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Numero do processo: 13005.721559/2012-11
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.503
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso para, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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A prática de SIMULAÇÃO de uma situação, para beneficiarse indevidamente de regime especial de tributação, caracterizandose como prática reiterada de infração à legislação tributária, é causa de exclusão do simples. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada no recurso para, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 72 15 59 /2 01 2- 11 Fl. 212DF CARF MF 2 Tratase Recurso Voluntário contra o acórdão, número 0829.265, da 4ª Turma da DRJ/FOR, o qual indeferiu a Manifestação de Inconformidade contra o Ato Declaratório Executivo DRF/SCS n° 10/2012, que a excluiu do Simples Nacional, face ao por prática reiterada de infração à legislação tributária, conforme art. 89 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso V, e art. 15, inciso V, da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso V, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006 (fl. 41).Em síntese, foi proferido o seguinte voto: .A manifestação de inconformidade é tempestiva e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dela tomo conhecimento. Foram expedidos o Ato Declaratório Executivo DRF/SCS nº 10, de 24 de maio de 2012 (ADE 10/2012), por prática reiterada de infração à legislação tributária, conforme art. 89 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso V, e art. 15, inciso V, da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso V, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006 e o Ato Declaratório Executivo (ADE) DRF/SCS Nº 14, de 25/06/2012 (ADE 14/2012), em virtude de constituição por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios, conforme art. 89 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso IV, e art. 15, inciso V, da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso IV, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006.A contribuinte foi excluída do Simples porque foi apurado excesso de receita sobre o limite legal de R$ 2.400.000,00 considerandose sua receita e das empresas das quais seus sócios igualmente faziam parte, conforme ADE nº 14 (fls. 404). PRELIMINARMENTE I – DA NULIDADE DO ADE 10/2012 A impugnante, alegando ofensa ao princípio da segurança jurídica requer a anulação do ADE 10/2012. Não é possível atender ao pedido da interessada porque não há razão jurídica para o fazer. A nulidade de um ato administrativo está previsto no artigos 59 a 61 do Decreto 70235/72, e suas alterações posteriores, que assim dispõem: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 213DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 3 3 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Pelo acima exposto, vimos que a autoridade administrativa autora do ADE 10/2012 era competente para o fazer, visto que consta das suas atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 280 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, do disposto no artigo 23, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF n° 608, de 9 de janeiro de 2006, e na Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996: Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012: Art. 302. Aos Delegados da Receita Federal do Brasil e Inspetores Chefes da Receita Federal do Brasil incumbem, no âmbito da respectiva jurisdição, as atividades relacionadas com a gerência e a modernização da administração tributária e aduaneira e, especificamente: (...) II decidir sobre a inclusão e exclusão de contribuintes em regimes de tributação diferenciados; Por outro lado, como vimos acima, as acusações de infrações cometidas pela Manifestante foram apontadas pelo Auditor às fls 4 a 37 do presente processo (p.p.), que embasaram a Representação Fiscal para exclusão do Simples, em decorrência do que foram expedidos os ADE 10/2012 e ADE 14/2012, o que permitiu à pessoa jurídica deles conhecer e, por conseguinte, exercer o seu direito ao contraditório e à ampla defesa, o que resultou na extensa manifestação de inconformidade, que constitui prova inconteste do conhecimento pela pessoa jurídica das acusações que lhe foram feitas de usufruir indevidamente do regime especial de tributação. Não bastasse isso, o manifestante demonstrou amplo conhecimento de todos os pontos justificadores da exclusão, apresentando, nesta oportunidade, suas razões de contestação. Portanto, não se verifica vício na motivação dos atos de exclusão. Isto posto, provado está que os ADE 10/2012 e ADE 14/2012 foram expedidos dentro da estrita legalidade, não havendo motivos que justifiquem nulidade, pelo que voto para que seja negado provimento ao pedido da interessada. II DO PEDIDO DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA Fl. 214DF CARF MF 4 Embasa o pedido de diligência e perícia a busca da verdade real dos fatos que a defendente alega não estar presente nos autos. No entanto, entendo ser desnecessário periciar ou diligenciar para se chegar à verdade dos fatos, visto que o relatório fiscal é por demais detalhado, contendo os elementos necessários para formar a convicção deste julgador. Por outro lado, pedido de diligência ou perícia tem ritual previsto no Decreto 7574/2011 que não foi observado pela manifestante. Em seu artigo 36, o referido diploma legal reza que: Art. 36. A impugnação mencionará as diligências ou perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impugnação (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 16, inciso IV, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, art. 1º). Não tendo a pessoa jurídica formulado os quesitos nem apontando o nome, endereço e a qualificação profissional do seu perito, é de se considerar não formulado o pedido, nos termos do art. 57, parágrafo 1º Do Dec 7574/2011: Art. 57. A impugnação mencionará (Decreto n o 70.235, de 1972, art. 16, com a redação dada pela Lei n o 8.748, de 1993, art. 1º , e pela Lei n o 11.196, de 2005, art. 113): I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, bem como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito; e § 1º Considerase não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV. Por fim, a realização de diligência não se presta à aquisição processual de documentos que o interessado poderia ter juntado com a impugnação, se já não o fez, do que voto para negativa de deferimento ao pedido. III DA COBRANÇA DE MULTA, TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS Alega a manifestante impossibilidade de aplicação da multa prevista no artigo 21 da lei 9.317/2006 (sic), por esta se encontrar revogada, nos termos do art 89 da LC 123/2006, e da cobrança dos tributos e contribuições federais devidos pelo contribuinte, por se tratar de bis in idem (o que é vedado pelo ordenamento jurídico) visto que o auto de infração DEBCAD 37.284.2470 já o teria feito e não é possível tributar duas vezes o mesmo fato gerador. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 4 5 Em relação aos fatos motivadores do lançamento, deixo de conhecer do argumento, vez que este argumento se refere à exigência da multa e de tributos e contribuições federais, que tem tramitação própria em processo administrativo distinto e neste deve ser proposto qualquer argumento contestatótio. NO MÉRITO ALEGAÇÃO DE PRÁTICA REITERADA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA E CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA POR INTERPOSTAS PESSOAS. Referese a manifestante à constatação feita pela fiscalização de que no mesmo local de funcionamento da filial da Bison, desativada, teria havido a continuidade da linha de produção de calçados com as empresas Industria de Calçados Soft Ltda, Indústria de Calçados Flexshoes Ltda – ME e Indústria de Calçados Wood Ltda – ME, todas optantes do regime especial diferenciado do Simples Federal (lei 9317/96) e, posteriormente, do Simples Nacional (LC 123/2006), todas se utilizando da mesma estrutura utilizada anteriormente pela filial da Bison. Tal fato, associado a outros, consistem na motivação do ADE 10/2012 para decretar a exclusão da defendente do Simples Federal, quais sejam: serem as três empresas citadas clientes de um só fornecedor de softwares de folha de pagamento, integração bancária e controle de saúde ocupacional (Metadados); terem elas um só sistema de contas e um só e mesmo contador; os números apresentados na contabilidade das empresas não refletirem a realidade; as receitas de prestação de serviço das mesmas são provenientes da prestação de serviços à Via Uno; esta é a proprietária de todo o material empregado na prestação de serviços das três empresas (Soft, Wood e FLEXSHOES); estas foram criadas para fornecer a mãodeobra para a Via Uno; os bens integrantes dos ativos da FLEXSHOES, Soft e Wood são provenientes de compra e venda, com reserva de domínio à Via Uno; os bens de produção desta são bastante inferiores aos das três empresas citadas; maquinários e funcionários oriundos da Via Uno exercem as mesmas atividades nas três empresas; veículos de utilização comum pelas mesmas três empresas tem seu registro contábil na Soft e as despesas de lubrificantes e combustíveis dos mesmos veículos são apropriados nas contas contábeis das demais; notas fiscais de compra de suprimento cujas despesas foram suportadas por uma empresa foram apropriadas por outra; o seguro do prédio onde estão instaladas a Soft, a Wood e a FLEXSHOES foi contratado pela Soft, que arcou sozinha com esse ônus e depois os rateou;todos esses e outros fatos consistiriam numa simulação de uma situação, com o fim de utilizar tratamento tributário diferenciado e com o propósito de evasão fiscal. Alega a defendente que: essa interpretação dada pela fiscalização não tem respaldo e com ela não concorda, pois não ficou demonstrado, de forma inequívoca, que a manifestante tenha dado causa a qualquer irregularidade fiscal e as afirmações do auditor fiscal não passam de mera presunção, pois não estão fundamentadas em nenhum elemento de prova; não foi apontada Fl. 216DF CARF MF 6 nenhuma irregularidade na escrituração da(s) empresa(s) ou falta de pagamento de encargos tributários. Afirma a manifestante que tal presunção não pode gerar débitos inexistentes do contribuinte e que a atribuição de penalidade desta ordem constitui ofensa ao princípio da segurança jurídica: não havendo fato imponível e não havendo disposição legal em contrário, não se pode penalizar o contribuinte seja qual for a natureza da penalidade. Diz a “impugnante” que esta é gerida por seus sócios proprietários que tem relação comercial com outra empresa, não havendo vedação legal ao fato de um delas ter seu faturamento mensal preponderante decorrente de uma única relação comercial e não pode admitir seja dada a esse fato um interpretação de simulação. Entendo que não cabe razão à pessoa jurídica e seus argumentos são desprovidos de força jurídica ou fática para modificar a decisão contida no ADE 10/2012. A questão principal pode ser assim enunciada: a Via Uno S/A, empresa tradicionalmente submetida ao regime do lucro real, operou de modo a iludir a tributação, colhendo os benefícios da tributação simplificada e menos onerosa do Simples, mediante o artifício de transferir parte da sua produção e faturamento para três empresas do mesmo grupo, integrantes do regime simplificado (SOFT, Wood e Flexshoes). Em contrapartida, nelas concentrou os empregados do grupo, com propósito de reduzir o peso da contribuição previdenciária, que se detecta no caso. Ademais, a tese esposada pela fiscalização está alicerçada em planilhas demonstrativas e documentos. Após ler a representação fiscal, apreendendo, em sua totalidade, o contexto fático subjacente à tese da fiscalização, concluo estar ela respaldada na ausência de diversas autonomias em relação às demais empresas do grupo. Eis a síntese que faço das autonomias não detectadas no manifestante: Autonomia administrativa e societária: o controle do manifestante pertence, DE FATO, à Via Uno S/A, em que pese a interposição de antigos empregados para figurarem como seus sócios e administradores; Autonomia empresarial: o objeto social da Via Uno S/A é abarcante do objeto social das outras três empresas, entre as quais se encontra a manifestante, com o mesmo objeto social daquela; o mesmo plano de contas contábeis; Autonomia operacional: a atividade produtiva das três empresas do grupo (SOFT, Wood e Flexshoes) ocorre num mesmo galpão, situado na Rua Adolfo Hermes, 99; elas ainda compartilham: os mesmos empregados na produção; espaço de recepção; espaço de produção (evidenciado pela desproporção entre massa salarial e faturamento); refeitório para seus empregados; fornecedor comum de refeições; fornecedor comum de softwares; compra de insumos e funcionário para esse fim; motorista e mecânico para seus veículos; uniformes de trabalho semelhantes; o mesmo cliente majoritário; os mesmos veículos e a mesma maquinaria; Autonomia financeira: “gestão financeira única” das empresas, comprovada a partir da constatação de registros escriturais de obrigações recíprocas, tais como contas correntes; despesas com comunicação, energia e Fl. 217DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 5 7 água; despesas com securitização comum à defendente e à Bison (atual Via Uno S/A) de suas instalações, sem a devida comprovação ou o oportuno registro da liquidação da dívida. Contra a negativa apresentada pela pessoa jurídica de prática reiterada de infração à legislação tributária militam os fatos descritos pela fiscalização caracterizadores da ilicitude e as conclusões expostas acima por este julgador. Não é demais recordar que: a empresa Bison dissociou a mãodeobra utilizada no seu processo produtivo para outras empresas criadas exclusivamente para esse objetivo, sendo o surgimento dessas empresas (dentre as quais a FLEXSHOES) coincidente no tempo com o desaparecimento de sua filial; as matérias primas que chegam às empresas de forma triangulares e por elas utilizadas são de propriedade da Bison/Via Uno; as empresas que foram criadas continuam a desempenhar o mesmo papel da filial desaparecida da Bison, sem qualquer interrupção na linha de produção, com seus trabalhadores exercendo as mesmas funções e operando as mesmas máquinas e equipamentos, alguns deles integrando os quadros societários dessas novas empresas, cujos calçados produzidos abastecem o mercado com a marca Via Uno; há uma enorme desproporção entre as produções das novas empresas e seus equipamentos e trabalhadores, mas o quantitativo beneficia todas as empresas, assim como incorrem em despesas comuns. Cumpre observar que o endereço da antiga filial da Bison coincide com o da FLEXSHOES, Wood e Soft. A incongruência com a realidade fática fica mais evidente quando se confronta a relação entre massa salarial, receita bruta das diferentes empresas e suas produções ao largo do tempo e no interregno de um ano calendário. De qualquer modo, os indícios colimados são contundentes e convergentes no sentido afirmado na representação fiscal. As empresas simulam, assim, uma situação que não aparenta a realidade dos fatos apurados, a fim de utilizar tratamento tributário diferenciado, com o propósito de evasão fiscal – deixa de existir uma empresa tributada pelo lucro real e surgem novas empresas no regime de tributação favorecida do Simples, que aparentam não ter com a principal demandante dos seus serviços e produtos qualquer relação. A aparência real é de certa confusão administrativa e patrimonial entre as empresas Soft, Wood e FLEXSHOES, onde não se pode delimitar certas competências exclusivas de suas atividades, pelo fato de uma das empresas se apropriar de custos das outras ou compartilhar espaços de recepção ou até mesmo espaço e ferramentas de produção. Fato significativo é o que se observa quanto ao faturamento de cada uma das três empresas e descrito nos gráficos que apresentam os saldos mensais acumulados da receita bruta com a venda de mercadorias e prestação de serviços no ano calendário de 2007 (fls. 14 e 15) bem como na evolução dos totais da conta 30011 (fl. 16 a 17) das três empresas, em especial da FLEXSHOES. Além da aparência de maquilagem contábil aplicada harmonicamente para as três empresas (por mesmos contabilistas – para as Fl. 218DF CARF MF 8 três empresas são os mesmos, e mesmo nº da conta “30011”), o cliente Bison/Via Uno é praticamente único e comum à FLEXSHOES, Soft e Wood. Ademais, repercute favoravelmente à acusação o fato de que as empresas FLEXSHOES, Soft e Wood nada vendem, pois nada compram, visto que as matérias primas utilizadas no processo produtivas são de propriedade da empresa que utiliza os seus serviços. As operações de compras de matérias primas são feitas de forma triangular, faturadas para a Bison, mas utilizadas pela FLEXSHOES, Soft e Wood, fornecedora de mão de obra. Entendo ter ficado caracterizado, também, que as atividades empresariais desenvolvidas pela extinta filial Bison, então tributada pelo lucro real, não foram encerradas, mas transferidas para as empresas constituídas exclusivamente para esse fim, num regime de tributação mais favorecido: FLEXSHOES, Soft e Wood. Não tão somente por esse fato, mas pelo conjunto das evidências, concluise que não houve a pura e simples extinção de uma filial e a terceirização das atividades por ela desenvolvidas, mas que a criação das empresas para substituir a extinta filial teve como escopo simular a aparência de uma situação fática, visando apenas e tão somente à economia tributária, com o manejo harmônico e intencionado da contabilidade da FLEXSHOES, Soft e Wood no sentido de se evitar o excesso de receita bruta (auferida no ano calendário) para cada uma delas, permitindo assim a sua permanência no Simples Federal. CONCLUSÃO A falta de autonomia objetiva da FLEXSHOES, enquanto estratagema utilizado para iludir, mediante simulação fraudulenta, a incidência das contribuições previdenciárias, constitui infração à legislação tributária, praticada reiteradamente, materializandose, dessa forma, a causa de exclusão prevista no art. 14, inc. V, da Lei nº 9.317, de 1996 (prática reiterada de infração à legislação tributária). Por sua vez, a falta de autonomia subjetiva implica a FLEXSHOES na causa de exclusão prevista na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, conforme arts. 1º, inciso I, 2º, § 6º, 28, 29, incisos IV e §§ 1º a 3º, 6º, e 32 (constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas), de modo que correto o Ato Declaratório Executivo nº 10/2012, que excluiu o contribuinte da sistemática do Simples Nacional De todo o exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade e pela manutenção integral das disposições contidas nos Atos Declaratórios Executivos DRF/SCS nº 10, de 24 de maio de 2012 (ADE 10/2012), por prática reiterada de infração à legislação tributária, conforme art. 89 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso V, e art. 15, inciso V, da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso V, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006 e Ato Declaratório Executivo DRF/SCS Nº 14 (ADE 14/2012) em virtude de constituição por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios, conforme art. 89 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso IV, e art. 15, inciso V, da Lei nº 9.317, Fl. 219DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 6 9 de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso IV, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006 e pela exclusão da pessoa jurídica do Simples Federal, com efeitos no período de 1º de novembro de 2006 até 30 de junho de 2007. Voto Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo que apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, previstos no Decreto 70.235/72, e, portanto, dele eu conheço. A recorrente alega que: · A exclusão da empresa Recorrente, nos termos do consignado no processo administrativo que lhe originou, efetuada mediante Ato Declaratório Executivo n° 10, de 24 de maio de 2012, apontou como fundamento para a exclusão a prática reiterada de infração à legislação tributária, conforme art. 89 da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso V e art. 15, inciso V, da Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso V, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF n° 608, de 9 de janeiro de 2006. · Todavia, conforme restará demonstrado, nenhuma das hipóteses legais de exclusão foram cometidas pela Recorrente, senão vejamos: · E assim, em preliminar, repete os argumentos utilizados na impugnação para requerer a nulidade do ADE 10/2012. DA PRETENSÃO DE COBRANÇA DE MULTA E DOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS · Faz as mesmas alegações utilizadas em sua impugnação DA ALEGAÇÃO DE PRÁTICA REITERADA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA · Também, basicamente, repete os argumentos utilizados para a impugnação · A fiscalização elaborou um cronograma das alterações contratuais das três empresas, informando que todas elas são optantes pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES NACIONAL. · Como já referido, evidenciou que estas empresas encontramse instaladas no mesmo local onde já esteve estabelecida uma filial Fl. 220DF CARF MF 10 da empresa Via Uno, na cidade de Salvador do Sul, sendo que a filial desta última deixou de existir em concomitância com o surgimento das três pequenas empresas. · O espaço de 2.200m2 antes cedido pela Prefeitura de Salvador do Sul com exclusividade à empresa Bison, foi desmembrado em dois pavilhões de 1.100 m2 e cedido às empresas Flexshoes e Soft, e posteriormente também à empresa Wood. · Dessa forma, concluiu a fiscalização que no local teria havido a continuidade da linha de produção, de forma ininterrupta, sendo que a única diferença é que no local teria sido extinta empresa tributada pelo lucro real, para dar lugar a três empresas enquadradas no SIMPLES/SIMPLES NACIONAL. · O agente fiscal relata, ainda, atividades e outros fatos constatados no local, que segundo seu entendimento seriam capazes de demonstrar que existe ligação entre as empresas Flexshoes, Soft e Wood, e cita, apenas a título de exemplificação, o fato de haver uma recepção única para as empresas, e de que estas utilizam o mesmo refeitório e espaço de estacionamento, além da transferência de funcionários entre as três empresas. · Conclui dizendo que entende que as empresas referidas neste auto de infração simulam uma situação, a fim de utilizar tratamento tributário diferenciado com o propósito de evadir as contribuições previdenciárias patronais e de outras entidades e fundos NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DE IRREGULARIDADES PARA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO · O Agente Fiscal da Receita Federal do Brasil excluiu de ofício a empresa Recorrente do SIMPLES/SIMPLES NACIONAL, sob a afirmação de existência de simulação para não refletir a realidade existente, com o fito de tirar proveito de um enquadramento fiscal diferenciado, com o fim de evadir tributos e contribuições previdenciárias. · Conforme relatório apresentado, o escopo da fiscalização foi a redução do número de funcionários da empresa Via Uno, e o fato destes funcionários terem passado a integrar o quadro funcional ou societário de empresas que prestaram serviços a ela. · Dessa forma, já parte de premissa equivocada, visto que não demonstrou de forma inequívoca que a Recorrente tenha dado causa a qualquer irregularidade fiscal. · Para corroborar suas alegações, o Sr. Fiscal fez uma análise de alguns documentos que lhe foram fornecidos pelas empresas Soft, Flexshoes e Wood, concluindo que estas se utilizam de Fl. 221DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 7 11 mãodeobra de exfuncionários da empresa Via Uno, além de estarem instaladas no mesmo pavilhão onde anteriormente funcionava a filial da autuada e que foi dividido para dar sede a outras três empresas. · Em seu relatório, o Sr. Auditor refere que as empresas Soft, Wood e Flexshoes possuem a mesma atividade econômica da empresa Via Uno, entendendo que este fato seria uma prova da existência de simulação, o que não é verídico. · Ocorre que todas estas afirmações não passam de mera presunção do Sr. Auditor Fiscal, que não se encontram fundamentadas em qualquer elemento de prova. Ao contrário, todas as negociações entre a empresa Via Uno e a empresa prestadora de serviço Soft estão devidamente contabilizadas, e nada de irregular existe na relação comercial instalada entre as empresas. · Na tentativa de justificar suas conclusões, o Sr. Auditor pretende fazer crer que o fato de pessoas que foram empregados da empresa Bison atualmente Via Uno S/A. e que atualmente trabalham ou fazem parte do quadro social das empresas Soft, Flexshoes e Wood seria indício de que existe uma continuidade de relação anteriormente vigente, porém em momento algum demonstra alguma irregularidade atribuível à Recorrente. · Não foi apontada nenhuma irregularidade na escrituração da empresa, ou a falta de pagamento de encargos tributários, a dar ensejo à exclusão da empresa Recorrente do SIMPLES/SIMPLES NACIONAL. · Importante ressaltar que sequer foi exigida ' a apresentação dos comprovantes de recolhimentos dos impostos da empresa fiscalizada. · A atribuição de penalidade desta ordem ao contribuinte constitui total desobediência ao PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA, ao qual está subordinado o Auditor Fiscal. Em relação ao princípio referido, merece transcrição a lição de ROQUE ANTÔNIO CARRAZZA.. · Além disso, com relação ao Ato Declaratório de exclusão, pede se vênia para colacionar, analogicamente, o entendimento do mestre Hugo de Brito Machado ao esclarecer a respeito dos requisitos do auto, como segue:... · Dessa forma, evidente a impropriedade do Ato Declaratório emitido em desfavor da empresa Soft com base nos fatos expostos, sendo que não foi apresentado na descrição dos fatos nenhum motivo que embase o entendimento de que a empresa tenha infringindo a legislação tributária. Fl. 222DF CARF MF 12 · ANTE O EXPOSTO, justificase o acolhimento da presente PRELIMINAR para determinar a ANULAÇÃO DO ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO N° 10/2012, pois não pode o Sr. Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, por mera presunção, em OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA, declarar a exclusão da Recorrente do regime tributário diferenciado, uma vez que a mesma apresenta todo os requisitos legais de enquadramento. A empresa prestadora de serviço em tela é empresa regularmente constituída, com seus próprios sócios e diretores, com empregados regularmente contratados, estando perfeitamente em dia com suas obrigações fiscais e previdenciárias. A seguir, apresenta uma extensa análise do mérito, resumidamente transcrita a seguir:: · DOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA INEXISTÊNCIA DE SIMULAÇÃO · Entende o Fisco que a criação de novas empresas concomitante ao fechamento da filial da Via Uno, com a exploração do mesmo objeto social e utilização dos mesmos trabalhadores e equipamentos, bem como a instalação no mesmo local onde anteriormente estava instalada a filial da empresa Via Uno, seriam formas de simulação para iludir o Fisco, tendo em vista o sistema diferenciado de tributação adotado pelas novas empresas. · Com todo respeito às considerações lançadas pelo Sr. Auditor Fiscal, não pode a Recorrente concordar com suas conclusões, uma vez que a empresa foi constituída por antigos funcionários da empresa Via Uno, que viram como proveitosa a possibilidade de adquirir as máquinas da mesma e passar a administrar seu próprio negócio, já que experiência não lhes faltava, justamente pelo período em que prestaram serviços à empresa Via Uno, como funcionários. · Assim, firmado o contrato particular de compra e venda com reserva de domínio de bens industriais, prestação de serviços e outras avenças, as empresas Indústria de Calçados Soft Ltda. ME passou a prestar serviços para a empresa Via Uno. · ... · Dessa forma, necessária a realização de perícia nos livros das empresas prestadoras de serviços, caso se entenda que existe alguma irregularidade na sua escrituração, a fim de demonstrar o equívoco cometido pela fiscalização. Alega ainda que: Fl. 223DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 8 13 · No tocante a análise das folhas de pagamento da Recorrente, mais uma vez sem razão as conclusões alcançadas pelo Sr. Auditor. · Importa mencionar que, assim como relativamente aos tópicos anteriores, não restou provado nenhum fato capaz de excluir a empresa Recorrente do SIMPLES NACIONAL, além de não restar demonstrada qualquer ligação dos dados informados na contabilidade com a empresa Via Uno S/A., a não ser a relação comercial existente, nos termos do amplamente demonstrado alhures. · O simples fato de utilizarem as empresas do mesmo tipo de programa para folhas de pagamento, integração bancária e controle de saúde ocupacional não tem o condão de demonstrar a existência de ligação entre as mesmas. · Ora, caso assim fosse, cada empresa deveria ter uma fornecedora exclusiva de programas dessa espécie, o que é impossível. As empresas que desenvolvem estes programas os colocam a disposição do mercado, podendo qualquer interessado, sem que sequer tenha conhecimento de quem utiliza o mesmo sistema. Em seu recurso, é possível constatar, conforme mencionado no acórdão da DRJ, que há uma certa confusão por parte da recorrente. Este processo trata de exclusão do Simples Nacional não havendo lançamento de crédito tributário, multas etc que foram objeto de um auto de infração especifico e um óbvio processo fiscal específico. Em seguida, rebate cada item apontado pela fiscalização como indícios de que teria havido simulação, o que , também, foi analisado pela DRJ, conforme transcrito acima. Faz referência às despesas compartilhadas que são rateadas, sendo que algumas não pois são profissionais autônomos que prestam serviços. Tal como em sua impugnação, reclama por perícia ou diligência, alegando: DA DILIGÊNCIA E PERÍCIA · O Acórdão recorrido entendeu por indeferir a produção de diligências e perícia, alegando não terem sido preenchidos os requisitos no pedido formulado pela recorrente. · Equivocadamente, contudo. · A Administração Pública, no exercício de sua atividade, deve atuar conforme o ordenamento jurídico, o que significa, no âmbito do processo administrativo tributário, o cumprimento do Fl. 224DF CARF MF 14 texto constitucional que determina a obediência ao devido processo legal e, conseqüentemente, das garantias da ampla defesa e do contraditório. · Essas garantias processuais encontramse consagradas nos incisos XXXV, LIV e LV do artigo 5o, entre elas o contraditório e ampla defesa que devem ser assegurados em todos os processos, inclusive administrativos, desde que nele haja litigantes ou acusados. · No ordenamento pátrio vigora o princípio da jurisdição única, segundo o qual existe uma reserva absoluta de jurisdição dos órgãos do Poder Judiciário e, portanto, a Administração Pública em nenhum momento exerce função jurisdicional, uma vez que seus atos sempre poderão ser reapreciados no Judiciário. · Não obstante, em complemento a esse sistema, existe o poder dever administrativo de autotutela, pelo qual a Administração, atuando de ofício ou por provocação do particular, reaprecia os atos por ela produzidos, tanto quanto à legalidade quanto ao mérito. · O poder de autotutela da Administração Pública encontrase consagrado na Súmula n° 473 do STF, que confere à Administração Pública o poder de declarar nulos os seus próprios atos, quando da constatação de ilegalidade, ou então de revogálos, sob a égide dos critérios de oportunidade e conveniência. · alega ainda que: A fundamentação para realização da diligência postulada restou amplamente demonstrada ao longo da manifestação de inconformidade, uma vez que a fiscalização deixou de diligenciar nos documentos imprescindíveis para a análise da autuação em tela. Nesse sentido, o indeferimento da prova pericial postulada, bem como das diligências requeridas, sob alegação de ausência de preenchimento dos requisitos formais para sua postulação apresentase manifestamente contrário às disposições constitucionais acerca do devido processo legal e da amplitude de produção de provas, caracterizando efetivo cerceamento de defesa. Impedese, pois, sejam realizadas as diligências requeridas, uma vez que imprescindíveis para demonstrar a ausência de irregularidades capazes de ensejar a condenação da autuada nos moldes determinados pela Receita Federal do Brasil. Por fim, requer: À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a Recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de declarar nulo de pleno direito o Ato Declaratório Executivo n° 10, de 24 de maio de 2012, acolhedo as preliminares arguidas, ou, alternativamente, seja dado provimento ao recurso. PRELIMINARES ARGUIDAS ANULAÇÃO DO ADE 10/2012 Fl. 225DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 9 15 Por concordar com os argumentos adotados no acórdão da DRJ, peço venia para repetilos: A impugnante, alegando ofensa ao princípio da segurança jurídica requer a anulação do ADE 10/2012. Não é possível atender ao pedido da interessada porque não há razão jurídica para o fazer. A nulidade de um ato administrativo está previsto no artigos 59 a 61 do Decreto 70235/72, e suas alterações posteriores, que assim dispõem: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Pelo acima exposto, vimos que a autoridade administrativa autora do ADE 10/2012 era competente para o fazer, visto que consta das suas atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 280 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, do disposto no artigo 23, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF n° 608, de 9 de janeiro de 2006, e na Lei n° 9.317, de 5 de dezembro de 1996: Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012: Art. 302. Aos Delegados da Receita Federal do Brasil e Inspetores Chefes da Receita Federal do Brasil incumbem, no âmbito da respectiva jurisdição, as atividades relacionadas com a gerência e a modernização da administração tributária e aduaneira e, especificamente: Fl. 226DF CARF MF 16 (...) II decidir sobre a inclusão e exclusão de contribuintes em regimes de tributação diferenciados; Por outro lado, como vimos acima, as acusações de infrações cometidas pela Manifestante foram apontadas pelo Auditor às fls 3 a 36 do presente processo (p.p.), que embasaram a Representação Fiscal para exclusão do Simples, em decorrência do que foi expedido o ADE 10//2012 e ADE 14/2012, o que permitiu à pessoa jurídica deles conhecer e, por conseguinte, exercer o seu direito ao contraditório e à ampla defesa, o que resultou na extensa manifestação de inconformidade, que constitui prova inconteste do conhecimento pela pessoa jurídica das acusações que lhe foram feitas de usufruir indevidamente do regime especial de tributação. Não bastasse isso, o manifestante demonstrou amplo conhecimento de todos os pontos justificadores da exclusão, apresentando, nesta oportunidade, suas razões de contestação. Portanto, não se verifica vício na motivação do ato de exclusão Isto posto, provado está que os ADE 10/2012 e ADE 14/2012 foram expedidos dentro da estrita legalidade, não havendo motivos que justifiquem nulidade, pelo que voto para que seja negado provimento ao pedido da interessada. Complemento apenas que a recorrente afirmou que a Lei 9.317/96 está revogada, pela LC 123/2006, art. 89, o que é um fato inconteste. Entretanto, a revogação se deu, como a própria recorrente afirma, a partir de 1 de julho de 2007. Portanto, no período coberto pelo ADE (1/11/ de 2006 a 30/06/2007) a lei estava em pleno vigor. DA PRETENSÃO DE COBRANÇA DE MULTA E DOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS Repito aqui a decisão da DRJ: Em relação aos fatos motivadores do lançamento, deixo de conhecer do argumento, vez que este argumento se refere à exigência da multa e de tributos e contribuições federais, que tem tramitação própria nos autos do processo 11065.003161/201005 e lá deve ser proposto qualquer argumento contestatório. ALEGAÇÃO DE PRÁTICA REITERADA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA E CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA POR INTERPOSTAS PESSOAS Também analisado pela DRJ, acrescento aqui que não se trata de preliminar, mas, sim de mérito e nesta análise será tratado. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DE IRREGULARIDADES PARA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO (sic) O presente processo, como antes dito, não trata de nenhum auto de infração. Trata de exclusão do Simples Nacional, pelo ADE 10/2012. Descabido o pedido. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 10 17 Portanto, há que se rejeitar todas as preliminares arguidas. Assim passemos, pois, à análise do mérito. Mais uma vez, a recorrente roga por diligência e/ou perícia. Transcrevo, por concordar, a decisão da DRJ: Embasa o pedido de diligência e perícia a busca da verdade real dos fatos que a defendente alega não estar presente nos autos. No entanto, entendo ser desnecessário periciar ou diligenciar para se chegar à verdade dos fatos, visto que o relatório fiscal é por demais detalhado, contendo os elementos necessários para formar a convicção deste julgador. Por outro lado, pedido de diligência ou perícia tem ritual previsto no Decreto 7574/2011 que não foi observado pela manifestante. Em seu artigo 36, o referido diploma legal reza que: Art. 36. A impugnação mencionará as diligências ou perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impugnação (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 16, inciso IV, com a redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, art. 1º). Não tendo a pessoa jurídica formulado os quesitos nem apontando o nome, endereço e a qualificação profissional do seu perito, é de se considerar não formulado o pedido, nos termos do art. 57, parágrafo 1º Do Dec 7574/2011: Art. 57. A impugnação mencionará (Decreto n o 70.235, de 1972, art. 16, com a redação dada pela Lei n o 8.748, de 1993, art. 1º , e pela Lei n o 11.196, de 2005, art. 113): I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; IV as diligências ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, bem como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito; e § 1º Considerase não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV. Por fim, a realização de diligência não se presta à aquisição processual de documentos que o interessado poderia ter juntado Fl. 228DF CARF MF 18 com a impugnação, se já não o fez, do que voto para negativa de deferimento ao pedido. Quanto ao provimento ao recurso, entendo que a DRF fez um extenso trabalho onde apontou uma infinidade de indícios de que o único objetivo existente na terceirização foi o de dividir a receita entre as empresas participantes. No acórdão, a DRJ apontou as irregularidades, analisouas e concluir: CONCLUSÃO A falta de autonomia objetiva da SOFT, enquanto estratagema utilizado para iludir, mediante simulação fraudulenta, a incidência das contribuições previdenciárias, constitui infração à legislação tributária, praticada reiteradamente, materializandose, dessa forma, a causa de exclusão prevista no art. 14, inc. V, da Lei nº 9.317, de 1996 (prática reiterada de infração à legislação tributária). Por sua vez, a falta de autonomia subjetiva implica a SOFT na causa de exclusão prevista na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, conforme arts. 1º, inciso I, 2º, § 6º, 28, 29, incisos IV e §§ 1º a 3º, 6º, e 32 (constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas), de modo que correto o Ato Declaratório Executivo nº 10/2012, que excluiu o contribuinte da sistemática do Simples Nacional Atos Declaratórios Executivos DRF/SCS nº 10, de 24 de maio de 2012 (ADE 10/2012), por prática reiterada de infração à legislação tributária, conforme art. 89 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso V, e art. 15, inciso V, da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso V, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006 e Ato Declaratório Executivo DRF/SCS Nº 14 (ADE 14/2012) em virtude de constituição por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios, conforme art. 89 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso IV, e art. 15, inciso V, da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso IV, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006, de 1º de novembro de 2006 até 30 de junho de 2007. Acrescento aos argumentos dados que o Sr. Alexandre Braum era sócio e administrador da Soft, Flexshoes e Woo (documento fl 10), o que contraria o inciso V, parágrafo 4°, ao artigo 3°, da LC 123/2006: § 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: V cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; Fl. 229DF CARF MF Processo nº 13005.721559/201211 Acórdão n.º 1001000.503 S1C0T1 Fl. 11 19 Além disso, houve a expedição do Ato Declaratório DRE/SCS 14, de 25 de junho de 2012, in verbis: O AUDITORFISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM SANTA CRUZ DO SUL (RS), no uso das competências delegadas pelos arts. 2º, inciso II, e 3° da Portaria DRF/SCS nº 15, de 11 de março de 2011, de que tratam o § 3º do art. 15º da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, incluído pelo art. 3º da Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998, o parágrafo único do art. 23 da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006, e os arts. 220, inciso IV, e 295, inciso II, do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), aprovado na forma do Anexo da Portaria MF n° 587, de 21 de dezembro de 2010, e tendo em vista a Representação Fiscal e os demais documentos constantes no processo administrativo nº 13005.721560/201245 , declara: Art. 1º Fica excluída, com efeitos no período de 1º de novembro de 2006 até 30 de junho de 2007, do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples), a pessoa jurídica: INDUSTRIA DE CALCADOS SOFT LTDA., CNPJ nº: 08.375.654/0001 01, em virtude de constituição por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios, conforme art. 89 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, arts. 12, 14, inciso IV, e art. 15, inciso V, da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e arts. 21, 23, inciso IV, e 24, inciso VII, da Instrução Normativa SRF nº 608, de 9 de janeiro de 2006. (grifei) Art. 2º Nos termos do § 3º do art. 15º da Lei nº 9.317, de 1996, incluído pela art. 3º da Lei nº 9.372, de 11 de dezembro de 1998, do parágrafo único do art. 23 da Instrução Normativa SRF nº 608, de 2006; dos arts. 5º, 15, 21 e 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Processo Administrativo Fiscal (PAF), com suas alterações; e do art. 229, inciso IV, do Regimento Interno da RFB, aprovado na forma do Anexo da Portaria MF n° 587, de 21 de dezembro de 2010: I a pessoa jurídica poderá apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da ciência deste ADE, manifestação de inconformidade dirigida ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (RS), protocolada em qualquer unidade da RFB; II não havendo apresentação de manifestação de inconformidade no prazo de que trata o inciso I deste artigo, a exclusão tornarseá definitiva. No documento de fl 116, foi expedido o termo de revelia, como segue: TERMO DE REVELIA Tendo a contribuinte tomado ciência, em 02/07/2012, do Ato Declaratório DRF/SCS nº 14, de 25 de junho de 2012, fl. 51, por via postal, fl. 52, e transcorrido o prazo regulamentar, em 01/08/2012, sem que a interessada tenha apresentado manifestação de inconformidade contra o referido ato, lavro, nesta data, este termo para os devidos efeitos, em conformidade com o disposto nos termos dos arts. 5º, 15, 21 e 23, inciso II, e 2º, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com suas alterações. Como é sabido, a revelia é o estado de fato que foi gerado pela ausência de contestação pelo interessado. O seu principal efeito é a presunção da veracidade dos fatos alegados pelo autos consoante artigo 344, do Código de Processo Civil (CPC): Fl. 230DF CARF MF 20 Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumirseão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor. Assim, considerando que no ADE 14/2012, que complementou o ADE 10/2012, a recorrente foi excluída em virtude de constituição por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios pela não contestação por parte da recorrente, este presumese verdadeiro. O CARF já decidiu, nesta mesma linha, no acórdão 2403002.856, que reproduzo a ementa: Acórdão: 2403002.856 Número do Processo: 13855.001761/200916 Data de Publicação: 03/03/2015 Contribuinte: ESTIVAL IMPORTACAO EXPORTACAO LTDA Relator(a): MARCELO MAGALHAES PEIXOTO Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2007 SIMULAÇÃO. FORMA DE EVADIRSE DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS. INTERPOSTAS PESSOAS. SIMPLES A simulação não é aceita como forma de planejamento tributário com vistas a reduzir a carga tributária da empresa. Manobra considerada ilegal. A utilização de interpostas pessoas enquadradas no SIMPLES para contratação d Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 (art. 61, da Lei nº 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Assim, rejeito as preliminares alegadas para, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, sem crédito tributário em litígio. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 231DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.909937/2012-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2007 a 31/03/2007
PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ.
Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno.
Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.442
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ICMS NA BASE DE CÁLCULO. Recorrente QUÍMICA AMPARO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2007 a 31/03/2007 PIS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. Transitou em julgado decisão do STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática de recurso repetitivo, que deu pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do seu Regimento Interno. Já o STF, entendeu pela não inclusão, no Recurso Extraordinário nº 574.706, que tramita sob a sistemática da repercussão geral, mas de caráter não definitivo, pois pende de decisão embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional, elemento necessário à vinculação deste CARF. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por maioria qualificada de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. O Conselheiro Ari Vendramini votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 99 37 /2 01 2- 83 Fl. 99DF CARF MF Processo nº 13839.909937/201283 Acórdão n.º 3301004.442 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 06051.759, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba. Por meio de Despacho Decisório da Delegacia da Receita Federal de Jundiaí foi indeferido o pleito constante do Pedido Eletrônico de Restituição – PER transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. Em referido ato administrativo, a autoridade fiscal indeferiu o pleito da interessada tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para quitação do débito de PIS cumulativa/o, não restando saldo de crédito disponível para o reconhecimento do crédito solicitado. A contribuinte foi cientificada do citado despacho decisório e apresentou, tempestivamente, a Manifestação de Inconformidade cujo conteúdo é resumido a seguir. A interessada defende, em apertada síntese, o direito ao crédito solicitado com a alegação de ter incluído de forma indevida o ICMS na base de cálculo da contribuição recolhida. Diz que o ato administrativo foi proferido de forma precipitada e com flagrante desrespeito à legislação tributária, notadamente a que trata da necessidade de lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional). Sustenta a legitimidade do indébito tributário informado no pedido de restituição alegando que no presente caso não existe óbice à restituição, nos termos do art. 165, do Código Tributário Nacional, uma vez que houve um erro na composição da base de cálculo da contribuição e que a vinculação do DARF, pago indevidamente, a um débito declarado em DCTF, constituise em uma mera informação. Relata que está juntando ao processo planilha por meio da qual se pode constatar a existência do pagamento a maior do que o devido e que este documento faz a prova necessária para confirmar o indébito alegado. Acrescenta que em caso de dúvida quanto ao crédito o julgamento pode ser convertido em diligência para que a interessada seja intimada a demonstrar, através de outros elementos, o crédito vindicado. Defende a tese relativa a improcedência da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição alegando que referido tributo não integra o conceito de faturamento (receita bruta), pois tratase de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF, consoante o voto proferido pelo Ministro Marco Aurélio no Recurso Extraordinário nº 240.785/MG, entendeu que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo das contribuições Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13839.909937/201283 Acórdão n.º 3301004.442 S3C3T1 Fl. 4 3 (PIS e Cofins). Sustenta que a interpretação da autoridade tributária relacionada com a questão da inclusão do ICMS nas receitas dos contribuinte (interpretação do art. 3º da Lei 9.718, de 1988) é contrária ao art. 110 do CTN, uma vez que não se caracteriza como juízo de inconstitucionalidade, mas sim como controle administrativo interno dos atos administrativos. Aduz, por fim, que a declaração de inconstitucionalidade (exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição) em referido RE é iminente e que o proferimento dela pelo Supremo Tribunal Federal tornará sua observância obrigatória pela Administração Tributária. Diante do exposto, requer a interessada o acolhimento da manifestação para o fim de afastar o Despacho Decisório questionado e deferir integralmente o pedido de restituição. O citado acórdão decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento, em síntese, que falece ao julgador da esfera administrativa competência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária e pela impossibilidade de exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição. Inconformada com a improcedência da manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs recurso voluntário, basicamente, repetindo os argumentos trazidos em sede de manifestação. Ao final, pugna pela reforma do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 13839.909937/201283 Acórdão n.º 3301004.442 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.397, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 13839.900183/201204, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.397): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. O núcleo da discussão em pauta é a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da Cofins. O acórdão recorrido enumera diplomas legais de regência, concluindo não haver previsão legal para a exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins: Pelas argumentações trazidas em sua manifestação de inconformidade, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, na forma aduzida pela interessada, já que esse valor é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário. De fato. A Lei Complementar nº 7, de 1970, a Lei Complementar nº 70, de 1991, a Lei nº 9.715, de 1998 (que resultou da conversão da Medida Provisória nº 1.212, de 1995 e suas reedições), a Lei nº 9.718, de 1998, e, mais recentemente, as Leis 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, ao longo de seus dispositivos, definem expressamente todos os aspectos das hipóteses de incidência vinculadas ao PIS e à Cofins. As citadas normas definem os sujeitos passivos da relação tributária, os casos de nãoincidência, a alíquota, a base de cálculo, o prazo de recolhimento, etc., e submetem as contribuições às normas do processo administrativo fiscal, além do que, para os casos de atraso de pagamento e penalidades, as 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 102DF CARF MF Processo nº 13839.909937/201283 Acórdão n.º 3301004.442 S3C3T1 Fl. 6 5 subordina, de forma subsidiária, à legislação do imposto de renda. Como se percebe, nada resta a definir. Os atos legais descrevem expressamente todas as feições das exações instituídas, nada deixando ao alvedrio do intérprete. Quando remetem atribuições a normas de outro tributo, o fazem estabelecendo com precisão os limites da remissão; limites estes, aliás, que, in concreto, jamais se estendem sobre a definição das bases de cálculo das contribuições. O conceito de faturamento tem sua extensão perfeitamente delimitada pela explicitação de seu conteúdo e pela expressa enumeração das exclusões passíveis de serem efetuadas, não havendo dentre essas, como se vê, qualquer referência ao ICMS devido pela venda de mercadorias. Caso pretendesse o legislador excluir o ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, estaria a hipótese expressamente prevista como uma das exclusões da receita bruta. Sobre o tema, o STJ decidiu, em recurso especial sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, já com trânsito em julgado. Já o STF entendeu pela sua não inclusão, em recurso extraordinário sob a sistemática da repercussão geral, mas em caráter não definitivo, pois pende de decisão sobre embargos de declaração protocolados pela Fazenda Nacional. É o que detalha decisão recente deste Conselho: PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Decisão STJ, no Recurso Especial nº 1144469/PR, sob a sistemática do recurso repetitivo, art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado (CARF, 3º Seção, 4º Câmara, 2º Turma Ordinária, Ac. 3402 004.742, de 24/10/2017, rel. Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire). Fl. 103DF CARF MF Processo nº 13839.909937/201283 Acórdão n.º 3301004.442 S3C3T1 Fl. 7 6 Assim, transitada em julgado decisão do STJ, em recurso especial, sob a sistemática de recurso repetitivo, pela inclusão do ICMS na base de cálculo da PIS/Pasep e da Cofins, deve este Conselho observála, nos termos do seu Regimento Interno, descabendo analisar argumentos trazidos aos autos sobre o tema. A decisão do STF, em sentido contrário, em recurso extraordinário de repercussão geral, mas de caráter não definitivo, não tem o mesmo efeito. Nos ditos embargos, a Fazenda Nacional requer a modulação dos efeitos da decisão embargada, para que produza efeitos ex nunc, apenas após o julgamento dos embargos. Ora, se há pedido de modulação dos efeitos, tratase de atividade satisfativa, incluíndose na solução de mérito nos termos do art. 487 do atual CPC. E se assim é, podese afirmar que não houve ainda decisão definitiva de mérito, independentemente do transito em julgado. A embargante ainda suscita, entre outras questões, haver erro material ou omissão, por ter a corrente vencedora prestado ao art. 187 da Lei 6.404/76 efeito que ele não possui: estabelecer conceito de receita bruta: 7. Observese que, no caso dos autos, alguns votos da corrente vencedora2 [...] concederam grande relevância ao fundamento de que “receita bruta”, expressão a que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao longo de inúmeros julgados, equiparou ao vocábulo “faturamento” (art. 195, I, b, da Constituição), possui um sentido próprio no direito privado, definido no art. 187, I, da Lei 6.404/76. 8. No entanto, cumpre destacar que há um equívoco evidente em tal linha de argumentação: o mencionado dispositivo legal não estabelece qualquer conceito para receita bruta. Apenas disciplina que, na demonstração do resultado do exercício, deverá estar descrita a “receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos”. A assertiva, simplesmente, permite concluir que tais expressões se referem a grandezas diferentes, mas não afirma que uma não esteja contida na outra. Levanta também, na mesma toada que os votos vencedores "deixaram de considerar o disposto no art. 12 do DecretoLei 1.598/77, reiteradamente citado pelos votos vencidos", que dá pela inclusão dos tributos na receita bruta: art. 12. A receita bruta compreende: I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II o preço da prestação de serviços em geral; III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (...) III tributos sobre ela incidentes; e Fl. 104DF CARF MF Processo nº 13839.909937/201283 Acórdão n.º 3301004.442 S3C3T1 Fl. 8 7 (...) § 4o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário. § 5o Na receita bruta incluemse os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações previstas no caput, observado o disposto no § 4o. (Grifos do original). Ainda que sejam três os pilares da argumentação da corrente vencedora, apenas um deles tratando do conceito de receita, tratase evidentemente de questão meritória. A recorrente traz aos autos planilha na qual recalcula a base de cálculo da Cofins "sem o ICMS", com a qual, juntamente como os documentos mencionados na seqüência, pretende provar o seu direito ao crédito em discussão: (...) Instrui o recurso voluntário com relatórios "NOVA GIA" a demonstrarem a apuração do ICMS, referente apenas a novembro de 2011, como também o balancete referente apenas a este período. O acordão recorrido assim se manifestou quando lhe fora levada dita planilha: "não sendo hábil para a comprovação do direito à repetição do indébito, uma simples planilha, desacompanhada de documentação contábil e fiscal que lhe conceda suporte e validade.A planilha segue abaixo". Tais elementos não demonstram o direito ao crédito sem que a questão de direito que defende, de não inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, prospere. A planilha mencionada também não se fez acompanhar de documentos que lhe fizessem prova, para todos os períodos. Assim, também, a diligência que requer, para, eventualmente, "atestar in loco a regularidade da escrituração e do crédito", somente mereceria provimento, em caso de demonstração da exclusão do ICMS da base de cálculo da Cofins. Insurgese a recorrente contra a afirmação do acórdão de piso de que "o débito de Cofins cumulativa, do período de apuração de nov/2002 (para o qual consta alocado o pagamento objeto do pedido de restituição), foi constituído, nos termos do art. 142 do CTN, através de [...] DCTF apresentada pela interessada, posto que essa declaração constituí confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito tributário, conforme prevê o § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984". Ainda que se apliquem tais normas, há decisões deste Conselho que têm entendido pela relativização de tal meio de prova, com as quais concordo, privilegiandose o princípio da verdade material: Fl. 105DF CARF MF Processo nº 13839.909937/201283 Acórdão n.º 3301004.442 S3C3T1 Fl. 9 8 COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. INFORMAÇÕES CONSTANTES DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. LIQUIDEZ E CERTEZA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. O direito creditório pleiteado não pode ser vinculado a requisitos meramente formais, nos termos do art. 165 do Código Tributário Nacional. Assim, ainda que a DCTF seja instrumento de confissão de dívida, a comprovação por meio de outros elementos contábeis e fiscais que denotem erro na informação constante da obrigação acessória, acoberta a declaração de compensação, em apreço ao princípio da verdade material Recurso Voluntário Provido (CARF, 3º Seção, 3º Câmara, 1º Turma Ordinária, Ac. 3301 002.678, de 08/12/2015, rel. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas). O acórdão de piso entendeu não ter se configurado qualquer das hipóteses do art. 165 do CTN, aquele que estabelece o direito à restituição de tributo, especialmente por que "não existe a comprovação de que tenha ocorrido, em face da legislação aplicável, pagamento da contribuição em valor a maior do que o devido"; como também porque "não foi demonstrada a existência de decisão judicial transitada em julgado reconhecendo a existência de indébito tributário (relativamente ao pagamento apontado no pedido de restituição – PER) que diga respeito à inclusão indevida do ICMS na base de cálculo da contribuição. não havendo decisão". Argumenta a recorrente ter havido erro na composição da base de cálculo da Cofins, visto que "a Recorrente considerou inadvertidamente o ICMS como componente de sua receita bruta", nos termos do inciso II, do dito artigo. Mais uma vez, somente com a demonstração do direito ao crédito, o que não ocorre, poderseia falar no dito erro. Assim, pelo exposto voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 106DF CARF MF Processo nº 13839.909937/201283 Acórdão n.º 3301004.442 S3C3T1 Fl. 10 9 Fl. 107DF CARF MF
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Numero do processo: 10280.004608/2006-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006
REGIME NÃO CUMULATIVO. DEDUÇÃO DE CRÉDITO. DEFINIÇÃO DE INSUMO.
1. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, enquadram-se na definição de insumo tanto a matéria prima, o produto intermediário e o material de embalagem, que integram o produto final, quanto aqueles bens ou serviços aplicados ou consumidos no curso do processo de produção ou fabricação, mas que não se agregam ao bem produzido ou fabricado.
2. Também são considerados insumos de produção ou fabricação os bens ou serviços previamente incorporados aos bens ou serviços diretamente aplicados no processo de produção ou fabricação, desde que estes bens ou serviços propiciem direito a créditos da referida contribuição.
ENERGIA TÉRMICA UTILIZADA COMO INSUMO DE PRODUÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Se utilizada como insumo, o custo de aquisição de energia térmica permite a apropriação de créditos da Cofins, ainda que o custo tenha ocorrido antes de 15/6/2007, data da vigência da nova redação do art. 3º, III, da Lei 10.833/2003, dada pela Lei 11.488/2007 (ADI SRF nº 2/2003).
ÓLEO COMBUSTÍVEL BPF. COMBUSTÍVEL UTILIZADO NA GERAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
É passível de apropriação de crédito da Cofins a aquisição do Óleo Combustível BPF utilizado como combustível na geração de energia térmica, utilizada como insumo de produção.
INIBIDOR DE CORROSÃO E ÁCIDO SULFÚRICO. PRODUTOS UTILIZADOS NOS EQUIPAMENTOS DO PROCESSO INDUSTRIAL. INSUMO DE PRODUÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE.
A aquisição dos produtos Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico aplicados, respectivamente, (i) na limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor e (ii) na limpeza de dutos e trocadores de calor, desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes, por serem insumos de produção, permite a apropriação de créditos da Cofins.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE REJEITOS INDUSTRIAIS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitida a apropriação de créditos da Cofins calculados sobre os gastos com frete por serviços de transporte prestados na remoção de rejeitos industriais.
ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO INCENTIVADA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A opção pela apropriação de créditos da Cofins sobre o valor mensal correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do custo de aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, somente poderá ser exercida se os referidos bens forem utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços.
2. O desconto de créditos da Cofins sobre o valor mensal correspondente a 1/12 (um doze avos) somente beneficia a aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados no Decreto 5.789/2006, destinados à incorporação ao ativo imobilizado de empresas em microrregiões menos desenvolvidas localizadas nas áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam.
3. Se não atendidos os requisitos legais, o contribuinte não faz jus aos créditos da Cofins calculados com base os valores mensais dos encargos de depreciação acelerada incentivada.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 3302-005.402
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer os créditos glosados calculados sobre o valor de aquisição do óleo combustível BPF, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 07/05/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphael M. Abad, e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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DEDUÇÃO DE CRÉDITO. DEFINIÇÃO DE INSUMO. 1. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, enquadramse na definição de insumo tanto a matéria prima, o produto intermediário e o material de embalagem, que integram o produto final, quanto aqueles bens ou serviços aplicados ou consumidos no curso do processo de produção ou fabricação, mas que não se agregam ao bem produzido ou fabricado. 2. Também são considerados insumos de produção ou fabricação os bens ou serviços previamente incorporados aos bens ou serviços diretamente aplicados no processo de produção ou fabricação, desde que estes bens ou serviços propiciem direito a créditos da referida contribuição. ENERGIA TÉRMICA UTILIZADA COMO INSUMO DE PRODUÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Se utilizada como insumo, o custo de aquisição de energia térmica permite a apropriação de créditos da Cofins, ainda que o custo tenha ocorrido antes de 15/6/2007, data da vigência da nova redação do art. 3º, III, da Lei 10.833/2003, dada pela Lei 11.488/2007 (ADI SRF nº 2/2003). ÓLEO COMBUSTÍVEL BPF. COMBUSTÍVEL UTILIZADO NA GERAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. É passível de apropriação de crédito da Cofins a aquisição do “Óleo Combustível BPF” utilizado como combustível na geração de energia térmica, utilizada como insumo de produção. INIBIDOR DE CORROSÃO E ÁCIDO SULFÚRICO. PRODUTOS UTILIZADOS NOS EQUIPAMENTOS DO PROCESSO INDUSTRIAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 00 46 08 /2 00 6- 61 Fl. 604DF CARF MF 2 INSUMO DE PRODUÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. A aquisição dos produtos Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico aplicados, respectivamente, (i) na limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor e (ii) na limpeza de dutos e trocadores de calor, desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes, por serem insumos de produção, permite a apropriação de créditos da Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE REJEITOS INDUSTRIAIS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitida a apropriação de créditos da Cofins calculados sobre os gastos com frete por serviços de transporte prestados na remoção de rejeitos industriais. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO INCENTIVADA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A opção pela apropriação de créditos da Cofins sobre o valor mensal correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do custo de aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, somente poderá ser exercida se os referidos bens forem utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. 2. O desconto de créditos da Cofins sobre o valor mensal correspondente a 1/12 (um doze avos) somente beneficia a aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados no Decreto 5.789/2006, destinados à incorporação ao ativo imobilizado de empresas em microrregiões menos desenvolvidas localizadas nas áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam. 3. Se não atendidos os requisitos legais, o contribuinte não faz jus aos créditos da Cofins calculados com base os valores mensais dos encargos de depreciação acelerada incentivada. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer os créditos glosados calculados sobre o valor de aquisição do óleo combustível BPF, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 3 3 EDITADO EM: 07/05/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphael M. Abad, e Walker Araujo. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo o relatório da decisão de piso de fls. 449466: Tratase de declaração de compensação de créditos de Contribuição para o PIS NãoCumulativo formulada pela contribuinte acima identificada, relativos ao mês de maio de 2006, no valor de R$ 1.572.184,16. A unidade de origem, após a realização de diligência destinada a apurar a liquidez e certeza do direito creditório a compensar, expediu o relatório fiscal e o auto de infração de fls. 293/298, seguido do despacho decisório de fl. 302, do parecer de fls. 303/304 e novamente do despacho decisório de fl. 305, por intermédio dos quais reconheceu apenas parcialmente o crédito invocado, no valor de R$ 389.692,14, homologando as compensações até o limite do mesmo. Foram os seguintes os fundamentos adotados: “(...) CRÉDITOS DECORRENTES DE BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS OBJETO DE GLOSA (Ficha 06A/06B/02): Através dos arquivos magnéticos recebidos (planilha excel) onde consta relação completa de todas notas fiscais de insumos adquiridos, bem como sua aplicação no processo produtivo, realizamos verificação de sua consistência pela análise física de algumas notas fiscais (solicitadas por amostragem) e constatamos a irregularidade dos valores alocados na ficha 06A/06B, item 02 da DACON, conforme detalhamento na planilha 10 e 11, anexas. A pessoa jurídica poderá se creditar de aquisições de insumos (bens ou serviços), inclusive combustíveis e lubrificantes, efetuadas no mês. Considerase como insumos a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. Glosas Efetuadas 10.1 Combustíveis e Carvão Energético utilizados como energia térmica no aquecimento das caldeiras, equipamentos e fornos, considerando que a lei 11.488/2007 só admitiu créditos a partir de 15/06/2007. A utilização de Combustíveis/Carvão energético (...) na queima de caldeiras não podem ser considerados como insumos antes de 15/06/2007 por não agir diretamente no processo produtivo; Fl. 606DF CARF MF 4 10.2 Glosas efetuadas em produtos/bens por não serem aplicados diretamente no processo produtivo; 10.3 Glosas efetuadas nos produtos/bens por serem considerados como ativo imobilizado; 10.4 Glosas efetuadas em produtos/bens por não conterem descrição detalhada do bem ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo. 10.5 Glosa dos fretes referentes aos produtos/bens glosados. (...) 11) CRÉDITOS DECORRENTES DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS (Ficha 06A/03): Pela análise dos arquivos magnéticos recebidos, referente a aquisição de serviços, constatamos a existência de Serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção dos bens, conforme detalhamento dasglosas relacionadas nas planilhas 08 e 09, anexas. Normas Relacionadas: Solução de Divergência Cosit n° 12, de 24/10/2007 "Não se consideram insumos, para fins de desconto de créditos da contribuição para o financiamento da seguridade social Cofins, materias de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas" 12) CRÉDITOS DECORRENTES DE DESPESAS DE ENERGIA ELÉTRICA (Ficha 06A/04): Pela análise dos arquivos magnéticos e verificação, por amostragem, das notas fiscais não constatamos irregularidades relacionadas a esse item. 13) BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO A DESCONTAR REFERENTE AO ATIVO IMOBILIZADO (Ficha 06A/06B/10): A empresa utilizou créditos decorrentes da aquisição de bens destinados ao ativo imobilizado em duas modalidades: 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4(quatro) anos correspondendo a 1/48 (quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem (Lei n° 10.833/2003, art 3º, 14, introduzido pela Lei n° 10.865/2004, art. 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput). Através dos arquivos magnéticos referentes às aquisições para o Ativo Imobilizado de maio/2004 a dezembro/2005, constatamos a existência de bens que não se enquadram como máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Efetuamos a glosa dos bens separando os em duas categorias: 1)Máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados a venda. 2) Maquinas, equipamentos e outros bens considerados como Edificações, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B, em anexo. 13.1.1 Bens considerados pelo contribuinte com aproveitamento dos créditos no prazo de 04(quatro) anos e glosados pela fiscalização por considerar que tais bens não se enquadram como máquinas ou equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda, conforme exigência legal para gozo do benefício. 13.1.2 Bens considerados pelo contribuinte com aproveitamento dos créditos no prazo de 04(quatro) anos e glosados pela fiscalização por considerar que tais bens caracterizamse como Edificações, não abrangidos pelos benefícios acima referidos embora sejam do ativo imobilizado. Em relação a construção da Expansão II, o contribuinte informou que a mesma só entrou em operação a partir de janeiro de 2006 e a Expansão III somente em 2008. Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 4 5 Notas: a) Não foi concedido o benefício para os outros bens, senão máquinas e equipamentos, destinados ao Ativo Imobilizado utilizados na fabricação de produtos destinados a vendas, ficando fora do benefício a aquisição de: móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. b) A partir de 1°/12/2005, são também admitidos créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado desde que sejam utilizados na produção de bens destinados à venda, continuando fora do benefício a aquisição de : móveis, veículos, construção civil e outros bens que não sejam utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. 13.2) Por aproveitamento do crédito no prazo de 12(doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a 1/12(um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microrregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam (...). (...) Após análise dos arquivos contendo listagem dos bens com aproveitamento de crédito no prazo de 12(doze) meses constatamos diversas irregularidades na utilização dos referidos créditos. Elaboramos a Planilha n° 07D onde constam todas as glosas efetuadas e as Planilhas 07E, 07F e 07G resumindo os valores glosados. Abaixo segue codificação adotada para as glosas efetuadas na Planilha 07D: DT05 Glosados em virtude da data de aquisição (emissão nota fiscal) ser anterior à previsão legal, que só reconheceu o beneficio para bens adquiridos a partir de 2006. EDIF06 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2006 . EDIF07 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007 . N Glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo do adquirente. NCD Glosados por não estarem relacionados no Decreto 5.789/2006 mencionados no Decreto n° 5.988/2006. NREB Glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito (...).” Fl. 608DF CARF MF 6 Cientificada, a interessada apresentou tempestivamente a manifestação de inconformidade de fls. 390/421 (com argumentos replicados na impugnação de fls. 327/358), na qual alega: a) Foram glosados créditos gerados pelos bens e serviços empregados como insumos, mais especificamente: Transporte de Rejeitos Industriais, Óleo BPF, Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão, sob o fundamento de que não se enquadrariam como bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção dos bens destinados à venda. Por derradeiro, foram glosados créditos relacionados a despesas ou encargos com Ativo Imobilizado para emprego na fabricação de produtos destinados à Venda ou Prestação de Serviços, inclusive máquinas, equipamentos e outros bens que foram incorporados ao Ativo Imobilizado. b) Ponto fundamental é o da definição e amplitude conceitual dispensadas aos insumos que gerariam o crédito da Contribuição e que seriam os bens e serviços que seriam utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, abrangendo mas não se restringindo ao universo das matériasprimas produtos intermediários e quaisquer outros bens que sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produtos em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. Também se reputam como insumos empregados na prestação de serviços os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços. Centrando a atenção ao presente processo, bem se vê que a requerente é sociedade empresária preponderantemente exportadora, de sorte que igualmente faz jus à apropriação de créditos, inclusive concernentes a estoque de abertura oriundos dos custos, despesas e encargos advindos das receitas resultantes de exportação dos produtos que industrializa e comercializa. Especificamente quanto aos serviços utilizados com insumos, a autoridade fazendária glosara serviços inegavelmente empregados como insumos porque diretamente aplicados ao processo produtivo, particularmente o de transporte de rejeitos industriais, óleo BPF, ácido sulfúrico e inibidor de corrosão. Naturalmente que não poderia furtase a impugnante do creditamento dos valores desembolsados com o transporte destes rejeitos, que são sabidamente inerentes ao processo fabril do alumínio produzido e exportada por pessoa jurídica como a requerente. Os dispêndios com este transporte são, portanto, irrefutavelmente, dedutíveis. O óleo BPF, considerado pela fiscalização como gerador de energia térmica, destinase à queima em fornos adequados para a calcinação do hidrato e na geração de vapor nas caldeiras. A fiscalização glosou toda a utilização do BPF, tanto nas caldeiras como para calcinação. Em relação ao Ácido Sulfúrico, descabe glosa já que a fiscalização o está considerando como material de limpeza. O ácido sulfúrico é utilizado para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, limpeza esta fundamental para manter a eficiência de troca térmica e a estabilidade do licor para garantir a produtividade da planta. O ácido usado é utilizado na neutralização de afluentes cáusticos. A fiscalização glosou toda a aquisição deste insumo e frete, inclusive glosando fretes e duplicidade. Já a respeito do Inibidor de Corrosão, utilizado para formar uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento, insta mencionar que sua ausência no rol das especificações compromete substancialmente a qualidade e quantidade da alumina produzida. Ora, com toda a necessidade de que tais insumos sejam empregados de modo direto, na geração do alumínio final que será objeto de exportação, não se vê como possamos acatar a glosa dos serviços de transporte dos itens em voga, como, igualmente nos termos da legislação vigente, insumo de aplicação direta, que, portanto, não podem ser recusados enquanto serviços creditáveis. Transcreve decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais. c) Especificamente quanto aos bens adquiridos como Ativo Imobilizado, a Fiscalização entendera pela glosa de bens adquiridos com Ativo Imobilizado, nada obstante haver acertadamente considerado a requerente que os valores gastos na Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 5 7 aquisição de bens, inclusive máquinas, equipamentos e outros incorporados ao ativo imobilizado devem ser recuperados enquanto créditos dedutíveis das bases apuratórias da Contribuição, logo descabe, igualmente, a glosa sobre o ativo imobilizado. Refere solução de consulta. d) O que resta evidente da análise do tratamento legal é a completa ausência de amarras, restrições, condicionantes ao direito de desconto de créditos sobre os valores de PIS a pagar, desde que os bens ou serviços reputados creditáveis pelo contribuinte, efetivamente, sejam insumos empregados na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, ensejam os descontos. Mesmo analisando as Instruções Normativas editadas pela Receita Federal, no afã de regulamentar os aludidos preceitos legais pertinente ao desconto de créditos de PIS sobre certas despesas, aquisições e dispêndios, não há discrepância relevante que justifique a manutenção das glosas ora questionadas. Transcreve excertos de decisão judicial, aduzindo que o critério fundamental para a concessão do crédito sobre insumos é da essencialidade ao processo produtivo, excluindo naturalmente a generalidade dos custos industriais e comerciais que não geram crédito se não forem imprescindíveis. e) Cabe voltarnos com maior detença à glosa das máquinas e equipamentos adquiridos pela requerente e incorporados ao seu ativo imobilizado, a qual, com a devida vênia, causou estranheza, considerando, de plano, a permissão constante da Lei 10637/2002. A IN SRF nº 457/2004 veiculou a facultatividade do cálculo do crédito insculpido na lei ordinária, observada a periodicidade de quatro anos. O Decreto 5988/2006, que dispõe sobre o art. 31 da Lei n° 11.196, de 21 de novembro de 2005, instituiu depreciação acelerada incentivada e desconto da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, no prazo de doze meses, para aquisições de bens de capital efetuadas por pessoas jurídicas estabelecidas em microrregiões menos favorecidas das áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM. A querela reside no fato de que a fiscalização, injustificadamente, glosou não menos que a totalidade dos créditos gerados sobre maquinas e equipamentos adquiridos e incorporados ao ativo imobilizado da requerente, sob o suposto fundamento de que a mesma não teria observado as exigências constantes da Lei 11.196/2005, ou seja, não teria considerado na periodicidade legal diferencial de apuração do crédito sobre ativo imobilizado, apenas as máquinas e equipamentos adquiridos sob o regime incentivado do RECAP, utilizandose ao revés da periodicidade excepcional dos 1/12 sobre a totalidade das máquinas e equipamentos adquiridos no período auditado. O fato, contudo, que, data vênia, desmantela a pretensão esposada pela Autoridade Fazendária é que a postulante, por uma questão de tempo real de depreciação das máquinas e equipamentos aplicados em seu processo de industrialização, não se apropria de tais créditos automaticamente, de modo que pelas suas especificidades, é evidente que a conduta apontada no Auto, seria, como é, impraticável. Ante tal quadro, o mínimo que se poderia aceitar para a pretensa manutenção das glosas, seria a demonstração por parte da Fiscalização de que a requerente, efetivamente, se apropriou de créditos sobre máquinas e equipamentos adquiridos fora do regime diferenciado do RECAP, sem observar a periodicidade permitida pela lei e pela IN aplicáveis. A ocorrência supra, contudo, reiterese, não apenas é inexeqüível em face do processo produtivo e depreciação ordinária das máquinas e equipamentos empregados no mesmo, como ainda não fora minimamente exposta pela autoridade fazendária, pelo que, consoante as decisões colacionadas alhures, tais glosas também hão de ser inteiramente desconstituídas. Do que é possível inferir da sucinta exposição declinada pela autoridade fazendária, não teria sido reconhecido benefício para tais itens na medida em que não se enquadrariam no rol de máquinas e equipamentos, volvidos ao Ativo Imobilizado, empregados na fabricação de produtos para venda, restando excluídos assim móveis, Fl. 610DF CARF MF 8 ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e demais que estariam, segundo a inteligência esposada pela autoridade, ao largo do rol de máquinas e equipamentos que gerariam crédito consoante o ordenamento aplicável. Não há, contudo, nem reflexamente, uma clara indicação da razão pela qual e nem tampouco quais seriam estes itens específicos, ao menos referidos em uma planilha anexa ao Mandado de Procedimento que permita à postulante compreender o porquê da desconsideração de tais máquinas e equipamentos defendose objetivamente de tais glosas. O que se tem por certo é que os itens qualificados pela postulante como máquinas efetivamente foram incorporados ao ativo imobilizado e empregados na produção do alumínio destinado à venda, respeitada a periodicidade prevista nas normas aludidas. O Fiscal não se desincumbira de tal ônus mínimo, incorrendo não somente em cerceamento de defesa como ainda trazendo a lume mais uma glosa descabida. Logo, não há como se vislumbrar infringência à Lei nº 11.488/20087 (REIDI). f) Transcreve o que identifica como o entendimento doutrinário relativo ao regime da nãocumulatividade aplicado à Cofins e à Contribuição ao PIS/Pasep, concluindo que a Constituição Federal previu o regime da nãocumulatividade originariamente para o ICMS e IPI, traçandolhes com precisão os limites em que tal regime poderia vigorar. Estendeuo pela EC 42/2003 ao PIS, remetendo sua regulamentação à legislação infraconstitucional, o que já havia sido levado a efeito antes da EC, pela Lei ordinária 10833/2003, que não apenas elencou quais setores da economia seriam autorizados a se apropriar de créditos sobre determinadas despesas e encargos, como ainda discriminara quais destes desembolsos permitiriam tal apropriação. Não há como nem porque, seja à luz da Constituição, seja à luz da lei ordinária, reduzir ainda mais sua amplitude, ainda mais com base em interpretações extraídas de outras normas ou decisões que são eminentemente interpretativas e que, como tais, não podem inovar nem positiva nem negativamente. No caso vertente, convém ressaltar que a impugnante fora extremamente conservadora na medida em que seguira religiosamente as disposições da Lei 10.637, apropriandose dos créditos gerados apenas pelas aquisições e despesas de aplicação direta listadas nos diplomas legais, conquanto seja irrefutável a natureza imperativa e irrestrita do comando constitucional pós EC 42/2003 para os setores previstos em lei, as contribuições serão nãocumulativas. Simples. Nada obstante, amargara as glosas inexplicáveis contra as quais ora se insurge. Cita posição doutrinária. g) Protesta pela produção de prova pericial, via auditagem suplementar, considerandose a incompatibilidade entre a escrita contábil da Alunorte do período, e as razões de glosa suscitadas pela N. Fiscalização esclarecendo que a finalidade é a de ratificar a efetiva utilização dos bens e serviços glosados como insumos de aplicação direta e efetiva no processo produtivo da requerente, desde já indicando Assistente técnico. Em 31 de janeiro de 2012, a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente foi, por unanimidade de votos, julgada improcedente, nos termos ementa abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006 PAF. ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos que integram a legislação tributária. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 6 9 PAF. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões judiciais e administrativas relativas a terceiros não possuem eficácia normativa, uma vez que não integram a legislação tributária de que tratam os arts. 96 e 100 do Código Tributário Nacional. PAF. PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia que deixa de atender aos requisitos previstos no art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/1972, também se fazendo incabível a realização de perícia quando presentes nos autos os elementos necessários e suficientes à dissolução do litígio administrativo. PIS NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CRÉDITOS. No cálculo do PIS Não Cumulativo somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. PIS NÃOCUMULATIVO. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. CRÉDITOS. Na nãocumulatividade do PIS, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos no País para utilização na produção de bens destinados à venda, desde que observadas as disposições normativas que regem a espécie. DCOMP. CRÉDITO. HOMOLOGAÇÃO. LIMITE DO CRÉDITO. As declarações de compensação apresentadas pelo sujeito passivo somente podem ser homologadas no exato limite do direito creditório comprovado pelo sujeito passivo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 15.02.2012 (fls. 467), a Recorrente foi cientificada da referida decisão. Inconformada, em 15.03.2012, protocolou o recurso voluntário de fls. 469436, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. Na Sessão de 27 de fevereiro de 2014, por meio da Resolução nº 3302 000.395 (fls. 540549), o julgamento foi convertido em diligência, para que a autoridade fiscal, in verbis: a) informe se, ao efetuar a glosa dos créditos decorrentes da depreciação incentivada (art. 31 lei 11.196 1/ 48 e 1/12), foram considerados os créditos decorrentes da depreciação normal da Lei 10.833/03; a.1) em caso negativo, elaborar planilha demonstrando o valor dos créditos a que faria jus a Recorrente, considerandose a Lei 10.833/03, em relação aos bens do ativo imobilizado que entende passíveis de creditamento; b) intime a Recorrente para que esta apresente: Fl. 612DF CARF MF 10 b.1) informações sobre a utilização do produto “inibidor de corrosão”, declarando onde ele é utilizado e qual função desempenha no processo produtivo; b.2) descritivo detalhado dos bens (art. 3º VI da Lei 10.833) glosados pela fiscalização, informando suas principais características e seu emprego nas atividades da empresa e no processo produtivo; c.3) em relação a diversos serviços de manutenção glosados, quais entende se enquadrarem no conceito estabelecido na lei de “benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa”(art. 3º VII); Reunidas as informações acima requeridas deve a autoridade tecer as considerações que entender pertinentes ao bom deslinde do presente processo, intimando a Recorrente para manifestarse sobre o resultado da diligencia. Em 26/11/2014, por meio do Termo de Início de Diligência de fls. 554556, a recorrente foi intimada a: 1. Apresentar informações detalhadas sobre a forma de utilização do produto “inibidor de corrosão” dentro do processo produtivo da empresa; 2. Apresentar descritivo detalhado dos bens (art. 3o VI da Lei 10.833) glosados pela fiscalização, informando suas principais características e seu emprego nas atividades da empresa e no processo produtivo; 3. Apresentar, em relação a diversos serviços de manutenção glosados, quais entenda se enquadrarem no conceito estabelecido na lei de “benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa (art. 3o VII); Em resposta, a intimada apresentou os seguintes esclarecimentos (fls. 557 563): a) em relação ao produto “inibidor de corrosão”, informou que se tratava “de um produto químico apresentado em forma líquida e utilizado no processo de limpeza química ácida, com objetivo de se evitar desgastes das paredes dos trocadores de calor da área de digestão; b) em relação à descrição detalhada dos bens, após apresentar um breve histórico do processo de expansão das suas atividades industriais e um resumo do seu processo produtivo, a recorrente passou a descrever os investimentos realizados nas 2ª e 3ª expansões do parque fabril e respectivos valores aplicados nas atividades de investimentos indiretos, serviços de obras civis, serviços de montagem de equipamentos e instalações, equipamentos e instalações; e c) em relação aos serviços de manutenção glosados, informou que eles não enquadravam “no conceito de Benfeitorias em Imóveis Próprios ou de Terceiros.” Com base nas informações prestadas pela recorrente, por meio do relatório fiscal de fls. 564568, a autoridade fiscal opinou pela manutenção integral das glosas, baseadas nos seguintes argumentos relevantes, que seguem transcritos: Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 7 11 1) O produto “Inibidor de Corrosão” era usado somente para limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor, em nenhum momento ele é utilizado como “insumo” na produção da alumina, nunca é usado, em qualquer fase do processo produtivo, na mistura que gera o “licor” da bauxita até sua transformação em alumina. Fazendo uma comparação com o cotidiano, seria similar ao “aditivo” usado no radiador do carro para diminuir o efeito corrosivo da água sobre as paredes do radiador. Por ser um mero produto para “limpeza”, não participando efetivamente do processo químico de transformação da bauxita em alumina é que efetuamos a glosa dos créditos para o PIS/COFINS NãoCumulativo desses produtos. 2) Relativamente aos bens do art. 3 VI da Lei 10.833 “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”, que foram glosados pela fiscalização, o sujeito passivo somente transcreveu, de uma forma geral, os aspectos do funcionamento operacional da empresa. Não houve, em relação aos itens glosados, informações específicas sobre a aplicação/destinação de cada item dentro do processo produtivo. Considerando que só foram prestadas informações de forma genérica, é de se manter a glosa efetuada pela fiscalização. 3) Quanto as glosas realizadas nos serviços de manutenção, o sujeito passivo não apresentou elementos que possibilitem sua alteração. Somente foi informado que as mesmas não se enquadram no art. 3o, VII da Lei 10.833. 4) No item "a" das Resoluções citadas, foi levantada a possibilidade, em tese, de aceitarse os créditos oriundos da depreciação normal incidente sobre os Itens que tiveram os encargos da depreciação incentivada (art. 21 da lei 10.865/2004, art. 31 da lei 11.196/05, 1/48 e 1/12) glosados pela fiscalização. Em atendimento ao requerido pelo CARF e considerando que não foram reconhecidos os encargos de depreciação normal quando das glosas, elaboramos diversas planilhas contendo os encargos de depreciação normal incidentes sobre os bens anteriormente glosados. As planilhas geradas com as respectivas taxas de depreciação e data de vigência estão contidas no CD anexo ao presente relatório. Está incluído no CD uma planilha com os bens que consideramos não passíveis de gerarem créditos relativos a encargos de depreciação normal, segue abaixo dados das planilhas: [...] Embora tenhamos efetuado os cálculos dos encargos de depreciação normal incidentes sobre os itens anteriormente glosados, seguindo as resoluções do CARF, não concordamos com o reconhecimento dos créditos incidentes sobre os citados encargos, conforme colocações abaixo: a) Em todos Demonstrativos de Apurações das Contribuições Sociais (DACONs), entregues pelo sujeito passivo só foram preenchidos os itens referentes a créditos sobre encargos de depreciação com base no “Valor de Aquisição” (leis 10.865/2004, 11.196/2005), Ficha 16 A/10, Ficha 16 B/07, Ficha 06 A/10 e Ficha 06 B/07; b) Os itens referentes às depreciações normais flei 10.833/2003) das referidas fichas, ficaram “em branco”; Fl. 614DF CARF MF 12 c) O contribuinte, espertamente, alocou todas aquisições do ativo imobilizado (veículos, maquinas, moveis, ferramentas, edificações...) na lei que lhe seria mais benéfica (dep. incentivada) não tendo qualquer cuidado em separar os bens que estariam beneficiados pelo incentivo dos demais bens sujeitos à depreciação normal; d) Como as leis são bem claras em relação aos bens incentivados, a conduta do sujeito passivo não pode ser considerada “erro de fato” no preenchimento das DACONs; Notas: Não foi concedido o benefício da depreciação incentivada para os outros bens, senão máquinas e equipamentos destinados ao Ativo Imobilizado e utilizados na fabricação de produtos destinados a vendas, ficando fora do benefício a aquisição de: móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. A partir de 1°/12/2005, são também admitidos créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado desde que sejam utilizados na produção de bens destinados à venda, continuando fora do benefício a aquisição de: móveis, veículos, construção civil e outros bens que não sejam utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. Por aproveitamento do crédito no prazo de 12 (doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a 1/12(um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos, aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em mícroregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam. (Lei 11.196/2005, art 31, e Decreto n° 5.988/2006). e) Como são atos legais distintos e com campos próprios para serem declarados nos DACOIMs, é de se aplicar o art. 832 do RIR/99 que veda a retificação de declaração após iniciado e concluído o processo fiscal de lançamento de ofício; As planilhas referenciadas no presente relatório estão contidas no CD/DVD anexo e foram autenticados e validados através do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (SVA) que pode ser acessado no site da Receita Federal. (grifos do original) Em 10/3/2015 (fls. 569570), a Recorrente foi regularmente cientificada do citado relatório fiscal, CD com as planilhas e recibo de entrega de arquivos digitais e lhe facultado, no prazo de 20 (vinte) dias, a apresentar manifestação, o que não ocorreu. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 8 13 A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 15.02.2012 (fls.467) e protocolou Recurso Voluntário em 16.03.2012 (fls. 469536), dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Mérito A matéria de mérito objeto de análise referese a créditos de PIS do mês de maio de 2006, que resultou no deferimento parcial do valor do crédito informado e, por conseguinte, na homologação parcial do débito compensado. De acordo com relatório fiscal de fls. 293297, as glosas limitaramse a parte dos créditos apropriados sobre (i) os custos de aquisição de bens e de serviços utilizados como insumos e (ii) os encargos de depreciação acelerada incentivada de bens registrados no ativo imobilizado. Esta Turma de Julgamento já analisou a questão envolvendo os créditos da COFINS, relativo ao período de maio de 2006, quando do julgamento do PA nº 10280.004606/200672 (acórdão 3302004595), de relatório do i. Conselheiro José Fernandes do Nascimento, restando, decidido naquela processo, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, para reconhecer o creditamento sobre óleo combustível BPF, inibidor de corrosão e ácido sulfúrico. Assim, considerando que a matéria objeto do recurso voluntário apresentado pela Recorrente já foi analisado em outra oportunidade, adoto como fundamento de decidir as razões apresentadas no voto do acórdão 3302004595, a saber: O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia cingese à glosa de créditos da Cofins do mês de maio de 2006, que resultou no deferimento parcial do valor do crédito informado e, por conseguinte, na homologação parcial do débito compensado. De acordo com relatório fiscal de fls. 289/293, as glosas limitaramse a parte dos créditos apropriados sobre (i) os custos de aquisição de bens e de serviços utilizados como insumos e (ii) os encargos de depreciação acelerada incentivada de bens registrados no ativo imobilizado. 1) Da Definição de Insumos. Em relação as glosas dos créditos calculados sobre os custos de aquisição de bens e serviços utilizados como insumo de fabricação, as razões jurídicas, de caráter geral, apresentadas pela autoridade fiscal foram as que seguem transcritas: A pessoa jurídica poderá se creditar de aquisições de insumos (bens ou serviços), inclusive combustíveis e lubrificantes efetuadas no mês. Considerase como insumos a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 616DF CARF MF 14 e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como desgaste, o dano ou a perda da propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. De outra parte, para a recorrente, insumo seria não apenas o que incorporado ao produto final a ser comercializado, mas tudo aquilo que concorresse na composição do processo produtivo desse produto, ou seja, cada um dos elementos imprescindíveis para a produção das mercadorias ou para a prestação dos serviços. Com base nos entendimentos apresentados pela autoridade fiscal e pela recorrente, fica evidenciado que a controvérsia gira em torno do significado e alcance do termo insumo, utilizado no art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, que permite a dedução de créditos calculados sobre a aquisição de insumos, nos termos a seguir reproduzidos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, [...]; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)(Produção de efeito) I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. [...] (grifos não originais) Como o referido diploma legal não há definição de insumo, duas correntes definem no de forma diferente. A primeira, capitaneada pelos integrantes da Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 9 15 Administração tributária, considera insumo os bens que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários, stricto sensu, e material de embalagem) e quaisquer outros que sofram alterações, tais como desgaste, desbaste, dano e perda de propriedades físicas ou químicas, em decorrência de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou viceversa. Essa corresponde, em termos gerais, a definição de insumo prevista na legislação do IPI, especificamente, no veiculada no Parecer Normativo CST 65/1979. A segunda, representada por parte relevante da doutrina, considera insumo de produção os bens e serviços inerentes e essenciais ao regular funcionamento do processo de produção/fabricação da pessoa jurídica, o que inclui os bens e serviços utilizados na produção ou fabricação (custos), assim como aqueles necessários a manutenção da atividade da pessoa jurídica (despesas), que corresponde a definição custos e despesas da legislação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). No âmbito da jurisprudência deste Conselho, vem se firmando entendimento intermediário, que considera insumo (i) tanto as matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados diretamente na produção ou fabricação do bem destinado à venda, que, em termos financeiros, equivalem aos custos diretos de produção ou fabricação, (ii) quanto os bens e serviços utilizados na produção ou fabricação dos bens aplicados diretamente na produção. Com a ressalva de que insumos e custos são termos que representam a mesma realidade de forma diferente, isto é, enquanto insumos representam os bens materiais ou imateriais (ou serviço), os custos representam a expressão financeira (o valor monetário) despendida na aquisição do respectivo bens. Ambos representam mesma realidade de forma distinta, ou seja, os insumos representam o fluxo físico dos bens, enquanto os custos representam o fluxo financeiro dos mesmos bens. E, no âmbito pessoa jurídica, enquanto o fluxo financeiro é relevante para a contabilidade, o fluxo físico interessa à administração e auditoria do estoque. No entendimento deste Relator, com a devida vênia aos que entendem de forma diferente, essa é a definição que melhor reflete o significado e alcance jurídico do termo insumo, contido no art. 3º, II, da Lei 10.833/2003. E com base nesse entendimento, podese asseverar que, no âmbito do regime não cumulativo da Cofins, enquadramse na definição de insumo tanto a matéria prima, o produto intermediário e o material de embalagem, que integram o produto final, quanto aqueles bens ou serviços aplicados ou consumidos no processo de produção ou fabricação, que compreendem os insumos diretos de produção. Também são considerados insumos os bens ou serviços previamente incorporados aos bens ou serviços diretamente aplicados no processo produtivo, desde que estes bens ou serviços propiciem direito a créditos da referida contribuição. Por outro lado, não integram a definição de insumo de produção ou fabricação os bens e serviços não aplicados ou consumidos no processo de produção ou fabricação. Em outras palavras, todos os bens ou serviços utilizados antes do início ou após a conclusão do processo de produção ou fabricação, que incluem os bens e serviços utilizados (i) na etapa anterior ao processo de produção ou fabricação, que, em termos financeiros, compreende às despesas préindustriais, ou (ii) na etapa posterior ao processo de produção ou fabricação, que, em termos financeiros, equivalem às despesas operacionais ou não operacionais da pessoa jurídica (as despesas de propaganda, administrativas, de vendas, financeiras etc.). Fl. 618DF CARF MF 16 Com base nesse entendimento, passase a analisar as glosas dos créditos apropriados sobre os custos de aquisição de bens e serviços utilizados como insumo de fabricação pela recorrente, especificamente, aqueles cujos créditos glosados foram objeto de contestação pela recorrente. E para facilitar a abordagem e a sua compreensão, analisarseá os pontos controversos, seguindo a mesma ordem dos tópicos apresentados no referido relatório fiscal. 2) Da Glosa dos Créditos Vinculados aos Bens Utilizados Como Insumos (Ficha 16A/16B/02 do Dacon). Na planilha de nº 10 (fls. 271/281), encontramse relacionados os tipos de bens, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção da alumina, o produto fabricado pela recorrente, cujos créditos foram glosados, a saber: a) Óleo Combustível BPF, utilizado como fonte de energia térmica, na queima em fornos de calcinação e geração de vapor nas caldeiras; b) Ácido Sulfúrico, utilizado na limpeza ácida dos trocadores de calor e neutralização de afluentes líquidos; e c) Inibidor de Corrosão, utilizado no tratamento de água potável e nas tubulações de resfriamento de água, e todos os bens com aplicações similares (antiespumante NALCO, v.g.). No recurso em apreço, de forma genérica, a recorrente alegou que os insumos glosados participavam “efetivamente do processo de industrialização da alumina, passíveis, por conseguinte, de restituição no esteio da nãocumulatividade da COFINS”. Para facilitar a análise da controvérsia, revelase de todo oportuno que se tenha uma visão geral do complexo processo de fabricação da alumina, o produto industrializado no estabelecimento fabril da recorrente e destinado à venda parte no mercado interno e o restante no mercado externo. No documento de fls. 70/102, a recorrente assim descreveu o processo de fabricação da alumina, in verbis: Para se extrair a Alumina da Bauxita utilizamos o Processo Bayer desenvolvido, há cerca de 100 anos, pelo Austríaco KARL JOSEPH BAYER. Inicialmente, a Bauxita, misturada com uma solução de Soda Cáustica e Cal é moída formando uma polpa de Bauxita que é préaquecida antes de receber uma nova adição de Soda na qual a Alumina se dissolverá sob certas condições separandose das impurezas. Seguemse as etapas de Decantação, Separação de Lama e Filtração que eliminarão as impurezas remanescentes da Alumina dissolvida, obtemos a solução de Licor Rico em Alumina dissolvida de alta pureza. Em equipamentos chamados Precipitadores, a Alumina da solução de Licor Rico se precipitará através de um processo chamado "Cristalização por Semente", obtendo se o Hidrato de Alumina. O Hidrato é, então, classificado, lavado e calcinado, obtendose assim um pó fino branco denominado Alumina, sendo necessário 5 t de bauxita para uma de alumina, em média. Os fluxogramas geral e parcial do processo de produção do referido produto encontramse reproduzido na primeira página do citado documento. De forma específica, a recorrente contestou a glosa dos créditos apropriados sobre os valores de aquisição do Óleo Combustível BPF, que segundo a fiscalização era utilizado na geração de vapor das caldeiras para o processo e calcinação do hidrato. Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 10 17 Não há controvérsia quanto ao fato de que a queima do óleo combustível BPF em fornos de calcinação destinase a produção de energia térmica sob a forma de vapor a ser consumido no processo industrial de produção da alumina, que é produto fabricado pela recorrente, conforme se extrai do excerto extraído do recurso voluntário em apreço, que segue transcrito: Não é admissível glosar a aquisição de um insumo no caso, o óleo combustível/BPF que é diretamente empregado na produção da alumina, com previsão serena e sem restrições na norma regente, pelo só fato de que sua aplicação no processo produtivo específico da alumina ocorre mediante processo havido no interior das caldeiras que resulta em energia a vapor. O fato é que a energia não foi adquirida pela postulante, e sim produzida a partir do insumo verdadeiro óleo combustível/BPF dentro dos equipamentos da refinaria. (grifos não originais) Essa afirmação esclarece que o referido produto não é insumo aplicado direta e imediatamente no processo produtivo da alumina. Ora, se o referido combustível era utilizado para produzir energia térmica, sob a forma de vapor, logo, o insumo diretamente utilizado no processo produtivo era a energia térmica resultante da queima do combustível e não o próprio combustível. De fato, o citado combustível era submetido a processo de combustão nas caldeiras, para fim de geração de energia térmica, sob a forma de valor, que era utilizado no processo produtivo da alumina, conforme demonstrado fluxograma geral do processo de produção colacionado aos autos. Assim, resta demonstrado que não o referido combustível não era utilizado como insumo de produção da alumina, mas do vapor gerado por sua queima nas respectivas caldeiras, que gera a energia térmica utilizada pela recorrente como insumo de produção. Cabe ressaltar, por oportuno, que no período de apuração dos créditos objeto da presente lide, só havia previsão de apropriação de créditos sobre custos na aquisição de energia elétrica. A extensão para a energia térmica somente ocorreu a partir de 15/6/2007, data da vigência da Lei 11.488/2007, que deu nova redação ao art. 3º, III, da Lei 10.833/2003. Acontece que a interpretação da anterior e nova redação do citado preceito legal, leva a conclusão que ele institui o direito de crédito sobre aquisição de energia elétrica, quando ela não é utilizada como insumo produção, ou seja, quando utilizada nas demais atividades do contribuinte. Se caracterizada como insumo de produção, o fundamento do direito de apropriação de crédito encontrase estabelecido no art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, vigente desde a instituição do regime não cumulativo. Esse é, inclusive, o entendimento da própria administração tributária, que se encontra explicitado Ato Declaratório Interpretativo (ADI) nº 2/2003, cujos excertos pertinentes seguem transcritos: Art. 1º A partir de 1º de dezembro de 2002, as pessoas jurídicas submetidas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep poderão descontar créditos calculados em relação a bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à: I venda; e Fl. 620DF CARF MF 18 II prestação de serviços. [...] Art. 3º Para os fatos geradores da contribuição para o PIS/Pasep, na modalidade nãocumulativa, ocorridos em dezembro de 2002 e janeiro de 2003: I a receita decorrente da venda de bens do ativo imobilizado da pessoa jurídica integra a respectiva base de cálculo; II não poderá ser descontado: a) o crédito do PIS/Pasep calculado em relação ao valor da energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, exceto quando se tratar de insumo utilizado na forma prevista no art. 1º; e [...] (grifos não originais). Assim, de acordo com a definição de insumo aqui adotado, inequivocamente, o custo de aquisição do referido combustível gera direito a crédito da Cofins. Cabe ainda ressaltar que, embora a recorrente não houvesse contestado, de forma específica, a glosa dos créditos apropriados sobre o custo de aquisição do produto “Inibidor de Corrosão”, por meio referida Resolução, este Colegiado converteu o julgamento em diligência, para que a recorrente, apresentasse informações detalhadas sobre a forma de utilização do citado produto dentro do processo produtivo da empresa. Em resposta, a recorrente prestou a seguinte informação: “Tratase de um produto químico apresentado em forma líquida e utilizado no processo de limpeza química ácida, com objetivo de se evitar desgastes das paredes dos trocadores de calor da área de digestão.” No item 1 do citado relatório de diligência fiscal, a fiscalização assim descreveu o referido produto, in verbis: 1) O produto "Inibidor de Corrosão" é usado somente para limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor, em nenhum momento ele é utilizado como "insumo" na produção da alumina, nunca é usado, em qualquer fase do processo produtivo, na mistura que gera o "licor" da bauxita até sua transformação em alumina. Fazendo uma comparação com o cotidiano, seria similar ao "aditivo" usado no radiador do carro para diminuir o efeito corrosivo da água sobre as paredes do radiador. Por ser um mero produto para "limpeza", não participando efetivamente do processo químico de transformação da bauxita em alumina é que efetuamos a glosa dos créditos para o PIS/COFINS NãoCumulativo desses produtos. (grifos não originais) Como o referido produto é utilizado para limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor utilizados no âmbito do processo industrial, diferentemente do que entendeu a fiscalização, tratase de insumo de produção, portanto, a recorrente faz jus à apropriação dos créditos da contribuição. A mesma conclusão aplicase ao “Ácido Sulfúrico”, utilizado na limpeza de dutos e trocadores de calor, desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes. Com base nessas considerações, por atender ao conceito de insumos, deve ser restabelecidos os valores dos créditos glosados calculados sobre o valor de aquisição do óleo combustível BPF, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico. 3) Da Glosa dos Créditos Vinculados aos Serviços Utilizados como Insumos (Ficha 06A/03 do Dacon). Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 11 19 Na planilha de nº 08 (fls. 266/268), encontramse relacionados os tipos de serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção da alumina, o produto fabricado pela recorrente, cujos créditos foram glosados. No recurso em apreço, a recorrente limitouse a contestar a glosa dos créditos calculados sobre os serviços de transportes de rejeitos industriais, sob o argumento de que os dispêndios realizados com tais serviços, enquanto vinculados à receita de exportação, gerariam créditos, nos termos do art. 6º, §§ 1º e 3º, da Lei 10.833/2003. Sem razão a recorrente. Os referidos preceitos legais tratam da forma de apuração e utilização dos créditos vinculados às operações de exportação. As situações que a asseguram a apropriação de crédito da Cofins estão especificadas nos incisos I a XI da Lei 10.833/2003. Em julgamentos anteriores, tive a oportunidade de analisar os referidos preceitos legais e chequei ao entendimento de que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins são assegurados somente em ralação aos serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Os gastos com os serviços de transporte de rejeitos industriais, inequivocamente, não se enquadram em nenhuma das referidas condições. A uma, porque não são insumos aplicados no processo de produção ou fabricação. A duas, porque não representa serviço de transporte (frete) na operação de venda. Relativamente aos demais serviços, embora não tenha havido contestação, a descrição apresentada na planilha nº 8 revela que tais serviços não estavam relacionados com o processo produtivo da recorrente. Certamente, não foram aplicados na produção da alumina, dentre outros, os serviços de fornecimento de concreto usinado, palestras, manutenção de bicicletas, revisões efetuadas em veículos de passeio e assessoria técnico comercial nas compras de energia elétrica, serviços topográficos diversas áreas da Alunorte, chave de impacto 1, manutenção de elevadores e manutenção de pequenas obras civis. Fl. 622DF CARF MF 20 Em atenção ao pedido de informação sobre os serviços de manutenção glosados pela fiscalização feito pelo Colegiado, por meio da Resolução, que converteu o julgamento em diligência, a recorrente informou que os mesmos não se enquadravam no conceito de benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros. Por conseguinte, se tais serviços não atendem os requisitos do art. 3º, VII, da Lei 10.833/2003, não merece reparo a glosa dos referidos serviços realizada pela fiscalização. Com base nessas considerações, deve ser mantida a totalidade das glosas realizadas pela fiscalização. 4) Da Glosa dos Créditos Calculados Sobre Encargos de Depreciação Incentivada de Bens do Ativo Imobilizado (Ficha 06A/06B/10 do Dacon). A fiscalização procedeu a glosa dos créditos calculados sobre os encargos de depreciação incentivada acelerada, previstos no art. 3º, § 14, da Lei 10.833/2003 (4 anos ou 1/48 mensal) e no art. 31, II, da Lei 11.196/2005 (1 ano ou 1/12 mensal). Da glosa dos créditos calculados sobre encargos de depreciação incentivada a taxa 1/48 por mês. O primeiro tipo de glosa referese às aquisições dos bens do Ativo Imobilizado, realizadas no período de maio/2004 a dezembro/2005, por não serem máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B (fls. 103/214). Essa glosa foi dividida em duas categorias: a) máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados à venda; e b) máquinas, equipamentos e outros bens considerados como edificações. Segundo a autoridade fiscal, até 30/11/2005, o referido benefício da depreciação incentivada foi concedido apenas para às máquinas e equipamentos destinados ao Ativo Imobilizado, utilizados na fabricação do bem destinado a venda, ficando de fora do benefício a aquisição os móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. E a partir de 1/12/2005, foram também admitidos os créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado, desde que fossem utilizados na produção do bem destinado à venda, continuando fora do benefício a aquisição de móveis, veículos, construção civil e outros bens que não fossem utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. Os valores dos produtos relacionados na planilha 1 foram glosados porque os bens ali descritos não foram aplicados na produção dos bens destinados à venda, como exige o art. 3º, VI, § 1º, III, combinado com o § 14 da Lei nº 10.833/04. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, lanches comerciais, café da manhã completo, desfibrilador, veneziana translúcida, condicionadores de ar, poltrona executiva diretor spider, execução de serviços de topografia, serviços de paisagismo das áreas dos restaurantes, veículo Toyota materiais elétricos diversos, entre outros. É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. O entendimento da autoridade fiscal está em consonância com disposto no art. 3º, § 14, da Lei 10.833/2003, vigente na data dos fatos, a seguir transcritos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 12 21 VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços; VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; [...] § 1o Observado o disposto no §15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caputo art. 2odesta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) [...] III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; [...] § 14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1º deste artigo, relativo à aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado, no prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas referidas no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria da Receita Federal. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] Em relação a essa modalidade de glosa, a recorrente se limitou em alegar, de forma genérica, que “os itens qualificados como máquinas foram efetivamente incorporados ao ativo imobilizado e empregados na produção da alumina destinada à venda”. Porém, em relação máquinas incorporadas ao ativo imobilizado e utilizadas na produção do bem destinado à venda, a fiscalização manteve o crédito apropriado pela recorrente. A glosa limitouse aos bens registrados no ativo imobilizado que não foram aplicados na produção do bem destinado à venda, porém, em relação aos referidos bens, discriminados nas citadas planilhas, a recorrente não apresentou qualquer elemento que comprovasse que eles foram utilizados na produção do bem destinado à venda. E a leitura das referidas planilhas revela que assiste razão a fiscalização, pois, na planilha nº 1 estão relacionados equipamentos de informática, móveis e utensílios, ferramentas elétricas, ferramentas diversas, sobressalentes nacionais, instalações provisórias para construção de canteiros, sistema monitor de câmeras da fábrica, equipamentos para restaurante, melhorias para tratamento de efluentes etc. Os valores dos encargos relacionados nas planilhas 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos são edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mão de obra, “diversos materiais para construção civil” etc. E os bens relacionados na planilha 4, constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, Fl. 624DF CARF MF 22 mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, lanches comerciais, café da manhã completo, desfibrilador, veneziana translúcida, condicionadores de ar, poltrona executiva diretor spider, execução de serviços de topografia, serviços de paisagismo das áreas dos restaurantes, veículo Toyota materiais elétricos diversos, entre outros. No recurso em apreço, a recorrente apresentou apenas alegações genéricas, sem amparo em qualquer elemento de prova adequado. Em relação a esse ponto, a defesa da recorrente limitouse em transcrever e comentar a legislação sobre apropriação de créditos normais de depreciação, bem como transcrever textos de jurisprudência e de doutrina sem relação com o motivo da glosa dos créditos em apreço, ou seja, o não atendimento dos requisitos para exercer a indevida opção pela apropriação de créditos, calculados sobre os encargos de depreciação incentivada no prazo de 48 meses. Assim, com base nos tipos de bens descritos nas referidas planilhas fica demonstrado que eles não foram aplicados no processo de fabricação da alumina, portanto, deve ser integralmente mantida a glosa realizada. Da glosa dos créditos calculados sobre encargos de depreciação incentivada a taxa 1/12 por mês. O segundo tipo de glosa referese às aquisições dos bens do Ativo Imobilizado, realizadas no período de janeiro a dezembro de 2006. O valor, a descrição dos bens e o motivo da glosa encontramse detalhados na planilha nº 07D (fls. 217/255). O direito ao crédito calculado sobre o valor do encargo de depreciação acelerada (1/12 do custo de aquisição do bem), tratase de benefício fiscal previsto no âmbito do Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (RECAP), destinado às pessoas jurídicas preponderantemente exportadoras, que somente se aplica às máquinas, aos aparelhos, aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microrregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam, conforme estabelecido art. 31, II, da Lei 11.196/2005 (vigente na época dos fatos), a seguir transcrito: Art. 31. Sem prejuízo das demais normas em vigor aplicáveis à matéria, para bens adquiridos a partir do anocalendário de 2006 e até 31 de dezembro de 2013, as pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional, em microrregiões menos desenvolvidas localizadas nas áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam, terão direito: [...] II ao desconto, no prazo de 12 (doze) meses contado da aquisição, dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que tratam o inciso III do § 1odo art. 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o inciso III do § 1odo art. 3oda Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e o § 4o do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, na hipótese de aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado. [...] (grifos não originais). Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 13 23 O referido preceito legal foi regulamentado pelo Decreto 5.988/2006, do qual merece destaque o art. 3º, a seguir reproduzido: Art. 3º O direito ao desconto dos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS mencionado no inciso II do art. 1º aplicase às máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados no Decreto nº 5.789, de 25 de maio de 2006, destinados aos projetos de que trata o caput do art. 1o. [...] (grifos não originais). Em conformidade com o citado preceito regulamentar, somente o custo de aquisição das máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados no Decreto 5.789/2006, podem ser apropriados como créditos das referidas contribuições, no prazo de 12 (doze) meses contado da aquisição. De acordo com a citada planilha 07D, os motivos da glosa dos créditos em apreço foram os seguintes: a) bens com data de aquisição (emissão nota fiscal) anterior a janeiro de 2006, ou seja, antes do início da vigência do benefício; b) edificações construídas no ano de 2006 e 2007; c) bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo; d) bens não relacionados no Decreto 5.789/2006, conforme exige o art. 3º do Decreto 5.988/2006; e) vendas equiparadas a exportação, que não geram direito a crédito. Da análise do conteúdo da referida planilha e com base nos esclarecimentos apresentados no citado relatório fiscal, verificase que, diferentemente do alegado pela recorrente, a autoridade fiscal não só relacionou todos os bens que não atendiam os requisitos legais para gozo do referido beneficio fiscal, como apresentou os motivos das respectivas glosas. Assim, para contraditar os fundamentos da questionada glosa, cabia a recorrente manifestarse, especificamente, em relação aos itens objeto da glosa, bem como apresentar as razões e/ou os elementos probatórios adequados que infirmassem os motivos apresentados pela fiscalização. Porém, não foi o que ocorreu nas duas oportunidades em que a recorrente compareceu aos autos para se defender. Com efeito, da leitura das referidas peças defensivas, especialmente do recurso em apreço, extraise que a recorrente restringiuse em apresentar alegações genéricas, sem amparo em qualquer elemento de prova adequado, assim como em transcrever a legislação instituidora e regulamentadora do citado benefício fiscal, bem como textos de jurisprudência e de doutrina sem relação com a questão objeto da lide. No caso, se a recorrente alegou que os motivos da glosa não tinham procedência, cabialhe o ônus de apresentar e comprovar o alegado equívoco da fiscalização. Ao se limitar a apresentar argumentos meramente teóricos, para contraditar elementos de natureza fática, inequivocamente, a defesa apresentada deixa de ter relevância, por se tratar de uma peça de cunho meramente retórico. Do resultado da diligência fiscal. Em relação a esse tópico, cabe destacar ainda a resposta da autoridade fiscal à indagação formulada na referida Resolução, que determinou a conversão do julgamento em diligência, no sentido de que, ao efetuar a glosa dos créditos Fl. 626DF CARF MF 24 decorrentes da depreciação acelerada incentivada de 1/48 (art. 21 da Lei 10.865/2004) e 1/12 (art. 31 Lei 11.196) do valor de aquisição, não foram considerados os créditos decorrentes da depreciação normal da Lei 10.833/03. Mas, atendendo solicitação pelo Colegiado, a autoridade fiscal elaborou as planilhas com os respectivos valores da depreciação normal, que integram o arquivo não paginável anexado ao documento de fl. 662. Embora tenha apurados os valores da depreciação normal, calculados sobre os itens das referidas depreciações incentivadas que foram glosados, em cumprimento a determinação deste Colegiado, a autoridade fiscal manifestou a sua discordância quanto ao reconhecimento dos créditos incidentes sobre os citados encargos depreciação normal, com base nas razões a seguir reproduzidas: a) Em todos Demonstrativos de Apurações das Contribuições Sociais (DACONs), entregues pelo sujeito passivo só foram preenchidos os itens referentes a créditos sobre encargos de depreciação com base no "Valor de Aquisição" (leis 10.865/2004, 11.196/2005), Ficha 16 A/10, Ficha 16 B/07, Ficha 06 A/10 e Ficha 06 B/07; b) Os itens referentes às depreciações normais (lei 10.833/2003) das referidas fichas, ficaram "em branco"; c) O contribuinte, espertamente, alocou todas aquisições do ativo imobilizado (veículos, maquinas, moveis, ferramentas, edificações...) na lei que lhe seria mais benéfica (dep. incentivada) não tendo qualquer cuidado em separar os bens que estariam beneficiados pelo incentivo dos demais bens sujeitos à depreciação normal; d) Como as leis são bem claras em relação aos bens incentivados, a conduta do sujeito passivo não pode ser considerada "erro de fato" no preenchimento das DACONs; Além das pertinentes ponderações apresentadas pela autoridade fiscal, no recurso voluntário em apreço não existe nenhum pedido ou manifestação da recorrente, sequer em caráter alternativo, a respeito do direito de apropriação dos créditos sobre o valor dos encargos de depreciação normal. Diante desta constatação, cabe decidir sobre a seguinte questão: pode este Colegiado conceder, de ofício, parcela de crédito que não foi pleiteada pela recorrente, ainda que houvesse amparo legal para apropriação em momento oportuno? Este Relator entende que não. Não se pode olvidar que a função deste Colegiado limitase a julgar as questões objeto do recurso de ofício e voluntário. Com a ressalva de que apenas as matérias de ordem pública podem ser apreciadas e resolvidas pelo Colegiado, o que não é o caso em tela. Cabe ainda ressaltar que, embora devidamente intimada a apresentar descrição detalhada das máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, cujos créditos da depreciação incentivada foram glosados, inclusive, informando suas principais características e seu emprego nas atividades da empresa e no processo produtivo, a recorrente limitouse apenas em transcrever, de forma genérica, determinados aspectos do funcionamento operacional da empresa, com destaque para a implantação/ampliação do parque fabril. Com base nessas considerações, propugnase pela manutenção integral das glosas dos créditos apropriados sobre os encargos de depreciação acelerada incentivada, conforme procedeu a fiscalização. Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 14 25 5) Da Conclusão. Por todo o exposto, votase por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para restabelecer os créditos glosados calculados sobre o valor de aquisição do óleo combustível BPF, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico. III Conclusão Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto relator. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 628DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001775/2008-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTUAÇÃO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECLARADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. MANUTENÇÃO PARCIAL DA MULTA PELA FALTA DE DECLARAÇÃO DOS MESMOS FATOS GERADORES.
Sendo declarada a procedência parcial do crédito relativo à exigência da obrigação principal, deve seguir o mesmo destino a lavratura decorrente da falta de declaração dos fatos geradores correspondentes na GFIP.
Numero da decisão: 2401-005.516
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para excluir da base de cálculo da multa aplicada os valores relativos à previdência complementar privada.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier. Declarou-se impedido o Conselheiro Matheus Soares Leite
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTUAÇÃO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECLARADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. MANUTENÇÃO PARCIAL DA MULTA PELA FALTA DE DECLARAÇÃO DOS MESMOS FATOS GERADORES. Sendo declarada a procedência parcial do crédito relativo à exigência da obrigação principal, deve seguir o mesmo destino a lavratura decorrente da falta de declaração dos fatos geradores correspondentes na GFIP.
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AUTUAÇÃO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECLARADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. MANUTENÇÃO PARCIAL DA MULTA PELA FALTA DE DECLARAÇÃO DOS MESMOS FATOS GERADORES. Sendo declarada a procedência parcial do crédito relativo à exigência da obrigação principal, deve seguir o mesmo destino a lavratura decorrente da falta de declaração dos fatos geradores correspondentes na GFIP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 17 75 /2 00 8- 96 Fl. 204DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento parcial para excluir da base de cálculo da multa aplicada os valores relativos à previdência complementar privada. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier. Declarouse impedido o Conselheiro Matheus Soares Leite Fl. 205DF CARF MF Processo nº 19515.001775/200896 Acórdão n.º 2401005.516 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório HAMBURG SUD BRASIL LTDA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho do Acórdão n° 1623.495/2009 da 5° Turma da DRJ em São Paulo/SP, às efls. 138/151, que julgou parcialmente procedente o lançamento fiscal, decorrente do descumprimento da obrigação acessória por ter apresentado as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP, com os dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV,§ 5°, nas competências de janeiro/2004 a dezembro/2004. O Relatório Fiscal da Infração, de fls. 14, informa, ainda, que não foram informados cm GFIP, e não sofreram a incidência as contribuições previdenciárias, os valores pagos pela empresa a seus empregados a titulo de participação nos resultados (contabilizados como gratificação a funcionários), bem como os valores por ela dispendidos com o programa de previdência privada, sendo que tais valores, por terem sido pagos cm desacordo com as legislações pertinentes, foram considerados pela fiscalização como sujeitos incidência das contribuições para a seguridade social e serviram de base de cálculo para o débito lançado nos Autos de Infração 37.163.3400, 37.163.3419, 37.163.3443, 37.163.3451 e 37.163.3460. Em decorrência da infração encimada, foi aplicada a multa de R$ 81.725,99 (oitenta e um mil e setecentos e vinte e cinco reais e noventa e nove centavos) com base nos dispositivos legais citados no tópico do AI denominado Dispositivo Legal da Multa Aplicada artigo 32, parágrafo 5° da Lei n.° 8.212/91, acrescentado pela Lei n.° 9.528/97, e artigos 284, inciso II (com a redação dada pelo Decreto n.° 4.729/03) e 373 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99. Regularmente intimada e inconformada com a Decisão encimada, a autuada apresentou Recurso Voluntário, às efls. 155/161, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, reitera as razões da impugnação, arguindo que os valores de participação nos resultados não integram o salário de contribuição; que não são fatos geradores de contribuição previdenciária e por isso não devem ser declarados em GFIP. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para decretar o cancelamento do Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. Após, regular processamento do feito, em 17 de janeiro de 2012, foi proposta resolução pela Nobre Conselheira Relatora Dra. Liege Lacroix Thomasi, acatada pela unanimidade do Colegiado, às efls 187/188, in verbis: (...) Fl. 206DF CARF MF 4 O recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade devendo ser conhecido. Entretanto, é de se notar que a obrigação principal, relativa ao pagamento de participação nos lucros e resultados aos segurados está sendo discutida em outro processo e somente após o julgamento do mesmo é que se poderá julgar este auto de infração que trata do descumprimento de obrigação acessória decorrente daquela obrigação principal. Assim, entendo que este processo deve ser convertido em diligência para que seja julgado conjuntamente com o processo que trata da obrigação principal conexa a este auto de infração. Em resposta a diligência acima transcrita, a autoridade administrativa (segunda seção do CARF) elaborou despacho à efls. 199, expondo o seguinte: A Resolução 2302000.130 (Relatora: Liége Lacroix Thomasi – 2ª Turma Ordinária/3ª Câmara), fls.187/188, em rápida conclusão vota no sentido de apensar o processo indicado acima aos processos 19515.001769/200839, 19515.001770/200863, 19515.001771/200816, 19515.001772/200852 e 19515.001773/200805. Os processos 19515.001769/200839, 19515.001770/200863 e 19515.001771/200816 encontramse, nesta data, na unidade de origem da Receita Federal do Brasil, após desistência do sujeito passivo. Já os processos 19515.001772/200852 e 19515.001773/200805 encontramse, também nesta data, aguardando distribuição e sorteio na Secam 4ª Câmara/2ª Seção de Julgamento. (...) Defiro a conexão proposta na Resolução 2302000.130 (Relatora: Liége Lacroix Thomasi – 2ª Turma Ordinária/3ª Câmara) entre os processos 19515.001775/200896, 19515.001772/200852 e 19515.001773/200805 e distribuase conforme o Regimento Interno do Carf. Os autos foram sorteados para minha relatoria e conseguinte inclusão em pauta. É o relatório. Fl. 207DF CARF MF Processo nº 19515.001775/200896 Acórdão n.º 2401005.516 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Inicialmente saliento que em nenhum momento a contribuinte insurgese quanto ao "mérito", propriamente dito da obrigação acessória, apenas mencionando alguns princípios norteadores do direito. A recorrente manifestase apenas quanto ao mérito das contribuições previdenciárias (obrigação principal). Conforme se depreende do relatório, após a realização de diligência, restou demonstrado que os autos de infração de obrigação principal (PLR), aos quais o presente lançamento está relacionado, não houve julgamento de mérito, por desistência do sujeito passivo. Já os autos de infração principal (PREVIDÊNCIA PRIVADA), foram anexados ao AIOA em questão, pois encontravamse aguardando distribuição e sorteio. Dessa forma, resta a análise do presente auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, agora com ciência da informação acerca do andamento dos autos de infração de obrigação principal. O entendimento deste Relator é que o julgamento dos AI decorrentes de aplicação de multa por omissão de fatos geradores na GFIP deve levar em consideração o que ficou decidido nos AI para exigência da obrigação principal. Assim, os resultados dos julgamentos das lavraturas para cobrança das contribuições tem sido aplicados automaticamente nas demandas em que é discutida a exigência de declaração dos fatos geradores correspondentes na GFIP. Vejam esse julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROCESSOS CONEXOS. O presente auto de infração diz respeito à infringência ao art. 32, inciso IV, § 5° da Lei n° 8.212/91, por ter o contribuinte apresentado Guia de Recolhimento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e informações à Previdência Social em GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Provido o recurso especial da Fazenda Nacional, no sentido de se afastar a nulidade por vício formal apontada no processo nº 35554.005633/200626. Em virtude da existência de conexão entre os processos, igual sorte merece o presente auto de infração. Foi declarado nulo em virtude da declaração da nulidade, por vício formal, da NFLD (processo nº Fl. 208DF CARF MF 6 35554.005633/200626) que continha os lançamentos referentes aos fatos geradores tidos como não declarados, em decorrência da conexão existente entre o presente auto de infração e a referida NFLD. Provido o recurso especial da Fazenda Nacional, no sentido de se afastar a nulidade por vício formal apontada no processo nº 35554.005633/200626. Em virtude da existência de conexão entre os processos, igual sorte merece o presente auto de infração. Nos termos em que disciplina o art. 49, § 7º do anexo II da Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do CARF, os processos conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio. (Acórdão 9202001.244, Rel Conselheiro Elias Sampaio Freire, 08/02/2011) Entrementes, como circunstanciadamente demonstrado nos PAF n° 19515.001772/200852 e 19515.001773/200805, no entendimento deste Colegiado, às contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas em comento não se sustentam, o que, ensejou a improcedência parcial dos autos de infrações pertinentes à obrigação principal. Dessa forma, no julgamento do presente Auto de Infração impõese à observância à decisão levada a efeito nas autuações retromencionadas, em face da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Na esteira desse entendimento, uma vez rechaçada parte da exigência fiscal consubstanciada nos Autos de Infração retro (obrigação principal relativas a Previdência Privada), aludida decisão deve, igualmente, ser adotada nesta autuação, afastando, por conseguinte, a penalidade aplicada, na linha do decidido no processo principal. Por todo o exposto, estando os Autos de Infração sub examine parcialmente em dissonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO VOLUNTÁRIO e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para afastar a multa acerca dos fatos geradores decorrentes da Previdência Privada, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. Rayd Santana Ferreira Fl. 209DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004314/2009-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DE ARRECADAR AS CONTRIBUIÇÕES MEDIANTE DESCONTO DA REMUNERAÇÃO. CFL 59. DECADÊNCIA SUJEITA AO REGIME DO ART. 173, I, DO CTN.
A multa por descumprimento da obrigação acessória de arrecadar as contribuições mediante desconto da remuneração dos empregados, conforme dever estabelecido no art. 30, inciso I, alínea 'a', da Lei n° 8.212/91, submete-se a lançamento de ofício, sendo-lhe aplicável o regime decadencial do art. 173, inciso I, do CTN.
NULIDADE. LANÇAMENTO.
Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o amparam, e não verificado cerceamento de defesa, carecem motivos para decretação de sua nulidade.
Numero da decisão: 2402-006.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DE ARRECADAR AS CONTRIBUIÇÕES MEDIANTE DESCONTO DA REMUNERAÇÃO. CFL 59. DECADÊNCIA SUJEITA AO REGIME DO ART. 173, I, DO CTN. A multa por descumprimento da obrigação acessória de arrecadar as contribuições mediante desconto da remuneração dos empregados, conforme dever estabelecido no art. 30, inciso I, alínea 'a', da Lei n° 8.212/91, submete-se a lançamento de ofício, sendo-lhe aplicável o regime decadencial do art. 173, inciso I, do CTN. NULIDADE. LANÇAMENTO. Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o amparam, e não verificado cerceamento de defesa, carecem motivos para decretação de sua nulidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
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MULTA. CFL 59. Recorrente STAR SERVIÇOS TEMPORÁRIOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DE ARRECADAR AS CONTRIBUIÇÕES MEDIANTE DESCONTO DA REMUNERAÇÃO. CFL 59. DECADÊNCIA SUJEITA AO REGIME DO ART. 173, I, DO CTN. A multa por descumprimento da obrigação acessória de arrecadar as contribuições mediante desconto da remuneração dos empregados, conforme dever estabelecido no art. 30, inciso I, alínea 'a', da Lei n° 8.212/91, submete se a lançamento de ofício, sendolhe aplicável o regime decadencial do art. 173, inciso I, do CTN. NULIDADE. LANÇAMENTO. Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o amparam, e não verificado cerceamento de defesa, carecem motivos para decretação de sua nulidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 43 14 /2 00 9- 56 Fl. 154DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Fl. 155DF CARF MF Processo nº 19515.004314/200956 Acórdão n.º 2402006.096 S2C4T2 Fl. 155 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) DRJ/SP1, que julgou procedente auto de infração de obrigação acessória nº 37.235.7857 (fls. 1/7), visto ter o autuado deixado de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições previdenciárias dos contribuintes individuais a seu serviço, conforme previsto no art. 30, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.212/91, e alterações posteriores, e na Lei nº 10.666/03, art. 4°, combinado com os arts. 216, inciso I alínea “a”, e 283, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. O lançamento, compreendendo competências relativas ao anocalendário 2004, foi impugnado (fls. 39/48), sendo porém a exigência mantida pela decisão de piso (fls. 72/75), o que ensejou a interposição de recurso voluntário em 26/01/2011 (fls. 112/122), no qual foram repisadas as alegações da impugnação, a saber: houve decadência do direito de o fisco efetuar o lançamento, com arrimo no art. 150, 4º do CTN; o auto de infração deve ser anulado pelo cerceamento de direito de defesa da recorrente em razão de não haver clareza quanto aos elementos constantes do lançamento fiscal. Mediante a prolação da Resolução de nº 2402000.448 (fls. 134/136), foi determinado em 14/5/2014 a realização de diligência, para fins de que se apurasse se o débito veiculado neste processo fora incluído em parcelamento, como aconteceu com os lançamentos referentes às obrigações principais (fl. 142). Cumprida a diligência, e sendo verificado não ter sido incluído o DEBCAD focado em parcelamento (fl. 148), seguem os autos para julgamento. É o relatório. Fl. 156DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Quanto à alegação de decadência, merece ser observado não prosperar no caso a alegação de observância à Súmula Vinculante STF nº 8, visto que a multa em comento é apurada, necessariamente, mediante procedimento de ofício, em nada se confundindo com tributo sujeito a lançamento por homologação. Dessa feita, submetese ao prazo de cinco anos contados nos termos do art. 173, inciso I do CTN. Nesse compasso, verificado que o contribuinte foi cientificado dos termos do lançamento em 27/10/2009, não há falar em decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário, pois os fatos que embasaram a multa aplicada referemse a períodos compreendidos entre janeiro e dezembro de 2004. Já no que se refere às alegações de cerceamento de defesa, constandose que elas apenas retomam vereda improfícua trilhada na impugnação, e bem refutada pela DRJ/SP1, pedese a devida vênia para transcrever a seguinte passagem da decisão de piso, de modo a que passe a integrar a presente fundamentação: 6. Quanto à arguição de nulidade por cerceamento de defesa, em razão de suposta falta de clareza, de fundamentação e de motivação na presente autuação, temse que toda a documentação apresentada à Fiscalização foi analisada e com base nela foi constatado o descumprimento de obrigação acessória, legalmente prevista, e lançada a correspondente multa. 6.1. Contrariamente ao alegado, demonstram os autos, em especial o Relatório Fiscal da Infração (fls. 05), que o AuditorFiscal autuante foi bastante diligente na identificação da obrigação acessória descumprida, conforme estipulado em lei; de fato, o que interessa à Administração é que seja apurada a verdade material dos fatos ocorridos, e para isto baseouse na documentação apresentada pela empresa e os confrontou com a legislação pertinente. Não há que se falar, igualmente, em inversão do ônus da prova, visto que não ocorreu arbitramento de contribuições, mesmo porque, repitase, trata este AI do descumprimento de obrigação acessória, e não do lançamento de obrigação principal mediante aferição indireta. 6.2. Da mesma forma, incorre em equívoco a Autuada ao citar, às fls. 44, nomenclaturas "estranhas" ("Zl TRANSF DO LEV Cl ATÉ 11/08" e "Z2 TRANSF DO LEV FP ATE 11/08"), que obstariam seu direito de defesa, pois tais termos nem sequer constam no presente AI, estando presentes, isto sim, nos AI das obrigações principais lavrados na mesma ação fiscal (DEBCAD n° 37.190.9139, 37.235.7814 e 37.235.7822), também impugnados, cujos acórdãos, em processos apensos ao presente (item 1.2), contêm a devida argumentação contrária às suas alegações. 6.3. Enfim, o ato administrativo consubstanciado neste AI não impõe à Autuada qualquer dificuldade de compreensão que lhe possa embaraçar o direito de Fl. 157DF CARF MF Processo nº 19515.004314/200956 Acórdão n.º 2402006.096 S2C4T2 Fl. 156 5 defesa, e encontrase plenamente motivado, pois está embasado em fatos materiais e foi praticado em conformidade ao legalmente estipulado. Decerto caberia ao recorrente, face à autuação, circunstanciar em que medida os termos e cálculos dessa estariam inadequados à realidade posta nos autos, cabendo lembrar, também, terem sido parceladas as obrigações principais que ampararam o lançamento ora guerreado. Impende registrar, como remate, que não se vislumbra na espécie qualquer das hipóteses ensejadoras da decretação de nulidade do lançamento consignadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, havendo sido todos os atos do procedimento lavrados por autoridade competente, sem qualquer prejuízo ao direito de defesa do contribuinte, o qual recorre evidenciando pleno conhecimento das exigências que lhe são imputadas. Também por essa via, portanto, não há como acatar a inconformidade vertida. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 158DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14751.720382/2013-36
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. VÍCIOS E ERROS. IRPJ. LUCRO ARBITRADO.
O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para determinar o lucro real.
RECEITA BRUTA CONHECIDA. LUCRO ARBITRADO. APLICAÇÃO DE PERCENTUAIS.
O lucro arbitrado das pessoas jurídicas será determinado mediante a aplicação, sobre a receita bruta, quando conhecida, dos percentuais fixados no art. 15 da Lei nº 9.249, de 1995, acrescidos de vinte por cento, não cabendo se falar em cotejo entre receitas, custos e despesas.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
MULTA DE MORA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INAPLICABILIDADE.
A multa de mora de que trata o art. 59 da Lei nº 8.981, de 1995, no percentual de 20%, não é aplicável nos casos de lançamento de ofício, para os quais existe dispositivo próprio, o art. 44 da Lei nº 9430, de 1996.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009
CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE
O decidido para o lançamento de IRPJ estende-se ao lançamento de CSLL que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2009
COFINS. LANÇAMENTO DECORRENTE
O decidido para o lançamento de IRPJ estende-se ao lançamento de Cofins que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso.
LUCRO ARBITRADO. COFINS. APURAÇÃO CUMULATIVA.
Apurado o IRPJ com base no Lucro Arbitrado, impõe-se, por expressa disposição legal, a apuração da Cofins segundo as regras anteriores à instituição do regime de apuração não-cumulativo.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2009
PIS/PASEP. LANÇAMENTO DECORRENTE
O decidido para o lançamento de IRPJ estende-se ao lançamento da Contribuição ao PIS/Pasep que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso.
LUCRO ARBITRADO. PIS/PASEP. APURAÇÃO CUMULATIVA.
Apurado o IRPJ com base no Lucro Arbitrado, impõe-se, por expressa disposição legal, a apuração da Contribuição ao PIS/Pasep segundo as regras anteriores à instituição do regime de apuração não-cumulativo.
Numero da decisão: 1302-002.721
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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B. T. CALCADOS E ACESSORIOS LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. VÍCIOS E ERROS. IRPJ. LUCRO ARBITRADO. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para determinar o lucro real. RECEITA BRUTA CONHECIDA. LUCRO ARBITRADO. APLICAÇÃO DE PERCENTUAIS. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas será determinado mediante a aplicação, sobre a receita bruta, quando conhecida, dos percentuais fixados no art. 15 da Lei nº 9.249, de 1995, acrescidos de vinte por cento, não cabendo se falar em cotejo entre receitas, custos e despesas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 MULTA DE MORA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INAPLICABILIDADE. A multa de mora de que trata o art. 59 da Lei nº 8.981, de 1995, no percentual de 20%, não é aplicável nos casos de lançamento de ofício, para os quais existe dispositivo próprio, o art. 44 da Lei nº 9430, de 1996. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 75 1. 72 03 82 /2 01 3- 36 Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.301 2 O decidido para o lançamento de IRPJ estendese ao lançamento de CSLL que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009 COFINS. LANÇAMENTO DECORRENTE O decidido para o lançamento de IRPJ estendese ao lançamento de Cofins que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso. LUCRO ARBITRADO. COFINS. APURAÇÃO CUMULATIVA. Apurado o IRPJ com base no Lucro Arbitrado, impõese, por expressa disposição legal, a apuração da Cofins segundo as regras anteriores à instituição do regime de apuração nãocumulativo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009 PIS/PASEP. LANÇAMENTO DECORRENTE O decidido para o lançamento de IRPJ estendese ao lançamento da Contribuição ao PIS/Pasep que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso. LUCRO ARBITRADO. PIS/PASEP. APURAÇÃO CUMULATIVA. Apurado o IRPJ com base no Lucro Arbitrado, impõese, por expressa disposição legal, a apuração da Contribuição ao PIS/Pasep segundo as regras anteriores à instituição do regime de apuração nãocumulativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Fl. 1301DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.302 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em relação ao Acórdão nº 07.34.889, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC (fls. 1.208 a 1.223), que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo, e cuja ementa é a seguinte: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/03/2009, 30/06/2009, 30/09/2009, 31/12/2009 Preliminar de Nulidade. Vício Formal. Atos Fiscais.Descrição dos Fatos. Enquadramento Legal. O cerceamento ao direito de defesa somente se caracteriza pela ação ou omissão por parte da autoridade lançadora que impeça o sujeito passivo de conhecer os dados ou fatos que, notoriamente, impossibilitem o exercício de sua defesa. Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, nem dos arts. 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em nulidade quer do lançamento, quer do procedimento fiscal que lhe deu origem. Argüições de Inconstitucionalidade e Ilegalidade da Legislação Tributária. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. PIS. COFINS. CSLL. Lançamentos Decorrentes. Efeitos da decisão relativa ao lançamento principal (IRPJ). Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições específicas ou elementos de prova novos. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2009, 30/06/2009, 30/09/2009, 31/12/2009 IRPJ ARBITRAMENTO NÃO ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES CABIMENTO A não apresentação/reconstituição da escrituração contábil, apesar de reiteradas e sucessivas intimações, impossibilita ao fisco a apuração do lucro real, restando como única alternativa o arbitramento da base tributável. Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.303 4 O ato administrativo de lançamento não é modificável pela posterior apresentação de escrituração/documentação/livros auxiliares/de Inventário, uma vez que inexiste arbitramento condicional. O imposto devido no decorrer do anocalendário será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o contribuinte apresentar escrituração em desacordo com a legislação comercial. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/03/2009, 30/06/2009, 30/09/2009, 31/12/2009 Lançamento de Ofício. Multa Aplicável As multas de ofício não possuem natureza confiscatória, constituindose antes em instrumento de desestímulo ao sistemático inadimplemento das obrigações tributárias, atingindo, por via de conseqüência, apenas os contribuintes infratores, em nada afetando o sujeito passivo cumpridor de suas obrigações fiscais." O lançamento de que tratam os presentes autos (fls. 1.122 a 1.159) foi realizado para exigência de IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Contribuição para o PIS/Pasep, relativos aos trimestres do anocalendário de 2009, importando no montante de R$ 8.813.226,21 (valores de juros de mora calculados até 10/2013). Os valores de IRPJ foram apurados com base no Lucro Arbitrado, com suporte no art. 530, inciso II, do Decreto nº 3.000, de 1999 Regulamento do Imposto sobre a Renda 1999 (RIR/1999), tendo em vista que a escrituração conteria erros e falhas informadas pelo próprio contribuinte que a tornariam imprestável para a determinação do Lucro Real. A apuração foi realizada sobre a receita conhecida: bruta de revenda de mercadorias e rendimentos de aplicação financeiras, tendo sido, ainda, aplicada a multa de ofício no percentual de 75%. O Acórdão recorrido destacou trecho do Relatório de Trabalho Fiscal (fls. 1.097 a 1.115), que, por bem sintetizar o procedimento fiscal, transcrevo parcialmente: "3.2 DA CONTABILIDADE Esta fiscalização acessou a contabilidade do anocalendário de 2009 do contribuinte fiscalizado existente do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), onde consta a data de recepção de 30/07/2010 e com a situação de "SOB EXIGÊNCIA". O contribuinte fiscalizado foi intimado a regularizar esta situação no prazo de 20 dias pelo Termo de Início de 27/12/2012. Nada respondeu. O contribuinte fiscalizado foi intimado, pelo Termo de Constatação e Intimação Fiscal datado de 12/03/2013 no prazo Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.304 5 de quarenta e cinco dias, a esclarecer a situação "SOB EXIGÊNCIA" da sua escrituração contábil digital do ano de 2009 e, se fosse o caso, providenciar a sua regularização. Em resposta, pela correspondência datada de 26/03/2013, resumidamente, alega problemas de processamento de dados por contaminação de vírus, havendo perdas dos lançamentos contábeis, não só do exercício de 2009, mas de 2006 a 2010 de todas as empresas do Grupo Thiago Calçados. E ainda havendo reflexo no LALUR Eletrônico. Afirma que o arquivo entregue naquele momento contém somente parte das movimentações para não incorrer em multa acessória. Complementa que estão tentando reconstituir toda a contabilidade. O contribuinte fiscalizado foi intimado, pelo Termo de Constatação e Intimação Fiscal datado de 01/04/2013, a apresentar a informação se está concluída, senão, em que prazo, a reconstituição dos lançamentos contábeis e o reenvio do arquivo ao Sped. Neste mesmo termo, foi intimado também a apresentar informação se os lançamentos na contabilidade atual a título de SUBVENÇÕES DE ICMS e de BONIFICAÇÕES estão completos. Em resposta, por justificativa anexa à correspondência datada de 09/04/2013, resumidamente, afirma que os fatos contábeis lançados existentes no arquivo não pertencem à empresa BBT CALÇADOS E ACESSÓRIOS LTDA, incluindo os das contas sob título de SUBVENÇÕES DE ICMS e de BONIFICAÇÕES. Alega que no momento da geração do arquivo, o caminho foi direcionado para outra empresa. Pede que a seja desconsiderado todo o conteúdo do arquivo entregue naquela data. Ao final, solicita um prazo de 210 dias para que a contabilidade de 2009 seja reconstituída integralmente. O contribuinte fiscalizado foi intimado, pelo Termo de Constatação e Intimação Fiscal datado de 24/04/2013, a apresentar comprovação de que os valores relacionados nas contas sob título "Reservas de Subvenções" e "Bonificações" não lhe pertencem, assim como a contabilidade completa no prazo de sessenta dias. Em resposta, pela correspondência datada de 06/05/2013, resumidamente, alega os mesmos pontos anteriormente informados, acrescentando a infirmação de que os lançamentos nas contas "Reservas de Subvenções" e "Bonificações" são da empresa OLIVEIRA COMÉRCIO ATACADISTA E CENTRO DE DISTRIBUINÇÃO DE CALÇADOS LTDA, com CNPJ n° 07.416.228/000106 e apresentando o Livro Registro de Entradas e Saídas e o Livro Registro de Apuração do ICMS desta empresa. Ao final, solicita um prazo de 180 dias para que a contabilidade de 2009 seja reconstituída integralmente. A solicitação de prazo foi negada de plano na recepção da correspondência. Pelo Termo de Constatação e Intimação Fiscal datado de 17/05/2013, esta fiscalização, consultando os livros entregues de outra empresa, confirma a existência dos registros coincidentes com os lançamentos contábeis do sujeito passivo referentes a "Reservas de Subvenções" e "Bonificações", mostrando evidências de ter ocorrido o que alega. Neste mesmo termo, o Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.305 6 contribuinte fiscalizado foi novamente intimado a apresentar o LALUR e a contabilidade do ano de 2009 até o dia 24/06/2013. Não houve resposta a esta intimação até o presente momento. 3.3 DAS DECLARAÇÕES, DEMONSTRATIVOS E PAGAMENTOS DE TRIBUTOS O contribuinte fiscalizado transmitiu à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) a Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) de 2010, referente ao ano calendário de 2009, toda zerada. isto é, todos os campos próprios para informar valores, ou números, estão com o valor zero. Os Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais (DACON) dos meses do ano de 2009 e as Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) dos períodos de apuração do ano de 2009 foram transmitidos devidamente preenchidos. Os DACON foram retificados no ano de 2011, exceto o mês de novembro, apresentado com atraso neste mesmo ano. As DCTF informam débitos do PIS e da COFINS, porém, não de todos os meses do ano de 2009, e não há nenhum débito de IRPJ e CSLL. Esta fiscalização identificou pagamentos efetuados pelo contribuinte fiscalizado, através de DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais), de PIS e de COFINS referentes a parte dos períodos de apuração do ano de 2009. Não foram identificados pagamentos de IRPJ e CSLL. [...] 3.4 DAS RECEITAS O contribuinte fiscalizado, após intimação, entregou a esta fiscalização os arquivos digitais, no formato do Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadoria e Serviços SINTEGRA, das notas fiscais emitidas e de terceiros de todos os meses da matriz e das filiais. Esta fiscalização totalizou mensalmente as saídas de vendas com CFOP 5100, 5101 e 6101, assim como as devoluções com CFOP 1201 e 2201, obtendo o valor de R$ 60.590.377,66 de vendas e o valor de R$ 259.366,72 de devoluções no ano de 2009. O contribuinte fiscalizado foi cientificado deste levantamento, através de Termo de Constatação com quadro resumo e planilhas com os detalhes. Neste mesmo termo, o contribuinte fiscalizado foi intimado a se manifestar sobre este levantamento. Não houve manifestação. [...] 4. APURAÇÃO DOS TRIBUTOS O contribuinte fiscalizado transmitiu a DIPJ totalmente zerada, porém, manifestou na Ficha 01 Dados Iniciais a forma de tributação pelo lucro real anual. Por outro lado, as DCTF de Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.306 7 2009 transmitidas apresentam a manifestação da forma de tributação pelo lucro real trimestral nos meses de janeiro a maio e de outubro a dezembro, e pelo lucro real com recolhimento mensal por estimativa para os meses de junho a setembro. De todo modo, o contribuinte fiscalizado manifestou a forma de tributação pelo lucro real. Esta forma de tributação está interligada diretamente à contabilidade, partindo do lucro contábil e preenchimento do LALUR com as respectivas adições e deduções, para obtenção da base de cálculo do IRPJ. Porém, conforme levantamento descrito no subitem 3.2 acima, a contabilidade existente do contribuinte fiscalizado não pode ser utilizada, pois, segundo alegações do próprio contribuinte fiscalizado e verificado por esta fiscalização, apresenta lançamentos que são de outra empresa. Portanto, a contabilidade está imprestável para servir de origem do cálculo de tributos. Deste modo, com base na alínea b) do II do artigo 530 do RIR/99 (Decreto 3.000 de 26 de março de 1999), o IRPJ, devido trimestralmente, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado. A CSLL segue a forma do IRPJ. As contribuições para o PIS e a COFINS seguem o regime cumulativo. As receitas levantadas pelas Notas Fiscais e Cupons Fiscais, conforme subitem 3.4 acima, superiores à DIPJ e aos DACON, serviram de origem das bases de cálculo, assim como o levantamento das receitas financeiras informadas em DIRF de terceiros. Com base nos levantamentos indicados acima, esta fiscalização efetuou os cálculos para os períodos de apuração no ano calendário de 2009 do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, conforme planilhas anexas." Cientificada da autuação, a Recorrente apresentou Impugnação de fls. 1.163 a 1.205, cujas alegações foram resumidas pela decisão a quo, nos seguintes termos: " Conforme documento já encaminhado à Secretaria da Receita Federal na Paraíba, a entrega da DIPJ zerada se deu em virtude de problemas técnicos já relatados, consoante transcrição de Justificativa abaixo colacionada: [...]; Neste sentido, resta nítido que a Impugnante não fraudou a arrecadação tributária, tampouco teve a intenção embaraçar a fiscalização, sendo indevidamente autuada por mera falha técnica do sistema; É imperioso consignar ainda, que, durante a auditoria a autoridade fiscal ofendeu por diversas vezes as pessoas relacionadas à contabilidade da empresa, quando literalmente gritou com os funcionários da Impugnante, agindo nitidamente de modo a constranger e prejudicar a própria fiscalização; Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.307 8 Vale salientar que a empresa está adotando todas as medidas cabíveis para se insurgir contra os abusos da autoridade fiscal, uma vez que está nitidamente a violar dispositivos legais, pois o contribuinte tem direito ao Tratamento Humano, não podendo receber torturas de ordem moral. Assim, ressalvase todas as implicações legais pertinentes à conduta da autoridade; II. DA NÃO MANIFESTAÇÃO DA RFB ACERCA DO PEDIDO DE CONCESSÃO DE PRAZO PARA RECONSTITUIÇÃO DA CONTABILIDADE DA EMPRESA; Nesta seara, a empresa solicitou por diversas vezes à RFB a concessão de prazo para reconstituir a contabilidade da empresa, haja vista a pane no sistema que impossibilitou emissão do SPED de forma correta e definitiva. No entanto, o eminente fiscal NUNCA se manifestou sobre a concessão de tal prazo; III. I DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO – INDICAÇÃO DA INFRAÇÃO SUPOSTAMENTE COMETIDA É INSUFICIENTE AO AMPLO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA; Em seara preliminar, é salutar destacar a insuficiência dos termos consignados no presente auto de infração, notadamente no que tange à indicação e descrição da infração supostamente cometida pela Impugnante; Deste modo, a indicação da disposição legal infringida não se limita ao apontamento legal de forma genérica, sendo imperiosa a incidência específica, pelo que se requer a ANULAÇÃO do auto de infração lavrado na MPF n°: 04.3.01.002012010377, por ser um ato administrativo praticado em desconformidade com as prescrições em seu procedimento formativo, devendo ser decretado nulo, afastandose seus efeitos principais e secundários, por ser medida de direito; III. II DO COMPORTAMENTO PREJUDICIAL DA AUTORIDADE FISCAL; Conforme relatado, a autoridade fiscal agiu de modo a constranger os funcionários da empresa, de modo que prejudicou a própria fiscalização. Sendo assim, temse que o auto de infração é nulo, porquanto a conduta de coação moral é nitidamente IRREGULAR; IV DAS RAZÕES DE IMPUGNAÇÃO: IV. I DA IMPROPRIEDADE DO ARBITRAMENTO Considerando nossos argumentos, e uma vez que a contabilidade seja reconstituída, poderíamos de fato mensurar com precisão através da apuração do Lucro Real os valores a recolher do IRPJ e CSLL. Quanto às contribuições do PIS e COFINS Não Cumulativos, todos os períodos de competência foram devidamente apurados conforme os dispositivos legais; Fl. 1307DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.308 9 Sendo assim seria muito mais justo abrir prazo para contratação de pessoal especializado para reconstituir toda a contabilidade e entregar de forma definitiva o SPED Contábil, fato que em nenhum momento foi decidido pela autoridade fiscal; Nos itens IV.II – Da Multa de 75% sobre o valor arbitrado e do caráter confiscatório – Valor Desproporcional, IV.III – Dos Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade das Multas Fiscais, IV.IV – Das Multas Fiscais e do Princípio do Não Confisco em matéria tributária e item IV.V – As Multas Fiscais e o Princípio da Capacidade Contributiva, a Impugnante discorre acerca de seu entendimento de que a aplicação da multa em questão afronta dispositivos constitucionais, concluindo que o percentual razoável seria aquele de 20% previsto para pagamento em mora (art.59 da Lei n.8.383/91)." A decisão de primeira instância manteve integralmente a exigência fiscal, por entender que: a) o arbitramento do lucro foi correto, posto que o sujeito passivo deixou de apresentar sua regular escrituração contábil, a despeito de haver sido reiteradamente intimada para tanto, e de lhe ter sido concedido tempo por demais razoável para a regularização de sua escrituração; b) não houve imprecisão/insuficiência na indicação da infração; c) o processo administrativo fiscal não é foro para discussões relativas a eventual postura inadequada da autoridade fiscal; d) não cabe às instâncias administrativa apreciar as alegações de violações à Constituição Federal, aventadas em relação à multa de ofício aplicada. Regularmente cientificado (fl. 1.250), o sujeito passivo apresentou Recurso Voluntário (fl. 1.252 a 1.297), por meio do qual: a) alegou que apresentou os dados aptos à apuração do seu Lucro Real, que foram sumariamente desconsiderados pela autoridade fiscal; b) sustenta que não foram consideradas as deduções de suas despesas e custos, bem como foi utilizada como base de cálculo a receita bruta de revenda de mercadorias e rendimentos de aplicações financeiras; c) repete que enfrentou sérios problemas com a incolumidade dos dados constantes em seus sistemas de informação, que chegaram a ser totalmente perdido, o que ocasionou enorme dificuldade na entrega da DIPJ; d) repisa, ainda, que formulou diversos pedidos de concessão de prazo para reconstituição da sua contabilidade, que não foram atendidos pela autoridade fiscal; e) afirma que a Cofins e a Contribuição ao PIS/Pasep foram devidamente apurados, de modo que estaria ocorrendo cobrança em duplicidade, constituindo bis in idem; Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.309 10 f) renova o pedido para aplicação da penalidade no percentual de 20%, conforme o art. 59 da Lei nº 8.383, de 1991; g) assevera que o arbitramento do lucro deve ser afastado nas hipóteses em que as irregularidades são pontuais e identificáveis, como nos autos, sendo possível a apuração do efetivo lucro líquido; h) traz ainda jurisprudência do CARF, referente a atividade imobiliária, para sustentar a possibilidade de dedução dos custos no arbitramento. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator 1. Da admissibilidade do Recurso O sujeito passivo foi cientificado, por via postal, em 16 de junho de 2014 (fl. 1.250), tendo apresentado Recurso Voluntário em 16 de julho de 2014, dentro, portanto, do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. O Recurso é assinado pelo sócio da pessoa jurídica, com poderes de representação, conforme alteração contratual de fls. 7677. A matéria objeto do Recurso está contida na competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Art. 2º, incisos I e IV, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Isto posto, o Recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. 2. Do arbitramento do lucro Como já relatado, a apuração do IRPJ da pessoa jurídica foi realizada com base no Lucro Arbitrado, por se entender verificada a hipótese de que trata o art. 530, inciso II, do RIR/1999: "Art.530.O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): [...] II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a)identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou Fl. 1309DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.310 11 b)determinar o lucro real;" Irresignase a Recorrente com tal forma de apuração, sob as alegações de que teria enfrentado sérios problemas em seus sistemas informatizados; de que teria solicitado diversos prazos para a regularização de sua escrituração contábil, sem atendimento por parte da autoridade fiscal; e de que teria apresentado informações que possibilitariam a apuração do seu Lucro Real, as quais teriam sido ignoradas pela mesma autoridade. A decisão de primeira instância, após ressaltar a obrigação do contribuinte optante pelo Lucro Real em relação à guarda e conservação da escrituração comercial e fiscal, e dos documentos que acobertam os registros nela constantes, salientou o poderdever da autoridade fiscal de examinar os livros e documentos da pessoa jurídica, conforme art. 276 do RIR/1999, destacando, ainda, o prazo fatal de que dispõe o Fisco para a revisão do procedimento adotado pelo sujeito passivo e eventual constituição do correspondente crédito tributário. Após isso, detalhando todos os atos praticados pela autoridade fiscal responsável pelo lançamento sob exame, no sentido de obter a regular escrituração do sujeito passivo, bem como os prazos solicitados e os concedidos, concluiu pelo acerto da apuração com base no Lucro Arbitrado. Não enxergo razão para divergir da decisão recorrida. Em primeiro lugar, como destacado, a legislação impõe ao contribuinte a boa conservação de sua escrituração e dos documentos que a embasaram, a exemplo do art. 264 do RIR/1999: "Art.264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). §1º Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de livros, fichas, documentos ou papéis de interesse da escrituração, a pessoa jurídica fará publicar, em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de quarenta e oito horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remetendo cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal de sua jurisdição (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 10). §2º A legalização de novos livros ou fichas só será providenciada depois de observado o disposto no parágrafo anterior (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 10, parágrafo único). §3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei nº 9.430, de 1996, art. 37)." Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.311 12 Observese que o dispositivo em questão impõe ao contribuinte, em caso de extravio dos documentos, a obrigação de dar publicidade a tal fato, inclusive com comunicação à autoridade fiscal. O que não se verificou no caso em tela. O art. 1.194 do Código Civil de 2002 também impõe ao empresário e à sociedade empresária o mesmo dever de conservação: "Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados." No documento apresentado em 26 de março de 2013 (fls. 101 a 105), o sujeito passivo declara ter sofrido problemas com seus sistemas informatizados e perda de dados, sendo que, desde 30 de julho de 2010 (data de transmissão da Escrituração Contábil Digital relativa ao anocalendário de 2009, conforme fl. 1.094), já era de seu conhecimento tal fato: "De forma manual, artesanal estamos tentando reconstituir heroicamente toda a contabilidade desses períodos pretéritos, por isso peço sua compreensão, pois no momento não temos condição de atender a alguns itens solicitados pela auditoria, especificamente do Item Primeiro que solicita a regularização perante a Junta Comercial do Estado da Paraiba do arquivo digital (SPED Contábil), pois o que entregamos naquele momento foi um arquivo com parte de nossa movimentação e não em sua integra, para não incorrermos em multa acessória." À época da ação fiscal, portanto, cerca de três anos após a referida transmissão, a Recorrente continuava sem haver reconstituído a sua escrituração contábil. Não há qualquer prejuízo, portanto, a tal reconstituição no fato de a autoridade responsável pelo procedimento fiscal haver indeferido alguns dos pedidos de prorrogação de prazo do sujeito passivo, quando os julgou excessivos. Na verdade, como detalhado no Acórdão recorrido, a autoridade fiscal, reiteradamente, concedeu prazos para que o sujeito passivo apresentasse a sua escrituração contábil e fiscal. Neste ponto, cabe validar o segundo motivo verificado para o arbitramento do Lucro que é a extensão e gravidade dos vícios contidos na escrituração fiscal da Recorrente. Tal fato foi afirmado pelas próprias manifestações do sujeito passivo. Na já referida manifestação de 26 de março de 2013 (fls. 101 a 105), o sujeito passivo declara: "... pois bem, uma vez a rede infectada, pode contaminar todos os terminais ligados a ela, dessa forma chegou a contabilidade e arruinou todos os softwares direcionados a contabilidade, simplesmente acabou com o funcionamento de todos os sistemas(Fiscal e Contábil), e pra piorar, os técnicos Fl. 1311DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.312 13 formataram todos os HDs durante a madrugada sem a nossa permissão, somente nos avisando no dia seguinte, isso não aconteceu apenas uma vez. No decorrer de seis meses esse procedimento foi realizado duas ou mais vezes, motivo de muitas reclamações a administração da empresa. Sendo assim, perdemos os lançamentos contábeis não exclusivamente do exercício de 2009 da empresa BBT Calçados e Acessórios Ltda., e sim de todos os exercícios de 2006 a 2010 de todas as empresas que formam o Grupo Thiago Calçados. De forma manual, artesanal estamos tentando reconstituir heroicamente toda a contabilidade desses períodos pretéritos, por isso peço sua compreensão, pois no momento não temos condição de atender a alguns itens solicitados pela auditoria, especificamente do Item Primeiro que solicita a regularização perante a Junta Comercial do Estado da Paraiba do arquivo digital (SPED Contábil), [...]. E o Item Sexto que solicita a entrega do LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real) do exercício de 2009 por não termos em mãos a base de dados do sistema contábil que é integrado com nosso LALUR Eletrônico." (grifos não originais) Em 09 de abril de 2013 (fl. 583 e 584), o sujeito passivo afirma que a ECD apresentada inclui dados de outras pessoas jurídicas e, expressamente, solicita a sua desconsideração. O que, por si só, já justificaria o arbitramento: "Após o recebimento do Termo de Constatação e Intimação Fiscal, os responsáveis pela geração do arquivo formato SPED Contábil (ECD) do exercício de 2009, foram alertados e convocados a realizar uma analise minuciosa daquele arquivo e chegaram a seguinte conclusão: 1. Apesar de levar a denominação social de BBT CALÇADOS E ACESSÓRIOS LTDA, CNPJ 04.472.126/000110, as informações do conteúdo do arquivo entregue a JUCEP não pertencem a empresa, ou seja, os fatos contábeis lançados naquele arquivos não pertencem a BBT CALÇADOS E ACESSÓRIOS LTDA no exercício social de 2009; 2. Ratificando o exposto acima, afirmamos que a empresa supra citada não possui nenhuma espécie de Regime Especial nem com o estado da Paraíba, muito menos com a união, portanto os valores relacionados no Termo de Constatação e Intimação Fiscal totalizando R$ 2.088.831,23 na conta sob o título "Reserva de Subvenções" não pertencem a empresa BBT CALÇADOS E ACESSÓRIOS LTDA, assim como também os valores correspondentes a Conta "BONIFICAÇÃO" que totalizam R$ 142.555,98; 3. Após analise os técnicos presumiram que no momento da geração do arquivo, o caminho configurado foi direcionado para outra empresa. Devido a esse equivoco, o arquivo levou informações cujo conteúdo não pertencem a BBT CALÇADOS Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.313 14 E ACESSÓRIOS LTDA, mas com o nome da BBT CALÇADOS E ACESSÓRIOS LTDA. Constatada essa anomalia, ficou evidente a fragilidade do sistema, que será objeto de estudo, onde tentarão localizar o ponto fraco, que talvez seja o fato do sistema não possuir um banco de dados robusto. Entretanto se necessário for, solicitaremos da Receita Estadual uma declaração que a empresa não possui nenhum regime especial com aquele órgão. Vale ressaltar que a Receita Estadual não concede regimes especiais nesse formato para empresas cuja atividade seja o comércio varejista; 4. Diante das afirmações solicitamos que a autoridade fiscal que está fazendo o acompanhamento da fiscalização desconsidere todo o conteúdo do arquivo entregue a JUCEP naquela data." (grifos não originais) Em 06 de maio de 2013 (fls. 595 a 600), após repetir o declarado acima, completa: "5. Para que nossa justificativa se torne mais esclarecedora, acrescentamos este item, onde mais uma vez tentaremos explicar o ocorrido com a escrituração (ECD SPED Contábil) do exercício de 2009 que se encontra em exigência: juntamos à presente justificativa os livros fiscais do exercício de 2009 da empresa OLIVEIRA COMÉRCIO ATACADISTA E CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DE CALÇADOS LTDA, com CNPJ 07.416.228/000106, empresa do grupo cujo Termo de Acordo do ICMS e as notas fiscais de Bonificação pertencem. Se o prezado auditor fiscal observar o Livro de Registro de Apuração do ICMS n 0 04 e o Livro de Registro de Entradas n° 04, da empresa citada, constatará que todos os valores citados no Termo de Constatação e Intimação Fiscal n° 04.3.01.002012 010377 a título de Reserva de Subvenção e Bonificações estão escriturados, inclusive a empresa foi auditada pela Receita Federal (vide Termo de Encerramento) pelo Sr. Luis Eduardo Pontes, onde ocorreu lançamento de crédito tributário no valor de R$ 5.448.809,85." Decorridos, portanto, dez meses do início ao final do procedimento fiscal, a pessoa jurídica, apesar de repetir a sua disposição em restaurar a sua escrituração contábil e fiscal, não logrou apresentar qualquer comprovação de que tal trabalho estava em curso e na direção de ser bem sucedido (isso, mesmo, como já dito, após quase três anos desde a descoberta da ocorrência da alegada perda de dados). Pelo contrário, continuou a apontar os erros contidos em sua escrituração comercial e a dificuldade no processo de regularização, como bem acentuada no mesmo documento datado de 06 de maio de 2013: "Reiterando o que foi afirmado anteriormente, a empresa BBT Calçados e Acessórios Ltda., já possuiu 29 unidades, com a matriz totalizava 30 unidades, nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Como já foi explicado num pretérito bem Fl. 1313DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.314 15 próximo, o setor de informática e processamento de dados passou por dificuldades e perdeu dados importantíssimos da empresa, sendo assim várias dessas unidades já encerraram seus equipamentos de ECF e adquiriram novos, alguns deles com a memória apagada, pois foram vendidos a outras empresas, não é difícil entender que ocorrendo fatos como esse se torna quase impossível resgatar o registro das operações das memórias fiscais, pois elas não existem mais. A alternativa para que atendamos a Receita Federal é conseguir todas as reduções Z, um relatório que registra todas as operações de venda, mas como já foi afirmado é um trabalho artesanal e com um grau de dificuldade altíssimo, inclusive com grande risco de erros, por causa da digitação, por isso mais uma vez pedimos a compreensão da autoridade fiscal nos dando os 180 dias solicitados. (Destacouse) Assim, desfazse dois dos argumentos suscitados no Recurso Voluntário: o que de os vícios contidos na escrituração eram de pouca monta e o de que a Recorrente forneceu os elementos hábeis à apuração do seu Lucro Real. Correta, deste modo, a apuração do IRPJ com base no Lucro Arbitrado. 3. Da apuração das contribuições sociais A Recorrente sustenta que a Cofins e a Contribuição ao PIS/Pasep foram devidamente apurados, de modo que estaria ocorrendo cobrança em duplicidade, constituindo bis in idem. Conforme Demonstrativos de Apuração da Contribuição Social Dacon (fls. 772 a 1.088), a pessoa jurídica apurou as referidas contribuições com base no regime não cumulativo, o que era coerente com a sua opção pela apuração do IRPJ sobre o Lucro Real. Uma vez que a fiscalização realizou a apuração do IRPJ com base no Lucro Arbitrado, impõese, na forma do art. 8º, inciso II, da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 10, inciso II, da Lei nº 10.833, de 2003, a apuração, respectivamente, da Contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins, segundo as regras anteriores à instituição do regime de apuração nãocumulativo. Tal procedimento foi, exatamente, o adotado pela autoridade fiscal, que procedeu, ainda, à dedução, dos montantes apurados na fiscalização, daqueles valores já recolhidos com base no regime nãocumulativo, como fica bem explícito no demonstrativo de fl. 1.121. Não procede, portanto, o argumento da Recorrente. 4. Da dedução dos custos Igualmente, improcedente é a alegação da Recorrente de que não foram consideradas as deduções de suas despesas e custos, bem como de que haveria equívoco na utilização como base de cálculo dos tributos da receita bruta de revenda de mercadorias e dos rendimentos de aplicações financeiras. Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.315 16 Ora, a base de cálculo da apuração do IRPJ, quando conhecida a receita bruta da pessoa jurídica, como no caso sob análise, é, exatamente, determinada por meio da aplicação de alíquotas sobre a receita bruta. É essa a clara dicção do art. 532 do RIR/1999; "Art.532.O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, §11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei nº 9.249, de 1995, art. 16, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 27, inciso I)." Não há espaço, portanto, em tal forma de apuração do IRPJ para a dedução de custos e/ou despesas, o que é próprio da apuração com base no Lucro Real, conforme respectivo regramento legal. A Recorrente busca se socorrer em regras próprias para o arbitramento do Lucro sobre as atividades imobiliárias, para o qual há dispositivo expresso que permite a dedução do custo dos imóveis. In verbis: "Art.534. As pessoas jurídicas que se dedicarem à venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, ao loteamento de terrenos e à incorporação de prédios em condomínio terão seus lucros arbitrados, deduzindose da receita bruta trimestral o custo do imóvel devidamente comprovado (Lei nº 8.981, de 1995, art. 49, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º). Parágrafo único. O lucro arbitrado será tributado na proporção da receita recebida ou cujo recebimento esteja previsto para o próprio trimestre (Lei nº 8.981, de 1995, art. 49, parágrafo único, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º)." As atividades desenvolvidas pela Recorrente, porém, não guardam qualquer relação com a atividade imobiliária, de modo que aplicável a regra geral, que não dá suporte à dedução de custos e/ou despesas. 5. Da multa de ofício aplicada Por fim, a Recorrente repisa o pedido para aplicação da penalidade no percentual de 20%, conforme o art. 59 da Lei nº 8.383, de 1991. O dispositivo legal invocado pela Recorrente, porém, não tem aplicação nos casos de lançamento de ofício, uma vez que existe dispositivo específico: o art 44 da Lei nº 9.430, de 1996: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 1315DF CARF MF Processo nº 14751.720382/201336 Acórdão n.º 1302002.721 S1C3T2 Fl. 1.316 17 II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)" (Destacouse) É totalmente descabida, portanto, a alegação, que sequer é fundamentada pela Recorrente, de modo que deve ser mantida a penalidade no percentual aplicado. 6. Dos lançamentos reflexos O decidido para o lançamento de IRPJ estendese ao lançamento de CSLL, Cofins e Contribuição ao PIS/Pasep que com ele compartilham o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso. 7. Conclusão Por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário apresentado pela pessoa jurídica, mantendo integralmente a exigência fiscal. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 1316DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.902226/2011-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES.
Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, está compreendida no conceito de serviços hospitalares (art. 15, parágrafo 1º, III, "a", da Lei nº 9.249, de 1995, antes das alterações pela Lei nº 11.727, de 2008) a atividade de laboratório de análises clínicas, autorizando a incidência do percentual de 8% na apuração do lucro presumido.
Numero da decisão: 1201-002.033
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza (Presidente), Eva Maria Los, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa; ausentes justificadamente José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES. Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, está compreendida no conceito de serviços hospitalares (art. 15, parágrafo 1º, III, "a", da Lei nº 9.249, de 1995, antes das alterações pela Lei nº 11.727, de 2008) a atividade de laboratório de análises clínicas, autorizando a incidência do percentual de 8% na apuração do lucro presumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza (Presidente), Eva Maria Los, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa; ausentes justificadamente José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 90 22 26 /2 01 1- 73 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o processo de Declaração de Compensação PER/DComp em que o contribuinte requer direito creditório de recolhimento indevido ou a maior de 2089 IRPJ – Lucro Presumido, para compensar débitos. 2. O Despacho Decisório não reconheceu o crédito e não homologou a compensação declarada, determinando o prosseguimento na cobrança dos débitos indevidamente compensados, acrescidos de multa e juros de mora. 3. Regularmente cientificado, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, que foi julgada improcedente, no julgamento de primeira instância. 4. Cientificado, apresentou Recurso Voluntário tempestivo ao CARF, no qual informa: Em síntese, o decisum ora atacado se baseou em duas premissas básicas, quais sejam: i) a Recorrente não constituía, à época do crédito, como uma sociedade empresária; e, ii) a não apresentação de provas para a satisfação do direito da aplicação do percentual reduzido do lucro presumido, para os fins de enquadramento como "serviços hospitalares". Quanto ao primeiro argumento, não deverá prosperar pelo simples fato de que o art. 2.031 do Código Civil permitiu que as empresas constituídas sob a égide do Código Civil anterior e demais legislações esparsas pudessem realizar as devidas adaptações do seu contrato social até 11.11.2007 na redação que foi dada pela Lei 11.127/2005. No tocante ao segundo fundamento, relativamente à apresentação das provas do efetivo exercício da atividade de "serviços hospitalares", cumpre ressaltar que não era esse o cerne da questão que motivou o despacho decisório que indeferiu ou não homologou a compensação Aliás, da leitura do próprio despacho decisório se conclui que a motivação foi exclusivamente a inexistência do direito ao crédito por não ter sido identificado, tais créditos, no confronto dos débitos e créditos informados na respectiva DCTF. Ora, se a discussão se deu exclusivamente em torno da demonstração dos créditos na respectiva DCTF, não há o que se falar da necessidade da apresentação das provas acerca do exercício da atividade de "serviços hospitalares", sob pena de preclusão. Em outras palavras, em momento algum foi questionado no respectivo despacho decisório sobre o direito da Recorrente de se utilizar dos percentuais reduzidos para os fins do lucro presumido. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 4 3 5. Sobre a Natureza de Sociedade Empresária, refuta que não fosse sociedade empresária à época dos fatos, segundo o Código Civil: Já o art. 966 define o empresário como sendo aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. O parágrafo único do mesmo artigo ressalva quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Em outras palavras, quem exerce atividade intelectual em princípio, não é empresário, mas pode ser se em sua atividade estiver presente o elemento de empresa. (...) (...) A Recorrente, que possui a atividade de Laboratório de Análises Clínicas, a exerce de forma organizada e evidenciada pela circulação de serviços, necessária para a definição do conceito de "empresário", além do aspecto da mãodeobra especializada e do fator tecnológico (equipamentos modernos, muitos deles importados). A circulação dos serviços se constata também pela necessidade de contratação de diversos profissionais qualificados (bioquímicos, farmacêuticos, enfermeiros, etc.) para a perfeita prestação dos seus serviços, os sócios, ainda que sejam profissionais, não poderiam, sozinhos, dar conta da demanda de um laboratório de análises clínicas. (...) Destarte, concluise, portanto, que é descabido o argumento invocado para negar um direito líquido e certo da Recorrente, por se enquadrar, à época da constituição do crédito a seu favor, como sociedade empresária, mediante os novos conceitos instituídos pelo Novo Código Civil, ainda que seus atos constitutivos tenham sido adaptados em 09 de julho de 2004, no prazo previsto no seu artigo 2.031. 6. Sobre a Prestação dos Serviços Hospitalares, invoca INs da RFB e Solução de Consulta que protocolou: A partir da publicação da Instrução Normativa 306 SRF, de 12 32003, publicada no DOU de 342003, a administração tributaria firmou um entendimento mais abrangente para o conceito de serviços hospitalares. Isto porque, o art. 23 do referido ato normativo disciplina que para os fins previstos no art. 15, § 1.°, inciso III, alínea "a", da Lei 9.249/95 (matriz legal do lucro presumido), poderão ser considerados serviços hospitalares aqueles prestados por pessoas jurídicas, diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura física condizente para a execução de uma das atividades ou a combinação de uma ou mais das atribuições relacionadas na Parte II, Capítulo 2, da Portaria GM nº 1.884/94, do Ministério da Saúde. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 5 4 7. Que, posteriormente a IN SRF nº 480, de 2004, com as alterações pela IN SRF nº 539, de 27 de abril de 2005, no art. 27, apresentou nova definição, que transcreve. 8. E relata que protocolou consulta, recebendo resposta positiva na Solução de Consulta 12, de 16 de fevereiro de 2007, cuja ementa transcreve: SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 12 de 16 de Fevereiro de 2007 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ EMENTA: Lucro Presumido. Percentuais. Serviços Hospitalares. A pessoa jurídica que exerça a atividade de Laboratório de análises clínicas Ligada à atenção e assistência à saúde, (atribuição 4) de que trata a Parte II da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de vigilância sanitária n$ 50, de 21 de fevereiro de 2062, alterada pela RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002, e pela RDC nº 189, de 18 de julho de 2003, somente terá sua atividade considerada como serviço hospitalar, para os efeitos do artigo 15 do Lei n9 9.249, de 1995, se atender aos requisitos normativos. Consideramse não atendidos esses requisitos quando a pessoa jurídica enquadrar se nas exceções veiculadas no parágrafo único do artigo 9 66 do Código civil e/ou no parágrafo primeiro do artigo 27 da IN SRF n& 480, de 2904. Esse entendimento aplicase retroativamente. 9. Haja vista que o Acórdão recorrido considerou prova insuficiente a Solução de Consulta supra, anexa os seguintes documentos comprobatórios: a) Contratos de Prestação de Serviços firmados com entidades contratantes de tais serviços; b) Notas Fiscais de prestação de serviços faturados para os contratantes em que comprovam a prestação de laboratório de análises clínicas e patológicas. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201002.031, de 23.02.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10530.904165/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Nos presentes autos o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ do 3º trimestre de 2002. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201002.031): Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 6 5 "10. A IN SRF nº 539, de 2005, foi revogada pela IN SRF nº 1.234, de 11 de janeiro de 2012, alterada pela IN RFB nº 1.540, de 05 de janeiro de 2015: Dos Serviços Hospitalares e Outros Serviços de Saúde Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles prestados por estabelecimentos assistenciais de saúde que dispõem de estrutura material e de pessoal destinados a atender à internação de pacientes humanos, garantir atendimento básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e assistência permanente prestada por médicos, que possuam serviços de enfermagem e atendimento terapêutico direto ao paciente humano, durante 24 (vinte e quatro) horas, com disponibilidade de serviços de laboratório e radiologia, serviços de cirurgia e parto, bem como registros médicos organizados para a rápida observação e acompanhamento dos casos. Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde que desenvolvem as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Anvisa (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015) Parágrafo único. São também considerados serviços hospitalares, para fins desta Instrução Normativa, aqueles efetuados pelas pessoas jurídicas: I prestadoras de serviços préhospitalares, na área de urgência, realizados por meio de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel instalada em ambulâncias de suporte avançado (Tipo “D”) ou em aeronave de suporte médico (Tipo “E”); e II prestadoras de serviços de emergências médicas, realizados por meio de UTI móvel, instalada em ambulâncias classificadas nos Tipos “A”, “B”, “C” e “F”, que possuam médicos e equipamentos que possibilitem oferecer ao paciente suporte avançado de vida. Art. 31. Nos pagamentos efetuados, a partir de 1º de janeiro de 2009, às pessoas jurídicas prestadoras de serviços de auxilio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que as prestadoras desses serviços sejam organizadas sob a forma de sociedade empresária e atendam às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será devida a retenção do IR, da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, no percentual de 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código 6147. 11. O contribuinte, optante pelo lucro presumido, efetuou recolhimento do IRPJ apurado mediante a aplicação do percentual de 32% sobre a receita bruta; pleiteia que efetuou recolhimento a maior, uma vez que, como sua atividade está compreendida no conceito de serviços hospitalares, o percentual correto para a apuração é o de 8%. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 7 6 12. Para comprovar a atividade, anexou contratos e notas fiscais; tratamse de contratos: de 17/08/1989, prestação de serviços de análises clínicas; 29/12/1989, patologia clinica; 08/03/2001, assistência médica; 01/02/2001, serviços de laboratório nas dependências do contratante; e contratos de 2003 e 2004, de serviços de análises clínicas, assistência médica, atendimento ambulatorial e procedimentos de diagnóstico e tratamento; e as notas fiscais são de 2004, tendo como objeto "Serviços prestados em exames, Materiais de produtos consumidos", "Exames laboratoriais automatizados", "material de consumo utilizado para a realização de exames automatizados". 13. Às págs. [...], consta a Alteração Contratual n° 09 e Consolidação, de 09/07/2004: SEGUNDA: O objeto da sociedade é: exploração do ramo de laboratório de análises clinicas e a importação de produtos bioquímicos para laboratórios de análises clínicas. 14. Na DIPJ 2003/2002, retificadora entregue em 18/05/2009, informou Código da Natureza Jurídica: 2062 Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada Empresa Privada; Código da Atividade Econômica (CNAEFiscal): 85.146/02 Atividades dos laboratórios de análises clínicas, na qual informa a totalidade da receita bruta como sujeita ao percentual de 8%. 15. Não consta a DIPJ 2003/2002 original. 16. Esses elementos atestam as atividades de laboratório de análises clínicas, e de importação de produtos bioquímicos, embora a receita informada seja referente à primeira. 1 Atividade Empresarial 17. A antiga Sociedade Civil foi substituída, no novo Código, pela Sociedade Simples (CC, art. 982). a. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, Código Civil, revogado. Art. 16. São pessoas jurídicas de direito privado: I. As sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, as associações de utilidade pública e as fundações. 18. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil vigente desde 01/2003: Art. 966. Considerase empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 8 7 (...) Da Sociedade CAPÍTULO ÚNICO Disposições Gerais Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringirse à realização de um ou mais negócios determinados. Art. 982. Salvo as exceções expressas, considerase empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 2 Lucro Presumido. Atividades Hospitalares. 19. O CARF já sedimentou o entendimento acerca da questão: Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 13/03/2014 Nº Acórdão 1201000.986 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para: negar o pedido de restituição quanto aos créditos alcançados pela decadência, ao crédito relativo ao REDARF e ao crédito compensado em /duplicidade, nos termos do voto do relator, tendo sido reconhecido o direito ao crédito referente ao reenquadramento do coeficiente de presunção do lucro presumido de 32% para 8%. Ementa(s) Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES. Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, restam compreendidas no conceito de serviços hospitalares (artigo15, parágrafo 1º, inciso III, alínea a, da Lei nº 9.249/95, antes das alterações da Lei nº 11.727/2008) as atividades típicas de prestação de serviços de apoio diagnóstico por imagem e laboratório de análises clínicas, permitindose quanto a estas a incidência do percentual reduzido de 8%, relativamente ao IRPJ. 20. Transcrevese o teor do voto do Acórdão CARF supra, que analisou análoga situação relativamente a laboratório de análises clínicas, uma vez que retrata o entendimento do CARF, com o qual esta Relatora concorda: "Vencidos tais argumentos, cumprenos analisar a questão central dos autos, que se consubstancia na qualificação jurídica da Recorrente, que apresentou todas os pedidos de restituição e declarações de compensação até aqui mencionados ante o entendimento de que sua Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 9 8 atividade se enquadraria no conceito de “serviços hospitalares”, nos termos da Lei n. 9.249/95. Aliás, a mudança de entendimento somente ocorreu após o trânsito em julgado (20 de março de 2007) da ação que não lhe reconheceu o direito de isenção da COFINS, com base na Lei Complementar n. 70/91. A partir da ciência de tal decisão, conforme acórdão prolatado pelo TRF da 1ª Região, o contribuinte passou a apresentar as DIPJ e DCTF retificadoras já analisadas, bem como as declarações de compensação com os créditos a que entendia fazer jus. A base legal da tributação encontrase nos artigos 15 e 20 da Lei n. 9.249/95, com a redação vigente à época dos fatos: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (...) Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro liquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do §1º do art 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento, (grifamos) De se notar que a legislação, para os anoscalendário sob análise, fazia clara distinção entre os serviços em geral e a prestação de serviços hospitalares. Não há dúvida, em razão da dicção normativa, que o legislador considerava que os serviços prestados pelos laboratórios eram diferentes daqueles compreendidos na expressão "serviços hospitalares", até porque em 2008 o próprio texto foi alterado para incluir, a partir do anocalendário de 2009, os serviços de laboratório na faixa de tributação de 8% do lucro presumido, conforme observamos a seguir: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 10 9 § 1° Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxilio diagnóstico e terapia, patologia clinica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clinicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Sacional de Vigilância Sanitária Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11. 727, de 2008) (grifamos) Portanto, atualmente é possível que um laboratório de análises clínicas seja tributado pela alíquota de 8%, observados os critérios legais, mas isso só se concretizou a partir do advento da Lei n. 11.727/2008, com para o anocalendário de 2009. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento, na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, de que mesmo antes das alterações promovidas pela Lei n° 11.727/2008, deve ser aplicada a alíquota de 8% para fins de presunção do lucro de laboratórios de análises clínicas que se enquadram em determinados requisitos. Reproduzimos, a seguir, o paradigmático acórdão: RECURSO ESPECLAL Nº 837.913 SC (200600756635) Relator: Ministro Hamilton Carvalhido Recorrente: Centro Médico São José Ltda Recorrido: Fazenda Nacional RECLUSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. ALÍQUOTA REDUZIDA ARTIGO 15, PARAGRAFO 1O, INCISO III, ALÍNEA A, DA LEI Nº 9.249/95. SERVIÇOS HOSPITALARES. APOIO DIAGNÓSTICO POR LABORATÓRIO DE ANÀLISES CLÍNICAS. 1. Restam compreendidas no conceito de "serviços hospitalares" (artigo 15, parágrafo 1o, inciso III, alínea a, da Lei n° 9.249/95, antes das alterações da Lei n° 11.727/2008) as atividades típicas de prestação de serviços de apoio diagnóstico por imagem e laboratório de análises clinicas, permitindose quanto a estas a incidência do percentual reduzido de 8% relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, excluídas as simples consultas médicas ou atividades de cunho administrativo (cf. REsp. n° 1.116.399/BA, julgado sob o regime do artigo 543C do Código de Processo Civil). 2. Recurso especial provido Por força de tal decisão, e ante as características da prestação de serviços laboratoriais demonstradas pela Recorrente nos autos, em razão dos diversos contratos firmados, inclusive com entidades de natureza pública, entendo forçoso reconhecer, na esteira do que decidiu o STJ, que deve ser conferido à interessada o direito ao crédito referente ao reenquadramento do coeficiente de presunção do lucro, de 32° o para 8%. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10530.902226/201173 Acórdão n.º 1201002.033 S1C2T1 Fl. 11 10 Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso e, no mérito, DOULHE parcial provimento, para reconhecer o direito de reenquadramento da Recorrente no coeficiente de presunção do lucro de 8%." Conclusão Voto por DAR provimento ao recurso voluntário reconhecendo o direito creditório de 2089 – IRPJ Lucro Presumido recolhido a maior, até o limite da diferença entre os valores apurados com o percentual de 32% e o de 8% sobre a receita bruta da atividade de serviços de laboratório de análises clínicas." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 84DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.685748/2009-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.300
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo (suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo (suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Reproduzo relatório de primeira instância: Cuida o presente processo de Despacho Decisório, emitido no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo, no que toca à apreciação da Declaração de Compensação (DCOMP) eletrônica do sujeito passivo em epígrafe. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 85 74 8/ 20 09 -1 9 Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10880.685748/200919 Resolução nº 3201001.300 S3C2T1 Fl. 165 2 2. Consoante a decisão que consta à fl. 5, o pagamento indicado como indevido ou a maior não oferece saldo disponível para compensação, haja vista que foi integralmente utilizado para quitação de débito da Contribuinte relativamente a fato gerador ocorrido em 31/01/2009, código de Receita 5856 (COFINS – NÃO CUMULATIVA). 2.1. Consta, no referido documento oficial, que assim decidiu o AuditorFiscal da RFB, Autoridade a quo: [...] A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. [...]Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. 3. Inconformada com o Despacho Decisório, apresentou a Contribuinte Manifestação de Inconformidade às fls. 8 a 9, acompanhada de documentos anexos, por meio da qual argumenta, em síntese, o que segue: a) afirma a Contribuinte que teria verificado erro na contabilização de fato gerador da COFINS ocorrido em janeiro de 2009, que teria implicado eventual pagamento indevido no valor de R$2.614.476, 98, declarada em DCTF. Informa que tal declaração seria retificada; b) alega que, posteriormente, teria sido realizada compensação de suposto crédito de COFINS com débito de mesma contribuição cujo fato gerador se daria em fevereiro de 2009; c) assevera que o valor do referido débito objeto de compensação não seria aquele que foi declarado na DCOMP, é dizer, não seria de R$2.614.46,98; seria de R$359.201,01; motivo pelo qual estaria sendo objeto de retificação; d) por fim, requer a Contribuinte que a Manifestação de Inconformidade seja recebida com efeito suspensivo e que, acolhidas suas alegações, seja homologada a compensação. A DRJ/São Paulo I/SP – 9ª Turma, por meio do Acórdão 1634.865, de 23/11/2011, decidiu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2009 DESPACHO ELETRÔNICO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. A ausência de valor disponível para eventual restituição ou compensação é circunstância apta a fundamentar a nãohomologação de compensação. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É requisito indispensável ao reconhecimento da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10880.685748/200919 Resolução nº 3201001.300 S3C2T1 Fl. 166 3 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos de prova, não é suficiente para reformar a decisão não homologatória de compensação. PROVAS. MOMENTO PARA SUA APRESENTAÇÃO. As provas devem ser apresentadas pelo contribuinte juntamente com sua impugnação ou manifestação de inconformidade, para serem apreciadas no julgamento de primeira instância, em observância ao disposto no art. 15 do Decreto n.º 70.235, de 1972, a menos que haja atendimento do disposto no parágrafo 4º do art. 16 desse mesmo diploma legal. A empresa então interpôs Recurso Voluntário, onde sustenta: que teria constatado, em março de 2009, valores pagos indevidamente de Pis em janeiro de 2009, que procedera à retificação da DCTF para constar o valor correto; reitera diversas vezes que o crédito existe; invoca o princípio da verdade material, e os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. É o relatório. Voto A motivação do Fisco para a não homologação foi que o Darf reclamado como indébito já havia sido utilizado para liquidação de débito confessado em DCTF. O Despacho Decisório foi eletrônico, com a mera conferência de dados em sistema de computação. A recorrente apresenta justificativas adicionais para o direito, na Manifestação de Inconformidade. A decisão recorrida nega o pedido, por falta de apresentação de provas, tais como a escrituração contábil/fiscal. Com efeito, o lançamento/confissão feita em DCTF somente poderia ser desconstituída com prova suficiente, do que não havia se desincumbido a recorrente até a Manifestação de Inconformidade. A escrituração contábil/fiscal difere de meras alegações e planilhas quanto à confiabilidade, posto que possuem requisitos de registros e temporalidade. Além disso, a própria contabilidade não prescinde de ser lastreada em documentos do relacionamento da empresa com terceiros, tais como notas fiscais e contratos, a conferir veracidade ao registro. Esses aspectos da força probante dos documentos são tratados nos artigos 219 e 226 do Código Civil: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10880.685748/200919 Resolução nº 3201001.300 S3C2T1 Fl. 167 4 (...) Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. A obrigação de conservar os registros até que prescrevam os direitos reclamados com base neles, consta do Código Tributário Nacional, §único do artigo 195: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Fechando o arcabouço legal pertinente, temse ainda que, em se tratando de pedido de restituição e consequente compensação, o ônus da prova é do contribuinte, conforme art. 36 da Lei 9.784/991, art. 373, I do CPC2. Desse modo, é insofismável que a recorrente, até a Manifestação de Inconformidade, não trouxe elementos suficientes para a comprovação do alegado, no que tange aos períodos não homologados. Não obstante, no Recurso Voluntário, a recorrente trouxe demonstrativos e balancetes contábeis. Ainda que não tenha trazido os respectivos lastros, entendo que a nova prova encontra abrigo na dialética processual, como exigência decorrente da decisão recorrida, e por homenagem ao princípio da verdade material, em vista da plausibilidade dos registros dos balancetes. Assim, e com base no artigo 293, combinado com artigo 16, §§4º e 6º4, do PAF – Decreto 70.235/72, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o Fisco 1 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 3 Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. 4 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10880.685748/200919 Resolução nº 3201001.300 S3C2T1 Fl. 168 5 tenha a oportunidade de aferir a idoneidade dos balancentes apresentados no Recurso Voluntário, em confronto com os respecivos livros e lastros, conforme o Fisco entender necessário e/ou cabível, e produção de relatório conclusivo sobre as bases de cálculo corretas. Após, a recorrente deve ser cientificada, com oportunidade para manifestação, e o processo deve retornar ao Carf para prosseguimento do julgamento. Marcelo Giovani Vieira Relator b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (...) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Fl. 168DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.015361/2009-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. DEPÓSITO BANCÁRIO. MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR.
Cabível embargos declaratórios para sanar omissão do acórdão recorrido. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38 - Vinculante).
Numero da decisão: 2202-004.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, para sanar a omissão apontada, mantendo inalterado o resultado do julgamento sem efeitos infringentes.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. DEPÓSITO BANCÁRIO. MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Cabível embargos declaratórios para sanar omissão do acórdão recorrido. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38 - Vinculante).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, para sanar a omissão apontada, mantendo inalterado o resultado do julgamento sem efeitos infringentes. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson
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OMISSÃO. DEPÓSITO BANCÁRIO. MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Cabível embargos declaratórios para sanar omissão do acórdão recorrido. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. (Súmula CARF nº 38 Vinculante). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, para sanar a omissão apontada, mantendo inalterado o resultado do julgamento sem efeitos infringentes. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 53 61 /2 00 9- 88 Fl. 296DF CARF MF 2 Relatório Tratase de embargos de declaração em face do Acórdão nº 220201.908, da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, julgado na sessão plenária de 11 de julho de 2012, cuja ementa abaixo se transcreve ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 2202004.530 S2C2T2 Fl. 297 3 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALOR INDIVIDUAL IGUAL OUINFERIOR A R$ 12.000,00. LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). O Contribuinte foi cientificado do Acórdão nº 220201.908, proferido em 11/07/2012, em 22/09/2016 (AR – fl. 248) e opôs, em 27/09/2016, portanto, tempestivamente, os Embargos de Declaração de fls. 251/259, com base no art. 65 da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF). Em seus Embargos alega o suplicante que o aresto proferido incorre em omissão/contradição, a saber: 4. OMISSÃO FALTA DE ENFRENTAMENTO DO ITEM 2.2 DO RECURSO VOLUNTÁRIO DO ERRO NA DETERMINAÇÃO DO MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR [...] 5. CONTRADIÇÃO FALTA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO [...] 6. CONTRADIÇÃO DA FALTA DE EXCLUSÃO DOS RENDIMENTOS DECLARADOS Em 10 de março de 2017 o então presidente desta turma Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa admitiu parcialmente os embargos, de acordo com os fundamentos abaixo transcritos: Pois bem, quanto ao item “4” dos embargos, verificase que o acórdão embargado não se manifestou sobre a questão do momento de ocorrência do fato gerador, no caso de omissão de rendimentos caracterizado por depósitos bancários de origem não comprovada, embora conste do Recurso Voluntário alegações sobre essa matéria. Fl. 298DF CARF MF 4 Dessa forma, entendo que cabe razão ao Embargante nesse ponto, pois de fato existe uma omissão no julgado, que deve ser reparado com a prolação de um novo acórdão, para que a turma julgadora se posicione sobre o momento de ocorrência do fato gerador, em relação aos lançamentos efetuados pelo Fisco No que tange ao item "5", não se constata a alegada contradição. Analisando detidamente o voto condutor, verificase que o Relator rechaçou a alegação do Contribuinte quando identificou nos autos a relação individualizada dos depósitos bancários às fls. 74 a 77, conforme excerto do voto do Relator, abaixo: (...) No que toca ao item "6", também não assiste razão ao Embargante. Relativamente à alegação da exclusão de todos os valores tributados na DIRPF, o voto condutor no título "Dos Rendimentos Declarados" à fl. 183 concordou com o procedimento da fiscalização e rechaçou o argumento do Recorrente, consoante trecho do voto condutor transcrito abaixo. (...) Ante a todo o exposto, verificase que o Embargante demonstrou apenas o vício relativo ao item “4” dos embargos. Quanto aos itens "5" e "6", existe somente a intenção do Recorrente, por esta via processual, de rediscutir as mesmas questões aduzidas no Recurso Voluntário. Dessa forma, acolho parcialmente os Embargos Declaratórios opostos pelo Contribuinte, para que seja sanada a omissão e o Colegiado se pronuncie apenas sobre a questão do momento de ocorrência do fato gerador É o relatório Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço Como exposto no relatório os presentes embargos foram admitidos, exclusivamente, para sanar a omissão do acórdão recorrido quanto à questão do momento da ocorrência do fato gerador na tributação dos depósitos bancários de origem não comprovada. Em seu recurso voluntário a embargante se insurgiu quanto ao momento da ocorrência do fato gerador que, segundo ele seria mensal, uma vez que: Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 2202004.530 S2C2T2 Fl. 298 5 "No entanto, o §1º, do art. 42, da Lei nº 9.430/96, reproduzido pelo art. 849 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, apontado como fundamento legal do Auto de Infração, é claro ao determinar que os valores tidos como receita ou rendimentos auferidos e omititos pelo Contribuinte deverão ser apurados mensalmente. (...) Deveras, paralelamente à descrição dos supostos valores omitidos duranto os meses dos anos autuados, a fiscalização fincou, para fins de tributação, um único fato gerador para cada ano, em 31 de dezembro, tendo por vencimento da obrigação a data prevista para entrega da Declaração de Ajuste Anual do Contribuinte, ou sjea, 28/04/2006 (Auto de Infração Demonstrativo de Multa e Juros de Mora) (...) Estabelecer um único fato gerador para o ano fiscalizado denota a existência de confusção quanto à distinção entre o fato gerador e apuração, ou entre fato gerador e ajuste legal. A discussão sobre o momento da ocorrência do fato gerador no caso da tributação dos depósitos bancários de origem não comprovada já se encontra pacificada no âmbito do CARF, conforme se observa pelo teor da Súmula nº 38 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 38 (VINCULANTE): O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano calendário. Em face de todo o exposto, acolho os embargos opostos pelo Contribuitne para sanar a omissão apontada sem, contudo, atribuirlhes efeitos infringentes (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 300DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.727464/2015-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010, 2011
LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
LANÇAMENTO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. EVENTUAIS IRREGULARIDADES. NULIDADE. NÃO APLICABILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE.
Na esteira da jurisprudência dominante no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a existência de eventuais irregularidades na emissão do Mandado de Procedimento Fiscal - MPF, não tem o condão de ensejar a nulidade do lançamento, entendimento que, apesar de não compartilhar, adoto em homenagem à economia processual.
GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. ALIENAÇÃO DE BENS COMUNS. APURAÇÃO E TRIBUTAÇÃO EM NOME DE UM DOS CÔNJUGES.
Correto o lançamento de ofício, decorrente da omissão de ganho de capital na alienação de bens comuns do casal, realizado em nome de um dos cônjuges, quando o contribuinte autuado tenha feito a opção, antes do início do procedimento fiscal, em apurar e tributar o total do ganho de capital da operação em seu nome.
GANHO DE CAPITAL. REAJUSTE DAS PARCELAS
Os valores recebidos a título de reajuste, qualquer que seja a denominação (juros, correção monetária, reajuste de parcelas etc.), não compõem o valor de alienação. Devem ter o tratamento de juros e serem oferecidos à tributação à medida de seu recebimento, na fonte, quando a alienação for para pessoa jurídica, ou, mediante o recolhimento mensal obrigatório, quando for para pessoa física, e na Declaração de Ajuste Anual
APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL. DESPESA COM ASSESSORES FINANCEIROS, JURÍDICOS E CONTÁBEIS PARA A CONSUMAÇÃO DE OPERAÇÕES PREVISTAS EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
Na apuração do ganho de capital na alienação de bens e direitos, o alienante poderá deduzir do valor da alienação a importância paga a título de corretagem incorrida na transação desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente e seja comprovada com documentação hábil e idônea, não se equiparando à aludida verba o valor pago pelo alienante à assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação de operações previstas em contrato de compra e venda de ações.
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO A PRAZO.
De conformidade com a legislação de regência, na alienação a prazo, o ganho de capital deve ser apurado como se a venda fosse à vista e o imposto deve ser pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida.
MULTA QUALIFICADA. NÃO CARACTERIZAÇÃO
Não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção pré-determinada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Insubsistência da aplicação da multa qualificada.
JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO - INAPLICABILIDADE
Os juros de mora à taxa SELIC só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada proporcionalmente.
PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
Numero da decisão: 2401-005.249
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício e, por maioria, negar-lhe provimento, vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que deu-lhe provimento. Por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento, vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que acolhia as preliminares. No mérito, por maioria, dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (i) excluir a qualificação da multa de ofício, reduzindo a penalidade ao percentual básico de 75%; e (ii) afastar a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencido o Relator, que deu provimento parcial para afastar tão somente a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que deu provimento parcial para afastar apenas a qualificadora da multa de ofício no mês de set/2011. Vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que deu provimento parcial em maior extensão, mantendo a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencidos o Relator e o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, os quais, em primeira votação, nos termos do art. 60 do Anexo II do Regimento Interno, davam provimento ao recurso voluntário por aplicação incorreta da sistemática de apuração do ganho de capital na alienação de bem comum do casal. Designada para redigir o voto vencedor, nas matérias em que o Relator restou vencido, a conselheira Andréa Viana Arrais Egypto. O conselheiro José Alfredo Duarte Filho solicitou a apresentação de declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Redatora Designada.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Alfredo Duarte Filho e Rayd Santana Ferreira. Ausente os Conselheiros Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Miriam Denise Xavier e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. LANÇAMENTO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. EVENTUAIS IRREGULARIDADES. NULIDADE. NÃO APLICABILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE. Na esteira da jurisprudência dominante no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a existência de eventuais irregularidades na emissão do Mandado de Procedimento Fiscal MPF, não tem o condão de ensejar a nulidade do lançamento, entendimento que, apesar de não compartilhar, adoto em homenagem à economia processual. GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. ALIENAÇÃO DE BENS COMUNS. APURAÇÃO E TRIBUTAÇÃO EM NOME DE UM DOS CÔNJUGES. Correto o lançamento de ofício, decorrente da omissão de ganho de capital na alienação de bens comuns do casal, realizado em nome de um dos cônjuges, quando o contribuinte autuado tenha feito a opção, antes do início do procedimento fiscal, em apurar e tributar o total do ganho de capital da operação em seu nome. GANHO DE CAPITAL. REAJUSTE DAS PARCELAS Os valores recebidos a título de reajuste, qualquer que seja a denominação (juros, correção monetária, reajuste de parcelas etc.), não compõem o valor AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 74 64 /2 01 5- 49 Fl. 1411DF CARF MF 2 de alienação. Devem ter o tratamento de “juros” e serem oferecidos à tributação à medida de seu recebimento, na fonte, quando a alienação for para pessoa jurídica, ou, mediante o recolhimento mensal obrigatório, quando for para pessoa física, e na Declaração de Ajuste Anual APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL. DESPESA COM ASSESSORES FINANCEIROS, JURÍDICOS E CONTÁBEIS PARA A CONSUMAÇÃO DE OPERAÇÕES PREVISTAS EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Na apuração do ganho de capital na alienação de bens e direitos, o alienante poderá deduzir do valor da alienação a importância paga a título de corretagem incorrida na transação desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente e seja comprovada com documentação hábil e idônea, não se equiparando à aludida verba o valor pago pelo alienante à assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação de operações previstas em contrato de compra e venda de ações. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO A PRAZO. De conformidade com a legislação de regência, na alienação a prazo, o ganho de capital deve ser apurado como se a venda fosse à vista e o imposto deve ser pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida. MULTA QUALIFICADA. NÃO CARACTERIZAÇÃO Não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Insubsistência da aplicação da multa qualificada. JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE Os juros de mora à taxa SELIC só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada proporcionalmente. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1412DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 3 3 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício e, por maioria, negarlhe provimento, vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que deulhe provimento. Por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento, vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que acolhia as preliminares. No mérito, por maioria, dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (i) excluir a qualificação da multa de ofício, reduzindo a penalidade ao percentual básico de 75%; e (ii) afastar a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencido o Relator, que deu provimento parcial para afastar tão somente a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que deu provimento parcial para afastar apenas a qualificadora da multa de ofício no mês de set/2011. Vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que deu provimento parcial em maior extensão, mantendo a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencidos o Relator e o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, os quais, em primeira votação, nos termos do art. 60 do Anexo II do Regimento Interno, davam provimento ao recurso voluntário por aplicação incorreta da sistemática de apuração do ganho de capital na alienação de bem comum do casal. Designada para redigir o voto vencedor, nas matérias em que o Relator restou vencido, a conselheira Andréa Viana Arrais Egypto. O conselheiro José Alfredo Duarte Filho solicitou a apresentação de declaração de voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Redatora Designada. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Alfredo Duarte Filho e Rayd Santana Ferreira. Ausente os Conselheiros Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Miriam Denise Xavier e Fernanda Melo Leal. Fl. 1413DF CARF MF 4 Relatório ANTONIO FERNANDO DE OLIVEIRA MAIA, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 2a Turma da DRJ em São Paulo/SP, Acórdão nº 1673.628/2016, às fls. 1.237/1.282, que julgou parcialmente procedente o Auto de Infração concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da constatação de omissão ganhos de capital na alienação de bens e direitos e de rendimentos recebidos classificados indevidamente na DIRPF, em relação aos exercícios 2011 e 2012, conforme peça inaugural do feito, às fls. 02/16, e demais documentos que instruem o processo. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 15/09/2015 (fl. 1.031), nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores: a) RENDIMENTOS RECEBIDOS CLASSIFICADOS INDEVIDAMENTE NA DIRPF INFRAÇÃO: RENDIMENTOS RECEBIDOS NÃO TRIBUTADOS OU CLASSIFICADOS INDEVIDAMENTE NA DIRPF O contribuinte omitiu ou classificou indevidamente, na Declaração de Ajuste Anual, rendimentos recebidos de pessoa jurídica, conforme detalhado no Termo de Verificação Fiscal. b) GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS INFRAÇÃO: OMISSÃO/APURAÇÃO INCORRETA DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS Omissão/apuração incorreta de ganhos de capital auferidos na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza adquiridos em reais, conforme detalhado no Termo de Verificação Fiscal A multa foi aplicada no percentual de 75%, com base no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07, para os fatos geradores entre 01/09/2010 e 31/12/2011, exceto para as infrações (omissão/apuração incorreta de ganhos de capital) cujos fatos geradores ocorreram em 31.05.2011, 30.06.2011 e 30.09.2011, para as quais foram aplicadas no percentual de 150%, com base no Art. 44, inciso I, e § 1º, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07. A Sra. Telma Romão Maia, CPF 412.550.11149, cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, foi considerada responsável solidária, com base no art. 124, I, da Lei nº 5.172/66 (CTN), tendo sido lavrado o Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 1034) e o Termo de Ciência de Lançamentos e Encerramento Total do Procedimento Fiscal – Responsabilidade Tributária (fls. 1036/1039). Do Termo de Verificação Fiscal (fls. 18 a 60), a que se reporta a descrição dos fatos do Auto de Infração (fl.5), extraise o seguinte: O trabalho de fiscalização teve como objetivo efetuar análise tributária da transação de alienação da participação societária nas empresas MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A, realizada entre o fiscalizado e a empresa Brascan Residential Properties S/A, atual Brookfield Incorporações S/A (CNPJ:07.700.557/000184). Fl. 1414DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 4 5 A fiscalização constatou que o contribuinte Antônio Fernando de Oliveira Maia e seu sócio, o Sr. Marcelo Martins Borba, alienaram à Brascan Residential Properties S/A, CNPJ 07.700.557/000184, por meio do contrato de compra e venda de ações e outras avenças celebrado em 17/04/2008, 14.823.558 ações ordinárias nominativas da empresa MB Engenharia SPE 037 S/A, CNPJ 09.041.491/000193, representativas de 100% de seu capital votante e total. A aquisição da totalidade das ações da MB Engenharia SPE037 S/A resultou na obtenção de 80% das ações representativas do capital votante e total da empresa MB Engenharia S/A, CNPJ 04.123.616/000100. No mesmo instrumento contratual, foi alienado o restante das ações da MB Engenharia S/A, perfazendo o total de 20% de seu capital votante e total, representadas por 400.000 ações ordinárias, de propriedade direta dos mencionados sócios. Tal operação resultou na aquisição, pela compradora, da totalidade das ações representativas do capital votante e total da MB Engenharia S/A, com exceção de 2 (duas) ações que continuaram a ser detidas pelos vendedores. Após esclarecimento a respeito do valor de alienação e o custo de aquisição das ações da MB Engenharia SPE 037 S/A e da MB Engenharia S/A alienadas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia à Brascan Residential Properties S/A por meio do Contrato de Compra e Venda e outras Avencas celebrado em 17/04/2008, a fiscalização procedeu à análise da apuração de ganho de capital feita pelo contribuinte em relação a esta operação. Com relação à opção da tributação dos ganhos de capital pelo contribuinte, a fiscalização informou que, conforme Certidão de Casamento, o contribuinte é casado em comunhão parcial de bens com a Sra. Telma Romão Maia (CPF: 412.550.11149) desde 26/11/1988, e que as ações das empresas MB Engenharia S/A e MB Engenharia SPE 037 S/A alienadas por ele à Brascan Residential Properties S/A foram adquiridas em momento posterior à união e, por conseqüência, são definidas como bens comuns ao casal. No presente caso, por opção do contribuinte, a tributação referente à alienação das citadas ações foi feita por ele. Tal afirmação fundamentase nos Demonstrativos de Apuração dos Ganhos de Capital anexados à sua DAA/2012. Nesses, o Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia informou a alienação da totalidade das ações da MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A possuídas pelo casal. Como as ações alienadas eram bens comuns ao casal, o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador fica perfeitamente caracterizado, nos termos do art. 124, da Lei n.º 5.172/66 (Código Tributário Nacional). Portanto, como sujeito passivo da obrigação tributária, consubstanciada no Auto de Infração, a Sra. Telma Romão Maia foi cientificada do presente lançamento. Ressalte se, ainda, que foi lavrado o Termo de Sujeição Passiva Solidária (fl. 1034). Após regular processamento, interposta impugnação, contra exigência fiscal consubstanciada na peça vestibular do feito, a autoridade julgadora de primeira instância achou por bem julgar procedente em parte o lançamento, afastando parte do crédito tributário por entender que o critério utilizado pela fiscalização em relação ao valor de 5.962.946 ações recebidas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia não foi correto, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 1673.628, sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Fl. 1415DF CARF MF 6 Anocalendário: 2010, 2011 NULIDADE. Somente ensejam a nulidade do lançamento os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. DECLARAÇÃO EM SEPARADO. Na constância da sociedade conjugal, se o casal decide, por sua livre opção, tributar os rendimentos produzidos por bens comuns em nome de apenas um dos cônjuges, esta forma de tributação alcança a totalidade destes rendimentos. CRÉDITO CONTÁBIL. DISPONIBILIDADE JURÍDICA. FATO GERADOR. A disponibilidade jurídica decorre do simples registro do crédito contábil se, no momento do registro, o beneficiário passa a juridicamente dele dispor, embora ainda não esteja, em suas mãos, os respectivos valores. GANHO DE CAPITAL. REAJUSTE DAS PARCELAS Os valores recebidos a título de reajuste, qualquer que seja a denominação (juros, correção monetária, reajuste de parcelas etc.), não compõem o valor de alienação. Devem ter o tratamento de “juros” e serem oferecidos à tributação à medida de seu recebimento, na fonte, quando a alienação for para pessoa jurídica, ou, mediante o recolhimento mensal obrigatório, quando for para pessoa física, e na Declaração de Ajuste Anual. APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL. DESPESA COM ASSESSORES FINANCEIROS, JURÍDICOS E CONTÁBEIS PARA A CONSUMAÇÃO DE OPERAÇÕES PREVISTAS EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Na apuração do ganho de capital na alienação de bens e direitos, o alienante poderá deduzir do valor da alienação a importância paga a título de corretagem incorrida na transação desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente e seja comprovada com documentação hábil e idônea. Não se equipara a corretagem o valor pago pelo alienante à assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação de operações previstas em contrato de compra e venda de ações. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO A PRAZO. Na alienação a prazo, o ganho de capital deve ser apurado como se a venda fosse à vista e o imposto deve ser pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida. APRECIAÇÃO DE ILEGALIDADE. Fl. 1416DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 5 7 Não compete à autoridade administrativa a apreciação de argüições de inconstitucionalidade, ilegalidade, arbitrariedade ou injustiça de atos legais e infralegais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico nacional. MULTA QUALIFICADA É cabível a aplicação da multa qualificada quando restar comprovado que o procedimento adotado pelo contribuinte se enquadra nos pressupostos estabelecidos nos arts. 71,72 e 73 da Lei n. º 4.502/1964. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Os juros de mora são devidos sobre os débitos de qualquer natureza com a União, não liquidados nos devidos prazos, dentre os quais se inclui a multa de ofício. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Em observância ao disposto no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício da decisão encimada, que declarou procedente em parte o lançamento fiscal. Regularmente intimado e inconformado com a Decisão recorrida, o autuado apresentou Recurso Voluntário, às efls. 1.351/1.399, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após detalhado relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, repisa as alegações da impugnação, pugnando preliminarmente pela nulidade por não assistir razão ao fisco quando este afirma que a simples omissão de Telma Romão Maia na apresentação da DAA/2012, combinada com a Declaração apresentada pelo recorrente, constitui opção deste pela tributação integral, pois ambos os cônjuges sempre apresentaram DAA em separado. Demais disso, a omissão de um deles não pode ser convalidada pelo outro, quando consigna formalmente sua opção pela tributação em separado, fato constatado a partir da análise de folhas 1011 e 1021. Conforme assinala a fiscalização, a noticiada omissão de entrega da DAA teria ocorrido apenas em 2012, ao passo que o lançamento alcança vários períodos a contar de 2010. Portanto, a motivação apresentada não pode (e não deve) servir de base para alteração do polo passivo da obrigação tributária, pois, como assinala o art. 123 do CTN, nem mesmo as convenções particulares podem promover essa alteração. Além disso, esclarece que essa faculdade (opção) não é dirigida ao fisco, mas sim ao contribuinte que, espontaneidade sua, pode optar pela tributação em separado, onde cada cônjuge apresenta sua própria declaração de rendimentos (como ocorreu in casu), ou, de outro lado, integralmente em nome de qualquer dos cônjuges, apresentando uma única declaração. Transcreve o art. 7º, §2º, do RIR/99. Cita, ainda, orientação emanada pela SRF, por meio do livro “Perguntas e Respostas”, itens 550 e 586. Sendo o cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, foi arrolada como responsável solidária, com espeque no art. 124, da Lei nº 5.172/66. Contudo, no caso em exame não se aplica o instituto da solidariedade, posto que ambos os cônjuges partilham a condição de sujeito passivo da obrigação principal, nos termos do art. 121 deste diploma legal. Cita, ainda, os arts. 6º, II, e 7º do RIR/99, o art. 4°, Fl. 1417DF CARF MF 8 da IN SRF nº 15/2001, o art. 22, da IN SRF nº 84/2001, bem como o Acórdão nº 10246829 (CARF); Assim sendo, caso considerado válido o lançamento, mister se faz a segregação do valor autuado a título de ganho de capital, de forma que seja imputado ao Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia apenas 50% do valor apurado, nos termos do art. 4º, II, da IN SRF nº 15/2001. Ainda preliminarmente, aduz ser nulo o lançamento conforme se verifica nos autos a Sra. Telma Romão Maia nem mesmo foi mencionada no MPF, tampouco intimada a justificar os supostos rendimentos omitidos. Diante disso é de se concluir que o procedimento fiscalizatório está maculado pela nulidade, já que o cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia que apresentou DIRPF em separado, teria necessariamente que justificar o motivo da omissão, já que ele, por expressa previsão legal, deveria ter tributado 50% dos aludidos ganhos, mencionando jurisprudência administrativa acerca do tema. Quanto ao mérito, afirma que a primeira infração identificada pela fiscalização consiste no não oferecimento à tributação do valor de R$ 15.210.479,39, que corresponde a 50% de R$ 30.420.958,78, tratado no Segundo Aditivo Contratual como redução do valor mínimo da segunda parcela, sendo R$ 12.168.383,51 pelas ações da MB Engenharia SPE37 S/A, e R$ 3.042.095,88 pelas ações da MB Engenharia S/A. Nesse caso o combate ao lançamento leva ao enfrentamento de dois pontos igualmente relevantes, que são: a ausência de rendimentos tributáveis e erro na determinação do aspecto temporal do fato gerador. Transcreve a Cláusula 2.3 do Segundo Aditivo. Esclarece que no Contrato de Compra e Venda foi estabelecido (cláusulas 8.1 e 8.4) a obrigação de os vendedores indenizar os compradores por contingências que pudessem ocorrer depois da realização do negócio, o que se verificou de fato em 30.06.2010, levando a repactuação do contrato com a redução do acordado originalmente, não havendo aquisição de renda, mas apenas redução do valor de alienação da empresa (redução de receita), como previsto no Contrato de Compra e Venda. Não obstante isto, denotase também que houve erro na identificação do aspecto temporal do fato gerador, uma vez que a data de quitação (ou redução) desta importância ocorreu em 30.06.2010, e não em 30.09.2010, como considerado pela fiscalização. Transcreve a Cláusula 2.4 do Segundo Aditivo (fls. 136 a 185 dos autos). Caso se admita que a redução do valor do contrato equiparase a renda para fins de incidência do imposto, ainda assim o lançamento deve ser cancelado por inobservância do aspecto temporal. Cita os arts. 142 e 144 do CTN e jurisprudência deste Tribunal. Quanto aos encargos (juros) incidentes sobre o valor da alienação, o Contrato de Compra e Venda de ações contempla a incidência de atualização pelo IGPM, acrescida de 8%, como forma de manutenção do valor avençado quando da quitação das parcelas, ou seja, este acréscimo faz parte da correção do valor da venda. Cita o art. 21 da Lei nº 7.713/88, e a cláusula 1.1 do Instrumento Particular Para Definição de Forma de Pagamento de Parcela Contratual e Outras Avenças, datado de 13.04.2011 (fls 738/749 dos autos). Não obstante tratarse de correção preestabelecida em contato e não por mora do devedor, a fiscalização efetuou o lançamento desta rubrica não como ganho de capital, mas como rendimentos sujeitos à tabela progressiva. Fl. 1418DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 6 9 Salienta que o lançamento reportase ao art. 123, §6º do RIR, mas que este parágrafo foi inserido no RIR sem embasamento legal e a instituição, modificação ou majoração de tributos não pode ser veiculada por meio de Decreto. Em relação a glosa de despesas assumidas pelos vendedores com prestadores de serviços contratados para efetivação da venda, no valor de R$21.560.121,69, embora tenha reconhecido que referidos gastos foram necessários para obtenção da receita, a fiscalização realizou a glosa sumariamente por entender que não poderiam ser deduzidos do valor tributável. Alega que todos os gastos necessários à percepção dos rendimentos devem ser levados em consideração para fins de determinação da base tributável. Cita os artigos 123, §5º do RIR/99, e o art. 6º, III, da Lei nº 8.134/90. Foi também tratado como omissão de rendimentos o valor de R$ 48.896.157,20, referente a ações recebidas em permuta. Estes títulos, segundo consta do Acordo de Acionistas firmado em 17.04.2008, não estavam disponíveis em 15.09.2011, data assinalada pela fiscalização como a de ocorrência do fato gerador. Esclarece que no Primeiro Aditivo consta claramente que a venda da empresa e a restrição à liberação das ações aos vendedores deramse de forma casada. Ao observar o Contrato de Venda das Ações, cláusula 5.1, alínea “f” (fls. 67/125), a disponibilidade destes títulos mobiliários estaria sujeita a regramento previsto em Acordo de Acionistas, o que demonstra a indisponibilidade da renda no período assinalado. Cita a cláusula 4.1 do referido Acordo (fls. 532/556). Ainda de acordo com o Contrato de Compra e Venda os compradores, ao mesmo tempo em que ofertaram em permuta ações da BRP, exigiram que as mesmas fossem gravadas em alienação fiduciária. Cita a cláusula 8.11 (fls. 67/125) e o Instrumento Particular de Alienação Fiduciária em Garantia (fls. 457/471), ou seja, em outras palavras, 100% das ações encontravamse indisponíveis para os vendedores, pois mesmo na hipótese de liberação de 20% a partir de 2011 (prevista no Acordo de Acionistas), havia a obrigatoriedade de manter no mínimo 40% alienada fiduciariamente. Explicita que nos termos do art. 43, do CTN, o fato gerador do Imposto de Renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda e as ações recebidas em permuta não poderiam ser livremente comercializadas, sendo na operação de permuta apenas o valor da torna, quando houver, deve ser submetido à tributação. Na permuta a disponibilidade da renda e o acréscimo patrimonial são diferidos para momento futuro e incerto, que somente se perfaz com a efetiva venda e respectivo recebimento. Transcreve trechos de decisões do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, e da ementa de Acórdão do CARF. No caso vertente, a disponibilidade da renda somente ocorreu no ano de 2014, ocasião em que o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia recebeu o produto da venda das ações e, como era de esperar, promoveu a declaração do imposto, ao que comprovam a DAA exercício 2015. Desse modo, tendo em vista que o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia já havia, antes da autuação, realizado a alienação das ações e efetivado o pagamento do imposto incidente sobe o ganho de capital auferido, na pior das hipóteses a fiscalização deveria ter deduzido o valor do imposto pago em homenagem ao que dispõe o Parecer Normativo Cosit n° 2/96. Insurgese quanto a multa qualificada afirmando ter procedido conforme a lei, e, ainda, de acordo com a orientação emanada da Receita Federal, conforme consultas colacionadas. Fl. 1419DF CARF MF 10 Ainda que houvesse tributo sobre a operação, o que se admite apenas para fomentar o debate, a definição do momento exato do surgimento da obrigação tributária, nos termos abordados na impugnação, comporta alto grau de indagação, o que, por si só, afasta a natureza de ato doloso. Quanto a incidência de juros quanto a multa, alega não existir previsão legal acerca desta cobrança, sendo totalmente ilegal e descabível. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para preliminarmente decretar a nulidade da Autuação, tornandoa sem efeito e, no mérito, a absoluta improcedência do Lançamento. A Sra. Telma Romão Maia também apresentou Recurso Voluntário, aduzindo as mesmas alegações acima narradas. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 1420DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 7 11 Voto Vencido Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator. Conforme já relatado, o trabalho de fiscalização teve como objetivo efetuar análise tributária da transação de alienação da participação societária nas empresas MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A, realizada entre o fiscalizado e a empresa Brascan Residential Properties S/A, atual Brookfield Incorporações S/A (CNPJ:07.700.557/000184). A fiscalização constatou que o contribuinte Antônio Fernando de Oliveira Maia e seu sócio, o Sr. Marcelo Martins Borba, alienaram à Brascan Residential Properties S/A, CNPJ 07.700.557/000184, por meio do contrato de compra e venda de ações e outras avenças celebrado em 17/04/2008, 14.823.558 ações ordinárias nominativas da empresa MB Engenharia SPE 037 S/A, CNPJ 09.041.491/000193, representativas de 100% de seu capital votante e total. A aquisição da totalidade das ações da MB Engenharia SPE037 S/A resultou na obtenção de 80% das ações representativas do capital votante e total da empresa MB Engenharia S/A, CNPJ 04.123.616/000100. No mesmo instrumento contratual, foi alienado o restante das ações da MB Engenharia S/A, perfazendo o total de 20% de seu capital votante e total, representadas por 400.000 ações ordinárias, de propriedade direta dos mencionados sócios. Tal operação resultou na aquisição, pela compradora, da totalidade das ações representativas do capital votante e total da MB Engenharia S/A, com exceção de 2 (duas) ações que continuaram a ser detidas pelos vendedores. Após esclarecimento a respeito do valor de alienação e o custo de aquisição das ações da MB Engenharia SPE 037 S/A e da MB Engenharia S/A alienadas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia à Brascan Residential Properties S/A por meio do Contrato de Compra e Venda e outras Avencas celebrado em 17/04/2008, a fiscalização procedeu à análise da apuração de ganho de capital feita pelo contribuinte em relação a esta operação. Com relação à opção da tributação dos ganhos de capital pelo contribuinte, a fiscalização informou que, conforme Certidão de Casamento, o contribuinte é casado em comunhão parcial de bens com a Sra. Telma Romão Maia (CPF: 412.550.11149) desde 26/11/1988, e que as ações das empresas MB Engenharia S/A e MB Engenharia SPE 037 S/A alienadas por ele à Brascan Residential Properties S/A foram adquiridas em momento posterior à união e, por conseqüência, são definidas como bens comuns ao casal. No presente caso, por opção do contribuinte, a tributação referente à alienação das citadas ações foi feita por ele. Tal afirmação fundamentase nos Demonstrativos de Apuração dos Ganhos de Capital anexados à sua DAA/2012. Nesses, o Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia informou a alienação da totalidade das ações da MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A possuídas pelo casal. Como as ações alienadas eram bens comuns ao casal, o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador fica perfeitamente caracterizado, nos termos do art. 124, da Lei n.º 5.172/66 (Código Tributário Nacional). Fl. 1421DF CARF MF 12 RECURSO DE OFÍCIO Presente o pressuposto de admissibilidade, em razão do crédito desonerado se encontrar sob o manto do limite de alçada, conheço do recurso de ofício e passo a análise da matéria posta nos autos. Após apresentação da impugnação da autuada, o lançamento fora julgado procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 1673.628/2016, às efls. 1.237/1.282, da 2a Turma da DRJ em São Paulo/SP, acima ementado, razão pela qual a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício daquele decisum, com arrimo no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008. Com mais especificidade, a DRJ competente, ora guerreada, em síntese, achou por bem rechaçar em parte a pretensão fiscal, afastando parte do crédito tributário por alterar o valor tributável referente à infração (omissão/apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em reais) constatada em setembro de 2011, adotando os seguintes fundamentos, in verbis: (...) Dito de outra forma, havia disponibilidade de renda, apta a ensejar a tributação a título de ganho de capital, em relação ao total de 5.962.946 ações recebidas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia. Já com relação ao valor destas ações, assiste razão ao impugnante quando afirma que o critério utilizado pela fiscalização não está correto, conforme adiante será descrito. A data considerada como de ocorrência do fato gerador foi 15.09.2011, mas a autoridade lançadora adotou (fl. 35) o valor atribuído às ações constante do Instrumento Particular para Definição de Forma de Pagamento de Parcela Contratual e Outras Avenças (fls. 628/651), datado de 13.04.2011. Conforme se verifica na cláusula 1.3 do referido Instrumento (fl. 637), o valor unitário atribuído a cada uma das ações dadas em pagamento aos vendedores como parte da segunda parcela foi de R$ 8,20 (oito reais e vinte centavos). Entretanto, embora o Instrumento acima citado tenha sido firmado em abril, o pagamento somente ocorreu em setembro de 2011. Nos termos da IN SRF 84/2001: Art. 19. Considerase valor de alienação: (...);II o valor de mercado, nas operações não expressas em dinheiro; Embora o impugnante tenha juntado (fls. 1147) o que denominou “extrato da Bolsa de Valores Mobiliários com valoração para o dia 15 de setembro de 2011”, não é possível identificar o emissor do referido documento. Neste sentido, o documento apresentado não pode ser aceito. Fl. 1422DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 8 13 Ao se consultar o sítio eletrônico da BOVESPA (www.bmfbovespa.com.br), e acessar a série histórica de cotações, verificase que a cotação da ação (preço médio) para o dia 15.09.2011, foi de R$ 6,49 (seis reais e quarenta e nove centavos). Adotandose a cotação de mercado para a ação em 15.09.2011, cujo valor era de R$ 6,49, e multiplicandose pela quantidade de ações recebidas (5.962.946), obtémse o total de R$ 38.699.519,54 (6,49 x 5.962.946 = R$ 38.699.519,54). Portanto, alterase o valor tributável conforme tabela abaixo: Valor apurado pela fiscalização Valor apurado no julgamento Valor das ações recebidas (R$) 48.896.161,30 38.699.519,54 Custo de aquisição (R$) 1.291.875,70 1.291.875,70 Valor tributável (R$) 47.604.285,60 37.407.643,84 (...) Como se observa dos autos, ao constituir o Ganho de Capital em relação ao total de 5.962.946 das ações percebidas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, a ilustre autoridade lançadora entendeu por bem adotar o valor atríbuido às ações constantes do Instrumento Particular para Definição de Forma de Pagamento de Parcela Contratual e Outras Avenças (fls. 628/651), ou seja, considerou a data do fato gerador o dia 13/04/2011. Conforme se verifica na cláusula 1.3 do Instrumento encimado (fl. 637), o valor unitário atribuído a cada uma das ações dadas em pagamento aos vendedores como parte da segunda parcela foi de R$ 8,20. Considerando este valor, o Sr. Fiscal chegou ao valor de R$ 48.896.161,30 (8,40 x 5.962.946). Contudo, debruçandose sobre os autos, verificase que embora o Instrumento acima descrito tenha sido firmado em abril, o pagamento apenas ocorreu em setembro de 2011 No que diz respeito à tributação do ganho de capital, especificamente quanto ao valor de alienação, inicialmente cabe transcrever o disposto no art. 19, inc II, da IN SRF 84/2001: Art. 19. Considerase valor de alienação: (...); II o valor de mercado, nas operações não expressas em dinheiro; Ao analisar o voto condutor da decisão de piso, observase que o relator a quo adotou a cotação de mercado para a ação na data do efetivo fato gerador, ou seja, em 15/09/2011, obtendo o valor unitário de R$ 6,49, segundo consulta realizada no sítio eletrônico da BOVESPA. Em face dos fatos acima delineados, uma vez demonstrado que o valor apurado pela fiscalização não corresponde a realidade dos fatos, bem como a legislação de regência, concluiu a Delegacia de Julgamento pela correção deste valor para R$ 38.699.519,54 Fl. 1423DF CARF MF 14 (5.962.946 x 6,49), em obediência a Instrução Normativa acima mencionada, levando em consideração, corretamente, a data de 15/09/2011, bem como a cotação de mercado. Na esteira desse entendimento, não se pode cogitar em irregularidade na decisão levada a efeito pelo julgador de primeira instância, porquanto agiu da melhor forma, com estrita observância da legislação de regência, promovendo a retificação do crédito nos termos encimados. Em vista do exposto, estando à decisão de primeira instância em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO E NEGARLHE PROVIMENTO, mantendo o decisum recorrido, nesse ponto, em sua integralidade, pelas razões de fato e de direito acima ofertadas. RECURSO VOLUNTÁRIO Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE NULIDADE FALTA DE INTIMAÇÃO DA CÔNJUGE Preliminarmente, aduz ser nulo o lançamento conforme se verifica nos autos a Sra. Telma Romão Maia nem mesmo foi mencionada no MPF, tampouco intimada a justificar os supostos rendimentos omitidos. Diante disso é de se concluir que o procedimento fiscalizatório está maculado pela nulidade, já que o cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia que apresentou DIRPF em separado, teria necessariamente que justificar o motivo da omissão, já que ele, por expressa previsão legal, deveria ter tributado 50% dos aludidos ganhos, mencionando jurisprudência administrativa acerca do tema. São os seguintes os pressupostos do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, que tratam de nulidade. Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Verificase, pelo exame do processo, que não ocorreram os pressupostos do supracitado artigo 59, uma vez que todos os atos e termos foram lavrados por Auditor Fiscal da Receita Federal – servidor competente para tal lavratura – perfeitamente identificado em todos esses atos, no decorrer do procedimento fiscal. Especificamente com relação ao Auto de Infração, há de se constatar, de sua análise às fls. 2 a 56, que todos os requisitos previstos no supracitado artigo 10 do Decreto 70.235/1.972, abaixo transcrito, ao contrário do que alega o impugnante, também foram plenamente observados quando de sua lavratura: Art.10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; Fl. 1424DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 9 15 III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 (trinta) dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.” Resta evidenciada a legitimidade da ação fiscal que deu ensejo ao presente lançamento, cabendo ressaltar que tratase de procedimento de natureza indeclinável para o Agente Fiscalizador, dado o caráter de que se reveste a atividade administrativa do lançamento, que é vinculada e obrigatória, nos termos do art. 142, parágrafo único do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação de penalidade cabível. De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhe deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de nulidade. E foi precisamente o que aconteceu com os presentes lançamentos. A simples leitura dos anexos das autuações, especialmente o “Termo de Verificação Fiscal” e demais informações fiscais, não deixa margem de dúvida recomendando a manutenção dos lançamentos. Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalização ao promover os lançamentos demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportaram, ou melhor, os fatos geradores do crédito tributário, não se cogitando na nulidade dos procedimentos. Pelo exposto, temse, portanto, que a autoridade autuante agiu com estrita observância das normas legais que regem a matéria, não tendo como prosperar as alegações de nulidade do lançamento. PRELIMINAR NULIDADE MPF Ainda em sede de preliminar, pugna a contribuinte pela decretação da nulidade do lançamento, por entender haver vícios nos Mandados de Procedimento Fiscal – MPF’s, emitidos em face do fiscalizado, especialmente em razão de não constar o nome da Sra. Telma Romão Maia, a qual fora caracterizada como solidária. Não obstante compartilhar com o entendimento do recorrente, no sentido de que eventual vício no Mandado de Procedimento Fiscal – MPF enseja a nulidade do feito, em casos específicos, o que não se vislumbra na hipótese dos autos, conforme já manifestamos em inúmeras oportunidades, o certo é que a jurisprudência atual deste Colegiado e, principalmente, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, afasta a mácula no lançamento decorrente de Fl. 1425DF CARF MF 16 pretensas irregularidades naquele ato, consoante se infere do julgado com sua ementa abaixo transcrita: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1999 VÍCIOS DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF.ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Falhas quanto a prorrogação do MPF ou a identificação de infrações em tributos não especificados, não causam nulidade no lançamento. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e, detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. Recurso voluntário negado.” (2ª Turma da CSRF, Processo nº 10280.001818/200355 – Acórdão nº 920201.757 – Sessão de 27/09/2011) Assim, em homenagem à economia processual, nos quedamos ao posicionamento majoritário deste Egrégio Conselho, o qual não acolhe a nulidade do lançamento decorrente de eventuais irregularidades na emissão do MPF, razão pela qual deixaremos de analisar pontualmente os vícios suscitados pela recorrente, uma vez restar totalmente infrutífero o exame destas questões, o que impõe seja rejeitada a preliminar de nulidade arguida. MÉRITO BEM COMUM DECLARAÇÃO EM SEPARADO LANÇAMENTO EM UM DOS CÔNJUGES A tributação se deu integralmente em relação ao Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, tendo seu cônjuge sido arrolada como responsável solidária, com base no art. 124, da Lei nº 5.172/66. Por sua vez o contribuinte pugna preliminarmente pela nulidade por não assistir razão ao fisco quando este afirma que a simples omissão de Telma Romão Maia na apresentação da DAA/2012, combinada com a Declaração apresentada pelo recorrente, constitui opção deste pela tributação integral, pois ambos os cônjuges sempre apresentaram DAA em separado. Demais disso, a omissão de um deles não pode ser convalidada pelo outro, quando consigna formalmente sua opção pela tributação em separado, fato constatado a partir da análise de folhas 1011 e 1021. Conforme assinala a fiscalização, a noticiada omissão de entrega da DAA teria ocorrido apenas em 2012, ao passo que o lançamento alcança vários períodos a contar de 2010. Portanto, a motivação apresentada não pode (e não deve) servir de base para alteração do polo passivo da obrigação tributária, pois, como assinala o art. 123 do CTN, nem mesmo as convenções particulares podem promover essa alteração. Além disso, esclarece que essa faculdade (opção) não é dirigida ao fisco, mas sim ao contribuinte que, espontaneidade sua, pode optar pela tributação em separado, onde cada cônjuge apresenta sua própria declaração de rendimentos (como ocorreu in casu), ou, de Fl. 1426DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 10 17 outro lado, integralmente em nome de qualquer dos cônjuges, apresentando uma única declaração. Transcreve o art. 7º, §2º, do RIR/99. Cita, ainda, orientação emanada pela SRF, por meio do livro “Perguntas e Respostas”, itens 550 e 586. Sendo o cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, foi arrolada como responsável solidária, com espeque no art. 124, da Lei nº 5.172/66. Contudo, no caso em exame não se aplica o instituto da solidariedade, posto que ambos os cônjuges partilham a condição de sujeito passivo da obrigação principal, nos termos do art. 121 deste diploma legal. Cita, ainda, os arts. 6º, II, e 7º do RIR/99, o art. 4°, da IN SRF nº 15/2001, o art. 22, da IN SRF nº 84/2001, bem como o Acórdão nº 10246829 (CARF); Assim sendo, caso considerado válido o lançamento, mister se faz a segregação do valor autuado a título de ganho de capital, de forma que seja imputado ao Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia apenas 50% do valor apurado, nos termos do art. 4º, II, da IN SRF nº 15/2001. Primeiramente cabe esclarecer que, conforme relatado, a matéria em questão foi aduzida pelo contribuinte de maneira preliminar, no entanto, por se confundir com o mérito, será analisada nesta oportunidade. Feita essa ponderação, passamos ao enfretamento da demanda. Pois bem. O recorrente não contestou o fato de que era casado ao tempo da alienação das participações societárias. Ressaltese que consta da fl. 891 dos autos cópia da Certidão de Casamento na qual se constata que o contribuinte casou sob o regime de comunhão parcial de bens. O regime de comunhão parcial de bens importa a comunicação de todos os bens adquiridos na constância da sociedade conjugal, sendo que a propriedade e posse dos bens são comuns, ainda que seja adquirido em nome de um dos cônjuges apenas. Entendese que os bens adquiridos na constância da sociedade conjugal a título oneroso presumemse advindos do esforço comum do casal, sendo o patrimônio do casal composto por todos os bens móveis e imóveis comuns. O art. 1.660, do Código Civil Brasileiro (Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002), é claro quanto ao que é incluído no regime de comunhão parcial, destacandose, com relação ao caso que ora se aprecia, o inciso I, que se reproduz a seguir, in verbis: Art. 1.660. Entram na comunhão: I os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; Observase que essas determinações constantes no atual Código Civil já estavam previstas no Código anterior aprovado pela Lei n.º 3.071, de 1º de janeiro de 1916, segundo se verifica abaixo: Art. 271. Entram na comunhão: I – os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; Fl. 1427DF CARF MF 18 Verificado que a propriedade é comum, resta saber quem seria o sujeito passivo do imposto de renda incidente sobre ganhos de capital apurado na alienação das participações societárias. Em se tratando de contribuintes casados, a declaração de rendimentos pode ser apresentada em separado ou, opcionalmente, em conjunto. No caso de declaração em separado, cabe transcrever os art. 6° e 7° do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 (Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999): Art. 6° Na constância da sociedade conjugal, cada cônjuge terá seus rendimentos tributados na proporção de (Constituição, art. 226, § 5º): I cem por cento dos que lhes forem próprios; II cinqüenta por cento dos produzidos pelos bens comuns. Parágrafo único. Opcionalmente, os rendimentos produzidos pelos bens comuns poderão ser tributados, em sua totalidade, em nome de um dos cônjuges.(grifo nosso) Art. 7° Cada cônjuge deverá incluir, em sua declaração, a totalidade dos rendimentos próprios e a metade dos rendimentos produzidos pelos bens comuns. § 1o O imposto pago ou retido na fonte sobre os rendimentos produzidos pelos bens comuns deverá ser compensado na declaração, na proporção de cinqüenta por cento para cada um dos cônjuges, independentemente de qual deles tenha sofrido a retenção ou efetuado o recolhimento. § 2o Na hipótese prevista no parágrafo único do artigo anterior, o imposto pago ou retido na fonte será compensado na declaração, em sua totalidade, pelo cônjuge que declarar os rendimentos, independentemente de qual deles tenha sofrido a retenção ou efetuado o recolhimento. § 3o Os bens comuns deverão ser relacionados somente por um dos cônjuges, se ambos estiverem obrigados à apresentação da declaração, ou, obrigatoriamente, pelo cônjuge que estiver apresentando a declaração, quando o outro estiver desobrigado de apresentála. Pela leitura dos dispositivos legais acima transcritos, verificase que a regra geral para os rendimentos produzidos pelos bens comuns é a tributação de 50% em nome de cada um dos cônjuges (art. 6°, inciso II). Observase também, o parágrafo único do art. 6° permite, opcionalmente, que os rendimentos produzidos pelos bens comuns sejam tributados integralmente por um dos cônjuges. Mesmo o art. 4º, da IN SRF 15/2001, também citado pelo recorrente, traz esta ressalva em seu parágrafo único: Art. 4° Os rendimentos comuns produzidos por bens ou direitos, cuja propriedade seja em condomínio ou decorra do regime de casamento, são tributados da seguinte forma: (...) II na propriedade em comunhão decorrente de sociedade conjugal, inclusive no caso de contribuinte separado de fato, a tributação, em nome de cada cônjuge, incide sobre cinqüenta por cento do total dos rendimentos comuns; (...) Fl. 1428DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 11 19 Parágrafo único. No caso do inciso II, os rendimentos são, opcionalmente, tributados pelo total, em nome de um dos cônjuges. Nesse aspecto, cabe destacar os esclarecimentos trazidos pelo sitio da Receita Federal, no perguntas e respostas Imposto de Renda da Pessoa Física, acerca da tributação do ganho de capital na alienação de bens comuns decorrentes do regime de casamento, in verbis: 590 Como devem ser consideradas as alienações efetuadas pelos cônjuges, para fins de tributação dos ganhos de capital? As transações efetuadas na constância da sociedade conjugal em regime de comunhão universal ou parcial de bens comuns têm o seguinte tratamento, para efeito de tributação: cada cônjuge deve considerar 50% do ganho de capital. Opcionalmente o total do ganho de capital pode ser tributado por um dos cônjuges, exceto quando se tratar de bens incomunicáveis, caso em que cada um deve tributar o valor que lhe cabe.(g.n.) Atenção: Nas alienações de bens comuns, decorrentes do regime de casamento, o ganho de capital é apurado em relação ao bem como um todo. Apenas a tributação do ganho apurado é que deve ser feita na razão de 50% para cada cônjuge ou, opcionalmente, 100% em um dos cônjuges.(Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, art. 22)(grifamos) Conforme extraí dos dispositivos encimados, concluise que nas alienações de bens comuns, o ganho de capital será apurado em relação ao bem como um todo, devendo a tributação ser feita na razão de 50% para cada cônjuge. Cabendo ainda, a OPÇÃO, entenda se: por escolha/faculdade do contribuinte, a tributação de 100% em um dos cônjuges. No caso em concreto, conforme a fiscalização afirmou, a Sra. Telma Romão Maia não apresentou a DIRPF 2012 (anocalendário de 2011). Por outro lado, na DIRPF 2012 do Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia foi informada a alienação da totalidade das ações das empresas MB Engenharia SPE037 S/A e MB Engenharia S/A possuídas pelo casal. Cumpre esclarecer que a não apresentação de declaração é um mero descumprimento de obrigação acessória, podendo ser punível com aplicação de multa regulamentar. Fazendo uma análise do lançamento fiscal, verificase que o ganho de capital apurado foi calculado sobre o valor total na venda da participação societária em questão. Seguindo na análise dos cálculos, constatase também que o Imposto de Renda lançado foi calculado sobre esse o valor da totalidade do ganho de capital. Portanto, assiste razão ao Recorrente ao dizer que o Auditor Fiscal não calculou o imposto na razão de 50% (cinquenta por cento) para cada cônjuge. Como a Declaração de Ajuste Anual é feita de forma separada, mesmo que no anocalendário em questão não tenha um dos cônjuges apresentado a DAA (obrigação acessória), da mesma forma não consta como dependente naquela apresentada, assim caberia a Fl. 1429DF CARF MF 20 tributação do imposto de renda de apenas 50% (cinquenta por cento) sobre o ganho de capital da venda das ações pertencentes à sociedade conjugal na fração ideal equivalente a 50% (cinquenta por cento) para cada cônjuge. Como se vê do lançamento, não foi aplicada a sistemática correta para a apuração do ganho de capital na alienação do bem do casal, em que foi perfectibilizado em nome de um dos sujeitos passivos, qual seja, o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, com a incidência do Imposto de Renda sobre a totalidade do montante apurado a título de ganho de capital, razão porque constatase nitidamente o equívoco da fiscalização na aplicação da base de cálculo tributável. Repiso, os fundamentos da autoridade fiscal e dos julgadores de primeira instância de que por não ter a Sra. Telma Romão Maia apresentado DAA para o exercício 2012, teria o Sr. Antonio optado pela totalidade do ganho de capital, o que pelo exposto encimado, não traduz a realidade da melhor forma, uma vez que a entrega da Declaração trata se de obrigação acessória, não dando ensejo ao fundamento da Fazenda Nacional. Só a título de exemplo, o Sr. Antonio também poderia não ter entregue a Declaração para o ano em questão, e nesse caso, não caberia ao fiscal "escolher" em quem lançar, devendo observar os preceitos legais acima transcritos. Na esteira desse entendimento, impõese acolher a argumentação do contribuinte, no sentido da irregularidade do procedimento eleito pela fiscalização ao promover o lançamento, impondo seja decretada a insubsistência do feito, nos termos encimados. DEMAIS QUESTÕES DE MÉRITO Uma vez vencido em relação à tese acima sustentada, passível, em nosso entendimento, de decretar a improcedência do lançamento, mister se faz adentrar às demais questões de mérito suscitadas pelos contribuintes, senão vejamos. DA TRIBUTAÇÃO DA ANTECIPAÇÃO DO PREÇO NOS TERMOS DO 2º ADITIVO CONTRATUTAL Relativamente a este ponto, suscita o contribuinte que a primeira infração identificada pela fiscalização consiste no não oferecimento à tributação do valor de R$ 15.210.479,39, que corresponde a 50% de R$ 30.420.958,78, tratado no Segundo Aditivo Contratual como redução do valor mínimo da segunda parcela, sendo R$ 12.168.383,51 pelas ações da MB Engenharia SPE37 S/A, e R$ 3.042.095,88 pelas ações da MB Engenharia S/A. Nesse caso o combate ao lançamento leva ao enfrentamento de dois pontos igualmente relevantes, que são: a ausência de rendimentos tributáveis e erro na determinação do aspecto temporal do fato gerador. Transcreve a Cláusula 2.3 do Segundo Aditivo. Insurgese a contribuinte contra o entendimento fiscal, aduzindo que no Contrato de Compra e Venda foi estabelecido (cláusulas 8.1 e 8.4) a obrigação de os vendedores indenizarem os compradores por contingências que pudessem ocorrer depois da realização do negócio, o que se verificou de fato em 30.06.2010, levando a repactuação do contrato com a redução do acordado originalmente, não havendo aquisição de renda, mas apenas redução do valor de alienação da empresa (redução de receita), como previsto no Contrato de Compra e Venda. Não obstante as substanciosas razões de fato e de direitos arguidas pelo recorrente, seu insurgimento, contudo, não tem o condão de prosperar, pelas razões de fato e de direito que passamos a desenvolver. Fl. 1430DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 12 21 Destarte, na esteira dos preceitos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, a “renda”, fato gerador do imposto objeto da autuação se caracteriza como sendo a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica decorrentes de proventos de qualquer natureza, dentre outros, como segue: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)” Por sua vez, o Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999, em seu artigo 2º, caput, assim estabelece: “Art. 2º As pessoas físicas domiciliadas ou residentes no Brasil, titulares de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, inclusive rendimentos e ganhos de capital, são contribuintes do imposto de renda, sem distinção da nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou profissão (Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 43, e Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, art. 4º). §1º São também contribuintes as pessoas físicas que perceberem rendimentos de bens de que tenham a posse como se lhes pertencessem, de acordo com a legislação em vigor (DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943, art. 1º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 45). §2º O imposto será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 85 (Lei nº 8.134, de 27 de dezembro de 1990, art. 2º).” Na hipótese dos autos, consoante restou muito bem delineado pelo fiscal autuante, o contribuinte fora tributado em razão da compensação, procedida em 2010, de débitos dos vendedores, nos termos dos próprios instrumentos negociais formalizados pelas partes e constantes dos autos, onde ficou devidamente consignado que do preço mínimo a ser pago pelo negócio, seriam deduzidos os créditos possuídos pela MB Engenharia em face de Marcelo, Fernando e partes a eles relacionadas. Fl. 1431DF CARF MF 22 A propósito da matéria, a autoridade julgadora de primeira instância se manifestou com bastante propriedade, motivo pelo qual peço vênia para transcrever excerto do Acórdão recorrido e adotalo como razões de decidir, in verbis: “[...] Passandose ao caso concreto, verificase que o impugnante, juntamente com seu sócio, era detentor de participação societária nas empresas MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A. A fiscalização constatou que o contribuinte Antônio Fernando de Oliveira Maia e seu sócio, o Sr. Marcelo Martins Borba, alienaram à Brascan Residential Properties S/A, CNPJ 07.700.557/000184, por meio do contrato de compra e venda de ações e outras avenças celebrado em 17/04/2008, 14.823.558 ações ordinárias nominativas da empresa MB Engenharia SPE 037 S/A, CNPJ 09.041.491/000193, representativas de 100% de seu capital votante e total. A aquisição da totalidade das ações da MB Engenharia SPE037 S/A resultou na obtenção de 80% das ações representativas do capital votante e total da empresa MB Engenharia S/A, CNPJ 04.123.616/000100. No mesmo instrumento contratual, foi alienado o restante das ações da MB Engenharia S/A, perfazendo o total de 20% de seu capital votante e total, representadas por 400.000 ações ordinárias, de propriedade direta dos mencionados sócios. Tal operação resultou na aquisição, pela compradora, da totalidade das ações representativas do capital votante e total da MB Engenharia S/A, com exceção de 2 (duas) ações que continuaram a ser detidas pelos vendedores. Em decorrência da referida alienação, cujo contrato foi celebrado em 17.04.2008, o contribuinte, que possuía 50% das ações negociadas, receberia a importância de R$ 20.000.000,00 referentes à primeira parcela (em 2008). Estava previsto, ainda, o recebimento de mais duas parcelas, sendo que a terceira somente seria paga se houvesse redução no valor da segunda parcela, cuja previsão de recebimento era em 30.04.2011. Mas o valor exato da segunda parcela era desconhecido no momento da contratação, já que dependia do resultado da aplicação da fórmula abaixo, cujos componentes estavam vinculados a eventos futuros (vide cláusula 2.4, às fls. 76/77). [...] Embora o valor da segunda parcela fosse desconhecido, a cláusula 2.6 (fl. 83) estipulava um valor mínimo, a ser pago em 30.04.2011, de R$164.000.000,00 (R$82.000.000,00 referentes ao contribuinte), permitindo inclusive aos alienantes apurar, em 2008, o ganho de capital. [...] Com a celebração, em 13.08.2010, do Segundo Aditivo ao Contrato de Compra e Venda, a fórmula para apuração da segunda parcela foi modificada, nos termos da cláusula 1.2.1 (fl. 142): [...] Fl. 1432DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 13 23 Com a cláusula 1.3, abaixo reproduzida, do Segundo Aditivo, foi acrescentado mais um abatimento, no montante de R$ 30.420.958,78: [...] Só para resumir, com o Segundo Aditivo, o cálculo da 2a parcela da venda objeto da presente análise passou a ser: Segunda Parcela = [EBTIDA MB x 5,5] – [Dívida Líquida MB] – [Dívida Líquida Brookfield MB Econômico] – [Pagamento Postergado] – [Desembolso Inicial Atualizado] – [Segundo Desembolso Atualizado] [Terceiro Desembolso Atualizado] – R$ 30.420.958,78 (atualizados até 30.04.2011). Estes R$ 30.420.958,78, como se verá adiante, correspondem à dívida dos vendedores junto à empresa MB Engenharia. Com o Segundo Aditivo também houve modificação no cálculo do Valor Mínimo (chamado de Preço Mínimo na cláusula 2.3, à fl.150) prevendose a dedução dos créditos com partes relacionadas. [...] Nos termos da cláusula 2.3.1, o valor acima (R$ 29.872.221,51) atualizado até 30.06.2010, passou a ser de R$ 30.420.958,78: [...] A cláusula 2.3 do Segundo Aditivo, como visto acima, menciona que os créditos com partes relacionadas são créditos possuídos pela empresa (MB Engenharia) em face dos vendedores, dentre os quais se encontra o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia. Nesta cláusula é citado o Anexo 10. A fiscalização autuou o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia em função da compensação, ocorrida em 2010, de dívida possuída pelos vendedores. Neste sentido, vale a pena transcrever o contido nas fls. 43/44 dos autos: [...] Em outras palavras, as cláusulas do Segundo Aditivo ao Contrato de Compra e Venda de Ações e Outras Avencas transcritas acima estabeleceram a redução do valor da 2ª parcela do preço mediante compensação dos valores devidos pelos alienantes à MB Engenharia S/A.(grifos originais) O lançamento feito na contabilidade da adquirente não deixa qualquer dúvida sobre o fato de que a compensação citada acima ensejou redução da quantia a ser paga na 2ª parcela: foi feito um débito na conta de aquisição de investimento (conta do passivo) e um crédito na conta de empréstimo a partes relacionadas (conta do Fl. 1433DF CARF MF 24 ativo), em 30/09/2010. O cálculo da Segunda Parcela, conforme documento intitulado Instrumento Particular de Fixação de Parcelas Contratuais e Outras Avencas firmado entre Compradora e Vendedores em 29.03.2011, trata o referido valor como “Antecipação do preço conforme segundo aditivo”, e o subtrai, juntamente com os valores pagos referente à Primeira Parcela, do valor real da alienação das ações, resultado da aplicação da fórmula prevista no Contrato de Compra e Venda de Ações e outras Avenças, celebrado entre as partes em 17/04/2008. A insurgência do impugnante no sentido de que houve simples redução no valor de alienação, em razão da obrigação dos vendedores de indenizar os compradores por contingências verificadas após a realização dos negócios, não merece guarida. A fiscalização partiu do pressuposto da veracidade das cláusulas contidas no contrato de compra e venda. E no contato celebrado consta expressamente que do preço mínimo seriam deduzidos créditos possuídos pela MB Engenharia em face de Marcelo, Fernando e partes a eles relacionadas. Não é razoável se imaginar que este trecho foi inserido por equívoco no contrato. O impugnante também alega (fls. 1065/1066) que na cláusula 2.3 do Segundo Aditivo (celebrado em 13.08.2010) os créditos com partes relacionadas estão definidos como perdas identificadas na MB Engenharia. Entretanto, esta informação diverge do contido no item 1 do Instrumento Particular de Fixação de Parcelas Contratuais e Outras Avenças (fls. 670/673) que traz a seguinte afirmação: A Compradora informa que não apurou nenhuma perda relevante no período. Atentese que este Instrumento é mais recente, eis que firmado entre Compradora e Vendedores, em 29.03.2011, portanto, celebrado em data posterior ao 2º Aditivo. Transcrevese, abaixo, o citado item: [...] Também não merece prosperar a alegação do impugnante de que nos lançamentos da conta “Créditos com Partes Relacionadas” não existe menção ao nome dos vendedores e por este motivo está afastada a tese de abatimento do valor da 2a. parcela de dívidas a estes vinculadas. Senão vejamos. Nos termos do pronunciamento do Ibracon podemse definir partes relacionadas como: “Entidades, físicas ou jurídicas, com as quais uma companhia tenha possibilidade de contratar, no sentido lato deste termo, em condições que não sejam as de comutatividade e independência que caracterizam as transações com terceiros alheios à companhia, ao seu controle gerencial ou qualquer outra área de influência.” Da conceituação acima podese extrair que tanto uma pessoa jurídica como pessoa física podem ser consideradas partes relacionadas. Fl. 1434DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 14 25 O fato de não conter nos lançamentos os nomes dos vendedores também não desabona a tese da fiscalização. Os nomes adotados pela contabilidade, por si só, não são capazes de traduzir a real natureza dos lançamentos. O que dizer, por exemplo, de um lançamento denominado “quitação de saldo das vagas de garagem 2 e 3 – apto. 203” ? Portanto, quisesse o impugnante fazer valer suas alegações, bastaria ter apresentado junto com a impugnação as demonstrações contábeis referentes à conta sob comento, acompanhadas dos respectivos documentos probatórios, de modo que ficasse provado, de forma irrefutável, que referidas transações não beneficiaram as pessoas físicas dos sócios, ou seja, que não era dívida dos sócios ao contrário do afirmado na cláusula 2.3 do Segundo Aditivo contratual. Ainda, como bem lembrou a fiscalização, o cálculo da Segunda Parcela, conforme documento intitulado Instrumento Particular de Fixação de Parcelas Contratuais e Outras Avenças (fls. 670/673) firmado entre Compradora e Vendedores, em 29.03.2011, trata o referido valor, em seu Anexo I, como “Antecipação do preço conforme segundo aditivo”, e o subtrai, juntamente com os valores pagos referente à Primeira Parcela, do valor real da alienação das ações, resultado da aplicação da fórmula prevista no Contrato de Compra e Venda de Ações e outras Avenças, celebrado entre as partes em 17/04/2008. Dos dispositivos contratuais acima transcritos, resta claro que o preço de venda das participações societárias estava sujeito a ajuste e somente poderia ser determinado, definitivamente, após o seu recebimento. Do valor mínimo estipulado para pagamento em 30.04.2011 seriam abatidos o valor atualizado correspondente à primeira parcela e o montante de R$ 30.420.958,78. Desse modo, a dedução dos créditos com partes relacionadas diminuiu o valor a receber da segunda parcela ocorrido em 2011, configurandose como pagamento de parte do preço. Diante de todo o acima exposto, entendo que em 30/09/2010, data adotada pela fiscalização como a da ocorrência do fato gerador, o impugnante possuía disponibilidade jurídica sobre o montante de R$ 15.210.479,39 (metade dos R$30.420.958,78 lançados na contabilidade da empresa Brookfield Incorporações S/A), que foram abatidos na 2a parcela do preço. Determina o artigo 116, do CTN, que, salvo disposição de lei em contrário, tratandose de situação jurídica, considerase ocorrido o fato gerador, e existentes os seus efeitos, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável. Em complementação, o artigo 117, dispõe que, salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos Fl. 1435DF CARF MF 26 condicionais reputamse perfeitos e acabados, sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. Tais dispositivos também dispõem que, tratandose de situação de fato, ocorre o fato gerador desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios. Ainda, disponibilidade jurídica não se confunde com disponibilidade econômica. Ao se referir à disponibilidade econômica ou jurídica, o legislador entendeu que o fato gerador pode se dar quando houver o pagamento ou simplesmente o crédito. A disponibilidade jurídica decorre do simples crédito desse valor do qual o beneficiário passa a juridicamente dispor, embora ainda não esteja em suas mãos. Já a disponibilidade econômica decorre do recebimento do valor, que se soma ao patrimônio do beneficiário. É a disponibilidade de fato, efetiva. No caso, houve a disponibilidade de renda que se incorporou a titulo definitivo no patrimônio do contribuinte, e a referida disponibilidade somente veio a ocorrer em setembro de 2010, quando dos lançamentos contábeis de baixa da dívida dos sócios junto à empresa. Correta, portanto, a data considerada pela fiscalização como de ocorrência do fato gerador. Quanto a considerar os R$15.210.479,39 como valor sujeito a ganho de capital e não rendimentos sujeitos ao ajuste, deve ser visto que o pagamento da dívida dos vendedores pelo comprador está vinculado a uma operação de alienação de participação societária onde o valor de venda foi superior ao custo de aquisição, sujeita, portanto a ganho de capital. O pagamento por meio de quitação de dívida foi mais uma forma encontrada, ao lado do pagamento em espécie e do pagamento em ações, da quitação do preço, não tendo o condão de mudar a natureza jurídica dos rendimentos, que neste caso estão sujeitos a ganho de capital. De forma diversa ocorreria, por exemplo, se as pessoas físicas dos vendedores tivessem prestado serviços a uma pessoa jurídica, e esta, ao invés de efetuar um pagamento diretamente aos prestadores do serviço, quitasse dívidas dos primeiros junto a terceiros. Neste caso, os rendimentos, configurados pelo pagamento da dívida, estariam sujeitos ao ajuste anual. Dado o exposto, entendo correto o procedimento adotado pela fiscalização de considerar ocorrido ganho de capital em 2010, razão pela qual julgo improcedente a impugnação quanto a esta parte. [...]” Extraise daí que a conduta da autoridade lançadora, corroborada pelo julgador de primeira instância, especialmente em relação à data da ocorrência do fato gerador admitida por ocasião do lançamento, encontramse em compasso com a legislação de regência, não se cogitando na improcedência do feito, como pretende fazer crer o contribuinte. Fl. 1436DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 15 27 DOS JUROS INCIDENTES SOBRE O VALOR DA ALIENAÇÃO Consoante se positiva dos autos, a fiscalização tributou como omissão de rendimentos recebidos a título de juros o valor de R$ 4.944.207,39. A autoridade fiscal, após explicação dos fatos (fls. 52/54) chegou à conclusão de que os juros incidentes sobre o valor da Segunda Parcela (que totalizou R$ 9.888.414,78 para os dois vendedores), constava incluído e totalmente absorvido no primeiro pagamento (da 2ª parcela) ocorrido em maio de 2011. Quanto à Segunda Parcela vale a pena repetir o contido no Termo de Verificação Fiscal (fl. 47): [...] Quanto ao valor de alienação, verificase que o contribuinte informou em seus demonstrativos o total de R$ 138.937.560,20 referente à venda das ações das duas empresas. Tal quantia é basicamente o montante recebido em moeda corrente por cada um dos alienantes, conforme pode ser verificado por meio dos comprovantes de pagamentos apresentados pela empresa adquirente das ações. Isso significa que: Não foram incluídos como valor de alienação, nos demonstrativos de apuração de ganhos de capital apresentados pelo contribuinte, as quantias recebidas em ações (R$ 48.896.157,20) e os montantes pagos a terceiros por conta e ordem dos alienantes (no caso do contribuinte, metade dos R$ 21.560.121,69); Foram, por outro lado, incluídos como valor de alienação, nos citados demonstrativos, o montante recebido a título de juros (Em relação ao contribuinte, metade de R$ 9.888.414,78). [...] No entendimento da fiscalização, o contribuinte deveria ter incluído como valor de alienação a parte recebida em ações e as quantias pagas a terceiros por determinação dos alienantes. Já a parcela referente aos juros deveria ter sido oferecida à tributação como rendimento tributável sujeito ao ajuste anual. Em sua defesa inaugural, relativamente aos encargos (juros) incidentes sobre o valor da alienação, o contribuinte suscita que o Contrato de Compra e Venda de Ações contempla a incidência de atualização pelo IGPM, acrescida de 8%, como forma de manutenção do valor avençado quando da quitação das parcelas, ou seja, este acréscimo faz parte da correção do valor da venda, tratandose de correção preestabelecida em contrato e não por mora do devedor. A fazer prevalecer seu entendimento, alega, ainda, que o lançamento reporta se ao art. 123, §6º do RIR, o qual teria sido inserido no RIR/99 sem embasamento legal, tendo em vista que a instituição, modificação ou majoração de tributos não pode ser veiculada por meio de Decreto, argumentos que, igualmente, não merecem guarida, senão vejamos. Destarte, no que tange à análise de ilegalidades e/ou inconstitucionalidades de leis, como é de conhecimento daqueles que lidam com o processo administrativo fiscal, não cabe a esta instância de julgamento se pronunciar sobre a matéria. Em verdade, às autoridades julgadoras, simplesmente incumbe verificar se houve uma correta aplicação da lei ao fato gerador, isto é, se efetivamente ocorreu a perfeita subsunção do fato à norma jurídica. Fl. 1437DF CARF MF 28 É o que se verifica na hipótese dos autos, onde, no tocante à apuração do ganho de capital, o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, ao tratar dos “Ganhos de Capital na Alienação de Bens ou Direitos”, assim dispõe: Art. 140. Nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como venda à vista e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver (Lei nº 7.713, de 1988, art. 21). § 1º Para efeito do disposto no caput, deverá ser calculada a relação percentual do ganho de capital sobre o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida. (...). Por sua vez, a Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, ao regulamentar a matéria, com mais especificidade tratando da apuração e tributação de ganhos de capital nas alienações de bens e direitos por pessoas físicas, estabelece o seguinte: Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Parágrafo único. O imposto devido, relativo a cada parcela recebida, é apurado aplicandose: I o percentual resultante da relação entre o ganho de capital total e valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida; II a alíquota de quinze por cento sobre o valor apurado na forma do inciso I. Em relação ao “Valor de Alienação”, o Decreto nº 3.000, de 1999, prescreve o que segue: Art. 123. Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): I o preço efetivo da operação, nos termos do § 4º do art. 117; II o valor de mercado nas operações não expressas em dinheiro; (...) § 6º Os juros recebidos não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados na forma dos arts. 106 e 620, conforme o caso.” (grifos acrescidos) Por seu turno, a Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001, ao normatizar o dispositivo legal citado e transcrito, no art. 19, § 3º, esclarece que “os valores recebidos a título de reajuste, no caso de pagamento parcelado, qualquer que seja sua designação, a exemplo de juros e reajuste de parcelas, não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados à medida de seu recebimento, na fonte ou mediante o recolhimento mensal obrigatório (carnêleão), quando a alienação for para pessoa jurídica ou para pessoa física, respectivamente, e na Declaração de Ajuste Anual”. Na esteira dos preceitos legais acima transcritos, notadamente o § 6º, do artigo 123, do Decreto nº 3.000, de 1999, e dos esclarecimentos inscritos no § 3º, do artigo 19, Fl. 1438DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 16 29 da Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001, concluise que qualquer importância paga a título de reajuste das parcelas, inclusive a título de juros, não compõem o valor de alienação, devendo ser tributada por meio do Recolhimento Mensal Obrigatório (se recebida de pessoa física) ou na Fonte (se recebida de pessoa jurídica), e na Declaração de Ajuste Anual. Frisese que, mesmo na hipótese de não haver sido efetuada a retenção do imposto de renda na fonte, deverá o contribuinte apresentar a apuração definitiva do imposto de renda na Declaração de Ajuste Anual, conforme orienta o Parecer Normativo COSIT nº 1, de 24 de setembro de 2002 (DOU de 25/09/2002), o que não fora observado pelo recorrente, razão da autuação neste item, impondo seja mantido o lançamento na forma constituída. DA GLOSA DAS DESPESAS Ainda relativamente ao recebimento da 2ª parcela, o fiscal autuante constatou que o contribuinte informou nos demonstrativos de Apuração de Ganho de Capital o total de R$ 138.937.560,20 referente à venda das ações das duas empresas e que tal quantia corresponde ao montante recebido em moeda corrente por cada um dos alienantes. Isso significa que não foram incluídos como valor de alienação, nos demonstrativos de apuração de ganhos de capital apresentados pelo contribuinte, os montantes pagos a terceiros por conta e ordem dos alienantes (no caso do contribuinte, metade dos R$ 21.560.121,69), referentes a despesas incorridas pelos vendedores com a contratação de assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação das operações previstas no Contrato de Compra e Venda de Ações. Irresignada com o entendimento da fiscalização, o contribuinte pretende seja afastada aludida imputação fiscal, sob o argumento de que todos os gastos necessários à percepção dos rendimentos devem ser levados em consideração para fins de determinação da base tributável. Mais uma vez, o inconformismo do contribuinte não tem o condão de macular a exigência fiscal, a qual deve ser mantida em sua plenitude, senão vejamos. Destarte, os preceitos contidos no § 5º do artigo 123, do RIR/1999, aprovado pelo Decreto nº 3.000, contempla/possibilita exclusivamente a dedução da importância paga a título de corretagem do valor da alienação do bem ou direito, desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente, como segue: Seção III Valor de Alienação Art. 123. Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): [...] § 5º O valor pago a título de corretagem na alienação será diminuído do valor da alienação, desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente. [...] No mesmo sentido, os artigos 17, I, “c” e 19, § 4º da IN SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, que dispõe sobre a apuração e tributação de ganhos de capital nas alienações de bens e direitos por pessoas físicas, dispõe o seguinte: “Valores computáveis como custo Fl. 1439DF CARF MF 30 Art. 17. Podem integrar o custo de aquisição, quando comprovados com documentação hábil e idônea e discriminados na Declaração de Ajuste Anual, no caso de: I bens imóveis: [...] c) as despesas de corretagem referentes à aquisição do imóvel vendido, desde que tenha suportado o ônus; [...] Valor de Alienação Art. 19. Considerase valor de alienação: [...] § 4º O valor da corretagem, quando suportado pelo alienante, é deduzido do valor da alienação e, quando se tratar de venda a prazo, com diferimento da tributação, a dedução far seá sobre o valor da parcela do preço recebida no mês do pagamento da referida corretagem. [...] Constatase dos dispositivos legais retromencionados que o legislador foi por demais enfático ao autorizar tão somente os valores pagos a título de corretagem, pela intermediação do negócio, da base de cálculo na apuração do ganho de capital. Ao admitir a exclusão da base de cálculo do ganho de capital as pretensas despesas incorridas pelos vendedores com a contratação de assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação das operações previstas no Contrato de Compra e Venda de Ações, teríamos que interpretar o § 5º do artigo 123, do RIR/1999, de forma extensiva, o que vai de encontro com a legislação tributária. Com efeito, nos termos do § 5º do artigo 123, do RIR/1999, não compõe a base de compõe a base de cálculo do ganho de capital os valores pagos a título de corretagem, uma vez observadas as condicionantes inscritas na legislação de regência, sendo defeso a interpretação de referida previsão legal extensivamente, de forma a incluir outras importâncias, senão aquela (s) constante (s) da norma disciplinadora do “benefício” em comento, ou mesmo afastar os requisitos legais para tanto. Não bastasse isso, mister registrar que o fato de aludidas deduções estarem ou não inseridas nos contratos particulares firmados entre as partes, não tem o condão de produzir qualquer efeito perante ao Fisco, por vincular tão somente os contratantes e não terceiros, como a autoridade fazendária, especialmente estando ausente qualquer dispositivo legal que abarque o procedimento adotado pelo recorrente. Nesse sentido, tendo o contribuinte deduzindo indevidamente do cálculo do imposto devido em razão do ganho de capital auferido na alienação sob análise, os valores das despesas incorridas pelos vendedores com a contratação de assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação das operações previstas no Contrato de Compra e Venda de Ações, sem qualquer fundamento legal, impondo a manutenção do feito. PERMUTA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA Ainda com relação ao recebimento da 2ª parcela, a fiscalização constatou que o contribuinte informou nos demonstrativos de Apuração de Ganho de Capital o total de R$ 138.937.560,20 referente à venda das ações das duas empresas e que tal quantia corresponde ao montante recebido em moeda corrente por cada um dos alienantes. Entretanto, não foram Fl. 1440DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 17 31 incluídos como valor de alienação, nos demonstrativos de apuração de ganhos de capital apresentados pelo contribuinte, as quantias recebidas em ações, que, segundo cálculos efetuados pela autoridade lançadora, somou R$ 48.896.157,20. O contribuinte recebeu um total de 5.962.946 de ações, conforme demonstra o documento de fl. 761. Em sua peça recursal, o contribuinte alega que estas ações não estavam disponíveis em 15.09.2011, data assinalada pela fiscalização como a de ocorrência do fato gerador. O contribuinte argumenta que pelo Contrato de Venda das Ações, a disponibilidade destes títulos mobiliários estaria sujeira a regramento previsto em Acordo de Acionistas, o que demonstra a indisponibilidade da renda no período assinalado. Alega também, que no Primeiro Aditivo consta claramente que a venda da empresa e a restrição à liberação das ações aos vendedores deramse de forma casada. Informa ainda o recorrente que de acordo com o Contrato de Compra e Venda os compradores, ao mesmo tempo em que ofertaram em permuta ações da BRP, exigiram que as mesmas fossem gravadas em alienação fiduciária. Em outras palavras, 100% das ações encontravam indisponíveis para os vendedores, pois mesmo na hipótese de liberação de 20% a partir de 2011, havia a obrigatoriedade de manter no mínimo 40% alienada fiduciariamente nos termos do Instrumento Particular de Alienação Fiduciária em Garantia. O contribuinte acrescentou que como as ações recebidas em permuta não poderiam ser livremente comercializadas, não havia disponibilidade econômica ou jurídica, o que somente ocorreu no ano de 2014, ocasião em que o impugnante recebeu o produto da venda e promoveu a declaração do imposto. Desse modo, tendo em vista que o impugnante já havia, antes da autuação, realizado a alienação das ações e efetivado o pagamento do imposto incidente sobe o ganho de capital auferido, na pior das hipóteses a fiscalização deveria ter deduzido o valor do imposto pago. Em função das argumentações acima expostas serão tecidas adiante, as seguintes considerações. Em primeiro lugar deixese claro que não se trata de operação de permuta como quer fazer crer o impugnante. Já foi demonstrado neste voto, que o recebimento pelos vendedores por meio de ações conferidas pelo comprador compôs parte do preço da operação de compra e venda. Embora o caso que ora se examina não se trate de permuta, vale a pena trazer a lume as lições de Silvio Rodrigues sobre o tema, no seu livro Direito Civil, Ed. Saraiva, 22ª edição: Sua índole é a mesma da compra e venda e difere desse contrato apenas porque nele a prestação de uma das partes consiste em dinheiro, o que não se dá na troca, em que as prestações dos permutantes são em espécie. Essa identidade de natureza decorre do fato de o contrato de compra e venda ser espécie do contrato de troca. Fl. 1441DF CARF MF 32 E mesmo que se tratasse de permuta, o que, repitase, não é o caso, estão sujeitas à apuração de ganho de capital as operações que importem alienação a qualquer título, inclusive permuta (art. 3º, I, IN SRF 84/2001). O fato de parte do pagamento ser em ações não desfigura o contrato de compra e venda, mormente quando a parte recebida em dinheiro representa o maior valor. Neste sentido as lições de Pontes de Miranda em sua obra Tratado de Direito Privado –Parte Especial, Ed. Bookseller, 1ª edição: O comprador presta o preço. Sem preço, não há comprae venda, posto que possa haver preço sem que o contrato seja de compraevenda. Quando se promete, em negócio bilateral, em que há contraprestação em dinheiro, fundo de empresa ou estabelecimento, ou outro patrimônio, há compraevenda. (...) Se a contraprestação é parte em dinheiro e parte um outro bem vendível, temse de indagar qual à parte de maior valor, para que se saiba se o caso é de compraevenda, ou é de troca. Se não há meio para se dizer qual o que vale mais, o contrato é contrato misto de compraevenda e de troca. (...) Nas espécies em que há contraprestação em dinheiro e noutro bem, é de relevância saberse qual o valor que prevalece, porque a resolução por inadimplemento não pode ser por falta do que é secundário. A interpretação do negócio jurídico é que há de dar a resposta exata. Basta lembrar que no caso que ora se examina, mesmo que considerado apenas a 2a parcela do pagamento, ou seja, desconsiderado o adiantamento pago em 2008, foram depositados para o contribuinte em dinheiro, somente no mês de maio e junho de 2011, R$138.937.560,20 (cento e trinta e oito milhões, novecentos e trinta e sete mil, quinhentos e sessenta reais e vinte centavos) valor este muito superior ao recebimento em ações. Em resumo, tratase indubitavelmente de contrato de compra e venda, não havendo o que se falar em permuta. Outra alegação do fiscalizado diz respeito ao fato de que as ações recebidas pelos vendedores não estavam completamente disponíveis em 2011 em função: a) do regramento previsto em Acordo de Acionistas, segundo o qual a possibilidade de alienação destas ações estaria limitada a 20% ao ano a partir de 2011; b) da alienação fiduciária de 40% das ações. Com relação à alienação fiduciária são tecidas as seguintes considerações: Por ser pertinente, são transcritos os dispositivos abaixo, contidos na Lei 10.406/2002 (Código Civil): Da Propriedade Fiduciária Fl. 1442DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 18 33 Art. 1.361. Considerase fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. § 1o Constituise a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendose a anotação no certificado de registro. Como leciona Silvio Venosa no seu livro Direito Civil, vol. 5., 3ª ed., Atlas: Na alienação fiduciária ocorre tradição ficta da coisa. A transcrição do contrato no Registro de Títulos e Documentos é essencial para prevalecer com relação a terceiros. Registrese que a alienação fiduciária é utilizada nos negócios onde aquele que visa adquirir um bem móvel, busca recursos de terceiros para esta aquisição, transferindo para o credor o domínio deste bem. Neste sentido, os ensinamentos de Sílvio Rodrigues, no seu livro Direito Civil, 27ª ed., Saraiva: A alienação fiduciária em garantia é o negócio jurídico mediante o qual o adquirente de um bem transfere o domínio do mesmo ao credor que emprestou o dinheiro para pagarlhe o preço, continuando entretanto o alienante a possuílo pelo constituto possessorio, resolvendose o domínio do credor quando for pago de seu crédito Tendo em vista o acima exposto, podese dizer que ainda que se admita como válido o contrato de alienação fiduciária, o contribuinte, para alienar fiduciariamente, deveria estar revestido da condição de proprietário, ocorrendo, desta forma, a disponibilidade jurídica do bem, ou seja, no caso concreto não se pode admitir a indisponibilidade, para efeito de apuração de ganho de capital, com relação a 40% das ações recebidas pelos vendedores e que, segundo o impugnante, foram objeto de alienação fiduciária. Já com relação ao regramento previsto em Acordo de Acionistas, segundo o qual a possibilidade de alienação das ações (recebidas em decorrência do Contrato de Compra e Venda) estaria limitada a 20% ao ano a partir de 2011, também não assiste razão ao recorrente quanto à indisponibilidade. Senão vejamos. O Contrato de Compra e Venda de Ações estabeleceu (cláusula 2.4.1 – fl. 77 dos autos) que a segunda parcela do preço pela aquisição das ações dos vendedores seria pago em 30.04.2011, inclusive, por meio de ações de emissão da BRP (Brascan Residential Properties), a serem emitidas conforme disposto na cláusula 2.4 e seguintes do respectivo contrato. O Acordo de Acionistas (fls. 532/556), firmado em 17.04.2008, ou seja, na mesma data do Contrato de Compra e Venda de Ações, previa em sua cláusula 4.1.1 a limitação da venda das ações dos vendedores em 20% ao ano a partir de 2011, somente para operações realizadas na BOVESPA: Fl. 1443DF CARF MF 34 4.1.1. Observada a alienação fiduciária em garantia, prevista no Contrato de Compra e Venda, a alienação de Ações de propriedade dos Acionistas MB em operações realizadas na BOVESPA deverá observar o disposto na Cláusula 4.1.2 e estará limitada ao montante anual de 20% (vinte por cento) do total das Ações de propriedade dos acionistas MB alienante na data de pagamento da Segunda Parcela, a qual esta prevista para 30.04.2011. Ou seja, a restrição para alienação não era absoluta. Tanto é verdade que a cláusula 4.7 previa a possibilidade de alienação entre os acionistas: 4.7. Não estão sujeitas às obrigações estabelecidas nesta Cláusula as alienações: (i) de Ações de propriedade de qualquer dos Acionistas MB para outro Acionista MB ou em favor de sociedade ou fundo de investimento que não poderá ser estruturado em local que não seja possível a comprovação do seu controlador final de propriedade integral de Marcelo e/ou Fernando; (ii) de 1 (uma) Ação para pessoas que forem eleitas pelos Acionistas MB para o cargo de membro do Conselho de Administração, observado que tais pessoas deverão comprometerse a devolver ao Acionista MB a Ação por elas recebidas caso deixem de ocupar, por qualquer motivo, o cargo de Conselheiro Administrativo. Dito de outra forma, havia disponibilidade de renda, apta a ensejar a tributação a título de ganho de capital, em relação ao total de 5.962.946 ações recebidas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia. DA MULTA QUALIFICADA Insurgese, ainda, o contribuinte contra a multa qualificada afirmando ter procedido conforme a lei, e de acordo com a orientação emanada da Receita Federal, conforme consultas colacionadas aos autos. Inobstante as alegações de fato e de direito suscitadas pelo contribuinte, mais uma vez, seu inconformismo não merece guarida. Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que regulamentam a matéria, que assim prescrevem: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Fl. 1444DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 19 35 Por sua vez, os artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502/64, ao contemplarem as figuras do “dolo, fraude ou sonegação”, assim estabelecem: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Consoante se infere dos dispositivos legais acima transcritos, impõese à autoridade lançadora a observância dos parâmetros e condições básicas previstas na legislação de regência em casos de imputação da multa qualificada que somente poderá ser levada a efeito quando àquela estiver convencida do cometimento do crime (dolo, fraude ou simulação), devendo, ainda, relatar todos os fatos de forma pormenorizada, possibilitando ao contribuinte a devida análise da conduta que lhe está sendo atribuída e, bem assim, ao procurador e às autoridades julgadoras de que o delito efetivamente fora praticado. Em outras palavras, não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Este entendimento, aliás, encontrase sedimentado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: MULTA AGRAVADA – Fraude – Não pode ser presumida ou alicerçada em indícios. A penalidade qualificada somente é admissível quando factualmente constatada as hipóteses de fraude, dolo ou simulação. (8ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10807.561, Sessão de 16/10/2003) (grifamos) MULTA QUALIFICADA – NÃO CARACTERIZAÇÃO – Não tendo sido comprovada de forma objetiva o resultado do dolo, da fraude ou da simulação, descabe a qualificação da penalidade Fl. 1445DF CARF MF 36 de ofício agravada. (2ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10245.625, Sessão de 21/08/2002) MULTA DE OFÍCIO – AGRAVAMENTO – APLICABILIDADE – REDUÇÃO DO PERCENTUAL – Somente deve ser aplicada a multa agravada quando presentes os fatos caracterizadores de evidente intuito de fraude, como definido nos artigos 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, fazendose a sua redução ao percentual normal de 75%, para os demais casos, especialmente quando se referem à infrações apuradas por presunção. (8ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10807.356, Sessão de 16/04/2003) (grifamos) Na esteira desse raciocínio, ratificando posicionamento pacífico do então 1º Conselho de Contribuintes, o CARF consagrou de uma vez por todas o entendimento acima alinhavado, editando a Súmula nº 14, determinando que: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a QUALIFICAÇÃO da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo Na hipótese dos autos, em suma, a autoridade lançadora imputou a conduta dolosa ao contribuinte, com a respectiva aplicação da multa qualificada, em razão dos seguintes fatos: [..] A autoridade lançadora alega que o contribuinte informou em seus demonstrativos de apuração de ganhos de capital os valores de R$ 45.123.380,80, como custo de aquisição da empresa MB Engenharia SPE 037 S/A e de R$ 11.280.845,20 como custo de aquisição da empresa MB Engenharia S/A, quando, conforme demonstrado no Termo de Verificação Fiscal, os valores corretos seriam R$ 7.411.779,00 e R$ 1.560.000,00 respectivamente, e que intimado a esclarecer e documentar tais valores, o fiscalizado limitouse a apresentar documentação que não traz fundamento apto a ensejar possíveis dúvidas quanto ao custo suportado pelo contribuinte na aquisição do bem transacionado. A fiscalização também afirmou que o contribuinte informou em sua Declaração de Ajuste Anual do anocalendário de 2011 (fls. 1020/1026), no quadro bens e direitos, ter adquirido em permuta, ações ordinárias nominativas da empresa Brookfield Incorporações S/A, pelo valor de R$0,01 e que, além de não ter havido permuta, não há fundamento para adoção deste valor para as ações. Para a fiscalização, a introdução de informações falsas pelo contribuinte foi intencional, e objetivava não impactar a declaração com variação patrimonial a descoberto, visto que o recebimento em ações não foi oferecido à tributação. [...] Como se observa, em que pese ter conhecimento da verdadeira base de cálculo do imposto devido, o contribuinte dolosamente prestou informações inverídicas na apuração do ganho de capital objeto do presente lançamento, justificando, portanto, a aplicação da multa qualificada, no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento). Fl. 1446DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 20 37 Em outras palavras, mesmo tendo conhecimento da incorreção de seus atos fiscais, assumiu o risco de continuar assim procedendo (com dolo), com a finalidade precípua de reduzir o saldo do imposto a pagar. Na esteira desse entendimento, resta claro a conduta dolosa do contribuinte, impondo seja corroborada os termos que fundamentam a pretensão fiscal no sentido de manter a aplicação da multa qualificada. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Sustenta, ainda, a recorrente que, em caso de procedência do lançamento, seja excluída a incidência de juros sobre a multa de ofício, haja vista esta penalidade não retratar obrigação principal, mas mero encargo que se agrega ao valor da dívida como forma de punir o contribuinte. Além disso, a incidência dos juros sobre a multa carece de disposição legal que lhe dê suporte. Relativamente à matéria, entendo assistir razão à Recorrente. Isso porque o artigo 61 da Lei nº 9.430 não prevê a incidência de juros sobre a multa de oficio, mas apenas a da multa de mora sobre o débito decorrente de tributos e contribuições. Dessa forma, merece guarida a pretensão da contribuinte, consoante restou muito bem explicitado no voto vencido do Acórdão n° 920201.806, o qual me filiei na oportunidade, da lavra do Conselheiro Gustavo Lian Haddad, exarado pela 2a Turma CSRF nos autos do processo n° 10768.010559/200119, de onde peça vênia para transcrever excerto e adotar como razões de decidir, in verbis: [...] Assim, no mérito, a discussão no presente recurso está limitada à incidência dos juros moratórios equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — SELIC sobre a multa de oficio. Tal discussão já foi examinada pelo antigo Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em diversas oportunidades, sendo que três posições/entendimentos restaram assentados sobre o tema, quais sejam: de que é possível a incidência de juros sobre a multa de ofício a partir do vencimento do prazo da impugnação, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC; de que é possível a incidência de juros sobre a multa de ofício a partir do vencimento do prazo da impugnação, sendo que tais juros devem ser calculados à razão de 1% ao mês; e de que não é possível a incidência de juros sobre a multa de ofício. Tanto a primeira quanto a segunda tese admitem a incidência dos juros sobre a multa de ofício por entenderem que o artigo 161 do Código Tributário Nacional assim autoriza, divergindo, no entanto, sobre a possibilidade desses juros serem Fl. 1447DF CARF MF 38 calculados pela SELIC (Lei nº 9.430/1996) ou à razão de 1% ao mês nos termos do enunciado do §1º do Código Tributário Nacional – CTN (1% ao mês). Data máxima vênia, entendo que nenhuma das duas posições é a que mais se coaduna com o ordenamento vigente (não em suas disposições isolados, mas em seu conjunto). Sobre a incidência de juros de mora o citado artigo 161 do CTN determina: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” (original sem grifo) O dispositivo acima referido autoriza a incidência de juros sobre o “crédito não integralmente pago no vencimento”. “Crédito”, por sua vez, é definido no artigo 139 do CTN, que assim dispõe: “Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.” Obrigação tributária, por fim, vem definida no art. 113,verbis: “Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária.” A questão a ser enfrentada é a possibilidade dos juros de mora incidirem sobre a multa de ofício, aplicada pela autoridade fiscal proporcionalmente ao tributo lançado, considerando a expressão “penalidade pecuniária” incluída no parágrafo 1º art. 113. Fl. 1448DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 21 39 A meu ver a expressão “penalidade pecuniária” ali referida é a penalidade decorrente da inobservância de determinada obrigação acessória (de fazer ou não fazer), que se converte em obrigação principal nos termos do parágrafo 3º do mesmo artigo 113. Tal expressão jamais poderia ser interpretada como a penalidade pecuniária exigida em conjunto com o tributo não pago, até porque ficaria desprovida de sentido no contexto do dispositivo. Se a penalidade (no caso a multa do ofício) já estivesse incluída na expressão “crédito” sobre o qual incidem os juros de mora nos termos do artigo 161 do mesmo CTN, não haveria razão alguma para a ressalva final constante no referido dispositivo no sentido de que o crédito deve ser exigido “sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis”. Outrossim, com base nessa mesma interpretação, poderia se, inclusive, cogitar da possibilidade de incidência de penalidade (multa) sobre crédito tributário que já englobasse tributo e multa, o que obviamente caracterizaria um non senso jurídico. Ademais, cumpre observar que o conceito de juros advém do direito privado e, conforme preceitua o artigo 110 do CTN, quando as categorias de direito privado estão apenas referidas na lei tributária deve o aplicador se socorrer do direito privado para compreendêlas. No âmbito do direito privado os juros existem para indenizar o credor pela inexecução da obrigação no prazo estipulado. Já a multa não serve para repor ou indenizar o capital alheio, mas para sancionar a inexecução da obrigação. Assim, se os juros remuneram o credor (no caso o Fisco) pela privação do uso de seu capital devem eles incidir somente sobre o que tributo não recolhido no vencimento, e não sobre a multa de ofício, que tem caráter punitivo. A vocação da multa, já suficiente severa, é punir o descumprimento, enquanto a dos juros é remunerar o capital não recebido pelo Estado. Dizer que a multa deve ser “corrigida” é ignorar que a legislação tributária brasileira extinguiu a correção monetária desde 1995, sendo preocupação freqüente das administrações tributárias que se seguiram evitar a indexação automática própria dos regimes inflacionários que foram extremamente prejudiciais à economia brasileira. Com base no raciocínio acima exposto, entendo que o CTN não autoriza a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada proporcionalmente ao tributo, ficando prejudicada a discussão acerca do índice aplicável. Por outro lado e à guisa de argumentação, ainda que se entendesse que o CTN autoriza a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, mister se faz analisar a legislação Fl. 1449DF CARF MF 40 ordinária em vigor no período em que a multa exigida foi aplicada. Nesse sentido, argumentase que a exigência de juros sobre a multa aplicada proporcionalmente estaria amparada no art. 61, §3º da Lei n. 9.430/1996, que assim estabelece: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo, incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” Do exame do dispositivo resulta que os débitos a que se refere o § 3º são aqueles decorrentes de tributos e contribuições mencionados no caput. Decorrente é aquilo que se segue, que é conseqüente. De fato o não pagamento de tributos e contribuições nos prazos previstos na legislação faz nascer o débito. Em outras palavras, o débito decorre do não pagamento de tributos e contribuições nos prazos. A multa de oficio não é débito decorrente de tributos e contribuições. Ela decorre, nos exatos termos do art. 44 da Lei n°9.430/96, da punição aplicada pela fiscalização às seguintes condutas: a) falta de pagamento ou recolhimento dos tributos e contribuições, após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória; e b) falta de declaração e nos de declaração inexata. Os débitos de tributos e contribuições e de multas (penalidades) têm causas diversas, não se confundindo nos termos do art. 3º do CTN. Enquanto os débitos de tributos e contribuições decorrem da prática dos respectivos fatos geradores, as multas decorrem de violações à norma legal, no caso, da violação do dever de pagar o tributo no prazo legal. Ao utilizar a expressão “os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições” a Lei nº 9.430/96 somente pode estar aludindo a débitos não lançados, visto que está normatizando a incidência sobre estes da multa de mora, sendo ilógico entender que ali se contém a multa de ofício lançada proporcionalmente. Ademais, caso a expressão “débitos” constante do art. 61 contemplasse o principal e a multa de ofício, seria imperioso admitir que a multa de ofício, caso não paga no vencimento, sofreria também o acréscimo de multa de mora, tendo em vista Fl. 1450DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 22 41 que o caput do dispositivo expressamente dispõe que “ os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1 de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculados a taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso.” Realmente, este seria o resultado da interpretação do parágrafo 3º do art. 61 de forma isolada, sem se atentar ao que determina o “caput”. Seguindo este raciocínio terseia que admitir que também sobre os juros de mora, que se incluiriam nos “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições”, novamente pudessem ser exigidos juros e multa de mora, o que indica data venia a improcedência da interpretação. Assim, qualquer que seja a ótica sob a qual se interpretam os dispositivos literal, teleológica ou sistemática – entendo que a melhor exegese é aquela que autoriza a incidência de juros somente sobre o valor dos tributos e contribuições, e não sobre o valor da multa de ofício lançada, até porque referido artigo disciplina os acréscimos moratórios incidentes sobre os débitos em atraso que ainda não foram objeto de lançamento. O parágrafo único do art. 43 do mesmo diploma legal Lei 9.430/1996 é absolutamente coerente com a interpretação do art. 61 desenvolvida acima e corrobora a conclusão. Prevê o referido dispositivo a incidência de juros de mora sobre as multas e os juros cobrados isoladamente, verbis: “Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora isolada ou conjuntamente. Parágrafo único – Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento”. Ora, se a expressão “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições” constante no “caput” do artigo 61 contemplasse também a multa de ofício, não haveria necessidade alguma da previsão do parágrafo único do artigo 43 supra transcrito, posto que a incidência dos juros sobre a multa de ofício lançada isoladamente nos termos do “caput” do artigo já decorreria diretamente do artigo 61. Em face das considerações acima, concluo que não há, seja em lei complementar (CTN) seja na legislação ordinária, interpretação possível a amparar conclusão diversa, merecendo ser excluída da exigência a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício lançada proporcionalmente. Fl. 1451DF CARF MF 42 Os fundamentos acima também foram adotados pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos, no Acórdão n. 910100.722, de 08 de novembro de 2010, Relatora a Conselheira Karem Jurendini Dias, que concluiu pela não incidência de juros de mora sobre a multa de ofício: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE – Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa oficio aplicada. No presente caso, os paradigmas apresentados pela Recorrente concluíram que é possível a incidência de juros sobre a multa de ofício, limitandoos entretanto ao patamar mensal de 1% ao mês. Embora o entendimento manifestado no presente voto resultaria em provimento do recurso voluntário em maior extensão (exclusão completa da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício), deve o resultado aterse ao limite da pretensão recursal ora examinada, devendo o recurso ser conhecido e provido nesta extensão. Em face dos substanciosos fundamentos acima transcritos, impõese afastar a incidência dos juros sobre a multa de ofício na forma aplicada nos presentes autos, por absoluta falta de previsão legal. DA APRECIAÇÃO DE QUESTÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES/ILEGALIDADES NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Relativamente às questões de inconstitucionalidades arguidas pela contribuinte, além dos procedimentos adotados pela fiscalização, bem como a multa e juros ora exigida encontrarem respaldo na legislação previdenciária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Notese, que o escopo do processo administrativo fiscal é verificar a regularidade/legalidade do lançamento à vista da legislação de regência, e não das normas vigentes frente à Constituição Federal. Essa tarefa é de competência privativa do Poder Judiciário. A própria Portaria MF nº 353/2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, é por demais enfática neste sentido, impossibilitando o afastamento de leis, decretos, atos normativos, dentre outros, a pretexto de inconstitucionalidade ou ilegalidade, nos seguintes termos: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 1452DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 23 43 I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Observese, que somente nas hipóteses contempladas nos parágrafos e incisos do dispositivo regimental encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o que não se vislumbra no presente caso. A corroborar esse entendimento, a Súmula CARF nº 02, assim estabelece: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. E, segundo o artigo 72, e parágrafos, do Regimento Interno do CARF, as Súmulas, que são o resultado de decisões unânimes, reiteradas e uniformes, serão de aplicação obrigatória por este Conselho. Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a propósito da discussão sobre inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder Judiciário, senão vejamos: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: Fl. 1453DF CARF MF 44 I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; [...] Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, também em relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de normas ou atos normativos que fundamentaram o presente lançamento. No que tange a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar, com relação às decisões exaradas pelo Judiciário, que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo a extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Quanto às demais alegações da contribuinte, não merece aqui tecer maiores considerações, uma vez não serem capazes de ensejar a reforma da decisão recorrida, no mérito, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine parcialmente em consonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE: 1) CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO E NEGARLHE PROVIMMENTO; 2) CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, somente para excluir da exigência fiscal a incidência de juros sobre a multa de ofício, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 1454DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 24 45 Voto Vencedor Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Peço vênia para manifestarme de forma divergente do voto do nobre julgador. Ganho de Capital Alienação de bens comuns Não há dúvidas que as participações societárias alienadas constituemse em bens comuns do Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia e da Srª Telma Romão Maia, casados sob o regime de comunhão parcial. Nas alienações de bens comuns, decorrentes do regime de casamento, o ganho de capital é apurado em relação ao bem como um todo, mediante tributação definitiva em separado dos rendimentos submetidos ao ajuste anual. Via de regra, a incidência do imposto de renda sobre o resultado positivo da alienação é feita na razão de 50% para cada cônjuge ou, por opção dos contribuintes, 100% em um dos cônjuges. Eis a redação do art. 6º do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, que veicula o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99): Art. 6º Na constância da sociedade conjugal, cada cônjuge terá seus rendimentos tributados na proporção de (Constituição, art. 226, § 5º): I cem por cento dos que lhes forem próprios; II cinquenta por cento dos produzidos pelos bens comuns. Parágrafo único. Opcionalmente, os rendimentos produzidos pelos bens comuns poderão ser tributados, em sua totalidade, em nome de um dos cônjuges. O auto de infração corresponde à apuração do imposto de renda devido sobre o ganho de capital oriundo da alienação das ações das empresas MB Engenharia S/A e MB Engenharia SPE 037 S/A à companhia Brascan Residential Properties S/A, posteriormente denominada de Brookfield Incorporações S/A. Por meio do Contrato de Compra e Venda e Outras Avenças celebrado em 17/04/2008, efetivouse a alienação de um total de 400.000 ações da empresa MB Engenharia S/A e 14.823.558 ações da MB Engenharia SPE 037 S/A, observada a proporção de participação no capital social de cada vendedor. Tratouse de um negócio único e indissociável, cuja apuração do ganho de capital foi realizada à medida do recebimento das parcelas do preço ajustado entre as partes. O Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia, na condição de vendedor, preencheu o Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital no que tange à alienação das Fl. 1455DF CARF MF 46 ações da empresa MB Engenharia S/A, apurando e tributando os respectivos rendimentos, na sua totalidade, exclusivamente em seu nome. Por outro lado, o Recorrente apurou de forma incorreta o valor relativo ao ganho de capital no que diz respeito ao custo de aquisição das ações, o que rendeu ensejo ao lançamento de ofício do imposto de renda, acrescido de juros de mora e multa de ofício qualificada. Como se observa dos elementos dos autos, o contribuinte, Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia, fez opção em apurar e tributar integralmente em seu nome o ganho de capital produzido pela alienação das ações detidas em comunhão de bens com o seu cônjuge. A incorreção na apuração e tributação do ganho de capital da operação, conforme descrito pela fiscalização, não significa que o recorrente pretendeu a imputação de apenas 50% do valor devido em seu nome. O lançamento de ofício nada mais é que uma revisão do procedimento efetuado pelo contribuinte, referindose à totalidade das participações societárias alienadas, devendo manter coerência com a própria opção realizada pelo sujeito passivo de apuração e tributação no percentual de 100%. Cumpre realçar ainda a distinção da situação em apreço daquela em que nenhum dos cônjuges procede à apuração espontânea do ganho de capital auferido na operação de alienação. Nesse último caso, em que não há escolha pela tributação de 100% do ganho de capital por um dos cônjuges, o lançamento quanto ao imposto incidente sobre a omissão do acréscimo patrimonial calculado pela autoridade tributária deve respeitar a razão de 50% para cada cônjuge. À vista do exposto, escorreito o lançamento de ofício realizado em nome de um dos cônjuges motivado pela omissão de ganho de capital na alienação de bens em comunhão resultante da sociedade conjugal, quando o contribuinte autuado, ora recorrente, efetivou a opção, antes do início do procedimento fiscal, em apurar e tributar o total do ganho de capital da operação em seu nome. Assim, nego provimento ao recurso voluntário por entender como correta a sistemática de apuração do ganho de capital na alienação de bem comum do casal. Da multa qualificada Quanto à insurgência da qualificação da multa, verificase que o Auto de Infração formalizou a exigência tributária com a aplicação da multa no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento) sob resultado das apurações das quais, segundo a fiscalização, o contribuinte, de forma intencional, manteve afastadas do campo tributável. A penalidade encontra tipificação do art. 44, § 1º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, in verbis: Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Fl. 1456DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 25 47 [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Por sua vez, os artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502/64, ao contemplarem as figuras do “dolo, fraude ou sonegação”, estabelecem o seguinte: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Conforme dispositivos legais, não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Este entendimento, aliás, encontrase sedimentado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais conforme Súmula nº 14, abaixo transcrita: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo Com efeito, como muito bem delineado no recurso voluntário, a autoridade lançadora não logrou demonstrar com especificidade a conduta adotada pela Recorrente tendente sonegar tributos intencionalmente, com o fito de justificar a qualificação da multa. Caberia à autoridade lançadora demonstrar de maneira pormenorizada suas razões no sentido de que o contribuinte agiu com dolo, fraude ou simulação, para efeito da conclusão/comprovação do crime arquitetado pelo autuado. Assim, considero o fundamento fiscal insuficiente para a qualificação da multa, impondo seja rechaçada aludida penalidade. Fl. 1457DF CARF MF 48 Conclusão Por todo o exposto, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir a qualificação da multa de ofício, reduzindo a penalidade ao percentual básico de 75% (setenta e cinco por cento). (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto . Fl. 1458DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 26 49 Declaração de Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho De início, é de se ressaltar a complexidade do trabalho técnico de auditoria fiscal realizado, em razão das peculiaridades financeiras da estrutura da operação de alienação das participações societárias e a busca do melhor enquadramento na legislação tributária, considerando o ganho de capital produzido, a forma de pagamentos parcelados, os juros pagos, as exclusões de não recebíveis e a glosa de despesas não dedutíveis para efeito de tributação. O trabalho técnico da fiscalização é de qualidade no que respeita a determinação dos cálculos financeiros e econômicos da operação, e os resultados produzidos para efeito de tributação. Pecou, contudo, ao não trilhar a ordem dos procedimentos requeridos para validação, consistência e higidez do lançamento produzido. O Lançamento foi constituído totalmente em nome do Contribuinte Antonio Fernando de Oliveira Maia, cujo procedimento fiscal de lavratura do Auto de Infração agregou a esposa do autuado, a Contribuinte Telma Romão Maia, como responsável solidária. Do fato, a coproprietária somente tomou ciência oficial depois de encerrada a auditoria fiscal e lavratura do lançamento, com a identificação do crédito tributário referente ao ganho de capital, sem antes, em qualquer momento do processo de fiscalização, ter sido diligenciada ou instada a se manifestar sobre a alienação da participação societária em flagrante desatendimento ao exercício do amplo direito de defesa, visto que detentora legítima de 50% dos bens comuns pertencente ao casal. Pela regra processual o Recurso Voluntário contesta o Acórdão como decisão de piso do contencioso estabelecido no processo, contudo, o alicerce da estruturação do feito que dá origem a lide é o Termo de Verificação Fiscal que relata o passo a passo dos acontecimentos que resultaram no Auto de Infração. Por isso buscamse lá os apontamentos instituidores da argumentação da autoridade fiscal que visam sustentar a imposição da cobrança do crédito tributário constituído. No procedimento de feitura do Lançamento se constata, com nitidez, três impropriedades marcantes. FALTA DE NOTIFICAÇÃO DO SEGUNDO SUJEITO PASSIVO Constatase a ausência da regular notificação da Contribuinte Telma Romão Maia, desde o início da ação fiscal e ausência de intimações para prestar informações sobre a operação de alienação das participações societárias de que dispunha em meação com seu marido, porque unidos numa sociedade conjugal de comunhão de bens, como comprovado nos autos. A inocorrência deste procedimento no que se refere ao segundo sujeito passivo da operação desatende o que determina o art. 844 e seu § 1º, do Decreto nº 3.000/99, dispositivo este que determina a ação preliminar dos procedimentos para auditoria fiscal e lançamento do Fl. 1459DF CARF MF 50 crédito tributário, que inicia com o despacho de intimação ao interessado. Determina ainda que as intimações serão feitas pessoalmente, mediante declaração de ciente no processo ou AR, como se vê: Art. 844. O processo de lançamento de ofício, ressalvado o disposto no art.926, será iniciado por despacho mandando intimar o interessado para, no prazo de vinte dias, prestar esclarecimentos, quando necessários, ou para efetuar o recolhimento do imposto devido, com o acréscimo da multa cabível, no prazo de trinta dias. § 1º As intimações a que se refere este artigo serão feitas pessoalmente, mediante declaração de ciente no processo, ou por meio de registrado postal com direito a aviso de recepção AR, ou, ainda, por edital publicado uma única vez em órgão de imprensa oficial local, ou afixado em dependência, franqueada ao público, da repartição encarregada da intimação, quando impraticáveis os dois primeiros meios. (grifei). Desde a impugnação o Recorrente busca convencer a Autoridade Tributante de que é forte a improcedência do Lançamento do crédito tributário pelos elementos que determinam a nulidade do auto de infração, em especial a falta de notificação inicial da esposa e a cobrança do tributo de forma integral na sua pessoa física, nos seguintes termos: II – seja julgado nulo e/ou improcedente todo o crédito tributário veiculado no auto de infração ora fustigado, pelas fáticas e jurídicas razões alinhavadas em linhas pretéritas e, especialmente porque o não compartilhamento do lançamento entre os cônjuges, a razão de 50%, assim como a ausência de intimação de um ou de outro são causas de nulidade absoluta. Conforme se constata dos autos, a esposa, legítima proprietária da meia parte dos bens comuns do casal, sequer foi comunicada formalmente do início da ação fiscal, como deveria ter acontecido, em obediência ao estado de direito e amplo direito de defesa, como contribuinte que é para todos os efeitos legais, inclusive e principalmente os de sujeito passivo na operação de ganho de capital na proporção de 50% dos resultados tributáveis. Por inúmeras oportunidades a Autoridade Fiscalizadora contatou com o fiscalizado Antonio Fernando de Oliveira Maia, fazendo solicitação de documentos e informações, bem como o cientificando, periodicamente, da continuidade do procedimento fiscal na forma dos despachos seguintes, entre outros: Em 25/06/2014 o contribuinte tomou ciência do Termo de Início de Procedimento Fiscal, tendo sido solicitada a apresentação do Contrato de Compra e Venda de Ações e outras Avenças elebrado em 17 de abril de 2008, entre o contribuinte e a empresa Brascan Residential Properties S/A (CNPJ: 07.700.557/000184) e diversos outros documentos relacionados ao mencionado contrato. (...) Em 22/08/2014 foi lavrado Termo de Ciência e Continuação de Procedimento Fiscal cuja ciência deuse em 01/09/2014. Em 22/10/2014 foi lavrado Termo de Intimação Fiscal, solicitando a apresentação de cópia do “Contrato de Diretores”, documento citado na cláusula 7.1 do Contrato de Compra e Venda de Ações e outras Avenças, Fl. 1460DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 27 51 celebrado entre o contribuinte e a empresa à época denominada Brascan Residential Properties S/A (CNPJ: 07.700.557/000184). Em resposta, datada de 29/10/2014, o contribuinte apresentou o documento solicitado sem, contudo, ter juntado o Anexo I, parte integrante do mesmo. Em 17/12/2014 foi lavrado Termo de Ciência e Continuação de Procedimento Fiscal cuja ciência deuse em 24/12/2014. Em 31/03/2015 foi lavrado novo Termo de Intimação Fiscal, cuja ciência ocorreu em 17/04/2015, conforme AR juntado ao processo. Foram solicitados ao contribuinte os seguintes elementos: (...) Em 01/06/2015 foi lavrado Termo de Intimação Fiscal, cuja ciência se deu em 05/06/2015, tendo sido solicitado ao contribuinte os seguintes elementos: Cópia da comprovação do estado civil do fiscalizado no anocalendário de 2011 (Certidão de Casamento). (...) Vêse dos autos que a fiscalização, inclusive, teve conhecimento da situação da comunhão parcial de bens da sociedade conjugal do Recorrente, em razão da solicitação do próprio fisco, quando foi anexada ao processo a certidão de casamento de ambos os coproprietários da participação societária alienada. Ressaltese que em momento algum ocorreu notificação em nome da esposa do fiscalizado, também contribuinte com apresentação sistemática de declaração do imposto de renda em separado do marido, com tal informação constando no campo próprio, evidenciando a condição de pessoa física individual para efeitos tributários. Em razão disso o procedimento fiscal deveria ter sido o de intimar a esposa do Recorrente, como contribuinte e coproprietária da participação societária alienada, para se assim querendo, manifestarse sobre o início da fiscalização, os fatos e o período examinados e assim prestar as informações pertinentes. Isso não ocorreu. Na análise do caso concreto e na observância do que corresponderia a legalidade de procedimento fiscalizatório e, considerando o princípio da equidade, entendo aplicável para esse caso, o que dispõe a Súmula CARF nº 29. Súmula CARF nº 29 (VINCULANTE): Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Se a regra vale para cotitularidades de contas bancárias, cônjuge ou não, por vezes de relativa importância em razão do montante financeiro, em alguns casos de valores baixo, certamente esse mesmo procedimento deve ser observado para coparticipação em investimento e copropriedade de duas ou mais pessoas. O caso presente é de idêntica Fl. 1461DF CARF MF 52 similaridade se não de identidade igualitária aos casos de cotitularidade de contas bancárias tratadas ao abrigo dos termos da Súmula CARF nº 29. Constatado que a esposa do Recorrente não foi cientificada do início da ação fiscal e também porque a ela não foi dirigida nenhuma intimação que a chamasse a se manifestar sobre o procedimento de auditoria que estava sendo realizado sobre ganhos de capital na alienação da participação societária da qual era legítima meeira no corresponde a direitos e deveres e, em apreço a sua condição de contribuinte individual comprovado por sistemático procedimento de entrega da declaração do imposto sobre a renda de forma apartada de seu marido, é de considerar imperativo o reconhecimento da nulidade do lançamento tributário, por vício material, nos termos acima expostos. Isso por si só é suficiente para ferir de morte o Lançamento constituído, contudo outras impropriedades de procedimentos ocorridas no processo desbotam a higidez requerida de um lançamento tributário sustentável, como se verá adiante. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA IMPROPRIEDADE O inadequado enquadramento da esposa meeira na participação societária alienada objeto do Lançamento dessa lide tem relação direta com o tratamento dispensado a Contribuinte Telma Romão Maia no item anterior, contudo, constituise em outra impropriedade do auto de infração lavrado. Equivocouse o fisco ao tipificar a situação da esposa como de responsabilidade solidária, ao contrário da verdadeira situação de fato que é a de contribuinte principal por ser coproprietária da participação societária. Inconfundível a situação de sujeito passivo principal, como meeira na operação que deu causa ao fato gerador, daquela em que foi simplesmente cientificada para constar no Lançamento como responsável solidária. O sujeito passivo principal da obrigação tributária na alienação de seus próprios bens e direitos constitui situação diversa de alguém que venha ter interesse comum em determinado resultado mesmo não sendo o promotor do fato gerador. A Contribuinte Telma Romão Maia enquadrase legalmente no primeiro e não no segundo caso conforme constou no Lançamento. A responsabilidade tributária solidária disposta no art. 124, I, do CTN, diz que a ocorrência se dá quando há interesse comum na situação que constitui o fato gerador. Art. 124. São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; (...) Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Com efeito, denominase responsável solidário o interessado colocado como sujeito passivo mesmo não estando na condição de contribuinte principal e sem ter relação pessoal e direta com o fato gerador respectivo, porém identificado como beneficiário da operação, direta ou indiretamente. Fl. 1462DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 28 53 A definição contida no art. 121 do CTN é clara ao apartar, para efeito de enquadramento, o contribuinte (I) sujeito passivo da obrigação principal e o responsável (II), como se vê no dispositivo abaixo: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo Único O sujeito passivo da obrigação principal dizse: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direita com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Oportuno ressaltar que o destaque do Parágrafo Único do art. 124 enquadraria a esposa do Recorrente em maior gravame tributário de vez que nesse caso ficaria solidariamente responsável pela totalidade do tributo e sem benefício de ordem, ao passo que como meeira na sociedade conjugal só estará obrigada até o limite de 50% do imposto gerado na ocorrência do fato gerador. Assim, descabe a imputação de solidariedade tributária da arrolada pelo fato preponderante de ser coproprietária da participação societária. Neste caso, a esposa do Recorrente investese unicamente na condição de contribuinte e sujeito passivo principal, porque detentora até então dos haveres alienados e em razão de seu procedimento sistemático de apresentação em separado da declaração do imposto sobre a renda. Restou, portanto, na constituição do Lançamento contestado a ocorrência do descumprimento do disposto no art. 142 do CTN, pela falta de identificação de um dos sujeitos passivos da operação que gerou a obrigação tributária, conforme determinação legal para a validade do auto de infração, que diz: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Assim, a coproprietária das participações societárias, esposa do Recorrente, tendo sido arrolada como responsável solidária e não como sujeito passivo da operação contraria o disposto na legislação tributária, razão pela qual considero imperativo o reconhecimento da nulidade do lançamento tributário, por erro jurídico, nos termos acima expostos. DEFINIÇÃO INDEVIDA DE SUJEITO PASSIVO ÚNICO Tributar a totalidade da operação na pessoa do Recorrente Antonio Fernando de Oliveira Maia, por interpretação subjetiva da autoridade fiscalizadora, sem que estivesse respaldado por qualquer documento declaratório da vontade de um ou de outro contribuinte coproprietário da participação societária alienada e objeto da ação fiscal empreendida, consiste em procedimento equivocado na determinação da constituição do crédito tributário. A decisão Fl. 1463DF CARF MF 54 de concentrar a tributação do ganho de capital em um dos cônjuges alheio a vontade expressa dos Contribuintes alienantes da participação societária consiste em procedimento que não encontra amparo na legislação, porque a opção para esse tipo de decisão é atribuída ao próprio contribuinte interessado e não à autoridade fiscalizadora. Vejamos primeiramente do que se está tratando como base de tributação do imposto sobre a renda como ganho de capital, no dizer do Termo de Verificação Fiscal: O trabalho de fiscalização teve como objetivo efetuar análise tributária da transação de alienação da participação societária nas empresas MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A, realizada entre o fiscalizado e a empresa Brascan Residential Properties S/A, atual Brookfield Incorporações S/A (CNPJ:07.700.557/000184). A participação societária alienada pertencia ao casal que mantêm união conjugal na forma de comunhão de bens que dá a cada um o direito na proporção de 50% dos haveres e atribui obrigação tributária pessoal no mesmo quantitativo proporcional, no presente caso, na obtenção do ganho de capital e ao correspondente pagamento do imposto sobre a renda bipartida. Notese que a situação da sociedade conjugal dos Contribuintes é clara no entendimento da Autoridade Lançadora, inclusive quando constata que a aquisição da participação societária alienada pertencia a ambos, tendo em vista ter sido adquirida em momento posterior ao casamento. Essa constataçãoafirmativa vem em favor do Recorrente, e mostra quão equivocada a decisão de cobrar o quantitativo total do imposto somente do Contribuinte Recorrente, sendo que legalmente a esposa é contribuinte de direito da meia parte do imposto devido na operação de alienação, pelo que se confirma no texto do TVF, como segue: Conforme Certidão de Casamento (cópia extraída do processo n.º 10120.721570/2012 76), o contribuinte é casado em comunhão parcial de bens com TELMA ROMÃO MAIA (CPF: 412.550.11149) desde 26/11/1988. As ações das empresas MB Engenharia S/A e MB Engenharia SPE 037 S/A alienadas por ele à Brascan Residential Properties S/A foram adquiridas em momento posterior à união (vide tópico referente ao custo de aquisição) e, por conseqüência, são definidas como bens comuns ao casal. O reconhecimento pela Autoridade Tributante da condição de sociedade conjugal dos Contribuintes e a constatação de que aquisição da participação societária ocorreu em momento posterior à união matrimonial elucidam, por derradeiro, qualquer dúvida da coparticipação de ambos nos direitos e obrigações do ganho de capital produzido. Assim, como a participação societária alienada pertence a ambos, efetuase a meação de direitos e obrigações na forma da legislação, ficando cada um responsável por sua parte contributiva no ganho de capital e, obrigados individualmente ao pagamento do imposto correspondente. Fl. 1464DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 29 55 Também, em favor do Recorrente, vem o que consta na citação da própria Autoridade Fiscalizadora ao mencionar o texto do art. 6º, do Decreto nº 3.000/99 (fl. 55 do TVF): Art. 6º Na constância da sociedade conjugal, cada cônjuge terá seus rendimentos tributados na proporção de (Constituição, art. 226, § 5º): I cem por cento dos que lhes forem próprios; II cinquenta por cento dos produzidos pelos bens comuns. Parágrafo único. Opcionalmente, os rendimentos produzidos pelos bens comuns poderão ser tributados, em sua totalidade, em nome de um dos cônjuges. (grifei) Em sequência, a Autoridade Fiscalizadora prossegue na argumentação de que o Recorrente teria feito a opção de tributar 100% do ganho de capital na sua declaração, mesmo sem manifestação expressa ou comprovação escrita de que isso teria acontecido voluntariamente pelo Contribuinte, quando observa que (fl. 55 do TVF): No presente caso, por opção do contribuinte, a tributação referente à alienação das citadas ações foi feita por ele. Tal afirmação fundamenta se nos Demonstrativos de Apuração dos Ganhos de Capital anexados à sua DAA/2012. Nesses o Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia informou a alienação da totalidade das ações MB Engenharia SPE037 S/A e MB Engenharia S/A possuídas pelo casal. A apuração do crédito tributário, resultado dos trabalhos de fiscalização ora detalhados, foram finalizadas em conformidade com a opção do contribuinte. E como afirmativa derradeira diz, com absoluta subjetividade de interpretação, que a não apresentação da declaração da esposa naquele determinado exercício fiscal estabeleceu a confirmação da aceitação de que a opção da tributação do ganho de capital na declaração do marido ali estava configurada (fl. 55 do TVF): De acordo com os sistemas informatizados da RFB, constatouse que a Sra. Telma Romão Maia não apresentou a DAA/2012 e nem declarou em conjunto com o Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia. Assim dispõe o art. 6º do RIR/99: Essa afirmativa faz concluir que se posteriormente a Contribuinte Telma Romão Maia viesse a apresentar sua declaração de imposto de renda com o oferecimento à tributação de sua parte no ganho de capital, mesmo que extemporânea, o cálculo do montante do tributo devido atribuído pela fiscalização ao Recorrente estaria errado, o que infringe o art. 142 do CTN e motiva a anulação do Lançamento. Em outro ponto do texto do Termo de Verificação Fiscal a Autoridade Fiscalizadora deixa dúvida quanto à afirmação tida como certa da opção de concentrar a tributação do ganho de capital em um só Contribuinte, ao mencionar que em parte dos recebimentos o Recorrente ofereceu a tributação somente a metade da parcela referente a recebimento de juros (fl. 54 do TVF). Fl. 1465DF CARF MF 56 O percentual de 50% do valor em referência, ou seja, R$ 4.944.207,39, corresponde a omissão de rendimentos recebidos a título de juros e sujeitase à tributação na tabela progressiva. Constou também no Termo de Verificação Fiscal que foram constatadas infrações de não oferecimento à tributação de valores recebidos em parcelas referentes à alienação, objeto da auditoria fiscal, na proporção de 50% daqueles recebimentos, como a seguir apresentou o Recorrente em sua defesa (fls. 1352/1354, do processo): 1.4. Assim procedendo, identificou como primeira infração o não oferecimento à tributação do valor de R$ 15.210.479,39 que corresponde a 50% (cinquenta por cento) de R$ 30.420.958,78, tratado no Segundo Aditivo Contratual como redução do valor mínimo da segunda parcela, sendo atribuído R$ 12.168.383,51 pelas ações da MB Engenharia SPE37 S/A, e R$ 3.042.095,88 pelas ações da MB Engenharia S/A. (...) 1.8. A segunda infração apontada pela auditoria fiscal diz respeito aos juros calculados sobre a 2ª (segunda) parcela, no total de R$ 9.888.414,78, sendo que apenas 50% (cinquenta por cento) desse valor foi atribuído ao Recorrente, que corresponde a R$ 4.944.207,39, e submetido à tributação com base na tabela progressiva. Tais informações oferecem dúvidas quanto à base de cálculo determinada para o pagamento do imposto de responsabilidade do contribuinte Recorrente. Se a opção foi de tributar 100% na pessoa do Recorrente, por que nesses casos apontados o oferecido à tributação ocorreu exatamente na metade, que corresponde aos 50% de sua responsabilidade tributária? Há o cálculo da omissão de 50% e há a afirmação da opção voluntária de 100% de tributação na pessoa do Recorrente. Acaso não seriam os outros 50% de responsabilidade tributária da esposa o complemento correspondente à omissão? Pode se concluir de tudo isso que a omissão corresponde à parte de responsabilidade da esposa que não apresentou DAA naquele exercício. Mesmo que a proporção de 50% de omissão apontada refirase a algumas parcelas, e não do todo, a informação suscita incertezas quanto à sustentação de quanto realmente foi oferecido à tributação e quanto exatamente foi omitido de cada um dos coproprietários da participação societária alienada. A Fiscalização, por sua vez, afirma que o fato da esposa, Contribuinte Telma Romão Maia não ter apresentado sua declaração do imposto sobre a renda naquele exercício fiscal de 2012, faz concluir que a opção na concentração da tributação do ganho de capital na declaração do Recorrente foi estabelecida por aquele ato, embora nenhuma confirmação oficial dessa decisão tenha sido requerida dos Contribuintes cônjuges. Neste sentido, a constituição do Lançamento contestado expõe a ocorrência do descumprimento do disposto no art. 142 do CTN, pela falta de identificação de um dos sujeitos passivos da operação que gerou a obrigação tributária, e pela incorreta determinação do montante do tributo devido correspondente a cada um dos cônjuges, conforme determinação legal para a validade do auto de infração, que diz: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o Fl. 1466DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 30 57 montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. O Acórdão vergastado conclui pela improcedência da impugnação cuja decisão está resumida na ementa, como segue: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010, 2011. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade do lançamento os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. DECLARAÇÃO EM SEPARADO. Na constância da sociedade conjugal, se o casal decide, por sua livre opção, tributar os rendimentos produzidos por bens comuns em nome de apenas um dos cônjuges, esta forma de tributação alcança a totalidade destes rendimentos. Por sua vez o Recorrente pede em seu recurso voluntário, resumidamente o que segue: Seja julgado nulo e/ou improcedente todo o crédito tributário veiculado no auto de infração ora fustigado, pelas fáticas e jurídicas razões alinhavadas em linhas pretéritas e, especialmente porque o não compartilhamento do lançamento entre os cônjuges, à razão de 50%, assim como a ausência de intimação de um ou de outro são causas de nulidade absoluta. CONCLUSÃO Em realidade ocorreu preterição do direito de defesa porque durante todo o período da auditoria fiscal a Contribuinte Telma Romão Maia, não foi cientificada da ação fiscal, em desatendimento ao que determina o art. 844 e § 1º, do RIR/99. Em nenhum momento da auditoria a Contribuinte foi intimada a prestar informação ou apresentar documentos ou esclarecimentos sobre a operação de alienação que produziu ganho de capital sujeito a tributação, assim como não foi diligenciada nem mesmo em relação aos motivos que a levam a não apresentar declaração do imposto sobre a renda no exercício de 2012, individualmente, como fazia anualmente. A Contribuinte figura no Lançamento, indevidamente, como responsável solidária tendo sido cientificada desse enquadramento somente ao final da auditoria fiscal, mesmo que legalmente sempre tenha estado na condição de contribuinte de fato e de direito porque coproprietária na participação societária alienada. Necessário aclarar a diferença entre alienante e promotor do fato gerador (contribuinte direto) e interessado comum na operação de alienação promovida por terceiros (responsável solidário). Fl. 1467DF CARF MF 58 A Fiscalização sempre se satisfez com as informações transmitidas unicamente pelo Recorrente, sem questionar a participação nos resultados pela meeira legal nos haveres alienados. Também não questionou oficialmente quanto à concordância ou não da tributação levada a efeito pela totalidade tão somente na pessoa de um dos cônjuges. Inconfundível a situação de sujeito passivo da esposa que foi simplesmente cientificada do Lançamento na condição de responsável solidária na alienação da participação nas empresas transacionadas, embora meeira na operação que deu causa ao fato gerador. Inaplicável a responsabilidade solidária atribuída à esposa do Recorrente. O Recorrente foi contatado, intimido e cientificado da continuidade do trabalho de verificação fiscal por inúmeras vezes, tendo a ele sido dirigido requisições de documentos e informações sobre a operação e o resultado do ganho de capital e o correspondente recolhimento do tributo, sem que em nenhum momento tenha a Fiscalização questionado sobre a opção de tributação se em conjunto ou separadamente do cônjuge. Finalmente, a interpretação de que a tributação seria concentrada em somente um dos cônjuges conduziu a resultado dissonante com o disposto na legislação. Pois, de evidente clareza que o dispositivo legal que permite a opção é direcionado ao contribuinte. É direito dado ao contribuinte de tributar conjuntamente ou separadamente. O direito de opção do contribuinte não pode ser passível de interpretação subjetiva do fisco para tributar de uma ou outra forma. Por todo o exposto, tanto nas questões preliminares quanto na de mérito, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para considerar extinto o crédito tributário pela ocorrência de erros fáticos e jurídicos que determinam a nulidade do Lançamento. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 1468DF CARF MF
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