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Numero do processo: 35204.007243/2006-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/1999 a 31/05/2003
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DECADÊNCIA.. PROVIMENTO INTEGRAL DO RECURSO VOLUNTÁRIO NO MÉRITO. NÃO APROVEITAMENTO DO RECURSO. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO.
O Recurso Especial de Divergência somente poderá ser conhecido quando o colegiado, apreciando a matéria, seja capaz de modificar total ou parcialmente o acórdão recorrido.
Não merece conhecimento o recurso que apenas suscita a apreciação da decadência, quando, no mérito, o acórdão recorrido deu provimento integral ao recurso voluntário e, não é trazido no recurso especial, qualquer argumentação acerca do mérito.
Numero da decisão: 9202-004.561
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que conheceram. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, ausente, momentaneamente, a Conselheira Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DECADÊNCIA.. PROVIMENTO INTEGRAL DO RECURSO VOLUNTÁRIO NO MÉRITO. NÃO APROVEITAMENTO DO RECURSO. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO. O Recurso Especial de Divergência somente poderá ser conhecido quando o colegiado, apreciando a matéria, seja capaz de modificar total ou parcialmente o acórdão recorrido. Não merece conhecimento o recurso que apenas suscita a apreciação da decadência, quando, no mérito, o acórdão recorrido deu provimento integral ao recurso voluntário e, não é trazido no recurso especial, qualquer argumentação acerca do mérito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que conheceram. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 20 4. 00 72 43 /2 00 6- 61 Fl. 397DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, ausente, momentaneamente, a Conselheira Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase o presente de cobrança das contribuições a cargo da empresa, incidentes sobre as remunerações devidas, creditadas ou pagas pela empresa aos segurados. Essas remunerações foram declaradas pela empresa através de GFIP Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Os valores levantados têm como período de apuração as competências de 07/1999 a 05/2003. Os fatos geradores são as remunerações pagas aos Dirigentes Sindicais que possuíam a condição de Segurados Especiais. Foram apurados através do exame das GFIP apresentadas pela empresa, tendo em vista que o contribuinte não efetuou nenhum recolhimento de contribuições previdenciárias referente a remunerações pagas a esses segurados. Tais segurados são informados nas GFIP como categoria 13 de 07/1999 a 03/2003 e categoria 22 de 04/2003 a 05/2003. A impugnação apresentada foi julgada improcedente em parte pela DRJ. Ato seguinte, tempestivamente, foi apresentado Recurso Voluntário pelo contribuinte. No julgamento deste Recurso, a 1ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade, a ele deu provimento, declarando a decadência do direito de constituição do crédito tributário, com base na Súmula Vinculante nº 8 e no § 4º, do artigo 150, do CTN, extinguindo o crédito tributário, exarando a seguinte decisão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/1999 a 31/05/2003 DECADÊNCIA. SEGURADO ESPECIAL. DIRIGENTE SINDICAL. REMUNERAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO INDEVIDA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. Sendo assim há que se observar o disposto no artigo 150, §4º, do CTN, considerada a totalidade de contribuições incidente sobre a folha de salário. Fl. 398DF CARF MF Processo nº 35204.007243/200661 Acórdão n.º 9202004.561 CSRFT2 Fl. 398 3 É indevido o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias sobre os rendimentos pagos pela entidade sindical aos dirigentes que preservem a qualidade de segurado especial. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a). Cientificada da decisão, a União, tempestivamente, apresentou Recurso Especial, visando rediscutir o termo inicial do prazo decadencial, trazendo como paradigma os acórdãos 20501.579 e 230201.871, alegando que o entendimento ali exposto é no sentido de que o recolhimento antecipado que atrai a aplicação do § 4º, do artigo 150, do CTN é aquele referente à rubrica lançada, individualmente considerada, divergente, pois do entendimento exposto no acórdão recorrido no sentido guia de recolhimento genérica de contribuições previdenciárias já é suficiente para se poder aplicar o § 4º, do artigo 150. No exame de admissibilidade o Presidente da 3ª Câmara da 2ª seção acolheu o alegado pela União, dando seguimento ao Recurso. Regularmente intimado, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 399DF CARF MF 4 Voto Vencido Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator Com relação ao conhecimento do Recurso da União entendo que não merecem prosperar as alegações do contribuinte em suas contrarrazões. A questão a ser aqui analisada não demanda a análise de matéria não analisada pela Turma a quo. Vejam que a decadência foi analisada em sede de preliminar, verificandose apenas que existiam comprovantes de pagamento das contribuições incidentes sobre a folha de pagamento, de modo a se aplicar a decadência. A divergência apontada pela União reside exatamente no ponto de que as guias de pagamento apresentadas são genéricas e não relativas às rubricas específicas. Ou seja, a divergência que se busca harmonizar é se pagamentos genéricos servem de comprovação para averiguação da decadência ou se apenas pagamentos específicos o servem. Não se demanda aqui analisar elementos não analisados pela Turma a quo. Se julgado procedente o Recurso, é certo que os autos devem retornar para que a Turma a quo analise as demais matérias em discussão. Assim sendo, merece ser conhecido o Recurso da União. Passo então à análise do mérito. Nesse contexto, voto por conhecer o recurso da União. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 400DF CARF MF Processo nº 35204.007243/200661 Acórdão n.º 9202004.561 CSRFT2 Fl. 399 5 Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora designada. Peço licença ao ilustre conselheiro relator, para divergir do seu entendimento com relação ao conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional. Ao contrário do que trazido pelo relator, entendo que a matéria objeto do recurso especial não é suficiente, razão pela qual encaminho pela não conhecimento do Resp da Fazenda Nacional. o processo não merece conhecimento, considerando o não cumprimento de requisito básico, qual seja, as situações fáticas tratadas no acórdão recorrido e paradigma são distintas. Contudo, ainda quanto ao conhecimento, entendo necessário tecer algumas observações, mesmo não tendo sido suscitado em sede de contrarrazões, por entender que o recurso não merece conhecimento face impossibilidade de seu aproveitamento. No Acórdão de Recurso Voluntário, fls. 260/264, o Colegiado, por maioria de votos, acordou em dar provimento ao recurso. Portanto, em sessão plenária de 12/5/2011, deu se provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 230102.078, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/1999 a 31/05/2003 DECADÊNCIA. SEGURADO ESPECIAL. DIRIGENTE SINDICAL. REMUNERAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO INDEVIDA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. Sendo assim há que se observar o disposto no artigo 150, §4º, do CTN, considerada a totalidade de contribuições incidente sobre a folha de salário. É indevido o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias sobre os rendimentos pagos pela entidade sindical aos dirigentes que preservem a qualidade de segurado especial. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. Adentrando ao mérito da decisão proferida, vêse que em julgamento de segunda instância a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF deu provimento ao Recurso Voluntário, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Transcrevo a seguir, os fundamentos adotados no julgado que ajudam a entender melhor a questão: [...] Fl. 401DF CARF MF 6 13. De início, é importante frisar que, nos termos do anexo Fundamentos Legais do Débito – FLD (fls. 18/19), a notificação se deu com fulcro na Lei Complementar n.º 84/96. Ocorre que a LC 84/96 que instituiu fonte de custeio para a manutenção da Seguridade Social, na forma do § 4º, do artigo 195 da Constituição Federal, foi revogada pela Lei n.º 9.876, de 26 de novembro de 1999. 14. O que significa dizer que, como o débito referese ao período 07/1999 a 05/2003, parte do lançamento se deu com base em norma revogada. Não há dúvidas de que durante o período de 18 de janeiro de 1996 a 26 de novembro de 1999, vigência da LC 84/96, o contribuinte era obrigado a recolher contribuição previdenciária sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou creditadas no decorrer do mês pelos serviços que lhes prestem, sem vínculo empregatício, os segurados empresários, trabalhadores autônomos, avulsos e demais pessoas físicas, conforme dispunha o inciso I, do artigo 1º, da referida lei, in verbis: “Art. 1º Para a manutenção da Seguridade Social, ficam instituídas as seguintes contribuições sociais: I a cargo das empresas e pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, no valor de quinze por cento do total das remunerações ou retribuições por elas pagas ou creditadas no decorrer do mês, pelos serviços que lhes prestem, sem vínculo empregatício, os segurados empresários, trabalhadores autônomos, avulsos e demais pessoas físicas;” 15. Porém, com o advento da Lei 9.876/99, a Federação deixou de ser obrigada a recolher o valor de quinze por cento sobre o valor total de suas remunerações ou retribuições. 16. Não bastasse isso, a Lei 8.212/91, em seu artigo 12, § 5º, dispõe expressamente que “o dirigente sindical mantém, durante o exercício do mandado eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de Previdência Social – RGPS de antes da investidura”. O que significa que no caso em análise o contribuinte, mesmo estando exercendo a função de dirigente sindical, continuaria como segurado especial. 17. E o inciso VII, do referido dispositivo legal (artigo 12), vigente à época dos fatos, conceituava segurado especial como “o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam essas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de 8 terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de quatorze anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo”. 18. Com efeito, o relato fiscal aponta que a condição do Dirigente Sindical era de segurado especial conforme transcrito abaixo: “DIR — Dirigentes Sindicais Segurados Especiais Os fatos geradores são as_remunerações devidas creditadas ou pagas pela empresa aos Dirigentes Sindicais que mantiveram a qualidade de Segurados Especiais. Foram apurados através do Fl. 402DF CARF MF Processo nº 35204.007243/200661 Acórdão n.º 9202004.561 CSRFT2 Fl. 400 7 exame das GFIP apresentadas pela empresa. Este levantamento é exclusivo para esses fatos geradores porque nestas competências o sindicato não efetuou nenhum recolhimento de contribuições previdenciárias referente a remunerações pagas a esses segurados, conforme declaração do sindicato, em anexo. Esses segurados são informados nas GFIP como categoria 13 de 07/1999 a 03/2003 e categoria 22 de 04/2003 a 05/2003.” (fl. 29) 19. E sobre segurado especial a Constituição Federal diz no §8º, do artigo 195, que “o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei”. 20. Com base nesse contexto tenho como certo afirmar que o segurado especial somente está obrigado ao pagamento das contribuições incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção. Nesse mesmo sentido, sito o Parecer PGFN/CAT n.º 1645/2008, junto pelo contribuinte às fls. 252/259: “20... o segurado especial, quando assume mandato eletivo, continua a contribuir somente sobre o resultado da comercialização de sua produção, pois se cuida de categoria que teve tratamento diferenciado em relação às demais, ex vi do § 8º do art. 195 da CF. (...) 23. Isso não significa dizer que o segurado aposentado que continuar a produzir e comercializar a produção, deixa de contribuir para a previdência. Não se pode esquecer que a proteção é dada ao próprio segurado e à sua família, assim nada mais justo que a continuidade da incidência das alíquotas destinadas a essa categoria sobre a comercialização da produção, mesmo sendo o segurado aposentado.” 21. E a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, ao concluir seu Parecer, ressalta que o segurado especial, aposentado ou não, não se sujeita à cobrança da contribuição previdenciária sobre a remuneração que receber em razão de exercício de mandato: “25. Por conseguinte, é de se concluir: a) o tratamento previdenciário do dirigente sindical de qualquer categoria, à exceção do segurado especial, está adstrito aos termos do § 5º do art. 12 da Lei n.º 8.212, de 1991, ou seja, sempre será Processo nº 35204.007243/200661 Acórdão n.º 230102.078 S2C3T1 Fl. 264 9 considerado, para fins de cobrança da contribuição, o enquadramento anterior à investidura; b) o segurado especial, aposentado ou não, está indene à cobrança da contribuição previdenciária sobre a remuneração percebida em razão de mandato, por força do Fl. 403DF CARF MF 8 tratamento específico que a Constituição confere a essa espécie de segurado.” 22. Assim, entendo que não há incidência de contribuição social sobre a remuneração percebida pelo segurado especial no exercício do mandato de dirigente sindical: CONCLUSÃO 23. Diante do exposto, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, nos termos acima expostos. A PGFN apresentou Recurso Especial de Divergência, fls. 380, alegando que a aplicação da decadência, a luz do art. 150, §4º do CTN, não se mostrou a mais acertada, tendo em vista a inexistência de antecipação de pagamento sobre a rubrica especifica. Para confirmar suas assertivas acosta como paradigmas os Acórdãos n.º 205 01.579, proferido pela 2º Turma Ordinária, da 3ª Câmara, e o Acórdão 230201.871 exarado pela 1ª Turma Especial da 4ª Câmara ambas da 2ª seção do CARF. "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 30/06/1997 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. TERMO A QUO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO SOBRE AS RUBRICAS LANÇADAS. ART. 173, INCISO 1, DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante de n ° 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n ° 8.212 de 1991. Não tendo havido pagamento antecipado sobre as rubricas lançadas pela fiscalização, há que se observar o disposto no art. 173, inciso Ido CTN. Encontramse atingidos pela fluência do prazo decadencial todos os fatos geradores apurados pela fiscalização. Recurso Voluntário Provido. (Acórdão n.° 20501.579) " "Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1995 a 30/04/2005 Ementa: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. TERMO A QUO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO SOBRE AS RUBRICAS LANÇADAS. ART. 173, INCISO I, DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante de n º 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991. Não tendo havido pagamento antecipado sobre as rubricas lançadas pela fiscalização, há que se observar o disposto no art. 173, inciso I do CTN. (AC 230201.871)" Entretanto, cotejando os acórdãos recorrido e paradigmas, vislumbro uma prejudicial que inviabiliza a reapreciação da decisão por esta CSRF. Fl. 404DF CARF MF Processo nº 35204.007243/200661 Acórdão n.º 9202004.561 CSRFT2 Fl. 401 9 O acórdão recorrido é expresso ao dar provimento ao recurso voluntário, porque, é indevido o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias sobre os rendimentos pagos pela entidade sindical aos dirigentes que preservem a qualidade de segurado especial. Dessa forma, o acórdão, no mérito, tornou totalmente improcedente a autuação. Vale destacar que a fundamentação para o lançamento é a mesma para todo o período do presente auto de infração. Realmente, em relação a decadência foram cumpridos os pressupostos de admissibilidade do recurso, todavia, a natureza recursal tem por base a possibilidade de rever decisão anterior, o que não vislumbro no presente caso. Mesmo que considerássemos aplicável a tese trazida pela procuradoria (apenas á título de argumentação, tendo em vista que estamos apenas apreciando os pressupostos), o recurso deve ter um objeto válido. Ou seja, tendo o mérito sido favorável ao contribuinte a alteração do resultado (se cabível) não se mostraria válida, pois não alteraria a decisão final proferida. No caso, seria necessário apresentar recurso não apenas para decadência, mas também, para o mérito da incidência de contribuições, o que não foi feito. Dessa forma, mostrase inviável o conhecimento do recurso especial apresentado pela PGFN, pois a tese apresentada, sozinha, não possui o condão de alterar a decisão proferida. Apenas esclareço que, mesmo que afastássemos a decadência declarada pelo acordão recorrido, o julgamento do colegiado não seria alterado, posto que no lançamento, a legislação e os fundamentos para o provimento do recurso não sofreram qualquer alteração para o período objeto da autuação. Conclusão Face o exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Especial do Procurador posto que a matéria objeto do recurso especial, sozinha, é incapaz de alterar o julgamento proferido. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 405DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16045.000004/2007-96
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005
RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. CONCOMITÂNCIA. PROCESSO JUDICIAL.
Estando demonstrado que não há identidade entre os objetos da ação judicial e do processo administrativo não há que se cogitar da existência de concomitância entre os processos. Nesse sentido o recurso especial deve ser conhecido.
DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA FAZENDA NACIONAL.TERMO INICIAL.
Nos termos do art. 62-A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos.
Tratando-se de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, inexistindo as hipóteses de dolo, fraude ou simulação e havendo pagamento prévio do débito, mediante o encontro de contas entre créditos e débitos do IPI, nos termos do art. 183, parágrafo único, inciso II, do Decreto nº 7.212/2010, a contagem do prazo de decadência de 05 (cinco) anos para constituição do crédito tributário pela Fazenda Nacional tem como termo inicial a data do fato gerador, consoante o disposto no art. 150, §4º do Código Tributário Nacional.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Por consequência, sobre o crédito tributário assim constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 9303-004.422
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que não conheceram do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar provimento parcial ao recurso, apenas para reconhecer a incidência dos juros de mora sobre multa de ofício, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que lhe negaram provimento e o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, que lhe deu provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor, quanto ao conhecimento e aos juros de mora sobre multa de ofício, o Conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Julgamento iniciado em 11/2016 e concluído em 06/12/2016.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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CONHECIMENTO. CONCOMITÂNCIA. PROCESSO JUDICIAL. Estando demonstrado que não há identidade entre os objetos da ação judicial e do processo administrativo não há que se cogitar da existência de concomitância entre os processos. Nesse sentido o recurso especial deve ser conhecido. DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA FAZENDA NACIONAL.TERMO INICIAL. Nos termos do art. 62A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos. Tratandose de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, inexistindo as hipóteses de dolo, fraude ou simulação e havendo pagamento prévio do débito, mediante o encontro de contas entre créditos e débitos do IPI, nos termos do art. 183, parágrafo único, inciso II, do Decreto nº 7.212/2010, a contagem do prazo de decadência de 05 (cinco) anos para constituição do crédito tributário pela Fazenda Nacional tem como termo inicial a data do fato gerador, consoante o disposto no art. 150, §4º do Código Tributário Nacional. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 04 5. 00 00 04 /2 00 7- 96 Fl. 4998DF CARF MF 2 A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Por consequência, sobre o crédito tributário assim constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que não conheceram do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar provimento parcial ao recurso, apenas para reconhecer a incidência dos juros de mora sobre multa de ofício, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (relatora), que lhe negaram provimento e o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, que lhe deu provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor, quanto ao conhecimento e aos juros de mora sobre multa de ofício, o Conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Julgamento iniciado em 11/2016 e concluído em 06/12/2016. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Fl. 4999DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 4.998 3 Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional (fls. 4.566 a 4.608)1 com fulcro nos artigos 9º, 64, inc. II e 67 e seguintes, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 20219.122 (fls. 4.542 a 4.562) proferido pela Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, em 02 de julho de 2008, no sentido de prover parcialmente o recurso voluntário. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005 IPI. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO, Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de a Fazenda Pública lançar o crédito tributário decai em 5 (cinco) anos após verificada a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária (art. 150, §4º, do CTN), exceto nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação, em que o prazo iniciase no primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido realizado (art. 173, I, do CTN). MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. Em razão do princípio da retroatividade benigna, constante do art. 106, II, "c", do CTN, a multa de oficio deve ser aplicada em seu percentual normal de 75%, excluída a majoração prevista no art. 461, §7º, do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados RIPI/98. SAÍDAS COM ISENÇÃO. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. A saída de veículos com isenção para taxistas, na ausência de autorização específica da Receita Federal, representa conduta dolosa de exclusão indevida de crédito tributário, ensejando a qualificação da multa de oficio aplicada. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Os juros de mora incidem somente sobre o valor do indébito, sendo que inexiste no ordenamento jurídico brasileiro previsão para incidência sobre a penalidade imposta. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS — IPI Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005 VEÍCULOS. SAÍDA DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. ISENÇÃO DESTINADA A TAXISTAS. IRREGULARIDADE. A isenção de veículos destinada a taxistas é efetivada em cada caso e somente pode ser aplicada, na saída dos veículos do estabelecimento industrial, com a 1 Todas as referências às folhas do processo são à numeração atribuída eletronicamente. Fl. 5000DF CARF MF 4 autorização específica da Receita Federal em relação a cada operação de compra e venda. A responsabilidade pelo IPI não recolhido é do estabelecimento industrial contribuinte. MULTAS BÁSICAS. É cabível a aplicação de multas básicas previstas nos arts. 508 e 509 do RIPI/2002, pela inobservância de normas prescritas em atos administrativos de caráter normativo, para as quais não há previsão de multa especifica, cuja penalidade é desvinculada do imposto devido. Recurso provido em parte. O presente processo administrativo tem origem em auto de infração lavrado em 29/12/2006 (fls. 02 a 83), contra VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA para cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), juros, multa proporcional e multa regulamentar, referente aos períodos de apuração compreendidos entre 01/06/2001 e 31/07/2005, inclusive. Em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, apontou a Fiscalização as seguintes infrações, conforme consta na "Descrição dos fatos e Enquadramento(s) Legal(is)" do auto de infração: 001 PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO A INDUSTRIAL COM EMISSÃO DE NOTA FISCAL UTILIZAÇÃO INDEVIDA DA ISENÇÃO PELO REMETENTE DO PRODUTO A Autuada desrespeitou as normas legais que regem o beneficio fiscal de isenção de IPITáxi. Em sendo assim torna imediatamente exigível o tributo indevidamente não destacado. As penalidades deverão ser exasperadas pelo não atendimento de solicitações da Fazenda Nacional e, também item 2 acrescido do "plus" que merece o cometimento de infração qualificada. Foram os seguintes os procedimentos ilícitos: 1.vendas beneficiadas em desrespeito a condição estabelecida nas normas que regem o favor fiscal; 2.vendas com isenção IPI/Táxi sem autorização fazendária competente para as mesmas; estas vendas deverão ter suas penalidades exasperadas em razão de constatação de terem se realizado mediante evidente intuito de se furtar a tributação devida; 3.vendas com exclusão da parcela de ICMS da base de cálculo do IPI; O Relatório Fiscal, anexo a este Auto, esclarece, minudentemente, os fatos a estas infrações relacionados. [...] 002 MULTAS DE VALOR FIXO MULTA REGULAMENTAR BÁSICA Persiste, a Empresa, no cometimento dos ilícitos abaixo elencados. Como tais infrações, quando cometidas anteriormente, já foram objeto de multas cobradas Fl. 5001DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 4.999 5 através do Auto de infração nº 16045.000312/200631, de 21 de setembro de 2006, fica afastada a hipótese jurídica de "infração continuada" prevista no art. 484, § 1º , aplicandose, assim, a hipótese indicada no § 2º do mesmo comando administrativo. As reiterações foram as que se seguem e estão mais detalhadamente esclarecidas no Relatório Fiscal anexo: 1. vedar o acesso aos sistemas e bancos de dados de VW/Taubaté; 2. centralização da escrita em local diverso da sede do estabelecimento; 3. guarda de documentos fiscais fora da sede do estabelecimento; 4. não encadernação de Notas fiscais de saída. [...] (grifouse) Devidamente cientificada da autuação, a Contribuinte apresentou a respectiva impugnação (fls. 351 a 363), julgada parcialmente procedente pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, por meio do Acórdão nº 14 15.758 (fls. 4.487 a 4.504), para reduzir os valores relativos ao imposto, multa de ofício e juros regulamentares, mantendose na íntegra a multa regulamentar. Os fundamentos da decisão foram sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/06/2001 a 31/07/2005 IPI. DECADÊNCIA. Quando não efetuado o lançamento de iniciativa do contribuinte, aplicase ao caso o prazo decadencial do lançamento de oficio previsto no artigo 116, inciso II, do RIPI/98, e a regra de decadência prevista no artigo 173, inciso I, do CTN. Caracterizada a conduta dolosa da contribuinte, aplicase a regra decadencial do artigo 173, inciso I, do CTN. ISENÇÃO. TÁXI. O estabelecimento fabricante fica obrigado ao recolhimento do imposto correspondente, quando der saída de veiculo com isenção do IPI, para taxista, em desacordo com as normas e requisitos aos quais estava condicionado o beneficio fiscal. MULTA DE OFICIO. AGRAVAMENTO. É licita a imposição de multa de oficio, com agravamento sobre a multa simples (112,5%), tendo em vista a falta de atendimento de intimações nos prazos estipulados. MULTA QUALIFICADA. Fl. 5002DF CARF MF 6 Caracterizado o evidente intuito de fraudar o Fisco, visando subtrairse ao pagamento de tributos, agravase a multa aplicada. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicála nos moldes da legislação que a instituiu. IPI. BASE DE CALCULO. A base de cálculo do IPI é o valor da operação. MULTA REGULAMENTAR. Infligemse as multas previstas nos artigos 508 e 509 do RIPI/2002, nas infrações para as quais não há previsão de multa especifica, bem como, na inobservância de normas prescritas em atos administrativos de caráter normativo. Lançamento Procedente em Parte Acordam os membros da 2ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente em parte o auto de infração, com redução do imposto de R$7.466.229,47 para R$ 7.419.308,46, e da multa de oficio de R$ 13.310.485,05 para R$ 13.257.699,90, mais os juros regulamentares; e manutenção da multa regulamentar de R$ 9.745,50. [...] Não resignada em parte com a decisão, a Contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 4.523 a 4.539), julgado parcialmente procedente pela Segunda Câmara do outrora Segundo Conselho de Contribuintes, nos termos do Acórdão nº 20219.122 (fls. 4.542 a 4.562), ora recorrido, para: (a) na parte em que foi negado provimento: (a.1) reconhecer a existência de dolo nas operações cujas saídas ocorreram antes do despacho concessivo da isenção e, por conseguinte, afastar, para estas saídas, a contagem da decadência pela regra do art. 150, §4º, do CTN, deslocandose a contagem para o art. 173, inciso I, do CTN; e manter a multa de ofício qualificada sobre o IPI devido por estas operações; (a.2) negar o pedido quanto à exclusão do crédito tributário devido pelas operações nas quais houve carta de retificação; e (a.3) negar provimento quanto à exclusão da multa regulamentar. (b) na parte em que foi dado provimento: (b.1) desagravar a multa de ofício pela aplicação da retroatividade benigna; (b.2) cancelar a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício; e (b.3) quanto aos fatos geradores onde não incidiu a multa qualificada, reconhecer a decadência do direito de o Fisco lançar o crédito tributário devido pelos fatos geradores ocorridos até o segundo decêndio de dezembro de 2001, pela aplicação da regra do art. 150, §4º do CTN. Fl. 5003DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.000 7 Cientificada da decisão, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial (fls. 4.566 a 4.608) suscitando divergência jurisprudencial quanto: (a) à contagem do prazo decadencial para o Fisco efetuar o lançamento do crédito tributário, se pela regra do art. 150, §4º ou do 173, inciso I, ambos do Código Tributário Nacional CTN; e (b) ao afastamento da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Ainda, alegou em preliminar ser a decisão recorrida ultrapetita, tendo em vista não ter sido aventada pela Contribuinte, no recurso voluntário, a matéria relativa à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, ocasionando a nulidade do julgado no ponto. Para comprovar o dissenso interpretativo, a Fazenda Nacional colacionou como paradigmas os acórdãos nºs CSRF/0203.232, 230100.158, 20501.308, 20501.257, 301 33.233, 20501.310 20402.061, 20402.663, CSRF/0103.167, relativamente à primeira divergência suscitada, e 10322.197 e 10196.177, relativamente à segunda. Em razão da disposição contida no §5º, art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 — RI/CARF, apenas os dois primeiros citados, relativamente a cada matéria (CSRF/0203.232, 230100.158, 10322.197 e 10196.177) foram considerados para fins de verificação da divergência suscitada. A Fazenda Nacional aduz, em suas razões recursais, que: (a) para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, para a aplicação do artigo 150, §4º, do CTN na contagem do prazo decadencial é pressuposto indispensável que tenha ocorrido o pagamento, mesmo que parcial, do tributo; não sendo constatado qualquer pagamento, para efeitos de se verificar a decadência, deve ser aplicada a regra inserta no art. 173, inciso I, do CTN, como no caso dos autos, em que não houve antecipação de pagamento pela Contribuinte; (b) ainda quanto à decadência, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o recurso especial nº 973.733/SC pela sistemática dos recursos repetitivos, sedimentou entendimento no sentido de em não se verificando recolhimento de exação e montante a homologar, ou havendo dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial para o lançamento dos tributos sujeitos a lançamento por homologação segue, respectivamente, a disciplina normativa do art. 173, inciso I e parágrafo único, do CTN; (c) pela contagem estabelecida no art. 173, inciso I, do CTN, os créditos tributários lançados não foram fulminados pela decadência, pois, considerandose o fato gerador mais antigo (06/2001), o prazo para cobrança pelo Fisco encerrarseia em 31/12/2006, posteriormente à data do lançamento de ofício e respectiva ciência da Contribuinte, em 29/12/2006; (d) com relação à incidência dos juros sobre a multa de ofício, defende estarem englobados o tributo e a multa no conceito de crédito tributário, devendo incidir juros sobre ambos, nos termos do art. 161, §1º do CTN. Discorre também sobre a aplicação dos juros pela taxa SELIC a Fl. 5004DF CARF MF 8 quaisquer débitos para com a União, consoante artigos 29 e 30 da Lei nº 10.522/2002. (e) ao final, requer seja provido o recurso especial nos termos da fundamentação. Nos termos do despacho nº 0562010, de 05 de abril de 2010 (fls. 4.644 a 4.649), foi admito o recurso especial da Fazenda Nacional por se entender como comprovada a divergência jurisprudencial quanto ao prazo decadencial do direito da Fazenda Nacional de constituir o crédito tributário e à incidência de juros de mora sobre o valor da multa de ofício. Intimada, a Contribuinte apresentou contrarrazões ao apelo especial da Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 4.704 a 4.716) alegando, preliminarmente, a sua inadmissibilidade e, no mérito, requerendo a negativa de provimento. Na sua resposta ao apelo especial, sustenta a Recorrida no mérito que: (a) para os períodos de apuração em que foi afastada a ocorrência de dolo, aplicável a regra do art. 150, §4º do CTN para a contagem do prazo decadencial, a qual se subsumem os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como é o caso do IPI; (b) não houve recolhimento do IPI nos períodos de apuração objeto da autuação por se estar diante de hipótese de isenção, caracterizandose a dispensa legal de tal providência pela Contribuinte; em linha eventual, sustenta ter havido pagamento de IPI com relação à saída de todos os demais veículos por ela fabricados que não para uso como táxi, tendo assim procedido em todo o espaço de tempo objeto do auto de infração; (c) a matéria relativa à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício foi tratada em sede de impugnação, tendo sido completa a insurgência da Contribuinte em face do auto de infração. Embora não acolhida a tese pela DRJ, a mesma foi devolvida ao outrora Segundo Conselho de Contribuintes na análise do recurso voluntário que tratou das penalidades, não havendo de se falar em preclusão; (d) conforme art. 139 do CTN, o crédito tributário decorre apenas da obrigação principal, decorrente do pagamento do tributo que surge com a existência do fato gerador, diferente da obrigação acessória cuja gênese está na legislação tributária e tem por objeto o pagamento de prestações positivas ou negativas, como é o caso da multa, tudo de acordo com o art. 113 do CTN. Por fim, destaca que o art. 161 do CTN determina a incidência dos juros de mora somente sobre o tributo e não sobre a multa, tendo em vista tratarse de obrigação acessória. Na mesma oportunidade, a Contribuinte apresentou recurso especial (fls. 4.717 a 4.724) com espeque em divergência jurisprudencial quanto aos efetivos destinatários da isenção do "IPItáxi", defendendo ser o taxista o beneficiário pela isenção e responsável por preencher os requisitos necessários à concessão da benesse fiscal, e não a montadora. Apontou como paradigma o acórdão nº 20310.109. No entanto, o recurso especial da Contribuinte teve seguimento negado, pois, nos termos do despacho s/nº, de 01/06/2015 (fls. 4.756 a 4.759), as circunstâncias fáticas que Fl. 5005DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.001 9 embasam os acórdãos recorrido e paradigma são distintas, não restando preenchido o requisito da divergência jurisprudencial. Por esta razão, o recurso da Contribuinte não será objeto de análise. Nessa senda, a Contribuinte veio aos autos, em 02 de fevereiro de 2016, requerer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (fls. 4.820 a 4.821), com base nos seguintes fatos: (a) o débito objeto do presente processo administrativo encontrase com a sua exigibilidade suspensa por força da decisão judicial proferida na Medida Cautelar nº 000265565.2015.4.03.6121, na qual há Apólice de SeguroGarantia, emitida em agosto de 2015, no valor de R$ 34.575.993,27 (trinta e quatro milhões, quinhentos e setenta e cinco mil, novecentos e noventa e três reais e vinte e sete centavos) (fls. 4.842 a 4.852); (b) informa, ainda, o ajuizamento da ação anulatória de débito fiscal nº 000312681.2015.403.6121, perante a 1ª Vara da Justiça Federal de Taubaté Seção Judiciária de São Paulo, para discussão do mérito da ação (fls. 4.870 a 4.898). Consoante termo de transferência de crédito tributário constante nos autos (fls. 4.923 a 4.930), houve o desmembramento desse processo, com o envio dos valores incontroversos para cobrança no processo administrativo nº 16041.720008/201615, permanecendo aqui tão somente os créditos de IPI relativos ao 2º semestre de 2001 (06/2001, 08/2001, 10/2001 e 12/2001) ainda em debate (fls. 4.932 a 4.952). No ensejo, após efetuado o desmembramento do débito, sobreveio despacho proferido pela Seção de Controle e Acompanhamento Tributário (SACAT), da Delegacia da Receita federal em Taubaté/SP (fls. 4.955 a 4.956), determinando o retorno dos autos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para apreciação do recurso especial da Fazenda Nacional, nos seguintes termos: [...] Assim, parte da decisão do CARF para a qual não houve recurso especial do Procurador da Fazenda Nacional tornouse definitiva e, por este motivo, o processo foi desmembrado, sendo que parte do débito foi transferida para o Processo nº 16041.720.008/201615, conforme termo de transferência de fls. 4.923/4.930 e parte permaneceu neste processo originário, que deverá retornar ao CARF para apreciação do recurso especial da União. A decisão do CARF proferida por meio do acórdão de fls. 4.542/4.562 e que deu provimento parcial ao recurso voluntário, foi no sentido, dentre outras, de cancelar a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício, contra a qual houve o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, portanto, ainda não é definitiva. Fl. 5006DF CARF MF 10 Cabe esclarecer, no entanto, que não foi possível o desmembramento do débito quanto a esta parte da decisão, sendo que a aplicação desta se dará no momento do pagamento ou parcelamento do débito, uma vez que do demonstrativo do débito do termo de transferência constam os valores originários dos débitos com os percentuais de multa, já retificados em razão da decisão do CARF, porém sem os juros de mora que deverão ser calculados no momento do pagamento ou da consolidação de eventual parcelamento. Por fim, informamos, que tendo em vista que parte do débito tornouse definitiva para o contribuinte, estando pendente apenas o recurso especial da Fazenda Nacional, foi desapensada deste processo a Representação Fiscal para Fins Penais para envio ao Ministério Público Federal. [...] O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Fl. 5007DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.002 11 Voto Vencido Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende os pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, devendo, portanto, ser conhecido. A discussão posta nos autos restringese à decadência e à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Conforme informações prestadas pela Contribuinte, verificase ter havido o ajuizamento da Ação Anulatória de Débito Fiscal distribuída sob o nº 0003126 81.2015.403.6121, perante a 1ª Vara da Justiça Federal de Taubaté Seção Judiciária de São Paulo, para discussão do mérito da ação (fls. 4.870 a 4.898). Da cópia da petição inicial aos presentes autos, depreendese confundirse a discussão administrativa com o processo judicial, inclusive sendo o pedido final da ação a anulação do lançamento objeto do presente processo administrativo. Tendo sido verificada a concomitância entre a ação judicial e o processo administrativo, há de se aplicar a Súmula CARF nº 01, in verbis: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante do exposto, ante a renúncia da Contribuinte à discussão na esfera administrativa, dáse provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional pela aplicação da Súmula CARF nº 01, determinando o cumprimento da sentença a ser expedida no processo judicial. Mérito Fl. 5008DF CARF MF 12 Transposta a questão da admissibilidade do recurso especial, necessário adentrarse no mérito da demanda. A discussão posta nos autos restringese à decadência e à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. 1. Decadência Nos termos do art. 62A do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, e reproduzido em sua íntegra no art. 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, no que tange à contagem do prazo decadencial de tributos e contribuições deve ser observado o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do recurso especial nº 973.733, pela sistemática dos recursos repetitivos, restando superada a tese da irrelevância de ter ocorrido ou não pagamento, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO.DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN.IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005) [...] Para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como no caso da COFINS, na inteligência do acórdão do STJ cuja ementa transcreveuse acima: (i) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I do CTN) em caso de dolo, fraude ou simulação; quando não houver pagamento antecipado ou inexistir declaração prévia do débito; ou (ii) a partir do fato gerador (art. 150, §4º do CTN) nas hipóteses de pagamento parcial ou integral do débito ou existência de declaração prévia do mesmo. Fl. 5009DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.003 13 Feitas estas considerações, passese ao exame do artigo de lei aplicável ao caso destes autos. O litígio decorre de lançamento de ofício para constituição do crédito tributário referente ao IPI dos períodos de apuração de 01/06/2001 a 31/07/2005. Nesse contexto, dispõe o art. 183 do Decreto nº 7.212/2010, que regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do IPI, in verbis: Art. 183. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação deles, nos termos do art. 268 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150, caput e § 1º, Lei no 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, Lei no 10.637, de 2002, art. 49, Lei no 10.833, de 2003, art. 17, e Lei no 11.051, de 2004, art. 4o). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. (grifouse) Em consonância com o entendimento do STJ consignado no recurso especial nº. 973.733, tendo em vista que o encontro de contas entre os débitos, no período de apuração do imposto, e dos créditos admitidos do IPI, no período fiscalizado, é considerado como pagamento pela legislação que regulamenta o IPI, a contagem do prazo decadencial deve se dar na forma do art. 150, §4º do CTN, observandose o prazo de 05 (cinco) anos contados a partir da data da ocorrência do fato gerador. Portanto, tendo ocorrido a ciência do auto de infração em 29 de dezembro de 2006, e pela contagem do prazo pelo art. 150, §4º, do CTN, encontramse fulminados pela decadência os débitos tributários anteriores a 01/12/2001, não merecendo guarida a pretensão da Fazenda Nacional nesse ponto. 2. Juros de mora sobre a multa de ofício No Direito Tributário, a referência aos juros remete à mora, constituindose em uma indenização pelo atraso no pagamento do débito tributário, ocasionando a privação da Fazenda Nacional de utilizar a importância não recebida na data programada, e que ficou em Fl. 5010DF CARF MF 14 poder do Contribuinte. Os juros moratórios visam remunerar o ente público pelo retardo no pagamento, sendo os mesmos aplicados na forma que a lei dispuser. A Lei nº 9.430/96 estabelece, em seu art. 61, a disciplina referente à multa de mora e aos juros de mora incidentes sobre o débito tributário. A multa de ofício, por sua vez, é tratada no art. 44 do mesmo diploma legal. Depreendese da leitura dos artigos de lei que a multa de ofício será aplicável nos casos de lançamento de ofício sobre o tributo ou contribuição, caracterizandose como uma penalidade mais gravosa que a multa de mora, pois o Contribuinte já perdera a oportunidade de realizar o recolhimento espontaneamente. Nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/96, haverá a incidência de juros de mora sobre "os débitos a que se referem o artigo", compreendido neste conceito apenas o valor principal do tributo, não servindo de amparo legal à Administração Tributária para proceder à exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício ao cobrar o crédito tributário. Com relação ao art. 161 do Código Tributário Nacional, o mesmo também não é fundamento a autorizar a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Isso porque o termo "crédito" empregado na sua redação referese ao tributo, e nesse conceito não se enquadra a multa. Não por outra razão, o próprio artigo de lei faz uma ressalva em relação às penalidades, ao citar "sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta lei ou em lei tributária". Assim, a multa, que é uma sanção, não se confunde com o tributo, não sendo cabível a sua atualização monetária pela aplicação de juros moratórios. Assim, por inexistir previsão legal, incabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício no caso dos autos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 5011DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.004 15 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado Fui designado para redigir o voto vencedor quanto ao conhecimento do recurso e quanto à matéria de mérito relativa à aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício. Conhecimento do Recurso Especial De acordo com a relatora teria havido concomitância do presente processo com o processo judicial nº 000312681.2015.403.6121, perante a 1ª Vara da Justiça Federal de Taubaté Seção Judiciária de São Paulo, que trata de Ação Anulatória de Débito Fiscal. Afirma que o teor do pedido que consta na Petição Inicial, fls. 4.870/4.898, confundese com o objeto do presente processo, razão pelo qual não seria possível o seu conhecimento. Com todo respeito ao voto da relatora, registro que não concordo com essa conclusão. Na petição do contribuinte, fl. 4.871, consta os seguintes termos: (...) 1.1 Processo Administrativo nº 16045.000004/200796 (...) Duas das parcelas excluídas pelo CARF no julgamento do recurso voluntário decadência parcial e juros sobre a multa, foram objeto de recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional à 3ª Turma da CSRF do Tribunal Administrativo (apelo já admitido, mas ainda não julgado). Na parte remanescente do crédito tributário, o recurso especial de divergência da Autora não foi conhecido. Como consequência, poderão ocorrer a qualquer momento a inscrição em Dívida Ativa e a posterior cobrança executiva da importância. Nessa medida, a demanda proposta abrange as parcelas do lançamento não afastadas no âmbito administrativo cuja cobrança é iminente. (...) Concluise de seu pedido que a discussão judicial referese somente ao crédito tributário no qual não teve sua demanda aceita no julgamento de seu recurso voluntário. O que se discute no presente processo são justamente as duas demandas em que obteve êxito em seu recurso voluntário que são a questão da decadência parcial e a incidência dos juros de Fl. 5012DF CARF MF 16 mora sobre a multa de ofício, justamente o objeto do recurso especial apresentado tempestivamente pela Fazenda Nacional. Em suas contrarrazões, o sujeito passivo afirma que o recurso especial da Fazenda Nacional é intempestivo e pede o seu não conhecimento. Transcrevese abaixo os §§ 7º a 9º do Decreto nº 70.235/72: Art. 23. Farseá a intimação: (...) § 7º Os Procuradores da Fazenda Nacional serão intimados pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda na sessão das respectivas câmaras subseqüente à formalização do acórdão. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) § 8º Se os Procuradores da Fazenda Nacional não tiverem sido intimados pessoalmente em até 40 (quarenta) dias contados da formalização do acórdão do Conselho de Contribuintes ou da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, os respectivos autos serão remetidos e entregues, mediante protocolo, à Procuradoria da Fazenda Nacional, para fins de intimação. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) § 9º Os Procuradores da Fazenda Nacional serão considerados intimados pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, com o término do prazo de 30 (trinta) dias contados da data em que os respectivos autos forem entregues à Procuradoria na forma do § 8º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) Da leitura do dispositivo legal concluise que se não houver a intimação pessoal prevista no § 7º, os Procuradores da Fazenda Nacional serão considerados intimados em 30 dias contados da data em que o processo foi entregue à Procuradoria da Fazenda Nacional. Conforme relação de movimentação de processo, efl. 4564, o presente processo foi entregue à Procuradoria da Fazenda Nacional no dia 01/10/2009. Sendo assim o Procurador da Fazenda Nacional é considerado intimado no prazo de 30 dias a partir do dia 01/10/2009. Portanto, como apresentou o recurso especial em 21/10/2009, não há que se falar em sua intempestividade. O recurso especial, conforme destacou a relatora no início de seu voto é tempestivo. Portanto voto pelo conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional. Juros de Mora sobre a Multa de Ofício O recurso especial da Fazenda Nacional defende a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, sendo que acórdão recorrido afastou a sua aplicação. O Fl. 5013DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.005 17 contribuinte apresentou contrarrazões que reforçam o entendimento do acórdão recorrido de que não existe previsão legal para a pretendida incidência. De acordo com o art. 161 do CTN, o crédito tributário não pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo da sua falta. Dispõe ainda em seu parágrafo primeiro que, se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão cobrados à taxa de 1% ao mês. De forma que o art 61 da Lei nº 9.430/96 determinou que, a partir de janeiro/97, os débitos vencidos com a União serão acrescidos de juros de mora calculados pela taxa Selic quando não pagos nos prazos previstos na legislação tributária, até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Entendo que os débitos a que se refere o art. 61 da Lei nº 9.430/96 correspondem ao crédito tributário de que dispõe o art. 161 do CTN. O art. 139 do CTN dispõe que o crédito tributário decorre da obrigação tributária e tem a mesma natureza desta. Já o art. 113, parágrafo primeiro, do mesmo diploma legal, define que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Assim, se o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta, necessariamente deve abranger o tributo e a penalidade pecuniária. A multa de ofício aplicada ao presente lançamento está prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96 que prevê expressamente a sua exigência juntamente com o tributo devido. Ao constituir o crédito tributário pelo lançamento de ofício, ao tributo somase a multa de ofício, tendo ambos a natureza de obrigação tributária principal, devendo incidir os juros à taxa Selic sobre a sua totalidade. Tanto é assim, que a própria Lei 9.430/96, em seu art. 43, prevê a incidência de juros Selic quando a multa de ofício é lançada de maneira isolada. Não faria sentido a incidência dos juros somente sobre a multa de ofício exigida isoladamente, pois ambas tem a mesma natureza tributária. Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no AgRg no Recurso Especial nº 1.335.688PR, relator Ministro Benedito Gonçalves, em decisão de 04/12/2012, assim ementada: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. Fl. 5014DF CARF MF 18 Para confirmar este entendimento é relevante apresentar algumas recentes decisões da CSRF, abaixo transcritas: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em consonância com os artigos 113, 139 e 161, do CTN, mediante aplicação da taxa SELIC conforme Súmula CARF nº 4. (Acórdão CSRF nº 9101002385, de 12/07/2016, Processo 10932.000633/200905, relator do voto vencedor do Conselheiro André Mendes de Moura). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão CSRF nº 9202004250, de 23/06/2016, Processo 10980.723322/201582, relatoria da Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. (Acórdão CSRF nº 9303003480, de 25/02/2016, Processo 16682.721207/201191, relatoria do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas). Diante do acima exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional em relação a essa matéria. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 5015DF CARF MF Processo nº 16045.000004/200796 Acórdão n.º 9303004.422 CSRFT3 Fl. 5.006 19 Declaração de Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Discordamos da il. Relatora e dos demais integrantes do Colegiado apenas quanto à contagem do prazo decadencial. O entendimento esposado no voto condutor do acórdão fundamentouse no parágrafo único do art. 183 do Decreto nº 7212, de 2010 (RIPI/2010), o qual, para melhorar aclarar a controvérsia, reproduzimos: Art. 183. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação deles, nos termos do art. 268 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150, caput e § 1º, Lei no 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, Lei no 10.637, de 2002, art. 49, Lei no 10.833, de 2003, art. 17, e Lei no 11.051, de 2004, art. 4o). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. (g.n.) Diferentemente do que se dá, por exemplo, no ICMS, a legislação do IPI, como se vê, expressamente considera ocorrer o pagamento nos seguintes contextos em que o imposto é, ao final, exigido: a) quando há saldo devedor do imposto, apurado após a compensação de créditos e débitos dentro do mesmo período de apuração, o pagamento só se considera verificado quando do seu recolhimento ao Erário; b) quando há fatos geradores isolados, como na importação, em que o IPI devido não é levado a integrar a apuração por período, o pagamento, tal e qual o anterior, somente se verifica com o seu recolhimento; e, finalmente, c) quando o somatório do valores do imposto lançados nas notas fiscais de venda do estabelecimento industrial é igual ou menor que o somatório dos créditos existentes no mesmo período de apuração, o pagamento se considera ocorrido com a só dedução dos débitos, de modo a que nada reste a recolher. Esta última disposição, importa ressaltar, é o que viabiliza a cobrança de multa de ofício isolada quando o contribuinte deixa de lançar, nas notas fiscais respectivas, o IPI que Fl. 5016DF CARF MF 20 seria devido na operação, mas que, mesmo que lançado fosse, teria crédito suficiente, dentro do mesmo período, para cobrilo. O equívoco que, a nosso juízo, laborou a tese vencedora decorre do fato de ter considerado que o simples encontro de contas entre débitos e créditos do imposto, independentemente do que daí resultar – saldo devedor, saldo credor ou nenhum nem outro –, equivaleria a pagamento, de modo a ensejar a contagem do prazo decadencial pelo disposto no art. 150, § 4°, do CTN, quando o inciso III do parágrafo único acima referido é expresso ao prever a sua aplicação apenas para os casos em que, do encontro de contas entre débitos e créditos, nenhum saldo restar a recolher. Não sendo este o caso, vale dizer, não havendo saldo devedor do IPI, há que se aplicar tão só o disposto no inciso I do parágrafo único do art. 183 do RIPI/2010: pagamento é igual a recolhimento. Aliás, levado ao extremo o raciocínio que norteou a tese vencedora, praticamente nunca, nunca mesmo, seria possível a aplicação, na contagem do prazo decadencial do IPI, do disposto no art. 173, I, do CTN. Afinal, dificilmente se conceber um estabelecimento industrial que nenhum crédito tenha nos períodos de apuração do imposto, notadamente quando, hoje, já não se costuma ter, por razões econômicas óbvias, grandes estoque de insumos empregados na industrialização. Assim sendo, considerando que, no caso ora em julgamento, o pagamento só se dá com o recolhimento, bem como que, ao menos conforme se extrai dos autos, recolhimento não houve, entendemos, por tudo que antes expusemos, que pagamento também não houve, de modo que é de se aplicar, na contagem do prazo decadencial, o estabelecido no art. 173, I, do CTN. É o nosso entendimento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 5017DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10240.000800/2005-74
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 07 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas e Outros
Exercícios: 2002 a 2004
Ementa: LUCRO REAL — ESTIMATIVAS MENSAIS — BASES DE.
CÁLCULO ESTIMADAS — ERRO DE DIREITO NO PREENCHIMENTO
DA DIPJ — As bases imponíveis mensalmente estimadas, servíveis para a contabilização das antecipações devidas, correspondem a percentuais das receitas brutas constatadas nos períodos, consoante tegumento do artigo 20 da Lei a" 9,430/96. Comete teratológico MO de direito o contribuinte que, não tendo motivos para a elaboração de balancetes de suspensão ou de redução, informa, em DIRI, bases imponíveis estimadas negativas, em total
dissonância com a sistemática de apuração adotada.
AUTO DE INFRAÇÃO — BASES DE CÁLCULO DE IRPJ E CSLL
APURADAS MEDIANTE SOMATÓRIO DE DETERMINADOS MONTANTES IMPONÍVEIS ESTIMADOS MENSALMENTE,
INFORMADOS EM DIPJ — Deve ser mantida a autuação que adotou, como bases de cálculo de !RN e CSLL, o somatório dos montantes imponíveis estimados mensalmente, declarados em DIPJ, referentes a janeiro e dezembro do ano-calendário. O trabalho fiscal, ao ignorar as cifras mensais negativas, declinadas erroneamente pelo contribuinte, agiu em consonância com os ditames do regime de estimativas mensais, afastando claudicações insustentáveis cometidas pela autuada. Não cabe acolhimento à alegação de
que a base estimada informada em dezembro corresponderia a todo o lucro anual consolidado, Inexistem, nos autos, elementos probatórios que subvencionem o pleito da empresa peticionária.
DIPI — RETIFICAÇÃO DE OFICIO — VERDADE MATERIAL — ERRO
DE DIREITO — IMPOSSIBILIDADE — Não se faz possível a retificação
oficiosa da Declaração de Rendimentos, com fulcro na supremacia da verdade material, se a empresa declarante tiver praticado erro de direito insanável. Entendimento que se faz firme, em especial, quando ausentes elementos de instrução que possam apontar quais valores de bases estimadas mensais deveriam ter sido declarados pelo contribuinte, em lugar das inviáveis cifras negativas.
PIS/COHNS RECEITAS FINANCEIRAS INCONSTITUCIONALIDADE D.E SUA INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO — A noção de fáturamento, identificada com as bases de cálculo do PIS e da COFINS, corresponde à receita bruta derivada da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços. Afastado deve ser o
disposto no art. 3", § 1", da Lei n" 9.718/98, por força de decisão de mérito proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. Inteligência do artigo 26-A, § 6º, inciso I, do Decreto IV 70,235/72, introduzido pela Lei if 1 L941/09.
PIS/COPINS — RENDIMENTOS DERIVADOS DE CONTRATOS DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL, PACTUADOS
POR EMPREITADA GLOBAL, DATADOS DE 2000 — ALEGAÇÃO DE
NÃO-SUJEIÇÃO À ALÍQUOTA MAJORADA DO REGIME DE NÃOCUMULATIVIDADE
FALTA DE SUFICIENTE COMPROVAÇÃO DO PLEITO — O contribuinte, ao aduzir que suas receitas operacionais deveriam permanecer adstritas ao regime de cumulatividade de PIS/COFINS, na forma
do artigo 10, XI e XX, da Lei n" 10,833/03, precisaria, antes de tudo, comprovar que as bases de cálculo adotadas pelo fiscal autuante se identificavam, no todo ou em parte, às receitas dos contratos especificados. A simples juntada dos instrumentos contratuais, de um lado, e das notas fiscais correspondentes, de outro, sem a indicação de sua pertinência às autuações
debatidas, não serve para embasar a argumentação trazida à luz neste recurso.
Numero da decisão: 1803-000.338
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos que entendia que antes da Lei n° 1 L941/2009 não há base legal para a tributação do PIS e da COFINS, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR
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Recorrida I" TURMA/DRJ-BELÉM/PA Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas e Outros Exercícios: 2002 a 2004 Ementa: LUCRO REAL — ESTIMATIVAS MENSAIS — BASES DE. CÁLCULO ESTIMADAS — ERRO DE DIREITO NO PREENCHIMENTO DA DIPJ — As bases imponíveis mensalmente estimadas, servíveis para a contabilização das antecipações devidas, correspondem a percentuais das receitas brutas constatadas nos períodos, consoante tegumento do artigo 20 da Lei a" 9,430/96. Comete teratológico MO de direito o contribuinte que, não tendo motivos para a elaboração de balancetes de suspensão ou de redução, informa, em DIRI, bases imponíveis estimadas negativas, em total dissonância com a sistemática de apuração adotada, AUTO DE INFRAÇÃO — BASES DE CÁLCULO DE IRPJ E CSLL APURADAS MEDIANTE SOMATÓRIO DE DETERMINADOS MONTANTES IMPONÍVEIS ESTIMADOS MENSALMENTE, INFORMADOS EM DIPJ — Deve ser mantida a autuação que adotou, corno bases de cálculo de !RN e CSLL, o somatório dos montantes imponíveis estimados mensalmente, declarados em DIPJ, referentes a janeiro e dezembro do ano-calendário. O trabalho fiscal, ao ignorar as cifras mensais negativas, declinadas erroneamente pelo contribuinte, agiu em consonância com os ditames do regime de estimativas mensais, afastando claudicações insustentáveis cometidas pela autuada. Não cabe acolhimento à alegação de que a base estimada informada em dezembro corresponderia a todo o lucro anual consolidado, Inexistem, nos autos, elementos probatórios que subvencionem o pleito da empresa peticionária. DIPI — RETIFICAÇÃO DE OFICIO — VERDADE MATERIAL — ERRO DE DIREITO — IMPOSSIBILIDADE — Não se faz possível a retificação oficiosa da Declaração de Rendimentos, com fulcro na supremacia da verdade material, se a empresa declarante tiver praticado erro de direito insanável. Entendimento que se faz firme, em especial, quando ausentes elementos de instrução que possam apontar quais valores de baSes estimadas agroi~ :RREIRA DE MORAES — Presidente B'ÉNE\D C -' CE" LSO BENICIO JÚNIOR — Relatou (EDITAD EM: n c, A r r; 2 i) I ii 06 AG0 Processo ti" 10240.000800/2005-74 Acórdão ii" 1803-00.338 S1-1E03 Fl 2 mensais deveriam ter sido declarados pelo contribuinte, em lugar das inviáveis cifras negativas_ PIS/COHNS RECEITAS FINANCEIRAS INCONSTITUCIONALIDADE D.E SUA INCLUSÃO NO CONCEITO DE FATURAMENTO — A noção de fáturamento, identificada com as bases de cálculo do PIS e da COFINS, corresponde à receita bruta derivada da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços. Afastado deve ser o disposto no art. 3", § 1", da Lei n" 9.718/98, por força de decisão de mérito proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. Inteligência do artigo 26-A, § 6", inciso I, do Decreto IV 70,235/72, introduzido pela Lei if 1 L941/09. PIS/COPINS — RENDIMENTOS DERIVADOS DE CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL, PACTUADOS POR EMPREITADA GLOBAL, DATADOS DE 2000 — ALEGAÇÃO DE NÃO-SUJEIÇÃO À ALÍQUOTA MAJORADA DO REGIME DE NÃO- CUMULATIVIDADE FALTA DE SUFICIENTE COMPROVAÇÃO DO PLEITO — O contribuinte, ao aduzir que suas receitas operacionais deveriam permanecer adstritas ao regime de cumulatividade de PIS/COFINS, na forma do artigo 10, XI e XX, da Lei n" 10,833/03, precisaria, antes de tudo, comprovar que as bases de cálculo adotadas pelo fiscal autuante se identificavam, no todo ou em parte, às receitas dos contratos especificados. A simples juntada dos instrumentos contratuais, de um lado, e das notas fiscais correspondentes, de outro, sem a indicação de sua pertinência às autuações debatidas, não serve para embasar a argumentação trazida à luz neste recurso, Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos que entendia que antes da Lei n° 1 L941/2009 não há base legal para a tributação do PIS e da COFINS, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Participaram Øo presente julgamento os Conselheiros: Selene Ferreira de Moraes, Walter Adolfo Maresdh, Luciano Inocência dos Santos, Bendicto Celso Benício Júnior e Sérgio Rodrigues Mendes,. Processo n° t0240000800/2005-74 S1-TE03 Acórdão n 0 1803-00.338 Fl. 3 Relatório Trata o processo de lançamentos do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ, Contribuição ao Programa de Integração Social — PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido -- CSLL, no montante integral de R$ 128.168,07. Fundamentaram-se as imputações na apuração de omissão de receita escriturada, nos anos-calendário de 2001, 2002, 2003 e 2004 (fis. 16 a 24, 398 a 407, 783 a 798 e 1.154 a 1.169). A interessada foi cientificada dos autos de infração em 08 de agosto de 2005 (fi. 16, verso). No dia 08 de setembro de 2005, foram apresentadas impugnações (fls. 176 a 379, 560 a 764, 958 a L135 e 1,323 a 1.497), cujos teores, em suma, foram os seguintes: (1) IRPJ e CSLL. Omissão de receita escriturada. - no ano-calendário de 2004, foi lançado o IRPJ com base no valor de R$ 4.3.000,09, referente às estimativas dos meses de janeiro e dezembro. No entanto, quando o valor é transportado para a apuração anual, constata-se IRPJ negativo, na ordem de R$ 4.460,19, conforme comprovantes anexados à peça impugnatória (cópias do LALUR do período); (2) Multa confiscatória, - a multa de 75% tem caráter confiscatório, conforme decisão do Poder Judiciário Federal, reproduzida na peça impugmatória; (3) Taxa Sella - a utilização da taxa Selic é inconstitucional, conforme manifestação do Superior Tribunal de Justiça, reproduzida na impugnação; (4) PIS, Omissão de receita. - no lançamento do PIS, a fiscalização considerou a alíquota de 1,65%, mas as receitas são decorrentes de contratos celebrados no ano-calendário de 2000, anterior ao aumento da alíquota. O artigo 10 da Lei n° 10.8.33, de 2003, alterado pelo artigo 21 da Lei n° 10.868, de 2004, dispõe que os artigos 1° e 8' da Lei n° 10.833, de 2003, não são aplicáveis aos contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003; (5) Receitas financeiras, - as receitas financeiras, consideradas nas bases de cálculo dos tributos, referem-se a valores que tiveram IR retido na fonte, não estando incluídas no conceito de faturamento. Tais rendimentos não são operacionais, não podendo ser tributados, por força do disposto no artigo 195, I, alínea a, da Constituição Federal; - o alargamento da base de cálculo, decorrente da Emenda Constitucional n° 20, de 1998, foi declarado inconstitucional, conforme reprodução de julgado na peça impugnatória; (6) COFINS Omissão de receita, - no lançamento da COFINS, a fiscalização considerou a alíquota de 7,60%, as as receitas são decorrentes de contratos celebrados no ano-calendário de 2000, anterior ao Processo n' 10240.000800/2005-74 SI-I E03 Acórdão 18O3-00„338 F I 4 aumento da alíquota. O artigo 10 da Lei n° 10.833, de 2003, alterado pelo artigo 21 da Lei no 10.868, de 2004, dispõe que os artigos 1 0 e 8' da Lei if 10,833, de 2003, não são aplicáveis aos contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003; - as receitas são decorrentes de contratos por empreitada global, conforme comprovantes em anexo. Por tal razão, este tipo de serviço está excluído da nova sistemática de tributação. Ao analisar os argumentos apresentados pelo contribuinte nas citadas impugnações, a 1" TURMA — DR.I EM BELÉM — PA julgou parcialmente procedente o lançamento de IRRI, excluindo os montantes de IRRF descritos na DIRF de fls, 1.521 a 1,535, e totalmente procedentes os demais lançamentos, nos seguintes termos: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002, 2003 e 2004 Ementa: OMISSÃO DE RECEITA ESCRITURADA.. Constatado por meio de ação fiscal ordinária que as receitas escrituradas eram maiores que as declaradas pelo sujeito passivo à Receita Federal, há que se considerar viável o lançamento de oficio, excluindo do montante exigido o IR retido na fonte, por se tratar de antecipação do imposto devido. ALEGAÇÃO DE CONFISCO.. Não há de se cogitar da materialização das hipóteses de confisco e de ofensa ao Principio da Capacidade Contribufiva quando os lançamentos se pautaram nos pressupostos jurídicos, declarados no enquadramento legal, e fiíticos, esses coadunados com o conteúdo econômico das operações comerciais do contribuinte. JUROS. TAXA SELIC — Tendo a cobrança dos juros de mora com base na Taxa SELIC previsão legal, não compete aos órgãos julgadores administrativos apreciar arguição de sua inconstitucionalidade.," Como resultado da prolação deste aresta, remanesceu vigente o seguinte total lançado de tributos: Tributo Fato Gerador Valor lançado (R$) Valor mantido (R$) Multa IRP.I 12/2001 3.014,23 0,00 75 IRPJ 12/2003 5,764,64 4.885,53 75 IRPJ 12/2004 6.450,01 6.420,02 75 CSLL Procedente - 75 PIS Procedente - 75 COFINS Procedente - - 75 Processo rt* 10240 000800/2005-74 Acél dão n 1803-00,338 S1-TE03 Fi 5 Cientificado do acórdão em 06/08/2007, o contribuinte apresentou recurso a este conselho, em 05/09/2007, ratificando as razões já aduzidas na instância administrativa antecedente — exceto no que toca à eventual inconstitucionalidade da multa de oficio e dos juros moratórios cominados. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro BENEDICTO CELSO BENÍCIO JUNIOR, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais para seu seguimento. Dele conheço, Os argumentos elencados pelo contribuinte, em sede recursal, são de três ordens, a saber: (1) IRPJ e CSLL. Alegação de dupla tributação da base de cálculo estimada para o mês de Janeiro de 2004 Em primeiro lugar, sustenta a recorrente que as bases de cálculo de IRPJ e de CSLL adotadas para o ano-calendário de 2004, equivalentes a R$ 43,000,09, encerram dupla contabilização dos montantes imponiveis estimados para o mês de janeiro, informados nas pertinentes fichas da DIPJ/2005. Aduz, neste sentido, que o lucro anual consolidado, a ser considerado pelo agente fiscal, deveria ser aquele mencionado exclusivamente no mês de dezembro de 2004, no valor de R$ 19.269,95. A cifra declarada para o mês de janeiro, equivalente a R$ 23.730,14, não poderia ter sido adicionada ao total descrito em dezembro (R$ 19.269,95 R$ 23.730,14 = R$ 43.000,09), sendo correta, ao revés, sua subtração do lucro anual final. Da escorreita operação não resultaria lucro a ser exacionado, mas, sim, prejuízo fiscal, no importe de R$ 4.460,19 (R$ 19.269,95 - R$ 23.730,14 = - R$ 4,460,19). A respeito destas alegações, parece-nos claro, de pronto, que a peticionária promove séria confusão de conceitos. Os equívocos manifestados em suas razões são espelho dos vícios que eivam sua DIRI/2005, apresentada em dissonância com a metodologia contábil- fiscal correta. A empresa autuada sujeitou-se, durante o ano-calendário de 2004, ao regime de apuração do IRPJ pelo lucro real anual, de acordo com a sistemática de recolhimentos mensais por estimativa, Sob o pálio deste mecanismo, cabia à autuada estimar, mês a mês, a base de cálculo do IRPJ e da CSLI-, na forma da legislação aplicável, recolhendo antecipadamente os tributos incidentes. Ao final do ano-base, apurando-se complexivamente o resultado do período, far-se-ia o ajuste de contas entre o somatório das antecipações mensais, computadas sobre as bases estimadas, e o total de exação realmente devido, apurado sobre o lucro anual efetivo. Segundo estatuído pelo artigo 2° da Lei n° 9.430/96, ditas bases imponíveis estimadas, adotadas para os recolhimentos mensais antecipados, deveriam corresponder a percentagens das receitas brutas computadas mês a mês: "Art. 2" A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, Processo n° 10240.000800/2005-74 51-1E03 Acórdão n," 1803-00338 Fl 6 mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei n" 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1°c 2" do art. 29 e nos arts, 30 a 32, 34 e 35 da Lei n" 8,981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei n°9.065, de 20 de junho de 1995," A despeito da obviedade destas considerações, no entanto, o contribuinte, ao preencher a DIPJ/2005, incorreu em inexplicável equívoco, informando, nas pertinentes fichas relatoras das estimativas mensais, montantes de base de cálculo negativos, ilógicos e insustentáveis, pertinentes aos meses de março a novembro de 2004. Não é dificil perceber o erro da autuada. As receitas brutas de vendas e serviços — e, em consequência, as bases de cálculo mensais estimadas, calculadas sobre elas — jamais poderiam consubstanciar cifras negativas, haja vista corresponderem, na forma da lei, à soma de proveitos necessariamente positivos, a saber: i) produtos das vendas de bens em operações de conta própria; ii) somatórios dos preços dos serviços prestados; e iii) resultados econômicos das operações em conta alheia. Aponta nesse sentido o artigo 279, capta, do Decreto n° 1000/99, in verbis: "Art., 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia." Ao completar a DIN/2005, o contribuinte declarou, para janeiro, de maneira correta, a base de cálculo estimada do período, apurando tributo a ser recolhido antecipadamente. Nos meses subsequentes, todavia, desvirtuou totalmente a técnica do regime de estimativas, passando a declarar bases imponíveis inferiores a zero, incondizentes com a própria noção de receita bruta que lhes é subjacente. Não bastasse isso, voltou a contribuinte a declarar, em dezembro, base de cálculo positiva, considerando-a, estranhamente, não como montante imponível estimado somente para aquele mês, mas, sim, como lucro consolidado de todo o ano-base, apurado complexivamente. Acreditou, por este motivo, injustificadamente, que a base estimada de janeiro não deveria ser somada à de dezembro, para contabilização do lucro anual, mas, sim, subtraída da última.. A miscelânea fiscal é patente. Cabe a nós tentar trazer higidez a tal cenário, segregando os dados aproveitáveis e descartando os imprestáveis. Parece-nos óbvio que as bases de cálculo estimadas negativas não poderiam sequer ser consideradas pelo Fisco, haja vista corresponderem a inovações teratológicas promovidas pela recorrente. Qualquer que tenha sido o critério adotado pela empresa declarante, não há como se legitimar a utilização de tais valores, mormente para fins de determinação do lucro do período em apreço. Afastando-se os absurdos declarados, restou à Fazenda somente considerar, então, para apuração do resultado tributável, as duas bases de cálculo mensais positivas, pertinentes aos meses de janeiro e dezembro de 2004. O agente autuante, assim procedendo, atingiu o lucro anual exacionável de R$ 41000,09, sobre ele lançando o IRPI e a CS LL debatidos. Nada há, por conseguinte, a se retocar no procedimento fiscal levado a efeito, porquanto desenvolvido pelo único modo viável, face às circunstâncias do caso. Vale ressaltar, aliás, que a própria peticionária declarou ter apurado tributo a ser recolhido, depois de findo o ano-calendário. Qra, se é assim, não pode ela aduzir Processo n° 10240.000800/2005-74 S1-TE03 Acórdão n ° 1803-00.338 Fl 7 posteriormente, na seara recursal, que a apuração tributária correta redundaria em prejuízo fiscal, inábil para a formalização das exações. É importante ainda consignar, por fim, que os erros cometidos no preenchimento da DIPE2005, embora evidentes, não são passíveis de retificação de oficio por este colegiado. É verdade que o Conselho tem o dever de perscrutar a verdade material, para além das meras aparências. Incumbe a este órgão, noutras palavras, se possível, corrigir oficiosamente as declarações apresentadas pelo contribuinte, sempre que verificados equívocos meramente materiais, nos quais as exigências em debate colham único ou principal fundamento. Ocorre, contudo, que inexistem, nos autos, elementos instrutórios que permitam a constatação das bases de cálculo estimadas efetivamente apuradas, tangentes aos meses de março a novembro de 2004. Se, de fato, os valores negativos declarados são insustentáveis, não há, no corpo do processo, indícios a respeito de quais tenham sido os corretos montantes de receita bruta auferidos pela empresa. Não nos auxilia, nesta empreitada, nenhum dos documentos juntados aos autos — em especial o LALUR do período, equivocadamente apresentado pelo contribuinte como prova cabal e suficiente de suas alegações, Neste sentido, veja-se exemplo de caso símile, cuidado por este mesmo órgão julgador: "REALIZAÇÃO DO LUCRO INFLACIONÁ RIO — ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO - Não sendo possível através de documentação contábil hábil e idônea a comprovação de erro de fato no preenchimento da DIPJ há que se manter o lançamento praticado por agente do Fisco, (Ac, I" CC 101-96.729/08)" No mais, a retificação de oficio acima proposta também se mostra inviável em virtude de o contribuinte não ter cometido meros erros factuais, Os equívocos apontados correspondem, na verdade, a efetivas claudicações de direito, impassíveis de correção pelo contribuinte ou pela autoridade administrativa, conforme já reconhecido pela jurisprudência desta Corte: "DIPJ RETIFICAÇÃO — OPÇÃO — ERRO DE DIREITO — Não é permitida a retificação da Declaração de Rendimentos fundamentada tão somente em erro de direito. (Ac,s, 1" CC — 101-94,939/05 e 101-94,949/05)" Assim sendo, devem ser mantidas as autuações de IRPJ e de CSLL ora guerreadas. Passemos, então, ato contínuo, à análise dos demais argumentos opostos pelo contribuinte. (2) PIS e COFINS. Alegação de intributabilidade das receitas ,financeiras. Impossibilidade de alargamento do conceito legal de faturainento. Inconstitucionalidade do artigo 3', ás' 1", da Lei n" 9.718/98 Em segundo lugar, assevera o contribuinte que as receitas financeiras apuradas no período fiscalizado não poderiam ter sido trazidas à tributação pela COFINS e pelo PIS, haja vista extrapolarem os lindes legais do conceito de faturamento, Processo n° 10240.000800/2005-74 Si-! E0.3 Acórdão n.° 1803-00.338 F 1 8 Nesta esteira de considerações, aduz a interessada que o alargamento das bases imponiveis das citadas contribuições, concretizado pelo artigo 3 0, § 1°, da Lei n° 9.718/98, encerraria nítida inconstitucionalidade, vez ter decorrido de desvirtuamento de instituto privado adotado para a delimitação material de competências constitucionais. Dito dispositivo ordinário teria sido promulgado, pois, ao arrepio do artigo 110 do CTN, que veda a manipulação de figuras jurídicas predefinidas, com fins únicos de majoração da carga tributária Ainda segando a autuada, nem mesmo o respaldo da Emenda Constitucional n° 20/98, posteriormente editada, poderia ter outorgado foros de eonstitucionalidade ao estresido artigo 3°. Isto assim seria porque dita EC, como qualquer outra, não teria o condão de convalidar legislação inválida ab ovo, nascida com o signo inafastável da invalidade sistêmica.. A tese da não incidência do PIS e da COFINS sobre receitas de natureza financeira, nos moldes acima escorçados, foi adotada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, em sessão de 09/11/2005, por meio de acórdão prolatado para solução do Recurso Extraordinário — RE n° 390840/MG, transitado em julgado em 29/09/2006. A novel exegese consagrada pelo Excelso Pretório consignou que só poderiam ser tributadas, pelo PIS e pela COFINS, as receitas derivadas de venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços, afastados os demais rendimentos não-operacionais percebidos pelo sujeito passivo fiscal. Tal entendimento judicial deve ser observado por este Conselho, em todos seus termos. Isto assim se faz por força da promulgação da Lei ri.° 11.941, em 27/05/09, responsável por adicionar ao Decreto ri° 70.235/72, regulamentador do Processo Administrativo Fiscal, o artigo 26-A, § 6 0, inciso I, vigente com as seguintes feições redacionais: "Art 26-A, No âmbito do processo administrativo .fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 6" O disposto no capuz` deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I - que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal,' (. )" Não há, portanto, como se admitir a manutenção das exigências de PIS e COFINS formalizadas sobre as receitas financeiras auferidas pela recorrente, pormenorizadas no Livro Razão dos períodos fiscalizados, É necessário o expurgo destes rendimentos, junto ao total de faturamento averiguado pelos trabalhos fazendários, (3) PIS e COFINS, Pretensa não sujeição das receitas operacionais às aliquotas niajoradas do regime de não-cumulatividade Por derradeiro, bate-se a autuada pelo afastamento das alíquotas de 1,65% (contribuição ao PIS) e de 7,60% (COHNS), aplicadas nas autuações em estudo. Sustenta, para tanto, que as receitas operacionais exacionadas tiveram por causa econômica contratos de prestação de serviços relativos a obras de construção civil, pactuados por empreitada global, datados de 2000. Os rendimentos em comento, nessas Processo n° 10240.000800/2005-74 S1-[E03 Acórdiio n, 1803-00,338 Fl. 9 condições, deveriam ter sido postos a salvo da nova sistemática de não-cumulatividade, propugnadora das alíquotas majoradas, consoante expressa disposição do artigo 10, incisos XI e XX, da Lei n° 10S.33/03, verbis: "Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1 a g* (-) XI - as receitas relativas a contratos rfirmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: a) com prazo superior a] (um) ano, de administradoras de planos de consórcios de bens móveis e imóveis, regularmente autorizadas a funcionar pelo Banco Central; b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de ,fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; c) de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa ,jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; (,) XX- - as receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada de obras de construção civil, até 31 de dezembro de 2006;" Para ilustrar sua tese, juntou o contribuinte, aos autos, em fis. 1.558 e ss., cópias dos contratos celebrados, das Notas Fiscais de Serviços respectivas e das pertinentes folhas dos Livros Diário e Razão. Ocorre, porém, que, não obstante todo o trabalho desenvolvido pela recorrente, não entendo ser possível aferir, de maneira clara, a partir do arcabouço probatório carreado, a correspondência entre as receitas operacionais decorrentes dos contratos juntados, de um lado, e as bases de cálculo tornadas pelo agente autuante, dimanadas da discrepância entre cifras declaradas e escrituradas, de outro lado. Noutras palavras, embora tenha o interessado juntado contratos do ano de 2000 — demonstrando, por meio de outros documentos fiscais, ter recebidos os valores advindos daqueles instrumentos —, não logrou ele mostrar, de maneira minimamente evidente, que referidas receitas se correlacionam àquelas empregadas para lançar a COFINS e a contribuição ao PIS ora guerreadas, Para afastar as exigências constituídas em seu desfavor, não basta ao contribuinte apresentar argumentações retóricas, sem provar o alegado de forma satisfatória. Na hipótese em tela, ao se restringir a juntar documentos a rodo, deixou o contribuinte, ao presente colegiada o ônus de decifrar a verdade por detrás dos elementos de instrução. Este \ conselho julgador, contudo, não pode assumir tal tarefa, produzindo provas no lugar do 'interessado, haja vista seu dever de zelar pela imparcialidade de seus provimentos. BENDICTO C ÍCIO JÚNIOR Processo n° 10240,000800/2005-74 S1- E03 Acórdão n ° 1803-00.338 Fl 10 Em conclusão, face à inadequada demonstração dos argumentos trazidos à baila, deixo de analisar o mérito do pleito do contribuinte, por despiciendo. Isto posto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, para afastar a incidência de PIS e de COFINS sobre as receitas financeiras apuradas, indevidamente inseridas nas bases de cálculo das contribuiçõesAnçadas Processo n° 10240000800/2005-74 Si-TE03 Acórdão o '1803-00.338 F1 11 TERMO DE INTIMAÇÃO Intime-se um dos Procuradores da Fazenda Nacional, credenciado junto a este Conselho, da decisão consubstanciada no acórdão supra, nos termos do art. 81, § 3 0, do anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria Ministerial n° 256, de 22 de junho de 2009. Brasília, 06 de agosto de 2010 fituant"1;t—e dt.Souvo- dJ a de Sousa Rodr - Secretária da Câmara Ciência Data: Nome: Procurador(a) da Fazenda Nacional Encaminhamento da PFN: [ ] apenas com ciência; [ ] com Recurso Especial; [ ] com Embargos de Declaração. 11 TERMO DE JUNTADA a Seção/4a Câmara Declaro que juntei aos autos original do Acórdão n° 1803-00.338, (fls. ), e certifico que a cópia arquivada neste Conselho confere com o mesmo. Encaminhem-se os presentes autos à Procuradoria da Fazenda Nacional, para ciência do acórdão. Em / / Chefe da Secretaria MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS - CARF QUARTA CÂMARA - i a SEÇÃO Processo n° : 10240.000800/2005-74 Interessado(a) : BRASERVIX - JT BRASERVICE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA.
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Numero do processo: 11080.008592/2008-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
OMISSÃO DE RECEITAS. EXTRATOS BANCÁRIOS. PROCEDIMENTO DE AUDITORIA.
Ao estabelecer a presunção legal de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários sem comprovação de origem, o art. 42, da Lei nº 9.430/96 trouxe em seu bojo a necessidade de análise individual dos depósitos tidos como não comprovados. Trata-se de requisito de procedibilidade que, se descumprido, compromete por vício formal o procedimento fiscal.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS IDENTIFICADOS. TRIBUTAÇÃO.
Os depósitos bancários identificados efetivamente como receita auferida não se subsumem ao rito do art. 42, da Lei nº 9.430/96, devendo ser tributados de acordo com as regras aplicáveis à sistemática de apuração do resultado da pessoa jurídica.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS.
Aplica-se aos lançamentos reflexos o resultado do julgamento da exigência tida como principal.
Numero da decisão: 1402-002.383
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário: I) em relação ao item 001 do auto de infração, por unanimidade de votos, para: i) acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1º e 2º trimestres do ano-calendário de 2003 e acolher a decadência do PIS e da Cofins em relação aos meses de janeiro a julho de 2003, inclusive; ii) excluir da base tributável do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 824,61; no 3º trimestre de 2004, e R$ 220.145,00; no 4º trimestre de 2005; iii) excluir da base tributável do PIS e da Cofins os valores de R$ 824,61 em setembro de 2004, R$ 59.707,50 em novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro de 2005; e: iv) reduzir a multa de ofício ao percentual de setenta e cinco por cento (75%); e: II) em relação ao item 002 do auto de infração, por maioria de votos para anular, por vício formal, a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, formalizada com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Paulo Mateus Ciccone e Luiz Augusto de Souza Gonçalves que votaram pela inexistência de nulidade e pela apreciação do mérito do lançamento nesse item.
ASSINADO DIGITALMENTE
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. EXTRATOS BANCÁRIOS. PROCEDIMENTO DE AUDITORIA. Ao estabelecer a presunção legal de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários sem comprovação de origem, o art. 42, da Lei nº 9.430/96 trouxe em seu bojo a necessidade de análise individual dos depósitos tidos como não comprovados. Trata-se de requisito de procedibilidade que, se descumprido, compromete por vício formal o procedimento fiscal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS IDENTIFICADOS. TRIBUTAÇÃO. Os depósitos bancários identificados efetivamente como receita auferida não se subsumem ao rito do art. 42, da Lei nº 9.430/96, devendo ser tributados de acordo com as regras aplicáveis à sistemática de apuração do resultado da pessoa jurídica. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Aplica-se aos lançamentos reflexos o resultado do julgamento da exigência tida como principal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário: I) em relação ao item 001 do auto de infração, por unanimidade de votos, para: i) acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1º e 2º trimestres do ano-calendário de 2003 e acolher a decadência do PIS e da Cofins em relação aos meses de janeiro a julho de 2003, inclusive; ii) excluir da base tributável do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 824,61; no 3º trimestre de 2004, e R$ 220.145,00; no 4º trimestre de 2005; iii) excluir da base tributável do PIS e da Cofins os valores de R$ 824,61 em setembro de 2004, R$ 59.707,50 em novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro de 2005; e: iv) reduzir a multa de ofício ao percentual de setenta e cinco por cento (75%); e: II) em relação ao item 002 do auto de infração, por maioria de votos para anular, por vício formal, a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, formalizada com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Paulo Mateus Ciccone e Luiz Augusto de Souza Gonçalves que votaram pela inexistência de nulidade e pela apreciação do mérito do lançamento nesse item. ASSINADO DIGITALMENTE Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. EXTRATOS BANCÁRIOS. PROCEDIMENTO DE AUDITORIA. Ao estabelecer a presunção legal de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários sem comprovação de origem, o art. 42, da Lei nº 9.430/96 trouxe em seu bojo a necessidade de análise individual dos depósitos tidos como não comprovados. Tratase de requisito de procedibilidade que, se descumprido, compromete por vício formal o procedimento fiscal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS IDENTIFICADOS. TRIBUTAÇÃO. Os depósitos bancários identificados efetivamente como receita auferida não se subsumem ao rito do art. 42, da Lei nº 9.430/96, devendo ser tributados de acordo com as regras aplicáveis à sistemática de apuração do resultado da pessoa jurídica. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2003, 2004, 2005 CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Aplicase aos lançamentos reflexos o resultado do julgamento da exigência tida como principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário: I) em relação ao item 001 do auto de infração, por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 85 92 /2 00 8- 47 Fl. 7967DF CARF MF 2 unanimidade de votos, para: i) acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1º e 2º trimestres do anocalendário de 2003 e acolher a decadência do PIS e da Cofins em relação aos meses de janeiro a julho de 2003, inclusive; ii) excluir da base tributável do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 824,61; no 3º trimestre de 2004, e R$ 220.145,00; no 4º trimestre de 2005; iii) excluir da base tributável do PIS e da Cofins os valores de R$ 824,61 em setembro de 2004, R$ 59.707,50 em novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro de 2005; e: iv) reduzir a multa de ofício ao percentual de setenta e cinco por cento (75%); e: II) em relação ao item 002 do auto de infração, por maioria de votos para anular, por vício formal, a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, formalizada com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Vencidos os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Paulo Mateus Ciccone e Luiz Augusto de Souza Gonçalves que votaram pela inexistência de nulidade e pela apreciação do mérito do lançamento nesse item. ASSINADO DIGITALMENTE Leonardo de Andrade Couto – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 7968DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.968 3 Relatório Trata o presente de autos de infração para cobrança do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins nos montantes de R$ 2.433.492,84; R$ 747.360,59; R$ 180.111,60 e R$ 831.289,13; aí incluídos juros de mora e multa de ofício aplicada parte no percentual de 75% e parte no percentual de 150%. O trabalho fiscal teve como base o exame dos extratos bancários de titularidade do sujeito passivo em diversas instituições financeiras. De acordo com o Relatório de Atividade fiscal (RAF), em resposta à intimação para identificar a origem dos recursos creditados em contascorrentes bancárias de sua titularidade a interessada apresentou 6 (seis) justificativas: “cobrança a crédito de terceiros” (para futuro repasse ao cliente); “créditos originários de antecipação de receitas futuras”, “empréstimos”, “transferências de outras agências/banco”, “transferência de sócios” e “cobrança de receita de faturamento”. Em relação aos “créditos originários de antecipação de receitas futuras” e “cobrança de receita de faturamento” corresponderiam ao histórico “aviso de crédito” no Banco do Brasil e “desconto de duplicatas” no Banco Itaú. Pelo exame das notas fiscais a que se referem tais operações, a autoridade lançadora constatou que o período da prestação do serviço a que se referem é sempre anterior ao da emissão do documento fiscal. Assim, concluiu que o serviço já teria sido prestado ou ocorreu dentro do próprio mês. No entendimento do Fisco, os valores a que se referem corresponderiam a receitas de prestação de serviços. Tal fato também foi constatado no Banco Santander no anocalendário de 2003. Ainda no que se refere ao Banco Santander no anocalendário de 2003, os depósitos identificados como “transferência bancária” foram justificados pela interessada como reembolso de serviços de telemarketing, telefonia e comissão de vendas em decorrência de serviços prestados ao Banco Meridional. De acordo com a Fiscalização, não foram apresentados documentos hábeis e idôneos que comprovassem o alegado. Quanto aos valores indicados como “cobrança a crédito de terceiros”, a Fiscalização efetuou circularização junto aos clientes para os quais teriam sido prestados esses serviços e considerou como demonstrados os valores por eles informados como repasse. O restante foi tido como receita omitida. Foram também tributados como omissão de receita os valores relativos a “empréstimos”, “ transferências de outras agências/bancos” e “transferências de sócios” para os quais não houve comprovação de origem. Os valores identificados como “créditos originários de antecipação de receitas futuras” e “cobrança de receita de faturamento” foram tributados como omissão direta com imputação da multa de 150% justificada pela Fiscalização nos seguintes termos: [...] Os procedimentos adotados pela empresa fiscalizada descritos neste Relatório movimentação financeira significativamente superior aos valores declarados nas DJSI, mantendo algumas contas bancárias à margem da contabilidade, outras Fl. 7969DF CARF MF 4 escrituradas contabilmente de maneira que não condiz com a realidade da movimentação efetuada, infringindo o art. 190 do Regulamento do Imposto de Renda/99, ocultando grande parte de suas receitas nos anos calendário 2003 a 2005, pela omissão de parte significativa de suas receitas decorrentes de prestação de serviços e outras receitas, ficando comprovada a reiteração dessa conduta, caracterizando o evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71 e 72 da Lei n° 4.502/1964, justificando a multa qualificada para a omissão de receita apurada... Os valores originalmente informados como “cobrança a crédito de terceiros”, “empréstimos”, “ transferências de outras agências/bancos” e “transferências de sócios, mas que não foram identificados, sofreram tributação com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96 e multa de 75%. Tendo em vista que a contabilidade da fiscalizada não refletiria a real movimentação financeira, a apuração do resultado foi feita pelo lucro arbitrado. A interessada foi excluída do SIMPLES pelo que seria a prática reiterada de infração à legislação tributária, nos seguintes termos: [...] Conforme demonstrado no item 5, retro, o contribuinte manteve algumas contas bancárias à margem da contabilidade, outras escrituradas contabilmente de maneira que não representavam a realidade da movimentação financeira efetuada, tornando sua contabilidade imprestável, omitindo grande parte de suas receitas decorrentes de prestação de serviços, desde o mês de janeiro de 2003 até dezembro de 2005 (período sob fiscalização). [...] Foi apresentada impugnação onde a interessada suscita, em preliminar, a nulidade do feito por cerceamento do direito de defesa pela ausência de individualização dos valores tributados e pelo fato da pretensa omissão de receita ter sido extraída de uma fórmula não autorizada em lei. Ainda nesse tema, reclama pela demora no fornecimento das cópias dos autos, erros de grafia ou ausência de indicação dos números das contas bancárias e variadas denominações dadas às pretensas infrações. Argúi a decadência em relação a todos os tributos para os fatos geradores ocorridos até julho/2003. Reclama pelo que seria a irregular exclusão do SIMPLES, em função da não identificação da prática reiterada de infração à legislação tributária; e indevida tributação pelo lucro arbitrado pois não haveria que se falar em escrituração imprestável para apuração do lucro real no caso de empresa tributada pelo lucro presumido. No mérito, afirma que houve equívoco na quantificação da pretensa omissão de receita. Em relação ao item 001 do Auto de Infração, não teria sido identificado o fundamento legal da presunção, a identificação individualizada dos valores, quais as notas fiscais que teriam indicado a omissão e porque a omissão não teria sido indicada diretamente a partir dessas notas fiscais. Reclama que foram ignorados os esclarecimentos prestados a respeito da “antecipação de receita”. Quanto ao item 002 do Auto de Infração, afirma que decorre de uma nova presunção criada pela fiscalização, pois todos os depósitos bancários tiveram origem comprovada, afastando a imputação do art. 42, da Lei nº 9.430/96. Teriam sido consideradas Fl. 7970DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.969 5 variáveis não confiáveis, como as informações fornecidas pelos clientes. Cita como exemplo os valores repassados em 2005 que corresponderiam a R$ 2.336.091,81 e não a R$ 961.300,32. Ainda nesse item, questiona a ausência de individualização de valores e reafirma a ilegalidade da presunção utilizada, pois a totalidade da receita teria sido informada pelo conjunto de clientes. Sustenta que os valores relativos a empréstimos, transferências de outras agências/bancos e transferências de sócios não admitem a presunção de omissão de receitas. Requer a compensação dos valores recolhidos a título de SIMPLES e, por fim, reclama pela ausência de motivos que justifiquem a imputação da multa qualificada. Em primeira apreciação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre – RS (DRJ)converteu o julgamento em diligência para que a autoridade fiscal elaborasse a composição dos valores que estão consolidados na planilha indicativa do montante lançado, com reabertura do prazo de impugnação. A solicitação foi atendida com elaboração de planilhas detalhando individualmente os valores lançados, além de explicação resumida em relação aos repasses (créditos de terceiros). Instada a se manifestar quanto ao resultado da diligência, a interessada reitera em essência os argumentos expedidos na peça impugnatória principalmente no que se refere à ausência de individualização dos valores e à utilização de critério de presunção sem base legal. A DRJ prolatou o Acórdão 1034.674 dando provimento parcial à impugnação para deduzir da exigência o valor da multa incidente sobre os valores declarados no parcelamento especial. Devidamente cientificada, a interessada repisa as razões da impugnação e acrescenta que o depósitos tidos como omissão caracterizada como “antecipação de receita” correspondem a empréstimos bancários. Acrescenta a alegação de tributação em duplicidade de alguns valores. Este colegiado, em primeira apreciação, converteu o julgamento do recurso em diligência para que fossem verificadas alegações do sujeito passivo. Efetuada a diligência, a interessada sobre ela se manifestou ratificando as razões recursais. É o relatório. Fl. 7971DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso voluntário é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. Em preliminar, a interessada suscita a nulidade do feito tendo em vista que não foram informados individualizadamente os depósitos bancários tidos como não comprovados, implicando em cerceamento do direito de defesa. O art. 42, da Lei nº 9.430/96 assim estabelece: Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: [...] Pela texto supra afloram duas questões: a primeira delas referese ao § 2º estabelecendo que se os valores depositados forem identificados e tidos como receitas não oferecidas à tributação, serão objeto de lançamento sob as regras a que a pessoa jurídica estiver sujeita, ou seja, fora do âmbito do dispositivo supra transcrito. A segunda delas decorre do § 3º, no sentido de que a individualização dos depósitos é norma procedimental para apuração da exigência com base na presunção legal estabelecida. Conforme mencionado no relatório, o item 001 do Auto de Infração referese à formalização da exigência como omissão direta em relação aos valores dos depósitos sob a rubrica de “créditos originários de antecipação de receitas futuras” e “cobrança de receita de faturamento”. Fl. 7972DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.970 7 Isso porque, no entendimento da Fiscalização, as verificações efetuadas e as respostas do sujeito passivo aos questionamentos a ele dirigidos permitiram a identificação efetiva como receita daqueles valores. Assim, foram excluídos da tributação pela presunção legal do art. 42, da Lei nº 9.430/96. De outro lado, no item 002 do Auto de Infração foram tributados os depósitos com base na presunção legal de que trata o dispositivo em comento. À luz da norma legal em discussão aplicada ao presente caso, com base no § 2º assistiria razão ao sujeito passivo quanto à necessidade de individualização dos depósitos tributados, com a ressalva de que tal exigência só se aplica aos valores tratados no item 002, do Auto de Infração. Pelo exame dos autos constatase que a apuração da exigência, ainda que separada por instituição financeira, ocorreu de forma consolidada mensalmente o que dá razão ao sujeito passivo quanto ao prejuízo à defesa. Tal circunstância foi reconhecida pelo Órgão julgador de primeira instância que, em primeira apreciação, converteu o julgamento do recurso em diligência a fim de que fosse elaborada a composição individual dos valores lançados. Ainda que a autoridade julgadora tenha determinado a reabertura do prazo para impugnação após a realização da diligência, fato é que a formalização da exigência descumpriu rito expressamente previsto em lei formal. A meu ver, a diligência não supre a irregularidade. Assim, voto pela anulação por vício formal da autuação referente ao item 002 do Termo de Verificação. Quanto ao item 001 do Auto de Infração não há que se falar em prejuízo à defesa. Como não foram atingidos pela exigência da individualização, eis que a tributação não teve como base o art. 42, da Lei nº 9.430/96, inexiste óbice para a consolidação mensal dos valores. Além do mais, a Fiscalização deixou claro que seriam receitas todos os valores identificados pela própria interessada como “créditos originários de antecipação de receitas futuras” e “cobrança de receita de faturamento”, o que permitiria ao sujeito passivo identificar plenamente os valores tributados. Quanto a esse item, a realização da diligência com individualização de valores, ainda que não exigida por lei, permitiu ao sujeito passivo o amplo direito de defesa. Portanto, em relação ao item 001 do Auto de Infração não há que se falar em apuração com base em fórmula não autorizada em lei nem impossibilidade de identificação dos valores tributados. Ainda na contestação direcionada ao cerceamento da defesa, a questão da demora no fornecimento de cópia do processo foi suprida com abertura do prazo para manifestação quando da realização da primeira diligência. Não foram especificados na peça recursal quais seriam os erros de grafia cometidos pelo Fisco na indicação das contas correntes e, mais importante, de que forma teria Fl. 7973DF CARF MF 8 ocorrido prejuízo à defesa. O mesmo se aplica às denominações dadas às infrações que, a meu ver, estão perfeitamente definidas e identificadas. Em relação à exclusão do SIMPLES, rejeito o argumento de defesa pela inexistência do contraditório eis que foram apresentadas regularmente as peças de defesa estabelecidas na legislação que rege o processo administrativo tributário. Improcedente também a afirmativa de que não teria sido indicada a prática reiterada de infração tributária que motivou a exclusão. Nesse ponto, tem direito o sujeito passivo de contestar os motivos apresentados pela Fiscalização, o que seria questão de mérito neste voto, mas o Termo de Verificação deixa claro o que se entendeu como prática reiterada de infração tributária (item 3.4). Quanto ao arbitramento, a Representação Fiscal para Exclusão do Simples, o Ato Declaratório Executivo que formalizou a exclusão, a Notificação que cientificou o sujeito passivo da exclusão e o Relatório de Atividade Fiscal deixam claro que a exclusão foi decorrente da prática reiterada de infração tributária. Assim uma única menção a lucro real no auto de infração não pode dar azo à descaracterização do procedimento fiscal. No mérito, em relação ao item 001 do auto de infração o recurso voluntário afirma que os valores identificados como "antecipação de receita" correspondem a empréstimos tomados em instituições financeiras para suprir a necessidade de caixa. Durante o procedimento fiscal, na resposta à intimação para justificar a origem dos valores depositados em contacorrente, a interessada estabeleceu uma convenção com base no quantitativo do símbolo "#", nos seguinte moldes: # cobrança a crédito de terceiros (para futuro repasse ao cliente) ## créditos originários de antecipação de receita futura ### empréstimos #### transferências de outras agências/bancos ##### transferência de sócios ###### cobrança de receita de faturamento Essa convenção foi aplicada nas justificativas apresentadas. Assim, o trabalho fiscal desenvolveuse a partir de definições feitas pela própria interessada. Os valores que a Fiscalização tratou como antecipação de receitas foram aqueles codificados pela interessada com "##" em todas as instituições financeiras. De acordo com item 4.2 do Relatório de Ação Fiscal, a representante do sujeito passivo informou que esses depósitos representariam "..depósitos dos clientes mediante projeção dos valores (receita de serviços prestados) que receberiam, como por exemplo, duplicatas descontadas." A interessada afirma que os esclarecimentos prestados às fls. 465/466 deixariam claro que os valores em discussão referemse a empréstimos, quando na verdade tais esclarecimentos dizem exatamente o que foi informado. Transcrevemse as conclusões da Fiscalização (destaque do original): [...] Ao confrontarmos algumas notas fiscais emitidas pela ABS em favor das empresas circularizadas, constatamos que os valores constantes das notas fiscais, os quais constam como créditos nas contas correntes movimentadas pelo contribuinte, foram identificadas por esse como "créditos originários de antecipação de receita futura e "cobrança de receita de faturamento". Ao analisarmos o histórico da movimentação financeira desses créditos, verificamos que eles correspondem a Fl. 7974DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.971 9 "aviso de crédito" no Banco do Brasil e, no Banco Itaú, "desconto de duplicatas". Ainda analisando algumas dessas notas fiscais, verificamos que no campo descriminação de serviços consta a informação "serviços prestados de telemarketing", "serviços de cobrança extrajudicial" e/ou "prestação de serviços de cobrança" há a informação do período da prestação de serviço, o qual é sempre anterior a da emissão da nota fiscal, ou dentro da mês da emissão da nota fiscal, portanto a prestação de serviço já ocorreu ou ocorreu dentro do próprio mês tratandose então de receita decorrente de prestação de serviços/ faturamento. [...] . Ressaltese ainda que tanto na impugnação como na manifestação sobre a primeira diligência (realizada por determinação da decisão recorrida) a interessada não faz qualquer juízo de valor quanto à natureza dos depósitos ora em discussão, apresentando exclusivamente questionamentos de natureza formal ou supostos erros de cálculo. Agora, no recurso voluntário são trazidas alegações totalmente diferentes daquelas apresentadas durante o procedimento fiscal no sentido de que os valores creditados representariam financiamento. Nova diligência foi determinada, agora pelo CARF, para que fossem examinados os documentos que comprovariam as operações de financiamento. Em atendimento, a autoridade responsável esclareceu que os documentos apresentados representariam descontos de duplicatas. No meu entender, a manifestação da interessada quanto ao resultado da diligência não trouxe argumentos que pudessem elidir a conclusão a que chegou a autoridade lançadora, corroborada pela diligência. Seria necessário, ao menos, que se relacionasse algum contrato de financiamento aos valores depositados, ainda que não individualmente. Sob essa ótica, a defesa cita a conta 54585 no Banco do Brasil e faz várias considerações para sustentar que os documentos trazidos no recurso voluntário demonstrariam o alegado. Examinei os documentos e não constatei um caso sequer em que fosse possível associar algum depósito tido como receita a valores de financiamento. Salientese ainda que não houve maior esforço da defesa em apresentar uma planilha que indicasse COM CLAREZA a ligação entre os valores depositados e algum contrato de financiamento. A alegação se repete em relação ao Banco Itaú com a afirmativa de que os valores tributados sob a rubrica "antecipação de receita" em 2004 e 2005 teriam origem em operações de empréstimos. Aqui também a defesa não se preocupou em vincular os depósitos tributados a valores de financiamento. Ainda no que se refere ao Banco Itaú, especificamente no anocalendário de 2005, o relatório de diligência reconheceu o excesso decorrente da utilização na apuração fiscal de valores das denominadas contas internas. A partir do exame dos extratos bancários, deve ser excluído da base de cálculo do IRPJ e da CSLL no 4º trimestre de 2005 o montante de R$ 220.145,00 (59.707,50 + 30.210,00 + 30.210,00 + 22.367,75 + 22.367,75 + 2.641,00 + 2.641,00 + 50.000,00). No caso do PIS e da Cofins, a exclusão corresponderia a R$ 59.707,50 no mês de novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro. Em relação ao Banco Santander, a defesa contesta os depósitos no valor de R$ 3.865,67; em 14/08/2003, e R$ 947,38; em 10/10/2003. O primeiro deles estaria vinculado a empréstimo,mas o único documento apresentado como comprovante é o próprio extrato bancário, lembrando que durante o procedimento fiscal a interessada registrou nesse mesmo Fl. 7975DF CARF MF 10 extrato que o valor em questão representava adiantamentos de receita futura o que também se aplicaria ao valor de R$ 947,38. Nesse último caso a recorrente indicou que representaria cobrança e repasse a cliente NET, mas na mesma linha do outro valor contestado, só apresentou o próprio extrato como comprovante. Quanto ao Banco HSBC a defesa limitase a afirmar que o Fisco orientouse pelo histórico do lançamento para inferir que representariam omissão de receitas, sem especificar as razões que levaram a essa conclusão. Nesse ponto, ratificase que o procedimento fiscal teve como ponto de partida informações prestadas pelo sujeito passivo quanto à natureza dos depósitos e foi devidamente explicado conforme se verifica na transcrição no início deste voto. O mesmo se aplica às razões de defesa em relação ao Unibanco. Com relação às operações identificadas como desconto de duplicatas, já foi mencionado em momento anterior deste voto que o relatório de diligência deixou claro que não se tratava de financiamento. Ratificase que a manifestação da interessada quanto ao resultado da diligência não trouxe argumentos que pudessem elidir a conclusão a que chegou a autoridade lançadora, corroborada pela diligência. Seria necessário, ao menos, que se relacionasse algum contrato de financiamento aos valores depositados, ainda que não individualmente. As alegações de defesa envolvem apenas os lançamentos nos extratos, sem identidade de valores entre débitos e créditos e sem outros elementos de prova que pudessem atestar o suscitado, lembrando sempre que as conclusões do Fisco tiveram como base informações prestadas pela interessada. Assim, também não foram demonstradas as alegações dos valores apresentados pelo sujeito passivo como exemplo (R$ 3.386,65; R$ 2.790,61, R$ 6.968,43 e R$ 762,53). Excepcionase o valor de R$ 824,61 (28/09/2004) que comprovadamente foi estornado e deve ser excluído da base de cálculo. Quanto aos valores intitulados "cobrança de receita de faturamento" saliente se mais uma vez que a própria representante da interessada definiuos como tal. Sob esse prisma, descabe suscitar a ausência de fundamentação legal para tratar os créditos como receita. A "dedução matemática" expressa na peça recursal e que tornaria o lançamento insubsistente, não tem qualquer nexo. Comprovada a omissão de receita direta, justificase a exclusão do SIMPLES nos termos do entendimento fiscal: [...] demonstrado neste relatório, o contribuinte não escriturou contabilmente todas as movimentações financeiras efetuadas por ele durante os anoscalendário de 2003 a 2005; não ofereceu a tributação valores expressivos de receitas de faturamento (valores identificados pelo próprio contribuinte como antecipação de receitas e receita de faturamento) e outras receitas, incidindo em prática reiterada de infração à legislação tributária, nos termos do artigo 14, inciso V, da Lei 9.317/96, fato que acarreta a exclusão de ofício do SIMPLES... [...] No que se refere à compensação dos valores pagos a título de SIMPLES, foi suprida pela decisão recorrida. Fl. 7976DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.972 11 Relativamente à multa qualificada, foi justificada pela autoridade lançadora nos seguintes termos: Os procedimentos adotados pela empresa fiscalizada descritos neste Relatório movimentação financeira significativamente superior aos valores declarados nas DJSI, mantendo algumas conta bancárias à margem da contabilidade, outras escrituradas contabilmente de maneira que não condiz com a realidade da movimentação efetuada, infringindo o art. 190 do Regulamento do Imposto de Renda/99, ocultando grande parte de suas receitas nos anos calendário 2003 a 2005, pela omissão de parte significativa de suas receitas decorrentes de prestação de serviços e outras receitas, ficando comprovada a reiteração dessa conduta, caracterizando o evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71 e 72 da Lei n° 4.502/1964, justificando a multa qualificada para a omissão de receita apurada conforme item 4.2.1, os quais constam do demonstrativo dos valores das receitas omitidas, coluna 3, contido nas páginas 16 e 17. Pela descrição supra, constatase que a principal razão para a imputação da exasperadora foi a denominada “reiteração da conduta”. Em outros termos, a irregularidade vista individualmente seria tida como omissão de receita sujeita a multa de setenta e cinco por cento (75%). A “prática reiterada” demandaria duas considerações. A primeira delas seria estabelecer o que seria a reiteração. Para alguns, na linha da autoridade responsável pelo procedimento fiscal, a presença da irregularidade em três anoscalendário bastaria para essa caracterização. Outros talvez entendam que, na hipótese de pessoa jurídica com apuração trimestral de resultado como é o caso, a ocorrência do ilícito nos quatro trimestres de um ano calendário seriam suficientes. O que me parece claro é que tal conceito envolve um alto nível de subjetividade que o torna insuficiente para determinar a ocorrência da fraude. Até porque basta uma conduta fraudulenta específica para justificar a qualificação da multa, independentemente de sua repetição ou reiteração. Por outro lado pareceme insofismável que se uma irregularidade tributária não é tipificada como fraude, o fato de ser reiterada não a torna fraudulenta. No presente caso, ressaltando que a análise referese ao item 001 do Auto de Infração, não foram indicadas outras razões para a qualificação da multa, motivo pelo qual entendo aplicável a Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Portanto, voto por reduzir a multa ao percentual de 75%. Em relação à decadência, comprovada a existência de pagamentos, ainda que parciais, e desqualificada a multa de ofício, aplicase ao caso a regras de contagem do prazo estabelecida no § 4º, do art. 150, do CTN. Com ciência da autuação em 13/08/2008, foram atingidos pela caducidade os fatos geradores ocorridos até 13/08/2003 o que abrangeria, no caso do IRPJ e CSLL, os dois primeiros trimetres de 2003; e, no caso do PIS e da Cofins, os meses de janeiro a julho de 2003, inclusive. Fl. 7977DF CARF MF 12 Em resumo do meu posiciomento, conduzo meu voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso nos seguintes moldes: 1) Anular, por vício formal, a exigência do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, formalizada com base no art. 42, da Lei nº 9.430/96, correspondente ao item 002, do Auto de Infração; 2) Quanto ao item 001 do Auto de Infração: · Acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1º e 2º trimestres do anocalendário de 2003; · Acolher a decadência do PIS e da Cofins em relação aos meses de janeiro a julho de 2003, inclusive; · Excluir da base tributável do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 824,61; no 3º trimestre de 2004, e R$ 220.145,00; no 4º trimestre de 2005; · Excluir da base tributável do PIS e da Cofins os valores de R$ 824,61 em setembro de 2004, R$ 59.707,50 em novembro de 2005 e R$ 160.437,50 em dezembro de 2005; · Reduzir a multa de ofício ao percentual de setenta e cinco por cento (75%). Na hipótese de ser vencido pelos meus pares quanto ao vício normal que maculou o lançamento referente ao item 002 do auto de infração, no mérito em relação a esse item, as razões de defesa merecem guarida apenas em parte. De imediato, registrese que não há que se falar nesse item em receita identificada. As denominações "cobrança a crédito de terceiros”, “empréstimos”, “ transferências de outras agências/bancos” e “transferências de sócios" foram estipuladas pelo sujeito passivo, mas não tiveram embasamento documental que identificasse com precisão a operação a que se referiam, exceto quanto à parcela dos valores correspondentes a "créditos de terceiros" identificada mediante circularização e devidamente excluída do lançamento. Correto, portanto, o enquadramento da infração no art. 42, da Lei nº 9.430/96. Como dito acima, não procede o argumento de defesa no sentido de que "todos" os valores sob a rubrica "créditos de terceiros" tenha sido reconhecida como tal. Isso só ocorreu em relação àqueles demonstrados mediante circularização. Ainda nessa rubrica, a compensação efetuada pela Fiscalização, apropriando nos meses seguintes a diferença a maior entre repasse informado por terceiros e o alegado pela interessada, foi coerente com o critério adotado e beneficiou o sujeito passivo. Não se vislumbra qualquer nulidade. Quantos aos documentos apresentados na peça recursal (Anexo IV), foram analisados em procedimento de diligência e tidos como inábeis a demonstrar os equívocos suscitados. Fl. 7978DF CARF MF Processo nº 11080.008592/200847 Acórdão n.º 1402002.383 S1C4T2 Fl. 7.973 13 Com relação às "transferências não comprovadas" ratificase que as denominações "cobrança a crédito de terceiros”, “empréstimos”, “ transferências de outras agências/bancos” e “transferências de sócios" foram estipuladas pelo sujeito passivo, mas nem sempre tiveram embasamento documental que identificasse com precisão a operação a que se referiam. Portanto, não haveria motivo para ,em princípio, excluílos da presunção legal. No procedimento de diligência foram examinados os documentos apresentados no recurso (Anexo V) e que, no dizer do sujeito passivo, demonstrariam os depósitos indicativos de simples transferência. Parte foi acatada pela autoridade responsável em conclusão aqui endossada. Excluemse, portanto, da base tributável os valores indicados no Anexo Único ao relatório de diligência. Em relação aos valores identificados pelo sujeito passivo como "transferências de sócios" possuem em sua maior parte o histórico no extrato bancário de TRANSFERÊNCIA ONLINE ou DEPÓSITO CHEQUE LIBERADO". Sendo assim, não há qualquer indicativo ou documento que identifique tais valores como decorrentes de depósitos feitos pelos sócios. Quanto aos depósitos sob a rubrica "empréstimos" não foram apresentados documentos comprobatórios das alegações. Salientese, mais uma vez, que esta análise quanto aos valores tributados sob a égide do art. 42, da Lei nº 9.430/96 só tem aplicabilidade se superada a preliminar de nulidade procedimental quanto a esse item. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 7979DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.736321/2012-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008
PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIDO. PRESCINDIBILIDADE.
Da análise do caso concreto, o julgador administrativo pode considerar desnecessária a realização de perícia quando os elementos constantes nos autos se mostrarem suficientes para a solução da controvérsia ou quando o dever de apresentá-los seja exclusivo das partes.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008
GLOSA DE DESPESA DESNECESSÁRIA. EMISSÃO PÚBLICA DE TÍTULO. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS.
Não se configura como uma despesa operacional usual ou normal, muito menos necessária, a cobrança de taxa advinda de operação de intermediação (corretagem) que não é imprescindível para as atividades da empresa.
Uma despesa é necessária quando caracterizada por seu propósito empresarial, ou seja, quando é necessária à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Sua comprovação é atestada por meio de escrituração contábil embasada em documentação hábil e idônea.
GLOSA DE DESPESAS COM IOF. ASSUNÇÃO DA DESPESA PELA MUTUANTE. LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE CARACTERIZADA.
O IOF é uma despesa do mutuário, cabendo ao mutuante apenas sua retenção. Porém, se em acordo firmado entre as partes (mutuário e mutuante) restar consignado que o valor do IOF incidente sobre os mútuos será assumido pelo mutuante, a despesa que é, legalmente, de responsabilidade da mutuária, será indedutível.
ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL. DESPESA INDEDUTÍVEL.
Na apuração do lucro para fins de incidência do IRPJ e CSLL, considerando que não ocorreu o pagamento ao credor (vencido e não pago) dos encargos devidos, há norma expressa (art. 11, § 3º, Lei 9.430/96) determinando que sejam adicionados ao LALUR.
LUCRO REAL. REVERSÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO. ADIÇÃO NO LALUR. INOCORRÊNCIA.
Nos termos do art. 4º, da Lei 9.959/2000 e art. 24, do DL 1.598/77, regulamentado pelo art. 390, do RIR/99, a Reserva de Reavaliação será computada em conta de resultado ou na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.CSLL.
Tratando-se de exigência reflexa, que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do IRPJ, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão dos decorrentes.
Numero da decisão: 1402-002.414
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar o pedido de perícia e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório de voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Demetrius Nichele Macei - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil De Oliveira Pinto.
Nome do relator: DEMETRIUS NICHELE MACEI
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INDEFERIDO. PRESCINDIBILIDADE. Da análise do caso concreto, o julgador administrativo pode considerar desnecessária a realização de perícia quando os elementos constantes nos autos se mostrarem suficientes para a solução da controvérsia ou quando o dever de apresentálos seja exclusivo das partes. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 GLOSA DE DESPESA DESNECESSÁRIA. EMISSÃO PÚBLICA DE TÍTULO. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. Não se configura como uma despesa operacional usual ou normal, muito menos necessária, a cobrança de taxa advinda de operação de intermediação (corretagem) que não é imprescindível para as atividades da empresa. Uma despesa é necessária quando caracterizada por seu propósito empresarial, ou seja, quando é necessária à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. Sua comprovação é atestada por meio de escrituração contábil embasada em documentação hábil e idônea. GLOSA DE DESPESAS COM IOF. ASSUNÇÃO DA DESPESA PELA MUTUANTE. LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE CARACTERIZADA. O IOF é uma despesa do mutuário, cabendo ao mutuante apenas sua retenção. Porém, se em acordo firmado entre as partes (mutuário e mutuante) restar consignado que o valor do IOF incidente sobre os mútuos será assumido pelo mutuante, a despesa que é, legalmente, de responsabilidade da mutuária, será indedutível. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 63 21 /2 01 2- 61 Fl. 713DF CARF MF 2 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NO LUCRO REAL. DESPESA INDEDUTÍVEL. Na apuração do lucro para fins de incidência do IRPJ e CSLL, considerando que não ocorreu o pagamento ao credor (vencido e não pago) dos encargos devidos, há norma expressa (art. 11, § 3º, Lei 9.430/96) determinando que sejam adicionados ao LALUR. LUCRO REAL. REVERSÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO. ADIÇÃO NO LALUR. INOCORRÊNCIA. Nos termos do art. 4º, da Lei 9.959/2000 e art. 24, do DL 1.598/77, regulamentado pelo art. 390, do RIR/99, a Reserva de Reavaliação será computada em conta de resultado ou na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado. TRIBUTAÇÃO REFLEXA.CSLL. Tratandose de exigência reflexa, que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do IRPJ, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão dos decorrentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar o pedido de perícia e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório de voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente justificadamente o Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Fernando Brasil De Oliveira Pinto. Fl. 714DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 713 3 Relatório Adoto o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Rio de Janeiro, com as devidas atualizações. Trata o processo de autos de infração lavrados pela DRF PORTO ALEGRE, exigindo da Interessada, acima identificada, o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, (IRPJ), e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, (CSLL), respectivamente, nos valores de R$ 2.784.546,47 e R$ 1.011.076,73, acrescidos de multa de ofício de 75%, com juros de mora calculados até 12.2012. Na descrição dos fatos consta que foram detectadas as seguintes infrações: Infração 0001. Despesas não necessárias; Infração 0002. Adições não computadas no lucro real. Despesa indedutível; Infração 0003. Adições não computadas no lucro real. Reavaliação de bens. Consta no Relatório Fiscal o que segue. Infração 0001. Glosa de despesas de intermediação na aquisição de debêntures: 1* após ser intimada para que justificasse a necessidade de tais despesas e apresentasse a documentação comprobatória, a Interessada informou que, em 2007, detinha crédito financeiro junto a órgãos estaduais (DAER) decorrente da prestação de serviços realizados e não pagos nos vencimentos; 2* comunicou a Interessada que, no mesmo ano, a Caixa de Administração da Dívida Pública Estadual S/A (CADIP) procedeu a emissão de R$ 130 milhões em debêntures, por oferta pública registrada na CVM; informou também a Interessada que a Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas (AREOP) representou as construtoras credoras do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), nesta operação, sendo que as debêntures foram subscritas em nome da AREOP a qual mantém as debêntures sob custódia, pelo que, forneceu declaração em 10 de março de 2008; 1* as debêntures foram adquiridas em nome da AREOP, pois a CADIP (Caixa de Assistência da Divida Pública Estadual S/A) não aceitou emitir os títulos para cada empreiteiro, motivo pelo qual foi necessário que a AREOP representasse neste ato os associados; 2* acrescentou a Interessada que, mensalmente, realizou pagamentos de taxas para a AREOP, denominadas FASPACE, devidas pela intermediação da operação, cujos valores foram devidamente registrados na conta 4.2.01.01.601848 Taxas, Custas Fl. 715DF CARF MF 4 e Emolumentos e encontramse amparados por recibos numerados e com o CNPJ da AREOP; nenhum documento foi apresentado; entendeu a Fiscalização que tratouse de uma despesa não necessária, uma vez que a emissão do título foi pública, não necessitando de nenhuma intermediação; informou a Fiscalização que, em todas as aquisições, foram apropriadas despesas mensais decorrentes de pagamentos de taxas para a AREOP, denominadas FASPACE, a um percentual do montante dos títulos adquiridos; 1* concluiu a Fiscalização que tais despesas caracterizam liberalidade tendo sido glosados os valores demonstrados às fls.419/420. Glosa de despesas de IOF assumido por liberalidade: 2* a conta 4.2.01.01.630106 IOF/IOC Bancários possui lançamentos de despesa de IOF incidente sobre mútuos ativos de 2008; 3* tendo por base que o IOF é uma despesa do mutuário, cabendo ao mutuante apenas a retenção, a Interessada foi intimada a justificar a contabilização desta despesa; 4* em resposta, a Interessada informou que foi firmado um acordo entre as partes (mutuário e mutuante) de que o valor do IOF incidente sobre os mútuos seria assumido pela mutuante (Construtora Sultepa S/A), razão pela qual o imposto foi registrado como despesa; foram anexadas cópias de todos os recolhimentos de IOF efetuados; com fundamento no artigo 4o do Decreto 6306 de 14/12/2007 (Lei 8894/94, art. 3o, inciso I e a Lei 9532/97, art. 58), no artigo 5o, inciso III do Decreto 6306/2007 (Lei 9779/99, artigo 13, parágrafo 2o), e no artigo 123 do CTN, foi glosada a despesa por caracterizar mera liberalidade; os valores estão demonstrados às fls.433/434. Infração 0002. Adições não computadas no lucro real. Despesa indedutível. Foi verificada a falta de adição de valores negociados com credores referentes a juros e encargos sobre empréstimos e títulos em atraso. Tal fato decorreu da existência de contas no passivo que recebiam lançamentos a crédito, relativamente a juros, multas e outros encargos financeiros, indicando trataremse de dívidas não pagas pela Interessada. A Interessada foi intimada a informar se os valores de juros e multas sobre empréstimos com instituições financeiras, (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Citibank) e títulos de credores, (Remar Distribuidora de Asfalto Ltda e Betunel Indústria e Comércio Ltda) não pagos foram adicionados ao Lucro Real, uma vez que o caso se subordina ao que determina o artigo 342 do RIR/99, artigo 11, parágrafo 3°., e artigo 28, da Lei n°.9.430/96. Fl. 716DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 714 5 Com base nos dispositivos legais acima mencionados, concluiu a Fiscalização que todos os valores computados como despesa após a data da citação judicial do processo de cobrança ou execução de débito devem ser adicionados no LALUR e na Base de Cálculo da CSLL. Assim, quanto a cada uma das dívidas foi constatado o que segue. Passivo com o Banco do Brasil: a data da citação judicial do processo de cobrança ou execução de débito foi 22/12/2004; 5* foram registrados na contabilidade como encargos financeiros dos exercícios de 2007 e 2008, respectivamente, os valores de R$ 4.652.320,24 e R$ 3.137.228,03, que devem ser adicionados no LALUR e Base de Cálculo da CSLL; 6* por outro lado, em decorrência de leilões, repactuações e descontos concedidos pelo credor à Interessada, determinados montantes foram debitados à respectiva conta de passivo, devendo assim, os valores apresentados às fls.422/423 serem excluídos no LALUR e Base de Cálculo da CSLL, conforme explicitado às mesmas fls.422/423; 1* consta no anexo de fls.435, as adições e exclusões realizadas pela Fiscalização. Passivo com a Caixa Econômica Federal: 2* a data da citação judicial do processo de cobrança ou execução do débito foi 23/08/2007; 3* assim, todas as despesas contabilizadas em 01/09/2007 foram adicionadas no LALUR e na Base de Cálculo da CSLL; 4* foram adicionados os valores de R$1.261.424,03 (despesas do período de 01/09 a 31/12/2007) e R$4.611.315,09 (despesas de 01/01 a 31/12/2008), uma vez que foram registrados na contabilidade como encargos financeiros dos exercícios de 2007 e 2008, respectivamente; 5* a Interessada realizou uma negociação de seu débito junto à CEF em 07/05/2010, o qual gerou uma reversão de encargos financeiros de R$22.331.057,89, em razão do desconto concedido pela instituição, o qual, segundo a Interessada, foi registrado em conta de resultado tributável, sem exclusão no LALUR; 6* se este montante representou o único pagamento ou baixa de empréstimo, caberia a exclusão do IR e da CSLL do valor proporcional a quitação do débito, em 2010; 7* como apurou prejuízo fiscal, concluiu a Fiscalização que não caberia o tratamento de postergação do imposto. Passivo com o Citibank: Fl. 717DF CARF MF 6 a data da citação judicial do processo de execução ou cobrança do débito foi 09/06/2000; 8* assim, todas as despesas contabilizadas em 2007 e 2008 foram adicionadas no LALUR e na Base de Cálculo da CSLL; 9* foram adicionados os valores de R$ 55.122,72 e R$ 14.822,77 registrados nos exercícios de 2007 e 2008 na conta de passivo do Citibank contrato 19749 e R$ 49.668,23 e R$ 13.356,04 registrados nos exercícios de 2007 e 2008 na conta de passivo do Citibank contrato 21001, referentes a encargos financeiros dos períodos citados; 10* por outro lado, em decorrência de desconto financeiro e parcelamento concedidos pelo credor, determinados montantes foram debitados à respectiva conta de passivo, devendo assim, os valores apresentados às fls.425 serem excluídos no LALUR e Base de Cálculo da CSLL, conforme explicitado na mesma fls.425; consta no anexo de fls.436, as adições e exclusões realizadas pela Fiscalização. Passivo com a Remar Distribuidora de Asfalto Ltda: 3* foram adicionados os valores de R$ 264.001,65 e R$ 183.361,82, uma vez que foram registrados na contabilidade como encargos financeiros dos exercícios de 2007 e 2008, respectivamente; 4* os pagamentos e descontos obtidos nos anos 2010 e 2011 foram as únicas baixas ocorridas nesta dívida; 5* cabe a exclusão na apuração do IR e da CSLL do valor proporcional à baixa do débito nestes anos; 6* contudo, como a Interessada apurou prejuízo em 2010 e 2011, não cabe o tratamento de postergação do imposto. Passivo com a Betunel Indústria e Comércio Ltda: 7* conforme a Interessada, a dívida com a Betunel foi ajuizada em 24/11/2003; 8* as partes fizeram acordo sobre a forma de pagamento em 17/01/2007, que prevê que o pagamento da dívida junto a Betunel fica vinculado ao recebimento de precatório do qual a Interessada é credora; 9* a Interessada, desde então, vem registrando a dívida nos mesmos índices que atualiza os precatórios; 10* acordouse que, se por ocasião do recebimento do precatório, este for inferior aos índices previstos no acordo, a Interessada deveria efetuar o pagamento complementar 10 dias após a liberação dos precatórios; 11* foram autuados os valores de R$ 1.797.036,14 e R$ 2.108.578,31, uma vez que foram registrados na contabilidade como encargos financeiros dos exercícios de 2007 e 2008, respectivamente; 12* como o acordo prevê o pagamento por ocasião do recebimento do precatório e este ainda não aconteceu, não há exclusão de qualquer parcela nos anoscalendário 2007 e 2008. Fl. 718DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 715 7 Às fls. 427/428 consta demonstrativo final das adições e exclusões referentes à esta infração. Infração 0003. Adições não computadas no lucro real. Reavaliação de bens. em 30/09/2007, a Interessada transferiu R$ 6.717.523,98 da conta 2.4.02.03.203594 Reaval. Sulcatarinense Ltda e R$3.931.329,20 da conta 2.4.02.03.203594 PN Turismo para a conta de lucros acumulados; estes valores não foram adicionados na apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL; intimada a apresentar a documentação comprobatória e a justificar a falta de adição na base de cálculo dos tributos, a Interessada informou que não efetuou a adição da realização da reserva de reavaliação reflexa ao alienar sua participação societária, pois esta realização não seria fato gerador de IRPJ e CSLL, mas sim mero ajuste contábil sem efeito no resultado; a documentação apresentada pela Interessada está descrita às fls.429/430; com base nesta documentação, relatou a Fiscalização que houve a realização (alienação, baixa ou liquidação), pela Interessada de parte do investimento na Sulcatarinense Mineração, Artefatos de Cimento, Britagem e Construção Ltda, no percentual de 93,39%, conforme detalhado às fls.429/431; com base na mesma documentação, concluiu que ocorreu para a Interessada aumento do ativo (recebimento de bens ou direitos) e redução no passivo (assunção de dívida por terceiro) por conta da baixa do investimento, cujo valor patrimonial era composto também por reserva de reavaliação; assim, com fundamento no art. 390, § 2°, do RIR/99; art. 2o, § 1°, alínea "c", item "2", da Lei n° 7.689/88; e art. 4o da Lei n° 9.959/2000, a Fiscalização procedeu à adição de 93,39% da reserva de reavaliação reflexa transferida para lucros acumulados, em 30/09/2007, isto é, 93,39% de R$10.648.853,18 = R$9.944.963,98. ....... Inconformada com o crédito tributário originado da ação fiscal da qual teve ciência do lançamento em 19/12/2012, a Interessada apresentou em 18/01/2013 impugnações ao IRPJ e à CSLL, fls.467/482 e 537/552, instruídas por documentos, nas quais argúi: 1* quanto à infração 0001, as despesas foram necessárias, uma vez que referiramse à comissão paga à AREOP Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas por ocasião da operação para pagamento da dívida que o DAER mantinha com a Interessada e outras empreiteiras; 2* o setor da construção pesada é um dos mais, se não o mais sensível setor da economia, no que diz respeito às relações governamentais; Fl. 719DF CARF MF 8 3* além dos valores elevados das obras públicas decididas pelos governos, sempre objeto de contestação de algum grupo, como é próprio do regime democrático, essas empresas dependem umbilicalmente do Estado, em suas três esferas, mas sempre com a preponderância do Estado federado, em razão de quase a totalidade de seus serviços serem prestados para órgãos governamentais; a relação, assim, é delicada e tormentosa, agravada pela eventual impossibilidade de o Estado saldar as faturas das obras, gerando naturais conflitos e impossibilidades de resgate de compromissos, em cadeia que termina se estendendo aos fornecedores das empreiteiras; a AREOP existe, entre outras funções, para justamente intermediar essas relações; 13* para os governos, igualmente, resta facilitada a tarefa da negociação, na medida em que pode realizar a interlocução com apenas um representante das empreiteiras, em prol da boa continuidade das obras e da manutenção, na medida do possível, da higidez financeira das empresas, como ocorreu no caso aqui debatido; 14* no presente caso, a forma de pagamento proposta pelo Estado resultou numa engenharia financeira consistente na aquisição de debêntures da CADIP Caixa de Assistência da Dívida Pública Estadual S.A, que é uma sociedade de economia mista, controlada pelo Estado do Rio Grande do Sul, e tem por finalidade auxiliar o Tesouro Estadual na administração da dívida pública; 15* para isso, está autorizada a emitir debêntures para possibilitar, ainda que indiretamente, o pagamento de credores do Estado ou, como no caso presente, credores do DAER conforme reza seu Estatuto Social; 16* o FASPACE é um fundo criado pelas empreiteiras do Rio Grande do Sul no âmbito da AREOP, com o objetivo de segregar receitas da entidade para fins específicos, como por exemplo a ampliação ou aquisição da nova sede, receitas essas advindas de atividades também relacionadas no Regulamento do FASPACE (doc. 02), conforme transcrito às fls.468; 17* as empresas outorgam uma procuração (doc.03) para a AREOP, com a finalidade específica de receber os valores do DAER e, automática e como predeterminado pelo Estado, adquirir as debêntures da CADIP, fazendo com o que os valores voltem imediatamente para o Tesouro Estadual via CADIP mas permitindo a negociação dos títulos pelas empresas no mercado, aliviando, assim, a situação de premência financeira dessas e, ao mesmo tempo, mantendo hígido o Tesouro Estadual; 18* a declaração firmada pela AREOP (doc.04) comprova os fatos relatados; 19* a intermediação da AREOP não se deu para a mera aquisição de debêntures; 20* como visto, a atuação da AREOP foi mais complexa, pois, primeiro recebe os valores do DAER, negociados exaustivamente com o Governo, sob a condição expressa de adquirir, ato contínuo, as debêntures, que depois são negociadas também em blocos pela AREOP, alcançando melhor condição de negócio para as empresas, sem contudo evitar o evidente "deságio" entre o Fl. 720DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 716 9 valor de face das debêntures e a efetiva receita, ao final, decorrente da venda desses títulos; 21* por tudo isso, a intermediação da AREOP e do fundo FASPACE, foi necessária, bem como as operações concernentes, havendo de se considerar o pagamento da comissão à AREOP (FASPACE), plenamente justificável e necessário; 22* quanto à glosa referente a despesas de IOF, a Lei 9779/99 apenas determina a responsabilidade pelo recolhimento e não faz referência a qualquer obrigação a que se carregue ao mutuário o ônus do tributo; 23* por sua vez, a Lei 9.532/97 trata das operações de factoring, não se aplicando ao caso presente; 24* a Lei 8.894/94 é que poderia indicar uma obrigação expressa, e não transferível segundo o Auto de Infração de o mutuário suportar o ônus do imposto; 4* ocorre que, a regra do artigo 123 do CTN, mencionada no Auto de Infração, de que as convenções particulares relativas à responsabilidade pelo pagamento dos tributos não se aplicam ao Fisco, não trata do ônus do imposto, mas sim da proibição de, por convenção particular, modificar a responsabilidade pelo pagamento, isentandose da obrigação quem a lei manda recolher; 5* como nada disso ocorreu, a despesa pode ser atribuída à mutuante, pois não infringe a norma mencionada no Auto de Infração; 6* quanto à infração 0002, a legislação utilizada pela Fiscalização, Lei 9.430/96, art. 11, §3° e RIR/99 art. 342, § 3o, determina, em realidade, que sejam adicionados os encargos incidentes sobre o débito vencido e não pago que tenham sido deduzidos como despesa ou custo; 7* o tempo verbal está inequivocamente no passado, portanto podese afirmar que somente os juros que foram considerados como despesa até a citação inicial devem ser adicionados, nada referindo quanto aos juros incorridos após a citação inicial; simplesmente não há tratamento para os juros incorridos após a citação inicial; o eventual entendimento de que os juros devem ser adicionados à base de cálculo do Lucro Real atenta quanto ao conceito de renda ou proventos, em violação ao art. 43 do CTN; a citação inicial não importa em alguma disponibilidade para o devedor; 8* a citação inicial muda o estado da relação obrigacional, mas para aproximar ainda mais o desembolso por parte do devedor; 9* em termos de cobrança da dívida, o ajuizamento da ação pelo credor é mais do que não haver a ação judicial; Fl. 721DF CARF MF 10 10* a melhor interpretação é no sentido que o art. 342 do RIR/99 se refere a situações em que parte dos juros não é objeto da ação judicial de cobrança e, aí sim, haveria uma disponibilidade jurídica daquele numerário, porque ocorreria uma mudança na relação obrigacional, pois se não há o pedido na lide posta em juízo, haverá trânsito em julgado também com relação aos juros, mas a favor do devedor, por força do art. 474 do CPC, fenômeno conhecido como força preclusiva da coisa julgada; 11* o débito cobrado em juízo é uma não renda, não podendo servir de base para o Imposto de Renda e muito menos para a CSLL, e sua incidência com lucro líquido; assim, somente os juros que deixarem de ser cobrados em juízo, a partir da citação inicial, é que devem ser adicionados ao LALUR, o que não é o caso dos processos referidos no Auto de Infração; requer perícia contábil para com o perito e quesitos apontados às fls.477; quanto à infração 0003, não há base legal para o respectivo lançamento, uma vez que das regras apontadas pela Fiscalização não decorre a exigência contida no Auto de Infração. Quanto à CSLL, acrescentou que não há base legal para as glosas. Diante da defesa apresentada, a DRJ julgou improcedentes os argumentos do contribuinte, restando a decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 DESPESA DESNECESSÁRIA. Caracterizamse como despesas desnecessárias aquelas ligadas a práticas sem propósitos empresariais. DESPESA DESNECESSÁRIA. GLOSA. A contabilização de despesas sem propósito empresarial implica inobservância do princípio contábil da entidade, devendo ensejar a glosa da despesa comprovadamente desnecessária no cálculo do lucro líquido da entidade, afetando, portanto, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. FORÇA PROBANTE. A escrituração contábil mantida com observância das disposições legais somente faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados se forem comprovados por documentos hábeis e idôneos, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. ÔNUS DA PROVA. Tendo por base que as despesas, perdas e exclusões têm o condão de reduzir o lucro líquido e, consequentemente, o crédito tributário, é ônus da contribuinte comproválas de forma irrefutável. RESERVA DE REAVALIAÇÃO. LUCRO REAL. Fl. 722DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 717 11 A Reserva de Reavaliação será computada em conta de resultado ou na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado. Art. 4° da Lei n° 9.959/2000. LANÇAMENTO DECORRENTE. Decorrendo o lançamento da CSLL de infração constatada na autuação do IRPJ, o julgamento daquela segue a mesma sorte deste, em virtude da relação de causa e efeito que os une. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Em virtude da decisão desfavorável, conforme ementa acima colacionada, a Interessada apresenta Recurso Voluntário, no qual repisa os argumentos dispendidos em sua Impugnação. Este é o relatório. Fl. 723DF CARF MF 12 Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Seguindo a seqüência utilizada pela Fiscalização na lavratura do auto de infração, a Recorrente repisa os argumentos trazidos em sua impugnação no Recurso Voluntário em análise, de tal forma que, para facilitar as razões desta decisão, seguirseá a mesma orientação. 1. Da infração 0001. Despesas não necessárias A Recorrente teve glosadas despesas pela Fiscalização, vinculadas à intermediação de aquisição de debêntures (corretagem), bem como despesas de IOF, em situação que a Recorrente era a mutuante, não mutuária, à luz do disposto no art. 3º da Lei nº 9.249/95 e arts. 247, 248, 249, incisos I, 251, 277, 278, 299 e 300 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, concluindose que as mesmas eram desnecessárias. A DRJ corroborou esse entendimento, mantendo a glosa. 1.1 Despesas com corretagem Em seu Recurso Voluntário, a Recorrente relata que as despesas com corretagem eram necessárias, uma vez que não tinha à disposição outra forma de atuação para o recebimento de valores que lhe eram devidos pelo DAER – Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem que não fosse a operação financeira, proposta pelo Estado, na qual a Caixa de Administração da Dívida Pública Estadual S/A – CADIP emitia debêntures, subscritas e adquiridas pela Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas – AREOP representando os associados, como é o caso da Recorrente, mantendoas em custódia. Esclarece, ainda, que o FASPACE é um fundo criado pela empreiteiras do Estado do Rio Grande do Sul no âmbito da AREOP, com o objetivo, dentre outros de “acompanhamento dos pagamentos efetuados pelo Governo do Estado às empresas associadas e serviços de assessoria e intermediação na captação de recursos junto ao Sistema Financeiro nacional e internacional”. Toda essa estrutura, segundo a Recorrente, existe para facilitar a tarefa de negociação entre os associados, através de seu representante, e os governos e que a intermediação da AREOP é determinante para o bom desfecho de cada operação. Contudo, apenas parte das associadas utilizase desse tipo de intermediação e, por esta razão, deveria ser por elas remunerado, justificandose os pagamentos realizados pela Recorrente, bem como a sua necessidade para o fim almejado, qual seja, receber do DAER. Sem ingressar no mérito da operação financeira, e dos meios empregados pela Recorrente no caso concreto, fato é que as alegações formuladas em Recurso Voluntário não foram acompanhadas de documentos hábeis para fazer provas sobre os fatos ocorridos. Não há qualquer documento oriundo do Estado do RS, DAER ou CADIP que comprovem que a operação financeira em questão era necessária para que a Recorrente pudesse receber por Fl. 724DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 718 13 dívidas que o DAER possuía com a Recorrente e, desta forma, que as despesas decorrentes seriam dedutíveis para fins tributário. Vejase o que dispõe o art. 299, do RIR/99: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. É fato que o recebimento de dívidas decorrentes de serviços prestados pela Recorrente são necessárias à manutenção da fonte produtora de receitas, o que abrange as dívidas a serem recebidas em relação ao DAER. Contudo, a taxa paga a título de FASPACE, no caso concreto, a título de corretagem, não se enquadra em uma despesa operacional admitida como usual ou normal às atividades da Recorrente, ou necessária para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da Recorrente e, por essa razão, não estão amparadas na legislação do Imposto de Renda para serem consideradas dedutíveis no caso concreto. Não é outro o entendimento desta Turma Julgadora, conforme se denota da decisão a seguir colacionada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1997 DESPESAS OPERACIONAIS. DEDUTIBILIDADE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. A dedutibilidade das despesas na apuração do lucro real sujeitase a comprovação, mediante documentação hábil e idônea, onde fiquem evidenciados, dentre outros requisitos, a indicação da operação ou a causa que deu origem ao rendimento e a individualização do beneficiário desse rendimento. Excluemse da exigência os valores comprovados por meio da impugnação. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL Lavrado o auto principal deverão ser também formalizadas as exigências decorrentes, dada a intima relação de causa e efeitos que as vincula. Translada se as autuações reflexas a mesma orientação decisória adotada quanto ao lançamento matriz. Fl. 725DF CARF MF 14 (Acórdão de Recurso Voluntário nº 1402002.297, Rel. Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Sessão de 13 de setembro de 2016, Processo nº 10821.000620/9998 ) Desta forma, voto por manter a indedutibilidade das despesas em questão. 1.2 Despesas com IOF Quanto às despesas com o IOF, a Recorrente, em seu recurso voluntário, faz uma interpretação equivocada do disposto no art. 13, da Lei 9779/99, a seguir transcrito: Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. § 1º Considerase ocorrido o fato gerador do IOF, na hipótese deste artigo, na data da concessão do crédito. § 2º Responsável pela cobrança e recolhimento do IOF de que trata este artigo é a pessoa jurídica que conceder o crédito. § 3º O imposto cobrado na hipótese deste artigo deverá ser recolhido até o terceiro dia útil da semana subseqüente à da ocorrência do fato gerador. A teor no contido no § 2º, do art. 13, acima transcrito, a Recorrente, na qualidade de mutuante, é a responsável pela cobrança e recolhimento do IOF. Não é a contribuinte do IOF devido na operação de mútuo. Contribuinte é a mutuária, na qualidade de tomadora do crédito, à visto do disposto no art. 3º, inciso I, c/c art. 2º, inciso I, ambos da Lei 8894/94. Vejase: Art. 3º São contribuintes do imposto: I os tomadores de crédito, na hipótese prevista no art. 2º, inciso I; (...) Art. 2º Considerase valor da operação: I nas operações de crédito, o valor do principal que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; Desta forma, ao assumir, por liberalidade, a despesa que é, legalmente, de responsabilidade da mutuária, concluise que a Recorrente não faz jus à dedutibilidade dos valores pagos a título de IOF, corroborandose o posicionamento da Fiscalização e da r. decisão recorrida. Assim, voto por manter a indedutibilidade das despesas em questão. 2. Da infração 0002. Das adições não computadas no lucro real. Despesa indedutível. Fl. 726DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 719 15 2.1 Não adição no LALUR de juros e encargos sobre empréstimos e títulos em atraso A Recorrente possuía débitos contabilizados junto a bancos e empresas e, tendo negociado com seus credores, deixou de adicionar os juros e encargos sobre os empréstimos e títulos em atraso na apuração do lucro real. Vejamos o disposto no art. 11, § 3º e 28, ambos da Lei 9430/96, repetidos no art. 342, do RIR/99: Art. 11. Após dois meses do vencimento do crédito, sem que tenha havido o seu recebimento, a pessoa jurídica credora poderá excluir do lucro líquido, para determinação do lucro real, o valor dos encargos financeiros incidentes sobre o crédito, contabilizado como receita, auferido a partir do prazo definido neste artigo. § 1º Ressalvadas as hipóteses das alíneas a e b do inciso II do § 1º do art. 9º, o disposto neste artigo somente se aplica quando a pessoa jurídica houver tomado as providências de caráter judicial necessárias ao recebimento do crédito. (Redação vigente à época dos fatos) § 2º Os valores excluídos deverão ser adicionados no período de apuração em que, para os fins legais, se tornarem disponíveis para a pessoa jurídica credora ou em que reconhecida a respectiva perda. § 3º A partir da citação inicial para o pagamento do débito, a pessoa jurídica devedora deverá adicionar ao lucro líquido, para determinação do lucro real, os encargos incidentes sobre o débito vencido e não pago que tenham sido deduzidos como despesa ou custo, incorridos a partir daquela data. § 4º Os valores adicionados a que se refere o parágrafo anterior poderão ser excluídos do lucro líquido, para determinação do lucro real, no período de apuração em que ocorra a quitação do débito por qualquer forma. (grifamos e sublinhamos) Art. 28. Aplicamse à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente e as correspondentes aos arts. 1º a 3º, 5º a 14, 17 a 24, 26, 55 e 71, desta Lei. (Redação vigente à época dos fatos) A Recorrente, ao interpretar o disposto no § 3º, acima transcrito, equivocase em suas conclusões. Na apuração do lucro contábil, a contabilidade da Recorrente, necessariamente, deverá considerar como despesa ou custo os encargos incidentes sobre o débito vencido e não pago, mesmo que não tenha ocorrido, de fato, o pagamento de tais valores aos credores, em respeito ao regime de competência. Fl. 727DF CARF MF 16 Na apuração do lucro para fins de incidência do IRPJ e CSLL, considerando que não ocorreu o pagamento ao credor (vencido e não pago), há norma expressa (art. 11, § 3º, Lei 9.430/96, acima transcrito) determinando que esses encargos devem ser adicionados, via LALUR. O ponto relevante é a questão temporal. A norma traz que a partir da citação inicial para o pagamento do débito é que a adição deverá ocorrer, caso o débito não tenha sido pago e, na apuração do lucro contábil, o contribuinte tenha deduzido como despesas ou custos os encargos incorridos a partir da citação inicial. Essa a razão do tempo verbal no passado, uma vez que primeiro o contribuinte apura o lucro contábil e, posteriormente, faz os ajustes para a apuração do lucro real com as exclusões e adições no LALUR. Não há qualquer problema de interpretação na norma posta se se entender o funcionamento e a aplicação das normas contábeis. Por outro lado, se o débito for pago, o § 4º, do art. 11, acima transcrito, determina que o contribuinte faça a exclusão, ou seja, o pagamento efetivo do débito permite a dedutibilidade dessa despesa para fins de apuração do lucro real. No caso concreto, não há comprovação da Recorrente, nos autos, que tenha efetivamente pago a seus credores o débito cobrado judicialmente no período fiscalizado e, desta forma, correta a determinação de adição dos encargos incorridos a partir da citação inicial na apuração do lucro real via LALUR. 2.2 Não adição no LALUR de reversão da reserva de reavaliação Pelas informações e documentos que instruem os autos, a Recorrente apresentou, em momento oportuno, uma operação societária na qual ocorreu o distrato social na empresa PN Turismo Ltda., extinguindoa, da qual a Recorrente era sócia quotista com participação de 54,13%. Pela extinção da sociedade, a Recorrente recebeu cotas de outra empresa, no caso, 5.789.383 cotas da empresa Sulcatarinense Mineração, Artefatos de Cimento, Britagem e Construção Ltda., no valor de R$ 6.403.747,83, ampliando a sua participação, nesta empresa, para 15.681.531 cotas. Teve, também, baixado um mútuo com a PN Turismo Ltda. no importe de R$ 592.835,78. Ou seja, por sua participação de 54,13% na empresa PN Turismo Ltda., a Recorrente recebeu o valor final de R$ 6.996.583,61, o qual não é objeto do auto de infração em exame. Mediante um acordo firmado entre pessoas físicas, ficou determinado e, posteriormente, implementado, a venda de 5.410.153 quotas pertencentes à Recorrente para a empresa Casaverde Participações e Incorporações Ltda., pelo valor de R$ 5.984.343,84. Ficou acordado, ainda, que o capital social da empresa Sulcatarinense Mineração. seria reduzido, com o resgate de 9.235.833 cotas pertencentes à Recorrente mediante a entrega de área de terras (mina) na cidade de Biguaçu/SC, de tal forma que, ao final da operação societária, a Recorrente remanesceria como sócia da Sulcatarinense Mineração pela manutenção de 1.035.545 quotas do capital social. Ou seja, a Recorrente reduziu a sua participação na empresa Sulcatarinense Mineração de 15.681.531 cotas para 1.035.545 quotas do capital social, o que perfez a realização de 93,39% de sua participação, conforme apontado pela fiscalização. Fl. 728DF CARF MF Processo nº 11080.736321/201261 Acórdão n.º 1402002.414 S1C4T2 Fl. 720 17 A Fiscalização apontou, no Relatório de Ação Fiscal, fl. 428, que em 30/09/2007 a Recorrente transferiu R$ 6.717.523,98 da conta “2.4.02.03.203594 – Reaval. Sulcatarinense Ltda” e R$ 3.931.329,20 da conta “2.4.02.03.203594 – PN Turismo” diretamente para a conta de lucros acumulados, sem passar tais valores por contas de resultado. Assim, considerando que a participação (investimento) da Recorrente na PN Turismo foi realizada pela extinção desta empresa e a participação (investimento) da Recorrente na Sulcatarinense Mineração foi parcialmente realizada, conforme descrito acima, a adição da reserva de reavaliação contabilizada, nas contas acima indicadas, deveria ter sido oferecida à tributação, no proporção de sua realização, nos termos do art. 4º, da Lei 9.959/2000 e art. 24, do DL 1.598/77, regulamentado pelo art. 390, do RIR/99. Finalmente, em relação ao pedido de perícia formulado pela Recorrente, coube a este apresentar prova documental hábil e demonstração clara, pontual e exauriente de que ter, por exemplo, efetivamente pagado a seus credores o débito cobrado judicialmente no período fiscalizado, ou ainda, que comprovem que a operação financeira em questão era necessária para que a Recorrente pudesse receber por dívidas que o DAER (Estado do RS, CADIP...) possuía. No caso concreto, entendo que o recurso voluntário não trouxe novos elementos probatórios suficientes para afastar a autuação e reformar a decisão de primeira instância. Da mesma forma que o pedido de perícia reclamado pelo contribuinte passa a ter espaço quando não se preste à produção de provas que devem ser apresentadas por ele próprio junto com a defesa. No caso em tela, os documentos acostados ao processo e os esclarecimentos prestados tanto pelo fisco como pelo contribuinte foram suficientes para a convicção do julgador, não sendo necessária informação adicional para solução da lide. Assim, voto por manter as adições na apuração do lucro real da Recorrente, nos moldes realizados pela Fiscalização e confirmados na r. decisão recorrida, afastando os argumentos dispostos pela Recorrente em seu Recurso Voluntário. É o voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Relator Fl. 729DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.902864/2008-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2402-000.605
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do Relator. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Julgado em 07/04/2017, no período da manhã.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do Relator. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Julgado em 07/04/2017, no período da manhã. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho e João Victor Ribeiro Aldinucci.
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RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do Relator. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Julgado em 07/04/2017, no período da manhã. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente e Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho e João Victor Ribeiro Aldinucci. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .9 02 86 4/ 20 08 -0 1 Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10580.902864/200801 Resolução nº 2402000.605 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado pelo sujeito passivo acima contra decisão de primeira instância que declarou improcedente a sua manifestação de inconformidade apresentada para desconstituir o Despacho Decisório DRF/SDR n° 759920855, fls. 35, que não homologou a compensação declarada à fl. 34. Vale a pena transcrever o voto condutor do acórdão da DRJ em Salvador: "Voto A manifestação de inconformidade é tempestiva e atende a todos os requisitos de admissibilidade, por isso, dela tomo conhecimento. Nos termos do § 6° do art. 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, incluído pela Lei n° 10.833, de 2003, 'a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados'. Assim, a exigência do débito compensado indevidamente independe de ter sido ou não declarado em DCTF. Conseqüentemente, esta declaração não é documento hábil para comprovar a inexistência do débito, como pretende o interessado. Tal prova poderia ter sido realizada mediante a apresentação de documentação contábil que demonstrasse os valores devidos a título de IRRF nos períodos de apuração de agosto a novembro de 2004. O fato de não existir a 6.ª semana no mês de agosto de 2004 também não é suficiente para se afastar a exigência, pois tratase de uma informação preenchida pelo próprio contribuinte, às fls. 32, e que não altera o valor do débito declarado. Conclusão Dessa forma, voto por considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido." O sujeito passivo em seu recurso de fls. 131/137, em apertada síntese, alega que o envio da sua declaração de compensação decorreu de erro material uma vez que não existe nem o crédito, tampouco o débito indicados no PER/DCOMP n°. 21228.07784.031104.1.3.04 5320. Sustenta que, apesar de estar hipoteticamente estabelecido na Lei n.º 9.430/1996 que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil para exigência dos débitos confessados de forma indevida, não há como se extrair esses efeitos jurídicos quando inexistem os fatos que se subsumam à norma. Nesse sentido, quando ocorrer algum erro material ou meramente formal nas declarações prestadas pelo sujeito passivo ou em documentos fiscais por ele apresentados, deve o fisco ir além da simples análise desses documentos, investigando se realmente houve ou não a hipótese de incidência do tributo apta a ensejar a cobrança pretendida. Apresenta decisões administrativas no sentido de fazer valer o seu ponto de vista de que o preceito legal que atribui à declaração de compensação a eficácia constitutiva de débito tributário não significa que, ao alvedrio da realidade dos fatos, o declarante tenha que sofrer as conseqüências do seu erro na indicação dos valores e conformarse em pagar tributo Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10580.902864/200801 Resolução nº 2402000.605 S2C4T2 Fl. 4 3 indevido, sem que o fisco ao menos tenha o trabalho de investigar os fatos, na busca da desejada verdade material. Aduz que as informações constantes na DCTF correspondem a um indício veemente de que as alegações formuladas pela recorrente na manifestação de inconformidade são verdadeiras, haja vista a concordância tácita do fisco quanto ao afirmado nesse documento. Nesse sentido, somente a perícia contábil poderia evidenciar, categoricamente, a absoluta inconsistência da declaração de compensação outrora requerida, especialmente em razão da inexistência de débito a ser compensado, viabilizandose seja afastada a exigência fiscal. Ao final, pede o provimento do recurso ou o deferimento do seu pedido de produção de prova pericial. Sem contrarrazões, os autos vieram a julgamento. É o relatório. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10580.902864/200801 Resolução nº 2402000.605 S2C4T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O sujeito passivo tomou ciência da decisão da DRJ em 03/11/2010 e interpôs o seu recurso em 02/12/2010, portanto, dentro do prazo legal, além de que restam atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Deve, portanto, ser conhecido o recurso. Necessidade de diligência Como se vê, não há litígio quanto à inexistência do alegado direito creditório mas o contribuinte se insurge contra os débitos por ele declarados no PERD/COMP nº 21228.07784.031104.1.3.045320, que fora transmitido por erro grosseiro de sua parte. A Recorrente sustenta que o débito informado na declaração de compensação inexiste, conforme revela uma análise da DCTF, além de que também não crédito a seu favor posto que no período não houve recolhimento de tributos federais a maior. A DRJ em decisão de primeira instância alega que de conformidade com o § 6º do art. 73 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003 , as DComp constituem confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos nelas indevidamente compensados. Assim sendo, no caso de não homologação da compensação, os débitos transcritos em DComp gozam de certeza e correção, cabendo à contribuinte declarante a comprovação de erro ou de não exigibilidade dos mesmos, quando assim alegar. Não divirjo da decisão recorrida, por entender que as declarações de compensação constituemse em confissão de dívida (§ 6º,art.74, Lei nº 9.430/96), mas se deve ter em conta que tal regra não pode ser aplicada incondicionalmente, pois, havendo a confissão de dívida na DCTF, acompanhado do pagamento do débito devido não se pode sem exame dos documentos necessários manter a exigência dos débitos apenas porque confessados no PERD/COMP. Observo que a DRJ não acatou a tese do sujeito passivo de que os dados constantes na DCTF serviriam como prova em seu favor. Não tenho dúvida que a DCTF isoladamente não tem força probatória hábil a cancelar o lançamento, todavia, deve ser tomada como indício que pede o aprofundamento da análise dos argumentos e provas trazidos ao processo pelo contribuinte. O processo consubstanciase no método de compor a lide, de sorte que não se pode, no presente caso, simplesmente negar o pleito do contribuinte, no âmbito do contraditório, sem que a autoridade administrativa competente confirme a existência do débito declarado no PER/DCOMP. A diligência se faz necessária para que a busca da verdade material não seja negligenciada. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10580.902864/200801 Resolução nº 2402000.605 S2C4T2 Fl. 6 5 Nessa toada, encaminho no sentido de que sejam os autos encaminhados à Delegacia da RFB de origem, de modo que se esclareça se de fato existe o débito que o sujeito passivo alegar haver informado por equívoco. Elaborado o relatório fiscal de praxe, dêse ciência ao recorrente para sua manifestação, se interessar. Conclusão Voto por converter o julgamento em diligência de modo que o fisco confirme a existência do débito declarado no PER/DCOMP. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Fl. 166DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13811.001334/2003-59
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2001
DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO.
Não comprovada a existência do direito creditório pleiteado, não podem ser homologadas as compensações pleiteadas em declaração de compensação.
IR FONTE. COMPENSAÇÃO.
O imposto de renda retido na fonte representa antecipação do imposto devido em cada período de apuração, não sendo compensável à título de saldo negativo de períodos anteriores.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2001
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVAS.
As alegações de fato argüidas no curso do processo administrativo fiscal devem estar alicerçadas em provas inequívocas sob pena de figurar apenas no campo das alegações sem fundamento.
Numero da decisão: 1803-000.660
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: WALTER ADOLFO MARESCH
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001 DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO. Não comprovada a existência do direito creditório pleiteado, não podem ser homologadas as compensações pleiteadas em declaração de compensação. IR FONTE. COMPENSAÇÃO. O imposto de renda retido na fonte representa antecipação do imposto devido em cada período de apuração, não sendo compensável à título de saldo negativo de períodos anteriores. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVAS. As alegações de fato argüidas no curso do processo administrativo fiscal devem estar alicerçadas em provas inequívocas sob pena de figurar apenas no campo das alegações sem fundamento.
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INTERNACIONAL LTDA Recorrida 3ª TURMA DRJ SÃO PAULO/SP I ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001 DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO. Não comprovada a existência do direito creditório pleiteado, não podem ser homologadas as compensações pleiteadas em declaração de compensação. IR FONTE. COMPENSAÇÃO. O imposto de renda retido na fonte representa antecipação do imposto devido em cada período de apuração, não sendo compensável à título de saldo negativo de períodos anteriores. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVAS. As alegações de fato argüidas no curso do processo administrativo fiscal devem estar alicerçadas em provas inequívocas sob pena de figurar apenas no campo das alegações sem fundamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira De Moraes - Presidente. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH 2 (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch - Relator. EDITADO EM: 24/11/2010 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Benedicto Celso Benício Júnior, Sérgio Rodrigues Mendes, Luciano Inocêncio dos Santos, Walter Adolfo Maresch e Marcelo Fonseca Vicentini. Relatório LESCHACO AGENTE DE TRANSPORTES COM. INTERNACIONAL LTDA, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ SÃO PAULO/SP I, interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ. Por meio das Declarações de Compensação de fls. 01/02 e 105, a empresa pretende compensar seus débitos tributários com saldos negativos de IRPJ e de CSLL apurados no ano-calendário de 2001. Em Despacho Decisório de fls. 340/355, a DERAT/SPO/DIORT homologou apenas parcialmente as compensações declaradas. Em 12/05/2008, a contribuinte tomou ciência dessa decisão (fl. 355) e, em 11/06/2008, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 390/399 e 402/1409), alegando, em síntese, que: - Como o pedido de restituição data de 09/08/2002, o fisco tinha até 09/08/2007 para realizar a sua análise. - Frise-se que as declarações de compensação foram formalizadas em 13/05/2003, todavia jamais se poderia confundir a data do protocolo da restituição com a data da realização do procedimento compensatório. - Em razão da decadência (artigo 150, § 4°, do Código Tributário Nacional), que acarretou a perda do direito de a Fazenda apreciar o pedido de restituição protocolado, há que ser decretada a extinção do crédito tributário vislumbrado pelo fisco. - Ademais, a autoridade administrativa procedeu a ajustes referentes a fatos - geradores fulminados pela decadência (anos- calendário de 1996 a 1999), o que é vedado pela legislação. - Como é sabido, a Administração Tributária tem a prerrogativa de proceder á revisão das informações prestadas pelo contribuinte atinentes à ocorrência de fatos imponíveis e quantificações do tributo devido no prazo de cinco anos, consoante o artigo 150, § 4 0, do CTN. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13811.001334/2003-59 Acórdão n.º 1803-000.660 S1-TE03 Fl. 489 3 - Assim, o fisco poderia apenas fazer juízo de valor em relação ao período não fulminado pela decadência. - A autoridade administrativa reconstitui a ficha 13 da DIPJ/2000, e conclui que a defendente possuía saldo a pagar no período Em outras palavras, o fisco menciona IR devido em 1999 e não realiza o lançamento justamente em razão da ocorrência da decadência do seu direito de constituir AIIM. - A decisão administrativa se baseou em prova precária a reputar o valor constante nas DIRF, sem a intimação do contribuinte para apresentar os informes de rendimentos que legitimam o crédito do IRRF referente aos anos de 1999, 2000 e 2001. - Para comprovação do referido IRRF, segue cópia do Razão. - Em relação ao ano-calendário de 2000, verifica-se que não foi considerado o valor do PAT, linha 05 da ficha 12A da DIPJ/2001. A contribuinte apresentou ainda petição de fls. 448/452. A DRJ SÃO PAULO/SP I, através do acórdão 16-19.727, de 03 de dezembro de 2008 (fls. 128/133), julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ementando assim a decisão: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano- calendário . 2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. A argüição de que haveria pedido de restituição protocolado em 09/08/2002 não se encontra alicerçada em elementos fálicos, posto que a formalização do processo se deu em data posterior, em virtude de apresentação de declaração de compensação. PRAZO PARA APRECIAÇÃO DO CRÉDITO. A análise do crédito em favor do sujeito passivo para extinção dos débitos fiscais a ele vinculados por meio das declarações de compensação não se sujeita ao prazo previsto no artigo 150, § 4°, do Código Tributário Nacional. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPROVAÇÃO. IRRF. Para a determinação do saldo negativo do IRPJ decorrente de IRRF, imprescindível a comprovação dessas retenções, bem como seja demonstrado o cômputo no lucro real dos rendimentos que as teriam originado. O aproveitamento, quando da aferição da veracidade do crédito invocado, de valores de IRRF informados pelas fontes pagadoras em DIRF objetivou suprir a carência de provas, que deveriam ter sido apresentadas pelo sujeito passivo que alega o direito. SALDO NEGATIVO DO ANO-CALENDÁRIO PRECEDENTE UTILIZADO PARA COMPENSAR IMPOSTO POR Fl. 3DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH 4 ESTIMATIVA. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO AO TRABALHADOR. Considerada a dedução de valor concernente ao Programa de Alimentação do Trabalhador feita no ano-calendário de 2000, ainda assim não se vislumbra saldo negativo nesse período para que se pudesse efetuar a compensação de imposto por estimativa do ano-calendário de 2001. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Dada a ausência de provas quanto à existência do saldo negativo em montante superior ao já reconhecido pelo órgão administrativo ,o não se homologam as compensações em litígio. Solicitação Indeferida Ciente da decisão em 24/12/2008, conforme Aviso de Recebimento - AR (fl. 467.v), apresentou em 23/01/2009 o recurso voluntário de fls. 468/485, onde reitera os termos da inicial de que deve ser reconhecido o direito creditório pois o mesmo compreende créditos dos anos calendários 1996 a 1999 e que repercutem nos demais períodos analisados. Que é defeso à Administração Tributária revisar valores de períodos já decaídos. É o relatório. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH Processo nº 13811.001334/2003-59 Acórdão n.º 1803-000.660 S1-TE03 Fl. 490 5 Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de Declaração de Compensação, cujo direito creditório se refere ao saldo negativo de IRPJ e CSLL do ano calendário 2001, apresentada em 13/05/2003 e cujo despacho decisório de indeferimento foi cientificado em 12/04/2008 (fl. 358). Foi reconhecido integralmente o direito creditório de CSLL e negado parcialmente o direito creditório relativo ao IRPJ. Argui a recorrente que a Administração Tributária não poderia revisar períodos anteriores já decaídos (1999 e 2000) para efeito de verificação do direito creditório pois tal procedimento equivaleria a um lançamento, bem como deve ser considerado que compõe o saldo negativo de 1999, valores oriundos dos anos calendários 1996, 1997 e 1998. Não assiste razão à interessada. Com efeito, efetivamente a Administração Tributária em seu despacho decisório (fls. 340/355), ao apreciar o direito creditório relativo ao ano calendário 2001, analisou ao mesmo tempo as DIPJ dos anos calendários 1999 e 2000, concluindo inexistir direito creditório relativo a estes anos calendários e que foram utilizados para extinção de estimativas do ano calendário 2001. Ocorre que ao contrário do que afirma a recorrente, conforme se verifica da DIPJ do ano calendário 1999 (fl. 124) não há qualquer saldo devedor de IRPJ apurado pela própria declaração entregue pela contribuinte. Já no ano calendário 2000, concluiu o exame de que foram recolhidos valores de estimativas em valor bem inferior ao declarado na DIPJ desse ano. A afirmação de que existiam outros direitos creditórios relativos aos anos calendários 1996, 1997 e 1998, além de não estarem devidamente comprovados pelas respectivas DIPJ e assentamentos contábeis, não podem ser levados em conta pois cada período de apuração é independente e assim deve ser tratado para efeito de pedido de repetição de indébito. Se a própria contribuinte não apurou saldo negativo de IRPJ em sua DIPJ do ano calendário 1999, não pode querer opor outros valores que não foram apurados para efeito de cálculo do direito creditório nos períodos subseqüentes (2000 e 2001). Por outro lado, a simples existência de imposto de renda na fonte de exercícios anteriores (valores não comprovados devidamente) não é suficiente pois o imposto de renda na fonte por si só não representa direito creditório mas tão somente antecipação do imposto de renda devido em cada período de apuração. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH 6 O suposto razão contábil apresentado às folhas 426/447 não evidencia a apuração dos saldos negativos de cada período de apuração e tampouco comprova a origem do saldo de R$ 172.462,67 indicado no início da relação de imposto de renda na fonte. Outrossim, ao contrário do que afirma a recorrente, não se trata de revisar as DIPJ de períodos já decaídos mas tão somente verificar se existem os valores que foram informados na DIPJ e que poderiam dar suporte para o direito creditório pleiteado na Declaração de Compensação. Tivesse a Administração Tributária alterado o imposto devido na DIPJ dos anos calendários 1999 e 2000 aí sim se estaria diante de uma prática vedada pois implicaria a revisão de período já decaído. Assim, utilizou a Administração Tributária os valores de imposto de renda retido na fonte efetivamente declarados pelas fontes pagadoras e os valores de IRPJ estimado efetivamente recolhidos em cada período, não demonstrando e tampouco comprovando a recorrente haver qualquer equívoco nos valores apurados. Destarte, não comprovada a existência de saldos negativos de períodos anteriores que teriam sido utilizados pela recorrente e tampouco saldo negativo de IRPJ suficiente no ano calendário 2001 para gerar o direito creditório pleiteado há de se negar o recurso voluntário. Ante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado eletronicamente) Walter Adolfo Maresch - Relator Fl. 6DF CARF MF Emitido em 29/11/2010 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 29/11/2010 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 24/11/2010 por WALTER ADOLFO MARE SCH
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002129/2005-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2001
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM
IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. FATO GERADOR.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38 – vinculante.)
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. DECLARAÇÃO EM CONJUNTO.
Todos os cotilulares da conta bancária, que não apresentem declaração em conjunto, devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos, na fase que precede à lavratura do Auto de Infração com base na presunção legal de omissão de rendimentos, sob pena de exclusão dos respectivos valores da base de cálculo da exigência (Súmula CARF Vinculante nº 29, de 2009).
Se os cotitulares da conta bancária apresentarem declaração em conjunto, a falta de intimação de um deles não impõe a aplicação da Súmula ou o rateio proporcional dos depósitos lançados entre eles. No caso, mantém-se, na íntegra, o lançamento efetuado contra um dos cotilulares, sob o argumento que a intimação do sujeito passivo autuado aproveitou aos demais cotitulares
que apresentam declaração em conjunto com ele.
DOCUMENTOS HÁBEIS COMPROVAM A ORIGEM DE RENDIMENTOS. EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO.
Depósitos bancários sem identificação podem ser comprovados mediante a apresentação de documentos hábeis que esclareçam sua origem.
Numero da decisão: 2301-004.715
Decisão: acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, não reconhecer a decadência do crédito tributário; (b) pelo voto de qualidade, não ser o caso de aplicação da Súmula CARF 29, por tratar-se de caso de Declaração de Ajuste Anual apresentada em conjunto pelo contribuinte e sua cônjuge; vencidos a relatora e os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Amílcar Barca Texeira Júnior e (c) por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora; vencida, na questão, a conselheira Marcela Brasil de Araújo Nogueira.
Designada para redigir o voto vencedor na questão do item “b” a conselheira Marcela Brasil de Araújo Nogueira.
J
Nome do relator: GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. FATO GERADOR. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38 – vinculante.) OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. DECLARAÇÃO EM CONJUNTO. Todos os cotitulares da conta bancária, que não apresentem declaração em conjunto, devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos, na fase que precede à lavratura do Auto de Infração com base na presunção legal de omissão de rendimentos, sob pena de exclusão dos respectivos valores da base de cálculo da exigência (Súmula CARF Vinculante nº 29, de 2009). Se os cotilulares da conta bancária apresentarem declaração em conjunto, a falta de intimação de um deles não impõe a aplicação da Súmula ou o rateio proporcional dos depósitos lançados entre eles. No caso, mantém-se, na íntegra, o lançamento efetuado contra um dos cotilulares, sob o argumento que a intimação do sujeito passivo autuado aproveitou aos demais cotitulares que apresentam declaração em conjunto com ele. DOCUMENTOS HÁBEIS COMPROVAM A ORIGEM DE RENDIMENTOS. EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO. Depósitos bancários sem identificação podem ser comprovados mediante a apresentação de documentos hábeis que esclareçam sua origem. Fl. 385DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, não reconhecer a decadência do crédito tributário; (b) pelo voto de qualidade, não ser o caso de aplicação da Súmula CARF 29, por tratar-se de caso de Declaração de Ajuste Anual apresentada em conjunto pelo contribuinte e sua cônjuge; vencidos a relatora e os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Amílcar Barca Texeira Júnior e (c) por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora; vencida, na questão, a conselheira Marcela Brasil de Araújo Nogueira. Designada para redigir o voto vencedor na questão do item “b” a conselheira Marcela Brasil de Araújo Nogueira. JOÃO BELLINI JÚNIOR – Presidente e redator ad hoc. GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES - Relatora. EDITADO EM: 01/02/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Junior (suplente). Relatório Em 15/12/2005, foi lavrado o Auto de Infração, MPF n° 0719000/01243/05, na descrição dos fatos e enquadramentos legais, referido procedimento descreve: "Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, efetuamos o presente Lançamento de oficio, nos termos do art. 926 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda 1999), tendo em vista que foram apuradas as infração(6es) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. 001 - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta(s) de depósito ou de investimento, mantida(s) em instituição(ões) financeira(s), em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL, que é parte integrante deste auto de infração." Fl. 386DF CARF MF Processo nº 18471.002129/2005-94 Acórdão n.º 2301-004.715 S2-C3T1 Fl. 3 3 Supostos fatos geradores abraçam o período de 31/01/2000 a 31/10/2000. Foram lançadas multas de ofício no percentual de 75% . Para relatório, peço licença e transcrevo partes do relatório da DRJ, verbis: Contra o contribuinte precitado foi lavrado o auto de infração às fls. 122 a 128 e 130, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2001, ano-calendário 2000, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$ 225.824,54, acrescido de multa de ofício e juros de mora calculados até novembro de 2005, totalizando crédito tributário no valor de R$578.991,53. Entendeu a DRJ que o lançamento decorrera da tributação de rendimentos tidos como omitidos, provenientes de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantidos em instituições financeiras, cuja origem de recursos utilizados, supostamente, não foi comprovada mediante documentação hábil e idônea no total de R$836.889,24 (fl. 126). Para embasar a decisão, utilizou-se como enquadramento legal, entre outros, nos dispositivos art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e 4° da Lei n° 9.481, de lp de agosto de 1997. O Contribuinte foi cientificado da decisão em 22/12/2005 (fl. 129), apresentando impugnação em 19/01/2006, às fls. 132 a 144. Instruiu a impugnação com farta documentação, juntada às fls. 145 a 196, alegando, em síntese, que: • A exigência é nula de pleno direito; • Ocorreu a decadência do direito de lançar; • O lançamento foi realizado exclusivamente em face de depósitos junto ao Unibanco, apurado de forma incorreta pela autoridade lançadora, eis que não consegue individualizar com clareza a base de cálculo, já que não se sabe se é conta de depósito ou investimento e muito menos em relação a qual (is) instituição (cões); • Não recebeu a intimação lavrado em 27/09/2005, ao contrário do que é afirmado no Termo de Constatação Fiscal, o que dá ensejo à re-aquisição da espontaneidade para retificação da Declaração de Ajuste Anual; • As movimentações financeiras decorrem de "dinheiro em espécie", patrimônio declarado em períodos anteriores e acumulado ao longo de anos de trabalho como auditor do Banco Central e Diretor e Vice-Presidente da Sul América Seguros, bem como depósitos efetuados por Zolfang Alfonso Guerreiro Nunez, residente em Buenos Aires, para aquisição de Fl. 387DF CARF MF 4 apartamento na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro — RJ, tendo em vista adiantamento, conforme comprova a escritura colacionada, lavrada em 30/05/2000. Referido imóvel foi pago integralmente com cheques nos valores de R$ 183.000,00, R$ 265.000,00, R$ 14.400,00, R$ 15.600,00 e R$ 361.800,00. Boa parte desse valor, que ultrapassa R$ 855.000,00, foi depositada antecipadamente em conta-corrente e o saldo foi declarado com empréstimos recebidos (R$ 288.200,00); • O lançamento contempla valores de reiteradas aplicações financeiras, tendo por base o mesmo capital. Também foi feito em bases anuais, o que contraria a legislação de regência; • O valor em espécie existente em janeiro de 2000, R$ 587.000,00, foi depositado em diversas datas no Unibanco, com histórico, em sua maioria, de "Deposito Interag". Em fls. 163, item 18 da discriminação da declaração de bens e direitos da Declaração de Ajuste Anual, verifica-se a declaração de numerários em poder do contribuinte no valor de R$587.000,00 (quinhentos e oitenta e sete mil reais). Em fls. 170/175, está acostada instrumento particular de compra e venda por escritura pública, lavrado em 30 de maio de 2000, perante o Cartório do 7 3 Oficio de Notas da cidade do Rio de Janeiro, comparecendo como outorgante JAIME MONTEIRO VAZ FERREIRA e, como outorgante, ZOLFANG ALFONSO GUERRERO NUAEZ, naquele ato representado por Rogério Marcondes de Carvalho, tendo como objeto a aquisição de imóvel constituído do apartamento 801, do Bloco 2, situado na Av. Sernambetiba, n°. 3.800, pelo valor de R$650.000,00 (SEISCENTOS E CINQUENTA MIL REAIS), inteiramente recebido naquele ato, sendo R$23.200,00 em moeda corrente, R$361.800,00, através do cheque n° 301.158, Banco 409, agência 0906, e R$265.000,00, através do cheque n°000.075, Banco 479, agência 0002. Em fls 166, está acostado informe de rendimento do ano calendário 2000, demonstrando que a conta era conjunta, cujo co-titulares são Rosa Lúcia Galiza Marcondes de Carvalho e Luciana Galiza Marcondes de Carvalho. O mesmo se deu nas informações prestadas pelo UNIBANCO. Não foram encontrados nos autos a intimação das co-titulares. Em sua decisão, a DRJ traz as afirmações que ora transcrevemos: "Depósitos bancários se apresentam, num primeiro momento, como simples indicio da existência de omissão de rendimentos. Entretanto, esse indicio se transforma em elemento de prova da omissão de rendimentos, quando o contribuinte, tendo a oportunidade de comprovar a origem dos recursos aplicados em tais depósitos, se nega a fazê-lo, ou não o faz satisfatoriamente. A Lei n° 9 430, de 1996, com as alterações introduzidas pelo art. 4° da Lei n° 9.481, de 1997, e pelo art. 58 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, assim dispõe, acerca dos depósitos bancários: "Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de Fl. 388DF CARF MF Processo nº 18471.002129/2005-94 Acórdão n.º 2301-004.715 S2-C3T1 Fl. 4 5 investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1 O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de calculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas previstas na legislação vigente a época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais). (..) § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6° Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares." A lei transcrita estabeleceu uma presunção de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular de conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. As presunções legais, também chamadas presunções jurídicas, dividem-se em absolutas (juris et jure) e relativas (juris tantum). Denomina-se presunção juris et jure aquela que, por expressa determinação de lei, não admite prova em contrário nem impugnação; diz-se que a presunção é juris tantum quando a Fl. 389DF CARF MF 6 norma legal é formulada de tal maneira que a verdade enunciada pode ser elidida pela prova de sua irrealidade. Conclui-se, por conseguinte, que a presunção legal de renda, caracterizada por depósitos bancários, é do tipo juris tantum (relativa). Caberia, portanto, ao contribuinte apresentar justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contas-correntes. Corroborando com tal entendimento, nos ensina José Luiz Bulhões Pedreira in "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas", JUSTEC - RJ - 1979 - pág. 806: "O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume, cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso." A presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Trata-se, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário. Alega o interessado que as movimentações financeiras decorrem de "dinheiro em espécie", patrimônio declarado em períodos anteriores e acumulado ao longo de anos de trabalho como auditor do Banco Central e Diretor e Vice-Presidente da Sul América Seguros, bem como depósitos efetuados por Zolfang Alfonso Guerreiro Nunez, residente em Buenos Aires, para aquisição de apartamento na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro — RJ, tendo em vista adiantamento, conforme comprova a escritura colacionada, lavrada em 30/05/2000. Referido imóvel, segundo o interessado, foi pago integralmente com cheques nos valores de R$ 183.000,00, R$ 265.000,00, R$ 14.400,00, R$ 15.600,00 e R$ 361.800,00. Ainda de acordo com o requerente, boa parte desse valor, que ultrapassa R$ 855.000,00, foi depositada antecipadamente em conta-corrente e o saldo foi declarado com empréstimos recebidos (R$ 288.200,00). Não obstante, registre- se que o autuado não declarou ern tempo hábil o suposto empréstimo e adiantamento recebido de Zolfang Alfonso Guerreiro Nunez e também não carreou aos autos nenhum documento que certifique a existência de tal adiantamento, tais como contrato de mutuo, transferência de recursos, etc. Compulsando os documentos que acompanham a impugnação não se localiza nenhum documento que comprove essa alegação. A respeito da alegação de que o valor em espécie existente em janeiro de 2000, R$ 587.000,00, foi depositado em diversas datas no Unibanco, com histórico, em sua maioria, de "Deposito Interag", o trânsito dessa quantia pelo Unibanco não foi demonstrado. Conforme observado pela autoridade lançadora, os depósitos considerados não foram efetuados em espécie, conforme se verifica da mera leitura dos extratos. É o relatório. Fl. 390DF CARF MF Processo nº 18471.002129/2005-94 Acórdão n.º 2301-004.715 S2-C3T1 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Relatora GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES Conheço do recurso por estarem presentes os pressupostos de admissibilidade. Inicio o voto tecendo breve relato acerca do princípio constitucional da ampla defesa. Considerando que a natureza humana, per si, é inconformista, o princípio da ampla defesa remonta de eras longínquas. Neste norte, o contraditório implica no direito supremo das partes de serem ouvidas nos autos. O processo é marcado pela bilateralidade da manifestação dos litigantes. Essa regra de equilíbrio decorre do denominado princípio da igualdade das partes, tão importante para o embate processual quanto qualquer um dos demais princípios orientadores do processo. Ao abraçar o princípio da ampla defesa e contraditório como princípios fundamentais da Constituição da República Federativa do Brasil/1988, amplamente resguardado pelos costumes da humanidade, o faço por entender que em análise aos autos, as co-titulares das conta correntes que fundamentam o Auto de Infração, em momento algum foram chamadas ao processo para apresentarem suas defesas. Isto posto, entendo aplicável a SUMULA CARF n°29: Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. No Mérito entendo: Da Decadência Em que pese as alegações do Recorrente, não lhe assiste razão. Resta pacificado por este Conselho em Súmula CARF nº 38 (VINCULANTE) que "o fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário." Considerando que o fato gerador que fundamenta o AI são do exercício de 2000; considerando que o AI foi lavrado em 15/12/2005; considerando que o Recorrente foi cientificado do AI em 22/12/2005, não é possível aplicar a decadência, vez que os fatos geradores de omissão de rendimentos apurados à partir de depósito bancário, dá-se no dia 31 de dezembro de ano calendário, in casu, 31/12/2005. Da Verossimilhança das Alegações e Dos Documentos Hábeis juntados Fl. 391DF CARF MF 8 Em que pese a DRJ afirmar que o Recorrente não logrou êxito em comprovar a origem dos depósitos bancários, analisando profundamente os autos, não é esse nosso entendimento. Vejam que o Recorrente trouxe aos autos documentos públicos, lavrados em serventias de notas, confirmando suas alegações e a origem dos depósitos. Ainda, os extratos bancários demonstram o nexo causal das alegações do Recorrente e dos documentos que instruem a defesa. Ainda, no mesmo norte, a DRJ afirma que " a respeito da alegação de que o valor em espécie existente em janeiro de 2000, R$ 587.000,00, foi depositado em diversas datas no Unibanco, com histórico, em sua maioria, de "Deposito Interag", o trânsito dessa quantia pelo Unibanco não foi demonstrado. Conforme observado pela autoridade lançadora, os depósitos considerados não foram efetuados em espécie, conforme se verifica da mera leitura dos extratos."(grifamos) Especificamente nesta afirmação, transcrevo trecho de decisão prolatada em Recurso Ordinário, perante a 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, autos sob o n° 0002534-40.2010.5.01.0283 - RO, a qual entendemos corroborarem para a elucidação dos fatos, vejamos: "No seu petitório de fl. 166, a reclamante requereu fosse oficiado o banco depositário (Unibanco), para que este informasse a origem das transferências para a sua conta - “depósitos interag”, o que foi deferido à fl. 170. Em resposta ao ofício da Secretaria da Vara, às fls. 176/177, o banco depositário Itaú-Unibanco informou que os créditos efetuados na conta nº 44425-7, agência 1628, de titularidade da reclamante são provenientes de depósito de salário tendo como fonte pagadora a empresa Tinyshop Calçados Ltda. Esclareceu que os depósitos nomeados de “inter agências” foram efetuados em dinheiro partindo da agência nº 0325, para a conta nº 44425-7, agência 1628, sendo que por serem em dinheiro os depósitos não puderam ter seus depositários identificados em razão de não se obter os dados de quem efetua o depósito."(grifamos) Por todo o exposto entendemos que o Recorrente comprovou a origem dos depósitos bancários apresentando justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contas-correntes. Conclusão Diante do exposto tenho que o Recurso aviado encontra-se em consonância com a legislação processual, razão pela qual dele conheço, sendo que voto, preliminarmente, pela aplicação da SÚMULA CARF 29, vez que as co-titulares não foram intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento, anulando o Auto de Infração. Afasto a decadência pelos fundamentada na Súmula CARF nº 38 (VINCULANTE). Fl. 392DF CARF MF Processo nº 18471.002129/2005-94 Acórdão n.º 2301-004.715 S2-C3T1 Fl. 6 9 No mérito, JULGO POR DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO, cancelando o AI, por entender que o Recorrente logrou êxito ao comprovar a origem dos depósitos bancários apresentando justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contas-correntes. Relatora GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES Voto Vencedor Conselheiro João Bellini Júnior, relator designado ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato da conselheira responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazê-lo. Esclareço que aqui reproduzo o relato deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Peço vênia à Relatora para discordar do posicionamento dela no tocante ao julgamento de questão preliminar ao mérito do lançamento tributário, qual seja, a aplicação da Súmula CARF nº 29 (Vinculante), que assim dispõe: “Súmula CARF nº 29 (VINCULANTE): Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.” A relatora do Voto Vencido, nesse particular, manifestou-se pela aplicação do enunciado de Súmula acima que prevê a nulidade do lançamento fiscal caso não sejam intimados todos os cotitulares das contas bancárias a fim de comprovar a origem dos depósitos, na fase anterior à lavratura do auto de infração. Ocorre que, a despeito de uma das contas correntes autuada (c/c nº 103493-1, ag. nº 0906, do Unibanco) ser conjunta com o cônjuge, a Srª Rosa L. G. M. de Carvalho (vide e-fl. 94), está demonstrado nos autos que houve apresentação de Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física – DIRPF do exercício 2001 em conjunto pelo casal (e-fls. 08/09). Em casos semelhantes, veja-se trecho do voto da Relatora no acórdão nº 9202-003.742 da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a seguir: “A matéria é objeto da Súmula CARF n° 29 (Vinculante), de 08/12/2009: ‘Súmula CARF nº 29 (VINCULANTE) : Todos os cotilulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase Fl. 393DF CARF MF 10 que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.’ Na aplicação desta súmula, devem ser observados dois aspectos: - quando a súmula especifica que os cotitulares devem ser intimados, obviamente ela se refere aos casos de conta conjunta em que a lei determina a divisão proporcional dos depósitos (§ 6 o do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996), até porque a súmula não faz lei, e sim torna mais prática e célere a aplicação da lei; - a “nulidade do lançamento” referida na súmula deve ser interpretada como “exclusão, da base de cálculo, dos depósitos relativos a conta-conjunta, cujos cotitulares declarem em separado e não tenham sido intimados”; com efeito, em nenhum dos acórdãos que deram suporte a esta súmula se promoveu a declaração de nulidade do lançamento, mas tão-somente a exclusão dos respectivos depósitos.” Com as considerações feitas na transcrição acima, verifica-se que, no caso ora em julgamento, o Contribuinte apresentou declaração em conjunto com a outra cotilular da conta bancária mantida no Unibanco, razão pela qual não se deve proferir a nulidade do lançamento, nem tampouco a exclusão proporcional dos depósitos havidos na conta conjunta. Em casos como este, mister se inferir que a intimação feita ao Contribuinte aproveita o cônjuge/cotitular, vez que os rendimentos, bens e despesas são declarados de forma única pelo casal. Assim, o lançamento deve ser mantido, na íntegra, em relação ao Contribuinte, que é um dos cotilulares da conta bancária conjunta e que apresentou DIRPF em seu nome, com a inclusão do cônjuge/cotitular como dependente e a indicação de declaração em conjunto. Por tal razão, voto no sentido de considerar que o lançamento de oficio foi feito em estrita observância ao art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996 e à Súmula CARF nº 29 (Vinculante). Assim votou a conselheira na sessão de julgamento. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Redator ad hoc para o voto vencedor Fl. 394DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.721622/2015-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
Ementa:
DIRPF RETIFICADORA. PAGAMENTO FEITO COM BASE NA DECLARAÇÃO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO.
No caso de DIRPF Retificadora que pleiteia restituição indevida, somente se exclui a multa de ofício e os juros de mora incidentes sobre os valores de imposto exigidos quando restar comprovado nos autos o pagamento tempestivo realizado pelo contribuinte com base na declaração original.
Numero da decisão: 2202-003.702
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 Ementa: DIRPF RETIFICADORA. PAGAMENTO FEITO COM BASE NA DECLARAÇÃO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO. No caso de DIRPF Retificadora que pleiteia restituição indevida, somente se exclui a multa de ofício e os juros de mora incidentes sobre os valores de imposto exigidos quando restar comprovado nos autos o pagamento tempestivo realizado pelo contribuinte com base na declaração original.
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PAGAMENTO FEITO COM BASE NA DECLARAÇÃO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO. No caso de DIRPF Retificadora que pleiteia restituição indevida, somente se exclui a multa de ofício e os juros de mora incidentes sobre os valores de imposto exigidos quando restar comprovado nos autos o pagamento tempestivo realizado pelo contribuinte com base na declaração original. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 72 16 22 /2 01 5- 11 Fl. 130DF CARF MF 2 Trata o presente processo de Notificação de Lançamento em virtude de uma omissão de rendimentos do trabalho recebidos pela pessoa física acima identificada, no valor total de R$ 265.921,36, referente à fonte pagadora São Paulo Previdência (SPPREV), no ano calendário de 2012, resultando em um crédito tributário apurado de R$ 12.810,36, incluídos juros de mora e multa de ofício de 75%. A contribuinte apresentou impugnação alegando que os rendimentos considerados como omitidos são isentos, por se tratar de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão recebidos por portador de moléstia grave (cardiopatia grave) desde o ano de 2002. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife (PE) julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. AUSÊNCIA DE REQUISITO ESSENCIAL AO GOZO DA ISENÇÃO PRETENDIDA. Para o gozo da isenção pretendida o interessado há de ser aposentado e apresentar laudo médico oficial que comprove a moléstia grave definida nos termos da lei. No caso faltou comprovação da moléstia grave através de laudo médico expedido por entidade oficial competente. Não atendido requisito legal essencial. A conclusão da DRJ foi no seguinte sentido: No caso concreto, quanto ao anocalendário focado (2012), conforme foi corretamente registrado pela autoridade lançadora, embora seja a alegação de que o contribuinte era portador de moléstia grave, o laudo médico apresentado não foi emitido por entidade oficial competente, isto é, tratase de laudo preparado por médico particular, o qual não satisfaz para fins de comprovação do adimplemento dos requisitos legais para o gozo da isenção pleiteada. Cientificado dessa decisão em 11/09/2015, por via postal (A.R. de fl. 94), o Espólio da Contribuinte, por meio de procurador, apresentou Recurso Voluntário em 09/10/2015 (fl. 95), alegando apenas que o imposto já fora efetivamente pago em DIRPF original do exercício 2013. Esse Colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência (Resolução nº 2202000.724, de 22/09/2016), para que a repartição de origem tomasse as seguintes providências: 1. Anexe aos autos cópia da Declaração de Ajuste Anual original do exercício 2013 (anocalendário 2012); 2. anexe aos autos os comprovantes de pagamentos (DARFs) correspondentes ao imposto de renda do exercício 2013 (ano calendário 2012), informando se os mesmos encontramse disponíveis ou se foram restituídos; Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10850.721622/201511 Acórdão n.º 2202003.702 S2C2T2 Fl. 131 3 3. após, dê vista ao Recorrente do resultado essa diligência, com prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, se pronunciar. Em atendimento à diligência, a DRF de origem anexou a DIRPF/2013 (ano calendário de 2012) original do Contribuinte (fls. 119/126) e o intimou a comprovar os pagamentos (DARFs) correspondentes ao imposto de renda do referido exercício (fls. 127/128). O Contribuinte não apresentou resposta (fl. 129). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. O Contribuinte não se insurgiu, em seu recurso voluntário, contra a decisão da DRJ em relação ao não atendimento de uma das condições para o gozo da isenção, qual seja, a comprovação da moléstia grave por meio de laudo médico oficial. Ele somente alegou que o imposto já havia sido pago por ocasião da apresentação da DIRPF original do exercício 2013. Dessa forma, não cabe aqui analisar a questão da isenção por moléstia grave, posto que essa matéria se encontra fora do litígio, por não ter sido recorrida. Resta, portanto, discutir o tema relativo ao pagamento tempestivo do imposto devido. Entendo que os valores recolhidos pelo Contribuinte antes do início do procedimento fiscal, quando ele gozava de espontaneidade, não podem ser exigidos com multa de ofício. CTN Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Não se pode exigir, por meio de Notificação de Lançamento, multa de ofício sobre um crédito tributário que foi extinto pelo pagamento, nos termos do artigo 156, inciso I, do Código Tributário Nacional – CTN. O pagamento antecipado, conforme dispõe o § 1º do Fl. 132DF CARF MF 4 artigo 150 do CTN, extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. Mesmo que não ocorra a homologação, o pagamento feito extingue a obrigação tributária. Apenas se o pagamento realizado não for suficiente para extinguila totalmente, caberá o lançamento de ofício para exigência da diferença. CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. [..] Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; [...] Muito embora a declaração retificadora realmente substitua a declaração original, fato é que o pagamento extingue o crédito tributário, conforme prevê o inciso I do art. 156 do CTN. Entretanto, no presente caso, não consta dos autos comprovação de que realmente os pagamentos alegados tenha sido efetivados. O Contribuinte não apresentou nenhuma resposta à intimação feita pela delegacia de origem para comprovar os pagamentos alegados, conforme se verifica da diligência efetuada a pedido desse Colegiado (fls. 127/129), embora tenha sido cientificado da intimação em 18/10/2016 (fl. 128). É regra geral no Direito que o ônus da prova é uma conseqüência do ônus de afirmar e, portanto, cabe a quem alega. Nesse caso, o Recorrente apenas alegou e nada provou e, segundo brocardo jurídico por demais conhecido, "alegar e não provar é o mesmo que não alegar". Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (Assinatura digital) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10850.721622/201511 Acórdão n.º 2202003.702 S2C2T2 Fl. 132 5 Fl. 134DF CARF MF
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Numero do processo: 10480.900445/2012-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.017
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 00 44 5/ 20 12 -3 1 Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10480.900445/201231 Resolução nº 3401001.017 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041.040. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10480.900445/201231 Resolução nº 3401001.017 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10480.900445/201231 Resolução nº 3401001.017 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 195DF CARF MF
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