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Numero do processo: 13609.000666/2010-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006
PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES ILEGITIMIDADE PARA APRESENTAR DEFESA EM NOME DO ENTE PÚBLICO
Quando constatado que todo o procedimento fiscal, foi realizado na Câmara Municipal, inclusive com a intimação para apresentação de defesa, entendo que acabou-se por induzir o chefe do legislativo a possibilidade dele mesmo apresentar defesa em nome do município.
A Câmara Municipal, enquanto órgão, público não tem legitimidade para responder em juízo pelo ente público municipal, contudo, entendo que pela analise do caso concreto, a recusa em apreciar, no âmbito administrativo, a defesa por ela apresentada, importaria cerceamento do direito de defesa e do contraditório.
Anulada a Decisão de Primeira Instância.
Numero da decisão: 2401-002.420
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, anular a
decisão de 1ª instância.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES ILEGITIMIDADE PARA APRESENTAR DEFESA EM NOME DO ENTE PÚBLICO Quando constatado que todo o procedimento fiscal, foi realizado na Câmara Municipal, inclusive com a intimação para apresentação de defesa, entendo que acabou-se por induzir o chefe do legislativo a possibilidade dele mesmo apresentar defesa em nome do município. A Câmara Municipal, enquanto órgão, público não tem legitimidade para responder em juízo pelo ente público municipal, contudo, entendo que pela analise do caso concreto, a recusa em apreciar, no âmbito administrativo, a defesa por ela apresentada, importaria cerceamento do direito de defesa e do contraditório. Anulada a Decisão de Primeira Instância.
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A Câmara Municipal, enquanto órgão, público não tem legitimidade para responder em juízo pelo ente público municipal, contudo, entendo que pela analise do caso concreto, a recusa em apreciar, no âmbito administrativo, a defesa por ela apresentada, importaria cerceamento do direito de defesa e do contraditório. Anulada a Decisão de Primeira Instância Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, anular a decisão de 1ª instância. Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Fl. 713DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenco Ferreira Do Prado, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 714DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 13609.000666/201041 Acórdão n.º 240102.420 S2C4T1 Fl. 2 3 Relatório O presente Auto de Infração de Obrigação Principal AIOP, lavrado sob n. 37.267.4046, tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa incluindo as destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, sobre a remuneração paga as pessoas físicas que prestaram serviços na qualidade de segurados empregados. O período do lançamento envolve as competências 01/2005 a 12/2006. Conforme consta do relatório fiscal, durante o procedimento foi constatado que os valores das remunerações constantes da folha de pagamento da empresa para os segurados empregados, incluindo agentes políticos, foram superiores aos salários de contribuição informados ao INSS por meio de GFIP. Esta diferença de valores é a razão da lavratura do presente AI. Importante, destacar que a lavratura da AIOP, deuse em 13/05/2010, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 25/05/2010. Inconformada, a empresa notificada apresentou impugnação à fls. 487 a 499. Foi emitida notificação ao Chefe do Poder Executivo, quanto a ilegitimidade da Câmara em apresentar defesa, fls. 629 a 632. Apresentou a Câmara nova impugnação fl. 630 a 651. Foi exarada Decisão, fl. 689 a 693 que determinou o não conhecimento da impugnação, por entender que a Câmara Municipal não possui legitimidade passiva, posto que o município é que é dotado de personalidade jurídica de direito público. Não conformado com o resultado proferido a Câmara apresentou recurso, fl. 641 a 645. Em síntese alega: 1. O recurso é tempestivo. 2. Após ter contra si lavrado auto de infração, apresentou impugnação, conforme relatado pela própria Receita no acordão recorrido. 3. Entanto, a conclusão a que chegou a Receita foi no sentido de não conhecer da impugnação, por entender que a Câmara Municipal não possui personalidade jurídica para tanto. 4. Todavia, argumenta que essa decisão merece ser reformada, considerando que todos os fatos que ensejaram a autuação terem ocorrido no âmbito do poder legislativo, não havendo razão para a recorrida negar ua legitimidade para apresentar defesa obre seus interesses. Fl. 715DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 4 5. A própria Receita, não obstante admitir que deu ciência do auto de infração tanto ao poder executivo, quanto ao poder legislativo local, negou a capacidade judiciária desta de apresentar sobre assunto de seu manifesto interesse. 6. Deve o mérito de sua impugnação ser analisado por manifeste legitimidade passiva, por ser detentora de capacidade judiciária. 7. Os fatos que ensejaram a lavratura d AI, deramse, em sua totalidade na Câmara, o que já impossibilita a apresentação de defesa pelo executivo. 8. A Câmara, não desconhece a limitação legal eu lhe é imposta diante da circunstância de não possuir personalidade jurídica, e sim, personalidade judiciária. Todavia, essa situação deve ser vista caso a caso, conforme orientação do STF, sendo o presente caso uma típica hipótese de exceção. 9. Sendo assim, requer a reforma do acordão que não conheceu da impugnação apresentada pela Câmara Municipal de Ribeirão das Neves, por entendela parte ilegítima e, por consequência, procedase a análise do mérito da impugnação apresentada. O processo foi encaminhado para julgamento no âmbito deste Conselho. É o relatório. Fl. 716DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 13609.000666/201041 Acórdão n.º 240102.420 S2C4T1 Fl. 3 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme já apreciado a fl. 710. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS PRELIMINARES AO MÉRITO O ponto a ser apreciado em relação ao recurso em questão diz respeito a possibilidade da Câmara Municipal, por meio de seu presidente ou procurador interpor defesa em relação a Ai lavrado no órgão Câmara Municipal. O que nos parece uma questão simples, ao apreciar os termos da Decisão de primeira instância, acaba por merecer uma análise mais pontual de todo o procedimento adotado pela autoridade fiscal, como vista a afastar qualquer espécie de violação aos direitos constitucionais de ampla defesa e contraditório. Para isso, entendo pertinente, relatar o desenvolvimento da ação fiscal realizada no município. 10. A lavratura do AIOP deuse no Município de Ribeirão das Neves – Câmara Municipal, CNPJ 17.580.952/000124, no endereço Av. das Nogueiras, 226. 11. O termo de Início de Procedimento fiscal, foi entregue ao Presidente da Câmara Municipal, conforme podemos verificar na cópia do TIPF, fl. 22. 12. Emissão do Termo de Intimação, fl. 23, em nome do Município de Ribeirão das Neves – Câmara Municipal, CNPJ 17.580.952/000124, no endereço Av. das Nogueiras, 226, concedendo o prazo de 20 dias para apresentação dos documentos, donde novamente extraímos a cientificação na figura do presidente da Câmara. 13. Conforme consta do respectivo termo a documentação relacionada deverá ficar à disposição desta fiscalização, no endereço: AVENIDA DOS NOGUEIRAS, 226, CENTRO, RIBEIRÃO DAS NEVES – MG. 14. Os esclarecimentos solicitados deverão ser feitos por escrito, devidamente assinados, acompanhados, quando for o caso, da respectiva documentação. 15. Às fls. 25 a 33 apresentou o presidente da Câmara, as planilhas requeridas, com relação as remunerações pagas. 16. Foi emitido termo de continuidade do procedimento fiscal, tendo sido novamente a cientificação do procedimento sido dada ao presidente da Câmara. Fl. 717DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 6 17. Foi lavrado o respectivo termo de encerramento, tendo o mesmo sido encaminhado por AR, 18. Conforme descrito no relatório fiscal da infração: o sujeito passivo da obrigação previdenciária é o contribuinte ou a pessoa responsável pelo pagamento de contribuições sociais previdenciárias ou de penalidades pecuniárias, bem como pelo cumprimento das obrigações acessórias decorrentes da legislação. É certo que todo o procedimento acabou por induzir o recorrente a erro, posto que no próprio IPC, encontrase descrito a regras inerentes a interposição de defesa. Ora, se o fisco previdenciário entendesse que a Câmara Municipal não possui personalidade para defenderse, nem mesmo deveria encaminharlhe o Auto de Infração. Não se está com isso, mudando o entendimento acerca da personalidade jurídica do ente público municipal, mas simplesmente garantido ao sujeito passivo o amplo direito de defesa. Notese que o próprio auditor, por inúmeras vezes, no relatório destaca a sujeição passiva do recorrente “o sujeito passivo da obrigação previdenciária é o contribuinte ou a pessoa responsável pelo pagamento de contribuições sociais previdenciárias ou de penalidades pecuniárias, bem como pelo cumprimento das obrigações acessórias decorrentes da legislação.” Ademais, durante muito tempo o próprio INSS e posteriormente a Secretaria da Receita Previdenciária, tiveram dúvidas acerca de como deverseia dar o procedimento nos entes públicos, procedendo a lavratura de NFLD apenas em nome do Município, desconsiderando totalmente a personalidade do ente público. Por outras, o valor da Câmara e da prefeitura em relação as obrigações previdenciárias eram diretamente descontada dos repasses do FPM. Posteriormente, novamente houve alteração da legislação, orientando a lavratura no ente público com a identificação do órgão público fiscalizado, sendo que por diversas vezes apresentou a própria Câmara, defesa as NFLD lavradas. Ademais, entendo que o norte da decisão proferida, foi no sentido, que o ente público não possui capacidade processual, para responder em juízo, o que no entender dessa relatora, não impediria, na maneira como realizado o procedimento no entes públicos, de apreciar sua defesa. O próprio poder judiciário por medida de exceção, acata a possibilidade da Câmara, de ingressar em juízo, conforme podemos identificar a seguir. Segundo os ensinamentos de José dos Santos Carvalho Filho, in Manual de Direito Administrativo, fl.. 17. Como círculo interno de poder, o órgão em si é despersonalizado; apenas integra a pessoa jurídica. (...) Sendo assim, o órgão não pode, como regra geral, ter capacidade processual, ou seja, idoneidade para figurar em qualquer dos pólos de uma relação processual. Faltaria a presença dos pressupostos processual atinente a capacidade de estar em juízo.(...) De algum tempo para cá, todavia, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgão públicos para certos tipos de litígio. Um desses casos é o de impetração de mandado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, quando se trata de defesa de sua competência, violada por ato de outro órgão. Fl. 718DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 13609.000666/201041 Acórdão n.º 240102.420 S2C4T1 Fl. 4 7 Em outra hipótese, já se admitiu mandado de segurança impetrado por Câmara Municipal contra o prefeito para o fim de obrigalo à devida prestação de contas ao Legislativo, tendo sido concedida a segurança.(...) Repitase, porém, que essa excepcional personalidade judiciária ó é aceita em relação ao órgãos mais elevados do Poder Público, de envergadura constitucional, quando defendem suas prerrogativas e competências. Por outro lado, esse tipo de conflito se passa entre órgãos da mesma natureza, como é o caso, (talvez o mais comum) de litígio entre o Executivo e o Legislativo, e como pertencem, à mesma pessoa política, não haveria, mesmo outra alternativa senão admitirlhes, por exceção, a capacidade processual.(...) Mais recentemente, veio a dispor o Código do Consumidor (lei 8.078/1990) que são legitimados para promover a liquidação e execução de indenização “as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados a defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código” Isto posto, entendo que deva ser anulada a decisão de primeira instância, para que se considere válida a defesa apresentada e que por consequência seja a mesma apreciada em suas razões de mérito. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por ANULAR A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA, nos termos acima expostos. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 719DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 37317.008947/2006-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 1/1/1995 a 31/3/2005
DECADÊNCIA. STF. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional.
No presente caso aplica-se a regra do artigo 150, §4º, do CTN, haja vista a existência de pagamento parcial do tributo, considerada a totalidade da folha de salários da empresa recorrente.
SEGURO DE VIDA PAGO PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO SUJEITA A REQUISITOS.
Os pagamentos de seguros de vida quando habituais estão compreendidos no campo de incidência da contribuição previdenciária por serem ganhos habituais sob a forma de utilidade. A isenção concedida pela legislação exige
que o benefício esteja previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e seja disponibilizado à totalidade de seus empregados e dirigentes.
Recurso Voluntário Provido em Parte..
Numero da decisão: 2301-002.472
Decisão: Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do Relator; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido
à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 04/2001, anteriores a 05/2001, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os
Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Mauro José Silva, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, pela aplicação da regar expressa no I, Art. 173 do CTN; II) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão do seguro de vida em grupo, nos termos do voto do Redator designado. Vencidos os Conselheiros Wilson Antonio de Souza Correa, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar
provimento ao recurso nesta questão. Sustentação oral: Bruno Toledo Checchia OAB: 27179/DF. Redator designado: Mauro José Silva.
Nome do relator: DAMIAO CORDEIRO DE MORAES
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ementa_s : Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 1/1/1995 a 31/3/2005 DECADÊNCIA. STF. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. No presente caso aplica-se a regra do artigo 150, §4º, do CTN, haja vista a existência de pagamento parcial do tributo, considerada a totalidade da folha de salários da empresa recorrente. SEGURO DE VIDA PAGO PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO SUJEITA A REQUISITOS. Os pagamentos de seguros de vida quando habituais estão compreendidos no campo de incidência da contribuição previdenciária por serem ganhos habituais sob a forma de utilidade. A isenção concedida pela legislação exige que o benefício esteja previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e seja disponibilizado à totalidade de seus empregados e dirigentes. Recurso Voluntário Provido em Parte..
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do Relator; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 04/2001, anteriores a 05/2001, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Mauro José Silva, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, pela aplicação da regar expressa no I, Art. 173 do CTN; II) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão do seguro de vida em grupo, nos termos do voto do Redator designado. Vencidos os Conselheiros Wilson Antonio de Souza Correa, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão. Sustentação oral: Bruno Toledo Checchia OAB: 27179/DF. Redator designado: Mauro José Silva.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 1/1/1995 a 31/3/2005 DECADÊNCIA. STF. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. No presente caso aplicase a regra do artigo 150, §4º, do CTN, haja vista a existência de pagamento parcial do tributo, considerada a totalidade da folha de salários da empresa recorrente. SEGURO DE VIDA PAGO PELO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA E ISENÇÃO SUJEITA A REQUISITOS. Os pagamentos de seguros de vida quando habituais estão compreendidos no campo de incidência da contribuição previdenciária por serem ganhos habituais sob a forma de utilidade. A isenção concedida pela legislação exige que o benefício esteja previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e seja disponibilizado à totalidade de seus empregados e dirigentes. Recurso Voluntário Provido em Parte.. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do Relator; II) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, nas preliminares, para excluir do lançamento, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, as contribuições apuradas até a competência 04/2001, anteriores a 05/2001, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Mauro José Silva, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, pela aplicação da regar expressa no I, Art. 173 do CTN; II) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão do seguro de vida em grupo, Fl. 1DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 2 nos termos do voto do Redator designado. Vencidos os Conselheiros Wilson Antonio de Souza Correa, Adriano Gonzáles Silvério e Damião Cordeiro de Moraes, que votaram em dar provimento ao recurso nesta questão. Sustentação oral: Bruno Toledo Checchia OAB: 27179/DF. Redator designado: Mauro José Silva. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Relator. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzales Silverio, Wilson Antonio de Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damiao Cordeiro de Moraes, Mauro Jose Silva. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 37317.008947/200617 Acórdão n.º 2301 002.472 S2C3T1 Fl. 1.004 3 Relatório 1. Tratase de recurso voluntário e de ofício, interpostos pela empresa HEWLETT PACKARD BRASIL LTDA e FAZENDA NACIONAL, respectivamente, em face de decisão prolatada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP), que julgou parcialmente procedente o lançamento fiscal. 2. Segundo o relatório fiscal (ff. 72 a 76), o lançamento se deu por falta de recolhimento das contribuições sociais a cargo da empresa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, e às contribuições para outras Entidades e Fundos: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (salário educação), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Social do Comércio (SESC), todos incidentes sobre as verbas de seguro de vida pagas em desconformidade com a legislação pelo empregador aos segurados empregados, no período de 01/01/1995 a 31/03/2005. 3. Contra o lançamento, a recorrente apresentou impugnação (ff. 388 a 410). Diante dos argumentos da defesa, a Delegacia solicitou esclarecimentos à fiscalização (f. 693), foi constatado, então, após realização de diligência (f. 694), que houve acordo judicial no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP), no ano de 1995, com vigência de 01/11/1995 a 31/10/1996; Convenção Coletiva de Trabalho, do ano de 1998, com vigência de 01/11/1998 a 31/10/1999; Convenção Coletiva de Trabalho, do ano de 2000, com vigência de 01/11/2000 a 31/10/2001; Convenção Coletiva de Trabalho, do ano de 2001, com vigência de 01/11/2001 a 31/10/2002; Convenção Coletiva de Trabalho, do ano de 2002, com vigência de 01/11/2002 a 31/10/2003. 4. Após análise dos documentos, o Fisco concluiu que, em todos esses acordos, consta cláusula prevendo o benefício auxílio funeral, podendo ser substituído pelo benefício de seguro de vida, de acordo com o disposto no art. 214, § 9º, inc. XXV do Decreto 3.048, de 6/5/1999 (DOU de 7/5/1999). Portanto desconsiderou os débitos referentes aos períodos 11/1995 a 10/1996, 11/1998 a 10/1999, 11/2000 a 10/2001, 11/2001 a 10/2002 e 11/2002 a 10/2003, mantendo os demais débitos constantes na notificação. 5. Após analisar a impugnação e a diligência, o órgão julgador de primeira instância julgou procedente em parte o lançamento. Contudo, deixou de encaminhar os pronunciamentos fiscais à recorrente e não abrindo novo prazo para defesa (ff. 718 a 726). Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário, acompanhada de guia de recolhimento de trinta por cento do valor do débito (ff. 740 a 767). 6. Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), julgou, então, a decisão nula, por entender que ocorreu preterição ao direito de defesa da recorrente, em respeito ao § 2º do art. 59 do Decreto 70.235/1972, ressaltando que a Receita Federal do Brasil deve cientificar o sujeito passivo da decisão, dar ciência de todas as diligências e de seus respectivos resultados, reabrir novo prazo para defesa e tomar as devidas providências para a continuação do contencioso (ff. 841 a 844). Fl. 3DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 4 7. Após ser cientificada da decisão a recorrente apresentou nova impugnação (ff. 853 a 868), que foi julgada pela DRJ de Campinas, cujo o acórdão restou ementado nos termos que se transcreve: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 31/03/2005 DECADÊNCIA. O prazo decadencial para se constituir o crédito previdenciário é regido pelo Código Tributário Nacional, pois o artigo 45 da Lei nº 8.212, de 1991, é inconstitucional, segundo a Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal. ARBITRAMENTO. Caso a empresa não tenha apresentado todas as informações requisitadas pela Fiscalização, estará autorizado o arbitramento da base de cálculo. CERCEMENTO DE DEFESA. O relatório fiscal claro e preciso que apresente adequadamente todos os fundamentos da exação não cerceia o direito de defesa da impugnante. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. A Autoridade Administrativa Julgadora não pode decidir sobre alegações que propugnam inconstitucionalidade de lei. SEGURO DE VIDA. O seguro de vida é uma utilidade paga ao trabalhador que será tributada se não houver previsão em acordo ou convenção coletiva. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte” 8. Em sede de recurso voluntário, o contribuinte aduziu, em síntese, o que segue: a) que a fiscalização teve acesso a todos os documentos necessários para o perfeito levantamento fiscal, não há previsão legal que possa aferir indiretamente o débito previdenciário; b) contesta que o seguro de vida em grupo é extensivo a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa, assim, a verba tem caráter assistencial e não representa renumeração pelo trabalho prestado, não podendo ser considerados saláriodecontribuição; c) por fim, o cancelamento integral do débito consignado no presente lançamento ou, sucessivamente, a redução do seu valor, pela aplicação dos juros moratórios de, no máximo, 1% ao mês, conforme comando do art. 161, § 1º, do CTN; 10. Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciação do recurso voluntário e de ofício com base no art. 34 do Decreto n. 70.235/72. É o relatório. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 37317.008947/200617 Acórdão n.º 2301 002.472 S2C3T1 Fl. 1.005 5 Voto Vencido Conselheiro Relator Damião Cordeiro de Moraes DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço de ambos os recursos (voluntário e de ofício), uma vez que atendem aos pressupostos de admissibilidade. O recurso de ofício deve ser conhecido com base no art. 34 do Decreto n. 70.235/72. DA INEXISTÊNCIA DE NULIDADE 2. Preliminarmente aduz o contribuinte a nulidade do presente lançamento pelo cerceamento de defesa, uma vez que a fiscalização teve acesso a todos os documentos necessários para o perfeito levantamento fiscal, não devendo aferir indiretamente o débito previdenciário. 3. Não obstante o bom arrazoado trazido pela recorrente na busca de ver seu pleito acolhido, razão não lhe assiste. Cumpre ressaltar que o lançamento encontrase devidamente fundamentado e motivado, em consonância com o que determina a legislação que rege o processo administrativo fiscal, notadamente o art. 50, da Lei n.º 9.784/99. Desta forma, não há que se falar em anulação do lançamento fiscal, por não haver vício. DA DECADÊNCIA 4. Tendo em vista o período de apuração da exação objeto do presente recurso, se faz necessária a verificação da matéria nos termos do Código Tributário Nacional. 5. Sobre essa questão, cumpre dizer que o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08, verbis: “Súmula Vinculante n° 08: São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. 6. Os efeitos da Súmula Vinculante estão previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentados pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.” Fl. 5DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 6 7. Ainda sobre o assunto, a Lei n° 11.417, de 19 de dezembro de 2006, dispõe o que segue: “Art. 2º O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1º O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.” 8. Assim, como demonstrado, a partir da publicação na imprensa oficial, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. Dessa forma, afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, resta verificar qual regra de decadência, prevista no Código Tributário Nacional (CTN), se aplica ao caso concreto. 9. Acerca das regras de verificação da decadência do crédito tributário, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça está consolidada no seguinte sentido: “[...] 1. Está assentado na jurisprudência desta Corte que, nos casos em que não tiver havido o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, é de se aplicar o art. 173, inc. I, do Código Tributário Nacional (CTN). Isso porque a disciplina do art. 150, § 4º, do CTN estabelece a necessidade de antecipação do pagamento para fins de contagem do prazo decadencial. Precedente em recurso representativo de controvérsia (REsp 973733/SC, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 18.9.2009). [...] 3. Recurso especial parcialmente provido”. (REsp 1015907/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 10/09/2010) “[...] 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao Fl. 6DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 37317.008947/200617 Acórdão n.º 2301 002.472 S2C3T1 Fl. 1.006 7 lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008”. (REsp 973733/SC, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 18/09/2009). 10. Compulsando os autos, verificase que houve recolhimento parcial, em face da totalidade das folhas de salários da empresa, sobre os valores lançados, vez que, no Termo de Encerramento de Auditoria Fiscal (TEAF), a fiscalização examinou as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações da Previdência Social (GFIP | f. 71). 11. O recolhimento comprovado de parte das contribuições sociais previdenciárias, ainda que a incidência seja sobre as demais parcelas não lançadas, leva ao convencimento de que deve prevalecer a regra trazida pelo artigo 150, §4º do CTN. 12. Considerando que a recorrente foi cientificada do lançamento fiscal em 12/5/2006, referente às contribuições do período de 1/1/1995 a 31/3/2005, ficam alcançados pela decadência quinquenal as competências até 4/2001. Restando, entretanto, mantidas as competências de 5/2001 a 3/2005. 13. Assim, como ainda há débito remanescente, passo a examinar as demais questões recursais. DO LANÇAMENTO 14. Conforme narrado pelo Relatório Fiscal, o lançamento do débito fiscal se deu por falta de recolhimento das contribuições sociais (riscos ambientais do trabalho, salário Fl. 7DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 8 educação, INCRA, SEBRAE, SENAC, SESC) incidentes sobre as verbas de seguro de vida pagas em desconformidade com a legislação pelo empregador aos segurados empregados (ff. 72 a 76). 15. Nesse ponto, a decisão colegiada recorrida foi categórica ao estabelecer que: “não haverá incidência tributária apenas quando o seguro de vida estiver previsto em acordo ou convenção coletiva” (f. 905, verso). A razão da procedência parcial da impugnação da origem foi a previsão em norma coletiva trabalhista. 16. Sobre a questão, entendo que a tese da autoridade administrativa não merece prosperar conforme se passa a demonstrar. No meu sentir, para os efeitos de recolhimento das contribuições sociais, a utilidade ora em questão não integra o salário de contribuição. 17. Importante ressaltar que a norma celetista expressamente excluiu da definição legal de remuneração a parcela referente ao segurosaúde e ao seguro de vida e de acidentes pessoais, inclusive sem o requisito de que a utilidade fosse oferecida à totalidade dos empregados. Senão vejamos: "Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (...) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: (...) IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante segurosaúde V seguros de vida e de acidentes pessoais;” 18. Evidentemente que, em atendimento ao princípio da especificidade das normas, a lei trabalhista deve ser considerada sempre com muita cautela para que não invada a esfera do ordenamento legal previdenciário, notadamente no que se refere à cobrança de contribuições sociais. 19. Ocorre que o conceito jurídico de salário não é originário do direito previdenciário, mas sim do direito trabalhista. Assim é que, para a exata definição de salário contribuição, foi que o art. 28, inciso I, da Lei 8.212/91 utilizou a expressão ‘remuneração’, termo técnico advindo do direito do trabalho. 20. Nesse sentido, transcrevese ementa do Acórdão da lavra da Juíza Tânia Terezinha Cardozo Escobar, do TRT da 4ª Região, que deu correto tratamento à questão: “GRATIFICAÇÃO NÃO EVENTUAL. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ART. 28, DA LEI Nº 8.212/91. 1. Para definir o saláriodecontribuição, o art. 28, I, da Lei n.º 8.212/91, utiliza a expressão ‘remuneração’. Tratase de termo técnico próprio do Direito do Trabalho. Portanto, devemos entendêlo tal como formulado no campo desta ciência. E neste campo, remuneração é a soma das parcelas de natureza salarial com as gorjetas recebidas pelo empregado, conforme arts. 457 e 458 da CLT. Se a gratificação eventual paga pela empregadora aos seus empregados não é salário, também não é remuneração. Logo, não há incidência de contribuições previdenciárias. (..)” (AC 9504540686/PR) Fl. 8DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 37317.008947/200617 Acórdão n.º 2301 002.472 S2C3T1 Fl. 1.007 9 21. É dizer: para a incidência de contribuição previdenciária sobre os pagamentos realizados a título de utilidade devese levar em conta o conceito construído pelo direito privado, por força do disposto no art. 110, do CTN. Este dispositivo traz uma relevante regra de conduta tributária ao dispor que "A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias". 22. A rigorosa discriminação de campos materiais para o exercício da atividade tributária, tendo estatura constitucional, por si só já determina essa inalterabilidade, de maneira que, a definição de cada instituto utilizada pela Carta Magna não pode ser manipulada pelo fiscal tão somente no afã de ampliar o campo de incidência tributária. 23. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou pela não incidência da contribuição sobre os valores do seguro de vida em grupo pago pelo empregador para todos os empregados, uma vez que não pode ser considerado como espécie de benefício ao empregado, uma vez que o empregado nada usufrui pelo seguro de vida em grupo, o que descarta a possibilidade de considerarse o valor pago, se generalizado para todos os empregados, como sendo salárioutilidade (v.g. REsp 441096/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, DJ 04/10/2004, p. 231; REsp 677751/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, DJ 21/11/2005, p. 137, REPDJ 10/04/2006, p. 135). 24. Para reforçar a tese, citase trecho do voto da Ministra Eliana Calmon, relatora do REsp 695724/RS (DJ 16/05/2006, p. 205): “Temse entendido que a incidência da contribuição previdenciária está afeta às parcelas que se constituem em salário, seja pago de forma direta ou de forma indireta, de tal modo que a liberalidade patronal, se em caráter habitual passa a integrar o salário e, como tal, a servir de base de cálculo para efeito de incidência da exação de que se cuida. Na hipótese, estamos a tratar especificamente do que é pago pelo empregador a título de seguro de vida em grupo, sendo certo que a partir da Lei 9.528, de 10∕12∕97, não se tem dúvida, porque prevista a exclusão de forma expressa no art. 28, § 9º, letra "p" da Lei 8.212∕91, o qual enuncia o expurgo da base de cálculo do que for pago a título de programa de previdência complementar. (...) Dentro de uma interpretação teleológica, à vista da previsão legislativa que antecedeu a reforma da Lei 8.212∕91, temos que o seguro de vida em grupo pago pelo empregador para todos os empregados, de forma geral, não pode ser considerado como espécie de benefício ao empregado, o qual não terá nenhum benefício direto ou indireto, eis que estendido a todos uma espécie de garantia familiar, em caso de falecimento. Se de seguro individual se tratasse, não haveria dúvida quanto à incidência, o que, entretanto, não ocorre em relação ao seguro de vida em grupo.” Fl. 9DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 10 25. O seguro não está previsto na Lei n. 8.212/91com verba tributável, apenas indiretamente no Decreto n. 3.048/1999 (art. 214, §9º, inc. XXV), o que não é suficiente para se confirmar a exação. 26. O CARF tem se posicionado em uníssono com o Superior Tribunal de Justiça, verbis: “Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1997 a 30/11/1999 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. SEGURO DE VIDA EM GRUPO. NÃO INCIDÃSNCIA DE CONTRIBUIÇAO PREVIDENCIARIA. O Seguro de Vida em Grupo não está sob o campo de incidência de contribuição previdenciária por não se amoldar ao conceito de salário de contribuição previsto no art. 28, I da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Provido” (Segundo Conselho de Contribuintes. 6ª Câmara. Turma Ordinária; Acórdão nº 20600747 do Processo 35138000064200714. Conselheiro Rogerio de Lellis Pinto, Relator designado. Data 10/04/2008). 27. Frisase, porque importante, que o empregado nada usufrui pelo seguro de vida, o que descarta então a possibilidade de considerarse o valor pago como sendo salário utilidade para efeitos de cobrança de contribuições previdenciárias. 28. Enfim, cobrar contribuições sociais sobre estes benefícios é penalizar as empresas e desestimular a colaboração da sociedade no bem estar e segurança dos trabalhadores, para que os familiares não passem dificuldades em caso de falecimento do mantenedor da família. 29. Dessa forma, entendo que o lançamento não merece prosperar, tendo em vista que não devem incidir contribuições previdenciárias sobre o seguro de vida em grupo. RECURSO DE OFÍCIO 30. No que diz respeito ao recurso de ofício, o julgador de primeira instância decotou uma fração do lançamento por entender que a empresa teria entregue à fiscalização parte das convenções coletivas de trabalho, o que colocou a empresa em situação de regularidade parcial. 31. Não obstante ao meu posicionamento acima exarado sobre a matéria, onde firmei posição no sentido de que não há necessidade de previsão do benefício em norma coletiva de trabalho, concordo com a autoridade julgadora em retificar o débito nesta parte. 32. Defronte desses argumentos, devese conhecer o recurso de ofício (art. 34 do Decreto n. 70.235/72) e NEGARLHE provimento. CONCLUSÃO 33. Pelo exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO por entender que o seguro de vida não integra o salário de contribuição. Pela mesma razão, NEGO PROVIMENTO ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Fl. 10DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 37317.008947/200617 Acórdão n.º 2301 002.472 S2C3T1 Fl. 1.008 11 Damião Cordeiro de Moraes Relator Fl. 11DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 12 Voto Vencedor Conselheiro Mauro José Silva, Redator Designado Apresentamos nossas considerações em sintonia com os aspectos do Acórdão para os quais fomos designados como Redator do voto vencedor. Seguro de vida. Inclusão no campo de incidência com isenção somente mediante a obediência dos requisitos legais. Iniciamos a análise sobre a incidência da contribuição previdenciária instituída pela Lei 8.212/91 sobre pagamentos de seguro de vida tomando o dispositivo constitucional que outorgou competência para a União instituir tal contribuição. Os dispositivos que tratam do assunto estão, primordialmente, no art. 195, no entanto, não podemos desconhecer o conteúdo do §art. 201 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Fl. 12DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 37317.008947/200617 Acórdão n.º 2301 002.472 S2C3T1 Fl. 1.009 13 (...) § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Como se vê, a Constituição conferiu competência à União para instituir contribuição para financiar a seguridade social – incluída nesta a previdência social, conforme o caput do art. 194 – que pode incidir, no caso do empregador, sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho; e, no caso, do trabalhador, sobre base de cálculo com relação à qual não houve expressa previsão de limites. Importante atentar para o fato de o §11º do art. 2001 ter autorizado a instituição de incidência da contribuição previdenciária sobre os ganhos habituais a qualquer título. Portanto, para as contribuições previdenciárias, temos que, desde de pelo menos a edição da emenda 20/98, a incidência destas estava autorizada, entre outros, para os seguintes fatos geradores: • No caso dos empregadores, sobre a folha de salários e demais itens remuneratórios(rendimentos) pagos à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, bem como sobre os ganhos habituais do empregado pagos a qualquer título; • No caso dos trabalhadores, não há expressa delimitação dos fatos geradores. Como é cediço, a constituição apenas autoriza a criação de tributos, deixando para a Lei Ordinária do ente federativo a tarefa de criar a exação autorizada pelo Texto Magno. No caso das contribuições para a seguridade social, é a Lei 8.212/91 que cumpre esse papel de forma mais específica, apesar de existirem outras contribuições destinadas a financiar a seguridade social criadas por outras leis(PIS, COFINS e CSLL, por exemplo). A referida lei determinou, em seu art. 11, que os empregadores, a quem denominou de empresas, seriam contribuintes de contribuições sociais “incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço”(parágrafo único, alínea “a”)., sendo segurados aquelas pessoas enumeradas no art. 12. Para os trabalhadores, a lei definiu que a contribuição incidiria o saláriodecontribuição, sendo este definido no art. 28. A definição das hipóteses de incidência da contribuição das empresas é encontrada no art. 22, o qual em seus quatro incisos estabelece a incidência de uma contribuição previdenciária geral sobre a remuneração dos empregados, uma contribuição previdenciária relacionada aos riscos do trabalho, uma contribuição previdenciária sobre contribuintes individuais e uma contribuição previdenciária devida sobre pagamentos a cooperativas de trabalho. Fl. 13DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA 14 Interessanos para o momento a contribuição previdenciária das empresas cuja hipótese está presente no inciso I do art. 22, in verbis: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999) Analisando o referido dispositivo, podemos constatar, portanto, que três são as hipóteses de incidência do inciso I: remunerações, ganhos habituais sobre a forma de utilidades e adiantamentos decorrentes de reajuste salarial. Logo, cabenos verificar se os pagamentos feitos pelo empregador a título de previdência complementar estão alcançados por algumas incidências do inciso I do art. 22. Para tanto, em obediência ao art. 110 do CTN, iremos buscar, em relação aos empregados, o alcance das expressões constantes em tais hipóteses de incidência na legislação trabalhista. Assim, remuneração será aquilo que a CLT assim o considera. Sistematizando o conteúdo dos arts. 457 e 458 do código trabalhista, temos que remuneração é gênero do qual o salário lato sensu e as gorjetas são espécies. Ao seu turno, o salário lato sensu compreende o salário stricto sensu, as comissões, as porcentagens, as diárias e ajudas de custo que ultrapassam 50% do salário stricto sensu, as gratificações ajustadas, os abonos e as utilidades não excepcionadas pela lei trabalhista. A essa altura podemos concluir que as utilidades excepcionadas pela CLT não estão abrangidas pelo conceito de remuneração. No entanto, conforme esclarecido anteriormente, a Constituição autorizou a incidência da contribuição previdenciária não só sobre a remuneração como também sobre os ganhos habituais dos empregados a qualquer título, ao passo que a Lei 8.212/91 instituiu a incidência da contribuição das empresas sobre os ganhos habituais dos empregados sob a forma de utilidades. No que tange aos pagamentos de seguro de vida, quis a CLT estabelecer que se trata de utilidade que deve ser excepcionada da noção de salário lato sensu, e, portanto, da noção de remuneração, mas isso não retira sua natureza de utilidade paga aos empregados que, sendo habitual, sofre a incidência da contribuição, conforme autorização constitucional e incidência positivada pela segunda parte do inciso I do art. 22 da Lei 8.212/91. Sabendo da dificuldade de conceituarmos o que é habitual, adotaremos a habitualidade como a qualidade daquilo que é freqüente, que é repetido muitas vezes, o que Fl. 14DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 37317.008947/200617 Acórdão n.º 2301 002.472 S2C3T1 Fl. 1.010 15 implica tomarmos como habitual aquilo que é, ou poderá ser, repetido mais de três vezes durante a duração do contrato de trabalho. No caso em tela, os pagamentos de seguro de vida preenchem tal requisito, portanto consideramos que são ganhos habituais, ou seja, são ganhos habituais sob a forma de utilidade que sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Estando no campo de incidência, foi instituída uma isenção por meio da norma do art. 214, §9º, inciso XXV do Regulamento da Previdência Social(RPS): Art. 214. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição, exclusivamente: (...) XXV o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a prêmio de seguro de vida em grupo, desde que previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho e disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9o e 468 da Consolidação das Leis do Trabalho. (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999) Portanto, são requisitos da isenção: previsão em acordo coletivo e estar disponível à totalidade dos empregados e dirigentes. No caso em análise, o objeto do Recurso Voluntário está relacionado com os anos nos quais não ficou demonstrado que havia previsão em acordo coletivo, logo votamos pelo indeferimento do recurso nesse aspecto. (assinado digitalmente) Mauro José Silva – Redator Designado Fl. 15DF CARF MF Impresso em 20/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 14/09/2012 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digit almente em 27/06/2012 por MAURO JOSE SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003851/2008-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
AUTODEINFRAÇÃO.
FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. INFRAÇÃO.
É obrigação da empresa exibir à fiscalização todos os documentos
relacionados à contribuições previdenciárias.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2302-001.711
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 AUTODEINFRAÇÃO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. INFRAÇÃO. É obrigação da empresa exibir à fiscalização todos os documentos relacionados à contribuições previdenciárias. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Marco Andre Ramos Vieira Presidente. Liege Lacroix Thomasi Relatora. EDITADO EM: 20/03/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Marco Andre Ramos Vieira (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Liege Lacroix Thomasi, Eduardo Augusto Marcondes de Freitas, Manoel Coelho Arruda Junior, Adriana Sato Fl. 260DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Fl. 261DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.003851/200806 Acórdão n.º 230201.711 S2C3T2 Fl. 2 3 Relatório Trata o presente de auto de infração lavrado em desfavor do recorrente, em 31/07/2008 e cientificado em 04/07/2008, em virtude do descumprimento do disposto no artigo 33, parágrafo 2 , da Lei n. 8.212/91, com a multa punitiva aplicada de acordo com o artigo 283, inciso II, letra “j”, do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto n. 3.048/99, no período de 01/2006 a 12/2007. De acordo com o relatório fiscal da infração, fl.41, a autuada, regularmente intimada não apresentou os documentos solicitados como as folhas de pagamento n Após a impugnação, Acórdão de fls. 71/73, julgou a autuação procedentes moldes estabelecidos, destacando a alimentação e assistência médica, discriminadas por segurado. Após impugnação os autos baixaram em diligência para informações acerca da efetiva inscrição no PAT no ano de 2004, se o plano de assistência médica abrangia todos os segurados e esclarecer se houve erro na capitulação legal, pois a descrição da infração não se coaduna com o artigo infringido. Informação fiscal de fls. 195/197, diz que no decorrer do procedimento de diligência a empresa apresentou inscrição regular no PAT; que a assistência médica não abrange todos os empregados da recorrente, em especial estão excluídos aqueles que trabalham nas obras e que não houve erro na capitulação legal, mas nos documentos que deram origem à autuação, que seriam o termo de adesão ao PAT e o termo de adesão oferecido aos beneficiários do plano de saúde. A autuada foi cientificada do resultado da diligência, lhe sendo oferecido prazo para manifestação, o que não ocorreu. Acórdão de fls. 219/224, julgou a autuação procedente. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso, onde alega, em síntese: a) que o fato gerador ocorreu pelo pagamento das rubricas alimentação, assistência médica e auxílioeducação, que não são verbas salariais, conforme a jurisprudência dominante; b) que para a assistência médica mantinha contrato com a AMIL e SAMSIL Plano de Saúde; c) que os pagamentos efetuados aos segurados Carlos Alberto do Santos, Thelma Arrebola e Elissandra da Silva Torres forma declarados em GFIP e as contribuições recolhidas. Fl. 262DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Requer a procedência do recurso para declarar nulo e insubsistente o auto de infração, determinando o seu cancelamento. É o relatório. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 19515.003851/200806 Acórdão n.º 230201.711 S2C3T2 Fl. 3 5 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi Relatora Cumprido o requisito de admissibilidade, frente á tempestividade, conheço do recurso e passo ao seu exame. A recorrente foi autuada por não apresentar documentos exigidos pelo Fisco, como o comprovante de adesão ao PAT e o termo de adesão oferecido aos beneficiários do plano de saúde. Ao agir desta forma, a recorrente descumpriu a obrigação acessória prevista no artigo 33, parágrafos 2° e 3º, da Lei n° 8.212/91: §2º A empresa, o servidor de órgãos públicos da administração direta e indireta, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou o seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta lei. § 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. Devese salientar que o direito tributário utilizase de institutos de outros ramos do direito, mormente do direito privado, para instituir as hipóteses de incidência tributária, bem como prescrever obrigações acessórias que, nos termos do art.115, do CTN Código Tributário Nacional, constituemse na imposição de prática ou abstenção de ato que não configure obrigação principal. Ao instituir obrigações acessórias o legislador visa permitir, aos órgãos competentes, uma eficaz administração tributária. Assim, não cabe, nem deve o legislador tributário disciplinar determinadas condutas, já reguladas no ordenamento jurídico, bastando, para tanto, incorporálas ao direito tributário. Isto significa que, quando a Lei 8.212/91 prescreve a exibição de livros e documentos relacionados a estas contribuições, é evidente que, nestes comandos, está implícito o dever da empresa de observar a legislação que rege a matéria. Portanto, foi correta a lavratura do Auto de Infração e relativamente à aplicação de penalidade por descumprimento de obrigação acessória, faço referência ao preceito contido no artigo 92 da Lei n.º 8.212/91, de que infração a qualquer dispositivo daquela lei, para a qual não haja penalidade expressamente cominada, sujeitará o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável conforme dispuser o regulamento. Fl. 264DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 A multa referente ao descumprimento da obrigação acessória, que originou este auto de infração, está contida no artigo 283, inciso II, letra “j”, do RPS, conforme descrito no Auto de Infração, em fundamentos legais da multa aplicada e foi atualizada pela Portaria MPS n.º 77 de 11/03/2008, na forma descrita pelo artigo 373 do Regulamento da Previdência Social. A recorrente não se insurgiu contra o mérito da autuação, sendo oportuno salientar que em virtude do disposto no art. 17 do Decreto n º 70.235 de 1972 somente será conhecida a matéria expressamente impugnada. Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) As alegações acerca da natureza salarial de rubricas e que foram informados segurados em GFIP, não merecem ser examinadas porque não guardam relação com a presente autuação, que se deu em virtude da falta de apresentação de documentos. Pelo exposto, Voto por negar provimento ao recurso Relator Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 265DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2012 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 20/03/201 2 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 17/04/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 17546.000824/2007-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/08/2005 a 31/01/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pelo Conselho correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado. RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES. RELAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEIS. DOCUMENTO INFORMATIVO. A relação de co-responsáveis é meramente informativa do vínculo que os dirigentes tiveram com a entidade em relação ao período dos fatos geradores. Embargos Acolhidos
Numero da decisão: 2301-002.648
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: a) em acolher os embargos, nos termos do voto do Relator; b) acolhidos os embargos, em rerratificar o acórdão embargado, a fim de corrigir a contradição apontada, nos termos do voto do Relator.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
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Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado SUPERTAINER ITALPLAST DO BRASIL EMBALAGENS TÉCNICAS LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2005 a 31/01/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão exarado pelo Conselho correto o acolhimento dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado. RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES. RELAÇÃO DE CORESPONSÁVEIS. DOCUMENTO INFORMATIVO. A relação de coresponsáveis é meramente informativa do vínculo que os dirigentes tiveram com a entidade em relação ao período dos fatos geradores. Embargos Acolhhidos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: a) em acolher os embargos, nos termos do voto do Relator; b) acolhidos os embargos, em rerratificar o acórdão embargado, a fim de corrigir a contradição apontada, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator. Fl. 324DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA 2 Participaram do presente julgamento a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, bem como os Conselheiros Leonardo Henrique Pires Lopes, Damião Cordeiro de Moraes, Adriano González Silvério, Mauro José Silva e Marcelo Oliveira. Fl. 325DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 17546.000824/200708 Acórdão n.º 230102.648 S2C3T1 Fl. 281 3 Relatório Tratase de embargos opostos tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda nacional, fls. 278/279, contra Acórdão, fls. 267/275, que deu provimento parcial ao recurso nos seguintes termos: Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao RECURSO VOLUNTÁRIO, no sentido de manter a lista de representantes legais com caráter apenas informativo do vinculo que os dirigentes tiveram com a entidade em relação ao período dos fatos geradores. A Embargante alega que houve contradição/obscuridade no Acórdão na medida em que foi afirmado que não havia litígio instaurado sobre a relação de coresponsáveis, mas foi dado provimento parcial para excluir estes. Caberia a Turma negar provimento seguindo a mesma linha desenvolvida no Acórdão 230100.283. Em despacho para o Presidente da Turma, opinamos pelo acatamento dos Embargos somente em relação à contradição apontada. É o relatório. Fl. 326DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA 4 Voto Conselheiro Mauro José Silva, Relator: Tendo os Embargos sido admitidos em relação à existência de contradição, passamos para a análise do mérito de seus argumentos. De acordo com o artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, a obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou omissão quanto a algum ponto sobre o qual deveria se pronunciar a turma possibilita a oposição de embargos de declaração: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Na análise do acórdão proferido verificamos que há razão na oposição dos embargos por contradição, pois em dois momentos é afirmado que não há litígio sobre o assunto, mas a parte dispositiva do Acórdão trata da matéria. Duas são as partes que geraram a contradição: “Quanto à alegação de que devem ser excluídos os dirigentes da relação de co responsáveis, não procede o argumento da recorrente”; e “Uma vez que tal fato não foi objeto do lançamento, não se instaurou litígio nesse ponto”. No entanto, observamos que no relatório é informado que a recorrente insurgese quanto à inclusão dos responsáveis, o que evidencia a contradição. Para sanar a contradição retificamos nossos argumentos quanto à exclusão dos sócios da lista de coresponsáveis conforme segue. Anexo CORESP. Lista apenas indicativa sem valor para inclusão na CDA Em suas razões recursais o contribuinte tece considerações defendendo a exclusão dos sóciosgerentes da empresa da lista de ‘coresponsáveis’. E, no meu sentir, tem razão a empresa recorrente. É que, uma vez arrolados os sóciosgerentes da empresa na anexa lista, o documento terá como escopo a garantia de inclusão das pessoas nele indicadas no pólo passivo da obrigação tributária numa futura execução fiscal. Portanto não se trata de uma simples lista de todas as “pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo”, como defendido pela Fazenda. Além do aspecto formal, a questão também deve ser analisada sob a perspectiva dos efeitos práticos e imediatos na vida dos contribuintes. E o prejuízo é patente, pois com o exaurimento do contencioso administrativo, o débito lançado será de pronto inscrito Fl. 327DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 17546.000824/200708 Acórdão n.º 230102.648 S2C3T1 Fl. 282 5 no CADIN, em nome do autuado e também de todos os coresponsáveis listados na relação anexa a NFLD, sem que haja uma única oportunidade concreta de defesa. Não é demais falar que no caso da pessoa jurídica, ela é quase sempre a responsável pelas suas obrigações tributárias, pois, além de ser o sujeito da relação jurídica tributária, tem também, na maioria das vezes, o dever legal de pagar o tributo. Contudo, a lei prevê que, como exceção à regra geral, quando houver inadimplemento da pessoa jurídica, a responsabilidade pelo pagamento dos tributos pode ser transferida para seus diretores, gerentes ou responsáveis, sob determinadas condições. Nesse sentido, dispõe o inciso III do artigo 135, do Código Tributário Nacional que: “Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I – (...) II – (...) III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” Desta forma, diante do referido comando, a responsabilidade só poderá ser transferida para a pessoa do sóciogerente responsável ou para o representante legal capaz. Além disso, somente poderá acontecer quando houver prova que praticaram qualquer um dos atos irregulares descritos no caput do artigo. Encerrado o processo administrativo com a confirmação da procedência da dívida e não havendo pagamento, será emitida a Certidão da Dívida Ativa, que fundamentará a execução fiscal. Nela deve constar o nome do responsável pelo pagamento e, caso se tenha apurado alguma irregularidade capaz de imputar aos sóciosgerentes ou ao representante legal a responsabilidade pelo pagamento, deverá conter a respectiva indicação, posto que nossos tribunais somente aceitam a citação dos coresponsáveis cujos nomes estejam mencionados na CDA, e apenas nessa hipótese poderá constar o nome do coresponsável. Isso porque partese do pressuposto de que, como a CDA tem presunção de certeza e liquidez, estando o nome do sóciogerente ou do representante nela incluído, presumirseá, da mesma forma, que houve uma apuração de responsabilidade no processo administrativo, que garantiu o direito de defesa do incluído. No entanto, no âmbito das execuções fiscais de contribuições previdenciárias, até a revogação do art. 13, da Lei n. 8.620/93, o chamamento dos coresponsáveis ocorria de imediato, independentemente de restarem infrutíferas as tentativas de localização de bens da própria empresa ou da prova da prática de algum dos atos previstos no art. 135 do CTN. Nesse aspecto, o Superior Tribunal de Justiça, tem farta jurisprudência determinando que se o nome do coresponsável estiver inscrito na CDA, tal fato é suficiente para a sua sujeição passiva solidária, cabendo ao coresponsável apenas via embargos à execução (cuja oposição é imprescindível a penhora), fazer contraprova à sua condição de Fl. 328DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA 6 sujeito passivo, inclusive com a inversão do ônus da prova para pessoa do sócio ou do diretor arrolado na Certidão. Nesse sentido colhese a seguinte decisão ementada: “PROCESSUAL CIVIL – AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO – SÚMULA 211/STJ – NÃOALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC – RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA – REDIRECIONAMENTO CONTRA SÓCIO CUJO NOME CONSTA NA CDA – POSSIBILIDADE. 1. Descumprido o necessário e indispensável exame dos artigos pelo acórdão recorrido, apto a viabilizar a pretensão recursal da recorrente, a despeito da oposição dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 211/STJ. 2. A Primeira Seção, no julgamento dos EREsp 702.232/RS, de relatoria do Min. Castro Meira, assentou que, se a execução fiscal foi promovida contra a pessoa jurídica e o sóciogerente ou se a execução foi ajuizada apenas contra a pessoa jurídica, mas o nome do sócio consta da CDA, compete ao sócio o ônus da prova de demonstrar que não incorreu em nenhuma das hipóteses previstas no mencionado art. 135 do CTN, em face da presunção juris tantum de liquidez e certeza da referida certidão. 3. Na hipótese dos autos, a Certidão de Dívida Ativa, conforme verificado pelo Tribunal de origem, incluiu o sócio como co responsável tributário, cabendo à executada o ônus de provar os requisitos do art. 135 do CTN. Agravo regimental improvido.” (AgRg nos EDcl no Ag 1162734/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/11/2009, DJe 17/11/2009) Ressaltese ainda, que mesmo depois da publicação da Lei 11.941/09, que revogou o art. 13 da Lei 8.620/93, que permitia a responsabilização solidária do coresponsável independentemente da prática de qualquer fato previsto no art. 135 do CTN, o próprio STJ já sinaliza em recentes julgados, que muito embora tenha havido a revogação do dispositivo acima mencionado, ainda assim constando o nome na CDA é cabível a sua inclusão no pólo passivo da execução fiscal até que seja feita prova em contrário. Resta claro o prejuízo para as pessoas arroladas como responsáveis com a sua inclusão na relação anexa ao presente lançamento, independentemente da prática de qualquer ato previsto no art. 135 do CTN, pois a relação servirá de base para uma futura inscrição do débito em dívida ativa. Considerando que não houve apuração de responsabilidade dos sócios no procedimento fiscal e que estes não foram intimados a apresentarem suas respectivas defesas, voto por manter a lista nominal CORESP como uma relação meramente indicativa de representantes legais já que posteriormente servirá de consulta para a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, cabendo a ressalva de que esses nomes não poderão ser inscritos imediatamente em dívida ativa tãosomente com base nesta lista. Fl. 329DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA Processo nº 17546.000824/200708 Acórdão n.º 230102.648 S2C3T1 Fl. 283 7 Por todo o exposto, voto no sentido de ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com relação à contradição apontada, para sanar a contradição e rerratificar o Acórdão embargado, para ajustar os fundamentos da decisão e reafirmar a conclusão no sentido de manter a lista de representantes legais com caráter apenas informativo do vínculo que os dirigentes tiveram com a entidade em relação ao período dos fatos geradores. (assinado digitalmente) Mauro José Silva Relator Fl. 330DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por MAURO JOSE SILVA
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Numero do processo: 10580.002689/2008-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 08 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/1988 a 30/03/1996 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. PROCESSO JUDICIAL.CONDIÇÕES. A compensação com base em direito creditório obtido perante o Poder Judiciário depende da desistência de sua execução na via judicial. Não tendo o contribuinte demonstrado tal providência, indefere-se pedido. Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3102-001.124
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/1988 a 30/03/1996 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. PROCESSO JUDICIAL.CONDIÇÕES. A compensação com base em direito creditório obtido perante o Poder Judiciário depende da desistência de sua execução na via judicial. Não tendo o contribuinte demonstrado tal providência, indefere-se pedido. Recurso Voluntário Negado
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PROCESSO JUDICIAL.CONDIÇÕES. A compensação com base em direito creditório obtido perante o Poder Judiciário depende da desistência de sua execução na via judicial. Não tendo o contribuinte demonstrado tal providência, indeferese pedido. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Ricardo Paulo Rosa Relator. EDITADO EM: 30/03/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Paulo Sergio Celani, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. Ausente justificadamente o Conselheiro Luciano Pontes de Maya Gomes. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Tratase de Manifestação de Inconformidade de fls.590/593, contra o Despacho Decisório n°603/2008, da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Fl. 1DF CARF MF Impresso em 12/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 2 Salvador/BA, fls.5801583, que indeferiu o direito de compensação de débitos declarados com os créditos da contribuição para o PIS/PASEP proveniente da Ação Ordinária 1997.33.5810, na qual se discute o direito ao PIS recolhido com base nos Decretoslei n°2.445 e 2.449, ambos de 1988, uma vez que este mesmo crédito já tinha sido objeto de análise no processo administrativo n°10580.000290/0017, Despacho Decisório DRF/SDR n°573, de 07/11/2008, ora transcrito, para indeferi lo, em razão da identidade entre os créditos pleiteados nas esferas judicial e administrativa, tendo o contribuinte optado em prosseguir com a execução. Por conseguinte, não homologa a compensação declarada dos débitos informados no Pedido de Compensação. Cientificada do indeferimento do direito, o interessado apresentou manifestação de inconformidade alegando que em virtude da revogação dos efeitos suspensivos relativos aos débitos do PAF ora discutido, com impedimento à emissão de CND, ingressou com medida liminar através do processo n°2002.33.00.0232244, na 1ª Vara da Justiça Federal, com objetivo de restaurar a suspensão, tendo sido concedida a segurança (documentos 03 e 04), mas cuja medida judicial o SEORT da DRF insiste em contrariar. Alega que o Principio da Verdade Material dos fatos é especifico do procedimento administrativo, especialmente o tributário, devendo ser sempre buscado pela fiscalização, conforme doutrina que transcreve, restando clara a afronta por parte da DRF ao disposto no art.151, IV do CTN. No presente caso, requer o imediato afastamento dos efeitos da exigibilidade do crédito tributário, objeto do presente pedido de compensação, sob pena de evidente infração ao principio da verdade material dos fatos, já que toda a documentação apresentada pela requerente é clara e eficiente. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/1988 a 30/03/1996 Ementa: RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. Uma vez não reconhecido o direito creditório, não se homologam as compensações pleiteadas. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a recorrente apresenta recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por meio do qual repisa argumentos contidos na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 12/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10580.002689/200842 Acórdão n.º 310201.124 S3C1T2 Fl. 2 3 Embora de pouca clareza, é possível extrair do Recurso Voluntário apresentado pela empresa o desejo de que seja suspenso o crédito tributário em epígrafe, mediante reforma da decisão de piso, se não vejamos. 2.5. Esse atributo particular do procedimento administrativo permite a suspensão do crédito tributário ora exigido, ou seja, a suspensão da exigibilidade dos mesmos por determinação judicial, bem como a reforma do acórdão em tela. Nesse sentido, vejase a decisão abaixo transcrita: Ao final, requer também a extinção da exigência neste contida. Ex positis, requer seja dado integral provimento ao presente Recurso Voluntário, a fim de que seja extinto, totalmente, o crédito tributário ora exigido, devendo assim, ser reconsiderado o despacho proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em epígrafe Contudo, a própria contribuinte esclarece que os débitos objeto da lide estão com sua exigibilidade suspensa, se não vejamos. 1.4. Em 17 de dezembro de 2008, o judiciário concedeu à segurança ao contribuinte, restaurando os efeitos suspensivos dos débitos relativos aos pedidos de compensação vinculados à lide. Assim sendo, não vejo motivos para que se requeira neste processo a suspensão já concedida pelo Poder Judiciário. Impertinente o pedido. Por outro lado, o fato de ter sido suspensa a exigibilidade do crédito tributário de maneira alguma justifica o pedido de que “seja extinto, totalmente, o crédito tributário ora exigido”. Destarte, o que se tem é apenas uma determinação judicial no sentido de que o crédito sub judice não seja exigido enquanto não proferida decisão final de mérito, fato que não tem qualquer efeito sobre a existência do crédito tributário, razão pela qual não há que se falar na possibilidade de que o mesmo seja extinto em face do mandado de segurança obtido pela recorrente. Pelo exposto, VOTO POR NEGAR provimento ao recurso voluntário apresentado. Sala de Sessões, 08 de julho de 2001. Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 12/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA 4 Fl. 4DF CARF MF Impresso em 12/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 13/04/2012 p or LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 30/03/2012 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 18088.000239/2010-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/12/2007 a 31/12/2007
LEI TRIBUTÁRIA. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE. IRRETROATIVIDADE.
Com a revogação do art. 41 da Lei 8.212/1991, operada pela Medida Provisória (MP) n° 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.941/2009, os entes públicos passaram a responder pelas infrações oriundas do descumprimento de obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária. Tratando-se de regra que impõe responsabilidade, não é possível a sua aplicação retroativa.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-003.402
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Júlio César Vieira Gomes Presidente
Ana Maria Bandeira- Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
Nome do relator: ANA MARIA BANDEIRA
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ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE. IRRETROATIVIDADE. Com a revogação do art. 41 da Lei 8.212/1991, operada pela Medida Provisória (MP) n° 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.941/2009, os entes públicos passaram a responder pelas infrações oriundas do descumprimento de obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária. Tratandose de regra que impõe responsabilidade, não é possível a sua aplicação retroativa. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Júlio César Vieira Gomes – Presidente Ana Maria Bandeira Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 08 8. 00 02 39 /2 01 0- 11 Fl. 48DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 49DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 18088.000239/201011 Acórdão n.º 2402003.402 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado com fundamento na inobservância da obrigação tributária acessória prevista na Lei nº 8.212/1991, no art. 32, inciso IV e § 5º, acrescentados pela Lei nº 9.528/1997 c/c o art. 225, inciso IV e § 4º do Decreto nº 3.048/1999, que consiste em a empresa apresentar a GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Segundo o Relatório Fiscal da Infração (fls. 4), no decorrer da auditoria foram identificados diversos valores pagos aos prestadores de serviços pessoas físicas que ou foram declarados em competência incorreta ou deixaram de ser declarados em Gulas de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social GFIP. A auditoria fiscal cita que o § 9º do artigo 239 do Decreto 3048/1999, previa a não incidência de multa de mora às pessoas jurídicas de direito público. No entanto, a partir do Decreto nº 6042/2007, aqueles organismos passaram a sofrer a incidência de tal exação. Salienta a publicação da Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, a qual alterou a sistemática de cálculo das multas de mora e por descumprimento de obrigações acessórias e inseriu a multa de ofício. Assim, sob o argumento de efetuar a aplicação da penalidade mais benéfica ao sujeito passivo, com base no artigo 106, II "c" do Código Tributário Nacional, a auditoria fiscal efetuou o cálculo da multa pela legislação anterior e pela legislação superveniente, a fim de verificar a melhor situação para o contribuinte. Para tanto, efetuou a soma da multa pelo descumprimento da obrigação acessória de declarar os fatos geradores em GFIP, prevista no art. 32, inciso IV e §§ 3º e 5º, Lei n° 8.212/1991, com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/91 e comparou o resultado com a multa de ofício prevista na Lei nº 9.430/1996, art. 44, inciso I, que passou a ser aplicada por força do art. 35A da Lei nº 8.212/1991, incluído pelo art. 26 da Lei nº 11.941/2009. Assim, na competência 12/2007 a multa por não declarar montantes em GFIP prevista na legislação vigente a época da ocorrência do fato gerador mostrouse menos gravosa. A autuada teve ciência do lançamento em 24/05/2010 e apresentou defesa (fls. 09) onde alega que não houve omissão ou qualquer tipo de máfé, mas sim uma interpretação equivocada do dispositivo legal que rege a matéria. Requer o deferimento e o reconhecimento dos valores recolhidos, mesmo que em competência diversa, uma vez que se trata apenas de declaração divergente das competências, excluindo assim a aplicação de eventual multa. Mediante despacho fundamentado, os presentes autos ficaram sobrestados em face de diligência solicitada nos autos das obrigações principais correlatas. Fl. 50DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Pelo Acórdão nº 1436.746, a 7ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto julgou a autuação procedente. Contra tal decisão, a autuada apresentou recurso tempestivo onde efetua a repetição das alegações de defesa. É o relatório. Fl. 51DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 18088.000239/201011 Acórdão n.º 2402003.402 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Ana Maria Bandeira, Relatora O recurso é tempestivo e não há óbice ao seu conhecimento. A recorrente, órgão público, foi autuada pelo descumprimento de obrigação acessória que consiste em a empresa apresentar a GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. A infração ocorreu na competência 12/2007. Cumpre lembrar que anteriormente à vigência da Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, a responsabilidade por infrações cabia ao dirigente do órgão público, conforme dispunha o art. 41 da Lei nº 8.212/1991, revogado pela citada Medida Provisória, in verbis: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição Como se vê até a edição da Medida Provisória nº 449/2008, de 03/12/2008, publicada no D.O.U. em 04/12/2008, não havia previsão para aplicação de multa ao órgão público, sendo que esta obrigação cabia ao dirigente por disposição legal. Quanto à aplicação da lei, a regra geral estabelecida no Código Tributário Nacional em seu artigo 144 é a seguinte: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Portanto, a regra geral é que a legislação a ser aplicada é aquela vigente à época da ocorrência dos fatos geradores. Assim, até a publicação da Medida Provisória nº 448/2008, a multa pelo descumprimento da obrigação acessória era responsabilidade do dirigente e não do órgão. O CTN traz ainda a possibilidade de aplicação retroativa da lei, conforme pode ser verificado em seu art. 106 que dispõe o seguinte: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: Fl. 52DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Observase que, no que tange à responsabilização do dirigente, aplicase a retroatividade benigna da lei, especificamente, a alínea “c” do inciso II do art. 106, acima transcrito. Ocorre que a auditoria fiscal, diante da impossibilidade de agora atribuir responsabilização ao dirigente, imputou à recorrente a obrigação em período anterior à revogação do art. 41 da Lei nº 8.212/1991, quando não existia responsabilidade para o órgão, ou seja, na lavratura do presente auto de infração, efetuou aplicação retroativa da lei, cujo efeito foi atribuir penalidade não existente à época dos fatos geradores, contrariando o ordenamento jurídico. Como a Medida Provisória nº 449/2008 foi publicada em 04/12/2008, somente a partir desta data, o órgão público passou a ter responsabilidade pelas infrações cometidas, o que compreende as competências a partir de 11/2008, uma vez que a entrega da GFIP ocorre no dia 07 do mês subseqüente. Assim, embora a recorrente não tenha alegado, pelo princípio da autotutela e da estrita legalidade, há que se reconhecer que a infração não pode prevalecer em face da ilegitimidade passiva da recorrente. Diante do exposto e de tudo o mais que dos autos consta. Voto no sentido de CONHECER do recurso e DARLHE PROVIMENTO. É como voto. Ana Maria Bandeira Relatora Fl. 53DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 10280.003364/2006-08
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Não é nula a decisão de primeira instância que seguiu rigorosamente o rito do Decreto nº 70.235/72, que regula o Processo Administrativo Fiscal. RESSARCIMENTO. CRÉDITO BÁSICO. CONCEITO DE MATÉRIA- PRIMA, PRODUTO INTERMEDIÁRIO E MATERIAL DE EMBALAGEM. A legislação do IPI estabeleceu o limite até onde se pode considerar os bens consumidos no processo produtivo como matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem. Desta forma, não geram direito ao crédito de IPI os insumos que, embora se desgastem ou se consumam no decorrer do processo industrial, não se caracterizam como produtos intermediários, nos termos definidos no Parecer Normativo CST nº 65/79. Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3403-001.610
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Os Conselheiros Raquel Motta Brandão Minatel, Rosaldo Trevisan e Marcos Tranchesi Ortiz votaram pelas conclusões e apresentaram declarações de voto. O Conselheiro Domingos de Sá Filho acompanhou o voto da Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel. Sustentou pela recorrente o Dr. Thiago Maia Sacic. OAB/RJ nº 151.411.
Nome do relator: LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA
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NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Não é nula a decisão de primeira instância que seguiu rigorosamente o rito do Decreto nº 70.235/72, que regula o Processo Administrativo Fiscal. RESSARCIMENTO. CRÉDITO BÁSICO. CONCEITO DE MATÉRIA PRIMA, PRODUTO INTERMEDIÁRIO E MATERIAL DE EMBALAGEM. A legislação do IPI estabeleceu o limite até onde se pode considerar os bens consumidos no processo produtivo como matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. Desta forma, não geram direito ao crédito de IPI os insumos que, embora se desgastem ou se consumam no decorrer do processo industrial, não se caracterizam como produtos intermediários, nos termos definidos no Parecer Normativo CST nº 65/79. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Os Conselheiros Raquel Motta Brandão Minatel, Rosaldo Trevisan e Marcos Tranchesi Ortiz votaram pelas conclusões e apresentaram declarações de voto. O Conselheiro Domingos de Sá Filho acompanhou o voto da Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel. Sustentou pela recorrente o Dr. Thiago Maia Sacic. OAB/RJ nº 151.411. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 2 Antonio Carlos Atulim – Presidente Liduína Maria Alves Macambira Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Liduína Maria Alves Macambira, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Raquel Motta Brandão Minatel e Marcos Tranchesi Ortiz. . Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo o relatório da decisão recorrida, fls. 269/270: Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de Saldo Credor de IPI no valor de R$ 43.750,17, relativo ao 1.° trimestre de 2006, formalizado por meio do PER/DCOMP n.° 00824.56773.060406.1.1.013005, retificado pelo PER/DCOMP n.°12150.24097.060406.1.5.016708, combinado com a apresentação de Declaração de Compensação nºs. 18925.24940.070406.1.3.013600. 28503.04989.110406.1.3.01 4250 e 03746.99314.260406.1.3.012084, todas vinculadas ao crédito acima citado. A Delegacia de origem, em 18/01/2011, emitiu Despacho Decisório (fls. 91/92) nos seguintes termos: Com base nas informações e documentos constantes deste processo, particularmente no Parecer SEORT/DRF/BEL n° 032/2011, que aprovo, e no uso da competência estabelecida pelo art. 280, inc. VI, da Portaria MF n° 125/2009, publicada no DOU de 24 de abril de 2009, c/c a delegação prevista no Artigo 3 o da Portaria DRF/BEL n° 47/2009, publicada no DOU de 24 de abril de 2009, resolvo: a) Não reconhecer o direito creditório referente ao 1º trimestre de 2006, indicado PER/DCOMP N° N°00824.56773.060406.1.1.013005 e sua retificação pelo PER/DCOMP de N° 12150.24097.060406.1.5.01 6708; b) Não homologação das compensações pretendidas nas DCOMP's N°. 18925.24940.070406. 1.3.013600, 28503.04989.110406.1.3.014250 e 03746.99314.260406.1.3.01 2084: (...) O parecer SEORT/DRF/BEL nº 032, de 17/01/2011, com o intuito de subsidiar a decisão da Autoridade Administrativa, presta as seguintes informações: (...) Fl. 309DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 10280.003364/200608 Acórdão n.º 3403001.610 S3C4T3 Fl. 309 3 Em consonância, foi solicitada diligência ao SEFIS/DRF/BEL, sendo que o Despacho Decisório SEFIS/DRF/BEL N°068/2010, com base no Termo da Informação Fiscal e no art. 57 da Instrução Normativa RFB N° 900 de 30/12/2008, decidiu Deferir Totalmente o direito creditório relativo ao Saldo Credor do IPI referente I. trimestre de 2006, no valor de R$43.750,17,(quarenta e três mil, setecentos e cinqüenta reais e dezessete centavos), (fls.42/46). Tendo em vista o Despacho SEORT/DRF/BEL N°0553 e pelo que declara o próprio contribuinte em cotejo com o disposto na Informação Fiscal, às fls. 42/44, concluíse que diversos itens considerados no cálculo do crédito do IPI não se coadunam com o conceito de insumos, seja por não entrarem em contato direto com a fabricação; seja por sua vida útil, que sugere a sua inclusão no ativo permanente, (fls.51/52). Diante do fato acima, foi expedido novo Despacho Decisório SEFIS/DRF/BEL N°121/2010. com base Relatório Fiscal, decidiu Anular o Despacho Decisório SEFIS/DRF/BEL N°068/2010 e Indeferir o Pedido de Ressarcimento de Crédito do Saldo Credor do IPI referente ao I. o trimestre de 2006.(fls. 63/65). (...) A Contribuinte apresentou manifestação de Inconformidade, em 31.03.2011, alegando em síntese: a) Embora não integrem o produto final, os materiais utilizados pela Requerente (tubos de aço e placas de represamento e desgaste) são inteiramente consumidos/desgastados no processo de industrialização, conforme laudo anexo, caracterizandose como produtos intermediários, os quais de acordo com o art. 164 do RIPI, permitem o crédito do IPI incidente sobre suas aquisições; b) O entendimento da Autoridade Administrativa extrapola o teor do art. 164, I, do RIPI, impondo, para o aproveitamentos dos créditos de IPI, requisitos não positivados em lei, o que constitui afronta ao princípio da estrita legalidade tributária; c) Cita decisões do Poder Judiciário e da Administração, reforçando, desse modo, a sua linha de defesa. d) Solicita realização de perícia; e) Por fim, solicita o provimento da Manifestação de Inconformidade A 3ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém, mediante Acórdão nº 0122.436, de 27 de julho de 2011, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, sob os fundamentos conforme ementa a seguir transcrita: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Fl. 310DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 4 Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. São improfícuos os julgados judiciais e administrativos trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa, na forma do art. 100, II, do Código Tributário Nacional. IPI. INSUMOS. CRÉDITOS No cálculo do IPI somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos além dos bens que integram o produto final (matérias primas e produtos intermediários stricto sensu, além de materiais de embalagem), quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como desgaste, danos ou perdas de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou viceversa, desde que não devam, em face dos princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente. Cientificada da decisão em 18/08/2011, fls. 275/276 e 289, a recorrente interpôs Recurso Voluntário em 19/09/2011, fls. 277/287, no qual reitera os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, requer a nulidade do acórdão nº 0122.436, caso assim não se entenda, seja o mesmo reformado em sua totalidade, para ao final ser homologado integralmente o pedido de compensação formulado.Acrescentando que o acórdo recorrido quedouse silente quanto ao argumento da recorrente de que as disposições contidas no Parecer Normativo nº 65/1979 violariam o art. 164, I do RIPI, fato suficiente para que seja declarada a sua nulidade. É o relatório. Voto Conselheira Liduína Maria Alves Macambira, Relatora O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. De acordo com os autos, trata o presente processo de ressarcimento de saldo credor de IPI, de acordo com o art. 11 da Lei nº 9.799, de 1999, combinado com pedidos de compensação, tendo a recorrente seu pleito negado por entender a autoridade de origem que o contribuinte não tinha o direito de crédito pretendido por falta de previsão legal, e, por conseguinte, não foram homologadas as compensações. Essa decisão foi acompanhada pela autoridade julgadora a quo. A recorrente, além dos argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, vem requerendo a nulidade do acórdão recorrido por preterição do direito de Fl. 311DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 10280.003364/200608 Acórdão n.º 3403001.610 S3C4T3 Fl. 310 5 defesa por se quedar silente quanto ao argumento da recorrente que as disposições contidas no Parecer Normativo nº 65/1979 violariam o art. 164, I do RIPI e pelo indeferimento de pedido de perícia. Antes de se adentrar no exame de mérito, há de se examinar a preliminar de nulidade da decisão recorrida de preterição do direito de defesa da recorrente. Examinando, preliminarmente, a argüição de nulidade do acórdão recorrido, vêse que a mesma não pode ser acatada uma vez que a autoridade julgadora manifestouse sim quanto a ilegalidade de atos normativos pronunciandose que o julgador administrativo deve estrita observância aos atos expedidos pela Receita Federal e, de acordo com o art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN, a autoridade fiscal encontrase limitada ao estrito cumprimento da legislação tributária, estando, portanto, impedida de examinar as questões levantadas pela recorrente.Transcrevo trecho do voto condutor do julgamento a quo: Ilegalidade de ato normativo. No que diz respeito à alegação de ilegalidade do conceito de insumo utilizado em ato normativo expedido pela Receita Federal, vale lembrar que não cabe à autoridade administrativa, em face de sua vinculação ao texto legal, apreciar questões de ordem constitucional ou doutrinária, competindolhe tãosomente aplicar o direito tributário positivo. O julgador administrativo, nesta instância, deve estrita observância aos atos expedidos pela Receita Federal, consoante estabelece o art. 7º da Portaria MF nº 58, de 17 de março de 2006, que “Disciplina a constituição das turmas e o funcionamento das Delegacias da Receita Federal de Julgamento – DRJ”. Em verdade, de acordo com o parágrafo único do artigo 142 do CTN, a autoridade fiscal encontrase limitada ao estrito cumprimento da legislação tributária, estando impedida de ultrapassar tais restrições para examinar questões outras como as suscitadas na impugnação em exame. Quanto a argüição de nulidade por ter o acórdão recorrido cerceado o seu direito de defesa, com base no art. 59, II, do Decreto nº 70.235, de 1972, ao não analisar o argumento de violação ao art. 164, I do RIPI, também não pode ser acolhida. Ora, não se pode falar de cerceamento de direito de defesa quando a recorrente vem rebatendo no mérito as questões de discordância ao entendimento dado tanto pela autoridade de origem quanto pela autoridade julgadora a quo ao seu pedido de ressarcimento de saldo credor de IPI. No tocante ao pedido de perícia negado na decisão recorrida cumpre esclarecer que a prerrogativa de conceder ou não pedido de diligência ou perícia cabe ao julgador, de acordo com o previsto nos arts. 18 e 29 do Decreto nº 70.235, de 1972, verbis: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou Fl. 312DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 6 impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine”. (Redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748/93). (...) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Com base nos arts. 18 e 28 do Decreto nº 70.235, de 1972, o julgador de primeira instância considerou desnecessária a perícia proposta por entendêla desnecessária para o deslinde do presente julgamento, justificando que a perícia pressupõe que o fato a ser provado necessite de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador, o que não seria o caso. Portanto, o indeferimento do pedido de perícia formulado pela recorrente, não implica na nulidade do acórdão recorrido. No mérito, a recorrente alega, em síntese, que os “tubos de aço” e “placas de represamento e desgaste” utilizados pela recorrente são inteiramente consumidos/desgatados no processo de industrialização – conquanto não integrem diretamente o produto final – caracterizandose como produtos intermediários, os quais de acordo com o art. 164, permite o crédito de IPI incidente sobre suas aquisições. Geram crédito de IPI porque constituem produtos intermediários consumidos no processo de industrialização e são assim classificados não por mera exclusão, uma vez que não pertencem ao ativo permanente da empresa, mas porque sofrem inegável desgaste durante a produção do bem. Analisando os documentos a fls. 173/303, acostados aos autos, atestam que os materiais ref. NF 4381 e NF 72, são tubulações utilizadas no processo de transporte de caulim e sofrem desgaste pelo contato com os reagentes corrosivos e abrasivos nas diversas fases do processo de produção. Quanto aos matérias ref. NF 104 são placas de desgastes utilizadas nos chutes dos transportadores para estocagem do caulim e carregamento de navios, são peças de sacrifício, devido o contato direto com o produto. De se notar que de acordo com a planilha à fl. 59, para as notas fiscais mencionadas acima, NF 4381 e 72, os materiais descritos são tubos de aço e para a NF 104 o materiais descritos são placas de represamento e desgaste. Conforme o voto condutor da decisão recorrida, respaldados pela legislação que norteiam o assunto e com base nas informações prestadas pela própria recorrente no documento às fls. 41/42, as aquisições dos tubos de aço e das placas de represamento e desgaste não se enquadrariam nas normas mencionadas, no caso art. 1º da Lei nº 9.779, de 1999, art. 4º da IN SRF nº 33/99 e PN nº 65/79, para geração de direito creditório. Pois bem. Sobre os créditos básicos de IPI , assim está disciplinado no Regulamento do IPI Decreto 4.544/2002 : Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a MP, PI e ME , adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no Fl. 313DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 10280.003364/200608 Acórdão n.º 3403001.610 S3C4T3 Fl. 311 7 processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente;(grifei) Da leitura do artigo transcrito, depreendese que foi o Regulamento que tratou de disciplinar o aproveitamento do crédito, com fundamento no art. 25, §1º da Lei nº 4.502/64. Ele regulamentou que tipos de bens empregados na industrialização reconhecerá o direito ao crédito de IPI. O Poder Executivo tratou de incluir, entre as matérias primas e produtos intermediários, aqueles que embora não se integrando ao novo produto sejam consumidos no processo de industrialização, saldo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. Como já dito em julgados dessa Corte Administrativa, na verdade, o Parecer Normativo CST nº 65, de 1979, publicado no Diário Oficial, em 06/11/1979, vem elucidar a correta interpretação do art. Art.164, inciso I do RIPI/2002, não lhe modificando o sentido e o alcance. A orientação administrativa contida nesse parecer é válida e acompanho os fundamentos nele ancorado. Assim, não vislumbro, violação nas disposições contidas no referido parecer ao art. 164 do RIR/02. Cumpre reproduzir as disposições do aludido Parecer dada a importância do entendimento nele contido: “Em estudo o inciso I do artigo 66 do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados, aprovado pelo Decreto nº 83.263, de 9 de março de 1979 (RIPI/79). 2 O artigo 25 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, com a redação que lhe foi dada pela alteração 8ª do artigo 2o do Decretolei no 34, de 18 de novembro de 1966, repetida ipsis verbis pelo artigo 1º do Decretolei no 1.136, de 7 de setembro de 1970, dispõe: ‘Art. 25 A importância a recolher será o montante do imposto relativo aos produtos saídos do estabelecimento, em cada mês, diminuindo do montante do imposto relativo aos produtos nele entrados no mesmo período, obedecidas as especificações e normas que o regulamento estabelecer’. Como se vê, tratase de norma não autoaplicável, de vez que ficou atribuído ao regulamento especificar os produtos entrados que geram o direito à subtração do montante de IPI a recolher. 3 Diante disto, ressaltese serem ex nunc os efeitos decorrentes da entrada em vigência do inciso I do artigo 66 do RIPI/79, ou seja, usando da atribuição que lhe foi conferida em lei, o novo Regulamento estabeleceu as normas e especificações que a partir daquela data passaram a reger a matéria, não se tratando, como há quem entenda, de disposição interpretativa e, por via de conseqüência, retroativa, somente sendo, portanto, aplicável a norma em análise, a seguir transcrita, aos fatos ocorridos a partir da vigência do RIPI/79: ‘Art. 66 Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei no 4.502/64 arts. 25 a 30 e Decretolei no 3.466, art. 2o, alt. 8ª): Fl. 314DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 8 I do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente.’ 4 Notese que o dispositivo está subdividido em duas partes, a primeira referindose às matériasprimas, aos produtos intermediários e ao material de embalagem; a segunda relacionada às matériasprimas e aos produtos intermediários que, embora não se integrando ao novo produto, sejam consumidos no processo de industrialização. 4.1 Observese, ainda, que enquanto na primeira parte da norma ‘matériasprimas’ e ‘produtos intermediários’ são empregados stricto sensu, a segunda usa tais expressões em seu sentido lato: quaisquer bens que, embora não se integrando ao produto em fabricação se consumam na operação de industrialização. 4.2 Assim, somente geram direito ao crédito os produtos que se integrem ao novo produto fabricado e os que, embora não se integrando, sejam consumidos no processo de fabricação, ficando definitivamente excluídos aqueles que não se integrem nem sejam consumidos na operação de industrialização. 5 No que diz respeito à primeira parte da norma, que se refere a matériasprimas e produtos intermediários stricto sensu, ou seja, bem dos quais, através de quaisquer das operações de industrialização enumeradas no Regulamento, resulta diretamente um novo produto, tais como, exemplificadamente, a madeira com relação a um móvel ou o papel com referência a um livro, nada há que se comentar de vez que o direito ao crédito, diferentemente do que ocorre com os referidos na segunda parte, além de não se vincular a qualquer requisito, não sofreu alteração com relação aos dispositivos constantes dos regulamentos anteriores. 6 Todavia, relativamente aos produtos referidos na segunda parte, matériasprimas e produtos intermediários entendidos em sentido amplo, ou seja, aqueles que embora não sofram as referidas operações são nelas utilizados, se consumindo em virtude do contato físico com o produto em fabricação, tais como lixas, lâminas de serra e catalisadores, além da ressalva de não gerarem o direito se compreendidos no ativo permanente, exige se uma série de considerações. 6.1 Há quem entenda, tendo em vista tal ressalva (não gerarem direito ao crédito os produtos compreendidos entre os bens do ativo permanente), que automaticamente gerariam o direito ao crédito os produtos não inseridos naquele grupo de contas, ou seja, que a norma em questão teria adotado como critério distintivo, para efeito de admitir ou não o crédito, o tratamento contábil emprestado ao bem. 6.2 Entretanto, uma simples exegese lógica do dispositivo já demonstra a improcedência do argumento, uma vez que, consoante regra fundamental de lógica formal, de uma premissa Fl. 315DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 10280.003364/200608 Acórdão n.º 3403001.610 S3C4T3 Fl. 312 9 negativa (os produtos ativados permanentemente não geram o direito) somente concluise por uma negativa, não podendo, portanto, em função de tal premissa, ser afirmativa a conclusão, ou seja, no caso, a de que os bens não ativados permanentemente geram o direito de crédito. 7 Outrossim, aceita, em que pese a contradição lógicoformal, a tese de que para os produtos que não sejam matérias nem produtos intermediários stricto sensu, vigente o RIPI/79, o direito ou não ao crédito deve ser deduzido exclusivamente em função do critério contábil ali estatuído, estarseia considerando inócuas diversas palavras constantes do texto legal, de vez que bastaria que o referido comando, em sua segunda parte, rezasse “...e os demais produtos que forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens ao ativo permanente”, para o mesmo resultado. 7.1 Tal opção, todavia, equivaleria a pôr de lado o princípio geral de direito consoante o qual ‘a lei não deve conter palavras inúteis’, o que só é lícito fazer na hipótese de não se encontrar explicação para as expressões inúteis. 8 No caso, entretanto, a própria exegese histórica da norma desmente esta acepção, de vez que a expressão ‘incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando no novo produto forem consumidos no processo de industrialização’ é justamente a única que consta de todos os dispositivos anteriores (inciso I do artigo 27 de Decreto 56.791/65, inciso I do artigo 30 do Decreto no 61.514/67 e inciso I do artigo 32 do Decreto nº 70.162/72), o que equivale a dizer que foi sempre em função dela que se fez a distinção entre os bens que, não sendo matériasprimas nem produtos intermediários stricto sensu, geram ou não direito ao crédito, isto é, segundo todos estes dispositivos, geravam o direito os produtos que embora não se integrando no novo produto,fossem consumidos no processo de industrialização. 8.1 A norma constante do direito anterior (inciso I do artigo 32 do Decreto no 70.162/72), todavia restringia o alcance do dispositivo, dispondo que o consumo do produto, para que se aperfeiçoasse o direito do crédito, deveria se dar imediata e integralmente. 8.2 O dispositivo vigente inciso I do artigo 66 do RIPI/79 por sua vez, deixou de registrar tal restrição, acrescentando, a título de inovação, a parte final referente à contabilização no ativo permanente. 9 Como se vê, o que mudou não foi o critério, que continua sendo o do consumo do bem no processo industrial, mas a restrição a este. 10 Resumese, portanto, o problema na determinação do que se deve entender como produtos ‘que embora não se integrando no novo produto, forem consumidos, no processo de Fl. 316DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 10 industrialização’, para efeito de reconhecimento ou não do direito ao crédito. 10.1 Como o texto fala em ‘incluindose entre as matérias primas e os produtos intermediários’, é evidente que tais bens hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários stricto sensu, semelhança esta que reside no fato de exercerem na operação de industrialização função análoga a destes, ou seja, se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto de fabricação, ou por este diretamente sofrida. 10.2 A expressão ‘consumidos’ sobretudo levandose em conta que as restrições ‘imediata e integralmente’, constantes do dispositivo correspondente do Regulamento anterior, foram omitidas, há de ser entendida em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre o insumo. 10.3 Passam, portanto, a fazer jus ao crédito, distintamente do que ocorria em face da norma anterior, as ferramentas manuais e as intermutáveis, bem como quaisquer outros bens que, não sendo partes nem peças de máquinas, independentemente de suas qualificações tecnológicas, se enquadrem no que ficou exposto na parte final do subitem 10.1 (se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida). 10.4 Notese, ainda, que a expressão "compreendidos no ativo permanente" deve ser entendida faticamente, isto é, a inclusão ou não dos bens, pelo contribuinte, naquele grupo de contas deve ser "júris tantum" aceita como legítima, somente passível de impugnação para fins de reconhecimento, ou não, do direito ao crédito quando em desrespeito aos princípios contábeis geralmente aceitos. 11. Em resumo, geram o direito ao crédito, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários, "stricto sensu", e material de embalagem), quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou, viceversa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, desde que não devam, em face de princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente. 11.1. Não havendo tais alterações, ou havendo em função de ações exercidas indiretamente, ainda que se dêem rapidamente e mesmo que os produtos não estejam compreendidos no ativo permanente, inexiste o direito de que trata o inciso I do artigo 66 do RIPI/79. Aceito o entendimento dado pelo Parecer. Assim, nem todos os insumos consumidos na industrialização podem ser considerados matérias primas e produtos Fl. 317DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 10280.003364/200608 Acórdão n.º 3403001.610 S3C4T3 Fl. 313 11 intermediários para fins de gerar o respectivo direito de crédito de acordo com o art. 11 da Lei nº 9.779/99, verbis: Art. 11. 0 saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI,acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. Nos termos do art. 147, inciso I, do RIPI/98, atual art. 164, inciso I, do RIPI/2002, os estabelecimentos industriais e os que lhe são equiparados, podem creditarse do imposto relativo às matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de fabricação, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. A Secretaria da Receita Federal examinando o alcance dos termos empregados pelo art. 147, inciso I, do RIPI/98, exarando o Parecer Normativo CST nº 65/79 deixou claro o entendimento de que o fato de todos os bens registrados no ativo permanente não darem o direito ao crédito de IPI não significa que, a contrariu sensu, todos os bens que não precisam ser ativados dão este direito. Esclarece, assim, que dos insumos consumidos ou utilizados na produção, nem todos são matériasprimas ou produtos intermediários, de acordo com a legislação do IPI. No mesmo sentido, eis o que dispõe a norma complementar contida no Parecer Normativo CST nº 181, de 1974, em seu item 13: ... não geram direito ao crédito do imposto os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas equipamentos e ferramentas, mesmo que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização, bem como os produtos empregados na manutenção das instalações, das máquinas e equipamentos, inclusive lubrificantes e combustíveis necessários ao seu acionamento. Entre outros, são produtos dessa natureza: limas, rebolos, lâmina de serra, mandris, brocas, tijolos refratários usados em fornos de fusão de metais, tintas e lubrificantes empregados na manutenção de máquinas e equipamentos, etc.” Nos termos dos dois pareceres acima referenciados, e em consonância com o disposto no inciso I do art. 164 do RIPI/2002, e na Lei nº 9.779, de 1999, não se pode admitir o creditamento do IPI pago na aquisição de tubos de aço e placas de represamento e desgaste pois o simples fato destes elementos tão somente sejam utilizados e consumidos(desgastados) durante o processo industrial não é elemento suficiente para o exercício deste direito. Nesse contexto, a jurisprudência trazida à colação, tanto a do STJ quanto às do Segundo Conselho de Contribuintes, não se prestam para o fim colimado pela recorrente. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 12 Ante todo o exposto, rejeitase a preliminar de nulidade da decisão recorrida e, no mérito, negase provimento ao recurso. Liduína Maria Alves Macambira Declaração de Voto Acompanhei o votocondutor do acórdão, da lavra da ilustre relatora, Conselheira Liduína M. A. Macambira, pelas conclusões. Minha divergência relativamente aos fundamentos do votocondutor em questão é de caráter conceitual. Refirome ao artigo 164, do RIPI/02 e, em particular, à interpretação que lhe confere o PN CST nº 65/79, a cuja orientação adere a ilustre relatora. Refirome, pois, ao debate em torno de um dos pressupostos para o creditamento de IPI, qual seja, o de que os insumos do processo fabril, mesmo não se integrando ao produto final, acabem “consumidos” na industrialização. Sob o entendimento predominante deste Conselho, a ação direta do insumo sobre o produto final é uma exigência a que se o considere “consumido” no processo industrial. Nesse sentido, além do próprio votocondutor do presente julgado, o seguinte acórdão da Segunda Turma da E. CSRF: “Somente geram direito ao crédito presumido de IPI os materiais intermediários que se enquadrem no conceito jurídico de produto intermediário, ou seja, aqueles que se desgastem ou sejam consumidos mediante contato físico direto com o produto em fabricação. Parecer Normativo CST nº 65/79”1. Referida jurisprudência busca fundamento no Parecer Normativo CST nº 65/79, que emprestou a seguinte exegese ao art. 66 do RIPI/72, idêntico ao art. 164 do atual RIPI/02: “10.1. Como o texto fala em ‘incluindose entre as matériasprimas e os produtos intermediários’, é evidente que tais bens hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários stricto senso, semelhança esta que reside no fato de exercerem na operação de industrialização função análoga à destes, ou seja, se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente 1 2º CC. CSRF. 2ª T. Recurso de Divergência nº 202121596. Proc. 11050.000112/8904. j. 23. 4.07. Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 10280.003364/200608 Acórdão n.º 3403001.610 S3C4T3 Fl. 314 13 exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida”. O PN/CST vislumbra, pois, (i) matériasprimas e produtos intermediários stricto senso, que se incorporam ao produto final e (ii) matériasprimas e produtos intermediários lato senso, que a ele não se incorporam, mas que precisam manter com suas co espécies alguma similitude que justifique pertencerem ao mesmo gênero. Essa similitude mínima exigida, o PN encontra no contato direto do insumo com o produto final, como que a concluir: “se a MP/PI lato senso não integram o produto final, que ao menos com ele tenham contato físico”. Elogiando embora a razoabilidade e a inteligência da exegese consagrada no PN/CST, dele ouso dissentir. MP/PI lato senso e stricto senso são espécies do mesmo gênero. Como tal, devem necessariamente ostentar ao menos uma semelhança (comum ao gênero) e ao menos uma diferença (própria de cada espécie). A diferença, extreme de dúvidas, é a incorporação ou não ao produto final. Insta, pois, encontrar a semelhança que os aproxime e reúna no gênero MP/PI. Até aqui, sigo de pleno acordo com a proposta exegética do PN/CST. Entretanto, entendo que a semelhança bastante exigida pelo RIPI é a utilização do insumo no âmbito do processo industrial da empresa. O RIPI bastase com esta proximidade entre a MP/PI lato senso e stricto senso. Não vai ao ponto de reclamar ainda maior identidade, consistente no contato com o produto final. Subsumirseão ao gênero MP/PI todos os insumos que guardem a característica comum de serem consumidos no iter industrial da empresa2. Se interagem ou não diretamente com o produto final, é critério excedente e irrelevante à definição do gênero MP/PI. O PN/CST, portanto, exige uma identidade mais intensa que aquela trazida no art. 164 do RIPI, diminuindolhe o âmbito de incidência. Ainda em favor da hermenêutica proposta no PN/CST, costumase alegar que o desgaste é destino inexorável de qualquer bem nãodurável e, portanto, a se afastar a exigência de contato direto do insumo com o produto final, todo e qualquer insumo seria classificável como MP/PI. Nesse sentido, julgado da Quarta Câmara do antigo Segundo Conselho de Contribuintes: “Por outro lado, [é insuficiente] o fato de os produtos sofrerem desgastes após prolongado e repetido uso, no estabelecimento fabril, e tornaremse imprestáveis para o fim que originariamente se destinavam, aliás, como acontece com todos os bens não duráveis. Na realidade, qualquer material, seja qual for o sem emprego, possui um desgaste natural em função deste emprego”3. 2 e que não estejam contabilizados no ativo permanente. 3 2ª CC. 4ª C. Recurso nº 124.446. Proc. 10680.013260/200267. Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 14 Entendo que o argumento não autoriza a conclusão a que, com ele, pretende se chegar. Realmente, o desgaste no tempo não é semelhança suficiente a que qualquer bem alce à categoria de MP/PI. Para tanto, esse desgaste há de ocorrer no processo industrial. Assim o RIPI calibrou o grau de identidade que os insumos devem ostentar para que sejam MP/PI. Nem mais, nem menos semelhanças. É por este motivo que, com todo o respeito, não me filio ao votocondutor, no que desprovê o recurso voluntário ao fundamento de que a apropriação do crédito do IPI pressuporia que o insumo, além de exaurirse no processo industrial e de não integrar o ativo permanente da pessoa jurídica, mantivesse contato direto com o produto em fabricação. Pois a despeito desta divergência teórica, chego a resultado semelhante ao do votocondutor quanto ao desfecho possível do recurso voluntário em questão. É que tenho por insuficientemente comprovado que as aquisições sobre as quais se debate in casu o direito de crédito digam respeito a insumos efetivamente aplicados pela recorrente no processo fabril que desenvolve. Chamame à atenção, em particular, o seguinte trecho do votocondutor, no qual, reportandose ao laudo técnico trazido pela recorrente aos autos, a relatora descreve a aplicação dos insumos em questão: “Analisando os documentos a fls. 173/303, acostados aos autos, atestam que os materiais ref. NF 4381 e NF 72, são tubulações utilizadas no processo de transporte de caulim e sofrem desgaste pelo contato com os reagentes corrosivos e abrasivos nas diversas fases do processo de produção. Quanto aos materiais ref. NF 104 são placas de desgastes utilizadas nos chutes dos transportadores para estocagem do caulim e carregamento de navios, são peças de sacrifício, devido o contato direto com o produto.” O descritivo acima planta relevante questionamento em torno da função que os itens desempenham no estabelecimento da recorrente. Excessivamente sucinta, a narrativa não oferece segurança suficiente ao julgador para concluir se os insumos em questão, especialmente as “placas de desgaste”, são empregados no transporte da matériaprima, ainda durante a execução do processo industrial, ou no transporte do produto acabado, em etapa pós industrial. Em especial, a menção de que estes últimos itens estejam associados ao “carregamento de navios” sugere a utilização no transporte para além do estabelecimento industrial. É, pois, tãosomente em virtude da insuficiência da prova produzida nos autos quanto à pertinência dos insumos em debate ao processo produtivo que acompanho a ilustre relatora para negar provimento ao recurso. É como voto. Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz Declaração de Voto Em relação ao voto apresentado pela relatora no processo supra, acordase com a compatibilidade entre o Parecer Normativo CST n. 65/79 e o teor do RIPI/2002 (Art. 164, I), fundado no art. 25 da Lei n. 4.502/64. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ Processo nº 10280.003364/200608 Acórdão n.º 3403001.610 S3C4T3 Fl. 315 15 Entendese que a conclusão externada no item 7 do referido parecer reflete logicamente o teor do comando regulamentar, no sentido de que a classificação contábil não é o fator primordial na análise do cabimento do crédito de IPI. Há que se indagar ainda sobre a adequação ao restante do texto do inciso I do art. 164 (“adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matérias primas e produtos intermediários aqueles que, embora não se integrando ao produto, forem consumidos no processo de industrialização”). Contudo, enquadráveis os bens no ativo permanente, não há sequer margem para a análise do excerto regulamentar trazido no parágrafo anterior, face ao texto que o complementa no comando normativo (“salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente”). Como se chega, no voto da relatora, à conclusão de que no caso dos “tubos de aço” e das “placas de represamento e desgaste” não basta para o creditamento o fato de que “estes elementos tão somente sejam utilizados e consumidos/desgastados durante o processo industrial”, poderseia indagar sobre eventual afirmação implícita de que os referidos bens seriam enquadráveis no ativo permanente. De acordo com o que se está aqui sustentando, a conclusão poderia prescindir da afirmação (mesmo implícita) de que os bens são classificados no ativo permanente, pois ainda que não o fossem, o mérito da decisão não se alteraria, em função dos itens 6 e 10 do Parecer Normativo CST n. 65/79. É de se destacar, por fim, que o entendimento aqui externado não afeta a conclusão a que chega a relatora, pela negação de provimento ao recurso. Conselheiro Rosaldo Trevisan Declaração de Voto Ouso divergir da fundamentação adotada pela relatora, Conselheira Liduína Maria Alves Macambira, mas não de suas conclusões, no tocante à impossibilidade de se admitir o creditamento do IPI relativamente à aquisição de tubos de aço e placas de represamento. A Recorrente pretende se creditar do IPI relativo às “tubulações utilizadas no processo de transporte de caulim” alegando sofrerem desgaste pelo “contato com os reagentes corrosivos e abrasivos nas diversas fases do processo de produção”. Também requer o crédito de IPI relativo às “placas de desgastes utilizadas nos chutes dos transportadores para estocagem do caulim e carregamento de navios”, por serem “peças de sacrifício, devido o contato direto com o produto”. Assim, no seu entender, tais itens deveriam ser considerados como “produtos intermediários”, e como tal, gerar direito a crédito. Além das alegações da Recorrente não há nos autos qualquer elemento que demonstre que tais itens de fato fazem parte do processo produtivo, ou se fazem, se efetivamente se desgastam, em quanto tempo esse desgaste ocorre. Limitouse a Recorrente a juntar declaração do engenheiro de produção da própria empresa, cujos termos foram reproduzidos nas razões de recurso, mas que nada esclarecem nesse sentido, ficando a dúvida Fl. 322DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ 16 se os tubos de aço poderiam integral o ativo fixo/imobilizado, e se as placas de represamento seriam utilizadas no transporte do produto já acabado, pois, tanto a declaração do engenheiro, como nas alegações da Recorrente, tais itens são apresentadas como: “placas de desgastes utilizadas nos chutes dos transportadores para estocagem do caulim e carregamento de navios” (grifei). Assim, apesar de entender diferentemente da Relatora, que não admite o creditamento do IPI pago na aquisição de tubos de aço e placas de represamento e desgaste por entender que “o simples fato de estes elementos tão somente sejam utilizados e consumidos (desgastados) durante o processo industrial não é elemento suficiente para o exercício deste direito”, pois, no meu entendimento, o conceito produto intermediário não pressupõe o contato direto com o produto em produção, mas sim o seu desgaste durante o processo industrial, na linha do Supremo Tribunal Federal, que tem entendido como produtos intermediários aqueles que “se consomem ou se inutilizam no processo de fabricação, como cadinho, lixas, feltros etc.” (STF, Primeira Turma, RE 79.601 RS, DJ 8175, relator: Ministro Aliomar Baleeiro). Entendo que o elemento essencial do conceito de produto intermediário é a relação do material com o processo fabril. Este aspecto já foi enfatizado pelo Superior Tribunal de Justiça ao conceituar os produtos de uso intermediário como “insumos que, apesar de integrarem o processo de industrialização, não integram o produto final, tampouco são consumidos de forma imediata e integral” (STJ, Primeira Turma, AgRg no REsp 139.996 SP, DJ 1282002, p. 166) – grifos acrescidos. Porém, entendo que no presente caso o contribuinte não logrou comprovar que os referidos itens têm essa relação material com o processo de fabricação, ou seja, faltou comprovar que se tratam efetivamente de produtos intermediários. Assim, como em matéria de ressarcimento a prova deve ser produzida pelo contribuinte, no meu entendimento faltou à Recorrente comprovar, seja por meio da contabilidade, ou por meio de laudo, se os itens apontados seriam efetivamente custo/item de produção. Desta forma, pela falta de provas para determinar a natureza dos itens elencados pela Recorrente, tubos de aço e placas de represamento, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel Fl. 323DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MACAMBIRA, Assinado digitalmente em 0 6/08/2012 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por LIDUINA MARIA ALVES MAC AMBIRA, Assinado digitalmente em 10/07/2012 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/06/201 2 por RAQUEL MOTTA BRANDAO MINATEL, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por MARCOS TRANCHESI ORTIZ
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Numero do processo: 10830.003271/99-48
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/1989 a 31/03/1992
PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS CINCO MAIS CINCO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos cinco mais cinco (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009).
DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACATIO LEGIS. APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL PELO STF.
O Supremo Tribunal Federal, ao seu turno, declarou a inconstitucionalidade do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 anos para restituição tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. (RE 566621, Rel. Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, DJe-195 DIVULG 10/10/2011).
Recurso Extraordinário Negado.
Numero da decisão: 9900-000.619
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso extraordinário.
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
Rodrigo Cardozo Miranda - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Mércia Helena Trajano DAmorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009). DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACATIO LEGIS. APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL PELO STF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 32 71 /9 9- 48 Fl. 306DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 O Supremo Tribunal Federal, ao seu turno, declarou a inconstitucionalidade do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 anos para restituição tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. (RE 566621, Rel. Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, DJe195 DIVULG 10/10/2011). Recurso Extraordinário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso extraordinário. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Rodrigo Cardozo Miranda Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Mércia Helena Trajano D’Amorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Cuidase de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional, ora Recorrente (fls. 265 a 282), contra o v. acórdão proferido pela Colenda Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 253 a 261) que, por maioria de votos, negou provimento ao recurso especial, considerando devida a contagem do prazo decadencial para pleitear a repetição de indébito a partir da data da norma emanada do Poder Executivo que reconheceu a inconstitucionalidade do FINSOCIAL à alíquota superior a 0,5%, no caso, a Medida Provisória nº 1.110, de 31 de agosto de 1995. Verificase que os pagamentos objeto do pedido de compensação ocorreram entre outubro de 1989 a julho de 1993 (fls. 5 a 31). Por bem resumir a controvérsia, adoto o relatório do acórdão a quo, cujo teor, no que interessa às questões ora trazidas ao extraordinário, é o seguinte, verbis: Fl. 307DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10830.003271/9948 Acórdão n.º 9900000.619 CSRFPL Fl. 306 3 “A Fazenda Nacional interpõe recurso especial, com fulcro no inciso II do artigo 5° do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em face de decisão tomada pela Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, em 02/12/2003, que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário para afastar a decadência e recebeu a seguinte ementa: ‘FINSOCIAL RESTITUIÇÃO. INCONSTITUCIONALIDADE DAS MAJORAÇÕES DE ALÍQUOTAS — reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no bojo de solução jurídica conflituosa em controle difuso de constitucionalidade de que não foi parte o contribuinte — Extensão dos efeitos pela aplicação do princípio da isonomia. DECADÊNCIA DO DIREITO À RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO — não ocorrência ao caso, face a não aplicação da norma expressa no art. 168 do CTN . Não aplicação, também, do Decreto n° 92.698/86 e Decretolei n° 2.049/83 por incompatíveis com os ditames constitucionais. Aplicação dos princípios da moralidade administrativa, da vedação ao enriquecimento sem causa, da prevalência do interesse público sobre o interesse meramente fazendário, da Medida Provisória n° 1110/95 e suas reedições, especificamente a Medida Provisória n° 162136, de 10/06/98 (DOU de 12/06/98), artigo 18, § 2°, culminando na Lei n° 10.522/02, do art. 77 da Lei n° 9.430/96, do Decreto n° 2.194/97 e da IN SRF n° 31/97, do Decreto n° 20.910/32, art. 1% dos precedentes junsprudenciais judiciais e administrativos e das teses doutrinárias predominantes. COMPETÊNCIA DOS CONSELHOS DE CONTRIBUINTES – Ressalvada a competência exclusiva da Advocacia Geral da União e das Consultorias Jurídicas dos Ministérios para fixar a interpretação das normas jurídicas vinculando a sua aplicação uniforme pelos órgãos subordinados, compete aos Conselhos de Contribuintes a aplicação aos casos sob julgamento do preconizado nos princípios constitucionais, nas leis que regem os processos administrativos e no Direito como integração da doutrina, jurisprudência e da norma posta, consagrados nos comandos da Lei n° 8.429/92, art 4° e Lei n° 9.784/99, art. 2°, caput e parágrafo único). ANÁLISE DO MÉRITO – a Afastada a preliminar de ocorrência da decadência, devolvese o processo á Delegacia da Receita Federal de Julgamento para a análise da matéria de mérito no tocante aos acréscimos legais, comprovantes de recolhimento, planilhas de cálculo, etc.’ O Procurador alega que o entendimento da Câmara foi diverso do contido no Acórdão n° 30235782, que recebeu a seguinte ementa: ‘FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. (...) Fl. 308DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 DECADÊNCIA. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário (art. 168, inciso I, do Código Tributário Nacional). NEGADO PROVIMENTO POR MAIORIA.’ O recorrente aduz que o marco inicial do referido prazo prescricional é a data da extinção do crédito tributário leiase data do pagamento para o caso em tela'. Semelhante entendimento tem fulcro nos arts. 165, inciso I', e 168, inciso I 3 , ambos do Código Tributário Nacional, tal acepção também é constante do Ato Declaratório da Secretaria da Receita Federal n° 96/99. Afirma ainda que não há nada a justificar a adoção da data da edição da MP n° 1.110/95 como termo inicial para contagem do prazo em tela. Isto porque, no dia seguinte ao do recolhimento do tributo, o contribuinte já poderia ter buscado a tutela do Poder Judiciário para pleitear a restituição dos valores. Alega ainda que não havia motivos para aguardar a decisão da Suprema Corte para tal fim, uma vez que no Brasil também é admitido_ o controle constitucional difuso, que se caracteriza pela permissão a todo e qualquer juiz ou tribunal de realizar, no caso concreto, a análise sobre a compatibilidade do ordenamento jurídico com a Constituição Federal. Assim, requer quer seja cassado o acórdão recorrido e restaurada a decisão de primeira instância. O Presidente da Câmara recorrida deu seguimento ao recurso especial. Intimado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, contrarazões (fls. 232/244) argüindo, preliminarmente, que o recurso especial não atende aos requisitos de admissibilidade, tendo um caráter apenas protelatório, uma vez que a própria autora do voto condutor do acórdão colacionado como paradigma já alterou sua posição em relação ao prazo para restituição do Finsocial. Alega que prazo para pleitear a restituição se extingue após cinco anos do trânsito em julgado da decisão do STF ou da data da publicação da Resolução do Senado que suspendeu a lei considerada inconstitucional ou, ainda, da data da publicação da Medida Provisória n° 1.110/95. Salienta que o Superior Tribunal de Justiça também firmou entendimento no sentido de que o prazo prescricional para o pedido de restituição é contado a partir da homologação do pagamento (tese dos "cinco mais cinco"). Requer que não seja conhecido o recurso especial e mantido o acórdão recorrido. É o relatório.” A ementa do julgado ora recorrido, que bem resume os seus fundamentos, é a seguinte: “ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/09/1989 a 31/03/1992 FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. É entendimento deste Colegiado que o prazo para pleitear a Fl. 309DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10830.003271/9948 Acórdão n.º 9900000.619 CSRFPL Fl. 307 5 restituição dos valores pagos a título de Contribuição para o Finsocial com alíquotas superiores a 0,5% é de cinco anos contados da data da edição da MP n° 1.110, em 31/08/95. Recurso especial negado”. Irresignada, insurgese a Fazenda contra o acórdão a quo pela via extraordinário. Junta a Recorrente julgados deste Colegiado satisfazendo, assim, os requisitos para viabilizar seu apelo. Aponta em síntese a Recorrente, que ao presente caso deve ser aplicado o disposto nos artigos 3° e 4° da Lei Complementar n° 118/2005, e artigos 168, caput e inciso I e 156, I, do CTN, os quais determinam que o prazo decadencial para a repetição de indébito, no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, é de apenas 5 (cinco) anos, contando se o referido prazo a partir da data do pagamento indevido. Intimada, a Recorrida apresentou tempestivamente contrarrazões às fls. 294/302, requerendo, em preliminar, fosse negado seguimento ao recurso da Recorrente, por não haver demonstrado a divergência jurisprudencial e, no mérito, defende a manutenção da decisão que determinou a contagem do prazo decadencial da repetição de indébito da data em que foi publicada a decisão que extirpou do ordenamento jurídico a exação. Verificase, assim, que a matéria trazida a debate diz respeito ao prazo decadencial para a repetição de indébito tributário, se de 5 (cinco) (artigo 168, I do CTN) ou 10 (dez) anos (tese dos 5 mais cinco, soma dos prazos decadenciais dos artigos 150, §4º e 168, I do CTN). O recurso foi admitido através do r. despacho de fls. 286/287. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. No tocante ao prazo para restituição de indébito, é de se destacar, inicialmente, que o Egrégio Superior Tribunal de Justiça já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, ou seja, através da análise dos chamados “recursos repetitivos”. O precedente proferido tem a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. 1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. 3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: "Denominamse leis interpretativas as que têm por objeto determinar, em caso de dúvida, o sentido das leis existentes, sem introduzir disposições novas. (nota: A questão da caracterização da lei interpretativa tem sido objeto de não pequenas divergências, na doutrina. Há a corrente que exige uma declaração expressa do próprio legislador (ou do órgão de que emana a norma interpretativa), afirmando ter a lei (ou a norma jurídica, que não se apresente como lei) caráter interpretativo. Tal é o entendimento da AFFOLTER (Das intertemporale Recht, vol. 22, System des deutschen bürgerlichen Uebergangsrechts, 1903, pág. 185), julgando necessária uma Auslegungsklausel, ao qual GABBA, que cita, nesse sentido, decisão de tribunal de Parma, (...) Compreensão também de VESCOVI (Intorno alla misura dello stipendio dovuto alle maestre insegnanti nelle scuole elementari maschili, in Giurisprudenza italiana, 1904, I, I, cols. 1191, 1204) e a que adere DUGUIT, para quem nunca se deve presumir ter a lei caráter interpretativo "os tribunais não podem reconhecer esse caráter a uma disposição legal, senão nos casos em que o legislador lho atribua expressamente" (Traité de droit constitutionnel, 3a ed., vol. 2o, 1928, pág. 280). Com o mesmo ponto de vista, o jurista pátrio PAULO DE LACERDA concede, entretanto, que seria exagero exigir que a declaração seja Fl. 311DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10830.003271/9948 Acórdão n.º 9900000.619 CSRFPL Fl. 308 7 inserida no corpo da própria lei não vendo motivo para desprezála se lançada no preâmbulo, ou feita noutra lei. Encarada a questão, do ponto de vista da lei interpretativa por determinação legal, outra indagação, que se apresenta, é saber se, manifestada a explícita declaração do legislador, dando caráter interpretativo, à lei, esta se deve reputar, por isso, interpretativa, sem possibilidade de análise, por ver se reúne requisitos intrínsecos, autorizando uma tal consideração. (...) ... SAVIGNY coloca a questão nos seus precisos termos, ensinando: "tratase unicamente de saber se o legislador fez, ou quis fazer uma lei interpretativa, e, não, se na opinião do juiz essa interpretação está conforme com a verdade" (System des heutigen romischen Rechts, vol. 8o, 1849, pág. 513). Mas, não é possível dar coerência a coisas, que são de si incoerentes, não se consegue conciliar o que é inconciliável. E, desde que a chamada interpretação autêntica é realmente incompatível com o conceito, com os requisitos da verdadeira interpretação (v., supra, a nota 55 ao n° 67), não admira que se procurem torcer as conseqüências inevitáveis, fatais de tese forçada, evitandose lhes os perigos. Compreendese, pois, que muitos autores não aceitem o rigor dos efeitos da imprópria interpretação. Há quem, como GABBA (Teoria delta retroattività delle leggi, 3a ed., vol. 1o, 1891, pág. 29), que invoca MAILHER DE CHASSAT (Traité de la rétroactivité des lois, vol. 1o, 1845, págs. 131 e 154), sendo seguido por LANDUCCI (Trattato storicoteorico pratico di diritto civile francese ed italiano, versione ampliata del Corso di diritto civile francese, secondo il metodo dello Zachariæ, di Aubry e Rau, vol. 1o e único, 1900, pág. 675) e DEGNI (L'interpretazione della legge, 2a ed., 1909, pág. 101), entenda que é de distinguir quando uma lei é declarada interpretativa, mas encerra, ao lado de artigos que apenas esclarecem, outros introduzido novidade, ou modificando dispositivos da lei interpretada. PAULO DE LACERDA (loc. cit.) reconhece ao juiz competência para verificar se a lei é, na verdade, interpretativa, mas somente quando ela própria afirme que o é. LANDUCCI (nota 7 à pág. 674 do vol. cit.) é de prudência manifesta: "Se o legislador declarou interpretativa uma lei, devese, certo, negar tal caráter somente em casos extremos, quando seja absurdo ligála com a lei interpretada, quando nem mesmo se possa considerar a mais errada interpretação imaginável. A lei interpretativa, pois, permanece tal, ainda que errônea, mas, se de modo insuperável, que suplante a mais aguda conciliação, contrastar com a lei interpretada, desmente a própria declaração legislativa." Ademais, a doutrina do tema é pacífica no sentido de que: "Pouco importa que o legislador, para cobrir o atentado ao direito, que comete, dê à sua lei o caráter interpretativo. É um ato de hipocrisia, que não pode cobrir uma violação flagrante do direito" (Traité de droit constitutionnel, 3ª ed., vol. 2º, 1928, págs. 274275)." (Eduardo Espínola e Eduardo Espínola Filho, in A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, Vol. I, 3a ed., págs. 294 a 296). Fl. 312DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 8 5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada."). 6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. 7. In casu, insurgese o recorrente contra a prescrição qüinqüenal determinada pelo Tribunal a quo, pleiteando a reforma da decisão para que seja determinada a prescrição decenal, sendo certo que não houve menção, nas instância ordinárias, acerca da data em que se efetivaram os recolhimentos indevidos, mercê de a propositura da ação ter ocorrido em 27.11.2002, razão pela qual forçoso concluir que os recolhimentos indevidos ocorreram antes do advento da LC 118/2005, por isso que a tese aplicável é a que considera os 5 anos de decadência da homologação para a constituição do crédito tributário acrescidos de mais 5 anos referentes à prescrição da ação. 8. Impende salientar que, conquanto as instâncias ordinárias não tenham mencionado expressamente as datas em que ocorreram os pagamentos indevidos, é certo que os mesmos foram efetuados sob a égide da LC 70/91, uma vez que a Lei 9.430/96, vigente a partir de 31/03/1997, revogou a isenção concedida pelo art. 6º, II, da referida lei complementar às sociedades civis de prestação de serviços, tornando legítimo o pagamento da COFINS. 9. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009) Com isso, restou consolidado no âmbito do Egrégio Superior Tribunal de Justiça a chamada tese dos “cinco mais cinco”. Importante destacar, por outro lado, quanto a eventual alegação de aplicação retroativa da Lei Complementar nº 118/2005, que o Excelso Supremo Tribunal Federal entendeu recentemente que referida norma é aplicável apenas a partir de 09 de junho de 2005, conforme decidido em sede recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida. Referido julgado tem a seguinte ementa: Fl. 313DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10830.003271/9948 Acórdão n.º 9900000.619 CSRFPL Fl. 309 9 DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.(RE 566621, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, DJe195 DIVULG 10102011 PUBLIC 11102011 EMENT VOL0260502 PP00273) (grifos e destaques nossos) Fl. 314DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 10 O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, tem os seguintes comandos nos seus artigos 62 e 62 A: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B.} § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. (grifos e destaques nossos) Verificase, assim, que referidas decisões proferidas respectivamente pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça e pelo Excelso Supremo Tribunal Federal deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Conforme relatado acima, a presente hipótese trata de pedido de restituição/compensação formulado em 07/05/1999 (fls. 1/51), de FINSOCIAL indevidamente pago entre de outubro de 1989 e julho de 1993. Aplicandose a tese dos “cinco mais cinco”, depreendese que o termo final para a formulação do direito de restituição/compensação seria em outubro de 1999 e julho de 2003, respectivamente. Como o pedido de restituição ora em apreço foi apresentado em 07/05/1999 considerando a tese dos “cinco mais cinco”, ele afigurase tempestivo. Fl. 315DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10830.003271/9948 Acórdão n.º 9900000.619 CSRFPL Fl. 310 11 Por conseguinte, em face de todo o exposto e com arrimo no artigo 62A do RICARF, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional para considerar o pedido de restituição/compensação tempestivo. Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 316DF CARF MF Impresso em 30/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 18/03/2 013 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 13808.000442/95-10
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1991 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO JUSTIFICADA. PRESUNÇÃO LEGAL. A presunção de omissão de receitas não se firma quando erguida somente sobre os depósitos bancários cuja origem dos recursos não foi justificada pelo contribuinte, antes da edição do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. CORREÇÃO MONETÁRIA. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. A retirada de valores da empresa, sem comprovação da destinação, faz presumir a distribuição de lucros aos sócios, cujos valores deverão ser contabilizados em conta redutora do patrimônio líquido, sujeitos à correção monetária, que constitui receita tributável (artigo 7º da Lei nº 7799/89).
NORMAS PROCESSUAIS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO.
Preclui o direito do contribuinte de apresentar, em fase recursal, matéria não contestada na impugnação, em vista do disposto no art. 16, I, c/c o art. 17, ambos do Decreto nº 70.235/72, respeitando-se o princípio processual da dupla jurisdição.
PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
A turma julgadora é livre para forma sua convicção quanto à necessidade ou não da realização de diligências para dirimir o litígio administrativo fiscal, podendo indeferir o pedido formulado pelo contribuinte (art. 18, caput, PAF).
Numero da decisão: 1801-001.034
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1991 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO JUSTIFICADA. PRESUNÇÃO LEGAL. A presunção de omissão de receitas não se firma quando erguida somente sobre os depósitos bancários cuja origem dos recursos não foi justificada pelo contribuinte, antes da edição do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. CORREÇÃO MONETÁRIA. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. A retirada de valores da empresa, sem comprovação da destinação, faz presumir a distribuição de lucros aos sócios, cujos valores deverão ser contabilizados em conta redutora do patrimônio líquido, sujeitos à correção monetária, que constitui receita tributável (artigo 7º da Lei nº 7799/89). NORMAS PROCESSUAIS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Preclui o direito do contribuinte de apresentar, em fase recursal, matéria não contestada na impugnação, em vista do disposto no art. 16, I, c/c o art. 17, ambos do Decreto nº 70.235/72, respeitando-se o princípio processual da dupla jurisdição. PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A turma julgadora é livre para forma sua convicção quanto à necessidade ou não da realização de diligências para dirimir o litígio administrativo fiscal, podendo indeferir o pedido formulado pelo contribuinte (art. 18, caput, PAF).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2102; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE01 Fl. 245 1 244 S1TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13808.000442/9510 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 180101.034 – 1ª Turma Especial Sessão de 13 de junho de 2012 Matéria Auto de Infração IRPJ e reflexos Recorrente IFER ESTAMPARIA E FERRAMENTARIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1991 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO JUSTIFICADA. PRESUNÇÃO LEGAL. A presunção de omissão de receitas não se firma quando erguida somente sobre os depósitos bancários cuja origem dos recursos não foi justificada pelo contribuinte, antes da edição do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. CORREÇÃO MONETÁRIA. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. A retirada de valores da empresa, sem comprovação da destinação, faz presumir a distribuição de lucros aos sócios, cujos valores deverão ser contabilizados em conta redutora do patrimônio líquido, sujeitos à correção monetária, que constitui receita tributável (artigo 7º da Lei nº 7799/89). NORMAS PROCESSUAIS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Preclui o direito do contribuinte de apresentar, em fase recursal, matéria não contestada na impugnação, em vista do disposto no art. 16, I, c/c o art. 17, ambos do Decreto nº 70.235/72, respeitandose o princípio processual da dupla jurisdição. PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A turma julgadora é livre para forma sua convicção quanto à necessidade ou não da realização de diligências para dirimir o litígio administrativo fiscal, podendo indeferir o pedido formulado pelo contribuinte (art. 18, caput, PAF). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da Relatora. Fl. 268DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Cristiane Silva Costa, Maria de Lourdes Ramirez, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Ana de Barros Fernandes. Relatório A empresa recorre do Acórdão nº 5.245/04 exarado pela Segunda Turma de Julgamento da DRJ em Salvador/BA, fls. 176 e seguintes, que manteve em parte a autuação sofrida, consubstanciada nos Autos de Infração lavrados para as exigências de IRPJ, IRRF, CSLL, PIS e Cofins, relativas ao anobase de 1991, perfazendo o total de R$ 811.259,69, incluídos os juros e as multas pertinentes – fls. 123 a 145. Aproveito trechos do relatório do aresto vergastado para historiar os fatos: “IFER ESTAMPARIA E FERRAMENTARIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, impugna a constituição dos lançamentos relativos à exigência do Imposto de Renda Pessoa JurídicaIRPJ (fls. 123 a 126), da contribuição para o Programa de Integração Social PIS, fls. 127 a 130, da contribuição ao FINSOCIAL, fls. 131 a 134, do Imposto de Renda na Fonte sobre o Lucro LíquidoILL, fls. 138 a 140, e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, fls. 143 a 147, sob o fundamento de que teria a empresa omitido receita em decorrência de não ter comprovado a origem de depósitos bancários e, ainda, não teria apurado a correção monetária sobre lucros distribuídos antecipadamente. Em decorrência das infrações apuradas a autoridade fiscal reduziu os prejuízos da empresa.” Impugnados os lançamentos tributários, aquela turma julgadora decidiu: “Por sua vez, no Termo de Constatação n° 01, fls. 102 a 105, parte integrante do auto de infração, a autoridade fiscal registrou que a empresa intimada a comprovar os lançamentos registrados em 27 de junho de 1991, na conta 11203999 DEVEDORES DIVERSOS, relativos aos créditos efetuados em contas correntes bancárias, apresentou documentos que evidenciam a entrada de numerário nas contas mantidas nos Bancos SUDAMERIS, BOA VISTA, NOROESTE e BMC mas não comprovam a origem dos recursos que possibilitaram os créditos bancários, cabendo a presunção de omissão no registro de receitas no montante de Cr$35.592.149,48, com incidência do imposto de renda pessoa jurídica e do imposto de renda na fonte de que trata o art. 8o do Decretolei n° 2.065/83, relativamente aos lucros considerados automaticamente distribuídos, e bem assim a exigência da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. Em relação ao item 1 do auto de infração (omissão de receita no valor de Cr$ 35.592.149,00), a impugnante se insurge contra o instituto da presunção, mas não apresenta nenhum elemento que pudesse ilidir a presunção de forma a se concluir que não houve a dita omissão de receita. As alegações, aqui, se apresentam desacompanhadas de provas que lhes dêem sustentação jurídica. Fl. 269DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13808.000442/9510 Acórdão n.º 180101.034 S1TE01 Fl. 246 3 Desta forma, não procedem as alegações contrárias à apuração da omissão de receitas decorrente da existência de depósitos bancários de origem não comprovada, devendo ser mantida a exigência nesse ponto. Quanto ao item 2 do auto de infração IRPJ tributação da receita de correção monetária no valor de Cr$ 282.040.070,00, a autoridade fiscal consignou no Termo de Constatação n° 02 que o Banco Central do Brasil, após rastreamento de depósitos efetuados em conta bancária de SWIFT FINANCIAL CO (residente no exterior), informou que a contribuinte tomou, no Banco Sudameris do Brasil S/A, em data de 22 de março de 1991, o cheque administrativo de n° 206252, no valor de Cr$ 54.705.000,00. Iniciada a ação fiscal na empresa, verificouse que para tomada do cheque administrativo a empresa emitiu o cheque n° 319.285, na mesma data e valor, segundo registro no Livro Diário n° 045, folha 351, a empresa contabilizou esse cheque na seguinte forma: DATA 22/3/1991 DEBITO: CONTA 112.03.999 DIVERSOS (DEVEDORES DIVERSOS) CRÉDITO: CONTA 111.03.018 BANCO SUDAMERIS S/A HISTÓRICO: Nossa emissão de cópia de cheque n° 319285 VALOR : Cr$ 54.705.000,00 Prossegue o relato fiscal registrando no Termo de Verificação n° 02: Tendo em vista que esse valor não foi baixado da conta DEVEDORES DIVERSOS, até 31/12/91, por meio de intimação datada de 08 de maio de 1995, item 3, foi a empresa intimada a demonstrar como e quando foram baixadas as parcelas relativas ao saldo existente nessa conta, em 31/12/1991. Após análise dos livros Diário e Razão, a empresa oferece como comprovante de baixa do saldo, cópia do livro Diário bem como extrato de lançamento contábil, datado de 31/12/1992, no qual essa conta 112.03.999 DEVEDORES DIVERSOS é creditada no montante de CrS 85.144.000,00, tendo sido utilizado como contrapartida a conta 124.05.0018 BENFEITORIAS EM IMÓVEIS DE TERCEIROS Procedendo à conciliação contábil relativa a esse valor de Cr$ 85.144.000,00 podese constatar que se refere às seguintes saídas da empresa: Cr$ 54.705.000,00, contabilizado em 22/03/1991 Cr$ 29.189.000,00, contabilizado em 14/12/1991 Cr$ 1.250.000,00, contabilizado em 17/12/1990 Conforme cópia do Razão relativo ao mês de janeiro de 1993, verificase que a empresa procedeu ao estorno do lançamento feito em dez/1992, retornando o valor de CrS 85.144.000,00 a conta 1.1.2.03.999 DEVEDORES DIVERSOS. Em setembro de 1993, após conversão do saldo da conta para REAL (RS), a empresa baixou o saldo dessa conta transferindoo para a conta BENFEITORIAS EM IMÓVEIS DE TERCEIROS, valor ínfimo corroído pela inflação há mais de dois anos. Da análise efetuada no movimento da conta 1.1.2.03.999 DEVEDORES DIVERSOS, concluise que: Fl. 270DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 A empresa deu saída de numerários, por intermédio da emissão de três cheques com datas de 14/12/1990, 17/12/1990 e 22/03/1991, no montante de CrS 85.144.000,00 registrando essas saídas a DÉBITO da conta DEVEDORESDlVERSOS, cujo saldo constante na. escrituração somente foi baixado, artificialmente, em setembro de 1993 para a conta BENFEITORIAS EM IMÓVEIS DE TERCEIROS. Ocorreram, então, saídas de recursos da empresa, sem comprovação quanto à destinação dada aos mesmos, cabendo, por essa razão, a conclusão de que esses recursos saídos da empresa (Cr$ 85.144.000,00) foram em beneficio dos sócios, tratandose assim de lucros distribuídos por conta de resultados do próprio exercício, cujos valores deveriam ter sido contabilizados em conta redutora do patrimônio líquido, sujeitandose a Correção Monetária do Balanço, conforme determina o artigo 7a da Lei n" 7.799/89. Esses valores de CrS 54.705.000,00, CrS 29.189.000,00 e CrS 1.250.000,00, totalizando CrS 85.144.000,00 devem, portanto, serem considerados como lucros distribuídos por conta de resultado do exercício, sujeitandose a Correção Monetária por ocasião do encerramento do balaço, o que a empresa não fez, cujo valor omitido está assim demonstrado: [...] Dessa forma, apurouse que a empresa, por infringência às normas do artigo 7º da Lei n° 7.799/89, deixou de apropriar no exercício de 1992, ano base de 1991, RECEITA DE CORREÇÃO MONETÁRIA DO BALANÇO NO MONTANTE de Cr$ 282.040.070,00, objeto de lançamento de oficio, nos termos dos artigos 676, inciso II e 678 inciso III, do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 85.450/80, cabendo ainda as tributações reflexas relativas ao Imposto de Renda na Fonte sobre o Lucro Líquido de que trata o artigo 35 da e a Contribuição Social sobre o Lucro. [...] Na espécie, há que destacar a desconsideração da formação de reserva oculta quando do lançamento de ofício, posto que a correção monetária foi exigida não apenas no primeiro ano, mas nos anos seguintes. Dessa forma, deverá ser ajustada a fim de se expurgar da matéria tributável as receitas da correção monetária em cascata, ou seja, em sucessivos períodosbase, decorrente do fato do autuante não ter incluído na matéria tributável de cada períodobase o valor da correção monetária tributada no período anterior desconsiderando a repercussão no patrimônio líquido que esse tipo de tributação acarreta, isto é, sem atentar para o fato de que o valor da correção monetária tributada em cada período gera uma reserva oculta no patrimônio líquido que, por sua vez, gerará correção monetária devedora a partir do período subseqüente em valores equivalentes, neutralizando a pretensa correção monetária. Incabível, portanto, a inclusão nos períodosbase subseqüentes da correção monetária tributada no período anterior. Excluídas, pois, a tributação da correção monetária em relação aos meses de junho de 1992 (1° semestre) e dezembro de 1992 (2° semestre), nas quantias correspondentes a Cr$ 209.751.190,00 e Cr$ 217.073.950,00, em virtude do valor tributado no ano anterior, implicar na criação de reserva oculta, anulando a transmissão dos efeitos do fato para o exercício seguinte. Referido entendimento está em consonância com a jurisprudência do Conselho de Contribuintes, da qual destacamos os seguintes Acórdãos: [...] A empresa apurou prejuízo em relação aos períodos base do 1o e 2o semestres de 1992 e efetuou a compensação dos prejuízos apurados em 1992 com os lucros registrados em 1993. A autoridade considerou como compensação indevida de Fl. 271DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13808.000442/9510 Acórdão n.º 180101.034 S1TE01 Fl. 247 5 prejuízo a absorção dos valores dos lucros pelos prejuízos declarados, em virtude das infrações apuradas. Do presente julgado, resulta o reconhecimento da reserva oculta nos períodos subseqüentes, cancelandose a exigência fiscal do imposto de renda pessoa jurídica com base em compensação indevida de prejuízos nos meses de janeiro a outubro de 1993, o que implica no restabelecimento dos valores compensados pela impugnante. Do auto de infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, fica mantida a tributação sobre a importância de Cr$ 317.632.219,00, somatório das quantias de Cr$ 35.592.149,00 (omissão de receita pela não comprovação da origem dos recursos) e Cr$ 282.040.070,00 (receita de correção monetária) que resultou no imposto apurado correspondente a 159.598,14 UFIR. Mantido também o imposto adicional calculado de 53.199,38 UFIR, totalizando a exigência na quantia equivalente a 212.797,52 UFIR. [...] Do exposto, conheço da impugnação porque atendidos os pressupostos de admissibilidade e voto no sentido de julgar PROCEDENTES, EM PARTE, os lançamentos relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ na quantia correspondente a 212.797,52 UFIR (duzentas e doze mil, setecentas e noventa e sete Unidades Fiscais de Referência e cinqüenta e dois centésimos) e ao FINSOCIAL no valor de 1.041,09 UFIR (mil e quarenta e uma Unidades Fiscais de Referência e nove centésimos); PROCEDENTE a Contribuição Social sobre o Lucro CSLL no valor de 48.363,07 UFIR (quarenta e oito mil, trezentas e sessenta e três Unidades Fiscais de Referência e sete centésimos), acrescidos da multa de ofício à alíquota de 75% e juros moratórios; e IMPROCEDENTES os lançamentos relativos ao Imposto de Renda na Fonte ILL no valor de 35.530,34 UFIR (trinta e cinco mil, quinhentas e trinta Unidades Fiscais de Referência e trinta e quatro centésimos) e à contribuição ao Programa de Integração SocialPIS no valor de 380,26 UFIR (trezentas e oitenta Unidades Fiscais de Referência e vinte e seis centésimos), conforme demonstrativo a seguir: Descrição Moeda FatoGerador Valor Total Valor Não Impugnado Valor Impugnado Exonerado Mantido Imposto de Renda Pessoa Jurídica UFIR 1991, 09/93 e 10/93 258.732,02 0,00 45.934,50 212.797,52 Contribuição Social sobre o Lucro UFIR 1991 48.363,07 0,00 0,00 48.363,07 FINSOCIAL UFIR 12/91 1.170,02 0,00 128,93 1.041,09 PIS UFIR 12/91 380,26 0,00 380,26 0,00 Imposto de Renda Retido na Fonte UFIR 1991 35.530,34 0,00 35.530,34 0,00 A empresa, tempestivamente, interpôs o Recurso de fls. 221 e ss, argumentando que os lançamentos remanescentes não podem prosperar. Transcrevo trechos da peça recursal: “Com o julgamento de primeira instância administrativa, apenas foi mantida a tributação de IRPJ e CSLL sobre a importância de Cr$ 317.632.219,00, que representa a somatória de Cr$ 35.592.149,00 (omissão pela não comprovação de origem dos recursos) e de Cr$ 282.040.070,00 (receita de correção monetária em 1991), e, ainda, parte do lançamento de FINSOCIAL sobre as mesmas bases. Ocorre que, consoante aqui será demonstrado, nem mesmo os lançamentos reconhecidos por devidos em primeira instância administrativa merecem subsistir, eis que os mesmos partem de presunções não aceitáveis na esfera tributária. [...] Fl. 272DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 (a) a alegada omissão de receita no importe de Cr$ 35.592.149,00 Segundo o I. Auditor Fiscal que procedeu com a autuação que deu origem a este processo administrativo, a Recorrente não teria comprovado a origem dos valores entrados em contascorrentes bancárias no dia 27.06.1991, num importe total de Cr$ 35.592.149,00, cuja contrapartida se deu a crédito da conta 112.03.999 Devedores Duvidosos. Ora, a origem dos recursos está esclarecida nos próprios lançamentos contábeis: recebimento de valores de devedores duvidosos! Caberia ao I. Auditor Fiscal simplesmente checar quais créditos foram baixados da Conta Devedores Duvidosos e então descobrir a exata origem do dinheiro. A presunção levada a efeito em face da Recorrente, além de estar maculada por conta de uma comodidade fiscal incompatível com a obrigação da administração tributária, é também incoerente, na medida em que não se pode presumir tenha havido omissão de determinadas receitas, quando estas receitas estão devidamente registradas na contabilidade da empresa! Não se pode confundir dúvidas quanto à origem das receitas com a sua omissão pelo contribuinte! As receitas em questão foram contabilizadas e declaradas pela empresa Recorrente, não havendo qualquer respaldo para a presunção de que a empresa contribuinte as tenha omitido da fiscalização. A empresa declarou citadas receitas e igualmente ofereceuas à tributação no anocalendário de 1991, exercício de 1992. [...] (b) correção monetária sobre lucros presumidamente distribuídos em antecipação Presumiu o I. Auditor Fiscal que lavrou o auto de infração combatido, no que foi acompanhado pelo julgamento de primeira instância, que a Recorrente teria emitido três cheques, no valor total de Cr$ 85.144.000,00, em favor dos seus sócios. A presunção em questão é decorrente do fato de que referido valor, inicialmente debitado da conta 112.03.999 (devedores diversos), teria sido baixado dessa conta para a conta Benfeitorias em Imóveis de Terceiros. A partir daí presumiuse, então, ter havido lançamentos artificiais e que as saídas de recursos teriam se dado em favor dos sócios da empresa, do que se faria presumir ter havido distribuição de lucros aos mesmos. A distribuição de lucros, se verdadeiramente ocorrida, nos termos do artigo 7o da Lei n°7.799/89 poderia implicar o dever de registro em conta redutora do Patrimônio Líquido da empresa, cujo saldo deveria ser corrigido monetariamente para efeitos de apuração do lucro tributável do exercício. Nesse ponto, fazse importante a análise do citado artigo 7o, abaixo transcrito: [...] De início, digase que mesmo que se pudesse admitir que as saídas em questão se deram a título de distribuição de lucros, o que apenas se admite para argumentar e em amor ao princípio da eventualidade, ainda assim não se poderia admitir a certeza do lançamento, já que o artigo 7o da Lei n° 7.799/89 apenas obrigava o registro da conta redutora do Patrimônio Líquido quando os lucros eram pagos ou creditados por conta de resultado de períodobase ainda não encerrado. Pois bem, os valores em questão foram pagos em dezembro de 1990 e em março de 1991, de modo que poderiam perfeitamente estar atrelados aos lucros dos períodos anteriores. Os valores pagos em 1991, se tomados como lucros distribuídos, podem ser suportados nos lucros acumulados em 1990, assim como os valores pagos em 1990 podem Fl. 273DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13808.000442/9510 Acórdão n.º 180101.034 S1TE01 Fl. 248 7 perfeitamente estar suportados nos lucros de 1989, de modo que, nessa hipótese, não haveria que se falar em registro de conta redutora do patrimônio líquido e, portanto, em dever de tributar o saldo de correção monetária de citada conta. [...] É que ao que tudo indica, os valores em questão foram originalmente lançados a débito na conta Devedores Diversos porque representavam antecipação de valores de compra de equipamentos que ainda seriam encaminhados à empresa. Com e entrega dos equipamentos, os valores foram transferidos para conta de Ativo Permanente da empresa, justamente porque representativos do custo de aquisição dos bens adquiridos pela empresa. Aparentemente, houve um erro de registro contábil. O contador da época, ao invés de registrar o ativo em conta de Equipamentos, o fez indevidamente na conta de Benfeitorias em Imóveis de Terceiros (ambas as contas são integrantes do Ativo Permanente), o que acabou gerando a confusão da qual nasceu a indevida presunção fiscal. A julgar pela referência à empresa SWIFT FINACIAL CO, podese dizer que a compra em questão teve por objeto equipamentos que seriam importados pela empresa Charmilles (vide documento anexo), que é empresa especializada no fornecimento de sistemas e equipamentos para a indústria de fabricação de moldes e ferramentais. A SWIFT, como empresa financeira, financiou a compra (importação) de equipamentos adquiridos da Charmilles. Efetivamente, por conta do tempo transcorrido, a perseguição dos fatos ocorridos merece maior atenção, demandando maior tempo de diligência de parte da empresa que poderá buscar os contratos de câmbio e as notas de entradas dos citados equipamentos. A análise conjunta da compra de equipamentos no período, contratos de câmbio e, ainda, plano de contas da empresa poderá viabilizar a confirmação dos fatos ora relatados. [...]” (os grifos pertencem ao original) A partir dessas últimas alegações, a recorrente requer a conversão do julgamento na realização de diligência, em busca da verdade material dos fatos ocorridos. Segue discorrendo sobre o ônus da prova e sua inversão, atribuindo ao fisco o dever de provar a ocorrência dos fatos geradores, ainda que se trate de presunções na esfera tributária. Entende que cabe à fiscalização provar que os lançamentos contábeis estão errados e não ao contribuinte provar que estão corretos. Reprisa que não pode o fisco presumir que a empresa distribuiu lucros quando há o registro contábil para outra finalidade, bem como não há como presumir que os créditos na conta de devedores duvidosos não foram os pagamentos destes credores. Os indícios levantados não são suficientes para firmar a autuação. Defende que as receitas tidas como omitidas deveriam ter recomposto o lucro real do exercício, não sendo passíveis de serem tributadas isoladamente, bem como o saldo de prejuízos fiscais acumulados deveriam ter sido considerados para dedução dos valores. Solicita Fl. 274DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 8 a aplicação da Lei nº 9.249/95, artigo 35, por ser mais benéfica do que os dispositivos 43 e 44 da Lei nº 8.541/92, invocando o artigo 106, “c”, do Código Tributário Nacional – CTN, pela natureza de penalidade destes artigos. Cita diversas ementas de julgados administrativos que corroboram seu entendimento. Alternativamente à recomposição do lucro, ou sendo impossível, ao menos deve ser aplicado o artigo 8º, §6º, do Decretolei nº 1648/78. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes, Relatora Conheço do recurso interposto, por tempestivo. Para dirimir o conflito, mister é analisar os Termos de Constatação nºs 01 e 02 dos ilícitos tributários (fls. 102 a 108), o acórdão proferido, ambos em face às confrontações da recorrente. As duas infrações que ensejaram as autuações combatidas e foram mantidas no julgado: I) Omissão de receitas presumida pelos depósitos bancários nas contas mantidas no Banco Sudameris, Boa Vista, Noroeste e BMC, por falta de esclarecimento da origem dos recursos e falta do registro das supostas receitas e oferecimento à tributação; arts. 157, 175, 178, 179 e 387, inciso II do RIR/80; II) Não contabilização da correção monetária sobre presunção de distribuição de lucros, antecipadamente; arts. 4º, 7º, 10, 11, 12, 15, 16 e 19 da Lei nº 7799/89 e art. 387, inciso II, RIR/80. Vamos analisar cada uma, em separado. I) Omissão de Receitas – depósitos bancários sem origem comprovada. A autoridade fiscal ao analisar os lançamentos contábeis da empresa verificou que houve ingressos de numerários em diversos bancos (04 operações), na mesma data – 27 de junho de 1991. As operações foram inicialmente contabilizadas como se os recursos viessem do Banco Itaú, por doc. Em registro posterior, todos na mesma data – 02 de setembro de 1991 – os valores foram “estornados”, creditandose os valores na conta “Devedores Diversos” e debitando novamente na conta do Banco Itaú, consoante relatado. Intimada a empresa, fls. 59 e 60, a explicar as esdrúxulas operações e a apresentar a documentação correlata aos lançamentos contábeis, nada apresentou ou esclareceu. Destarte, a autoridade fiscal presumiu a omissão de receitas. A recorrente pretende justificar o não cabimento desta autuação argumentando que os ingressos foram oferecidos à tributação e que o lançamento fiscal baseouse em mero erro escritural. Equivocase profundamente. É cediço que na contabilidade, as receitas devem ser escrituradas em conta própria para submeter os valores à tributação devida, e estarem vinculadas, por óbvio, a vendas (seja de serviços ou mercadorias). Assim, o ingresso de numerários como foi efetuado, e, sobretudo, o estorno meses depois retornando os valores para a conta de “devedores diversos”, ou seja, como se os valores que já haviam Fl. 275DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13808.000442/9510 Acórdão n.º 180101.034 S1TE01 Fl. 249 9 ingressado nas contas bancárias, não houvessem sido pagos por estes, denota que os registros contábeis foram realizados de forma fictícia. Este procedimento, maquiando a contabilidade e a movimentação de valores, faz presumir que os valores advieram de uma fonte de recursos não contabilizada, o conhecido “caixadois”. O ingresso dos valores nos bancos, em 27 de junho de 1991 foram efetivamente comprovados, mas a origem destes recursos não o foram. Explicada a situação fática, como realmente ocorreu, e não comprovada pela recorrente a escrituração em conta própria de “receita de vendas” dos valores que ingressaram em 27 de junho de 1991 nas contas bancárias, nem tampouco comprovado por documentos a origem destes valores, passase à legislação correspondente, para verificarse se a hipótese de incidência justifica o lançamento fiscal. Assim estabeleciam os artigos do Regulamento do Imposto de Renda vigente à época (Decreto nº 85.450/80), sobre as presunções tributárias: Art. 180 O fato de a escrituração indicar saldo credor de caixa ou a manutenção, no passivo, de obrigações já pagas, autoriza presunção de omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção (Decreto lei nº 1.598/77, art. 12, § 2º). Art. 181 Provada, por indícios na escrituração do contribuinte ou qualquer outro elemento de prova, a omissão de receita, a autoridade tributária poderá arbitrála com base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente demonstradas (Decretolei nº 1.598/77, art. 12, § 3º, e Decreto lei nº 1.648/78, art. 1º, II). Pelo preceito acima, artigo 181, verificase que a efetividade da entrega foi comprovada, ou seja, os recursos realmente ingressaram nas contas bancárias da empresa, mas intimada a empresa a esclarecer quanto à origem, se os valores foram efetivamente tributados anteriormente ou não, não o fez. A jurisprudência deste Conselho tem entendido que as duas condições – não comprovação da efetividade da entrega e da origem do recurso – são exigíveis para justificar a presunção de ingresso de dinheiro na empresa, por receita omitida. Acompanho este entendimento, pois uma vez que os recursos realmente foram depositados e advieram de uma outra conta bancária da empresa, a autoridade fiscal deveria ter investigado de forma mais profunda a origem do numerário na conta do Banco Itaú. Se encontrasse outros indícios que os valores, por exemplo, advieram dos sócios ou administradores, sem a contabilização de empréstimos, transferências, pagamentos, poderia proceder à recomposição da conta “caixa” (no caso, “bancos”) e aplicar o artigo 180 à situação. Ou buscar a omissão de receitas por outros meios, de forma real e não na forma presumida. Fl. 276DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 10 Somente em 1996, com a edição do artigo 42 da Lei nº 9.430, os depósitos bancários, cuja origem não é justificada pelo contribuinte, passaram a ser indícios suficientes para firmar a presunção de omissão de receitas. Desta forma, a autuação da infração descrita no Termo de Constatação nº 01, fls. 102/103 – omissão de receita de vendas, no montante de Cr$ 35.592.149,00, não pode prosperar, exonerandose a exigência de IRPJ e tributação reflexiva, incidente sobre este valor. II) Distribuição disfarçada de lucro de forma antecipada A fiscalização recebeu uma notificação do Banco Central do Brasil reportando que a recorrente fez um depósito com cheque administrativo em conta bancária de residente no exterior. Investigado na contabilidade da recorrente sobre esta operação, constatouse que a recorrente emitiu este cheque e, em contrapartida, estranhamente, debitou a conta “Devedores Diversos”. Esta conta não acusou a baixa deste valor até 31/12/91 e somente em 31/12/92 a empresa apresentou uma baixa em contra partida a “Benfeitorias em imóveis de Terceiros”. Esta conta demonstrou um saldo de R$ 85.144.000,00 baixado em 31/12/92 contra a referida conta de “Benfeitorias”. Nenhum documento comprovou a operação registrada contabilmente. Mais inexplicável, em janeiro de 1993, o Razão registrou o estorno do valor total para a conta “Devedores Diversos”, novamente. Em setembro de 1993, novamente retornou à conta “Benfeitorias em Imóveis de Terceiros”. A recorrente, durante a fiscalização, não esclareceu os lançamentos contábeis, nem apresentou quaisquer documentos que os justificassem. Somente após a autuação, em fase recursal, vem relacionar os primeiros lançamentos à aquisição de equipamento do exterior, e ainda o faz vagamente, sem apresentar documentação que corrobore as alegações. Tampouco menciona os assentamentos contábeis posteriores. A propósito, requer diligência para que a fiscalização busque os documentos que deveria ter acostado juntamente à impugnação. Incabível, preliminarmente, o pedido de diligência, quando a empresa, que se omitiu de fornecer as explicações e documentos durante a fiscalização, não o fez na fase impugnatória. A diligência deve ser requerida nos moldes preceituados no Decreto nº 70.235/72, que disciplina o processo administrativo fiscal – PAF. E a matéria deveria ter sido aventada na impugnação, sob pena de preclusão. Assim dispõem os artigos do PAF relacionados às matérias preclusão processual e realização de diligência: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 277DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13808.000442/9510 Acórdão n.º 180101.034 S1TE01 Fl. 250 11 IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito [...] Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Ademais, o documento que a recorrente indica no recurso que comprova a aquisição de equipamentos do exterior é apenas a página na internet da empresa envolvida no exterior – fls. 240. Em assim sendo, declaro estas alegações de compra de equipamentos matéria preclusa, em privilégio ao princípio da dupla jurisdição, e indefiro o pedido de realização de diligências com fulcro nos artigos acima transcritos, do PAF. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 12 Quanto à autuação destes valores, a fiscalização atribuiu às saídas dos valores que compuseram o montante de R$ 85.144.000,00 (valores já relatados acima) da empresa, sem comprovação para qual destino, como benefícios pagos aos sócios. Correta a presunção, dado os artificiosos registros contábeis, sem lastro em documentação e sem justificativa. Estes valores deveriam ter sido contabilizados em conta redutora do Patrimônio Líquido (PL), sujeitandose à correção monetária, conforme art. 7º da Lei nº 7799/89. O valor da correção monetária, consoante calculado no Termo de Constatação nº 02, fls. 106 e 107 redundou em Cr$ 282.040.070,00. O procedimento fiscal encontra guarida na legislação tributária vigente à época dos fatos geradores – Lei nº 7799/89, art. 7º: Art. 7° Os lucros ou dividendos pagos ou creditados por conta de resultado de períodobase ainda não encerrado serão registrados em conta redutora do patrimônio líquido, cujo saldo será corrigido monetariamente na forma desta Lei. Nada, portanto, a reparar na autuação deste valor. No que respeita às disposições invocadas pela recorrente do artigo 400, §6º, do RIR/80 (Decretolei nº 1.648/78, art. 8º, §6º) não é cabível a sua aplicação no caso em concreto, pois cuida de hipóteses de arbitramento do lucro. Na apuração da correção monetária em consonância com o art. 7º da Lei nº 7799/89 não houve qualquer arbitramento, mas sim quantificação da receita omitida, a qual deveria compor o lucro real. Afastado, portanto, o requerimento da recorrente. Os demais argumentos trazidos pela recorrente não foram enunciados na impugnação, pelo que está precluso o direito da recorrente em fazêlo,, como explicitado no início deste voto. No mais, adoto as razões de decidir da turma julgadora de primeira instância por não confrontadas pontualmente pela recorrente. Por todo o exposto, voto, em preliminar, em indeferir o pedido de realização de diligências, e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos deste voto. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Relatora Fl. 279DF CARF MF Impresso em 10/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/06/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 21/06/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 10805.720906/2011-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica
Exercício: 2007, 2008
Ementa: EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. SONEGAÇÃO. MULTA DE
OFÍCIO QUALIFICADA. Encontra-se presente o intuito doloso da
Recorrente em burlar o Fisco, quando declara em sua DIPJ valores ínfimos, tais quais, R$ 0,12 sendo que a receita apurada no mesmo período atinge a casa dos milhões. Correta a aplicação da multa de ofício qualificada no percentual de 150%.
Numero da decisão: 1202-000.834
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: GERALDO VALENTIM NETO
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SONEGAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Encontrase presente o intuito doloso da Recorrente em burlar o Fisco, quando declara em sua DIPJ valores ínfimos, tais quais, R$ 0,12 sendo que a receita apurada no mesmo período atinge a casa dos milhões. Correta a aplicação da multa de ofício qualificada no percentual de 150%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Presidente (documento assinado digitalmente) Geraldo Valentim Neto – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Edijalmo Antonio da Cruz, Gilberto Baptista, Geraldo Valentim Neto e Orlando José Gonçalves Bueno Relatório Fl. 417DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 16/07/201 2 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO Processo nº 10805.720906/201101 Acórdão n.º 1202000.834 S1C2T2 Fl. 418 2 Tratase de autos de infração consubstanciados em lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS somados a juros e multa qualificada no percentual de 150%. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal de fls. 198/201, a Recorrente, nos anoscalendário de 2007 e 2008, declarou em sua DIPJ como receita o valor de R$ 0,12 e na DCTF declarou 10% do valor devido de PIS e COFINS, não tendo recolhido nenhum valor em 2007 e em 2008 tendo recolhido valores apenas nos meses de janeiro a março de 2008. Notificada do lançamento a Recorrente apresentou Impugnação de fls. 252/259, na qual alegou, em síntese, que errou ao declarar como receita o valor irrisório de R$ 0,12, assumindo o erro cometido, mas que não teve intenção dolosa na prática de tal ato. Requereu o cancelamento da aplicação da multa qualificada, alegando o efeito confiscatório da mesma. Os autos foram encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil de julgamento em Ribeirão Preto, a qual houve por bem julgar a impugnação improcedente, nos seguintes termos: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008 MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. Mantémse a multa por infração qualificada quando resta inequivocamente demonstrada a sonegação. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. A autoridade administrativa é incompetente para apreciar arguição de inconstitucionalidade de lei. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido.” Inconformada com a decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs o presente Recurso Voluntário, utilizando os mesmos fundamentos da Impugnação. A Recorrente não contestou os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, tanto na impugnação quanto no Recurso Voluntário e, por isso, a exigência do valor principal foi considerada definitiva e os valores foram utilizados para prosseguimento da cobrança (fls. 269). Oportunamente os autos foram enviados a este Colegiado. Tendo sido designado relator do caso, requisitei a inclusão em pauta para julgamento do recurso. É o relatório. Voto Fl. 418DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 16/07/201 2 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO Processo nº 10805.720906/201101 Acórdão n.º 1202000.834 S1C2T2 Fl. 419 3 Conselheiro Geraldo Valentim Neto, Relator Como o Recurso Voluntário preenche os pressupostos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Passo à análise dos argumentos trazidos pela Recorrente. No presente Recurso Voluntário a Recorrente insurgese contra a aplicação da multa qualificada no percentual de 150%, alegando que seus atos não foram dolosos, mas sim culposos, e que a multa de ofício qualificada teria o caráter de confisco e, por isso, deveria ser cancelada. A Recorrente alega que deixou de recolher os tributos devidos aos cofres públicos, assim como declarou como receita em 2007 e 2008 o valor de R$ 0,12 por ter sido induzida a erro pelo seu contador, que esse fato nunca teria ocorrido antes, assumindo seu erro, mas afirma não têlo praticado com dolo. Todavia, o simples fato de a Recorrente ter declarado em sua DIPJ o valor de R$ 0,12, sendo que a receita apurada pela mesma nos anos de 2007 e 2008 corresponde à R$ 3.465.499,02 e R$ 2.644.630,95, respectivamente, já demonstra a sua intenção de burlar o Fisco. Dessa forma não há como afastar a presença do dolo no ato praticado. Vale ressaltar que não merecem prosperar os argumentos da Recorrente no sentido de que a multa moratória aplicada seria uma forma de confisco, o que seria proibido constitucionalmente. Ocorre que não se trata de multa moratória, mas sim de multa de ofício aplicada nos casos de falta de pagamento e seu agravamento se deu pelo inequívoco dolo presente no procedimento adotado. A aplicação da multa qualificada está prevista no §1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, in verbis: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” (Grifei) Os dispositivos da Lei nº 4.502/1964, por sua vez, determinam o seguinte em seus artigos 71, 72 e 73. Vejamos: “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Fl. 419DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 16/07/201 2 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO Processo nº 10805.720906/201101 Acórdão n.º 1202000.834 S1C2T2 Fl. 420 4 Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.” Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Conforme se depreende dos artigos acima transcritos e dos documentos trazidos aos autos, o procedimento utilizado pela Recorrente, no que consiste ao valor ínfimo declarado em DIPJ em comparação com os reais valores apurados nos anoscalendários correspondentes, que chegam à casa dos milhões de reais, já demonstra o intuito de sonegação. Ademais, o Termo de Verificação Fiscal (fls. 200) expõe os motivos que ensejaram a aplicação da multa qualificada, o que torna claro a legalidade do procedimento adotado pelo fisco ao majorar a multa imposta para 150%. Neste mister, cumpre descrever trechos do Termo de Verificação Fiscal. Vejamos: “Conforme descrito acima, o contribuinte agiu de forma reiterada, ao declarar nos anos calendário 2007 e 2008, em suas declarações de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, Receitas no valor de R$ 0,12, quando na realidade no ano de 2007 teve receitas no montante de R$ 3.465.499,02, e no de 2008 receitas de R$ 2.644.630,95, bem como declarou em DCTF, 10% (dez por cento), do valor dos tributos devidos (...)” Resta claro a prática reiterada de atos dolosos por parte da Recorrente que ensejam a qualificação da multa de ofício para o percentual de 150%. A jurisprudência deste E. Conselho é vasta no que consiste à aplicação da multa qualificada nos casos em que o contribuinte declara apenas parte da receita bruta apurada. Vejamos: PIS. MULTA QUALIFICADA. VALORES DECLARADOS A MENOR DO QUE OS ESCRITURADOS NOS LIVROS FISCAIS. O ato de o sujeito passivo informar na declaração de rendimentos apenas parte da receita bruta apurada durante vários períodos, recolhendo somente o valor do tributo correspondente à parcela confessada, configurase em evidente intuito de fraude. Aplicável, portanto, a multa de ofício qualificada de 150%. Recurso negado. (Segundo Conselho de Contribuintes. 1ª Câmara. Turma Ordinária, Acórdão nº 20179102 do Processo 13971000572200576, Data: 21/02/2006) COFINS. MULTA QUALIFICADA. A prática reiterada de apresentar ao Fisco declarações inverídicas que ocultam o efetivo valor da obrigação tributária principal constitui fato que evidencia intuito de fraude e implica qualificação da multa de ofício. Recurso negado. (Segundo Conselho de Contribuintes. 1ª Câmara. Turma Ordinária, Acórdão nº 20179723 do Processo 10120001516200581, Data: 20/10/2006). Dessa forma, tendo em vista que nos anoscalendários de 2007 e 2008 a Recorrente declarou em suas DIPJs o ínfimo valor de R$ 0,12, quando na realidade no ano de Fl. 420DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 16/07/201 2 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO Processo nº 10805.720906/201101 Acórdão n.º 1202000.834 S1C2T2 Fl. 421 5 2007 teve receitas no montante de R$ 3.465.499,02, e no de 2008 receitas de R$ 2.644.630,95, bem como tendo em vista que declarou em DCTF 10% do valor dos tributos devidos, resta claro a pratica de atos dolosos. Portanto, deve ser mantida a aplicação da multa de ofício qualificada. Em razão de todo o acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a aplicação da multa qualificada no percentual de 150%. É como voto. (documento assinado digitalmente) Geraldo Valentim Neto Fl. 421DF CARF MF Impresso em 17/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO, Assinado digitalmente em 16/07/201 2 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 13/07/2012 por GERALDO VALENTIM NETO
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