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Numero do processo: 10980.932718/2009-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004
INTEMPESTIVIDADE.
É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de
tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 3302-004.583
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Prado que declarava a nulidade da decisão recorrida. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 INTEMPESTIVIDADE. É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Prado que declarava a nulidade da decisão recorrida. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Lenisa Prado - Relatora (assinatura digital) Walker Araújo - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 09 80 .9 32 71 8/ 20 09 -7 1 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária julho de 2017 Processo Administrativo Fiscal Processo Administrativo Fiscal VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 115DF CARF MF 2 de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Nunes e Lenisa Prado. Relatório A questão tem início em Declaração de Compensação1 em que se objetivava quitar débitos tributários utilizando-se de créditos de COFINS. A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação foi que: "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Em decorrência da não homologação, as autoridades competentes formalizaram a cobrança dos valores indicados na DCOMP, acrescidos ainda de multa e juros. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, oportunidade n qual alega que a decretação de inexistência do crédito se deu porque não foram apresentadas as retificadoras das DCTFs, DIPJs e DACONs, que se prestariam a notificar as autoridades sobre o recolhimento à maior realizado. Na manifestação de inconformidade a contribuinte informa que ao solicitar a Certidão Negativa de Débitos foi surpreendida com a informação sobre a existência de um novo processo administrativo fiscal2, onde foi lavrada a exigência do exato valor que constava no despacho decisório, e que teria como documento de origem a mesma DCOMP motivadora do processo cuja cobrança acreditava que tivesse sido baixada. A contribuinte esclareceu, ainda, que apresentou manifestação de inconformidade naqueles autos, requerendo que os processos fossem unificados, posto que tratam sobre os mesmos fatos, e que fossem apreciadas as razões que fundamentam a existência de seu direito ao crédito, que é, essencialmente, a inconstitucionalidade da inclusão do valor do ICMS na base de cálculo da COFINS. Noticia, também, que procedeu à retificação dos DCTF, DACON e DIPJ relativamente ao período de apuração em debate, indicando o valor do ICMS que deveria ser destacado da base de cálculo da COFINS, o que geraria o saldo credor a seu favor a ser utilizado na compensação declarada. A instância de origem julgou improcedente a manifestação de inconformidade acima descrita, em acórdão que resultou na seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal 1 DCOMP n. 40489.52614.201107.1.3.04-1793, que indica a existência de crédito de R$ 12.634,31, que seria advindo de pagamento indevido ou a maior de COFINS, e cujo DARF tem as seguintes características: (a) COFINS (código 5856); (b) período de apuração: agosto/2004; (c) valor total do DARF: R$ 32.625,49, (d) data de arrecadação: 15/09/2004. 2 Autuado sob o número 10980.935632/2009-08. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 116 3 Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 PRAZO PARA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. TERMO DE INÍCIO. A manifestação de inconformidade deve ser apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da ciência do procedimento a ser contestado. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. ARGÜIÇÃO DE TEMPESTIVIDADE. EFEITOS. A manifestação de inconformidade intempestiva somente instaura a fase litigiosa se a preliminar de tempestividade for suscitada e acatada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Outros Valores Controlados Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Lenisa Rodrigues Prado A contribuinte foi intimada sobre o acórdão proferido no julgamento da manifestação de inconformidade em 09/10/2014 (Aviso de Recebimento postal acostado à folha 88 dos autos eletrônicos) e interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário sob julgamento em 27/10/2014 (Termo de Análise de Solicitação de Juntada de fl. 89). Presentes os requisitos extrínsecos do apelo, é de rigor a sua apreciação. 1. SOBRE OS FATOS. A contribuinte ora recorrente esclarece que após ter conhecido os termos do despacho decisório que não homologou a compensação declarada, realizou as retificações das DCTFs, DIPJs e DACONs, fazendo demonstrar a existência do saldo credor e, por esse motivo, o suposto débito constante do despacho decisório foi automaticamente baixado dos sistemas de cobrança da Receita Federal do Brasil. Por esse motivo, a contribuinte considerou ser desnecessária a interposição de qualquer medida defensiva, já que "se não havia cobrança, inexistiam razões para a insurgência através de manifestação de inconformidade". Todavia, ao solicitar a Certidão Negativa de Débitos, deparou-se com novo processo administrativo fiscal3, em que é exigido exatamente o mesmo valor indicado na compensação declarada, e que tal cobrança tem origem no mesmo PER/DCOMP que originou o processo de cobrança que reputava-se baixada. Esclarece, ainda, que: 3 Autuado sob o número 10980.935632/2009-08. Fl. 117DF CARF MF 4 "neste mesmo processo, havia informação eletrônica que o mesmo se encontrava 'AGUARDANDO PAGAMENTO/MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE', muito embora, nesse novo processo, não tivesse sido prolatado qualquer despacho a ensejar a defesa cabível, nem mesmo a Recorrente foi intimada de qualquer decisão referente ao processo em comento". Confirma que apresentou a manifestação de inconformidade 14 (quatorze) dias após tomar conhecimento sobre a existência do Processo Administrativo n. 10980.935632/2009-08 e, confiante que a espontânea e tempestiva apresentação do documento lhe concederia o efeito suspensivo previsto no artigo 151, III, art. 74, §§ 2º, 9º e 11 da Lei n. 9.430/96, e art. 66, § 5º da IN 900/2008 da SRF, requereu novamente a CND. A resposta ao pedido de expedição da certidão trouxe a informação que a exigência lavrada nos autos do indigitado processo fiscal evoluiu do andamento de "aguardando pagamento e/ou manifestação de inconformidade" para "saldo devedor constituído". Diante da cobrança em duplicidade, a contribuinte esclarece que confrontou a autoridade fiscal em Curitiba/PR sobre o equívoco, mas não obteve nenhuma resposta sobre os motivos que justificariam a existência de dois processos que versam sobre o mesmo fato. Por esse motivo impetrou o Mandado de Segurança n. 5005529- 63.2010.404.7000, este distribuído para a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, em que requer a devolução e preservação do seu direito ao contraditório e ampla defesa, bem como a fruição de todos os trâmites legais aplicáveis ao processo administrativo fiscal. A liminar requerida no writ foi concedida nos seguintes termos: "Ante o exposto, defiro a liminar para declarar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários da impetrante objeto das PER/DCOMP constantes dos documentos INF2 e INF3 (evento 8) até a decisão final administrativa a ser proferida, seja na revisão de ofício, seja em ulterior recurso voluntário eventualmente interposto pela impetrante". Sobreveio documento denominado "Informação Fiscal4", que mantém o despacho decisório eletrônico anteriormente proferido. A recorrente afirma que este documento não é previsto no ordenamento vigente (Decreto n. 70.235/1972 e IN 900/2008) mas, diante das peculiaridades do caso em concreto, é considerado uma espécie de decisão administrativa que julga improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, o que ensejou a primeira interposição do recurso voluntário5. A contribuinte se insurge contra o acórdão ora recorrido pois teratológico e paradoxal, já que: "(a) desconsidera, por completo, a existência de uma Decisão Judicial sobre a questão proferida, à época, em sede liminar, nos autos 5005529-63.2010.404.7000, a qual posteriormente foi confirmada por sentença e por remessa de ofício ao TRF4, tendo transitado em julgado em 08/11/2011, ou seja, anteriormente à decisão ora recorrida; (b) desconsidera, também, o conteúdo do Recurso Voluntário anteriormente interposto, uma vez que o mesmo não foi 4 Folhas 22 a 28 dos autos eletrônicos. 5 Folhas 30 a 46 dos autos eletrônicos. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 117 5 devidamente encaminhado ao CARF, o que era um dever da Autoridade responsável pelo recebimento e processamento do referido recurso". 2. SOBRE O DIREITO AO CRÉDITO. INCONSTITUCIONALIDADE DA INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. A recorrente apresenta, ainda, suas razões quanto ao direito a compensação, já que o saldo credor decorre da inconstitucionalidade da inserção do ICMS na base de cálculo das contribuições. Informa que os precedentes que resultaram na edição do verbete n. 94 da Súmula/STJ não desenvolveram qualquer debate mais elaborado sobre tema, sendo todos arrimados em julgados do extinto Tribunal Federal de Recursos, colegiado que majoritariamente reconhecia a inclusão da parcela relativa ao ICM na base de cálculo da COFINS, estendendo-se, por analogia, a inclusão deste tributo ao Finsocial. Argumenta que o inciso I do art. 195 da Constituição Federal - antes da edição da Emenda Constitucional n. 20/1998 - autorizava a instituição de uma contribuição social sobre o "faturamento". Para o recorrente, a definição de faturamento corresponde ao "somatório dos produtos de venda ou de atividades concluídas num dado período e deve representar o total das receitas decorrentes da atividade econômica geral da empresa". Noticia que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário n. 240.7856, declarou a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS ( e, por extensão de raciocínio, também do PIS). E, com base nesse recente precedente, a recorrente requer a confirmação de seu direito creditório. De modo a confirmar a liquidez do crédito que alega possuir, a recorrente esclarece que indicou como parcela creditória aquela que estritamente corresponde a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS. Para tanto "atualizou dito valor pela SELIC, o que fez com que o mesmo perfizesse, na data da compensação" o valor indicado na DCOMP. E conclui que "é líquido e certo o montante do crédito apurado, sendo legítimo o direito da Recorrente proceder à sua compensação, conforme ocorrido, no presente processo". 3. SOBRE A DECISÃO JUDICIAL E O ACÓRDÃO RECORRIDO Está acostada aos autos a decisão7 proferida em liminar no Mandado de Segurança n. 5005529-63.2010.404.700/PR (fls. 53/56) de onde se extrai: "2. Da leitura das alegações da inicial e das informações verifico que houve um descompasso no procedimento das partes quanto às compensações lançadas no sistema da Receita Federal. A impetrante após ter recebido os despachos decisórios prolatados nos processos administrativos procedeu à sua retificação e ao verificar no sistema fiscal a mudança de status 6 Julgamento finalizado em 08/10/2014. 7 Decisão proferida em 10/06/2010. Fl. 119DF CARF MF 6 dos despachos entendeu que não haviam mais pendências, ou seja, que as retificações tinham sido acolhidas. Somente tomando conhecimento das pendências com o pedido de Certidão Negativa de Débito. A autoridade impetrada, por sua vez, esclareceu nas informações que: 'em 7 de Outubro de 2009, foram emitidos doze despachos decisórios eletrônicos, tendo por objeto declarações de compensações formalizadas pela impetrante, igualmente em meio eletrônico. Todavia, devido a problemas com os Correios, que não nos encaminharam os arquivos eletrônicos com as imagens dos correspondentes avisos de recebimento, este órgão, entendendo que as intimações anteriormente enviadas, por falta do comprovante de recebimento, não teriam se aperfeiçoado, decidiu repetir a ciência dos aludidos despachos, por via de edital, afixado nas dependências deste órgão em 27 de fevereiro próximo passado. Nesse momento, ao repetir a ciência dos aludidos despachos, considerando que a intimação anterior não se havia aperfeiçoado, a Receita Federal retirou temporariamente os débitos do relatório - fato que a impetrante reputou às retificações das DCTF, levando-a a crer que as compensações pretendidas teriam sido aceitas- até que se pudessem considerar as intimações efetivamente realizadas. Quinze dias depois de afixado o edital, conforme estabelecido no art. 23, § 2º, IV do Decreto n. 70.235/1972, este órgão deu, enfim, por intimados os contribuintes ali relacionados, voltando os aludidos débitos a figurar nos sistemas da Receita Federal. Trinta dias depois disso, em não havendo apresentação de recurso, os aludidos débitos retornaram à condição de exigíveis. Assim, quando a impetrante aqui compareceu, em 22 de Abril próximo passado, já se havia escoado o prazo a que se aludiu acima, de sorte que seus recursos foram considerados, todos, intempestivos. Nessa perspectiva, não fazendo jus ao rito específico previsto no art. 74, §§ 2º, 9º a 11 da Lei n. 9.430/1996, tais 'recursos' não inauguram o contencioso fiscal e, por falta de previsão legal, não suspendem a exigibilidade do crédito tributário" Da leitura dos esclarecimentos prestados pela autoridade fiscal resta claro que o contribuinte foi erroneamente induzido a acreditar que as retificações por ele apresentadas foram acolhidas, já que foram retiradas dos sistemas as informações sobre pendências fiscais. Por outro lado, a autoridade fiscal não confirmou a ciência da contribuinte sobre os despachos decisórios enviados pelos Correios, já que os Avisos de Recebimento não foram devolvidos a remetente, o que ensejou a realização da intimação na modalidade editalícia, resultando na abertura de um novo prazo para manifestação e no lançamento em duplicidade dos débitos tributários. E o imbróglio que permeia os fatos do processo sob julgamento foi considerado justificável pelo Ministério Público Federal, no parecer ofertado ao mandado de segurança já mencionado: "Assim, restou demonstrado que a impetrante tinha interesse em interpor o aludido recurso e que o fato dele ter sido interposto intempestivamente deveu-se a um erro escusável, uma vez que é compreensível a sua interpretação da retirada do sistema das pendências fiscais como acolhimento das suas retificações. Desta forma, verifica-se que a impetrante agiu de boa fé, sem Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 118 7 evidência alguma de desídia, má-fé ou intenção de fraude, de modo que tem direito ao efeito suspensivo nas suas manifestações de inconformidade". A sentença (que transitou em julgado em seus próprios termos) determina que as manifestações de inconformidade sejam analisadas pela autoridade fiscal, já que a própria "Administração retirou do sistema as pendências fiscais, permitindo à impetrante a conclusão de encontrar-se regular sua situação perante o Fisco"8. No entanto o acórdão recorrido não cumpre o que determinou a decisão judicial de forma satisfatória. O Colegiado limitou-se a conjecturar sobre a (in)tempestividade da manifestação do contribuinte. Abordou, desnecessariamente, a questão sobre a duplicidade de cobrança, o que não foi objeto da manifestação de inconformidade. A decisão tomada pela instância de origem é omissa em relação a relevantes argumentos defendidos pela contribuinte, já que não abordou (i) a alegada inconstitucionalidade da inclusão do valor do ICMS na composição da base de cálculo da COFINS; foi omissa sobre (ii) a existência das declarações retificadoras de DCTF, DACON e DIPJ, e quedou-se silente sobre (iii) a planilha acostada a petição, em que se demonstra que o valor tido por saldo credor da compensação pretendida é, estritamente, o valor do ICMS questionado. Assim, diante das omissões constatadas, voto por decretar a nulidade do acórdão recorrido, para que novo julgamento seja realizado, de modo a garantir o direito a ampla defesa e contraditório constitucionalmente deferidos aos contribuintes. Lenisa Rodrigues Prado - Relatora 8 Sentença proferida em 1º/04/2011 e disponível no sítio eletrônico do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Registre-se que a sentença, que deu parcial provimento ao mérito do mandado de segurança, mantendo a decisão proferida em sede de liminar, foi objeto de apelação interposta pela União Federal, que restou improvida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Esse processo já está arquivado. Voto Vencedor Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Com efeito, a decisão de piso deixou de apreciar os argumentos apresentados pela Recorrente em sede de manifestação de inconformidade por considerar: Fl. 121DF CARF MF 8 i) intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo, nos termos do artigo 15, do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 19729 c/c §2º, do artigo 56, da Lei nº. 7574/201110; e ii) que a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529- 63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade ofertada pela Recorrente, limitou-se somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida, seja na revisão de ofício, seja em ulterior recurso voluntário eventualmente interposto pela impetrante. Neste contexto, entendo inexistir omissão no julgamento de primeira instância e desrespeito aos princípios do contraditório e ampla da defesa, posto que diante da apresentação de defesa fora do prazo previsto nas normas anteriormente citada, não houve instauração de fase litigiosa, afastando, assim, o dever/obrigação da autoridade julgadora analisar os argumentos suscitados pelo contribuinte. Não bastasse isso, e ao contrário do que restou defendido neste processo, a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529-63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade, limitou-se somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida. Portanto, entendo não ser o caso de nulidade do julgamento de primeira instância, considerando que o julgadores aplicaram ao presente caso as determinações contidas no Decreto 70.235/72 e na Lei nº 7.574/2011. 9 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. 10 Art. 56. A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 14 e 15). (...) § 2o Eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade, como preliminar. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10980.932718/2009-71 Acórdão n.º 3302-004.583 S3-C3T2 Fl. 119 9 Diante do exposto, considerando que não houve instauração da fase litigiosa do procedimento administrativo, por intempestividade da manifestação de inconformidade, voto por não conhecer do recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Redator Designado Fl. 123DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.657986/2012-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 05/04/2012 a 26/06/2012
REINTEGRA. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS. Para usufruir do benefício fiscal é necessário que todas as informações prestadas pelo contribuinte nos sistemas da Receita Federal estejam de acordo com a documentação comprobatória da operação de exportação. Eventuais inconsistências apontadas pela fiscalização deverão ser sanadas para fazer jus ao ressarcimento pleiteado.
JUNTADA DE DOCUMENTOS. POSSIBILIDADE. DECRETO 70.235/1972, ART. 16, §4º. LEI 9.784/1999, ART. 38. É possível a juntada de documentos posteriormente à apresentação de impugnação administrativa, em observância ao princípio da formalidade moderada e ao artigo 38, da Lei nº 9.784/1999.
Numero da decisão: 3302-004.655
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reverter as glosas relativas às notas fiscais nºs 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria L. de A. Paes de Souza que davam provimento em maior extensão para reversão das glosas das NF 1254, , 1255, 25929 e 23326.
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
José Renato Pereira de Deus - Relator.
EDITADO EM: 29/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 05/04/2012 a 26/06/2012 REINTEGRA. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS. Para usufruir do benefício fiscal é necessário que todas as informações prestadas pelo contribuinte nos sistemas da Receita Federal estejam de acordo com a documentação comprobatória da operação de exportação. Eventuais inconsistências apontadas pela fiscalização deverão ser sanadas para fazer jus ao ressarcimento pleiteado. JUNTADA DE DOCUMENTOS. POSSIBILIDADE. DECRETO 70.235/1972, ART. 16, §4º. LEI 9.784/1999, ART. 38. É possível a juntada de documentos posteriormente à apresentação de impugnação administrativa, em observância ao princípio da formalidade moderada e ao artigo 38, da Lei nº 9.784/1999. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reverter as glosas relativas às notas fiscais nºs 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, Lenisa Rodrigues Prado e Sarah Maria L. de A. Paes de Souza que davam provimento em maior extensão para reversão das glosas das NF 1254, , 1255, 25929 e 23326. Paulo Guilherme Déroulède Presidente. José Renato Pereira de Deus Relator. EDITADO EM: 29/08/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 65 79 86 /2 01 2- 21 Fl. 464DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados de forma completa, adoto o relatório da r. decisão recorrida, conforme a seguir transcrito: "Trata o presente de manifestação de inconformidade em face de indeferimento de pedido de ressarcimento vinculado ao regime REINTEGRA, no valor de R$ 5.201.836,58. Em 4 de junho de 2013 a DERAT/SP emitiu a comunicação nº 2306/13, informando à empresa LOUIS DREYFUS COMMODITIES AGROINDUSTRIAL S.A., CNPJ 00.831.373/000104, que o pedido de PER nº 07079.65177.071212.1.5.176650, apurado no âmbito do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), Período de Apuração: 3º trimestre/2012, no valor de R$ 6.684.968,71, foi parcialmente reconhecido, no valor de R$ 1.483.132,08, com comunicação para compensação de ofício, nos termos dos artigos 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, do artigo 7º do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, e do Decreto nº 2.138, de 29 de janeiro de 1997. Conforme costa das informações complementares foram também verificadas as seguintes inconsistências: • Nota Fiscal não relacionada à DE Exportação direta • Produto do Registro de Exportação não consta na Nota Fiscal • Produto informado não está discriminado em Nota Fiscal válida • Registro de Exportação não vinculado à Declaração de Exportação Em 3/7/2013 a interessada apresentou petição contra a compensação de ofício (fls. 14 e ss), onde declarou que em relação ao valor de R$ 134.178,46 referente a CSLL, apurada no período de 06/06/2003, vencimento em 31/07/2003, que tal valor já se encontrava quitado, e que apresentaria os documentos comprobatórios posteriormente. Em 22/08/2013, a interessada apresentou nova petição (fls. 49 e ss), agora se manifestando a respeito dos créditos reconhecidos nos processos nº 12585.720155/21263, nº 10880.657986/2012 21 e nº 10880.908210/201366 e insurgindose contra os débitos apontados na intimação 3055 (fls. 58). Em 04/09/2013, por intermédio do despacho decisório com nº de rastreamento 06432965 (fls. 85), a DERAT/SPO informou à Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 3 3 interessada do reconhecimento parcial do ressarcimento pleiteado, em face de inconsistências identificadas. Em 10/10/2013, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 71 e ss) onde apresenta documentação contrapondo todas as inconsistências apontadas pela fiscalização e requerendo o reconhecimento da totalidade do credito no valor de R$ 6.684.968,06. Em 22/04/2015 (fls. 155/156) a Justiça Federal de Ribeirão Preto, em face do Mandado de Segurança nº 0003270 15.2015.403.6102 determinou que a autoridade impetrada (no caso a Delegacia de Julgamento de Ribeirão Preto) examinasse os recursos administrativos (fls. 03 e fls. 26/52), em 30 dias da intimação. Conforme consta da petição inicial da ação judicial (fls. 157 e ss.), os recursos a que se refere a decisão judicial estão indicados às fls. 158 dos autos, ou seja; Em 21/05/2015, esta DRJ/SPO, por intermédio da Resolução 16.000.572 (fls. 210/211), em face dos documentos apresentados pela interessada, encaminhou os autos à Unidade de origem, para esclarecimentos. Em resposta, a unidade de origem apresentou Relatório de Diligência (fls. 213 e ss), mantendo o despacho decisório que indeferiu o pedido de ressarcimento. Em sua manifestação a respeito do teor da diligência (fls. 22 e ss), a interessada contrapôs os argumentos da fiscalização, requerendo o provimento do pedido de ressarcimento, que será analisado no voto." O Acórdão 1670.047, da 11ª Turma da DRJ/SPO, Sessão de 30 de setembro de 2015, do qual foi extraído o relatório alhures transcrito, por unanimidade de votos, indeferiu Processo Data do protocolo 10880.945394/2013 45 11/12/2013 10880.657986/2012 21 10/10/2013 10880.908210/2013 66 10/10/2013 12585.720155/2012 63 26/03/2013 Fl. 466DF CARF MF 4 a solicitação contida na manifestação de inconformidade, não reconhecendo o crédito pleiteado de R$ 5.201.836,58. Valendose do direito que lhe é facultado pelo art. 33 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, alterado pelo art. 1º da Lei nº 8.748, de 9 de dezembro de 1993, e pelo art. 32 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, a contribuinte manejou Recurso Ordinário, acostando ao mesmo os documentos já encartados nos autos, quando de suas manifestações. Em 29 de março do corrente ano, foi recebido nesse Conselho um mandado de notificação e intimação expedido pela MM Juíza da 3ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal, noticiando decisão liminar deferida em Mandado de Segurança, impetrado em face do Sr. Dr. Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, vazada nos seguintes termos: " (...) Com essas considerações, DEFIRO o pedido liminar, inaudita altera pars, para que a Autoridade Coatora promova, no prazo de 30 (trinta dias), o julgamento dos recursos referentes aos processos nº 12585.720155/201263, nº 10880.945394/201345, nº 10880.657986/201221 e nº 10880.9082010/201366. (...)" O mandado judicial acima referido foi, equivocadamente, encaminhado à 1ª TO2ª CÂMARA 1ª SEÇÃO, desse Tribunal (fl. 459), a qual declinando da competência em razão da matéria, encaminhou o presente processo ao Secam, para posterior envio à 3ª Seção de Julgamento, conforme estabelece o RICARF. Promovida a redistribuição o processo foi encaminhado para nova relatoria no último dia 30 de junho de 2017. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus, Relator: O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Não há na peça recursal alegação de matérias para discussão em sede de preliminares, razão pela qual passase a deliberar sobre o mérito do processo. I Do Mérito Programa REINTEGRA O presente processo trata de pedido de ressarcimento de valores, utilizando como base as permissões trazidas pelo Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras REINTEGRA, instituído pela MP 540/2011, convertida na Lei nº 12.546/2011. O objetivo do regime especial é reintegrar valores referentes a custos tributários federais residuais existentes na cadeia de produção, permitindo que a pessoa jurídica Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 4 5 produtora que efetua exportação de bens manufaturado no país, apure valores para fins de ressarcimento parcial ou total dos resíduos mencionados. A época do pedido de ressarcimento manejado pela contribuinte, regulamentava o REINTEGRA o Decreto nº 7.633, de 1ª de dezembro de 2011, que traz os requisitos necessários para o enquadramento no regime, além do modo pelo qual se promoveria o cálculo dos valores a ressarcir, nos seguintes termos: "Art. 1o Este Decreto regulamenta o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras REINTEGRA, instituído pela Medida Provisória nº 540, de 2 de agosto de 2011, e que tem por objetivo reintegrar valores referentes a custos tributários residuais existentes nas suas cadeias de produção. Art. 2o No âmbito do REINTEGRA, a pessoa jurídica produtora que efetue exportação dos bens manufaturados classificados nos códigos da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI constantes do Anexo a este Decreto poderá apurar valor para fins de ressarcir parcial ou integralmente o resíduo tributário existente na sua cadeia de produção. § 1o O valor será calculado mediante a aplicação do percentual de três por cento sobre a receita decorrente da exportação de bens produzidos pela pessoa jurídica referida no caput. § 2o Para fins do § 1o, entendese como receita decorrente da exportação: I o valor da mercadoria no local de embarque, no caso de exportação direta; ou II o valor da nota fiscal de venda para empresa comercial exportadora ECE, no caso de exportação via ECE. § 3o O disposto neste artigo aplicase somente a bem manufaturado no País cujo custo total de insumos importados não ultrapasse o limite percentual do preço de exportação definido no Anexo Único a este Decreto. § 4o Para efeitos do § 3o, os insumos originários dos demais países integrantes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL que cumprirem os requisitos do Regime de Origem do MERCOSUL, serão considerados nacionais. § 5o Para efeitos do cálculo do custo de insumos importados referidos no § 3o deverá ser considerado o seu valor aduaneiro, atribuído conforme os arts. 76 a 83 do Decreto no 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, adicionado dos montantes pagos do Imposto de Importação e do Adicional sobre Frete para Renovação da Marinha Mercante, se houver. § 6o No caso de insumo importado adquirido de empresa importadora, será tomado como custo do insumo o custo final de Fl. 468DF CARF MF 6 aquisição do produto colocado no armazém do fabricante exportador. § 7o O preço de exportação, para efeito do § 3o, será o preço da mercadoria no local de embarque. § 8o Ao requerer a compensação ou o ressarcimento do valor apurado no REINTEGRA, a pessoa jurídica deverá declarar que o percentual de insumos importados não ultrapassou o limite de que trata o § 3o. § 9º As pessoas jurídicas de que tratam os arts. 11A e 11B da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, e o art. 1º da Lei nº 9.826, de 23 de agosto de 1999, poderão requerer o REINTEGRA. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) § 10. Do valor apurado referido no caput: (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) I 17,84% (dezessete inteiros e oitenta e quatro centésimos por cento) corresponderão a crédito da Contribuição para o PIS/PASEP; e (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) II 82,16% (oitenta e dois inteiros e dezesseis centésimos por cento) corresponderão a crédito da COFINS. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) Art. 3o A pessoa jurídica somente poderá utilizar o valor apurado no REINTEGRA para, a seu critério: I solicitar seu ressarcimento em espécie, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; ou II efetuar compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria. Art. 4o Para fins deste Decreto, considerase exportação a venda direta ao exterior ou a ECE, com o fim específico de exportação para o exterior. Parágrafo único. Quando a exportação realizarse por meio de ECE, o REINTEGRA fica condicionado à informação da empresa produtora no Registro de Exportação. Art. 5o O REINTEGRA não se aplica a: I ECE; e II bens que tenham sido importados e posteriormente exportados sem atender ao disposto no § 3odo art. 2o. Art. 6o A ECE fica obrigada ao recolhimento do valor atribuído à empresa produtora vendedora se: I revender, no mercado interno, os produtos adquiridos para exportação; ou Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 5 7 II no prazo de cento e oitenta dias, contado da data da emissão da nota fiscal de venda pela empresa produtora, não houver efetuado a exportação dos produtos para o exterior. § 1º O recolhimento do valor referido no caput deverá ser efetuado até o décimo dia subsequente: (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) I ao da revenda no mercado interno; ou (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) II ao do vencimento do prazo estabelecido para a efetivação da exportação. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013) § 2º O recolhimento do valor referido no caput deverá ser efetuado acrescido de multa de mora ou de ofício e de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Selic, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do mês subsequente ao mês da emissão da nota fiscal de venda dos produtos para a empresa comercial exportadora até o último dia do mês anterior ao mês do pagamento, e de um por cento no mês do pagamento. (Incluído pelo Decreto nº 8.073, de 2013)" Em seu art. 7º, o Decreto 7.633/2011, ao tratar do pedido de ressarcimento ou da declaração de compensação, estabeleceu que: "Art. 7o O pedido de ressarcimento ou a declaração de compensação somente poderão ser transmitidos após: I o encerramento do trimestrecalendário em que ocorreu a exportação; e II a averbação do embarque. " Analisando os documentos trazidos aos autos do presente processo, podemos verificar, a princípio, que a contribuinte preenche os requisitos necessários para usufruir dos benefícios estabelecidos pelo regime especial. Passamos então a cotejar as razões de fato e de direito relacionadas a cada um dos pontos trazidos pela Decisão da DRJ, com aqueles trazidos pelo Recurso Voluntário manejado pela contribuinte. I.1 Declaração de Exportação não Averbada Conforme observamos da decisão de piso (fl. 274 e segs), a DRJ entendeu por bem pela manutenção da glosa da nota fiscal 13490, que segundo a informação da própria contribuinte, foi averbada em 13/12/2012, não atendendo, portanto, ao que determina a legislação pertinente ao assunto, no sentido de que o pedido de ressarcimento só pode ser efetuado após o encerramento do trimestrecalendário em que ocorreu a exportação e averbação do embarque. Resta claro pelos documentos acostados ao processo que os pedidos de ressarcimento, originário e retificador, foram realizados em data anterior a averbação da Fl. 470DF CARF MF 8 exportação que ocorreu em 13/12/2012 (PER original 26/07/2012; PER retificador 07/12/2012), representada na NF 13490. Ressaltase que a contribuinte, cientificada da diligência promovida para a verificação da ocorrência ou não da irregularidades apontadas nos relatórios fiscais, não se manifestou a respeito, quedandose inerte quanto a referido item. Há ainda à fl. 274 a informação extraída do Sistema do SISCOMEX que o despacho relacionado à nota fiscal 13490 foi cancelado, corroborando a tese de impossibilidade do ressarcimento relativo a essa operação. Por tais razões, mantémse a glosa e o indeferimento do ressarcimento indicados na decisão da DRJ relacionada à operação descrita pela NF 13490. I.2 Nota Fiscal não relacionada à DE Exportação Direta Segundo as informações trazidas pela fiscalização e outras mais apresentadas na decisão da DRJ, foram glosadas as notas fiscais nºs 1254, 1255, 25929 e 23326, tendo em vista não estarem relacionadas à DE. De fato, pelo que podemos verificar dos documentos e informações constantes do processo, não houve a efetiva retificação da DE que pudesse restabelecer a possibilidade de ressarcimento dos créditos que teriam por base os dados lançados nos referidos documentos fiscais. As informações trazidas pela DRJ e os documentos juntados pela contribuinte, convergem para um mesmo ponto, qual seja, em que pese a informação de indicação equivocada de documento fiscal, as notas fiscais vinculadas às exportações permanecem inalteradas, devendo permanecer a glosas dos créditos indicadas na decisão de 1ª instância. Vale ressaltar que em seu recurso voluntário a contribuinte fez juntar documentos que são idênticos àqueles colacionados na decisão recorrida, portanto, sem o efeito pretendido de desqualificar a decisão da DRJ. Dessa forma, decidese pela manutenção da glosa dos créditos pretendidos pela contribuinte relacionados as NFs 1254, 1255, 25929 e 23326. I.3 Produto do Registro de Exportação não consta na Nota Fiscal Conforme podemos observar dos autos a fiscalização glosou as Notas Fiscais 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249 pelo fato dos documentos indicarem NCM 2009.11.00, diferente daquele que constou nos RE, NCM 2009.19.00. Segundo a fiscalização e posteriormente a DRJ, mesmo ciente da inconsistência apontada nos documentos fiscais e declaração de exportação, a contribuinte não logrou êxito em demonstrar seu direito ao crédito, uma vez não ter apresentado documentos idôneos para tanto (retificação de nota fiscal em papel), nem ser possível o atendimento da alegação de que para fruição do Reintegra, seria irrelevante a indicação do código NCM, por serem ambos beneficiários do regime. Fl. 471DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 6 9 Em seu recurso voluntário a contribuinte entendendo ser válido seu direito ao crédito, novamente alegou que já teria realizado a retificação dos documentos (NFs), com a conseqüente troca dos NCMs, no entanto, para que não houvesse mais dúvidas sobre a retificação das informações, carreou aos autos prova de que as teria feito na forma eletrônica (fls. 403 a 447). Ainda no recurso voluntário a contribuinte trouxe a tese sobre a observância do principio da verdade material que deve permear o processo administrativo, colacionando diversos julgados sobre o tema que corroborariam a possibilidade de fruição de seu direito ao crédito. Pois bem. Por mais que tenhamos no presente processo a juntada, tardia de documentos pela contribuinte que teriam o condão de demonstrar seu direito ao crédito, trouxe a contribuinte com sua manifestação do inconformidade, a princípio, documentos que demonstram sua intenção em retificar o equívoco cometido, qual seja, a troca dos códigos de NCM. Dessa forma os documentos dispostos nas páginas 403 a 447 do processo, demonstram a efetiva alteração dos códigos, dentro do que lhe é permitido pela legislação vigente e, ao meu sentir, permitindo a fruição do benefício fiscal. Para dar sustentação ao descrito acima, peço vênia, para utilizar os fundamentos e decisão em voto vencedor proferido pela Conselheira Cristiane Silva Costa, no processo n. 14098.000308/200974, Acórdão n. 9101002.781, da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido em 06 de abril de 2017, vejamos: "Voto Vencedor Conselheira Cristiane Silva Costa, Redatora Designada Com a devida vênia ao Ilustre Relator, divirjo da interpretação conferida ao artigo 16, do Decreto nº 70.235/1972. Como mencionado pelo Ilustre Relator, prescreve o artigo 16, do Decreto nº 70.235/1972: Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 472DF CARF MF 10 V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) A interpretação isolada do artigo 16 e seu §4º poderia implicar na interpretação bastante rigorosa da impossibilidade de juntada de documentos depois da apresentação de impugnação administrativa, ressalvadas as hipóteses dos incisos do §4º, acima colacionado (impossibilidade de apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos). No entanto, não me parece seja o caso de adotar interpretação tão rigorosa. A Lei nº 9.784/1999 trata dos processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal, explicitando a necessidade de observância aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade proporcionalidade, ampla defesa e contraditório: Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, Fl. 473DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 7 11 proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:... A mesma Lei acrescenta que os processos administrativos devem atender aos critérios dos quais se destacam: Art. 2º: (...) Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I atuação conforme a lei e o Direito; (...) VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio. Os processos administrativos, portanto, devem atender a formalidade moderada, com a adequação entre meios e fins, assegurandose aos contribuintes a produção de provas e, principalmente, resguardandose o cumprimento à estrita legalidade, para que só sejam mantidos lançamentos tributários que efetivamente atendam à exigência legal. Especificamente sobre a possibilidade de juntada de provas, o artigo 38, da Lei nº 9.784/1999 prescreve que: Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Fl. 474DF CARF MF 12 Ao tratar do artigo 16, §4º, do Decreto nº 70.235/1972, são as pertinentes considerações de Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martínez López: Ao se levar às últimas consequências, as regras atualmente vigentes para o Decreto nº 70.235/72, estarseia mitigando a aplicação de um dos princípios mais caros ao processo administrativo que é o da verdade material. (...) Assim, revela destacar que a depender da situação é possível flexibilizar a norma, desde que evidentemente, a prova apresentada seja inconteste e nesse sentido independa da análise de uma instância inferior, eis que a preclusão ligase ao princípio do impulso processual. (...) Na prática, quer nos parecer que, o direito à parte à produção de provas comporta graduação a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade desejável e a segurança indispensável na realização da justiça. (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, 3ª edição, Dialética, 2010, fls. 305 e 306.)" Assim, considerando que as retificações apresentadas pela contribuinte das notas fiscais quanto à troca dos códigos de NCMs, e os ensinamentos trazidos pela transcrição do voto acima, entendo por bem considerar como válidos os créditos representados pelas NFs nºs 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, garantindo a contribuinte a fruição dos benefícios do REINTEGRA, com relação a tais documentos fiscais. II Conclusão Diante do exposto, voto por acolher o recurso voluntário, para no mérito dar lhe parcial provimento nos seguinte termos: a) indeferir o ressarcimento indicado relacionado à operação descrita na NF nº 13490, pelo não cumprimento dos requisitos formais indicados pela legislação para fruição dos benefícios do REINTEGRA; b) indeferir o ressarcimento indicado nas notas fiscais nºs 1254, 1255, 25929 e 23326, tendo em vista não estarem relacionadas à DE; c) deferir o ressarcimento que tem por base as notas fiscais 1277, 1286, 1287, 1288, 1304, 1309, 1310, 1311, 1326, 1328, 1329, 1330, 482, 483, 484, 504, 505, 1155, 1188, 1189, 1190, 1191, 1213, 1218, 1220, 1221, 1222, 1245, 1246, 1247, 1248, 1249, por entender sanadas as irregularidades apontadas pela fiscalização. José Renato Pereira de Deus Relator. Fl. 475DF CARF MF Processo nº 10880.657986/201221 Acórdão n.º 3302004.655 S3C3T2 Fl. 8 13 Fl. 476DF CARF MF
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Numero do processo: 15374.900018/2009-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 15/04/2004
ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO
O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do despacho decisório que não homologou o pedido de compensação deve ser mantido.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-004.642
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 07/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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DIREITO CREDITÓRIO O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do despacho decisório que não homologou o pedido de compensação deve ser mantido. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. EDITADO EM: 07/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 00 18 /2 00 9- 89 Fl. 135DF CARF MF 2 Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo o relatório da decisão de piso de fls. 3539: Trata o presente processo de apreciação de compensação declarada no PER/DCOMP nº 00437.94031.150704.1.3.047832, de crédito referente a valor que teria sido recolhido a maior, em 15/04/2004, a título de Cofins, com débito de Cofins relativo a junho de 2004, no valor original de R$ 215.659,40. A Derat/RJO, por meio do despacho decisório de fl. 8 não reconheceu o direito creditório pleiteado, sob a alegação de que o pagamento foi integralmente utilizado para quitar o débito de Cofins do PA 31/03/2004. Cientificada do despacho e da cobrança do débito declarado no PER/DComp, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 10/11, na qual alega que: Efetuou o pagamento do COFINS, referente ao período de apuração de 31/03/2004, através de DARF, no valor de R$ 951.892,49, reduzindo significativamente o saldo credor original de R$ 1.531.631,00. Acontece que ao conferir a base de cálculo do tributo, a recorrente constatou a existência de um saldo credor a seu favor no valor de R$ 718.207,54. Ademais, restou configurado que o valor atualizado do saldo credor do contribuinte era na verdade de R$ 1.315.282,47, configurado pagamento a maior, ou seja, um saldo a favor do contribuinte correspondente ao valor de R$ 355.602,04, o qual não foi retificado na DCTF, tendo em vista que os lançamentos acima mencionados se deram sob o comando do CNPJ de n° 33.041.260/000164, pertencente a Matriz da mesma à época, contudo, a recorre promoveu a mudança da sua sede para outra localidade, tendo sido fornecido novo número de CNPJ, deste modo, ao tentar comandar eletronicamente a retificação que se faz necessária, não logrou êxito, pois, o sistema desse r. Órgão não aceita transmitila com o CNPJ do antigo estabelecimento Matriz, já que a certificação digital se deu através do novo cadastro de contribuintes. Ao proceder desta forma a recorrente nada mais fez do que exercer o seu direito regulado nas normas editadas pela SRF, e previstas na legislação federal. Porém, a autoridade fiscal sem um motivo justo qualquer não homologou a compensação solicitada pela recorrente, formalizando a sua decisão através do despacho decisório ora combatido. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 15374.900018/200989 Acórdão n.º 3302004.642 S3C3T2 Fl. 3 3 Portanto, a decisão da autoridade fiscal em não homologar a compensação efetuada sem considerar outros elementos atinentes ao caso e que eram de fácil é totalmente desprovida de razoabilidade e fere o direito da recorrente. Já é de conhecimento da maioria que no âmbito federal as empresas de grande porte são obrigadas a declarar as suas informações por meio eletrônico e com certificação digital. Contudo, a recorrente vem sendo prejudicada, pois não consegue retificar a sua DCTF, em decorrência dos problemas mencionados. Por fim requer a revisão do lançamento e, via de conseqüência, reconhecida a existência do crédito para fins de homologar a compensação declarada. Em 07.03.2013, a Turma de piso julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito crédito apurado pela Recorrente, conforme se verifica na ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 15/04/2004 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da apresentação da manifestação de inconformidade trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. Intimada da decisão em 17.07.2013 (fls.132), a Recorrente interpôs recurso voluntário em 16.08.2013 (fls.6471), reiterando, em síntese, os argumentos apresentados em sede de manifestação de inconformidade. Voto Conselheiro Walker Araujo I Tempestividade A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 17.07.2013 (fls.132) e protocolou Recurso Voluntário em 16.08.2013 (fls. 6471), dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Questões de Mérito 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 137DF CARF MF 4 Conforme exposto anteriormente, o crédito utilizado pela Recorrente declarado no PER/DCOMP nº 00437.94031.150704.1.3.047832, de crédito referente a valor que teria sido recolhido a maior, em 15/04/2004, a título de Cofins, no montante de R$ 355.602,04. Segundo a Recorrente, o crédito tem origem no erro cometido na apuração da base de cálculo da referida, o qual não foi retificado na DCTF, tendo em vista que os lançamentos acima mencionados se deram sob o comando do CNPJ de n° 33.041.260/000164, pertencente a Matriz da mesma a época, contudo, a recorre promoveu a mudança da sua sede para outra localidade, tendo sido fornecido novo número de CNPJ, deste modo, ao tentar comandar eletronicamente a retificação que se faz necessária, não logrou êxito, pois, o sistema desse r. Órgão não aceita transmitila com o CNPJ do antigo estabelecimento Matriz, já que a certificação digital se deu através do novo cadastro de contribuintes. Juntou inicialmente apenas o PER/DCOMP 00437.94031.150704.1.3.047832 para comprovar suas alegações. Por sua vez, a Turma "a quo" afastou o direito da Recorrente por total ausência de provas capaz de comprovar/demonstrar a origem do crédito pleiteado, conforme trecho destacado da decisão: No caso em tela, o contribuinte deveria apresentar ao Fisco os comprovantes fiscais e contábeis – documentos de arrecadação e livros fiscais e contábeis – relativos ao crédito pleiteado, sob pena de seu suposto direito não poder ser exercido por falta de requisito fático, que é a liquidez e certeza deste. Em vez de comprovar como apurou o novo valor devido da Cofins em março de 2004, o interessado limitouse a afirmar que efetuou pagamento indevido, sem demonstrar contabilmente como teria sido apurado este novo valor, o que deveria ter feito. Em sede recursal, a Recorrente trouxe aos autos cópia da DCTF (fls.120122) e apresentou planilha com apuração do crédito pleiteado (fls.124130). Pois bem. O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC2). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, o indeferindo do crédito é medida que se impõe. Nesse sentido: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 31/07/2009 a 30/09/2009 VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor Fl. 138DF CARF MF Processo nº 15374.900018/200989 Acórdão n.º 3302004.642 S3C3T2 Fl. 4 5 correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. (...)" (Processo n.º 11516.721501/201443. Sessão 23/02/2016. Relator Rosaldo Trevisan. Acórdão n.º 3401003.096 grifei) Pertinente destacar a lição do professor Hugo de Brito Machado, a respeito da divisão do ônus da prova: No processo tributário fiscal para apuração e exigência do crédito tributário, ou procedimento administrativo de lançamento tributário, autor é o Fisco. A ele, portanto, incumbe o ônus de provar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária que serve de suporte à exigência do crédito que está a constituir. Na linguagem do Código de Processo Civil, ao autor incumbe o ônus do fato constitutivo de seu direito (Código de Processo Civil, art.333, I). Se o contribuinte, ao impugnar a exigência, em vez de negar o fato gerador do tributo, alega ser imune, ou isento, ou haver sido, no todo ou em parte, desconstituída a situação de fato geradora da obrigação tributária, ou ainda, já haver pago o tributo, é seu ônus de provar o que alegou. A imunidade, como isenção, impedem o nascimento da obrigação tributária. São, na linguagem do Código de Processo Civil, fatos impeditivos do direito do Fisco. A desconstituição, parcial ou total, do fato gerador do tributo, é fato modificativo ou extintivo, e o pagamento é fato extintivo do direito do Fisco. Deve ser comprovado, portanto, pelo contribuinte, que assume no processo administrativo de determinação e exigência do tributo posição equivalente a do réu no processo civil”. (original não destacado)3 Somase a isso, que a escrituração somente faz prova a favor do sujeito passivo se acompanhada por documentos hábeis à comprovar a origem do crédito pleiteado, conforme previsão contida no artigo 26, do Decreto nº 7.574/20114. No presente caso, a Recorrente não trouxe aos autos documentos necessários e substanciais à comprovar suas alegações e demonstrar a origem do crédito utilizado no PER/DCOMP nº 00437.94031.150704.1.3.047832, justificando, assim, a manutenção do despacho decisório que não homologou referido pedido de compensação. Com efeito, a DCTF juntada a destempo pela Recorrente, em total inobservância a determinação contida no §4º, do artigo 16, do Dec. 70.235/725, não demonstra o erro cometido pelo contribuinte na apuração da base de cálculo da contribuição sob análise. 3 Mandado de Segurança em Matéria Tributária, 3. ed., São Paulo: Dialética, 1998, p.252. 4 Art. 26. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do sujeito passivo dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 9o, § 1o). 5 § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Fl. 139DF CARF MF 6 Do mesmo modo, a planilha elaborada pela Recorrente sem o devido suporte documental é insuficiente para comprovar seu pretenso direito, na medida em que não há como confirmar a veracidade dos cálculos apresentados elaborados pelo contribuinte. Em resumo, não há como validar o crédito da Recorrente com base em meras suposições e alegações genericamente apresentadas. III Conclusão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 140DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.912789/2009-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/10/2004
BASE DE CÁLCULO. SOCIEDADE COOPERATIVA. INOCORRÊNCIA DE DEDUÇÃO DA RECEITA BRUTA. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE.
A sociedade cooperativa que não utilizar quaisquer das exclusões/deduções previstas nos incisos I a VI do art. 32 do Decreto 4.524/2002, por falta de previsão legal, não está sujeita à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários.
TRIBUTO INDEVIDO. INDÉBITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE.
Se comprovada a existência de pagamento de tributo indevido passível restituição, por expressa previsão legal, é assegurado ao contribuinte o direito de utilizá-lo na compensação de débitos próprios.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-004.611
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. A Conselheira Lenisa Rodrigues Prado votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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SOCIEDADE COOPERATIVA. INOCORRÊNCIA DE DEDUÇÃO DA RECEITA BRUTA. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE. A sociedade cooperativa que não utilizar quaisquer das exclusões/deduções previstas nos incisos I a VI do art. 32 do Decreto 4.524/2002, por falta de previsão legal, não está sujeita à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. TRIBUTO INDEVIDO. INDÉBITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. Se comprovada a existência de pagamento de tributo indevido passível restituição, por expressa previsão legal, é assegurado ao contribuinte o direito de utilizálo na compensação de débitos próprios. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. A Conselheira Lenisa Rodrigues Prado votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 27 89 /2 00 9- 31 Fl. 460DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Tratase de compensação de crédito pagamento indevido da Contribuição para o PIS/Pasep Folha de Salários com débitos débito(s) discriminado(s) no PER/DCOMP nº 17278.32333.311005.1.3.047241. Por bem descrever os fatos, adotase o relatório do acórdão recorrido, a seguir transcrito: DO DESPACHO DECISÓRIO O presente processo trata da Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório emitido eletronicamente (fl. 08), referente ao PER/DCOMP nº 12480.07570.311005.1.3.044461. A Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP foi transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório correspondente a PIS – Folha de Salários no valor original na data de transmissão de R$1.908,20, representado por Darf recolhido em 15/11/2004 e de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório em 30/04/2009, conforme documento de fl. 49, o interessado apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/04, em 02/06/2009, cujo conteúdo, em síntese, o seguinte: registra, inicialmente, a tempestividade da defesa; Fl. 461DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 461 3 assevera que, ao contrário do que supõe a fiscalização, não requereu a utilização daquele crédito para a quitação de qualquer outro débito, mas tão somente daquele objeto do ora discutido PER/DCOMP, sendo perfeitamente suficiente para a compensação a ser realizada (documentação anexa); esclarece que o procedimento adotado atendeu regularmente a todos os requisitos da legislação então em vigor, e que a controvérsia que persiste nos autos referese, exclusivamente, à existência do crédito no equivocado entendimento fiscal de que o contribuinte teria pleiteado a compensação de crédito já compensado em processo administrativo diverso; fazendo menção ao art. 156, II do Código Tributário Nacional (CTN), afirma que resta demonstrado o direito creditório postulado, objeto do despacho decisório ora questionado, devendo ser reconhecida e homologada a compensação procedida, desconstituindose a exigência das diferenças apontadas pelo Fisco Federal; assim, ao final, requer seja homologado o direito de compensação, por todos fundamentos aqui apresentados. Na hipótese de não se conhecer a referida homologação, garantindolhe o direito constitucional previsto no artigo 5°, LV, de ampla defesa, requer que a Receita Federal do Brasil apresente as supostas duplicações de compensações alegadas no referido despacho decisório. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente e não reconhecido o direito creditório pleiteado, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas, que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/10/2004 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 462DF CARF MF 4 Em 9/4/2012, a contribuinte foi cientificada da referida decisão e apresentou o recurso voluntário em 9/5/2012, em que reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade e, em aditamento, acrescentou as seguintes razões defesa: a) a conclusão do fisco de que o pagamento havia sido integralmente utilizado para quitar o débito “partiu do equívoco da recorrente, que deixou de retificar a DCTF a fim de explicitar a inexistência do débito daquela contribuição após tomar ciência do pagamento indevido e proceder à sua compensação com débito diverso, mero erro material, por óbvio”; b) a DRJ inovou ao julgar a manifestação de inconformidade, referindose ao § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002. Ademais, o mencionado Decreto extrapolava previsão legal atinente aos limites de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha; c) a decisão de 1ª instância contrariava o entendimento da Receita Federal, apresentado na Solução de Consulta n.° 412, de 15 de dezembro de 2004, que afastou a Recorrente do rol de contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep Folha, entendendo pela incidência exclusiva da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento, a qual possui efeito vinculante para a administração, nos termos do art. 100, II, do CTN; d) o Decreto nº 4.524, de 2002, e as Instruções Normativas SRF nº 145, de 1999, e nº 247, de 2002, eram ilegais na parte que prevê a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha na hipótese de deduções de sobras, eis que tal dedução, embora também diga respeito à cooperativa de trabalho, não estava prevista na Medida Provisória nº 2.15835, de 2001; e) a Recorrente não procedeu a qualquer dedução prevista na Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, que pudesse justificar a cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep Folha, especialmente, as deduções dos incisos I a V do artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002, que dizem respeito à cooperativas de produção e não à cooperativas de trabalho; f) a Recorrente não deduzira da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento qualquer parcela referente a sobras (inciso VI do artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002), tendo depositado em juízo o valor integral da referida contribuição, na modalidade prevista na Lei nº 9.718, de 1998; e g) ao final, afirmou que, sob pena de se contrariar a realidade fática, a obediência ao princípio da legalidade e a própria solução de consulta, que vincula a administração pública, não podia prevalecer o entendimento de 1ª instância. Na Sessão de 16 de outubro de 2014, por meio da Resolução nº 3302 000.450, a composição pretérita deste Colegiado, converteu o julgamento em diligência para que fossem adotadas as seguintes providências: i) A Fiscalização, mediante intimação da Interessada e diante da documentação probatória apresentada, verifique e informe se a contribuinte, no período de apuração objeto do presente litígio, utilizouse das deduções previstas no art. 32 do .Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002, mencionada no Acórdão recorrido, anexando documentação probatória; ii) Informar quando foi efetuada a consulta formulada pela contribuinte, anexando cópia da mesma, esta referente à Solução de Consulta nº 412 de 15 de dezembro de 2004; Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 462 5 iii) Solicitar manifestação da Superintendência Regional da Receita Federal da 6ª Região Fiscal acerca de: a) efeito da consulta formulada, nos termos disposto no art. 15, IV da Instrução Normativa nº 230, de 25 de Outubro de 2002, tendo em vista o Mandado de Segurança preventivo nº 2002.38.000204732 impetrado pela a contribuinte em 18/06/2002; b) Se diante dos termos da consulta formulada pela contribuinte, a Solução de Consulta nº 412 , de 15 de dezembro de 2004, ao fundamentar sua decisão no Decreto n.° 4.524/2002 e na MP 2.15835/ 2001 a Receita Federal, afastou igualmente a hipótese da cumulação do Pis Folha com o Pis Faturamento prevista no art. 15 da MP 2.15835/ 2001, reproduzida no art. 32 do Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002; iv).Intimar a contribuinte a apresentar as principais peças (Petição, sentença e Acórdãos) do Mandado de Segurança nº 2002.38.000204732, que deverão ser anexados aos autos; v) prestar demais informações que entendam necessários; vi) dar ciência do resultado da diligência para a contribuinte, concedendolhe prazo para manifestação; vii). retornar o presente processo ao CARF para posterior julgamento. Por meio do Relatório de Diligência Fiscal colacionado aos autos, a autoridade fiscal prestou as seguintes informações: a) a contribuinte apresentara algumas considerações sobre o processo de Mandado de Segurança e as peças do citado processo foram juntadas aos autos b) com base nas informações da memória de cálculo apresentada pela contribuinte e nos valores confirmados no balancete, elaborou o demonstrativo de “DIPJ 2005 Exclusões da Base de Cálculo do PIS – outubro de 2004 = R$ 7.754.625,04”, em que demonstrada que havia “única divergência entre a memória de cálculo e os valores no balancete, em valor pouco significativo. Dessa forma, s.m.j., concluo que as únicas exclusões efetuadas na base de cálculo do Pis foram as informadas pelo contribuinte.”; c) a consulta que originou a Solução de Consulta nº 412, de 2004 fora formalizada por meio do processo nº 10680.013505/200418, protocolizado em 10/11/2004. Os textos da consulta e da Solução de Consulta foram colacionados aos autos; e d) a autoridade fiscal da Disit/SRRF 6ª RF manifestouse sobre as questões elencadas na resolução do CARF, por meio do documento juntado aos autos. Por sua vez, a Disit/SRRF 6ª RF prestou os seguintes esclarecimentos, in verbis: 5. A Solução de Consulta (SC) Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, foi protocolizada em 10/11/2004, gerando o Processo Administrativo nº 10680.013505/200418, o qual foi “convertido Fl. 464DF CARF MF 6 em processo digital” por esta Divisão e encontrase disponível para consulta no Sistema eProcesso; 6. A análise da consulta formulada, que deu origem à SC Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, conforme expressamente informado no seu item “7”, limitouse a examinar “se as receitas que nomeia como taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sua sobrevivência e atuação constituem receitas de suas atividades próprias, sendo, portanto, isentos dessa contribuição.” (grifo não consta do original); 7. Pelo simples exame da petição inicial da consulta não seria possível se constatar que a contribuinte teria, ou não, impetrado anteriormente Mandado de Segurança sobre o mesmo objeto, sendo que, a então consulente prestou as declarações de praxe, previstas no art. 3º , inciso II e alíneas a, b e c, da Instrução Normativa SRF nº 230, de 24 de outubro de 2002, vigente à época em que apresentou a consulta, no sentido de que o fato exposto não foi objeto de decisão anterior, ainda não modificada, proferida em consulta ou litígio em que tenha sido parte; 8. Dessa forma, a SC Disit06 nº 412/2004, tão somente examinou a questão posta pela contribuinte, onde, à vista dos elementos do processo, se concluiu que a consulente não preencheria, à época da análise, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, devendo ter o tratamento fiscal geral aplicável às pessoas jurídicas que não gozam de isenção ou imunidade; 9. Oportuno pontuar que, antes de adentrar ao mérito da questão formulada na consulta, foi inicialmente esclarecido à solicitante que o processo de consulta visa a esclarecer dúvida sobre a interpretação da legislação tributária e não se presta a examinar eventual condição de isenção da consulente, hipótese que envolveria análise de situação de fato, qual seja, o atendimento aos requisitos fixados em lei; 10. Evidente assim o fato de que, não foi objeto de questionamento, e tampouco de análise no processo de consulta, o art. 15 da MP 2.15835/2001, reproduzido no art. 32 do Decreto 4.524, de 17 de dezembro de 2002, pois este, conforme se verifica do item 8 deste Parecer, não foi sequer citado, tanto na peça vestibular, assim como na solução da consulta; 11. Em relação aos efeitos da consulta, tendo em vista o disposto no inciso IV do artigo 15, da então vigente IN SRF nº 230, de 24 de outubro de 2002 (atual inciso IV da IN RFB nº 1.396/2013), visa tal dispositivo prevenir situação em que a demanda venha a ser objeto de mais de um processo administrativo ou judicial, de forma a se evitar decisões distintas em situações em que haja coincidência de objeto, partes e causa de pedir; 12. Conforme descrito acima, nos itens 8 a 10, a solução de consulta se ateve a analisar a questão relativa ao enquadramento das receitas descritas pela consulente na hipótese isentiva prevista na norma, concluindose que tais receitas estariam sujeitas ao recolhimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, com base na receita bruta; Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 463 7 13. Consta na ementa da SC Disit06 nº 412/2004, relativamente à contribuição para o PIS/Pasep, a seguinte expressão: “A associação que remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, recolhe a contribuição com base na receita bruta.”. Não há uma efetiva concomitância entre o objeto da solução de consulta e a sentença judicial, vez que tratam de situações distintas; embora atinentes à tributação da contribuição para o PIS/Pasep, possuem objeto e fundamentos distintos; 14. Entretanto, há que se destacar que ambas as decisões (administrativa e judicial) convergem no sentido de que, a interessada está sujeita ao recolhimento de contribuição para o PIS/Pasep com base no faturamento; 15. Também é fato que, no processo de consulta administrativa não houve qualquer manifestação ou decisão da SRRF06 no sentido de que a consulente estaria sujeita exclusivamente ao recolhimento da contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o seu Faturamento, vez que tal situação não foi objeto de análise no referido processo, por não se fundamentar, e tampouco ter sido objeto de questionamento, a aplicação do art. 15 da MP 2.15835/2001, motivo pelo qual há que se concluir que, não há necessidade de reforma da SC Disit06 nº 412/2004, visto que eventual ato dessa natureza não implicaria em qualquer alteração na situação jurídica da consulente no que se refere às conclusões quanto à sua sujeição passiva relativamente à contribuição para o PIS/Pasep. (grifos do original) Cientificada do resultado da diligência, a recorrente prestou os seguintes esclarecimentos/argumentos de defesa: a) ainda que o artigo 15 da MP n.° 2.15835 não tenha sido objeto de análise, a Solução de Consulta n.° 412/2004 era expressa no sentido de que a Recorrente “não preencheria, à época, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da MP n.° 2.15835/2001, que, além de tratar das hipóteses de isenção ou imunidade prevêem, justamente, entidades sujeitas à tributação do PIS incidente sobre a folha de salários”, inclusive, esse fora o entendimento manifestado pela 3a Turma Ordinária da 4a Câmara desta 3a Seção de Julgamento, por meio do acórdão 3403002.500, em que apreciada a mesma situação, com diferença apenas quanto ao período do crédito e do débito compensado; b) as duas divergências apontadas no relatório fiscal de valor pouco significativo decorreram de mero erro contábil, mas que não impossibilitava a confirmação, pelo fiscal, dos valores que compuseram as exclusões da base de cálculo do “PIS Faturamento, que não envolvem nenhuma das deduções previstas no artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002, em especial as sobras”; c) antes da análise das informações colhidas em diligência e explicações acima, imprescindível que esta Turma de Julgamento se pronunciasse sobre a ilegalidade do Decreto n.° 4.524/2002 ao incluir as sobras como dedução que motivaria a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha sem respaldo legal, especialmente, tendo em conta que esta seria a única dedução passível de aproveitamento pela Recorrente (cooperativa de trabalho Fl. 466DF CARF MF 8 médico), dentre as hipóteses de dedução ensejadoras da cobrança concomitante da Contribuição para o PIS/Pasep Folha e da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento. As demais deduções previstas no artigo 32 são todas aplicáveis a cooperativas de produção; d) a dedução das sobras não se encontrava dentre as deduções do artigo 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 (aplicáveis somente a cooperativas de produção e não de trabalho), bem como não se podia fundamentar tal hipótese na Lei 10.676/2003 que, apesar de prever a dedução das sobras, não mencionava, em momento algum, que, ao deduzir as sobras da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento, estarseia diante do nascimento do fato gerador da Contribuição para o PIS/Pasep Folha. Assim, somente era possível a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha cumulativamente com a Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento apenas das cooperativas de produção, caso realizada alguma das exclusões do referido art. 15; e e) este Conselho tinha competência para se pronunciar sobre a ilegalidade de atos do Poder Executivo, conforme já decidira a 2a Turma Ordinária da 2a Câmara desta 3a Seção, por meio do acórdão n° 3202000.378 e 1a Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 3ª Seção, por intermédio do acórdão nº 3401001.805. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia envolve questões de direito e de fato. A questão jurídica diz respeito a legalidade do § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002, que determina que a cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões da receita bruta previstas no referido artigo contribuirá, cumulativamente, para a Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. As questões de fato cingese em saber (i) se a Solução de Consulta (SC) Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, reconhecera que a consulente, ora recorrente, estava sujeita, exclusivamente, ao recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o seu faturamento e (ii) e se há provas de que a recorrente não utilizou, no período de apuração, das deduções previstas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art. 1º da Lei 10.676/2003, e regulamentadas no art. 32 do Decreto 4.524/2002. Em relação a primeira questão, a recorrente alegou que, como a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício não constava da redação do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001, era ilegal § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002, que previa a inclusão da referida dedução, dentre as condições necessárias para enquadrar a recorrente como contribuinte da Contribuição para o PIS/Pasep incidente, cumulativamente, sobre a folha de salários e sobre o faturamento. A redação do referido preceito regulamentar tem o seguinte teor, in verbis: Art. 32. As sociedades cooperativas, para efeito de apuração da base de cálculo das contribuições, podem excluir da receita bruta o valor (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 15, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 36): Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 464 9 I repassado ao associado, decorrente da comercialização, no mercado interno, de produtos por eles entregues à cooperativa, observado o disposto no § 1º; II das receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III das receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V das receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos; e VI das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971. [...] § 4º A cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões previstas neste artigo contribuirá, cumulativamente, para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. [...] (grifos não originais) A simples leitura revela que a redação dos incisos do caput do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 não prevê a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício. A previsão dessa dedução somente ocorreu a partir da vigência da Medida Provisória 1.85810/1999, conforme estabelecido no art. 2º da Lei 10.676/2003, que, no seu art. 1º deu redação definitiva à referida dedução. Assim, como a redação do caput do art. 151 da Medida Provisória 2.158 35/2001 não contempla a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do 1 "Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; IIas receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1º Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2º Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; Fl. 468DF CARF MF 10 Exercício, inequivocamente, o questionado preceito regulamentar excedeu ao que determinava o comando legal regulamentado, o que é suficiente para inquinálo de ilegal. Entretanto, por força do disposto no caput do art. 26A do Decreto 70.235/1972, fora das situações excepcionadas no seu § 6º, é expressamente vedado a esta instância administrativa afastar a aplicação ou deixar de observar decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. A mesma vedação consta do art. 62 da Portaria MF 343/2015 (RICARF/2015) e implica perda do mandato nos termos do art. 45, VI, do RICARF/2015. Não se pode olvidar, ademais, que, embora os referidos preceitos legal e regimental refirase a fundamento de inconstitucionalidade, obviamente, ele alcança a hipótese de ilegalidade, sob pena de completa subversão ao princípio da hierarquia das normas, que põe a normal constitucional no ápice. Em outras palavras, se há vedação para o afastamento sob fundamento inconstitucionalidade com mais razão tal proibição também se estende para os casos de ilegalidade. Superada a questão jurídica, passase a analisar as questões de fato. A primeira a ser analisada diz respeito ao que ficou determinado na SC Disit06 nº 412/2004. Para a recorrente, a referida SC havia determinado que a recorrente estava sujeita, exclusivamente, ao recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o faturamento. Para justificar o seu entendimento, a recorrente transcreveu o excerto, extraído da citada SC, em que afirmado que ela “não preencheria, à época, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da MP n.° 2.15835/2001, que, além de tratar das hipóteses de isenção ou imunidade prevêem, justamente, entidades sujeitas à tributação do PIS incidente sobre a folha de salários.” De outra parte, a autoridade fiscal da Disit06 alegou que a citada solução de consulta limitouse a afirmar que se as receitas descritas pela consulente na petição inicial (taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sobrevivência e atuação da recorrente) não se enquadravamse nas hipóteses dos arts. 13 e 14 da Medida Provisória 2.15835/2001. Ainda esclareceu a citada autoridade que “não foi objeto de questionamento, e tampouco de análise no processo de consulta, o art. 15 da MP 2.15835/2001, reproduzido no art. 32 do Decreto 4.524, de 17 de dezembro de 2002, pois este, conforme se verifica do item 8 deste Parecer, não foi sequer citado, tanto na peça vestibular, assim como na solução da consulta.” A razão está com a autoridade fiscal. No caso em tela, a condição que sujeita a recorrente à incidência cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento e sobre a folha de salários não são os arts. 13 e 14 da Medida Provisória 2.15835/2001, mas o inciso I do § 2º do art. 15 da citada MP. E esse preceito legal não foi objeto da consulta, por conseguinte, sobre ele não houve qualquer análise e orientação no âmbito da referida SC. Dirimida a primeira questão de fato, passase à análise da segunda, que diz respeito à existência de provas de que a recorrente não utilizou, no período de apuração, quaisquer das deduções discriminadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art. 1º2 da Lei 10.676/2003, e consolidadas no art. 32 do Decreto 4.524/2002. II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas." 2 " Art. 1º As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 465 11 De acordo com o Relatório de Diligência Fiscal, a autoridade fiscal concluiu, in verbis: Verificase que, para este mês, há uma única divergência entre a memória de cálculo e os valores no balancete, em valor pouco significativo. Dessa forma, s.m.j., concluo que as únicas exclusões efetuadas na base de cálculo do Pis foram as informadas pelo contribuinte. De fato, com base nos dados apresentados nos referidos balancetes em cotejo com os informados na referida memória de cálculo, confirmase que a referida divergência foi resultado de mero equívoco de natureza contábil/algébrico cometido pela recorrente. Assim, resta comprovado que, no período em referência, a recorrente não utilizou quaisquer das referidas deduções, especialmente, a dedução das sobras apuradas na DRE do período. Além disso, independentemente, da demonstração do referido equívoco, uma leitura atenta dos referidos balancetes revela que a recorrente, no período, não deduziu nenhum dos valores dos itens discriminados no artigo 32 do Decreto 4.524/2002, incluindo as sobras apuradas na DRE. Dessa forma, uma vez demonstrado que a recorrente não estava sujeita a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep sobre a folha de salários, obviamente, o valor da contribuição recolhido a esse título, com o código 8301, era indevido. E o fato de a recorrente não ter procedido, previamente a apresentação da DComp, a retificação da DCTF, obviamente, não tem o condão de transformar em devido o valor do recolhimento indevido. Entender de modo diverso implicaria valoração excessiva da forma em menoscabo ao conteúdo, com evidente afronta ao princípio da verdade material, que rege o processo administrativo fiscal. Por todas essas razões, chegase a inexorável conclusão que o valor recolhido indevidamente a título da “Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários”, código 8301, com os devidos acréscimos legais, é passível de compensação, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/1996. Por todo o exposto, votase pelo provimento do recurso, para reconhecer o direito de a recorrente realizar a compensação até o limite do valor crédito reconhecido. § 1º As sobras líquidas da destinação para constituição dos Fundos referidos no caput somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a este creditadas, distribuídas ou capitalizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuárias. § 2º Quanto às demais sociedades cooperativas, a exclusão de que trata o caput ficará limitada aos valores destinados a formação dos Fundos nele previstos. § 3º O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999." Fl. 470DF CARF MF 12 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 471DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.937862/2011-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 15/08/2001
BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE.
Uma vez declarado inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em regime de repercussão geral, o valor da receita financeira não integra a base de cálculo da contribuição, por não integrar o faturamento da pessoa jurídica não financeira.
PAGAMENTO INDEVIDO. NÃO COMPROVADO O RECEBIMENTO DE RECEITA FINANCEIRA. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de reconhecimento o direito creditório se não provado, com documento hábil e idôneo, o recebimento da receita financeira sobre a qual foi apurada a parcela do PIS e da Cofins alegada como indevida.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Se não comprovadas a certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório mantém-se a não homologação da compensação declarada por ausência de crédito.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.493
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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COFINS. COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. Recorrente P.G.SCHMIDT & CIA. LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do Fato Gerador: 15/08/2001 BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez declarado inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, por decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em regime de repercussão geral, o valor da receita financeira não integra a base de cálculo da contribuição, por não integrar o faturamento da pessoa jurídica não financeira. PAGAMENTO INDEVIDO. NÃO COMPROVADO O RECEBIMENTO DE RECEITA FINANCEIRA. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de reconhecimento o direito creditório se não provado, com documento hábil e idôneo, o recebimento da receita financeira sobre a qual foi apurada a parcela do PIS e da Cofins alegada como indevida. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO DO PROCEDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Se não comprovadas a certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório mantémse a não homologação da compensação declarada por ausência de crédito. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 78 62 /2 01 1- 18 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10980.937862/201118 Acórdão n.º 3302004.493 S3C3T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Tratase de compensação, formalizada por meio de Declaração de Compensação (DComp) em que a contribuinte informou a utilização de indébito de Cofins cumulativa (código 2172), para adimplir débitos de tributos diversos. Foi emitido despacho decisório de não homologação da compensação, seja em razão de o Darf discriminado na DComp encontrarse totalmente utilizado para quitação de débito da contribuinte, não restando saldo de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na citada DComp ou não ter sido localizado nos sistemas da Receita Federal. Em sede de manifestação de inconformidade, a recorrente alegou que o crédito utilizado era decorrente da ampliação da base cálculo, determinada pelo § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998, que fora declarada inconstitucional pelo STF no julgamento do RE 357.950; que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei 9.430/1996; que apresentou demonstrativo da origem do crédito e afirmou que estava amparada pelo art. 170 do CTN; citou e transcreveu jurisprudência administrativa e judicial; ressaltou o contido no art. 165 do CTN; insistiu no direito à restituição; e, ao final, pediu a homologação da compensação. Sobreveio a decisão de primeira instância em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente e mantida a não homologação da compensação declarada, com base nos fundamentos expressos no Acórdão 06046.186. A contribuinte foi cientificada da referida decisão e apresentou, tempestivamente, o recurso voluntário constante nos autos, em que reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.481, de Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10980.937862/201118 Acórdão n.º 3302004.493 S3C3T2 Fl. 4 3 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.924260/200986, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.481): "O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia gira em torno da não homologação da compensação declarada, por inexistência do direito creditório informado. De fato, noticia o Despacho Decisório de fls. 2/4, que, embora localizado nos sistema da RFB, o Darf informado pela recorrente na Declaração de Compensação (DComp) de fls. 5/8, o pagamento nele discriminado fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação em apreço. Por meio da manifestação de inconformidade de fls. 9/14, a recorrente alegou que a parcela do pagamento utilizado na compensação correspondia a parcela do pagamento da Cofins do mês de fevereiro de 2001, calculada sobre o valor das receitas financeiras recebidas no mês, incluído indevidamente na base de cálculo da contribuição, em razão da decisão do STF que declarara inconstitucional o art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/1998. A questão jurídica, atinente ao ilegal alargamento da base de cálculo, já se encontra superada no âmbito deste Conselho desde o trânsito em julgado da decisão plenária do STF, proferida no âmbito do julgamento da questão de ordem suscitada no RE nº 585.235/RG, realizado sob o regime de repercussão geral, estabelecido no art. 543B do CPC, cujo enunciado da ementa restou a assim redigido, in verbis: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, DJe227 28/11/2008) – Grifos não originais. Com o trânsito de julgado da referida decisão, em cumprimento ao disposto no art. 62, § 2º, da Portaria MF 343/2015, que aprovou Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), os fundamentos do referido julgado são de adoção obrigatória por todos membros deste Conselho, logo, aqui adotase o teor da respectiva decisão, para afastar o alargamento da base de cálculo das referidas contribuições, previsto no art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/1998. Entretanto, embora reconhecido como indevido o alargamento da base de cálculo das referidas contribuições, o que, induvidosamente, inclui as receitas financeiras auferidas no período de apuração em referência, a Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.937862/201118 Acórdão n.º 3302004.493 S3C3T2 Fl. 5 4 recorrente não dignou trazer aos autos prova de que de que auferira o valor da receita financeira alegado. De fato, na fase de manifestação de inconformidade, a recorrente não apresentou nenhum elemento probatório que confirmasse o recebimento das referidas receitas financeiras e tampouco que tenha incluído o correspondente valor na base de cálculo da contribuição recolhida no mês. Somente com a apresentação da peça recursal em apreço, a recorrente trouxe à colação dos autos o demonstrativo de fls. 44/45, em que discriminado os valores das receitas financeiras, auferidas nos meses de fevereiro de 2001 a dezembro de 2003, bem como os supostos valores originais e atualizados da Cofins indevida, apurados nos citados meses. E com vista à comprovação do valor da receita financeira auferida no mencionado mês, em vez de apresentar cópia das folhas do livro contábil obrigatório (o livro diário), devidamente autenticado no Registro Público de Empresas Mercantis, acompanhado das cópias dos extratos bancários das correspondentes operações financeiras, conforme exige os arts. 1.179 a 1811 da Lei 10.406/2002 (Código Civil de 2002), a recorrente limitouse a apresentar uma folha com os valores de suposta Demonstração de Resultado do mês de fevereiro. A copia do suposto documento não foi extraída do livro Diário e tampouco assinado por profissional da área contábil legalmente habilitado e pelo representante da recorrente, conforme exige o art. 1.184 do Código Civil de 2002, a seguir transcrito: Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. § 1º Admitese a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. § 2º Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico 1 "Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1º Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2º É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios." Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.937862/201118 Acórdão n.º 3302004.493 S3C3T2 Fl. 6 5 em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. (grifos não originais) Assim, como se trata de documento sem autenticidade, sequer assinado por representante legal da recorrente e profissional habilitado, induvidosamente, ele não serve como meio de prova do recebimento dos valores das referidas receitas financeiras discriminados pela recorrente no citado demonstrativo. Além disso, o citado documento não foi apresentado com a manifestação de inconformidade, conforme exige o art. 15 do Decreto 70.235/1972. Assim, ainda que revestisse de meio de prova adequada, o que se admite apenas para argumentar, por força da preclusão determinada no art. 16, § 4º, do citado Decreto, o referido documento não poderia ser admitido como elemento de prova na atual fase processual. Enfim, cabe ainda consignar que, no processo de compensação, a parte autora é o contribuinte que realizou o procedimento compensatório, portanto, nos termos do art. 373, I, da Lei 13.105/2015 (Código Processo Civil), que, na ausência de norma específica, aplicase subsidiariamente ao processo administrativo fiscal (art. 152 do CPC), o ônus de provar a certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação em apreço era da incumbência da recorrente. No entanto, nas duas oportunidades em que compareceu aos autos, ela omitiu se de apresentar prova adequada que demonstrasse a existência do direito creditório informado. No mesmo sentido, o art. 36 da Lei 9.784/1999, que dispõe sobre o processo administrativo federal, atribui ao autor do feito ou do pedido o ônus da prova constitutiva do seu direito. Logo, uma vez demonstrado que o ônus da prova da existência do crédito compensado era da recorrente, porém, como ela não se incumbiu dessa função deve arcar com as consequências decorrentes da sua omissão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra a decisão recorrida." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o recurso voluntário também foi apresentado tempestivamente e a Recorrente não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 2 "Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente." Fl. 50DF CARF MF
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Numero do processo: 13854.000086/99-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 1998
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. POSSIBILIDADE. AQUISIÇÃO MATÉRIA-PRIMA. PRODUTOR RURAL.
De acordo com o Resp 993.164/MG, reconhece-se o direito ao crédito presumido de IPI, decorrente da aquisição de matéria-prima de produtores rurais.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. ESTOQUE. 31.12.2007. CONFIRMAÇÃO. APURAÇÃO EM DILIGÊNCIA.
Com a confirmação dos valores, por meio da análise dos autos do processo 13854.000047/98-61, deve ser considerado o valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/1998 de R$ 18.732.841,69.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. IMPOSSIBILIDADE. MERCADORIAS ADQUIRIDAS PARA REVENDA.
Incabível o cálculo do crédito presumido de IPI sobre mercadorias não consumidas no processo produtivo por vedação à teleologia da norma.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL.
As variações cambiais complementares, objeto de emissão de nota fiscal conforme determinado pela legislação aduaneira, integram a receitas de exportação para fins de apuração da base de cálculo do crédito presumido do IPI.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. ÓBICE. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INCIDÊNCIA. TAXA SELIC.
De acordo com o entendimento do Resp 993.164/MG, julgado sob o regime de repetitivo, a oposição de ato estatal, autoriza a incidência da aplicação da Taxa SELIC na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco.
Numero da decisão: 3302-004.437
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o aproveitamento de crédito presumido na aquisição de matéria-prima de produtor rural pessoa física, o valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/1997 de R$ 18.732.841,69, as variações cambiais complementares glosadas e a incidência da Taxa Selic como correção monetária a partir da edição do despacho decisório, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado quanto à inclusão das receitas de revenda de exportação na receita de exportação.
(assinatura digital)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza -Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA
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POSSIBILIDADE. AQUISIÇÃO MATÉRIAPRIMA. PRODUTOR RURAL. De acordo com o Resp 993.164/MG, reconhecese o direito ao crédito presumido de IPI, decorrente da aquisição de matériaprima de produtores rurais. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. ESTOQUE. 31.12.2007. CONFIRMAÇÃO. APURAÇÃO EM DILIGÊNCIA. Com a confirmação dos valores, por meio da análise dos autos do processo 13854.000047/9861, deve ser considerado o valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/1998 de R$ 18.732.841,69. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. IMPOSSIBILIDADE. MERCADORIAS ADQUIRIDAS PARA REVENDA. Incabível o cálculo do crédito presumido de IPI sobre mercadorias não consumidas no processo produtivo por vedação à teleologia da norma. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL. As variações cambiais complementares, objeto de emissão de nota fiscal conforme determinado pela legislação aduaneira, integram a receitas de exportação para fins de apuração da base de cálculo do crédito presumido do IPI. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. ÓBICE. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INCIDÊNCIA. TAXA SELIC. De acordo com o entendimento do Resp 993.164/MG, julgado sob o regime de repetitivo, a oposição de ato estatal, autoriza a incidência da aplicação da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 4. 00 00 86 /9 9- 01 Fl. 638DF CARF MF 2 Taxa SELIC na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o aproveitamento de crédito presumido na aquisição de matériaprima de produtor rural pessoa física, o valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/1997 de R$ 18.732.841,69, as variações cambiais complementares glosadas e a incidência da Taxa Selic como correção monetária a partir da edição do despacho decisório, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado quanto à inclusão das receitas de revenda de exportação na receita de exportação. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de retorno de diligência, que teve como origem o pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, de que trata a Portaria MF nº 38/97, com petição inicial de restituição datada em 29 de abril de 1999, fls. 21. A atividade empresarial da contribuinte é o comércio exterior de sucos de frutas, incluindo importações e exportações. No transcorrer do processo, retirase da informação fiscal, fls. 69/72, o quanto segue: (...) efetuamos no estabelecimento da empresa acima qualificada as verificações fiscais tendentes a constatar a legitimidade do "Pedido de Ressarcimento" solicitado por meio do presente processo, tendo sido verificadas, por amostragem, as operações referentes ao Crédito Presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS pagos na aquisição de insumos empregados no produtos exportados, conforme previsto na Lei 9.363/96, na Portaria MF n° 38/97, de 27/02/97 e nas Instruções Normativas n° 23, de 13/03/97 e n° 103, de 30/12/97. O pedido da empresa referese ao ano de 1998. 1 Todas as páginas, referenciadas no voto, correspondem ao eprocesso. Fl. 639DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 3 3 A empresa industrializou e exportou, no ano de 1998, o produto suco de laranja e alguns de seus derivados e apurou o Crédito Presumido do IPI, conforme solicitação de fls. 01. Foram verificados pela fiscalização, no período acima mencionado, os valores de Receita de Exportações; Receita Operacional Bruta, Custo das Matériasprimas; Produtos Intermediários e Materiais de Embalagem utilizados na produção dos produtos exportados, bem como os valores concernentes às deduções obrigatórias. (...) Em decorrência dos procedimentos fiscais efetuados, constatamos divergências quanto aos valores apurados e informados pela contribuinte e efetuamos os ajustes necessários à correta apuração do benefício, conforme descrito a seguir. 1 — Quanto ao custo das MatériasPrimas, Produtos Intermediários e Materiais de Embalagem utilizados no processo produtivo: 1.1 Foram incluídos, indevidamente, no cálculo do beneficio fiscal, valores referentes ao custo de laranjas adquiridas de Produtores Rurais, não contribuintes de PIS/PASEP e COFINS. Esses valores não devem ser incluídos na base de cálculo do Crédito Presumido do IPI, pois decorrem de aquisições de produtos em cujos preços não incidiram as referidas contribuições e, portanto, não geram direito ao benefício, conforme a legislação em vigor à data dos fatos geradores. Os custos referentes a estes insumos foram excluídos do cálculo do beneficio, tendo sido mantidos apenas os valores referentes aos custos das Matériasprimas adquiridas de contribuintes de PIS e COFINS, conforme pode ser observado no "Demonstrativo de Apuração do Crédito Presumido do ano de 1998", anexado às fls. 65. (...) 1.2 — A empresa incluiu, também, indevidamente, no cálculo do Crédito Presumido do IPI, o valor total de R$ 6.985.910,50, referentes a Fretes pagos a terceiros. A legislação em vigor à época se refere a Matériaprima, Produto Intermediário e Material de Embalagem utilizados na produção. Desta forma, para se considerar que determinado insumo enseja o crédito presumido, o mesmo há que se enquadrar em um destes conceitos, o que se configura quando o produto integra ou é utilizado no processo produtivo. (...) 1.3 — A contribuinte adicionou, indevidamente, na apuração do benefício, o valor de R$ 2.528.195,71, correspondente à Nota Fiscal n° 5294 (cópia às fls. 39), emitida pela empresa CAMBUHY MC INDUSTRIAL LTDA, em 30/03/1998, relativa a complementação do ICMS incidente sobre industrializações Fl. 640DF CARF MF 4 efetuadas nos anos de 1996 e 1997. Tais valores referemse a períodos anteriores, que não compõe o custo das Matérias primas, Produtos Intermediários e Materiais de Embalagens utilizados nos produtos exportados no ano de 1998, bem como não constam do estoque em 31/12/1997. (...) 1.4 — A contribuinte incluiu, indevidamente, na apuração dos valores dos Materiais de Embalagem utilizados, o montante de R$ 6.631.501,43, correspondente às Notas Fiscais n°s 005342 a 005347 e 005350 a 005359, emitidas em 02/02/1998 pela empresa CAMBUHY MC INDUSTRIAL LTDA. Estes documentos fiscais, cujas cópias estão inseridas às fls. 22/38, foram emitidos para a regularização de vendas de Materiais de Embalagem (tambores e outros) efetuadas no mês de agosto de 1996, mediante a emissão, à época, de Nota de Débito. Tais valores referemse a período anterior e não compõem o custo das Matériasprimas, Produtos Intermediários e Materiais de Embalagem utilizados nos produtos exportados no ano de 1998, bem como não constam do estoque em 31/12/1997. (...) 1.5 — Foi excluído pela empresa, indevidamente, do cálculo dos insumos, o valor correspondente ao ICMS destacado nas Notas Fiscais de compras de Embalagens, no valor de R$ 98.097,80. Os montantes apurados foram acrescidos à apuração fiscal, conforme pode ser visualizado no "Demonstrativo de Apuração do Crédito Presumido do ano de 1998", de fls. 65. (...) 1.6 — Efetuamos o ajuste do valor correspondente ao Estoque Final das Matérias Primas, Produtos Intermediários e Materiais de Embalagem (MP, PI e ME) utilizados na produção de produtos não acabados e dos produtos acabados mas não vendidos, em 31/12/1997, que havia sido excluído do cálculo do beneficio relativo ao ano de 1997 e que deve ser acrescido ao valor do Crédito Presumido relativo ao ano de 1998. A empresa adicionou o valor de R$ 14.580.273,84, mas, conforme pode ser visto no documento de fls. 17/21, o Fisco, ao verificar o Crédito Presumido do ano de 1997, excluiu o montante de R$ 704.354,85. Este valor está sendo computado no cálculo do beneficio no "Demonstrativo de Apuração do Crédito Presumido do ano de 1998", inserido às fls. 65. (...) 1.7 — Procedemos, também, ao ajuste do valor do Estoque Final de Matériasprimas, Produtos Intermediários e Materiais de Embalagem utilizados na produção de produtos não acabados e dos produtos acabados mas não vendidos, em 31/12/1998, que está sendo excluído do cálculo do benefício, conforme o "Demonstrativo de Apuração do valor das Matériasprimas, Produtos Intermediários e Materiais de Embalagem utilizados na produção dos produtos não acabados e dos produtos acabados mas não vendidos em 31/12/1998" e o "Demonstrativo Fl. 641DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 4 5 de Apuração do Crédito Presumido do ano de 1998", anexados às fls. 63/64 e 65, respectivamente. (...) 2 — Quanto ao valor da Receita de Exportação: 2.1 Os valores referentes às exportações de mercadorias adquiridas para revenda, indevidamente computados pela empresa no cálculo do referido beneficio, foram excluídos pelo Fisco, pois o Crédito Presumido do IPI incide, apenas, sobre as exportações de produtos industrializados pelo próprio Produtor exportador. (...) 2.2 — Foram, também incluídos, indevidamente, os acréscimos decorrentes de Variação Cambial, que não podem ser considerados na apuração do beneficio pois são contabilizados como Receitas Operacionais. Observese que, apesar de a empresa ter emitido Notas Fiscais de complemento de vendas para o Mercado Externo (vide cópias inseridas, por amostragem, às fls. 54/61), estes valores foram contabilizados como Receitas de Vendas no Mercado Interno. Tratase, na realidade, de Receitas Operacionais Financeiras decorrentes da Variação Cambial de Vendas ao Mercado Externo. (...) A contribuinte solicitou o valor de R$ 2.089.860,03. Porém, como o Fisco apurou o valor de R$ 62.398,99, do valor pleiteado deve ser excluído o montante de R$ 2.027.461,04. Sobreveio, então, despacho decisório, fls. 78, que, em síntese, suas conclusões foram: 1. é indevida a inclusão, no cálculo do crédito presumido do IPI, dos valores correspondentes às aquisições de matériasprimas realizadas junto a produtores rurais pessoas físicas; 2. o valor do frete pago a terceiros não pode ser computado na apuração do incentivo fiscal; 3. os custos relativos às aquisições de insumos realizadas nos anoscalendário de 1996 e 1997 não podem ser considerados na apuração do crédito presumido do ano calendário de 1998; 4. o valor correspondente aos insumos utilizados na elaboração dos produtos não acabado e acabados e não vendidos, existentes em estoque em 31.12.07, deve ser ajustado, em decorrência das glosas procedidas pela fiscalização na apuração do crédito presumido relativo ao anocalendário de 1997; 5. está incorreta a quantificação do valor correspondente aos insumos utilizados na fabricação dos produtos não acabados e dos produtos acabados e não vendidos, existentes no estoque em 31.12.1998; Fl. 642DF CARF MF 6 6. os valores correspondentes às vendas ao exterior de mercadorias adquiridas pela ora requerente, no mercado interno, não devem ser computados no cálculo da receita de exportação; e 7. os valores constantes em notas fiscais de complemento de preço de venda para o mercado externo não integram a receita de exportação. A Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, fls.105/116, onde arguiu em síntese que: i) A maior parte das glosas realizadas pela fiscalização itens 1, 4, 6 e 7 não merece prevalecer, na medida em que não encontra amparo na Lei nº 9.363/96, bem como destoa da jurisprudência pacífica da Câmara Superior de Recursos Fiscais e do 2° Conselho de Contribuintes; ii) Reconhece que os valores correspondentes aos itens 2, 3 e 5 foram corretamente excluídos do cálculo pelas autoridades fiscais. No entanto, devese ressaltar que o custo dos insumos, utilizados na elaboração dos produtos não acabados e acabados e não vendidos, existentes no estoque em 31.12.1998 (item 5), deve ser considerado na apuração do crédito presumido do IPI relativo ao período de apuração subsequente (anocalendário de 1999), nos termos do art. 3º , parágrafo 4º , da Portaria MF nº 93, de 27.4.2004; iii) Quanto às aquisições de matériasprimas de pessoas físicas, alega que o entendimento exarado pela fiscalização decorre da interpretação literal e equivocada do artigo 1º, da Lei nº 9.363/1996, sendo que, na atualidade, não encontra amparo no ordenamento jurídico, bem como na pacífica jurisprudência administrativa. Ademais, defende que a Câmara Superior de Recursos Fiscais vem julgando, de forma reiterada, ser devida a inclusão, na base de cálculo do incentivo fiscal, do custo das matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagens adquiridos de produtores rurais pessoas físicas; iv) No que concerne aos ajustes do estoque final de 31.12.1997, alega que a fiscalização considerou os valores expressos nos autos do processo nº 13854.000047/9861, ocorre que a contribuinte conseguiu provimento integral em seu recurso voluntário e que, portanto, a fiscalização deveria ter considerado como sendo corretos os valores por ela apurados no mencionado processo; v) Quanto às receitas de exportação das mercadorias, adquiridas para revenda, argumenta que na apuração da base de cálculo do crédito presumido de IPI, deverá ser considerada como receita de exportação a totalidade do produto da venda para o exterior, ou para empresa "trading", de mercadorias nacionais, sendo irrelevante a pessoa que as produziu; vi) Em relação às notas fiscais de exportação, alega que na hipótese de exportação de mercadorias nacionais, a receita de exportação deverá ser reconhecida tão somente no momento do embarque dos produtos para o exterior. Consequentemente , levando se em conta as manifestações da Secretaria da Receita Federal e da jurisprudência administrativa, os valores constantes nas notas fiscais complementares devem compor a receita de exportação. Posteriormente, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade complementar, fls. 204/299, manifestandose em relação ao "Termo de Aditamento ao Despacho Decisório n. 0133/2004, de 20.4.2004", através do qual foram excluídos, da base de cálculo do crédito presumido de IPI, os valores referentes às aquisições de laranja de pessoas Fl. 643DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 5 7 físicas, alegando que a jurisprudência encontrase pacificada em relação à possibilidade de obter crédito presumido em relação às aquisições de pessoas físicas. Sobreveio, então, decisão da DRJ/Ribeirão Preto, fls. 388/396, cuja ementa é transcrita abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INSUMOS. Os valores referentes às aquisições de insumos de pessoas físicas, não contribuintes do PIS/Pasep e da Cofins, não integram o cálculo do crédito presumido por falta de previsão legal. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. EMPRESA PRODUTORA EXPORTADORA. A simples revenda para o exterior de mercadorias adquiridas de terceiros, sem sofrer qualquer processo de industrialização, não está contemplada no incentivo fiscal. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. VARIAÇÕES CAMBIAIS. O valor das variações cambiais não compõe o valor da receita de exportação no cálculo do crédito presumido de IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para abonar atualização monetária ou acréscimo de juros equivalentes à taxa SELIC a valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI. A contribuinte irresignada apresentou recurso voluntário, fls. 400/431, onde repisou a argumentação da manifestação de inconformidade e sua complementação. Os autos subiram a este Egrégio Tribunal Administrativo, momento em que por meio da resolução nº 3403000.591, o redator designado, Alexandre Kern, converteu o feito em diligência, para verificação de uma alegação. Ora, em relação ao ajuste pela exclusão da base de cálculo do valor dos insumos aplicados em produtos semiacabados ou acabados, mas não vendidos ao final de 1997 e inclusão do mesmo valor no ano de 1998 (R$ 14.580.273,84 x R$ 704.354,85), houve uma alegação recursal, no entanto, que controverte tal valor, sob o argumento de que a decisão definitiva no processo 13854.000047/9861 asseguroulhe o direito de aproveitar o créditoprêmio do IPI sobre as aquisições de insumos a produtores rurais pessoas físicas, o que reduziria o valor do ajuste a R$ 704.354,85. Portanto, a fim de comprovar tal alegação, o feito foi convertido em diligência nos seguintes termos: Fl. 644DF CARF MF 8 O Colegiado, no entanto, preferiu converter o julgamento do recurso em diligência, baixando o processo à Autoridade Administrativa competente para examinar o pleito, para que se tomem as seguintes providências: a) Juntese aos autos cópia da decisão final proferida no processo 13854.000047/9861; b) Demonstre o valor do ajuste determinado nos §§ 3° e 4° do art. 3° da PMF n° 38, de 1997, considerando o provimento dado nessa decisão; c) Repercuta o resultado desse cálculo na apuração do CPIIPI ora em julgamento, em parecer circunstanciado, nele acrescentado qualquer outra informação que entenda útil para o julgamento da lide; d) Abra o prazo regulamentar para que o interessado se manifeste sobre suas conclusões, e) Findo o prazo, devolva o processo a esta instância recursal, para prosseguimento do julgamento. Às fls. 497/510, encontrase a decisão no recurso voluntário do processo administrativo 13854.000047/9861. Há, posteriormente, recurso especial da Fazenda Pública, fls. 512/527, contrarrazões da contribuinte, fls. 529/541, e decisão no recurso especial, fls. 542/550, cujo provimento foi negado, e às fls. 553, execução do acórdão. Do relatório realizado após a diligência, fls. 556/588, extraemse trechos, que elucidam a lide: Relativamente aos ajustes questionados, os Acórdãos mencionados determinaram, em síntese, que na apuração “do crédito presumido de que trata a Lei nr. 9.363/96 sejam consideradas, no cálculo do coeficiente entre a receita operacional bruta e a receita de exportação, as receitas decorrentes de aquisição de mercadorias para revenda (exportação), e para que sejam consideradas as aquisições realizadas de não contribuintes”, conforme constou da parte final do voto do relator no Acórdão do Conselho de Contribuintes (fls. 510). Em face do que restou decidido após o acórdão da CSRF, resultaram alterados os valores apurados inicialmente. Com isso, os cálculos foram refeitos, conforme novo demonstrativo elaborado naquele processo, cuja cópia ora foi juntada ao presente às fls. 553/555 . Observase que foram alterados os valores correspondentes às linhas descritas a seguir : a linha correspondente ao valor dos insumos adquiridos de pessoas físicas, já que admitidas as aquisições realizadas de não contribuintes na base de cálculo do benefício; a linha correspondente à exclusão das exportações de mercadorias adquiridas de terceiros, já que admitido seu cômputo no total das exportações; Fl. 645DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 6 9 e, por fim, a linha correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/97, que alterouse dos R$ 704.354,85 iniciais, para R$ 18.732.841,69, em decorrência da alteração na base de cálculo do período, já que as aquisições realizadas de não contribuintes, passaram a ser consideradas no total dos insumos utilizados. Esse, em princípio, o novo valor que deveria, nos termos das normas mencionadas, ser acrescido à base de cálculo do período seguinte (1998). 2 – ) relativamente ao ano de 1998 Conforme já relatado, o presente pedido foi objeto de ação fiscal cujo resultado encontrase às fls. 20/72 . Conforme se vê no demonstrativo de apuração do crédito presumido do ano de 1998 (fls. 68) e informação fiscal (fls. 71), foi acrescido aos custos de produção acumulados, na linha “MP, PI e ME em estoque em 31/12/97”, o valor excluído originalmente em 1997, ou seja, R$ 704.354,85 . Vale lembrar, que em face das disposições do Acórdão nr. 202 118567 referido, os valores apurados inicialmente para o período 1997 foram alterados. Entre eles, o valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/97, que alterouse dos R$ 704.354,85 iniciais, para R$ 18.732.841,69, em decorrência de alteração na base de cálculo as aquisições realizadas de não contribuintes passaram a ser consideradas no total de insumos utilizados. Assim, conforme também já relatado, esse seria, em princípio, o novo valor a ser acrescido à base de cálculo do período 1998, nos termos da norma mencionada. Com isso, para atender ao solicitado no item “c” da resolução do CARF, bastaria, portanto, substituir um valor pelo outro na linha correspondente da planilha mencionada, e recalcular o valor do crédito. Entretanto, não cabe, a meu ver, e s.m.j , efetuar tal procedimento na presente data, em face do exposto a seguir. (...) Com o que, há que se aguardar a decisão final no presente processo, em especial, no que se refere à exclusão da base de cálculo dos valores dos insumos adquiridos de pessoas físicas, para só então, decidida tal questão, manter o valor do acréscimo conforme já efetuado pela Fiscalização, ou acrescer o valor integralmente excluído ao final de 1997 (...) (grifos não constam no original) Fl. 646DF CARF MF 10 Às fls. 560, há a ciência da contribuinte a respeito da diligência em 10 de dezembro de 2014 e, às fls. 562, o termo de solicitação de juntada da manifestação em 08 de janeiro de 2015. A contribuinte apresentou manifestação, fls. 563/568, onde alega que é necessário para o cálculo do crédito presumido em discussão nos autos do presente processo, os valores reconhecidos a título de estoque de produtos acabados e não vendidos em 31.12.1997, no montante de R$ 18.732.841,69, isto é, considerando os valores atinentes às aquisições de pessoas jurídicas e físicas, na linha do entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Resp 993.164/MG e súmula 494 do STJ. É o relatório. Voto Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Relatora. 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Do Direito 2.1. Aquisição de matériaprima de produtores rurais Em relação ao crédito presumido de IPI, decorrente da aquisição de matéria prima de produtores rurais, a Recorrente alega que a Câmara Superior de Recursos Fiscais possui entendimento consolidado por ser devida a inclusão na base de cálculo do incentivo fiscal, do custo das matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de produtores rurais, não contribuintes da contribuição para o PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu tal questão em sistema de recurso repetitivo, cuja ementa é transcrita abaixo, RESP 993.164/MG, reconhecendo o direito ao crédito em debate2: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO 2 Art. 62, §1º, "b", Regimento interno do CARF. Fl. 647DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 7 11 CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL.TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. 2. A Lei 9.363/96 instituiu crédito presumido de IPI para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior." 3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que "o Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador". 4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, expediu a Portaria 38/97, dispondo sobre o cálculo e a utilização do crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 e autorizando o Secretário da Receita Federal a expedir normas complementares necessárias à implementação da aludida portaria (artigo 12). 5. Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: (...) 6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas Fl. 648DF CARF MF 12 jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciar seão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991). 8. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques Segunda Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtorexportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição"; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI, posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais"; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). 10. A Súmula Vinculante 10/STF cristalizou o entendimento de que:"Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte." 11. Entrementes, é certo que a exigência de observância à cláusula de reserva de plenário não abrange os atos normativos secundários do Poder Público, uma vez não estabelecido confronto direto com a Constituição, razão pela qual inaplicável a Súmula Vinculante 10/STF à espécie. Fl. 649DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 8 13 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). (...) 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Ademais, assim, também preceitua a Súmula 494 do STJ: O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando as matérias primas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP. Pela fundamentação acima exposta e com a necessidade de observância ao RESP 993.164/MG, reconhecese o direito ao crédito presumido de IPI, decorrente da aquisição de matériaprima de produtores rurais, reformandose a decisão da DRJ/Ribeirão Preto no que concerne a tal aspecto. 2.2. Ajustes no estoque final existente em 31.12.1997 Quanto ao valor do estoque, existente em 31.12.1997, a fiscalização reduziu o valor das matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, utilizados nos produtos em fabricação e nos produtos acabados e não vendidos, em decorrência dos ajustes por ela realizados na apuração do crédito presumido de IPI, relativo ao anocalendário de 1997, nos autos do processo nº 13854.000047/9861. A Recorrente alega que o resultado do julgamento proferido no referido processo deve repercutir no cálculo do benefício em questão nestes autos, tendo em vista que a própria fiscalização considerou os valores em questão naquele outro processo, ao apurar os montantes em discussão no presente caso. O feito foi convertido em diligência justamente a fim de apurar o resultado do julgamento nos autos do processo 13854.000047/9861, de onde se extrai do relatório, elaborado após a diligência, fls. 556/558: Em face do que restou decidido após o acórdão da CSRF, resultaram alterados os valores apurados inicialmente. Com isso, os cálculos foram refeitos, conforme novo demonstrativo elaborado naquele processo, cuja cópia ora foi juntada ao presente às fls. 553/555 . Observase que foram alterados os valores correspondentes às linhas descritas a seguir : Fl. 650DF CARF MF 14 a linha correspondente ao valor dos insumos adquiridos de pessoas físicas, já que admitidas as aquisições realizadas de não contribuintes na base de cálculo do benefício; a linha correspondente à exclusão das exportações de mercadorias adquiridas de terceiros, já que admitido seu cômputo no total das exportações; e, por fim, a linha correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/97, que alterouse dos R$ 704.354,85 iniciais, para R$ 18.732.841,69, em decorrência da alteração na base de cálculo do período, já que as aquisições realizadas de não contribuintes, passaram a ser consideradas no total dos insumos utilizados. Esse, em princípio, o novo valor que deveria, nos termos das normas mencionadas, ser acrescido à base de cálculo do período seguinte (1998). 2 – ) relativamente ao ano de 1998 Conforme já relatado, o presente pedido foi objeto de ação fiscal cujo resultado encontrase às fls. 20/72 . Conforme se vê no demonstrativo de apuração do crédito presumido do ano de 1998 (fls. 68) e informação fiscal (fls. 71), foi acrescido aos custos de produção acumulados, na linha “MP, PI e ME em estoque em 31/12/97”, o valor excluído originalmente em 1997, ou seja, R$ 704.354,85 . Vale lembrar, que em face das disposições do Acórdão nº. 202 118567 referido, os valores apurados inicialmente para o período 1997 foram alterados. Entre eles, o valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/97, que alterouse dos R$ 704.354,85 iniciais, para R$ 18.732.841,69, em decorrência de alteração na base de cálculo as aquisições realizadas de não contribuintes passaram a ser consideradas no total de insumos utilizados. Assim, conforme também já relatado, esse seria, em princípio, o novo valor a ser acrescido à base de cálculo do período 1998, nos termos da norma mencionada. Com isso, para atender ao solicitado no item “c” da resolução do CARF, bastaria, portanto, substituir um valor pelo outro na linha correspondente da planilha mencionada, e recalcular o valor do crédito. Entretanto, não cabe, a meu ver, e s.m.j , efetuar tal procedimento na presente data, em face do exposto a seguir. (...) Com o que, há que se aguardar a decisão final no presente processo, em especial, no que se refere à exclusão da base de cálculo dos valores dos insumos adquiridos de pessoas físicas, para só então, decidida tal questão, manter o valor do acréscimo conforme já efetuado pela Fiscalização, ou acrescer o valor integralmente excluído ao final de 1997 Fl. 651DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 9 15 (...) (negritos não constam no original) Portanto, pela confirmação nos autos do processo 13854.000047/9861, houve modificação no valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/97, que alterouse dos R$ 704.354,85 iniciais, para R$ 18.732.841,69. Na solicitação da diligência, o redator designado Alexandre Kern solicitou no item c o seguinte: c) Repercuta o resultado desse cálculo na apuração do CPIIPI ora em julgamento, em parecer circunstanciado, nele acrescentado qualquer outra informação que entenda útil para o julgamento da lide; Pela própria informação da fiscalização, ela expressou in verbis: Com isso, para atender ao solicitado no item “c” da resolução do CARF, bastaria, portanto, substituir um valor pelo outro na linha correspondente da planilha mencionada, e recalcular o valor do crédito Com a confirmação dos valores, por meio da análise dos autos do processo 13854.000047/9861, inclusive com planilha de cálculos às fls. 553 na fase de execução de acórdão, deve ser considerado o valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/1998 de R$ 18.732.841,69 em razão da chamada coisa julgada administrativa. 2.3. Receitas de exportação 2.3.1. Mercadorias adquiridas para revenda A fiscalização havia excluído, do cálculo da receita de exportação, as quantias referentes a mercadorias exportadas pela recorrente, as quais haviam sido adquiridas de terceiros. A Recorrente alega que o art. 2º, da Lei nº 9363/96, prescreve que o crédito presumido do IPI deve ser calculado "mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondentes à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador", devendo, portanto, ser incluída na receita de exportação as mercadorias adquiridas para a revenda. A Lei nº 9.363/1996 assim dispõe: Lei 9.363/1996 Art.2º A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. (grifos não constam no original) Fl. 652DF CARF MF 16 A partir da leitura do artigo supra citado, percebese que a base de cálculo do crédito presumido é determinada pelo percentual entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador aplicado sobre os insumos. No caso em análise, correta a exclusão pela fiscalização dos bens adquiridos para revenda, que não passaram pelo processo produtivo da Recorrente, e, portanto, não faz jus ao crédito presumido. Nesse sentido, a decisão da DRJ/Ribeirão Preto, fls. 392: Sendo o benefício instituído para a empresa produtora e exportadora, para que a receita de exportação possa ser computada no cálculo da proporcionalidade que determinará a base de cálculo, fazse necessário que o produto seja industrializado pela exportadora e tributado pelo IPI, condições indispensáveis para gerar direito ao crédito presumido. Essa conclusão decorre das expressões "empresa produtora e exportadora" e "para utilização no processo produtivo" constante o disposto no artigo 1º, da Lei nº 9.363, de 1996, assim como do disposto no parágrafo único do seu artigo 3º, que determina a utilização da legislação do IPI para definir "produção". Ademais quanto à alegação da IN SRF nº 313/2003, vale transcrever a decisão da DRJ/Ribeirão Preto, fls. 394: Ou seja, a partir da publicação do dispositivo acima transcrito, em função do qual foi emitida a IN SRF n° 313/2003 citada pela defesa, as receitas de exportação de produtos adquiridos de terceiros, que permanecem fora do cômputo das receitas de exportação, deixaram de ser incluídas na apuração da receita operacional bruta. Todavia, esse dispositivo só entrou em vigor em 26/03/2003, não alcançando a apuração do crédito presumido ora tratado, que, conforme o período em destaque, é anterior a esta legislação. Portanto, mantémse o que foi considerado pela fiscalização e decidido pela DRJ/Ribeirão Preto no que concerne à exclusão dos bens adquiridos para revenda, que não passaram pelo processo produtivo da empresa e que, portanto, fugiram da teleologia da norma criada para incentivar os produtores e não os meros revendedores. 2.3.2. Notas fiscais de exportação A fiscalização glosou as notas fiscais complementares, emitidas pela Recorrente, por entender que tais valores seriam decorrentes de variação cambial e, como tal, eles devem ser reconhecidos como receitas financeiras, não podendo ser computados na apuração do crédito presumido do IPI. A Recorrente alega que o entendimento da fiscalização está equivocado, pois a Lei nº 9.718/1998 não se aplica na situação em análise, pois, em seu caso, as notas complementares por ela emitidas decorrem da variação cambial ocorrida entre a data da venda e a do efetivo embarque das mercadorias, isto é, antes de a Recorrente adquirir o direito ao preço das operações realizadas. Fundamenta que a jurisprudência reconhece que oscilações dessa natureza compõem a receita de exportação, não se confundido com meras variações cambiais do direito de preço. E expressa, in verbis, fls. 424: Fl. 653DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 10 17 Ou seja, se a receita de exportação deve ser convertida com base na cotação da moeda estrangeira vigente na data de embarque das mercadorias ao exterior, e se este é o momento em que os respectivos valores devem ser registrados na contabilidade, não faz qualquer sentido lógicojurídico o argumento de que as variações de preço, decorrentes de flutuações no câmbio anteriores ao embarque não representam receita de exportação, mas sim receitas financeiras . O Supremo Tribunal Federal no RE 627.815/PR, recebido sobre o regime de repercussão geral, assim decidiu: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. OPERAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II O contrato de câmbio constitui negócio inerente à exportação, diretamente associado aos negócios realizados em moeda estrangeira. Consubstancia etapa inafastável do processo de exportação de bens e serviços, pois todas as transações com residentes no exterior pressupõem a efetivação de uma operação cambial, consistente na troca de moedas. III – O legislador constituinte ao contemplar na redação do art. 149, § 2º, I, da Lei Maior as “receitas decorrentes de exportação” conferiu maior amplitude à desoneração constitucional, suprimindo do alcance da competência impositiva federal todas as receitas que resultem da exportação, que nela encontrem a sua causa, representando consequências financeiras do negócio jurídico de compra e venda internacional. A intenção plasmada na Carta Política é a de desonerar as exportações por completo, a fim de que as empresas brasileiras não sejam coagidas a exportarem os tributos que, de outra forma, onerariam as operações de exportação, quer de modo direto, quer indireto. IV Consideramse receitas decorrentes de exportação as receitas das variações cambiais ativas, a atrair a aplicação da regra de imunidade e afastar a incidência da contribuição ao PIS e da COFINS. V Assenta esta Suprema Corte, ao exame do leading case, a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a receita decorrente da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos. Fl. 654DF CARF MF 18 VI Ausência de afronta aos arts. 149, § 2º, I, e 150, § 6º, da Constituição Federal. (grifos não constam no original) No caso em análise, não se trata, portanto, de variação cambial "financeira", pois não se encontra no "contas a receber", mas sim de variação cambial da "receita de vendas", já que é contabilizada como receita de vendas, portanto, faz jus a Recorrente ao crédito presumido de IPI sobre as receitas de exportação acrescidas (ou reduzidas) da variação cambial anteriores à data de fechamento do câmbio. Conforme expressou, o Supremo Tribunal Federal: "O contrato de câmbio constitui negócio inerente à exportação, consubstancia etapa inafastável do processo de exportação de bens e serviços". Nesse sentido, já decidiu este Tribunal Administrativo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2002 A 31/03/2002 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INSUMOS. INCABÍVEL O CÁLCULO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI SOBRE MERCADORIAS NÃO CONSUMIDAS NO PROCESSO PRODUTIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI, INSUMOS, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. INCABÍVEL O CÁLCULO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI SOBRE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES EXVI DA SUMULA Nº12 DO CONSELHO DE CONTRIBUINTES. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI, BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÃO CAMBIAL. AS VARIAÇÕES CAMBIAIS COMPLEMENTARES OBJETO DE EMISSÃO DE NOTA FISCAL CONFORME DETERMINADO PELA LEGISLAÇÃO ADUANEIRA INTEGRAM A RECEITAS DE EXPORTAÇÃO PARA FINS DE APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. (CARF; 2ª Seção de Julgamento; 1ª Câmara; 2º Turma Ordinária; Acórdão nº 210200.157; Data do julgamento: 04/06/2009) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUT0S INDUSTRIALIZADOS IPI PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/07/2001 A 30/09/2001 CREDITO PRESUMIDO DE IPI, INSUMOS. INCABÍVEL O CÁLCULO DO CREDITO PRESUMIDO DO IPI SOBRE MERCADORIAS NÃO CONSUMIDAS NO PROCESSO PRODUTIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INSUMOS COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Fl. 655DF CARF MF Processo nº 13854.000086/9901 Acórdão n.º 3302004.437 S3C3T2 Fl. 11 19 INCABÍVEL O CÁLCULO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI SOBRE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES EXVI DA SUMULA N° 12 DO CONSELHO DE CONTRIBUINTES. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI, BASE DE CÁLCULO, VARIAÇÃO CAMBIAL. AS VARIAÇÕES CAMBIAIS COMPLEMENTARES OBJETO DE EMISSÃO DE NOTA FISCAL CONFORME DETERMINADO PELA LEGISLAÇÃO ADUANEIRA INTEGRAM A RECEITAS DE EXPORTAÇÃO PARA FINS DE APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO.VISTOS RELATADOS E DISCUTIDOS OS PRESENTES AUTOS.ACORDAM OS MEMBROS DO COLEGIADO, POR UNANIMIDADE DE VOTOS, EM DAR MOVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. (CARF; 3ª Seção de Julgamento; 3ª Câmara; 2ª Turma Ordinária; Acórdão nº 330200348; Data do julgamento: 18/03/2010) Portanto, reformase a decisão da DRJ/Ribeirão Preto no que concerne a tal ponto para considerar a variação cambial como receitas de vendas, especificadas nas notas complementares, fls. 57 a 64. 2.4. Incidência da Taxa Selic e correção monetária A Recorrente pleiteia pela incidência da Taxa Selic e correção monetária, ao argumento de que ela não tem qualquer influência na demora da apreciação do pedido de ressarcimento do crédito presumido do IPI e defende que não existe uma justificativa juridicamente válida para a resistência da Fazenda Nacional de pagar os valores relativos ao crédito presumido do IPI acrescidos dos juros "Selic". A partir do Resp 993.164/MG, já transcrito em tópico, anteriormente analisado, percebese a incidência da Taxa Selic para o caso em análise: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL.TAXA Fl. 656DF CARF MF 20 SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543 C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). Portanto, de acordo com o entendimento do RESP 993.164/MG, julgado sob o regime de repetitivo, a oposição de ato estatal, autoriza a incidência da aplicação da Taxa SELIC na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco, no caso, despacho decisório. 3. Conclusão Por todo, conheço do recurso voluntário para conceder provimento parcial, reconhecendo o aproveitamento de crédito presumido na aquisição de matériaprima de produtor rural, o valor correspondente ao estoque de produtos acabados em 31/12/1997 de R$ 18.732.841,69, as variações cambiais complementares, objeto de emissão de nota fiscal conforme determinado pela legislação aduaneira, integram a receitas de exportação para fins de apuração da base de cálculo do crédito presumido do IPI e a incidência da Taxa Selic como correção monetária a partir do despacho decisório. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 657DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10715.004208/2010-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Período de apuração: 01/07/2007 a 27/07/2007
REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA
EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, E, DO DECRETO-LEI 37/1966 (IN
SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE.
RETROATIVIDADE BENIGNA.
Em se tratando de descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF 28/1994, a multa instituída pelo artigo 107, IV, e do DL 37/1966, deve ser mitigada diante do novo prazo imposto pela IN SRF 1.096/2010, em decorrência da retroatividade benigna.
Numero da decisão: 3302-004.709
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Walker Araújo
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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MULTA DO ART. 107, IV, E, DO DECRETO-LEI 37/1966 (IN SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em se tratando de descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF 28/1994, a multa instituída pelo artigo 107, IV, e do DL 37/1966, deve ser mitigada diante do novo prazo imposto pela IN SRF 1.096/2010, em decorrência da retroatividade benigna. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Walker Araújo. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Lenisa Prado - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Prado. A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 07 15 .0 04 20 8/ 20 10 -8 5 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária agosto de 2017 agosto de 2017 Obrigações Acessórias Obrigações Acessórias AMERICAN AIRLINES INC AMERICAN AIRLINES INC FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 376DF CARF MF 2 Relatório A questão tem início na lavratura de auto de infração contra a contribuinte American Airlines Inc. consolidando a exigência da multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do Decreto-lei 37/1966, com a redação conferida pelo artigo 77 da Lei n. 10.833/2003, regulamentado pelas Instruções Normativas SRF 28, de 1994, e 510, de 2005. De acordo com a descrição dos fatos apresentados pela autoridade fiscal, constatou-se que a contribuinte deixou de registrar as informações de embarque de Declarações de Exportação, na forma e prazo estabelecidos pelo artigo 37 da IN SRF 28/1994. Por esse motivo, foi imposta multa em desfavor da ora recorrente, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por embarque desacompanhado do respectivo registro no SISCOMEX. Regularmente cientificada sobre a imposição da sanção pecuniária, a contribuinte apresentou impugnação, oportunidade na qual discorreu sobre os seguintes argumentos: a) em razão de erro operacional de seu estabelecimento no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, as informações concernentes ao embarque das mercadorias foram fornecidos ao SISCOMEX com atraso que excedeu entre 1 a 8 dias do prazo previsto na legislação de regência; b) ao contrário do que afirma a autoridade fiscal, para a imposição de multa não basta a mera inobservância da legislação aduaneira; é necessária a demonstração da intenção dolosa do contribuinte em fraudar o controle aduaneiro, bem como a comprovação de dano ao Erário, o que não restou configurado na hipótese dos autos; c) a aplicação da pena é desarrazoada e desproporcional, devendo ser aplicado o que dispõe o artigo 654 do Regulamento Aduaneiro vigente há época dos fatos (Decreto n. 4.543/2002), a qual prevê a relevação da multa quando a infração não tenha resultado em falta ou insuficiência de recolhimento de tributos; d) o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento que se aplica às infrações de uma mesma espécie, apuradas numa mesma ação fiscal, a teoria da continuidade delitiva, de modo que, ainda que se entendesse pela configuração da infração, esta somente poderia ensejar a imputação de uma multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por todas as infrações apuradas pela fiscalização. A impugnação foi julgada improcedente pela Delegacia de Julgamentos de Florianópolis (SC), em acórdão que resultou na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS DE EMBARQUE. PRAZO. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10715.004208/2010-85 Acórdão n.º 3302-004.709 S3-C3T2 Fl. 377 3 O registro dos dados de embarque no Siscomex em prazo superior a 7 dias, contados da data do efetivo embarque, para a via de transporte aérea, caracteriza a infração ontida a línea e", inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI TRIBUTÁRIA. Aplica-se a lei tributária, em matéria de penalidades, a ato ou fato pretérito não definitivamente julgado quando for mais benéfica ao sujeito passivo. INFRAÇÃO CONTINUADA. EMBARQUES DIFERENTES. MERA REITERAÇÃO DA CONDUTA INFRACIONAL. É incabível falar em infração continuada quando os atos caracterizadores da infração não resultam do aproveitamento das condições objetivas que balizaram a prática das infrações anteriores. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. Tendo em vista a presunção de constitucionalidade das normas legais que foram legitimamente inseridas no ordenamento jurídico, cabe à autoridade administrativa tão somente verificar se os fatos subsumemse na norma de regência e aplicar a penalidade em face da existência de expressa determinação legal, dado que o lançamento não é atividade discricionária, mas, bem ao contrário, vinculado e obrigatória. Impugnação rocedente em Parte Crédito Tributário Mantido Parte Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que ensejou a subida dos autos a este Conselho. Em 27 de janeiro de 2015, a 1ª Turma Especial desta 3ª Seção de julgamentos, ao apreciar os argumentos defendidos pelo contribuinte, deu provimento ao recurso voluntário, em decisão que foi assim sumariada: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração:01/11/2006 a 30/11/2006 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE Fl. 378DF CARF MF 4 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido. Com supedâneo no artigo 67, do Anexo II do RICARF, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial contra a decisão proferida no apelo do contribuinte. Ultrapassado o juízo inicial de admissibilidade, o recurso foi levado a julgamento pela 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, tendo sido parcialmente provido. Segue ementa do acórdão: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/11/2006 a 30/11/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-lei 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei n. 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Naquela assentada, restou determinado que o processo deveria retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas em recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação na oportunidade de seu julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Lenisa Prado Na oportunidade do primeiro julgamento do recurso voluntário, foram apreciados os seguintes argumentos: Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10715.004208/2010-85 Acórdão n.º 3302-004.709 S3-C3T2 Fl. 378 5 (i) Sobre a denúncia espontânea- a turma de julgamento concluiu que a multa imposta deve ser cancelada, em estrita obediência ao artigo 138 do CTN, uma vez que a contribuinte informou à administração tributária as infrações por ela praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. (ii) Sobre a nulidade do auto de infração- tal argumento não foi reconhecido por aquele Colegiado, já que "a fiscalização apresentou planilha contendo o número das declarações, a data do embarque e a data em que foi enviada a declaração e a que vôo pretendia" o que não resulta na nulidade argüida pelo contribuinte. (iii) Sobre a ausência de dano ao Erário- foi afastada a argumentação sobre inexistência de dano aos cofres públicos porque prevaleceu o entendimento que houve embaraço à fiscalização, já que: "as declarações a que as empresas de transporte são obrigadas a apresentar são obrigações acessórias com finalidade exclusiva de auxiliar a fiscalização das importações e exportações, possibilitando a ciência do que cada empresa que utiliza a transportadora tem transportado, para onde vai e se foi recolhido o tributo a que esta operação está sujeita". (iv) Sobre a multa singular e o Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade - o colegiado não constatou equívocos na decisão proferida na impugnação, já que a multa foi imposta sobre cada informação prestadas em atraso em relação cada vôo (proporcional ao número de viagens). Concluiu-se, portanto, que foram respeitados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Integram o recurso voluntário as seguintes alegações: 1. PRELIMINARES. SOBRE A NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA: * O auto de infração não fornece qualquer elemento que comprove que a contribuinte tenha deixado de prestar informações no prazo de 2 dias; * Não foram indicadas no auto de infração os números das Declarações de Exportação relacionando-os com os respectivos conhecimentos aéreos (AWBs); * Indica a existência de várias decisões administrativas proferidas pelos órgãos julgadores da Receita Federal que declararam nulas as autuações idênticas à que se submete a julgamento. 2. MÉRITO. DA RETROATIO IN MELIUS 1 . * Após a lavratura do auto de infração foi publicada a Instrução Normativa RFB n. 1.096, de 13/13/2010, que ampliou o prazo para registro dos dados pertinentes no SISCOMEX para 7 dias2. Afirma que o art. 106 do CTN permite que a dilação do prazo pela publicação da recente norma deve gerar benefícios a seu favor, já que não é mais considerada infração o não fornecimento de informações no prazo de 2 dias. 1 Transcrição ipsis literis da petição de recurso voluntário. 2 O prazo anterior era de 2 dias, conforme determinava a IN RFB 28, de 27/04/1997. Fl. 380DF CARF MF 6 Considerando que não poderão ser objeto de deliberação por este Colegiado as matérias abordadas no recurso voluntário e que já foram objeto de deliberação, nos resta apreciar, unicamente, o argumento sobre o fato superveniente, que é a publicação da IN RFB n. 1.096/2010 e se seus efeitos retroagem à data dos fatos descritos no auto de infração. E, sobre esse tópico, filio-me à vasta jurisprudência deste Conselho, que reconhece que os efeitos benignos da IN RFB n. 1.096/2010 devem surtir efeitos em hipóteses análogas à dos autos. Isso porque estamos diante de uma sanção (ainda que na seara tributária) e a melhor interpretação sobre o texto contido no inciso XL do artigo 5º da Constituição Federal 1988 impõe o reconhecimento que a lei penal deverá retroagir, sempre que for para beneficiar o réu (no caso, o contribuinte apenado pela multa). A propósito, e ilustrativamente, segue a ementa de julgado deste Conselho3, o qual adoto como fundamento: TERCEIRA SECÃO DE JULGAMENTO / 2ª CAMARA / 2ª TURMA ORDINARIA / ACÓRDÃO 3202-000.486 em 25/04/2012 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. MULTA. Data do fato gerador: 04/07/2006, 06/07/2006, 10/07/2006, 11/07/2006, 13/07/2006, 15/07/2006, 23/07/2006 e 29/07/2006 REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, 'E' DO DL 37/1966 (INs SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em se tratando do descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF no 28/1994, a multa instituída no art. 107, IV, 'e' do Decreto-lei no 37/1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei no 10.833/2003, somente começou a ser passível de aplicação a partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a IN SRF no 510/2005 entrou em vigor e fixou prazo de dois dias para o registro desses dados no Siscomex. Uma vez que a IN SRF no 1.096/2010 fixou o prazo de sete dias para o registro dos dados no Siscomex, deve ser aplicada, com fulcro no princípio da retroatividade benigna, a norma mais benéfica ao contribuinte. CONTAGEM DE PRAZO. DIA ÚTIL. A contagem dos prazos estipulados na legislação tributária deve seguir os ditames do artigo 210 do Código Tributário Nacional. Os prazos iniciam e terminam apenas em dias úteis. SISCOMEX. INDISPONIBILIDADE. PROVA. A parte que alega a indisponibilidade do sistema SISCOMEX deve apresentar prova irrefutável sobre tal situação. A mera 3 Acórdão n. 3202-000.486, proferido no julgamento do Processo Administrativo n. 10715.001370/2010-41, em 25/04/2012. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10715.004208/2010-85 Acórdão n.º 3302-004.709 S3-C3T2 Fl. 379 7 alegação, sem comprovação do alegado, não é capaz de influir no entendimento do julgador. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA N. 02 DO CARF. De acordo com a Súmula n. 02 do CARF, o órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária. Recurso voluntário conhecido em parte. Na parte conhecida, preliminar de nulidade do auto de infração não acolhida e, no mérito, recurso voluntário provido em parte. (grifos adicionados) Assim, entendo que o recurso voluntário deve ser provido para que as multas impostas em decorrência das informações prestadas dentro do prazo de 7 dias (IN SRF n. 1.096/2010) sejam canceladas. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Relatora Lenisa Prado - Relatora Fl. 382DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.722647/2011-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011
CERCEAMENTO DE DEFESA. DESCABIMENTO. PRESCINDIBILIDADE DE DILIGÊNCIA/PERÍCIA.
Demonstrada a motivação na decisão de piso quanto à prescindibilidade da perícia solicitada torna-se incabível o cerceamento de defesa suscitado. A diligência não se presta a suprir deficiência probatória, seja do fisco ou da empresa Recorrente.
APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS APÓS A IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO PROBATÓRIA. REGRA DE EXCEPCIONALIDADE NÃO COMPROVADA.
Os documentos que comprovam as alegações trazidas na impugnação devem ser com ela apresentados, exceto se demonstrada uma das hipóteses disciplinadas no art. 16, § 4º do Decreto no 70.235, de 1972.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011
NÃO-CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. TOTAL RECEITA. EXCLUSÕES LEGAIS.
A pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro real deve, como regra, apurar a contribuição ao PIS não-cumulativa em relação ao total das receitas auferidas, exceto em relação àquelas que estejam expressamente excepcionadas desta sistemática pela legislação de regência.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011
NÃO-CUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. TOTAL RECEITA.EXCLUSÕES LEGAIS.
A pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro real deve, como regra, apurar a contribuição ao PIS não-cumulativa em relação ao total das receitas auferidas, exceto em relação àquelas que estejam expressamente excepcionadas desta sistemática pela legislação de regência.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010, 2011
ARBITRAMENTO DE RECEITA. INOCORRÊNCIA.
Restando comprovado nos autos que a apuração dos valores exigidos estão respaldados nos livros e documentos do contribuinte disponibilizados à fiscalização, não prospera a tese ventilada quanto ao suposto arbitramento de valor.
MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
Em se tratando de lançamento de ofício, a multa está respaldada na legislação de regência.
Numero da decisão: 3302-004.756
Decisão: Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário.
[assinado digitalmente]
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 CERCEAMENTO DE DEFESA. DESCABIMENTO. PRESCINDIBILIDADE DE DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Demonstrada a motivação na decisão de piso quanto à prescindibilidade da perícia solicitada tornase incabível o cerceamento de defesa suscitado. A diligência não se presta a suprir deficiência probatória, seja do fisco ou da empresa Recorrente. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS APÓS A IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO PROBATÓRIA. REGRA DE EXCEPCIONALIDADE NÃO COMPROVADA. Os documentos que comprovam as alegações trazidas na impugnação devem ser com ela apresentados, exceto se demonstrada uma das hipóteses disciplinadas no art. 16, § 4º do Decreto no 70.235, de 1972. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 NÃOCUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. TOTAL RECEITA. EXCLUSÕES LEGAIS. A pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro real deve, como regra, apurar a contribuição ao PIS nãocumulativa em relação ao total das receitas auferidas, exceto em relação àquelas que estejam expressamente excepcionadas desta sistemática pela legislação de regência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 NÃOCUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. TOTAL RECEITA.EXCLUSÕES LEGAIS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 26 47 /2 01 1- 63 Fl. 103239DF CARF MF 2 A pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro real deve, como regra, apurar a contribuição ao PIS nãocumulativa em relação ao total das receitas auferidas, exceto em relação àquelas que estejam expressamente excepcionadas desta sistemática pela legislação de regência. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 ARBITRAMENTO DE RECEITA. INOCORRÊNCIA. Restando comprovado nos autos que a apuração dos valores exigidos estão respaldados nos livros e documentos do contribuinte disponibilizados à fiscalização, não prospera a tese ventilada quanto ao suposto arbitramento de valor. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Em se tratando de lançamento de ofício, a multa está respaldada na legislação de regência. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. [assinado digitalmente] Paulo Guilherme Déroulède Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Tratase de auto de infração, fls. 102.815 a 102.846 para exigência de R$ 5.457.538,28, a título de Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Cofins, e de R$ 1.184.860,27, a título de Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, acrescidas de multa de ofício de 75% e juros de mora, relativa aos fatos geradores ocorridos entre agosto de fevereiro de 2008 a abril de 2011. Destaca o Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal, fls. 102.847 a 102.869 quanto à situação fática: As infrações à legislação tributária apuradas caracterizamse por: Fl. 103240DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.219 3 1) Apuração Incorreta das Bases de Cálculo das Contribuições Sociais PIS e COFINS, regime nãocumulativo, decorrente do computo, como Receitas Isentas ou sujeitas à alíquota zero, de mercadorias tributáveis, bem como da apropriação incorreta de créditos de PIS/COFINS, advinda de valores divergentes das bases de cálculo de "Bens para Revenda", o que originou diferenças a lançar. 2) Créditos descontados indevidamente na apuração das Contribuições PIS/ COFINS, nos PA's de 01 a 04/2011, decorrentes da utilização indevida de saldos de créditos de meses anteriores, tendo em vista a reconstituição dos créditos de PIS/COFINS nãocumulativos efetuada para os anoscalendário de 2008 a 2010. Reproduzse a seguir parcialmente o relatório da r. decisão recorrida, conforme a seguir transcrito: Da descrição das infrações: (...) 1 – Apuração indevida das Bases de Cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins, no regime nãocumulativo, decorrente de: 1.1 – cômputo como receitas isentas ou sujeitas à alíquota zero, de mercadorias tributáveis: a contribuinte considerou como receitas isentas ou sujeitas à alíquota zero, para fins de apuração da base de cálculo das contribuições, o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS. Assim, as saídas que corresponderam à receita bruta da venda de mercadorias, que não tiveram incidência de ICMS, foram consideradas como receita isenta ou de alíquota zero da contribuição ao PIS e da Cofins, em cada períodos de apuração. 1.2 apropriação incorreta de créditos das contribuições, advinda de valores divergentes das bases de cálculo de bens para revenda: o montante escriturado de entradas para revenda tributadas pelo ICMS, em cada período de apuração, correspondeu à base de cálculo dos créditos da contribuição ao PIS e da Cofins nãocumulativas.(grifei). A autoridade fiscal relata que, conforme Termo de Constatação lavrado no Termo de Intimação Fiscal nº 005, no curso da ação fiscal foi apurado que a contribuinte considerou como “Receitas Isentas ou de alíquota zero”, para fins de apuração da base de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins, o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS. Esta Constatação decorreu do contido na resposta prestada pela contribuinte em 17 de outubro de 2011, recebida em 21 de outubro de 2011. Explica a autoridade fiscal que, conforme legislação do ICMS, por determinação constitucional, todas as vendas de livros compõem as “receitas não tributadas pelo ICMS”. No entanto, Fl. 103241DF CARF MF 4 não são apenas as operações com livros que fazem parte das operações de saídas não tributadas pelo ICMS, mas também, como exemplo, as operações sujeitas à substituição tributária, entre elas a comercialização de produtos audiovisuais (identificados pela contribuinte com a inicial AV), produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Conclui a autoridade fiscal que restou comprovado que a autuada incluiu como receitas isentas ou não tributadas pelas contribuições sociais nãocumulativas o somatório das vendas de produtos que não são isentas ou não tributadas pela legislação tributária da contribuição ao PIS e da Cofins. Em relação aos créditos da nãocumulatividade, a autoridade fiscal destaca que, como as vendas de produtos não tributados pelo ICMS não foram incluídas na base de cálculo das contribuições sociais, as entradas desses produtos também não fizeram parte da base de cálculo dos créditos da não cumulatividade.(grifei). A contribuinte não computou aquisições legítimas, a princípio, na base de cálculo dos créditos da nãocumulatividade, uma vez que, com exceção dos livros, os demais produtos comercializados pela contribuinte são tributados pelas contribuições sociais e suas aquisições dão direito a crédito, obedecidas as regras contidas nas Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. (grifei). 2 – Créditos descontados indevidamente na apuração da contribuição ao PIS e da Cofins, nos períodos de apuração de janeiro a abril de 2011: Explica a autoridade fiscal que a contribuinte descontou indevidamente das contribuições nãocumulativas, relativas aos períodos de apuração de janeiro e abril de 2011, saldos de créditos de meses anteriores. Entretanto, em razão da reconstituição dos créditos das contribuições sociais não cumulativas, efetuada para os anoscalendário 2008 e 2009, pela autoridade fiscal, inexiste saldo de créditos remanescentes ao final do período de apuração de dezembro de 2010. Do levantamento das informações: Descritas as infrações verificadas, a autoridade fiscal, com objetivo de apurar a correta base de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins, para os anoscalendário 2008 a 2010, explica que, com base nos arquivos digitais de todos os estabelecimentos da contribuinte, verificou os valores de receita bruta da venda de livros – relacionados no Demonstrativos da Venda de Livros e as respectivas devoluções de vendas de livros –Demonstrativos da Entrada de Livros. Esclarece que os demonstrativos incluem, também, as devoluções de compras de livros e as devoluções de vendas de livros e, que foram considerados como “aquisições de livros” e “vendas de livros” os produtos cujo código da mercadoria continha a expressão “LV”. (grifei). E que, conforme informação da contribuinte, as saídas que correspondem à receita bruta de venda de mercadorias são Fl. 103242DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.220 5 decorrentes dos montantes escriturados nos seguintes CFOP – Códigos Fiscais de Operações: 5.102, 6.102, 5.104, 6.104, 5.114, 6.114, 5.403, 6.403, 5.922 e 6.922. As entradas que correspondem às aquisições de mercadorias para revenda, por sua vez, são decorrentes dos montantes escriturados nos CFOP: 1.102, 1.113, 1.403, 2.102, 2.113, 2.403, 3.102, conforme informação da contribuinte, via mensagem eletrônica institucional. Assim, a fim de apurar o montante das aquisições de bens para revenda não tributados no mercado interno, a autoridade fiscal explica que, conforme constou no Termo de Intimação Fiscal nº 005, o montante de aquisições de livros informadas pela contribuinte com CFOP 1.113 e 2.113 (compra para comercialização, de mercadoria recebida anteriormente em consignação mercantil) estavam incompletos, mas todas as mercadorias adquiridas com tais códigos, cuja identificação foi possível, se referem a “livros”. Assim, a fiscalização apurou o montante das aquisições de livros escriturados nos códigos 1.113 e 2.113, demonstrado no Demonstrativo de Aquisições – Códigos CFOP’S 1.113 e 2.113. Desta forma, esclarece que os montantes apurados no Demonstrativos de Entrada de Livros somados aos valores das aquisições registradas nos códigos CFOP 1.113 e 2.113 totalizam as aquisições de bens para revenda não tributados no mercado interno. Por conseqüência, explica, o montante dos créditos da contribuição ao PIS e da Cofins de bens para revenda descontados no lançamento de ofício são maiores que os informados pela contribuinte. (grifei). Ressalta a autoridade fiscal que intimou, mediante Termo de Intimação Fiscal nº 002, a contribuinte a encaminhar arquivos com identificação das aquisições no mercado interno de Bens para Revenda não tributada pela contribuição ao PIS e pela Cofins, bem como a identificação das mercadorias adquiridas incluídas no total de vendas isentas ou de alíquota zero, conforme montantes informados nos Dacon mensais. Entretanto, explica que os arquivos disponibilizados pela contribuinte, conforme constatado no Termo de Intimação Fiscal nº 005, não puderam ser utilizados por inconsistência dos dados, uma vez que representam somente as aquisições de mercadorias não tributadas pelo ICMS, exceto a aquisição de Livros. (grifei). Informa a autoridade fiscal que os arquivos magnéticos foram juntados ao processo administrativo nº 11516.000107/201214. Da apuração das contribuições nãocumulativas: Passa, então, a autoridade fiscal a descrever os montantes declarados no Dacon, pela contribuinte, especificamente a Receita Bruta de Vendas – Tributadas e Nãotributadas, os créditos de Mercadorias para Revenda e os demais créditos – energia elétrica, aluguéis e vendas canceladas. Ressalta a fiscalização que a contribuinte entregou demonstrativos que Fl. 103243DF CARF MF 6 detalham os valores declarados, os quais foram juntados aos autos. Assim, com base nas informações descritas acima e partindo da receita bruta total e compras totais declaradas pela contribuinte, a autoridade fiscal elaborou o Quadro 02 – Receita Tributada à Alíquota Zero e Compras sem Direito ao Crédito, com a relação da Receita Bruta de Venda Total, Receita Alíquota Zero, Devolução de Vendas Alíquota Zero, Compras Totais – Dacon, Compras sem direito ao crédito, Compras CFOP’s 1.113 e 2.113 –Complemento e Devolução de Compras sem direito ao crédito. A autoridade fiscal destaca que, em relação à Receita Bruta de Venda Total, os valores relativos ao anocalendário 2008 estão divergentes dos que informados no Dacon pela contribuinte porque incluem a Receita Bruta de Serviços, registrado no Balancete de Contas, que acompanha o Auto de Infração. (grifei). E, com as informações descritas no Quadro 02, apurou a Base de Cálculo das Contribuições, para os períodos de apuração de janeiro de 2008 a dezembro de 2010, demonstradas no Quadro 03 – Apuração da Base de cálculo do PIS/Cofins. Da impugnação: Inconformada com o lançamento, a contribuinte apresenta impugnação, às folhas 102.872 a 102.885, na qual expõe suas razões de contestação. No primeiro tópico, denominado Dos Fatos, a contribuinte explica que tem como objeto principal a venda de livros, porém comercializa, em menor escala, outros produtos como CDs, DVDs e artigos de informática. E, assim, afirma, está submetida a um regime de apuração peculiar em relação às contribuições – PIS e Cofins, tendo em vista possuir em seus estoques mais de 200 mil itens com códigos contábeis diversos e faixas de tributação que vão do zero/isento até a alíquota máxima. Afirma, ainda, que diariamente emite mais de 3 mil notas fiscais, muitas das quais com diversos códigos contidos em uma única nota. Por conseguinte, a contribuinte argumenta que, apesar de ter apresentado à autoridade fiscal todos os documentos solicitados no curso do procedimento fiscal, a autuação apontou que aproximadamente 35% do faturamento total da pessoa jurídica seria oriundo da venda de outros bens que não livros e, assim, seriam tributados pela contribuição ao PIS e pela Cofins. A autuada argumenta que tal presunção não corresponde à realidade, tendo em vista que somente a venda de livros supera o percentual pretendido na fiscalização e, além disso, existem outros produtos comercializados que possuem alíquota zero em relação à contribuição ao PIS e à Cofins. No segundo tópico – Da ilegalidade na apuração da base de cálculo –arbitramento indireto – a contribuinte alega que a fiscalização atribui verdade incontestável a dados como o faturamento total da empresa, mas, sem qualquer justificativa válida, afasta outros dados como a parte do faturamento relativa Fl. 103244DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.221 7 à receita isenta ou de alíquota zero. E, afirma, que a autoridade fiscal nega conhecimento a parte das informações prestadas, em especial aquelas apresentadas em resposta ao Termo de Intimação nº 005. A contribuinte defende que houve arbitramento da base de cálculo, embora não denominado assim pela autoridade fiscal, tendo em vista que esta presumiu, por exemplo, que: a) todos os produtos comercializados pela impugnante, exceto livros, são tributados pela contribuição ao PIS e pela Cofins; b) que todas as devoluções de venda são oriundas de produtos isentos/não tributados; c) que todos os produtos oriundos de venda em consignação (CFOP´s 1.113 e 2.113) são livros. Argumenta a autuada que a autoridade fiscal não poderia se valer desse procedimento – presunção – pois, conforme redação do artigo 142 do Código Tributário Nacional – CTN, é dever da autoridade fiscal apurar o montante real do tributo devido. Defende que o arbitramento da base de cálculo, como previsto no artigo 148 do CTN, é uma hipótese de exceção, que somente pode ser utilizada depois de esgotadas as tentativas de obtenção do valor efetivo do imposto supostamente devido. A autuada explica que, com objetivo de demonstrar a base de cálculo correta, produziu novos relatórios com informações mais precisas – resposta ao Termo de Intimação nº 005 – as quais foram descartadas pela autoridade fiscal sob a justificativa de que a contribuinte já havia apresentado demonstrativos com a totalidade dos itens que compunham a receita isenta por períodos de apuração. Repete, a interessada, que é dever da autoridade fiscal, durante o curso do procedimento de verificação, analisar novas informações prestadas pela contribuinte, a fim de obter o valor real do tributo devido, conforme prevê o princípio da legalidade estrita e, inclusive, sob pena de configuração de excesso de exação. Finalizando o tópico, a contribuinte alega que a tributação com base em valores estimados ou presumidos caracteriza uma presunção relativa, já que a parte final do artigo 148 do CTN assegura ao contribuinte o direito de fazer prova em contrário, razão pela qual o julgamento administrativo deve ser convertido em diligência, com o objetivo de que seja apurado o valor efetivamente devido, ou ainda ser autorizada a realização de prova técnica contábil. Sob o título Do critério utilizado pela impugnante para apuração do PIS e da Cofins, a contribuinte explica que em sua apuração contábil são consideradas como “receitas isentas ou de alíquota zero”, para fins de apuração da contribuição ao PIS e da Cofins, o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS. Neste sentido, argumenta que, quando da instituição do regime nãocumulativo das contribuições sociais, com edição das Leis nº 10.637/2002 e Lei nº 10.833/2003, muito foi discutido acerca da identidade na base de cálculo das contribuições com a base de cálculo do ICMS – valor de aquisição para créditos e receita Fl. 103245DF CARF MF 8 de venda para débitos. A contribuinte defende, assim, que, afora recente alteração da legislação do ICMS, em relação à substituição tributária, seu método de apuração da base de cálculo é um método legítimo. A autuada ressalva que a única diferença localizada pela autoridade fiscal na apuração desses tributos, com a qual concorda, é na situação em que ocorre a substituição tributária. Tal constatação, defende, implicaria em: a) a autuação deveria ser exclusivamente em relação aos bens que foram objeto de substituição tributária do ICMS e b) não poderia ser aplicada multa de ofício, tendo em vista que o critério de apuração era legítimo. No tópico seguinte – Dos erros materiais presentes na autuação, a contribuinte alega que houve erros na apuração da base de cálculo, quais sejam: (a) considerar que todas as devoluções de vendas se referem a produtos com alíquota zero; (b) se existiu devolução, efetivamente houve diminuição da receita com alíquota zero, mas, também houve diminuição de receita total; ou seja, os valores de devolução devem ser abatidos tanto do campo “receita alíquota zero” quanto do campo “receita bruta de venda total”. Em síntese, os valores de devolução sequer deveriam constar do cálculo já que não representam receita; (c) considerar que em relação aos produtos vendidos, tudo que não é livro é tributável pelas contribuições – PIS e Cofins, tendo em vista que possui outros bens que gozam de benefícios fiscais, como por exemplo, os produtos de informática, enquadrados no artigo 28 da Lei nº 11.196/2005; (d) considerar que todos os itens adquiridos com os códigos CFOP 1.113 e 2.113 se tratam de livros, se não conseguiu identificar os produtos nos registros contábeis; (e) ao apurar o montante passível de crédito, a fiscalização utilizou somente os créditos oriundos de aquisição de produtos, sem considerar outras reduções da base de cálculo, como depreciação, aluguel, energia elétrica etc. No último tópico, denominado Pedido, a contribuinte sintetiza seus argumentos e requer que sejam juntados aos autos os documentos constantes do processo administrativo nº 11516.000107/201214, que contém as mídias eletrônicas com as informações prestadas no curso do procedimento fiscal. E, por fim, protesta pela juntada posterior de novos documentos, bem como pela produção de prova pericial contábil. Em 24 de setembro de 2012, a contribuinte apresenta aditamento à impugnação, trazendo aos autos novos documentos. Todavia, conforme entendimento da 4ª Turma desta DRJ, foi indeferido, em sessão realizada no dia 28 de maio, pedido de juntada posterior de provas e aditamento de impugnação encaminhados pela contribuinte, o que foi feito em razão de que não foram apontados os motivos pelas quais, a teor da legislação aplicável (parágrafo 4º, do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72), tais encaminhamentos foram feitos após o decurso de prazo para impugnação. Fl. 103246DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.222 9 Em razão de existência de inexatidão material no relatório do Acórdão nº 0731.383, conforme informado pela DRFCuritiba, às folhas 103.169 a 103.170, o processo retornou para julgamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento sintetizou, na ementa a seguir transcrita , a decisão proferida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário:2008, 2009, 2010 NÃOCUMULATIVIDADE.BASE DE CÁLCULO. TOTAL RECEITA. EXCLUSÕES LEGAIS. A pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro real deve, como regra, apurar a Cofins nãocumulativa em relação ao total das receitas auferidas, exceto em relação àquelas que estejam expressamente excepcionadas desta sistemática pela legislação de regência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2008, 2009, 2010 NÃOCUMULATIVIDADE. BASE DE CÁLCULO. TOTAL RECEITA. EXCLUSÕES LEGAIS. A pessoa jurídica tributada pelo imposto de renda com base no lucro real deve, como regra, apurar a contribuição ao PIS não cumulativa em relação ao total das receitas auferidas, exceto em relação àquelas que estejam expressamente excepcionadas desta sistemática pela legislação de regência. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 ARBITRAMENTO DE RECEITA. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em arbitramento de receita quando a autoridade fiscal baseia o lançamento em valores devidamente registrados nos assentamentos contábilfiscais da pessoa jurídica. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Sobre os créditos tributários apurados em procedimento conduzido ex officio pela autoridade fiscal, aplicamse as multas de ofício previstas na legislação tributária. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Fl. 103247DF CARF MF 10 Estando presente nos autos todos os elementos essenciais ao lançamento, é de se indeferir o pedido de perícia e diligência, não podendo este servir para suprir a omissão do contribuinte na produção de provas que ele tinha a obrigação de trazer aos autos. JUNTADA DE PROVAS. LIMITE TEMPORAL. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, ou que se refira ela a fato ou direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa após ciência em 09/07/2013, conforme AR de fl. 103.194, apresenta em 06/08/2013, fls. 103.195/103.213, Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, onde reitera a natureza de sua atividade destacando que a complexidade das operações realizadas, associada à inexistência de software próprio e adequado para a atividade da requerente, culminou com a entrega inicial de documentos imprecisos e por vezes, bastante desfavoráveis a própria impugnante e que mesmo assim, por absoluta boa fé foram levados à apreciação fiscal. Destaca ainda: A fiscalização, no entanto, escolheu arbitrariamente determinados documentos e desconsiderou outros, em nítido procedimento de arbitramento indireto de base de cálculo. Da mesma forma, antes da decisão de primeira instância a recorrente refez completamente sua contabilidade mediante procedimento de auditoria interna e localizou os erros em sua contabilidade juntando aos autos o resultado obtido, no entanto, referidos documentos foram injustificadamente recusados pelo julgador administrativo. A decisão deve ser reformada tendo em vista que: 1 Violou os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, bem como os princípios específicos do processo administrativo tributário da busca pela verdade (...), a recorrente requereu a produção de prova pericial e também antes da decisão administrativa juntou aos autos o resultado de auditoria interna comprovando que os valores foram apurados em excesso na autuação fiscal. A possibilidade de juntada de documentos e o pedido de prova tem previsão expressa no artigo 38 da Lei 9748/99: Ora, os documentos juntados aos autos ao processo não são ilícitos, impertinentes, desnecessários e muito menos protelatórios. O fundamento para não conhecimento desses documentos foi de ordem puramente formal, em nítida violação Fl. 103248DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.223 11 aos princípios da ampla defesa, da informalidade do processo administrativo e da obtenção da verdade material. Observese que o próprio julgador administrativo reconhece a necessidade da produção das provas quando afirma que "cabe ao contribuinte o ônus de provar seu direito", no entanto, estranhamente, não aceita a prova produzida e indefere o pedido de produção de prova pericial. Em relação à perícia, o fundamento para o seu indeferimento foi o de que "a matéria tributável foi perfeitamente identificada com base nos documentos e registros contábeis da contribuinte, prescindindo de conhecimento técnico suplementar ". Está mais do que claro, no entanto, que no presente caso existiu diferença no recolhimento em virtude de erro na própria contabilidade da recorrente pois na sua apuração contábil eram consideradas como "receitas isentas ou de alíquota zero" para fins de apuração do P1S/COFINS o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS. Ora, se o erro estava nos registros contábeis, a conclusão lógica é a de que eles não refletem o valor efetivo e real das contribuições devidas. A única forma de obtenção do valor efetivamente devido (verdade real) é por meio da realização de nova apuração corrigindo o erro. Foi exatamente isso que fez a recorrente, mas, destaquese novamente, os documentos apresentados não foram considerados pela fiscalização. Da mesma forma, a perícia requerida teria por escopo corroborar os valores apresentados na auditoria interna. 2 Manteve vícios materiais na apuração, em especial em relação à inclusão das devoluções de venda com alíquota zero na receita bruta de venda total e por considerar que dentre todos os produtos vendidos pela requerente somente os livros possuem alíquota zero em relação ao PIS/COFINS. Em relação à obtenção da base de cálculo tributável o fiscal cometeu dois equívocos: 1 Incluiu as devoluções de venda com alíquota zero na receita bruta de venda total; 2 Considerou que dentre todos os produtos vendidos pela requerente somente os livros possuem alíquota zero em relação ao PIS/COFINS. Ora, as devoluções de vendas não representam receita de forma que jamais poderiam ter sido somadas à receita bruta total. Ou seja, esses valores de devolução de vendas, que correspondem na planilha elaborada pela fiscalização a R$ 22.848.487,37 devem ser subtraídos da base de cálculo apresentada pelo fiscal. Como o devido respeito, equivocado está o raciocínio do julgador. Primeiramente porque o próprio fiscal afirma (fls 12 e Fl. 103249DF CARF MF 12 13 do termo de encerramento de ação fiscal) que a receita bruta de venda total não é a que foi apresentada em DACON pela recorrente (vide a primeira nota abaixo da planilha de fl. 23 do termo de encerramento). Em segundo lugar, porque a receita bruta de venda total (utilizada na obtenção da base de cálculo) trazida no tem I não é a receita líquida, tanto que nela está incluído inclusive os valores de receita alíquota zero. Tratase efetivamente da receita bruta (e não líquida) de venda total razão pela qual somar a esses valores aquilo que foi objeto de devolução de vendas significa tributar aquilo que não é receita. Já o segundo erro foi considerar que em relação aos produtos vendidos peia impugnante, tudo que não é livro é tributável pelo PIS/COFINS. Também isso não é verdadeiro, tendo em vista que a recorrente, conforme afirmado anteriormente, comercializa outros produtos que gozam de benefícios fiscais7 como, por exemplo, tablets, mouses, monitores de video, teclados, notebooks etc. 3 Não apurou corretamente os créditos a que faria jus a recorrente na obtenção da base de cálculo das contribuições. Da apropriação de créditos na obtenção da base de cálculo tributável À época a requerente abatia da base de cálculo exclusivamente despesas oriundas de energia elétrica, locação de imóveis e locação de equipamentos, e o fazia de forma proporcional tendo em vista que na sua apuração não era devedora de PIS/COFINS. No entanto, a partir do momento que passa a ser devedora desses tributos, nos estritos termos das Leis 10. 833 e 10.687 a requerente passa a ter o direito da apropriação integral desses e de outros créditos previstos expressamente no artigo 3Ü das referidas leis. Tem direito ainda, conforme orientação jurisprudencial, ao abatimento da base de cálculo desses tributos de outras despesas (insumos) não contidas expressamente nas leis, mas, essenciais à sua atividade produtiva. Esses créditos não foram considerados na decisão sob o fundamento de que "todos os créditos informados pela contribuinte foram validados " . Ora, conforme afirmado acima, esses créditos eram proporcionais, já que não devedora das contribuições. No momento em que passa ser devedora das contribuições todos os créditos devem ser considerados, e não somente aqueles proporcionais. A totalidade dos créditos a que faz jus a recorrente foi apontada na auditoria interna realizada. Nesse sentido a autuação deve ser revista com o fim de quem sejam devidamente apropriados os créditos da requerente sob três prismas: a) utilização integral dos créditos de energia elétrica, locação de imóveis e locação de equipamentos; b) utilização de outros créditos passíveis de apropriação previstos no artigo 3o das Leis 10.833 e 10.867; Fl. 103250DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.224 13 c)utilização de créditos não previstos no rol do artigo 3° das referidas leis, no entanto, atualmente admissíveis conforme recente jurisprudência do Conselho Federal de Contribuintes e da Justiça Federal. Destaca valores apurados em auditoria interna com relação aos seguintes itens: 4.1 Energia elétrica, aluguel de imóveis e aluguel de equipamentos (valores integrais e não somente aqueles considerados na autuação): 4.2 Outras insumos passíveis de creditamento previstos nas Leis 10.833 e 10.867 Material de uso e consumo, despesas prediais e locação de equipamentos (créditos não considerados pela fiscalização) 4.3 Outras despesas essenciais à atividade da requerente Serviço de terceiros e Despesas c/ Pessoal (créditos não considerados pela fiscalização) 4 Manteve as penalidades que foram aplicadas em desconformidade com o disposto no artigo 100 do Código Tributário Nacional. A decisão recorrida não acatou o pedido de afastamento da multa de ofício sob a justificativa de que: "A aplicação da multa de oficio de 75%, esclareçase, independe da intenção do agente, devendo ser aplicada sempre que houver lançamento de oficio pela falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração ou nos casos de declaração inexata". Também sem razão a decisão. Conforme redação do artigo 100, inciso III e § único do Código Tributário Nacional o exercício de práticas reiteradamente adotadas pelas autoridades administrativas exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização monetária, Ao final, requer: (...) que o julgamento do presente recurso seja convertido em diligência, para que sejam apreciados os documentos apresentados pela recorrente e, caso necessário, seja realizada perícia tendente a corroborar a correção dos valores que entende a recorrente sejam efetivamente devidos. à luz de todos os documentos produzidos pela recorrente e do resultado da perícia requerida, seja refeito o lançamento com o fim de: a) corrigir os erros materiais encontrados na autuação; b) apurar a totalidade dos créditos de insumos aos quais faz jus a recorrente; c) anular qualquer penalidade imposta à recorrente. Às 103.220/103.227 consta decisão judicial, através da qual é deferida o pedido de suspensão da segurança requerida pela UNIÃO, nos autos da ação mandamental nº 100234895.2017.4.01.3400 (PJe), cujo Juízo havia determinado às "Autoridades Impetradas que se abstenham de incluir em pauta de julgado do CARE os recursos apresentados pela Fl. 103251DF CARF MF 14 impetrante nos Processos Administrativos nº 11516.722647/201163 e 11516.722646/201119, até pronunciamento final desse Juízo." É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: PRELIMINARES Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Do cerceamento do direito de defesa suscitado Afirma a Recorrente que a decisão de piso violou os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, bem como os princípios específicos do processo administrativo tributário, tais como o formalismo moderado e a busca da verdade material. Ressalta ainda em sua defesa que a possibilidade de juntada de documentos e o pedido de prova tem previsão expressa no artigo 38 da Lei nº 9.748, de 1999. Analisase a seguir o cerceamento de defesa alegado sob os seguintes aspectos: a) pela não análise dos documentos apresentados A questão decisória prendese portanto a identificar um suposto cerceamento do direito de defesa arguido pela Recorrente pela não apreciação pela decisão de piso do resultado de auditoria interna anexado aos autos antes da decisão administrativa. A Constituição Federal assegura, no inciso LV do art. 5º, Capítulo I, Título II, referente aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, o direito ao contraditório e ampla defesa, nos seguintes termos: Art. 5º (...) LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; (...) De relevo assinalar que a principal norma que trata do Processo Administrativo Fiscal – PAF, no âmbito federal é o Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, com alterações posteriores, sendo a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que estabelece normas gerais sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal, conforme estabelece seu artigo 691, de aplicação subsidiária ao Decreto nº 70.235, de 1972. Assim, como norma específica para regular o processo administrativo fiscal, dispõe o Decreto no 70.235, de 1972: 1 Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a regerse por lei própria, aplicandoselhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. Fl. 103252DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.225 15 Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: [...]; III–os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) Dos dispositivos acima transcritos, observase que o art. 15, caput, do Decreto nº 70.235, de 1972 estipula o prazo de 30 dias para apresentação da impugnação, contado da data em que for feita a intimação da exigência. Nesse sentido, nos termos da norma que rege de forma específica o rito do processo administrativo fiscal, a tempestividade da impugnação é condição de admissibilidade para julgamento de processos fiscais, uma vez que instaura a lide no âmbito do contencioso administrativo. Assim, eventual petição, apresentada fora de prazo não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, nem comporta julgamento na esfera administrativa, haja vista que a competência dos órgãos julgadores, atribuída por lei diz respeito à apreciação de processos em que tenha sido instaurada a lide administrativa, nos prazos e condições determinados pela norma processual de regência. Nesse mister, compulsandose os autos, constatase que o contribuinte em 31/01/2012 (terçafeira) , conforme Aviso de Recebimento – AR de fl. 102.832, teve ciência do Auto de Infração, assim estando a intimação do referido Auto de Infração submetida à regra de contagem disciplinada no § 2º, II do artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, que dispõe sobre o momento em que se considera efetuada a intimação por via postal, iniciase a contagem do prazo para apresentação da impugnação no dia útil subsequente, conforme art. 5º, do Decreto nº. 70.235, de 1972, dia 1º/02/2012 (quartafeira), tendo como termo final o dia 1º/03/2012 (terçafeira), último dia para entrega tempestiva da Impugnação, peça processual que o tem condão de instaurar o litígio administrativo. Ocorre que o autuado apresentou em 16/10/2012, conforme Termo de Solicitação de Juntada de fl. 102.975, a petição de fls.102.976/102.986, cujo carimbo do CAC/CENTRO/DRF/CTA é de 24/09/2012, reiterando argumentos já apresentados na peça impugnatória e solicitando a apreciação da autoridade fazendária, segundo afirma, após a conclusão de auditoria interna, das planilhas e documentos contábeis que demonstram equívocos cometidos na autuação e que justificam a sua revisão ainda na seara administrativa. Aclarese que a juntada posterior ao momento impugnatório, de provas ao processo somente encontra amparo se comprovadas às condições impostas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcrito: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: Fl. 103253DF CARF MF 16 a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito). Por oportuno registrese que o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, prescreve em seu art. 9º que [a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito]. Já o art. 16, III, do citado diploma legal estabelece que a impugnação mencionará [os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir]. Da análise do caderno processual verificase que além do TERMO DE INÍCIO DE AÇÃO FISCAL, fls.02/07, o contribuinte foi intimado a apresentar documentos e prestar esclarecimentos sobre suas operações através dos TERMOS DE INTIMAÇÃO FISCAL TIF, Nºs 001, 002, 003, 004 e 005, fls.08/21, apresentando respostas aos referidos TIF, fls. 193/831, assim constatase que o contribuinte teve 3 (três) oportunidades para apresentar a prova de suas operações, no decorrer da ação fiscal e após instaurado o litígio para comprovar suas alegações, quando da impugnação ou no recurso voluntário. Com efeito, como acima transcrito, autoriza ainda o Decreto nº 70.235, de 1972 a juntada de documentos em outro momento processual, se demonstrada uma das hipóteses excepcionais disciplinadas nas alíneas de "a" a "c" do artigo 16, no entanto na petição de fls.102.976/102.986 não demonstrou o contribuinte estar amparado por nenhuma das hipóteses autorizadas pela legislação para a juntada de documentos após a impugnação, assim sem demonstrar a excepcionalidade exigida implica a preclusão probatória neste momento processual. Cabe ainda registrar que embora requeira o peticionante de fls.102.976/102.986 a apreciação pelo órgão julgado das planilhas e documentos contábeis que demonstram equívocos cometidos na autuação e que justificam a sua revisão ainda na seara administrativa, observase que os documentos de fls. 102.988/103.147, se constituem apenas de planilhas, sem nenhum documento anexado, que respalde ainda que por amostragem os dados refletidos nas citadas planilhas. De relevo assinalar que a Recorrente vê seu direito amparado no artigo 38 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que assim dispõe: Fl. 103254DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.226 17 Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Ocorre que as normas de que tratam o Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, são específicas com relação ao Processo Administrativo Fiscal – PAF, no âmbito federal, sendo de aplicação subsidiária a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que estabelece normas gerais sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal, conforme estabelece seu artigo 692 como já mencionado. Assim existindo regramento específico no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, quanto ao momento processual para apresentar a prova, conforme disciplinado no art. 16 do referido diploma legal, essa é a norma que se impõe ao caso concreto, pelo princípio da especificidade, segundo o qual uma aparente antinomia de normas resolvese pelo princípio da especialidade/especificidade quando cotejadas uma normal geral e outra específica sobre a mesma matéria. Nesse sentido, não há reparos na decisão de piso. b) pelo indeferimento do pedido de perícia Destaca a Recorrente em sua defesa: Está mais do que claro, no entanto, que no presente caso existiu diferença no recolhimento em virtude de erro na própria contabilidade da recorrente pois na sua apuração contábil eram consideradas como "receitas isentas ou de alíquota zero" para fins de apuração do P1S/COFINS o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS. Ora, se o erro estava nos registros contábeis, a conclusão lógica é a de que eles não refletem o valor efetivo e real das contribuições devidas. A única forma de obtenção do valor efetivamente devido (verdade real) é por meio da realização de nova apuração corrigindo o erro. Foi exatamente isso que fez a recorrente, mas, destaquese novamente, os documentos apresentados não foram considerados pela fiscalização. Da mesma forma, a perícia requerida teria por escopo corroborar os valores apresentados na auditoria interna. (...) Da mesma forma, antes da decisão de primeira instância a recorrente refez completamente sua contabilidade mediante 2 Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a regerse por lei própria, aplicandoselhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. Fl. 103255DF CARF MF 18 procedimento de auditoria interna e localizou os erros em sua contabilidade juntando aos autos o resultado obtido, no entanto, referidos documentos foram injustificadamente recusados pelo julgador administrativo.(grifei). Pelos excertos acima, inferese que a Recorrente pretende corrigir sua contabilidade e reapurar os valores de PIS/COFINS, desta feita não mais considerando em sua apuração contábil como "receitas isentas ou de alíquota zero" para fins de apuração do P1S/COFINS o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS, requerendo a diligência/perícia para que a fiscalização ratifique seus dados corrigidos. Nesse mister, cabe ressaltar que o deferimento de um pedido de diligência ou perícia, pressupõe a necessidade de se conhecer determinada matéria ou colher determinada prova, que o exame dos autos não seja suficiente para dirimir a dúvida, ou ainda que se faça premente uma análise que exija conhecimentos técnicos específicos, o que não é o caso dos autos, cuja autuação, baseado em documentos e livros colocados à disposição da fiscalização pelo próprio contribuinte, a exemplo dos seguintes elementos probatórios dos autos: Respostas sobre CFOP de Compras, fls.836/837; Respostas sobre CFOP de Vendas e Devoluções, fls.838;Livros de Apuração do ICMS 2008, 2009 e 2010, fls.839/2.360;DACONS 2008, 2009 e 2010, fls.2.696/3.320;Balancete de Contas 2010, fl.3.321; Débitos DCTF COFINS E PIS, fls.3.322/3.325;Base de Cálculo de PIS e COFINS, 2008, 2009 e 2010, elaborada pelo contribuinte, fls. 3.326/3.417; Demonstrativos de Receitas Isentas, fls.30.674/102.775; Demonstrativo de Entradas de Livros, fls.3.800, teve por fundamento exatamente a constatação de que a autuada, em sua apuração contábil considerou como "receitas isentas ou de alíquota zero" para fins de apuração do P1S/COFINS o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS. Segundo a ilustre administrativista Odete Medauar, o processo administrativo fiscal é informado pelo princípio do formalismo moderado3, que seria o desapego às formalidades excessivas e complexos ritos processuais. Nesse sentido, dispõe o art. 2º, parágrafo único, inciso IX, da Lei nº 9.784, de 1999: “adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados”. No entanto o princípio do formalismo moderado que afasta o rigor processual presente no processo judicial, não se confunde com o descumprimento dos requisitos exigidos pelo Decreto nº 70.235, de 1972 para apresentação dos atos processuais, bem como quanto ao momento processual para apresentação da prova, como já bem demonstrados no item precedente. Notese que em vista da natureza "exlege" da obrigação tributária a busca da verdade material é corolário da estrita legalidade, no entanto a apresentação de provas, seja pelo autuante, seja pelo autuado tem regramento procedimental estabelecido pelo PAF, como já sobejamente ressaltado, não se prestando a diligência/perícia, nos termos definidos no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972 a suprir deficiência probatória, seja do fisco ou da Recorrente, tampouco a impingir à fiscalização o ônus de conferir dados produzidos pela Recorrente extemporaneamente apresentados. Assim, longe de se caracterizar um cerceamento ao direito de defesa, o estabelecimento de ritos e prazos peremptórios no âmbito do processo fiscal demonstram a 3 Odete Medauar; A Processualidade no Direito Administrativo; 1993, p. 121. Fl. 103256DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.227 19 segurança jurídica dos sujeitos processuais submetidos em igualdade de condições ao devido processo legal. Por tudo o que foi exposto, não há reparos no indeferimento da perícia pela decisão de piso, uma vez que não há motivação para o seu deferimento como já ressaltado. Constatase dos excertos acima que o contribuinte foi intimado e reintimado em várias oportunidades a demonstrar a exatidão das informações quanto às operações realizadas, demonstrando motivadamente a fiscalização as conclusões advindas da análise da documentação apresentada. Rejeitase portanto a preliminar de cerceamento do direito de defesa quanto a matéria acima analisada. MÉRITO Conforme destacou o TVF: O contribuinte computou como "receitas isentas ou de alíquota zero" de PIS/COFINS o montante da receita bruta de venda de mercadorias não tributadas pelo ICMS, ao invés de computar apenas as vendas de "LIVROS', Da mesma forma, segundo o que declarou, NÃO apropriouse de créditos de PIS/COFINS nãocumulativo sobre a totalidade das aquisições não tributadas pelo ICMS, quando, pelo o que foi apurado, poderia computálos exceto para as aquisições de "LIVROS". Na análise de mérito seguirseá os tópicos tal como apresentados na peça recursal. Do regime nãocumulativo da contribuição ao PIS e da Cofins Considerando que o cerne da autuação reside no cômputo como receitas isentas ou sujeitas à alíquota zero, de mercadorias tributáveis, já que a contribuinte considerou como receitas isentas ou sujeitas à alíquota zero, para fins de apuração da base de cálculo das contribuições, o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS, cabe inicialmente reproduzir excertos da decisão de piso que de forma minudente estabeleceu o diferencial à luz da legislação de regência entre o tributo ICMS e sua forma de apuração e as Contribuições para o PIS/Pasep/COFINS, cuja exigência ora se analisa. 1 – Da apuração pelo regime nãocumulativo da contribuição ao PIS e da Cofins: (...) Com o advento da Lei nº 10.637, de 2002, resultado da conversão da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003, conversão da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, estabeleceramse, respectivamente, as sistemáticas de cobrança nãocumulativa da contribuição ao PIS e da Cofins. Fl. 103257DF CARF MF 20 De fato, é preciso reconhecer que com a criação do chamado regime da "nãocumulatividade" para a contribuição ao PIS e para a Cofins, não foram poucas as dúvidas e divergências que sobrevieram acerca da extensão e conteúdo de muitos dos conceitos e institutos postos nas novas disposições legais. Com efeito, em razão de comparações, por vezes devidas e por vezes nem tanto, com os contornos e feições de outras exações também submetidas a regimes nãocumulativos, bem como em face de interpretações díspares acerca de alguns dispositivos daquelas Leis, surgiram dissensões que dificultaram muito a operacionalização prática do novo regime de apuração daquelas contribuições sociais. No entanto, muito embora o ICMS e a contribuição ao PIS e a Cofins sejam tributos sujeitos à sistemática nãocumulativa, existem diferenças muito relevantes entre os dois regimes. Em resumo, verificase que a nãocumulatividade do ICMS é uma sistemática obrigatória, está estabelecida na Constituição Federal. O ICMS é imposto nãocumulativo porque se compensa o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores. O ICMS incide sobre circulação de mercadorias e serviços, portanto, gravam coisas ou atos relacionados a coisas. Os créditos de ICMS são baseados nos valores constantes nas notas fiscais das operações anteriores.(grifei). Por outro lado, a nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da Cofins não é constitucional, pois sua existência e regras são estabelecidas por lei ordinária. A sistemática da não cumulatividade coexiste com a da cumulatividade. O fato gerador da contribuição ao PIS e da Cofins decorre da obtenção de receita, abrangendo ingressos de qualquer natureza, inclusive financeiro. Observese, a base de cálculo é o faturamento, que corresponde à receita bruta assim entendida como a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Portanto, ainda que a receita seja decorrente da venda de bens, não existe um bem particular que seja ou estabeleça o fato gerador das contribuições não cumulativas, porque estas incidem sobre a totalidade das receitas. A sistemática de apuração das contribuições no regime não cumulativo, por sua vez, consiste em permitir ao sujeito passivo descontar, da contribuição apurada, créditos referentes à aquisição de mercadorias e insumos, bem como referentes a encargos e despesas, previstos em lei, relacionados às atividades desenvolvidas pela pessoa jurídica. Ressaltese que as aquisições efetuadas pela pessoa jurídica que permitem a constituição de créditos da nãocumulatividade são apenas as que estão estritamente especificadas na legislação tributária, não sendo permitido o creditamento relativo à aquisição de bens ou serviços que não tenha previsão legal, mesmo havendo incidência tributária de contribuição ao PIS e de Cofins quando de sua aquisição. Fl. 103258DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.228 21 Como se vê, as diferenças entre as duas sistemáticas – não cumulatividade do ICMS e nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da Cofins – são evidentes, o que afasta a alegação da contribuinte de que o método de apuração da base de cálculo das contribuições nãocumulativas pelo método da apuração do ICMS é um método legítimo. Da arguição de erros materiais de cálculo do lançamento Alega a Recorrente que além do fato de ter autuado em bases presumidas e não reais, outros erros materiais de cálculo foram apontados pela recorrente que também corroboram a necessidade de novo lançamento. Destaca também que a fiscalização, escolheu arbitrariamente determinados documentos e desconsiderou outros, em nítido procedimento de arbitramento indireto de base de cálculo. O exame dos autos demonstra que não assiste razão à Recorrente, vejamos. Constatase do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal, fls. 102.847 a 102.869 que a fiscalização demonstra fundamentadamente a motivação da autuação, destacando a metodologia utilizada e o suporte probatório que respaldaram a autuação. Esclarece a fiscalização no TVF: Ou seja, restou comprovado que o contribuinte incluiu como "Receitas Isentas ou não tributadas." pelo PIS/COFINS, o somatório das vendas de produtos que não encontram respaldo isencional na legislação dessas contribuições. As saídas que correspondem à receita bruta da venda de mercadoria são decorrentes dos montantes escriturados nos seguintes CFOP's (códigos fiscais de operações), conforme resposta do contribuinte, via mensagem eletrônica institucional (fls. 838): 5.102 6.102 5.104 6.1045.114 6.114 5.403 6.403 5.922 6.922. O mesmo critério a empresa adotou para apurar a base de cálculo dos créditos de PIS/COFINS nãocumulativo, ou seja, o montante escriturado de entradas para revenda tributadas.pelo ICM.S, em cada período de apuração (PA), correspondeu à base de Cálculo dos créditos de PIS/COFINS nãocumulativo. Esta Constatação decorre do contido nas respostas prestadas pela Fiscalizada datadas de 11/10/2011 (fls. fls. 193/194 ê 301/340) e 17/10/2011, juntadas às fls. 398/399. As entradas que correspondem às aquisições de mercadoria para revenda são decorrentes dos montantes escriturados nos seguintes CFOP's (códigos fiscais de operações), conforme resposta do contribuinte, via mensagem eletrônica institucional (fls. 836/837): 1102 111314032102211324033102. (...) Dessa forma, e tendo por base os arquivos digitais relativos à escrituração fiscal dos anoscalendário de 2008 a 2010, de todos os estabelecimentos da empresa Fiscalizada (Notas Fl. 103259DF CARF MF 22 Fiscais de Entrada e Saída, bem como de ECF emitidos Emissor de Cupom Fiscal) entregues pelo contribuinte, apuramos os valores de receita bruta da venda de Livros nos períodos de apuração mensais, adiante designados simplesmente como PA (período de apuração), dos anoscalendário de 2008 a 2010, e as respectivas devoluções de vendas de livros. Isto está demonstrado no Termo,de Intimação Fiscal n° 005, no seu Quadro 01 fls. 16/17. Foram considerados como "vendas de livros" os produtos cujo código da mercadoria continham a expressão "LV". (...) Contudo, conforme constou no Termo de Intimação Fiscal n° 005, o montante das aquisições de "livros" acobertadas pelos códigos CFOP's 1.113 e 2.113, e constantes dos demonstrativos de entrada, estão incompletos, pelos motivos lá expostos. No entanto, todas as mercadorias adquiridas por meio desses códigos, cuja identificação foi possível, tratamse de "Livros", como foi constatado no Termo Fiscal citado. Sobre esta constatação, o contribuinte não se manifestou. De posse dos Livros de Apuração do ICMS de todos os estabelecimentos fls. 839/2.360, pudemos apurar o montante de aquisições de "livros" escrituradas nos códigos 1.113 e 2.113, conforme intimação contida no Termo de Intimação Fiscal n° 005 fls. 21. Isto está demonstrado no ANEXO DEMONSTRATIVO DE AQUISIÇÕES CÓDIGOS CFOP'S 1.113 e 2.113, que acompanha o Auto de Infração. ....conforme foi constatado no Termo de Intimação Fiscal n° 005, os arquivos entregues pelo contribuinte, para atendimento da intimação, não puderam ser utilizados por inconsistência dos dados. Em fls. 3.418/3.584, encontramse juntado o demonstrativo relativo ao estabelecimento Matriz do Ano de 2008. Este demonstrativo, que é a representação dos dados contidos no arquivo magnético encaminhado pelo contribuinte, relativo ao todo o ano de 2008 da Matriz, apresenta a relação das aquisições de mercadorias não tributadas pelo ICMS. exceto as de Livros Dos excertos acima constatase que a fiscalização de posse de livros e documentos apresentados pelo contribuinte, apurou a base de cálculo das referidas contribuições, portanto não houve presunção ou arbitramento de valor como afirma a Recorrente mas apuração dos valores de PIS e COFINs, a partir da escrituração apresentada pelo contribuinte. Notese que embora o arbitramento de valor seja uma prerrogativa da fiscalização, conforme autorizado pelo 4artigo 148 do CTN, este somente ocorrerá se presentes os requisitos autorizativos no citado artigo, o que não ocorreu no presente como 4 Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Fl. 103260DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.229 23 minudentemente esclarecido pela fiscalização quanto às bases da autuação e as provas que lhe dão guarida. Esclarece ainda a fiscalização quanto à resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 005: Na resposta à Constatação sobre o montante de Receitas Isentas ou de alíquota zero, contida no Termo de Intimação Fiscal n° 005, a Fiscalizada apenas elaborou quadros que comparam os montantes apurados na Ação Fiscal (Quadros contidos no Termo de Intimação Fiscal n° 005) com os gerados pelos "Relatórios Contábeis", que serviram de base para a DACON (Quadros contidos na resposta aos itens "4 e 5"). A resposta do contribuinte se encontra juntada às fls. 826/831.(grifei) Em que pese a afirmação da Recorrente de que as provas apresentadas em resposta ao citado termo de intimação foram desconsideradas pela fiscalização, constatase dos excertos acima transcritos, bem como da análise do documento de fls.826/831 (resposta ao TIF nº 005), principalmente quanto ao parágrafo inicial do documento, que na realidade a resposta consiste em vários demonstrativos, inexistindo documentos acostados ao citado documento. A empresa afirma no caput do documento: "Com relação ao termo de intimação em referência prestamos as seguintes informações, comentários e esclarecimentos:"(grifei) Registrase a seguir excertos da decisão de piso quanto à matéria em análise: Como se vê, não houve arbitramento algum por parte da fiscalização, ela não efetuou presunções ou qualquer outro procedimento discricionário para apuração da base de cálculo nem tampouco apurou um percentual de receitas isentas ou não tributáveis sobre o faturamento. O que houve foi a utilização de documentos da própria empresa para a apuração da base de cálculo das contribuições. No que se refere à alegação de que o arbitramento se prova pela presunção de que todos os produtos comercializados, exceto livros, são tributados pelas contribuições, é de se esclarecer, primeiro, que a contribuinte intimada em época própria pela autoridade fiscal não informou quais os produtos vendidos seriam isentos ou não tributados pela contribuição ao PIS e pela Cofins, além dos livros (vide Termo de Início de Ação Fiscal, Termo de Intimação Fiscal nº 03 e Termo de Intimação Fiscal nº 05); segundo, quando da apresentação da impugnação, a contribuinte não relaciona nem prova, no prazo determinado, os produtos que tenham sido considerados pela fiscalização como tributáveis e que, pela legislação das contribuições se sujeitam à alíquota zero ou que, por outro motivo, deveriam ser excluídos da base de cálculo.(grifei). Com relação aos supostos vícios materiais na apuração, em especial quanto à inclusão das devoluções de venda com alíquota zero na receita bruta de venda total e por Fl. 103261DF CARF MF 24 considerar que dentre todos os produtos vendidos pela requerente somente os livros possuem alíquota zero em relação ao PIS/COFINS, igualmente não assiste razão à defesa como será a seguir demonstrado. Devoluções de venda com alíquota zero No Termo de Constatação, fl.17, item 5, parte integrante do Termo de Intimação Fiscal TIF, nº 005, fls.16/21: Dessa forma, e tendo por base os arquivos digitais relativos à escrituração fiscal dos anoscalendário de 2008 a 2010, de todos os estabelecimentos da empresa Fiscalizada (Notas Fiscais de Entrada e Saída, bem como de ECF emitidos Emissor de Cupom Fiscal) entregues pelo contribuinte, apuramos os seguintes montantes de Receita Bruta da Venda Livros e de De volução de Livros: Obs: Foram considerados como "venda de livros" os produtos cujo código da mercadoria contém a expressão "LV". 2008 2009 2010 PA 'Receita Bruta "Devolução de Venda •Receita Bruta "Devolução de Venda 'Receita Bruta "Devolução de Venda Janeiro 9.436.101,09 261.623,18 11.892.275,86 262.005,72 12.423.373,96 439.022,31 Fevereiro 11.417.308,36 505.571,01 10.558.371,20 465.341.52 13.665.908,13 442.687,32 Março 8.148.897,55 530.104,56 11.340.416,22 550.340,54 14.069.247,16 1.299.422,26 Abril 6.811.365,96 399.22122 8.650.212,99 739.049.44 9.084.523.40 615.673,19 Maio 5.534.380.38 443.339,27 7.743.638,71 376.394,12 9.054.844,98 591.432.06 Junho 4,759.511,65 238.741,66 7.089.078,25 436.564,26 7.324.776,34 485.833,07 Julho 5.302.688,70 298.438,87 8.102.438,00 633.621,64 8.629.402,69 348.592.83 Agosto 6.268.320,98 322.125.27 7.911.384,07 359.715,05 15.985.484,46 897.975.40 Setembro 5.883.389,71 505.836,08 7.360.979,71 540.214,58 14.046.743.74 5.405.720,27 Outubro 7.095.628,80 317.240,69 7.971.386,07 376.683,04 8.690.179,88 305.007,12 Novembro 7.122.405,48 356.879.78 6.881.915,61 412.011.75 8.628.505.55 911.646,93 Dezembro 9.113.350,45 410.571,55 12.917.662,23 469.905,96 14.734.799,15 494.293,85 Acompanham o presente Termo Fiscal, arquivos digitais das planilhas que demonstram a venda dos produtos (Livros), discriminadas por: PA; estabelecimento da Fiscalizada que fez a venda; CFOP; número da NF de venda, conforme o caso*; Código do Produto vendido; Descrição da Mercadoria; Valor da Venda. *O código de revenda de mercadoria CFOP 5100, que consta nas planilhas, foi gerado pelo sistema utilizado pela RFB para tratamento dos dados encaminhados pelo contribuinte fiscaliza do, e são decorrentes das vendas feitas por ECF's. Por isso, não há número de NF emitida relacionada a esse código CFOP. ** As devoluções de venda de livros estão demonstradas no Demonstrativo relativo às entradas de livros, citados no item 6 abaixo. Assim, os montantes de receita bruta acima demonstrados, em cada período, correspondem à receita bruta isenta de PIS/COFINS, deduzidas as Devoluções.(grifei). Também se constata no TVF, fl.102.852/102.853: Fl. 103262DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.230 25 Ou seja, para fins de incidência das contribuições para o PIS/COFINS nãocumulativos, sobre a receita bruta da venda de "Livros" incide a alíquota "0" (zero) e, dessa forma, não integram a base de calculo das contribuições (art. 1o, § 3o, I da Lei n° 10.833/2003 e art. 1o, § 3o, I da Lei n° 10.637/2002) Da mesma forma, sobre as aquisições de "Livros", o contribuinte não tem direito ao crédito de PIS/COFINS nãocumulativo, conforme disposições dos art. 3o, § 2o, II da Lei n° 10.833/2003 e art. 3o, § 2o, II da Lei n° 10.637/2002. Os demais produtos comercializados pelo contribuinte são todos tributados pelas contribuições sociais do PIS/COFINS e suas aquisições dão direito ao crédito de PIS/COFINS não cumulativo, obedecidas às regras contidas nas leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003.(grifei). Dessa forma, e tendo por base os arquivos digitais relativos à escrituração fiscal dos anoscalendário de 2008 a 2010, de todos os estabelecimentos da empresa Fiscalizada (Notas Fiscais de Entrada e Saída, bem como de ECF emitidos Emissor de Cupom Fiscal) entregues pelo contribuinte, apuramos os valores de receita bruta da venda de Livros nos períodos de apuração mensais, adiante designados simplesmente como PA (período de apuração), dos anoscalendário de 2008 a 2010, e as respectivas devoluções de vendas de livros. Isto está demonstrado no Termo,de Intimação Fiscal n° 005, no seu Quadro 01 fls. 16/17.(grifei). Foram considerados como "vendas de livros" os produtos cujo código da mercadoria continham a expressão "LV". Os "Demonstrativos da Venda de Livros", cujas vendas estão discriminadas por: PA; estabelecimento da Fiscalizada que fez a venda; CFOP; número da NF de venda, conforme o caso; Código do Produto vendido; Descrição da Mercadoria e Valor da Venda, encontramse juntados às fls. 30.674/102.775 (!!!). Há que se observar que nesses demonstrativos não estão demonstradas as devoluções de vendas. Isso está feito nos "Demonstrativos da Entrada de Livros", citado mais à frente. (...) Dos excertos acima constatase que a fiscalização demonstrou que os montantes de receita bruta apurados em cada período, correspondem à receita bruta isenta de PIS/COFINS, deduzidas as Devoluções. Produtos vendidos pela requerente com alíquota zero em relação ao PIS/COFINS Analisase a seguir a questão colocada pela Recorrente de que a fiscalização considerou que dentre todos os produtos vendidos pela requerente somente os livros possuem alíquota zero em relação ao PIS/COFINS. Esclarece o TVF: Fl. 103263DF CARF MF 26 Conforme consta no Termo de Constatação lavrado no Termo de Intimação Fiscal n° 005 fls. 16/22, no curso da ação fiscal foi apurado que o contribuinte considerou como "Receitas Isentas ou de alíquota zero", para fins de apuração da base de cálculo do PIS/COFINS, o montante escriturado das receitas não tributadas pelo ICMS. Ou seja, as saídas que corresponderam à receita bruta da venda de mercadorias, que não tiveram incidência de ICMS, foram consideradas como receita isenta ou de alíquota zero de PIS/COFINS, em cada período de apuração (PA). Esta Constatação decorre do contido na resposta prestada pela Fiscalizada datada de 17/10/2011, recebida em 21/10/2011, que se encontra juntada às fls. 398/399. (...) Buscando entender o procedimento adotado pelo contribuinte, encontramos na legislação do ICMS (Regulamento do Estado do Paraná, por exemplo, aprovado pelo Decreto n° 1.980/2007), que o imposto não incide sobre operações com "livros" art. 3o. Na verdade essa não incidência decorre do que consta no art. 150, VI, "d" da Constituição Federal. Dessa forma, todas as vendas de livros efetuadas pelos diversos estabelecimentos da pessoa jurídica fiscalizada fazem parte da "receita não tributada pelo ICMS". Mas, não são apenas as operações com livros que fazem parte das operações de saídas não tributadas pelo ICMS. Existe, por exemplo, uma figura tributária muito utilizada pelos Estados chamada de "substituição tributária", que consiste na cobrança antecipada do ICMS que será devido na operação seguinte de revenda de uma determinada mercadoria. (...) Uma das operações enquadradas nessa modalidade é a que envolve "disco fonográfico, fita virgem ou gravada" art. 528 do mesmo Regulamento. Por sinal, a própria Fiscalizada encaminhou arquivos magnéticos contendo a identificação de produtos desses tipos, cujos "códigos de identificação do produto" são iniciados por "AV", deixando claro que esses produtos que comercializa tratamse de produtos audiovisuais, conforme consta juntado nos demonstrativos que foram elaborados tendo por base esses mesmos arquivos magnético fls. 3585/3601 (Demonstrativo compras não trib ICMS Matriz 012008) do processo. Existem outros produtos, que são normalmente vendidos pelos estabelecimentos da Fiscalizada, que também estão enquadrados no regime de substituição tributária do ICMS. É o caso das operações com produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos art. 481 letras "a" a."c" do Regulamento do ICMS do Estado do Paraná. Na relação dos produtos sujeitos a esse regime, constante do art. 481 C, encontramos, por exemplo: Fl. 103264DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.231 27 (...) Ou seja, restou comprovado que o contribuinte incluiu como "Receitas Isentas ou não tributadas." pelo PIS/COFINS, o somatório das vendas de produtos que não encontram respaldo isencional na legislação dessas contribuições. As saídas que correspondem à receita bruta da venda de mercadoria são decorrentes dos montantes escriturados nos seguintes CFOP's (códigos fiscais de operações), conforme resposta do contribuinte, via mensagem eletrônica institucional (fls. 838): 5.102 6.102 5.104 6.1045.114 6.114 5.403 6.403 5.922 6.922. O mesmo critério a empresa adotou para apurar a base de cálculo dos créditos de PIS/COFINS nãocumulativo, ou seja, o montante escriturado de entradas para revenda.(grifei). (...) Como visto acima, quando foi tratado das vendas dos produtos, e também pelo que declarou a Fiscalizada, as vendas de produtos não tributados pelo ICMS não foram incluídas na base de cálculo das contribuições sociais, e as entradas desses produtos também não fizeram parte da base de cálculo dos créditos de PIS/COFINS nãocumulativos. Ora, uma coisa não tem nada a ver com a outra, no que diz respeito às legislações do imposto estadual e das contribuições sociais federais. O que se concluiu, então, é que a Fiscalizada não computou aquisições legítimas, a princípio, na base de cálculo dos créditos de PIS/COFINS. Por outro lado, não fez incidir as contribuições PIS/COFINS sobre parte de suas receitas. Essa conclusão é derivada, também, daquilo que foi cientificado ao contribuinte no Termo de Intimação Fiscal n° 002 (fls. 10 e 102.776/102.778), quando foi dada ciência de que "Em consulta á legislação que rege as contribuições acima citadas, apuramos que o art. 28, VI da Lei n° 10.865/2004 dispõe que a alíquota dó PIS/COFINS incidente sobre a receita bruta da venda de livros (conforme definido no art. 2o da Lei n° 10.753/2003) fica reduzida a ZERO". O contribuinte manifestouse, em resposta datada de 17/10/2011 fls. 398, que "sobre os produtos que comercializamos não se aplica outro fundamento a não ser o art. 2 da Lei 10.753/2003."(grifei). Ou seja, para fins de incidência das contribuições para o PIS/COFINS nãocumulativos, sobre a receita bruta da venda de "Livros" incide a alíquota "0" (zero) e, dessa forma, não integram a base de calculo das contribuições (art. 1o, § 3o, I da Lei n° 10.833/2003 e art. 1o, § 3o, I da Lei n° 10.637/2002) Fl. 103265DF CARF MF 28 Da mesma forma, sobre as aquisições de "Livros", o contribuinte não tem direito ao crédito de PIS/COFINS nãocumulativo, conforme disposições dos art. 3o, § 2o, II da Lei n° 10.833/2003 e art. 3o, § 2o, II da Lei n° 10.637/2002. Os demais produtos comercializados pelo contribuinte são todos tributados pelas contribuições sociais do PIS/COFINS e suas aquisições dão direito ao crédito de PIS/COFINS não cumulativo, obedecidas às regras contidas nas leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003.(grifei). Dessa forma, e tendo por base os arquivos digitais relativos à escrituração fiscal dos anoscalendário de 2008 a 2010, de todos os estabelecimentos da empresa Fiscalizada (Notas Fiscais de Entrada e Saída, bem como de ECF emitidos Emissor de Cupom Fiscal) entregues pelo contribuinte, apuramos os valores de receita bruta da venda de Livros nos períodos de apuração mensais, adiante designados simplesmente como PA (período de apuração), dos anoscalendário de 2008 a 2010, e as respectivas devoluções de vendas de livros. Isto está demonstrado no Termo,de Intimação Fiscal n° 005, no seu Quadro 01 fls. 16/17. (...) Mais uma vez, frisamos que os montantes de receitas isentas ou de alíquota zero declaradas em DACON, que são os mesmos constantes nos quadros elaborados pelo contribuinte em sua resposta, contemplam a receita não tributada pelo ICMS, a qual inclui a venda de diversos produtos, inclusive "Livros", como declarado pelo contribuinte e visto acima, e que o montante da Receita da Venda de Livros, que foi apurado por esta fiscalização, e que constam dos Demonstrativos da Venda de Livros fls. 30.674/102.775, contém apenas o montante da venda de Livros cuja alíquota de incidência das contribuições sociais PIS/COFINS é 0% (zero por cento). Ou seja, do montante de vendas da pessoa jurídica, contemplando, evidentemente, os seus diversos estabelecimentos, apenas às receitas constantes dos "Demonstrativos da Venda de Livros" é que se aplica a alíquota zero de PIS/COFINS. (grifei). Ainda sobre o TVF: É bom citar que no final da resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 005, essa que acabamos de citar, e que está juntada às fls. 826/831, o sujeito passivo declara que "Diante das informações constantes das demonstrações nos quadros 1 e 2 acima, que apresentam divergências de valores expressivas, comparados com os nossos registros Contábeis / Dacon estamos gerando os arquivos de vendas tributadas pelo ICMS e pelo regime de substituição tributária, que darão subsídios para nos certificarmos da efetiva base de cálculo do PIS e COFINS." Mas, diante dessa resposta, temos a lembrar o contribuinte que ele já foi intimado a apresentar os demonstrativos que mostrassem a totalidade de itens que compunham o montante de receita isenta por período de apuração do PIS/COFINS e Fl. 103266DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.232 29 que, inclusive, o contribuinte já o fez, conforme resposta juntadas às fls. 398.(grifei). Dos excertos acima verificase que as colusões da fiscalização tiveram por base os livros e documentos apresentados pelo contribuinte, inclusive arquivos digitais, cabendo ainda ressaltar que a autuada foi intimada e reintimada várias vezes a prestar esclarecimentos sobre a natureza das operações, de sorte que toda a fundamentação e suporte fático estão respaldados na escrituração do contribuinte, cabendo à Recorrente indicar quais mercadorias, exceto livros, têm alíquota zero em relação ao PIS/COFINS e foram consideradas pela fiscalização na base de cálculo das referidas contribuições. Demonstrou a fiscalização quantificadamente a forma de apuração da base de cálculo, de modo que alegações genéricas desprovidas de cunho probatório não se prestam a informar os dados coletados pela fiscalização da própria escrituração da autuada Da apropriação de créditos na obtenção da base de cálculo tributável Destaca o TVF: Em relação às entradas de mercadorias que dão direito ao crédito de PIS/COFINS nãocumulativo, procedemos da mesma forma. Apuramos o montante de aquisições de Livros, tendo por base a mesma escrituração fiscal entregue à Fiscalização e o mesmo critério foram considerados como aquisição de "Livros" os produtos cujo código da mercadoria contém a expressão "LV", utilizando os CFOP's de entrada acima especificados. Esses montantes, por PA, estão discriminados no Quadro 02 do Termo de Intimação Fiscal n° 005 fls. 17. Os "Demonstrativos da Entrada de Livros", discriminadas por: PA; estabelecimento da Fiscalizada que fez a compra; CFOP; Código da Mercadoria adquirida; Descrição da Mercadoria; número da (NF de entrada; CNPJ do Emitente da NF de entrada; Valor da Aquisição, encontramse juntados às fls. 3.800/30.673 (!!). Nesses documentos estão demonstradas, também, as devoluções de compras de livros e as devoluções de venda de livros. Contudo, conforme constou no Termo de Intimação Fiscal n° 005, o montante das aquisições de "livros" acobertadas pelos códigos CFOP's 1.113 e 2.113, e constantes dos demonstrativos de entrada, estão incompletos, pelos motivos lá expostos. No entanto, todas as mercadorias adquiridas por meio desses códigos, cuja identificação foi possível, tratamse de "Livros", como foi constatado no Termo Fiscal citado. Sobre esta constatação, o contribuinte não se manifestou. Demonstrase a seguir excertos da decisão de piso que trata de forma minudente sobre a matéria colacionada. Excertos da decisão de piso: E – Outros créditos: Fl. 103267DF CARF MF 30 A contribuinte alega que, ao apurar o montante passível de crédito, a fiscalização utilizou somente os créditos oriundos de aquisição de produtos, sem considerar outras reduções da base de cálculo, como depreciação, aluguel, energia elétrica etc. Equivocada mostrase a contribuinte quando afirma que a fiscalização deixou de conceder os créditos decorrentes da não cumulatividade, pois resta demonstrado no Quadro 03: Apuração da Base de cálculo do PIS/COFINS, constante do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal, os valores dos créditos de energia elétrica, aluguéis e vendas canceladas na coluna BC Demais Créditos (energia elétrica, aluguéis, vendas canceladas) subtraídos dos valores constante da coluna Valor Apurado – Base de Cálculo Tributável. Notese, ademais, que os valores relacionados na coluna BC Demais Créditos (energia elétrica, aluguéis, vendas canceladas) constante do Quadro 03, são os mesmos daqueles relacionados na coluna de mesmo nome, no Quadro 01 – Dados informados DACON, ou seja, tais valores são aqueles informados pela própria contribuinte no Dacon, como créditos a serem descontados na base de cálculo das contribuições não cumulativas. Portanto, todos os créditos informados pela contribuinte foram validados pela autoridade lançadora e deduzidos do total de débitos apurados relativos à contribuição ao PIS e à Cofins.(grifei).0, Do acima exposto, considerando a fundamentação minudentemente descrita pela fiscalização e o suporte probatório que respalda a situação fática apurada na autuação, trazendo à discussão matéria já apreciada em sede preliminar quanto ao suposto cerceamento de defesa pelo indeferimento de diligência/perícia pela decisão de piso, cabe destacar, agora no âmbito da análise meritória que no presente caso a defesa além de não atender as prescrições do inciso III do artigo 16 do Decreto nº 70.235, de 1972 que estabelece que a impugnação mencionará [os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir], tampouco se utilizou da faculdade prevista no § 4º do art. 16 do mesmo diploma legal, que permite ao impugnante apresentar provas documentais em outro momento processual, quando demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, ou quando se refira a fato ou a direito superveniente ou, ainda, se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos, reiterase o acerto da decisão de piso, visto que ao demonstrar fundamentadamente a motivação de sua decisão, respaldouse no suporte probatório do caderno processual, que entendeu suficiente para o julgamento da lide, conforme lhe assegura o art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972. Embora o já destacado Decreto nº 70.235, de 1972 disponha no § 6.º do art. 16 que [Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância.], não se constata nos autos documentos apresentados pela Recorrente a serem apreciados por essa colenda turma recursal. Ressalvese que o sistema de apreciação das provas adotado no processo administrativo fiscal, consubstanciado no art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972 é o sistema de valoração adotado pelo sistema processual brasileiro que é o da persuasão racional, também Fl. 103268DF CARF MF Processo nº 11516.722647/201163 Acórdão n.º 3302004.756 S3C3T2 Fl. 103.233 31 conhecido pelo princípio do livre convencimento motivado. Como pontua 5Daniel Amorim, em consequência do livre convencimento motivado o julgador é livre para formar seu convencimento, dando portanto às provas o peso que entender cabível em cada processo, sem existir hierarquia entre os meios de prova. Assim restando demonstrado que a Recorrente permaneceu silente quando da oportunidade processual de trazer a prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da exigência sub examine subsiste a prova trazida aos autos na ação fiscal, colhida vale ressaltar, da própria escrituração dos livros da Recorrente disponibilizados à fiscalização. Da exclusão da multa de ofício Alega a Recorrente que seu método de apuração utilizado era legítimo e aceito pela administração tributária, logo deve ser afastada a aplicação de qualquer penalidade com fundamento no artigo 100 do Código Tributário Nacional. Sendo a obrigação tributária "ex lege", o cumprimento desta atémse ao disposto na legislação tributária e sendo o tributo um direito indisponível, tem a Administração tributária o Poderdever de exigir o tributo e as penalidades cabíveis como no presente caso, que restou demonstrado o descumprimento da legislação de regência das Contribuições de PIS e Cofins. Com efeito, a cominação de penalidades situase no campo da reserva legal, ou melhor, reserva absoluta da lei, sendo exigível para a espécie, lei em sentido material e formal, como disciplina o 6artigo 97, V do CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I (omissis; .................................................................................................... V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;” Como já sobejamente demonstrado, constatando a fiscalização o recolhimento a menor das contribuições já referidas aplicou a multa de 75% prevista no artigo 44, da Lei nº 9.430, de 1996, abaixo transcrita, sendo incabível ao caso a norma disposta no artigo 100 do CTN por absoluta falta de tipicidade. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: 5 Neves, Daniel Amorim Assumpção em manual de direito processual civil – 3ª ed. – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2011, pág.425. 6 Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I (omissis; .................................................................................................... V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;” Fl. 103269DF CARF MF 32 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...]§ 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [grifei] Ante o exposto, VOTO POR REJEITAR AS PRELIMINARES SUSCITADAS E NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Fl. 103270DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12893.000362/2008-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO.
A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3302-004.627
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, mantendo-se apenas a glosa relativa aos serviços contratados da SERVISYSTEM correspondentes ao setor de expedição.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, mantendo-se apenas a glosa relativa aos serviços contratados da SERVISYSTEM correspondentes ao setor de expedição. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
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INSUMOS. DEFINIÇÃO. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, mantendose apenas a glosa relativa aos serviços contratados da SERVISYSTEM correspondentes ao setor de expedição. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 3. 00 03 62 /2 00 8- 38 Fl. 924DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 925 2 Relatório Tratase de análise de direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de Cofins NãoCumulativa, relativo ao primeiro trimestre de 2007, cuja análise resultou no relatório fiscal de efls. 8 a 42, no qual foram efetuadas glosas em bens adquiridos como insumos, serviços utilizados como insumos, bens importados utilizados como insumos, aluguéis de prédios, fretes sobre operações de vendas, depreciação de bens do imobilizado e ajustes positivos de créditos. Em manifestação de inconformidade, a recorrente contestou apenas a glosa relativa aos serviços prestados pela empresa SERVISYSTEM, não se insurgindo quanto às demais. Por sua vez, a Décima Sétima Turma da DRJ/RJO proferiu o acórdão nº 12 70.735, com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da nãocumulatividade, consideramse insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. SERVIÇOS DE TRANSPORTE. MOVIMENTAÇÃO INTERNA. As despesas com serviço de transporte contratado para movimentação interna de produtos não gera direito a crédito a ser descontado no regime nãocumulativo da COFINS, por não se enquadrar no conceito de insumos nem se caracterizar como frete nas operações de venda. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. É do sujeito passivo o ônus de reunir e apresentar conjunto probatório capaz de demonstrar a liquidez e certeza do crédito pretendido, sem o que não pode ser homologada a compensação efetuada. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Operamse os efeitos preclusivos previstos nas normas do processo administrativo fiscal em relação à matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. PROVA. MOMENTO. PRECLUSÃO. Fl. 925DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 926 3 A prova documental será apresentada no prazo do recurso, precluindose o direito de o recorrente fazêlo em outro momento processual, exceto quando justificado por motivo legalmente previsto. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. DESNECESSÁRIA. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de diligência (ou perícia) quando a sua realização revelese prescindível ou desnecessária para a formação da convicção da autoridade julgadora. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, pugnando pela nulidade da decisão recorrida por cerceamento de defesa, em razão do indeferimento da produção de prova pericial e diligências e reiterando os argumentos de mérito. Na forma regimentar, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O recurso interposto atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente pugnou pela nulidade da decisão recorrida em razão do indeferimento do pedido de diligência e perícia, pois, em suma, não se poderia concluir que os serviços tomados pela recorrente não seriam diretamente executados no processo industrial, sem sua realização. Por sua vez, a decisão recorrida indeferiu o pedido, entendendo que a controvérsia estava centrada na interpretação da legislação e dos conceitos legais, sendo, portanto, matéria de direito. Verificase, de fato, que a controvérsia reside na interpretação do termo "insumo" na legislação da nãocumulatividade das contribuições. Enquanto para a recorrente, insumo diz respeito a todos os bens e serviços necessários para a atividade produtiva e comercial, permitindo a concretização das receitas a serem auferidas, a decisão recorrida adotou, obrigatoriamente, a interpretação normativa dada pela RFB nas IN SRF nº 247/2002 e 404/2004, para as quais a ação direta possui uma conotação distinta de ser essencial ou necessário, significando a ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou produção. Não por outra razão, o transporte interno de insumos ou produtos em elaboração não geram créditos sob a ótica da RFB. Fl. 926DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 927 4 Assim, entendo que a decisão proferida pela DRJ está suficientemente fundamentada, sendo que o indeferimento da diligência não implicou o cerceamento de defesa, nos termos do artigo 281 do Decreto nº 70.235/1972. No mérito, a recorrente defendeu a possibilidade de se tomar créditos dos serviços adquiridos da SERVISYSTEM, em razão da essencialidade dos serviços na atividade produtiva da recorrente. Inicialmente, é necessário expor o entendimento do relator quanto à definição de insumos. A nãocumulatividade das contribuições, embora estabelecida sem os parâmetros constitucionais relativos ao ICMS e IPI, foi operacionalizada mediante o confronto entre valores devidos a partir do auferimento de receitas e o desconto de créditos apurados em relação a determinados custos, encargos e despesas estabelecidos em lei. A apuração de créditos básicos foi dada pelos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, cujas atuais redações seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das 1 Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 927DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 928 5 Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 928DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 929 6 III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) A regulamentação da definição de insumo foi dada pelo artigo 66 da IN SRF nº 247/2002, e artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, de forma idêntica: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea " b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: Fl. 929DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 930 7 a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. A partir destas disposições, três correntes se formaram: a defendida pela Receita Federal, corroborada em julgamentos deste Conselho, que utiliza a definição de insumos da legislação do IPI, em especial dos Pareceres Normativos CST nº 181/1974 e nº 65/1979. Uma segunda corrente que defende que o conceito de insumos equivaleria aos custos e despesas necessários à obtenção da receita, em similaridade com os custos e despesas dedutíveis para o IRPJ, dispostos nos artigos 289, 290, 291 e 299 do RIR/99. Fl. 930DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 931 8 Por fim, uma terceira corrente, defende, com variações, um meio termo, ou seja, que a definição de insumos não se restringe à definição dada pela legislação do IPI e nem deve ser tão abrangente quanto a legislação do imposto de renda. Constatase também que há divergência no STJ sobre o tema, tendo a matéria sido afetada como recurso repetitivo no REsp 1.221.170/PR. Assim, verificase que no REsp 1.246.317MG, de relatoria do Ministro Mauro Campbell, decidiuse pela ilegalidade parcial do artigo 66º da IN SRF nº 247/2002 e do artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, na parte em que trata do conceito de insumos, adotando no acórdão um mais abrangente: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, Fl. 931DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 932 9 isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. De forma antagônica, no REsp Nº 1.128.018 RS, decidiuse pela legalidade das referidas INs e do conceito restrito de insumos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 211/STJ. PIS E COFINS. CREDITAMENTO. LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. ART. 195, § 12, DA CF. MATÉRIA EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF 247/02 e SRF 404/04. EXPLICITAÇÃO DO CONCEITO DE INSUMO. BENS E SERVIÇOS EMPREGADOS OU UTILIZADOS DIRETAMENTE NO PROCESSO PRODUTIVO. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 111 CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando o Tribunal de origem se manifesta, fundamentadamente, sobre as questões que lhe foram submetidas, apreciando de forma integral a controvérsia posta nos presentes autos. 2. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo” (Súmula 211/STJ). 3. A análise do alcance do conceito de nãocumulatividade, previsto no art. 195, § 12, da CF, é vedada neste Tribunal Superior sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. 4. As Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04 não restringem, mas apenas explicitam o conceito de insumos previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. Fl. 932DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 933 10 5. Possibilidade de creditamento de PIS e COFINS apenas em relação aos os bens e serviços empregados ou utilizados diretamente sobre o produto em fabricação. 6. Interpretação extensiva que não se admite nos casos de concessão de benefício fiscal (art. 111 do CTN). Precedentes: AgRg no REsp 1.335.014/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/2/13, e REsp 1.140.723/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/9/10. 7. Recurso especial a que se nega provimento. Dado o panorama, entendo que a melhor interpretação está com a terceira corrente, pelos motivos a seguir. Inicialmente, destacase que a materialidade do fato gerador dos tributos envolvidos é distinta, isto é, a incidência sobre o produto industrializado para o IPI, sobre o lucro (real, presumido ou arbitrado), para o IRPJ, ao passo que o PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre a receita bruta. Esta distinção se refletiu na redação original do artigo 3º, na definição das hipóteses de crédito, especialmente a relativa a insumos, dada por "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes". De plano, salta aos olhos a impropriedade de utilização da legislação do IPI como parâmetro, em razão da inclusão de serviços na mesma categoria normativa de bens, inaplicável à definição de IPI dada a bens. Outra distinção marcante relativo ao IPI reside na inclusão de combustíveis e lubrificantes na definição de insumos. A legislação do IPI delimitou o alcance da definição, especialmente no Parecer Normativo CST nº 65/1979, em função do contato físico direto com o produto em fabricação, o que levou à impossibilidade de tomada de crédito de IPI sobre tais bens, inclusive objeto de edição da Súmula CARF nº 19: Súmula CARF nº 19: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. É cediço que combustíveis não entram em contato físico direto com os produtos durante o processo produtivo, razão pela qual não podem ser inseridos no conceito de insumo adotado pelo IPI. Sendo assim, concluise que as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, ao inserirem os termos combustíveis e lubrificantes na categoria de insumo, estabelecem um marco jurídico distinto da legislação do IPI. Verificase que, de fato, a própria Receita Federal flexibilizou a questão do contato direto com o produto em fabricação. Vejamos a Solução de Divergência nº 14/2007 e nº 35/2008, as quais permitem a dedução de partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos, desde que não incluídas no imobilizado: Solução de Divergência nº 14/2007: Fl. 933DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 934 11 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: Crédito presumido da Cofins. Partes e peças de reposição e serviços de manutenção. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição e com serviços de manutenção em veículos, máquinas e equipamentos empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito a créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam incluídas no ativo imobilizado. Solução de Divergência nº 35/2008: Cofins nãocumulativa. Créditos. Insumos. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas utilizadas em máquinas e equipamentos que efetivamente respondam diretamente por todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam obrigadas a serem incluídas no ativo imobilizado, nos termos da legislação vigente. Esta distinção fica evidenciada na redação da Lei nº 10.276/2001, ao estabelecer o regime alternativo de crédito presumido de IPI sobre o ressarcimentos das contribuições para o PIS e a Cofins, delimitando a definição de insumos para o IPI a matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, excluindo a energia elétrica e os combustíveis, distinguindose da redação dos incisos II dos artigos terceiros das leis instituidoras da nãocumulatividade, a qual inclui combustíveis na qualidade de insumos. Por outro lado, a tese de que insumo equivaleria a custos e despesas dedutíveis necessários à obtenção da receita é por demais abrangente e não reflete a estrutura do artigo 3º das referidas leis. Este enumera as hipóteses de creditamento, sendo que todas se referem a custos ou despesas necessárias, o que afasta a definição abrangente, já que todas as demais hipóteses estariam abrangidas no inciso II, revelandose, assim desnecessárias. Assim, energia elétrica, aluguéis, contraprestação de arrendamento relativas a área administrativa são despesas necessárias, mas entretanto não são insumos e somente geram crédito por estarem previstas em hipóteses autônomas. O mesmo ocorre com a despesa de armazenagem e frete na operação de venda. A terceira corrente, buscando uma definição própria para insumos, se refletiu em vários acórdãos deste conselho, em maior ou menor abrangência: Acórdão nº 930301.740: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 934DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 935 12 Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 COFINS. INDUMENTÁRIA. INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO.ART. 3º LEI 10.833/03. Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis da Cofins não cumulativa, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo. Recurso Especial do Procurador Negado. Acórdão nº 3202001.593: CONCEITO DE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. CRITÉRIOS PRÓPRIOS O conceito de insumos não se confunde com aquele definido na legislação do IPI restrito às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados diretamente na produção; por outro lado, também não é qualquer bem ou serviço adquirido pelo contribuinte que gera direito de crédito, nos moldes da legislação do IRPJ. Ambas as posições (“restritiva/IPI” e “extensiva/IRPJ”) são inaplicáveis ao caso. Cada tributo tem sua materialidade própria (aspecto material), as quais devem ser consideradas para efeito de aproveitamento do direito de crédito dos insumos: o IPI incide sobre o produto industrializado, logo, o insumo a ser creditado só pode ser aquele aplicado diretamente a esse produto; o IRPJ incide sobre o lucro (lucro = receitas despesas), portanto, todas as despesas necessárias devem ser abatidas das receitas auferidas na apuração do resultado. No caso do PIS/Pasep e da Cofins, a partir dos enunciados prescritivos contidos nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, devem ser construídos critérios próprios para a apuração da base de cálculo das contribuições. As contribuições incidem sobre a receita da venda do produto ou da prestação de serviços, portanto, o conceito de insumo deve abranger os custos de bens e serviços, necessários, essenciais e pertinentes, empregados no processo produtivo, imperativos na elaboração do produto final destinado à venda, gerador das receitas tributáveis. Recurso Voluntário parcialmente provido. Acórdão nº 3201001.879: COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CONCEITO. Fl. 935DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 936 13 O conceito de insumos no contexto da Cofins nãocumulativa é mais abrangente do que o conceito da legislação do IPI, devendo ser admitido todo dispêndio na contratação de serviços e aquisição de bens essenciais ao processo produtivo do sujeito passivo, independentemente de ter contato direto com o produto em fabricação. Acórdão nº 3401002.860: CONCEITO DE INSUMOS PARA FINS DE APURAÇÃO DE CRÉDITO DE PIS E COFINS NÃOCUMULATIVOS. O conceito de insumo deve estar em consonância com a materialidade do PIS e da COFINS. Portanto, é de se afastar a definição restritiva das IN SRF nºs 247/02 e 404/04, que adotam o conceito da legislação do IPI. Outrossim, não é aplicável as definições amplas da legislação do IRPJ. Insumo, para fins de crédito do PIS e da COFINS, deve ser definido como sendo o bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente na produção de bens ou prestação de serviços, sendo indispensável a estas atividades e desde que esteja relacionado ao objeto social do contribuinte. Acórdão nº 3301002.270: COFINS/PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. A legislação do PIS/Cofins atribuiu conceito próprio de insumos para o fim de aproveitamento dos créditos da não cumulatividade. Este conceito não é tão restritivo quanto o da legislação do IPI e nem tão amplo quanto à legislação do imposto de renda. Acórdão nº 3403003.629: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Entendo, pois, que a expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente de ter havido contato direto com o produto fabricado, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes, expressos no texto legal Assim, devem ser entendidos como insumos, os custos de aquisição e custos de transformação que sejam inerentes ao processo produtivo e não apenas genericamente inseridos como custo de produção. Esta distinção é dada pela própria lei e também pelo STJ Fl. 936DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 937 14 (AgRg no REsp nº 1.230.441SC, AgRg no REsp nº 1.281.990SC), quando excluem, por exemplo, dispêndios com valetransporte, valealimentação e uniforme da condição de insumos, os quais poderiam ser considerados custos de produção, mas que somente foram alçados a insumos a partir da Lei nº 11.898/2009, e apenas para as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção. Destacase, ainda, que determinados custos de estocagem, embora, sejam considerados para avaliação de estoques, não podem ser considerados custos de transformação, pois são aplicados aos produtos já acabados. Partindose das premissas acima, passase à análise dos serviços prestados pela SERVISYSTEM. O contrato de efls. 307 a 321 possui como objeto a prestação de serviços de movimentação de peças, condução de veículos industriais e administração de almoxarifado nas dependências indicadas pela recorrente. A recorrente detalhou a execução de cada serviço. Relativamente à movimentação de peças, tratase de serviços de movimentação de matériasprimas e peças entre plantas da recorrente. Tais serviços são empregados no transporte de peças fundidas, eventualmente máquinas, ferramentas e peças de manutenção, a serem utilizadas no setor de fundição, setor de motores, setor de estamparia, setor de compela. Este transporte de insumos e peças de manutenção relativas ao parque industrial se amolda à definição de serviços utilizados como insumos, de modo similar aos fretes contratados para transporte de insumos. A respeito, citase Acórdão nº 3302003.212, proferido por esta turma na sessão de 16/05/2016, do ilustre Conselheiro José Fernandes do Nascimento: TRANSPORTE DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE. GASTOS COM FRETE. CUSTO DE PRODUÇÃO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Na sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, os gastos com frete relativo à operação de transporte de insumos, incluindo os produtos inacabados, entre estabelecimentos do próprio contribuinte propicia o direito ao crédito da contribuição como custo de produção dos produtos destinados à venda. Concernente ao serviço de condução de veículos industriais, tratase de serviço efetuado por pessoal especializado na condução de tais veículos dentro do parque industrial, sendo, portanto, inerente ao processo produtivo, gerando créditos da não cumulatividade, de modo similar aos serviços de movimentação de peças. Inserese também na natureza de insumo, o serviço prestado no setor de montagem III, que tratase de setor responsável pela embalagem industrial. Ressalvase, porém, o setor de expedição, cuja função é separar e trazer o lote para área de preparação, conferência e posterior carregamento. Tratase de atividade posterior à embalagem, efetuada sobre produtos acabados e ligada ao estoque destes produtos. No que tange à atividade de almoxarifado, a recorrente informa que se trata de recebimento e controle de qualidade dos insumos a serem aplicados no processo produtivo. Fl. 937DF CARF MF Processo nº 12893.000362/200838 Acórdão n.º 3302004.627 S3C3T2 Fl. 938 15 Entendo que os serviços relacionados ao recebimento, armazenamento e movimentação de insumos se inserem no processo produtivo, gerando créditos da nãocumulatividade. Diante do exposto, voto dar provimento parcial ao recurso voluntário, mantendose apenas a glosa relativa aos serviços contratados da SERVISYSTEM correspondentes ao setor de expedição. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 938DF CARF MF
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Numero do processo: 16004.720115/2012-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL - COFINS
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VÍCIOS. PROBLEMAS NA EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO. BASE DE CÁLCULO. PIS E COFINS.
EXCLUSÃO PREVISTA NO § 9º DO ART. 3º DA LEI N. 9.718/1998.
Devem ser excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS os valores recebidos pela utilização dos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindo-se neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora, conforme dispõe a Lei n. 9.718/1998. Valores tributados espontaneamente pelo contribuinte não são objeto de apreciação por este Colegiado
Numero da decisão: 3302-004.745
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado, nos termo do voto da relatora.
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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VÍCIOS. PROBLEMAS NA EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO. BASE DE CÁLCULO. PIS E COFINS. EXCLUSÃO PREVISTA NO § 9º DO ART. 3º DA LEI N. 9.718/1998. Devem ser excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS os valores recebidos pela utilização dos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindo-se neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora, conforme dispõe a Lei n. 9.718/1998. Valores tributados espontaneamente pelo contribuinte não são objeto de apreciação por este Colegiado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado, nos termo do voto da relatora. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Lenisa Prado - Relatora A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 60 04 .7 20 11 5/ 20 12 -6 6 Fl. 1.836Fl. 1.836 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária agosto de 2017 agosto de 2017 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM SÃO JOSÉ DO DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP RIO PRETO/SP UNIMED SJRPRETO COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO UNIMED SJRPRETO COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO Fl. 1836DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Prado. Relatório Tratam-se de embargos de declaração opostos pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto/SP 1 , contra o Acórdão n. 3302-002.003, proferido na sessão de julgamento de 19/03/2013, que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2012 OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES.CONCEITO. É permitida a dedução dos valores da base de cálculo das contribuições dos eventos listados no inciso III do § 9° do art. 3° da Lei n° 9.718/98, assim considerados, entre outros, os pagamentos de médicos, hospitais, laboratórios, clinicas. PIS e COFINS. ALARGAMENTO BASE DE CÁLCULO. 9.718/98. Deve ser reconhecida e aplicada de ofício por qualquer autoridade administrativa a declaração de inconstitucionalidade do § 1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. Recurso Voluntário Provido em Parte. Em 12/04/2017 a manifestação apresentada pela SACAT/DRF/SJR/SP foi acolhida como embargos inominados, diante da previsão contida no § 7º do art. 65 do RICARF, com a redação conferida pela Portaria MF n. 39, de 12/02/2016 (fls. 1819 /1821). Este juízo de admissibilidade constatou a existência de paradoxos no acórdão embargado, vícios que impedem a execução da decisão colegiada. Segue o trecho que aponta onde residem as falhas a serem sanadas: "Segundo manifestação da SACAT/DRF/SRJ/SP, os valores recebidos a título de responsabilidade transferida (conta 4.1.2), que, de acordo com o dispositivo acima transcrito, deveriam ser adicionadas às bases de cálculo das contribuições, já haviam sido oferecidos à tributação espontaneamente pelo sujeito passivo, de sorte que não seria o caso de proceder conforme determinado pelo Acórdão, sob risco de ocorrer dupla 1 A manifestação foi expedida pela SACAT daquela Delegacia, pois é a autoridade administrativa regimentalmente incumbida de executar o acórdão embargado. Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 16004.720115/2012-66 Acórdão n.º 3302-004.745 S3-C3T2 Fl. 1.837 3 tributação desses valores. Ainda, no que respeita aos valores contabilizados na conta 3.3.3., que, segundo a decisão, deveriam ser excluídos da base de cálculo, a SACAT detectou que a Fiscalização não os incluiu entre os valores tributados no Auto de Infração como se omitidos fossem. Trata-se na verdade de rubrica que também foi espontaneamente tributada pelo próprio contribuinte (cfe. Dacons e demonstrativos do contribuinte de fls. 43, 45 e 47), Nesse sentido, a SACAT considera que a implementação da decisão implicaria, não a reforma do lançamento de ofício, mas da apuração espontaneamente realizada pelo contribuinte".(fl. 1820) Diante do teor do despacho acima reproduzido, os autos do processo foram devolvidos a este Colegiado, para que os vícios apontados sejam sanados por este Colegiado. É importante registrar que em 23/09/2013 a Procuradoria da Fazenda Nacional opôs, tempestivamente, embargos contra o acórdão em referência (fls. 1762/1765). Porém, estes aclaratórios não foram admitidos (1767/1768) e não foram interpostos recursos contra este despacho (fl. 1771). Ao responder a Intimação n. 0070/2015 2 , a contribuinte afirma que foram opostos dois embargos de declaração contra o Acórdão n. 3302-002.003, sendo um da Procuradoria e outro da própria contribuinte. Porém, não é possível localizar nos autos a petição de embargos de declaração apresentados pela contribuinte. Ainda nesta resposta a intimação, a contribuinte informa a superveniência de fato novo - que poderá impactar a decisão final do processo administrativo-, já que se trata da publicação da Lei n. 12.873/2013, que acrescentou o § 9-A ao texto da Lei n. 9.719/1998. Defende que essa nova legislação é interpretativa, o que permite que seus efeitos retroajam à data dos fatos, em estrita observância ao conteúdo do art. 106 do CTN. É o relatório. 2 Fls. 1805/1815 dos autos eletrônicos. Voto Conselheira Relatora Lenisa Prado Inicialmente, registro que os argumentos trazidos pela contribuinte em sua manifestação acostada às folhas 1805/1815 desses autos não serão apreciados nessa oportunidade, já que submete-se a julgamento os embargos de declaração opostos pela autoridade executora do acórdão guerreado. Os aclaratórios configuram espécie de recurso de vinculação limitada, sendo as hipóteses de cabimento e conhecimento restritas aos limites expressos no Regimento Interno deste Conselho (art. 65). Desta forma, não é possível submeter a este Colegiado alegações estranhas à petição dos embargos. Fl. 1838DF CARF MF 4 A autoridade embargante descreve os fatos que prejudicam a execução do acórdão embargado nos seguintes termos: "Todavia, restou prejudicada a execução do acórdão do CARF, pois, se tirarmos da base de cálculo apurada pela fiscalização receitas que não foram incluídas por ela e sim oferecidas pelo contribuinte à tributação, estaremos alterando não o auto de infração, mas a apuração espontânea do contribuinte. Acredito que mesmo o acórdão tenha sido prejudicado, na medida que aponta como valor indevidamente lançado pelos autos de infração algo que foi oferecido à tributação, espontaneamente, pelo contribuinte." (fl. 1802). Diante dos esclarecimentos feitos pela autoridade executora, entendo que os embargos devem ser acolhidos para corrigir os problemas identificados, sem que a execução do julgado se distancie da interpretação conferida pela Lei n. 12.873/2013. Para tanto, proponho que o texto da parte dispositiva do acórdão seja alterado, para que lá conste: "Por todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL, devendo ser cancelados os lançamento efetuados sobre as outras receitas diversas do conceito de faturamento (assim entendido como venda de bens e serviços) e ajustada a base de cálculo nos termos do inciso I e III, §9°, artigo 3°, da Lei n° 9.718/98, os quais determinam a dedução dos valores pagos a título de indenização aos terceiros (inciso III - credenciados e inciso I -congêneres). Registre-se que os valores inseridos na conta contábil n. 3.3.3 não foram incluídos na autuação fiscal sob julgamento e, portanto, sobre esse montante nada há ser feito. Sobre a conta 4.1.2. essa foi levada a tributação, espontaneamente, pelo contribuinte, o que impede que este Colegiado determine de ofício a forma de recuperação desses valores em favor ao contribuinte". Diante do exposto, acolho os embargos de declaração para rerratificá-los sem, contudo, prestar-lhes efeitos modificativos. Relatora Lenisa Prado - Relatora Fl. 1839DF CARF MF
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