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Numero do processo: 13052.000032/2007-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
Ementa:
RESSARCIMENTO. CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. ACRÉSCIMO DA TAXA SELIC. VEDAÇÃO. ORIENTAÇÃO DO STJ PARA O IPI. INAPLICÁVEL.
Especificamente no caso da contribuição ao PIS e da Cofins apuradas pelo regime não cumulativo, o ressarcimento de saldos credores não se sujeita à remuneração pela Taxa Selic em virtude de expressa vedação nesse sentido, contida nos artigos 13 e 15 da Lei nº10.833/2003.
O entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, sob o rito do artigo 543-C do CPC, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas, eis que, para essas, há a vedação de atualização monetária expressa em lei ordinária, o que não ocorre para o IPI.
Recurso Voluntário negado
Numero da decisão: 3402-002.832
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro.
(assinado digitalmente)
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente
(assinado digitalmente)
MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 Ementa: RESSARCIMENTO. CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. ACRÉSCIMO DA TAXA SELIC. VEDAÇÃO. ORIENTAÇÃO DO STJ PARA O IPI. INAPLICÁVEL. Especificamente no caso da contribuição ao PIS e da Cofins apuradas pelo regime não cumulativo, o ressarcimento de saldos credores não se sujeita à remuneração pela Taxa Selic em virtude de expressa vedação nesse sentido, contida nos artigos 13 e 15 da Lei nº10.833/2003. O entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, sob o rito do artigo 543-C do CPC, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas, eis que, para essas, há a vedação de atualização monetária expressa em lei ordinária, o que não ocorre para o IPI. Recurso Voluntário negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 Ementa: RESSARCIMENTO. CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS. ACRÉSCIMO DA TAXA SELIC. VEDAÇÃO. ORIENTAÇÃO DO STJ PARA O IPI. INAPLICÁVEL. Especificamente no caso da contribuição ao PIS e da Cofins apuradas pelo regime não cumulativo, o ressarcimento de saldos credores não se sujeita à remuneração pela Taxa Selic em virtude de expressa vedação nesse sentido, contida nos artigos 13 e 15 da Lei nº10.833/2003. O entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, sob o rito do artigo 543C do CPC, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas, eis que, para essas, há a vedação de atualização monetária expressa em lei ordinária, o que não ocorre para o IPI. Recurso Voluntário negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente (assinado digitalmente) MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 05 2. 00 00 32 /2 00 7- 26 Fl. 1245DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Porto Alegre/RS, que julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade da contribuinte. Trata o processo de pedidos de ressarcimento de créditos de PIS e Cofins não cumulativos – mercado interno, transmitidos entre 12/12/2006 e 05/04/2007, relativos aos quatro trimestres de 2005, aos quais foram vinculadas declarações de compensação. Conforme consta no Relatório de Ação Fiscal, apurou a fiscalização que: (...) Foram encontradas irregularidades no preenchimento e nos cálculos apresentados, de forma que o valor que encontramos como sendo passível de ressarcimento ou compensação é inferior ao apresentado pela empresa. (...) o valor solicitado pela empresa é superior ao valor que se chega através das DACON do período, seja para PIS, seja para COFINS. (...) parte dos valores solicitados não possui embasamento em declaração prestada pelo contribuinte. (...) tendo por fim, em 13/10/2008, quatro meses após o Termo de Início de Fiscalização, entregue as notas fiscais, a contabilidade também em meio magnético e diversas planilhas demonstrativas dos cálculos que basearam o preenchimento das DACON originais e retificadoras do período. Ocorre que os valores na documentação apresentada não são coerentes, nem entre si nem com as DACON e os PER/DCOMP. (...) nos arquivos magnéticos apresentados sob intimação, estes sim, elementos constitutivos como evidência para justificar créditos fiscais, os valores são ainda menores. Recapitulando toda a seqüência, temos os seguintes passos: A PER/DCOMP apresenta valores superiores aos da DACON; A DACON apresenta valores superiores aos das planilhas explicativas; As planilhas explicativas apresentam valores superiores aos das notas fiscais apresentadas. Como estas últimas são os elementos de prova efetivos, a fiscalização se baseou neles para refazer as DACON e, em seguida as PER/DCOMP do contribuinte. Fl. 1246DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13052.000032/200726 Acórdão n.º 3402002.832 S3C4T2 Fl. 1.246 3 (...) Com base nesse Relatório, a autoridade administrativa, mediante Despacho Decisório, reconheceu parcialmente o direito creditório: no montante de R$ 5.202.003,42 em relação à Cofins não cumulativa – mercado interno, bem como o montante de R$ 1.127.050,22, referente ao PIS não cumulativo – mercado interno, dos quatro trimestres de 2005. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, conforme consta na decisão recorrida: · A autoridade fiscal considerou somente os créditos da matriz, desconsiderando os créditos apurados pela filial, que estavam corretamente registrados na contabilidade (R$ 2.726.103,92 de COFINS e R$ 591.851,50 de PIS). · A fiscalização acabou por desconsiderar outros créditos autorizados pela legislação e solicitados pela empresa. Embora eles não estivessem lançados como aquisições no Livro de Registro de Entradas de 2005, encontravamse contabilizados, sendo sua aquisição facilmente comprovável por outros documentos fiscais e contábeis da empresa. · Dentre esses créditos se encontram os extemporâneos e os créditos complementares, que embasaram pedidos de ressarcimento complementares, formulados pela empresa em 19/09/2008: 1. créditos extemporâneos são aqueles não utilizados no período de 2002 a 2004 no caso do PIS, e de 2003 e 2004 no caso da COFINS (§§ 4º dos arts. 3º das Leis nºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003); e 2. créditos complementares são aqueles apurados em cada trimestre de 2005, mas que não haviam sido objeto de pedido de ressarcimento no PER/DCOMP original, referindose a valores decorrentes de aquisição de bens e serviços de pessoa jurídica utilizados como insumos e despesas com frete, armazenagem e refrigeração. · Inobstante não tenham sido objeto de pedido de ressarcimento, impõese o reconhecimento do direito ao crédito de PIS e COFINS vinculados a receitas tributadas e declarados em DACON, para fins de abatimento em débitos das contribuições devidas. · A divergência encontrada pela autoridade fiscal entre as bases de cálculo informadas em DACONs e Memórias de Cálculo apresentadas se referem aos créditos extemporâneos e complementares formulados pela empresa, e que constavam de Memórias de Cálculo próprias, também entregues em cumprimento à Intimação Fiscal. · As divergências encontradas entre as bases informadas nas fichas dos DACONs referentes a créditos de PIS e de COFINS (1º trimestre de 2005) se referem ao fato da empresa possuir mais créditos extemporâneos de PIS do que de COFINS, em virtude de que a nãocumulatividade passou a vigorar a partir de janeiro de 2003 para o PIS, e a partir de fevereiro de 2004 para a COFINS. · Dentre os bens e serviços utilizados como insumos nos produtos destinados à venda pela empresa se encontram as despesas com manutenção de instalações; manutenção de máquinas e equipamentos industriais; manutenção de veículos de produção; despesas Fl. 1247DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 4 laboratoriais e com produtos de limpeza; despesa com estação de tratamento de água; despesa com assistência técnica e com transporte interno e de empregados. · Merece total reforma o Despacho Decisório atacado no que tange à glosa dos créditos extemporâneos e complementares requeridos, calculados sobre os insumos da fabricação de produtos vendidos pela empresa. · Para que possa armazenar e transportar o leite UHT comercializado, a empresa utiliza pallets (suportes de madeira para empilhamento de caixas Tetra Pak). Esta despesa, incluída no custo da armazenagem e frete, é arcada pela empresa, gerando direito a crédito de PIS e COFINS. As despesas relacionadas ao frete compreendem o frete pago na operação de venda e o frete da operação de aquisição créditos extemporâneos não aproveitados nos respectivos trimestres. A empresa pleiteia seja reconhecido o direito ao creditamento relativo às despesas com armazenagem e frete (desde janeiro de 2003 para o PIS; desde fevereiro de 2004 para a COFINS). · No mês de janeiro de 2004 a empresa incorreu em despesas com locação de máquinas, que é geradora de direito a crédito de PIS, nos moldes do art. 3º, inciso IV, da Lei nº 10.637, de 2003. A manutenção do crédito para aproveitamento em períodos subsequentes, por sua vez, encontra respaldo no § 4º do art. 3º daquela Lei. · A autoridade fiscal, ao realizar a análise dos créditos, utilizou como único parâmetro para aferir a origem e existência dos créditos as notas fiscais registradas no Livro de Registro de Entradas, desconsiderando os demais documentos contábeis da empresa, máxime aqueles que registravam as despesas, tais como o frete. · Alguns créditos foram glosados por meros erros de digitação, somatório ou transporte de dados. Estes créditos são legítimos e deveriam ter sido ressarcidos. · A empresa possui débitos de PIS e COFINS cuja exigibilidade não se encontra suspensa, inscritos em dívida ativa da União. Assim, sendo os créditos vinculados a receitas tributadas unicamente utilizáveis para compensação com débitos de PIS e de COFINS, deveriam ter sido utilizados para quitação por meio de compensação de ofício com os débitos inscritos em dívida ativa, amortizando os valores devidos pela empresa. · Requer seja garantido o direito à utilização dos créditos vinculados à receita tributada (já reconhecidos e que vierem a ser concedidos neste processo) para fins de abatimento de débitos da empresa (PIS e COFINS inscritos em dívida ativa), através de compensação de ofício, face à ausência de previsão legal para o ressarcimento ou compensação destes créditos com outros tributos administrados pela RFB. · Defende o direito à correção monetária dos créditos objeto de ressarcimento. Diz ser frágil o entendimento que se utiliza do fundamento de falta de previsão legal para a não concessão da correção monetária dos créditos. Busca a concessão da correção monetária desde a data do protocolo dos pedidos de ressarcimento. Quanto ao índice que deve ser aplicado na correção monetária, é pacífico que se deve aplicar a atualização com base na taxa SELIC. Entendeu o julgador de primeira instância pela necessidade de devolução à repartição de origem para verificação de alegações trazidas pela manifestante. Em atendimento, a DRF de origem anexou documentos e produziu novo Relatório de Ação Fiscal. Ciente daquele documento, a contribuinte apresentou sua manifestação. Fl. 1248DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13052.000032/200726 Acórdão n.º 3402002.832 S3C4T2 Fl. 1.247 5 Mediante o Acórdão nº 1037.448, de 22 de março de 2012, a 2ª Turma da DRJ/POA julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade da contribuinte, conforme ementa abaixo: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 DESPACHO DECISÓRIO. EXISTÊNCIA DE CRÉDITO. PARCIAL REFORMA. Constatada a efetiva existência de créditos além dos inicialmente reconhecidos, deve ser parcialmente reformado o Despacho Decisório. DÉBITOS INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA. COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não poderão ser objeto de compensação efetuada pelo sujeito passivo os débitos relativos aos tributos e contribuições administrados pela RFB inscritos em Dívida Ativa da União. RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. VEDAÇÃO LEGAL. De acordo com o disposto nos arts. 13 e 15 da Lei nº 10.833, de 2003, não incide correção monetária e juros sobre créditos de PIS e de COFINS objeto de ressarcimento. O julgador de primeira instância decidiu por: i) reconhecer parcialmente o direito creditório da empresa, reformando o Despacho Decisório, observados os valores apurados na diligência fiscal, relativamente à revisão dos valores dos fretes e a erros de digitação, somatório ou transporte de dados, nos montantes de R$ 1.597.741,40 para a Cofins e de R$ 346.878,06 para o PIS. ii) negar provimento ao pleito de incidência da Taxa Selic a título de correção monetária sobre os valores ressarcidos/compensados, bem como a compensação de valores objeto de inscrição em Dívida Ativa da União. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão de primeira instância por via postal em 29/08/2014. Em 13/09/2014, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), alegando, em síntese: DA NECESSIDADE DE CORREÇÃO MONETÁRIA Quando se expõe sobre a necessidade da correção monetária de créditos, há que se observar três situações justificantes de sua aplicação, posto que manifesto o prejuízo aos contribuintes, quais sejam: (i) o engessamento da forma de solicitação do crédito; (ii) a demora em sua análise e (iii) o enriquecimento ilícito da Fazenda Pública. Fl. 1249DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 6 Quando o contribuinte elabora o pedido de ressarcimento dos créditos, o faz com base em formulários e programas eletrônicos desenvolvidos pela autoridade administrativa. Este sistema impõe aos contribuintes atraso mínimo de 3 meses para a solicitação/formalização do pedido de ressarcimento perante as autoridades, ou seja, o crédito gerado em abril somente poderá ser solicitado ressarcimento em julho. O que se pretende demonstrar, com isso, é que os créditos objetos de cada pedido já merecem atualização desde seu fato gerador, o que só não ocorreu por puro engessamento dos formulários/programas disponibilizados aos contribuintes pelo fisco. Objetivando minimizar os prejuízos patrimoniais sofridos pelos contribuintes em virtude dos procedimentos suscitados, a Primeira Turma do Segundo Conselho de Contribuintes fez publicar o Acórdão 20175488, [...] No caso em apreço, frisese que anterior a Lei n° 11.457, de 16 de março de 2007, houve uma demora de muito mais de 360 dias, para que então fosse deferido o ressarcimento dos créditos em seu valor nominal. Ainda, vale destacar que tal análise só deu após a ordem judicial, concedida em Mandado de Segurança (conforme se verifica no presente processo administrativo), impetrado para tão somente agilizar a análise dos pedidos de ressarcimento. Ante tal fato e na impossibilidade de compensação imediata da totalidade dos créditos com débitos próprios, fica o contribuinte no aguardo do ressarcimento em moeda dos valores e, com a demora na emissão do Despacho Decisório, indispensável que seja mantido o poder aquisitivo de seu crédito, portanto, nada mais justo que se aplique correção monetária sobre os mesmos também da data do protocolo até sua compensação ou ressarcimento em espécie. Observase que no julgado (REsp n° 659.823 SC de 27/03/2007), o STJ reafirmou entendimento de que a correção monetária para os créditos tributários é sempre devida, mesmo nos casos de pedidos de ressarcimento. Na mesma esteira de entendimento, o Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda também tem demonstrado coerência e permitido, através de suas decisões, o reparo da falha na legislação, a qual não previu expressamente a possibilidade de correção dos créditos em pedidos de ressarcimento. Assim que, como exemplificado, o Código Tributário Nacional CTN no seu art. 108 prevê que na ausência expressa de disposição, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará, entre outras fontes, a analogia (in bonan partem), os Princípios Gerais do Direito Tributário (no caso em tela: isonomia, eqüidade e repulsa ao enriquecimento sem causa, entre outros), os Princípios Gerais do Direito Público e a Eqüidade. A mesma previsão é encontrada no art. 4o da LICC Fl. 1250DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13052.000032/200726 Acórdão n.º 3402002.832 S3C4T2 Fl. 1.248 7 Lei de Introdução ao Código Civil e no art. 126 do CPC Código de Processo Civil. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal (Decreto n° 70.235/72) não pode ser diferente. Solucionador de lides que é, não pode absterse o julgador administrativo de posicionarse ante o fato controverso, alegando simplesmente inexistir legislação pertinente ao assunto. Assim que, como bem explicitado nas decisões do STJ, do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a atualização monetária dos valores de créditos pleiteados pelo contribuinte se faz necessária como método para reparação da perda do poder aquisitivo da moeda nacional, não se constituindo em acréscimo monetário, mas simples manutenção do seu poder aquisitivo. Frisase aqui o entendimento das Turmas do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais no sentido de que as restituições e, por consequência, os ressarcimentos, sendo este uma espécie do gênero daquela, deverão ser corrigidos monetariamente, ou pela Taxa SELIC. E não se alegue que a não aplicação da correção monetária devese ao artigo 13 e 15 da Lei n° 10.833/2003. Isto porque, os referidos dispositivos legais, assim como quaisquer outros, devem ser analisados de acordo com a aplicabilidade de cada caso concreto. Veja que, a correta interpretação do artigo 13 da Lei 10.833/03 permite afirmar que, se devolvidos em tempo hábil, ou no mínimo razoável, não haveria que se falar em correção monetária sobre os créditos. Do contrário, realmente não existiria razão alguma para o fisco efetuar o ressarcimento dos créditos, pois poderia aguardar por décadas e somente quando houvesse uma determinação judicial seria procedida a devolução, ainda em valores nominais. É claro que a previsão legal atinente à impossibilidade de correção e juros, referese tão somente à atualização monetária dos créditos apurados em um mês e utilizados no mês subsequente, ou ainda, até que sejam formulados os pedidos de ressarcimento em dinheiro, após transcorrido cada trimestre do ano civil. A Lei n° 9.784/1999, em seus artigos 48 e 49, ao tratar do dever de decidir da Administração, assim disciplina: "Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência". Fl. 1251DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 8 "Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada". Desta forma, podese depreender que o prazo para conclusão do processo administrativo deveria ter sido de 30 dias, prorrogáveis motivadamente por mais 120 dias, para conclusão da instrução, nos termos da Portaria SRF n° 6.087/05. Cumpre ressaltar, contudo, que também a fase de instrução não poderia ser prolongada por tempo indeterminado, respeitando se os já mencionados princípios da eficiência e da duração razoável do processo administrativo. [...] Entretanto, somente com a entrada em vigor da Lei n° 11.457, de 16 de março de 2007, ocasião em que o pedido de ressarcimento já estava em andamento, que restou fixado o prazo máximo para análise dos pedidos administrativos. Este prazo, de acordo com o seu artigo 24, é de 360 dias a contar do protocolo das petições, defesas ou recursos administrativos. É o que se pode depreender da leitura do dispositivo em questão: "Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo das petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte". O que se pode concluir de todo o exposto é que, para que não haja perecimento de direito, o processo administrativo deverá ter um prazo máximo de duração. No período em que inexistente legislação que regulamentasse tal prazo, o mesmo deverá ser fixado levandose em conta o princípio da razoabilidade. Ou seja, aos pedidos protocolados até 30 de abril de 2007, como é o caso do presente processo, aplicase, por analogia, o disposto na Lei n° 9.784/99. No presente caso, o que se verifica é que a demora injustificada na devolução dos créditos caracterizouse como oposição ilegítima pelo Fisco, o que permite concluir serem devidos os valores referentes à correção monetária. DO USO DA TAXA SELIC Quanto à aplicação da SELIC, a jurisprudência do STJ tem entendido que as regras atinentes à repetição de indébito são extensíveis ao ressarcimento do IPI, incidindo sobre esses créditos os mesmos índices de correção monetária: [...] Assim, na mesma linha de raciocínio do Superior Tribunal de Justiça, as Cortes Pátrias tem entendido que, em casos similares ao presente, quando ocorre a demora injustificada do Fisco, extrapolando o prazo legal a que está submetida, a aplicação da SELIC como modo de reparação da procrastinação infundada. [...] Assim, verificada a mora do Fisco e o reconhecimento do pedido de ressarcimento, temse a configuração de "resistência Fl. 1252DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13052.000032/200726 Acórdão n.º 3402002.832 S3C4T2 Fl. 1.249 9 ilegítima", sendo devida a correção monetária, com incidência de SELIC. Ou seja, se o direito de crédito foi postergado pelo Fisco, injustificadamente, desconsiderar, pois, a incidência de correção monetária com base na Taxa Selic, seria enriquecêlo sem causa. Deste modo, merece reforma o decisório atacado, haja vista que não se adequa ao posicionamento pacífico do Superior Tribunal de Justiça (matéria apreciada, inclusive, sob o rito do art. 543C do Código de Processo Civil), bem como não corresponde ao melhor modo de reparar a mora do Fisco. DO PEDIDO Diante do exposto, requer se dignem os Eminentes Julgadores, com a devida vênia, conhecer do presente recurso, com o fim específico de reformar o despacho decisório emitido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS, no tocante à correção monetária dos créditos pela SELIC, reconhecendose o referido direito da ora Recorrente, tendo como dies a quo: a) a data do protocolo do pedido administrativo; b) alternativamente, em não se entendendo adequada a aplicação da SELIC desde a data do protocolo, seja considerada sua incidência a partir do primeiro dia subsequente ao término do prazo concedido pela legislação da época para que a autoridade administrativa instruísse e julgasse o pedido. É o relatório. Voto Conselheira MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Atendidos também aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Postula a recorrente a incidência de correção monetária nos créditos objeto de ressarcimento em face da impossibilidade de requerêlos mensalmente, mas só trimestralmente, bem como em virtude da demora da Administração para proferir a decisão sobre o seu pleito. No entanto, a pretensão da recorrente encontra obstáculo expresso no art. 13 da Lei nº 10.833/2003, aplicável à Cofins e também ao PIS/Pasep, por força do art. 15 dessa Lei, que assim dispõem: Art. 13 . O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Fl. 1253DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 10 Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. (...) Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) [grifos da Relatora] De outra parte, a previsão legal de atualização do valor pela taxa Selic, nos termos do art. 39, §4º da Lei 9.250/1995, ora transcrito, somente é aplicável para os casos de compensação e restituição, mas não para o ressarcimento: Art. 39. A compensação de que trata o art. 66 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 58 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importância correspondente a imposto, taxa, contribuição federal ou receitas patrimoniais de mesma espécie e destinação constitucional, apurado em períodos subseqüentes. (...) § 4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. (Vide Lei nº 9.532, de 1997) [negrito desta Relatora] Conforme restou assentado no Voto Vencedor do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, no Acórdão nº 3402002.465 desta 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 20 de agosto de 2014, os institutos da restituição e do ressarcimento não se confundem: (...) A pacificação deste conflito de perspectiva passa necessariamente pela distinção entre os institutos do ressarcimento da restituição. A restituição é a repetição de um indébito. Decorre de pagamento indevido ou a maior que o devido. Já o ressarcimento não está vinculado a qualquer pagamento indevido, mas decorre de concessão legal. Fl. 1254DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13052.000032/200726 Acórdão n.º 3402002.832 S3C4T2 Fl. 1.250 11 Sobretudo, não se pode olvidar que o direito subjetivo ao ressarcimento somente é constituído com o advento do despacho da autoridade competente, em oposição ao que ocorre com a repetição do indébito, em que o direito de repetir já nasce imediatamente com o pagamento indevido ou a maior, independentemente de qualquer ato da autoridade administrativa. Nesta linha, fica evidente existir duas figuras que não se confundem: a) restituição por pagamento indevido ou a maior do que o devido (repetição de indébito); e b) ressarcimento, previsto em lei concessiva. É certo que restituição e ressarcimento compartilham alguns aspectos, como o de ser ambos passíveis de satisfação em dinheiro ou mediante compensação, mas de nenhum modo ressarcimento é espécie do gênero restituição. (...) De forma que não pode prosperar a possibilidade de aplicação do art. 39, §4º da Lei 9.250/1995 à hipótese de ressarcimento pleiteado nos presente autos. Assim, havendo previsão legal em sentido contrário ao pretendido, não há que se falar em aplicação da analogia ou dos princípios gerais de direito público ou tributário, nem tampouco de equidade, como quer a recorrente. Em face do princípio da legalidade da Administração Pública, disposto no art. 37 da Constituição Federal, a autoridade administrativa somente pode fazer o que a lei autoriza. A atividade administrativa é vinculada, cabendo ao agente administrativo prestigiar a lei, não podendo dela se distanciar, ainda que sob o argumento de inconstitucionalidade ou de que traria injustiça ao caso concreto. Não obstante isso, em face do que dispõe o art. 62, §2º do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria nº 343/2015 (DOU de 10 de junho de 2015), cabe a este Colegiado analisar a possibilidade de aplicação do entendimento do STJ trazido pelo Recurso Especial nº 1.035.847, sob a sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, cuja ementa segue abaixo: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO.IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. Fl. 1255DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 12 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009) Como bem esclareceu o Conselheiro Relator Bernardo Motta Moreira, em seu Voto, no Acórdão nº 3301002.088, da 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, em sessão de 23/10/2013, parcialmente transcrito abaixo, o entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas, eis que, para essas, há a vedação expressa de atualização monetária na lei, o que não ocorre para o IPI: (...) Como se vê, a hipótese levada a julgamento no precedente em questão respeitava ao ressarcimento de créditos de IPI, tributo de cuja legislação não consta preceito que, tal qual o artigo 13 da Lei nº 10.833/03, vede expressamente o acréscimo de juros ou correção monetária ao principal. Concluise, assim, que ante circunstâncias normativas diversas, uma em que a legislação silencia sobre o direito à remuneração dos saldos credores pleiteados e a outra em que vigora expressa vedação a respeito, diversas também podem ser as soluções exegéticas possíveis. Fl. 1256DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 13052.000032/200726 Acórdão n.º 3402002.832 S3C4T2 Fl. 1.251 13 Aliás, a Súmula nº 411 da jurisprudência do E. STJ conduz, em verdade, à solução oposta, vez que o enunciado é categórico na referência aos créditos de uma espécie tributária em particular, o IPI. Eis o seu inteiro teor: É devida a correção monetária ao creditamento de IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco.” Daí porque, em se tratando especificamente de ressarcimentos em matéria de PIS e COFINS não cumulativos, é incabível a aplicação de correção monetária e de juros ao respectivo principal. Isso posto, nego provimento ao recurso. (...) Assim, adotando os mesmos fundamentos do Voto acima, nos termos do art. 50, §1° da Lei nº 9.784/99, entendo que o referido entendimento do STJ, produzido sob a sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, não se ajusta ao presente caso concreto, de ressarcimento de contribuições sociais não cumulativas, não sendo o caso de reproduzilo no presente julgado. Assim, por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (Assinatura Digital) MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Relatora Fl. 1257DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 31/01/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM
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Numero do processo: 15453.000833/2009-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
NORMAS GERAIS. DESCRIÇÃO DO FATO GERADOR, AUSÊNCIA. VÍCIO NO LANÇAMENTO. MATERIAL.
São nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa.
A ausência de clareza na descrição do fato gerador e na matéria tributável impede que o contribuinte exerça, de forma plena, seus direito à defesa, o que caracteriza vício.
O vício constante na descrição do fato gerador é de natureza material, pois se refere ao objeto do lançamento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.905
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, anular o lançamento fiscal por vício material.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Marcelo Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 NORMAS GERAIS. DESCRIÇÃO DO FATO GERADOR, AUSÊNCIA. VÍCIO NO LANÇAMENTO. MATERIAL. São nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa. A ausência de clareza na descrição do fato gerador e na matéria tributável impede que o contribuinte exerça, de forma plena, seus direito à defesa, o que caracteriza vício. O vício constante na descrição do fato gerador é de natureza material, pois se refere ao objeto do lançamento. Recurso Voluntário Provido.
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DESCRIÇÃO DO FATO GERADOR, AUSÊNCIA. VÍCIO NO LANÇAMENTO. MATERIAL. São nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa. A ausência de clareza na descrição do fato gerador e na matéria tributável impede que o contribuinte exerça, de forma plena, seus direito à defesa, o que caracteriza vício. O vício constante na descrição do fato gerador é de natureza material, pois se refere ao objeto do lançamento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 45 3. 00 08 33 /2 00 9- 66 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, anular o lançamento fiscal por vício material. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15453.000833/200966 Acórdão n.º 2402004.905 S2C4T2 Fl. 77 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), que julgou improcedente a impugnação, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO. Constituem requisitos cumulativos para isenção do Imposto de Renda a comprovação de que os rendimentos são provenientes de pensão, aposentadoria ou reforma e a existência de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, atestando que o interessado é portador de uma das moléstias apontadas na legislação de regência. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Acordam os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o saldo de restituição indevida a devolver apurado na Notificação de Lançamento. Quanto aos fundamentos do Voto, discordaram os julgadores Ângela Castaño Mariño, Cristine Quintino Mouta Dias e Leonardo Martins Soares que, não obstante a Súmula Carf 43, entendem ser necessária, para a isenção pleiteada, a comprovação de que os rendimentos auferidos sejam proventos de reforma e não da reserva remunerada, nos termos do art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/1988. Segundo a fiscalização, como se pode inferir, até pela descrição da DRJ, a Notificação de Lançamento do IRPF apurou a restituição indevida a devolver, a ser acrescida dos juros de mora, relativa à Declaração de Ajuste Anual, exercício de 2008, anocalendário de 2007. Conforme os autos e a DRJ, em 25/02/2010, foi emitida a Intimação nº 2010/000123, por meio da qual foi solicitada ao Interessado a cópia do ato que lhe concedeu aposentadoria, ou passagem para a reserva, contudo, a correspondência enviada foi devolvida pelos Correios à Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, pelo motivo “mudouse”. Conforme o descrito em Despacho de fl. 39, tendo em vista que a Notificação de Lançamento foi devolvida pelos Correios e que não foi feito Edital para dar ciência ao Fl. 78DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Contribuinte do lançamento, foi enviada ao Interessado, através da Intimação nº 2010/000900 (fl. 36), a cópia da Notificação, que foi recebida em 07/07/2010. O contribuinte apresentou, e foi analisada pela DRJ, impugnação, em 05/10/2009, contra o lançamento, pleiteando, em síntese, que: • Isenção do IRPF relativo ao ano/calendário 2007; • Restituição dos valores pagos durante o exercício 2007; • Anulação da Notificação, que ainda não fora recebida, mas que é referenciada pelo sistema de transmissão, conforme mensagem, em anexo; • Restituição do IRPF incidente sobre o adicional natalino, conforme requerimentos em anexo. A DRJ analisou o lançamento e a impugnação, julgando improcedente a impugnação. O contribuinte foi cientificado da decisão a quo em 09/09/2013. Inconformada com a decisão, o recorrente apresentou recurso voluntário, em 18/09/2013, acompanhado de anexos, onde alega, em síntese, que: 1. Conforme DOU, de 05/1999, foi transferido para a reserva; 2. Solicita, portanto a isenção. É o relatório. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15453.000833/200966 Acórdão n.º 2402004.905 S2C4T2 Fl. 78 5 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira, Relator Sendo tempestivo, CONHEÇO DO RECURSO e passo ao exame de seus argumentos. DA PRELIMINAR Quanto às preliminares, há questão a ser analisada. A simples verificação das datas dos procedimentos do lançamento gera grandes dúvidas sobre sua certeza e sobre o respeito ao devido processo legal: 1. Intimação para apresentação de comprovação de que estava na reserva, 25/02/2010, sem sucesso, pois Correios devolveu com a informação “mudouse”, sem informação sobre novas tentativas ou novos procedimentos para intimação, como, por exemplo, por edital; 2. Recebimento da Notificação, em 25/02/2010; e 3. Apresentação da Impugnação, em 05/10/2009. Ressaltese que na própria "impugnação", o contribuinte afirma que busca a "anulação de Notificação, ainda não recebida, mas que é referenciada pelo sistema de transmissão". O prazo para apresentação de defesa contra lançamentos consta da legislação e deve ser respeitado, a fim de obedecer o devido processo legal. Decreto 70.235/1972: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: ... V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; Portanto, os contribuinte tem o prazo de trinta dias para apresentar sua impugnação, depois de devidamente intimados. Não é válida a decisão sem a concessão de prazo determinado na legislação para apresentação de defesa. Portanto, nula a decisão a quo. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Avançando, na análise do lançamento, em sua leitura integral, não encontramos, em nenhum momento, a descrição do fato que o fundamenta, o que cerceia, de totalmente, o direito de defesa do contribuinte. Há a informação de que se trata de lançamento correspondente a restituição recebida indevidamente, mas indevidamente por quê? A legislação determina a fundamentação do lançamento. Decreto 70.235/1972: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: ... III a descrição do fato; CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Não há, no lançamento, a fundamentação da descrição do fato, nem da matéria tributável. A legislação determina quando se deve decretar a nulidade de lançamentos. Decreto 70.235/1972: Art. 59. São nulos: ... II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. Portanto, o lançamento deve ser anulado, por existência de vício, que cerceou o direito de defesa do contribuinte, portanto, vício material. O vício existente está configurado na ausência de descrição do fato e da matéria tributável, dessa forma entendo ser o mesmo de natureza material. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15453.000833/200966 Acórdão n.º 2402004.905 S2C4T2 Fl. 79 7 Nos atos administrativos, como o lançamento tributário por exemplo, é no Direito Administrativo que encontramos as regras especiais de validade dos atos praticados pela Administração Pública: competência, motivo, conteúdo, forma e finalidade. É formal o vício que contamina o ato administrativo em seu elemento “forma”; por toda a doutrina, cito a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro.1 Segundo a mesma autora, o elemento “forma” comporta duas concepções: A) Restrita, que considera forma como a exteriorização do ato administrativo (por exemplo: autodeinfração); e B) Ampla, que inclui todas as demais formalidades (por exemplo: precedido de MPF, ciência obrigatória do sujeito passivo, oportunidade de impugnação no prazo legal), isto é, esta última confundese com o conceito de procedimento, prática de atos consecutivos visando a consecução de determinado resultado final. Portanto, qualquer que seja a concepção, “forma” não se confunde com o “conteúdo” material ou objeto. Forma é requisito de validade através do qual o ato administrativo, praticado porque o motivo que o deflagra ocorreu, é exteriorizado para a realização da finalidade determinada pela lei. E quando se diz “exteriorização” devemos concebêla como a materialização de um ato de vontade através de determinado instrumento. Daí temos que conteúdo e forma não se confundem. Sem se estender muito, nas relações de direito público a forma confere segurança ao administrado contra investidas arbitrárias da Administração. Os efeitos dos atos administrativos impositivos ou de império são quase sempre gravosos para os administrados, daí a exigência legal de formalidades ou ritos. No caso do ato administrativo de lançamento, a notificação com todos os seus relatórios e elementos extrínsecos é o instrumento de constituição, da exteriorização, do crédito tributário. Já a sua lavratura se dá em razão da ocorrência do fato descrito pela regra matriz como gerador de obrigação tributária. Esse fato gerador, pertencente ao mundo fenomênico, constitui, mais do que sua validade, o núcleo de existência do lançamento e corresponde ao conteúdo do ato administrativo, seu objeto. Quando a descrição do fato não é suficiente para a certeza absoluta de sua ocorrência, carente que é de algum elemento material necessário para gerar obrigação tributária, o lançamento se encontra viciado por ser o crédito dele decorrente duvidoso. É o que a jurisprudência deste Conselho denomina de vício material: 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella: Direito Administrativo, São Paulo: Editora Atlas, 11ª edição, páginas 187 a 192. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 “[...]RECURSO EX OFFICIO – NULIDADE DO LANÇAMENTO – VÍCIO FORMAL. A verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação, a determinação da matéria tributável, o cálculo do montante do tributo devido e a identificação do sujeito passivo, definidos no artigo 142 do Código Tributário Nacional – CTN, são elementos fundamentais, intrínsecos, do lançamento, sem cuja delimitação precisa não se pode admitir a existência da obrigação tributária em concreto. O levantamento e observância desses elementos básicos antecedem e são preparatórios à sua formalização, a qual se dá no momento seguinte, mediante a lavratura do auto de infração, seguida da notificação ao sujeito passivo, quando, aí sim, deverão estar presentes os seus requisitos formais, extrínsecos, como, por exemplo, a assinatura do autuante, com a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula; a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado, com a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.[...]” (7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes – Recurso nº 129.310, Sessão de 09/07/2002) Por sua vez, o vício material do lançamento ocorre quando a autoridade lançadora não demonstra/descreve de forma clara e precisa os fatos/motivos que a levaram a lavrar a notificação fiscal e/ou auto de infração. Diz respeito ao conteúdo do ato administrativo, pressupostos intrínsecos do lançamento. ... ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2000 DECADÊNCIA. 0 Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. DADOS NÃO CORRESPONDENTES A TODOS OS FATOS GERADORES. Constitui infração a apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme artigo 32, Inciso IV e §50, da Lei n° 8.212/91. DISCRIMINAÇÃO DOS FATOS GERADORES. INSUFICIÊNCIA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. O lançamento deve evidenciar a ocorrência dos fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, sob pena de nulidade por vício material. (Acórdão 2302002.258, de 22/11/2012, Relatora: Liége Lacroix Thomasi) Para ratificar esse entendimento destacase a doutrina de Leandro Paulsen (Direito Tributário – Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência, 9ª ed., pág. 01112): Fl. 83DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 15453.000833/200966 Acórdão n.º 2402004.905 S2C4T2 Fl. 80 9 “Vício Formal x vício material. Os vícios formais são aqueles atinentes ao procedimento a ao documento que tenha formalizado a existência do crédito tributário. Vícios materiais são os relacionados à validade e à incidência da Lei.” Ambos os vícios, formal e material, desde que comprovado o prejuízo à defesa, implicam nulidade do lançamento, mas é a diferença esclarecida acima que justifica a possibilidade de lançamento substitutivo a partir da decisão apenas quando o vício é formal, como determina o II, Art. 173 do CTN, pois não há dúvida no lançamento de que o fato gerador existiu, pois está devidamente demonstrado, o que não é o caso nos auto em análise. O rigor da forma como requisito de validade gera um grande número de lançamentos anulados. Em função desse prejuízo para o interesse público é que se inseriu no Código Tributário Nacional (CTN) a regra de novo prazo para contagem de decadência a partir da decisão, a fim de realização de lançamento substitutivo ao anterior, quando anulado por simples vício na formalização. De fato, forma não pode ter a mesma relevância da certeza da responsabilidade e da existência do fato gerador. Não se duvida da forma como instrumento de proteção do particular, mas nem por isso ela se situa no mesmo plano de relevância do conteúdo. Por todo o exposto, entendo como material o vício presente na incorreta descrição do fato gerador. CONCLUSÃO: Em razão do exposto, voto em ANULAR O LANÇAMENTO, pela existência de vício material, nos termos do voto. Marcelo Oliveira Fl. 84DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 11516.001024/2009-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004, 2005
PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. MULTA QUALIFICADA.
É cabível a imposição de multa qualificada à hipótese de presunção legal de omissão de receita fundada em depósitos bancários cuja origem não tenha sido comprovada pelo sujeito passivo, desde que os elementos presentes nos autos sejam suficientes à comprovação da prática dolosa de um dos tipos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Inteligência da Súmula CARF nº 25.
Todavia, excluem-se da base de cálculo da omissão de receita prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/96 as transferências de recursos havidas entre contas correntes de titularidade do sujeito passivo.
Numero da decisão: 1201-001.389
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir do montante dos depósitos de origem não comprovada o valor de todos os depósitos havidos na conta-corrente mantida no Banco Safra, sob o histórico "TRANSF. TB".
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa e João Otavio Oppermann Thomé.
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2004, 2005 PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. MULTA QUALIFICADA. É cabível a imposição de multa qualificada à hipótese de presunção legal de omissão de receita fundada em depósitos bancários cuja origem não tenha sido comprovada pelo sujeito passivo, desde que os elementos presentes nos autos sejam suficientes à comprovação da prática dolosa de um dos tipos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Inteligência da Súmula CARF nº 25. Todavia, excluem-se da base de cálculo da omissão de receita prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/96 as transferências de recursos havidas entre contas correntes de titularidade do sujeito passivo.
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Presumemse oriundos de receitas omitidas os recursos depositados em contas correntes bancárias de titularidade do sujeito passivo quando este, regularmente intimado para tanto, deixa de comprovar sua origem. Todavia, excluemse da base de cálculo da omissão de receita prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/96 as transferências de recursos havidas entre contas correntes de titularidade do sujeito passivo. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004, 2005 PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. MULTA QUALIFICADA. É cabível a imposição de multa qualificada à hipótese de presunção legal de omissão de receita fundada em depósitos bancários cuja origem não tenha sido comprovada pelo sujeito passivo, desde que os elementos presentes nos autos sejam suficientes à comprovação da prática dolosa de um dos tipos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Inteligência da Súmula CARF nº 25. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir do montante dos depósitos de origem não comprovada o valor de todos os depósitos havidos na contacorrente mantida no Banco Safra, sob o histórico "TRANSF. TB". AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 10 24 /2 00 9- 39 Fl. 990DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 3 2 (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente e Relator Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa e João Otavio Oppermann Thomé. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72, contra o acórdão nº 0720.426, exarado pela 3ª Turma da DRJ em Florianópolis SC. Por bem descrever o litígio objeto do presente processo, tomo de empréstimo o relatório contido na decisão de primeiro grau (fl. 801 e ss.): Por meio dos Autos de Infração, às folhas 665 a 717, foram exigidas da contribuinte acima qualificada as importâncias abaixo indicadas, acrescidas de juros de mora e multa de oficio de 150%: (...) As exigências referemse a fatos geradores ocorridos nos anos calendário de 2004 e 2005. Do relato da fiscalização No “Termo de Verificação Fiscal e de Encerramento de Fiscalização” (f. 665 a 673), a autoridade fiscal revela que: Nos anoscalendário fiscalizados, a contribuinte adotou o regime tributário de lucro presumido; Em 02/09/2008, foi intimada a apresentar, além dos livros e documentos contábeis e fiscais, os extratos bancários relativos ao período fiscalizado; No tocante aos extratos bancários, a contribuinte declarou que não iria entregálos (f. 26/27). Sendo assim, a fiscalização solicitou os extratos bancários através da Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira das instituições bancárias nas quais a empresa possui conta corrente, conforme documentos de f. 28/29; Todas as contas correntes mantidas pela empresa estão registradas no Caixa, mas os valores escriturados correspondem a aproximadamente 10% dos valores movimentados nas contas correntes; Diante disto, a contribuinte foi instada a comprovar, com documentos hábeis e idôneos, a origem dos recursos depositados nas contas correntes de sua propriedade. A empresa relacionou os valores que deveriam ser excluídos das planilhas elaboradas Fl. 991DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 4 3 pela fiscalização (f. 414 a 444), os quais foram acatados. Deste modo, foram elaboradas novas planilhas (f. 445 a 559); Os valores remanescentes foram associados a receitas omitidas, nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430/96; Foi aplicada multa qualificada pelo fato de a contribuinte ter omitido receitas reiteradamente, de forma intencional; Foi também formalizada Representação Fiscal para Fins Penais nos autos do processo administrativo n° 11516.001025/200983, em face da identificação de situação que, em tese, configura crime contra a ordem tributária; O arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo, nos termos da IN SRF n° 264/2002 consta do processo n° 11516.00l026/200928. Da impugnação Intimada da autuação, a interessada apresentou a impugnação de f. 724 a 758, na qual apresenta, em síntese, os seguintes argumentos: . Da quebra do sigilo bancário ao arrepio da Constituição A Constituição exige para a quebra do sigilo bancário ordem judicial, nos termos do art. 5°, incisos X e XI. Assim, os procedimentos efetuados pela autoridade fiscal no sentido de obter os extratos bancários diretamente com as instituições financeiras esbarra nos referidos limites. Da ausência de ato ou formalidade essencial descumprimento do art. 4°, parágrafo 5°. do Decreto n° 3.724/2001 O Decreto n° 3.724/2001, no art. 4°, parágrafo 5°, prevê a necessidade do “relatório circunstanciado” que será elaborado pelo AuditorFiscal para embasar a expedição da Requisição de Informações sobre a Movimentação Financeira; A fiscalização não observou o requisito previsto para a requisição do RMF. Não existindo o referido “relatório circunstanciado”, pressuposto para expedição do RMF, não foram preenchidas as exigências que dão suporte à utilização das informações bancárias para justificar o auto de infração, ferindo o parágrafo único, do art. 142 do CTN; Ora, nesse relatório deveria constar a justificativa para o acesso do fisco aos dados bancários do contribuinte (fundamento fático), bem como a indicação do embasamento legal do requerimento (fundamento legal). Ao cidadão não poderá ser negado o direito de controlar a legalidade dos atos administrativos que lhe afetam diretamente. Portanto, não há como afastar a necessidade da presença do relatório nos autos do processo administrativo, sob pena de cerceamento de defesa. É este o entendimento do Auditorfiscal da Receita Federal, Dr. Fl. 992DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 5 4 Mauro Silva, emitido em artigo publicado na Revista Dialética de Direito Tributário, cuja cópia integral segue anexa; Sobre a ausência de relatório circunstanciado que justifique a expedição do RMF, já decidiu a 1° Câmara do 1° Conselho de Contribuintes no acórdão n° 10196.355, julgado em 17/10/2007, por unanimidade de votos: PRELIMINAR REQUISIÇÃO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PRÉVIA AO CONTRIBUINTE PARA COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS E DO RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO NULIDADE DA PROVA é requisito fundamental para a emissão de Requisição de Movimentação Financeira RMF a negativa de entrega dos documentos pela pessoa jurídica regularmente intimada para tanto, bem como o relatório circunstanciado, elaborado pelo AuditorFiscal da Receita Federal encarregado da execução do MPF ou por seu chefe imediato, com a motivação da proposta de expedição da RMF que demonstre, com precisão e clareza, tratarse de situação enquadrada em hipótese de indispensabilidade das informações requeridas. Tendo o sujeito passivo entregue parte dos extratos bancários, caberia a sua reintimação para a apresentação dos documentos faltantes. A ausência a essa reintimação é que configuraria a recusa necessária para a emissão do RMF. Da ausência de demonstração dos requisitos fundamentação fática e legal do ato administrativo (motivação) para expedição do RMF Todas as requisições de informações às instituições financeiras foram baseadas na Lei Complementar nº 105/2001; Para a quebra do sigilo bancário sem manifestação do Judiciário foram impostas condições objetivas para minimizar a invasão de privacidade. Tais requisitos estão dispostos de forma clara no Decreto n° 3724/2001, publicado no mesmo dia da Lei Complementar n° 105/2001; Somente se a situação do contribuinte sob fiscalização enquadrarse em uma das hipóteses previstas no art. 3° do Decreto n° 3724/2001, seria possível a quebra do sigilo bancário; O cotejo do fundamento fático e do fundamento legal deveria constar do “relatório circunstanciado”, nos temos do art. 4°, § 6°, do Decreto n" 3.724/2001. Entretanto, conforme já relatado, não faz parte do presente processo o referido documento o que limita em muito a defesa do contribuinte. Deste modo, deve ser invalidada a expedição do RMF sem apresentação das justificativas cabíveis ao ato vinculado. Da ausência de forma do ato determinada pela Portaria SRF n° 180, de 01/02/2001 anexo I Fl. 993DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 6 5 A Portaria SRF n° 180/2001 estabelece a necessidade de um documento (forma exigida) prévio à expedição do RMF, nos termos do parágrafo 1° do art. 5°, in verbis: (...) A Portaria trouxe no anexo I o modelo a ser seguido para que, somente depois, fosse expedido o RMF. Ausente tal documento no formato definido, restou descumprida determinação legal as quais estão vinculados tanto o agente fiscal (CTN, art. 142, § único), como a cobrança do tributo (CTN, art. 3°). Semelhanças entre a presunção do art. 42 da Lei n° 9.430/96 e o saldo credor de caixa forma de apuração da omissão O art. 42 pode, para fins de forma de apuração do montante omitido, ser equiparado à figura do saldo credor de caixa na pessoa jurídica. A presunção que fundamentou o presente processo parte da premissa de que o contribuinte possui, para aplicação, as receitas declaradas. Caso o valor da movimentação bancária supere as receitas, presumese haver omissão; O caso do saldo credor é análogo. A empresa possui o valor em caixa constante na contabilidade e, se aplicar/pagar/transferir montante superior, presumese a existência de omissão de receita; Entretanto, havendo saldo credor em vários meses não se pode imputar a omissão de receita a cada estouro do caixa, pois este será recorrente no ano. Em todo o momento que houver uma entrada no caixa e o saldo voltar a ser devedor, um pagamento posterior implicará, novamente, no estouro de caixa, sem que haja uma nova receita omitida; Nesta situação, a esfera administrativa tem entendido por tributar o maior saldo credor no ano e desconsiderar os demais estouros, evitando assim a tributação; No presente caso, de acordo com as conclusões da fiscalização, o contribuinte não teria oferecido à tributação o valor de R$ 1.010.490,24 (f. 668) no mês de dezembro de 2004, sendo que nos demais meses houve apenas a circulação de parte deste mesmo montante; O mesmo ocorreu no anocalendário de 2005. Apenas o montante movimentado no mês de novembro de 2005, R$ 1.236.484,63, deve ser considerado como receita omitida (f. 668); Assim, a tributação deve ser limitada à quantia movimentada nos meses de dezembro de 2004 e novembro de 2005, visto que são os de maior valor em cada ano, sendo o restante das entradas decorrência destes montantes. Do aproveitamento dos rendimentos tidos como omitidos como origem das movimentações dos meses seguintes Fl. 994DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 7 6 Alternativamente ao debatido no item anterior, o valor tributado no mês de janeiro deve servir para justificar a movimentação do mês seguinte e assim sucessivamente. Caso contrario estarseia afastando a justificativa baseada nos levantamento do próprio fiscal. Também é este o entendimento da 4ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes nos acórdãos n°s 10419.454 e 10419.482, cuja ementa segue transcrita: IRPF DEPÓSITOS BANCÁRIOS LEI Nº. 9.430, DE 1996 COMPROVAÇÃO Estando as Pessoas Físicas desobrigadas de escrituração, os recursos com origem comprovada bem como outros rendimentos já tributados, inclusive àqueles objetos da mesma acusação, servem para justificar os valores depositados posteriormente em contas bancárias, independentemente de coincidência de datas e valores. Assim, não tendo sido demonstrado pela fiscalização que os valores considerados como omissão de receita foram consumidos, estes devem servir de origem para as movimentações ocorridas nos meses seguintes, como tem decidido o Conselho de Contribuintes. Da tributação de valores referentes às transferências bancárias entre as contas do próprio contribuinte Houve informações relativas às transferências entre contas bancárias de titularidade do próprio contribuinte que não foram justificadas no curto momento oportunizado pela fiscalização; Nos demonstrativos em anexo (doc. 02) constam as entradas no Banco Safra, ag. 14700, cc 1664, não identificadas durante a fiscalização e tributadas pela fiscalização, bem como a correlação da origem dos recursos indicando a conta do próprio contribuinte de onde partiram as transferências (Banco Safra, ag. 14700, cc 100.0882). Da ausência de fundamento legal para a qualificação da multa (150%) O auto de infração não indica o fundamento legal que embasaria o lançamento da multa no patamar de 150%. Diferentemente do que ocorreu na menção ao art. 957 do RIR, não é possível saber qual dos artigos (arts. 71, 72 ou 73 da Lei n° 4.502) serviu como justificativa legal para a sanção aplicada; Seja em virtude da inobservância do princípio da motivação dos atos administrativos, seja pelo abandono dos preceitos dos arts. 149, inciso IV do CTN; 10, inciso IV do Decreto 70.235/72; e 50, inciso II da Lei n° 9.784/99, ou pelo decorrente cerceamento do direito de defesa, o referido lançamento não pode prosperar. Da impossibilidade de aplicação da multa qualificada com base em presunção de omissão de receita Fl. 995DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 8 7 Cabe transcrever as razões fáticas apresentadas pelo agente fiscal para justificar a aplicação da sanção na proporção de 150% (f. 671/672): Conforme ficou demonstrado, a contribuinte reiteradamente deixou de declarar as operações comerciais efetuadas nos anos calendários de 2004 e 2005. Fato este que detectamos quando analisamos as informações oriundas dos dados da CPMF, onde vultosa quantia foi movimentada em instituições bancárias. Ressaltamos que devidamente intimado a comprovar a origem dos recursos depositados nas suas contas correntes bancárias a contribuinte silenciou. Desta forma constatamos que a contribuinte intencionalmente omitiu informações ao fisco com o intuito de eximirse dos tributos que ora constituímos de oficio, cabendo a qualificação da multa com base no art. 957 do RIR/99. O art. 957 do RIR determina que o EVIDENTE intuito de fraude é um fator que, necessariamente, deve estar presente para que a multa seja agravada, assim como a existência do DOLO (arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502). Ora, toda a exigência contida no presente processo baseiase na presunção legal de que as movimentações financeiras cuja origem não for comprovada equiparamse à omissão de receita. Ou seja, não houve qualquer comprovação de forma direta de que houve a omissão de receita, mas mera presunção. É farta a jurisprudência do Conselho de Contribuintes no sentido de não ser possível utilizar presunções para impor a qualificação da multa, conforme exemplos citados; Assim, como foi utilizada presunção para embasar o auto de infração objeto da presente impugnação, não há que se falar em “evidente” intuito de fraude e caracterização do dolo, deve ser afastada a exigência da multa qualificada. Da decadência dos meses de janeiro e fevereiro de 2004 Em virtude da inexistência de prova do dolo ou fraude por parte da contribuinte, os débitos referentes às competências de janeiro e fevereiro de 2004 devem ser considerados extintos com fundamento no art. 156, inciso V c/c art. 150, § 4°, ambos do CTN, impondose o cancelamento do presente lançamento nesta parcela. Da taxa Selic Devido à falta de lei tributária (lei complementar) que crie e delimite a aplicação da taxa Selic para correção de créditos tributários, ferindo o disposto no art. 150, I, da Constituição Federal de 1988, configurandose numa majoração ilegal dos tributos, deve ser recalculado conforme preceitua o art. 161, § 1°, do Código Tributário Nacional, num patamar de 12% por ano. Fl. 996DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 9 8 Examinadas as razões de defesa a DRJ de origem julgou parcialmente procedente a impugnação para afastar do montante da omissão de receitas os depósitos relativos a transferências bancárias oriundas de outras contas de titularidade da contribuinte. Irresignada, a interessada interpôs recurso voluntário onde reproduz, em síntese, as mesmas razões expostas na impugnação ao lançamento (fl. 831 e ss.). Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO O recurso atende aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/72 e, portanto, dele devese tomar conhecimento. 2) DA PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO SIGILO BANCÁRIO Pede a defesa seja declarado nulo o lançamento, sob as seguintes alegações: a) é inconstitucional a quebra do sigilo bancário levada a efeito pelo autor da ação fiscal, haja vista a ausência de ordem judicial para tanto; b) o auditor deixou de cumprir formalidade essencial prevista no art 4º, § 5º, do Decreto nº 3.724/2001, qual seja, a de que a expedição da Requisição de Movimentação Financeira (RMF) será precedida de relatório circunstanciado; c) a autoridade não demonstrou que a expedição de RMF era, no caso, indispensável, daí porque violou o disposto no art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 bem como o princípio da motivação; d) as RMFs foram expedidas sem a observância da forma prevista no Anexo I da Portaria SRF nº 180/2001. Em relação ao argumento indicado no item "a" devese dizer que, por força do disposto no abaixo transcrito art. 26A do Decreto nº 70.235/72, este Colegiado não detém competência legal para apreciálo, haja vista que implicaria o exame da constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 frente ao art. 5º, XII, da Constituição da República: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Relativamente à ausência do relatório circunstanciado tratado no item "b", o mencionado art. 4º, § 5º, do Decreto nº 3.724/2001 assim estabelece: Fl. 997DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 10 9 Art.4º Poderão requisitar as informações referidas no caput do art. 2º as autoridades competentes para expedir o MPF. (...) § 5º A RMF será expedida com base em relatório circunstanciado, elaborado pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil encarregado da execução do procedimento fiscal ou pela chefia imediata. (...) A norma acima regulamenta um procedimento interno a ser observado pelo Fisco, qual seja: (i) se no curso da auditoria a autoridade fiscalizadora se deparar com situação que revelese indispensável à expedição da RMF, elaborará relatório circunstanciado dirigido à autoridade competente para expedir a requisição; (ii) a autoridade competente para expedir a RMF (mesma autoridade com competência para expedir o MPF), diante do relatório apresentado, decidirá sobre sua expedição. Tratase, como visto, de procedimento interno cuja finalidade é não deixar sob competência do autor da ação fiscal a decisão sobre a expedição da RMF. Isso posto, a não anexação do referido relatório circunstanciado aos presentes autos não dá causa à nulidade do lançamento. Questão correlata, mas diversa, é a levantada pela recorrente no item "c", retro, concernente ao requisito de indispensabilidade para expedição das RMFs. Pois, de fato, acaso não reste demonstrado nos autos essa indispensabilidade, são nulas as provas colhidas junto às instituições financeiras. Sobre a indispensabilidade da RMF o art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 assim prescreve: Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. (...) Referido dispositivo foi regulamentado pelo Decreto nº 3.724/2001 cujos arts. 2º e 3º assim estabelecem: Art. 2º A Secretaria da Receita Federal, por intermédio de servidor ocupante do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal, somente poderá examinar informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. Fl. 998DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 11 10 (...) Art. 3º Os exames referidos no caput do artigo anterior somente serão considerados indispensáveis nas seguintes hipóteses: (...) VII previstas no art. 33 da Lei nº 9.430, de 1996; (...) Por sua vez o art 33 da Lei nº 9.430/96, remetido pela norma acima transcrita, assim prevê: Art.33. A Secretaria da Receita Federal pode determinar regime especial para cumprimento de obrigações, pelo sujeito passivo, nas seguintes hipóteses: I embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos em que se assente a escrituração das atividades do sujeito passivo, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, quando intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição do auxílio da força pública, nos termos do art. 200 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966; (g.n.) (...) Ora, no caso dos presentes autos a contribuinte, apesar de intimada para tanto, recusouse a apresentar à fiscalização os extratos das contascorrentes bancárias de sua titularidade (fl. 27), ou seja, deixou de prestar informações sobre sua movimentação financeira, conduta essa que tornou indispensável a expedição das RMFs. Tal fato foi assim relatado no termo de verificação fiscal (TVF), daí porque é também incabível a alegação de falta de motivação do ato (fl. 666): Com o fito de implementar as verificações determinadas, mediante o Termo de Início de Ação Fiscal lavrado em 02/009/2008 (fls. 02 a 04), instouse o contribuinte em epígrafe a apresentar os elementos especificados e reputados necessários à implementação dos procedimentos. Elementos e informações carreados em atendimento a esta exigência inicial encontramse às fls. 05 a 25. Prosseguindo os feitos fiscais, tendo em vista a apresentação dos documentos de fls. 26 a 27, onde a contribuinte declara que não vai entregar os extratos requisitados no Termo de Inicio de Fiscalização, requisitamos a movimentação bancária, nos diversos bancos que a contribuinte possui conta corrente, fls. 28 a 30. (...) Por fim, quanto ao requisito indicado no item "d" retro, é de se dizer que o Anexo I da Portaria SRF nº 180/2001 nada mais é do que o modelo do relatório Fl. 999DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 12 11 circunstanciado que o autor da ação fiscal deverá preencher e encaminhar à autoridade competente para decidir sobre a expedição, ou não, da RMF. Como visto antes, tratase de procedimento interno, razão pela qual é desnecessário que referido relatório circunstanciado conste dos autos. 3) DOS DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Alega primeiramente a defesa que o lançamento da omissão de receita por depósitos de origem não comprovada deve ser equiparada à omissão de receita decorrente de saldo credor de caixa, daí porque devese tributar apenas o mês que houve o maior montante de depósitos não comprovados. O argumento, além de inusitado, contraria frontalmente o disposto no art. 42 da Lei nº 9.430/96, o qual expressamente determina que o montante da omissão de receita corresponderá ao valor dos depósitos cuja origem não foi comprovada. Em segundo lugar, mas na mesma linha do argumento anterior, afirma a recorrente que na apuração da omissão de receita devese excluir o valor dos depósitos já computados no período anterior. Também aqui não assiste razão à recorrente. De acordo com o aludido art. 42 da Lei nº 9.430/96, a origem de cada depósito há que ser comprovada, sob pena de seu valor ser considerado receita omitida. Em terceiro lugar, pede a recorrente sejam desconsideradas as transferências entre contas da mesma titularidade. Diz que os depósitos realizados na contacorrente mantida no Banco Safra (Ag. 14700, c/c 000.1664), com histórico "TRANSF. TB", tiveram origem nas subcontas de empréstimo nos 201.0563, 200.5322, 200.6311, 200.9034, 200.7929, 200.306 1, 201.1799 e 200.3087, conforme documentação que só agora acostada aos autos. Diz ainda que, apesar de seus esforços, ainda não foi possível obter junto ao Banco Safra o extrato da subconta de empréstimo nº 200.3087. Pois bem, pelo cotejo entre o demonstrativo de depósitos de origem não comprovada elaborado pela fiscalização, especificamente quanto à conta mantida no Banco Safra (fls. 540/559), e os documentos trazidos pela recorrente (fl. 872 e ss.), é possível concluir que, de fato, os depósitos havidos naquela conta, sob o histórico "TRANSF. TB", referemse a transferências de subcontas de empréstimo vinculadas à conta 000.1664, de titularidade da contribuinte. Ademais, verificase que as transferências agora suscitas pela recorrente não sãs as mesmas já acolhidas pela DRJ de origem, que continham o histórico "LIB. VINCULADA". Isso posto, devese excluir do montante dos depósitos de origem não comprovada (fl. 668) o valor de todos os depósitos havidos na contacorrente mantida no Banco Safra, sob o histórico "TRANSF. TB" (vide fls. 540/559). 4) DA CONDUTA DOLOSA DECADÊNCIA E QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO Sobre a conduta dolosa da contribuinte a autoridade tributária assim se pronunciou (fls. 671/672): Fl. 1000DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 13 12 Conforme ficou demonstrado, a contribuinte reiteradamente deixou de declarar as operações comerciais efetuadas nos anos calendários de 2004 e 2005. Fato este que detectamos quando analisamos as informações oriundas dos dados da CPMF, onde vultosa quantia foi movimentada em instituições bancárias. Ressaltamos que devidamente intimado a comprovar a origem dos recursos depositados nas suas contas corrente bancárias a contribuinte silenciou. Desta forma constatamos que a contribuinte intencionalmente omitiu informações ao fisco com o intuito de eximirse dos tributos que ora constituímos de ofício, cabendo a qualificação da multa com base no art. 957 do RIR/99: (...) Em sua defesa a recorrente argumenta, primeiramente, que a autoridade fiscal deixou de apontar o fundamento legal para qualificação da multa de ofício, mais especificamente, se o ilícito enquadrase no art. 71, no art. 72 ou no art. 73 da Lei nº 4.502/64. Não assiste razão à recorrente. Conforme jurisprudência pacífica deste Conselho, lastreada na teoria da substanciação, a falta ou insuficiência no enquadramento legal da infração não dará lugar à nulidade do lançamento se o autor da ação fiscal houver relatado com precisão o ilícito por ele apurado, e o sujeito passivo, por meio de sua peça de defesa, houver demonstrado haver bem compreendido a acusação que lhe foi imputada. No caso dos presentes autos as razões da qualificação da multa de ofício foi relatada com precisão pela autoridade (vide trecho do TVF acima transcrito), e a recorrente demonstrou haver bem compreendido a acusação que lhe foi imputada, tanto é assim que se defende argumentando não ser possível a qualificação da multa em decorrência de presunção legal de omissão de receitas. Em segundo lugar, como dito acima, a recorrente alega não ser possível a imposição de multa qualificada com base em presunção de omissão de receita, uma vez que sequer há prova direta desta infração. Afirma que a fiscalização deixou de comprovar o evidente intuito de fraude, requisito essencial da qualificadora, conforme art. 957 do RIR/99. Aponta ainda a Súmula CARF nº 14, que assim prescreve: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Pois bem, em relação à Súmula CARF nº 14, sua leitura não deixa espaço para dúvida: (i) é cabível a imposição de multa qualificada em omissão de receita; (ii) desde que comprovado o evidente intuito de fraude por parte do sujeito passivo. Referida súmula, por não excetuar os casos de omissão de receita apurados por presunção, já seria suficiente para demonstrar o entendimento deste Conselho sobre o assunto. No entanto, a fim de que não pairasse dúvida, o CARF proclamou a súmula nº 25, cujo teor é o seguinte: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo Fl. 1001DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 14 13 necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. A recorrente entende que quando a omissão de receita é apurada apenas com base em presunção legal, não há como comprovarse o evidente intuito de fraude, daí porque seria incabível a qualificação da multa de ofício. Tal entendimento não deve prosperar pois, se assim fosse, a redação da mencionada súmula nº 25 seria simplesmente a seguinte: “A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício”. Seria, portanto, inteiramente despiciendo o complemento contido na súmula 25 segundo o qual, para a imposição da multa de ofício, é “necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64”. Concluindo: de acordo com a citada súmula CARF nº 25, é possível a imposição de multa qualificada quando apurada presunção legal de omissão, desde que comprovado o evidente intuito de fraude. Também não merece guarida a alegação da defesa segundo a qual não havendo prova direta da omissão de receita não há também como provarse o evidente intuito de fraude. Isso porque não se deve confundir a prova da omissão de receita (primeiro fato litigioso) com a prova do dolo (segundo fato litigioso). Observese que a presunção legal contida no art. 42 da Lei nº 9.430/96, tal como as demais presunções legais relativas, quando não afastadas pelo sujeito passivo, é prova da ocorrência de omissão de receitas. Em outras palavras, se recursos são depositados na contacorrente bancária do sujeito passivo, e este, intimado para tanto, não comprova a sua origem, temse como provada a omissão de receita. Acaso não se reconhecesse que a omissão de receita decorrente de depósitos de origem não comprovada é um fato provado, então seria absurdo pretenderse exigir IRPJ, contribuição para o PIS, Cofins e CSLL dela decorrentes. Pois, se a omissão de receitas não está provada, não é possível exigirse tributos com base nesta infração. Como visto no item 3 deste voto, está provada a omissão de receitas, uma vez que a contribuinte, regularmente intimada, deixou de comprovar a origem de grande parte dos recursos depositados em suas contascorrentes bancárias. Quanto à prova do dolo, ela é sempre realizada por meio indireto (presunção simples), já que a vontade do agente não pode ser provada diretamente. Nos presentes autos há fatos que, tomados em conjunto, comprovam, para além de qualquer dúvida razoável, que o sujeito passivo agiu dolosamente ao omitir receitas do Fisco, o que afasta a possibilidade de serem fruto de mero erro ou negligência. São os seguintes os fatos: (i) os depósitos cuja origem não foi comprovada foram verificados em todos os meses dos anos de 2004 e 2005 recorrência da infração; (ii) o montante dos depósitos cuja origem não foi comprovada (mesmo após as exclusões procedidas pela DRJ e no item 3 deste voto) foi, em 2004, quase 5 vezes maior do que o total das receitas Fl. 1002DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 15 14 informadas na DIPJ/2005, enquanto que em 2005 a relação sobre para mais do que 8 vezes a receita anual declarada relevância da infração. Veja que se os depósitos de origem não comprovada tivessem ocorrido em poucos meses dos anos de 2004 e 2005, e em montantes pouco significativos quando comparado à receita declarada em DIPJ, a omissão de receita ainda assim seria lançada, mas não haveria qualificação da multa de ofício, uma vez que o evidente intuito de fraude não estaria comprovado para além de qualquer dúvida razoável. Dito de outro modo, nesta situação seria razoável supor que a omissão de receitas teria sido fruto de mero erro ou negligência contábil do sujeito passivo, e não de sua conduta dolosa. Todavia, não foi isso que se viu no caso sob exame. De fato, não é razoável imaginar que a omissão de receitas levada a efeito recorrentemente em todos os meses de 2004 e 2005, aliada à relevância dos montantes omitidos, possa ter sido fruto de mero erro ou negligência contábil da ora recorrente. Ao contrário, provado está, para além de qualquer dúvida razoável, o seu evidente intuito de fraudar o Erário Público. Por fim, alega a recorrente que não comprovada a conduta dolosa devese reconhecer a extinção, por decadência, dos créditos tributários relativos aos meses de janeiro e fevereiro de 2005, haja vista o disposto no art. 150, § 4º, do CTN. Ocorre que, como visto acima, restou claramente comprovada a conduta dolosa do sujeito passivo, razão pela qual, como a contagem do prazo decadencial é realizada segundo o disposto no art. 173, I, do CTN, não há que se falar em decadência de quaisquer créditos tributários lançados. 5) DA TAXA SELIC Alega ainda a interessada ser incabível a adoção da taxa Selic no cálculo do juros de mora. Sobre esse assunto o CARF, por meio de sua Súmula nº 4, assim se pronunciou de maneira vinculante perante as Turmas que o compõem: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. 6) CONCLUSÃO Tendo em vista todo o exposto, voto por indeferir as preliminares de nulidade do lançamento e, no mérito, por dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir do montante dos depósitos de origem não comprovada (fl. 668) o valor de todos os depósitos havidos na contacorrente mantida no Banco Safra, sob o histórico "TRANSF. TB" (vide fls. 540/559). (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 1003DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 11516.001024/200939 Acórdão n.º 1201001.389 S1C2T1 Fl. 16 15 Fl. 1004DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 15/03/2016 p or MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 15504.732788/2013-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 2011, 2012
CSLL. TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM A EXIGIBILIDADE SUSPENSA. DEDUÇÃO. VEDAÇÃO.
Amoldam-se a verdadeiras provisões os valores registrados contabilmente como decorrentes de obrigações tributárias cujas respectivas exigibilidades encontram-se suspensas, não se admitindo, assim, a dedutibilidade dos correspondentes montantes na determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
DOAÇÕES E PATROCÍNIOS. CSLL. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
O comando geral trazido pelo art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, é no sentido de estabelecer vedação a qualquer tipo de doação, mas, em caráter de exceção, admite que a tratada pela Lei nº 8.313, de 1991, possa ser objeto de dedução, observada, obviamente, a forma ali estabelecida (dedução do imposto devido nos limites estabelecidos pela legislação do imposto de renda). O referido artigo, ao simplesmente fazer remissão às disposições da Lei nº 8.313/91, não trouxe qualquer possibilidade de redução da base de cálculo da CSLL com gastos com doações e patrocínios a projetos culturais.
CSLL. BASE DE CÁLCULO E LIMITES À DUDUTIBILIDADE.
A amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora.
AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE DO ART. 57, LEI N 8.981/1995.
Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL da amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado pela equivalência patrimonial. Inaplicabilidade, ao caso, do art. 57 da Lei n 8.981/1995, posto que tal dispositivo não determina que haja identidade com a base de cálculo do IRPJ.
IRPJ. CSLL. BASES DE CÁLCULO. IDENTIDADE. INOCORRÊNCIA.
A aplicação, à Contribuição Social sobre o Lucro, das mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, por expressa disposição legal, não alcança a sua base de cálculo. Assim, em determinadas circunstâncias, para que se possa considerar indedutível um dispêndio na apuração da base de cálculo da contribuição, não é suficiente a simples argumentação de que ele, o dispêndio, é indedutível na determinação do lucro real, sendo necessária, no caso, disposição de lei nesse sentido.
MULTA ISOLADA. FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA.
Não há que se falar em aplicação concomitante sobre a mesma base de incidência quando resta evidente que as penalidades, não obstante derivarem do mesmo preceptivo legal, decorrem de obrigações de naturezas distintas. Inexistente, também, fator temporal limitador de sua aplicação, sendo prevista, inclusive, a sua exigência mesmo na situação em que as bases de cálculo das exações são negativas, sendo descabida, assim, a alegação de que a multa só poderia ser aplicada até a data do encerramento do período de apuração correspondente.
Numero da decisão: 1301-001.893
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para cancelar as glosas de amortização de ágio e multas por infrações fiscais. Vencidos os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães (Relator) e Paulo Jakson da Silva Lucas, relativamente às despesas com amortização de ágio. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo. Houve sustentação oral proferida pelo Dr. Cezar Silva de Paula Filho, OAB nº 144.042.
documento assinado digitalmente
Wilson Fernandes Guimarães
Presidente e Relator
documento assinado digitalmente
Hélio Eduardo de Paiva Araújo - Redator Designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES
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TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM A EXIGIBILIDADE SUSPENSA. DEDUÇÃO. VEDAÇÃO. Amoldamse a verdadeiras provisões os valores registrados contabilmente como decorrentes de obrigações tributárias cujas respectivas exigibilidades encontramse suspensas, não se admitindo, assim, a dedutibilidade dos correspondentes montantes na determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). DOAÇÕES E PATROCÍNIOS. CSLL. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O comando geral trazido pelo art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, é no sentido de estabelecer vedação a qualquer tipo de doação, mas, em caráter de exceção, admite que a tratada pela Lei nº 8.313, de 1991, possa ser objeto de dedução, observada, obviamente, a forma ali estabelecida (dedução do imposto devido nos limites estabelecidos pela legislação do imposto de renda). O referido artigo, ao simplesmente fazer remissão às disposições da Lei nº 8.313/91, não trouxe qualquer possibilidade de redução da base de cálculo da CSLL com gastos com doações e patrocínios a projetos culturais. CSLL. BASE DE CÁLCULO E LIMITES À DUDUTIBILIDADE. A amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE DO ART. 57, LEI N 8.981/1995. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 73 27 88 /2 01 3- 46 Fl. 747DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 729 2 Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL da amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado pela equivalência patrimonial. Inaplicabilidade, ao caso, do art. 57 da Lei n 8.981/1995, posto que tal dispositivo não determina que haja identidade com a base de cálculo do IRPJ. IRPJ. CSLL. BASES DE CÁLCULO. IDENTIDADE. INOCORRÊNCIA. A aplicação, à Contribuição Social sobre o Lucro, das mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, por expressa disposição legal, não alcança a sua base de cálculo. Assim, em determinadas circunstâncias, para que se possa considerar indedutível um dispêndio na apuração da base de cálculo da contribuição, não é suficiente a simples argumentação de que ele, o dispêndio, é indedutível na determinação do lucro real, sendo necessária, no caso, disposição de lei nesse sentido. MULTA ISOLADA. FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. Não há que se falar em aplicação concomitante sobre a mesma base de incidência quando resta evidente que as penalidades, não obstante derivarem do mesmo preceptivo legal, decorrem de obrigações de naturezas distintas. Inexistente, também, fator temporal limitador de sua aplicação, sendo prevista, inclusive, a sua exigência mesmo na situação em que as bases de cálculo das exações são negativas, sendo descabida, assim, a alegação de que a multa só poderia ser aplicada até a data do encerramento do período de apuração correspondente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para cancelar as glosas de amortização de ágio e multas por infrações fiscais. Vencidos os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães (Relator) e Paulo Jakson da Silva Lucas, relativamente às despesas com amortização de ágio. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo. Houve sustentação oral proferida pelo Dr. Cezar Silva de Paula Filho, OAB nº 144.042. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator “documento assinado digitalmente” Hélio Eduardo de Paiva Araújo Redator Designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado). Fl. 748DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 730 3 Relatório CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S/A, já devidamente qualificada nestes autos, inconformada com a decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que manteve, na íntegra, o lançamento tributário efetivado, interpõe recurso a este colegiado administrativo objetivando a reforma da decisão em referência. Cuida o processo de exigências de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e MULTA ISOLADA, relativas aos anos calendário de 2010 e 2011, formalizadas em virtude da imputação das seguintes infrações: i) insuficiência de adições à base de cálculo de despesas indedutíveis, representadas por doações, multas e tributos com exigibilidade suspensa; ii) exclusões indevidas da base de cálculo relativas à amortização de ágio; e iii) insuficiência de recolhimento de CSLL apurada mensalmente por estimativa. O relatório constante da decisão de primeira instância, abordando as razões trazidas pela autuada em sede de impugnação, assinala: Não resignada, a contribuinte impugnou o lançamento. Preliminarmente, alegou que a competência para julgar a impugnação era da DRJ Belo Horizonte/MG. No mérito, sustentou, quanto às adições e exclusões, que a base de cálculo do IRPJ não se confunde com a da CSLL, pois uma é o lucro real e a outra, o resultado ajustado do exercício. As regras de apuração do IRPJ não seriam aplicáveis automática e necessariamente à CSLL. Especificamente quanto à dedução de tributos com exigibilidade suspensa, além de reafirmar que as regras de indedutibilidade não se aplicam à CSLL, disse que os valores correspondentes a tributos com exigibilidade suspensa não assumem a natureza contábil de provisão, como supõe a autoridade lançadora. Com a ocorrência do fato gerador, a dívida se torna desde logo líquida e certa, representando para o contribuinte uma despesa incorrida, com natureza contábil de contas a pagar. Por outro lado, a vedação de deduzir da base de cálculo os valores despendidos a título de doação e patrocínio, na forma da Lei Rouanet, restringese apenas ao IRPJ. Ademais, o art. 13, inciso III, da Lei nº 9.249/1995 reportase à situação distinta da efetuada pela impugnante. Reiterou existir diferenças substanciais na apuração do IRPJ e da CSLL, não se aplicando automaticamente as regras de um sobre a outra. Na lei que cuida da CSLL não há vedação de dedutibilidade de doações e patrocínios realizados com estribo na Lei Rouanet. Portanto, inexiste obrigação adicionar tais valores à base de cálculo da contribuição. O mesmo raciocínio cabe para as multas por infrações fiscais. O art. 41, §5º, da Lei nº 8.981/1995, que impede que tais multas sejam tidas como despesa operacional, cingese ao IRPJ, não podendo ser estendido à CSLL. Quanto à amortização do ágio, alegou que a vedação do inciso III, do art. 13 da Lei nº 9.249/1995, limitase à despesa relativa a bens móveis e imóveis. O ágio, Fl. 749DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 731 4 todavia, teria natureza diversa, não sendo móvel, nem imóvel, mas ostentando natureza contábil de ativo intangível. Ativos intangíveis são aqueles que não têm existência física. Ágio pode ser conceituado como a diferença entre o preço pago por um investimento e seu valor patrimonial, de sorte que a caracterização como bem móvel ou como bem imóvel contraria sua própria definição. Não obstante essa lógica, o lançamento ora impugnado considerou a despesa com amortização de ágio como simples gasto com bens (móveis ou imóveis), deixando de demonstrar a possibilidade de tal caracterização. Por fim, no que concerne à multa isolada pela insuficiência de pagamentos de estimativa, sustentou a impossibilidade de sua exigência após o decurso do respectivo ano base. Questionou, outrossim, a cumulação das multas isolada e vinculada, ao argumento de bis in idem, já que, a juízo da impugnante, ambas seriam motivadas pelo mesmo fato, recaindo, por conseguinte, sobre a mesma infração. Com esses fundamentos, pugnou pela improcedência do auto de infração. A já citada 2a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande, analisando o feito fiscal e a peça de defesa, decidiu, por meio do Acórdão nº. 0436.260, de 12 de agosto de 2014, pela procedência do lançamento. O referido julgado restou assim ementado: IMPUGNAÇÃO. JULGAMENTO. COMPETÊNCIA. DRJ. A competência para julgar impugnações contra lançamento, ressalvada a competência material, é da Delegacia de Julgamento a quem o processo for encaminhado, independentemente do aspecto territorial. CSLL. BASE DE CÁLCULO. NORMAS DE APURAÇÃO DO IRPJ. APLICABILIDADE. Aplicamse à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para IRPJ, salvo na hipótese de existirem regras específicas referentes a base de cálculo e alíquotas. CSLL. BASE DE CÁLCULO. TRIBUTOS. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. INDEDUTIBILIDADE. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação da base de cálculo da CSLL, segundo o regime de competência, vedada a dedução daqueles cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional. CSLL. BASE DE CÁLCULO. MULTA. INFRAÇÃO FISCAL. INDEDUTIBILIDADE. São indedutíveis da base de cálculo da CSLL, como custo ou despesas operacionais, as multas por infração fiscal, salvo as de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo. CSLL. BASE DE CÁLCULO. DOAÇÕES E PATROCÍNIOS. LEI ROUANET. INDEDUTIBILIDADE. Fl. 750DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 732 5 São indedutíveis da base de cálculo da CSLL, os valores objeto de doações ou patrocínios, mesmo que na forma da Lei nº 8.313/1991, Lei Rouanet. CSLL. BASE DE CÁLCULO. QUOTAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. INDEDUTIBILIDADE. É vedado, para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, a dedução de quotas de amortização de ágio pago na aquisição de investimentos. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE PAGAMENTOS DE ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA ISOLADA. APLICABILIDADE. A falta ou insuficiência de recolhimentos de CSLL apurada por estimativa mensal caracteriza infração que dá ensejo à aplicação de multa isolada, ainda que o ano base já esteja encerrado. MULTAS ISOLADA E VINCULADA. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. É válida a cumulação da multa isolada com a multa vinculada ao tributo, porquanto cada qual corresponde a uma infração distinta e autônoma. Irresignada, a contribuinte apresentou o recurso de folhas 704/726, por meio do qual renova a argumentação expendida na peça impugnatória. É o Relatório. Fl. 751DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 733 6 Voto Vencido Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães Atendidos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo. Cuida a lide de exigências de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e MULTA ISOLADA, relativas aos anos calendário de 2010 e 2011, formalizada em virtude da imputação das seguintes infrações: i) insuficiência de adições à base de cálculo de despesas indedutíveis, representadas por doações, multas e tributos com exigibilidade suspensa; ii) exclusões indevidas da base de cálculo relativas à amortização de ágio; e iii) insuficiência de recolhimento de CSLL apurada mensalmente por estimativa. Aprecio, pois, os argumentos trazidos em sede de recurso voluntário. TRIBUTOS COM A EXIGIBILIDADE SUSPENSA Alega a Recorrente que os tributos que se encontram com a exigibilidade suspensa não têm a natureza de provisão, pois, "com a ocorrência do fato gerador, a dívida já se torna líquida e certa, representando para o contribuinte uma despesa incorrida com natureza contábil de contas a pagar". Para sustentar seus argumentos, reproduz pronunciamentos deste Colegiado Administrativo que corroboram o entendimento de que tributos com a exigibilidade suspensa não se caracterizam como meras provisões. Embora reconheça a existência de posições em sentido diverso, entendo que, de fato, uma vez suspensa a exigibilidade do tributo, sua liquidez e certeza resta afetada, eis que dependente de evento futuro. Penso que os tributos e contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151, incisos II a IV do Código Tributário Nacional, representam despesa indedutível para efeito da apuração da base de cálculo da CSLL, eis que incerta e dependente de manifestação futura acerca da sua própria existência. Como reforço para tal entendimento, sintetizo, abaixo, as conclusões trazidas pela Superintendência Regional da Receita Federal em São Paulo, reproduzido nos autos do processo administrativo nº 19740.000234/200887. 1. não obstante o disposto nos arts. 57 da Lei nº 8.981, de 1995, e 28 da Lei nº 9.430, de 1996, que estenderam à CSLL as normas de apuração e de cálculo do IRPJ, a base de cálculo da contribuição em referência continua regida pelo art. 2º da Lei nº 7.689, de 1988, e legislação posterior; 2. não se pode aplicar à CSLL, de forma automática, as adições e exclusões previstas para o imposto de renda pessoa jurídica; 3. a restrição prevista no parágrafo 1º do art. 41 da Lei nº 8.981, de 1995, que impede a dedução, na determinação do lucro real, dos tributos que se encontram com a Fl. 752DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 734 7 exigibilidade suspensa, não pode servir de único fundamento para a não aceitação dessa mesma dedução na apuração da base de cálculo da contribuição; 4. não obstante, a letra “c” do parágrafo 1º do art. 2º da Lei nº 7.689/88, na redação que lhe foi dada pelo art. 2º da Lei nº 8.034, de 1990, dispõe que, na determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o resultado do períodobase será ajustado pela adição do valor das provisões não dedutíveis na determinação do lucro real; 5. o art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, ressalvando as que expressamente nomina, veda, para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, a dedução de qualquer provisão; 6. os tributos e contribuições que se encontram com a sua exigibilidade suspensa têm natureza de provisão, eis que revelam obrigação incerta, dependente de evento futuro; e 7. os valores deduzidos na apuração do resultado do exercício a título de tributos ou contribuições com exigibilidade suspensa, observado o regime de competência, devem ser adicionados na determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido. A questão, como se vê, não diz respeito exatamente à aplicação de disposição legal própria do imposto de renda à contribuição social sobre o lucro líquido, mas, sim, de identificação, a partir da interpretação da disposição expressa, da natureza da obrigação revelada pelos tributos e contribuições que se encontram com a exigibilidade suspensa, se provisão, eis que incerta, ou despesa incorrida. A meu ver, a única razão capaz de impedir a dedução dos tributos que se encontram com a exigibilidade suspensa reside exatamente no fato de a lei ter concebido que, neste caso, os valores registrados contabilmente refletem verdadeiras provisões. Nessa linha, suspensa a exigibilidade por força de mandamento legal, a obrigação perde o atributo de certeza, ficando dependente de pronunciamento futuro, seja judicial, seja da própria Administração. Destaco que o lançamento tributário contestado, embora tenha se servido de outras disposições legais, tomou por base as normas do art. 2º da Lei nº 7.689/88 e do art. 13 da Lei nº 9.249/95, não se apoiando, tãosomente, no preconizado pelo art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995. Reproduzo, por pertinente, fragmentos do pronunciamento do ilustre jurista Ricardo Mariz de Oliveira, transcrito nos autos do processo administrativo nº 16327.000171/200690 (acórdão nº 10196.423), acerca da questão que ora se aprecia. "(...) Se o contribuinte contesta um tributo lançado, (...) também não reconhece a existência da obrigação, seja por considerar inconstitucional a lei que a prevê, seja por considerar que o lançamento não está de acordo com lei válida e, portanto, está em desacordo com o art. 142 do CTN, perdendo, destarte, a presunção de legalidade. Por conseguinte, a presunção de validade do ato administrativo de lançamento não é suficiente para justificar a despesa. Fl. 753DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 735 8 Em qualquer caso, é impossível ao contribuinte alegar em processo a inexistência da relação jurídica tributária, mas na contabilidade registrar a existência da mesma relação jurídica tributária, e com isso pretender diminuir o seu lucro. (...) Ora, se o contribuinte intenta qualquer ação ou procedimento administrativo, pelo qual declara não reconhecer a existência da relação jurídica tributária, não pode singelamente contabilizar a despesa que pressupõe exatamente o reconhecimento da relação jurídica tributária. (...) A contabilização em despesa, pura e simplesmente, além de incorreta e incoerente, seria insincera, contrária ao princípio da verdade material da contabilidade. Assim, no caso de obrigação tributária, não é suficiente que ocorra o fato gerador, ou que a autoridade fiscal declare em lançamento que houve sua ocorrência. Quando o contribuinte se rebela contra a exigência tributária, não está admitindo que fato gerador válido tenha ocorrido, caso em que falha a incidência da regra de reconhecimento da despesa, porque esta não está na posição de ser definitiva e incondicionalmente devida. Neste caso, tão somente pelo regime de competência, o contribuinte não poderia opor ao fisco a pretensão de deduzir uma despesa que ele próprio sustenta ser uma despesa da qual não é devedor. Tal pretensão seria contraditória e conflitante com o sistema, o qual, repitase, requer a abertura de uma reserva ou de uma provisão na contabilidade, e trata esta conta como fiscalmente indedutível. E nenhuma lógica existe na atitude do contribuinte, de dizer que não deve o tributo quando vierem lhe cobrar, mas dizer na contabilidade que o deve, assim como na declaração de rendimentos para deduzilo fiscalmente. Num primeiro momento ele opõe ao fisco suas razões para não reconhecer o débito, e num momento seguinte, que deveria ser conseqüente, ele, inconseqüentemente, opõe ao fisco o direito de deduzir o tributo, que só existe se este for devido. (...) Assim, se o contribuinte não reconhece o débito não deve registrálo pura e simplesmente como uma despesa a pagar, como o faria em circunstâncias normais. O que ele deve fazer é registrar o risco em reserva ou provisão, que é indedutivel. (...) O essencial, portanto, dentro dos preceitos relativos ao chamado "regime de competência", é que a dúvida lançada sobre o débito redunda em reserva ou provisão indedutível, e não em conta de despesa devida e a pagar, correspondente à despesa fiscalmente dedutível. O períodobase para a dedutibilidade, no caso, passa a ser aquele em que transitar em julgado decisão contrária à pretensão do contribuinte, quando não mais Fl. 754DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 736 9 haverá risco de perder a demanda (causa da provisão ou reserva) e haverá a perda definitiva da despesa (dedução da despesa, a débito da provisão ou da reserva). (...) É, portanto, a atitude do contribuinte, de não reconhecer a despesa e de submetêla ao poder jurisdicional, que requer adequado e consistente registro contábil, com o conseqüente trato legal. (..)" Rejeito, assim, com base nos argumentos acima, as alegações trazidas pela Recorrente, mantendo, na íntegra, a glosa promovida pela autoridade fiscal. DESPESAS COM DOAÇÕES E PATROCÍNIOS Alega a Recorrente que a vedação estampada no § 2º do art. 18 da Lei nº 8.313/91 aplicase somente ao IRPJ. Afirma que, "se na lei instituidora da contribuição não há vedação da dedutibilidade das doações e patrocínios realizados com estribo na Lei Roaunet, como de fato não existe, as despesas não são adicionáveis quando de sua apuração (da CSLL)". Esclareço, primeiramente, que a peça de autuação reuniu em uma única infração (001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE ADIÇÕES À BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL DESPESAS NÃO DEDUTÍVEIS ART. 13 DA LEI Nº 9.249/95), glosas de naturezas diversas. Com efeito, as matérias tributáveis indicadas na INFRAÇÃO 001, acima referenciada, foram as seguintes: 31/12/2010 R$ 14.608.678,60 31/12/2011 R$ 37.235.076,03 Analisando o Termo de Verificação e de Constatação Fiscal de fls. 378/401, observo que os valores acima referemse: R$ 7.504.070,70 31/12/2010 glosa de DOAÇÕES E PATROCÍNIOS R$ 7.104.607,90 31/12/2010 glosa de MULTAS R$ 14.608.678,60 R$ 6.668.200,00 31/12/2011 glosa de DOAÇÕES E PATROCÍNIOS R$ 1.027.018,19 31/12/2011 glosa de MULTAS R$ 29.539.857,84 31/12/2011 glosa de ÁGIO R$ 37.235.076,03 Fl. 755DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 737 10 Assim, no presente item, aprecio tão somente as glosas de R$ 7.504.070,70 (2010) e R$ 6.668.200,00 (2011), relacionadas a dispêndios com doações e patrocínios Lei nº 8.313/91. No âmbito da apreciação acerca do tratamento tributário que deve ser dispensado a uma determinada despesa, a regra é a sua dedutibilidade, sendo a indedutibilidade uma exceção, e, como tal, dependente de norma legal que a imponha. Isto porque o pressuposto é o de que os gastos incorridos pela pessoa jurídica objetivam a obtenção de renda, e, em regra, estão intrínsecamente relacionados à fonte produtora dessa renda, sendo, desta forma, necessários a realização do objeto da pessoa jurídica. Nessa linha, é merecedora de reparo a afirmação genérica consignada pela autoridade fiscal no Termo de Verificação e de Constatação Fiscal no sentido de que "não há nenhuma legislação que expressamente permita ou autorize as deduções de valores com a natureza das despesas...". A autorização da dedução, quando necessária, deriva do fato de que o dispêndio, como regra geral, por não atender aos requisitos gerais de dedutibilidade, não poderia reduzir a base de cálculo das exações devidas, mas, contrariando essa regra geral, a lei expressamente admite a sua dedução. Noutro sentido, a lei, quando veda de forma a expressa a dedução de um determinado dispêndio, o faz dada a necessidade de excluílo da regra geral, vez que, inexistente comando legal, o gasto seria dedutível. Não obstante, em outras situações, a despesa, embora distanciada do objetivo de concorrer diretamente para a fonte produtora de rendimentos da pessoa jurídica, submetese ao disciplinamento jurídicotributário em razão da sua inserção no campo da renúncia fiscal. No caso sob apreciação (doações e patrocínios Lei Roaunet), o art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, estabelece: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: ... VI das doações, exceto as referidas no § 2º; ... § 2º Poderão ser deduzidas as seguintes doações: I as de que trata a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991; [...] A Lei nº 8.313, de 1991, ao tratar das doações e patrocínios a projetos culturais, preconiza: Art. 18. Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União facultará às pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do Imposto sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios, tanto no apoio direto a projetos culturais apresentados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas de natureza cultural, como através de contribuições ao FNC, nos termos do art. 5o, Fl. 756DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 738 11 inciso II, desta Lei, desde que os projetos atendam aos critérios estabelecidos no art. 1o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999) § 1o Os contribuintes poderão deduzir do imposto de renda devido as quantias efetivamente despendidas nos projetos elencados no § 3o, previamente aprovados pelo Ministério da Cultura, nos limites e nas condições estabelecidos na legislação do imposto de renda vigente, na forma de: a) doações; e b) patrocínios. § 2o As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real não poderão deduzir o valor da doação ou do patrocínio referido no parágrafo anterior como despesa operacional. Vêse, pois, que o art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, disciplinou o tratamento tributário de certas despesas, e o fez tanto para efeito de apuração do lucro real, base de cálculo do IRPJ, como para fins de determinação da base de cálculo da CSLL. No que diz respeito especificamente às doações e patrocínios promovidos no âmbito da denominada Lei Roaunet (Lei nº 8.313/91), o art. 13 da Lei nº 9.249/95 admitiu expressamente a dedução do gasto, porém, remeteu à própria lei (a 8.313/91) a forma pela qual a dedução poderia ser aproveitada, eis que o que ali está dito é o seguinte: para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, as doações de que trata a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, poderão ser deduzidas. A pergunta, portanto, é a seguinte: de que doações trata a Lei nº 8.313/91? A resposta, a meu ver, é simples: trata de doações a projetos culturais que, observadas as condições estampadas na própria Lei nº 8.313/91 e na legislação tributária, podem ser deduzidas do imposto de renda devido pelas pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real, mas não podem ser deduzidas como despesas operacionais. Notese, portanto, que o comando geral trazido pelo art. 13 da Lei nº 9.249/95 é no sentido de estabelecer vedação a qualquer tipo de doação, mas, em caráter de exceção, admite que a tratada pela Lei nº 8.313/91 possa ser objeto de dedução, observada, obviamente, a forma ali estabelecida (dedução do imposto devido nos limites estabelecidos pela legislação do imposto de renda). O referido artigo, ao simplesmente fazer remissão às disposições da Lei nº 8.313/91, não trouxe qualquer possibilidade de redução da base de cálculo da CSLL com gastos com doações e patrocínios a projetos culturais. Embora não concorde com a Recorrente que a expressão "pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real" diga respeito tão somente ao IRPJ, eis que ela, a expressão, guarda relação com o regime de tributação, e não com o tributo, não tenho dúvida que a exceção trazida pelo inciso VI, in fine, do art. 13 da Lei nº 9.249/95 só alcança o referido tributo, visto que a dedução autorizada, como vista, tem por base o imposto devido. Sou, pois, pela manutenção da glosa. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO Fl. 757DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 739 12 Alega a Recorrente que, considerado o Termo de Verificação Fiscal, o fundamento legal para a glosa do ágio seria o art. 13, III, da Lei nº 9.249, de 1995, porém, tal dispositivo veda a dedução de despesas com amortização de bens móveis e imóveis, e o ágio não possui natureza de um bem móvel ou imóvel, e sim a natureza contábil de ativo intangível. Argumenta que o acórdão recorrido merece reforma, "uma vez que o lançamento considerou a despesa com amortização do ágio como simples gasto com bens (móveis ou imóveis) e falhou em demonstrar a possibilidade de sua caracterização como tal, o que, inclusive, não seria possível, tendo em vista a sua natureza, da forma como delineada pela legislação e pela doutrina". Repisa que as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL não são idênticas, visto que o art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995, não as igualou. No que diz respeito à despesa com amortização de ágio, a peça de autuação incluiu parte dos valores glosados na INFRAÇÃO 001 (FALTA/INSUFICIÊNCIA DE ADIÇÕES À BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL DESPESAS NÃO DEDUTÍVEIS ART. 13 DA LEI Nº 9.249/95), e parte na INFRAÇÃO 003 (EXCLUSÕES INDEVIDAS DA BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL), nos montantes respectivos de R$ 29.539.857,84 e R$ 18.848.275,48. Observo que a autoridade autuante, ao discorrer no Termo de Verificação Fiscal sobre o que denominou LEGISLAÇÃO APLICÁVEL, considerado o disposto no art. 144 do Código Tributário Nacional, não fez qualquer menção aos dispositivos da legislação tributária que disciplinam a amortização do ágio, seja a contábil (art. 391 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/99), seja a decorrente de incorporação, fusão ou cisão (art. 386 do RIR/99). No referido Termo de Verificação, acerca do ágio, o autuante assinala: [...] No mesmo contexto da legislação transcrita, têmse como indedutíveis as despesas com "Amortização do Ágio nas Aquisições de Investimentos Avaliados pelo PL", com "Doações" e com "Multas"; também caracterizandose como infrações as faltas de suas adições ao lucro líquido para apuração da base de cálculo da CSLL Ainda neste contexto, têmse como indevidas as exclusões de "Amortizações de Ágio" da base de cálculo de 2010 efetivadas pelo contribuinte, que se referem a despesas por ele adicionadas à mesma base do próprio período de 2010 e também de períodos anteriores. A meu ver, o fato de a autoridade fiscal tratar a glosa da amortização do ágio juntamente com as correspondentes às doações e às multas, autoriza a conclusão de que a imputação da infração teve por suporte disposições genéricas da legislação tributária e, em especial, do art. 13 da Lei nº 9.249/95. Em que pese tal constatação, verifico que a glosa da despesa de ágio foi efetuada a partir da comparação, promovida pela autoridade fiscal, entre os ajustes do lucro líquido efetuados pela Recorrente para fins de determinação do lucro real e os feitos na apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Com efeito, tomandose por base as informações consignadas no Termo de Verificação e Constatação Fiscal, é possível extrair os seguintes quadros: Fl. 758DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 740 13 ANO 2010 NATUREZA DO AJUSTE ESPECIFICAÇÃO LUCRO REAL BASE DE CÁLCULO DA CSLL ADIÇÃO CUSTOS PARCELA NÃO DEDUTÍVEL (PROVISÕES) 20.158.343,80 20.158.343,80 ADIÇÃO DOAÇÕES E PATROCÍNIO LEI 8.313/91 8.129.070,70 625.000,00 ADIÇÃO OUTRAS CONTRIBUIÇÕES E DOAÇÕES 4.491.945,77 4.491.945,77 ADIÇÃO MULTAS 7.104.607,90 ADIÇÃO DEMAIS PROVISÕES 25.370.711,81 25.370.711,81 ADIÇÃO TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM A EXIGIBILIDADE SUSPENSA 33.980.433,70 EXCLUSÃO PERDA SWAP 45.797.420,40 45.797.420,40 EXCLUSÃO PERDA SWAP 647.965,73 647.965,73 EXCLUSÃO PERDAS ORIUNDAS DO EFEITO RACIONAMENTO 3.686.128,47 3.686.128,47 EXCLUSÃO PCLD 14.919.376,43 14.919.376,43 EXCLUSÃO PASEP/COFINS RACIONAMENTO 15.644.574,67 15.644.574,67 EXCLUSÃO PRL 22.893.600,00 22.893.600,00 EXCLUSÃO AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO ADICIONADA EM ANOS ANTERIORES 3.229.839,03 EXCLUSÃO AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO NAS AQUISIÇÕES DE INVESTIMENTOS AVALIADOS PELO PL 15.618.436,45 ANO 2011 NATUREZA DO AJUSTE ESPECIFICAÇÃO LUCRO REAL BASE DE CÁLCULO DA CSLL ADIÇÃO CUSTOS PARCELA NÃO DEDUTÍVEL (PROVISÕES) 15.110.477,62 15.110.477,62 ADIÇÃO DOAÇÕES E PATROCÍNIO LEI 8.313/91 6.668.200,00 ADIÇÃO OUTRAS CONTRIBUIÇÕES E 4.161.507,54 4.161.507,54 Fl. 759DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 741 14 DOAÇÕES ADIÇÃO MULTAS 1.027.018,19 ADIÇÃO DEMAIS PROVISÕES 42.362.832,24 42.362.832,24 ADIÇÃO TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM A EXIGIBILIDADE SUSPENSA 19.990.745,03 ADIÇÃO AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO NAS AQUISIÇÕES DE INVESTIMENTO AVALIADOS PELO PL 29.539.857,84 Os quadros acima, que nada mais representam do que a explicitação das infrações imputadas à Recorrente, revelam claramente o fundamento das glosas efetuadas pela Fiscalização, qual seja, a indedutibilidade, tanto para fins de determinação do lucro real, como na apuração da base de cálculo da CSLL, dos tributos com a exigibilidade suspensa, das doações e patrocínios de que trata a Lei nº 8.313/91, das multas e das amortizações de despesas com ágio. Irrelevante, a meu ver, especificamente no caso da amortização das despesas com ágio, o fato de a fundamentação ter sido feita de forma genérica, eis que perfeitamente compreendida pela autuada. Neste particular, a peça recursal não sustenta e nem mesmo requer a nulidade da autuação em virtude de tal circunstância, visto que as razões de defesa são direcionadas para sustentar que a amortização em referência "não faz parte da base de cálculo da CSLL". De qualquer forma, por qualquer ângulo que se analise a questão, isto é, seja a despesa decorrente da amortização contábil, seja em decorrência da antecipação autorizada em virtude de reorganização societária, não existe possibilidade de o tratamento tributário adotado na determinação do lucro real ser distinto do dispensado na apuração da base de cálculo da CSLL. Assim, se a Recorrente considerou a despesa com amortização de ágio indedutível na determinação do lucro real, não poderia considerála dedutível na apuração da base de cálculo da CSLL. Essa igualdade de tratamento decorre da própria lógica contábil da metodologia de escrituração dos investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial e das disposições da legislação tributária, que foi edificada no sentido de emprestar absoluta neutralidade aos ajustes e amortizações derivados da aplicação do método da equivalência patrimonial. Os efeitos fiscais decorrentes da aplicação do referido método, observadas as disposições da Lei nº 9.532/97, só são verificados na apuração do resultado da alienação da participação societária. A neutralidade tributária acima referenciada é traduzida pela eliminação, no RESULTADO DO EXERCÍCIO, de qualquer efeito provocado pela avaliação promovida com base na equivalência patrimonial, sejam os decorrentes de ajustes, positivos ou negativos, sejam os derivados de amortizações contábeis de ágio ou deságio. O Resultado do Exercício, como se sabe, é o ponto de partida tanto para a determinação do lucro real como para apuração da base de cálculo da CSLL, razão pela qual, diante da lógica contábil, não é possível Fl. 760DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 742 15 emprestar tratamento da despesa com amortização de ágio para fins de IRPJ distinto do empregado na apuração da CSLL. Improcedente, pois, a redução da base de cálculo da CSLL promovida pela Recorrente. DESPESAS COM MULTAS Argumenta a Recorrente que o ato decisório recorrido não teceu muitas considerações sobre as alegações trazidas por ela por meio da peça impugnatória. Adiante, reitera a argumentação de que as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL sempre devem ser tratadas individualmente, "observandose as prescrições legais para cada uma delas". No presente caso, a autoridade fiscal incluiu a glosa das despesas com MULTAS na INFRAÇÃO 001 (FALTA/INSUFICIÊNCIA DE ADIÇÕES À BASE DE CÁLCULO AJUSTADA DA CSLL DESPESAS NÃO DEDUTÍVEIS ART. 13 DA LEI Nº 9.249/95), tendo apontado fundamentação legal genérica na imputação da infração. A indedutibilidade das multas por infrações fiscais foi trazida pelo § 5º do art. 41 da Lei nº 8.981, de 1995, dispositivo que não foi citado na peça acusatória. A norma acima referenciada encontrase inserida na SUBSEÇÃO I da lei, que tem como título o seguinte: DAS ALTERAÇÕES NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. Vejase, pois, que existe disposição expressa acerca da indedutibilidade das MULTAS FISCAIS, e essa disposição é direcionada exclusivamente para apuração do lucro real, base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica. Com o devido respeito, discordo do entendimento declinado na decisão recorrida de que "só haverá diferença no tratamento de adições e exclusões do IRPJ e da CSLL quando, nesse sentido, houver disposição expressa", e de que "a ausência de disposição legal faz presumir que a mesma adição imposta para um deva ser observada para o outro". Embora admita que, em determinadas situações, a ausência de norma expressa acerca da indedutibilidade não seja elemento suficiente à desautorização da glosa, eis que, em cada caso, é necessário apreciar a natureza do item e o seu contexto normativo, penso que, em outras, não é possível, a partir da ausência de disposição legal, presumir que o tratamento tributário seja o mesmo, para o IRPJ e para a CSLL. O caso das MULTAS POR INFRAÇÕES FISCAIS, a meu ver, enquadrase nessa segunda situação, qual seja, existe disposição legal expressa estabelecendo a sua indedutibilidade na apuração do lucro real, mas isso não autoriza presumir que essa mesma indedutibilidade se aplica na determinação da base de cálculo da CSLL. Assim, por entender que não existe amparo legal para a medida adotada pela autoridade fiscal, afasto as glosas das despesas com multas por infrações fiscais, nos montantes de R$ 7.104.607,90 (2010) e R$ 1.027.018,19 (2011). MULTA ISOLADA Amparada em pronunciamentos deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a Recorrente sustenta que a multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de Fl. 761DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 743 16 antecipações obrigatórias (estimativas) somente pode ser aplicada no curso do ano calendário a que se referirem, e, alternativamente, argumenta que a aplicação concomitante de multa de ofício proporcional à contribuição e multa isolada padece de ilegalidade. Esclareço, inicialmente, que a multa em discussão foi aplicada com suporte no disposto no art. 44, II, b, da Lei nº 9.430, de 1996, relativamente aos fatos geradores ocorridos nos anos de 2010 e 2011, isto é, a autuação teve por lastro o art. 44 da lei, na redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.488, de 2007. Assim, não estamos diante de situação capaz de atrair a aplicação da súmula CARF nº 105, vez que esta alcança tão somente as multas isoladas lançadas com fundamento no citado art. 44 antes das alterações promovidas pela referida Lei nº 11.488, de 2007. Não se pode deixar de admitir que a questão da aplicação da multa isolada nas circunstâncias versadas nos presentes autos constitui matéria controversa no âmbito deste Colegiado. Não obstante, alinhome ao entendimento de que os óbices apontados pela Recorrente na sua peça de defesa não encontram ressonância na legislação de regência. Com efeito, inexiste na legislação referenciada a condição explicitada pela Recorrente, isto é, o diploma legal instituidor da sanção administrativa, ao descrever as situações motivadoras da aplicação da penalidade, não fez menção à circunstância de que, encerrado o período de apuração, a multa isolada não poderia ser aplicada. Destaco que a norma impositiva estabelece, de forma expressa, que, ainda que se tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa, a penalidade deve ser aplicada, bastando para tanto que o sujeito passivo tenha incorrido na sua hipótese de incidência, qual seja, deixar de ter efetuado o recolhimento mensal incidente sobre a base de cálculo estimada. A conclusão, pois, dirigese no sentido de que o requisito condicionador da aplicação da penalidade indicado pela Recorrente decorre de exercício de interpretação da norma sancionadora que, a meu ver, não pode ser recepcionado, sob pena de violação ao disposto no art. 97 do Código Tributário Nacional. Filiome, também, ao entendimento de que inexiste duplicidade de incidência sobre um mesmo fato (concomitância), pois, na situação sob análise, estamos diante de duas infrações distintas, quais sejam: a) falta de recolhimento da contribuição em razão do cômputo, na sua base de cálculo, de despesas indedutíveis e da realização de exclusões indevidas; e b) falta de recolhimento das antecipações obrigatórias (estimativas). A meu ver, a norma legal aplicada (art. 44 da Lei nº. 9.430/96) revela obrigações distintas que, uma vez inobservadas, podem ensejar a aplicação da sanção. A primeira, consubstanciada no dever de recolher contribuição com base em estimativa a que se submetem as pessoas jurídicas que, por opção, apuram o resultado tributável anualmente. A segunda, decorrente da opção em questão, surge em consequência da eventual apuração de saldo positivo no resultado tributável anual. Tenho que o fato de as infrações terem sido apuradas por meio de um mesmo procedimento revela, apenas, concomitância de verificação das irregularidades, não constituindo, contudo, causa capaz de fazer desaparecer a infração antes cometida. Fl. 762DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 744 17 Destaco que a variação do aspecto temporal da apuração reflete a evidência de que, no caso, estamos diante de duas infrações absolutamente distintas. Tomese, por exemplo, a situação em que, no curso do períodobase de incidência, apurouse receita omitida e, em razão disso, aplicouse a multa isolada em virtude da insuficiência de recolhimento das estimativas devidas. Noutro momento, restou verificado que a mesma receita, antes omitida, também não foi considerada nas bases de cálculo do tributo e da contribuição devidos. Fica claro que, nessa circunstância, o tributo, assim como a contribuição, serão lançados com a multa de ofício correspondente, não havendo que se falar, nesse caso, em duplicidade de sanção sobre o mesmo fato. Pelas razões expostas, conduzo meu voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para afastar as glosas correspondentes às multas fiscais, nos montantes de R$ 7.104.607,90 (2010) e R$ 1.027.018,19 (2011), cabendo destacar que, em virtude de tal decisão, as multas isoladas também devem ser reduzidas, haja vista que os valores correspondentes às glosas ora canceladas terem sido computados na planilha de fls. 370. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Relator Fl. 763DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 745 18 Voto Vencedor Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo Em que pese o brilhante voto do Presidente e Conselheiro Relator Wilson Fernandes Guimarães, dele ouso discordar somente no que tange a existência (ou não) de base de legal para que se proceda com a adição ao lucro liquido de eventual parcela de amortização de ágio que tenha sido lançado na contabilidade da empresa. Ou seja, o que se está aqui a tratar, não é de elementos fáticos probatórios, mas tão somente da existência ou não de base para que o Fisco, a ao exigir à adição de despesas com amortização para fins da apuração do Lucro Real, assim também o faça/exija para a CSLL. Não vislumbro qualquer diferença entre o ágio não incentivado ou aquela da Lei 9.532/97, pois a questão aqui não se trata de avaliar se aquele benefício (dedutibilidade do ágio nos casos de fusão, cisão ou incorporação) alcançariam a CSLL. Não é este o tema do litígio travado nestes autos. O ponto aqui é discutir se a despesa com ágio (incentivado ou não, ou seja, ágio amparado ou não pelos termos da Lei 9.532/97), deve ser adicionada ou não à base de cálculo da CSLL. Cumpre ressaltar, que diferente poderia ser o meu entendimento caso o fundamento legal da autuação se dê com base na desconsideração da despesa com ágio, nos termos do art. 299 do RIR/99, o que também não é o caso dos presentes. A questão, portanto, como aqui se verifica, não se refere a considerações probatórias relativas a meras comprovações de despesas, mas sim, exclusivamente, de adequada compreensão do regramento legal especificamente aplicável à matéria. Pois bem. No que se refere à análise dos contornos próprios da definição da base de cálculo da CSLL, essencial se verifica a análise das expressas disposições do art. 2 da Lei 7.689/88, que, ao instituíla, assim especificamente destacou: Art. 2 A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. § 1 Para efeito do disposto neste artigo: (...) c) O resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) Fl. 764DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 746 19 1 adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 2 adição do valor de reserva de reavaliação, baixada durante o períodobase, cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado do períodobase; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 3 adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o Imposto de Renda; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 4 exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 5 exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Incluído pela Lei n 8.034, de 1990) 6 exclusão do valor, corrigido monetariamente, das provisões adicionadas na forma do item 3, que tenham sido baixadas no curso de períodobase. (Incluído pela Lei n 8.034, de 1990) As disposições contidas no caput do Art. 57 da Lei 8.981/95, por sua vez, visando estabelecer os específicos e particulares contornos aplicáveis a esta Contribuição, especificamente destacou: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei n 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38,mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei n 9.065, de 1995) Ora, conforme se verifica da leitura dessas disposições – ao contrário do que afirma a decisão de primeira instância, o mencionado art. 57 da Lei 8.981/95 não autoriza, de forma alguma, a aplicação indiscriminada das disposições regentes do Imposto de Renda na verificação dos contornos de incidência da CSLL, mas preserva, expressamente, os ditames próprios da definição de sua base de cálculo, da forma como realizado pelas disposições até então vigentes, mantendo, assim, as normas contidas na mencionada Lei 7.689/88, nos termos ali então especificamente apontados. A partir dessas considerações, verificase que, conforme destacado das disposições do art. 2º, parágrafo 1º, alínea ‘c’ da Lei 7.689/88, ali expressamente se faz referência aos específicos ajustes (exclusões e adições) a serem aplicados ao resultado do períodobase, apurado a partir da aplicação das expressas disposições da legislação comercial, distinguindo a composição da base de cálculo da Contribuição em questão, assim, às regras próprias da legislação do Imposto sobre a Renda. Assim, para admitirse como valida qualquer exclusão e/ou adição na apuração da base de cálculo da CSLL, fazse essencial, no caso, a existência de legislação Fl. 765DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 747 20 especificamente a ela relacionada, sem a qual, estarseia admitindo a possibilidade de interpretação ampliativa de normas restritivas de direito, o que, definitivamente, não tem qualquer cabimento em nosso ordenamento jurídico pátrio. Nessa linha, fixando o ponto de partida do nosso pensamento sobre a matéria, as regras de dedutibilidade de despesas que sejam aplicáveis na apuração do lucro real, não podem ser estendidas, sem a necessária préexistência de previsão legal, à apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Fixada essa premissa necessária, relevante destacar, ainda, que a amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR, aumentando, portanto, a base tributável. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que, a nosso sentir, torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. Nessa linha, portanto, penso que o que se deve exigir e verificar não é a previsão legal expressa para que seja admitida a dedução do ágio iniludivelmente pago, mas sim a inexistência de vedação para essa operacionalização, o que, no caso, efetivamente é o que se verifica em relação à CSLL. A matéria aqui apresentada já foi objeto de específico enfrentamento nesta 1ª Turma Ordinária, especificamente nos autos do PAF 16682.720281/201017, tendo como relator o Conselheiro Valmir Sandri, o qual ora acompanho, especificamente quando afirma: “Inicialmente, registro, com a devida vênia, ser equivocado o entendimento manifestado na decisão recorrida, quanto ao alcance do art. 57 da Lei n 8.981, de 1995. Tal dispositivo preceitua que se aplicam à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por aquela Lei. Logo, regras de dedutibilidade de despesas que, por expressa disposição legal, sejam aplicáveis na apuração do lucro real não podem ser estendidas, sem previsão legal, à apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. A norma legal disciplinadora da apuração da base de cálculo da CSLL, vigente à época do fato gerador, dispõe: Lei n 7.689/88 Art. 2 A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. §1º Para efeito do disposto neste artigo: (...) c) o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 1 adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) Fl. 766DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 748 21 2 adição do valor de reserva de reavaliação, baixada durante o períodobase cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado do períodobase; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 3 adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o Imposto de Renda; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 4 exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 5 exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita, (Incluído pela Lei n 8.034, de 1990) 6 exclusão do valor, corrigido monetariamente, das provisões adicionadas na forma do item 3, que tenham sido baixadas no curso de períodobase. (Incluído pela Lei n 8.034, de 1990) (...) Pelo que se depreende dos autos, e especialmente pelo que está expressamente descrito no auto de infração, a autoridade fiscal entendeu que a adição que o contribuinte efetuou para fins de apuração do lucro real, mas não efetuou para fins de CSLL, correspondia a ajuste por diminuição do valor do investimento avaliado pelo MEP, e promoveu a adição indicando como fundamento legal o art. 2º, § 1º, alínea “c”, da Lei n 7.689/99. Pois bem. Se essa fosse a verdade dos fatos, inquestionável seria a adição feita de ofício. Contudo, as cópias do LALUR apresentadas à fiscalização indicam que o valor adicionado ao lucro líquido para a apuração do lucro real (e não adicionado para fins de apuração da base de cálculo da CSLL), se refere à amortização do ágio decorrente de participação societária na empresa (...). A amortização contábil do ágio impacta (reduz) o lucro líquido do exercício. Havendo determinação legal expressa para que ela não seja computada na determinação do lucro real, o respectivo valor deve ser adicionado no LALUR. Não há, porém, previsão no mesmo sentido, no que se refere à base de cálculo da Contribuição Social, o que torna insubsistente a adição feita de ofício pela autoridade lançadora. Na linha desse entendimento, inclusive, destacamse precedentes desta Corte Administrativa, que, sob esse específico foco, assim inclusive já se manifestaram, destacandose, apenas a título de exemplificação, o seguinte e específico aresto: Número do Processo: 18471.000003/200585 Contribuinte: VALEPAR S/A Tipo do Recurso: Recurso Voluntário / Recurso de Ofício Data da Sessão: 06/12/2006 Relator(a): Márcio Machado Caldeira N Acórdão:10322.749 Decisão: Por maioria, DAR provimento ao recurso voluntário para acolher a preliminar de decadência do direito de constituir o crédito tributário relativo ao ano Fl. 767DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES Processo nº 15504.732788/201346 Acórdão n.º 1301001.893 S1C3T1 Fl. 749 22 calendário de 1999 e, em conseqüência, não tomar conhecimento do recurso ex officio em relação ao anocalendário de 1999, vencido o conselheiro Cândido Rodrigues Neuber que não a acolheu e, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso ex officio para restabelecer a exigência fiscal relativa ao ano calendário de 2001 referente à CSLL constante na DIPJ porém não inclusa na DCTF. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL – DECADÊNCIA Tratandose de tributo sujeito a lançamento por homologação, o início da contagem do prazo decadencial é a data do respectivo fato gerador, decaindo o direito da Fazenda Nacional de efetuar o lançamento após o prazo de cinco anos, na forma do disposto no parágrafo 4 do artigo 150 do CTN. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE DO ART. 57, LEI N 8.981/1995 Inexiste previsão legal para que se exija a adição à base de cálculo da CSLL da amortização do ágio pago na aquisição de investimento avaliado pela equivalência patrimonial. Inaplicabilidade, ao caso, do art. 57 da Lei n 8.981/1995, posto que tal dispositivo não determina que haja identidade com a base de cálculo do IRPJ. LANÇAMENTO – ERRO FORMAL – ANO CALENDÁRIO DE 2001 Atendendo o lançamento os requisitos legais, descrevendo a infração com perfeita identificação dos valores efetivamente levados à tributação e com o devido enquadramento legal, não há irregularidade formal que possa ensejar o seu cancelamento. JUROS DE MORA – CRÉDITO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA A partir de 1 de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. (Súmula 1 C.C. nº 4) JUROS DE MORA TAXA SELIC São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (Sumula 1 C.C. nº 5) Preliminar acolhida, recurso de ofício parcialmente provido. (Publicado no D.O.U. n 230 de 30/11/2007). Desta forma, entendo que não há base legal para se proceder com a adição das despesas de amortização de ágio, haja vista a ausência de fundamento legal para tanto. Isto posto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para afastar a necessidade de adição à base de cálculo da CSLL das despesas com amortização de ágio, bem como as multas que advindas desta mesma infração. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo Redator Designado Fl. 768DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 0 3/02/2016 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02/2016 por WILSON FERNANDE S GUIMARAES
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Numero do processo: 11080.010812/2006-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
DETENÇÃO DE VALOR EM MOEDA ESTRANGEIRA MANTIDA NO EXTERIOR. AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS NÃO CARACTERIZADA. SUPORTE FÁTICO INSUFICIENTE.
A mera detenção de valor em moeda estrangeira no exterior, ainda que não informada em DIRPF, não caracteriza a infração de omissão de rendimentos, dada a inadequação do suporte fático.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.731
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS NÃO CARACTERIZADA. SUPORTE FÁTICO INSUFICIENTE. A mera detenção de valor em moeda estrangeira no exterior, ainda que não informada em DIRPF, não caracteriza a infração de omissão de rendimentos, dada a inadequação do suporte fático. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 01 08 12 /2 00 6- 31 Fl. 148DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 149DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 11080.010812/200631 Acórdão n.º 2402004.731 S2C4T2 Fl. 149 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS) DRJ/POA, que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) exigindo crédito tributário no valor total de R$ 222.376,28, relativo ao anocalendário 2001. O contribuinte foi autuado (fls. 2/15) em virtude da constatação de omissão de rendimentos, caracterizada pela verificação de transferência bancária proveniente da conta bancária de sua titularidade de nº 116.426.969, mantida no Espírito Santo Bank, agência localizada em Miami, Florida, nos Estados Unidos da América (E.U.A.), no valor de USD 125.000,00, convertido em valor tributável de R$ 318.325,00. A ação fiscal e os argumentos da impugnação (fls. 108/114) estão descritos no relatório da decisão atacada, conforme trecho que reproduzo parcialmente abaixo, com a devida vênia: A autorização para a ação fiscal procedeuse pela emissão do Mandado de Procedimento Fiscal MPF n° 1010100.2006.003962, fl. 01, para verificar o cumprimento das obrigações tributárias relativas ao imposto de renda pessoa física, no período de 01.01.2001 a 31.12.2001, com determinação para averiguar a omissão de rendimentos tendo em vista a remessa ao exterior no valor de US$ 125.000,00. O exame tomou por base as respostas do contribuinte às solicitações fiscais e, sobretudo, as informações e documentos obtidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito CPMI, instituída pelo Congresso Nacional, visando apurar a participação do Banco do Estado do Paraná Banestado, em evasão de divisas. Em 29.04.2004, mediante decisão prolatada no Processo n° 2004.70000082670, o Juízo da 2” Vara Criminal de Curitiba/PR decretou a quebra do sigilo bancário e autorizou o Ministério Público Federal e o Departamento da Polícia Federal a utilizarem o material recebido pela referida Comissão, instaurandose o inquérito policial para apurar possível ocorrência de Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e contra a Ordem Tributária. O Juízo estendeu ainda o compartilhamento desses dados com a Secretaria da Receita Federal, Banco Central do Brasil Bacen e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras Coaf com a finalidade de se proceder ao exame dos fatos e dos documentos apreendidos. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Portaria SRF n“ 463/2004, constituiu a Equipe Especial de Fiscalização EEF, que se ateve a examinar a documentação e identificar os contribuintes nacionais que participaram daquelas operações financeiras. Assim, foi selecionado o contribuinte como sendo o ordenante/remetente de recursos financeiros movimentados no exterior. O Laudo de Exame Econômico Financeiro n° 108/2006INC, elaborado por Peritos Criminais Federais, no interesse do IPL n° 1026/2003/SR/DPF/PR, para a Conta NAKIA HOLDINGS, n" 30172853, mantida junto MTBCBCHUDSON BANK de Nova IorqueNl, identificando a referida operação/movimentação financeira. A vista das informações e documentos compulsados, restou comprovado que o fiscalizado é o titular dos recursos remetidos a Nakia Holdings e creditados na conta n° 30172853, em nome da referida empresa, no MTBCBCHUDSON BANK. O contribuinte confirmou o valor depositado, alegando como sua origem herança e alienação de bens em Portugal, em 2000, não constando, no entanto, qualquer informação acerca dessa origem na sua Declaração de Ajuste Anual do exercício Fl. 150DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 2001, enquanto os imóveis em terras lusitanas permaneciam ainda registrados em seu patrimônio na declaração de ajuste anual exercício 2002. Dessa forma, a Fiscalização concluiu que o contribuinte não logrou comprovar a percepção do referido numerário em 21.01.2000 e, também, não apresentou quaisquer documentos que confirmassem a origem de recursos declarados no exercício de 2002, ano calendário 2001. Assim, considerando que o contribuinte é residente no país e teve a disponibilidade econômica de valor em moeda nacional equivalente a US$ 125.000,00 na data da remessa para a empresa Nakia Holdíngs, através do Espírito Santo Bank, em 29.08.2001, ficou, por conseguinte, caracterizada a omissão de rendimentos no valor efetivo, após a conversão da moeda, de R$ 318.325,00, transferido ou não para o Brasil, está sujeito à tributação na DIRPF/2001, nos termos dos artigos 37, 38, 845 e 804 do RIR/99. O contribuinte, inconformado com o lançamento, apresentou impugnação tempestivamente às fls. 108 a 113, através de procurador devidamente habilitado doc. fl. 22, informando, inicialmente, ser português, com permanência legal no País, e argumentando que “não teve qualquer disponibilidade de recursos financeiros em 19.08.2001, pelo contrário, teve um dispêndio nessa data de valor equivalente a US$ 125.000,00, eis que promoveu a transferência bancária de sua conta n° 116.426969, no Espírito Santo Bank, de Miami, Flórida, U.S.A, em favor de Nakia Holdíngs, conta n° 30172853, no CBC NY, atual MTBCBCHudson Bank.” Ou seja, uma remessa bancária de uma conta corrente para outra conta de terceiros, em outro banco. Assim, alega, que uma disponibilidade econômica ou financeira ocorre para quem recebe a transferência, para o beneficiário da transferência, mas nunca para quem remete ou ordena a transferência. Contesta ainda que o Auto de Infração está fundado na mídia ou planilha eletrônica bancária, não podendo o Fisco considerar apenas parte desse documento. Confirma que tinha os US$ 125.000,00 depositados em sua conta bancária já referida e que foram transferidos para a conta de Nakia Holdíngs no CBC NY, atual MTBCBC Hudson Bank, que os recursos não saíram do Brasil, mas estavam na sua conta na referida instituição financeira em Miami, junta cópia de documento Auto de Notícia da Direção Geral dos Impostos V Aveiro Portugal fl. 114. lnvoca ainda o parágrafo 1°, do art. 845 do RIR/99. Menciona também a “declaração” feita pelo Espirito Santo Bank fl. 23. informando que tinha depositado os US$ 125.000,00 em 21 de janeiro de 2000, com firma reconhecida, autenticação pelo ConsuladoGeral do Brasil, em Miami USA. A primeira instância manteve a autuação (fls. 116/121), consubstanciando seu entendimento no acórdão assim ementado: OMISSÁO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPOSITOS BANCARIOS. A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Toda a movimentação bancária efetuada pelo contribuinte, quer no Brasil, quer no Exterior, está sujeita ao crivo do fisco brasileiro. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados em seus depósitos bancários. O contribuinte interpôs recurso voluntário em 18/8/2010, pedindo o cancelamento da autuação e aduzindo, em síntese, que: Fl. 151DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 11080.010812/200631 Acórdão n.º 2402004.731 S2C4T2 Fl. 150 5 não foi comprovado depósito bancário em 29/8/2001, mas mera transferência de valores de sua conta no Espírito Santo Bank em Miami, E.U.A., para a conta da Nakia Holdings no MTBCBCHudson Bank, de Nova Iorque, no mesmo país; os USD 125.000,00 estavam em sua conta no Espírito Santo Bank desde 21/1/2000, sendo que tais recursos decorreram de herança e venda de bens, e que trouxe documento nesse sentido; a declaração trazida de lavra do Espírito Santo Bank atesta que tal montante já se encontrava em sua conta bancária desde a mencionada data, invocando ainda o § 1º do art. 845 do RIR/99 em seu favor; tendo o depósito ocorrido em janeiro de 2000, eventual lançamento sobre os fatos com ele relacionados já estaria decaído aplicandose o art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN). É o relatório. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Resta incontroverso, como mencionado, que o contribuinte efetuou transferência de USD 125.000,00 no dia 29/8/2001, da sua conta nº 116.4/26969, por ele mantida no Espírito Santo Bank em Miami, E.U.A, para a conta de nº 30172853 de titularidade da Nakia Holdings, em Nova Iorque, também naquele país, consoante documento de fl. 18. Por decorrência lógica é certo, também, que ele detinha USD 125.000,00 naquela data como recursos disponíveis na precitada conta do Espírito Santo Bank, valores esses não declarados à Receita Federal do Brasil, de acordo com as DIRPFs de fls. 89/99. Intimado, o contribuinte alegou simplesmente que essa quantia era proveniente de herança recebida em Portugal, e que esses recursos já estavam disponíveis naquela conta bancária desde janeiro de 2000. Todavia, não comprovou tais assertivas. O documento de fl. 114 "Auto de Notícia" da DirecçãoGeral dos Impostos de Portugal faz referência à cifra de 4.987,98 Euros, a qual sequer se aproxima do montante envolvido na transferência, e em nada alude à suposta herança. A par disso, a missiva de fls. 23/25 tratase de informação de lavra do Espírito Santo Bank em Miami, E.UA., no sentido de que os USD 125.000,00 se encontravam na conta do recorrente desde 21/1/2000. Sem embargo, ainda que ela se constitua em indício em prol de sua versão, não se constitui em documento hábil para firmar convicção sobre a matéria, como, por exemplo, registros das movimentações ocorridas na conta bancária em evidência. Traduzse, na prática, em mera declaração, apta somente a comprovar a declaração em si, mas não a veracidade das informações nele consignadas, a teor do disposto nos arts. 368 e 373 do Código de Processo Civil. Por seu turno, a fiscalização entendeu ter ocorrido omissão de rendimentos, autuando o contribuinte com base nos seguintes dispositivos do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), conforme o respectivo Relatório de Ação Fiscal (fls. 10/13): Art.37. Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados (Lei nº 5.172, de 1966, art. 43, incisos I e II, e Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §1º). Fl. 153DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 11080.010812/200631 Acórdão n.º 2402004.731 S2C4T2 Fl. 151 7 Parágrafo único. Os que declararem rendimentos havidos de quaisquer bens em condomínio deverão mencionar esta circunstância (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 66). Art.38.A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título (Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §4º). Parágrafo único.Os rendimentos serão tributados no mês em que forem recebidos, considerado como tal o da entrega de recursos pela fonte pagadora, mesmo mediante depósito em instituição financeira em favor do beneficiário. Oportuno é notar que a decisão vergastada enveredou em substancial confusão, ao entender que "o lançamento do crédito compreendeu a autuação com base na omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada" (fl. 120). Em nenhum momento, seja no Relatório de Ação Fiscal, seja no enquadramento legal do Auto de Infração, foi citado o art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, estando assim bastante equivocada a instância a quo em sua compreensão dos fatos em apreço. Nesse contexto, é possível concluir que não restou devidamente verificada a percepção de rendimentos pelo contribuinte em 29/8/2001. Com efeito, temse que o referido possuía USD 125.000,00 em conta mantida nessa data. Em outras palavras, possuía um valor em moeda estrangeira junto à banco no exterior, o qual não fora declarado ao Fisco. A partir de tal constatação, poderia ter sido ele intimado a apresentar os extratos e documentos correlatos atinentes à conta nº 116.4/26969, por ele mantida no Espírito Santo Bank nos E.U.A, para que fosse verificado em que momento tal valor ingressara em sua disponibilidade jurídica, e a respectiva origem; não atendida, caberia à fiscalização utilizarse dos meios previstos na legislação pertinente para a obtenção desse material, e realizar a autuação com esteio no mencionado art. 42 da Lei nº 9.430/96. Sob outro viés, poderia ter a autoridade lançadora, verificada a incorreção nas informações constantes na DIRPF, haver elaborado fluxo financeiro mensal com base nos elementos daquela, bem como no valor em comento, detido no exterior pelo recorrente, de maneira a apurar a existência de eventual acréscimo patrimonial a descoberto. O fato é que a simples detenção de valor em moeda estrangeira no exterior, ainda que não declarado, não é suporte fático suficiente, nem mesmo apropriado, para amparar a imputação de infração de omissão de rendimentos, pois a estes não se equipara. Confundiu a fiscalização o conceito de fluxo (rendimento, crédito) com o de estoque (bens, saldo em conta de depósito), enquanto deveria, na realidade, ter realizado o aprofundamento da investigação diante das evidências disponiveis, consoante acima ilustrado. Fl. 154DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 16643.000079/2009-90
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Sat Feb 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO.
A demonstração da existência de fraude, a partir de uma conduta dolosa específica, a ensejar qualificação da multa de ofício, deve ser feita no momento do lançamento de maneira a evidenciar a conduta dolosa do contribuinte, a caracterizar as figuras delitivas dos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/1964.
Numero da decisão: 9101-002.183
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, e, quanto ao mérito, no Tema Ágio, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez e, no Tema Qualificação da Multa, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Adriana Gomes Rego e André Mendes Moura.
(Assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(Assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator.
EDITADO EM: 12/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martínez López (Vice-Presidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, André Mendes de Moura, Livia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo e Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. AMORTIZAÇÃO. OPERAÇÃO ALIENÍGENA. Não é dedutível o pretenso ágio na aquisição de participação societária apurado no estrangeiro, em operação envolvendo pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, mesmo que sem qualquer vinculação entre si, ainda mais quando, tanto o laudo de avaliação apresentado, quanto o lançamento fiscal se baseiam em ágio contabilizado mais de dois anos depois, oriundo de operações envolvendo empresas já pertencentes ao mesmo grupo econômico, domiciliadas no Brasil, caracterizando ágio interno. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. AMORTIZAÇÃO. ALCANCE. Não é dedutível o pretenso ágio na aquisição de participação societária apurado no estrangeiro, em operação envolvendo pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, mesmo que sem qualquer vinculação entre si, ainda mais quando, tanto o laudo de avaliação apresentado, quanto o lançamento fiscal se baseiam em ágio contabilizado mais de dois anos depois, oriundo de operações envolvendo empresas já pertencentes ao mesmo grupo econômico, domiciliadas no Brasil, caracterizando ágio interno. É correta, portanto, a glosa das exclusões não previstas na legislação da CSLL, e da redução do lucro tributável por despesa atribuída a ágio, mas que não se reveste das características necessárias para ser assim classificada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 00 00 79 /2 00 9- 90 Fl. 2540DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 3 2 A demonstração da existência de fraude, a partir de uma conduta dolosa específica, a ensejar qualificação da multa de ofício, deve ser feita no momento do lançamento de maneira a evidenciar a conduta dolosa do contribuinte, a caracterizar as figuras delitivas dos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, e, quanto ao mérito, no Tema Ágio, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez e, no Tema Qualificação da Multa, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Adriana Gomes Rego e André Mendes Moura. (Assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator. EDITADO EM: 12/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martínez López (VicePresidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, André Mendes de Moura, Livia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo e Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado). Relatório Fl. 2541DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 4 3 Por bem descrever os fatos, transcrevo a parte inicial da decisão recorrida (destaques do original): Tratase de recurso de ofício e de recurso voluntário, este interposto pelo contribuinte, em face de decisão de primeira instância que deferiu parcialmente a impugnação contra o lançamento de IRPJ e CSLL referente aos anoscalendário de 2004 a 2007, decorrente de glosa do encargo de amortização de ágio, com acusação de ter sido gerado internamente ao grupo econômico da Johnson Controls, acrescido de multa qualificada de 150%, em razão de detecção de procedimento fraudulento, enquadrado no art. 72 da Lei nº 4.502/64. Foram lançados: I Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ (fls. 667 a 670), no total de R$ 15.534.152,32, com multa de 150% e juros de mora, calculados até 30/11/2009, com fundamento legal no art. 13, inciso III, da Lei nº 9.249/1995, arts. 247, 249, inciso I, 251 e parágrafo único, 299, 324 §§ 1º, 2º e 4º, 325, 385, 386, do RIR/99; e II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL (fls. 676 a 679), no total de R$ 5.039.162,27, com multa de 150% e juros de mora, calculados até 30/11/2009, com fundamento legal no art. 2º, e §§, da Lei nº 7.689/88, art. 1º da Lei nº 9.316/96; art. 28 da Lei nº 9.430/96; e art. 37 da Lei nº 10.637/2002. Os fundamentos fáticos da autuação, consoante o Termo de Verificação Fiscal (fls. 712/725), em suma, foram: (i) a fiscalizada (JCBA) reconheceu, no balanço do ano de 2002, um investimento permanente de R$ 4.249.936,98 em coligadas/controladas (fls. 216), e no balanço de 2003, esse investimento aumentou para R$ 38.090.019,30 (fls. 217); (ii) o aumento foi provocado pela transferência, para a JCBA (fiscalizada), do total das quotas que a empresa Hoover Universal INC (HOOVER), sua controladora, possuía da empresa JCAE do Brasil (JCAE); (iii) a transferência ocorreu com um ágio de R$ 75.759.917,68 (fls. 217), cuja contrapartida foi o aumento de capital de R$ 109.600.000,00; (iv) não houve qualquer desembolso (saída de caixa) da JCBA (fiscalizada) (ou de qualquer outra empresa do grupo) para aquisição do ágio. O lançamento contábil (fl. 51) na JCBA (fiscalizada) do recebimento das quotas da HOOVER foi a débito de investimento (R$ 33.840.082,32) e ágio (R$ 75.759.917,68) e a crédito de capital subscrito (R$ 109.600.000,00); (v) as empresas envolvidas JCBA (fiscalizada), HOOVER e JCAE pertencem ao mesmo grupo econômico (fls. 33 a 50); Fl. 2542DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 5 4 (vi) em 18/10/2002, o capital da empresa JCAE do Brasil era dividido entre os sócios Johnson Controls Automotive Eletronics (46.974.358 quotas), Johnson Controls Holding (8.311.168 quotas) e Nicolas Donjon (1 quota), com quotas ao valor nominal de R$ 1,00; (vii) em 10/12/2003, a Johnson Controls Holding cedeu sua participação na JCAE para a HOOVER (fls. 57/68); (viii) em 17/12/2003, a Johnson Controls Automotive Eletronics e o Sr. Nicolas Donjon também cederam sua participação na JCAE para a HOOVER (fls. 69/71); (ix) no mesmo dia, a HOOVER cedeu e transferiu para a JCBA (fiscalizada) todas as quotas que detinha na JCAE, as quais foram incorporadas ao capital social da JCBA (fiscalizada) por R$ 109.600.000,00, ou seja, com um ágio de R$ 75.759.917,68 (fls. 72/74); (x) o laudo da avaliação (fls. 85 a 144), que serviu de base para a avaliação das quotas da JCAE do Brasil Ltda., empregou a metodologia do fluxo de caixa futuro descontado. O valor de mercado, atribuído pela empresa avaliadora foi de R$ 109.600.000,00, baseado na posição da JCAE em 30/11/2003; (xi) em 31/08/2004, a JCBA (fiscalizada) incorporou a sua controlada JCAE e começou a amortizar o ágio de R$ 75.759.917,68, à razão de 1/60 por mês, a partir de setembro de 2004. A autoridade fiscal glosou o ágio criado pela operação e exigiu multa qualificada de 150%, a teor do art. 72 da Lei nº 4.502/64, considerando ter havido fraude no procedimento da fiscalizada. Na impugnação, a autuada apresentou as razões de inconformidade, alegando que a autuação é improcedente, pois a operação completa, da qual o auditorfiscal relatou apenas parte, envolveu a aquisição de controle de empresas que pertenciam ao grupo Sagem, que não tem qualquer vinculação com o grupo econômico da fiscalizada. Descreveu, em suma, as transações realizadas: (1) O grupo JCI adquire, por intermédio da JCH SAS, braço francês do grupo, a totalidade das ações da SAGEM SAS, situada na França, mediante pagamento de Є 525.000.000,00, e que, por sua vez, controlava a SAGEM (EUA) e a SAGEM (BR). Após a venda, os nomes das empresas foram alteradas para JCAE SAS, JCAE Inc e JCAE do Brasil, respectivamente; (2) A empresa JCHC e a empresa HOOVER, ambas controladas pela JCI, adquirem a totalidade das quotas da JCAE do Brasil por US$ 37.202.650,00, sendo que a empresa JCHC pagou US$ 31.611.092,00 e a HOOVER US$ 5.591.558,00. Fl. 2543DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 6 5 (3) Redução do capital da JCHC, no valor de US$ 31.611.092,00, mediante a transferência das quotas da JCAE do Brasil para a JCI, sua controladora. (4) Aumento do capital da HOOVER em US$ 31.611.092,00, mediante subscrição e integralização pela JCI das quotas da JCAE do Brasil. (5) Aumento do capital da fiscalizada, JCBA (fiscalizada), em R$ 109.375.791,00 mediante subscrição e integralização das quotas da JCAE do Brasil, feita pela sua controladora HOOVER, representando esse valor a mera conversão do valor em dólares (US$ 31.611.092,00, rectius US$ 37.202.650,00) para a moeda nacional, à taxa de câmbio da época (R$ 2,94). (6) A JCBA (fiscalizada) incorpora a JCAE do Brasil, mediante avaliação de seu acervo líquido, incorporado a valores contábeis e, a partir daí, a fiscalizada começou a amortizar o ágio relativo à expectativa de resultados futuros da JCAE do Brasil, à razão máxima de 1/60, considerando a despesa correspondente dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Contestou a alegação [de] que o ágio teria sido gerado apenas quando da conferência das quotas da JCAE do Brasil ao capital da JCBA (fiscalizada), pois a operação inicial foi feita entre partes independentes e que, no valor total pago pelo grupo JCI (Є 525.000.000,00) estaria o valor de Є 42.192.265,00 que corresponderia ao valor de US$ 37.202.780,00, valor este equivalente ao valor do custo que a HOOVER incorrera para adquirir as quotas da JCAE do Brasil (R$ 109.375.791,00). Alegou que não é o valor das quotas que determina o custo de aquisição e que, a partir da aquisição da empresa SAGEM SAS e suas subsidiárias, pelo grupo JCI, o valor das quotas da SAGEM BR passa a não ter qualquer relação com o custo de aquisição, que passa a ser o valor pago pela JCI. Discorreu sobre a inexistência de lesão ao Fisco para alegar que, independentemente da forma pela qual a operação fosse feita, o resultado alcançado teria sido o mesmo, com a geração de ágio no valor de R$ 75.759.917,68, sendo o efeito o mesmo para o Fisco. Alegou que não podem ser aplicados aos fatos os atos emitidos pela CVM mencionados no Termo de Verificação Fiscal, uma vez que os atos normativos não se aplicariam à fiscalizada pelo fato de ela não ser constituída na forma de sociedade anônima de capital aberto e, sim, na forma de sociedade limitada e, além disso, os atos somente foram emitidos em 2007 e 2008 e os fatos fiscalizados ocorreram em anos anteriores. Contestou a alegação de que o ágio apurado pela fiscalizada não é passível de contabilização, devido à ausência de custo histórico, argumentando que a operação foi feita entre partes não relacionadas e houve desembolso financeiro, afirmando Fl. 2544DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 7 6 ainda que não é correta a alegação [de] que, por não ter ausência de saída de caixa quando da aquisição de um ativo, o seu custo de aquisição seria inexistente. Discorreu sobre a não obrigatoriedade [de] haver saída de caixa para que o custo de aquisição possa ser reconhecido, citando resoluções do CFC que embasariam sua tese, argumentando que vários negócios, tais como incorporações, permutas, contribuições ao capital, aquisição de investimentos via transferência por sucessão universal, etc. não envolvem saída de caixa, o que não prejudica o fato de que houve efetiva transferência de titularidade da participação societária, citando ainda Instrução CVM nº 247/1997, doutrina e acórdãos do Conselho de Contribuintes. Alegou que é improcedente a afirmação [de] que o valor de amortização de ágio não pode ser considerado como despesa incorrida, repetindo a argumentação [de] que o ágio não foi gerado entre empresas relacionadas e [de] que cumpriu todos os requisitos para que fosse reconhecido contabilmente. Alegou que a metodologia de ágio guarda relação direta com observância do regime de competência que seria de adoção obrigatória na apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL, discorreu sobre o regime de competência e ainda afirmou que o art. 386 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) não faz qualquer restrição a respeito da forma que a empresa foi adquirida, ao dispor das regras para amortização de ágio. Alegou que, em nenhum momento, a autoridade fiscal questionou o laudo de avaliação que fundamentou o ágio relativo à expectativa de rentabilidade futura da JCAE do Brasil. Discorreu longamente contra a imposição da multa qualificada, citando tributaristas, exposição de motivos na edição de medida provisória, acórdãos do Conselho de Contribuintes, para concluir que não houve fraude, dolo ou simulação nas operações efetuadas. Requereu a improcedência total dos autos de infração ou, ao menos, que fosse afastada a multa qualificada de 150%. O acórdão nº 1624.709, da 5ª Turma da DRJ/SPOI, teve a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Data do fato gerador: 31/12/2004, 31/12/2005, 31/12/2006, 31/12/2007 INCORPORAÇÕES DE SOCIEDADES. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE AÇÕES. FALTA DE EFETIVO PAGAMENTO. DEDUÇÃO INDEVIDA. A legislação fiscal somente admite a dedutibilidade da amortização do ágio proveniente de compra ou incorporação entre sociedades do mesmo grupo econômico, se efetivamente Fl. 2545DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 8 7 ocorre o desembolso do valor pago a este título, do mesmo modo que se exige o efetivo pagamento para toda e qualquer dedução pleiteada no âmbito fiscal, ainda que a incorporação realizada tenha observado os ditames da legislação societária. MULTA QUALIFICADA. CRITÉRIOS. Se não é evidente a ocorrência de dolo, fraude ou simulação que justificasse a aplicação da multa qualificada de 150% sobre o lançamento efetuado, exonerase o acréscimo correspondente, mantendose a multa de oficio de 75%. Em razão do montante exonerado, a DRJ recorreu de ofício ao CARF. Cientificado em 20/05/2010 (fl. 1527), o contribuinte, inconformado, interpôs recurso voluntário ao Carf, em 21/06/2010 (fls. 1528/1597), contestando a decisão que julgou parcialmente procedente a impugnação, em suma, pelos seguintes motivos preliminares: (i) o principal argumento utilizado pelo órgão julgador de primeira instância para manter a glosa da dedução da despesa de amortização do ágio relativo ao investimento realizado na empresa JCAE BR foi a suposta ausência de dispêndio financeiro na referida operação; (ii) o julgador se baseou em série de equívocos, como, por exemplo: (i) confundiu o custo de aquisição das quotas da JCAE BR com o valor nominal destas quotas; e (ii) manteve o entendimento equivocado da autoridade autuante de que a operação em questão se deu entre partes relacionadas e que, portanto, o ágio relativo ao investimento realizado na JCAE BR teria sido gerado internamente; (iii) a decisão recorrida confundiu diversos conceitos, bem como parte de um entendimento completamente distorcido dos fatos; (iv) em relação à multa qualificada de 150%, a decisão recorrida determinou, com acerto, o seu afastamento, em virtude do fato de não ter havido dolo, fraude ou simulação por parte da Recorrente. A seguir, relembra os fatos descritos na Impugnação (parágrafos 15 a 42), sintetizando a sequência das operações: Passo 1 — Grupo JCI, por intermédio da JCH SAS, adquire a totalidade das ações da SAGEM SAS, mediante pagamento de US$ 525.000.000,00 Passo 2 — Aquisição, pela JCHC e pela HOOVER, da totalidade das quotas da JCAE BR (antiga SAGEM BR), por US$ 31.611.092,00 e US$ 5.591.558,00, respectivamente, totalizando US$ 37.202.650,00 Fl. 2546DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 9 8 Passo 3 — Redução do capital da JCHC, no valor de US$ 31.611.092,00, mediante transferência das quotas da JCAE BR para a JCI Inc. Passo 4 — Aumento do capital da HOOVER em US$ 31.611.092,00, mediante subscrição e integralização, pela JCI Inc., das quotas da JCAE BR de sua titularidade Passo 5 — Aumento do capital da JCBA (fiscalizada) em R$ 109.375.791,00 (correspondentes a US$ 37.202.650,00), mediante subscrição e integralização, pela HOOVER, das quotas da JCAE BR de sua titularidade Passo 6 — Incorporação da JCAE BR pela JCBA (fiscalizada) Critica a conclusão do julgador de que seria possível realizar a agregação das duas entidades jurídicas de imediato, pelos seguintes motivos, entre outros: (i) as diferenças culturais entre as gestões de dois grupos econômicos totalmente distintos (SAGEM e JCI); (ii) o fato de a operação de aquisição, em si, só ter sido concretizada no ano seguinte à assinatura do primeiro contrato entre as partes, quando da formalização, em fevereiro de 2002, do Termo de Acordo (doc. 06 da Impugnação); e (iii) o fato de que todos os sistemas operacionais e administrativos de ambas as empresas (tais como de venda, de faturamento, de controle de estoques, de compras, de recursos humanos, etc.) eram diferentes, e independentes, havendo a necessidade de integrálos em momento anterior à efetiva absorção de uma sociedade por outra. Apresenta as seguintes razões para a reforma parcial da decisão recorrida: (i) das inconsistências fáticas: a autoridade autuante não considerou a sequência de operações de transferência das quotas da empresa JCAE BR para glosar o ágio apurado, mas apenas considerou os dois últimos passos implementados (passo 5 e passo 6); em 18 de fevereiro de 2002, o capital social da JCAE BR permanecia sendo R$ 23.894.162,00, e não R$ 55.285.527,00, conforme consta da decisão recorrida; o capital social da JCAE BR não “pulou” inexplicavelmente de R$ 23.894.162,00 para R$ 55.285.527,00, em 10 de dezembro de 2003. De fato, em 18 de setembro de 2002, houve um aumento de capital que elevou o capital social da JCAE BR em R$ 31.391.365,00. Foram completamente omitidas, na decisão recorrida, que: (i) houve uma operação efetiva de compra e venda; (ii) que houve efetivo pagamento em recursos financeiros; e (iii) que o valor total pago foi de US$ 37.202.650,00 (parágrafos 22 e 27 da Impugnação); Fl. 2547DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 10 9 não especifica suposta “discrepância de valores e datas entre os contratos firmados no Brasil e os contratos traduzidos do original inglês”; não faz qualquer sentido a comparação de fatos e valores que se tenta demonstrar, já que os R$ 46.974.358,00 correspondem ao valor nominal das 46.974.358 quotas e os US$ 31.611.092,00 referemse ao valor efetivamente pago pela JCHC pelas 46.974.358 quotas da empresa JCAE BR, ou seja, representa o custo de aquisição dessas quotas para os seus titulares, não sendo o valor nominal das quotas que determina o valor do seu custo de aquisição; omitiu o fato de que o ágio originouse de operação entre empresas de grupos distintos, em diversas etapas; houve, sim, saída de caixa na operação, mas não é necessário que haja dispêndio de recursos financeiros para que seja apurado ágio em aquisições de participações societárias ou qualquer ato ou negócio que resulte na transferência da titularidade de uma participação societária; as 55.285.526 quotas da JCAE BR foram, em todas as etapas da operação (desde a aquisição das empresas do Grupo SAGEM até a conferência de tais quotas ao capital da JCBA), transferidas pelo valor total de US$ 37.202.650,00, jamais pelo valor nominal total de R$ 55.285.527,00, ou R$ 1,00 por quota (que, convertido para dólares pela taxa média de R$ 2,90, por exemplo, corresponderia a US$ 19.063.974,82, ou US$ 0,34 por quota); (i) uma operação de aquisição de participações societárias realizadas entre empresas não relacionadas entre si, na qual houve pagamento de ágio decorrente da expectativa do retorno financeiro que esse novo investimento geraria; e, em seguida (ii) a unificação das sociedades adquiridas (entre elas, a SAGEM BR, posteriormente, JCAE BR) com as entidades já existentes que desenvolviam atividade semelhante (no caso, a JCBA (fiscalizada), e o não reconhecimento do ágio no investimento na JCAE BR traria implicações adversas às demonstrações contábeis da Recorrente, submetida ao regime contábil da “competência”. Aponta as seguintes inconsistências decorrentes das considerações abstratas contidas na decisão recorrida: o julgador, ao “raciocinar abstratamente” sobre a real motivação dos atos e negócios ora examinados, em alguns pontos, não observa os fatos concretamente ocorridos; a recorrente sempre afirmou que não houve prática elisiva alguma, que os negócios não foram feitos com a intenção de pagar menos imposto; a decisão recorrida desvia o foco da questão, indevidamente, para discussões teóricas sobre “planejamento” e “elisão”, mas a Fl. 2548DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 11 10 Administração Tributária não pode desconsiderar os fatos, desde que observados os procedimentos mencionados no parágrafo único do artigo 116 do CTN; decisão insiste, indevidamente, que a operação em questão se deu entre partes relacionadas; não aponta o real entendimento da finalidade da Instrução CVM nº 349/2001, já que esta apenas se aplica a (i) incorporação reversa; e (ii) que envolva a incorporação de empresa veículo; julgador verificou abuso de direito em razão da (i) a inexistência de causas reais que justificassem a operação; bem como (ii) a operação envolvendo a Recorrente não teria observado o ordenamento jurídico, porque foi feita com a finalidade predominante de pagar menos imposto. Cita ainda o Pronunciamento Técnico CPC 15, para sustentar que, nas operações em que há “combinação de negócios”, como no caso, entre outros, de aquisição de participações societárias mediante compra e venda, incorporações e conferência de quotas ou ações ao capital de outra entidade, o ágio gerado na operação deve ser registrado pela entidade que obtém o controle do negócio ou negócios obtidos por meio da operação, sendo que, no caso, a real “adquirente contábil” das quotas da SAGEM BR (posteriormente JCAE BR) é a JCBA (fiscalizada), e que tal escolha não se deu em virtude da busca dos efeitos tributários decorrentes da amortização do ágio gerado. Afirma que, independentemente da forma pela qual a operação fosse implementada, o resultado alcançado teria sido o mesmo: haveria a apuração de ágio no investimento na JCAE BR, passível de amortização e dedução na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Aduz que, ao embasar seu entendimento no artigo 187 do Código Civil de 2002, a autoridade julgadora pretende imputar à Recorrente a prática de um ilícito civil. Ao afirmar que a autoridade fiscal, em sua essência, desconsiderou negócio praticado pela Recorrente sem propósito negocial, a própria decisão recorrida demonstra, com toda a clareza, a aplicação do parágrafo único do artigo 116 do CTN ao presente caso, pois tal regra destinouse a coibir, justamente, os atos ou negócios praticados pelo contribuinte com a intenção de economizar tributo mediante abuso de forma ou falta de propósito negocial. Assim, conclui pela ilegalidade do lançamento fiscal. Ao final, pede que a decisão de primeira instância seja julgada parcialmente improcedente, mantendose apenas a redução da multa qualificada. Em contrarrazões, a PGFN defende a validade integral do lançamento, inclusive da multa qualificada, pelos fundamentos sintetizados abaixo. Fl. 2549DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 12 11 Sustenta a indedutibilidade do ágio criado pelo contribuinte, apontando que a criação de um ágio fictício, simulado, que não apresenta qualquer propósito negocial e substrato econômico a justificar a sua existência real, não permite a dedução da despesa com sua amortização, nos termos previstos pela legislação tributária nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 (arts. 385 e 386 do RIR/99). Alega, em seguida, que: (i) após a aquisição da empresa francesa SAGEM SAS pelo Grupo JCI em 25/07/2001, todas as operações societárias realizadas no Brasil e no exterior com as quotas da JCAE BR foram promovidas por empresas pertencentes ao Grupo JCI e que, quando da alienação das quotas da JCAE BR à JCBA (fiscalizada), a empresa norteamericana HOOVER ocupou simultaneamente os dois polos do negócio firmado comprador e vendedor, cobrando o ágio de si mesma; (ii) muito antes do aumento do capital da JCBA (fiscalizada) com a totalidade das quotas da JCAE BR, com a criação do ágio, o objetivo final da reestruturação societária a ser realizada sempre foi a reunião dessas duas empresas brasileiras em uma só, e que o investimento de R$ 109.600.000,00 realizado pela empresa HOOVER na JCBA (fiscalizada), teve um curtíssimo tempo de vida; (iii) o resultado líquido da engenharia societária adotada pelo grupo econômico do qual o contribuinte faz parte é igual à incorporação direta da JCBA (fiscalizada) pela JCAE BR, com exceção do direito à amortização do ágio na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSSL, a serem recolhidos pela empresa resultante. Sobre a indedutibilidade do ágio fictício (ágio cobrado de si mesmo) e a ausência de propósito negocial e substrato econômico, aponta os fundamentos dos arts. 385 e 386 do RIR/99 para aduzir que o ágio ou deságio deve sempre ter como origem um propósito negocial (aquisição de um investimento) e um substrato econômico (transação comercial), decorrente da efetiva aquisição de um investimento oriundo de um negócio comutativo, onde as partes contratantes, interdependentes entre si e ocupando posições opostas, tenham interesse em assumir direitos e deveres proporcionais, além de importar o dispêndio de um gasto (econômico ou patrimonial) pelo adquirente e o ganho (também econômico ou patrimonial) pelo alienante. Sustenta que devem ser observados o OfícioCircular/ CVM/SNC/SEP nº 01/2007, emitido pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, e o item 50 da Orientação Técnica CPC 02/2008, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Sobre a ausência de propósito negocial, aponta que, por meio de uma visão global da reestruturação adotada, evidenciase que o resultado conjunto das duas operações fora a simples unificação das atividades da JCBA com as da JCAE BR, o que poderia ter sido alcançada desde o início somente com a incorporação de Fl. 2550DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 13 12 uma sociedade pela outra, tal como foi feito por meio da segunda operação. Nesse sentido, sustenta que: (i) o ágio decorrente da aquisição de um investimento deve ser registrado por quem o efetivamente suporta, e quem adquiriu a JCAE BR com ágio não foi a recorrente, em 18/12/2003, mas sim o Grupo JCI, em 25/07/2001, quando da aquisição da empresa francesa SAGEM SAS, não podendo ser aplicada a autorização contida no artigo 386, inciso II, do RIR/99; (ii) o propósito negocial foi eminentemente fiscal, já que, em razão da incorporação realizada, o investimento adquirido pela JCBA (fiscalizada) de sua controladora HOOVER fora integralmente cancelado, sendo mantido, porém, o ágio pago por ele. Com isso, a previsão da rentabilidade futura da empresa que não mais existia, contudo, permaneceu registrada. Não poderia a JCBA (fiscalizada), em 2003, ao adquirir a JCAE BR pelo mesmo preço pago pelo Grupo JCI em 2001, registrar o mesmo ágio como se a JCAE BR tivesse mantido a mesma projeção de rentabilidade futura. Sobre a ausência de substrato econômico, aduz que: (i) tanto a JCBA (fiscalizada) como a JCAE BR eram controladas diretamente pela sua única sócia: a empresa norte americana HOOVER (a qual, por sua vez, fazia parte do Grupo JCI) e, em razão disso, não houve dispêndio de qualquer espécie de recurso; (ii) a partir da análise global da reorganização societária realizada, o único substrato econômico existente é aquele oriundo da amortização do ágio na conta de resultado da JCBA (fiscalizada), após a incorporação, e que o ágio criado, por ser inexistente de fato, não é válido e nem eficaz para ser amortizado na conta de resultado do recorrente; (iii) assim, a despesa amortizada pelo sujeito passivo na apuração de seu lucro líquido não se enquadra em nenhuma das hipóteses de dedutibilidade previstas pelos artigos 324 a 327 do RIR/99. Quanto ao RECURSO DE OFÍCIO, defende a qualificação da multa de ofício em razão da simulação cometida pelo contribuinte, sustentando, em suma, que: (i) existe contradição no acórdão prolatado pela DRJ São Paulo I/SP, pois, em um primeiro momento, reconhece que o ágio registrado pelo contribuinte fora criado de forma simulada, ou seja, sem qualquer propósito negocial e substrato econômico, e, em seguida, ao tratar da qualificação da multa, diz que as operações que o sujeito passivo declarou realmente ocorreram; (ii) a despesa amortizada pelo contribuinte autuado fora criada de forma simulada, por meio de um evidente intuito doloso de fraudar o Fisco, razão pela qual a qualificação da multa deve ser mantida; Fl. 2551DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 14 13 (iii) a própria confissão do contribuinte de que o ágio foi criado para transferir para si um investimento com ágio realizado anteriormente pelo Grupo JCI e de que não houve qualquer dispêndio financeiro tornam incontestável o intuito doloso do contribuinte na criação de um ágio que nunca existiu; (iv) de fato, a ausência de propósito negocial e de substrato econômico, da mesma forma que impedem a existência material do ágio, atestam a simulação praticada pelo contribuinte; (v) existiram a) uma vontade declarada de aquisição de um investimento com ágio pela JCBA (fiscalizada), traduzido no valor de mercado da integralidade das quotas da JCAE BR, calculado na previsão de rentabilidade futura da empresa; e b) uma vontade real de criação de um investimento artificial, a fim de gerar um ágio que seria utilizado pela JCBA (fiscalizada) para reduzir a tributação a ser paga após a incorporação. Essa diferença entre a vontade declarada e a vontade real caracteriza a simulação praticada, nos termos do art. 167, parágrafo 1º, inciso II, do Código Civil Brasileiro, in fine; (vi) a operação realizada pelo contribuinte autuado não traduziu a aquisição de um investimento com supedâneo na previsão de rentabilidade futura da JCAE BR. Com a incorporação, esse investimento foi anulado, porém o direito à amortização do ágio mantido; (vii) a criação do ágio fictício foi iniciada com a aquisição do investimento pela JCBA (fiscalizada) e concluída com a incorporação dessa sociedade com a JCAE BR; (viii) o evidente intuito doloso do contribuinte, nos ilícitos tributários cometidos pelo contribuinte, resta caracterizado pelo fato de ele saber, desde o início, que a JCAE BR seria incorporada por ele; (ix) reforçam o evidente intuito do contribuinte: a) o fato de a reorganização societária em tela ter sido planejada desde o ano de 2001, juntamente com a ajuda de consultoria especializada, b) por meio de laudo de avaliação da JCAE BR (fls. 86/144), procurou dar uma aparência de legalidade a uma operação não prevista na legislação; (x) de forma inexplicável, o contribuinte trouxe aos autos um laudo elaborado pela CF Solutions, pelo qual é apurado o valor de mercado da JCAE BR com base em sua rentabilidade futura, antes da aquisição de suas quotas pela JCBA (RECORRENTE). Em nenhum momento, o laudo cita o negócio realizado em 2001 entre o Grupo SAGEM e o Grupo JCI, tendo analisado aspectos intrínsecos e extrínsecos da JCAE BR, e projetado a rentabilidade de empresa no lapso de 5 anos e 1 mês após a sua elaboração; (xi) a simulação resta inequívoca, uma vez que havia motivos à sua realização (criação de um benefício fiscal indevido), assim como, com a incorporação, o negócio realizado (aumento de Fl. 2552DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 15 14 capital decorrente de um investimento) não foi executado materialmente; (xii) a fraude, correspondente à atitude dolosa do contribuinte em reduzir o montante do imposto devido, está mais do que comprovada, sendo inegável o conluio, este é inegável, uma vez que a reorganização societária envolveu todas as pessoas jurídicas que fazem/faziam parte do grupo econômico internacional JCI. Pede, ao final, que seja provido o recurso de ofício e negado provimento ao recurso voluntário. O Colegiado proferiu acórdão cuja ementa transcrevo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008 ÁGIO INTERNO. EFETIVO DISPÊNDIO E FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. DESCARACTERIZAÇÃO. Verificado que as negociações de reorganização societária ocorreram com empresas de diferentes grupos econômicos e que houve o efetivo desembolso financeiro na operação de aquisição da empresa incorporada, é de se afastar os fundamentos utilizados pelo agente fiscal quanto à falta de propósito negocial e do efetivo dispêndio de recursos nas operações de aquisição/reestruturação societária. ÁGIO. SURGIMENTO. TRANSFERÊNCIA. AMORTIZAÇÃO. O ágio nasce quando uma empresa adquire participação relevante em outra sociedade e somente se transfere por incorporação reversa, cisão ou fusão (art. 386 do RIR/99). A transferência de quotas na integralização de capital não implica em transferência do ágio, mas em extinção do ágio que havia na alienante e surgimento de um novo ágio na adquirente. O ágio gerado no aumento de capital da fiscalizada mediante conferência de quotas da investida, com atendimento dos requisitos do art. 385 do RIR/99, é um ágio novo e pode ser amortizado a partir da incorporação dessa última, nos termos do art. 386 do RIR/99. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS. RECURSO DE OFÍCIO NEGADO. A ausência de elementos que demonstrem o evidente intuito de fraude, a partir de uma conduta dolosa, ensejam a desqualificação da multa de ofício. A Fazenda Nacional apresentou recurso especial, alegando divergência jurisprudencial relativamente a três pontos, a saber: Fl. 2553DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 16 15 I) (im)possibilidade de dedução, da base de cálculo do IRPJ e da CSLL de despesas com ágio não suportadas pela fiscalizada; II) falta (ou não) de previsão legal para amortização de ágio da base de cálculo da CSLL; e III) necessidade (ou não) de qualificação da multa de ofício. O recurso foi integralmente admitido pelo presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF. Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões em que, preliminarmente, pugna pelo não conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional, por supostamente não atender aos requisitos dos arts. 67 e 68 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 e, ainda, por inovar na fundamentação jurídica do lançamento e, no mérito, requer o desprovimento do recurso especial, devendo ser mantido em sua integralidade o acórdão recorrido. É o Relatório. Voto Conselheiro MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO O recurso é tempestivo, entendo que a divergência restou comprovada e, por isto, conheço do recurso especial. De início, e quanto à preliminar do sujeito passivo em contrarrazões, pelo não conhecimento do recurso especial da Fazenda Nacional, reportome integralmente ao despacho proferido em Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, do qual extraio os seguintes excertos (efls. 2.397 a 2.412): (1) Para demonstrar a divergência de entendimentos sobre a dedução de amortização de ágio da base de cálculo de IRPJ e CSLL, a recorrente indica os Acórdãos nºs 130200.834 e 105 17.219 para servirem de paradigmas, dos quais, em conformidade ao previsto no art. 67, § 9º do Anexo II do RICARF, reproduz o inteiro teor das suas ementas. [...]. Verificouse que, de fato, em ambos os casos o ágio cuja despesa foi deduzida do lucro real teve origem em operação realizada Fl. 2554DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 17 16 por outras pessoas jurídicas, as quais efetuaram o desembolso financeiro. No recorrido, decidiuse que era possível deduzir despesas desse tipo na apuração do lucro real; no paradigma, concluise que isso não era possível. Desse modo, a divergência de entendimentos está demonstrada. [...]. Verificouse que o fato de não ter havido desembolso financeiro pela autuada foi considerado relevante para descartar a possibilidade de dedução de despesa com amortização com ágio, ou seja, em situação semelhante à do recorrido, decidiuse que não era possível deduzir despesa com ágio, entendimento que diverge do recorrido. Concluise, portanto, que a divergência de entendimentos para essa matéria foi demonstrada por meio de ambos os paradigmas. [...]. (2) Levando em conta a possibilidade de sua tese sobre a impossibilidade de deduzir despesa com amortização de ágio realizado por outra pessoa jurídica não ser acolhida, a recorrente adiciona argumentação alternativa para a impossibilidade de amortização de ágio da base de cálculo da CSLL. Para demonstrar divergência de entendimento, a recorrente volta a empregar o Acórdão nº 130200.834, do qual, além de reproduzir integralmente a ementa, a recorrente extraiu trecho do voto condutor. Destacamse trecho da ementa e do voto condutor que versam sobre essa matéria: [...]. Ou seja, no caso do paradigma, considerouse que não há previsão legal para a dedução desse tipo de despesa da base de cálculo da CSLL, ao passo que, na decisão recorrida, foi aceita sua dedução tanto para IRPJ quanto a CSLL. Desse modo, a recorrente logrou demonstrar a divergência de entendimentos também para essa matéria. (3) Para a qualificação da multa de ofício, o argumento da recorrente centrase na similaridade entre as circunstâncias do recorrido e a de dois paradigmas indicados, quais sejam, o Acórdão nº 10196.724 e o Acórdão nº 10323.290 (ementas integralmente reproduzidas no recurso especial). Em todos, teria havido a criação de ágio artificial, sem qualquer propósito negocial, com o único e evidente intuito de auferir um benefício fiscal sabidamente indevido, mas essas circunstâncias redundaram em diferentes conclusões quanto à caracterização do intuito de fraude. [...]. Tanto no primeiro paradigma quanto no segundo, foi manifestado o entendimento de que a ausência de propósito Fl. 2555DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 18 17 negocial ou societário para a realização dos atos societários com a exclusiva finalidade de reduzir tributos justifica a aplicação da multa qualificada. No recorrido, considerouse que essa circunstância era insuficiente para caracterizar o intuito de fraude e, consequentemente, aplicar a multa qualificada. Desse modo, também para essa matéria, a recorrente demonstrou a divergência de entendimentos. Já no que se refere à preliminar do sujeito passivo em contrarrazões, de alegada inovação na fundamentação jurídica do lançamento, por se pretender discutir, no recurso especial da Fazenda Nacional, alternativamente, a impossibilidade de amortização de ágio da base de cálculo da CSLL, entendo que inocorre no presente caso. A uma, porque, se não questionou a fiscalização especificamente esse ponto, apenas não o fez por não admitir, genericamente, qualquer possibilidade de amortização de ágio; a duas, porque o voto vencedor da decisão recorrida é expresso ao admitir essa possibilidade, tanto para a base de cálculo do IRPJ, quanto para a base de cálculo da CSLL, como segue (efls. 2.315): Em face do exposto, é de se dar provimento ao recurso voluntário quanto à matéria relativa à dedutibilidade do ágio na apuração do IRPJ e da CSLL. Passo ao mérito. A matéria posta à apreciação por esta Câmara Superior referese à amortização de ágio na aquisição de participação societária, na forma prevista no art. 386, inciso III, do Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999). No presente caso, a acusação fiscal gira, basicamente, em torno da questão relativa aos encargos de amortização de ágio por terem sido gerados internamente ao grupo econômico. Ou seja, a glosa foi efetuada por ter sido considerado que a transação se deu entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico e que não houve efetivo dispêndio financeiro, inexistindo propósito negocial e efetivo substrato econômico. Foi aplicada, ainda, a multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento), em razão de suposta detecção de procedimento fraudulento. Inicio com o relato dos fatos apurados. Em data de 18/12/2003, a controladora da autuada (HOOVER) transferiu a ela todas as quotas da empresa JCAE do Brasil. Assim, seu ativo permanente (da autuada) passou de R$ 4.249.936,98, em 2002, para R$ 38.090.019,30, em 2003 (diferença de R$ 33.840.082,32). A transferência ocorreu com um ágio de R$ 75.759.917,68, a crédito de capital subscrito de R$ 109.600.000,00, sem qualquer desembolso por parte da fiscalizada. Em 31/08/2004, a autuada incorporou a sua controlada JCAE do Brasil e começou a amortizar o ágio de R$ 75.759.917,68, à razão de 1/60 por mês, a partir do mês de setembro de 2004. Fl. 2556DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 19 18 A defesa da fiscalizada centrase, basicamente, na afirmação de que a operação completa teria envolvido a aquisição de controle de empresas (SAGEMFrança) que não teriam qualquer vinculação com o grupo econômico da autuada (JCIEstados Unidos). Sucede, porém, que o ágio objeto de questionamento fiscal é aquele no valor de R$ 75.759.917,68, e que foi objeto de amortização, à razão de 1/60 por mês, a partir do mês de setembro de 2004, quando a fiscalizada incorporou a sua controlada (JCAE do Brasil). Esse ágio somente foi contabilizado na operação de subscrição de capital, ocorrida em 18/12/2003, entre a autuada e a sua controladora HOOVER, como acima descrito. De todo modo, o surgimento do alegado ágio, em moeda estrangeira, pelo que se pode deduzir do processo, teria se efetivado em operação envolvendo empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico, em 17/12/2003, a saber: “A empresa JCHC e a empresa HOOVER, ambas controladas pela JCI, adquirem a totalidade das quotas da JCAE do Brasil por U$ 37.202.650,00, sendo que a empresa JCHC pagou US$ 31.611.092,00 e a HOOVER US$ 5.591.558,00” (efls. 2.285). É que, da multiplicação dessa soma (US$ 37.202.650,00) pela taxa cambial da época (US$ 2,94) teria resultado o montante de R$ 109.375.791,00, bem próximo àquele de R$ 109.600.000,00, antes referido. Com relação à assertiva da fiscalizada de que, quando da operação inicial de compra do grupo SAGEMFrança pelo grupo JCIEstados Unidos, por Є 525.000.000,00, ocorrida em 25/07/2001 — ou seja, mais de dois anos antes —, estaria nela incluído o valor de Є 42.192.265,00, que corresponderia à quantia de US$ 37.202.780,00, é bem de se ver que esse destaque de valor somente se deu posteriormente, por ocasião da aquisição das quotas da JCAE do Brasil pelas empresas JCHC e HOOVER, ambas controladas pela JCIEstados Unidos, e não antes. E, ainda que assim não fosse, tratarseia, no caso, de ágio na aquisição de participação societária apurado no estrangeiro, em operação envolvendo pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, sem qualquer repercussão perante as disposições tributárias internas. E, mesmo que repercussão pudesse haver — apenas para argumentar —, aquele ágio apurado no estrangeiro sobre rentabilidade futura, mais de dois anos antes do suposto ágio que se pretendeu amortizar no Brasil, não poderia — à toda evidência — ser o mesmo ágio, uma vez que, nesse interregno de tempo de mais de dois anos, parte daquela rentabilidade futura, então prevista, já teria, forçosamente, se consumado. Evidentemente que não se trata mais de "ágio", embora possa ter esse liame, que subsiste em caráter puramente econômico, sem poder resultar nenhum efeito tributário. Ou seja, há que se concordar com os argumentos da recorrente no ponto em que sustenta: (i) o ágio decorrente da aquisição de um investimento deve ser registrado por quem o efetivamente suporta, e quem adquiriu a JCAE BR com ágio não foi a recorrente, em 18/12/2003, mas sim o Grupo JCI, em 25/07/2001, quando da aquisição da empresa francesa SAGEM SAS, não podendo ser aplicada a autorização contida no artigo 386, inciso II, do RIR/99; Fl. 2557DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 20 19 Vejase, por pertinente, que o laudo de avaliação apresentado pela autuada, que fundamentou o ágio relativo à expectativa de rentabilidade futura da JCAE do Brasil, é datado de 18/12/2003, ou seja, do mesmo dia em que a controladora da fiscalizada (HOOVER) transferiu a ela todas as quotas da empresa JCAE do Brasil, com um ágio de R$ 75.759.917,68, não fazendo, aquele laudo de avaliação, qualquer referência à operação anteriormente ocorrida mais de dois anos antes, em 25/07/2001. Por outro lado, não se pode considerar que os requisitos autorizadores da amortização do ágio na aquisição de participação societária, quais sejam, o propósito negocial — compreendido como a motivação para adquirir um investimento por valor superior ao custo original —, e o substrato econômico — entendido como decorrente da aquisição de negócio comutativo entre partes independentes, com dispêndio de recursos e previsão de ganho —, além do desembolso financeiro, possam ser buscados em negócio jurídico celebrado por pessoas jurídicas diversas daquela que efetivamente procedeu à amortização do ágio. Quanto a esse ponto, afirma o voto vencedor da decisão recorrida que (efls. 2.315): Em síntese, do ponto de vista jurídico, o ágio registrado na JCBA é um novo ágio que nasce apenas no momento em que ela aumenta o seu capital com quotas da JCAE do Brasil. Não existe uma transferência jurídica do ágio que havia na antiga investidora HOOVER para a JCBA. O que foi transferido foi a titularidade das quotas. Dessa forma, forçoso concluir que o ágio gerado no aumento de capital da JCBA (fiscalizada), mediante conferência de quotas da JCAE do Brasil, é um ágio novo e atendeu aos requisitos do art. 385 do RIR/99, podendo ser amortizado a partir da incorporação dessa última (investida), nos termos do art. 386 do RIR/99, e ser excluído da base de cálculo na apuração do IRPJ e da CSLL, exatamente como procedido pela autuada. Este argumento é um equívoco. Aqui, a contradição é evidente. Se se trata de “ágio novo”, como dito — “São ágios diferentes. O primeiro ágio surgiu com as negociações realizadas entre a HOOVER (USA) e a JCI (USA). O segundo, quando do aumento de capital realizado pela HOOVER (USA) em sua controlada, a JCBA (fiscalizada)” (efls. 2.312) —, não se pode ter, como atendidos, requisitos legais para a amortização de ágio na aquisição de participação societária, tomandose, para esse efeito, o “ágio velho”, como pretendeu, inadvertidamente, aquele voto vencedor. Seria — como bem ressaltado pela Fazenda Nacional, em seu recurso especial —, “aproveitar o melhor de dois mundos”, como seja (efls. 2.381 e 2.382, destaques do original): i. Da operação de compra da SAGEM SAS (controladora da SAGEM BR, posteriormente denominada JCAE BR), ele retira a existência do ágio (propósito negocial e substrato econômico). ii. Da aquisição de investimento e incorporação que envolveram a JCAE BR e a JCBA, os requisitos formais à dedutibilidade da amortização desse ágio (em especial, a confusão patrimonial Fl. 2558DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 21 20 entre investimento e investidor e o laudo de rentabilidade futura). Afirma a autuada, ainda, que, independentemente da forma pela qual a operação fosse implementada, o resultado alcançado teria sido o mesmo. Ocorre, porém, que as disposições tributárias se aplicam a fatos concretos (o denominados fatos geradores), efetivamente realizados — e não a possibilidades abstratas, fruto de elucubrações metafísicas —, não se podendo decidir tendo como base apenas hipóteses e suposições. Cumpre, portanto, perquirir da consistência/validade do referido ágio de R$ 75.759.917,68, de modo a averiguar o cabimento de sua amortização ou não, lembrando que o que interessa, no caso, não é a eventual existência de lesão ao Fisco, mas a subordinação da constituição e da amortização desse ágio aos estritos requisitos da lei. Pois bem, dispõe o art. 386 do RIR/1999, na parte que aqui interessa: Tratamento Tributário do Ágio ou Deságio nos Casos de Incorporação, Fusão ou Cisão Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): [...]; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior [valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, esclareço], nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; Como visto, é pressuposto do “tratamento tributário do ágio ou deságio nos casos de incorporação, fusão ou cisão”, que se trate de participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 385 do mesmo RIR/1999, de seguinte dicção: Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20): I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. Fl. 2559DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 22 21 § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 1º). Observese que o ágio surge (é desdobrado ou segregado contabilmente), por ocasião da aquisição da participação societária com ágio. Há, aqui, portanto, um problema crucial: a fiscalizada não adquiriu participação societária com ágio, de modo a poder desdobrálo. Na verdade, a controladora da autuada (HOOVER) transferiu a ela (autuada), em 18/12/2003, mediante subscrição de capital, todas as quotas da empresa JCAE do Brasil, por ela (HOOVER) possuídas. Esta, por sua vez (HOOVER), também não adquiriu participação societária com ágio, de modo a poder desdobrálo, se é que isso fosse possível (tratase de empresa norte americana). Na verdade, a controladora da controladora da autuada (JCIEstados Unidos) transferiu a ela (HOOVER), também em 18/12/2003, mediante subscrição de capital, todas as quotas da empresa JCAE do Brasil, por ela (JCIEstados Unidos) possuídas. Afirma o voto vencedor, a esse respeito, que (efls. 2.311): Conforme descrito acima, as operações de aquisição das empresas envolvidas, dentre elas a aquisição do controle societário da SAGEM (BR) (denominação depois alterada para JCAE do Brasil (incorporada pela fiscalizada JCBA), iniciaram se em 25/07/2001, quando a empresa JCI (USA) adquire, por intermédio da JCH SAS, braço francês do grupo JCI, a totalidade das ações da SAGEM SAS (França), mediante pagamento de Є 525.000.000,00. A SAGEM SAS (França), por seu turno, detinha o controle da SAGEM (BR). Em consequência dessas transações, podese facilmente verificar que, no valor pago de Є 525.000.000,00, encontravase o ativo representado pelas quotas da SAGEM BR (JCAE do Brasil) pertencentes à empresa adquirida, a SAGEM SAS (França). Ora, se assim é, a aquisição da participação societária com ágio, passível de desdobramento, se deu mais de dois anos antes das operações havidas no Brasil, em 25/07/2001, e, mais ainda, envolvendo pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, não submetidas, por óbvio, às normas tributárias nacionais. Esse ágio, porventura havido, ainda que decorrente de negociações com empresas de diferentes grupos econômicos, entre suas controladoras domiciliadas fora do Brasil (EUA e França) e com a ocorrência de efetivo desembolso financeiro — como defendido no voto vencedor (efls. 2.312) —, submetese, evidentemente, às normas alienígenas do país da empresa adquirente — no caso, os Estados Unidos —, e não às do Brasil. A legislação tributária nacional, como se sabe, destinase precipuamente às entidades empresariais domiciliadas no Brasil. Em resumo, de duas uma: ou o pretendido ágio é o oriundo da aquisição, ocorrida em 25/07/2001, da SAGEM SAS francesa (controladora da SAGEM BR, que veio a se tornar a JCAE do Brasil) pela JCI norteamericana, o que, como visto, o torna insuscetível de consideração pela legislação brasileira —; ou o pretendido ágio é o proveniente da contabilização da operação de subscrição de capital, ocorrida em 18/12/2003, entre a Fl. 2560DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 23 22 fiscalizada e a sua controladora HOOVER, e que também, como visto, não atende aos requisitos da legislação brasileira para a amortização de ágio. A legislação de regência sobre o tema da dedução do ágio, nos termos pleiteados pelo contribuinte são os artigos 7º e 8º da Lei nº 9532/1997, abaixo transcritos: Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (Vide Medida Provisória nº 135, de 30.10.2003) I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2° do art. 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados durante os cinco anoscalendários subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão. § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar: a) o ágio, em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; b) o deságio, em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II do caput: a) será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu Fl. 2561DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 24 23 causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; b) poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. § 4º Na hipótese da alínea "b" do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos e contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente. § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito. Art. 8º O disposto no artigo anterior aplicase, inclusive, quando: a) o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; b) a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. Tais dispositivos estão regulamentados nos arts. 385 (que trata do art. 20 do DecretoLei nº 1.598/1977) e 386 do RIR/99, e no nosso entendimento, conforme demonstrado acima, o ágio pleiteado não se amolda aos seus preceitos. Adicionalmente, cumpre destacar, mas seguindo outra linha argumentativa, que, porém, desagua na mesma conclusão, é que o alegado ágio (construído internamente, pois quando surge em 18/12/2003 a Hoover já controlava a JCAE e a JCBA) é indedutível, pois a absorção patrimonial requerida pela Lei (no caso, uma incorporação da JCAE pela JCBA), deve se dar entre partes que seriam partes não relacionadas anteriormente à operação de aquisição (nos termos da Lei n. 9532/1997, art. 7º caput: “A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra...”). Porém, a aquisição foi consubstanciada no aumento do capital da JCBA, mediante subscrição e integralização pela controladora comum HOOVER das cotas da JCAE; assim, não existe no presente caso a possibilidade da confusão (por absorção) patrimonial requerida pela lei, pois investidora e investida já faziam parte de uma mesma unidade econômica antes das operações que originaram o suposto ágio (ágio de si mesmo, por “aquisição” de participação de si mesmo —, pois nesta fase da operação não há outra pessoa jurídica envolvida, no sentido que lhe empresta a Lei, pois ninguém adquire algo de si mesmo) — portanto, a previsão legal que permite a aproveitamento de ágio não se aperfeiçoou. Assim, temse que o suposto ágio apurado — seja no exterior, seja no Brasil,—, não atendem às prescrições legais e, por conseguinte, não pode ser objeto de amortização dedutível. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Fl. 2562DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 25 24 Em seu recurso a recorrente pretende que o cálculo da CSLL não seja afetado pela dedução de ágio, ainda que se entendesse que este ágio fosse dedutível para o IRPJ. Esta fundamentação (ver Ac. 1302000.834, citado no recurso), que na verdade, poderia ser tratada como tema autônomo, mesmo porque só foi aventada no especial e não constou das discussões anteriores do processo, resta totalmente superada, no caso presente, pela conclusão de que se trata de ágio interno e, portanto, indedutível para qualquer efeito tributário, seja o IRPJ seja a CSLL. Assim, as despesas de ágio, devem ser também adicionadas à base de cálculo da CSLL, já que são indedutíveis para efeitos tributários. Qualificação da multa de ofício Resta, por fim, analisar o tema da multa de ofício lançada de forma qualificada (150%) pela fiscalização e reduzida a 75% pela DRJ, que recorreu de ofício e teve a decisão mantida pelo Acórdão recorrido (dec. unânime neste ponto). Considerando o que se contém nos autos e os argumentos da recorrente e recorrida, não vislumbro razão para manter a qualificação da multa de ofício. Isto porque a acusação de fraude, constante da acusação fiscal, a qual deve se inserir, nas previsões normativas dos art.s 71 a 73 da Lei n. 4.502/1964 aos quais remete o art. 44 da Lei n. 9.430/1995, não ficou suficientemente demonstrada, pois a mera constatação de ausência de propósito negocial em uma fase da operação, em que os fatos são todos reais e declarados ao Fisco, não enseja, per se a qualificação, porque a fraude deve ser melhor demonstrada, pois se trata de dolo o se quer indicar. Embora haja o argumento de simulação no recurso, esta não foi a acusação fiscal (TVF itens 46 a 51, de fls. e1192). Acerca dessa questão, estou de inteiro acordo com o posicionamento adotado pela unanimidade da turma recorrida, no seguinte sentido (efls. 2.309) (voto da lavra C. Viviane Vidal Wagner): A qualificação da multa é medida extrema que exige a demonstração do evidente intuito de fraude a partir de uma conduta dolosa. Inexiste, nos autos, a demonstração de que houve a utilização de algum mecanismo ou instrumento fraudulento a ensejar a qualificação da multa, mas apenas a acusação de que o contribuinte tinha consciência da falta de propósito negocial. Nesse caso, é de se concordar com a conclusão da DRJ, pois o direito de defesa da recorrente restaria prejudicado, em razão dos termos da acusação não permitirem o alcance pretendido pela PGFN. Vejase, também, que o 1o Acórdão paradigma trazido pela recorrente para o tema do ágio (Ac. 1302000.834) neste ponto desqualificou a multa (também por unanimidade), e no segundo, o Ac. 10517.219, não houve sequer lançamento de multa qualificada. Com efeito, não se fundamentando a qualificação procedida pela fiscalização em suposta “simulação” cometida pela sujeito passivo, mas, sim, na sua “perfeita consciência da falta de propósito negocial do ágio gerado internamente”, toda a argumentação da Fazenda Nacional, naquele sentido, revelase improcedente. Fl. 2563DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO Processo nº 16643.000079/200990 Acórdão n.º 9101002.183 CSRFT1 Fl. 26 25 Conclusão Do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso especial da Fazenda Nacional, para restabelecer integralmente a exigência fiscal, exceto no que se refere à multa de ofício, que deve ser aplicada no percentual de 75% (setenta e cinco por cento), mantendose a decisão recorrida nesta parte. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator Fl. 2564DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 16/02/2016 por CARLOS ALBERT O FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 13609.000206/2010-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 22/09/2007 a 30/11/2008
AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, c do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ISENÇÃO. REQUISITOSLEGAIS. O Reconhecimento da imunidade de que trata o §7º do art. 195 da CF/88 depende do cumprimento cumulativo de todos os requisitos fixados no art. 55 da Lei nº 8.212/91 e será concedido à Entidade Beneficente de Assistência Social - EBAS que requerer o benefício tributário ao INSS, nos termos do §1º do mesmo dispositivo legal acima mencionado.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PATRONAIS. ENTIDADEBENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ISENÇÃO. LEI Nº12.101/2009.O direito à isenção das contribuições sociais poderá ser exercido pela Entidade a contar da data da publicação da concessão de sua certificação, desde que atendidos, cumulativamente, todos os requisitos essenciais previstos nos incisos I a VIII do art. 29 da Lei nº 12.101/2009.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FASE PREPARATÓRIA DO LANÇAMENTO. NATUREZA INQUISITIVA. CONTRADITÓRIO INEXISTENTE. DIREITO RESERVADO AO SUJEITO PASSIVO APÓS A CIÊNCIA DO LANÇAMENTO COM O OFERECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO FISCAL. O procedimento administrativo do lançamento é inaugurado por uma fase preliminar, oficiosa, de natureza eminentemente inquisitiva, na qual a autoridade fiscal promove a coleta de dados e informações, examina documentos, procede à auditagem de registros contábeis e fiscais e verifica a ocorrência ou não de fato gerador de obrigação tributária aplicando-lhe a legislação tributária. Dada à sua natureza inquisitorial, tal fase de investigação não se submete ao crivo do contraditório nem da ampla defesa; direito reservado ao sujeito passivo somente após a ciência do lançamento, com o oferecimento de impugnação fiscal, quando se instaura a fase contenciosa do procedimento fiscal.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. AUTO DE INFRAÇÃO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE ELEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade quecaracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, opera-se a inversão do encargo probatório, repousando sobre o Autuado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor dessa presunção.
MULTA DE MORA E DE OFÍCIO. AIOP. CONFISCO. INOCORRÊNCIA. SÚMULA O2 -CARF - INCOMPETÊNCIA PARA PRONUNCIAR SOBRE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. Não constitui confisco a incidência de multa moratória decorrente do recolhimento em atraso de contribuições previdenciárias. Foge à competência deste colegiado a análise da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas no art. 150 da CF/88 E Súmula 02 - CARF.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2302-003.660
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário do Auto de Infração de Obrigação Acessória, lavrado no Código de Fundamento Legal 68, para que a multa aplicada seja calculada considerando as disposições do artigo 32-A, inciso I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Vencia na votação a Conselheira Graziela Parisotto, que entendeu negar provimento ao recurso.
Liége Lacroix Thomasi - Presidente
Luciana Matos Pereira Barbosa- Relatora
EDITADO EM: 09/09/2015
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Graziela Parisotto, André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’ do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ISENÇÃO. REQUISITOSLEGAIS. O Reconhecimento da imunidade de que trata o §7º do art. 195 da CF/88 depende do cumprimento cumulativo de todos os requisitos fixados no art. 55 da Lei nº 8.212/91 e será concedido à Entidade Beneficente de Assistência Social EBAS que requerer o benefício tributário ao INSS, nos termos do §1º do mesmo dispositivo legal acima mencionado. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PATRONAIS. ENTIDADEBENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ISENÇÃO. LEI Nº12.101/2009.O direito à isenção das contribuições sociais poderá ser exercido pela Entidade a contar da data da publicação da concessão de sua certificação, desde que atendidos, cumulativamente, todos os requisitos essenciais previstos nos incisos I a VIII do art. 29 da Lei nº 12.101/2009. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FASE PREPARATÓRIA DO LANÇAMENTO. NATUREZA INQUISITIVA. CONTRADITÓRIO INEXISTENTE. DIREITO RESERVADO AO SUJEITO PASSIVO APÓS A CIÊNCIA DO LANÇAMENTO COM O OFERECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO FISCAL. O procedimento administrativo do lançamento é inaugurado por uma fase preliminar, oficiosa, de natureza eminentemente inquisitiva, na qual a autoridade fiscal promove a coleta de dados e informações, examina documentos, procede à auditagem de registros contábeis e fiscais e verifica a ocorrência ou não de fato gerador de obrigação AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 00 02 06 /2 01 0- 12 Fl. 122DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 tributária aplicandolhe a legislação tributária. Dada à sua natureza inquisitorial, tal fase de investigação não se submete ao crivo do contraditório nem da ampla defesa; direito reservado ao sujeito passivo somente após a ciência do lançamento, com o oferecimento de impugnação fiscal, quando se instaura a fase contenciosa do procedimento fiscal. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. AUTO DE INFRAÇÃO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE ELEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade quecaracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, operase a inversão do encargo probatório, repousando sobre o Autuado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor dessa presunção. MULTA DE MORA E DE OFÍCIO. AIOP. CONFISCO. INOCORRÊNCIA. SÚMULA O2 CARF INCOMPETÊNCIA PARA PRONUNCIAR SOBRE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA. Não constitui confisco a incidência de multa moratória decorrente do recolhimento em atraso de contribuições previdenciárias. Foge à competência deste colegiado a análise da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas no art. 150 da CF/88 E Súmula 02 CARF. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário do Auto de Infração de Obrigação Acessória, lavrado no Código de Fundamento Legal 68, para que a multa aplicada seja calculada considerando as disposições do artigo 32A, inciso I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Vencia na votação a Conselheira Graziela Parisotto, que entendeu negar provimento ao recurso. Liége Lacroix Thomasi Presidente Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora EDITADO EM: 09/09/2015 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Graziela Parisotto, André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leonardo Henrique Pires Lopes e Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo HOSPITAL SÃO JOÃO DE DEUS em face de DecisãoAdministrativa de 1ª Instância proferida pela 7ª Turma de Julgamento da DRJ em Belo Horizonte/MG que julgouimprocedente a Impugnação ao Auto de Infração de Obrigação Principal nº 37.267.0865, lavrado em face da infringência ao artigo 32, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, por ter a Recorrente apresentado as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores, em relação às informações que alteram os valores das contribuições previdenciárias, no período de 09/2007 a 11/2008, conforme descrito no Relatório Fiscal. O Recorrente transmitiu, tempestivamente, declarações à Secretaria da Receita Federaldo Brasil RFB, por intermédio das Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo deServiço e Informações à Previdência Social – GFIP, informando o código FPAS “639”,como se fosse Entidade isenta do recolhimento de contribuições sociais, enquanto o correto seria o código 515, o que resultou em informação a menor no valor das contribuições sociais devidas, a cargo da empresa. A isenção das contribuições previdenciárias se deu em razão da Recorrente ter informado o código FPAS 639, o qual é utilizado, com exclusividade, porentidades beneficentes de assistência social em gozo regular do beneficio da isenção/imunidadede contribuições para a seguridade social, desde que estejam atendidas as exigências estabelecidas emlei. Entretanto durante a ação fiscal, verificouse queo Hospital São João de Deus não obteve arenovação do CEAS – Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, deixando de atender assim, o disposto no Inciso II do Art. 55 da Lei n° 8.212/91, com redaçãodada pela Medida Provisória n° 2.18713/2001. Aduz a fiscalização que o gozo da isenção não é automático, devendo a entidade requererao órgão estatal competente o benefício da isenção perante a Secretaria da ReceitaFederal do Brasil RFB,por força do disposto na Lei n° 11.457/2007, desde que cumpridos osrequisitos dispostos na legislação, conforme determina o §1° do Art. 55 da Lei n°.8.212/91, o que não ocorreu. Dessa forma, a entidade não cumpriu o requisito do inciso II do Art.55 da Lei nº 8.212/91, como também não atendeu o estatuído no §1° do mesmodispositivo legal, vigentes à época da ocorrência dos fatos geradores, não gozando dequalquer benefício fiscal. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o ora Recorrente apresentou impugnação a fls. 44/54. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em BeloHorizonte/MG lavrou Decisão Administrativa, formalizada no Acórdão nº 0229.858 da 7ª Turma da DRJ/BHE, às fls. 86/89, julgando procedente o lançamento fiscal impugnado e mantendo o créditotributário em sua integralidade. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Inconformado com a decisão exarada pelo órgão julgador aquo, o ora Recorrente cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 28/01/2010, interpôs Recurso Voluntário às fls. 92/106, ratificando suas alegações anteriormente expendidas e respaldando suainconformidade em argumentação desenvolvida nos termosa seguir expostos: Cerceamento de defesa, em razão da inobservância de procedimentoadministrativo próprio para suspender o direito à isenção, garantindolhe o exercício da ampla defesa e do contraditório; · afronta à norma inserta no art. 195, §7º, da CF/88, tendo em vista que se enquadra no conceito de associação civil de caráterassistencial e beneficente, fazendo jus às imunidades tributáriasdecorrentes dessa condição; · caráter confiscatório da multa aplicada; · Que o CEBAS tem caráter declaratório; Ao final requer a declaração de insubsistência do Auto de Infração. Após, sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram osautos a este Eg.Conselho. É o relatório. Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa, Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 28/01/2011, conforme AR juntado às fls. 91, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 24/02/2011, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DO CERCEAMENTO DE DEFESA O Recorrente alega que houve cerceamento do seu direito de defesa, tendo em vista a ausência de procedimento administrativo para suspender seu direito à isenção/imunidade tributária, análogo ao estabelecido pelo artigo 32 da Lei nº 9.430/96, no qual o interessado possa expor suas razões e demonstrar que são improcedentes os argumentos levantados pelo fisco, reiterando os argumentos expendidos em sede de Impugnação. Referida alegação não pode prosperar em face ao que ensina o artigo 144 do CTN; no Direito Tributário o lançamento é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda queposteriormente modificada ou revogada.Nessa perspectiva, ainda que a Fl. 125DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 4 5 norma tributária tenha sido revogada ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurídico, não há que se falar em desconstituição do crédito tributário correspondente, senão vejamos: Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportaseà data da ocorrência do fatogerador da obrigação e regesepela lei então vigente, ainda queposteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicaseao lançamento a legislação que, posteriormente àocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novoscritérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado ospoderes de investigação das autoridades administrativas, ououtorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, excetoneste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidadetributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançadospor períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixeexpressamente a data em que o fato gerador se consideraocorrido. Em face da norma mencionada, verificase que a exceção à regra apresentada se dá nos casos em que legislação nova, promulgada posteriormente à ocorrência do fatogerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização,ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao créditomaiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuirresponsabilidade tributária a terceiros. Dentro desses parâmetros, a Lei nº 12.101/2009, além de estabelecer novas normas de direitomaterial tributário, também estabeleceu normas de cunho procedimental, as quais instituíram novos critérios deapuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação dasautoridades administrativas, bem como outorgando ao crédito tributário maiores garantias ouprivilégios. Ressaltese que pelo fato do estabelecimento de requisitos para a concessão de isençãoconfigurar matéria de direito material, e não de direito processual, os mesmos deverão observar os requisitos vigentes à data dos fatos geradores, in casu: · Art. 55 da Lei nº 8.212/91, até 09/11/2008; · Art. 28 da MP nº 446/2008, de 10/11/2008 até 10/02/2009; · Art. 55 da Lei nº 8.212/91, de 11/02/2009 até 29/11/2009, e · Art. 29 da Lei nº 12.101/2009, a contar de 30 de novembro de 2009. No processo sob análise, constatase que o Hospital São João deDeus não obteve a renovação do CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, dessa forma, no período de apuração do débito, não foi observado o disposto no Inciso II do Art.55 da Lei n° 8.212/91, com redação dada pela Medida Provisória n° 2.18713/2001; aliás, nem no momento em que a Recorrente apresentou o Recurso Voluntário sob análise, NÃO Fl. 126DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 juntou a renovação de seu Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, nem tampouco qualquer outra prova capaz de demonstrar que a entidade atendia aos requisitos da lei. O Auto de Infração em debate foi lavrado na vigência e eficácia da Lei nº 12.101/2009, cuja norma procedimental inscrita no seu art. 32 estatui deforma expressa que, constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados noart. 29 dessa mesma lei, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos quedemonstrarem o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. Somase ainda o disposto no §1o do mencionado art. 32, onde prevê que eventual direito à isenção dascontribuições previdenciárias, como as ora em debate, será considerado automaticamente suspenso durante operíodo em que se constatar o descumprimento de requisitos na forma desse dispositivo legal, verbis: Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009 Art. 31. O direito à isenção das contribuições sociais poderá serexercido pela entidade a contar da data da publicação da concessãode sua certificação, desde que atendido o disposto na Seção I desteCapítulo. Art. 32. Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitosindicados na Seção I deste Capítulo, a fiscalização da Secretaria daReceita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo aoperíodo correspondente e relatará os fatos que demonstram o nãoatendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. §1o Considerarseáautomaticamente suspenso o direito à isençãodas contribuições referidas no art. 31 durante o período em que seconstatar o descumprimento de requisito na forma deste artigo,devendo o lançamento correspondente ter como termo inicial a datada ocorrência da infração que lhe deu causa. §2o O disposto neste artigo obedecerá ao rito do processoadministrativo fiscal vigente. No caso ora em apreciação, tanto o inciso II do art. 55 da Lei nº 8.212/91,quanto o caput do art. 38 da MP nº 446/2008, assim como o caput do art. 29 da Lei nº12.101/2009, exigem, como condição para gozar da isenção de contribuiçõesprevidenciárias patronais, que a Entidade Beneficente de Assistência Social seja portadora doCertificado de Entidade Beneficente de Assistência Social; assim, não sendo a Recorrente portadora do CEBAS válido, no períodofiscalizado, ela não faz jus à isenção ora em debate. Nesse contexto, a Fiscalização, constatando o descumprimento desse requisito essencial para o gozo da isenção em tela, considerou automaticamente suspenso qualquer eventual direito àexclusão do crédito tributário, expondo em seu Relatório Fiscalos fatos demonstrativos do descumprimento observado, e lavrando o competente Auto deInfração relativo ao período mencionado no Relatório Fiscal, tudo em perfeita sintonia com os preceitosinsculpidos no art. 32 da Lei nº 12.101/2009 c/c art. 144, §1º, do CTN. Noteseque o processo administrativo fiscalé precedido de uma fase inquisitorial, na qual a autoridade fiscal pratica todos os atos de ofíciode sua competência, aplicando a legislação tributária ao caso concreto (situação de fato), cujo resultado pode ounão Fl. 127DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 5 7 resultar no correspondente lançamento tributário. Nessa fase preliminar, há coleta de informações, dados, elementos de prova, oitiva de testemunhas, análise de documentos, verificação dos registros contábeis e fiscais, tudo objetivando a apuração de eventual ocorrência de fatos geradoresde obrigação tributária principal e/ou acessória. Frisese que, tanto as provas coletadas diretamente pela fiscalizaçãoquanto àquelas obtidas por intermédio dos trabalhos complementares de investigação, não sesubmetem, nesta fase do procedimento, ao crivo do contraditório e da ampla defesa. Somente após encerrado o procedimento fiscal (TEPF), será oportunizado ao sujeito passivo/interessado, o direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa, momento em que, desejando, poderá impugnar os termos dolançamentono AI; é nesse momento que se instaura a fase contenciosa do Processo AdministrativoFiscal, nos termos do art. 14 do Decreto nº 70.235/72, quando então o Contribuinte tem ao seuinteiro dispor, como já dito, o direito ao pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa doprocedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída comos documentos em que se fundamentar, será apresentada aoórgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data emque for feita a intimação da exigência. A Constituição Federal em seu inciso LV do artigo 5º assegura aos litigantes, nos processos judiciais eadministrativos, o exercício do contraditório e a ampla defesa, sendo certo que só se há que falar em litígioapós a impugnação do lançamento, se assim desejar o Contribuinte. Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquernatureza, garantindoseaos brasileiros e aos estrangeirosresidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, àliberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termosseguintes: (...) LV aoslitigantes, em processo judicial ou administrativo, e aosacusados em geral são asseguradosocontraditório eampladefesa, com os meios e recursos a ela inerentes; (grifos nossos) Diante do que ora se expõe, rejeito a preliminar de cerceamento de defesa, visto que foi oportunizado ao Recorrenteo exercício pleno do contraditório e da ampla defesa no procedimento administrativo em comento. Vencidas as preliminares, passo diretamente ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Fl. 128DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 Inicialmente cumpre consignar que os fatos e/ou as matérias que não foram contestados expressamente, tanto em sede de Impugnação como em fase de Recurso Voluntário, são considerados verdadeiros, restando preclusas eventuais arguições em momento posterior, nos termos da legislação que rege a matéria, razão pela qual não serão objeto de apreciação por esteColegiado. Impendese ainda salientar que qualquer questão de fato ou de direito, estranhas ao presente lançamento, ou não oferecidas à apreciação perante o Órgão Julgador de1ª Instância, não serão objeto de apreciação por esta Corte de Julgamento Administrativa, em face ao que dispõe o art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DO DIREITO À ISENÇÃO A Recorrente alega exaustivamente ter havido afronta à norma inserta no art. 195, §7º, daCF/88, por entender que o Hospital São João de Deus se enquadra no conceito de associação civil de caráterassistencial e beneficente, fazendo jus ao gozo dos benefícios de imunidade tributária decorrentes dessa situação, e não à isenção tributária, como insiste em afirmar a autoridade fiscal. Aduz que ao final dos trabalhos fiscalizatórios fora concluído de maneira equivocada, já que se considerou que a entidade deixou de fazer jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º da CF/88, tendo sido lavrado o presente Auto de Infração para aplicação da multa ora combatida por informar nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP, contribuições devidas à Previdência Social correspondentes aos fatos geradores, adotandose o código FPAS 639 e NÃO o código 615, no período descrito no Relatório Fiscal. Referidas alegações não podem prosperar, conforme já esclarecido no Acórdão ora recorrido, o pretendido benefício fiscal só está apto a ser usufruído se o Contribuinte atendera todas as exigências estabelecidas em lei, conforme dispõe o parágrafo 7º do art. 195 da CF/88. Segundo o mencionado dispositivo legal, são isentasde contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social queatenderem às exigências estabelecidas em lei, verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda asociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintescontribuições sociais: (...) §7º Sãoisentas de contribuição para a seguridade social asentidades beneficentes de assistência social que atendam àsexigências estabelecidas em lei. Como sabido,referido dispositivo constitucional foi normatizado por lei ordinária federal, já que só se exige regulamentação por lei complementar para as matérias que fazem exigência expressa por essa modalidade legislativa em seus dispositivos Constitucionais. Nessa ordem de idéias, a matéria em comento foi confiada à Lei nº 8.212/91, cujo art. 55 estabeleceu,expressamente, ser isenta de contribuições previdenciárias a entidade beneficente deassistência social que atendesse, cumulativamente, aos seguintes requisitos: Fl. 129DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 6 9 a) Ser reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou doDistrito Federal ou municipal; b) Ser portadora do Certificado e do Registro de Entidade de FinsFilantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, oqual deve ser renovado a cada três anos; c) Promover gratuitamente e em caráter exclusivo a assistência socialbeneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes,idosos e portadores de deficiência; d) Não perceber seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores oubenfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios aqualquer título; e) Aplicar integralmente o eventual resultado operacional na manutenção edesenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado desuas atividades. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social queatenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I– sejareconhecida como de utilidade pública federal e estadualou do Distrito Federal ou municipal; II–sejaportadora do Registro e do Certificado de EntidadeBeneficente de Assistência Social, fornecidos pelo ConselhoNacional de Assistência Social, renovado a cada três anos;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001); III promova,gratuitamente e em caráter exclusivo, aassistência social beneficente a pessoas carentes, em especial acrianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência;(Redação dada pela Lei nº 9.732/98); IV – nãopercebam seus diretores, conselheiros, sócios,instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruamvantagens ou benefícios a qualquer título; V–apliqueintegralmente o eventual resultado operacional namanutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionaisapresentando, anualmente ao órgão do INSS competente,relatório circunstanciado de suas atividades. (Redação dadapela Lei nº 9.528/97). §1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trataeste artigo será requerida ao Instituto Nacional do SeguroSocial INSS,que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despacharo pedido. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 §2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ouentidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantidapor outra que esteja no exercício da isenção. §3º Para os fins deste artigo, entendesepor assistência socialbeneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quemdela necessitar. (Incluído pela Lei nº 9.732/98). §4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSScancelará aisenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo.(Incluído pela Lei nº 9.732/98). §5o Considerasetambém de assistência social beneficente, paraos fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços depelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nostermos do regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.732/98). §6o A inexistência de débitos em relação às contribuições sociaisé condição necessária ao deferimento e à manutenção daisenção de que trata este artigo, em observância ao disposto no§3o do art. 195 da Constituição. (Incluído pela MedidaProvisória nº 2.18713,de 2001). Notese que oInstituto Nacional do Seguro Social – INSS(hoje RFB) cancelará a isenção se verificado odescumprimento do disposto nesse artigo de lei. Dessarte, para que uma entidadepossa se beneficiar do direito à isenção em comento, é indispensável que comprove ser entidadebeneficente e de assistência social e que seja reconhecida formalmente como de utilidadepública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; que seja portadora deCertificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, além de atender, cumulativamente,aos demais requisitos fixados no art. 55 da Lei nº 8.212/91. Destarte, a mera concessão do CEBAS não implicaper siem isenção das contribuições previdenciárias assinaladas nos art. 22 e 23 da Lei nº8.212/91, é necessário atender, cumulativamente, a todos os requisitos exigidos nos incisos I a V do art. 55da Lei nº 8.212/91; bem como que a Entidade postule o benefício tributário perante o INSS, nos termos do§1º do mesmo dispositivo legal referido, fato esse não comprovado pelo Recorrente. Acerca da questão, impendese salientar que amera obtenção de toda a documentação que satisfaça cumulativamente aos requisitos legaispara a obtenção da isenção de contribuições previdenciárias não implica no direito automático àplena fruição de tal Benefício Fiscal, porquanto o §1º do art. 55 da Lei 8.212/91 determina,taxativamente, que o interessado tem que requerer a isenção ao Instituto Nacional do SeguroSocial INSS,que tem o prazo de 30 dias para despachar o pedido. Sobre esse tema olegislador ordinário ao elaborar a Lei nº 12.101/2009, que instituiu um novo regime jurídicopara a concessão de isenção das contribuições previdenciárias ora em apreço, determinou: Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009 Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do CapítuloII fará jus à isenção do pagamento das contribuições de quetratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de Fl. 131DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 7 11 1991,desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos:(grifos nossos) I nãopercebam seus diretores, conselheiros, sócios,instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens oubenefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título,em razão das competências, funções ou atividades que lhessejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; II – apliquesuas rendas, seus recursos e eventual superávitintegralmente no território nacional, na manutenção edesenvolvimento de seus objetivos institucionais; III apresentecertidão negativa ou certidão positiva com efeitode negativa de débitos relativos aos tributos administrados pelaSecretaria da Receita Federal do Brasil e certificado deregularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; IV – mantenhaescrituração contábil regular que registre asreceitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade deConselho Federal de Contabilidade; V nãodistribua resultados, dividendos, bonificações,participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquerforma ou pretexto; VI – conserveem boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos,contado da data da emissão, os documentos que comprovem aorigem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ouoperaçõesrealizadas que impliquem modificação da situaçãopatrimonial; VII cumpraas obrigações acessórias estabelecidas nalegislação tributária; VIII apresenteas demonstrações contábeis e financeirasdevidamente auditadas por auditor independente legalmentehabilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando areceita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pelaLei Complementar nº 123/2006. Art. 30. A isenção de que trata esta Lei não se estende a entidadecom personalidade jurídica própria constituída e mantida pelaentidade à qual a isenção foi concedida. Art. 31. O direito à isenção das contribuições sociais poderá serexercido pela entidade a contar da data da publicação daconcessão de sua certificação, desde que atendido o disposto naSeção I deste Capítulo. Art. 32. Constatado o descumprimento pela entidade dosrequisitos indicados na Seção I deste Capítulo, a fiscalização daSecretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto deinfração relativo ao período correspondente e relatará os fatosque demonstram o não atendimento de tais requisitos para ogozo da isenção. (grifos nossos) Fl. 132DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 §1o Considerarseáautomaticamente suspenso o direito àisenção das contribuições referidas no art. 31 durante o períodoem que se constatar o descumprimento de requisito na formadeste artigo, devendo o lançamento correspondente ter comotermo inicial a data da ocorrência da infração que lhe deucausa. §2o O disposto neste artigo obedecerá ao rito do processoadministrativo fiscal vigente. É fato que o novo regime jurídico não exige qualquer requerimento aoórgão competente para o gozo do benefício fiscal em debate; o art. 31 da nova legislaçãoautoriza o exercício de tal isenção à entidade beneficente que atender cumulativamentetodos os requisitos previstos no art. 29 daquela Lei Ordinária, mas tão somente a CONTAR DADATA DA PUBLICAÇÃO DA CONCESSÃO DE SUA CERTIFICAÇÃO. É necessário consignar que os atos administrativos, bem como seu conteúdo, gozam de presunção legal iuris tantum de legalidade, legitimidade everacidade. E, utilizando como referência os ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a presunção de veracidadee legitimidade consiste na "conformidade do ato à lei. Em decorrência desse atributo,presumemse,até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos comobservância da lei" (Direito Administrativo, 18ª Edição, 2005, Atlas, São Paulo). Segue ainda a citada autora, "A presunção de veracidade diz respeito aos fatos. Emdecorrência desse atributo, presumemseverdadeiros os fatos alegados pela Administração."(op. cit. pág. 191). A inversão do ônus da prova é consequência lógica da aplicação da presunção de veracidade pelo agente público, cabendo ao particular comprovar o fato constitutivo, modificativo ou extintivo de seu direito de forma a desconstituir a conduta narrada pelo agente público, de maneira a eximir sua responsabilidade administrativa e/ou penal,nos termos dos art. 333, inciso I do Código de Processo Civil, o que não ocorreu no presente caso. Nesse sentido, é adequado interpretar que os fatos constantes em documentos públicos trazem em si a mesma presunção de veracidade dos atos administrativos válidos, inclusive no que se refere à fépública, a qual não pode ser recusada pela Administração Pública, até prova em contrário (artigos 19, II da CF/88 e 364 do CPC). Constituição Federal de 1988 Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal eaos Municípios: (...) II– recusarfé aos documentos públicos; (...) Código de Processo Civil Art. 364. O documento público faz prova não só da suaformação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou ofuncionário declarar que ocorreram em sua presença. No caso concreto observase que O Hospital São João de Deus não obteve a renovação do CEAS –Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, não atendendo dessa forma, odisposto no Inciso II do Art. 55 da Lei n° 8.212/91, com redação dada pela Medida Provisórian°. 2.18713de 2001; bem como o Contribuinte nãoatendeu ao caput do Fl. 133DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 8 13 art. 28 da MP nº 446/2008, nem ao caput doart. 29 da Lei nº 12.101/2009, e, partindo da presunção de veracidade do ato administrativo, bem como da inexistência de fato constitutivo, modificativo ou extintivo apresentado pelo Recorrente, o Auto de Infração lavrado é válido. Ou seja, partindo da premissa de que o Auto de Infração é documento público oriundo de ato administrativo, formalizado pela Autoridade Fiscal, estando apto a gerar todos os efeitos dele decorrentes, esperase que a parte interessada se empenhe em afastar a eficácia do lançamento em debate; entretanto, em sua defesa administrativa, tanto em grau de Impugnaçãoquanto em sede de Recurso Voluntário, o Recorrente não produziu qualquer prova de que detenha o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social válido no período fiscalizado, a dar esteio ao direito à isenção pretendida. O que se observa é que o Recorrente apresentou alegações recursais, desacompanhadas de qualquer indício de prova material, capaz de lhe fornecer o mínimo de esteio probatório, e, como é de conhecimento geral, no Processo Administrativo Fiscal, referidas alegações devem ser lastreadas em provas documentais. A contestação dos fatos por negativa geral não é admitida em nosso ordenamento jurídico, seja no âmbito administrativo, seja no âmbito judiciário;as autuações do Fisco exigem que o sujeitopassivo instrua sua defesa com todas as provas documentais garantidoras de seu direito, sob pena de preclusão. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 17. Considerarseánão impugnada a matéria que não tenhasido expressamente contestada pelo impugnante. Referida contestação expressa da matéria, mencionada no dispositivo legal supramencionado, deve ser acompanhada de suporte probatório consistente e não somente de alegações técnicasdoutrinárias ou de suposta ocorrência de fatos e de ações sem nenhum amparo probatório a corroborar sua veracidade. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado,sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para ainstrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Impendese ainda salientar que, é irrelevanteo debate acerca da naturezajurídica do CEBAS, se constitutiva ou declaratória, bem como os seus efeitos. O que deve ser verificado, preliminarmente, de acordo com a legislação que rege a matéria, é se o Recorrente comprovou ser possuidor do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, o que NÃO ocorreu no presente caso. Desta feita, é incontroverso o entendimento, pelo que se coligiu até o momento, que o Recorrente não tem direito ao benefício de isenção de contribuições previdenciárias em debate. 3.2. DA MULTA – RETROATIVIDADE BENÉFICA As normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas pela Lei nº 11.941/2009, produto da conversão da Medida Provisória nº 449/2008. Tais Fl. 134DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32A, ad litteris et verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32A O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo,mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §3 A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores era punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/91. A Medida Provisória nº Fl. 135DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 9 15 449/2009, convertida na Lei nº 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível. A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I do art. 32A acima transcrito, fato que demonstra tratarse a ora discutida imputação, de penalidade administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstancia em infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN. A Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a IN RFB nº 1.027/2010, que assim dispôs em seu art. 4º: Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/04/2010 Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I – até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. §1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista. Fl. 136DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 Óbvio está que os dispositivos selecionados encartados na IN RFN nº 1.027/2010 extravasaram o campo reservado pela CF/88 à atuação dos órgãos administrativos, que não podem ultrapassar o âmbito da norma legal que rege a matéria ora em relevo, tampouco inovar o ordenamento jurídico. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessórias, para, em seguida, se confrontar tal somatório com o valor da multa calculada segundo a metodologia descrita no art. 35A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator. Entendo que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores e a penalidade pecuniária prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de lançamento de ofício de obrigação tributária principal A análise da lei mais benéfica não pode superar tais condições de contorno, pois, como já afirmado alhures, tratase de obrigação acessória que é absolutamente independente de qualquer obrigação principal. Notese que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação entre (a) o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica. De outro lado, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Mostrase flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, acrescentado pela IN RFB nº 1.027/2010, é tendente a excluir sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106, II, ‘c’ do CTN, pois emprega como parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória. Fl. 137DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 10 17 Há que se reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e vice versa. Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim, de dispensa de penalidade pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN. É mister ainda destacar que o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela Medida Provisória nº 449/2008, apenas se refere ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não produzindo qualquer menção às penalidades administrativas decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44 Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007); II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) Fl. 138DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Assim, em virtude da total independência e autonomia entre as obrigações tributárias principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Uma vez que a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória encontrase prevista em lei, somente o Poder Legislativo dispõe de competência para dela dispor. A legislação complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, é pai pequeno no terreiro, não podendo dispor autonomamente de forma contrária a diplomas normativos de mais graduada estatura na hierarquia do ordenamento jurídico, in casu, a lei formal, e assim extrapolar os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em flagrante violação às disposições insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito. Vislumbrase inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que o sujeito passivo haja promovido, tempestivamente, o exato recolhimento do tributo correspondente, conforme assentado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010, por representar a novel legislação encartada no art. 32A da Lei nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte, verificase a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração. Assim, tratandose o presente caso de hipótese de entrega de GFIP contendo informações incorretas ou com omissão de informações, deverá ser aplicada a penalidade Fl. 139DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 13609.000206/201012 Acórdão n.º 2302003.660 S2C3T2 Fl. 11 19 prevista no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, se e somente se esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente. 4. CONCLUSÃO: Dessa forma, considerando que o Recorrente não apresentou o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, válido para o período objeto da autuação, como exigido no inciso II do artigo 55 da Lei nº 8.212/91, vigente à época dos fatos geradores, bem como não contestou os valores lançados pela auditoria fiscal a partir de seus próprios documentos, correta a lavratura do Auto de Infração para aplicação da multa por não informar corretamente em GFIP a contribuição devida à Previdência Social. Entretanto, no Auto de Infração de Obrigação Acessória, lavrado no Código de Fundamento Legal 68, devese calcular a multa aplicada considerando as disposições do artigo 32A, inciso I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 Pelo exposto VOTO para CONHECER DO RECURSO e no mérito DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, para que no Auto de Infração de Obrigação Acessória, lavrado no Código de Fundamento Legal 68, a multa aplicada seja calculada considerando as disposições do artigo 32A, inciso I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 É como voto. Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 10/09/20 15 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 10/09/2015 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 10380.727157/2012-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2009, 2010
Ementa:
PASSIVO. OBRIGAÇÕES COMPROVADAS. EXCLUSÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL. PROCEDÊNCIA.
No caso em que as próprias autoridades autuantes, em procedimento de diligência requerido na instância julgadora de primeiro grau, revisam o lançamento e concluem que as obrigações anteriormente tidas como não comprovadas efetivamente existiram, restando regular a escrituração contábil em relação a essas obrigações, não há reparo a ser feito na decisão que, com suporte em tais conclusões, exclui de tributação a matéria tributável correspondente.
DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. PROCESSOS CONEXOS. APRECIAÇÃO POR UNIDADES ADMINISTRATIVAS DISTINTAS. AUTORIZAÇÃO POR NORMA REGIMENTAL. EXISTÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Presente autorização regimental para que a autuação refletida em processo conexo seja apreciada por autoridade julgadora distinta da competente para julgar o denominado lançamento matriz, os pronunciamentos promovidos em primeira instância revelam-se regulares, eis que observado o devido processo legal. Não gozando referidos pronunciamentos de caráter definitividade, descabe falar em cerceamento do direito de defesa, eis que a norma processual faculta ao contribuinte meios para, em âmbito administrativo, reclamar pela uniformização dos entendimentos declinados.
DOCUMENTAÇÃO. ANEXAÇÃO POR PARTE DA AUTORIDADE AUTUANTE. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA.
Se a documentação supostamente não trazida aos autos pela autoridade fiscal é, em sede de defesa, devidamente aportada ao processo pelo autuado, descabe falar em cerceamento, vez que tal providência, à evidência, além de comprovar que ela, a documentação, compunha o acervo auditado, faz desaparecer a própria razão que serve de suporte à alegação.
SALDO CREDOR DE CAIXA. PASSIVO FICTÍCIO OU NÃO COMPROVADO.
Nos exatos termos do disposto no parágrafo 2º do art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598/77, "o fato de a escrituração indicar saldo credor de caixa ou a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas, autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção". Também caracteriza a omissão de receita, a manutenção, no passivo, de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada (art. 40 da Lei nº 9.430/96).
SALDO CREDOR DE CAIXA. MÚLTIPLAS INCIDÊNCIAS. INOCORRÊNCIA.
Descabe falar em multiplicidade de incidência sobre a mesma base de cálculo, na situação em que a apuração do SALDO CREDOR foi feita subtraindo-se do montante apurado em determinado mês os valores submetidos à tributação nos meses anteriores.
PASSIVO NÃO COMPROVADO. DOCUMENTAÇÃO. ANÁLISE.
Tratando-se de passivo não comprovado, a eventual apresentação por parte do autuado de documentos que, ao seu juízo, são hábeis e idôneos à comprovação das obrigações questionadas, impõe à autoridade responsável pela sua análise o dever de realizar cuidadosa apreciação, mormente na circunstância em que a referida análise é empreendida pelas próprias autoridades responsáveis pela autuação. Nessa linha, a rejeição dos documentos oferecidos pela contribuinte fiscalizada deve estar consubstanciada em robusta argumentação, e, principalmente, em elementos que permitam concluir, longe de qualquer dúvida, que a operação espelhada no documento submetido ao seu crivo não foi ou não poderia ser concretizada.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA. ÔNUS INVERTIDO.
A partir da edição da Lei nº 9.430, de 1996, caracterizam-se omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
MULTA QUALIFICADA.
Se os fatos apurados pela Autoridade Fiscal permitem caracterizar o intuito deliberado da contribuinte de subtrair valores à tributação, é cabível a aplicação, sobre os valores apurados a título de omissão de receitas, da multa de ofício qualificada de 150%.
Numero da decisão: 1301-001.842
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício, e, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista, que davam provimento parcial em maior extensão.
documento assinado digitalmente
Wilson Fernandes Guimarães
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luís Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2009, 2010 Ementa: PASSIVO. OBRIGAÇÕES COMPROVADAS. EXCLUSÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL. PROCEDÊNCIA. No caso em que as próprias autoridades autuantes, em procedimento de diligência requerido na instância julgadora de primeiro grau, revisam o lançamento e concluem que as obrigações anteriormente tidas como não comprovadas efetivamente existiram, restando regular a escrituração contábil em relação a essas obrigações, não há reparo a ser feito na decisão que, com suporte em tais conclusões, exclui de tributação a matéria tributável correspondente. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. PROCESSOS CONEXOS. APRECIAÇÃO POR UNIDADES ADMINISTRATIVAS DISTINTAS. AUTORIZAÇÃO POR NORMA REGIMENTAL. EXISTÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Presente autorização regimental para que a autuação refletida em processo conexo seja apreciada por autoridade julgadora distinta da competente para julgar o denominado lançamento matriz, os pronunciamentos promovidos em primeira instância revelam-se regulares, eis que observado o devido processo legal. Não gozando referidos pronunciamentos de caráter definitividade, descabe falar em cerceamento do direito de defesa, eis que a norma processual faculta ao contribuinte meios para, em âmbito administrativo, reclamar pela uniformização dos entendimentos declinados. DOCUMENTAÇÃO. ANEXAÇÃO POR PARTE DA AUTORIDADE AUTUANTE. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Se a documentação supostamente não trazida aos autos pela autoridade fiscal é, em sede de defesa, devidamente aportada ao processo pelo autuado, descabe falar em cerceamento, vez que tal providência, à evidência, além de comprovar que ela, a documentação, compunha o acervo auditado, faz desaparecer a própria razão que serve de suporte à alegação. SALDO CREDOR DE CAIXA. PASSIVO FICTÍCIO OU NÃO COMPROVADO. Nos exatos termos do disposto no parágrafo 2º do art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598/77, "o fato de a escrituração indicar saldo credor de caixa ou a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas, autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção". Também caracteriza a omissão de receita, a manutenção, no passivo, de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada (art. 40 da Lei nº 9.430/96). SALDO CREDOR DE CAIXA. MÚLTIPLAS INCIDÊNCIAS. INOCORRÊNCIA. Descabe falar em multiplicidade de incidência sobre a mesma base de cálculo, na situação em que a apuração do SALDO CREDOR foi feita subtraindo-se do montante apurado em determinado mês os valores submetidos à tributação nos meses anteriores. PASSIVO NÃO COMPROVADO. DOCUMENTAÇÃO. ANÁLISE. Tratando-se de passivo não comprovado, a eventual apresentação por parte do autuado de documentos que, ao seu juízo, são hábeis e idôneos à comprovação das obrigações questionadas, impõe à autoridade responsável pela sua análise o dever de realizar cuidadosa apreciação, mormente na circunstância em que a referida análise é empreendida pelas próprias autoridades responsáveis pela autuação. Nessa linha, a rejeição dos documentos oferecidos pela contribuinte fiscalizada deve estar consubstanciada em robusta argumentação, e, principalmente, em elementos que permitam concluir, longe de qualquer dúvida, que a operação espelhada no documento submetido ao seu crivo não foi ou não poderia ser concretizada. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA. ÔNUS INVERTIDO. A partir da edição da Lei nº 9.430, de 1996, caracterizam-se omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA QUALIFICADA. Se os fatos apurados pela Autoridade Fiscal permitem caracterizar o intuito deliberado da contribuinte de subtrair valores à tributação, é cabível a aplicação, sobre os valores apurados a título de omissão de receitas, da multa de ofício qualificada de 150%.
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OBRIGAÇÕES COMPROVADAS. EXCLUSÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL. PROCEDÊNCIA. No caso em que as próprias autoridades autuantes, em procedimento de diligência requerido na instância julgadora de primeiro grau, revisam o lançamento e concluem que as obrigações anteriormente tidas como não comprovadas efetivamente existiram, restando regular a escrituração contábil em relação a essas obrigações, não há reparo a ser feito na decisão que, com suporte em tais conclusões, exclui de tributação a matéria tributável correspondente. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. PROCESSOS CONEXOS. APRECIAÇÃO POR UNIDADES ADMINISTRATIVAS DISTINTAS. AUTORIZAÇÃO POR NORMA REGIMENTAL. EXISTÊNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Presente autorização regimental para que a autuação refletida em processo conexo seja apreciada por autoridade julgadora distinta da competente para julgar o denominado lançamento matriz, os pronunciamentos promovidos em primeira instância revelamse regulares, eis que observado o devido processo legal. Não gozando referidos pronunciamentos de caráter definitividade, descabe falar em cerceamento do direito de defesa, eis que a norma processual faculta ao contribuinte meios para, em âmbito administrativo, reclamar pela uniformização dos entendimentos declinados. DOCUMENTAÇÃO. ANEXAÇÃO POR PARTE DA AUTORIDADE AUTUANTE. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Se a documentação supostamente não trazida aos autos pela autoridade fiscal é, em sede de defesa, devidamente aportada ao processo pelo autuado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 71 57 /2 01 2- 54 Fl. 533DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 534 2 descabe falar em cerceamento, vez que tal providência, à evidência, além de comprovar que ela, a documentação, compunha o acervo auditado, faz desaparecer a própria razão que serve de suporte à alegação. SALDO CREDOR DE CAIXA. PASSIVO FICTÍCIO OU NÃO COMPROVADO. Nos exatos termos do disposto no parágrafo 2º do art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77, "o fato de a escrituração indicar saldo credor de caixa ou a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas, autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção". Também caracteriza a omissão de receita, a manutenção, no passivo, de obrigações cuja exigibilidade não seja comprovada (art. 40 da Lei nº 9.430/96). SALDO CREDOR DE CAIXA. MÚLTIPLAS INCIDÊNCIAS. INOCORRÊNCIA. Descabe falar em multiplicidade de incidência sobre a mesma base de cálculo, na situação em que a apuração do SALDO CREDOR foi feita subtraindose do montante apurado em determinado mês os valores submetidos à tributação nos meses anteriores. PASSIVO NÃO COMPROVADO. DOCUMENTAÇÃO. ANÁLISE. Tratandose de passivo não comprovado, a eventual apresentação por parte do autuado de documentos que, ao seu juízo, são hábeis e idôneos à comprovação das obrigações questionadas, impõe à autoridade responsável pela sua análise o dever de realizar cuidadosa apreciação, mormente na circunstância em que a referida análise é empreendida pelas próprias autoridades responsáveis pela autuação. Nessa linha, a rejeição dos documentos oferecidos pela contribuinte fiscalizada deve estar consubstanciada em robusta argumentação, e, principalmente, em elementos que permitam concluir, longe de qualquer dúvida, que a operação espelhada no documento submetido ao seu crivo não foi ou não poderia ser concretizada. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA. ÔNUS INVERTIDO. A partir da edição da Lei nº 9.430, de 1996, caracterizamse omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA QUALIFICADA. Se os fatos apurados pela Autoridade Fiscal permitem caracterizar o intuito deliberado da contribuinte de subtrair valores à tributação, é cabível a aplicação, sobre os valores apurados a título de omissão de receitas, da multa de ofício qualificada de 150%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 534DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 535 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício, e, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista, que davam provimento parcial em maior extensão. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luís Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado). Fl. 535DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 536 4 Relatório Trata o presente processo de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS, relativas aos anoscalendário de 2008 e 2009. Transcrevo, a seguir, relato feito em primeira instância acerca dos fatos apurados e das razões trazidas pela fiscalizada em sede de impugnação. [...] Contra o sujeito passivo de que trata o presente processo foram lavrados os autos de infração a seguir indicados: Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, fls. 03/13, no valor total de R$ 13.169.704,60, incluídos encargos legais. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, fls. 14/23, no valor total de R$ 4.931.989,93, incluindo encargos legais. Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Cofins, fls. 24/42, no valor total de R$ 7.650.371,95, incluindo encargos legais. Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, fls. 43/63, no valor total de R$ 1.660.936,05, incluindo encargos legais. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 05/06, e o Termo de Verificação Fiscal, fls. 64/72, foram apuradas as seguintes infrações: 1 – Omissão de Receitas (Saldo Credor de Caixa) Conforme Termo de Intimação Fiscal N° 3, a empresa foi intimada a comprovar, através de documentos hábeis e idôneos, o suprimento de caixa registrado na contabilidade em 15/02/08, em dinheiro, no valor de R$ 7.918.488,22, lançado em contrapartida da conta DUPLICATAS A RECEBER. Foi anexado a este processo o Razão da conta DUPLICATAS A RECEBER referente ao mês de fevereiro de 2008, no qual consta o referido lançamento. Ressaltese que na conta DUPLICATAS A RECEBER não havia saldo suficiente para comportar o suprimento de caixa mencionado. Também foi intimada a comprovar os direitos registrados junto à empresa RECICLAR RECICLADORA DE PLÁSTICO LTDA conta do Ativo 121010006, em relação ao ano de 2008, cujo saldo ao final do referido exercício era de R$ 4.217.531,34, e o suprimento de caixa, em dinheiro, no mesmo valor de R$ 4.217.531,34, registrado na contabilidade em 02/01/2009. A empresa não apresentou quaisquer esclarecimentos, conforme Termo de Constatação Fiscal de 10/05/2012. Não tendo a empresa apresentado documentação comprobatória dos elevados ingressos na conta CAIXA 111010001, nem das contrapartidas dos referidos Fl. 536DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 537 5 lançamentos, a conta caixa foi recomposta desconsiderandose o ingresso dos referidos valores, R$ 7.918.488,22 (lançamento efetuado no dia 15/02/2008) e R$ 4.217.531,34 (lançamento efetuado no dia 02/01/2009). Com a recomposição da conta CAIXA, por meio do estorno dos referidos lançamentos contábeis, constatouse a existência de saldo credor de caixa, caracterizando a prática de omissão de receitas por parte da empresa, conforme previsto no inciso I do art. 281 do Decreto 3.000 de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda) c/c DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, § 2º e Lei nº 9.430, de 1996, art. 40. Conforme Termo de Intimação Fiscal 04 de 05/06/2012, recebido pelo Procurador e Contador da empresa no dia 13/06/2012, o contribuinte foi cientificado da constatação da prática de omissão de receitas, diante da existência de saldo credor de caixa, e do DEMONSTRATIVO DA RECONSTITUIÇÃO DA CONTA CAIXA (em anexo ao Termo), também tendo sido intimado a discriminar a quais produtos a receita omitida se refere. Decorrido o prazo de 05 (cinco) dias, a empresa não apresentou quaisquer esclarecimentos adicionais. Caracterizada a omissão de receitas, além do lançamento correspondente ao IRPJ, foram efetuados os lançamentos reflexos de CSLL, COFINS E PIS. As bases de cálculo utilizadas foram os maiores saldos credores da conta CAIXA, apurados em cada mês, abatendose os valores acumulados já utilizados como base de cálculo nos meses anteriores. Enquadramento Legal: art. 3º da Lei nº 9.249/95; arts. 247, 248, 249, inciso II, 251, 277, 279, 280, 281, inciso I, e 288 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto nº 3.000/99 RIR/99. 2 – Omissão de Receitas (Passivo Fictício) Conforme Termo de Intimação Fiscal N° 3, a empresa foi intimada a comprovar, através de documentos hábeis e idôneos, os lançamentos relacionados no demonstrativo LANÇAMENTOS CONTÁBEIS CUJOS DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DEVEM SER APRESENTADOS, em anexo ao Termo, e o registro das obrigações para com as empresas MULTIUNIÃO COMÉRCIO DE USINAGEM LTDA conta contábil do Passivo 211010499 e PREMIX MULTIOLEFINAS COMERCIAL LTDA conta contábil do Passivo 211010570, referentes aos anos de 2008 e 2009, bem como a liquidação das referidas obrigações. Conforme Termo de Intimação Fiscal 04 de 05/06/2012, recebido pelo Procurador e Contador da empresa no dia 13/06/2012, a empresa foi reintimada e cientificada de que a não apresentação da documentação comprobatória das obrigações listadas no item 06 caracterizaria a omissão de receitas nos termos do art. 40 da Lei 9.430/96. Tratamse de lançamentos referentes a empréstimos contraídos junto a instituições financeiras, sem a devida comprovação. Também foi reintimada e cientificada de que a não comprovação das obrigações registradas na contabilidade junto às empresas MULTIUNIÃO COMÉRCIO DE USINAGEM e PREMIX MULTIOLEFINAS COMERCIAL LTDA também caracterizaria a omissão de receitas, tendo sido anexados os razões das duas contas. Fl. 537DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 538 6 Decorrido o prazo de 05 (cinco) dias, a empresa não apresentou quaisquer esclarecimentos adicionais, o que caracteriza a existência de passivo fictício em sua escrituração contábil, conforme previsto no inciso III do art. 281 do Decreto 3.000 de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda) c/c DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 12, § 2° e Lei n° 9.430, de 1996, art. 40. Caracterizada a omissão de receitas, além do lançamento correspondente ao IRPJ, foram efetuados os lançamentos reflexos de CSLL, COFINS E PIS. As bases de cálculo utilizadas são os valores mensais das obrigações não comprovadas. Enquadramento Legal: art. 3º da Lei nº 9.249/95; arts. 247, 248, 249, inciso II, 251, 277, 279, 280, 281, inciso III, e 288 do RIR/99. 3 – Omissão de Receitas (Depósitos Bancários de Origem não Comprovada) Conforme Termo de Intimação Fiscal N° 3, a empresa foi intimada a comprovar, através de documentos hábeis e idôneos, os lançamentos relacionados no demonstrativo LANÇAMENTOS CONTÁBEIS CUJOS DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DEVEM SER APRESENTADOS, em anexo ao Termo. Entre os lançamentos relacionados está o correspondente ao depósito efetuado no dia 28/03/2008, na conta 111020017 – UNIBANCO S/A AG.0373 CTA 2197359, no valor de R$ 1.344.000,00. Conforme Termo de Intimação Fiscal 04 de 05/06/2012, recebido pelo Procurador e Contador da empresa no dia 13/06/2012, a empresa foi reintimada a comprovar a origem dos recursos referentes ao referido depósito, com a documentação hábil e idônea. Também foi informada de que a não comprovação da origem dos recursos seria enquadrada como omissão de receitas nos termos do art. 42 da Lei 9430/96. Decorrido o prazo, a empresa não apresentou a referida documentação, caracterizando a existência de depósitos bancários de origem não comprovada, conforme previsto no art. 287 do Regulamento do Imposto de Renda, c/c art. 42 da Lei 9.430/96. Caracterizada a omissão de receitas, além do lançamento correspondente ao IRPJ, foram efetuados os lançamentos reflexos de CSLL, COFINS E PIS. A base de cálculo utilizada foi o valor de R$ 1.344.000,00, referente ao depósito não comprovado, conforme lançamento contábil efetuado no dia 28/03/2008, na conta 111020017 – UNIBANCO S/A AG.0373 CTA 2197359. Enquadramento Legal: art. 3º da Lei nº 9.249/95; arts. 247, 248, 249, inciso II, 251, 277, 279, 280, 287 e 288 do RIR/99. 4 – Incidência NãoCumulativa Padrão – Insuficiência de Recolhimento da Cofins Conforme Termo de Intimação Fiscal N° 3, a empresa foi intimada a justificar as diferenças apuradas quanto à COFINS, no DEMONSTRATIVO DE DIFERENÇAS APURADAS CONTRIBUIÇÕES, em anexo ao Termo. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 539 7 As bases de cálculo consideradas na apuração da COFINS, bem como os créditos apurados foram demonstrados no batimento em anexo ao Termo (EVIDENCIAÇÃO DA COFINS DEVIDA EM CADA COMPETÊNCIA). As bases de cálculo referemse a receitas escrituradas na contabilidade da empresa e os créditos referemse a notas fiscais apresentadas pela empresa à fiscalização. Os valores das contribuições que foram lançadas, são os relacionados no DEMONSTRATIVO DE DIFERENÇAS APURADAS CONTRIBUIÇÕES (em anexo ao Termo), obtidos com base na conta contábil 21301006 – COFINS A RECOLHER. Foram abatidos os valores declarados em DCTF. A empresa não apresentou quaisquer esclarecimentos sobre as diferenças apuradas. Para esta infração foi aplicada a multa de 75% (setenta e cinco por cento). O enquadramento legal encontrase discriminado na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 26/35. 5 – Incidência NãoCumulativa Padrão – Insuficiência de Recolhimento da Contribuição para o PIS/PASEP Conforme Termo de Intimação Fiscal N° 3, a empresa foi intimada a justificar as diferenças apuradas quanto ao PIS, no DEMONSTRATIVO DE DIFERENÇAS APURADAS CONTRIBUIÇÕES, em anexo ao Termo. As bases de cálculo consideradas na apuração do PIS, bem como os créditos apurados, estão demonstrados no batimento em anexo ao Termo (EVIDENCIAÇÃO DO PIS DEVIDO EM CADA COMPETÊNCIA). As bases de cálculo referemse a receitas escrituradas na contabilidade da empresa e os créditos referemse a notas fiscais apresentadas pela empresa à fiscalização. Os valores das contribuições que foram lançadas, são os relacionados no DEMONSTRATIVO DE DIFERENÇAS APURADAS CONTRIBUIÇÕES (em anexo ao Termo), obtidos com base na conta contábil 21301005 – PIS A RECOLHER. Foram abatidos os valores declarados em DCTF. A empresa não apresentou quaisquer esclarecimentos sobre as diferenças apuradas. Para esta infração foi aplicada a multa de 75% (setenta e cinco por cento). O enquadramento legal encontrase discriminado na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 26/35. Ao final do Termo de Verificação Fiscal, fls. 64/72, os autuantes “fazem” a seguinte conclusão: Tendo sido constada a existência de contribuições sociais a recolher (COFINS e PIS) e a prática, por parte da empresa fiscalizada, de omissão no registro de receitas foi efetuado o presente lançamento referente ao IRPJ, CSLL COFINS e PIS. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 540 8 As alíquotas utilizadas foram evidenciadas nos demonstrativos em anexo ao presente auto de infração. Quanto às infrações correspondentes à omissão de receita (saldo credor de caixa, passivo fictício e depósitos bancários de origem não comprovada), a multa aplicada foi de 150% (cento e cinqüenta por cento), qualificada nos termos do art. 44, inciso I e § 1º da Lei 9.430/96, com redação dada pela Lei 11.488/2007, c/c art. 71 da Lei 4.502/64. Como ficou demonstrado, a empresa utilizou diversos artifícios para omitir o registro de suas vendas. É de se estranhar que a empresa não tenha se manifestado sobre o depósito milionário (R$ 1.344.000,00) na sua conta bancária junto ao Unibanco, realizado em 28/03/08. Também não se manifestou sobre os empréstimos junto ao Banco Guanabara (R$ 1.000.000,00) e BANRISUL (R$ 1.438.969,72). A empresa também não apresentou os documentos comprobatórios de seus direitos de credor junto à empresa RECICLAR RECICLADORA DE PLÁSTICO LTDA no valor, também milionário, de R$ 4.217.531,34. É importante ressaltar o pagamento desse elevado valor em um único dia, em dinheiro, por parte da RECICLAR RECICLADORA DE PLÁSTICO LTDA para a IBAP. A prova cabal de que todas essas práticas visavam omitir o ingresso de receitas da empresa é a baixa da conta DUPLICATAS A RECEBER, no valor de R$ 7.918.488,22, em contra partida da conta CAIXA no dia 15/02/08, conforme evidenciado no razão da conta DUPLICATAS A RECEBER referente ao mês de fevereiro de 2008 (em anexo). Para que isso acontecesse, todos os clientes da empresa deveriam ter pago suas duplicatas, em dinheiro, ao mesmo tempo. Mais grave do que isso é o fato de que não havia saldo para comportar esse valor. O saldo da conta DUPLICATAS A RECEBER, antes deste lançamento, era de R$ 4.862.209,04. A empresa adotou as práticas contábeis anteriormente mencionadas para ocultar a ocorrência dos fatos geradores de tributos decorrentes das receitas omitidas, tendo deixado de declarar os tributos devidos em DCTF e efetuar os recolhimentos respectivos. Por tudo que foi exposto restou clara a ação e/ou omissão do contribuinte acarretando a qualificação da multa ora imposta. Tais condutas do contribuinte também configuram, em tese, crime contra a ordem tributária nos termos dos artigos 1º e 2º da Lei 8.137/90. Inconformado com as exigências, das quais tomou ciência em 20/06/2012, fls. 04, 15, 24 e 44, o contribuinte apresentou impugnação em 20/07/2012, fls. 146/166, contrapondose aos lançamentos com base nos argumentos a seguir sintetizados. DO PASSIVO FICTÍCIO E DO SALDO CREDOR DE CAIXA. QUADRO HISTÓRICO Alega a defesa que, independentemente do mérito, a recomposição de Caixa manejou apenas a coluna de "entradas não comprovadas", que a autoridade lançadora chama "estornos realizados" (fls. 117/138 do arquivo pdf, de numeração não imprimível). Fl. 540DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 541 9 Afirma que, se o saldo credor de caixa somente veio à tona porque a impugnante teria pago fornecedores com recursos que estavam efetivamente em seu caixa físico, tais recursos de caixa, ainda que oriundos de operações supostamente não contabilizadas, giravam DENTRO da empresa, de modo que, pago o tributo sobre o mais antigo valor acaso desvendado, esse mesmo valor há de ser transposto do "caixa físico" para o Caixa Contábil, sob pena de a tributação vir a incidir várias vezes sobre a mesma operação. Considera fundamental trazer algumas explicações sobre o estouro de caixa (saldo credor), bem como sobre o passivo fictício que, a rigor se confundem na formação do lucro presumidamente omitido. Nesse sentido, a defesa faz um análise histórica das duas presunções legais – saldo credor de caixa e passivo fictício – com a transcrição da legislação pertinente e da jurisprudência administrativa, para, ao final, concluir que, fosse nos primórdios, antes do Decretolei 1.598/77; fosse sob a sua vigência, seja agora sob a Lei n° 9.430/96, o passivo fictício tem sido, e é – e sempre o será – , uma presunção, na medida em que outros ingressos podem lastrear os pagamentos não contabilizados. Outros ingressos? Sim, vejamolos: (i) dinheiro com problema no Direito de Família, da mulher, do pai, do filho, do sogro, de um parente, em que a conveniência familiar de não aparecer é maior do que o risco fiscal de ocultar; (ii) dinheiro de empréstimos de particulares. Deveras, quantas empresas não se socorrem dos agiotas quando perdem o crédito na rede bancária? Como contabilizar? Evidente que não há como. (iii) Também os dinheiros sob preconceitos: fiéis, religião, amantes, companheiro (a), em que o impedimento de aparecer, para alguns, é absoluto, armários, seitas e quejandos. (iv) Configurações outras, assustadoras, com origem no ilícito penal propriamente dito: quantas empresas foram abertas ou supridas de Caixa com o produto do roubo do Banco Central?! Evidente que não se trata de omissão de receitas, nem o assaltante confessará que o dinheiro suprido viajou no túnel do banco. E dos políticos, dizem os jornais. Entende a defesa que, em qualquer desses ingressos, nenhuma omissão de receitas, muitos menos a incidência de PIS e Cofins, mas real a omissão negocial, a grande diferença entre a presunção (possibilidade, probabilidade) e a verdade material cabalmente comprovada, o fato real. Em sendo o passivo fictício apenas uma presunção, há de se lhe aplicar o tipo nãopenal, na forma do art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430, matéria a ser demonstrada mais adiante, uma vez que a autoridade do lançamento aplicou a multa de 150%, que corresponde, não à presunção da omissão, mas à certeza da fraude, da sonegação ou do conluio. DO TIPO FISCAL DO PASSIVO FICTÍCIO: MANUTENÇÃO A defesa faz uma breve análise sobre qual seria o tipofiscal do Passivo Fictício, com transcrição de doutrina e dispositivos legais que tratam da referida presunção legal. Considera que, tanto pelo disposto no art. 12, § 2º, do DecretoLei nº 1.598/77 quanto pelo estabelecido pelo art. 40 da Lei nº 9.430/96, o tipofiscal é a manutenção. Fl. 541DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 542 10 A partir da definição do que venha a ser manutenção «fazer perdurar em determinado estado» indaga: Perdurar por quanto tempo? Quando, o corte, no tempo? A lei específica nada diz. Dilo a Ciência Contábil: manutenção, em contabilidade, é a posição contábil levada ao encerramento do exercício, quando todas as contas transitórias são encerradas; e algumas, as contas mantidas, são transpassadas para o exercício seguinte. Em conclusão, uma situação passiva em janeiro e encerrada em janeiro não é conta mantida no balanço da empresa, porque transitoriamente encerrada. Uma posição contábil é transitória quando criada depois do balanço de abertura e encerrada no balanço final; é conta mantida quando vem a ultrapassar o balanço final para ser restaurada no balanço seguinte. O Parecer Normativo CST n° 108/78 é muito objetivo em esclarecer que transitórias são as contas abertas e encerradas até o balanço em curso; e permanentes (mantidas), as contas que ultrapassam o exercício seguinte. Na ausência de outro critério, a expressão legal «manutenção no passivo» há de ser tomada no sentido léxicológicocontábil, de conta que permaneceu (mantida), mas nada a ver com ativo permanente. Afinal, a lei tributária não pode subverter a linguagem (art. 110 do CTN). Considera que, se o suposto passivo fictício não representasse recursos de caixa entregues pelo proprietário ou controlador da companhia, e utilizados no efetivo pagamento de títulos da empresa, o tal passivo fictício jamais viria a ser encontrado, tudo por uma razão muito simples: encontrado foi pelo Fisco justamente porque DENTRO da empresa, no giro da empresa, ainda que não tenha hipótese que se diz apenas em prol do direito de argumentar , ingressado pela via contábil ao Caixacontábil da empresa. Na gaveta, sim; no Caixafiscocontábil, não. Em suma, a distribuição, ainda que presumida, do passivo fictício, situase no campo da impossibilidade contábil. Continuando a defesa faz os seguintes questionamentos e manifesta o seu entendimento. Impossibilidade contábil? Sim, isto mesmo, assim o vejamos. Admitase esteja a empresa a venderereceber, sem todavia fazer o registro de parte ou da totalidade dessa vendarecebimento. Obviamente, o dinheiro físico é desviado da empresa para o seu proprietário ou controlador. O proprietário ou controlador pode dar diversos destinos ao recurso que embolsou, digamos, viagens, mansões, fazendas, etc. Pode também devolver à empresa os recursos de caixa que dela desviou. E o faz por uma razão fundamental: a empresa necessita dos recursos justamente para pagar as duplicatas aos seus fornecedores. Recursos de caixa? Sim, os recursos de caixa, expressão fundamental da configuração do passivo fictício, assim o registro expresso do Decretolei n° 1.598/77. Vale mencionar que, anteriormente ao Decretolei 1.598/77, ainda em 1970, a CST – Coordenação do Sistema de Tributação da Secretaria da Receita Federal baixara o Parecer Normativo n° 214 (30.07.1970), explicitando que a «Importância tributada em poder da pessoa jurídica como "passivo fictício", em virtude de ação fiscal, pode ser considerada reserva livre para fins de aumento de capital», o que afasta de imediato o entendimento de que o valor presumidamente omitido fora também presumidamente distribuído. Evidente que um recurso de caixa encontrado DENTRO da empresa, justo porque a biópsia das suas entranhas demonstrara a existência da reserva de lucros formada por obrigações inexistentes, não pode ser considerado distribuído, exatamente porque encontrado dentro da empresa, ali mesmo, na empresa (pleonástico), girando dentro da empresa, sem qualquer distribuição; pelo contrário, Fl. 542DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 543 11 em vez de distribuição, o aporte do seu valor pelo proprietário. Logo, repercutir o IRFonte sobre fato materialmente inexistente, inclusive do ponto de vista teórico, impossível de acontecer, porque os recursos foram utilizados no pagamento aos fornecedores equivale a cobrar tributo sob o formato do enriquecimento ilícito. Em seguida, a defesa passa a fazer uma análise do disposto no art. 12, § 3º, do DecretoLei nº 1.598/77, que trata da presunção legal de Suprimentos de Caixa efetuados por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia. Nesse sentido, conclui que, apenas para argumentar, seja dada a hipótese de, configurado o passivo fictício e/ou saldo credor de caixa, o contribuinte tem o direito ao arbitramento do lucro tributável da referida operação, na forma do § 3º do art. 12 do Decretolei n° 1.598/77. Sob que critérios? A legislação do Imposto de Renda dispõe de amplos critérios para segregar resultados, sem desprezar a escrita contábil. Exemplo: lucro da exploração, por atividades. Não seria, evidente, o caso de arbitrar todo o lucro, desprezando a escrita da empresa; mas apenas de segregar os «recursos de caixa fornecidos à empresa». Por que não o critério de 9,6% da empresa comercial/industrial, do critério geral de arbitramento, a incidir tãosó sobre os tais recursos de caixa fornecidos à empresa? DA COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL DO PASSIVO Afirma a impugnante que inexistiu qualquer passivo nãocomprovado. Existiu, sim, a efetiva dificuldade de administrar o fluxo de papéis à equipe fiscal. Considera que não é fácil levar papéis à autoridade lançamento em atividade externa, noutras empresas, noutros municípios, quando da intimação para comparecer à sede do Fisco. Tanto mais difícil ante a dificuldade de qualquer contato, seja pelo minguado expediente ao público (somente pela manhã, não antes das 09h nem depois das ll:30h); seja por conta das barreiras instransponíveis, crachás, senhas e agendamentos. Para evitar tais contratempos é que a lei estabelece a proibição de fiscalizar pela via postal. Alega que jamais recusou a apresentação de qualquer documento. Houve apenas o desencontro provocado pela infração, cometida pelo Fisco, da regra do art. 904 do RIR/99. Com estes esclarecimentos, eis a documentação das contas, comprovandoas: • Multiunião Comércio de Usinagem Ltda, anexo n° 1; • Premix Multiolefinas Comercial Ltda, anexo n° 2; • Banco Banrisul S. A., Banco Guanabara S. A. e Unibanco S. A., anexo n° 3. A discussão resumese, ante as comprovações, à recomposição do Caixa, valores antecipados (Duplicatas a Receber) e da conta Reciclar Recicladora de Plástico Ltda. A autoridade do lançamento agiu com absoluta correção na recomposição do saldo de Caixa; excluindo o valor dado como recebido, alocandoos de volta à medida do recebimento. O erro deuse apenas quando somou todos os saldos do mês, passando por cima da evidência de que se determinada parcela foi omitida como receita, mas tributada pelo Fisco, há de ser chamada ao Caixa, justamente porque permaneceu no giro da empresa, dentro da empresa, quitando os títulos da empresa. Fl. 543DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 544 12 Mês/Ano Maior Saldo Parcela do Mês Saldo do Ano Jan/08 708.869,44 708.869,44 Fev/08 Mar/08 Abr/08 Mai/08 920.489,05 211.619,61 Jun/08 1.072.069,34 151.580,29 Jul/08 Ago/08 Set/08 Out/08 Nov/08 Dez/08 1.072.069,34 Jan/09 Fev Mar Abr Mai 1.840.130,12 768.060,78 Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 768.060,78 Os valores acima, R$ 1.072.069,34 e R$ 768.060,78, para 2008 e 2009, constituem o resultado do "desprovimento de caixa", isto é, o efetivo saldocredor, na forma do art. 12, § 2º, do Decretolei n° 1.598/77, para o cálculo do IRPJ e da CSL, termo referencial de juros, jan/2009 e jan/2010, respectivamente. Quanto aos reflexos de PIS e Cofins, sim; os valores acima, base mensal, jan/08, R$ 708.869,44; mai/08, R$ fev/211.619,61; jun/08, R$ 151.580,29; mai/09, R$ 768.070,78. Para o IPI, não. Comprovarseá, no processo respectivo, inexiste previsão legal para levar a presunção do passivo fictício para o IPI. Fl. 544DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 545 13 DO AGRAVAMENTO DA PENALIDADE Após mais uma vez fazer referência ao fato de que o lançamento estaria embasado em presunções, a defesa cita manifestação do STF no sentido de que não dá para levar alguém ao cárcere sob a presunção de que matou se não há sequer a certezacerta de que o "defunto" morreu. Por igual, na presunção da receita omitida com base na figura do passivo fictício, a lei elege uma presunção, que não pode ser tomada em sentido absoluto, posto que recursos outros podem ser oriundos de outras hipóteses, algumas até mais graves como o sequestro, o assalto, o roubo; ou, o mais comum e mais benigno, o socorro de amigos e familiares ou o tradicional empréstimo de agiotas. A lei exige para enquadrar o procedimento como tipo fiscal sujeito à penalidade agravada que o fato se enquadre numa destas três hipóteses, ou nas três, respectivamente artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Qualquer das hipóteses há de ficar cabalmente provada e comprovada. Nos autos, genericamente, apenas (fl. 23 do arquivo pdf): “Quanto às infrações correspondentes à omissão de receita (saldo credor de caixa, passivo fictício e depósitos bancários de origem não comprovada), a multa aplicada foi de 150% (cento e cinqüenta por cento), qualificada nos termos do art. 44, inciso I e § 19 da Lei 9.430/96, com redação dada pela Lei 11.488/2007, c/c art. 71 da Lei 4.502/64. Como ficou demonstrado, a empresa utilizou diversos artifícios para omitir o registro de suas vendas”. A impugnante chama a atenção para o detalhe de que a autoridade do lançamento não tipifica o procedimento em qualquer dos artigos (71, 72 ou 73); nem num, nem no outro, tanto assim que não se refere especificamente a nenhum deles, optando pela capitulação a granel, no que apenas repete a dicção do art. 40, I, § 1º, da Lei n° 9.430/96. E, como se assim fosse suficiente, maneja representação criminal, sem tipificar o crime. O art. 73, a complicar, tipifica o conluio. Não há nos autos qualquer notícia. A lei exige o tipopenal; melhor dizendo, exige, não apenas a suposição (presunção legal), mas a comprovação mesma do tipo, assim o vejamos: Súmula CARF n° 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Súmula CARF n° 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. Atentese que até mesmo na hipótese de movimentação bancária estranha ao movimento da empresa (hipótese inexistente nos autos), o CARF só autoriza a multa agravada se houver a interposta pessoa, que não é o caso dos autos: Súmula CARF n° 34: Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. DAS DIFERENÇAS, VALORES LANÇADOS Fl. 545DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 546 14 À vista da escrita fiscocontábil da empresa, a autoridade do lançamento encontrou diferenças a recolher. A objeção é apenas no sentido de que a impugnante tinha (e tem!) o direito aos vinte dias previstos no art. 47 da Lei n° 9.430/96 para quitar com multa de mora. Realmente, todos os dados apurados, foramno a partir da escrituração fisco contábil; mais exatamente, a partir dos livros fiscais da impugnante. Se o benefício alcançasse apenas os débitos lançados em DCTF, o dispositivo legal deixaria de ter qualquer sentido, posto que os débitos depois de lançados em DCTF saem do campo da multa de oficio. DOS PEDIDOS A impugnante pede que esta impugnação seja recebida em seu efeito suspensivo: (i) sejam aceitas as comprovações com base nos documentos anexados aos autos; (ii) seja recomposto o saldo de Caixa, como indicado em demonstrado específico; (iii) seja, nos termos do art. 12, parágrafo 3º, do Decretolei n° 1.598/77, arbitrado o lucro da presumida omissão de receitas, com manutenção porém da escrita da empresa e do seu regime de lucro real; (iv) seja desclassificada a penalidade típica de fraude, sonegação ou conluio, de 150% para 75%, com o consequente arquivamento da Representação para Fins Penais, processo n° 10380.727161/201212; (v) seja reaberto prazo para pagar as diferenças dos valores lançados na escrita fiscocontábil com o benefício do art. 47 da Lei n° 9.430/96; (vi) Pede, enfim, a insubsistência do auto de infração. Analisando a matéria, esta turma de julgamento decidiu pela conversão do julgamento em diligência, Resolução nº 2.427, de 21/11/2012, fls. 404/416, para que: a) verifique a idoneidade dos documentos às fls. 170/401; b) caso sejam idôneos, apure os reflexos que tais dados terão na apuração das infrações de que trata o presente litígio Em atenção, foi anexado ao presente o Relatório Fiscal – Diligência, fls. 418/420. A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza, Ceará, apreciando as razões trazidas pela defesa inaugural e a informação produzida pela diligência fiscal realizada, decidiu, por meio do acórdão nº 0826.075, de 02 de agosto de 2013, pela procedência parcial dos lançamentos tributários. O referido julgado restou assim ementado: PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. Fl. 546DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 547 15 A presunção legal tem o condão de inverter o ônus da prova, transferindoo para o contribuinte, que pode refutála mediante provas hábeis e idôneas. PASSIVO FICTÍCIO. No caso de presunção de omissão de receita com base em passivo fictício, relevante é perquirir a origem, fonte ou procedência dos recursos utilizados para cumprimento das obrigações. Tendo o contribuinte comprovado parte das obrigações no seu passivo, deve ser cancelada a cobrança correspondente. OMISSÃO DE RECEITAS. SALDO CREDOR DE CAIXA. O fato de a escrituração indicar saldo credor de caixa autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Os depósitos em contacorrente da empresa cujas operações que lhes deram origem restem incomprovadas presumemse advindos de transações realizadas à margem da contabilidade. ARBITRAMENTO DO LUCRO. DESCABIMENTO. Descabida a solicitação para o arbitramento da receita omitida, quando não verificadas as situações configuradoras previstas na legislação vigente. MULTA QUALIFICADA. Aplicável a multa de ofício qualificada quando constatada a intenção deliberada do contribuinte em obter benefícios em matéria tributária mediante uma série de práticas contábeis com o objetivo específico de ocultar a ocorrência dos fatos geradores de tributos. LANÇAMENTO. FALTA DE COMUNICAÇÃO DO DIREITO AO PRAZO PREVISTO NO ART. 47 DA LEI Nº 9.430/1996. O permissivo legal para pagamento até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, com acréscimos legais aplicáveis aos casos de procedimento espontâneo, é auto aplicável e abrange somente os tributos já declarados pelo contribuinte. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Aplicase às exigências ditas reflexas o que foi decidido quanto à exigência matriz, devido à íntima relação de causa e efeito entre elas. Diante da exoneração de parte do crédito tributário constituído, eis que acolheu a conclusão trazida por meio da diligência fiscal no sentido de que alguns passivos restaram comprovados, a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício. Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário de fls. 2.108/2.140, em que, renovando a argumentação expendida na peça impugnatória, adita que houve violação ao princípio da unidade processual, eis que o presente processo foi julgado por unidade distinta da que julgou o de nº 10830.727160/201278, que trata da mesma matéria. Alega que documentos entregues à unidade administrativa responsável pelo lançamento não foram Fl. 547DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 548 16 juntados aos autos, e, atacando a numeração das folhas do processo, tece considerações acerca de uma denominada NÃO INTEGRIDADE PROCESSUAL. Em uma primeira apreciação, esta Primeira Turma Ordinária, por meio da Resolução nº 1301000.217, de 23 de setembro de 2014, resolveu converter o julgamento em diligência para que a unidade administrativa de origem apartasse dos autos a infração identificada como INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA PADRÃO – INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO (infração 1 das peças acusatórias de fls. 24/63), encaminhando as peças pertinentes em processo próprio à Terceira Seção deste Colegiado. Em atendimento, a Agência da Receita Federal em Maranguape, Ceará, anexou aos autos o TERMO DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS de fls. 529, cumprindo, assim, o determinado pela Resolução desta Primeira Turma de Julgamento. É o Relatório. Fl. 548DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 549 17 Voto Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães Embora não conste registro da data em que o recurso voluntário foi protocolizado, julgoo tempestivo, eis que a Recorrente foi cientificada da decisão exarada em primeira instância em 15/08/2013 (aviso de recebimento de fls. 506) e o documento de fls. 456 consigna a juntada da peça recursal em 12/09/2013. O montante de crédito tributário exonerado em primeira instância ultrapassa o limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, revelandose cabível, assim, o recurso necessário. Atendidos, pois, os requisitos de admissibilidade, conheço dos apelos. Cuida o presente de exigência de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS, relativas aos anoscalendário de 2008 e 2009. À contribuinte fiscalizada foram imputadas as seguintes infrações: i) omissão de receitas, caracterizada por saldo credor de Caixa; ii) omissão de receitas, caracterizada por passivo fictício; iii) omissão de receitas decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada; e iv) insuficiência de recolhimento de PIS e de COFINS. Os lançamentos tributários relativos ao PIS e à COFINS alcançaram os valores devidos em decorrência das omissões de receita apuradas (REFLEXOS) e as insuficiências de recolhimento detectadas. Para fins de determinação das referidas insuficiências de recolhimento das contribuições (PIS e COFINS), a autoridade fiscal apurou os valores devidos com base na contabilidade (receitas escrituradas) e nas notas fiscais apresentadas (créditos) e os confrontou com o declarado em DCTF. As infrações indicadas como INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA PADRÃO – INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO, apontadas como infração 1 nas peças acusatórias de fls. 24/63, têm natureza autônoma, isto é, não estão lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ, motivo pelo qual decidiuse pela segregação das referidas peças para fins de encaminhamento à Terceira Seção deste Colegiado. Aprecio, então, os recursos impetrados. RECURSO DE OFÍCIO A autoridade julgadora de primeira instância, amparada em RELATÓRIO DE DILIGÊNCIA FISCAL, pronunciouse pelo cancelamento de parcela da exigência que teve por fundamento a imputação de PASSIVO FICTÍCIO. Fl. 549DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 550 18 Em conformidade com o Termo de Verificação Fiscal de fls. 64/71, a Fiscalização não considerou comprovadas obrigações da Recorrente com as pessoas jurídicas MULTIUNIÃO COMÉRCIO DE USINAGEM LTDA e PREMIX MULTIOLEFINAS COMERCIAL LTDA, e de empréstimos supostamente tomados junto a instituições financeiras. Diante da apresentação de documentação na fase impugnatória, a Turma Julgadora de primeiro grau resolveu converter o julgamento em diligência para que os documentos trazidos ao processo fossem analisados (Resolução nº 2.427, de 21/11/2012, fls. 404/416). Em atendimento, foi produzido o RELATÓRIO FISCAL DILIGÊNCIA, fls. 419/420, no qual os responsáveis pelo procedimento (os mesmos que efetuaram a autuação) concluíram que, relativamente às pessoas jurídicas MULTIUNIÃO COMÉRCIO DE USINAGEM LTDA e PREMIX MULTIOLEFINAS COMERCIAL LTDA, as obrigações efetivamente existiram, estando regular, portanto, a escrituração contábil. A decisão de primeira instância, acolhendo o Relatório da diligência efetuada, afastou a matéria tributável correspondente às obrigações comprovadas, conforme quadro abaixo. FATO GERADOR MATÉRIA TRIBUTÁVEL EXCLUÍDA 29/02/2008 107.388,75 30/04/2008 43.680,00 31/05/2008 84.630,00 30/06/2008 52.500,00 31/07/2008 127.393,78 31/08/2008 94.054,00 31/10/2008 681.740,50 30/11/2008 203.422,50 31/12/2008 113.289,75 TOTAL 1.508.099,28 Penso que, se as próprias autoridades autuantes, em procedimento de diligência requerido na instância julgadora, revisam o lançamento e concluem que as obrigações anteriormente tidas como não comprovadas efetivamente existiram, restando regular a escrituração contábil em relação a essas obrigações, não há reparo a ser feito na decisão que, com suporte em tais conclusões, exclui de tributação a matéria tributável correspondente. Nego, pois, provimento ao recurso de ofício impetrado. RECURSO VOLUNTÁRIO Fl. 550DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 551 19 No que diz respeito ao recurso voluntário, cabe destacar que a apreciação limitarseá às razões relacionadas aos créditos controlados no presente processo, vez que, como já visto, os lançamentos de PIS e de Cofins que não tiveram por suporte fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ, foram apartados para fins de apreciação pela Terceira Seção deste Colegiado. CERCEAMENTO UNIDADE PROCESSUAL Argumenta a Recorrente que a ampla defesa pressupõe a unidade processual, motivo pelo qual o presente processo e o de nº 10380.727160/201278, que trata de IPI e que com este guarda conexão, deveriam ter sido apreciados em primeira instância pela mesma autoridade julgadora. Alega que "jamais imaginara que a acusação da mesma omissão de receitas fosse ter julgamentos diferentes, em locais diferentes, por juízes diferentes, de modo que os papeis apresentados nos autos do IRPJ não fossem levados em conta no processo idêntico, decorrente, do IPI". Registro em primeiro lugar que a apreciação, em primeira instância, do presente processo e a do de nº 10380.727160/201278 se deu de forma absolutamente regular, eis que, nos termos da legislação vigente à época da ocorrência dos fatos (Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil aprovado pela Portaria MF nº 125, de 2009, e Portaria RFB nº 1916, de 2010), a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza era a unidade administrativa competente para apreciar os litígios relacionados aos impostos e contribuições administrados pela Receita Federal decorrentes de lançamentos tributários contra contribuintes domiciliados em sua circunscrição territorial (3ª Região Fiscal, na qual o estado Ceará está incluído), exceto, além do ITR, o IPI e lançamentos conexos. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém, por sua vez, nos termos dos referidos atos administrativos, era a unidade competente para apreciar os litígios decorrentes dos lançamentos do IPI, inclusive os conexos, relacionados a contribuintes domiciliados na circunscrição territorial da 3ª Região Fiscal. Cumpre destacar que o estabelecimento, por parte do Secretário da Receita Federal, de especialização de turmas das Delegacias da Receita Federal de Julgamento encontra amparo no Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, que é aprovado por Portaria do Ministro de Estado da Fazenda. No caso vertente, o inciso XXVII do art. 261 do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 125, de 04 de março de 2009, estabelecia: Art. 261. Ao Secretário da Receita Federal do Brasil incumbe: ... XXVII estabelecer a especialização das turmas das DRJ, no tocante à matéria de competência da respectiva unidade; No que tange ao alegado cerceamento, penso não assistir razão à Recorrente, eis que o decidido em primeira instância não tem natureza de definitividade, merecendo destaque o fato de que, uma vez mantida a divergência em segunda instância, ao contribuinte é facultado a interposição de recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais com o intuito de buscar a uniformização de entendimento acerca da matéria. Rejeito, pois, a preliminar arguída. CERCEAMENTO NÃO INTEGRIDADE PROCESSUAL Fl. 551DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 552 20 Trazendo considerações acerca de erro na numeração das folhas do processo, a Recorrente alega que os documentos entregues por ela não foram carreados ao processo. Não obstante, afirma que, por ter guardado cópia, junta referida documentação ao processo. Adiante, sustenta que, caso a autoridade fiscal tivesse desconfiança em relação a quaisquer documentos, deveria promover uma circularização, e não exigir elemento que se encontra fora do alcance do contribuinte. Aqui, de igual forma, penso não merecer acolhimento os argumentos trazidos pela Recorrente. Com efeito, a Recorrente, embora alegue cerceamento (do direito de defesa, pressupõese) em razão de a autoridade fiscal não ter colacionado aos autos documentos referenciados em seus pronunciamentos, afirma, ao mesmo tempo, que, por possuir cópia, junta ao processo esses mesmos documentos. Tal providência revela que a documentação em questão pertence ao acervo auditado pela autoridade fiscal, e, tendo sido juntada em sede de defesa pela própria Recorrente, não há que se falar em cerceamento, seja ele de que natureza for. No que tange aos alegados erros na numeração das folhas do processo, o que se observa, primeiramente, é que a numeração adotada é a fornecida pelo arquivo digital. Não obstante, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, ao anexar aos autos os seus pronunciamentos (Resolução nº 2.427 e Acórdão nº 0826.075), o fez considerando a impressão frente e verso dos referidos documentos, o que provocou um descompasso entre a numeração digital e a adotada pela unidade de julgamento. Tal fato, entretanto, não é capaz de provocar qualquer embaraço à compreensão das peças processuais, seja porque a anexação dos documentos foi feita respeitandose a ordem cronológica dos atos e fatos neles espelhados, seja porque a numeração do arquivo digital foi devidamente preservada. Rejeito, assim, a preliminar suscitada. PASSIVO FICTÍCIO E SALDO CREDOR DE CAIXA Alega a Recorrente que os recursos de CAIXA, ainda que oriundos de operações supostamente não contabilizadas, "giravam DENTRO da empresa, de modo que, pago o tributo sobre o mais antigo valor acaso desvendado, esse mesmo valor há de ser transportado do caixafísico para o Caixa Contábil, sob pena de a tributação vir a incidir várias vezes sobre a mesma operação." Adiante, tecendo considerações acerca das matérias em relevo e sobre a legislação que as rege, aponta situações que poderiam justificar a origem dos recursos, não sendo elas, as situações, hipóteses representativas das incidências tributárias tratadas nos presentes autos. Em que pese os reparos que seriam necessários às considerações trazidas pela Recorrente acerca do PASSIVO FICTÍCIO e do SALDO CREDOR DE CAIXA, objetivamente, merece apreciação tão somente as considerações da Recorrente acerca das presunções legais que serviram de suporte para os lançamentos tributários. De fato, os créditos tributários tratados no presente item têm por lastro a aplicação de presunções preconizadas em lei, presunções essas de cunho relativo, o que significa dizer que aquilo que a lei estabelece como origem para os recursos não contabilizados (OMISSÃO DE RECEITAS TRIBUTÁVEIS) pode não corresponder à realidade. Contudo, do ponto de vista estritamente tributário, não se pode confrontar a aplicação da presunção legal Fl. 552DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 553 21 com outras presunções (ou suposições), pois, como é cediço, tratandose de aplicação pelo Fisco de presunção abrigada pela lei, o ônus de comprovar a sua improcedência recai naquele em relação ao qual ela age em desfavor (no caso, a contribuinte autuada), sendo que tal comprovação deve ser feita por meio da apresentação de documentação hábil e idônea (e não por meio de suposições). Nessa linha, simples ilações acerca de uma possível origem para os recursos movimentados à margem da escrituração não podem, à evidência, contraditar presunções legais, sendo necessário o aporte, como dito, de documentos hábeis e idôneos capazes de levar à conclusão de que, de fato, os valores em questão não tiveram suporte em receitas omitidas. No que diz respeito à recomposição do CAIXA promovido pela autoridade fiscal, equivocase a Recorrente ao afirmar que, no caso, houve incidências múltiplas sobre um mesmo valor. Com efeito, analisando os quadros demonstrativos de fls. 117/138, constato que o responsável pela autuação cuidou de, ao determinar o valor correspondente ao saldo credor de CAIXA no mês, subtrair os montantes submetidos à tributação nos meses anteriores, de modo que a incidência se deu única e exclusivamente sobre a diferença. Não identifico, assim, razões para afastar a incidência, a título de omissão de receitas, sobre os saldos credores apurados pela Fiscalização. PASSIVO FICTÍCIO Sob o título em destaque, a Recorrente retoma considerações acerca da presunção legal aplicada pela Fiscalização, inclusive da legislação tributária de regência. Adiante, discorre sobre: a conexão entre o passivo fictício e os recursos ingressos no CAIXA; a impossibilidade de se considerar recursos de CAIXA detectados "dentro" da empresa como recursos distribuídos; e direito ao arbitramento do lucro tributável na forma do parágrafo 3º do art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77 (sugere, como critério para o arbitramento referenciado pela norma, a utilização do percentual de 9,6% sobre os recursos de CAIXA fornecidos à empresa). Com o intuito de comprovar o passivo contestado pela Fiscalização, discorre sobre problemas diversos associados à condução da fiscalização e ao atendimento das intimações lavradas, informando ter juntado aos autos comprovação do passivo relacionado à MULTIUNIÃO COMÉRCIO DE USINAGEM LTDA ANEXO 1; PREMIX MULTIOLEFINAS COMERCIAL LTDA ANEXO 2; e BANCO BANRISUL S/A, BANCO GUANABARA S/A e UNIBANCO S/A ANEXO 3. Argumenta que, a partir das comprovações, a discussão resumese "à recomposição do Caixa, valores antecipados (Duplicatas a Receber) e da conta Reciclar Recicladora de Plástico Ltda." Sustenta que, na recomposição do CAIXA, "o erro deuse apenas quando somou todos os saldos do mês, passando por cima da evidência de que se determinada parcela foi omitida como receita, mas tributada pelo Fisco, há de ser chamada ao Caixa, justamente porque permaneceu no giro da empresa, dentro da empresa, quitando os títulos da empresa" (apresenta quadro, no qual reproduz os valores que entende que deveriam ter sido considerados como tributáveis pela Fiscalização). Restringindome a apreciar argumentos que se revelam importantes à solução da controvérsia, esclareço, inicialmente, que a aplicação das presunções estampadas no parágrafo 2º do art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77 (saldo credor de caixa e passivo fictício) e no art. 40 da Lei nº 9.430/96 (passivo não comprovado) é absolutamente independente, ou seja, a autoridade fiscal, ao identificar passivo ficto ou não comprovado, não está obrigada a, de forma subsequente, apontar o saldo credor correspondente. Fl. 553DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 554 22 Destaco, ainda em âmbito preambular, que, considerados os termos da autuação e os argumentos de defesa trazidos pela contribuinte fiscalizada, a apreciação acerca da imputação de passivo não comprovado circunscrevese a existência ou não de documentos capazes de comprovar as obrigações questionadas pela Fiscalização, inexistindo nos autos, seja nas peças acusatórias, seja nas peças de defesa apresentadas pela contribuinte, discussão acerca do fato de as obrigações questionadas terem sido extintas em momento anterior ao do encerramento do período de apuração. Confundese a Recorrente ao fazer referência às disposições do parágrafo 3º do art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77, visto que o dispositivo em comento trata de presunção diversa das que foram aplicadas pela Fiscalização por meio do presente processo. Com efeito, a norma em questão (parágrafo 3º do art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77) cuida dos denominados SUPRIMENTOS DE NUMERÁRIOS, cuja origem e efetiva entrega não são devidamente comprovadas. A questão acerca de um suposto equívoco por parte da Fiscalização na apuração dos saldos credores de caixa já foi objeto de apreciação no item precedente. No que diz respeito à comprovação do PASSIVO, observo a existência de registro no Relatório correspondente à diligência fiscal requisitada em primeira instância, fls. 419/420, no sentido de que: a) a contribuinte foi intimada a apresentar os originais relativos aos documentos de fls. 170/401; b) a contribuinte atendeu a intimação e apresentou os documentos arrolados no protocolo de entrega, o qual estaria anexado ao relatório; c) em relação aos empréstimos bancários, a contribuinte não logrou êxito na comprovação das obrigações, vez que "o único documento apresentado foi uma página impressa intitulada Extrato de Movimentação, sem chave de autenticação, com cabeçalho identificando o Banco Guanabara S/A, CNPJ 31.880.826/000116, impresso em 22/06/2012" (fls. 396); e d) em relação aos demais empréstimos bancários, nada teria sido apresentado por ocasião da realização da diligência. Contudo, não localizei, como anexo ao relatório da diligência, o denominado PROTOCOLO DE ENTREGA. Além do extrato de movimentação de fls. 396, referenciado no citado relatório, identifico também: i) extrato do BANRISUL, no qual constam registros de dois créditos, no montante de R$ 370.372,18 cada um, efetuados em abril de 2008 (fls. 397); extrato do BANRISUL, no qual constam registros de dois créditos, no montante de R$ 349.112,68 cada um, efetuados em junho de 2008 (fls. 398); cópia de folha do Razão da conta nº 11102.0017 UNIBANCO, em que consta o registro a débito, em 28/03/2008, do montante de R$ 1.344.000,00 (fls. 399); cópia de folha do Razão da conta nº 11401.0002 COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO, em que consta o registro a crédito, em 28/03/2008, do montante de R$ 1.344.000,00 (fls. 400); e cópia de nota fiscal emitida pela empresa PREMIX Multiolefinas Comercial Ltda (fls. 493). A decisão exarada em primeira instância, relativamente à documentação aportado ao processo, limitouse a ratificar as conclusões esposadas no relatório da diligência, não tecendo qualquer consideração acerca dos documentos juntados às fls. 397/401. Ao recurso voluntário, a contribuinte anexou: cópia de um denominado PROTOCOLO DE ENTREGA (fls. 489/492); cópia de nota fiscal emitida pela empresa PREMIX Multi Olefinas Comercial Ltda (fls. 493); cópia de contrato de mútuo com o BANCO GUANABARA (fls. 494/502); e cópia de extrato de movimentação (fls. 503/504). Fl. 554DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 555 23 O referido PROTOCOLO DE ENTREGA não faz referência aos documentos de fls. 397/401 (extratos do BANRISUL; cópia de folhas do Razão; e cópia de nota fiscal), e, pelo que se pode supor, representa o documento citado no relatório de diligência. Penso que a questão acerca da comprovação do passivo é merecedora de uma análise mais adequada. Com efeito, é cediço que, no caso, na esteira do disposto no art. 333 do Código de Processo Civil, compete a autoridade fiscal reunir ao processo elementos comprobatórios da prática da infração por parte do contribuinte fiscalizado. Nesse diapasão, tratandose de passivo não comprovado, a eventual apresentação por parte do autuado, em sede defesa, de documentos que, ao seu juízo, são hábeis e idôneos à comprovação das obrigações questionadas, impõe à autoridade responsável pela sua análise o dever de realizar cuidadosa apreciação, mormente na circunstância em que a referida análise é empreendida pelas próprias autoridades responsáveis pela autuação. Nessa linha, penso que a rejeição dos documentos oferecidos pela contribuinte fiscalizada deve estar consubstanciada em robusta argumentação, e, principalmente, em elementos que permitam concluir, longe de qualquer dúvida, que a operação espelhada no documento submetido ao seu crivo não foi ou não podia ser concretizada. Especificamente em relação ao PASSIVO NÃO COMPROVADO, em conformidade com o Termo de Intimação de fls. 115/116 e o relatório de fls. 419/420, a matéria tributável, excluídas as operações devidamente comprovadas com as empresas MULTIUNIÃO COMÉRCIO DE USINAGEM LTDA e PREMIX MULTIOLEFINAS COMERCIAL LTDA, é composta pelas parcelas indicada no quadro abaixo. FATO GERADOR VALOR (R$) INSTITUIÇÃO FINANCEIRA JANEIRO/2008 500.000,00 BANCO FIBRA S/A JANEIRO/2008 395.273,80 BIC BANCO INDUSTRIAL ABRIL/2008 370.372,18 BANCO BANRISUL S/A ABRIL/2008 370.372,18 BANCO BANRISUL S/A JUNHO/2008 1.000.000,00 BANCO GUANABARA S/A JUNHO/2008 349.112.68 BANCO BANRISUL S/A JUNHO/2008 349.112.68 BANCO BANRISUL S/A JUNHO/2008 216.000,00 BANCO DO BRASIL S/A SETEMBRO/2008 393.798,00 BANCO REAL S/A NOVEMBRO/2009 300.000,00 BANCO DO BRASIL S/A DEZEMBRO/2009 240.000,00 BANCO REAL S/A De início, registro que não identifico nos autos documentos comprobatórios, ou mesmo argumentação, relacionados às seguintes obrigações: R$ 500.000,00 (BANCO FIBRA S/A); R$ 395.273,80 (BIC BANCO INDUSTRIAL); R$ 216.000,00 (BANCO DO BRASIL S/A); R$ 393.798,00 (BANCO REAL S/A); R$ 300.000,00 (BANCO DO BRASIL Fl. 555DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 556 24 S/A); e R$ 240.000,00 (BANCO REAL S/A). Portanto, em relação a essas obrigações, penso que a atuação deve ser mantida. Quanto às demais, entretanto, mais pelos termos da autuação do que pela documentação carreada ao processo por parte da Recorrente, penso que as imputações não podem subsistir. Para todas elas, a Fiscalização consignou no Termo de Verificação Fiscal que a contribuinte não apresentou a documentação correspondente aos empréstimos contraídos junto às correspondentes instituições financeiras. No que tange ao valor de R$ 1.000.000,00 (BANCO GUANABARA S/A), como já visto, a contribuinte, por ocasião da diligência fiscal, apresentou extrato de movimentação do referido Banco, no qual identificase registro de crédito com o seguinte histórico: OPERAÇÃO DE EMPRÉSTIMO INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ARTEFA. As autoridades autuantes, em sede de diligência, para recusar a comprovação, sustentaram que o extrato se reporta a apenas um dia; que uma operação envolvendo quantia tão expressiva exigiria a apresentação de documentação mais "rigorosa"; e que não parecia verossímil não haver contrato estipulando as condições de pagamento, garantias e todas as formalidades intrínsecas a este tipo de operação. Entendo, em primeiro lugar, que, se a documentação apresentada pela fiscalizada não se revelou satisfatória, deveria a autoridade fiscal informar a contribuinte a respeito de tal juízo e, passo seguinte, intimála a apresentar elementos complementares. Nesse caso específico, inclusive, a partir da própria manifestação da Fiscalização (supõese), a contribuinte, em sede de recurso, juntou cópia de CONTRATO DE MÚTUO firmado com o BANCO GUANABARA (fls. 494/498) e um instrumento de garantia (INSTRUMENTO PARTICULAR DE CESSÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA) fls. 499/502. Cabe notar, ainda, que o fato de o extrato de movimentação se reportar a apenas um dia, embora irrelevante, guarda perfeita compatibilidade com o registro nele consignado de que a abertura da conta se deu exatamente na mesma data em que o crédito foi efetuado (06 de junho de 2008). Diante de tais circunstâncias, tenho por comprovada a obrigação em referência. Relativamente aos valores de R$ 740.744,36 e R$ 698.225,36, correspondentes a obrigações de abril de 2008 e junho de 2008, respectivamente, com o BANCO BANRISUL S/A, a contribuinte apresentou extratos, fls. 397 e 398, nos quais constam os históricos OPER. CR. BBH e CREDITO BBHRET. Ainda que se possa considerar de pouca ou nenhuma utilidade para a adequada compreensão acerca da natureza da operação, penso que referida documentação, no contexto do dever probatório a que se submete a autoridade fiscal que formaliza a acusação, deveria ter sido objeto de maior investigação. Observese que citados documentos encontramse às fls. 397 e 398 dos autos, foram alcançados pela Resolução da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza (conforme transcrição abaixo) e foi também abrangida pelo Termo de Intimação lavrado em cumprimento à diligência requerida (também reproduzido abaixo). Resolução nº 2.427, fls. 404/416 [...] Fl. 556DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 557 25 No entanto, considerandose que os documentos apresentados são reproduções de originais que a fiscalização não teve acesso durante a ação fiscal e que muitos deles são de difícil visualização no processo digital (eprocesso), torna se necessário o retorno dos autos à autoridade lançadora, para que, mediante diligência: a) verifique a idoneidade dos documentos às fls. 170/401; [...] Termo de Intimação Fiscal (DILIGÊNCIA), fls. 418 [...] Para dar cumprimento ao disposto na Resolução 2.427 da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza CE, INTIMAMOS o contribuinte acima identificado a apresentar os documentos especificados a seguir, no prazo de 10 (dez) dias a partir do recebimento deste Termo: 1. Documentos originais cujas cópias foram juntadas, por meio de impugnação, às fls. 170/401 do Processo 10380.727157/201254 (autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS). [...] Embora seja possível concluir que, embora intimada, a contribuinte não apresentou aos responsáveis pela diligência os originais correspondentes aos extratos de fls. 397 e 398, isso deveria estar suficientemente claro no relatório de fls. 419/420. A simples informação de que o único documento apresentado foi o extrato de fls. 396, a meu juízo, não supre a falta. Ademais, penso que era necessário aprofundar a investigação acerca das cópias de extratos trazidos pela contribuinte por meio da impugnação interposta, especialmente quanto à sua idoneidade, de modo a tornar sólida a imputação de que os empréstimos bancários tinham natureza ficta, servindose, apenas, como suporte para o ingresso de recursos provenientes de receitas mantidas à margem da escrituração. A Recorrente também foi autuada com base na presunção prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 (depósitos bancários de origem não comprovada). Nesse caso, a Fiscalização apurou o crédito bancário por meio do registro contábil efetuado na conta nº 111020017 UNIBANCO S/A AG. 0373CTA 2197359. Em sede de impugnação, a contribuinte carreou ao processo cópias de folhas do Razão da conta nº 11102.0017 UNIBANCO, em que consta o registro a débito, em 28/03/2008, do montante de R$ 1.344.000,00 (fls. 399), e da conta nº 11401.0002 COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO, em que consta o registro a crédito, em 28/03/2008, desse mesmo montante (fls. 400). Relativamente ao depósito em questão, nada foi juntado ao recurso voluntário. Não trouxe a Recorrente também qualquer esclarecimento acerca da origem do crédito bancário de R$ 1.344.000,00, e nem anexou ao processo a documentação que serviu de lastro para os registros contábeis espelhados no Razão, fls. 399 e 400 dos autos. Fl. 557DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 558 26 Diante de tal circunstância, penso que a exigência correspondente à imputação de depósito de origem não comprovada deve ser mantida. QUALIFICAÇÃO DA PENALIDADE Argumenta a Recorrente que "a lei exige para enquadrar o procedimento como tipo fiscal sujeito à penalidade agravada que o fato se enquadre numa destas três hipóteses, ou nas três, respectivamente artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64". Adita que, seja qual for a hipótese, ela deve ficar cabalmente provada. Diz que a autoridade fiscal não tipifica a conduta em qualquer dos citados artigos. Rejeito, inicialmente, o argumento da Recorrente no sentido de que a autoridade fiscal, para fins de qualificação da penalidade, tem que enquadrar a conduta do fiscalizado em qualquer das hipóteses autorizadoras da exasperação da sanção. A meu ver, é suficiente que se identifique nos autos elementos que permitam concluir que a ausência ou insuficiência de tributação, reparada pelo lançamento de ofício, decorreu de ato intencional abrigado pelas normas sancionadoras. Na circunstância em que os lançamentos tributários encontramse respaldados em presunções legais, em regra, não existe possibilidade de qualificação da penalidade, pois, como se sabe, a infração pode ser presumida, mas, a intenção deliberada de praticála, não. Contudo, em muitos casos, referidas presunções são aplicadas tão somente para quantificar os montantes tributários subtraídos ao erário, eis que presente conduta dolosa no fato indiciário albergado pela presunção legal. No caso vertente, todas as imputações formalizadas pela Fiscalizada decorreram da aplicação de presunções legais (saldo credor de caixa; passivo fictício; e depósito de origem não comprovada). Para fins de qualificação da penalidade, as autoridades autuantes indicaram os seguintes elementos: utilização de artifícios para omitir registros de vendas; ausência de manifestação acerca da origem do crédito bancário de R$ 1.344.000,00; ausência de manifestação sobre os empréstimos tomados junto a instituições financeiras; ausência de apresentação dos documentos comprobatórios dos direitos de credor junto à empresa RECICLAR RECICLADORA DE PLÁSTICO LTDA; e o suprimento do CAIXA com baixa de duplicatas a receber, no montante de R$ 7.918.488,22, quando a referida conta apresentava um saldo de R$ 4.862.209,04. No que tange à ausência de comprovação da origem do crédito bancário de R$ 1.344.000,00 e de manifestação sobre os empréstimos tomados junto a instituições financeiras, esses fatos, por si sós, não me parecem suficientes à exasperação da penalidade, até porque foi exatamente em função deles que as presunções foram aplicadas. A ausência de origem do depósito bancário atraiu a aplicação da presunção prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, enquanto a falta de comprovação da exigibilidade dos passivos com as instituições financeiras, autorizou a aplicação da presunção prevista no art. 40 do mesmo diploma legal. Relativamente ao saldo credor, contudo, penso de forma diversa, eis que me parece induvidosa a intenção da Recorrente de, por meio de registro contábil absolutamente contrário à realidade refletida na escrituração, evitar o denominado "estouro" do CAIXA. No caso, refirome ao suprimento que teve como contrapartida a conta "duplicatas a receber". Fl. 558DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10380.727157/201254 Acórdão n.º 1301001.842 S1C3T1 Fl. 559 27 Ressalto que, no caso do saldo credor de caixa, embora aponte suposições para a origem dos recursos, a própria Recorrente admite a sua existência, discordando, apenas, do montante tributável apurado pela Fiscalização. A meu ver, tal conduta amoldase ao disposto no art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, vez que a ação da Recorrente objetivou impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, conduta dolosa somente descortinada a partir da ação fiscalizadora empreendida pela autoridade fiscal. No que diz respeito à infração OMISSÃO DE RECEITA caracterizada por SALDO CREDOR DE CAIXA, sou pela manutenção da qualificação da penalidade. Assim, rejeitando as preliminares arguídas, conduzo meu voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para: a) excluir de tributação os valores discriminados no quadro abaixo; e b) reduzir o percentual da multa de ofício aplicada para 75%, relativamente às infrações OMISSÃO DE RECEITAS PASSIVO FICTÍCIO e OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. FATO GERADOR VALOR (R$) INSTITUIÇÃO FINANCEIRA ABRIL/2008 370.372,18 BANCO BANRISUL S/A ABRIL/2008 370.372,18 BANCO BANRISUL S/A JUNHO/2008 1.000.000,00 BANCO GUANABARA S/A JUNHO/2008 349.112.68 BANCO BANRISUL S/A JUNHO/2008 349.112.68 BANCO BANRISUL S/A “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães Relator Fl. 559DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 17/1 2/2015 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
score : 1.0
Numero do processo: 10510.720038/2007-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 22 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.917
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde, na unidade preparadora (DRF-Aracaju), o desfecho do processo judicial no qual se determinará a composição da base de cálculo, necessária à verificação administrativa da liquidez do crédito tributário.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde, na unidade preparadora (DRF-Aracaju), o desfecho do processo judicial no qual se determinará a composição da base de cálculo, necessária à verificação administrativa da liquidez do crédito tributário. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1742; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2.826 1 2.825 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10510.720038/200781 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401000.917 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 23 de fevereiro de 2016 Assunto DCOMPCONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Recorrente BANCO DO ESTADO DO SERGIPE S.A. BANESE Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para que se aguarde, na unidade preparadora (DRFAracaju), o desfecho do processo judicial no qual se determinará a composição da base de cálculo, necessária à verificação administrativa da liquidez do crédito tributário. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente processo sobre Declarações de Compensação DCOMP apresentadas pelo Banco do Estado de Sergipe S.A. com intuito de utilizar créditos da RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 10 .7 20 03 8/ 20 07 -8 1 Fl. 2826DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.827 2 Contribuição para o PIS/Pasep que entende ter recolhido indevidamente ou em valor superior ao devido (fls. 2 a 85)1, no valor de R$ 911.332,67. A unidade local analisou, em 30/04/2007, as Declarações de Compensação e proferiu Despacho Decisório no 400 (fls. 120 a 123) não homologando as compensações apresentadas pelo contribuinte, ante a inexistência dos créditos apresentados, basicamente porque: (a) não existem os pagamentos informados nas DCOMP, exceto os referentes a setembro de 2002 e maio de 2005, ainda assim em valor menor que o informado; e (b) ainda que existissem os pagamentos, eles estariam em consonância com os débitos declarados. Destaca ainda que parte das DCOMP encontrase pendente de decisão administrativa e parte já fora objeto de manifestação no sentido de considerar as compensações não declaradas. Cientificada do teor do Despacho Decisório em 03/05/2007 (fl. 127), a recorrente apresentou manifestação de inconformidade em 29/05/2007 (fls. 129 a 149), buscando a homologação das compensações realizadas por meio do sistema PER/DCOMP e argumentando, em síntese, que: (a) não fora considerada na decisão recorrida que a base de cálculo utilizada no cálculo da contribuição e os recolhimentos foram feitos nos termos da Lei no 9.718/1998, que teve parte de seus dispositivos declarados inconstitucionais (art. 3o, § 1o); (b) em face da declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, todos os recolhimentos a título de Contribuição para o PIS/Pasep efetivados pela recorrente a partir de fevereiro de 1999, cuja base de cálculo tenha obedecido ao dispositivo inconstitucional, devem ser recalculados considerando, para tanto, a receita bruta como aquela decorrente da prestação de serviços pela recorrente; e (c) sobre os valores originais devem ser aplicados os juros correspondentes ao período, nos moldes da Lei no 9.532/1997 taxa “SELIC” a partir do mês subsequente ao pagamento até a data de efetiva utilização do crédito. A decisão de primeira instância, proferida em 03/07/2007 (fls. 180 a 182), julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não homologou as declarações de compensação apresentadas pelo contribuinte. Acordouse que “a homologação da compensação de débitos da contribuinte com créditos contra a Fazenda Nacional depende da comprovação da certeza e liquidez dos indébitos fiscais por ele utilizados”, explicitando que: (a) nos meses de competência de dezembro/2003, janeiro a julho, outubro e novembro/2004, e maio, junho e dezembro/2005, em que o interessado alega possuir valores a restituir, efetivamente não consta nos sistemas da RFB nenhum recolhimento (fls.88/90); (b) à exceção dos meses de setembro de 2002 e maio de 2005, onde houve pagamentos em valores idênticos aos declarados e confessados em DCTF, a interessada não comprovou mediante documento hábil qualquer pagamento dos débitos da contribuição para o PIS para os quais solicita compensação; (c) o contribuinte informou no campo dos créditos a vinculação de débitos apurados a compensações que foram formalizadas mediante entrega de outras DCOMP (algumas já apreciadas, nas quais as compensações não foram homologadas, e outras pendentes de apreciação Despachos SAORT no 110/2005, 114/2005 e 187/2005 fls.110/115), tornando exigíveis os débitos vinculados a essas compensações, especificamente quanto aos meses de abril a junho, outubro e novembro de 2004; e (d) mesmo que as DCOMP mencionadas nas DCTF apresentadas pelo contribuinte tivessem sido apreciadas favoravelmente, tal reconhecimento somente teria a possibilidade de homologar as compensações vinculadas aos débitos confessados na DCTF, para extinguilos, jamais podendo tais débitos confessados serem transmudados em créditos. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 2827DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.828 3 Cientificada da decisão em 24/07/2007 (AR à fl. 185), a recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 187 a 211), em 20/08/2007, no qual defende seu direito de petição, de restituição e de compensação, e sustenta seu direito creditório, considerando que o § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento para a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, foi declarado inconstitucional. Assim, alega que todos os recolhimentos da Contribuição ao PIS/Pasep efetuados a partir de fevereiro de 1999 devem ser recalculados, considerando para tanto a receita bruta como aquela decorrente da prestação de serviços, excetuandose a aplicação do dispositivo inconstitucional. No Recurso, pede (a) a reforma do acórdão recorrido, a fim de serem homologadas as compensações efetuadas por meio do sistema PERD/COMP, valendose dos créditos oriundos da apuração de recolhimentos da Contribuição para o PIS/Pasep com base na lei declarada inconstitucional, devidamente corrigidos pela taxa SELIC, e (b) que se atribua suspensão à exigibilidade dos créditos, obstando quaisquer atos de cobrança ou atos constritivos de direito, com paralisação imediata de encaminhamento dos supostos débitos tributários para inscrição em Divida Ativa da União. Em 04/06/2008, a Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes apreciou o processo (fls. 298 a 302), concluindo pela anulação dos atos processuais a partir da decisão de primeira instância, inclusive, e determinando o retorno “dos autos para a DRJ apreciar qual a efetiva base de cálculo da contribuição, devendo, inclusive, tratar em números os valores do PIS que foram objeto da primeira compensação apresentados em 27/01/2004 e 19/01/2006, valores estes que agora vem sendo objeto do presente Pedido de Restituição”. Considerou o julgador em seu voto que (a) a análise da questão tem que passar pela prévia decisão definitiva da primeira compensação realizada pelo contribuinte, e que só após homologada tal compensação e definido o valor do seu credito é que poderseia falar na possibilidade da homologação da segunda compensação, no caso, a presente, na qual também se precisa definir o montante do débito, i.e. a base de calculo da Contribuição para o PIS/Pasep; e (b) as decisões dos órgãos de base (DRF e DRJ) não enfrentaram a discussão quanto à exata delimitação da base de cálculo da contribuição, não podendo este Conselho enfrentálas na ocasião sob pena de supressão de instâncias. O processo foi, então, reenviado ao órgão julgador de primeira instância, que solicitou à unidade local diligência (fls. 304 a 306) buscando detalhamento quanto: (a) à existência de créditos decorrentes das primeiras declarações de compensação apresentadas pelo contribuinte; (b) à existência de ação judicial específica em relação à contribuição; (c) à base de cálculo da contribuição nos períodos em que o contribuinte solicita restituição/compensação, apresentando, se for o caso, os novos valores devidos e destacando a parcela dos créditos vinculados “a maior”; e (d) ao confronto dos possíveis créditos com as novas compensações pretendidas pelo contribuinte nas DCOMP objeto deste processo. A unidade local apresentou Relatório de Diligência (fls. 778 a 784) em 24/04/2009, respondendo aos questionamentos da DRJ, informando que: (a) as situações das primeiras DCOMP são as relacionadas na tabela de fl. 463; (b) foi identificada a ação judicial correspondente (MS no 2007.85.00.0058347, ajuizado em 2007), na qual se veda a compensação antes do trânsito em julgado, nos termos do art. 170A do CTN (o trânsito em julgado ocorreu apenas na ação da empresa relativa a COFINS); (c) os pedidos de compensação foram feitos pela empresa sem amparo legal ou judicial; (d) excluídas as receitas não operacionais, em função da citada declaração de inconstitucionalidade, chegouse ao Demonstrativo de Base de Cálculo e ao Demonstrativo de Diferenças de Receitas (fls. 466 e 467); e (e) todos os créditos tributários disponíveis, decorrentes da jurisprudência do STF, foram integralmente compensados com o primeiro débito de IRPJ (R$ 77.170,59), restando Fl. 2828DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.829 4 ainda um saldo a pagar da contribuição de R$ 74.504,50, na data de 31/08/2006, e ficando em aberto todos os demais débitos, que totalizam R$ 908.666,60. Cientificada do teor do Relatório em 24/04/2009 (fls. 777), a recorrente apresenta sua manifestação em 26/05/2009 (fls. 788 a 819), alegando que: (a) não foi apresentada planilha evidenciando mês a mês as receitas consideradas operacionais e não operacionais, com base nos balancetes e razões apresentados pela recorrente; (b) ao relacionar a integralidade das receitas financeiras como operacionais, a fiscalização deixou de observar a distinção entre as receitas financeiras de recursos próprios e de terceiros; (c) não se reconheceu o crédito pleiteado com base no fundamento de que não seriam suficientes à extinção dos débitos objeto de compensações não homologadas ou não declaradas, antecipando o julgamento de processos distintos, com exigibilidade suspensa em virtude de recursos administrativos; (d) a diligência se mostra omissa e precária para os fins pretendidos (composição do crédito fiscal), sendo nula, havendo a necessidade de determinação de outra; (e) houve equívoco em relação à DCOMP no 08964.37953.200204.1.3.040080, e na competência de maio de 2005; (f) a suposta diferença constatada no período de apuração de dezembro de 2003 não é passível de revisão, por ter operado a decadência (CTN, art. 150 § 4o); (g) todos os valores a título da Contribuição para o PIS/Pasep apurados pela recorrente com base no dispositivo declarado inconstitucional foram tempestivamente recolhidos e encontram se extintos pelo pagamento (CTN, art. 156, I), pela homologação da compensação (CTN, art. 156, II), ou sob condição resolutória de posterior homologação (Lei no 9.430/1996, art. 74, § 3o), ou, ainda, com a exigibilidade suspensa em face de interposição de recurso (Lei no 9.430/1996, art. 74, § 11); (h) as declarações de compensação foram transmitidas antes do ajuizamento do mandado de segurança, sendo inaplicável o art. 170A do CTN; (i) o conceito de faturamento não inclui as receitas financeiras; e (j) houve mudança de critério jurídico na nova fundamentação para indeferimento da compensação (que o eventual direito de crédito estaria restrito à exclusão das receitas não operacionais da base de cálculo da contribuição). O julgador de primeira instância reaprecia, então, demanda, em 24/07/2009 (fls. 1557 a 1575), à vista dos elementos acrescentados pela diligência e pela manifestação da recorrente, concluindo pela improcedência da compensação, ante à iliquidez dos créditos informados, destacando ainda que: (a) há confusão, por parte da recorrente, entre compensação e pagamento; (b) há impossibilidade de análise administrativa de constitucionalidade de ato legal; (c) a declaração de inconstitucionalidade no controle difuso não gera efeitos erga omnes; (d) a diligência é procedimento que não vincula o julgador; e (e) o conceito de receita bruta envolve a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. Ciente da decisão da DRJ em 12/08/2009 (AR às fls. 1580), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 08/09/2009 (fls. 1585 a 1636), sustentando que: (a) a decisão da DRJ é nula, por ofensa ao princípio da ampla defesa, consubstanciado no indeferimento da realização de nova diligência; (b) há mudança de critério jurídico, alegandose agora como motivo para o indeferimento o fato de a recorrente ser instituição financeira, cujas receitas financeiras integram a atividade mercantil típica da empresa; (c) o direito creditório perseguido pela recorrente foi reconhecido pelo STF e deve ser observado pela Administração, cf. Decreto no 2.346/1997, art 1o; e (d) é irrelevante questionar se o crédito perseguido advém de compensações ou pagamentos em espécie, ou ainda se as compensações encontramse sob análise perante a RFB. Em 26/02/2010 (fls. 2586 a 2588), a recorrente protocoliza requerimento de desistência parcial do Recurso Voluntário, em relação a determinados débitos que relaciona Fl. 2829DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.830 5 (compensações consideradas não declaradas nos processos no 10510.000911/200553 e no 10510.001479/200356), em virtude de pagamento à vista, com os benefícios da Lei no 11.941/2009. Apresenta ainda cópia da petição em juízo para desistência parcial de Embargos de Declaração em relação aos mesmos débitos (fls. 2624 a 2626). No CARF, o julgamento é convertido em diligência em 24/10/2012, por meio da Resolução no 3403000.401 (fls. 2813 a 2820), na qual a turma julgadora decide unanimemente determinar que os autos aguardem na unidade local o desfecho no processo judicial. A unidade local, por meio do despacho de fls. 2823/2824, assinado em 24/07/2015, conclui que o procedimento não trata de diligência, e que nos casos de sobrestamento o processo aguarda no próprio CARF. Acrescenta ainda discordância em relação ao decidido pelo CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Retomese o processo do estágio em que se encontrava quando encaminhado à unidade local, em 24/10/2012, para que lá aguardasse o desfecho no processo judicial. Da diligência (não) realizada Naquela ocasião, este tribunal administrativo, ou mesmo este relator, não concluiu, como equivocadamente entendeu a autoridade encarregada pela diligência, que restava afastada a concomitância entre o processo administrativo e o judicial. Aliás, reconheça se que nem tal autoridade estava convicta do entendimento, acrescentando um s.m.j. (provavelmente se referindo à expressão salvo melhor juízo) ao final. E, feito um melhor juízo do excerto do voto pela conversão em diligência, percebese nitidamente que em momento algum se afasta a concomitância. Pelo contrário, a dúvida revelada naquele voto era sobre um eventual sobrestamento judicial do processo, tendo em vista o RE no 609.096/RS, de reconhecida Repercussão Geral. A empresa tinha ação judicial em curso (MS no 2007.85.00.0058347 inicial às fls. 675 a 714), na qual expressamente mencionava o presente processo administrativo (e ainda outro, de no 10510.720037/200736), demandando, entre outros (fl. 712/713): Fl. 2830DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.831 6 Afora tal pedido, há ainda outro que menciona expressamente o presente processo administrativo (fl. 713), demandando homologação da compensação: Na decisão de fls. 715 a 724, dispõese que: No mais, a decisão defere parcialmente a liminar requerida, determinando a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários vencidos e vincendos devidos a título da Contribuição para o PIS/PASEP com base no § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/1998. Fl. 2831DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.832 7 A sentença (fl. 725 a 736) é no seguinte sentido: Após a interposição de embargos de declaração, a parte dispositiva é alterada para (fl. 741): No TRF da 5a Região são analisadas apelações das partes, acordandose que (fl. 746): Nessa situação se encontrava o processo à época da conversão do julgamento em diligência. Vejase que o Poder Judiciário, ao mesmo tempo em que concedia o direito de compensar, submetendo a apuração de liquidez à Administração, restringia o direito ao trânsito Fl. 2832DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.833 8 em julgado da ação, com fundamento no art. 170A do CTN, com a redação dada pela Lei Complementar no 104/2001. Ocorre que, na apuração da certeza e da liquidez do crédito, com a consequente determinação da base de cálculo da contribuição, nos termos da decisão pela inconstitucionalidade do § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/1998 (no RE no 585.235/MG) não se resolve uma questão atinente ao presente processo: como aplicar a referida inconstitucionalidade, afastandose as receitas financeiras da base de cálculo, diante do fato de ser a recorrente uma instituição financeira. Essa matéria é objeto de RE específico (de no 609.096/RS), como narrado no voto pela conversão em diligência. Assim, dependendo do curso do processo judicial (havendo ou não nos autos judiciais análise específica vinculada ao fato de ser a recorrente uma instituição financeira) seria afetada a base de cálculo a ser adotada pela Administração. Não havendo tratamento específico do tema pela autoridade judicial, seria perfeitamente cabível a aplicação administrativa do entendimento externado na segunda decisão de piso, de que "o conceito de receita bruta envolve a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais". Mas tal ato dependeria das consequências administrativas de Repercussão Geral no RE no 609.096/RS. Aqui remetemos à segunda "discordância" da autoridade administrativa, que informa ter havido revogação do § 1o do art. 62A do Regimento Interno do CARF (RICARF), que estabelecia o sobrestamento administrativo como consequência do sobrestamento judicial diante de Repercussão Geral, entre outros, pela Portaria MF no 545, de 18/11/2013. Ocorre que a Resolução pela baixa em diligência, recordese, é de 24/10/2012. Por certo que não poderia este tribunal antever revogação futura do dispositivo que configurava óbice ao julgamento do processo. Em síntese, deveria efetivamente a unidade preparadora ter acompanhado o processo judicial, para verificar o que se passa a discorrer a seguir (andamentos do processo de 2012 até a presente data, providência que sequer foi tomada no despacho da autoridade responsável pela diligência, redigido em 2015 para afirmar que a diligência demandada em 2012 era indevida). Do andamento do processo judicial Na ação judicial da recorrente, em relação à matéria, houve acórdão em 09/04/2014 para adequar a decisão anterior ao entendimento externado pelo STF no RE no 566.621/RS, sobre a vigência da Lei Complementar no 118/2001 e a aplicação do prazo quinquenal. O acórdão foi embargado, sendo a decisão sobre os embargos publicada em 13/06/2014, no sentido de que a instituição financeira permanece sujeita às regras da Lei no 9.718/1998, não cabendo as limitações de compensação constantes na Lei no 10.637/2002. Importante destacar que nos embargos a recorrente aproveita para "sanar omissão e reconhecer a legitimidade e legalidade do procedimento de restituição e compensação já realizado nos autos" do presente processo administrativo e de outros dois. Sobre o tema, assim se manifesta o TRF5: Fl. 2833DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.834 9 "O pedido do particular para sanar a omissão do julgado com relação ao reconhecimento da legitimidade e legalidade do procedimento de restituição e compensação já realizado nos autos dos processos nºs 10510.002215/200662, 10510.7200037/200736, 10510.720038/2007 81 e 10510.720040/200750 importa em nítido propósito de reapreciação do julgado, em face da ausência dos requisitos do art. 535 do CPC. Contudo, no que se refere ao argumento de omissão do acórdão com relação à inaplicabilidade às instituições financeiras da declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98, devem ser acolhidos os embargos declaratórios, para concederlhes efeitos modificativos." (grifo nosso) Interpostos recursos especial e extraordinário, em 20/11/2014 não é admitido o recurso especial, sob os seguintes argumentos: Despacho do Desembargador(a) Federal VicePresidente Recurso Especial Não Admitido [Publicado em 25/11/2014 00:00] Tratase de recurso especial interposto com fundamento no artigo 105, inciso III, "a", da Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte. A partir de acurado exame dos autos, verifico que foram observados os requisitos gerais de admissibilidade extrínsecos (tempestividade, regularidade formal e preparo) e os intrínsecos (cabimento, legitimação, interesse recursal e inexistência de fato impeditivo do poder de recorrer), assim como que restou prequestionada a matéria objeto do recurso. Todavia, observo que, no particular da controvérsia em comento (definição do conceito de faturamento para fins de incidência da contribuição para o PIS relativamente às receitas financeiras das instituições financeiras), cuidase de matéria para cuja solução é preponderante a interpretação não de normas legais, mas sim do art. 195, I, da CF/88. Sendo assim, é forçoso que a matéria não será resolvida em termos de recurso especial, cujo processamento somente dilatará, sobremodo e inutilmente, o andamento do processo. A razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF) orienta o operador do sistema jurídico à inadmissibilidade do recurso, principalmente quando, por ser a matéria nitidamente de colorido constitucional, não tocará a sua análise ao recurso especial. É, portanto, de se concluir que, nas hipóteses onde houver a interposição de recurso especial versando sobre questão de direito cuja repercussão geral já foi admitida ou até mesmo julgada pelo Pretório Excelso, a sua inadmissibilidade se impõe, pois será a deliberação da Corte Suprema que irá guiar a solução da controvérsia. Com isso, conferese celeridade ao feito, poupando a máquina judiciária de esforços inúteis. (...)" (grifo nosso) Em relação ao recurso extraordinário, o despacho foi no seguinte sentido: Tratase de recurso extraordinário com fundamento no artigo 102, inciso III, "a", da Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte. Tendo em vista o reconhecimento da existência de repercussão geral no RE 609096RS, que diz respeito à exigibilidade do PIS e da COFINS sobre as receitas financeiras das instituições financeiras, cujo relator é o Ministro Ricardo Lewandowski, determino o SOBRESTAMENTO deste recurso até o Fl. 2834DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10510.720038/200781 Resolução nº 3401000.917 S3C4T1 Fl. 2.835 10 pronunciamento daquela Corte, em consonância com o art. 543B, § 1º, do Código de Processo Civil. Encaminhese ao NURER. Recife, 19 de novembro de 2014. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR VicePresidente do TRF da 5ª Região." (grifo nosso) Assim, o andamento do processo judicial revelou que a composição da base de cálculo, para efeitos de apuração da Contribuição para o PIS/PASEP, não pode ser levada a cabo pela Administração antes do pronunciamento judicial no caso concreto, visto que a ação judicial da recorrente passa a contemplar não só a questão da inconstitucionalidade em sentido estrito do § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/1998, mas a determinação do que deve ser considerado faturamento para instituições financeiras após a referida declaração de inconstitucionalidade. Não há, assim, como apurar administrativamente a liquidez do crédito, no caso concreto, antes do pronunciamento do Poder Judiciário. Pelo exposto, reafirmase o entendimento anteriormente externado na conversão em diligência de que o presente processo deve aguardar o desfecho do processo judicial, simplesmente porque não há como operacionalizar a compensação antes de se saber qual será o provimento judicial obtido em relação à composição da base de cálculo da contribuição. Voto, destarte, no sentido de nova conversão em diligência, para que se aguarde, na unidade preparadora (DRFAracaju), o desfecho do processo judicial no qual se determinará a composição da base de cálculo, necessária à verificação administrativa da liquidez do crédito tributário. Rosaldo Trevisan Fl. 2835DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002727/2010-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO INDIVIDUALIZADA. ART. 42, § 3º, LEI Nº 9.430/96.
Deve o contribuinte comprovar individualizadamente a origem dos depósitos bancários feitos em sua conta corrente, identificando-os como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis, conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 2202-003.057
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, para excluir da base tributável o valor de R$4.213,02.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator.
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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COMPROVAÇÃO INDIVIDUALIZADA. ART. 42, § 3º, LEI Nº 9.430/96. Deve o contribuinte comprovar individualizadamente a origem dos depósitos bancários feitos em sua conta corrente, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis, conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, para excluir da base tributável o valor de R$4.213,02. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator. Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 27 27 /2 01 0- 30 Fl. 640DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 Por bem sintetizar os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância, reproduzo o relatório do Acórdão nº 1750.696, da Quarta Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (DRJ/SP2). DO LANÇAMENTO Versa este processo sobre exigência de crédito tributário relativa a Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2006, conforme auto de infração de fls. 374 a 377 e demonstrativos de fls. 372 e 373. Foi lançado o imposto no valor de R$ 55.267,70, acrescido de juros de mora de R$ 19.122,62 (calculados até 31/08/2010) e de multa de oficio proporcional no valor de R$ 41.450,77, resultando no montante de R$ 115.841,09. Trata a autuação de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. O enquadramento legal é informado As fls. 373 e 377. A descrição dos fatos é apresentada no Termo de Verificação Fiscal, As fls. 348 a 371. DA IMPUGNAÇÃO O autuado tomou ciência do auto de infração em 14/09/2010, conforme AR de fl. 380, e apresentou, em 13/10/2010, por meio de procurador (procuração A. fl. 18), a impugnação de fls. 384 a 404, acompanhada dos documentos de fls. 405 a 433, abaixo resumida. Das peculiaridades do presente auto de infração O impugnante — que conta com 80 (oitenta) anos completos — aposentouse como médico, recebendo aposentadorias do Ministério da Saúde, do Governo do Estado de São Paulo e do Instituto Nacional do Seguro Social — INSS. Acrescente ainda que o impugnante: a) é casado pelo regime de comunhão universal de bens com Fernanda de Azevedo Catapano, a qual percebe proventos de aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social — INSS; b) recebe aluguel correspondente à metade ideal do imóvel situado na Rua Girassol 913, São Paulo, sendo que a outra metade pertence a seu irmão José Luiz Catapano, o qual está locado A. Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130; c) no anocalendário 2006 auferiu rendimentos de pessoas físicas na ordem de R$ 12.000,00. Salientese, por fim, que no anocalendário 2006 ocorreram variações no que tange à compra e venda de imóvel e liquidação de CDB, consoante segue: a) venda do imóvel relativo à Casa de Madeira, montada no terreno do Condomínio Fazenda Oripaba, em Monte Alegre do Sul, vendido a Eduardo Paulo Bolkovitz, pelo valor de R$ 135.000,00; b) compra do apartamento 75, na Rua das Galhetas 375, no município de Guarujá, adquirido de Cyro Eyer do Valle e sua mulher, em 17/05/2006, no valor de R$ 150.000,00; c) liquidação do CDB DI SWAP, existente no Banco do Brasil S.A., conta n° 32.093 5, no valor de R$ 90.000,00; Fl. 641DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.002727/201030 Acórdão n.º 2202003.057 S2C2T2 Fl. 641 3 d) também é certo que os rendimentos mensais percebidos pelo impugnante, mencionados mais acima, bem como o produto da venda e compra de imóveis e liquidação de aplicações, transitaram nas contas bancárias do impugnante no ano calendário 2006. Por todos os fatos acima explicitados o presente auto de infração não tem base para prosperar. Da interpretação da lei e do excessivo rigor na sua aplicação pela fiscalização É preciso levar em consideração o disposto no art. 5º da Lei de Introdução do Código Civil, que preconiza a interpretação teleológica da lei: "Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e as exigências do bem comum". Com efeito, teria sido alcançada a interpretação mais correta, se tivessem sido consideradas as peculiaridades descritas no tópico anterior, bem como as justificativas apresentadas e a inexistência de aumento patrimonial e de sinais exteriores de riqueza. Das justificativas da origem dos depósitos bancários BANCO SANTANDER O valor total de R$ 11.995,00 que consta na planilha da fiscalização foi devidamente declarado na declaração de ajuste anual simplificada relativa ao ano calendário 2006, na rubrica total de rendimentos tributáveis recebidos de pessoa física/exterior, no qual constou o recebimento do valor de R$ 12.000,00. BANCO DO BRASIL Foram levantados os depósitos correspondentes aos meses de janeiro a dezembro de 2006, no valor total de R$ 188.978,43, os quais são discriminados a seguir: 1 Janeiro de 2006, depósitos no valor de R$ 15.902,02 Justificativas: 27/01/06 Dep. on line R$ 3.000,00 27/01/06 Dep. on line R$ 3.000,00 27/01/06 Dep. on line R$ 3.000,00 27/01/06 Doc. crédito R$ 4.213,02 Total R$ 13.213,02 São originários da venda de um imóvel a Eduardo Paulo Boscovitz e sua mulher, consoante Instrumento Particular de Cessão e Transferência de Direitos e Obrigações de Venda e Compra, datado de 16/01/2006, em cuja cláusula terceira constou o seguinte: "O preço certo da presente cessão é de R$ 135.000,00 (cento e trinta e cinco mil reais) pagos da seguinte forma: R$ 5.000,00 (cinco mil reais) como sinal e principio de pagamento e mais R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais) pagos na assinatura do presente contrato, mediante depósito em conta corrente dos cedentes no Banco do Brasil, Agência 02976, conta n° 32.0935, servindo o recibo desse depósito como prova de pagamento e sendo depositado em cheques, quitado somente após a compensação." Fl. 642DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 Os depósitos foram efetuados no mês de janeiro nas datas e valores a seguir nomeados: Dia e mês Histórico Créditos 19/01/06 TED pagamento FGTS 36.035,76 24/01/06 TED pagamento FGTS 56.752,22 27/01/06 Dep. on line 3.000,00 27/01/06 Dep. on line 3.000,00 27/01/06 Dep. on line 3.000,00 27/01/06 Dep. on line 21.000,00 27/01/06 Doc. crédito 4.213,02 Total 127.001,00 Esse valor (R$ 127.001,00), acrescido da comissão de R$ 8.000,00 (correspondente a 6% do preço de R$ 135.000,00), resultou na importância total da venda do imóvel: R$ 135.000,00. O impugnante esclarece que o Banco do Brasil informou, na data de 06/07/2010, que os depósitos de R$ 36.035,75, R$ 21.000,00 e R$ 56.752,22 foram efetuados em 27/01/2006 pelo Sr. Eduardo Paulo Boscovitz, comprador do imóvel. Quanto aos três depósitos de R$ 3.000,00 e o de R$ 4.231,02, por serem inferiores a R$ 5.000,00, não há a informação do nome do depositante. 2 Fevereiro de 2006, depósitos no valor de R$ 4.220,73 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de fevereiro da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. 3 Março de 2006, depósitos no valor de R$ 3.053,00 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de março da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. 4 Abril de 2006, depósitos no valor de R$ 2.511,39 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de abril da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. 5 Maio de 2006, depósitos no valor de R$ 105.570,00 Justificativas: a) A esposa do contribuinte, D. Fernanda de Azevedo Catapano, CPF n° 607.563.06868, como professora aposentada pelo INSS, percebeu rendimentos Fl. 643DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.002727/201030 Acórdão n.º 2202003.057 S2C2T2 Fl. 642 5 mensais que totalizaram, no anocalendário 2006, R$ 15.177,82, conforme constou na declaração de ajuste anual do requerente, na parte correspondente as Informações do cônjuge, que foi acostada com a petição de 10 de maio de 2010. b) A esposa do requerente acumulou reservas em moeda corrente no pais e assim forneceu valores a seu marido na ordem de R$ 20.000,00. c) O impugnante possuía em 31/12/2005 a importância de R$ 10.500,00, a qual está consignada em sua declaração de ajuste anual do anocalendário 2006. Conseqüentemente, esse valor integrou o depósito por ele efetuado em 26/05/2010. d) O requerente emprestou de seu filho Gerson Luiz de Castro Catapano, CPF no 114.692.94800, em moeda corrente no pais, que o impugnante depositou em conta corrente, o valor de R$ 25.000,00. e) Recebimento de aluguel no mês de maio da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. f) A diferença que falta para completar o valor de R$ 105.570,00 é originária dos valores recebidos pelo impugnante de suas aposentadorias, os quais constaram de sua declaração de ajuste anual. Esses valores foram retirados dos bancos respectivos, formando um caixa em moeda corrente do pais e posteriormente depositados na data de 26/05/2006: R$ 47.803,00. 6 Junho de 2006, depósitos no valor de R$ 6.623,40 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de junho da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. 7 Julho de 2006, depósitos no valor de R$ 8.947,00 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de julho da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ no 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. 8 Agosto de 2006, depósitos no valor de R$ 3.526,00 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de agosto da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. 9 Setembro de 2006, depósitos no valor de R$ 11.159,00 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de setembro da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. Fl. 644DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 10 Outubro de 2006, depósitos no valor de R$ 4.530,00 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de outubro da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. 11 Novembro de 2006, depósitos no valor de R$ 18.883,40 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de novembro da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. 12 Dezembro de 2006, depósitos no valor de R$ 4.052,49 Justificativas: Recebimento de aluguel no mês de dezembro da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ no 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006: R$ 2.267,00. Em face do exposto, concluise que o levantamento do Fisco não deverá prosperar, devendo prevalecer as justificativas acima apresentadas pelo impugnante. Outrossim, restou comprovado que os depósitos não caracterizam disponibilidade econômica de renda e proventos. 0 lançamento assim constituído só é admissível quando ficar comprovado o nexo causal entre os depósitos e o fato que represente omissão de rendimento. Além disso, não foi constatado pelo Fisco nenhum aumento patrimonial nem sinais exteriores de riqueza. Da jurisprudência A jurisprudência é consistente no entendimento da fragilidade do auto de infração lastreado simplesmente em depósitos bancários, sem contudo ficarem comprovados o aumento patrimonial e os sinais exteriores de riqueza, conforme excertos transcritos às fls. 401/404. Da conclusão E para finalizar o impugnante protesta pela juntada de novos documentos, especialmente das declarações relativas aos fornecimentos dos valores de R$ 20.000,00 e R$ 25.000,00 por sua esposa e por seu filho, ocorridos em maio de 2006. Pelo exposto, requer o impugnante que o auto de infração seja julgado improcedente. A DRJ/SP2 julgou parcialmente procedente a impugnação, cujo Acórdão nº 1750.696 (fls. 547 a 561) foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. NULIDADE PARCIAL. A Lei no 9.430/1996, que teve vigência a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento Fl. 645DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.002727/201030 Acórdão n.º 2202003.057 S2C2T2 Fl. 643 7 do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento. Devese, no entanto, proceder à anulação do lançamento com relação aos depósitos efetuados em conta conjunta, quando um dos cotitulares da conta não é intimado a comprovar a origem dos depósitos na fase que precede à lavratura do auto de infração, nos termos da Súmula CARF n° 29. PEDIDO DE JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS. Em não se verificando nos autos a ocorrência de nenhuma das hipóteses que autorizam a juntada de novos documentos em momento posterior ao da apresentação da impugnação, deve ser indeferido o pedido feito nesse sentido. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A decisão da DRJ excluiu a tributação sobre os depósitos efetuados na conta do Banespa/Santander, por ser uma conta conjunta e um dos cotitulares não ter sido intimado a comprovar a origem dos créditos. O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 04/07/2011, conforme Aviso de Recebimento (A.R.) à fl. 564, tendo interposto recurso voluntário em 1º/08/2011 (fls. 567 a 597), por meio de procurador legalmente habilitado, no qual repisa os argumentos da impugnação e acrescenta as seguintes razões: Quanto aos três depósitos efetuados pelo Recorrente no dia 27/01/2006, nos valores de R$3.000,00 (três mil reais) cada um, são originários da agência 01510 do Banco do Brasil S.A., a mesma 01510 do depósito de R$21.000.00, devidamente aceito e considerado pelos órgãos julgadores. Após pesquisar o número da agência do B. Brasil 01510, constatou que diz respeito à cidade de São José do Rio Preto, onde residia o Sr. Eduardo Paulo Boskovits, adquirente do imóvel vendido pelo Recorrente, consoante comprovam os documentos de n°s 21 e 22 em anexo; no que toca ao depósito de R$4.213,02, procedido pelo Recorrente no dia 27/01/2006, foi efetuado pelo Sr. Eduardo Paulo Boskovits, adquirente do imóvel por ele vendido, conforme prova o documento n° 23 em anexo, dissipando qualquer dúvida em relação a origem do depósito questionado; em cada mês do ano de 2006, foram depositados na sua conta corrente R$ 1.000,00, originários do valor constante mensalmente na sua Declaração de Ajuste Anual do anocalendário 2006, como recebidos de pessoas físicas, conforme prova a Declaração de Ajuste Anual Simplificada em anexo (doc. n° 25); os valores depositados em moeda corrente do país pelo Recorrente no mês de maio/2006 foram efetuados em virtude da compra do Apartamento n° 75 e vaga de garagem 75 do Edifício Galhetas, situado na Rua Galhetas 370, na cidade Guarujá, São Paulo, em maio de 2006, conforme prova a Escritura respectiva, documentos de nºs. 6 a 14 em anexo. Também é certo que a sua esposa e o seu filho colaboraram para essa aquisição, bem como os recebimentos de suas aposentadorias; o valor de R$2.054,36, recebido no mês de dezembro de 2006, corresponde ao recebimento de uma ação ordinária de repetição de indébito, contra a União Federal, perante Fl. 646DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 8 o Juízo da 17ª Vara da Seção Judiciária de São Paulo (proc. n° 91.6991246), conforme docs. 31 e 32 em anexo. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. O lançamento foi efetuado em virtude da infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, em relação ao exercício 2007 (anocalendário 2006). Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, os valores creditados em contas bancárias mantidas junto a instituição financeira, os quais o contribuinte não comprove a sua origem, serão tributados como omissão de rendimentos. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1 — os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II — no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). §4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Passo então a analisar as justificativas apresentadas pelo recorrente em relação aos depósitos efetuados em sua conta corrente nº 32.0935, agência 02976, do Banco do Brasil. Rendimentos recebidos de pessoas físicas declarados na DAA O Recorrente alegou em sua impugnação que os valores dos depósitos na sua conta do Banco Santander, no total de R$11.995,00, eram oriundos de rendimentos tributáveis Fl. 647DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.002727/201030 Acórdão n.º 2202003.057 S2C2T2 Fl. 644 9 recebidos de pessoa física/exterior, devidamente declarados em sua Declaração de Ajuste Anual Simplificada (DAA), na qual consta o recebimento de R$12.000,00. Os valores depositados na conta do Banco Santander foram excluídos da tributação pela DRJ em virtude da falta de intimação de um dos cotitulares da conta. O Recorrente vem alegar, em seu recurso voluntário, que devem ser excluídos R$1.000,00 de cada mês dos depósitos efetuados na sua conta do Banco do Brasil, sob a mesma justificativa, ou seja, de que se trata de valores devidamente declarados como sendo de recebimentos de pessoas físicas. Se tais valores foram depositados no Banco Santander, conforme afirmou o próprio contribuinte em sua impugnação, e já foram excluídos da tributação pela decisão de primeira instância, não se pode acatar a justificativa agora apresentada para excluílos novamente, dessa feita da conta do Banco do Brasil. Dos aluguéis da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda. O Recorrente aduz que devem ser excluídos da tributação os valores dos aluguéis recebidos da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, correspondente a R$ 2.267,00 mensais, de fevereiro a dezembro de 2006. Entretanto, verificase na planilha de depósitos (fls. 450 a 454) que não há, em nenhum desses meses, o registro de qualquer depósito no valor de R$ 2.267,00 e ele não esclareceu quais depósitos seriam provenientes dos rendimentos de aluguéis, tampouco informou a data e o valor dos depósitos que o compõem. Também não apresentou nenhum documento que comprove que o recebimento dos aluguéis era feito por meio de depósitos bancários. Ou seja, não há nenhuma prova que vincule os valores depositados em sua conta do Banco do Brasil com o recebimento de valores de aluguéis. Assim, não se deve acolher as razões do recorrente nesse ponto. Dos recebimentos relativos à venda de um imóvel ao Sr. Eduardo Paulo Boscovitz e sua esposa O Recorrente argumenta que vendeu um imóvel a Eduardo Paulo Boscovitz e sua mulher, consoante Instrumento Particular de Cessão e Transferência de Direitos e Obrigações de Venda e Compra, datado de 16/01/2006, em cuja cláusula terceira constou o seguinte: "O preço certo da presente cessão é de R$ 135.000,00 (cento e trinta e cinco mil reais) pagos da seguinte forma: R$ 5.000,00 (cinco mil reais) como sinal e principio de pagamento e mais R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais) pagos na assinatura do presente contrato, mediante depósito em conta corrente dos cedentes no Banco do Brasil, Agência 0297 6, conta n° 32.0935, servindo o recibo desse depósito como prova de pagamento e sendo depositado em cheques, quitado somente após a compensação." Afirma que os depósitos foram efetuados no mês de janeiro nas datas e valores a seguir: Data Histórico Créditos 19/01/06 TED pagamento FGTS 36.035,76 Fl. 648DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 10 24/01/06 TED pagamento FGTS 56.752,22 27/01/06 Dep. on line 3.000,00 27/01/06 Dep. on line 3.000,00 27/01/06 Dep. on line 3.000,00 27/01/06 Dep. on line 21.000,00 27/01/06 Doc. crédito 4.213,02 Total 127.001,00 Os depósitos referentes aos valores de R$36.035,76, R$56.752,22 e R$21.000,00 já haviam sido excluídos pela Fiscalização. Quanto aos demais valores, ele argumenta que também são originados da venda do referido imóvel e apresenta os docs. nºs 21 a 22 para comprovação. O doc. 21 (fl. 623) é parte do extrato da conta corrente em referência, onde se pode verificar que os três depósitos, de R$3.000,00 cada, tiveram como origem a mesma agência 01510 do depósito de R$ 21.000,00, como afirma o contribuinte. O doc. 22 (fl. 624) mostra apenas que a agência 01510, do Banco do Brasil, está localizada na cidade de São José do Rio Preto. Quanto ao valor de R$4.213,02, também depositado no dia 27/01/2006, consta do doc. 23 (fl. 625) que foi uma transferência eletrônica efetuada por Eduardo Paulo Boskovitz, da Caixa Econômica Federal, agência 16101. Assim, é de acatar apenas a justificativa relativa a esse depósito de R$4.213,02, pois ficou demonstrada a sua origem, sendo que o depositante é o sr. Eduardo Paulo Boskovitz, adquirente do imóvel vendido pelo recorrente. Os outros três depósitos, de R$3.000,000 cada, não se encontram justificados, uma vez que não restou provado quem os efetuou. É até possível que tenha sido efetuado pelo sr. Eduardo Paulo, como afirma o Recorrente, mas não existe uma prova convincente desse fato. Da mesma forma que o contribuinte obteve a prova da origem para os outros depósitos, poderia também ter ido buscar em relação a esses valores aqui questionados. Dos valores depositados em maio/2006 para aquisição de um apartamento no Garujá/SP Apresenta o recorrente as seguintes justificativas para os depósitos ocorridos no mês de maio, no valor de R$105.570.00: a) A sua esposa, Sra. Fernanda de Azevedo Catapano, CPF n° 607.563.068 68, como professora aposentada pelo INSS, percebeu rendimentos mensais que totalizaram, no anocalendário 2006, R$ 15.177,82, conforme constou na declaração de ajuste anual do requerente; b) a sua esposa acumulou reservas em moeda corrente no país e assim forneceu valores a ele na ordem de R$ 20.000,00; Fl. 649DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 19515.002727/201030 Acórdão n.º 2202003.057 S2C2T2 Fl. 645 11 c) ele possuía em 31/12/2005 a importância de R$ 10.500,00, a qual está consignada em sua declaração de ajuste anual do anocalendário 2006. Conseqüentemente, esse valor integrou o depósito por ele efetuado em 26/05/2010; d) obteve empréstimo de seu filho Gerson Luiz de Castro Catapano, CPF 114.692.94800, em moeda corrente no país, no valor de R$ 25.000,00, que foi depositado em sua conta corrente. e) recebeu de aluguel no mês de maio o valor de R$ 2.267,00, da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda., CNPJ n° 47.226.840/000130, conforme declaração de ajuste anual do anocalendário 2006; f) a diferença que falta para completar o valor de R$ 105.570,00 é originária dos valores recebidos pelo impugnante de suas aposentadorias, os quais constaram de sua declaração de ajuste anual. Esses valores foram retirados dos bancos respectivos, formando um caixa em moeda corrente do país e posteriormente depositados na data de 26/05/2006, em um montante de R$ 47.803,00. O item e) já foi tratado no ponto "Dos aluguéis da Escola de Educação Infantil Fralda Molhada S/C Ltda.", acima. Quanto aos demais itens, o Recorrente não estabeleceu nenhum vínculo entre os créditos na sua conta corrente com os valores que ele tenta justificar. Também não apresentou nenhuma prova convincente que relacionasse, de forma individualizada, os depósitos aos fatos por ele invocados. Portanto, deve ser mantida a exigência relativa aos valores creditados no mês de maio. Ressaltese que a exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar individualizadamente a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase, portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Recebimento de ação ordinária de repetição de indébito O Fiscalizado sustenta que o valor de R$2.054,36, recebido no mês de dezembro de 2006, corresponde ao recebimento de uma ação ordinária de repetição de indébito, contra a União Federal, perante o Juízo da 17ª Vara da Seção Judiciária de São Paulo (proc n° 91.6991246), conforme docs. 31 e 32 em anexo. Pelo recibo apresentado (doc. 31 fl. 633), consta que foi recebido pelo contribuinte o valor de R$2.054,56 no dia 14/11/2006, referente a uma ação ordinária contra a União. No entanto, a planilha de depósitos (fls. 450 a 454) não contém nenhum depósito nesse valor no mês de novembro e nem no mês de dezembro de 2006. Dessa forma, não há como acolher essa justificativa do recorrente. Fl. 650DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 12 Diante do exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL provimento ao recurso, para excluir da base tributável o valor de R$4.213,02. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 651DF CARF MF Impresso em 08/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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