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Numero do processo: 10530.003850/2007-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65.
Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65).
Numero da decisão: 2202-004.199
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65. Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65).
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RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65. Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 00 38 50 /2 00 7- 18 Fl. 396DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 19515.001700/200813. "Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve a cobrança do crédito tributário. O Auto de Infração foi lavrado por descumprimento de obrigação acessória verificada durante ação fiscal realizada em órgão público. A autuação ocorreu em nome do sujeito passivo, na condição de dirigente de órgão público, por força do disposto no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, vigente à época dos fatos geradores. O recorrente tomou ciência do lançamento e apresentou defesa, entretanto, a primeira instância de julgamento manteve a autuação. Inconformado com a decisão, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário ao CARF, onde alega a improcedência da autuação. É o relatório." Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 2202004.158, de 03/10/2017, proferido no julgamento do processo 19515.001700/200813, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 2202004.158): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O lançamento em questão foi efetuado contra o dirigente do órgão público com base no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que, à época dos fatos geradores, estabelecia: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição. Fl. 397DF CARF MF Processo nº 10530.003850/200718 Acórdão n.º 2202004.199 S2C2T2 Fl. 3 3 Contudo, o dispositivo transcrito foi revogado pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, não mais se aplicando, contra dirigente de órgão público, a penalidade por descumprimento de obrigação acessória. Sobre a matéria, a Súmula CARF nº 65 dispõe o seguinte: Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige. Em função disso, aplicase ao caso, a retroatividade benigna de que trata a alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN): Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifei) Portanto, o lançamento em questão deve ser cancelado. Conclusão Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relator" Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Fl. 398DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10932.000788/2007-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2000 a 30/10/2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
Numero da decisão: 9202-006.192
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do crédito tributário, por concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2000 a 30/10/2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
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CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para declarar a definitividade do crédito tributário, por concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 2. 00 07 88 /2 00 7- 71 Fl. 641DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nº 37.117.8371, referente a Contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa, incidentes sobre os valores brutos das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços, relativamente aos serviços que lhe foram prestados por cooperados intermediados por cooperativas de trabalho. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 70 a 72, a autuada tomou serviços da Unimed ABC Cooperativa de Trabalho Medico e Cooperativa dos Transportadores de Veículos e de Cargas em Geral, porém não efetuou a retenção prevista no artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212, de 1991. Em sessão plenária de 14/04/2014, foi julgado o Recurso, prolatandose o Acórdão nº 2301003.973 (efls. 350 a 357), assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2000 a 30/10/2006 DECADÊNCIA PARCIAL De acordo com a Súmula Vinculante nº 08 do Supremo Tribunal Federal, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer as disposições da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, no que diz respeito a prescrição e decadência. Havendo pagamento antecipado do tributo exigido no lançamento, aplicase o prazo qüinqüenal previsto no artigo 150, § 4º, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Incidência da Sumula CARF nº 02. RETENÇÃO. SERVIÇOS TOMADOS DE COOPERATIVA DE TRABALHO. No caso dos autos, foram tomados serviços de cooperativas de trabalho e não de produção, ensejando a incidência do inciso IV, do artigo 22 da Lei 8.212/91. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Incide na espécie a retroatividade prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo a multa lançada na presente autuação ser calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, se mais benéfica ao contribuinte.” A decisão foi assim registrada: Fl. 642DF CARF MF Processo nº 10932.000788/200771 Acórdão n.º 9202006.192 CSRFT2 Fl. 570 3 “Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 10/2002, anteriores a 11/2002, nos termos do voto do(a) Relator(a); b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); II) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada.” O processo foi encaminhado à PGFN em 21/11/2014 (Despacho de Encaminhamento de efls. 358) e, na mesma data, foi interposto o Recurso Especial de efls. 359 a 370 (Despacho de Encaminhamento de efls.371), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Nesse passo, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, no sentido de se verificar, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e art. 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/91. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2300 462/2014, de 28/11/2014 (efls. 373 a 376). Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 09/12/2014 (Termo de Abertura de Documento de efls. 379), a Contribuinte, em 15/12/2014 (carimbo aposto às efls. 381), ofereceu as Contrarrazões de efls. 381 a 388, contendo os seguintes argumentos: a Contribuinte permitese transcrever as ementas de quatro acórdãos que confirmam o correto entendimento do acórdão recorrido quanto à aplicação da penalidade mais benéfica ao contribuinte (art. 106 do CTN), prevista no artigo 35, caput, da Lei nº 8212, de 1991 (até 20%); Acórdão nº 2403002.742 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 30/11/2008 PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL A decisão deve ser tomada com base nos fatos tais como se apresentam na realidade. A Administração tem o direito e o dever de carrear para o expediente todos os dados, informações e documentos a respeito da matéria tratada. MULTA DE MORA. PRINCÍPIO DA RETRO ATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. Conforme determinação do Fl. 643DF CARF MF 4 Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratando se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Nova Lei limitou a multa de mora a 20%. A multa de mora, aplicada até a competência 11/2008, deve ser recalculada, prevalecendo a mais benéfica ao contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte (destaques da Contribuinte) Acórdão nº 2803003.177 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 30/06/2011 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMISSAS. MULTA DE MORA. OBSERVÂNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA. Constitui infração à legislação previdenciária a empresa apresentar GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas. A lei aplicase a ato ou fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, art. 106 do CTN. Autos de infração referentes à GFIP, que foram lavrados antes da vigência da MP n°. 449/1996, vislumbrase a possibilidade de, nos casos mais benéficos ao sujeito passivo, consoante o disposto no artigo 106 do CTN. reduzir a penalidade para adequála ao artigo 32A da Lei n°. 8.212/91. Recurso Voluntário Provido em Parte (destaques da Contribuinte) Acórdão nº 2302003.069 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 AUTODEINFRAÇÃO. GFIP. DADOS NÃO CORRESPONDENTES A TODOS OS FATOS GERADORES. Constitui infração a apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme artigo 32, Inciso IV e §5°, da Lei n°. 8.212/91. O Auto de Infração de Obrigação Acessória lavrado pela falta de declaração em GFIP de fatos geradores de contribuições previdenciárias deve seguir o que foi decidido no julgamento do conexo Auto de Infração de Obrigação Principal. RETRO ATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N°. 449. REDUÇÃO DA MULTA. Fl. 644DF CARF MF Processo nº 10932.000788/200771 Acórdão n.º 9202006.192 CSRFT2 Fl. 571 5 As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória n°. 449 de 2008, que beneficiam o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n°. 8.212. Conforme previsto no art. 106. inciso II do CTN. a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte (destaques da Contribuinte) Acórdão nº 2803003.791 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. TERMO A QUO. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173, I. Encontramse atingidos pela decadência os fatos geradores anteriores à 08/2005, inclusive. GRUPO ECONÔMICO. CONFIGURAÇÃO. Presentes os pressupostos para a configuração de grupo econômico, as empresas envolvidas são solidárias com o débito apurado. PAGAMENTO DE DIÁRIAS EM VALOR EXCEDENTE A 50% DA REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA PREVIDENCIÁRIA. Por expressa disposição legal art. Art. 28, § 8o, "a", da lei 8.212/91, os valores a título de diárias, são considerados como salário de contribuição, pelo seu valor total, caso excedam a cinqüenta por cento da remuneração mensal. MULTA APLICÁVEL. LEI SUPERVENIENTE. APLICABILIDADE SOMENTE SE MAIS BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. Os valores das multas referentes a descumprimento de obrigação principal foram alterados pela MP 449/08, de 03.12.2008, convertida na lei n 0 11.941/09. Assim sendo, como os fatos geradores se referem ao ano de 2005 e 2006, o valor da multa aplicada deve ser calculado segundo o art. 35 da lei 8.212/91. na redação anterior a lei 11.941/09. e comparado aos valores que constam do presente auto, para se determinar o resultado mais favorável ao contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte (destaques da Contribuinte) vêse, portanto, que o acórdão a quo está em perfeita sintonia com a jurisprudência do CARF, notoriamente no que se refere à aplicação da penalidade mais benéfica ao contribuinte (multa de 20%); Fl. 645DF CARF MF 6 por seu bem estruturado raciocínio, a Contribuinte toma a liberdade de adotar como mérito de suas Contrarrazões os argumentos proferidos pelo Conselheiro Natanael Vieira dos Santos (Acórdão nº 2803003.177, doc. 3), cujo voto prevaleceu quanto à aplicação da penalidade mais benéfica ao contribuinte (multa de até 20%) em caso absolutamente análogo ao presente; confirase: "9. Fazendo uma comparação do referido dispositivo com o artigo 44 da Lei 9.430, de 27/12/1996 (que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais), percebe se que as regras diferem entre si, pois as multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração: (...) Outra diferença é que as multas elencadas no artigo 44 justificamse pela necessidade de realização de lançamento fiscal pelo fisco, já que o sujeito passivo não efetuou o pagamento, sendo calculado independentemente do decurso do tempo, eis que a multa de ofício não se cumula com a multa de mora. A finalidade é exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no artigo 32A, em que independente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes, (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, dados esses que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. Feitas essas considerações, tenho por certo que as regras postas no artigo 44 aplicamse aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre GFIP. No que se refere à ''falta de declaração e nos de declaração inexata' , devese observar o preceito por meio do qual a norma especial prevalece sobre a norma geral, uma vez que o artigo 32A da Lei 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente a uma espécie de declaração que é a GFIP. devendo prevalecer sobre as regras do artigo 44 da Lei 9.430/1996 o qual se aplicam todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não pode ser aplicado o artigo 43 da mesma lei: (...) 12.Resumindo, é possível concluir que para a aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas as regras do artigo 32A. da Lei8.212/1991. que regulam exclusivamente a matéria, sendo irrelevante a existência ou não pagamento/recolhimento e qual tenha sido a multa aplicada no documento de constituição do crédito tributário relativo ao tributo devido. 13. Quanto à cobrança de multa nesses lançamentos, realizadas no período anterior à MP 449/2008, entendo que não há como aplicar o artigo 35A, pois poderia haver retroatividade maléfica, o que é vedado, nem tampouco a nova redação do artigo 35." (destaques da Contribuinte) Fl. 646DF CARF MF Processo nº 10932.000788/200771 Acórdão n.º 9202006.192 CSRFT2 Fl. 572 7 como bem observou o relator do voto acima, proferido em caso absolutamente semelhante ao presente, deve prevalecer a regra especial (multa de até 20% prevista no artigo 35 caput da Lei 8212/1991) sobre a regra geral prevista no artigo 35A da Lei nº 8212, de 1991 c/c art. 44 da Lei nº 9430, de 1996; de igual sorte e, novamente, tal como observou o relator do voto acima, o raciocínio desenvolvido pela Fazenda Nacional em seu Recurso Especial implicam na verdade em uma "retroatividade maléfica", fato absolutamente vedado em nosso ordenamento jurídico. Ao final, a Contribuinte requer seja negado provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, mantendose a decisão recorrida no tocante ao reconhecimento da aplicação da penalidade mais benéfica. Ademais, a Contribuinte apresentou o Requerimento de efls. 490 a 492, no qual, diante do posicionamento favorável do Supremo Tribunal Federal quanto à inconstitucionalidade do artigo 22, inciso IV, da lei nº 8.212, de 1991, e levandose em consideração que este processo trata de objeto idêntico, requer o reconhecimento da inconstitucionalidade da exação veiculada pelo mencionado artigo (obrigação principal de pagar 15% sobre o valor total das notas fiscais emitidas por cooperativas) e consequente cancelamento da NFLD que originou o presente caso. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial da Fazenda Nacional é tempestivo e visa rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) nº 37.117.8371, referente a Contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa, incidentes sobre os valores brutos das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços, relativamente aos serviços que lhe foram prestados por cooperados intermediados por cooperativas de trabalho. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 70 a 72, a autuada tomou serviços da Unimed ABC Cooperativa de Trabalho Medico e Cooperativa dos Transportadores de Veículos e de Cargas em Geral, porém não efetuou a retenção prevista no artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212, de 1991. Entretanto, conforme os documentos de efls. 599 a 640, constatase que a Contribuinte ajuizou Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica, com o mesmo objeto do presente processo. A questão da concomitância entre ação judicial e processo administrativo, versando sobre o mesmo objeto já se encontra sumulada: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação Fl. 647DF CARF MF 8 judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante do exposto, nada resta a esta Segunda Turma senão dar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, declarando a definitividade do lançamento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 648DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.003237/2007-31
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2006 PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. MULTA ISOLADA. ATRASO NA ENTREGA DA DIPJ. Os atrasos na entrega da DIPJ pela pessoa jurídica obrigada ensejam a aplicação da penalidade previstas na legislação tributária. DENÚNCIA ESPONTÂNEA Não se aplica o instituto da denúncia espontânea quando se tratar de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1801-001.170
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Matéria: IRPJ - multa por atraso na entrega da DIPJ
Nome do relator: Carmen Ferreira Saraiva
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ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. MULTA ISOLADA. ATRASO NA ENTREGA DA DIPJ. Os atrasos na entrega da DIPJ pela pessoa jurídica obrigada ensejam a aplicação da penalidade previstas na legislação tributária. DENÚNCIA ESPONTÂNEA Não se aplica o instituto da denúncia espontânea quando se tratar de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13888.003237/200731 Acórdão n.º 180101.170 S1TE01 Fl. 66 2 (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Presidente (documento assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora Composição do Colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Carmen Ferreira Saraiva, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Maria de Lourdes Ramirez, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira e Ana de Barros Fernandes. Relatório Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado o Auto de Infração à fl. 08, com a exigência do crédito tributário no valores de R$10.776,14, a título de multa de ofício isolada por atraso na entrega em 14.09.2006 da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) do anocalendário de 2005, cujo prazo final era 30.06.2006. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: alínea “c” do inciso III do art. 106 do Código Tributário Nacional, art. 88 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 27 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997 e art. 7º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002. Cientificada em 28.09.2007, fl. 41, a Recorrente apresentou a impugnação em 30.10.2007, fls. 0107,com as alegações a seguir sintetizadas. Afirma que apresentou a DIPJ com atraso, porém que a imputação da multa isolada é “totalmente equivocada e desprovida de suporte fático e consistência”. Suscita que o cumprimento da obrigação tributária de forma espontânea está amparada pelo art. 138 do Código Tributário Nacional. Argui Assim sendo, concluise, de forma insofismável, que a multa aplicada deve ser EXCLUÍDA, já que configurouse no presente caso a DENÚNCIA ESPONTÂNEA antes de qualquer procedimento do Fisco. De outra banda, é de se . salientar que não houve. qualquer prejuízo ao Fisco o atraso na entrega da DIPJ, bem como não houve qualquer procedimento fiscal para cobrança do imposto, razão pela qual requer seja relevada a multa, cancelandose seus efeitos. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referências a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui Fl. 78DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13888.003237/200731 Acórdão n.º 180101.170 S1TE01 Fl. 67 3 3. DO PEDIDO Pelo exposto e induvidosamente provado, não assiste qualquer razão ao Fisco, sendo o Auto de Infração ausente da menor consistência fática e de nenhum amparo jurídico, razão pela qual REQUER o recebimento desta defesa e seu integral provimento para declarar a insubsistência e improcedência ao AI e o cancelamento de todos os seus efeitos. 4. DAS PROVAS "Ad cautelam", protesta por todos os meios de prova legalmente admitidos, inclusive perícia controversa nos autos do processo administrativo, mediante indicação de Assistente Técnico. N. termos, j. esta aos autos do AIIM. P. Deferimento. Está registrado como resultado do Acórdão da 1ª TURMA/DRJ/RPO/SP nº 1422.711, de 23.03.2009, fls. 4447: “Lançamento Procedente”. Restou ementado: [...] MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. É legalmente prevista a cobrança de multa por atraso na entrega de declaração, mesmo que a entrega desta declaração se dê antes de qualquer procedimento de oficio. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Tratandose de ato puramente formal e de obrigação acessória sem relação direta com a ocorrência de fato gerador, o atraso na entrega de declaração não encontra guarida no instituto da exclusão de responsabilidade pela denúncia espontânea. Notificada em 15.09.2009, fl. 53, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 15.10.2009, fls. 5459, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Reitera os argumentos apresentados na impugnação. Conclui À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado. N. termos, j. esta aos autos do AIIM, P. Deferimento. É o Relatório. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13888.003237/200731 Acórdão n.º 180101.170 S1TE01 Fl. 68 4 Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência. A Recorrente solicita a realização de todos os meios de prova. Sobre a matéria, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, precluindo o direito de a Recorrente praticar este ato e apresentar novas razões em outro momento processual, salvo a ocorrência de quaisquer das circunstâncias ali previstas. Embora lhe fossem oferecidas várias oportunidade no curso do processo, a Recorrente não apresentou a comprovação inequívoca de quaisquer fatos que tenham correlação com as situações excepcionadas pela legislação de regência 1. A realização desses meios probantes é prescindível, uma vez que os elementos probatórios produzidos por meios lícitos constantes nos autos são suficientes para a solução do litígio. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, não se comprova. A Recorrente discorda do procedimento de ofício. A obrigação tributária acessória decorre da legislação e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária. O Ministro de Estado da Fazenda pode instituir obrigações acessórias, cuja atribuição delegou ao RFB, relativamente a tributos federais por ele administrados, que pode estabelecer, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. O documento que formalizála, comunicando a existência de crédito tributário, constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. O sujeito passivo que deixar de apresentar, dentre outras, a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), a Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), nos prazos fixados pelas normas sujeitase às seguintes multas: (a) de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento; (b) de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa 1 Fundamentação legal: art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13888.003237/200731 Acórdão n.º 180101.170 S1TE01 Fl. 69 5 Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento; (c) de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas. Para efeito de aplicação dessas multas, reputase como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração. A referida multa será reduzida à metade, caso a declaração seja apresentada antes de qualquer procedimento de ofício2. Especificamente sobre o lançamento, temse que até o vencimento das notificações constantes nos Autos de Infração serão concedidas reduções de 50% para pagamento à vista ou 40% para os pedidos de parcelamento formalizados no mencionado prazo3. A multa mínima a ser aplicada deve ser: (a) R$200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo Simples; (b) R$500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos4. Atinente à DIPJ, cabe esclarecer que todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, deverão apresentála, via internet, anualmente, centralizada pela matriz: (a) para os anoscalendário de 1999 a 2008 até o último dia útil do mês de setembro do anocalendário subsequente; (b) para o anocalendário de 2009 até 30 de julho de 2010; (c) para o anocalendário de 2010 até 30 de junho de 2011; (d) para o anocalendário de 2011 até 29 de junho de 20125. Em relação à DCTF, cabe esclarecer que todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, devem apresentála centralizada pela matriz, via internet: (a) para os anoscalendário de 1999 e 2004, trimestralmente, até o último dia útil da primeira quinzena do segundo mês subseqüente ao trimestre de ocorrência dos fatos geradores. 2 Fundamentação legal: art. 7º e art. 8º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002. 3 Fundamentação legal: art. 6º da Lei nº 8.218. de 29 de agosto de 1991, com redação dada pelo art. 28 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. 4 Fundamentação legal: art. 113 e 138 do Código Tributário Nacional, art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, Portaria MF nº 118, de 28 de junho de 1984, art. 16 da Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999,e art. 7º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, alterada pela Lei nº 11.051, 29 de dezembro de 2004 e Súmulas CARF nºs 33 e 49. 5 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 127, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa RFB nº 1.028, de 30 de abril de 2010, Instrução Normativa RFB nº 1.149, de 28 de abril de 2011 e Instrução Normativa RFB nº 1.264, de 30 de março de 2012. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13888.003237/200731 Acórdão n.º 180101.170 S1TE01 Fl. 70 6 (b) para os anoscalendário de 2005 a 2009: (b1) semestralmente, sendo apresentada até o quinto dia útil do mês de outubro de cada anocalendário, no caso daquela relativa ao primeiro semestre e até o quinto dia útil do mês de abril de cada anocalendário, no caso daquela atinente ao segundo semestre do anocalendário anterior; (b.2) mensalmente, de acordo com o valor da receita bruta auferida pela pessoa jurídica, sendo apresentada até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores; (c) a partir do anocalendário de 2010, mensalmente, com apresentação até o décimo quinto dia útil do segundo mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores6. No presente caso, restou comprovado que houve atraso na entrega em 14.09.2006 da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) do anocalendário de 2005, cujo prazo final era 30.06.2006. Ademais, não constam nos presentes autos que os créditos tributários tenham sido pagos até o vencimento das notificações que os formalizam. A proposição mencionada pela defendente, por conseguinte, não tem validade. A Recorrente suscita que está amparada pela denúncia espontânea. A denúncia espontânea da infração acompanhada do pagamento do tributo devido e dos juros de mora exclui a responsabilidade do sujeito passivo pela penalidade pecuniária em função da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A exteriorização de vontade não tem forma prevista em lei e alcança tãosomente tributo sujeito ao lançamento por homologação que não esteja declarado à época e o recolhimento seja efetuado antes de qualquer procedimento fiscal7. Este instituto, todavia, não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração, ou seja, não se aplica à multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória8. A afirmação suscitada pela defendente, destarte, não é pertinente. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso9. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. 6 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 126, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa SRF nº 255, de 11 de dezembro de 2002, Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007, Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008, Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 e Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010. 7 Fundamentação legal: art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 138 do Código Tributário Nacional. 8 Fundamentação legal: Súmulas CARF nºs 33 e 49. 9 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13888.003237/200731 Acórdão n.º 180101.170 S1TE01 Fl. 71 7 Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade10. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. Em face do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 10 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 012 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 13/09/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 10880.914178/2012-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EQUIVALÊNCIA ENTRE COMPENSAÇÃO E PAGAMENTO NÃO RECONHECIDA. MULTA DE MORA MANTIDA.
A compensação tributária sujeita a posterior homologação não equivale a pagamento para fins de reconhecimento da denúncia espontânea prevista no artigo 138, do CTN, não podendo afastar, por consequência, também, a multa de mora.
Numero da decisão: 1402-002.790
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira que votaram por dar-lhe provimento. Declarou-se impedido o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EQUIVALÊNCIA ENTRE COMPENSAÇÃO E PAGAMENTO NÃO RECONHECIDA. MULTA DE MORA MANTIDA. A compensação tributária sujeita a posterior homologação não equivale a pagamento para fins de reconhecimento da denúncia espontânea prevista no artigo 138, do CTN, não podendo afastar, por consequência, também, a multa de mora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira que votaram por darlhe provimento. Declarouse impedido o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 41 78 /2 01 2- 77 Fl. 185DF CARF MF 2 Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10880.914178/201277 Acórdão n.º 1402002.790 S1C4T2 Fl. 186 3 Relatório Adoto, em sua integralidade, o relatório do Acórdão de Manifestação de Inconformidade nº 1459.240, julgado em 29 de julho de 2015, pela 15ª Turma da DRJ em Ribeirão Preto/SP, complementandoo com as pertinentes atualizações processuais ao final. Tratase de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório que reconheceu o direito creditório pleiteado pelo contribuinte com origem em Saldo Negativo de IRPJ, do anocalendário de 2009. O valor de Saldo negativo pleiteado, no valor original de R$ 477.399,99 (fls.3), foi integralmente reconhecido, entretanto, não foi suficiente para compensar alguns dos débitos declarados. 2. O Direito creditório foi solicitado no PER/Dcomp original nº 20883.96029.290410.1.3.02 2710. No quadro abaixo verificamos a situação das compensações declaradas: 3. A Autoridade Tributária responsável pela análise das compensações, reconheceu o direito creditório pleiteado, e uma vez que o mesmo foi insuficiente para compensar integralmente os débitos declarados, homologou parcialmente a Dcomp nº 07124.77819.310810.1.3.020811 e não homologou a compensação declarada na Dcomp nº 18620.27203.271010.1.3.022707. A ciência do Despacho Decisório ocorreu em 15/03/2012, conforme consta às fls.9. Inconformado, o contribuinte ofereceu manifestação de inconformidade em 16/04/2012, juntada aos autos às fls.9. Da Manifestação de Inconformidade 4. O contribuinte argumenta especificamente que o crédito reconhecido, no valor de R$ 477.399,99, não foi suficiente para quitar os débitos declarados, pelo fato de que a autoridade tributária na análise da Dcomp nº 07124.77819.310810.1.3.020811, ter aplicado a multa de mora sobre o valor dos débitos declarados, já que a compensação ocorreu após a data do vencimento dos tributos. Fl. 187DF CARF MF 4 5. Esclarece que, embora tenha efetuado o pagamento a destempo, o fez em total conformidade com a legislação, calcada no instituto da denúncia espontânea, ou seja, sendo devido apenas o valor do principal acrescido dos juros de mora. 6. Ressaltese que tal procedimento não ocorreu por vontade ou máfé da Impugnante, o atraso no pagamento dos débitos ocorreu por falhas operacionais a que toda grande corporação está sujeita, face a enorme quantidade de obrigações acessórias impostas pela legislação fiscal vigente. 7. Apresenta a legislação de regência da denúncia espontânea, baseando seus argumentos no art. 138 do Código Tributário Nacional CTN ( Lei nº 5.172/1966). 8. A seu favor invoca ainda o fato de que, assim que tomou conhecimento de estar em débito com a Administração Pública, imediatamente procedeu a quitação dos valores em aberto, antes que esta adotasse qualquer procedimento fiscalizatório, estando assim em total conformidade com o previsto no artigo 138 do CTN já colacionado, sendo indevida a cobrança de multa de mora para os débitos compensados em atraso. 9. Cita por fim jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, que no seu entendimento, não deixa dúvidas quanto ao descabimento da cobrança de multa de mora nos casos em que o contribuinte se antecipa a ação fiscal e espontaneamente recolhe o valor devido. 10. Neste sentido cita os Acórdãos nº 340101.045 e nº 340101.046 ambos da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária 4ª (fls.17/18). Passo, agora, a complementar o relatório acima transcrito. A Manifestação de Inconformidade apresentada pela contribuinte foi julgada totalmente improcedente, sob o seguinte argumento principal (efolha: 94): 15. Não cabe razão ao contribuinte. Apesar de citar em sua Manifestação de Inconformidade alguns Acórdãos do CARF que corroboram com a sua tese de que o débito vencido, não declarado e nem confessado por meio de DCTF, mas, "quitado" por meio de Dcomp, caracterizaria o instituto da denúncia espontânea, e consequente afastamento da multa de mora, não deve prosperar. Existem outros tantos julgados do CARF em sentido contrário, como os Acórdãos: nº 644177, de 13/11/2013 e nº 646672 de 16/04/2014, ambos da Delegacia de Julgamento de Curitiba. Assim, no caso ora julgado, a quitação de débito por meio de compensação eletrônica, mesmo que não declarado, não se constitui em denúncia espontânea, por não se tratar de pagamento, o que contrariaria o art. 138 do Código Tributário Nacional. Complementando sua fundamentação, a autoridade julgadora de primeira instância ainda tratou dos Atos Declaratórios nº 4 e 8 de 20 de dezembro de 2011 e da Nota Técnica Cosit nº 19, de 12 de junho de 2012 . Tal decisão restou assim ementada: Fl. 188DF CARF MF Processo nº 10880.914178/201277 Acórdão n.º 1402002.790 S1C4T2 Fl. 187 5 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA DE MORA. INAPLICABILIDADE NOS CASOS DE COMPENSAÇÃO. Somente na situação em que o contribuinte declara a menor, paga integralmente o débito declarado e depois retifica a declaração para maior, quitando concomitantemente o débito, configurase a denúncia espontânea; a compensação não é instrumento apto a configurar a denúncia espontânea, porquanto deve ser considerada apenas a quitação na acepção primária de pagamento. Inconformada com a decisão acima resumida, a fiscalizada interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual inova em seus argumentos somente quanto à alegação preliminar de conexão com o processo administrativo nº 10880.907076/201467. Vejase (e folha. 109): É o relatório. Fl. 189DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Em síntese, o contribuinte ingressou com pedido de compensação de saldo negativo de IRPJ apurado no anocalendário de 2009, DIPJ 2010. Todo o crédito tributário pleiteado, a título de saldo negativo de IRPJ, foi confirmado. No entanto, os débitos apontados para fins de compensação nos PER/DCOMP nº 07124.77819.310810.1.3.020811 e 18620.27203.271010.1.3.022707 foram homologados parcialmente e não homologados, respectivamente. A insuficiência de crédito decorreu de imputação de multa de mora aos débitos de CSLL, referentes aos períodos de apuração Jan/10, Fev/10 e Abr/10; e, de IRPJ, referente ao período de Jun/10, uma vez que foram compensados após a data de vencimento, mesmo que antes de qualquer procedimento fiscalizatório. Ou seja, não lhes foi reconhecida a ocorrência de denúncia espontânea, inserta no art. 138, do CTN, para afastar a incidência da referida multa de mora, que é o único ponto controvertido a ser dirimido no presente julgamento. Fazse a observação, ainda, de que em razão da não homologação acima informada, a apuração de saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2010, DIPJ 2011, do mesmo contribuinte, foi afetada e, desta forma, a presente decisão afetará a decisão a ser proferida no processo administrativo nº 10880.907076/201467. A Recorrente, em seu recurso voluntário, defende a ocorrência da denúncia espontânea prevista no art. 138, do CTN e, consequentemente, o afastamento da imputação da multa de mora realizada pela autoridade fiscal, mantida pela DRJ no v. acórdão 1459.240, da 15ª Turma d DRJ de Ribeirão Preto. Em suma, defende a Recorrente que “o procedimento utilizado está de acordo com a Lei e a própria orientação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, uma vez que a apresentação dos pedidos de compensação ocorreu anteriormente à apresentação das DCTFs, bem como de qualquer procedimento fiscalizatório”, citando precedente do CARF (1201 00.284, de 08.07.2010). Na mesma linha, cita precedentes do E. STJ (EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, de 20.08.2015, relatado pelo Exmo. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma e decisão monocrática do Exmo. Min. Hamilton Carvalhido, de 02.02.2010, no REsp 1.1.36.372/RS) para, ao final, requerer o reconhecimento da denúncia espontânea e a integral homologação das compensações objeto deste processo administrativo. A questão controvertida já foi objeto de decisão nesta Turma, por ocasião do julgamento do processo administrativo nº 10880.929074/201003, no qual, por voto de qualidade, foi negada a ocorrência de denúncia espontânea nos casos em que o contribuinte efetua a extinção do crédito tributário a destempo, antes de qualquer ato fiscalizatório, mediante compensação via PER/DCOMP. Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10880.914178/201277 Acórdão n.º 1402002.790 S1C4T2 Fl. 188 7 Na ocasião, acompanhei o voto vencido, reconhecendo que a compensação equivaleria a pagamento para fins do disposto no art. 138, do CTN, acompanhando os argumentos firmados pelo i. Relator. No entanto, tendo em mãos o presente caso, no qual pude aprofundar o estudo acerca do tema, observei que não há norma, no âmbito do Ministério da Fazenda, que vincule este Conselho quanto à melhor interpretação dos requisitos necessários à verificação de ocorrência de denúncia espontânea apta a afastar a incidência de multa de mora no caso concreto, ou seja, com extinção do crédito tributário denunciado espontaneamente, antes de qualquer ato fiscalizatório, por meio de compensação tributária. Buscouse, desta forma, precedentes recentes emanados do E. STJ sobre o tema, de tal forma a balizar a melhor interpretação para o caso concreto. Não há, até o presente momento, posicionamento em sede de recurso repetitivo (art. 543C, do CPC) no âmbito do E. STJ. No entanto, as decisões mais recentes são em sentido diverso do defendido pela Recorrente, as quais me filio. Vejase: AgInt no REsp 1568857/PR AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2015/02977680 Relator: Ministro OG FERNANDES Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 16/05/2017 Data da Publicação: DJe 19/05/2017 EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC/73. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZADA. 1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/73 se faz de forma genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão incorreu em omissão, contradição ou obscuridade. Aplicase, na hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. 2. A compensação tributária não se equipara a pagamento de tributo para fins de aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea regido pelo art. 138 do CTN. Precedentes: EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe30/11/2016; AgRg no REsp 1.461.757/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/9/2015; AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 10/9/2012. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (grifamos) ACÓRDÃO Fl. 191DF CARF MF 8 Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. REsp 1657437/RS RECURSO ESPECIAL 2017/00461010 Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 04/04/2017 Data da Publicação: DJe 25/04/2017 EMENTA TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1. Hipótese em que o Tribunal local consignou: "o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação" (fl. 665, eSTJ). 2. A Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". 3. Recurso Especial provido. (grifamos) ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça: ""A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)Relator(a)."Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente) e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator." Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário interposto, mantendo a decisão exarada pela DRJ de Ribeirão Preto, reconhecendo que, para fins de denúncia espontânea, nos termos do art. 138, do CTN, compensação tributária, sujeita a posterior homologação, não equivale a pagamento, não se lhe aplicando, por conseguinte, o afastamento da multa moratória imposta pela fiscalização. Desta forma, mantenho a homologação parcial da PER/DCOMP 07124.77819.310810.1.3.020811 e a não homologação da PER/DCOMP 18620.27203.271010.1.3.022707. É o voto (assinado digitalmente) Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10880.914178/201277 Acórdão n.º 1402002.790 S1C4T2 Fl. 189 9 Demetrius Nichele Macei Fl. 193DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.001375/2005-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jan 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2000
INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO. CRÉDITO ALEGADO. PIS/PASEP E COFINS.
Nos termos do art. 4º, I, combinado com o art. 7º, ambos do Anexo II do RICARF, os recursos interpostos em processo de restituição de PIS/PASEP e de COFINS são da competência da Terceira Seção e, não, desta Primeira.
Numero da decisão: 1102-001.035
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declinar da competência para julgamento do recurso em favor da Terceira Seção de Julgamento.
(assinado digitalmente)
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente
(assinado digitalmente)
João Carlos de Figueiredo Neto Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Evande Carvalho Araujo, Marcelo Baeta Ippolito, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Oppermann Thomé.
Nome do relator: Relator
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HOLDING S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000 INCOMPETÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO. CRÉDITO ALEGADO. PIS/PASEP E COFINS. Nos termos do art. 4º, I, combinado com o art. 7º, ambos do Anexo II do RICARF, os recursos interpostos em processo de restituição de PIS/PASEP e de COFINS são da competência da Terceira Seção e, não, desta Primeira. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declinar da competência para julgamento do recurso em favor da Terceira Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé Presidente (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Evande Carvalho Araujo, Marcelo Baeta Ippolito, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Oppermann Thomé. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 00 13 75 /2 00 5- 52 Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10850.001375/200552 Acórdão n.º 1102001.035 S1C1T2 Fl. 3 2 Relatório A Recorrente insurgiuse contra o Acórdão de nº. 1434.638, proferido pela 4a Turma da DRJ em Ribeirão Preto, em sessão de 21/07/2011, o qual assim decidiu: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2000 a 30/04/2000 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO. O prazo para repetição de indébito de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de cinco anos contados da data do recolhimento. RESTITUIÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2000 a 30/04/2000 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO. O prazo para repetição de indébito de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de cinco anos contados da data do recolhimento. RESTITUIÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Transcrevemos trechos do relatório do referido Acórdão: · Trata o presente processo de pedido de restituição de créditos da Cofins e do PIS/Pasep, do período de março e abril de 2000. · A DRF de São José do Rio Preto (SP) observou não ter sido apresentado o motivo pelo qual os recolhimentos teriam sido maiores do que o devido e indeferiu a solicitação da contribuinte, por extemporaneidade do pedido, que foi protocolado Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10850.001375/200552 Acórdão n.º 1102001.035 S1C1T2 Fl. 4 3 mais de cinco anos após os recolhimentos, nos termos do art. 168, I c/c art. 165 do CTN. · A interessada apresentou a manifestação de inconformidade, esclarecendo que os recolhimentos a maior se deram por inclusão de receitas financeiras na base de cálculo da contribuição. · Quanto à decadência para se pleitear restituição, defendeu a aplicação do entendimento do STJ sobre o tema (tese dos cinco mais cinco). · A interessada juntou planilhas de cálculo e cópias do livro Razão. Quanto ao voto, assim ficou registrado: · Iniciou citando o artigo 156 do CTN. · Esclareceu que a Cofíns e o PIS/Pasep são tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Portanto, a extinção do crédito tributário na espécie ocorre nos termos do CTN, art. 156, VII. · Destacou que mencionado dispositivo não permitia precisar se a data da efetiva extinção do crédito seria a do pagamento ou da homologação. · Para dirimir divergências interpretativas sobre a data de extinção do crédito, foi editada a Lei Complementar n° 118/05. · Sobre a constitucionalidade da Lei Complementar n° 118/05, esclareceu que a instância administrativa não possuía competência legal para se manifestar sobre tais questões. · Entendeu, assim, que restaria caracterizada a data da extinção do crédito tributário no lançamento por homologação como a data do pagamento, e seguiu a regra sobre o prazo para o pedido de restituição insculpida no CTN, arts. 165, I e 168, I. · Mesmo que não estivesse decaído o direito da Contribuinte, no mérito, era exigida a comprovação por ela da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo. · Portanto, demonstrada a extemporaneidade do pedido de restituição e, no mérito, não comprovada a existência do indébito, votouse pela improcedência da manifestação de inconformidade. Em 02/01/2012, a Contribuinte foi intimada (fl. 85) do Acórdão aqui combatido, sendo que, em 01/02/2012, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 86 e segs.). Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10850.001375/200552 Acórdão n.º 1102001.035 S1C1T2 Fl. 5 4 É o relatório. Voto Conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto Relator I. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Um dos requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário não se faz presente no caso, qual seja: a competência, senão vejamos. Estabelece o RICARF, em seu Anexo II, art. 7º que: Artigo 7º Incluemse na competência das Seções os recursos interpostos em processos administrativos de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. Dispõe ainda o mesmo diploma no art. 4º, I, que: Art. 4° À Terceira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: I Contribuição para o PIS/PASEP e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), inclusive as incidentes na importação de bens e serviços; Da transcrição dos aludidos dispositivos, extraise que os recursos interpostos em processo de restituição de PIS/PASEP e COFINS são da competência da Terceira Seção. Assim, tendo em vista que o presente caso, conforme exposto no relatório, trata de pedido de restituição de créditos da COFINS e do PIS/PASEP, do período de março e abril de 2000, resta claro que ele está fora do âmbito de competência de julgamento desta 1ª Seção, devendo ser remetido à 3ª Seção, que tem a efetiva competência para o julgamento. II DISPOSITIVO Diante do exposto, voto por declinar da competência para julgamento do recurso em favor da Terceira Seção de Julgamento. (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10850.001375/200552 Acórdão n.º 1102001.035 S1C1T2 Fl. 6 5 Fl. 142DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.902177/2009-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Dec 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2002
DCTF - PRAZO PARA RETIFICAÇÃO - HOMOLOGAÇÃO
O prazo para o contribuinte retificar sua declaração de débitos e créditos federais coincide com o prazo homologatório atribuído à Fazenda Nacional e sendo tributo sujeito à homologação, assinala-se o prazo previsto no §4° do artigo 150 do CTN.
DIPJ. CONFISSÃO DE DÍVIDA. SÚMULA CARF N.º 92
A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso.
Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
Numero da decisão: 1302-002.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso do recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa, Gustavo Guimarães da Fonseca, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente, justificadamente o Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2002 DCTF - PRAZO PARA RETIFICAÇÃO - HOMOLOGAÇÃO O prazo para o contribuinte retificar sua declaração de débitos e créditos federais coincide com o prazo homologatório atribuído à Fazenda Nacional e sendo tributo sujeito à homologação, assinala-se o prazo previsto no §4° do artigo 150 do CTN. DIPJ. CONFISSÃO DE DÍVIDA. SÚMULA CARF N.º 92 A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
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DIPJ. CONFISSÃO DE DÍVIDA. SÚMULA CARF N.º 92 A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso do recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 90 21 77 /2 00 9- 10 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13851.902177/200910 Acórdão n.º 1302002.491 S1C3T2 Fl. 3 2 Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa, Gustavo Guimarães da Fonseca, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente, justificadamente o Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do indeferimento da Manifestação de Inconformidade apresentada em face do Despacho Decisório, em que foi apreciada a Declaração de Compensação (PER/DCOMP), por intermédio da qual a contribuinte pretende compensar débito(s) (COFINS e PIS/PASEP) de sua responsabilidade com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo (IRPJ). Como resultado da análise foi proferido despacho decisório que não reconheceu qualquer direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, não homologou a compensação declarada no presente processo, ao fundamento de que o pagamento informado como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, “não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. Cientificada do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade onde argumenta, em síntese, que se equivocou no preenchimento da DCTF e que a existência do crédito tem fundamento na Solução de Divergência n° 14, de 07/08/2003, que reduziu o percentual de 32% para 16% sobre a receita bruta, para fins de apuração da base de cálculo do lucro presumido, bastandose comparar os valores apresentados na DIPJ retificadora (Declaração de Informações EconômicoFiscais) com a guia de recolhimento do tributo. A DRJ ao apreciar a matéria assim decidiu, litteris: RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. O reconhecimento do indébito depende da efetiva comprovação do alegado recolhimento indevido ou maior do que o devido. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. [...] Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com o decisum, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, os mesmos argumentos da impugnação, acrescentando que é dever do Fl. 49DF CARF MF Processo nº 13851.902177/200910 Acórdão n.º 1302002.491 S1C3T2 Fl. 4 3 Fisco analisar os pedidos de compensação, quer pela garantia que a RFB deve ter em relação a valores, quer em relação a defesa do interesse público envolvido, bem como o fato de não ser razoável que a Administração Pública desconsidere as informações prestadas pelo Contribuinte na DCOMP e DIPJ, as quais apresentam presunção de legitimidade, valendose apenas e tão somente da informação prestada em DCTF para promover a cobrança. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos legais e regimentais, devendo ser conhecido. A controvérsia instaurada devese a pedido de compensação de débito(s) de responsabilidade da interessada com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo (IRPJ). O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.403, de 19.10.2017, proferido no julgamento do processo nº 13851.902171/200942, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.403): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. No caso em tela, a contribuinte restringe a controvérsia à existência do crédito reportado na DCOMP, buscando comprovar suas alegações, essencialmente, por intermédio de sua DIPJretificadora e cópia do documento de arrecadação federal. Salientese que a contribuinte não apresentou qualquer retificação em sua DCTForiginal, nem prova documental que abrigue a alegada alteração dos importes que foram levados a efeito para fins de constituição definitiva do imposto, sob a modalidade de lançamento por homologação, cuja informação confessada na declaração original serviu de base para certificação da inexistência de crédito tipificado na modalidade de pagamento indevido ou a maior. Nesse sentido, cumpre observar que a DIPJ, desde o ano calendário de 1999, tem caráter meramente informativo, isto é, as informações nela prestadas não configuram confissão de dívida a Instrução Normativa n° 127, de 30 de outubro de Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13851.902177/200910 Acórdão n.º 1302002.491 S1C3T2 Fl. 5 4 1998, que extinguiu, em seu art. 6°, inciso I, a DIRPJ Declaração .de Rendimentos da Pessoa Jurídica e instituiu, em seu art. 10, a DIPJ — Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica, deixou de fazer referência à confissão de tributos ou contribuições a pagar, cabendo apenas a DCTF está função. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 92: “A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado.” Feitas essas considerações, passaremos a análise do presente caso. O documento intitulado Declaração de Compensação (DCOMP) se presta, assim, a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. De fato, o pedido de compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pelo sujeito passivo quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de créditos tributários. Instaurado o contencioso, não se admite que o contribuinte altere o pedido mediante a modificação do direito creditório aduzido na declaração de compensação, posto que tal procedimento desnatura o próprio objeto do processo. Eventual manifestação da instância julgadora sobre a legitimidade de crédito tributário não admitido junto à autoridade responsável pelo exame de pedidos dessa natureza representaria verdadeira usurpação da competência da referida autoridade, o que também não se pode admitir. O Decreto nº 70.235/72 (art. 32) que regula o Processo Administrativo Fiscal Federal fala o seguinte sobre as inexatidões materiais: Art. 32. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo. Logo, por inexatidões materiais, no preenchimento dos PER/DCOMP primitivos ou originais, entendese serem os lapsos manifestos que se percebem primo ictu oculi; que, de plano, se verifica não traduzirem o pensamento ou vontade do contribuinte; consistem, em suma, em pequenos erros involuntários, desvinculados da vontade, cuja correção não inova o teor do ato objeto de correção. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 13851.902177/200910 Acórdão n.º 1302002.491 S1C3T2 Fl. 6 5 Assim, são exemplos de inexatidões materiais: inversão ou troca da ordem dos dígitos, equívoco de datas, erros ortográficos de digitação, troca de campos no preenchimento etc. A pretensão da recorrente, como já dito, não se trata de mera correção de inexatidão material, mas, sim, de inovação (retificação de DCTF para disponibilização do seu direito creditório almejado), exigindose, quanto à compensação dos débitos em aberto, a apresentação de DCTF retificador, situação que não ocorreu no presente caso. Como bem defendido no acórdão recorrido, é vedada a retificação de DCTF após o decurso do prazo de 5 anos, sendo este o prazo que tem direito o contribuinte para proceder à retificação da DCTF, no que se refere às alterações e retificações pertinentes aos impostos e contribuições federais. Dessa forma, evidenciase que a DCTForiginal, reportada na manifestação de inconformidade da contribuinte, fora transmitida em 13/11/2001. Portanto já transcorrido 5 (cinco) anos da ocorrência do fato gerador correlato ao IRPJ, código de receita: 2089, inerente ao 3° trimestre de 2001, encontrase formalmente homologada e definitivamente extinta perante a Fazenda Nacional, em conformidade com os termos do art. 150, § 4° do CTN. Noutra senda, tomando por substrato os atributos essenciais pertinentes ao crédito para sua restituição/compensação (certeza e liquidez), o reconhecimento de um direito creditório e a consequente homologação (total ou parcial) ou não de uma compensação estão condicionados à perfeita identificação do crédito pela postulante (origem e valor), haja vista ser o instituto da compensação eletrônica procedimento efetuado por conta e risco tanto da Administração Federal quanto do contribuinte, correndo contra a primeira o prazo de homologação, que uma vez decorrido impede a recuperação de eventuais valores compensados indevidamente, e de outro lado, sobre o contribuinte, que tem o dever de evidenciar o crédito em todos os seus atributos, visto que, uma vez analisado o PER/DCOMP, não é mais admitida qualquer alteração do seu conteúdo por imposição legal. Assim, à luz dos elementos constantes no pedido (DCOMP), não poderia a autoridade a quo reconhecer crédito algum para a recorrente, haja vista a não identificação correta da origem do crédito pleiteado e que o crédito aludido pelo contribuinte já foi totalmente alocado para quitação de outro débito, não havendo saldo disponível para pleitear o pagamento indevido ou a maior. Por fim, verificase que a recorrente sem acostar documentos comprobatórios aos presentes autos, em seu recurso voluntário, faz referências genéricas aos fatos que motivaram a prolação do despacho decisório, bem como em relação a decisão proferida em primeira instância, sem com isto trazer objetivamente os fundamentos e provas com base nas quais pede para que seja homologado o seu pedido de compensação. Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13851.902177/200910 Acórdão n.º 1302002.491 S1C3T2 Fl. 7 6 Para esse Relator, fica claro que a recorrente se insurge contra decisão proferida pela DRJ de forma genérica, fazendo mera referência parte das razões apresentadas em sede da impugnação e a necessidade de observação das provas já juntadas aos autos, não merecendo prosperar e, por conseguinte, não surte o efeito pretendido em alterar a decisão do julgador a quo. Nesse sentido já decidiu esta Corte Administrativa, conforme se extrai do decidido nos autos do processo nº 10935.720364/2013 45 que teve como relator Amílcar Barca Teixeira Júnior, como segue: "(...) 1. O contribuinte, em seu recurso, no concernente à obrigação principal, limitas se a prestar informações genéricas e não ataca o mérito, situação que não o favorece, enquadrando se, assim, na disciplina do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972 (Acórdão n.°2803003.497. Rel. Amílcar Barca Teixeira Júnior. Sessão de 12/08/2014)." Diante do exposto, NEGO provimento ao Recurso Voluntário. Ante ao exposto e, em face da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, adoto os fundamentos do acórdão paradigma acima transcritos e voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 53DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.005371/2008-21
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Feb 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2005 a 01/12/2006
COFINS. COMPENSAÇÃO. DEPÓSITO JUDICIAL. LEVANTAMENTO.
A mera alegação de que os débitos constantes dos cadastros federais foram compensados pela levantamento do depósito judicial não é suficiente para sustentar-se sem elementos comprobatórios que apóie sua argumentação.
Numero da decisão: 3001-000.023
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o conselheiro Renato Vieira de Avila (Relator), que votou por dar provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Cleber Magalhães.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Renato Vieira de Avila - Relator
(assinado digitalmente)
Cleber Magalhães - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Renato Vieira de Avila, Cleber Magalhães e Cássio Schappo.
Nome do relator: RENATO VIEIRA DE AVILA
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COMPENSAÇÃO. DEPÓSITO JUDICIAL. LEVANTAMENTO. A mera alegação de que os débitos constantes dos cadastros federais foram compensados pela levantamento do depósito judicial não é suficiente para sustentarse sem elementos comprobatórios que apóie sua argumentação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o conselheiro Renato Vieira de Avila (Relator), que votou por dar provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Cleber Magalhães. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Relator (assinado digitalmente) Cleber Magalhães Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Renato Vieira de Avila, Cleber Magalhães e Cássio Schappo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 53 71 /2 00 8- 21 Fl. 368DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão da 4a. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente. Busca a contribuinte, em breve síntese, ver declarada válida a compensação efetivada, com débitos de Cofins (julho de 2005 a dezembro de 2006), com direitos decorrentes de pagamentos anteriormente realizados sob a sistemática do alargamento da base de cálculo, incluindo o conceito de outras receitas, tudo em conformidade com os créditos vinculados à ação judicial n.º 2005.71.07.0027290. CONTORNOS DESTA LÍDE ADMINISTRATIVA Os autos vieram instruídos com Relatório em efls 01 , que, delimitam os aspectos temporais da cobrança de Cofins em questão: julho de 2005 a dezembro de 2006. Bem como, mencionado relatório esclarece ainda, a situação fática da compensação pretendida. A Recorrente, ao ingressar com a ação judicial 2005.71.07.0027290, cujo teor continha pedido requerendo a declaração da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do pis e da Cofins, decidiu depositar, em juízo, todo o valor das competências acima referidas. O relato fiscal muito bem aponta o raciocínio empreendido para fins da cobrança pretendida. A fim de delinear a memória de cálculo em tela, passase a analisar, exemplificativamente, o mês de outubro. O d. Fiscal confere que, na DACON da época, houve a declaração de débito na linha 26, da Ficha 14A da DACON, referente de Cofins, cujo valor era de R$ 1.559,34. Neste sentido, expôs no Relatório Fiscal, a tabela acostada às efls. 04. Nesta, consta o ajuste, de acordo com a decisão transitada em julgado, na composição da base cálculo da Cofins, que teve expurgada a parcela incidente sobre a rubrica Outras Receitas. Para tanto, aplicou o percentual de 3% sobre o valor de R$ 10.606,19, totalizando em montante a excluir de R$ 318,19. Desta forma, chegou a autoridade fazendária, a um crédito tributário de Cofins, no mês de outubro, de R$ 1.241, 15, o qual pretende fazer valer a cobrança. BREVE RESUMO DA AÇÃO JUDICIAL Na esteira de apresentação dos acontecimentos, o referido relatório trouxe a informação da existência de Mandado de Segurança, cujo objeto foi tratado em sede julgamento do TRF 4 Região com decisão transitada em julgado, na qual determinou a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins. Isto posto, devese mencionar que o levantamento dos depósito das quantias judicialmente discutidas pela Recorrente, foram por ela considerados, aptos a servir como crédito seu, a fim de compensar. Na esteira desta seqüência de eventos, ainda perseguindo a trajetória percorrida pelos valores, e seu impacto na apuração dos tributos da recorrente, Fl. 369DF CARF MF Processo nº 11020.005371/200821 Acórdão n.º 3001000.023 S3C0T1 Fl. 369 3 utilizase, mais uma vez, da competência de outubro, evidenciando seu efetivo depósito e levantamento. A Recorrente traz aos autos notícia de sua empreitada. Segundo consta, iresignase contra ato da autoridade fazendária cujo teor mantém, em cobrança, crédito tributário que julga estar extinto, por força de decisão judicial. Neste sentido, menciona os autos do mandado de segurança impetrado pela Recorrente e a Ementa da decisão do TRF4 que julgou seu mérito. Em síntese, apresentou duas linhas de argumentação: · Extinção do Crédito Tributário por Força de Decisão Judicial Art. 156, X do CTN; · Existência de Indébito Suficiente para a Compensação Efetuada. Juntou: · Documento 01 (efls 67) Inicial do Mandado de Segurança, Decisão TRF 4 · Documento 02 (efls 87) DCTF · Documento 03 (efls 202) Processo Transporte Valmas Inconstitucionalidade decreto 2.445 · Documento 04 (Vol. 02; eFls 06) · Documento 05 (Vol. 02; eFls 23) Planilha Demonstrativo de Recolhimento a maior da COFINS · Documento 06 (Vol. 02; eFls 25) Planilha Demonstrativo de Recolhimento a maior do PIS Pugnou pela baixa do crédito tributário, anteriormente informado em DCTFs e, por decisão judicial, considerado indevidamente lançado contra si. Requereu, por fim, a homologação da compensação efetivada, dos débitos informados em DCTF acima mencionados, com os créditos advindos do pagamento indevido, ocasionado pela inclusão de Outras Receitas na base de cálculo da Cofins. Decisão da DRJ/BA Em sessão de Julgamento a Delegacia prolatou decisão com a ementa transcrita a seguir Fl. 370DF CARF MF 4 Acórdão 1525798 4a. Turma Assunto: Pis DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS. Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição informados na DCTF, que não tenham sido pagos nos prazos previstos na legislação, serão enviados para inscrição em dívida ativa da União, exceto se o crédito tributário estiver abrangido por qualquer das hipóteses de suspensão da exigibilidade prevista no artigo 151 do CTN. LEVANTAMENTO DOS DEPÓSITOS JUDICIAIS. A conversão do depósito judicial em renda, após solução favorável à União, é nos termos do artigo 156, inciso VI do CTN, modalidade de extinção do crédito tributário. Por outro lado, na hipótese de ser o sujeito passivo o vencedor da contenda, o levantamento integral dos depósitos judiciais que garantiam a suspensão da exigibilidade implica na imediata exigência dos débitos confessados em DCTF, que formaliza o cumprimento da obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário. Sendo que, no mérito, enfrentou os temas postulados em sede de Manifestação de Inconformidade dividindoos nas seguintes linhas de argumentação: Ausência, à época, do trânsito em julgado. Menciona que a decisão transitada em julgado condiciona a compensação pleiteada ao artigo 170 A do CTN; condição, à época, não satisfeita pela Recorrente como a não apresentação de DCOMP; Recurso Voluntário Em tópico intitulado Razões da Reforma, a Recorrente atribui a líde à recalcitrância da Autoridade Fazendária em cumprir a decisão judicial e, assim, curvarse ao mando cujo teor previu o levantamento do depósito judicial. Repetiu, a Recorrente, as linhas argumentativas expostas na Manifestação de Inconformidade, quais sejam: Extinção dos débitos informados em DCTF, por força de decisão judicial; Existência de saldo de indébito; Neste sentido, trouxe à baila o Mandado de Segurança 2005.71.07.0027290 e a ementa do Acórdão que julgou seu mérito Segundo seu entendimento, deve a autoridade fazendária extinguir os Créditos Tributários informados em DCTF em decorrência da decisão transitada em julgado, ocasionados pela compensação entre o levantamento dos valores judicialmente depositados com os créditos vinculados a Ação Judicial. Observase a conclusão esposada no Recurso Voluntário: "logo os valores nela depositados foram levantados pela parte vencedora, em caráter premente, considerando a ocorrência do Fl. 371DF CARF MF Processo nº 11020.005371/200821 Acórdão n.º 3001000.023 S3C0T1 Fl. 370 5 trânsito em julgado da demanda, cabendo a Autoridade Administrativa promover a extinção dos débitos até então suspensos. Portanto, transitado em julgado, os créditos que estavam suspensos, foram extintos." Sob outro norte argumentativo, expõe a recorrente que, em decorrência do trânsito em julgado do mandado de segurança já referenciado, que, no mérito, declarou a inconstitucionalidade do parágrafo primeiro do artigo terceiro da Lei 9.718/98, expurgando, portanto, da composição da base de cálculo da Cofins, a rubrica outras Receitas, ocasionou, conforme pretende provar com os documentos 05 e 06, saldo suficiente para extinguir o crédito tributário mediante a compensação É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Renato Vieira de Avila, Relator Tempestividade Em data de 15 de fevereiro de 2011, conforme termo de juntada acostado ao eVol. 2, em eFls. 87, foi firmado o Aviso de Recebimento AR sob código de rastreamento RM 22257058 8 BR, dando, portanto, ciência ao início do transcurso do prazo para apresentação do Recurso Voluntário. Em 14 de março de 2011, protocolizou tempestivamente o Recurso Voluntário. Mérito Cingemse os presentes autos, a pretensa cobrança de COFINS, efetivada em decorrência de débitos declarados em DCTF. A compensação pretendida, foi declarada apenas em sede de Impugnação, e, de seu levantamento, decorreria a extinção do crédito tributário. Segunda consta, entendeu a Autoridade Fazendária pela adequação do procedimento de cobrança posto em marcha, vez que o montante pretendido, em sua interpretação, fora ajustado aos critérios estipulados na decisão judicial. Em breve síntese, a Autoridade Fazendária entende estar ajustada à decisão judicial por pretender cobrar a diferença dos valores declarados, a título de COFINS, mediante a exclusão, de sua base de cálculo, dos valores a título de Outras Receitas, constantes da Linha 09, da Ficha 14A, da DACON. Com isso,segundo a interpretação que fez a Autoridade Fl. 372DF CARF MF 6 Fazendária, seu dever é permitir, tão somente, a exclusão das outras receitas na respectivas competências. Entretanto, conforme se verá adiante, a decisão judicial determinou o direito de crédito decorrente da prescrição decenal. Deverá, portanto, a Autoridade Fazendária, atender à decisão judicial e permitir a utilização do crédito constituído com os dez anos de pagamento incluindo o montante indevido. DA NATUREZA DO CRÉDITO Alargamento da Base de Cálculo da Cofins Sobre o tema da possibilidade de compensação da Cofins paga a maior com base no alargamento do conceito de Receita, este Tribunal Administrativo vem decidindo que devem ser excluídos os valores pagos a maior, ou seja, quando se inclui na base de cálculo, as ditas outras receitas. Entretanto, no caso em tela, apenas o reconhecimento do crédito não exaure a questão, vez que, tendo em vista a não declaração da compensação, a princípio, estaria irregular, distanciandose, portanto, da jurisprudência colacionada. A questão central deste decisório, tangencia a possibilidade de ser concedido, à Recorrente, o direito ao crédito, mesmo sem ter Declarado através de DCOMP ou DCTF Retificadora. Entendo, que a Compensação pretendida pode ser considerada declarada quando a Recorrente, no momento de sua impugnação, informa a autoridade fazendária de sua intenção. Ao mencionar, portanto, nestes autos administrativo, que os débitos constantes dos cadastros federais, foram, em verdade, compensados pelo levantamento do depósito judicial, graças ao êxito obtido. Concluindo, em tendo sido a compensação, mesmo por vias transversas, levada ao conhecimento da Autoridade Fazendária, entendo estar superada esta irregularidade da ausência de Dcomp e DCTF retificadora como meio regular de informar esta operação fiscal. Acórdão: 380201.007–2ª Turma Especial ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 373DF CARF MF Processo nº 11020.005371/200821 Acórdão n.º 3001000.023 S3C0T1 Fl. 371 7 Data do fato gerador: 31/05/2005 PER/DCOMP.RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROLAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. APRESENTAÇÃO DA PROVA DO CRÉDITO APÓS DECISÃO DA DRJ. HIPÓTESE PREVISTA NOART. 16, § 4º, “C”,DO DECRETO Nº 70.235/1972. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Aprova do crédito tributário indébito, quando destinada a contrapor razões posteriormente trazidas aos autos, pode ser apresentada após a decisão da DRJ, por força do princípio da verdade material e do disposto no art.16,§4º, “c”, do Decreto nº 70.235/1972.Havendo prova do crédito, a compensação deve ser homologada, a despeito da retificação a posteriori da Dctf. Recurso Voluntário Provido. Do montante do Crédito da Recorrente Conforme visto até aqui, o crédito da Recorrente foi reconhecido judicialmente e, de acordo com o entendimento deste Relator, sua compensação foi informada quando protocolizado a impuganção em primeira instância administrativa. A fim de determinar o montante do Crédito Tributário, a Recorrente trouxe ao autos, documentação sob o título Documento 05. A importância desta planilha decorre de ser através desta memória de cálculo que a Recorrente busca demonstrar que os valores indevidamente pagos, sob o regime de conceito de receita alargado, ao longo de dez anos, acumulouse e atingiu determinado valor. O cálculo abrange janeiro de 2000 a dezembro de 2005, totalizando um montante de R$ 11.540,30 recolhidos a maior, que devem ser objeto de compensação. Neste sentido, voto por conhecer do Recurso Voluntário e darlhe provimento. (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Fl. 374DF CARF MF 8 Voto Vencedor Conselheiro Cleber Magalhães, Redator designado A Recorrente alega que os débitos constantes dos cadastros federais foram compensados pelo levantamento do depósito judicial (efl. 344 e ss). Entretanto, a mera alegação da Recorrente não é suficiente para sustentar uma argumentação contrária aos elementos de prova trazidos pela fiscalização. A fim de atacar o auto de infração é fundamental a apresentação de um conjunto probatório que apóie a argumentação da Recorrente. Isso não é encontrado nos autos. Repito aqui, por sua clareza, a argumentação do tribunal a quo, com a qual concordo (efl. 361): O Despacho judicial determinou a expedição de alvará judicial em favor da impetrante para levantamento integral dos valores depositados nas contas do depósito judicial em 21/09/2007. Salienta a decisão que “...tal comportamento não implica, por óbvio, em declaração de que o valor ora liberado corresponde de fato ao tributado questionado, restando franqueada ao Fisco a possibilidade de verificação do acerto do afirmado pela Impetrante à luz dos dados emergentes de seus registros contábeis.” Tendo o contribuinte efetuado o levantamento dos depósitos judiciais, os débitos do PIS e da Cofins declarados na DCTF, cuja suspensão da exigibilidade estava vinculada aos depósitos judiciais em seu montante integral, na forma do inciso II do art.l51 do Código Tributário Nacional, imediatamente passaram a ser exigidos, posto que não mais suspensos, sob quaisquer da hipóteses prevista em lei, não cabendo razão ao interessado quando este afirma que houve desrespeito a decisão judicial e que os débitos continuavam suspensos. Tampouco prospera a alegação de que os débitos ora cobrados não poderiam ser exigidos pois estavam suspensos em razão da compensação, uma.vez que os débitos ora relacionados não foram objeto de Declaração de Compensação. Continuo. Não há prova de que o depósito levantado por decisão judicial foi automaticamente convertido em compensação pois não consta dos autos prova de que o contribuinte utilizou esses valores para compensar débito tributário. Assim, voto por não dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cleber Magalhães Fl. 375DF CARF MF Processo nº 11020.005371/200821 Acórdão n.º 3001000.023 S3C0T1 Fl. 372 9 Fl. 376DF CARF MF
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Numero do processo: 15983.000744/2010-65
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.926
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 07 44 /2 01 0- 65 Fl. 305DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 15979.000274/200701. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202005.782, de 26/09/2017, proferido no julgamento do processo 15979.000274/200701, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202005.782): Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade Fl. 307DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 4 benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 308DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 5 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdãonº9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 309DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 6 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 310DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na Fl. 311DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 8 NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 312DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 9 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de Fl. 313DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 10 ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 314DF CARF MF Processo nº 15983.000744/201065 Acórdão n.º 9202005.926 CSRFT2 Fl. 0 11 Fl. 315DF CARF MF
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Numero do processo: 13116.721294/2011-12
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO.
Para restar caracterizada a subvenção para investimento as transferências devem ser concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. E não basta a mera intenção, deve estar claro no diploma legal que o ente subvencionador irá, de fato, estabelecer mecanismos claros de controle para verificar se as condições serão atendidas. Espera-se que os investimentos sejam devidamente escriturados, de modo que possam refletir na contabilidade a aplicação dos recursos em ativo, dentro de um período de tempo determinado, em montante proporcional às transferências recebidas.
ETAPAS DE VERIFICAÇÃO A SEREM CUMPRIDAS PARA CARACTERIZAR A SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS.
Devem ser cumpridas duas etapas de verificação para atestar se os recursos podem ser reconhecidos como subvenção para investimentos: primeiro, se a legislação do ente subvencionante, em tese, estabelece critérios objetivos e efetua o devido controle para acompanhar a efetividade da aplicação dos recursos; e segundo, se os requisitos de ordem formal (art. 38, § 2º, alíneas "a" e "b" do Decreto-lei nº 1.598, de 26/12/1977) e material (aplicação efetiva dos recursos em investimentos) foram atendidos.
PROGRAMA FOMENTAR. ABATIMENTOS NO VALOR PRINCIPAL DA DÍVIDA DECORRENTES DE LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DOS EMPRÉSTIMOS. IMPOSSIBILIDADE DE RETROAÇÃO DE EFEITOS.
Descontos obtidos de empréstimos contraídos no passado não tem o condão de retroagir efeitos no sentido de qualificar os valores como subvenções para investimento, vez que ausentes os requisitos necessários previstos em legislação.
Numero da decisão: 9101-003.167
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de impedimento do relator suscitada pelo patrono, em virtude do Art. 42, Anexo II do RICARF. Acordam, ainda, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencida a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, que não conheceu do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer as autuações fiscais de IRPJ e CSLL, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Cristiane Silva Costa. Por unanimidade de votos, acordam em determinar o retorno dos autos ao colegiado de origem, a fim de que seja apreciado o recurso de ofício, relativo à consideração dos tributos confessados em DCTF para abater o valor do IRPJ e CSLL lançados de ofício. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Luís Flávio Neto.
Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Flávio Franco Corrêa não votou quanto ao conhecimento, nem quanto à preliminar de impedimento, por se tratar de questões já votadas pelo conselheiro Leonardo de Andrade Couto na sessão anterior.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente em exercício).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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Para restar caracterizada a subvenção para investimento as transferências devem ser concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. E não basta a mera intenção, deve estar claro no diploma legal que o ente subvencionador irá, de fato, estabelecer mecanismos claros de controle para verificar se as condições serão atendidas. Esperase que os investimentos sejam devidamente escriturados, de modo que possam refletir na contabilidade a aplicação dos recursos em ativo, dentro de um período de tempo determinado, em montante proporcional às transferências recebidas. ETAPAS DE VERIFICAÇÃO A SEREM CUMPRIDAS PARA CARACTERIZAR A SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS. Devem ser cumpridas duas etapas de verificação para atestar se os recursos podem ser reconhecidos como subvenção para investimentos: primeiro, se a legislação do ente subvencionante, em tese, estabelece critérios objetivos e efetua o devido controle para acompanhar a efetividade da aplicação dos recursos; e segundo, se os requisitos de ordem formal (art. 38, § 2º, alíneas "a" e "b" do Decretolei nº 1.598, de 26/12/1977) e material (aplicação efetiva dos recursos em investimentos) foram atendidos. PROGRAMA FOMENTAR. ABATIMENTOS NO VALOR PRINCIPAL DA DÍVIDA DECORRENTES DE LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DOS EMPRÉSTIMOS. IMPOSSIBILIDADE DE RETROAÇÃO DE EFEITOS. Descontos obtidos de empréstimos contraídos no passado não tem o condão de retroagir efeitos no sentido de qualificar os valores como subvenções para investimento, vez que ausentes os requisitos necessários previstos em legislação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 72 12 94 /2 01 1- 12 Fl. 3672DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.673 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de impedimento do relator suscitada pelo patrono, em virtude do Art. 42, Anexo II do RICARF. Acordam, ainda, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencida a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, que não conheceu do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em darlhe provimento parcial, para restabelecer as autuações fiscais de IRPJ e CSLL, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Cristiane Silva Costa. Por unanimidade de votos, acordam em determinar o retorno dos autos ao colegiado de origem, a fim de que seja apreciado o recurso de ofício, relativo à consideração dos tributos confessados em DCTF para abater o valor do IRPJ e CSLL lançados de ofício. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Luís Flávio Neto. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Flávio Franco Corrêa não votou quanto ao conhecimento, nem quanto à preliminar de impedimento, por se tratar de questões já votadas pelo conselheiro Leonardo de Andrade Couto na sessão anterior. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo – Presidente em exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente em exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial (efls. 3584/3600) interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ("PGFN") em face da decisão proferida no Acórdão nº 1102 001.318 (efls. 3550/3582), pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção, na sessão Fl. 3673DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.674 3 de 24/03/2015, no qual foi dado provimento ao recurso voluntário da GRAVIA ESQUALITY INDUSTRIA METALURGICA LTDA ("Contribuinte"). Resumo Processual A autuação fiscal (efls. 1580/1647), relativa aos anoscalendário de 2007, 2008 e 2009, discorre sobre contabilização imprópria de subvenções para investimento, relativas ao Programa FOMENTAR do Estado de Goiás, vez que não teriam sido cumpridas as condições previstas na legislação. Na primeira instância (DRJ), a impugnação (efls. 1670/1742) foi julgada procedente em parte (efls. 3420/3466), para abater dos tributos lançados de ofício os valores confessados em DCTF. Foi efetuada remessa necessária (recurso de ofício). A segunda instância (Turma Ordinária do CARF) decidiu (efls. 3550/3582) dar provimento ao recurso voluntário (efls. 3474/3538) da Contribuinte. Quanto ao recurso de ofício, não foi apreciado, por restar prejudicado. A PGFN interpôs recurso especial (efls. 3584/3600) que foi admitido por despacho de exame de admissibilidade (efls. 3603/3606). Foram apresentadas contrarrazões pela Contribuinte (efls. 3619/3633); A seguir, maiores detalhes sobre a autuação fiscal e a fase contenciosa. Da Autuação Fiscal A Termo de Verificação Fiscal discorre que a Contribuinte fez adesão ao FOMENTAR – Fundo de Participação e Fomento à Industrialização. Numa primeira fase, o programa de incentivo do Governo do Estado de Goiás concedeu aos participantes um empréstimo de até 70% do montante equivalente ao ICMS devido, visando fomentar atividades industriais. Foi criado pela Lei Estadual nº 9.489, de 31/07/1984, e regulamentado pelo Decreto nº 3.822 de 10/07/1992. Por sua vez, sobreveio a segunda fase, com a Lei Estadual nº 13.436, de 30/12/1998, no qual os contratos de financiamento com recursos do FOMENTAR foram objeto de oferta pública (leilão), possibilitando a liquidação antecipada com concessão de descontos de até 89% do saldo devedor, que deveriam ser aplicados na ampliação e/ou modernização do parque industrial da Contribuinte dentro do prazo máximo de vinte anos. Nesse contexto, a Contribuinte considerou que os recursos relativos ao montante da dívida perdoada seriam subvenção para investimentos, razão pela qual foram excluídos da apuração do lucro real. Ao analisar as condições estabelecidas pela legislação estadual referentes ao benefício da liquidação antecipada, concluiu a autoridade autuante que se encontravam ausentes condições para que os recursos pudessem ser caracterizados como subvenção para investimentos, sendo, na realidade, subvenção para custeio. Foram lavrados autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. A seguir, maiores detalhes sobre a fase contenciosa. Da Fase Contenciosa Fl. 3674DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.675 4 A Contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada procedente em parte pela 2ª Turma da DRJ/Brasília, no Acórdão nº 0348.753, na sessão de 15/01/2014, para abater dos tributos lançados de ofício os valores confessados em DCTF, nos termos da ementa a seguir. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. MPF. EMISSÃO REGULAR. CONSULTA NO SÍTIO DA RECEITA FEDERAL. DESNECESSIDADE DE INTEGRAR OS AUTOS. O MPF deve ser emitido exclusivamente em forma eletrônica e assinado pela autoridade outorgante, mediante a utilização de certificado digital válido e a ciência ao sujeito passivo darseá por intermédio do sítio da Receita Federal na Internet, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. Na fase contenciosa, a consulta ao mandado na rede universal continua disponível a qualquer momento, razão pela qual não há que se falar em nulidade processual caso o MPF não integre os autos do processo. INCENTIVOS FISCAIS. NATUREZAS DIVERSAS. O gênero incentivos fiscais pode admitir como espécies, dentre outras, subvenções correntes para custeio ou operação, subvenções para investimento, reduções de custo de bens decorrentes de isenções de impostos ou de dispensa de encargos, como juros e atualização monetária, ou, ainda, a disponibilização por parte do ente público de recursos mediante atendimento de condições pela beneficiária, por meio de financiamentos, liquidação antecipada de débitos com abatimento ou mesmo perdão de dívida. PROGRAMA FOMENTAR. ABATIMENTOS NO VALOR PRINCIPAL DA DÍVIDA DECORRENTES DE LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DOS EMPRÉSTIMOS. PERDÃO. REMISSÃO DE DÍVIDA. OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS. I –No programa FOMENTAR, o Estado de Goiás concedeu empréstimo ao setor privado condicionando o emprego dos recursos à aplicação em investimentos na modernização e ampliação do empreendimento industrial, em condições vantajosas considerando o cenário econômico da época de inflação elevada. Em razão da estabilização da moeda, a dívida foi renegociada, autorizando a sua quitação mediante pagamento antecipado com um abatimento de oitenta e oito por cento do valor original. Restou caracterizado um perdão, do qual se beneficiou a empresa devedora. II São formas de geração de receita, dentre outras, a venda de mercadorias e prestação de serviços da entidade, e a extinção Fl. 3675DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.676 5 parcial ou total de uma exigibilidade, como o perdão de dívida ou da eliminação de passivo pelo desaparecimento do credor. III Valor decorrente de redução de dívida mediante remissão tem natureza de outras receitas operacionais. IV – Não há que se falar em qualquer natureza de subvenção, já que a norma estadual que regulamenta o programa FOMENTAR não exige do ente público nenhum gerenciamento na aplicação dos recursos oriundos do perdão da dívida, deixando o controle a critério do beneficiário, sem garantir qualquer sincronia entre o ingresso das receitas e a implementação de ações visando modernizar e ampliar o parque industrial. INDEDUTIBILIDADE DO PIS E COFINS LANÇADOS DE OFÍCIO. APURAÇÃO DO IRPJ E CSLL. LUCRO REAL. Incabível a dedutibilidade, na determinação do lucro real, do PIS e da Cofins lançadas de ofício. MUDANÇA DE REGIME DE TRIBUTAÇÃO. LUCRO PRESUMIDO PARA LUCRO REAL. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas cuja receita total, no anocalendário anterior seja superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais). DCTF. ESPONTANEIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Os débitos confessados em DCTF encaminhadas espontaneamente, antes do início do procedimento fiscal, devem ser considerados para compensar os valores de tributos apurados pela Fiscalização lançados de ofício. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS COM BASE NO MESMO FATO E MATÉRIA TRIBUTÁVEL. O decidido em relação ao IRPJ estendese aos lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, vez que formalizado com base nos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Foi interposto recurso voluntário pela Contribuinte. A 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção do CARF, na sessão de 24/03/2015, por meio do Acórdão nº 1102001.318, decidiu no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, e, por consequência, considerar prejudicada a apreciação do recurso de ofício, conforme ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. As subvenções para investimento, para os fins de enquadramento na hipótese de não incidência veiculada no § 2º do artigo 38 do Fl. 3676DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.677 6 DecretoLei nº 1.598/77, são caracterizadas por três aspectos bastante claros: (i) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; (ii) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e (iii) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Exigese perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta o “animus” de subvencionar, mas, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção. Os recursos transferidos podem até, num primeiro momento, oxigenar o capital de giro da empresa. Contudo, em algum momento futuro, o investimento para a implantação ou expansão dos empreendimentos econômicos terá que ser efetuado. Não se exige, todavia, que o objetivo final seja alcançado, qual seja, que os empreendimentos econômicos tenham sido implantados ou expandidos. Mas, que a completude do estímulo seja garantida. Em outras palavras, só se verificará a efetividade do estímulo se o dinheiro for aplicado na consecução do objetivo final. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, a lei estadual promotora do incentivo sob análise foi textual na sua intenção de ampliação e/ou modernização de parque industrial incentivado numa etapa anterior do programa de incentivos. Portanto, o requisito da intenção do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ação do subordinado. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o “dinheiro não precisa ser carimbado”. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal. PIS. COFINS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. RTT. Uma vez afastada a premissa de que os descontos recebidos tratarseiam de subvenções para custeio, é de se notar que a norma veiculada pelo artigo 21, I, c/c o artigo 18, da Lei nº 11.941/09, é categórica ao afastar, no âmbito do RTT, as subvenções para investimento do escopo da tributação do PIS e da COFINS. Fl. 3677DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.678 7 A PGFN interpôs recurso especial. Discorre que, conforme o Termo de Verificação Fiscal, não houve o sincronismo mínimo entre a obtenção do benefício fiscal e a execução da expansão ou modernização do parque industrial, razão pela qual os recursos transferidos são subvenções para custeio. Entende que faltaram os requisitos necessários para caracterizar os recursos como subvenção para investimento: (1) intenção do subvencionador e (2) efetiva e específica aplicação nos investimentos, nos termos do Parecer Normativo CST nº 112, de 1978. Requer pela reforma do acórdão recorrido e restabelecimento da decisão da primeira instância. O Despacho de Exame de Admissibilidade de efls. 3603/3606 deu seguimento ao recurso da PGFN. A Contribuinte apresentou contrarrazões. Discorre que os acórdãos paradigmas tratam de situações diferentes da analisada nos presentes autos. Em relação ao paradigma nº 910101.239, referese a incentivos concedidos pelo Estado do Pernambuco sob a égide de lei estadual específica, enquanto que a decisão recorrida trata do FOMENTAR do Estado de Goiás. Ademais, a discussão se deve existir na lei concessiva elementos que permitam garantir que os recursos subvencionados foram efetivamente destinados à implantação ou expansão do investimento é irrelevante, vez que a lei do FOMENTAR apresenta elementos que garantem a aplicação dos recursos nos termos da legislação. Em relação ao paradigma nº 10805.767, apesar de tratar do FOMENTAR, dispõe sobre outra situação, sobre a apropriação como despesas da correção monetária não paga e sua utilização como subvenções para investimento. Ainda, não houve o necessário cotejo analítico entre paradigma e decisão recorrida, o que não é suficiente para demonstrar a divergência na interpretação da legislação tributária. Enfim, no que se refere à necessidade de se haver vínculo à destinação do recurso entregue para a pessoa jurídica privada, o acórdão recorrido não se mostrou contra tal requisito, mas asseverou que caberia à Fiscalização verificar a não aplicação dos recursos e respeitar o prazo, de 20 anos, o que não teria sido feito. E, na realidade, a Contribuinte demonstrou e comprovou a aplicação dos recursos nos presentes autos. Requer que o recurso da PGFN não seja conhecido e seja negado provimento. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. A princípio, cumpre apreciar a preliminar aduzida pela Contribuinte, na petição de efls. 1544/1548. Contestase a competência do relator, que estaria impedido de participar do presente julgamento (art. 42, § 3º, Anexo II do RICARF) por ter sido o relator da decisão de primeira instância (DRJ/Brasília), ocasião em que foi apreciada a impugnação e proferido o Acórdão nº 0348.753, na sessão de 15/01/2014. De fato, fui o relator da decisão de primeira instância. Fl. 3678DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.679 8 Há que se observar o que predica a legislação processual do contencioso administrativo tributário sobre o assunto. O art. 37 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF), determina: O julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais farseá conforme dispuser o regimento interno. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Por sua vez, o Regimento Interno do CARf (RICARF) estabelece as hipóteses de impedimento no Anexo II: Art. 42. O conselheiro estará impedido de atuar no julgamento de recurso, em cujo processo tenha: I atuado como autoridade lançadora ou praticado ato decisório monocrático; II interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto; e III como parte, cônjuge, companheiro, parente consanguíneo ou afim até o 3º (terceiro) grau. § 1º Para efeitos do disposto no inciso II do caput, considerase existir interesse econômico ou financeiro, direto ou indireto, nos casos em que o conselheiro representante dos contribuintes preste ou tenha prestado consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil ou perceba remuneração do interessado, ou empresa do mesmo grupo econômico, sob qualquer título, no período compreendido entre o primeiro dia do fato gerador objeto do processo administrativo fiscal até a data da sessão em que for concluído o julgamento do recurso. § 2º As vedações de que trata o § 1º também são aplicáveis ao caso de conselheiro que faça ou tenha feito parte como empregado, sócio ou prestador de serviço, de escritório de advocacia que preste consultoria, assessoria, assistência jurídica ou contábil ao interessado, bem como tenha atuado como seu advogado, nos últimos cinco anos. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) § 3º O conselheiro estará impedido de atuar como relator em recurso de ofício, voluntário ou recurso especial em que tenha atuado, na decisão recorrida, como relator ou redator relativamente à matéria objeto do recurso. § 4º O impedimento previsto no inciso III do caput aplicase também aos casos em que o conselheiro possua cônjuge, companheiro, parente consanguíneo ou afim até o 2º (segundo) grau que trabalhem ou sejam sócios do sujeito passivo ou que atuem no escritório do patrono do sujeito passivo, como sócio, empregado, colaborador ou associado. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (Grifei) Com a devida vênia, o § 3º do art. 42 estabelece como impedimento a atuação como relator em recurso de ofício, recurso voluntário ou recurso especial. O Fl. 3679DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.680 9 recurso de ofício e o recurso voluntário são peças processuais atinentes à segunda instância (turma ordinária do CARF), e o recurso especial de competência da Câmara Superior de Recursos Fiscais. No presente momento processual, em sede de recurso especial, a decisão recorrida é a decisão de segunda instância, no qual não fui relator e tampouco participei do julgamento. E, como já esclarecido, fui relator da decisão de primeira instância, que apreciou impugnação. Considerando que o impedimento comporta ordem de cognição objetiva, entendo que minha participação como relator de decisão de primeira instância não me confere a condição de impedido da participar do presente julgamento. De qualquer forma, o RICARF dispõe sobre o procedimento a ser adotado no caso da arguição em debate, no Anexo II: Art. 44. O impedimento ou a suspeição será declarado por conselheiro ou suscitado por qualquer interessado, cabendo ao arguido, neste caso, pronunciarse por escrito sobre a alegação, o qual, se não for por ele reconhecido, será submetido à deliberação do colegiado. Pois bem, a arguição de impedimento foi apreciada pelo Colegiado da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais na presente sessão. Decidiuse, por unanimidade, indeferir a arguição suscitada. Superada a preliminar, passo ao voto. I Admissibilidade. Protesta a Contribuinte pelo não conhecimento do recurso da PGFN, por entender que os acórdãos paradigmas tratam de suporte fático distinto dos presentes autos, e porque seria irrelevante a discussão se deve existir na lei concessiva elementos que permitam garantir que os recursos subvencionados foram efetivamente destinados à implantação ou expansão do investimento, vez que a lei do FOMENTAR apresentaria elementos que garantem a aplicação dos recursos nos termos da legislação Passo ao exame dos paradigmas. Transcrevo os fundamentos do acórdão recorrido (nº 1102001.318), que adota as razões de decidir de outro acórdão proferido pela mesma turma ordinária, de nº 1102 001.203: Tendo em vista que não restam dúvidas quanto à intenção do subvencionador, resta necessário, portanto, verificar se foram devidamente implementadas as demais condições para que benefícios conferidos pelo FOMENTAR sejam considerados Subvenção para Investimentos, quais sejam a efetiva e específica aplicação da subvenção, e se o beneficiário foi a pessoa jurídica titular do empreendimento. Fl. 3680DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.681 10 Além disso, a autuação, no caso em tela, fundamentouse no fato de o fiscal ter considerado o programa FOMENTAR uma subvenção para CUSTEIO – e não para investimento. Aquela, conforme já demonstrado, não é a natureza do referido incentivo. Seria necessário, pois, a comprovação de que os benefícios foram aplicados em finalidade distinta da prevista na lei que o instituiu para que tais subvenções pudessem ser consideradas ‘de custeio’. Por outro lado, além de ser ônus da fiscalização ter verificado a não aplicabilidade dos recursos na destinação prevista no programa FOMENTAR, é importante que seja observado o prazo para aplicação dos recursos (qual seja, de vinte anos). Até a data limite de aplicação dessas verbas, não há como imputar qualquer tipo de responsabilidade sobre o contribuinte, uma vez que até o presente momento estão devidamente cumpridos os requisitos legais. (...) Segue um trecho do Acórdão 1102001.203, que aborda exatamente essa questão da prestação de contas dentro do prazo da subvenção: Acórdão 1102001.203 (Trecho da Ementa) SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. As subvenções para investimento, para os fins de enquadramento na hipótese de não incidência veiculada no § 2º do artigo 38 do DecretoLei nº 1.598/77, são caracterizadas por três aspectos bastante claros: (i) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; (ii) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e (iii) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Exigese perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta o “animus” de subvencionar, mas, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção. Os recursos transferidos podem até, num primeiro momento, oxigenar o capital de giro da empresa. Contudo, em algum momento futuro, o investimento para a implantação ou expansão dos empreendimentos econômicos terá que ser efetuado. Não se exige, todavia, que o objetivo final seja alcançado, qual seja, que os empreendimentos econômicos tenham sido implantados ou expandidos. Mas, que a completude do estímulo seja garantida. Em outras palavras, só se verificará a efetividade do estímulo se o dinheiro for aplicado na consecução do objetivo final. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. Fl. 3681DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.682 11 No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, inexiste dúvida quanto à intenção das leis estadual e federal promotoras dos incentivos sob análise no sentido da implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Portanto, o requisito da intenção do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ação do subordinado. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o “dinheiro não precisa ser carimbado”. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal. (Grifos originais) A convergência dos fundamentos da decisão recorrida é clara e evidente, quando se constata que adotou a mesma ementa do Acórdão nº 1102001.203. Passando para a apreciação do paradigma nº 910101.239, há que se registrar que a 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em outra oportunidade, já efetuou exame de admissibilidade, confrontandoo precisamente com o Acórdão nº 1102001.203. Na ocasião, por unanimidade de votos, o recurso foi conhecido. Segue o resultado do Acórdão nº 9101002.346, julgado na sessão de 14 de junho de 2016: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Ronaldo Apelbaum (Suplente convocado), Nathália Correia Pompeu, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (Suplente convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Luís Flávio Neto, Adriana Gomes Rego, Ronaldo Apelbaum (Suplente convocado), André Mendes Fl. 3682DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.683 12 de Moura, Nathália Correia Pompeu, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (Suplente convocado), Maria Teresa Martínez López (VicePresidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). (Grifei) Analisando os presentes autos, entendo não haver qualquer diferença em relação ao julgamento da sessão de 14 de junho de 2016. O acórdão recorrido discorre no sentido de que não basta a intenção do legislador para caracterizar o recurso como subvenção para investimento, há que se exigir o controle para se verificar a efetiva aplicação dos valores subvencionados. Contudo, afastou a autuação porque entendeu que a autoridade autuante não avançou na investigação no sentido de demonstrar que a empresa autuada não estaria empregando os recursos em investimentos, por ser ônus da fiscalização. Por outro lado, o acórdão paradigma nº 910101.239 apresenta as mesmas premissas, quanto ao fato de a intenção do subvencionador por si só não ser suficiente e pela necessidade de a legislação dispor sobre mecanismos de controle, mas apresenta conclusão diferente do acórdão recorrido: Conforme entendimento que já manifestei neste Colegiado, é condição legal para que as subvenções sejam qualificadas como de “investimento”, além da manifestação do ente subvencionador dispondo que os recursos devem ser aplicados na implantação ou expansão de empreendimento, que os recursos correspondentes à subvenção sejam efetivamente aplicados, conforme os critérios quantitativos e qualitativos fixados no ato concessivo. Se a norma que institui o benefício estabelece determinadas exigências documentais, mas não fixa de modo taxativo tais critérios, os requisitos estipulados para fruição do benefício passam a representar mera formalidade, que se descumprida por parte do beneficiário, não acarreta nenhum tipo de sanção. In casu, o benefício concedido pelo Estado de Pernambuco não obriga a destinação dos valores subvencionados na implantação ou expansão de empreendimento econômico. Como se verifica pelo teor ato concessivo, o auxílio obtido por meio de crédito presumido do ICMS evidencia uma redução do desembolso financeiro, podendo ser utilizado pela empresa na forma que lhe for mais conveniente. Neste mesmo sentido, observase pela análise do atos regulamentares, que existem algumas exigências, porém nenhuma delas fixa a destinação do valor correspondente à subvenção ou o montante equivalente, na aplicação específica do projeto apresentado para habilitação no programa. Portanto, ambos, acórdão paradigma e recorrido, concordam que a (1) intenção do subvencionador por si só não é suficiente e (2) pela necessidade de a legislação dispor sobre mecanismos de controle. No caso do acórdão paradigma, a análise já se mostra conclusiva, por entender que, em tese, se a norma não cumpre os requisitos, não se faz necessária nenhuma ação complementar da Fiscalização. Por sua vez, o acórdão recorrido, não obstante a norma, em tese, não atender às condições necessárias para caracterizar o recurso como subvenção para investimento, exige da autoridade autuante uma fundamentação Fl. 3683DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.684 13 complementar, de natureza probatória, no sentido de verificar se a pessoa jurídica estaria fazendo o devido controle dos recursos obtidos, e ainda que fosse obedecido prazo de vinte anos para implementação do investimento. Resta evidente, portanto, a divergência na interpretação da legislação tributária, em face dos requisitos necessários para se demonstrar se os recursos podem ser classificados como subvenção para investimento. E, tendo o primeiro paradigma atendido ao art. 67, Anexo II do RICARF, tornase prescindível apreciar o segundo paradigma (nº 10805.767). Nesse sentido, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial da PGFN. II Mérito. Subvenção para Investimento X Subvenção para Custeio. Espécie do gênero benefícios fiscais, as subvenções podem ser classificadas em (1) correntes para custeio ou operação ou (2) para investimentos. A primeira mereceu tratamento na Lei nº 4.320, de 17/03/1964, que estatuiu normas gerais de direito financeiro, para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, estabelecendo diretrizes gerais para a contabilidade pública. Sob a ótica do ente federativo, são consideradas as subvenções sociais e econômicas como despesas correntes, da espécie transferências correntes, destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas. Observase que não havia nenhuma discriminação quanto à destinação que o ente subvencionado daria às receitas recebidas. E precisamente sob essa ótica, as receitas oriundas das transferências do ente subvencionador governamental, independente da destinação dada pelo subvencionado, foram consideradas como tributáveis, conforme art. 44, da Lei nº 4.506, de 30/11/1964, que atualmente encontrase recepcionado pelo art. 392 do RIR/99: Art. 392. Serão computadas na determinação do lucro operacional: I as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV); Ocorre que, posteriormente, passou a ser adotar um tratamento específico para subvenções que tivessem uma destinação própria, particular, qual seja, que fossem concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Nesse caso, passaram a receber ser entendidas como transferências de capital, como se pode observar no art. 182, § 1º, alínea "d", da Lei nº 6.404, de 15/12/1976: Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do Fl. 3684DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.685 14 capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007); d) as doações e as subvenções para investimento (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007) 1(grifei). Fato é que a legislação tributária acompanhou o entendimento, como se pode observar pela redação do art. 38, do Decretolei nº 1.598, de 26/12/1977: Art 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o Contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: (Vide) I ágio na emissão de ações por preço superior ao valor nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem valor nominal destinadas à formação de reservas de capital; II valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; III prêmio na emissão de debêntures; (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV lucro na venda de ações em tesouraria. § 1º O prejuízo na venda de ações em tesouraria não será dedutível na determinação do lucro real. § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) (Vigência) a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do artigo 19; ou (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do Contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) (grifei) 1 Apesar de o dispositivo em debate ter sido revogado pela Lei nº 11.638, de 2007, as subvenções para investimento, para fins de apuração do lucro real, continuaram fora do alcance da tributação do IRPJ e da CSLL, já que, apesar de ter o ingresso contabilizado em conta de resultado pelo regime de competência, integrando o lucro líquido do exercício, devem ser excluídas no LALUR. Fl. 3685DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.686 15 Restou nítida a diferenciação imposta às subvenções de custeio e investimento. A primeira, entendida como transferência de renda, integra a base de cálculo para apuração do tributo, enquanto que a segunda, transferência de capital, não seria contabilizada como receita, mas sim como reserva de capital no patrimônio líquido, não submetida à tributação. Contudo, há que se registrar que a categorização de uma transferência como subvenção para investimento deve obedecer determinadas condições. A Receita Federal manifestouse sobre a questão no PN CST nº 112, de 1978: 2.11 Umas das fontes para se pesquisar o adequado conceito de SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO é o Parecer Normativo CST n° 2/78 ...No item 5.1 do Parecer encontramos, por exemplo, menção de que a SUBVENÇÃO para INVESTIMENTO seria destinada à aplicação em bens ou direitos. Já no item 7, subentendese um confronto entre as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO e as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO tendo sido caracterizadas as primeiras pela não vinculação a aplicações específicas. Já o Parecer Normativo CST n° 143/73 (...), sempre que se refere a investimento complementao com a expressão em ativo fixo. Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála, não em suas despesas, mas sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. 2.12 Observase que a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o "animus" de subvencionar para investimento. Impõese, também, a "efetiva e específica" aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS. (grifei) Observase que, segundo interpretação do parecer, a subvenção para investimento estaria caracterizada quando, cumulativamente, (1) os recursos a serem transferidos seriam com o objetivo de auxiliar a pessoa jurídica não sem sua despesas, mas na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos; (2) seria exigida uma perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado; (3) não basta o "animus", mas também e efetiva e específica aplicação da subvenção nos investimentos previstos, e (4) mero registro contábil em conta própria de reserva de capital não é suficiente, por si só, para caracterizar a transferência como subvenção para investimento. Entendo que cabem observações sobre os itens (1) e (2). Fl. 3686DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.687 16 Aqui registro uma observação complementar em relação a voto apresentado na sessão anterior sobre o mesmo assunto (Acórdão nº 9101002.335), apenas para acrescentar uma observação em relação ao item (1). Sobre o item (1), de fato não há que se considerar que tais recursos sejam empregados para auxiliar nas despesas do ente subvencionado. Devem ser aplicados em bens ou direitos visando a consecução da finalidade da subvenção para investimentos, qual seja, implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Tal aplicação poderá estar refletida em diferentes ativos da empresa, como, por exemplo, estoques, ativo permanente, em proporções que dependerão do ramo de atividade do subvencionado, mas que deverão estar devidamente refletidos na contabilidade. Já em relação ao item (2), a necessidade de "perfeita sincronia" entre a intenção do subvencionador e a ação do subvencionado, merece uma ressalva, e se trata de conclusão que deve ser relativizada, interpretada numa acepção mais ampla. Isso porque, ao se falar na implantação de um novo investimento, naturalmente o subvencionado terá que aplicar recursos próprios para a construção do empreendimento. Apenas no futuro, a partir do momento em que o investimento gerar frutos, serão originadas as receitas, cuja parte será objeto de transferência para a empresa a título de subvenção 2. Por sua vez, quanto aos demais itens (3 e 4), entendo que consagram o disposto no § 2º do art. 38 do Decretolei nº 1.598, de 26/12/1977. Dispõese com clareza que as subvenções para investimento que podem ser excluídas na determinação do lucro real são aquelas concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, além de terem de estar contabilizadas em conta reserva de capital e feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do Contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas 3. Quando se fala em estímulo á implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, não basta a mera intenção do subvencionador. Se os recursos deve ser aplicados para estimular implantação e/ou expansão de empreendimentos econômicos, não basta uma mera disposição legislativa, editada pelo ente subvencionador, para que reste caracterizada a subvenção para investimento. Há que restar demonstrada, no mínimo, que a aplicação dos recursos será submetida a um acompanhamento, um controle de sua efetiva utilização. 2 Vide acórdão nº 9101001.094, da CSRF, de 29/06/2011, do Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior: "Além disso, em regra, nenhum empreendimento vai ser implantado com receita oriunda da subvenção para investimento. Isso porque durante a implantação, a empresa encontrase em fase préoperacional, logo, ordinariamente, não aufere receitas e, consequentemente, não tem ICMS a pagar nem muito menos redução de ICMS em virtude de subvenção para investimento. Assim, na hipótese de implantação de empreendimento, há um descasamento entre o momento da aplicação do recurso e do gozo do benefício. Razão pela qual seria impossível, no caso em tela, constar do termo de compromisso firmado a obrigação de a indústria ser implantada, ainda que parcialmente, com os valores oriundos do benefício fiscal. Natural, então, que o beneficiário da subvenção para investimento, em um primeiro momento, aplique recursos próprios na implantação do empreendimento, para depois, quando a empresa iniciar suas operarações e, consequentemente, começar a pagar o ICMS ao Estado da Bahia, comece também a recompor seu caixa do capital próprio anteriormente imobilizado em ativo fixo e outros gastos de implantação. (...)" 3 Vide nota anterior. Fl. 3687DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.688 17 Resta completamente desvirtuado o instituto quando a lei estadual, por exemplo, ao mesmo tempo que estabelece condições para a transferência do recurso, deixa em campo cinzento quais seriam os mecanismos claros de controle para verificar se as condições estabelecidas para a fruição do benefício, no caso, implantação ou expansão de investimentos, estarão sendo cumpridas. Esclareço que aqui não se fala em comprovação imediata da aplicação das transferências. O que se quer dizer é que o papel do ente subvencionador não está restrito apenas a editar diploma legal concedendo a transferência mediante condições que ficarão apenas "no papel", submetidos unicamente à vontade do ente subvencionado. O diploma legal também deve dispor sobre mecanismos claros de controle e acompanhamento dos recursos transferidos. Não se fala em "carimbar o dinheiro", e que precisamente o recurso ingressado por meio de transferência seja aplicado na implantação/expansão do investimento. Não se fala em simultaneidade. Nada disso. O que se fala é assegurar que o montante de recursos derivados da transferência seja, em momento razoável, efetivamente aplicados, de acordo com projetos executivos de implementação e construção, controle que deve ser exercido pelo subvencionador, e, naturalmente, que tais investimentos sejam devidamente escriturados, de modo que possam refletir na contabilidade a aplicação dos recursos em ativo, e, dentro de um período de tempo determinado, em montante proporcional às transferências recebidas. Devese se identificar, mediante elaboração de um plano de contas os ativos que foram objeto de implementação ou expansão. Sim, a contabilidade se presta para refletir, com clareza e transparência, as mutações econômicas da empresa, ainda mais se tratando de um benefício fiscal dessa natureza. Dever de escrituração é obrigação do Contribuinte. A preocupação em não banalizar a subvenção para investimentos encontra consonância com o recente veto (Mensagem nº 276, de 7 de agosto de 2017) imposto à seguinte proposta de redação para os arts. 9º e 10º da Lei nº 12.973, de 2014: “Art. 9º O art. 30 da Lei no 12.973, de 13 de maio de 2014, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 4º e 5º: ‘Art. 30. ........................................................................ .............................................................................................. § 4º Os incentivos e os benefícios fiscais ou financeirofiscais relativos ao imposto previsto no inciso II do caput do art. 155 da Constituição Federal, concedidos pelos Estados e pelo Distrito Federal, são considerados subvenções para investimento, vedada a exigência de outros requisitos ou condições não previstos neste artigo. § 5º O disposto no § 4º deste artigo aplicase inclusive aos processos administrativos e judiciais ainda não definitivamente julgados.’ (NR) Art. 10. O disposto nos §§ 4º e 5º do art. 30 da Lei no 12.973, de 13 de maio de 2014, aplicase inclusive aos incentivos e aos benefícios fiscais ou financeirofiscais de ICMS instituídos em desacordo com o disposto na alínea “g” do inciso XII do § 2º do art. 155 da Constituição Federal por legislação estadual Fl. 3688DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.689 18 publicada até a data de início de produção de efeitos desta Lei Complementar, desde que atendidas as respectivas exigências de registro e depósito, nos termos do art. 3º desta Lei Complementar.” Não poderiam ser mais esclarecedoras as razões do veto: “Os dispositivos violam o disposto no artigo 113 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016 (‘Novo Regime Fiscal’), por não apresentarem o impacto orçamentário e financeiro decorrente da renúncia fiscal. Ademais, no mérito, causam distorções tributárias, ao equiparar as subvenções meramente para custeio às para investimento, desfigurando seu intento inicial, de elevar o investimento econômico, além de representar significativo impacto na arrecadação tributária federal. Por fim, poderia ocorrer resultado inverso ao pretendido pelo projeto, agravando e estimulando a chamada ‘guerra fiscal’ entre os Estados, ao invés de mitigála.” (Grifei) Assim, devem ser cumpridas duas etapas de verificação para atestar se os recursos podem ser reconhecidos como subvenção para investimentos: primeiro, se a legislação do ente subvencionante, em tese, estabelece critérios objetivos e efetua o devido controle para acompanhar a efetividade da aplicação dos recursos; e segundo, se os requisitos de ordem formal (art. 38, § 2º, alíneas "a" e "b" do Decretolei nº 1.598, de 26/12/1977) e material (aplicação efetiva dos recursos em investimentos) foram atendidos. Estabelecidas as premissas, passo para a análise do caso concreto. Inicio o exame pela primeira verificação: se a legislação do ente subvencionante, em tese, estabelece critérios objetivos e efetua o devido controle para acompanhar a efetividade da aplicação dos recursos considerados como subvenção para investimentos. Tratam os autos da liquidação antecipada dos recursos obtidos por meio de empréstimo concedido pelo Governo do Estado de Goiás decorrentes do programa FOMENTAR, Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás, criado pela Lei Estadual nº 9.489, de 31/07/1984 e regulamentado pelo Decreto nº 3.822 de 10/07/1992. Observase que, em negócio jurídico primitivo, a Contribuinte fez adesão ao programa de incentivo, que conforme termos pactuados pela Lei Estadual nº 9.489, de 31/07/1984, regulamentada pelo Decreto do Governo do Estado de Goiás nº 3.822 de 10/07/1992, tinha como objetivos o estímulo à industrialização e apoio ao desenvolvimento de empreendimentos industriais, mediante a concessão de apoios financeiro e tecnológico, por meio de várias modalidades de ingressos de recursos, dentre as quais a concessão de empréstimo de até 70% do montante equivalente ao ICMS devido, em condições financeiras vantajosas, mediante cumprimento de condições, dentre as quais, de que os recursos fossem aplicados à modernização ou ampliação do empreendimento econômico. Para fins didáticos, passa a ser denominado de fase inicial. Fl. 3689DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.690 19 Por sua vez, a fase final trata da Lei Estadual nº 13.436/1998, dispôs sobre a renegociação a dívida, concedendo um desconto substancial (até 89% do valor devido) para a sua quitação. Além disso, precisamente no que concerne aos recursos decorrentes do valor perdoado, predicou expressamente o diploma legal que seriam subvenções para investimento e que caberia sua aplicação na modernização ou ampliação do parque industrial. No caso em análise, a Contribuinte fez adesão ao programa, em sua fase inicial, e na fase final, aproveitouse da opção prevista pela Lei Estadual nº 13.436/1998 para liquidar, de maneira antecipada, uma série de empréstimos contraídos pela adesão ao programa FOMENTAR, no decorrer dos anoscalendário de 2007 a 2009, conforme quadro elaborado pela Fiscalização: Leilão Mês/Ano Debito Originário (R$) Valor quitação (R$) Desconto Obtido (R$) 17º 06/2007 1.190.329,37 130.936,23 1.059.393,14 18º 12/2007 1.353.542,34 148.889,66 1.204.652,68 Desconto Anual 2.264.045,82 19º 06/2008 1.209.811,31 133.079,24 1.076.732,07 20º 12/2008 1.893.661,87 208.302,81 1.685.359,06 Desconto Anual 2.762.091,13 21º 07/2009 1.650.611,59 263.437,61 1.387.173,98 22º 12/2009 1.770.295,80 194.732,54 1.575.563,26 Desconto Anual 2.962.737,24 TOTAL 7.988.874,19 E, valendose de disposição prevista no § 2º, art. 1º da Lei nº 13.436, de 1998, incluída pelo art. 1º da Lei nº 15.046, de 29/12/2004 (que recebeu nova redação pelo art. 1º da Lei nº 15.124, de 25/02/2005), a Contribuinte considerou os recursos no montante de R$7.988.874,19 como subvenção para investimento. Para devida análise da legislação estadual que trata da segunda fase do FOMENTAR, qual seja, a Lei Estadual nº 13.436, de 30 de dezembro de 1998, transcrevo dispositivos mais relevantes: Art. 1º Os contratos de financiamento com recursos do Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás FOMENTAR poderão ser, mensalmente, objeto de oferta pública com vistas à sua liquidação antecipada, observandose as disposições regulamentares e; ainda, as seguintes condições: NOTA: Por força do art. 1º da Lei nº 15.518, de 05.01.06, com vigência a partir de 10.01.06, aplicase, igualmente, o disposto neste artigo aos casos de quitação antecipada ocorridos até 13.02.05, nas situações previstas nos incisos, I e II do § 3º deste artigo. (...) Fl. 3690DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.691 20 IV a utilização do benefício desta lei é condicionada à realização dos investimentos fixados decorrentes de projetos objeto dos respectivos contratos, nos termos do Regulamento FOMENTAR; (...) § 1º A pessoa jurídica titular de estabelecimento beneficiário do incentivo do Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás FOMENTAR, aplicará o montante equivalente ao desconto obtido com a quitação antecipada do contrato de financiamento firmado com o mesmo Fundo, representado por seu agente financeiro, nos termos deste artigo, na ampliação e/ou na modernização do seu parque industrial incentivado dentro do prazo máximo de 20 (vinte) anos, a contar da data da realização do leilão respectivo. NOTAS: 1. Por força do art. 3º da Lei nº 15.518, de 05.01.06, com vigência a partir de 10.01.06, do montante a ser aplicado nos termos deste parágrafo, poderá ser deduzido o valor dos investimentos feitos desde o início da implantação do projeto inicial da empresa aprovado pelo FOMENTAR ou pelo PRODUZIR. 2 Por força do art. 4º da Lei nº 15.518, de 05.01.06, com vigência a partir de 10.01.06, com a incorporação, ao capital social da empresa do montante mencionado neste parágrafo, e o cumprimento das obrigações assumidas nos projetos inicial e subseqüentes, aprovados pelo FOMENTAR ou pelo PRODUZIR, a pessoa jurídica titular de estabelecimento beneficiário dos incentivos de um desses Programas fica desonerada de qualquer outra comprovação perante o Estado de Goiás. § 2º O montante a que se refere o § 1º é considerado subvenção para investimento, podendo ser incorporado ao capital social da pessoa jurídica titular do estabelecimento beneficiário do incentivo ali mencionado ou mantido em conta de reserva para futuros aumentos de capital, vedada sua destinação para distribuição de dividendos ou qualquer outra parcela a título de lucro. (CONFERIDA NOVA REDAÇÃO AO § 2º DO ART. 1º PELO ART. 1º DA LEI Nº 15.124, DE 25.02.05 VIGÊNCIA: 12.02.05) (Grifei) Vale repisar que os recursos são, na realidade, um desconto concedido pela antecipação da dívida junto ao Estado (89% do valor da dívida). A título de exemplo, na primeira fase do FOMENTAR, entraram recursos de 100 unidades monetárias por meio de empréstimo contraído pelo Estado, que deveriam ter sido empregados na implementação ou ampliação de investimento produtivo. Na segunda fase, o Estado permite a liquidação da dívida de 100 unidades, e a partir de dezembro de 2004 (art. 1º da Lei nº 15.046, de 29/12/2004, que recebeu nova redação pelo art. 1º da Lei nº 15.124, de 25/02/2005), permite que o desconto de 89 unidades monetárias seja considerado Fl. 3691DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.692 21 subvenção para investimento, mediante aplicação dos recursos na implementação ou ampliação de investimento produtivo. A qualificação dos recursos como "subvenção para investimento" deuse de maneira expressa pelo Estado em dezembro de 2004. Contudo, na medida em que se considerou que 89% do saldo devedor (incluídos juros, correções e demais atualizações monetárias incidentes desde as décadas de oitenta e noventa do século passado, quando a Contribuinte contraiu o empréstimo) seria objeto de subvenção, na realidade o subvencionador tentou conferir aos recursos oriundos da primeira fase a natureza de subvenções para investimento. A tentativa de retroagir os efeitos do empréstimo para que pudessem ser considerados como subvenção para investimento fica ainda mais nítida quando se observa a nota do § 1º do art. 1º da Lei Estadual nº 13.436, de 30 de dezembro de 1998. Sim, porque o dispositivo dispõe que os recursos deveriam ser aplicados na ampliação e/ou na modernização do seu parque industrial incentivado dentro do prazo máximo de 20 (vinte) anos, a contar da data da realização do leilão respectivo. Ocorre que tal condição foi relativizada pelo art. 3º da Lei nº 15.518, de 05/01/06 (com vigência a partir de 10.01.06), ao predicar que do montante a ser aplicado, poderá ser deduzido o valor dos investimentos feitos desde o início da implantação do projeto inicial da empresa aprovado pelo FOMENTAR ou pelo PRODUZIR. Ou seja, valores de investimentos a serem realizados na segunda fase poderão ser "diminuídos" pelos valores que já foram aplicados na primeira fase. Veja que não há ingresso de recursos que guardam correlação com a produção derivada da implementação ou expansão do investimento, mas sim uma nova qualificação de valores que já haviam sido concedidos por meio de um empréstimo. E mais, numa acepção generosa, o art. 4º da Lei Estadual nº 15.518, de 2006, dispôs que se a pessoa jurídica (1) promovesse a incorporação ao capital social da empresa do valor do desconto obtido na liquidação antecipada do empréstimo, e (2) cumprisse as obrigações assumidas nos projetos inicial e subseqüentes, aprovados pelo FOMENTAR, ficaria desonerada de qualquer outra comprovação perante o Estado de Goiás. Não se fala em nenhuma espécie de controle do Estado para verificar a efetiva aplicação dos recursos na fase final do programa. Os aspectos foram levantados com clareza pela autoridade autuante: 23. Diante do exposto, concluímos que o desconto (perdão de dívida) obtido pelo sujeito passivo, com a liquidação antecipada do financiamento oferecido pelo FOMENTAR, não pode ser considerado subvenção para investimento, porque, no caso concreto: 23.1. Não ocorre o sincronismo mínimo necessário entre a obtenção do benefício e a execução da “expansão e/ou modernização” do parque industrial incentivado. Pelo contrário, dáse um prazo de 20 (vinte) anos, para que essa “expansão e/ou modernização” ocorra, sem que se estabeleça nenhuma prestação de contas por parte da empresa beneficiada; Fl. 3692DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.693 22 23.2. A redução indireta do ICMS (via perdão da dívida) pode ser justificada apenas pela “modernização” do parque industrial incentivado. Entretanto, sabemos que a subvenção para investimento com finalidade de conceder estímulo apenas à modernização de empreendimentos econômicos carece de previsão legal. Deve ocorrer, pelo menos, a expansão do empreendimento; Observese, aqui, que, em qualquer dicionário, a palavra “modernizar” não guarda qualquer relação com as palavras “implantar” e “expandir”. Modernização pode ocorrer sem haver implantação ou expansão. Muitas vezes, a modernização vem somente para beneficiar o empreendimento em si, sem significar adição de qualquer vantagem para a economia local. 23.3. É permitido que um projeto antigo, que já foi beneficiado com o financiamento do FOMENTAR, seja reutilizado para a obtenção de mais um benefício (agora, o “desconto” pela liquidação do próprio financiamento). Entretanto, quando se dá a subvenção para investimento, é para acrescentar algo à economia local, e isso não se consegue com projetos já implementados por conta de outros benefícios concedidos e usufruídos anteriormente. Na interpretação literal, se o objetivo é implantar ou expandir, não estamos falando de passado. É necessário que a economia local evolua com a ajuda da subvenção concedida. De outra forma, não haveria necessidade de o Estado abrir mão de receber parte tão significativa do ICMS; Vale ressaltar que existem, claramente, dois momentos distintos. No primeiro, a empresa adere ao financiamento do FOMENTAR, em condições bastante favoráveis, apresentando, para isso, um projeto de incremento de suas atividades industriais. Algum tempo depois, lhe é dada a possibilidade de liquidar este financiamento, antecipadamente e com desconto. Neste segundo momento, não podemos concordar que o desconto concedido seja considerado subvenção para investimento, sem que se exija um novo projeto que, ao menos, expanda o empreendimento beneficiado. A reutilização do projeto antigo, já empregado para a obtenção do financiamento, é incompatível com o que está disposto no artigo 443 do Decreto nº 3.000/99, descaracterizando a subvenção para investimento. 23.4. Os leilões têm ocorrido com periodicidade constante, sendo, portanto, bastante previsíveis. Assim, as empresas já sabem, com antecedência, que não precisarão pagar boa parte do financiamento, e que não precisarão vincular a receita obtida (perdão da dívida) a gastos efetivos com a expansão de seus empreendimentos; 23.5. De nada adianta a lei estadual dizer que um benefício é uma subvenção para investimento, sem garantir que existam todos os requisitos para isso. (Grifei) Fl. 3693DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.694 23 Verificase, com clareza, que a qualificação conferida pelo ente subvencionante de que os recursos seriam subvenção para investimentos não encontra amparo na legislação tributária federal. Assim, tendo sido descumprido o exame da primeira verificação, concluise que as subvenções em debate não são para investimentos. Enfim, com a devida vênia, não se mostra adequada a premissa exigida pela decisão recorrida, de que, como o Estado concede um "prazo" de vinte anos para aplicação dos recursos, não poderia a União se manifestar durante o período. Ora, admitir tal entendimento ampararia a tese de que o Estado teria a prerrogativa de, unilateralmente, estabelecer uma hipótese de redução na base de cálculo de tributo de competência federal, em completa afronta ao pacto federativo. E mais, pelo entendimento esposado, poderia o Estado determinar (!) que a União não poderia, no caso concreto, fiscalizar a hipótese de incidência dos tributos federais pelo prazo de quinze anos. Isso porque, como o Fisco Federal encontrase submetido a prazo decadencial para o lançamento de ofício de cinco anos, a União estaria impedida de verificar os lançamentos contábeis efetuados a título de subvenção para investimento no decorrer dos primeiros quinze anos. Não há como se acolher tal interpretação. Resolvido o mérito, há questões de ordem processual a serem apreciadas. Primeiro, sobre a alegação da Contribuinte de que a autoridade fiscal teria incorrido em equívoco em relação ao anocalendário de 2007. Isso porque a autoridade autuante, ao adicionar as receitas obtidas com os leilões de quitação antecipada, no montante de R$2.264.045,82, com a receita de vendas obtidas e informadas na DIPJ, de R$46.636.325,17, encontrou uma receita superior de R$48.000.000,00, e por isso alterou o regime de tributação do lucro presumido para o lucro real, nos termos do art. 14 da Lei nº 9.718, de 1998 4. Protesta a Contribuinte que não caberia a alteração do regime de tributação. Ocorre que se trata de matéria que não foi devolvida para apreciação do presente Colegiado. A Câmara Superior de Recursos Fiscais tem competência apenas para apreciar matérias no qual o recorrente demonstra a existência de acórdão paradigma que tenha interpretado a legislação tributária de maneira divergente da decisão recorrida, nos termos do art. 67, Anexo II do RICARF. Ou seja, no caso em tela, deveria a Contribuinte ter apresentado decisão paradigma no qual o Fisco, apurando nova base de cálculo e encontrando receita superior a R$48.000.000,00, tivesse mantido a opção da empresa pelo lucro presumido. Segundo, a decisão de primeira instância (DRJ) deu provimento parcial à impugnação, para manter as autuações fiscais de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, e afastar os tributos confessados espontaneamente em DCTF, o que ensejou remessa necessária. Ocorre que, como a decisão de segunda instância deu provimento ao recurso voluntário da Contribuinte, tornouse prescindível a apreciação do recurso de ofício. 4 Vide Lei nº 9.718, de 1998, art. 14: Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas: I cuja receita total, no anocalendário anterior seja superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Fl. 3694DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.695 24 Portanto, restabelecida as autuações fiscais de IRPJ e CSLL no presente julgamento, os presentes autos devem retornar para a turma a quo, para que se aprecie o recurso de ofício. Terceiro, cabe apreciar a matéria efetivamente devolvida pela PGFN no recurso especial. Da leitura da peça, concluise que, não obstante o pedido ter sido no sentido de "restabelecer" o julgamento da primeira instância, não há nenhuma fundamentação em relação ao PIS e Cofins. Transcrevo excerto do recurso no qual se refere expressamente ao IRPJ e CSLL (efl. 3597): Essa distinção revelase relevante porque o tratamento tributário dado a esses dois tipos de auxílio financeiro concedido pelo Estado é bastante diferente. Enquanto as subvenções para custeio integram o lucro operacional, sujeitandose à tributação, as subvenções para investimento podem ser excluídas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. (...) (Grifei) Reforço que não há qualquer acórdão paradigma no recurso especial da PGFN que trate da matéria relativa ao PIS e da Cofins, tratada em tópico específico na decisão de primeira instância, e que, no caso em debate, não é meramente uma decorrência das autuações do IRPJ e CSLL. Assim sendo, decisão recorrida que afastou os lançamentos de PIS e Cofins é matéria preclusa na seara administrativa tributária federal. Enfim, considerando que o pedido da recorrente foi no sentido de se restabelecer a decisão de primeira instância (ou seja, restabelecer os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins), e que o presente voto restabeleceu apenas os lançamentos de IRPJ e CSLL, o recurso deve ser provido parcialmente. III Conclusão. Diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso especial da PGFN, e no mérito, darlhe provimento parcial para restabelecer as autuações fiscais de IRPJ e CSLL, e determinar o retorno dos autos para a turma a quo apreciar o recurso de ofício, relativo a consideração dos tributos confessados em DCTF para abater o valor do IRPJ e CSLL lançados de ofício. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 3695DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.696 25 Declaração de Voto Na reunião de outubro de 2017, a Câmara Superior de Recursos Fiscais analisou recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou recorrente), em face do acórdão n. 1102001.318 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”) proferido pelo 2o Turma, 1a Câmara, desta 1a Seção de Julgamento (doravante “Turma a quo”), em que é interessada Gravia Esquality Industria Metalurgica LTDA (doravante “contribuinte” ou “recorrida”). Nesta declaracã̧o de voto, permissa venia, apresento os fundamentos que me fizeram votar pelo NÃO PROVIMENTO do recurso especial. O núcleo da discussão instaurada no presente processo administrativo reside em classificar benefícios de ICMS, usufruídos pelo contribuinte em razão do programa FOMENTAR do Estado de Goiás, como “subvenção para investimento” ou para “custeio”. Dispõe o art. 44, IV, da Lei nº 4.506/64, reproduzido pelo art. 392 do Decreto n. 3.000/99 (“RIR/99”): Art. 392. Serão computadas na determinação do lucro operacional: I as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais; Por sua vez, o art. 182, § 1º, alínea “d”, da Lei nº 6.404/76: Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: (...) d) as doações e as subvenções para investimento Ademais, estabelece o art. 38, § 2º, do Decretolei nº 1.598/77: Art 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o Contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: (...) § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à Fl. 3696DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.697 26 implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do artigo 19; ou b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do Contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. Nesse seguir, delimitada a diferenciação entre “subvenção para custeio” e para “investimento”, esta segunda categoria não estará sujeita à tributação, desde que sejam “registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social” ou “feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do Contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas”. Analiticamente, é possível elencar os seguintes requisitos para a fruição da regra de não incidência tributária sobre subvenção por investimentos adotada pelo legislador: benefício concedido por ente estatal vocacionado ao estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, com o estabelecimento das contrapartidas que devem ser cumpridas pelo particular para a persecução de tais fins; cumprimento, pelo particular beneficiado, das contrapartidas requeridas pela lei concessiva do benefício fiscal; cumprimento, pelo particular beneficiado, dos requisitos estabelecidos pelo art. 38, § 2º, do Decretolei nº 1.598/77. Como se pode verificar, enquanto o primeiro dos requisitos diz respeito ao ente público concedente do benefício fiscal, os dois últimos dizem respeito ao particular. O i. Conselheiro Relator, por sua vez, assim sintetizou a verificação quanto ao cumprimento dos requisitos para a exclusão das receitas decorrentes de subvenção para investimento, com a ressalva de tratarse de texto preliminar, apresentado na oportunidade do julgamento pelo Colegiado, in verbis: “Assim, devem ser cumpridas duas etapas de verificação para atestar se os recursos podem ser reconhecidos como subvenção para investimentos: primeiro, se a legislação do ente subvencionante, em tese, estabelece critérios objetivos e efetua o devido controle para acompanhar a efetividade da aplicação dos recursos; e segundo, se os requisitos de ordem formal (art. 38, § 2º, alíneas "a" e "b" do Decretolei nº 1.598, de 26/12/1977) e material (aplicação efetiva dos recursos em investimentos) foram atendidos.” Divirjo apenas parcialmente do bem fundamentado voto proferido pelo i. Conselheiro Relator, mas em relação a pontos fundamentais para a conclusão deste julgamento. Especialmente quanto ao caso sob análise, é relevante destacar minha divergência, em relação ao voto que restou vencedor no julgamento do presente, quanto (1) à Fl. 3697DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.698 27 fiscalização do cumprimento das contrapartidas requeridas pela lei concessiva do benefício fiscal e (2) à legitimidade de autuação fiscal enquanto não esgotado o prazo estabelecido pela lei concessiva do benefício fiscal para o consecução, por parte do particular, das contrapartidas direcionadas ao estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. 1. A ônus da fiscalização do cumprimento das contrapartidas requeridas pela lei concessiva do benefício fiscal O voto vencedor considerou que a legislação estadual não teria estabelecido mecanismos satisfatórios de controle e fiscalização do cumprimento das contrapartidas requeridas pela lei concessiva do benefício fiscal, o que inviabilizaria a qualificação das receitas como “subvenção para investimento”. No entanto, a União não pode ter a sua capacidade tributária ativa delimitada ou mesmo restringida pelo trabalho fiscalizatório de qualquer outro ente federado. Cabe à administração fiscal federal fiscalizar e aferir o cumprimento das contrapartidas em questão, aplicando as consequências pertinentes à sua esfera de atuação. Suponhase, por exemplo, que um determinado particular tenha sido beneficiado com a redução de ICMS em razão de um programa voltado ao desenvolvimento econômico da região do Estado em questão e, embora não tenha cumprido quaisquer das contrapartidas exigidas pela lei, tal fato tenha passado despercebido pela fiscalização daquele estadual, a ponto de ser emitido um certificado de cumprimento das exigências para a manutenção do programa e da concessão da “subvenção para investimento”. Nesse caso hipotético, a União estaria impedida de fiscalizar e aferir o (des)cumprimento das contrapartidas em questão? A administração fiscal federal não está vinculada à metodologia de fiscalização ou às conclusões construídas pelas variadas administrações estaduais. Se, para fins de manutenção do programa de benefício fiscal atinente ao ICMS o Estadomembro concedente compreende cumpridas as contrapartidas requeridas, nada impede de a administração federal, utilizandose de meios de próprios de investigação, chegue à conclusão de que, no que interessa aos tributos federais, as receitas em questão devem ser compreendidas como subvenção para custeio. No caso concreto, o agente fiscal que conduziu o lançamento tributário não se desincumbiu do ônus que lhe cabia, quanto à demonstração do descumprimento das contrapartidas vocacionadas à implantação ou expansão de empreendimentos econômico. Contudo, não se pode adotar entendimento apriorístico, de que tal aferição seria prescindível, por não ter sido exercido poder de vigilância do Estado de Goiás. Portanto, como não há nos autos qualquer demonstração de que as contrapartidas em questão foram descumpridas, tal argumento não pode servir de fundamento para a qualificação das receitas em tela como “subvenção para custeio”. 2. A legitimidade de autuação fiscal enquanto não esgotado o prazo estabelecido pela lei concessiva do benefício fiscal para o consecução, por parte do particular, das Fl. 3698DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.699 28 contrapartidas direcionadas ao estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Em meio aos debates empreendidos, o Colegiado parece ter compreendido não ser necessária sincronia entre a redução do ICMS a pagar e a contrapartida pelo contribuinte. No entanto, a maioria dos Conselheiros parece ter compreendido que haveria risco de ofensa à competência ou mesmo à capacidade tributária da União no caso concreto, inclusive pela possibilidade de eventual decadência. Peço licença para transcrever trecho do voto vencedor, com a ressalva de tratarse da versão preliminar, apresentada na oportunidade do julgamento pelo Colegiado, in verbis: “Enfim, chama atenção o fato de que os recursos tornamse imediatamente disponíveis para o subvencionado, moldando uma situação completamente atípica. Basta observar: o subvencionado recebe os valores antecipadamente, e tem um prazo de vinte anos para a execução do projeto. Tratase de cenário completamente desvirtuado, ao se comparar com operações regulares de subvenção, no qual, primeiro o subvencionado aplica os valores para viabilizar o empreendimento, para, só depois, passar a gozar dos recursos transferidos pelo subvencionador.” A preocupação quanto à preservação dos legítimos interesses da União dispensa justificativas. No entanto, compreendo que o referido desvirtuamento não se verifica no caso concreto, bem como não há que se falar em fruição do prazo de decadência que coloque em risco algum legítimo interesse tributário da União. O Estado de Goiás, presumidamente fazendo jus à sua autonomia federativa, elaborou programa de estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos de longo prazo, em que o particular deverá implementar as contrapartidas requeridas em até 20 anos. No decorrer desses 20 anos, a administração federal deverá fiscalizar se o particular descumpre as exigências para que as receitas decorrentes do referido programa sejam classificadas como “subvenção para investimento” e assim possam ser excluídas do lucro real. Deverá a fiscalização, por exemplo, verificar se as receitas em questão foram escrituradas em conta de reserva de capital. Se as referidas receitas forem levadas a resultado e distribuídas como lucros aos seus acionistas, nesse momento a União passará a gozar do poderdever de exigir a tributação, pois nesse momento tais receitas passam a ser qualificadas como “subvenção de custeio”. No entanto, no decorrer do período de 20 anos previsto pela legislação estadual para que o particular cumpra com as contrapartidas que lhe são exigidas, é vedado à União desqualificar a subvenção para investimento sob o argumento de que a totalidade das contrapartidas ainda não foi cumprida. O interesse da administração fiscal surgirá, então, assim que descumprido algum dos requisitos necessários para a caracterização da “subvenção para investimento”. Somente é possível falar em transcurso de prazo decadencial diante da inércia do ente tributante e, antes de descumprido algum desses requisitos, ainda não havia oportunidade para qualquer lançamento tributário por parte da União. Fl. 3699DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.700 29 Se ao final dos 20 anos de fruição do programa FOMENTAR constatarse que não foram cumpridas as contrapartidas direcionadas ao estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, a partir desse momento é que começara a fluir o prazo de decadência para que a União realize o lançamento tributário. Como se pode verificar, então, não há ingerência indevida dos Estados na competência ou capacidade tributária da União. Pelo contrário. A jurisprudência deste Tribunal tem caminhado justamente no sentido de que a não incidência de IRPJ e CSLL sobre as “subvenções para investimento” é dependente da lei estadual que as concede, pois desta temse exigido o cumprimento de requisitos que, quando ausentes, podem ensejar a incidência dos referidos tributos. Devese considerar típico, então, que a caracterização dessas receitas como “subvenção para investimento” seja influenciada pela legislação estadual, inclusive no que concerne aos prazos de duração dos programas de fomento. Contudo, não pode a União agir com ingerência sobre os programas de subvenção estabelecidos pelos Estados, ditando, por exemplo, qual prazo de duração é ou não razoável em seu planejamento de implantação ou expansão de empreendimentos econômicos regionais. Permissa vênia, a administração fiscal federal não pode ingerir no plano estratégico de desenvolvimento de um Estado, ditando, por meio de critérios subjetivos que não encontram supedâneo em qualquer lei, quais os prazos devem ser previstos em suas leis concessivas de benefícios fiscais. Deve ser destacada a fundamentação do acórdão recorrido quanto à matéria ora em análise, cuja conclusão não merece reparos, in verbis: “Quanto aos ITENS 02 e 03, relativo ao programa de incentivos FOMENTAR, criado pelo Estado de Goiás, fazse necessário separar sua operacionalização da seguinte forma: 1a Etapa) financiamento de até 70% do valor do ICMS devido, em até 20 (vinte) anos; 2a Etapa) leilões em que eram oferecidos descontos de até 88% na quitação antecipada do ICMS financiado. Verificando a natureza do referido incentivo, a legislação é clara quanto à vinculação tanto do financiamento da 1a Etapa quanto dos descontos da 2a Etapa na ampliação e/ou na modernização do seu parque industrial incentivado, in verbis: 1a ETAPA (FINANCIAMENTO) Lei Estadual no 9.489/84 Art. 1o Fica criado o Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás FOMENTAR, com objetivo de incrementar a implantação e a expansão de atividades que promovam o desenvolvimento industrial do Estado de Goiás. (...). Art. 3o Os recursos do FOMENTAR serão aplicados em atividades industriais, preferencialmente agroindustriais, mediante apoio financeiro e técnico, em empreendimentos considerados prioritários para o desenvolvimento estadual. Parágrafo único. A prioridade de que trata este artigo será determinada mediante proposta da Diretoria Executiva do Fundo ao Conselho Deliberativo, a que compete a sua homologação, fundamentada na avaliação do Empreendimento. Decreto Estadual n. 3822/92 Fl. 3700DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.701 30 Art. 4o Os recursos do Programa FOMENTAR serão destinados ao fomento de atividades industriais, preferencialmente do ramo agroindustrial e de empreendimentos públicos estaduais, mediante a concessão de apoios financeiro e tecnológico as atividades e empreendimentos considerados prioritários e importantes para a economia e o desenvolvimento do Estado de Goiás, compreendendo: I financiamento e investimentos fixos previstos em projetos enquadrados no Programa, com utilização dos recursos financeiros originários da cobrança dos emolumentos previstos no inciso II do art. 3; II empréstimo de até 70% (setenta por cento), com recursos orçamentários previstos, anualmente, no Orçamento Geral do Estado, do montante equivalente ao ICMS devido pelo estabelecimento industrial contribuinte, excetuado, na forma do § 6o, o imposto decorrente de saída de mercadoria a titulo de bonificação, doação, brinde ou operação semelhante, em cada período de apuração do tributo, a partir da data de vigência do Termo de Acordo de Regime Especial de que trata o § 5o do art. 13, pelo prazo a que a empresa fizer jus, nos termos indicados no art. 9o deste regulamento, observado, ainda, o seguinte: a) a empresa industrial poderá incluir no Programa FOMENTAR, desde que o valor contratado com o agente financeiro do Programa não seja aumentado, em decorrência desta inclusão, o imposto correspondente às entradas de bens, observado o disposto nas alíneas seguintes (Art. 7o da Lei n. 11.660/91): 1. para integração ao ativo fixo da empresa; 2. adquiridos, no exterior, para integração ao ativo fixo da beneficiária, bem como de matériasprimas, também importadas, para serem utilizadas em processo industrial, desde que não possam ser produzidas pelo Estado de Goiás; b) a fruição dos benefícios, previstos na alínea anterior, dependerá de celebração de Termo de Acordo de Regime Especial com a Secretaria da Fazenda, que estabelecerá as condições necessárias à sua implementação; (...). 2a ETAPA (DESCONTOS PARA QUITAÇAÕ ANTECIPADA) Lei Estadual no 13436/98 Art. 1o Os contratos de financiamento com recursos do Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás FOMENTAR poderão ser, mensalmente, objeto de oferta pública com vistas à sua liquidação antecipada, observandose as disposições regulamentares e; ainda, as seguintes condicõ̧es: I o pagamento deve ser feito em moeda corrente, no valor obtido em leilão, originário dos saldos devedores dos contratos de financiamento , observando o preço mínimo apurado na data de sua oferta; II o pagamento efetivarseá em 48 (quarenta e oito) parcelas mensais e sucessivas, vincenda a 1a em 30 (trinta) dias após a assinatura do instrumento correspondente, incidindo juros equivalentes aos exigidos nos contratos de financiamento com recursos do FOMENTAR; Fl. 3701DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.702 31 III os pagamentos deverão ser feitos ao Tesouro Estadual mediante documento de arrecadação apropriado; III – os pagamentos deverão ser feitos ao Tesouro Estadual mediante documento de arrecadaca̧õ apropriado e, excepcionalmente, conforme disposto em regulamento, e somente para apoio à realização de empreendimentos públicos, serão eles destinados ao FOMENTAR, respeitada a cota parte dos Municípios (NR) IV a utilização do benefício desta lei é condicionada à realização dos investimentos fixados decorrentes de projetos objeto dos respectivos contratos, nos termos do Regulamento FOMENTAR; V os contratos de financiamentos são cedidos mediante leilão, nos termos deste artigo, cujas ofertas públicas deverão acontecer a cada 30 (trinta) dias, até a completa liquidação dos saldos devedores apurados nos contratos correspondentes; VI a liquidaca̧õ antecipada dos contratos de financiamento só será permitida aos estabelecimentos beneficiários do programa FOMENTAR que não reduzirem a quantidade de empregados registrados até 31 de dezembro de 1998. Parágrafo único. Excepcionalmente, as empresas fomentadas que efetivamente renunciarem ao benefício fiscal do crédito outorgado do ICMS de que trata o inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 12.462, de 8 de novembro de 1994, podem ser autorizadas a utilizar o valor efetivamente renunciado para liquidaçaõ em oferta ao público dos saldos credores do FOMENT AR. § 1o A pessoa jurídica titular de estabelecimento beneficiário do incentivo do Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás FOMENTAR, aplicará o montante equivalente ao desconto obtido com a quitaca̧õ antecipada do contrato de financiamento firmado com o mesmo Fundo, representado por seu agente financeiro, nos termos deste artigo, na ampliaca̧õ e/ou na modernização do seu parque industrial incentivado dentro do prazo máximo de 20 (vinte) anos, a contar da data da realização do leilão respectivo. § 2o O montante a que se refere o § 1o é considerado subvenção para investimento, podendo ser incorporado ao capital social da pessoa jurídica titular do estabelecimento beneficiário do incentivo ali mencionado ou mantido em conta de reserva para futuros aumentos de capital, vedada sua destinação para distribuição de dividendos ou qualquer outra parcela a título de lucro. Noutras palavras, tanto o financiamento da 1a Etapa quanto os descontos da 2a Etapa compõem a subvenção concedida pelo Estado de Goiás, não havendo que se falar em remissão ou perdão de dívida. Não foi por outra razão que esta 2a Turma da 1a Cam̂ara do CARF já proferiu decisão, por unanimidade, através do Acórdão 1102001.203, de Relatoria do Ilustre Conselheiro RICARDO MAROZZI GREGORIO, no caso do Processo no 10120.725306/2012 10, da empresa GOIASMINAS INDUSTRIA DE LATICINIOS LTDA, analisando o programa FOMENTAR do Estado de Goiás, ocasião em que restou decidido que tanto o financiamento quanto os descontos pela quitaca̧õ antecipada devem ser considerados como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS, desde que os recursos tenham sido Fl. 3702DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.703 32 devidamente aplicados nos objetivos estabelecidos no programa de incentivos.Vejamse trechos da referida decisão que deixam extremamente claro o enquadramento do programa FOMENTAR ao conceito de Subvenções para Investimento: Trecho do Acórdão 1102001.203 Como bem notado pela autoridade julgadora de primeira instan̂cia, a fiscalização e a empresa recorrente não discordam quanto aos termos do programa de incentivo fiscal do Estado de Goiás (FOMENTAR) nem quanto aos fatos destacados nos autos de infração. A discussão circunscrevese quanto aos seus efeitos na esfera tributária federal. Conforme relatado pela recorrente, o programa de incentivos, historicamente, desenvolveuse em duas etapas: a primeira, mediante financiamento de 70% do valor do ICMS devido em suas operações, em até vinte anos, com condições vantajosas de juros e correcã̧o monetária; a segunda, mediante descontos de até 89% na quitação antecipada, em operações de oferta pública feitas por meio de leilões, dos impostos anteriormente financiados. Para melhor compreensão dos contornos do incentivo fiscal concedido nesta segunda etapa, convém reproduzir o conteúdo de sua base legal, o artigo 1o, e seus §§ 1o e 2o, da Lei no 13.436/98 do Estado de Goiás, já com suas alterações em vigor à época dos fatos: (...). Portanto, a lei estadual impôs a obrigatoriedade de a empresa aplicar o montante equivalente aos descontos obtidos com a quitação antecipada do financiamento na ampliação e/ou modernizaçaõ de seu parque industrial incentivado (na 1a etapa) dentro de vinte anos a contar da data da realização dos leilões respectivos (2a etapa). Além disso, a mesma lei tratou de enquadrar o incentivo (da 2a etapa) no conceito de subvenção para investimento e determinar a incorporação da contrapartida do montante beneficiado ao capital social ou sua contabilização como reserva de lucro, bem como vedar sua destinação para distribuição de dividendos ou qualquer outra parcela a título de lucro. Como se vê, a lei estadual pretendeu sinalizar que o incentivo atenderia as condicõ̧es impostas na lei do imposto de renda para que o mesmo fosse considerado não tributável. Nesse sentido, confirase o que dispõe o § 2 do artigo 38 do DecretoLei n. 1.598/77: Art 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importan̂cias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: (...) § 2o As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou reducã̧o de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: (Redação dada pelo Decretolei no 1.730, 1979) (grifei) a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital Fl. 3703DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.704 33 social, observado o disposto nos §§ 3o e 4o do artigo 19; ou (Redaçaõ dada pelo Decretolei no 1.730, 1979) Isso porque, caso não pudesse atender a essas condicõ̧es, o enquadramento do incentivo provavelmente recairia no conceito de subvenção para custeio e seria tributado na conformidade do que dispõe o artigo 392, I, do RIR/99, verbis: Art. 392. Serão computadas na determinação do lucro operacional: I as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais (Lei n. 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV);” Portanto, não restam dúvidas de que o programa FOMENTAR foi instituído legalmente como uma Subvenção para Investimentos, ou seja, em tese não haver tributação de IRPJ, CSLL, PIS ou COFINS: RIR/99 Art. 443. Não serão computadas na determinaçaõ do lucro real as subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantaçaõ ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, desde que (DecretoLei n. 1.598, de 1977, art. 38, § 2o, e DecretoLei n. 1.730, de 1979, art. 1o, inciso VIII): I registradas como reserva de capital que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no art. 545 e seus parágrafos; ou II feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficien̂cias ativas. Lei 11.941/09 Art. 18. Para fins de aplicação do disposto nos arts. 15 a 17 desta Lei às subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantacã̧o ou expansão de empreendimentos econômicos, e as̀ doações, feitas pelo Poder Público, a que se refere o art. 38 do DecretoLei no1.598, de 26 de dezembro de 1977, a pessoa jurídica deverá: Art. 21. As opcõ̧es de que tratam os arts. 15 e 20 desta Lei, referentes ao IRPJ, implicam a adoção do RTT na apuraca̧õ da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS. (Vide Medida Provisória no 627, de 2013) (Vigência) (Vide Lei no 12.973, de 2014) (Vigência) Parágrafo único. Para fins de aplicação do RTT, poderão ser excluídos da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando registrados em conta de resultado: I – o valor das subvenções e doações feitas pelo poder público, de que trata o art. 18 desta Lei; Entretanto, em que pese o incentivo FOMENTAR ter sido instituído como uma subvenção para investimentos, para que os benefícios não sejam oferecidos à tributação, é necessário o cumprimento de alguns requisitos estabelecidos no Fl. 3704DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.705 34 DecretoLei n. 1598/77, bem como no Parecer Normativo CST n. 112/78, quais sejam: (...) Tendo em vista que não restam dúvidas quanto à intenção do subvencionador, resta necessário, portanto, verificar se foram devidamente implementadas as demais condicõ̧es para que benefícios conferidos pelo FOMENTAR sejam considerados Subvenção para Investimentos, quais sejam a efetiva e específica aplicação da subvenção, e se o beneficiário foi a pessoa jurídica titular do empreendimento. Além disso, a autuação, no caso em tela, fundamentouse no fato de o fiscal ter considerado o programa FOMENTAR uma subvenção para CUSTEIO – e não para investimento. Aquela, conforme já demonstrado, não é a natureza do referido incentivo. Seria necessário, pois, a comprovação de que os benefícios foram aplicados em finalidade distinta da prevista na lei que o instituiu para que tais subvencõ̧es pudessem ser consideradas ‘de custeio’. Por outro lado, além de ser ônus da fiscalizaçaõ ter verificado a não aplicabilidade dos recursos na destinação prevista no programa FOMENTAR, é importante que seja observado o prazo para aplicação dos recursos (qual seja, de vinte anos). Até a data limite de aplicação dessas verbas, não há como imputar qualquer tipo de responsabilidade sobre o contribuinte, uma vez que até o presente momento estão devidamente cumpridos os requisitos legais. Esse prazo é concedido e deve ser respeitado justamente pelo fato de que seria impossível realizar qualquer tipo de investimento fazendose o batimento de contas imediato e individualizado entre os créditos da subvençaõ recebidos e eventuais investimentos. De fato, seja qual for o destino a ser dado nas verbas decorrentes do benefício, é necessário passar por um período de “acumulaca̧õ” dos benefícios decorrentes das subvenções para que se possa levantar recursos para fazer qualquer tipo de ampliaca̧õ ou investimento na indústria. Segue um trecho do Acórdão 1102001.203, que aborda exatamente essa questão da prestaca̧õ de contas dentro do prazo da subvenção: Acórdão 1102001.203 (Trecho da Ementa) SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. As subvenções para investimento, para os fins de enquadramento na hipótese de não incidência veiculada no § 2o do artigo 38 do DecretoLei no 1.598/77, são caracterizadas por três aspectos bastante claros: (i) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; (ii) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e (iii) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Exigese perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta o “animus” de subvencionar, mas, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção. Os recursos transferidos podem até, num primeiro momento, oxigenar o capital de giro da empresa. Contudo, em algum momento futuro, o investimento para a implantação ou expansão dos empreendimentos econômicos terá que ser efetuado. Não se exige, todavia, que o objetivo final seja alcançado, qual seja, que os empreendimentos econômicos tenham sido implantados ou expandidos. Mas, que a completude do estímulo seja Fl. 3705DF CARF MF Processo nº 13116.721294/201112 Acórdão n.º 9101003.167 CSRFT1 Fl. 3.706 35 garantida. Em outras palavras, só se verificará a efetividade do estímulo se o dinheiro for aplicado na consecução do objetivo final. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, inexiste dúvida quanto à intenção das leis estadual e federal promotoras dos incentivos sob análise no sentido da implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Portanto, o requisito da intenção do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ação do subordinado. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o “dinheiro não precisa ser carimbado”. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal. Desse modo, concluise que enquanto não comprovado o contrário ou finalizado o prazo legal para aplicação da subvenção, não é possível a autuação do contribuinte, uma vez que ainda estão devidamente cumpridos os requisitos legalmente estabelecidos.” Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial interposto pela PFN. (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Fl. 3706DF CARF MF
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Numero do processo: 15504.020586/2009-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SEGURADOS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.245
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SEGURADOS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 02 05 86 /2 00 9- 71 Fl. 724DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.217.4116, lavrado contra o contribuinte identificado acima, no valor total de R$ 2.702.178,29 (dois milhões, setecentos e dois mil, cento e setenta e oito reais e vinte e nove centavos), referente à contribuição dos segurados, cujo lançamento é decorrente de divergências entre as folhas de pagamento, em arquivos digitais em leiaut MANAD, e as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP’s entregues no período de 01/2004 a 13/2005. Na aplicação da multa, foi observada a mais benéfica, conforme alínea “c” do inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional CTN (Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966), em razão das alterações na Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, pela Medida Provisória nº 449, de 4 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. O comparativo de multa encontrase às fls. 28/29. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG julgado a impugnação procedente em parte, mantendo em parte o crédito tributário. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 17/07/2014, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2302003.248 (fls. 666/676), com o seguinte resultado: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, reconhecendo a decadência das competências de 01/2004 a 11/2004, inclusive, por força da aplicação do art. 150, § 4°, do Código Tributário Nacional. Por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, devendo a multa aplicada ser calculada considerando as disposições do art. 35, II, da Lei nº. 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive. Vencidos na votação os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que a multa aplicada deve ser limitada ao percentual de 20% em decorrência das Fl. 725DF CARF MF Processo nº 15504.020586/200971 Acórdão n.º 9202006.245 CSRFT2 Fl. 3 3 disposições introduzidas pela MP 449/2008 (art. 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação da MP n.º 449/2008 c/c art. 61, da Lei n.º 9.430/96)”. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. DISCUSSÃO DO DIES A QUO NO CASO CONCRETO. ART. 150, § 4°, DO CTN. SÚMULA CARF Nº 99. Se a definição legal do fato gerador da contribuição previdenciária da empresa apóiase na totalidade da remuneração no decorrer do mês (art. 22, I, II e III, da Lei n° 8.212/1991), consequentemente, todo e qualquer pagamento acaba por se referir à totalidade no mês, e não àquela rubrica ou levantamento específico. Assim, havendo alguma antecipação de pagamento, atraise, para toda aquela competência, para todo aquele fato gerador, a aplicação do parágrafo 4º, do art. 150 do CTN, independentemente da rubrica ou levantamento a que se refira, desde que não haja caracterização de dolo, fraude ou sonegação. Destarte, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Súmula CARF nº 99. MULTA DE OFÍCIO. ART. 35A DA LEI Nº 8.212/91. As multas previstas anteriormente no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 ostentavam natureza mista, punindo a mora e a necessidade de atuação de ofício do aparato estatal (multa de ofício), de sorte que aqueles percentuais devem ser comparados com as disposições hoje contidas no artigo 35A da Lei n° 8.212/91, para fins de apuração da multa mais benéfica (art. 106, II, c do CTN). Para fatos geradores ocorridos antes da alteração legislativa, aplicamse as multas então estipuladas no artigo 35 da Lei n° 8.212/91, observado o limite máximo de 75%. Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Provido em Parte O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 29/08/2014 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 16/09/2014, Recurso Especial (fls. 677/688). Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação ao cálculo da multa mais benéfica ao contribuinte retroatividade benigna Obrigação Acessória. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº, da 3ª Câmara, de 25/04/2016 (fls. 689/694). Fl. 726DF CARF MF 4 O recorrente, em suas alegações, requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 35, inciso II, da Lei ny 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Cientificado do Acórdão nº 2302003.248, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 18/08/2016, o contribuinte apresentou, em 31/08/2016, portanto, tempestivamente, contrarrazões (fls. 706/720). Em suas contrarrazões, o contribuinte alega, preliminarmente, que o Recurso Especial da Fazenda Nacional não deve ser conhecido pois os acórdãos apresentados como paradigmas não possuem similaridade fática com o caso dos presentes autos, além do que, carece de prequestionamento. Diz que para a apuração da penalidade “mais benéfica” a Fazenda Nacional entendeu que a multa prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, cuja aplicação se encontra prevista atualmente também para as contribuições previdenciárias, por força do art. 35A da Lei nº 8.212/91, deve ser comparada com a soma das obrigações principais e acessórias, então previstas nos arts. 32, IV e 35, II, da Lei nº 8.212/91, apurandose o percentual de 75%; contudo, essa sistemática adotada resulta na negativa da aplicação das penalidades efetivamente mais benéfica, já que a multa aplicada no acórdão recorrido representa o percentual de 50% incidente sobre o valor do imposto, o que é, evidentemente, mais benéfico, principalmente levandose em consideração que o presente feito objetivase punir apenas a obrigação principal, havendo processo administrativo específico para a cobrança de multa sobre o descumprimento de obrigações acessórias (15504.020583/200938). Afirma que o acórdão paradigma equivocase ao manter a multa resultante do somatório das penalidades previstas nos arts. 32, IV e 35, II, da Lei nº 8.212/91, haja vista se tratarem de penalidades que possuem naturezas jurídicas completamente diversas; e acrescenta: “ainda que se entenda que a multa de mora até então prevista na legislação possuía natureza de multa de ofício, passível de se confrontada com a multa de ofício atualmente prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96, tal comparação deve envolver apenas essas penalidades, não sendo viável ou justificável a soma daquela primeira com a então prevista para os casos de descumprimento de obrigação acessória. Ressalta que a MP nº 449/08, além de revogar a penalidade prevista no art. 32, IV, §5º da Lei nº 8.212/91, introduziu àquela lei o art. 32A, que aplica ao contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 ou que a apresentar com incorreções ou omissões uma multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas (...), ou seja, continua existindo uma penalidade específica para os casos de apresentação de GFIP com omissões, de modo que a penalidade então prevista no art. 32, IV da Lei nº 8.212/91 deve ser comparada unicamente com a atualmente prevista no art. 32A da mesma lei. Pondera que, se antes do advento da MP nº 449/2008 existiam penalidades distintas para as diferentes infrações (falta de recolhimento e omissão de informações em GFIP), tal distinção continua existindo na legislação em vigor, ou seja, as penalidades previstas nos arts. 32, IV, §5º e 35 da Lei nº 8.212/91 se referiam a infrações distintas, assim como atualmente se verifica em relação aos arts. 32A e 35A da mesma lei (em ambos os casos, uma Fl. 727DF CARF MF Processo nº 15504.020586/200971 Acórdão n.º 9202006.245 CSRFT2 Fl. 4 5 decorrente da ausência de recolhimento das contribuições previdenciárias, outra em face da omissão de informações em GFIP). Conclui que deve prevalecer o entendimento do acórdão recorrido, ou seja, não há como se sustentar q eu a penalidade então prevista para os casos de omissões de fato gerador em GFIP restou absorvida pela penalidade prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430/96 pelo fato daquele dispositivo fazer menção a casos de “falta de declaração e declaração inexata”, enquanto que, nos autos, a situação combatida é a suposta ausência de recolhimento de obrigação principal; ficando evidente a ausência de similitude fática entre os paradigmas invocados e a situação dos autos. Em relação ao prequestionamento, observa que o órgão julgador a quo não foi devidamente provocado pela Recorrente por meio de seu Recurso de Ofício, especialmente porque a controvérsia objeto do Recurso Especial, qual seja, a caracterização de erro na capitulação legal da multa não foi apreciada anteriormente, tanto que sequer consta a menção a tal discussão na Delegacia Regional de Julgamento da Receita Federal. Na questão de mérito, argumenta que a União Federal pretende, por meio de seu Recurso Especial, impor penalidade mais gravosa à Recorrida em flagrante afronta ao que dispõe o art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN, sob o pretexto de que estaria correta a comparação entre os dispositivos que prevêem penalidade para infração consistente tanto na não apresentação de declaração quanto no não pagamento de tributo; e como já visto anteriormente, a presente autuação versa sobre multa aplicada em função da ausência de recolhimento de obrigação principal, não havendo que se falar em descumprimento de obrigação acessória passível de punição. Insiste que não é admissível que, para aferir qual a multa menos gravosa, sejam comparadas infrações de natureza jurídica absolutamente distintas, como nos dispositivos pretendidos pela Recorrente; e conclui que não é necessário realizar contas complexas para se concluir que a nova penalidade se apresenta mais benéfica ao contribuinte do que a anterior, haja vista que a penalidade imposta pelo acórdão recorrido representa 50% do valor do imposto supostamente devido, enquanto que o cálculo fazendário remonta ao montante de 75% do imposto. É o relatório. Fl. 728DF CARF MF 6 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende, em princípio, aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 689. Contudo, havendo questionamento acerca do conhecimento, passo a melhor apreciar a questão. Do conhecimento A Procuradoria sustenta a divergência do acórdão recorrido sob os seguintes fundamentos: A Fazenda Nacional afirma que, no presente caso, o acórdão merece ser reformado em relação ao procedimento a ser utilizado para aferição da multa mais benéfica ao contribuinte. Assevera que há nítida divergência entre o acórdão recorrido e os Acórdãos nº 2401002.453 e nº 920202.086, proferidos, respectivamente, pela 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF e pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, cuja ementas são transcritas a seguir: Acórdão nº 2401002.453: [...] LANÇAMENTO DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 44, I, DA LEI n.º 9.430/1996. Nos lançamentos de ofício de contribuições sociais, aplicase a multa prevista no art. 44, I, da Lei n.º 9.430/1996, não se cogitando da aplicação da multa moratória prevista no art. 61 da mesma Lei. No próprio Recurso especial trouxe o recorrente trecho dos acórdãos paradigmas que destacam a forma de interpretar a legislação introduzida pela MP 449 de forma diversa do presente acórdão recorrido. Para tanto os próprios trechos citados descrevem de forma clara a interpretação diversa. Vejamos: Acórdão nº 2401002.453: De acordo com o fisco, na fixação da multa de ofício, levouse em conta as alteração legislativa promovida pela MP n.º 449/2008, posteriormente convertida na Lei n.º 11.941/2008. Assim, comparouse a multa aplicada com base no art. 35 da Lei n.º 8.212/1991 (dispositivo vigente na data da ocorrência dos fatos geradores), com a multa imposta em obediência ao art. 35A da mesma lei, aplicandose o valor mais favorável ao sujeito passivo. De acordo com o art. 35A da Lei n.º 8.212/1991, introduzido pela MP n.º 449/2008, havendo lançamento de ofício do tributo, devese aplicar a multa prevista no art. 44 da Lei 9.430/1996,(...)... Suscita a empresa que lhe fosse aplicada a Fl. 729DF CARF MF Processo nº 15504.020586/200971 Acórdão n.º 9202006.245 CSRFT2 Fl. 5 7 multa do art. 61 da Lei n.º 9.430/1996, todavia esse dispositivo somente se aplica no caso de recolhimento espontâneo, no qual é aplicada a multa de mora e juros. Havendo lançamento das contribuições, exigese a multa de ofício prevista no art. 44, I, da mesma Lei. Assim, o fisco agiu com acerto ao comparar a multa do art. 35 com aquela prevista no art. 35A, ambos da Lei n.º 8.212/1991, não havendo reparos a serem feitos no levantamento quanto a esse aspecto. ... Cumprindo essa determinação a autoridade fiscal, diante da ocorrência da falta de pagamento do tributo fato incontestável aplicou a multa no patamar fixado na legislação, já considerando, em razão das alterações legislativas advindas da MP n. 449/2008, posteriormente convertida na Lei n. 11.941/2009, dispositivo mais benéfico ao sujeito passivo, conforme muito bem demonstrado no próprio relatório fiscal em que é apresentada planilha pormenorizada de aplicação da multa. (grifos da recorrente) Já em relação ao segundo acórdão paradigmático também não assiste razão ao recorrente quanto a ausência de similitude fática. Primeiramente, vejamos a ementa trazida: Acórdão nº 920202.086: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 01/04/2001 a 30/0/2006 [...] OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PENALIDADE. GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. RETROATIVIDADE BENIGNA. A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei 9.430, de 1997, decorrente do lançamento de ofício é única, no importe de 75% (se não duplicada), e visa apenar, de forma conjunta, tanto o não pagamento (parcial ou total) do tributo devido, quanto a não apresentação da declaração ou a declaração inexata, sem haver como mensurar o que foi aplicado para punir uma ou outra infração. No presente caso, em que houve a aplicação da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, que se refere à apresentação de declaração inexata, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido no prazo de lei, estabelecida no igualmente revogado art. 35, II, o cotejo das duas multas, em conjunto, deverá ser feito em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1997, que se destina a punir ambas as infrações já referidas, e que agora encontra aplicação no contexto da arrecadação das contribuições Processo nº 15504.020585/200927 Despacho n.º s/n S2C3T1 Fl. 4 4 previdenciárias. Recalcular o valor da multa, se mais benéfico ao contribuinte, de acordo com o disciplinado no art. 44, I da Lei no 9.430, de 1996, deduzidos os valores levantados a título de multa nas NFLDs correlatas. Fl. 730DF CARF MF 8 Embora o acórdão citado refirase a auto de infração de obrigação acessória, esse fato não interfere na sua aceitação como paradigma, tendo em vista que a tese aplicada pela Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, aplica de forma indistinta a retroatividade para cálculo da multa tanto na obrigação acessória, como na principal. Por fim, quanto inexistência de pré questionamento, importante esclarecer que sua exigência restringise a recurso do sujeito passivo, já que o litígio, em relação a este se instaura ainda na fase de defesa. Já a PGFN só tem a possibilidade de recorrer após a decisão das Câmaras Baixas, razão pela qual a exigência em relação aos pressupostos restringise a demonostração de interpretação de legislação de forma diversa. Dessa forma, CONHEÇO DO RECURSO. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Quanto ao questionamento sobre a multa aplicada, a qual deseja o recorrente ver reformado o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, entendo que razão assiste ao recorrente. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. Fl. 731DF CARF MF Processo nº 15504.020586/200971 Acórdão n.º 9202006.245 CSRFT2 Fl. 6 9 A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito Fl. 732DF CARF MF 10 NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: Fl. 733DF CARF MF Processo nº 15504.020586/200971 Acórdão n.º 9202006.245 CSRFT2 Fl. 7 11 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Fl. 734DF CARF MF 12 Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 735DF CARF MF Processo nº 15504.020586/200971 Acórdão n.º 9202006.245 CSRFT2 Fl. 8 13 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Fl. 736DF CARF MF 14 Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 737DF CARF MF
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