados ao importador no Siscomex, mediante a apresentação dos correspondentes contratos. Acerca das empresas envolvidas no procedimento fiscal, a fiscalização aponta a AST, cujas importações, nos seis meses que antecederam o procedimento chegaram a US$ 3.505.310,00 por conta e risco próprios e US$ 3.216.910,00 no que se refere a importações por conta e ordem e por encomenda, valor que extrapolou em muito o seu limite estabelecido, de US$ 55.636,00. AST foi credenciada como interveniente no comércio exterior na modalidade ordinária e sempre se aproveitou dos benefícios financeiros do FUNDAP (Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias, criado pelo estado do Espírito Santo), benefício fiscal concedido às empresas de comércio exterior que estabelecem seu domicílio fiscal no estado. A empresa MOTO BRASIL foi credenciada como interveniente no comércio exterior em 2006 e atualmente consta na modalidade “ordinária”. Intimada a esclarecer e apresentar documentos, não comprovou os pagamentos feitos para a AST e nem esclareceu os procedimentos adotados nas compras das mercadorias (fls. 343 349). No tópico intitulado “Sujeição Passiva”, o relatório faz alusão aos artigos 121, 124 e 128 do Código Tributário Nacional (CTN), ressaltando que contribuintes e/ou responsáveis podem ser coobrigados. Expõe que, na ocultação do sujeito passivo por interposição fraudulenta, ocorre simulação tributária por transferência subjetiva, isto é, estimase que da aplicação do critério subjetivo que permitiria levar a bom termo a sujeição passiva, surja outro que não aquele que deveria ser obrigado ou surja apenas um dos obrigados ao pagamento dos tributos, ocultandose justamente aquele que demonstra a capacidade contributiva. Procurase demonstrar que a empresa AST, que se declarou como importadora, não foi quem comprou as mercadorias no exterior, não pagou pelos impostos e câmbio, pois recebeu adiantamentos da empresa adquirente, para fazer frente aos pagamentos necessários ao desembaraço das mercadorias. Ainda nessa linha, sustenta que não houve qualquer negociação entre as empresas AST e os exportadores, sendo que estes receberam os pedidos feitos pela adquirente e, no ato da preparação dos documentos, incluiu a importadora AST a mando do real comprador e a AST deu continuidade aos procedimentos na forma de interposta pessoa. Em face desses elementos, a fiscalização atesta haver solidariedade entre as empresas. A AST, na qualidade de Fl. 1237DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.234 9 importadora, assumiu a responsabilidade pela declaração registrada no Siscomex. A MOTO BRASIL, interessada nas mercadorias que comercializa, formulou pedidos de compra junto a diversos exportadores. Estes providenciaram os embarques emitindo todos os documentos necessários à internação em território nacional, em nome da interposta pessoa AST, que aceitou essa situação e providenciou o desembaraço das mercadorias para que o real interessado permanecesse oculto aos olhos da fiscalização. Ao tratar da responsabilidade e solidariedade, fazse alusão ao art. 95 do Decretolei nº 37/1966, que preceitua a responsabilidade conjunta tanto daqueles que de alguma forma concorrem para a prática da infração ou dela se beneficiam quanto, especialmente, do importador e do adquirente de mercadoria estrangeira importada por sua conta e ordem, o que é regulamentado pelo art. 603, incisos I e V, do Regulamento Aduaneiro. Sob essa ótica, o agente fiscal defende que houve coordenação entre as empresas reais adquirentes das mercadorias estrangeiras e o importador, que embora tenha declarado operação própria, foi identificado como prestador de serviço em operação por conta e ordem, o que implica que respondam conjuntamente pelas infrações praticadas. O autuante explica que a AST é uma empresa “fundapeana” e tem como principal interesse o aproveitamento de benefício financeiro oferecido pelo Estado do Espírito Santo, prestando serviços para empresas interessadas em nacionalizar mercadorias importadas. A MOTO BRASIL é a empresa compradora das mercadorias no exterior, foi quem colocou pedidos de compra junto aos exportadores. As provas em que se baseia a autuação estão representadas pelos documentos entregues no registro das DIs, aqueles que foram apresentados em atendimentos às intimações, documentos registrados no Sistema Público de Escrituração Digital, sites livres da internet e os obtidos dos sistemas administrados pela RFB, os quais, segundo a fiscalização, permitiram a formação de robusto quadro indiciário e probatório, demonstrando de forma cabal as infrações praticadas e a inexistência da necessária boa fé nas ações dos envolvidos. As constatações são no sentido de que as mercadorias não foram compradas pela AST, assim como de que os impostos e demais despesas foram suportados pela MOTO BRASIL, que adiantou todos os valores para que a AST pudesse cumprir com as obrigações relacionadas com o desembaraço e pagamento do câmbio. O relatório aponta outras constatações: Fl. 1238DF CARF MF 10 a) as mercadorias, que tem itens muito específicos, necessitam de boa estrutura comercial e de distribuição, para a comercialização, incoerente com a atividade da empresa importadora, agindo por conta e risco próprio, pois em sua estrutura não tem departamento de compra e/ou venda, e por esse motivo não tem estrutura suficiente para atuar na forma simulada, indício de que a AST atua por conta e ordem de terceiros, o que foi comprovado com a identificação de quem comprou e quem arcou com os custos das importações em análise; b) considerando as especialidades das mercadorias envolvidas, tornase evidente que a compra no exterior não foi feita pela AST, que atua basicamente na prestação de serviços de nacionalização de mercadorias, não demonstrando estrutura suficiente para administrar essa negociação; c) as importações em questão foram registradas pela AST na sistemática de por conta e risco próprios e as notas fiscais de venda registraram como adquirente a empresa MOTO BRASIL; d) as datas de registro, desembaraço, entrada das mercadorias na AST e de venda desta para a MOTO BRASIL, são muito próximas, o que demonstra que as mercadorias simplesmente passaram pela importadora e imediatamente foram repassadas para a compradora; nos registros contábeis da empresa AST, constam os adiantamentos feitos pela empresa MOTO BRASIL (extratos das folhas de livro razão com contrapartidas, obtidas através do SPED, conforme quadro de fl. 36); Assim, a fiscalização entende estar demonstrada a prática de interposição fraudulenta, com a ocultação do real adquirente das mercadorias, comprador e principal interessado nas operações de importação em questão, infração considerada dano ao Erário, cabendo a proposição da pena de perdimento das mercadorias, com base no art. 689, inciso XXII, do Decreto n° 6.759/2009. Aduz que, tendo os bens sido remetidos a consumo, foi aplicada a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, conforme art. 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com redação dada pela Lei nº 12.350/2010. Em decorrência, conforme o entendimento fiscal, ficou também caracterizada a falsidade ideológica nas faturas comerciais apresentadas para nacionalização das mercadorias, que não representam as verdadeiras operações comerciais, pois o importador nelas indicado não o é de fato, assim como a AST não atua na comercialização dessas mercadorias, simplesmente presta serviços na nacionalização dos bens. A irregularidade foi constatada nos documentos apresentados, acobertando as mercadorias em questão (BL, Packing List e fatura), indicando como importadora a AST, os quais omitem a real compradora das mercadorias (real importadora) e demonstram operações por conta e risco próprios e por encomenda, quando na realidade foi operação por conta e ordem de terceiros. Nesse caso, a penalidade cabível é igualmente o perdimento ou a multa equivalente ao valor aduaneiro, quando não localizada a mercadoria, consoante art. 105, inciso VI, do Fl. 1239DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.235 11 DecretoLei nº 37/1966 (689, inciso VI, do Decreto n° 6.759/2009). A empresa AST foi cientificada do Auto de Infração em 05/06/2013, por meio eletrônico, mediante envio ao domicílio tributário do sujeito passivo, conforme fl. 1052, tendo apresentado a impugnação de fls. 10851092, em 19/06/2013, acompanhada dos documentos de fls. 10931102. A MOTO BRASIL, por sua vez, foi cientificada por via postal, em 27/05/2013, conforme Aviso de Recebimento (AR) de fl. 1054, tendo apresentado a impugnação, em 21/06/2013, às fls. 1056 1080. A impugnação da empresa AST contém as seguintes razões de defesa: 1) para caracterizar as supostas ocorrências o AuditorFiscal fez uso ostensivo de presunções diversas, no intuito de vincular informações desconexas relativas às operações aduaneiras e fiscais, com os tributos pagos conforme normatização, cuja documentação fora entregue voluntariamente pela empresa, para ao final, em equívoco, atingir conclusão desarrazoada; 2) a fiscalização presume incapacidade financeira da empresa sem qualquer fundamento concreto, além de desconsiderar a aquisição legítima de bens por ela realizada para o aumento de seu capital; 3) inverte arbitrariamente o ônus da prova, ignorando a presunção notória de boafé, afirmando que uma das empresas supostamente envolvidas deveria ter comparecido ao procedimento fiscalizatório para elidir a máfé (por ele atribuída); 4) presume que diferenças de valores por ele calculadas, por não se vincularem diretamente, teriam justificativa em uma fantasiosa comissão devida entre as empresas; 5) afirma que empresas terceiras fariam caucionamento financeiro antecipado para subsidiar as importações da impugnante, para, ao depois, contradizerse ao afirmar que tais valores caucionados não seriam suficientes para garantir as operações, novamente reafirmando a suposta incapacidade financeira; 6) presume atraso intencional no pagamento de tributos, que teriam por objetivo desviar os supostos valores para o ativo circulante da empresa, novamente, para municiar a tese de ausência de capacidade financeira; 7) o agente fiscal laborou em equívoco, ao presumir situações inexistentes, objetivando dar sustentabilidade à conclusão de que teria havido a infração de interposição fraudulenta; 8) a empresa sempre possuiu capacidade financeira para realização das operações aduaneiras, o que de plano fulmina a Fl. 1240DF CARF MF 12 hipótese de interposição fraudulenta, e a situação analisada não se amolda a uma empresa de fachada, tal como sugerido no relatório combatido, e sim de uma empresa familiar, de longo histórico no mercado, e que jamais teve qualquer intenção de prejudicar o Erário, o que de fato não ocorreu; 9) acerca da capacidade financeira da empresa autuada, muito embora tenha havido grande esforço da fiscalização para tentar comprovar a alegada incapacidade financeira da empresa, o conjunto probatório demonstra exatamente o oposto; 10) pela documentação já juntada às fls. 6165 e 110112, observase que a empresa possuía um capital social de R$ 755.000,00 desde 25/10/2006, conforme demonstra o Laudo de fls. 110112 e a 21a Alteração Contratual, sendo certo que tais informações eram de conhecimento da RFB desde 10/08/2007, conforme documento de fls. 116119; 11) observandose o histórico de importações apresentado no relatório, verificase que a empresa possuía baixa movimentação anual de importação, em média inferior a dois eventos por mês, constatandose que nenhuma dessas importações, realizadas no período determinado pela fiscalização, sequer chegou a aproximarse da capacidade financeira da empresa, especialmente dos valores integralizados no capital social, revelando sua capacidade financeira para solver suas importações; 12) não há nos documentos constantes dos autos qualquer indício que desabone a capacidade financeira da empresa autuada, senão a simples presunção de que o imóvel utilizado para aumento do capital social não teria o valor declarado e, por isso, em seu entender, seria imprestável; 13) milita ainda em favor da efetiva capacidade econômica da empresa, outro laudo pericial judicial produzido nos autos do processo de n° 024.990.157.497, que tramitou na 3a Vara Cível da Comarca de Vitória, cujo valor atribuído ao citado imóvel integralizado, em abril de 2009 seria de R$ 504.000,00 (quinhentos e quatro mil reais); 14) em nova presunção, a fiscalização afirma que "a empresa optou por atrasar os recolhimentos para poder fazer frente a outras responsabilidades, indíciode falta de condição financeira " sendo flagrante o engendramento realizado pelo Auditor para atingir a conclusão equivocada, no sentido de que empresa não teria capacidade financeira; 15) a fiscalização descreve seu raciocínio utilizando o verbo "optar", que traz a idéia do elemento volitivo da escolha e, também por isso, há flagrante irregularidade na motivação do auto de infração, já que a fiscalização palpita aleatoriamente sobre escolhas que motivaram a vida financeira da empresa; 16) sem a força probante necessária, Auditor finaliza seu raciocínio afirmando que a suposta opção de atraso no tributo, seria indício de incapacidade financeira, ou seja, nada de concreto afirma, nada prova, e, portanto, nada de proveitoso conclui; Fl. 1241DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.236 13 17) ainda no que se refere aos cálculos realizados entre os valores de importação, notas fiscais de entrada e de saída de mercadorias, especialmente as planilhas colacionadas no relatório, constatase que os valores não se conjugam como afirmado pelo autuante e, diante da falta de correlação ou semelhança entre os valores, o Auditor presume, mais uma vez, que os valores somente se diferem em razão de existir uma suposta comissão na diferença apurada; 18) é evidente a utilização de presunções diversas objetivando atingir fim específico, qual seja, o de construir uma ficção, num esforço para criar e "costurar" uma argumentação que vincularia os dados documentais e as presunções realizadas, para embasar o intuito de configurar uma suposta incapacidade financeira que, por corolário lógico, embasaria sua tese de interposição fraudulenta; 19) as razões do auto de infração não subsistem, já que não há documentos ou provas concretas que revelem a incapacidade financeira, sendo evidente a sua capacidade econômica desde antes do período fiscalizado, conforme a alteração contratual e dados contábeis anexados; 20) a conclusão atingida pelo AuditorFiscal na tipificação relativa à adulteração ou falsificação de documentos para o desembaraço aduaneiro, igualmente não se subsiste em sua própria conceituação do elemento do tipo, pois inexistiu falsificação de documentos, tampouco adulteração, não havendo nos autos sequer o apontamento de qual documento teria sido falsificado ou adulterado; 21) exsurge a violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa, já que sem apontar especificadamente qual documentação foi alterada ou falsificada, impedese que a requerida promova sua defesa de forma ampla, sendo certo, de todo modo, que não há conduta típica; 22) todas as operações de importação realizadas seguiram o trâmite legal, passaram pelo crivo da RFB, tiveram o recolhimento dos tributos e encargos de forma escorreita e antecipada, inexistindo qualquer irregularidade tendente a configurar a tipificação de falsificação ou adulteração apontada pela fiscalização; 23) não existiu dolo nas operações, sendo importante ponderarse o histórico profissional escorreito da empresa ao longo de sua vida, tratandose que de empresa sólida, cumpridora de suas obrigações, que sempre atuou no mercado nacional de forma a desenvolver sua função social e contribuir com as exações que lhe foram impostas, possuindo, desde sempre, capacidade econômica comprovada para as atividades realizadas, tanto é assim que todos os impostos foram pagos e não há ações de cobrança em seu desfavor, nem mesmo de terceiros; 24) não há razão para ignorar toda conduta meritória, abonada pela seriedade evidente e pela manutenção, por anos, no acirrado Fl. 1242DF CARF MF 14 mercado de importação, para subitamente tratála como empresa aventureira, ou mesmo inexistente (ilegal), conforme o rigor imposto pela fiscalização no esforço de gerar sua criminalização; 25) considerando que as presunções adotadas pela fiscalização não foram hábeis a demonstrar a ocorrência das infrações requerse a revisão do posicionamento adotado, para anular o auto de infração, requerendo a atribuição de efeito suspensivo à impugnação até o trânsito em julgado da respectiva decisão final administrativa, para darlhe total provimento no sentido de anular o auto de infração, em razão de que este se encontra baseado em presunções inexistentes, bem como em premissas igualmente equivocadas, que não conduzem às infrações apontadas, com a consequente extinção do processo administrativo; 26) por fim, requer juntada dos documentos anexos, que comprovam o quanto alegado. A empresa MOTO BRASIL impugnou a exigência com base nas razões a seguir resumidas: 1) durante longo período, a Secretaria da Receita Federal detectou situações em que empresas faziam uso de interpostas pessoas para praticar fraudes nas importações, fosse com o objetivo de ocultar a origem dos recursos, fosse para sonegar tributos e transferir o risco fiscal para terceiros (laranjas); 2) o fisco foi dotado de instrumento jurídico para combater a ocultação do vendedor ou real adquirente, mas apenas quando isso decorrer de fraude ou simulação e resultar na utilização de recursos sem a comprovação da origem lícita; 3) no caso da impugnante, no entanto, a situação é diferente, eis que, enquanto adquirente de boafé, embora habilitada a atuar no mercado exterior, realizou operações de aquisição de mercadorias no mercado nacional, de empresa regularmente estabelecida, mediante nota fiscal; 4) a autoridade fiscal atribuiu à impugnante a responsabilidade pela falta de capacidade financeira da empresa importadora, como sendo esta um dos principais indícios de interposição fraudulenta; 5) o processo de habilitação para atuar no mercado exterior é exercido exclusivamente pela Secretaria da Receita Federal, observando orientação contida na IN SRF n° 650/2006, dentre elas destacase a demonstração de capacidade financeira, de modo que, atendidas as condições para habilitação, não pode o adquirente de boafé ser responsabilizado pela desídia do fisco que deixou de cumprir o ofício quando da concessão do “RADAR” ao importador; 6) a avaliação da capacidade financeira do importador, depois de realizadas as importações, não pode produzir efeitos nas operações ocorridas anteriormente, pois além de representar ofensa ao princípio da segurança jurídica (mudança de critério jurídico), importaria também no reconhecimento de que o fisco podese valer da própria torpeza ou desídia; Fl. 1243DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.237 15 7) se a empresa AST não dispunha de capacidade financeira para atuar no mercado externo, essa falha somente pode ser creditada à Receita Federal, visto que a precede de exame dessa natureza e, negar esta lógica, seria o mesmo que admitir a usurpação da função pública pelo particular para suprir lacunas deixadas pele agente do Estado; 8) o procedimento adotado nas operações não constitui interposição fraudulenta, pois foram observadas todas as prescrições das respectivas modalidades de importação; 9) o art. 11 da Lei nº 11.281/2006 esclarece que não configura importação por conta e ordem de terceiro a aquisição realizada pelo importador para revenda a encomendante predeterminado; 10) não se venha alegar que a proximidade entre as datas de desembaraço aduaneiro e da entrega dos produtos à compradora constitua infração à legislação aduaneira, pois na importação por encomenda é absolutamente natural que os produtos tenham destinatários certos e definidos, pois se isso não ocorresse a importação seria por conta do próprio importador; 11) de acordo com a Medida Provisória nº 2.15835/2001 e o art. 11, § 1º, da Lei nº 11.281/2006, na modalidade de importação por conta e ordem, o que a lei exige é a observância aos requisitos estabelecidos pela Secretaria da receia Federal e o oferecimento de garantia; 12) tais requisitos e condições devem ser vistos como mera orientação procedimental, observando os limites da lei, pois admitir o contrário causaria ofensa ao princípio da legalidade; 13) o fisco autuou como legislador positivo, impondo restrição que a Lei não contemplou, a ponto de presumir que eventual existência de pagamento em data próxima ao desembaraço aduaneiro possa convolar determinado regime em outro totalmente diferente; 14) a documentação acostada aos autos demonstra que todas as operações ocorreram sob a forma de importação por encomenda e compra direta, pois o importador entabulou toda a negociação no exterior, adquiriu as mercadorias no exterior para revenda à Impugnante, sem que houvesse qualquer participação da impugnante junto ao fornecedor; 15) não foi firmado contrato de prestação de serviços entre a impugnante e a autuada, requisito indispensável nas importações por conta e ordem de terceiros, segundo preceitua a IN SRF nº 225/2002; 16) dentre as exigências estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal, por meio da IN SRF 225/2002, está o contrato firmado entre o importador e o adquirente da mercadoria; Fl. 1244DF CARF MF 16 17) as normas tributárias não podem imiscuirse em conceitos e práticas do direito privado, como se denota do art. 110 do Código Tributário Nacional; 18) quando o comerciante fornece bens que não se encontram disponíveis no mercado, geralmente exigem dos compradores o pagamento integral ou parcial antecipadamente e isso não o transforma em mero prestador de serviço, mas a prática consiste apenas numa segurança a mais para o vendedor de que seu produto terá mercado garantido; 19) na interposição fraudulenta o que está em jogo não são as regras do mercado, mas a ocultação de alguém que não pode aparecer, seja porque não dispõe de origem lícita dos recursos, seja pela vontade deliberada de sonegar os tributos devidos no desembaraço aduaneiro, o que não se verifica no presente caso, pois ambos os intervenientes são habilitados; 20) para identificação da modalidade de atuação do importador, é necessário identificar a natureza da obrigação assumida por ele junto ao comprador, de modo que, se do contrato decorre obrigação de fazer, estarseá diante de uma prestação de serviço (importação por conta e ordem de terceiros), porém se a obrigação é a entrega dos bens, a operação é de venda de mercadoria, ainda que sob a forma de importação por encomenda; 21) o Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que a aquisição de mercadoria importada, no mercado interno, por terceiro de boafé, com a exibição de nota fiscal fornecida por firma regularmente estabelecida, não autoriza a pena de perdimento do bem, imposta em decorrência de sua entrada irregular no país; 22) a aquisição, no mercado interno, de mercadoria importada, mediante nota fiscal emitida por firma regularmente estabelecida, gera a presunção de boafé do adquirente, cabendo ao Fisco a prova em contrário, pois, feitos os pedidos, a impugnante não teria como controlar a atuação da fornecedora, já que não possui poderes investigativos próprios das autoridades fiscais; 23) caso houvesse feito pagamentos a título de adiantamento a fornecedor, não teria como saber se tais recursos seriam utilizados para fechamento do câmbio, satisfação dos tributos e demais despesas inerentes às importações; 24) é praxe no mercado que as empresas exijam, quando da venda de um produto, um adiantamento para formalizar a negociação, não sendo raras as situações em que as empresas que adquirem mercadorias, a título de fluxo de caixa, efetuem adiantamentos para minimizar os desembolsos em determinado período; 25) o fato de a impugnante ter realizado adiantamentos para a empresa autuada não pode, por si só, fazer com que aquela seja solidariamente responsável por eventual infração cometida por esta ou transformar uma operação de encomenda em prestação de serviços; Fl. 1245DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.238 17 26) em muitas situações as empresas fornecedoras somente adquirem suas mercadorias das indústrias ou no mercado exterior depois de terem a garantia da comercialização segura, o fazendo a partir dos pedidos dos clientes, com os consequentes adiantamentos dos pagamentos, até como forma de garantir a efetivação dos negócios; 27) a atuação do comprador no mercado interno é limitada, pois não tem o poder de interferir no planejamento do seu fornecedor, ou seja, para ele não interessa e não tem como saber se as mercadorias já estão ou não em estoque, bastando apenas que, nas datas combinadas, os produtos sejam entregues; 28) a responsabilização da Impugnante pela penalidade infligida à empresa autuada somente teria lugar caso o fisco houvesse comprovado cabalmente fraude ou simulação por parte dos intervenientes, de forma intencional (dolosa), objetivando determinado benefício e, em consequência, causando dano ao erário federal; 29) a norma dirigida a combater a interposição fraudulenta tem, por desiderato, dentre outros, inviabilizar a lavagem de dinheiro e a sonegação de tributos, conforme se extrai da Portaria MF n° 350/2002; 30) a repressão a cargo dos entes estatais somente se justifica em relação às operações impregnadas de irregularidades e circunscritas à ocultação da origem dos recursos e dos responsáveis por eventual infração fiscal, condições estas que não se fazem presentes no caso em debate; 31) a penalidade aqui aplicada deve ser utilizada para inibir as condutas dolosas, voltadas para ocultar o real importador que pretende utilizar recursos de origem duvidosa e o faz por meio de fraude ou simulação; 32) além de não haver prova da ocultação do real adquirente, razão nenhuma teriam os envolvidos para a prática de simulação ou fraude, porque não haveria interesse em declarar o valor da operação diferente do efetivamente praticado pelo importador e a Impugnante não tinha motivo para ocultar a origem dos seus recursos, ou seja, não lhe traria nenhum benefício com suposta interposição; 33) inexiste qualquer razão para que se possa apenar a impugnante, eis que não concorreu, tampouco se beneficiou, da suposta infração; 34) é inaplicável o disposto no art. 124 do CTN, como fundamento legal para a lavratura do Termo de Sujeição Passiva Solidária, pois não há nada que vincule a impugnante ao fato gerador de qualquer obrigação tributária relativa à importação, existindo provas que servem para atestar que ela manteve, no mercado interno, relações negociais com a AST, o que caracteriza não interesse comum, mas sim interesse contraposto, afastando, pois, a responsabilidade solidária; Fl. 1246DF CARF MF 18 35) não se pode aplicar à situação em comento o disposto no art. 124, inciso II, do CTN, c/c art. 95, do DecretoLei n° 37/1966, pois, há que restar demonstrada a existência de um liame entre a ocorrência do fato gerador do tributo e/ou da penalidade e a pessoa incluída na relação obrigacional; 36) não se trata de supressão ou redução de tributos e, dessa forma, não há vinculação com o fato gerador de qualquer obrigação tributária, falecendo previsão legal para vincular a impugnante à penalidade imposta; 37) no caso de adquirentes de produtos importados, ainda que a importação desses bens houvesse gerado prejuízo tributário, não existiria esse liame (vinculação com o fato gerador do tributo), isto é, não haveria interesse algum do comprador para com o seu fornecedor no tocante à supressão de tributos, visto que a obrigação deste é entregar o produto no mercado interno, sendo irrelevante, para quem adquire, a forma pela qual irá recebêlo; 38) o sujeito passivo da obrigação tributária deve ser aquele que praticou o ato descrito como núcleo do "fato gerador", ao qual é imputável autoria do fato imponível, de modo que, o substituto tributário, em face da disciplina da legislação tributária (CTN, art. 128), deverá ser sempre alguém "vinculado" ao "fato gerador", sendo de todo incabível que algum devedor (estranho em relação ao ato imponível) substitua outro que ainda não seja contribuinte relativamente à operação considerada; 39) a impugnante não teve nenhum vínculo com tributos cujo fato gerador é a importação, visto que se limitou a adquirir produtos de empresa regularmente estabelecida no mercado interno, sendo que com ela não possui nenhuma ligação que lhe autorize gerir sua atividade; 40) cobrar do adquirente de mercadorias estrangeiras no mercado interno, a responsabilidade por qualquer infração com relação à importação geraria severa insegurança jurídica nos negócios, pois as importadoras, ao venderem seus produtos, não conseguiriam provar aos seus clientes a regularidade do procedimento de importação, tornando a compra de produtos importados a mais instável possível; 41) não se pode exigir do adquirente de mercadoria estrangeira, no mercado interno, a qual foi originariamente comprada em firma regularmente estabelecida, a cautela de averiguar, antes de efetuar a compra, se a mercadoria entrou legalmente no País ou pesquisar sobre a regularidade ou não do alienante, bastando que a compra seja feita com expedição de notas fiscais, que é o único documento exigível nestas aquisições; 42) ao adquirente, operase a presunção de que, ao contratar com empresa importadora regularmente estabelecida, os produtos comprados são tidos como ingressados de forma legal no mercado interno; 43) inexistem elementos de participação da impugnante nas supostas irregularidades cometidas pela empresa importadora, daí por que a boafé há de ser presumida, diferentemente da má fé que, via de regra, sempre carece de comprovação; Fl. 1247DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.239 19 44) é inaplicável a responsabilidade prevista no art. 95 do Decretolei nº 1.455/1976, pois de acordo com as provas dos autos, a transação comercial entre a autuada e a Impugnante se deu no mercado interno; 45) a primeira providência a cargo da fiscalização seria identificar a existência de recursos financeiros, em relação aos quais a Impugnante não lograsse comprovar a origem; 46) ao invés de a fiscalização combater fraudes causadoras de dano ao erário, ocupouse de aplicar a pena capital em razão de suposto adiantamento de recursos, como se esta prática fosse vedada pelo direito brasileiro; 47) basta examinar os parágrafos do art. 81 da Lei 9.430/1996, para certificarse quanto à preocupação do legislador em evitar o emprego de recursos sem origem nas operações de comércio exterior; 48) a pena de perdimento ou multa de igual valor somente deve ser aplicada quando a autoridade fiscal comprovar o dano ao Erário, o que não ocorreu, razão pela qual impõese o cancelamento não só do Termo de Sujeição Passiva, mas de todo o lançamento tributário; 49) ainda que assistisse razão à fiscalização, o lançamento não poderia subsistir, pois, teria ocorrido erro quanto à imputação da penalidade, visto que, a partir do advento da publicação da Lei n° 11.488/2007 art. 33 foi instituída, para o real importador de mercadorias destinadas a terceiro oculto, a penalidade de 10% sobre o valor da mercadoria, em substituição à multa de que trata o art. 23, inciso V, do Decreto n° 1.455/1976; 50) por fim, requer seja afastada a responsabilidade solidária da Impugnante ou declarado nulo o auto de infração do qual decorre o termo de sujeição passiva. Conclusos, os autos foram encaminhados a este órgão julgador. É o relatório. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 20/01/2009 a 06/01/2012 AUTO DE INFRAÇÃO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. DEVIDO PROCESSO LEGAL. DIREITO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. Tendo em vista que o procedimento fiscal se desenvolveu mediante o cumprimento das formalidades legais, estando Fl. 1248DF CARF MF 20 consubstanciado em auto de infração contendo alentada descrição dos fatos e os fundamentos legais da exação, em observância ao princípio do devido processo legal, assegurandose o exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa, resta infundada a arguição de nulidade. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 20/01/2009 a 06/01/2012 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE. MULTA. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, consiste em infração punível com a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 20/01/2009 a 06/01/2012 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Responde pela infração quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie bem como o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Posto isto, vamos às Intimações e aos Recursos Voluntários. A Recorrente (AST Comércio Internacional Ltda) foi regularmente intimada em 12/08/2014 (cópia recibo AR Correios, fl. 1.162). Em 29/08/2014 (recibo SVA fls. 1.184/1.185), apresentou seu Recurso Voluntário de fls. 1.165/1.175. A empresa MOTO BRASIL Peças e Acessórios Ltda (MOTO BRASIL), foi intimada em 13/08/2014 (cópia do AR Correios, fl. 1163). Em 06/09/2014 (protocolo fl. 1.190), apresentou seu Recurso Voluntário de fls. 1.190/1.214. Ambas Recorrentes AST e MOTO BRASIL, em suas razões recursais, renovaram os argumentos sustentados na fase de Impugnação. Quanto a Recorrente AST, reforça com as seguintes razões, em resumo: (i) alega que não há nenhuma mácula nas importações realizadas com lastro nas DI´s objeto destes autos. Que o Fisco, para caracterizar as supostas ocorrências das infrações citadas (I e II), fez uso de presunções diversas no intuito de vincular informações desconexas relativas às operações aduaneiras e fiscais; (ii) da necessidade de reforma do julgado e da anulação do auto de infração, pelas seguintes razões: a) da inexistência de adiantamentos para importação; Fl. 1249DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.240 21 b) da capacidade financeira da empresa autuada e da inexistência de interposição fraudulenta; c) da inexistência de adulteração ou falsificação; d) da inexistência do dolo nas operações da empresa. (iii) solicita a reforma do acórdão guerreado para anular o auto de infração, em razão de que este se encontra baseado em presunções fáticas inexistentes, que não conduzem às infrações capituladas como “INFRAÇÕES I e II”; (iv) que seja atribuído ao presente recurso o efeito suspensivo, suspendendo os efeitos das consequências da lavratura do auto de infração, até o trânsito em julgado; Quanto a MOTO BRASIL, em seus fundamentos, reitera integralmente as razões de sua peça impugnatória, alegando ser a mais clara expressão da verdade dos fatos e dos aspectos legais que dão os contornos de suas atividades. Argumenta, ainda o que segue: (i) Da improcedência do Termo de Sujeição Passiva Solidária: a Recorrente, enquanto adquirente de boafé, embora habilitada a atuar no mercado exterior, realizou operações de aquisição de mercadorias no mercado nacional, de empresa regularmente estabelecida; que o processo de habilitação para atuar no mercado exterior (RADAR) é exercido exclusivamente pela RFB, observando rigorosa orientação contida na IN SRF n° 650/2006, dentre elas destacase a necessária demonstração de capacidade financeira, prevista no art. 5º, inciso IV; cumpridas as condições para habilitação, não pode o adquirente de boafé ser responsabilizado pela desídia do fisco que deixou de cumprir com seu oficio quando da concessão do RADAR ao importador; que a proximidade entre as datas de desembaraço aduaneiro e da entrega dos produtos à compradora constitua infração à legislação aduaneira, pois representa apenas procedimento gerencial do comerciante; a Recorrente, enquanto empresa adquirente das mercadorias, teria feito adiantamento dos pagamentos, e que esses valores eram utilizados pela autuada para fechamento do câmbio, satisfação dos tributos e demais despesas inerentes às importações; todavia, não passa de divagações, fruto da mente "criativa" do Fisco, e, por isso, não pode depor contra a Recorrente, pois ela, como dito alhures, não tinha conhecimento de que os pagamentos realizados, a título de adiantamento a fornecedor, seriam utilizados para essa finalidade, se é que de fato isso realmente ocorreu; é praxe no mercado que as empresas exijam, quando da venda de um produto ou mercadoria, um adiantamento para formalizar a negociação. De outra parte, não é raro as situações em que as empresas que adquirem mercadorias também, a título de fluxo de caixa, efetuem adiantamento para minimizar os desembolsos em determinado período. Além do que, os pagamentos antecipados são feitos mediante desconto no preço do produto, o que é absolutamente normal; Fl. 1250DF CARF MF 22 portanto, o fato de a Recorrente ter realizado adiantamentos para a empresa autuada não pode, por si só, fazer com que aquela seja solidariamente responsável por eventual infração cometida por esta; inexiste qualquer razão plausível para que se possa, de qualquer forma, penalizála, eis que ela não concorreu, tampouco se beneficiou, da suposta infração cometida pela empresa autuada, se é que infração realmente houve. (ii) Da não incidência da hipótese prevista no art. 124 do CTN: para afastar a responsabilização da Recorrente, passase, de agora em diante, a demonstrar a inaplicabilidade, no caso em espécie, do disposto no art. 124 do CTN, fundamento legal para a lavratura do Termo de Sujeição Passiva Solidária contido nos autos. não se pode aplicar à situação em comento o disposto no art. 124, inciso II, do CTN, c/c art. 95, do DecretoLei n° 37/1966, pois, nessa hipótese, também há que restar demonstrada a existência de um liame entre a ocorrência do fato gerador do tributo e/ou da penalidade e a pessoa incluída na relação obrigacional; portanto, não há se falar em solidariedade entre a autuada e a Recorrente, pois o fato de esta apenas adquirir mercadorias daquela no mercado interno, efetuando os pagamentos dos preços convencionados, não pode justificar sua sujeição passiva; no que concerne à importação por conta e ordem de terceiro, a MP n° 2.158 35/2001, assim como prever a Lei n° 11.281/2006, apenas confere à Secretaria da Receita Federal poderes para estabelecer requisitos e condições, bem como fixar garantias, mas sem extrapolar os limites da lei; (iii) Do erro quanto à aplicação da penalidade com efeito, a partir do advento da publicação da Lei n° 11.488/2007, foi instituído, para o real importador, a penalidade de 10% sobre o valor da mercadoria, em substituição à multa de que trata o art, 23, inciso V, do Decreto n° 1.455/1976; assim, caso se entenda por correto o entendimento do Fisco, no sentido de que a efetiva importadora teria sido a Recorrente, contra tal empresa, portanto, a multa que deveria ter sido lançada seria aquela prevista no art. 33 da Lei n° 11.488/2007, e não aquela outra, ou ambas, em respeito e obediência ao princípio da interpretação benigna, gravado no art. 112 do CTN, e ao princípio do non bis in idem, que no direito aduaneiro está albergado nos arts. 99 e 100 do DecretoLei n° 37/1966. À vista de todo o exposto, requer que seja acolhido o presente Recurso e, no mérito, julguese por sua procedência para que seja afastada a sujeição passiva solidária aplicada e, consequentemente, o respectivo débito fiscal reclamado. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Waldir Navarro Bezerra – Relator 1. Da admissibilidade dos recursos Fl. 1251DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.241 23 Dada a hipótese de solidariedade na responsabilidade por infração à legislação aduaneira apontada na autuação fiscal, as razões de contestação apresentadas por um dos acusados em princípio aproveitam ao outro autuado, com exceção de eventuais alegações de caráter pessoal que possam importar na caracterização de dolo específico. Posto isto, passase ao exame dos recursos voluntários apresentado pela AST e pela MOTO BRASIL, que são tempestivos e atendem os pressupostos de admissibilidade, devendo, portanto, serem conhecidos. 2. Do pedido de efeito suspensivo à impugnação feito pela AST Uma vez que é efeito automático do Recurso Voluntário a suspensão da exigibilidade do crédito lançado, por força do art. 151, inciso III, do CTN, e do art. 33 do Decreto nº 70.235/72, descabe qualquer providência do Órgão julgador (CARF) quanto ao pedido levado a efeito pela AST nesse sentido. 3. Da preliminar de nulidade do Auto de Infração A recorrente AST, alega em seu recurso que deve se "reformar o acórdão guerreado para anular o auto de infração, em razão de que este se encontra baseado em presunções fáticas inexistentes, bem como em premissas igualmente equivocadas, que não conduzem às infrações capituladas como INFRAÇÕES I e II". O enquadramento legal descrito na peça vestibular do inciso do art. 23, V, do Decretolei nº 1.455/76, que se fundamenta a autuação, há que se destacar que o Relatório Fiscal/Folha de continuação do Auto de Infração é parte integrante do auto de infração, consistindolhe em parte anexa (fls. 05/49). Assim, o auto de infração distingue, objetivamente, duas infrações que teriam sido praticadas nas operações apuradas, a saber (fls. 46 e 48 do AI): a) (infração 001) Art. 23, inciso V, e parágrafos 1º, 2º e 3º, do DecretoLei nº 1.455/76, com redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637/02 e Lei nº 12350/10, regulamentado pelo art. 675, inciso II e 689, inciso XXII e § 6º, do Decreto nº 6.759/09, arts. 94, 95 e 96, inciso II e III, do DecretoLei nº 37/66; arts. 25 e 27 do DecretoLei nº 1.455/76, regulamentados pelos arts. 673, 674, 675, inciso II e IV, 701 e 774 do Decreto nº 6.759/09; art. 73, §§ 1º e 2º da Lei nº 10833/03. b) (infração 002) Art. 105, inciso VI, do DecretoLei n°37/66 e arts. 23, inciso IV e § 1º, e 24 do DecretoLei n° 1.455/76 (alterado pela Lei nº 10.637/02), regulamentado pelo Decreto nº 6.759/09 art. 689, inciso VI e § 3ºA (incluído pelo Decreto nº 7213/10); arts. 94, 95, 96, inciso II e III do DecretoLei nº 37/66, e arts. 25 e 27 do DecretoLei nº 1.455/76, regulamentados pelos arts. 673, 674, 675, inciso II e IV, 701 e 774 do Decreto nº 6.759/09. Desta forma, também no Relatório Fiscal que é parte integrante do auto de infração, observase tópico exclusivo quanto ao Enquadramento Legal da Infração 001 e 002 da conduta autuada às fls. 41/48, onde se observa a precisa indicação do tipo infracional, restando infundada a alegação da recorrente, uma vez que se encontra reproduzido o texto do art. 23, V, §§ 1º e 2º e 3º, do Decretolei nº 1.455, de 1976, dentre outros. Portanto não assiste razão a Recorrente neste tópico. Fl. 1252DF CARF MF 24 E mais. O ato de lançamento, entendido como procedimento administrativo voltado à constituição do crédito tributário, deve obedecer a imperativos de forma que garantam a sua conformação jurídica, o que ocorre perfeitamente no caso dos autos. Quanto à alegação da ausência de prova para a conduta descrita, observo vasta colação de elementos probatórios trazidos aos autos entre as fls. 3/1.048, cabendo a análise de sua valoração quanto aos fundamentos fáticos e jurídicos do lançamento, matéria atinente ao exame de mérito do litígio, que se dará em ocasião oportuna, posterior ao exame das questões de ordem preliminar. Quanto ao auto de infração, o mesmo teve origem em auditoria realizada pela Fiscalização da Receita Federal, fartamente detalhada em relatório fiscal, onde consta a motivação para o lançamento e as provas que conduziram a autoridade fazendária a lavratura do auto de infração. A Recorrente foi cientificada da exigência fiscal e apresentou impugnação que foi apreciada em julgamento realizado na primeira instância. Irresignada com o resultado do julgamento da autoridade a quo, protocolou recurso voluntário, rebatendo as posições adotadas no acórdão recorrido, combatendo as razões de decidir daquela autoridade, portanto, as motivações para o lançamento, bem como, as do julgamento na primeira instância foram claramente identificadas. Com todo este histórico de discussão administrativa, não se pode falar em cerceamento de direito de defesa ou quaisquer outros vícios no lançamento ou no julgamento da primeira instância, todo o procedimento previsto no Decreto 70.235/72 foi observado, tanto o lançamento tributário, bem como, o devido processo administrativo fiscal. Pela leitura do auto de infração, constatase que o Auditor Fiscal não só descreveu de forma suficientemente objetiva e cristalina os fatos o enquadramento legal e normativos, como teceu importantes lições sobre o próprio controle aduaneiro e ainda sobre o comércio internacional e as partes eventualmente envolvidas, o que contribuiu, decisivamente, para a exata compreensão da autuação. Ou seja, não verifico uma dúvida sequer relativa aos fatos narrados pela fiscalização, e tampouco sobre o enquadramento legal e/ou normativo adotado. Apenas para um melhor esclarecimento sobre o assunto, transcrevese o dispositivo que rege a matéria no processo administrativo fiscal. Prescreve o art. 59 do Decreto nº 70.235/72, com a nova redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º (...). Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. No âmbito da Receita Federal do Brasil, a Instrução Normativa SRF nº 228, de 2002 e a Instrução Normativa RFB nº 1.169, de 2011, foram editadas para disciplinar os procedimentos de fiscalização aduaneira visando a verificação de eventuais operações no comércio internacional realizadas com indícios de interposição fraudulenta de terceiros. Enfim, a interposição fraudulenta aduaneira exige como pressuposto pelo menos a ocorrência de um Fl. 1253DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.242 25 ilícito antecedente, a ser verificado em processo administrativo regular, em atenção ao disposto nas Instrução Normativa citadas. O auto de Infração devese ter como premissa indelével a necessidade de atendimento aos requisitos mínimos de formação válida do ato administrativo fiscal, requisitos estes expressamente determinados pelo artigo 142 do Código Tributário Nacional, e artigos 9º, 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72. Deste modo, não merece guarida a alegação de nulidade, uma vez que foram cumpridos tais requisitos legais, não se enquadrando, portanto, em nenhum dos requisitos do citado art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Por isso, rejeito a preliminar de nulidade. 4. Do responsável solidário De acordo com o Termo de Sujeição Passiva Solidária de fls. 04, foi considerada responsável solidária a empresa MOTO BRASIL PEÇAS E ACESSÓRIOS LTDA (MOTO BRASIL). Segundo o Fisco, a MOTO BRASIL é a empresa (real) compradora das mercadorias no exterior, foi quem identificou a sua necessidade e colocou pedidos de compra junto a AST. Os julgadores decidiram que a luz do art. 95, do Decretolei nº 37, de 1966 (art. 603, I e II do Regulamento Aduaneiro), restando comprovado que outra pessoa participou ou se beneficiou da infração, o Fisco não pode escolher apenas uma delas para autuar. A solidariedade entre os agentes ou beneficiários da infração decorre da Lei e tem como objetivo proporcionar maior segurança aos interesses públicos, inclusive no tocante à eficácia da norma punitiva. Nesse caso, ainda que o sujeito passivo solidário possa responder pela dívida em conjunto ou isoladamente, o lançamento deve ser contra ambos, de forma que a obrigação deles fique devidamente formalizada, consoante determina a Portaria RFB nº 2.284/2010. A opção legal sobre como eles vão responder efetivamente pela dívida diz respeito à fase de satisfação do crédito. A lei dispõe que os responsáveis solidários pela dívida podem responder em conjunto ou isoladamente, para satisfação do crédito tributário. Vejase a reprodução do art. 95, do Decretolei nº 37/66 (grifamos): Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) VI conjunta ou isoladamente, o encomendante pre determinado que adquire mercadoria de procedência estrangeira Fl. 1254DF CARF MF 26 de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006). Com os argumentos aduzidos a título de ilegitimidade passiva pretende a MOTO BRASIL demonstrar que não tem interesse na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Na importação realizada com interposição fraudulenta de terceiro, em que for identificado o real adquirente da mercadoria, tanto o importador oculto como o ostensivo podem ser qualificados como o contribuintes dos tributos e das penalidades incidentes nas operações. No entanto, as questões depende essencialmente da análise do mérito do litígio. Em verdade, tratase de perquirir a legitimidade das litigantes para compor o polo passivo da relação de direito material, consistente no cumprimento da obrigação tributária principal relativa ao pagamento da penalidade pecuniária (art. 121 do CTN), sendo impossível afirmar ou afastar essa legitimidade num exame preliminar, sem que se adentre nas questões de mérito. Assim, a arguição atinente à ilegitimidade passiva será, ainda, apreciada quando do exame do mérito, por estar a ele intimamente associada. 5. Do MÉRITO do Auto de Infração Primeiramente, ressaltese que a análise e julgamento dos argumentos apresentados nos recursos foram reunidas e agrupadas por temas semelhantes, de forma lógica e sistematizada, com o fito de, a uma, elencar todos os pontos impugnados; a duas, evitar duplicidades ou redundâncias temáticas e, a três, permitir a congruência dos diversos argumentos articulados. O cerne da lide diz respeito à aptidão de provas trazidas pelo Fisco para demonstrar que houve a infração de Dano ao Erário por "ocultação do real adquirente das mercadorias, mediante fraude ou simulação", em relação às 20 (vinte) Declaração de Importações efetuadas pela empresa AST, nos anos de 2009 a 2012, constantes da tabela contida às fls. 08/09; infração prevista no art. 23, V, e §§1º, 2º e 3º, do DecretoLei nº 1.455/1976, convertendose em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. 5.1 Dos adiantamentos de recursos para as operações de importação. Alega a AST, que importou mercadorias para posterior revenda no mercado interno na modalidade "importação por conta e risco próprios e por encomenda”, e essa relação jurídica tinha como lastro econômico o acervo patrimonial da Recorrente, comprovado em sua escrituração contábil, informado previamente à RFB e corroborado por laudo pericial particular e outro constante de processo judicial. Que de fato, a empresa comercializava diversos produtos importados, muitas vezes para as mesmas empresas, o que fazia com que vendas, nota fiscal, depósitos ou pagamentos totais tivessem datas próximas, gerando confusão até mesmo internamente de datas e suas respectivas vinculações negociais. Aduz que a indignação da fiscalização é com a capacidade de negociação e logística da empresa, que com a velocidade e objetividade inerentes ao setor privado, realizava suas vendas com celeridade. Fl. 1255DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.243 27 Alega que nunca houve adiantamento para pagamento antecipado de mercadorias. Todos os valores transferidos à recorrente pela MOTO BRASIL, eram realizadas a título de pagamento exclusivamente após a emissão de nota fiscal de compra e venda, com a mercadoria já desembaraçada. De outro giro, verificase que o Fisco em seu Relatório aponta na direção de ter havido interposição, uma vez que existem diversos adiantamentos realizados pela MOTO BRASIL para a AST, conforme quadro demonstrativo de fls. 8/9, através do qual se observa que, comparandose as datas de registro das DI´s e das notas fiscais de saída, fica evidenciado que diversos depósitos foram feitos da MOTO BRASIL para a AST para cobrir as despesas relativas a DI´s, inclusive com os impostos e as aquelas pagas na manipulação inicial das mercadorias. Consta do Relatório Fiscal à fl. 9, que, "(...) As antecipações feitas pela MOTO BRASIL na maioria, foram distribuídas em dois depósitos diretamente em conta corrente da AST, e um pagamento de duplicata. Em alguns adiantamentos, na contabilidade da AST, constou em nome da REAL ROLAMENTOS, esse é o nome fantasia verificado em algumas filiais da MOTO BRASIL. Para comprovação desses fatos apresentamos folhas de extrato do Razão Contábil da AST com Contrapartida (obtidos através do SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL SPED), onde, constaram a maioria dos adiantamentos feitos pela MOTO BRASIL". Tais dados estão comprovados documentalmente, conforme folhas do processo indicadas no citado quadro de fls. 8/9. As antecipações feitas pela MOTO BRASIL ocorreram através de diversos depósitos em valores normalmente não muito expressivos, mas cujo somatório é suficiente para o pagamento das importações. Isso demonstra que a AST não tinha condição financeira para atuar no comércio internacional, somente honrando os compromissos de importação com o numerário fornecido por terceiros, que posteriormente vieram a ser os adquirentes dos produtos importados, o que não consiste em mera coincidência, mas revela o interesse direto dessas empresas nas operações de importação. Apontase valor registrado no Ativo Circulante, como sendo “ADIANTAMENTOS” R$ 3.856.269,65, que foi adiantado pelos adquirentes das mercadorias, os quais pagaram antecipadamente pela aquisição, sendo compensado com adiantamentos de clientes, registrados no Passivo Circulante (fls. 11). Verificase às fls. 08/09, em todas as importações em causa, a AST necessitou de recursos financeiros da empresa MOTO BRASIL, fornecidos, pelo menos em parte, antes mesmo do registro das Declarações de Importação relativas a produtos que vieram a ser adquiridos pela própria MOTO BRASIL. Sem possuir numerário suficiente, inferese que AST utilizou tais recursos para efetivar a nacionalização dos bens (pagamento aos fornecedores no exterior e despesas com o desembaraço aduaneiro, pagamentos dos impostos, câmbio e outras). Há comprovações de adiantamentos, feitos pela MOTO BRASIL para a AST, conforme folhas do extrato do Razão Contábil da AST com Contrapartida, obtidos através do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, demonstrados no quadro de fl. 36 e documentos apensos de fls. 358/1045. Nos demonstrativos colacionados no relatório fiscal, verificase uma correlação entre os adiantamentos de recursos, as importações, as notas fiscais de entrada e de saída, destacandose a identidade ou proximidade sequencial de datas e, principalmente, pelo Fl. 1256DF CARF MF 28 fato inconteste de que os produtos de cada operação foram entregues à MOTO BRASIL imediatamente após o desembaraço aduaneiro. (vejase Tabela de fls. 7/8). Esse fato, aliado ao adiantamento de recursos pela MOTO BRASIL, não representa um evento casual, pois sistematicamente a AST procedia na seguinte ordem: recebia antecipadamente o numerário, promovia a importação e incontinenti repassava as mercadorias para a MOTO BRASIL. Essa característica revela que os produtos não foram efetivamente adquiridos pela AST para revenda a comprador indeterminado, o que, pressuporia algum interregno de tempo entre a importação e a venda. Ademais, como já salientado, haja vista a origem dos recursos, também não ficou caracterizada a importação por encomenda. Portanto, essa necessidade da AST de obter os citados pagamentos (adiantamentos), inclusive anteriores ao registro das DI´s, bem como a emissão de notas fiscais de saída próximas às de entrada, são, igualmente, fortes indícios de estar atuando como interposta pessoa. 5.2) Da capacidade financeira e da interposição fraudulenta. A Recorrente aduz que pela documentação já juntada às fls. 61/65 e 110/112, observase que a empresa possuía um capital social de R$ 755.000,00 desde 25.10.2006, conforme demonstra o Laudo de fls. 110/112 e a 21ª Alteração Contratual e que tais informações eram de conhecimento da RFB desde 10/08/2007, conforme documentos juntados de fls. 116/119. Alega ainda que renovase a informação em favor da recorrente e da efetiva capacidade econômica da empresa, outro laudo pericial judicial produzido nos autos do processo de nº. 024.990.157.497, que tramitou na 3ª Vara Cível da Comarca de Vitória, cujo valor atribuído ao citado imóvel integralizado, em abril de 2009, seria de R$ 504.000,00. E segue afirmando que, "(...) Noutra ótica, em nova PRESUNÇÃO, a fiscalização afirma em trechos do relatório (fls. 1.171) que 'a empresa optou por atrasar os recolhimentos para poder fazer frente a outras responsabilidades, indício de falta de condição financeira'(sic). Por fim afirma que as razões do auto de infração não subsistem, e não deveria ter culminado no julgamento de sua manutenção, já que não há documentos ou provas concretas que revelem a dita incapacidade financeira da recorrente. Ao revés disso, evidente a capacidade econômica desde antes do período fiscalizado, conforme a alteração contratual e dados contábeis anexados. No entanto o Fisco entende que as evidências demonstram que efetivamente a AST não tem capacidade financeira para atuar no comércio internacional, precisa dos adiantamentos dos adquirentes, não só nas suas operações por conta e ordem de terceiros, mas em todos os procedimentos e assim passou a simular as operações que precisava registrar como sendo por conta e risco próprio e para encomendante, para poder continuar recebendo os benefícios financeiros do FUNDAP. De acordo com a fiscalização, existe a falta de condição financeira da AST para atuar no comércio internacional, já que ela necessita de adiantamentos dos adquirentes para cumprir com os compromissos de nacionalização de importações que registra como sendo por conta e risco próprios. Essa incapacidade financeira é revelada pelo procedimento adotado no aumento do Capital Social, feito em 2006, quando passou de R$ 100.000,00 para R$ Fl. 1257DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.244 29 755.000,00, que justificou como sendo com aquisição de imóvel rural, feito para demonstrar capacidade de pagamento (fls. 116). Acrescenta que o mencionado aumento de capital não altera a condição financeira da empresa, pois o imóvel foi comprado pela própria AST, em 24/05/2006, por R$ 87.360,00 (fls. 106/109). O pagamento desse valor naturalmente diminuiu o saldo das disponibilidades e, em seguida, o mesmo Imóvel foi reavaliado em R$ 655.000,00, com base em Laudo (fls. 110/112), emitido em 17/04/2006, que sequer foi registrado em cartório, e utilizado para aumentar o capital da empresa (fls. 117/119). Diante disso, a fiscalização sustenta que o aumento do capital, formalizado na 21ª Alteração do Contrato Social, foi feito de forma “gráfica” e simulada, sem afetar a situação financeira da empresa. Essas questões e outras, serão ainda analisadas no item '7' deste voto ("Da existência de ocultação do real adquirente elementos de prova"). 5.3 Da alegada inexistência de adulteração ou falsificação de documentos Aduz em seu recurso que tratando de importação realizada com correição, na qual a recorrente importa mercadorias para posterior revenda, não há o que se falar em adulteração e falsificação de documentos, tampouco em interposição fraudulenta. Que não há nos autos sequer o apontamento de qual documento teria sido falsificado ou adulterado. Portanto, imperioso que haja reavaliação da conduta apontada como delituosa, já que sem qualquer apontamento específico (especialmente na construção de ficção para configurar a dita falsificação), há flagrante impossibilidade de defesa, sendo certo, de todo modo, que não há conduta típica. Por outro lado, sabese que a troca da sistemática de operação no comércio exterior interfere nas obrigações fiscais, colocando a empresa interposta na qualidade de compradora das mercadorias e importadora, remetendo esse contribuinte à qualidade de provocador e responsável pelas infrações, ao passo que a compradora das mercadorias no exterior real importador e os demais envolvidos, permanecessem completamente ocultos, uma vez que suas atividades somente foram identificadas no curso do trabalho fiscal. Desta forma, conforme conclui a fiscalização em seu Relatório, os intervenientes "modificaram" as faturas comerciais apresentadas ao Fisco quando da nacionalização das mercadorias, e declararam operações de comércio exterior de forma simulada, ou seja, promoveram modificações de características essenciais da operação de importação, de modo a ocultar a participação do real importador. "Esses documentos e declarações formuladas não representam as operações comerciais, pois o importador nelas indicado não o é de fato, a AST, foi interposta nas relações dos demais envolvidos com o fisco, permitindo que esses últimos permanecessem ocultos aos olhos da fiscalização". Quanto à infração em decorrência do uso de documentos ideologicamente falsos, entendo correto a decisão recorrida, aduzindo que não foi identificado o real adquirente na DI, na fatura internacional e na comprovação do transporte internacional, conforme determina a legislação para o caso em concreto, constato que esta situação foi bem descrita no Relatório Fiscal a fim de justificar, inclusive, que não se trata de mero erro na definição da modalidade de importação. Fl. 1258DF CARF MF 30 Portanto, cai por terra o argumento de violação ao princípio do contraditório e ampla defesa por não terem sido identificados os documentos pertinentes. Todavia, verifico que tal não é uma infração autônoma, porém, consequente da própria situação tipificada nos autos a ocultação do sujeito passivo, do real comprador das mercadorias estrangeiras. Não obstante, a penalidade aplicada é única, com base no art. 23, §3º do DecretoLei nº 1.455, de 1976, com redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637, de 2002, equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas. 5.4 Da alegada inexistência do dolo nas operações da empresa Em seu recurso alega que conforme documentação anexada, a empresa surgiu em 25/01/1991, sob o nome de EDPHOS – Empresa Distribuidora de Produtos Hospitalares Ltda., desenvolvendose, ampliandose, e gerando credibilidade no mercado aduaneiro, por cerca de 20 (vinte) anos. Após décadas de evolução, atualmente como AST, seu objeto social inclui a distribuição, comércio, representação, importação, exportação de produtos e prestação de serviços aduaneiros. Tratase, portanto, de empresa sólida, cumpridora de suas obrigações, que sempre atuou no mercado nacional de forma a desenvolver sua função social e contribuir com as exações que lhe foram impostas, possuindo, desde sempre, capacidade econômica comprovada para as atividades realizadas, tanto é assim que todos os impostos foram pagos e não há ações de cobrança em seu desfavor, nem mesmo de terceiros. Não há razão, portanto, para ignorar toda conduta meritória, abonada pela seriedade evidente e pela manutenção, por anos, no acirrado mercado de importação, para subitamente tratála como empresa aventureira, ou mesmo inexistente (ilegal), conforme o rigor imposto pela fiscalização, via a IN nº 228/2002, no esforço de gerar sua criminalização. Pois bem. Argumenta a Recorrente em seu recurso que os documentos apresentados registram operação de importação por sua conta e risco. Já as constatações e verificações efetuados pelo Fisco, que estão sendo apresentados como provas, demonstram que o representante do exportador e o comprador das mercadorias no exterior ficaram ocultos em todos os procedimentos. A AST não é a compradora das mercadorias, como quiseram fazer crer, utilizando documentos ao menos ideologicamente falsos e fazendo declarações inverídicas no momento da internação das mercadorias, quando do registro da Declaração de Importação e comercialização em território nacional. Como bem pontuado no Relatório da fiscalização, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o promotor da operação é o real adquirente. Este é o mandante da importação, aquele que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional. Além disso, é o adquirente que pactua a compra internacional e dispõe de capacidade econômica para o pagamento, pela via cambial, da importação, pois é deste que se originam os recursos financeiros. 6. Da responsabilidade solidária da empresa MOTO BRASIL Alega a MOTO BRASIL que não se pode aplicar à situação em comento o disposto no art. 124, inciso II, do CTN, c/c art. 95, do DecretoLei n° 37/1966, pois, nessa Fl. 1259DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.245 31 hipótese, também há que restar demonstrada a existência de um liame entre a ocorrência do fato gerador do tributo e/ou da penalidade e a pessoa incluída na relação obrigacional. Em relação à MOTO BRASIL, sua responsabilidade resulta pelo fato de ter se, por tudo que já foi exposto nos autos, beneficiado, entre outras coisas, por não ter sido equiparada a industrial, fuga aos controles de comércio exterior, além de ser a real adquirente dos produtos, sem ter aparecido nas transações de comércio internacional, tendo efetuado antecipações à AST. Sob essa ótica, o Fisco defende que houve coordenação entre a empresa real adquirente das mercadorias estrangeiras e o importador, que embora tenha declarado operação própria, foi identificado como prestador de serviço em operação por conta e ordem, o que implica que respondam conjuntamente pelas infrações praticadas. Observese que, ao criar as modalidades de importação por conta e ordem de terceiros, a novel legislação estendeu a condição de sujeição passiva e responsabilidade tributária ao adquirente, sendo esta mais uma razão pela qual a identificação destes é imprescindível na declaração de importação. Destaca também o Fisco, que a AST, na qualidade de importadora, assumiu a responsabilidade pela declaração registrada no Siscomex. A MOTO BRASIL, interessada nas mercadorias que comercializa, formulou pedidos de compra junto a diversos exportadores. Estes providenciaram os embarques emitindo todos os documentos necessários à internação em território nacional, em nome da interposta pessoa AST, que aceitou essa situação e providenciou o desembaraço das mercadorias para que o real interessado permanecesse oculto aos olhos da fiscalização. Em outras palavras, mais de uma pessoa concorreu para a realização do mesmo fato gerador e, assim, todas poderão ocupar o polo passivo da relação tributária sem qualquer benefício de ordem, mormente em caso de conluio, conforme preceitua o art. 95, inciso I, do Decretolei nº 37/1966. No relatório à fls. 32, informa a fiscalização que "A empresa AST, como já falado, é uma empresa FUNDAPEANA, e como tal, tem como principal interesse o aproveitamento de benefício financeiro do FUNDAP, oferecido pelo Estado do Espírito Santo, prestando serviços para empresas interessadas em nacionalizar mercadorias importadas". Já a MOTO BRASIL, a empresa compradora das mercadorias no exterior, foi quem identificou a sua necessidade e colocou pedidos de compra. E mais. Como já dito, nos registros contábeis da empresa AST, constam os adiantamentos feitos pela empresa MOTO BRASIL (extratos das folhas de livro razão com contrapartidas, obtidas através do SPED, conforme quadro de fl. 36; as importações em questão foram registradas pela AST na sistemática de por conta e risco próprios e as notas fiscais de venda registraram como adquirente a empresa MOTO BRASIL; as datas de registro, desembaraço, entrada das mercadorias na AST e de venda desta para a MOTO BRASIL, são muito próximas, o que demonstra que as mercadorias simplesmente passaram pela importadora e imediatamente foram repassadas para a compradora. Posto isto, ao tratar da responsabilidade e solidariedade, a fiscalização faz alusão ao citado art. 95 do Decretolei nº 37/1966, que preceitua a responsabilidade conjunta Fl. 1260DF CARF MF 32 tanto daqueles que de alguma forma concorrem para a prática da infração ou dela se beneficiam quanto, especialmente, do importador e do adquirente de mercadoria estrangeira importada por sua conta e ordem, o que é regulamentado pelo art. 603, incisos I e V, do Regulamento Aduaneiro. Portanto, as impugnantes devem responder solidariamente pela infração. 7. Da existência de ocultação do real adquirente elementos de prova Como se vê, as Recorrentes repeliram as acusações, alegando que o motivo do lançamento fundamentado em incapacidade financeira, em verdade tratase de presunção. Afirmam, também, que a desconsideração de aquisição legítima de bem imóvel utilizado no aumento do capital social, foi realizada sem respaldo legal. Da mesma forma, a fundamentação de "caucionamento financeiro antecipado" para subsidiar as importações, bem como, a suposta presunção de que o atraso no pagamento de tributos teria por objeto fortalecer o ativo circulante da empresa para suprir a incapacidade financeira, não procede. De acordo com o contido no Relatório de Ação Fiscal, anexo ao auto de infração (fls. 5/49), há, no meu entender, diversos indícios em que se pode evidenciar a efetiva ocorrência de ocultação, pela AST, do real adquirente (a MOTO BRASIL), das importações que foram objeto dessa autuação, senão vejamos: Vejase, por exemplo, na tabela de fls. 08/09, que a fiscalização ressalta as datas de registro, das notas fiscais das saídas, e dos contratos de câmbio, que quando comparadas com as datas dos pagamentos, deixa evidente que sempre existiu o adiantamento feito pela MOTO BRASIL, em datas próximas às dos registros da DIs e aos pagamentos ao exterior. Na sequência, o autuante apresenta diversas comprovações de adiantamentos, feitos pela MOTO BRASIL para a AST, juntando folhas do extrato do Razão Contábil da AST com Contrapartida, obtidos através do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED. No que tange a irresignação da AST quanto ao imóvel adquirido e utilizado para o aumento de capital social, tenho que esse aumento do patrimônio líquido, neste caso, não configura ingresso de numerário, mas sim ingresso no ativo permanente, incapaz de afastar mácula imputada de insuficiência financeira para operar no comércio exterior exigido pela Fazenda. Nesse espeque, a Recorrente entende que tal aumento do Capital (alterado de R$ 100.000,00 para R$ 755.000,00), se deu por esclarecido através de uma Nota Explicativa, firmada pela AST (fl. 116/119), com os lançamentos na escrituração contábil: "1º O aumento de Capital mencionado deuse através de aquisição de um Sítio com 56 hectares, tendo como objetivo a renovação de cadastros, como a da Receita Federal, Bancos e Fornecedores, além de demonstrar a seus fornecedores e colaboradores a capacidade de pagamento da empresa". No entanto, ao meu sentir, o aumento de Capital mencionado não altera a condição financeira da empresa. Consta dos autos que o imóvel foi comprado pela própria AST, em 24/05/2006, por R$ 87.360,00 (fls. 105/112), esse valor naturalmente foi pago e diminuiu o saldo das disponibilidades; em seguida o mesmo Imóvel foi reavaliado em R$ 655.000,00, com base em Laudo (fls. 111/112), emitido em 17/04/2006, utilizado para aumentar o Capital da empresa. Fl. 1261DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.246 33 Diante disso, a fiscalização sustenta que o aumento do capital, formalizado na 21ª Alteração do Contrato Social, foi feito de forma “gráfica” e simulada, sem afetar a situação financeira da empresa. A fiscalização realça também no quadro às fls. 11/12, o valor registrado no Ativo Circulante, como sendo “ADIANTAMENTOS À NTN” R$ 3.856.269,65, esse valor foi adiantado por diversos adquirentes de rolamentos que, interessadas no desconto de 5% (concedido pela exportadora para antecipações de pagamento), pagam antecipadamente as mercadorias, esses valores seguem compensados com adiantamentos de clientes, registrados no Passivo Circulante. Vale ressaltar que a própria Recorrente (MOTO BRASIL), no item 2.1.23 e 2.1.24 do seu recurso, afirma que (fl. 1.200), "Como é de sabença geral, é praxe no mercado que as empresas exijam, quando da venda de um produto ou mercadoria, um adiantamento para formalizar a negociação. De outra parte, não é raro as situações em que as empresas que adquirem mercadorias também, a título de fluxo de caixa, efetuem adiantamento para minimizar os desembolsos em determinado período. Além do que, os pagamentos antecipados são feitos mediante desconto no preço do produto, o que é absolutamente normal" (grifei). E segue informando, "(...) Portanto, o fato de a Recorrente ter realizado adiantamentos para a empresa autuada não pode, por si só, fazer com que aquela seja solidariamente responsável por eventual infração cometida por esta" (grifei). Em sendo assim, não merece prosperar os argumentos das Recorrentes de que somente com os documentos aduaneiros e fiscais entregues à fiscalização são capazes de comprovar a regularidades dos atos negociais, ao contrário da afirmação, tenho que houve sim as antecipações de recursos e a interposição fraudulenta. Vale lembrar que o propósito do tipo infracional é coibir a ocultação do real adquirente da mercadoria na importação ou do vendedor da mercadoria na exportação. Tratase de regra de especial relevância, à medida que a ocultação dos sujeitos envolvidos nas operações de comércio exterior pode estar associada à prática ilegais, dentre outras, a redução indevida dos tributos incidentes da importação (IPI, II, PIS/Pasep, Cofins, ICMS), do IPI devido na comercialização no mercado interno da mercadoria importada e do IRPJ e da CSLL. É evidente, portanto, que o dispositivo, ao pressupor a ocultação ilícita, se refere à simulação fraudulenta. A natureza fraudulenta pode ser provada por qualquer meio admitido pela ordem jurídica, sendo presumida, nos termos do § 2º, V, do art. 23, do Decreto Lei nº 1.455/1976, sempre que o importador não for capaz de comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação. Com base nesse dispositivo, alguns julgados do CARF têm operado com a diferenciação entre interposição fraudulenta comprovada e interposição fraudulenta presumida (nesse sentido, Acórdãos nº 310200.582 e nº 310200.589, 3ª S.1ª C. 2ª TO). Entendese, contudo, que não há duas modalidades de interposição. Fl. 1262DF CARF MF 34 O § 2º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 1976, apenas estabelece uma regra de presunção relativa, que constitui uma técnica de inversão do ônus da prova e não implica qualquer consequência no regime jurídico do instituto. Aplicase, em qualquer caso, com ou sem presunção, a pena de perdimento da mercadoria ou, nas hipóteses do § 3º do art. 23, V, do mesmo diploma legal, a multa substitutiva ao importador ostensivo. 8. Das Importações por Encomenda Informa a fiscalização em seu Relatório que a constatação de falta de condição financeira foi confirmada em todos os processos trabalhados, em todos eles a AST necessitou do adiantamento da MOTO BRASIL para dar continuidade aos procedimentos de nacionalização e pagamento ao exterior. "Convém acrescentar que mesmo nos casos em que registrou importação por Encomenda, conforme constatado neste e em outros procedimentos, a AST precisou de adiantamentos da encomendante para poder fazer frente aos seus compromissos com o desembaraço aduaneiro". 9. Da penalidade aplicada Desta forma, caracterizada a pratica da Interposição Fraudulenta, com a ocultação do real adquirente das mercadorias, comprador e principal interessado nas operações de importação das mercadorias, é cabível a pena de perdimento das mercadorias, consoante o disposto no art. 689, inciso XXII, do Regulamento Aduaneiro (Decreto n° 6.759/2009). Para essa infração, considerada dano ao Erário, nos termos do art. 23, V, §3º, do Decreto Lei nº 1.455, de 1976. Como restou evidente que as mercadorias foram remetidos a consumo, aplica se a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...). V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (...). § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. 10. Do alegado erro quanto à aplicação da penalidade Aduz a Recorrente (solidária MOTO BRASIL) que, com efeito, a partir do advento da publicação da Lei n° 11.488/2007, foi instituído, para o real importador, a penalidade de 10% sobre o valor da mercadoria, em substituição à multa de que trata o art, 23, inciso V, do Decreto n° 1.455/1976; assim, caso se entenda por correto o entendimento do Fisco, no sentido de que a efetiva importadora teria sido a Recorrente, contra tal empresa, portanto, a multa que deveria ter sido lançada seria aquela prevista no art. 33 da Lei n° 11.488/2007, e não aquela outra, ou ambas, em respeito e obediência ao princípio da Fl. 1263DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.247 35 interpretação benigna, gravado no art. 112 do CTN, e ao princípio do non bis in idem, que no direito aduaneiro está albergado nos arts. 99 e 100 do DecretoLei n° 37/1966. Como se vê, alega a Recorrente bis in idem caracterizados na aplicação cumulativa das penalidades previstas no art. 23, inciso V, c/c §§ 1º e 3º, do Decreto Lei nº 1.455/76 e no art. 33 da Lei nº 11.488/2007. Aduz em seu recurso que tratandose, pois, de cominação de infrações, cada agente deve ser responsabilizado individualmente pela sua conduta. A pena de perdimento por ocultação do real adquirente ou interposição fraudulenta, capitulada como infração no artigo 23, V, do DecretoLei n° 1.455/1976, deixou de ser imputável ao importador ou exportador ostensivo, em coautoria com o real encomendante/adquirente, a partir da entrada em vigor da Lei n° 11.488/2007. Destarte, verificase que o auto de infração presentemente combatido não padece de vício de sujeição passiva, tendo sido lavrado com inobservância ao disposto nos arts. 121 e 142 do Código Tributário Nacional. O artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, assim dispõe, in verbis, (grifei): Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O artigo 81 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, por sua vez, estabelece o que segue, in verbis: Art. 81. Poderá, ainda, ser declarada inapta, nos termos e condições definidos em ato do Ministro da Fazenda, a inscrição da pessoa jurídica que deixar de apresentar a declaração anual de imposto de renda em um ou mais exercícios e não for localizada no endereço informado à Secretaria da Receita Federal, bem como daquela que não exista de fato. § 1º Será também declarada inapta a inscrição da pessoa jurídica que não comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior. Observese que o parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, supratranscrito, dispõe que, para o caso previsto no caput do artigo, qual seja, a exigência da multa de 10% do valor da operação acobertada da pessoa jurídica pela irregular cessão do nome em operações de comércio exterior, não se aplica o artigo 81 da Lei nº 9.430/1996, que determina a declaração de inaptidão do CNPJ nos casos de não comprovação da origem, Fl. 1264DF CARF MF 36 disponibilidade e efetiva transferência de recursos empregados em operações de comércio exterior. Verificase que antes da edição da Lei nº 11.488/2007, nos casos em que não se comprovasse a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se fosse o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior, haveria que se declarar a pessoa jurídica inapta. Essa previsão incluía, inclusive, a hipótese do § 2º do artigo 23 do Decreto lei nº 1.455/1976, como disposto no § 4º do artigo 81 da Lei nº 9.430/1996. Com a edição da Lei nº 11.488/2007, em razão do contido no parágrafo único de seu artigo 33, não mais se aplica o disposto no artigo 81 da Lei nº 9.430/1996, ou seja, não mais se declara inapta a pessoa jurídica naquelas situações que especifica. Como se vê, a Lei nº 11.488/2007, trouxe nova previsão relativamente à penalidade de caráter administrativo, para não mais se declarar a infratora inapta e sim, dela exigir multa equivalente a dez por cento do valor da operação acobertada. A multa capitulada no § 3º do artigo 23 do Decreto lei nº 1.455/1976, por sua vez, é exigida quando as mercadorias sujeitas à pena de perdimento, prevista em seu § 1º, em virtude da caracterização de dano ao Erário, não mais estão disponíveis, por não serem localizadas, terem sido consumidas ou revendidas. De se notar que a pena de perdimento tem natureza diversa da declaração de inaptidão antes prevista. Enquanto aquela tem como objeto a pessoa jurídica, esta é de controle aduaneiro, incidindo sobre as mercadorias importadas em situação irregular, portanto perfeitamente aplicáveis simultaneamente. A Lei nº 11.488/2007, ao mesmo tempo em que determinou a não aplicação da inaptidão à pessoa jurídica infratora, previu a exigência de multa pecuniária. Essa substituição de penalidade em nada altera sua natureza e, portanto, fica mantida a possibilidade de sua exigência simultânea com a pena de perdimento, que, notese, não foi revogada em nenhum momento, ainda que essa pena tenha sido convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas. Nesse sentido, assim prevê o 3º do artigo 727 do Decreto nº 6.759/2009, Regulamento Aduaneiro, com a redação dada pelo Decreto nº 7.213/2010, in verbis: Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3º A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (destaquei) E, como é consabido, não se pode, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar textos legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico, em observância ao art. 142, parágrafo único, da Lei nº 5.172/1966, Código Tributário Nacional CTN: Fl. 1265DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.248 37 Parágrafo único – A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Assim, descabe acolhimento quanto ao entendimento da impugnante a respeito da eventual substituição da multa ora exigida pela multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. Em face do exposto, concluise correto ser aplicável ao caso, a multa equivalente ao valor aduaneiro, prevista no art. 23, inciso V, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com redação dada pela Lei nº 10.637/2002, sem prejuízo da cominação cumulativa, no tocante ao importador ostensivo, da penalidade de que trata o art. 33 da Lei nº 11.488/2007, no casos em que se configurar a hipótese neste prevista. Portanto, não se pode assentir que, tenha havido erro na eleição da penalidade aplicável, ficando afastada a arguição ainda a aplicação do art. 112 do CTN, haja vista não existir dúvida quanto à capitulação legal do fato ou à natureza da penalidade aplicável. Assim, não prevalece o entendimento da Recorrente a respeito da substituição da multa ora exigida pela multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, vício de sujeição passiva e tampouco da caracterização do bis in idem. 11. Da alegada "boa fé" da Impugnante e habilitação no RADAR Alega a Recorrente de boafé, uma vez que habilitada (no sistema RADAR) a atuar no mercado exterior, realizou operações de aquisição de mercadorias no mercado nacional, de empresa regularmente estabelecida, mediante nota fiscal; a aquisição, no mercado interno, de mercadoria importada, mediante nota fiscal emitida por firma regularmente estabelecida, gera a presunção de boafé do adquirente, cabendo ao Fisco a prova em contrário, pois, feitos os pedidos, a impugnante não teria como controlar a atuação da fornecedora, já que não possui poderes investigativos próprios das autoridades fiscais. As provas em que se baseia a autuação estão representadas pelos documentos entregues no registro das DIs, aqueles que foram apresentados em atendimentos às intimações, documentos registrados no Sistema Público de Escrituração Digital, sites livres da internet e os obtidos dos sistemas administrados pela RFB, os quais, segundo a fiscalização, permitiram a formação de robusto quadro indiciário e probatório, demonstrando de forma cabal as infrações praticadas e a inexistência da necessária boa fé nas ações dos envolvidos. Diante desses elementos probatórios fica afastada a alegação de que se tratava de aquisição de mercadorias no mercado interno. Em verdade, os pagamentos da MOTO BRASIL para a AST não consistiram em adiantamentos para formalizar suposta aquisição no mercado interno, visto que os pedidos da MOTO BRASIL foram feitos ao exportador e não à AST, e aquela empresa admitiu que sabia o tempo todo que os pagamentos seriam destinados para aquisição das mercadorias no exterior, as quais ainda iriam ser importadas para atender seu exclusivo interesse, tratandose assim de operações praticadas no mercado externo. Em decorrência disto, não prospera a alegação de aquisição de boa fé. 12. Conclusão Fl. 1266DF CARF MF 38 Convencido de que as constatações do Fisco deram conta de que as mercadorias não foram compradas pela AST, assim como quedouse demonstrado nos autos que os impostos e demais despesas foram suportados pela MOTO BRASIL, que adiantou os valores para que a AST pudesse cumprir com as obrigações relacionadas com o desembaraço; que os pedidos de compra foram feitos pela MOTOBRASIL para a AST e que os registros contábeis da empresa AST, constaram os adiantamentos feitos pela empresa MOTO BRASIL, conforme extratos das folhas de livro razão com contrapartidas, obtidas através do SPED, concluise o seguinte: Ficou evidenciado nos autos os procedimentos adotados nos processos de importação, tinha intuito único de ludibriar as autoridades Aduaneiras e se revela consistente as acusação de ocultação do sujeito passivo e o real importador, responsável pelas operações e distribuídos para vários parceiros comerciais, clientes, o que leva concluir que a recorrente (AST) realmente não possuía capacidade financeira e se prestou a praticar a infração lhe imputada, restando caracterizada a interposição fraudulenta. Posto isto, conheço dos recursos interpostos, para negarlhes provimento, MANTENDOSE a multa objeto da presente lide à AST Comércio Internacional Ltda., e como responsável solidário a empresa MOTO BRASIL Peças e Acessórios Ltda. (MOTO BRASIL). É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 1267DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.249 39 Voto Vencedor Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada relativamente ao mérito Na sessão de julgamento deste processo ousei divergir do Ilustre Relator, no que fui acompanhada por outros Conselheiros, somente no que concerne ao mérito, especificamente em relação à incidência da multa nas operações de importação para as quais foi identificado o nome da adquirente (MOTO BRASIL) nas Declarações de Importação. Conforme consta na autuação, algumas importações foram declaradas pela contribuinte como próprias da AST e outras na modalidade por encomenda, tendo a fiscalização apurado, entretanto, que essas operações foram realizadas na modalidade por conta e ordem de terceiro. Em consulta aos extratos das 20 Declarações de Importação (DI's) autuadas, observase que em 18 delas constou a identificação da MOTO BRASIL como "adquirente" das mercadorias importadas, sendo que somente nas DI's nºs 09/16230176 e 11/07713902 a operação foi declarada como importação própria da AST. A minha divergência com o Relator reside nessas 18 operações. As infrações imputadas pela fiscalização estão consolidadas nos incisos art. VI e XXII do art. 689 do Regulamento Aduaneiro/2009, nos seguintes termos: Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e §1º, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (...) VI estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; (...) XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. §1º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 1972 (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, §3º, com a redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010, art. 41). (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013) (...) Como se observa no inciso XXII acima transcrito, o que o legislador ordinário quer punir é a ocultação de algumas das pessoas referidas no inciso, mediante fraude Fl. 1268DF CARF MF 40 ou simulação. No caso concreto, nas 18 importações em que houve a identificação da MOTO BRASIL como "adquirente", ainda que a fiscalização tenha apurado que realmente não se tratavam operações a encomendante predeterminado, mas de importações por conta e ordem de terceiro, não se poderia dizer que houve a ocultação dessa pessoa (MOTO BRASIL) nessas operações, eis que a sua identificação constou expressamente no campo "adquirente" dessas 18 DI's. Ora, ainda que se tenha apurado que o importador (AST) e o terceiro adquirente (MOTO BRASIL) não atenderam aos requisitos previstos na IN SRF nº 225/2002 para uma importação por conta e ordem de terceiros, o que é reprovável, a situação fática não se subsume ao tipo do art. 689, XXII do Regulamento Aduaneiro/2009, eis que a identificação da MOTO BRASIL não foi ocultada nas 18 importações referidas. Há que se ter em mente que, embora o tipo trazido pelo art. 689, XXII do Regulamento Aduaneiro esteja relacionado ao não cumprimento dos requisitos para as operações terceirizadas, a infração somente restaria caracterizada se efetivamente houvesse a ocultação, mediante fraude ou simulação, de alguma dessas pessoas "do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação", o que não foi o caso. Também, pelo mesmo motivo, não pode subsistir a infração prevista no inciso VI do art. 689 do Regulamento Aduaneiro/2009, eis que não caracterizada a simulação quanto a identificação do real adquirente das mercadorias. A aplicação de sanção administrativa somente é legítima quando a conduta do administrado corresponde perfeitamente ao dispositivo legal que define a infração. Assim, pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias relativamente as 18 Declarações de Importação nas quais houve a identificação da MOTO BRASIL no campo "adquirente". (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, Redator Designado relativamente a responsabilidade tributária 1. Com a devida vênia ao douto Relator do caso, ousei dele divergir quanto ao mérito da demanda, bem como em relação à responsabilização solidária da sanção imposta à empresa Moto Brasil, tendo sido designado para lavrar o voto vencedor neste último tópico em particular. Antes, todavia, de fundamentar tal divergência, mister se faz fixar certas premissas essenciais para as conclusões que serão aqui alcançadas. I. Da responsabilização aduaneira e seu regime jurídico próprio 2. Insta registrar que a presente autuação referese à uma exigência aduaneira e não tributária, haja vista que a sanção aqui imposta é, exclusivamente, a aplicação de multa decorrente da conversão da pena de perdimento de mercadoria importada mediante interposição fraudulenta. Nesse sentido, a exigência aqui tratada apresenta um regime jurídico próprio, i.e., aduaneiro, e não tributário, o que decorre de pressupostos jurídicos próprios, exatamente como tem ressaltado a nossa melhor doutrina: Fl. 1269DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.250 41 (...). Notese que os pressupostos jurídicos e ontológicos do exercício da competência administrativa aduaneira definem um regime jurídico completamente diferente do regime jurídico tributário. Enquanto na aduaneira o estado busca a proteção do mercado nacional, proteção das fronteiras com o controle do fluxo das transações comerciais internacionais, e a administração das zonas aduaneiras, na tributária, busca a arrecadação de tributos, suprir o erário de recursos decorrentes das relações jurídicas de direito privado de cunho econômico e hipoteticamente previstas nas normas jurídicas tributárias1. 3. Logo, em se tratando de responsabilidade para fins de exigência da sanção aqui tratada, o fundamento legal a ser invocado é aquele próprio do regime aduaneiro, i.e., o art. 95, inciso I do Decretolei n. 37/662. 4. Acontece que, ao se analisar o termos de sujeição passiva destinado à empresa Moto Brasil é possível observar que o fiscal fundamenta tal responsabilidade nos seguintes termos, v.g. (fl. 4): (...). No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, lavramos o Auto de Infração acima identificado, em conseqüência da constatação de irregularidades praticadas no comércio exterior, tendo sido caracterizada a sujeição passiva solidária, nos termos do art. 124 da Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional), cuja descrição de fatos e respectivos enquadramentos legais encontramse em folhas de continuação anexa. (...) (g.n.). 5. Percebese, pois, que o fiscal ignora essa distinção de regimes jurídicos e trata o presente caso como se tributário fosse, convocando, por conseguinte, para fins de responsabilização, o artigos 124, inciso I do CTN. Ao assim fazer, a fiscalização incorre em notório erro de direito. 6. O erro de direito é uma problema decorrente da equivocada subsunção do fato à norma ou, em outros termos, que emerge de uma indevida qualificação jurídica dos fatos apurados. É, pois, um problema internormativo, haja vista ter sua origem no descompasso entre a norma individual e concreta com a norma geral e abstrata que lhe dá fundamento. Já o erro de fato, por seu turno, é um problema intranormativo, decorrente de um erro na identificação do fato social descrito no antecedente de uma norma geral e abstrata. Essa é a doutrina de Paulo de Barros Carvalho: 1 DOMINGO, Luiz Roberto. "Direito aduaneiro e direito tributário regimes jurídicos distintos." "In": "Tributação aduaneira à luz da jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais". DOMINGO, Luiz Roberto. PEIXOTO, Marcelo Magalhães. SARTORI, Angela (coordenadores). São Paulo: MP Editora, 2013. p. 193. 2 " Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...)." Fl. 1270DF CARF MF 42 O erro de direito é a distorção entre o enunciado protocolar da norma individual e concreta e a universalidade enunciativa da norma geral e abstrata, ao passo que o erro de fato é desajuste interno na formação do enunciado protocolar (CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário – fundamentos jurídicos da incidência. 5ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 111.). 7. A orientação consolidada do Superior Tribunal de Justiça está em compasso com a doutrina alhures transcrita, consoante bem ilustram os julgados abaixo: Ementa TRIBUTÁRIO. GUIAS DE IMPORTAÇÃO VENCIDAS E UTILIZADAS PELO CONTRIBUINTE. DESEMBARAÇO ADUANEIRO AUTORIZADO PELA AUTORIDADE FISCAL. POSTERIOR REVISÃO DO LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. ERRO DE FATO VERIFICADO DENTRO DO PRAZO DECADENCIAL PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 1. Se a autoridade fiscal procede ao desembaraço aduaneiro à vista de guias de importação vencidas, circunstância dela desconhecida e ocultada pelo contribuinte, caracterizase erro de fato, e não erro de direito. 2. Por erro de fato devese entender aquele relacionado ao conhecimento da existência de determinada situação. 3. Dizse erro de direito aquele que decorre do conhecimento e da aplicação incorreta da norma. 4. Se o desembaraço aduaneiro é realizado sob o pálio de erro de fato, é possível sua revisão dentro do prazo decadencial, à luz do art. 149, IV, do CTN. Precedentes desta Corte. Agravo regimental provido. (Superior Tribunal de Justiça – STJ; 2ª. Turma; AgRg no REsp 942.539/SP; Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS; Data do Julgamento: 02/09/2010; Data da Publicação/Fonte: DJe 13/10/2010) (grifos não constantes no original). Ementa TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. AUTUAÇÃO POSTERIOR. REVISÃO DE LANÇAMENTO. ERRO DE DIREITO. SÚMULA 227/TRF. PRECEDENTES. 1. "A mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão do lançamento" (Súmula 227 do TFR). 2. A revisão de lançamento do imposto, diante de erro de classificação operada pelo Fisco aceitando as declarações do importador, quando do desembaraço aduaneiro, constituise em mudança de critério jurídico, vedada pelo CTN. 3. O lançamento suplementar resta, portanto, incabível quando motivado por erro de direito. (Precedentes: Ag 918.833/DF, Rel. Fl. 1271DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.251 43 Min. JOSÉ DELGADO, DJ 11.03.2008; AgRg no REsp 478.389/PR, Min. HUMBERTO MARTINS, DJ. 05.10.2007, p. 245; REsp 741.314/MG, Rela. Min. ELIANA CALMON, DJ. 19.05.2005; REsp 202958/RJ, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, DJ 22.03.2004; REsp 12904/SC, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ 27/05/2002, p. 142; Resp nº 171.119/SP, Rela. Min. ELIANA CALMON, DJ em 24.09.2001). 4. Recurso Especial desprovido. (Superior Tribunal de Justiça – STJ; 1ª. Turma; REsp 1.112.702/SP; Relator:Ministro LUIZ FUX; Data do Julgamento: 20/10/2009; Data da Publicação/Fonte: DJe 06/11/2009) (grifos não constantes no original). 8. É exatamente o caso dos autos. A fiscalização apurou um fato imputado à recorrente Moto Brasil, mas o qualificou juridicamente de forma indevida, o que enseja o reconhecimento quanto à injuridicidade da responsabilização em comento. 9. Não obstante, existe ainda outro fundamento jurídico autônomo a macular a presente responsabilização. II. Da ausência de motivação do ato administrativo de responsabilização aduaneira 10. Como visto ao longo do presente voto, a fiscalização entendeu que a empresa AST teria, na operação de importação aqui retratada, interposto fraudulentamente a pessoa jurídica Moto Brasil. Assim, imputou à empresa AST pena de perdimento, posteriormente convertida em multa, capitulada no 23, inciso V, § 1o do Decretolei n. 1.455/76, estendendo, de forma solidária, tal sanção à empresa Moto Brasil. 11. Dito isso, convém destacar que uma sanção deste jaez, veiculada por agente público, ganha status de ato administrativo, i.e., apresentase como manifestação de vontade do Estado, enquanto poder público, individual, concreta, pessoal, na consecução do seu fim, de criação da utilidade pública, de modo direito e imediato, para produzir efeitos de direito3. E, em se tratando de ato administrativo, deve seguir com rigor todos os vetores valorativos que orientam tal conduta, com especial ênfase à motivação, esta última garantida constitucionalmente como desdobramento da ideia de moralidade pública4 (art. 37 da CF), bem como expressamente prescrita no art. 50 da lei n. 9.784/905. 3 MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira. "Princípios gerais do direito administrativo (vol. I)". Rio de Janeiro: Forense, 1968. p. 413. 4 Apenas um ato motivado é passível de controle, seja ele interno (do ato em si considerado), seja ele externo (por órgãos de controle e fiscalização). 5 "Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V decidam recursos administrativos; VI decorram de reexame de ofício; VII deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. Fl. 1272DF CARF MF 44 12. Assim, quando se fala em motivação do ato administrativo, o que se tem é uma garantia do administrado e, em contrapartida, um dever do agente público, dever esse que consiste em (i) delimitar a circunstância fática para o qual o ato administrativo se dirige, (ii) identificar, com precisão, os fundamentos jurídicos que fundamentam o ato administrativo, e, ainda, (iii) concatenar, de forma explícita, clara e congruente a relação existente entre o fato e o fundamento jurídico que subsidia o ato administrativo. Neste mesmo diapasão são as lições do professor Celso Antônio Bandeira de Mello: Dito princípio implica para a Administração o dever de justificar seus atos, apontandolhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada, nos casos em que este último aclaramento seja necessário para aferirse a consonância da conduta administrativa com a lei que lhe serviu de arrimo6 13. Dar este tratamento à motivação dos atos administrativos, em última análise, significa promover uma identificação das ações da Administração Pública sob o prisma de que o Direito Público precisa ser, antes de tudo, o Direito nãoautoritário, dialógico e, concomitantemente, promotor da concretização (mais homogênea possível) do núcleo essencial dos direitos fundamentais, acima e além de interpretativismos estritos 7. 14. Feitas tais considerações e voltando ao caso decidendo, insta destacar que o ato administrativo de responsabilização aduaneira para a pessoa jurídica Moto Brasil é o correspondente "termos de sujeição passiva", o qual, é bem verdade, é complementado pela parte do Relatório Fiscal que trata da responsabilização (fls. 28/32). Em tais documentos, portanto, deve estar delimitado o cenário fáticojurídico que implica o ato administrativo de responsabilização aduaneira. 15. É exatamente aí que aparece mais um problema em relação à responsabilização da empresa Moto Brasil no caso decidendo. Vejamos. 16. Como visto acima, a motivação do ato administrativo deve ser precisa, em especial para aqueles atos chamados de vinculados, ou seja, sujeitos à ideia de legalidade estrita, haja vista tudo o que fora escrito alhures e, ainda, particularmente pelo fato de o presente ato administrativo potencialmente desembocar em um processo administrativo (e possível processo judicial), o que potencializa a necessidade de motivação do ato para que o administrado possa exercer de forma plena seu direito de defesa (isso no âmbito administrativo ou, ainda, seu substancial direito de ação, já falando aqui no plano judicial). Nesse sentido, compete à Administração precisar as circunstâncias fáticojurídicas que permeiam o ato administrativo, de modo que o Administrado saiba, com precisão, contra qual acusação jurídica deve se defender. Não é isso, todavia, o que ocorre no presente caso. 17. Conforme se observa do termo de sujeição passiva lavrado contra a empresa Moto Brasil, , a fiscalização fundamenta a responsabilidade de tal pessoa jurídica no § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito." 6 MELLO, Celso Antônio Bandeira. "Curso de direito administrativo". 11a. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 69. 7 FREITAS, Juarez, "O controle dos atos administrativos e os princípios fundamentais". 3a. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 263. Fl. 1273DF CARF MF Processo nº 12466.721752/201342 Acórdão n.º 3402003.883 S3C4T2 Fl. 1.252 45 disposto no art. 124, inciso I do Código Tributário Nacional, o que, como visto alhures, configura erro de direito. 18. Não é este, todavia, o único motivo a macular a presente responsabilização. O vício que aqui merece destaque é outro, qual seja, a ausência de motivação do ato administrativo de responsabilização, o que resta claro quando se analisa o Relatório Fiscal do presente processo (fls. 28/32). Referido relatório, ao tratar da responsabilização do sujeito passivo Moto Brasil, fundamenta tal exigência nos seguintes dispositivos: artigos 121, inciso II, 124, inciso I e 136, todos do CTN, bem como no art. 603, incisos I e V do Regulamento Aduaneiro. 19. Em suma, o pretenso ato administrativo de responsabilização se fundamenta em três tipos de responsabilidades de diferentes naturezas: a do art. 603, incisos I e V do Regulamento Aduaneiro, que prevê uma responsabilidade solidária em razão do concurso de uma prática infracional de caráter aduaneiro; a do art. 124, inciso I do CTN, que prevê uma responsabilidade solidária em razão de um interesse jurídico comum8 na prática do fato gerador do tributo; e, ainda, a do art. 136 do CTN, que prevê uma responsabilidade objetiva e pessoal do agente na hipótese de infrações tributárias. 20. São três hipóteses de responsabilidades díspares e que, portanto, pressupõe três situações fáticas também distintas. Não pode a fiscalização, sob o pretexto de "motivar" o ato administrativo, sair a esmo "catando" dispositivos legais (até conflitantes entre si) para esse fim. Seria o mesmo que admitir um lançamento tributário com fundamento nos dispositivos situados entre os artigos 145 a 156 da Constituição Federal ou, ainda, para fins de 8 Segundo professa a doutrina,. só possuem interesse comum "as pessoas que estão no mesmo polo na situação que constitui o fato jurídico tributário. Assim, por exemplo, os condôminos tem 'interesse comum' na propriedade; se esta dá azo ao surgimento da obrigação de recolher o IPTU, são solidariamente responsáveis pelo pagamento do imposto todos os condôminos" (SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 476.). No mesmo diapasão é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, quando prescreve que para a incidência do art. 124, inciso I do CTN não basta o mero interesse econômico, havendo a especial necessidade de haver um interesse jurídico no fato gerador do tributo: "Ementa TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência do STJ entende que existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. 2. A pretensão da recorrente em ver reconhecido o interesse comum entre o Banco Bradesco S/A e a empresa de leasing na ocorrência do fato gerador do crédito tributário encontra óbice na Súmula 7 desta Corte. Agravo regimental improvido." (AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011) (g.n.). "Ementa PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ISS. EXECUÇÃO FISCAL. PESSOAS JURÍDICAS QUE PERTENCEM AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. CIRCUNSTÂNCIA QUE, POR SI SÓ, NÃO ENSEJA SOLIDARIEDADE PASSIVA. 1. O entendimento prevalente no âmbito das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte é no sentido de que o fato de haver pessoas jurídicas que pertençam ao mesmo grupo econômico, por si só, não enseja a responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do CTN. Ressaltese que a solidariedade não se presume (art. 265 do CC/2002), sobretudo em sede de direito tributário. 2. Embargos de divergência não providos." (STJ; EREsp 834044/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/09/2010, DJe 29/09/2010) (g.n.). Fl. 1274DF CARF MF 46 responsabilização tributária, admitir uma atribuição de sujeição passiva com base nos artigos 121, 122, 123, 124, 125, 128, 131, 134, 135 e 136, todos do CTN. 21. A motivação dos atos administrativos, em especial daqueles atos de natureza vinculada, deve ser precisa, sob pena, inclusive, de desnaturar o caráter vinculativo do ato para tornálo discricionário ou, o que é pior, transformálo em um ato arbitrário. "Fundamentar", pois, o ato administrativo em inúmeros dispositivos legais sem que haja circunstância fáticojurídica para isso equiparase à não motivação do ato administrativo, o que torna indevida essa responsabilização "por rajada", inapropriadamente executada em concreto pela fiscalização. 22. Não há dúvida, também, que este "tiroteio" legislativomotivacional dificulta o exercício do direito de defesa do responsabilizado sob uma perspectiva substancial (substantive due process), mitigandoo, uma vez que tal pessoa não consegue identificar, com precisão, contra quais circunstâncias fáticojurídicas deverá articular sua defesa. 23. Com base em tais fundamentos reconheço a ilegitimidade passiva da empresa Moto Brasil. 24. É como voto. (assinatura digital) Diego Diniz Ribeiro, Redator Designado. Fl. 1275DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14098.000115/2010-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. APRESENTAÇÃO DE GFIP COM OMISSÃO DE FATOS GERADORES.
Não há de ser revisto o lançamento pelo descumprimento de obrigação acessória efetuado de acordo com as formalidades legais, quando hígido o lançamento efetuado pelo descumprimento da obrigação principal.
Numero da decisão: 2201-003.419
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO. APRESENTAÇÃO DE GFIP COM OMISSÃO DE FATOS GERADORES. Não há de ser revisto o lançamento pelo descumprimento de obrigação acessória efetuado de acordo com as formalidades legais, quando hígido o lançamento efetuado pelo descumprimento da obrigação principal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Carlos Henrique de Oliveira - Presidente Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM.
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DESCUMPRIMENTO. APRESENTAÇÃO DE GFIP COM OMISSÃO DE FATOS GERADORES. Não há de ser revisto o lançamento pelo descumprimento de obrigação acessória efetuado de acordo com as formalidades legais, quando hígido o lançamento efetuado pelo descumprimento da obrigação principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Carlos Henrique de Oliveira Presidente Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, DIONE JESABEL WASILEWSKI, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARCELO MILTON DA SILVA RISSO, CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, DANIEL MELO MENDES BEZERRA e RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 1450.839 7a Turma da DRJ/RPO, que julgou improcedente a impugnação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 8. 00 01 15 /2 01 0- 57 Fl. 149DF CARF MF Processo nº 14098.000115/201057 Acórdão n.º 2201003.419 S2C2T1 Fl. 150 2 O lançamento em questão referese a Auto de Infração de Obrigações Acessórias – AIOA nº 37.264.0591, de 17/06/2010, foi lavrado por ter sido constatado que a autuada apresentou GFIP Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, com omissão de informações, já que não constou nessas GFIP i) os valores relativos à aquisição de produtos rurais de produtores pessoas físicas, cuja obrigação legal de informar, reter e recolher as respectivas contribuições previdenciárias é da autuada em virtude da subrrogação da empresa adquirente, ii) os valores da comercialização de produção rural própria, já que a autuada é produtor pessoa jurídica, nestes dois casos, “i” e “ii”, relativos ao período 01/2006 a 12/2007, e iii) as remunerações dos segurados empregados e contribuintes individuais a seus serviços, referentes ao período de 01 a 12/2007, o que constitui infração às disposições contidas no art. 32, inc. IV, da Lei nº 8.212/91, acrescentado pela Lei nº 9.528/97, combinado com o art. 225, inciso IV, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. Foi aplicada a multa no valor de R$ 578.423,90 ( quinhentos e setenta e oito mil, quatrocentos e vinte e três reais e noventa centavos), fundamentada no art. 32, § 5º, da Lei nº 8.212/91, acrescentado pela Lei nº 9.528/97 e RPS, art. 284, inciso II (com a redação dada pelo Decreto nº 4.729/2003) e art. 373, com valores atualizados pela Portaria Interministerial MPS/MF nº 350/2009. Em respeito ao disposto no art. 106, inc. II, alínea “c”, do CTN, foi procedida comparação entre as multas aplicadas pela legislação vigente à época dos fatos geradores e a introduzida pela MP 449/2008, e aquela se mostrou mais benéfica ao contribuinte está demonstrada no Anexo VIII. Informa a fiscalização no Relatório Fiscal da Infração – RF que os Anexos I, II, III e IV referemse aos fatos geradores relacionados à aquisição e comercialização de produção rural e os Anexos V, VA, VI, VII e Demonstrativo de Fatos Geradores não informados em GFIP referemse às remunerações do segurados empregados e contribuintes individuais, tudo levado em consideração quando da referida comparação e determinação da multa mais benigna. Apresentada impugnação ao lançamento, a decisão de primeira instância restou ementada nos termos abaixo: AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DESCUMPRIMENTO Constitui infração à legislação previdenciária a apresentação de Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP com informações incorretas ou omissas. São fatos geradores de contribuições previdenciárias e devem ser declarados em GFIP pelo adquirente, a receita bruta da comercialização de produção rural adquirida de produtor pessoa física, a comercialização de sua própria produção rural pelo produtor pessoa jurídica e a remuneração de todos os segurados empregados e contribuintes individuais a seus serviços, nos termos e nas condições estabelecidas pela legislação previdenciária. Cientificado do acórdão de primeira instância em 17/07/2014 (fl.92), o sujeito passivo apresentou Recurso Voluntário (fls.93/95) por via postal, tempestivamente, em 18/08/2014, limitandose a alegar que não houve omissão de fatos geradores em GFIP uma vez Fl. 150DF CARF MF Processo nº 14098.000115/201057 Acórdão n.º 2201003.419 S2C2T1 Fl. 151 3 que não ocorreu o descumprimento da obrigação principal, nos temos do alegado na impugnação ao Auto de Infração da obrigação principal. Requer o sobrestamento do feito até o julgamento do AIOP. Por fim, pleiteia o cancelamento da exigência fiscal. É o relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Do descumprimento da obrigação acessória A recorrente não apresentou inconformismo material em relação a decisão recorrida e nem ao presente lançamento, limitandose a fazer um pedido genérico de cancelamento da autuação e sobrestamento do julgamento até a análise dos Autos de Infração de Obrigação Principal. De acordo com a razões recursais, a revisão do lançamento em relação às obrigações principais fulminaria o presente lançamento, eis que seria uma conseqüência lógica, ou seja, inexistindo a obrigação principal, não poderia ser mantida a obrigação acessória. Em que pese a autonomia em relação à obrigação tributária e acessória, para o caso que se cuida, assiste razão à recorrente, inexistindo a obrigação principal, deixaria de existir a obrigatoriedade de informar todos os fatos geradores no documento declaratório Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP. Todavia, todos os Autos de Infração de obrigação principal dessa mesma ação fiscal foram julgados nessa sessão de julgamento e este colegiado decidiu, por unanimidade de votos, negar provimento a todos aos recursos voluntários, mantendo a decisão de primeira instância, de sorte que permanecem hígidos todos os lançamentos efetuados em relação à obrigação principal. Desse modo, inexistindo rebate ao mérito do presente lançamento, a manutenção dos AIPO por si atesta a regularidade do lançamento efetuado nesse AIOA. Cumpre ressaltar, ainda, que o pedido de sobrestamento do presente feito perdeu o objeto em face do julgamento dos demais Autos de Infração. Assim sendo, a manutenção do presente lançamento é medida que se impõe. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 14098.000115/201057 Acórdão n.º 2201003.419 S2C2T1 Fl. 152 4 Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 152DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16696.720320/2015-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
RENDIMENTOS DE ALUGUEL. LIVRO CAIXA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
Pela falta de previsão legal para dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa no caso de rendimentos de aluguéis e também pela falta de Comprovação de despesas pagas para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis, deve ser mantida a infração de dedução indevida de Livro Caixa.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.579
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felicia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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LIVRO CAIXA. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Pela falta de previsão legal para dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa no caso de rendimentos de aluguéis e também pela falta de Comprovação de despesas pagas para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis, deve ser mantida a infração de dedução indevida de Livro Caixa. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 69 6. 72 03 20 /2 01 5- 23 Fl. 52DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felicia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 16696.720320/201523 Acórdão n.º 2402005.579 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Conforme relatório da decisão recorrida, tratase de Notificação de Lançamento (fls. 09/12) em nome do recorrente identificado em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão da sua Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) do exercício 2014 (fls. 17/30). A autoridade lançadora apurou a infração de dedução indevida de Livro Caixa, com glosa no valor de R$ 54.113,33, por falta de justificativa hábil para esta dedução, uma vez que os rendimentos declarados são provenientes de aluguéis e do trabalho assalariado. Em virtude deste lançamento, apurouse Imposto de Renda Pessoa Física suplementar de R$ 11.449,93, multa de ofício de R$ 8.587,44, além de juros de mora de R$ 1.364,83 (calculados até maio de 2015). Com a alteração na DIRPF/2014, o Interessado perdeu o direito à restituição declarada de R$ 3.431,24. Com a ciência da Notificação, por via postal, em 27/05/2015 (fl. 14), o Interessado apresentou impugnação (fls. 03/06) em 24/06/2015, alegando, em síntese, que: a) cometeu erro no preenchimento da declaração de ajuste anual, devendo o valor glosado ser considerado como dedução de outra natureza; b) é proprietário de imóveis, sendo a administração realizada por conta própria; c) a legislação permite a dedução dos encargos incidentes sobre o bem que vier a produzir os rendimentos, e que, no seu caso, a manutenção predial é realizada e mantida somente pelo próprio; d) as despesas escrituradas em Livro Caixa correspondem aos encargos para manutenção da fonte pagadora, incluindo pessoal assalariado, material de limpeza e conservação e despesas com pessoal administrativo, contador e advogado, conforme as obrigações do locador previstas na Lei n.º 8.245, de 18 de outubro de 1991; e) tem em seu poder os documentos comprobatórios das despesas; e f) os rendimentos declarados não são provenientes do trabalho assalariado, mas sim em sua totalidade dos aluguéis de bens, para os quais exerce a atividade de autônomo como administrador. Em sessão realizada em 23 de Fevereiro de 2016, a DRJ/RJ julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 RENDIMENTOS DE ALUGUEL. LIVRO CAIXA. FALTA DE Fl. 54DF CARF MF 4 PREVISÃO LEGAL. Pela falta de previsão legal para dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa no caso de rendimentos de aluguéis e também pela falta de comprovação de despesas pagas para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis, deve ser mantida a infração de dedução indevida de Livro Caixa. A recorrente foi intimada da decisão e interpôs recurso voluntário, aduzindo, em síntese, que: Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 55DF CARF MF Processo nº 16696.720320/201523 Acórdão n.º 2402005.579 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Bianca Felicia Rothschild Relatora O recurso é TEMPESTIVO, eis que intimado da decisão no dia 17/03/2016, interpôs recurso voluntário no dia 08/04/2016, atendendo também às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser CONHECIDO. De acordo com o artigo 75 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999), o contribuinte que percebe rendimentos de trabalho não assalariado pode deduzir da receita decorrente do exercício da respectiva atividade uma serie de despesas que são necessárias a percepção de tal receita, conforme discriminação em Livro Caixa. O contribuinte apensa aos autos as folhas do Livro Caixa e defende que tais despesas são dedutíveis para fins de imposto de renda. No entanto, ao analisar as Declarações do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (Dirfs) que apresentam o Recorrente como beneficiário de rendimentos, estas apontam que a natureza dos mesmos é de rendimentos de aluguéis. A grande quantidade de bens imóveis de sua propriedade declarados na DIRPF corrobora a informação de rendimentos de aluguéis. O próprio recorrente afirma no recurso voluntário que tratamse de receitas decorrentes de alugueis, vejamos: Fl. 56DF CARF MF 6 Apesar de mencionar orientação dada aos contribuintes pela Receita Federal no Perguntas e Respostas de 2014 que justificaria as deduções por ele realizadas em Livro caixa, não foi possível localizar tal orientação. Sendo assim, entendo que devam ser aplicadas as deduções previstas em lei, mais especificamente no artigo 50 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999), e não a dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa conforme feito pelo Recorrente. Art. 50. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto, no caso de aluguéis de imóveis: I o valor dos impostos, taxas e emolumentos incidentes sobre o bem que produzir o rendimento; II o aluguel pago pela locação de imóvel sublocado; III as despesas pagas para cobrança ou recebimento do rendimento; IV as despesas de condomínio. Em analise ao artigo acima mencionado vis a vis as despesas mencionadas no Livro Caixa apresentado pelo recorrente, verificase que a remuneração paga a terceiros com vínculo empregatício e despesas de custeio em geral (material de limpeza e conservação) não são hipóteses de dedução dos rendimentos de aluguel. No entanto, as despesas incorridas a título de comissões pagas para administradores de imóveis são dedutíveis na medida em que forem devidamente comprovadas por documentação legítima. Pela falta de previsão legal para dedução de despesas escrituradas em Livro Caixa no caso de rendimentos de aluguéis e também pela falta de comprovação de despesas pagas para cobrança ou recebimento dos rendimentos de aluguéis, deve ser mantida a infração de dedução indevida de Livro Caixa. Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o crédito tributário lançado, acrescido de multa de ofício e juros de mora calculados de acordo com a legislação vigente. Firme no entendimento exposto, voto por CONHECER, mas NEGAR PROVIMENTO ao recurso de forma a manter o Crédito Tributário. (assinado digitalmente) Bianca Felicia Rothschild Fl. 57DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.913810/2011-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.057
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 13 81 0/ 20 11 -9 7 Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10480.913810/201197 Resolução nº 3401001.057 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041.057. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10480.913810/201197 Resolução nº 3401001.057 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10480.913810/201197 Resolução nº 3401001.057 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 214DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.933180/2009-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR DE ESTIMATIVA.
Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. (aprovada em 10/12/2012). Tal enunciado é aplicável a compensações pleiteadas tanto antes quanto durante a vigência das INs SRF 460/2004 e 600/2005.
Numero da decisão: 1401-001.799
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.
ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
LIVIA DE CARLI GERMANO - Relatora.
(assinado digitalmente)
EDITADO EM: 06/03/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO BEZERRA NETO (Presidente), LIVIA DE CARLI GERMANO, LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN, GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO.
Nome do relator: LIVIA DE CARLI GERMANO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso. ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente. (assinado digitalmente) LIVIA DE CARLI GERMANO - Relatora. (assinado digitalmente) EDITADO EM: 06/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO BEZERRA NETO (Presidente), LIVIA DE CARLI GERMANO, LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN, GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO.
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PAGAMENTO A MAIOR DE ESTIMATIVA. Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. (aprovada em 10/12/2012). Tal enunciado é aplicável a compensações pleiteadas tanto antes quanto durante a vigência das INs SRF 460/2004 e 600/2005. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso. ANTONIO BEZERRA NETO Presidente. (assinado digitalmente) LIVIA DE CARLI GERMANO Relatora. (assinado digitalmente) EDITADO EM: 06/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO BEZERRA NETO (Presidente), LIVIA DE CARLI GERMANO, LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN, GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 93 31 80 /2 00 9- 04 Fl. 241DF CARF MF 2 Relatório Tratase de pedido de compensação de débitos de PIS e COFINS do mês de junho de 2008 (respectivamente nos valores de 2.757.285,70 e R$ 3.541.965,50) e com crédito de estimativa de CSLL supostamente recolhida a maior do mês de março de 2005. O pedido foi apresentado em 18 de julho de 2008, na vigência da Instrução Normativa SRF nº 600/2005. Alega a Requerente que, originalmente, apurou a estimativa de CSLL do mês de março de 2005 no montante de R$ R$ 5.860.293,24, tendo recolhido tal valor por meio de DARF. Após, a empresa constatou erro na apuração da base de cálculo da CSLL, com base no balancete de suspensão e redução, acabando por apurar base negativa. Diante disso, retificou a DCTF mensal de março de 2005, o que acabou por gerar o recolhimento indevido de todo o montante então recolhido, valor este utilizado para compensar os débitos acima mencionados bem como para compensar débito de CSLL do mês de agosto de 2008 no valor de R$ 251.678,24, conforme discutido no processo administrativo 10680.935181/2009 85, distribuído a esta mesma relatora. Anexa aos autos memórias de cálculo e as informações prestadas na DIPJ, bem como DCTF retificadora do período. A DRF, ao analisar o pleito em 07/10/2009, exarou o Despacho Decisório nº 848544462, indeferindo a compensação "por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o Saldo Negativo de IRPJ ou CSLL do período". Apresentada a manifestação de inconformidade, esta foi julgada improcedente pela 3ª Turma de Julgamento da DRJ, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 29/04/2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Na Declaração de Compensação somente podem ser utilizados os créditos comprovadamente existentes, passíveis de restituição ou ressarcimento, respeitadas as demais regras determinadas pela legislação vigente para a sua utilização. COMPENSAÇÃO PAGAMENTOS POR ESTIMATIVA. As estimativas mensais, ainda que pagas em valor superior ao calculado na forma da lei não se caracterizam, de imediato, como tributo indevido ou a maior passível de restituição/compensação. A opção pelo pagamento mensal por estimativa difere para o ajuste anual a apuração do possível indébito, quando ocorre a efetiva apuração do imposto devido. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Crédito Tributário Mantido. Intimada em 10 de maio de 2010 (efls 87), a empresa apresentou recurso voluntário em 9 de junho de 2010 alegando a nulidade do acórdão recorrido e no mérito razões para a sua reforma. Em 5 de junho de 2014 esta Turma decidiu, por meio da Resolução 1401 000.311 encaminhar os autos "para realização de diligência para verificar a correção da Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10680.933180/200904 Acórdão n.º 1401001.799 S1C4T1 Fl. 242 3 apuração do balanço de suspensão e redução no ano calendário 2005 e identificação se o valor pago relativo ao mês de março de 2005 foi superior aquele registrado no exercício e verificar a disponibilidade do referido valor para fins de compensação, com a consequente formalização de parecer conclusivo". A diligência foi cumprida em 16 de abril de 2015, tendo a Equipe RESTITUIÇÃOPJ/SEORT/DRF/BHE/MG confirmado a existência do crédito, nos seguintes termos (efls. 212 a 214, grifos nossos): "Diante de todo o exposto e das informações e documentação apresentadas, procedi a análise das mesmas e cheguei ao seguinte entendimento: O contribuinte, como documentação comprobatória de seus argumentos, apresentou o Balanço Geral CEMIG Tributos encerrado em março de 2005, onde ficou demonstrado que o lucro contábil, antes da Contribuição Social, totalizava o valor de R$ 589.452.125,15. Pela cópia apresentada da memória de cálculo da apuração da CSLL, mês de março de 2005, o resultado apurado foi ajustado pelas adições e exclusões, resultando na base de cálculo negativa de R$ 36.915.932,55. Este valor espelha fielmente a apuração transcrita na ficha 12A da DIPJ/2006, cópia anexa, onde foi informado este montante como base negativa de CSLL para esta apuração. Assim, ficou justificado o pedido de compensação realizado pelo contribuinte através do PerDcomp sob apreciação, onde o crédito pleiteado teve origem no recolhimento indevido da estimativa da CSLL do mês de março de 2005, no valor de R$ 5.860.293,24. De forma coerente, a empresa transmitiu a DIPJ/2006 com as apurações das estimativas da CSLL e resultado final atualizados, pois já havia ajustado as informações prestadas à RFB via entrega de DCTF mensais retificadoras. A DCTF do mês de março/2005, transmitida em 06/05/2005, arquivada sob o nº 100.0000.2005.1860002744, que registrava como valor devido da estimativa da CSLL o montante de R$ 5.860.293,24, foi retificada em 15/09/2006, com arquivamento sob o nº 100.0000.2006.1840249341. Esta não trouxe registro de valor devido de estimativa da CSLL, visto ter sido apurada base de cálculo negativa. Nesta oportunidade, informo também que o pagamento da estimativa de março/2005, realizado pelo empresa em 29/04/2005, no valor de R$ 5.860.293,24, encontrase na situação “não alocado” no sistema da RFB “SIEF Documentos de arrecadação”, cuja tela foi anexada ao presente processo. Cabe ainda frisar que a empresa transmitiu outra declaração de compensação, PerDcomp nº 10594.40367.300707.1.3.040247, vinculada ao processo nº 10680.935181/200985, que também se encontra sob julgamento de recurso voluntário no CARF/MF/DF. Nela a empresa utilizou para compensação de débito da CSLL, apuração de ago/2008, Fl. 243DF CARF MF 4 vencimento 30/09/2008, valor de R$ 251.678,24, parte do crédito proveniente do pagamento indevido da estimativa da CSLL de março de 2005." Intimada a se manifestar sobre o resultado da diligência, a empresa reiterou a existência e a disponibilidade do crédito e ressaltou o teor da Súmula 84 deste CARF. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Livia De Carli Germano O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. O indeferimento da compensação declarada pelo sujeito passivo se deu unicamente por se tratar de débitos de estimativa recolhidos a maior, não havendo dúvidas sobre a existência e disponibilidade do crédito então utilizado, conforme atestou a diligência realizada nestes autos (efls. 212 a 214). Realmente, já houve discussão sobre a possibilidade de se compensar débitos de estimativa recolhida a maior. As autoridades fiscais costumavam entender que a opção pelo pagamento mensal por estimativa difere para o ajuste anual a apuração do possível indébito, pois apenas nesta oportunidade ocorreria a efetiva apuração do imposto devido. Inclusive, proibição expressa neste sentido constou do art. 10 da IN SRF 460/2004 e do art. 10 da IN SRF 600/2005, deixando de constar da regulamentação editada posteriormente pela Receita Federal (isto é a partir da IN RFB 900/2008). Por sua vez, os contribuintes alegavam que o indébito ocorreria na data do recolhimento a maior da estimativa, que a restrição das INs acima referidas não teria base legal, bem como pleiteavam a eficácia retroativa da IN RFB 900/2008 por se tratar de norma procedimental. Sobre o assunto, a jurisprudência deste CARF se consolidou no seguinte sentido: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. (aprovada em 10/12/2012) De se ressaltar que a consulta dos acórdãos referidos como paradigmas para a edição da Súmula CARF 84 revela que estes abordaram casos envolvendo compensações pleiteadas tanto antes quanto durante a vigência das INs SRF 460/2004 e 600/2005. Nos termos do artigo 72 do Regimento Interno do CARF (Portaria MF 343/2015) as súmulas que são enunciados que consubstanciam as decisões reiteradas e uniformes do CARF são de observância obrigatória pelos membros do CARF. Pelo exposto dou provimento ao recurso voluntário. Fl. 244DF CARF MF Processo nº 10680.933180/200904 Acórdão n.º 1401001.799 S1C4T1 Fl. 243 5 Livia De Carli Germano Relatora (assinado digitalmente) Fl. 245DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.694067/2009-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-000.996
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, em converter julgamento em diligência. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula. Designado o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Sustentou pela recorrente o Dr. Luiz Roberto Domingo, OAB/SP 105.509.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula. Designado o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Sustentou pela recorrente o Dr. Luiz Roberto Domingo, OAB/SP 105.509. Antonio Carlos Atulim - Presidente. Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora. Diego Diniz Ribeiro - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Trata-se de Declaração de Compensação – DCOMP registrada sob o nº 25907.68795.070408.1.7.048740, por meio da qual a contribuinte compensou um débito de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (código 2362), referente ao mês de dezembro de 2007, com vencimento em 31/01/2008, no valor principal de R$ 2.739.666,54, valendo-se, para tanto, de um crédito de R$ 3.245.885,87, relativo ao DARF de Cofins não-cumulativa (código 5856), recolhido em 18/01/2008, no valor de R$ 3.671.498,78. 2. Em 23/10/2009 foi emitido despacho decisório negando a homologação da compensação, ao fundamento que o DARF indicado na DCOMP havia sido integralmente Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10880.694067/2009-33 Resolução nº 3402-000.996 S3-C4T2 Fl. 128 2 utilizado para quitação de outro débito, relativo à Cofins do período de apuração de dezembro de 2007. 3. Cientificada do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade de fls. 80/89, oportunidade em que aduziu, dentre outras questões: (i) o equívoco no preenchimento do PER/DCOMP relativamente ao código do DARF então empregado, o qual teria sido registrado - indevidamente - com o código 5856 enquanto que o correto seria o código 2172; bem como (ii) a existência do crédito informado na DCOMP, vez que, em relação à Cofins do mês de dezembro de 2007, pagou o montante de R$ 20.273.062,83 em três DARFs, enquanto o débito apurado foi no valor de R$ 16.601.564,45, restando comprovado um pagamento a maior do que o devido no importe de R$ 3.374.866,45. 4. A Delegacia de Julgamento de Curitiba não acatou os argumentos da ora recorrente (acórdão n. 0645.280 - fls. 92/96), julgando improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2007 a 31/12/2007 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO NO PER/DCOMP. Inexistindo comprovação do direito creditório informado no PER/DCOMP, é de se considerar não homologada a compensação declarada. RETIFICAÇÃO DE DCTF POSTERIOR À NÃO HOMOLOGAÇÃO DA DCOMP. A retificação de declaração já apresentada à RFB somente é válida quando acompanhada dos elementos de prova que demonstrem a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração original (art. 147, § 1º, do CTN). Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 5. Uma vez cientificada da sobredita decisão, o contribuinte apresentou o recurso voluntário de fls. 105/120. 6. É o relatório. Resolução Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 7. Na sua manifestação de inconformidade alegou a contribuinte que "a não compensação somente se deu por conta do equívoco no preenchimento do DARF, vez que constou o código de receita 5856, ao invés do correto 2172" sendo que tal erro "fez com que a Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10880.694067/2009-33 Resolução nº 3402-000.996 S3-C4T2 Fl. 129 3 Receita Federal não identificasse o referido DARF como pagamento de COFINS indevido relativo ao período de apuração 31/12/2007". 8. Ocorre que, à época do julgamento na DRJ, em análise das alegações da então manifestante, verificou o julgador que as informações da DCTF de dezembro/2007 haviam sido alteradas sem que, todavia, a interessada tivesse apresentado comprovação de eventuais incorreções na versão anterior da DCTF e da consequente necessidade de alteração. É o que se observa do seguinte trecho da decisão recorrida: (...) É bem verdade que, atualmente, conforme a última DCTF entregue pela interessada em 06/12/2011, não consta nenhum débito de Cofins não cumulativa declarado relativamente ao período de apuração de dezembro de 2007 (constando, entretanto, a Cofins cumulativa no valor de R$ 13.099.587,26). Contudo, verifica-se que a contribuinte não logrou êxito em comprovar materialmente o erro de fato cometido, ou seja, de que não houve o débito de Cofins não cumulativa do mês de dezembro de 2007 e que o pagamento informado na Dcomp é indevido. Não foram juntados ao processo cópia da documentação contábil comprovando a ocorrência do indébito tributário, e nem tampouco dos documentos que comprovam o valor da base de cálculo (e dos créditos da não cumulatividade) relativa ao citado débito de Cofins, nos termos que exige o § 1º, do art. 147, do Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66). (...) 9. Em suma, ao se analisar a decisão recorrida e as razões recursais do contribuinte o que se observa é uma discussão quanto a existência ou não de documentos fiscais que suportem a retificação da DCTF apresentada pelo contribuinte e que, por conseguinte, validaria o crédito vindicado. 10. Assim, em face do princípio da verdade material e, em especial, em respeito aos valores eficiência e moralidade, que devem conformar as ações da Administração Pública, é salutar que o presente caso seja convertido em julgamento para que: (i) o contribuinte seja intimado a apresentar os documentos fiscais que atestem a validade material da retificação da DCTF aqui referida, bem como a validade do seu crédito; e, ato contínuo (ii) a fiscalização apresente relatório fiscal conclusivo acerca da validade material desta retificação, bem como do crédito aqui pleiteado. 11. Elaborado o sobredito relatório fiscal, o contribuinte deverá ser intimado para que, querendo, possa manifestar-se a seu respeito em 30 (trinta) dias, exatamente como prescreve o art. 35, parágrafo único do Decreto n. 7.574/2011. 12. É a resolução. Diego Diniz Ribeiro - Redator designado. Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14751.000032/2006-21
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 27 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Data do fato gerador: 30/09/2001, 31/12/2001
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS.
Por expressa determinação legal contida na Lei nº 9.430/96 e consoante dispõe a Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida no art. 42 deste diploma legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, materializando assim a omissão de receitas ou rendimentos.
ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Data do fato gerador: 30/09/2001, 31/12/2001
ARBITRAMENTO DO LUCRO. LUCRO PRESUMIDO.
Impõe-se o arbitramento do lucro, quando descumpridas as obrigações acessórias que permitem a opção pelo regime de tributação do lucro presumido, como a ausência completa de escrituração regular ou livro caixa contendo o registro da movimentação financeira inclusive bancária.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 30/09/2001, 31/12/2001
NULIDADES. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA.
Não configura nulidade o indeferimento de perícia, que pretende modificar o critério jurídico do lançamento de ofício possibilitando a alteração do regime de tributação do lucro arbitrado para o lucro presumido ou arbitrado. O arbitramento do lucro não é condicional sendo negada a pretensão de posterior apresentação de livros e documentos das operações.
LANÇAMENTOS REFLEXOS OU DECORRENTES.
Em virtude da íntima relação de causa e efeito, aplica-se aos lançamentos tidos como reflexos ou decorrentes (CSLL, PIS e COFINS) o decidido em relação ao lançamento principal ou matriz (IRPJ).
Numero da decisão: 1803-000.788
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF - lucro arbitrado
Nome do relator: Walter Adolfo Maresch
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OMISSÃO DE RECEITAS. Por expressa determinação legal contida na Lei nº 9.430/96 e consoante dispõe a Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida no art. 42 deste diploma legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, materializando assim a omissão de receitas ou rendimentos. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 30/09/2001, 31/12/2001 ARBITRAMENTO DO LUCRO. LUCRO PRESUMIDO. Impõe-se o arbitramento do lucro, quando descumpridas as obrigações acessórias que permitem a opção pelo regime de tributação do lucro presumido, como a ausência completa de escrituração regular ou livro caixa contendo o registro da movimentação financeira inclusive bancária. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/09/2001, 31/12/2001 NULIDADES. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. Não configura nulidade o indeferimento de perícia, que pretende modificar o critério jurídico do lançamento de ofício possibilitando a alteração do regime de tributação do lucro arbitrado para o lucro presumido ou arbitrado. O arbitramento do lucro não é condicional sendo negada a pretensão de posterior apresentação de livros e documentos das operações. LANÇAMENTOS REFLEXOS OU DECORRENTES. Fl. 1DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 Em virtude da íntima relação de causa e efeito, aplica-se aos lançamentos tidos como reflexos ou decorrentes (CSLL, PIS e COFINS) o decidido em relação ao lançamento principal ou matriz (IRPJ). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira De Moraes - Presidente. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch - Relator. EDITADO EM: 31/01/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Benedicto Celso Benício Júnior, Sérgio Rodrigues Mendes, Luciano Inocêncio dos Santos, Walter Adolfo Maresch e Marcelo Fonseca Vicentini. Relatório PEIXE BOI COMERCIAL DE COMBUSTÍVEIS LTDA, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ RECIFE (PE), interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ. Contra a empresa acima mencionada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 03/06 e, por decorrência, os de natureza reflexa constantes às fls. 07/09, 11/14 e 15/18 do presente processo, para exigência do crédito tributário referente ao ano-calendário de 2001, adiante: (...) Os referidos Autos são decorrentes de fiscalização efetuada junto à empresa quando foi constatada omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada e arbitramento do lucro no ano-calendário de 2001 tendo em vista o fato de a contribuinte não ter apresentado sua escrituração, conforme Relatório de Trabalho Fiscal de fls. 179/185 e ter declarado, fls. 45/46, não possuir o livro caixa, Livro de Apuração do ICMS, Livro de Registro de ISS, Livro de controle de combustíveis e extrato bancário do Banco Alvorada SA. Apresentou apenas o contrato social e alterações, extrato bancário do Banco Mercantil do Brasil SA , CNPJ provisório, alvará de licença de funcionamento e FAC —cadastro de contribuintes do ICMS. Fl. 2DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 14751.000032/2006-21 Acórdão n.º 1803-00.788 S1-TE03 Fl. 325 3 Foi apurada omissão de receita caracterizada pela falta de comprovação da origem dos recursos creditados nas contas correntes bancárias da contribuinte bem como da origem das transferências de recursos creditadas em conta corrente de sua titularidade, no ano calendário de 2001 (após intimada e reintimada a fazê-lo), nos termos do artigo 42 da Lei n° 9,430/1996, conforme Relatório de Trabalho Fiscal acima mencionado O enquadramento legal dado ao lançamento objeto do presente processo, consta dos Autos de Infração retrocitados. Inconformada com o lançamento, a contribuinte apresentou impugnação às fls. 213/245, argumentando o que segue: Alega que a "forma de lançamento adotada pelo autuante" qual seja, a do arbitramento, só poderia ser utilizada caso não dispusesse das escritas fiscal e contábil atualizadas, tornando- se, portanto, ilegal o arbitramento efetuado. Afirma que ante os documentos apresentados, seria possível a tributação pelo lucro real ou presumido e que a fiscalização havia tomado como receita bruta valores de pretensos depósitos bancários não contabilizados, desprezando sem justificativa os lançamentos existentes e documentos relativos ao lucro real ou presumido, passiveis de apuração, cujos tributos recolhidos relativamente ao que fora escriturado não havia sido contestado. Aduz que estaria comprovado que pretensos depósitos não contabilizados deveriam ter feito parte do cálculo da receita inclusa na obtenção do lucro presumido. Requer a realização de perícia a fim de comprovar quais as verdadeiras bases de cálculo quer do lucro presumido quer do lucro real, formulando os quesitos elencados à f1. 223, todos no sentido de que fosse apurado se os referidos depósitos bancários haviam sido escriturados e qual o montante de tributos devidos pelo regime de lucro real e presumido, com o acréscimo dos mencionados depósitos bancários. Afirma que a jurisprudência administrativa lhe favoreceria no sentido de que "não poderia ser responsabilizado pela pretensão fazendária constante do auto de infração, reproduzindo ementas do Conselho de Contribuintes e do TRF da 1ª região acerca de depósitos bancários, e que a matéria tributável não estaria determinada com certeza. Quanto ao PIS e à COF1NS alega que a Medida Provisória n°2158-3412001 havia efetuado distinção entre a contribuinte e as instituições financeiras, as quais estariam autorizadas a recolher as mencionadas exações com deduções e exclusões da base de cálculo, ferindo frontalmente o principio da isonomia tributário insculpido no artigo 150, II da Constituição Federal, citando jurisprudência e doutrina. Fl. 3DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 Finaliza requerendo a improcedência do lançamento por falta de amparo legal, posto que fundado em arbitramento ilegal e por afronta ao artigo 110 do CTN, "a persistir a tributação do PIS e da COFINS na forma da Lei n° 9.718/98, cujo artigo 30 foi declarado inconstitucional pelo Egrégio STF. A DRJ RECIFE/PE, através do acórdão 11-21.839, de 28 de fevereiro de 2008 (fls. 275/283), julgou procedente o lançamento , ementando assim a decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001 ARBITRAMENTO DO LUCRO - FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO: Por não existir arbitramento condicional, o ato administrativo do lançamento não é modificável pela posterior apresentação da escrituração cuja falta de apresentação foi a causa do arbitramento, ainda mais quando a contribuinte não traz aos autos prova de sua existência, apresentando apenas alegações, as quais não são aptas a infirmar a presunção fiscal, idealizada pelo legislador como salvaguarda do crédito tributário posta a serviço da Fazenda Pública. PERÍCIA CONTÁBIL: Descabe perícia quando as informações necessárias à fundamentação da autuação encontram-se nos autos e os termos processuais. forem confeccionados em estrita observância da legislação aplicável. APRESENTAÇÃO DE PROVA: O momento oportunizado pela legislação para apresentação de prova no processo administrativo fiscal é quando da apresentação da impugnação. TRIBUTAÇÃO REFLEXA - PIS, COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO: A tributação reflexa deve, em relação ao respectivo Auto de infração, acompanhar o entendimento adotado quanto ao principal, em virtude da intima relação dos fatos tributados. DECISÃO JUDICIAL: A sentença judicial faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, e tão-somente em relação ao fato a que a decisão se refere, não possuindo efeito erga omnes. INCONST1TUCIONALIDADE A Secretaria da Receita Federal como órgão da Administração Direta da União, não é competente para decidir acerca da inconstitucionalidade de norma legal Como entidade do Poder Executivo, cabe à Secretaria da Receita Federal, mediante ação administrativa, aplicar a lei tributária ao caso concreto. Ciente da decisão em 18/04/2008, conforme Aviso de Recebimento – AR (fl. 286), apresentou o recurso voluntário em 12/05/2008 - fls. 288/322, onde pugna pela nulidade da decisão de primeira instância e reitera parcialmente os argumentos da inicial. Fl. 4DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 14751.000032/2006-21 Acórdão n.º 1803-00.788 S1-TE03 Fl. 326 5 Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de autos de infração IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, lavrados em virtude da constatação de omissão de receitas, pela manutenção de depósitos bancários sem origem, relativos aos fatos geradores 30/09/2001 e 31/12/2001, tributação pelo regime do lucro arbitrado. Alega a recorrente em síntese: a) A nulidade da decisão de primeira instância pelo não deferimento de perícia e a necessidade de concessão desta em sede de recurso voluntário para permitir a tributação pelo regime do lucro presumido ou real; b) Haveria infração ao art. 142 do CTN pois a matéria tributável não está determinada com certeza; c) São improcedentes as exigências de PIS e COFINS pois ferem o princípio da isonomia ao não permitir as mesmas exclusões das instituições financeiras, e sua base de cálculo configura ofensa ao art. 110 do CTN por alterar o conceito de faturamento ao incluir receitas diversas da simples venda de mercadorias e serviços. Não assiste razão à interessada. Com efeito, não há qualquer nulidade no indeferimento do pedido de perícia por parte da decisão de primeira instância que fosse possível a alteração do regime de tributação do lucro arbitrado para o lucro presumido ou real. Pretende a recorrente na verdade uma revisão no critério jurídico do lançamento o que não é possível de acordo com as normas que regem o lançamento e julgamento do crédito tributário. Conforme se depreende dos elementos constantes dos autos, a contribuinte sofreu ação fiscal em decorrência de suspeitas na participação de ilícitos na comercialização de combustíveis, tendo sido constatada total ausência de escrituração contábil e dos documentos que compõem a atividade comercial, relativo ao ano calendário 2001. Após diversas solicitações forneceu a contribuinte os extratos bancários do período fiscalizado, tendo sido intimada a comprovar a origem dos recursos movimentados, com fulcro no art. 42 da Lei nº 9.430/96. A empresa apresentou sua DIPJ relativa ao ano calendário 2001, com opção pelo lucro presumido, mas não declarou qualquer importância a título de receita auferida no período. Fl. 5DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 6 Não tendo sido fornecida qualquer comprovação da origem dos depósitos/créditos e na ausência de escrituração contábil regular ou livro caixa contendo a movimentação financeira, para que pudesse ser validada a opção pelo lucro presumido, foi realizado o lançamento de ofício pelo lucro arbitrado, forte no art. 530, III do Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda). O mencionado dispositivo tem sua matriz legal no art. 47 da Lei nº 8.981/95, dirigindo-se especificamente às empresas que efetuando a opção pelo regime de tributação do lucro presumido, deixam de observar a exigência de manutenção de escrituração contábil regular ou livro caixa contendo a escrituração de toda a movimentação financeira inclusive bancária. Como o arbitramento do lucro não é condicional, não sendo permitida a mudança do critério jurídico do lançamento por força do art. 146 do Código Tributário Nacional, não merece acolhida a pretensão da recorrente. Se sequer mantinha em boa guarda e ordem a documentação do período e tampouco mantinha escrituração contábil regular ou livro caixa registrando a movimentação financeira, não pode pretender após a realização do lançamento, mediante simples perícia, alterar a modalidade do regime de tributação para o lucro real ou presumido. Rejeito portanto o pedido de perícia que tem por finalidade alterar o regime de tributação para o lucro presumido ou arbitrado. Tampouco se vislumbra qualquer ofensa às disposições do art. 142 do Código Tributário Nacional no que tange a determinação da matéria tributável. Com efeito, constata-se que a autoridade fiscal seguiu rigorosamente o rito determinado no art. 42 da Lei nº 9.430/96, relacionando de forma individualizada os depósitos e créditos sujeitos à comprovação e submeteu à contribuinte para manifestação. A fiscalizada quedou-se inerte limitando-se a afirmar que a movimentação decorre de operações comerciais de venda de combustíveis que foram registradas em nome de outra empresa (Posto Nossa Senhora das Graças), não produzindo qualquer outro adicional exceto algumas notas de compra de combustíveis em nome do mencionado estabelecimento. O citado art. 42 da Lei nº 9.430/96, dispõe: (verbis) Depósitos Bancários Art.42.Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Fl. 6DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 14751.000032/2006-21 Acórdão n.º 1803-00.788 S1-TE03 Fl. 327 7 § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I - os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II -no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano- calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Lei nº 9.481, de 1997) § 4º Tratando-se de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) Mencionado dispositivo instituiu presunção juris tantum que além de inverter o ônus da prova em favor do Fisco, utiliza como forma de quantificar a grandeza tributável a título de omissão de receitas, o valor dos depósitos e créditos não comprovados. De se notar que a comprovação deve ser feita de forma individualizada, não bastando simples alegações genéricas de comprovação, como receitas declaradas em nome de terceiros ou mesmo as próprias receitas declaradas se não guardarem qualquer vinculação com os depósitos cuja origem se indaga. Sendo assim, não tem guarida as afirmações de que a matéria tributável não se encontra definida pois é a própria lei que assim determina, não cabendo ao intérprete negar- lhe vigência ou cumprimento sob qualquer pretexto. Neste sentido, a Súmula CARF nº 02 cujo teor é de cumprimento obrigatório pelos seus julgadores: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Também com relação à quantificação da matéria tributável através dos depósitos bancários, constata-se que os mesmos valem per si como receita tributável, não Fl. 7DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 8 havendo necessidade de comprovação de acréscimo patrimonial ou renda consumida, conforme entendimento cristalizado na Súmula CARF nº 26: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Diante do exposto, rejeito as alegações de ofensa ao art. 142 do Código Tributário Nacional. Por último, com relação às bases de cálculo do PIS e COFINS, constata-se que o lançamento é decorrente e reflexo da constatação de omissão de receitas por depósitos bancários não comprovados, conforme ditame do § 2º art. 24 da Lei nº 9.250/95: Art 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período-base a que corresponder a omissão. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado. § 2° O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da contribuição social sobre o lucro liquido, da contribuição para a seguridade social - COFINS e da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP. Não procedem destarte, as alegações de irregularidades na base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS posto que decorrentes da tributação de receitas auferidas, não havendo se falar em tributação de receitas diversas da atividade operacional (inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por alargamento da base de cálculo), não havendo qualquer ofensa ao art. 110 do CTN. No que tange à suposta falta de observância do princípio de isonomia esculpido no art. 150, inciso II da Constituição Federal, por não facultar as mesmas deduções das instituições financeiras às exações do PIS e COFINS, a questão é eminentemente constitucional sendo sua apreciação vedada ao julgador administrativo, conforme preconiza a Súmula CARF nº 02 já transcrita neste voto. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch - Relator Fl. 8DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 14751.000032/2006-21 Acórdão n.º 1803-00.788 S1-TE03 Fl. 328 9 Fl. 9DF CARF MF Excluído Documento de 8 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP27.0317.16194.R8L5. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por WALTER ADOLFO MARESCH em 31/01/2011 10:17:22. Documento autenticado digitalmente por WALTER ADOLFO MARESCH em 31/01/2011. Documento assinado digitalmente por: SELENE FERREIRA DE MORAES em 03/02/2011 e WALTER ADOLFO MARESCH em 31/01/2011. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 27/03/2017. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP27.0317.16194.R8L5 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 14751.000032/2006-21. 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